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cule $2,/0 5/06 HISTORTA & CRITICA JK LA Inquisicéo e controle social Francisco Bethencourt » Inquisi¢ao e controle social Francisco Bethencourt* 1. A Inguisigdo surge numa época em que as solidariedades mecanicas, baseadas na tra- digdo das dependéncias pessoais, na ética so- ial fixada pelos manuais de contessores e na ética profissional regulamentada pelas corporacdes', sofrem 0 impacto dos seguintes factores anénie os: a) a entrada massiva de dezenas de milhares de judeus exputsos de Castela, cuja conversao coactiva cria o problema social dos cristios novos? ) a expansdo ultramarina, cujo efeito mul tiplicador da (e)migracdo desorganiza as es- ‘truturas familiares, bem como a tessitura das comunidades rurais e urbanas; ©) a crise religiosa europeia, consubstancia dana ruptura da comunidade crista enquanto comunidade mitica em busea da salvacio, tem. alguns reflexos na mentalidade colectiva do Portugal quinhentista, detectiveis, por exem= plo, nos processos inguisitoriais de blasfémi cas € de proposicdes heréticas. A complexidade desta conjuntura, que se situa na transigdo da sociedade medieval para a sociedade de Antigo Regime, explica a emergéncia de novos mecanismos de controle ede integracao social, tanto ao nivel da base, onde se salienia a expansao frarias no século XVI cujos lacos de sociabilidade verti- eal © horizontal permitem uma melhor assi- milagio do modelo ético-religioso cristéo, _como-ao-nivel-do.topo, onde sobressai a reor- * Assistente da FCHS da UNL. ganizagio da lareja © a construgdo do Fstato heieto “Todo este proceso excede a mera recom- posicdo dos modos de dominagio’: trata-se de um novo quadro de interesses sociais, politi- cos ¢ econémicos, gerador de alteragdes pro- fundas no sistema central de simbolos, valores € crencas, cuja difusdo exige um cardéter or- ‘ginico. exterior as relacdes tradicionais de de- | pendéncias. E nesta dupla perspectiva, do controle so- cial e das relagdes entre o centro e a periferia, ‘que vamos considerar 0 papel do tribunal da fé', Para isso, escolhemos duas vertentes.de andlise (como veremos, coin numerosos pon- tos comuns): por um lado, a cabertura espa- ciaLdo pais conseguida pela instituigao, por outro, a encenagio do seu poder sabre as consciéncias ¢ as vontades. A COBERTURA ESPACIAL DOS TERRITORIOS DA COROA 2. © dominio do territério é ensaiado, em 1541, pela organizacéo de tribunais distritais de pequena dimenséo, que se sobrepdem, grosso modo, & maiha administrativa eclesids- tica: tribunais de Evora, Lisboa, Tomar, Coimbra, Lamego ¢ Porto, Esta estraté acompanhada pela omencio de bispas <¥ Arias locais como inquisidores. tinha a vanta- Som evente ce possi uma implantagao répida da instituigio, beneficiando das est turas pré-existentes ¢ da acumulacio, de is formagées realizada peia justica eclesiéstica 5 aGHtTICA sobre comportamentos.e crencas desviadas, Os problemas suscitados pela disperséo de uma estrutura ainda embriondria surgiram a curto prazo, pois os tribunais foram centrali- zados em 1348 em Lisboa — que passou 2 ocu- par-se de todo o territério a norte do Tejo, peninsula de Sendbal. ilhas e pragas do Norte de Africa —e em Evora — que continuou a ocupar-se do Alentejo e do Algarve. Esta visio deve ser matizada, dado que os inquisi- Gores de Evora tiveram jurisdigio sobre o bis pado da Guarda num curto periodo da década de 1550, enquanto a jurisdicao sobre 0 bis- pado do Aigarve era meramente teérica, como mostrou Romero Magalhges'. Para além disso, os renegados cristios presos no Algarve ndo eram enviados para a Inquisigo de Evora mas sim para a Inquisigio de Lisboa. ‘A década seguinte marcou a organizagéo definitiva dos tribunais