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LIVRO DE OURO

C O M M E M O R A T IV O

DO CENTENARIO DA IN D E P E N D E N C E
DO BRASIL
E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
DO RIO DE JANEIRO

1822 a 1922-23
LIVRO DE OURO
C O M M E M O R A T IV O
DO

CENTENARIO DA INDEPENDENCE
DO BRASIL
E DA

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
DO RIO DE JANEIRO

7 D E S E T E M B R O DE 1822

7 DE SETEM BRO DE 1922 — 7 D E S E T E M B R O DE 1923

E D IÇ Ã O DO
ANNUARIO DO BRASIL
(A L M A N A K LA E M M E R T )
RIO DE JANEIRO
L IV R O DE OURO

O p r im itiv o p la no de organização deste L i­


v ro apenas abrangia inna calorosa homenagem
com m em orativa da m aior data da H is to ria bra­
s ileira . T orno u-se , porém , tão com plexa a se­
rie de commemorações, to m o u um ta l caracter
de grandeza e inte rn a c io n a l idade a grande E x­
posição, que ju lg á m o s de m elho r aviso a m p lia r
o plano traçado, de fo rm a a pode r abranger
as mais b rilh a n te s festas e homenagens, todas
as notáveis solcm nidades a re a liza r d u ran te o
anno de 7 de Setembro de 1922 a 7 de Se­
te m b ro de 1923. E assim é que á parte p ro ­
priam ente o rig in a l do L iv r o , sub scrita p o r a l­
guns dos m ais ilu s tre s escriptores bra sile iro s,
juntám os exce rpto s de tra b a lh o s com m ernorati-
vos publicados em jo rn a is ou revistas, fizem os
o resumo das fe stas, homenagens e congressos,
rep ro du zim o s aspectos da Exposição, dem os en­
fim o balanço m ais exacto possível d o que fo i
o l.o C e n ten ário da In dependencia do Brasil.
A lg un s em inentes escriptores portugueses qui-
zeram ju n ta r ás nossas as suas homenagens e
essa parte constitue, sem duvida, um dos mais
form osos cap ítu los do L iv ro , que entregam os a
nossos prezados le ito re s e dis tin c to s assignan­
tes, com a certeza de nos term os esforçado
p o r c u m p rir, d e n tro de nossas forças, com o
que lhes prom ettem os. A todos, colla bo ra do re s
e assignantes, annunciantes e leito re s, os nossos
m elhores agradecim entos e sinceras saudações.

Rio de Janeiro, Setembro de 1923.

O A N N U A R !O DO B R A S IL
(ALMANAK LAEMMERT).
INDICE DAS MATERIAS

PARTE I — O dia do Chile.


— A succcssâo das grandes festas.
Vaz de Caminha e a sua carfa (Capistrano de A data de 2 de Julho.
Abreu) . . . — O 28 de Julho.
.Confins te rritorial! do Brasil (Mario d r Vas — O 15 de Agosto.
concailos . . . . . . . . . . . . — O centenario de Gonçalves Dias.
Noticia historica (Rocha Pombo) . . . . . — Duque de Caxias.
A propaganda republicana (Julio Carmo, Paej Congressa e conferencias .......................................33
A literatura brasileira (Ronald d r Carvalho)
As artes plasticas (R. d r C.) . . . . . . — Congresso Eucharistico.
A caricatura no Brasil de 1822 a 1922 (Rau — Congresso Internacional de Historia
Pederneiras . . . . . . . . . . da America.
Ensaio sobre a musica brasileira (Renato — Congresso B. de Ensino Secundario.
melda . . ........................................ e Superior.
O Theatro no Brasil . . . . . . . . 3.» Congresso N. de Agricultura e Pe-
A evolu(io religiosa no Brasil (Nestor Victor
Organização religiosa (Jackson de Figueiredo Confcrencia Int. Algodoeira.
Perillo domes) . . . . . . . . . I.® Congresso de Associações Commer-
O pensamento philosophico nò Brasil (Renal
Almeida) . . . ................................... 2.0 Congresso Americano de Expansão
A Escola medica brasileira (A . Austregesilo). Eoonomica.
Evolução da Architectura no Brasil (A. Morate Conferencia Americana da Lepra.
de los Rios) .................................................. Congresso N. dos Práticos.
Cem annos de E n g e n h a ria ......................... I.® » B. de Pharmacia.
O Ensino publico no Brasil (Afranio Peixoto) Congresso Juridico.
Aspectos da Sociedade brasileira (Elysio de Ca I.® » de Carvão c outros com­
valho) . . . . .................................... bustíveis.
As bases geneticas do nosso Direito constitucio­ 2.0 Congresso Int. de febre aphtosa.
nal (Chrysolito de Otismão) . . . . . 1.0 » B. de Chimica.
Como o Brasil entrou para o concerto das N » dos Estudantes das Es­
ções (H e itor Lyra) colas secundarias.
A diplomacy indépendencia
' (Hildebrand Homenagtns estrangeiras . . . . . . . . . 31
O padre Cícero e o folk-lore (Óustavo Barro — Embaixadas e missões.
— Visita do Presidente de Portugal.
A evolução economica do Brasil (Victor Viana) — As divisões navacs.
Finanças do Brasil (Elysio de Carvalho) . . . — Os contingentes estrangeiros na gran­
A imprensa na independencia (Barbosa Lima So- de parada.
— Os veteranos Uruguayos da Guerra
Academia brasileira "de Letras . . do Paraguay.
A viação ferrea no Biasil . . . — A grande alma argentina e o cente­
Cem annos de Commercio exterior . . . . . nário brasileiro.
O Exercito Brasileiro (Cel. D r. Joaquim Marques — A edição especial de La Nación.
da Cunha) . . . . . . . . . . . . — O monumento da França ao criador
Synthese historica da marinha de guerra Br da aviação.
sileira (Raul Tavares, Cap. Frag.) — O Monumento da Amizade.
Em 1822 . . . ( Rodrigo Octavio Filho) . — O Monumento de Cuauthemoc.
O Brasil de hoje . . 263 e — Homenagem á memória de Rio Bran-
— A mensagem de felicitações da Asso-
PARTE II cion de Jovenes.
— Os representantes dos Estados norte-
A voz da imprensa .................................................. americanos.
A Exposição Internacional — A edição especial da Leipzig lllus-
— Classificação. — As saudações dos chefes de Estado.
— A contribuição dos Estados e do D.
Federal.
— A commissSo organizadora.
— Os monumentos e pavilhões brasi- — Pelo engrandecimento e pela glc
do Brasil.
— Os palacios estrangeiros. — A moção do Senado Brasileiro.
— O que ficará da Exposição.
<ts grandes festas .................................................. j Brasil.
— A alvorada radiosa. — A tutura Capital do Brasil.
— A grande parada militar. — A exposição de Bellas-Artes.
— A inauguração da Exposição. — O museu nacional no centenario.
— O dia 8 de Setembro. — Exposição de pecuaria.
— A revista naval. —Archivo Diplomático da Independen-
— O grande banquete official. da.
— 10 de Setembro. — Historia da Colonização Portuguesa
— A festa veneziana. no Brasil.
— O dia do Mexico. — Curso de Literatura Brasileira.
—- A chegada do Presidente da Repu- — Monumento á Princeza lzabel.
* blica portuguesa. — Monumento a Christo Redemptor.

O O O O O O o o o o o o
IN D IC E DAS MATERIAS

—7Mcnumenlo da Marinha. Estado de Minas Geraes (Deputado Nelson de


— Monumento a Francisco Manoel. Senna) . . . . . . . .................... 402
» a Carlos Gomes, em São Estado do Pará (Deputado Eurico Valle) . . . 419
Paulo. » da Parahyba do Norte (Deputado Tava­
— Monumento a Pedro I. res Cavalcanti .................................................. 423
— Os monumentos de Coritiba. Estado do Parana (Deputado Lindolpho Pessoa) 427
— O pantheon dos And radas. » de Pernambuco (Deputado Solidonio Lei-
— Outros monumentos. 430
— As grandes publicações do centenario. Estado cio Piauhy (Deputado João Cabral) . . 432
— Expositores nacionaes premiados. » do Rio de Janeiro (Deputado Manoel
435
Encerramento das festas . . . . . . . . . 372 Estado do Rio Grande do Norte (Depufndo
lo s t Augusto) . . . . . . . . . . . 438
Estado do Rio Grande do Sul (Deputado Lin-
dolfo C o l l a r ) ..................................................
PARTE III Estado de Santa Catharina (Deputado Celso Bay-
448
Estado de São Paulo (Deputado Carlos de Cam-
Os fundadores do linpeno . . . . . . . .
Os fundadores e presidentes da Republica . . . Estado de Sergipe ( Deputado Carvalho N efio) . 457
Ruy Barbosa e Arooverde . . . . . 376 a a 376 e Territorio do Acre .................................................. 160
Os governadores da mctropole no regimen repu­ O Brasil um só . . . ........................................ 462
blicano 376 e
A cidade do Ric de janeiro . . . . . . . 376 r

PARTE V
PARTE IV

Districto Federal. . . ...................................377 SAUDAÇÕES PORTUOUESAS . 470


Estado de Alagoas (Deputado Costa Rego) . . 379
» do Amazonas (Deputado Aristides Rocha) 382 — Alberto d’Ollveira.
> da Bahia '( Deputado Pamphilo de Carva­ — Antonio Baião
lh o / ................................................................. '384 — Lucio t f Azevedo.
Estadc do Ceará (Deputado Hermenegildo Fir- — Visconde de Carnaxide.
390 — A. A. Mendes Corrêa.
Estado do Espirito Santo (Deputado Heitor de — Alberto Pimentel.
Souza) ....................................................... 393 — D. João de Castro
Estado de Goyaz (Deputado Americano do Bra­
s il) ................................................................. 395 «Jornal do Brasil» . . . . . .
Estado do Maranhão ( Deputado Domingos Bar- «6 Paiz» .........................................
397 «Correio da M a n h ã » ....................
Estado de Matto-Grosso (Deputado Annibal de «Imparcial»..............................
Toledo) ............................................................ 400 «Estado de S. Paulo» (O) .

DO MONUMENTO DA IN D EPEN DEN CE EM S. PAULO


INDICE DOS AUTORES

A. A. Mendes Corrêa — («Saudação ao Brasil») 472 Honorio da Cunha e M ello — (Entrevista sobre
A. Austregesiio — ( A Escola medica brasileira») 93 a Escola de Bellas Artes) . . . . . . . 364
A. Morales de los Rios — («Evolução da Ar­ Jackson de Figueiredo — ( Organ isação reli­
chitectura no Brasil»)) . . . . . . . . . 97 giosa») . . . . . . . .......................... 76
Affonso Celso — («Noventa e cinco antios de João Cabral (Deputado) — (-Estado do Piau-
cursos juridicos») .................................................. 289 hv»> ...................................................................... 432
Afranio Peixoto — («O Ensino Publico no Bra­ Joio Lyra — («Um século de finanças») . 294
sil») 115 Joaquim Marques da Cunha (Coronel) — («O
Alberto d’Oliveira — (Saudação ao Brasil) . 470 Exercito Brasileiro») . . . . . . . . 232
Alberto Pimentel — (Saudação ao Brasil) . 472 José Augusto (Deputado) — («Estado do Rio
Aleixo de Vesconcellos (Dr.) — (Discurso no Grande do Norte») . . . 438
encerramento do Congresso de Febre Aphto- José Bcnttacio (Deputado) — (Discurso sobre
aa) . . . 348 o 28 de Julho) . . . . . . . . . 329
Alfredo Balthasar da Silveira — («Uma heroina José de Vnsccncellos (D.) — (O monumento de
da Independence») . . . . 279 Cuauhtemoc)) ....................................................... 358
Alvaro Paes — («Cem annos na economia do Juiio Carmo (Pae) — («A propaganda republi­
Brasil») ................................................................. 295 cana») . . . 25
Amadeu Amaral — («O cantor dos Tymbiras») 332 louro Sodré (Senador) — (Discurso sobre o 15
Americano do Brasil (Deputado) — («Estado de de Agosto) .............................................................330
Ooyaz») . . . ...................................... 395 Liudolpho C ollor (Deputado) — («Estado do
Annibal de Toledo (lieputado) — («Estado de Rio Grande do Sul») . . . . . . . 441
M . Grosso») . . . . . . . . . . . 400 Lindolphc Pessoa (Deputado) — («O Estado do
Antonio Balio — («Saudação ao Brasil») . . . 470 Paraná») ............................................................. 427
Aristides Rocha (Deputado) — («Estado d o Ama­ Lacio d 'Azevedo — (Saudação ao Brasil) . . . 471
zonas») .........................................382 Manoel Reis (Deputado) — («Estado do Rio de
Assis Memória (Padre) — («A Egreja no Bra­ Janeiro») . . . 435
sil») . . . . . . . . ......................... 285 Mario ae Vasconcellos — («Confins Tcrritoriaes
Aureliano Amaral — («O escotismo no Brasil») . 296 do Brasil») ......................................................... 7
Barbosa Lima Sobrinho - («A imprensa na inde­ Mario S. Ferreira — («A medicina e a hygiene
pendência») . . . ....................................204 ha cem annos») ............................................. 290
Capistrano de Abreu — («Vaz de Caminha c a Nelson de Senna • (Deputado) — («Estado de
sua carta») .................................... 1 Minas Geraes») ...................................................402
Carlos de Campos (Deputado) — («Estado de Nestor Victor — («A evolução religiosa no Bra­
S4o Paulo») .............................450 sil») ........................................................................71
Carlos Schiler — (A terra e o povo brasileiros) 360 Pamphilo de Carvalho (Deputado) — («Estado
Carvalho Nettcr (Deputado) — («Estado de Ser­ da Bahia») . 384
gipe») 457 Perillo Qomes — («Organização religiosa») . . 76
Celso Bayma (Deputado) — («Estado de Santa Pio X I (Papa) — (Saudação e benção ao Con­
Catharina») . . . ....................................448 gresso Euchanstioo) ............................................. 334
Celso Vieira — («A gerarão da independência») 280 Pires do Rio (D r.) — (Discurso na cerimonia
Charles Hughes (Embaixador) — (Discurso) . . 326 inaugural do Congresso de Agricultura e Pe­
- (Discurso na cerimonia do lançamento da pe­ cuaria) 337
dra fundamental do monumento da Amizade) 357 Raul Pederneiras — («A caricatura no Brasil
ChrysoUto de Ousmio — («As bases geneticas de 1822 a 1922») ............................................... 51
do nosso Direito Constitutional») . . . . 138 Raul Tavares (Capitão de Fragata) — («Syn­
Conty (Embaixador) — (Discurso na cerimonia ’— these historica da Marinha de guerra bra­
de inauguração daExp osiçã o)........................324 sileira») . . . . . . . . 250
Costa Rego (Deputado) — («Estcdo de Alagoas») 379 Renato Almeida — («Ensaio sobre a musica bra­
Domingos Barbosa (Deputado) — («Estado do sileira») ................................................................... 54
Maranhãc») . . . —397(«O pensamento philosophicono Brasil») 83
D . lo to de Castro — («Saudação ao Brasil») 473 Renato Vienna — («A figura que se releva na
Ed. Simões' Ferreira — («O tu rf no Brasil») . 298 scena brasileira») .................................................. 282
Elysio de Carvalho — («Aspectos da Sociedade Ricardo Severo — («Da architectura colonial no
brasileira») . . . ................. ............122 Brasil») ................................................................. 284
— («Finanças do Brasil») 197 Robido (General) — (Discurso junto á estatua
Enrique laudet — (O monumento argentino ao de Ozono) . . . 355
Brasil) . . . ..............................................355 Rocha Pombo — ( Noticia histórica») . . . . 15
Epltacio Pessoa — (Discurso de saudação aos — («O nosso mez jubilar») . . . . . . . 281
em baixadores).......................................................363 Rodrigo Octavio F ilho — («Em 1822...») . . . 256
Eurico Vatie (Deputado) — («Estado do Pará») 419 Ronald de Carvalho — («A Literatura Brasi­
Oeorges Bodin — (Discurso na inauguração do leira») ................................................................... 38
monumento a Santos Dumont) . . . . . 356 — («As artes plasticas») ............................................... 46
Oonsaga de Campos (D r.) — (Discurso na ce­ Ruy Barbosa — (Carta ao sr. Presidente da
rimonia de encerramento do congresso de Republica) 363
carvão) 347 Soildonio Leite (Deputado) — («Estado de Per­
Qastavo Barroso — («O padre Cicero e o folk­ nambuco») 430
lore») . . . ............................................. *81 Tavares Cavalcanti (Deputado) — («Estado da
H eitor de Sousa (Deputado) — («Estado do Parahyba do Norte») . . . . . . . . 423
E. Santo) 393 Thiers Flemming (Commandante) — («O Brasil
H eitor Lyra — («Como o Brasil entrou para o um »6») . . . 462
concerto das naçSes») . . . . . . . . 172 Tobias Monteiro (Senador) — (Discurso na sessão
Hermenegildo Firmesa (Dep.) — («Estado do de 11 de Setembro de 1922) . . . . . . 369
C e a rá » ) ............................. ...............................390 Victor Viana — («A evolução economics do
HUdebrando Accioly — («A diplomacia da In­ Brasil») ..................................................................188
dependência») ....................................................... I »6 Visconde de Carnnxide—(«Saudação ao Brasil») 471

O O O O CXI o o o o o o
IN D IC E DAS N O T A B IL ID A D E S C O M M E R C IA E S

A A SAUDE DA MULHER — (Laboratorio Dauclt


iv Oliveira) (Rio) — Cura lodos os incommodos
das Senhoras LVII
A. A. CALEM IV FILHO, LDA. (Porto) — Vi- A .SUL AMERK'A» (Rio d,e Janeiro) - Pi­
nhos do Porto, premiados em varias Exposições. n.h,a Nac,ü,)al ,dc Epiros de Vida, cm pleno surto
Porto Quina-, fceserva Calem . as mais acredi- de prosperidade, extendendo-se seu raio de agâo

A.^BARIXlZA^ft C. ' ^(M aceió*)™ Comniissões!°R* íistic*°’ 15" '9, 1-°' Tcl' C' 4 PaKlna8 *^
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O O O O O O CXII O O O O O O
1

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ANTONIO BRACONI ft C. (Victoria) Agen­
tes commcrciacs. Commissõcs e representações de Snr. DR. MAURÍCIO DE MEDEIROS, Presidente
casas nacionacs e estrangeiras. Recebem dircctamcn-
tc xarque, assucar. banha, sabão c cereaes XXIV » DR. ARTHUR DO PRADO
ANTONIO FERNANDES DE SOUSA ft C. -(P o r - » G. L. FAVRE, Director-Gerente
to ) . . 517
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Lisboa c Washington. C. do Muro, 112 Pa­ BANCO DA BAHIA (Bahia) — Estabelecimento
gina artística . . . . . . . . . . 256-A de depositos e descontos. Faz todas as operações
ANTONIO MACIEL ft C. V. Villa de Paris. bancarias . . . . . . . . . . . . X III
ANTONIO ROCHA LEÃO (Porto) — Vinhos do BANCO DE ALAGOAS - (Maceió) — Director-Pre-
Porto, os mais saborosos, melhor escolhidos nas sidente, Francisco de Amorim Leão, Gerente Fran­
mais afamadas e melhores proveniências das re­ cisco Polito . . . . . . . . . . . I
giões do Alto Douro . . . . . . . 512 BANCO DE S E R G IP E .................................... CVI1
ANTONIO VICENTE ft C. - (Recife) — Molhados BANCO IX ) COMMERCIO E INDUSTRIA DE S.
c estiv as . . . . . . . . . . . XL III PAULO C
AO PREÇO FIXO (Santos) — Cirande armazém BANCO DO PARA — (Pará) — Expede saques e
de m o d a s ................................... .... LIX ordens teltgraphicas para todas as cidades do Bra­
APHRODISIO THOM AZ DE OLIVEIRA (There- sil. Accrita cobranças cm todos os Estados do
lina) ............................................................ LI Brasil . . . . . . XXXIV
ARCHER PINTO ft C. — (Manaus) - Commissõcs, BANCO DO R E C IF E .................................... X L III
Consignações e Representações.................... X II BANCO ECONOMICO DA BAHIA - (Bahia) -
ARMARINHO SÃO PAULO — ( Timhaáha) — Fer- Capital autorisado 5.000:0008, realisado, . . .
a cns, miudezas, etc. . . L 4.000:000*. reservas 687:9805830 . . . XV
AZENS OERAES BELGAS (Santos) - Com­ BANCO ESCANDINAVO BRASILEIRO — (Rio de
panhia ensaccadora e rebeneficiadora de café LIX Janeiro) Um dos mais prestigiosos estabele­
ARMAZÉNS ROSAS- V. J. (/. de Araújo. cimentos de credito, organisado por poderoso syn-
ARMINDO DE BARROS (Manaus) Agente c re­ dicato de trinta c dois dos melhores bancos no­
presentante do Lloyd Paraense. Recebe borracha ruegueses. Faz todas as operações bancarias —
c outros gêneros db interior . . . . . X II R. da Alfandega. 32 (2 gravuras) . . 489
ARMINDO MARTINS (Au Louvre) Casa especia­ BANCO H OLLANDEZ DA AMERICA DO SUL —
lista cm artigos finos para homens. Perfumaria, Fundado pela Rottcrdamsche Bankvereemging —
malas, objectos para viagem. Alfaiataria X III Amsterdam — Rotterdam — Haya — Succursa) no
ARSENIO FORTES — (Maceió) — Commissõcs, Con- Rio de Janeiro R. Buenos Aires, 11 e 13 — 504
S. Paulo . LXXXII
A R W lÜ ^ ^ U fÍD G R E N (^"pcrnamCücanã) (Forta­ BANCO NACIONAL DO COMMERCIO — (Join­
leza/ — Fazendas cm grosso e a varejo, importa­ ville, ........................................ LIV
ção directa da Europa e America do Norte X V III BANCO NACIO NAL ULTRAMARIN O — . . 518
AUGUSTO RODRIGUES ft C. — (São Paulo) — (Bahia) ............................................................. XV
Importadores de tecidos, manufactura de roupas, ( Parahyyba do N o r te ) ............................... XXXIX
deposito de tecidos nacionaes — Rua S. Bento, (Recife) . . . . . . . XLVI I
13, 15, 17 c 19, Caixa Postal, 164 — Pagina ar­ (S. Paulo) ........................................................ LVI
tística .................................................. 296-A e Cl BANCO PORTUGUÊS E BRASILEIRO (Filial do)
AU LOUVRE — 'V . Arminda Martins. — (P o rto / — Operações bancarias, depositos a
AUTOMÓVEIS U NIC — ( Puteau-Paris) — Uma das ordem c a prazo em moeda nacional e estrangeira
melhores marcas francczas . . . 517 Pagina artística . . . . . . . 513
AZEITE PORTUQUEZ GUEDES (Lisboa) - Azei­ BARBOSA GUEDES ft C. V. Azeite Portugucz
te puro de Oliveira cuidadosamente escolhido para Guedes (Pagina artistica).
consumo, exportação de vinhos e generos alimen­ BARBOSA PINTO ft C. Ltda. — (Porto) — Expor­
tícios. Especialidade em fruetas — Pagina artística tadores de productos portugueses . . . 512
.................................. 367-1 BARBOSA VIANNA » C. — (Recife) — Importa­
AZEVEDO, AM ADO ft C. - (Aracaju) Fiação, dores c exportadores . . . . . . . . X L II
tecelagem CVI BAZAR AMERICANO — (Santos) . . . LX XX III
AZEVEDO BASTOS ft C. (Chapelaria Universal) — BELLARMINO DE SOUZA RODRIGUES — (Reci­
(Parahyba do Norte) Grandes variedades de fe ) ............................................................ XLV III
chapéus para homens c crianças. Especialidade cm BELLO-HORIZONTE • — V. Pedro Francisco de
artigos para presentes . . . XXXIX Mattos.
AZEVEDO ft C. (Camisaria Paraense) - (Pará) - BENJAMIN FERNANDES f t C. (Parahyba do
Fabrica c deposito de roupas brancas. Especialidade Norte) - - Armazém de estivas, louças, vidros c
cm enxovaes para noivas e collegiaes. Fabricação exportação de assucar . . . . . . . . XL
especial de Pejames sob medida . . XX xVI BORDALLO ft C. — V. Companhia Calçado Bor-
dallo - - Pagina artistica.
BORGES ft IRMÃO — Secção bancaria, secção pa­
peis de credito, secção de câmbios, secção mari­
tima, secção de loterias, secção de tabacos, secção
B ' —- t — — Lisbôa, L. de f Juliáo, * -*5
jardim, 64 a de Sá da Bandeii
Rio de Janeiro, R. da Alfandega, 24 . __
B. LEVY ft C. ( Manausj Commissõcs e conslgna- BORGES ft IRMÃO (Porto) — Vinhos de re­
Íòcs. Navegação para o rio Madeira. Armazens de putação firmada cm todos os mercados consumi­
azendas, miudezas, estivas c ferragens. Importado­ dores do mundo — Pagina artistica . . 316-A
res e exportadores . . . . . . . . IX Pavilhão du Exposição........................... 260-A

O O O O O O CX1II O O O O O O
IN D IC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIALS

BOTELHO Bi C. Ltda. (Grandes Armareris do Bon CASSSIA VIROINICA» (Recife) — Remedio ve­
Marche») — (Pará) — Fabricas de roupas e cha­ getal, tonico-calmantc-anti-fcbril c diuretico. Cura
péus de sol, secções de modas, miudezas, camisa- garantida da crysipela e febres em geral XXXIX
ria, chapelaria ealfaiataria. . . . . XXXVI CASTRO IT ALMEIDA tv C. — (Rio tie Janeiro) —
BRANDAO ft C., Ltda. — (O rar) — Fabricas a Importadores dc machinas c accessorios, oleos, tin­
\apor de conservas alimentícias, azeite «Lili» e «Va­ tas. vernizes, artigos dc lona e borracha, gaehe-
rina», pickles, massa de tomate — Pagina artís­ tas, material para estradas de ferro. Rua Buenos
tica ................................................................ 108-A Aires. 86, Tel. N. 1151 Pagina art. . 288-A
BRUNETTO CIONI R C. (São Paulo) — Fabrica CENTRO COMMERCIAL DE CONSERVAS — ( Lis­
de chapéus de palha procuradissimos c de reputação boa/ Conservas de todas as qualidades, afa­
estabelecida em todos os mercados, pela sua gran­ madas nos mercados mundiaes pela sua excellente
de distincçâo c elegancia — Pagina artística 352-A preparação. Rua Arco da Bandeira, 18 — Pagina
BYINOTON BI COMP. — (São Paulo e Santos) artística 176-A
— Engenheiros —Importadores —Empreitei­ CENTRO DE FERRAGENS (O) — V. J. Patrício

.
ros LXXIX e LXX & C.
CHAPELARIA UNIVERSAL V. Azevedo, Bastos
ti■ C.
CHAPÉU MANGUEIRA — V. Fernandes Broun C- C.
— Pagina artística.
CHARGEURS RÊUNIS» V. Companhias Sud-
AMantique e «Chargeurs Réunis • — Pagina artis-
CHARLES BONAVTTA (R io de Janeiro) — Gran­
C. MESIANO - • (Fortaleza) — Relojoaria, joalheria. de Fabrica dc Estamparia de zinco, tecidos dc
optica. Casa fundada cm 1870. Variado sortimen­ arame, serralheria artistica. moveis dc jardim, lam­
to de joias, rclogios e objectos para presentes XXI brequins, tectos, trlhas, molduras, etc.. Rua B. Ai­
C. XAVIER ft C. - - (Recife) — Grande fabrica res, 266, Tel. N. 566 Pagina artistica 120-A
dc m o s a ic o s ..................................... . . XLVI CHARLES KANIEFSKY (São Paulo) Unico
CAFÉ DA SERRA - tSão Paulo) Vende-se em depositario para todo o Brasil do Emplastro Phenix,
toda a parte. E o m .hor em São Paulo. Crescen­ para constipações. dóres nas costas c no peito,
te consummo em todo o territorio nacional — Pa­ lumbago, rheumatismo, asma Pag. art. 384-A
gina artistica . . . . . . . . . . 284-A CHAVES ft C. — V. Crédito Mutuo Predial.
CALÇADO ADAO NETO - V. Adão Caspar I- C. CHOCOLATE FALCHI - V. Falchi. Papini f- C.
CALÇADO ATLAS — V. Companhia Industrial e im ­ COMPANHIA ALAGOANA DE FIAÇAO E TECI­
portadora Atlas — Pagina artistica. DOS — S. A. por acções — ( Maceió) — Fiação,
CALÇADO. COOK - V. Comp, (alçado Bordallo. tecelagem, fabrico dc algodões lisos e grossos, mo­
CALÇADO POLAR — (Rio de Janeiro) — A grande rins. cassas, fustões, bramantes, lenços c toa­
marca de calçado nacional, obteve a mais alta dis- lhas ................................................................. Ill
III
tincção na Exposição Internacional do Centenario. COMPANHIA ALLIANÇA DA BAHIA (Bahia) —
R. S. Christovam, 552, Tel. V. 5901 — Pagina Seguros marítimos, fluviaes, contra fogo, ferro­
artistica 32-A viários. 207 agencias em todos os Estados do Bra­
CALÇADO ROCHA - V. Companhia Calçado Rocha sil c cm Montevideo . . . . . . . XIV
— Pagina artistica. COMPANHIA ANTARCTICA PAULISTA (S. Pau­
CALÇADO SOUTO — V. Ferreira Souto C- C. lo) .................... LXXIV c LXXV
CALDAS DE GUSMÃO ft C. — (Parahyha do Norte) COMPANHIA BRASILEIRA DE CAFÉ — (Santos)
— Commissões c consignações. Compram de conta — LIX
própria algodão, caroço de algodão, couros de boi, COMPANHIA BRASIILEIRA DE METALLUROIA —
pelles de cobra, assucar, etc. . . XXXIX S. Paulo) I.XXVI e LXXVII
CAMELLO ft IRMÃOS (FabricaMinerva) — (Ma-
naus • — Manufactura de tabaoo, cigarros e café COMPANHIA CALÇADO BORDALLO — (Rio de
— IX Janeiro) A maior c melhor produetora de cal­
çados do Brasil. Producçâo diaria 2.500 pares.
.

CAMISARIA BARROS - (S. Paulo) LXXXIII


CAMISARIA PARAENSE — V. Azevedo C- Companhia. Fabrica filial cm São Paulo. Rua José Mauricio,
CANDIDO RIBEIRO Cr C. — (Maranhão) — Pro- 55 a 61 — Pagina artistica . . . . . 56-A
prictarios das Fabricas ..São Luiz» c «Santa Amé­ COMPANHIA CALÇAIX) ROCHA — (São Pauto,
lia», de fiação c tecelagem de algodão. Brins «Jof- Fabricado em novas machinas, é hoje o me­
fre» e «America» ........................................ XXIX lhor calçado do Brasil. Quatro filiaes cm S. Paulo,
CARLOS B. P. DE LYRA - V. Trapiche Novo e uma em Santos e uma em J. de Fóra. Rua 15 de
Usinas Serra Grande e Apollinario. Novembro, 16. Tcl. 54 — Pagina artistica 160-A
CARLOS CONTEVILLE C- C. — V. Casa Contevüic. COMPANHIA CENTRAL DE ARMAZÉNS OERAES
CARLOS DA SILVA ARAUJO ft C. — V. laborator io (Santos, . . . . . . . . . . LXXVIII
clinico Silva Araujo — Pagina artistica. COMPANHIA CENTRAL VINÍCOLA DE PORTU
CARVALHO BASTO ft C. — (Parahyha do Norte) GAL — (lis b o a ) — Grande exportadora de vinhos
— Grande armazém de miudezas c perfumarias. licorosos c de mesa. verdes e maduros, vinho fine
Importadores de mercadorias nacionaes e estran­ Mondego. Moscatel velho Quinado. Malvasia. La<
geiras ...................................................... XXXVIII D'Or. Rua Ivens. 21 — Pagina artistica 416-A
CASA AMERICANA — V. Souza. Gentil & C. COMPANHIA CERVEJARIA PERNAMBUCANA -
CASA CAMARINHA - V. Alberto Taveira C- C. (Recife) . . . . . . . XLVII
CASA CARIOCA — V. /. Esteves Dias & C. COMPANHIA COMMERCIO E NAVEGAÇÃO - V
CASA CARVALHAES — V. Pinto da Costa C- C. Pereira Carneiro Cr C. limitada.
CASA CONTEVILLE — (Rio de Janeiro) — Fabrica COMPANHIA DF. LOTERIAS NACIONAES DO BRA
nacional de balanças, exportação, automóveis, ma­ SII. — (R io de Janeiro) — Agencias em todos o<
chinas, ferragens, etc.. R. da Alfandega. 94, 96, estados c principaes cidades do Brasil. Extracçõei
97. 98 e 100. Tel. N. 1870 - Pagina art. 12-A diarias com os prêmios dc 20, 50, 100. 200.
CASA DAS SEMENTES (Porto) Fundada cm 500 e 1000 contos. Rua lo de Março. 88. Riu
1839, grande variedade de sementes de flores c V. dc Itaborahy, 45, Tel. N. 2154 — Pagina
de horta. Rua S. João, 111 — Pagina art. 148-A artistica ......................................... 448-A
CASA GARCIA V. A. Garcia & C. - Pagina COMPANHIA DE NAVEGAÇAO LLOYD BRASILEI
RO — V Lio vd Brasileiro.
CASA GÂRRAUX - (São Paulo) — Livraria, pape­ C.’ DE SEGUROS PREVIDENTE- — V. Previdente
laria, typographia. encadernação, douração. pauta- COMPANHIA DE VINHOS E AZEITES DE POR
ção, artigos para bilhares, escriptorio, desenho, pin­ TUGAL - Proprietario dos melhores vinhos <
tura. engenh., gymn., vinhos dc Bordeaux, etc., azeites portuguezes — Actual Agencia no Rio di
Rua 15 de Novembro, Tel. C. 153 — Pagina Janeiro. R. I» de Março, 31-1“ — Pagina ar
artistica ....................................................... 28-A tlstica . . . 348-)
CASA GRECCHI ft C. (São Paulo) - Grande COMPANHIA ENSACCADORA E REBENEFICIA-
fabrica de caramcllos, bonbons finos, balas, variado DORA DE CAFÉ — (Santos) Ll>
sortimento de confeitos, bolachas, chocolates e bis- COMPANHIA FIAÇAO E TECIDOS — (Recife
coutos. Rua do Oazometro, 37, Tel. 785 Braz, — . XLII
— - Pagina artistica............................... 384-A COMPANHIA INDUSTRIAL E IMPORTADOR/
CASA LEITÃO — V. João de Souza Leitão. ATLAS — (Rio de Janeiro) — Grande fabrica d
CASA RIBEIRÃO — (Santos) — Calçados dc luxo. calçados acreditadissimos. vendidos cm numerosa
meias. etc. . . CV acencias da Companhia. Rua Figueira de Mello, 312
CASA SAPHIRA - V. Tavares Barbosa irmão. Tcl. V. 3098 Pagina artistica . . . 72-/
CASA VILLAR — V. J. Villar ft C. COMPANHIA INDUSTRIAL SILVEIRA MACHAIX
CASEMIRO DUARTE — ( Maceió) Importação e SA - (Rio de Janeiro) — Barbantes, cordas, ca
exportação, coinmissôes, consignações erepresen­ bos, fios dc algodão, aniagem, saccos, cordoalha
tações . . . . . . . . IV papeis pintados. Medalhas dc ouro c grande pre

o o o o o o CXIV o o o o o o
IN D IC t DAS NOTABILIDADES COMMERC!AES

tnio em varias exposições. Rua S. Bento, 19, Tel- 18 de Setembro de 1020 - 360:7729500. Sorteios
N. 5720 — Pagina artística 88-A e;:« 4 e 18 de cada mez . . . . . . XXXI
COMPANHIA INTERESSE PUBLICO dc Seguros ma- C
CRUZ. IRMÃO ft C. — (Aracaju) — Commis-
ritimos e terrestres — (Bahia) — Seguros ma­ s õ e s ........................................ CVI
rítimos, fluviaes e terrestres a taxas vantajosas. Ca­
pital rcalisado 1.000:0008 ......................... XIII
COMPANHIA LLOYD INDUSTRIAL SUL-AMERI-
CANO - V. Lloyd Sul-Americano.
C.a LLOYD SUL AMERICANO — V. Lloyd Sul-
COMPANHIA LUZ STEARICA - A mais importante
fabrica de Stcrarina do Brasil. 15 grandes rccont- j >. O. TORRES ft C. — ( FortalezaJ - Importação
pensas cm exposições nacionacse estrangeiras — do Estivas otn grosso. Exportação de algodão, cera
Rio de Janeiro — R. Benedicto Ottoni (S. Chris- do carnaúba, fibras vogetacs, couros, pelles e de­
tovâo) — (4 gravuras) . . . . . . . 510 mais generos de prodiicção do Estado XX
COMPANHIA MECHANICA IMPORTADORA DE S. | >A VEIGA ft O. (Curitiba) Pag. art. 264-A
PAULO —Importadores de materiacs para toda classe
dc construcções. Fabricantes de machinas, oleos vege- FABRICA FONTANA de Da Veiga * C»a.
taes e sabões. Serrana, constructores e empreiteiros, E uma das mais antigas do Estado do Paraná. Deve
agentes — S. Paulo, R. 15 dc Nov.; Santos, R. <i acu principal impulso -que a conduriu ao estado actual
S. Antonio, 108 c 110; Rio de Janeiro, Av. Rio <de credito c intensidade commercial ao espirito cheio de
Branco. 63-1«, S. Pauh> LXXXIV e LXXXV iniciativas de um do» seus primitivos proprietar os. socio
Pagina artistica . . . .................... 248-A da entío lirma proprietária Silva. Irmão ft Fontana. Sr.
COMPANHIA NACIONAL DE RENDAS — (Rio de Francisco Face Fontana.
Janeiro) — Rendas finas, valencianas francc/as, I»sr fim ficar »-sta labile» propriedade exclusiva do Sr. For­
especialista em Torchons, rendas de fantasia' in­
glesas. Rua São Pedro, 28-2»., Tel. V. 6201 — quem recebeu* as melhore» modificações mdustriaes.
Pagina artistica . . . ......................... 168-A Depois do fallccimcnto «leste grande industrial veio em
COMPANHIA NACIONAL DE TABACOS — (R io de 1901 a nertenoer á firma individual -B. A. da Veiga», cm
Janeiro) — Manufactura de Fumos, Cigarros e gressista de *«x£!rtO ' “ "saudS*» Dr. * Bernardi)
Charutos, importadora c exportadora de fumos em Augusto da Veiga, soffrcu reformas que a pu/eram cm
corda |e em folha de todas as procedências. R. Ma­ condições de satisfarcr a todas as nmssidades do actual
rechal Floriano Peixoto, 124, Tel. N. 525 — Pa­
gina artistica . . . .............................. 20-A
COMPANHIA NACIONAL IX)S ORANDES HOTÉIS fallecimento A<k>A l^'ficrnarikT A da Veiga, su.-cedeu como
— V. Hotel Gloria. proprietária da fabrica a Exma. Sra. D. Maria Dolores
COMPANHIA PAULISTA DE MATERIAL ELECTRI­ Lodo Ida Veiga, que a arrendou á actual firma -Da Vei-
CO — (Rio de Janeiro e S. Paulo) — Orande de­
posito dc matoriacs electricos e tclephonicos 505
COMPANHIA PRADO CHAVES — (S. Paulo) — Êsta" firma™ tem por commanditaria essa Exma. Sr», e
Commissaria e esportadora . . . . . . LVIII por solidário
s o industrial Sr. Oabriel Leio da Veiga, actual-
COMPANHIA PROGRESSO ALAGOANO — (Ma­ iiiente o uitko -restor de todos os seus negocios.
Capacidade effectiva «le exportação media annuat — kilos
ceió) — Fiação, tecelagem, fabrico de brins e te­ 3.000.000.
cidos dc malha .................................................. Ill Marcas de fabrica registradas, dentre as quaes se destacam:
COMPANHIA SAO PAULO E MINAS DE ARMA­ Kikiria- — -Fontana» — -Oateiel- — -Recorda — -Jan-
ZÉNS GERAES — (Santos) . . . . LXIII dyra* Ma. Esther* — *La SelecU- — -La Sultana» —
COMPANHIA DE SEGUROS SUL AMERICA» — x iiiaranv - -Isabel" — -El Condor» — -Magnifica» — -On*
diria-
dina- La l*rcfcrida» - «Avestrui» - -Independencia»
V. A Sul America.
COMPANHIA USINA CANSANÇÃO DE SINIMBÜ
(Recife) Importante Companhia proprietária Estabelecida á Avenida Joio
das Usinas Tiuma e Sinimbti , XLIV e XLV Caixa Postal N." 3 — End. teleg. -Veiga»
COMPANHIA UNIÃO CAXIENSE (Caxias) — Curityba — Papiná — Brazil
Proprietária das Fabricas de fiação c tecelagem
União» e «Manufactora», a primeira com 220, a DAVID CARNEIRO ft C. — (C oritiba) — Matte
segunda com 200 teares . . . . . . XXVIII Real, da Hervalcira Americana, 15 grandes prê­
COMPANHIAS FRANCEZAS DE NAVEGAÇÃO - mios, fornecedores das casas Rcaes. Depositos no
Charpcurs Reunis e Siid-AtUmtiifue — Agencia do Rio dc Janeiro, São Paulo, Bahia, Paris e Chi­
Rio de Jam iro Pagina artistica . . 104-A cago Pagina artística . . . 192-A
Agencia dc Santos . . . . . . . LX e LXI DAVID ft C. - (Ri« d r Janeiro) — Fabricantes e
V. Companhias Sud Atlantiquc» c «Chargeurs importadores de papeis pintados, confetti e ser­
Reunis». pentinas cm grande escala . . . . . . 499
COMPANHIAS SUD-ATLANTIQUE» E «CHAR­ DE MATTIA ft C. V. Novotherapica halo Bra-
GEURS REUNIS» — ( Rio de Janeiro) — Ser­ slteira S A Successora.
viços extra-rapidos do Rio da Prata c do Brasil DOMINGOS DUARTE ft C., Sue- — (Porto) —
pata a Europa cm paquetes de luxo. Viagem do Obras dc palheta, artigos para armadores, coroas
Rio de Janeiro a Lisboa cm 9- dias c meio. Av. e flores artificiacs. Fabrica dc Passamanarias - -
Rio Branco. I I c 13, Tel. N. 6207 - Pagina ar­ Pagina artística 513
tistica . . . . . . . . 104-A DOMINGOS JOAQUIM OA SILVA » C. — (Rio de
CONTRATOSSE (O) — (Rio de Janeiro) — Dc cffei- Janeiro). Tel. N. 479 - Pagina artística 304-A
to rapido e sensacional nas tosses, bronchites, as­
thmas, coqueluche, grippe, constipações, insomnias, Esta lirma foi fundada peto actual socio principal c chcle
inflatnmações na garganta, etc., R. SanCAnna, 216, Sr. Domingos Joaquhn d i Silva em 1." d*.* janeiro de 1884.
sob o seu nome individual, funccionando á rua doa Ati-
Tcl. C. 3113. - Pagina artistica . . . . 4-A dradas 71. e com armarent á rua do Livramento 4. Para
CORDEIRO » C. (Fortaleza) — Representações, attendcr ao seu desenvolvimento ■foi a firma luccrsaivamrntc
con.missões e conta própria. Secção dc despachos ampliando ot acu» armaiena. passando os da rui do Li­
aduaneiros dc importação c exportação . . XX vramento para a tua da Saude 151. depois 171. 176 e 188.
CORDEIRO. SANTOS ft FERREIRA. Ltd. (Fabrica Em Janeiro^de 188« adqtiriu o estabe'.ecimcn*» A nn da Sau-
de Consenas) — (Lisboa) — Fabricação de con­ m no^palz. Em 'jRiKo <£•' 1851. constituiu-ae a firma
servas de todas as qualidades . . . . . 516 IVsmingos Joaquim da SHva^ ft^ Cia., subsistente ^até hoje.
CORREIO DA MANHÃ - (Rio de JaneiroJ 481
CORTUME FRANCO-BRASILEIRO - (Sio Paulo) na ~ai»Pdos, La/aroa. hoje Praça do mesmo^ nome; e trans-
Todas as classes de pelles c couros. Um dos
mais vastos estabelecimentos do continente. Av. Agua PraU^iik'™. Chrislov.V. 4 »**12 c Largo da Igrejinha 22.
Branca. 108, Tel. 27 A. B. Pagina art. 212-A onds' actiialmcnte funcciona. Este editicio occupa uma área
COTELLO ft C.a ■Sure. (V illa Nova de Gaya) de 11.3011 metros quaslrados; possue vários engenhos para
serrar pinho, machinas de apparelhar e aplainar madeiras,
Especialidade cm vinhos velhos do Porto e tanto «lo paia como estrangeiras, poderosos engenhos para
mesa e azeite. Exportadores de todos os artigot acirar grandes toros dc madeira do pair, até l.'to de dia-
nacionacs. Commissões e consignações. Calçada da
Serra. 12 — Pagina artistica . . . . . 401-A
CREDIT FONCIER DU BRÊSIL ET DE L'AMERI-
QUE DU SUD Estabelecimento de grande des­ torça, sáo dos fahrirantes Weyhcr IV Richemond. c desen­
taque entre as instituições bancarias do Brasil, fun­ volvem a torça Ue UXI c Fkl cavallos c a velocidade dc
dado em Pariz em Dezembro de 1906 — Rio de at> volts por minuto. Independente da torça a vapor, ha
Janeiro, Av. Rio Branco, 44; S. Paulo, R. S. installaçõcs para energia electrica. Para o transporte de gran­
Bento. 24 . . . 191 e LXXXI des toros existem 4 guindastes electricos aereos para 2 c
CREDITO MUTUO PREDIAL ( Maranhão) - Fun­ O toneladas. A lirma actual tem como socio» o» Srs. Do­
dada em 1914. Prémios distribuídos e pagos ate mingos Joaquim da iSflva, Visconde dc Salreu. Oabriel Mar-

o o o o o o CXV o o o o o o
IN m C H f)AS NOTABILIDADES COM MERCIAES

FABRICA BRAZIL V. Viuva J. Brasil de Mattos


bosa « Francisco José Rosa.' scndo Uni cscriptòrin ,-i Rua C- C.
S. I’ctlro N." *4. O capilal registrado é de I .««I IKXISrtKI. FABRICA CAXIAS (Recife) . . . XLVIII
mas o «imprecado jailing,.- a 2.MK) :OOOSOOO. Nesta somma n.in FABRICA DE AGUAS GAZOSAS E REFRIGERAN­
se indue o valor da propriedade onde está mstillada a Ser­ TES GRAM-PARA V. Oliveira Simões C- C.
raria. a i|uai i|*ei teuce ao socio chefe Sr. Domingos Joaquim FABRICA DE CALÇADO SOUTO — (Rio de Janei­
da Silva. Visconde de Salrcu. Os generos de commercio da
ro) — Grandes prêmios c medalhas de ouro nas
spruce"d o Oanadí** sú«w. ia n ro ^ e le i m d h o '^ r^ B a S ' i Exposições Internadonaes dc S. Francisco, 1915.
pinho do Paraná, made-ras do pai/.^ telha de Marselha, cimento e Roma. 1915. Diploma de Honra na Exp. Int.
de Londres. 1921. Rua Fonseca Tellcs, 18 a 30,
materiaes 'para conshlKçío. artigos estes importados directa- Tel. V. 4947 — Pagina artística . . . 64-A
mente dos respectivos mercados de origem. As suas ven­ FABRICA DE CONSERVAS DE MATOZINHOS -
das sâo feitas nesta praça ao coram.veio e rcpartiçftc* do V. Lopes. Coelho Pias f- C. — Pagina artística.
FABRICA DE LOUÇA SANTA CATHARINA, S. A.
Cstado ° de Minàs.^ Espirito Santo. °BahíI e outros. Fraha'- — (Agua Uranca, São Paulo) — Louças de todas
as qualidades c grande bellesa artística, tendo al­
cançado neste sentido os artigos congeneres do
estrangeiro. Rua Aurelio, 8 (Agua Branca) — Pa­
gina artística . . . . . . . . . . 220-A
DROGARIA E PHARMACIA DOS POBRES - ( Re­ FABRICA DE MEIAS LAPA» — (São Paulo) —
cife) . . . . XLVIII Meias de seda e algodão, de grande bellesa c re­
DROGARIA E PHARMACIA WERNECK - V. Wcr- sistência, para homens, senhoras e crianças — R.
Guaycunis, 193 (Agua Branca)), Tel. Agua Bran-
DROGARIA GONZAGA - V. A. Gonzaga. ca. 43 Pagina artística 396-A
DUQUE DE AMORIM ft C. — (Mareio) — Im­ FABRICA DE TECIIXJS SANHARO V. V. II.
portadores c exportadores. CommissAes, consigna­ Pereira C- C.
ções e representações; Casa F ilia l: Rio de Ja­ FABRICA GIRAFA V. Nicoiau da Costa & C.
neiro. R. S. Pedro, 5 e 7 .................... I — Pagina artistica.
FABRICA MINERVA — V. Camello r- Irmãos.
FABRICA ORION V. J. Griesbach t- C. - Pa-
E FABRICA PALMEIRA (Helcm-Pará) — Bolachas,
bismutos finos, caramcllos, amêndoas, confeitos, cho-
E. MOREIRA f t C. — (Joinville) — Fabrica de oota'es, bonbons, moagem de café. assucar refinado,
Rendas, galões, ponto russo, artigos de grande
acceitaçâo etn todos os mercados brasileiros. Pa­ 6 a 16, C. Postal 206 — Pagina artistica 420-A
gina artística . . . . 280-B FABRICA PERSEVERANÇA - V. Martins, Jorge
E. R IED EL ft C. — (S. Paulo) — Estabelecimento C- C. — Pagina artistica.
Oraphico ........................................................... LV FABRICA POPULAR — V. fe rreira C- C. Sueces-
E. SALATHÊ ft C. — (R io de Janeiro) — Importa­
ção de Fazendas das mais acreditadas procedências FÀBRÍCA PROENÇA — V. Proença, Irmão & C.
c mais afamadas marcas. Casas filiacs. cm Basiled FABRICA „S. VICENTEi V. Monteiro f- Irmão.
(Suisse), S. Paulo, P. Alegre e Bahia — Rua Vise. FABRICA -SANTA AMELIA V. Candido Ribei-
de Inhaúma. 65, Tel. 2862 Pag. art. . 208-A FABRICA SAO LUIZ — V. Candido Ribeiro f- C.
EDGARD CARVALHO ft C. - (Maranhão) - Com- ro t - C.
missões, consignações e conta propria . . XXX FABRICA VICTORIA — V. lisandro Nicoletti & C.
EDUARDO DE MOURA SIMÕES. LIMITADA — FABRICA VOTORANTIM (S. Paulo) A maior
(V illa Nova de Gaya) Santa Cruz, o melhor fabrica de fiação e tecidos da America do Sul
azeite pertuguez, o melhor para mesa, o mais ali­ XCVI a XCIX
mentar, grandemente procurado em todos os cen­ FAGUNDES RANZINI ft C. V. fabrica dc louca
tros consumidores. Telegr. Azcitc-Gaia Pagina Santa Catharina, S. A.
artística ....................................................... 32-l-A FALCIII. PAPINI ft C. — (São Paulo) — Grande
EDWARD ASHWORTH f t C. — V. São Paulo At- Fabrica a tracção electrica dc chocolates, bonbons,
pargatas Comp. — Pagina artística. confeitos, caramcllos, actiialmente na R. Libero Ba-
ELEVADORES BRASIL — V. Estabelecimentos U. daró. 70. Tel. C. 30 — Pag. art. 24-A e LXXII
Joncker — Pagina artística. FECULARjA PAULISTANA, S. A. — (São Paulo)
ELIXIR DE NOGUEIRA V. Viuva Silveira C- f i­ Fabrica de feculas e moagem de cereaes, fé­
lho. culas alimentares e para fins industriacs, premiada
EMILE HAM EL V. Perfumaria Ideal (Pagina
artística). das Palmeiras, 129-A. Tel.' ( id. 1883 Pagina
EM ILIO CABRAL ft C. - (fortaleza) - Sorti­ artistica .................... 372-A
mento completo de vidros. Especialidade em artigos FERNANDES ft C. (Tabacaria Avenida) — (Ma­
de fino gosto e objectos de prata. Casa impor­ naus) — Fabrica dos acreditados cigarros marca
tadora de Porcelana de Limoges . XXII L e ã o .................................. IX
EMPLASTRO PHENIX — V. Charles Kanie/skv. FERNANDES BRAGA ft C. (Rio de Janeiro) —
EMPRESA CINEMATOGRAPHICA BRASILEIRA - Chapéu Mangueira, a grande marca nacional. Cha­
V. fontem Ur t- Companhia. péus dc todos ok formatos, artigo finissimo, com­
ESTABELECIMENTOS U. JONCKER - (Rio de parável ao melhor do estrangeiro. Rua Oito de
Janeiro) — Elevadores Brasil, os mais perfeitos Dezembro, 2S, Tel. V. 153 — Pag. art 40-A
no genero, grande variedade de modelos e tama­ FERRAZ ft C. — ( Therczina) — Deposito de te­
nhos. Av Salvador de Sá, 192, Tel. V. 6105 — cidos Lll
— Pagina artística . . . . 312-A FERREIRA ft C - (S. Paulo) - Couros c ar­
. ESTADO DE S. PAULO» - Um dos maiores jornaes tigos para montaria . . . . LXIV e LXXXIII
do Brasil ............................................. CUI e CIV FERREIRA ft C. Sue. (Fabrica Popular) — ( Para-
ESTRADA DE AUTOMÓVEIS DE MACAHYBA A hyba do Norte) — Grande Fabrica de Cigarros a
SERIDO — ( N a ta l,....................................... LIV vapor. Manufactura dos cspeciacs cigarros Santos
EUGENIO LA MAISON ' V. flervataria Guara- Dumont», (Populares-, Lucv. -Deliciosos-. etc.
ny — Pagina artística. — - XL
FERREIRA LOPES ft C. - (Pará) - Importadores
e exportadores. Ferragens, cutelarias, electricidade,
motores, artigos mecânicos, tintas, oleos. lubrifican­
tes. cabos. etc. . ................................... XXXIII
F FERREIRA SOUTO ft C. V. fabrica de Calcado
Souto — Pagina artistica.
FILTRO FIEL (Rio de Janeiro) O melhor a
F. OALVAO V. cCassia Virginica . mais bello ornamento de uma casa, pelos benefí­
F. H. VERGARA ft C. — (Parahvba do Norte) - cios que presta d Saude. Gran Prêmio d'Onore» na
— Imporiam dircctamcnte farinha de trigo, kcro- Exp. Int. do Trabalho, cm Milão. Rua 24 de
/cnc c generos de estiva nacionacs e estran^ci- Maio, 162, Tel. Jardim 41 — Pag. art. 80-A
FLORES ft C. (Industrias Reunidas) — (Maceió) —
F. JORGE DÊ ÒLIVÈRÀ ft ' C. — (Rio de Ja- Grande panificação a vapor, forno automático, tri­
neiro-S. Paulo,— Importação e exportação, stock turadores de assucarcs, machinismos modernos, fa­
permanente de couros e demais artigos para fa­ brica dc g e lo ................................................. II
bricação dc calçados, sellaria, etc., Rio: Rua dos FONTENELLE ft COMPANHIA (Empresa Cmcma-
Andradas, 93, 95 — S. Paulo: L. S. Bento. 10 tographica Brasileira) ( Manaus) — Theatro Po-
- Pagina artistica .................... 388-A Ivtbeama - Theatro Alcazar — Cinema Odcon XII
FABRICA AMORIM - V. Vieira Amorim C- Compa- FROTA ft GENTIL (fortaleza) Secção ban­
caria, secção dc fazendas, secção dc estivas XIX

o o o o o o C XV1 o o o o o o
IN D IC I■: DAS N O T AM l/D AD F S COMMFRCIAFS

no^Çamnlra * j R» a' ” ' 'J***' Associação C. Empregado*


dv1 Idly. com medalhas de Ouro. Agricola c Pastoril do
Parana 1‘XKI. medalha de IVata. Commercial de Philadel­
O. GRADVOHL ft FILS - ( fortaleza) - Expor- phia. ItfW. Hygiene sk* Buenos Aires. WIO. Internacional de
laça. conimissOes c inflammaveis. Agentes da North Honra « *'muito*Í,U,° Agricola Bras'líiro- l918- Diplomas de
British e Mercantile Insurance Company de Lon-
I lispAcm. tarnhem. de duas movisnentadissimas Fabricas
n*dS l , 'ft c : v n .„ l, ' ' ' x x l" de beneficiar herva mate. no Porto de O. Pedro II (Pa.
GELADEIRA HUIEIER (R iò de Janeiro) - ranaguá). com uma prodllcção annual elevada, de 6.003.IKIO
de kilos líquidos. Os tclcgrammas dessa importante firma
Da Serraria e Carpintaria c Fabrica de Geladeiras numero SSK'" n,C ci,ra: *N«e«r». e sua Caixa Petal í de
I . Rutfier, madeiras de todas as procedências im-
m.rt^âo «I,recta Rita Vase, da Gama. 166,'Tel.
N. i l l ) Pagina artística 76-A
GOMES ft C. ( Manaus) Commissòes e consi- Assurance Company Ltd., aide cm Londres. Companhia de
seguros Maritimos c Terrestres Anglo Sul Americana, side
fros''VS'oduct<:s''d<’rC!’ **' borracha, castanha c ou- K". dc Janeiro de Navegação: Lloyd Nacional, side no
Kio de Janeiro: Coinpailia Argentina de Navegacion (N. Miha-
GONDOLO LAIX)|IRIAiraft0ni>ECqURf ’ V. AW/! novieli Lda.) st-ik em Buenos Aires. Oaddo Capaggli. de
Su'd,UAmer 'a '' I SkoKland'‘ L’ne, “^de em Noruega. Baltic
r,^ANDES ARMAZÉNS ^IKt BON-'mARCHE" V.
uedad Anônima de Navegacion.^Buenos" Aires e 'muitos ou­
GRANDES FABRÍSÃs'", FREFTAS DIAS, - V. /. tro» vapores particulares, nacionacs c estrangeiros.
Pagina artislica ............................................. 428-A
GRANDE HOTEL V. Julio Rodrioues
GRECHI t- C. V. Casa (irrehi
<i t 1ILI IERMI FONSECA ft C. (fortaleza) - GUIMARÃES ft IRMÃO — (Parahyba do Norte) —
Importadores cm alta escala, grandes exportadores Lavoura, industria c commercio. Importação directa
tios ai tig do pai/. I troguistas por atacado XX dc generos de estivas nacionacs e estrangeiros.
t il TI HFRME NICOLA (S. Panto) *V Deposito iK-rmancntç de kerozenc, farinha de tri^o,
GUIMARÃES ft C. (Paraná).
GUIMARÃES. SILVÁ ft C. — (Caxias) — Impor­
tadores c exportadores, cobranças. Commissòes, Con­
Brasil, hgura « “ * fi"mv “uTdídí"'™ i j ' p 'J-" Manocí'a"iÍ- signações c Representações. Depositários, agentes e
. tomo (illimarlet. mais tarde Ba: So d.- Nacar, Visconde de banqueiros . . XXXI

H
H. DANTAS ft C. — (Aracaju) CV
IILRCULANO CARVALHO (Pharmacia r hrnoaria
Brtrm ) — (Pará) — Grande deposito dc Drogas.
Productos chimicos e Pharmaceuticos. Laboratorio
de afamados preparados . . XXXII
HERVATARIA GUARANY (Rio N rgro) - Gran-
de prt duetora das conhecidas marcas de herva-
matte: Cecy. Pery, Caburé, Imperial, Guaranv. —
Pagina artística.................... 240-A
HILDEBRAND ft BRESSANE —' V. Casa üarra ut
- Pagina artistica.
HIME ft C. (Rio dr_ Janeiro) — Industriacs c
Importadores. Fabricas Laminadores dc ferro e fun­
dição, rebites, pregos para trilhos, ferros dc en-
Predi i onde funccionam os cscriptorios gemmar, fundição dc mctacs, louça fundida e es­
de Guimarães ft C. tanhada, balanças, canos de chumbo, ferraduras c
pontas de Parts. Importadores de ferro e outros
mctacs, cimento, correias, agua-raz. ferragens, tin­
tas, etc.. Rua Theophilo Ottoni. 52, Tel. N 537
Paginas artísticas ( 2 ) ......................... 48-B
v[a nr" ( j™ J^ft Cia., tairendo*1partc"1<^sfa.\> **$r. HOTEL CENTRAL - V. Ribeiro ft C.
HOTEL OLORIA — (Rio de Janeiro) — O maior
e mais luxuoso da America do Sul. 250 apparta-
mentos com hanho e telephone. Grandes salòes para
HOTeY' 15* DE^NCWEMèRO^- (Thertzina) LU

IMPARCIAL — (Rio de Janeiro) . . . 485


INDUSTRIAS REUNIDAS FLORES ft C.' - V. Fio-
INSPECTORS DA PROPHYLAXIA DA LEPRA E
IX.ENÇAS VENEREAS - (R io de Janeiro) -
Todos podem c devem auxiliar a Saiide Publica»
na luta contra as doenças venereas — Pagina ar-
■NSj’ ptTORiA l)A PROPHYLAXIA DA TUBERcí
LOSE (R i) de Janeiro) — Lutemos contra a tu­
berculose. A tuberculose é evitável, todos devem
Vista Interior dos Escriptorios de Guimarães ft C. empregar os metes de cvital-a. Precauções que um
tuberculoso deve tomar — Pagina artística 16-A
INSTITUTO DE MEDICINA E CIRURGIA - (Pará)
«■ Acrisio Quimarãcs ram. solidários, • que tem augmcntido inaugurado cm Janeiro de 1Q11. Propriedade
consideravelmente suas transarções. sendo aquellrs cnntmcr- c direcção do dr. Pereira dc Barros. Com Casa
ciantcft grandes cxpcrladorcs. cm cnoeiue escala, da Herva de Saúde para partos c gynecologia, etc. XXXIII
c-tquma ’ ’ p 'd.'o ' n’1' l" " '’ '( I? 4 ' ’ra«?

5» r ’i Z J 'V l i K r .™ ' J
pcsiçòcs^ dc: San ^ I uis lynj'1 com 'm.daUl'as* de Ouro c J. CARNEIRO DA MOTTA — (Manaus) — Impor­
tador c commissionista . . x il

o o o o o CXVII o o o o o o
IN D IC E O/IS NOTABILIDADES COM MERC I AES

J. CIMA ft C. — (Corityba) - Fabricantes e cx- JOALHERIA REIS V. Reis, Filhos, Ltd. — Pa­
pcrtadcres tie Herva-Mattc. Superlativa», a mais gina artistica.
conhecida c reputada marca em todos os merca­ JOAO CALHEIROS Ltd. (V illa Nova de Gaya)
dos — Pagina artística . . . . . . . 192-A (ii ande Fabrica de rolhas de cortiça - A mais
J. CRAVO tv C. — (Maceió) — Agentes e represen­ importante do Norte de Portugal — Caes do Ca­
tantes de importantes firmas do pai/. e do estran­ vaco Pagina artistica . . . . . 360-A
geiro .................................. IV JOAO DE SOUZA LEITÃO (Casa' Leitão) .— (Caxias
J. DIAS PAES — (P a ri) — Commissões, consigna­
ções. Agente de exportadores e fabricantes dos Es­ retalho. Compra todos os generos de produccâo
tados Unidos da America. Europa e Sul do Bra- do Municipio. Importa e exporta . XXXI
JOAO DUBEUX (Pernambuco) . . XLVIfl
J. ESTEVEÍ DIÀS ' C.' (Casa Carioca) — (Pará) JOAO EDUARDO DOS SANTOS Ir. - V. Vinhos
— Vinhos, licores, conservas, friictas. doces. Impor­ Velhos Legitimos do Porto — Pagina artistica.
tação directa dos principaes mercados . XXXII JOAO EUGÊNIO 8: C. (Corityba) Exportado­
J. FERREIRA ft C. — (Victoria) — Exportadores res de pinho c serviço maritimo XLI
de cafí ...................................................... XXIV JOAO FERREIRA MARTINS Lda. (Porto) —
J. O. DE ARAUJO (Armazéns Rosas») — (Manatis) Fabricação e exportação dc ferragens e ferramen­
— Estivas, fazendas, miudezas e ferragens. Impor­ tas, especialidade cm fouces, machados, machadi­
tação, exportação, deposito, agencias . . VIII nhas, martellos, enxadas e fechaduras — Rua dos
J. ORIESBACH ft C. (São Paulo) - Fabrica Caldeireiros Pagina artistica . 180-A
Orion, grande manufactura de pentes, botões, adu­ JOAO GALVAO ft C. — (Matai) . . Llll
bos para lavoura, etc., Rua Joaquim Carlos. 83, JOAO RIBEIRO DE MESQUITA — (Porto) - Ex-
Tel. Braz 77 —Pagina artística . 344-A Rirtadores das mais conhecidas marcas de vinhos do
J. J. MARTINS ft COMPANHIA — (Par,i) — Com- irto. Medalhas de ouro nas Exposições de Paris
missões.Consignações e Representações XXXVI (1900) e S. Luiz (1904); Grand Prix na Expo­
J. LIPIANI — (Rio dc /arteiro) — Fabrica centrai sição dc Buenos Aires (1910) e varias outras re­
de amêndoas, confeitos, drops e rocks, etc., pa- compensas Pagina artistica . . . . 404-A
G is rendados para bandejas e pratos, papeis para JOAO TIBURCIO ALBANO - (Fortaleza) — Casa
la de estalo, cartuchos para bonbons. Ruas São importadora c exportadora. Armazém dc fazenda
Pedro, 318 e Mai. Floriano Peixoto, 189, Tel. e miudezas nacionaes e estrangeiras. Deposito dc
N. 938 - Pagina artistica . . . . . 196-A armas e munições de todas as procedências XXI
J. M. DA FONSECA. Sue. - (Lisboa) - O deli­ JORGE CORREA ft C. — V. Fabrica Palmei^,
cioso Moscatel é. sem duvida, o melhor de quantos Pagúia artistica.
existem — Pagina artistica . . . 272-A JORNAL 1X3 BRASIL — (Rio de Janeiro) 474
J. NUNES CORRÊA ft C., Ltd. - (Lisboa) — Al­ JOSI l) t SOUZA BATALHA (Manaus) - Com-
faiates e artigos dc novidade. Orande Prémio na nnssòcs, consignações e conta propria IX
Exposição do Rio de Janeiro (1908) medalhas dc JOSE DOMINGOS DA CUNHA — V. Café da
ouro nas Exposições de Paris (1878) e Porto
(1861). Rua Augusta. 250, 252 c Rua dc Santa JOSÉ PEREIRA DA COSTA ft C. Lda. — tGaya,
Justa. 63 a 69 — Pagina artistica . . 112-A Porto/ — Exportadores de vinhos — Moscatel Su­
J- PATRICIO St C. (O Centro das Ferragens) (For- perior. Virgem Especial. Quinta da Barca Virgem
taleza) — Ferragens, tintas, oleos, pincéis, ma­ c delicioso vinho. Alvaralhão. Rua São João, 118.
terial para construcções e muitos outros artigos Pagina artistica . . 172-A
dc seu ramo de negocio . . . . . XXIII Mcstruario da Exposição . . . . 260-A
JOSE PINTO DA CUNHA SOBRINHO (Ourivesa­
J. R. NUNES — V. FILTRO FIEL». ria Cunha) — Os mais perfeitos trabalhos da Ou­
J. S. DE FREITAS ft C. - (Pará) - Cirandes Fa­ rivesaria Portiiguc/a — Porto, R. 31 dc Janeiro,
bricas Freitas Dias», constructores civis, fabrican­ 2011 (I gravura)............................................. 515
tes de moveis, carpintaria e serraria a vapor, agen­ JULIO ESTEVES (Fortaleza) — Representação,
cias em todos os Estados do Brasil e em Lisboa exportação e consignações. Acccita representações dc
e Porto. Trav. Benjamin Constant, 1.33 — Pagina fabricas e casas nacionaes c estrangeiras XXIII
artis tic a ................................... 221-A JULIO RODRIGUES (Grande Hotel) — (Rahia) —
J. V. D'OLIVEIRA — (Manaus) — Representação, Luxuoso e confortável hotel montado com todos os
Seguros, Navegação....................................... XIi rcquisi'os adoplados pelos melhores no genero XVII
J. VILLAR ft C. (Casa Villar) — (Fortaleza) —
Grande estabelecimento dc ferragens e ferramen-
JANUARIO" L. NETTO ' (Maceió) ' Secção^e
importação, secção dc agencias, secçâu de automo- L. FERREIRA tv COMPANHIA (Pérola Paraense) —
(Pará) - joias com brilhantes e mais pedras pre­
JARDLIINO PORTO -(A ra c a jti) Commissões CVII ciosas. pratarias, clectro-platc. bronzes artísticos c
JOALHLRIA KRAUSE - (Recife) . . XLVIII rclogios dos melhores fabricantes . . . XXXVII

O PALACETE LEAO JUNIOR - CORITYBA - PARANA

o o o o o C X V III o o o o o
IN D IC E /MS NOTABILIDADES COMMERCIALS

L. RUFFIER — V. Geladeira R uff/er — Pagina exportação. Rua Buenos Aires, 152, Tel. N. 1232
Pagina artistica . . ...................... 292-A
LABORATORIO ARAGAO - V. Contratasse - Pa- MACIEIRA »- C., Lda. — ( Lisboa) — Exportadores
dc vinho, fornecedores do Governofrancís, co
LAJORATORKJ CLINICO SILVA ARAUJO - (Rio o oual realizaram o maior contracto até hoje fir­
, J«nnro)' — Analises clinicas para elucidação mado cm Portugal. A marca portuguesa mais es­
«lc diagnosticos, Vaccinas dc Wright, Sôros thera­ palhada no mundo Rua Ivens, 47 —, Pagina
peuticos, productos apothcrapicos. Rua 1° dc Mar-
• «?•, 13 e Kua Zeferino 201 (Todos os Santos), MAFFRA ft IRMAÕS — (Victoria/, — Commercio
• el. N. 5303 — Pagina artística . . 02-A em grosso de café, madeiras, ccrcacs, etc., Impor­
LABORATORIO PAULISTA DE BIOLOGIA - (São tação dc tecidos, ferragens, armarinho, arame far­
Paulo) - - Fabrica: Rua Leoncio dc Carvalho, 61; pado. cimento, trigo, kerozene, oleos, sal, phospho-
Centro dc Criação: Fa/. Sta. Ondina (Municipio ros, etc. R. do Commercio, 78, C. Postal 3777
dc Mogy das Cruzes); Filial: R. Assembléa, 14 Pagina a rtís tic a .............................. 440-A
(Rio dc Janeiro); Escriptorio Central: Rua Tym- MAIA ft C. (Mercearia Maia) (Parahyha do Nor-
biras, '2 c ,4, Tel. 4618 Cid. — Pagina artis-
•tca . . 152. & lutein ^ >m^5'lve’s. de. primeira ordem. Recebe cons-
LARA, LIMA ft C. — (S. Paulo) . . . . LV neros do todas 1as qualidades . . . . fcL
\ LEAO ft C. — (Maceió) — Unicos vendedores do MAKMOARIA BRASILEIRA — V. A. Gomes Pereira
assuror c álcool da Usina Lc3o . . IV MANOEL DE MACEDO (Corityha e P. Gros­
LEAO JUNIOR t’< C. — (Curitib a) — Fabricante c sa) — Fabricante e exportador de herva-matte,
exportador de Herva Matte, grandes marcas de aniagem e saccas; Correspondente de diversos ban­
consmno intenso. Exportação de Madeiras. Grande cos nacionaes c estrangeiros, Caixa Postal, 125, —
Serraria - Pagina artística . . . . . 400-A Pagina artistica 400-A
LEE ft VILLELA — Consignações e representações MANOEL EVARISTO PESSOA ft C. — (Victoria)
dc casas c tabricas dc I.» ordem Rio de Ja­
neiro, R. Vise. Inhaúma, 84; S. Paulo, R. Flo- MANOEL F.' PONTE ( Phalcni») ' (F o rta ie u ) -
rencio de Abreu, 8 ; Santos,R. do Commercio, 25; Artigos para homens, senhoras c crcanças. Fazen­
Bahia, R. S. Dumont, 12; P. Alegre, P. da Al­ das. miudezas e perfumarias nacionaes e estran-
fândega. 3 . . 507 c Cll
l-EITE ft ALVES (Grande manufactura de fumos e MANOEL FRAblCISCO DA SILVA — ( Porto ) ^ S \ \
cigarros Marca Leio ) - (Bahia) Fabrica (an­ MANOEL LUIS GARCIA V. Sabão Russo -
tiga «S. Domingos’), Calçada do Bomfim, 126; Pagina artistica.
Deposito: R. das Princezas. II XIII MANOEL QUESADA — (Rio de Janeiro) - Fa­
LEITE BASTOS ft C. (Recite) . XLVIII brica de artefactos de Metal, nickelagem, galva­
nism». arandellas para Cinema ou Banco, lustres
LICHTI ft ftUTHIESON, Lts. — (Santos) - fre­ de toda classe, armações para vitrines, etc.. Rua
tadores «^navios . . LXII do Riachuclo, 172, Tel. C. 3144 — Pagina ar-
LISANDRO NICOLETTI ft C. (Fabrica Victoria) —
(Victoria) Fabrica de fiação e tecidos e Ma­ ,ls,lca • 140-A
nufactura dc roupas . . XXIV MANOEL VICENTE CARIOCA - (Manaus) - Com-
LIVRARIA LOUREIRO - V. lou re iro Maior Fr C missoes, consignações c conta propria. Embarcações
LLOVD BRASILEIRO (Rio de Janeiro) A maior próprias. Aviamentos para scringaes de sua pro­
Companhia dc Navegação da America do Sul. Linhas priedade . . . . XII
transatlanticas c serviços regulares dc passageiros MARC.ELl.INO (ÍOMES DÊ ALMEIDA V C. -
c cargas entre os portos do Brasil. Av. Rio Bran­ (Lloyd Maranhense) (Maranhão) — Empreza
co. 14 e 16. Tel. N. 4046 — Pag. art. 68-A dc Navegação fluvial, estabelecida em 28 dc Ou­
LLOYD INDUSTRIAL SUL AMERICANO (Rio tubro de 1916. Cinco vaporés e Trese barcas XXX
de Janeiro/ — Companhia de Seguros contra Acci­ MARQUES DIAS ft COMPANHIA (Fortaleza)
dentes dc Trabalho, capital 3.000:000*000. Av. Rio — Armazém dc tecidos, ferragens e miudezas. Ven­
Branco. 47-2.», Tel. N. 5350 Pag. art. 216-A das em grosso. Adquirem os artigos dos seus ra­
LLOYD MARANHENSE V. Marcrllino Gomes de mos de commercio dircctamcntc . . . XXI
Almeida F- C. MARQUES PINTO ft C. Lda. - (Porto) - Secção
LLOYD SUL AMERICANO — (Rio de Janeiro) - dc navegação, carreiras dc navios a vella para o
Companhia dc Seguros Maritimos e Terrestres, ca Norte do Brasil e outros portos. Secção dc vi­
pitai dc 4.000:000*000. Av. Rio Branco. 47-2.» nhos do porto, vinhos brancos, verdes e maduros
Tel. N. 5350 Pagina artística 216-A Rua Candido dos Reis, 121, 131 — Pagina ar-
LOJA MATTOS V. Antonio franco F- C. , l s , l c a ........................................................... 14-A .
LONDON ft BRAZILIAN BANK. LIMITED — Filial MARTINS BARROS ft C. Ltd. (São Paulo) — ln-
na Bahia, R. das Princezas, 10 . XVI dustriacs e importadores; machina Amaral», ca-
LOPES ft C. ( Pharmacia lopes) - (Manaus) - De­ tador dc pedras combinado com csbrugador ,.Pro-
posito dc productos chimicos e especialidades phar­ ê redior», serra Hercules', engenhos de canna, tur­
maceuticas ........................................ VI mas centrifugas, etc.. Rua Florencio de Abrcu. 23,
LOPES ft SENNA — (S. Paulo) — Pharmacia e Dro­ Tei. Central 1180 — Pagina artistica . LXIV-A
garia S. Cecilia . LV MARTINS. JORGE ft C. - ( P a r i, - Fabrica Per­
LOPES, COELHO ft C. Ld. - (Matozinhos, Port.) severança. cabos, amarras c espias de todas as qua­
— Fabrica dc conservas dc Matozinhos. Grand lidades e grossuras nara navios e vapores de alto
nrix» ua Exposição de S. Luiz (IQ04), Giandc bordo, etc., Trav. Ruy Barbosa c Quintino Bo-
Diploma de Honra na Exposição Internacional de
Madrid — Pagina artística 164-A M2 F a i â 8 v * C. - " E
LOTERIA DA CAPITAL FEDERAL ’ V. Companhia
de l.otcrias Nacionaes do Brasil — Pag. art. MAXIMII.IANO MACHADO (DR.) - (Laborafono
LOUREIRO MAIOR ft C. (Livraria Loureiro) — Dr. Machado»)) — (Bahia) — Antigal, Triphol,
(Bahia) — Livraria e Fabrica dc Carimbos de bor­ M.imiesia-Monogan. Matrozon . . . . XVII
racha .............................. XIV MENDES FILHO ft C. — (Manaus) — Commissôes,
LYCEU DE ARTES E OFFICIOS - (São Pauto) consignações e importação . . . . vi
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tapeçaria e decorações internas, scrralhcria artísti­ MESTRE ft BI.ATGÊ, S. A. - (R io de Janeiro,
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o o o o o o CXIX o o o o o
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O O O O O O CXX O O O O O O
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solo brasileiro. ^ ^ Average agents, average adjusters; Representatives
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tróe. Ora -Sablo Kusso coin um aeeulo de j^sten.is. é^a Novembro. 172. . . . . . 509
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tique e «Chargeurs Réunis • — Pagina artistica
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T
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zetn de fazendas . . .......................... CVI
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Filial cm Corityba .................... LLI
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ral do jury Superior de Recompensas da Exposição do Cen­ TUGUÊS — (Lisboa) — Serviço de passageiros,
tenário da’ Iodependenna no Rio dc Janeiro, conferido-lhes
carreiras da America do Sul^ com escalas pelos por­
E assim correndo parallelo com o grande acontecimento tos dc Hamburgo, Antuérpia. Havre. Leixões. Lis­
nacional da nossa independ.-ncia. o mais antigo e acreditado boa. Funchal, Pernambuco, Bahia. Santos, Rio dc
preparado brasileiro assenta lambem um marco de prosperidade. Janeiro, R. do Sul, Montevideo, B. Aires. Rua
dos Remoíares, 35. Agencia G. no Brasil: Av. Rio
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Simões, Lta. — Pagina artistica.
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Pagina artis tic a ........................................ 336-A acreditados bordados, rendas e laises nacionaes no
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SILVA MATTOS - ( Aracaju/ Navios de lonpo Pagina artistica . . . . . . . . 116-A
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c exportadores L los B. P. de Lyra) — (Alagoas) — Assucar, aguar­
SILVA RIBEIRO ft C. - (Aracajú) - Grande Em­ dente c alcnol V
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dustrial Silveira Machado Pagina artistica.
SOCIEDADE MEDICINAL SOUZA SOARES, LIMI­
TADA — ( Corto) ......................................... 512 V
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as especialidades, aves. caças, carnes, peixes, sar­
dinhas, azeitonas, legumes, hortaliças, azeites e fruc- V. B. PEREIRA ft C. - (Fabrica de Tecidos «Sa-
tas em calda Pagina artistica . 340-A nhardx) — (Caxias/ XXIX

o o o o o o CXX1 o o o o o o
IN DIC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIALS

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drogas e productos chimicos, especialidades phar- tintas, oleos, vernizes, cutelarias, vidros, artigos de
macenti;.!- nacionaes c estrangeiras. Rua dos Ouri- alumínio, sanitárias c de electricidade, cabos, cordas
ves, 5 c 7. Tel. N. 4877 — Pag. art. . 236-A c lonas, etc................................................. XXVII
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verde «Flôr de Lu», Vinho do Porto Renato-, VIUVA J. BRASIL DE MATTOS ft C. — (fabrica
c <Mathusalcm», os mais saborosos e conhecidos vi- Brasil) — (Ceará) — Refinaria de assucar, torre-
nhos poituguczcs — Pagina artística . . 00-A fação de cafí, etc. . . . . . . . XVIII
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rahyba do Norte) XL fama e consumo em toda a America do Sul 506
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gravataria, suspensorios, ligas, fazendas por ataca­
do (importação e exportação directa). Rua dos 1n l
Ourives, 35 e B. Aires. 76-78 Pagina artís­
tica ............................................................... 424-A
VINHOS VELHOS LEGITIMOS IX) PORTO (Por- WHARTON, PEDROZA ft C. — (Natal) — Expor­
to/ (Antiga Casa João Eduardo dos Santos)). tadores de algodão Llll
Vinhos premiados em todas as Exposições a que WIESE ft KROHN — (VA Nova de Gaya) — Vi­
tem concorrido — Pagina artística . . . 100-A nhos legitimos do Porto . . . . . . 516

IN D IC E DAS G RAVURAS

A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ARGENTINA (Pavilhão da). 50. INGLATERRA (Pavilhão de Hon- PAVILHAO NACIONAL DE VIA-
48 ra da). 110. 114. 118. 138 e 146 (;AO E AGRICULTURA . . 38
BELGICA E
BELGICA ^LUXFMWiRGOZPa
LUXEMBURGO <Pa- ^ ITAHÍJ
150. < J’f.vi,hl°
154 * ' Honra dl>
e ................ 158- PAVILHÕES NACIONAES
ESTATÍSTICA E CAÇADEE
U IN A m ÍV a ^ IJ Ú L Ídi» . 4,2 'A JAPAO (Pavilhão do). 83. 86 c 60 PESCA....................... 46
EXPOSIÇÃO'iVlTERNAUGNAL-* ' “ E5íj£ ° t n ".!hi" * ' ' ' ,7°’ l71’ PORTÃO DA EXPOSIÇÃO UAS
Aspectos nocturno.. 16. 466 c XXVII NORUEOA (Pavilhão' d.)' -W GRANDES INDUSÍRIAS. . 432-A
Entrada p-incipal c (I’a’acio Mon - 210 214*2 M . 222 PORTUOAL (Pavilhão de Honra

Torre nor c • • • • • ■ •
: : jjw tüSSSSSlSlSSS,- •• S
PARQUE DAS DIVERSÕES. 36«
St
PAVILHAO DAS INDUSTRIAS
”•
ESTADOS UNIDOS DÁ AME * . . . . . . . . . . 461. K xvm ? 'r a » 5, w Í A wLa’'
5íC Honu ^ T62<Pi V,,7a PAVILHAO D.» DISTRICTO FE- m m . 380-B
7|l e 78 PAVILHAO NÁcioNAL DAS PE- SUESl^o <Pali,h,° da). 362-A.
Pavilhão Industrial . . . . . 432-B QUENAS INDUS I RIAS . . 42 W21! « ............................. 412-A
FRANCA (Pavilhãojde Honra da). PAVILHAO NACIONAL DAS IN- TCHECOSLOVAQUIA (Pavilhão
«4. «8. 102 e ............ 1«. DUSTRIAS............... 30 da). 160. 164. 198 e . . . 202

VULTOS NOTÁVEIS

Attonso Penna (Contelhei.o) . . 376-C Flori.ano (Marechal). 376-11 Marquez de Olinda . . . . v«>
Arcoverdr (Cardeal)..................... 376-E Francisco Paca Barreto . . 130 Nilo Peçanha (|»r.) . . . . . 376-C
Arthu- Bernard's . . . . . 3764) Gonçalves Diat (Desenho de Raul Pedro I (D .).................... 376-A
Benjamii Constant..................... 376-A Pederneiras) . . . . . . . 332-A Rodrigues Alves (Conselheiro) . 376-B
Campos Sales........................... 3Í6-B Gonçalves Dias. Porto Alegre c Ruy Barbosa............................, 3764) •
Dcllim Morcra (Dr.) . . . . 376-D Oonçalvcs de Magalhães . . 332-A Salvador Corrêa de Si . . . . 123
Drodoro (Marechal)............... 376-A Hermes da Fonseca (Marechal) .376-C Visconde de Itaborahv . . . . 131
Epitacio da Silva Pessoa (Dr.) . 376-D José Bonifácio.du Andradk e,Silva 376-A Wcnccslau Braz........................ 376-C

MAPPAS E DOCUMENTOS

Akaccr da Boa Vista cm Per- Fidalga pernambucana no começo Museu do Vpiranga . . 368-A

- f i F - 8* * * * * ” ...
-Brazão
s - ad’Armas
r - do* Barão
:a-
das
,» ' - 'reiras)
P V .k. S. - S r i. s i 4« ccnl'* 1 nu de S.
Palmeiras....................... 133 Leito e outras ocras' <h> tempõ . Chnstovam........................ 373
Brazão d’Armas do Ba,ã> de Ri- co’onial . . 134 Aspectos........................ 374
he hã o.............................. 132 Mappa da America ido'Sul - Se- Aspectos....................... 375
Brazão d Armas do Barão de Uhã 134 cuk> XVII . . . . 6 Assistência . . . . 375
Brazão d’Armas do Barão de S. Mappa d> Provincia de Santa Primeiro Capitulo da Historia Pa'-
r . r t í 1dí0,im V * .L, C.,i e ’ 131 ,, L,u' XVI . . 2 Iria (O) - Frontespício . . I-A
c u lfx v T ~ C' 2 MaP£e'ulo° XVin° - ,n Prô. do -Ville de Boulogue. . 332-A
Cravo do secui»' XVlil '. . I3t, Medeia commemora,iva da Exl E” '
Costumes ds Bahia no sec. XVIII 125 posição do Centenário . . . 372 Orandensc (Quadro de lar- ^
°“““ vSi i. "
Episodio da revolução de 1817
i» asss: sar,ssr: 434”
Inaururação. .
i-»»
Beis da Belgica em visiu ao Et­
m
na Parahyha......................... 426 Monumento da Independência (S. tado do R i o .........................437
Festas em Santos, cm 7 de Se- Paulof . . . . 368-A Senhor de Engenho em viagem
tembro d.- 1923 — Aspectos 376 Cirup» . . . . . . . . . 503 cm 1816 (Pernambuco) . . 126
Festa na Bahia po século XVII 121 Um aspecto . . . . XL-A Typos do Brasil hollandcz em Per-
Festa religiosa na Bahia no .se- Um dot detalhes mais be los . XCIX nambuco......................... 128
0,10 x v , n .......................... 123 Moveis do tempo do Império . 136 Viajantes mineiros no século XVIII 126
IN D /C F DAS GRAVURAS

OS ESTADOS DA REPUBLICA

ACRE (Territorio do) Olficina de Estercotipia . . . 486 PARANA


Sala de Redacçio . . . . . 486
Or. Epaminonda! laconic. Dover- Jornal do Brasil* - I .dilicio . 474 Or. Lindolpho Pessoa. Deputado 428
nador. . . . Machina rotativa Walter Scott 475 Munhor daRocha. Presidente 427
Secçjo de linotipm . . . . 475 Paço Municipal . . . . . . . 428
ALAOOAS ■" K r r. R S " c X ‘ ca 5”. . . ; a
Or* CJoaíF«nind'sUd**" BC,krl1 Machiná Walter Scôtt 48» Universidade* e Ássocüçio Com-
Lim í nòvernadoe ° 380 Sal* d' • 478 mercial . . . . . . . 429
l*rj^a' ’'dos, , M«lylTo«00' r,n0 . 381 ESPIRITO-SANTO PERNAMBUCO
Praja do Thesou-o e cathedral . 3 8 0 ...... . .. . . .. „ .
Prefeitura municipal . . . 380 , v - ,lcl,or d' S««ra. Deputado 304 Or. Sergio Loreto. <iove.-nador 430
Thcaourn eatadoal . . . . . 1 380 13r. Ncator (ionics. Governador 303 Or. Solidonio Leite, Deputado . 431
AMAZONAS OOYAZ PIAUHY
Or. Aristidea Rocha. Deputado . 383 Dr. Americano do Braail. Depu- Or. Joio Cabral. Deputado . . 433
Or. Rego Monteiro, Governador 382 Senador’ Ólega n, Pinto ' nidí? L“ ' ' TtrTt,,‘ <Joví rJ_

BAHIA MARANHAO RIO OE JANEIRO


Bibliotheca° Publica M“ *rU ' *2 Dr. Domingoa Barbosa. Deputado 306 Or. Au-elino Lea’. Interventcr Fe-
Congresso doa Intendentes 380 I Jr Uodolredo Vianna. (ioveina* d.-ral ................................ 435
Or. J. J. Seahra. Governador 385 dor . • . ...................... 307 |Jr- Manor! Reic. Deputado 436
l>r. Pamphilo de Carvalho. De- '?£. Kjul v«8» P-csidcntc 435
E . .r S Í» l', : • í£ MATTOA1ROSSO nS S ? , . ' O l i * . «., W „ . ! !S
Estatua de Thomé de Soura . . 388 Or. Annibal de Toledo. Deputado 400 Palaci" d i Juitlça. 430
Faculdade de Medicina e Cathe- Petropolis. gmtandmha . 4Í6
Gymnasio.* 388 MINAS UERAES r.^r,po ia 4-37
Imprensa olii.-ii! . . .' ! 3ib |> . N ,lK)n d. Senna. Deputado RIO C.RANOE DO NORTE
Instituto <leograpmco e Historico 38/ íederal 405
Intendentia Mun c ip a l................... 387 rjr Raul sA»es' Preaidenm 403 ° r . Antonio d; Soura. Gov.nu-
Palacio da Acclamatio. . . . 386 soares. 1reaidente 403 dor . . . . 438
Palacio do Oovcrno................ 384 . Or. José Augusto. Deputado . 4»
Jardim suspenso do Palacio do PARA. Belém
S,lâo^° de n<de«pachos do Palacio ^ Cathrd .1 . . . . . 421 * ' ° «RANOE DO SUL
do Governo 335 Eit-ico Vale. Deputado 420 o _ „„ u .
QuarW tienoa. ! *. ! íà í «*■ Caat-o. Governador 419 d; Medrtl~ - „ 3
Estatua < £ o S ^ m - i i o ÍS ,>r L*»SoM« CoSor. De^Udó ! 4*
CEARA Instituto Gentil Billess.ourt . 422
Praça d. Librrd.de................ 392 !“JÜdÜ:|.U Ãton<dH*. S' <:ATHA« 'NA
I Ra^*Hermmicgildo^UFTrnic'/a De 3* * Palacio do Oovcrno .’ 419 jjj- Celso^Bajtma. ^Deputado . 149
pulado . . . . . . . . . 391 The/iro *8a *!>,, 1*cr*-"r<1‘a ■ 1?1 ” 10 *' "** '4S
^ SAO 1'ACLO
T i“ ~ A l. ™ : » PARAHY.AOO NORTE IA. C b . A W
Or. Solon de Lucrna. Governador 423 **r- Washington Lua. Presidente 452
DISTRICTO FEDERAL Or. Tavares Csvalcanti. Deputado 424
Aspecto nocturno da Guanabara 432-B Pdacin do^Govcrno *<Praçi Ve- -SERGIPE
■Correio da Manhã- - EdiTicio 481 naneio Neiva) . . . . . 423 Aracaiii. Palacio do Governo 457
Fac simile da la. pagina . . 482 Palacio do Governo (salão de Intendeis ii Mun cipal . . 458
Outro fac-sintile da la. pagina 483 honra) 425 Praça d i Malm e Cattudrãl .458
,.P?Í. . ' " Oirectoiia . . . 485 Preleitwa Municipal . . . . 425 Trecho da IVaça Fausto Ca doso 458
udl
Machina Marinom deImpessio •
v '° u : 4.®5
487 Rnr'° ■ , • '
Vista geral . I . 421
424 l>r- Graccho
l)r. Carvalho CaNctto.
idoso. Deputado
Governado,. 458
457

G <>LIVRO DE OURO» EM
PORTUGAL

E M P O R T U G A L , SAO NOSSOS R E P R E S E N ­
T A N T E S O S SNRS. JOSÉ D A S IL V A R E IS
& C.«, SUCES., E S T A B E L E C ID O S C O M I M ­
PO RTANTE R A M O D E C O M M IS S Ô E S E
C O N S IG N A Ç Õ E S N A R. D A F A B R IC A , 5,
PO R T O . A ESTES D IS T IN C T O S A M IG O S
Q U E T Ã O D E D IC A D A M E N T E T R A B A L H A ­
RAM P E LO « L IV R O D E O U R O » D E V E M
SER P E D ID O S T O D O S OS E S C L A R E C I­
M ENTOS.

o o o o o o C X X III O O D o o o
- *»
«O PRIMEIRO CAPITULO DA HISTORIA PATRIA»

(Quadro d* Aurelio d* Figueiredo)

A bor>lo da capitanen da frota de Cabral, o grande descobridor de nossa terra e frei Henrique de
Coimbra ouvem a leitura da carta de Caminha a El-Rei D. Manoel.
VAZ DE C A M IN H A E SUA CARTA

IIT O S scculos jo u v e desdenhada on es­ prescindível, ho je mais do que nunca. João R ibeiro
quecida a caria de Caminha, e a este deu o p rim eiro passo no Fa Bordão.
acaso fe liz se pôde, sem temeridade, Quem era Pero Vaz de Caminha?
a ttrib u ir sua conservação. Nos liv ro s de Castanhcira e D am ião de Goes lê-se
Cerca de 1790 descobriu-a cm suas pesquizas o que sahiu de Lisboa nomeado escrivão da fe itoria a
e ru d ito histo ria d o r castelhano J. B. M uiloz, a ffirm a fu nd ar em Calecut.
N avarrcte. Sem saber disto alguém, ainda desconhe­ Da carta do escrivão resulta que embarcara na
cido, forneceu uma copia ao real archivo da M arinha capitanca. Tinha-o e.n grande conta P cdr’ Alvares, a
d o R io de Janeiro. D elia serviu-se M anoel Ayres ponto de ad m ittil-o a um conselho de capitães da
de Casal para public&l-a integralm cntc em 1817, no fróta, convocado para tratar de assuntos graves. D e­
prim e iro volume da C horographia , sahido dos pre­ via conhecer o monarcha de longos annos; de ou­
lo s da impressão desta cidade. N inguém mais d i­ tro modo não se explica o tom fa m ilia r da epistola.
gno dc publical-o do que o verdadeiro crcador da C onform e documentos divulgados p o r Sousa V i­
geographia nacional. te rb o, orçaria por 50 annos quando se deu o ad ia­
N ove annos depois desta edição princeps, appa- m ento de nossa terra, pois já era m aior a 8 de mar­
receu o u tra em Lisboa, mais com pleta, cotejada pelo ço de 1476, quando D. A ffo n s o V, de cuja casa era
o rig in a l, ao que se crê, no quarto volum e das N o ­ cavalheiro, nomeou-o mestre de balança' da moéda
ticias ultram arinas. Por julg ai-a demasiado accessi- da cidade do Po rto, por m orte do pai, ou quando o
vel, ou por o u tro m o tiv o semelhante, o In s titu to H is ­ pai lhe quizesse ceder o logar. Este, Vasco de C am i­
to ric o excluio da Revista T rim ensal a carta de Ca­ nha, pro teg ido do duque de Guimarães, occupou va­
m inha, só por instancia de Varnhagen estampada no rios cargos fiscaes, entre ou tros o dc recebedor-mór
tom o 40, parte segunda, quasi 40 annos depois dc dos dinheiros dc Tanger.
sua fundação. Não é im possível que o filh a mettesse alguma
Antes e depois desta, houve numerosas reim pres­ lança cm A fric a ; é mesmo verosím il que suas ravas
sões, arroladas até certa época nos Annaes da B ib lio ­ aptidões de observador já se tivessem exercitado em
theca Nacional. D entre cilas cumpre destacar duas outras partes e em outros povos antes de a ttin g ir
feitas em Lisboa para commemorar o centenário colom - a m estria revelada a- proposito dos Brasis, o reparo
bino, uma pela T o rre do Tom bo, o u tra pela Academia de que estes não eram circuncisos (fanados) pode
das Sciencias. bem resultar do contacto com populações musulmanas.
A todos se avantajaria a do In s titu to H is to ric o Caminha começou a escrever em 26 de a b ril,
Bahiano, em 1900, com a reproducçâo fac-sim ilar do depois de fic a r decidido mandar um portad or ao rei­
oodicc, uma transcripção em linguagem da época1 e uma no, com a n o ticia da terra novamente achada.
versão m odernizada, si d o liv ro constasse como fo i Poucas linh as bastam-lhe para a viagem de L is ­
o b tid o o fa c s im ile , como 27 paginas delle correspon­ boa ao C abo-Verde; ainda menos consagra ao resto
dem ás sete folhas, do o rig in a l, quem se encarregou do caminho, p o r este mar de longo, 660 ou 670 lé­
da paleographia, a quem se commetteu a versão mo­ guas, na estim ativa dos pilo tos, percorridas entre a
derna. Taes informações sub stitu iriam com vantagem ilh a de S. N ioo lá o e a costa avistada na tarde dc 22.
as estampas sem v alo r h isto rico servidas cm seu logar. Da marinhagem e das singraduras deixou a conta aos
N os Annaes também existe o r o l das diversas tra - entendidos. A 21 nota signaes de proxim idade dc
ducçõcs. E ntre cilas fig u ra uma em vernáculo, devida terra, m anifestados em hervas com pridas como bote-
a João Francisco Lisboa. Entendeu, com m uita ra ­ lhos c rabos de asno, accrescidos na outra' manhã pela
zão, o Tinion maranhense que nem to do o mundo po­ passagem de aves chamadas fura-buchos, e afinal con­
de ria orientar-se na prosa emaranhada do correspon­ firm ados pela visão vespertina de serras c arvoredos
dente dc D. M anoel c arvorou-se em sertanista. Seus longinquos. A 23 trata sobretudo de manobras, m ar­
conhecimentos de gramm atica historica não davam, cha, sondagens á cata de bom ancouradouro, afinal
porem, para ta nto, nem A yres do Casal lhe forne­ encontrado a 24.
cia um te xto escorreito. As passagens cruciaes con­ Desde então a narrativa se expande, afflue.u os
tinuaram c continuam obscuras. Um com m entario ph i- pormenores, anima-se o scenario e o observador ap-
lo lo g ic o fe ito por um entendido, ainda hoje é im ­ parece, perspicaz e sincero. «Bem certo creia que
LIVRO DE OURO COMME MOR ATIVO DO CENTENARIO

p o r aformosear nem afeiar haja de p ô r mais que g a io pardo que aqui o capitão tra z ; tom aram -no log o
a q u illo que v i e me pareceu», assegura ao real amo, na m ão c acenaram para te rra como que os havia h i.
e cum priu a promessa. M ostraram -lhes um carn eiro; não fizeram delle men­
A ffo n s o Lopes, incum bido de sondar a bahia ção." M ostram -lhes uma g a llin h a : «quasi haviam medo
desejada, apanhou dois indigenas em uma altnadia d e lia c não lhe queriam p ô r a m ão e depois a to ­
e levou-os com escuro á capitanea, onde Caminha m aram como espantados.» M a’io r interesse sentiram
o s viu e desde lo g o desenhou em traços vivos. p o r contas de rosario e objectos m e ta llico s, mas o
«A fe ição delles é serem pardos, maneira de té d io p o r fim superou, «e então atiraram -se assi de
avermelhados, de boos rostos e boos narizes, bem oostas na alcatifa a d o rm ir, sem te r nem uma ma­
fe ito s ; andam nús sem mesmo uma cobertura, nem neira de cobrirem suas vergonhas... O capitão lhes
estim am nem um a cousa c o b rir nem m ostrar suas m andou pôr á cabeça senhos coxins e o da cabel­
vergonhas, e estão a cerca em ta nta innocencia como le ira procurava assaz pola não quebrar, e lançaram-
tê em m ostrar o ro s tro ; traziam am bolos beiços de lhes um manto em cima e elles consentiram e jo u -
b a ixo fu ra do s e m etidos p o r elles senhos ossos de veram e dormiram ».
osso branco... os cabellos seus são corred ios e an­ Sabbado, 25, depois de fundeada a1 fro ta , Ca­
davam to squiados de tosquia alta mais que se sobre- m in ha fo i á terra em com panhia de N icoláo C oelho.
pentem, de boa grandura c rapados té p o r baixo O s naturaes continuam a prender-lhe a curiosidade.
da sulapa, de fo n te a fo n te para detraz, uma ma­ «Andavam a lli m uitos delles ou quasi a m a io r parte,
ne ira de cabelleira de pennas d'ave am arella, que que to dos traziam aquelles bicos de osso nos beiços;...
seria da com pridâo de um couto m u i basta e m ui e andavam ahi outros quartejados de cores, saber
çarada que lhe cob ria o to ntu ço e as orelhas, a qual de lles a m etade de sua pro p ria côr, e a metade de
andava pegada nos cabellos penna e penna, com uma tin tu ra negra m aneira de zulaJa, e ou tros esquarte­
aonfecção branda como a cera e não n o era, dc jados d ’escaques. A lli andavam entre elles tres ou
m aneira que andava m ui redonda e m ui basta e m ui qu atro moças, bem moças e bem g e ntis, com cabel­
igu al que não fazia m ingua m ris lavagem para a los m u ito pretos com pridos, pelas espaduas... Um
levantar.» era já de dias e andava por louçainha cheio d e pennas
Neste p rim e iro encontro, em que os gestos f i ­ pegadas pelo corpo que parecia asseteado como São
zeram de unica linguagem , succederam-se os q u ip ro ­ Sebastião; ou tros traziam carapuças de pennas ama­
quós. Os indigenas portaram-se em g e ral in d iffe re n ­ re i las, e ou tros de verm elhas e ou tros de verdes, e
tes, repugnaram-lhes as comidas e v inh o c com m aior uma daqucllas moças era toda tin ta de fu n d o acima
razão a agua de bordo. «Mostravam-lhes um papa- daquclla tintura».

ta o o o o

MAPPA DA PROVÍNCIA DE SANTA CRUZ


- SÉCULO XVI CARTA DA AMERICA DO SUL SÉCULO XVI

O O O O O 2 O O O O O O
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

D om ingo, 26, a missa da Paschoela, prim eira co llo atado com um pano não sei de que aos peitos,
d ita no Brasil, num ilhéu da vasta- bahia, não o que lhe não pareciam se não as perninhas, mas as
absorve a ponto de fazer-lhe esquecer os natura-es pernas da m âi e o al não traziam nem um pano».
da terra, cujos movim entos na praia- fro n te ira nota O u tro desembarque á segunda-feira, 27, serve
durante o sacrificio incrue nto e a pregação de Fr. a precisar m ais as prim eiras impressões: «Neste dia
H enrique. os vimos de mais perto c mais a nossa vontade, por
«Andava h i um que fa lla va m u ito aos ou tros que andarmos to dos quasi m isturados, e a li delles andavam
se afastassem;... este que o s assi a-ndava afastando daqucllas tinturas quartejados, outros de metades, ou­
trazia seu arco e setas, e a-ndava tin to de tin tu ra ver­ tro s de tanta feição como em panos de arm ar, e
melha polos peitos e espaduas e p o los quadris, coxas todos com os beiços fu rados, e m uitos com os ossos
e pernas ate abaixo, e os vasios com a ba rrig a e es­ nelles, c de lles sem ossos. Traziam alguns delles
tôm ago eram de sua pro p ria côr, e a tin tu ra era uns ouriço s verdes d ’ arvores que na côr queriam pa­
assi vermelha que a agua não lha comia nem desfa­ recer castanheiros, senão quanto eram mais e mais
zia, antes quando d’ agua- era m ais vermelha». pequenos, c aquelles eram cheios de uns grãos ver­
D epois da missa «vieram to d o los capitães a m elhos pequenos que esmagando-os entre os dedos
esta náu por mandado do capitão-m ór, com os qua-es fazia tin tu ra m u ito vermelha da- que elles andavam
se clle afastou e eu na companhia-, e perguntou as­ tintos, c quanto se mais molhavam mais vermelhos
sim a to dos se nos parecia ser bem m andar a nova ficavam. T od os andam rapados até acima das orelhas
do achamento desta te rra a- vossa Alteza pelo navio e assi as sobrancelhas e pestanas; trazem to dos as
dos m antim entos para a m elho r m andar descob rir c testas de fo nte a fo nte tin ta s da tin tu ra preta que
saber delia mais do que nós agora podíamos saber, parece uma fita preta ancha de dous dedos».
p o r irm os de nossa v iag em ; entre m uitas fa lia s que A attenção prestada á gente conserva a mesma
n o caso lhe fizeram , fo i p o r todos ou a m aior par­ intensidade applicada aos artefactos, e para com plc-
te d ito que seria m uito bom e n is to concrudiram.» tar-se v o lta mais de uma vez ao assumpto. Assim a
Desta conclusão procedeu a carta de Caminha, 24 menciona «ossos de osso branco da com pridâo
c procederiam a de C abral e as de seus companheiros de unia mão travessa e grossura de um fuso de al­
si o te mpo as poupasse com o a d o m odesto escrivão godão c agudo na ponta como fu ra d o r; metem-nos
de fe ito ria que escreveu p o r p ró p ria gosto, se n res­ pola parte de dentro do beiço, e o que lhe fica
ponsabilidade o ffic ia l, e p o r isso ta nto nos deleita antre o beiço c os dentes é fe ito como roque de en-
hoje, e afina pelas nossas predilecções e curiosid a­ xadrez, e em tal m aneira o tra-zem a li encaixado
des. De passagem note-se que o nome de Paschoal que lhe não dá paixão, nem lhe torva a fa lia , nem
dado ao prim e iro monte entrevisto e o de te rra de aomer, nem beber». A 25 recorda: «todos traziam
Vera C ruz parecem datar desta- dom inga e não de aquelles bicos de osso e alguns que andavam sem
quarta-feira, 22. O fa cto de figu rarem desde a p ri­ elles traziam os beiços fu rados e nos buracos tra­
m eira linha da m issiva mostra-ria apenas como o ba­ ziam uns espelhos de páu que pareciam espelhos de
ptism o era recente. A denom inação de Paschoal ex­ borracha, e alguns delles traziam tres daquctles bicos,
plica-se pelo descobrim ento no o ita v a rio da Paschoa, saber, um na metade e os dous nos cabos». A 26:
a da te rra pela bandeira de C h ris to , entregue p o r D. «trazia este velho o beiço tã o fu ra do que lhe ca­
M anoel ao capitão-mór, antes da despedida em Be­ beria pelo fu ra do um grã o dedo polegar, e trazia
lém. Sente-se em tu d o is to a influ e n c ia de F r. H en­ m etido no fu ra do uma pedra verde ruim que çarava
rique, guardião dos franciscanos. « A lli era com o por fó ra aquelle buraco, e o capitão (Pedr’ Alva'res)
capitão a bandeira de C h ris to com que sa-hio de Be­ lha fez tira r, e elle não sei que dia bo fa lava e ia
lém, a qual esteve sempre alta á parte do Evangelho. oom cila para a boca do capitão para lha m ete r; es­
Acabada a missa- desvestio-se o padre e poz-se em tivem os sobre isso um pouco rin do e então enfadou-
uma cadeira alta, e nós to dos lançados p o r essa areia se o capitão c deixou-o».
e pregou uma solemnc e proveitosa pregação da his­ A alm adia tomada por A ffon so Lopes a 24 v o l­
to ria do Evangelho, e em fim d e lia tratou de nossa ta-lhe á m em ória no dia 26, á vista de um a jangada:
vinda c do achamento desta te rra, conformando-sc «e alguns delles se meteram em almadias, duas ou
oom o signal da cruz sob cuja obediência vim os, a- tres que ahi tinham , as quaes não são feitas como
qual veio m u ito a p re po sito e causou m uita devação». as que eu já v i; sómente são tres traves atadas ju n ­
A histo ria das duvidas de Thom é, lid a naquella so- tas». A o lad o das carapuças variegadas menciona «um
lemnidadc, prcstava-sc a m uito s desenvolvim entos op* pano de pennas de m uitas cores, maneira de tecido
poitunos. assaz formoso». Q uanto aos arcos «são pretos e com­
O desembarque á ta rde, depois do conselho depridos, e as settas com pridas e os ferros delias de
capitães, forneceu ensejo a novas observações: «A li cannas aparadas».
verieis galantes pintados to dos de preto e verm elho Preso á praia proxim a, interrogava os que po-
- quartejados assi pelos corpos como pelas pernas deram penetrar nas aldeias. A 27: «Foram bem uma
que certo pareciam assi be m ; também a-ndavam entre legua c meia a uma povoação de casas, em que
ellcs quatro ou cinco m ulheres moças assi nuas que haveria nove ou dez casas, as quaes diziam que eram
não pareciam m al, antre a-s quaes uma com um a coxa tã o com pridas cada uma como esta náu capitanea e
do g io lh o atá o q u a d ril e a nadega toda tin ta da- eram de madeiras c das ilhargas de taboas e cober­
qu clla tin tu ra preta e o al to do da- sua p ró pria côr; tas de palha, de rasoada altu ra, e to dos em uma só
o u tra trazia am b o los gio lho s com a-s curvas assi tin ­ casa, sem nem um re p artim e nto; tinham de dentro
tas e também os colos dos pés; também andava hi m uito s esteios, e de esteio a esteio uma rede atada
o u tra m ulhe r moça com um m enino ou m enina no polos cabos em cada esteio, altas em que dorm iram ;
LIVRO DE OURO C(OM ME MORATIVO DO CENTENARIO DA

naturaes, a esquivança instin ctiva seguida log o de


e de b a ixo pera se aquentarem faziam seus fo g o s ; e
confiança indiscreta. «Tomavam log o um a esquiveza
tinh a cada casa' duas portas pequenas, uma cm uni
como montezes... Logo de um a mão para o u tra se
cabo c o u tra no o u tro ; e diziam que em cada casa se
esquivavam oomo pardaes de ccvadouro, e homem
colhiam tr in ta ou quarenta pessoas c que assi os
não lhes ousa de fa lla r r ijo por se m ais não esqui­
acharam, e que lhes davam de com er daquella vianda
varem, e tu do se passa como elles querem pelos bem
que elles tinham , saber, m u ito inham e e outras se­
amansar... Os ou tros dous que o capitão teve nas
m entes que na te rra ha». A 28 : « M u ito s dellcs ( in ­
nãos, a que deu o que já d ito c, nunca aqui mais
digenas) vinham a lli estar com os carpin teiros, e
pareceram, de que tir o ser gente bestial e de pouco
creio que o faziam mais p o r verem a fe rram enta de
saber e por isso são assim esquivos; elles, porém ,
fe rro com que a faziam que p o r verem a cruz, p o r­
com tu do, andam m u ito bem curados e m uito lim p os
que elles não tem cousa que de fe rro seja e cortam
c n a q u illo me parece ainda mais que são como aves
sua m adeira e páos com pedras fe ita s como cunhas
ou alim arias montezas, que lhes fa z o ar m elho r
m etidas em um páo antre duas talas m u i bem ata­
penna e m elho r cabello que as mansas; porque os cor­
das e p o r ta l m aneira que andam (fic a m ) fo rtes, se­
pos seus são lim pos e tão gordos e tão ferm osos
gu nd o os homens que hontem ás suas casas (foram )
que não póde m ais ser, e is to me fa z presum ir que
diziam , por que lhas viram la». Este hontem empre­
gado aqui m ostra quanto escreveu Cam inha no do­ non tem casas nem moradas em que se colham e o
m in g o e na segunda, apezar da1 missa, do sermão, dos ar a que se criam os faz taes. Nem nós até agora,
não vim os nem-umas casas nem maneira' de lias . Isto
passeios por mar, do desembarque. Exactamcnte esta
concentração mais avivou-lhe a m em oria das cousas pensava a 26 ; a existência' de casas fo i conhecida só
vistas. a 28 de ab ril.
O ta le n to do observador refinava pela compara­ A convivência despertou cada vez m ais a sym ­
ção constante e pela tendencia a red uz ir tu do a alg a­ pathia pelos filh o s da te rra c é-lhes fa vorave l o seu
rism o. H a b ito s adquiridos no em prego de m estre de ju íz o fin a l. «C erto esta ge nte é boa e de boa sim ­
balança de moéda, obrig ad o a pequenos num eros e plicidade, e im p rim ir-se -h a lige iram e nte ne lles q u a l­
responsável por fracções m inim as? quer cunho que lhe quizerem dar, c lo g o Nosso Se­
C om para tu do : o corpo e os membros da gente n h o r deu boos corpos e boos rosto s como a boos
desta c de sua terra, a almacega e a cêra, o urucd homens c elle que aqui nos tro u xe , creio que não
e as castanhas, as contas indigenas e as sementes fo i sem causa. E, po rtan to Vossa Alteza, pois ta nto
de a lja veira , os rostos de uns e ou tros ind ivid uo s, deseja accrescentar na Santa fé catholica, deve enten­
chegando p o r duas vezes a co n c lu ir que eram irmãos, der em sua salvação, prazerá a Deus que com pouco
as aves que passam voando. «E m quanto andavamos trab alh o será a s s im ^ E lle s não lavram nem cria m ,
nesta mata a cortar a lenha, atravessavam alguns pa­ nem ha aqui b o i nem vacca, nem cabra nem ovelha,
pagaios p o r essas arvores, de lles verdes e ou tros par­ nem ga llin ha , nem o u tra nenhuma alim a ria que costu­
dos, grandes c pequenos, de m aneira que me parece mada seja ao viver dos hom ens; nem comem senão
que haverá nesta te rra m uitos, pe ro eu não veria desse inhame, que aq ui ha m uito, e dessa semente
m ais que nove ou de z; outras aves então não vimos, (a b a ty ) ou m ilh o e fru to s que as arvores de s i lan­
sómente algumas pombas seixas, e pareceram main- çam ; e com tu d o isso andam taes c tão rijo s e tão
res em boa quantidade ca as de P o rtu g a l; alguns ín d io s que o não somos nós tanto com quanto trig o
diziam que viram rôlas, mas eu non as vi». A 2Q: e legumes comemos». > t—
«trouveram papagaios e outras aves pretas quasi como Caminha não seria do seu te m p o se consagrasse
pêgas si não quanto tinham o b ico branco e os largas paginas á descripção da' natureza, mas escre­
rabos curtos». veu o bastante para m ostrar que também vibrava a
Um trec iio já aproveitado acima póde ser repe­ estas emoções.
tid o como exem plo do m odo p o r que apurava os co­ «Esta te rra, senhor, me parece que da ponta
nhecim entos e a boa fé com que reconhecia sua ign o­ que mais contra o Sul vim os até a outra que mais
rância: «Também andava ahi o u tra m ulher moça com contra o N o rte vem. de que nós deste p o rto houve­
um m enino ou m enina no collo , atado c o n um pano mos visto, será tamanha que haverá nella bem vinte
não sei dc que, que não lhe pareciam senão as per- o u vin te c cinco léguas p o r costa. T ra z ao lo n g o do
ninhas». m a r em algumas partes grandes ba rreiras, d e lias ver­
A conta, o peso, a m edida são-lhe, por assim m elhas c de lias brancas; e a te rra p o r cima to d a chã
dizer, im prescindíveis: conta as aves que passa.n, es­ e m u ito cheia de grandes arvoredos. De ponta a pon­
tim a em cinooenta c cincoenta e cinco annos a idade ta é toda praia parma e m u ito chã e m u ito frem osa;
de um velh o que encontra, orça a la rg u ra e o fun­ pelo sartão nos pareceu do mar m u ito grande, por­
do dc um rio, aponta as sondagens, c a lo ila quan­ que a extender olh os não podíamos ver senão terras
tos vasos caberiam na bahia, dá as distancias gu ar­ e arvoredos que nos parecia m ui lon ga terra. N e lla atá
dadas pelos esquifes num passeio ao lon go da praia, agora não podemos saber que haja' o u ro nem prata
avalia pela costa' o com prim ento da te rra nova. nem uma cousa de m etal, nem de fe rro , nem lh ’o v i­
m os; pero a te rra cm sim é de m uito s bons ares,
lS'âo pára nas exterioridades e, segundo sua pro­ assi frio s e temperados com o os de antre D o u ro e
messa, conta o que lhe pareceu. Convence-se da fa l­ M in h o , porque neste te m po de agora assi o acha-
ta dc senhor, isto é, de pessoa acatada e temida, rc- vamos como os de lá ; aguas são m uitas in fin d a s ; e.n
gosija-se com a ausência de id o los, tã o favoravel ta l maneira é graciosa que querendo a aproveitar
ao fu tu ro da catechese; indica a ausência de circum ci- dar-se-a ne lla tu do per bem das agoas que tem».
sã o ; nota a indifferença, a in g ra tid ã o apparente dos Uma lacuna e bem notável sente-se na1 epistola

O o o o o o O o O
0 COHTrçaos*

f é de eífeilo raptdc e seasaaona£.


nas tosses, b ronchites. a sth m a s
Í coíjuefitche. grippe, constipações. i
insom nias nervosas o u n à o . I
u r J L im m a ç o e s d a g a r g a n t a , I
d o re s no peüo e nas co sta s eic .1
w N a & fü ík a

V Ç te g ú s tra d o n o J u n e a u . V
W J h ^ e r n a o í o n a f d e S Ò o r n e 1 5 ^ fa %

L a b o r a t o r o q A ir a g à o

O CONTRATOSSE e as Sete Maravilhas do Mundo.


IN DE P l'N lil. NCIA :: HA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

dc Vaz de C a m inh a: o sol ardente, o luar, as constel­ Nem Cam inha era secretario dc C abral, nem des­
l a t e s novas, tã o diversas das do hem ispherio septen­ embarcou só a 26 de a b ril, nem dem orou apenas cinco
tr io n a l, não lhe arrancam uma referencia siquer. A dias, mas isto pouco im porta. Si o p ilo to portuguez
sua ig n o ra n d a de singraduras e m arinharias se ex- passou lig e iro p e los dias de P o rto Seguro, e xp lica-
te n d e ria aos phenomenos astronomicos? Entretanto se isto pelo fa c to de oc~upar-se da viagem in te ira
estas questões interessaram pelo menos os pilotos de Pedr’ Alvares. A im portância dos successos da
da fr o ta , c m estre João, bacharel de avtcs e medicina, India, as perdas dc navios, o saque da fe ito ria , o
tra n s in ittiu o éco enfraquecido dos debates. bom bardeio de C alecut, etc., obscureceram o id y lio
A carta de m estre João, também datada de 1 dc bra sile iro . T od o o essencial da cart# de C am inha
m a io c descoberta por Varnhagcn, deu azo a Joaquim apparece na relação anonym a, ás vezes em term os
N c rb e r to para levantar <> problema da casualidade quasi idênticos, c sua chro no lo gia tem tanto de r i ­
ou p ro p o s ito no descobrim ento do Brasil. Explicou-o gorosa como a do p ilo to de inexacta, o que, aliás,
m a is ta rd e, com sua bonom ia resignada e s in ironia não merece reparo especial, pois um escrevia ao
lig e ira m e n te m elancólica a quem isto escrevi: apenas compasso do successo, o o u tro narrou-o inais de um
q u iz semear duvidas. Estas duvidas n > além-mar trans­ anno depois. O p ilo to , sem c olo rid o em bora, mas
form aram -se, p o r assim dizer, e.n certezas, e hoje com precisão incontestável, abunda cm «pormenores
é quasi dog.na a lii e mesmo aqui que o descobrim ento que s olo podia conocerse después de una residcncia
d o B ra s il não f o i fo rtu ito , em outros termos fo i fin ­ en aquel país desconocido >. M estre João não p o dia
g id o ; pensam até alguns que o verdadeiro descobri­ dal-os, to do em bebido em astrolábios e m appa-m undi,
d o r chamava-se D uarte Pavheco, o A c h ille s lusitano. e, além disso, dia nte d c «una pyerna que te ng o m u i
C am inha de nem um modo suffraga esta- these: m ala que dc una cosadura se me ha fecho uno chaga
a de Er. H en riq ue convenceu-o c m ais de uma vez m ayor que la palm a de la mano». De resto, o o r i­
em tuck) vê a m ão divina. Os pa rtidá rio s d o descobri­ g in a l cm papel e caracter do te mpo, conserva-se ainda
m en to p io p o s it.il devia.n pesar bem as occurrencias na T o rre do T om bo , sem jam ais te r despertado a m i­
d o conselho d o s capitães reunidos a 26 de a b ril. nim a duvida em quantos o manusearam. E m fim , q u a l­
P c d r’A lva re s perguntou assim a todos se nos pare­ quer dip lom a fa bricad o visa sempre uma dem on stra­
cia ser bem m andar a nova do achamcnto desta terra ção ou um interesse. Que demonstração se pode encon­
a Vossa A lte z a pelo navio dos m antimentos pera a tr a r na carta d o v ia ja n te e que interesse de lia d e ­
m e lh o r m andar descobrir e saber d e lla ma'is do que d u z ir?
a g o ra nós podiam os saber, p.»r irm os de nossa v ia ­ A 2 dc M a io partiram os onze navios, lo g o
gem c antre m uitas fa lia s que no cffso se fizeram fo i reduzidos a quasi m etade p o r uma tempestade na
p o r to d o s o u a m aior parte d ito que seria m uito bem passagem de Boa Esperança, donde aproaram a C a ­
e n is to concrudiram . T ão pouco fundam ento assiste lecut. A 12 de D ezembro fo i a lli assaltada a fe i­
aos panegyristas de D uarte Pacheco: só a leitu ra des- to ria c m ortos quasi to dos os portuguezes n e lla en­
atte n ta d o ts m e ra U o p re m itte tra n s fe rir paTa.aqucm contrados.
da equin ocia l viagens e descobrim entos realizados nas Pero Vaz de C am inha fo i um de llcs q u içá; cm
alta s latitu de s do hem ispherio do N orte. A dicho- to d o caso, m o rre u na ín dia, em serviço d e l-R e i, se
to m ia salta aos olhos. g iin d o uma carta re g ia dc 3 de Dezembro de 1501.
O u tra applicaçâo não menos curiosa deu um i l ­ Isto força-nos a retroceder.
lu s tre h is to ria d o r arg en tino á lenga-lenga confusa de Quando C am inha to m o u a penna na bahia de
m estre João. Lu iz L. Dom inguez servio-se delia para Porto-Seguro, sabia approxim adavnente o que ia d i­
declarar apocrypha a carta de C am inha, em um ar­ zer c com to da a precisão o que ia pe dir. «E pois
tig o pu blica do por l.a B ib lio teca , Buenos Aires, 1897. que. Senhor, c certo que assim neste cargo que levo
«Los Portugueses (d iria m elhor os Brasile iros, como cm o u tro qu alq ue r o u tra cousa que de vosso
a quem toca m ais de pe rto ), m iran con respeto sacra­ serviço fo r, Vossa A lte z a ha de ser de m im m u i bem
m en tal la carta dctallada y p ro lija de Pedro Vaz de servido, a c ila peço que p o r sin g u la r mercê m ande
C am inha, secretario de C abral, en que da al rey m in u ­ v ir da ilha de S. Thom é Jorge d ’Osouro, m eu genro,
ciosos porm enores de la tierra y dc los ín dios re- o que delia receberei em m uita mercê» taes suas u l­
o o jid o s en los cinco dias que a lli se demoraran. tim as linhas.
E l desembarco tu v o lug ar el 26 de a b r il; la A explicação é patente: Jorge d ’O s o uro fò ra de­
carta cs dei 1.» de m ayo de 1500. Probablem ente fué gradado para a ilh a de S. Thomé, e o sogro pedia
escrita muchos anos después de esta fecha; y este para e llc in d u lto real. Os documentos pu blica do s por
ju ic io se con firm a leyendo la descripcion autêntica Souza V ite rb o tornam m u ito provável a conclusão.
de este via je , escrita p o r uii p ilo to português y pu­ Cerca de 1491, Jorge d’O souro fo i juntam ente com
blica da por la Academia de Ciências de Lisboa en o u tro s apossar-se á força de uma ig reja , erradam en­
la ooleceión de N oticia s U itra -m a riu a s , tom o 2, y te considerada vaga, c aecusam-no de te r roubado
la carta de l c iru rja n o espafiol de la ex p e d itio n de pão, vinho e ga llin h a s e outras cousas que poderiam
C ab ra l, Johannes Emenelaus, publicada por Varnha- v ale r m il c trezentos reaes. Pelo mesmo te m p o deu
fe rid a s em um clé rig o «scilicet, uma pela cabeça,
gen.
La scncilez y rudeza de estas cartas de te stigos c o u tra p o r um braço e outra pe lo pescoço e tres
y actores contrasta con c l e s tilo lim ado y la' nar- fe rid a s pequenas pelas oostas». P o r estes crim es an­
ración lle n a de pormenores que s olo podian cono- dou hom isiado cinco ou seis annos ate que, desis­
cerse después dc una residência en aqucl país des- tin d o as partes, D . M an oe l perdoou-o a 16 e 17 de
ja n e iro de 1496. T alvez o casamento com a filh a de
conocido».
Pero Vaz. seguisse a estes perdões.

o o o o o O 5 o O o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMORATIV O DO CENTENARIO

Si D . M anoel o fe z to rn a r de S. Thotné ou se lá Falleccndo R od rig o, succcdeu-lhc em 1530 Pero


succum biu ao c lim a pestilen to, ignora-se. Apenas sa­ Vaz, seu irm ão, qu e 10 annos mais tarde renunciou
bemos que em 3 de D ezembro de 1501 E l-R ei fez o lu g a r em Francisco Pereira.
mercê do cargo de m estre de balança a R odrigo A existência destes Osouros seria m ais uma p ro ­
d 'O sou ro, «neto de Pero Vaz de Caminha, que ora va da authenticidade da' carta de C am inh?, si real-
fa lle ceu na Ín dia onde o enviamos, confiando dellc m ente pudesse ser posta cm duvida. Segundo in fo r ­
que ta n to que fo r de ida de pera isso o fa rá bem e mação verb al de V ie ira Fazenda' houve O souros no
como a nosso serviço e bem das partes pertence, Ri.», alguns com a pecha de christãos novos.
e querendo lhe fazer graça e mercê, v is to como o
d ito seu avô m orreu em nosso serviço.» T an to que fo r
de ida de ... te ria então cinco annos, si Jorge d ’Osou-
ro casou lo g o depois de ja n e iro de 1406. C apistrano of. A breu

o o o o o

MAPPA L)A AMERICA DO SUL SÉCULO XVII

o o o o o o 6 o o o o o o
C O N F IN S T E R R IT O R IA E S DO B R A S IL

] M dos elementos que actuarain mais be­ O in tu ito m anifesto do C apitão-m ór, ao ordenar
neficamente na formação de nosso ca­ a N icoláo C oelho que fosse, em navio pequeno, pro­
racter de povo, no convivio inte rna cio­ curar ancoradouro seguro ao lon go da costa, avis­
nal, fo i o te rrito rio , p o r sua co n fig u ra ­ tada a seis m ilhas de sua nau, e, depois, ao vele­
ção, grandeza e situação de nucleo d o continente sul. ja r e llc mesmo, seguido de seus capitães, em busca da
A confiança no fu tu ro prospero, que as riq ue­ fo z de um rio que, pareceu, abrigaria toda a esquadra,
zas da te rra nos preparavam, deu log o, á nossa fo i d a r in ic io aos reconhecimentos que, de então
p o litic a externa, serenidade e rectidão notáveis, que p o r deante, iria m assignalando, a pouco e pouco;
só os povos bem satisfeitos de seu passado c con­ o contorno litto ra n e o dessas terras, a que davam con­
fiantes na m agnitude de seus destinos conseguem figu raçã o insular.
ter. Não se te ria detido o C apitão-m ór em busca
As causas determ inantes dessa grandeza e a fo r­ de re fu g io e desembarcadouro, s i já não tivesse pre-
ça dos elementos que dila taram ta nto os confins do sentim ento bem fo rte das possibilidades de explo­
Brasil merecem, portanto, algum estudo. ração fructuo sa por ahi.
A conquista e exploração das terras brasileiras A cerca dc dez léguas dessa foz, a esquadra al­
fo i, sem duvida, a m aior empresa que coube aos cançou um ab rig o, a que se acolheram log o seus na­
portuguezes realisarem, mas não bastaria to da a sua vios menores. A ffon so Lopes, p o r ser «homem vivo
notável audacia pertinaz, para levar a fe liz te rm o tão e de stro para isso» teve, então, ordem de ir a remo
grande fe ito . por esse p o rto a dentro, a sondal-o cautelosamente
O exp lorad or assignalava os lim ite s da conquis­e, quando de volta, já no ite fechada, elle apresentou
ta singelam ente, p o r cruzetas incuzas na' rocha tosca ao C apitão-m ór dous indigenas, certamente Pedr’ A l-
c nos vetustos cortices da m a tta ria ou p o r mostras vares, com to dos os seus, ficou bem sorpreso e des­
um pouco m ais patentes de desvirginam ento das ter­ crente da fo rtu n a que a calm aria pôdre das costas
ras conquistadas; era pouco para m arcar os confins africanas parecia' te r-lhe assegurado, ao achar essas
de tão vasto te rrito rio e de configuração ainda m ui­ terras.
to incerta. N o m axim o, fixava um ponto, o extre­ A nudez dos indigenas, o menosprezo que esses
m o de uma exploração line ar. M a io r fosse o numero dous jovens selvicolas mostravam p o r joia s e pedra­
desses pontos e ainda não seriam bastantes para rias raras ao disputar, indifferentem ente, a ljô fares e
desenhar o pe rim e tro das posses portuguezas n o con­ gorras de lã, m im os de ouro de le i e alcatifas, pa­
tinente. tentearam lo g o a to da a' gente da esquadra a indigên­
H ouve, na verdade, elementos estranhos e m ul­ cia do s itio , de todas aquellas terras, incultas e po ­
tip lo s que fa c ilita ra m m uito a conservação dessas pos­ bres de m ais para seduzirem quem ia despachado para
ses e o m a io r delles fo i o menosprezo de tã o gran­ o re in o de C alicut.
de blo co te rr ito r ia l por quantos aventureiros de Cas­ Um raio de esperança cubiçosa ainda veio, no
te lla faziam , avidamente, a descoberta e a explora­ emtanto, a b rilh a r nos ólhos daquella gente, quando
ção das regiões em torno. os indigenas deram mostras dc conhecer o m eta l do
As condições rudim entares de viv e r do auto­ custoso c o lla r de ou ro de le i de Pedr’ Alvares e o
chtone do Brasil, em c on fron to com a c u ltu ra e r i­ das arandelas e do candelabro de prata m artelada da
queza de ou tros povos do continente, que já eram praça d ’armas da nau capitanea.
boa preza dos hespanhoes, ora tornaram defezas, ora Sorrisos de satisfação alegraram toda a compa­
desdenháveis as terras centraes da America m eridional. nhia e lo g o os homens da tripulação, m ais hábeis em
m im ica, trataram de o b te r dos dous selvicolas alguma
confirmação de que nessas terras havia daquelles ricos
metaes. E, então, ou tivessem os indigenas entendido
C ontactos passageiros com a costa do B rasil não m al to da a m im ica da' gente d c bordo ou essa inter­
tinham despertado o interesse do fe liz «achamento» pretado erradamente a resposta' dos dous jovens, o
de C ab ra l, que, tomando posse do solo que pisava, certo é que todos chegaram á confortadora conclusão
deu lo g o á gente de sua nação o d ire ito exclusivo de de que havia naquellas paragens o u ro e prata, em
exp lorar essas paragens. natureza ainda ou em obra, mas avaramente escondida.

o o o o o o 7 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENT ERÁRIO DA

N o dia seguinte, Pedr’ Alvares apressou-se em des­ o po nto de convergência de todas as empresas de
pachar N icoláo C oe lho e Bartolomeu D ias, com Pero exploração, que partiam da costa ao sul do mar
Vaz, a escoltarem os dous indigenas, que cllc s dei­ das A n tilha s c desciam á fe ição da cordilheira.
xariam na praia, cercados de presentes bem vistosos e O s mappas da época deformavam m uito o con­
em companhia de A ffon s o Coelho, um dos degrada­ tine nte sul n o sentido transversal, afastando exaggc-
dos da esquadra, escolhido para fic a r em terra, a radamente o litto r a l do Brasil das terras altas do Pa­
aprender a lin g u a do paiz e desvendar, cm fim , o cifico. Era de desanimar os mais a-udazes aventurei­
m ysterio das riquezas daquclle solo, que, então, já ros um a penetração até ás regiões incaicas, a par­
parecia prenhe de sorpresas seduetoras. t i r da costa do Atlantico.
O s dous sclvicolas tinham , sem querer, desper­
ta do naquelles homens, tão anciosos por alcançar a
reg iã o fascinante da costa de M d a b a r, o desejo de
se apossarem das terras achadas c emprchenderem O u tro factor, iguahncnte fo rtu ito , do delinea­
lo g o alguma exploração, que lhes revelasse o real m ento das te rras do Brasil com ta l am plitude f o i o
va lo r dessas posses. desejo, que o castelhano ainda m antinha, de encon­
Andavam to do s achar provas de que havia ouro trar, para o lado do occidente, ca1nin ho para as re­
e outras riquezas naqtiellas incultas paragens. m otas índias, cada vez mais fascinantes.
O A lm ira nte mandou, então, A ffon s o C oelho O estorvo das terras da America leva o navega­
acompanhar, de novo, os indigenas, mas esse volto u d o r de Hcspanha a exp lorar r.s costas do sul do con­
lo g o , dizendo te r ido ate umas «choupaninhas de rama tine nte, abaixo do ponto e.n que a linha de T o rd e sil-
verde . N o dia seguinte, teve ordem de internar-se, las marcava o extremo da's posses portuguezas. E lle
com mais dous degradados, e D iog o Dias <por ser tem esperança de achar por chi cam inho aberto para
homem ledo» com quem os indigenas n iq ito folgavam. o O riente. C então que S olis vem a descobrir o es­
Andaram esses bem legua c meia. até alcançar tu á rio d o Prata, que C h ris to v io Jacques, a serviço
um aldeamento, mas nem ahi encontraram vestigio de P o rtug al, alcança mezes ;.'pús, a vele jar para o sul
de qualquer m etal. com o mesmo proposito.
<N ella até agora não pudemos saber que haja Dez annos depois, em 1526, Cabot sobe por
ouro. ou prata, nem nenhuma cousa de m etal, nem ahi, chega á faz do U ruguay c manda Ramon g a l­
de fe rro lhe vim os . P e ro Vaz particip ou , então, a gar o rio , mas seu companheiro lo g o naufraga no
E l Rey e nessa desoladora duvida ficou toda a gente S alto Grande. Cahot prosegue até á foz do Cavca-
de C abral até a partida. ranha, erg ue ahi um fo rte c vae além, passa a con­
Além dos degradados escolhidos para fic a r em fluê ncia do Paraguay. Na volta, sobe mais de trin ta
te rra, mais dous homens da esquadra ahi ficaram léguas o Paraguay, alcançando as paragens on le está
também, mas por querer. A cubiça levara-os, talvez, Assumpção. Tratara bem os indigenas c começa a
a internarem-se de mais a procura das riquezas do
te r noticias de algum ou ro e m uita prata lá para
paiz. Quando voltaram á praia, já ia longe a esqua­
as bandas do norte.
dra e ahi encontraram, a chorar, os dous degradados.
O estuário não é o caminho das índias, mas ahi
Nem se sabe o nome desses audazes, os p r i nei-
chegam aguas de rios caudalosos que vem de cima,
ros exploradores das terras do Brasil. Ambos mere­
ta lvez do re ino dos Incas, que o aventureiro hespa-
cem que se relembre, ao menos, a prim azia de sua nh ol ainda procura anciosa'.ncntc.
A marcha dos exploradores de P ortugal e H cs­
panha começa, então, a orientar-se no continente sul.
C hristovão Jacques, partindo de Todos os San­
tos, ergue um fo rte a 40 léguas n o inte rio r d o paiz.
D M anuel apressou-se em p a rticip ar esse fe liz M u ito m ais para o sul, Ramalho, com alguns com­
«adiamento» e, log o no anno seguinte, mandou ex­ panheiros, já tinh a conseguido fazer lig a e cruza­
pedição ás novas terras, mas seu in tu ito fo i m ais de mento com os indigenas c internar-se.
firm a r titu lo s de posse, que de ex p lo ra r a conquista. Uns, procuram estender assim suas posses para
O successo não fô ra de a lvo ro ta r os cubiçososo occidente; outros, tentam dilatal-as seguindo a l i ­
audazes do Reino, já então indifferentes ao descobri­ nha da c ordilheira. O hespanhol do estuário sobe
m ento de ilhas incultas pelo oceano a fóra c mais os cursos d ’agua de nascente mais s e p te n tr io n i; o
empenhados na obtenção ou na pilhagem provável d o equador segue para o sul. Ambos orien ta m suas
de certas mercancias de boa vendagem na rota do marchas para Cuzco, situada num recesso dos Andes
O estado p rim itiv o de todos os povos do Bra­
Dessa prim eira expedição só dous homens fo ­ s il continua a ser prova bastante da penúria de suas
ram em te rra. O C apitão esperou-os sete dia s ; ne­ terras e, assim, um fa ctor da in v io la bilida de do nu­
nhum voltou. cleo te rrito ria l do continente sul.
A segunda, que v eio dous annos depois, parece
que cuidou mais de percorrer a linha de con to rn o ma­
r itim o da «ilha» achada por Pedr’ Alvares, para ga l­
g a r a Asia pe lo sul.
Riquezas fabulosas levavam ás ín dias o portu- Em 1535, chega Mendoza á banda m eridional
guez: ao g o lfo do M exico ou á costa de mais fácil do estuário c fu nda Buenos Aires, mas, atacado pe­
accesso para a região de Cuzco, o castelhano. los indigenas, abandona o s itio e passa a chefia da
A situação geographica da capital dos Incas era expedição a Ayola, que vae rio acima'.

o o o o o o 8 o o o o
Adriano Ramos Pinto & Irmão, L.da — Porto.
INDEPENOENC/A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ü s irmãos dc Mendoza vêm, então, a procura G uiado p o r dous frades e alguns homens de
de provim entos na costa sul do Brasil c recolhem, Cabrera, Cabesa dc Va-ca, em m archa para Assum­
em Santa C atharina, alguns castelhanos de Cabot, pção, atravessa o Itaja-liy, alcança o Iguassú, transpõe
que os portuguezes já tinham corrido dos arredores o T ib a g y e seu afflue nte T aquary, mas volta para o
dc S. Vicente. Iguassú e por ah i segue até alca-nçar o Paraná. Tem
Proseguem para o n o rte as explorações dos cas­ frequentes noticias da passagem de portuguezes por
telhanos, em busca das terras do P e rii e da gente aqucllas regiões e aproveita a sua trilh a . Dahi segue
de P iza rro e A hnagro. por terra, depois de to m a r posse do rio para a
O curso do Paraguay era a via de communica- corôa de seu reino.
ção indicada para qualquer expedição, que iria , assim, Essas marchas este-oeste vão traça-ndo a linha
do sul m uito ao norte, até onde os info rm e s diziam septentrional das posses de C astella na- região per­
estar perto, do lado occidental, a opulenta1 capital corrida.
dos Incas.
A yo la, então, sobe o Paraná e con tinu a pelo Pa­
raguay acim a; alcança a aldeia c a rijó de Lamparé,
na fo z do Pilcom ayo. A fa rtura do pa-iz seduz logo Cabesa de Vaca sobe, por fim , o Pn-raginy c vae
sua gente em penuria. Cada homem tem , de prê­ até perto da fo z do Cuyabá. Tem ahi noticia da
m io , duas m ulheres ind ige na s; o capitão recebe sete. aventura de G arcia, um portuguez que fôra aos con­
f. o paraíso de M ah om et; todos ahi ficam . fin s do Perú m u ito antes dos castelhanos.
A yo la fu nda Assumpção (1536) e, depois, pro- f impreciso e incerto o que se conta desse aven­
segue no Paraguay. D eixa Y rala em C andelaria, no tu re iro , que devia ser da gente de Ramalho. Auda­
I echo dos M orro s, c continua por te rra para o occi­ císsimo exp lorad or, só deixou, no cm tanto, recor­
dente, a procura do cam inho de Cuzco. dações saudosas.
O curso d o Paraguay é, de então p a r deante, A le ix o G arcia, ern companhia de mais cinco ou
o caminho da gente do Prata que tenta- s ub ir até o seis e de um bando dc indigenas aguerridos, te ria
P erii. descido um a fflue nte do Paraná, tran spo sto esse rio
acima do sa lto das Sete Quedas e dahi marchado,
por terra, em busca do curso do Paraguay, ind o até
Antes de Mendoza fu nd ar Buenos Aires, Ordas o valle do T a rija . De v o lta do Perú, carregado de r i­
tentara s ub ir o Amazonas, na esperança de alcançar quezas, c lle e sua gente te ria sido, então, dizimada ao
p o r ah i Cuzco, que P iza rro não ta rd ou a descobrir descer o Paraguay.
p o r terra. Cabesa de Vaca va-e até á região do Xaraycs e
Dez annos depois, O rellana desce o Coca, en­ ahi funda P uerto de los Reyes. D eixa o rumo no ­
tra no Napo e, ba ldo de recursos, aventurasse r io 9bai- roeste de C uzco e manda gente proseguir até onde
xo, chegando, p o r fim , ao estuário d o Amazona-;, E da se dizia haver m uito ou ro c prata.
fabulosa narrativa' desse fe ito a lenda das mulheres Essa gente só consegue, e penosamente, encon­
guerreiras que deram nome ao rio e do Oram M oxo, tra r um povo que já tecia o algodão, fermentava o
E l D orado. T res annos ainda não era-.n passados e m ilh o e que lh e fala , saudoso, de Garcia c seus com­
c lle tenta re p e tir a proesa rio acim?. porém recua panheiros. Até ahi encontra v e s tig io dos portuguezes.
a umas cento e cincoenta léguas do estuário c morre, O Adelantado tenta vara-r a região, indo alguns
ainda em aguas que descem. dos seus até avistar u n piucaro, ta-lvez o de S. Je-
Ayres da C unha e os filh o s de João d? Barros ronymo, na serra da Chapa-da, mas recúa e chega,
já tinham tenta do essa conquista, M e llo da Silva por fim , a Assumpção com os destroços da partida.
tentou-a depois, mas todos foram infelizes. A margem orien ta l do a lto Paraguay nunca seria
A empresa não seduzia castelhanos. O po n to de castelhana.
convergência d c suas exploraçOes continúa a ser a Y rala sobe, então, novamente o rio Paraguay,
reg iã o dos Incas. Os portuguezes tinh am toda a costa mas visando a região opposta e chega ás terras de
do Brasil a e x p lo ra r e a guardar dos entrelopos que Chuquisaca.
a infestavam . O curso d o Amazonas não era via dc Nesse inte rim , outra expedição de Hespanha nau­
penetração que conviesse, então, a qualquer dclles. fraga cm Santa C alharina, mas só em 1554, dous
annos depois, a m ór parte de sua gente segue por
terra para Assumpção.
Accentua-se a lin h a in fe rio r do bloco te rrito ­
Um anno antes de O rellan a descer o Amazonas, ria l do Brasil entre os rio s Paraná e Paraguay. Essas
Cabesa d c Vaca parte de Hespanha para proseguir penetrações visam sempre a cidade funda-da por Ayola
nas empresas dc Mendoza e Ayo la, mas, p o r impe­ perto do Pilcomayo.
rícia dos mareantes ou astúcia do Adelantado, a rri­
ba a Santa C atharina, o extrem o m e rid io n a l das pos­
ses portuguezas, segundo a linha de T o rde silla s.
Já tres annos antes Cabrera da hi p a rtira por Y rala vo lta de Chuquisaca e resolve extender
te rra para as margens do Paraguay. Rezam as chro­ suas posses para o oriente. Sob o pretexto de p~otc-
nicas que e lle fô ra . também, forçado « isso. M ais g e r seus indigenas da aggressáo dos brasileiros, V e r­
parece que, nessas penetrações, os hespanhoes só pro­ gara fu nda Ontiveros, que veio a cha‘.nar-se Ouayra,
curam encurtar cam inho para- a via flu v ia l que os leve á margem do Paraná. M ais taTde, M elga rejo transfe­
re-a para a margem opposta, tres léguas acima, per-

o o o o 9 o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORAT IVO DO CENTENARIO DA

to da fo z do P e qu iry, e m ud a-lhe o nome para não se confundem . A continuidade dessa reunião por
C iudad Real. Y ra la mandara Chaves colonisar a re­ o ite nta annos veio. até, a fa c ilita r a expansão te r­
giã o do Xarayes, m u ito ao no rte, r io acima, mas r ito r ia l dos povos do Brasil.
esse resolve m archar para noroeste e vem a fundar Logo no prim e iro decennio do século, Jeronym o
Santa C ruz de la S ie rra, umas cincoenta léguas ao de Albuquerque fo rtifica -se na fo z do Camocim e,
depois, expulsa de S. Lu iz os francczes; C aldeira se­
sul da actual.
O curso d o Paraguay não convém aos castelha­ gue e fu nda, em 1616, Belcm do Pará.
nos acima da lagoa' Uberaba e p o r essa linha de Sete annos depois, Aranha de Vasconcellos e xp lo ­
aguas fica, desde então, d e lim ita do , pouco mais ou ra o curso do Amazonas e varre as fe itorias inglezas
menos, o d o m in io te rr ito r ia l dos portuguczes na re­ e hollandezas, já então pe lo estuário a de ntro até
giã o de M atto-O rosso. G uriipá.
hm quanto se desenha assim a linha septentrio­
nal das posses portuguezas, o serviço de catechese
vac-se organisando no sul, de modo a ca'racterisar
A fabulosa riqueza do Peru, qu e os castelhanos as terras dos dous reinos, que continuam , no cm-
procuram sem pre e avidam ente, veio, por fim , a des­ ta nto, sob um mesmo sceptro.
pertar a cubiça da ge nte do Brasil. Jesuítas do Perii e do Brasil vão trabalhar, mas
A empresa de G arcia, ao internar-se para alcan­ uota-se lo g o o inconveniente de reunirem -se m issio­
çar, por terra, o re ino dos Incas, c tentada p o r G a­ nário s obedecendo a dous Provinciacs. D os cinco do
b rie l Soares, que sobe o S. Francisco e vara o con­ B rasil só fic a o portuguez O rte ga , que segue para a
tinente ate a pro vin cia de Charcas. Pero C oe lho tam ­ região do Guayra. Essas missões de catechese são
bém tenta depois, duas vezes, alcançar essas terras nômades. C onvinha que obedecessem a um mesmo
pelo Amazonas acima, mas nada consegue. chefe. As te rras ao orie n te do Paraguay e á m ar­
E não cessam as internações, que vão dilatando, gem s eptentrional do Prata passam, então, a ser de­
a pouco e pouco, as posses portuguezas, cm quanto pendentes do P rovin cial do Brasil. A resolução é
os castelhanos, fascinados pela- op ulê ncia do Perú, combatida. Estende até o estuário a jurisdicção de
procuram as terras ao lon go d a cord ilh eira, de i­ uma autoridade subordinada a P o rtug al.
xando, assim, a mercê dos portuguczes o nucleo e Os m issionários continuam , no em tanto, e sobem
as regiões m ais o ricntacs do continente sul. o Paranapanema, fu ndam Loreto , pouco acima da
Apczar de P o rtu g a l já estar lig a d o á Hespanha fo z do Pira pó, onde encontram catechumenos do por­
desde 1580, as conquistas da ge nte dos dous reinos tuguez O rte ga , c pa lm ilha m umas cem léguas em to r­

o o o o o

n »

ci O o o 10 o o o
IN D E PE'NDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

no üo aldeam ento. Fundam a «reducção» de S. Ig na- As grandes e prosperas reducções de L o reto e


cio-Quassú, a jusante da corredeira desse nome no S. Ignacio são destruídas e, também, as ou tras treze
Paranapancma e mais onze pouco depois, que vie­ ahi perto.
ram a c o n s titu ir as pro vin cias jesuítas d e T a ia ó b a Ê então que os paulistas atacam e destroem Ciu­
c T aia tú. dad Real e V illa Rica, as duas posses castelhanas mais
orientaes da região do Paraná. Continuam essas ba­
tidas. Xercs e povoações menores são atacadas e a
gente de Hespanha é expulsa do a lto Paraná c da
Só em 1621 o O o verno de M a d rid eleva a Es­ m argem orie n ta l do U ru gu ay, mas nem assim as au­
ta do as conquistas do M aran hã o e d o Pará, sepa­ to rid ad es do Prata vêm cm soccorro dos jesuítas,
rando-as d o O o verno G e ra l do Brasil, que não as que se passam, então, para o entre-rios Pavaná-Uru-
pode ria soccorrer, por estar longe demais. guay. Po rtug al ainda estava liga do á H espanha; não
Pouco depois, chegam a Belém dous frades c havia invasores estrangeiros a re p e llir e a anim osi­
a lg un s soldados castelhanos, que acabavam de re­ dade contra os m issionários da Com panhia não era
p e tir a proesa de O rellan a. Essa aventura e a c ir­ m enor entre castelhanos.
cum standa dos dous reino s ibéricos estarem, ainda, L o go depois separam-se, de novo, os dous rei­
u n id o s fa c ilita ra m o p ro je c to de se estabelecer pelo nos. O alto-Paraná e a m argem orien ta l do U ruguay
Amazonas uma via de communicação entre o G overno já pertencem ao Brasil.
de Lim a e o de M ad rid , para o transporte rap id o e
seguro das riquezas enthcsouradas no Perú.
T e ix e ira p a rte em O u tu b ro de 1637, precedido
de Bento R odrigues de O liv e ira , um b ra s ile iro afeito
a viagens em canôa, conhecedor da ling ua tu p y e O tratado de paz que os dous reinos vieram a
bem q u is to dos naturaes d o paiz. Em Julho seguinte, fin n a r quarenta e o ito annos depois de sc separarem,
chega á fo z do Ahuarico, no Napo, deixa abi parte nem cuidou da delim itação de suas posses na Ame-
de sua gente e vae até Pay am ino, dahi continuando
p o r te rra até alcançar Q u ito , onde é recebido fes­ O s portuguezes extendiam seus dom ínios desde
tivam ente. o Oyapoc até á margem septentrional do Prata, on­
D e v olta , T e ix e ira procura seus com panheiros de o G overno de Lisbòa mandou, uns dez annos de­
d o A h ua rico , mas pela reg iã o do Coca, o u tro a fflu e n ­ pois, fundar uma colo nia fo rtific a d a , de fron te de Bue­
te do N apo, e ah i fica, nessa confluência', alguns Ine­ nos-Aires, mas a gente armada dos jesuítas lo g o ex­
zes, depois de to m a r posse solennc das terras para pulsa dahi as tropas lusitanas. Os dous governos, no
a coroa de P o rtu g a l, apezar dos dous reinos esta em tanto, firm a m , lo g o em 1681, um tra ta d o provi­
rem unidos. Em D ezem bro de 1639 chega a Be­ sional, re s titu in d o a colo nia a Portuga! e subm ettendo
lém . O s info rm e s que tra z sobre a região septen­ a pendencia a accôrdo ou arbitram ento.
trio n a l d o Amazonas ainda- são fabulosos. O s paulistas já preferiam , então, o cam inho das
regiões auriferas d o in te rio r do paiz. Seguiam a t r i ­
lha de ou tros bandeirantes o u abriam novas. A qua­
renta annos passados, Raposo tinha varado o con ti­
nente até os arredores de Q u ito — a proesa de A le i-
E m fim , a diocese do Paraguay separa-se da do xo G arcia — c descido o Amazonas até G urupá — a
Prata, te nd o p o r lim ite s o curso do Paraná. A ju - aventura de O rellana.
risdicção da diocese de Buenos-Aires extende-se, en­ A sorte da C o lo n ia pouco interessava a' essa gen­
tão, no e n tre -rio s Paraná-U ruguay até ata posses por- te. Em S. Vicente cunhava-se ou ro e havia fa rtu ra .
tuguezas. Desenha-se o te rr ito r io das Missões. A b aixo , ficava Cananéa, uma aldeola, e Santa C atha-
Rechaçados no a lto U ru gu ay, os jesuítas tentam rin a, um rancho. D ahi para o sul, não havia estabele­
fazer cam inho para o oceano, subindo o Ibieuhy e cim entos portuguezes ua costa até a C olo nia, em
in d o até o Jacuhy, que corre para a lagôa dos Pa­ pleno Rio da Prata.
tos, mas começa a re b e lliã o contra os m issionários
da C om panhia, que abandonam algum as reducções,
para lo g o fu n d a r outras além . A s auto ridades do Pra­
ta invejam a prosperidade dos nucleos de catechese,
que fazem vida a parte, um estado jesuíta no estado A linha de oontorno do Brasil na região amazô­
castelhano. nica desenha-se com m ais rig or.
O paulista, descendente de Ram alho e seus com­ Pinzon, em 1500, descobre o M a r Dulce, como
panheiros, não tole ra, ta mbém , essas reducções. M u i­ chamou ao estuário do Amazonas. D ous annos de­
tas ficam em terras suas p o r le g itim a conquista e pois, o portuguez João C oe lho ahi vae p o r ordem
to das acolhem os indigenas egressos de suas povoa­ d ’ E l Rey, e x p lo ra r a região. João Lisboa, D io g o R i­
ções e fazendas. b e iro e Fernão Fróes perseveram nessas explorações
O m am eluco fo ge ao contacto da gente que vem e, em 1536, os portuguezes fundam a colonia de N a­
do R eino, para dicta r le is e regras contrarias ao seu zareth, na ilh a do M aranhão, que, aliás, abandonam
viver. Interna-se e alcança log o as v in te e um a re- dous annos depois, escurraçados pelos indigenas.
ducçôes jesuítas da reg iã o do Paraná. A n to n io Ra­ O rellana, em 1541, descera o Amazonas até a
poso commanda a expedição que du rou nove mezes foz, mas levado pela correnteza. Quando, em 1544,
e vem a repetir-sc. tenta s ub ir o rio , procura p ilo to s portuguezes, p o r

o o o O 11 o o o o o o
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

serem os unicos conhecedores da região, e traz O il


Gomes nessa desafortunada empresa.
Logo uns dous annos após, M e llo e S ilva ex­
plo ra o Amazonas in fe r io r e tem, como prêm io, o O u tro tratad o dc Utrecht, o de paz com a Hes-
governo d o Pará, mas é in fe liz nas duas expedições panha, cm 1715, restitu irá a P ortugal a C olonia,
que tenta depois. que os castelhanos cuidaram lo g o de red uzir ás ter­
ras circum jacentes. Para isso, fundam M ontevidéo,
Só em 1580. is to é, quando se reuniam os dous num p o rto que os portuguezes acabavam de aban­
reines ibcricos, aventuram-se francezes a e x p lo ra r a donar. Rompem, assim, a linha de contorno litto ra -
costa d o n o rte e. em seguida, inglczcs também. A neo das posses portuguezas m u ito aquem da C olonia.
de lira nte novella de R alegh sobre o Gram M oxo, A gente da Laguna, ao sul do Brasil, continua
El D orado, á im itação das do Am adis de Gaula e do a descer pela costa c chega ao Jacuhy. Ensaia inter-
Palm erim de In glaterra , leva o s inglezes á brreia do nar-se, cm quanto a do in te rio r procura, na trilh a
Grenoco. cm busca do le n d á rio Im pe rio da Guyana. de Raposo, um cantinho para a1 C olo nia e chega aos
N o começo do século X V II chegam francezes a campos da Vacearia em 1736.
Cayena L o go depois tentam fundar uma colonia na Nesse anuo os portuguezes rep ellc n dos a rre -lo­
margem s eptentrional d o ü y a po c. Por esse te mpo res da C o lo n ia os castelhanos e começam a fo rtific a r
já os hollandezes tinham , á margem do X in g ií, os a costa do R io Grande até a região d o C huy. No
fo rtes de Grange c de Nassau c fe ito ria s c postos anuo seguinte, os dois reinas procuram resolver du­
fo rtific a d o s na m argem sep te ntrion al do Amazonas, vidas numa convenção, que determ ina a cessação das
em fre n te a ü u ru p á , on de inglezes e irlandezes p ro ­ hostilidades na America.
curam então estabelecer-se. O T rata do de 1750 liq u id a essa pendência te rr i­
Antes de fu nd ar S. Luiz, em 1612, La Ravar- to ria l, cedendo Portugal á Hcspanha as terras da
diè re tentara apossar-se das terras d o Amazonas para C olo nia, em troca dos sete povos das missões orien -
o n o rte ; empenhava-se cm nova tentativa quando Je- taes do r io U ruguay.
rr.nym o de Albuquerque o expulsa do Maranhão. A fro n te ira parte de C astilhos Grande, salvan­
E então que C ald e ira vae occupar o Ama'zonas do, assim, as fortificações portuguezas abaixo do
e as te rras do cabo N orte , funda Belcui, em 1616, C huy, procura a linha mais alta do d iv is o r de aguas
c continuam oa portuguezes a disputar a posse da entre o Prata e a costa d o R io Gra'.ide até as cabe­
ainazonia. ceiras do R io N egro, alcança a' nascente p rincip al
A secular pretenção hespanhola sobre a mavgem do Ib icu hy e desce p o r esse até o U ru gu ay. Segue p >r
d ire ita d o rio -m a r desapparecera- quasi cm trin ta c esse r io acima, até o P e qu iri, p o r onde con tim ia até
tantos annos de união ibérica. O governo de M a ­ a nascente prin c ip a l. D ahi passa, pelo mais a lto do
d rid resolve até, em 1621, colonisar a costa e fo r­ terrena, a procura das cabeeeira's mais próxim as de
tific a r os rios desde o Amazonas até Cayena, mas um a fflue nte d.) Iguassú. Aguas abaixo, alcança o
«aunque esta conquista es de la C oron a de C a s tilla Ig u js s ú , desce p o r esse até a fo z no Pars.iá, que
se p o d ria encomendar a la de Po rtug al p o r ven ir- pei corre, a s ub ir, até a fo z do Igurey.
les mas a quenta». E a linh a de fro n te ira sobe até o extre m o nor­
Desenha-se a Guyana Brasileira. A gente do Pará deste das posses de Hespanha na guyana. O tratad o
lu ta dez annos a to m a r fortifica çõe s inglezas e ho l- não consegue, no emtanto, agradar e é asperamente
landezas da região e a levantar outras. com batido.
Na reg iã o do Prata, a p a rtilh a das terras entre
Em 1637, as terras d o cabo N orte, is to é, do os dous reinos ficava, desde então, de fin itiva m cn ic
Amazonas ao Vicente Pinçon, passam a capitania, an- fixad a desde a fo z do Ibicuhy, no U ru gu ay até a do
nexada ao Brasil. Iguassú, no Paraná.
T re s annos depois, separam-se, de novo, os dous Lo go no anno seguinte firm aram -se seis actos,
reinos ibéricos. A o no rte, o in icio da linha de con­ preparatórios da demarcação, mas a gente dos sete
to rn o das terras bra sile ira s já é a fo z do Oyapoc ou povos das missões do U ruguay, que devia, em v ir ­
Vicente Pinçon. tude do tratad o, abandonar suas terras, entregues a
A gente do Pará continúa e sobe o r io N egro, P ortugal em troca da C olonia, rom pe lo g o em lula
o Jary, o A raguary e ou tros, a exp lorar e estabele­ contra os dcmarcadorcs.
cer-se na guyana b ra sile ira . Hollandezes e inglezes Essa gente defende desesperadamente suas pos­
disputam aos francezes a região de Cayena. Os p o r­ ses; não qu er ceder as terras em seu poder e que
tuguezes defendem suas posses ao sul do Oyapoc. tanto beneficiou, creando ahi um a p re c iiv e l nucleo
A o fin d a r o século, um tratado p ro visio na l en­ de civilisação, mas portuguezes e castelhanos ainda
tre Po rtug al e a França tra ta de regular a p a rtilh a se obstinam em destruir, no sul, a ob ra je su ila e
dessas terras. succedem-se os ataques a essa gente, que se bate
P o r fim , o T rata do dc U trecht, cm 1713, esta­ com heroísm o, sob as ordens dc um grande chefe in­
belece de finitiva m e nte essa partilh a ao lo n g o do dígena, T iaraiú .
Oyapoc. O tratad o do Pardo veio, cm 1761, a n n u lla r o
D uas questões ainda surgiram sobre esses l i ­ de lim ite s, firm a do onze annos antes e que desagra­
m ites : a pesquisa do verdadeiro Oyapoc c a d e fin i­ dara tanto.
ção da fro n te ira in te rio r da guyana'. Ambas só fo ­ Lo go em 1763, Po rtug al que estava em lu ta na
ram liquidadas, e favoravelm ente para o Brasil, quasi península c no sul da Am erica, faz aeto de accessão
duzentos annos depois. aos artig os prelim inares do Trata-Jo dc paz entre

o o o o o o 12 o o o o
CASA CONTEV1LLE — Rio de Janeiro.
W DEPENDENCIA l>A EXPOSIÇÃO INTERS ACIONAI.

