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Paula Hemmerich

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Carmelinho
- Escolho tudo! - Disse Teresinha.
A irmã mais velha torceu a boca, arqueou
as sombrancelhas e respondeu:
- Não seja tão mimada, menina!

Teresinha era mesmo uma menina mimada!


Tão mimada que, diante das opções da cesta
de roupinhas e adereços, não conseguia
escolher apenas um para sua boneca.
Queria todos!
Ela era a filha caçula e, como sua mamãe
partiu para o Céu muito cedo, o pai e as irmãs
a cercavam de paparicos.
Com tantos mimos e atenções, Teresinha, que
já era uma menininha sensível, tornou-se
frágil e chorona.
Se se sentisse contrariada ou lhe fosse negado
algum capricho, ela logo desabava no maior
chororô.
Aos oito anos, foi para o colégio. Sentia-se muito
triste por ter de ficar longe do pai e das irmãs.
Achava a vida fora de sua casa muito infeliz.

Apesar disso, era uma criança muito aplicada e


inteligente e foi colocada para estudar com as
meninas mais velhas. Mesmo sendo a menor da
classe, Teresinha sempre tirava as melhores notas.

As outras meninas, por inveja, não se aproximavam


dela.

Escola
Tímida e sem amigas, ela se sentia triste e
muito sozinha na escola, e chorava escondido.
Mas não reclamava a ninguém: consolava-se
em saber que, no fim do dia, voltaria para
casa onde seria recebida com tanto amor.

O beijo do pai lhe fazia esquecer as dores do


Colégio.
Paulina era a irmã que, no coração de
Teresinha, assumira o lugar de mãe.
Mas também dela a pequena menina teve que se
separar bem cedo:
- Vou entrar para o Carmelo, Maria. –
Paulina contou à outra irmã.
- Teresa já sabe?
- Ainda não.

Teresinha ouviu a conversa das irmãs, e sentiu


uma enorme tristeza:
- Ah, não! Terei que me separar de minha
segunda mãezinha?
Desmanchou-se em lágrimas de dor:
- Será somente isso a vida, meu Deus?
Perdas e separação?
Teresinha ficou de cama, tamanha a
tristeza que tomou conta de seu frágil
coração. Não tinha forças para se
levantar, brincar ou estudar.

Sua saúde ficou tão frágil, mas tão frágil,


que os médicos pensaram que ela iria
morrer.

Seu pai e suas irmãs rezavam muito por


sua cura, não podiam mais suportar ver a
pequena Teresinha acamada.
Num domingo, enquanto todos rezavam, Teresinha
abriu os olhos e viu que a imagem da Mãe de Jesus
que tinha em seu quarto estava lhe sorrindo.
Ela chorou de emoção e ficou imediatamente curada.

- A Mãe de Deus me sorriu! Sou a menina mais


feliz do mundo!
Porém, a felicidade de Teresinha durou pouco.
Maria, sua outra irmã, também entrou para o
Carmelo. Em sua cabecinha, ela não compreendia
direito o que era o Carmelo, sabia apenas ser um
lugar que as separava em definitivo das irmãs.
Ela tornou-se, com isso, mais chorona do que nunca.
Chorava por tudo e, depois, arrependida, chorava
porque tinha chorado.
Sua sensibilidade e fragilidade eram tão grandes que
começaram a preocupar seu pai, que tanto a amava.

- Isso já não é possível, meu Deus! Teresa já está


próxima dos quinze anos e se comporta como uma
garotinha. Preciso dar um jeito nisso! Este será o último
ano que colocarei presentes no sapato dela.
Essa menina precisa crescer!
Ao ouvir que o pai não deixaria mais os presentes em
seus sapatos, como fazia em todos os Natais, Teresinha
não se debulhou em lágrimas, como todos esperavam.
Um verdadeiro milagre havia ocorrido em
sua alma.
Na Missa de Natal, Teresinha olhou por
muito tempo para o Menino Jesus, tão
pequenino, deitado no Presépio e viu que,
como ela, Ele também era frágil. Decidiu-
se a ser, para Jesus, como um brinquedo
dócil que não oferece resistência.

- Deixarei que Jesus faça de mim tudo, tudo,


tudo que Ele quiser!
Desse dia em diante, Teresinha deixou de chorar
por qualquer coisa, pois sentia no coração alegria
em agradar a Jesus em tudo, mesmo nos menores
sacrifícios.

Teresinha tornou-se, então, uma moça, e decidiu


que também queria entrar para o Carmelo e dedicar
sua vida a orar pela conversão dos pecadores.

-Você vai ter que esperar, mocinha. – disse-lhe o


Bispo. Não tem idade para ingressar no Carmelo.
Seu pai, Luís, levou a menina até Roma, para
pedir uma autorização ao Papa:

- Se o Bom Deus quiser, você entrará no Carmelo.


Mas não agora. - Foi a resposta do Santo Padre.
Teresinha estava decidida e não desistiu do
sonho de se tornar uma Carmelita. Esperou e
superou todas as dificuldades, e algum tempo
depois, seu sonho se realizou.

Logo, seu pai, Luís, ficou gravemente doente e


esse foi o primeiro martírio de Teresinha no
Carmelo. Ela sofria muito ao pensar que seu
paizinho já não tinha saúde.
Pouco depois, houve uma grave epidemia no
Carmelo e quase todas as Irmãs ficaram
doentes, muitas morreram.

Teresinha foi uma das poucas que não caiu de


cama e cuidou das outras com muito amor e
devoção.

Apesar do sofrimento, Jesus a levava pela


mão, e ela percebia a paz que inundava o rosto
das que iam embora para junto d´Ele.
Quando se recuperou, o pai de Teresinha foi
visitar as filhas no Carmelo. Ao se despedir, ele
olhou para o alto e lhes disse:
- Até o Céu, minhas queridas!

Teresinha entregou sua vida e se dedicou a


rezar, dia e noite, pela conversão dos pecadores,
pela santificação dos padres e para que Jesus
fosse mais amado por todo o mundo.
Ela se tornou uma grande Santa, apesar de sua
fragilidade. Ela dizia:
- Sou pequena, muito pequena. Mas Jesus não me
pede grandes coisas... o que Ele me pede é um
grande amor!

Foi assim que Teresinha descobriu


um lindo caminho para a santidade,
conhecido como Pequena Via:
fazer tudo, mesmo as coisas mais
pequenas e insignificantes, com
alegria e um enorme amor!
Antes de partir para junto de Jesus, Teresinha disse:
- Meu céu eu passarei a fazer o bem sobre a terra.

É por isso que, até hoje, Santa Teresinha é


conhecida no mundo todo como a Santinha das
Rosas. Todos os que se confiam a ela e pedem, com
fé, a sua intercessão, recebem de presente uma rosa
e muitas bençãos especiais!
A irmã de Teresinha, Paulina, certa vez a presenteou com um barquinho
onde estava escrita, em uma das velas, a palavra abandono. O símbolo do
barco era muito caro à Teresa, e ela costumava dizer que "a vida é nosso
navio, não nossa morada".
O abandono à Divina Providência é que deve conduzir o barco do cristão,
pelas águas tranquilas e, principalmente, pelas agitadas.
Outro simbolismo rico de significado, também presente nos escritos de
Teresa, é a figura do Menino Jesus que brinca e dispõe, como bem quer, de
uma pequena bolinha de brinquedo. "Eu sou essa bolinha, e desejo que o
Pequeno Jesus faça de mim o que lhe apraz."
Abandono

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