distritais da Inquisi- a0, com a criagio do tribunal de Goa, em 160, ¢ o restabelecimento do tribunal de Coimbra, em 1565, Nesta data, os limites’ Jurisdicionais dos tribunais de primeira instn- ia do Santo Oficio passam a ser os seguintes: Coimbra abrange os bispados de Braga, Coimbra, Lamego, Viseu, Porto e Miranda do Douro; Lisboa os bispados de Lisboa, Guarda, Leiria, Funchal, Angra. Ceuta, Cabo Verde, Si0 Tomé ¢ Baia; Evora os bispados de Evora, Portalegre e Algarve; Goa os bispa- dos de Goa, Malaca © Cochim (ver mapa [, respeitante ao continente). Embora o mapa das dioceses sofra algumas alteragdes (menores) depois da data referida, 495 limites jurisdicionais dos tribunais distritais a Inquisigao mantém-se estaveis até & sua ex- tingdo em 1821, facto que indicia uma cober= tura racional dos dominios da Coroa portu- guesa. Contudo a divisio jurisdicional apenas fos oferece uma representacao estatica dessa cobertura, Como € que os inquisidores, trans- formaram um dominio distante, centrado na sede do tribunal distrital, num dominio directo e efectivo das aldeias e vilas mais-peri ‘éricas? 3. A articulacdo de jurisdigdes constitui um meio privilegiado para a Inquisicéo langar os seus tentéculos as zonas afastadas. A justica heresia (muitas vezes jd com processos instruf- dos), fornecia_as juformacdes lag nas ‘Visitas Bastorais dus bispados e colocava-3é & 6 disposigio dos inquisidores para a realizacéo dedevasnselngubcios ds itemanaraoa Wel local, Neste pertodo organizativo (que s¢ ‘stetide dos anos de anos de 1570), 0 Santo Oficio contavalgind®ysom 0 auxfio re- gular da justiga civil pa ¢ transporte de acusados. ‘Apesar destes suportes institucionais, a vi sita do distrito surge como o grande meio de afirmagdo da presenca inquisitorial em todo 0 pais. AS primciras (presumiveis) visitas de que temos noticia cobrem boa parte do Alentejo entre 1543 e 1545: Alcicer; Vimieiro, Evora- monte, Sousel e Monforte; Benavente, Coru- che, Avis ¢ Alter do Chao; Aledcovas, Santi go do Cacém, Mértola, Beja, Alvito ¢ Viana; Torréo, Santiago do Cacém, Odemira, Santa Luzia, Castro Verde ¢ Ferreira’, E provavel que visitas simuitdneas tenham sido feitas noutras regides do pais, dado que se trata de um periodo decisivo de implantagio do Santo Oficio, embora os respectivos livros de registo io tenham sido conservados. $6 um levanta- mento sistemitico dos processos nos poderia fornecer algumas pistas, cuja verificagio se afigura indispensavel para evitar a confusio entre visita pastoral e visita inquisitorial. pois subemos que a primeira é bastante mais fre- quente, regular e sistemstica, Na década de 1560, encontramos as visitas do inquisidor Pedro Alvares de Paredes a al- gumas zonas sob jurisdigdo do tribunal de Lis- boa: em Maio de 1561 & vigairaria de Tomar’e em 1564-65 & regio de Entre Douro e Minho — Porto, Braga, Viana do Castelo e Vila do Conde’ —, que antecede o restabelecimento do tribunal de Coimbra (com jurisdigio sobre esses Ingares). A década seguinte revela uma conjuntura de grande labor inquisitorial, pelo menos a0 nivel das visitas: Sebastido Vaz visita em 1570 @ Porto, Vila do Conde e Viana do Casteio®, talvez para afirmar a nova jurisdigio; Marcos Teixeira inicia o seu périplo pelo pafs em 1575-76 com uma visita as ilhas dos Acores — Angra, Ponta Delgada, de novo Angra ¢ Horta * , seguindo-se a espantosa cavalgada de 1578-80 pelo bispado de Portalcere — Por- talegre. Aronches, Marvio. Castelo de Vide, Montalvo ¢ Nisa —, bispado da Guarda — Abrantes. Sarzedas, Castelo Branco. Idanha a Nova, Rosmaninhal. Monsanto. Penamacor, §, Vicente da Beira. Alpedrinha. Fundio, Covitha, Teixoso, Belmonte, Guarda e Celo- a eealizagéo unhas ao ni- tivo (que se de 1570), 0 