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15-25
Encaixado discretamente na primeira metade de Isaías temos um pequeno relato sobre dois
administradores da casa real de Judá durante o reinado de Ezequias (2 Rs 18.37). Sebna e
Hilquias têm muito a nos ensinar sobre liderança cristã e o pastoreio.
· Sebna não é um membro da família real. Ele é alguém de fora, talvez um estrangeiro ou
gentio.
· Ele não é da realeza, mas está se esforçando para ser lembrado entre os reis após sua morte.
Ele procura preparar para si mesmo um legado e um monumento para ser lembrado como
alguém importante (2 Cr 16.14). Interessantemente um túmulo foi descoberto fora de
Jerusalém com inscrição, “Túmulo do Mordomo/Administrador Real.” Pode ter sido feito por
Sebna.
· Aparentemente, temos em Sebna um homem ambicioso, que usa a sua posição para a sua
própria auto-promoção. Certamente, é um homem persuasivo e politicamente habilidoso para
penetrar os mais altos escalões do reino.
Certamente a liderança cristã não é isenta de pessoas que têm a perspectiva de Sebna. Muitos
podem encarar o ministério pastoral como uma forma de deixar um nome para a história. O
pastor pode olhar para uma igreja e dizer: “aqui está o meu legado.” Outros podem procurar
cavar sepulturas no alto através da escrita de livros ou grandes feitos ministeriais. Muitos
desses com habilidade dizem estar servindo ao Rei dos Reis, mas suas vidas representam um
projeto de construção do seu próprio nome e fama.
Isaías 22.17-19 traz uma mensagem para esse administrador. Aqui se destacam outros
elementos negativos do seu caráter:
· Desfruta de “carros magníficos”, aproveitando dos privilégios da sua posição para andar
como um rei.
· É uma vergonha para o seu senhor. Ele traz honra para si, mas vergonha para o rei ao qual
deveria estar servindo.
A mensagem profética para Sebna é que será demitido da sua posição (provavelmente
rebaixado pois lemos em 2 Rs 18 e Is 36.3 sobre Sebna sendo um escrivão/secretário debaixo
do administrador Eliaquim). A sua morte não resultará num repouso glorioso nos túmulos
ornamentados entre os reis, mas sim num campo aberto cercado pelos destroços dos carros
que ele tanto se apegava.
O princípio se aplica aos que estão no ministério pastoral: Quem serve ao Rei para servir a si
mesmo traz vergonha para o Rei e coloca a sua esperança em vaidades que logo passarão. Até
os monumentos edificados para perpetuar a fama, caem rapidamente no esquecimento.
Isaías 22.20-24 nos conta sobre Eliaquim, que seria um administrador diferente de Sebna:
· Num momento tumultuado ele será como um pai para o povo de Jerusalém e para a tribo de
Judá.
· A Eliaquim serão dadas as chaves da casa de Davi, a autoridade de ceder acesso e tomar
decisões em nome do rei.
· Ele será fixado por Deus como um prego firme, será de confiança, trazendo honra e glória
para a casa do seu pai.
Eliaquim não é o egoísta que serve seus próprios interesses, mas é aquele que se prova digno
de absoluta confiança do rei e da sua própria família.
Certamente nestas palavras você relacionou Eliaquim às palavras ditas por Jesus para Pedro
sobre as chaves do Reino dos Céus (Mateus 16.19). Pedro, como apóstolo de Jesus, estava
sendo alistado para ser um fiel administrador no Reino de Jesus Cristo, e pela pregação do
Evangelho dar acesso ao Reino.
O próprio Pedro aplicou o termo fiel administrador aos crentes (1 Pd 4.10). O Apóstolo Paulo
também falou da mesma forma (1 Co 4.1-2). Em Tito 1.7, o pastor/presbítero é um
administrador da casa de Deus.
Eliaquim é um exemplo de administrador fiel e nos lembra a nossa posição e dever como
crentes, como ministros do Evangelho e como pastores do rebanho do Senhor Jesus.
Fidelidade como administradores é o nosso foco.
Mas, a história não acaba aqui. Temos uma surpresa em Isaías 22.25. O firme, fiel e confiável
Eliaquim também cairá. Nisso lembremos que o melhor dos homens é apenas um homem. A
mensagem do profeta Isaías é que o SENHOR coloca, o SENHOR tira. O pior dos
administradores, Sebna, administra enquanto o SENHOR permite. O melhor dos
administradores, Eliaquim, administra enquanto o SENHOR permite. Não coloque a sua
confiança no administrador. Isaías exorta o povo: coloque a sua confiança no SENHOR
soberano, pois o Reino pertence a Ele.
Como administradores devemos ser fiéis e confiáveis, buscando tão somente a glória do nosso
Rei. Mas, cuidado para não super-estimar a nossa importância. Servimos por um tempo e logo
passaremos. Os fiéis administradores não devem chamar o povo para uma confiança neles, por
mais confiáveis que sejam. Somente o SENHOR é digno de confiança.
Cabe aqui ressaltar a importância dos líderes prepararem a próxima geração de fieis
administradores, para que a casa de Deus continue suprida quando o líder não estiver mais.
Jeremiah J. Davidson