França, Grã-Bretanha e Hespanha. Esse tratado re­ As lutas que se seguiram, p o r m uito s annos ain­
vigora o de Pardo; a partilha volta a ser regulada da, occasionando frequentes invasões, fo ra m lim ita n ­
pelo Tratado de Utrecht.
do, ao sul, as terras brasileiras pela m argem septen­
Os comniissarios de Hespanha apressa.ii-sc cm trion al do Quarahim c do Jaguarão, que offcrcciani
restituir a Colonia aos de Portugal, mas os castelha­ m elhor defeza aos povos do R io Grande.
nos, que tinham, durante a guerra entre os dous rei­ A sorte nessas lutas fo i varia. O Esta-do C ispla-
nos. subido até a lagôa dos Patos, reduzem ao mi­ tin o esteve reunido ao B rasil durante sete annos.
nimo as restituições, sem respeitar o ante bellum N o acto de incorporação, em 1821, fo i declarado que
estabelecido pelo tratado. esses rio s caracterisariam a fro n te ira e com o ta l eram
Portugal contemporisa, mas continua a luta no considerados desde o começo da revolução.
sul. Vcrtiz, governador de Buenos Aires, vem em au­
x ilio dos seus, que procuram manter-se no Rio Gran­
de Os portiiguezes atacam, mas com fortuna incer­
ta. Tomam, por fim, a região fortificada do Rio Gran­
de, marcham para o norte, desalojam os castelhanos
d» forte de Santa Tecla e abrem caminho para os O Tratado de 1750 tinh a traçado os confins das
famosos sete povos das missões do rio Uruguay. posses portuguezas desde a fo z do Ih icu hy, no U ru ­
O governo de Madrid acode á sua gente do es­ guay, até o extrem o n o rte das posses hespanholas,
tuário creando então o Vice-Rcinado de Buenos Ai­ na guyana brasileira. O de 1777 manteve-os da foz
res c dando-o a Ceballos, que logo parte com uma do P e piry para cima. O de 1801 annullou-os, mas
duzia de navios de guerra e uns 0.000 homens de o traçado geral da linha lim itnophe, segundo o T r a ­
desembarque em mais de cem transportes, rumo de tado de 1750, veio a sub sistir com algum as in fle ­
Santa Catharina, onde Cabrera, Cabcsa de Vaca e xões, que procuraram, também , resp eita r as conquis­
tantos outros castelhanos tinham arribado, a pro­ tas dos dous reinos no continente, separando-as pe­
cura do caminho de Assumpção, havia mais de dous las vias de penetração m ais frequenta-das e que já
marcavam os confins das terras que a gente do Bra­
O excessivo poder m ilita r da expedição reduz sil pretendia.
a conquista da ilh a a' uma sim ples occupaçâo. C ebal­ Durante a lu ta que precedeu o T rata do de S.
los segue para o sul, a to m a r as posições fo rtific a ­ Ildcfonso, essa gente tinha-se fo rtific a d o no a lto Pa­
das das costas portuguezas entre C astilhos Grande, raguay, no Guaporé e e.n ou tros pontos da linha f i ­
extre m o m eridional da linha de fro n te ira segundo o xada em 1750.
tratad o de 1750, e, para o norte, a barra do Chuy. N o anno an te rio r ao T rata do de 1750, M atto-
tuas o s ventos levam-no m ais para1 o sul e elle vae Grosso fô ra elevado a c ap itan ia; os paulistas tinham
atacar a C olonia, que é, p o r fim , arrazada b ru ta l- ahi fundado Cuyabá, em 1726.
mente. A linha desse tratado veio a s o ffre r, na1 região
A paz entre os dous reinos dá origem , cm 1777. mais occidental do Brasil, tres in fle xõe s bem sensí­
ao T rata do de S. Ildcfonso, que não passou de pre­ veis, mas todas respeitando o c rité rio da p a rtilh a des­
lim ina r. sas terras segundo as le g itim a s posses de cada lin -
P o r esse tratado, im p osto a Portugal, a lin h a de deiro.
fro n te ira traçada em 1750 permaneceria desde o ex­ A prim eira fo i na passagem do curso do Pava-
trem o norte ate a fo z do Pepiri-guassú, na margem guay para o do Guaporé, em que a lin h a teve de
d ire ita do U ruguay. D ahi pa ra o sul, a linh a de fro n ­ procurar a nascente do Verde e de descer p o r esse até
te ira seguiria terras altas, deixando á Hespanha o o Guaporé, para liv ra r, entre outras, as rondas por-
rio U ruguay e toda a sua grande bacia, alcançaria tuguezas de Cacimba c Ramada.
o n o rte da lagôa M irim , cujas aguas ficariam a Por­ A segunda — a m a io r — fo i entre o M adeira
tu ga l, c iria até á fo z do d u ty . e o Javary, que eram liga do s p o r um a linha se­
A gente d j B rasil perderia, assim, os sete p o ­ gundo o p a ra lle lo de utn ponto equidistante da con­
vos das Missões, toda a bacia' do U ruguay, abaixo fluência do M am oré com o G uaporé e do M adeira
do P cq u iri, e todas as terras do C huy para o sul. com o Amazonas.
inclusive a C olonia. Essa linha fo i, p rim eiro , deslocada para baixo,
Apczar disso, tiveram lo g o in icio os trabalhos conservando-se recta e pa rtind o da confluência do
de demarcação, mas raram ente os comniissarios conse­ B n ii no M am oré para a nascente do Javary. Rceen-
guiram estar de accordo. temente, essa lin h a fo i m odificada, também para sal­
var posses brasileiras. Subiu para a confluência do
Nesse inte rim , a p o litic a européa arrasta, de no­ M adeira com o Abunan. continua p o r esse até a
vo, P ortugal a uma luta , que fo i rematada pe lo Tra­ nascente e, sempre para sudoeste, procura a nascen­
tado de Badajoz. Esse acto annulla o p ro v is o rio de te princip al do arroyo Bahia, sobe p o r esse até o
1777, pois mantém os portuguezes em suas posses Acre, p o r onde continua para o occidente até as nas­
que, então, abrangiam os sete povos das Missões, a centes e dahi sobe, procurando alcançar, a noroeste,
margem esquerda do U ru gu ay c as terras do Jagua- a nascente do Javary.
rão tomadas durante a guerra1. A terceira in fle xão sensível que a linh a de 1750
O Tratado de S. Ild c fo n s o desenhara, no emtan- soffreu fo i m otivada p o r uma p a rtilh a am igavel de
to, o extrem o m eridion al dos confins te rrito ria e s do terras, pois seria excessivamente vantajosa para o
Brasil pelas aguas do C hu y e da lagôa M irim e dahi B rasil essa divisão segundo as le g itim a s posses.
nunca mais desceram. Em 1802, o Vice-Reinado de Lim a tinh a ganho

o o o o o o 13 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO

as Missões de Maynas, que abrangiam as terras en­ E, assim, os confins te rrito ria e s do Brasil fo ­
tre o Japurá e o Amazonas. Q u aiido o Peru, em ram-se desenhando sempre, segundo legitim as pos­
1851, firm o u lim ite s com o Brasil, fo i liga da a foz ses. provindas de explorações e conquistas, p rinci-
do Javary, no Amazona's, á do A paporis, no Japurá, palm entc depois do T ra ta d o de 1750, que, prim eiro ,
p o r uma recta e abandonada, assim, a linh a de 1750, teve o objectivo de isola r o nucleo te rrito ria l das
que contornava as terra's ao orien te dessa linha geo­ posses portuguezas, descrevendo-lhe o perim etro, mas,
désica, entre o Amazonas e o Japurá. na verdade, a vastidão quasi intransponível das te r­
A linha desse tratado subia o Japurá e passava ras desse nucleo fo i a m ais fo rm idá vel garantia da
para ou tros rio s no rumo do norte, até o alto das grandeza te rrito ria l do Brasil.
terras que separam as aguas do O renoco das do
Amazonas e p o r ahi além. Setembro dc 1922.
Tratados e laudos arb itra es de finiram , depois,
essa região, procurando, sem pre, defender a in te g ri­
dade te rrito ria l da guyana brasileira. M ario de V asconcei.los .

o o o o o o 14 o o o o o o
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'121,Rua Cândido dos Reis .131
PORTO

MARQUES PINTO & C.> L," — Porto.


N O T IC IA H IS T O R IC A

O R A M os portugueses quo crearam no Esse mesmo capitão (André Gonçalves ou Gas­


século X V as grandes navegações mo­ par de Lem os) levou ao soberano mais duas car­
dernas. A té princípios do re fe rid o sé­ ta s: a de Pero Vaz de C am inha, na q u a l se dá logo
culo lim itavam -se os m aritim os a per­ um a descripção da terra descoberta e da g e nte; e a
correr o M editerraneo e os mares da costa enropéa; do mestre Johannes,, dando a situação da supposta
e só de agora em diante é que se vão aventurando ilh a a que se havia chegado.
a penetrar no gra.ide Oceano as expedições que o Para to rn ar m ais precisa a inform ação que dava,
Infante D . H en riq ue systematizou. dizia o physico da armada que num m appa-m undi
Desdobrou-se a acção dos portuguezes, ta nto por que se encontrava lá em Lisboa em poder de P e ro da
toda a extensão do A tla n tic o , n o rte e s u l, como C unha, o Risagudo, poderia o rei ver qual era o «si­
pa rticularm en te pelo litto r a l africano, a procura dc tio da ilh a achada»: o quê está indicando evidentemen-
novo cam inho para chegar ás índias. Emquanto, já te que entre os m aritim os portuguezes já não era
para os fin s daquelle século, buscava C olom bo (o desconhecido quanto acabava de verificar-se.
qual se fize ra e lle p ro prio entre os m arujos portug ue­
zes) os con fins orientaes da Asia navegando sem­ II. E para corrob orar este asserto, vem ainda um
pre a rum o do occidente, continuavam os pio ne iro s o u tro facto. Descoberta a nova terra, cuidou D . M a­
da cruzada m aritim a a in s is tir na solução do seu nuel de tom ar-lhe as proporções, enviando para isso,
problem a pe lo sul. lo g o no anno seguinte, uma expedição de reconheci­
M u ito lon ge de alcançar as índias, descobriu m ento. Essa expedição veio te r v is ta de te rra na
C olo m b o um m undo desconhecido; e veio a caber a ltu ra d o cabo S. R oque; c d a li correu to da a costa
aos portuguezes, ao cabo de quasi um século de te­ até vizinhanças do r io que teve depois o nome de
nacidade e de sacrifícios, a g lo ria de rea liza r o pen­ Solis, e em seguida o de rio da Prata. C om o se
samento daquellas grandes gerações. ha de ex p lic a r semelhante anomalia de te r v in d o essa
Ê como um incidente da obra capital a que se prim eira expedição alcançar te rra a uns 5 graus de
dedicara a dynastia de A v iz que veio a ser o B razil la titu d e , quando sabia que Porto Seguro ficava a
descoberto, em 1500. cerca dc 300 léguas para o sul? Sim : como e xp lical-o
Tinha-se já com pletado o p e rip lo africano c che­ sem reconhecer que os portuguezes não ignoravam a
gado á Asia. Já havia Vasco da Gama sahido do T ejo, existência de m uitas terras para este lado d o A tla n ­
e aportado a C alicut. Era preciso agora fu n d a r no tico?
O rien te o do m in io portuguez. Esses prim eiros visitantes prestaram o grande
E Pedro Alvares C abral que vai inic ia r esse tra serviço dc dar nome a varios accidentes geographicos
balho. da costa, e de v e rific a r que, em vez de um a ilha,
T en do p a rtid o de Lisboa em Março, depois de era o paiz um vasto continente.
alguns dias dc viagem , seguindo as instrucções que Em 1503 vêm novos exploradores; de cujo s es­
trazia, foi-se afastando m u ito da costa da Á fric a , ate fo rços, porém, quasi nada se aproveitou. Lim itaram -se
que a 22 de A b ril se lhe deparou a occidente, desta­ a reconhecer certas bahias, e a ver a te rra quasi sem­
cado de uma linha escura norte-sul, na a ltu ra dc uns pre de longe, sem propriam ente exploral-a.
17 graus, um monte a que se deu o nome dc m onte Parece que taes expedições não deram do paiz
Paschoal. noticias que lisonjeassem as ambições da m etrop ole ;
F undeando numa am pla bahia, que se chamou e D. M anuel, preoccupado com as coisas da India,
Porto Seguro (e que é hoje a de Vera C ruz, ou m al te ria cuidado de fazer guardar por esquadrilhas
Bahia C ab ra l ia) ali desembarcou, c fez celebrar, numa permanentes os mares da costa.
co llin a , á vista do oceano, missa solenne em acção Falleceu, pois, em 1521 o monarcha venturoso
de graças; á qual se seguiu a ceremonia da posse (com o o chamou a his to ria ) sem saber que im p ortâ n­
da te rra em nome da corôa portugueza. cia tin h a para o p a trim o nio da m onarchia a fortuna
Antes dc proseguir na sua derrota para a Asia, de C abral.
fez o a lm ira nte v o lta r para o re ino um dos officiaes Ê D . João I I I ( filh o e successor de D. M a­
da esquadra, incum bido de dar a D. M anuel noticia n u el) que cm prchendc a colonização do Brazil.
do acontecimento. M anda este para isso a M artim A ffon so de Souza

o o O 15 o O o o
l iv r o n n o u r o c o m me m o r at iv o n o cf. n t un a r io p a

com alguns navios, c trazendo gente que se devia es­ V isita os nucleos que sc haviam fu ndado no sul, to ­
tabelecer n o paiz. mando providencias sobre a defesa da te rra, c sobre
Sai de Lisboa essa fro ta pelos fins de 1530. V i­ quanto mais interessava á situação dos colonos.
sita varios pontos do litto r a l. Estacionando na ba- Estabeleceu Thomé de Souza a adm in istração
hia de Guanabara, daqui expede M . A ffo n s o alguns o ffic ia l do paiz; e é só de agora cm dia nte que
homens para o in te rio r: os quaes, passados uns dois se começa decisivamente o serviço do povoam ento.
niezcs, voltaram acompanhados de m uitos indios, e Ê, pois, este nobre capitão o fund ad or da ordem
dando escassas noticias da terra. p o litic a c c iv il na colonia.
F o i cm seguida fazer nova estação cm Cananéa,
onde encontrou alguns portuguezes que desde m uito IV . O problema de mais im portaticia e de so­
ali viviam . lução mais penosa para os colonizadores era sem d u ­
D aq ue lle ponto mandou também para os sertões vida o das relações com as populações indigenas. O
uma expedição sob o cominando de Pero Lobo, com encontro dos adventicios com os naturaes fo i, como se
esperanças de recolh er lo g o m uito ouro, conforme sabe, doloroso em toda a America, sobretudo na p o r­
lhe pro m e ttia um daquelles exilados. Esta expedição, ção orie n ta l do continente, onde havia inais funda
no em tanto, soube-se depois, fo i massacrada pelos regressão da cultura nativa.
selvagens nos campos de C urityba . O s indios aqui se achavam em p e rfeito estado de
Proseguindo para o sul. chegou até o estuário nomadia, vivendo da caça c da pesca, procurando cada
do Prata, por onde fez entrar alguns bergantins que trib u assenhorcar-sc das paragens onde mais fáceis
exploraram aqticllas paragens. c abundantes eram os recursos de que vivia u i. A n ­
Reconhecendo que ali já estava fora da ju ris ­ davam, por isso, em continuas luctas umas com o u ­
dição portugueza (regulada pelo tratado de Torde- tras nações.
silla s ) retrocedeu M a rtin i A ffon s o para o norte, e C om o tempo tinha-se gerado em todas um fu n ­
veio entrar na bahia de S. Vicente. Desembarcando do in s tin c to gu erreiro e um v ivo preconceito de fa ­
na ilh a do mesmo nome a gente que trazia, a li fundou m ília , dando tu do isso como fru e to os m aiores e x­
o cap itão a p rim eira v illa cm terras da America cessos de edio e de vingança entre umas c outras.
orien ta l. Eram as prim eiras v irtud es do in d io a coragem
na gu erra, levada a inconcebíveis tem eridades; o sen­
III. Reconheceu-se de prom pto a insu fficicncia tim
e en to da honra da trib u e o am or da g lo ria ; o
in u tilid a d e de semelhante m edida: isto é, de um sim ­ desprezo do inim ig o, c o fu ro r coni que, victo rio so ,
ples e unico nucleo de colonos para povoar tão sc ufanava de o p u n ir; e o estoicism o com que, ven­
grande extensão de te rras; e sentiu-se que era preiso cido, sabia aifro n ta r heroicamente a m orte.
e urg en te adoptar um processo mais efficaz de povoa­ Esse caracter do selvagem to rn ou para os p o rtu ­
mento. guezes ainda mais grave o tra b a lh o de sub m ettcl-o.
Já havia o p ro p rio governo portuguez applicado Superiores pela sua cultu ra c pelas suas armas,
cm aigum as ilhas um systema que provára bem; e tinham os colonos de intp ôr aos naturaes o seu d o ­
resolveu então a m p lia r a experiência no vasto con­ mínio. Recebendo, assim que chegavam á Am erica,
tine nte que se tra ta de colonizar. vastos prazos de terra, precisavam de braços que as
D e libe ro u, pois, a côrte d iv id ir o extenso paiz em lavrassem; e viram que o recurso mais pra tico era
porções, cuja administração fo i confiada, com o m er­ aproveitar o trabalho dos incolas; e como estes se
cê, a vassallos que se haviam d istin gu ido no serviço mostrassem esquivos á escravidão, dahi se o rig in a ­
do Rei. ram as rudes competições em que, desde p rin c ip io ,
Foram umas dez ou doze as donatarias adjudica­ se puzeram colonos e indios.
das, sendo principaes as de S. Vicente, de Pernam­ A interferência dos Jesuítas pareceu p ro d u zir no
buco e da Bahia, cujos donatários fizeram alguma começo algum bem.
coisa de v alo r, particularm ente o de Pernambuco, C om o prim eiro G overnador Geral vieram lo g o
D uarte Coelho. alguns padres. Cheios de to do o enthusiasm o da O r­
Os capitães aquinhoados, na m aioria, ou não dem nascente, encetaram esses poucos apostolos o
dispunham de recursos bastantes para tarefa tã o cus­ seu trab alh o com grandes proveitos, ta n to para o
tosa, c u desanimaram com o m a llog ro das prim eiras gentio como para os colonos.
tentativas. Seutiu-sc então que sem a acção m aravilhosa da
A in da p o r ou tros inconvenientes que a experiên­ adm irave! m ilícia não se poderia fazer coisa algn.na
cia dem onstrou, o systema não satisfez tã o com- n * terra.
pletam ente como nos Açores. Fundaram os prim eiro s m issionários na Bahia
Entendeu, pois, a côrte á vista disso que devia o seu núcleo inicial de catechese; e d a li fo ra m ex­
c o rrig ir cs defeitos desse regim en in s titu in d o uma tendendo por outras capitanias os seus esforços.
autoridade sup erior com juris d iç ã o sobre to das as Em seguida vieram ou tros catcchistas, entre os
donatarias. quaes o noviço José de Anchieta, que tã o celebre se
Creou-se um Governo Geral para a possessão. fez depois.
Estabeleceu-se a sédc desse Governo na Bahia, Inestim áveis serviços prestaram estes homens,
onde o respectivo do na ta rio tinh a fe ito já algum ser- cujo concurso teve im portância incalculável na obra
da civilização do paiz.
Vem como p rim e iro G overnador Qeral, em 1340, Em S. Vicente entraram os catcchistas desde
T lio nié de Souza. Funda este a cidade que devia ser aquellc mesmo anno (I5 4 Q ); e em 1554 já funda­
a capital do d o m in io até 1763 (cidade do Salvador) vam no p la na lto de P ira tin in g a o c o lle g io de S. Paulo,

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IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

que se to rn ou o cen tro de to do o m ovim ento de ca­ E em toda parte contaram os colonos.com o valor
techese no sul.
dos indigenas para a repulsa de tão temerosos inim ig os.
Passados, porem , aquelles prim eiro s dias, em
que os abnegados apostolos, com a sua palavra e V. Além de a esse fla g e llo da flibustagem< es­
exemplos edificantes, iam preparando os naturaes teve a colonia, em toda a vastidão da sua zona ma­
para uma possível conciliação com p s conquistadores ritim a , exposta a repetidas e obstinadas tentativ.as de
— começam a sob revir diffic u ld a d e s com que se não usurpação.
havia contado para a ob ra human ita'ria. Foram , prim eiro , em 1555, os frapeezes. Sob .o
Já fo rtes pelo num ero, foram os colonos dispen­ commando de V illeg ag no n, entraram estes n a .b ahja
sando a in flu en c ia dos padres, e cuidaram de re d u z ir o de Guanabara, até então inteiram ente abandonada
selvagem p e la fo rça. pelos portuguezes.
II assim puzeram-se em c o n flic to , ta nto com o Bem acolhidos pelos ind ios do litto r a l, . esta­
gentio como com os seus protectores. beleceram-se numa pequena ilh a (S e rig ip e ), onde le­
D urante o século X V II travaram-se em todas as vantaram o fo rte a que deram p nome do chefe cal-
capitanias, mas p rincip alm en te nas do extre m o nor­ v inis ta em França ( C o lig n y ).
te e no sul, luctas tremendas entre Jesuítas e colo­ D uran te alguns annos aqui estiveram 03 france-
nos: luctas que a m etrop ole , em vez de evita r ou re­ zcs perfeitam ente tra n q u illo s e livres de incommodos
p rim ir, antes accendia com as medidas contradictorias p o r parte dos senhores da te rra ; pois o Governador
ou incongruentes, que tomava em relação aos índios. G e ra l D uarte da Costa, cm grandes difficu lda de s na
Por fim , cansados e d e s illu did os do seu intento Bahia, e não dispondo de recursos m ilita re s, nada
nas condições em que o levavam, foram òs padres in­ poude fazer contra elles.
ternando-se cada vez m ais nos sertões de loeste, e E, 110 emtanto, os francezes, em mais de cinco
estabelecendo as suas rcducçõcs em pontos onde f i ­ annos de permanência aq ui, nada tinham fe ito 00
cassem isolados de c on vivio com os colonos. sentido de colonizar ao menos regularm ente estas
E então que se in s titú e form alm ente a escraviza­ paragens. Nem siquer haviam sahido da sua ilha.
ção do selvicola, ind o os colonos buscal-o á força lá 0 successor de D uarte da. Costa é que traz
mesmo do fu nd o das florestas. Para isso organizavam - o encargo especial de e x p e llir daqui aquelles iijtrusos.
se expedições que revestiam caracter m ilita r ( n o sul - Em 1560, vem o p ro p rio Mem de Sá .d irig in d o a p r i­
bandeiras; no n o rte — m on tarias) que invadiam o con­ m eira expedição contra os francezes. Investidos estes,
tinente arrebanhando ind io s em massa, e trazendo-os ao cabo de algum a resistência fu giram da ilh a para,o
para os mercados do litto r a l, onde eram vendidos em continente. Com m etteu o G overnador o grande erro
leilão. de regressar para a Bahia sem deixar na Guanabara
E assim que se p riv o u do concurso dos Jesuítas siqu er uma pequena guarnição.
a obra da catechese, a de mais alcance social entre Disso se aproveitaram os francezes para volve r
quantas aqui se im puzeram aos conquistadores da a reoccupar a situação, depois de haverem in su fla ­
do uma 'insurreição geral dos Tam oios contra os co­
O recurso da im portação de africanos attenuou lonos de S. Vicente, e do E s p irito Santo. T ravaram -
até certo po nto a perseguição e caça aos indios; se luctas em toda p a rte ; e só graças á intercessão
nunca im p ed iu, no emtanto, até fin s do p e rio do co­ dos Jesuítas Nobrega c Anchieta c que fo ram salvos
lon ia l, que se continuasse con tra estes a exercer a os estabelecimentos portuguezes das duas capitanias.
prepotência dos colonos. R econstruindo as suas fortifica çõe s na bahia,
Ainda assim, mesmo desamparado quasi sem­ tornaram -se agora os calvinistas mais forte» c amea­
pre do sentim ento christão c da ju s tiç a das a u to ri­ çadores, em fiança allian ça ccm os indio3.
dades, fo i o ind io em to da parte um poderoso au xi­ Teve Mem de Sá de organizar nova expedição
lia r da p ró p ria conquista, não só to mando p a rte nas contra e lle s, em 1567.
proprias expedições que se levavam ao in te rio r, como 1 iuh a já volta do da Europa, com a incumbência
form ando ao lado dos colonos na defesa da te rra con­ de exp ulsa r de uma vez os intrusos, um sobrinho do
tra aggressões de extrangeiros. T crnou-se mesmo em G overnador (Estacio de Sá), trazendo alguns navios
taes casos um elem ento de ta l im portância que não e gente de guerra. Com o concurso dos padres e
se sabe como é que. sem elle , se haveria fe ito na colonos de S. Vicente, vem Estacio de Sá, p o r p rin ­
America a obra do povoam ento, e se te ria insta llad o cípios de 1565, desembarcar numa praia ju n to ao
a nova ordem po litic a e a civilização historica. m o rro C ara de Cão.
Sabe-se que naquelles tempos se renovára em A li fundou a cidade de São Sebastião do R io de
to des os mares, e pa rticularm en te no A tla n tic o , a J an eiro; e como as suas forças não eram su fficie n ­
pirataria de profissão, ta l qual ex is tira entre os a n ti­ tes para um ataque decisivo a C o lig n y , lim ito u-se,
gos. Desde fin s do século X V I até meiados d o X V III, du rante quasi dois annos, a ir mantendo a posição
soffrêram m uitas das povoações m aritim as da America cccupada até que lhe chegassem scccorros.
os mais te rríve is c funestos ataques de corsários, em Em vez de os m andar, veio o pro p rio Governador
grande incontinência da sua insania depredadora. E com c s soccorros s o lic ita d o s ; e no dia seguinte ao da
não fo i o B razil a menos alvejada entre as colonias chegada (2 0 de Janeiro de 1567) deu ataque geral
expostas ao fu ro r das quadrilhas que varejavam o aos francezes, ob rigando-os a deixar a bahia, agora
oceano. defiuitivam ente.
Principalm ente Santos, R io de Janeiro, Bahia e A p ro v e ito u Mem de Sá o ensejo de fazer trasla­
Pernambuco tiveram de rebater m uitas vezes ataques dar a séde da cidade para o a lto do m orro S. Ja­
de taes bandidos. n u ario (C a ste llo actua l).

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LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO DA

Frustrada a te nta tiva de intrusão na Guanabara, Eram agora os hollandczcs, naquelle m om ento
procuraram os francezes apossar-se de uma situação m u ito ufanos de haverem sacudido o ju g o hespanhol,
na costa do extrem o no rte, até p rinc ípios do sécu­ e tenazes c a ltiv o s a a ffro n ta r a sua antiga m etropole
lo X V I I também com pletam cntc despovoada de e u ro ­ fazendo-lhe g u e rra de m orte, princip alm en te no vas­
peus, e entregue ao d o m in io de selvagens hostis. to e desamparado im perio u ltra m a rin o , ao qu al em
Bem m unidos de recursos de toda ordem , sob re­ 1581 se ju n tá ra ainda o Brazil, por se haver extin cto
tu d o de força m ilita r, e trazendo logo um a turm a de a dynastia de A viz.
religioso s para a catechese, entraram p o r esse te mpo Procurando tir a r pa rtido daquelle eclipse da so­
no M aranhão, e installaram -se na ilha a que deram berania portugueza, apressaram-se os flam engos a
o nom e de S. Luiz. planear investidas contra o p a trim o nio do velh o e
A li puzeram-se de estre ita alliança com as trib u s decahido reino, que calculavam não guardasse a Hes-
vizinhas, e faziam , em plena segurança, la rg o tr a ­ panha como coisa sua pro pria e de fin itiva .
fico em toda a extensão do litto ra l, causando gra n­ Em 1624, uma grande expedição hollandeza sur-
des m ales aos portuguezes, que tinham até então prehende a Bahia, c apodera-se da cidade, quasi in­
levado apenas até o R io Grande a sua avançada para teiram ente desguarnecida. A m aior parte da popula­
ção teve de fu g ir para o in te rio r. Os bahianos, porém,
não demoram a refazer-se do susto, e cuidam de
V I. M u ito custou agora e x p e llir d a li aquellcs reparar o desastre. Organizando-se m ilita rm e n te , si­
teim osos concurrentes. Grandes e reiterados e s fo r­ tiam aos intru sos, e os põem log o em aperto, e cm
ços se fizeram com esse fim ; até que em 1615 conse­ ta l extrem idade que lhes fo i im possível a resisten­
gu ia Jeronim o de A lb uquerque levar um a expedição d a quando chegou, no anno seguinte, uma esquadra
cffica z contra elles. Expulsos do M aranhão os france- dc soccorro lnso-hespanhola.
zes, aproveitou-se o ensejo de liqu id ar o d o m in io por- Mas aque lle heroísmo preda tório continuou a
tuguez em toda aquella costa até o Amazonas, te ndo fa re ja r grande parte das nossas costas, ancioso de
o capitão C astello Branco fu ndado n o litto r a l do presa excellente.
T oca ntin s o fo rte do P resépio, que serviu de centro Não escarmentados do m a llo g ro na Bahia, uns
de v ig ilâ n c ia cm todo o estuário, e veio a ser orige m cinco annos m ais tarde vieram os hollandezcs atacar
da cidade de Bclem. a capitania de Pernambuco (1630).
M a l se haviam as populações da colonia desas­ F oi agora m uito m ais grave o pe rig o para a
som brado de tacs inim ig os , e tinham lo g o de rebater colonia.
uma nova acommettida. A gente da terra não dispunha de recursos de

O o o o o

o o o o o o 18 o o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO IN T E R N A dO N AL

defesa, c não poude evitar o golpe. Os assaltantes V III. O governo do rei, no emtanto, não se
tomaram logo Olinda e cm seguida o Recife; e com apercebia da situação em que ia ficando a colonia.
algum trabalho mais em poucos annos, occuparam, Seguro do seu imperio, só cuidava do Brazil como
não só toda a capitania de1Pernambuco, mas ainda as quem cuida de explorar sôfregamente a sua fortuna.
da Parahyba, c do Rio Grande do Norte; e mais Em vez. de considerar o paiz e a gente como
tarde foram ate o Maranhão, c para o sul até Ser- uma extensão da sua vida e da sua força, preferia
g'pe. crear aqui um regimen de excepçâo, e tornando para
Commandados por Mathias de Albuquerque, re­ isso a sua autoridade cada vez mais detestada por
sistiram os colonos heroicamente, e por muito tempo absoluta e oppressiva.
não deixaram descanso aos usurpadores. Tir.ha o colono enfrentado com o sell valor a
Só durante o governo do príncipe Maurício de natureza virgem da America. Tinha, com o sacrifi­
Nassau (de 1637 a 1644) é que amainou um tanto cio da sua fazenda e do seu sangue, defendido a
a acção defensiva por parte dos pernambucanos. terra, c quasi sempre desajudado da mctropole. T i­
Assim que se retirou o principe (em Maio de nha, cxclusivamente pelo seu esforço, ampliado as
1644) rompeu a insurreição geral que andava sendo proporções do dominio, fazendo-lhe duas ou tres
preparada pela propria gente da terra, e quasi sem vezes maior o territorio; e havia enriquecido a mo­
audiência da metropolc (já outra vez Portugal, que narchia, que chegára no século X V III a ser da»
havia cm 1640 restaurado a sua soberania). mais opulentas da Europa.
Começa então um periodo de luctas tremendas F. no emtanto, em vez de estima, de solicitude,
entre os patriotas pernambucanos e aquelles intrusos ao menos de justiça, não tinha o colono mais que
que já se julgavam senhores das seis capitanias do menospreço, que intolerância, e que o rigor dos pro­
norte, e seguros de ampliar ainda as suas conquis- cessos com que se obstinava a metropolc em manter
integral a dura condição a que o condcmnára.
Durante cerca de dez annos de abnegações e Foi o proprio regimen colonial, pois, que no
sacrificios, illustraram-se, pelo seu valor e firmeza, Brazil, como cm toda a America, poz o colono em
muitos capitães, como Fernandes Vieira, Andrc Vi­ ríspido antagonismo com a mãi-patria. Des dos p ri­
dal de Negreiros, o negro Henrique Dias, o indio meiros tempos, sentiu clle que os unicos tropeços
Camarão, e tantos e tantos outros. Esta alliança, na oppostos á sua vida e bem-estar lhe vinham da côrte.
obra de guardar a terra, das tres raças naturacs que E á medida que o seu esforço, a sua coragem e
mais largamente estão entrando na formação da raça o novo espirito que o fortalece vão desbravando a
historica, é um dos phenomenos mais curiosos e ca­ terra c conquistando a riqueza, vai também natural-
racterísticos da nossa historia de povo. mente crescendo a sua aversão áquellas instituições
que o pêam e humilham.

V II. Só depois da victoria contra os flamen­


gos, que foram os ultimos a disputar dominio na IX. A primeira manifestação formal desse es­
America portugueza. é que entrou a colonia na phase pirito de patria, que se creava, e veio revigorescendo
normal do seu desenvolvimento. Na direcção do nor­ na colonia, deu-se, pelos fins do século X V II, no Es­
te, estabelecêra-sc a posse effectiva até o estuário tado do Maranhão, onde os colonos, dirigidos pela
amazonico. No sul, em collisões com a Hespanha, nobre figura de Manuel Bequimão, depõem as auto­
principalmente depois que se recuperára a soberania ridades (em 1684) e organizam um governo proviso-
còm D. João IV (em 1640) defendia-se o limite rio, que aboliu os monopolios da Companhia de
pelo Prata. Commercio, e expulsou os Jesuítas.
E quanto ao interior, já se confundiam os con­ Não demorou que o governo da metropolc, só
fins dos dois domínios, devido á coragem com que depois do energico protesto, attendesse aos justos
os bandeirantes arredavam de facto para o occidente, reclamos dos colonos; não, porém, sem haver antes
até quasi os Andes, a fronteira convencional de Tor- restaurado em S. Luiz a velha ordem, e punido de
desillas — esforço que valeu para o domínio portu- escarmento o chefe da revolta.
guez enorme accrescimo de territorio, que depois se Dahi a pouco mais de vinte annos (em 1708) le­
authenticou por novos tratados com a Hespanha. vantam-se em Minas Geraes os paulistas contra os
Ê, portanto.de meiados do século X V II cm diante, portuguezes.
que o Brazil se vai fazendo uma legitima integração Haviam aquelles descoberto, e queriam para si o
social e politica, fundada em toda parte num vivo es­ privilegio de as explorar, as ricas jazidas de ouro
pirito de patria nascente, e num perfeito sentimento que puzeram todo o mundo em alvoroços. Entende­
de solidariedade moral entre todos os colonos. ram, porém, os reinóes, alliados a multidões de fo­
Foram tomando então notável desenvolvimento rasteiros, que tinham direito a disputar-lhes uma fo r­
algumas grandes industrias que constituíram a base tuna que só o acaso lhes deparára, e que, sendo mais
de toda a nossa economia interna, taes como as de propriedade da corôa que dos respectivos desco­
do assucar, do algodão, do tabaco; as da criação bridores, devia tocar indistinctamentc a todos os sub­
e da pesca; as extractivas, como a da borracha e do ditos de El-Rei.
matte, e principalmente a montanistica. Desencadeia-se então a discordia geral naquelles
Foi esta, a da mineração, a que completou a districtos, onde o ouro dir-se-ia que punha em furor
obra que se vinha construindo — de um novo nucleo a cobiça dos concurrentes. Chegaram os emboabas
humano que se habilita a tomar o seu posto entre os (ou buavas, nome que os paulistas davam aos fo­
povos do mundo. rasteiros) a sagrar dictador das Minas a Manuel

o o o o o o 19 o o o o o o
LIVRO n t OURO COM MF. MORATIV O DO CENTENARIO DA

N unes Viaim a, fig u ra com é ffe ito interessante, que diam , eram sempre isolados, c p o r isso fa cilm en te
em certo m om ento fo i senhor suprem o naqucllas re ­ reprim íveis.
giões, c que nem por isso fo i m al v is to na c ôrte F icou isso bem claro nos levantes do M aranhão
de Lisboa. Tâo veheinentc se fe z o clam or dos (1 6 8 4 ), de Pernam buco (1 7 1 0 ), de M in as (1 7 0 8 ), c
baavas, e tâ o decisivos e im periosos os seus protestos o u tro s ensaios de protesto fo rm a l contra os m ales que
que foram até a franqueza de declarar que pre feriria m se soffria m .
trasladar-se com os seus bens para os dom ínios de A in da em 1780, devido á circunstancia indicada,
Hespanha a renunciar áquella com petição p e rfe ita ­ frustro u-se em M inas Geraes um pla no de sub leva­
mente le g itim a com os paulistas. ção, que parecia perfeitam ente viável e seguro si em
Só ao cabo de luctas po rfiad as e sangrentas outras condições pudesse te r sido executado.
é que conseguiram a'final as àuto ridades conter os Tram ára-se a li, entre as m ais altas fig u ra s da1 ca­
desabrim entos daqucllas hostes, c em pregando m ais p ita nia , o desígnio de fazer a independencia com a
prudência c conselho do que armas. proclamação da republica. Chegaram os conspiradores,
Não se e x tin g u ira por a li, no em tanto, tã o de­ como ha razão para presum ir-se, a contar com apoio
pressa o germen das dissenções. M o tiv o s de analoga de valiosos elementos, ta n to no R io como em Sno
natureza continuaram a dar ensejo a reclamos e e x i­
gências, a sedições e m otins, que 9ó esmoreceram em Aguardava-se, no em tanto, o dia convencionado
1720, com o sacrificio de F c lip p c dos Santos. para o rom pim ento do levante, quando fo i a c on jura­
Quasi pe lo mesmo te mpo occorriam em Per­ ção denunciada, e presos o s conjurados de mais im ­
nambuco, entre bra zile iro s e portuguezes, as luctas portância.
que to maram em nossa his to ria o nome de guerra Subm ettidos ao ju iz o de uma alçada, fo ra m doze
dos m asralcs, da alcunha que os m oradores de O lin ­ dos conspiradores condemhados á pena ca p ita l, sendo,
da, por menospreço, davam aos negociantes p o rtu ­ porém , apenas executada a sentença no m ais ardoroso
guezes do R ecife. c im penitente de to dos, o T iraoentes , enforcado numa
Sempre amparados pela m etróp ole , procuravam praça publica do R io de J aneiro, em 1792. Os o u ­
estes, p o r to dos os meios, a u fe rir os mais exage­ tro s tiveram , quasi todos, a pena commutada em de ­
rados lucros do commercio que m onopolizavam E gre do perpetuo para varios pontos da A frica.
quando quizeram separar da camara m un icip al de
O lin d a a adm inistração local, revoltaram -se os o lin -
dciiscs, to m ando log o franca o ffc ns iv a armada contra X I. Enganava-sc, no emtanto, a soberania alarm a­
os portuguezes, investindo o Recife, e depondo o G o­ da, suppondo que os excessos de rig o r seriam os
vernador, Sebastião de C astro Caldas, e obrigando-o meios mais cfficazes para m anter aqui o systema de
a fu g ir para a Bahia. medidas com que suffocava im pulsos desde m u ito la ­
Ficaram os revoltosos senhores da capitania, e te ntes na alma das populações.
cuidaram de preparar-se decisivamente para sustentar A chegada (em 1808) dn fa m ilia real, corrida
as resoluções que tinham tomado. de Lisboa pelas armas francczas, não m udou g ra n ­
E quando sentiram que sobre a te rra não ta r­ de coisa na colonia.
daria a fcahir a severidade das leis, chegaram ate a Passadas as emoções que o facto im p re visto p ro ­
pensar ho recurso extremo de uma com pleta eman­ du zira no prim e iro m om ento, começou-se a s en tir,
cipação, constituindo-se em republica. cm todas as capitanias, que em vez de m e lho rar,
Vem, no emtanto, sim ulando in tu ito s de conci­ antes parece que se aggravára a condição da terra,
liação, e parecendo querer in s p ira r confiança a to ­ principalm cnte no que dizia respeito á economia ge­
dos, um novo G overnador; e os m ais prudentes ral.
suggerem e fazém vencer o bom aviso de reconhe- Na pro pria ordem c iv il m u ito pouco se a lte rara a
cet-o. sorte dos colonos. Os Governadores e os capitães-
Não se aplacaram, porém, nem assim, os dissí­ m óres continuaram a ser o s mesmos desabusados
dios e tu m u ltos, sinâo alguns annos depois (1714). pro-consules, em cujas mãos se concentravam to dos
os poderes quando o soberano estava longe.
Q uanto a m elhoram entos materiaes só a p rove itou
X. O pensamento de sacudir aq ue lle pesado algum a coisa, com a presença do rei, a cidade d o
ju g o e lib e rta r a colonia vinha, pois, tornando-se im ­ R io de Janeiro: e isso na tu ra lm cn te, porque era
perioso á m edida que ò d o m in io portug ue z se punha séde da côrte. Era preciso fazer aqui, ou arrem edar
em contraste, cada vez mais irrita n te , com os in te ­ qu an to possivcl, o que havia lá cm Lisboa.
resses, a libe rd ad e c o es p irito das populações. Tornou-se, pois, o Rio o centro de to da a vida
O que, porém , a estas fa ltava não eram apenas do paiz. Para aqui vinham todos os recursos que
os indispensáveis recursos materiaes de guerra para se arrecadavam nas provincias, deixando-se cm to ­
fazer fren te ás guarnições da colonia. das cilas á m ingua dc meios as necessidades m ais u r ­
M u ito mais do que isso, o que favorecia o im ­ gentes.
p e rio da m etrop ole era, sobretudo, a circunstancia de P o r isso mesmo com a presença da côrte não
ser o pa iz m u ito vasto, e de se acharem m uito se fez menos do que to rn ar mais violentas em toda
distanciados uns dos outros os grandes nucleos onde parte as velhas prevenções e rivalidades e n tre filh o s
era mais fo rte a opinião e o sentim ento de patria. da te rra e portuguezes reinóes.
N ão havendo, portanto, cohesâo imm ediata entre E ta nto assim que mesmo durante a perm anên­
esses nucleos, o que se havia de dar fatalm ente é cia de D . João no Brazil, nem por isso fo ram menos
q ü e os m ovim entos, que se tentavam ou emprehen- evidentes e formaes as manifestações do es p irito que

O O o o o 20 o o o o o o
CDMPÃNhlA^NÀcíONÃLDETABACOS
M ^ U F A C T U R A deFU M O S C i G A R R O S eCMARU^OS
}/ v » m O .D E JA N E IR O ^ / , J

Pi

Companhia Nacional de Tabacos — Rio de Janeiro.


INDEPENDENCIA e d a e x p o s iç ã o in t e r n a c io n a l

SC gerára em tres séculos de vida c olo nia l, sendo a


Assim que se viu na regcncia do reino americano,
mais viole nta a que occorreu em Pernam buco e ou­
cuidou, s o lic ito e in s o ffrid o mas prudente e cau­
tras províncias do n o rte em 1817.
telo so, de apressar a realização d o seu pensamento
D csillu dido s das esperanças com que tinham de fazer a independência para si, como lhe havia o
visto a trasladação da fa m ilia real paTa a America, p ro prio pa i aconselhado antes de p a rtir.
tomaram afoitam ente os pernambucanos a attitud e Portou-se nos prim eiro s mezes com m uita astú­
do protesto pelas arm as: a ttitud e que correspondia cia e tin o em suas relações com as C ortes de Lisboa;
ccrtamente aos sentim entos gera es da colonia, mas c quando se sentiu seguro do e x ito , e prevenido de
que só ellc s tiveram a coragem de to m ar contra áquel- elementos para a ffro n ta r a m etrop ole , não hesitou no
las instituições que eram a causa da situação d o lo ­
caminho que se lhe a b rira , e a 7 de Setembro de
rosa em qüe se via o paiz.
1822, achando-se em S. Paulo, ergueu á margem do
Proclamaram dcsassoinbradamente a independên­ riacho Ip ira ng a o g rito de independencia ou m orte!
cia e a republica, tendo como certo o apoio de ou­ A cdam ado im perador, tratou D . Pedro, a u xilia ­
tras provincias; mas apenas as da Paráhyba e do do pelo seu grande m in is tro José Bonifacio e por
Rio Orande do Norte adheriram ao movimento victo­ outros homens notáveis, de fazer a sua autoridade
rioso no Recife. reconhecida em to do o paiz.
(.u idaram de extender a revolução para o norte As provincias do sul já estavam alhadas a D .
e para o s u l; e até expediram agentes para o exte­ P edro; mas entre as do norte algum as havia onde
rio r, na esperança de serem amparados por algum os portuguezes, preponderando nas respectivas Jun­
governo americano, ou pelo menos de alcançarem tas, pretenderam conservar-se fie i9 ao governo de
o concurso de m ercenários; mas tu do fizeram sem Lisboa. Teve D. Pedro de as subm etter pela força,
nenhum proveito. não sendo isso m u ito d iff ic il (nem mesmo na Bahia,
Abandonados aos pro prios recursos, fô ram logo onde o general M adeira de M e llo , fo rtem ente apoiado
<s patriotas pernambucanos subjugados, e punidos pelas C ortes, offerecia tenaz resiste nd a) porque em
com toda a bru talida de daquella sacrilega jus tiç a de toda parte a grande causa era enthusiasticamente am­
El-Rei. parada pelos brazileiros.

X II. Nem esses acontecimentos do no rte, no X III. Eniquanto se cuidava de chamar ao grêm io
emtanto, serviram de aviso aos homens de D. João VI. da nação aquellas provincias esquivas, apressaram-se
Não cuidavam elles de certo que pudessem tão aqui, na capital do novo im p ério, os trabalhos de o r ­
cedo sobrevir complicações e perigos ainda de mais ganizar o Estado.
gravidade, e a que não teriam forças para resistir. Havia-se já, mesmo antes do lance do Ip iranga,
Eniquanto se celebravam aqui, com to do appara­ convocado um a assembléa constituinte.
to, as festas da coroação, lá no velho re ino se conspi­ Esse congresso reuniu-se com e ffe ito em M aio
rava contra aquclla ordem de coisas, que só em Por­ de 1823, c começou a d is c u tir o projecto de C onsti­
tu gal se obstinava o irre du ctivel e im penitente re- tu içã o que se havia elaborado.
galism o em m anter no meio da E uropa sacudida do la aquella assembléa exercendo n iu ito regular­
esp irito novo, e a reconstituir-se sob o in flu x o das mente as suas funeções, quando o im perador, mal avi­
novas idéas, que lavram como incêndio. sado, e cedendo a suggestões de uma facção pessoal
Em 1820 rom pe na cidade do P o rto a revolução a que se confiára, não trepidou em dissolvel-a, com
constitucionalista, e lo g o trium ph a em to do o reino. grande apparato de força m ilita r, e com ostentações
A repercussão d o successo vem levantar o an i­ de quem não tinh a p e rfeita in tu ição do papel que lhe
mo geral nas provincias do B ra z il; e em quasi todas cabe num regim en como o que se planeára.
ellas organizam-se Juntas Provisórias de governo ad­ Desde esse m om ento fo i o im perador perdendo
herentes ás C ortes constituintes que em seguida se a ruidosa popularidade dos dias recentes, e acabou
reuniram em Lisboa. incom patibilizando-se com a nação.
Deslocára-se assim , de um m om ento para outro, O acto de força contra a con stitu in te provocou
o eixo da velha soberania: a majestade posta em che­ em toda parte as mais vivas suspeitas contra a ín­
que já não impera em toda a m onarchia convulsio­ dole do princip e, que só agora se mostrava tã o eiva­
nada. do da atmosphera da velha realeza onde se educára,
O rei aq ui e os seus estremeciam, im m obilizados e que parecia tã o extranho ao esp irito dos novos
de susto ante os acontecimentos com que os surpre- tempos.
hende o destino. E viu-se D . João em taes embaraços, Em m uita s provincias foram formaes e energicos
e tã o assoberbado de perigos; sentiu a sua autoridade os protestos com que se rebateu e condeninoii aquella
tã o dim inuída — que a fin al o unico expediente que violência.
se lhe impoz fo i a vo lta para a antiga séde da côrte, Nem fa lto u mesmo o revide das armas, tendo-se
deixando, porém — dir-se-ia como de p ro po sito — a pro vin cia de Pernambuco in s u rg id o (em 1824) e
o p rincip e real como seu loco-tenente n o governo proclam ado a republica da Confederação do Equa­
do Brazil. do r, com adhesâo de ou tras provincias do norte.
Alcançou log o I I. Pedro a situação que esses N aq uclle mom ento de tantas é 'tã o graves com­
acontecimentos lhe preparavam. plicações, que faziam recear pe la sorte do paiz, ain­
Oesde algum tempo, aliás, que n u tria elle as da Se uniram exe rcito e m arinha a estadistas de acção
mais leg itim a s ambições neste vasto th ea tro da Ame­ para co n ju ra r aquelle perigo.
rica ; e tinh a mesmo creadc, entre os b ra z ile iro s mais D. Pedro, porém, nunca m ais se reconciliou com
illu stre s daquella geração, o seu grande partido. os b ra z ile iro s ; e o seu de spre stigio fo i crescendo até

o o o o o 21 O o o o
LIVRO DE OURO COM MEMOR ATIVO DO CENTENARIO DA

que o surprehendeu iiaquella conjunctura dc 1831, tiveram os riograndenses de fazer a paz com o im ­
em que se viu assoberbado de embaraços que o le ­ pe rio , mais que pelas armas vencidos dos in tu ito s pa­
varam á abdicação (7 de A b ril) . triotico s e conciliadores do barão (de po is conde, mar-
E que D . Pedro não tinh a a fo rtu n a de com ple­ quez, e duque) de Caxias, o pacificador .
ta r por uma certa capacidade po litic a ao menos, ou Em 1840 (a 23 de J ulh o) fo i o im perador D.
p o r algum as virtudes dc p rincip e d o seu tempo, Pedro II, por uma revolução parlam entar, declarado
aqucllas excellentes qualidades e aquelle enthusias- m aior (com pouco menos de 15 annos) e entrou
m o com que tomâra e defendera a causa — que era no exercício da sua a lta m agistratura.
ta n to do Brazil como sua — no transe da separação. Depois da m aioridade, occorrêram ainda algumas
revoltas, nas provincias de S. Paulo e de M inas
em 1842, e na dc Pernambuco em 1848. N ão foram
X IV . Corn a sabida brusca do soberano abdican­
estas, no emtanto, m u ito mais que sim ples m ovim en­
te, installa-sc o governo da Regencia, que se consti­ tos de partidos, sem caracter de causas p o liticas o u dc
tu e em nome de D . Pedro II, ainda menor. defesa de ideas.
F oi este, de mais de nove annos, o periodo rnais
d iff ic il da nossa historia. T an to na côrte, como em
quasi todas as provincias, houve constantes m otins c XV. D ahi em dia nte é que se norm aliza a
tu m u lto s que fo i necessário re p rim ir pe la força. Os ordem interna.
m ais graves deram-sc na Bahia, em Pernambuco, em Para isso em grande parte concorrem as co m p li­
Alagoas, e nas do extremo n o rte ; e o mais teme­ cações da po litic a pla tina , em que o governo im p e ­
roso de to dos, no Rio G rande do Sul, onde uma ria l fo i ferçado a envolver-se.
verdadeira revolução, durante p e rto de dez annos Atacada em 1843 pelos exercitos de Rosas (dic-
(de Setembro d c 1833 a M arço dc 1843) fez gra n­ ta do r de Buenos Aires) pediu a R epublica O rie n ta l
des males á provincia, e chegou a ameaçar scriamente o soccorro d o im pério quando v iu M ontevideo s i­
a ordem geral no im perio. O s revolucionários pro­ tiad a por O rib c , preposto do dictador.
clamaram a republica em P ira tin im , elegeram presi­ Por m ais de uma razão, cada qual mais le g iti­
dente o chefe da revolução. Bento Gonçalves, e con­ ma e imperiosa, teve o Brazil, por fim , de enviar (cm
vocaram uma constituinte. 1851) um exe rcito de protecção ao povo amigo.
Tentaram os republicanos extender o m ovimen­ Esse exe rcito (sob o commando de C axias) a
to para o norte, mas inutilm ente. que se a lliaram tropas urugfuaias e argentinas (estas
A fin a l, sem o concurso das demais províncias, da provincia de Entre-R ios, cujo Governador se de-

O o o o o

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL IX) RIO DE JANEIRO PALACIO DAS FESTAS

0 0 0 0 0 0 2 2 o o o o
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

clarára contra Rosas) o b rig o u O ribe a render-se, ao p e rio ) poude log o reconstituir-se das devastações da­
cabo de p e rto de dez annos de porfiadas refregas em q u e lla torm enta. E só agora é que se póde dizer que
vo lta da praça amargurada. en trou elle na sua verdadeira independencia, con jura­
Assim que se libe rtá ra M ontevideo, levaram os das aquellas tres impias tyrannias de mais de m eio
alliad os as suas armas contra Rosas ind o investil-o sécu lo; liv re das quaes poude iniciar uma phase de r e ­
na .sua p ró pria capital. paração, de existência norm al e de progresso.
Sahiu o déspota a encontro dos aggressores; T erm inada a guerra, que fo i o u ltim o c o n flic to
mas estes, na batalha de Caseros lhe desbarataram externo do segundo reinado, começou-se no im p erio
o exercito em que puzera a sua u ltim a confiança, e o um grande m ovim ento de reformas, tanto sociacs
forçaram a fu g ir para a In glaterra , onde viveu a-inda como po liticas, desde m u ito reclamadas pela nação.
m uitos annos. A o mesmo tempo que renascia vigoroso o esp i­
Estava, pois, a R epublica A rge ntin a por sua vez r it o geral, e tomava la rg o incremento a economia
liv re daquella sacrilega tyrannia. in te rna , ia-se também fortalecendo a opinião publica,
M a l socegára algum tem po o governo im perial, retemperando o sentim ento nacional, e pondo fra n ­
e já cuidava de aproveitar aquelle m omento de paz camente em exame e discussão a po litica dos velhos
para encam inhar a adm inistração do pa'iz, quando teve partido s, e a pro pria fó rm a de governo.
dc levar para além das fron te iras , ainda no extrem o O que neutralizou, no emtanto, até certo ponto,
sul, uma nova guerra, agora contra A g uirre , presi­ a propaganda republicana por algum te mpo, fo i p rin ­
dente do Estado O rien tal, instigado pelo dictador do cipalm ente a questão do elemento servil.
Paraguai. Esse problem a fo i seguramente o que, desde
C om o A g u irre se obstinou acintosamente em não 1870, mais agitou o sentim ento nacional.
attender a reclamações que o im p erio lhe fazia con­ Com quanto a le i Paranhos ( de 28 de Setembro
tra a sua p o litic a em relação a b ra zile iro s habitantes de 1871) tivesse estancado a fonte da escravatura
da campanha orie n ta l, não houve o u tro recurso si- declarando que os nascituros de m ulher escrava, da
não constrangel-o a isso pelas armas. data dessa le i em diante, seriam livre s — continuou o
Vencido A g u irre , levanta-se Francisco Solano Lo­ es p irito pu blico a clam ar contra tã o odioso espolio
pez bruscam ente, não só contra o im perio, mas con­ do passado, e num ta l crescendo de vehemencia que
tra os seus demais vizinhos do A tlâ n tic o , invadindo- não fo i mais possível a d iar a solução radical que se
lhes de im p roviso, e sem deciaração de guerra, os te m ia ; e a abolição teve de ser decretada quasi re ­
respectivos te rritó rio s . volucionariam ente, a 13 de M aio de 1888.
Fizeram então os tres povos — uruguaio, argen­ E então póde-sc dizer que as instituições politicas
tin o e b ra z ile iro — um tratad o de aiiiança offensiva entraram na phase aguda de uma crise que desde
e defensiva con tra o am bicioso caudilho que sem m uito s annos vinha abalando os fundamentos do reg i-
nenhuma razão de ordem po litic a se atrevia a per­
tu rb a r a paz na Am erica d o Sul. O que mais concorreu para com prom etter os
D epois de haverem rechassado das provincias destinos da monarchia naquelle momento fo i sem
invadidas as trop as do dicta do r in im ig o , e de ha­ duvida a exagerada confiança dos seus grandes esta­
ver-lhe a esquadra im p e ria l annullado o poder naval distas na efficiencia do systema, e em contraste com
na m em orável batalha do Riachuelo, tomaram os a llia ­ a a ttitu d e de franca antipathia e repulsa que contra
dos energica offen siva contra López. elle tomaram a fin al as forças arma'das, m u ito seguras
T ornou-se log o im possível a resistência do ag­ de que no sentim ento popular não encontrariam fo r-
gressor lá no p ro p rio te rr ito r io , apesar dos conside­ maes resistências.
ráveis recursos de gu erra que tinh a accutnulado. Não ta rdou que sobreviesse a crise daquella
Em quanto levavam os alliad os de vencida os que se chamára questão m ilita r, e que, explorada ha­
exercitos do dicta do r em continuos encontros (dos bilm ente pelos republicanos, devia produzir o resu l­
quaes o mais fo rm idá vel fo i o de T u y u ty , a 24 de ta do que seria fa c il prever á vista dos m u ltip lo s fa cto ­
M aio de 1866) forçava a nossa esquadra heroicamen­ res que se vinham preparando desde m u ito : quando
te, no r io Paraguai, os passos de C uruzú, de C uru- menos apercebidas andariam as provincias (onde não
p a ity, e da temerosa H um aytá, obrigando-se assim havia m uito mais que vagas aspirações de pequenas,
Sclano López a ir de recúo em recúo para o norte,, e em m uitas até de insignificantes m in orias) dão-se
e a fin al a m etter-se com o restante da sua gente na n o R io de Janeiro, com todas as apparendas de uma
região das C ordilheiras. surpresa, os acontecimentos de 15 de N ovem bro dc
A li fo i atacado; e teve de andar, indom ito c 1889.
cruel (e m ais cruel com o p ro p rio po vo que s ac rifi­ À fren te das tropas da guarnição, perfeitam ente
cava do que com os exercitos que o perseguiam ) m u­ unidas, e «de accôrdo com as forças da marinha, pro cla­
dando de acampamento quasi to dos os dias, im pondo ma o marechal D eodoro da Fonseca, na manhã da­
aos m iseros que lhe obedecem o castigo de acabar q u elle dia (n o lendário Campo de Sant’ Anna) a des­
com elle. titu iç ã o do m in is te rio Ouro-P reto, e em seguida a
E e lle só acabou quando desbaratado e m orto deposição do p ro prio imperador, e a in stitu ição da
(em C e rro C orá, a 1 de M arço de 1870). republica.
N ão houve siquer signaes de protestos de nenhum
dos dois partidos m ilita nte s , nem de nenhuma classe;
X V I. C om a m orte de López acabou a guerra. a rep ub lica fo i saudada, por uns como um grande so­
O povo paraguaio (am parado pelos vencedores nho que se realiza pondo em d e lirio o son ha do r; e
daquelle feroz despotism o, e principalm ente pe lo im ­ p o r ou tros como uma nova ordem de coisas que não

o o o o o o 23 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEAIORATIVO DO CENTENARIO

se previra, mas que lo g o se viu que podia ser tão lhe seguiu (d o marechal F lorian o P e ixo to ), foram
bem explorada como a ou tra. m u ito agitados.
N o p rim e iro m om ento houve um como silencio Desde, porém , a p rim eira presidência civ il (a
de pasmo. D ir-se-ia que a nação accordára naquclla d o D r. P rud en te de Moraes) começou a norm alizar-
manhã tom ada de um susto que a im m o b iliz a ; mas se a nova ordem p o litic a, tendo s ido apenas mais d if-
lo g o vo ltá ra a si. fic il de fix ar-s e a situação em algum as das antiga-s
N o fu n d o de to das as consciências o que é ver­ provincias constituídas em Estados.
dade c que o fa cto andaria sentido ta l como era: a Logo que se sentiram conjuradas as difficu ld a d cs
republica vinha a fin a l como uma solução m u ito lo g i­ dos prim eiro s tempos, fo i o pa iz entrando seguro
ca da nossa propria h is to ria , pois a monarchia' não numa phase nova de v italidade c d e . rcconstrucçâo,
tinha raizes no sentim ento dos brazileiros. Adoptada tanto na sua vida interna como nas suas relações com
em 1822 como fórm a de transição que os acontecimen­ todas as nações do mundo.
to s impuzeram , póde-se dizer que ella só viveu, de
1840 em diante, do p re s tig io pessoal de D . Pedro II. A o com m em orar agora o seu p rim e iro centenário
como na ção ,, prospero e pacifico, sente o B razil que
tem o seu grande papel no c on vivio internacional, e
X V II. Teve a republica, nos seus p rim eiro s diasvai para o fu tu r o m uito conscio dos seus destinos, e
de vencer alguns embaraços, que eram m u ito naturacs largam ente in sp ira do nos sentim entos de p e rfeita so­
desde que se ensaiava um regim en novo, em contras­ lidariedade m o ra l com to dos os povos americanos.
te com tradições de perto de setenta annos.
O governo do marechal D eodoro, e o que se Rocha P ombo .

o o o o o o 24 o o o o o o
V Í3 T A

FALCm.PAPiNl &C^1

. raw^io fucriuu •
CHotoLATa— ;

FALCHI, PAPINI & Cia. — São Paulo.


A P R O P A G A N D A R E P U B L IC A N A

Em 1710 irro m p e a revolução conhecida pelo


nome de —■ «Revolução dos mascates» — que con­
seguiu in s tilla r, já na geração daquellc . tempo, o
sentimento republicano.
H IS T O R IA da propaganda republicana Os que enfrentaram os batavos aguerridbs, não
no Bra'sil vem de longa data dá vida puderam conform ar-se com a1 attitud e dos dom ina­
da nacionalidade. Ainda não está diífi- dores insolentes, perversos C extorsivos.
nitivatnente fixada, pois somente após Tomam armas contra elles, derrótam -nós, o b ri­
o advento do actual regim en a p parece ram sobre o gando-os a fu g ir com 0 G overnador fe rid o para a
assum pto cscriptos dignos de m aior fé, vis to que Bahia.
ao te m p o da monarchià não havia a necessária in­ Reunem-se depois deste fe itó e form am um novo
dependência de esp irito para a narração im p arcial dòs governo, quando Berhardo V ie ira de M e llo pròpoz
acontecimentos. qlie se adoptasse a fo rm a republicana. A idéa me­
Os factos im portantes erám descriptos ao sabor receu applausos, não seirdó, porém-, acceila, erh con­
dos cortezãos; a alma nacional e suas aspirações sequenda das ponderações dos companheiros que v i­
eram patenteadas pelos historiadores officia es de modo ram a im p ossib ilida de de manter-se o regimen.
a ju s tific a r os erros, aventuras e crim es dos que, O governo é confiado, interin am ente, ao Bispo.
sem nenhum descortino e tã o pouca elevação de vis­ Em O u tu b ro de 1711, chega o novo G over­
tas, governaram despoticamente. nador, F elix José Machado Mendonça C astro cVas-
Os que buscaram, com jus tiç a e im parcialidade, concellos, homem de ind ole perversa, rancoroso por
conhecer dos factos historicos da nossa nacionalida­ temperamento, ignorante, sem nenhum descortino,
de, em tradições fidedignas, testemunhos insuspeitos tendo como asseclas o reb ota lho da população, des­
e documentos irrecusáveis, verificaram- a a ltiv e z e envolveu re v o ltan te perseguição não só aos natu ra es
sobranceria dos nossos maiores que, já antes da In­ como tarn bem aos da m etropole, de idéas adiantadas.
confidência M ineira, foram sacrificados em tentativas Patrio ta s d ig no s p o r to dos os titu lo s , taes como
de emancipação da Patria, com o ideal republicano, Bernardo V ie ira de M e llo . An dré V ie ira de M e llo,
ta l com o se deu em Pernambuco. M anuel Bezerra Cavalcante. Leonardo B. Cavalcante,
Desde o te m po da invasão H ollandeza, os per­ o C apitão M ó r Pedro R ib e iro da S ilva e m uitos
nambucanos, elles só, sem o concurso da m etropole, outros depois de indignas perseguições, depois de
enfrentaram os invasores, sustentando com desassom­ m uito m artyrisados p o r vexames de to das as es-
bro e pa triotism o tremenda luta. pecies, fo ram rem ettidos para P o rtu g a l e reco lh i­
Aos pernambucanos deve o Brasil a sua in te ­ dos ao L im oe iro , onde m orreram uns, emquanto o u ­
g rid a d e ; não fô ra a attitud e pa triotica de lles e a tros se finaram em degredos na índia.
H o llan da , então fo rte potência naval, te ria compar­ A a ttitud e d o G overnador, o seu o d io aos na­
tilh a d o em grande parte da nossa Patria, po is que turaes, e aos da m etropole que queriam a indepen­
a m etropole já pensava em de ixar a esses invasores dência, a oppressâo, em fim , que contra elles desen­
o te rr ito r io por elles occupado. volveu teve como causa p rim o rd ia l a im portante as-
Os pernambucanos, porém, fom entando a luta sembléa em que fo i cogitada a emancipação da Pa­
com louvável civismo, conseguiram, em bem da in ­ tria Brasileira.
te grida de do Brasil, im p ed ir o desmembramento de
grande parte d o nosso te rrito rio e o alcançaram
de modo tal que a 27 de Janeiro de 1654, o estan­ II
darte batavo fo i retirado de uma vez para sempre
das fortalezas em que tremulava.
A luta que sustentaram os pernambucanos, fo i A despeito das perseguições, em Pernambuco,
o cadinho form ador da altivez desse povo que na es­ nunca se e x tin g u iu , no Brasil, o a rd o r pelas libe rd a­
cola dos combates, de sacrifícios, de heroísm o, com- des publicas.
prehendeu, mais tarde, a necessidade da indepen­ Ainda a realeza representada p o r D . João V I
dência patria. não pensara enkystar-se na grande colo nia sul ame-

000 00 0 25 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO

ricana e já o pensamento republicano, inspirado pela racá, os padres A n to n io Pereira e Pedro de Souza
liberdade da Patria, surgia illu m in a n d o a consciên­ T cno rio , o C oron el A m aro Gomes C outinho, os Tc-
cia dos naturaes com essa epopea que fo i a m allo- nentes-Coroneis Silveira e P e regrino de C arvalho,
grada — Inconfidência M in eira, c u jo insuccesso, fr u ­ os Capitães T hc o to nio Jorge c Barros Lim a — o
to de v il traição, não conseguiu abater o ju s to ideal Leão C oroado, — o Tenente A n to n io José H enrique
dos que aspiravam uma pa tria liv re da oppressão. e Ignacio Le op old o de Albuquerque Maranhão.
O baraço que estrangulou S ilva Xavier — O Em 1821, no R io de Janeiro, o A lm ira n te Ro­
Tiradentes, — não fo i bastante para d e struir as as­ d rig o P in to Guedes, o b riga de iro G e ne lli, o ju iz da
pirações de independencia, com a fo rm a de governo Alfandega T a rg in i, Lu iz José de C arvalho, Isidro
rep ub lica no ; e, tã o pouco, a gale perpetua, a que Francisco Guim arães, João Severiano, M aciel Costa
fo i condem nado José M a rtin s Borges, avilta do pelos e outros patriotas, tiveram que se occultar para evi­
açoites na praça publica, d im in u irá o v ig o r das con­ ta r sorte egual á daquelles heroicos e grandes vul­
vicções. to s que pagaram com o su p p lic io da forca uns, o
Em 1798, surge de novo a idéa da independen­ com o degredo outros, o grande crim e de haverem
cia nacional, ainda uma vez m allog ra da pela dela­ cogitado da libertação da patria que a uns v ira nas­
ção. Além do supplicio da força in flin g id o a G onçal­ cer e a ou tros acolhera como filh o s.
ves das V irgens, Lu iz Dantas, João de Deus, Luiz
Pires e F austino Lyra, o C on tine nte N egro, recebe Como resalta, antes que em 7 de Setembro de
como degradados onde succumbcm, os conjurados 1822 fosse estabelecida a M onarchia no Brasil nada
C yprian o Barata e M arcelino A n to nio. menos de qu atro pronunciam entos serios, diversos m o­
De no v o em 1817 na Bahia e Pernambuco sur­ tin s de m enor im portância se operaram, em p ró l da
ge o m ovim ento pela emancipação da patria. independencia, to dos elles sob o caracter re p u b li­
F o i organizado um G overno pro v is o rio que des­ cano. Vem a m olde, como prova da aspiração repu­
ce ás ruas armado com o povo a dar combate ás blicana do es p irito po pu lar, as palavras de José C le ­
hostes do governo da m etrop ole , que, trium phando, mente Pereira, a 9 de Janeiro desse mesmo anno,
faz encarcerar deshumanamente quatrocentos e tantos quando concitava ao P rincip e Pedro, filh o de João VI,
bra sile iro s e portuguezes que commetteram o fe io a desobedecer ás ordens das cortes da m etrop oio
crim e de aspirar uma pa tria liv re . que o intim avam a regressar á mãe patria.
Toram então fuzilados os d istin ctos padres Ro­ «Será possível, (d iz ia C lem ente Pereira ao p rin­
ma e M ig u e lin o , c D om ingos José M artins e José cipe Pedro), que V. A. Real ign ore que um pa rtido
L u iz de Mendonça e enforcados o v ig á rio de Itama- republicano, m ais ou menos fo rte , existe semeado

o o o o o

LXIMSIMAO INTEKNACIONA . IK) lilo I)|; JAN:.Ik.) l>ALAf:i() DOS ESTADOS

O O o o o 26 o o o o o o
IN D EPE N DE N CE E EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

3 qu i e a li, em m uita s P rovincias do B rasil para não Em 1835 o D eputado A n to n io Ferreira França
dizer em todas? 1» apresentou ao Parlam ento um projecto de le i no
Ê fe ita a emancipação p o litic a do B rasil a 7 sen tido d c cessar o governo do Brasil de ser p a tri­
de Setembro de 1822, mas essa emancipação não m onio de uma fa m ilia, devendo o Im perador D. Pe­
conseguiu desraigar da Consciência nacional as sym­ d ro I I c suas irm ãs ceder os seus p rivilé gio s, re­
pathias convictas pela democracia pura. cebendo p o r uma só vez um subsidio para com pleta­
Até o dia da proclam ação da nossa emancipação rem sua educação e fic a r a nação governada, desde
po litico-social, o povo, (com o m u ito bem disse Lo­ lo g o , por um presidente nomeado de dois em dois
pes T rovão , em im p o rta n te pam phleto), deslum brado annos pelos eleitores das provincias.
pelo espectáculo grandioso que lhe o ffc rc c ia a quasi A 23 de J ulh o de 1840 era conferida a m aiori­
to talida de das nações já libe rta s da Am erica, ama­ dade de D . Pedra I I, cuando elle não havia ainda
va a R epublica simplesm ente pela R epublica; dahi a ttin g id o aos 15 annos de edade! N o emtanto o ci­
em diante, porem, começou a estremecel-a ainda mais dadão só aos 25 annos podia eyercer o elementar
pelo o d io que lhe inspiravam as libertinagens, os d ire ito do v o to !
desatinos, as violências, os crim es, pu blico s e p r i­ Estavam o s destinos de uma nação a se fo r­
vados do p rim e iro Im pe ra do r e do c o rrilh o passivo mar entregues a um a creançal
e subserviente de que ellc se acercara para exercer Não commentamos, o nosso objectivo não é ana-
com m ais segurança os seus brutaes e grosseiros ins­ lysar e tão sómente re p ro d u z ir apontamentos sobre
tinctos dcspoticos. a propaganda republicana.
A consequência fo i o 1831 na B a hia ; o 1829 Em 1835 irro m p era a revolução no R io G ra n ­
em Pernam buco; o 1824 que fu n d iu as Provincias de d o S u l, com o fim de fu nd ar a Republica de
da Parahyba, Ceará, R io Grande do N o rte e Per­ P iratin im .
nambuco em um só Estado sob a denominação de O governo lançou mão de todos os recursos
«Confederação do Equador», e fina lm e nte o 7 de para a n niq uilar e vencer o brio s o e valente povo
A b ril em que o tiran c te fo i daqui e x p ed ido pela gaúcho, form ado p o r essa leg iã o sublim e dos filh o s
cólera popular. dos pampas. As levas de homens armados se suc-
E xp ulso Pedro I o paiz entrou no periodo re- cediam umas ás ou tras, se.n resultado aproveitável.
gencial. horam nove annos de lutas sem tréguas, pelo Aggrava-se a situação com a attitud e da Cama-
p a rtid o monarchico, já d iv id id o em duas partes ir ­ mara M un ic ip a l d c Sorocaba, que proclama a revo­
reconciliáveis; uma qu eria a restauração d o prim e iro lução na P rov in da de S. Paulo, em 1842. Também
im perador deportado, outra sustentava a regência; M inas Geraes revoluciona-se na mesma epoca. Ala-
uma procurava espaçar o regim en regencial cmquan- g o a - em 1844 increm enta a crise oue assoberba o
to que a outra reunia to dos os esforços para entregar Im pério.
o go vern o da nação ao he rdeiro pre sum ptivo da corôa, E doloroso dizer-se, mas o p re s tigio das ar­
um m enino e n v olv id o ainda nas fa ixas constitucio- mas dos nossos valentes e dedicados soldados, pas­
naes da m enoridade. sou a valer menos que o d in he iro !...
A s consequências dessas lutas foram as sanguei- Surgiram os im ita do res de Joaquim S ilverio dos
ras d o generoso povo, as quaes em 1831 inundaram Reis, (o delactor da Inconfidência M in eira), e os
por duas vezes as provincias de Pernambuco, Pará gencraes regressaram de Alagoas, Minas Geraes, S.
c M aranhão e um a vez o Ceará e a cidade do R io Paulo e Rio Grande do Sul, com as laureas de
de Ja n e iro ; em 1832 na p ro vin cia de M in as Geraes triu m p h o bem pouco edificantes.
e também nas ruas do R io de J an eiro; em 1833, Em 1848 Pernam buco insurreccionou-se de no­
mais uma vez n o Pará e R io de J an eiro; em 1831 em vo c bateu-se desesperada e valentemente em san­
M a tto G rosso ; em 1835, mais uma vez no Pará e grenta campanha, que term ino u de modo op probrioso
no R io Grande do S u l; em 1837 na Provincia da para o Im perio.
B ahia; em 1838 ainda uma vez no Maranhão. C on fian te em promessas de amnistia, o pae de
Pedro Ivo, um dos chefes da revolta, entrega o f i ­
lho ao governo que, deslealmente, o mandou encar­
cerar, carregado de fe rro s , em um calabouço da F or­
III taleza de Santa C ru z. Pouco tempo depois desappa-
rccia sent que se saiba até h o je, como c nem para
onde!
O pensamento republicano não se extin gu iu, es­ Para o povo, Pedro Ivo fô ra cobardemente as­
tava apenas am ortecido. N o em tanto jorna es desse sassinado no m y s te rio d o seu cárcere e com elle,
tempo pregavam a supressão da monarchia, confor­ como m u ito bem disse dis tin c to escriptor, a d ig n i­
me a ffirm a o his to ria d o r im p erialis ta A m irtag e. Essa dade nacional que, nos u ltim o s movim entos de Per­
idea conquistou ta l preponderância nessa occasiâo, nambuco, M inas Geraes e R io Grande do Sul, re­
sobre a consciência publica, que houve uma p ro ­ presentaram uma grande força que succumbe lu ­
posta pedindo a federalisação do paiz e outra dan­ tando.
do autonom ia ás provincias com constituição pro pria O paiz, mal fe rid o , to lh id o nos seus justos asso­
e ainda a 10 de J ulh o de 1831 um p ro je c to deter­ mos de independência e hom bridade, cahiu vencido
m inando a v italicied ad e do governo na pessoa de nas mãos do Soberano.
D. Pedro II, sendo que, depois de sua m orte, o Annos se succederam e com elles graves e serios
governo passaria a ser tem p orario, na pessoa de um acontecimentos, dos quaes os dois partidos p o liticos,
presidente das provincias Confederadas. — Lib e ra l e C onservador, — quando no ostracis-

o o o 27 o o o o o o
LIVRO OE OURO COMMI: MORA TIVO DO CENTENARIO OA

mo, s e aproveitavam para fe rir os adversarios, en­


volvendo nos seus ataques o Im perador e assim des­
pre stigian do a fo rm a de governo.
O ideàl republicano não fôra extin cto , a des­
pe ito do. silencio im posto em to rn o delle, depois que
a m e tro p o lc e o Im pé rio se cevaram fartam ente em
que tã o fo rte m e n te impressionou a população do nos­
so vasto paiz e que levou o assombro- e o panico aos
que vitiham dom inando discreccionariamcnte.
N o em tanto, para que a geração actual tome
conhecimento dos signatários desse im portante e pa­
tr io tic o docum ento, adm iravcl e conscienciosamente
r
innum eras victimas, desde Felipp e dos Santos até bem red ig ido , damos a seguir, os seus nones:

Joaquim Saldanha M arinho, A ristid e s da S ilve i­


ra Lobo, C h ris tia n o Benedicto O tto n i, Flavio Far-
nese, Pedro A n to n io F erreira Viantia, Lafayette Ro­
IV drigues Pereira, Bernardino Pamplona, João de A l­
meida, Pedro Bandeira de Gòuvêa, Francisco Ran­
ge l Pestana, H en riq ue Lim po de Abreu, Augusto
E m 1805 estala a gu erra com o Paraguay,' en­ C esar de M ira n d a Azevedo, Elias A n to n io Freire,
contrando-se o Brasil com a sua defeza nullifica da . Joaquim Garcia Pires de Alm eida, Joaquim M a u rí­
■ O in im ig o invade as Provincias de M a tto G ros­ cio Abreu, Q u in tin o Bocayuva, M ig u e l Vieira F er­
so e R io Grande do Sul, quasi que sem encontrar reira, Lu iz V ie ira F erreira, Pedro R odrigues Soards
elementos de resistência. As pequenas guarnições das de M c ir tlle s , J u lio Cesar Freitas C o itin h o , A lfre d o
fro n te ira s são sacrificadas. A bravura dos nossos sol­ M o re ira P in to, C arlos Am ericano F reire , Jeronymo
dados não fo i bastante para im p ed ir a invasão do Simões, José T e ix e ira Leitão, João Vicente de B ri­
in im ig o , que desde m u ito se preparava, e.nquanto to G alvão, José M aria de Albuquerque M e llo , G a­
que os governos • do Im p é rio , sempre im previdentes, b rie l José de Freitas, Joaquim H eleodoro Gomes,
a despeito de reiterados avisos deixaram que che­ Francisco A n to n io C astorino de Faria, José Caeta­
gássemos á deplo rá vel situação de fraqueza, que, n o de M oraes e Castro. O ctaviano Hudson, Lu iz de
se não fô ra a dedicação d o nosso povo, fo rm ando Souza A ra u jo , João Baptista Laper, A n to nio da S il­
levas de m ilhares de v o lu nta rio s, teríamos que su­ va N etto, A n to n io José de O liv e ira F ilh o, Fran­
p o rta r o d o m in io d » dic ta d o r Solano Lopez, que cisco Peregrino V iria to d ; Medeiros, A n to nio dc Sou­
era liornem de v a lo r m ilita r e de grande descortino, za Campos, M an ue l Marques da S ilva Acanan, M a­
com o bem o dem onstrou, sustentando p o r cinco an­ ria no A n to n io da Silva. Francisco Le ite B ittencourt
nos* essa guerra, que tã o caro nos custou, com o Sampaio, Salvador de Mendonça, Eduardo Baptista
sa crificio de dezenas de m ilhares de pa tricio s nos­ Roquete Franco, M anoel Benicio F on te ne lli, T elles
sos q u e la se finaram varrido s pela m etralha e pe­ José da Costa e Souza, Paulo E m ilio dos Santos
las m oléstias, além dos cxhorbitantes dispêndios que Lobo, José Lopes da Silva Trovão, A n to nio P a u li­
tanto aggravaram ' a fo rtu n a nacional. no Lim p o de A b re u , Macedo Sodré, A lfre d o Gomes
Antes mesmo de te rm inada a 'guerra, o ideal Braga, Francisco C. de Boizio, M anuel Marques de
republicano começou, é c erto que m uito hrandamen- Freitas, Thomé Ignacio Botelho, E duardo C a rne iro
te, a dar signal de vida. A mocidade das Escolas de de Mendonça, J u lio V. G u ttierrez, C andido L u iz de
curso superior; ora fracantente, óra com -certa ener­ Andrade, José. Jorg e Paranhos da Silva, E m ilio Ran­
gia, in ic io u a campanha que só term inou em 15 de g e l Pestana e A n to n io Nunes Galvão.
N ovem bro de 188ó.
N ão só na mocidade das Escolas, também na
tropa que regressára- da guerra, onde com ta nto sa­
c rific io - conquistara os to uros da victoria, fo ra m en­
contrados elementos de v a lo r que não mais se confor­ V
mavam com a fôrm a de governo im plantada a 7 de
Setembro de 1822.
O s republicanos alcançaram as vantagens que Atravez de revoluções e m otins, que agitaram
os elementos m ilita re s poderiam trazer á propagan­ o paiz do extre m o N orte ao extrem o Sul, a idéa
da, com elles 'confraternizaram e, assim, o pensa­ republicana, desde os tempos coloniaes, como já de­
mento republicano resurge pujante, ostensivamente, monstram os, v inh a se affirm ando. A sua propagan­
co rp orificad o em um punhado de cidadãos, que faP da, porém, to m o u nova orientação mais in te llig e n tc
la r a m a o paiz p o r m eio de um m anifesto bem de­ c m ethodica e assim mais generalisada pelas cama­
m onstrativo de que a monarchia, mesmo constitucio­ das populares desde 1870 em deante, apoz a pu­
n a l, era' incom patível com a verdadeira democracia. blicação do docum ento a que acima nos referim os
Este notável docum ento' publicado em 1870 fòi e do jo rn a l' «A R epublica i , cujo p rim e iro ' 'm unero
o bra d ò que repercutiu em to d o o Brasil; chamando saiu a 13 de D ezem bro de 1870.
a postos os com patriotas que souberam resistir a A propaganda seguia um curso m u ito cansa­
corrupção do regim en im perial. tiv o , m ovim entado p o r Q u in tin o Bocayuva, M ig u e l
D e to dos os pontos surg ira m francas adhesòes, e L u iz V ie ira F e rreira, Aristide s da S ilveira Lobo,
principalm ente das pro vin cias de S. P aulo, Minas Saldanha M a rin h o , Salvador de Mendonça, F lavio
Geraes, R io Grande do Sul, Bahia, Pernambuco c Farncsc e ou tros intellectuaes, emquanto que desen­
Rio de Janeiro. volviam a m aior dedicação o p ro p rie ta rio da ty p o -
Lam entam os não d is p o r do espaço necessário graphia João Aranha e o paginador L in o Cardoso
para rep ro du zir na in te g ra o im p orta nte m anifesto de O liv e ira Guimarães.

o o o o o o 28 o o o
HILDEBRANDS- BRESSANEa
«A O PA U LO

to r io D esenho. P in tu ra E n ­
g e n h a ria . G y m n a s tic a , etc...
'\2nhos d e S o rd m uC e de g o u r tfo tfn e .
lic o r e s e C b ^ n a c s .
A is/jtia ftjra s p a r a jo m e i a tra n jciro A
Ruo 15de Nove mbro - Mf22 CaixadoCorreio A
5 AO PAU LO
End Telegr "6arraux'S. Paulo Teleph Central 153

A CASA GARRAUX de São Paulo.


as»
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

T od os se salientavam a porfias com a m aior VI


dedicação, m oral, inte llectu al e m aterial, sendo d i­
gno de nota especial, o D r. Pedro Bandeira de
G ouvêa, medico distincto, republicano exaltado e con­
Em opusculo que temos á mão encontramos o se­
victo, já m uito conhecido pelo que, ao lado de Theo- g u in te trecho, referente ao moço republicano inte­
p h ilo O tto n i, fizera em M inas Geraes, onde perdera, merato, ho je alquebrado pela molestia, edade e bem
como rebelde, o posto de C apitão e engenheiro do possível injustiça dos homens:
Exe rcito .
E ra um pu g ilo de dedicados que, sem temer «Dous annos depois de fo rm ar-se, o seu
as iras da Monarchia, iniciava proficuamente a pro­ nome, que já havia rom pido victoriosam cn-
paganda republicana pelas columnas do seu orgão, te o c irc u lo escolástico, a ttrah iu -lh c as at-
quando aqui chega a noticia d-a proclamação da Re­ tenções d o D r. D uque Estrada Teixe ira , que
p u b lic a Hespanhola, sob a presidência de E m ilio era, a esse te m po o chefe p o litic o mais pe­
C astelar.
rspicaz e ora do r eminente do p a rtid o con­
Desde lo g o ficou assentado festejar-se esse acon­ servador. Este homem illu s tre e popular,
tecim ento. A fachada do prédio, onde se publicava fez-lhe as m ais seduetoras promessas afim
«A R epublica", na rua do O uvidor, fo i enfeitada c de o a ttra h ir a si, ao que Lopes T rovão
iltum inada. sempre resistiu não cedendo uma linha de
O Governo, do qual fazia parte o C onselheiro suas convicções. O D r. D uque Estrada não
D ua rte de Azevedo, como M in is tro do Im perio e se deu p o r vencido e procurou p o r todos os
Justiça, (annos depois persona grata" do Governo meios dom esticar aquella energia de aço,
rep ub lica no de S. Paulo) «pem rittiu» que, capangas, term inando por affeiçoar-se sériam ente áquel-
capoeiras c mais desclassificados sociaes «desaffron- le moço, distin gu ind o-o e admirando-o.
tassem o regimen im perial, do «crime» praticado
pelos republicanos bra sile iro s festejando o advento Em 1877, diversas provincias d o n o rte foram
da R epublica Ibera. assoladas pela secca. O Ceará, Parahyba c o Rio
L o go que a noite fo i se approxim ando, grupos Grande do N o rte soffreram de m odo atroz as con­
suspeitos começaram a atravessar aquella rua e, reu­ sequendas dessa calamidade.
nindo-se uns aos outros, encaminharam-se para a A população do Rio de Janeiro não fo i in d iffe -
fre n te do ed ifício dando vivas á Monarchia, espan­ rente aos s offrim c ntos dos seus irm ãos daquellas
cando os populares que encontravam cm sua passa­ pro vin cias; movimentou-se, tomando a ttitud e digna
gem. Quando, porém, tentaram penetrar no in te rio r e caridosa.
do e d ificio, foram energicamente repeltidos pelos pa­ Organizaram-se commissões afim de obter au­
trio ta s , que serenamente esperaram o ataque. x ilio para os que tanto soffriam .
Dcante da resistência dos republicanos a horda O s Drs. F erro Cardoso e José Leão, republica­
arremessou uma saraivada de pedras sobre as v id ra ­ nos convictos, tomaram uma a ttitud e franca e lou­
ças fazendo-as em estilhaços, e, sob infernal ber­ vável na obtenção de soccorros para as victim as do
reiro, tentou lançar fo g o ao prédio. accidente cosmico e desse accidente se aproveitaram
os republicanos para a propaganda em c om ido s nos
A Monarchia conseguiu, em parte, o que dese­ theatros.
java. A propaganda fo i interrom pida, cessou a pu ­ Então, is to é, depois da extineção do — «A Re­
blicação da A Republica»; alguns transfugas se dei­ publica-- a idéa republicana, como já o affirm a-
xaram seduzir por promessas e collocações. M as, mos, ficou inteiram ente entorpecida. N o R io de Ja­
se houve transfugas, tambem houve os que soube­ ne iro , a não ser a palavra de Lopes T rovão nos eir­
ram com dignidade se responsabilisar pelas suas a d o s acadêmicos e um pequeno gru p o de paulistas,
convicções politicas, pondo a descoberto os erros podia-se a ffirm a r que aquella idéa p o r com pleto ha­
e fa lhas do regimen im perial. via desapparecido.
Sem garantias para os republicanos, a propa­ É certo e manda a justiça que se diga, Q u in­
ganda. como que entorpecida, fo i tomada de certo tin o Bocayuva e Aristide s Lobo não desanimavam
retrahimento, para uns, os exaltados; crim inoso, para e se, porventura, se estenuavam na pugna, habilm en­
outros, os moderados. te não demonstravam vacillações, o que, com pezar
D entre os que não se podiam con fo rm ar com o dizemos, não se deu com Salvador de Mendonça
o retrahim ento toma attitud e ostensiva o 3.» annista e ou tros signatários do m anifesto de 1870 que não
de Medicina Lopes Trovão, já então o ra d o r flue nte, souberam ou não quizeram conservar a linh a de
genuino representante da mocidade que acudiu ao abnegação daquelles seus companheiros.
seu appello para que continuasse, pela palavra es- Lopes Trovão, José do Patrocinio, Vicente de
crip ta e fallada, a campanha defensiva do b rio na­ Souza e -mais tarde A lb e rto de C arvalh o resolveram
cional. in ic ia r uma serie de conferencias publicas. Nessas
Como verdadeiro pio ne iro , nas associações e as- reuniões populares, assistidas por m ilhares de pes­
semblcas acadêmicas, os seus exercícios o ra torios con­ soas, de to dos os credos e camadas sociaes, fo i que
quistaram applausos e sym pathias dos seus collegas, a sociedade carioca fam iliarizou-sc com as doutrinas
grangearam-lhe, porém, as antipathias da m aioria dos republicanas.
professores palacianos que lhe moveram incruenta Oradores m onarchistas saturam a campo contra
guerra, só conseguindo a sua form atura depois de os tribu no s republicanos, mas foram ba tido s e aban­
m il peripecia.'.. donaram a arena.

o o o o o o 29 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMORAT IV O DO CENTENARIO DA

Tod os os dom ingos, a palavra desses propagan­ tes na volumosa collecção daquelle jo rn a l que, in­
distas, verdadeiros m issionários, se fazia ou v ir em contestavelmente, fo i um elemento poderoso que ope­
um theatro desta cidade e, assim, pouco a pouco se rou a profunda mudança nos costumes do povo, na
fo i firm a nd o um a fo rte corrente de opiniã o contra parte relativa á le itu ra de jornaes.
a monarchia, principalm ente na camada popular. Até áquella data, o op era rio b ra sile iro , com ra­
Nessa época a «Gazeta de Noticias», fundada rissim as excepçôes, não lia , porque era-lhe penoso
p o r F erreira de A rau jo e M anuel C arne iro , exercia dar preço exagerado p o r um num ero do «Jornal do
benefica influ en cia popular. Estes escriptores com pre­ Commercio».
henderam as vantagens do jo rna lism o m oderno, dis­ Jornal de orientação democrática, rotulado com
cutin do com elevação de vistas e imparcialidade os o titu lo de neutro — deu golpes profundos nos costu­
assumptos de interesse publico. mes do tempo, photographando pe lo lado rid icu lo
Em documentos que temos á mão diz um escriptor o que havia de absurdo nas «instituições juradas».
daquelle tempo cm referencia a este jo rn a l: Assim é, que, algum te mpo depois da sua crea-
ção, a traquitana e papos de tucano imperiaes, não
faziam mais o e ffe ito da p rim itiv a quando o povo
«Póde-se diz e r que á época do seu apparecimcn- embasbacado ia esperar o ex-monarcha p o r occasiâo
to , poucos eram os individ uos que liam jornaes. Este da abertura do parlam ento.
facto era devido ao preço excessivo do «Jornal do Pouco a pouco, e, naturalm ente, como se t i ­
Com m ercio» que m onopolisava o jorna lism o flu m i- vesse um plano traçado e do qual não se arredasse
uma linha, conseguiu a «Gazeta de N oticias» domes­
O estabelecimento de vendagem avulsa in icia­ ticar a rebeldia do povo, obrig ando-o, p o r assim d i­
d o pe lo «Jornal de Noticias», que não conseguiu do­ zer, a estabelecer p a ralellos entre os dous partidos
mar a ind iffere nça das classes profundas da socieda­ monarchicos que se gla dia vam ; a re fle c tir sobre a
de, desenvolveu-se por ta ! fórm a com o apparccim en- fa lta de patriotism o dos homens publicos que, no
to da «Gazeta de Noticias» que em breve tempo, ostracismo construíam programmas soberbos c que
conheceu o «Jornal do Com m ercio» te r á sua fren­ uma vez no poder, esqueciam-nos sem escrúpulos.»
te um adversario digno de respeito.
Ferreira de A raujo, H enrique Chaves, José do
P atrocinio, F erreira de Menezes e tantos outros es­ Ge facto, Ferreira de A raujo, im p rim iu ao seu
crip to re s notáveis, quer em artig os de fundo, roda­ jo rn a l uma feição toda especial dem ocratisando a im ­
pés ou chronicas ligeiras, deixaram paginas brilh a n ­ prensa, não só na cap ital, mas de to d o o paiz, que,

<O o o o

o o o o o o 30 o o o o o o
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

mais ta rde, preparou essa fo rç a que fez a in s u rre i­ ordens, nào consentiria que proseguisse, rum o do
ção p o r causa do «im posto do vintém » que fez a Paço (aliás guardado por fo rças das tres armas),
abolição e a Republica. quer o ora do r, quer qualquer o u tra pessoa.
O então m oço e valoroso trib u n o , em phrases
causticantes contra o governo, pediu ao povo que,
V II com elle se retirasse, deixando, porém, comprovada
a falsa comprehensão que a M onarchia possuía do
d ire ito de representação.
A despeito do retrah im e nto dos chefes do par­ Já a massa po p u la r, que rumava para o centro
tid o republicano, grupos esparsos procuraram m an­ da cidade, se encontrava nas proxim idades do an tigo
te r o fo g o sagrado, reencetando, é certo que com M atadouro, ho je praça da Bandeira, quando á toda
lentidão, o m ovim ento da propaganda. a brida , m ensageiro d o Paço dirige-se a Lopes T ro ­
(.rcaram -sc clubs, na apparcncia literários, mas vão, declarando que o Im perador o receberia e a
que no fu nd o eram puram ente republicanos. uma commissão, ao que lhe responde o trib u n o :
Os C lub s P opular, T ira de nte s e S. C hristovão «Ide e d iz e i a S. M . o Im perador e vosso amo,
prestaram reaes serviços, até que os chefes, ainda que um povo d ig n o como este que ahi vedes, não
prudentes ou vacillantes, reorganisaram o partido, volta nunca, s obretudo quando o escorraçam como
procurando concentrar forças disseminadas, fo rm an­ turba de lacaios e desordeiros! Ide! D izei ao Im ­
do a commissão directora no m u n ic ip io n e utro e em perador que em quanto eu estiver á testa da m u lti­
N ictheroy. dão, como seu director, me esforçarei p o r dem onstrar-
Resurgia mais uma vez o ideal republicano. Ihe que a soberania nacional reside no povo e não
E fe ita a te ntativa da fundação de um jo rn a l
francam ente p a rtid á rio . O D r. A n to n io da Silva N et- E annunciado no vo «meeting» para o largo do
to e ou tros m u ito se esforçam para levar a e ffc ito Paço. A lg un s chefes do pa rtido republicano, apavo-
essa idéa que fracassou. ram-sc e procuram dissuadir o trib u n o p o p u la r a se­
Em 1879 Lopes Trovão assume a redacção da g u ir no seu p ro p o s ito ; elle , porém, com prom ettido
«Gazeta da N oite», fundada a esforços d o distincto com o povo, c um priu a sua palavra.
medico D r. F erreira Leal e Tenente Joaquim Pedro A 1.*' de Janeiro de 1880 (d ia de gala e co r­
da Costa, veterano da guerra do Paraguay. te jo no Paço Im p e ria l), ás 12 horas precisas, L o ­
C om o concurso deste vesp ertin o e com as con­ pes T rovão chega ao local designado, bem p ro xim o
ferencias dom inicaes nos th eatros e clubs, fo i se fo r­ ao palacio, sendo recebido por uma estrondosa ova­
m ando, mais uma vez, vultuosa corrente, a fa vor ção, onde cerca de dez m il pessoas o acclamavam.
da Republica. Documento que temos diante dos olhos, refe­
Surge a decretação d o im posto de vinte reis rindo-se ao caso, assim o descreve:
em cada uma passagem de bond, o «im posto do
vintém», como o povo o denom inou. «Lopes T rovão approxim ou-se d o chafa­
Lopes T rovão e José d o P a tro c in io o comba­ r iz que ainda ho je existe naquelle largo ,
tem na imprensa. Tomam conta da questão c irm a­ venceu facilm en te a parede da bacia do m o­
nados pelo mesmo o b jec tiv o , vão á trib u n a po pu lar num ento e dahi, dom inando a m u ltidã o, a g i­
a pro flig a l-o . tada como o Oceano revo lto, a tiro u a pa­
E convocado um «meeting» no então C am po lavra com que precedia sempre os seus dis-
de S. C hristovão, ho je praça D eo do ro da Fonseca,
p ro xim o ao Palacio Im pe ria l, actualm entc Museu Na­ «Cidadãos — Nesse m om ento as ondas
cional. populares acalmaram-se como por encanto
A concurrenda ascendeu a mais de o ito m il c o silen cio p ro fun do fez-se em toda aquel-
pessoas de todas as camadas sociaes, da mais ele­ la enorme massa de povo, on de batia an-
vada á mais modesta. O o ra d o r fo i Lopes Trovão, cioso o coração da patria.
tendo ju n to de si José do Patrocinio , Alm eida Per­ «F o i um discurso eloquente, atraves­
nambuco, Vicente de Souza, A lb e rto de C arvalho, sado pe la logica te rrív e l dos fa ctos e m o­
F erro Cardoso, Placido de A b re u, Francisco da S il­ v id o p e lo grande am or p a trio tic o que en­
veira Lobo, C ab ra l Noya e grande num ero de ra­ vo lv ia to da a alma do moço trib u n o , o que
pazes das escolas superiores, onde eram vistos m u i­ naquelle instante produzia o seu verbo in-
tos da Escola M ilita r da P raia Verm elha, fa rdados flam m ado.
uns e á paisana outros.
Lopes Trovão, depois de um curto, mas v i­ «O povo, m oços c velhos, oriun do s deste paiz
brante discurso, cortado, de instante a instante, por ou filh o s da velha Europa, a p rin c ip io ouvia-o com
freneticos applausos da considerável assistência, leu toda a calma, mas, pouco a pouco, animando-se, sen­
uma representação que devia ser levada ao M on ar- tindo-se tocado pela c orrente electrica da eloquên­
cha. O s applausos explodiam sem cessar, bem como cia bem d irig id a , começou de exaltaF-se acclamando
os vivas á Republica. a p ro pria soberania e irro m p en do em enthusiasticos
Quando o povo, te ndo como gu ião o orador, vivas á R epublica.
se encaminhava para o Palacio Im pe ria l, o D elega­ «A exaltação p o p u la r chegou a ta l ponto que
do de Po licia , bacharel F e lix da Costa, capitanean­ nào sendo mais possível contel-a nos lim ite s da p ru ­
do numerosa fo rça de p o lic ia m ilita r e civ il, embar­ dência, estendeu-se como um vagalhão enorme por
ga-lhe o passo, declarando que, em cum prim ento de to d o o seio da cidade.

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LIVRO DE OURO COMMEMORAT1X0 DO CENTENARIO DA

A lu ta entre a p o lic ia e o povo toma caracter Era o prenuncio da desordem prom ovida e d i­
m uito sério e grave. A cidade entra cm franca re­ rig id a pela suprema autoridade po licia l.
volução. A trop a deixa os quartéis em marcha ace­ A massa popular reage. Vivas ao ora do r e á
lerada ao ru fia r dos tambores. O povo form a b a r ri­ R epublica estrugem, sem cessar.
cadas. Os pelotões avançam para ellas e p o r mais Lopes T rovão cruza os braços, emquanto que
de urna vez são rc p e llid o s , ate que trium phant. a briza revolve a sua cabelleira, nesse tempo «ru­
H ouve m ortos, fe rid o s e grande numero de p r i­ bra como a cauda do relam pago em negra e tempes­
sões que atapetaram as estações policiaes e a Casa tuosa noite» e calmo, a ltiv o e energico exclama:
de Detenção. — C analhas!
Eram novas victim as que vinham augm entar o Esta sim ples palavra vibra de tal modo que
grande num ero das que, desde os tempos coloniaes, da massa p o pu lar explodem delirantes vivas á Re­
se deixavam matar p o r um a form a de governo que pu b lic a e ao orador.
lhes parecia mais consentanea com a dignidade hu- A turba avança e o C hefe de P olicia mescla-
se com ella , com cila irmana-se, com ella se con­
Era a eterna his to ria das lutas, sempre em p ro l fu nde e ainda com ella tenta approxim ar-se da t r i ­
de idcacs que raramente se corporificam , mas pelos buna.
quaes o povo. em sua ingenuidade, se deixa iro- O povo reage; form a uma massa compacta, uma
b a hir e sacrificar. m uralha humana, sem te m o r aos cacetes manobrados
Pouco tempo depois dos graves acontecimen­ por possantes braços e ás navalhas e punhacs que
tos que vim os de re fe rir, dcsappareceu a «Gazeta ■c fu lg em ameaçadoramente.
da Noite-' e surge o «O Combate», fundado por A esforços e a solicitações reiteradas dos seus
Lopes T rovão, de parceria com alguns operarios, am igos o o ra d o r deixa a trib u n a para evitar a effu-
(com positores), dentre os quaes o velho republicano são de sangue, tomando a direcção da Rua do Es­
Joaquim A ugusto de C astro M iranda, que prestou p ir ito Santo.
os mais relevantes serviços á causa da democracia, A c orja nefanda e numerosa de assalariados se­
sempre desinteressadamente. gue-o sempre a corcovcar e a p ro fe rir phrases de
b a ixo calão encorajada pelo chefe que, ao envez de
g a ra n tir a ordem , prom ovia a desordem.
H ouve, porém , a reacçâo e a c orja m aldita teve
V III
que recuar para v o lta r de novo, com novos reforços.
Estabelece-se a luta até á esquina da travessa
Em 1S81 c apresentado pelo senador Saraiva das Barreiras, onde existia o Café Lucinda e onde
o projecto de reform a ele itoral. Os republicanos, os republicanos se entrincheiraram .
em consequência do censo elevado e anti-democratico, D epois de quasi uma hora de lu ta a turba re­
resolveram com batel-o até na praça publica. tira-se ao te mpo que um casal francez, sciente de
Annuncia-se um «meeting» e a po licia move- tudo, residente p ro xim o ao local da acção, acolhe
se. Os republicanos são avisados de que o governo o trib u n o e alguns amigos, ao som da Marselhcza.
assentara im p ed ir de qualquer form a essa m anifesta­ A desordem, isto é, os representantes do c ri­
ção de pensamento. me tomam conta da cidade e ao anoitecer, com ar­
Ha uma reunião de republicanos no escriptorio chotes incendiados percorrem diversas ruas estabe­
do D r. Alm eida Pernam buco; discute-se o caso; a l­ lecendo o panico até que se dirige m á rua de S.
guns opinam que se adie o «meeting», ha dive rg ên­ Pedro, onde destroem o m ate ria l do «O Corsário»,
cias, acalora-sc a discussão, quando, em dado m o ­ jo rn a l que além da parte condemnavel em que tra ­
mento, Lopes Trovão, que até então guardara sile n ­ tava da vida privada da sociedade flum inense, lan­
cio, diz com energia: çava frequentem ente artigos adm iravelmente bem tra ­
«Não discutam mais este assum pto; elle está çados de critica politica.
por mim reso lvid o desde que annunciei o com ício
no Largo d o Rocio. Estou oom prom ettido com o povo, Também o cm pastclam ento da «Gazeta da T a r­
não fa ltarei ao meu com promisso!» de», jo rn a l de Ferreira de Menezes, que mantinha
Meia hora depois, po vo e p o lic ia se en fren ta­ as glo rio sas tradições da «Gazeta da Noite» e do
vam na actual Praça Tiradentes. «O Combate» estava destinada a mesma sorte do
A po lic ia , reforçada pela escoria da nossa s o­ «O C o rs á rio » ; mas Ferreira de Menezes havia to­
ciedade, aguardava o m om ento de acção. O chefe mado precauções, armazenando em sua redacção, além
de policia, desembargador T rig o de Loure iro , tr a ­ 'de alguns saccos de cal, m uitas latas de insecticida
zendo na cabeça enorme chapéu desabado, empunhan­ e armas de fogo, de m odo que, quando o Desembar­
do respeitável bengalão, postou-se na escada d o H o ­ gador T r ig o de Lo ure iro apresentou-se para offe-
te l Po rtug al, emquanto que os republicanos, ju n to recer as garantias da po lic ia , o D r. F erreira de
da estatua de Pedro I im provisaram u.na trib u n a Menezes agradeceu, dispensando-as, m ostrando-lhe,
que é galgada pelo p o pu lar trib u n o sob delirantes porém , os elementos de defesa, ao que o Chefe um
acclamações de m ilhares de ouvintes, que, se.n ces­ tanto desconcertado, disse:
sar, dão vivas á Republica. — «Os senhores realm ente estão bem prepara­
Lopes T rovão pro fere algumas palavras, quando dos!»
do gru po chefiado pe lo p ro p rio chefe de policia, a D ias depois eram deportados alguns rapazes por-
um aceno que faz, desencadea-se infe rna l vozerio tuguezes, dentre os quaes J u lio de Vasconcellos que
de vivas á Monarchia. tomara parte saliente na revolução d o «imposto do
Calçado POLAR — Rio de Janeiro.
IN DEPENDE N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

vintém ». T odos esses rapazes tinham posição d e fi­ re, com habilidade e ta lento, propinam lentam ente os
nida e residência an tig a no Brasil. ideaes aos seus alumnos. Na Polytechnica Manuel
J u lio F a v illa Nunes e o au to r destas linhas T im o the o, Ennes de Souza, Joaquim e José M u rtin h o
fu ndam o «Jornal da Noite» francam ente a.nparado p o ntifica m do mesmo modo que os seus collegas da
pe lo pu b lico que esgota as suas edições. Escola de M edicina, emquanto que a glo rio sa Escola
A parte in te lle c tu a l fô ra confiada a Lopes T ro ­ M ilita r da Praia Verm elha dá exem plos fecundos
vão, U b a ld in o do Am aral, F ontoura X avier, A ristides de civismo.
Lobo, José M a ria d o Am aral e outros. Q u in tin o Bocayuva, com a ponderação que lhe
A po licia , além d o suborno de alguns vende­ era peculiar e A ris tide s Lobo, com a vehementia
dores, mandou que agentes espancassem c prendes­ p ro p ria d o seu fe itio , nas columnas do «O Paiz» e
sem os que resistissem á corrupção, a despeito dos «Gazeta Nacional», desferem profun do s golpes nas
protestos, na C he fatura de Po licia , p o r parte dos institu içõe s, com ta nta convicção e v ig o r que deses­
Deputados A n to n io P in to de Mendonça e José M a­ peram os adversarios.
riano, ambos monarch istas, mas revoltados pe lo pro­ la m b e m Ferreira de A ra ú jo pelas columnas da
cesso de abafar a liberdade do pensamento. «Gazeta de Noticias», coopera, directa e indircctam cn-
C u rta fo i. p o rtan to , a vida do «Jornal da te para increm entar o m ovim ento republicano.
Noite». São organizados os C lu b s das Escolas de M e­
dicina e Polytechnica.
F erreira Vianna a ffirm a que «o Im pe ra do r es­
IX trag ou to das as fo rças vitaes da Nação»; Cotegipe
diz que «o doente desesperado m udou de cabeceira
e que não é m uito que o cidadão, fe rid o em seus d i­
Pouco tem po depois, Lopes T ro v ã o parte para reito s faça o mesmo»; S ilv eira M a rtin s g rita que
a Europa como correspondente do «O G lobo», dia­ «somos um rebanho de ovelhas»; A ffo n s o Celso, diz
rio que tinh a com o redactor em chefe Q u in tin o Bo­ que «no Brasil já nem se salvam as apparentias»;
cayuva e a trib u n a p o pu lar silenciou inteiram ente M a rtin h o de Campos deixa p a rtir o bra do de cons­
até que de novo desperta, não para pro pagar as idéas ciência de que «se envergonhava de ser m onarchis­
republicanas, mas para dar vigo ro so com bate á es­ ts » ; Souza Dantas, affirm a que em «p o litica só re­
cravidão. presenta a sua ind ivid ua lid ad e» , etc.
Surge José d o P a troc inio na arena. A lu ta toma Taes «sentenças» pro ferida s p o r homens que bem
trem enda feição, nella também toma p a rte um grupo conheciam as cousas do Im p é rio são aproveitadas
de rep ub lica no s; confratcrnisados republicanos e mo- pelos republicanos para convencerem á Nação de que
narchistas lutam heroicam ente, até que a 13 de M aio ella não tinha servidores leaes e de que os partidos
de 1888 a campanha tem glo rio s o te rm o, e x tin gu ind o m onarchicos eram compostos de am biciosos vulga-
a escravidão n o Brasil, graças aos titâ nicos esforços
dos a b olicion istas e á a ttitu d e digna, no bre e ele­ Era esta a situação da p a tria commum quando
vada d o E xe rc ito , que se negou á captura de escra­ fo i fe ita a abolição, um dos mais grandiosos acon­
vos fugidos. te cim entos que têm g lo rific a d o o Brasil.
A campanha a b o lic ion is ta enfraquecera a pro­ Desde 1887 o p a rtid o republicano já então re­
paganda republicana, no em tanto é preciso salieutar- organizado, começou a desenvolver-se notavelmente,
sc que alguns republicanos do an tig o M u n ic ip io Neu­ recebendo francas e notáveis adhesôes.
tr o e p ro vin cia do R io de Janeiro, e n tre os quaes N os mais im portantes centros das provincias de
Saldanha M a rinh o, Q u in tin o Bocayuva, A ris tide s Lo ­ S. Paulo, R io G rande do Sul, M in as Geraes, Rio
bo, U b a ld in o do Am aral, Alm eida Pernam buco, Pe­ de Janeiro, Pernambuco, Santa C atharina, E sp irito
d ro F erreira Vianna, José M aria do A m a ra l, Jcro- Santo, Pará e Paraná, são inaugurados clubs de p ro ­
nym o Simões, M ath ias C arvalho, D r. S ilva Netto, paganda. A o lado destes appareccm jornaes que tam ­
R od olp ho de A breu, Barata R ibe iro, É rico Coelho, bém levam a propaganda a todos os pontos do Im ­
D om ingos F reire, Ennes de Souza, L u iz Leitão, Pe­ perio.
d ro Tavares, L u iz M u ra t, Esteves J u n io r, M anuel T i ­ A 11 de Janeiro de 1888 surge a famosa p ro ­
m otheo da C osta, T im o th e o Antunes, Fideles de Le­ posta de consulta da Camara M u n ic ip a l de S. Borja.
mos, M agalhães C astro, João B aptista Laper, Padre Outras m unicipalidades a im itam .
A n to n io M aria da T rin da de , Pessoa d e Barros, A l­ A propaganda desenvolve-se, desce ás camadas
m eida Fagundes, T e ix e ira de Souza e outros, na sociacs, as mais pro fun da s; quebra resistências que
im prensa e um a ou o u tra vez nos clubs, agiam cm encontra na sua passagem; estabelece deserções nas
p ró l da R epublica, mas de m odo m u ito re s tric to, a forças inim igas e caminha para a Republica.
despeito dos trab alh os de arregim entação que v i­ A tribu na p o pu lar re fu lg e em to da a parte pas­
nham sendo fe ito s desde 1885. sando de ume para outra provincia.
Em 1887 installa-se o C ongresso R epublicano Q u in tin o Bocayuva, S ilva Jardim , U b a ld in o do
com delegados de to das as antigas provincias. Am aral, Pedro Tavares, N ilo Peçanha, E rico Coe­
Jã então o s C lu b s de S. C hristovão, T iradentes lho, J u lio de C astilhos, B arros Cassai, R am iro Bar-
e F lum inense assemelham-se ás s e n tinclla s avança­ cellos, D em etrio R ibeiro, Brun o Chaves, Assis Bra­
das vigia nd o o acampamento e o m ovim en to das s il, C o e lh o Lisboa, Q u irin o dos Santos, M aciel P i­
hostes monarchicas. nheiro, C y ro de Azevedo, L u iz M urat, Cam pos Sal­
N a Escola de M edicina, Barata R ibe iro, Erico les, R angel Pestana, A lfre d o E llis , Francisco G ly-
C oelho, Souza Lim a, João Gabiso e D o m ing os F re i­ cerio. Prudente de M oraes, A le xan dre Stocler, Justo

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LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO

C herm ont, Fonseca Herm es, A lb e rto T orres, Xavier nes, Esteves J un ior e seus filh o s Annibal e Itusbides,
da Silveira Junior, D om ingos dos Santos (o Radical), Eva risto da Costa e m uitos outros, especialmente
A lfre d o M adureira, M a rtin s Junior, A n nib al Falcão, rapazes do commercio que accorreram a fo rm a r em
V ir g ílio Damasio, C ancio de Freitas, João Polycar- to m o do centro que trazia o nome do po pu lar t r i ­
carpo (o C idadão) e tantos outros, pontificam sem buno, então ausente em estrangeiro paiz.
Nessa mesma occasião na cidade de Campos
Não só nas capitaes; nas demais cidades, v il­ organiza-se um club que entra, desde logo, em franco
las e arraiaes p o r onde passam, onde tocam dei­ m ovim ento de propaganda em toda a provincia to ­
xam signaes evidentes da conquista de adeptos. m ando saliente attitud e os republicanos Francisco
Os m onarchistas sem coragem para, de fro n te er­ P o rte lla , N ilo Peçanha, Pedro Tavares, G alvão Ba­
guida, antepor á propaganda a defesa da Monarchia ptista, Thomaz de Sá Freire, H em eterio M artins,
lançam mão da calum nia, declarando que tu do que J. F eyd it e outros, que na peregrinação p o r cida­
se ia passando, não era mais que o — «movim ento des e v illa s , por mais de uma vez, correram o risco
dos negreiros despeitados!». de perder a vida, como succcdeu com N ilo Peça­
A «Guarda Negra» de nefanda memoria, come­ nha, no p ro p rio m un icip io de Campos.
ça a mover-se im pulsionada por perversos individuos A 8 de Agosto de 1888, S ilva Jardim faz uma
que procuram estabelecer no Brasil o od io da raça. conferencia publica em um theatro de N icthe ro y,
Os republicanos proseguem. Além dos clubs já com franco successo. A 21 d o mesmo mez annun-
organizados, fu ndam o C en tro R epublicano Lopes ciava e leva a effeito , nesta cidade, um com icio no
T rovão onde trabalham activamente Thom az D elfino, theatro Lucinda.
F a villa Nunes, A lm eida Pernambuco, E m ílio Ribeiro, O theatro estava radicalmente cheio de repre­
M a rtin h o de Moraes, João Gonçalves da Silva, o sentantes de todas as camadas sociaes, notando-se
b e llo trio form ado p o r tres meninos, tres irresponsá­ grande num ero de senhoras.
veis crianças, Pedro do C outo, A lb e rto de Faria e Discursava o orador, recebendo sempre calo­
M a rio Cardoso, que sempre estiveram nos pontos rosos applausos, quando os monarchistas, represen­
arriscados, Lourenço Vianna, Eva risto de Moraes, tados por um grande numero de desordeiros, che­
D ias Jacaré, Deocleciano M a rty r, Pessoa de Barros, fiados por agentes de policia, tentam inte rrom pel-o,
A n to n io Cardoso, C abral Noya, R odolpho de Abreu, fazendo in fe rna l berreiro, queimando cartas de b i­
G uilh erm e Pires, R odolpho Rodrigues, C apitão Sou­ chas chinezas e arremessando pedras.
za Barros, D rum ond F ranklin , A m orim Lima, Cae­ A p rin c ip io estabeleceu-se a confusão, mas as
ta no Regazoli e seu filh o , o velho T im o teo An tu­ senhoras que, sem temor, a lli se achavam, deixam

o o o o o

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DO RIO DE JANEIRO PAVILHÃO


DO DISTRICTO FEDERAL

O O O O 34 O O O O O O
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

os cam arotes e col locam-se no palco ao lado d o ora­ zia a seu bo rdo o fogoso tribuno. Para o caes Pha­
do r, a ffro n ta n d a os prom otores da desordem que fo- ron x a fflu ira m m ilh ares de pessoas. O na vio cami­
ram co rrid o s pe lo au d ito rio , term inando Silva Jar­ nha lentam entc até enfrentar com a fo rtaleza de
dim a sua conferencia sob estrondosas acclamações. Santa C ruz. Ao seu encontro parte uma flo t ilh a de
Apparecem á luz da pu blicidade os periodicos lanchas, que ao passar proxim o das fortalezas e da
republicanos «Intransigente», A tira d o r Franco» e «Re­ Escola de M arinha recebe saudações, sendo agita­
publicano». dos p o r m arinh eiro s e alumnos lenços e barretinas.
A o mesmo te mpo os diá rio s, especialmente o As 18 horas, depois de cruciente ex ilio , de novo
«O Paiz», com frequência, publicam telegrammas das punha os pés em te rra bra sile ira um dos maiores
pro vin cias e transcrevem no ticias de nomerosas adhe- propagandistas, pela palavra fallada, o intem erato
sões. republicano que tu do sacrificou p o r seus ideaes.
Á irô n ica phrase do C on selh eiro João A lfre d o : O povo, o nosso bom povo, bem in fe liz é cer­
— «Cresçam e apparcçam» — os republicanos cor­ to , mas sempre digno, generoso e justo, recebeu, em
respondiam de m odo bem positivado. d e lirio , o p o pu lar trib u n o também um dos mais abne­
Cresce, avoluma-se e caminha de ta l modo a gados paladinos das publicas liberdades, aproveitan-
propaganda que im pressiona aos m onarchistas mais do-se do m om ento para dem onstrar-lhe que os an­
ponderados, dentre os quaes Sebastião Mascarenhas, nos de prolongada ausência não tiveram fo rça bas­
D eputado por M inas Geraes, que em pleno P arla­ tante para to rn a l-o esquecido.
mento assim se manifestava no trecho do seu dis­ C ontinuam os republicanos em franca activida-
curso que transcrevemos: dd a cavar fu nd o os alicerces das instituições. Alguns
m onarchistas começam a impressionar-se e de ntre es­
«O enthiisiasm o com que as ideas republicanas tes Joaquim Nabuco que, em plena Camara, tentou
são abraçadas na m inha p ro vin cia, não provem do v ib ra r g o lp e de m orte na propaganda.
despeito p o r causa da abolição, como entendem a l­ A o seu encontro sahiu o sempre intem erato S il­
guns senhores deputados e o Governo. («Apoiados»), va Jardim que, em conferencia publica, bate-oi com­
Ha o u tra s causas mais poderosas que influ em para pletamente.
esse m ovim ento. («Apoiados»), Esta conferencia realizada no salão da Socie­
«Para provar o erro em que se acham os no­ dade Franceza de Gym nastica, fo i perturbada pela
bres deputados e o G overno, basta dizer que a m aior «Guarda Negra que investiu p o r diversas vezes, não
parte dos republicanos é residente nas cidades e conseguindo, porém , assaltal-o graças á energies at­
villa s. Eram a b o licion istas; m uito s ou a m aior parte titu de de Sampaio Ferraz e Lu iz Pires que de revól­
delles, entendiam , com razão, que a escravidão era ver em punho, au xilia do s por m uitos populares, rea­
a «base taais solida sobre que descançava a M o­ giram efficie ntem ente.
narchia». («Apoiados»). D o M o rro de Santo A n to nio, o M in is tro da Jus­
tiça, de binoculo em punho, tu do assistia, retirando-
A b o lid a a escravidão, ficava ao p a rtid o re p u b li­ se m u ito c ontrariado pelo insuccesso dos aggresso­
cano estrada franca c larga pela qual marchiaria des­ res.
assom brado para a conquista de suas idéas». Apparece o «C o rre io do Povo», d ia rio - fundado
e m antido por Sampaio Ferraz, Chagas Lo ba to e A l­
fredo M ad urcira , org ão genuinamente de propagan­
da, uma especie de sentinella avançada do pa rtido .
X A redacção d o «O Paiz» mantem uma secção
puramente republicana e o « D ia rio de Noticias» ce­
dia, mediante con trato com o C entro R epublicano L o ­
A 2 de N ovem bro de 1888 a commissão reor- pes T rovão , espaço, onde Aristide s Lobo, polem ista
ganizadora do p a rtid o reune-se para tra ta r de as­ sem r iv a l, quasi que diariamente desferia golpes tre ­
sum pto urgente e im p orta nte . Nessa mesma data, mendos nas instituições monarchicas.
grande num ero de com m erciantes da praça do Rio O celebre « a u x ilio á lavoura» fo i reduzido ás
de Janeiro, chefiados pe lo sempre incansável Ro- suas justas proporções de m anejo e le itoral.
do lp h o de Abreu, fazia pro fissão de fé republica­ Em referencia ao plano fina nce iro d o u ltim o
na, prom ptificando-se para coadjuvar no que pudes­ M in is tro da Fazenda do Im pério, também Aristide s
se os trabalhos de propaganda, em to dos osi te rrenos Lobo desferiu trem endo golpe como a questão m ili­
inclusive na parte m onetaria. ta r fo i p o r elle brilhantem ente tratada.
Já não eram só as camadas profundas da so­
ciedade que vinham ao encon tro do m ovim ento repu­
blicano, eram tambern as classes conservadoras, que
se desagregavam do regim en monarchico. XI
Em quanto o p a rtid o recebia essa im portante
aóhesâo, consequente de m u ito esforço, de m u ito tra ­
balho de R odolpho de Abreu, todos os C lubs e C en­ N o dia 11 d e Junho de 1889, o m in is té rio p re ­
tro s republicanos se preparavam para receber Lopes sid id o pelo Visconde de O u ro Preto apresentou-se
T rovão , que, depois de lon go e x ilio , regressava á Pa­ á Cam ara dos Deputados.
tria , no dia seguinte. O povo enchia as galerias, os corredores e as
As 4 horas da ta rde, o C aste llo annuncia que tribunas como in v a d iu o recinto, d iffic u lta n d o a pas­
do p o rto se approxim a o « V ille de Santos» que tr a ­ sagem de um para o u tro lado.

O O O 35 O O O O O
LIVRO DC OURO COMMCMO HATIVO DO CCNTCNARIO

Nas proxim idades do e d ifíc io agglomcrava-sc Era a scisâo no seio do p a rtido , mas, esse d is-
enorm e m ultidã o. lise não causou nenhum enfraquecimento na propa­
O Visconde de O u ro Preto fa z a apresentação ganda que, cada vez e mais se avolumava.
d o m in istério. O C onde d ’ Eu resolve fazer um a excursão ao
C esario A lv im , deputado por M inas Qeraes, pede norte do paiz. Silva Jardim, sem vacilla r tom a pas­
a palavra c faz profissão de fc republicana, recebendo sagem n o mesmo paquete acompanhado dc L u iz N u­
applausos das galerias. nes Pires, seu infatigável companheiro, operos i e
Logo após, também pede a palavra o Padre João dedicadíssimo republicano.
M anuel, deputado pe lo R io Grande do N orte que Os m onarchistas atacaram violentam ente o in­
pro fe re um discurso viole ntissim o , term inando com temerato propagandista que, com essa a ttitud e, mais
as seguintes phrases: se elevou no conceito dos seus c o rreligio ná rios, como
conquistou novas adhesôes.
«Não tardará m u ito que, neste vastissimo te r­ Nessa mesma occasião o abastecimento d'agua
r ito r io , no m eio das ruinas das instituições que se á população era insufficiente a despeito dos grandes
desmoronam, sc faça o u v ir u n a voz nascida espon­ dispêndios fe itos pe lo governo e os republicanos
tânea do coração do povo bra s ile iro , repercutindo em aproveitaiam -sc do clamor publico em fa vor da pro­
to dos os angulos deste grande paiz, penetrando mes­ paganda.
m o no seio das florestas virgens, bradando encrgica, Lopes Trovão toma a si a questão, anmmcia
pa trio tic a e unanimem ente: — V iva a Republica!» e realiza «meetings» tendo como com panheiros C yro
de Azevedo, C oelho Lisboa e Germ ano Hasslocher.
Não é possível descrever-se o a ffe ito destas phra­ Em um dos «meetings» realizado no la rg o do
ses. O tu m u lto campeia francamente no recinto e Paço, form aram uma procissão, com grande acompa­
nas galerias. nhamento, levando painés com os seguintes dizeres:
O povo invade to dos os recantos d o edifício
da Gamara, applaudindo a a ttitud e do Padre João Agua», «Soccorro», Hygiene», Desinfectante ,
M an ue l, representante do Rio Grande do Norte. «Limpeza», etc., etc.
Deputados apavorados uns, indignados outros,
levantam-se a ge sticula r e abandonam o recinto. O De tu do se aproveitavam os republicanos habil­
Presidente faz soar os tym panos e ameaça fazer eva­ mente para a propaganda dos seus ideáes.
cuar as galerias, mas só depois de alguns m inutos Desde que fo ra feita a abolição, sentia-sc que
a ordem fo i restabelecida. o regím en m onarchista tinha os seus dias contados.
O Visconde de O u ro Preto, manda a verdade Era preciso um grande esforço e m uita h a bilida­
que se diga, esteve na altu ra do momento. de para m anter uma instituição sem base como era
. Quando o Padre deputado concluiu o seu dis­ a realeza brasileira, amparada por uma aristocracia
curso, o Presidente do C onselho, pa llid o, emocio­ de lentejoulas.
nado, a ltiv o e porque não dizer, com dignidade, bra­ A reorganização da Guarda N acional, a derra­
da: — Viva a Republica!» N ão! Viva o Im pé rio ! ma dc titu lo s c condecorações e outras m edidas go-
A lg un s deputados e alguns populares o applau- vernamentaes, crearam a desconfiança nas fo rças ar­
dem, mas a massa não correspondeu a esse esforço, madas, que desde annos vinham se sentido m elindra­
ao con trario, sem cessar acclamava os proceres do das.
pa rtid o e a Republica. Em todas as unidades, especialmente nas da
O discurso do Padre deputado João M anuel fo i Côrte, existiam republicanos, como bem o affirm a-
um verdadeiro escandalo. Com esse discurso elle le­ va o com parecim cnto de officiaes que de pe rto, e com
vava da praça publica para o recinto da Camara a interesse acompanharam a propaganda, assistindo aos
propaganda que vinha sendo fe ita e que com elle «meetings» c frequentando os clubs.
recebia im pulso mais fo rte que uma série de con­ M u ito s moços das Escolas M ilita r c de G uer­
ferencias c «meetings». ra, formavam uma especie de bloco em p ró l d o m o­
Os jornacs por m uitos dias bordaram o caso em vimento.
to dos os tons, cmquanto que os republicanos dellc Nas conferencias de Lopes T rovão e S ilva Jar­
se aproveitavam para tir a r vantagens em p ro l da dim elles eram a vanguarda dos que lutavam e re­
propaganda. presentavam o Exercito já então senhor de sua cons­
N o inte rio r do paiz e até em extranhas terras ciência, como bem demonstrou quando sc negou ao
as palavras do Padre deputado produziram profunda degradante papel de pega escravos fu g id o s, mere­
impressão. cendo p o r isso applausos de seus chefes taes como:
D eodoro, Severiano, Pelotas, M ad urcira e o u tro s que
não se prestavam facilm ente aos caprichos de m i­
nistros.
X II
Estava, pois, cm 1889 em franca effervescenda
a propaganda republicana.
A p orta á bahia de Guanabara bella c possante
Reune-se cm S. Paulo o Congresso Republica- nave chilena.
n d c entrega a Q u in tin o Bocayuva a chefia suprema G overno e povo não pouparam provas de cari­
d o p a rtido , ao que Silva Jardim se oppõe, declaran­ nho á d istin cta guarnição. Por onde passavam, onde
d o o Congresso sem competenda para se nelhante chegavam, eram delirantem ente saudados os represen­
resolução. tantes da R epublica andina.

O o o o o 36 o o o o o o
Perfumaria NANCY — Rio de Janeiro.
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Dentre as mais expressivas homenagens desta- des martyres — Felippe dos Santos e Silva Xavier
cou-se o baile da Ilha Fiscal, offerecido á officiali- — C) Tiradentes.
dade chilena. Duzentos c tantos annos de propaganda, quasi
A ilha tinha um aspecto deslumbrante. A illu­ tres séculos de lutas, cbm tantos sacrifícios, com
m inabo transformou-a de modo tal que a tornou feé- tantas victimas e a liberdade sempre enganosa, sem­
pre problematical
As lanchas e escaleres cruzavam a todos os mo­
mentos, conduzindo damas e cavalheiros convidados
a tomar parte no festim.
Os officiaes da Guarda Nacional, vergando o
uniforme de grande gala, arrogantes, a impòr pres­
tigio, olhavam com desdém para o povo que afflui- Ao concluirmos estes ligeiros traços, sem que es­
ra ao caes, a fazer commentarios de toda a especie. queçamos innumeras dedicaçSes de republicanos que
Nessa mesma noite, em modesta sala da rua prestaram inestimáveis serviços, manda a justiça que
da Quitanda, a propaganda republicana vencia a ul­ sejam collocados em destaque Quintino Bocayuva,
tima etapa e terminava a sua trajectoria iniciada em Aristides Lobo, Rangel Pestana, Lopes Trovão e Sil­
1710. va Jardim.
Nessa mesma noite, em modesta sala da rua da Os tres primeiros foram, sem receio de contes­
Quitanda, sédc do Club M ilitar, cadinho onde se tação, o affirmamos, o expoente maximo da palavra
fundiu a autonomia do Exercito, Benjamin Constant escripta e os dous ultimos da palavra fallada, na
tomava sobre si a grande responsabilidade de resol­ época contemporanea, isto é, de 1870 a 188Q, quan­
ver o problema governamental e, de tal modo se do o Imperio baqueou sem o amparo de seus adeptos
conduziu, que na manhã de 15 de Novembro, ao lado que tanto o comprometteram.
de Quintino Bocayuva, ladeava o velho, honrado c
magnanimo Marechal Deodoro da Fonseca que. pres­
Setembro de 1922.
tigiado pela tropa e amparado pela nação, fez trium-
phar os ideas que levaram ao supplicio da forca e
ao barbaro esquartejarnento, além de outros, os grau- J iiu o C armo (P ae ).

o o o o o o 37 o o p o o o
L IT E R A T U R A B R A S IL E IR A

ODE a Historia da Literatura brasileira nou-se a literatura brasileira realmente nacional, come­
ser dividida em tres periodos, muito çando, então, o terceiro periodo, que, para melhor
embora a precariedade de taes clas­ comprehensão do assumpto, cognominaremos auto-
sificações dê ensejo sempre ao referver
das contendas inúteis. Entre os annos de 1500 e A nossa historia literaria, em sua primeira phase,
1750, mais ou menos, transcorre o seu primeiro não apresenta propriamente grandes individualidades,
periodo, ou de formação, quando era absoluto o que, ou pela cultura ou pela força do engenho, se
predomínio do pensamento portuguez; de 1750 a impuzessem á estima dos posteros. No século XVI,
1830, quando os arcades da chamada escola mineira especialmente, a literatura foi um reflexo da terra.
começaram a neutralisar, ainda que pallidamente, os Os primitivos colonisadores, entre os quaes é mis­
effeitos da influencia lusitana, entrou ella em seu ter não esquecer nunca os apostolos da Companhia
segundo periodo, ou de transformação; finalmente, de Jesus, como Anchieta e Nobrega, deante da magni­
quando os românticos, os naturalistas e os symbo- ficência do ambiente circumstante, limitaram-se a
listas trouxeram ás nossas letras o influxo de novas fazer o elogio da terra. Sómente um poeta, ou me­
correntes européas, isto é, de 1830 em deante, tor­ lhor, um cortezão amigo das boas letras, tentou

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL IX» RIO DE JANEIRO PAVILHAO NACIONAL DA VIAÇAO


E AGRICULTURA

o o o o 38 o o o o o
CENTENARIO DA IN DEPENDE NCI A E EXPOSIÇÃO

elevar-se a uni genero mais a lto quc o commumente A n to n io de Sá, apellidado pelos contemporaneos o
usado nas e p istola s apologéticas o u nos autos de C /irysostom o portuguez.
in d ole re ligiosa , escriptos para entretenim ento e edu­ Entre os poetas podem mencionar-se Bernardo
cação dos selvicolas. Vivendo num m eio, cuja pompa V ie ira Ravasco, D om ingos Barbosa, Gonçalo Soares
e opulência F crnâo C ardim , na sua N arrativa Epis­ da Franca, M anoel Botelho de O liv e ira , G re g o rio de
to la r. descreveu entre extasiado e rabujento, Bento M attos, José Borges de Barros, Gonçalo Ravasco
T e ixe ira P in to q u iz deixar do fid a lg o que mais re­ Cavalcante de Albuquerque e João de B rito Lim a,
levo lhe deu, testem unho condigno. E is ahi a razão todos pertencentes á denominada escola bahiana. De
da sua P ro s o p o p c ia , poema epico composto em lou­ to do s elles, porém, com excepção de G re g o rio de
vor de Jorge de A lbuquerque Coelho, onde, é bom M attos e Bo te lh o de O liv e ira , restam apenas pro-
ponderar, só o v a lo r da intenção tem valim ento. As ducções somenos.
musas desabiocharam m ofinas no B ras il. Não foram M anoel Botelho de O liv e ira , nos sonetos, ma-
os prosistas porventura m ais notáveis. Suas obras, drigaes e canções de que se compõe a sua M usa
porem, têm m ais preço porquanto dizem do nosso d o Parnaso, cm quatro cáros de rim as portuguezas,
to rrã o e dos seus prim eiros colonisadores e habi­ castelhanas, italia na s e latinas com seu descante co­
tantes. São, assim, repositorios onde o historiador m ico reduzido em duas comedias, é poeta seguramente
fo i encontrar, m ais ta rde, os elementos indispen­ menos im portante e pomposo que o titu lo da sua
sáveis ao conhecimento do nosso paiz. Entre esses obra. F de regra, entretanto, salvar-se de to dos os
cscriptores d o século X V I, são dignos de nota e re­ seus versos im itados de G ongora e M arino, o poe­
ferencia Pero de Magalhães Gandavo, o prim eiro m eto descriptivo A Hha da M aré, onde se mostra
homem que se occupou das nossas cousas, escrevendo um attento adm irador das nossas frutas e dos nossos
a H is to ria da P rovin cia de Santa C ruz; G a briel cercaes. Pode-se dizer que a Ilh a da M aré é um
Soares de Souza, c ujo Tratado D es c riptiv o do B rasil poema heroico inspirado nos productos naturaes do
vem cheio de informações preciosas sobre chorogra­ uberrim o s ólo brasileiro. Não é de espantar, con­
phia, topo grap hia , ph yto lo gia , zoologia e m uitas ou­ sequentemente, que a matéria da poesia se revele
tras relativas ao clim a c á natureza do B ras il; o prosaica. De (ire g o rio de M attos, todavia, já não
padre jesuíta Fernão C ardim , au to r da já citada é lic ito a ffirm a r o mesmo, sem grave erro ou má
N arrativa E p is to la r, e Pero Lopes de Souza, que fé . F oi elle, em verdade, a fig u ra mais alta da nossa
m anejava com igu al mestria a penna e o trabuco, poesia até os arcades d o século X V III, c, porven­
á semelhança de quasi to dos os gentishom ens nave­ tu ra , como satyrico, um dos melhores exemplares
gadores de P o rtu g a l. d o genero no Brasil. Em que pése ás suas m uitas
O século X V II é, sem duvida, já pelo lado fraquezas, ás suas paraphrases de Quevedo e a ou­
social c p o litic o , já sob o aspecto inte llectu al, m uito tros tantos de fe itos facilm ente explicáveis, G reg orio
mais im p orta nte que o precedente. O sentim ento na­ de M attos é uma fig u ra varo nil, de linhas accen-
cional, raro e v acillan te no século anterior, revigora- tuadas e características. José Verissim o fo i in ju sto
se nas lutas con tra os conquistadores estrangeiros; quando, levado não sei por que extremos, lhe re­
a riqueza augm enta progressivamente, a agricu ltura baixou a physionom ia de modo tã o áspero. F o i in­
floresce nas v illa s c nas cidades litorân ea s; a pecuaria ju s to , porquanto só teve olhos para as suas mise­
se desenvolve nalgumas zonas do in te rio r; e as ban­ rias, esquecendo-se do homem e das circum standas
deiras começam, por valles c montes, florestas e em que o mesmo viveu, e ainda por que o consi­
descampados, a ob ra form idável d o desbravamento derou exclusivamente como um truão, um in d ivid uo
do nosso só lo , que, então, se vai dila tan do das re­ sempre pro m p to a fazer peditórios derramados aos
giões pra ie ira s em direcção do p la n a lto central. figurões da epoca. G reg orio de M attos não fo i ape­
As letra s gosavam, com especialidade na Bahia, nas um satyrico despejado, mostrou-se, igualm ente,
que herdara de Pernambuco o p re s tig io inte llectu al, liris ta sensível e m oralista im aginoso e discreto,
de grande estim ação. Os poetas d o Renascimento quando o sangue lhe corria m ais calm o nas veias.
italia no , hespanhol e portuguez, como Tasso, Gon- Sua obra é um espelho do tempo. E lia reflecte
gora, Q uevedo, Lope de Vega, G a briel de C astro os rid ic u lo s e os vícios da gente que nos go ver­
e ou tros m ais, eram lido s, commentados e im itados. nava de bota e espora, e de quem o poeta so ffre u
Com o nos de P o rtug al de D. Francisco M anoel tanto. Ella nos evidencia, ainda, uma alma cheia' de
de M e llo , predom inava entre os nossos letrados, quasi notas delicadas, capaz de sentim entos fin o s e ele­
to dos educados em C oim bra, a influ en cia de M arino vados. Se, em dia aziago, G re g o rio despejou a b ile
c seus discip ulos. Havia p o r esse tem po m uitos c u l­ contra certos mazombos atrevidos, não é menos ver­
tores da boa latin ida de . Os chronistas e his to ria ­ dade que, m uita vez, deixou o coração cantar liv re ­
dores clássicos eram meditados e conhecidos, fo r ­ m ente cousas mais sub tis e po lida s que a invectiva
necendo, não raro, grande copia de m otivo s á elo­ irrita da . E lle representa na his to ria das nossas letras
quência sacra. E ntre os prosadores da epoca, sobre- a revolta do bom senso po pu lar contra as ninharias
sahiram Fr. Vicente do Salvador, o m aior delles, ridiculas da fida lg u ia re in o l; a bravura do julg a 1-
celebrado au to r da H is to ria da C usto dia do B ra s il, m ento desassombrado, m uitas vezes perigosa, con­
obra das m ais consideráveis que nos legou a lite ­ tra a covardia dos aulicos, sem pre caroavel aos man­
ratura c o lo n ia l; M anoel de Moraes, cujos liv ro s são dões; a nobreza do caracter contra a nobreza do
conhecidos unicam ente pelos gabos de certos escri- sangue, a fo rça da in te llig e n c ia contra a sinuosa
ptores, como João L a et; D iog o Gomes C arneiro, in trig a escorregadiça.
F r. C hristovam da M adre de Deus Luz, Eusebio de O século X V III, durante o qu al os caminhos
M attos, que d e ixou fama de o ra d o r consumado, e de penetração para o in te rio r ta n to se dila taram ,

O o o o O o 39 o o o O
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA

sob o in flu x o das bandeiras e do descobrim ento bém um poema heroico, e de Gonzaga, que, segundo
das minas de ou ro e diamantes, apresenta uma no vi­ to das as probabilidades, escreveu um poema saty-
dade no ponto de vista lite rá rio . D ata dos seus p ri­
m órdios o apparecim ento das Academias Literárias Pela orig in a lid a d e do éstro e do fe itio , assim
em nosso paiz. Em 1724, funda-se a Academia Bra­ como pela força da expressão, o U ru gu ay, de B a silio
sile ira dos Esquecidos, na Bahia, sob o pa trocin io da Gama, é o mais p e rfeito e m e lh o r poema su r­
d o p ro prio G overnador, seguindo-se mais ta rde, a g id o no Brasil em to do o periodo colo n ia l: Santa
dos Felizes e a dos Renascidos, aquella no R io de R ita D urão ainda era um camoniano, e C lau dio um
Janeiro, e esta em S. Salvador. Dos acadêmicos, d is c ip ulo fide lissim o da escola arcadica franceza e
entretanto, restam poucas e esparsas noticias. Foram ita liana, como os demais poetas do seu grupo. D is ­
elles os poetas e prosistas do te mpo. Se a obra tingue-os um sentim ento m uito cuidado da fórm a,
de lles é geralm ente desconhecida, salvaram-se, ao me­ uma graça de factura e um comedimento de expres­
nos do o lv id o alguns nomes, como os de: Sebastião são já singulares. Elles preparam, como notou com
da Rocha P itta , B rito Lima, Gonçalo Soares da acerto S y lv io Romero, o advento do rom antism o,
Franca, João de M e llo , Luis Canedo de N oronha, M a­ não pelo que a sua poesia tivesse de commum com
no el José dc Cherem, José Pires de C arvalho e A l­ o es p irito rom ântico, mas porque, educados sobre­
buquerque, Fr. M anoel R odrigues C orreia de La­ tu d o nos princípios dos encyclopedistas, alargaram
cerda, e os irm ãos Bartholom cu Lourenço e A le­ os horizontes da nossa cultura, indo buscar fó ra
xandre de Gusmão. São esses, posta de lad o a f i ­ da M etrop ole os seus modelos. Â sombra da pleiade
gu ra dc Ale xan dre de Gusmão, celebre pelas suas m in eira versejaram outros liris ta s de menor im p o r­
cartas ponteadas de ironia, os poetas do momento. tância, como sejam, na poesia satirica, A n to nio M en­
Nem um, entretanto, merece especial reg isto, por­ des Bo rd allo , João Pereira da S ilva, Costa Gadelha,
quanto todos, mais o u menos, cultivaram o genero José Joaquim da Silva e Francisco de M e llo Franco,
desgracioso e postiço predominante entre os ver­ este mais considerável como scientista; na poesia de
sejadores de então. amor, D om ingos Vidal Barbosa, Bento dc F ig u e i­
Sómente Fr. M anoel de Santa M aria Itapanca redo T en re iro Aranha e D om ingos Caldas Barbosa,
poderá ser apontado entre tantos poetastros, apesar o mais afortunado e famoso de todos.
do tom enfadonho do seu poema Eustachidos, onde
o mau gosto corre parelhas com a inopia do enge­ Não teve a prosa, em to do o século X V III, o
nho. A H ha d e Ita p a ric a salvou-o do to ta l esqueci­ relevo apresentado pela poesia. Faltava-nos, ainda',
m ento em que os dem ais justam ente ficaram. E outro para tanto, um scenario mais am plo, que, só no
não poderiam te r ind ivid uo s que se interessavam século X IX , surgio aos olhos dos nossos escriptores.
mais pe lo b o le io das phrases castigadas e pelos «epi- Pedro Taques de Alm eida Paes Leme, Fr. Gaspar
gratnmas sub tis e altisonantes», segundo confissão ela Madre de Deus, A n to nio José V icto rin o Borges
de um delles, que pela verdadeira poesia. N ão ha da Fonseca e Fr. A n to nio de Santa M aria Jaboatâo
como negar, entretanto, que taes Academias Lite­ continuaram a tradição dos Rocha Pitta, escrevendo
rárias eram seguro ind ic io de que se estava ope­ chronicas e genealogias, como o N ovo O rbe Sera-
rando uma transform ação lenta n o curso do nosso phico Brasílico , a N o b ilia rch ia Paulistana, e outras
pensamento, ainda que as correntes portuguezas con­ obras dc igual jaez, onde as velhas téclas usadas na
tinuassem a actuar predominantemente aqui. Já havia H is to ria da America Portugucza, repetidamente ba­
um certo o rg u lh o em ser bra sile iro , em m os trar que tem, ora com mais, ora com menos vigo r. O pensa­
possuíamos, também, c com voz pro pria, um a lite ­ m ento dos nossos homens ou nã o podia exp an dir-
ratura. R eflectindo esse bizarro sentim ento, appa- se, sob os fre io s dos Vice-Reis solertes da M etrop ole ,
recem alguns trabalhos accentuadamente brasileiros, ou não tin h a ainda a força necessaria para a re a li-
como o P e re grino da America, de Nuno Marques sação de obras de m aior folego, unicamente com pa­
Pereira, a H is to ria M ilita r do B ra s il, de José de tíve is com um estado social m ais desenvolvido e
M irales, a H is to ria aa America Portugucza, de Rocha mais liv re . M athias Aires, autor das Reflexões sobre
P itta, e o poema B ra s ilia , de Soares da Franca. Os a Vaidade dos Homens, fo i o u n ico escriptor consi­
prosadores, pois, sobrelevam os poetas. Basta citar derável da segunda metade do século X V III no Brasil.
a obra interessante de Rocha P itta para ver c o n fir­ Sómente no século X IX , p o r varias razões de
mado esse ju is o . C om A ntonio José, p o r alcunha ordem m oral e po litica, é que a literatura b ra sile ira
o Judeu, que, aliás, nada in flu io nas letras patrias entrou na sua phase verdadeiramente nacional. A
por te r v iv id o e m o rrid o em P o rtug al, são esses os elevação do Brasil a Reino, a transladação da côrte
typos mais representativos, na prim eira m etade do portugucza para o Rio de Janeiro, a abertura dos
século X V III, da nossa literatura. nossos portos, antes frequentados exclusivam ente
O segundo período da nossa histo ria lite ra ria pelos navios da M etropole, ao commercio universal,
começa com a escola m ineira e acaba no dealbar do o apparecimento dos prim eiros jornaes, como O Pa­
Romantismo, is to é, vai de 1750, approxim adamente, trio ta , onde eollaboraram, entre outros, Silva A lv a ­
a 1830. Seis poetas constituem a chamada escola renga e M anoel Ferreira de A ra u jo Guim arães, a
m ineira. São elles: Santa Rita D urão, B a s ilio da instituição da Im prensa Regia, ho je Imprensa N a ­
Gama, C lau dio M an oe l da Costa, Ignacio José de cional, e, finalm entc, a proclamação da Independencia,
Alvarenga Peixoto, A n to nio Gonzaga e M anoel Igna­ com todas as luctas que, então, se accenderam, e
cio da Silva A lvarenga. Os dois prim eiro s cultivaram onde se firm o u definitivam ente o caracter da nova
o genero epico, os ou tros foram principalm ente lí­ raça, contribuíram para form ar o esp irito nacional,
ricos, com excepção de C laudio, que nos legou tam­ dando v ig o r e alento ás tim idas vozes de autonom ia,
FERNANDES BRAGA. & C “ .

Fabrica e Deposito
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M i VILLA 133 f l

FERNANDES BRAGA & Cia. — Rio de Janeiro.


INDEPEN DENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

que eram, outrora, abafadas pela camarilha dos func-


cionarios e administradores lusitanos. los Ribeiro de Andrade, orador e politico; Evaristo
Ferreira da Veiga, jornalista de grande nomeada;
No airto espaço de trinta annos, foram desap-
Manoel Ayres do Casal, geographo e historiador
pareccndo rapidamente os signaes da metropole na
eminente; e Antonio de Moraes e Silva, lexicogra-
colonia, Com o afastamento dos Conde de Rezende
pho illustre, autor dc um dos melhores dicciona-
c seus semelhantes; com a ruina dos homens que, rios da lingua.
cm 181/, estabeleciam distincçôcs cavilosas entre bra­
sileiros e reinócs, o campo ficou livre, á espera das Depois da Independência politica, os nossos
avós se esforçaram para fazer a literaria e artís­
primeiras sementes, que não tardaram a medrar no
tica. Coincidindo o movimento que aqui se operava
sólo virgem e uberrimo. Ao lado dos nomes de José
com a renovação romantica, vinda através a Alie-
Bonifácio de Andrada e Silva, MonfAlvemc e José
manha e a Inglaterra, para a França, nada mais
da Silva Lisboa, surgem nessa cpoca de agitação
natural que nós, já então sob a influencia da lite­
c duvida, de reconstituições e tentativas de reformas,
ratura franceza, procurássemos no romantismo o nosso
de temores e temeridades inesperadas, de que a ci­
roteiro intellectual. Reagindo contra o estilo clas­
dade do Rio de Janeiro, como capital do novo Im­
sico, que lhes relembrava os odientos processos da
pério portuguez, se fizera o centro, os de Antonio
Metropole, cntregaram-sc os nossos escriptores con­
Pereira de Souza Caldas, o maior poeta do tempo,
fiantes á nova corrente que, então, entrava em sua
Fr Francisco de S Carlos, José da Natividade Sal­
phase mais brilhante. Voltaram-se para a terra na­
danha, Januario da Cunha Barbosa, Bastos Baraúna,
tal, e, vendo a sua enormidade ainda desconhecida,
Francisco Ferreira Barreto, José Eloy Ottoni, Fran­
procuraram fazer del la uma grande e nobre nação.
cisco Vilella Barbosa. Domingos Borges de Barros,
Entramos, pois, sob o influxo do romantismo, no
Fr. Francisco dc Santa Thcreza de Jesus Sampaio, periodo autonomico da nossa literatura.
Balthazar da Silva Lisboa, Azeredo Coutinho,
Desprezados os nomes dc muitos poetas sem
Antonio Carlos Ribeiro dc Andrade, Evaristo da
maior significação, veremos que a nossa poesia ro­
Veiga, Antonio de Moraes e Silva, assim como o
mântica apresenta quatro faces distinctas. Na pri­
de muitos outros com cuja actividade largamente meira, depara-se-nos Gonçalves de Magalhães; na
lucrou a evolução do nosso pensamento, na poesia,
segunda, Gonçalves Dias; na terceira, Alvares de
na historia, na eloquência profana e sacra, nas scien­ Azevedo; na ultima. Castro Alves. Gonçalves dc Ma­
das c nas artes.
galhães é geralmcnte considerado o progono do mo­
Sentia-se ainda, na poesia, o influxo dos ar­ vimento romântico em nossa patria. O apparecimento
cades ultramarinos, cuja obra a Universidade de dos Suspiros Poeticos, em 1836, saudado por todos
Coimbra, onde estudavam os nossos mais excel­ os criticos dc responsabilidade como uma obra vigo­
lentes engenhos, se honrava de continuar. O arca- rosa c original, marcou epoca cm nossas letras. A
dismo, ligeiramente modificado pelo ensinamento do novidade dc tal poesia não estava no calor do sen­
racionalismo encyclopedista, tinha os mais fervorosos timento patriotico, pois, desde a escola mineira, e
e melhores cultores. O sainete da escola de Filinto porventura ainda mais longe, com Gregorio dc Mat­
Elysio perdurava nos versos dos nossos poetas; os tos e Rocha Pitta, muitas vozes nativistas ecoaram
Amores, as Venus, as Thetis, os Neptunos c os por aqui; não estava, também, no acccnto religioso,
Bacchos frequentavam, com as settas aceradas, os já distincto em Souza Caldas, mas na intima ex­
louros cabellos rebrilhantes, os pesados sceptros c pressão dc ambos, com1 a predominância ora de um,
as rondas aligeras de ménades, todos os poemas ora dc outro. A forma apparece, por igual, mais va­
de então A lição da escola mineira não se apagara riada, complica-sc mais, apezar de guardar ainda um
compictamcnte: antes, proseguia repetida com muito característico sabor classico, muito do agrado de Ma­
menos personalidade, graça e eleganda. galhães. Ellc influio na poesia nacional: 1«) por­
Entre os prosadores merecem ser lembrados os que lhe deu mais liberdade, maior movimento de
nomes de Mont’ Alverne, orador de grandes recursos, rythmos e mais fantasia nos assumptos; 2o) — e
introductor dos estudos de philosophia em nosso porque lhe introduzio um alto caracter religioso e
paiz; José da Silva Lisboa, Visconde Cayrú, juris­ patriotico, largo e eloquente. Gonçalves Dias foi,
consulto, economista e politico eminente; Mariano sem duvida, a primeira voz definitiva da nossa poe­
José Pereira da Fonseca, Marquez de Maricá, fa­ sia, aquelle que nos integrou na própria consciência
moso autor das populares M axim as, Pensamentos nacional, que nos deu a opportunidade venturosa
e R eflexões; José Feliciano Fernandes Pinheiro, Vis­ de olharmos, rosto a rosto, nossos scenarios des­
conde de S. Leopoldo, historiador de merito; Hip­ lumbrantes. Nesse homem pouco vulgar palpita com
polyto José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, inegualavel intensidade a luz dos nossos horizontes,
o primeiro jornalista considerável do Brasil, reda­ a limpidez dos nossos ceos e o sonoro fragor dos
ctor, director e fundador do C o rre io BrasiUense, ce­ nossos rios. Ningtiem, até elle, mostrara ainda, em
lebre por sua ardorosa campanha contra os .Bra- tão elevado gráo essa comprehensão da natureza,
ganças; Fr. Francisco de Santa Thereza de Jesus esse conhecimento profundo e claro do seu papel
Sampaio, orador de bcllo estilo; Fr. Joaquim do na poesia. Ha por toda a sua obra, acompanhando
Amor Divino Caneca, orador, poeta e jornalista; José as notas de bucolismo, ou as religiosas, ou as pura­
de Souza Azevedo Pizarro e Araujo, historiador e mente descriptivas, um permanente idylio com a na­
chronista; Luis Gonçalves dos Santos, historiador; tureza. de quem era elle um eterno enamorado. Não
Balthazar da Silva Lisboa, historiador, jurista e na­ se lhe percebem as ruidosas proclamações patrio­
turalista; Ignacio Accioli dc Cerqueira e Silva, his­ ticas dos românticos da primeira hora; não se lhe
toriador; Azeredo Coutinho, publicista; Antonio Car- descobrem também as fastidiosas tiradas sobre a im-

o O o o o o 41 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO PO CENTENARIO DA

mortalidade da alma, a existência de Deus, a per­ de Azevedo á mais alta intensidade, servindo-se para
feição da Igreja, e outras divagações quejandas, isso de um estilo cheio de tons velados, e daqucllas
muito estimadas do autor dos C anticos Funebres e meias-tintas tão do agrado dos satanistas, como Bau­
dos seus epigonos. Ê como poeta da natureza que delaire e Rollinat, aos quaes, diga-se de passagem,
Gonçalves Dias deve ser estudado, sem o que não nada ficou devendo o nosso poeta. Etnulos de Alvares
conseguiremos apanhar-lhe a physionomia interior. O de Azevedo foram Laurindo Rabello, o poeta la g a r­
indianismo não fo i mais que um resultado dos seus tix a , Junqueira Freire, Casimiro de Abreu, um dos
pendores, pois elle se aproveitou da vida selvagem mais populares liricos do Brasil e Fagundes Varclla,
para poder mostrar, em toda a sua pujança, a luxu­ um dos nossos melhores poetas descriptivos, de larga
riante e colorida terra brasileira. Com Alvares de e variada inspiração. Castro Alves encontrou na cam­
Azevedo, tomou a nossa poesia rumo differente c panha abolicionista a finalidade da sua ardorosa poe­
matizes noras. A sua Lyra dos V in te Annos trouxe sia; elle possuía, além de um admiravel poder ver­
ás nossas letras o amargor ironico de Byron, a me­ bal, emoção agudíssima e fina sensibilidade. Juntava,
lancolia de Musset, a inquietação de Shelley c Spron- assim, as duas forças motrizes da alta poesia, isto c,
ceda e o pessimismo imaginativo de Leopardi. Os a eloquência, que pertence á imaginação, e a doçura,
aspectos ruins da vida, os vicios de toda especie, que é fruto do sentimento. Não podia deixar de ser,
a attração pela carne, o desejo lubrico e desvai­ pois, como realmente o foi, um dos maiores crcado-
rado irromperam de todos os carmes, como se a res de symbolos, não só da nossa, senão ainda das
nossa poesia estivesse entregue, momentaneamente, letras portuguezas, muito embora lhe sahisse por ve­
a angustiosos hystericos. Concorria para aggravar o zes impura a dicção e abusasse constantemente das
mal, não só a novidade seduetora dos cantos mas chamadas idicenças poeticas», que são o visgo onde
tambem a morbidez ingenita dos cantores. Uns, por a sua larga aza se despluma inutilmente. Vibram-lhe
doenças physicas, outros por soffrimentos moraes, nos poemas, cordas ignoradas de paixão e ternura,
o certo c que todos os imitadores de Alvares de Aze­ uma onda de perfumes se desprende dos seus versos
vedo, mostraram-se fracos e desalentados em face de amor, onde reponta um sainete de fatalidade, pro­
da vida, sem energias para o rude combate do mundo, prio das raças mestiças, voluptuosas e ardentes. Quan­
em constante conflicto com o ambiente em que vive­ do deixava falar o coração, simplesmente, de si para
ram, reagindo apenas com imprecações e ameaças, si, todas as arestas duras, todas as angulosidades
sorrisos e suspiros, contra a onda temerosa que os e todo o barulho do seu condoreirismo exaltado
arrastava no seu torvelinho. A poesia da duvida, ao fundiam-se numa perspectiva suavissima, feita de tons
mesmo tempo dolorosa e irônica, elevou-a Alvares cambiantes, de macias sombras e odoriferos vergeis.