3 auuxilio te- transporte wer isitas de que Jo Alentejo 2iro, Eyora- vente, Cor- vas, Santia- ito ¢ Viana; ‘mira, Santa provavel sido feitas 2 se trata de 40 do Santo os de registo um levanta- anos poderia rificagao se a confusio sitorial, pois te mais fre- toe Vila do. belecimento sdigio sobre conjuntura © menos a0 sita em 1570 fo Castelo*, ‘slo; Marcos so pais em 18 Agores — vo Angra & sa cavaigada egre — Por slode Vide. © Guarda = +o. Idanhaa Penamacor. a, Fundio, sda © Celo- rico —¢ bispado de Viseu — Trancoso, Vilar Torpim, Escalhéo, Escarigo, Almeida, Cas- telo Bom, Vilar Maior e Sabugar ”. Os anos de 1580 séo mais pareos de infor- ‘magdo, encerrando um periodo importante de visitas inquisitoriais no territério do conti- nente, De acordo com as informacées de An- t6nio Joaquim Moreira, o deputado da Ingui- sigio de Lisboa Luis Gongalves de Ribaiia teria visitado Setibal, Santarém, Alcobaga Leiria em 1582; Jeronimo de Sousa percorre em 1583 Guimardes, Mesao Frio, Vila Real, Torte de Moncorvo, Freixo de Espada a Cinta ¢ Mogadouro"; as visitas a Lisboa em 1587 sio {feitas por Jerénimo de Pedrosa, nos mosteiros de Sio Roque ¢ de S40 Francisco" e por An- MAPA It Jurisdi¢do dos tribunais distritais da Inquisigao INQUISIGAO E CONTROLE SOCIAL ténio de Mendonga, na Sé"; no mesmo ano, Anténio Dias Cardoso visita 0 Priorado do Crato—Crato, Amieira, Proenga e Serta” —, enquanto Mateus Pereira de $4 percorre a co- marca de Riba Coa— Mata de Lobos, Escari- 20, Aldeia da Ponte e Vilar Torpim®. A década de 1590 assinala uma viragem na ‘orientagio das visitas, que se ocupam das ithas ¢, facto novo, dos territérios ultramarinos, Em 1591-95 processa-se a longa viagem de Heitor Furtado de Mendonca a0 Brasil — ca- pitanias da Bafa, Pemambuco, Tamaraca ¢ Paraiba”; em 1591-93 Jerdnimo Teixeira Ca- bral percorre os Acores e Madeira — Ponta Delgada, Ribcira Grande, Vila Franca e Agua de Pau, em Sao Miguel, Angra e Vila da Praia, na Terceira, Funchal, na ilha da Madeira®; em 1596-08 o Padre Jorge Pereira procede @ um inquérito no reino de Angola por comissio do inquisidor geral". ‘Ap6s um periodo «morto» de mais de vinte. bora tempotaria).da_pratica das visitas. Em W618 registam-se visitas que cobrem diversas regides do continente e ultramar: Anténio Dias Cardoso instala-se na Sé de Lisboa"; D. Francisco de Braganca no mosteiro de Sao Domingos" e Gaspar Pereira no mosteiro de Sao Roque*; Fr. Manuel Coelho visita Setibat#; D. Manuel Pereira efectua uma ex- tensa viagem pelo distrito de Lisboa — San- tarém, Golega, Abrantes, Castelo Branco, S. Vicente da Beira, Covilha, Fundao, Bel- monte, Guarda, Celorico, Penamacor, Mon- santo, Idanha a Nova, Tomar, Torres Noyas, Ourém, Leiria, Porto de Més, Alcobaca, Obi- dos, Peniche e Alenquer® —, que se prolonga pelo ano de 1619; Sebastido de Matos de Noronha realiza uma visita igualmente longa pelo distrito de Coimbra — Aveiro, Porto, Vila do Conde, Barcelos, Braga, Viana do Castelo, Caminha, Valenga, Mongio, Ponte de Lima, Guimaries, Amarante, Vila Real @ Lamego —, que € interrompida em Gui- maries a 12 de Dezembro de 1618 devido a tarefas diplomiticas do visitador em Madrid, sendo retomada pelo mesmo a 28 de Feverei 0 de 1620 em Amarante”; Francisco Cardoso do Tomei visita as has Funchal, Calheta, Ponta do Sol e Santa Cruz na Madeira, Ponta Delgada. Vila Franca ¢ Angra nos Acores*, Marcos Teixeira viaja até a0 Brasit — Salva’ dor da Ba As iiltimas visitas de que temos noticia jé 7 40 mais limitadas, tanto no tempo como no espago: Fr. Antonio de Sousa € incumbido de visitar Santarém em Dezembro de.1624, reco- tendo informagoes até Maio do ano seguinte no convento de Séo Domingos, onde se en- 7 Somtrava instalado®; Diogo de Sousa visita em s...1637 Viseu, Sto Pedro do Sul, Trancoso, Pi- ‘Wel, Almeida, Vilar Torpim e Torre de Moncorvo”. A visita ao Grdo Paré feita por Geraldo José de Abranches em 1763-69" surge completamente desfasada da estratégia seguida no continente desde a Restauracio. 