O O O O (

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL 1)0 RIO DE JANEIRO PAVILHÃO NACIONAL


DAS 1'EQL'ENAS INDUSTRIAS

o o o o o o 42 o o o o
/ NOEPENDESCIA / I EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Nossas paisagens entrem ostravam -se, por um m omen­ gens, algum as, a exem plo d o M o ço L o u ro e da
to , engalanadas de ramagens ricas e aromaticas o M o ren inh a, vivem na m em oria de todos os b ra s ile i­
corp o m oreno das nossas m ulheres destacava-se das ros, em bora os annos hajam c o rrid o ás dezenas, des­
fo lh a s reluzentes de o rv a lh o dos valles espaçosos. de a sua ruidosa appariçâo. Seu es tilo , a não ser na
Q uando, porém, sua voz se elevava para r e iv in d i­ poesia em phatica e palavrosa, é c o rre n tio , agradavel,
car d ire ito s o p p rim id o s , como em Vozes d 'A fric a e flu e screnamente. F a lta -lh e apenas um c erto c o lo ri­
n o N a v io N e g re iro , para estygm atizar tyran nia s in ­ do, mas é sempre c orrecto no desenho das creaturas
g lo ria s , com o em Pe dro Iv o e N o M e e tin g d o Co­ e na descripção das paisagens, posto lhe não seja
m ité do Pã o, ou para descrever a dureza de certos castiça a dicção. Esse c o lo rid o , quem o teve por
preconceitos sociaes, com o em Ahasverus e o G enio, excellencia fo i José de A le nca r. O G uaran y e Ira ­
sua Musa era bem um ince nd io em m archa, para em­ cema, sem esquecer as M in a s de P rata, são obras
p re g a r uma expressão de M ichelet. fundam entaes para quem q u iz er conhecer a his to ria
O e x ito do seu liris m o declam atorio, empolado do nosso romance. A le n c a r possuia o ge nio d o p itto -
e b rilh a n te , onde re fu lg e m , de trecho a trecho, ima­ resco. Seus romances de ín d o le americana, incontes­
gens de quente e arrebatada form osura, tem raizes no ta velm ente os m elhores que p ro d u z io , são verdadeiras
caracter gra nd ilo qü en te e em phatico da raça b ra s ile i­ epopeias, onde a urd id u ra da in tr ig a é quasi sempre
ra. E lle fo i, o é ainda amado aq ui p o r varias razões um pre texto para a p in tu ra de uma série de quadros
de ordem m oral, po rqu an to, é de certo m odo um ge­ e painéis naturaes de excellente pode r d e scrip tivo .
n u ín o representante do nosso pendor para o excessivo, Aprendem os com e lle a te r e s tilo , isto á, a conside­
até para o extravagante. rar o romance como uma ob ra de arte , e não sim p les­
A o lado desses q u atro poetas de m aior s ig n ifi­ mente como um dive rtim e nto , um m ero jo g a de si­
cação, poderemos m encionar P o rto -A le g re , au to r do tuações, mais ou menos possíveis, o u um punhado de
C o lo m b o , la rg o poema de versos brancos, onde ha anedoctas picantes. Se não bastassem as suas q u a li­
porções de rea l be lle z a ; Francisco O ctaviano de A l­ dades de liris ta delicado « s u b til, A lencar te ria ao
m eida Rosa, em cuja o b ra se deparam ressaibos de menos in flu íd o pela riqueza da fó rm a, antes d e lle des­
classicism o, á guisa de José B o n ifa c io ; barão de conhecida em nossa lite ra tu ra . Succedenda a M acedo
Paranapiacaba, celebre p o r suas tradueções entre as e A lencar, surgiram M anoel de A lm eid a, a u to r das
quaes avu lta a das Fabulas de La F on ta in e; A n to n ia M em orias de um S argento de M ilic ia a s , onde se vis­
Francisco D u tra e M e llo , que fo i também c ritic o lum bra um narra do r a rg u to e sagaz do m eio p o pu lar
pe rspicaz; A u re lia n o José Lessa, liris ta de lic a d a ; José no R io de Jan eiro; Bernardo G uim arães, p in to r a r­
B o nifa cio, o moço, poeta eloqu en te; Bernardo Joa­ tific io s o , mas interessante, do am biente s erta ne jo;
qu im da S ilv a Guim arães, colo ris ta agradavel e des­ F ra n k lin Tavora e E scragnolle Taunay, am bos no tá­
c r ip to r elegante; José A le x a n d re T e ix e ira de M e llo , veis p o r suas novellas de assum pto nacional, das
que versejo u com sentim ento, á m aneira de C asim iro quaes, O C ab elleira, d o p rim e iro , e Innocencia, do
de A b re u ; Pe dro Lu is Soares de Sousa, onde se en­ ultim o , deveriam fic a r po pu larisad as em nosso paiz.
contram m uita s notas pa rticularm en te caroaveis aos E n tre os critico s, ensaístas e h is to ria d o re s desse
con do reiros, aos quaes, é m istér dizer, precedeu de perio do, vale m encionar Francisco A d o lp h o de V a r-
a lg un s annos; Trajano G a lvã o de C arvalh o, Francis­ nhagen, Visconde de P o rto Seguro, um dos m ais a cti­
co B itte n c o u rt Sampaio, G e n til Hom em de A lm eid a vos p io ne iro s dos estudos his to ric o s e lite rá rio s , e
Braga, M e llo M oraes F ilh o , todos bucolistas leves e o m aior escavador de velhos docum entos e archivo»
ag radaveis; V ic to riano Palharcs, c u jo estro pa trio tic o de que te mos noticia no B ra s il; Pe re ira da S ilva , cuja
e infla m in a d o lem bra o de C astro A lv e s ; M o n iz Bar­ ob ra um ta nto fantasista revela um es p irito op ero so;
reto , o repen tista; Luis Gama, o endiabrado mestiço Sotero dos Reis, especie de Q u in tilia n o b ra s ile iro , de
da B o d a rra d a ; Bruno Seabra e Joaquim M arinh o m uita liç ã o e pouco aprazim ento para o le ito r ; Joa­
Serra So brinh o, que descreveram com chiste alguns quim N o rb e rto de Souza Silva, esforçado a m ig o das
aspectos do nosso m eio sertanejo, os quaes, en tretan­ nossas tradições, e João Francisco Lisboa, o critic o
to , em nada concorreram para im p rim ir feições novas m ais sagaz e agudo entre os seus contemporaneos.
á poesia no Brasil. Aos rom ânticos devemos, também , a creação do
O s prosadores do perio do rom ân tico são dos theatro nacional. Póde-se diz e r que e lle s u rg io em
m ais notáveis da nossa lite ra tu ra . Sómente com M a­ 1838, com a tragédia A n to n io José, de G onçalves de
no el de M acedo e José de A le n c a r é que a pro sa de M agalhães, e a comedia de M a rtin s Penna, O Juiz
ficção to m o u physionom ia p ró p ria , ganhou c on to r­ de Paz na Roça. Sobresahiram , n o genero, o já c i­
nos d e fin itiv o s , e avu lto u em nossas letras. Antes da ta do M a rtin s Penna, ta lvez o mais fo rte th e a tro lo g o
M o re n in h a e do G uaran y houve apenas tentativas do tem po, França J u n io r, Macedo, Alencar, A g ra rio
m ais ou menos felizes, como as de T e ix e ira e Souza de Menezes, P in h e iro G uim arães e A ugusto de Cas­
c N o rb e rto Silva, todas m u i louváveis, porém de apou­ tro . O th ea tro do rom antism o é p o rven tura até ho je
cado m erecim ento se as considerarm os pe lo seu v alo r o mais característico da nossa lite ra tu ra , p e lo menos
lite r á r io . M anoel de Macedo fo i o verd ad eiro fix a d o r o mais nacional, sem preoccupações estrictam ente re-
dos nossos costumes flum inenses naquella epoca ain­ gionaes, e p o r isso pe rfeita m e nte sincero e represen­
da co lo n ia l na m aioria dos seus aspectos. E lle com- ta tivo.
prehendeu adm iravelm ente os pendores da nossa alma Succedendo aos rom ânticos, sem tran sição v io ­
po p u la r, sentim ental e piegas, e fez, com pequenas lenta, porquanto entre aquelles já havia elementos
in trig a s ingenuas, á m aneira de um Be rn ard in de fartam ente aproveitados mais ta rd e, vieram os na­
St. P ierre, atrazado e rustico , a sua his to ria intim a tu ra lis tas . Propunha-se o n a tu ra lis m o o lh a r com mais
e sim p ló ria . N a immensa ga leria das suas persona­ penetração a realidade, v e r a v ida sem p a ixão nem

o o o o o o 43 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATW O DO CENTENARIO DA

g rita . A lin h a objectiva deveria preoccupar m ais os ne bu los o ; Joaquim Nabuco, h is to ria d o r e le ga nte , ora­
na tu ra lis ta s que os th esouros fa lla c io s o s do m undo d o r de grande re le v o ; A rth u r O rla n d o , A lc in d o G uana­
su b jectivo . A exem plo d a qu ella B e lle z a im m ovel de bara, um dos nossos m ais com ple tos jo rn a lis ta s , Ro­
Baud ela ire , sua a rle não deveria c ho rar nem r ir . T udo cha Lim a, E d ua rd o P rado, p u b licista v a ria d o e v i­
porém seriam m aravalhas, enganos da novidade. Os go roso , o sr. C ap istra no de A b re u, no tá ve l sabedor
parnasianos não desertaram as fo nte s do nosso l i ­ da nossa h is to ria , p rinc ip alm en te dos te m p os colo-
rism o . G uia do s, a p rin c ip io , p o r M ach ad o de Assis, niaes, e o sr. Ruy Barbosa, cuja fecunda activid ad e
L u iz G uim arães J u n io r e Gonçalves C respo, d issid en­ como ora do r, ju ris c o n s u lto e jo rn a lis ta , e c u jo pres­
tes do p u ro rom antism o, os nossos chamados parna­ tig io universal honram a nacionalidade b ra s ile ira . N o
sianos fo ra m p ro c u ra r os seus m odelos p rinc ip alm en­ th ea tro naturalista, são d ig no s de re g is tro A r th u r Aze­
te na poesia franceza, em Lecom te d e L isle , H eredia, vedo, V a len tim M agalhães e M o re ira Sam paio, que
G a u tie r e S u lly Prudhom m e. Cabe a Rayinundo C o r­ se esforçaram, o p rim e iro mais que todos, p o r co n ti­
reia, O la v o B ila c e ao sr. A lb e rto de O liv e ira urn n u a r a tradição dos M a rtin s Penna e dos França Ju-
p rim o rd ia l lo g a r entre os representantes dessa corren­
te . R aym undo C o rre ia é o m ais p ro fu n d o , o mais O m ovim ento s y m bo lista que, ao d e c lin a r do
a rg u to e penetrante dos tres, B ilac é o m ais am o­ natu ra lism o , se esboçou aqui, não teve m a io r rep er­
roso, o mais Iir ic o e p e rfe ito , o s r. A lb e rto de O l i ­ cussão. Á sua sombra, en tretan to, appareceram alguns
veira, o mais nacional, a q ue lle que m ais intim am ente ty p o s interessantes, d e ntre os qua'es, C ru z e Souza é
soube tra d u z ir os encantos da nossa terra. sem duvida o mais curio s o e s ig n ific a tiv o . Sem ser
N ã o se m ostraram porventura m ais impassíveis um p u ro sym bolista, não só pela tvchnica dos seus
que os poetas os prosadores d o n a tu ra lis m o . A his­ versos senão pelos m otivo s que cantou. C ru z e Souza
to ria d o rom ance na tu ra lista, aq ui, está fe ita na ob ra é a fig u ra c en tral da reacção e s p iritu a lis ta opera­
de q u a tro escriptores: M achado de Assis, A lu iz io de da, entre nós, pelos d e rra de iro s annos do sé cu lo X IX
Azevedo, J u lio R ib e iro e R aul Pom peia. M achado de H a na sua poesia esse aereo efee vozes, esse vago de
Assis é o psychologo, sobreleva a todos pela p ro ­ sentim entos e ideas que caractcrisam a ob ra de
fu ndeza da visão, pe lo ap uro da ling ua ge m , pela so­ ficção de uma fo rte corren te da lite ra tu ra contem ­
bried ad e da fó rm a e pela iro n ia s u b til que o a p p ro ­ poranea. Ã semelhança do rom antism o, fo i o sym-
xim a da linhagem dos S terne e dos S w ifft, na In g la ­ b o lis m o um c la ro m ovim ento e s p iritu a lis ta , provoca­
te rra , dos A n atole, na França, e dos João P aulo, na d o pela d e s illu s âo scien tifica dos u ltim o s qu a rté is do
A llem a nh a. Da sua obra se desprende um sentim ento século fin d o , com o aq u e lle já o fô ra p e lo s excessos
de constante preoccupaçâo pela be lleza ou pela m i­ d o racionalism o encyclopedista. Am bos são rebeldias
seria terren a, e uma rara com prehensâo da tris te in u ­ in d iv id u a lis ta s , ambos collocam o in d iv íd u o ao cen­
tilid a d e a que as contingências q u o tid ian as reduziram tr o do U niverso, ambos fazem do eu o e ix o d o m un­
o coração e a in te llig e n c ia do hom em . Em seus r o ­ do . O in d iv id u a lis m o dos sym bo lista s, porém , d iffere
mances, o docum ento hum ano não obedece a um d o rom ântico, p o r isso que, cm quanto este se com­
p la n o preconcebido, a um p o s tu la d o p rim o rd ia l, a praz em assignalar as pequeninas trag éd ias de cada
um a le i qu a lq u e r s c ien tific a ou lite ra ria . Reflecte-se sêr na communhão social, aquelle apparece com o um
n e lles apenas um e s p irito ind ag ad or, que, a to do po n to de referencia da d o r un iversal, um a e n cru zi­
in sta n te se observa a s i mesmo, através os ou tros, e lhada onde se vão encontrar as queixas dispersas de
v a i c o rrig in d o , com o s o rris o e a la g rim a , a imagem todos os homens que s o fffre m a m elan colia irre m e­
que a v ida lhe põe deante dos o lh o s . Machado de diá v e l da vid a . C onfundem -se na expressão da sua
Assis é, sem fa v o r, sob variados aspectos, o mais magua immensa, todas as duvidas que ab ro lh a m do
s ig n ific a tiv o dos escriptores de ficção da lin g u a por- fu n d o inconsciente da nossa personalidade, e que a
tugueza, e, especialmente entre nós, fic a rá como exem­ razão, incerta, não sabe nem póde reso lve r. O sym bo-
p lo de discreção, graça de e s tilo e fin u ra de percep­ lis m o é uma das m uitas rem iniscências desse m a l de
ção. A lu iz io de Azevedo é um im p ression ista, tem v iv e r, que, segundo parece, fo i o sop ro d iv in o comi
a visão m o b il e rapida, o senso d o c o lo rid o , é um que o C re ad or anim ou a sua creatura. H a em C ruz
re tra tis ta adm ira vel, seguro e ale rta . Os flag ran tes e Souza, apesar das suas ins u fficien cias, os signaes
que desenhou são de uma leveza de to que espantosa. evidentes desse m al, que elle, ás vezes, consegue tr a ­
J u lio R ib e iro , é um v o lu ptu oso , c he io de req uinte e d u z ir com energia c vibração. H a m esm a a fig u ra de
a r tific ia lis m o , mas po ssuid or de um a aguda im a gin a­ um precursor. E lle in tro d u z iu em nossas le tra s aquelle
ção. R aul P om peia é um inq uie to, um ins a tis feito , h o rro r da fó rm a concreta, de que já o g ra n d e G oe­
um poeta com m ovido ante o espectáculo d o m undo e a th e se lastim ava, ao fim do X IX século. T o d a 1a poe­
fu g a perenne das cousas. sia contemporanea, no B ra s il, ao menos a m a is o r ig i­
E n tre os c ritic o s histo ria do res e publicistas, que, n a l e característica, reve la um a sensível in flu en cia
de 1870 para cá se notabilisaram , estão T obias Bar­ d o au to r dos U lfin fo s Sonetos. E n tre os e p igo no s de
reto , chefe ap p la u d id o da chamada Escola de Recife, C ru z e Souza, merecem lem brança B. Lopes, poeta
engenho v e rs á til, c u lto r fe cun do da poesia, da ju r is ­ d e c u rto fo le g o , mas elegante e c o lo rid o , e M a rio
prudência, da ethn og ra ph ia, da p h ilos o ph ia e da his- Pederneiras, cuja s im p lic id ad e é d ig na de fic a r como
to rio g ra p h ia , polem ista c o ra d o r de fa m a ; S y lv io Ro­ exem plo a im ita r.
m ero, c ritic o abundante, a u to r da p rim e ira histo ria D epois dos n a tu ra listas e dessas p rim e ira s es­
system atisada da nossa lite ra tu ra , fo lk lo n s ta , socio- caramuças sym bolistas, is to é, de 1890 até h o je, não
lo g o e pro fe s s o r de ph ilo s o p h ia ; José V erissim o, o houve p ro priam en te um m ovim en to seguro e conti­
m ais e q u ilib ra d o e sensato dos nossos c ritic o s lite r á ­ nuado, uma escola, na ling ua ge m dos c ritic o s . Pode­
r io s ; A ra rip e J u n io r, e s p irito s u b til mas escriptor ríam os acaso n o ta r uma reacção reg io n a lis ta , que a
X)0nORTE D£
<C 7 rapa r .d « i ,48 Capital 2:500 Confe* ^
*** Í oOffTOi»»Tusm I cxpodwO o

Real Companhia Vinicola do Norte de Portugal — Porto.


INDEPENDE N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

obra de Affonso Arinos, e, sobretudo Os Sertões, de


galhães de Azeredo, Souza Bandeira, Oliveira Vianna,
Euclydes da Cunha hajam porventura inspirado. Se José Oiticica, Jackson de Figuejredo, Tristão de
é evidente que já conta essa literatura alguns adeptos
Athayde, Renato Almeida, Tasso da Silveira, Claudio
illustres, ainda não c licito consideral-a com a força
Ganns, Andrade Muricy, Miguel Mello, Antonio T or­
de uma nova directriz nas nossas letras. Descontados
res, Clovis Bevilaqua, Araujo Jorge, Matheus de
os exaggcros que a formula regionalista vai desper­
Albuquerque, Elysio de Carvalho, João do Rio, Celso
tando entre os seus mais fervorosos affeiçoados, não
Vieira, Roberto Gomes, também thcatrologo, como
sabemos como lhe negar a natural estima de qiíe é
Claudio de Souza, Gilberto Amado, Carneiro Leão,
merecedora. Livra-nos ella, no minimo, das imjtações Azevedo Amaral, João Pinto da Silva, Max Fleiuss,
serôdias de Eça de Queiroz ou Jean Lorrain, que, faz José Maria Bello, e outros tantos, moços e velhos,
alguns annos, estiveram em moda no Brasil. Estamos, que se interessam pelo desenvolvimento das nossas
pois, atravessando um periodo de tactura e transição, letras eruditas. Merecem referencia, entre os poetas,
que deixa a cada um o livre jogo do temperamento 09 srs. Vicente de Carvalho, Augusto de Lima, Gou­
individual. Entre os romancistas cujo nome se f i­ lart de Andrade, Humberto de Campos, também pro-
xou definitivamente no correr deste século, estão os sista de relevo, Amadeu Amaral, Pereira da Silva,
srs. Coelho Netto, poderoso descriptivo, possuidor de Hermes Fontes, Alvaro Moreyra, Guilherme de A l­
imaginação viva e fertilissim a; Graça Aranha, espiri­ meida, Flexa Ribeiro, Olegario Mariano, Ribeiro Cou­
to agudo c poeta admiravel da vida e das cousas; Xa­ to, Raul de Leoni, Homero Prates, Affonso Lopes de
vier Marques, tradicionalista de real valia; D. Julia Almeida, Fclippe de Oliveira, Rodrigo Octavio Filho,
Lopes de Almeida; Afranio Peixoto, cujos romances, Amaral Ornellas, Felix Pacheco, Jorge Jobini, Augus­
pela intelligencia que revelam dos homens e do mun­ to dos Anjos, Luiz Murat, Luiz Guimarães Filho, Oc­
do, são dos mais significativos da nossa literatura do tavio Augusto, Arthur Salles, Goffredo Tellcs, Pau­
momento; Affonso Arinos, o melhor pintor da vida lo Setúbal, Belmiro Braga, Martins Fontes, Catullo
sertaneja, celebre principalmente por alguns contos Cearense, Da Costa c Silva, Eduardo Guimarães, as­
do P e lo S e rM o ; Alcides Maya, Goulart de Andrade, sim como muitos mais, dignos igualmente de consi­
Veiga Miranda, Lima Barreto, Thomaz Lopes, A ffon­ deração. Tudo isso está mostrando não ser exaggero
so Celso, Inglez de Souza, Affonso de Taunay, Rodol- despejado affirmar-se que já possue o Brasil uma li­
pho Teophilo, Léo Vaz, Menotti dei Picchia, Thco- teratura acccntuadamente nacional, em activa e cres­
Filho, Godofredo Rangel, Medeiros e Albuquerque cente ascensão. Lutamos, ainda, é certo, com a exi­
e muitos outros. Entre os novellistas e contistas, so- guidade intellectual de um meio onde escasseiam os
bresaem os srs. M ario de Alencar, A lberto Rangel, estudos systematisados, e onde os primarios e se­
V iriato Correia, Medeiros e Albuquerque, também cundários são viciosos e rotineiros. A literatura bra­
autor de um romance interessante, Alberto Deodato, sileira é feita do esforço isolado dos nossos escripto-
Oscar Lopes, Magalhães de Azeredo, Rodrigo Octa­ res. Ainda lhe falta espirito collectivo justamente por­
vio, João do Norte, Monteiro Lobato, Geraldo Vieira, que carecemos de um ambiente de verdadeira cultura,
e outros que uma resenha mais completa não poderia onde as nossas tradições sejam analysadas com luci­
esquecer. Entre os historiadores, criticos e publicistas, dez e carinho. Emquanto os nossos homens def letras
citaremos os srs. João Ribeiro, também poeta de fino forem autodidatas, não poderemos contar com uma
quilate; Medeiros c Albuquerque, Oliveira Lima, A l­ literatura realniente representativa da civilisação bra­
berto Faria, folklorista dos inais notáveis, Alberto sileira. Nada impede, entretanto, que, na America
Torres, Carlos de Laet, Farias Britto, o engenho phi­ Latina, occupe a historia da nossa literatura um logar
losophico mais alto que já appareceu em nosso* paiz; de primazia. Cabe-nos, agora, trabalhar para que o
Euclydes da Cunha, o mais profundo evocador dos ganhemos, também, entre os povos cultos do universo.
nossos scenarios selvagens, creador de um estilo real-
mente novo na lingua portugueza; Ramiz üalvão, Nes­
to r Victor, Eduardo Ramos, Mario de Alencar, Ma­ Ro n a ld de C arvalho .

0 0 0 0 0 0 45 o o o o o
AS A R T E S P L A S T IC A S

HISTORIA das artes plasticas no Brasil vendo num meio benigno, que lhes proporcionava
pode ser dividida em tres periodos. todas as facilidades, não retemperaram a fibra do
Apresenta-nos o primeiro os rudimen­ caracter nos travores e nas lutas da adversidade. Es­
tares testemunhos da civilização indi­ tava-lhes tudo ao alcance da mão. () fruto, a raiz,
gena; observaremos, no segundo, os a caça e o peixe para os repastos, o barro mollc
elementos estheticos que para aqui trouxeram os des­ destinado ao fabrico dos objectos caseiros, os caniços
cobridores lusitanos; veremos, no terceiro, como, sob e taquaras com que se aprestam as flechas c çara-
o influxo da disciplina européa, se desenvolveu c hatanas, a pluma das aves para' entretecer os kani-
ganhou accento particular o genio artístico da nossa tares e as akangataras, os ossos, as concha's e as
raça pedras coloridas para os adornos rusticos. Nascendo,
pois, no seio da riqueza e da abundanda, não pu­
PRIMEIRO PERIODO deram polir aquellas virtudes inventivas, apanagio
da cspccie humana. Não construíram villas nem mes­
Os povos autochtones das florestas brasileiras mo simples arraiaes, mas húmidas tabas de aspecto
nada criaram que mereça maior consideração. Vi­ revêsso, feitas de cabildas de pau e palha, onde

O O o O O

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL IX ) RIO DE JANEIRO PAVILHÕES NACIONAES


DE ESTATÍSTICA E CAÇA E PESCA

O O O O O O 46 o o o o o o
CENTENARIO DA IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO

sc resguardavam das intem peries, em na tu ra l prom is­ bém as missões religiosas, que iria m tã o fundam ente
cuidade. in flu ir na formação da nossa nacionalidade.
T u d o ne lles reflecte a im provisação, o ephe- D o século X V I aos p rim ó rd io s do X IX o, tiran te
m ero, o provisork». Á semelhança de certos rios as esporádicas manifestações esthcticas que a fid a l­
das regiões tropicacs, mudavam subitam ente de rumo, guia reino!, c, depois, a corte de Nassau poderiam
ao sabor das fa talidades m esologicas, dos temporaes, offerecer cm Pernambuco, o factor de m ais subida
das epidemias ou das prolo ngadas estiagens. Assen­ valia no progredim ento das nossas artes fo i o que
tavam-se aqui, para se estabelecerem, m ais tarde, lé­ nos trouxeram os sábios e avisados padres da C om ­
guas além. N ão lhes consentia a imaginação m obil panhia de Jesus. Já no dealbar do século X V II
e inq uie ta, favorecida pelas condições do p ro prio vão apparecendo as m atrizes opulentas e os con­
h a b ita t, a necessaria ponderação para se fixarem num ventos amplos. T ransform am -se os aldeiam entos em
pouso firm e e invariável. Im petuosos e lascivos, cor- centros activos e rum orosos. Desenvolvem-se rap id a­
ria -lh es as veias um sangue ag itad o e ardente. Em m ente as propriedades ruraes, e os senhores de en­
cada pastor o u caçador havia, por igu al, um g u e r­ genho, rodeados de num erosa escravaria, lavram e
re iro pro m p to e audaz na pugna, á g il no m anejo agricultam , cada vez com m aiores proventos, as terras
das armas, fe lin o nas traças da emboscada e na es­ das immensas fazendas e sesmarias.
tratég ia das surpresas. Era a trib u , ao mesmo tempo, Sob o in flu x o do catholicism o, e em virtu d e da
a fa m ilia e o exercito, a fo rtaleza e o lar. relativa abastança que vinha coroar os esforços da
N ão é de adm irar, portanto, sejam despiciendos nossa gente, entram a desenhar-se os prim e iro s si-
os productos da sua arte. Nem um m onum ento d e i­ gnaes e vestig ios do go sto a rtís tic o entre nós. Em ­
xaram , em architectura ou esculptura, d ig n o de re­ bora pesadas e grosseiras, as casas de m oradia' o s­
g istro . C ou to de M agalhães cita apenas um fo rtim tentam installações apparatosas, m u ito superiores
c irc u la r de te rra batida, encontrado na ilh a de M a­ áquellas cabanas e palhoças dos alongados tempos.
ra jó . E é tu do , segundo a palavra eru dita daquelle A s fa m ilias de cabedal im portam da Europa sedas,
a n th ro p o lo g o em inente. Revelaram, entretanto, algum gorgorões, chamalotes, ve llu d o s e damascos fin ís s i­
pendor para as artes menores. Sua indum entária do­ mos, sem esquecer as joias e toda sorte de custosoS
mestica, fe stiva ou bellicosa merece referencia espe­ objectos com que deslum bravam o populacho. A u ­
cial. Foram , p o r sem duvida, ole iro s e decoradores gm enta, com as facilidades da pecunia, o c u lto das
cheios de fantasia. As armas, os instrum entos inu - be llas cousas, normaliza-se a vida social, c sác, do
sicaes, as jo ia s barbaras, os utensílios caseiros, tu do a n tig o aventureiro em prehendedor e tenaz, o a r ti­
quanto, neste passo, nos legaram, m ostra que os fic e espontâneo e ingenuo.
sclvicolas não eram destituídos d o ge nio da ornam en­
tação e que o praticaram com sin g u la r m estria. P re­
fe ria m , p o r via de regra, os b rilh o s vivos, os dese­
nhos lineares singelos, as fôrm as graciosas, taes as OS PINTORES
que nos deparam os arcos trabalhados e os machados
de pedra dos nossos sambaquis F oi, assim, pouco
m enos que m ofin a a contribuição dos nossos índios N ão é provável que a estadia, no Recife, dos
nas artes plasticas, porquanto, correspondia a sua artistas vindos no sequito de Nassau, os Franz Post,
civiliza ção á da idade da pedra p o lida , que não os Zacharias W agner, os E kh ou t e os P ieter, haja
haviam ainda ultrapassado, quando aqui aportaram produzido effeito s im m ediatos e seguros. A d m irad o­
os navegadores portugueses. res certamente os tiveram aquelles pintores e archi­
te ctos hollandezes, mas discip ulos m ui seguramente
que não. Antes de chegar ao R io a missão Lebreton,
is to é, até 1816, os pin tore s que mais sobresaíram,
SEGUNDO PERÍODO (1500-1816) no Brasil, fo ra m : A n to nio, Lucinda, Veronica e L ti-
ciana de Septilveda, em Pernam buco; Eusebio de
M attos U uerra e José Joaquim da Rocha, na Bahia;
E n tran do em contacto com os te rritó rio s des­ Fr. R icardo do P ila r, José de O liv e ira , M an oe l da
cobertos, o p rim e iro cuidado dos colonizadores fo i Cunha, Leandro Joaquim e Francisco Solano, n o R io
estabelecer no lito r a l pequenas fe itorias , onde lhes de J aneiro; e José Joaquim Viegas de Menezes, em
fosse possível abrigarem-se das to rm entas, sem in ­ M inas.
co rre r no pe rig o de assaltos p o r parte do gentio. Dos Septilveda, pai e filh a s , pouco ha que dizer,
Os ed ifício s que, de inicio, elevaram no s olo recen­ assim como de Eusebio de M attos, m ais celebre
te mente conquistado se revestiram de um fe itio pura- pelos gabos do padre V ie ira e pelo parentesco fr a ­
mente m ilita r. Deveria o a d m in is trad or desdobrar- te rn al com O reg orio de M attos, que p o r seus qua­
se no homem d ’armas e a sua residência num re ­ dros, de ignorado paradeiro o u pelos sermões, quasi
ducto. Q uando, porém, no decorrer do século X V I, desconhecidos. José Joaquim da Rocha, inculcado por
o go vern o da m etropolc se decidiu a en viar para fu nd ad or da «escola bahiana», tem m erecim ento, sobre­
o B rasil, sobre soldados e capitães, ag ricu ltore s, ope­ tu d o como decorador. Educou-se em P o rtu g a l, pas-
rá rio s e mecânicos de toda casta, começaram a s urg ir, sando-sc novamente para a sua província, onde rea­
ao lo n g o das nossas cóstas e paragens mais acces- liz o u obras de to m o, a exe m plo dos painéis que
siveis, m odestos villa re jo s , á laia dos que em A frica p in to u para as cupolas das m atrizes de Nossa Se­
e na A sia iam levantando o s m arinheiros de P o r­ nhora da Conceição da Praia , e de S. Pedro, em
tu g a l. C om os im m igrantes do Reino, vieram tam ­ S. Salvador. Form ou alguns aprendizes, entre os

O o O O o 47 o o
LIVRO DE OURO COM MEMORATIVO DO CENTER ARIO DA

quaes José T h e o p h ilo de Jesus e A n to n io Joaquim Chagas o Cabra —, na Bahia; A n to n io Francisco


Francisco Veiasco, decoradores apreciáveis, especial- Lisboa, — o A le ija d in h o — , em M in a s ; e V a le n tim
mente o u ltim o , que b rilh o u no século X IX . da Fonseca e Silva. — o m estre V a len tim —, no
Revelou-se também Fr. R icardo do P ila r, á guisa Rio.
de Joaquim da Rocha, paiuelista distin cto. D eixou Chagas, cuja b io grap hia é obscura, conquistou,
varios trabalhos, to dos inspirados em assum ptos re­ pelas obras que deixou em S. Salvador, m erecido
ligiosos, no m oste iro de S. B ento, a c uja ordem renome. Citam -se de ntre ellas o g ru p o de N ossa
pertencia. Da sua obra, que s o ffre u crue lm e nte as Set:hora i/as D ores, S. João e M ag da le na , na Ordem
in ju ria s d o tempo, restam alguns apagados teste­ Terceira do Carmo, e o S. Be ne dicto , da m a triz de
munhos.
José de O liv e ira m ostrou aptidões variadas. Foi A n to n io Francisco Lisboa, o A le ija d in h o —,
decorador excellente para a sua epoca; p in to u d i­ fo i o m aior esculptor e architecto das M inas Oeraes.
versos quadros para as nossas ig re ja s , a sala1 de au­ O u ro Preto, Sahara, M arianna, S. João d ’ E I-R ey e
diências do Palacio dos Vice-Reis e a praça d’armas ou tras localidades m ineiras, attestam -lhe os dotes in ­
da fortaleza da Conceição. vulgares, sobretudo se levarm os cm conta que Lisboa
M an oe l da C unha é o artista m ais ap urado do não recebera, se não d o pai, m estre d ’obras p o r­
seu m omento. O s estudos que fez em Lisboa m uito tuguês, rudim entos do o ffic io . Pertence-lhe o risco
contribuíram para a segurança que dem onstrou sem­ da igreja de S. Francisco, em O u ro Preto, assim como
pre nas galas d o c o lo rid o e na fantasia das conce­ as decorações e os grupos esculptoricos de ou tras
pções. A semelhança dos antecessores, tom ou dos t.rdens religiosas da sua pro vin cia natal.
Evangelhos m otivos para as suas telas, e firm o u Cabe.n a mestre Valem tim , en tretan to, as m aiores
além disso, renome de retratista. glo ria s. E statuário, architecto, desenhista, im a gin ario,
Seu m elhor alum no, Leandro Joaquim, de origem ourives e gravador, legou-nos o conterraneo do A le i­
h u m ild e qual a d o professor, chegou, sob a pro­ jad inh o tiiii sem num ero de docum entos com proba-
tecção de Lu is de Vasconcellos, a uma certa n o to rie ­ to rio s do seu engenho fé r t il e v ers á til. O rgulham -se
dade, partieularm ente no re tra to . Francisco Solano alguns te m plos do Rio de Janeiro, a exem plo dos
fo i habil ornam entador. M ereceram -lhe as produc- de S. Francisco de Paula, da C ru z dos M ilita re s c
ções a estim a dos contemporaneos. A in da sobrariam da Ordem T erceira do Carm o, de possuir obras so­
porventura ou tros nomes, porém , os que ahi ficam lidas, bem m odeladas e concebidas do m estiço ad m i­
são os de m aior relevo durante o p e rio do que se rável. A m adeira, o bronze, a p ra ta e o o u ro não
conclue com o advento dos Taunay e dos D ebret. tinham segredos para as espertas mãos de m estre
Valentim , que se saía das suas emprezas com tal
perícia, que lhe era escasso o te m p o liv re para at-
OS ARCHITECTOS E ESCULPTORES tender aos innum eravcis pedidos de moldes, p ro je ­
ctos c debuxos, vindos de toda parte. A p ro m pto u
m estre V a len tim varios discip ulos, dos quaes valem
Á im itação dos portugueses, extrem aram -sc os recordados José da Conceição e Simão da C unha,
nossos architectos nos pormenores e m inúcias da o r­ ambos decoradores interessantes.
namentação. Suas plantas não offerecem p a rtic ula­
ridades típicas, suas massas não têm m ovim ento, nem
elegancia ou delicadeza a lin h a geral dos prédios que TERCEIRO PERIODO (1816-1022)
edificaram . Punham elles nos acabamentos toda a
A PINTURA
sciencia que lhes era p ro p ria . As obras de ta lh a que
aprom ptaram são, em verdade, sumptuosas. Basta re­
fe rir as da igreja d o C arm o, no R io de Janeiro, e Com a vinda, em 1816, da m issão francesa, con-
as do C onvento de S. Francisco e da C athedral dos tratada pe lo benem erito C onde da Barca, receberam
Jesuítas, na Bahia, para form arm os ju iz o lis on ge iro as nossas artes considerável im pulso. Passavamos a
a respeito dos nossos artistas. te r, aqui, uma escola nossa, onde professavam mes­
Fóra dos tem plos, com tudo, não encontraremos tres de incontcste saber e experiência. Começávamos,
m onumentos de vulto , no curso dos séculos X V II e pois, a c o n s titu ir e lançar as bases de uma tradição
X V III. Nas cidades nascentes, o casario irre g u la r e nacional, que antes, mercê da irre g u la rid a d e dos es­
caprichoso estava indicando perfeitam ente que, ao tu dos artísticos, não conseguíramos assentar. Já não
bom gosto, sobrelevavam as razões da commodidade. era mais nas sachristias e nas penum brosas naves de
Queriam-se largas fro n ta ria s , rasgadas de jan ela s em igreja s e cathcdracs que iriam tra b a lh a r os nossos
file ira sym etrica, am plos do rm ito rio s c salas espa­ pintores, esculptores c gravadores. Aprendem os com
çosas, onde coubesse a parentela ba rulhe nta dos nos­ os francezes a observar m e lh o r o m un do e os ho ­
sos senhores patriarcaes. O lu x o estava, porventura, mens. Fomos procurar, fó ra dos Evangelhos e apar­
nas roliças columnas que sustentavam os alpendres tados da disc ip lin a jesu itica, ou tros theinas de in s p i­
e as varandas flo rid a s de trepadeiras silvestres. ração nos fastos da his to ria universal, novas fontes
Se, na architectura, não attin g im o s um n iv e l su­ de energia na vida am biente. Princip ia m o s a te r es­
p e rio r, já nos não m ostram os tão carecidos de ar­ tilo , a ver a obra de a rte p o r si mesma, pe lo o r ­
tistas na esculptura e na to reutica. C elebrizaram - g u lh o que ella insufla no anim o de quem a cria
se, no segundo periodo da his to ria das nossas artes e realiza.
plasticas, tres homens, que devem ser considerados Jean-Baptiste D ebret, N icolau A n to n io e E m ilio
como fundadores da esculptura no Brasil. São elles: Taunay, o p rim e iro especialmente, espalharam o am or

O o o o o 48 o o o o
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

IH IM E & Cia. I
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I INDUSTRIAES 5

I IMPORTADORES |

I - I
X ts c r ip to rio e Armazcm G c ra l v
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g 52, R U A T H E O P H IL O O T T O N I, 52 g
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p C aixa do C orreio, N.« 393 p
8 End. T ele gr. «Ferro» jj
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§ RIO DE JANEIRO |

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ô n d e re ç o G a ÍJ * T a
T d e g r a p K ic o d o G o r r e io
F E R R O A . A B C - t t í i a n d 5 tA « d U io t is . N » 5 9 3
Si tt£*r '5. H u n te r 's C^d2u££ZJ
' C S s s *S 3 f i ^ C<íLno
< S i c r * t p t c > r t o e O L rm x x tie m . G & rd n a £
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7 6 /2 u a c/a JS &uc/e P I O D F , I A I N F I R _ 0 jE s c r /p / o r /o ..
JeJepA /V a rfe 3 3 6 9 6283. / V o r A e : S 3 / r.
69. f it* A rm a z .c rr7 .
4 / f i v e 7 7 x k p id o 0 //o a . /y o A /c .S S O O .

HIME & Cia. — Rio de Janeiro.


ií)p u s m iA & E IÜ ^ E s d C s iiw m A m g ,
. F A B R IC A S
L a m in a d o re s de
<SscrioWco eQpmoíeiri Gentrd£. IM P O R T A D O R E S
de F e rr o e o u tr o s
F o rro e F u n d iç ã o 52,. R * ia © f íc o jj& fe © tt o u i. 5 2 , m e t a c s , c im e n to ,
R _e b i t e s , P re tfo s c o r r e ia s , a g c a - r o z
P a r a T r i l h o s e ic_
(P o rto d a s N e v e s .
15 EL d ^ - \ j Nf £ J R . G fe rra g e n s , tin ta s , e t* ,.
End. T e le d ri C a ix ã d o C o r r e io m a t e r i a l P ix o e
N i c l h e r í y . F ie r r o s
‘ F E R R .Ô " ÍN 2 5 9 S r o ó a n te p a r a
de E n ^ o m m a r,
E s t r a d a s de f e r r o
F u n d iç ã o d e M e to e s
L o u ça F u n d id a m a c h in a s p a ra
la v o u r a e
e E s ta n h a d a .
e s ta b e le c im e n to s
balanças, Canos
i n d u s t r i a e a . e tc ...
de C h u m b o «te...
, R ita do Esf>lrUoS«nlo40 o le o s . v e r n iz e s
F e rra d u ra s e c o a lh o , «te____
P o n ta s d e P a r is
Rua G ororui Rdueiro
d e K e U o . — ■N ? 2 0 3

HIME & Cia. — Rio de Janeiro.


IN DFPENDFSCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ao desenho correcto, e á justa medida na sciencia


dos valores e da composição. Orientaram as nossas vai,ir para a nossa pintura, como sejam: C om ba te de
Campo G ran de, Ba ta lh a de Ava hy e Paz e C o n cordia.
vocações, mostrando-lhes o caminho que deveriam se­
guir. I)c igual modo procederam, com os architectos Depois de Meirelles e Américo, os pintores de
figura, de genero ou de composição que mais se
Grandjean de Montigny. e com os esculptores e gral
illustraram, no correr do século findo, foram: José
vadores Augusto Taunay. Carlos Simâo Pradier Bon-
Ferraz de Almeida Junior, que nos legou quadros
repos e os irm3os Ferrez. Mau grado os entraves
de real merito, como F uga pa ra o E g y p to , Rem orso
oppestos pela má vontade do mediocre pintor luso
t e Judas e Repous a do M o d e lo ; Rodolfo Amoedo,
Henrique da Silva, conduzido pelo favoritismo á di­
de quem possue a nossa pinacotheca A P a rtid a de
recção da Academia de Bellas-Artes, no curto es­
Jacob, .! N arração d e P hiletas e o esplendido Estudo
paço de una decada, após a chegada dos mestres
ue M u th c t, cuja luminosa carnação é de grande pu­
chefiados por Lebreton, inauguravam os discipulos reza; Decio Villares, autor de sanguinas e pasteis
de Debret a primeira exposição de pintura no Brasil
deliciosos; Aurélio de Figueiredo, panoramista e re­
Formaram-se, dess’arte. alguns núcleos de pin­ tratista; Henrique Bernardelli, artista imaginoso, a
tores, dos quaes merecem lembrança, até o appare- cujo pincel devemos, entre outras formosas telas,
ci in in to de Victor Meirelles e Pedro Américo, os os Bandeirantes. de tão delicada poesia, e T arantela;
nomes de Francisco Moreau, colorista delicado; Au­ Rosalvo Ribeiro, pintor de assumptos militares e de
gusto M uller, apreciável como retratista; Luis Augusto genero; Belmiro de Almeida, desenhista apurado, ob­
Moreau, pintor historico e retratista; Manoel de servador penetrante da vida quotidiana; Firmino
Araujo Porto-Alegre, decorador e retratista, cuja fama Couto, Zeferino da Costa, decorador distincto; Lopes
de pintor ficou empanada pela de poeta e escriptor; Rodrigues, Weingartner, pintor da vida campesina
Grandjean Ferreira, autor d i painéis sacros e quadros das coxilhas rio-grandenses; Pedro Alexandrino, dis­
mythologicos; Agostinho da Motta, admirado pelos cipulo brilhante de Almeida Junior, e Elyseu d’An­
seus panoramas e por suas naturezas-mortas, que gelo Visconti, a mais complexa personalidade da sua
lhe valeram applausos geraes; Facchinetti e Arscnio geração, decorador, figurista, retratista e pintor de
Silva, miniaturistas interessantes, particularmente o genero de raro valor.
primeiro, e De Martino, marinhista um pouco frio A pintura da paisagem, mercê da influencia bene­
e por demais minucioso, cujos trabalhos de maior fica do pintor allemão Jorge Grimm, nomeado pro­
relevo foram feitos em Londres, depois de haver fessor da nossa Academia de Bellas Artes no u l­
deixado elle o nosso paiz. Poderíamos acaso men­ timo quartel do século XIX , apresenta cultores se­
cionar outros de menor significação, a exemplo de lectos. Antonio Parreiras, Castagneto e Baptista da
Claudio Barandicr, Correia Lima, Buvelot, Barros Costa aprenderam com aquelle pintor germânico o
Cabral, Mendes de Carvalho, Maximiano Mafra, verdadeiro ca.ninho a seguir no genero em que sobre-
M ello Côrte Real, Henrique Vinet, figuristas e pai­ saíram. Foram buscar no seio da natureza, no ar
sagistas que tomaram parte mais ou menos activa livre e na luz os elementos necessários á sua obra.
no desenvolvimento da nossa pintura. Antonio Parreiras possue uma technica livre e im­
Não apresentáramos, porem, dc 1826 até 1872, petuosa. Distingue-o, especialmente, o vigor do colo­
anno em que foi exhibida a famosa tela do C om bale rido, a frescura das tintas, a variedade c abundancia
d e C am po G rande, um só pintor verdadeiramente dos themas de inspiração. Castagneto, ao contrario,
brasileiro. Houve mister que o paiz soffresse, que confinou-se na marinha, que foi a sua paixão. Suas
se puzesse em prova a resistência do nosso caracter, manchas rapidas, empastadis com firmeza, dão bem a
para que surgissem homens capazes de perpetuar medida do seu temperamento espontâneo e da sua
os feitos do nosso paiz. Seguimos, naturalmente, capacidade de observação. Baptista da Costa é o
a lição da historia. Os heróes despertaram aqui os commovido pintor dos nossos parques, dos arrabal­
artistas. Dentre estes, os que melhor interpretaram des do Rio de Janeiro, dos céus e das arvores dc
as acções dos nossos maiores, foram Victor Meirelles Petropolis. É um delicado poeta, um sensível e fino
e Pedro Américo. evocador da nossa paisagem natal.
Victor Meirelles, embora de engenho inferior
a Pedro Américo, era mais correcto na feitura. Nos
seus quadros mais celebres, P rim e ira M issa no B r a s il. A ARCHITECTURA E A ESCULPTURA
B a ta lh a dos Guararapes e Passagem de H u m a y ti,
revelou-se artista discreto, feliz na tcchnica da perspe­
ctiva e nos effeitos de luz. Meirelles pintava com Ainda não conseguimos firm ar estilo proprio em
segurança, mas não possuia vibração nem intensi­ architectura. As nossas cidades modernas são ver­
dade. Era um temperamento acadêmico, frio e com- dadeiros mostruários de documentos architectonicos
medido. Os obreiros portugueses e italianos, para não men­
Pedro Americc, ao revés, pintava nervosamente, cionar outros de menor influencia, têm construído,
com febre e energia. Desigual c impetuoso, mas sem­ ao sabor da fantasia, a maioria dos nossos dispa­
pre vibrante, imprimia ás suas largas telas um sopro ratados edifícios publicos e particulares. Sómente,
de cnthusiasmo communicativo. Suas figuras são mo­ agora, começam os architectos nacionaes a fazer sen­
deladas com valentia, e é notável a capacidade que tir o influxo do seu gosto e da sua capacidade, pro­
demonstrou na distribuição das massas, no jogo dos curando assentar os delineamentos de um estilo ada­
entre-tons e dos matizes. Pedro Américo era um ptado á nossa indole e ao nosso ambiente. As ci­
romântico. Deixava guiar-se pela imaginação, e. ao dades do Rio de Janeiro e de S. Paulo já deparam
sabor dos seus impulsos, compoz obras de immenso alguns exemplos curiosos neste particular.

o o o o o o 49 o o o o o o
LIVRO Di: OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO

Dos esculptores que se distinguiram antes dcste zeres. Marques Junior, Eugenio Latour, Roberto Men­
século, no Brasil, merecem referencia Francisco Ma­ des, os irmãos Chambelland, Edgar Parreiras, H.
noel Chaves Pinheiro, autor dos doze apostolos de Cavalleiro, Pedro Bruno, Presciliano Silva, J. Car­
madeira da igreja de S. Francisco de Paula, no Rio, los, J. W. Rodrigues, T u llio Mugnaini, Domingos
e da estatua de Joâo Caetano; Rodolfo Bcrnardclli, de Toledo Piza, e ainda mencionaríamos outros va­
Caetano de Almeida Reis e Hortencio de Cordoville. rios figuristas, decoradores, desenhistas c paisagistas
Dc todos elles o mais notável é Rodolfo Bernax-. dignos de relevo, se fizéssemos resenha mais desen­
delli, em cujas obras está o que de melhor pro- volvida. Destacam-se na esculptura: Correia Lima,
duzio a nossa esculptura passada. Basta citar C h ris to Bibiano Silva, Armando Magalhães Correia, Antonio
e a m u lh e r a d u lte ra , grupo esculptorico pertencente Mattos, Modestino Canto, Leopoldo Silva, Nicolina
á nossa Escola Nacional de Bellas Artes, para se Vaz, A. Pitanga e poucos mais. São dignos de re­
ajuizar das qualidades admiráveis de Bernardelli. ferencia, na gravura, Girardet e Adalberto Mattos,
e na agua forte Carlos Oswald. Conta a archite­
ctura alguns representantes de nota, a exemplo de
Heitor dc Mello, Morales de los Rios, V. Licinio Car­
SÉCULO XX. CONCLUSÃO doso e A. Memoria.
Entre os mais novos apontaremos, na pintura,
Zina Aita, Annita M alfati, Mario Tullio, D i Caval­
Apesar de varias causas moraes e matcriacs que canti, Alberto Martins Ribeiro, Vicente do Rego Mon­
muito contribuem para o lento evolver das nossas teiro, Alberto Cavalcanti; e, na esculptura, Leão Vel-
artes, da ausência de museus e galerias de valor, loso e Victor Brecheret. o mais forte e pessoal de
do descaso dos dirigentes no tocante aos problemas todos os jovens artistas brasileiros.
estheticos, e da indifferença com que o povo olha Tudo isso está indicando que, cm futuro pro­
as exposições officiaes ou particulares, vamos pro­ ximo, removidas aquellas causas que deixamos acima
duzindo artistas de bom quilate. Entre os pintores registadas, e educado o gosto do povo, teremos uma
nomearemos: Lucilio de Albuquerque, Helios Scc- arte verdadeiramente nacional.
linger, os irmãos Arthur e João Thimoteo, Navarro
da Costa, Carlos Oswald, Leopoldo Gottuzzo, Geor­
gina de Albuquerque, Modesto Brocos, Levino Fan- R. DP C.

PAVILHAO DA ARGENTINA

o o o o o o 50 o o o o o o
A C A R IC A T U R A N O B R A S IL l) E 1822 a 1922

p o litic o , po is a p o litic a fo i o m aior manancial do


lapis hum orista c cremos que contim ía a ser, pe lo
m ciras caricaturas cm nossa heroica c c orrer dos tempos. N o mesmo anno, pouco depois
tivem os <> «Pandoken» com a mesma pobreza de tra­
car quando nos m ostra a intuição do (la r a ’ u ja e assim ço. N o p.-riodo da guerra contra o Paraguay já pu llu -
nos conta Alvares de Azevedo Sobrinho, quando nos lavam a- revistas illu strad as c hum orísticas, de que
desenha o curioso p e r fil do bohem io das priscas eras, podemos! c ita r a «Vida Flum inense» (1.» phase, te n­
que «adornava as paredes das ruas com painéis a car­ do s u rg d o outra de eguál nome em 1889), o «F i­
vão... i garo», a «America lllustrada», a «Revista Flum inen­
Desde que fic o u «senhor do seu nariz», o Bra­ se», a iRabeca», a «Bahia lllu strad a» (1.* phase
s il, com o to d o o p a iz independente que se preza, 1868), p «Phenix», o «Espelho», «O H eraclito», «Ca-
sentiu o con ta gio das humoradas das letra s e do brion », D iab o Côxo», «M osquito», «D. Q uixote» (l.«
lapis. As p rim eira s em m uito m aior quantidade, p o r­ phase), «A Vespa». Rataplan», e depois um a chus­
que, nas épocas ab olo ria s, o m eio ainda não favorecia ma colossal aqui e nos principaes Estados, cujo re­
a divulgação pela g ra v u ra com a facilidade dos p ro ­ la to seria lon go . O s nomes dos artista s do lapis sur­
cessos technicos. A tosca e simples gravura em ma­ giram tarde, em um p e rio do de combate, quando as
deira, praticada p o r artista s bisonhos, s u rg ia aqui e paixões o o liticas fe rvilha vam na época im p e ria l; nesse
a lli, em papeis avulsos, que se espalhavam clandes­ perio do ’ fu lg u ra ra m os lapis de H en riq ue Fleiuss,
tinam ente, com os com m entarios rim ados que as que­ que se firm o u na «Semana lllu strad a» , creando os
stões de m om ento suggeriam . O u tros ramos das artes typ os do «D r. Semana» e do «moleque», tã o celebri-
plasticas venciam pouco a pouco, p o r influencia da sados com o são h o je « M u tt e J e ff» no cinema ou o
colo nia franceza im portada por D . João V I, sem em­ «Zé C aip ora de A g o s tin i; P in he iro Guim arães, F lu ­
ba rgo de uns pretensos artistas de arribação que men Junius, L. F aria tiveram também sua época, dei­
vieram , im p orta do s da velha m etróp ole , para o fim xando o u ltim o o paiz para se in s ta lla r na França,
exclu sivo de im plantação da qu is ilia , da alicantina onde m orreu á testa de uma im p orta nte empreza li-
e da má vontade c on tra Le Breton, de Brct, M o n tig n y , th o g ra p h ic a ; D uque Estrada T eixe ira e A tu iz io Aze­
que trabalhavam com dedicação e carinho. vedo, o nosso rom ancista, também se apresentaram
Fossemos exigentes e daríamos com o prim eiras em p u b lic o nas hum oradas do traço, te ndo o u ltim o
provas de caricatura n o Brasil independente, retratos c ollaborado, ainda m u ito jove ti, no «Figaro», com
gravados a b u ril de m uito s fig u rõ e s da época. Na grande e x ito . Borg om a in ero firm ou-se entre nós como
realidade, esses retratos defeituosos, fa lh os de dese­ um dos m ais fo rte s caricaturistas, seguindo-o no es-
nho e de proporções, são mais caricaturas do que ty lo e nos processos, que ainda eram lithographicos.
o u tra cousa, mas a intenção dos autores era diversa, A n ge lo A g o s tin i e Pereira N e tto. A g ostin i, com a
que o g e nio a rtís tic o infe lizm e nte não conseguiu a ju ­ sua obra, é o com m entario hum orístico de quasi toda
dar. a vida d o segundo Im pe rio e dos prim eiro s annos
É no segundo Im pe rio , pouco depois d o «quero da R ep ub lica ; paginas adm iráveis legou á apreciação
já», que a caricatura ganha fó ro s de cidade, sendo os justa, na «Vida Flum inense», no «M osquito», no «Ca-
principaes pontos de cxhibição, Bahia. R io de Ja­ brion», e, sobretudo, na «Revista lllustrada» e «Don
ne iro c P o rto Alegre. Q u ix o te »; to dos os assumptos da vida nacional a lli
Na m aiorida de d o segundo Im pe ra do r a irr e ­ estão illu s tra d o s ou caricaturados com inexcedivel
verência do la p is s u rg iu de vez, de fin itiv a , sendo na m estria; P ereira N e tto , ho je esquecido injustam en­
m a io r parte apresentada em trabalhos litho grap hico s te, tem la rg o acervo de producções preciosas no
e xilo g ra p h ia s , systemas mais em voga. «M equetrefe» e na «Revista lllustrada». P o r essa
Os autores das «charges» e dos com m entarios época a revista caricatural com portava um só dese­
illu s tra d o s não appareciam , modestamente anonyma- nhista, que ficava á testa da secção, sem consentir
dos pela tim id ez. O m ais p rim itiv o r e p o s ito rio de ca­ na entrada de o u tr o lapis. C om a R epublica a p u b li­
ricaturas data de 1866, com a «Pacotilha», jo rn a ls i- cidade hum orística alastrou-se, apresentando Belm i-
nho de desenhos m al feitos, quasi to do s de caracter ro de Alm eida, o notável p in to r, que também cu ltiva

o o o o o o 51 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO DA

com muito espirito a «charge»-, revelado no «Rata­ «Tagarella», chegou, viu c venceu; tem estylo pro­
plan», no «Joâo Minhoca» e nos jornaes diários em prio, é perseverante, dedicado á arte c seu nome
evidencia; cultivando ainda hoje o genero faceto nas está feito na honestidade do trabalho, que não o
horas em que a palhêta lhe dá tréguas. Teixeira da faz esmorecer nunca. A. Storni, que veiu do Rio
Rocha, Maurício Jubim, Hilarião Teixeira e Arthur Orande c que se manifestou primitivamente em es­
Lucas (Bambino) pertenceram a uma época de fe­ plendidas «charges» pessoaes, abordando hoje os as­
lizes iniciativas na caricatura colorida; os dous p ri­ sumptos politicos; Amaro Amaral, ha pouco falleci-
meiros cederam o lapis ao pincel que cultivam com do, que deu optimo contingente á caricatura, na Re­
esmero, quando o professorado lhes dá folga; Hila- vista da Semana», no «Jornal do Brasil» e Figuras e
riâo retrahiu-se, enfronhado na burocracia c Bam­ Figurões» (2* phase, a primeira fo i obra dc Calixto
bino», depois de perlustrar no «Mequetrefe», na Mas­ e Raphael Pinheiro); Seth, desenhista de consciência,
cara», na «Revista da Semana», no «Tagarela» e no aperfeiçoado nos moldes norte-americanos, cujos pro­
«Jornal do Brasil», voltou a dedicar-se com exito á cessos agora adopta, tentou ao lado de Vasco Lima,
pintura, de que deu um excellente recado na exposi­ outro lapis de valor, um jornal de cscól, «O Gafo»,
ção de Bellas Artes. A rotina da lithographia, pro­ que pouco resistiu á indifferença desta aldêa gran­
cesso optimo, mas lento e fatigante, foi abrogada de; é de Seth a historia de «João Pestana», que se
por Julião Machado, esse b e llo . talento portuguez vem popularisando pelos seus moldes de ser ins-
que remodelou entre nós a feitura das revistas illus- truetiva e u til ainda brincando. De Calixto Cordeiro
tradas. nada diremos, por suspeitos, ha uma inimizade figa­
Anterior.rente o grande Bordalo Pinheiro aqui dal entre nós ambos, que surgimos juntos c até hoje
estivera, com a mesma galhardia, no «Psitl», no <Be- vivemos separados... pelas residências. Casanova, ou­
zouro», mas adoptando os processos lithographicos tro vadio de talento, que podia dar melhor conta do
de então. A Julião Machado deve-se o processo da recado; A. Cruz, Alberto Delpino, sempre feliz nas
graphia nas revistas illustradas, foi elle quem intro­ «charges» pessoaes: Ariosto, Loureiro, Yoyô, Voltolino
duziu entre nós a maneira moderna européa e insi­ e Belmonte em S. Paulo; Augusto Rocha, também
nuou a grande reforma. Celso Herminio, outro por- forte na musica; Henry Puysegur (Byby), outro he-
tiiguez de taleríto aqui se revelou eximio nas «charges» róe do saudoso >Tagarela», hoje no desenho techni­
pessoaes, morrendo quando mais se esperava do seu co da armada nacional; Germano Neves, Sá Roriz,
robusto talento. Pelêu; Fritz, outro indolente que precisa ser chamado
Vieram, depois, com intermittencias, para os ao bom caminho; Jefferson, Rigoletto, Maia, Perdi­
arraiaes da caricatura Izaltino Barbosa, hoje preso gão, Heitor c muitos incipientes que surgem pro­
ao professorado e Bento Barbosa que teve uma épo­ missores. Em 188Ó aqui esteve Hastoy, excellente ar­
ca fulgurante aqui e em S. Paulo. Santos Falstaff tista que pouco se demorou, deixando-nos excellentes
por esse tempo surgiu nas lides do «crayon» e foi humoradas, mórmente sociaes. A politica internacio­
o primeiro a lançar a revista illustrada sem exclusi­ nal suggcriu muitas «charges» dc Placido Isasi, que
vidades. O «Tagarela» assim surgiu, foimado por um longo tempo militou nas paginas illustradas do «Jor­
grupo de cultores do lapis que, além da adoravel so­ nal do Brasil» e hoje se acha cm Buenos Aires.
ciedade de arte, abriu caminho para a maior parte dos Emilio Ayres, que se iniciára cm Londres, apre-
caricaturistas que hoje se apresentam. Qastão Alves, sentou-se, no Rio, como excellente retratista e me­
outro lapis adestrado, tentára o mesmo systema no lhor «chargista», de que deixou um album original,
«Mercurio», o jornal unico em todas as cinco partes onde se encontram as effigies das nossas principacs
do mundo, pois era um vespertino diário lithogra- figuras de destaque. Érico Castello (Chin) appa-
phado a tres cores; africa que nunca se conseguiu receu com seu estylo modernista, dando-nos provas
nos demais paizes; nelle trabalharam Julião, Bambino, decorativas que têm sido bem apreciadas. Carlos Le­
Domicuse, Porto Alegre e deram os primeiros passos noir (G ii) c Gilccno Braga (G il 2°) também fizeram
Calixto e o autor destas linhas. época, sendo mais forte o primeiro nos perfis. Roma­
no, um novo, é hoje um especialista no genero «char­
ge» pessoal e entre os que agora se revelam citam-se
Com a formação do «Malho» e do «Tagarclla», Fox (Trinas), Djalma, Santiago, Manolo, Acquarone,
aprescntaram-sc as phalanges organisadas da cari­ Jefferson c alguns mais, com apreciáveis qualidades de
catura, tendo á testa, na primeira das revistas citadas,
Chrispim do Amaral, que viera da Europa, onde al­
cançara justificada fama pela graça de seu traço e
pelos assumptos que commentou, muitos dos quaes Nesse largo periodo de cem annos não fo i pe­
lhe trouxeram perseguições, por serem inspirados na quena a phalange de caricaturistas e o facto mais
intrincada politica do velho continente. digno dc nota é a situação da imprensa illustrada
Na cpoca contemporanea é grande o numero de no Imperio e na Republica. Discute-se ainda o pro­
caricaturistas fortes e é reduzidíssimo o grupo dos jecto regulamentar da imprensa, ominoso em extre­
fracos. A variedade dos estylos e a fórma de inter­ mo, neste periodo de conquistas democráticas que o
pretação apresentam pelos jornaes e pelas revistas regimen, por seu titulo deveria favorecer. Entretan­
hodiernas um encantador aspecto que attráe e em­ to, desde que se fez a Republica, a liberdade (não
polga. a licença, entenda-se) de exprimir o pensamento pelo
Citemos aqui Luiz Peixoto, a intuição em coroo lapis tem soffriuo o arrocho das autoridades c das
de gente, sem consciência do que vale, por ser um partidos apaixonados. Quem manusear as collecções
vadio de marca maior; J. Carlos, por nós lançado no dos jornaes de antanho, anteriores ao regimen actual,

O o o O o 52 o o o o o
Annuario do Brasil
FUNDADO EM 1844 <80 Annos de Existência)

C o m m e rc ia l, In d ustria l, A g rico la , P ro fissio n a l e A d m in is tra tiv o


------------- D A -------------

CAPITAL FEDERAL e dOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL


(Propriedade de /1. P IN TO )

G ra n d e o b ra de C o n s u lta , de E s ta tis tic a e d e In fo rm a ç õ e s G e ra e s

0 unico Annuario de todos os Estados do Brasil

A O BR A C O M P L E T A C O N S TA DE Q U A T R O V O L U M E S

A. HÉNAULT & Cia.


DIRECTO R E S -C O N C E S SIO N A R IO S

Editado nas Officinas Typographicas do ANNUARIO D O BRASIL


RUA D. MANOEL, 62 — Telephone Norte 7579

RIO DE JANEIRO
Iodos devem e podem auxiliar a Saude
Polia contra as Doeias Venereas
A s D oenças V enereas representam ta m e n to g ra tu ito . E pre ciso porem , que <
um g ra v e p e rig o pa ra o paiz p e lo s m ale­ cada um , c o n ve n cid o d o p e rig o que re- j
fíc io s e m o rte s que vã o e s p a lh a n d o no p resentam as D oenças Venereas, p ro c u re
p re s e n te , e pela d egeneração que prepa­ a u x ilia r a Saúde P u b lic a , d iv u lg a n d o os t
ra m p a ra a raça n o fu tu r o . Só o nu m e ro conhecim e n to s u te is á prevenção d a q u e l- j
de m o rte s que oecasiona a s y p h ilis , a las doenças e su b m e tte n d o -se a um tra - I
m a is g ra v e das doenças venereas, é co n ­ ta m e n to conveniente se, p o r in fe lic id a d e , *
s id e rá v e l, e já tem a ttin g id o em alguns v ie r a ser v ic tim a d e lia s . j
a n n o s , c ifr a egual ao c o rre s p o n d e n te aos C o m re fe re n d a aos m eios de e v ita r \
o b ito s p ro v o c a d o s pela tu b e rc u lo s e , a as D oenças V enereas, deve-se a co n se lh a r i
g ra n d e c e ifa d o ra de vid a s. A ta c a n d o to ­ f u g ir das p ro s titu ta s que são a p rin c ip a l 1
dos os o rg a n s , a s y p h ilis é responsável fo n te de c o n ta g io , e em g e ra l, das re la - 1
p e la s m a is v a ria d a s a ffe cções e, além de ções sexuaes e x tra -c o n ju g a e s. O s q ue não
ca u s a r s o ffrim e n to s h o rrív e is , p ó d e p ro ­ p u d e re m e v ita r essas relações perig o sa s, {
v o c a r a in d a doenças v a ria s , que incapa­ d e v e rã o u sar a d e sin fe cçã o p re v e n tiv a , ,
c ita m p a ra o tra b a lh o , e le v a r m esm o á ta l c o m o é ensinada nas publica çõ e s n.o .
lo u c u ra . D e ste m o d o , causa á nação um 7 e 12, da In s p e c to ria de P ro p h y la x ia das
e n o rm e p re ju íz o e co n o m ico, p o rq u e além D oenças Venereas, m e th o d o que te m d a ­
de ser um fa c to r im p o rta n te de m o rta li­ d o re s u lta d o s s a tis fa c to rio s . O s in d iv id u o s
d a d e , crêa a in d a u m a m u ltid ã o d e in v a li­ que vie re m a s o ffr e r de um a dessas d o e n ­
d o s e incapazes, peso m o rto na v id a da ças d everão re c o rre r im m c d ia ta m e n tc a
so cie d a d e . M a s n ã o é só sobre o in d iv i­ um d o s d is p e n sá rio s d a S aúde P u b lic a ,
d u o q u e se v e rific a m os m a le fíc io s da o n d e e n co n tra rã o tra ta m e n to g ra tu ito ,
d o e n ç a ; a s y p h ilis tra n s m itte -s e aos f i ­ subm ette n d o -se com preserverança a o tr a ­
lh o s , p re ju d ic a n d o a p ro le e d egeneran­ ta m e n to conveniente. D este m o d o , p o d e ­
d o a raça. É assim que essa d oença, além rã o p re v e n ir os m a le fíc io s que a doença
de se r a p rin c ip a l causa d o s a b o rto s e lhes póde occasionar, e v ita n d o tra n s m it-
d o n a s c im e n to de cria n ças m o rta s , é a in ­ til- a aos o u tro s , e d e fe n d e n d o a saúde
da re s p o n s á v e l p e lo n a scim ento de seres da esposa e do s filh o s . A s m u lh e re s que
e n fra q u e c id o s , d e s tin a d o s á m o rte prem a­ tenham s id o in fe cta d a s p ela s y p h ilis ou
tu r a , q u a n d o não se vêm a to r n a r im be­ que tenham s o ffr id o v a rio s a b o rto s d e ­
cis o u id io ta s . ve rã o su bm etter-se a tra ta m e n to co n v e ­
E s ta ra p iü a resenha m o stra e lo q u e n ­ n ie n te para e v ita r que os filh o s venham
te m e n te que to d o s devem a u x ilia r a Saú­ a nascer m o rto s o u doentes.
de P u b lic a na lu c ta c o n tra as Doenças D iv u lg a n d o estes c o n h e cim e n to s e
Venereas», p o rq u e e lla s c o n co rre m para o s .-g u in d o estes conse lh o s, p o dem to d o s
d e s p o v o a m e n to d o p aiz e reprezentam a u x ilia r a Saúde P u b lic a na lu c ta c o n tra
um e s to rv o ao a p e rfe iç o a m e n to da raça. as D oenças V enereas», g a ra n tin d o para
A S aúde P u b lic a fo rn e ce o s p rin c i- si e para a sua fa m ilia , o bem p re c io s o
paes e le m e n to s de lu cta c o n tra as d o e n ­ da saúde e p re s ta n d o ao seu paiz u m va­
ças v e n e re a s: a educação p o p u la r e o tr a ­ lio s o serviço.
A 6 D O E N Ç A S V E N E R E A S
ESTÁO D E S T R U IN D O

A SAUDE do NOSSO POVO


E CO M PRO M ETTENOO

A P U J A N Ç A da N O S S A R A Ç A ^ \
^ ■ A Ú t à l

m ,

To d o s P o o e m e D e v e m A uxili
A " S A U D E P U B L IC A "
NA LU TA C O N T R A L S S t IN IM IG O

Inspectoria da Prophylaxia da Lepra e das Doenças Venereas


Rio de Janeiro.
IN D EPE N DE N CE r DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ve rific a rá a am p la libe rd ad e dos caricaturistas em ventaram o « n oli m e tangere» como entrave ás m a­


suas critica s insontes largam ente espalhadas em nu ­ nifestações do pensamento. Nem os desenhos nem as
merosas paginas. Quem ig n o ra as ironias e as p i­ legendas têm m ais o desembaraço das expressões, com
lhérias de que fo i alvo o segundo monarcha, que as responsabilidades decorrentes da a u to ria ; ha uma
m uitas vezes a irre verên cia do lapis desenhou com o censura prévia no ar, que dá saudades dos tempos
p e rfil de uma castanha de cajú, schema fe liz do de o u tr’ora em que o a lv o da irreverencia era o
con to rn o dessa lin d a cabeça de velho? p rim e iro a r ir com as allusões que lhe tocavam.
Quem ign ora que A g o s tin i, p o r exemplo, rep re­ E de esperar, porém, que a situação se m o d ifi­
sentava m u ita vez a fig u ra do Presidente do M i­ que: a caricatura, como to das as manifestações de
n is te rio ou do P a rla m e nto com o corpo de o u tro arte (ab olida , está claro, a m ateria licenciosa e ag-
anim al adequado ao com m entario? Não era isso um gressiva), deve ser como a idéa, na phrase de Fa­
in su lto , era uma fig u ra de rhetorica executada pe lo gundes V a re lla, «não tem m arcos nem barreiras, não
«crayon» e, com isso, nunca se molestaram as p re ten­ conhece compêndios».
sas .victim as da iro nia dos artistas.
H o je , as conquistas escancaradas da democracia
com as regras de um regim en chamado lib e ra l, in ­ Ra i l P ederneiras .

O O O 53 o o o Oo o
E N S A IO S O B R E A M U S IC A B R A S IL E IR A

O M EIO PHYSICO E A SYMPHONIA DA os troncos, donde escorrem as resinas m ornas, e a


TERRA te rra mesma se abre, numa ansia c rue l e vo lu ptu osa .
A soalheira é uma allucinaçào. N âo só dá côr, mas
também som. Véde a sym phonia pro d ig io sa que se
M U N D O cm to rn o é to d o e lle uma leva nta ! (J rito s verm elhos, m elopéas verdes, a la ri­
a lle g o ria . Ao m eio da luz, reb rilha m dos de fo lh as seccas, soluços lila zes c im precações
c fu lg u ra m as coisas, tocadas d e o iro , cinzentas. S io as vozes da selva que estrugem . Sons
com o num inc e nd io s c in tilla n te e m a­ de v io lin o s c oboés, frau ta s, vio lo n ce llo s, tam bores,
ravilho so. A cõr c ria e tra n s fig u ra , nos re fle x o s fogotes e tim bales, harm onizando um ry th m o b a r­
cam biantes e s u b tis , entre os to ns intensos e os m o­ ba ro e grand io so. A té o s ile n c io é uma voz g ra ve c
tiv o s suaves, num a s urpreendente harm onia. O sol pe rturba do ra, que resôa e am edronta. T u d o canta;
esbraséa, queim a as flore stas, escalda a te rra e põe as rantarias gementes, os jio s m urm urosos, as casca­
no mar req uintes de b rilh o s , dando á natureza a tas em choraes, as c igarras estridentes, os bezouros
ale g ria e o to rp o r , o d e s lum bra m e nto e a m elan­ e os m oscardos /.um bindo e a passarada, na p o p y-
colia . Na m atta, to rram as folh agens, arrebentam to n ia dos g o rge io s c g r ito s , dos canarios e das
O O O

tia * .

o o o o 54 o o o o o
C EN /EN A R /O DA IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO

arapongas, dos urús c dos colleiros. As flores svl-


nos tolde a frescura da voz, não nos encadeie em
veslrcs c os frutos bravos sâo natas vibrantes e
preconceitos, não nos escureça os olhos! É preciso
em tudo ha som, nesse rumor indeciso da terra virgem,
sentir o contacto brutal com as coisas para guarda? a
que é toda inteira um canto de alegria e de extase.
marca de sua força indomável, que a arte transfi­
° homem, que veiu singrando os mares nas gura sem apoucar. Sejamos os artistas 'commovidos
caravellas, com a nostalgia da patria distante, per­ do nosso h a b ita i maravilhoso, onde o espirito de
turbou-se no meio ardente do inundo maravilhoso.
cada um de nós deve ser livre e sincero, sentindo
Ao deslumbramento succedeu a fadiga e a lassidão e, intensamente o mysterio da anim a rerum . Nos arrou­
ao rythmo brutal da natureza, eloquente na sua fes­ bos da imaginação e nos temores da melancolia, fa­
ta de luz e de som, ficou humilhado, porque a tessi­ çamos nosso canto extasiado ou suave, de heroísmo,
tura de sua voz era mesquinha para se alteaT na or- de ternura, ou de dôr. O artista, que c um criador
chestraçâo fortissima. Desolado e triste, melancólico de valores, não se póde isolar do meio sem cair no
num palacio de oiro e pedrarias, chorou e seu can­ artificialismo falso c infecundo. Resta-lhe transfor­
to fo i uma mclopéa dolente, de saudade, que lhe mar a vida, como se nos apresenta, em motivos de
irrompia do coração, amedrontado no fulgor da terra emoção profunda, de força, ou de belleza. É a obra
nova. Na sua fraca imaginativa1 de européo não se de criação, milagre sempre renovado e fulgurante no
afinavam os timbres da symphonia brasileira, que genio dos homens. O temperamento não refoge ao
ainesquiiihava o estrangeiro ousado. Era a primeira ambiente, mas em todas as fôrmas que tomar, o seu
defesa da terra contra o conquistador audaz. Humi­ calor terá auxiliado á modelagem. É uma categoria
lhava-o. (.antaria uma canção dolorosa1 e melancóli­ inseparável do nosso espirito.
ca, por entre o alvoroço perenne de suas harmonias
formidáveis.
Mas. ao homem resta a superioridade de que
avisa o grande Pascal: pôde g rita r ás -coisas — tu A MUSICA POPULAR
não pensas e e u p e nso ! Dominaria assim a terra
bravia, com sua musica de metaes estridentes e me­ O canto popular, em sua rudeza e ingenuidade,
lodias largas. Da mesma forma que não iemeria o c um motivo permanente de emoção, em que o ho­
embate da natureza para vencel-a, varando de lado mem primitivo traduz em face da natureza o anseio
a lado, em bandeiras destemidas, a selva myste- de seu espirito, alegre ou nostálgico, de extase ou
riosa e terrível, não se calaria ante seu concerto de de temor. Nos velhos povos podemos deparar nessa
m il vozes. Cantaria, triste embora, até que seus f i ­ origem mysteriosa a fonte de monumentos eternos,
lhos, já nascidos no scenario prodigioso, podessem quando o genio lhe dá o prestigio do universalismo,
sentir no calor do sangue essa linguagem harmoniosa que vence o tempo e o espaço. Nos povos novos, o
das coisas, interpretando-a e unindo sua voz á delias motivo popular veiu com o conquistador e reflecte
no mesmo tom de exaltação. Os que nasceram no paiz essa dôr da adaptação, em que sangrou o seu espi­
novo, já traziam a marca do deslumbramento. Eram rito audacioso. Entre nós, no ardor da natureza tro­
imaginosos. Fremia-lhes na alma as ansias da terra pical, cheia de fulgurações, o canto fo i nostálgico.
rude, mas no intim o do coração ficára a gota de Nostálgico era o indio fugidio e errante, que vivia
melancolia. O extase, por vezes cessava, para dav lo- a vida com abatimento, em perpetuo espanto pelas
gar á tristeza e ao abatimento, que se traduzem nas coisas que o cercavam; nostálgico era o lusitano,
cordas liricas de um sentimentalismo um pouco amar­ ousado mas triste, vivendo no mar e com a saudade:
go. Aquclla dôr de seus paes, perdurava nelles, como
um tributo implacável da origem differente, ao mun­
da patria sempre 110 coração; nostálgico era o a fri­
cano, caçado, roubado e escravisado, soffrendo no
do americano. Mais uma vez a terra se vingava1 de captiveiro uma dôr irremediável e aniquilante. Todas
seu desvirginador. Enquanto resoar nos seus ouvi­ essas vozes que se levantavam eram um contraste
dos as vozes da natureza, aperta-lhes no coração com (. scenario, de magnifica alegria. A alma do
a nostalgia de amesquinhados. Esse e o fundo de brasileiro guarda esse fundo tragico, em que o ho­
tristeza da psyche brasileira. mem teme a natureza c procura vencel-a pela imagi­
Não podíamos deixar de ser musicaes. Só as na­ nação exaltada, caindo depois em abatimento e lan­
turezas frias são mudas e a nossa symphoniza a pro­ gor. E esse primeiro encontro com o meio, esse
pria luz. Pouco importam as formas do canto po­ inquieto e doloroso extase por uma grandeza que
pular, as modificações autochtones ou importadas. maltrata, não encontraremos em symbolos mais vi­
Ficou o rythmo brasileiro, com uma côr doirada, vos do que no canto popular, através da infinda me­
cheia de sol, fulgente, maravilhosa. Com esse rythmo lancolia que reçuma, como perfume de flo r agreste
havemos de criar a nossa musica e os que o des­ e maravilhosa. É o espelho do temor, da exaltação e
prezarem não construirão nada de definitivo, porque da tristeza da alma humana, que olha a natureza
fóra do meio as obras são precarias e insinceras. como um fantasma e cria deuses adversos nas coisas
Nessa massa rude é que havemos de plasmar a es­ que a assombram.
tatua ideal, que renascerá ao sopro do genio, com O canto do indio, o povoador americano da terra,
carne e sangue, viva e translucida. Ouçamos as vo­ era longo e nostálgico, cortado por certos tons quen­
zes da terra e criaremos o rythmo de nossa arte, pro­ tes e coloridos, sobretudo os que acompanhavam
fundo e immortal. As enxertias só produzem mons­ as danças. A musica era estridente, com as notas agu­
tros. Saibamos fazer de todos os toques do concerto das dos borés, dos congoeras, das imbias, dos mem-
natural um motivo de arte e criaremos nosso mundo bi-tarará. os acompanhamentos dos chocalhos syl-
sonoro. Que a lição que tivemos de aprender não vestres e ruidosos, os marakás e os curújús, e dos

o o o o o o 55 o o o o o
L/VRO DE OURO COMME MOR ATIVO IX ) CENTENARIO DA

ru fo s do s vatap is. N ão é m u ito o que se conhece, um batuque cab a llis tic o , dansado com desenvoltura,
dessa m usica, e, p o sto os p rim e iro s chro nista s r e fi­ ao som cadenciado de lun du s, com no ta s m u ito v i­
ram os pendores dos ín dios pa ra a m usica, p rin c i- brantes e uma grande riqueza de ryth m o s, que p e r­
p a lm e nle dos tupinam bás e dos ta moyos, dizendo-os duram na nossa m usica p o p u la r c ainda ho je pode­
com positores orig in a c s , não fo i possível conhecer com mos rastreal-as.
precisão a ob ra m usical da gente au to chto ne d o B ra­ Com esses elem entos, sem esquecer também uma
s il. D o pouco que chegou até nós, poude v e rific a r-s e certa in flu en c ia hespanhola. das tyran na s e dos fan­
que a m usica selvagem era inte ressa nte e viva, go sta n­ dangos e, po steriorm ente, ita lia n a , através de P o rtu ­
d o de im ita r a natureza, as suas vozes e os seus gal, se co n s titu iu o canto b ra s ile iro , de que a fôrm a
cantos, como que buscando um a fu são s urpreendente mais expressiva é a m od in ha . V in d a de P o rtu g a l, pois
com o scenario m a ravilho so. O p in a m o u tro s que essa segundo m uito s é um a prolaçâo das serranilhas p o rtu ­
m usica era apenas um a expressão colle c tiv a de ale­ guesas, ou, segundo ou tros, é a «canção rom antica
g ria o u pezar, das horas da g u e rra ou dos cerim o- transportando-se de P o rtug al para o B ra sil com o
niaes fu ne bres, o que parece m enos exacto, tendo em titu lo de m od inha nom e d e riv a do de m ote ou moda»,
vista o depo im e nto dos nossos chro nista s com o Jean o p iniã o p a rtilh ad a p e lo sr. T h c o p h ilo Braga, o certo
de L e ry , S p ix, M a rtiu s , Sant’ A nna N e ry e varios é que s o ffre u no B ra s il a in flu e n c ia fo rte do m eio,
o u tro s , que refe re m danças e Testas ind ige na s de tornando-se essencialmente nossa, a p o n to de Por­
m uita s ou tras fô rm as. O canto do in d io era um a me- tu g a l assim a reconhecer quando, no reina do de
lopéa magoada, filh a d o seu ab atim e nto de erra d io e D. M a ria I, v olto u á sua te rra p rim itiv a . Não é con­
nom ade, ou sim p les im ita ção da natureza, com o a testável que a m odinha tivesse tid o a orig e m p o rtu ­
dança dos animaes dos P a riq u y s , em que os cantos guesa, nas canções dos trovadores d o século X V I, ou
e os gestos reproduziam os g r ito s e o andar de nas s erranilhas gallczia na s, mas no Bra-sil, a p rove i­
to do s os bichos. De m u ito s te m os o u v id o pa lavras de ta nd o os m otivo s da te rra, nas com parações e ima­
de slum bra m e nto sobre a m usica dos ín dios, com o um gens, e to rnando-se languida, se tra n sfo rm o u numa
pedaço da natureza rude, mas de pura emoção, e canção p ro p ria , c uja fonte, q u alq ue r que tenha sido,
com u m perfum e de te rra fresca e v irg in a l. A te certo não lhe p re ju dico u o caracter p r o p r io e in co nfu nd íve l.
p o nto, eis a verd ad eira arte , a elevação do hom em A sua m elodia, s e n tim en tal e ap aixo na da , em geral
dia n te do un iverso, p ro c uran do exp ressal-o numa fô r ­ n o m odo m enor, acompanhada pela v io la o u pelo
ma s u p e rio r e ideal, que dom in e a m ateria. H a nella cavaquinho, está n o coração da gente, com o uma voz
uma fo n te de insp ira ção e quan do nos an im arem os a de magoa ou n o s ta lg ia, um a c o n fissão da vida, sin­
beber a sua agua clara e m aravilho sa? cera c hu m ild e. Em todo o pa iz se cantam m odinhas,
O s portuguesês que vieram povoar a te rra nova, numa fu são in tim a com o scenario, que se com pleta
fossem elles fid a lg o s de alta prosapia, capitães do com as suas notas m elancoolicas e com m ovidas.
m e lh o r v a lo r, o u sim p les im m igran te s plebeus, a tra í­ Mas persiste o d e s e q u ilíb rio e n tre o homem
dos to d o s pe lo d e lirio das riquezas, do o iro , dos me- c a terra. Ha um resaibo da natureza dom inadora,
tacs raros, das pedrarias, das m adeiras preciosas, que sc confunde com o de stino im p assível, p ro vin d o
sentiram -se desapontados com a h o s tilid a d e d o m eio. d a lii um am argor constante, que se in f ilt r a nas suas
A natureza am ericana era o p u le n ta , mas agreste e coplas ingenuas c deliciosas. E lla s nos dizem os en­
não havia como decepal-a sem um tr ib u to rig o ro s o . cantos das m attas, os m urm ú rio s dos rio s , os qu ebran­
O eu ropéo sentiu, desde log o, a lu ta gigantesca que tos do lu a r, os m ysterios das e strc lla s , os enganos
precisaria vencer c on tra o am b ie nte, o ra b ru ta l, ora da sorte e as incertezas d o am or. A em oção das m o­
esq uivo ; era esm agando com a s o a lh e ira ; o ra d e fe n ­ dinhas nas serenatas, m adrugadas « fó ra , acompa­
dendo-se com a sccca, com o pa ntan o escondido entre nhadas pela v io la , pelo cavaquinho e pela flau ta , é
o cip o a l o u sob a herva ras te ira e h ú m id a ; o ra amea­ fu nd a c im perecivel.
çando c b a rra nd o o cam inh o com as m ontanhas es­ A m odinha porém não fic o u só no seio do povo.
carpadas, cheias de despenhadeiros a p iq u e c lapas V e iu para o salão, onde, aliás, não tem log ar. Acom­
obscuras e te rrív e is ; o ra atacando com o b o te da panhada a p rin c ip io pelo cravo e de po is pelo piano
fera bra via , o u apicadura das serpentes insidiosas. teve o m a io r successo na nossa sociedade até m eiados
O português, m ais senhor d o m ar do que da te rra , do século passado, quando a c u ltu ra m usical se fo i
ao em bate dessa fo rm id á v e l trag éd ia, traze nd o já ap rim orando e e x ig in d o flo re s m enos agrestes. Em
a n o s ta lg ia do navegante, na s o lid ã o da te rra b ra sí­ P o rtu g a l, no tem po de D . M a ria I, a m od in ha teve
lica, fic o u preso de in d e fin ív e l tristeza. O te m o r se os m aiores fa vores, devido s o b retu do a D . M arian na
ju n ta v a á m elan colia e seu can to fo i la n g u id o e sau­ V ic to ria e ao D uque de Lafòes, que eram excellentes
doso, de um iso la d o nesse m u n d o no vo. T ro u x e a m usicistas. Nesse am biente, porém , a m od in ha perde
s erran ilh a e suas variantes, com as aria's sentim entaes o seu sabor, po is fo i cria da para ser cantada1 ao ar
e com m cvedoras, que de po is haveríam os de tra n s fo r­ liv re , em p e rfeita com m unicação com a natureza, com o
m ar, na m odinha b ra s ile ira . uma voz no seu concerto m ajestoso. A m odinha é
O afric a no , que veiu escravisado e fo i v en did o do caboclo, do m oleq ue d o n o rte , que lhe sabe tran s-
aos g o lpe s de chibata dos capitães n e gre iro s , bro n c o m it tir to do o la n g o r, to d o o e n fe itiç a d o de sua alma
e ru d e , mas com um a la rga sen sibilida de , apurada1 de m estiço. D en tre as com posições popu lares, ao
num con tinu o soffr/m e n to , quan do cantava, de s fo rra ­ lad o dos lundus, dos fa ndangos, dos sambas e o u ­
va-se um pouco e na sua im a g in a tiv a acanhada acccn- tra s mais, a m od in ha é a m ais característica e sua
diam -se os b rilh o s quentes das suas te rras p rim e ira s . m elod ia longa, nas serenatas, ou nas no ites de lu a r,
N os eandoblés, fe sta cm que celebrava a chegada á parece um som da p ró p ria te rra, que se perde n o vago
p a tria dos que tinham m o rrid o captivos, contava com in d e fin ív e l de nossa emoção. A sua fô rm a sim ples, a

o o o o o o 56 o o o o
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sua singeleza e o p ro fu n d o sen tim en to das coisas a v ita , inconstante e a lig e ro . Nesse gene ro as com po­
to rn am um a das m ais sinceras vozes do coração qu ei­ sições do sr. Ernesto Nazareth são m u ito exp re ssi­
xoso da gente do povo. As m odinhas de C lau dio M a ­ vas, bem como as do sr. M arcello T up ina m b á. N el-
no el da C osta. Ig na cio A lv a re ng a P e ix o to , Thom az las repontam , com um a riqueza pro d ig io s a de rythm os,
A n to n io G onzaga, Joâo Leal, Frei T e lles, Joâo dos cs característicos ince rtos da alma p o p u la r, hu m ild e,
R eis e Dona M a rian na , e n tre m uita s outras, ganha­ atrevida, voluptuosa, ardente e rustica, numa m usica
ram celebridade. C arlos G om es também com poz a l­ cheia de b rilh o s e suggestões. Procurando nas coi­
gum as m odinhas, das quaes a de m a io r fama fo,i sas, nesse vago perm eio entre ellas e nossa im a gin a­
Tão lo n g e de m im distante. M as, as m elho res são tiv a , que compõe a natureza, o sen tido da expressão,
ta lve z as anonym as, nascidas não se sabe onde, nem conseguem nos d a r to do o pittoresco e toda a poe­
quando, nem com o, vindas da alma popular, b ro ta n ­ sia popular, trad uzin do , apenas, sem d e fo rm a r pela
do como a herva dos cam inhos, ou com o a agua das interpretação.
rochas, pelo m ila g re da natureza gerad ora e fecunda. D ois são os característicos que podemos apurar
Essas nascem do s corações rudes, na contem plação nessa musica po p u la r, dentre ou tras impressões fo r­
das coisas m ysteriosa s que os cercam e in q uie tam ; tes — a m elancolia e a lascivia. O am or ou é tris ­
surgem como um éco das vozes m u ltip la s da terra, to nh o ou v io le n to , re co lh ido ou desabusado. Como
irro m p e n d o do fu n d o do p e ito hu m an o; im itam os vim os, sobresáe na p a rte africana o a rd o r e nosso
passaros e traduzem os sons desconform cs da har- m estiço allian do -o a uma im aginação tro p ica l e l i ­
bid ino sa, deu-lhe m ais vo lú p ia ainda. Essa n o ta pre­
A s trova s cantadas ao som das violas, refle c tin - dom ina, sobretudo, no m axixe do C arnaval. O C ar­
d o cs sentidos locaes, são m otivo s p ro fun do s de naval, p rinc ip alm en te o do R io de Jaaneiro, é a
a rte p o p u la r, nos quaes, porém , o canto é uma sim ­ fe sta mais em polgante da terra, c u jo e s p irito m elan­
ples m odulação para o acom panham ento. Os lundús, cólico se desforra nesses dias, num d e lir io de alegria
que «são uma v arian te das m odinhas, m ais intercota- e vibração. É um estonteam ento dos sentidos. Ha a
dos e lascivos na musica e m ais expressivos na letra», fascinação da côr e do som. Nas m u ltid õ e s frem entes
tivera m os m elho res culto res. Basta re fe rir L a urind o a p o lycro m ia é um deslum bram ento das cores quentes
R ab e llo , que os im provisava com de licio sa malícia, e prim arias, dos verm elhões, dos verdes, dos ama-
X is to Bahia, um tro v e iro exce llen te, pela n a tu ra lid a ­ re llo s , dos azues, nas fantasias espalhafatosas, nas
d e de seu canto, repassado de um liris m o n o s tá lg ico fita s das serpentinas que se entrecruzam e baralham
e vivo, Francisco C ardoso, José B run o Serra, entre e nos c o n fe tti que bailam no ar... An im a nd o o quadro,
c u tro s , m uito s o u tro s tro v e iro s , cujas vozes m elan­ ha cantos lascivos, vozes atordoantes, g rito s estrid e n ­
cólicas ou chistosas, cheias de conceitos avisados ou tes, chocalhos e pandeiros, c larins agudos e fa lsetes
rem oques s ub tis, são de um a emoção rud e e doce, caprichosos, e o ba te r grave e s o tu rn o dos bom bos,
com in stin cto ag ud o e la n g u id o sentim ento. Também na cadencia ruidosa dos Zé Pe re ira . E essas m u lti­
o s fandangos, o s sambas, as tyrannas, os cuicumbys, dões inquietas, doidas e extasiadas de prazer, são
as cheganças, o s reisados, os congos, os aboiados, voluptuosas e refle c tein , nos seus cantos, esse fre m i-
são eivados de um a grande sinceridade, ora lo n g o ro - to insopitavel do desejo. As canções são fe ita s para
sos, o ra sensuaes, predom inando essa nota nos de serem dansadas e suas musicas são os m axixes lan­
orig e m africana, com os batuques rythm ados e v io ­ guidos, requebrados, picantes e m alicio sos... Nem a
lentos. H a ainda os bailes pa storis, do N ata l e A nno le tra , nem a musica valem m uito , mas o ry th m o 6
Bom , com suas leòas em lo u v o r d o Deus M enino, p o r vezes delicioso.
o s Ranchos de R ei, os Bumbas meu bo i c m il e uma É uma nova bachanal, de lou cura e e b rie z com­
m anifestações da alm a p o p u la r, para' expressar sua municativas, pe lo flu id o da côr e do som, q u e se
a le g ria e sua m agua, a v o z m ysteriosa do sub-cons- com binam num mesmo desvario tu m u ltu o s o e m u lti­
ciente in s tin c tiv o e barbaro. N ão é lic ito esquecer os p lo . Não ha mais aquelle recato em que vive re co lh id o
bend itos, que são cantos re lig io s o s , de nosso in te rio r, o nosso e s p irito , mas transbordam ento, excitação,
as im plorações ao Céo, fe ita s em to m hum ilde e fe r­ d e lirio . Nas notas quentes dos m axixes, nos seus
voroso, com m u ito liris m o e não ra ro certa vivacida­ compassos agitados e fe bris , movem-se desejos, ard o­
de a co n trastar com a expressão sole m n c da musica res e vibrações, e as dansas, m eneiadas com desen-,
sacra. Ê pre ciso r e fe rir ta mbém , desde que não pode­ v oltu ra, acompanham o capricho d o batuque, nesse
m os nos lim ite s deste rá p id o ensaio, analysar as d i­ am biente pagão e desregrado. Essa musica con stitu e-
versas fôrm as da nossa m usica po p u la r, as vaflsas, as se de m otivos puram ente bra sile iro s, sentindo-se a in ­
polkas, os tang os, a musica de salão e n fim , mas bra­ flue ncia africana que predom ina, po is o m a xixe é
s ile ira , genuinam ente nacional, com seus m otivos lan­ um deriva tivo dos calundus e dos sambas, m a is leve
gu ido s, suas m elod ias len tas e encurvadas, de um e menos rude.
c o lo rid o e b r ilh o inconfundíveis. Nas suas linhas, ora F alta á musica p o pu lar bra s ile ira os seus des­
pittorescas, o ra lascivas, movendo-se vagarosas ou bravadores. Vez p o r o u tra , já o têm tentado, sendo
animadas, repontam o queixum e, a graça, o desejo e que A lb e rto Nepom uceno com grande b r ilh o , sobre­
a a le gria descuidosas de nossa ge nte franca e me­ tu d o na Série B ra s ile ira e em varias canções, em>
lan cólica. A o rig in a lid a d e da nossa musica de datisa, que os m otivo s nacionaes ganham o fu lg o r de seu alto
algum as lentas, em curvas extensas e lan gu ida s, ou ­ e s p irito . M as ainda não tivem os, para m al da nossa
tras sa ltita ntes e coloridas, que brilham , com o o re fle ­ ârte , úm Schubert, o u um C ho pin que soubesse se em­
x o de cristaes e fogem com o inquietas borboletas, é b riag ar nessa fo n te ine xgo tave l de insp ira ção , como
d e licio sa, re fle c tin d o a doçura e o c a lo r d o nosso também têm fe ito os russos, tra d u z in d o os pendores
esp irito , esses d o is polos, em to rn o dos quaes gra­ e anseios da alma po pu lar. Até esse dia fic a rá m ys-

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LIVRO DE OURO COMMEMORATIV O DO CENTENARIO DA

teriosa a psyche brasileira, recolhida nas suas vozes fuga c tristissima de infortunio, a independência raiou
intimas e profundas, que nos elevam e extasiam. indomável e victoriosa. A Patria, que se fizera com o
descobrimento e se consolidara nos (iuarárápes, se
impunha gloriosamente ao mundo.
Nessa hora de renovação do paiz, com o advento
O PADRE JOSE M AURÍC IO E O SEU TEMPO
do principe regente, as artes não fôram esquecidas e,
como vimos, por influencia do Conde da Barca, Dom
A vinda de D. João VI fo i uma predestinação na João VI, cujos actos tinham sempre paternidade
nossa historia. Transplantando para a' colonia ame­ alheia, mandou contractar a missão Le Breton, com
ricana a corte bragantina, não só abriu uma' época artistas insignes, alguns dos quaes, como Qrandjean
de florescimento para o Brasil, bem como apressou o de Montigny, deixaram traços assignalados de sua
movimento independente, cujo anseio lhe arfava no passagem. A musica, si não teve as mesmas mercês,
peito joven. Desde a carta regia de 28 de Janeiro não fei contudo descurada, tendo-lhe o principe es­
de 1808, seis dias depois da chegada á Bahia, e feita pecial predilecção, fosse suggestiva apenas, ou por­
por inspiração do grande visconde de Cayrú, D. que lhe tocasse coração infeliz. No período colonial
João V I. se revelou um benemerito, menos, aliás, quasi nada temos a referir digno de menção e o
pela sua acção directa, do que pelas consequências que houve, afóra as manifestações interessantes da
irremissíveis do momento historico. As suas criações musica populai, foram trabalhos de musica sacra,
visavam todos os ramos da actividade nacional, esta­ entre os quaes se salienta a P a ixã o r/e C h ris to , do
belecendo os primeiros cursos, fundando o Banco do Padre Manoel da Silva Rosa. No começo do século
Brasil, a imprensa nacional, a bibliotheca, o jardim X IX é que apparece a figura empolgante do Padre
botanico, remodelando a cidade c contractando na J< sé Maurício Nunes (iarcia (1707-1830) que é uma
brança uma missão de artistas illustres, sob a chefia das mais altas glorias do espirito nacional. Esse mes­
de Joaquim Le Breton, secretario da Academia de tiço nascido no Rio de Janeiro, de onde nunca saiu,
Bcllas-Artes, do Instituto de França. Era uma reno­ realizou unia obra profunda e admiravel, cuja filia ­
vação na terra americana e, si nem sempre os frutos ção se prende aos grandes mestres allemâes, a Bach,
corresponderam á cspectativa, c innegavel que fo i be­ a Mozart, a Haydn e a Beethoven. Deixou perto de
nefico esse surto, a menos como uma revelação e 200 composições, dentre as quaes sobresaem as se­
um aviso para os brasileiros. Mais tarde, quando as guintes: M is s a ii r R equiem , pagina immortal, pela
Côrtes portuguesas quizeram recolonizar o Brasil, que grandeza interior, a força e a profundidade da ex­
abrigara a côroa bragantina numa' hora vergonhosa de pressão, o sentimento vivo e indizível, que se eleva.

O O O O O

PAVILHÃO DA AROENTINA VISTA INTERIOR


in i i f . p f n d f n c i a />A / X POSIÇÃO INTERN ACIONAI.

nas vozes lançadas ao C éo pela c ria tu ra1 supplice e vou o H y m n o da Independência, com letra de Eva-
fervo ro sa, na angustia e na m ise ria , rio te stim u nh o da ris to da Veiga, que ainda ho je é o ffic ia l. Se a obTa
sua fraqueza, que a m orte repete m in u to a m in u to ; dn m usico se perdeu, no prin c ip e valeram as in te n ­
M issa cm s i b e m o l; S in fo n ia F un eb re , Te-I)eum e ções, pois m u ito beneficiou o C on servatorio de Santa
M u lin a s , G ran de M issa e C re do Io D eg ola m e nto C ru / e ao desenvolvim ento do estudo da m usica no
de São João H a p tis ta , além de urna opera Te D u c Brasil.
G am eile , escrita a pe did o de D . João V I, cuja p a r­ Esse p e rio do encerra-se com José M a u rício . Só
titu ra se perdeu.
c llc é d ig n o de referencia, porque os demais nunca
A arte de José M au ríc io (fala m o s da re lig io s a , appareceriam si o m eio não fosse tão acanhado e es­
p o r desconhecermos a pro fan a) é ungida de unta em o­ té ril. H ouve, porém , um m ovim ento de animação e
ção p re fun da e arrebata do ra, fe ita com um a grande incitam ento pe l;, estudo m usical, mercê das p re d i­
frescu ra e intensa exaltação m ystica, qu alidades que lecções de I). João V I continuadas p o r D . Pe dro I,
o collocam entre os m aiores com positores sacros. embora m ais irre g u la rm e n te . Essa época poderíam os
Sua m usica é extatica, não p e lo jo g o fo rç a do de re­ dizer da fecundação.
cursos liric o s , mas pela inspiração ardente e fe rv o ­
rosa, que se elevava e tra n s fig u ra v a , no canto reve­
la d o r. D ahi a grandeza e sinceridade. Para elle , a
o perío do romântic o
m usica era um a voz de libe rd ad e que lhe com m uni-
cava o e s p irito com Deus, numa fusão m ysteriosa e
in d e fin ív e l. N ão era um e x a ltad o, que pretendesse D epois da personalidade em polgante de José
c ria r um am biente re lig io s o pela decoração pomposa M au rício , de cuja g lo ria devemos ser o rg ulho sos,
c suggcstiva, como em geral acontece com os oradores |x itccs são os aspectos da musica no Brasil, até m ais
sacros, que m u ltip lic a m as imagens, forçam as com ­ de m etade do século X IX . Só então appareceu C arlos
parações, agitam os m otivo s de eloquência, de sorte Gomes, um dos poderosos artista s do nosso paiz.
que a apparencia possa s u p rir •: que fa lta r na- inte nsi­ C om o rig in a lid a d e de e s tro e inspiração op ule nta e
dade in te rio r. A o revés desse processo, José M a u rí­ varia, c rio u um a obra em que, p o r vezes, a expressão
cio era unta a rtis ta in te r io r c uja fé sob ren atu ra l tra1- tem uma v iolê nc ia im p revista e adm iravel, quando
d u zia ua m usica, com uma larga sen sibilida de , que se si am as notas exuberantes da te rra americana. Na
in filtr a no coração e deixa a in te llig e n c ia ad v inh ar o opera b ra s ile ira , posto d e lia se tenham occupado
m yste rio p e rtu rb a d o i. A obra que nos leg ou e que, quasi todos os nossos m usicistas, C arlos Gomes
para m al de nós, em grande parte se perdeu, nos en­ (1 8 3 9 -189b) é o m ais consagrado c o m p osito r, pos­
che de crença no e s p irito b ra s ile iro , cuja g e n ia lid ad e suindo sua m usica riqueza e b rilh o de tim b re s, ao
attesta m in i clarão fuig en te . mesmo tem po que uma m elod ia larga, flu in d o das fo n ­
E ra tão grande que ultrapassava de m u ito o m eio, tes mais puras do nosso liris m o . Estava C a rlo s G o ­
não te ndo p o r isso deixado d iscíp ulo s, em bora d iv u l­ mes talh ad o para ser o c ria d o r da m usica bra'si leira
gasse m u ito o g o s to pela musica, ensinando-a com um e poderia te r tid o papel sim ilh a n te ao de José de
devotam ento re lig io s o . D ep ois d e lle , só alguns lu s ­ Alencar, na lite ra tu ra , a ffirm a n d o a independencia
treis mais tarde haveria de apparecer um grande m u­ musical elo B ra s il. Ao revés desse esforço, acceitou
sico, porque Francisco M an oe l ( 17*15-18(>5) era um tra n q u illo as indicações estrangeiras, esquecendo-se
a rtis ta menor. Da sua obra salvou-se apenas o H y m - de que o traia m . N a G u aran y pretendeu c ria r o in-
n o N a tio n a l B ra s ile iro , em c ujo s sons quentes ha dianism o na m usica, a gu iza de A lencar e G onçalves
a lg un ia coisa d o nosso entusiasm o e da nossa im a ­ D ias, despertando a te rra, na evocação do a u to chto­
ginação frem entes. D eixo u varias composições, in c lu ­ ne, assim to rn ad a, p o sto em fa ls o , o sym b o lo da
sive um T e-D eu ni e um H y m n o da Jndependencia, nessa gente. P reju dic o u-lh e, porém , a escola de opera
pouco conhecidos. A sua g lo ria vém do H y m n o Na­ italiana, fazendo-o desprezar as vozes do seu meio,
c io n a l, que lhe im m o rta liz o u o nome, sem esquecer ou c o m p rim il-as nos m od elos da «arte», s a crifica n ­
o papel preponderante que teve 110 de sen volvim en to do a inte nçã o á fórnta. A o invés de seg uir os pendo­
do ensine m usical no B ra s il, de que fo i um dos p r i­ res de seu e s p irito e, com o Alencar, no romance, te r
m e iro s a c uid ar e com o m ais am oroso inte nto. construído, sobre m otivo s nacionaes, a opera bra s i­
E ju s to r e fe rir, pela in flu e n c ia que teve, o com ­ le ira , deixou-se in flu e n c ia r pela musica ita lia n a , so ­
p o s ito r português M arcos P o rtu g a l, que re fo rm o u o bre tud o a de V e rd i, em fran c o successo, e fe z uma
C o n servatorio de Santa C ru z, escola de m usica que obra em que a graça, o fres c o r e o interesse estão
os jesuítas fundaram , e que ta n to relevo teve no c om prom ettidos pe lo pre con ceito da escola. Ás ve­
c u ltiv o da grande arte, sendo que n e lla se fo r ­ zes o e s p irito b ra s ile iro se re b e lla contra a hu ­
mou José M au rício . In vejoso e in trig a n te , suas milhação e irre m p e , quente e v iv o , em notas v io le n ­
virtu d e s se desmerecem com a lem brança d o m al tas e cam biantes, que lh e revelam a origem m a ra vi­
que fe z a José M au rício , cuja s u p eriorida de o i r r i ­ lhosa. M as, em ge ral, p ro cura uma solução preconce­
tava, a Francisco M anoel e a Segism undo Neu- bida, quando tu do , em arte , deve ser surpreza c m a­
kom a iin , d is c ip u lo pre d ile c to de H ayd n, que aqui es­ ravilha. A lé m d o G u aran y, a sua obra de m a io r e xito ,
teve com a m issão Le Breton. Também era m tisi- escreveu Fosca, Salvad or Rosa, M a ria T ud or, Schia-
eista, o p rin c ip e regente, depois D . Pedro I, que to ­ í o . C on do r e um o r a to rio p ro fan o C olo m b o, afóra
cava v ários instrum entos e com punha, d e ixan do entre composições para piano e canto, com que enriqueceu
r.utro s trabalhos, uma opera, cuja a b e rtu ra fo i levada a nossa lite ra tu ra m usical, a p a rtitu ra incom pleta d i­
ern P aris em 1832, musicas sacras, uma s in fo n ia para urna opera M o re n a e um frag m e nto do C ân tico dos
orchestra e varios hym nos, sendo que destes se sal­ Cânticos.

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LIVRO DE OURO COM ME MORA TIVO DO CENTENARIO DA

Carlos Gomes, no genero que adoptou, pos­ jectoria rapida e vibrante. O vôo de um novo Eu­
to aquelle em que a emoção espiritual mais cede phorion... A Série B ra s ile ira , para orchestra, é uma
ao langor dos sentidos, construiu uma obra invul­ partitura de merito invulgar; o T an go B ra s ile iro , ou
gar, com physionomia propria e certo caracter, em al­ as Variações sobre um thema b ra s ile iro (V em cá
gumas de suas composições. Ha paginas interessan­ b itú f são tratados com emoção sincera e ardente, uma
tes, sobretudo as que se desprendem da escravisação certa melancolia nesta pagina, de um sabor delicioso.
formalistica e a inspiração brasileira domina, num A serie Schum anniana, para piano, é de uma poesia
frem ito exuberante e joven. Se não creou uma obra interior profunda, em que o coração é o maior advi-
nova e independente, prendendo sua emoção no con­ nho da vida. Ama as coisas silenciosamente, mas com
vencionalismo de genero, e de genero vulgar, e se uma tortura de infinito, que é ansia e nostalgia...
a sua composição é, em geral, pouco solida, deixou na Sua musica, onde, por vezes, perpassa também uma
musica um pouco do lirism o ardente e característico certa influencia de Beethoven, quer a sinfónica, quer
dessa magia imaginosa e indefinível da alma brasi­ a de piano e camara, é feita com grande frescura e
leira. Sem tortura da realidade, contentava-se com 3 sinceridade, «une musique d’aveu», poderíamos dizer
apparencia do mundo, fosse de brilho ou de melan­ sem exagero. O romantismo não era um desespero,
colia, deixando essas impressões passarem em sua antes buscava, por sobre o fundo pertinaz de melanco­
obra, para deleite dos sentidos, sem outras preoccupa- lia, as notas rutilas e brilhantes, as orchestrações sub­
ções para a intelligencia. Com certa emphase e uma tis e esmeradas, os coloridos vários e empolgantes.
nota elegiaca constante, a sua imaginação flue com A sua musica, composta com mestria e firmeza
frescura e calor, desdobrando-se na melodia facil e teehnica, ficará cm nossa arte como um sonho maravi­
communicativa, em que se espirito adejava, satisfa­ lhoso. Mais uma vez o artista teve a sorte da illusâo.
zendo-se em ver as coisas e sem se inquietar com Ceiu, quando alçava o vôo...
possuil-as...
Ao contrario de Carlos Gomes, foi Leopoldo
Miguez (1850-1902) um influenciado pela musica alle-
mã, de Liszt e Wagner, de que se tornou discipulo Taes são as maiores expressões de nossa musica
brilhante, com certo caracter, mas sem grande origi- no seculc XIX, afóra aqucllas que, vindas delle, en­
ginalidade. Foi, por excellenda, um sinfonista. A sua cheram de maior fulgor a época contemporanea, que
orchestração c rica e m ultipla, com notas empolgan­ os reclama. Muitos outros nomes poderíamos citar,
tes e expressivas, desdobrando-se a imaginação em dc compositores sacros, de opera, de sinfonistas, de
torno dos motivos, numa fantasia intensa e singular, bandas de musica, de operetas, de musica popular, de
na qual, ás vezes, ha repetições, mas sempre solidez camara c de piano, de v irtu o s i e cantores, alguns dos
e correcção. O poema synfonico Ave L ib e rta s !, por quaes com qualidades apreciáveis. Excede, porém, os
exemplo, é de uma grande emoção, e o seu calor limites deste rapido ensaio, onde indicamos apenas as
muito revê do temperamento nacional, no lirism o e na tendências e affirmações geraes do espirito musical
exuberância. Os motivos se transformam em allegorias brasileiro, cuja grandeza e perfeição se accentuam,
e criam a suggestão ornamental, que avulta para' sup- numa magnifica ascensão.
prir as deficiências intimas. Os seus poemas sinfóni­
cos, dentre os quaes P rom e the u, Ave L ib e rta s , Pa-
ris in a , O d e a V ic to r H u g o , Ode fú n e b re a B enjam in TENDÊNCIAS DA MUSICA BRASILEIRA
C onstam , são paginas de grande brilho e enver­
gadura na nossa musica de progTamma, que teve
em Miguez a mais alta expressão sinfónica. Afóra O esforço para uma expressão musical brasileira,
as paginas para orchestra, escreveu o H y m n o da no reflexo da terra e do homem, coube á geração que
Proclam ação da R ep ub lica , o poema dramatico Pelo se affirmou de 1890 a esta parte, e de que Alberto
am o r, acção do Sr. Coelho Netto, e Os Saldunes, Nepomuceno (1864-1920) foi a mais alta figura.
também letra do Sr. Coelho Netto, representado pela Effectivameute, ninguem combateu com animo mais
primeira vez a 20 de Setembro de 1901, no Theatro decidido as imitações estrangeiras em nossa arte e,
Lyrico do Rio de Janeiro. A factura de Miguez é so­ ao mesmo tempo, procurou criar uma musica, sem se
lida, manejando a orchestra com segurança e profi­ enquadrar no regionalismo, mas nascida no ambiente
ciência. O seu colorido quente e o ajuste dos valores magnifico de nossa natureza e com aquelle tom me­
sinfónicos lhe permittem obter os melhores effeitos lancólico, que é o residuo da fusão mysteriosa das
descritivos, mantendo uma exaltação continua e ma­ raças, de que promana o brasileiro. O meio européo,
jestosa, ainda que, por vezes, declamatoria. onde formou o espirito, e a cultura musical lhe não
Também sinfonista era Alexandre Levy (1864- estancaram a veia natural da1 inspiração, vibrante e
1892), que cedo se revelou um alto engenho musical, colorida. A sua obra refoge ás adaptações constan­
mas cuja vida, cortada aos vinte e oito annos, não tes, a que se sujeitavam os artistas brasileiros, e surge
lhe permittiu a realização, que delle era licito esperar. com um calor estranho, em estilo original e de deli­
A sua obra hão vale só pelo que representa, mas é ciosa frescura. £ a manifestação de uma persona­
despertar que revela, cheio de calor e emoção, com lidade ardente e inquieta, que não attingiu á suprema
uma certa melancolia, talvez o presentimento da mor­ energia criadora da arte nacional, nessa synthese ad­
te que rondava. Não só na sinfonia, mas como, com­ mirável em que o artista é um predestinado, mas foi
positor de musica de camara, de literatura de piano, um precursor, deixando em sua obra a genesis desse
folk-lorista, e ainda no p u lp ito de maestro ou no esforço ousado e tragico, que já sentimos vingar. A
piano, Alexandre Levy fo i um revelado, numa tra- sua obra tem calor e vibração, o sentido da natureza

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VALENTE, COSTA & C.", Lt.“ — Porto.
INDEPENDENCI A C DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

exorbitante, que melancoliza o homem, é original coada, tamizada e diffusa tem jogos singulares. O
sem ser preciosa nem loquaz, qualidades porventura sr. Oswald é um artista fino, que procura a perfei­
raras nos nossos artistas. Talvez a nota pictural do­ ção; nós, brasileiros, somos ainda violentos e des­
mine mais do que a psychologica, mas essa repon­ medidos, que procuramos a emoção em sua i tensi-
ta por vezes, na sentimentalidade de muitas musicas, dade brutal. A sua inspiração não é fausto' , nem
como nessas magnificas canções que, ao ouvil-as, se procura resolvel-a em largos desenhos, contentando-se,
nos acorda na memoria esse vago e luminoso espirito ao contrario, com os motivos singelos e as tenues
da terra, na fantasia dos motivos. Sentiu a natureza indicações. E le g ia , I I N e ig c , B ébé s ’en do rt, P ie rro t
como uma inspiração ardente e no preludio de Oara- se m eu rt são, dentre outros, pequenos poemas deli­
lu in , por exemplo, freme um pantheismo amigo das ciosos, feitos com uma finura de toque, uma lim pi­
coisas, mais para amal-as do que pa'ra decifral-as. O dez e uma graça, que só sabem ter os artistas de es-
poder emotivo póde não resolver o segredo do mun­ cól. A sua musica de camara, de que é mestre in­
do, mas se ccmmove diante delle. Na S erie B ra s ile ira , contestável, os qu atuo rs, os q u in te tto s , os trio s , as
para orchestra, mostra esse espirito proximo da na­ peças para violino e violoncello, e as composições
tureza, como o que domina a poesia do sr. Alberto para canto e para piano são paginas magnificas, de
de Oliveira, e fulge nessas paginas cheias de luz e grande poesia, nas quaes, para usar expressões do
de claridade, nas suas expressões vibrantes e mar­ sr. Rodrigues Barbosa, a proposito do Q u in te /to ,
cadas, ora num colorido intenso, ora na leve anno- «a idéa melódica é sempre original sem ser tortu­
tação de um motivo popular, repontando na harmonia rada e jorra com abundanda deliciando pela1 sua
do conjunto. O Samba final tem um rythmo bar­ frescura e limpidez; o trabalho de composição é
baro de aspecto muito singular, todo elle baseado sempre novo, variado e pessoal».
em motivos africanos. Das suas canções citaremos, Corn grande maleabilidade, a musica do sr. Hen­
entre outras. T u és s o l, Am o-re m u ito . A m or ind e­ rique Oswald se desenvolve numa suggestão conti­
ciso , Turqueza, N um a concha. Olha-me e as U yáras, nua c nos segreda todo um mundo de maravilhas, não
para solo de soprano e côro de vozes femininas, so­ pelas imagens que não é rica a sua imagetica —
bre uma lenda do Rio Negro. A graça tem por vezes mas pelo proprio rythmo, que nos emociona e com­
melancolia, é o lirismo, é a suave e magica nos­ move. Porque, escrevendo sobre o sr. Oswald, mc
talgia brasileira, de que Nepomuceno foi um dos cáe da penna do nome de Samain?
poetas mais commovidos.
A sua obra de que só referimos por enquanto O sr. Francisco Braga é um sinfonista de grandes
a parte brasileira, c das mais admiráveis que possui- recursos, com uma larga technica, procurando, por
mos, reflectindo sempre o artista poderoso e emotivo, vezes, a inspiração nativista, em certas lendas e epi­
de inspiração opulenta e vibrante, servido por uma sódios, como no poema sinfonico M arab á, na opera
technica segura. A opera A b u l è uma partitura vi­ J up y ra, extraída de uma novella de Bernardo Guima­
gorosa, de largas proporções e merito incontestável, rães e o C ontracta do r de D iam an tes, sobre a peça ad­
posto o lib re to lhe comprometta a dramaticidade e miravel de Affonso Arinos. A sua nota predominante é
portanto o seu destino de opera. A sua producçâo é a riqueza de timbres e a magnifica orchestração,
copiosa, citando-se a musica de scena E le c tra , feita conduzindo a sinfonia com calor e energia, faltando,
em fórma classica; o episodio liric o A rte m is , li­ embora, o imprevisto. Sem ser um emotivo, nem pos­
breto do sr. Coelho Netto; a S in fo n ia Cm s o l m aior, suindo qualidades extraordinarias de imaginação, a‘
que c uma obra de grande envergadura, e o admiravel musica do sr. Francisco Braga e vigorosa e colori­
T r io em fá m enor, para piano, violino e cello. Na da, por vezes opulenta. Envolve com brilho o mo­
nossa musica, Nepomuceno tem um logar do mais tivo mclodico e, numa roupagem fulgurante, lhe dá
alto relevo e foi a primeira expressão da harmonia um prestigio inconfundível. Os poemas sinfônicos são
entre o meio e a cultura, do que ha-de resultar a as mais características de suas producções e Oração
grande arte brasileira. Sondou, entre os primeiros, á P a tria , Paysage, C auchemar, E p is o d io Sym phonico
essa nebulosa expressão de nossa musica, cujo des­ e P ró-P a tria (grande marcha) são bellos exemplos.
tino magnifico transparece na harmonia deslumbrante A influencia wagneriana é sensível na sua factura,
da natureza, que na arte terá a mais divina revelação. cujos processos denunciam os moldes do mestre de
Sentiu a magia dessa deusa dos tropicos, sensual, Beyreuth. Tem paginas de muita graça e finura para
extatica e melancólica, e foi seu fie l enamorado... piano e canto, como as V irge ns M o rta s , de Bilac,
O sr. Henrique Oswald — dos menos brasilei­ a que soube transmittir uma emoção suave e pene­
ros dos nossos compositores— trouxe á musica nacio­ trante. E. além de compositor, um dos nossa; mais
nal o sentido do equilíbrio e da medida, contrastando estimáveis regentes e professa a cadeira de com­
com as expressões líricas do temperamento indigena. posição no Instituto Nacional de Musica.
Artista primoroso e subtil, de uma sensibilidade mui­ Procurando, também, faser musica brasileira, pelo
to fina e reagindo, por vezes, contra a eloquência, o que se approxima das tendências de Nepomuceno,
sr. Oswald é o amigo das meias-tintas, dos entre-tons está o Sr. Barroso Netto, cujas composições têm,
suaves c das simples indicações, que mais suggerem por veses, deliciosa frescura e singeleza. C an tiga ,
do que commentam. A sua musica de uma simplici­ Adeus, S r eu m orresse am anhã, D o rm e , Valsa Len­
dade requintada, é uma admiravel flo r de cultura, de ta , são paginaas feitas com graça espontânea e sen­
um civilizado européo, volvido antes para si mesmo sível. Seu estilo claro e simples revê a influencia dos
do que para as coisas. Evitou o prestido da natureza mestres allcmãcs e de Grieg. É um virtuosi de me­
e a sua musica não é feita ao ar livre, mas nos am­ rito e professor de piano do Instituto Nacional de
bientes discretos e nas doces intimidades, onde a luz Musica.

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LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

Sobresaem ainda os nomes de Arthur Napoleão, mesmo no Brasil; João Octaviano Gonçalves, alum­
o admiravel pianista, que cercou seu nome de muita no laureado do Instituto de Musica e que já tem
gloria em noites memoráveis, e também apreciável uma copiosa producção, de literatura de piano, de
compositor, sendo de sua autoria Romance e H aba- musica dc camara e sinfônica, além de uma opera
beram que são paginas de grande poesia, Suíte e
ainda inedita Iracema, com libreto do sr. Tapajoz
T aran te la , para dois pianos, Valsa im p ro m p tu , Valsa Gomes, Abdon Milanez, Assis Pacheco, Carlos de
m e lod ia, etc.; Henrique de Mesquita, autor da sin­
Campos, João Gomes Junior, João de Souza Lima,
fonia dramatica Jeanne d ’ A rc , e de algumas operas Sá Pereira, Francisco Mignonc, João Gomes dc Arau­
em estilo italiano; Carlos Mesquita, pianista, maes­ jo. Paulino Chaves, Sylvio Frócs e tantos e tantos
tro e compositor, de fórma simples e elegante. Obteve outros que procuram num grande esforço dar mais
o primeiro prêmio do Conservatorio deParis.de 1885, brilho e mais fulgor a nossa arte e á nossa musica.
e é autor da opera E sm era ld a e de varias composições
para orchestra, piano e canto; Delgado de Carvalho,
cuja musica se filiava á escola romantica francesa, OS MODERNOS
tendo escrito a opera M o c m a , que mereceu os me­
lhores applausos, não só no Brasil, mas também em
Portugal e na Russia, e a opera num acto H o s tia , Acompanhando o desenvolvimento da musica bra­
além de varias composições para piano, inclusive sileira, presentimos o desejo de liberdade, a tor­
Sonata, Valsas H um orís tic a s , M arche des Poupées, tura por uma expressão propria, entravada na su­
etc.; J. Araujo Vianna, que escreveu as operas C a r­ jeição demorada das escolas e dos estrangeirismos
m e la e R e i G a la o r; Francisco Valle, discipulo de corruptores. Nenhuma criação musical poude aban­
Cesar Franck, e cujas composições, segundo o sr. donar a origem da terra, c, ainda agora presencia­
Rodrigues Barbosa, são «verdadeiros documentos dc mos o esforço da musica francesa, reagindo contra
seu immenso talento e magnificos attestados do gran­ Wagner e as penetrações germanitas, para se man­
de aproveitamento que colheu das sabias lições do ter essencialmente nacional. Sem esse amor ao meio,
mestre e dc seus estudos». Escreveu o poema sinfô­ sem ouvir sempre da bocca popular o canto inge­
nico Telemaco e varias obras de musica de camara; nuo de seu peito, sem penetrar na natureza c nos
Manuel Joaquim de Macedo, autor da opera T iraden- seus mysteriosos segredos, toda obra será de imi­
ic s , libreto do sr, Augusto de Lima, e de muitos ou­ tação, ou affectada; não vencerá jamais o tempo.
tros trabalhos para orchestra, piano e canto, em nu­ E numa terra, como a nossa, cheia de coloridos quen­
mero superior a 300, todos muito pouco conhecidos, tes e com uma riqueza de rythmos prodigiosa, a
VDEPEN DENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

m usica terá de v ir do am b ie nte sonoro que nos cer­ sobre a peça de M e a terlinc k , com o p rim e iro acto
ca, porque cada lo g a r tem um a onda de som que a fin d o e o segundo esboçado.
en volve num ru id o in te rm itte n te . Façamos como os
G lauco Velasquez m orreu aos trin ta annos, numa
russos, que, desprezando a musica estrangeira, cria­ m ag nifica aurora, deixando o traç o r u tilo da nossa
ram sua a rte m aravilhosa, com a poesia do povo, os arte , em que f o i um c ria d o r de belleza e de emo­
c o lo rid o s d o o rien te , a vaga m elancolia com que ção. Um dos m ais altos engenhos musicaes do Brasil.
a te rra immensa apavora o homem. Façamos uma
m usica que seja a libe rd ad e de nosso e sp irito , ain­
da cercado de preconceitos, atem orizado diante de
civiliza çõe s m ais velhas e com uma desconfiança cons­
ta nte em seu ge nio cria do r. O que nos fa lta , a nós N o sr. H e ito r V illa Lobos a personalidade é ex-
b ra sile iro s, é a crença em nosso e s p irito . Será, p o r­ horbita nte . D om ina a a rte e se recusa a acceitar
ven tu ra , o in d io que se d e s fo rra dos novos donos da as fó rm ula s, as mesmas que cria, pelo anseio cons­
te rra , tra n s m ittin d o -lh e s o seu desconfiado te m or? tante de sensações novas, onde seu esp irito se sinta
O c erto é que perdura em nós qualquer traço per­ cada vez m ais liv re , pa ra se elevar no m ais pu ro
tu rb a d o r de hum ilhação, que as gerações modernas, subjcctivism o. E desconcertante, porventura, nessa va­
m ais conscientes d o de stino nacional, têm o dever riação, onde só ha a constante do rythm o pessoal,
d e apagar. E x ig c -o a nossa grandeza incontrastavel. mas transfigu ra nd o-se na infinda e m u ltip la fantasia
dessa musica, que não é sim plesm ente ornam ental,
A musica b ra sile ira deve s u rg ir desse pheno- mas de grande intensidade psychologica. Ê interes­
m eno m od erno de libe rd ad e, p e n n ittin d o uma exhu- sante notar que, salvo o caso rem oto de José M au­
berancia rythm ica, que a tona lid ad e classica im pe­ ríc io e, em parte, o de G lau co Velasquez, o sr. V illa
d ia , nos lim ite s d o seu fo rm alism o. Nossos musicos Lobos é um a excepção na nossa m usica, onde nunca
hão-de ser liv re s e desabusados, donos da sua arte, a in te llig e n c ia reage, dominada' pe lo sentim ento e
do m in an do as conveções e exa ltan do o som na pro­ pe lo in s tin c to , inflam m ados na imaginação. O sr. V illa
dig io sa sin fo n ia da terra. F o i assim que o sentiu Lobos não procura aprender as coisas pelo seu as­
(ila u e o Velasquez (IS84-1<J14) um verdadeiro c ria ­ pecto sensível o u im pressionante, mas pelo substracto
d o r na musica bra s ile ira , abandonando os canones c da realidade intim a, descendo — segundo um con­
as le is, e fazendo musica pura, de uma1 suggcstâo ceito de B audelaire — «ao recesso d o desconhecido
in fin ita , seguindo um systema, é certo, mas pessoal para encontrar algum a coisa nova». A sua arte é,
e independente. C om um fo rte temperam ento a rtís ­ pois, do m ais transcendente subjectivism o, m uita s ve­
tic o , accentuados pendores para a• pin tura e a es­ zes através de m o tivo s singelos e ingenuos, cuja ma­
c u ltu ra , era um a s e n sibilida de requintada, e a sua te ria tran sfo rm a numa emoção exaltada e vibrante.
m usica sc desenvolve entre o sym bo lism o e o im pres­ Fazendo m usica pura, o sr. V illa Lobos é um cria­
sion ism o , em m eias-imagens, que se completam em d o r de am bientes sonoros, para despertar estados de
nosso espirito,, graças á sua intensa em otividade. alm a, onde se p e rm itte o m ais pe rfe ito goso esthe-
R eaccionario e liv re , abandonou at tradicçâo e ser­ tico. £ que não pretende im p o r a inspiração e seus
vind o-se de elementos pro p rio s , com um rico chro- m otivos, mas d e ix a r que a suggestão acorde em nos­
m atism o e rythm os novos, G lauco nos deixou uma sos espíritos to d a a sentim entalidade, como um a v i­
o b ra adm ira vel, de fo rte in flu en c ia rom antica, com bração intensa e prolo ngada.
um a no ta apaixonada de coração fe rid o , que reponta A m usica d o sr. V illa Lobos é profundam ente in-
sem pre em m agoa e inquietação, através da fa nta­ te llig e n te , não que seja construída pela vontade, im i-
sia m ú ltip la d o a rtis ta , na1 sua m agia in te rio r de ta tiva, fria , mas por te r a razão com o base e delia
um p ro fu n d o sub jcctivism o . G lauco Velasquez fo i um prom anar to da a inspiração, a que o in stin cto e o
cria d o r sin g u la r e, posto in flu e n c ia d o p o r W agner, sentim ento dão m aior fu lg o r. A m elancolia da in te l­
s o b retu do pe lo T ris tã o e /s o lita , C esar Frank e V in - lige nc ia é o fu n d o do seu temperam ento, e a re­
cend d ’ ln d y , tem um a personalidade inco nfu nd ivcl. solve, seja p o r um liris m o vago e tris to n h o , como
A sua musica de camara' é de um grande vigo r, sen­ no T c d io da A lv o ra d a ; seja p o r um hu m our que
do não só pro du cto de um a sensibilidade viole nta , se vinga das insu fficien cias hum anas; como no Scherzo
mas de fo rte in te llig e n c ia , que era um dos traços T erceiro Q u a rte tto o u no A le g re tfo do Q u a rte tte Sym-
característicos dessa physionom ia artística e pelo qual b o lic o ; seja p o r uma tra n q u illa postura diante da vida,
dom inava as coisas, para u o s revelar o segredo da resignado e contem plativo, ante o transcorrer d o flu ­
expressão m aravilhosa, acim a da realidade das ap- me ii rerum , com o em S e re nid ad e; seja pela singe­
parencias. Os trio s , as sonatas, sob retu do a sonata leza dos accentos pueris, tran sfigu ra do s em sym bo-
para v io lin o e piano, as fantasias são paginas de los, como na P ro le d o Bebé. Eis algum as fôrm as ape­
m e rito invu lga r, pela vibração, pelo ry thm o, pelo fres ­ nas em que a variedade es p iritu a l do sr. V illa Lobos
cor, pela riqueza po lifo n ic a , pela independencia joven se evola, na ansia de sua criação. O espectáculo da
e audaz e, sobretudo, por um grande sentim ento do v ida o absorve e sua to rtu ra é a da in te llig e n c ia
vago, em que as ideas, incorporeas e livre s, buscam desencantada, que se sente m esquinha em face do
se com p le ta r na nossa emoção. As suas musicas para U niverso, não o póde do m in ar e encontra na m e­
canto são m u ito s ig n ific a tiv a s , a exe m plo da te tric a lan colia o prê m io engnador do esforço m allogrado.
F ada N eg ra , de A n th ero de Q uental, em que a dôr Essa impressão vem m uitas vezes pe lo contraste, a
tem qu alq ue r coisa de iro n ic o e sarcástico; do Padre no ta do lorosa se choca com o ris o am argurado, a
N osso , de extrem a exaltação, ou da s om bria F a la litá . iro n ia sen tim en tal, como no Q u a rte tto S ym bolic». £
D e ix o u inco m p leto um dram a liric o Soeur B e a trix , o sarcasmo das coisas que zomba1 das nossas fracas

O O O O O O 63 o o o o
LIVRO DE OURO COM M E MORAT IVO DO CENTENARIO

tenta tivas, as fracas te nta tivas do hom em , em busca tatua do nosso idéal, que será perpetua, im perecível
do além in a ttin g iv e l. e pe rfeita .
O sr. V illa Lobos, cria nd o musica pura e in te ­ E n tre os novos ha ainda a cita r os srs. O sw a ld o
rio r, na qu a l, com o ob servo u com fe lic id a d e o sr. Q uerra, que é um com p osito r m od erno e de um a
M a rio de Andrade, não é possível estabelecer lin e a ­ gra nd e emoção, a ju lg a r, aliás, pe lo pouco que de lle
m entos p a ra o desenho m elod ico, é pro fun da m e nte b ra ­ se conhece; Luciano O a lle t, cujas obras são m u ito
s ile iro . Si precisássemos de um a v iva e fu lg u ra n te estim áveis, revelando um e s p irito in q u ie to e s u b til;
dem onstração pe lo que vim os in s is tin d o neste en­ e N in in h a V c llo s o G uerra, que não só era com p osi­
saio, sob re a in flu en c ia d o m e io na obra1 de arte , to ra deveras interessante, mas p rincip alm en te um a
a m usica d o sr. V illa Lobos nos daria a m ais absoluta. in te rp re te adm iravel dos m odernos, sobretudo de D e ­
Sem ser um sim ples paisagista, que copiasse a n a tu ­ bussy, em cuja ob ra sua sen sibilida de criava novas
reza nem um fo lk -lo ris ta , que vivesse a p rove itan do emoções e se revelava do m ais a lto sub jectivism o. Se
os m o tiv o s po pulares para estillisações, sendo antes não podemos c ita r ou tros nomes, não s ig n ific a isso
de uma personalidade ex o rb ita n te , o sr. V illa Lobos que a m usica m oderna no B ra s il não esteja penetrando
tem a an im a r sua arte o e s p irito da te rra , n o fu lg o r com uma crescente intensidade, liv ra n d o nosso e s p iri­
da natureza, na m elancolia d o homem, en fim na in ­ to dos entraves classicos e pe rm ittin d o -lh e o s m ais
certa psyche b ra s ile ira , a um tempo audaciosa e t i ­ audazes e fu lg ura nte s vôos.
m id a , v io le n ta e retraída. A riqueza dos seus rythm os,
as dissonâncias, o c o lo rid o v io le n to e caprichoso, a
im agetica fecunda, a iro n ia am arga e sardónica, um POR FIM...
accento elegiaco que apparece sem pre sob m il fô r ­
mas, accentuam os característicos da alm a bra s ile ira , O desenvolvim ento e o crescim ento da nossa
que frem e nessa musica, alteando-se ás m ais transcen­ musica, através de todas ms incertezas, nos convence
dentes concepções de um a idé alida de in q uie ta. A sua de que temos uma alta sen sibilida de m usical e de
o b ra, que já é copiosissim a, m ais de duzentas com ­ que havemos de c ria r um a musica b ra sile ira , que
posições, operas, m usica sacra, s in fô nica1, de camara seja liv re e m aravilhosa, filh a do nosso am biente,
e lite ra tu ra de piano e canto, não poderia' ser a n aly - re fle x o da variavel e m u ltip la psyche nacional. Ne­
sada sob um só c rité rio e seria lo n g o a p on ta r to dos cessario, porém , é nos liv ra rm o s das escolas, dos
os aspectos da physionom ia do artista', que p re fe ri­ preconceitos estrangeiros, das copias e das im itações
m os in d ic a r de um m odo g e ra l, na synthese dos seus e sentirm os p o r nós mesmos, com to da a força de
valores. A sua poesia in te rio r, p o r vezes s u b til e vaga, nosso tem peram ento joven, neste m un do jove n que
como na segunda sonata para v io lin o e piano, ob ra habitam os. Q ue a c u ltu ra não seja uma densa cerra­
pri.n a dc inoom paravel belleza, é uma' sim p les sug- ção para escurecer o b r ilh o de nosso estro, antes
gestão d c am bientes, que seria im p ossível e x p lic ar. um m eio de iev e la l-o m ais fu lg id o e poderoso, m ais
O s pendores que vim os notando para um a m u­ b e llo e intenso. Façamos um a a rte nossa' e indepen­
sica b ra s ile ira têm no sr. V illa Lobos urna' m a g nific a dente, ap roveitando essa riqueza fo rm idá vel de r y ­
affirm açã o. A sua fantasia se desenvolve através das thmos, essa abundancia pro d ig io s a de côr, essa exu­
im pressões do m eio, que resurge nessa arte, como berância da natureza m ag nifica. Tenhamos fé na as­
uma suggestão pro fun da da natureza' m aravilhosa. £ censão d o nosso e s p irito e no aperfeiçoam ento de
um exem plo fe cundo de tu d o o que podemos fazer suas fo rças criadoras, para fazer um a grande arte,
sempre que, fia d o s em nós mesmos, liv re s e inde­ que seja universal e perpetua. T enham os o coração
pendentes, re p e llin d c as imitações estrangeiras, c r ia r ­ pu ro c au mãos livres.
m os na m até ria prodigio sa que nos offerece o des­
tin o . N e lla as nossas mãos rudes m odelarão a' es­ R e n ato A lm e id a .

o o o o o o 64 o o o o
^CALÇADO <§0 UT©
Grandes Prêmios e
n e d a lh a s do o u ro na»
E. x posições. Intemacionaes
de i rrondsroiglS e Ooma 1915
D ip lo m a de h o n r a n a
E x p o s iç ã o Internacional
de L o n d r e s 1^21.

R-IO DE J A N E IR O .

^Ca l ç a d o S o u to ^
L D « h x lo a o m eLKor^O T

£ n d t 2 è Ic 0 T Z W r w v í . ' '
P X k a 7 i* r ia f/ 0 } \ Lt?<££gv "H d& urf> ~
10 d e J a n e i r o V IL L A 4 9 4 7

Fabrica de Calçado Souto — Rio de Janeiro.


** •
o T H E A T R O N O BR A SIL

G R A N D E e s p irito classificador de S ylvio priada sem duvida algum a á alma simples e grossei­
R om ero d iv id iu a evolução do theatro ra d o homem p r im itiv o do Brasil.
b ra s ile iro nos seguintes periodos: Foram varios os autos representados, e ainda
no século X V I platéas mais fe lize s de differentes
I - P rim e iro s germens dramáticos sob a form a pontos de nossa terra puderam assistir a espectáculos
de autos, consagrados á v ida dos santos, fe itos pelos menos rudim entares, com a enscenação de comedias
jesuítas no de correr do século X V I. e dramas im portados da Europa.
II P e rio do verdadeiram ente inic ia l sob o as­ «Passado esse p rim e iro período dos autos de
pecto lite rá rio , no século X V II. Anchieta, diz O ctavio Q u in tilia n o , to mpu o theatro
III A com edia e a tragi-com edia, ao go sto do m aior im p uls o com a creação da Casa da Opera, do
que se fazia em P o rtu g a l, no século X V III. Padre V entura, no la rg o do C apim , e ante riorm ente
IV A tragédia ao g o s to classico, com A lva re n­ com a Opera dos vivos, de que quasi não ha noticia.
ga P e ixo to e ou tros em fin s do século X V I I I e co­ Não fo i, porém , fe liz , a Casa da O pera, que se incen­
meços do X IX . dio u. e a que succedeu a N ova Opera, de p ro p rie ­
V P rim e iro m om ento de creação rom antica, dade de M an oe l Luiz, dansarino e tocador de fagote,
(18 38-1850), com José Gonçalves de M agalhães, M a r­ onde trab alh ou então a p rim e ira companhia de a r ­
tin s Penna, P o rto Ale gre, Gonçalves D ias e outros. tistas b ra s ile iro s e estrangeiros, de c ujo re p ertorio
VI Segundo m om ento de creação rom antica, faziam parte as comedias de M o liè re . Eram prim eiras
(1850-1870 e annos p ro x im o s ), com Joaquim M anoel figu ras do elenco, e n tre ou tros, Joaquim da Lapa,
de Macedo, José de Alencar, A g ra rio de Menezes, M a th ild e Joaquina, José Ignacio da Costa, «Capacho»,
Q u in tin o Bocayuva, M achado de Assis e innum eros que além de actor era poeta e m ajor, do Regimen­
ou tros. to dos pardos.
V I I — T erceiro m om ento de creação rom antica A m parado pelos poderes publicos florescia o
e in ic io de algum as te ntativas naturalistas (1870- theatro a m ais e m ais até que agitações internas f i ­
1000), com O liv e ira Sobrinho, França J un ior, A r ­ zeram com que em 1775 cerrasse as suas portas o
th u r N apoleão, A lu iz io Azevedo, etc. theatro de M anoel Luiz.
V III Reacção idealistico-sym bolista, de C oelho Escoou-se então um lo n g o periQ do de apathia
N e tto, com vários ensaios. para a nossa scena, só revigorada mais tarde, em
1808, com a chegada ao R io da c ôrte portuguêsa de
D. João VI».
A estes pe rio do s que S y lv io Rom ero adm iravel­ Esse notável facto de nossa his to ria determ inou
mente descrim inou, accrescenta O cta vio Q u in tilia n o , a construcção do Rea! T he atro de São João, no largo
em fo rm oso trab alh o de que tomamos quasi todas as da Sé Nova, pois a permanência da côrte no R io de
notas info rm a tivas d o presente resumo, «as te n ta ti­ Janeiro e x ig ia o u tro esplendor de vida. O p rim e iro
vas do m oderno th ea tro de psychologia levados a espectáculo n o novo th e a tro realizou-se a 12 de O u­
e ffe ito entre nós p o r Paulo Barreto, R o b e rto Gomes, tu b ro de 1813, em homenagem ao anniversario’ do Rei,
C o e lh o N etto. P in to da Rocha, C la u d io de Sousa, trabalhando uma com panhia ly ric a italiana e outra
A bbadie F aria Rosa. R enato Vianna e ta nto s ou tros dramatica.
auctores modernos». Proclamada a independencia do Brasil, o thea­
F o i em 1565 que A nchieta fez representar, sobre tro de S. Joã o con tinu ou a ser a grande casa de
um tablad o e n fe itad o de folhagens e perante uma espectáculos d o Rio de Janeiro. A 25 de M arço de
assistência de selvicolas, o auto da «Pregação U n i­ 1824, porém , pavoroso incendio o destruiu quasi to -
versal», fu ndando assim o th ea tro no Brasil. talm ente, quando m al havia term ina do o espectáculo
A nota m ais característica desses prim e iro s tim i­ de gala com que se solem nizára o juram ennto da
dos, inconscientes ensaios de th eatro, que significavam constituição d o Im p e rio p o r D . Pedro 1.
os autos rudim entarm ente enscenados pelo evange­ '« F o i desde log o, in fo rm a o escriptor que vimos
liza d o r de nossas selvas, é uma deliciosa ing en uid a­ resumindo, tentada a reconstrucção do theatro, que
de que ho je nos faz s o rrir piedosamente, mas ap ro­ teve prim eirantente preparado no salão p rin cip a l um

o o o. o o 6 5 o o o o o o
1

UVKO DE O l'R O COMMEMOR ATIVO DO CENTENARIO OA

theatrinho com 24 camarotes em duas ordens e 150 do Cotovello edificou o Theatro da Praia. D. Manoel ,
cadeiras, que, prompto em tres mezes, teve realiza­ que foi inaugurado a 2 de Agosto de 1834, dia do
do o seu primeiro espectáculo com a opera dc Rossini anniversario da princeza d. Francisca, com o drama
— «O engano feliz», — em espectáculo commemora- Mysanthropia e Arrependimento . Esta casa de es­
tivo do anniversario, sagração e coroa.çâo de D. Pe­ pectáculos. por força do contrato, passou tres annos
dro I. Esse theatrinho fo i então chamado .Theatro e seis mezes depois a ser propriedade do Estado, re­
Constitucional». cebendo em 1838 a denominação de Theatro S. Ja­
E o ex-S. João, já então denominado cm 1824 nuario». Estavamos já, então, na cpoca da Regência,
Theatro S. Pedro de Alcantara, nome que ainda hoje que teve o seu primeiro espectáculo em 11 de maio
conserva, reconstruído, era franqueado ao publico a de 1831, no theatrinho da rua dos Arcos.
22 de Janeiro de 1826, cantando-se nessa noite a A 2 de dezembro desse mesmo anno entrava em
opera Tancredo, em espectáculo de gala por motivo actividade novamente o Theatro Constitucional, onde
do anniversario natalicio da princeza Maria Leopol- se estreava uma companhia com os actores que es­
dina. O «Constitucional» passou então a ser sala de tavam na Praia Grande, representando o drama A
concertos. reconciliação das duas tribus».
Por essa occasião existia tambcrn um theatrinho A essa companhia incorporara-se o genial actor
particular na praça da Constituição, entre as ruas João Caetano, que havia feito successo ruidoso em
do Cano e a do Piolho, — o «Theatro do Placido», Itaborahy, no papel de «Carlos», do drama «Pedro,
de propriedade de uma associação e frequentado pela o Grande», sendo por isso saudado na noite daquella
primeira sociedade daquelle tempo, onde não tinham estréa por Porto Alegre e Joaquim Manoel de Ma­
entrada senão pessoas conhecidas e de reputação re­ cedo.
conhecidamente ilibada». E iniciava-se para o theatro brasileiro o periodo
Motivou o desapparecimento do Theatro do Pla­ aUreo, que empallideceu com a morte de João Caetano,
cido um capricho do Imperador, para vingar um in­ trinta e dois annos mais tarde, em 1863.
sulto feito á Marqueza de Santos. Em 1832 foi edificado o «Theatro do Vallon-
Por sua ^ez, o «S. Pedro» cerrava as suas portas go > para João Caetano, que delle se passou mais tar­
a 7 de A bril de 1831, em consequência dos motins de para o «S. Januario», tendo também trabalhado
sangrentos provocados pela abdicação. com a sua companhia, em Nictheroy em 1833. Tam­
«Dissolvida, havia muito, a companhia do S. Pe­ bém em 1832 um francez, ao que parece, M. Segond,
dro, um grupo foi trabalhar em Nictheroy, então edificou na rua de S. Francisco um theatro para ex­
Praia Orande, e outro adquirindo um terreno á rua ploração dc companhias francezas.

O O O O O

PAVILHÃO AMERICANO ESCADA PRINCIPAL NO INTERIOR

o o o o o o 66 o o o o o o
INDEPENDENCIA P. n .\ EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

P o r essa época já o th e a tro occupava a attençâo


lho, Lucinda Simões, a quem deve o th ea tro b ra si­
do le g isla tiv o , que concedia, a titu lo de subvenção,
le iro o seu brilh a n te p e rio do e v o lutiv o , que se seguiu
varias lote ria s aos theatros do Estado>.
á época aurea de João Caetano, perio do que se ex-
O «S. Pedro, m o d ifica do , fo i reaberto a 7 de
tendeu de 1859 a 1893. P osteriorm ente vieram ao
S etem bro de 1839, inaugurando-lhe a nova phase o
Brasil Rejane, Angela P in to, C la ra de La G uardia,
p r o p r io J o io C aetano com a trag éd ia «Olgiato». Mas
Darclée, e todos mais que temos ap pla ud ido no s nos­
na n o ite de 8 de agosto de 1851, ..após o espectáculo, sos dias.
a rd ia o S. Pedro pela segunda vez, perdendo-se nò
Im possível é ainda d e ix ar de assignalar a v i­
s in is tro to d o o archivo, on de figuravam , segundo A r ­
sita ao B ras il, p o r v o lta de 1852 e annos proxim os,
th u r Azevedo, obras iné dita s de M a rtin s Penna. Re­
dos grandes pianistas L is z t e T h a lbe rg c Q o ttch alk,
con stru íd o p o r esforços de João C aetano, a t r a d i t i o ­
que se fizera m o u v ir n o «Provisorio».
nal casa de espectáculos reabriu a 18 de agosto de
<A h i, - escreve um chronista d o tem po — regeu
1852, para pela terceira vez incendiar-se na m ad ru­
Q o ttc h a lk um concerto verdadeiram ente m em orável,
gada de 27 de ja n e iro de 1855.
de mais de trin ta pianos, acompanhados p o r um a o r ­
N o Rocio, em quanto lavrava o incêndio, João chestra de 100 m usicos!»
C aetano, cercado de populares, arrancava os cabellos,
p ro fe rin d o exclamações de desespero e magoa, quan­
d o o m a rq u e / do Paraná, poisando-lhe a mão no
ho m b ro , segredou-lhe:
T ra n q u illiz a -te : o «O S. Pedro» será recons­
Sobre os vulto s m ais representativos de nossa
tru íd o .
lite ra tu ra th eatral até poucos annos atraz, pedirem os
E de facto, mais magestoso que nunca, o thea­
ao ju lg a m e n to seguro e honesto de José Veríssim o
tr o re su rg iu, sendo inaugurado a 3 de ja n e iro de
algum as notas criticas para a com pletaçâo deste tra ­
1857, com o drama A ffo n s o P ie tro » e o -.vaude­ balho.
v ille » — « K e tty ou a v o lta á Suissa».
«Foi o rom antism o, diz o illu s tre c ritic o brasi­
João C aetano, v ic to ria d o delira nte m en te pelo pu­
le iro , com o qual se in ic io u o que já podem os cha
b lico , recebeu nessa n o ite presentes valiosissim os». m ar de lite ra tu ra nacional, o c ria d o r ta mbém do
Já agora darem os mais dois trechos de O ctavio nosso th eatro».
Q u in tilia n o , para te rm in a r a parte info rm a tiv a do
C om o lite ra tu ra , o seu c ria d o r fo i G onçalves de
presente resumo.
M agalhães, com o seu A n to n io José ou O Po eta e a
Nesse anno, contim ía o e scriptor, mais que o In qu isiçã o, tragédia em verso, cm 5 actos, represen­
th e a tro dram atico, começou a m erecer as m elhores tada pela prim eira vez p o r João Caetano e sua com­
attenções dos poderes publicos a scena ly ric a no panhia, no seu theatro da Praça da C on stituiçã o (de­
B ra sil, iniciada sob os m elhores auspícios, alguns pois th ea tro de S. Pedro de Alca nta ra ) em 13 de
annos antes, no « P ro v is orio , depois no «Theatro L y ­ M arço de 1838.
rico», a p pro van do o L e g is la tiv o os estatutos da «So­ M agalhães, como P o rto A le g re , seu am ig o e
ciedade Nova Empresa Lyrica» e da Im perial Aca­ em ulo na renovação rom antica, não eram p o r te m pe­
dem ia de M usica- e Opera N acional»; concedendo ram ento e índo le lite ra ria dois verdadeiros rom ân­
favores pecuniarios á Opera L y ric a Nacional , etc. ticos. quanto o seriam p o r exe m plo Gonçalves Dias
Em 1873, o deputado C ardoso de Menezes. (B a ­ e Alencar. Foram -no antes de estudo e p ro p o s ito que
rão de Parananiacaba) apresentou á Camara um p ro ­ de vocação.
je cto , creando na C ô rte um T he atro N orm al, que au­ T rasladando para o nosso th e a tro o drama sha-
to riza va o governo a gastar 5 0 0 :0 0 0 *0 0 0 na cons- kespeareano, que é o m ais rem oto e illu s tre avoengo
trucção de um theatro, sobre o conceder-lhe, para sua do rom antism o, fazia-o M agalhães das descoradas ver­
m anutenção, 100:000? em cada anno, pagos, como sões com que Ducis am aneirou ao g o s to francez o th e­
su b sid io , em prestações mensaes. a tro de Shakespeare. M as A n to n io José ou O Poeta
Esse p ro je c to não fru tific o u . E n tran do em dis­ c a in q u is iç ã o , que pe lo thema m oderno, pe lo espi­
cussão fo i a mesma adiada... até ho je . O utras te nta­ r ito lib e ra l c sobretudo pelo titu lo é bem rom ântico,
tiva s surg ira m , po steriorm ente, em ta l sentido, to ­ O in ia to . que o é de inspiração e expressão, e o mes­
das, porém , sem resultado, inclusive um a d o d r . A ffo n ­ mo O th elo . deviam fic a r na nossa lite ra tu ra dramatica,
so C e lso em 1888. Tem pos após era proclam ada a se não no nosso th ea tro, como bo ns exem plares da
R epublica, entrando então o T h e a tro B rasile iro na nossa obra lite ra ria nesse genero.
sua phase de m aior decadência, que permanece até os De M a rtin s Penna d iz Ve rissim o que a in d iv i­
nossos dias». dualidade que certamente tinha, a sua o rig in a lid a d e
<D e 1830 a 1870, e em annos posteriores, va­ nativa, em um a palavra a sua vocação, livra ra m -n o de
rio s a rtista s de nomeada e com panhias de varios ge­ ceder ao d u p lo ascendente de M agalhães e João Cae­
neros e nacionalidades visitaram esta capital e os Es­ tano, e fizera m de lle o verd ad eiro c ria d o r d o nosso
ta dos. D entre tantos, citarem os, rapidam ente, com ­ theatro. M ais porventura que a M agalhães, assegura-
panhias portuguezas: a celebre cantora C andiani e lhe este titu lo a copia de peças que escreveu e fez
sua «troupe- ly ric a , c ujo e x ito é ainda ho je lem bra­ representar, a po pularidade da sua ob ra th e a tra l,
d o ; artista s como Rossi, Sa lvin i, R is to ri, Stolz, Tam - a sua m a io r divulgação, quer pela scena qu er pela
be rlic k . M ira ti, La Q rua, Degean, D e Lagrange, etc.; imprensa, e, sobretudo, o seu m u ito m ais accentua-
a C om panhia D ram atica H espanhola A d o lfo R ibe llc, do caracter nacional. P o r tu d o is to a obra th e a tra l
de que eram parte o grande tra g ic o Lapuerta e a de M a rtin s Pena certamente in flu iu mais no advento
a ctriz M a ria dei C arm en; e, fina lm e nte. Furta do C oe­ do th ea tro nacional que a de Magalhães.

o o o o o o 67 O o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA

Martins Pena começa e prosegue com a comcdia. Alencar, que tinha muito menos graça c veia
Ingenuamente, desartifieiosamente, com observação comica que Pena e Macedo, escreveu também puras
sem profundeza, mesmo banal mas exacta e sincera, comedias de costumes.
traz para o theatro — pela primeira vez, note-se, por­ O periodo da maior actividade de Alencar e Mace­
que o seu successo explica-o a só novidade do seu do, como escriptores dramáticos, vae de meados do de-
feitio, — a nossa vida popular c burgueza c quoti­ decenio de 50 aos fins do século 70. Ê esse também o
diana do tempo. Evidentemente nSo tem presumpções de mais vida do nosso theatro, quer como espectáculo,
nem propositos literários como tem Magalhães; apenas quer como literatura dramatica. Com estes dois escrip­
vê claro, observa com attenção e reproduz fielmcntc, tores concorreram, além de alguns dos já citados (Q uin­
com a naturalidade em que se revela o escriptor de tino Bocayuva, Agrario de Menezes, Pinheiro Guima­
theatro. Do autor dramatico possue, em gráu de rães e outros somenos) Augusto de Castro, Aquilles
que sc não antolha outro exemplo em nossa litera­ Varejáo, Fiança Junior, que sem notável merito lite ­
tura, as qualidades essenciaes ao officia, e ainda certos rário, tiveram entietanto relativo e não de todo int-
dons que as realçam: sabe imaginar ou arranjar uma merecido successo no palco.
peça, combinar as scenas, dispor os effeitos, tramar o Agrário de Menezes, bahiano (1834-1863), gosa
dialogo, e tem essa especie de observação facil, ele­ de uma reputação exagerada que a leitura da sua
mentar, corriqueira e superficial, mas no caso precio­ obra absolutamente não justifica. O seu C alabar, tão
sa, que é um dos talentos do genero. Não raro tem gabado quão pouco conhecido, como aqui muito fre­
o traço psychologico do caricaturista, e o geito de quentemente succede, não lhe abona nem a imagi­
apanhar o rasgo significativo de um typo, de uma nação criadora, nem o estro poetico. Como escriptores
situação, de um vezo. Possue veia cômica nativa, es­ de theatro mais valor tem Pinheiro Guimarães e Fran­
pontânea e ainda abundante, infelizmente, porém, (de­ ça junior. Aquclle como dramaturgo, que principal-
feito desta mesma virtude) com facilidade de se des­ mente foi. tem os mesmos defeitos de Macedo e Alen­
mandar na farça. car, com menos espontaneidade que o primeiro e peor
O exemplo de Magalhães e Martins Pena frueti- eslylo que o segundo. França Junior, com muito da
ficou. Dos românticos da primeira nora, os princi- veia comica popular de Martins Pena, a mesma obser­
paes, Norbcrto, Teixeira e Souza, Porto Alegre, Gon­ vação superficial dos typos e ridiculos socia es, a
çalves Dias, Macedo e ate Varnhagen, com fortuna c mesma graça um pouco vulgar no apresental-os, ca­
succcssc- diverso, em geral mediocre, escreveram tam­ rece da ingenuidade que realça o engenho de Pena.
bém theatro. Alguns, além de Macedo, conseguiram No theatro de França Junior, sente-se o trato com o
ver-se representados. São porem muitos os autores theatro comico francez. Em todo caso, é com Martins
de peças de theatro de todo o genero escriptas ou Pena c Macedo um dos nossos autores dramáticos
representadas nessa phase de nossa literatura e na ainda por ventura representáveis.
que immediatamente se lhe segue. Desses apenas Producto do romantismo, o theatro brasileiro f i ­
um ou outro nome não está de todo esquecido. Taes nou-se com elle. Parece-me verdade (é Verissimo quem
são os de Carlos Cordeiro, Castro Lopes, Luiz Bur- fala) que não deixou de si nenhum documento equi­
gain. Pinheiro Guimarães, Agrario de Menezes, Quin­ valente aos que nos legou o romantismo no romance
tino Bocayuva, cujo theatro c de 1850 a 1870. Esses ou na poesia. A literatura dramatica brasileira nada
mesmos são apenas uma recordação cada dia mais conta, a meu ver, que valha o Q uaran y ou a Irace­
apagada, pois não concorre para avival-a a sua obra ma. a M o ren inh a ou as M em orias d e um sargento
dramatica que não mais se representa e ninguem lê. de m ilícia s, a Inocência ou Braz C ubas, os C antos
Nesse momento, que corresponde á segunda phase de Gonçalves Dias ou os poemas da segunda geração
do romantismo, as duas principaes figuras do nosso romantica.
theatro foram José de Alencar e Macedo. São dois O modernismo, ultima phase de nossa evolução
talentos diversos, dois engenhos quasi oppostos. Ha literaria, nenhum documento notável deixou de si
mais ane, mais gravidade, maior sentimento e res­ no nosso theatro ou na nossa literatura dramatica.
peito da literatura no primeiro que no segundo. Mas O seu advento coincidiu com a inteira decadência de
também menos espontaneidade, menos naturalidade, ambos pelos motivos apontados. O naturalismo, a
menor vis com ica e somenos dons de autor de thea­ feição do modernismo que poderia ter influído nesse
tro. Macedo é o legitimo continuador de Martins genero de literatura, também não produziu nada de
Pena, com melhorias de composição e mais largo distincto nella. Com excellentes intenções e incon­
engenho dramatico. E, sobretudo, principalmente com­ testável engenho para o theatro, Arthur Azevedo
parado com Alencar, um autor burguez e para a bur- (1856-1908) não conseguiu senão tornar mais pa­
guezia, sc é lic ito o uso de taes expressões aqui. tente o esgotamento do nosso, pela descorrelação
Alencar, natureza literariamente mais fina que entre a sua boa vontade e a sua pratica de autor
Macedo, ao envés deste leva para a literatura vistas dramatico. Vencidos pelas condições em que o en­
de artista e de pensador, aponta mais alto. O seu contraram, e que não tiveram energia sufficiente para
theatro não quer ser, como o de Pena ou o de Ma­ contrastar, Arthur Azevedo e os moços seus contem­
cedo, a simples representação elementar da vida na­ poraneos e companheiros no empenho de o reforma­
cional. Representando-a como melhor lhe permitte o rem (Valentim Magalhães, Urbano Duarte, Moreira
seu congenito idealismo, pretende também educar. Sampaio, Figueiredo Coimbra, Orlando Teixeira e
Para Alencar, o theatro, segundo o conceito no seu outros) sem maior difficuldade trocara.n as suas boas
tempo incontestado, é uma escola. Cabe-lhe a honra intenções de fazer literatura dramatica (e alguns se­
de haver trazido para a scena brasileira o que depois riam capazes de fazel-a) pela resolução de fabricar
se chamou o theatro de idéas. com ingredientes proprios ou alheios, o theatro que

o o o o o o 68 o o o o o O
LLOYD BRASILEIRO — Rio de Janeiro.
IN D EPE N D E N C E F DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

achava freguezes.- revista s.de anno, a rreg los, adapta­ teresses e paixões que servem de th em a ao drama
ções, parodias ou também traducçôes de peças estran­ m oderno. Carece também ainda de e s ty lo p ro p rio nas
geiras. In te rv in d o o am or d o ganho, a que os ro­ maneiras e na linguagem . T endo p e rd id o no arre­
m ânticos tinham rom anticam ente fic a d o de to do es­ medo c o n trafeito do estrangeiro, is to é do francez,
tranhos. b a ixou o nosso theatro em proporções nunca o seu caracter p a rtic u la r, que os rom ânticos pude­
vistas, e, p o r um a iro nia das coisas, justam ente no ram representar no seu th ea tro com ico, não ad qu i­
m om en to em que A rth u r Azevedo e os seus c ita ­ riu ainda feições peculiares que lhe facultem a ex­
dos com panheiros lhe pregavam a regeneração nos pressão theatral. Q uan to á lite ra ria , esta é no nosso
jorna cs onde escreviam. Uma ou o u tra peça de valor th ea tro, e fo i sempre, ainda mais defeituosa e in-
lite r á r io ou th e a tra l que estes autores fizeram não sufficie nte d o que no nosso romance.
bastou para levantai-o. O publico se desinteressava Com crassa ignorância ou e s tolido menosprezo
e c on tinu a a desinteressar-se, pelo que se chama thea­ da nossa his to ria lite ra ria , estão agora mesmo te nta n­
tr o nacional. E como só acudisse áquelle theatro do cria r um «theatro nacional» ab ovo , com o se
de fancaria, de a rreg los , revistas de anno e parodias, nada houvesse fe ito antes. As amostras até agora
esses escriptores pouco escrupulosos tiveram de ser­ apresentadas desta te nta tiv a não autorizam ainda,
v ir esse pu b lic o consoante o seu gro s s e iro paladar. acho eu, algum a esperança no seu bom successo.

Apesar da sua grande in fe rio rid a d e relativam en­


te á ficção no v e llis tic a e á poesia, o nosso theatro
e lite ra tu ra dram atica tem feições que não devem ser
desconhecidas e desatendidas da c ritic a . D urante a Resumimos, até aq ui, a c ritic a de José V e rissi­
epoca rom antica. fo i intencional e manifestamente m o ( H is to ria da L ite ra tu ra B ra s ile ira , ca p itulo so­
nacionalista, e o fo i ingenua e naturalm ente, de b re o theatro e a lite ra tu ra dra m a tica), conservan-
assum ptos, themas, figu ras e, o que mais é, de sen­ do -lh e quanto possível as pró prias expressões e re­
tim e n to . A in d a im m cdiatam cnte depois inspirou-o o produzindo-lhe inte gra lm e nte longos trechos. N o co­
mesm o sentim ento. Assim, as principaes questões que medim ento, na segurança e na honestidade dos seus
ag itara m o e s p irito pu blico pelo fim do rom antism o juízos, quasi sempre acceitaveis p o r in te iro , V erissim o
e lo g o depois a gu erra do Paraguay, a questão re­ caracteriza de modo s a tisfacto rio o nosso recente
lig io s a , a da escravidão, repercutiram no nosso thea­ passado th ea tral, indicando nas entrelinhas o que
tr o , qu er da C a p ita l, quer das provincias. N ão são nos fa lta e o que po rven tura ainda podemos espe­
poucas as peças, comedias e dramas, a que esta,s r a r neste do m in io.
questões fo rneceram themas ou deram m otivo. C om Cabem todavia aq ui algumas observações com­
to do s os seus defeitos, apresenta o thea tro brasi­ plementares quanto ao estado actual d o nosso thea­
le iro de 1850-1880, certos caracteres ou sim ples si- tr o . Não poderemos negar que subsistem m uitos dos
guaes que lh e são pro prios, c até lhe dão ta l qual entraves apontados p o r V erissim o á criação de um
o rig in a lid a d e , tirad a da sua mesma im perfeição. Ca­ verdadeiro e v iv o th e a tro nacional. O e s p irito m er­
nhestros em bora, e por via de regra im ita do res do c an tilista, e a necessidade, que elle estabelece, de
th ea tro francez, os seus autores não são sempre co­ attender ao gosto in c e rto e pouco apurado das nossas
pista s servis, e sobrelevam o seu arrem edo com um plateas, continua a ser ta lvez o obstaculo máis d if-
in tim o sen tim en to do m eio, que ainda não tinha sido f ic il de superar nas reiteradas tentativas individuaes
de to d o amesquinhado ou extra viad o pe lo estrangei­ de resurgim ento da a rte e da lite ra tu ra theatraes
rism o log o depois trium phante. Na comedia, em que em nossa te rra. Ha o u tro s óbices, porém . A nossa
se m ostravam niais capazes, ta lvez porque em M a r­ producção theatral, ge ralm ente de comedias fáceis e
tin s Pena se lhe deparou m odelo a p rop ria do , ha em «revistas» apimentadas, é fe ita sob m edida para os
g e ra l boa observação, representação exacta, e dia lo- actores em vóga, o que tir a ao escriptor th ea tral toda
gação con fo rm e ás situações, personagens e factos. liberdade de concepção e sentim ento. H a a concur­
P o r via de regra tu do isso fa lta ao drama b ra s ile iro , ren da do cinem atographo, tem ível no B ra sil mais
que o ffen de sem pre o nosso sentim ento de verosi­ d o que cm qualquer o u tra parte, dado que não pos­
m ilhança, á qu al m ais do que nunca somos h o je sen­ suímos, em m ateria de th eatro, fo rte s elem entos tra-
síveis, e nos deixa infa lliv e lm e n te uma impressão de dicionaes a nos e q u ilibrare m o gosto e as pre feren­
a rtific ia lid a d e . Seja defeito da mesma sociedade dra- cias artísticas.
m r.tisada, seja falha do engenho dos nossos escripto­ As te ntativas ultim am e nte fe itas p o r espíritos
res de th ea tro, é facto que nenhum nos deu já uma desejosos dc levantar a nossa lite ra tu ra th ea tral se
cabal impressão artística de nossa vida ou represen­ resentem, p o r um lad o, daquclla ig n o ra n d a , in d i­
tação de lia que não venha eivada de m al disfarçados cada por V erissim o, d o que já conseguim os rea liza r em
exotism os de inspiração, de s entim ento e de estylo. m ateria de th ea tro: São criações ab ovo , com o se
D em asiados m odism os estrangeiros de costumes, de e x p rim iu c illu s tre c r itic o ; por o u tro lado, de um
actos, de gestos e de linguagem a desfiguram como excessivo inte lle c tu a lis m o , resultante da pu ra e frustra
d e finiçã o que presumem ser dessa v ida e lhe viciam im itação d o theatro estrangeiro. E xp lica nd o m elhor:
a expiessâo lite ra ria . A nossa sociedade, quer a que de uma parte vemos os que procuram re p ro d u zir, re­
se, lem p o r s up erior, quer a m edia, não te.n senão presentar o u analysar no th ea tro a vida nacional,
um a socia bilida de incoherente e canhestra, de rela­ sem attenderem com tudo ás licções deixadas pelas
ções e interdependências rudim entares e lim itadas. te ntativas ante rio re s n o mesmo sentido. D e outra
Poucos e apagados são p o r ora os co n flic to s de in ­ parte, os que, na intenção de c ria r um th ea tro novo,

o o o o o o 69 o o o o o
1

LIVRO DE OURO COM ME MORAT IVO DO CENTENARIO

levam para a scena personagens e theses que nada que de theorias mais ou menos acertadas. O pendor
dizem da in tim a psyche brasileira, p o r isso que s ig n i­ para a lite ra tu ra dramatica existe positivam ente em
ficam apenas um m al aproveitado in flu x o das criações nosso e s p irito . As circum standas não lhe têm fa vo­
mais bizarras e estranhas do g e n io de ou tras terras. recido o desenvolvim ento, mas também até ho je não
C om tudo, seria erro encararm os com absoluto conseguiram suffocal-o. O que vae acontecer é que,
pessimism o a situação actual do nosso th ea tro. Thea­ entregues exclusivam ente ás fo rças cégas d o instincto,
tro é a rte pura. dependendo po rta n to m ais da p ro ­ só com extrem a lentidão conseguirem os achar nosso
funda in tu ição e do vivo sentim ento das coisas do

o o o o o

PAVILHÀO AMFKICANO - VISTA INTERIOK

O O O O o 70 o o o o o o
A E V O L U Ç Ã O R E L IG IO S A N O B R A S IL

salvaram ta lvez a colo nia in te ira do grande risco cm


que esteve de ser arrasada, como se ceifa um broto,
A vac lon ge o século dc A nchieta e de N o- pela acção temerosa c ujo plano já se assentara entre
brega, como em nossa his to ria podemos os confederados tamoyos.
cham ar, do p o n to dc vista re ligioso , so- O o d io que na alma in g tiiu a e feroz do selva­
h fc tu d o ao século X V I, em que raiou gem se im plantara, entretanto, contra os portugue-
para a civilisaçâo o B ra z il e com elle todo o con­ zes, e que assim congregava as numerosas trib u s para
tin e n te Sul-Am ericano. uma obra commum de exicio, era frue to , em grande
Anchieta e N obrega, este pela sua excepcional parte, da propaganda que os expulsos do fo rte de
capacidr.dc organisadora e solid a v irtu d e apostólica, C o lig n v , entranhando-se nas selvas, tinham podido
aque lle porque, verd ad eiro poeta da acção, tra n s fi­ estender até que refluísse ao lito ra l, na sede. tão
g u ro u num sonho de bondade e de caridade heroicas com prehensivel, de v ind icta que lhes abrazava e en­
o p la n o ad m in is tra tiv o do egregio p ro vin cial, im ­ venenava o animo.
pressionaram para sempre a T erra de Santa C ruz, Não era esta apenas unia paixão interresseira,
cuja alma, p o r esse modo, plasmou-se consubstancian­ p o r m otivo da perda m aterial que tinham s o ffrid o os
do aquellas duas grandes almas, que ainda vibram lá francezes, mas sim também paixão religiosa , sectaria,
no in tim o da nossa psyche actual. em m uitos delles, que a procuravam in c u tir no incola,
E llcs fizeram m ais: p ro life ra s , fo ram os creado- d o utrin an do este a seu mòcfo, na cosia inteira, man
res de to do o systema de cathechese propriam ente dando ate m eninos dos ge ntio s «aprender ao mesmo
d ita que prevaleceu, não só aqui, mas também na C alvino», segundo narra o p ro p rio Anchieta, para
Am erica do Sul hespanhola, in te ira , em contraposição depois serem mestres dos seus.
ao ba rba ra systema das encomiendas, po is não só Por ta l m odo nesses tempos andava exaltado
despacharam do B razil os m issionários, seus irmãos, o sentim ento protestante, que o in fe liz João de Bo­
que fo ram lançar as prim eira s sementes da grande les ou ta lvez João C o in ta , in d o a S. Vicente, e em­
ob ra fu tura para aq ue lle o u tro lado do Prata, como bora offerecendo-sc ate para com bater os seus, de
fo rneceram o exem plo, o systema que já se tinh a que se apartara, antes de serem expulsos do Rio,
desenvolvido aqui. Foi a exp erien da de Nobrega e começou, passados m uito s dias, a regoldar-sc, isto
Anchieta, segundo Southey, que aproveitaram os je ­ é, a dizer, também segundo Anchieta, «muitas cousas
suítas na creação da p ró p ria republica theocratic.! do sobre as imagens dos Santos, das Indulgências e
G uayra, Paraná c U ru gu ay, a ob ra prim a do outras m uitas que adubava com c e rto sal de graça,
systema de educação e organisaçâo social p o r elles de m aneira que as palavras ao povo ign o ra n te não só
concebido, com todas as qualidades c os defeitos não pareciam amargas, mas mesmo doces».
que lhe são p ro prios. Não se sabe ao certo que fim teve este João
N o B razil p ro priam en te d ito fo i o zelo desses de Boles, ou João C oin ta, pois c m u ito contestável
dous grandes ap ostolos que estim ulou a m etropole te r sido e lle enforcado aqui e haver o padre Anchieta
fazendo-lhe ver bem v is to o pe rig o que corria a ajudado «piedosamente» o carrasco na occasião para
nascente colonia em consentir-sc no socego com que encurtar ao paciente seus transes, conform e a ver­
V illc g a ig n o n ia pro curan do irra d ia r para o c on ti­ são mais propalada. Ê bem possível que houvesse
nente o d o m in io que estabelecera inicialm en te num duram ente acabado seus dias, mas na m etropole ou
p o n to da Guanabara, com o sonho que trouxera dc em algnm a das outras possessões.
d e a r uma França antarctica. Ellcs c que deram mão O que se vê, com tudo, de ta l his to ria é a con­
fo rte ao sizudo e prestante Mem de Sá para expulsar firm ação da propaganda heretica já então iniciada
da p rim e ira vez o delegado que a fin a l deixara aqui o n o B razil c da predisposição para escutal-a pelo me­
bulhento e ta lvez ob n u b ila d o alm irante, após os p r i­ nos com grande to lerância que neste horizonte desde
m eiros episodios hereticos que entre e lle e os seus ah i se pronunciava.
hospedes cálvinistas se passaram. E lles é que fin a l­ Depois dos «hospedes» de V illeg aign on e mes­
mente, ainda uma vez, integraram com o seu a u x ilio m o antes dos hollandezes na Bahia e em Pernam­
m aterial e m oral, tã o poderoso, os recursos necessa­ buco, o contacto do incola com os hereticos conti­
rio s para a segunda e decisiva expulsão de taes in ­ nuou, coalhando estes, como flib u s te iro s e contraban­
trusos. E lles ambos, ainda, é que, no sublim e ras­ distas, de m is tura com os francezes, as costas do sul
go em que im p orta ra m as negociações de Ip eroig , e do extre m o no rte.

o o 000 71 o o o o o o
LIVRO OE OURO COMMEMORATIVO /H i CENTENARIO

Não tarda muito, desde que passou Portugal natismo, da sua selvagem, ambiciosa arroganda. Não
para o dominio da Hespanha, de que os hollande- o reproduzira de todo, porque só os nossos vastos
zes e inglezes eram então extremos inimigos, a pro­ horizontes e os nossos climas, geralmente muito mais
pria população da colonia menina conhece novamen­ sãos, mais sedativos, que os dessas zonas visinhas,
te de perto os oppositores á sua fé, embora para só haviam por força de modificar sensivelmente para me­
combatel-os e repellil-os desesperadamente, não vindo lhor as nossas condições.
elles com outras intenções sinão com as de matar Esses mesmos factores; as condições de egressos
e roubar por barbaro espirito de hostilidade e de de toda disciplina que offerecem na maior parte os
lucro. Edwards Fenton, procurando atacar Santos primeiros a v ir povoar a colonia; a relaxação em
em 1583; Roberto W ithrington, poucos annos de­ que, desde quasi o descobrimento, cae o clero se­
pois, surprehendendo a Bahia, onde apresa os na­ cular; a luta cada vez mais accesa da parte do colono
vios que se achavam no porto; Cavendish e Cook, por utilisar o indio, que o jesuita defende, mas por
salteando em 1591 as villas de S. Vicente e Santos; uti|isal-o como se capta uma força bruta qualquer
em 1595 Lancaster e Venner entrando no Recife, onde da natureza: tudo isso, muito mais do que a influen­
fazem riquíssima presa: estes e outros põem á prova cia do contacto com a gente catholica, impede o bran­
a blindagem em cuja contextura figurava, sobretudo, co e o mameluco de darem ao gentio o exemplo
a primeira geração de mamelucos que o cruzamento da submissão c docilidade ao catechista que fo i arran-
já produzira e a nuvem de indios bem doutrinados cal-o das selvas.
ou ainda catechumenos, sahidos das mãos dos he­ Pelo contrario, só depois de 1654, terminada
roicos loyolas. a guerra hollandeza. rcpcllidos para sempre os f i­
O maior dentre estes que depois do primeiro lhos de Luthero, que por tantos annos avassallaram
século já conheceu o Brazil, Antonio Vieira, escre­ uma parte do paiz, aliás com muito menos tolerância
veria no século seguinte affirmando, a proposito das religiosa do que ao entrarem prometteram; só depois
miserias do norte, que «em 40 annos mataram-se por disso é que se começam a manifestar patentes os
esta costa e sertões mais de dous m ilh õe s de indios, signaes de sensivel dissemelhança entre o espirito de
e mais de quinhentas povoações. crença aqui e o espirito da metropole. A propa­
Não fo i muito menor, talvez, com o correr dos ganda que fazem os hollandezes de sua religião,
dias, o sacrificio e martyrio aqui no sul, desde a até entre os índios, nada lhes adiante e antes os
acção tremenda do ferreo Christovão de Barros, de­ prejudica nos seus interesses práticos, dando mais
legado de Antonio Salema, que escravisa dez mil uma razão aos opprimidos para se levantarem contra
infelizes tamoyos pelo crime de se entenderem estes elles na rcbellião decisiva que acabou por atiral-os
com os entrelopos de Cabo Frio. até as enormes e para longe destas plagas.
demoradas devastações dos sequiosos bandeirantes, Uma vez, porém, que se ficou livre do estran­
que vão pegando indio até se encontrarem com os geiro, já não se trata apenas de tolerância e frouxi­
hespanhóes em Ciudad Real e V illa Rica, tambpm dão, ou, siquer, de uma resistência cuja responsa­
por elles insolentementc arrasadas. bilidade se puzesse ás costas dos barbaros ou semi­
Nem tudo isto obsta, como vimos, que muito barbaros, como quando a gente de João Ramalho es­
antes de incorporar-se violentamente o esforço bar­ teve prestes a ir de Piratininga atacar o recente col­
baro, mas fecundo, sem duvida, e bondoso, do braço legio de S. Paulo, que os jesuitas tinham fundado.
negro á obra de organisação e defeza do ecumcno, Agora é a população do Rio de Janeiro e a
o indio seja o nervo de resistência, muito em parte, de S. Paulo, não tarda muito é a do Maranhão,
que se pode oppor, quer no sul, quer para o norte, chefiada, ao norte e ao sul, por caudilhos escrava-
durante o primeiro século, ás tentativas que de um gistas, predominantes em toda parte, que se levanta
lado e d’outro fazem os europeus rivaes de Por­ contra os roupetas ainda, animada, tal gente, por
tugal e de Hespanha nos mares por arrancar-lhes membros de outras congregações religiosas, emulas
ás mãos este prodigioso dominio. da poderosa Companhia. Levantam-se e maltratam-
Assim foi porque o pobre selvagem poz todas nos, expulsam-nos, sem que soffram por isso maiores
as suas tremendas provações abaixo do religioso res­ consequências, vendo-se a metropole obrigada, pelo
peito, da seducção indominavel que sente pelos je­ contrario, a condescender, a fechar os olhos diante
suítas, tendo-os experimentado com desconfiança a de taes impiedades, até que seja possivel uma re­
principio, mas não podendo jámais sorprehendol-os paração, ou uma conciliação, quando menos.
em pérfida mancommunação contra si. Até, annos depois, a revolta de Beckman, pri­
Seriam inúteis, conseguintemente, os esforços do meiro indicio de que espontava no dominio o sen­
aventureiro adverso, em contacto com elle, por se timento de autonomia, provinha em grande parte
collocar acima do prestigio que lhe mereciam os dessa mesma quisilia contra os mais ardentes sol­
padres da Companhia e chamal-o a abraçar, definiti­ dados da fé que houve após a Renascença, embora
vamente, outras crenças desprovidas do apparato ex­ sempre por motivos alheios á religião propriamente
terior e da málleabilidade no methodo catechista de dita.
que o catholicismo dispõe. Si, pelo contrario, a bar­ Nem mesmo quando chega ao auge o tetrico
baria do colono não houvesse impedido fazer-se a «serviço» da Inquisição em Portugal, faz-se elle por
assimilação do incola em escala muito maior do que modo memorável sentir no Brazil, apezar de ser o
se fez, este, sob a pedagogia jesuítica, pode que hou­ Santo Officio extensivo ás colonias. Do que Varn-
vesse reproduzido aqui. em ponto gigantesco, algo hagen pôde ver nos archivos de Portugal, a negre-
como aquelle Paraguay, que nas mãos de Solano gada instituição persegue o Brazil de 1704 a 1767,
Lopes foi o bravo, mas passivo instrumento, por fa­ parecendo-lhe que o numero de condemnações no

o o o o o o 72 o o o o
M H W B W A .-.T rn » rs n ? f/iu u-'P onrA nans- *•

Companhia Industrial e Importadora Atlas— Rio de Janeiro.


'
IN D E P E N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

trib u n a l de Lisb oa , de pessoas aqui residentes, o r ­ republica com governo p ro p rio , «como a de H o lla n -
çará por 540, tratando-se em quasi todos os casos, da ou de Veneza».
to davia, de judeus ou descendentes de judeus, con­ Facto mais no tá vel ainda, do ponto de vista que
tra o s quaes se volta va particularm en te o o d io e a nos preoccupa, é que houvessem com participado da
cobiça d o reino . Inconfidência até v arios padres, Mascarenhas, T o ­
A p o litic a s ole rte, mas p o r isso- m esm o caute­ ledo e M e llo , V ie ira da Silva, R odrigues da Costa,
losa, prudente, que P o rtu g a l sempre observou com R o llim , Lopes de O liv e ira .
o Brazil até os tem pos de D . José I, mas graças <í A revolução de Pernam buco, em 1817, tem até
qual, de tâ o lon ge e com recursos de coerção tão o heroico e tão sym pathico sacerdote João R ibe iro
escassos, pôde aq ui m an ter sua soberania, pelo m e­ como um dos seus chefes.
nos nas grandes linh as indispensáveis; ta l politica Q uantas outras revoluções occorreram , na inde­
pe rm ittiu -n o s fic a r quasi que a salvo da acção de­ pendência e durante o im p e rio , todas ou quasi to
prim ente que o je s u ita e s terilis a do r e o dom inicano dás tivera m a collaboração de representantes da ig re ­
in q u is ito ria l exerceram na alma da peninsula, tira n ­ ja, bastando citar-se Alencar, o padre Roma, fre i
do ao re in o , drena nd o-lhe o m elho r da sua força Caneca, F e ijó (este suspeito até de hete ro do xia),
vita l. para ver-se lo g o a im p o rta n d a de ta l contingente na
Q u ando vem o perio do po m balino, s i os dra­ organisação p o litic a d o B ra z il e na form ação do
gões e os representantes da justiça , ou antes do nosso e s p irito lib e ra l.
fisco, esmagam-nos com to d o o peso de leis dra­ Nada poderia dem onstrar m elhor do que isso a
conianas, raspando para a Europa o nosso ouro, ind ole d o nosso povo, ao qual andou ide ntifica do
com mais p e rfe ita exacção ainda do que o fizera sempre o padre b ra z ile iro secular, não só nas lutas
D. João V , em to d o caso a gu erra do poderoso dos prim e iro s annos da independencia, como o re­
marquez aos jesuítas e seu es p irito de «liberalism o conhece A rm itag c, mas até a proclamação da Re­
despotico» não poderiam m o d ific a r para pe ior, como publica.
não m o d ifica ram , as condições favoráveis á nossa Assini, pode-se diz e r que a constituição ou to r­
liberdade dc consciência que as circum standas t i ­ gada em 1824 p o r D . Pedro I estava de facto em
nham creado, havendo-nos p e rm ittid o m anter-nos vo­ correspondência com as nossas tendências no con­
luntariam e nte , sinceram ente, mas com certo desassom­ cernente á preoccupação religiosa,sendo embora m ui­
bro , no qu ad ro da catholicidade. to mais lib e ra l sob esse aspecto do que as consti­
tuições de quasi todas as republicas latino-am eri-
canas, até as decretadas em perio do m ais recente,
pe lo que info rm a o Sr. J. C . Rodrigues.
F o i mais fa c il, em to do caso, garantir-se por esse
m od o a nossa to le râ n c ia em m ateria de crença, facto
Dá-sc a fin a l aque lle te rrem o to que f o i a Revo­ para que certamente concorreu a maçonaria, por
lução Franceza. Acaba esta p o r pro d u z ir N apolcâo, o aquelle tem po tão activa e prestigiosa no Brazil, do
qual veiu apparentem ente tra h il-a , mas de facto pro- que conseguirem triu m p h a r os que se bateram depois
pagal-a, im p ol-a ao m undo in te iro n o que cila tinha pelo desenvolvim ento de ta l p rin c ip io . A e le g ib ili­
de mais essencial. dade acatholica á Assembléa G e ra l e a dispensa do
N ão tarda, integra-sc então de facto o Brazil, ju ram e nto parlam entar, no caso de escrupulo de cons­
pe lo m enos economicamente, ao m undo, pois que ciência, convertem-se em le i a fin a l; mas o projecto
I) . João V I, atira do para aqui, com in te llig e n te com­ sobre a liberdade de culto s alcançou com pleta vo­
p re he nsio de seus interesses po litic o s , declara aber­ tação apenas no Senado, e só em 1888, um anno
to s para a civilisa ção os po rtos do «novo imperio» antes, conseguintem ente, da proclamação da Repu­
que vinha crear para este o u tro lad o do A tla ntico . blica.
Essa creação, agora rcalm ente fo rçosa, tinha de N ão faz m al houvesse um lon tan o no rythm o
arrastal-o, n o entanto, a outras refo rm a s profundas com que proseguiam os em nossa acção reform ista.
e analogas, pelas quaes se tornasse na verdade fe­ T an to m ais que com o 15 de N ovem bro se rompe
cundo o program m a que os tem pos e a situação com pletamente o diq ue assim opposto á im m igra-
ção, já encetada, em to do caso, desde o gone m o de
lhe im punham .
Desde 1810 que offic ia lm e n te é declarada abo­ D. Pedro I, das raças acatholicas, que sem isso não
lid a a Inqu isiçã o para o B raz il, no p rim e iro tratado poderiam sentir-se bem á vontade aqui.
Também era tem po. A nossa nacionalidade já
que o p rin c ip e regente fez com a In g la te rra , datando
dahi o estabelecim ento de m uitas casas de negocio se achava consolidada sufficientem ente para se não
estrangeiras nos nossos principaes em porios, sobre­ receiar da absorpção só com o facto de offerecer-
tu do de inglezcs. Em consequência, p o r 1810 lan­ mos ao im m igran te perfeita s garantias de lib e rd a ­
de religiosa . Fizera-se a Abolição, que fo i a causa
çavam estes no R io a pedra fundam ental d o p rim eiro
occasional m aior p o r que a M onarchia baqueou. T i­
te m p lo protestante na Am erica do Sul.
nha-se necessidade, conseguintem ente, de a ttra h ir em
N ão era, porém , necessario que o acatholieo
advena viesse estabelecer aq ui o seu c u lto para ter- m aiores ondas do que até esse m om ento os traba­
lhos rilsso a prova de que a nossa m entalidade re­ lhadores brancos, que viessem offerecer-nos possi­
ligiosa pe lo menos não servia de ob sta culo a desen­ b ilida de s para reo rg an isar o nosso abalado systema
volver-se nestas novas plagas o es p irito libe ra l. de producção.
Desde a g u erra dos mascates, em 1710, que Foi-se, n o entanto, ao extremo, separando - se
Bernardo V ie ira de M e llo ergueu a voz fala nd o em lo g o a ig re ja do Estado e até inserindo-se em nova

O tf O O O O 73 o o o o o
IJVRO DE OURO COMME MORA T/VO DO CENTENARIO DA

bandeira, que se decretou, uma legenda sectaria, v in ­ mam-se os conventos, a que o l.n p c rio vedara o no­
da lá de fó ra em im portação recente e dc to do an­ v ic iad o e negava o d ire ito do pa trim o n io de mão
tipa th ie s por sua fo rm a prosaica. m orta. Graças á intensa propaganda nas ig re ja s e
N ão havia m uitos annos começara a fazer-se nos lares, num erosissimas vocações se pronunciam ,
quasi que unicam ente no R io a propaganda do po­ m orm ente para freiras c irm ãs de caridade.
sitiv is m o in te g ra l, isto é, com o com plem ento re­ Vistas as cousas a essa luz, conseguintem ente, a
lig io s o que A ugusto C o m tc lhe addito u já para o R epublica deu mão fo rte ao catholicism o mais do que
fim da sua carreira de philosopho. E o facto de s i houvesse m an tido as congruas, mas co.n ellas o d i­
se tornarem predom inantes os propagandistas de tal re ito do padroado, p o r que o Im pe rio sem pre fo i
d o u trin a nas p rim eira s horas do novo regim en, c que tã o zeloso.
dete rm ino u ambas essas decisões, tã o serias.
A nova bandeira quasi que só teve como conse­ T u d o isso, não obstante, é aceitavel p o r aquel-
quência levar o m undo a olhar-nos com certa c urio­ les que são firm e s c consequentes p a rtidá rio s da
sidade m aliciosa, con firm a nd o com isso ainda me­ libe rd ad e de consciência, uma vez que não venha
lh o r, de si para si, a idea que elle faz do que vem p o r fim ameaçar a p ro pria in te grida de do paiz, co.no
a ser na Am erica do S ul o que se deve chamar p ro ­ pode acontecer, si deixam os quasi desamparada de
priam ente cultura... Q u asi to dos os b ra zile iro s que soccorro e s p iritu a l, com o está, toda essa massa que
o lh am para o nosso pa vilhã o abstrahem-se desse dís­ pelo B razil in te iro continua a ser catholica, mas ne­
tico como si e lle lá não se achasse de facto... cessitada de viv e r em contacto com pastores que a
Q uanto á separação da igreja e d o Estado, to ­ entendam c sejam p o r ella entendidos, o que não se
dos vemos que, fe ita do m odo p o r que se fez, cila dá, ta lvez felizm entc, com o clero estrangeiro.
to rn o u ainda mais escassa a vocação do sacerdócio Antes um pouco da separação da ig re ja c do
secular aqui, p o r conseguinte reduziu o nosso cle­ Estado tínham os, ainda no fim da M onarchia, o re­
ro , já pequeno para a extensão d o nosso te rrito ­ g is tro c iv il mais a secularisação dos cem itérios, c
rio , e levou-o a descon fiar da R epublica, deixando com a separação tivem os o casamento civil, reform as
dc concorrer assim para que o povo ne lla confie. porque se vinham batendo ha annos os esp íritos li-
Em quanto isso. o cle ro estrangeiro, o das ordens beraes- Sómente o fa c to de se não in ip ó r a prece­
professanles, sobretudo, vac inva din do p o r toda par­ dência do casamento c iv il á ceremonia re lig io sa tem
te o pa'iz. apoderando-se do nosso ensino p rim ario sido grave m o tiv o de damno entre a gente ig n o ra n ­
e secundario, e dando ás cousas religiosa s a o rie n ­ te, para as m ulheres, pela n u llid ad e civ il d o sacra­
tação que em Roma se lhe prescreve. Tam bém reani­ m ento sem contracto legal.

PAVILHAO AMERICANO — VISTA INTERIOR

O O O O O 74 O O O O O O
INDEPENDE N C I A E D A EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

Apenas o d iv o rc io , consequência logica, — é assim ila no Brazil essas levas *de congregados es­
fo rço so reconhecel-o, - do casamento perante o tran ge iro s que frequentem ente nos chegam, como
ju iz , ainda não é p e rm ittid o entre nós, e devemos procura desdobrar-se em prelazias, conseguindo um
fazer vo to p o r que dem ore a chegar. Nesse po n to os c ardinalato bra z ile iro , derram ando arcebispados e bis­
p o sitivista s têm s id o um elem ento de ordem , c o n ju ­ pados na proporção e ás vezes além da proporção
gando seus esforços aos dos representantes de Es­ do desenvolvim ento de m ographico do paiz, e rig in ­
ta dos onde o catho licism o tem-se opposto vivam en­ do num erosissimos te m plos novos, procurando uma
te a que deitem os abaixo entre nós essa u ltim a bar­ sym biosc offic io s a cada vez m a io r co.n os governos
reira á lib e ra lid a d e em questões desta ordem . Na da R epublica, embora sem pre m al humorada com esta,
hora tu rva que atravessamos, hora de cega im itação, conquistando até na alta classe inte llectu al jovens e
sem pre pe jo ra tiv a , a costumes estranhos e de povos valiosos adeptos, conseguindo mesmo, en boa parte
organisados tã o diffe re n te m e n te do nosso, faz-se m ui­ nas pro p ria s escolas m ilita re s crear um novo estado
to m ais necessaria uma reacçâo do que u n avanço de e s p irito em seu fa vor, como fizera.n' os positivistas,
m a io r nesse te rren o. quando se preparava o 15 de Novem bro.
Si estenderm os a v is ta para fó ra da grande so­ F o tíi-s i dizer que só os sertanejos e que ainda
ciedade catholica, reconheceremos que, com as re­ sc acham estranhos a essa agitação esp iritu a l n o
fo rm as radicaes do novo regim en e a inquietação B ra z il, emquanto, com tudo, pe lo menos a gente da
es p iritu a l da ho ra presente, o catholicism o tem toda roça, aquella que é in te rm e dia ria entre elles e a p o ­
a razão, em verdade, no Brazil, para de spe rtar da pulação urbana, já se resente p o r m odo bem sensí­
co n fian te sinão apathica tra n q u illid a d e em que a Re­ vel ao menos da ind is c ip lin a social, que tra z a. de-
pu blica veiu encontral-o, ainda após a famosa ques­ sorganisaçâo do trab alh o, e que se vem pronunciando
tã o dos bispos que para o fim do reinado alv o ro ­ p a rallela ao m ovim ento de ordem religiosa . O pheno-
çara, mas passageiram ente, o alto clero. m eno de Canudos, porém, ainda não esquecido, o
Sabe-se que e lle e n trou nesta phase de grande d a q u i lie m onge d o T iba gy , o das g u errilh as no C o n ­
animação não só aqui, mas e n to do o m undo, desde te stado, com o essas incursões cada vez m ais fr e ­
antes da g u e rra . Si, porém , nos paizes acatholicos, quentes dos jagunços c cangaceiros sobre os p o ­
com o na In g la te rra , na Allcm anha e nos Estados- voados e as proprias cidades d o n o rte ; tu d o revela
U nid os, assim lhe aconteceu em consequência rde que o B ra z il é um só, e que, si o pode ser para
espontânea e considerável fluetuação em seu favor, nosso bem, poder ser também para nosso m al.
cousa que vem tã o em con trario aos calculos da Esta ebulição relig io s a que vae pela o rla do
o p in iã o g e ra l; aq ui no B razil viu e lle e está ven­ paiz não é im possível repercuta amanhã no seu amago
do, em vez disso, cada vez mais estender-se a acção sob a fo rm a de um fanatism o grosseiro, corresp on­
dos pro testan tes e ou tras seitas como nunca. dente ao estado rud im e nta r de cultura em que se
An glican os, lutheranos, m ethodistas, presbyteria- acham esses nossos pa tric io s até aqui, elles, e n tre­
nos, m a ro n istas, schismaticos, catholicos d o r ito o rien­ ta n to , que representam o cerne da nacionalidade.
ta l, druzes, judeus desenvolvem-se cada vez mais Si assim, porém , se desse, não seria estranho
aq ui, fu nd an do tem plos, estabelecendo escolas, os avivar-se ta l sentim ento casando-se com ou tros, sub­
protestantes procurando com ard or crescente fazer versivos, de caracter social, in cu tido s e explorados
pro se lytism o intensivo, os orientaes satisfazendo as p o r caudilhos que, com o a p o io de ou tros A n to n io
necessidades de es p irito de suas d ifferen te s colonias. C o n s elh eiro e ou tros M onges, se tornassem rivaes
Só quem busque informações mais precisas a este do coronel.
respeito, com o as que se encontram no trabalhado Taes cabecilhas bem poderiam evidenciar aos
liv rin h o «R e lig iõe s Acatholicas . do Sr. J. C. Ro­ o lh o s dessa gente sim ples a b u rla que para ella tem
drigues, de que ta n to me u tilis o neste rá p id o esboço, s ido a Republica, sobretudo no que respeita á ju s ­
é que pode ver a considerável im p ortâ ncia de tal tiça, esta m uito p e ior agora, — é innegavel, — de­
m ovim en to e bem m ed ir a penetração que p o r todo pendendo, scissipara, dos presidentes e governadores,
o pa iz se vae fa zendo das do utrin as christãs, sobre­ do que quando lhes ia do im perador, cuja som bra c
tu do , que se afastam da orth od oxia catholica. c u jo nome, ainda na hora actual, é o que elles mais
Além disso, si vae o po sitivism o pouco a pouco respeitam c veneram, porque m uito s e m uitos, p o r
esmorecendo com a m o rte ou o d e clina r da idade eniquanto não ouviram fa la r, siquer, de u n presidente
dos seus corypheus entre nós, o e s p iritis m o alastra da Republica.
sem descontinuar p o r to das as nossas cidades c ate Caso ta l cousa acontecesse, nesse dia pode que
p o r centros dem ographicos menores. Da população o B razil viesse a conhecer o que quer que é le m ­
urbana pro p ria m e n te d ita ta lvez que um te rç o esteja brando um a Russia antarctica castigada p o r bolche-
h o je mais ou menos contagiado p o r essa doutrin a. vis n io bastardo.
Em varias capitaes outras crenças m ysticas, Neste mom ento em que se commemora o cente­
m orm ente o theosophism o, que está fazendo moda n a rio da nossa independencia p o litic a , façamos votos
agora na sociedade elegante do R io de m is tura com p o r que esta te rra, que de tantos e tã o graves pe­
os desportos, aggravam a situação, para os olhos rig o s se tem liv ra d o , con tinu e sua evolução r e li­
catholicos, e aos do pensador accentuam aq ui cada giosa sem embates capazes de tir a r ao nosso aspecto
vez mais os característicos do m om ento e s p iritu al, em ta l sentido a amenidade, vagamente parecida com
dem onstram a inquietação religiosa, que vae p o r todo a doçura confuciana, que até aqui nos tem sido
o m tindo c iv ilis a do . p ro pria.
E, pois, in te ira m en te fundamentada a solicitude,
cada vez m aior, com que a 'g re ja catholica, não só Nfstor V ictor.

o o o o o o 75 o o o o o o
O R G A N IZ A Ç Ã O R E L IG IO S A

H IS T O R IA da Egrcja C atholica no Brasil çâo e colonisaçâo do g e n tio , o que equivale sempre


é, nas suas linhas geraes, a his to ria dizer christianisaçâo, pois no Brasil to da c iv ili-
mesma da nossa nacionalidade. E lla co­ saçâo é obra da C ru z. Aprendem a sua lin ­
meça. entre nós, justam ente, quando gua, os seus costumes para fa c ilita r o re c ip ro ­
a nossa P a tria desperta para a luz da C iv ili- co entendim ento. E aos que conseguem a ttra h ir,
saçào; ou antes, é a Egreja m csna q u e n a des­ pregam na ling ua tu p y , o rig in a l, o Evangelho
p e rta para essa luz, quem lhe ensina a dar os p ri­ e a do u trin a christâ, pro curando convertel-os á re­
m eiros passos e, maternalm ente, a encaminha, a con­ lig iã o do C rucificado. S obretudo organizam canticos
du z e a encoraja na grande e penosa estrada do cuja m elodia penetra e commove os rudes corações
Progresso. da g e n tilid a d e ; prom ovem ceremonias, actos re­
Deste modo, todos os m em oráveis acontecim en­ ligiosos d o culto e x te rio r cuja pompa im pressiona,
to s que marcam cpoca em nossos annacs, assignatam, toca dc p e rto a im aginação dos naturaes. Á p ro p o r­
d o mesmo passo, dias de ju b ilo ou de tristesa, de ção que o indio se dom estica c acceita a convivên­
triu m p h o ou de adversidade na existência da E greja cia e a re lig iã o dos catechisadores, estes o instruem
C ath olica n o Brasil. T an to a sua vida se id e n ti­ nos processos de tra b a lh o europeo, o destribuem em
fic a á nossa, á do povo b ra s ile iro n o desdobram en­ colonias para o c u ltiv o d? te rra e o desdobram ento
to das nossas ephemerides que a mesma divisã o ge­ das flore stas virgens a b rin do estradas p o r onde terão
ra l proposta para a his to ria do B ra s il — perio do de s eguir as levas de bandeirantes e descobrido­
co lo n ia l, phase dos do is im périos e epoca re p u b li­ res, p o r onde se irra d ia rá a acção dos A postolos
cana — applica-se com igu a l pro pried ad e á his to ria da dc C h ris to na sua dura fa in a de conquistar para a
E greja C atholica nesta parte da Am erica, ta l como C ivilisaçã o a te rra nova e para Deus as almas em
fe z um dos que p rim e iro tentaram , entre nós, um plena barbaria.
esboço de nossa his to ria religiosa , o Pe. J u lio M a­ Esse duplo ideal está porém radicado a um
ria, c u jo pla no adoptamos. plano p o litic o que c a fundação dc uma n a cion ali­
dade com os seus naturaes, operosa, pacifica e chris-
P e rio do C o lo nial. Coube á O rdem de S. Fran­ tã, preservada dos erros, dos vícios, das vicissitu ­
cisco a g lo ria de o ffic ia r no B rasil o p rim e iro acto des que no m om ento faziam a desgraça d o m undo
relig io s o que fo i a solcm nidade mesma de posse occidental. Eis porque, diz T heodoro Sampaio, em
da te rra nova — a p rim eira m issa aqui celebrada, paga dos benefícios que a D . João I I I devia, to d o
no M on te Paschoal. na enseada de P o rto Seguro, empenho fez a C om panhia em lhe dar os m elhores
a 26 de A b ril de 1500, sendo celebrante F rei H en­ elementos, a po nto de v ir a ser um N obrega, ao
riq ue de C oim bra, C apellâo da fro ta de Pedro A l­ fede de Thomé de Souza, «não um sim ples collabo-
vares de C abral. rador e sim o pensamento, o conselho, na fundação
C oube ainda á mesma O rdem a g lo ria de fo r­ da m etrop ole da C olo n ia , a acção mais e fficaz na
necer ao B rasil os p rim eiro s colonos e os p rim e i­ defesa desta e no seu engrandecimento»».
ros m artyres. De fa cto, tres annos após o desco­ In felizm en te a onda crescente dos europeos que
brim en to aportavam ás nossas plagas dous re lig io ­ para o Brasil em igravam , de o rd in a rio crim ino sos
sos franciscanos que ergueram um te m p lo no mesmo ou aventureiros sem escrupulo , tentados p e lo ganho
local de P o rto Seguro onde fô ra levantado o altar fa cil e pela fo rtu n a sem trab alh o, começou a p re ju ­
em que celebrara F rei H e n riq ue ; e nesse mesmo dicar a ob ra fo rm idá vel dos Jesuítas, escravisando ou
te m p lo fo ra m trucidados pelo barbaro ge ntio . corrom pendo os ind ios civilisados. E taes obstáculos
O s Jesuítas porém culm inaram nesse p rim e iro lhes oppuseram que os filh o s de Santo Ig na cio aban­
perio do de form ação da nossa nacionalidade. A 20 donaram o litto r a l embrenhando-se pelos sertões.
dc M arço de 1540, sob a direcção do Pe. M anoel da «Percebeu M anuel da N obrega, de pro m p to, que a
N obrega, aportaram ao Brasil os p rim eiro s religiosos região littora ne a não era a zona p ro picia para a
da C om panhia de Jesus, acompanhando T hom é dc grande obra que se ia em prchender; d ’ah i a escolha
Souza, o p rim e iro G overnador G e ra l. de um local além da Serra do M ar on de se fu n ­
In stallam -sc na Bahia, séde da adm in istração ge­ dasse «de novo, um povo prin cip ia d o cm s in ce ri­
ral, e em preheiidem o árduo trab alh o dc approxim a- dade, verdadeira re lig iã o e am or de C hristo» , na

o o o o o o 76 o o o o o o
SERRARIA . CARPINTARIA

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C A S A f ‘A O t l R A 3
FU N D A D A E -M IÔ 7 C
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J e le p k N p fe T E 2 Í5 5 A B.C.Cod** 5r' Edição melhorada

E. IR . O

Geladeira “ RUFF1ER,, — Rio de Janeiro.


CENTENARIO DA IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO

phrase do chro nista da p ro v iilc ia do Brasil» (A ffo n s o cm toda a Am erica, sempre victorioso s na sua acção
d'E scra g n o llc T au na y). c iv ilis a do ra em relação aos indios mas sempre com ­
F oi S. P a ulo esse te rre n o escolhido pelos Je­ ba tido s pe lo desregramento e am bição dos colonos.
suítas para a nova ie n ta tiv a de form ação da pa­ C om o testemunho dos hom éricos esforços de
tria b ra sile ira . A hi organisaram elles um nucleo de N obrega c Anchieta, pela civilisação dos gentios, re ­
resistência da civilisação con tra o ambiente colonial, gis tra a H is to ria a fundação, em d im in u to perio do,
não só pela rudeza do elem ento indigena mas so­ d e 6 casas de educação, assim d is tribu íd as : S. Paulo,
b re tud o pela baixa m oralida de d o elemento europeo. R io de Janeiro, Bahia, P ira tin in g a , S. Vicente e
Só assim fo ram possíveis a ordem e a discip lin a P o rto Seguro.
necessarias á vida urbana, de que resultou a conquis­ Nobrega e Anchieta são as duas fig u ra s proe­
ta da te rra e do homem. E a obra mesma dos «ban­ m inentes da epopea dos Jesuítas no p e rio do colo­
deirantes», tã o diversam ente julgada, mas á qual n ia l, tã o dedicados á causa da E g re ja e á g lo ria de
devemos a revelação da espantosa extensão do nos­ Deus nas terras novas da Am erica quanto id e n tifica ­
so te rr ito r io , e em grande parte a posse de tã o v u l­ dos no grande ideal de c o n struir aq ui uma naciona­
tu oso p a trim o nit). não te ria podido se realisar sem a lida de fo rte , liv re , independente. Estes dois vultos,
acção in ic ia l daquelles pacificos batalhadores. d iz Rocha Pombo, (H is to ria do B ras il, vol. I l l ) f i ­
M aravilho sos fo ram cm verdade, desde os p r i­ caram para sempre na nossa H is to ria , e na phase
m eiros tem pos, os e ffe ito s da catechese dos Jesuí­ heroica em que ella reveste algum a cousa mais do
tas. N um erosos povoados constituiram -se no sertão que interesse restricto de nação, po is que sahe da
de S. Paulo, vivendo em plena harm onia os natu­ vida do p ro p rio C on tine nte para e n tra r nos annaes
ra es c os europeos, legalm ente estabelecidos entre d o m undo pela firm esa, perseverança c indefectível
elles laços de sangue c perm uta de interesses. C on­ v a lo r com que se fizeram m edianeiros das duas ra­
seguida uma certa estabilidade na vida dessas popu­ ças, im pedindo o exterm in io ou a com pleta degra­
lações, porque distanciadas do litto r a l, ficavam agora dação dos aborígenes — estas duas grandes fig u ­
a salvo dos ataques dos corsá rio s; e rep rim id as v io ­ ras, pertencem legitim am ente á hum anidade: hão de
lentam ente as mais sérias investidas das trib u s que crescer com o tem po; não anda lo n g e o dia em que
lhes eram hostis, estas cada vez mais se affastavam um a visão m ais clara ou um sim ples ins tin cto mais
de taes populações. N aturalm ente com o seu desen­ luc id o para abranger to da a grandesa do drama his­
vo lvim e n to cresceram as suas necessidades e as suas to ric o — ha de destacar naquelle p e rio do a funeção
ambições. Assim , fosse para a conquista de braços daquelles homens, a m ais augusta que já coube na
para o amanho das terras, fosse para a conquista te rra a um ideal re ligioso . A o la d o desse idéal t i ­
das fabulosas riquezas que se dizia existirem nos ser­ veram também aquelles homens, na form ação da pa­
tões d o paiz, os colonos organisaram verdadeiros tr ia e da nacionalidade fu tura , um papel que os
exercitos que cortando o pla n a lto paulista em todas colloca na p rim eira plana, entre os antepassados a
as direcções destruíram a fe rr o e fo g o esses centros quem mais devemos as homenagens do nosso cu lto
de vida laboriosa e pacifica, apossando-se pela v io ­ c ivioo : elles nos ajudaram efficazm ente a defender
lência dos in d ios, das suas m ulheres e de seus bens, e a guardar o te rrito rio » .
perseguindo c encarcerando os re ligios o s que s up erin­ As prim eira s ordens religiosas a se estabelece­
tendiam a vida dessas populações. rem no Brasil, após os Jesuitas, fo ra m os Benedicti-
Taes factos, como era fa c il prever, determ inaram nos em 1581,- o s Franciscanos Capuchinhos em 1585,
a fu ga dos ind ios para os seus antigos aldeiamen- e po uco depois os C arm elitas Observantes e os C a r­
tos, po rta n to o desbarato e o a n n iq uilam en to dos m elitas Descalços, na epoca da colonisação da Pa-
povoados, ou antes, a ru ina dessa mais larga te n­ rahyba e sob o governo de M anoel T elles Barreto.
ta tiva dos Jesuítas para a organisação da pa tria bra­ Os Benedictinos que se estabeleceram p rim eiro
s ile ira , con firm a nd o assim as previsões desses de­ na cidade do Salvador da Bahia, de ntro em pouco
cidid os A p ostolos de C h ris to , de que os m aiores elevavam uma abbadia no R io de Jan eiro e outra
tropeços que teriam de vencer para o desenvolvim en­ em O lin d a . A lgum tempo depois contavam sete abba-
to da E g rcja no Brasil lhes v iria m antes da parte dias c varias presidências.
dos europeos e seus descendentes do que p r o p r i­ Os C apuchinhos cuja introdução entre nós é
am ente dos selvicolas. devida a Jorge de Albuquerque, installaram -se no
E sabido que o p ro p rio clero secular que para Recife, na erm ida de Nossa Senhora das Neves,,
aq ui tinh a vin d o era nas expressões mesmo do Pe. em 1585. Organizaram-se a p rin c ip io em uma p ro ­
M anuel da N obrega. «a escoria d o que havia em P o r­ vincia independente que depois se d iv id iu em duas:
tugal», te nd o aqui m ais o ffic io de dem onios que uma na Bahia e o u tra no R io de Janeiro.
de clérigos». Não pouco desse lam entável estado de Os C arm elitas Observantes fu ndaram conventos
cousas acaba de ser revelado pelos docum entos noje em O lin d a e Santos, con s titu in d o duas provincias
publicados, da p rim eira visitação d o Santo O ffic io independentes, uma no N orte e o u tra no Sul.
(S erie E duardo Prado — P rim e ira Visitação do Santo Todas estas ordens influ íra m poderosamente na
O ffic io ás partes do B ras il, pelo licenciado H e ito r fo rm ação artística, intellectual, economica e po litica
F urta do de Mendonça Confissões da Bahia, 15Q1- da nossa nacionalidade. Uma te r-se-ia dedicado mais
92 Ed. Paulo Prado, S. Paulo 1522). cspccialm cntc a esta ou áquclla m odalidade dos p ro ­
S Paulo fo i de fa c to a obra de mais fecundas blemas moraes ou economicos da nova T erra am e­
consequências para a civilisa ção d o Brasil, devido ricana. E certo porém que de to dos cuidavam todas.
ao genio e á fc dos filh o s de Santo Ignacio. Mas Assim , ta nto os Benedictinos quanto os Fran­
essa ob ra fo i adm iravel em to d o o Brasil, como áliás ciscanos e os C arm elitas, a exem plo dos Jesuitas,

o o o o o o 77 o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORÁTIVO DO CENTENARIO 1>A

d o embarcado para Lisboa a chamado de D . João I II


exerciam os trab alh os de conversão do g e ntio , e d i­
para tra ta r de negocios da sua diocese, naufragou
ficação de tem plos, de escolas, de asylos, de obras
na enseada chamada dos Franceses, sendo devorado,
publicas, etc.
com os seus com panheiros de in fo rtú n io , p o r selva­
Na mesma epoca fundaram -se n o B ra s il varios
gens antropophagos que viviam naquella região.
conventos de re lig io s a s , sendo o p rim e iro o de Santa
Ainda por espaço de 12 annos o B ra sil não
C la ra , na Bahia, em A b ril de 1677.
teve sinâo esse Bispado cujas te rras fo ra m desanne-
P o r esse te m p o organisava-se o clero secular e
re g u la r que c o n s titu iu a fin a l um a b rilh a n te phalan­ xadas da m itra do Funchal em P o rtu g a l. Sómente em
22 de N ove m b ro de 1676 fo i o Bispado d o Salva­
ge em que se notavam oradores, poetas, escriptores,
d o r elevado á categoria de A rcebispado e m etropo­
chronistas, h is to ria d o re s , fig u ra s de um grande re
levo inte lle c tu a l, de fc in tre p id a e nobre dedicação litan o, pela b u lla In te r pa sto ra lis o l/ic ii, d e Innocen-
á causa pu b lic a do B ras il. cio II.
Nesse mesmo dia fo ram creadas as dioceses suf-
Qraças á in flu en c ia re lig io s a nascem nesta epo
ca varias ins titu iç õe s de caridade com o mesmo es­ fraganeas de S. Sebastião do R io de Jan eiro e de
O lin d a ; e no anno seguinte, em 30 de Agosto, a
p ir ito das que cob rira m a E uropa na Id ade M ed ia :
hospedarias para os p e rig rin o s , ho spita es para os en­ Sé do M aranhão, suffraganea d o Arcebispado de
fe rm os, dispensários para a lim e n ta r e v e s tir os po­ Lisboa.
Quasi 50 annos se passaram para que novas d io ­
bres, sociedades para e n le rra r os m ortos, educar e
ceses fossem creadas, sendo estas as do Belém do
d o ta r os orphãos desvalidos, etc.
Datam desse te m p o a Santa Casa de M is e ric o rd ia Pará, em 4 de M arço de I71Q, e as de M arianna
d o R io de Janeiro, a de Santos, a de V ic to ria n o e de S. P a ulo a 6 de Dezem bro de 1745.
E s p irito S anto, a de O lin d a , a da Bahia, a de S. Pau­ C o n s titu in d o pois o escol da sociedade aqui o r-
lo e outras, que desappareceram, em M inas, n o Es­ ganisada. po rta n to exercendo d icisiva in flu en cia in ­
ta do do R io, Santa C atharina, etc. tellectual v is to que contava no seu g re m io figu ras
É igualm ente desse te m p o o famoso c o lle g io como M o n l’ A lverne, Souza C aldas, Jan ua rio da Cunha
de Caraça que ainda ho je existe em M in as Qeraes. Barbosa, José M au rício , Frei Francisco d e S. C arlos
D ata de 1551 a creaçâo d o p rim e iro Bispado no Sampaio, Frei Bastos, etc., a E g re ja não podia deixar
B rasil que fo i o d o Salvador da Bahia, suffraganeo de pesar de um m odo preponderante na vida p o li­
do de Lisboa, c u j-' p rim e iro p re la do fo i D . Pedro tica do Brasil. O m ovim ento da Independência é
Fernandes Sardinha, c lé rig o d o h a b ito de S. Pedro. na sua mais rig oro sa expressão um m ovim ento ca­
Apenas q u atro annos du rou a sua gestão porque te n­ th olico em que pese ao papel desempenhado em

O O O O O

PAVILHÃO AMERICANO VISTA INTERIOR

.o .o .o .o o . o 78 o o o o o o
IN DEPENDÊNCIA I; EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ta l acontecim ento, pela m açonaria brasileira. Com como a recusa da con tribu içã o do d in h e iro de São
m uita razão assignaloii o Padre J u lio M aria que o Pedro, a attrib u iç ã o conferida ás Assembléas Pro-
p e rio do c o lo n ia l, pela profundeza, vivacidade, cnthu- vinciacs de le g is la r sobre divisão ecclesiastica, so­
siasmo do sen tim en to catho lico em to das as suas ma­ bre conventos e quaesqtier instituições religiosas. Um
nifestações, nas sciendas, nas le ttra s , na arte, na decreto tir o u ás O rdens o seu caracter r e lig io s o ; um
eloquência, nos claustros, na p o litic a , na vida do povo aviso deu ao Im pe ra do r a com petenda de nomea­
b ra sile iro , fo i para a E greja, no B ra s il — o esplen­ ção e apprcsentação de to dos os benefícios eccle­
d o r da R eligião». siasticos e dignidades, independente de consultas ou
propostas a pre la do s ou p o r prelados. C om razão
fo i d ito que «a legislação do im p erio, no prazo de­
Im p e rio . - V ic to rio s o o m ovim en to da Indepen­ c o rrid o de 1827 a 1889, é uma cmmaranhada rêde
dência, e proclam ado o Im pe rio do B rasil foi desde de alvarás, consultas, resoluções, avisos e regula­
lo g o reconhecida a cooperação da E greja no gran­ m entos, em cujas malhas o im p erio trazia presa e
de acto da nossa emancipação p o litic a . E me­ manietada a Egreja».
nos ainda conto um gesto de g ra tid ã o d o que pela D is to resu ltou a decadência da E greja no Bra­
verificação de que o C ath o lic is m o era um facto na s il pela degradação das ordens religiosas e despres­
vida nacion al, a C on stituiçã o P o litic a de 1824, a tig io do clero. A lte ra da a vida inte rna das commu-
C arta M agna do Im pe rio no seu a rt. i . " dispunha: nidades p o r e ffe ito mesmo da acção dissolvente do
«A re lig iã o C ath olica Apostólica Romana continuará Estado, o go vern o em lug ar de em prehender a sua
a ser a re lig iã o d o Im perio». reform a tra to u de e x tin gu il-a s . Para a realisação deste
De fa cto, D . Pedro I e os homens que o r o ­ plano s u rg ira m as le is de 1830, 1831, 1835 e 1840
dearam nos m om entos d iffic e is da nova ordem de em v irtu d e das quaes fo i determ inada a extineção
cousas estabelecidas no Brasil, appellaram principal- da C ongregação dos Padres de S. Felippe N ery, em
mente para a E greja, para com o seu p re s tigio ven­ Pernam buco; dos C arm elitas Descalços e Capuchi­
cerem os obstáculos que ameaçavam a obra da in ­ nhos, na mesma P rovincia, em Sergipe e na Bahia.
dependência. E não contentes d o recurso ao clero O u tros actos governamentaes p ro hibiram o noviça-
nacional enviaram ao Papa então reinante uma em­ do, negaram beneplacito a rescriptos do Internun-
baixada con fiad a a um Sacerdote, M onsenhor Fran­ cio, etc. E para m a io r desmoralisaçâo da Egreja,
cisco C o rrê a V id ig a l, com o fim especial de conse­ um aviso m in is te ria l deu a re ligios o s a libe rd ad e de
g u ir o reconhecim ento d o no vo Im p é rio pela C ôrte v iv e r fó ra dos seus claustros!...
da Santa Sc. Si taes cousas se passavam nas ordens m onasti­
S u rg ira m d ifficu lda de s na realisação desse de­ cas, era sim plesm ente in q ua lificá vel o que se obser­
side ra tu m , não sóm ente pela provada inhabilidade vava no cle ro secular. Os padres, em grande numero
do agente d ip lo m á tic o de Pedro I com o ainda pelas filia d o s á maçonaria, e os que o não eram, tendo
delicadas circunstancias cm que se encontrava no e n tretan to ideas sensivelm ente gallicanas e jansenis-
m om ento da C ô rte P o n tific ia , s o ffre n d o grande prote­ tas, perderam em grande parte o senão da obediên­
lação este reconhecim ento. Em quanto isto uma cia e am o r da d is c ip lin a . Entregues á p o litic a par-
atmosphera de quasi h o s tilid a d e ia se form ando tid a rin eram b s dóceis instrum entos do regalism o im ­
contra a E g re ja nos meios p o litic o s do novo Im pe­ pe ria l nas suas investidas con tra a E g re ja, compro-
rio . Só assim sc comprehende que após esse tão m etten do a R e lig iã o e a si p ro p rio s . R om ualdo de
so lic ita d o reconhecim ento, o p rim e iro passo dado pela Seixas, d e po is A rcebispo da Bahia, M arcos de Souza,
Santa Sé para entrar em relações com o Im p e rio — depois B isp o do M aranhão, D . José Caetano, Bis­
a nomeação d e um N un cio — fosse obstado porque po do R io de J aneiro. M onsenhor V id ig a l, Conego
o G o verno bra s ile iro se op po z a prover as des­ V ie ira da Soledade, D io g o A n to n io F c ijó , M ig ue l
pesas desse dip lom ata , conhecendo como conheciam Reinaut, M onsen ho r Pizarro, Conego Januario da
os nossos p o litic o s os embaraços financeiros de então, Cunha Barbosa, Rocha Franco, José C u sto d io Dias,
d o thesouro p o n tific io . Um o u tro fa cto interessante José Bento Le ite F erreira de M e llo — taes eram os
é o to m im p erioso que tom ou a nossa correspondên­ representantes niais eminentes desse cle ro divo rcia­
cia dip lo m á tic a com a Santa Sc, s ig n ific a tiv o pre­ do do verd ad eiro e s p irito do sacerdócio catholico,
nuncio da fe ição regalista que iam assum ir as rela­ p o rta n to dos seus deveres de padres e de homens
ções do Estado com a E greja n o B ras il, o que não de fé , mas sobre quem as solicitações da p o litica
se deve estranhar, dadas as tradições herdadas da tinham o m a io r im p e rio , mesmo quando se tratava
po litic a portuguesa, maxim e após a nefasta in flu e n ­ de u ltr a ja r e esp o lia r a Egreja.
cia do M arquez de Pombal. C om o consequência d is to esmoreceu n o clero o
Ficou estabelecido entre os estadistas do p r i­ g o sto da evangelisaçào, nunca subindo os padres
m eiro Im p é rio que «o Estado tem d ire ito de p o li­ e mesmo os Bispos ao p u lp ito para exercer o ma­
cia sobre o c u lto re lig io s o , o d ir e ito de inspecção gis te rio da palavra sagrada. Então a trib u n a dos tem ­
sobre a d o u trin a c a dis c ip lin a » ; que a nomeação plos fo i invadida pelos discursadores, alguns realm en­
de Bispos e provim ento dos benefícios é funeção te b rilha nte s, em quem as louçanias do estylo sub sti­
im p lic ita da soberania nacional, etc., e assim, de tuíam a scienda das Lettras Eternas, e a eloquên­
accordo com essas d o utrin as subversivas, Pedro I cia, perdida toda a micção religiosa , fic o u sendo pu­
usurpou os d ire ito s de P a d ro e iro da Egreja n o Bra­ ram ente litte ra ria , verbal.
s il, sub ord in ou ao seu a r b itrio as bullas do Santo M as tu d o is to não sc passava sem que de ntro
Padre e a au to rid ad e dos Bispos brasileiros. da p ró p ria E g re ja se operasse um m ovim ento de
O u tro s actos de ho s tilid a d e foram rcalisados. reacção. Congregações como a dos Lazaristas pro -

o o o o o o 79 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

curavam , num esforço suprem o, do m in ar a anar- proclam a o d o m in io da laicidade. A pa sto ra l então


chia reina nte. Vieram depois a u x ilia l-y s nesse be- publicada pelos Bispos bra sile iro s em co n ju n c to , la­
nem erita missão, os Salesianos, os M issio ná rio s vra o pro testo da E greja contra esse esb ulh o fe ito á
de S. Vicente de Paulo, as Irm ãs de C aridade, consciência catholica da Nação.
os R cdem ptoristas e ou tras instituições religiosas. Taes, porém, eram as dolorosas circunstancia s
O advento do segundo Im p e rio não m od ifico u, de veixam e e de tris te submissão que o regim en de-
si não aggravou, este estado de cousas. Pedro II eahido im pusera á E greja, que apezar desta vio lê n ­
fo rm ara o seu e s p irito nessa atmosphera de pre ven­ cia in ic ia l, não se póde de ixar de reconhecer que o
ção c on tra a Egreja. Joaquim N abuco confessa que Q overno P ro v is o rio restituía á E greja n o B ra sil uma
elle «tinha o es p irito fo rte m e n te im b uid o do precon­ grande parcclla da sua liberdade, sob retu do o d ir e i­
ceito anti-sacerdotal. E lle não era propriam ente a n ti­ to de se governar a si mesma, em p e rfe ita obedien
c le ric a l; o que não lhe inspirava interesse era a cia á au to rid ad e d o C hefe suprem o do C ath olicism o .
p ró p ria vocação re lig io s a : evidentem ente o padre e o Este fa cto fo i também salientado na p rim eira
m ilita r eram aos seus olh os de estudioso infa tigá vel pastoral collectiva de 1890.
das sciencias, si não duas fu tu ra s in u tilid ad es sociaes, Mas o veso a n tig o de p re te rir a E g re ja , nos ho­
duas necessidades que elle quisera u tiliz a r m e lh o r: o mens publicos do paiz, não ta rd ou a se m anifestar
padre fazendo-o também mestre-eschola, pro fesso r de na Republica, e a o p po rtun ida de su rg iu quando se
u n ive rs id a d e ; em vez do m ilita r, um mathematico, as- tra to u das instrucçôes eleitoraes para o rg a n is a r a
tro n o m o , chim ico, engenheiro». Assembléa C o n s titu in te . Então fo i negado aos re­
Deste modo, insciente e ign oran te da alta missão presentantes de C h ris to o d ire ito de vo to , portanto
d o Sacerdote, a que nenhuma o u tra ha que se com ­ as pre ro ga tivas de cidadão bra s ile iro . O s Bispos bra
pare mesmo em u tilid a d e social, o e s p irito cred ulo do s ile iro s levaram in u tilm e n te o seu pro te sto ao Che
soberano, demais a m ais trab alh ad o pelas ideas revo­ fe do Q o verno P ro v is o rio . Assim a p rim e ira assem­
lucio na rias da Encyclopedia e pe la mania de o ffe - bled da R epublica se co n s titu iu com exclusão abso­
recer ao m undo o m od elo de um p rincip e visceralmen- luta dos m in is tro s da E greja.
te dem ocrata, lib e ra l, poude ser facilm ente conquis­ Conhecidos o s term os da proposta o ffic ia l da
ta do pelos incansáveis in im ig o s da Egreja, servindo C arta P o litic a da R epublica em que novas violências
incouscientem ente aos seus inte ntos. A questão re­ eram inculcadas c on tra a consciência catho lica e os
lig io s a que no fim do seu re ina do agitou a op iniã o d ire ito s da E greja no Brasil, os Bispos fizera m ou v ir
pu b lic a c levou ao cárcere as duas mais brilhantes o seu pro testo n o seio da Assemblca C o n s titu in te .
fig u ra s do Episcopado b ra s ile iro , caracterisa perfei- Esta proposta reconhecia o regim en de pre terição
ta m ciu e os sentim entos do M onarcha e dos que o im posto aos d ire ito s p o líticos d o clero catho lico , in s ti­
acesso ravam no go vern o do paiz, em relação á Egre­ tuía o casamento c iv il im pondo a sua precedencia
ja C ath olica . E o tris te desfecho deste sensacional ao casamento re lig io s o , m antinha a e xp ulsã o dos
acontecim ento, do m esm o passo que trou x e novo Jesuítas effectuada no Im pé rio , espoliava as in s ti­
desalento aos -arraiaes onde se operava a reacção em tuições religiosas da sua propriedade sobre os ce­
fa v o r da re lig iã o christã , accendeu ainda m ais a m itérios , m an tinh a a prohibiçâo d o n o viciad o nas
ancia do regalism o do Estado contra as crenças do ordens monasticas c acabava com o ensino re lig io s o
po v o brasileiro. nas escolas publicas.
Assim se comprehende porque ao chegarmos a Estabelecido o debate na C o n s titu in te algum as
1889, quasi trezentos annos depois da nossa desco­ destas violências deixaram de ser sancionadas, sem
be rta, contássemos um num ero tã o insig nifican te de que todavia nem nas conquistas ob tida s pela E g re ja
dioceses — apenas 12 — e com pletamente descurados nem nas preterições por ella s o ffrid a s nesta reu nião
os m ais sagrados interesses da Egreja. p c litic a , houvesse predom inado um a co rre n te de ideas
Força é con vir que não exagerava o autor da religiosa s ou philosophicas, ta nto os hom ens agiram
no tá vel «M em ória sobre a R e lig iã o C atholica, pu­ a lli sem o s entim ento nem a solid arie da de de p a r­
blicada no L iv ro do C en ten ario (1500 a 1900): «Com­ tidos.
parado á colonia, que fo i o esplendor, o im p erio fo i, C om o quer que fosse, ficava d e fin itiva m e n te es­
pe lo reg alism o , pelo enfraquecim ento das ordens re­ ta belecido n o B ra s il o p rin c ip io do lib e ra lis m o m o­
ligiosa s, pelo d e spre stigio d o clero, pela rapidez da d e rad o: «a E g re ja liv re no Estado livre ».
reacção catholica na questão religiosa , e, finalm ente, Força é confessar que a esse te m p o a E g re ja
pe lo racionalism o, e scepticismo das classes d irig e n ­ fazia progressos consideráveis entre nós. A vinda de
tes — a decadência da religião ». novas ordens religiosa s, como os Salesianos e Re-
dem ptoristas, a revogação da exp ulsã o dos Jesuitas,
p o rta n to o seu regresso ao Brasil, a revogação d o
P e rio d o rep ub lica no . — Realisada a tran sfo rm a­ in te rd ic to que p ro h ib ia o noviçado, determ inaram um
ção d o regim en p o litic o do paiz com a proclam ação da reflorescim ento das congregações re lig io sa s e da vida
R epublica a 15 de N ovem bro de 1889, novo ale nto de devoção no paiz. As instituições beneficentes, as
cobraram os p io ne iro s da causa catholica. Ê certo que que já existiam , ganharam novo im p u ls o ; ou tras m u i­
um dos prim eiro s actos do Q overno P ro v is o rio fo i tas, numerosas se fundaram , como as M ise rico rd ia s
decretar a separação da E greja d o Estado. de O u ro P reto, S. João d ’ EI-R ey, D iam an tina , C am ­
Em p rin c ip io deveria rep ug na r á E g re ja a con­ panha, F orm iga, B o m fim , M ontes C la ro s, Ju iz de Fóra
sagração, pelos estadistas republicanos, da d o u tri­ e M a r de H espanha em M in a s ; em S. Paulo, na
na eminentem ente revolu cion aria, que in te rd iz na eco­ C a p ita l, além da Santa Casa de M ise ric ó rd ia , o
no m ia dos negocios publicos a influencia relig io s a e A s y lo de M endicidade, a Casa Pia de S. Vicente de
UflBOfiniTRO.ÉOnaüOílErtAíS s a io OWWIENTOwUnACASA
M porumcepo ctaqua-nmuuteie j infiCtranoJno orqa- §
nLxno-oqtrmeridt urnadoença morta/.eraroMoBribue K
IT atixpreeuuokquHt.aonqtmPrumodomeajarnar rouòa o f»
fm joeiro eemmmlaj ccuar apropria eida. W

FILTRO FIEL — Rio de Janeiro.


IN DEPEN D ESC I A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

ordens monasticas e o ensino re lig io s o nas escolas m agistrado, attesta eloquentem ente o esforço da E g re­
Paulo, o O rph an ato C h ristova m C olom bo, o Asylo ja em p ró l da sociedade bra sile ira po is que são
de Nossa Senhora A u x ilia d o ra , o A s y lo do Bom Pas­ catholicos quasi todos os in stitu to s de assistência
to r, o E x terna to das Irm ãs de S. José, o A s y lo de no R io, e na sua m aioria, verdadeiram eute m od ela­
N. Senhora da Lu z n o Paraná, o A sylo de O rpliãs res.
em C u rity b a , um A s y lo de A lienados e tres hospi- N ão somos dos que attribuem ás virtud es d o
taes de M is e ric o rd ia na C a p ita l d irig id o s pelas Ir ­ vige nte regim en p o litic o os notáveis progressos da
mãs de S. José; o ho s p ita l do D esterro em Santa E greja C atholica n o Brasil.
C atharina a cargo das Irm ãs da D iv in a Providencia, Julgam os mesmo que devemos salientar o se­
hospitaes em A n to n in a , S. Francisco e Laguna; hos- gu in te fa cto: precaria como era a situação m ate ria l
pitaes no R io O ra n d e e em P o rto A le gre. No Es­ da E g re ja entre nós, nos tempos do Im perio, não
ta do do R io, entre ou tros hospitaes fundam -sc os obstante, visto que se m antinha o ensino re lig io so
de S. João B a ptista, em N icthe ro y, Angra dos Reis e eram respeitados ou tros tantos laços entre a E g re­
c Vassouras on de se fu nda também um asylo para ja e o Estado, a sua influ en cia m oral era cm to das
orphãos. Nas capitaes de Pernam buco e E s p irito San­ as classes sociaes, s obretudo nos lares brasileiros,
to fundam -se M is e ric o rd ia s . Na Bahia fundam -sc o mais considerável do que ho je em que a sua situ a ­
co lle g io c a Casa da Providencia, a casa dos Expos­ ção m aterial encontra-se m ais ou menos consolidada.
tos, o c o lle g io do Coração de Jesus, o orphanato E isto, porém , uma questão m u ito com plexa,
de Nossa Senhora da Salette e o A s y lo das Irmãs e a que só o te m po responderá. Os factos presentes
do Bom Pastor. são, realm cnte, c o n tra d itó rio s e negam base a um
Na C a p ita l da R epublica não tem quasi conta as ju is o sereno c im p arc ial. Factos como o Congresso
instituições desta naturesa devidas ao fe rv o r catho­ E u charistico rcalisado na C a p ital da Republica, em
lico. Além das sociedades de S. Vicente de Paulo, no- com m eiuoração do p rim e iro C on tcna rio da nossa
tam-se: o A s y lo das Crianças Desamparadas, o A sylo Independência, e em que a fa m ilia brasileira, sobre­
dos In va lid o s da P a tria , o A s y lo Isabel, os Asylos tu d o , como que fo i pela sua fé catholica que se
de S. Francisco de Assis dos m endigos, de orphãos q u iz a ffirm a r aos olhos do m undo, se não podem
de S. Francisco de Paula, das orphãs da Santa Casa te r a p ro fun da s ign ificaçã o das victorias sociaes, que
de M ise ricó rd ia , d o s orphãos de Santa M a ria , dos só a lu ta n o d o m in io p o litic o concede, e assegura,
orphãs da Sociedade Amantes da In strucção, do Bom são, pe lo m enos, s ign al, evidente prova de que a
Pastor, da Ve lhice Desamparada; hospitaes dos La- sociedade b ra s ile ira ainda se não deixou envenenar
zaros, do E x e rc ito , da M arinh a, de Santa Izabel, pt-lo agnosticism » o ffic ia l, que tu do tem fe ito , se
M ilita r do A n da ra hy, da Penitencia, de S. Francisco bem que m ais por persuaçâo que p o r violê ncia,
de Paula, de S. João Baptista, de S. Sebastião, /da para degradal-a d o po nto de vista da sua finalidade-
Sociedade P ortugueza de Beneficencia, da V. O. T . es p iritu a l
dos M in im o s de S. F rancisco de P a ula ; o recolhim en­
to de Santa T hereza, o A s y lo das M en in as In dige n­
tes, a Casa dos Expostos e ta ntas ou tras cuja enu­ J ackson oe F ioueireoo .
meração é quasi im possível fazer. e P erillo Q omes .
Na vida p ro priam en te da E g re ja é ju s to assi-
gnalar o augm ento das dioceses. Em 1893 são crea-
das as de N ic th e ro y , Amazonas, Parahyba, Paraná
e E s p irito Santo.
A ctua lm c ntc existem n o B ra s il 13 Provincias
O Brasil está dividido em 12 arcebispados, (>
Ecclesiasticas representando um to ta l de 52 Bispa-
prela/ias ecclesiasticas c 3 prefeituras apostólicas.
pados e A rceb ispa do s; 7 Prelazias Ecclesiasticas e Os 12 arcebispados são:
3 P refeitu ra s A postólicas.

1) Arcebispado Metropolitano do Pará, compre­


hende as dioceses suffraganeas que sâo os bispados
E ntre os fa c tos m ais notáveis da E greja, na Re­ do Amazonas, Maranhão e Piauhy.
publica, devemos c ita r a creação de um cardinalato 2) Arcebispado Metropolitano do Ceará, cujas
no B rasil, no qu al fo i in v e s tid o o Exm .° Sr. D. Joa­ dioceses suffraganeas são os bispados de Crato e
quim Arcovcrd e de A lb uquerque C avalcanti, Arce­ Sobral.
bispo de S. Sebastião do R io de Jan eiro (anno de 3) ArcebispadoMetropolitano de Olinda, com
as suas dioceses suffraganeas que sâo os bispados
1905) e a elevação á categoria de Em baixada da nossa de Pesqueira, Garanhuns e Nazareth.
representação d ip lom átic a ju n to á Santa Sé (anno 4) Arcebispado Metropolitano da Rahia (primaz
de 1919). do Brasil), comprehendendo os bispados de Cactitc,
Note-se ainda que são h o je quasi sem conta as llhíos c Barra.
5) Arcebispado Metropolitano do Rio de Janeiro,
institu içõe s catho lica s de ensino, de caridade, de de­ cujo arcebispo, D. Joaquim Arcoverde Albuquerque
voção, etc., espalhadas por to d o o Brasil, bem como Cavalcante, foi elevado ás honras cardinalícias, sendo
as ordens re ligios a s que a q u i trabalham pela grandesa o primeiro e unico cardeal da America do Sul. Com­
de nosso paiz. O recente trab alh o publicado pe lo prehende como dioceses suffraganeas os bispados do
Sr. D ezem bargador A ta u lp h o de Paiva, sob os aus­ Espirito Santo c Nitheroy.
6) Arcebispado Metropolitano de S. Paulo, cujas
pícios da P re fe itu ra do D is tric to Federal (t.Assisten dioceses suffraganeas são os bispados de Campinas,
cia Publica e P rivada no R io de Janeiro»), tra b a lh o S. Carlos do Pinhal, Taubaté, Botucatú, Ribeirão
que fa z ho nra á operosid ade e dedicação do illu s tre Preto c Curityba.

O O O O O O 81 O O O O O O
1.1VRO DF. OURO COMME MORATIV O DO CENTENÁRIO

7) Arcebispado Metropolitano de Mariana, com­ As fi prelazias ecclesiasticas são:


prehende os bispados de Pouso Alegre, Uberaba,
Goyaz, Caratinga, Porto Nacional, Guaxiipê. Campa­
nha, Bello-Horizonte e Aterrado. 1) Prelazia de Santarém.
8) Arcebispado Metropolitano de Porto Alegre. 2) do Registro do Araguaya.
cujas dioceses suffraganeas são os bispados de Pe­ 3) do Rio Branco.
lotas, S. Maria, Umguayana e Florianopolis. •I) do Acre,
d) An ebispado Metropolitano de ('uyabá. que 3) da Conceição do Araguaya,
tem por dioceses suffraganeas os bispados de Corum­ d) >- dc Bom Jesus.
bá c S. Luiz de Caceres.
10) Arcebispado Metropolitano da Parahyba.com-
prehendendo os bispados de Natal e Cajazeiras. As 1 prefeituras apostólicas:
11) Arcebispado Metropolitano de Diamantina.
que tem por dioceses suffraganeas os bispados dc
Montes Claros e Arassuahy. 1) Prefeitura dc Alto Solimões.
12) Arcs bispado Metropolitano de Maceió, com­ 2) de Teffé.
prehendendo os bispados dc Penedo e Aracaju I) do Rio Negro.

o o o o o 82 o o o o
O P E N S A M E N T O P H IL O S O P H IC O NO B R A S IL

tos, mas diffic u ld a d c s da adaptação ethnica, que re­


tardaram <• desenvolvim ento b ra s ile iro . N ão somos
apenas filh o s da terra. Estes — os ind ios — fo ram
IN T E L L IG E N C IA b ra sile ira ainda se não segregados, o u fu giram para as m attas, onde m in ­
lib e rto u do d e lirio da imaginação, guam até desapparecer. Somos o pro du cto de raças
que resolveu numa fantasia deslum bran­ extranhas ao m eio, que se fo ra m caldeando in d is c i-
te o espectáculo da natureza e num nos­ p lin ad an unte. c guardam os no sangue as táras de ve­
tá lg ic o recolhim ento a m elancolia do homem, sen- lhos povos, transviadas na adaptação. Ainda não per­
tind o-se in fe r io r ao m eio, que o dom ina. O Sr. G ra ­ demos o te rro r do eu ropéo em face dessa natureza
ça Aranha observou, adm iravelm ente, que «o esp irito pro d ig io s a e só quando con seg uirm os essa ha rm o nia
desprendido apenas d o anim alism o permaneceu me- surpreendente, senhores de nós mesmos, poderem os
taphysico, e a iiite llig e n c ia se caracterizou por essa c ria r livre m e nte a ob ra de c ultu ra, para que já sen­
fu ga ide alista , que se contrapõe ao realism o po rtu- tim os fo rças de um g e nio indom ável. E xiste, no povo
guez' . H ouve como que um la n g o r da in te llig e n c ia . moço que somos, um a ansia dolorosa, que nos levará
que se sentiu hum ilhada, enquanto a im aginação triu m - á m editação e de que já ternos alguns indices p o n­
fava num allu c in a n te devaneio. Havíam os de ser poe­ deráveis. M as, ainda não está vencida a im aginação,
tas, antes de tudo. O canto seria a fô rm a ideal para dom inada a sua constante e in d e fin ív e l fantasia, cujo
a libertação de um e s p irito deslum brado e melancó­ enlevo é um elem ento p e rtu rb a d o r para o raciocínio
lic o , mas cm que p e rs is tia uma inq uie ta angustia, sereno e e q u ilibrad o.
on de a m editação se abrigava. As épocas iniciaes O pensamento b ra s ile iro já deixa entrever seus
de nossa h isto ria , desde que o e s p irito nacional p ro ­ prim e iro s lam pejos no século passado e, com b rilh o
priam ente s u rg iu , com a gu erra dos hollandêses, fo ­ mais persistente, no a'ctual. sobretudo na geração
ram to das ellas de luta s e agitações, dôres surdas que se form a, cujos pendores para a c ritica , a ana­
e sonhos ardentes, cria nd o paginas fu lg id a s de he- lyse e a indagação marcam o in ic io de poderosa c u l­
ro ism o e esforço, que avu ltariam , m ais tarde, na in ­ tura. N ão é o b ra fa c il estud ar o que tem sido o de­
dependência. A té então, nossa c u ltu ra era uma fraca senvolvim ento da ph ilo s o p h ia no Brasil. Um esforço
te nta tiva e a preoccupaçâo in te llec tu al coisa de pouco que se vae avig oran do , le n to , in c e rto e tim id o . P o r
m onta. Na te rra nascente, os ricos iam estudar em não sermos attentos ás coisas, somos antes poetas
C oim bra, mesmo porque as nossas escolas superiores e preferism o o liris m o ao systema racional, o d e ­
datam de pouco mais de um século, com o tran spla n­ vaneio á hypothese fria . M as, da contradicção veiu a
te, para o R io de Janeiro, da c ôrte de D . João V I. harm onia e fo ram c.s poetas que prepararam o te rre ­
A n te riorm en te, desde os tempos glo rio s o s de O lin ­ no ao pensamento, com o já observou, aliás em caso
da dos A lb uq ue rq ue , havia pru rid o s lite rá rio s , que, p a rtic ular, o sr. Jackson de F igueiredo. A a lle g o ria
depois do século X V II, se accentuaram na nossa fo r­ fo i ta lvez a prim e ira percepção que tivem os do u n i­
mação, mas ainda o es p irito nacional estava ju n g id o verso e só o pensamos quando se dissipou o u ltim o
ao m eio, o u era trib u ta rio do ex tra n g e iro , onde a c o lo rid o vago que o contornava.
gente de escól ia aprender. A poesia e a arte r e li­ A lé m de taes razões de ordem e s p iritu a l, co n tin ­
giosa eram as unicas manifestações de nossa psy­ gências do contacto de nosso tem peram ento v ário e
che, ainda incerta e m ysteriosa. Os poetas, ardentes ince rto, ou tros m otivo s preponderaram para o pe­
e m elancólicos, s o ffria m o contraste in s o lúve l com a queno desenvolvim ento da p h ilos o ph ia no Brasil. O
natureza, que tentavam illu d ir , já que não dom ina­ prim e iro , que poderia ser unico, p o r envolve r o u tro s
vam. Apenas, no século X V III, a fig u ra do s u b tilis s i­ quaesquer, é a c ultu ra m al form ada que temos tid o . A
m o M athias Ayres seria uma excepção, mas tão cedo ph ilosophia não é p ro priam en te um systema de in ­
deixou o B rasil (aos 11 an no s), que não se fez dagação transcendental, mas uma linguagem para a
na terra, senão em o u tro am biente c sob outra cul- pro po situra e resolução desses problem as. Parece-se
com a mathematica, em certo po nto, também lin g u a ­
N ão é de crer que haja nisso uma incapacidade gem resumida e ry thm ic a para os phenomenos cosm i­
nossa para o pensamento, para a analyse e para a cos. E, no B ras il, a instrucçâo, em seus m u ltip lo s
observação, como têm concluído alguns c ritic o s a fo i­ aspectos, tem s ido constantem ente descurada, de sorte

O o O S3 3 o o o
LIVRO DE OURO COAl M L MORAT/VO DO CENTENARIO DA

que, até hoje, os hom ens de c u ltu ra sâo autodidactas, Ill


o que equivale a d iz e r que têm um e s p irito fe ito
desregradamente, em bora, guardem p o r isso mesmo,
E ntre as prim e ira s fig u ra s , não direm os de p h i­
um a certa frescura, desconhecida nas velhas c iv ili­
losophos, mas de estudiosos de ph iloso ph ia , n o se n ti­
zações. De m ais, o can to c o devaneio nos têm bas­
do re s tric to da expressão, querem os d ize r, de e scrito ­
ta do á v ida c a s o licita ção da c u ltu ra não nos tem
res que a- versavam como d is c ip lin a form ada e não
aguçado a in te llig e n c ia . Só m odem am ente, se vae
como m o tiv o perenne de indagação em to rn o do
notando um c erto pe n d o r para taes cogitações, numa
m ysterio d e todas as coisas, sobresáe a de F r e i F ra n ­
flora ção cheia de esperanças e em cujos fru to s c
cisco d c M o n t'A lv e rn e (17 84-1858), frad e fran cis-
lic ito c on fiar. N ão é te m p o de m os trar o erro cons­
cano e notável ora do r sacro, cuja fama e renom e vêm
ta nte do nosso ensino, das lições prim aria s aos cursos
da sua eloqucncia espectaculosa de prosopopéas, antes
superiores, todos viciados por um theorism o secco,
d o que d c suas qualidades dc philosopho, aliás peque­
afastado da vida, do tu m u lto das coisas, das suais
nas. Era M o n t’ A lv e m e um sim p les professor a quem
irrem ediáveis contingências. Em palham o universo
em meia duzia de fó rm u la s e do u trin a s e as impõem cabe contudo, «o serviço de haver in tro d u z id o n o
nas escolas, friam en te, como quem pro pina a pana- Brasil o estudo da ph ilo s o p h ia allcm â, franccza e
céa ideal para o salvam ento do e s p irito . As noções ingleza, sem methodo, é verdade, ou m elho r, sem
d e coisas, de hum anidades e de sciencias são por penetração, mas com am oroso in tu ito » , como exp lica
ta l m aneira baralhadas e atropeladas na bacharelização o sr. R onald de C arvalho. Na sua cathedra de pro»
bra sile ira , que sé tra n sfigu ra m e são recebidas, in ­ fessor de ph iloso ph ia , re p e tiu o illu s tre frad e o
teira m e nte deform adas. D e sorte que, p o r taes me­ ecletism o vasio de C ousin, que ganhava fu lg o r nas
thodos, o ensino não pó de c u ltiv a r espíritos, senão suas orações campanudas e em polladas. R evoltou-se
con fu nd il-os e só aquelles que, a força de in te lli­ contra a escolástica e ex a lto u o racion alism o car­
gencia e agudez, se liv ra m desses males incompará­ tesiano, q u e ab riu ao pensam ento «uma época im m o r­
veis, vingam , pe lo esforço p ro p rio . P o rta n to não é ta l, b rilh a n te e radiosa». Escreveu M o n t’ A lve rn e um
para a d m ira r que a alm a b ra s ile ira , ardente e lírica , C om pendio de P /iiio s o p h ia . publicado depois de sua
sem en contrar c orrec tiv o na c ultu ra, não manifestasse m orte, em 1859. Sobre um m eio de pequena c ultu ra,
inclinações para as obras de pensamento, de pura o seu e s p irito in flu iu mais pela emphase e sonoridade
especulação philosophica. R esolvendo pela im aginativa do e s tilo , do que pela p ro fun did ad e de pensam ento,
o universo, assenhoriavam os m ais facilm en te de suas de que a liá s carecia a sua p h iloso ph ia , fe ita pela rama.
forças, no re fle x o de um a fa ntasia vibrante. O d is c ip u lo mais notá vel de M o n t’ A lv e rn c fo i
Taes são os m otivo s de nosso fraco desenvol­ D o m ing os Jost* Gonçalves de .Magalhães, Visconde
vim ento p h ilos o ph ic o : — o p rim a d o da imaginação de Araguaya (1811-1882), um dos nossos poetas
e a fa lta de c u ltu ra systematica. E, se actualm cnte de m a io r renome. E s p irito a rg u to e. vibran te , M ag a­
nos vamos v o lve nd o a taes estudos, é, exactamente, lhães sc volveu também aos estudos philoso ph ico s,
p o r haver nas novas gerações um a capacidade de pen- deixando varios trabalhos, d e ntre os quaes se salie n­
mento m ais desenvolvida, referencias mais firm e s e tam Factos do e s p irito hum ano e A lm a e cerebro. A
solidas, fó ra das sim p les cartilha s de escola. Tudo sua ph iloso ph ia é puram ente idéalista, á m aneira
indica que esse s u rto seja realm ente o in ic io aus­ dc Berkeley, reduzindo o conhecimento a percepções,
picioso do novo e s p irito b ra s ile iro , marchando dc- de que só a in te llig e n c ia é m estra. Acceita um pan-
cisivam ente para a luz. Ha um rejuvenescimento de theism o idéalista e seu pensam ento é, em parte, si-
nossas fo rças e pela sua resultante havemos de ser m ilh a n te ao de Farias B r ito , como sc póde v e r ifi­
conduzidos p o r trilh a s m ais largas de sabedoria, onde car deste trecho, que o s y nthe tiza: «Todo este im ­
fu lg irá nossa inte llig e n c ia , como um clarão poderoso menso universo sensível que nos parece substancial­
e penetrante para alu m ia r e aquecer o m undo. Faça­ mente e x is tir entre nós é Deus, só existe in te llc c tu a l-
mos de nossa ob ra de cultu ra um a ob ra de fé , de mente em Deus, como pensamentos seus, sem o u tra
confiança no p ro p rio e sp irito , no b rilh o incompará­ in te llig e n c ia mesma fó ra da in te llig e n cia mesma de
vel de seu destino. Deus que o pensou: nada tem existência m a te ria l
fó ra de Deus». Tam bém , com o Farias B rito , rea giu
contra o m aterialism o em voga, de C o n d illa c , «em
paginas bem pensadas e bem escriptas», segundo o
II
depoim ento do Padre Le on el da Franca. M agalhães,
não te nd o s ido um m e d ita tiv o , mas um poeta e um
Para fa c ilita r o m ethodo nesse rap id o escorço, homem dc acção, p o litic o e dip lom ata , não nos legou
sim plesm ente dem onstrativo, separaremos os quatro uma o b ra philosophica d c m onta, mas paginas a r ­
m om entos princip ae s de nosso pensamento, da se­ gutas e in tc llig c n te s d o m om ento que viveu, v o l­
gu in te fô rm a: vendo-se á c orrente e s p iritu a lis ta que, de novo, re­
batia as conclusões audazes do sensualismo e m ate­
1) As prim e ira s tentativas. ria lis m o dom inantes, na grande transição do sécu­
2) A escola de Recife. lo X V I I I para o século passado. Seus escritos não
3) O po sitivism o . perduraram , contudo, e a g lo ria de poeta o ffusco u p o r
4) Farias B r ito e a reacçâo e s p iritu alis ta . com p le to os m eritos do pensador, ho je só conhecidos
pelos estudiosos do assum pto.
N ão deixarem os, contudo, de ap ontar as m ani­ A in d a ou tros trab alh os de p h ilo so p h ia , ou antes,
festações pessoaes independentes. sobre philoso ph ia , nos fo ra m legados, todos, porém ,

“O *O *O * O O O 84 'O O ’O 'O 'O o


I

A “SUL AMERICA,, — Rio de Janeiro.


INDEPENDENC/A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

de segunda mão, sem penetração, nem lum inosidade. professor da Escola de D ire ito fo i uma pagina sur­
C om pêndios estereis, em ling ua ge m rebuscada. C i­ preendente de audacia. Ousára vasculhar o m ôfo que
ta re m o s—M a n o e l M a ria d e M orae s e V a lle (1824- já fazia crosta nas cathedras professoraes de Recife,
1 8 86 ); que escreveu um m ediocre C om pendio de P h i­ c fa la r uma ling ua ge m nova, exaltada, independente.
loso p h ia para seus alu m n o s ; Ed ua rd o F e rre ira França O seu esp irito e a sua cultu ra assombravam e es­
(1 8 09 -1 85 7), a u to r das In vestigações de Psychologia, candalizavam. Ap pla ud ia m -n o e com batiam-no. E o
decalcadas, com certa inte llig e n c ia , nas autoridades herói, no to rv e lin h o de um c e n tro m in uscu lo que
de en tã o; P a tríc io M u n iz (18 20-1871), que publicou agitára, se to rn o u m entor, culm ina nd o em profeta.
a T h e oria de A //irm a ç ã o P u ra , liv ro com plicado, em Fazia g ra v ita r em to rn o de sua fo rça a m entalidalde
que pretende fazer uma neo-escolastica, mas se perde dos moços, que fecundava com a sua c u ltu ra desigual
num atra pa lha dissim o emaranhado de expressões, que e repassada p o r caudaloso liris m o .
o to rn a de to d o incom preensível; José A ffon s o de Fixem os um instante o seu e s p irito . T obias Bar­
M orae s T orres (1805 -1 86 5), que nos deixou um C om ­ reto era um im aginoso e um rom ântico. A sua sêde
pe n d io de P h io ls o p h ia R acional, abreviado resumo de sabedoria era m ais um a rd o r do coração inquieto
para uso das escolas, todavia deficiente e m al fe ito. cm face do m un do , do que um a solicita ção da in -
M ais seria c a Obra de José So ria no de Souza (1833- tellig cncia. Sentia o am biente atrazado e, entrevendo
1895), posto de m éritos, ainda assim, lim itados. Re­ os fulgores de do u trin a s e systemas novos, lançou-
pe tiu em seus com pêndios a néo-escolastica, sem acui­ se a ellcs, numa a llu d n a n te soffre g u id ã o . O seu tem ­
dade c ritic a , rea gind o contra o m eio, já contam inado peramento tro p ic a l, exagerado pe lo p re s tig io sem
de m a te ria lis m o c e vó lucio nism o , fu lg ura nte s na es­ igual que o circundava, e pelas táras que trazia no
cola de Recife. sangue, dom inou num rap id o insta nte as tendências
Poderíam os citar ou tros nomes de m enor relevo, do pensamento m oderno, desdobrando-as em sua im a­
mas estes nos bastam a esta indicação sum m brissim a ginativa, como um painel m aravilho so e imponente.
dos prim e iro s estudos philosophicos no Brasil. F al­ E cheio de entusiasm o, T obias B a rre to evangelizou
to u-lhe s força de pensamento e se lim ita ra m a re­ a ph ilosophia da época synthetizada naquelle em­
p e tir, adaptando m al, as do utrin as correntes, sem es­ polgante evolucionism o. Poeta p o r emoção, com to ­
p ir ito c ritic o , nem analyse attenta. Era uma cultura das as cordas líric a s retesas, T o b ia s fe z dessas idéas
livresca que se re fle c tia nos compêndios palavrosos um con jun to harm onioso, que pretendeu im p or pelo
e m ediocres, nenhum dos quaes conseguiu vencer o debate v iole nto , pela c ritic a audaz, pela polemica
tem po. N ão foram siqu er te ntativas. Estas vieram tu m ultuosa. A sua irradiação crescia. Os discipulos
depois, com o m ovim ento de Recife, na fu lg u ra n te de olhos b rilh a n te s e faces tran sfigu ra da s, ouviam -
irra diaçã o do grande Tobias Barreto. lhe as palavras ardentes, com inefável admiração, e
cada qu al era um novo rom ântico, cheio de heroís­
m o. D iscursador e satirico, g a lh a rd o e ousado, T o ­
bias Ba rre to fo i o detentor da m ocidade que o cer­
IV
cou e á qu al tra n s m ittiu um la rg o am or ao estudo
e de cujos e s p íritos varreu os igais deploráveis p re ­
O chamado m ovim ento de Recife, que constitue conceitos, ab rin do -lh es um a tr ilh a m ais larga e mais
a m ais fo rte expressão do nosso pensamento, em extensa. F oi o p rim e iro a de spe rtar o interesse pelas
co n ju n to , pela somma de ideas que ag ito u e pelas idéas geraes, a ince ntiva r a flo ra ç ã o da cultura, num
in te llig e n c ia s que as exaltaram , num entusiasm o fr e ­ grande universalism o, c ritic a nd o os phenomenos no
m ente, não fo i, ainda assim, uma escola de ph ilo s o ­ c ircu lo dos valo re s humanos. T o b ia s B arreto fo i um
ph ia. Se o considerarmos, no nosso m eio acanhado e fecundador. Os seus discip ulos e am igos, S ylvio R o­
e s te ril, não ha que negar te r s ido um s urto pujan tev mero, Fausto C ardoso, A rth u r O rla n d o e tantos o u ­
mas, sob um c rité rio universalista, lim ita -s e a uma tros reflcctem a in da o intenso p re s tig io de sua perso­
assim ilação apressada, entre o esfusiar de idealism o nalidade, das m ais fu lg u ra n te s em nossas letras.
transbordante, e que só conseguiu poucos e peque­ T obias Ba rre to não fo i, con tu do , um ph iloso­
nos fru to s . Temos que vel-o, conciliando esses dois pho. Faltava-lhe es p irito de investigação e analyse,
aspectos, afim de fix a r seu s ign ific ad o réa l, na his­ methodo e dia lectica segura, qualidades de excellencia
to ria de nosso e s p irito . A escola de Recif.e fo i To­ na cultu ra dos p rinc ípios directores da nossa existên­
bias B a rre to de M enezes (1839-18999). O grande ser­ cia, em que se encontra a verdadeira ph iloso ph ia .
g ip an o, cujo alto e s p irito se alçava da c u ltu ra m ediocre Com um o lh a r vidente e pro d ig io s a capacidade assi-
do am biente para entever luzes m ais radiosas, numa m ilativa, T ob ias Barreto procurava abranger o co­
ansia inso ffrea vél, que é a marca de seu po de roso en­ nhecimento pela sensação da generalidade, que ca-
genho, fo i o sym bo lo desse m ovim ento, irra d ia n d o de racterisou o seu e s p irito . N ão acompanhava as d o u tri­
sua personalidade, nos discipulos, que o ouviam des­ nas, admirava-as. Im buiu-se, em altas dóses, do me­
lum bra do s e vibrantes. T obias B arreto fascinava, d i­ canismo allem âo do sec. X IX , que, através das dou­
zem os que o conheceram c lh e ouviram a palavra trina s evo lucio nistas e m onistas, darw inianas e haec-
quente de mestiço, cheia de fulgurações e lam pejos. kelianas, degenerava numa onda de m aterialism o.
O que se tornou princip alm en te adm iravel para os As suas conclusões estremes invadiam todos os p r in ­
moços do tempo, fo i a a ttitud e de rebeldia con tra a cípios do conhecim ento, afe rid o s nesses m etros pe-
velhice e s te ril c presum ida dos professores de sebenta, rigosissim os. O scepticism o de Kant, que saturá-
im p o n d o as lições gastas, erroneas e inactuaes, á m o­ ra o am biente, desencadeou essa tum ultuosa anar-
cidade ardente que os ouvia, com m onotonia e enfa­ chia m ental, que pretendeu reso lve r o problem a
do. T ob ias reagiu. O seu concurso para um a cadeira de do sêr por um a combinação physico-chim ica, que, do

o o o o o o 85 o o o o o o
LIVRO DE O l'RO COM ME MORAT!V O DO CENTENARIO DA

protoplasma inicial se teria aperfeiçoado até as es- coisa. O que vale é seu autor, pela influencia que
pecies superiores, segundo a curva ascencional da exerceu, desbavrando o meio atrazadissimo. Seus li­
evolução. Tobias Barreto não teve tempo siquer para vros são annotações. criticas exparsas, paginas de po­
analysar essas idéas que a Allemanha sobretudo dif- lemica, discursos ardorosos, reparos e remoques, sem
fundia, em seus grossos tratados de philosophia. Não unidade, ou força integral. O que fez fo i repetir
as meditou, nem as criticou. Acceitou-as, fascinado, o materialismo corrente, que leu avidamente nos alle-
e as coloriu, então, com imagens pomposas, metapho­ mães, como se descobrisse a sabedoria cosmica, para
ras vibrantes e contrastes fulgentes. Sem poder ir ao remir o espirito humano. Reeditou o evolucionismo
gabinete, investigar, no silencio amigo, aquella sa­ e o mor.ismo, applicando-os ao direito, á religião,
bedoria inedita, Tobias preferiu agitar o meio com á moral, a tudo emfim, apurado nesse cadinho trans­
esse monumento, que assimilou um tanto apressado formista. Praticou, em summa, p h ilo so p h ia d e deses­
e revelou em apostrophes retumbantes. «Jurista ou p e ro , mas cheio de crença e de fé, como se evan­
philosopho — escreve o sr. Clovis Bevilaqua — fo­ gelizasse doutrina de esperança. Ê que fazia apenas
ram as idéas geraes, as syntheses que o seduziram transposição, enxertando no espirito do Brasil novo
e a que consagrou as energias masculas de seu en­ as flores do mal da civilização européa, nessa crise
genho. Mas, si as idéas geraes apanhavam, num am­ de incontinência, que foi o romantismo. Dest'arte,
plexo ousado, as bases da sciencia, escorçando-a em Tobias Barreto não nos deu uma expressão de pensa­
traços concisos, nunca se ligaram num todo harmonico mento, mas reflectiu no seu verbo ardoroso, o evo­
de modo a nos darem uma synthese completa da phi­ lucionismo materialista, segundo o qual o universo
losophia ou do direito. Assim como faltava-lhe o gosto é um composto de unidades iguaes (atomos), dotadas
para as analyses morosas e percudentes, fallecia-lhe de movimento e sentimento. Como se vê, uma syn­
a tenacidade para levar a termo uma obra' de certa, these de Haeckel, que mais de perto segue, apenas
amplitude, cuja construcção demandasse urna con- evitando o seu mecanismo, mas acceitando, como Noi­
tensão de espirito prolongada por longos mezes, a re. outro mestre predilecto, uma finalidade para a
vista sempre detida num mesmo circulo de idéas. Sur­ evolução cosmica. Na adaptação que fazia não deixava
gia-lhe a concepção, a descarga das forças creadoras um caracter pessoal, sendo antes sua funcçâo a de um
levava-o á febril producção, mais alliviado daquella grande divulgador, que deu ao meio a impressão de
necessidade psychica, enfastiava-o proseguir no mes­ criar aquillo que apenas reproduzia. A sua divulga­
mo caminho e anceiava por velejar em outros mares ção, porém, se resentia de uma base philosophica se­
e aspirar outros perfumes». c u ra e sobretudo de qualidades mais agudas de ra­
A obra philosophica de Tobias Barreto é pouca ciocínio. E que. em geral, reagia pela imaginação e

o o o O O

PAVILHÃO JAPONEZ VISTA INTERIOR

o o o o O 86 o o o o o o
INÜEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

pretendia com o ap od o d e s tru ir as m ais serias cons- dendo a m o ra l e o d ire ito ) e in d u s tria . E dessa
trucções do e s p irito hum ano. C ritica va Von lh e rin g classificação fez S y lv io Rom ero o m aior cabedal, o
d c joe lho s e q u e ria c o rre r a pedradas Santo Thomaz po nto de partida de todas suas cogitações nessas ma­
de Aquin o... Isso serve para m o s tra r que o m e rito té rias, segundo sua pro pria a ffirm a tiv a . Também as
do grande serg ip an o consiste em te r alargado, embora sciencias fo ram classificadas pelo fo rte pcns'ador, em
desordenadam ente, o a m b ito de nossa cultu ra, desper­ sciendas, quasi sciencias e pretendidas sciencias, ab­
tando o g o sto pelas ge neralidades e abrin do clareiras surdo que avulta, pela inclusão de coisas verdadeiras e
ao pensam ento. N âo pe lo que escreveu, mas pelo falsas num só genero. M as. não vale extender essas
exem plo audacioso que nos legou. A sua a ttitud e considerações summarias em to rn o das tendendas
fo i a m ais ad m ira v e l, s obretudo na epoca e no m eio philosophicas de S ylvio Rom ero num sim ples es­
em que viveu . C om o ex c ita d o r de ideas tem um lo g a r corço, sem caracter c ritic o , com o esta m em ória. Bas-
inco nfu nd íve l nas nossas lettras. ta-nos m ostrar a sua influ en cia entre nós. Se não
Juntam ente com T ob ias Ba rre to fo i Sytvfo Ro­ teve o m e rito essencial da unidade, se lhe fa lto u
m ero (1 8 5 1 -1 0 1 4 ) o m ais illu s tr e p ro s e ly to das no ­ um a serena visão dos problem as e, portan to , se as
vas do u trin a s irra d ia n te s de Recife. A sua obra, posto suas soluções várias eram sem pre p a rticularista s e
sem m eth od o e s obretudo sem unidade, dado o es­ apaixonadas, fo i contudo fu lg u ra n te e energico, a g i­
p ir ito inco nsta nte e d is p ersivo do autor, é, ainda as­ ta ndo o m eio com idéas, de que ou tros, mais ta rde,
sim , a p rim e ira te nta tiv a de c ritic a n o Brasil c, sob haveriam de c olher fru to s m ais sazonados e fecundos.
esse aspecto, nin gu em lhe pode escurecer os brilho s. N ão com portam os lim ite s deste ensaio uma
C om o realização, porém , está longe das intenções. analyse das diversas m odalidades dos corypheus do
Ê que lhe fa lta serenidade no ju iz o das tendências m ovim ento de Recife, cuja directiva fo i de um m o­
e dos hom ens e todos os seus conceitos sâo im pres­ nism o evolucionista, mais ou menos m od ifica do pelas
sões pessoaes, em que o sentim ento in flu e e nâo interpretações pessoaes. Fausto Cardoso e E s tc llita
ra ro pre po nd era. Sua c ritic a está eivada desse vic io T apajoz pretenderam pela applicaçâo do m onism o b io ­
..p or m al d o seu coração, que era um tanto fe m in in o, log ic o tir a r conclusões sociaes, fa zendo da sociologia
ta l a in s ta b ilid a d e de suas preferencias», como des­ um decalque da bio log ia . A rth u r O rla n d o e o sr.
cob riu a arg úcia s u b til do sr. R onald de C arvalho. C lo v is Bevilaqua, mais spencerianos, acompanharam
Assim , v a rian do as convicções com os m om entos de de preferencia S y lv io R om ero, «tendo um m odo sim i-
sua cu ltu ra , d e ix o u uma obra fa lh a e desarticularia, Ihante de conceber a organização m aravilhosa do
revelando a crise perm anente em que se debatia seu kosmos»; Ainda são nomes de realce n o m ovim ento
grande e sp irito . Da im aginação sup prind o o que a os de T ito L iv io de C astro, Quedes C ab ra l, O liv e ira
in tc llig c n c ia não pe dia dar, resultou esse ard or de­ Fausto, Q u m crcind o Bcssa. M a rc olino F ragoso e do
sordenado e im p u ls iv o , com que acceitava ou re p e llia sr. Graça Aranha, cujas idéas, porém , tomaram depois
as ideas. A p rin c ip io p o s itiv is ta , depois haekeliano, um rum o p o r in te iro diverso, guardando embora uma
p o r fim spenceriano, S y lv io R om ero em qu alq ue r des­ base commum, na illu s âo m onista.
ses poisos tra n s ito rio s fo i um batalhador insigne, te­ A grandeza dessa flora ção , cuja caracter fo i a g i­
cendo armas com denodo e bravura, em bora por ideas ta do e viole nto , re fu lg iu sob retu do na m entalidade
que deveria atacar amanhã. A sua concepção fu n d a ­ de seus sectarios, a ffeito s á lu ta em polgante. D e rru ­
m ental fico u sendo a de um m onism o evolucionista, baram flore stas, fizeram queim adas enormes, mas não
nâo m ecânico, como ensinára Kant, mas te le olo gico , abriram caminhos. O u tros iriam depois aprove itar o
ou teleo-m ecanista, como reconheceu H artm ann, esforço inic ia d o , c o n struin do no te rre n o trilh as no­
abrangendo a to ta lid a d e dos phenomenos, «desde os vas para o pensamento b ra s ile iro . N âo esquecerão ja ­
cosmicos até os sociologicos>. O g iro eterno das coi­ mais aquelles que, heroicos c denodados, tentaram os
sas está re g u la d o pela evolução, segundo concebeu p rim e iro s golpes na m atta espessa e som bria.
Spencer, e re p ro d u z a le i dos tres estados de C om ­
te, augm entados para qu a tro , a saber: o th e o lo ­
gico, o m etaphysioo, o physico da his to ria e o his-
V
to rico -scie n tific o . N o prim e iro , a explicação un iversal
é dada pela idéa de Deus; n o segundo, pela im m a­
ne nd a ; n o te rc e iro , pe lo de te rm inism o e no qu arto , O m ovim ento po sitivista que irra d io u no R io de
pe lo evolucionism o. N â o é preciso in s is tir nessa adap­ ja n e iro e se ala strou p e lo sul do paiz, não fo i uma
tação a rb itra ria e especiosa dos fa ctos humanos, que sim ples m anifestação philosophica, mas, de um largo
refogem a todas as fôrm as que os pretendem enqua­ idealism o p o litic o , sob c uja influ en cia se fez a Repu­
dra r. Taes classificações podem ser engenhosas, ser­ blica. E preciso, contudo, não exagerar, como se cos­
v ir m esm o para m ethodisação de estudo, mas falham tuma fa zer, a actuaçâo p o s itiv is ta na construcçâo do
com o base do conhecimento, im possível de ser red u­ novo regim e. F o i mais e x te rio r e fo rm a l, do que fu n ­
zido a alg u n s schemas. A liá s S y lv io Romero tinh a damental e essencial. Basta ver que a C o n stituiçã o
um pouco essa prcoccupaçâo de classificar. Os pheno­ não teve suas fo nte s na P o litic a P o s itiv a de Augusto
menos hum anos, por exem plo, que denom ina de c r r a ­ Com te, mas na Carta norte-am ericana, a cujo retrato
ções ju iida m e nla es da hum anidade, e lle os classifica, e sim ilhança fo i modelada. Ficaram alguns lemmas,
«sem m edo de e rrar em cinco. .A penas cinco como esse adm iravel Ordem e Progresso — e
proclam a são as classes, as especies diversas dc algum as fó rm ula s exparsas, m uitas das quaes já em
actos e phenom enos culturaes que constituem a c iv ili­ desuso. O am biente, porém , estava dom inado de po­
zação humana». São as seguintes: re lig iã o , a rte , inscien- sitivism o e, se a R epublica se não deixou levar pela
cin (com preendendo p h ilo s o p h ia )t p o litic a (com pree n­ fantasia p o litic a d o contism o, fo i devido a haver no

o o o o o o 87 o o o o O
LIVRO DE OURO COM ME MORAT IVO IX ) CENTER ARIO

go vern o p ro v is o rio o a lto e poderoso engenho de dência. Propriam ente fid e lis s im o s fo ra n i M ig u e l d c
R uy Barbosa, a quem devemos a parte c on s tru­ Lemos (1854-1916) e R aym un do T e ix e ira M e n ­
tiva d o regim e, em suas grandes linhas. Um p r u ri­ des, que d ir ig iu até pouco tem po o A p o sto la d o , no
do po sitiv is ta agitava to do s os e s p íritos e frem ia na nosso paiz. Ambos têm num erosas publicações, em
m ocidade, sobretudo a que frequentava a Escola Cen­ geral de combate e divulgação, ligadas m uitas de lias
tra l, onde Benjam in C on stan t, com um p re s tigio do­ a problem as de occasião, que as pretextava. N o B ra ­
m inante, po ntifica va a re p ub lica nos m oldes de A u­ s il, fo ram os grandes propulsores do po sitivism o e
g u sto Com te. Sob taes in flu e n c ia s , ainda que nunca possivelmente dos m ais com pletos discip u lo s de
tivessem s ido causa e ffic ie nte, se fu nd ou a republica, C om te, pela cegueira com que o seguiram . Accei-
m arcando esse perio do a epoca aurea do p o s itivism o , ta ndo o dogma da re lig iã o da hum anidade, con struí­
cuja fulg ura ção não fo i c ontudo duradoira. A sua in ­ ram no Brasil um g ru p o de o rth o d o xo s e num erosos
flue ncia , como dissemos, rião teve caracter p h ilo s o ­ sym pathicos, com os quaes conseguiram m anfer a
phico, mas m oral, e, sob esse aspecto, não seria lapada, cada dia m ais b ru x olea nie , d o po sitivism o .
lic ito desconhecer-lhe os m e rito s , contendo os natu- E, ainda assim, fo i entre nós que m ais intensa e
raes excessos, que resu ltariam da revolução de 1889, extensamente rep ercutiu , graças sem duvida, ao pres-
nos seus largos p rinc ípios de solid arie da de humana. tjg io de Benjamin C on stan t e á te nacidade e b rilh o
C om o força conservadora e d is c ip lin ad ora, fo i um dos seus dois sacerdotes. M ig u e l de Lemos fo i sa­
elem ento de ordem na transição republicana, e deu grado por L a fitte , em 1880, em P a ris, mas te nd o
aos revolucionários uma ethica, que m u ito concorreu d ive rg ido do chefe francês, de sligo u-se, em g ru p o
para e v ita r as reacções e s o lid ific a r o e s p irito demo- apartado, por certo mais fie l ao pensam ento d c A u ­
gusto Comte. Dos pro selyto s he terodoxos, o nom e
O po sitivism o — do u trin a ph iloso ph ica — é m ais illu s tre é L u iz P e re ira B a rre to (18 40 -1 92 3) a u to r
um a re p lic a do phenom enism o de Hum e c do c riti- de varios trabalhos, dos quaes o dc m a io r destaque
cism o de Kant. Como aquelle, proclam a que só nos é - Tres P hilosophias — em que pretende estudar,
deve interessar, no universo, as suas manifestações, sob o prisma dc seu sectarismo, a ph iloso ph ia th e o ­
pelas quaes se revela o s ê r; e á maneira deste, de­ logica, a m etaphysica e a po s itiv is ta . R eproduz nisso
clara que a essencia nos é inte rdicta da , o noumena as linh as geraes d o contism o, através da le i dos tres
de Ka nt transcende a to d o conhecimento racion al, é estados, applicando suas conclusões ao B rasil, que
um a ignorância perpetua. D ahi A u gu sto C om te con­ ainda encontra no p rim e iro estado e para cuja fina'-
cluía que o conhecimento só era po s itiv o , is to é lida de só póde aconselhar o te rce iro . A o b ra dc
d a q u illo sobre que recaem as nossas medidas e son­ Pereira Barreto f o i accusada, pe lo p ro p rio M ig u e l
das. e, conseguintem ente, que a m etaphysica não de Lemos, de plagiada.
existe, senão como um dos tres estados ainda im p e r­ Taes são os traços m u ito breves do po sitivism o ,
fe ito s d o ç s p irito hum ano, na sua evolução para o cuja influencia n o B rasil não se pó de negar. Se, em
p e rfe ito , que é o p o sitivism o . A base desse systema alguns pontos fo i benefica, deixou o m al de o rige m .
é, pois, sceptica, de um scepticism o fundam ental, en­ A elle nós devemos boa somma do scepticism o c o rro ­
cerrando o conhecimento deante de um ign oram u s c t sivo nos filh o s das ultim as gerações, pois, desencan­
ign orab im u s, com que irrem ediavelm ente estanca tados do conhecimento e, de fa cto, atheus, faziam
aquella paixão de saber, que A ristoteles encontrava pouco cabedal de sua m oral, que s u b stitiiia m p o r um
ao fu n d o do nosso coração. O conhecimento no p o ­ relativism o mais com m odo e o p p o rtu n o . Sem bases
s itivism o é puram ente fó rm a l, s c ien tific o e n o l-o sys- profundas no e s p irito hum ano, nada se c o n s tru irá
te m atiza Augusto C om te, «na parte mais viva e d u ­ de d e fin itiv o . O exe m plo desse p o sitivism o in fe c u n ­
rável do positivism o», enquanto methodo, ainda que, do e passageiro é bem s ig n ific a tiv o .
como observou Farias B rito , pretendesse «crear um
no vo estado m ental, f ix o c d e fin itiv o ; e, para is to
traçou lim ite s ao desenvolvim ento do e s p irito , pre ten­
deu dar por term inada e com pleta a obra do pensa­ VI
mento». A m oral po s itiv is ta não acompanha, con tu­
do, essas consequendas scepticas de suas conclusões O p o s itiv is m o c rio u um estado de in d iffe re n ça ,
philosophicas, antes assenta em bases solidas de hu ­ a que o pru rid o s c ien tific is ta deu m aior p re s tig io .
m anidade, pois consiste numa replica de to da a m oral Uma demolição g e ral dc p rin c íp io s e crenças se in i­
christã. A ugusto C om tc considerava a Im itaçã o dc ciou, pretendendo disso lver a essencia de to d o co­
C h ris to o m ais adm iravel dos liv ro s e recommendava nhecimento, to rn a d o o jo g o de m e ia duzia de f ó r ­
sua le itu ra com fervoroso entusiasmo. Politicam ente, m ulas por achar ainda, mas que haveriam de reso lve r
já não merece o po s itiv is m o as mesmas referencias o problem a fu ndam ental do sêr. O com bate á m eta­
c a sua dictadura rep ub lica na é um m on stro inada'pta- physica, encarniçado pelos evolucionistas e pelos po­
vel ás sociedades modernas. sitivistas, agira fo rtem en te sobre os moços, lo g o con­
N o Brasil, os do utrin ad ores p o sitivistas foram taminados pelo preconceito b io lo g ic o , tão em voga.
fie is ao pensamento de A u g u s to Com te. Os hete ro do­ A anarchia do pensamento se caracterizou n o to rv e li­
xos, como Pereira B arreto, M a rtin s J u n io r e alguns nho de idéas e systemas que rem oinhavam , reflexo»
m ais, ficaram á m argem , pois o g ru p o o rth o d o x o fo i aliás de perturbação sim ilh a n te em todo o m undo.
o dom inante. A liás, B e nja m in C onstant, que se in d u e F oi aquella P h ilo s o p h ia do desespero, que verb e­
nessa parte, não fo i inte ira m en te subm isso ao pen­ rou R aym undo Farias B r ito (18 64 -1 91 7), cm paginas
sam ento do mestre e. sua passagem pe lo governo m agnificas de sua obra, m arcando o p rim e iro reb ate
p ro vis o rio , deixou provas exhuberantes d c indepen­ do nosso e s p irito contra essa on da de negação e des-

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A N IA G E M ~
«■—* S A C C O S a u .7 iA U U '
B a rb a n te s © r d a s © b o s H o s d e A Id o d d o
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tfcg&Rioc

Companhia Industrial Silveira Machado S/A. — Rio de Janeiro.


INDEPENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

consolo. Farias Brito foi dos mais equilibrados e jus­ dade, fim para o qual existimos, ou seja a fusão com
tos dos pensadores modernos, tendo sido, no Brasil, a a personalidade divina se alcança pela lei moral,
mais completa e poderosa organização de philosopho. que exprime destino humano, posto pelo nosso pen­
A sua obra é toda ella um grito dc fé contra a ruina sador na velha fórmula Socratica: Conhece-te n t i
do espirito, reerguendo a sua sciencia — a psy- mesmo, a que ajuntou outra regra igualmente fun­
chologia — e fazendo-a o meio de attingir a verda­ damental: conhece a natureza. Temos, por conseguin­
de, que deve ser a finalidade humana. «Farias Bri­ te, que o conhecimento é a finalidade do mundo e
to, escreveu o sr. Jackson de Figueiredo, está no havemos que attingil-o procedendo sempre de con­
pensamento contemporâneo entre os que reagem con­ formidade com a verdade, ou com o que pensamos
tra a grosseria materialista que, influindo tão grave- ser a verdade. O instrumento do nosso espirito é a
mente nos sentimentos da nossa época, nos deu razão, donde provem a própria fé, porque «para
toda esta barbaria civilisada que se levantou, armada crer é necessário primeiramente‘ comprehcnder». E
c sem coração, sobre os ideaes ingenuos dos guilho- a fé, era para Farias Brito, o que «se póde conceber
de mais bello», «a verdade mais alta».
Marcaremos, tão sómente, os indices essenciacs Tal a synthese desse pantheismo radioso e es-
do pensamento de Farias Brito. Para o grande pen­ piritualisma, que o illustre Padre Leonel da Franca
sador brasileiro, ha uma philosophia natural e per­ chamou de pan-psychism o pantheisfa, mostrando que,
manente, peren nis p h ilos o ph ia , que faz «da vida um á rigor de conclusões logicas, nelle estão latentes um
dos processos do espirito e do mundo o scenario atheismo e um materialismo, posto não lhe pretenda
onde c espirito desenvolve o drama de sua exjsten- attribuir tão detestáveis consequências, a quem, como
cia: philosophia que por isto mesmo que tem por Farias, as combateu tão sincera e vigorosamente. Mas,
concepção fundamental o espirito póde dizer-se que ao engano pantheista, vivem presas essas insufficien-
é o espirito affirmando-se philosophia que não cessa cias, ou, como diz Schoppenhauer, citado pelo histo­
de crescer, que não cessa de transformar-se, que não riador jesuíta, «o pantheismo é um atheismo delicado».
envelhece, que c sempre nova, porque a todo o mo­ Não nos parece, porém, que tenha Farias Brito che­
mento renasce; de que «a philosophia antiga foi um gado ao materialismo, pois negar a matéria não póde
dos momentos e de que a philosophia moderna é o equivaler, em que pese o parecer do autor das Noções
momento presente: philosophia que é movimento e de H is to ria da P h ilo sop hia , a fazel-a a verdade única1
vida; logo consciência e actividade; logo affirma- e criadora. E o espirito, em que Farias Brito, resumia
ção e acção; logo oração e renovação perpetuas . a realidade, não era, como os materialistas fazem a
Vê-se, portanto, que a philosophia é a sciencia do materia, um simples combinado physico-chimico, mas
espirito, ou melhor, a disciplina do espirito, con­ o pensamento divino, portanto, de essencia superior,
fundindo-se com a psychologia, não «uma psycholo- parte inseparável da unidade Deus.
gia dynamics puramente exterior, inconsciente e fa­ Como quer que seja, a solução de Farias Brito
tal», mas «a ossatura do organismo do conhecimento, era uma solução de fé, embora racionalista, exigindo
a massa de que se fazem os systemas, sendo que, do espirito aquelle esforço impossível de compreen­
dados estes elementos fundamentaes, cada um levanta der, para acreditar em seguida. Á primeira tenta­
a seu modo o monumento». £ o caracter pessoal da tiva mallograda, a dúvida, ou a melancolia', toldaria
obra de philosophia, pois cada qual entende de sua o coração inquieto, sem mais esperanças no céo lon­
maneira o universo e o interpreta nas contingências ginquo. A fé tem de ser um impulso imperioso do
de sua psyche, independente de todos os pensamen­ espirito humano, solicitado por Deus, e que affirma
tos alheios. A funcçâo da philosophia é dupla: theo- e justifica a vida, dando-lhe finalidade «de uma aspi­
ricamente, cria a sciencia; praticamente, cria a moral. ração continua para a perfeição, que não se póde
De posse desse instrumento poderoso de indaga­ pensar mas se sente que existe», consoante o Sr.
ção, que é a psychologia assim entendida, como re­ Jackson de Figueiredo. Não cabe aqui a critica da
solve Farias Brito o universo? Â similhança dos philosophia de Farias Brito. Ella representa — e
idéalistas, o nosso admiravel pensadbr, nega a dua­ basta assignal-o — o mais alto e àdmiravel depoi­
lidade da materia e do espirito, porquanto aquella mento do pensamento philosophico brasileiro e, a
não existe e só existe o espirito. É elle a realidade. seu tempo, foi uma affirmação radiosa ao meio do
Como Berkeley, julga que tudo se resume na idea. negativismo desordenado, do indifferentismo incre­
Esse est percib i. Todas as coisas são pensamentos de dulo, do pragmatismo immediato. Trouxe em sua con­
Deus, e Deus é esse «meio infinito dentro do qual cepção a belleza moral, que dá força ás doutrinas,
eternamente se agitam as evoluções indefinidas do constróe e domina. Aos doutores subtilissimos do
cosmos». Farias Brito acceita o universo como a materialismo, com seus apparelhos aperfeiçoados de
unidade, igual ao pensamento divino, dc onde tudo medir e contar, oppoz a verdade, como obrigação de
promana, porque em Deus criar é amar. E o cos­ consciência, que tende para Deus. Reintegrou a phi­
mos «c uma actividade intellectual, pois é Deus pen­ losophia na moral e nos deu um espiritualismo largo,
sando, e nós, homens, como elementos que somos do em que podemos não o acompanhar até os limites u l­
mecanismo do mundo, fazemos também parte do pen­ timos de suas conclusões, mas temos de admirar a
samento de Dens, e somos, por conseguinte, no mais grandeza c luminosidade. Não se contentou com a
rigoroso sentido da palavra, idéas divinas». Esta­ terra, mas a incorporou no além, no proprio circulo
mos, pois, em face de um largo pantheismo, vindo de eterno da Divindade, em que todas as coisas se mo­
Spinoza, ainda que corrigindo o erro fundamental do vem, nesse pantheismo maravilhoso.
genio hollandcs, por attribuir uma finalidade uni­ A influencia dc Farias Brito no pensamento mo­
versal. Esta, que se resume no conhecimento da ver­ derno, si bem que não tendo discipulos, no verdadeiro

O O o O 89 O O O
LIVRO DE D l'R O COMMEMORATU!) DO CENTENARIO DA

sentido da expressão, é cada vez mais decisiva c pe­ J., na sua magnifica H is to ria d a P h ilo so p h ia , ao qfia-l
netrante, sobretudo nos moços, que procuram estudal-o já nos referimos por mais de uma vez.
com o mais amoroso intento. Os varios commentarios O movimento espiritualista, que se manifesta
apparecidos sobre a sua obra, justificam o asserto. no Brasil, depois de Farias Brito, donde se lhe attri-
Dentre elles destacaremos, em primeiro logar, A lg u ­ buir uma direcção mental, que effectivamente não
mas reflexões sobre à ph ilo s o p h ia de Farias B rito , exerce, tivera antes alguns representantes muito illus­
do sr. Jackson de Figueiredo, que é um forte ensaio tres, mas que, por circunstancias diversas, não pode-
sobre as linhas directoras da obra de Farias Brito, ram ter nunca qualquer influencia sobre a mentalida­
através de suas convicções pessoaes, já então decisi­ de brasileira, no sentido de oriental-a, ou por não te­
vamente catholicas. Contem esse estudo paginas admi­ rem sido propriamente philosophos, ou por lhes fal­
ráveis de penetração aguda e analyse segura, em que tarem qualidades de reacção contra o meio. Joaquim
se revelou o autor dm dos mais brilhantes pensadores Nabuco, por exemplo, se revelou um pensador ar­
do nosso paiz. Seu recente liv ro Pascal c a Inqu ie­ guto. nos Pensões /M a c h õ e s & S ouvenirs, livro
tação M od erna lhe confirmou essas qualidades, apura­ de fc religiosa e ungido dessa belleza que só
das agora, numa visão mais ampla c mais serena', a luz divina permitte, aos que podem escrever:
que emprestou força maior ao seu raciocínio e á La foi n’este pas la certitude materiellc. J’ai
sua dialectica. Liga-se a Farias Brito pelo espiritua­ vrai de quclquc manière; e’est une certitude morale,
lismo e pelas soluções moraes, mas, como catholico, une confiance, non pas une sorte de vision matericllc.
diverge essencialmente, de seu pantheismo. O sr. Ja­ Dieu n’a pas voulu que nous cussions la certitude
ckson de Figueiredo segue dogmaticamente o catho- matctiellc de 1’au-delà. Cela nous rendrait cettc vie
licismo, sendo no Brasil o representante dessa reno­ sans prix et sans interet. Adam eut, lui, la certitude,
vação da Egreja, que agita todas as intclligencias mo­ mais il a dfi la perdre à la chute, et lui même croire
dernas, na ansia de volver ao seio de Christo, fóra do apres qie tout avait etc un rêve». São ainda nomes de
qual não resta senão o amargo sabor das desillusòcs. destaque os de E duardo P rad o, cuja obra fo i aliás po­
Citaremos ainda o sr. Almeida Magalhães, autor de litica, e o Visconde de Sahoya, que escreveu a Vida
um ensaio de real valor sobre F arias B r ito e n Psychica do H om em para rebater as conclusões da
Reacção E s p iritu a lis ta e os trabalhos muito apreciá­ psychologia materialista
veis dos srs. Xavier Marques e Nestor Victor. Outros Depois de Farias Brito o movimento espiritua­
escritores também se têm occupado, directa ou inci- lista se tornou mais forte e se póde dizer que em
dentemente, de Farias Brito, salientando-se entre elles torno desse renascimento gravitam as melhores forças
o solido estudo critico do Padre Leonel Franca, S da mocidade. Ha uma reacção crescente e victoriosa,

o o o o o

PAVILHÃO JAPONEZ - VISTA ■N T c R IJ K

O O O 90 O O O O O O
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

que procura o rie n ta r a in te llig e n c ia bra sile ira , pela la n colia da razão em face do in fin ito , reconhecendo a
fé , un ico m eio de dar á sociedade moderna, depois grandeza que o esmaga e a que jam ais a ttin g irá .
de um século de m al logros e incertezas, bases se­ Podemos c ita r ainda C ru z e Souza (1862-1898)
guras e de fin itiv a s . M u ito s mesmo que não acompa­ cuja poesia fo i a inquietação profunda de um e s p irito
nham as conclusões philosophicas esp iritu alista s, ac- que busca dom inar o in s tin cto, numa ansia inso ffrea -
ceitam o m ovim en to, pragm aticam ente. Ê pois uma vel, e fe z da d ô r a emoção maravilhosa da arte . S o f-
construcçâo que a v u lta e cujos fru to s hão-dc engran­ freu-a, não com o redem ptora, á guisa de R aym undo
decer e g lo rific a r o Brasil. C orrêa, mas como uma contingência irrem ediável da
especie, o tr ib u to mais cruel exig id o pelo destino.

O Sr. Graça A ranha, com a adm iravel Esthe tica


V II da V id a con firm o u suas qualidades de um p ro fu n d o
e vigo ro so pensador, que revelá ra com o poema f u l­
g id o de Chanaan e o d e lirio tra g ic o de M alaza rte.
T alando do pensamento b ra s ile iro , não é lic ito C om o Farias B r ito é um pa ntheista-idéalista, negan­
esquecer aq ue lles que, em bora não fazendo obra de do, porém , não só a m atéria, mas também o e sp irito ,
ph ilo so p h ia systematica, têm sido investigadores pro­ porque tu do é uma sim ples apparencia, que raia e
fu nd os dos problem as eternos, através de sua propria se revela na nossa consciência. «Sem a consciência
inq uie taçã o, e cuja a ttitud e deante da vida é uma per- m etaphysica o U nive rso não seria realizado». Só ha
gunda, ou runa explicação, para a fin a lida de un iver­ o phenomeno e o p ro p rio phenom eno é um es­
sal. E n tre todos, o p rim e iro é o g e nia l Machatlo de pectáculo, que se rep ro du z «numa metamorphose in ­
Assis (1839 -1 90 8), cuja to rtu ra e m elancolia de viver fa tig á v e l c deslum brante. Desse espectáculo u n ive r­
reçunia nas suas paginas dolorosas, em que a razão sal, somos a ap parição phantastica e passageira, e,
castigada se retráe num am a rg o scepticismo. E lle t i ­ na inconsciência de representação da vida se fô rm a,
nha, con tu do , um a preoccupação m o ra l e o riso c se abre um in te rv a llo , quando uma dessas apparições
a zom baria, com que commentava c envolvia nossas, instantaneas d o m undo phenomenal, que somos nós,
m iserias e fraquezas, procurava c o rrig ir, pelo senti­ póde conceber a m agia do Universo». E que resta a
m ento. Estamos bem cetos de que Machado de Assis vida, já que não ha fin a lid a d e nesse perpetuo a n n i­
não acreditava na regeneração humana, mas tinha con­ q u ilam en to? a resignação fa talida de cosmica. Aq ue lle
fian ça que a piedade lig a ria os homens e que, pela que a ella se resigna e «une o seu ser a o iitr o
te rn ura, os m on stro s se venceriam. C om ser o mais ser nessa p ro fun da e m ystica união dos sen tido s e
a lto e s p irito b ra s ile iro , pelo universalism o com que das emoções, dos esp íritos e dos corpos, e na sub lim e
do m in ou o m eio (o u tro s d irã o com que enganou), fusão do A m o r realiza a universal unidade, esse
é a in te llig e n c ia mais s u b til e penetrante, que tem v ive na p e ipe tua alegria».
vingado no B ra s il, criando um a ph iloso ph ia de des- N o começo era o T odo Pe rfeito . Somos, cada
dem e iro n ia , mas com um fu n d o de complascente pie­ q u al, um a parcella decaída da unidade, que o pavor
dade O homem seria, para e lle , o p io r, mas, ainda in ic ia l, se não desintegra, ao menos afasta da cons­
assim, o m ais tole ráve l dos animaes... ciência in te g ra l. O a p pe tite d ivin o, levando-nos ao
A nossa poesia, em reg ra , exaltada e liric a , te«n in fin ito , de que o medo nos separa, põe o pro blem a
sido, poucas vezes, uma voz de indagação universal. hum ano em de m in a r esse extranho te m or, para perse­
Seu canto é, de preferencia, ingenuo e extasiado, em verar no sêr, segundo a expressão spinozista, aq ui in­
face de natureza, que é volu ptu osa e ardente. É vocada. A vida é uma batalha insana no e s p irito , en­
c erto que o rom antism o, nos deu um a poesia social, tre o sentim ento da unidade e a apparencia dua­
de que C astro A lve s e A lva re s de Azevedo foram os lis ta , que o medo engendra, creando suas categorias
mais fu lg id o s representantes e que era repassada, ás de destinos e fina lida de s, quando tudo, o un iverso,
vezes, de um resaibo da m elan colia do século. Mas, e n fim , é «como um espectáculo em que só ha fô r­
ainda assim , as notas exaltadas e líric a s dominavam mas, que se succedem, m ultip lic a m , m orrem , revivem ,
cm ab solu to. A p rim e ira expressão d o verso, magoado num a metamorphose infa atig ave l e deslum brante». A
e p e sq u irid o r. f o i a de R nym undo C orrêa (1860- un idade é, para nós, a allucinação, que dizemos, so­
1911), vendo a d ô r universal, como a mais alta m a­ mos um a a llu cin an te realidade, que, p o r ser, se d iv i­
nifestação do sêr. através das nossas pequenas mise­ niza. M as, a lu ta se perpetua, numa tragica ax^ão.
ria s, que, incessantemente, nos negam o pão e a O ry th m o do T o d o se choca contra os preconceitos do
g lo ria , R aym undo Corrêa, á m aneira dos budhistas medo, m arcando a «dolorosa separação do nosso eu
e de A n th e ro de Q u en tal, resolve a tragédia da exis­ d o T o d o in fin ito » . O nde. pois, o instrum ento de v ic to ­
tê ncia p e lo a n niq uilam en to , pelo N irv á n a , pela m o r­ ria para esse lastim áve l embate? Na esthetica da' vida,
te. A m o rte seria o esplendor do s ê r! N a sua poesia responde o v igo ro s o pensador. «Façamos de to das as
ha a perpetua lu ta do e s p irito d e s illu d id o das con­ nossas sensações, sensações de arte. Ê a grande,
cepções agnoscistas e m aterialistas, e procurando, ar­ transform ação de to dos os valores de existência. Não
dentem ente, nos céus, «olhando para o que não co­ só a fôrm a, a côr, o som, mas também a ale gria
nhece», um pouco do m ila g re da fé , de a lliv io para o e a d ô r e todas as emoções da vida sejam com prehen-
coração a fflic to . Raym undo fo i o p rim e iro , dentre didas como expressões do U niverso. Sejam para nós
nós, a s e n tir essa disproporçâo e n tre nosso sêr e o puras emoções estheticas, illu sõe s do espectáculo mys-
U niverso, causando o m al angustioso e trem endo, que te rio s o e d iv in o , que nos em polguem , nos arrebatem ,
só venceremos pela in te llig e n c ia exaltada até o sen­ nos confundam na U nidade essencial de todas as cou­
tim e n to . A inquietação de Raym undo C orrêa é a m e­ sas, c ujo s ile n c io augusto e te rrív e l pe rturbam os um

o o o o 91 o o o o o o
LIVRO D t OURO COMMF.MORATIVO DO CENTFNAR/O

instante p e la consciência que se abriu, como um re­ que philosopho, fo i A lb e rto Torres cu ja ob ra é o
lâm pago, nas trevas do acaso...» estudo do problem a nacional b ra s ile iro , resolvendo-o
Essa concepção csthetica do U niverso, se nos pelo aproveitam ento dc todas as energias n ativas numa
nega um a fin a lid a d e e nos deixa perdidos num ocea­ concepção nova de estado.
no d o nada, de que somos ephemeras e fulgurantes E ntre os moços mais largas seriam as referencias,
apparições, não nos a n niq uila para a vida, porque a dc to dos aquclles que, na ph iloso ph ia , na poesia, n o
vida deve ser vivida. Ha um a funcçào do es p irito nessa ensaio, na critica, na sociologia e no d ire ito , revelam
realidade idéal, é communicar-se com o todo, vencer as mais graves preoccupações de pensamento, naquella
o desespero dessa separação angustiosa. Ê, pois, um ansia inquieta de sabedoria, naquella doce volú p ia de
hym no vib ra n te de entusiasmo pela existência, pela inte rro ga r as coisas, não m ais contentes com o b r i­
a le gria que une os sêres, pela ale gria divina, á ma­ lho de suas apparendas. Basta-nos, poram , sen tir
neira da qu elle ris o de i U niv e rs o , que ine briou D an­ essa germinação que florecc sob nosso sol, não m ais
te, no m ais a lto c ircu lo do Paraíso. O sr. Graça A ra­ uma replica das cartilhas extrangeiras, mas solicitada
nha nos redim e tornando a vida essa ansia pela U n i­ pelo esp irito nacional, que desperta d o deslum bra­
dade, através da fórm a, em busca da «fórma u ltim a mento da imaginação. Ha um esforço novo, de cultura
e primordial).-. e universalism o de ideas, um fre m ito que a g ita a m o­
H a ainda a salientar a ob ra de A. S e rg ipe (Jus­ cidade, animando-a a c ria r o es p irito bra sile iro , para
tin ia n o de M e llo e S ilv a ), a que Farias B rito em dar ao mundo uma luz m aior. O prim ad o das pa la­
lon ga referencia em prestou m u ito b rilh o , divulgando vras coloridas cessou e a alma nacional se rete m ­
seu pensam ento, que renova em parte a do utrin a da perou na dôr do pensamento, onde a criação será
quéda de Rénouvier e Sccretan, estudando longamente a liberdade.
a m etam orphose cosmica, donde resultou a hum ani­
dade decaida e m iserável, mas esforçando-se para v o l­
ver a Deus. O u tro pensador, aliás sociologo m ais do R e n ato A lm e id a .

o o o o o o 92 o o o o o o
■■ f r l J W g f f f c H H m W H B K M

Laboratorio Clinico Silva Araujo — Rio de Janeiro.