4. No caso portugués, ndo se pode falar de uma fasfe inicial de tribunals itinerantes, com 5 inquisidotes mobilizados para a visita per- ‘manente aos respectivos distritos, a que se s¢- guiria uma fase de sedentarizagio dos tribu- ais — proceso que teria ocorrido em Castela € Aragio®. A Inquisigio estabelece-se no nos- so pais numa altura ¢m que os tribunais dos festantes reinos da Peninsula tém 58 anos de actividade, esbocando-se j4 a tal fase do se- dentarizagio. Para além de beneficiarem da experiéncia acumulada peta Inquisicdo vizi- ‘ha. os tribunais portugueses nao sofreram 05 conflitos de jurisdicio que dificultaram a im- plantagéo dos primeiros. sendo desde cedo dotados de meios financeiros, tanto pela Coroa como pelo Papa, que permitiram um + funcionamento regular (Jean Pierre Dediew atribui o cariicter itinerante dos tribunais cas- telhanos, entre outros factores, & necessidade urgente de obtengio de receitas).. | Neste conte: site le uma actividade, snplementar de fecoth: -Sirecta de informagdes_(tanto sobre cristios novos como sobre ctistéos velhos), que en- volve poucos firnciondrios ¢n04 - teria com, 0 cardcter sedentirio do tribunal. Para além disso, as visitas ndo sio ofganizadas clos tribunais distrtais (pelo menos desde a década de 1570): trata-se de uma pritica orde- nada ao mais alto nivel, pois 0 itineririo de algumas visitas cruza diferentes distritos (v. g, a visita de Marcos Teixeira em 1578-80 aos bispados de Portalegre, pertencente ao distri- to de Evora. Guarda, pertencente ao distrito de Lisboa, e Viseu, pertencente ao distrito de Coimbra), as datas de visitas separadas 0s distritos sdo coincidentes (1582-83. 1591-93 ¢ 1618-20) ¢ alguns dos visitadores séo deputa~ 7 tonio_ de Mendonca, Anténin Dias, Carsiasds~ # D.Erancisco de Braganga e Fr. Manuel ‘oetho™). “O tempo de duracao das visitas nao conhece ‘uma alteracio substancial entre 0 século RVI €0 século XVI: sc a extensa viagem de Mar- cos Teixeira 20 centro do pais durou um ano e um més (entre Dezembro de 1578 ¢ Janeiro de 1580), a visita de Manuel Pereira ao distrito de Lisboa prolongou-se exactamente pelo mesma periodo de tempo (entre Abril de 1618 ¢ Abril de 1619), tal como a visita de Sebas- (1.7 tido de Matos de Noronha ao distrito de ~ Colibri (de Fevereiro a Dezembro de 1618, retomada de Margo a Maio de 1620). Estas datas, alias, asinalam os dois grandes , Mélanges de la Caza de Velez- quer, XIIl, 1977, pp. 235-256 © Dominique Peyre, ‘ meyo 22 66 patmos, Levou 28 alto € 2 de 5 por onde, » de paso. neima da zinha para rapeito da 2 hum ho- 5 buracos, ometeras, ara parte. cada duas madres que cingiam toda a largura, ¢ nellas se puzeram escoras que se devem estrivar a0 direito das mesmas pemnas, e ndo no meyo ds travessas, que fazem as madres, ¢ alem de serem pregadas, levam por bayxo his punhos, ou maos de pao também pregadas. Estrivardo estas pernas em hum frecial que se pregou em toda a largura do pavimento, levando de mais suas mos ou punio de madeira pregados com 2 pregos, E por mayor fortaleza 20 repuxo do Exo Se meterdo por bayxo do assoalhado em ‘arbadas no frechal onde se pregou a metade de cima aigias 15 escoras e para os aprumo. E entre os mais de toda esta fabrica se puzerdo escoras em forma de tizouras. par hum, ¢ ou tuo lado} e de angulo a angulo aos paos a pru- mo. Os mastros serdo metidos na terra 5 pal- mos de altura e mais se puder ser e se acunha- ro e atacario muito bem hia vez quando se poem € levantio, e