A ESCOLA M E D IC A B R A S IL E IR A

( 1 8 2 2 -1 9 2 2 )

S S IS T IM O S ao centenario da indepen­ com estrondosa vic to ria p o r O sw ald o C ru z ; a pro­


dência b ra sile ira cheios dc ju b ilo e fila x ia ru ra l, a vacinação o b rig a tó ria , a campanha con­
confiança no fu tu ro da p a tria. O Brasil tra as doenças venereas, a tube rcu lose , lep ra , ancilos­
novo porém v ive cheio de tradições pela tomíase, o im paludism o postos em execução pelo
transplantação da arvore c iv iliz a do ra que nos veio da d ile c to d is c ip ulo de O sw aldo C ruz, C arlos Chagas;
Lu zitan ia. Realmentc. Somos felizes porque vivemos a assistência aos insanos, fe ita com dedicação por
independentes c plenos de vigo r, e o que m ais, to do Julia no M oreira e Franco da Rocha; a hig ien e das
o m undo n u tre serias esperanças no fu tu ro p o litic o habitações, a fiscalisaçâo dos productos alim entícios,
inte rna cio na l, in d u s tria l, e commercial da nossa na­ e ta ntas outras m edidas firm adas pe lo Departamento
ção em pu jan te juventude. Os pessimistas e cepticos Q eral de Saude Publica provam como a medicina tem
esfalfam -se in u tilm e n te a p ro flig a r som briam ente nos­ proporcionado a nossa imensa pa tria benefícios in ­
sos costumes p o litic o s e erros financeiros, mas, os discutíveis e perfeitam ente pragm aticos. Podemos a fir ­
velhos paiscs, amadurecidos na civilização, aplaudcm- m ar sem lis o n ja ou vitu p é rio que a m edicina e a
nos a atitu d e e creem em nosso destino, e todos nós p o litic a internacional m u ito teem fe ito pelo belo
testem unham os o desenvolvim ento rapido das nossas nome que a nação goza no estranjeiro. As fontes eco­
fo nte s econômicas, das artes, sciencias, cidades e dos nômicas representam naturalm ente as causas p rin c i­
costumes, de m odo a nos assombrarmos com o im ­ pais da v italid ad e nacional, porém , basta lem bra r que
previsto que nos estim ula e nos eleva. Acompanhou e a extincçâo da febre amarela do R io de Janeiro, San­
actualm entc acompanha o surto do desenvolvim ento tos, etc., trouxe-nos garantias c aos adoenas, só ava^
do pais a medicina que sempre teve no B rasil acriso­ liáveis pelos que tiveram entes dizim ados pelo te rríve l
lados culto res e decididos entusiastas. m orbo icteroide.
O es p irito m edico b ra s ile iro fez-se pelos pro prios Quando as campanhas de p ro fila x ia ru ra l tom a­
caracteres psicologicos, is to é, amor ao c u ltiv o das rem surtos eficientes; quando o habitante ru ra l tive r
sciencias e sentim entos afectivos desenvolvidos. A assim ila do os ensinamentos da propaganda exercida
bondade e a afectivida dc nacionais m u ito c o n trib u í­ pelos medicos bra sile iro s; quando as endemias esgo-
ram para que sempre houvesse grandes clinicos nos ta ntes do trabalhador do campo forem m inuidas ou
m eios urbanos d o pais. an iqu ila da s; quando a saude do o p era rio , lavrador,
A medicina possuc duas faces d ife ren tes: a pes­ ou cria do r fo r garantida pelas praticas constantes da
quisadora das sciencias e a que assiste os enfermos, higiene p ro filá tic a , poderemos a firm a r que á m edi­
is to é, a c linic a h o s p ita la r e c iv il. As tendências clas­ cina a nação será devedora de um dos m aiores fa vo­
sicas bra sile ira s fo ra m sempre m ais para a segunda res que se podem reg istra r na his to ria da nossa c i­
pelas naturais qualidades c sentim entos dos filh o s vi lisação.
desse p riv ile g ia d o to rrã o . Ê tã o belo am ar o Brasil O esp irito m edico nacional nunca fo i dado, so­
com o é grandioso viv e r alguém p o r ideal alevan- bre tud o ha 40 anos passados, a pesquisas orig in a is.
tado e nobre, e to dos os nossos esforços em p ró l Nas sciencias subsidiarias á medicina assinalaTemos
desta grande p a tria constituem inefáveis prazeres es­ alguns botânicos de grande nomeada e que fizera m
p iritu a is , porque trab alh ar cm bem d o B rasil é fo ­ estudos excelentes; entre eles A rrud a Camara, F rei­
m entar um a das m aiores esperanças das civilisaxjões re Alemão. Barbosa R odrigues e ou tros. Os pendores
humanas. Os m edicos m u ito têm fe ito em beneficio clinicos fo ram sempre mais notáveis entre os medicos
d o solo e dos seus habitantes. A s questões higiênicas brasileiros, p o r isso, esmeram-se e ainda ho je se cs-
tomaram entre nós fo rm ula s adiantadas e humanas no rnam fam igerados práticos que se têm dedicado com
r ig o r do term o, e o combate ás epidemias e endemias acentuado amor á clinica, e com b rilh o ás vezes ge ­
têm propo rcio na do mais progressos á v italid ad e na­ nia l. F oi inegavelmente a escola bahiana que floresceu
cion al A extinção da febre am arela no R io de Ja­ com m ais v ig o r e basta c ita r os nomes dc S ilva Lim a,
ne iro , e nas grandes cidades bra sile ira s, conduzida o cria do r do Ainhum . o sabio precursor das do utrin as

o o o o ’ o 93 o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO

as pesquisas com plem entares ao aprendizado. Neste


clinicas acerca da b e rib e re ; W ucherer, o descobridor
particular, segundo os preceitos do pragm atism o, o
da fila r ia que traz o seu nom e; Paterson, Alm eida
professor M ig u e l C ou to pro du ziu um enorm e be­
C ou to e ou tros mais. H ouve um m om ento em que a
n e ficio ao ensino, porque deu a moderna fó rm u la para
p a to lo gia in d ig in a dem onstrou vida pro p ria nos cen­
a estabilidade dos conhecimentos clinicos, o u tro ra
tros s cien tificos bahianos.
baseados apenas no raciocínio, is to é, no pu ro em p iris-
N o Sul, sobretudo n o Rio de Janeiro, Torres
tic o , que é m uito , mas não resume tu do
Hom em o m estre b rilh a n te e c lin ic o sagaz. Pertence,
i de diagnostico. D o is dos seus d is c ip u ­
Saboia, grandes operadores, constituíram um marco
los já são professores; A lo is io de C astro que d irig e
notável nas conquistas das clinicas, medica e c irú r­
com amor e competência a Faculdade de M ed icin a e
gica. D aí em dia nte form aram -se as escolas, chefiadas
por aqueles grandes e s p íritos, que ilum in ara m incon­ O svald o de O liv e ira que é também professor catedrá­
fu nd ive lm e nte as estradas que deveriam ser fu tu ra ­ tic o de C lin ic a Medica. D ocentes e pesquisadores ilu s ­
mente palm ilhadas pelos medicos práticos c pelos tres são H en riq ue Duque, M o re ira da Fonseca c
fu tu ro s professores D is c ip u lo de T orres Hom em , e M ac-D ow cl que honram sobrem aneira a escola do
m estre sedutor e b rilh a n te fo i Francisco de Castro, mestre. Os professores A lm eid a M agalhães c M ig u e l
que reu niu em to rn o do seu ensino F ajardo, Alm eida Pereira, precocemente fa lecidos, foram b rilha nte s, es­
M agalhães, M ig u e l Pereira, Pim enta de M e llo. Ru- tudiosos mas não .tiveram te m p o de firm a r noçoes
bião M eira, Nascim ento O u rg e l e o s ig n a tá rio deste novas c criarem escolas.
trab alh o. Evidentem ente o ensino e a c lin ic a tomaram O es p irito m edico b ra s ile iro fo i sem pre sa té lite
com aquele pujante e s p irito , grande b rilh o , c o co­ do esp irito francês; apurou-se m ais nas questões c li­
nhecim ento das escolas, aleman, inglesa, italia na c nicas. Pendores especiais para a cardiopatologia- tive ­
francesa, trou xe aos m edicos nacionais m a io r a u to ri­ ram sempre os grandes professores bra sile iro s. T o r ­
dade e erudição do que nos tempos pre-castreanos. res Homem, M artins Costa, Francisco de C astro , A l ­
U m d is cjp ulo de T o rre s Homem profundamente meida Magalhães c A lfre d o de B rito . As obras m ed i­
observador e que se to rn o u depois em m estre sabio, c cas dos referidos professores tim braram sem pre cm
M ig u e l C outo, o u tro o rie n ta d o r o r ig in a l do ensino dar lugar saliente á card io pa to lo gia . Só o professor
c lin ic o no Brasil. Francisco de C astro procurava nos textos alemães
A característica da d ire c triz dada pe lo professor subsídios novos para as suas doutrinas.
de C lin ic a M edica da nossa Faculdade e Presidente A nc uropatologia também atra iu os m estres na­
da Academia N acional de M edicina fo i o estabeleci­ cionais e entre eles cum pre c ita r C ip ria n o de F reitas,
m ento de lab oratorios ao lado das enferm arias paTa M on teiro de Azevedo, Francisco de C astro , M ig u e l

o o o

PAVILHAO DE HONRA DA FRANÇA

O O O O o 94 o o o o o o
INDEPEN DENC!A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

C outo, Ju lia n o M o re ira e P in to de C arvalho. Só m u i­


liv ro de A. Lu tz acerca da ancilostom iose é classico.
to recentem ente fo i criada a cadeira de C lin ica N euro­
Quem escreve este trabalho, dem onstrou exp erim en tal­
logica nas Faculdades medicas da Republica, e quem
mente como M oisés de Menezes pela p rim e ira vez in
subscreve este trab alh o lhe fo i o p rim e iro catedrá­ anim a n o b ile , a penetração da larva da uncinaria
tico. A n e u ria tria entre nós recebeu os in fju x o s da
americana atravez da pele, para1 a origem da infesta­
França, a p e /a r de serem conhecidos os trabalhos ale­
ção, de acordo com a te oria de Looss, au to r da des­
mães, americanos, ita lia n o s e ingleses; contudo fo i coberta. A lm eid a M agalhães estudou a questão car­
sempre na escola francesa, chefiada p o r C harcot, De- d io lóg ic a , ou tros estudaram a hem atologia, (M ig u e l
je rin e , P ie rre M ane e B a bin ski, que a medicina p a tri­ P e re ira ), as perturbações m entais (A u s tre g e silo e Go-
cia fo i c olh er orientação e aprendizado.
tu zzo), Gomes de F aria escreveu uma das mais com­
A p a to lo g ia tro p ic a l ta mbém mereceu atenções pletas m em órias acerca do verme p ro du tor, e de todos
especiais p o r parte dos scientes. Desde a escola ba- os factos c linic os e experim entais que se relacionam
liia na com Silva Lim a, W uche rer, Alm eida C outo, até com este verm inose intestinal.
os m odernos m om entos, podem os dizer a nosologia O im p alu dism o ou a m a la ria , recebeu de clinicos
indígena lo g ro u atenção conspicua por parte de pes­ e parasito lo gista s m uita s contribuições pessoais, por­
quisadores e c linic os nacionais. Os estudos de Pedro que as febres fo ram sem pre assunto p re fe rid o dos
Severiano de M agalhães acerca da jila r ia , as pesqui­ autores e observadores bra sile iro s. Para não ir m uito
sas c lin ica s acerca da ele fan tía s e dos arabvs e da bou­ longe c ito as obras de T orres Hom em , M a rtin s Costa,
ba p o r S ilv a A ra u jo , as investigações de F aja rd o so­ F aja rd o, Chagas. A escola de O svald o C ru z trou xe
bre o im p a lu d is m o ; to da a nova orientação dada p o r m uito s contingentes novos acerca de c ulic idio s, varie­
O sva ld o C ru z no In s titu to de M anguinhos para pes­ dades de parasitos, doses terapêuticas e preventivas
quisas ite ra tiv a s acerca da para-sitologia tro p ic a l; o de q u in in a contra a m alaria. As u ltim a s excursões
descobrim ento da nova en tida de m órbida, (trip an os o - scien tificas de O svaldo C ru z e C arlos Chagas á Ama­
tniase b ra s ile ira ) p o r C a rlo s Chagas que lhe descreveu zonia vieram enriquecer o acervo s c ien tifico respei­
o pa rasito , o transm issor da infestação e o qu ad ro ta nte ao im p alu dism o no Brasil.
no so g ra fico com p le to ; o o fid is m o e a respectiva so- T o rre s Homem teve a ju s ta previsão terapêutica
ro te ra p ia exaustivam ente fe ito s por V ita l B ras il, etc. m oderna da m alaria com a qu inin a, quando mandava
dem onstram como a p a to lo gia indigena tem sido tr a ­ dar aos pacientes a dose s uficie nte do alcaloide, 4
tada p e los medicos indigenas. C ertas doenças tr o p i­ a 6 horas antes do accesso fe b r il. H o je depois dos
cais com o o be ribere tiv e ra m contribu içõ es m u ito es­ conhecimentos acerca do parasito de Laveran, ficou
peciais. O s estudos de S ilv a Lim a, A lm eida C outo, dem onstrada a razão scien tifica do p rin c ip io clinico
Francisco de C astro, F ajardo, M ig u e l C outo, A lm eida estabelecido pelo m estre bra s ile iro , baseado apenas
M agalhães, deram a esta en fe rm ida de um lu g a r sa'- n o seu sabio em pirism o.
lie n tc nas observações nosologicas brasile ira s, a qual O A nihum é uma doença de origem africana, po­
possue hasta b ib lio g ra fia . D uran te m uito tempo o rém, fo i descrita pela p rim eira vez por S ilva Lim a, o
b e rife re fo i tid o pela nossa escola com o de orig e m sabio c lin ic o da Bahia. Peterson, Julia n o M o re ira lhe
m acrobiana ou infeciosa. H o u v e te ntativa de autores estudaram a anatom ia patológica. O seu caracter é a
nacionais para lhe reconhecerem parasitos especiais am putação espontanea, sim étrica dos dedos do pé, so­
com o Lacerda, Fajardo. P o re m , a tendência m oderna b re tu d o m eim inhos. A jila rii.s e recebeu dos medicos
é a cre d ita r que o be rib ere seja um a avitam inose ou en­ b ra s ile iro s serias e originaes contribuições. Basta d i­
ferm ida de de carência n u tr itiv a de acordo com a zer que uma das variedades fo i pela p rim e ira vez assi­
orientação das escolas holandesa, alcinau, japonesa, nalada na Bahia p o r W ucherer, e aqui no R io de Ja­
francesa, com E ijk in a n n Funck, H op kins, W e il e n e iro o p ro f. Pedro Severiano de M agalhães descre­
M o u riq u a n d . O professor M ig u e l C ou to ju lg a o b e ri­ veu uma variedade ou ta lvez a form a em brionária da
bere sind ro m e variavel, com o consequenda de causas fila r ia de W ucherer.
m u ltip la s . A de rm atologia c s ifilig ra fia tiveram fase Ê no d o m in io derm a tolo gia , que a patoogia tr o ­
in ic ia l late nte, e a p a to lo gia tro p ic a l pouco havia n o pical m u ito se tem desenvolvido ultim am ente. A leis-
B ra sil lo g ra d o vantagem a resp eito . Sómente a bouba hem aniose, a esporotricose, o granulom a venereo re­
ganhara estudiosos. A lg u n s ad m ittia m ser esta doença ceberam de Ju lia n o M o re ira , W cm e ck Machado, F.
de o rig e m s ifilitic a , como L o p o D in iz ; ou tros acre­ T erra, Ed. R ab cllo , Silva A ra ú jo , Linde m b erg e H e­
ditavam independente da s ifilis , como C hapot-P rcvost, raclides de A ra u jo , estudos com pletos, qu er no aspecto
A u strcg e silo , Terra. H o je está dem onstrado a sua in ­ c lin ic o qu er no aspecto p a ras ito lo gic o e terapêutico.
dependência graças aos estudos de C aste llan i que des­ N este pa rtic u la r devemos le m b ra r o nome do saudoso
cob riu o germe, e s p iro qu ela pertenue p ro d u to r da G aspar Vianna que in s titu iu pela p rim eira vez o
bouba o u fram boesia tro p ic a . O estudo c lin ic o desta tratam en to da leishem aniosc, por m eio de injeções
enferm idade fo i longam ente fe it o p o r medicos b ra s i­ intra-venosas de ta rta ro estib iad o com resultados d e ­
le iros, desde o velho classico D r, C arne iro , até os fin itiv o s . A lepra tem recebido dos b ra sile iro s estudos
estudos de Lopo D in iz , S ilv a A raú jo, pa i c filh o . relativa m en te em num ero d im inu ído , e a não ser
Quem escreve este a rtig o fe z a anatomia ou h is to lo g ia os fe ito s de M agalhães, M o re ira , Ribas, de caracter
p a to ló gica da enferm idade. A ancilostom íase fo i basta­ g e ra l, c ito especialmente os de Esposei acerca da
mente explorada no B ra s il pelos medicos p a tric io s , alteração da sen sibilida de p e riférica nesta doença.
e desde jo b iin que lhe chamou hipoem ia in tc rtro p ic a l, Das doenças trop ic ais fo i a febre amarela uma das
até os recentes autores, tem h a vido abundante messe que m ais se ocuparam os m edicos b ra s ile iro s desde
de publicações a respeito. N um erosas teses da nossa os tem pos inic ia is das epidemias. N ão tra ta re i da ques­
Faculdade houveram como assunto a uncinariose. O tã o e p ide m io lo gica e c linic a dos tempos passados por-

o o o o o o 95 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMOR ATIVO OO CENTENARIO

que possuem valor meranicnte historico. Citarei das ora americanos. Ê cclctica por excelencia, porém ha
velhas doutrinas a opinião de Torres Homem que via da parte dos técnicos, processos e métodos pessoais,
no tifo icteroide uma associação dos germes da febre alguns de resultados brilhantes mas que nâo possuem
tifoide e do impaludismo e dizia enfaticamente que característica suficiente para considerar-se como ti-
se nâo responsabilizava pelos doentes de febre ama­ pica a escola cirúrgica brasileira.
rela que no periodo de remissão não tomassem quini­ Quanto á obstetricia e ginecologia, temos tido
no. Cumpre citar também a opinião do prof. Filogonio técnicos e professores de velha e de moderna orien­
Lopes Utinguassú, creio que precedente ao dos me­ tação. Entre os antigos contamos o Visconde de San­
dicos havanezes, acerca do papel transmissor da febre ta Isabel, o prof. Feijó e Augusto Brandão que é o
amarela pelos mosquitos. O melhor trabalho brasilei­ elemento de transição entre os especialistas. Da mo­
ro e quiçá universal é o Tratado sobre a doença, es­ derna geração computam-se Fernando de Magalhães
crito pelos professores Azevedo Sodré e Miguel Cou­ que se tornou chefe da escola pelo entusiasmo que
to, como colaboradores do tratado de Patologia espe­ desperta nos alumnos, Quintella, precocemente faleci­
cial de Nothmagel. Ai as noções clinicas da escola do, Nabuco de Gouveia (ginecologista) e varios ou­
brasileira e os estudos de anatomia patológica feitos tros como Morais Barros, de São Paulo, J. Adeodato,
pelos autores dão a mostra da orientação nacional da Bahia, etc.
acerca do assunto. Em trabalho dc interesse como este os dados são
Depois da descoberta dos medicos cubanos e ame­ certamente incompletos. Constitue uma visão rapida
ricanos acerca do mosquito stegom ia ou c alo p its , acerca dos esforços da medicina patria que se póde
Osvaldo Cruz com energia moral pouco vulgar conse­ ufanar dos progressos e da boa vontade dos medicos
guiu extinguir a febre amarela do Rio de Janeiro e c cirurgiões que têm dispensado para acompanhar tan­
das nossas principais cidades em que a enfermidade to quanto possivel os succdimentos do mundo refe­
òra reinante. Podemos dizer que foi o mais brilhan­ rentes á sua profissão. Inegavelmente os estudos me­
te feito da medicina nacional a extincçâo da febre dicos, isto é, tudo que diz respeito á saude humana,
amarela dos focos em que reinava, havia mais de meio servem de expoente á civilisaçâo dos povos. Não ha
século. grande nação com medicina atrazada, e a higiene e a
Restam-nos algumas palavras sobre as especiali­ experimentação biologica acentuam indubitavelmente
dades medicas em que certos espíritos teem mais ou para a determinação da vitalidade scientifica dos paí­
menos assinalado epoca. Na anatomia Patológica te­ ses cultos. Ha trez ou quatro elementos sociais indi­
mos a citar o Prof. Leitão da Cunha e Gaspar Viana, cadores da elevação moral e intelectual dos povos:
mui precocemcnte roubado á sua gloriosa carreira. o anti-analfabetismo, a higiene, o amor civico, o res­
Na psiquiatria Teixeira Brandão que se orientou pela peito ao direito e a justiça, e a ansia individual
escola franceza, Mareio Nery que professara entre nós ao trabalho e ao progresso. De todos que os mais
as ideas de Schüle e Kraft-Ebing, Juliano Moreira, que se referem a cultura humana são o aprendizado
propugnador das ideas de Kraepelin, Henrique Roxo, escolar e a efetivação higiênica. Não ha grande povo
ecletico em sua disciplina. sem estas duas prerogativas.
A oftalmologia contou entre nós os antigos, Ga­ São princípios elementares, assinaladores do alto
ma Lobo, Pires Ferreira, e Moura Brasil que ainda nivel de civilização em que se acham colocadas as
hoje exerce com competência a clinica; cabe porém, nações adiantadas. O Brasil na questão higiênica tem
ao Prof. Abreu Fialho, a cadeira actual da' nossa Fa­ conquistado varios pontos, com segureza assombrosa.
culdade, em que a sua escola cheia de observações? A outra parte acha-se ainda cm mau caminho. M uito
pessoais e orientação germanica tem produzido os me­ temos que lutar em combate vivo contra o analfabe­
lhores resultados. tismo. As grandes distancias do pais, as dificuldades
A oto-rino-laringologia com H ilário de Gouveia, materiais e físicas, a falta de compreensão do proble­
J. Marinho, Francisco Eiras, David Sanson, Castilho ma, colocam-nos em ponto de inferioridade perante o
Marcondes, J de Moraes tem proporcionado ao meio mundo. Porém, a higiene, sobretudo em certos luga­
clinico nacional bons discipulos. res como Rio, S. Paulo, tem atingido a serias e ra­
Na cirurgia brasileira podemos dizer que se po­ dicais melhorias. Não podemos negar, repito, que em
dem contar duas ordens de cirurgiões: uns professo­ questões medicas ou biologicas, o Brasil atingiu um
res, como Saboia, Oscar Bulhões, Paes Leme, Augus­ grau elevado, digno de nosso orgulho, reflexo do
to Paulino e Figueredo Baena, outros, clinicos pro­ grande amor que temos e devemos ter ao nosso tor­
priamente ditos como Daniel de Almeida, José de rão maravilhoso e privilegiaado, que será como disse
Mendonça, Alvaro Ramos, Jorge de Gouveia e Fer­ um grande espirito politico americano, o fenomeno
nando Vaz. social do século XX
A orientação operatoria nacional é a resultante
ora dos estudos e praticas franceses, ora alemansora,
A. A ustreoesilo.

o o o o o o 96 o o o o o o
RELOJOARIA O O N D O LO — Rio de Janeiro.
R E S U M O M O N O G R A P H IC O D A E V O L U Ç Ã O D A A R C H IT E C T U R A
N O B R A Z IL

 O pode caber nestas paginas senão um Santa, em M inas-Qeraes, liga do ás pesquizas e aos

H m u ito succinto resumo do que fo i e


vae sendo a evolução architectonica em
te rra s brazüeiras: p o r isso dispenso
preâm bulos para en trar, desde log o, no âmago da
m ate ria que m e fo i confiada, para este liv ro , a cujos
resultados a n trop olo gicos de G uilh erm e Lu n d e ao
seu P r im itiv o homem b ra zilico, provavelm ente, ao
meu ver, um Tapuia ancestral.
Se o B ra z il é m iserrim o em m onumentos de ca­
racter genuinam ente archeologico, sob o ponto de
org anizadores aq ui tenho o p ra zer de prestar h o ­ vista architectonico, elle é riquíssim o em toda na­
menagem p o r se não te rem esquecido e, antes, ha­ tureza de P e trographias e, sobre a m atéria, m u ito
verem pro curad o, neste liv ro em que se condensa disseram e oontradictaram os especialistas desse ra­
to d o um passado do Brazil, que nelle figu rem as m o archeologico que, na m aioria dos casos, ainda
presentes notas sobre a evolução da Architectura bra- conserva to d o o seu m ysterio e o segredo dos res­
pectivos s ign ificad os graphicos. Bastante se pode pre­
Se alg u n s dos paizes da Am erica podem o rg u ­ sum ir, no entanto, que elle encerra hieroglyphicam ente
lhar-se, nas respectivas épocas prehistoricas, de pos­ os fio s dos ro te iro s e as cosmogonias, pelo menos,
suírem p ro p rio s e genuinos estylos architectonicos, dos p rim itiv o s povos que residiram no B razil, que
m ais o u m enos influenciados, numa tradição archeolo- prim e iro o desbravaram ou o atravessaram, em exo­
gica, pelos de ou tros povos p rim itiv o s e de cosmo­ dos e m igrações ainda im perfeitam ente averiguados
gonias asiaticas, como acontece m u ito especialmente apezar de m u ito discutidos.
entre Peruanos e M exicanos, o u tro ta nto se não pode Se o B ras il, ainda, é riquíssim o em m anifesta­
diz e r do B ra z il, onde, até agora não passaram de ções archeologicas de natureza petrographica, e lle não
m iragem todas quantas cousas se disseram a respeito o é m enos em riquezas Ceramicas, de fe ição grossei­
de restos archeolo gicos pre histo rico s que denuncias­ ra nos Sambaquis e nos D epositos de cozinha,
sem um passado b ra z ile iro liga do a quaesquer e d ifi­ consoante com a phrase technica dos ethnologos al-
cações de caracter permanente e de feições archite­ lemães, — e riq uíssim o em Tu pinam baranas, M a-
ctonicas P o r isso, no Brazil, as pesquizas dos ethno- raká, M a ra jó e, sobretudo, no Pacoval desta u ltim a
lo g o s e dos histo ria do res são m ais incertas e peno­ ilha amazonense, — de cujos productos possue fo r­
sas d o que alhures, nos d o tn in ios da prehistoria. mosa collecção o nosso Museu N acional, — mas que,
De fa cto, tu do quanto, até agora, fo i d ito e infelizm ente, vão sendo repositories cada dia mais
escripto a respeito de C ortina s de fortifica ção in d i­ prejudicados pe lo tem po e a m ão do homem, de
gena, de C am inhos estratégicos dos aborígenes e de mãos dadas com a indiffere nça o ffic ia l, perante es­
Cidades bra zilicas, tu d o perdido em plena m attaria ses thesouros em grande parte reveladores da nossa
que te ria recuperado a sua virg ind ad e, — como aquella prehistoria.
personagem de A le xan dre Dumas, filh o — num re­ Povos como os p rim itiv o s brazilicos, que nenhum
be nto de novos amores da Natureza, não parece ter valor lobrigavam na aurea pepita, que apenas lhes
ou tros fu ndam entos d o que aquelles outros, im agina­ servia de peso, jun c to ao anzol d o caniço; no o u ro
tiv o s , dos navegantes das descobertas ao singrarem de allu v iã o , «terra» que elles escambavam com os
os lito ra e s d o N ovo -M u nd o e ao acreditarem na per­ corsários francezes, na phrase de Mem de Sá a E l
cepção lo n g in q u a de Cidades de p ra ta a s c intillarem , Rei de P o rtu g a l; que a qualquer P e rid o t, ou Turm a-
no h o rizo n te esfumaçado, como que num reverdeci- Una, pre feriam um a raiz de mandioca, uns cajús o u
m en to das relações de M arco-P o lo, tid o injustam ente bem um g a lh o de mangue salpicado de ostras, — ou
com o phantasista pelos seus contemporâneos. lerys — á semelhança do g a llo de La F ontaine, que
Apenas, recentemente, veio a archeologia bra- p re feria o grã o de trigo , á pérola,' que achou esgarava­
zile ira en file ira r-s e prehistoricam ente com passados ta ndo — ou, que afin a l, nenhum apreço souberam l i ­
de te rras do V elho-C ontinente, pelas descobertas de gar ás Aguas-m arinhas e aos brilha nte s do S alobro,
Cidades L a c u s ire í, verificadas no N o rte do paiz pe lo do G rã o -M o g o l e de tantas ou tras jazidas m a ra vilh o ­
professor maranhense R aym undo Lopes e, sobre c ujo sas do solo b ra z ile iro , não podiam ser a rtific e s como
assum pto, já fo i presum ido, caso semelhante, na Lagôa- aquelles de ou tras terras americanas o fo ra m , —

o o o o o o 97 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA

como nesse exemplo das mascaras votivas e funereas Estes, Tupis e Guaranis, quando appareceram
dos mexicanos, feitas com esmeraldas importadas do pelos litoraes brazilicos haviam completado a sua evo­
norte do Equad. r — cv apenas em matéria de in­ lução ethnologica, transformando-os em marujos,
dumentária nos deixaram alguns enfeites selvagens quando a origem de ambos foi montanheza e andina.
de pescoço, collo, braços, tornozellos, cintura e ca­ A habitação delles foi a CanÔa, a Ig ara, feita num
beça, ao lado de uma unica peça de In dum entária tronco de arvore, que ás vezes chegava ás propor­
indigena, reveladora do trabalho do artifice, como é o ções que lhes merecia a denominação de Ig araçu.
M u ir a k ita n , feito com barro esverdeado a côr dc Nas suas singraduras pela costa atlantica, pernoita­
turqueza e endurecido por processos que nos são vam, ás vezes, sobre a areia das praias, como naquelle
desconhecidos e que parecem intrinsecos á matéria exemplo que nos disse Hans-Stadem, quando viajava
com que são feitos. com os Tupinambás que o aprisionaram em B e rlio g n
(B e rrik iô k a ), no rio de S. Vicente.
Alguns brazilicos primitivos, cujo mais genui­ Quando viajavam para qualquer fim, — guerra,
no descendente actual, no caso vertente, é o Aymoré, caçada, colheitas nas mattas, — T apuias, T up is, Gua­
que não habita longe da Capital Federal da Republica, ranis e Karaibas, como quaesquer homens dos mais
foram infensos á edificação e ao uso dc qualquer mo­ primitivos erguiam, com ramagens, um abrigo contra
radia fixa. as intemperies, a que chamavam T eju pa r, ao lado
O Tapuia, manteve-se troglodytico, durante um de outras denominações menos espalhadas.
longo pe.iodo da sua existência no Planalto-Central A Òka do tapuia era habitação collectiva que abri­
do Brazil, nas grutas e cavernas deste, e foi nesses gou diversas familias com lareiras separadas c com-
modelos que elle se inspirou para edificar a sua munidade de existência, até para os actos que mais
Oha, ou casa, termo, porém que me parece de etymo­ offendem o nosso pudor de civilisados.
logia K araiba, herdado pelos T up is , que estes appli­ Era construcçâo de planta oblonga, muito mais
caram á moradia Tapuia, quando, pela conquista elles comprida do que larga, em feição de carapaça de Ka-
delias se apossaram e delias se utilisaram, como de gado; feita com páos a pique e travessões; coberta de
outra parte fizeram os G uaranis. folhas de palma; sem janellas nem chaminés e tendo
Foi, ao meu ver, a valva da concha de marisco, giraos para servirem de almoxarifado de cada lar.
quando emborcada, como a dos mexilhões e das Quando a habitação assim edificada começava
ostras — L e ry — ôka, — que serviu de termo de a ruir ou a ser desabrigante, os seus habitantes a
comparação para designarem as moradias tapuias aos abandonavam, facto que lambem, enlre certos brazi­
adventicios. licos, costumava acontecer, quando se dava o fal­

es o o o O

PAVILHÃO FRANCEZ ORANDE SALAO

O o o o o 98 o o o o o
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Iccim ento de algum da fa m ilia : a O ka, tornava-sc da esquadrilha de que fazia parte, e até aquella fin a l
Tapera, term o que designa a casa abandonada e rui­ constm ida na fo z do rio K a rio k a á beira da Guana­
nosa, pavorosa para o ind ige na p o r via de regra. bara pelos tripu la ntes das náos da expedição de M ar­
Um con jun cto de 6 kas, postas em to rn o dc tini A ffo n s o de Souza.
um rectangulo ou de um pentagono, — como se vê Em maneira de C asa-Forte, algum as vezes com bi­
dos desenhos de Hans-Staden, — origin ava uma pra­ nadas oom F eito ria s commerciaes, fo ram também ed i­
ça, ou te rre iro , chamados Ô k a ra , — a semelhança ficadas as prim itiv a s Casas-de-Engenho, como se vê
dos Pelouros luzitanos e das Praças-maiores dos es- das estampas que illu s tra m a relação de Hans-Staden
panhoes — que lhes servia de am bito para as reu­ e nessa fe ição, até há pouco te mpo e x is tiu no Rio
niões e conselhos, ao ar liv re , para as festas e, m ui­ de Janeiro, a antiga Casa-do-Sal, no lu g a r onde ago­
to notavelm ente, para os sacrifício s humanos e con­ ra se vae erguendo a Cam ara dos Deputados c que
sequentes repastos canibalescos e borracheiras. até, esse momento, conservou os seus m uros ataluda-
O aldeiam entn que assim form avam as Ôkas era dos de fortaleza.
denom inado Taba, nome que se me afig ura ta puia e Aglomerações, com os diversos nomes de A r­
que, ao meu v e r deu denom inação ao Tabayára, o u se­ raia/, de V illa e de C idade, fo ram ao depois appare-
nh or dc aldeia e, consequentemente, aos assim aldeia- cefldo pela costa atla ntica bra zile ira , a raiz da dis­
dos, não op ina nd o, como m uito s autores, sobretudo do tribu iç ã o desta C onquista em C apitanias. A caracte­
passado que ta l denominação designasse raça ou povo rística dessas povoações é m ilita r pela posição so­
bra zilico especial. A cred ito em que houve Tapuias- branceira das respectivas ubicações, em A cropolio,
Tabayáras, com o houve Tupis e Guaranis, Taba varas, ou C a p ito lio , fe ição logica que Estacio de Sá adoptou
ou aldeiados. na sua p rim itiv a fundação do R io de Janeiro e que
Foram, ainda no meu entender, os Tupinam biís, se observou, em O lin d a , na cidade de Salvador
com o soldados ou g u erreiros dos Tupis c do credo (Bahia de T odos os Santos), nos llhe os, na V icto ­
de T upã im p osto pelas armas, como o musulm ano, ria. . e que teve as excepções de S. Vicente è de
que ideiaram as palissadas ou Caiçaras — term o per­ Santos pelos naturaes receios da serra, que teve Mar-
feitam ente tu p i-gu aran i, fe itas com troncos, em tim A ffon s o de Souza e dos guerreiros habitantes
d u p lo recinto, em to rn o das Tabas para defesa des­ desta... se, também não fo i porque nessas brenhas já
tas, reforçada com espinhosos Estrepes, como os eu­ achou um inesperado concurrente ao d o m in io da terra.
ropeus C ava/los de T ris a , cm casos taes. A caiçara, Receio idêntico, ta nto dos naturaes Tam oios, como
tem tradições andinas, que os Tupinambás arrastaram dos Francezes parece havcl-o afastado de se estabe­
com sigo, nos seus êxodos, antes de adoptarem essa lecer na Guanabara.
denominação soldadesca que os qu alific a entre os Tu­ F oi aquellc concurrente a fam igerada, discutida
p is . e o e th n o lo g o N o rd e n s jio ld dedicou a taes Cercas e saccolcjada personalidade do fu nd ad or da V illa de
um trabalho que dem onstra essa tradição m ilita r ao Santo A n dré da B o rd a do Cam po, em plena serra
la d o da do emprego dos Gazes asphyxiantes, para paulista de Paranapiacaba, com as suas vertentes para
fin s m ilita re s , como de resto verific o u Hans-Staden o A tla ntico .
quando do s itio de igu araçu , p e rto de O lin d a , pelos Taunay, no seu precio so liv r ito in titu la d o <Na
indigenas. E lies também uzaram Cercas p o rtáteis, para êra das Bandeiras», fornece preciosas informações re­
o ataque das fixas, como no caso d o assedio dos lativas a essa urbanisação incipiente, que, de resto,
Tam oios da Guanabara á p rim itiv a cidade de S. Se­ se repete, em m atéria de edificação, em todas as
bastião do R io de Janeiro, fundada no alto d o M o r­ fundações de povoações erguidas na época por to do
ro C ara de Cão, ho je de S. João, ao sopé da Urca o lito r a l bra z ile iro .
e do Pão de Assucar. Choupanas, Tejupares, T ejupabas, Casebres, m is­
A Ô ka fo i a m oradia do europeu de scobridor e tu ra nd o edificações sumarias de orig e m indigena e
conquistador destas terras, expulsando delias o Tu- de procedência europea, m istu ravam-se, arruavam-se
pinam bá, o G uarani e o K a riy ó , como estes haviam e deixavam, ao m eio, o p e lo u ro . Em to rn o a Cerca
dantes desalojado o T apuia o u os ramos derivados d c ta ip a para a defeza d o lug ar sem pre a necessi­
deste e a esse facto alludem os chronistas da C om ­ ta r concertos e a ru ir, como tantas vezes se deu,
panhia de Jesus ou dos fe ito s de D uarte Coelho, na cidade do Salvador, com grave p re ju íz o para a
em Pernambuco, dizendo como em taes Ôkas se abo­ sua segurança, exem plo que também teve repercus­
letaram , á m in gu a de m e lh o r m oradia. Ao lado, po­ são n o R io dc Janeiro. As actas d o concelho da
rém , dessas edificações indigenas, não raro o por- povoação de S. André da Borda do C antpo reve­
tuguez menos remediado construía a sua Chouça, a lam quanto os seus vereadores zelavam o cargo em
sua Choupana á m aneira das campesinas d o Reino. relação áquelle nucleo m un icip al, apezar da exqui-
Talvez que possam ser refe rid os os M arcos de s itice com que o respectivo escrivão offe n d ia a gram ­
pedra de Lio z , trazidos a b o rd o das nãos descobri­ m atica portugueza e a respectiva o rth og ra ph ia par-
doras e ostentando os brazões luzitanos esculpidos ticularm ente.
na pedra, como a p rim itiv a m anifestação archeologica F oi esta a p rim e ira povoação fundada no Bra­
dos europeus, em terras d o Brazil. zil.
Foram , conjunctam ente, com esses m onumentos Q uanto á p rim e ira Casa de P edra, parece ha­
da posse luzitana, as Casas-Fortes, as prim eira s ed i­ ver s ido a K a riô k a , ou Casa-do-Karaiba, n o s ig n ifi­
ficações que se fo ram espalhando p e lo lito r a l, desde cado de H om em -S u pe rior, F e itic e iro , do term o Ka-
a do Recife, de ubicação ainda incerta e discutida, ra iba e que M a rtin A ffo n s o de Souza ergueu ao
até aquclla que Am érico V cspucio deixou estabelecida lad o da aguada do rio , que, ao depois, fico u de­
em C ab o-F rio , ao desgarrar, com os seus navios. nom inado da K a rio k a , na fo z dessa caudal dc ex-

o o o o o o 99 o o a o o o
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

cedentes aguas, que fo i o lug ar onde actualm ente se aqui, até ha pouco, se dedicaram á edificação ma­
bifurcam as ruas d o Barão do Flam engo e de P ty - te ria l. Quando algum M e s tre se aventurava a v ir
sandú no R io de Janeiro. d o R eino para tentar fortuna, disputavam -no to ­
A q u i desembarcando e querendo fa bricar alguns dos e era-lhe fa c il reto rn ar ric o para a te rra, como
bergantins desceu a ferram enta em terra, como in ­ nos in fo rm a o Padre Fernão Cardim .
fo rm a o seu irm ã o Pero Lopes de Souza, pela pen­ O v ulg ar aboletava-se em cazinholas de taipa
na de Pero de Ooes, e para pôr esse m ate ria l em coLertas de sapé, até que S. Vicente, ao Sul, e Itac
segurança, até c on tra as flechas igneas dos in d ig e ­ parica e O lin d a , ao N orte , fo ra m fa brican do e ex­
nas, fe z aquella Casa F o rte , que ao depois fo i cha­ portan do te lhas de b a rro cozido, m od elo alg ar-
mada a Casa de P edra, quando a occuparam os fran- viano, com as quaes, p o r certo, já fo i coberta a
CC7C3 de N ic olao D uran de Villegagnon. capella de S. Sebastião na fundação de Estacio
V in d o expressamente para aqui fundar a sonha­ de Sá.
da /'ra n fa -A n ta rtic a , esse alm ira nte aboletou-se, de­ Foram , de facto, as edificações religiosas, ca­
pois de escolha, na chamada ilha de S e rig ipc, hoje pellas, igrejas, cenobios e collegios jesu íticos que
do nome desse m a rin h e iro francez e ahi fez g ra n ­ p rim itiva m e nte movim entaram a edificação colonial.
des obras em cuja edificação bastantes vezes é ga­ Descrevendo a Bahia de Todos os Santos, disse
bada a habilidade dos Tam oios como excellentes pe­ G a b rie l Soares de Souza que quasi não havia En­
d re iro s e s obretudo carapinas. genho ou Fazenda daquelle Reconeavo, que não t i ­
A acreditarm os, — como merecem, — cm Frei vesse sua capella ou ig re ja annexa á casa do dono,
A n dré Thevet e em João de Lery, capellães succes­ gabando algum as dessas edificações.
sivos, aquelle catho lico e este calvinista, da r e li­ As características dessas edificações eram o cubo
g iã o cambaleantc do celebrizado alm irante, n ã o so­ da obra, quasi que m athem atico e sem saliências
m ente se fizeram grandes obras de fo rtific a ç ã o em nem m olduras, e a grossura excessiva das pare­
Serigipe, Casa-da-Polvora e A lm oxarifados mas tam ­ des de alvenaria, com argamassa que ás vezes era
bém habitações varias, quasi que palaciaes e en­ fe ita com o le o de baleia de mais fa d l aequisição
tre essas edificações o O ra to rio que como R e fe itó rio e tran s po rte do que a agua, que, n o R io de Ja­
é a llu d id o p o r certos chronistas. n e iro , p o r exemplo, tin h a de v ir d o K a riô ka para
A tomada da ilha , p o r Mem de Sá, d e ixou to ­ a cidade. Pela mesma fo rm a, eram enormes e me-
das essas edificações convertidas em Taperas, Ta- drosanicntc aproxim ados os vigam entos de madei­
p e ris c Taperobas bem como relegada ao r o l das ra d c le i, m aterial g e ra l de todas as obras de ca­
illu sõe s a fundação da cidade de H e n ry -V ille , que rapina e dc m arceneiro.
sonhou V ille g a g n o n e d ific ar á margem esquerda do O cu b o da obra era ladeado, precedido ou en­
R io da K a rio ka e na fo z deste, que André Thevet, cimado pela to rre, cm parallelep ipcd o, umas vezes,
no entanto, dá como edificada no seu tem po, até rem atando em domo, — como os m orabitos c outras
o ponto de represental-a rodeada de fossos, m ura­ edificações musulmanas da Peninsula Ibérica — ou, en­
lhas de fa x in a e de ta ip a e bastiões, em algum as tão, em pyram ide de base quadrada com outras qua­
das estampas dos seus liv ro s sobre o Brasil, o que tro mais pequenas nos angulos. Poucas e pequenas
lhe valeu os sarcasmos de João de Lery. aberturas nas fachadas, geralm ente com vergas, pei­
Ao n o rte dessa H e n ry -V ille , apparece a Casa- to ris e hom breiras de cantaria e, nas torres, os vãos
F o rte de M a rtin A ffo n s o de Souza, nessas estam­ para collo car os sinos, os Itam arakàs dos indigenas
pas e que, do tem po de Lery e também no dizer da cathechese.
de Mcm de Sá, devia ser respeitável fo rtaleza , p o r­ P rototy p o dessas edificações relig io sa s é a Ig re­
que ella até a rtilha da fo i, pelos francezes, nessa épo­ ja de N . S. do C arm o em O linda.
ca de luctas pela hegemonia da Guanabara, e n tre os Exem plar, também typ ico , dos C o lle g io s jesuí­
Franco-Tam oios, de um lado, e os Lttzo-T e n dn inn s, ticos fo i o d o M o rro do C a ste llo, no R io de Ja­
d o outro. ne iro , actualm ente em acabamento de dem olição, como
A d e fin itiv a expulsão dos Francezes das te r­ p o r sua vez, o C onvento de S. Bento, no R io
ras brazilicas, com o internam ento dos Tam oios-Tu- de Janeiro é o p ro to ty p o dos cenobios construídos
p i nambus e o d o m in io do paiz assegurado pelos naquellas épocas
Portuguezes, não mais se repetiram casos como o Escrevem alguns historiadores que fo i então que
de Santa C ath arina das Amoz, no E s p irito Santo, a edificação de m oradias adoptou com o typ o s archi­
on de Pero de Goes, sempre in fe liz nas suas capita­ tectonicos as casas algarvianas e andaluzas, com pa-
nias, deixou as pedras de amoz que deram fin a l teos, galerias, m irantes, soleiras e abalcoados á m a­
áquelle nome, como prova do abandono das obras neira mourisca, ou de adufas. Esses typ os, porém , ra ­
que elle a lii p ro je c to u e que deveu abandonar pe­ ram ente aqui executados, fo ra m intro du zid os m ais re­
rante o constante assedio que so ffre u da p a rte dos centemente e o que caracterisa a casa, a habitação
naturaes. commutn daquellas p rim itiv a s épocas é o acanhamento
Bem que queriam ed ificar, os colonisadores, mas com excepção das hortas e dos quintaes.
faltavam -lhes o s M estres idoneos que de taes obras A pó ataria latente nos litoraes b ra zilicos da épo­
se soubessem encarregar. Supriram a necessidade al­ ca aconselhava esse aconchego e o caracter defensivo
guns práticos bem com o bastantes Padres e Leigos da habitação, característica que bem denunciam as
da Com panhia de Jesus, como nos inform am as chro­ saccadas recifenses fe itas sobre cães de pedra su p ­
nicas do te m p o e dessa O rdem , que se im p rovisa­ portan do o estrado m ovei e a varanda da saccada,
ram constructores, iniciando, p e lo receio d e e d ifi­ que podiam ser retirad os quando ameaçasse q u a l­
car fracamente, o F e io e F orte da receita dos que qu er pe rig o externo, d iffic u lta n d o o assalto.

o o o o o 100 O o o o o
A.A.CALErl a FILMO.L da.
V IN H O S DO PORTO
Premiadosemvariasexposições VINHOS VELHOS LEGITIMOS DO PORTO
PPCMIADOS eu TODAS AS £XPOSIÇÕtSA ffU£ TEMCOUCORUDO
P O R T O -Portugal
CNOEREÇO POSTAL : JOÃO EOUAROO OOS SANTOS JUNIOR. PORTO
esDCRIÇO TEtfGPAPNlCO: "FALERNO* PORTO
. J-.'--TTOitfiSlSÍ ^ I——i ll -SIMI—ITf-— ÉM— — |É

A. A. Calem & Filho, Ltda. — Porto. M anoel de Lim a Ram alho,


Succ. de J. Eduardo dos Santos ].or — Porto.
INDEPENDÊNCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

Barleius parecem como que um traslado de urbanisa-


ções neerlandezas de quarteirões palaciaes no m eio dos
maiores requintes da jardinagem e da architectura
paizagista e o mesmo acontece com as gravuras que
Sc quizerm os estabelecer periodos chronolo gicos acompanham o te x to da o b ra de João de Laêt... mas,
para a evolução da architectura, n o Brazil, talvez de bra zile ira , de inspirada n o meio ambiente, no
que e llc s pudessem ser, ao depois do perio do p r i­ local, essa architectura nada tem. São soberbos pa­
m itiv o a que m e acabo de re fe rir, os seguintes: lácios acastellados, são mansões sumptuosas adm i­
ravelm ente decoradas c acabadas, são residendas p rin ­
cipescas de requintado bom go sto... São como que
1. ° — P e rio d o Jesuitic». trechos Flam engos incorporados em uma terra ex-
2. °— » Necrlandez do N . do Brazil.
tranha e no m e io d o vicejam ento de um a m oldu ra
3.0— > Barroco de origem luzitana. trop ic al que desdiz daquelle conjuncto architecto­
4.0— Neo classico. nico, a relem b ra r as neves boreaes e não a natureza
5.0— >1 Im perial. equatorial, com os canacs, apenas, de commum...
6 .°— Eclcctico de transição. O fausto desse p e rio do architectonico passou sem
7.0— » M oderno e actual. deixar nem escola, nem vestígios e sem in flu ir so­
bre o resto d o Brazil e sim apenas sobre as po­
voações que estiveram sob o d o m in io hollandez. Par­
N ão cabe nos lim ite s d o presente trab alh o um ticula rm e nte sobre o Recife, — porque O lind a con­
estudo d iscrim in a d o e porm enorisado de to dos esses tinuou a conservar as suas características luzitanas,
p e rio d o s e dos cstylos architectonicos corresponden­ onde as empenas lateraes dos prédios revelam
tes. ainda h o je a tradição hollandeza da edificação.
O E s ty lo je s u ític o , inspirado no B arrom inico, Também conserva Recife um exem plar jesu ítico
que é um a interpretação dos estylos classicos greco- de e s ty lo plateresco, com o é aquella casa navieira dos
rom anos e sobre cujas orige ns e evolução nada d i­ P. P. da Com panhia que faz an gu lo com o becco do
rei a q ui, é chamado E s ty lo Eclesiá stico, na Allem a- C od orniz e a rua do padre Roma como também exis­
nha e na A u s tria , e é em inentem ente sum ptuario, pe­ tem na mesma cidade os m ais curiosos exemplares, que
los seus m ateriaes ricos, pela sua mão de obra e eu conheço no Brazil da architectura d o perio do B a rro­
pe la sua pro fusa decoração. Ê um e s ty lo cuja curta co, que é o 3.° da c h ro no lo gia que acima enunciei e,
evolução e p riv a tiv o em prego chegou ta rdiam ente ao por certo, com a p a rticularida de de que esse Barroco,
B ra z il, quando a Com panhia de Jesus já aq ui havia p o r sua vez, se acha influ en ciad o pelo asiatism o im ­
e xg otad o seus recursos na term inação dos seus C ol- portado, aqui e em P o rtug al, pelos mestres luzita-
leg io s e capellas, em que aquellc não tinh a m ais ca­ nos que praticaram nas colonias asiaticas do Rei­
bim e n to , com o estylo componente da edificação. no. Essa influ en cia percebe-se no arreb itad o dos an­
A sua presença, e n tre nós, se revela em porm e­ g u los das beiradas dos telhados, te rm inando em te­
nores e não em grandes massas de edificação. Ao lha recortada, á fe ição de pom bo, tu d o á moda
la d o dessa im portação de elementos daquelle estylo, sino-japoneza, como também se observa naquella
os Jesuítas, em m aior num ero, para aq ui trouxeram cum ieira de um a velha casa da R. do Carm o, rema­
exem plares da a rte Plateresca espanhola e manue­ ta ndo em aresta d c m etal recortado á fe ição de
lin a portug ue za, como ainda se vê na ig re ja do crista ornam ental.
M o s te iro de S. B ento, no R io de Janeiro e se via, f ao p in to r Post illu s tra d o r da o b ra acima ci­
nos alta res, m agnificam ente platerescos da ig re ja an­ tada, que deveremos as m ais preciosas informações
nexa ao C o lle g io , no M o rro do C a s te llo e na gra­ sobre a evolução da Casa de Fazenda; brazileira,
de m an ue lin a do alta r m ór do mesmo tem plo. essa sim , durante o p e rio do do d o m in io hollandez.
A in flu e n c ia , pois, da Archite ctu ra Jesuítica na Se a cidade, durante essa época, tornou-se bátava,
evolução da do B razil fo i m u ito ephemera e poucos o campo continuou sendo luzo -b razileiro . Exam inan­
exem plares de ixou , ficando apenas relem brada em do essas estampas e lem brando as descripções dc
certos porm enores decorativos e de indum entária re­ tempos anteriores que devemos a G a briel Soaros
lig io sa . de Souza, avalia-se essa evolução. C om o rem iniscên­
N ão aconteceu o mesmo fa cto em relação ao cia architectonica, é, talvez, a Casa de Fazenda que
p e rio d o que denom inei N ecrlandez do N o rte do Bra­ m elho r evolucionou, no Brazil, d e ntro de form ulas
z il. A h i a architectura e as artes menores, mal e caracteres p ro p rio s d o paiz e com m a io r o rig in a ­
chamadas artes applicadas, num ga llic is m o inexpres­ lidade que qualquer o u tra edificação patricia. Os
sivo , de o rig e m e de inspiração batava, da épo­ campanarios das capellas dessas Casas de Fazenda,
ca d o respectivo Renascimento, tiveram a m ais com­ á fe ição de Espadanha espanhola, são os mesmos
p le ta e b rilh a n te representação, relem brando apenas em to da essa evolução, quer os descreva G a briel Soa­
a in flu e n c ia local na decoração, onde a fauna e a res de Souza, quer sejam desenhados p o r Post, quer
flo r a bra zile ira s c ontribuíram para in s p ira r os p in ­ os vejamos ainda, com o restos dos u ltim o s tempos
céis e o escopro dos artista s hollandezes de m ereci­ coloniaes na Casa de Fazenda de 'B raz de Pina, o
m en to de que se soube rodear o P rin c ip e de Nas­ fam oso senhorio e in d u s tria l carioca, perto da esta­
sau, que veio representar, n o Recife, o papel dos ção da Estrada de F erro Le opoldina que lhe re­
M e d icis na Ita lia . lem bra a nomeada.
As estampas da epoca que illu s tra m a ob ra mo­ A p r im itiv a Casa dc Fazenda é tambe.n cubica
n u m en tal c ainda não traduzida do latim escripta por como as ou tras edificações coevas, mas o seu le-

o o O O o o 101 o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMOR ATIVO DO CENTENARIO D ,

vã, em outras casas forram-se os quartos com lindas


lhado, prolonga-se, em abas, até a columnata que esteiras polychromas, como ainda no mesmo exemplo.
contorna toda a casa formando-lhe uma galeria de Em quanto se dá essa evolução rural, apparece
circulação externa e é na evolução desse ultimo ele­ urbanamente o Barroco po rtug ue z, irmão do Roc-
mento architectonico que melhor se aprecia a da coco fra n co-italia no e do C hu rrigu eresco espanhol,
architectura dessa moradia rural. importado duplamente, pela mão do artista e pelas
Primeiramente, o basamento e o peitoril dessas
galerias aprumam-se numa mesma face vertical: so­ ideias em voga.
Essas ideias são latentemente revolucionarias,
bre esta elevam-se os pilares, ao depois, as colum­ mas as artes que as acompanham são aristocráticas e
nas toscanas, — admiravelmente adaptadas no caso,
gracis.' Ellas são, pelas formas que adoptam, cm
— e, sobre ellas, corre a platibanda de madeira qu£
curvas desencontradas, como que um protesto artís­
sustenta o telhado, no prumo daquelles esteios. Ao
tico contra a linha recta solemnemente horizontal
depois, as arcarias substituem as columnas; os ter­
dos edifícios erguidos sob o dominio da indiscu-
raços são substituídos por varandas e a escadaria,
tida autoridade monarchica dos Philippes espanhoes.
sempre ampla, n o bilita -s e , — consoante com o ter­
no Escurial e dos Luiz XIV francezes, em Ver­
mo da época, — pelo additamento de balaustra­
das e vasos floridos. A bucolica e um tanto simpló­ sailles.
As ideias, tanto eram revolucionarias em Eu­
ria, galeria primitiva, adquire ares fidalgos: o Se­
ropa, sob o sarcasmo de Voltaire, como no Brazil
n h o r de Engenho torna-se o D ono de Fazenda am­
nas vibrações cardiacs da Inconfidência. O Barroco
pliando as lavouras dos seus campos e a creação:
era a expressão artística apropriada a esse estado
o Fazendeiro torna-se mais caracteristicamente P la n­
ta d o r de café e a riqueza e o luxo convertem em re­ espiritual.
Importado no Brazil, por numerosos artistas
sidências palaciaes as velhas Casas de Fazenda. Mul­
portuguezes, geralmente anonymos ou desconhecidos,
tiplicam-se os vasos cerâmicos e as estatuetas de
o Barroco teve o condão de inspirar numerosos Me­
barro envernisado de S t o. A n to n io do p o r to , ti­
dieis sertanejos e endinheirados — alguns delles ar-
ram-se marmores e serpentinas para ornar, combi­
ruinando-se nos proprios emprehendimentos archite­
nados com azulejos, estes e aquelles appartamentos;
fazem-se assoalhos de marchetaria de ricas madeiras; ctonicos — e, é maravilha de vermos, hoje, que
chamam-se artistas para pintar as paredes, — como em localidades de penoso e demorado accesso, exis­
nesses exemplos que se extinguem nas fazendas do tem templos, basilicas inonumentaes, edificadas a
curso do Rio das Velhas, — e se aqui e acolá a todo custo, com ricos materiaes, esmerado acaba­
falta de forros dos commodos deixa ver a telha mento, perfeição de mão de obra e firmeza de estylo.

Oo o o o o 102 o o o o o
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

que necessitaram a presença local de consumados cu lto da sua arte a ta ntos o u tro s , architectos como
artista s e artífices, onde h o je seria d if f ic il achar um elle, que aq ui labutaram e soffreram idênticos mar-
m ediocre e surum batico carapina. tyrios, como é o caso m ais fla g ra n te de A ra u jo
O Barroco p o rtug uê s , teve a sua interpretação P orto-A legre, para não cita r to do esse m a rtyro lo g io
b ra zile ira em num erosos dos seus porm enores em d’ arte.
que entraram , sobretudo, elementos da fauna e da «A cidade das cazinhas de tre z portinhas» cha­
flo ra do Brazil, além de ou tros referentes á arte mou elle ao R io de Janeiro numa expressão que dis­
do desenho, nos p e rfis , e da decoração. Por isso pensa com m entarios e mais am plas descripções do
se ju s tific a a denom inação que essa interpretação que fo i a architectura desta capital... e do resto do
recebe de Barroco c o lo n ia l b ra s ile iro , actualm ente B razil... durante o perio do do segundo im p erio bra-
tão em voga num renascim ento que terá o seu fim , zileiro.
não sóm ente na fa rtu ra mas tambem na borracheira F oi esso o perio do da banalidade e da pobreza
das fa lsas e dcscuidosas interpretações. architectonica, p o r excellencia, se exceptuarmos a
O uro Preto, M ariana, S. João de i Rei, Bahia, obra da C andelaria e do engenheiro Ferro, na edi­
R ecife, R io de Janeiro, são os rep osito rio s mais ca­ ficação do dô m o desse te m p lo, bem como algumas
racterizados dessa classe de edificações. A o lad o des­ obras escolares e outras de Bettencourt da S ilva e
tas e, com ciume da m etrop ole , vicejaram a ourivesa­ de A rau jo Viana, porque, de verdade, faz s o rrir
ria , a m o b ilia e a passamanaria, o que deu em re­ o ap e llid o de E s ty lo Iz a b c lin o que Paula Freitas
sulta d o decisões regias, condem nando algum as des­ deu ao seu e d ifíc io da Im prensa Nacional...
sas ind ustrias c o lo n iaes. F oi ta mbem , esse perio do, o d o reino do Mes­
A postolos dessas artes todas, fo ra m o A le ija d i- tre de Obras boçal e pro teg ido , ás vezes habil cons­
nh o, a ver-sc c o rro íd o pela lepra, n o m eio das suas tru c to r, raram ente artista.
m agnificas creações e o M estre V a len tim da Fonse­ F oi essa, tambem, a época do ecclecticismo em
ca, victim a daqucllas prohibições da m e trop ole indo m ateria de g o s to architectonico que levou o conluio
pagar, como sold ad o raso na C olo nia d o Sacramen­ de alguns mestres, com p ro prieta rio s , a pro je cta r
to , o peccado de ser um a rtis ta com pleto. fachadas o n da to dos os estylos architectonicos se v i­
Com a vinda da fa m ilia real portugueza para ram m isturados.
o B ra zil, m odificou-se com pletamente a condição des­ F oi e m fim , a época, dos Especialistas: especia­
ta colo nia e de suas artes e o ffic io s . listas em fin g im e n to de m arm o res; especialistas em
Restos das passadas escolas creadas- pe lo A le ija - obras de gesso e de fa nca ria ; especialistas de rús­
ilin h o e pelo M estre V a len tim , a rtifice s de m enor tic o ; especialistas de recortes em m adeira; especia­
m erecim ento, em obras decadentes, ainda m antinham , listas em chalets suissos; especialistas em cimento
fracamente, os creditos do estylo B a rro co colo n ia l im ita nd o tron cos de arvores... e até cachorros de
b ra s ile iro , em todas as suas manifestações. guarda, ao lado, na sua cazinha, refrescados pelo
Era preciso en c arreirar as artes p o r m elho r ca­ repuxo v iz in h o decorado de g lo b o s de cristal colo-
m in h o e em novos tirocín ios.
F oi quando o C onde da Barca, p o r inte rm e­ As p rim eira s reacções con tra esse máo gosto,
d io d o M arquez de M a rialva, contractou na Europa depois da proclam ação da R epublica, vieram da par­
a celebrisada e adm iravelm ente organisada M issão te do arch itecto e con structor A n to n io Jannuzzi, cujas
Francesa, composta de artis ta s do m a io r m erecimento obras fizera m época.
e incum bida do E n sino a rtís tic o n o B ra s il. A vida Em quanto tu d o isso se dava, dançava o des­
dessa missão fo i precaria e cheia de dissabores. O tin o da m a ioria dos prédios edificados para repar­
m eio ambiente, o p u blico , não lhe fo ra i.i propícios. tições offic ia e s , que h o je serviam para um Supre­
Uma das victim as dessa indifferença, menospre- m o T rib u n a l, um ed ifíc io fe ito para Banco commer­
ço e... politicag em fo i o architecto da missão, Gran- cial, comi to do s os a ttrib u to s desta profissão a deco­
d je an de M o n tig n y , prê m io de Roma pela Escola de rar as d is tribu içõe s do e d ifíc io, como amanhã era
B e llas-Artes de Paris, sob o reinado de L u iz X V I e um h o spita l destinado a repartição m in iste ria l, ou
architecto pre dilecto de N apoleão I. De nada lhe bem, um thea tro convertid o em bazar...
valeram taes credenciaes. Annos a fio lhe custou rea­ C hegou, em fim , o p e rio do que poderia designar-
liz a r o seu p ro je c to de ed ifíc io para a Escola de se de in flu en c ia dos estylos chamados A rt nouveau
B e llas-Artes, ho je dependenda do M in is te rio da Fa­ e M odern S ty le e, como não eram novos nem ar­
zenda. A sua influ e n c ia e ás suas tendências clas­ tísticos, tivera m m u ito naturalm ente a voga p u b li­
sicas, em architectura, se devem as construcções nume­ ca... R equiescat!
rosas em estylo neo-classico de vários edifícios As remodelações do R io de Janeiro e o ensino
pu blico s e particulares do Rio de Janeiro e aquel- cada Vez m ais apurado da Escola Nacional de Bel­
les mim os, no genero, que são a casa a n g u la r e m u­ las-Artes fizera m s u rg ir novos architectos ao passo
tila d a entre as ruas do Passeio P u b lic o e das M a r­ que o go sto p u b lic o vae sendo m elhor orientado.
recas e aquella casita de feições pom peianas da es­ P o r sua parte, a novel Sociedade C en tral de A r­
trad a do Marquez de S. Vicente. chitectos zela pelo fu tu ro architedtonico do Brazil
M orre u n o R io de Janeiro e está en te rrad o nas e pelo seu passado archeologico.
catacumbas do convento do M o rro de Santo A n­ N o B ra z il, começa a haver Architectura.
to n io .
P ro to m a rty r d’u m p e rio do de despreso pela arte
da A rchitectura, entre nós, e lle deu o exem plo do A. M orales de los R ios .

o o o o o o 103 o o
C E M A N N O S D E E N G E N H A R IA

A M B E M n o d o m in io da Engenharia o Annos adiante fo i que se p ro je cto u e co n stru iu


B ra s il possue la rg o activo de realiza- a m aravilhosa estrada da G raciosa, lig a n d o C u ry tib a ,
ções a apresentar, docum entando a ca- capital do Paraná, a A n to nina , cidade do mesmo
pacidade de esforço c on s truc tor de nos­ Estado, verd ad eiro p o rte n to de engenharia, pelas d if f i-
sa gente. U m século de v ida indepen­ culdades e pelo esplendor do trecho de natureza que
dente, e, p o rtan to , de m aior energia de acção, não atravessa.
con stitu e, p o r certo, cam po bastante vasto n o terreno A Graciosa, que desce a Serra d o M a r em c u r ­
da h is to ria para as affirm ações de fin itiv a s n o destino vas leves, beirando abysm os e m ontanhas em busca
de uin povo. C om tu do , em relação a nós, fo i o s u ffi­ do lito r a l, esteve durante m uito s annos abandonada,
ciente para que os ind ícios reveladores de nossa devido ao in flu x o da E. de F erro do Paraná, che­
v italid ad e es p iritu a l e m oral se patenteassem do modo gando quasi a torn ar-se intra nsitá vel.
mais inequívoco. D adas as circum standas de toda Restaurada a custa de enormes dispêndios no
ordem com que vim o s lutando, neste am biente cos­ governo do D r. C arlos C avalcanti, tornou-se a G ra ­
m ico am ericano em que as forças naturaes, desme­ ciosa, com o seu solid o revestim ento de macadam
didas e portentosas, como que po rfiam em anniqui- que fa z delia um a longa avenida de tu ris m o , a m ais
la r o homem, fô ra descabido e in ju s to exigir-se-nos bella e m e lh o r estrada de rodagem do B rasil de h o je .
mais d o que te mos fe ito , — e que p o r si só já vale Quasi pelo mesmo te m po S. C atharina fo i ta m ­
uma carta de soberania in ta ng íve l. bém dotada da sua estrada de rodagem , a chamada
A nossa Engenharia, creada, sustentada, na m aior D . Francisco, que prestou o p tim os serviços.
extensão d o te rm o, pe lo tra b a lh o bra s ile iro , é, não Seguiu-se após lo n g o perio do de p re d o m ín io dos,
obstante tu d o o que sc possa diz e r em seu desfavor, cargueiros e carros de bois, que, não e x ig in d o p o r
um dos mais alto s titu lo s de m erecim ento. N o breve sua natureza estradas de d iff ic il tra to e com plicadas
retrospecto que dam os abaixo, d o que já consegui­ Condições technicas, determ inaram p ro fu n d a pa ra ly-
mos c o n s tru ir na sua esphera, fic a bem claro que sia de nossa activid ad c nesse sentido. Adem ais, acre­
saberemos um dia assenhorear-nos de to d o este ma­ ditavam to dos que a m u ltiplicaçã o das estradas de
ra vilho so te r r ito r io que nos coube p o r destino no fe rro to rn a ria in ú til o velho systema de viação.
planeta. D iv id ire m o s , p o r m ethodo, em pequeninas Ê bem m oderno, em bora poderoso, o s urto actual
secções o vasto assum pto, que versamos na consciên­ de nossas estradas de rodagem . D e te rm in aram -n o
cia de o haver be b id o em fontes autorisadas. circum standas varias, entre as quaes avu lta o e x tra o r­
d in a rio encarecim ento, provocado pela grande g u e r­
ra, do m aterial fe rro v iá rio , a vulgarização do a u to ­
m óvel, que fez resaltar as m u ltip la s vantagens da
estrada hum ilde que não exige o custoso apparelha-
Comecemos pelas estradas de rodagem , que re ­ m ento das vias-ferreas, e a im periosa pressão de
presentam o esforço mais elementar d o engenheiro nossas necessidades mais urgentes.
na conquista da T erra. Em 1016 se reu niu na C a p ita l da R ep ub lica o
A p rim e ira verdadeira estrada de rodagem cons­ p rim e iro Congresso N acional de Estradas de R oda­
truída no B ra s il fo i a de U n iã o e In d u s tria , lig a n ­ gem, sym ptom a eloquente da im portância que o p ro ­
do P e tro p o lis a J u iz de Fóra. N o p e rio d o c olonial blem a assumira para nós. Já então, aliás, m u ltip lic a ­
construcção nenhuma desta natureza se regista, que vam-se as estradas de rodagem em todos os "Estados,
merecesse legitim am ente o nom e de estrada de ro ­ num crescente de activid ad c que ho n ra ria qu alq ue r
dagem. H avia cam inhos m al desbravados apenas, sem povo do glo bo .
desvios de aguas, sem regularidade de alinhamento, N o m om ento presente, o resultado de to d o esse
com d e fe itos capitaes que to rnavam im possível a sua esforço pode ser com pendiado da seguinte fo rm a :
u tiliza ção intensiva. A ) D is tric to F ederal: A o Sr. D r. A m aro Ca­
A estrada U n iã o e in d u s tria , em compensação, valcanti, de saudosa m em oria, deve o D . F ed eral a
veiu lo g o como o b ra de la rg o fo le go , m odelarm ente organização de excellente plano de viação que, ap pro -
traçada e executada. Ficou, todavia, como exemplo vado p e lo C onselho M u n ic ip a l, começou lo g o •» ser
unico e isola do durante m u ito tempo. posto em execução. Foram sem dem ora atacadas as

o o o o 104 o o o o o
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[thpkoMt T Íirtt 6207 Ç iiv i Postal JU6

Companhias “ SUD-ATLANTIQUE,, e “ CHARGEURS RÉUNIS,, — Rio de Janeiro.


CENTUNARIO DA INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO

obras das seguintes estradas: a da Pavuna, com 15 com ramaes, 60 kms.; de Alfenas a Pedra Branca,
kilometros, ligando as estações de Liberdade e Pa­ 30 kms.; de IJberabinha á cidade do Prata; do Prata
vuna; a dc M a d u ra ra a D e o d o ro e dahi a Anchieta , ao porto Antonio Prado; do Prata a Itulutaba e dahi
com 10 kiioms. de extensão; a de Ouaratiba (de a Cachoeira Dourada, num total de 370 kms.; de
Taquara a Vargem Cirande) com 19 kilms.; a que Uberabinha á Villa Platina, com ramaes para Abba-
partindo da «Porta d’ Agua . em Jacarepaguá, se con­ dia de Bom Successo e Ponte Affonso *Penna; de
tinua peias estradas dc U russanga e do A n il ate a S. Barbara a Peçanha, 330 kms; de Faria Lemos a
Gavea e a Tijuca, com 6 kms. de extensão; a da S. João de Matipó, 80 kms; de Vespasiano a Ro­
Taquara, macadamisada numa extensão dc 2 kms.; tulo, 80 kms.; de Formiga a Bambuhy, com ramaes,
a da F rcgue zia (do Tanque a Porta d’ Agua..), ma­ 100 kms.; de Araxá a S. Pedro de Alcantara, 61 kms.;
cadam isada numa extensão dc 4 klms.; a de Santa de villa Eloy Mendes e Varginha, 21 kms.; etc.
C ru z, que atravessa dc extremo a extremo o Districto D) R io de Janeiro — Em materia de estradas
Federal; a do Monteiro (entre «Ouaratiba», Pedra» de rodagem era a seguinte a situação deste Estado
e «Campo-Grande.). em fins de 1021: Venda das Pedras a Maricá, re­
Na vigência da administração Paulo de Frontin construída, 13 kms.; Venda das Pedras a Itaborahy,
foram inaugurados c melhorados varios trechos, con- reconstruída, 3 kms.; Porto de Itamby, idem, 2 kms.;
cluindo-sc definitivamente a avenida N iem eyer, que Capivary Ilhota — Juturnahyba, reparada em
liga o Lcblon á «Gavea». 18 kms.; S. Pedro da Aldeia, reparada; Friburgo-ln-
O Dr. Carlos Sampaio, successor do precedente, dayassú, reparada até Summar, com 50 kms.; Bom-
iniciou a abertura da estrada da Covanca, commu­ Jardim - Chave do Jequitibá, modificada em 5 kms.
nicando o Meyer a Jacarepaguá. de extensão; Cantagallo — S. Rita da Floresta; Cor-
B) ts ta d o de São Paulo. — O grande Estado deiro-Cantagallo e a Raul Veiga, em construcção, com
sulino possuia em A b ril de 1021 396 estradas cons­ 20 kms. promptos; Porto Novo — Corrego do Prata,
truídas, com cerca de 9.340 kms. de extensão, e modificada em 38 kms.; Carmo — "Bella Joanna —
72 em construcção ou estudo, com u na extensão dc S. Francisco — Bacellar; Paquequer — Porto Velho;
2.137 kms. Sumidouro - M urinelly; Macahé-Neves, restaurada
Posteriormente foram inaugurados mais 527 ki­ em 0 kms.; 'Glycerio — S. F. de Paula, com 38 kms.
lometros de estradas varias, servindo a numerosos já promptos; Palmeira — Leitão da Cunha, 20 kms.;
municípios do Estado. Na mensagem enviada pelo Raul Veiga, com 24 kms. promptos; União e In­
presidente dc S. Paulo ao congresso estadoal em dustria; Petropolis — Therezopolis; Areal — Bem-
Julho de 1922, novas inaugurações eram annunciadas posta; Pedro do Rio — Cebolas; Porto Novo —
para breve: 78 kms. ligando S. Paulo a S. Roque, na Apparecida e Apparecida — Sapucaia, com 45 kms.;
estrada que irá até Itararé (fronteira do Paraná) e Mendes — Vassouras, 20 kms.; Portella — Paty do
106 kms. communicando S. Paulo a Jacarehy, estan­ Alferes, 10 kms.; Professor Miguel Pereira — Com­
do ainda atacados numerosos outros trechos. mercio, 33 kms.; Pirahy — Arrozal, 18 kms.; Pirahy
C) M inas-G eraes — Posstie o Estado de Minas, — Pinheiro, 21 kms.; Pinheiro — Arrozal, 12 kms.;
já construídas ou em construcção avançada, as se­ S. Angelica — Vargem Alegre, 11 kms.; Divisa —
guintes estradas dc rodagem: de Januaria a Posses», Ribeirão dos Remedios; 'Quatis — Amparo, 24 kms.;
480 km.; de Ouro Fino a Campo Mystico»; de Th. Volta Redonda - Amparo, 21 kms.; Barra Mansa —
O ttoni a Figueira, 184 kms.; dc S. Francisco a Villa Volta Redonda; Barra Mansa — Bananal, 16 kms.;
Brasilia, 65 kms.; de S. Barbara a São Miguel dc Joaquim Leite - S Joaquim; afora outras de me­
Gunhacns, 174 km.; dc Matipó a Arcas; de Alagoas nor importância ou parcialmente abandonadas.
de Aytiruoca a Itanhandú, 21 kms.; dc Poços de E) Pa ra ná : — Em 1916 o Estado do Paraná pos­
Caldas a Caldas; dc Rio Casca ao Grama, 13 kms.; suia mais de 6.900 kms. de estradas de rodagem,
de S. Barbara a S. M iguel de Piracicaba; de S. Bento (extensão esta vantajosamente ultrapassada nos dias
a Arassuhy, 87 kms.; dc S. Miguel de Jequitinhonha de hoje) distribuídas da seguinte forma: estradas
a Umcti, 224 kms.. de S. Quitéria á estação do mes­ construídas: S. Antonio da Platina — Rio Parana-
mo nome, 27 kms.; de Engenheiro Corrêa a S. Gon- panema, 39 kms.; S. José da Boa Vista — Thoma-
çalo do Bação, 9 kms.; de Pedro Leopold!» a Jagua- zina, 66 kms.; Porto do Emygdiâo — Ribeirão Claro,
rá, 16 kms.; de M ello Franco a Piedade de Paraope- 12 kms.; Tibagy - Caeté, 65 kms.; Periquitos —
ba, 12 kms.; dc S. João da Chapada a Cuninatahy, Aterrado Alto, 44 kms.; Rio Branco a S. Cruz, 17
com 44 kms. 770 ms.; de Diamantina ao Serro, kms.; Rio Pegro a Sepultura, 22 kms.; Rio (Una a
50 kms.; de Serro a Conceição; de Bemfica ao Em­ Campestre, 36 ktns.; Agudos a Bateas, 18 kms.;
barcadouro; de Matipó a Caratinga, 21 kms.; de Campo Largo a Ouro Fino, 20 ktns.; Areia Branca
Vermelho a Matipó, de Mariana a Piranga, com 50 a Doce Fino, 14 kms.; Guarapuana a Catanduvas,
kms.; de Ouro Preto a Catas Altas de Noruega, 45 232 kms.; Rio Preto a Bituva, 42 kms.; diversas es­
kms.; de Prados ;i estação do mesmo nome, 10 tradas nas colonias Rio Claro '(196 kms.), Itayopolis
kms.; de Prudente de Moraes a Funil, 18 kms. (42 kms.), Itapará (66 kms.). Agua Clara, 58 kms.,
Foram já feitas concessões para construcção das etc. — Estradas reconstruídas: Graciosa, entre Curi-
seguintes estradas: dc Caldas a Pontalete, de Bote­ tyba e Antonina, a mais bella do Brasil; ramal do
lhos a Monte-Christo; de Machado a Machadinho; Porto de Cima, 12 kms.; Campo Largo, 33 kms.;
dc Machado a tres Corações com ramal para Volta Castelhanos, 383 kms.; Barreirinha a Tamandaré,
Grande, num total de 300 kms.; de Barbacena a 8 kms.; Paranagua a colonia Pereira, 18 kms.; Pon­
Turvo, 100 kms.; de S. Rita da Extrema ao Dist. de ta Grossa a Castro, 57 kms.; Deodoro a Nova T y ­
S. Catharina, 170 kms.; de Porto Novo a Rio Pardo, rol, 128 kms.; Capital a Bocayuva e Campina Gran-

O O O o O 105 o o
UVRO DE OURO COMMEMORAT/VO IX ) CENTENARIO DA

de, 51 kms.: Rio Branco a Serro Azul, 64 kms.; a Nova Trento; Julio dc Castilhos; Biiarquc de Ma­
Palmeira a S. Matheus, 82 kms.; Portão a Lapa, cedo: General Ozorio; Porto Gomes a Soledade;
62 kms.; Lapa a Rio Negro, 46 kms.; Portão a Tietê, Cachoeira a Soledade; Cachoeira a S. Sebastião; Res­
48 kms.: União da Victoria a Palmas, 143 kms.; tinga Secca a S. Sepc; Bexiga ao Sobradinho; Rio
Ponta Grossa a Guarapuava. 174 kms.; Rio Negro Pardo a Encruzilhada; Piratiny a Jaguarão; Bagé
a Itayopolfs, 32 kms.; Rio Negro a 'Rio Preto, a Aceguá; Umbií a Santiago do Boqueirão; e Faria
44 kms., alêm de varias outras. Estradas estudadas,
diversas, num total de 631 kms. de extensão. Estra­ H) M a lto -G ro s s o : — Devido ás suas extensas
das em constructio: Colonia Pereira a Guaratuba, regiões geralmente planas e destituídas de florestas,
12 kms.; Catanduvas a Floriano, 97 kms.; Campão á possue o Estado de Matto-Grosso algumas longas
mina de carvão de, Barra Bonita, 44 kms.; Vallões a estradas de rodagem feitas a casco de cavallo, mas
Richard, 42 kms.; Sepultura a Augusta Victoria, 22 nem por isto deixando de prestar serviços de gran­
kms.; Itayopolis a Rio Itajahy, 40 kms.; Catanduvas de monta. Denominam-se essas estradas: Aquidauna,
aos portos Artazá e Sta. Helena, 290 kms. c Sta. Bella Vista, Campo Grande, Coxim, Cuyabá, Diaman­
Cruz a Assunguy, 44 kms. tino. Livramento, Matto Grosso, Miranda. Nioac, Po-
F) Santo C a th o rin a — Em Julho de 1921 o Esta­ coné. Ponta Poran, Porto Murtinho, S. Antonio do
do de S. Catharina contava 2.100 kms. de estradas em Rio Abaixo, S. Luiz de Caceres, V illa do Rosario
trafego, 1.950 em construcção, 1.600 kms. de es­ Oeste.
tradas municipaes, 1.500 kms. de estradas viceiraes I) Cioyaz: — Além da larga estrada de roda­
em trafego e 200 kms. de estradas viceiraes em cons­ gem de Formosa a üoyaz, com 138 kms. dc extensão,
trucção, perfazendo um total de 7.350 kms. possue este Estado differentes outras servindo a 15
G) R io Cirande d o S u l — Possuía em 1920 o municípios diversos dos 43 com que conta.
Rio Grande do Sul 24 estradas de rodagem, com uma J) E s p irito Santo: — Neste Estado já se acham
extensão total de 1.771 kms., sendo a maior de to­ cortados por estradas de rodagem os seguintes
das a de Cachoeira a S. Sebastião, com 201 kms. municípios: Alegre, Alfredo Chaves, Cachoeira de
Essas estradas eram as seguintes: Porto Alegre a Itapcmirim, Cariacira, Conceição da Barra, E. San­
S. José do Norte; Porto Alegre a Conceição do to, Guarapary, Itapcmirim, Nova Almeida, Pau G i­
A rro io ; Taquara a S. Antonio; Taquara a Barra gante, Pereira, Ponte de Itahapoan. Riacho, Rio Novo,
do O uro; Taquara a S. Francisco de Paula; Parobé Rio Pardo, S. Thereza, S. Matheus, S. José da Cal­
a Rio Pelotas; Presidente Lucena; Rio Branco; Ca­ cado, S. Pedro de Itabapoana, Serra, Vianna c Vic-
xias ao Corfe; Caxias a Antonio Prado; S. Marcos

PAVILHA'. I tRANCEZ TAPEÇARIA DO SAL AO DE HONRA

O O O O O 106 o o o o o o
iO E P I N D t X( IA DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

K ) B a hia : - N o Estado da Bahia está sendo aos racaná, Melgaço, M ocajuba, M ojú, M on te A le gre,
poucos executado o excellente plano de viação ela­ Ureaná, Ourém, S. M ig u e l do Gramá, P artel, G u a ti-
bo rad o no go vern o d o d r. A n to n io M on iz, e que é purú, Salinas, Soure, V ig ia e Vizeu.
o seguinte: uma estrada de 1.» classe, lig a n d o a ca­ T) Amazonas: — Apenas os m unicípios de B a rre i-
p ita l a Salinas da M arga rid a, da qual p a rtirã o as rin ho , F lo ria n o P e ixoto , Manáus, Manés, P a rin tins e
estradas de penetração que se seguem : 1) a de Paulo poucos m ais são, no Estado do Amazonas, servidos
A ffo n so , lig a n d o A gua C o m p rid a a Jatobá, na m ar­ por estradas de rodagem .
gem esquerda do S. Francisco; 2) a de C apim G ros­
so, com m unicando A lagoinhas a V illa de C apim G ros­ C om o se vc da rezenha acima sobre as actuaes
so ; 3 ) a da Barra, de S. A n to n io á cidade da Barra; estradas de rodagem brasile ira s, ha ainda m u ita
4) a de C arinhanha, liga nd o S. F e lix a C arinhanha; coisa p o r fazer, mas ha também já , m u ita coisa fe ita.
5) a da C on qu ista, com m unicando P o rto Salinas á O grande im pulso in ic ia l está dado. Esperemos agora
cidade da C o n q u is ta ; 6) a d o litto r a l, de Nazareth pelas suas consequendas.
até ao Estado do E. Santo.
L ) S e rg ipe : — Já são servidos por estradas de
rodagem , neste Estado, os seguintes m un ic ípios : An-
n o p o lis, A racaju, Araná, Buquim , C am po do B rito,
D ivin a Pastora, E s p irito Santo, Itabaianinha, Itapo-
ranga, Lagarto, Laranjeiras, M a ro im , Riachão, Rosa- Assum pto ainda de m a io r relevanda é o da nossa
rio , S. Luzia, S. P aulo, Se riri, Soccorro e V illa C hris- viação fe rrea , c u jo desenvolvim ento e situação actual
estudaremos em lig e ira sum m ula:
M ) A la go as: — Dos m un icípios alagoanos são
cortados p o r estradas de rodagem os seguintes: Agua A o regente do Im p e rio padre D io g o A n to n io
Branca, Anadia, A talaya , B c llo M onte, C u ru rip e , Jun- F e ijó fo i que devemos a L e i n.° 101, de 31 de O u tu ­
q u e iro , L e op old ina, M aragogy, Palm eiras dos índios, bro de 1835, auto risa nd o o governo a dar a uma
I>ao de Assucar, Paulo A ffo n s o , Parahyba, Penedo, ou mais companhias a concessão de uma estrada de
Piassabussú, P ila r, Piranhas, P o rto de Pedras, Porto fe rro que ligasse a cidade do R io de Jan eiro ás ca­
Real do C o lle g io , Sant'A nna do Ipanema, S. Luzia pitães das provincias de M inas-Geraes, R io Grande
do N orte , S. Braz, S. José do Lage, S. L u iz do Q u i- do Sul e Bahia. N ão p e rm ittiu a situação economica
tu nde, S. M ig u e l de Campos, T ra ip ú , T riu m p h o , o sucesso dos esforços governam cntacs em pregados
U niã o, Viçosa e V ic to ria . pela execução dessa le i.
N ) P arahyba: Possuem estradas de rodagem, Em 1839 fo i dada a T liom az C ockrane conces­
neste Estado, os seguintes m un ic ípios : Alagoa do são com p riv ile g io exclu sivo para c o n s tru ir uma l i ­
M o n te iro , Alagoa Nova, B rejo da C ru z, Cajazeiras, nha fe rro v iá ria de accordo com a le i já refe rid a. O r­
C am pina Grande, E s p irito Santo, Ingá, Itabaiana, Pa­ ganizou o concessionário a Im perial C om panhia de
rahyba, Picuhy, Piranhas, Santa R ita, S. João do Estradas de Ferro, com o c ap ital de o ito m il contos.
C a riri, S. João d o R io do Peixe, Soledade, Souza e N ão fru c tific o u , en tretan to, a tentativa que fe z para
a ttra h ir capitaes inglezes. Procurou C ockrane obter
Itaperuá.
O ) R io G rande d o N o rte — Dos 37 m unicípios que se adoptasse no B ra s il o systema de ga ran tia de
que pçssue o Estado, apenas cinco são servidos por juros, que tão be llo s resultados produzia em ou tros
estradas de rodagem : N ata l, N ova C ruz, Papary, paizes. A in d a se lhe fru s tro u esta esperança.
S. A n to n io e S. Gonçalo. Sómente em 1852, após estas e outras te nta­
P) C eará: — São os que se seguem os m unicí­ tivas in fru e tife ra s , p o r parte dos governos central
pios deste Estado que já contam estradas de roda­ e das provincias de S. P a ulo e R io de Janeiro, fo i que
gem : — A quiraz, Aracoiaba, A ra rip e , A u ro ra, Batu- se chegou á convicção da necessidade de favores mais
rité , Beberibe, C am ocim , Cam pos Salles, Canindé, largos para chamar capitaes, decidindo-se a d o p ta r o
Cascavel, C rathqus, C rato, Fortaleza, G ran ja, Icó, regim en de ga ran tia de juros.
Ig ua tú, Independencia, Ipú, Itapipoca, Lavras, M aran- C onsignou este no vo c rité rio a le i n.° 641, de
guapé, Massapé, Pacatuba, Pedra Branca, Porangaba, 26 de Junho de 1852, g a ran tido o ju r o de 5 o/o
Q uixadá, Redempção, S. Anna de C a riry , S. Rita sobre o capital em pregado em construcções fe rr o ­
de U beretam a, S. Pedro do C ra to , U m a ry e Varzea viárias e estabelecendo ou tras condições.
Ha a assignalar todavia, que o p rim e iro trecho
A legre.
Q ) P ia u h y : — Apenas 4 m un icípios, dos 37 que de estrada de fe rro que nossa te rra possuiu fo i cons­
compõem o Estado, gosam d o b e ne fic io de estradas tru íd o independentem ente desta concessão. Realizou
de rodagem : Am arração, C aste llo, F lo ria n o e S. Ray- ta l em prehendim ento Irin e u Evangelista de Souza,
— o fu tu r o Visconde de Mauá — p o r concessão do
m undo N onato.
R ) M aran hã o: — N o M aranhão contam estra­ governo da pro vin cia d o R io de Janeiro, datada de
das de rodagem os seguintes m u n ic íp io s : Barra 27 de A b ril de 1852. A 30 de A b ril de 54 inaugu­
da C orda , B u rity , Caxias, C od ó, C u ru ru p ú , Flores, rava o visconde de M auá os prim e iro s 14 kms.
G raja hy, Passo d o Sumiar, P in he iro , S. Helena, S. 500 m ts. que sulcaram te rr ito r io nacional, e que
constituíam um trech o da estrada de fe rro e n tre o
Q u ite ria e S. Luiz.
S) P a rá : — Possuem estradas de rodagem, neste p o rto de Mauá e a ra iz da Serra de P e tro p o lis, de
Estado os m un icípios de: Abaeté, Ale m q ue r, Bagres, que tratava aque lla concessão.
Bayão, Belém, Bragança, Cameta, Chaves, Curuçá, A le i de 1852, no entanto, resultou na con struo
Q urupá, Igarapé-assú, Igarap ê-m irim , M a ra p irim , Ma- çào das Estradas de F e rro D . Pedro I I (actu al Cen-

o o o o 107 o o o o o o
LIVRO DE OURO COAIMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

tral do Brasil), Santos a Jundiahy, Recife a Pal­ Itapura, após um percurso de 436 kms. A estação
mares e Bahia a Alagoinhas; iniciadas com hitola de Baurú, da E. F. Sorocabana, havia sido inaugu­
de 1,m60. rada em 1905. Em 31 de Dezembro de 1912 eram
A 10 de Fevereiro de 1852 teve logar a inau­ entregues ao trafego mais 472 kms. da Noroeste do
guração do primeiro trecho da E. F. Recife a Pal­ Brasil, que attingia assim Porto Esperança e Cor­
mares, e do restante, num total de 124 km. 730, rentes.
em 30 de Novembro de 1862. Da E. de Ferro Bahia Outra grande data da historia de nosso desen­
a Alagoinhas inauguravam-sc os 123 kms. 340, que volvimento ferroviário c o dia 29 de Outubro de
representam a sua extensão total, em 13 de Feve­ 1910, que assignala a terminação definitiva da E.
reiro -de 1863. F. São Paulo Riv) Grande, ficando assim ligadas
O contracto firmado com Thomas Cockrane para por estradas de Ferro as cidades do RiR de Janeiro,
. construcção da E. F. D. Pedro II caducou. Resolveu S. Paulo, Curityba e Porto Alegre.
o governo imperial, para evitar delongas prejudiciaes, Nesse mesmo anno a E. F. Central do Brasil
construir o seu primeiro trecho á custa do thesouro alcançava a estação de Pirapora, ã margem do São
publico. Foi firmado contracto em Londres com Francisco; e a Leopoldina Railway ligava suas l i ­
Edward Price para a construcção de 37 1/2 milhas nhas á da E F. Sul do Espirito Santo, estabelecen­
de ferro-via a partir do Rio de Janeiro. Em 1855 do communicação directa entre Victoria c Rio de
fo i este contracto transferido a uma companhia or­
ganizada no Rio de Janeiro, sob a presidência de Não foram assignaladas neste resumo, é claro,
Christiano Benedicto Ottoni, o grande luminar de todas as linhas construídas no Brasil de 1854 para
nossa engenharia. cá. Procurou-se apenas marcar os acontecimentos de
Finalmente, em 28 de Março de 1858 inaugura­
vam-se os primeiros 48 kms. da futura E. F. Central Alguns dados estatisticos completarão o escor­
do Brasil. Attingiam as linhas em Novembro do mes­ ço feito. Em 1854 possuíamos 14 k.n. 500 de es­
mo 'ftnno a estação de Belém, distante 61 km. 672 trada de ferro em trafego; de 1860 a 1864 elevou-se
do ponto inicial da estrada. Em agosto de 61 che­ esse total a 109 kms.; de 1865 a 1869, a 498; no
garam os trens á Barra do Pirahy. quinquénio seguinte (70-74), a 744; dahi a 79, a
A E. F. Santos a Jundiahy, iniciada em 1860. 1.800; dc 80 a 84, a 5397; de 85 a 89, a 6.930;
fo i concluida em 1867. de 90 a 94. a 9.973; de 95 a 99, a 12.967; de
Já no anno de 1868 contávamos 718 kilome­ 1900 a 904, a 15.316: de 905 a 909, a 16.780;
tros de estradas de ferro, sommando-se ás estra­ de 910 a 914, a 20.466; de 915 a 919, a 26.647 kms.
das referidas as linhas de Recife a Dois Irmãos e No anno de 1920 attingiinos a um total de 26.647
Caxangá c a E. F. de Cantagallo. krus b, fir.almcntc, em 1921 possuíamos 28.556 kms.
Em 1874 elevava-se esse numero a 1.284 k i­ de estradas de ferro cm trafego.
lometros. A pulsação rithmica do desenvolvimento ferro­
Em 1866 fôra dada concessão para construcção viário do Brasil tende a accelcrar-se cada vez mais.
da E. F. Central da Bahia; em 1869, assignou-se o E licito esperar-se para não muito longe a realização
contracto dc que sc originou a E. F. Campos a São de mais formidáveis cmprchcndimcntos, que resol­
Sebastião; a de Macahé a Campos foi contractada vam por completo nosso grande problema de inter-
em 1870; a dc Jundiahy a Campinas e a de Porto communicação, por estradas de ferro, de todos os
Alegre a Nova Hamburgo em 1869. Iniciou-se em principaes centros consummidorcs c produetores do
1875 a de Baturité, e em 1870 foi feita a primeira paiz.
tentativa, sem resultado, dc construcção da E. F.
Madeira Maniore.
De 75 a 79 foram extendidos 1.627 kilome­ Possue o Brasil 9.200 kilometros de costa so­
tros de linhas; de 80 a 84, 3.391 kms., c de 85 a bre o Atlantico. Addicionando-se a este numero a
89, 3.281 kms. extensão total das ribanceiras fluviaes do paiz, obte­
Novas leis vieram regularizar e incrementar o remos algarismos verdadeiramente phantasticos, re­
desenvolvimento dc nosso ainda deficiente systema presentando o espaço em que podem florescer m i­
ferroviário. Passaremos sobre ellas para poupar es­ lhares dc portos c ancoradouros para o fluxo e o
paço. refluxo das riquezas industriaes c naturacs. E gran­
De 1870 até o advento da Republica varias li­ de o numero de nossos portos sobre essas riban­
nhas differentes foram construídas, elevando-se a ex­ ceiras e sobre essa costa. Pequena, porém, é a par­
tensão total de nossas ferro-vias a 9.583 kilometros. te dos que dispõem de condições technicas neces­
O governo republicano provisorio foi fecundo sarias á sua perfeita utilização.
em planos e projectos, que nem todos deram os Apenas 77 são fiscalisados, (o que importa em
desejados resultados. No decorrer dos primeiros annos verdadeiro reconhecimento official de sua efficien­
de Republica profundas modificações foram impostas da) pelo Governo da União: 54 sobre a costa, 19
ao regimen de garantia de juros, sendo resgatadas ás margens dos rios Amazonas, Parnahyba, São Fran­
varias das estradas construídas sob esse regimen. cisco, Paraná, Parnahyba, etc., e 4 nas Lagoas dos
Creou-se a politica das grandes empreitadas de cons- Patos e Mirim.
trucções pagas em apólices. «O anno de 1869, diz um historiador, marca a
Em 1910, as fronteiras de Matto Orosso eram época em que os poderes publicos começaram ,'J
alcançadas pela E. F. Noroeste do Brasil, que, par­ cogitar da realização de obras de melhoramentos dos
tindo de Bauru, attingiu nessa data a estação de nossos portos e de aperfeiçoamento dos serviços

O O o o o o o o o
BRANDÃO & C.“, Lt.“ — Ovar.
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ilc em barque e desem barque e armazenagem de m er­ mente os seus trabalhos. A parte realisada das obras
cadorias, de maneira a satisfazer ás necessidades sem­ em execução era em fin s de 1920 a que segue:
pre crescentes d o com m ercio e da navegação. O p o rto de Santos, entregue á «Companhia D o ­
F o i então que s u rg iu a le i n. 1746 que aufr.- cas de Santos», dispunha de 4.726 m etros de caes
risou o go vern o a c o n tractar a construcção, nos d if­ acostáveis em extrem a baixam ar p o r navios de 7 a
fe rentes po rtos do Im pe rio , de docas e armazéns 8 m etros de cala do ; de armazéns ao lon go do caes
para carga e descarga, guarda e conservação das com a area coberta de 48.000 m etros quadrados,
m ercadorias de im portação e exportação, a em pre­ e de armazéns externos para depositos a lo n g o pra-
sários que submettessem á approvação do governo s o ; de tanques para oleo com bustível e de uma rêde
p ro je cto s de obras a executar». fe rro -v ia ria liga da directam ente aos trilh o s da São
Sómente, porém , em 1888 ficou d e finitiv a m e n­ Paulo R ailw ay.
te org an iza da a C om panhia «Docas <Je Santos», p ri- , N o porto de Manáos, a Com panhia «Manáos
m eiro fru e to da qu ella le i; c em 1001 fo i de accordo H arbo ur» in s ta llo u m agnificos fluctuantes a que po ­
com a mesma concedido o p o rto de Manaus á M a­ dem acostar os m aiores tran satlâ ntico s a qualquer
ndos H a rb o u r C om p. Lmtd». hora, fazendo-se o serviço de descarga por tran spo r­
A le i 3314 de 1886 augm entou os favores con­ tadores aereos m ovidos p o r energia electrica. Os
cedidos pela Ic i de 1860 armazéns construídos comprehendem uma area co­
N ão fru c tific a ra m , n o entanto, as concessões berta de 18.371 m etros quadrados.
fe itas em 1800 para a construcção dos po rtos de A «Companhia cessionária das Docas da Ba­
Jaraguá, cm Alagoas, c Laguna, em Santa Catharina, hia», que tem a seu cargo o p o rto de S. Salvador,
baseadas nas duas leis. O mesmo resultado deram c o n struiu no m esm o um quebram ar apoiado sobre
o u tro s em prehendim entos. o lito r a l e com 920 m etros de com prim ento, além
Em 1903 apenas as cidades de Santos e Ma- de parte de o u tro quebram ar isola do de te rra ; cons­
náus dispunham de p o rto s dotados de condições te- tru iu m ais: 337 m etros de caes de 10 m. em aguas
chnicas necessarias ao serviço de m ercadorias, pas­ m inim as, 880 m . de caes de 8 m. e 1.200 m . de
sageiros e bagagens. M arca, porém , esse anno o in i­ caes de saneam ento; fez profundas dragagens e a te r­
cio de grande s u rto no desenvolvim ento de nossos ro s ; ergueu 7 armazéns ju n to ao caes p ro fu n d o
p o rto s ; decretaram o s poderes publicos medidas de com um a area coberta de 74.600 m . quadrados; cal­
la rg o alcance, fic a n d o estabelecido novo regim en para çou ruas abertas na explanada ganha ao mar, etc.
execução e exploração dos m elhoram entos do po rto, Em V ic to ria , a companhia concessionária cons­
creada um a «Caixa Especial dos Portos» e in s ti­ tr u iu um trecho de caes de cerca de 600 m. de ex­
tuída um a repartição central que veiu a ser mais tarde tensão e dra go u um canal de 100 m. de la rg u ra
a In sp ccto ria de P o rtos, R ios e Canaes. através da barra e levantou diques de concentração
F o i o novo regim en applicado em 1903 ao porto da corrente de vasante. Restam ainda m uito s trab a­
do R io de Janeiro, c em 1907 ao d o Recife. Para lho s a executar.
a construcção d a qu clle, fo ra m encampadas as con­ N o p o rto de Belém, até 1914 a Com panhia «P ort
cessões existentes, e m ittid o s em préstim os e firm a do o f Pará» havia construído: 1.260 m etros de caes de
con tracto com a firm a ing leza C. H . W alker, que 9,">24 e 10,m0 dagua sob o zero correspondente ao
se com p ro m ctteu a c o n struir 3.355 m etros de caes, n iv e i m edio dos baixam ares de syzigias e 615 m. de
acostáveis em meia maré p o r embarcações calando caes d o ty p o flu v ia l para pequenas embarcações; vá­
até 10 m etros, dra ga r e aterra r os espaços desti­ rio s armazéns a o lon go do caes p ro fun do com 27.700
nados aos serviços conV a cubação to tal de 7.037.954"” m etros quadrados de área cob erta ; e dois grandes
leva nta r 10 armazéns de 100 m etros de com prim ento entrepostos, de dois pavimentos. Dragara, além disso,
por 35 de largu ra, e ap pa relha r grande parte desse um canal de 150 ms. de largu ra, apparelhára caes e
caes e desses armazéns com guindastes m ovidos por armazéns com guindastes m ovidos p o r energia elec­
energia electrica. A te fin s de 1920, as despezas to- tric a, m ontára uma doca fluctua nte para reparações
taes com essas obras, nas quaes foram englobadas as de pequenos navios e erguéra dois tanques para ole o
sommas gastas com a abertura da Avenida R io Branco combustível.
e o u tro s em prehendimentos, e^evavam-se a . . . . O novo p o rto do R io G ran de fo i construído
170.276:3618883. pela «C om pagnic française du P o rt de R io G ran de
As obras d o p o rto de Recife, numerosas e com­ do Sul» na C orôa do Ladino, a leste do velho po rto,
plexas, fo ra m iniciadas em 1909 pela «Societé de com um caes de 1.543 m. de extensão para 10 m.
C o n stru ctio n du P o rt de Pernambuco», achando-sc de calado cm aguas m ini.nas. F oi este caes devida­
grandem ente desenvolvidas. A ttin g e a despeza to ta l m ente apparelhado de guindastes m ovidos a fo rça
ate ag ora effcctuada a 89.867 contos de réis. electrica e de duas series de armazéns dispostos
Em 1906, no entanto, desattento ás vantagens a lo n g o de seu com prim ento. Accrescentem-se 368 m.
num erosas que este novo regim en o ffere cia , re v a li­ de caes construídos pela C om panhia S w ift no B ra­
dou o governo antiga concessão fe ita para o p o rto s il p o r contracto com a concessionária e destinados
de V ic to ria e con lra cto u obras de m elhoram entos dos a • s e rv ir a um grande fr ig o rific o . Realizou ainda a
po rtos de Belcm e do R io Orande, com ga ran tia de companhia notáveis m elhoram entos no velh o po rto,
ju ro s sobre capitaes fixos. que fo i lig a d o ao novo por um canal, e executou
Até o anno de 1914, quando fo ram obrigadas a as obras da b a rra que representam só por si no tá ve l
d im in u ir a sua actividade p o r m otivo de haver es- em prehendim ento.
ta lla d o a grande guerra, as varias empresas conces­ A ctualm ente assistimos, transpostos como estão
sionárias desses m elhoram entos avançaram sensivel­ os trem endos óbices da guerra, a um perio do de re-

o O o O o 109 o o o o
LIVRO U t OURO COAlMLMOR ATIVO IX ) CENTENARIO UA

nascimento de actividade nos trabalhos de v a lo ri­ Finalm ente, ou tros estudos se effectuaram cm
zação dos nossos portos. relação a diversos po rtos ainda não beneficiados por
O p o rto do R io Qrande fo i encampado pelo obras de m elhoram entos, como os dc llhé os (B a h ia ).
governo fe de ra l, e em seguida tra n s fe rid o para o g o ­ Iguapc e Cananéa (S. Pa ulo ), M ossoró, N ith e ro i, etc.
verno do Estado, num a operação vantajosissima para
ambos.
C om o de R ecife também, se procedeu de ma­
neira sábia. Pelo D ecreto 14.531, de 1920, ficou
fechado o contracto entre a U nião e o Estado de
Pernambuco para o acabamento das ob ras e explo­ As nossas pontes nasceram, ou antes, tiveram
ração do po rto, por processos que darão resultados como rudim entares typ os precursores a p in gu éla c
admiráveis. a estiva, ambas form adas dc troncos de arvores lan­
Também p o r D ecreto de 1920 fo i contractada çados transversalm ente sobre os rio s e ambos ainda
com uma com panhia franceza o prolongam ento do ho je usados em m uitos pontos dc nosso te rrito rio
caes d o p o rto do R io de Janeiro até á Ponta do não favorecidos de outras especies de pontes.
C aju, numa extensão de 600 m etros, com 'todo o Aos poucos fo ram s urg in do novos typ os de que
apparelham ento necessario. E com a «Companhia Na­ tratarem os successivamente. A lo n g a rin a , por exem­
cional de Construcçõcs» contractou-se ha pouco a plo, c ainda o tron co dc arvore simplesm ente des­
construcçâo de 600 m etros lineares de caes de 10 m. bastado. Os esteios, que nas estivas eram cravados
cm aguas m inimas, na Ilha do G overnador, para es­ desordenadamente, obedecem hoje a um alinham ento
tabelecer-se a zona franca d o R io de Janeiro, auto­ uniform e nos cavaletes, que em algum as pontes são
rizada na Le i de Despeza do anno de 1921. substituídos p o r pilares de alvenaria.
Os po rtos de Fortaleza, N atal e Parahyha foram As p o n lts em tesoura são também m u ito usadas
novamente estudados, sendo as novas obras pro- entre nós, te ndo s urg id o do prolongam ento das mãos
jcctadas entregues a em preiteiros estrangeiros, cus­ francesas unidas num pendurai que poderá ser sim ­
teadas pelas verbas extraordinarias das Obras contra ples ou duplo, conform e o vão a vencer.
as seccas. A fim de preserval-as dos estragos do tem po,
Para as obras de melhoram entos dos portos dc accclerados aqui devido á violência do nosso clim a,
Paranaguá, de S. L u iz do M aranhão e de Corumbá tem-se lem brado o recurso de proteger as pontes de
fo ram feitas concessOcs a longo prazo, sendo con­ m adeira cobrindo-as com zinco ou telhas; efficacissi-
cessionários os pro p rio s Estados interessados. ma é a m edida, com o o attesta a ponte de S. Anna

o o O o u

PAVILHAO DA INGLATEHKA

O O O O O Í10 O O O O O O
INDEPENDE NCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

sobre o rio Preto, em M inas, a qual já conta mais mamente intro du s id os os apparelhos Siemens, cuja
de um século de existência. producção é sim plesm ente m aravilhosa: 2.000 e mais
A ponte de alvenaria commum ou de cantaria siguaes p o r m in u to !
fo i intru du sid a aqui pelos portuguczes, que se so­ Acham-se presentemente em trafego m utu o com
corriam da m ão de obra quasi g ra tu ita fornecida o T elegrapho N acional cerca de 30.000 kilom etro s
pelos escravos. M u ltip lic a ra m -s e no Brasil as pontes de linhas telegraphicas de varias estradas de ferro,
desse typ o. O advento das pontes m etallicas e de 18.000 kilo m e tro s de cabos subm arinos da W estern
concreto arm ado veiu sustar essa m ultiplicação, pelas T ele grap h; 2.100 m ilhas da A li Am erica Cables, en­
vantagens enorm es que offerecem sobre aquellas. tre Santos e M on tevid eo e entre Santos e Rio, 3.000
Já no Im p e rio elevavam-se a m ilhares as pontes k ilom etro s de cabos sub-fluviaes da Amazon T ele­
m etallicas construídas em nosso te rrito rio , sendo que graph, alem do te le gra ph o estadoal do R io Grande
ho je dispom os dos m ais m odernos typos dessa es- d o Sul.
pecie. Bastaria le m b ra r, com o exemplos notáveis, a Cabe neste lo g a r um a referencia especial á g i­
ponte da Cabeçuda, com 1.530 m. de extensão e gantesca realização d o heroico general C an did o M a­
04 vãos de 13 m. cada um, no Estado de S. C athari- ria no da S ilva R ondon, que através de largos annos
n a ; o viadueto do S ylve stre , da E. F. d o Corcovado, rom peu selvas inexploradas para lig a r p o r uma l i ­
com 130 ms. de extensão e construído em curva c nha te legraphica estratégica de cerca de 4.000 k i­
ram pa de 25 ®/o; os viaduetos de B om jardim , Ta­ lom etro s os Estados de M atto-G rosso e Amazonas.
quaral c Presidente C arvalh o, na antiga, E. F. do O serviço tele ph on ic» fo i in tro d u z id o no Brasil
Paraná, entre Paranaguá e C urityba . Na Republica, cm 1877. F o i vagaroso o seu desenvolvim ento, não
entre m uitas outras, fo ra m iniciadas as obras das obstante a fo rm ação de varias companhias para ex-
grandes pontes de F lo ria n o p o lis , liga nd o a capital p lo ra l-o na C a p ita l Federal e nos Estados.
catharinensc ao con tine nte, e sobre o rio Paraná, De 1907 em diante, porém , accelerou-se enor-
que terá um k ilo m e tro de extensão. memente o s urto de nosso progresso nesse sentido.
As pontes de concreto arm ado surgiram a menos Em 1914 funccionavam p o r to do o Brasil 39.183 appa­
tem po, te ndo já a ttin g id o , porém , a um num ero v u l­ relhos te lephonicos. Em 1 d e ja n e iro contavam-se já
tuoso. E n tre a> mais notáveis contam-se a de M au­ por 85.000, devendo te r a ttin g id o a 100.000 nos
ríc io de Nassau, no R ecife, construída em 1917, com dias que vão correndo.
180 ms. de vão to ta l; a de S. A n to n io de Padua, Todas as cidades brasileiras de m aior im portância
n o Estado do R io, com 170 m. de vão ; e a do L i\ dispõem h o je de serviço te le p h o n k o , sendo de notar
m oe iro , também em Pernambuco. que o E s ta d o de S. Paulo possue m agnifica rêde m-
Resta-nos lem bra r po ntes m ix ta s : fe rro c im e n - ter-urbana lig a n d o to das as suas principaes cidades.
ta d o , m adeira e fe rr o , concreto arm ado-m adeira, etc. Também da m axim a importartciia é a grande rêde in-
que têm sido empregadas com successo em alguns ter-urbana que 'tem com o centro a C ap ital Federal, e
pontos dos Estados. extende seus te ntáculos pelos Estados de M inas Ge-
raes, S. P a ulo e R io de Janeiro.
N o que respeita á radio-technica, tem o Brasil
acom panhado o passo ás grandes nações do m undo.
A nossa p rim e ira installaçâo, fe ita na ilh a das Cobras,
O tcleg rap ho e le c tric o fo i o fficia lm e nte inaugu­ fo i contemporanea das p rim eira s providencias tom a­
rad o no B rasil a 11 de M a io de 1852, dia em que das neste sen tid o pelas potências européas. Quasi
p o r m eio de lle se com m unicaram o velho Im perador im m ediatam ente fo ra m nossas bellonaves dotadas de
Pedro II, que se achava na «Q uinta Im perial», com estações rad io-telegraphicas ty p o M arconi, e instal-
o Barão de C apancma e o M in is tro da Justiça Eu­ ladas as estações de B abylonia, Governador, S. Tho-
sebio de Q u e iro z C o u tin h o M attoso da Camara, que mé, Am ara lin a e Fernando N oronha.
se encontravam no Q u a rte l do Campo». Datavam H o je , de n o rte a S ul do paiz, são numerosas as
apenas de o ito annos as prim eira s experiendas fe i­ estações existentes.
tas com o te le gra ph o ele c tric o nos Estados Unidos. Com a execução do contracto lavrado entre o
E só q u atro annos depois de nós, is to é, em 1856, governo da R epublica e a C om panhia R adio T ele gra­
veiu a França a a d op ta r o m aravilhoso systema de phica B ras ile ira, para installaçâo de estações ultra -
communicação. potentes em nosso paiz, terem os a ttin g id o ao ápice
Lem brem os ainda que já em 1850 tratava o M i­ do progresso neste assumpto. Também m u ito con­
n is tro Eusebio de Q u eiroz , em seu rela to rio , da in- correrá para esta conquista d e fin itiv a a E. F. C en­
troducçâo do te le gra ph o no Brasil, referindo-se ao tra l d o Brasil, que pro je cta la rg o systema radio-te-
assentamento de um a lin h a entre o m o rro do Cas­ legraphico e radio -tele ph onico entre as suas p ríh ci-
te llo e o Q u arte l dos Barbonos. paes estações.
A p rim e ira lin h a telegraphica entregue ao tra ­
fe g o extendia-se entre o R io de Janeiro e Pe trop olis,
com 50 kilo m e tro s de extensão. A R epublica herdou
da m onarchia 19.000 k ilo m e tro s de linhas e 182 es­
tações. Actualm ente a nossa rede telegraphica u ltra ­ A h is to ria do serviço de saneamento das cidades
passa a extensão de 80.000 k ilom etro s e o numero no Brasil pode ser fe ita em poucos traços.
de estações ascende a quasi m il. já n o d o m in io c olo nia l possuímos na C ap ital
Os systemas m ais usados nessas estações são da R epublica a agua canalisada dos chafarizes para
os dos apparelhos M ors e e Baudot, tendo sido u lti- uso p u blico . Em 1750 fo i construído o aquedueto

o O o o o O 111 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMOR ATIVO PO CENTENARIO DA

Pensou D . João V I em adiantar-se á iniciativa


da C arioca, h o je de S. Thereza, notável ob ra de
p a rtic ular, estabelecendo em Ipanem a um a grande
Engenharia, que ainda agora, desviada de sua funcção
installação siderúrgica, para o que m andou pedir
p rim itiv a , serve á passagem dos bondes para o o r i­
te chnicos á Europa. P o r trapaça do consul portuguez
g in alis s im o arrabalde da m ontanha e um dos mais
cni Stockolm o, a commissão organizada para este fim
be llos ornam en tos da cidade.
compunha-se apenas de pseudo-technicos, que nada
Q u ato rze annos mais tarde, em 1864, fo i o Rio
de Janeiro d o ta d o de uma rêde de exgotos, n o que entendiam do assumpto.
se ad ian tou sob re quasi to das as grandes cidades F oi com tu do fundada a fabrica de Ipanema, que
do m undo. De fa cto, só em 1867 beneficiou F rancfort- de 1814 em diante passou á direcção d o allemão
sur-le-M e in desse m elho ram en to; B e rlim , em 1874; Varnhagen, pae do nosso grande h is to ria d o r. D isp u ­
Buenos-Aires, em 7 7 ; Roma, em 79 ; Vienna, em 83; nha a fabrica de a lto s -forno s , com capacidade de 3
Nápoles, em 9 3 ; Paris, em 9 4 ; S. P e tersburgo em toneladas diarias de producção. A ccidcntada fo i a
v id a da fabrica Ipanema. Fechada em I8 6 0 , reaber­
1911...
R ecife desde 1837 dispõe de serviço de abas­ ta por occasião da guerra do Paraguay, fechou nova­
tecim ento de aguas e em 1873 inaugurou o seu ser­ mente em 1895. Direcções incom petentes provoca­
viço de exg otos. ram o fracasso da grandiosa te nta tiva.
D ep ois da proclamação da R epublica, a enge­ Em 1812, o u tro allem ão, o barão von Eshwege,
nharia b ra s ile ira to mou a si inte ira m en te a direcção m ontou em Congonhas d o C am po, M inas, um a fo rja ,
dos serviços d e saneamento, até então entregues a para tratam ento dos m in érios de fe rr o pe lo processo
estrangeiros. O s progressos se m u ltiplic ara m . directo, in tro d u z in d o m elhoram entos que fo ra m co­
E h o je v u ltu o s o o num ero de cidades bra sile ira s piados p o r outras fo rja s m ineiras.
apparelhadas com os m ais m odernos req uisitos de Coube, em 1817, a um francês, F. de M onle-
hygiene. Quasi todas as cidades d o Estado de São vade, associado a L u iz Soares de Gouvêa, m on tar em
Paulo, gra nd e parte das de Minas-Geraes, C u ry tib a , Caeté o segundo a lto -fo rn o que funccion ou no Bra­
Paranaguá, Ponta-Grossa, no Estado do Paraná, N i- s il. Esse mesmo M onlevade estabelecia em 1825 uma
th eroi, V ic to ria , F lo ria n o p o lis , P o rto-A leg re, Pelotas, fo rja para tratam en to dire c to dos m in é rio s dc fe rro
Bagé, R io G rande, apresentam m ag nificos serviços de em S. M ig u e l de Piracicaba.
agua c exg otos. N o anno de 1888, Joseph Q erspacher, Am aro
Neste assum pto, vivem os inteiram ente libertados da Silveira c C arlos W ig g construíram um a lto fo r­
do a u x ilio estranho. no em Esperança, o qual passou m ais tarde ás mãos
do dr. J. J. Q u eiroz, verdadeiro heróe de nossa s i­
de rurgia . Ainda h o je existe o estabelecim ento que con­
ta agora dois alto s-forno s dotados de todas as installa-
ções necessarias, p ro d u z in d o o mais a n tig o 10 to ne­
N ão obstante nossa incalculável riqueza em m i­ ladas diarias de guza e o m ais no vo 22 toneladas.
n é rio p u ris s im o dc fe rro , que se am ontoa em ja z i­ Aos mesmos fu ndadores d o p rim e iro a lto fo rn o
das fo rm id á v e is por varios Estados da U niã o, são de Esperança devemos a installação, em 1892, de ou ­
quasi in s ig n ific a n te s as quantidades de fe rro fu nd id o tr o a lto -fo rn o em B u rn ier, que fu ncciona ainda com
e aço que temos produzido. Nossa in d us tria side rú r­ a producção dia ria dc 15 toneladas de guza.
gica está ainda em pleno inicio. A fa lta de com bus­ Sahara teve o seu a lto -fo rn o cm 1919, insta lla-
tíveis m ineraes apropriados e ou tras circumstancias do pela companhia side rú rgica B c lg o -M in e ira ; c ir ­
explicam em parte o lam entável atrazo. cumstancias diversas têm im p ed ido até agora o seu
F o i um bra s ile iro , A ffo n s o Sardinha, que desco­ re g ular funccionam ento. Pretende a com panhia am ­
b riu em 1590 ou 1597 a prim eira m ina de fe rro no p lia r as installações para fa b ric a r também aço c ap ro­
B ras il, localisada na comarca de Uberaba, em São veita r as escorias na producção do cim ento.
Paulo. F oi ainda A ffo n s o Sardinha que in s ta llo u e Em 1922 inaugurou-se em R ib e irã o P reto, São
fez fu n c c io n a r a p rim eira fo rja que trabalhou sobre Paulo, uma usina electro-siderurgica para reducção
m in érios de fe rr o brasileiro. d o m in ério e fabricação d o aço. E cm R io Acima,
A segunda fo i estabelecida p o r D. F rancisco de M in as Geraes, procede-se á m ontagem de mais um
Souza, go vernador geral do Brasil por esse mesmo a lto -forno .
tem po. Am bas as fo rja s , porém, se tornaram inacti- Além dos citados, existem actualm ente n o B ra­
vas em 1629, suffocadas que fo ram pelas d iffic u ld a - s il m ais os seguintes estabelecim entos sid e rú rgicos:
des que offere cia m as diffic u ld a d e s dos prim itiv o s o fo rn o M artin-Siem ens e os lam inadores de S. Cae­
processos de rcducçâo do m in ério e m u ito também ta no, S. Paulo, a usina das Neves, em N ith e ro i para o
pela febre d o ouro, cuja exploração se iniciára. aproveitam ento da Socata; a U sin a F e rru m , na C a­
Em 1765 fo i dada a D om ingos F erreira Pereira p ita l-F e de ra l; os fo rn os electricos e lam inadores de
concessão pa ra m inerar fe rro , chum bo e estanho em Juiz de Fóra, etc.
S. P a u lo ; não durou mais de sete annos a fabrica Este o nosso activo em m ateria de side ru rgia.
m ontada pe lo concessionário, também vencido pelas Se v ie r a executar-se o con tracto F a rq h u a r, estabele­
d iffic u ld a d e s supervenientes. cido entre este in d u s tria l e o G o verno da R e p u b li­
A ro g o de D . R od rig o José de Menezes, Dom ca, é possível que d e ntro em breve nos possamos
João V I o u to rg o u em 1795 plena liberdade para a org u lh a r de uma in d us tria side rú rgica á altu ra das
fabricação d o fe rro no B ras il. Surgiram lo g o em M i­ nossas fabulosas riquezas mineraes.
nas-Geraes algum as pequenas fo rja s , ty p o cadinho, Não menos fabulo sa é a nossa riqueza de ener­
que pouco adiantavam pela sua p rim itiv id ad e. gia hydraulica, calculada em mais de 50 m ilhões de

o o o o o o 112 o o o o o o
J. Nunes Corrêa & Cia. Ltda. — LISBOA.
INDEPENDE N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

cavallos vap or, que corresponderiam , segundo a pa­


Com panhia Docas d e Santos, p ro p rie tá ria da
lavra de conhecido engenheiro, a 826.000.000 de to ­ usina Ita ting a. com 20.000 H . P.
neladas annuaes de carvão de pedra consum ido pelas C om panhia C am pin eira de Tracção, L u z e F o r­
machinas thcrm icas.
ça, que ins ta llo u duas im p orta nte s usinas n o r io Ja-
C om tu d o , não attin g e a I p o r cento desta c i­ gu ary, com a capacidade to ta l para mais de 1000 H . P.
fra assom brosa a utiliz a ç ã o da energia hydro-electrica Empresa Força c L u z de R ibeirão P reto, que
no paiz. A in d a nesse te rre n o temos m u ito que fazer. fornece energia h yd ro-ele ctrica a m ais de 20 cida­
Isso tu d o não obsta, no entanto, que já se faça des c v illa s , através de algum as centenas de k ilo ­
s e n tir sob re nosso desenvolvim ento in d u s tria l a be­ m etros de linhas d e transmissão.
ne fica in flu e n c ia d o aproveitam ento da hulha bran­ Com panhia P aulista de Força e Luz, d isp on do
ca. Basta relancearm os os o lh os pelas linh as abaixo de duas usinas, uma no r io Lcnçóes, com 2.400 H . P.,
para nos convencerm os deste facto. e o u tra no salto d o Ananhandava, com 30.000 H . P.
F o i a S. P a u lo T ram w ay, L ig h t and P o w er que Empreza Força e L u z de Jahú, p ro p rie tá ria de
in s ta llo u no B ra s il a p rim e ira usina hyd ro-electrica, lim a usina de 5.000 H . P. no r io Jacaré.
ap ro ve ita n d o as quedas de Parnahyba, no r io T ietê, Com panhia P a ulista de Eelectricidade, com uma
a 34 km s. da c a p ita l de S. Paulo, com uma capaci­ usina de 30.000 k ilo w a tts .
dade de 1-1.000 H . P. D e n tro de poucos annos se C om panhia Força e Luz, de Jundiahy, que serve
to rn ou essa insta liaçâ o ins u ffic ien te, devido ao ver­ a cidade deste nom e e abastece de energia a C om pa­
tig in o s o pro gresso daquella capital, vendo-se a com­ n h ia Paulista dc Estradas de F erro.
panhia canadense forçada a a m p lia r os seus recursos, Sociedade A n on ym a C e n tra l Electrica R io C laro.
o que fez c o n s tru in d o a usina hydro-ele ctrica no Rio C om panhia M og yan a de Electricidade.
Sorocaba, com capacidade de 50.000 H . P. C om panhia de Ele ctricid ad e S. P a ulo e R io , que
Pouco te m p o depois, obteve a L ig h t and P ow er captou a m ais alta quéda actualm ente a p rove itad a na
as concessões para a cidade do R io de Janeiro, ca- A m erica do Sul.
h cn d o -lh c en tã o in s ta lla r a m aior usina hyd ro-electrica C om panhia Força e Luz dc Q u aratin gu etá.
da A m erica d o Sul — a d o R ibeirão das Lages, cuja C om panhia Força e Luz de A raraquára.
capacidade sobe a 54.000 H . P. N o m om ento pre­ C om panhia Francana de Electricidade.
sente, atten de nd o a que as necessidades da capital C om panhia de E lectricidade S. S im âo-C ajurú.
Federal vão to rn an do de ficien te aquella somma de C om panhia Força e L u z de T atuh y.
energia , procede a com panhia canadense a captação Empreza Electrica d c Bragança, com duas usinas
das grandes quedas do r io Parahyba, a fim de am ­ n o r io Jaguary.
p lia r larga m en te os seus recursos. F irm a R om binson, M u lle r & C om p.
O s notáveis em prehendimentos da L ig h t and P o­ C om panhia S. V a len tim , que attende ás cidades
wer vieram a b r ir cam inho a dezenas de fecundas in i­ de Palmeiras, T am bahú e Pirassum inga.
ciativas, que m u ltip lic a ra m nossa actividade nesse C om panhia Força e Luz de Santa C ru z, que serve
sentido. a varias cidades de S. P a ulo e a R ibe irão C la ro , no
U m a das m ais im portantes fo i a da C om panhia Estado d o Paraná.
B ra sile ira de Energia Electrica, que, com capitaes ex­ C om panhia P a ulista de Energia Electrica.
clusivam ente nacionaes, captou as quedas do r io Pia- C om panhia L u z e Força N o rte de S. P a ulo , com
banha, c o n stru in d o uma usina de 11.000 H . P. e um a usina nas cabeceiras do T ieté .
forn ece nd o energ ia electrica a N ith e ro i, P e trop olis C om panhia Força e Luz de Itú .
e Magé. C om panhia Força e Luz de Jaboticabal.
E xtendeu esta mesma com panhia sua influ en cia Empreza O rio n de Barreto.
até ao Estado da Bahia, onde ina ug urou a usina Ba­ Empreza Força e L u z de Mococa.
naneiras, captando as quedas d o Paraguassú. Empreza Força e L u z de S. João da Boa Vista.
Em M inas-Oeraes. merecem relevo as insta lla- Empresa de E le ctricid ad e de T aq u a ritin g a .
ções h y d ro -clc c tric a s de B e llo -H o riz o n te , as da C om ­ Empresa de E le ctricid ad e de R io Preto.
panhia M in e ira de E lectricidade (J u iz de F ó ra ), as Empresa Força c Lu z de Casa Branca.
da C om panhia Força e Lu z Cataguazcs c Le op ol- Empresa Força e L u z de Batataes.
dina, as da cidade de Cam pos, etc. C om panhia Força e Luz de Brotes.
A ca p ita l do Estado do E s p irito Santo dispõe Empresa Força e L u z Jacarehy-Ouararema.
também de energ ia hydro-ele ctrica para o seu ser­ Empresa de Ele ctricid ad e de Ita p e tin in g a .
viço de illu m in a ç â o , bondes e ind ustrias. Empresa de Ele ctricid ad e de Avaré.
Em Blum enau funcciona a C om panhia Força e Empresa de Elect, de Faxina.
Luz de Santa C ath arina , pro p rie tá ria da usina d o Empresa de Ele ctricid ad e de Itararé.
S a llo , que serve aos m unicípios de Blumenau, Ita- T ram w a y E le c tric o de P irajú .
jah y, Brusque e J o in v ille . Empresa Força e L u z de S. José dos Cam pos.
O Estado de S. P aulo, neste assum pto com o em Empresa Força e Lu z de Bebedouro.
m u ito s o u tro s , acha-se á vanguarda das dem ais u n i­ Empresa Força e Lu z de M o g y -m irim .
dades da Federação. Já nos refe rim os ás grandes ins-
ballaçõcs da L ig h t and P ow er, que attendem aos ser­
viços da ca p ital paulista. Ennumerarem os agora as H averia a c ita r a in da innum eras pequenas capta­
dem ais com panhias e em prezas que dão ao Estado o ções para trab alh os agricolas, alêm das usinas par­
m aravilho so im p u ls o com que e lle avança no d o m in io ticulares de que dispõem vários estabelecim entos in -
da a ctivid ad e in d u s tria l: dustriaes, em S. Paulo e ou tros Estados da U nião.

o o o O o o 113 o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO

Novos emprehendimentos se projectam, alguns E com estas palavras de optimismo, encerramos


de ainda maior vulto que os já realizados. Aliás seria aqui a breve resenha que tentámos sobre o desen­
incomprehensivel que não fructificassem os exemplos volvimento historico de nossa Engenharia. Não é
das arrojadas iniciativas que o exito magnificamente um trabalho original e completo o que offerecemos,
coroou. senão um resumo de mais longas paginas traçadas por
Em quasi todos os Estados organizam-se com­ summidades na materia. O que sim, podemos affir-
panhias e emprezas com o fim de aproveitar mais mar que nos soccorremos sempre de fontes limpas
larga porcentagem da immensa força dynamics que de informação, de modo a podermos offerecer aos
nossas quedas d'agua offerecem como presente fabu­ leitores desta obra uma impressão leal do que fize­
loso. Não está muito longe o dia em que, como os mos, do que somos e do que poderemos fazer no
nossos irmãos do Norte, seremos também motivo de dominio illim itado da mais constructor* das activi-
assombro pela nossa actividade industrial. dades humanas.

o o o o o

o o o o o 114 o o o o o
O E N S IN O P U B L IC O NO BR A SIL

(DECEPÇÕES E ESPEKANÇAS)

A R A começar, devíamos fa la r do ensino Pois bem — se tiverm os numa fo rm ula grafica


p rim á rio . Para que? É a chaga nacio­ de d e fin ir as aspirações educativas do v e lh o mundo,
n a l: o Estado b ra sile iro mais prospero a culta Europa, e o N ovo-M undo, a jovem America,
e mais c u lto confessa, pela estatísticas, os sim bolos seriam, a li, uma linh a-ho rizo nta l, talvez
que tem 80 »/o dc sua população analphabcta; as es­ bem alta , aqui uma linha vertica l, talvez não m uito
colas ainda que numerosa não chegam para a popu­ elevada.
lação escolar e estão ta l mal destribuidas, que seria Na Europa, as hierarquias sociaes, as classes
preciso refazer tu do de começo a fim ... Isto S. Pau­ diversas privile gia da s pela fid a lgu ia, pelas preven­
lo... que será dos o u tro s ? O ensino profissional p r i­ ções, pela riqueza, de nivel elevado de cultu ra, as­
m ario c o u tra inconsolável tristeza : basta d ize r que piram á igualdade, que os seus m elhores filoso fos
a capital da R epublica tem mais faculdades superiores e educadores supõem encontrar na escola unica...
que escolas profissionaes elementares... e estas mes­ escola que acreditam os mais clarividentes ser o
mas m a l frequentadas... Um deplorável vezo nacio­ instrum ento de nacionalização e de socialização, in­
nal quer que se seja funccionario, ou m agistrado, dispensáveis á fe licid ad e do povo. A Allem anha ven­
ou medico, sem se estudar, apenas o b tid o um d ip lo ­ cida reclama a «escola unica», porque nem a Z o ll-
m a; se seja artific e , ou operário, sem sequer os ele­ verein nem a unidade d o im pério, deram a communi-
m entos indispensáveis de trabalho... a incompetência dade de alma, nem a unidade nacional ao povo alle-
e o im p ro v is o ! mâo, d iv id id o por classes, que são com partim entos
A culpa desse estado de es p irito é certamente o estanques... São precisos os vasos comunicantes da
das classes d irige nte s, e estas são feitas pelo ensino «escola unica», de nobres e plebeus, jun k ers e pro­
secundario e superior, que se devem reform ar, para letários, para o eq u ilíb rio e a solidariedade do povo
conseguirm os por fim , de cima para baixo, a m enta­ allemão. A França vencedora, que teme outras guer­
lida de p ró p ria á educação nacional. ras sanguinolentas e arrum adoras, quer a «escola
Procurada uma fin a lida de ao ensino p rim ário , unica», porque é preciso que os afortunados conheçam
não acharemos o u tra senão esta: desenvolvim ento os miseráveis, faça-se-lhes uma alma comum, com
m ental e p re pa ro para a vida social pela educação. que uns não venham preparar esse im p erialism o m ili­
C om e ffe ito a instrucção será apenas m ais educativa, ta r e economico que manda os outros á guerra e á
educação fim a a tin g ir, que logicam ente começa no miseria, e a «escola unica» é que deve fo rm a r a
desenvolvim ento m en tal: c a cabeça antes bem gra n­ alma pacifica e compassiva do povo, que não conquis­
de, que be m cheia, de M ontaigne, desenvolve-se o ta os estranhos, nem explora os seus irm ãos menos
cerçbro, o e sp irito , para depois enchê-lo e adorná-lo. favorecidos. A aspiração educativa da Europa é pois,
A vida socia l da escola, a solidariedade communica­ a «escola unica», egualitaria, niveladora, socializa-
tiva dos hom ens que um mesmo ideal agrega e seme­ dora... é a h o rizo ntal, d o nosso sim bolo grafico.
lhantem ente conform a, começa p o r ahi, e ahi, a pre­ Na Am erica não ha castas, p riv ilé gio s , fidalguias
parar esses fu turo s homens para a vida social da nem prevenções, nem mesmo as da riqueza, tã o fá­
comunidade. Apenas isso se póde e se deve fazer cil é a d q u iri-la , nem do poder, pois que se revesam
pela instrucção, na fo rm u la herbarthiana. Não se deve nelle felizm ente, as glo ria s transitorias dos mandata-
p e dir mais ao ensino prim ario. rios, mais ou menos legitim os, mas efêmeros, d o povo,
O ensino secundario se incum birá de encher então bom ou mau gra do dele. A «escola unica» sempre aqui
esses cerebros bem desenvolvidos, de aproveitar essa existiu, e nós não compreendemos a ansia européa
discip lin a social preparada, e, pela cultura geral, por essa conquista lib e ra l, pois temos, ha mais de um
c o n s titu ir um a «élite» disposta para a vida, a fe li­ século, a coisa sem o nome. Infelizm ente, o nivel
cidade in d iv id u a l e a colaboração na fe licid ad e co- da instrucção é pequeno, o da educação ainda menor
lectiva. e a lin h a v ertic a l que ha de representar graficam ente

O OOO O o 115 o O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

a natureza, mas, vêde bem, se podesseinos, se o Es­


as nossas aspirações americanas está ainda em altura
nuiito modesta, e precisa crescer muito para se elevar tado podesse dar instrucção media e superior àque­
a par da horizontal européa, para atingir o tope les 0 bem dotados filhos dos pobres, a «élite» re­
cultural a que temos direito. Ora, esse baixo nivel sultante seria imediatamente elevada a uma fracçâo
de nossa linha educativa é que é preciso augmentar: de cinco vezes maior, isto é 0,5 (0,526 etc. mais exac-
o combate ao analfabetismo, a educação pela ins- tamente). Portanto, o nivel educacional e cultural do
trcução, educação pela escola primaria de letras, ou país subiria e seu governo, feito por essas classes
escola primaria profissional, c o remedio a esse mal, cultas, que formam a opinião, seria necessariamente
que alguns paiscs compreendem melhor do que ou­ mais capaz e mais feliz.
tros, a Argentina por exemplo melhor que o Brasil, Mas é isso o que não acontece. O Estado é
pois tem proporcionalmente mais escolas, dentro no indiferente á propria sorte. Dá instrucção primaria a
mesmo país S. Paulo melhor que a Bahia, pois todo o mundo, c pára ahi. Permite por sua indife­
possue menos analfabetos. rença que só os filhos dos ricos, capazes e incapazes,
Extcnda a Europa a sua horizontal, bem alta vão ter ás escolas de humanidades c ás escolas su­
mas bètn nivelada pela <escola unica»; eleve a Ame­ periores; desses medicos, bacharéis, engenheiros, na
rica a sua vertical ás maiores alturas pelas escolas maior parte incapazes, recruta os seus burocratas e
multiplicadas que extinguem o analfabetismo e a os seus servidores, seus administradores e seus guias,
todos os americanos eduque pela cultura. também na maioria naturalmente incapazes.
Mas não estará tudo feito. A escola americana Como espantar-se de maus medicos, advogados,
cgualitaria recebe todos os filhos po povo, dos bur­ engenheiros, serviçacs da administração, deputados e
gueses, dos afortunados, que se poderiam chamar senadores, ministros e jornalistas, governantes e con­
os nossos aristocratas, se os nossos ricos pérduras- sultores, dirigentes c técnicos, até letrados e sá­
sem e lograssem pela cultura successiva tornar-se os bios, mediocres e inferiores? Estamos fazendo na
«melhores», «os que a educação faz melhores», que America a sclecção dos incapazes afortunados...
é como já Aristóteles compreendia a aristocracia. Urge a protecção social dos mais aptos. A Eu­
O ensino é gratuito, e ouço dizer que é obri- ropa possue a instituição das chamadas «bolsas » e
gatorio... apenas não ha escolas bastantes para que os «boursiers», como se chama cm França, são os
se puna a quem não mande os filhos aprender... Mas alunos pobres mais capazes, os melhores alunos do
ainda no dia em isso aconteça, gratuito c obriga- ensino primario, que o Estado educa para os seus
torio o ensino, e todos os menores em edade esco­ servidores, com os quacs se vae felicitar tnais tarde.
lar, os 15 o/o da população de um país, por exemplo Jaurês, o grande orador socialista, que lia os trági­
entre nós quatro, cinco milhões de brasileiros, fre­ cos gregos no original, diz Anatole France, e escre­
quentando as escolas nacionacs — esse prodigio que veu a «Historia do socialismo-, e deu ao seu partido
não sei quando veremos e se nós ainda, os da ge­ uma consciência e uma direcção politica, sem esse
ração que vem chegando, terão a felicidade de ver! recurso teria sido apenas um operário inteligente,
— ainda assim, digo, o problema nacional que será sem nenhuma acção colectiva. Ouço dizer que, só com
resolvido pela educação estará longe de sua solução. o estipendio de Pedro II se desenvolveu o genio de
A vertical crescerá, atingirá uma feliz altitude, mas Carlos Gomes, o qual sem esse favor teria ficado
o governo do país deixará a desejar, pois que a modesto regente de filarmônica em Campinas... Quan­
«élite» do país não estará com isso formada, ou es­ tos, quantos brasileiros eminentes não teríamos se,
tará com isso formada, ou estará mal formada. Falta em vez de uma bóa acção do nosso monarca tivesse-
o ensino secundário. Desenvolveram-se as cabeças, mos uma instituição publica que nos permitisse es­
os cidadãos começaram a formar-se... mas não se en­ perar numerosos humanistas, normaliens », politicos,
cheram umas, nem se deu consciência aos outros... artistas, da cultura de um Jaurês ou Carlos Gomes?
mais, talvez se tenha feito, muitas vezes, o contrario. A poder que posso, muito pouco, póde muito
Atentae bem. Na escola primaria o filh o do uma convicção divulgada, chamemos a atenção do Es­
rico irmanado com o do pobre, são bons e maus tado, de todos os Estados do Brasil, para esse mal,
alumnos, mas, como os pobres são infinitamente mais que não tardará a ter remedio. Resumamos um e ou­
numerosos, se têm numerosos alumnos maus, têm tro, perigo e providencia:
também muitos bem dotados. Digamos, se em 10
ricos ha um aluno inteligente, em 00 pobres haverá 1. '* — A indiferença do Estado pela cultura se­
0 alunos eguaes a esse rico. A escola primaria educou cundaria e superior dos pobres, que o ensino primá­
socialmente e desenvolveu mentalmente a essas dez rio demonstrou capazes, além de uma injustiça, é um
crianças... Vae começai o ensina secundário. Mas crime contra o proprio Estado, pois que se está fa­
os pobres não podem frequentá-lo; o licêu, o gi­ zendo, ás nossas vistas, a sclecção dos incapazes afor­
násio, o colégio custam caro... Os 00 pobres vão tunados, dos quaes depende a vida da Nação.
para as fabricas, para a lavoira, para a mão de obra- 2.» A protecção social dos mais aptos, por
os 10 ricos esses farão exames, depois serão bacha­ meio das instituições de beneficencia e solidariedade
réis, medicos, engenheiros, jornalistas, burocratas, po­ nacional, (bolsas, estipêndios, prêmios pecuniários,
liticos, constituirão a «élite» nacional, pois que con­ mesadas publicas, pupilos do Estado, etc., modifica­
seguem a cultura humanista e a superior... Mas como rá logo a composição das «élites» que governam a
nesses dez apenas um é intelligcntc, essa «élite» tem opinião c dirigem os governos com crescente pro­
apenas 0,1 de capacidade. babilidade de felicidade colectiva.
Não poderemos ainda aos paes afortunados im­ Dada a finalidade do ensino secundário, o pro­
pedir que cultivem os filhos incapazes que lhes deu blema conexo a resolver — da substancia instruetiva

o o o 116 o o O o o o
TÜIMIAO NANIIFACTOIRA de ROUPAS
A. MAIOR. EMPREZA DEROUPAS BRANCAS d a AMERICAd o SUL>

F Ji.C o u tin h o V Tlopgues R©eía SilvíiJlattosz/CT I s n a r d ^ ’C :


J . P h ilo m e n o G o m e s dr-* C “
RIO D E JANEIRO
*• 1*

União Manufactora de Roupas. — Rio de Janeiro.


IN DEPENDE N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

c educacional a servir aos alunos, pareceria facfl, vel nem recolhemos o fruto saboroso e substancial
tudo porem continua sem critério, nem uma idea de sua literatura, que seria regalo e utilidade. Estou
qualquer de principio, discutível embora, a seguir... certo, tanto tem força, ainda contra a rotina, o bom
Do humanismo recebemos o gosto da cultura senso, que, no futuro, em vez de Grego e Latjhn
classica. Só por ela, com as linguas mortas da ci­ como preparatórios geraes, se estudará a Literatura
vilização, poderíamos penetrar no tradicional san­ heleno-latina, como humanidade indispensável á cul­
tuário heleno-latino, antecedente do nosso espirito tura geral do espirito.
contemporaneo. Orego e Latim estudavam-se, de fac­ Estudam-se, porém, linguas vivas. Estudam-se
to, longos annos, e erarn a base dos estudos secun­ mal, também, porque se estudam como se foram mor­
dários, indispensáveis e sempre continuados, para a tas, pelo estudo sistemático da gramatica, sem as
aequisição da cultura tradicional. Mas o mundo mo­ falar nem escrever, traduzindo-as, apenas; estudam-se
derno sobreveio, outra civilização se constituio, mul­ como se fora a lingua materna, que já se fala e
tiplicada pelos povos da terra, e então se foi impon­ escreve, pelos seus classicos, como se já sabidas,
do, como contraste de utilidade, a aprendizagem das as fossemos aperfeiçoar. Essa coisa tão simples, —
linguas vivas. A medida que essa evolução se impu­ que a metodologia será diversa para estudar o Latim,
nha, o Grego e o Latim desapareciam. Minguaram o Francês, o Português... — não entra ainda nas
tanto, que, embora mantidos até hoje nos progra­ nossas cogitações: estuda-se uma lingua que se deve
mas, já se não estudam mais, nem uma nem outra falar, como lingua morta, que apenas se lê; apren-
dessas linguas, estudo digno desse nome. Ainda quan­ de-se uma lingua extranha que se não sabe, por classi­
do se estudem, não se aprendem, ninguem mais fica cos difíceis, como se fora a propria, na qual busca­
sabendo Grego ou Latim, do que aprendeu em pre­ mos perfeição.
paratórios. Sofre-se pacientemente a disciplina greco- Uma aneedota, autentica, referirá o grande r i­
latina durante quatro, tres, dois, ás vezes, um ano... diculo desses nossos processos. Na Exposição Colum­
e com isso passa-sc em exame: está tudo o que se biana de Chicago (1893) concorreu á representação
deseja, e se consegue. brasileira grande estado do Norte, com uma farta
A imperiosa necessidade antiga cedeu, a pouco cópia de productos e, deles, bela memoria elucida­
e pouco, a essa condescendência ridicula com a tra­ tiva. Esta, porem, era em Português, e inútil para
dição. A razão é esta: são precisos anos de traba­ a propaganda no extrangeiro. O comissário fez ver o
lho para compreender a prosa grega, ainda facil, sem caso ao governador,-que prometeu remediar, em uma
o auxilio de um léxico ou uma tradução, diz Rcinach, quinzena: no outro vapor seguiriam as memórias,
um hclenista. Para que se perder esses anos, se ha vertidas em Inglês. Chamado o professor da disciplina
mais que fazer, com o Francês, o Inglês, o Alemão, no ginásio, e ordenada a traducção, c composta e
se essa prosa grega está hoje vulgarizada por ex­ impressa, á medida que se ultimava. Palavra cumpri­
celentes traduções? Renan, ha trinta anos, observava da, folhetos, cm Inglês, enviados. A exposição foi
que a tendenda ia sendo substituir o estudo da lingua um belo successo e as brochuras dariam todas as
latina pelo conhecimento da respectiva literatura. Éssa explicações necessarias. Visitante de marca tornou,
tendencia, a que a tradição se opõe, tem força para porém; tinha procurado ler o livro, para tomar as
vencer, embora contemporizemos, num teimoso apê- taes explicações, necessarias a sua industria c de­
go áquclla rotina. O que nos prende ao passado não sígnios comerciaes, mas... não entendera o Inglês...
são essas linguas mortas, que já ninguem sabe falar Uma filha, que estudava letras da Universidade de
nem escrever, que alguns lêem ainda, inteiramente llinois, dissera-lhe que era de facto Inglês, puro e
inúteis á generalidade dos alunos, aos quaes algumas guindado, mas do tempo da rainha Ana... Inglês clas­
raizes gregas e latinas, estudadas com a lingua ver­ sico, arcaico, que americano negociante não enten­
nacula, darão tudo o que poderiam adquirir nos tris­ dia... Era o Inglês que se ensinava no Brasil..
tes anos perdidos, consagrados ainda ao estudo do O caso é autentico, repito, e poderia, e posso
Grego e do Latim. atribuir os nomes a todas as personagens dessa r i­
Hoje, só do Latim, moribundo, porque o Gre­ dicula historia. Tal é o nosso ensino de linguas vi­
go já morreu. O estudo, então seriamente feito, vas, que se não falam em aula, mas se estudam por
desses idiomas, deveria ser reservado para as facul­ gramaticas e traducçôes, como se foram Latim ou
dades de letras, para as escolas normaes superiores, Grego; que se fazem saber através e Shakespeare,
que formam eruditos, letrados, professores, a quem como é por Camões e Vieira que estudamos a nossa,
essas reliquias eruditas de Filologia aproveitam e in­ para nos aperfeiçoarmos nela, pois que já a sabe­
teressam. Á cultura geral o que interessa de Gregos mos. A consequência deplorável e comica é que pro­
e Latinos c a historia, são as instituições, é a li­ fessor que ensina Inglês do tempo de João-Sem-Terra,
teratura principalmente, onde o espirito humano en­ alunos que aprendem Francês de Ronsard ou de
contrará as raizes de suas ideas actuaes, de suas Monteigne, não sabem prover-se de necessário á
futuras ambições, que são todas contemporaneas des­ vida, em Londres ou Paris... O método directo, hoje
ses grandes povos da terra, ainda agora legitimo or­ usado por toda a parte,n ems equer é suspeitado no
gulho da civilização. Ora, o actual estudo do Grego Brasil.
e do Latim isso não traz absolutamente, e talvez in­ Um argumento sobrevem, quando se fala da
compatibilizem os alunos com Demostenes ou Ta­ inutilidade desses estudos: eles são educativos... Se
cito os trechinhos penosamente decifrados a dicioná­ os anos perdidos com o Latim e o Grego, que não
rio ou analisados á gramatica... Resulta que perde­ dão para se compreender um autor qualquer desses
mos tempo estudando mal, para não aprender nem idiomas, se o Francês ou Inglês não permitem uma
Grego nem Latim, e que dessa antiguidade venera- vantagem usual qualquer em França ou na Inglaterra,

o o o o o 117 o o o o o o
U VR O DE OURO COM ME MORAT !VO PO CENTENARIO DA

não importa, lucram-sc proveitos... educativos. Ci­ e nâo deveriam saber os rudimentos dessa sciencia
tam-se agora exemplos: tal general da Victoria atribue da criação intellectual dos proprios filhos?
sua concisão de pensamento, nas ordens do dia, á so­ Falar isto entre nós parece aberração... de novi­
briedade, que aprendera em Tacito; o ministro Leon dade. Pois ha colégios e liceus e americanos, em que
Bérard, que defende taes antiguidades, cita, ironica­ estas materias e outras ainda são humanidades exi­
mente, a pergunta celebre: — Você aprendeu violi­ gidas de curso secundario. Matematica, Fisica, Quí­
no; toca, ao menos, como Paganini? mica, Biologia, Anatomia, Fisiologia, Psicologia, Pe­
dagogia, Higiene pessoal. Higiene Publica, Sociolo­
São razões especiosas: se essas humanidades clas­ gia, Moral... Nós estaremos longe de uma tal victoria
sicas são realmente educativas, e só por isso ju sti­ sobre a nossa rotina tradicional, ontem ainda com a
ficáveis, ha humanidades modernas também educati­ Retórica e o Grego, hoje com o Latim, a maneira
vas e ao demais uteis, tal o estudo das sciencias na- livresca de estudar as linguas vivas e, ainda nomi­
turaes, físicas e biologicas. Porque apenas os candi­ nativa. ou apenas de retentiva pela memória, das no­
datos á carreira medica hão de saber as coisas mais menclaturas geográficas e históricas, que por aqui
rudimentares da vida, os fenomenos mais triviaes da se chamam Geografia e Historia...
natureza, e nâo todos os alunos que procuram no Nesses estudos, a metodologia é ainda mais de­
ensino secundário uma cultura geral? Não interessa plorável como atraso; os programmas causam deses­
acaso a todo o mundo a Fisica, a Química, a Bio­ pero, e á proporção entre as materias abstractas, a.s
logia, que dão idéa da vida e das utilidades da via? que poderiam ser concretas c experimentaes, e as
Sempre pensei que se poderia, em materia de pausas de repouso ou de exercícios físicos de todo
ensino, fazer alguma exigencia mais seria; que a descuidados, senão pelo arbitrio avessas ás necessi­
scicucia que professo num curso superior especiali­ dades fisiológicas e educativas. De todos os ramos do
zado — a Higiene, a sciencia da saude, nâo devera ensino publico, esse ensino secundario, que deve pre­
estar no ultim o ano do curso medico, senão na aula parar as «elites» vitaes da nação, c o mais viciado.
primai ia, e no ensino secundario. Porque só aos me­ Recrutam-se para ele, não as crianças mais capazes,
dicos interessará a Higiene, quando a guarda e a porém as mais afortunadas; elegem-se nâo os conhe­
conservação da saude devem interessar a todos os cimentos mais educativos e ao mesmo passo os mais
homens? Porque também a sciencia pratica da edu­ uteis, porem aqueles residuos da rotina tradicional,
cação, a Pedagogia, ha de ser um conhecimento pro­ que o tempo ainda não matou e que nos impõem os
fissional, de professores, nas escolas normaes? Acaso habitos adquiridos; os métodos desse ensino são os
todos os homens e mulheres não serão paes e mães mais arcaicos, empiricos e contraproducentes, pois

I’ AVILI I AO IN QI.tiZ VISTA INTERIOR

O O O O O O 118 o o o o o o
IN D EPE N D E N C E F. DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

que os professores os ensinam sem terem para isso sistematizados para um ensino con jun cto, que fo r­
aprendido, são dig n o s dos reform adores, que não mará operários — mestres no seu o fic io e op erá rio s
sabem com o e porque, e para que, fazem as suas mestres de seu ofic io , e o ap elid o que lhe deram , de
reformas... acordo com essas idéas, fo i U nive rsida de de T ra b a ­
Recentem ente, uma m oda nova e esperançada lho, de C ha rle ro i.
veio a g ita r os m eios inte llcctua es brasileiros... a U n i­ Umas são catholicas e protestantes o u tra s ; ha
versidade. A idea, m al com preendida ainda, sempre universidades m etrop olita na s e as ha coloniaes. Neste
nos re p u g n o u , ta lve z p o r m odestos. Todos os povos mesmo instante funda-se uma na In do-C hina, em H a­
da te rra a possuíam , só nós nos achavamos indignos n o i, cuja composição nos dá m odelo das necessidades
de tam anho fa v o r. Mas c lle fo i creado e, o p ro p rio regionaes a que se ad ap to u; compõe-se de escolas ou
governo que a fez, não sabe o que fez: em regula­ faculdades, de medicina e fa rin a d a ; de v e te rin a ria ; de
m ento a d m in is tra tiv o , mais uma burocracia, allusâo ag ric u ltu ra e s ilv ic u ltu ra ; de pesca e navegação; de
a ed ifícios, e tu d o continua como era, mas com o não d ire ito e adm in istraçã o; de trabalhos ou engenharia;
deve ser... de com m ercio; de pedagogia ou escola n o rm a l; de
£ preciso po is começar p o r dizer á classe d ir i­ sciencias aplicadas. Q u e lhe fa lta ? Tem tu d o o ne­
gente c ao po v o em g e ra l o que é uma universidade. cessário, o im prescindível, para a In d o -C h in a ; falta-
A d ific u ld a d e de compreensão é obvia, se se lh e apenas o s up erflu o, que poderá lo g ra r um dia,
entende que o nome vem te nd o accepções variadas no mas que, p o r agora, conhecimentos especulativos e
tem po e no espaço, e não é, ho je em dia, a mesma transcendentes, se estudam m elho r talve z em Cam­
p o r to da a parte. bridge, ou em P a ris ; tem o que existe p o r to d a a
Da o rig e m etim o ló gica , c desenvolvim ento histo parte onde ha uma universidade digna desse nome
rico, vem qu e s ig n ific a o con jun cto dos corpos do­ uma organização de ensino destinada a io r m a r
centes, re u n id o s em corporação, com uma le i u n ifo r­ ou com ple tar a educação nacional to rn a n d o possíveis
me, um sistem a pedagógico, m on o p o lio didactico, pre- to das as satisfações da vida de e s p irito , to rn an do
v ilc g io s reconhecidos dos seus productos, os nela praticas to das as u tilid a d e s da vida real.
fo rm ad os licenciados c doutores.
M as. na mesma França, entre a U niversidade de Uma U nive rsida de tem, pois, a vantagem de
Paris, a m ais velha das institu içõe s d o genero, ao pode r conter tudo, de poder fa lta r-lh e algum a coisa;
tem po com as suas q u atro faculdades — m edicina, exige, porém , que lhe não escasseie nada do que é
d ire ito , artes e sciencias, e teologia —• e a napoleo- indispensável no m eio a que serve. E aí está a p r i­
nica u n iversida de de França, que com preendia as tres m eira vantagem da U nive rsida de : na criação d isp er­
R variedades de ensino pu b lic o p rim ario , secundá­ siva dos orgãos de ensino p u blico , não ha com o ela
r io e su p e rio r, vê-se lo g o a diferença essencial de para coordenar os esforços para um sistem a de ensi­
sen tido d o vocabulo. U niversidades medievaes co n ti­ n o pu blico , não ha com o ela para coordenar os Es­
nuam, ainda h o je em dia, com o seu vetusto pro gram ­ fo rç o s para um sistema de ensino, em que as ne­
ma, O x fo r d ou Salamanca, p o r exem plo, em que os cessidades im prescindíveis sejam representadas: a u n i­
estudos classicos e re ligios o s dominam os m ais, sem versidade é um a creação contínua, dessas u tilid ad es
transigências com o e s p irito m od erno ; estes se per­ d e ntro da ordem , que lhe fa c ilita e x is tirem , e um sis­
meiam com o o u tro , num vasto com p le xo que con sti­ tema em que a harm onia preexistente lhe assegura
tu e a u n ivers ida de com pleta d o nosso tem po, taes sobreviver.
Paris ou B e rlim , onde to do s os conhecimentos hu- As faculdades dispersas, anta gônicas ás vezes,
ihanos têm p o s sibilida de de estudo e de en s ino ; a contrariam os seus esforços assim pe rdido s, com
m aior parte não log ra conseguir a un iversalidade do p re ju ízo para o ensino: a un iversida de os coordena,
conhecim ento, e então adopta, escolhidos, os mais para a m a io r vantagem dele. A q u i m esm o poderem os
m odernos e m ais práticos, e são as quasi todas u n i­ d a r exem plo: tínham os duas escolas de d ir e ito que
versidades da Europa, da Am erica, em que as possi­ se contrapunham, e não ta rd aria a hora em que, na
bilida de s locaes fe içoaram a organização de ensino lucta pela sobrevivência, com a atracção pelas m a tri­
ás necessidades a s erv ir. P o r transição insensível, as culas, não se vissem coagidas ás concessões que lo ­
discip lin a s m eram ente especulativas fo ram deixando gram aderentes, em p re ju ízo da d is c ip lin a e da m ora­
margem ás te ndências u tilitá ria s de nossa épocha. De lid a d e : a U niversidade conseguiu dar-lhes um a só
sorte que, de seu p rim itiv o e rig id o sig n ific a d o , veio norma, em que a fa lta de concorrência dispensará
o te rm o, de transigência em transigência, até accepção as transigências ob rigadas da vida.
pratica o u pragm ática, que refle cte o mesmo caracter Podemos ju n ta r o u tro exe m plo: d e n tro em pou­
do povo, e indica, precisamente, os endereços que ele co, perceberá a U niversidade do R io de J a n e iro que
quer a tin g ir pe lo seu ensino pu blico . Na A m erica d o lhe fa lta uma faculdade de Sciencias, o u tra de Lettras,
N orte , em que o m aior num ero dessas opulentas in s ti­ se não as fu nd irm os numa só, para as quaes até no
tu ições é de orige m privada, sem intervenção do Es­ seu p ro p rio seio já possue os elem entos idoneos:
tado, as variedades de tip o são enormes, segundo a estes, o u este novo in s titu to não existe, e é entre­
concepção que os seus organizadores e re ito re s t i ­ ta nto indispensável. Porque a U nive rsida de não só
veram. o u vão tendo, d o te rm o un iversida de : nãd prepara para certas profissões, as chamadas profissões
é, pois, pa lavra m orta, senão um nom e vivo, plastico, liberaes, como prepara para a carreira do en sin o . Ora
m ovei, a m p lo , elastico, que póde conter d e n tro de essa c arreira, tã o essencial em quaquer pa rte, por­
si e adaptar-se perfeitam ente a eles, os ideaes mais que para ensinar é preciso p rim e iro te r ap ren dido , e
diversos de to do s os dife ren tes povos da te rra. Agora aprendido a ensinar, devendo ser c u lto e sabendo
mesmo, reúnem na Belgica to dos os o fic iò s manuaes c ultiv a r não tem no Brasil, até agora, o m in im o

O o o o O 119 Oo o o o o
U V R O DE OURO COM MEMO RATIVO DO CENTENARIO DA

v estig io dc orgâo, p e lo qual tã o alta e nobre funcção que assim cum pre desenvolver c to rn a r productiva.
se exercite. Mas, ha mais, ha conhecimentos scie n tificos, n o ­
O s nossos m estres de ensino secundario e su­ ções indispensáveis dc nossa natureza e d e nossa vida,
p e rio r são auto-didatas, quan do m u ito auto-pedago­ que ninguem fará p o r nós: nem nos a p ro ve ita rá em
gos. A gente aq ui é pro fesso r de ling ua s e scien- nada a scicncia que houverem fe ito lá com sigo, e de
cias, sem as te r a p ren dido ta lve z, m uitas outras ve­ si, Francêses, B ritânicos, Tedescos ou Am ericanos.
zes docendo d o cetur, com a pratica do m esm o ensino, A s coisas próprias do Brasil, sua g e olo gia , sua
com as d iffic u ld a d e s , as incertezas, e, não raro, o irre - geografia, sua c lim a tolo gia, flo ra , fauna, etno grafia ,
m oviv el mau e x ito que está em cada um inve nta r por p a rasito lo gia , m edicina, higiene, sociologia... quem as
si um m éto do de ensino que e x is te fe ito , e um m ate­ ha de estudar, senão, princip alm en te, os B ra sile iro s?
ria l de ensino que poderá te r sido a d q u irid o fa c il­ De m ais ainda, para interessar ao estra ng eiro, não o
m ente, se houvesse quem lh ’o devesse m in is tra r. A d ­ conseguirem os nunca im ita nd o-o nas suas artes c
m itim o s fa cilm en te que para e n sina r na aula p rim a ria sciencias, que, certo, exercerão com m a io r o r ig in a li­
c preciso cursar na escola n o rm a l, mas não attenra- dade e pro v eito , porém nos to rn a n d o interessantes
mos que para ensinar no c o lé g io o u n o gim ná sio não a eles, pe lo contingente de observações e e xp e riê n ­
basta uma nomeação a um m édico, bacharel ou en ­ cias nossas, com que havemos de en riq ue cer a scicn­
ge nh eiro, com o se não fosse a in da m ais d ifíc il ensi­ cia universal. Andando o te mpo, devassados os p r o ­
n a r a ensinar, do que en sina r sim plesm ente: não blemas narionaes, a nossa c on tribu içã o alcançará os
póde haver absurdo m aior. E é a U niversidade que problem as geraes. a que não fa lta rã o nem g e n io de
será chamada ao e lim in ar. invenção, nem tendências de altru ísm o .
M ais ainda, se prepara p ro fiss io n a c s para as d i­ O ra, essa cooperação no progresso scie n tifico ,
versas carreiras, não esquecendo a p rim o rd ia l, do essa organização da sciencia, nacional a prin c ip io , d e ­
ensino, a U n ive rsida de cum pre-lhe trab alh ar pe lo p ro ­ pois un iversal, será funcção das U niversidades, que
gresso s c ien tifico, m o b iliz a n d o as suas capacidades se não contentam com o seu papel docente, com o um
técnicas disponíveis, organizando-as para as pesquizas exe rcito não são apenas as armas de combate, peões,
scientificas originaes. N ão é m ais possivel a um g ra n ­ a rtilh e iro s , aviadores e cavaleiros, mas o equipam ento,
de povo v iv e r a expensas do s ou tros, mesmo espi­ a intendência, os arsenaes e, princi palm ente, o es­
ritua lm e nte . Ha uma abdicação dc independencia, nes- ta do m aior. T a l cooperação faz-se pelos in s titu to s
Sa servidão inte lle c tu a l. H o je em dia o n ip t d 'o r i r e variadíssim os, dc Q uím ica, de S erologia, de P a to lo ­
g e ral do m undo é se bastar cada nação a si mesma, gia. de H ig ie n e , de F is io lo g ia , de Genetica aplicada á
ta n to quanto seja isso possivel. a g ric u ltu ra e á criação..., de quantas especialidades
E o pa trio tis m o form a elevada, porque colle c­ necessarias de desenvolvim ento acertado e rap id o re­
tiva, do egoísm o in d iv id u a l. Egoism o que não se clamem as riquezas naturaes d o pais, ou e xija m as
opõe aqui a altru ís m o , quan do ha sobras e excessos urgências de protecção humana e an im a l, con tra o
disponíveis, mas que se op õe nobremente, e d i­ clim a, o parasitism o, as devastações evitáveis da
gnam ente, a parasitism o ou ex ploração não re trib u íd a saude o uda vida. E ao lado, d e ntro das faculdades
dos bens alheios. O ra , se não queremos v iv er do respectivas, é que taes ins titu to s ving arão , servindo
pão alheio, nem do trabalho alheio, porque havemos a um e o u tro escopo, dos dois endereços que vamos
de aceitar as ideas, as descobertas, as invenções, que delineando d o regim e un iv e rs itá rio .
nos dão todos, sem c o n trib u irm o s também para essa Um terceiro, decorre destes do is fito s , o u te n ­
comum generosidade- e s p iritu a l? dências. e cumpre não esquccêl-o a U nive rsida de :
Está a G rã-Bretanha, o u tr ’ora só extractiva, é a vulgarização s c ien tifica, d o apren dido de estra­
m aritim a , com m ercial, in d u s tria l, roteando os seus nhos, de pesquizas pro prias, fazendno a p rove itad o
campos para pre s c in dir o m ais possivel d o sustento de to da a gente o esforço conseguido dos in s titu to s
estra ng eiro: p o r lhe te r fa lta d o isso, houve um m o­ s cien tificos ou apenas, até ali, propagado no c ircu lo
m ento trá g ic o da guerra subm arina em que o seu des­
estre ito dos cursos sistem atizados. A fó ra as carreiras
tin o vacilou. Ãs restricções á exportação c á im p o rta ­ de program a d e fin id o , que terão os seus cursos nor-
ção determ inam por to da a p a rte as necessidades na-
macs na U niversidade, tantos quantos forem necessá­
cionaes d o abastecim ento in te rn o e de cam bio exte­
rio s, ella a b rirá á divu lga ção dos conhecim entos ne­
rio r, para o e q u ilíb rio d o m ercado entre a producção
cessários á nossa nacionalidade, num a eventualidade
e o consumo, e a balança fina nce ira entre as com ­
possivel, cursos especializados, cursos de aperfeiçoa­
pras e vendas que se trocam p o r valores. A lucta das
m en to ou divulgação, em conferencias, em revistas,
ta rifa s na Am erica e na Europa, para protecção das
liv ro s , jornaes, de tu d o quanto carecer a educação
ind ustrias necessitadas consiste em suma na dispensa nacional.
ao estrangeiro que m an ufa ctu re a nossa m ateria p r i­
A N orte-A m erica im p ro v is o u em dois anos um
ma, dando que fazer á m ão de ob ra nacional.
immenso exe rcito para c o rre r a salva r a C ivilizaçã o,
Pareceria que sómente n o campo es p iritu a l tal
que perigava na E u ro pa ; algum as dezenas de m ilhares
egoism o não devendo prevalecer, seria in ú til o rg a n i­
de m edicos, sem nenhuma especialização fo ra m cha­
zação sem elhanet a esta, d o com m ercio o u da in ­
mados as file ira s : as U niversidades americanas to ­
d u stria : resalta lo g o a im o ra lid a d e que haveria em
maram a si to rn ál-os especialistas, em alguns mêses
nos aproveitarm os d o tra b a lh o e d o ge nio alheios,
de cursos especializados, de cursos de ap erfe içoa­
sem, em troca, lhe darmos nada do nosso esforço £
m ento, diagnostico dc urgência, p ro nto s soccorros,
da nossa capacidade e s p iritu a l. Além de que, a nossa
pequena e grande c iru rgia... com o que esteve a U n i­
capacidade em o u tro s ram os de actividade humana
versidade a altu ra das outras nobres e varo nis v irtu ­
será consequência dessa nossa capacidade e s p iritu al, des da Nação.

o o o o o 120 o o o o o o
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RIO D^AHemo ...

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.",Lam brequina.ThcrosTelhas eMõfduras
„T alaisM etallicasGalvanizadasedeLatob
Bancos. Cadairas. Mesas. Viveiros
Tecidos comfloredondo ondulado«xtre-forte
Tecidoscomfioquadradopadaelevadores
Tela para Turbinas de assucor e t c ___

CHARLES BONAVITA — Rio de Janeiro.


IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO IN1ERNACION,

Não nos esqueça pois, e portanto, — e até com pelo consenso universal dos doutos e capazes dessa
a convicção que lhe atribuiu N apole Xo , um que acção connexa, e, por isso, formidável e onipotente
sabia persuadir e considerava unica figura de retórica acção social.
a repetiçSo — repitamos, para não esquecer: á Uni­ Sei bem que perco o meu tempo, pois tenho
versidade cumpre preparar para o exercício das car­ contra mim, ainda por longuíssimos annos, a omnipo­
reiras liberaes c preparar para a mais nobre delias, tente rotina. Mas sei que também essas ideas, porque
que c a do ensino; cumpre-lhe promover o progresso têm generosidade c razão, hão de vencer um dia...
scientifico, organizando as pesquizas nos seus insti­ O Estado ha de cessar de ser indifferente á própria
tutos de investigação original, colateraes á instrucção sorte, e ha de procurar recrutar a sua «élite» nos
didactica; cumpre-lhc, finalmcnte, vulgarizar a scien- mais capazes, fazendo a protecção dos mais aptos. O
eia, além do publico escolar, ou no publico post-esco- ensino secundario, destinado a dar a prévia cultura
lar, nos cursos variados e profusos de aperfeiçoamen­ geral indispensável a todos os que vão viver a
to, conferencias, revistas, jornaes, de modo a fazer vida social, ou se endereçam á especialização profis­
lograr a todo o pais dos esforços de riqueza despen­ sional, terá um conteúdo moderno, feito de linguas
dida e de talento aproveitado pela nação, na sua vivas, de sciencias da natureza, de sciencia da socie­
grande oficina espiritual, que é a Universidade. dade, sadias e educativas, de literatura antiga e mo­
Até aqui, é o que a Universidade póde e deve derna, bellas artes e exercícios salutares, que prepa­
fazer, e que ninguem ou nenhuma outra organização ram a humanidade para as mais difficeis aequisições
diferente poderia ou deverá fazer melhor que ela. da cultura integral. Esta, como a instrucção profissio­
Dir-se-á que isto ou parte disso será, ou foi, reali­ nal superior, será dada pela Universidade, que en­
zado sem ela... Talvez; mal, com esforços dobrados, sina, e ensina a ensinar, que cultiva a sciencia e
penas perdidas, discordâncias, choques, inconveniên­ collabora no progresso scientifico, cuja congregação,
cias, desânimos, desperdícios, imperfeições. Para usar estado maior da educação nacional, deve d irig ir o
de uma expressão, em voga no momento, só ela rea­ ensino publico. Os dirigentes assim preparados, pre­
liza essa adaptação ao fim almejado, esse menor es­ pararão os Brasileiros, todos os Brasileiros, pelo
forço para o maximo de rendimento, cuja consciência ensino primário, pelo ensino profissional, pelo ensino
em técnica se chama, hoje em dia, na industria, o humanistico, pela cultura geral do espirito, para todas
«tylorismo : a Universidade é a hierarchia, a disci­ as vantagens da civilização... Sei bem que o telegra-
plina, a ordem, o sensorio comum das forças e dos pho sem fio e o cinematographico chegarão primeiro
engenhos espirituaes, tão necessarios e indispensáveis aos Nhambiquaras, no fundo de Matto Qrosso, que
á producçâo colectiva, da vida material, como da vida essas idéas á convicção dos governos, nas capitaes...
do espirito. O anarquismo que protesta e o genio talvez, de torno viagem, ellas se imponham então,
que inova serão julgados e talvez atendidos; mas a mas o que nos não deve faltar é a esperança, ain­
obra social não se fará com a violência de um, ou a da na decepção...
originalidade do outro, senão apenas assimilada a
critica que corrigiu ou a invenção que modificou. A franio Peix oto .
A SP E C TO S D A S O C IE D A D E B R A S IL E IR A

ficaram , d iz o c h ro nista v ic c n tin o , de a lg u n s q u e e llc


mandou n o p rin c ip io , e de o u tro s m u ito s que vieram
con corren do pe lo te m p o a d ian te, não só de P o rtu g a l
o rig e n s da sociedade b ra s ile ira sâo p re ­ e das Ilhas, mas também de Espanha q u an do estavam
claras, illu s tre s , nobres, e o tra b a lh o unidas as duas Corôas, a ttra h id o s pe la fe rtilid a d e do
de trasladaçâo da c u ltu ra classica euro- país e pelas m inas de o u ro que se fo ra m d e sco b rin ­
péa para o B ra s il se fez em condições do, compõe-se a nobresa destas ca p ita n ia s, a q u a l se
que ho nram os conqu istad ore s. Sabe-se que a c o lo n i- conservou pura, conhecida e m u ito re sp eita da até
sação do país só se in ic io u p ro p ria m e n te com os d o ­ pouco depois do d e scob rim e nto das M in a s G craes,
na tá rio s , e de m od o m ais d e cisivo com o estabeleci­ p rinc ip alm en te em S. P a u lo e v illa s de se rra a c im a ..
m en to d o G o v e rn o G e ra l em 1540. Ha m uito s auc­ Desses tron cos é qu e provém to da s as gra n d e s fa m i­
to re s que desdenham essa p rim e ira phase da nossa lia s dos Estados d o Sul, e das quaes fica ra m typ o s
h is to ria , com o se pouco valesse a em preza daquelles exalçados nas chronicas, nas trad içõe s e nas lendas
in tre p id o s capitães ga lardo ad os p e lo R ei. O s do na tá­ como verd ad eiros p rinc ip es , creadores de velh os s o la ­
rio s , q u a s i to do s, tiv e ra m na o b ra da c iv ilis a ç ã o da res e que a fama de três séculos d e u a so le m n ida dc
Am erica, a ta re fa m ais penosa, m a is trem enda, m ais da h is to ria . E n tre essas fig u r a s q u e ficara m viv a s na
gig an tesca de quantas se conhecem . A sua funeção im aginação p o p u la r c enchem pa gin as da chro nica da
a q u i tra n s fo rm o u -s e em epopéa, po rq u e fo i fe ita de colonia, ha algum as que se destacam num a lu z tã o
s a c rific io , abnegação e heroísm o. N o p rim e iro encon­ fo rte que se d iria saíram das pro p o rç õ e s daquelles
tr o com a ‘te rra e com a gente, pagaram m u ito s d c l- fem pos para algum a era classica o u te rra le n d a ria das
le s á gra nd eza fu tu ra da A m erica b ra s ile ira vultu o s o velhas idades m ortas. S eria basta nte , pa ra m o stra r
tr ib u to de sangue. Po is bem : e n tre to do s os a q u i­ que não exaggcram os, c ita r o no m e d o d o u to r G u i­
nhoados da reg ia m un ificê ncia , não houve um sequer lherm e Pom peu de A lm eid a, que s ob relevo u a to dos
que não fosse da aristocracia do re in o , e varios eram os contem porâneos pela grandesa d o e s p irito c pelas
fid a lg o s illu s tre s e fig u ra s em inentes da côrte. T od os m ag nificên cias, sin g u la rid a d e s c g a la n tc ria da sua
vieram para o B ra s il como se obedecessem ao sagrado vida, sendo de a d m ira r que até h o je nã o houvesse
in s tin c to , que se g e rara na raça, de leva r para a quem se lem brasse de fix a r esta gig an tesca pe rson a­
te rra a g lo r ia de Deus c a honra de E l-R e i. T in h a m , gem, ta lv e z unica dos te m p os c o lo n ia c s cm to da a
p o rta n to , um a p e rfe ita consciência do seu papel na A m erica. G u ilh e rm e Pom peu de A lm e id a qu iz p rim e i­
h is to ria da m onarchia, e andavam to dos ta ng id os da-, r o ser frad e, filia n d o -s e a q u a lq u e r o rd em re g u la r,
q u e lle ide al de s e rv ir a pa tria com o m esm o b rio , mas os paes, desejando p e rp e tu a r n c lle as tradições da
o m esm o lu z im e n to e o mesmo v a lo r com que os an ­ fa m ilia , procuraram d e s v iá-lo desse in te n to . O m oço,
tepassados souberam ser heroes no seu tem po. O porém , m al accedeu, c m u ito c o n tra a g o sto , em re ­
m a io r n u m ero dos do na tá rio s tro u x e para o B ra s il as n u ncia r ao seu in te nto, d e ix a n d o d e fra d a r-s e . D esis­
p ro p ria s fa m ilia s , c a de nenhum consta que tivesse tiu , pois, d o c lau s tro, mas fez-se p re s b íte ro secular,
esquecido aq ui os brazões dos v e lh o s solares ou a fo rm ando-se em cânones. «Tão a m ig o fo i elle das let-
v a lia d o nom e que começara a tra z e r da epopéa d o s tras, escreve o gra nd e g e n e a lo g is ta P e d ro Taques,
m ares. C om M a rtim A ffo n s o de Souza tran s po rtaram - que da grandesa e p ro fusã o de seu a n im o lib e ra l t i ­
se para a te rr a lo n g iq u a e desconhecida fid a lg o s de nham segura protecção o s s u je ito s bem in s tru íd o s na
gra d a linh ag em , com o P e ro de Góes, R uy P in to , Braz h is to ria sacra e profana. A sua liv r a r ia fo i tã o op u ­
C ubas, D om ing os Le itão , A n tã o Leme, os trê s i r ­ len ta que, p o r sua m orte, encheram os seusi liv ro s as
m ãos A d o rn o s , B althazar Borges, A n to n io de O liv e i­ estantes do c o lle g io de S. P a ulo , a o q u a l h e rda ra a
ra, C h ris to v a m de A g u ia r de A lte ro , A n to n io R o d ri­ m a io r p a rte dos seus gra nd es cabedaes. Fez assento
gues de A lm eid a, Jorge Pires, J o rg e F erreira, Pe dro no s itio de A raçariguam a, on de fu n d o u a c a p e lla de
C o lla ç o , A n to n io de Proença e ta nto s ou tros que N. S. da Conceição, a c u jo m y s te rio teve co rd ia l
fig u ra m distin ctam e nte na N o b ilia rc h ia P a u lis ta n a , devoção, toda adornada de ex c e lle n te to a lh a , do ira da
d e P e d ro Taques, na H is to r ia d o B ra s il de F r. V i ­ com m u ita m a g nificên cia. C ele brava -se a li, com es­
cente do Salvador, e nos annaes da c olo nia . D os p le n d o r de côrte, a fe sta an nu al da p a d ro e ira , a 8
co m p an he iro s nobres d o p rim e iro do n a ta rio que aqui de D ezem bro. N ão se p ó d c fa zer idéa do appa rato

o o o o o o 122 o o o o o o
CENTENARIO DA IS DEPENDE SC! A f. DA EXPOSIÇÃO

desta fe stivid a d e . D e to das as cidades, v illa s c po­


passadas algum as horas, chegassem novos hospedes,
voados da cap itan ia a ffin ia ge nte para a li num a lvo­
não havia a m enor fa lta pa ra banqueteal-os. P o r esta
roço de grandes celebrações». De S. P a ulo continua
razão estava a ucharia sempre pro m p ta, pro vid a de
o chro nista , «co nco rria a m a io r parte da nobresa coni
tudo. A abundanda de tr ig o nesta casa fo i tanta quo
os re lig io s o s de m a io r a u to rid a d e das communidades
to do s os dias se cosia o pã o; de s o rte que para o
da C om panhia de Jesus, d o C arm o, de S. Bento, de
seguinte dia já não servia o que tinh a sobrado do an­
tecedente. O v in h o era prim oroso , de. uma grande
v inh a que com acerto se cultiv a v a : e supposto o con­
sumo era uma m iséria, sempre ao v in h o sobrava de
anno a anno. Engrossou o seu copioso cabedal com
a fe rtilid a d e das M in as Geraes, para as quaes m an­
dando numerosa escravatura debaixo da adm inistração
de zelosos feitores, c d e lias recebia todos os annos
avultadas remessas de o iro . Soube e lle d is tr ib u ir estes
grandes cabedaes, m andando á c ôrte de Lisboa re­
fo rm a r a prata, que em m uitas arrobas herdára de
seus pais; e po sto cm o b ra mais p o lid a teve a copa
m ais prim orosa que nenhum o u tro seu nacional. Os
m oveis eram to dos ricos e de p rim o r. D e s trib u ia con­
siderável somma de d in h e iro em esmolas, e susten­
tava com lib e ra l grandeza os seus correspondentes. Na
curia romana teve exce llen te acceitaçâo no honroso
obsequio de alguns cardeaes, pelos quaes conseguio
as letras de bisp o m issio ná rio , as quaes chegaram no
te m p o em que já estava enferm o, da doçura de que
acabou a vida, s ervind o-lhe a ho nra para o tra ta ­
m en to de illu s tris s im o , que, na oração fúnebre, que
SALVADOR. CORREA DE SA (Da Casa dos
se recitou no C o lle g io dos Jesuítas da cidade de
Assccas)
S. Paulo, deu o o ra d o r ao cadaver exposto no mau-
soléo que com fu ne ra l pom pa lh e e rig iu o mesmo
S. Francisco, e os clé rig o s seculares de m a io r g ra ­ c o lle g io , agradecido á beneficencia com que deixou
duação. Era a casa d o D r. G u ilh e rm e Pompeu na- m uita parte dos bens. Teve o D r. G u ilh e rm e Pompeu
q u e llc s dias urna popu losa v illa , ou um a verdadeira a g lo ria de hospedar p o r m uitos mezes a um b isp o
côrte, pela assistência e concurso dos hospedes. Para grego, que das índias de Espanha veio a te r a São
que se te nha idéa da grandesa do tratam en to na casa P a ulo para na fro ta do R io de Jan eiro, se passar para
deste heróe paulista, basta saber-se que fazia para­ Lisboa. D epois hospedou ao padre M anuel de Sá,
m entar cem camas, çada uma com c ortin ad o p ro prio, patriarcha da E th io p ia , que, v in d o da In d ia á Bahia,
lençóes finíssim o s de Bretanha guarnecidos de rendas, passou a S. P a ulo em 1707, a ttra h id o do nome do
e com um a bacia de prata debaixo de cada .leito, sem grande G u ilh e rm e Pompeu, de cuja conta correu por
p e d ir nada em prestado. T in h a na entrada de sua no ticias que teve com antecedencia da vinda do pa­
fazenda de A raçariguam a um p o rte iro , do qu al ate triarcha, toda a despeza, log o qu e da Bahia chegou
as casas mediava um pla no de 500 passos, to do m u­
rado, c u jo terren o servia de pateo á ig re ja ou capella
da Conceição. Neste p o rtão ficavam to d o s os criados
c pagens dos hospedes, até se apearem, largando
esporas e o u tro s trastes com que vinham a cava llo;
e tu d o ficava entregue a criados escravos, que para
este p o litic o m in is te rio os tinh a bem disciplinados.
Entrava o hospede, ou fosse um , ou fossem m uitos
cm num ero, e nunca mais nos dias que se demoravam,
ainda que fossem os de uma semana, o u de um mez,
tinh am n o ticia algum a dos seus escravos, cavallos e
trastes... Quando, porém , qu alq ue r dos hospedes se
despedia, o u fosse um , quinze, ou m u ito s d o mesmo
tem po, chegando ao p o rtão , cada um achava o seu
cava llo com os mesmos jaezes cm que tinh a vindo
m on tad o, as mesmas esporas, e os seus bagestos to ­ 1'MA FESTA RELIGIOSA NA BAHIA NO
SÉCULO XVIII
dos, sem que a m u ltid ã o da gente produzisse a
m enor confusão na advertência daquelles criados, que
para is to estavam destinados. Os cavallos recolhiam - qual embarcou para Santos, dc onde passou a São
se ás cavallariças, onde tinham tid o o bom penso de Paulo, já conduzido p e lo com b oio de cem índios,
hervas e m ilh o» . F o i tão opulenta e tão profusa a que to dos carregados tin h a m andado Pompeu, para
mesa d o D r. Pompeu, in fo rm a -n os ainda Taques, «e tra n s ita r em do is dias de jorna da até S. P a ulo o d ito
ne lla as iguarias d e varias viandas se praticavam com ao Rio de Janeiro, on de o correspondente fez tra ­
ta l advertência que, s i acabada a mesa, depois delia ta r o patriarcha com to da a devida grandeza, com a

o o o o o o 123 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA T/VO DO CENTENÁRIO

p a triarc ha . Este p re la d o se c on fu nd iu de encontrar lid â o de fida lgo s. A lg u n s desses de ixaram bôa fama
nas m attas da v illa de São Paulo um varão tã o bem nos annaes b ra s ile iro s . A o ausentar-se d o d o m in io ,
in s tru íd o que lh e não fa zia fa lta a creação das c o r­ com o fez varias vezes, o gra n d e em baraço que- tin h a
tes que Pom peu não tin ‘ha conseguido». Eis ah i o em nom ear um loco-tenente, c o n sistia na d iffic u ld a d c
ty p o e x tra o rd in a rio de que estão Cheias as lendas do de escolher um capitão e n tre os m u ito s q u e eram d i ­
tem po. N ão se supponha, aliás, que o D r. G u ilh e rm e gnos de s u b s titu il-o n o g o v e rn o da te rra . C am pos
Pom peu de A lm e id a f o i unico em sua epocha. Foi T o u rin h o fez-se acompanhar ig u a lin e n te para P o rto
n o ta b ilis s im o , de v id a assaz s in g u la r, e de vasta Seguro de m uita gente de no bre estirp e, c da hi as
fam a e cele brida de . M as como e lle houve em São grandes tradições que s u b s is tira m até qu asi fin s do
P aulo, d u ra n te o século X V II prin cip a lm c n te , persona- século X V III, e dão te stem u nh o s o b re tu d o da p r o ­
v e rb ia l piedade e de outras v irtu d e s que se to rn aram
características desta fa m ilia , a p rim e ira a e n tra r na
te rra e a m ostrar-se d ig n a pa ra e stim u lo d o s colo no s
que a seguiram . P o r fim , ° m a is no tá vel e n tre os d o ­
na tá rio s, o in c ly to D u a rte C o e lh o , era da p rim e ira
nobreza da côrte, is to é, da qu e c o n vivia com o rei
e que tin h a , como h o nra , o d ir e ito de h o m b re a r comi
o soberano, de ser ig u a l ao R ei, e a c u jo la d o po dia
estar, p r iv ile g io que chegou até nós in c a rn a d o no
p a r d o re in o . N ão se ign ora que D ua rte C o e lh o v e io
para Pernam buco traze nd o quasi que só p a ren tes, ta n ­
to da sua como da fa m ilia da m ulhe r, que era ta m bém
da m ais considerada fid a lg u ia portug ue za e re m o n ­
tava aos reis de P o rtu g a l. J ero nym o de A lb u q u e r ­
que, cunhado do p r im e iro sen ho r de P e rn am b uco , to r-
ncu-sc n o n o rte da co lo n ia , o tron co da vasta fa m i­
lia dos A lbuquerques, dos C av a lca n tis e d o s M e llo s ,
que é a flô r n o b ilia rc h ic a de to da a q u c lla porção
do d o m in io . E s tra ng eiros d.- grada e stirp e , com o os
Cavalcantis, os Accyo lis, os L in s , os D o ria s , os A d o r ­
nos e o u tro s , vinham para a A m erica a d is p u ta r m u iio
ufanos a alta ho nra de se a llia re m ao seu nom e,
ainda que pelas lin h a s bastardas da descendencia.
Essas prim eira s plantas é que vêm ca ra c te riz a r a
nossa genealogia h is to ric a cm todas as p ro v in c ia s da
A m erica B rasile ira, c nem se co m p rch e n d e ria o es­
p le n d o r de nossas o rig e n s se não fosse assim . Os
nossos fastos são m ais epopéa d o que sim p le s h is to ria .
Para e n trar aqui, como fizera m os po rtugueses, era
preciso que os p rim á rio s da con qu ista possuíssem
clara consciência das suas fu neções e u fa n ia d e re p re ­
UMA FESTA NA BAHIA NO SÉCULO XVII
sentantes de um a gra nd e nação. N ão p o d ia m tra n s ­
fe r ir os seus lares para aq ui com o sim p le s a v e n tu re i­
gens verd ad eiram en te principescas, que de ixaram d u ­ ro s audazes, sem fé , nem dig n id a d e .
ráveis tradições, e cuja chronica seria ta lvês ainda-
h o je possível com algum esforço re c o n s tru ir.

Ill

C om os go vernadores geracs, e até com o s ca-


pitães-m óres das novas cap itan ias que se fo ra m crea n­
Se passarmos a o u tra s capitanias, verificare m o s do , con tin u o u a crescer a corren te nunca in te r ro m ­
phenom enos analogos, e desde os p rim e iro s dias da pid a de gente illu s tre que a fflu ia do re in o pa ra a
colonisação. P e ro de Q óes e gra n d e parte da fa m i­ A m erica. D o m esm o m od o, com todas as g ra n d e s e x ­
lia , to da de ge ntish om e ns c fid a lg o s , vieram para pedições que vieram d e fe n d e r a possessão co n tra in ­
S. Thom é, e m u ito s desses p rim e iro s colonos, d e ­ trusos, in fin id a d e de nobres e fid a lg o s se estabelece­
po is d o desastre d o d o n a ta rio , v olta ram a estabele­ ram nas varias ca p ita n ia s : com Esitacio d e Sá con tra
cer-se na te rr a : con struíra m no B rasil o g ra n d e tro n ­ os franceses de V ille g a ig n o n ; com A le x a n d re de M o u ­
co dos Assécas, que ascenderam á mais a lta nobreza ra. con tra La R avardière n o M ara n h ã o ; com D . F ra-
da côrte, e form ara m o o p ule nto m orga do dos Cam­ d iq ue de T o le d o y O s o rio , con tra o s h o llan de ses na
pos dos Goytacazes, ta lv e z o m ais a n tig o da Am erica. B a hia ; com as três esquadras que vie ra m s o cco rre r
O d o na ta rio d o E s p irito Santo fo i homem de gra nd e Pernam buco ainda c on tra o s flam engos. D e p o is, ces­
sangue. Vasco C o u tin h o tinh a ascendentes de fama sou o a fflu x o . A ob ra estava fe ita, e re a lis a d a p o r
m uita s vezes secular nos n o b iliá rio s do re in o . Q u a n ­ hom ens que se m oviam m ais pe lo im p u ls o da h o n ra e
d o v e io po v o a r a sua capitania tro u x e com sigo m u l- pe lo v a lo r do sangue que p o r m éras am bições d e ri-

o o o o o o 124 o o o o o o
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

queza c m ando. Na verdade, capazes de sacriflicar-so ções de la tifú n d io s com que iniciara a ob ra da colo-
p o r grandes causas só eram as fig u ra s que tinham o nisaçâo, suppondo que assim apressava o povoam en­
sentim ento da sua dig nid ad e e a responsabilidade do to do país. Notemos, que, quanto ás colonias de Es­
seu papel. H om ens da escoria socia l não v iria m de panha, ha auctores que fazem gra nd e cabedal e até
certo aqui m o r re r com o os do is C ou tinh os, um na se orgulham de se haver desde o s p rin c íp io s fo rm a ­
Bahia, pela sua tem eridade, e o u tro na V ic to ria , pela do em todas ellas uma nobreza te rr ito r ia l que com o
sua abnegação, ou como F crnão de Sá em lu ta com os te mpo se to rn ou um fa c to r pre ponderante da ordem
Aym oré s sublevados. Sim . N ão fo ra m mais necessa­ c iv il, e graças á c u jo ascendente m o ra l poude s u rg ir
rio s os gra nd es capitães c os he roe s: a te rra estava na Am erica uma sociedade po litic a m odelada cm tudo
desbravada. M as aq u c llc sangue fic o u : e a nobreza pela da m âi p a tria. Pois bem. E n tre nós, não se po-
heroica, a a risto cra cia da espada passou a ser a
nobreza de salão, a que b rilh a v a nas ceremonias p u ­
blicas, nos dia s fa ustosos da c olo nia , dando te stem u­
nho de si pe la elcgancia com o havia dado o u tr'o ra
pela b ra vu ra . E não fo i só nas capitaes, nos grandes
centros que ficaram as fa m ilia s tradicionaes. Nas po ­
voações e nas villa s mais h u m ild es, os «homens bons»
faziam questão dos p riv ilé g io s e prero ga tivas, cons-
titu in d o -s e em verdadeira e reconhecida aristocracia.
Quem não fosse fid a lg o , estava in h ib id o ate de exe r­
cer a vereança, quanto mais o ffic io s ou cargos de mais
a lta hie ra rchia. Em toda a colo nia , desde o sécu­
lo X V II, havia duas classes de população: nobreza e
povo. Para o s conselhos de governo e até para delibe­
ração c o n ju n ta com as camaras m unicipaes, chegou-se
a crear, nos logares onde o povo pe lo num ero tomava
im poctancia excepcional, uma especie de trib u n o , si-
m ilh an te, pe la funeção, aos trib u n o s romanos. T inh a o
nom e de m este r, e algures, o de ju iz do po vo ou pro­
curador d o povo. Este mester ou ju iz do povo era o
representante le g itim o da o p in iã o geral ju n to da no­
breza, e tin h a por obrigação defender a causa de to ­
dos perante as autoridades ou perante os com icios em
que a nobreza deliberava. T u d o isso se fundava nas
tradições dos prim eiro s tempos, e ninguem estranhava,
nem contra as regalias dos nobres protestava, porque
to dos sentiam que tudo era le g itim o e ju s to , porque
COSTUMES DA BAHIA NO SÉCULO XVIII
assentava nos velhos annacs da terra.

de ria ta lvès a ffirm a r que tenha s id o esse o pensa­


m ento que levou a côrte portuguesa a in s titu ir aqui
IV
um systema sobre os fu ndam entos estabelecidos em
1534. Seja, porém , com o fô r, tivesse tid o ou não
N o u ltim o século da colo nia póde no ta r-sc que consciência dos seus in tu ito s , o que é c erto é que
se chegou a d is tin g u ir um a a lta nobreza da fid a lg u ia — ou a m e tro p o le soube d is s im u la r bem com as m ais
com m um . A q u e lla fic o u senhora da te rra e esta p e r­ be llas m edidas ta l pensam ento ou , então, a p ró p ria
maneceu de preferencia nas cidades e nas v illa s , e x ­ naturesa do re g im e v eio a tr a h ir os in tu ito s da m e­
p lo ra n d o as posições p o litic a s e ate o gra n d e com ­ tró p o le . Basta v ê r o que se fez lio s p rim e iro s dias.
m ercio, a q u al, naturalm ente, desappareceu m ais de­ Começou-se d is trib u in d o sesm arias em tã o grande
pressa. A aristocracia ru ra l, que se c o n s titu iu em num ero que parecia que a nova te rra, com e ffe ito , era
alta nobreza, c ta lvez um dos phenom enos m ais no tá­ de todos. A in da hoje, exam inando os an tigo s re g is ­
veis da nossa sociogenia, e que tem passado quasi in ­ tos, tem-se a impressão de que to do s os colonos, até
teiram ente despercebido aos nossos histo ria do res e os mais obscuros e hu m ild es, eram fa rtam en te a q u i­
s ocio log os. Para entender-se bem o que fo r essa nhoados. Podia dizer-se que os m ais espúrios da fo r ­
classe, é preciso p a rtir do m om ento em que ella se tuna vinham pa ra a Am erica fazer-se p ro p rie tá rio s de
começa a fo rm a r no m eio da desordem c o lo n ia l. É um dia para o u tro s . Mas aq ui aconteceu o que não
dos processos da appro priaçã o d o s olo que se deve nos dizem os h isto ria do res, a quem a llu d im o s acima,
p a rtir. O modo como se estabeleceu a pro pried ad e se occorrcu em Venezuela ou na N ova Andaluzia, e
te rr ito r ia l na colonia, sabe-se que fo i, m esm o in d e ­ que, n o entanto, sabemos po sitivam en te que não fa ­
pendente da m etrop olc, o m ais s in g u la r que se póde lh o u em quasi to das as outras porções d o p ro p rio
conceber. D ir-se-ia que, sem o querer, o systema d o m in io de Espanha. A d m ittam os mesmo que nos
p o riu g u ê s obedecia ao in te n to de fazer s u b s is tir na p rincípios, aqui na Am erica B ra s ile ira , não se fe z de
sociedade que se ia crear o mesmo e s p irito o u a fa c to m uita reserva em conceder te rras a quantos as
mesma tendencia que levára a c ôrte a d a r to dos os solicitassem . A h i é que estava, sem du vida , o po n to
visos de fe ud al idade ás prim e ira s grandes d is tr ib u i­ fa ls o do systema, coisa de que a c ô rte não se aper-

o o o o 125 o o o o o o
I./VRO DE OURO COMMEMORATIVO IX ) CENTENARIO DA

cebeu, e que a fin a l veio a dar fra c to s de que elle não V


cog itara . C o n ferido s esses titu lo s com o caracter de
p ro v is o rio s , ficava a posse d e fin itiv a dependendo da
condição de que as te rra s deviam ser lavradas d e ntro Os grandes senhores, que vieram a fo rm a r a alta
de c e rto prazo. Ã vista disso, é evidente qu,c seria aristocracia ru ra l no B ras il, eram , pois, os fazen de i­
fa ta l o que depois se v e rific o u : só se torn aram ipro- ros (o s hacendados das colo nia s espanholas) e os
donos de engenhos de assucar. N ão seria possivel dar
ho je uma idéa, breve sequer, d o que fo i, nos tem pos
coloniaes, um senhor de engenho, o u um gra n d e
fazendeiro. N o m eio daquella população em pobrecida,
passava e lle como um p rincip e de facto, te nd o a sua
côrte e os seus vassallos. A sua au to rid ad e era abso­
lu ta entre os m oradores pobres, e exem plos da o m n i­
potência desses magnates poderiam os in d ica r até nos
dias do im p erio, no p rim e iro com o no segundo. A s orte
das populações só dependia do caracter, da educação
ou da consciência m oral dos senhores. Q u an do ellas
se encontravam com uma ind o le de tyra n n o desa­
b rid o e desalmado, ficava cm condição m u ito in fe rio r
ta lvês á dc alguns selvagens africanos sob o m ando
e( o c ap rich o dos sobas mais desentranhados. O ra, seria
curioso acom panhar o desenvolvim ento desse ty p o
do senhor te rrito ria l, e os processos de que resu lta­
O PALACIO DO CONDE DE ASSUMAR EM
ram a form ação desse fig u ra sing ula r, cuja dcscrim ina-
OURO PRETO
ção m al se com prehcnderia se não pa rtisse da p r im i­
tiv a estofa de fid a lg u ia que fo i o fu ndam ento da p r i­
p rie ta rio s apenas os senhores de v a lim e n to ou de m eira sociedade colo n ia l. C om o é que a côrte c os
fa rto s haveres, que po dia m a d q u irir escravos c fu n­ seus delegados na Am erica se descuidaram desse ex­
d a r engenhos. Isso tudo, é de n o ta r, c o que se tra o rd in a rio phenomeno, ao p o nto, não apenas de o
fa zia de ntro das leis. Im agine-se agora o que se ia não c o h ib ir, mas até de fa c ilrta r-lh c o ap parecim ento?
dever á in fin id a d e de excessos, abusos e violências Ê esta a pergunta que temos ao pro fun da r o exame
clam orosas, que passavam sem repressão, numa terra desta ordem dc fa ctos tã o característicos da colo nia .
o n de o p ro p rie ta rio de la tifú n d io s era um potentado, Enganar-se-ia quem pretendesse acre dita r que a pre­
quasi um soberano. O s grandes senhores, com e ffei- em inência dos potentados coloniaes se fe z m u ito re­
to , invadiam terras doadas a ind ios e não tre p id a ­ gularm en te, sem contestação e sem luta s. P o r m a io r
vam em augm entar as p ro p ria s sesm arias á custa de que fosse o ascendente das grandes fa m ilias, o poder
espoliações fe itas aos pequenos lavradores. P o r o u ­ dos ricos senhores, as classes espúrias não se sub-
tr o lado, o u tro grande recurso que os ricos m an eja­ m etteram facilm ente ou sem protestos. H ouve até, o
vam era a venalidade dos juize s. Só ad strictos aos que se póde cham ar, uma phrase de con trove rsia e
seus interesses e seguros de que seriam , em casos de collis â o , em que os senhores só venceram á custa
de risco, am parados pelos senhores a que serviam , de longos esforços; pois os pequenos sesm eiros des-
perpetravam os com m issarios desassombradamente os
m aiores escândalos e attentados, e quasi sem pre, é
claro, com a connivencia dos governadores. A h i f i ­
cam assignaladas, de relance, as o rige ns da pro p rie d a ­
de to rr ito r ia l na colo nia . C om o tem po, como' acon­
teceu em Roma, os senhores que m ais podiam foram
com prando as terras dos pequenos, e con s titu in d o
as grandes fazendas que vieram a ser como o fu n d a ­
m ento de to do o reg im e a g ra rio n o B ras il. E ra na­
tu ra l, p o rtan to , o que se deu. T in h a de fo rm ar-s e
lo g o , como consequência de taes processos, uma
classe de senhores em con traste com as condições da
massa espúria. Basta considerar, é preciso re p etir,
que mesmo no caso em que se concedessem te rras a
to do s os colonos, estes não poderiam aproveitá-las em
concurrencia com os capitães da conquista. Sem bra­
ços não era possível c u ltiv a r léguas de te rra s : dahi o VIAJANTES MINEIROS NO SÉCULO XV III
abandono das sesmarias pelos pequenos. A in d a quan­
d o alcançavam posse confirm ada, tinhanv de v ir estes
v a lid o s resistiram o mais que lhes fo i possivel aos
a fin a l a desfazer-se delia p o r venda. Ficavam, po rtan­ in te n to s dos grandes. A d irim issã o desse p e rio d o d c
to , só os grandes pro p rie ta rio s , e em v o lta destes a
lu ta fo i trabalhosa e longa, c os reca lcitra nte s só se
vassallagcm dos aggrupados. Prolongava-se assim o
subm etteram quando não puderam inais pro testar... O
system a de feudalism o que se começara com os dona­
fid a lg o an tigo , com o desapparecim ento dos pequenos
tá rio s .
p ro p rie tá rio s , passou a ser o grande sen ho r te rr ito r ia l

oo 126 o ooooo
IN D EPEN DEN CE F. EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

do século X V II, e com to das as características do ve­ em que se concretizaram as pequenas porções de solo
lho fe ud alism o europeu, que deste m odo se rep ro­ d is tribu íd os aos im m igrantes, fo i naquella cpocha o
duzia na Am erica. A s populações da colonia, no sé­ unico meio de assegurar a grande producçâo, sem a
culo X V II, dividem -se em senhores e servos, gra n­ qual a. colonia não s ub sistiria , quanto m a is a nação.
des fa m ilia s armadas de p riv ilé g io s , mercês c prcroga- Analysando-se esses processos é que se deixa paten­
tivas oriun da s da posição e da riqueza, e a massa te como é que aquclla nobresa p rim itiv a constituiu-se
de espúrios, sem eira nem b e ira . A p ro po sito do g ra n ­ naturalm ente em aristocracia ru ra l, que p rim e iro creou
de p ro p rie tá rio co lo n ia l, escreve um au to r classico, a grande riqueza economica e depois fundou a na­
A n to n ii: «O ser no B ra s il senhor de engenho é t i ­ ção. Plebeus da E uropa ainda feudal não seriam
tu lo a que m uito s aspiram , porque tra z comsigo o capazes de a d q u irir funeções tã o altas, que antes
ser servido, obedecido, e respeitado de muitos». Mas de tu do exigiam influ en cia m o ra l e vasto p re stig io
não era só isso. Em regra, o senhor de engenho tinha decorrente da tradição. Desde que se entendam assim
valim en to p o litic o , e era fig u ra no governo da terra,
quer d ize r dispunha de autoridades e fu nccionarios. Na
«sua fazenda, e na redondeza toda de campos e flo ­
restas que são sem pre com o dilatações do seu p a tri­
m onio», m anda elle e im pera sem contraste. Para elle
nos seus dom ínios, pode-se diz e r que não ha a u to ri­
dade nem le i su p e rio r ao seu a rb itrio . A sua gente, em
relação a e lle fica em m ais hu m ilhante subalternida­
de que a do mais inconsciente sub dito em relação a
seu re i. E ad virta-se que «a sua gente» não quer d i­
zer apenas a «sua escravaria», mas comprehende tam­
bém a m u ltid ã o de quantos dependem d e lle — aggre-
gados, rendeiros, lavradores de pa rtido , fe itores, cai­
xeiros, mestres e op erá rio s da fabrica. Bem se vê que
não ha nada mais curioso na his to ria de todas as
populações americanas talvês do que esse processo de
aristocratização de um solo que começou p o r ser de
to do o m undo, e acabou nas mãos de alguns. Nem é,
aliás, pro váve l que pudesse ser o u tra a fo rm a de
c o n s titu ir a propriedade te rr ito r ia l na res n u lliu s
que os europeus vieram en contrar aqui. Com o observa
um au to r conhecido, to das as sociedades que se in i­
ciam com o a nossa sociedade c olo nia l fundando-se
nas relações crcadas pela conquista, e de ntro de
m oldes especiaes p o rtan to , hão de sujeitar-se a essa
fô rm a pa rticu la r da d is trib u iç ã o do solo, analoga ao
que se passa na ordem p o litic a , e caracterisada pela
aristocratização da propriedade te rr ito r ia l succeden­
d o a uma fórm a dem ocrática, cuja natureza inconsis­ COSTUMES DE S. PAULO NO SÉCULO XVIII
tente te ria de m udar desde que se entrasse na phase
d e fin itiv a da integração d o regim e ag rario. Nem seria
pela democratisação do s o lo que se viesse aqui fu n ­ os factos, já não se estranha a frequência com que nas
d a r m iraculosam entc a riqueza: como não é, nem será velhas chronicas não se encontram senão fid a lg o s ,
jam ais, em parte algum a d o g lo b o , pela consciência, m em bros de grandes fa m ilias, typ os de representação,
pela acção e pelo esforço das massas populares que etc. Era assim realm ente. Só homens illu s tre s pelo
se hão de crear institu içõe s p o litic as . T ud o isso vem sangue, pe lo v a lo r ou pela opulência é que andavam
de po is; e ainda aqui, c p rincip alm en te no Brasil, a aqui fazendo a h is to ria . A massa ficava nos lances,
his to ria dos povos que se trasladavam , tinh a de fa ­ nos grandes quadros da vida colo n ia l, com o som bra
zer-se p o r cyclos, que as in te llig e n c ia s mais cultas am orpha. As figu ras que se destacam, as unicas que
hão de reger, mas não desviar ou sup prtm ir. Todos têm papel de fin id o são de fa m ilia s illu s tre s . P o r isso,
estes phenomenos apanhamos nitidam ente, não só no não se nos depara em caso algum , du ran te to d o o
Brasil, mas nas colo nia s americanas, sem exceptuar p e rio do da colonia, fe ito de c u lto , ob ra d ig n a de re ­
as anglo-saxonias. Q ue fizeram dos seus cabedaes gisto, que se não a ttrib ú a a fid a lg o s , e fid a lg o s da
aquellcs soldados espanhóes a quem n o prim e iro de­ m elho r nobresa do reino , m u ito conscios de con tinu ar
cennio da conquista se deram terras largam ente onde aq ui a excellencia da geração e a honra dos ante­
qu er que as requeressem? Na Am erica do N orte, passados. O s exemplos de C am arão o u de H en riq ue
onde é que se encontram os pequenos lavradores D ias são excepcionalissim os. Supprim a-se isso tu d o
dos p rim itiv o s dias da colonização? É preciso, po rtan­ dos nossos velhos annaes, e já nada se exp licará dos
to , a d m ittir que fossem aquelles, que se nos figu ram grandes dias em que a raça pareceu, e fo i, com e ffe i-
ho je com o aberrantes de to da justiça , os processos to , mais fo rte do que em épocas subsequentes, qu an­
m ais consentaneos, não só com os interesses da so­ do as v irtud es do sangue como que se dilu íra m na ex­
ciedade colo nia l, mas com os da pró pria sociedade tensão ou na am p litu de do organism o, na phrase de
fu tu ra . Incontestavelm ente, a propriedade la tifu n d ia l. um h is to ria d o r.

o o o o o o 127 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMORATIVI DO CENTENARIO DA

a velha patria angustiada e n tre C a ste lla e a Oceano.


VI
Poz to do o cuidado em fo rm a r de gente escolhida a
caravana, que devia, como as antigas, trazer os d e u­
Indicadas as o rig e n s e o modo de form ação da ses protectores para os assentar cm altares novos, de­
nossa aristocracia ru ra l dos tempos da còlo nia , vamos baixo de ecus estranhos, sob cujo azul te ria m de r e ­
v ê r, também em rap id os traços, o que fo i, na sua moçar c crescer sem que lhes dim inuisse jám ais, nos
vida , nos seus faustos, aquella sociedade cujo esplen­ estos do culto reconstituído, a veneração pelos altares
d o r ainda h o je nos fascina. Sob este aspecto podemos onde haviam adorado os seus avós. Fez questão p r in ­
in d ic a r como os m aiores centros da vida social, dentro cipalmente de que se lhe associasse to da a p a re n ­
dos séculos X V II e X V III, Pernambuco, Bahia, M inas tela, convicto de que nada nas raças predestinadas, é
tã o fie l como o sangue, quando as grandes vidas se
nutriram delle, perpetuando-se em to das as gerações
por um consumo m oral tão p e rfeito que chega a
dar a illu são de que e só uma a alma que anim a
e d irig e ás vezes toda uma fa m ilia . Alem dos seus
parentes, to dos fid a lg o s com o eiie , reu niu D ua rte
C oelho grande num ero de gentis-hom ens, da mais
alta nobresa do reino , e in fin ida de de pessoas illu s ­
tres, que ao seu contacto se incenderam dos mesmos
cnthusiasmos pela obra que pretendia fundar n o B ra ­
sil. E ntre os homens conhecidos que vieram povoar
Pernambuco, destacou-se Jeronym o de A lb uq ue rq ue ,
irm ão de D . Brites, esposa do donatario, fa m ilia da
prim eira nobresa de P o rtug al, c descendente dos reis.
D. B rites de Albuquerque era dama d o Paço, filh a
AI CACER DA BOA VISTA EM PERNAMBUCO do illu s tre Lo po de A lbuquerque, e Jeronym o, que
v eio ainda moço, era ty p o d o cavalheiro, ta lvês exag-
gerado aqui na Am erica, mas conservando acccntua-
Geraes, S. Paulo e R io de Janeiro. Estudarem os, pois,
das as virtudes de côrte ao lado dos predicam entos
nesta ordem , cada um desses grandes nucleos, em
de homem de guerra, ostentoso não menos d o seu
tu do que tiveram de mais característico em sua ma­
b rio e v alo r que das suas prendas de ge n til-h o m e m .
gnificência. A cpocha pernambucana divide-se em duas
T an to sabia b rilh a r, m anejando a espada com esplen­
phases perfeitam ente distinctas: a pre-nassoviana, e a
der, como pe lo e s p irito nos salões, ga lan tea nd o as
hollandeza ou m auricia. E n tre to dos os fid a lg o s e
damas. Commenta-se-lhe particularm en te essa tenden-
homcns illu s tre s que fo ram galardoados pe lo Rei com
capitanias em terras da Am erica, o mais no tá vel, ta n­
to pela im p orta nd a da fa m ília , quanto pelas virtudes,
pelo v a lo r e p rincip alm cnte pela austeridade m oral,
fo i o donatario de Pernambuco. D uarte C oelho é
uma tig u ra inconfundível c ta lvês unica da Am erica
B rasileira. M a l se lhe poderia comparar um Campos
T ou rin ho , sobrelevando-lhe neste con fron to , aquella
firmesa de processos e aquelle rig o r de disc ip lin a e
alta coragem com que o capitão de Pernam buco sou­
be fazer a sua capitania a mais ric a e m ais prospera
do d o m in io e desde o in ic io de seu governo. D uarte
Coelho, era um homem ta lhado para as m ais em inen­
tes funeções no N ovo M undo, e, infelizm ente, cou­
be-lhe a ta refa de ser o desbravador da te rra. Tivesse
elle v ind o um século mais tarde, quando o B rasil já
não era um simples d o m in io da selvageria, e, com
certeza, te ria excedido a sua realisação á obra do
principe hollandês, ainda ho je tã o encarecida. M u ito
mais que Nassau, possuía D uarte C oelho as grandes TYPOS IX) BRASIL HOLLANDEZ EM
PERNAMBUCO
qualidades de abnegação c de perícia m ilita r, associa­
das a uma in te llig e n c ia mais lucid a e a uma con­
cepção mais larga d o seu papel no novo continente). cia para as façanhas de am or, e assegura-se que a
Se tivesse encontrado aqui ao menos os prim e iro s ele­ sua fama chegou ate a c ô rte , como de um D . Juan
m entos indispensáveis a uma construcção p o litic a e temeroso, ao po nto de escandalizar a p ró p ria rainha
veríamos até onde era capaz de ir a sua aptidão de regente, que a fin al, o o b rig o u a casar com I). Felippa
verdadeiro creador de povo. Assim que recebera do de M ello, também dama d o Paço. Já então se havia
soberano o galardão, cuidou D uarte C oe lho de p re ­ fe ito quasi o patriarcha que se to rn ou na co lo nia . Mas
parar-se de tu do para v ir nas incultas terras desdo­ ainda que moço, fo i elle , de chegada, em Pernambuco,
bra r o seu esforço e lançar, deste o u tro lad o do A tla n ­ um bravo a u x ilia r do cunhado nos prim e iro s trab alh os
tico, os fundam entos de um novo P o rtu g a l e de uma da grande empreza que o trouxera á Am erica. Sabido
nacionalidade em que revivesse com mais esplendor é que teve D uarte C oelho, para insta llar-se na c o llina

o o o o 128 o o o o o o
IN D EPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

de M a rim com a sua genie, de c x p c llir p rim e iro os


era form ado de prédios m ag nificos para o tem po. As
ind ios que a occupavam. Os incolas m ostraram-se te­
ruas im m ediatas, pa rtindo-se desse po nto, mostravam-
nazes na resistência opposta aos invasores e trava­
se igualm ente ladeadas de bôas construcções, e irr a ­
ram com estes encarniçadas luta s. Nessas pelejas dis- diando desse nucleo vinham , em p e rfeita desordem,
ting uh i-se , ao lado de o u tro s capitães destemidos, as moradas plebéas, afastando-se cala vez mais da
como Vasco de Lucena, o jo v e n Jeronym o de A lb u ­
parte cen tral. Está assim pe rfeita m e nte discrim inada,
querque. Perdeu este na gu erra um dos olhos, a ttin -
g id o de uma flecha, e chegou a c a ir p ris io n e iro dos
indios. E desse episodio surg e uma lenda m uito pa­
recida com a de Sm ith e Pocahontas na V irg in ia .
A p risio n a d o em combate, devia Jeronym o te r a sorte
de to do in im ig o vencido. Antes, porém , que chegasse
o m om ento suprem o do s a c rific io , um a filh a do ca­
cique Arco-verde, apaixonada pelo sacrificando, in te r­
cede p o r elie, dizendo ao p a i que, se o estrangeiro
fosse m o rto , também e lla se m ataria. C om m ovido,
cedeu o chefe ta bajará ás lag rim as da rapariga e sal­
vou da m orte o p ris io n e iro . Jeronym o e a india
continuaram a v iv e r jun tos, e dessa união provem a
p rim e ira descendencia da m ais notável fa m ilia que
apparece na his to ria do B ra s il. Provavelm ente não é SENHOR DE ENGENHO EM VIAGEM
EM 1816 (Pcrnambuo)
esta a unica aventura do ge ne ro que se encontraria
na m ocidade de Jeronym o, po is , sabe-se que, ao con-
sorciar-se com D. F e lipp a de M e llo , possuía elle uma em correspondência com essa disposição do conjuncto
vasta p ro le o riun da dessa p rim e ira e de outras uniões local, a v ida das populações: a massa anonyma fô r ­
sim ilhantes. Teve, n o entanto, Jeronym o o generoso ma um c irc u lo em v o lta da zona dom inante. A acti-
cuidado de p e rfilh a r to dos esses frue to s dos seus de- v idade economica restring e-se a esse c irc u lo exter­
no. A h i ficam armazéns, o ffic in a s , casas de varejo,
etc., etc. N os ba irro s a risto crá ticos que constituem a
parte urbana nada disso se encontra. A população
e9tá d o m esm o m odo div id id a . Só o pessoal de serviço
dom estico é que invade a zona p riv ile g ia d a , e mal
se p e rm itte nos dias de grandes festas o ingresso
g e ral n a qu ellc nucleo. A in d a assim essa permissão se
faz na turalm ente para que aquelles afagados da fo r­
tuna tenham quem lhes testem unhe os esplendores da
sua g lo ria ou abastança. Basta a llu d ir lige iram e nte a
essas festas, a que as m u ltidõ es espúrias assistam
A CIDADE DO RECIFE NO DOMINIO embasbacadas, para sentir-se o que era O lind a, não a
HOLLANDEZ
O lin d a v ige nte , mas a classica e soberba, a O lind a
dos nobres e dos grandes, a O lin d a pomposa e quasi
sazos de moço, c o n s titu in d o assim um a nova nobresa sagrada como na Europa a p ró p ria côrte, Veneza e
em que se associavam os d o is sangues. E o progresso outras cidades patricias. Eram , p rincip alm en te celebra-
de associação, con tinu ou d a li em diante, v is to como
as varias filh a s de D. M a ria do E s p irito Santo A rco-
verde casaram to das com fid a lg o s europeus. Assim c
que daquelle tron co p r im itiv o saíram as grandes fa­
m ilia s da aristocracia do n o rte , os C oelhos, os A l-
buquerques, os Cavalcantis, os Arco-verdes, o m orga­
d o do Cabo, os Lins, os R ego Barros, etc. Logo para
os fin s do p rim e iro século, to rnou-se Pernam buco a
m ais im p orta nte das capitanias, que tinham sido p o ­
voadas. O lin d a , sua c a p ita l, já era um cen tro de cul­
tu ra , de riqueza, de sociabilidade, que mais nada tinha
a in v e ja r a m uitas m etrop ole s européas. E deste
m odo é que se explicava a a fflu e n d i de homens dis­
tin cto s que do Velho M u n d o embarcaram para a Am e­
rica, m aravilhados de tão estranho p ro d ig io operado UMA FIDALGA PERNAMBUCANA NO COMEÇO
aqui em pouco mais de m e io século. N ão seria fa cil, DO SÉCULO XIX
dada a escassez de espaço, d a r uma idea d o que fo i a
sociedade de O lin d a na qu ella epocha. O cen tro urbano ções profanas e re ligios a s as festas que a li se fa ­
estava então quasi exclusivam ente c on stitu ído pelas ziam. Naturalment-e as de ig re ja eram as mais r u i­
fa m ilia s aristocráticas. O p r o p r io aspecto da cidade, dosas, pois nestas, pela sua p ró p ria natureza, tomava
sita no a lto da c o llin a , d iz ia já algum a coisa da vida o «povo dos suburbios» uma parte mais directa e
que a li se leva. O nucleo central de habitações, em activa. Os fo lg ue do s profanos, porém , eram de mais
to rn o de uma praça am pla e arborizada fartam ente. pompa e m ais b rilh o , e nestes, de absoluto rig o r, só

o O o o o o 129 o o o o o o
LIVRO DE OURO .CQMMEMORATIVt CENTENARIO DA

v iv io -de intellectuacs que das ruidosas com m unhões


gente no bre podia fig u ra r. Os mais famosos entre
mundanas. Além de tu do, as condições em que p o r
estes eram os to rn eio s , as cavalhadas,'os grandes sa-
um m om ento se enlevara de poder vive r na Am erica,
ráus, as recepções o ffic ia e s , as commemorações his­
eram perfeitamente incom patíveis com a concepção
toricas, e talvês o u tra s . Em summa, desde os fin s
de v ida que tivesse talvês tra z id o no seu e s p irito .
do p rim e iro século a a lta sociedade de O lind a não t i ­
DcsFarte nem a o menos conseguiu aq ui a b r ir a alm a
nha coisa algum a a in v e ja r ao que de mais dis tin c to
sob o novo firm a m e nto que o m a ravilho u. Q ue resta
havia em Lisboa.
hoje da obra tã o a rtific ia l e tã o fr á g il de Nassau?
Nem vestígios existem. O mesmo qu an to á in flu en cia
m o ra l que pudesse te r exercido naquella sociedade.
Passou. D esappareceu.com elle tu d o o que tentára
com o in tu ito de revelar de que era capaz o P rin cip e
m agnifico, generoso e letrado.

V III

A Bahia é o u tro grande cen tro de fo rm açã o onde


vamos encontrar, desde os prim e iro s dias da colo nia ,
uma ordem social q u : só podia assentar na in d is c u tí­
vel preponderância de uma classe de fa m ilia s que fu n ­
dava o seu p re s tigio e o seu pode r na in flu e n cia
da tradição. H o je nem m ais se c o n tro ve rte a o p in iã o
de que o p ro p rio C aram u rií pertencia á m ais an tig a
nobreza de P o rtug al. A sua vida na Am erica, a sua
FRANCISCO PAES BARRETO discripçâo e com postura no m eio da b a rb a ria , a
(Morgado do Cabo c Marque/ de Recife) sua supposta viagem á França e o to m de g ra v id a ­
de aristocratica que in fu n d iu naquella ju d ia filh a de
Itaparica, tu do está m ostrando que o heróe>.'àc San-
ta R ita D urão nunca poderia te r sido um «im p le s
V II homem 'da plebe. Tem -se até, sob a im pressão ta lvês
dessas características, q u erido m udar a lenda de D io -
A té aqui nos refe rim os ao Pernambuco histo rico , go, apresentando-o com o victim a de alg um grande
á sociedade puram ente pernambucana, e cujo desen­ drama de amor, castigado com o e x ilio n a qu ella
vo lvim e n to não teve solução de continuidade com a
entrada dos hollandezes. A epocha flam enga é, pois,
uma sim ples inserção estranha no curso da his to ria
p o litic a e social de Pernambuco. V e rifica -se que o
in tru s o ali nada m udou, e coisa algum a deixou de
sua influ en c ia. Deve notar-se ainda que o que ca­
racterizou a phase nassoviana, tão rap id a e fu gaz
(de sete annos apenas) não fo i m ais que o e s p irito ,
o g o sto e as phantasias do princip e. C re ou M a u ric io
de Nassau em S. A n to n io um a especie de côrte para
si e c uja nota o r ig in a l não era outna senão a sua
p ro p ria ind ivid ua lid ad e. F rib u rg o era ura phlacio euro­
peu, com a arte, a opulência e o b rilh o de um paço
real das côrtes do n o rte da Europa. Nem podia dei­
xar de ser de o u tro m odo: os architectos, os op era­
rios da construcção, o$ artista s que o decoravam, eram
europeus, e europeus desplantados de fresco, e aqui de
passagem, como em e x ilio . Não sentiram nenhuma
influ en cia da te rra, nem do céo: traziam .ainda a v i­
bra r o estro de o u tro m undo, tã o 1, d iffe re n te do
nosso. A vida de M a u ricio, as suas festas, as com-
memoraçfies com que deslumbrava o anim o da po­
MARQUEZ DE OLINDA
pulação subm ettida tu d o era profundam ente fla ­
m engo. Nem se póde a fin a l dizer que fossem festas
mundanas ou de côrte o que se fazia na phantastica: te rra deserta, e te nd o tra z id o com sigo, com o pagens,
M au rite s tad : eram sessões acadêmicas, conferencias, os portugueses que com elle viveram na V illa Velha
saráus litte ra rio s , te rtú lia s apparatosas do que fe s­ da Bahia. Note-se, pois, a differença que existe entre
tas. O ran de curioso da natureza, verdadeira in d ole de Caram urú e João R am alho; e só isso ba sta rá para
sabio e, temperam ento a ffe ito aos transportes da assignalar a alta distiucção da p rim e ira das suas f i ­
emoção esthetica d o que anim o dado ás fu tilid a d e s guras. Mas em seguida a C aram urú, entram na Ba­
da etiqueta cortezâ, M a u ric io aprazia-se m ais do con­ hia, innumeras fa m ilia s nobres com Francisco C ou­

ti o o 130 o o o o
INDEPENDÊNCIA /: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

tinha, que era fid a lg o de v a lim en to c de b rilh o na riqueza, pela pompa, pe lo lu x o e pelo po de r dos
côrte. Na solicitu d e com que v eio povoar a sua dona- respectivos senhores. P rinc ip alm e nte na c a p ita l se
ta ria im ito u o capitão-general de Pernambuco. Com o accumulavam as grandes fa m ilias, da nd o um esplen­
D uarte C oe lho , escolheu cuidadosamente o seu pes­ d o r excepcional a todas as ceremonias da v ida pu ­
soal, começando pelos p ro p rio s parentes. A essa blica e a to das as festas locaes, assim religiosa s
circum stancia, m ais ta lvês que ao apoio do C aram urú, como profanas. E desde este no v o surto que tom a
deve a ttrib u lr-s e a 6rdem p e rfeita que reino u na Ba­ com a creaçãb do G overno G e ra l nunca mais deixou
hia, o riun da p rincip alm en te do respeito com que se
trataram as duas raças. N ão consta que durante cerca
de sete annoS de trab alh o a li tivesse occo rrid o a m i­
nima dlssemção entre portugueses e indios. E a prova
de que não é a d o c ilid ad e d o gentio que ha de ex ­
plica r ta l occurrenda está no facto de te r, lo g o de­
pois, T hom é de Souza tid o necessidade de r e p rim ir
com energia excessos de algum as tribu s . É verdade
que passados aquelles prim e iro s tempos sobrevieram
discórdias entre os selvagens e os colonos de C o u ti-
nho. Mas é preciso não esquecer que a conciliação
fe ita nos prim e iro s cincos annos já estava então que­
brada. H avia en trad o na Bahia mais gente, tanto
portuguesa como de ou tros paizes da Europa, e
aquella unidade m oral fundada na exce llen da da
estirpe teve, não de desapparecer sem duvida, m as de
disfarçar-se e perder a força dire c triz no amalgama
BRAZAO D’ARMAS DO BARAO
geral. D ahi o desastre de C ou tinh o, e o escarmen­ DE S. MARCOS
to que p o r instantes fez v a c illa r a coragem d a qu cllcs
fida lgo s, portadores do e s p irito e da c ultu ra curo -
péa no hem ispherio que se desvenda. Logo depois, de ostentar-se na Bahia o p re do m ín io das classes a ris ­
vem o p rim e iro G o verna do r G eral renovar a solidez to cráticas que se refazem com o ingresso de novos
do p r im itiv o ali'cerce sobre que devia levantar-se a elementos até os fin s do regim ent c olo nia l.
sociedade colo n ia l na te rra do C aram urú. A Thomé

IX

Passando á sociedade do sul, vamos encontrar


na capitania de M inas os phenomenos m ais curiosos
sob o aspecto que neste tra b a lh o nos interessa. A h i
também, desde os prim e iro s tempos, coexistem as
duas classes geraes que occupant o pais, a dos fida !-,
gos, que m onopolizam a riqueza e o m ando, e a
dos plebeus, que até quasi m eiados do século X V III
se reduzem, submissos e resignados, a uma condição
de perfeitos ilhotas. E ta lvês ainda abaixo da qu elle
U ho fhm o gre go ficasse o homem sem fa m ilia e sem
fazenda que se nos depara naquella sociedade app»-
ratosa das M in as. O cam ponio dos arredores de Athe­
nas não tem senhor: tem senhores. Estes imperam
collectivam cnte, mas p o r si mesmo, nada valem . Ainda
o servo grego, na sua servidão, é quasi liv re , porque
a cidade precisa de <iue e lle produza para f intá l-o . Em
M inas, cada fid a lg o é un i senhor, e cada capitão
actua no seu d is tric to como p rin c ip e n o seu Estado.
O homem que não pertence á nobresa da te rra, fica
sempre na condição de aggregado, pois, m u ito p e io r
VISCONDE DE ITABORAHY para elle pro prro seria fic a r sem dono. Assim é que
se caracteriza a sociedade m in e ira , fundada, p o rta n ­
to , no im p erio da classe vig e n te sobre a massa pas­
de Souza acompanharam typos dos mais illu s tre s no siva. Enganam-se alguns dos nossos histo ria do res
reino , e que se torn aram troncos de fa m ilia s das mais quando affirm am que naquelles tem pos (de meiados
distin ctas do n o rte e fundam entos de casas pode ro­ do século X V II a meiados d o século X V III sob re­
sas na Bahia, taes como a celebre Casa das T orres, tudo) nas regiões au riferas, ta n to de M in as actual
so la r cuja fama se estendeu até os nossos dias, e como de G oyaz e de M a tto G rosso, to do m undo en­
que não fo i um caso isola do da velha capitania. C om o riquecia. E exactamente o c o n tra rio que se dava. N o
a de Garcia d’ A v ila , houve outras m uitas notáveis pela m eio daquellas legiões só alg un s é que entravam nas

O o o o o 131 o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA

m unificências m aravilhosas da te rra. Enquanto o f i ­ antiga para a nova Ig re ja . Para este acto m arcou-se o
dalgo, o nababo, o senhor arrog an te, recolhia fa b u lo ­ dia 24 de m aio, que amanheceu esplendido, pondo
sas riquezas, os m ise ros que lh e obedecem ficavam es­ toda a população em alvoroço». Veja-se a m a g n ifi­
púrios e viviam quasi fa m in tos, só nu trid o s do cibo cência com que se vae c elebrar esta solem nidade de
escasso que lhe renovasse as fo rças para o tra b a lh o trasladar-se a santa. A s ruas por onde devia passar a
dos socavões. E ai da quelle, n o m eio de cujos m o­ procissão estavam to das enfeitadas de renques de
lam bos se encontrasse de surpresa um a delgada m i- arvores e arcos, te ndo as ja n ellas das casas fo rr a ­
das de colchas de damasco, folh agens c flo re s em
profusão, e todas, de um c de o u tro lad o, cheias de
gente que se apinhava numa incontida ansia de m a­
ravilhas. P rim e iro , antes de sair a procissão, celebrou-
se a missa p o n tific a l na Ig re ja do R osário, pregando
com deseommunal fe rv o r o reverendo d o u to r Jose de
A ndrade M oraes, o ra d o r sacro de grande fama e
que e d ificou to da a enorm e assistência. Em seguida,
ordenou-se c poz-se em m archa a procissão. «Precedia
ao cortejo uma dança p y rrh ira , form ada de fig u ra n te s
tu rcos ou m om os e christâos, e:n num ero de 32 f i ­
guras m ilita rm e n te vestidas, uns e ou tros com seus
respectivos im p era do r c alferes, conduzidos em dois
carros de exce llen te p in tu ra e acompanhados de c la ­
rin s. Seguia-se-lhe o u tra dança de rom eiros ricam ente
vestid os; e depois uma banda de musica. L o g o atrás,
q u atro alle go rias, representando qu atro ven to s; v i­
nham a cavallo e com espantosa ostentação de b r i­
lho , e vestidos «á tragica». Depois destas desfilavam
DE RIBEIRÃO as figuras mais majestosas de toda a procissão, ta m ­
bém a cava llo: p rim e iro a Fama, te nd o a fro n te c in ­
gid a de um diadema ornado de flo re s de diamantes,
galha do m etal pre cio so! A m ajestade que impera
o peito coberto de o u ro e pedrarias, e destacando-se
naquelle m undo tem o lh o s vivos, porque vê pela
to das as jo ia s que ostenta um broche de d ia m a ntes;
m u ltid ã o dos g a lfa rro s que lhe vig ia m a fa in a ! Por
o c ap illa r de sêda branca com flo re s de o u ro ; os fr a l-
isso mesmo, porque os cabedaes m aravilhosos ficam
dões também de sêda, fran jad os de o u ro. T in h a a in ­
em poucas mãos, é que aque lle tem po se to rn o u o
da a Fama duas azas de pennas brancas1 com o ly rio ,
mais e x tra o rd in a rio do p e rio d o c o lo n ia l como osten­
matizadas de flo re s de o u ro. Sustentava na m ão d ir e i­
tação de opulência. Nem é possível hoje te r uma
ta uma haste de prata massiça, encimada de uma
vaga noção do que fo i a m agnificência do- grandes,
que eram os C rcsos da sociedade m in eira, e do que
foram as fe stas da re lig iã o e do th ro no naquella
terra p a rtilh a d a e n tre poucas fa m ilia s e abalada no
entanto do tro p e l das m u ltidõ es. A m ais estrondosa
das festividades religiosa s celebrada em V illa Rica,
chamada a côrte da capitania de M inas, fo i a que
se realisou p o r occasião de inaugurar-se em 1733,
uma nova ig reja . Segundo an tigo s docum entos p u b li­
cados na R eris/a d o A rrh iv o P u b tiro M in e iro , come­
çaram os festejos p o r uma grande mascarada annun-
ciando as solemnidades que iam realizar-se. Notem os
log o que em to das as ceremonias, ta n to de rua como
de ig reja , só tomavam p a rte pessoas da nobresa, ca­
bendo á turb a-m ulta só a funcção de fazer echo, apre­
ciar e bater palmas como estupefacta e m aravilhada
do que estava assistindo. N o dia 3 de maio daquelle
anno saíam duas bandeiras a p e rc o rre r as ruas, des­
pertando cnthusia sm o em to da a v illa e dando-lhe
aspecto de ale gria a lle lu ia l. Eram essas bandeiras
BRAZAO D'ARMAS DO BARAO
conduzidas p o r pessoas ricam ente vestidas, acompa­ DE BEBERIBE
nhadas de e x tra o rd in a rio seq uito de fie is , po is para a
v illa já havia a fflu id o m uita gente, ta nto da cap ita­
nia como do R io de Jan eiro e de S. Paulo, la tras­ cruz de o u ro, e tendo pendente um estandarte de tela
ladar-se o Sacramento da Ig re ja d o R osario para a branca. O cav a llo era form oso e de m u ito garbo,
nova Ig re ja de N . S. do P ila r. C om gra nd e pompa malhado (de lis ta s negras e brancas), os jaezes b o r ­
benzeu-se o no vo te m p lo. D epois das ceremonias sa­ dados e com fra n ja s e borlas de o u ro. Pelas crin a s
cras «houve m uitas danças e mascaradas, e á n o ite largava ao vento laços de fita s de p ra ta e o u ro . Aos
m uitas musicas e lu m iná ria s , que continuaram com lados iam do is pagens, como p in ta de M e rc ú rio a
vasto arru id o até o dia da trasladação da Santa da antiguidade, vestidos de ju s tilh o s brancos d e H o lla n -

o o o o o o 132 o o o o o o
IN D EPE N DE N CE E OA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

da. «Depois da Fama, com to d o o sequito, vinha uma cnthusiasm o cm todos os fe stejos. T ornaram -se n o ­
a lle go ria do b a irro onde estava situado o novo tem­ táveis os varios «esplendidissimos» banquetes que o
p lo que ia passar a ser m a triz . Seguia-se a o u tro s g ru ­ delegado real offereceu á nobreza e ao c lero. O que
pos a «p rin cipa l fig u ra do cortejo», a que represen­ ê m u ito para accentuar-se em relação a M in as é a
tava a v illa de O u ro P reto. Era esta, póde dizer-se, opulência daquclla aristocracia, cim entada de ta n to
to da vestida de o u ro e diamantes. E vêm agora re­ o u ro, a que se reduziram os antigos fid a lg o s , p o rtu ­
presentações «dos sete planetas p o r uma ordem » a gueses e espanhóes, que se apoderaram das jazidas
Lua, M arte, M e rc u rio , o Sol, Jup iter, Venus e Sa­
tu rn o . «Todas estas fig u ra s dos planetas, explica o
chronista, pela m em oria da D iv in da de que nclla s ado­
rava o fin g im e n to da antiga id o la trja , eram glo rio s o
triu m p h o d o E u c ha ris tic o Sacram ento: que, como no
fe liz século da Redem pção humana, fo i alcançado
pe lo mesmo Senhor Sacram entado, agora se via na
m em oria e na fig u ra renovada para e s tim u lo da
pu blica veneração da C hristan da de , e nia io r g lo ria do
mesmo Senhor». Fechava o p ré s tito a fig u ra da nova
M a triz , te ndo uma cauda immensa form ada pelas
«Irm andades com seus guiões, cruzes alçadas, ando­
res, etc.» A trá s vinham a nobresa da terra, o clero,
um côro de anfos a espalhar pétalas de flô re s ; e por
fim , debaixo do p a llio , e no m eio de grande pompa e
veneração, o Santíssim o Sacramento». O p a llio era
de seda carm czim com ram os e franjas de o u ro ; e
era levado p o r seis irm ãos, e sustid o p o r varas de
prata. L o go atrás d o Santíssimo, ia o G o verna do r,
C onde das Galvêas, acom panhado de toda a nobreza BRAZAO D'ARMAS DO BARÃO
m ilita r e litte r a ria da v illa e de ou tras partes, c do DA GAMBOA
no bre senado da C am ara. Fechava a procissão a com ­
panhia de Dragões, governada pe lo seu tenente, e os
a u riferas. Provavelm ente nunca m ais se ha de ver no
soldados das suas tropas, todos em bòa ordem ». Sen­
B rasil uma epoca como a q uclla !
te-se que tu do isso é exclusivo, já se vê, da qu clla no ­
bresa, que parece ag ora mais orgulhosa dos seus ca-
bedaes, que d o p r o p r io sangue. O povo andava em
v o lta em pasmo, estarre cido e deslum brado daquella X
que não parecia scena passada na te rra . Vêm agora as
De passagem, precisamos de fris a r um po nto
que nos interessa para elucidação da nossa these.
N ão ha um u n ico chro nista da colonia que não se re­
fir a á gente bòa ou aos «homens bons» da terra.
Eram , com e ffe ito , esses «bons homens» como a flô r
das populações. Querem alguns re d u z ir essa classe
aos que se tornavam poderosos pela riqueza, mas
esquecem que só os fid a lg o s conseguiam enriquecer
e m andar numa colo nia onde o homem do povo não
alcançava nunca s air das suas tris te s condições de
penu ria e desvalim ento que reinavam por uma pe rfei­
ta servidão. De m odo que temos de v ê r nossa casta
lo c a l dom inante uma projecçâo de sfigu rad a de a n ti­
gas fa m ilia s nobres que se fo ram aperta nd o nos pe­
quenos c ircu los da c o lo nia , mas sem renunciar aos
seus p riv ilé g io s . Esse cuidado e z elo com que se de­
fendem os d ire ito s de nobresa fundados na tradição,
vêm quasi ate os nossos dias. A in da em p rin c íp io s do
u ltim o século, nas capitanias m ais im p o rta n te s e
BRAZAO D'ARMAS DO BARÃO
DAS PALMEIRAS m ais ricas, não se póde fazer idéa da fo rç a e in te n s i­
dade desse o rg u lh o de sangue, que chegou a degene­
ra r cm m uito s pontos em preconceito v io le n to e
festas populares, d iz o au to r que nos fornece esta n o ­ c rue l. R efere Southey que, pelos p rin c íp io s do sécu­
ticia . H ouve ainda ceremonias religiosas durante tres lo X V II, havia na capital da colo n ia um francez de
dias. Â rio ite do u ltim o d ia , na vasta praça fro n te i­ c erto es p irito de cultu ra, c que desde m uito s annos
ra á m atriz, fo i queim ado um gra nd io so fo go de a r ­ se entregára ao exercício da m edicina, to rnando-se por
tific io . «Seguiram -se alternadam ente tres dias de ca­ isso geralm ente estim ado na Bahia. «Este hom em fo i
valhadas á ta rd e ; tres de comedias á no ite , e tres chamado um dia p o r uma viuva, para exam inar a f i ­
de touradas á tarde». O G o verna do r to m o u parte com lha, joven, b e lla e rica. Teve elle a bòa fo rtu n a , não

OO O o o o 133 o o o o
UVRO IU IRO COMMI MORA, C IRTFNARIO DA

só de curar a doente, mas até dc casar com ella, offerccemos ao le ito r uma relação, dc que, p o r mais
approvando a m ãi plenamcnte um enlace «tão desi­ incom pleta que seja, se verifica a im p ortâ ncia do mais
gual» que só depois de consummado, souberam delle an tigo c notável subsidio do povoam ento n o sul do
as pessôas da fa m ilia . Ficaram os parentes indigna» pais. Sem seg uir nenhuma ordem, começaremos pela
dissim os: e um fid a lg o , o rg ulho s o e arrogante, que fa m ilia dos Pires, a respeito do qual copiam os no p r i­
casara com a irm ã mais velha da noiva, reuniu alguns m eiro daquelles chronistas o seguinte que nos parece
am igos, inve stiu de n o ite a casa do medico, arrom ­ summamente interessante: «Grande variedade, diz
bou as portas e ootn as próprias mitos assassinou, to­ c lle, encontramos quanto as origens dos P ires da capi­
m ando-o pelo m arido , um in fe liz orp hâ o que pro­ tania de S. Paulo. Segundo umas m em órias fundadas
curava esconder-se. O francez escapou, e obteve da cm tradições, pensam alguns que fo i p ro g e n ito r desta
ju stiça um guarda para sua defesa. M as passava por fa m ilia Salvador Pires, que de P o rtu g a l se diz que
de ta l modo im possível e v ita r o m edico deliberada trouxera dois filho s. Salvador c M an oe l. Mas um
vingança da fa m ilia , que o aoenselharam a' embarcar pouco de esforço, e s obretudo investigações que f i ­
para P o rtug al, e s o lic ita r lá uma licença do rei para zemos em archivos e c arto rio s, nos levaram a desco­
sua m ulhe r poder seguil-o com to dos os haveres. Nem b rir a verdade neste assum pto, e não hesitam os em
a guarda poude deixá-lo um m om ento enquanto o dá-la aqui como p o s itiv o e incontestável. Entre os
navio não se fe z de vela". Não tem m edida, nem s i­ nobres povoadores da v illa de S. V ice nte (são as
m ile possível, o exaggero desse preconceito em que proprias palavras do a u to r) que a esta ilh a chcgaTant
com o fundador delia o fid a lg o M a rtim A ffo n so de
Souza em princípios do anno 1531 (É engano: deve
lêr-se 1532), vieram João P ires, chamado o Gago,
natural do Po rto, e seu prim o Jorg e P ire s, que eram
cavalleiro fid a lg o , (naquelles tempos era este fô ro
o m elhor) c ujo alvará veio ao nosso poder para o
lermos. Este João P ires trou x e com sigo da cidade
do Porto o filh o Salvador Pires, o qu al se casou
(não se sabe ao certo si cm P o rtu g a l o u em S.
Vicente) com M aria R odrigues, também na tu ra l do
P o rto, c que viera para S. Vicente com seus irm ãos e
filh a de Garcia R odrigues e de Isabel Velho. De
S. Vicente passaram a Santo An dré da Borda do
Campo João Pires, o Gago, e seu filh o Salvador
Pires com sua m ulher M aria R od rig ue s, c ficaram
nessa povoação que fo i acclamada v illa cm 1553 cm
nome do do ua ta rio da capitania M a rtim A ffo n so de
Souza, sendo o dito João Pires, o G a go , o p rim eiro
BRAZAO D’ARMAS DO BARAO
DE UBA ju iz o rd in a rio desta v illa . E, pois, este Salvador P i­
res, casado com M aria R odrigues (esta também p o r­
tuguesa), o tron co da fa m ília P ires e suas ra m ifica ­
por fim se falseou o sentim ento de nobresa. E como ções. C onfundem alguns com este um o u tro Salvador
consequenda immediata de s im ilha nte exaggeração seu filh o , e que em S. Vicente casou com uma neta
vieram depois (sobretudo desde pineipios do sécu­ do patriarcha pre m a rtin ian o A n to nio R odrigues, com­
lo X V I11) as lutas das classes privilegiadas com o panheiro de Ramalho. Esta neta dc A n to n io R o d ri­
povo, que, como na antiguidade romana, fo i to m an­ gues, chamada M aria Fernandes (e de a p p e llid o M e-
d o o seu papel activo, e inva din do as esphcras onde se ciaassúj era bisneta de P iq ue ro by, m a io ra l do U ru -
havia fechado o m onopolio da op ulê ncia e do mando. rag. ts te Salvador P ires fo i sogro de B artholom eu
Sob estes varios aspectos do es p irito de casta, e das Bueno de R ibeira (espanhol, na tu ra l de Scvilha ), que
collisôes de classes, e ainda da riva lid ad e aberta entre é pai de Am ador Bueno, o acclamado». A fa m ilia dos
grandes fam ilias, é a de S. Vicente a capitania que Prados, tem conto p ro g e n ito r a João do Prado, na­
nos offerece m ais vasto campo de observação, entre tu ra l de O liveriça (A le m te jo ) «de nobresa a li m uito
outras pela razão fundam ental de te r sido a li o ponto conhecida», c que veio para S. Vice nte com M a rtim
do país onde entraram em m aior num ero e prim eiro A ffonso. Com M artim A ffon so veio também Simão
do que em qualquer parte fid a lg o s de alta represen­ Jorge, tronco da fa m ilia Jorge V e lh o . A n to n io de
tação n o reino. Sem duvida, com M a rtim A ffon s o de O liveira, cavalleiro fid a lg o da casa de e l-re i, é em

Souza, em 1532, só vieram figu ras de fa m ilias conta­ S. Paulo o p ro ge nito r dos O liv e ira s . N ão veio ent
das em Po rtug al como das mais distinctas, algum as até companhia de M artim Affonso, mas 5 o u 6 annos
que remontavam ás regias estirpes. Vamos, portanto, depois, com o cargo de 1° fe ito r da fazenda real na
esforçar-nos antes de tu do, por dar uma n o tic ia ge­ capitania. F oi capitão-m ór governador de S. Vicente,
ral daqucllcs prim eiros elementos que entraram na- succedendo á G cnçalo M on teiro. Pertenceu a esta
qn ella epocha e m ostrar o grande num ero de pode­ fa m ilia , que se to rn ou notável pelo seu o rg ulho de
rosas fa m ilias paulistas que encheram os annaes da' sangue, o famoso coronel A n to n io de O liv e ira L e i­
capitania du ran te dois séculos e que têm os respecti­ tão, fig u ra typica daquella nobresa cavalheiresca, que
vos troncos nos typos illu s tre s que acompanharam o não se queria d is tin g u ir menos pela e stirp e que pelo
p rim e iro chefe colonizador. Quiando-nos, por Pedro v alo r e princip alm en te pelo preconceito, a que já
Taques e Silva Leme, os do is genealogistas da terra. nos referim os, da honra imm aculavel do la r. Segundo

o o 134 o o o o o
INDEPENDE N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONA

o chronista, este hom em «desfructava grandes esti­ estiveram duas das mais conhecidas fa m ilia s dos
mações por sua qualidade, liberdade e prendas mo­ tempos coloniaes: os Pires e os Camargos.
raes, sendo m u ito de s tro no m anejo da cavallaria,
brandura de redeas, gentileza da fig u ra , etc. Nas fes­
tas executadas em S. Paulo pela acclamação da' cida­
de, no anno de 1712, fo i um dos mantenedores da XI
escaramuça a dois fio s ; c no jo g o das sortilha s teve
applausos pela exce llen da das sortes, cuja acclama- Não se pódc fazer uma idéa da im portância da-
ção subiu a to do o auge quando, de um g o lpe , sepa­ qu clla nobresa paulista, e dos excessos até onde era
ro u com a espada o pescoço de um touro». D o org u­ capaz de ir o o rg u lh o de fa m ilia naquellcs tempos.
lh o de fa m ília d e ixou este homem a prova num crime Ainda em relação á arrog an tia, ao esp irito de inde­
sensacional, que perpe trá ra e pe lo qual fo i condemna- pendência e ao sentim ento de poder e de grandeza,
do a forca, sendo a sentença pela qualidade do réu ha nas chronicas de S. Paulo manancial inexaurível
reform ada para commutar-se o genero da m orte, que para os que desejassem c x plo rá l-o . Um caso pe lo
da ign om inia da forca passou a ser executada em alto menos temos de c itar, porque c typ ico daquella so­
cadafalso... O b rig a d e iro José Joaquim Machado de ciedade, cuja psychologia ficará incomprehendida se se
O live ira , homem de guerra, p o litic o e historiador, não destacarem sim ilhantes figuras, de um enlevo
pertencia igu alm cntc a esta illu s tre fa m ilia . O sabio csculptural. ^ s ,l‘ '' oin dos mais estranhos, tanto pelo
H ercules Florence ligou-se com um dos sub-ramos
dos O liveiras. Garcia R odrigues, casado com Isabel
Velho, é também dos mais antigos povoadores de
S. Vicente, e deu com eço á fa m ilia dos Garcias Ve­
lhos. das mais d istin ctas da capitania. Com M artim
A ffo n so de Souza vieram para S. Vicente Braz Cubas
e seus irm ãos A n to n io Gonçalo e C atharina, fidalgos
de a lta linhagem , e que, ligando-se a outras da no-
b r r s j. crearam fa m ilia s distinctissim as na capitania.
O u tro colono dos que seguiram M a rtim A ffonso,
que fo i grande am igo do alm ira nte como pessoa de
reconhecida nohresa, fo i H en riq ue da C unha, proge­
n ito r de grande fa m ilia . Também fo i dos p rim itiv o s
povoadores da capitania A n to nio Rodrigues de Alva­
renga. Teve um irm ão, M anoel R odrigues de Alvaren­
ga. que se estabeleceu n o R io de Janeiro. Am bos cons­
titu íra m fa m ilia s de le g itim a nobresa. Provavelm en­
LEITO E OUTRAS PEÇAS HO TEMPO COLONIAL
te nos escapam algum as das prim eiras fa m ilia s da'
te rra paulista se bem que já é m u ito o que aqui
damos. D epois de M artim A ffon so, continuaram a vu lto que se realça diante de nós, como pela o rig in a ­
e n tra r na capitania in fin id a d e de homens1illu stre s nelo lida de do contorno e pela feição sing ula r que deu
nascim ento; e te ríam os de encher numerosas paginas á lenda. É o caso do padre José Pompeu de Alm eida,
se os quizessemos indicar todos. Basta re fe rir os de c uja vida nos dá Pedro Taqucs um quadro commo-
m ais conhecidos, e que foram os p rincípios dos Le­ vente. «Este padre, escreve o chronista. afastou-se
mes, Buenos da R ibe ira. Camargos, Carvoeiros, Ra­ inteiram ente da urbana c ivilid ad e que praticavam
posos. Góes, Penteados, Pedrosos, C erqueiras. Dias. seus irm ãos. T eve genio desconfiado e a ltiv o ; vivia
Savedras, Gayas, Guedes, Furtados. M oraes. Freitas, na opulência dos bens patrimoniaes, e sempre r e ti­
Costas Cabraes, C ubas. Pintos, A rrudas, Botelhos, rado. Neste desconcerto lavrou o seu p rin c ip io , posto
Laras e m u ito s outros. Essas fa m ilia s se entrelaçaram que n e lle mereceu a contricçào para alcançar a divina
quasi todas fo rm an do o estofo da população, uma m isericórdia, como piam ente cremos. Achando-se em
verdadeira aristocracia, cuja in flu en c ia não é possí­ S. P a ulo o p rim e iro bispo d o R io de Janeiro, D . José
vel desconhecer na civilisação do Brasil. Um dos phe- de Barros de Alarcão, capacitando-se o padre Pom ­
nomenos mais curiosos, oriun do s desse accumulo de peu que nem ao prelado devia prestar obediência,
gente representando na nova te rra as tradições do até o ponto de rom per no temerário desafogo de que
V e lho M undo, po is a li se encontram quasi todas as S. Aã. não era capaz de o te r por subdito, não accei-
nacionalidades da Europa, é a com petição de pree- to u as suas suaves admoestações, e nem attendeu ás
m incncia em que entraram m uitas dessas grandes rogativas com que o mesmo prelado o chamava ao
fa m ilias. Em S. P a ulo foi tão fo rte o elemento aris­ seu agrado, quando soube da tenção do padre Pom­
to crá tico que fez desapparecer inteiram ente qualquer peu, o qual, desprezando também os repetidos conse­
in flu en cia que a massa anonyma pudesse te r exercido. lhos de seus irm ãos Lourenço Castanho e Pedro
Em compensação, se não houve c ollis ão entre as Taques de Alm eida, e mais parentes que trabalhavam
classes dom inantes e o elemento plebeu commum, para afastá-lo da perigosa resolução, resolveu pas­
houve lutas de fa m ilia s , como rtn varias capitanias sar-se ás ín dias de Espanha, seguindo a navegação
do norte egualmente se deu. N ão te ria fim esse tr a ­ do r io T ietê até dar ao R io Grande (Paraná) e por
balho si fossemos a re fe rir, sob este aspecto, o que este abaixo até to m ar a barra de o u tro rio , que vai
das velhas chronicas não é d iff ic il c o llig ir . Baste- acabar em terras do e s tre ito do barbaro ge n tio Ca-
nos, p o r isso, lem brar a riva lid ad e trem enda em que v a lle iro (G ua icun ís) e dahi fazer tran sigo para a

O O O o o 135 o o o o o o
LIVRO DL 'JRO COM Ml: MO RA TIVO DO CENTENÁRIO DA

cidade de Paraguai (Assum pção). Levado dos im­ preconceito fida lgo , depois que saiu do seu m eio e
pulsos da sua arrogancia, preparou canoas, mantimen­ se viu longe da côrte... A fin a l o que mais nos es­
tos, polvora, balas, cães de caça, p ilo to s e práticos panta é, antes de tudo, não a tyran nia , a om nipotência
cia navegação dos rio s pelas difficu lda de s das cachoei­ dos potentados paulistas, mas essa p a rticularida de , de,
ras que tin h a de passar; e embarcou 'finalm ente na no m eio de uma população onde havia tanta gente
sua fro ta de causas, sem mais amigos, nem parente op ule nta e de influencia, terem conseguido crear,
algum , c só com seus escravos e alguns C arijó s seus e m anter o seu prestigio quasi absoluto p o r tanto
tempo esses déspotas. Como exp licar esse m ila gre
sem a d m ittir aquella superstição da hie ra rchia que
dom inou na sociedade paulista ainda depois que a
antiga nobresa deixou de ex is tir como classe? O u tro
phenomeno que nos impressiona, convem in s is tir nis­
to. é o da transformação que s o ffre o caracter da-
quella aristocracia desde que, esmaecida a sua força
p rim itiv a , se fo i encontrando m ais de perto com a
massa das populações. Como é, pergunta-se, que
aquclles mesmos homens, que eram typos cavalheires­
cos, e que faziam tim bre de se m ostrar, p e lo ins­
tin c to da cortezania, pela elegancia das maneiras, e
até pelo sentim ento da dignidade pessoal, superiores
aos outros homens e até com pretenções a servirem
de m odelo para outras classes, como é que aquclles
homens se convertem, dentro de um século, em fací­
CRAVO DO SÉCULO XVIII
noras estúpidos e cruéis ao ponto de parecerem es­
quecidos de si mesmos? Quer-nos parecer que sim i-
adm inistrados, que serviam de pilo to s , práticos e re- Ihante caso de regressão m oral só se explica como
meiros. D istan te de S. Paulo uns sessenta dias de phenomeno de metamorphose avessa ou retrograda,
viagem, to m o u uma ilha no R io Orande, em que ha­ devida á intervenção de urn cocfficie nte im p revisto na
bitam feras, como onças pardas e tigres, posto quq vida das classes p rim itiv a s da população paulista. O
também tem m uita caça, como são: porcos, antas e fid a lg o , vendo crescer em torno gente anonyma que
veados. N e lla se achava quando, por occulta P rovi­ se levanta pela riqueza, fo i caindo num grande des­
dencia D iv in a , se unia a gente de to da aquella com i­ p e ito ; e sem renunciar ás suas prerogativas de san­
tiva em um só voto, e fu giram to dos nas mesmas ca­ gue e posição, pelo contrario começou a exaggerar
noas, levando os cães, deixando ainda adorm ecido o até o absurdo o prejuízo da sua força, pondo-se assim
padre Pompeu nessa ilha , da qual de nenhum modo em contraste cada vez mais v iv o com a ordem nova
podia sacar-se. C onjectura-se que viveu por m uitos que se creava, e na qual os seus p riv ilé g io s já não
dias tira n d o o sustento das fruetas agrestes de uma entravam de dire ito como dantes. Sc já lhes não
grande arvore de ja to b á ; porque, quando passados reconheciam o ntando, a qualidade do nascimento,
annos, se deu com o log ar de sua m orte e ossos da
quelle cadver, se observou uma quasi valla na superfí­
cie da te rra, do com prim ento de quarenta palmos,
que se entendeu form ara o continuo passeio que tinha
o d ito padre por to d o o tempo que lhe durara a triste
vida...» T radições deste genero, em que rcsalta o
o rg ulho que a opulência requentara no sentimento
exagerado da fid a lg u ia antiga, encontram-se profusas
na his to ria paulista. Chega-se a reconhecer um pheno-
tr.eno m u ito curioso, qual o de uma verdadeira de-
generescencia m onstruosa do preconceito da nobresa,
desfigurando-se num perfeito abastardamento de co­
rações aos nossos olhos. Como entre déspotas de
outras eras, quando a honra de senhor consistia njo
desvanecimento com que sacrificava os fracos, entre
as grandes fig u ra s da colonia a g lo ria de um nobre,
o renome de uma fa m ilia estava nos excessos de poder
que lhe punham em destaque a extensão da grandeza
MOVEIS IX} TEMPO IX) IMPERIO
e do im perio. Ê assim que a ufania do fid a lg o tomou
proporções taes que se converteu em instincto de
tyrannia, em «vicio de rix a s e contendas». Para osten­ o poder da fa m ilia, a grandeza heraldica, hão de
ta r a sua prosapia no meio da massa commum, o acceitar-lhes á força e ostentação do im p ério, o abso­
grande senhor fazia-se «valente e destemido como os lu tis m o da vontade: tudo exaggerado até a pompa
tigres», e ia, nos abusos da força, até o que podia sacrilega de matar sem crim e, de p u n ir com os mais
haver de inconcebivel na crueldade c na torpeza das horríveis requintes da crueza e da im piedade, as
violências. Na capitania de S. Paulo, conheceram-se sim ples suspeitas de affron ta. H a de ser esta ta lvez
os exem plos m ais typicos dessa transformação do a explicação do phenomeno. Isso aliás, não é novo,

o o o o o o 136 o o o o o o
■NCIA HA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

na h isto ria . Em Roma encontra-se o p rim e iro exem­ colonias europcas do N ovo M undo, vêm reproduzir-se,
p lo bem acccntuado. P rincip alm e nte depois da obra entre in fin ida de de outras, estas características de
dos germanos c, portan to , na idade media, quando o uma phase historica m u ito na tu ra l e commum a todas
an tig o pa tricia do de struído começou a resuscitar com as raças.
uma vaga consciência do que tinh a sido, vêm-se, p r i­
m eiro as mesmas lutas de fa m ilia s c depois, os des­
varios do banditism o, em que caíra a aristocracia, re- X II
suscitada em fu ro r no seu grande despeito. «Durante
a q ticllcs te rríve is tempos da Idade M edia, escreve Encerrados os tempos coloniaes, uma nova trans­
Faugéres na R evue M ow H ate , o povo de Roma nàc> formação começa a operar-se na sociedade brasileira.
possuia m ais aq uclla cultu ra requintada que fazia o Com a vinda da côrtc, tu d o fo i mudado. O fid a lg o
encanto da sociedade antiga. Conquanto se continue cortezão matou a fid a lg u ia já desfigurada da colo­
a viver sob a obsessão de castigos eternos e sob o nia. C) au lico já não tin h a mais o velho in s tin cto he­
te rro r do fim do m undo, esse mJUenurismo, um tanto roico. Imagina-se o que v iria a ser a gente daquella
grosseiro, era capaz de im p ed ir as lutas intestinas, geração a modelar-se pela fig u ra de D. João VI.
as riva lid ad es produzidas pelos interesses materiaes. D urante o prim eiro reinado, houve v elleidades de
E ntrincheirados nas ruinas dos velhos castellos, m o­ rcaeção contra tu do a q u illo que tinha pro du zid o uma
num entos subsistentes da antiga grandeza passada, especie de espasmo da raça. Pedro 1 era um contraste
passavam as grandes fa m ilias a entrar em collisões v io le n to com o pae, c p o r um instante, sacudiu em
umas com as outras. O s Gaetanis chegaram a a rtilha r volta de si outras alm as, á força de desvarios des-
os m uros do tu m u lo m onum ental de C ecilia M etella, affron tad os do falso heroísm o ancestral. Com a Re­
na V ia -A p p ia . D a li extorquiam tu do aos peregrinos genda, desappareceii o que nos prim e iro s assomos
christãos, cuja fé os levava a venerar o suprem o pon­ de çoinedia tinh a fe ito D . Pedro. E, n o segundo
tific e . que veio a ser um dia aquelle famoso B o ni­ im p erio, depois da sua phase rom antica du ran te a
fa cio V I I I , como p o r um capricho do destino, mem­ m ocidade do im p era do r, ty p o de be lleza v a ro n il e
b ro daquella mesma fa m ilia de bandidos de alta en­ m oral, todas as tradições se fo ram apagando: en­
vergadura, a ostentar brazões para dar ás façanhas a tram os na confusão universal com as m odas de Paris,
apparencia de nobreza. Os F rangipanis estavam no com as visitas de principes e em baixadores. A socieda­
C oliseu, e occuparam o tu rris cartu laria, entre os de brasileira, se não a perdeu de todo, pe lo menos
restos ainda augustos do te m p lo o u tr’ora dedicado começou a ver cada vez m ais desfigurada a sua o r ig i­
a Ju p ite r Stator, c consagrado pela grande voz de nalidade. E xtinguiram -se em fim as duas nobresas
C icero, enquanto os C recentis (estes te m iveis C.cn- de sangue: a c o lo nia l c a cortezã. In s titu iu -se outra
cis ), numa no ite de N ata l, se apoderaram da pessoa fôrm a de ser nobre a do esforço pessoal, a da
do papa G re g o rio V II para o esconder nos seus cala­ in te llig e n c ia , a da responsabilidade, de cada um no
bouços, e ameaçavam a segurança dos cidadãos e drama do m undo. M as ainda neste m om ento em que
dos po ntifice s refugiados n o theatro de M arcello, nos encontramos, não seria d iffic il m o s tra r como sub­
nas ruinas visinhas d o P o rtic o de Octavia, de onde sistem vestígios das epochas remotas, em que a
em seguida fo ram desalojados pelos Pierleonis'». Toda ordem social teve de assentar sobre as tradições que
a h isto ria , não só de Roma, com o de todas as repu­ constituíram nos prim e iro s tempos da colo nia a si­
blicas italianas da Idade M edia, está cheia dessa9 tuação excepcionai daquella classe de fa m ilia s que se
proezas e lutas de grandes scelerados e dc fa m ilias, arrojaram o d ire ito de d ir ig ir a massa das popula­
cujo im p erio não afundaria nos tempos sem protestos ções e caracterizaram a existência da sociedade aqui
dc sim ilha nte natureza. Devem mesmo tacs obser­ fundada.
vações extender-se a toda a Europa, no mom ento em
que entre os varios povos passam do regim e a n tig o
Elysio de C arvalho.
para os dias da sociedade moderna. Eis ahi como na
Am erica, não apenas em S. Paulo, mas em quasi
todas as capitanias do Brasil, c até entre todas as Rio de Janeiro, 10 de setembro de 1922.

O O O O O O 137 O O O O O
AS BASES G E N E T IC A S D O NOSSO D IR E IT O C O N S T IT U C IO N A L
E O L IB E R A L IS M O P A T R IO

SUMMARIO. I — Princípios ge aes sobre a evo­ ga do projecto c juramento da Carta Consti­


lução do direito. — II — O libera ismo po­ tucional em 182-1. - V - Systema constitu­
litico-constitutional braiciro; sua fci;ào e ca­ cional predominante no Império com a Carta
racterística propria á liu da sociologia; evo­ Constitucional, modificada pelo Acto Additio­
lução expontanca condurída c aprimorada pe'as nal e conjugada i Lei de interpretação. Os
elites e nâo por estas impostas. Factores ethnc- nove princípios ccntracs na systematisação or­
logicos e mesologicos. — III — Formação ganica do regimem constitucional do Império.
evolutiva do nosso direito constitu ional. Pe­
riodo embriogenetico; governo politico das ca­ são dos poderes. Acção sedativa c equilíbrio
pitanias; regimem municipal e seus aspectos; apparente. O Conselho de Estado; sua insta­
regimem judiciario. — IV — Partida de I). bilidade existencial. A tradicção do parlamen­
Joio VI para o Brasil. Precipitação do surto tarismo institucional ainda que nâo expressa-
da consciência juridica nacional; suas successi­ mente constitucional; seu falseamento. O po­
vas manifestações. Legislação liberal. Prece­ der pessoal do Imperador. Embriogcnia e de­
dentes historicos. A Assembléa Constituinte. senvolvimento do principio de federação. Con­
Projecto de Constituição. Novas fermentações selhos Geraes e Asscmbléas Provinciaes. Di­
do espirito de casta militar. Dissolução da reitos individiiaes e seu alto liberalismo. Sus­
Assembléa Constituinte; seus effeitos. Outor­ pensão das garantias constitucionacs. Conclusão.

O O O O O 138 O O O O O
CENTENARIO DA IN D IP P N I >.4 EXPOSIÇÃO

Debruçando os olhos sobre o nosso passado h is ­


to rico n’este século da independencia, podemos ter
p r in c íp io s g e r a e s s o b r e a evo lução do essa sã ale gria de ver que to do esse ed ifício ju ­
DIREITO rid ic o, cm algumas de suas faces, soberbo, que a b ri­
ga e protege a Nação em sua franca e fe bricitan te
actividadc em busca d ’uin fu tu ro lum inoso, não é
uma construcçâo producto de innovações re vo lu cio ­
narias, bruscas e abaladoras, mas, sim, a gradativa
M nenhum ramo da actividadc humana
formação histo rica ilum inada pelos granJes expoen­
póde o B rasil mais se o rg ulha r de seu
tes de nossa cultu ra ju ridica, na luta perenne pelo d i­
passado e presente do que no campo do
reito , de fô rm a a se poder sen tir aqui a verdade
d ir e ito , pois na esphera da actividadc ju ­
parcial da do utrin a historica de S a vign i e Puchta
ridica tivem os, desde a infancia da nossa formação
com pletada e esclarecida por von lh e rin g ; e o nos­
como Nação independente, um pa rtic u la r pendor para
so desvanecimento é ta nto mais justo , qu an to é cer­
o tra cto dos mais delicados c transcendentes p ro ble­
to que é no te rre n o das idéas sãs de ordem , lib e r­
mas ju rid ic o s , o que, quiçá, fo i o fa ctor prim o rd ia l
dade e justiça , que, unicamente, se podem levantar
e fundam ental para formação da grande democracia
os alicerces solidos d ’ uma civilisação capaz de per­
que já o éramos d e ntro das fro n te ira s do Im pério.
durar e se elevar, a esses altos píncaros, d’onde,
Se o d ire ito , não como definição, mas pelo que
como euphoria m ental, é-nos dado de scortin ar os
sign ifica, é a synthese e a crystallizaçâo das necessi­
grandes horizontes da vida humana e a u r ir o ar
dades e forças ethicas actuantes em uma dada épo-
pu rific a d o r do bem harmonioso e das virtu d e s peren­
cha, c sc «os povos sendo governados pela sua men­
nes. e com o es p irito s c intillan te do saudoso pensa­
talidade... as leis devem ser a expressão d ’essa men­
dor un ig u a y o H en riq ue Rodó, parodiando a Gcethe,
ta lidade') (G ustavo Le B on), o d ire ito nacional de
podemos dizer que a honra de cada geração humana
um povo é o espelho mais fie l de suas características
exige que ella se conquiste pela perseverante acti-
ethnico-anthropologicas, de seus sentim entos, tendên­
vidade de seu pensamento, pelo esforço p ro p rio , sua
cias e pendores, de seu estado de civilisação, em fim ,
fé em determ inada m anifestação do ideal e seu pos­
pois na lucta pe lo d ire ito , no sentido philosophico
to g lo rio s o na evolução das idéas.
d ’essa expressão, sc o d ire ito parece «por um lado
Esse aspecto do presente, como um legado do
degradar o homem á reg iã o do egoísmo e do in te ­
passado, por este condicionado, mas ás le is dyna-
resse. eleva-o, p o r o u tro lado, a uma altura ideal,
micas do progresso suje ito, im perfeitam ente expres­
onde esquece todas as suas subtilezas, todos os cál­ cal-
so pe lo g e nia l Sa vign i como a passiva fo rç a actuan-
culos e essa m edida de interesse que se habituara
te da tradição isolada, póde m elhor ser com prehendi-
a ap p lica r p o r toda a parte» (lh e rin g ), tra n s fo r-
do á luz dos grandes princípios form ula do s pelo ge­
mando-se, assim, o d ire ito «na lucta por um a idea,
n ia l ph ilosopho A u gu sto C om te ( ') , em com pletando
em poesia, po rqu e o combate pe lo d ire ito é, em
e generalisando as le is de mechanica racional fu n ­
verdade — a poesia do caracter», disse-o o grande
dada p o r K epler, G a lile u e N ew ton, e das correla ti­
ju rista-p hiloso ph o R udolph Von lhe rin g, no im m or-
vas 10.», 11.» e 12.» leis de philosophia prim e ira de­
red ou ro e harm onioso poema, cheio de profundeza que
duzindo o p rin c ip io philosophico g e ral que «consiste
é «A Lucta pe lo D ire ito» (D e r K a m p f urn’ s R e d it).
em sub ord in ar p o r to da parte a theoria d o m ovim ento
O d ire ito , p o r hum ildes que sejam, na realidade,
á da existência, concebendo to do progresso como o
as suas orige ns de fa cto, «tem, porém, diante de
desenvolvim ento da ordem correspondente, de que
si, escreve C arie, p rinc ip io s de razão, a cuja actua-
as condições quaesquer regem as condições que cons­
çâo obedece seguindo certas le is historicas constan­
titu em a evolução» (13.» le i de philosophia p rim eira ).
te s; tem um presente, um passado, um fu tu r o ; uma
D en tro dessa le i geral do progresso, e porque
vida organica de evolução, que é determ inada pela
a c ila não c ontrariando, podem-se lo b rig a r outras
diversidade de raças, de te rr ito r io c de c lim a ; uma
ta ntas regras mais pró prias ao d ire ito , e n tre as quaes
vida historica de acção c ivilisa do ra , que é d e te rm i­
as fo rm uladas p o r D ’Aguanno (J) quaes sejam ; a
nada ao contacto entre os varios povos e pelo grá o
tradição, a hereditariedade e a lucta p e lo d ire ito ,
diverso de civilisaçâo em que se achain; e em fim ,
esta u ltim a deduzida da obra de lh e rin g . «A som ­
uma vida id e a l de progresso, dependente da cons­
nia de usos, de costumes, tradições, rito s , educa­
ciência m aior com que póde ser fix ad a e desenvolvida
ção pessoal, de o p iniã o publica e circunstancias ex­
pelos varios povos a grande idea do justo» ( ') .
te riores, contribuem a fazer variar ind efin ida m e nte
O d ire ito , como faz sen tir Vanni, exercita em
o organism o de um povo e, pois, as suas leis».
toda a sua his to ria um a lto o ffic io de tu tc lla , m e­
Mas actuado por esses factores e s offren do a in flu e n ­
dia nte a qual se preservam, se acrescem, se ap e rfe i­ cia conservadora e eq uilibrad a da tradição, o d ire ito
çoam a actividade da vida c pe lo concurso indispensá­ transform a-se continuam ente, sob a acção dyna.nica da
vel da fo rça do d ire ito , como fo rça organisadora e lucta pe lo d ire ito , n ’um trabalho sem tréguas, que
reguladora que c, a vida em sociedade se eleva das não é «sómente o trabalho dos poderes publicos,
fôrm as m ais baixas até os estados mais elevados da mas, sim , o de to d o povo», n’u.na acção como a de
civilisaçâo (*).

(>) Carie — La Vita del Diritto, 1890, XXXIV. (') Augusto Conte — Systeme de Politique Positif.
(*) Vanni — II Problema de la Filosofia. Del Dir. (*) D'Aguanno — La Genesi e L'cvoluzione del Diritto
1890, pag. 55. Civile. P. Ger. Sec. l.a, Cap. III.

O O O O O O 139 O O O O O
LIVRO DE OURO COMME MORA TIVO IX ) CENTENARIO DA

«Saturno devorando os seus pro p rio s filh o s ; renova­ cultura, c cuja educação não refle cte, a liá s, as in ­
ção algum a lhe é possivel sem rom per com o passa­ fluencias do meio nacional, mas a in flu e n cia de meios
do» ( ') • exoticos» C ).
E te nd o em attenção taes princípios e conside­ Apenas em parte procede a a ffirm ação do douto
rando que «o organism o ju rid ic o de um povo, como escriptor.
o org an ism o social, nasce em fôrm as modestissimas, Realmente fo i urna m in oria de e lite que, em re ­
e vem a se desenvolver, gradativam ente, atravéz d’lim a gra, mas nem sem pre de ntro da par, lo g ro u , linda-
len ta e continua superposição de partes, unia inte­ mente, as m elhores victorias para a form ação do nos­
gração e um a differenciação progressiva» ( -), que so libe ia lism o, mas não menos certo se nos antolha
passaremos a ensaiar um ráp id o e summarissim o es­ que ella fo i, em grande parte, a fix a d o ra de energias e
corço h is to ric o de nossa vida ju ríd ico -con stitucio nal, sentim entos que, diffusamente, porfiava m , na exsu-
ta nto qu an to a pequenez do espaço e a restricção dação dos habitos e tendências atavicas, p o r a d q u iri­
to rtu ra n te d o te m po n o l-o perm ittem . rem a fe ição e o s contornos pro prios.
O Brasil pertence ao gru po d ’esscs paizes que
Posada dá, n’este pa rticular, como semelhantes, sob
m uitos aspectos - Hespanha, P o rtug al e, quiçá a
II Ita lia , os quaes, em m eio ás differenças, apresentam
muitas semelhanças, tendo o que se pode chamar
OS ASPECTOS E S IG N IF IC A Ç Ã O DE N OSSO o libe ra lism o m erid io n a l da Europa, lib e ra lism o m o­
L IB E R A L IS M O C O N S T IT U C IO N A L derado, antes con structor do que d e struid or, ven­
cendo mas respeitando a autoridade. O m ovim ento
libe ra l do scculo X IX se differencia, perfeitam ente,
Quando deparamos com as conquistas liberaes do do scculo X V III, como o accentuava, com fe­
d o nosso con stitucionalism o, desde logo nos assalta licidade. Alm eida G a rret havendo sido a revolução
a necessidade de buscarmos suas causas genetico-evo- do século X V III um a fo rte e brusca «detonação ele­
ctrica- que se communicava, crescia c crescendo des­
O p rim e iro grande m onum ento le g is la tiv o que truía e abrazava; a do p rin c ip io do X I X era uma
tivem os lo g o á alvorada de nossa independência, força magnética, valente, poderosa, sim , mas sere­
quando ainda a Nação reccmnata no m undo p o litic o na, que chamava mas não im p e llia , atra hia mas não
autoctonico luetava com as investidas reconquistado- centelhava. T enho por exacta esta comparação. A re­
ras da mãe patria, fo i uma C on stituiçã o verdadeira­ volução das duas Peninsulas era m oderada e pa cifica ;
m ente lib e rrim a para a épocha, im buída dos p rin c í­ a liberdade trium ph an te propoz aos tyran no s con di­
pios m ais essenciaes nos povos cultos, então, des­ ções honrosas; cedeu para que elles cedessem; fez
cendente bastante p ro xim a dos grandes preceitos pre­ até sacrifício da justiça para que sacrificassem elles
gados pelos encyclopedistas e já esposados nos E. U. a injustiça... E cm verdade parecia que no b e llo e
da Am erica do N orte, como victorioso s na’ França. doce clim a do M eio-d ia devia nascer esse systema
Essa obra que fo i, em parte, aproveitada pela indulgente, generoso e tole ran te, que até com as
R epublica, em algum as de suas marmoreas colu m ­ fraquezas da humanidade transigia... Liberdade sem
nas, é o m elhor padrão de g lo ria , de que a nossa sangue, igualdade sem desavenças, re lig iã o sem fa ­
h is to ria pa tria, sob to dos os pontos de vista, pode- natismo, m onarchia sem despotism o, nobreza sem o li-
se o r g u lh a r ; ella reflecte, incontestavelm ente, pen­ garchia, governo po pu lar sem demagogos».
samos, o esp irito adolescente d ’uma raça em fo rm a ­ As nossas condições clim atéricas, os nossos sys-
ção, é como que o galvanom ctro pelo qual se pode­ temas orographicos e fluviacs, aquclles, com as suas
ria a fe r ir das suas pulsações, o apparelham ento de grandes m ontanhas, os altos píncaros das serras p ro ­
perscrutação de emoções, das tendências mentaes ain­ longadas, na zona montanhosa, configuração, esta,
da que não cultivadas, do temperam ento, enfim , d'uni pro pria, segundo alguns escriptores ( B lu n ts c h ili, M o n ­
povo. tesquieu, Posada, etc.) para a form ação d o lib e ra lis ­
Essa nossa magna Carta das liberdades, de que m o ; com os seus caudalosos rio s , os innum eros a f­
teremos de dar rapida impressão, seria o p ro d u c to es­ fluentes, n’lim a rede in fin da e fe rtilis a n te , de quan­
té r il e infecundo de m eios esp íritos de e lite , ou, do tm quando se pre cip itan do nos form idá veis s a l­
ao invés, o re fle x o d ’um temperam ento ethnico-an- tos para o ahysm o; o m anto imm enso de esmeraldas
th ro p o lo g ic o de raça sob influencias mesologicas? que de sul a n o rte vae costeando a te rra, ora a g i­
O b rilh a n te esp irito d ’esse pensador p a trio, que tado, ora tra n q u illo , esse m ar que não poucos es­
é O liv e ira Vianna, n’uina d’ essas obras que ficam criptores, como Lom bardi, Posada e o u tro s lem bram
pe lo m u ito que têm de documentação historica e idea­ que «pela poesia que inspira aos homens, p e lo com ­
ção, escreve: «Libertam os-nos da m e trop ole ; lib e r­ mercio e ps industrias a que habitua», tem uma tã o
tamos-nos da escravidão; libertam os-nos da Ig re ja — grande in flu e n c ia ; a grandeza estonteadora da nos­
sem effusâo de sangue.. Essas liberdades são, real- sa natureza uberrim a, pro du zin do as m attas espessas,
m ente, apenas comprehendidas e sentidas p o r uma onde os destroços seculares da m orte se accumulatu' e
m in oria de homens excepcionaes pelo ta le nto e pela as crepitações da vida se m u ltip lic a m em syntheses
energeticas assoinbradoras, fo i, to do esse conjuncto,

(') R. Von lliermg — A Lucta pelo Direito — Trad.


Brasileira. Introd. (') F. J. Oliveira Vianna — Populações Mcridionacs
(s) D’Aguanno — Op. cit., pag. 120. do Brasil, pag. 314.

o o o o o o 140 o o o o o o
MANOEL O UESADA
R I O d '- . J A N tlR Q - jft
mi <v _r

MANOEL QUESADA — Rio de Janeiro.


IN D EPE N DE N CE C DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

com e ffc ito s bem exlrem am ente menores e por fa ­ tio sentim entalism o africano, tinh a, naturalm ente, a
ctores actuantes dissemelhantes na apparencia, mas, fusão de elementos taes n ’um h a b ita i dc tal ordem,
da mesma cathegoria, na th e o ria da causalidade, o que gerar uma raça cujo tem peram ento devia, ata­
que f o i essa porção da te rra, n o extrem o norte do vicamente, possuir um sentim ento d e fin id o da in d i­
nosso con tine nte — os Estados U nid os — onde, no vidualidade, fo rte e en rijada aos embates da lucta
d ize r de T o cq u e v ille , tu do é «grave, sério, solemne; com o desconhecido, defendendo ciosamente, porque
dir-se-ia que cila fô ra crcada para se to rn a r o do ­ lyricam ente a am ando, to das as exteriorisações do
m in io da inteligência»'. p ro p rio eu e como consequência d ’esse sentim ento
N ão queremos aqui esposar os exageros da theo­ da ind ivid ua lid ad e veio a idéa sempre imprecisa da
ria do m e io physico tã o pugnadas por Buckle, que liberdade, como emanação em otiva do que, effecti-
as d iv id iu em q u atro cathegorias ( ') , Bagheot, M on­ vamente, era - o sentim ento da independendo.
tesquieu e o u tro s , na fixação de suas leis, mas apenas A psychologia d ’ um povo em form ação pode-se
in te g ra r taes factores em outras causas actuantes va­ comparar, sob certos aspectos, á de um in d ivid u o ;
ria s. C e rto é, porém , que, como fazia sen tir Blun- o superorganism o que é a sociedade, é em seus p r i­
ts c h ili «um povo que vem se estabelecer sob um céo m órdios, n o po n to de vista de sua massa collectiva,
no vo se tran sfo rm a lentam cnte no physico e, ta l­ guiado mais pela consciência a ffe c tiv a do que pela
vez, m ais no m oral» (l ). in te llec tu al e a t ila se applica o que R ib o t conceitua
P o r o u tro lad o o factor-ra ça não póde deixar com relação ao p a rallelism o d ’esses dous typ os de
de ser apreciado, ainda mesmo que se lhe não dê consciência na evolução organico-psychica d o in d i­
a im p ortâ ncia que lhe emprestam Freeman, M o tle y , v idu o: «a consciência p rim o rd ia l é puram ente a ffe­
Erskine M a y, De G obineau, T ain e, etc. ta n to mais ctiva. Sobre e lla repousa a psychologia inte llectu al
que sc nas antigas cidades gregas, cm que se c i­ que, pela variedade, a riquesa, a com plexidade de
m entava a unidade nacional pelas representações das suas operações, occulta a outra.
trag éd ias de Eschilo, ou na Roma antiga, onde os es­ «D’onde essa frequente illu s â o de que ella (a
tra n g e iro s eram o in im ig o não amparado pelo fits consciência in te lle c tu a l) é fu ndam ental e unica exis­
c h i l i rom an orum , era fa c il perceber a influencia p r o ­ tente» (Problém es de P sychologie A ffe c tiv e ), te ndo
longada e secular da raça defendida contra as in ­ os psychologos podido com parar a conscienda a ffe cti­
flue ncia s externas, hoje, como bem faz s e n tir Po­ va a uma athm osphera d ifu sa, d iz R ib o t, que ora
sada, d iffic ilm e n te se encontrará um paiz, que, te n­ densa, o ra ra refe ita, envolve to do s os phenomenos
do «entrado no jo g o da civilisaçâo, possa se con­ intellectuaes e as attitudes mentaes e só a pouco e
side ra r com o expressão dos sentim entos puros e ca­ pouco a faculdade cognoscitiva, com o seu desen­
racte rísticos d’uma raça qualquer». v olv im en to, tran sfo rm a e alarga o campo da cons­
N ão é de esquecer que somos oriun do s de um ciência a ffectiva , suscitando-lhe novas form as asso­
po vo cuja civilisaçâo alcançára, então, seu apogeu, ciadas a representações e conceitos.
e cujas fo rças pro pu lso ras eram tão energicas, em M as, a idéa força da liberdade, em seu conceito
suas passadas e g lo rio sas eras, que poude se exceder mais p u ro e elevado, o que é senão a gradativa,
na crescente esphera de sua acção, ainda que, é cer­ progressiva e h e red itaria transform ação do sentim ento
to , com d u ro s a c rific io de suas reservas e thn olog i- da independencia in d iv id u a l, que, a pouco e pouco,
cas, sa c rific io prepa ra do r da fu tu ra e dem orada sur- vae sendo p o lid o e, a mais e mais, não só enriquecido
m enage; o riu n d o s d ’uma raça ly ric a , contempladora pelos neutralisantes contactos frenadores das acti-
e ousada executadora de ideaes largos, então; e, vidades sociaes civilisa do ra s, como rectifica do , ju s ­
não só, vindos d ’um povo em que se in filtra ra , pela tamente, p o r «essa m in o ria de hom ens excepcionaes
invasão arabe, a que A ugusto C onte emprestava a pe lo ta le nto e pela cultura», c u jo papel é precisamen­
m axim a im portância, um apreciável acervo m ental e te quer o de absorpsores e fixad ore s das idéas que
c iv ilis a d o r, sendo, além do m ais, essa raça a de um pervaguciam imprecisas pelas camadas superiores e
povo com bativo, habituado atavicamente, p o r o u tro não fa cilm en te attin g iv e is d’ uma raça, quer o de
lad o, ao tra to dos grandes m onum entos leg is la tiv os caldeadores das forças universaes da civilisaçâo no
do d ir e ito rom ano, que adoptára, a prin c ip io , para, grande cyclo de sua eterna ronda atravéz dos con­
após, re fu n d il-o s e m o d ific a l-o s ; origin ad os de uma tinentes e das raças?
raça habituada ao sentim ento f ix o da p ro p ria in d iv i­ N ão defendemos aqui a th eo ria exclusivista do
dualid ad e, de seus pendores e de suas iniciativas grande hom em , levada a seus erroneos extremos nos
rcalisad oras c, pois, ciosos seus elementos com po­ H eroes de C a rly le , quando pretende que «todas as
nentes do resguardo do p ro p rio eu, pelo m u ito que cousas que vemos no m undo não são mais que o
tivera m de executar pe lo m undo em fó ra ; mescla­ resultado m ate ria l e x te rio r, a realização p ra tica da
dos, parallelam ente, taes elementos ethnicos com o encarnação dos pensamentos que têm v iv id o entre
elem ento selvicola que não conhecia ou tros freio s os grandes hom ens enviados»; pensamos c proclam a­
senão os seus p ro p rio s appetites, mas cheios d o a r­ mos, apenas, a necessidade de se encarar as perso­
d o r e bravura d’uma raça inco lum e e que era o nalidades historicas e os grandes expoentes repre­
écho te rrív e l da natureza op ule nta , trove jan te e como sentativos da in te llig c n c ia , como o fe liz producto,
que na eterna tempestade de energias in fin d a s ; e, elles mesmos, de causas historicas e contingentes.
bcin assim, mesclados, ainda, com o fo rte e doen- Entregáe os destinos d’ uma nacionalidade nas
horas de agitação e torm en ta á vontade colle ctiva
não capaz de sêr leaderada, e te re is a anarchia e a
dissolução; entregáe-n’os, nas horas rclativam ente
(>) Buckle — History o f Civilisation, Int. cap. II.
**) Bluntschili — Theorie de 1’Êtat, L. Ill, pag. 205. m ais tran qu illa s , mas de francas transform ações, e

o o o o o 141 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATtV t DO CENTENARIO DA

que a parte sul, principalm entc, fo i, ao invés, po­


tereis a desarticulação, a fa lta de integração das
voada pelos peores e m ais degenerados elem entos),
volições. E n ’esses m om entos, particularm ente, que
e que deram log ar á evolução expontânea de suas
grandes homens desempenham o seu papel h isto rico ;
m aiore s, instituições, mostra, p o r o u tro lado, como
sua o b ra poderá não ser log o appla ud ida; não se
no occidente europeu, taes fo rças geneticas não exis­
a quer e se não a deseja porque se a não alcan­
tin d o , mas, todavia, havendo os m elhores pendores
ça de prom pto, po rqu e sendo, como é, fru c to do
occultos e latentes, os elementos superiores o s não
amadurecimentoi e fixaçã o das ideas d iffusa s no meio
souberam aproveitar e g u ia r: «N o seio d ’ essa m u l­
social, exige tra n q u illa calma para se a apreciar
tidão ign oran te e grosseira, se encontravam paixões
em to da sua grandeza, ainda que relativa.
energicas, sentim entos generosos, crenças profundas
O grande hom em , porém , quando á altu ra do
m om ento h is to ric o que encarna, terá que ser e será e selvagens virtudes.
o que elle é, m entalm ente—a synthese energetica dos «O corp o social, assim, organizado podia te r es­
ideaes, dos alm ejo s e aspirações que se não d e fin i­ ta bilida de e poder», mas, no entanto «as classes
ram com fix id e z na massa collectiva, mas que são, mais poderosas, as mais inte llig en te s e m oraes da
organicam ente, necessarios e que, diffu s o s no cons­ nação não procuraram d ’ella se apoderar para a d i­
ciente e fix o s n o sub-consciente da raça ou nacio­ rig ir. A democracia tem, portan to , sido abandonada
nalidade, pedem, apenas, alguém que os penetre. a seus instinctos selvagens; ella tem crescido como
D a mesma fó rm a o le g isla do r, como expressão essas creanças, privadas de cuidados paternos, que
pensante da alma colle ctiva, deve sér na fe liz ex­ se educam p o r si mesmas nas ruas de nossas cida­
pressão de Edmond P icard, um reg is tra do r habil das des. e que não conhecem da sociedade senão seus
necessidades, das sollicitações populares, um confes­ vicios e suas miserias».
sor da alma geral, dizendo m elhor, mais n itid a e cla- Foi o que se não deu em grande pa rte, em
ram ente «o que esta balbucia confusamente», de fo r­ nosso paiz; aqui, desde os prim órdios de nossa vida
ma que ba tido constantem ente pelas vagas huma­ independente, vemos os desvellos dos seus homens
nas «elle deveria, segundo uma m a g nific a expressão mais eminentes em carinliosainente p ro po rcio na r á
de B arryer, não s e n tir no assalto d'essas ondas se­ nacionalidade os exem plos e instituições m ais demo-
não uma s ollicitaçâ o a seu genio». cratisadores; faziam-se, m uita vez, te ntativas expe-
T ocqueville ao fazer o seu notável estudo sobre rimentaes de ta l ordem , que porque m ui avançadas
a Am erica do N orte , em evidenciando as superiores tinham que sêr postas em recu o; desejávamos te r
qualidades dos elementos m ig ra tó rio s que povoaram como m odelo essa democracia expontânea e visce­
e se estabeleceram em parte d ’esse paiz (c sabido ralm ente organica que era a Nortc-Am erica, e se é

PAVILHAO INOLEZ - INTERIOR

O O O 142 o o o o o
INDE PENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

certo que m uita s das innovações não se adaptavam, fe ita p o r cerca de 1.000 homens, em impeccavel o r ­
radicalm ente, pela fa lta de preparo do terreno, não dem gu erreira, sob o commando do velho Pedro
podemos d e ix ar de reconhecer que a acção de presen­ Taques, lentam ente caminhando sobre a cidade de
ça, o poder actuantc e educativo, o contagio mental Santos para desafrontar um parente, provedor da Fa­
exerciam sua benefica influ en cia c eram ou tras tan­ zenda, que fô ra desautorado na defesa do fisco p o r
tas fo rças de actuaçâo d ’umas gerações sohre as ou ­ um pro te g id o de D iog o P into d o Rego, é o sym ­
tras, pois é certo que, como escrevia, com a a u to ri­ b o lo d ’uma epocha, como o é, equivalentem ente, o
dade de s ocio log o em inente, H erbert Spencer, a celebre t conhecido episodio da expulsão dos je s u í­
le i escripta ou não, fo rm ula a autoridade do m orto tas em S. Paulo.
sobre o vivo. A o po de r que as gerações passadas Mas essa caudilhagem o que é senão a d e ri­
exercem sobre as gerações presentes, ás quaes ellas vação psychologica d'esses espíritos agitados, trans-
transm ittem seu caracter, physico e m ental, ao po­ bordantes de energias possantes hauridas e filh a s d ’um
der que as gerações passadas exercem sobre as pre­ m eio portentoso energeticamente, e, como fa tal con­
sentes pelos habito s privados c as maneiras de viver, sequência, taes ind ivid uo s tendem a dom inar, visto
é preciso aju n ta r o pode r que aquellas sobre as u l­ que absorpsores, porque fo rtes.
tim as exercem pelos regulam entos de conducta pu­ F que o phenom eno do caudilhism o entre nós
blica tra n sm ittid o s ora lm é nte ou p o r cscripto» ( ') . fo i, em seus horisontes aliás lim itadíssim os, re la tiva ­
m ente, e que m u ito longe deixam o vasto cau dilh is­
m o p o litic o dos mais paizes sul-am ericanos até ain­
da o seat lo passado, apenas uma mera derivação psy­
chologica da porção d ’uma raça fe bric itan te de ener­
gias, prova-o a facilidade extrem a com que am or­
A q u i desde que a nacionalidade se fo i fo rm an­ teceu de pro m p to quasi log o que fe ita a independên­
do, fo ra m , a pouco e pouco, se fixando essas q u ali­ cia começamos a entrar na ordem le g a l; mas elle
dades de fo rtalez a e resistenda physica e m o ra l e com prova, p o r o u tro lado, deante dos p rincípios já
de virtud es rudes, mas não menos apreciáveis. expostos que a raça herdeira d o sentim ento de in ­
Na lucta com o desconhecido e nas investidas dependência era uma raça cujas energias vivas e
con tra as d iffic u ld a d e s cyclopicas da natureza aterra­ activas, umas, latentes, outras, tinham uma noção
dora em sua grandeza infin da , tivem os a prolongada arraigada da pro p ria ind ivid ua lid ad e e eram um cam­
e ina ud ita acção d ’ esses bandeirantes, cujas jo rn a ­ po p ro p ic io para que podessem m edrar as sementes
das conquistadoras são uma epopéa dardejante de novas disseminadas pelos espíritos de e lite na sua
ousadia e desternor e áo mesmo te mpo de compres­ acção caldeadora das civilisações.
são, penetrando pe lo sertão virgem em fó ra e a se
desenrolar n'um a continua formação de caracteres en­
rija d o s, que teriam de sêr os antepassados de es­
tirp e s combatentes fu tura s na lucta pelo bem estar
in d iv id u a l c social d e ntro de normas não tyrannisa-
doras, e em gestos sem pre anhelantes de liberdade. Deve-se te r em vista que de struído está o pre­
A isso se teriam de a llia r, por um correla to phe­ conceito de que fom os um paíz inicialm ente povoa­
nomena de pa ra tlc lis m o e derivação historica, as ma­ do, em grande parte, p o r degradados. P rim e iro , p o r­
nifestações d ’uma caudilhagem , g o tte jan te de sangue que degradado, antigam ente, tin h a uma significação
e tran sbo rd an te de auto rita rism o avassalador, per­ m u ito diversa, po is na m aior p a rte eram sim ples per­
durante de 1600 até o p rin c ip io de 1800; e para seguidos p o r idéas p o liticas ou preconceitos sociaes
fazermos uni calcu lo approxim ado da força de que e nada possuíam, communiente, de ign o m in io so ;
esses caudilhos dispõem, é necessário considerarmos no liv ro V das cruéis O rd. P h ilip in a s a pena <le de­
a m aravilhosa capacidade de organização m ilita r por gradação era, a cada m omento, applicada e, como
elles revelada na form ação de seus claros gu e rre i­ faz s e n tir Pereira Silva ( ') , sendo uma penalidade
ros» ( O liv e ira V ia nn a), mas, no entanto, esses po­ extendida a mais de 250 casos tornára-se uma pena
te ntados, em S. Paulo, teconhece-o O liv e ira Vian­ meramente correcional, quasi, applicada até mesmo
na, «são um verdadeiro escól pelas suas origens ao sim ples caso de fazer adivinhações, le r na agua,
aristocráticas, pelà nobreza de seus sentim entos e etc.
pe la sua cultu ra social. Retrincados, viole nta s, o r­ Accresce que se os donatários das capitanias po­
gulhosos embora, são to dos homens entalhados á an- diam para aqui transportar, com o de facto, m uita
tig a , com a severidade, a hom bridade, a dignidade vez, o faziam , degradados, todavia, notava o auto­
dos fid a lg o s peninsulares, de que descendem. Na rizado Pereira da Silva, desde meiados do século
sanguinosidade de suas façanhas ha a crueldade da X V II em deante fo i isso prohibido.
epocha; mas, não encontrareis os instinctos da c ri­ A população do Brasil, quanto ao elem ento po r-
m in alida de vulgar» (*). tugtiez, iniciada particularm ente com expedições m i­
Essa dem onstração, te rriv e l e •revolucionaria, mas lita re s e íCasaes para aqui transportados, se desenvol­
sig n ifica tiva , pe lo que tem de solidariedade fa m ilia r. veu com a exploração das m inas, como se sábe, e
só cm 1706 p a rtio de Lisboa uma grande fro ta de

(') H. Spcncer — Sociologie, trad, franc., vol. Ill,


pags. 687-688. (■) Pereira da Silva — Hist, da Fundação do Império
<*) , J. Oliveira Vianna — Op. cit., pags. 207-208. Bras., pag. 191.

i_© o o .oi o o 143 o. o o o o o


LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

97 navios com boiada p o r varios vasos de guerra, fr o ­ o princip e regente e seu grande sequito punham-se,
ta essa que «ia atulhada de emigrantes» e esse m o­ assim, de velas ao vento, bem lon ge estavam, como
vim ento e m ig ra to rio ta nto se inte nsifico u que a me­ os nossos patricios, que em se tran spla nta nd o para
tró p o le , re fe re ainda Pereira da Silva, teve de to ­ um continente d’além mar, v iria m p re cip ita r aqui, não,
m ar provid encias para e v ita r o seu despovoamento. apenas, a formação organica d'um a nação de ntro em
Essa população trazia as tradições e os habitos pouco independente, mas, princip alm en te, pre cip itar
do an tig o e lib e ra l regim en m unicipal de Portugal, o rejuvenescimento de altos ideaes democráticos, pela
antes do absolu tism o m onarchico; as eleições muni- força, em parte, d o contagio da m áe-patria, que já
cipaes eram «disputadas com v ig o r c acrim onia », e «a não podendo, então, possuir o te rren o ap rop ria do
campanha de 1707 no Rio de Janeiro fo i das mais para o florescim ento d'uma democracia, fadada, então,
tormentosas», escrevia Pereira da Silva. a fa lh ar e se esboroar pela força dos factores h is to ­
Esse regim em m unicipal se fo i arraigando no ricos, trouxera, porém, debaixo das espalmadas azas
esp irito nacional, occasionando a formação d’um sen­ do seu pretendido dom inio, as sementes que encon­
tim en to de lib e ra l autonom ia das v illa s e cidades em traram o uberrim o solo virg em a ’ uma nacionalidade
reacção ao poder oppressor e absorvente dos gover­ cheia de virtudes selvagens e de alguns grandes
nadores das capitanias, acarretando isso, m uita vez, expoentes. N ’essa nova nacionalidade v iria f r u t if i ­
sérias t graves luctas, que iam estim ulando e crean­ car e se desenvolver, pela actuação das idéas-forças,
do um caracteristico sentim ento na comprehensâo dos a pouco e pouco, mas a seguros e não anarchiaos
d ire ito s e regalias, bem como de ju rid ic o liberalism o m ovimentos, a frondosa arvo re d’um a democracia res­
in icial, con fo rm e teremos occasião de v ê r adeante, peitável.
ao estudarmos o perio do em hriogenetico de nosso O determ inism o his to ric o te ria de se p ro d u zir
d ire ito constitucional. em felizes frue to s; a vinda de D . João V I fô ra ver-
Pode-se dizer, como o faz sen tir esse espirito dadeiramente providencial para os destinos da nova
scin tilla n te e representativo da nossa nova phase l i t ­ e fu tu ra patria.
te ra ria — R onald de C arvalho — contrariando, n'es- Accrescentc-se, ainda, a tu do isso, a circum stan­
sa obra de adm iravel synthese sobre nossa littera tura, da im portantíssim a de que a cultu ra das obras re ­
as erroneas asserções de Buckle, que «aqui, em pou­ volucionarias d'aq ue lla grande épocha na França e
cos annos, se fo rm o u uma nacionalidade vigorosa, E. U . da Am erica do N o rte se espalhavam, em parte,
composta de homens robustos e in te llig e n te s , cuja no Brazil, como p o r o u tro lado que b ra zile iro s eram
vontade de viv e r independente desde lo g o se m ani­ e cheios de o rg ulho nacionalista m uitos esp irite s
festou. Assim , quando a M etrop ole s en tio os abalos illu s tre s ; aqui vivia essa fig u ra magestosa e fu lg u ra n ­
d ’essa energia que despertava inesperadamente, não te de José Bonifacio de A ndrade e Silva, ao lad o de
conseguio mais abafar os seus im pulsos de liberda­ seus illu stres irm ãos. A n to n io C arlos e M a rtim F ra n ­
de c autonomia» (■). cisco; o prim eiro , o Patriarcha da nossa independên­
Por o u tro lado, e a p a r de tudo, é preciso cia. nascido na cidade de Santos a 13 de Junho de
não esquecer um fa c to r da m aior im portância sob o 17b3, demonstrou, desde a adolescenda, suas la r ­
ponto de vista da actuação reflexa e poder dynamico gas aspirações e o seu grande es p irito «não era, na
indirecto na psychologia collectiva, que se produz expressiva phrase do Barão Flomem de M e llo (>),
na prim eira década do século X IX — a vinda de para os estreitos lim ite s d ’uma educação colo nia l» ;
D. João V I, aqui se estabelecendo a séde do th ro no depois de se fo rm ar, em C oim bra, em D ire ito C iv il e
e aqui permanecendo quando vinham d’além mar re­ Sciencias Naturaes, já havendo grangeado renome,
flu ir os e flú vios da mais seria agitação con stitu­ m al deixára os bancos acadêmicos tivera ingresso na
cional da m etropole. Academia Real de sciencias de Lisboa, p o r quem fôra
Quando o p rincip e regente pa rtind o de P o rtu­ ao Governo pro po sto para v ia ja r a Europa em estu­
gal, n’uma tetrica fu ria deante das hostes invasoras, dos, viagem essa atravéz dos p rind pa es paizes E u ro­
a que não dera combate, e com to do o sequito im ­ peus c fe ita trium phantem ente pelos seus trabalhos
perial e seus 15.000 subditos dedicados, que, ple- s cien tificos; n’ essa épocha fe rvia o esp irito m undial
béamente, se acotovelavam pelas náos — n’aquella em meio ás grandes ideas lançadas pela Revolução
noite burle sco-tragica. em que as estrellas eram, na franceza e José Bonifacio se impregnava, assim, do
sua v o lta sobre o horizonte, não apenas os guias es p irito libe ra l d ’esse grande perio do h isto rico para
da rota , mas, também, como que c irio s estendidos a hum anidade; a fin a l resolve-se, em 1819, a v ir em
p o r cima da imagem d’uma pa tria, que, antes glo - busca da patria que lhe fô ra berço p rim e iro e ao
riesa, se c om balira pelo reinado d ’uma beata en- n’o fazer, como se sabe, proclam ava, precursoram ente:
louque'.-da. afin al, e se arrastava no pachorrento co n- <E que paiz, esse, senhores, dizia, para um a nova
m odism o d ’um principe regente, cuja vida se d iv i­ civilisação e para um novo assento das sciencias?
dia entre os sabores da mesa, os sonhos voluptuosos Que terra para um grande e vasto im perio... de que
da sesta e os sustos e os cuidados pela mãe en­ mercês precisas? Fom entar e não empecer; basta-
louquecida; quando embarcava ás pressas e alvoro- lhe a segurança pessoal e a liberdade sob ria de
tadamente «ledo, vasando, bocados da nação despeda­ imprensa, de que J á goza e um a nova educação phy­
çada, farrapos, estilhas, aparas, que o secco vento do sica c m oral; o m ais pertence á natureza e ao tempo».
fim disperçára n’essa no ite calada e negra»; quando A q ui vivia, também, esse b ra s ile iro grande ju ris c o n ­
sulto, philosopho, c rític o e m oralista , que fo i o D r.

(*) Ronald de Carvalho — Historia da Literatura


Bras., l.a ed., pag. 29.
( ') Homem de Mello — Esboços Biographicos, pag. 9.

O O O O O 144 O O O O
OSCAR MACHADO — Rio de Janeiro.
in d e p e n d e n c e i : d a e x p o s iç ã o i n t e r n a c io n a l

José da Silva Lisboa, depois Visconde de C ayrú,


lid a r e se apresentar com o á altu ra d ’ essas élh es, isto
o qual p o r suas obras sobre philosophia, deontologia^
é, á altura de sêr conscientemente guiado e condu­
economia e d ire ito com m ercial, notáveis para a epo-
zido por essas mesmas élite s , no desempenho de
cha, e p o r seus conselhos (>) vinha sendo uma d ’essas
sua funcçâo historica universal, porque não, apenas,
figu ras tu tclla re s que os povos recebem no berço de
peculiar ao nosso paiz.
sua existência. Sua obra, escrevia o juris c on s ulto p a ­
E tanto isso é verdade, e ta nto n ão exageramos no
tr io C andido Mendes, em n'a commentando, subia
syllog ism o que procuram os fo rm u la r, que é certo
de valô r «pela au to rid ad e e consideração com que
que se essas élites encontraram facilidade em com­
suas opiniões e do u trin a s eram recebidas e acatadas
bater e lo g ra r a victoria pelas conquistas liberaes,
em sua pa tria e na atig a M e tro p o le ; e sobretuoo pelos
sem que effusão de sangue fosse preciso, não é
serviços que prestou á emancipação do Brasil»; seu
porque fa c il fosse im p ô r a cultura exotica, mas por­
grande tratad o in titu la d o «Princípios de D ire i.o M er­
que tão gencralisado, ainda que rud e e não c u ltiv a ­
cantil e Le is de M arinha» fo i impresso de 1798 a 1804
do, sempre fô ra o sentim ento lib e ra l na massa sã
em 2 volumes c o n 7 to mos c pelos dous volumes que do povo que quando se os pretendia com p rim ir, a
conhecemos, o p rim e iro editado e.n 1806 e o se­
rcacção mais ou menos viole nta , decidida e sanguino­
gundo em 1801, vê-se que era uma obra de mais
lenta acabou sempre p o r e x p lo d ir, ora p o r um pre­
de 1000 paginas, em gra nd e form ato, dem onstrativo coce ideal republicano (18 17 ), o ra por uma como
d'um a rica cultura. Sua ob ra sobre «C onstituição M o ­ que consciência ju rid ic a e uma rcacção lib e ra l, como
ral e Deveres do C idadão com Exposição da M oral em 1823-1824 (confederação do Equador), ora por
Publica», etc., publicada em 1824 revela o seu gra n­ desusado avanço libe ra l ( 7 de A b ril de 1831), ora
de conhecimento da philosophia grega, da theologia p o r esse sentim ento a llia d o ao de nacionalism o, como
e os precisos conhecimentos que tinh a da escola u ti- em 1848, em que havia «a força de um tu rb ilh ã o po­
lita rista , sendo um liv ro de generalisaçâo dos mais pular», esta e as duas prim eira s no g lo rio s o Pernam ­
puros ensinamentos. «Sua obra litte ra ria , escreve o buco ou isolado ou como centro de propulsão no
esp irito b rilh a n te de R onald de C arvalho, fo i eminen­ no rte, ora ao sul com a pro longada e te rrív e l «Guerra
temente p o litic a , is to é votada aos interesses do paiz, dos Farrapos», a destemerosa R epublica de P ira ti-
por quem lu to u durante a dilatada existência»; sua in ­ nim , n'esse centro de civism o ardente que sempre fo i
divid ua lid ad e exerceu «grande influencia sobre os o R io Grande do Sul.
contemporâneos, dando-lhes, com o seu exe.nplo cons­
tante, lições de desassombro e inte llig en cia, tacto e C onjuguem-se to dos esses m u ltip lo s fa ctores —
sobriedade ( 2) ; seu u ltim o quartel da vida representa ethiiologicos, (atavicos e hered itarios) e m esologicos
»35 annos de g lo ria despendidos ao serviço da pa­ (physicos e sociaes), e, certamente, se terá, p o r tudo
tria», escrevia o do uto C andido Mendes (-). isso. a n itid a impressão de que a obra do nosso l i ­
Esses eram o s vu lto s maiores, em to rn o dos beralism o p o litico-con stitucio na l, de que o p rim eiro
quaes gravitavam esp íritos de apreciável cultura, pa­ grande m onum ento c a C on stituiçã o do Im p é rio dc
trio tism o , homens de elevado bom senso e cidadãos 1824, que passa a sêr, para sempre, a viga mestra
dignos, form ando é certo a m inoria, mas uma m in oria de nossas tradicções constitucionacs, não fo i, deante
bem apreciável em quantidade tanto quanto e.n qua­ de to dos esses factores ethnicos e m esologicos, como
lidade. dissemos, um m ero pro du cto exo tico im p osto por
E lite que se reproduz, re b rilha e fu lg e d ’ahi um a e lite m en tal. A C on stituiçã o do Im pé rio podia
por deante com o apparecim ento de vulto s da estatura sêr apresentada, já , como o pro du cto h is to ric o d’uma
de F eijó, Visconde de O lind a, o d ’esse «gigante in ­ nacionalidade que se fo rm ava em bases esperançosas
te llectual» - - Bernardo de Vasconcellos, Eusebio, Pa­ e felizes, que não desejava sêr dom inada, que queria
raná, Paulo e Souza, Visconde de U ru gu ay, Nabuco com o principe ou sem o príncipe sêr definitivam ente
de A ra u jo estes dous u ltim o s tã o em eritos juriscon sul­ liv re , que estava habituada ás epopeas encantadas
tos quão estadistas, Zacharias, C otegipe, Visconde de em busca do in fin ito e atravéz dos mares com o das
R io Branco, Visconde de O u ro Preto, Lafayette, dous selvas opulentas e que. portan to , lião supportaria,
juiisconsuilos-estadistas, também, Souza Dantas, João porque im p ró p ria ao seu te m peram ento, a tyrannia
A lfre d o e ta ntos ou tros que de pro m p to se podem citar absolutista d ’um monarcha qualquer, que aliás não
e que illu stra ra m a regencia e to do o segundo Im ­ vingaria pela só razão de que não crearia raizes, nem
perio. te ria ambiente que a alimentasse.
Mas, um paiz que em todas as suas epochas p ro ­ Fôra, assim, o. nosso lib e ra lis m o constitucional
duz éhtes de ta l natureza em to rn o das quaes gia vitam e p o litic o o producto historicam ente natural d’uma
elementos e valores apreciáveis, é um paiz que prkle evolução progressiva e paulatina de virtudes selva­
gens a p rin c ip io , desenvolvidas n’ um m eio propicio,
sedimentadas pela herança e polidas, mas não im ­
postas, por uma é lite que as soube fix a r, d iscip lin a r
e sujeital-as á necessaria harm onia synergica, desem­
(') Fôra elle quem influenciira, pela sua argumenta­
ção c actuação junto ao Marquez de Aguiar, seu intimo penhando, assim, com felicidade, um memorável pa­
amigo, que muito o considerava e que muita acção tinha pel historico.
sobre D. Joio VI, para que fosse baixada a Carta Regia de
1808 abrindo os portos do Brasil ao commercio estrangeiro.
(*) Ronald de Carvalho — Mist, da Litteratura Bras.,
Assentados esses p rincípios geraes para apre­
1.» ed., pags. 197-198.
(3) Candido Mendes — Annotaçôcs aos «Princ. de ciação dos factos, podemos entrar no ráp id o estu­
Dir. Merc.» etc., dc S. Lisboa, 1874, vol. I, Int., pag. XI. d o da genese de nosso d ire ito constitucional

o o o o o o 145 o O O o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENAR/O DA

. Ill nia afim de que fosse feita uma devassa na sua adminis­
tração, citados por editaes, ou nominalmente os cidadãos
como testemunhas afim de que o processado fosse remet-
PERIODO EMBRYOOENETICO E FACTORES HISTO­ tide. á «nctropole, como tudo nol'o refere Pereira da Silva(').
RICOS ACTUANTES Eir meio de seus innumeros poderes, sabiamente eram
os mesmos limitados, em these; assim não podiam prender
por mais de 8 dias e, findo tal prazo, os ouvidores tinham
A organisação político-administrativa do Brasil colo­ a faculdade de avoccar a jurisdição sobre taes presos afim
nial era de um mcchanicismo todo apropriado á propaga­ dc ju'gal-os; não podiam ingerir-se em negocios da justiça,
ção e actuação dos interesses da metropole, que, por ella, sustai os processos em andamento, casar com mulher mo­
canalisava por além-mar os seus interesses de dominio, radora na capitania, taxar preços aos generos ou fretes,
levando á colonia os orgãos administrativos e de governo etc. Todavia taes limitações eram muitas vezes, praticamcn-
em forma tal a que lhes dando urna certa e relativa auto­ te, postas de lado e essas entidades assumiam, não raro,
nomia administrativa, os mantivesse porém seccionados, sem um poder absorvente c muita vez tyranico que dava
filiação integradora entre elles e mantendo o cordão um- lugar, de quando em vez, a doloridas representações
helical com a Mãe Patria por meio de instrucçôes fixadas. ao governo da metropole que, com o comtnodismo tão ao
Assim, das 17 capitanias em que, como se sabe, se divi­ sabor dos monarchas d’essa epocha, em Portugal, não lhe
dia, no século X l\ , a colonia, 10 das quaes principaes e com davam provimento, commummcntc, fal-o sentir o grande
uma maior autonomia e 7 com uma relativa subordinação a historiador ja citado. N’cssa épocha o que mais admira
algumas das primeiras, possuía, cada uma, um governa­ era a jã tradiccional organisação municipal relativamcntc
dor independente dos demais, cujas prerogatives faculdades desenvolvida, cada povoação a que se concedia o titulo
e funções eram estabelecidas cm instrucçôes; a do Rio dc cidade, ou villa, tinha a sua camara municipal, eleita
de Janeiro tinha o titulo dc vice-rei, (transplantado em 1763 pelos cidadãos inscriptos nos pcllouros c composta dc 4
da Bahia), sendo que os governadores das capitanias prin­ membros, (officiaes se denominavam) um dos quacs pro­
cipaes tinham o titulo de capitães-gcncracs. As capitanias curador, e os demais vereadores, sendo presidida por um
principaes eram todas independentes ao passo que as de­ Juiz também eleito (eram eleitos 2, mas o mais moço era,
mais eram subordinadas umas a Pernambuco, como Rio apenas. Juiz supplente) competindo-lhes cuidar dc todos
Qrtndc do Norte e Parahyba, outras, como Sergipe á da os interesses peculiares i localidade; eram organizadas, taes
Mahia; Espirito Santo e Sta. Catharina eram subordinadas áo municipalidades, de accordo com as leis geraes do reino,
zice-reinado, ao qual por cxcepçâo também, eram subordi­ então vigentes.
nadas as capitanias de Minas Qeracs, São Paulo, Matto Póde-sc dizer, escreve Diogo dc Vasconcellos (*) <sem
Grosso, Ooyaz e S. Pedro do Rio Grande do Sul.
Nomeados por praso fixo, eram obrigados ao ter­
minar o período governamental, quando outrem investido
das funções, a entregarem o mandato sob pena dc se­ (') Pereira da Silva — Historia da Fundação do Im­
questro dc todos os bens, c bem assim a fazer um rela­ perio Brasileiro.
(*) Diogo de Vasconcellos — Linhas Geraes da Admi­
tório circunstanciado ao seu substituto, como também obri­ nistração Colonial Rei. á these VI, no Cong. de Hist.
gados á residenda, isto é, forçados a se manter na capita­ Nacional, cit.. Actas, vol. Ill, pagina 287.

O O O O O

PAVII.IIAt) INGLEZ VISTA INTERIOR

O O 146 O O O O O O
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

grande prejuízo da verdade, que a primeira linha de go­ nova feição politico-social, precipitando-lhe a evolução fran­
verno havido pelo Brazil, foi o municipal em seu sentido ca e decisiva d ’ahi por deante — fôra a sahida de D.
lato». Essa organisaçáo municipal no Brazil lembra o douto João VI fugido de Portugal, sob a pressão compressora c
jurisconsulto Dr. Carvalho Mourào, durante o período invencível de Napoleão.
colonial, operou-se por simples transplantação das institui­ Aqui se installava o Monarcha, tornando-se a séde do
ções vigentes em Portugal, ao tempo dos primeiros em- Rciro; a influencia dc tal facto, com todas as suai con­
prehendimentos de colonização no reinado de I). João III» ( ') ; sequências jurídicas, moraes e materiaes, mas particularmcn-
n'esse periode, com razão faz sentir Carvalho Mourão, o tc moraes, teria que sér, como foi, grande.
municipio, encarado, á luz dos modernos princípios de admi­ Um acontecimento viria, porém, inevitavelmente, por
nistração publica, se caracteriza por uma «confusão das at- uni determinismo historico, precipitar a natural marcha dos
tribuições administrativas e judiciarias, c ás vezes até mi­ acontecimentos — é a revolução de 1820 em Portugal.
litares, incumbidas aos mesmos magistrados»; é que aqui, O velho Portugal combalido pela anarchia governamen­
como em tudo, essa confusão de funeções e orgãos era tal, solapado pelas invasões francezas c sugado pelo uti-
geral c a olla se applica a sempre verdadeira lei de evo­ litarista protectorado inglez, tinha, porém, sob a influen­
lução, de Spencer, da passagem da homogeneidade inde­ cia das idéas revolucionarias, que faziam a sua democrática
finida para cterogeneidade definida. ronda pelo mundo, de se entregar ás crises reaccionarias
Tal era o espirito democrático em formação, que es­ com que almejava praticar a enganadora therapeutica para
sas organizações municipacs tinham já uma conceituaçáo re­ os seus grandes inales, então, aggravados pelo quasi re­
lativamente nitida de sua autonomia, c eram extremamente pudio d'um Rei regente «juc se enamorára musulmanica-
ciosas das suas prerogatives, não admittindo invasões por mente pelas novas terras dc opulência e quietude, para si
part* d->s governadores, tornando-se as luctas intestinas, agasalhadoras, e as quacs a mãe patria se esforçaria, den­
d 'lh i oriundas, da maior gravidade; algumas vezes, tal tro cm pouco, por, inhabilmento, agrilhoar em suas for­
como aconteceu no Rio de Janeiro c no Maranhão, fir ­ ças incompressiveis dc propulsão.
mavam o principio de que em hypothcsc alguma pode­ A tremenda revolução hespanhola, que tanto abalára,
ria a Camara ser chamada a conferenciar no Palacio do então, o mundo europeu pelo seu caracter democrático avan­
Governador, mas, sim, era este quem se devia apresentar çado, dando logar á formação defensivo-política da Prus­
ao Senado da Camara afim de se accordarem os actos e sia, Austria e Russia, rebentando cm 10 dc Janeiro (não
providencias precisas. No Maranhão um precioso documento cm data posterior) c logrando, após combates prolongados,
descoberto por João Francisco Lisboa (*), e que é citado dominar Fernando V II e o fazer jurar a Constituição de
por Pereira da Silva ( ’ ), é bem o espelho d'essa lucta Cadix de 1812, tinha que se reflectir immcdiatamcnte em
permanente, ora aberta c franca, ora apenas dissimulada; Portugal.
assim, proclama-sc n’esse documento, que era uma repre­ A consequência fatal, já prevista pelo esclarecido es­
sentação do Procurador da Camara do Maranhão: ise os pirito do Conde dc Palmeia, foi o revolucionário movi­
governadores representam as pessoas reaes, as repub/iras mento constitucionalista, de caracter extremamente demo­
(camaras e senados) representam os primeiros governos crático, que sob os reflexos d'essc surto constitucional da
do mundo. Chama o direito ás camaras guardas c vigias da Hcspanha, rebentou em Portugal em 1820 (Agosto); an­
lei, por serem republicas formadas dos cidadãos c bons ho­ tes a regcncia deu ouvidos aos conselhos de Palmeia, ap-
mens que os povos... para em tudo que puderem terem proximou-sc do influente pro-ronsul» inglez General Bc-
por officio melhorarem o serviço de Deus e o de seus resford, conseguindo fazcl-o embarcar c a v ir se avistar
Principes, e o bem communi. Sem as taes guardas e leis com D. João VI, a quem Beresford inspirava muita con­
é impossível permanecer uma cousa sem outra. Menos pode fiança, inútil sendo, no entanto, o tardio esforço; a ci­
permanecer estado aonde os que haviam de ser guardas dade do Porto tornava-sc o fortissimo centro de preparo
são opprimidos». e secretissima propulsão da revolução, reunindo todos os
Na rudeza do estilo percebe-se o muito que ha de elementos e sendo lida em 5 dc Julho, par Fernandes Tho-
significação historica n'esse pequeno documento e ahi se maz, o projecto dc Constituição, mais adeantado, talvez, do
manifesta, tal como dizíamos, os rudimentos primeiros d'um que a propria de Cadix, mas conservando, com a forma ca­
certo espirito democrático. A organização judiciaria tinha racterística das manifestações liberaes na Europa meridio­
plena existência, n’uma Justiça autonoma cm suas bases, nal, o Rei e sua dynastia. Conquanto o projecto de F.
apenas com o recurso para as Casas de Supplicaçâo cm Por­ Thomaz não fosse acceito por ficar assentado respeitar-se
tugal, sendo a magistratura exercida, tal como na metró­ a tradicçâo da convocação das antigas Cortes ( ') , toda­
pole, pelos Ouvidores, Juizes de Fóra, de Orphâos e Or­ via firma-se a solução revolucionaria, logo após precipi­
dinarios, dividido o territorio, a par das jurisdicçôcs de tada pelos actos da regência.
coda entidade, cm duas grandes csphcras jurisdiccionaes Estalando cm Agosto, a revolução se effcctivou fran-
para distribuição dos recursos aos dous tribunaes existen­ ci-menle pela deposição, em Setembro, da Regencia ahi
tes, um no Rio de Janeiro e outro na Bahia, este composto deixada c alcançou seu franco desenvolvimento com a pro­
dc 10 desembargadores. clamação, em Novembro, da Constituição hespanhola de
Essa era, cm rapidissimos traços, a organização politi- Cadix, aquella que fôra na Hespanha, no dizer de Almeida
co-administrativa do Brasil colonial, quando já em franco Garret e Wellington o proclamara, «o mais poderoso ini­
desenvolvimento, antes da chegada aqui da familia real. migo dc Bonaparte», pelo alevantamento d'uma immensa
força moral estimulada pelo liberalismo dc instituições e
que foi a barreira a que não poderam resistir nem os
vencedores de Sena, Austerlitz e Marengo». Esse movimen­
IV to revolucionário constitucionalista dc Portugal arrastára ás
modificações mais radicaes, cstabelcccndo-se a abolição das
A PARTIDA DE D. JOAO VI PARA O BRASIL. PRECIPI­ jurisdicções senhoriaes e eclesiásticas, a entrada das pro­
priedades das prelaturas, canoninatos, etc., para * o patri­
TAÇÃO NA MARCHA DO NOSSO CONSTITUCIONALIS­
monio publico, extinção dc varios mosteiros, tributação das
MO. ANTECEDENTES HISTORICOS. LIBERALISMO PO- rendas religiosas, abolição da legislação municipal, judicial
LITICO-OOVERNAMENTAL e fiscal, substituição das camaras municipacs por conselhos
electivos, plena assecuração da liberdade considerada como
«um dos mais preciosos direitos do homem», plena garan­
Mas, um acontecimento estava para se dar e o seu
tia da propriedade encarada como «um direito sagrado e in­
advento viria emprestar, como emprestou, ao Brasil uma
violável», a fixação dc que «a lei é a vontade dos cida­
dãos declarada pelos seus representantes» c que nunca,
í 1) Carvalho Mourão Os Municípios. Sua impor­
tância no Brazil-Colonial c no Brazil-Rcino. Rei. á these VII,
no Gong, de Hist., cit. Actas, vol. I l l , pagina 301.
(s) João Francisco Lisboa — Apontamentos para a
Historia do Maranhão. (■) Pereira da Silva — Hist, da Fundação do Imperio
O Pereira da Silva, op. e vol. cits., pag. 179, nota 1. Bras., vol. V, pags. 19-20.

O O O O O O 147 O O O O O O
LIVRO DE OURO COM MEMORATIVO DO CENTENARIO DA

ricos e igualados pela lei commum do trabalho, não conhe­


penal .será estabelecida sem absoluta necessidade», a crea- ciam mais excellendae que as do seu governador ou do
Ção do Jury para as causas eiveis c criminacs, etc., gran­ seu bispo, nem mais senhorias que as do seu ouvidor e
des princípios estes que foram uns a base do movimento juiz de fóra». O espirito democrático fazia franco cami­
revolucionário e em sua maior parte após fixados claramen­ nho, «a revolução já imminente, é um testemunho insuspeito
te nas bases para a Constituição definitiva baixadas cm e autorizado quem. ainda, o escrevia — Almeida Garret —
Portugal pela regcncia, pelo Dec. de 10 de Março de 1821 do Brasil foi espaçada por algum tempo, os que mais atre­
«em nome de El-Rci o Snr. D. João VI», que continuava, vidos levantaram o grito da liberdade cm Pernambuco fo­
assim, como continuou reconhecido na sua qualidade mo­ ram victimas d'essa tentativa temporarii. As classes para­
narchica. sita» cantaram triumpho, embriagaram-se com o cheiro do
O écho d’esse movimento nSo podia deixar de se re­ sacrificio... Mais forte, mais valente, mais irritada pela
flects no Brasil-Reino, os reflexos d'essa fugidia luz. que oompressâo,- a revolução existia cheia de vigor e de vida
cedo teria que amortecer, não podiam, porém, deixar de no coração do Brasil; o minimo impulso, o levissimo toque
sêr o rastilho d'um grande movimento democratisador na faria rebentar n'uni instante todas essas comportas apodre­
terra de além-mar, não como força de contagio inconsciente, cidas, que empresavam a torrente da civilização. E esse
apenas, mas como força de propulsão nas opulentas ter­ instante não tardou. As velhas instituições da Europa segu­
ras que já tinham regado a sêdc de liberdade com o ravam ainda por debil fio esta derradeira porção da Ame­
sangue c o martyrio de Tiradentes, mandado esquartejar rica: mas a Europa tinha recebido da America o exemplo
n'uni legal assassínio por D. Maria I, assim, cobrindo de c o impulso da liberdade; justo era que lh'o retribuis­
gloriosa dór a Inconfidência mineira; que já tinha bro­ se» (>).
tado a revolução de 1817 n'esse historico Pernambuco, E foi n’esse terreno propicio, realmentc, que bateu
terra encantadora em que nos apraz ter nascido; que, cm o écho do movimento constitucionalista distante; «o Brasil
meio a um» população inculta é verdade, mas cheia de bom promptu adhcriu ao movimento constitucional portuguez como
senso, experienda e ardor nascidos c desenvolvidos pelas o meio mais facil c mais natural, conscientemente para uns,
jornadas e bandeiras atravez do sertão infindo abrigavam instinctivamente para o maior numero, de chegar ao fito
grandes espíritos; que vivera já mais de uma década sob supremo. O rastilho da |K>lvora se arrendera de norte a
a idéa-sentimento, de força educadora, pela actuação re­ sul», escreve o autorizado Oliveira Lima (*).
flexa, de sêr a séde d’um Reino; que demonstrava já ser Quando os primeiros symptomas da latente revolução
o celleiro de individualidades cheias de sêde de saber e haviam sido percebidos em Portugal, pela regcncia, o ma­
cujas mentalidades cam consagradas por todas as insti­ rechal Beresford, partio, como referi, celere, para cá; aqui
tuições mundiacs, taes como o grande geologo, mineralo­ aportando trouxe ao descuidado D. Joâo e á sua Côrte
gist» e após estadista que foi José Bonifacio, exemplo c a inesperada nova d'uma situação possivelmente revolucio­
figura primacial, mas nio unica da grande família dos naria: f). Joâo conVoca o Conselho de Ministros immediata-
Andradas, c mais a mentalidade possante d'um Silva Lis- mente. sendo os acontecimentos relatados c havendo o ma­
bôa aquelle a que os contemporâneos se referem em lhe rechal Beresford aconselhado ..se commettessem algumas re­
emprestando, apenas, o titulo de «economista», mas que foi formas politicas c administrativas», que satisfizessem as ne­
um philosopho e notabilissimo jurista, como o provam duas cessidades c solicitações mais urgentes e contivessem os
de suas obras publicadas em 1800 e 1824 e que seriam para animos e após muita tergiversação, duvidas e temores re­
qualquer paiz, na épocha, monumentos de sabedoria; es­ solve-se ir ao encontro do movimento apenas com pequenas
píritos cultivados d’um liberalismo a outrance, como Car­ concessões, sendo Beresford . investido dos poderes necessa­
valho c Mello (depois Visconde de Cachoeira), M. Pereira rios, mas ao aportar a Portugal, os revolucionários, cujo
da Fonseca (depois marquez de Maricá), J. S. Maciel da movimento, tomára franco desenvolvimento, impediram-lhe
Costa (depois marquez de Queluz), uns que em princi­ saltar em terra (»). N'esse commcnos, no entanto, chegava
pies de 1800 abandonavam as glorias que Portugal lhes of- aqui o bergantim Providencia, que trazia as novas noti­
fertava, ao sahir da Academia de Coimbra, para se instal-
lar no torrão natal c ahi disseminar o seu saber, tal como cias do movimento revolucionário e, bem assim, o offi­
o grar.dc jurista c philosopho Silva Lisboa, outros que cio da regcncia da metropole historiando os acontecimen­
idcntico movimento tinham logo que, acabada sua excur­ tos, entre os quaes o que mais espanto causara fôra se
saber que a regência fôra levada a fazer convocação das
são scientifica pelo mundo, viram, pouco após, que era Côrtes.
chegada a hora de trazer suas energias para grandeza pa­
tria, como José Bonifacio; enfim, nSo éramos e não podia- Enquanto o Ministre cortesão, Thomaz Antonio, pro­
mos sêr nenhum grande povo, dadas as condições histo­ testava haver a regcncia cxhorbitado e, bem assim, se
ricas, mas, nos collocando na relatividade das cousas, era- mostrade fraca <*); o Conde de Arcos, um pouco mais
mos uma raça que precocemente, dadas essas condições, perspicaz, individualidade em relação á qual o Visconde
se apresentava com um conjuncto de qualidades atavicas al­ de Porto Seguro escrevia ser injusto não faltasse «quem
tamente melhoradas pela acção do meio physico que nos em nossos dias leve a mal os elogios tributados» á mes­
dava uma individualidade social toda própria de que nos ma (»), lembrava a convenienda da ida de D. Pedro e
não é dado envergonhar, fazendo côro con» o pessimismo des­ a necessidade de promulgar, o governo, reformas mais li-
alentado. que busca ao invez das causas explicadoras c a beracs, deante do succcdido, reformas que -contentassem os
filiação historica, os symptomas e effeitos apparentes, ven­ povos anciosos de mudanças e incitados pelo exemplo de
do as realidades apparentes c antes de tudo contingentes e Hespanha», enquanto D. João, na sua eterna indecisão,
não as forças e valores virtuacs que são, estas, sim, as resolveu combinar os avisos e conselhos e... mandou sc
energias nucleares para uma nacionalidade. officiasse estranhando o procedimento da regenda, mas
Podíamos ter e tinhamos, realmcntc, tnaximé nas nos­ acccitando os factos consumados («).
sas não pequenas elites, partes, estas, que formam o po­ Foi n’essa conjunctura que partira de Portugal, a to­
der dvnamico dos povos, capacidade receptiva para assi­ mar posse do cargo de Ministro do Extrangeiro e da Guer-
milar e corporificarmos, também, consciente e mui equili-
bradamente, aliás, o movimento libertário e democrático
que explodia.
Estavamos, por outro lado, cercados de povos cujo es­ .o » , V w ^ is f s r - p° r,ui!i1 ” ■ " " “ i * d* Eu-
pirito republicano bem cedo se manifestára, ainda que sem
realizações disciplinadoras c antes dominadas pelo caudi­
- lsSV -1821p i,V ‘“ *1.22. °
l.‘?r>ir* da Silva °P- «•-. vol. V, pagi. 5(>-58
lhismo de que o Brasil já havia logrado se libertar, __ ' / ?l,as cssa accusaçío náo era justa; a Kegencia
posto que tendo ainda alguns esporádicos rebentos, por em Portugal, como a historia o demonstra, fizera quanto em
sem duvida, não radicados, no entanto, e não seria possí­ H J S S n r ,r\ara rcahlr' dando guerra ás forças que mar-
vel que a nação nascente permanecesse estacionaria e im­ ,,va _ do 1or*°' tomando precauções varias, mas nâo po­
dia reagir contra uma avalanche de sentimentos que em­
passível, quando, «situado no meio da America, todos os polgava todo o paiz. 1
raios do grande circulo americano pareciam dever conver­ . <;> „ v- Porto Seguro Historia Oeral do Brasil, 2.»
gir para cllc como centro» c quando seus habitantes, «d-, vol. II, pag. 1001,
( ) Pereira da Silva, op. dt., vol. V, pag. 59.

O O O O O O 148 O O O O O O
( S ( / \ ! § ( n ! esas S E M E N T E S
H tF B E S ® C B R B E Í M » i V M C I H C t lllS It F IL M S

e a s e s -b o s s s s j e n ig s $

P O R T S

CRRNDE VHRiEDHDE Di
S F H tN T E S « F L B IE S i H S IT R
(p e d i r os d i a l o g o s J

1S5 r m b s j b r b m ^p e a T B ^ o rtug h^

CASA DAS SEMEMES — Porto.


IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ra, um homem, que, ape/ar cie suas ligações com a Còrtc, pathico a um liberalismo moderado», preferia, antes, ir ao
linha uma visão mais clara e ampla das cousas, vistas encontro dos movimentos reaccionarios para conduzil-os e
atravez d'um espirito mais lucido e senhor dos problemas dclimital-os nas justas medidas. A elle viria se juntar D.
agitados — Palmeia; fôra clle a individualidade, n'essa épo- Pedro I, cujo sangue portuguez mesclado com o hespanhol,
cha, respeitável, pela sua amplitude de vistas, grande tacto lhe dava o typo impulsivo c romântico ao mesmo tempo que
extrema habilidade, força mental para persuasão, preferindo voluntarioso, c que teria, no novo quadro de vida c dean-
tc de perspectivas que esfumadas, quiçá, lhe borboletea­
ao liberalismo, mas nunca á anarchia; assemelha-se ao typo vam ao espirito, de desempenhar um importante papel
dos estadistas inglezcv, cujas normas politicas poderá assi­ historico, preparador c prenunciador de sua actuaçâo futu­
milar. Quando, ainda em Inglaterra a Regência manda-lhe ra mais larga ao sêr arrastado a abraçar os ideaes na­
pedir conselhos c preparar auxilio a Portugal, Palmeia já cionalistas.
^ A idéa nova adquiria a mais e mais prosélitos, no
negodos internos de Hespanha e Piriugal... e "que
a firmeza exacta, justiça e acertadas e equitativas providen­ cendo que assumio, inesperadamente, pelo curso natural
cias administrativas lograriam suspender e prevenir tendên­ das cousas, porém, aliás, uma feição nova, qual a de
cias revolucionarias cm Portugal, devendo-se aproveitar os se batalhar por sêr outorgada ao Brasil uma constituição,
ao lado da dc Portugal, da qual, porém, se não queria
reformar o regiment interno do paiz por meio de cura abdicar previamente, porque se não queria, de nenhuma
radical e não de palliativos insufficientes» (>). forma, ficar cm plano inferior, na conquista das liberda­
Aqui chegando a 23 de Dezembro, Palmeia desen­ des e direitos áquelle em que pairasse a Constituição que
volve logo sua actuaçâo; a elle, depois, se filia o Conde viesse a sêr jurada em Portugal.
Arcos, com cxcepção quanto á Constituição; Palmeia, ini- Foi cm meio a essa atmosphera já carregada de ap-
dára seu tranco trabalho de conversio de D. João, pro- prchcnsôcs que a 17 de Fevereiro aporta o navio porta­
curando, cem apreciável elevação, leval-o a um encaminha­ dor da carta do consul inglez, na Bahia, ao Ministro da
mento mais logico c possível dos acontecimentos. A 2 Inglaterra junto ao throno, trazendo a noticia e o relato
de Janeiro de 1821 o Ministro Palmeia faz um memorial da revolução rebentada na Bahia a 10 do mesmo mcz.
ao Re» e a 5 «lo mesmo mez, um segundo, nos quaes ex­ Palmeia, na residência do plenipotenciário inglez, recebe,
punha as suas sensatas ideas sobre o momento historico em confiança, essa carta da qual tira uma copia e leva á
que atravessava a Monarchia, e se batendo pelas reformas tremenda nova ao Rei a quem escreve essas doridas pa­
liberaes que esposava; a indecisão do Rei, espirito cuja lavras; -com dôr de coração e lagrimas de raiva me vejo
debilidade evidente rcsalta em tudo, se mantinha; Palmeia obrigado, dizia Palmeia, a levar ao conhecimento de V.
Magestade a carta inclusa... O momento é o mais critico
e terrível» ('). Foi a ponte salvadora para Palmeia, que
memoria, onde invocava ao Rei os exemplos da historia vinha prevendo os acontecimentos e prudentemente pugnan­
em casos taes, lembrando-lhe os casos de Luiz XVIII, e Fer­ do pelas medidas precisas; não lhe surprehendia, certo,
nando VII da Hespanha, aquellc se alliando aos justos esse desenlace que, na expressão dc Oliveira Lima, «para
interesses do povo, para lhe outorgar uma constituição, o throno era um aviso, para os liberaes um estimulo, c para
assim evitando a guerra civil, ao passo que o ultimo que­ o povo um exemplo, a publica adopção de um program-
rendo contrariar o surto do movimento liberal, se encastel-
landc- no seu absolutismo, foi arrastado a acccitar uma cons­ Os acontecimentos facilitaram a victoria dc Palmeia
tituição demagógica de 1812; Palmeia encontra, porem, que logra obter o historico Dec. datado dc 18 de Feve­
a solapar-lhe a acção a influencia neutralisadora do Mi­ reiro, que, no dizer autorizado do eminente constituciona-
nistro Thomaz Antonio, que temia a queda do throno como lista Ministro Viveiros de Castro, fôra o primeiro pro­
consequência das concessões» (Pereira da Silva). jecto governamental dc uma Constituinte nacional, conceito
Entrementes vinha a noticia de que o Pará adherira esse que Oliveira Lima esposa (»). Esse Dec. de 18 de
ao movimento constitucional, e antes já haviam chegado as Fevereiro sómente a 24 foi publicado como o referem Pe­
noticias do movimento rcaccionario da Bahia, movimento reira da Silva, Aurclino Leal, Oliveira Lima e outros.
de caracter grave em prol da Constituição. Rebentara, N'essc Dec. dc 18 de Fevereiro, além de se fazer
assim, no solo pátrio o sentimento latente c rustico do li­ publico a ida do Principe D. Pedro a Portugal, o que,
beralismo, que teria, dentro em pouco, de se desenvolver aliás, não passava d'uma pura simulação conscientemente
cffectivamente no coração do Reino — aqui no Rio de praticada (*), partida essa que se declarava sêr para pro­
Janeiro, levando de vencida, calma mas com segurança, porcionar ao Reino o restabelecimento da tranquillidade ge­
a passiva resistência do Rei c sua côrte. ral», «estabelecer as reformas e melhoramentos e as leis
O Ministro Palmeia e a figura central, então, do que possam consolidar a Constituição Portugueza», se de­
throno, é o espirito esclarecido que buscando entrar em clarava que «não podendo, porem, a Constituição que em
contacto com o espirito brasileiro, sente as suas pulsações consequência dos mencionados Poderes, se ha de estabelecer
e os movimentos que francamente ensaiava por não dei­ e sanccionar para os Reinos de Portugal e Algarvcs, sêr
xar fugir a opportunidade para alcançar um desenlace fa­ igualmcntc adaptavel e conveniente em todos os seus ar­
vorável do estado de cousas; elle estava ao par do que tigos e pontos csscnciacs á povoação, localidade e inais
lhe transmittiam as autoridades policiacs, do que se pu­ circumstandas tão poderosas como attendiveis deste Rei­
gnava nas lojas maçónicas já fundadas e com ligações com no do Brasil... Hei por conveniente Mandar convocar a
os idênticos centros hispano-americanos que solidariamente esta Côrte os Procuradores que as Camaras das Cidades e
lhes insuflava o espirito novo que tanta guarida encontra­ Villas prindpaes que tem Juizes Lattrados, tanto do Reino
va nas virtudes latentes e não inexistentes d'uin povo jo­ do Brasil, como das Ilhas dos Açores, Madeira e Caba
vem, mas já um tanto experimentado nas suas camadas Verde elegerem ', mandando, mais, qua reunidos os eleitos
mais elevadas; o seu «temperamento de conservador, sym- sob a presidência dc pessoa que seria nomeada vnão só­
mente examinem e consultem o que dos referidos artigos
fôr adaptavel ao Reino do Brazil, mas também lhe propo­
nham as mais reformas, os melhoramentos, os estabelecimen­
(■) Pereira da Silva, op. cit., vol. V, pag. 9. tos e quaesquer outras providencias que se entenderem cs­
(-) Vide Pereira da Silva, op. cit., vol. V, pags. 04- scnciacs c uteis... E para accelerar estes trabalhos, e pre­
60. O liberalismo de Palmeia sc evidencia, ainda quando
em Portugal, pelas cartas confidenciaes, por elle escriptas parar as matérias de que deverão oceupar-se: Sou também
a seu amigo Antonio de Saldanha, e de que dá noticia
Pereira da Silva (op. e vol. cits., pags. 10 e 11); n'uma
d’essas missivas de 0 de março de 1820, escrevia que
qualquer aue fosse o desenlace da revolução, na Hespa­ 0) Vide Pereira da Silva, op. cit., pag. 73.
nha, em Portugal movimentos analogos sc realizariam e (*) Oliveira Lima, op. cit., pag. 49.
«com El-Rei ou sem clle, sc adoptaria alii um novo sys­ (’) Oliveira Lima — O Movimento da Independência,
tema de governo que faria vir agua á boca dos portu- pag. 46.
(*) Vide Oliveira Lima, op. cit., pags. 14-15.