depois de estar ja tudo acabado, ¢ chovendo por mayor cauza por es- * tar a terra branda, Debayxo da escada se fizerSo os tinellos dos procuradores dos Familiares: repetindose pelo meyo com suas divisées cada hum tudo forrado pelos lados e por cima que tambem se armario de tafctas, ¢ tiverio vella para vedar a agua. Deuse 20 procurador fidalgo a parte que ficava para S. Domingos e ao procutador mecanico a da parte do Passo, Entravase para estes tinellos por duas portas que se fizerio nos cantos e raiz da eseada, em que se escuzou a coxia que antigamente se fazia por fora do Auto. Somente se the fez por fora na frente hia escada de 2 fansos com seu taboleyro em ‘cima donde se dividido para seu tinello. Ao pé dos degraos da escada dos assentos que fica a face do pavimento corria hia coxia em toda a largura de 5 paimos de largo, sahindo pelo meyo do Auto em 10 palmos de largo, tendo de alto 3% palmos, com hia taboa 20 alto por aba athe cheger ao altar da abjura- io. Este altar ficou junto ao mastro grande o qual por amor do cano da cidade que vay por bay- Xo, se chegou por diante 4 patmos, do meyo do Auto; por quio respeito se deu 8 palmos 20 altar e raboleyro 4 a0 altar em largo ¢ 4 a0 taboleyro tendo este dous degraos. hum do ta- boleyro, ¢ outro onde sc ajoelhia. E do pavi- ‘mento ate 0 altar fazem 9 palmos de alto tendo o altar 4¥ de alto e de comprido 20 pal- mos com tabeas a0 alto por obra. Fizerdose dous camarotes por bayxo do altar, em dous INQUISIGAO E CONTROLE SOCIAL repartimentos para 03 meninos do coro. E de cada parte duas escadinhas junto ao dito ta- boleyto, ¢ outras duas no principio da coxia gp gobem pare os asentos da exeada grande, altar em que esta o docel roxo tem de alto 4¥ze fazse movedisso para se poder meter de- traz. O docel tem de largo 3 palmos com hia bangueta de hum palmo; outros 3 palmos de taboleyro ao pe: ¢ 10 palmos de comprido. O docel tem 12 palmos de largo que toma a pare- de entre janclla ¢ janella, ficando entre 0 do- cel € 0 do Inguizidor Geral fora a largura da janella 12 palmos ¢ da parte dos bispos outros 12 palmos em que se encosta o pendio que tem 12 palmos de largo € 22 te o remate da cruz. O taboleyro ao pe do altar teve 40 pal- mos com 4 degraos tornejados em 3 faces. A ultima janella da parte do Duque teve 0 si- tial dos Princepes ficando a peaultima tapada. E abaixo destas janellas o respaldo dos assen- tos da meza grande e Bispos e 0 Inquizidor Geral em hum taboleyro de 5 palmos em qua- dra em que esteve a cadeyra, E assim estes assentos da meza pequena, meza grande, Bis- pos e Cabido estiverio levantados do pavi- mento 4 palmos. “ E porque havito de ser estes 4 palinos so- mente nos lugares dos Inquizidores e no dos Bispos e Cabido s6 3 palmos de alto e o mes- tre carpinteiro 4 degraos da parte dos Inquizi- dores e 3 degraos da parte dos Bispos e Ca- bido estes 3 degraos nos 4 de alto: mas 0 ta- boleyro dos Bispos e Cabido teve somente de largo 6 palmos, tendo 10 os dos Inquizidores da meza grande ¢ os da meza pequena 6 pal- mos e 4 05 assenitos dos qualificadores com seus assentos de hia taboa e outra aos pes le- vantada Assim 0s Bispos, como Cabido, camarotes do Nuncio ¢ Fisco, caza destes, dos Inquizi- dores ¢ secretaria, fizerdo fora do Auto, para a parte de S. Domingos e do Duque em sa- cada de 17 palmos, eno dos Bispos entrava ‘hum corredor com estrada para elles, ¢ para 0 camarote do Nuncio, cuja escada ficou lan- sada junto 20 cunbal da Inquizicio. Da parte do Duque. com @ mesma sacada de 17 palmos, se repartirao as cazas dos Inquizi- dores ¢ secretaria, comunicandose com portas por dentro mas somente se dividiam da secre- taria com hum vao em que se fechavam a parte. Por estas cazas se descia com ina es- cada da 6 janelia a que se tirardo as grades. fazendo a0 pe taboleyro de que se descia para 47 @ caza ¢ assentos dos Inquizidores. O pulpito ficou no meyo do 3.