O O O O O O 149 O O O O O O
L/VRO HF. OURO c o m m e m o r a t ív o IX ) r r.N ltN A R iO PA

pellido. pelo batalhão de caçadores n.° 3 que se postou


Servido crear desde já uma Cominissâo composta de pes­ no Largo do Rocio, c logo seu exemp.o era imitado por
soas residentes nesta Côrte, e por Mim nomeadas, que v,r,os corpos, tudo se fazendo com todo o apparato bel­
entrarão logo em exercício, e continuarão com os Procura­ lico assumindo então, o commando geral o brigadeiro
dores das Camaras que se forem apresentando, a tratar Francisco J. càrretti. ao mesmo tempo que uma grande
de todos os referidos objectos, para com pleno conheci­ massa de povo surgia de todos os pontos a se agglomerar
mento de causa Eu os decidir». Por Dec. datado de 23 do e confraternisar com a tropa. Era a 'nsurmçto jj ld a r
mesmo mez foi nomeada a cointnissào de que tratava a
ultima parte do Dec. de 18. E*-a, assim, na realidade o bra^iWrol^er^^^d^recta P|nanifcstaçào não contra a pes-
primeiro passo para a formação official do direito ronsti-
soa do monarcha. mas contra seu infeliz acto.
Mas, esse Decreto não podia satisfazer o espirito na­ I). João tem conhecimento logo do que se passava;
cional do Brasil, que n’ellc lobrigou, sem razão, talvez pela vez primeira a figura pesada e de amorphia mental
uma capitis diminutio evidente mascarada sob os fins de do inonarena sente a profunda impressão de tomar o pulso
adaptação do direito constuendo cm Portugal, ao mesmo d'um povo que em fortes e rapidas arremettidas queria e
tempo que era uma positiva restricçâo aos desígnios pro­ impunha a conquista de suas liberdades.
postos por Palmeia, o qual resolve pedir demissão, em Pela vez primeira, também, elle que até então fur-
fórma habil, porém, deixando, pelo segredo que fazia sen­ tára sempre, sistematicamente, seu filho, o Principe D.
tir ao monarcha haver guardado sobre sua resolução, a Pedro a toda c qualquer intervenção nos ncgocios do Rei­
porta aberta para um recuo por parte do Rei ('). no (a partida para o Reino, não passa da officialisaçáo
d-uma simulação) ou porque o achasse mui jovem ou por­
que recciasse que suas suspeitadas idéas Hberaes o levas-
sem a confraternisar com o povo. como póe em possibili-
PRIMEIRAS CONQUISTAS CONSTITUCIONAES. O SEL- dade Pereira da Silva, resolvera se soccorrer das sympa­
LO DAS BAIONETAS thias que o Principe inspirava c lhe commette poderes para
ir ao encontro das tropas. I). Pedri acccita pressuroso, par-
te lesto para o Largo do Rocio, atravessando por entre as
No Rio o espirito popular, trabalhado pelos seus guias peças de artilharia que tomavam as entradas, envereda pela
e conductores, logo se rebella contra o Decreto de 18, multidão ululante que bradava pela Constituição, assoma na
reacção que a policia de Pau'o Fernandes Vianna não lo­ varanda do, então. Theatro S. João, hoje S. Pedro, e
grava suffocar, tanto mais quanto a fermentação era con­ inquirindo do povo os seus desejos, c após declarar que
duzida, em grande parte, pelo regimem secreto das lojas a Constituição que não estava feita não podia ser jurada,
maçónicas. recebe pela voz do advogado Macambôa a imperativa de­
Os acontecimentos foram precipitados, ao romper do claração de que o povo exigia fosse jurada a Constitui­
dia 26, dous dias após portanto, á publicação do Dec. re- ção que em Portugal se elaborasse. D. Pedro pede calma
e volta a seu pae de quem consegue arrancar um Decreto
a que fóra dado, por mal dissimulada deccncia. a data de
(*) Vide Oliveira Lima, op. cit. 2 | d'esse mez, revogando o anterior Dec. de 18, dccla-

O O O O O

PAVILHÃO DF ITALIA

O O O O O 150 o O O O O
INDEPENDENCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

rando-se n'essc Dccrcto revogatorio que «Havendo Eu dado O Rei que se dispuzera já a partir para a Europa,
todas as providencias para ligar o que se está (arendo em aqui deixaria o Principe D. Pedro como seu Logar-Te-
Lisboa com o que c conveniente ao Braril, e tendo chegado
ao Meu conhecimento que o maior bem que Posso farer Partc do povo começara, já, a se manifestar contra
aos Meus Povos é desde já approvar essa Constituição... o facto de ficar o Principe com poderes discrecionarios,
Hei por bem desde já approvar a Constituição, que alli quando já se havia conseguido fazer a limitação ao po­
se está farendo c rccebcl-a no meu Reino do Brasil...» I). der absoluto do Rei; começaram as apreciações, as criticas
Pedro dava mais noticia de que o Ministério havia sido c um ensiio surde de reacção, que teria depois de tomar
demittido. I). Pedro volta a S. Christovâo c incita o pae vulto com o exemplo dado pela Bahia e outros Estados
a apparecer ao povo; I). Joio acquiesce, mas pallido c des­
figurado pelos receios, esse timido monarcha, depois de Para contornar as difficuldades e buscar uma solução
sêr carregado pelo povo já satisfeito, apparecc, a chorar calma, a tempo, Silvestre Pinheiro Ferreira «deu razão aos
na janella do Paço e se limita a repetir <«por varias c que assim pensavam» e para evitar que o Rei estivesse
continuadas veres o nome de Constituição» (>). diariamente exposto a semelhantes sobrcsaltos», propoz a
Era a primeira conquista nacional no terreno do cons­ convocação dos eleitores das parochias (que já se achavam
titucionalismo; verdade é que essa conquista era scllada na Côrte para designar os de comarca, eleitores dos De­
pelas baionetas, guardas e garantias das instituições exis­ putados á Côrte Constituinte de Lisboa), afim de se rea
tentes; verdade, que ficava o c-Vcmplo c é esse mesmo lizar uma especie de Asscmbléa, medida que longe de re­
exercito, pouco differenciado, que pouco tempo depois se mover c plano sedicioso, servio de pretexto á sua explo­
são», escreve Aurelino Leal (').
após, exige do monarcha brasileiro a dissolução da Consti- h ° arrcmetl° <lc Assembléa, installada a 20 de Abril,
onde Almeida Garret apontando o mesmo vicio atavico de te de mathematicas José do Amaral, o patriota brasileiro
origem em relação ao movimento de 1820 escreve que «por de coração José Clemente Pereira, então Juiz de Fóra,
asse primeiro acto de salutar desobedicncia se julgarão (os no R.o de Janeiro, este um dos secretários da Asscmbléa im­
militares) auctorirados a commctter quantos mais lhe pa­ provisada, compondo-se, porém, cm sua maioria, «da pe­
recer, dizendo depois de cada um d'ellcs: •<Salvamos a quena burguezia rural». No desempenho do mandato re­
Patria (J) ; mas náo menos certo é que quando as forças cebido de seus compatriotas, ellcs «affrontaram as dcscom-
medidades de longas jornadas, atravez de caminhos dif-
ficeis, e o movimento estonteador da capital. Alguns eram
das leis, passam a sir, com a consciência do sacrificio tão carregados em annos que mal podiam andar, outros tra­
que praticam, náo o simples cidadão, que o náo sáo, porque ziam a saúde compromcttida. Todos homens dignos e de­
sáo mais alguma cousa, c se investem d'um papel histórico, votados ao bem publico», escrevia Gomes de Carvalho (s).
ett. que as empolgam os destinos da nacionalidade enr seus Como cm toda Assembléa, a psychologia collectiva
unanimes echos, se apresentando, assim, como a synthese d’essa reunião teria de ter imprevistos. Macambóa e Duprat
das energias nacionaes para as profundas modificações insti- penetraram no recinto, apezar de simples espectadores, dan-
do-se logo a perturbação da ordem na Asscmbléa, que,
d irritu da força, mas na força do direito constituendo, dentro em pouco, tornava-sc tumultuosa.
O movimento de 2h de Fevereiro fòra uma d'essas no­ Foi acclamada a proposta para que fosse feita a ado-
bilitantes syntheses energeticas das vibrações nacionaes, tal pçâo provisória da Constituição de Hespanha, vencendo ahi,
como oito décadas mais tarde seria o da Republica. A clles também, a idéa d'um Conselho ou junta fiscal nomeada
não fòra, quiçá, estranho I>. Pedro, que teria agido por por eleitores, que oontrolasse os actos ministeriaes. A As­
detraz das cortinas, sendo essa a corrente de ideas hoje sembléa fòra, assim, apezar da opposição commcdida de al­
sustentada por Viveiros de Castro, Oliveira Lima e ou­ guns, tendo á frente o Conde de Arcos, empolgada pelos
tros; era todavia, o desdobramento da mera actuação da princípios liberaes de reforma ««fosse influencia dos que
logica do sentimento c não do utilitarismo nacional, pois se improvisaram seus leaders, fosse reflexo do estado ge­
náo deixa de ter procedência a ponderação autorizada de ral do espirito», escreve Oliveira Lima (3).
Viveiros de Castro (»), quando faz sentir que se o Brasil £ mandada uma delegação a D. João para dar-lhe
constituisse n'essa epocha um todo homogêneo, se os pro­ conta do deliberado; o Rei, sempre timido, facilmente ac­
motores do movimento revolucionário do Rio tivessem uma cede; acontece, norém, que a delegação demora um pouco
larga visão do futuro, este Dec. seria recebido com os a regressar.
mais cnthusiasticos applausos», porque importava uma Consti­ Essa demora prcoccupa a Assembléa que ia proseguin-
tuinte nacional, além de que lembra ainda o J. C. era de do, ardentemente, pela noite alta em seus trabalhos. Como
nosso interesse quebrar toda solidariedade com as Cõrtcs, é facii se dar nas collectividades, pelos vicios mentaes de
reter o Rei entre nós c tirar d'esse facto todo o lucro psychologia das multidões, essa demora foi interpretada
possível, tal era a politica nacional que o patriotismo es­ como sendo o prenuncio do secreto embarque de D. João VI
tava impondo». para Portugal; a asscmbléa, na impulsividade collectiva,
O constitucionalismo ia. porém, ganhando terreno. A agindo pela pura logica do sentimento, já, então, ordena,
junta consultiva a -que se referia o Dec. de 18 chcgára a se por emissarios, ás fortalezas impedissem a sahida de qual­
reunir, apenas, uma vez c composta por grande numero de quer navio; ao mesmo tempo, sem descanso, proseguem em
brasileiros que vieram1*a se tornar notáveis nas lettras c na sua faina liberalista e resolvem logo eleger a junta fiscal
politica, como Silva Lisboa, Clemente Pereira, etc., se reu­ ou conselho sobre que havia deliberado, o que fazem. «Pa­
nira na propria residência de Palmeia c sob a presidên­ recia que a asscmbléa não queria dissolver-sc sem haver
cia d’estc (4), havendo Palmeia se batido segundo o au­ resolvido, escreve Oliveira Lima. todos os problemas da
torizado testemunho do doutíssimo Silva Lisboa a que se vida publica da futura nacionalidade».
refere Oliveira Lima, «pela recepção, pura c simples, da O Rei accedendo aos desejos que lhe foram manifesta­
Constituição ingleza», enquanto a maioria votou pela Cons­ dos assignára o Decreto de 21 de Abril em que se to­
tituição que se fizesse em Lisboa. Por Dec. de 28 de Mar­ rnande cm consideração ««o termo de juramento, que os
ço de 1821 o Rei attende á sollicitaçâo do Estado da Eleitores... prestaram á Constituição Hespanhola»,... se a
Hahia c approva o juramento ahi feito á Constituição. mandava incontinente executar. Entrementes, porém, quan­
do a delegação já havia chegado, sob applausos, á Assem­
bléa, i trazida ao throno a noticia do que se passava, das

(l) Pereira da Silva, op. cit., vol. V, pag. 83.


(S) Almeida Oarret IVirlupal na Balança da fcu-
ropa, ed. oil., pag. 8(t. i 1) Aurelino Leal Hist. Constit. do Brasil, pag. 14.
(«) A. O. Viveiros dc Castro Manifestação do sen­ t=) Apud. Viveiros de Castro (A. O.). Manifestação
timento oonst. no Bras. Keino. Rel. de these no Cong, de do sentimento constit. do Bras. Reino,Rei. á these cit.
Hist. Nac. de 1014. Actas, vol. III. pag. 20. no cong. cit. Actas, vol. Ill, pag. 29.
(•) Oliveira Lima, op. cit., pag. 47. (’) Oliveira Lima, op. cit., pag. 64.

OOO OO O 151 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORA T/VO CENTENÁRIO HA

ordens ás fortalezas, causando tudo muita emoção na Casa Iciros e portuguezes de que sc poderia fazer uma obra
Real, chocado, também , D. Pedro com a precipitação e idéa hartronica c adaptavel ás duas nacionalidades, digamos as­
do Conselho, sendo, afinal, após debate, resolvida a dissolu­ sim, i Metropole e ao Brasil sob a regencia; cêdo as es­
ção, á mão armada, da Assembléa, quasi ao romper do dia perar ças se esvaíram, porque cêdo os sentimentos absor-
seguinte. Assim, quando já a Assembléa ia finalisar seus psores c dc opprcssâo das Côrtcs se manifestavam, de
trabalhos recebe a intimação militar, por ordem do so- parte dos representantes portuguezes, em vista das no­
ticias idas do Brasil e reveladoras d'uma franca reacçáo
zer a eleição da junta, devido á prorogaçào obtida, as a todo anti-historico movimento de oppressão contra o
tropas, contra a ordem do commandantc, mas obedecen-
brasileiros tiveram de sentir, face á face, a humilhação que
opinião geral arrancadas pelo seu herdeiro» (Oliveira Li- se pretendia para a patria nascente, que nâo renegava a
4na) avançaram contra a Assembléa, dissolvendo-a a pon­ mSe-patna portadora de tantas glorias passadas, mas que
ta d'armas, ferindo, entre outros ao illustre Clemente Pe­ se não siibmettia, na predestinada consciência de seu fu­
reira, baptisando e coroando, assim, com o sangue a sêde turo papel, ás humilhações que se lhe pretendia impôr; e
de liberdade. Pelo Dec., que traz a data de 22 de Abril, como consequência ás duras e cruas perspectivas d'uma si­
D João revogava o Decreto da vespera, sob o fundamento tuação tal, que outro fim não tinha senão o de recoloni-
da que agira n’um falso presuposto de que aquillo sobre que sar o Brasil, Antonio Carlos, Villcla e alguns outros sou­
se lhe representava era a emanação dos votos do povo, beram se ccllocar á altura que sua historica missão impu­
mas que sc verificara o contrario — «era a representação nha reagindo, negando-se uns a continuar a collaborar
mandada fazer, dizia, por homens mal intencionados, e que na elaboração constitucional, embarcando outros quasi ás
occultas para fugir a qualquer reacçáo e assignando, ou­
Esse Decreto de 22 de Abril, evidentemente inspirado tros, revelando certa e imperdoável fraqueza, o texto de­
por D. Pedro é a photographia moral do Rei; elle, na finitivo da constituição elaborada, o que, aliás, nâo fõra
realidade, nenhuma modificação lobrigára, modificação, sim, senão a continuação da fraqueza da maioria. Fracassava,
sc dera em si, como sempre, atravez dos acontecimentos; assim, toda a fuzão entre o movimento constitucional por-
era a versatilidade do seu espirito que sc manifestava, .re­ tuguez c as directives politico-constitucionaes do Brasil,
ceitando de bõa mente aquillo de que, ao dia seguinte, lá manifestadas. Essa irritante, contraproducente e irracio­
se despia com a maior facilidade; praticára, talvez em nal attitude das Cortes de Lisboa, iniciada com o Dec. de
verdade, um acto impensado para, ao dia seguinte, agir 24 de Abril de 1821, ê, no emtanto, tanto mais para
não menos irrcflcctidamcnte mandando dissolver a ponta de admirar quanto é certo que fõra a annuenda do Brasil á
baioneta um conclave constitucional installado cm forma Revolução constitucionalista de Portugal que apressára sua
legal, composto, ao contrario do que fazia suppor o mo- evolução c as Cortes mesmo já tinham reconhecido na cele­
narcha, de homens dignos e alguns illustres, como vimos, bre proclamação que fizeram aos «habitantes do Brasil» em
e cujos trabalhos já se terminavam. Ao dia seguinte, o ló de Julho de 1821 e que começava dizendo que: «A
Rei na sua proclamação ao povo, em 23 de Abril, ta- heroica resolução que haveis tomado, de seguir a causa
zendo-se melhor inspirar, tivera, entre subterfúgios da patria, e oorrer a sorte de seus valorosos filhos, aca­
linguagem, uma invocação sensata, sc é que não escondia bou dc consolidar para sempre o magestoso edifício da li­
o machiavelismo dc pendores, quando fazia sentir que a berdade c da independência nacional...» acabando por de­
liberdade quando não regulada sob bases solidas «degenera clarar -Brazilciio! Nossos destinos estão ligados; vossos
irmãos nâo se reputarão livres sem que vós os sejaes,
males politicos». também: vivei certos disso...»
Mas, os acontecimentos, aqui, como em Portugal, mais
O movimento constitucional e liberal entre nós era já,
pitavam n'um crescendo incomprcssivel, arrastando o ti­ então, incompressivel.
mido monarcha a resolver definitivamente sua partida para Iriamos assistir, como assistimos, sob o céo sempre es­
Portugal, cuja resolução n’esse mesmo dia novamente ra­ campo e azul d'esta terra «bem fadada», sob a acção d’uma
tificava por um outro Dec. da mesma data. seixa selvagia, e dos cimos das alcantiladas montanhas,
Partindo D. João para Portugal o nosso scenario po­ que alguns entendem, como vimos, mais propicias ao libe­
litico iria mudar, radicalmente, como mudou, e no fundo ralismo, sob a influencia do meio americano, iríamos assis­
d'esse quadro historico, que representa o Brasil nos tres tir, como assistimos, repetimos, ao natural e logico desdo­
annos que lhe seguiram, iriamos assistir, como assistimos, bramento evolutivo do nosso liberalismo constitucional.
a fixação definitiva da luz radiosa do nosso liberalismo D. Pedro teria que sêr como foi o espirito voluntario­
constitucional. so e irrequieto, impulsivo c nevrotico que escondia dentro
Em Portugal, para onde partira o Rei, a agitação de si um campo d'alma, atavicamente trabalhado em seu
constitucional proseguia e avançava afoitamente a mais e sub-conscientc pelas camadas estratificadas d'urn idealismo
mais; n’essa elaboração iriam, dentro em pouco, como fo­ a feição hespanhola — pessoal, individualisante c arreba­
ram, collaberar os representantes brasileiros, para tal elei­ tado, mas não menos propicio a soffrer a acluaçâo dos
tos, dc cuja representação sc destacava, como sempre, a grandes brasileiros aos quaes o destino reservára o grande
familia dos Andradas. papel historico de disciplinar, fixar, c polir as virtudes
Os limites e a feição d’este trabalho, destinado, ape­ e o liberalismo como que ainda selvagem d'uma raça,
nas, á comprovação do processus natural de evolução do os pendores manifestados em forma imprecisa, os senti­
nosso liberalismo constitucional, sc nos permittio passar mentos pervagantes que buscavam, apenas, aquillo que não
um relancear d'olhos sobre os precedentes oriundos de Por­ podiam ainda possuir — o processus de sua fixação lógica,
tugal, para encontrarmos as forças provocadoras do nosso definida e systematica.
surto constitucional, nos não permitte, porém, que já agora, Pode-se dizer que a pouco e pouco c a mais e mais
palmilhadc o movimento nacional, entremos a acompanhar sc ia superpondo as pedras do nosso liberalismo consti­
o desdobramento em suas ulteriores phases da elaboração tucional.
constitucional em Portugal, ponto aliás, sobre que Viveiros N’essa épocha depara-se com dous Decretos baixados
ae Castro (A. O.) faz uma synthese perfeita na these por D. Pedro e trazendo a assignatura do seu ministro
a que já nos referimos (') e o mesmo o fizera, após. tam- Conde de Arcos, que comquanto nâo fosse um estadista da
bem, Aurelino Leal (s). envergadura de Palmeia, era uma individualidade d’urn li­
Em duas palavras, o que sedeu nas Cortes constituintes beralismo commedido, mas muito equilibrado; referimo-nos
de Lisboa fóra, a principio, a supposição de parte de brasi- aos Decrs. de 21 e 23 de Maio de 1821, que por si
sós honram a uma cpocha e em cujos termos se sente
a manifestação sincera d’urn sentir governamental e nacio­
nal e que eram assim, antecipações a que D. Pedro sc
(') A. O. Viveiros de Castro These cit. in Actas do propunha, na sua proclamação de 27 dc Abril de 1821,
Congres. de Hist, cit., vol. Ill, pag. 45 e seg. em tudo que podessem ser «conjugáveis a obediência de
(*) Aurelino Leal, op. cit., pag. 22 e seg. nossas leis».

O O O O 152 o o o o o
S C lE - M C l/ív

;
in d u s t r ia
S O R O S
PHARMACEUTIC^
V A C C IN A S

,|

L A B O R A T O R IO P A U L IS T A D E B IO L O G IA
S ã o P a u l o

SALAS DL ESTERILIS AÇÃO

SALA Ot EMPACC

L A B O R A T O R IO P A U L IS T A DE B IO L O G IA
ESCRIPTORIO C E N T R A L T y m b irá s 2 e 4 - F A B R IC A R u a L e o n c io d e C a r v a l h o 61
CENTRO DE C R IAÇ ÃO F a z e n d a S ta .O n d m a ( M u n ic íp io de Mogy d a s C ru z e s )
F IL IA L R ua A s s e m b le s 1* ( R io d e J a n e ir o ) !
T E L E P H O N E , do E s c r i p t o n o C e n t r a l, 4 6 1 8 -C id a d e
ENDEREÇO TELEGRAPHICO: B io lo g ic o - C a ixa P o s ta l 1 3 9 2

LABORATORIO PAULISTA DE BIOLOGIA — São Paulo.


IN O f PE !s DENCI A E O A EXPOSIÇÃO INTERN ACIONA

O primeiro tivera por fim amparar a propriedade fi­ 2.", -I." c 8.»), disposição essa ultima cujas expressões fo­
xando o principio da desapropriação sob a só razão da ram a base textual quasi da Constituição do Imperio da
utilidade publica; começava esse Dec. dizendo que: Sen­ Republica, entre nós; considerava-se a propriedade como
do uma das principacs bases do pacto social entre os ho­
mens a segurança de seus bens; e constando-me que com cipio da previa indemnização nos casos dc desapropriação
horrenda infracçâo do Sagrado Direito de Propriedade se por utilidade publica; firmava-sc o principio da igualdade
commettem os attentados de tomar-se a pretexto de neces­ da lei para todos e que esta, a lei, não «será estabele­
sidade do Estado, c Real Fazenda, cffeitos de particulares cida sem absoluta necessidade» (arts. 11." c 12"); pre-
contra a vontade d ’estes...», determinava que da data deste ccituava-sc o livre accesso aos cargos publicos, sem ou­
em diante, a ninguém possa tomar-sc contra a sua vontade tra distineção senão a dos talentos c virtudes do cida­
cousa alguma de que fô r possuidor ou proprietário; sejam dão (art. 13).
quaesquer que forem as necessidades do Estado, sem que
primeiro de commum accordo se ajuste o preço que lhe reditaria, sob a‘ dynastia de Bragança, residindo a sobe­
deve por a Real Fazenda sêr pago no momento da entrega...» rania «esscncialmcntc cm a Nação»; os poderes eram di­
O outro Dec. de 23 dc Maio de 1821 rcctificado quan­ vididos em legislativo, executivo e judiciario, o primeiro
to ao prazo para o processo pelo Dec. de 7 de Julho de residindo nas Córtes tendo o Rei apenas o veto suspensivo,
o segundo no Rei e Ministros e o terceiro nos Juizes. O
peito á garantia plena da liberdade individual e foi, in­ Rei e os Deputados ás Córtes eram invioláveis. Os M i­
dubitavelmente, o Decreto que maior influencia teve, d'ahi nistros responsáveis, (sccc. II, arts. 18 a 23, 28 c 31).
Em synthese eram esses os piincipios fundamentaes d'cs-
cessual e penal, sendo uma reacçâo contra o arbitrio a sas Bases . D. Pedro na sua proclamação de 27 de Abril
que davam logar as crudelissimas ordenações do Reino, referindo-se á partida dc seu progenitor, proclamava que
Alvarás, Cartas Regias, etc. Assim, começava o Dec. de ficava encarregado «do cuidado sobre a publica felicidade
23 dc Maio declarando que: 'Vendo que nem a Constitui­ do Brazil até one de Portugal chegue a Constituição, c
ção da Monarchia Portugueza, em suas disposições expres­ a consolide».
sas na Ordenação do Reino, nem mesmo a lei da Refor­
mação da Justiça dc 1582, com todos os seus Alvarás, Tendo as bases da Constituição chegado ao Brasil c
Cartas Regias, e Decretos dc Meus Augustos Avós tem não sendo juradas, como desejava o povo, começou a se
podido affirm ar de um modo inalterável, como í dc Di­ excitar o espirito publico cm torno d’esse facto c, afinal a
reito Natural, a segurança das pessoas; e Constando-me que tropa m ilitar portugueza que já havia experimentado o
alguns Governadores, Juizes Criminacs e Magistrados, vio­ sabor das rebelliões politicas, viciada, assim, no uso do
lande o Sagrado Deposito da Jurisdicção que lhes confiou, inebriante, acabou por se rebellar a 5 de Junho de 1821,
mandam prender por mero arbitrio, e antes de culpa for­ exigindo o juramento immediato das bases da Constitui­
mada, pretextando denuncias em segredo, suspeitas vehe­ ção, a par dc outras exigências cada qual mais ousada.
mentes c outros motivos horrorosos á humanidade para D. Pedro se curvou ao imperio das circumstancias e
impunemente conservar cm masmorras, vergados com o peso accedendo a todos os desejos dos amotinados o fez, po­
dos ferros, homens que se congregaram convidados por rem, após se convocar o Senado da Camara do Rio dc
os bens... o primeiro dos quaes e, sem duvida, a segu­ Janeiro^ conjunta mente com o qual. no Theatro S. João
rança individual; c sendo do primeiro dever, c desempenho
dc Minha palavra o promover o mais austero respeito á dous officiaes dc cada um dos Regimentos da 1.* e 2.« li­
Lei, e antecipar quanta s ir possa os hrnefictos de uma nhas do Exercito, na Cidade, e onde se ratificaram os
Constituirão liberal ... determinava que d'ahi por deante desejos da tropa, conforme tudo consta do termo lavra­
nenhuma pessoa livre no Brazil possa jamais sêr presa sem do e n'essc mesmo dia 5 com todas as solemnidadcs e ritos
ordem por escripto do Juiz, ou Magistrado Criminal do religiosos, na varanda do theatro, perante o povo e tropa,
territorio, excepto somente o caso de flagrante delido, em D. Pedro jurava as bases da Constituição protugueza, ape-
que qualquer do povo deve prender o delinquente»; ordenan- zar do seu art. 21 declaral-as não obrigatórias implicita­
do-sc mais que nenhum Juiz poderia expedir mandado de pri­ mente para o Brasil, ate que tal se tornasse expresso pe­
são sem que, em culpa formada tres testemunhas (2 das los representantes brasileiros, que, então, não haviam ain­
quaes contestes) comprovassem a culpabilidade deante de da chegado a Lisboa, sendo que essas bases, apezar de
lei expressa, como, bem assim que os assim presos ti­ não cumpridas, na realidade, na inór parte de seus dispo­
vessem seu processo iniciado immediatamente, isto é se o sitivos, exerceram, todavia, no desenvolvimento do nosso
iniciando no maximo dentro dc 48 horas, peremptórias, constitucionalismo, como, com razão, faz sentir Viveiros dc
improrogaveis e contadas do momento da prisão (rectifica- Castro (A. O.) quando escreve terem ellas exercido «tan­
çâo feita pelo cit. Dec. dc 7 de Julho), fixando a tm- ta influencia na historia nacional».
plitudc dos meios de accusação como de defesa; outrosim. Era assim prestado um juramento sobre cuja vali­
revelando um grande espirito dc humanitarismo ahi se dade era de se ter duvidas fundadas, parecendo ter sido
preceituava mais que em nenhum caso fosse alguém lan­ essa a razão pela qual o ponderado espirito do Conde dc
çado em segredo ou masmorra escura, estreita ou infecta, Arcos talvez houvesse, como sc lhe attribuira, então, se
pois que a prisão, dizia-se, deve só servir para guardar as opposto a esse juramento; o Conde dc Arcos que fôra o
pessoas, e nunca para as adoecer e flagellar; abolia-se, ou­ mais util e benefico espirito que D. Pedro collocára a seu
trosim, o uso das correntes, algemas, grilhões e ferros lado ia soffrer, como soffreu, as mais tristes humilhações,
quaesquer «inventados para martyrisar homens . sendo di-mittido, preso e deportado para Portugal pela lou­
Por essa cpocha chegavam ao Brasil as bases da Cons­ cura revolucionaria dos rcbellados, que esqueciam os grandes
tituição que se estavam fazendo em Portugal, bases essas serviços que esse typo dc estadista prestára á terra que já
decretadas na Metropole, a 10 de Março de 1821, pela re­ antes, como Vice-Rei, administrára.
genda. em Nome de El-Rei o Snr. D. João VI, - consubstan­ O Brasil prosegue, assim, n’essc movimento francamcn-
ciando princípios que se proclamavam no preambulo os te liberal, que cousa alguma poderia mais fazer parar, quan­
mais adequados para assegurar os direitos individuaes do do pelo Dec. de 16 de Fevereiro dc 1822 D. Pedro an-
cidadão, c estabelecer a organização e limites dos Po­ nuindo ás representações de S. Paulo e Minas, particular-
deres Politicos do Estado». mente, resolve crear o Conselho de Estado, isto é o Con­
N’essas bases se determinava a protecção á «liber­ selho de Procuradores Gcraes das Províncias do Brasil,
dade, segurança e propriedade dc todo o cidadão», defi- como representantes interinos dos mesmos, isso porque de­
nindo-se a liberdade como a «faculdade que compete a sejava, ellc, D. Pedro, «para utilidade geral do Reino-
cada um de fazer tudo o que a lei não prohibe», determi- Unido c particular do bom Povo do Brazil, ir de antemão
nando-se que nenhum individuo deve jamais sêr preso sem dispondo e arraigando o systema constitucional, que ellc
culpa formada, estipulando-se a liberdade de pensamento merece; e eu jurei dar-lhe, formando desde já um centro
cm qualquer matéria «sem dependencia de censura previa» de meios e dc fins»... devendo esses Procuradores, dizia
e «contanto que haja dc responder pelo abuso d’eSta li­ mais, o Decreto, serem eleitos pelos eleitores dc parochia,
berdade nos casos c na fôrma que a lei determinar» (arts. I.", tendo esse Conselho por fim aconselhar o Principe toda

o o o o o o 153 o o o o
1

LIVRO DE OURO COM ME MORAT IVO DO CENTENÁRIO DA

vez que ordenasse, nos negocios importantes, propôr re- foi objecto de deliberação o pedido dc convocação da
Constituinte c foi approvado o se remetter uma represen­
Esse Dec. de 16 de Fevereiro era referendado por tação a D. Pedro pedindo a convocação da As-einbléa consti­
José Bonifacio, que fòra, justamente, primeiro signatário tuinte, representação traçada n’uma feição elevadíssima e
da representação. que tivera, também, os Ministros a n'clla collaborarem, o
O movimento constitucional nacionalista e liberal, que que torna evidente a feição já alludida.
os maiores brasileiros da épocha encaminhavam, e José Bo­ N’essa representação se dizia: «Senhor, A Salva­
nifacio acariciava, se avolumava, e, a 23 de Maio de 1822. ção publica, a Integridade da Nação, o Decoro d:> Brasil c
faz-se no Senado da Camara do Rio de Janeiro uma Ve­ a Olcria de V. A. Real instam, urgem, c imperiosamente
reação extraordinaria, ahi se declarando, no respectivo ter­ commandam que V. A. faça convocar com a maior brevi­
mo, que «presente a todos a Representação que o Povo dade possível uma Assemb'éa Geral dc Representantes das
d’esta Cidade dirige á Presença de S. A. Real o Prin­ Provincias do Brasil. O Brasil tem direitos inauferiveis para
cipe Regente... em que pretende e requer que o mesmo estabelecer o seu Governo, e a sua Independcncia... As
Senhor mande convocar n'esta Côrte uma Asscmbléa Ge­ Leis, as Constituições, todas as instituições são feitas para
ral das Provincias do Brazil... se accordou que devia sêr os Povos, não os Povos para cilas... O Systema Europeu
apresentada immediatamente a S. A. Real por conter a não póde. pela eterna razão das cousas, sêr o Systema
vontade do Povo», sahindo, então, ao meio dia dos Paços Americano; c sempre que o tentarem será um Estado de
do Conselho o Senado da Camara, os homens bons que
n'elle serviam e muitos cidadãos de todas as classes, in- reacção terrível».
corporando-sc-lhe uma representação do Governo do R!o
Grande do Sul, com o estandarte ã frente. Chegados ao constitucional brasileiro, que sc precipitava, D. Pedro que
Paço, a figura illustre do magistrado e patriota, que era tinha no governo, como seu Ministro, a grande figura de
José Clemente Pereira, brasileiro de coração, faz um dis­ José Bonifacio, foi por elle, necessariamente, inspirado;
curso apresentando a moção, acabando D. Pedro por de­ assim, pelo Dec. dc 3 dc Junho dc 1822, sc fazia a con­
clarar: «Fico seiente da vontade do Povo do Rio, e tão vocação d'uma «Asscmbléa Geral Constituinte e Legislativa
depressa saiba as das mais provincias, ou pelas Camaras, composta de Deputados das Provincias do Brasil», que inves­
ou pelos Procuradores Geraes, então, immediatamente. me tida daquclla porção dc soberania, que esscncialmente reside
conformarei com o voto dos Povos, d ’este grande, fértil no Povo deste grande, e riquíssimo Continente, Constitua as
e riquíssimo Reino». Pouco a seguir, para resolver o as­ bases sobre que sc devam erigir a sua Independcncia, que a
sumpto c para melhor se justificar, D. Pedro, prudente­ natureza marcára. c de que já estava dc posses c a sua União
mente, apressa a installação do Conselho creado pelo Dee. com todas as outras partes integrantes da Grande Familia
de 16 de Fevereiro, o que faz a 2 de Junho de 1822; na Portugueza, que cordialmente deseja». Esse Decreto, tendo a
Fala do Throno com que foi o Conselho installado, D. Pe­
dro declarou, além do mais, que se permittia fazer um tuia o grande passo definitivo para nossa independcncia
único pedido e era que. advogassem a causa do Brasil politica, pouco a seguir completada, ou antes, aclarada:
ainda que contra elle, D. Pedro, dizia. os acontecimentos conduziam os homens na feliz expres­
Reunido o Conselho dos Procuradores com os Ministros, são dc Max Flcuiss, acontecimentos, porém, que não po-

PAViLIIAO ITALIA NO VISTA INTERIOR

O O O O O 154 O O O O O O
INDEPE, :NC!A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Uem constituir objecto d'este estudo, limitado aos aspe- ã 17 de Abril iniciava suas sessões preparatórias e a
3 dc Maio de 1823, installava-se a Assembléa Geral Consti­
Esse Decreto referia-se, é verdade, «a Convocação d'uina tuinte do Brasil, que pelas instrucçóes baixadas na deci­
Assembléa Luso-BrasUiensc» o que levou Agenor de Roure, são n.» 57 de 19 de Junho de 1822, acima referidas, de­
via se compar de 100 Debutados, até que se organizassem
ellc chama o «eslylo de morcego, mordendo e soprando , Censos mais perfeitos.
o espirito «vacillante, medroso c indeciso» de D. Pedro, Na Falia do Throno, á abertura da Assembléa D. Pe­
que «a evolução do sentimento nacionalista era assim re­ dro, insipirado, certamente, por José Bonifacio que con­
gistada e marcada de mistura com hypocritas declarações tinuava seu Ministro, dirige á Assembléa palavras cheias
de União com Portugal» (*). d'uni são patriotismo ( ') : «Ê hoje o dia maior, que o
Mas, não nos parece que o illustre escriptor tenha Brasil tem tido; dia em que elle pela primeira vez começa
razão. Em primeiro logar a própria representação do Se­
nado da Camara d ’esta Cidade, presidida pelo grande es­
pirito nacionalista, o magistrado illustre José Clemente Pe- mentos que precederam e geraram a Independencia, fazendo

os propagandistas da independência nacional, em pedindo d'esse «systema destruidor», elevado a Reino depois, dera
a convocação da Constituinte além ^dos motivos nacionaes prova de confiança a seus «pseudo-irmãos» quando «gri­
tou Constituição Portugueza •, julgando que com esse gesto
evitar que se não rompa a sua União com Portugal- e seria por aquellcs «ajudado a livrar-se dos immensos ver­
no requerimento do Conselho dos Procuradores, a que já mes, que lhe roiam suas entranhas, não esperando nunca
sêr enganado», e conquanto para os verdadeiros brasileiros
ao mesmo tempo que se a pedia c.n defesa da autonomia não fosse objectivo sujcitarcm-sc a uma Constituição «em
do Brasil, se declarava que: «O Brasil quer a sua Inde­ que todos não tivessem parte», «contudo os obstáculos que
pendência, mas firmada sobre a União bem entendida com antes de 26 de Abril de 1821 se oppunham á liberdade1
brasileira, e que depois continuaram a existir sustentados
rer. nos Deputados do Congresso de Lisboa». pela tropa européa, fizeram com que estes povos, temen­
Os termos do Decreto estavam talvez não em conso­ do que não pudessem gozar de uma assembléa sua, fossem
nância, mas ccrtamente era uma consequência l.gica dos pelo amôr da liberdade, arrastados a seguir as infames
termos das representações e não tinha, todavia, quanto i cortes de Portugal», mas, todavia, «a liberdade, que Por­
denominação impugnada, senão um caracter politico-interna tugal appeteda dar ao Brasil... se convertia para nós em
cicnal, pois já D. Pedro estava de facto francamente en­ escravidaão, e faria a nossa ruina total».
volvido na campanha da independencia (a que antes se E após descrever a situação economica do paiz, de
oppuzcra) não por versatilidade, como pretende Agenor de patentear o regiment de severas economias adoptado até
Roure, mas, sim, os naturalissimos sentimentos de affeiçâo mesmo para a Casa Imperial, cujo orçamento era a de
um simples particular», de assignalar a duplicação das
e á Constituição portiigueza, uma vez que se não pretenda rendas obtida, e as obras e acquisiçôes feitas, declara que
fosse D. Pedro um debil mental incapaz de percepções e se vira forçado a tomar «por força das circumstandas» al­
emoções, eram, naturalmcnte fortes e, no processus de sua gumas medidas legislativas, todavia «ellas nunca parecerão,
evolução, chocando-se com as idéas e sentimentos brasileiros, que foram tomadas por ambição de legislar, arrogando um
de que a pouco e pouco se impregnava, levam-n’o a apre- poder, em o qual somente devo ter parte; mas sim que
foram tomadas para salvar o Brasil», na ausência do po­
essas zonas mentaes fronteiriças entre as idéas de per­ der legislativo e porque, em consequência da Independên­
júrio e adhesão a um movimento reaccionario. cia residiam «os tres poderes no chefe supremo», termi­
nando por appellar para o patriotismo da Assembléa, após
m. mentos graves e de crise para as nacionalidades, ilão 0 fazei sentir que jurára defender a patria e «a constitui­
ção, se fosse digna do Brazil e de mim», declarava ratifi-
tidas sociaes com que estejam de accord), mas a de dis-
c.plinarem e conduzirem os movimentos, preparando previa- sidade de que a Assembléa o ajudasse «fazendo uma consti­
tuição sábia, justa, adequada e executável, dictadn peta ra­
nuilada, de modo a que a evolução se processe em fôrma zão, i' não pelo capricho, que tenha em vista sómente a
efficaz e se consume em tempo util, e n'esta epocha soli­ felicidade geral... para darem uma justa Uberdade aos po­
daria era a acção do Principe com. o grande Ministro que o vos, e ioda força necessaria ao poder executivo. Uma
inspirava; Portugal se encarregou de crear as causas de constituição, cm que cs tres poderes sejam bem divididos
incompatibilidade de genio entre o seu governo e o Prin­ de forma que não possam arrogar direitos, que lhe não
cipe e d'essas causas os grandes espíritos da épocha se compitam, mas que seja de tal modo organizados e harmoni­
aproveitaram para preparar-lhes a evolução progressiva. Os zados, que se lhes torne impossível, ainda pelo decurso
termos do Decreto de convocação são, pois, a consequência do tempo, fazerem-se inimigos. Afinal uma constituição que,
explicável e historicamente necessaria d'esse conjuncto de pondo barreiras inaccessiveis ao despotismo, quer real, quer
forças e valores actuantes. democrático, afugente a anarchia, e plante a arvore da-
Mas as forças históricas do nacionalismo imperavam qticlla Uberdade, a cuja sombra deve crescer a união, tran-
já em seus definitivos arrancos e na vereação oxtraordina- quillidadc, e independencia deste Imperio», lembrando que
ria do Senado da Camara d’esta Cidade, a 10 de Junho, as constituições moldadas á maneira das «theoreticas e me-
d'esse anno, resolvia-se significar ao Principe o seu jubilo taphysiras» dc 1791 e 92, não fizeram a felicidade geral,
e do povo e ahi, propositadamente, certo, referia-se á «mas sim, depois de uma licenciosa Uberdade, vemos, que
Assembléa com a denominação, que se lhe dava, de «As­ em uns paizes já apparcceu, e em outros ainda não tarda
sembléa Geral Brazilica, Constituinte e Legislativa» e nas a apparecer o despotismo>.
duas decisões de José Bonifacio, de ns. 57 e 59 de 19 o Os traços mentaes do grande sabio e estadista que
21 de Junho de 1822 já se fala tão sómente em «As­ era José Bonifacio ahi se manifestam typicamente, n’um
sembléa Geral Constituinte do Brazil». justo equilíbrio dos conceitos, na comprehensão do que deva
Estava a essa Assembléa destinado o grande papel sêr uma Carta magna para uma nacionalidade, pregando o
de funccionar, como Constituinte nacional, quando já o franco liberalismo, mas o liberalismo sadio e fortalecedor
Brasil independente, de fórma a representar, assim, um e não a licenciosidade anarchica que nada constróe.
magno papel historico. Era sob esses auspícios que se abria a historica As­
sembléa. Ella possuia em seu seio alguns homens notáveis

(') Agenor de Roure — Formação Const, do Brasil.


These apres. ao Cong. de Hist. Nacional de 1914. Actas, ft) Fallas do Throno desde 1823 etc.,
vol. Ill, pag. 811. pag. 3 e seg.

o o o o o o 155 o o o o o o
UMEMORATiVO . i CENTENARIO PA

pelo seu saber e patriotismo c era na mór parte composta perjuro, se o houvesse, que sequer vacillasse, se quer cs-
dc homens que n.ío deshonravam a sua finalidade historica, tremecessc na adhcsâo com seus irmãos» (i).
como vieram a dar provas quando foi do gesto impulsivo A Constituinte resolvera deliberar sobre aquillo que eom-
de D. Pedro dissolvcndo-a. petia ao Imperador prover zelando pela soberania nacional;
Fóra nomeada uma oomtnissâo para elaborar o pro- nomearam uma Commissâo para dar parecer sobre o as-
jecto da constituição, commissâo esta composta de varios sumpto, a qual opinára approvar-sc a attitude do Governo;
parlamentares, que foram: Antonio Carlos Ribeiro de An- Muniz Tavares apresentava, na sessão de 16 de Setembro,
drada. Machado da Silva, José Bonifacio de Andrada c Silva, emendas fixando normas para a acção do governo (*> *
A. L. Pereira da Cunha, M. F. da Camara Bittencourt e Carneiro da Cunha, appoiando o seu collega, dizia: -o
Sá, P. de Araujo e Lima, J. R. da Costa Aguiar de An- chefe da nação dá-nos provas de affecto e de cnthusiasmo
drada, e F. Muniz Tavares, d'entre esses se destacando pela nossa independencia; mas contudo podem lembrar-se
Antonio Carlos como relator da mesma. Essa commissâo que sempre t tratar nm filho com seu par < (J), conceito
trabalhou durante muito tempo procurando fazer um tra- esse revelador, é evidente, d'um velado temor,
balho elevado c sensato tendo mantido um justo equilíbrio o Imperador era um >adoptivo, suspeito de querer
entre as idéas dc liberdade e as de ordem publica como reunir as duas coroas», escrevera o saudoso espirito e nota-
teremos occasiâo de ver adiante. vel escriptor, que fòra Joaquim Nabuco e, aliás, en-
Continuava a constituinte nos seus trabalhos, mantendo tre os papeis do Visconde dc S. Paulo, é sabido que viera
sempre uma posição elevada nos debates evitando luctas a se encontrar uma consulta ao Conselho de Estado sobre
entre o poder imperial e o poder constituinte, como dâo se -oppôc-sc á independencia do Imperador seja Rei de
prova d’isso os annaes da constituinte, sendo certo que Portugal, governando-o do Brasil? No caso dc nâo con-
d'entre todos se impuzera como um verdadeiro leader da vir, como deve sir feita a abdicação c emquem?», con-
asscmbléa a figura de Antonio Carlos que, como bem faz forme se vê na Rev. do Inst. Historico c á qual se re-
sentir o illustre escriptor Rodrigo Octavio, era .dotado ainda porta Joaquim Nabuco.

ao mesmo tempo cauto c conciliador... Os annaes da consti- um tanto irritante, dera logar a que o IX-putado Alencar
tuinte estão cheios dc seu nome, denotando sua acção sem- lembrasse, cm discurso que proferira n'essa ultima sessão,
pre na brécha, nâo fugindo á refrega, mas sem jamais que esses assumptos nâo podiam e nâo deviam sêr tratados
transigir com o sentimento da perfeita dignidade de seu pela Assembléa por serem da competência do poder execu-
mandato, procurando tirar as questões do terreno ás vezes tivo, e nâo era licito chegar a determinar «ao governo o
irritante e perigoso, em que o partidarismo exaltado dc modo por que deve receber esses enviados de Portugal...
certos despeitados as collocavam. nâo nos illudamos: a natural tendenda das Asscmbléas cx-
Homcm dc acção c resolução, quando José Bonifacio traordinarias para influir em todos os negocios é a moles-
c Martim Francisco eram mais homens de gabinete e dc tia. que mais concorre para sua ruina» e lembrando o cs-
estudo, Antonio Carlos foi a grande figura da Consti- pirito absorpsor das Cortes cm Portugal c que a levára
tuinte» (■). â queda, dizia: «tenhamos á vista este exemplo e não cor-
A situação politica, porém, nos ultimos tempos ia se ramos ao precipício (s).
tornando a pouco c pouco tensa, cm consequência da in- Essa feição um tanto pouco esclarecida, nâo descortcz
tervenção pretendida por Portugal junto a D. Pedro para clr.raircntc, mas dando logar a suspeitar-se um estado de
tentar um accordo sobre a independencia do Brasil. duvidas, se revelou cm outros assumptos n'essa époch i.
Havia chegado no dia 7 de Setembro ao porto d'esta Com relação ao proprio projecto da Constituição apresentado
Cidade, o brigue portuguez 13 de Maio, asteando a ban- em I de Setembro e que se deliberara mandar em copia
deira branca e pedindo viveres e agua para 40 dias, que- ao Imperador, muito se discutira sobre se devia sêr lc
rendo a bandeira branca assignalar trazer um parlamentar, vedo por uma Commissâo dc Deputados como era de praxe
que era o Marechal Luiz Paulino Pinto da França, e tra- cor mummcntc. como alguns Deputados o lembravam, quan-
zendo cartas pessoaes de I). Joâo VI para D. Pedro. do se tinha que se communicar em pessoa directamente com
O facto acirrou justamente as paixões dos nacionalis- o Imperador, ou se n'o devia remetter, simplesmente por
tas, que o eram os brasileiros, refleetindo-se, como era um efficio, vencendo este ultimo alvitre, pela especiosa
de prever, na Constituinte, a quem o Ministro da Marinha, razão dc que era um mero projecto de lei, d'uma Com-
iTuma natural deferenda, communicára o facto. Na sessão de missão.
9 de Setembro José Bonifacio proclamava que recebera Cem relação ao movimento reaccionario e revolucionário
cartas particulares em que se lhe participava «que se trata levado a cffeito na Provinda de S. Paulo, a Commissâo
de negociar contra a nossa independencia; portanto cum- dc legislação dando parecer sobre o assumpto e com refe-
pre que esta Assembléa esteja com os olhos abertos...» (*). rencia a um officio do governo, declarava (•) que o g<>-
Sccundava-lhc fratcrnalmentc Martin Francisco, dizendo que: verno tem, no livre exercício de suas attribuições, «ao seu
«ninguem pode duvidar que se trama contra a nossa in- alcance todos os meios» para se oppor ás criminosas per-
dcpendencia, e em papeis publicos se falia das vistas da turbações da ordem publica; levantaram-se duvidas e pela
santa alliança... os guardas da liberdade da nação devem voz autorizada e influente de Antonio Carlos se protestava
mostrar-se dignos da confiança com que os honrou» (■*), en- para que se não usasse «expressões de que possa col
quanto Antonio Carlos, por sua vez, denunciava que o Conde ligir-sc que o governo tem na mão todos os meios; o
de Palmclla, segundo communicações que tinha, pretendia governo não tem senão os que lhe competem... os
envolver a «santa alliança na questão entre o Brasil e Por- mios extraordinarios destroem as regras estabelecidas,
tugal > (*) c pouco a seguir voltava a dizer que «o que e com elles a liberdade civil. En nunca os concederei, e
eu não quero é que se consinta esse brasileiro renegado muito menos cm regra geral» (’). Ma», o grande espi
entre nós... partecipações feitas por taes monstros não se rito avançava muito, pois as medidas extraordinarias em
acccitam» <■'), havendo o Presidente chamado a attençâo c.-.sos revolucionários nâo podem deixar de sêr concedi-
de Antonio Carlos sobre a vehcmencia, respondendo o tri- das, muita vez.
buno eloquente que se não calcava em presumpçòes, mas A boateria, por outro lado, assentava praça no carn­
em verdade notoria. Nâo menos vchemente fóra o Deputado po politico e social c os mais nobres e alevantados motivos
Gomide: «Anathema e maldição para sempre ao fraco c patrioticos arrastavam, n'aquella epocha dc apprchensões ma­

P) Rodrigo Oclavio — A Constituinte dc 1823 il) Annaes da Ass. Const., tomo V, pag. 63.
These apres. ao Cong, de Hi«t Nac. de 1914 — Actas, (r) Annaes da Ass. Const. Tomo V, pag, 128.
vol. III. pag. 67. (’ ) Annaes cits. Tomo V, pag. 129.
(-) Discurso prof, por José Bonifacio — Ass. Consti­ (*) Joaquim Nabuco — Um Estadista do Império,
tuinte do Imp. do Brasil, tomo V, pag. 62. vo
vol. I, pag. 28.
Í -1) Annaes da Ass. Const., tomo V, pag. 62. ( 5) Annaes da Const., tomo V, pags. 129-130.
'i Annaes da Ass. Const., tomo V, pag. 63. I") Annaes da Const., tomo V, pag. 123.
(s) Annaes da Ass. Const., tomo V, pag. 64.

O O O o o 156 o o o o o o
ADÃO GASPAR & Cia. — Rio de Janeiro.
IN DEPENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

xinias. a sc levantarem suspeitas com ou sem fundamento;


propalava-se que «o Imperador tinha conferencias secretas obrigam a perguntar a mim mesmo: ubinam gentium su­
mus? t no Brasil... que eu ergo a minha voz?... Morno
silencio de morte, filho da coacçâo, pèa as linguas; ou o
sobro a marcha dos acontecimentos», escreve Rodrigo Octa­
vio (>)- sorriso, ainda mais criminoso da indifferença, salpica os
semblantes. Justo céo! E sonlos nós representantes? De
A Assemblía Constituinte, passadas essas poucas horas
quem.- Da nação brasileira não póde ser. Quando se per­
de excitação continuava no seu trabalho constitucional, dis­
cutindo, emendando e votando o projecto. de a dignidade, desapparece também a nacionalidade......
Preseguiam os trabalhos na Constituinte, quando cm Os cabellos sc me erriçam, o sangue ferve-me em txlrbo-
Novembro do anno de 1823, surgio um incidente decorrente tóes, A Vista do infando attentado e quasi machinalmente
de irritação de parte da tropa para com os jornaes que se grito: vingança! Se não podemos salvar a honra brasileira,
se é a incapacidade, e não a traição do governo, quem
publicavam no Rio de Janeiro e vice-versa, jornaes, esses,
acoroçóa os scclcrados assassinos digamos... «brasileiros...
que eram, entre outros, o «Tamoyo. e a .«entinella da Praia
tomac vós mesmos a defesa da vossa honra e direitos of-
Orande», nos quaes eram publicados artigos que commcn-
fendidos... Poderei sêr assassinado; não é novo que os
tavam e criticavam achar-se o command) de alguns corpos defensores do povo sejam victimas do seu patriotismo; mas
n ilitarc? entregues a Officiaes portuguezes, pondo, assim, meu sangue gritará vingança...» (■).
em perigo a independência nacional.
Martin Francisco ergue-sc não menos formidável na de­
Attribuiram um artigo, que com o pseiidonvmo de Ura
fesa dos brios nacionacs: «Legisladores. Trata-se de um dos
siiriru Resoluto sahira publicado no jornal «Sentinella da
maiores attentados; de um attentado que ataca a seguran­
Praia Orande», a um boticário David Pamplona Côrte Real, ça e dignidade nacional... E porque? Por sêr brasileiro re­
estabelecido no Largo da Carioca n." 15, artigo esse em soluto. Por quem ? Por perjuros, que menoscabando a re­
que havia allusõcs a militares, e com cuja autoria nada ligião do juramento... pagam o beneficio de os havermos in­
tinha a vêr, no entanto, o mesmo Pamplona; essa troca corporado A nossa nação..... Infames! Assim agradecem o
de pessoas dera logar a que dous Officiaes da milícia ar que respiram, o alimento que os nutre, a casa que os
fessern pedir satisfazes ao mesmo Pamplona, a quem um abriga... Note-se... que não houve abuso de imprensa, hou-
d’esses milicianos, o Sargcnto-Mór Lapa esbordoou, dan v« sim culpa de sêr brasileiro e resoluto. Grande Deus!
do isso origem ao grave incidente que foi causa proxima É crime amar o Brasil...» <»).
da dissolução da Constituinte. A Assemblía não tivera, até, então, momentos mais
Na Assembles foi lido na sessão de b de Novembro épicos, o sangue vivo da Patria, que quebrára os grilhões
de 1823, pelo Deputado Mariano de Albuquerque, um re­ da submissão, estuava cm sua defesa pelos lábios dos dous
querimento de Pamplona, em que relatando > barbaro es­ grandes patriotas, zeladores maximos da nossa independên­
pancamento que soffrcra, pedia providencias contra taes cia; as ultimas palavras de Martin Francisco arrebatam a
atrocidades, praticadas contra pessoas «só porque são re­ Assemble.-! c alguns Deputados prorompem cm applausos que
conhecidos por brasileiros». são freneticamente acompanhados pelo povo, arrastando o
A sensação e a exaltação que esse facto justamente Presidente, na impossibilidade de manter a ordem, a sus­
ccrasionou foi grande. A Assembles discutia justamente, pender a sessão. Era a rajada do patriotismo, cujas ondu­
por essa cpocha, os artigos do projecto de Constituição re­ lações sísmicas iam pouco além provocar a irupção vulcâ­
ferentes á liberdade de opinião c de imprensa, contra a nica, trazendo em suas larvas a hydra militar desvirtuada
a qua’ a tropa, influenciada pelos elementos portuguezes, de seus nobres fins.
que ainda tinha em seu seio, se batia, pretendendo franca A anarchia mental nas classes militares, influenciada
c abertamente coarctal-a. por officiaes de commando de origem portugueza, se es­
A representação fôra mandada á Commissão de Justiça tabelece rapidamente.
c esta após o relato do facto concluía, simplesmente, que As tropas n’esse mesmo dia sahiram dos quartéis, pas­
»a commissão é de parecer que o supplicante deve recor­ seando pela cidade n'uma attitude ameaçadora, levando os
rer aos meios ordinarios e prescriptos nas leis» (z). espíritos ao desassocego e se mantendo toda a noite de
Montezuma pede a palavra e declara que «a materia promptidão, correndo boatos de ataques a deputados.
D. Pedro j< não estava então debaixo da influencia al­
me», terminando por pedir o adiamento da discussão, e tamente benefica c patriotica dos Andradas, que haviam
que sc não devia desprezar esse cidadão queixoso «que deixado já antes o Ministerio, devido aos desgostos e des­
vem procurar asylo n’estc sagrado recinto... e como eu confianças que José Bonifacio nutria, oomo se sabe, e sob
tenhe aqui fallado a favor da minha patria e contra tudo a acção de elementos portuguezes e, bem assim, de re­
aue é luzitano, receio que qualquer dia me façam o mes- publicanos que, uns e outros, desejavam a dissolução da
ir.o» («). Assemblía. D. Pedro não reagio contra os factores e cau­
O parecer é adiado para a sessão seguinte, no dia sas próximas da dissolução, mas, ao invés, deixou que os
10. A atmosphera se carregava, o povo sabedor da apre­ acontecimentos se precipitassem c que mais uma vez a
sentação do parecer e do seu adiamento, afflue no dia 10 ordem civil ficasse ao léo da casta militar.
ás galerias c como essas ficassem repletas, o Deputado D. Pedro ordenou á tropa que acampasse cm S. Chris-
Alencar pede permissão para que os cidadãos que não tovâo, ficando, assim', «no seu palacio rodeado de todos
podiam mais ir para as galerias podessem entrar para a os corpos, até os de Artilharia», conforme referira A As-
sala das sessòes, no que foi apoiado por Antonio Carlos scmbléa Antonio Carlos.
que declarava que o povo podia saber como defendiam A Assemblía iria dar nos ultimos momentos de sua
os seus direitos (<). Após discussão, o Presidente deu a existcucia o exemplo historico da mais imponente sobran­
proposta como approvada. Depois de se continuar a dis­ ceria, da mais alta cnmprchensâo de seus deveres e se­
cussão da lei sobre liberdade de imprensa, erguc-se An­ rena altivez.
tonio Carlos c com a eleganda c ao mesmo a eloquenda De facto, ao dia seguinte, 11 de Novembro, abria-se
que lhes eram peculiares inicia a discussão sobre o caso a sessão debaixo dessa atmosphera carregada das mais
P-impIcna. Referindo-se á indifferença da Assemblía na tremendas apprchcnsões para os verdadeiros patriotas na­
sessão anterior, elle a procura levantar da calmaria c cionalistas e liberaes.
se arremette, decidido, de clava em punho, cheio de ardor Antonio Carlos, aberta a sessão, levanta-se c fixa, ar­
patriotico; ,Na ultima sessão casos se passaram, que me dente de patriotismo, mas com apreciável prudência, e de­
clara: «Snr. Presidente, tenho que fazer uma proposta,
que requeiro se tome logo em consideração para se deli­
berar sobre cila. A situação da capital do Rio de janeiro
(') Rodrigo Octavio These cit., apres. aa dt. me determina a fazcl-a. O dia de hontem foi um dia muito
Congresso de Hist. Nac. Actas, vol. 111. nag. 71.
(*) Annacs da Ass. Const, cits., toma VI, pag. 278.
(') Annaes da Ass. Const, cits., tomo VI, pags. 278
c 279. (') Annacs da Ass. Const, cits., tomo VI, pags. 284-285.
(l) Annaes da Ass. Const, cits., tomo VI, pag. 280. Annacs da Ass. Const, cits., tomo VI. pag. 285.

O O O O 157 O O O O O O
LIVRO DE OURO COM MEMORATIVO IX ) CENTENARIO DA

notável...» * após descrever rapidamente o movimento de N’cssc momento os debates se interrompem porque se
tropas c a situafâo apresentou uma indicação propondo que annunciára a chegada de um officio recommendado, ao Offi­
a Assemble.! se declarasse em sessão permanente, que se cial jsortador, pelo monarcha, sér entregue cm mão do Se­
manifestasse ao Imperador solicitando-lhe communicasse á cretario.
assembléa os motivos dos estranhos movimentos militares O officio communicava que «os officiaes da guarni­
que perturbam a tranquillidade d’esta capital» e que fosse ção d'esta côrte vieram no dia de hontem representar su­
escolhida uma commissio que se pu/esse cm communicaçio bmissamente a Sua Magcstadc Imperial os insultos que têm
soffrido no que diz respeito ã sua honra em particular,
Montezuma n'uma oração serena mas enérgica apoia e mórmente sobre a falta do alto decóro que é devido á
a indicaçio de Antonio Carlos, fazendo sentir que •<cm to­ augusta pessoa do mesmo senhor, sendo origem de tudo
dos os semblantes tenho visto hoje pintada a inquietação certos redactorcs de periodicos, e seu incendiario partido.
que sobresalta os habitantes d'esta capital, em que í geral Sua Magestade Imperial tendo-lhes res|x>ndido que a tropa
a consternação e o susto... e encarando os seus males, é inteiramente passiva, e que não deve ter influencia alguma
posto que grandes, nâo me acobardo; tenho o coração assis nos negocios politicos, querendo, comtudo, evitar qualquer
corajoso, a alma bastante energica, para no meio das des­ desordem que pudesse acontecer, deliberou, e sahio com
graças publicas procurar remedial-as, c embaraçar a ruina a mesma para fóra da cidade c se acha aquartelada *io
da patria... devemos aqui permanecer para debater as me­ campo de S. Christovão» e após fazer sentir a subordina­
didas que lembrarem, para olhar e acudir a todos os la­ ção das tropas, sua adhcsâo ao regiment constitucional, de­
dos... Nenhum outro partido pode tomar a Assembléa nas clarava esperar que a Assembléa tomasse o assumpto em
actuaes circumstancias e procurando nâo destruir a confian­ consideração ('). Nomeou-se uma Commissã» para dar pa­
ça no Imperador ellc fazia sentir, n'uma attitude digfta recer sobre o assumpto, commissão de que fazia parte José
e sobria, que «nenhum de nós se interessa pela causa da Bonifácio.
nação como o seu chefe... Portanto, senhores, não hesite­ Enquanto a Commissão trabalhava a Assembléa sere­
mos um só momento cm mandar uma deputação a Sua Ma- namente discutia os arts. 22 c 23 do projecto de Consti­
gesti.dC' ('). tuição. sendo no ultimo, que foi approvado, preceituado
O Deputado Alencar pretende, então, que a Asscm- que: «Os e.'scriptos nâo são sujeitos A censura, nem
bléa estava sendo arrastada a dar passos precipitados» e que antes nem depois de impressos, e ninguem f responsável
da energia á precipitação não ha mais que um passo- (-*>, pelo que tiver escripto ou publicado, salvo nos casos e
ao que Martim Francisco promptamente lhe responde que p tlo modo que a lei apontar ». Como que cm meio í agita­
«a precipitação c um defeito, mas a frouxidão também nâo ção e ã pressão que as tro|>as queriam estabelecer sobre a
deixa de o sêr... Nâo devemos, pois, separar-nos d'aqui imprensa, e se refleetindo na Assembléa, esta timbrava, com
enquanto a tranquillidade publica nâo estiver recuperada». aquclla serenidade do grande espirito de (ialileu, cm pro­
clamar a liberdade, como que a dizer, também, ed ella si

(>) Annacs da Ass. Const., tomo VI, pags. 286-287.


(-’) Annacs da Ass. Const., tomo VI, pag. 288. (') Annacs da Ass. Const., 289-290 c Fallas
fJ) Annaes da Ass. Const., tomo VI. pag. 289. do Throno, cit., pags. 41-12.

O O O O O

O O O O O O 158 O O O O O O
INDEPENDÊNCIA l DA EXPOSIÇÃO INTERNACION,

muova; bent eerto era que já se caminhava para o terrena Jose Bonifacio pedia dispensa da Commissão por sêr
cm que na imprensa se busca essa desastrosa c anarchic a con­ um dos apontados, e fazendo a mesma estranhesa de Car­
fusio da liberdade com a licença c por isso o Deputado neiro da Cunha, com relação aos outros jornaes adversos,
Rodrigues, ainda que tentando trazer confusi) aos acon­ dizia que «na pequena parte que me coube, só disse o que
tecimentos, dizia, quiçá, exagerando um pouco: «Eu nâo a minha consciência me dictou» perguntando «como é que
leio «Sentincllas, Tamoyos c outros que tacs, porque d'cllcs
só tiro afflicçõcs c tormentos». Todavia, mantinha-se a *«?» (i). ** '* '* * COnheC“ nen*° d* “ “
Assemhléa no seu proposito c, assim, deliberou que se nâo As 3 horas e 45 minutos a Commissão volta ao re­
omarcasse já os casos de responsabilidade por abuso de cinto das sessões com o seu parecer, em que se faz sen­
liberdade de imprensa». tir que a Assembléa nâo desconhece a crise, que deante
As tres horas da tarde foi lido o parecer da Commis- da subordinação das tropas affirmada pelo governo não
sâo nomeada para os fins referidos, parecer mui habil c ha o que sobre isso deliberar, e propõe que se vote a lei
ponderadamente traçado, cm que se tomando conhecimento sobre liberdade de imprensa, para conter os excessos (*;.
do officio do Ministro do Imperio «muito se lisongêa do Antonio Carlos diverge do parecer, achando-n'o «manco»
e nâo satisfatório e após declarar-se satisfeito que a Com
de S. M. Imperial», mas ao mesmo tempo declarava nâo missão houvesse desprezado, «como devia, insinuações es­
poder conceituar cabalmcntc os motivos verdadeiros e es- candalosas» c de declarar que nunca tivera «influencia em
pcciaes que occasionaráo aqucllc triste acontecimento pela semelhantes papeis referidos no officio do ministro» e após
generalidade com que vêm enunciados... qual o partido in­ proclamar que pede-se a sua «cabeça, c a de outros de­
cendiario, sua força e objecto», concluindo por sêr de putados!» e que «a Assembléa está coacta, que não pode­
parecer que ao governo cabia providenciar, com «os meios mos deliberar assim, porque nunca se delibera debaixo
que cabem em suas attribuições > e lembrar as medidas «le­ de punhacs de assassinos», pedia que se perguntasse ao
gislativas e extraordinarias que julgar necessarias» ( '). Re­ governo quaes os fins verdadeiros do movimento de tro­
solvera, otitrosim, a Commissio que a Assemhléa permane­ pas, que se lhe fizesse sentir que, ao contrario, as tropas
cesse em sessão permanente até que houvesse recebido as pareciam sediciosas c que deante de tudo isso a Assem­
informações do governo, o que tudo foi approvado. Em bléa nâo se achava em liberdade para poder deliberar,
officio remettido, •immediatamente, ao governo consubstan­ esperando «que o governo dê o preciso remedio, removendo
ciava-se fielmente tudo que fôra decidido a respeito do as tropas para maior distancia» (»).
assumpto <*). Carneiro da Cunha apoiando Antonio Carlos propõe,
Enquanto tacs debates e deliberações se tomavam, os porém, remover-se a Assembléa para outro ponto do paiz.
acontecimentos se precipitavam lá fóra e a noite vinha em Tinha-se, assim, a coragem de, no momento supremo, col-
seu grande manto cobrir a Assembléa, como que a esta­ limar as medidas mais avançadas («); Martim Francisco c
belecer o glorioso pallio negro de sua existência tinal. Montezuma apoiam as medidas propostas por Antonio Car­
A I hora da madrugada já do dia 12 chegava á los e Carneiro da Cunha (*), accresccntando o affastamento
Assembléa o officio, datado de I I , em nome do Impe­ immediato das tropas para 6 ou 10 léguas, sendo essas
rador remettido pelo Ministro F. Villela Barbosa, em que emendas apoiadas pela Assembléa (‘ ).
o Imperador accusando o recebimento do officio da As­ O Deputado Vergueiro propõe e é, também, unanime­
sembléa, estranhava que esta «desconheça a presente crise, mente aprovado que se chame o Ministro para, em pes­
em que se acha esta capital, crise que até se manifestou soa, prestar informações á Assembléa, expedindo-se logo
nesse augusto recinto a ponto de suspender hontem a mes­ o officio em que se cotnmunicava que a Assembléa o es­
ma Assembléa os seus trabalhos extemporaneamente», de­ perava em sessão permanente.
clarando que tudo isso junto á representação dos officiaes Rompia, assim, aquellc grande punhado de dignissimos
determinara a retirada das tropas e que os jornacs a que representantes da patria, a manhã do dia 12, em vigilia
essa representação se refere eram Sentinella da Praia Gran­ nâo de simulado, mas de verdadeiro civismo, não será
de e o Tamoyo, attribuindo-se na mesma representação, demais lembral-o.
dizia, aos Deputados Antonio Carlos, Martim Francisco c As I I horas da manhã do mesmo dia 12 chega i As­
José Bonifacio «a influencia naquelle e a redacção deste, sembléa o Ministro Villela Barbosa, que entrando de espada
sendo a consequência de suas doutrinas produzir partidos á cinta é sobre tal observado pela commissão que o fôra
incendiários, de que o governo não póde calcular a força receber, ao que elle responde: «Esta espada é para de-
que têm, c poderão adquirir», lembrando que mais acer­ feneter a minha patria, e nâo para offender os membros
tado seria que da Assembléa partissem as medidas legis­ d'esta augusta assembléa; portanto posso entrar com ell.n.
lativas (»). O Presidente diz-lhe sobre o objecto do chamado do
O governo, sob a pressão djis tropas e a influencia dos Ministro; este começa a falar sentado, mas observado le-
elementos já referidos, buscava o pretexto desejado na exis­ vanta-se. Historia o que se estava passando, mas como os
tência de dous jornacs incendiarios, incendiarios, porém, esclarecimentos nâo fossem precisos, Antonio Carlos lembra
porque tinham a coragem de estigmatisar as occultas ten­ que se obedecesse ao questionário previamente fixado, o
dências do preparo d'uma politica de união entre Portu­ que se faz.
gal e Brasil, quando, como lembrava o Deputado Carneiro «O Snr. Presidente: Queira V. Ex.» dizer se os o f fi­
da Cunha, o Diario do Governo, publicara tantas «doutri­ ciaes fizeram a representação de viva voz ou por escripto».
nas perturbadoras» que atacavam a todo momento o cor­ Ministro: «Sua Magestade disse-me que fôra de viva
po legislativo», sem que o governo tomasse «a mesma ener-
gix» e m io se emba:açou com isso» (*). Presidente: «Qual foi a materia da representação? E
O officio é mandado á Commissão. A madrugada avan­ além da queixa dos ultrages pedio-se o exterminio de al­
çava, o Deputado Alencar reflectindo a fadiga de alguns, guns cidadãos ?»
naturalmente, pedia que se suspendesse a sessão até que Ministro: «Segundo ouvi á Sua Magestade, forâo mo­
a Commissão opinasse lembrando que aquella sessão per­ tivos da representação os insultos feitos aos officiaes em
manente já se estava tornando «incompatível com as for­ alguns periodicos, e cspecialmcnte á sua augusta pessoa,
ças humanas» ao que se nâo attende no hercúleo esforço chegando até a sêr ameaçada a sua existência physica
patriotico que o Deputado Montezuma synthctisava com o e politica no Tamoyo, e pedia-sc que sendo redactores des­
dizer que «se morrermos, acabamos desempenhando os nos tes os illustres deputados os Snrs. Andradas, fossem ex-
sos deveres ■ <*).

(*> Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pags. 295-296.


(-) Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pags. 296-297.
(') Annaes da Ass. Const., tomo VI, pag. 293. (s) Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pags. 297-298.
D Annaes da Ass. Const., tomo VI, pags. 293-291. (*) Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pags. 298-299.
(■') Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pag. 294. t5) Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pag. 299.
(*) Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pags. 294-295. («I Nenhuma d'ellas fo i regeitada, como pretende Au-
(5) Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pag. 295. relino Leal — op. cit., pag. 85.

OOOOOO 159 O O O
/.IVRO Oh Of IRO CÒMMEMORATIVO OO CENTENARIO OA

pulsos cia Assembléa; o que Sua Magcstade declarou logo clemento portuguez, produzio, no entanto, um grande abalo
inadmissível» (*). no elemento brasileiro e enquanto os portuguezes festoa­
A outras perguntas sobre como se conciliava o es­ vam c acontecimento, os brasileiros, em sua maioria, fe­
pirito de subordinação com a concentração das tropas e chavam á noite, seus lares em signal de contristamento,
sobre se foram chamadas tropas de outros pontos do Im­ sentindo D. Pedro logo os cffcitos de seu acto violento,
perio, responde o Ministro que a fôrma da concentração que teria, d’ahi por deante, de o divorciar dos elemen­
assegura a subordinação e deixa transparecer que, de facto, tos nacionalistas que eram a totalidade dos brasileiros.
outras tropas estavam chegando. A agitação e insubordinação militares talvez viessem,
Por ultimo o Ministro avança, deante de certas per­ infelizmente, a enfraquecer a resistência moral de grande
guntas, que havia uma certa semelhança entre a situação parte da Assembléa; a dissolução fel-a cahir de pé, occa-
que Portugal atravessára e a do Brasil e como Deputa­ sionando sua queda um grande ruido no civismo nacional,
dos percebessem a hypothese da dissolução c ainda que, de modo que como bem concluc Aurelino Leal ('), «a dis­
habilmente contornando, deixassem transparecer quão diver­ solução politica evitou a dissolução moral do memorável
sa era a situação, o Ministro fugia a precisar o pensa­ corpo».
mento, como era natural, limitando-se, entre outras respos­ Apezar de trancado o porto do Rio de Janeiro afim
tas vagas, a fazer sentir: .iEu não sei advinhar futuros. de evitar que a noticia da dissolução chegasse ás Provin­
Vejo a assembléa amotinada levantar extemporaneamente a cias antes das providencias que o Governo tomaria, den­
sessão. Os militares queixarem-se..., as tropas marcharem tre as quacs a partida dos presos exilados, a agitação cêdo
para S. Christovâo, e a assembléa todo dia e noite cm explodio no norte, a principio na Bahia, ainda que com
sessão permanente; ora, cousas semelhantes eu as vi em caracter passageiro e iniciada pela noticia que lhe levára
Portugal- contudo não posso affirmar qual será o final os Deputados Calmon, e, a seguir, com um caracter grave
resultado». e serio com que se apresentára ao irromper mais uma vez
O Presidente da Assembléa, afinal, permitte ao Mi- em Pernambuco e ao se reflectir em outros Estados do
Discute-se sobre se devia se chamar o Ministro da D. Pedro sentio, aliás, desde logo a necessidade de
Ouerra para completar as informações, o que é afinal re- acalmar o espirito publico fazendo proclamações em que,
a pouco e pouco, ia attenuando seu primeiro juizo ex­
A seguir se delibera ouvir a mesma Commissão no­ ternado sobre a Assembléa e, bem assim, logo nomeou
meada, isso por prudência, como lembravam Montezuma um Conselho de 10 membros, de cujo numero faziam par­
te os Ministros, com o fim de apressar a confecção do
Mas, n'essa occasião, poucos momentos haviam pas­
projecto de Constituição que promettera, o qual, realmen­
sado, quando se annunciou que a tropa marchava em di­
te, em 15 dias de trabalho era terminado e por decisão
recção a Assembléa. A altivez e serenidade estoicas da
de 17 de Dezembro de 1823, o projecto fôra remettido
Assembléa se comprovam mais uma vez. N'aquellcs ins­
ás Camaras para que estas conforme fôra estabelecido pelo
tantes ultimos, rapidos como relâmpagos a illuminar ainda
Dec. de 13 de Novembro, fizessem as observações que
os escuros horizontes da borrasca, cujo ruido proximo já
lhes parecessem justas.
se ouvia, não permittia delongas nem discursos. Rapido,
Montezuma propõe se mande uma deputação ao encontro O projecto fôra, incontestavelmente, calcado no elabo­
rado pela Commissão da Assembléa Constituinte. O movi­
das tropas, saber de seus desejos; Martim Francisco n'lima
phrase rapida, e fixadora se oppõe e aponta a Assem­ mento de adhesão a esse projecto, que era, quiçá, esti­
bléa- eSnr. Presidente, o nosso logar é este. Se Sua Ma- mulado pelo Governo imperial, foi se generalisando no
sul do paiz, pugnando-se em grande parte das representa­
gestade quer alguma cousa de nós, mande aqui, e a as­
sembléa deliberará». ções, a começar pela do Rio de Janeiro, fosse o projecto
O Presidente, como que n'uina invocação angelical c considerado definitivo, outorgando-n'o o Imperador e dis­
serena, deante da torrente que se despedaçava, proclamava: pensando a approvação da nova Assembléa, que se temia
«O que me dá grande satisfação no meio de tudo é vêr viesse a demorar ou procrastinar o assumpto, considerado,
a tranquillidade da assembléa». com razão, da maior urgência.
Mas. a seguir, instantes após anunciou-se a chegada Em edital de 20 de Dezembro o Senado da Camara
de um official da parte do Imperador e portador d'um De­ do Rio de Janeiro communicava ao povo ler examinado o
creto; era o Decreto da dissolução da Assembléa, que projecto e não encontrar nenhuma reflexão a fazer, n'ellc
vinha, assim, espetado na |ionta das espadas como uma deparando uma prova do liberalismo, dizia, do Imperador.
fiamula de guerra, que era, ao espirito do liberalismo cons­ Dous livros foram postos á disposição do povo, um para
titucional que seria, apenas, amordaçado pela força, mas as assignaturas dos que opinassem pelo juramento imme-
diato c outro para os que desejassem a approvação da
Declarava o Dec. de dissolução que a constituinte havia Constituinte; o ultimo ficou vasio e o outro livro sc encheo
«perjurado ao tão solemnc juramento que prestou á nação de assignaturas. As mais cidades acompanhavam o mesmo
de defender a integridade do imperio, sua independên­
cia, c a minha dynastia» e declarava que seria convocada Pernambuco, porém, onde já gloriosamente rehentára
outra Assembléa á qual seria submettido o projecto de o movimento revolucionário, de que se tornou o centro
constituição «duplicadamente mais liberal» que o governo e iquc foi iniciado, em fins de 1823, como é sabido, pelo
elaboraria (2). movimento reaccionario contra a eleição dos procuradores
A dissolução foi logo obedecida, como cumpria, e da Camara ao Conselho, não eleição decidida, unanimente,
n’uma atmosphcra de circumspccção e dignidade; á 1 hora pelo Senado da Camara, porque os Deputados á Consti­
da tarde, conforme rezam os Annaes da Constituinte, sahi- tuinte não haviam faltado aos deveres do mandato e, por­
ram todos os Deputados e se dissolveu a Assembléa. tanto, o novo acto de eleição era «contrario á dignidade
Diz-se de Antonio Carlos que ao sahir, juntamente e decoro» da Província, tornou tal reacçâo, ousadamente,
com outros deputados, e ao passar deante d’um dos ca­ definida, cm 1824, apezar da tenaz resistência do governo
nhões proximo assestados, tirára, sarcasticamente, o cha- imperial, na Conferencia do Equador, proclamada a 2 de
pèo, dizendo: «Respeito muito o seu poder». Julho por Manoel de Carvalho. Esse heroico movimento,
que foi coroado pelo cruel sacrificio de um punhado de
AGITAÇÃO QUE SE SEOUIO A DISSOLUÇÃO DA abnegados patriotas, sinceros ainda que visionários, eol-
CONSTITUINTE. SENTIMENTO JURIDICO limava, mais uma vez, no mesmo berço do de 1817, e com
ramificações em outras Provincias, a formação da Confe­
A dissolução da Assembléa Constituinte, com o seu
deração do Equador, cujo regimem constitucional seria o
cortejo de perseguições aos Andradas, se fez rejubilar o systema constitucional norte-americano.

(•) Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pags. 302-303.


(*) Annaes da Ass. Const. Tomo VI, pag. 309. (i) Aurelino Leal Hist. Const, do Brasil, pag.36.
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INOEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

O que ha de mais notavelmente interessante n'esse mo­ seího de Estado era calcado no pro je cto da C o n sti­
vimento é que elle rcflcctira, f • ••.as causas, unia alta c
nobilissima eoinprehcnsão do lib .aiismo juridico-constitucio- tuinte, comquanto aquclle houvesse sido, de facto,
nnl, sómente se n’o sentindo juridica c humanamente at­ mais m ethodico e lib e ra l; era, aliás, natural que, sob
tendee! e acceitavel quando o producto do sentimento na- alguns aspectos, o p ro je cto do Conselho se avanta­
ciional tramfundido e filtrado nacutorga, f.c os seus reprcs.n- jasse ao da Assembléa C on stituin te, pois o d’esta
fôra a base inicial, cuja discussão apenas se come­
vlciada; nota-se, como far sentir, o brilhante espirito cheio çara a fazer e cuja elaboração em plenário parára
de irradiação de Levy Carneiro, «o mesmo impressionante no art. 23.
e provavelmente sincero — cscrupulo de legitimidade, As linhas geraes do regiment n’ um e n ’o u tro
cram as mesmas.
gemio esforço de imitação dos paires mais adeantados" (').
i'roclainíra-se, pela vór d’esse 'illustre varão catholico e Na im possibilidade de fazermos um com pleto con­
denodado cidadão, que foi o carmelita Frei Joaquim do fro n to entre um e o u tro , dados os lim ites d’este es­
Amor Divino Caneca, dever-se, antes de tudo, oppôr ao im­ tudo. seja-nos lic ito aqui apontar, apenas, alguns as­
perial projecto de Constituição uma cOccepção de incom­ pectos m ais importantes.
petência», pois o Imperador «não é nação, não tem sobe­ O poder m oderador, introduzido na C onstituição
rania, nem commissãn da nação brasileira para arranjar es­
boços de Constituição, c aprcscntal-os». do Im pei io não existia no projecto da C o n stitu in te
no qual o tit. I l l , art. 39 reconhecia, apenas, tres po­
Esse movimento tão cheio de ideologia juridica c deres: o leg isla tivo, executivo e ju d ic ia rio e no t it. IV
politica, foi, afinal, vencido e os seus pro-homens, como cap. I considerava como do poder executivo todas
Frei Caneca, seu centro espiritual e figura evangelisadora as a t t r ib u t e s quasi que passaram para o poder m o­
c symbolics, foram atados ao marco glorificador do sacri­
derador.
ficio e cruel morte. Como escreve Lcvi Carneiro, n’urn
periodo forrado de emoção, quando se extinguio a com- As a t t r ib u t e s do poder leg isla tivo n ’um e n’o u ­
missãs- militar, cujos trabalhos não se declaravam findos, tro p ro je c to eram as mesmas, salvo pequenas m o d ifi­
«a sangreira marcára aquellcs meres com um sacrificio ines­ cações que lhe não alteravam o caracter, apenas te n­
quecível- sagrara o episodio; accentu ira a rivalidade entre do o p ro je cto da Assembléa C onstituinte tomado a
o governo central e o espirito de autonomia local» (*).
O constitucionalismo liberal e a sua comprchcnsão, precaução dc ou to rg ar á Assembléa a faculdade de
sob c prisma d’um sentimento juridico c.n desabrocho, mas m udar para outra parte do paiz a sua séde em v ir ­
ja hem definido, se patenteava aos olhos do governo c ia tude de peste, invasão inim ig a ou «falta de lib e r­
se impregnando, a pouco c pouco, na nacionalidade cm dade-> (a rt. 41 n.° V I I I ) e, bem assim, o poder ex­
formação. p e dir cartas de convocação da futura Assembléa se o
Indcpcndcntcmcntc. porém, d'esse movimento, isto é,
ape/ar d'clle, o governo imperial lográra estimular e con- Im pe ra do r o não fizesse de ntro de dous mezes.
du/ir no sul do pair gestos de solidariedade franca com As a t t r ib u t e s 110 poder executivo, salvo as que
o projecto e de applauso á sua obra, tornando-se a mais c passaram a c on s titu ir o poder m oderador e que são
tnais, gcncralisad) o appello para que fosse a Carta consti­ as do a rt. 142 n."‘ I, I I I , V I II e X I I I (este m o d ifi­
tucional outorgada e jurada independente de approvaçâo cado) d o projecto da Ass. C on stituin te, são per­
qualquer da Assembléa a se constituir, c isso vinha tão
ao encontro dos occultos desejos imperiaes j.i transpare­ feitam ente semelhantes n’ um e n’o u tro projecto, não
cidos vcladamcnte no seu acto do governo mandando sus­ se lhe havendo dado no projecto da Assembléa o
pender a eleição dos novos representantes á Constituinte, poder de dissolução d’esta.
que o Imperador veio, afinal, a doccmcnte c rdrr ao im­ O C onselho de Estado era pelo p ro je cto da As­
pério dos instantes appcllos sullcnscs, acabando por farer sembléa dem issivel a l nu tu m , enquanto pe lo do C o n ­
publicar o Dec. de II dc Março de 1824, designando o
dia 2 i d'esse mesmo mer afiai dc que tivesse logar o so- selho de Estado era v italício .
lemne juramento da Constituição, cm consequência de já A responsabilidade m in is te ria l a mesma em seus
formarem <maioria do povo brasileiros as representações fundamentos, conquanto accrescida no p ro je cto do
das Camaras municipacs. C onselho dc Estado.
Realmente, no dia designado, era, na Imperial Capella, Os d ireito s individuaes, os princípios de lib e r­
solemnemente jurada, peio Imperador, a Constituição, soie-
mnidade a que se seguio o juramento no Senado da Camara dade e igualdade, a garantia da propriedade, a hu-
do Rio de Janeiro, tal como se deveria dar cm todo o manisaçâo das penas, eram princípios em que o C on­
Brasil, conforme o estabelecido nas decisões imperiaes. selho dc Estado, no p ro je cto tornado a C o n s titu i­
ção, se inspirara no projecto da Assembléa, fazendo
m odificações, porém, de certa importância m aior, como
V
se pôde ver pelo c o n fro n to entre o tit. I I cap. I I do
S Y S T E M A C O N S T IT U C IO N A L pro j. da Ass. e o t it. V IU da Const, do Im perio.
D O IM P E R IO No ponto de vista da descentralização, a C o n sti­
tuição, pro je cto do C onselho, fô ra mais adeantada
SUA COORDENAÇÃO ORGANICA. LIBERALISMO c certo d o que o p ro je cto da Assembléa.
E CRISES DE CRESCIMENTO Pelo p ro j. da Assembléa a suspensão de garan­
tias constitucionaes sómente se podia dar pela As­
A C on stituiçã o do Im perio, jurad a em 23 de sembléa, ao passo que pelo projecto do C onselho,
M arço de 182-1, fo i, como vimos, oSra da Conselho mais consentaneamente, se n'a pe rm ittia ao G overno
de Estado. se não reunida a Assembléa.
O projecto de Constituição organizado pe'.o Con­

i') Levi Carneiro — O Federalism} etc. A Confede­


ração do Equador, Rei. á 5.* these no Cong, de Hist.
Nac.onal, cm 1914 Actas, vol. Ill, pag. 226. Passemos ao estudo do systema constitucional
(') Levi Carneiro — Relatoria á these cit. in Con­
gresso Hist. cit. Actas, vol. Ill, pag. 226. em v ig o r no Im pe rio B rasile iro, isto é, o da C arta

o o o o o o 161 o o o
LIVRO DE OURO COMME MOR ATIVO DO CENTENARIO DA

C o n s tituc io na l de 1824 com as m odificações soffrid as g ) Declaração e enumeração expressa dos d i­


com o A cto Addicion al e s u je ito á exegese da lei reitos iudividuaes ou do cidadão, qu er quanto aos fun-
damentaes princípios da liberdade e igualdade, quer
de interpretação.
quanto ao estabelecimento do repouso o u e s tab ili­
O systema de governo que se adoptou fô ra , desde
log o, como se sabe, o de uma monarchia constitu­ dade nas relações jurid ic a s do in d iv id u o no circulo
cional e representativa, d irig id a por uma dynastia das actividades do paiz, fe ita quanto á liberdade, po­
hered itaria. ( A r i. 3." da C onst.). rem, a restricção capital c systematica co.n relação
Os princípios centraes d'essa C onstituição foram á religião.
os seguintes, reduzidas as varias disposições a syn­ h ) Sêr to da le i calcada nos p rin c íp io s de u t il i ­
theses systcmaticas. dade publica.
a ) C onceituaçâo da Nação como soberana, de­ i, A fixação taxativa das hypotheses unicas e
legando seus poderes institucionaes ou funcções o r­ excepcionaes em que se podia decretar a suspensão
ganicas a um complexus synnergico de poderes ou das garantias constitucionaes.
org ão s estatuaes;
b ) D iv is ã o d ’esses orgãos estatuaes em quatro C om o se vê, deante da organica systematisação
orgãos, sendo tres de funcções o rigin arias e especi­ que procurámos fazer dos p rinc ípios ou ideas cen­
ficas e que eram o poder leg isla tivo, executivo e ju ­ traes da C onstituição do Im pe rio de 1824, o nosso
d ic ia rio , e um de acção fm a'.ii'icam ente controladora esp irito fo rm ado e alim entado na op ule nta seiva das
e funcção sedativa, constituído pelo poder modera­ ideas republicanas, tem que reconhecer a verdade
dor ; confortadora, aliás, prestando, com ju s to desvaneci­
c ) A independencia e harmonia entre esses po­ m ento o pre ito carinhoso de veneração e respeito
deres p o litic o s ; pelos nossos maiores, que, em m eio ao p e rturba do r
d ) Sêr a funcção, que chamamos sedativa, do esplendor dos raios rubros e incandescentes d’uma
pode r m oderador exercida com a assistência necessa­ alvorada p o litic a, souberam ir ao encontro dos ideaes
r ia d ’um a lto orgão de composição selecta e de d’uma e lite guiadora e das selvagens virtud es adorm e­
funcção uniform isadora na pratica do reg im e m ; cidas d’um povo adolescente, abrindo-nos o caminho
e ) Preparatória form ação em brionária d ’um regi­ e proporcionando as credenciaes para que passásse­
mem apparentemente fe derativo, constituído pela mos da situação de mera colonia até ha pouco, então,
cieação de orgãos legiferantes dependentes em cada para o a lto destino das democracias, ainda que ini-
P ro v in c ia ; ciaes. Passemos em lap idissim a analyse esses prin cí­
f ) In v io lab ilid ad e dos representantes do povo; pios cardeaes.

PAVILHÃO DA DINAMARCA

O O O 162 o o o o o ô
IN lit. RENDE NCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Q uanto ao preceito con tid o no item n, a C onsti­ organização perdurado entre nós até a L e i de I I de
tu ição d o Im pe rio considerava to dos os poderes como O utubro de 1831, le i essa que merece um a menção
simples delegações da soberania nacional. Era um especial dada a ousada e grande reform a que exe­
postulado da mais alta significação po litica, c, de­ cutou, aliás, após, tã o com batida e pela qual se
clarando-o em fo rm a expressa, a C onstituição es­ fixan do a organização do T he zou ro Nacional, se de­
clarecia o seu p ro p rio systema e, parallelam entc, exer­ term inou, no art. Ql, passar a sêr exercida pelos
cia um m in is te rio educativo na fo rm ação nacional. Juizes te rritoriae s a jurisdicção contenciosa até, en­
P e lo item con tido na le ttra b, vê-se que os po­ tão, exercida pelo C onselho da Fazenda.
deres nacionacs o rig in á rio s fo ram div id id os pelos seus Tratava-se d’ uraa refo rm a da mais capital im ­
orgãos classicos. portaticia para as idéas e preconceitos predominan­
A o le g isla tiv o sc ou to rg ou , em toda a plenitude, tes na épocha, não só entre nós como na m aior parte
o poder de le g isla r, sendo, assim, o unico orgão o ri- dos escriptores extrangeiros do m om ento; o que era
ginariam ente creador do d ire ito , como da machina ad­ posto em cheque era a chamada liberdade de acção
m in istrativa e dos recursos patrim oniaes para a vida da adm inistração publica em todos os seus m u ltiplo s
do Estado aspectos, que se pretendia poder sêr radicalmente
Essa funeção leg isla tiva era exercida por in i­ enervada pela intervenção d ’um o u tro poder estra­
ciativa de cada uma das Camaras form adoras da As- nho. O Visconde de U ru gu ay com a autoridade que
scinhléa G e ra l (Cam ara dos Deputados e Senado), lhe emprestavam os seus alto s m eritos, além de aba-
cabendo, porem, á priv a tiv a in ic ia tiv a das Camaras lisado escriptor, autoridade maxim a no regim em pas­
dos Deputados alguns assumptos, d ’entre os quaes sado em d ire ito adm in istrativo , escrevia, imbuído
os que diziam resp eito aos im postos ou tributações d’essas cerceadoras idéas, que havíamos com essa re­
0, bem assim, a não menos im portante funeção de vi- fo rm a retrogradado para os tempos anteriores a 1761
g ila n ria nacional, qual a de sêr quem declarava sêr e diz sêr isso m ais um exem plo do es p irito nivela­
ou não procedente a accusação contra os M in istros dor dos tempos cm que «sómente se preoccupava dos
(ou m em bros do C onselho de E stado). O dúplice interesses c d ire ito s do ind ivid uo » e que fora do po­
beneplacito de ambas as Camaras era uma necessi­ der ju d ic ia rio não via «nem garantias nem justiça»(>);
dade absoluta, e isso era um grande e rro com etti- é que calcando-se nas do utrin as de P o rta lis e H enrion
do p o r tã o liberaes legisladores; assim, se uma C a­ de Pansay, o provecto e s criptor c homem publico sus­
mara recusava, o p ro je cto de le i estava illid id o ; se tentava que «para não se cahir na confusão c na anar-
emendava, a o u tra Camara ou acceitava as emendas cltia é indispensável que os actos ad m inistrativos, isto
o u as regeitava e, n ’estc caso sc considerava de u ti­ c que os actos que emanam da autoridade adm inis­
lidade o p ro je c to podia s o llic ita r o funccionamento trativa sobre assumptos ad m inistrativos, não fiquem,
•w nju ncto de ambas as Camaras para se resolver, por m odo algum , dependentes d ’o u tro poder», pois
em d e fin itiv o . «movendo-se d e ntro d’ esse c irc u lo pódc fe rir um d i­
Era um systema um tanto perigoso, maximé reito, c produz-se como vim os, dizia, uma questão
dado o caracter in stitu cion al do Senado. O Poder adm inistrativa contenciosa» (•).
le g is la tiv o era composto electivamente, vindo, po­ Infclizm ente, porém, a verdade é que a m agis­
rém , o terço e le ito dos Senadores n ’uma lista triplice, tratura, de um lado, não estava, n ’aquella epocha, apta,
que era subm ettida á escolha do Im perador. cm geral, a ap plica r a grande e revolucionadora re­
A o poder executivo fo ram dadas as funeções p ro ­ fo rm a e a adm inistração publica, p o r o u tro lado, tão
prias de executor da vontade nacional, expressa pelos pouco, possuía fundas reservas jurid ic a s que lhe occa-
seus orgãos pro prios, provendo á adm inistração p u bli­ sionasse uma rap id a adaptação ao novo estado de
ca sob seus m u ltip lo s aspectos. cousas, de fo rm a que tã o grande fo i o num ero
A o poder ju d ic ia rio foram com m ettidas as fune­ de condemnações da Fazenda Publica que a As-
ções de ap plica do r do d ire ito no c o n flic ta dos in te ­ scmbléa G eral fo i arrastada, apaixonadamente, ao não
resses e relações privadas dos ind ivid uo s particula­ menos revo lu cion ário acto de para p ô r uma barreira
res entre s i; estavam, im plicitam ente, affastados, m o­ á avalanche invasora pra ticar o attentado de a p p li­
mentaneamente, os c o n flictos entre os cidadãos e o car contra o poder ju d ic ia rio a disposição contida no
Estado ou entre os orgãos d ’este, dada a organiza­ art. 31 da Carta de 24 de O u tub ro de 1832, que
ção perdurante com relação ao contencioso adm inis­ dispunha não sêr paga d iv id a «por m o tiv o de guerra
tra tiv o . Para comprehensâo d ’ essa explicável anoma­ externa ou interna, sem a autorização da Assembléa
lia , convem vermos suas causas tanto quanto suas Geral», o que, com o bem fazia sen tir o Visconde
transform ações. Com e ffe ito no regim em ante­ de U ruguay, o do uto p u blicista do Im perio, era pra­
r io r á independência, quando P o rtug al M onarchia ab­ ticar um attentado. procurando-se o rem edio para um
soluta, não havia contencioso adm in istrativo , pois mal na «violação flag ran te da independencia de ou ­
o poder absoluto enfeichava em si to dos os outros, tro poder».
lem bra-n’o o Visconde de U ru gu ay ( ') , mas sob a Vê-se, assim, que o leg isla do r, ao invés de dar
influ en cia do M arquez de Pombal, se deu em Por­ ao in s titu to do contencioso ad m in is tra tiv o a fle x i­
tu ga l a 22 de Dezembro de 1761 a creaçâo do Con­ bilidade conveniente, de m odo a ir preparando a ad­
selho da Fazenda encarregada da jurisdicção adm i­ m inistração c a ju s tiç a com o novo regim em libe ra l
n istra tiva «voluntaria e contenciosa», havendo essa

(') Visconde dc Uruguay — Op. cit., vol. I, pag. 142.


( ') Visconde de Uruguav — Direito Administrativo (*) Visconde de Uruguay — op. cit., vol. I, pags.
Rio de Janeiro - 1862. 116-117.

O O O O O O 163 O O O O O
LIVRO D L OURO COAIM L MORATIVO DO CF.NTLNARIO DA

que nobremente se collitnava, passava, ao contrario, Quando o Dec. de 12 de A b ril de 1832 convo­
d ’uni extrem o ao o u tro , sc.n attender á peculiaridade cara os eleitores a conferirem aos deputados p o ie re s
das nossas condições nacionaes. para a reform a constitucional, que depois se fizera,
N obres eram esses ideaes e salutar esse m ovi­ na indicação dos pontos de reform a fô ra inclu ída a
m ento, em que peze a op iniã o contraria que expen­ suppressâo do Poder M oderador, s up prim in do -se to ­
dia, acompanhando a do u trin a de Portalis, H en rio n de das as suas funcções ou se n’ as inte gra nd o g lo ba l
Pansay, M açarei, R om agnosi, etc., o ju rista, Viscon­ ou parcialmente com o Po de r executivo; a lib e r­
de de U ruguay, pois a doutrina verdadeira sempre ta ria idéa, mais de fôrm a, em g ra n d ; pa rte, após
esteve com a lib e ra l Inglaterra , onde o C onselho dehates e pressões, não fo i approvada pela Assem-
p rivad o (P riv y C o n c il), nunca teve um caracter ju ­ bléa.
ris d ic tio n a l em m atéria contenciosa, predominando O Im perador pela C on stituiçã o nomeava e de-
n’ essa grande Nação o p rin c ip io de que a liberdade m ittia , livremente, os M in is tro s de Estado, mas essas
in d ivid u a l, mesmo deante da administração publica, funcções ligadas ás do Poder m oderador de disso l­
é a suprem a le x , de sorte que ou o cidadão acquies­ ver a Camara, deram lo g a r a que se fosse in tro d u z in ­
ce o u sómente se lhe pode actuar com o acto admi­ do, fó ra de qualquer te x to expresso da C o n s titu i­
nis tra tiv o um a vez que isso seja por uma decisão ção, o regimem parlam entar, regim em, esse, porém,
ju d ic ia l propriam ente dita . que. por ser uma adaptação forçada, era evidentem en­
A generosa e avançada reform a da Le i de 1831, te falseado.
entre nós, acompanhava, assim, ò verdadeiro princi­ O Im perador escolhia um M in iste rio org an iza do
p io seguido pela Inglaterra , Am erica do N o rte e com elementos de u.n dos pa rtid o s ; se esse p a rtid o
pela Belgica, na sua C on stituiçã o do mesmo anno era o da m aioria da Camara estava tu do m u ito bem :
de 1831, certo como é que a theoria contraria á se, ao invés, tinha m in oria a consequência sabida e
«o frueto, no dizer do eminente Lorenzo M euci, ou por to dos já espeiada era a dissolução da Cam ara,
de incom pleto desenvolvim ento his to ric o dos Estados, para que se fizesse... a consulta á Nação a qu al p o r
o u d o systema d is p otic o em assumpto de governo» / as ou p o r nefas era levada a fo rm ar a m a ioria m i­
e fatalm entc cahe com a civilisação e «maximé com nisterial.
os princípios d o d ire ito po pu lar e representativo ( ') O Im perador como que fazia a rotação dos p a rti­
ou como escreve o do uto M in is tro V iveiros de Cas­ dos, quiçá no occulto e secreto desejo de monarcha
tr o : «Sómente o poder ju d ic ia rio deve ju lg a r - - que, se vangloriando com o titu lo d ; sabio e de
una le x una fu ris d itio » (s). chefe d’uma democracia im p e ria l, buscava fazer a
A funeção con trola do ra ou sedativa, para a bôa educação po litica reflexa da Nação c de apparentor
harm onia entre os poderes e contenção d’ estes na o r­ a existência d’um regimen in s titu c ion al, ta lvez, mas
bita constitucional era exercida pelo Poder M odera­ não expressamente constitucio nal. O facto c, porém,
do r. O art. 98 da C onstituição do Im perio assim o que a po litic a e o regim em ou pratica parlam entar na
conceituava: «O Poder M oderador he a chave de monarchia residia no poder pessoa! do Im pe ra do :.
to da organização p o litic a , e he delegado p rva tivam en - O monarcha reinava e governava em anteposiçâo.
tc ao Im perador, como Chefe Supre no da N a,ão e s u t assim, á tã o debatida do utrin a por que ta n to se
P rim e iro Representante, para que incessantemente vele batera T hiers, em 1830, na França, e ião de accordo,
sobre a manutenção da lndependencia, e q u ilíb rio e har­ em grande parte, conquanto não em absoluto, r o n a
m onia dos m ais po de res'. Instituição, c o n o se sabe, antiga tradicção histórica da Inglaterra . A liás, esse
propugnada na França, por Benjamin Constant, so­ prin c ip io fô ra m uito com batido pelo Visconde de U ru ­
mente aqui no Brasil e na Carta C onstitucional de
guay, cujas idéas exerciam, incontestavelm ente, dada
P o rtug al, após, (a rt. 71), n’esta como n ’aquella sob
sua autoridade, uma decisiva influencia so cia l; U ru ­
a acção de D . Pedro I, fo i ta l poder p o litic o prees­ guay escrevia que a maxima — o Rei reina e não g o ­
tabelecido em fórm a expressa (em fó rm a, pode-se verna — «he completamente vasia de sen tido para
dizer, institu cion al nenhuma Nação, na épocha, o
nós, pela nossa C onstituição. O Im perador exerce as
dispensara, e h iã o ). A e lle se re'ferindo, escrevia P i­
attribuições que a C on stituiçã o lhe confere, e essas
menta Bueno, sêr «a mais elevada força social, o
não podem sér entendidas e lim itadas p o r u n a m a­
org ão p o lític o o mais activo, o mais influ en te de to ­
xima estrangeira». Se a m axim a não encerra to da sua
das as instituições fundamentaes da Nação» (3). Pelo
verdade logica interpretada á luz da d o u trin a exa­
art. 101 da C on stituiçã o im perial era exercido pelo
gerada, quiçá, de T hie rs a quem tanto se oppunha
Im perador: nomeando os Senadores eleitos na lista
Q u izo t, sua verdade como systema, desde que se
trip lic e (a rt. 4 3 ); convocando a Assembles extra or­
o s u je ite a uma sã conceituação con stitu cio na l, é
dinariam ente; sanccionando as resoluções le g is la ti­
in d ub itáve l; mas... na pratica era verdadeira a asser­
vas; approvando e suspendendo as resoluções pro-
ção de U ruguay perante a C onstituição, que, no en­
vinciaes; prorogando ou adiando a Assembles e n’ a
tanto, e ahi é que estava o falseamento, a tradicção
dissolvendo; suspendendo os m agistrados; perdoando
nacional buscara adaptar ao regim em parlam entar.
e m oderando as penas; concedendo am nistia em ca­
Para se sentir, n’esse regim em, ou, antes, n’ essa
racter urgente.
pratica parlamentar, qual era o poder pessoal do m o­
narcha, basta lem brarm os um de seus incidentes mais
typicos em uma das agudas crises, que, pode-se dizer,
(:) L. Meuci — Institution: di Dir. Amminist. —
Turim — 1909, pag. 61. fo i o in ic io do abalo nos alicerces da M onarchia.
(s) A. O Viveiros de Castro — Dir. Adm. 2.» edic Fazia-se a guerra contra o Paraguay, á qual D.
pag. 583. Pedro I I emprestava to dos os desvellos de seu gra n­
P) Pimenta Bueno — Direito Publico — § 265. de patriotism o. A fig u ra form idável de Zacharias d i-

o o o o o 164 o o o o
r ~ . J M A T O Z IM H O S ^ .S

**
LOPES». e©ilUhl©
H a t o z im h o s — P o p l t o ------- P o rtu g a l

Lopes, Coelho Dias & C.a L.da — Matozinhos - Portugal.


AO /.' It.\ A<

H * , . como I W k « „ d „ m in is lv rio „ . prod.n.na. ,11,, M . in , tan, c,


publico*. <> « U o M arquez, d tp ,,,, d t Ca- fò ra do p a rlid ,, cou.crvador t aid « l á a lii, a
, i „ d irig ia a , op craçóc, d t Bu e , „ que „ levariam m aior b tlle za d t ,„ a a lliiu d t. proclam a, r ip i lo q „ t
. , , „ l a g lo r.a m il, lar t p a r, cujo ,t | « „ , „ d„ „ raa , Vêde , * f ,
nara precum , o f ( r t r o ...................... prim e iro arra- este q „c ,J o '
nhão .— a . demissão. do M in is tro da (in
. e rra
. . Eis SLnjo
senão rntpnr,
n s c u ia iiv o , - o„ Poder
„ , _ M
, , od,erador
. • , chamar
pode
quando re b e l,,, no ffoverno um o ff.c io d t C a x iz , p t- , qntm qulzzr para o rg .n la a , m in ia itr io .i t „ a p t „ o ,
drndo Ir ttn ta para se r t t . r . r do commando, atom - f a , c ic ie i,,. p „ , q „ t l „ d t fa zcl-a ; c i a eleição fa , ,
panhado. porem , o o ff.c io d 'u m . carta pa rticular t.n m aioria. F i. abi c t á „ s y .ltm a rep re .z n.ativo do
qne expunha os verdadeiros m otivos, quaes os de nosso p a i/!.. N o «tração do p ro p rio m in is te rio como

sita r em sua pessoa confiança e buscasse lhe d iff i- da ilk g itim id a d e do G abinete ( ’ ). vcimento
cu lta r os m eios. D entro da objectividade externa da C onstituição
Deante d isso, Zacharias, a ffirm an do serem ah- o poder pessoal do Im perador se revelará á eviden-
solutam ente infundadas as suspeitas d o grande cabo c ia ; a investidura dos Gabinetes eta curta o seu
de guerra, cm quem o Im perador assentava, então, titu lo precario, — enquanto agradasem o M onarcha:
como homem de sua confiança, o seu pre stigio e es- em taes condições só havia um m eio de governar
peranças, apresenta o pedido de demissão do Ga- era por-se ao lado da p o litic a que traçava o Impera-
b .ucte ; a questão no C onselho de Estado tornára-se d o r...; o Senado e o C onselho de Estado viviam de
m elindrosa, dada a form a da consulta fe ita pelo l.n- seu fa vor, da sua graça. Nenhum chefe qu i/era sêr
perador sobre o que seria m enor m at. •/ demissão incompatível... elle form a a c orrente da adm in istra­
te» G eneral ou a d o M i n i s t é r i o o que dá logar a ção, ora n’um sentido, ora em o u tro ; só elle sabe
um embate in tim o em cada C onselheiro entre a ne- o verdadeiro destino da navegação , escrevia o b ri-
cessidade m ilita r, e pois. patria, e os principias de Ihante esp irito do saudoso Joaquim Nabuco <«).
independência e de reacçâo contra qualquer usurpa- Cabe aqui lig a r ao assumpto o item d, para,
ção ou perigosa invasão d > poder m ilita r, torn an - após, passarmos ao p rin c ip io fix a d o no item
do-se a discussão ah i havida verdadeirmente memora- O Poder M od erador era, n ’essa funcçâo seda-
vel d e n tro da augusta serenidade e singeleza das Uva ou de eon r ô lc . assistido por um o rg ã o consti-
opir.iõcs. d e n tro os votos se destacando o d> illu í- lueional, a p rincip io , que veio, porém, perder pos-
trad o M arquez de S. Vicente, conservador, am igo de teriorm ente. esse caracter u ltim o ; esse org ão de com-
Caxias, que, «pronuncia-se contra este por am or posição necessariamente select a era o C onselho de
dc um grande p rin c ip io », escrevia o saudoso Joaquim Estado.
N aboco; venceu, a fin al, darem-se amplas explicações Não houve na M onarchia institu ição que fosse

ta lm e nle Pl‘ *° dilema im p erial . A crise, porem, se ras décadas após a independência; ora constituída e
affasta, apenas, p o r momentos, para logo após rebentar m antida, ora suppressa, era p o r uns defendida apai-
quando fo i da escolha do C onselheiro Salles Torres xonadamente, p o r ou tros combatida ardorosamente.
Hom em para Senador e ao que se oppunha Zaclia- Com o já fizem os sen tir fô ra , antes da Indepen-
rias, que acaba p o r p e dir a demissão definitivam ente. dcncia, solicitada sua in s titu iç ão pelas Provincias de
A attitu d e do grande estadista e parlam entar Na- S. Paulo, M inas e R io de Janeiro. A C on stituiçã o ju -
buco de A ra ú jo assume, então, os aspectos d ’lim aeon- rada por I) . Pedro I accedeu a taes desejos e,
tecim ento, deante da escolha d ’um no vo m in istério, no tit. V cap. V II, arts. 137 a 144, creou o Conselho
m otivada, tão sómente, pela actuaçâo predominante de Estado, sendo com posto de 10 m embros v ita li-
da vontade d o Im perador na gestão do governo. cios e lhe cabendo aconselhar e esclarecer o Impe-
Nabuco de A ra u jo pronuncia, deante do novo rador sempre que este entendesse conveniente, prin-
m in iste rio , o celebre discurso de combate, que é cipalmeute to da vez que tivesse de exercer qualquer
quasi como que um toque de reunir contra o poder funcçâo de Poder M oderador, sobre negocios extran-
pessoal do monarcha, que subvertia as normas da geiros, declaração dc guerra ou negociações da paz,
ethica no regim em parlam entar, que a tradicção in- conflictos de jurisdicções entre os orgãos adm inistra-
tro d u /ira nas instituições, e seu discurso passa á tivos e jud iciá rio s. Era org ão meramente consulta-
his to ria como o discurso do sorites, para fazer um tiv o e faculta tivo. F oi sup prim id o pelo art. 32 do
protesto não sobre a legalidade do m in is tério actual. A n o A d d itio n a l á C on stituiçã o, a titu lo «de uma
porque em verdade a Corôa tem o d ire ito de nomear garantia á liberdade» o que redundou, ponderava,
livre m e nte os seus m in istros, mas sobre sua le g iti- com razão, Pimenta Bucno (•’ ) , n ’um máo, pois se
midade» e após m ostrar com a sua athica cloquen- mantendo o poder m oderador deixou-se de se lhe
cia que o m in is te rio que cahira assentava justam en- dar um correctivo, um sedativo para os seus erros e
te iTuma m aioria libe ra l constituída pela vontade excessos. A le i o rd in aria n ." 234 dc 23 de Novem-
n n cion al; uma m aioria tão legitim a... como podem bro de 1841, em virtu d e de o haver proposto e
sêr to das as m aiorias, que hão de v ir enquanto não
tiverm os libe rd ad e dc eleição» e que o m in is tério que
cahira representava, justamente, essa p o litic a não de­
cadente, mas, sim, tendente «a um grande desenvol- 1'* Joaquim Nabuco Um Estadista do Imperio,
vimento» e que, portanto, o regimem representativo ' ol' } }} ' !’a8* ' . 12', ® I25‘ ,,
_• • , . (’> Joaquim Nabuco — Um Estadista do Imperio, vol.
exigia, pelo menos, que o m in is terio successor fosse paR 553 e
tira d o da mesma corrente po litica c não d’uma adver- (3) Pimenta Bucno — Direito Publico, pag. 285.

O O O O 165 O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENÁRIO DA

sul licitado o imperador D. Pedro II, na Fala do ções legislativas após o placet da Assembléa Geral
Throno de 3 de Maio de 1841, o instituio novamen­ (ar!. 85).
te, nâo sem grande debate, pois entendiam alguns, O Acto Addicional, com a intelligencia que se
como o Senador Vergueiro, que a lei era dispensável lhe deu, veio trazer, porém, grandes modificações a
e que o Imperador o podia crear independentemen­ esse regimem embriogenetico da autonomia provin­
te, ao que se oppunha o Senador Bernardo de Vas- cial, realizando uma franca evolução, conquanto ainda
concellos entendendo que «uma instituição de ta­ nâo definitiva, mas constituindo, certo, um grande
manha transcendência na ordem social», devia repou­ passo para o regimem federativo franco que se veio
sar «sobre princípios fixos», enquanto o Senador a propugnar aos ultimos tempos da Monarchia e que
Paulo e Souza sustentava a sua inconstitucionali- constituio a clava mais forte, talvez, para o advento
dade á vista da sua suppressâo pelo Acto Addicional. rapido e feliz da Republica. No art. 1 ° o Acto Addi­
cional creou as Assembléas legislativas provinciaes;
Manteve-se o caracter de vitaliciedade, o que era suas attribuições legislativas foram enumeradas, sendo
em extremo combatido sob o fundamento de que era essa especificação fundada, em parte, nas attribuições
incongruente, pois era obrigar o Imperador a se dadas aos preopinantes Conselhos Geraes das Provin­
aconselhar sempre com as mesmas pessoas, ainda cias, cabendo-lhes legislar: sobre interesses peculiares
que estas se houvessem divorciado do espirito da ás respectivas Provincias, taes como divisão civil,
Nação ou não acompanhado mais a sua marcha pro­ judiciaria e eclesiástica; instrucção publica, nâo eom-
gressiva. prchendida a superior official; sobre policia e econo­
Item c. O quinto principio central da Constitui­ mia municipal, precedendo proposta das respectivas Ca­
ção de 1824 consistio em, por uma forma diffusa, maras; sobre fixação de despezas e impostos, contan­
lançar o primeiro nucleo embriogenetico da futura to que não prejudicassem as imposições geraes taxa­
federação. O art. 71 da Constituição reconhecia a das pelo Imperio; sobre contribuições directas dos
todo cidadão o direito de intervir nos negocios pe­ municípios e sobre fixação de forças policiaes provin­
culiares de sua provincia, direito esse exercido pelas ciaes. Cabia mais ás provincias exercer cumulativa­
Camaras de districto e Conselhos, que com o titulo mente com o Governo geral a funcçâo de decretador
de «Conselho Oeral da Provincia» deviam se es­ do estado de sitio, na forma e condições previstas
tabelecer em cada Provincia, (art. 72), sendo seus pela Constituição (art 179 n.° 35 da Const, e
membros electivos (arl. 74) e tendo por fim legislar art. 11 § 8 do Acto Add.). Essas attribuições eram
sobre os peculiares interesses provinciaes, (art. 81), exercidas sem mais dependenda da ratificação da As­
mas sómente se tornando executáveis essas proposi­ sembléa Geral, apenas havendo uma acção contro-

PAVILHAO IlINAMARQUEZ - VISTA INTERIOR


INDEPCNDENCIA L DA LXPOSIÇAO INTERN AVION A

lad ora po ste rio r, pois competia ao Presidente da dynamico geral. Como consequência os grandes vul-
Provin cia rem etter copias authenticas das Leis pro- /o s do paiz, no centro, se preoccupam c são assal­
vinciaes á Assembléa e G overno geraes, afim de ta dos pe lo temor deante de uma tantas consequên­
se exam inar se offendiam á C onstituição, impostos cias desastrosas. Dada a im p ossib ilida de o u d if-
geraes, etc., is to c aos interesses institucionaes e ficuldade d'uma nova reform a constitucional, pro­
geraes da Nação (a rt. 20 do Acto A d d.), casos unicos cura-se a tangente d ’uma le i de interpretação, que
em que se podia dar a revogação da le i provincial. surge em 1840, le i essa pela qual se fix a n d o qual
C) p ro je cto de le i votado pela Asscmbléa Provincial a interpretação a dar aos te xtos constitucionaes, leva
devia te r a sancçâo do Presidente da Provincia, mas a organização politico-ad m in istra tiva das provincias
essa sancçâo não era forçosa para a sua effectivaçio, a fundas modificações, cerceando a actividade das
com o se dava no G overno Geral (art. 6." da Const.), Assembléas Provinciaes n’a q u illo que tinham de mais
po is o regim em fô ra m ais liberal, visto que se o Pre­ fundam ental, como fosse a organização de funeções,
sidente nega sancçâo a Asscmbléa podia m anter o isto é, natureza c attrihuiçfies do fu nccionalism o pro­
p ro je c to de le i por dons terços de seus votos, e em vincial, po licia l em geral, organização
caso negativo não se podia renoval-o na mesma Sessão, Referindo-se a essa refo rm a e n’ a apoiando fran­
o que con stitu ía o antecedente ao regimem legiferante camente O liv e ira Vianna escreve, com a form a incisiva
da R ep ub lica ; a isto se abria uma cxcepçâo em be­ que lhe é peculiar, que essa interpretação «inspira-se
n e fic io geral e da soberania nacional, c era quando a n 'uin esp irito vigorosamente centralista e é uma
v e to entendia p re ju dica r o projecto ás outras pro vin­ criação genial de Bernardo de Vasconcellos e do
cias o u a tratados, caso em que era o projecto rc- velho U ruguay... Realizando a mais adm iravel obra
m e ttid o á Assembléa Geral para decidir sobre o de centralisação de nossa h isto ria , matam o provin-
ve to (art. 16 A c to Ad d.). cialism o — e salvam a Nação» ( ') e m ais adeante,
Era a descentralização que começava, a qual fo r­ com satisfação, proclam a: «Ê uma compressão pode­
ma aproxim adam ente com pleta já havia tomado com rosa c systematica, contra que não ha cau dilh o local
as grandes reform as trazidas pelo C od igo de P ro­ ou olygarca provincial que se levante... E ntre nós,
cesso C rim in a l de 12 de Agosto de 1832, Le i de 8 essa paz inte rio r, esse im p erio do d ire ito , essa ordem
de O u tu b ro de 1834 relativa ao novo R egimento dos publica m antida e diffu n d id a por to do o paiz c a
Presidentes de Provincia. obra excellente e suprema d o II Im perio» (*).
Esse m ovim ento de descentralisação que se in­ De facto uma ta l descentralisação fô ra exage­
te g ro u com a trip lic e actuação do C od. de Proe. C ri­ rada, apenas, então, pensamos, pela precocidade d'um
m in a l, A cto A d d ic io n a l e Le i de 1834 fôra ao seu tão la rgo surto em ancipador, quando a Nação não es­
te m p o m ui com batido, maxime pelo douto Visconde tava devidamente preparada para isso, mas o que
de U ru gu ay em c ujo testemunho ainda hoje o b ri­ é certo, também, se nos antolha, é que a rcacção não
lh a n te esp irito de O liv e ira Vianna se calca para de­ fo i menos exagerada e esse grande ro lo compressor,
m on stra r a sua nocividade para um paiz com o o nosso que passou a sêr o poder central, esquecia que essa
n ’ aquella épocha e do que adeante tratarem os. trituraçã o dos grupamentos cellulares d o organism o
O Senador V ergueiro, em sessão do Senado de podia redundar na paz, mas essa paz era não o
12 de Julh o de 1841, proclamava que as agitações que indice d ’um desenvolvim ento synergico de energias
s o ffria , então, o paiz, advinham de «havermos ante­ organicas em perfeito eq u ilíb rio dynam ico, mas, sim,
cipado a nossa organização política á social» e na o symptoma do am ortecimento de energias vivas que
mesma Sessão Bernardo de Vasconcellos abundava m al começavam a s u .g ir nos movim entos naturalm en­
nas mesmas ideas; as agitações nos Estados se da­ te não harmonicos d ’um superorganismo, que se t i ­
vam e o poder central se enfraquecia, um ta n to ; alem nha de subm etter a leis de adaptação e sclccção; do
do mais, os nossos homens, escrevia o Visconde de U ru ­ que havia necessidade, era, sim , de leis de transição
guay, não conheciam nem haviam estudado esse sys­ para a passagem do centralism o absoluto para uma
tema de descentralisação trazido por tacs re fo rtn a s ('); descentralisação, que se deveria i r praticando, pro­
succedia vencer as eleições uma das parcialidades em gressivamente, a bem, particularm ente, d o fu tu ro na­
que estavam divid id as as nossas provincias. A m aioria cional.
da Assembléa P rovin cial era sua. Pois bem, montava No ponto de vista da centralisação c m ister
o seu partido ... Am ontoava obstáculos para que o descentralisação, que se deveria i r praticando, pro-
la d o con trario, para o fu turo , não pudesse governar. lisação adm inistrativa; aquella é indispensável, m axi-
Fazia juizes de paz seus e camaras municipaes suas... mé nas democracias, porque desempenha um papel
Edificavam , assim, um castello inexpugnável, não só conveniente para a form ação da unidade nacional,
para o lad o c on trario, como para o governo cen­ quer elaborando o d ire ito , exercendo as funeções
tra l (-). magestaticas da soberania nacional, como estabelecen­
C om o to d o organism o em formação, a synnergia do as bases alicerçares para a form ação do grande
das funeções organicas tinha que s o ffre r os naturaes p a trim o nio m oral e inte llectu al da Nação, thezouro
abalos e por fa lta de cultura conveniente e dada a sem o qual as Nações não se rejuvenescem nem pe­
inexperiencia tinha que acarretar a hyperthrophia netram no seio da posteridade ao desempenho de sua
funccional de uns orgâos cm detrim ento do eq u ilíb rio missão humana; mas, ao invés, tu do a q u illo que diz

(') Vide Visconde de Uruguay — Dir. Administ., (<) Oliveira Vianna Populações Meridionals do
vol. II, pag. 163. Brasil — pag. 232.
(-) Visconde de Uruguay — op. cit., vol. II. (r) Oliveira Vianna — op. cit., pag. 235.

o o o o o o 167 o o o o o o
LIVRO E OI i RO COMME MORAL/VO CENTENARIO DA

respeito á gestão da cousa publica, á sua administra­ na educação e na direcção na formação organico-psy-
ção e consequentes necessidades complexas para o chica dos sires humanos arrastará, futuramente, ao
desempenho de funcções organicas especificas, na sa­ automatismo, mas nunca ao florecimento das indivi-
tisfação de solicitações e causas peculiares á cada dualidades fortes no self-governm ent. Aqui, como
ramo da administração, deve, ao contrario, sêr o cm tudo, a virtude está no meio termo — centra-
mais breve possível entregue aos seus naturaes de­ lisação governamental, no sentido proprio d’ este ter­
positarios, ainda mesmo que se soffrendo as conse­ mo, para a formação e manutenção da unidade mo­
quências abaladoras duma tal outorga, pois taes aba­ ral e nacionalisadora, descentralisação administrativa
los são passageiros e representam, apenas, crises no sentido amplo d’essa expressão, para o livre de­
de crescimento, reacções meramente symptomaticas, senvolvimento organico das unidades e em cujo uso
muita vez, d’um natural processus de adaptação pre­ sc terá as fataes crises do crescimento, que não de­
paradora unica da ideal consecução d’uma finalidade vem s ir confundidas com as crises da decadência
historica na teologica formaçã > dos attributos conve­ ou da dissolução.
nientes a uma democracia organica e expontânea; Esse mero quadro historico de linhas rapidas,
agir em forma contraria é improvisar, apenas, a paz não nes permitte, porem, infelizmente, nos demo­
apparente dos organismos anemisados, que produz o rar no assumpto, ao qual maior desenvolvimento de­
engano le d o c re g o do presente, mas, nunca, desem­ mos por haver sido o problema politico-constitucio-
penhar o destino historico que as circumstandas hajam nal central do Imperio.
traçado.
Aliás, essas ideas de cuja verdade sempre esti­ no grande scenario das liberdades politicas e indivi­
vemos convictos, vemol-as defendidas já pelo notá­ duais; diz respeito á inviolabilidade dos representan­
vel espirito e eminente pensador, autor do estudo tes do povo nr. Parlamento nacional; preceituava o
sobre a Democracia na America do Norte. A cen- art. 26 da Constituição: os membros de cada una
tralisação administrativa, escrevia Tocquevillc ('), lo­ das Camaras são invioláveis pelas opiniões que pro­
gra, é verdade, reunir n'uma dada época e n’um cer­ ferirem no exercício de suas funeções». A essa dis­
to logar, todas as forças disponíveis da Nação, mas posição se unia o preceito do art. 27 impeditivo da
ella pre ju dica á reproducção Jas forças. Ella fez prisão dos representantes nacioonaes durante o exer­
triumphar o dia d o com ba’.e, mas dim inuo, para sem­ cício do mandato.
pre , seu poder. Poderá, ella, concorrer admiravel­ O primeiro d’csscs dispositivos c a reproducçâo
mente para a passageira grandeza d’um homem, não do art. 25 das bases da Constituição portugueza
para a prosperidade d’um povo» e mais, «consegue... de 1821; do art. 27, fonte provável fôra o art. l. \
manter a sociedade n’um s:atu q u o que não é, pro­ sec. VII n." I da Const, dos E. U. da America do
priamente, nem decadência nem progresso; alimentar Norte, que preceituando a inviolabilidade dos repre­
no corpo social uma especic de somnolencia adminis­ sentantes da Nação, estabelece correlatamcnte que;
trativa que os administradores se acostumam a cha­ em todos os casos, excepto os de trahissão, de fe­
m ar bôa ordem e tranquillidade publica. Ella logra, lonia i dc perturbação á paz publica, elles (os repre­
em uma palavra im p ed ir, não re a liza r » e se referin­ sentantes) não poderão sêr presos quer durante sua
do aos males e abusos na direcção das nações, pro­ presença na sessão, quer para ahi se dirigindo ou re-
clama o grande escriptor, com sua incontestável auto­
ridade: uma democracia sem instituições provinciaes
não possue nenhuma garantia contra semelhantes ma­ Esses disposições, das constituições americanas
les... Como resistir á tyrannia n’ um paiz onde cada e do Imperio, s> encontram, também, semclhantemen-
individuo é fraco, e onde os individuos não são te na lei constitucional franceza de 16 de Julho de
unidos por nenhum interesse commum? Aquelles que 1875. art. I I § 1." c Const, da Argentina (art. 61
temem a licença, e aquelles que se arreceiam doi poder e 62 ), n’esta ultima com mais technica e fórma asse-
absoluto, devem, portanio, desejar o desenvolvimento guratoria, e havendo, por isso mesmo, sido quasi re­
gradual das liberdades provinciaes». produzida no art. 20 da nossa Constituição republi­
Não se deve esquecer, particularmente, o teleo- cana, salvo a exigência de dous terços de votos para
gismo historico que devem ter as instituições poli­ a licença com relação ao processo e que o legislador
ticas nas nacionalidades em formação, devendo, como patrio na Republica entendeu, bem, não exigir.
devem, constituir valores de duplo effeito: de asse- São medidas sabias que o liberalismo constitucio­
guradores da ordem e do bem estar presente, e, pa- nal brasileiro entendera por bem esposar, pois consti­
rallclamente, de propulsores do progresso ethico — tuem uma das valvulas dc segurança, entre outras,
politico, e esta ultima, é a grande finalidade historica existentes no funccionamento do mechanismo consti­
das instituições nacionaes em paizes novos. O su- tucional patrio; não foi uma innovação, não é um
perorganismo é. ahi, como o organismo humano no privilegio, o que teria caracter odioso, mas, sim, um
periodo de formação; coarctae-lhe todos os movimen­ preceito s i ne qua non para o exercício do regimem
tos expontâneos, fazei a assistência continuada, pro- representativo e para seu livre desempenho.
curae tudo dirig ir e tereis certo a egoistica calma e O sétimo ponto central da nossa systemasição diz
tranquillidade de que nenhum acidente lhe advirá, respeito á declaração e enumeração expressa dos di­
mas, também, certo podeis estar que esse simplismo reitos individuaes ou do cidadão, quer em relação aos
fundamentaes princípios da liberdade e igualdade,
com restricção quanto á religião, quer quanto á ga­
(I) A. Tocqueville — De I. Democratic cn Amcri.uie, rantia dos direitos primordiaes e asseguração do
vol. I, pags. 144, 150 e scg. repouso ou estabilidade nas relações juridicas, tudo

O O O 168 o o o o o o
COMPANHIA NACIONAL DE RENDAS — Rio de Janeiro.
iN D F .P i:\i> n \c iA A F X POSIÇÃO INTFRNAC.

isso dc par com humanisação dos princípios referentes a liberdade, a segurança individual e a proprieda­
ás penalidades. de, é garantida pela Constituição do Imperio, pela
O conjuncto d’esses grandes princípios forma o maneira seguinte . Eram, assim, affastados os es­
titulo V III da Constituição do Imperio de 1824; trangeiros. Seguem-se as demais disposições seguin­
c elle, esse titulo V III, o grande foco de radiosa luz tes, cuja ordem deixaremos para grupal-as pela sua
que envolve a nacionalidade nascente. maior ou menor proximidade.
Na epocha, nem a Constituição norte-americana, Quanto á liberdade ahi se preceituava: que ne­
«Tm seu art. 1.® secção Q.° e emendas se avantajava; nhum ciJadâo podia sêr obrigado a fazer ou não
bem, ao invés, falta á Constituição americana, essa é alguma cousa senão em virtude de le i; a liberdade
a verdade, n’ esse ponto, uma exposição methodica e de pensamento fôra estatuída pela forma seguinte:
uma forma organica systematica, e, se affastarmos o todos podem communicar os seus pensamentos por
que diz respeito á religião, a Constituição imperial palavras, escriptos e publical-os pela imprensa, sem
era na declaração dos direitos individuaes, sob taes dependência de censura, contanto que haja de res­
aspectos dc methodo e systema, bem mais avança­ ponder pelos abusos que commetterem no exercício
da, dizemol-o sem nenhum exagero, e sim com a d’esse- direito, hos casos e pela forma que a lei de­
tranquilla consciência scientifiea de quem observa á terminar ; garantidas eram a liberdade de locomo­
luz unica da verdade historica. ção, para dentro ou para fóra do territorio nacional,
A Revolução franceza, porém, havia já firmado, a liberdade corporea, estatuindo-se não poder nin­
por outro lado, os grandes princípios de irradia­ guem permanecer em prisão sem culpa formada, só
ção universal na celebre «D e c la ra tion des d ro its ie podendo o cidadão sêr preso em virtude de fla­
"h om m c et du t i * ;yem. constante da Constituição grante delicto ou ordem judiciaria, e se admittindo,
de 1784), em seus básicos arts. I, 2» e 4> e onde em dados casos, a fiança idonea; fixava-sc a impossi­
se proclamava os postulados por demais conhecidos, bilidade de se sêr sentenciado senão cm virtude de
taes como «os homens nascem e permanecem livres lei anterior, por autoridade competente e na fórma
e eguaes em direitos. As distineções sociaes não po­ prescripta; garantia-se a liberdade de trabalho, desde
dem sêr fundadas senão sobre a utilidade com.num ; que a isso se não oppuzesse a moral, sendo, outro-
«o fim de toda associação politica é a conservação sim, declaradas abolidas as corporações de officio;
dos direitos naturaes e imprescriptiveis do homem. estava, também, assegurado o sigillo de correspon-
Esses direitos são: a liberdade, a propriedade, a se­
gurança e a resistência á oppressão-; posteriormente Como se vê, além dos demais princípios que
a Constituição dc 1703 fixava em que consistia a vamos expôr, são esses grandes preceitos que fo­
igualdade perante a lei, considerada, então, o direito ram mais directa.ncnte influenciar e servir de fonte
fundamental (arts. 2 c 3). para o nosso estatuto fundamental na Republica.
Era debaixo d’ esse ambiente de cultura universal A liberdade individual, que é o direito funda­
a que não era estranha a parte cultivada da Nação, mental por excellenda, pois que encerra a propria
em geral, áquella epocha, no Brasil, onde a notável dignidade <ia vida e sem ella a personalidade hu­
e ampla obra, sobre Constituição Moral, do eminen­ mana desapparece em seus attributos moraes, era na
te Silva Lisboa, já espalhava os virtuosos princí­ Monarchia, considerada pelo escriptor que, ao lado
pios d’uma larga e sã philosophia e ethica politico- de Uruguay, maior influencia veio a exercer sobre a
social, como atraz referimos, que tiveram de agir ns formação do direito publico, qual fora Pimenta Bue­
formadores e constructores do nosso liberalismo cons­ no, como sendo «a condição essencial do gozo de
titucional, n’aquella memorável épocha historica. sua intelligeneia e vontade, o meio de perfazer os
O esclarecido bom senso de D. Pedro I, essa seus destinos» (*).
individualidade que apezar do seu sabido tempera­ Mas, esse liberalismo peccava por uma unica
mento voluntarioso e autoritário, mas não visceral­ falha, qual á referente á liberdade religiosa; de facto,
mente dominador, era um espirito aberto e accessivel a Constituição de 1824 reconhecia e proclamava que:
a todas as generosas idéas, sabendo resistir quando lia Religião Catholica Apostólica Romana continuará
preciso, mas cedendo e abdicando quando nociva, em a sêr a Religião do Imperio» e estatuia admittir, tão
definitivo, ou improfícua a acção, poude, assim, re­ sómente, a pratica toda privada, sem nenhum culto
ceber a larga influencia do projecto da Constituinte, externo, dentro do lar, de qualquer outra religião;
para o que preparado, inicialmente, fôra pela acção todavia no tit. V III, de que tratamos, se estatuia que
do grande pensador e scientista que foi José Bonifa­ ninguém poderia sêr perseguido por motivos de cren­
cio, já, então, porem, fóra do governo e exilado. ças religiosas.
O largo projecto de Constituição de 30 de Agos­ A liberdade individual, era, assim, affectada em
to de 1823 elaborado pela Commissão da Constituin­ utn de seus aspectos mais delicados e respeitáveis.
te, sob a influencia, de Antonio Carlos de Andrade O texto definitivo da Constituição fôra n’esse, como
M. e Silva, relator, e seu irmão José Bonifacio, mem­ em quasi todos os outros pontos, como já fizemos
bro da Commissão, havia já no cap. II do titu lo II, sentir, calcado no projecto da Constituinte, relata­
composto de 22 artigos, só esse capitulo, fixado do por Antonio Carlos de Andrade e Silva e sob a
todos os princípios, quasi, que, retocados, serviram actuação de seu irmão José Bonifacio, no qual se
para formar o titulo V III da Constituição elabo­ estipulava no art. 14 que «a liberdade religiosa no
rada pelo Conselho de Estado. Brasil só se estende ás communhões christãs» e no
Abria o titulo V III o art. 17Q em que se de­
clarava que «a inviolabilidade dos direitos civis e po­
liticos dos cidadãos brasileiros, que têm por base (>) Pimenta Bueno Direito Publico — pag. 392.

o o o o o o 169 o o o o o o
LIVRO D t OURO COM Ml: MORATIVO IX ) CENTENÁRIO DA

no art. 15 que as mais religiões «são apenas tolera­ a não retroactividade das leis. A Constituição norte-
das, e a sua profissão inhibe o exercicio dos direi­ americana em seu art. 1", secc. 9." n.° 3 já estabe­
tos politicos», proclamando-se no art. 16 do mes­ lecia que «nenhum b it d 'a ttain de r nem lei retroactiva
mo projecto, identicamente ao que ficou no texto de­ r x post facto podem ser decretadas». Era um prin­
finitivo, que «a religião catholica apostólica romana cipio de alta importanda para uma sociedade; sem
é a religião do estado por excellenda, e unica man- elle não pode haver organização juridica possível, pois
teúda por elle». A esse respeito a Constituição repu­ sua ausência accarreta a intranquillidade, o desasso-
blicana abrio novos e largos horisontes. cego permanente com relação á validez dos actos ju ­
Quanto ao principio da igualdade, a Constituição, ridicos perfeitos.
no mesmo capitulo V III, estabelecia: a igualdade de Outro grande característico d’essa declaração dos
todos perante a le i; a accessibilidade dos cargos pu­ direitos da Constituição foi o movimento de hu.nani-
blicos, sem outras distincções senão os seus mereci­ sação penologica que ella impoz; até, então, estáva­
mentos. Essas disposições não se viam no projecto mos sujeitos ao imperio das Ordenações portugue-
da Constituinte; revelam ellas grandes princípios que zas, cujo livro V gottejava sangue e crueldade pro­
constituíram a pedra angular do movimento revolu­ pria da épocha remota que o gerou.
cionário e constitucional da França, a cujas consti­ O movimento de humanisaçâo já havia sido ini­
tuições se abeberaram os collaboradores do texto ciado em quasi todos os paizes civilisados, sob a
constitucional. emoção do grito de dôr e protesto que a pequena,
A garantia dos direitos fundamentaes, como a mas eterna obra de Beccaria havia lançado, cheio de
inviolabilidade do domicilio e o direito pleno da pro­ nobreza e elevação, no campo da penologia. Influen­
priedade estavam asseguradas, sendo que quanto á ciada nobremente por esse movimento a Constituição
propriedade fo i regulada a desapropriação por utilida­ abolio «todas as penas cruéis», taes como as enume­
de publica, submettida á garantia da indemnisação, radas de açoites, tortura, marca de ferro quente ou
sendo que, quanto a esta, o projecto da Commissão outras quaesquer de natureza equivalente; determi­
da Constituinte fôra além, estabelecendo a indemni­ nava que nenhuma pena passasse da pessoa do de­
sação pelo valôr intrinseco ou venal, como pelo es­ linquente, e exigindo que as cadeias fossem «limpas
timativo (arts. 20 e 21 do proj. cit.). O preceito e arejadas», fazia a grande promessa de que se orga­
da Constituição do Império foi esposado pela Consti­ nizaria <quanto antes um Codigo C ivil e Criminal
tuição republicana, como se sabe. fundado nas solidas bases da ju s tiça e equidades.
A estabilidade nas relações juridicas fôra, tam­ O oitavo ponto cardeal da Constituição do Impe­
bém, regulada por esse titulo V III, preceituando-se rio, acima fixado, dizia respeito á suspensão das ga-

o o o o o

PAVILHÃO IX ) MEXICt

o o o o 170 o o o o o o
INDE PEN DU \'< >A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

rantias constitucionaes, e era previsto no mesmo t i ­ Com o systema de governo, poré.n, não podia
tu lo V I I I . mais satisfazer ás aspirações do paiz, cujas p ro v in ­
Assim, preceituava a C on stituiçã o que as g a ­ cias definhavam sob o ro lo com pressor do poder
rantias constitucionaes não podiam sêr suspensas, sal­ cen tral; aspiravam, uns, abertamente, a Republica,
vo no caso de rc b e lliâ o ou invasão inim ig a do te rr i­ outros a federação d e ntro do regim em monarchic©,
to rio nacional, sendo essa suspensão, porém , feita pela regiment este u ltim o , se nos antolha, mui d iffic il-
Assrm bléa le g isla tiva, salvo n o caso de se achar fecha­ m in te applicavel nas condições do nosso paiz, dado
da, hypothese em que podia sêr decretada a suspensão sêr bem mais com p le xo e delicado d o que a re­
pelo poder executivo, devendo, porem, o governo publica federativa que viem os a adoptar. A feição
conimunicar á Assembles, lo g o á sua abertura, as d’este estudo e os seus lim ite s não nos pe rm itte,
medidas tomadas. Ficavam, por essa fôrma, plena- porem, é de vêr, e n tra r n’ esse la rgo e vasto campo
mente asseguradas as garantias constitucionaes ou ­ das causas que arrastaram á queda da M onarchia
to rgadas, pois sua suspensão estava sujeita a c on di­ c, consequentemente, do regim em constitucional, até,
ções e form as prefixas. tn tã o , adoptado, queda fa ta l e necessaria, producto
incluctavel do de te rm inism o his to ric o que envolve a
todos os povos c que veio nos a b rir novos h o ri­
zontes para realizações maiores na apreciação das
C O N C LU SÃO quaes, porém, nós da geração nova republicana, não
podemos esquecer, p o r princípios de consciência na ­
cional, justam ente, o log ic o pre pa ro do terreno an-
Vê-se, assim, p o r to do o exposto, em que, ra­ terierm ente realizado, no desdobramento fe liz d’uma
pidam ente, procurám os traçar as linhas gera es da suave e gradativa evolução historica.
C on stituiçã o im p erial, que era ella um pacto fu nda­ Que as gerações actuacs e as vindouras tendo
m ental que honrava o nosso paiz e que podia nos bem a consciência de que a obra do nosso actual
desvanecer, com o fizemos, anteriorm ente, se n tir; ti­ libe ra lism o lhes não pertence exclusivamente, mas,
nha defeitos, e era natural, pois que para ta l bastava sim, que ella é um g lo rio s o acervo da raça e um the-
que fosse uma obra humana, mas suas maiores fa­ zeuro h is to ric o a mais c mais enriquecido, na defesa
lhas decorriam do p ro p rio regiment po litic o adopta- do qual não poucas vidas fo ra m dadas em seu ho-
do, que o u tro , porem , não podia sêr, é de vêr, na Iccausto e para c u jo engrandecim ento deram o me­
épocha h isto rica em que nos achavamos e dadas as lh o r de suas energias grandes cidadãos á a ltu ra do
condições do paiz. m om ento que encarnavam e de que emanavam, sai­
F o i, porem , é incontestável, a cartilha pela qual bam respeitar esse acervo e, religiosam ente, enrique-
se fo rm ou o grande esp irito de libe ra lism o que nos cel-o ainda, estendendo-n’o como um grande p a llio
caracteriza, o p a llio sob o qual cresceu c entrou na sob o qual tra n q u illa m e n tc possa se realizar a alm e­
adolescência uma nacionalidade de finid a, preparando, jada g lo ria da gra nd e Nação fu tura .
assim, o na tu ra l advento da Republica, cuja C o n s titu i­
Rio, Setembro de 1922
ção abrindo-nos novos e grandes horizontes, poude,
sem deslise se abeberar de grande parte dos pos­
tu la do s que já nos abrigavam. C hrysolito de G usmXo .

o o o o o 171 o o o o
C O M O O BR A SIL E N T R O U PARA O C O N C E R T O
DAS NACOES

aqui fimccionavam os ministros dc Estado e as prin-


cipaes repartições c trihunaes; aqui deliberavam e le­
gislavam os estadistas e, finalmente, aqui rezidiam
|j§ I AN DO os exercitos do imperador Na- os embaixadores e consules das nações amigas. Isto
polcSo invadiram, em I $07. o reino de- quer dizer que o Brasil, não sómente galgara tuna
Portugal, e desceram, cm marcha força­ situação verdadeiramente autonoma, em relação a Por­
da, sobre a cidade de Lisboa, o principe tugal, como ainda ultrapassara s velha metropole, que
D. João, que governava o Reino, como Regente, no desde então ficara reduzida quasi que a condição de
impedimento de sua mãe, a rainha D. Maria I, ju l­ simples colou ia.
gou de bom àviso retirar-se para o Brasil, collocan- Foi esse o primeiro grande passo para a inde­
dc-se, assim, a salvo dos perigos que pendência politica do Brasil. O segundo dar-se-ia
Fixando residenda no Rio de Janeiro, installoi seis annos niais tarde, e;n 1821
sua côrte e seu governo, cercado por sua familia e Derrubado o Império napoleonico, restabeleci­
pelos homens notáveis de Portugal, aqui esperou pa­ do, na Europa, o poder das cortes absolutistas e re-
cientemente que a Europa revolucionaria reconquis­ collocados, nos seus throuos, pela mão da Santa
tasse o socego e a estabilidade dos bons tempos do Alliança, os reis de direito divino, julgaram os con­
século XV111. selheiros pi rtuguezes que a razão que levara a côrtc
Foi assim que o Brasil, de simples colonia que e o governo de Portugal a se transportarem para o
era, subordinada ao governo de um Vice-rei. passou Brasil não mais subsistia, e que era chegado o mo­
a ser a séde da monarchia portugueza. E as decisões mento de D. João, já então rei, depois da morte 'ida
que o principe Regente se viu forçado a tomar, em rainha sua mãe, retomar o caminho de Lisboa e no-
consequência da mudança que se fizera, só vieram ele­ vamente dictar sua vontade do Palacio de seus ante-
var ainda mais a posição que adquirira a' colonia ame­
ricana. Assim, a creação, aqui, de repartições e tribu-
naes superiores deu, desde logo, ao Brasil, sinão uma A volta de D João VI verificou-se em abril dc
superioridade sobre Portugal, ao menos uma posição 1821 Essa volta apresentou-se, porém, como um pro­
de perfeita igualdade no tocante á administração pu­ blema de graves consequências. Deixando para sem­
blica; e a abertura de seus portos ás bandeiras das pre a terra americana, não podia o Governo portuguez
nações amigas, em 1808, como a assignatura dos Tra­ fazer o Brasil voltar á antiga posição de simples co­
tados de 1810, emprestou-lhe uma verdadeira autono­ lonia da metropole. Tornava-se indispensável conser-
mia econcmica. vá-lo na cathegoria de Reino, unido a Portugal, mas
Tudo isso, porém, não bastava. Desde que o desfnictando, interiorniente, a autonomia com que
Governo portuguez se instalara no Rio de Janeiro, fõra dotado com a vinda da cõrte portugueza. Mes­
ficara patente que a simples situação de colonia, a mo assim, poré.n, o problema continuava aberto,
que até então estava o Brasil reduzido, não se com­ pois que o Brasil, já então mais rico, mais desenvol­
binava inais com o prestigio que acabava de adquirir. vido e mais vasto do que a metropole, difficilmepte
Era necessário elevá-lo a uma posição que corres­ se conformaria em se ver abandonado pela côrte, pela
pondesse a esse prestigio, mesmo porque não se alta administração, e ficar entregue ao poder despres­
comprehenderia o governo central de uma monarchia, tigiado de um simples governador nomeado em Lis­
com sua côrte e suas principaes instituições, funccio- boa.
indo n i terr ) colonial. Desde esse momento a idéia da emancipação
A solução adoptada foi elevar o Brasil á si­ do Brasil começou a germinar nos homens de respon­
tuação de Reino, num pé de perfeita igualdade com sabilidades. E o dilema que então se apresentava era
Portugal, e formando com este a parte mais importan­ o seguinte: ou ficaria o Rei, e o Brasil continuaria
te da monarchia portugueza. unido a Portugal, ou o Rei partiria, e neste caso
A bem dizer, desde então, isto é, desde 1815, o seria a completa independência.
Brasil passou a ser a porção mais proeminente dessa Adoptou-se, porém, uma terceira solução: partiria
vasta monarchia; aqui estava a1 côrte, com o Rei; o Rei, e aqui ficaria, na qualidade de Regente, com

o o o o o o 172
)
JOSÉ PEREIRA DACQSBUC* LDA
C a sn t u iu J a d a em l ó é jj^ ^ Ê
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G aya P o rto

armazéns: Roa 'fcvWI «feCosSSa*»

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I Í G e h s n c i a . 2199 J L M B & +

1 t *

JOSÉ PEREIRA DA COSTA & C1*, L." — Porto, x


CENT EN AHIO DA INDEPENDENT.! A E DA EXPOSIÇÃO

poderes am plissim os, o seu filh o mais velho, D. Pe­


por que e lla fo i levada a e ffe ito pelo p ro p rio filh o
dro, justam ente o he rdeiro da corôa.
do rei de Portugal. Elle não era um bra s ile iro , si
Essa solução, si não acarretou desde log o a bem que para aqui viesse m u ito jovem , mas as c ir­
independencia, pois que em parte satisfazia ás aspi­ cumstandas em que se viu collocado o identificaram
rações dos bra sile iro s, veio porém m ostrar que o p ro ­ complctamentc com as aspirações da é lite brasileira.
blema estava apenas adiado. Era1 paetnte que elle em Até certo ponto, porém, o seu gesto, proclam ando a
breve se renovaria, lo g o que o regente D. Pedro se independencia do Brasil, f o i apenas um acto de de-
visse na necessidade de abandonar o R eino americano, feza pessoal, defeza do p re s tigio de seu cargo, do go­
ou a chamado do governo de Lisboa, o u na fa lta do verno que chefiava e da liberdade que desfruetava.
pae, para assum ir as funcçôes soberanas. Porque o
B rasil não se con fo rm aria com uma segunda regencia:
á ameaça da pa rtida do Principe, e lle responderia
com a proclamação da sua independencia po litica.
F oi o que se verific o u dezeseis mezes depois, a II
7 de setem bro de 1822.
U m a vez chegado a Lisboa o r e i D. João, as
C ôrtes portugiie zas lo g o desenvolveram toda a sua Proclamada a sua independencia e in s titu íd o o
força para cercá-lo nas suas liberdades, de modo a Im perio constitucional, restava agora ao Brasil o re­
a n n u lla r, p o r assim dizer, to do o poder de que e lle conhecimento, pelas Potências, do seu novo estado po­
estava investido, c governarem , soberanas, a vasta* m o­ litico.
narchia. Esse p la no fo i fa cilm ente desenvolvido, de A esse tempo estavam na Europa do is delegados
fo rm a que mezes depois de installado na sua C ap i­ do governo do R io. que para lá haviam sido despa­
ta l, o Rei passeu a ser um simples tite re nas mãos chados leg o que se iniciara a lu ta entre as C ôrtes de
daquellas Côrtes. Lisboa e c governo do p rincip e Regente. Um desses
C onseguido isto, entraram ellas lo g o a pôr cm delegados era o marechal Brant, depois marquez de
execução o program m a que tinham delineado em rela­ Barbacena, que representava o Brasil, cfficiosam ente,
ção ao Brasil, e que era justam ente reduzí-lo, sinâo ju n to á côrte de Londres; o o u tro era o commcn-
á an tig a condição de colonia, ao menos a uma com ple­ dador Q am eiro, depois visconde de Itabayana, que
ta subordinação ao governo central de Lisboa. A residia, com o mesmo caracter, na c ôrte de Paris.
reacçâo d o R io de Janeiro não se fe z esperar; to das Esses dois diplom atas b ra sile iro s haviam sido
as ordens das C ôrtes, expedidas naquelle sentido, despachados com o fim de conseguirem, da In g la ­
fo ra m aqui im m ediatam entc annulladas ou desrespei­ terra e da França, o reconhecimento da Regencia do
tadas. A fin a l, á intim ação para a prompta* partida do príncipe D . P edro; a hem dizer a missão de que es­
p rin c ip e 'Regente para P o rtug al, respondeu-se com tavam investidos ia mesmo um pouco além ; elles t i ­
o gesto decisivo; a independencia do Brasil, pro cla­ nham instrucções para trabalharem , não sómente cm
mada e log o executada pelo p ro p rio f ilh o do Rei. pro l da autonomia do Brasil, que as C ôrtes de Lisboa
Essa independencia não se effectuou da form a queriam annu llar, como também pelo reconhecimento
com a qual se revestiu a das demais nações america­ do governo de D . Pedro como o unico e verdadeiro
nas. Prim eiraniente, a bem dizer, não heuve aqui uma governo portug ue z, desde que o le g itim o , do re i D.
gu erra entre as duas nações; e si exclu irm os as pe-: João, dcsapparecera suffocado p e lo g o lp e revolucioná­
quenas escaramuças travadas em algumas Provincias, rio daquellas Côrtes.
entre guarnições portugueza? e brasileiras, poderemos Quando se verific o u a com pleta independencia
mesmo dizer que a independencia se effectuou numa do Brasil, com a elevação do p rincip e Regente á
atmnsphera de p e rfeita paz. Em segundo lu g a r a dignidade im p erial, sob o nome de Pedro I, o governo
emancipação do B rasil não se apresentou como um do Ric aproveitou a estadia na Europa daquelles dois
m ovim ento de caracter social, que empolgasse to do delegados para que elles, ao envez de trabalharem
um povo c agitasse todas as classes da sociedade. A pela autonomia do Reino, o fizessem, já agora, no
independencia do Brasil fo i o resultado tã o sómente sentido do reconhecimento do novo governo e d o
de uma lu ta de poderes; fo i a consequência do cho­ novo estado que se fu ndara na Am erica. A B rant e
que entre o governo absoluto de Lisboa, que pro cu­ Qameiro juntaram -se nessa occasião o commcndador
rava red uzir o B rasil a uma situação de quasi com ­ Telles da Silva, depois marquez de Rezende, que fo i
ple ta depcndcncia, c o governo constitucional do despachado para Vienna, e o com m cndador Borges de
R io, que pugnava pela continuação da autonomia de Barros, depois visconde da Pedra-Branca, que fo i
que já gosava. D o encontro desses dois poderes, da mandado para Paris, emquanto Q am eiro era rem ovi­
lu ta entre esses dois princípios, o p rin c ip io absoluto, do para Londres, afim de coadjuvar o seu collega
do que se investiram as Côrtes, e o p rin c ip io lib e ra l, Brant. Para os Estados germânicos, a Santa-Sé e a
que agitava o governo do Regente, resultou a v ic to ­ Espanha foram enviados agentes de segunda ordem,
ria do segundo; e como toda victoria que é com pleta, que deveriam trabalhar de commum accordo com os
e lla fo i além do fim visado: assim, o governo do acreditados ju n to ás grandes Potências. Dos Estados
p rín cipe D . Pedro, que lutava apenas pela sua autono­ da America, o unico c u jo governo fo i s o licita do a
m ia d e ntro dos lim ite s do Reino, victorioso , p ro c la ­ reconhecer a independencia do B rasil foram os Es­
m ou, definitivam ente, a sua completa e d e fin itiv a in ­ tados U nidos, para onde fo i despachado Sylvestre Ra-
dependência. b e llo; aliás, os demais Estados americanos estavam
A razão directa e p rinc ip al que deu causa á ainda em Juta pela sua p ró pria independencia.
independencia do Brasil, explica satisfactoriam cnte Os delegados do Im pe rio ju n to ás grandes po-

o o O o o 173 o o
LIVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENTENARIO DA

tencias européas, alguns já identificados com os bas­ ao seu aspecto dynastico. Vienna e Paris não cogita­
tidores das chancellarias do Velho Mundo, logo co­ vam saber si do outro lado do Atlantico se levantara
meçaram a desenvolver um trabalho habil e tenaz e emancipara uma vasta porção de terra, com um solo
para o fim de preencherem promptamente os fins riquíssimo e dotado das mais largas possibilidades
de suas missões. econômicas; o que lhes interessava era antes saber
Mas o reconhecimento do Brasil não encontrou, que o principe D. Pedro se sublevara contra seu
da parte das Potências européas, o bom acolhimento pae, aqui fundando um novo Estado, amoldando-o
que éra para desejar. ás formas de um liberalismo atenuado e assentando-o
A Inglaterra, que desde logo encarou o movi­ numa Constituição que as cortes absolutas da Europa
mento separatista do Brasil, sinâo como um facto de taxavam de quasi revolucionaria.
todo consumado, ao menos como um acontecimento Essas duas correntes, a corrente liberal, repre­
inevitável, revelando embora suas sympathias pela ccu- sentada pela Inglaterra, e a corrente conservadora,
sa de D. Pedro, não quiz, todavia, acceitá-la sem um ou melhor, absolutista, representada pela Santa A llian­
I indispensável accordo com Portugal. Nação essencial­ ça, marcharam assim em campos diametralmente op-
mente utilitária, ella abandonou desde logo a ques­ postos na questão do reconhecimento da independen­
tão de forma, para se deter apenas na questão pura­ cia brasileira. Emquanto que a primeira, guiada pela
mente economica. Sob esse ponto de vista o seu in­ mão de George Canning, comprehendendo a justa
teresse estava justamente em agradar ao Bra'sil, de razão dos brasileiros, procurou, usando de toda sua
cujos mercados necessitava, e não desgostar a Por­ influencia, dissuadir Portugal do empenho que fazia
tugal, cuja alliança fazia empenho em conservar es­ por annullar a independencia do Brasil, a outra cor­
treita e inalterável. E nessa conformidade ella sahiu rente, sob as inspirações do principe de Mettemich,
promptamente a campo, com o fim de fazer com- moveu-se com delongas e tergiversações, rodeou-se de
prehender a Portugal a necessidade de encontrar um escrúpulos e, encarando a questão apenas sob o lado
meio qualquer que lhe permittisse acceitar digna- dynastico, levantou toda especie de duvidas sobre a
mente o novo estado de coisas inaugurado no Brasil. «legitimidade' do governo de D. Pedro, ao mesmo
Âs Potências que então chefiavam a Santa Allian­ tempo que se erguia assustada deante do liberalismo
ça, isto é a Austria e a França, a independencia do da Assembléa legislativa.
Brasil apresentou-se de maneira differente Para ellas, Na diplomacia, o que vence, não é sempre aquel-
a questão se revestiu desde logo de um caracter le que marcha por atalhos tortuosos, mas antes o
purameute politico; desprezando o seu lado econo- que se dirige logo pelos caminhos largos e seguros.
mico, ellas se detiveram sómente no que dizia respeito E justamente nessa questão do Brasil fo i o Gabinete

PAVILHÃO MEXICANO VISTA INTERIOR

o o o o o 174 O o o o o
INDEfiF.N Dr.KCIA r. PA FXPOS/ÇAO /NTF VACIO NAI

ing le z quem marchou claram entc para deante, firm e


tuguez consentiu em delegar poderes ao representan­
e descoberta nos sens propositos, deixando de lado
te ing le z para que elle reconhecesse, em nome do
as pequenas questões de pura pragm atica, paia se
rei de Po rtug al, o novo regim en im p lan tad o n o Brasil.
interessar tã o sómente pelos problem as positivos c
Ao reconhecimento de P o rtu g a l lo g o seguiu-se
concretos. Não é de adm irar po rtan to que tenha
o da pro p ria Inglaterra , com os Trata do s de 18 de
sido elle o vencedor, pe rm ittin d o que a In glaterra
ou tu bro do mesmo anno, firm a do s no R io pelo mes­
podesse dizer, com org u lh o , que fo i ella o grande ad­ mo Charles Stuart.
vogado da independência americana. «Chamei o N ovo
A independcncia do B ras il, uma vez reconhecida
M u n d o á existência», disse C anning m ui le g itim a ­
pelo paiz mais directam ente interessado, que era Por-
m ente, querendo com isso sig n ific a r que fo i elle na tugal, pelos Estados U nid os, já então leaders da
verdade o unico que no seu tempo bem comprehendeu America, e pela Inglaterra, que contrabalançava, na
o papel que o destino destinara ás nações da Ame- Europa, o poder da Santa A llian ça, podia-se desde en­
tão considerar um facto dc to do consumado. Á San­
Convem assignalar, todavia, que não fo i a In­ ta A lliança já agora não cabia nuris levantar as duvidas
g la te rra o paiz que p rim e iro reconheceu a indepen­ e m anifestar os escrúpulos de que déra m ostra, uma
dência do Brasil. Semelhante a ttitu d e coube, aliás vez que o pro p rio rei de P o rtug al acceitava, como de­
m u ito naturalm ente, aos Estados U nidos. F ié is a uma
fin itiv o , o gesto de «insubordinação» de seu filh o e
d o u trin a que até ho je subsiste, os Estados Unidos, herdeiro. Alem disso, o reconhecim ento p o r parte
desde que tiveram conhecimento da emancipação bra­ da In glaterra veio m ostrar ás cortes absolutistas que
s ile ira , lo g o declararam que estariam prom ptos a re­ acima dos interesses puram ente dynasticos, a inde­
conhecerem o novo estado de coisas aqui estabelecido, pendência do Brasil acarretava problem as m ais po si­
uma vez que tivessem a certeza da sua acccitaçâo pelas tivos e permanentes, com os quaes era forçoso tr a ­
demais provincias do novo Im perio. E, na verdade, var conhecimento, e para isso tornava-se indispensá­
dehelladas as pequenas commoções que se verificaram vel, antes de tu do, um p e rfe ito ente ndim ento com o
em algum as P rovincias d o norte, o governo de W as­ governo do Rio de Janeiro.
h in gto n apressou-se em receber publicam ente o re­ Forçadas, assim, pelas circum stancias, ellas se
presentante b ra s ile iro , ficando assim definitivam ente apressaram no reconhecim ento da «legitim idade» do
reconhecido o novo Im pério. Seguindo o gesto do governo dc D. Pedro I: a França em o u tu bro e a
G o verno americano, o M exico se apresentava, em A u stria em dezembro de 1825. N o anno seguinte
m arço d c 1825, pe lo seu representante em Londres, coube a vez da Suécia, Santa Sé, H o llan da , D in a ­
d isp o sto a entrar em relações com o governo de D . Pe­ marca, Prussia e Suissa; em 1827 seguiu-se a Russia
d ro I, o que fo i desde lo g o acceito pe lo G abinete bra­ e, finalm ente, com o reconhecimento da Espanha,
sile iro . que, pelos interesses que a ligavam aos novos Esta­
Na Europa, o p rim e iro acto de reconhecimento dos americanos, só se effectuou em 1834, o Im ­
da nossa independência p a rtiu justam ente de Portugal, pé rio d o Brasil entrou de finitiva m e nte para o concer­
com. o T ra ta d o dc 29 de agosto de 1825. Esse Tratado to das nações cultas do universo.
fo i negociado c firm a d o no Rio de Janeiro, entre Sir
C harles S tua rt, Em baixador brita n n ic o e, também. P le­
n ip o te n ciá rio d o re i de Po rtug al, e o governo do im ­ Rio, setembro de 1022.
perador D . Pedro. O serviço que esse acto representa
deve-se, portan to , ao Gabinete brita n n ic o : fo i tão
somente devido á sua influencia que o G overno por- H eit or L yra .