° © 4.° mastro encostado a secretaria mas a mio esquerda ara ficar defronte do altar da abjuracio, por ‘cauza da mudanga do mastro grande se des- viar do cana. Este pulpito vem da Sé, tem de alto ou pé 4 palmos ¢ por ficar bayxo se ihe fez hum estrado de hum palmo para ser mais le- vantado. E teve seu tejadilho coberto de en serado com queda para traz ¢ se armou com sanefa de franja, A gelosia da secretaria fica em altura de 5 pal- mos do pavimento tapada por cima com arma- 40 ¢ por dentro bofete junto da gelozia, com seu banco em que se assentéo; fora outra meza ¢ seu retrete. O camarote do Nuncio e Fisco tiverdo gelazias largas.fasquiadas ao alto em toda a largura; deatro bancos, palanque e retrete e se cobrio or cima com encerados ou panos breados. A Correnteza dos tejadilhos de todas estas cazas teve 3 palmos ou 4. As escadas, assim a da entrada principal para 9 Auto, como a dos relaxados, tiverao 0s ta- doleyros entre 0 4? 5.* mastro. A escada Principal teve de largo 10 palmos com seu ta- boleyro ao pe de 10 palmos de largo com 3 degraos de 2 palmos de passo e 3 de alto, Este taboteyro tomava toda. largura do pateo que se fechou peia quina do Passo na mesma largura do assoalhado das cazas que erao 17 palmos. Teve duas portas. hia a entrada do ateo na frente que ficou cordeando e igual com o angulo do Auto junto ao Passo. E outra porta ao pe da cscada para 0 terreiro do Dux que fechada cuja chave teve Diogo Luis e se do abriu sendo quando vieréo suas altezas. A hum lado da parte de dentro encostado a mesma escada ficou o camarote do corregedor do crime da corte: fechado com a porta a0 pe a escada. Porem devese advertir que fora a porta do pa- teo se ponhdo sargentos para afastarem a 1B "gente que nfo carregue na porta, para que os Alcaydes.que esto dentro possio abrir a Porta sem violencia do povo. E que entulhe a cova a porta para que nao se encha de agua como esteve da que choveo. E por esta cauza se devem atacar de novo os mastros, Todo este Auto foi armado de tafetas pelo toldo debayxo das vellas, a metade: das janel. tas ate o mastro do meyo, o qual tambem foi ammado, ¢ os mastros de fora, respaldos, altar da abjuracio e toda a coxia © assentos que corre pelo meyo. E 0s taboleyros do altar al- catifados e coxia dos assentos. Todo o pavimento teve bancos a0 comprido, em que ficavéo sentados com o rosto para 2 coxia que vay pelo meyo do Auto. Os religio- sos de S, Domingos se sentario nos degraos do altar ¢ bancos juntos. A procissio deu volta a roda da coxia ate subir ata 0s assentos, Para o que se fizerdo de- gr208 nos dous topos da coxia que ficou 20 pe da escada, que descido para os tinellos e para © Auto. E assim se dew fim e acabou toda esta fabrica». joteca Nacional de Lisboa, Colecgio . cddice 863, fl. 3487-352v, N.B. O texto tem alguns comentétios & mar- gem que nio foram transcritos por se tra- tarem. na maior parte dos casos, de sublinha: dos. Trés casos merecem a citagdo: 4) Quando se refete a entrada principal para o Auto especifica-se: «que fica junto a0 Passo Novo da parte de Valverde»; no caso da porta dos relaxados «que fica da parte do Rocio na ‘mesina parelela»., b) Quando se fala da porta ao pé da escada para 0 terreiro do duque surge a justificacdo: «cesta 2." porta se fez com intengio de servir se a procisséo viesse pela nia de Valverde: por causa da chuva>. ©) Quando se indica a guarda a porta do patio recomenda-se: «devese prohibir que nao suba gente sobre os tejadilhos das cazas da secre- taria ¢ Inquizidores»,

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