o o o o o o 175 o o o o o o
A D IP L O M A C IA DA IN D E P E N D E N C E A

D IP L O M A C IA puramente bra sile ira sur­ Parece ho je demonstrado que o illu s tr e A ndra-
g iu em data a n te rio r á que se consagrou da sempre fo i adverso ás idéas dem ocráticas e, p ó r
como ponto de partida da emancipação isto mesmo, opposto ao g ru p o lib e ra l de Ledo, a
p o litic a nacional. quem moveu te rriv e l perseguição.
Já havia então regressado a P ortugal o rei Dom Em 10 de Agosto de 1822, escrevia o barão
João V I, cuja autoridade se annullara quase por com­ de Marcschal para Vienna que José B o nifa cio «lucta
p le to sob o ju g o despotico das C ortes convocadas contra a revolução». Esta significava, então, o m o­
pelos revolucionários portugueses de 1820. vimento separatista, ao qual o p ro p rio D . P e ífo só
As ineptas resoluções, com que a assembléa tu ­ adheriu forçado pelas circum standas.
m ultu aria de Lisboa p re ten dia leg is la r sobre o Brasil, Era o mesmo encarregado de negocios da Aus­
cada vez m ais favoreciam , deste lado do A tla n tic o , o tria (M areschal) quem ainda mandava dizer p.rra a
surto das idéas nacionalistas. sua C ôrtc que José Bonifacio considerava prem atura
Um m ovim ento p o p u la r tinh a já levado o p rin ­ e até m al arranjada a solução que aqui se ia! dar
cipe regente a desobedecer á ordem im perativa de ao dissidio surgido entre as duas porções do Reino
v o lta r á m etropole. quando novas medidas de h o s tili­ U nido.
dade con tra a regencia b ra sile ira vieram determ inar Dias depois do Sete de Setembro, e quando José
um estado como que de franca hostilidade entre as Clemente Pereira e Gonçalves Ledo se esforçavam
duas partes do R ein-' U nid o, caracterizada pelo de­ por fazer proclam ar D . Pedro im p era do r do Brasil,
creto de 1 de Agosto de 1822, em virtud e do qual o grande paulista — a quem deve a Nação incontes­
se declaravam inim ig as quaesquer tropas portuguesas táveis serviços, de alta valia, mas que se não póde
que, contra a vontade do governo do Rio, pretendes­ dizer tenha sido o patriarcha da independencia —
sem desembarcar no Brasil. ainda se declarava alheio áquellas p a triotica s in te n ­
Entretanto, a rebellião do principe regente e do ções, embora já visse com satisfação a elevação do
seu m in is terio não era propriam ente contra a m etro­ princip e á dignidade de im perador. D is to há, pe lo
pole, mas apenas contra a sujeição ás Côrtes, que menos, um testemunho d ig no de créd ito. Ê o do co­
haviam usurpado o poder soberano. ronel M aler, encarregado de negocios da França, o
A idéa que ainda predominava aqui entre os h o ­ qual, em o ffic io de 24 de Setembro de 1822 ao v is ­
mens de governo era a de uma simples autonomia ad­ conde de Montmorency, assim se e x p rim ia : «Je sais
m in is tra tiv a para o B ras il, ou, quando m uito , a de d’une manière positive que M r. d'A n drad a a d it le
uma união pessoal com Portugal. Esse pensamento samedi 21 à un de ses m e llle u rs amis et confidens
está, aliás, bem patente no sobredito decreto de 1 qu i lu i représentait 1 'in u tilité et les dangers de cette
de Agosto e nos dois manifestos do mesmo mês. innovation, L e M in is tre de S. A. R. ne pre n d pas de
José Bonifacio, que re d ig iu o u ltim o desses do­ p a rt active à cet évhnem enl; i t laisse fa ire m ais i l
cumentos (m anifesto de 6 de A g osto), ainda se ex­ verra avec satisfaction Véléva lio n d u P rince à la
p rim iria no mesmo sentido, na c icula r d ir ig id i no d ig n iic d ’tm p e re u r». E accrescentava, aliás no mes­
corpo d ip lom átic o estrangeiro, em 14 de Agosto. m o sentido em que Mareschal escrevia para Vienna,
Sabe-se, ao demais, que o grande m in is tro de aperar de em con trário á lenda que entre nós se
Pedro I, nada obstante o titu lo com que o chrismaram fo rm ou com relação á princesa L e o p o ld in a : «Je sais
de 'patriarcha da independencia, não fo i favoravel ao encore d’une manière in d u b itab le que la Princesse
m ovim ento de com pleta emancipação po litica, do qual, Rcyale est très peinée et très sensiblem ent affectée de
em 1822, Joaquim Gonçalves Ledo e alguns amigos cechangement etqu’ elle n’ ose m anifester son opinion».
se tizeram denodados paladinos. M u ito instructiva também, para o exacto conheci­
Não é puerilidade, nem perversidade, como pre­ m ento dos verdadeiros sentim entos nu trid o s por José
tende eminente his to ria d o r patricio , declarar José Bo­ Bonifácio naquella época, é a declaração que fe z a
n ifa cio estranho á direcção daquelle movim ento. Os M a le r na noite de 11 de O u tu b ro de 1822, na vespera,
testemunhos da época e o do p ro p rio m in is tro de portanto, da acclamação de D . Pedro como im p era­
Estado deixam o caso perfeitam ente esclarecido c, d o r: ... «se S. M . Fidelissim a v o lta r ao B rasil será
de certo, fazem mais fé d o que affirm ações graciosas, recebido de braços abertos». ( O ffic io de 13 de O u tu ­
apoiadas simplesmente numa tradição sem base firme. bro de 1822, ao visconde de M on tm o ren cy).

o o o o o 176 Oo o o o o
Centro Commercial de Conservas — Lisboa.
CENTENARIO DA INDEPENDENC/A E DA EXPOSIÇÃO

pública adm inistração ou com o progresso m aterial


d o Brasil.
O utros serviços de valor vinha elle en tã o pres­
tando, de maneira que a sua nomeação como encar­
Foi para rea liza r os in tu ito s declarados no ma­ regado dc negocios fo i, até certo ponto, um a co n fir­
nifesto de 6 de Ag osto de 1822 que o governo do mação de funeções que officiosam ente já estava a de­
Rio de Janeiro, em 12 do mesmo mês, nomeou o sempenhar.
marechal de cam po F elisberto C aldeira Brant Pon­ T ão bem se houve Brant, desde o in ic io da sua
tes, depois visconde e marquês de Barbaccna, e o acção diplom ática, que dentro em pouco G eorge Can­
cavalheiro M an oe l R odrigues G am eiro Pessoa, fu turo nin g , m in is tro dos negocios estrangeiros de S. M.
barão e visconde dc Itabayana, para servirem como Britannica, se dispôs a reconhecer a independencia
encarregados de negocios, respectivamente, em Lon­ d o Brasil, com tamo que fôsse aq ui a b olid o o com­
dres e Paris. m ercio de escravos.
Nas instrucções que José B o nifa cio lhes rem etteu Por m uito te mpo, essa questão, associada pelo
naquella data (1 2 de A g osto), era explicado que o governo brita nn ico á do reconhecimento, to rn ou im ­
princip e regente desejava e n tra r em relações directas profícuos os esforços de Brant, pois, se bem que este
com as nações estrangeiras e pretendia o reconheci­ aconselhasse frequentem ente para o Rio de Janeiro
mento da independência do B rasil «e da absoluta re­ a aüopção da medida exigida como condição sine qua
gência de S. A. R.», emquanto o rei D . João V I se no n, o governo b ra s ile iro reluetava em assum ir qual­
achasse «no a ffro n to s o estado de cap tiveiro a que o qu er compromisso a esse respeito.
reduziu o p a rtid o faccioso das C ortes de Lisboa». Vindo ao Brasil, em Agosto de 1823, deixou
Mas, para e vita r dúvidas, se accrescentava:... «nós B rant os interesses nacionaes, em Londres, confiados
queremos Independencia, mas não separação absoluta ao grande p a triota que se chamou H ip p o ly to José da
de Portugal». Costa Pereira F urta do de Mendonça.
Estavam na Europa os dois p rim eiro s agentes M u ito pouco se tem d ito dos inestim áveis ser­
diplom áticos bra s ile iro s , quando aqui se lavraram os viços prestados á causa nacional pe lo v ib ra n te jo rna­
decretos das respectivas nomeações. lis ta do C o rreio Brasiliense. No entanto, fo i das
Longe de serem nomes desconhecidos, ambos já m ais notáveis a acção que, das columnas d o seu pe­
se haviam assignalado na vida pública, um como m i­ rio d ic o , exerceu sobre a fo rm ação do e s p irito nacio­
lita r, p o litic o e adm inistrador, e o o u tro como dip lo- nalista bra sile iro .
A in te rin ida de em que o deixou B rant teve cur­
Gam eiro Pessoa fôra secretario da delegação por­ tissim a duração, porquanto veio a fa lle c er pouco de­
tuguesa ao Congresso de Vienna, o que lhe valera pois. is to é, a 11 de Setembro de 1823.
excellentes relações pessoacs; e ju n to á C ôrte de F oi, então, tra n s fe rid o para Londres G am eiro Pes­
S. M . C hristian issim a, onde aliás já servira como se­ soa, que, desde o recebim ento da sua nomeação para
cretario da Legação de P o rtug al, iria patentear nova- encarregado de negocios, vinha desenvolvendo louvá­
mente as suas apreciáveis qualidades de prudência, vel actividade. N ão conseguira, é verdade, ser ad-
discrição e zelo pelo serviço público, que o torna­ m ittid o no conselho dos A lliad os , em Verona, con­
vam merecedor da inte ira confiança e estim a que Dom fo rm e te ntara. M as, além das sym pathias que, na
Pedro lhe consagrava. C ôrte de S. M . C hristianissim a, conquistara para a
E sp irito m ais b rilha nte e dotado de um senso causa d o Brasil, havia o b tid o do governo francês al­
prático adm iravel. C aldeira Bran t, cujas variadas a p ti­ gumas medidas de ordem prática, como, p o r exem­
dões eram bem conhecidas, já havia prestado reaes p lo , a nomeação de um consul g e ral com residência
serviços á pa tria , que delle tin h a ainda m u ito a es­ n o Rio de Janeiro c a admissão de passaportes expe­
perar. didos aos B rasileiros sem intervenção da Legação
Com o inspector das tropas na Bahia, cargo que portuguesa.
exerceu por alg un s annos, revelou elle os seus dotes Passando-se para a capital inglesa, a li o fo i en­
de energia, actividade e in iciativa , sem pre postos em contrar, pouco te m po depois, C ald eira Bran t, que re­
evidencia nas diversas commissões que desempenhou. cebera ordem de regressar á In g la te rra , com a in­
A in da quando no estrangeiro, onde se achava cumbência de negociar um em préstim o de tres m i­
desde meados de 1821, os interesses nacionaes nunca lhões esterlinos e de trabalhar, jun tam e nte com o
deixaram de o preoccupar. seu collega, pelo reconhecimento da independencia do
Os seus conselhos e suggestões, em cartas d ir i­
gidas a José Bonifácio, eram constantemente deter­ Em Paris, o posto de encarregado de negocios
minados pe lo m ais sincero p a trio tis m o . E até se do Brasil fo i, a esse tempo, con fiad o a D om ingos
póde a ffirm a r que m uitas das medidas aqui adoptadas Borges de Barros, fu tu ro visconde da Pedra Branca,
pelo governo do príncipe regente eram p o r elle alvi o qual ás qualidades de poeta im aginosa u n ia as de
tradas, de Londres. É, nesse sentido, m u i expressiva diplom ata sagaz, graças ao que conseguiu conservar
a carta secretissim a de 1 de M a io de 1822, na qual a excellente situação que ali havia G am eiro adquirido.
parece que José Bonifacio se in s p iro u bastante, quan­ Possuindo es p irito culto e progressista, Borges
do red ig iu o m anifesto de 6 de Agosto. O contracto de Barros soube dar o conveniente b r ilh o á repre­
de Cochrane para o serviço do B rasil fo i, igualm en- sentação b ra siie ira e conquistar p re s tig io para a cau­
te, suggerido p o r Brant, que, aliás, não se lim ita va sa que defendia.
a lem brar m edidas p o liticas o u de defesa do país, Em bora affeiçoado ás letras, preoccupavam-no
mas também outras, que diziam mais de p e rto com a sobrem aneira os assumptos economicos e as grandes

o o o o 177 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

reformas administrativas, que desejaria applicada-s ao datadas de 5 de Abril de 1823, que «a doutrina da
Soberania Nacional, bem que se não possa attacar de
Brasil. Essa preoccupaçâo nota-se frequentemente na
sua correspondência para o governo brasileiro, aliás frente, ficará em silencio, quanto fôr possível, como
méra questão doutrinal c ocioza», e que o Imperador
quase sempre mui interessante.
Alguns meses antes da ida de üameiro para terá o veto absoluto, ou couza que o valha». Res­
Londres e da designação de Borges de Barros para tava. porém, a questão de le g itim ida de , e, para a
Paris, fôra o antigo camarista de D. Pedro, commen- contornar, Tclles da Silva esforçou-se por convencer
dadcr Antonio Telles da Silva Caminha e Menezes, Metternich de que o reconhecimento do Império se
mais tarde visconde e marquês de Rezende, despa­ impunha, para salvação da unica realeza da America.
chado como enviado extraordinario, para servir junto Valendo-se habilmente dos serviços de Gentz,
a S. M. o Imperador da Austria, sogro do monarcha em quem logo descobriu a sacra fames a u ri, o di­
brasileiro. plomata brasileiro sempre obtinha e mandava para o
Chegando a Vienna em 24 de Julho de 1823, governo do Rio de Janeiro, no seu pittoresco es-
Telles da Silva teve acolhimento polido da parte de tylo, curiosas informações, e. aos poucos, ia criando
Metternich, que, com a sua proverbial duplicidade, iim ambiente favoravel ao nascente imperio, na Côrte
procurava meios e inodos de enganar o agente bra­ de S. M. Imperial, Real e Apostólica. Ainda custaria,
sileiro. Mas, logo aí) primeiro contacto com este, o comtudo, a conseguir o principal objectivo que o
famoso chanceller não conseguiu occultar o despra­ levara a Vienna.
zer que ao seu espirito reaccionario causara a convo­
cação da primeira assembléa constituinte brasileira, Em Agosto de 1822. cxactamcnte na mesma
nem o seu preconceito legitimista, em virtude do qual época cm que decidira a nomeação de agentes diplo­
o reconhecimento da independência do Brasil não máticos para servirem nas Cortes de Londres e Paris,
poderia ser feito sem previa renuncia, por parte do resolvera o governo brasileiro despachar para Wash­
rei fidelissimo, dos seus direitos de soberania sobre o ington, com idêntica missão, o official da Secretaria
reino ultramarino, isto é, sem que D. João VI ce­ de Estado dos Negocios Estrangeiros, Luis Moutti-
desse ao filho taes direitos. nho Lima Alvares e Silva. Não chegou este, porém,
José Bonifacio, ou porque presentisse as oh- a partir, por terem sido considerados mais uteis os
jecções do absolutismo austríaco contra o regimen seus serviços naquclla repartição.
constitucional que se pretendia estabelecer no Bra­ A José Silvestre Rebello coube substitui-lo cm
sil, ou porque realmente fôsse esta a sua propria tal missão, sendo para esse fim nomeado por decre­
opinião, escrevera nas instrucções a Telles da Silva, to de 21 de Janeiro de 1824.

o o o o <

o o o o 178 o o o o o
IN n e w s D ESC I A F. DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Nas instrucções datadas de 31 do mesmo mês e


assignadas p o r Lu is José de C arvalho e M e llo , man­
dava-se-lhe que mostrasse sempre predilecção pelos
representantes diplom áticos dos ou tros Estados ame­ Numa n o ticia sobre os diplom atas bra sile iro s
ricanos e affectasse <uma exclusiva parcialidade pela da época da independência, parecerá talvez excessiva
P o litica Americana». Chamava-se também a sua atten- qualquer referencia a A n to n io M anoel C orrêa da
çào para a mensagem dirig id a por James M onroe Camara, que, naquclle tem po, representou o Brasil
á Cam ara dos Representantes, em 2 de Dezembro no R io da Prata. D e fa cto, o posto e as a ttrib u i-
do anno an te rio r, na qual se continham princípios que ções que lhe c onferiu o decreto de sua nomeação,
mereciam a franca sym pathia do governo brasileiro. datado de 24 de M a io de 1822, fôram simplesm ente
Obedecia á mesma po litica de aproxim ação entre de consul e agente com m ercial do reino d o Brasil,
os do is m aiores países do N ovo M undo, po litic a que em Buenos-Aircs, onde devia s ub s titu ir o funccio­
depois se fe z trad icio na l, o desejo, m anifestado na- nario português de igual categoria, a li fa lle c id o havia
q u clle docum ento, de se con cluir uma alliança de­ pouco.
fensiva e até offensiva, do Brasil com a republica Mas, conform e já davam a entender as instruc-
norte-am ericana, com tanto que ta l alliança não t i ­ çôcs que, em data de 30 do mesmo mês, José Bo­
vesse p o r base concessões algumas de parte a parte. n ifa cio lhe d irig iu , e llc não se lim ita ria áqucllas func-
Era, aliás, baseado na chamada doutrina* de M onroe ções. «O objecto ostensivo da sua missão, e o unico
que, m ais ta rd e, em despacho de 15 de Setembro de que deve tran s pirar no publico», — diziam as ditas
1824, C arvalh o e M e llo encarregava Silvestre Rebello, instrucções, — «he o dc preencher o Logar de Con­
de m aneira po sitiva, do que já insinuara nas menciona- sul vago pelo o b ito de João M anoel de F ig u eired o;
daá instrucções, isto é, de propor ao governo dc de promover nesta qualidade de C onsul os interesses
W ashin gto n «huma A llian ça relativam ente a conser­ commerciaes do nosso Paiz, zelar e pugnar p o r elles,
var, e fo m e ntar a liberdade das Potências Americanas. tu do em conform idade das attribuiçoens deste em­
Prevalecendo-se geitosamente das boas disposi­ prego . Entretanto, o caracter p o litic o e d ip lom ático
ções patenteadas pelo governo bra sile iro , com relação que se lhe a ttrib u iu em credencial de 10 de Junho
ao dos Estados U nid os da America, S ilvestre Rebello seguinte — para que da mesma pudesse usa r se as
teve a sorte de, apenas algumas semanas a*pós a sua circumstancias o exigissem — já estava im p lic ito nas
chegada a W a sh in g to n , isto é. a 26 de M a io de 1824, referidas instrucções.
conseguir o reconhecimento do Im pé rio p o r parte da Assim , destas se deprehende que o in tu ito prin ci­
grande re p ub lica do Norte. pal da sua missão seria pro curar apoio e a u x ilio , nos
A in da nesse anno de 1824, o governo im perial Estados vizinhos, para a causa nacional, que não era
houve p o r bem m andar a Roma, como plenipotenciá­ ainda a da com pleta emancipação po litic a do Brasil,
r io ju n to ao Vaticano, o conselheiro de Estado, ca- embora já significasse a m ais decidida opposição aos
v a lle iro de C h ris to e monsenhor da im p e ria l ca­ propositos alim entados pelo congresso de Lisboa, dc
p e lla, Francisco C orrêa Vidigal. fazer o B rasil retrog rad ar á situação dc colonia.
Tratava-se, então, de reg ularizar as relações do Para chegar áq ue llc resultado, C orrêa da Ca­
Im pé rio com a Santa-Sé e os negocios da Ig re ja no mara era autorizado, da parte do principe regente, a
Brasil. Interesses de natureza não sómente esp iritu al, prom etter o solcnne reconhecim ento da independencia
mas tamhcm po litic a estavam ligados a essa missão. po litic a dos governos do Prata. M ostrar-lhe s-ia, de­
E ntre as questões a regular, podem citar-se a da pois, «as u tilid ad es incalculáveis que podem rczulta r
criação de novos bispados; a da nomeação de «todos de fazerem um a Confederação ou Tratado o ffen sivo e
os Benefícios, começando pelos Arcebispos, Bispes, defensivo com o Brasil, para se opporem com os o u ­
Conegos, D ign id ad es Cathcdraes, e quaesquer ou­ tros Governos da Am erica-H espanhola aos cerebrinos
tros», por S. M . Im p e ria l; a da dependencia em que manejos da P o litic a E uropéa; dem onstrando-lhes f i ­
eram m an tido s os bispados do Pará e Maranhão, nalmente que nenhum desses Governos poderá ga­
suffraganeos de Lisb oa ; a da sujeição de varias o r ­ nhar am igo mais leal e pro m p to do que o G overno
dens e con frarias brasileiras a congregações portugue­ Brasil iense».
sas. De vários ou tros pontos se occupavam as ins­ N ão era esse o unico o b jectivo de ordem po litica
trucções a V id ig a l, sendo curioso o em que se lhe indicado ao agente bra sile iro . Rcalmente, mandava-se
fazia notar a desvantagem da installação de conven­ também a C orrêa da Camara que se occupasse de
tos n o B rasil, «porque de nenhum m odo convem se­ o u tro negocio, aliás de interesse antes dynastico do
m elhante cstabellccim cnto neste Pa.iz, em que he ne­ que propriam ente bra s ile iro , — a questão da C ispla-
cessario augm entar a Povoação, e m u ito menos de tina, — no qual deveria proceder com m u ito tacto,
Frades estrangeiros». «sem com prom etter o G overno de S. A. Real, cujas
O p le nip ote nc iário b ra sile iro ju n to á Santa-Sé verdadeiras intençoens são de conservar em sua inte­
levou como a u x ilia r Vicente A n to nio da Costa, activo gridade a Incorporação de M ontevidéo».
e in te llig e n te fu nccionario da repartição dos nego­ E m ui sabido que o governo dc Buenos-Aircs se
cios estrangeiros, ao qual, principalm ente, se deve o oppunha tenazmente ao estado de cousas resultante do
e xito das negociações entaboladas com o governo Acto dc encorporaçâo d o Estado C is p la tin o , de 30
po n tificio . de J ulh o de 1821. A C orrêa da Camara cum pria, pois.
Havendo chegado á Cidade E terna em 5 de v ig ia r «as manobras e maquinaçoens» do d ito governo,
Janeiro de 1825, M onsenhor V id ig a l só conseguiu de modo que lhe pudesse fru s tra r os planos.
ser recebido offic ia lm c n tc pelo Papa, então Leão X II, Na capital pla tina , o agente b ra s ile iro fo i log o
um anno depois, isto é, aos 23 de Janeiro de 1826. recebido o fficia lm e nte, mas encontrou um ambiente

o o o o o o 179 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO

illu stres diplom atas patricios. M as, convém não es­


fortem ente h o s til ao governo bra s ile iro e, em geral,
quecer que para taes sym pathias m u ito concorrera,
a tu do quanto dissesse respeito á nossa patria. E
de certo, o trabalho fe ito por B rant na sua prim eira
fo i, talvez, este o m otivo p o r que nada conseguiu, no
sentido des objectivos po litic o s da sua missão.
Por o u tro lado, eram enormes as d iffjcu lda de s
Em to d o caso. aos rancores da po litica privada
que se antepunham aos agentes b ra sile iro s em Lon­
de Jose Bonifacio pro curou e lle s e rv ir da melhor
dres, pois tinham que en fren ta r a má vontade da
m aneira possível, trazendo o illu s tre m in is tro dos
negocies estrangeiros sem pre in fo rm a do dos actos c m aioria do governo brita nn ico , e do p ro p rio rei, e
palavras de Gonçalves Ledo e ou tros liberaes, então toda a fo rm idá vel trama de intriga s da Santa-Alliança.
Quando a Inglaterra , em Janeiro de 1825, decla­
fo ra gid os em Buenos-Aires.
Em ja n e iro de 1823, C orrêa da Camara regres­ rou a sua resolução de mandar S ir C harles Stua rt ao
sou ao B ras il, não mais volta nd o áquelle posto. Rio, em missão especial, os dois agentes b ra sile iro s
viram coroados de ex ito os seus p a triotico s esforços.
E não podia ser mais auspicioso o resultado, p o r­
que log o o governo português, com prehendendo a
inu tilid ad e da continuação da sua resistência ao reco­
nhecimento, investia o mesmo S tua rt do caracter de
Na diplom acia b ra sile ira dos prim eiro s annos de ple nipotenciário de S. M . F idelissim a, para tra ta r
independencia, ju s to será salie nta r os nomes dos que com o Brasil, c outras nações do continente europeu
mais directainente concorreram para o reconhecimento se apressavam em pro curar entrar em relações com o
da personalidade internacional do B ras il, ou sejam jovem Im pério.
C aldeira B rant e G am eiro Pessoa, especialmente o As negociações de S tuart, em nome de P o rtug al,
prim eiro. terminaram a 29 de Agosto de 1825, com a assigna­
Os demais não devem, sem dúvida, ser esqueci­ tura de um tratad o de reconhecim ento e de uma con­
dos, porque todos prestaram grandes serviços á cau­ venção addicional. Em O u tu b ro , o mesmo ple n ip o te n ­
sa da patria. D ahi o se poder a ffirm a r, com razão, ciário firm a va, pela G rã-Bretanha, dois o u tro s ajus­
que H ip p o ly to José da Costa, Borges de Barros, Tel- tes, que entretanto não fôram ra tifica do s pe lo seu
les da Silva, Silvestre R ebello, Vice nte da Costa e governo. E a 30 de Janeiro de 1826, era G am eiro
monsenhor V id ig a l são, como aquelles dois, credores Pessoa, então barão de Itabayana, recebido por Jo r­
da gratidão brasileira. ge IV, como enviado extra o rd in a rio e m in is tro pleni-
Mas, se a Silvestre R ebello, por exemplo, que poienciario de S. M . o Im perador do Brasil.
obteve o prim e iro reconhecim ento, p o r parte de una Por sua vez, T elles da Silva (visconde de Rezen­
nação estrangeira, da independencia do Im perio, al­ de) já ob tivera o reconhecimento p o r parte da Aus­
gumas circum standas, e p rincip alm en te a prompta tria, por nota de M ettcrn ich , datada de 30 de D e­
adhesão do Brasil á do utrin a de M onroe, fa cilitaram zembro de 1825, sendo recebido no dia seguinte,
a tarefa. — Brant e G am eiro encontraram, na sua por S. M . o Im perador Francisco I, para apresenta­
missão, sérios em pecilhos, contra os quaes houve mis­ ção da sua credencial.
te r em pregar toda a habilidade. Accrescc que, embora Ainda an te rio r fôra o reconhecimento p o r parte
fôsse o reconhecimento da independencia o seu p rin­ da França, porquanto se considerou fe ito desde que,
cipal objectivo, ou tras commissões lhes tinham sido a 26 de O u tu b ro do mesmo anno de 1825, o conde
confiadas, todas de certa im portância, ás quaes pro­ de Gestas, representante francês no Rio de Janeiro,
curaram dar o m elhor desempenho possivel. Assim é, começou offic ia lm e n te a negociação de um tratad o
por exem plo, que, além da negociação do prim eiro de commercio, que v iria a ser concluído em 8 de Ja­
em préstim o contrahido pelo B ra s il independente, t i ­ neiro de 1826.
veram elles as incumbências de contractar m arinhei­
ros, a d q u irir navios, executar encommendas para os
arsenaes de marinha e do exercito do R 'o de Janei­
ro, etc.
Era notável o zelo que punham n o cum prim ento Já reconhecido pela m aioria das grandes potên­
de tantas obrigações, sobretudo quando se tratava cias, não dem oraria o Im pe rio em in ic ia r relações
d o que dizia respeito á defesa nacional. Para se ver officia es com todas as outras nações.
até que po n to chegavam, nesse sentido, as p a trio ti­ Ainda nisso o a u x ilio u bastante a sua diplom acia.
cas preoccupações de ambos, basta citar, ao acaso, este Entretanto, ao se g lo rific a r a obra dos que se
trecho de um o ffic io enviado pelos dois ao m in istro esforçaram pelo reconhecimento da independencia b ra ­
dos negocios estrangeiros, Lu is José de Carvalho e sileira, não se fará jus tiç a com pleta se se o lv id a r o
M e llo , em 21 de Janeiro de 1825: «Reconhecemos trabalho, m uita vez anonymo, mas quase sem pre e ffi-
que o nosso Governo economiza m u ito em mandar caz, da então Secretaria de Estado dos N egocios Es­
com prar na Europa as muniçoens e objectos de que trangeiros.
precisa para fornecim ento dos seus arsenaes: porem De fa cto, fo i da conjugação de esforços dos que
artig os ha que devem ser fa bricados nesse Paiz, ain­ lá fora se dedicaram a essa obra pa trio tica e dos que
da mesmo quando saião mais caros; porque de outro aqui lhes au xilia ra m a tarefa que resultou a entrada
m odo jam ais chegaremos a te r certos objectos necessa­ do Brasil, em curto prazo, no g re m io das nações in ­
rio s para a segurança e defeza desse Império». dependentes.
As sym pathias de C anning pela causa do Brasil
fô ra m , sem dúvida, de grande a u x ilio para os dois H ildebrando A c c io ly .

o o o o 180 o o o
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JOÃO FERREIRA MARTINS L-

JOÃO FERREIRA MARTINS L.a‘ — Porto.


O P A D R E C IC E R O E O F O L K -L O R E

/ w f l so< :IE D A D E anarchica e semi feudal O Padre Cicero Komão


sertões de Nordeste, cujas energias Tem de ser preso e arrastado,
1 A .i- perdem sem e s tim u lo ou conduzem Do nosso grande pcccado!
in d ivid uo s ao crim e e á revolta, tem
necessidade de o entralizado res. D a h i o pre stigio que.
Aqucllzs toalhas bentas
de vez em quando, certas ind ivid ua lid ad es adquirem Que de sangue vivem cheias!!
nesta ou naquellai região da vasta zona comprehendida Valei-nos, Padrinho Cicero
entre o S. Fran cisco e o Parnahvba. Alicerçado na E a Mãe de Deus das Candeias!
bra vura ou nc cr ime, esse grande p re s tig io cerca um
Jesuino B rillia n t e, ou um A n to n io S ilv in o ; baseado
O Padre Cícero Romão
na in ie llig e n cia . na força d e vontade e no progresso. De Deus elle é ministro:
envolve um asso m broso civ iliz a d o r como D elm iro de No céu, já tem seu retrato,
U ou véa; fu nd ad o n o fanatism o re lig io s o , no m ysti- Na terra, tem seu registro.
cismo dos ignorantes, aureola as poderosas influencias
do C on selh eiro e do Padre C icero. No céu, brilham as cstrcllas.
N ão podemos aqui estudar o phcnom ciio do Joa­
zeiro, nent a interessante personalidade do Padre, que Valei-nos, Padrinho Cicero
tem facetas más e aspectos adm iravelm ente bons. Pre­ E a Mãe de Deus das Candeias!
tendemos sim plesm ente m ostrar como elle tem, com
a sua fo rça sobre os espíritos, fe ito b ro ta r expontanea-
m ente um cyclo de cantos e lendas m ilagrosas a seu O padre C icero Rcmão Baptista, cujas virtudes se
respeito, que hc.je em dia correm os sertões de seis não podem negar, é um m ystico de nascença que o
cu sete Estados da U nião. Esse fo lk - lo r e é sobrema­ m eio conduzio facilm ente á situação actual. Quem
cuidar que e lle creou o Joazeiro não enxerga a ver­
neira interessante e affecta as mesmas form as ccm que
dade da questão, engana-se redondamente. F o i o Joa­
em ou tras partes se tem apresentado em idênticas c ir­
zeiro que o creou. A civilização te ria m od ifica do cer-
cum standas mesolcgicas. Ha ne lle os m ilagres das
tamente o seu m ysticism o natural. O sertão augmen-
velhas vidas de santos, as lendas piedosas e encanta­
to u-o e deu-lhe irradiação. H oje , elle fig u ra nesse e
doras. e as lita n ia s religiosas os bemditos, talvez
noutros bem ditos com um aspecto de santo, ao lado
sendo esses a sua parte mais dig na de nota.
da Mãe de Deus. A té o m a rty rio classico que devem
Leiam os um desses bem ditos. E is o que canta
s o ffre r todos os illu m in ad os, para alcançar o Reino
o Padre C icero, ao lado de Nossa Senhora das C an­
dos Céus, até isso lá está na quadra que prophetiza
deias:
te r elle de ser preso e arrastado, para pe lo seu pade­
cim ento alcançar a remissão dos peccados de suas
ovelhas. H a . assim, nesses versos uma curiosa ponta
Bcmdita, louvada sejas.
de messianismo.
Valei-nos, Padrinho Cicero O u tra allusão digna de com m entario é a das
E a Mãe de Deus das Candeias! toalhas cheias de sangue. Ê uma discreta referencia
a um fa m igerado m ila g re do in ic io d o grande po­
voamento do Joazeiro. Uma beata chamada' M aria de
Quem fô r para o Joazeiro
A ra u jo , ao commungar, ficava com a bôea cheia de
Visitar Nossa Senhora sangue, v e rtid o da pro pria hostia, segundo diziam.
E 'i Padre Cicero Komão. Esse sangue era recolhido em toalhas, c u jo contacto
sarava enferm idades. A questão desse «Sangue de Je­
sus» fo i discutida canonica e theologicamente, ha
m u ito m ais de vinte annos. Chegou mesmo a Roma.
pedras*
Valei-nos, Padrinho Cicero ’ Deixemos de parte essas questões e voltem o-nos
E a Mãe de Dei s das Candeias! para o que m ais nos interessa: a collaboração do

o o o o o o 181 O O O O O O
I.IVRO DE OURO COMMEMORATIO CENTENARIO OA

padre C icero no fo lk -lo re , impessoal, inv o lu n ta ria e Jesus Christo c nascido.


simplesm ente derivada de sua fama prestigiosa. Não Entre eu e o fuzil
só nos bem ditos cantados no Joazeiro se palpa essa
in flu e n c ia ; também nos canticos de outras freguezias
proxim as, ou distantes. Eis o exem plo du.n bem dito
Com o não haveria a la rg a in flu en cia esp iritu a l
parahyhano, em que o padre apparece, como se a
desse homem de exercer acção m anifesta na crcação
poesia fôsse do p ro p rio Joazeiro: é o o ffe rto rio duma
de lendas e canções, se as menores coisas da vida
dessas orações regionaes:
daquellas regiões o seu fo lk -lo re guarda com uma
veracidade expontânea e singela, que é e xtra o rd in a ria ­
Offcreço este bemdito mente adm iravel? Para m ostrar a que ponto chega
Ao nosso padre Rangi' essa paixão na tu ra l da m inúcia, basta' dizer que as
E ao divino padre Cicero, mais infim as doenças communs daquclles logares f i ­
Em quem só eu tenho fé! cam guardadas em versos toscos. O po vo do C a riry ,
onde se acha situado o Joazeiro, s o ffre m u ito de
ophtalm ias, que a grande quantidade de m osquitos
O u tro exem plo semelhante:
se encarrega de tra n s m ittir. O ha bita nte a lli está
sempre de olhos inflam m ados, verm elhos; está sem­
O ffcrrço este bemdito pre com «sapiranga-. E elle mesmo canta, re u n in d o
Ao Senhor daquella Cruz numa quadra o m ais fa rto producto a g rico la loca'l e a
E ao divino padre Cicero, enferm idade mais coramum:
Meu Padrinho, Arnen, Jesus!

Lá vae i<m carro cantando.


A m uitas outras orações interessantíssim as, que Cheio de ólhos de canna.
seria enfadonha e exhaustive ta re fa recolher, dá o r i­ A gente do Cariry
Tem ôlho, não tem pestana...
gem o m ysticism o e fanatism o do Joazeiro e de todo
o va lle do C a riry . Entre ellas, esta que os rom eiros
cantam, quando de rebeldias, g u errilh as, ou combates, O segundo aspecto fo lk lo ris tic o do Joazeiro se
afim de se livra re m das balas dos inim ig os , o que nos apresenta seb as form as de h isto ria s, lendas e
piamente acreditam e lhes dá aquella te rrív e l coragem cantigas de m ila gres fe ito s pe lo padre. Antes d e lle,
dos jagunços, ou dos paraguayos de Lopez: porém , ainda ha cs cantos que os rom eiros cntóam

o o o o o o 182 o o o
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

em côro, em poeirados e emmagrecidos, vindos de es­ alh eio e se ficava com elle , exig ind o que quem t i ­
caldantes e lon gin qu os sertões, quando, descidos os
vesse a faca a puzesse de noite, para não se enver­
u ltim o s «tombadores» da serra do A raripe , avistam a gonhar, ao pé duma cerca de caiçára, ju n to a uns pés
to rre da eg reja do H o rto , os te lhados do Joazeiro, e de açoita-cavallo e de jurem a branca, p o r t r a í da
ouvem o estra le ja r do fo g u e to rio com que sâo fe sti­ casa onde se hospedára o parahybano.
vamente recebidos:
A noite, disse a este que, ao rom per do dia, a lli
fôsse buscar a sua arma.
Viva! Viva o Joazeiro, O homem fo i e achou-a Logo sahio espalhando
que era m ila gre e os m aldosos enxergaram n o facto
uma traça s u b til do padre. Nada disso. O que elle
Por um só Deus verdadeiro!
Visito como romeiro unicam ente pretendeu fo i re s titu ir o ob jecto roubado,
sem desvendar o culpado arrependido. Realizou seu
pro p o s ito christão, mas o facto transform ou-se na
A Nova Jerusalem
E vou dar meu parabém m entalidade p o pu lar em p e rfeito m ilagre. T od o ser­
Ao grande Evangelista ta n e jo está certo que o padre fez a faca apparecer m i­
Padre Cícero Romão Baptista, lagrosamente.
Para todo sempre, Amcn! Assim, ha outros m ilagres. C ontam -n’os os devo­
tos em form a de pequenos relatos e a sua reunião
daria urna verdadeira «Lenda Dourada*». M u ito can­
A Nova Jerusalem !... Ao governo b ra s ile iro cabe
ta do r m atuto os canta em versos curiosos, verbi g ra tia :
o inadiavel dever de crear nos sertões as Jerusalcns
da In du stria , como a Fabrica da Pedra de D elm iro
Gouvêa, as Jerusalcns do Respeito á Lei, da Instrucção,
do Traba lho e do Progresso, afim de evita r as do Em setembro deste anno.
Num domingo, dia três.
Fanatism o, da Ig ncran cia e do Abandono, como Ca­ Perante muitos romeiros
nudos c o Joazeiro, em bora estejamos crentes que a Meu padrinho entao fez
centralização de energias levada a e ffe ito pe lo padre Falar um menino que
C icero, apezar de defeituosa, é preferível á anarchia Tinha nascido ha um mez!
com pleta a que o descaso dos poderes publicos ha
m ais dum século votou o sertão.
Falou o menino, então,
Numa linguagem tão bclla

Por nunca terem ouvido ella


E só mesmo meu padrinho
Sabia c falava nclla.

A in flu e n c ia m oral e es p iritu a l do padre C icero Um parenthesis: o m ila gre não é novo. O fo lk ­
Romão Baptista dom ina to do o va lle do C a riry e as lore nordestino empresta ao padre um m ila gre re a li­
regiões circiim visin ltas, estendendo-se mesmo a para­ zado noutras eras, por ou tros santos, cujo rastrea-
gens mais distantes. E lla vem ate os rincões já a l­ m ento atravez dos séculos t|ualquer Saintyves póde fa­
cilm e nte fazer. A curiosa appellação «meu padrinho»
cançados pela estrada de fe rro. E lia vae alé as en­
costas em degraus, ou «tombadores», do A raripe , lá vem d o facto de to do o m un do o considerar padrinho.
on de se erguem o A lto do Juiz e o A lto Dourado, N enhum sertanejo o chama de outra maneira.
lá onde a vegetação hamadryadica, os fosseis e os
residuos de conchas m arinhas demonstram que aquella
immensa ribanceira fo i em remotas eras um litto ra l. Devido ás grandes virtudes
Do padre Cicero Romão
Essa in flu e n c ia crêa em to rn o da fig u ra respeitá­ Muitos lhe têm inveja
vel dp padre, «á son insu», grande quantidade de Por intriga c ambição:
lendas de m ila gres, que, com o tempo, as repetições Muitos porque conhecem
de bôea em bôea e os accrcscimos de cada narra­ Que ccmo elle não são.
d o r se vão dia a dia adulterando. Um exem plo:
Um fazendeiro parahybano, que fo i em romagem
ao Joazeiro, perdeu em cam inho uma faca de prata', de De accordo quanto á inveja e am bição de m uitos,
grande estim ação, lembrança de fa m ilia , com o seu mas não quanto ás suas causas. Estas não são as v ir ­
nome gravado no cabo. Procurou-a p o r onde suspei­ tu des do padre, sim o seu pre stigio p o litic o e a sua
tava tê l-a p e rdido e nada encontrou. Lastimou-se em in flu en c ia ele itoral.
presença d o padre, dizendo te r quasi certeza que al­ Prosegue o cantador:
guém a tinh a achado e ficado com c ila . O sacerdote
disse-lhe, com confiança:
— F iqu e socegado, meu filh o , Deus ha de fazêl-a Para todo o que descrer
apparecer, quando menos esperar! Não poderá ter perdão
Das cousas do Joazeiro
Ao o u tro dia, na egreja, o padre C icero fez uma Do Deus Padre Verdadeiro.
lig e ira predica sobre o peccado de fu rta r desta ou da- — Ide ao mundo dizer isto,
qu ella fo rm a, mesmo quando se encontrava um objecto Que de Deus sou mensageiro!

O O O O O O 183 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA

M eu filh o , você fu rto u estas laranjas — eu


Após esla s e xtilh a de ameaça aos incredulos, o
sei! - - do te rre iro da com adre Fulana. Vá depressa
trove iro m atu to narra ou tros do is m ila gres:
re s titu ir o bem alheio.
O homem, assombrado p o r te r o padre adivinhado
o seu delicto, correu á residência da beata e re s titu io -
Um romeiro, o velho Cunha,
Veio da Var/ca do Ovo, Ihe as fruetas. A voz do povo tran sfo rm ou este facto
Do Rio Orande do Norte, simples, nci qual o padre não pê.z cert tnte o m enor
Fe» abysmar todo o povo dó lo, cm viL-rdadeiro m ilagre. Es| la lh o ti -o, accrcsccntan-
Elle ser cego ha trinta annos
E cobrar vista de novo! do que o cabra fo i dircctam ente ao pé de la ra n je ira e.
mal erguia os fruetos no ar. elW•s erai Itrahidos por
uma força desconhecida que os; fa z iíI dip novo fica r
Veio de Campina Orande, suspensos dos galhos de onde haviai údo arranca-
Da Parahyba do Norte. dos...
Aqui para o Joa/eiro, Como nâo crer que é <> pro p rio J eiro que crêa
Sem guia nem passaporte,
o mysticisimo c o fanatism o quie envolv.em a pessoa
A irmã de Xica Caçamba,
L ili Mimosa sem sorte.
Também, sem que para isso em nada contribuam
palavras o u obras do sacerdote, toda a gente do C a riry
Fazia mais de três acredita que a terra não comeu o cadaver da sua digna
Que essa moça nâo pro genitora e nâo comera o seu.
Que esra moça nâo As vezes, o poviléu do Joazeiro inventa cousas
Que essa moça nâo
Que essa moça nâo abstrusas, produzidas pelo seu fa natism o ignorante.
Por Deus, nem Sa Havia perto dessa povoação grande quantidade de
mocós, pequenos roedores que moram entre pedras
(«cavia ruprestis ). Por causa do seu exce llen te sa­
Logo que cila chegou bor, todos os caçavam, m esm o nas épocas de m aior
E teve o* santos trcmôrcs, (?) fa rtu ra , devasta ndo-os. Ta Ivez por isso, um dia tenha
De alegria jogava flõrcs escapado qualquer palavr;a de pieifade pelos pobres
E de alegre exclamava: bichos aos labilos de nin.i p rd rin h .9. O certo é que.
— Nossa Senhora das Dòres! • uma feita, algU'cm a ffirm o u que os moerls eram de lle,
c desde então rlunca mais se m atou um único dos m o-
cós do padre C iiccro!
Eu podia bem contar Na vida scTtancja. erma de diverso es e de no v i-
Com toda a cxactidâo dades, as memores notici:as são lc■vadas> por to da a
Os milagres que tem feito
O padre Cicero Româo, parte com uma rapidez assombros.a. por a q u illo que
Rudyard K ip lii ig chama a te le grjiphia sem fio dos
Para nossa salvação. campos . O qu c se diz hioje num logar sabe-se ama-
nhã em toda a redondeza. Ê na tu ra l que nessas con di­
ções todo o beaterio diariam ente narre ao sacerdote
Todos já viram os milagres.
tu do quanto ouve. ou tudo quanto sabe. D ahi poder
Quero saber se ainda tem
elle dizer a um , ou o u tro dos seus paroehianos, m ais
Que diga que aqui nâo vem' ou menos seu in im ig o disfarçado:
Viva o Santo Padre Cicero M eu filh o , você disse isto. ou aq u illo de m im ,
cm ta l parte...
Como de pequenos fa ctos se origin am grandes
lendas, destes nasceu a his to ria de que o padre possúc
Editado este rosa rio de m ilagres em verso, v eja­ op tim o serviço de espionagem, segundo affirm a n t seus
mos alguns dos que correm o sertão sem rim as, sendo, adversarios; e a crença de que a sua santidade lhe
portanto, m ais susceptíveis de alterações p o r parte de pe rm itte ad ivinh ar tu do quanto quer, conform e asse­
cada narrador que o tra n s m ittir. O mais espalha-do c guram os seus devotos. O u tro s tem chegado m esm o a
o das laranjas, cuja formação se assemelha1 á do da g a ran tir que, a exem plo dos ind io s que se correspon­
diam por meio de pancadas dadas em troncos ôcos,
Em toda a região sertaneja do Joazeiro só havia suspensos por embiras, as n o ticias são, cm to d o o
uma unica laranjeira. Esta ficava1 no terreÍFo da casa C a riry , transm ittidas ao padre C icero por m eio de
duma velha beata, dava fruetos op tim os c era por isso pancadas nos caules das arvores, repetidas de certa
tratada pela dona com m aternal carinho. Um dia, em cm certa distancia. Ê provável que, durante a revolução
viagem, o padre encontrou um cabra a lto e espadaúdo, do Joazeiro, em 1014, ta l tivesse acontecido no m eio
com o chapéu de couro pendurado pe lo barbicaixo, da jagunçada em operações. Mas dahi a‘ in fe r ir que
como um balde, cheio de laranjas maduras, que sómen­ o padre tem semelhantes serviços organizados com
te poderiam p ro v ir da ta l laran jeira unica e fa'mosa. perfeição prussiana vae la rg o passo.
O m estiço to m ou-lhe a bençam c elle , sabedor do A figu ra do padre C icero Romão Baptista pre­
ciume da velha pelos fruetos da arvore excepcional, cisa ser despida dos exaggeros com que a têm vestido,
pois o clim a do sertão não p e rm itte frue te iras, lo g o afim de poder ser bem coinprchcndida. E lla é sim ­
lhe exprobou o fu rto , certo de que as laranjas não plesmente a expressão do estado m ental e m oral
teriam sido obtidas por o u tro m eio: duma sociedade que não evoluio.

o o o o o o 184 o o o o o
U s a iS a b á o ^ r e i 5 com
^ e lic io s o
HYGIENE. ^ S A U D E B E.LLELZ A

M a n o e l L u is G a r c i a . lA B O FA T O R IO C E N T R A L
OwoMsorJeJaimeParadeda4cG RodD.Harial07(AMeiaQmpista)
-i. Rio deJaneirolBrosil ) TcIcphVIlaZôéSlTcIcgrSalienraMi^^-=^Í
Lnconhra-sen a s m e lh o r e s Vendc-senas casas I
Pharmacies eDrogarias/ yArm arinhos e B arh earias vSÍSsj><£

Premiado com medalha de Ouro na Exposição


internacional de 1922-1923, do Rio de Janeiro.
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

pelo in te rio r do Nordeste, escolhemos a seguinte


poesia, que, pela sua form a, pertence ao genero
classico sertanejo, pois é reminiscência dos estudos
classicos espalhados pelos jesuítas, antes do M arquez
Verdadeiro oasis p e rdido na aridez do sopé da de Pombal. Tem a palavra o cantador m atuto:
serra d o C ato lé, Joazeiro é pouso o b rig a to rio para
os que viajam pelo extenso va lle d o C a riry , ao sul
Cicero Komâo Baptista
do Ceará. Dessa sua situação e mais ainda d.t fama Formou esta obra santa.
dos m ilagres locaes e do p re s tig io do padre C icero, a Deu-lhe o risco e deu-lhe a planta,
grande imassa de populaçãri adventicia que constante- E por Deus a administrou.
mente enche.
Distráe o nosso* desvario
merciantes e rom eiros, os
Com o seu santo Summario
prim eirc>s tratan do de sua nlercancia, os segundos pro- E á salvação nos allega;
curando rem edio aos seus males physicos e moraes. Por fim, com Christo navega
A gente do lo g a r se lhes reune pe la manhã e pela E a cruz do Monte Calvario!
tarde, ein fre n te á residenci.a do padre, afim de receber
a bençaiin. A lta noite, ás vezes, os peregrinos sahem E preciso conhecer bem o fa la r sertanejo, para
pelas ruias, mascarados, aç oitando-se com disciplinas. entender a segunda parte da decima citada. O m atuto
salpicados de sangue, cantando bem ditos, cujas derra­ dá a certos termos significações m u ito especiaes. A hi
deiras notas dorm em no ar. se encontram : alle ga r no sentido de co n d u zir; dis-
Nesse m eio extranho, m edieval, cujo fanatismo tra h ir no de atten ua r; e Sum m ario no de doutrina.
vem de longe e o padre C icero já encontrou em plena
eclosão, as poesias exercem a grande funcção de trans­
missoras de idéas e factos, porque faltam outros meios
Em forma de uma egreja.
de m anifestação do pensamento. Quando o padre C i­ Bemdito, louvado seja
cero Româo Baptista fo i ser v ig á rio do Joazeiro, a lli Quem lhe deu o risco e a planta!
encontrou a esperal-o o m ysticism o barbaro, nascido E quem a ella see adeanta.
ao tem po do padre Pedro e o velho substracto de Com o seu santo rosario.
Mesmo cego, louco ou vario.
fanatism o cariryense, que datava d o celebre padre
Pede a Deus que lhe amostre
Ibia pina. E lle penetrou, então, numa sociedade, onde,
nas épocas de lutas, o padre Sampaio benzia os ca­ A cruz do Monte Calvario.
cetes dos capangas, como os curas espanhóes das
gu errilhas con tra Napoleão, ou das emboscadas car- Parece o monte Oliveira,
listas. N ão é, portan to , de ad m irar que a gente do Onde a obra se formou.
Joazeiro a ffirm e que elle d iz aos jagunços, nos tem ­ No monte se edificou
pos de revolução:
Luminosa Padroeira,
— Não dê as costas ao in im ig o , meu filh o ! Entre
você e elle, está Nossa Senhora. Na devoção do Rosário
T ão grandes allu v iõ c s de rom eiros e penitentes A salvação amostrou,
buscaram, depois de 1800, isto é, depois dos m ilagres Pois seu fillio se prostrou
da beata M a ria de A ra u jo , a povoarão do Joazeiro, Na cruz do Monte Calvario.
nclla deixando a terça parte dos seus componentes,
que em pouco te m po o povoado se to rn ou v illa e a
v illa se to rn ou cidade. Nesta u ltim a elevação tomei
E o anjo o fortificou
pessoalmente parte. F ui o Secretario de Estado que
Para o calix beber
lavrou c referendou o decreto respectivo, em 1914, E nos tormentos soffrer
na cidade de Fortaleza Com vigor extraordinario!
D evido ao grande num ero de peregrinos, o padre Se esse santo preparo
C icero resolveu c o n struir no cume dum cerro, ao lado Concorre i nossa reza,
Sabereis o quanto peza
do Joazeiro, um a grande egreja, porque a antiga ca1- A cruz do Monte Calvario.
pella da povoação não condizia m ais com os progres­
sos da mesma, nem abrigava bem to dos os fie is . De es­
molas e com esforços ingentes, trabalhando to do o mun­ Quem a vê, vê o Senhor Morto,
Todo ferido e chagado.
d o —homens, m ulheres e creanças— construio-se a ce­
lebre egreja do H orto , cujas paredes, dizem, espessas Depois que orou no Horto,
e profundam ente alicerçadas, fazem delia verdadeira Satanaz se vendo solto
fortaleza, m ais fo rm idá vel do que a que fo i o u ltim o Formou planos salafrarios
reducto da gente do Conselheiro. A ffirm a m que essas
muralhas têm, na base, mais ou menos qu atro metros
de largu ra!
Não nos interessa aqui o seu fe itio de fo rtific a ­
ção, não nos im p orta que seja uma Saint G erm ain des
Pilatos lavou as mãos,
Prés ou uma cathedral de Carcassona do sertão, o que Mostrando-se innocente.
nos prende a attenção é o fo lk -lo re nascido delia. En­ Ainda hoje ha semente
tre m uitos cantos e lendas que a seu respeito correm Dessa mesma geração...

O O O O O 185 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO D /

ír ic n ta T a Jesus Christo,
Dos padres sêrem contrarios, Quanto mais qualquer ministro
Vigários contra vigários. Que não tem igual pureza,
Ministro contra ministro... Que i como luz accc/a
E assim levaram Christo Que segue o vento contrario!
A cruz do Monte Calvario. E se apaga a luminaria,
Como Pilatos apagou,
Quando Christo condemnou
Não ha poesia p o pu lar sem m ote jo. A satira é o À cruz do Mente Calvario.
grande consolador das afflicções e desgostos da arraia'-
m iu da . E os seus poetas não a esquecem, mesmo nas
Na producçâo rimada deste rude poeta, que goza
tirad as beatas como esta poesia sobre a grande egreja
de relativa instrucção e herdou de seus maiores rudi­
do H o rto , no Joazeiro.
mentos de versificação antiga, ha cousas verdadeira-
mente bellas pela sua expontaneidade. Por exemplo,
Pilatos foi obrigado essa comparação do peccador com a luz acceza, que
Ao Christo dar a sentença
segue a direcção do vento, para mostrar como a alma
Dcantc do povo em demcncia,
Soberbo e obstinado. fraca sc curva ao sôpro forte das tentações.

Pelos grandes mandatarios.


Com cravos extraordinarios
Completando a prophccia,
Ficando por testemunha E as leis que ha hoje era dia
A cruz do Monte Calvario!
Imagino, penso ' sondo

São as provas desses factos Vendo bispos e vigários


Annaz, Pilatos c Herodes. Dormindo desacordados
Só nega isso um Frei-Bóde (?) Ou de encontro ao que foi levado
Ou então novo Pilatos. A cruz do Monte Calvario.
Pretendendo sêrem gratos
Aos seus correligionários,
Com elles trocam os rosarios, Estamos entre os pharizeus,
E quem este ponto não lê Entre os sábios e ministros
É cego e, pois, não vê Que crucificaram Christo,
A cruz do Monte Calvario.

O O O O

O O O O O O 186 O O O O O O
IN DEPEN DF. N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Os barbaros mandatarios
Viram morrer cruclmcntc Mas nSo navego de encontro
Aqiicllc pobre innocente A cruz do Mente Calvario.

Viva! Viva o Joa/eiro,


Escreveu de/ mandamentos;
Por um só Deus verdadeiro!

E vou dar meu parabém


Que Um e nJo entendem. Padre Cicero Rondo Baptista,
Vâo de encontro ao que defende
A cru/ do Mente Calvario.

Essa cgreja do H o rto tem um nome de encom-


Deus deixou Sào Pedro em Roma
Da Egreja autorizado. tnctida, que lem bra o Gethsemani e as angustias do
Para seguir seu mandado C hris to, e cs versos do trov e iro comparam a este o
padre Cicero, regedor e dom inador da Nova Jeru­
Deu a Pedro seu diploma salem, «Igual ao que salvou da Força a Casta Satic-
E a chave do Sacrario. çâo>... O fo lk -lo re que se vae creando em to rn o da
Fez Pedro seu secretario,
fig u ra do sacerdote cearense é um lib e llo perigoso.
Subio ao céu c lhe entregou Felizrnente, as doutrinas da Egreja C atholica e Apos­
A cruz do Monte Calvario. tó lic a Romana andam de parafusos meio frou xos, se­
não só nesta vcrsalhada haveria materia' de sobra para
caracterizar uma heresia: as prophecias do fim do
Após ta ntas divagações sobre cousas da H is to ria m undo, a critica ao papado por te r recusado acreditaT
Santa, vistas com seus olhos e cominentadas coin suas no novo Evangelista, a doutrina do Joazeiro, Nova
palavras, o pccta nordestino term ina o seu poemeto Jerusalem .. Por m u ito pouco mais, João H uss fo i
elevando o padre C icero ao papel de novo C hristo e queim ado e Lu th ero escondeu-se no W artbu rg ... O t i ­
a lltid in d o ao processo que lhe fo i m ovido em Roma: tu lo dc egreja do H o rto , dado á egreja onde ora o
padre C icero, é s ig n ific a tiv o do que o povo do Joazei­
ro qu er de verdade que e lle seja...
Nâo sei a Egrcja Romana

G ustavo BARROSO.
(João do N orte ).

o o o o o O 187 o o o o
A E V O L U Ç Ã O E C O N O M IC A DO B R A S IL

DO ESTADO COLONIAL A INDE.PENDENCIA Uma velha lei de 1773, ainda no começo do sé­
culo X IX , exigia a ida a S. T hom é para resolver
certos lilig io s com m erciacs! M u ito s rio s não pode­
riam ser navegados por causa dos diam antes e o u ro
B â O y tf’ H O M E M é p o r to da a parte subm ettido
de suas areias! O s tabacos da Bahia só poderiam
T á influencia do m eio. T ud o que v ive é
sahir depois de 20 de Janeiro, porque só assim os
julgavam , em boas condições! N ão havia estradas
lh o r é também p o r to da a parte m ovi­
para m uitas partes, por pro h ib iç ã o expressa.
do p o r idéas, por do utrin as, p e lo ideal. As fo rças in-
N o fim do perio do colo n ia l, o preconceito con­
tellectuaes que dispensaram o progresso orgânico
para o m elhoram ento da especie, tratam de crear tra o trab alh o braçal era trem endo. C) Desem bargador
novas attitud es, para aperfe içoa r as condições da João R odrigues de B rito escrevia em 1807: A pre-
lu ta peia existência. octupaçâo nacional, exclue dos em pregos to d o aq uclle
A colonização fo i fe ita no B razil sob as idéas que por si, seus pais ou avós, tiv e r exe rcid o arte
da escola m ercantilista, e Pom bal e seus seguidores mecanica, is to é, que tiv e r c on tribu ído com o seu
accentuaram bem as idéas de intervenção e direcção. trabalho para a m ultip lic a ç ã o das riquezas. U m es­
F oi o nosso C olb ert. crivão da mais insig nifican te Cam ara não póde encos­
C om o C o lb e rt, queria tu d o regulam entar, e por tar-se na propriedade de seu o ffic io , sem p ro v a r ver­
isso o regim en co lo n ia l, no fim do século X V III, foi dadeiram ente ou falsam ente, a perpetua inação de
sob m uitos pontos de vista, m ais severo do que no seus braços c dos seus pais e avós. De s orte que
século X V I. os netos de Pedro Grande, Im pe ra do r da Russia, não
O s chronistas ingenuos, que não procuraram co­ poderiam entre nós conseguir os cargos de Estado
te ja r as do utrin as ad m in istrativa s da m etrop ole com p o r te r aquellc heróc manchado suas mãos quando
o m ovim ento de idéas na Europa, attrib u ira m tu d o ao no T c x a l pegou na enxada e n o machado».
despotism o que não te ria razão de ser, porque todos A p o litic a de intervenção determ inara o ju r o
os docum entos faliam da necessidade de attender ao m in im o para os em préstim os. N ing ue m , po rta n to , em­
bem publico. prestava em acto publico, sobre certos bens, porque
N o fim do século X V III e no p rin c ip io do sécu­ o din h e iro era mais caro do que o ju r o o ffic ia l estabe-
lo X I X os governadores e os governos do re i procura­
vam tu d o determ inar para pro teg er. Com o to do o pro- Os lavradores não tinham assim fa cilid ad es de
teccionism o, esse prejudicava a uns, a m a io r parte o b te r din h e iro emprestado, e não poderiam m ovim en­
para enriquecer alguns, mas o trabalho geral ficava ta r a sua exploração. N ão havia re g is tro de h y p o ­
assim preso e dispersivo. theca que os garantisse. Leis de ga ran tia excluíam
Em m uitas partes do paiz, como no Reconcavo os engenhos de penhora, o que prejudicava o d i­
bahiano, eram ob rigados os lavradores a pla n ta r ^qui­ re ito de em préstimo, porque com esse p r iv ile g io de
nhentas covas de mandioca p o r cada escravo de ser­ amortização os senhores de engenho po deriam p ro ­
viço que empregarem e aos negociantes de escrava­ te la r pagamentos.
tu ra a c u ltiv a r quanto baste para o gasto de seus ser­ As sejes c as bestas não poderiam ta mbém ser
viços». penhoradas cm m uitas capitanias.
Na Bahia, os lavradores não poderiam cria r As leis de aposentadorias eram ou tras conse­
gado nas dez léguas de beira-m ar. quências da p o litic a interven cio nista . T od os os re ­
Para o estabelecim ento de fabricas, alambiques, presentantes dos poderes pú blic o s poderiam re q u is i­
armações de pescar e engenho de assucar eram nc- ta r as casas que entendiam , e depois esse d ir e ito fo i
diosas, certos requisitos e fo rm alidades dispendio- extendido p o r delegações, e assim para p ro te g e r car­
niceiros ou certos m on op olistas, c, governadores e
N ão era lic ito cada um vender o seu producto capitães-mores reclamavam essa pre ro ga tiva, p re ju ­
onde desejasse, e sim onde o fisco determ inava. dicando os p ro prieta rio s e com m erciantes livre s.
Para pro teg er o com m ercio estabelecido nos grandes A le i das industrias dava preferencia aos m aiores
po rtos, era p ro hibid a a venda de productos a via ja n ­ Credores e a dos fa llid o s p e rm ittia aos que fa lia m
te d o commercio, a conimissarios volantes. fic a r com 8 por cento da massa.

o o o o o o 188 o o O o O
A-MI ©IU IRÃO &C
Miudeza^ porAtacado
/Ã \ ) D } /T l Caixa P ooled 4 15
\\ y / r ~ ilL r C / C 1 Oodiçof:hhum
Cod,ao, f/ifi/D.Ittbtrj
heherr.r
Parita/larvc.

f f l i iw ttn c j

LIALemJ^ANAUS ’ Rua M arechalDeodoro 2R . caixa postal 787

A. MOURÀO & Cia. — Belém - Pará.


i» .
CENTENARIO DA INDEPENDENCE t DA EXPOSIÇÃO

N âo havia liberdade. A preoccupação proteccio- Em 1807, o Governador, Capitão-G eneral da Ba­


nista, querendo am parar alguns, asphyxiava a m aior hia, C onde da Ponte, o mesmo que recebeu a carta
parle. O m al não era só nosso, ou d o regimen co­ regia da abertura dos portos, para a qual deveria ter
lon ia l. Era das ideas da época. Mas nas colonias m uito in flu íd o , apresentou quesitos ás pessoas de in ­
a severidade era m aior. N os prim eiros tempos teresse e il lust ração sobre as condições económicas
e«sa preoccupação m ercantilista fo i creando, o b ri­ e agricolas da capitania e do paiz. T odas as respostas
gando e apressando a differenciação americana. que constam do liv ro publicado em 1821 em Lisboa,
A In g la te rra , entretanto, graças aos seus economistas na Imprensa N acional, por L. A. Benevides, dão p ro ­
se tin h a emancipado em pleno século X V II do pro- vas da influ en cia dos grandes economistas europeus
te ccionism o m e rc a n tilis ta ; os Estados Unidos, de­ e de José da Silva Lisboa.
pois da independência, tinham acompanhado o m o­ Verifica-se então que a abertura dos po rtos, a
vim ento lib e rta d o r da antiga m e tro p o lc e a França abolição dos m onopolios, a liv re circulação entre as
da revolução, ao im p ulso dos physiocratas, abolia os diversas capitanias que até então não existia, a lib e r­
m on op olios. dade de in d us tria não fo ra m sómente necessidades
provenientes da trasladação da côrte para o Brazil
como também applicação da escola libe ra l que dom i­
O MERCANTILISMO E O LIBERALISMO nara os esp íritos dos intellectuaes e altos funccio-

A crcação pelo G overno de D . João de uma ca­


N o perio do mais consciente da nossa fo rm a­ deira de Economia P o litica no R io de Janeiro e a
ção, eram as ideas de A n to n io Serra, T h o n a z M en e nomeação para occupal-a d o D o u to r José da Silva
A n to n io de M ontchretien que predominavam. Pom ­ Lisboa, é um a prova de que o estudo da scienda eco­
bal era to d o C o lb e rt. Mas depois com os physiocratas, nómica despertava a attenção dos dirigentes.
G cu ra ay C o n dillac , M irabcau, De la R ivière, D up ra t O Desembargador João R odrigues de B rito , na
de N em ours, T u rg o t c ainda depois a escola liberal sua resposta aos quesitos do Governador, recommenda
com Adam Sm ith e João Baptista Say, as ideas fo ­ o estudo da economia p o litic a . E escreve:
ram m udando, applicadas p o r toda a parte. «Ainda não se vio um economista que fosse máo
N o B razil ainda colonia, ellas se percutiram com cidadão, d iz o grande Say no prefacio do seu insigne
vehemencia. Pom bal, sym bolo das ultim as ideas dos tratado».
tempos coloniaes, estava em bebido de C olb ert. Toda a f. no estudo da economia p o litic a, accrescenta,
geração in te llec tu al que fez a nossa independencia . «é a elle princip alm en te que a G rã Bretanha deve a
economica e po litic a estava cheia de G o urna y, T u rg o t, m oralidade de seus concidadãos, e a integridade e
Adam Sm ith e Say. A in flu en c ia de Adam Sm ith np- , pro m p tidâ o que se notam na adm inistração de sua
q u c lla geração é notável. As suas ideas estão em José justiça, a qual fazendo invio lá veis os contractos e
da S ilva Lisboa (Visconde de C a y ru ), no Desembar­ d ire ito s de propriedade, consolidou o credito geral
gado r João R odrigues de B r ito (C artas Economica- dos seus habitantes, o G overno, elevando-a ao ponto
po litica s sôbre a a g ric u ltu ra e com m ercio da Bahia), de pasmar o U niverso com o b rilh o de sua opulência
em Januario da C unha Barbosa, em Gonçalves Ledo, reconhecida pelos seus pro prios inim ig os (J. B. Say).
mais ta rd e em H ip p o ly to José da Costa Pereira F u r­ F alei que o tratad o desse grande homem seja lid o
ta do de Mendonça (o C o rre io Brasiliense, publicado com attenção segura ao menos pela centesima parte
em Londres de 1808 e 1827) nos irm ãos Andrada, dos nossos com patriotas c eu vos asseguro que a
etc. amada pa tria subirá log o a um grá o s uperior de pro s­
A in flu en c ia dos economistas da transform ação pe rid ad e; porque a natureza nos é mais p ro picia que
do B ra zil, de 1808 a 1830 não fo i registrada pelos aos inglezes, e não estamos acabrunhados com uma
nossos histo ria do res. Essa influ e n c ia fo i grande. C e r­ d iv id a enorme».
to, to do s os com pêndios dizem que a abertura dos As idéas dos economistas coincidiram assim com
po rtos em 1808 fo i devida aos conselhos de C ayrú. as pro prias necessidades da p o litic a . O soberano teve
C ayrú é precizo, porém, que se d ig a fo i o p rim e iro de se subm etter ás novas contingências.
econom ista b ra z ile iro , te ndo pu blica do os seus P rin ­ De facto, nos prim eiro s tempos, não havia mais
cíp io s de Economia, nos quaes espalhou, systemati- Portugal, e, portanto, a manutenção de seus p riv ilé ­
sou, e desenvolveu as idéas de G ournay, Adam Sm ith gios era im possível. T odos esses priv ilé g io s desappa-
e Say. receram. Era a vicorita dos princípios da economia
Vicente de G ournay proclam ou o celebre Laissez que agora chamamos classica: Ê precizo, porém , não
fa ire , laissez passer, preparando a revolução franceza, esquecer que assini como no a n tig o regimen havia
que fo i uma consequência d e suas idéas de lib e r­ m uitas liberdades no m eio do despotism o economico
dade. e com m ercial no novo sobreexistiam ou se creavam
O D r. José da Silva Lisboa recommendava no algum as oppressões.
fim do nosso regim en c o lo n ia l: — deixae fazer, de i­
xai passar, d e ix ai vender.
O s seus P rincípios de Economia P o litic a enthu- A NOVA PROPRIEDADE
siasmaram toda a e lite b ra zile ira de então e prepa­
rou o am biente para a independencia. T ud o que Dom
João V I fez fo i em grande parte in sp ira do nas in- O B razil prosperava com as novas liberdades.
te llig e n te s idéas espalhadas pelos discipulos brazi- Os Estados U nidos tinham então pouco m ais de
leiros de Adam Sm ith e João Baptista Say. 5 m ilhões de habitantes. O Brazil, nos u ltim o s tem-

o o o o 189 o o o
UVRO DE OURO COM ME MORAT/VO PO CENTENARIO PA

pos da colonia em 1789, possuia 2.300.000 habitan­ sua decima parte fo i recebida, sendo in s ta lla d o com
tes, sendo 800.000 brancos b ra z ile iro s e europeus 120:0008000. Estabeleceram-se duas caixas filiae s,
e 1.500.000 negros livres e escravos. A população uma na Bahia e o u tra em S. Paulo.
escrava era m uito m a io r do que a liv re e nas duas Os orçamentos publicos não tinh am , porem, a
classes mestiças, m ulatos, mamelucos, cafusos. Balbi, segurança necessaria para m anter o e q u ilíb rio , e o
citado por O liv e ira M artins, calculou em 1810 a Banco não fu nccionou com a devida prudência.
população do B razil cm 3.617.900 almas, sendo . . . Em 1812 o seu capital ainda era de 126:0008000
843.000 b ra zile iro s e europeus, 426.000 mestiços l i ­ e para que os accionistas não tivessem prejuízos fo ­
vres 202.000 mestiços escravos, 159.500 negros l i ­ ram creados impostos para sua garan tia.
vres e 1.828.000 escravos negros e 259.400 ind ige­ Esses impostos c as entradas do T hcso uro eleva­
nas. Pela côr, a população era d iv id id a em 834.000 ram o capital a 3.000:0008000. Assim as tendências
brancos, 259.400 vermelhos, 1.888:500 pretos e ... liberaes se manifestaram na creação d o Banco: mas
628.000 mestiços. Nesse num ero não está incluída, o seu insuccesso fez com que os d irig e n te s recorres­
é claro, a população aborígene, selvagem. Só estão sem ás ideas de protecção. As emissões foram subin­
os ín dios assim ilados e incorporados á civilização do. para attender aos commerciantes relacionados e
fundada pelos colonizadores. aos Governos com apuros, e assim e.n 1829, depois
A In glaterra e o paiz de G a lle s tinham então da independencia, com uma circulação de 21.574:9208,
10 m ilhões dc habitantes, a Escossia, 1.805.000; a um fu nd o m etallico dc 1.315:4398 e unia carteira de
Irlan da 6.000.000. Isto prova, com o o Brazil, já era, 3.702:7308000 fo i considerado fa llid o , tendo por
naquelle tempo, um elemento dem ographies im p orta n­ iei de 23 de Setembro dc 1829 entrado em liquidação
te. O seu progresso que espantara a setenta annos e começou o G overno a se responsabilizar por suas
antes um esp irito observador como o de Adam Smith notas, c u jo curso forçado decretou e em cujo res­
era con firm a do p o r todos os indices. Se a extraeção gate p rinc ip io u a se empenhar. C ahio, assim, a p r i­
do ou ro desorganizara o trab alh o de algumas regiões, meira tentativa de um banco de emissão.
em ou tras a actividade tomava no vo im pulso e a vida A nova po litic a deu grande desenvolvim ento ao
recomeçara com m aior actividade. commercio externo, que de 22.000 contos antes de
A carta de le i de 12 de O u tu b ro de 1808 creou 1808, subio a 80.000 contos em 1812, 198.214 con­
no R io de Janeiro um banco de emissão, deposito e tos em 1880.
descontos com o capital n o m in al de 1.200:0008000 A divisão da população pelas provincias era
d iv id id o cm 1.200 acções de 1:0008000 cada uma. mais ou menos a seg uin te: nos p rin cíp io s d o sécu­
A subscripção do capital fo i d if f ic il já em 1809 a lo X I X ; Rio dc Janeiro, 500.000; Bahia, 850.000;

o o o o

o o o o o 190 o o o o o o
ERENDENCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Pernambuco, 550.000; M in as 480.000; S. Paulo ... A im portação no mesmo perio do fo i assim cal­
253.000; R io (ira n d e d o Sul, 90.000; M atto Grosso, culada:
60.000; C eará, 150.000; R io G rande do N orle, ....
23.000; M aranhão, 180.000; Pará, 260.000. 1 7 Q 6 ......................... 6.982:3568248
Vê-se com o a evolução fo i m odificando essa 1797 8.525:7808096
relação. A p rin c ip io , no no rte, se concentrava a maior 1798 ......................... 10.668:1778385
parte da população escrava para o c ultiv o da canna 1799 ......................... 15.800:9388555
e do a lg o d ã o ; depois houve o deslocamento pela 1800 9.432:1568624
1801 10.680:1598775
attracção da descoberta do o u ro e de pedras precio­ 1802 ......................... 10.151:6608235
sas e pela fa c ilid a d e da c ultu ra n o centro e da cria­ 1805 8.505:3008000
ção no sul. 1806 8.415:8008000
As rendas publicas ainda não attingiam a seis
m il contos p o r anno, e as necessidades da C ôrte e O m ovim ento to ta l do mesmo periodo assim se
de todos os seus parasitas só faziam crescer. resume:
A opposição s u rg io então por toda a parte.
A elevação d o B razil á categoria de R eino U n i­ 1796 18.458:2208183
do ao de P o rtug al e A lgarve, (1 6 de Dezembro de 1797 12.784:6038569
1798 21.484:7388413
1815) já encontrou a m aior parte da e lite desen­ 1799 28. 185: I I
cantada e desejosa de uma evolução mais rapida. 1800 21.960:2488180
O B razil não pode ria v o lta r ao Estado de colonia 1801 25.456:9668324
e o R io não poderia perder a sua supremacia. 1802 20.504:9058166
1805 22.454:0008000
A creaçâo da imprensa, de cursos, de escolas, de 1806 22.571:3008000
academias e centros de sciencia e arte desenvolvera
o gosto pelas cousas publicas, e a op in iã o publica
que já e xistia nos grandes nucleos de população, N o quad rie nn io de 1812 a 1817 o m ovim ento
conheceu a sua fo rm a e começou a se im p ôr p o r meio com m ercial com o e x te rio r assim se div id iu :
dos jornaes e dos pam phlctos.
Exportação:
1812 ......................... 3.987:6878000
1813 4.792:7898000
O COMMERCIO EM 1822 1816 9.663:6428640
1817 8.708:9378508

O R io já se to rn ara o c en tro commercial do Bra­ Im portação:


s il e da Am erica do Sul. Vendíamos para a Europa
e para os paizes do Prata e o R io era um entreposto 1812 2.463:9528000
1813 3.587:2368000
e ainda escala para a In dia e para todo o O riente. 1816 ............................. 10.304:2228857
N avios pa rtiam para levar ao O rien te tabaco, café, 1817 8.507:8968977
assucar, o que dantes a Eu ro pa recebera do O rie n ­
te ; e as embarcações que vinham das índias co.n
T o ta l:
tecidos e tapeçarias, descançavam m uitas vezes no
no vo p o rto . O R io estava, portanto, prospero como 1812 6.451:6398900
to d o o B ras il, e as condições financeiras d o Erário 1813 8.384:0258000
eram que embaraçava.» as relações de ordem econo- 1816 ............................. 19.967:8658497
1817 16.876:8348485
mica. As despesas da organisação nacional exigiam
m aioies dispêndios e a vida relativam ente encare­
cia. E essa carestia d iffic u lta v a a vida economica; Exportávam os na m édia 23.100 toneladas de assu­
mas essas d iffic u ld a d e s não eram de m olde a m udar o car, 5.600 de algodão, 3.600 de couros, 1.500 de café,
aspecto g e ral de prosperidade. 1.500 de a rroz e 1.200 de cacau.
O cam bio baixava, mas tu d o isso era re fle x o da O m ovim ento subiu m u ito depois. Faltam dados
transladação por D . João V I de to dos os nossos sobre a decada da Independencia, mas as cifras so­
bre 1831-1835 mostram o desenvolvim ento que to ­
recursos m etallicos. O m ovim ento da producção e
m ou o com m ercio depois da completa emancipação
das transacções era, de fa cto, cada vez m aior.
A exportação de 1796 até 1806, no regim en co­ do paiz.
Então as importações elevaram-se a . . .
lo n ia l, tin h a s ido mais ou nienos a seguinte: 1
2
0
8
6
9
7
36.577:4198156 e as exportações a 32.998:5958100,
fa zendo um to ta l de 69.576:0198256.
1796 ............................. 11.475:8638935
1797 .............................. 4.258:8238473
1798 ............................. 10.816:5618028 O BRASIL DE 1922 E DE 1822
1799 ............................. 12.584:5058139
1800 ............................. 12.528:0918556
1801 14.776:8068549 O Brasil tinha em 1821 uma população de cerca
1802 ............................. 10.353:2448931
1805 . . . . 13.948:7008000 de q u atro m ilhões de almas, dos quaes cerca de
1806 ............................. 14.155:8008000 um m ilhão era de b ra sile iro s brancos, dous m ilhões

OOO o o 191 o Oo o Oo
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO DA

de escravos negros e o resto de extrangeiros e mes­ Nos mais velhos documentos do B ra sil falla-se
tiços. H o je , a população d o paiz é de cerca de do seu fu tu ro portentoso. Já temos qu atro séculos
30.600.000 habitantes. As importações osciliavam en­ de progresso e civilização, um século de Completa
tre o ito a dez m il contos de din h e iro fo rte de então independencia; já realizámos o que resum im os p a lli-
e as exportações pelas mesmas quantias. H oje, as im ­ damente acima e ainda temos fé n o fu tu ro e todos
portações oscillam de 1.800:000 contos a 2.200:000 que nos visitam no accenam com o p o rv ir.
contos e as exportações giram em to rn a desses alga­ É o destino dos gigantes. Crescem, estão em
rism os. Na época da independencia, o to ta l da nosso plena juventude, já ultrapassaram m uito s outros, mas
com m ercio e x te rio r era de cerca de 20 m il contos; quem os defronta, vendo que ainda vão crescer, não
agora é de p e rto de qu atro milhões. póde esconder um g r ito de adm iração pelo que serão,
N aq ue lle te mpo, já cultivávam os café, algodão, embora já sejam tã o grandes.
cacáo, fu m o exportávam os esses productos, madeiras, O Brasil já é o que é, já é o que o resumo
pelles, couros, diamantes e ouro. que acabamos de fazer dem onstra: uma potência p o ­
H o je a nossa fo rtu n a se consolidou e a nossa litic a na sociedade das nações, um leader da c iv iliz a ­
m entalidade se firm o u . Se os nossos jornaes não têm ção americana, uma fo rç a economica do m undo. En­
a tiragem dos de Buenos Aires, somos dos paizes tretanto, apezar de sua força e de seu posto de
da Am erica Latina o que publica mais liv ro s sobre direcção, to dos dizem em 1922, com o em 1822, como
to dos os assumptos. em 1700 ou em 1600: — Que fu tu r o gra n d io so !
A nossa litte ra tu ra é v ida e em m ovim ento. Os As nossas perspectivas e po ssibilida de s são ta ­
nossos m edicos crearam uma pharm acologia que já manhas que, te ndo realizado tanto, ainda somos tr a ­
se espalhou pe lo m undo e suas observações appare- tados como força do fu tu ro , não que já não sejamos
cem em tratados celebres da Europa. Os nossos ju ­ ferça agora porque a do fu tu ro será a m aior de
ristas são classicos em toda a Am erica e o nosso
T eixe ira de F reitas não fo i só o pai do nosso codigo O que o Brasil já fez é uma m aravilha , já é
como do da Arge ntin a. o assombro do m undo novo e a n tig o , mas não será
C om Bartholo m eu de Gusmão, o B rasil indicou nada em relação ao que mais ta rd e fará o deslum ­
a po ssibilida de de navegar nos ares, e com Santos bramento dos povos.
D um on t d e fin io e creoii o d irig ív e l e o avião. As nossas riquezas latentes são fo rm idá veis, o
A nossa engenharia dem onstrou sua perícia na nosso desenvolvimento in in te rru p to e crescente.
construcção d iff ic il e accidentada das nossas estra­ O patrim onio que os grandes proceres da in ­
das de fe rro . dependencia, que ho je festejamos, nos legaram , não
Se não temos escolas prim aria s em proporção a fo i sómente de uma pa tria liv re , liv re e emancipada
população em idade escolar, a frequência augmenta de preconceitos entre as mais livre s, mas o de urna
por toda a parte e o que fizem os nos ultim o s annos riqueza sem par.
é considerável. O ensino p ro fissio na l e technico co­ A responsabilidade do p a trim o n io incomparável,
meça a dar os seus prim eiro s resultados, e nas nossas desse te rrito rio que é n o m undo o m a io r sob a ju -
escolas superiores e nos colle gios secundarios que risdicção directa e sem interrupção de um só G overno,
nos vieram d o Im pe rio ou se fundaram na Republica só deve ser m o tiv o de org ulho , porque seremos sem­
altos espíritos mantêm a tradição do nosso ensino. pre dignos delle como o foram os nossos m aiores.
A q ui, nos prim eiro s tempos do im p erio, vieram
aprender os jovens das m elhores fa m ilias do Prata.
Somos os m aiores produetores de café do m undo;
PRODUCÇÂO AGRÍCOLA
os segundos de m ilh o , os da ine lh o r borracha, os
terceiros do cacáo, os prim eiro s da herva-matte, sere­
mos com te mpo os prim eiro s do algodão; temos o O Brasil é grande pelo seu te rr ito r io , por seu
te rce iro rebanho b o vino d o m undo, os mais variados ideal, por sua h isto ria , pela sua riqueza, p o r seu in ­
fruetos para oleo. As nossas reservas florestaes são separável amor ao d ire ito e á ju s tiça que fez com
incomparáveis, os nossos rebanhos de gado ovino que as suas próprias guerras fossem com o foram
caprino c cavallar grandes e em desenvolvimento. intervenções a fa vor da ordem ju rid ic a internacional.
Produzim os e exportamos assucar, arroz, fe ijã o, cou­ O Brasil trabalha cada vez mais, e é com sa­
ros, pelles, manganez, mica, mandioca, carnaúba, fu mo, tisfação que podemos reg is tra r o desenvolvim ento de
frutas para mesa. todas as nossas fo rças econômicas.
A nossa in d us tria m a n u fa c tu re d é a prim eira Damos abaixo os calculos da nossa p rincip al
da Am erica La tina e occupa o 20» lu g a r do mundo. producçâo comparada com as de o u tro s paizes segun­
N o con fron to da exportação de to dos os paizes do a nossa D ire c toria de Estatística do M in is te rio
da terra, occupamos o 15.° lugar, sendo dos mais da Ag ricu ltura:
jovens.
Assim , o B rasil já fe z m u ito èm tres séculos
de creação e desenvolvim ento e em um século de vida
po litic a independente.
Já realizamos tu do isso, e queremos mais. A 1 - BRASIL 1019-20 788.188
consciência da nossa força é uma velha tradição en­ 2 — Colombia 1017-18 75.000
tre nós, da força fecunda da producçâo e do d ire ito 1918-19 54.479
e não da brutalidade que esmaga, da força que crêa e 1917-18 45.782
não da força que destróe. 1917-18 32.500
1917-18 23.989

O O O O O 192
J. CIMA & Cia.

Industriaes de Herva-Matte

* M oinho em União da Victoria


* (XXXXXXX
KXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX)

David Carneiro 6 Cia — Corityba.


in d e p e n d e n c e r d a e x p o s iç ã o i n t e r n a c io n a l

Anno Toneladas Paizes Anno Toneladas


7 — Porto R ic o .................... 1917- 1817.063 6 — Canadá 1918 2.840.376
b — Nicaragua .................... 1918- 1913.800 1918 2.600.789
0 - ludias Britannicas 1917-18 6.744 8 - Suécia . 1918 1.935.840
10—S u m a tr a ......................... 1916-17 5.311 1918 1.410.000
10 — BRASIL 1919-20 145.985

Trigo
1 — Costa do Ouro . . . 921 133.909
2 -B R A S IL 919-20 66.883
3 — E q u a d o r .................... 1 - Estados Unidos 1918 24.959.794
921 41.080
4 — T rin d a d e .................... 921 31.813 2 — India . . . 1918 10.325.070
921 29.276 1918 6.143.548
0 — Republicas Dominicana; 921 2S.700 1918 5.145.875
7 — Vene/ue a .................... 921 22.000 5 — Argcn ina . 1918- 195.015.000
921 20.000 6 — Ita ia . . . 1918 4.988.500
0 Fernando Pó 7 — Hespanha . . 1918 3.693.430
921 5.200
10 — G ra n a d a .................... 8 — Grã Bretanna e 1918 2.535.026
921 4.441
9 — Allemanha 1918 2.458.418
10 — BRASIL . . 1919- 2087.181
Algodão (em rama)

1 — Estados Unidos . 918 2.619.693 PRC.DUCÇAO DE AS5UCAR DE CANNA


2 - índias Briianri.as . 919 721.757
3 - - E g y p t o .................... 917 286.596 C u b a ................... 1917-18 3.527.536
4 - Russia Asiatica . 915 211.344 índias Britannicas . 1917-18 3.318.409
5 — B R A S IL .................... 919-20 110.779 BRASIL . . . . 1917-19 695.262
6 - Mexico .................... 918 79.293 1917-18 520.594
7 — P e r u ......................... 917-18 28.000 Porto Rico . . 1917-18 411.677
918 15.876 Philippinas . . 1917-18 396.243
9 — Protetorado d'Cugun..a 918 6.259 Formosa . . . . 1917-18 344.123
10— Indo-China . . . . 918 5.430 1917-18 332.913
1917-18 280.000
- Mauricia . . . . 1917-18 225.920
1 — Estados Unidos 1918 607.819
2 — Russia Européa 1915 96.572
3 - BRASIL . . 1918-20 73.647 A INDUSTRIA PASTORIL
4 — Philippinas 1918 61.556
5 — Hungria . 1914 50.772
6 - Java . 1915-16 13.353 Temos na ind ustria pa s to ril um longo fu turo .
7 - Japão . 1918 37.875 Pode-se dizer que temos o 2.° rebanho bovino,
8 — (Irecia . . . 1918 28.651 porque a reunião da Russia é a rb itra ria e a m or­
9 — Algeria 1918 24.000
ta lidade lá tem sido enorm e e o gado da In d ia não
10 — Allemanha 1914 22.767
é apropriado para vender no mercado internacional.
Milho Damos abaixo a população pecuaria de diversos
paizes em p a rallelo com a do Brasil.
1 — Estados Unidos . . . . 1918 65.606.058
2 - B R A S IL .............. 1919-20 4.999.698
3 - H u n g r ia ................ 1915 4.586X00 Paizes Numero de
4 - Argentina....................... 1917-18 4.335.00J
5 — I t a l i a ..................... 1918 1.915.500 Bovinos
6 - Mexico ........................ 1918 1.930.121
7 — Russia EuropCa. . . . 1917 1.705.353 1 - India ( 4 ) ................................. 163.909.256
8 — E g y p t o ....................... 1917 1.619.521 2 — Estados Unidos (continente) . . 68.560.000
9 - União da Africa doSui . 3 — Russia1918-19
Européa 1.048.812
(63 governos)) . 38.372.924
10— R u m a n ia ................ 1918 636.793 4— B R A S IL .............. 34.271.324
5— Argentina............. 26.837.623
Arros (com casca) 6— A lle m a n h a ........ 20.316.948
7 — Russia Asiatica (2 / g-.ernos e
1 — índias Britannicas . . . 1918 37.274.578 prov.) .................................. 14.771.658
2- - Japão 1918 9.891.667 8 — Grã Bretanha e Irlanda . . . 12.311.149
.

3 — Índias Nceriandezas . . 1918 6.220.000 9 — F rança.......................................... 12.250.820


4 — In d o -C h in a ........... 1918 4.630.880 10 — A u s tra lia ..................................... 11.956.024
5 — C o r é a ..................... 1918 2.480.858
6 - P h ilip p in a s .......... 19171.539.079
7 - F o rm o s a ........................ 1917 874.135 Suínos
8 - B R A S IL ............... 1919-20831.495
9 - Estados Un.doj . . . . 1918 825.135 1 — Estados Unidos (continente) . . 74.584.000
10- I t a l i a ..... 1*>18 523.500 2 — A lle m a n h a .................................. 17.287.211
3— Russia Européa (63 governos) .16.603.028
Batata (ingleza) 4 - B R A S IL ....................................... 16.168.549
5 — Hungria (propriamente dita) . . 6.824.657
1 - A lle m a n h a ........... 1918 29.469.718 6 — Austria ....................................... 6.432.080
2 - Estados Unidos . . . . 1918 10.889.285 7 - França ............................................ 4.377.020
3 — Qrã Bretanha eIrlanda 1918 9.370.325 8 — C a n a d á ....................................... 4.289 682
4 — F ranca............................. 1918 6.216.996 9 — He pan!.a ....................................... 3.929 4IÇ
5 - H o lla n d a ........................ 1918 2.984.356 10 — Argentina .................................. 2.900.585

o o o o o o 193 o o o o o
LIVRO DE OURO COJHMEMOk/TIVO DO CENJENAR/O DA

Raizes
3.575.451
Ovinos
3.430.296
1 — A u s tr a lia ....................................... 84.065.012
2 — Russia Européa (63 governos) . 65.16 Í.60I
3 — Estados Unidos (continente) . . 48.866.000
4 — A rgentina....................................... 43.676.603 4.954.000
lidos (continente)
5 — India 1.096 800
6 — União da Africa do Sul . . 20.014.035 1.865.259
7 — Turquia Européa e Asiatica . 27.001.678
1.766.510
8 - O r â Bretanha e Irlanda . . . 27.004.678
1.445.905
0 — Nova Z e la nd ia............................. 26.538.302
825.226
1 0 — B R A S IL ....................................... 7.933.437
638.875
Equinos 508.233
452.703
1 — Russia Européa (63 governos) . 23.476065
450960
2 — Estados Unidos (continente) . 21.482.000
ü — Russia Asiatica (27 governos e
9.613.678
4 - A rgentina............................. 8.323.815
5.253.600 MARINHA MERCANTE
5 — B R A S IL ...................
3.609.257 Segundo as estatísticas do Lloyd Register Boock,
7 - A lle m a n h a .................................. 1.141.624 as tonelagens das marinhas mercantes da America do
8 — A u s tra lia ....................................... 2.408.040
2.232 030 Sul, em 1922-1923, são as seguintes:
0 — F rança............................................
10 — O rt Bretanha e irianUa . . . . 2.213.272 1 B r a s i l .................... 390 492.571
2 Argentina . . . . 216 131.555
Caprinos 126 131.401
1 — India (provincias britannicas) . . 33.165.506 4 Peru . ................... 64 101.209
2 — Turquia Européa e Asiatica . . . 20.278.740 5 Uruguay . . . . 53 76.311
3 i - União da Africa do Sul . . . . 8.018.871 6 C u b a .................... 65 62.677
4 — BRASIL 5.086.655 933 1.045.724
5 — Argentina....................................... 4.325.280
6 — Hespanha....................................... 4.181.912
Essa tonelagem se subdivide da seguinte fórma
7 — Protect, da Africa Oriental Bri­
tannica .................................. para as grandes companhias brazileiras de navega­
8 —A l g e r i a ....................................... ção:

o o

o o o O o 194 O o o o o
IK DEPEN DENC!A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Com panhia de Navegação L lo y d Brasileiro, 34 T endo de reparar uma grande crise e dispondò
navios e 206.500 toneladas. assim de menores recursos no exterior, as nossas
Com panhia de Navegação C osteira, 22 navios e compras dim inuíram .
32.125 toneladas. O quadro abaixo o mostra:
C om panhia C om m ercio e Navegação, 18 navios Im portação:
e 32.512 toneladas.
O s navios da C om panhia de Navegação Lloyd
B rasile iro estão assim classificados:
30 vapores transatlânticos com 106.830 to nela­ 5.922.306
das. 2.779.850
31 vapores cabotciros com 58.170 toneladas. 920 3.275.850
<»2i 2.578.210
10 vapores fluvia es com 6.567 toneladas. 922 3.263.523
3 veleiros fluvia es com 6.567 toneladas.
1 vele iro com 801 toneladas.
A dim inuição da quantidade é proveniente em
parte da reducção das entradas de carvão.
A nossa exportação dem onstra que trabalhamos O v alo r correspondente fo i assim registrado:
cada vez mais, que o B rasil esforça-se para reparar
as crises anteriores e entrar num largo periodo de
prosperidade.
913 1.007.495
O nosso m al provém de que ainda não sabemos 918 1.334.259
vender e com prar . Vendemos o que nos querem 919 2.090.633
com prar, e compramos o que nos querem vender. 920 1.689.839
Precisamos «vender» o que produzim os, em boas con­ 921 1.673.909
dições, e com prar o que necessitamos e que seja o
m elho r e o mais barato do genero.
C on vertido em moeda ingleza, esse m ovim ento
se trad uz nos algarism os a seguir:

O COMMERCIO EXTERIOR

, I V I J .................................. Oí.lOO.UUU
A exportação de 1922 fo i um «record» quanto ]Q18 78.177.000
á quantidade. O quadro abaixo o dem onstra: 1920.................................. 125.005.000
Exportação por quantidade: 1921 60.468.000
1922 49.192.000

Assim a differença entre a exportação c a im­


913 1.382.072 portação tem s ido a seguinte:
919 1.907.688
2.101.380
921 1.919. I.M Contos
922 2.121.602
1913, «déficit» . . . . 25.228
1919, s a ld o 844.460
.

1920, «deficit» . . . . 338.222


O va lo r 110 nosso papel marca também uma cul­ 1921, s a ld o 19.883
.

m inância: 1922, s a ld o 658.175


.

Contos Nas relações extrangeiras o v alo r em moeda na­


cional não tem, porém, significação. C onvertido em
1913 981.767
1919 2.178.719 moeda ingleza o m ovim ento geral, a differença da
1920 1.752.411 balança m ercantil assim se estabelece:
1921 1.709.722
1922 2.332.084
Libras esterlinas
1913, «deficit» 1.715.000
O cam bio, entretanto, fez com que não obtivésse­ 1919, saldo . 51.908.000
mos com esses esforços disponibilidades correspon­ 1920, «déficit» 17.484.000
dentes. C o n ve rtid o em moeda ingleza, ao cambio de 1921é saldo . 1.881.000
1922, saldo . 19.386.000
cada anno, esse m ovim ento representa o seguinte:

O ra, as nossas necessidades de pagamentos no


Libras esterlinas
extra ng eiro, serviços de em préstimos federaes, esta-
913 65.451.000 doacs e municipacs, representações, etc., são calcula­
919 130.085.000 dos em 15 m ilhões de esterlinos p o r anno.
920 107.521.000
58.587.000 As e xig ibilid ad es das contas privadas, serviço de
922 68.578.000 ju r o de capitaes empregados no paiz, ju ro de empres-

O o o O o ó 195 0 0 0 0 0 0
LIVRO DL OURO COMA ■MORATIVO PO CL N IL S 'ARIO

tim os a etnprezas, viagens, seguros, fretes, remessas de zero em 1913 e dc 12.734, em 1922, a de oleos
de fundos de antigos im m igrantes, etc., montam a vegetaes dc 84 em 1913 e de 2.369 em 1922.
ou tros 15 m ilhões de libras . O to ta l das nossas ne­ Dos nossos grandes productos só accusam d im i­
cessidades eleva-se, po rtan to a 30 m ilhões de libras nuição as pelles, por um m o tiv o de ordem acciden­
esterlinas e isso explica, porque com a balança m er­ ta l, a borracha em virtud e da crise universal e o a l­
can til que vamos tendo e o cam bio baixo que vanos godão. cuja exportação em 1913, crescera em con­
s o ffre n d o temos tid o necessidade de recorrer a em­ sequência d o retrahim ento do consumo in te rn o , mas
préstim os, não conseguindo assim mesmo restabele­ cujas safras são ho je m uitos m aiores, havendo cm
cer a perfeita norm alidade. São Paulo novos e grandes produetores. Assim , a
Os dados do com m ercio ex te rio r demonstram, capacidade de producção do pa iz augm entou.
en tretan to, que a capacidade de trabalho do paiz Q uanto ao valor da exportação podemos estabe­
augm entnu dc uma m aneira auspiciosa e promissora. lecer o seguinte confron to :
De facto, em 1913, antes da guerra, a nossa ex­
portação fo i de 1.382.072 toneladas. Em 1922, en­
tre ta n to , enviamos para fó ra do paiz productos com 1913 1921 1922
um peso to ta l de 2.121.602 toneladas, mais 739.530 H,nh» 29 39.889 3.801
toneladas do que antes da guerra. Carne cm conserva . 200 2 351 1.63'
Cnrnes ('n nprhflaí 200 60.305 33.300
Em 1913, a exportação de banha fo i de 23 to ­ Couros ........................ •IS. 1SO 52.415 71.726
L I ............................. 2.M 3 13.164 1 1.244
neladas, em 1922 dc 1.966; em 1913 a de carnes
1‘cllcs ........................ 12.512 22.536 33.310
cm conserva de 223 e em 1922 de 74 5; a de carnes 200 4 121 2.688
congeladas de zero e em 1922 de 32.308, a de cou­ 22 6.284 754
ros de 21.292 e em 1922 dc 47.990; a de lâ de 2.953 M anganc/................... 2.T2I 22.917 22.269
em 1913 e dc 3.561 em 1922; a de pelles de 3.584 Algodão em rama 34.hl 5 45.911 103.663
A r r o z ........................ 24 32.617 22.506
em 1913 e de 3.303 em 1922; a de sebo dc zero
Aguçar 974 94.169 115.249
em 1913 e de 2.528 em 1922; a de xarque dc 21 Bananas ................... 155.631 35.901 48.760
em 1913 c de 3.730 em 1922; a de manganez de Cac.’o ........................ 23.904 47.547 68.281
122.700 em1913 c de 340.706 em 1922; a de al­ C a fé ............................ 611.690 : 019.065 .504.166
godão em rama de 37.424 cm 1913 e de 33.947 em Cêra de Carnaúba . . 6.593 10.395 14.138
1922; a de assucar de 5.371 em 1913 e dc 252.111 em Farinha de mandioca . 703 5.046 3.710
F e i.â o .................... 2 181 92
1922; a de borracha dc 36.232 cm 1913 e de 19.855 Frutas dc me a . . . 2.497 5.136 9.570
cm 1922; a de cacáo de 29.759 cm 1913 c dc 45.279 Frutas para oleo . 6.228 39.202 60.428
em 1922, a do café de 12.268.000 saccas em 1913 e de Fumo . . 34.739 55.110 4S.I 15
12.673.000 cm 1922; a da cera de carnaúba dc 3.862 Hcrva Matte . 35.570 43.: 36 5 1.579
toneladas em 1913 c d c 5.005 cm 1922; a de it- M a d e ira s ................... 2.021 17.977 22.177
M i l h o ........................ 200 7.181 2.629
rinha de mandioca de 4.876 em 1913; e de 12.867 em O l e o s ........................ 180 7.833 3.522
1922; a de fe ijã o de 7 em 1922 e de 162 cm 1922;
a de frutas de mesa de 29.238, em 1913 e de 55.215
cm 1922; a de f ructas para ole o de 54.394 em 1913 A nossa producção c assim cada ve m aior.
e de 92.039 em 1922; a de fum o de 29.793 em 1913 depende apenas dc organização o im pulso d e fin itiv o
e de 44.708 cm 1922; a de herva-matte de 65.843 para a grande prosperidade que to-Jos alm ejam os.
em 1913 e de 82.346 cm 1922; a de madeiras de
20.310 em 1913 e de 130.956 em 1922, a de m ilho, V ictor V ia n a .

O o O o o 196 0 o o o o
A M £ N fò(

Casa Fundada em. IÔ67


Ruas:S.Pedro.51ôe Marechal Floriano Peixoto.1ôt.T e le p h N.93ô^/?</£/„Lipiani-Riq1
RIO D
E JANEIRO.
^ ^ ~

J. L1PIAN1 — Rio de Janeiro.


. .
F IN A N Ç A S D O B R A S IL

V ID A fina nce ira do Bi si 1, principalm cn- p rio , o recu > fa lla z com que este era resgatado;
fflà te no regim e republic io , tem-se desen- e gerava ass i a funesta tra n q u illid a d e que nos fa-
|^ 7 v o lv id o quasi alheia 1 dos princípios m iliarisava c I um m al que parecia tã o fa c il de ser
e sem attender elim in ad o, c indo apenas era s ub stitu ído p o r um
aos conselhos dos mais esclarecidosi orientadores da m al m aior. assim nos fomos encerrando, cada vez
o p iniã o p u blica , ta lvez porque, os nosoos hahi- mais, neste c
to s de p ro diga lid ad e e a noss ipiente experien- o d e fic it; o
cia, confiam os exageradamente nossos tã o apre- serva ainda, m uita razão, o illu s tre fina ncista
goados recursos naturacs, que residem ainda em ser que, sob a constância de ta l phenomeno se fo rm o u
no sólo e no sub-súlo da te rra, á espera de que se­ entre nós um a m entalidade sing ula r, e sobrem aneira
jam tran sfo rm ad os em valores activos. Balanceando fu nesta, emancipada de todas as noções classicas da
o activo e o passivo da nação, desde a abertura sciencia a d m in istrativa , e que é causa m oto ra da
dos nossos po rtos ao com m ercio do m undo, até este desordem financeira em que tem v iv id o o paiz. Num
m em ento de ju b ilo un iversal, verificarem os que o es­ p e rio do de 96 annos, os orçamentos só registam sal­
fo rço , o tra b a lh o e o progresso realisado foram enor­ dos 19 vezes, em quanto accusam deficits 77 vezes,
mes, mas ta.nbem assignalarem os que innum eros erros o u ltim o decennio te ndo ultrapassado to dos os o u ­
e desatinos, alguns irreparáveis, fo ram com m ettidos. tro s no d e lirio das despezas. N o perio do de 1910
Basta ver que, com um século de autonom ia e mais a 1920, os de fic its annuaes sommam 2.289:271:000#,
de trin ta annos de republica, ainda não demos so­ dando, nesse perio do, um d e fic it m édio de . . .
lução aoá problem as fundam entaes da nacionalidade 229.000:000.«. Nos exercícios financeiros de 1916 a
no se n tid o de sua independencia economica-financeira, 1922, o d e fic it apurado, em cada anno, se exprim e
condição basica de nossa grandeza p o litica. pelos seguintes algarismos. iv e rtid a a parte i
Seja como fò r, aqui cabem referencias ás fin a n ­
ças pu blica s do Brasil, com o in tu ito tã o sóm ente de 208.341:350«
ind icar, com exacçâo e sem com m entarios im p ertin en­ 275.246:462«
tes, a situação do paiz no m om ento em que comme­ 222.427:9158
m ora o p rim e iro centenario de sua emancipação poli- 1919 . . . . 312.974:0188
1920 . . . . 254.504:0988
1921 (e-tima'.n 424.515:3188
An te s de tudo, notarem os este facto de ordem
1.698.009:1618
g e ra l: as rendas publicas crescem cada vez mais de
anno para anno, cm desproporção com o augmento
algarism os estes que resultam da seguinte dem onstra­
v e rtig in o s o das despezas. accusando os orçamentos an-
nuaes de fic its vultuosos, que passam de um exercí­ ção:
cio para o u tro . «A persistência e o crescimento do Exercício de 1916: Ouro Papel
desnível entre os encargos do Thesouro e os recur­ Receita . . . . 61.272:9538243 339.174:7668240
sos de que este dispõe, d iz ia ainda recentemente o Dcspe/a . . . 84.133:3358989 496.080:2498134
sr. Francisco Sá, então senador, caracterisa uma de­ Deficits . . . 22.860:3878746 156,905:4888924
sordem ta nto mais grave, quanto a vontade de resis­ Deficit eurc, convertido em papel
tir-lh e parece abolida, como se houvéssemos p e rd i­ moeda ao cambio de 12 . 51.435:8618178
do a consciência do m al, o u a esperança de usal-o. O Deficit do e x e rcício.................... 208.341:3508102
ha b ito da pro diga lid ad e, creado pelas emissões to r-
renciaes de papel moeda, para os quaes a gu erra fo i
mais um pretexto, do que uma necessidade, lançou
a adm inistração publica na vertigem das despezas,
sem m edida. C om o se para a elevação expontânea Deficits . . . 47.115:4198682 175.470:1388671
destas já não bastasse a in flu en c ia daquella causa, Deficit curo, convertido em papel
ao cambio médio de 12 3/4 . 99.776:3248260
determ inando a alta de to do s os preços. Mas o papel
que creava, ou aggravava o d e fic it, fo rnecia elle pro - Deficit do a x e rc ic io .................... 275.546:4628931

O O O O O O O O O O O <
I.IVRO OURO COMMUMOR ATIVO CENTENARIO

Exercido de I9 IS : Deficit geral do exercício conver­


tida a parte ouro em papel, ao
Receita . . . . 105.724:751*770 430.003:548*385 cambio médio de 8 . . . . 424.515:318*565
Despe/a . . . . 87.631:807*021 692.602:764*158
DEFIC IT TOTAL DOS SEIS
Saldo ouro . . 18.092:944*749 E X E R C ÍC IO S ........................ 1.698.009:161*000
Deficit p a p e l .............................. 262.509:215*773
Saldo curo, convertido em papel,
ao cambio médio de 12 3 16 40.081:300*502 Nos tres exercícios financeiros anteriores, a re ­
ceita arrecadada e a despeia effectuada fo ram as
Deficit do e x e rc id o .................... 222.427:915*271 seguintes, apresentando cada exercício de fic it vu ltu o ­
Exercido de 1919: so, como se verá:

35.902:421*191 232.193:570*495
Deficit oure, convertido em papel,
ao cambio médio de 12 . 80.780:447*679 Saldo curo . . 62.496:037*609
Deficit p a p e l .............................
Deficit do ex e rc íc io.................... 112.97 1:01S*17 I Saldo curo, convertido a papel
ao cambio médio dc 16 d. 105.462:063*465
Deficit geral do 1J» >105.191*118 l

Exercido de 1911.

198.842:690*460

ao cambio médio de 12 . 55.661:407*584 275:217*676 361.988:176*664

Deficit geral do exercício . 23 1.50 I :no->>() I I Exercido dt

Papet

510.637:785*509 31.233:044*837 225.805:404*860


913.954:733*204 Deficit geral do exercício, conver­
tida a parte ouro ao cambio
403.316:945*695 dc 12 d...................................... 296.079:755*743

o o o o 198 o o o o o o
INDEPENDESCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

T a l dem onstração é bastante eloquente para evi­


Emissão dc titu os funding, cm ouro 1.210:439*110
ta r reparos. Desde a m onarchia, tem viv id o o paiz Emissão de leiras do Thesouro,
no regim e ab solu to do d e fic it com raros exercícios cm o u r o ............................. 52.950:000*000
de saldos orçam entários, e essa situação aggravou-se
ainda mais nos governos republicanos. A politica 54.160:439*110
financeira d o Im pe rio , escreveu Joaquim M urtinh o,
seguida infe liz m e n te pela Republica, fo i a dos de­
e de 1010 a 1920, o to ta l das operações de cred ito
ficits orçam entários cobertos, ora p o r em préstimos ora
effectuadas pe lo governo a ttin g iu a estas cifras:
por emissões de papel-m oeda. A m ultiplicação dos
em préstimos p o r sua vez fo i augmenta ndo a somma
destinada ao serviço de ju ro s e amortizações desses 0 , , r o .................................. 110.492:572*000
com promissos, pesando assim de m odo cada vez mais |IaPc l ............................................ 1 074.555:254*000
intenso no orçamen to da despeza. A m ultiplicação das
emissões de papel-m oeda , de o u tro lado, fo i abaten- algarismos estes que são um indice seguro da nossa
do a taxa cambial. e, de:svalorizando a nossa moeda, precaria situação financeira.
reduziu p o r conseguinte <> v a lo r real da receita . Com A progressão da nossa divid a passiva é o sym pto­
e ffc ito , no prim ei ro dei •ennio republicano, excepto ma mnis evidente da nossa anarchia financeira. Os
o atino de 1801, c<>ni tinti saldo de 8.359:6058, todos últim o s em préstim os externos, a ju ro s alto s e em
os ou tros se encc■rraram com d e ficit. N o seguinte condições insolitam ente gravosas, e as continuas emis­
decennio, cm picnia exe cução do fund in g-loa n, em sões de apólices avolumaram tã o consideravelm ente
1898, fo ra m encerradas com d e lic iis os exercícios de os encargos d o Thesouro que, neste m om ento, a
1004, 1008 e 1009, e ainda com deficits term inaram Nação se encontra em situação d iffic ilim a para hon­
os exercícios de 1910, 1011 e 1012. A pa rtir de rar os seus compromissos, e satisfazer ás suas ne­
101j , coitio resu ltad o d;, p o litic a de expansão de gas­ cessidades ord in arias e, portanto, attender ainda ás
tos que a Nação adoptou, os d e fic its annuaes crearam exigências do progresso de um pais novo, mas sem
para o T he sou ro a situação angustiosa em que se en­ capitaes p ro p rio s , bastando ver que só o serviço
contra e pesam enorm em ente sobre a economia in­ annual da nossa divida exige cerca de 320.000:0008,
teira do paiz. to mando p o r base o cam bio de 8 d., o que quer
A consequência im m ediata dessa po litic a tra d i­ dizer cerca dc dois terços de nossa receita ge ral. Os
cional de de se q u ilíb rio orçam entário tem sido, natu­ dirigentes não souberam poupar ou defender a nossa
ralm ente, o augm ento da divid a passiva do paiz, me­ fo rtun a, dcsvalorisada com o cam bio baixo, e crearam
diante expedientes da p e io r especic. perspectivas pouco lisongeiras para o nosso p a trio ­
N ão podendo c o b rir o excesso de despezas tism o. C om e ffc ito , a nossa divid a passiva, que, e.n
com os recursos o rd in á rio s de receita, o governo 31 de dezem bro de 1013 era de 4.700.082:4288, con­
vertida a parte o u ro ao cam bio convencional de 8 d.
ternos, a emissões de papel moeda e a operações e incluindo-se naquclle c on jun cto o papel moeda em
particulares de c red ito, neste u ltim o caso desviando ciiculação (60 1.488:3038), a ttin g iu a 8.864.904:7 28*,
capitaes particulares das applicações capazes de de­ inclusive 2.226.275:0078 de papel moeda em c ir­
senvolver a riqueza pu blica e o progresso do paiz. culação. O estado da d iv id a passiva fe de ra l, a 31
Assim, por exem plo, para c o b rir a differença entre a de dezem bro de 1021, era dem onstrado do seguinte
receita e a despeza nos exercícios *lc 1018 a 1020,
realizou as seguintes operações:
a) Divida externa:
Empréstimos ingle/e. . . í 102.930.834
a) No exercido dc IQIS: Papel Frs. 322.249.500
Empréstimos americanos C 49.403.000
Emissão dc papel-moeda . . , 200.000:000*000
Emissão de ap ólice s.................... 31.788:100*000 t>) Divida in te r n a ........................ 1.347.973:300*
c) Divida fluctuante (estimativa) 800.000:000*
321.788:100*000 d) Emissão de papcl-mccda, ccr-
1.900.000:000*
h) No exercido dc 1919. Ao cambio de 8 d. 8.215.231:605*

Emissão de papel-moeda . . . . 50.000:000*000


29.614:400*000 te ndo s id o a divid a externa augmentada no decurso
Emissão dc ap ólice s....................
Emissão dc bilhetes do Thesouro 30.000:000*000 de 1022 de mais K 9.000.000 e do lla rs 25.000.000.
O serviço annual da divida passiva externa e
109.614:400*000 interna custa actualm ente, calculados os encargos em
o u ro ao cam bio dc 8 d., Rs. 307.504:0008, com o se
Emissão do.- li'u'os 6.987:628*605
poderá v e r:

c) dc 1920.
Juros, aincrtisaçâo c commissòes da di­
100.000:000*000 vida e x t e r n a ........................................ 219.804:933*
Emissão de papel-moeda . . . . Juros de a p ó lic e s............................................ 72.335:844*
Emissão em apólices.................... 65.937:300*000
45.100:000*000 Juros de obrigações do Thesouro a 7 •/. 8.938:650*
Emissão de bilhetes do Thesouro
Juros de debito á Caixa Eeonomica . . 6.425:000*
210.037:300*000 307.504:4278

O O O O O 199 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO

1897 . 754.958:6068500
A progressão da div id a publica federal tem sido 779.965:4238000
esta: 733.727:1538000
1900 . 699.631:7198000
Libras Francos Dollars Total em 680.451:0588000
1902 . 675.536:7848000
llb. 1903 . 674.978:9428000
1897 34.697.300 34.697.300 1904 . 673.739:9088000
1898 35.731.289 35.731.289 1905 . 669.492:6088750
1900 38.693.291 38.693.291 1906 . 664.792:9608500
1910 77.331.000 240.000.000 86.847.256 1907 . 643.531 :7 278000
1913 91.857.360 297.885.000 103.668.819 1908 . 634.682:8528000
1914 94.591.748 297.249.500 106,378.008 1909 . 628.452:7328000
1915 96.739.458 297.249.500 108.525.718 1910 . 621.005:255*500
1916 100.442.988 297.249.500 112.229.248 1911 . 612.519:6268000
1917 99.318.818 322.249.500 112.096.355 1912 . 607.025:525*000
1918 103.542.294 322.249.500 116.319.831 1913 . 601.488:3038500
1919 103.392.034 322.249.500 116.169.571 1914 . 822.496:0188500
1920 103.035.534 322.249.500 115.813.071 1915 . 982.089:5278500
1921 102.930.854 322.249.500 49.403.500 125.873.700 1.122.559:761*500
1922 102.832.334 322.249.500 68.491.833 129.702.840 1917 . 1.389.414:967*000
1918 . 1.679.176:058*500
1919 . 1.729.061 :52 1*000
O m ovim ento de emissões de apólice da divida 1920 . 1.730.000:000*000
in te rn nestes u ltim o s tempos é representado nos 1921 . 1.880.104:329*000
1922 . 2.065.424:8868000
seguintes algarism os:

889 595.737:000* O resumo de todas as emissões feitas n o paiz,


900 493.520:0008 desde a monarchia, e dos resgates do papel moeda,
910 591.750:000* a p a rtir de 1889, é o que consta da dem onstração
913 726.865:0008
abaixo:
914 758.672:0008
915 781.904:3008
916 864.436:4008 1089.571:859*000
917 937.724:5008 1.203.501 :968*000
Total geral de todos os resgates .
918 1.012.137:9008
919 1.042.350:0008 Total em c irc u la ç ã o ......................... 1.886.069:891*000
920 1.113.486:3008
921 1.347.973:300* Saldo existente do regimen monarchico 79.354:9958000
922 1.347.973:3008 Total geral cm circulação 2.065.424:886*000
922 1.551.742:303*

Os differentes valores que constituem o fundo


A div id a flu c tu a n te é expressa pelas c ifras abaixo de garantia do papel m oeda, o qual será tra n sfe rid o
31 de dezembro de cada anno: ao Banco C e n tra l Em issor, im portavam em 31 de
Dezembro de 1922 em 89.130:2018507, contra . .
899 22.461 :734* 80.493:5968588 em igual data de 1921, e descrim i­
900 107.026:000* nam-se do seguinte m odo:
913 277,865:695*

915 25.619:251*464
916 Amoedado 58.847:1258249
313.518 Londres
918 . . . . 356.232 ( £ 8135.434) 1.203:860*664
919 . . . . 391.590 542* 85.670:237*377
920 . . . . 402.730 0008 Em notas c o n v e rs ív e is ......................... 3.459:964*130
921 (estimativa) 600.000 000*
922 cerca de 900.000 0008 89.130:201*507

O progresso d?s emissões de papel-moeda, que As principacs fontes de receita da U n iã o são as


no u ltim o decennio a ttin g iu á somnias fabulosas, rendas das Alfândegas e o im posto de consumo, que
destinadas a s u p p rir a insu fficien cia dos m eios o r­ apresentam em cada anno augm ento considerável, com
d in arios para gastos adm in istrativo s demasiados, fo i excepção do anno de 1921, em que a arrecadação fo i
o seguinte: in fe rio r, como se verá abaixo :

30 Novembro 1889 . . . . . . . 179.364:9958000 l. ° — T o tal da renda das Alfândegas de 1917


31 Dezembro 1889 . . . . . . . 195.485:538*000 1921:
1890 . . . . . . . 170.564:972*500
i. » 1891 . . . . . . . 165.380:678*500 Ouro
» » 1892 . . . . . . . 215.111:964*500 917 . 54.495:635* 90.645:447*
» » 1893 . . . . . . 285.744:750*500 918 . 64.929:423* 95.845:645*
» * 1894 . . . . . . . 367.358:652*000 919 . 86.223:903* 124.488:367*
„ a 1895 . . . . . . 337.351:527*000 920 . 118.225:638* 158.193:879*
» » 1896 . . . . , . , 371.641:023*500 921 . 75.477:115* 123.520:068*

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IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

O to ta l da renda em 1921, p o r alfandegas, ex­ A renda do im posto de consumo p o r Estados está


cluídos os d e p o s ito ;, assim se descremina: assim d is tribu íd a:

Allan 'gas: Ouro Papel At


Manáos . 341:324*496 1.867:137*793 Amazonas 637:873*665
Pará . . . l.0()9:701*317 4.531 :772*578 2.336:937*325
Maranhão 387:611*441 1.595:089*386 Maranhão 1.189:734*694
Parnahyba . . 56:400*235 199:773*633 2 31:853*8 12
Fortaleza . . 456:054*281 1.751:7I3*067 1.925:955*665
Nalal . . • • 128:035*235 523:807*447 Rio Grande do Norte . . . . 683:657*090
283:318*040 1.068:358*217 Parahyba . . . . . . 1.408:956*980
Recife . 4.659:003*623 9.047:234*018 Pernambuco ............................. 11.320:747*135
Maceió . . . 836:604*912 1.920:931*859 2.450:062*665
Aracaju . . . 108:096*037 871:406*858 Sergipe 2.155:892*525
Bahia 1.958:689*947 7.299:143*549 B a h ia ............................................ 7.443:679*480
Victoria . . . I in :165*855 755:922*928 Espirito S a n t o ........................ 898:632*930
Rio de Janeiro 33.881.905*553 36.660:286*021 Rio de J a n e iro ........................ 12.592:353*825
Santos . . . 22.486:381*714 33.158:439*538 Districto Federal c Nictherov 47.883:442*675
607:365*403 836:136*856 Minas Oeraes . . . . ! . 7.854:696*565
329:340*103 557:292*689 S. Paulo....................................... 17.590:656*665
Floriancpolis 275:801*811 581:102*365 7.057:140*730
Rio Grande 1.980:851*452 4.744:227*767 Santa Catharina 2.182:211*410
Pelotas 643:614*452 3.060:422*593 Rio Grande do Sul 11.912:162*759
Porto Alegre . 13.194:825*672 10.270:426*844 201:224*370
Uruguayan» 188:191*201 667:929*513 Matto Grosso . . 467:540*011
Livramento 342:683*989 1.035:450*760
Corumbá 130:920*429 516:065*581 179.424:513*006
75.477:115*478 123.520:068*860

(7 desenvolvim ento do im posto de consumo, a


2. T o ta l da renda do im posto de consumo de p a rtir de 1892, tem sido este:
1917 a 1922:
Arrecadação
1917 ........................................ 117.719:000* 271 :000*000
892
1918 ........................................ 119.719:000* 893 1.432:000*000
1919 ........................................ 131.880:000* 894 1.363:000*000
1920 ........................................ 175.635:000* 895 840:000*000
1921 170.424:000* 896 1.186:000*000
897 2.682:000*000
A renda do im p osto de consumo p o r especie dos 898 14.548:000*000
899 24.485:000*000
productos é o que se segue: 900 36.254:000*000
901 31.567:000*000
902 34.830:000*000
Especie do producit Renda arrecadada. 903 34.072:000*000
Fumo 35.184:579*376 35.213:000*000
Bebidas 49.726:324*906 905 36.054:000*000
PIosphoros 18.582:783*640 906 42.250:000*000
Sal . , 6.623:068*530 907 46.393:000*000
Calçados 4.905:800*200 908 43.757:000*000
4.410:599*110 i 'i 44.318:000*000
4.076:937*535 nu 54.619:000*000
674:086*360 911 59.870:000*000
V e la s .................................................. 686:327*535 912 62.590:000*000
67:050*730 913 65.082:000*000
Bengalas ........................................
24.571:219*625 914 52.327:000*000
3.698:534*600 915 67.775:000*000
Artefactos e te cid os.........................
2.957:524*395 916 83.827:000*000
Vinhos e x tr a n g e ir o s ....................
50:978*429 1917 117.719:000*000
Papel para fo rrar casas ou malas .
196:7 >8*600 918 119.719:000*000
Cartas de j o g a r .............................. 131.880:000*000
3.109:498*980
39:362*915 920 175.635:000*000
Discos de gramophones . . . .
1.138:356*850 921 170.424:000*000
Louças e vidras
809:102*691
Café torrado ou moido . . 2.118:538*625
665:685*270 Os de fic its orçamentários, te ndo como consequên­
Assucar refinado 4.220:991*880 cia o excesso de papel moeda inconversivel, as con­
Obras de ou rive s.............................. 40:797*770 tinuas emissões de apólices e o augm ento dos encar­
Obras de a d orn o.............................. 112:177*610
658:868*330 gos da d iv id a externa, e s obretudo o d e seq uilíb rio
M o v e is ............................................. de nossa balança internacional de contas, aviltaram
Armas de fogo c suas munições . 213:446*780
Lampadas e pilhas electricas . 314:443*150 extremam ente a nossa moeda em relação á moeda es­
Escriptorios commerciaes (registo) 270:600*000 tran ge ira Índice insophism avel das condições geracs
170.424:424*416 do pais, e não apenas funeção da balança m ercantil,
Sornma

o o o o o o 201 o o o o o o
LIVRO D L OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

o cambio, no Brasil, baixou a taxas infim as, ?m v ir ­ 15 31 32 15*029


16 5 64 14*927
tu de da constância ou existência daquelles factores, de­ 15 61 64 15*044
term inando a desvalorisaçãn da nossa riqueza, p e rtur­ 14 21 32 16*375
bando a nossa vida economica, abalando o cred ito p u b li­ 12 29 64 19*272
co e retardando o desenvolvim ento das nossas possibi­ 11 15 64 20*104
lidades. A nossa situação, pois, se trad uz nas oscilla- 12 45/64 18*893
12 57 64 18*618
ções cambiaes, que, no m om ento em que festejamos o 14 25 64 16*778
centenario dc nossa emancipação p o litic a, se acham en­ 14 15 32 16*587
tre 6 3/4 e 6 27/32, emquanto se estava ao par em 8 9 32 28*981
1889, quando caiu o Im perio. A p a rtir dessa data, 7 5 32 33*537
o curso do cam bio o ffic ia l á vista sobre Londres
accusou as seguintes medias annuaes: Q uanto á situação financeira dos Estados e ao
D is tric to Federal, quasi todos vivem no regim en dos
■8 9 9 ....................................... 26 7 16 9*0'8 de ficits e recorrem a operações de cred ito, alguns
1890 ....................................... 22 9 16 108637
delles perniciosos, para cob rir o excesso de des-
1891 ....................................... 14 29 32 16*100
1892 ........................ 12 1 32 198948 pezas. No anno de 1021. a receita e a despeza o r ­
1893 ....................................... 11 19 32 20*700 dinarias de uns e o u tro s apresentaram o seguinte
1894 ....................................... 10 3 32 238777 resultado:
18 9 5 ................................... 9 15 16 24*150
1896 ....................................... 9 I 16 26*182
1897 ....................................... 7 23 32 318093 R e c e ita .................................. 506.167:803*
1898 ....................................... 7 3/16 33*391 Despeza.................................. 538.934:803*
1899 ....................................... 7 7 16 32*268 D e fic it.................................. 32.766:886*
1900 ....................................... 9 1/2 25*261
1901 ....................................... 11 38 21*098
1902 ....................................... 11 31 32 20*052 A divida passiva, calculada a parte o u ro ao cam­
1903 ....................................... 12 9 32 19*541
bio de 16 d., era mais ou menos esta:
1904 ....................................... 12 7 32 19*641
1905 ....................................... 15 57 64 15*103
1906 ....................................... 6 3 64 14*956
Divida e x t e r n a .................. 645.867:975*
1907 ....................................... 15 9 64 15*851
Divida i n t e r n a ................... 586.539:000*
1908 ....................................... 15 1 64 15*983
Divida fluctuante . . . . 174.598:000*
1909 ....................................... 15 1 64 15*983
1910 ....................................... 15 9 64 15*851 1.406.004 :975*

[ o o 202 o o o o o
INDEPENDENCE HA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

T al é, em rap id os traços c sem com m entarios pro diga lid ad e dos gastos, a facilidade das continuas
im iteis, a actual situação Tinanccira do Brasil. Não emissões de papel inconversivel e o abuso dos em­
ha que nos illu d irm o s acerca da fra g ilid a d e de nos­ préstim os externos. Sobretudo, á proporção que se
sas perspectivas financeiras, e razão tinh a o pre­ appro xim a o vencimento do nosso segundo fu n d in g ,
sidente E p itacio Pessoa, quando em sua mensagem mais opprcssiva e torva nos im pressiona a rea lid a­
de IQ1Q, e m ittiu estes conceitos, que valem por uma de financeira, porque, abreviada no te m p o a dista n­
lição de a lto p a trio tis m o : T od os os bra sile iro s devem cia, que ainda p e rm itte illusões de optica, cessam as
fazer do bom nome do B rasil u.na questão dei honra m ira g tn s , somem-se os a rtifíc io s , de ixan do espaço
nacional. As nações que, para m anter ou augmentar a unica perspectiva nacional, traduzida pela ameaça da
despezas, a que não correspondem os recursos das nossa insolvência. A nossa tarefa, pois, exige o sacri­
suas rendas, se empenham em compromissos que não fic io de to das as nossas despezas excessivas, até
podem satisfazer, prepararam um fu tu ro de appre- mesmo de algum as necessarias, com heroica d e te rm i­
hensòes c de duvidas, prenhe de perigos, sobre o seu nação, e em term os que assegurem o e q u ilíb rio orça
destino. Os dispêndios excessivos a que nos entregá­ m en tario e o restabelecimento do serviço exig id o
mos cm exercícios seguidos, a p rin c ip io p o r causa pela nossa divid a externa, e, na csphera economica,
das graves perturbações de ordem publica que se o augm ento de capacidade produ ctiva d o paiz e a
seguiram á im plantação da R epublica, e depois por conversão em valores economicos da variedade e abun­
não quererm os parar numa serie de concessões one­ da nd a de nossas riquezas em potência, phenomeno
rosas e de creações consecutivas de serviços novos, este que está em relação directa com o saneamento
coni augm ento colossal do fu nccionalis.no, levaram- de nosso estado financeiro. Esses dous postulados
nos duas vezes a suspender o s pagamentos, em moe­ constituem o fundam ento não de um program m a de
da, dos ju ro s e am ortizações da divid a publica ex­ partidos, mas da pro p ria vida da nação, e envolvem
terna que tiveram de ser substitu ído s por omissões de questões assaz com plexas que não podemos de r e ­
títulos gravados com a garantia da renda das nossas lance inculcar ao c rité rio c á ponderação dos nossos
alfandegas. Esses titu lo s , quasi to dos em mãos do homens de governo. A sua solução im m ediata é a
estrangeiro, ainda não fo ra m resgatados; e em vez fin a lida de da po lític a nacional, porque, sem o con­
de economisarmos, para liv ra r a Nação de empenho curso desses coefficientes, não seria possível evi-
tão grave, te mos con tinu ad o a m anter o desequilí­ tar-so a crise que nos ameaça. N ão ha como sairm os
b rio dos orçam entos sem m edida e sem fre io . Não deste dile m m a: ou consolidamos de finitiva m e nte o
ha nação que possa con tin u a r p o r esse cam inho sem nosso cred ito ou entrarem os no r ó i dos paizes va-
cahir em embaraços de que nã o sei co.no possa sahir. sallos financeiram ente, e. portanto, politicam ente, do
Estamos neste m om ento em uma situação que nos estrangeiro.
adverte de sem elhante pe rig o -. D e s fa rte , nunca como
agora, as finanças publicas exigem , m aiores cuidados,
mais efficie n te vigilâ n c ia e m ais energia dos dirge n-
Elysio de C ar v alh o .
tes, se não se perdeu de to d o a consciência da e x ­
tensão da gravidade que acarretaram o ha b ito da (Presidente da S. Monitor Mercantil).

O O O 203 o o o o o o
A IM P R E N S A N A IN D E P E N D E N C E

I Brasil,
ES D E o s inícios observa-se, em nossa his- de D . João V I. O Sr. O live ira Lim a, regis­
p o litic a , a actuação efficiente dos tran do a «ancia reform ista que revelaram esses e le i­
entos populares. O ataque dc Le to res, considera o facto tanto m ais s in g u la r quanto
c ao R io de Janeiro, a terrível a compunha especialmente gente da roça, entre a
guerra contra os hollandeses documentam a efficie n­ qual são geralm ente mais enraizados o : instinctos
d a da população b ra sile ira , capaz de a g ir por si só, conservadores».
sobrepondo-se aos governos, esquecendo-os ou substi­ V is to que essas classes é que dom inavam o
tuindo-os. Com a fa lta de communicaçSes, com a paiz, não seria para estranhar que a im prensa exer­
debilidade das forças da m ilic ia , com a ausência de cesse sobre ellas influencia sensível e poderosa. En­
p re s tigio m oral da autoridade, coniprehende-se por­ tretanto, só recentemente o jo rn a lism o appareceu,
que a iniciativa in d iv id u a l havia de tê r influencia vencendo d ifficu lda de s de toda ordem , m ateriaes e
decisiva. Cada qu al contava com sigo mesmo, pre­ espirituaes. Para fa lla r com exactidão, ate o sécu­
m id o pela necessidade de a g ir sem demora e sem lo X IX não tivem os typographias permanentes. A
a u x ilio contra perigos im m ediatos. respeito observou A lfre d o de C arvalho o nosso atrazo
Certamente, esse «povo» que agia e por alguma rclativam ente a ou tros paizes da Am erica. Assim é
fo rm a governava na realidade o paiz, a m u ito pon­ que em 1530 o allem ão C rom berg insta llava no M e­
to pouco se resumia. Ainda n o tem po da Indepen­ x ico a prim eira typ og ra ph ia que fu nccion ou no novo
dência não se encontrava pro priam en te «povo». O m undo, em 1583 introduziu-^e a im prensa no Perú
Sr. O liv e ira Lim a, que recorda a semelhança do phe- e, em 1630, nos Estados-Unidos. Tod avia , parece
noineno com o que se passou na Am erica Espanho­ que ainda assim nos antecipamos ao U ru g u a y e só
la, cita o conceito d o encarregado de negocios da nos atrazamos, quanto á Argentina, em 7 annos,
A ustria, M areschal: O «povo» «se compunha na sua pois o p rim e iro pe rió dica desse paiz data de 1801 (')■
to talida de de fazendeiros e não havia a ralé». É certo que tivem os uma imprenoa em 1706,
O conceito é incom pleto. Os elementos que con­ aproxim adam ente, apparecida em Pernambuco, outra
correram para os m ovim entos da independencia abran­ que surgio no R io de Janeiro sob a direcção do
gem m uitas outras classes sociaes. Além da nobreza Isido ro da Fonseca (»), no annu de 1747, o ainda
ru ra l «assentada sobre a base de grandes la tifú n ­ uma te rceira que eifi 1807 o padre Viegas de M e­
dios, numerosa, rica, orgulhosa, esclarecida pelas idéas nezes fundou em V illa-R ica , M inas Q eraes; mas fo ­
novas, que revolucionam os centros cultos do Rio ram supprim idas p o r ordem do G overno português.
e de Pernambuco, ha também uma aristocracia in ­ Já nessa época, observa José V erissim o, os gover­
tellectual, graduada na sua m aioria pelas universi­ nos absolutos, que eram todos, desconfiavam da im ­
dades européas, especialmente a universidade de prensa e embora o jo rn a lis m o apenas balbuciasse em
C oim bra, e que resume ifão apenas a alta cultura P o rtug al no n o tic iá rio anodyno ou nos a rtig o s ino-
da colonia, mas mesmo a alta cultura da m etrópo­ cuos da Gazeta de Lisbõa, o governo português ve­
le» ( ') • Não deve sêr esquecido o clero, tã o num e­ lava, cioso que a Mia colonia não possuísse um meio
roso e tã o esforçado na defesa das idéas democrá­ de manifestação e propagação de pensam ento, que
ticas e até mesmo revo lu cion arias; nem a burguezia se lhe an to lh aria já damnoso ao seu dom in io».
commerciante, na qual, se era apoucado o sentimento Essa fa lta de imprensa nem a todos parecia lo u ­
libe ra l, sobrava, entretanto, o o d io nativista contra o vável. R eferindo a sua conversação com o estudante
português p re fe rid o e cum ulado de regalias. Va­ José Joaquim da M aia, Jefferson, em correspondên­
mos encontrar ainda uma u ltim a repercussão dessas cia para a Am erica do N orte, apontava os obsta-
idéas, mais ou menos libe rta ria s, até naquella pe­
quena burguezia ru ra l que se reu nio em assembled
convocada nos u ltim o s mezes da permanência, no (') Vide Alfredo de Carvalho, Oenese e progressos
dn imprensa brasileira, pagina 3 e Dardo Estrada, His­
toria da t a Imprenia en Montevidéu.
(s) Essá foi a typographia que chegou a trabalhar
O Oliveira Vianna — O mais, publicando algumas obras, emquanto as outras se
lu(io . haviam limitado a letras de cambio e a orações.

O O O O O O 204 O O O O O O
— —j C T

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CENT UNARIO DA ‘DEPENDE S C I A L D , :XPOSIÇAO

culos que lh>e pareciam d iffic u lta r a independencia dou-se a expensas da maçonaria, afim de a u x ilia r a
do B rasil, e dizia então que iIO B ra s il não ha im- campanha autonom ista, mas o seu d ire c to r não teve,
prensa -. Era assim que pensai a ttm estadista emi- n j batalha, a mesma in fle x ív e l intre pide z de Lèdo.
ne nte; o u tro s estadistas de te m po s menos elevados D ois jornaes, antes da independencia, m elhor
não concorda:n possivelm ente cc>m elle . Também não d o que to dos, fizeram sen tir a sua repercussão.
podemos levair a nossa exigem :ia ao po nto de pre­ I'm fo i o R everbero C o n s tituc io na l F lum inense, de
tender que to dos sejam Jeffert Januario da C unha Barbosa, c Joaquim Gonçalves
Pouco arites da invasão trance sa, I) . João havia Lèdo, e o u tro o C o rre io do R io de J an eiro, do p o r­
cncommendad o um a imprensa na In g la te rra e mal tuguês José Soares Lisboa. Com esses elementos se
chegara esse m ate ria l, e se acha>ca ainda encaixo- despertou e mant eve a agitação p o pu lar que fo i um
ta do, quando o prin c ip e portuguê:s fu g io dc Lisboa dos fa rtores dorninantes dos ;icontecim entos.
para aqui. T irouxe com stgo essi:• m a te ria l e eon elle De facto, qii em acompanha os dias tu m ultuosos
fundou a Ini prensa R égia, ena dlecreto datado de da independencia., tem a impres;são dc um drama a
13 de M aio de 1808. Taes pr elos; trabalharam afa- que não fa lta nittnca um córo enorm e, agitad o e
nosaniente. Em 1822 as p u b li caçi >es que delle Ita- mais apaixonado do que os p ro p rio s actores. En-
viam sabido alcançavam a 1.15 1. L:ram princip.d.nen- contra-se sempre, atraz das fig u ra s salientes, a turba
te actos o f fiiciaes de varias a idades e fo lh etos que applaude, ou pateia. D ahi, ta lvez, para os acon­
a serviço das; convicções regias 1) essas offic in a s nos tecim entos da Independencia, certa cspectaculosidade
veio, desde 10 de Setembro de- 1808, o p rim e iro a que não éra infensa a natureza do galã, o Sr. D . Pe­
jo rn a l appar ecido no B rasil A Gazeta do Ri:> dro. A petição da Camara do Senado e que provocou
de Janeiro. C om quanto se di ssei;se não o fficia l . directúm entc o F ic o, levava 8.000 ascignaturas. De
tanto se app roxim ava do gover no que fo i tid a justa- volta de M in as, ao anntin ciar no th ea tro a pacifica­
mente como offic io s a — mod elo que ulte rio rm e nte ção da provincia, Pedro I recebeu manifestações es­
p ro life ra ria t:om abttndancia e m u ito dispendio. En- trondosas. que se repetiram quando e lle fo i a uma
tre ta n to , por v ir com semelha nte fe ição não exer- das sacadas do Paço a ffirm a r que <Pernam buco é
ceu nenhuma , ou quasi nenhunia i nflu en cia sobre os nosso A ida do p rincip e á casa de José B o nifa­
ncgocios do Brasil. A rm itag e tem sobre esse perio - cio para o fazer v o lta r ao G overno, em novem bro
dico in c o lo r uma phrase e xce llen te: A julgar-se de 22, teve toda a fe ição de um acontecim ento po­
do B ra s il pe lo seu unico p e rio d ic o, devia sêr consi- pular. Era enorme a turba deante da casa de José
derado com o um paraizo terr •e, onde nunca se B onifacio. Já em o u tra fe ita, a m u ltid ã o havia assus­
tinh a expres sado nenhum que ixum e . tado D . Joã > V I com uma ho.nenagem dessas, m u i­
A agitação da indeperidencia favorecia na tural- to acima das tendências e da tim id e z reaec. E o
mente <> desenvolvim ento da im prensa. Os embaraços facto culm inante desse interesse geral pelos acon­
aqui valia m to m o estorvo de ta l ordem que o orgão tecim entos fo i a improvização. no C am po de Sant’
do m ovim en to appareceu fó ra do paiz - fo i o C or­ Anna, de uma tropa de 10.000 homens para re sistir
re io B ra silien se, editad o em Londres de 1808 a 1822 contra as ameaças da divisão portuguesa que A vile z
c d irig id o d u ran te esse tem po p o r H v p o lito José da conduzira para o m o rro do C astello.
C osta. A in flu e n c ia desse jo rn a l é n o to ria . Liam-no Esse am biente explica e ju s tific a a ascendência
e apreciavam -no os homens m ais c u lto ; d o paiz e a do jorna lism o , na actuação que exerceu sobre essa
sua repercussão a ta l po nto se accentuou, que fo i m in oria attenta c corajosa, d is cip lin ad a nas lojas
perseguido pelo governo português. D o «C orreio maçónicas em que se e n rija v a n as convicções par-
B rasiliense escreveu m u ito bem o barão Ho.netn tidaria s. Nos acontecimentos da época os traços do
de M e llo : - - «Póde-se dizer, com segurança, que a R everbero C o n s tituc io na l revelam o seu p re s tig io de­
educação p o litic a da geração que no B rasil preparou cisivo ( ') . C om batendo o decreto das C ôrtes de 29
e rcalisou a independência fo i fe ita pe lo C o rreio de Setembro de 1821, elle que ia sêr um dos leaders
Brasiliense». do 12 de Janeiro, p le ite ia ardorosam ente a permanên­
M as sóm ente com a abolição da censura prévia, cia de D . Pedro n o Brasil, aconselhando os b ra si­
ordenada em decreto de 28 de A g os to de 1821, leiros a que obstassem a sua p a rtid a ; depois do F ico,
ganhou a im prensa as fa cilid ad es de que precisa. P ro ­ consciente do desdobramento na tu ra l dos factos, cla­
life ro u então abundantem ente e s u rd io nessa epoea, ma pela independencia. dizendo que a emancipação
no R io de Janeiro, um crescido nu m ero de fo lhas das colonias seguia uma m archa natural e irre s is tí­
po litica s, ephemeras, v iv en do algum as apenas u.n nu­ vel, que jam ais fo rças humanas podiam fazer re tro ­
m ero, todas votadas, na defesa e no ataque, aos ne­ gradar . A creação do conselho de procuradores das
gócios público s, á discussão das questões que aqui se provincias, acto de tanta significação na m archa da
levantavam entre as aspirações nacionacs e as pre­ unidade p o litic a do paiz, deve-se princip alm en te ao
terições portuguesas». N o p e rio do que antecede a gru po avançado de Lèdo, Januario, N obrega e José
independencia destacam-se, to davia, com o centros de C lem ente Pereira. D il-o R io Branco, que ta nto sabia
agitação, a M alag ue ta , dc M ay, o R e g u la to r brasi­ os pormenores de nossa h is to ria . E o Sr. O live ira
le iro , de F re i Sampaio, o E sp elh o, de F erreira G u i­ Lim a, que tem pela actuação de José B o nifa cio a
marães, este appro xim a do dos Andradas. D irig ia a sim pathia que e lla merece, confessa que fo i o R ever­
M a lag ue ta Lu iz A. N ay, in d iv id u o ta nto ou quan­ bero que, perfilh an do -a, poz a idéa na circulação
to excêntrico. «Não passou — d il- o o Sr. B a s ilio
de M agalhães — de um org âo de agitação irre g u ­
lar, nem sempre u t il á causa da independencia nacio­ ( ') Blak»- assevera que foi Ledo o principal inspi­
nal . O R eg ula do r B ra s ile iro , de F re i Sampaio, fu n ­ rador de todos os movimentos populares de 1821-1822».

O O O O O O 205 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

jornalística». Na representação de 23 de M aio, re­ internos. Mas pouco a pouco os dois interesses, o
d ig ida p o r Lêdo, a opposiçâ > a P o rtu g a l attin g ia os nosso e o d clle , se foram a ttricta n d o e resultou
ú ltim o s extremos, p o r certo, que interpretando o um estado de exaltação fa vorave l a uma m edida
radicalism o da gente flum ine nse . O requerim ento radical. Ã imprensa coube actuação preponderante.
concluía com um u ltim a tu m : «Tu já conheces os bens E lla to rn ou possíveis os encontros de idéas e, pois,
e os males que te esperam e á tua posteridade as divergências; ella m u ltip lic o u os a ttrictos, as in ­
Queres? ou não queres? Resolve, Senhor!» com patibilidades e as antipa th ia s; ella manteve essa
Para o vigo ro so pa m ph le ta rio , a independencia atmosphera calorosa de exaltação em que amadure-
já se collocava acima de to das as outras preaccupa-
ções e até mesmo da fid e lid a d e á dinastia reinante. da que, usando o irresistível am avio do dythiram bo ,
Mas dom inando a sua paixão de liberdade, lê d o arrastou Pedro I para esse papel de prin cip e libe ra l
quer que Pedro seja o o rg ã o do m ovim ento, a f i ­ e generoso e protector que já estava na ambição de
gu ra que o ha de p re s tig ia r e de o firm a r d e fin iti­
vamente e o seduz com o titu lo de <•D efensor Per­ A im piensa, pois, agio nos factos da independencia
petuo», prêm io da convocação da p rim e ira constituinte como um de seus artifices mais poderosos. A pala­
bra sile ira . F oi ainda Lêdo quem re d ig io o decreto vra de Jefferson ecôa ainda, como um a verdade:
de convocação, como também fo i e lle quem escreveu sem a imprensa, a independencia não te ria sido possí­
o m anifesto de Agosto, no qual se contem a «dou­ vel, nem tã o cedo, nem tã o facilm en te . E p o r isso
trin a d o rom pim ento». os fa ctos, que desde m u ito se haviam esboçado, to ­
Nessa época, a independencia já estava fe ita. O maram su b ito increm ento desde que a abolição da
Brasil se largara m u ito no cam inho da emancipação,
para que ainda houvesse po ssibilidade de regresso;
e Pedro I de ta l modo se solid ariza ra com to dos os
actos, effectuados to dos com a sua saneção, que tam ­
bém elle não podia retroceder. O 7 de Setembro
resultou, sem m aiores constrangim entos, de toda essa
serie de fa ctos combinados. Realizada a indepcndenci:a e esmor*teidos os en-
A p rin c ip io , não se tinh a idéa clara de inde­ thusia:smos que o movimento provocara, continuou a
pendencia como separação e sim apenas como au to­ se fazer sen tir a influencia d:as fo rças iiinpulsionadas
nomia adm in istrativa . Pleiteava-se re s trin g ir a in te r­ pela i:ampanha.O s elementos radicaes, t ommandados
ferência excessiva de P o rtu g a l em nossos negocios por L êdo, haviam pouco e p n ico reduzi do o p re stigio

o o ô o. o 206 o o o o o o
do conserv au tism o qiu! José B o nifa cio orientava. Este midez e resolvia ceder aos m ilita re s, aconselhado
começou a en con trar iembaraços no go verno e succe- por Lo rd Cochrane. Os Andradas fo ram presos e
<U*ii, como é no rm a l, que a resistenc ia fez reaccio- deportados com varios ou tros constituintes. E nesse
■•-•rio o c<jnservador. C om m ettcu José Bonifacio ex- mesmo mez de N ovem bro, o governo mandava a b rir
cessos lantentáveis c d iffic e is de conipreender num devassa sobre as occurrendas dos dias 10, 11 e
h<-mem tã.) sabio, se iião o conhecesse mos a u to ritá rio 12 e considerava como corpo de d e lic to não só «os
c prepotente e se não víssemos que pouco vale a in- horrorosos factos: , mas ainda os periodicos Tam oyo,
te llig en cia deante das paixões despóticas. Pcrscguio S eniinella da' Liberdade, A B e ira -M a r da P raia G ran­
adversarios c im p e d io a libe rd ad e de imprensa. O u n i­ de e quaesquer ou tros escriptos incendiarios».
co jo rn a lis ta que o atacou fo i chamado á po licia e A esses tem pos de jo rn a lis m o v iole nto succe-
intim ado a cessar a publicação de sua gazeta e a deu um perio do de tra n q u illid a d e e ind iffere nça . A
sahir d o im p e rio pe lo p rim e iro vapor. Tratava-se do deportação dos Andradas asphyxiou a revolta. O s es­
português José Soares Lisboa, d ire c to r do C orreio criptos p o liticos d o Visconde C ayrú e os artigos do
do R io d e J an eiro ( ') . «D ia rio Flum inense» e d o Spectador, constituíam os
T an to s excessos desacreditaram José Bonifácio unicos meios de inform ação p o litica. Mas o «D ia rio
e o p ro je cto M o n iz Tavares, autorizando a expulsão F lum inense» e o Spectador se precatavam com a
dos portugueses suspeitos á causa do im p ério, fa­ m aior moderação e se circunscreviam a um n o ticiário
c ilito u a queda dos Andradas, um dos quaes, A n to nio anodyno, entrada e sabida de vapores, novas da
C arlos, re vo lu c io n á rio irre d u c tiv e l, se batera na C ons­ Espanha c T u rq u ia c artig os sisudos sobre os h o r­
titu in te pelas ideas extremadas. A 17 de Julho de rores da dem agogia de que escapara o paiz, p o r um
1823 su b stitu ía a José Bo nifa cio o M in is te rio C ar­ m omento em pe rig o diante da a ttitu d e facciosa» dos
ne iro de Cam pos. Andradas. A rm itag e nos diz que esse D ia rio F lu m i­
N ova m etam orphose, egualm cnte n a tu ra l; o re- nense m ui raras vezes condescendia em illu s tra r o
accionario fez-se dem agogo na opposição, publicando entendim ento de seus leitores».
o T am oyo , jo rn a l de radicalism o desenfreado e vi­ F oi cm ta l atm osphera que surgiram as R efle­
sando, desde o titu lo , com bater ferozm ente os por­ xões» irreverentes do francês C hapuis, a respeito
tugueses. Então se vê que os princípios livre s ou, da carta de le i de Pedro I e nellas destacava, sob
para m e lh o r d iz e r, dem ocráticos, que advogavam, con­ uma analyse fo rte , tu do que havia de ligação ainda
trastavam sin g ula rm en te com aqucllcs que seguiram entre P ortugal e Brasil. Esse homem fo i um p io ne iro
durante o te m p o de seu M in is te rio ». Quem observa do 7 de A b ril e os seus raciocínios e argum entos
e denuncia a contradicção é A rm itag c . As mais desor­ renasceram, rcpctin do -se e desenvolvendo-se na cam­
denadas paixões na tivistas encontraram éco e defesa panha u lte rio r. Chapuis realçava que em caso de
nos Andradas. mais perig osos ainda, pela sup eriorida­ guerra de .P o rtu g a l, o B rasil seria h o stilizad o e
de in te lle ctu a l que os destacava de seus contcm po- condemnava como damnosa ao nosso paiz a reunião

U m in cid en te jo rn a lís tic o pre c ip ito u os factos. Essas palavras provocaram la rg o escandalo, de
Estam pou .-1 S e n iin e lla um a rtig o em desabono de que ficaram testem unho nos com m entarios conster-
m ilita re s portugueses engajados no e xe rcito brasi­ nadissimos e revoltados do D ia rio F lum inense e do
le iro c D a vid Pamplona, sup po sto autor do ataque, Spi d a d o r. F rei Sampaio recebeu a commissão de
so ffre u a aggressão de do is officiaes, que quasi o rebater as R eflexões c o fez com abundanda. O
deixaram m o rto . E stim ula do pela enorm e rcacção po­ resultado de tu d o isso fo i a deportação de Chapuis,
p u lar que o fa c to despertara, Pamplona reclamou jus­ considerada pe lo barão do R io Branco, como o caso
tiça da Cam ara dos Deputados. O Tam oyo e A Sen- unico de expulsão de jo rn a lis ta estrangeiro, em nosso
tin e lla ap oiaram -no com denodo e os debates na paiz. Entretanto, ainda se poderia ap ontar a de Soa­
Camara reveiaram -se facciosos. A tropa lusitana m ar­ res Lisboa no tempo dos Andradas e a de Oarcia
chou para S. C hristova m e o Im pe ra do r resolveu to­ de Abrantes, no Maranhão.
mar m edidas radicacs. nom eando desde log o o m i­ Varios factores tornaram singularm ente d iffic il
nis té rio V illc la Barbosa, p o r seu caracter mais enér­ toda essa quadra histórica. Perdendo a sua popula­
gico. Os m ilita re s exig iam satisfações com pletas, que­ ridade, Pedro I cerca-se de portugueses e augmenta
rendo que se cohibissc a libe rd ad e de im prensa e que aquellas divergências entre lusitanos e bra sile iro s —
fossem exp ulso s os Andradas com o «redactores do ponto nuclear de todas as lutas pa rtida ria s d o tempo.
Tam oyo e collaboradores de .-I S e n iin e lla ». Nesse C ioso das pre ro ga tivas reaes e desamparado pela
po nto a Asscm bléa se c o n s titu io em sessão permanen­ opiniã o publica, que elle p ro p rio chamava a «rainha
te c assim se passou a no ite de 11 de Novem bro, do mundo», vê-se na contingência de pre stig ia r a
cognom inada a «noite de agonia», em que os depu­ acção das commissõcs m ilita re s. Accresça-se a tu do
tados permaneceram firm e s nos seus postos, tendo isso a vida privada d o rei, na qual se destacavam,
dia nte dos olh os a recordação d o massacre da Praça no seu relevo antipathico, a M arqueza de Santos, e
do C om m ercio, ao tempo de D . João V I. A rm itag e aqucllc Chalaça que fo i exem plo e m odelo de eor-
louva-lhes o heroism o e d iz que «ao raiar d o dia tezâo.
seguinte, nenhum se havia retirado». No m eio desses descontentamentos, que se avo­
Nesse entretem po, Pe dro I te rm ina va a sua breve lumavam, s u rg io a A u ro ra F lum inense, a 1 de De­
hesitação, que F e ijó , mais tarde, classificaria de <-ti- zembro de 1827, sob a direcção de E va risto Ferrei­
ra da Veiga. Antes, em 1826, A n to n io José d o Am a­
ral, e José Joaquim V ie ira Souto haviam fu ndado
(') Rio Branco (Ephemerides — I ‘te Julho) a A slrõa que desde o in ic io de sua publicação alcan-

o O O O O O 207 o o o o o o
LIVRO DH OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

çou vigorosa in flu e n c ia . Mas a E v a ris to é que ia re ira contra as oppressors do gov»:rno , cm 1828 .
o paiz, o apoio
caber o papel p rin c ip a l, no grande m ovim ento na ti- Ê que sentia crescei e firm ar-s:e, n
vista. E lle fô ra um autodidacta e o seu tempera nen- da o p in iã o publica.
co concentrado p e rm ittia que estivesse a cavalleiro Nas provin cias a agitação encontrava éco em
dos factos c não a elles subordinaJ> pelas forças jo rmacs de grande i ii fluência oorno, em São Paulo,
da sugestão. Apparcceu, não como um escrav > Jos O p /ia ro l P a uli s i an a ‘I» 1' viv c l i de 7 ele Fevereiro
acontecim entos, mas co.no um senhor, capaz de os de­ 1827 a 1832, elir ig id o por Jlosé da C osta Carva-
estim u la r, ou de com batcl-os cfficaz.nentc. Era a pe­ liu », e o Observador C o n s titu a .■mal. que L ib e ro Ba-
dra fo rte que podia desviar a corrente, ou form ar da ró fu ndara cm 18 20; em M inias ( ieraes T h e o p h ilo
< >tio n i, de v o lta da Escola M ili estreiava no jo r-
as catadupas.
A Nação, como no te mpo da Independcncia. se na lism o com o Semfin e i ia do !Serro . ap pa rccid o e.n
d iv id ia cm duas facções: um a realista, affeiçnada á Se­lem bro d.- 1830 ■c que- Blak e su speita te r vivid o
at»• 1833; na Bahia o H aitiano inic iava. no período
desconfiança não dissim ulada e te m endo por isso de 1828 a 1831, as\ tradições da fa m ilia Reboliças,
a am pliação de seus poderes. Esta u ltim a se to rn ou a i dos quaes, Au to Ilio Pereira Reboliças, o d ir ig ia ;
i Pernambuco sali< na co rre n te lib e ra l, o
corrente po pu lar, aquella que se fa z enorm e e irr e ­
, ,in s titu c io n a l e o ,"o p o la r em que se bateu, contra
sistíve l, ta nta a v io lê ncia com que se despenha. Já
cm meiados de 1828 o p a rtid o lib e ra l se considerava „ A m ino do P ovo c O C ruz. ir: i, Fr ei M ig u e l do Sa-
incom patível coat o im perador e os seus m em bros cr:umento Lopes tia:ma. t i t i do s m;1lores jo rn a lista s
recusavam pactas m in isle ria es, co.no Costa C arvalho dr> seu tem po, esp:■cie d.- Joaquim Serra, e.n meio
e Vasconcellos, este chefe da c orrente lib e ra l na C a­ de■ tuna sociedade de cultura infer■ior.
mara. A c orrente lib i-ral d om iti:n a com pleta mente a
Corn a sua fe içã o assignalada.ncntc pessoal. E va­ o p iniã o. A rm itage. que ennumera os jorna cs existen­
ris to evito u uma e o u tra facção. Mas a orientação tes na qu cll ■ tem po, orça-os cm 53 para to d o o im ­
sup erior do seu op po siclun bm o im pressionou os es­ pé rio , dos quaes apenas I I pugnavam pelos p r in ­
p írito s , desde que elle a sustentava sem os exage­ cípios retrogrados .
ros do n a tivism o exaltado e respeitando sempre, co.no Sob o pe-zo dessa op iniã > publica, D . Pedro 1
uns homem o rd e iro que nunca deixou de o ser, o fez, desde- os inicios de 1830, g randes e sign ifica tiva s
p rin c ip io da autoridade. O seu jo rn a l não se lim ita va ccnccssõe s. E lle m ando u proces:sar aque lla sociedade
a d is c u tir os acontecim entos da epo?a: elle fazia obra secreta p criianibucana - C o lu ‘r>na d o T h ro n o e do
de educador e estampava constantem ente trechos e A ltar cicada para a propaga nda c defeza d o abso-
conceitos de grandes publicistas estrangeiros. Q uan­ lu tis m o ; elle dem itte. com um con stran gim en to que
to ás a ttitud es do paiz, as palavras d o grande jo r ­ chegou :i:s raias do sacrific io , <:■ indispensável C hala-
nalista revelavam aquella s uperior faculdade de pre­ ça. E na fa lla do T hror to de 3 de M aio ele-sse mesmo
visão que H y p p o lito José da Costa possuía no mesmo sumi» im p o rt;iiitc- conip r r m is s o : Serei
gráo. Eva risto manifesta-se sensatamente sobre a fie l á m inha palavra, dada ;í A;tsembléa, de não co.n-
grave situação fina nce ira e condemna um dos seus prom ettei• a tra n q u illid a d e e in teresses do B ra sil em
factores culm inantes: a desastrada guerra platina. consequenda dos nego.cios de Portugal .
‘ Assim, diz elle, assim esta dura licção que hoje re­ Nad;i disso appla coti a i rritação p o p u la r e o
cebemos nos ap rove ite para afastar longe de nós a opposicioiitismo naciona 1. A Ca m ara, e le ita e.n 1830,
m ania das conquistas e fazer-nos conhecer que na se compunha de- num erosos iindividuos do p a rtid o
paz, na economia e no trabalho é que reside a ven­ exaltado e a desconfi:inça se fizera em to dos con-
tu ra dos Estado». Este m otivo s u p e rio r o levava a vicção in ahalavcl. As nL-velações: de Barbacena vieram
condem nar a intervenção do Brasil na politica por­ robustece:l-a, assim com o o nu.iteroso arm am ento, que
tuguesa, desde que da hi poderia resultar, com a v ic to ­ C lem ente Pereira encommcndara sem au torização da
ria de D . M ig u e l, a rccolonizaçâo, e aquelle brasi­ Camara, e que só chegou ao R io em m eiados de
le iro g e nia l reprovava o im perialism o, viesse da am­ 1830. - Q ue nos resta, perguntava E varisto, de nossos
bição ou resultasse do quixotism o. dispêndios e gra nd io so emprego de c-pita es? A r tilh a ­
Se o paiz gozasse de prosperidade, tudo se te ria ria velha, fragatas inu tiliza da s e uma cò rte que, co.n o
explicado e d e fe n d id o ; mas a crise financeira valia seu esplendor, insulta a m iseria publica. P oró.n a re fo r­
com o um argum ento con trario á capacidade do go ­ ma c in e v itá v e l; e essas dez .n il armas que se fizeram
verno. Não deixava isso de ser uma causa ao lado v ir da In glaterra , sabe Deus para que fim , não. che­
dos ou tros factores, já de si mesmos tão preponde- gam ainda para se m an ter a continuação dos abusos
que têm a fflig id o o Brasil, e contra os quaes, até
Crcscera de ta l modo a animosidade po pu lar con­ h o je in u tilm e nte , se tem e rg uido a voz dos depu­
tra o governo, que os seus m in is té rio s logo se con- tados e escriptores livres».
demnavam á im p opularidade. F oi o que aconteceu, Nesse tem po, assim fa lava o jo rn a lis ta m odera­
p o r exem plo, ao p ro p rio José C lem ente Pereira, que do. A linguagem dos exaltadas traçava-se co.n in ­
o Im pe ra do r se v io na contingência de sacrificar, quan­ crível v iru lên cia e á fren te de todos vinh a o Repu­
do se organizou, em Dezembro de 1820, o segundo b lic o , de Borges da Fonseca, que le va ria depois o
m in is té rio V illela-B a rbo za. Observe-se o ambiente po ­ seu jo rn a l, ent 1832, para Parahyba e, no mesmo
p u lar atravez da evolução da p ro p ria Camara, que anno, para Pernambuco. Ao lado delle, com a mesma
A rm itag e, numa agua forte, classifica de fraca e cricntação, destacavam-se, no R io, o T rib u n o do
vacillan te em 1826. inquieta em 1827, exigente e.n Povo e o B ra s ile iro Im p a rc ia l, c u jo a rd im e nto seve-
1828, e fin a lm e n te aventurando-se a oppo r uma bar- ram ente censuravam os jornacs m in istcria lista s.

O O o o 208 o o o o o
E. SALATHÉ & Cia. — Rio de Janeiro.
INOEPEI FS C l A E t)A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

sem poucos os factores elle poucos dias depois. Cresce a onda revolucionaria,
? todo esse excitaiiiento, v organizada em conspiração. Desesperado, Pedro I
ainda rcflcctir-t 'luçâo francesa de 1830. I recorre á panacea de sua confiança — o ministerio
houve manifestações de regosijo, Villela Barbosa. Era o coup tic grace na sua propria
nambtico, na Bahia, e.n S. Paulo. < causa e a revolta alastrava-se, tornava-se invencível,
speranças dos liberaes e o temor i contando com as tropas e com as centurias de vo­
iram das, escreve Armitage, e estas sensações
luntários que os chefes dos partidos exaltados pre­
spalharam por ilodo o Imper io, por meio dos
pararam. A 7 de Abril ainda pensou o imperador
iodicos». De uma penna tão i alma cono a de E salvar-se, mandando chamar Vergueiro para organizar
isto surgiam esses conceitos ministerio; mas Vergueiro não foi encontrado e o im­
Carlos X deixou de reinar; o imesmo a lodo perador procurou os seus elementos, a tropa de sua
quelle monarcha que. trahind * ju ra maior confiança e não encontrou ninguem. Mal se
destri nstituiçòe chamaria revolução: era antes uma debandada, de
Eoi no meio dos festejos com que se recebeu a que só se encontra exemplo em nossa propria his­
noticia da revolução francesa, que succumbio, assassi­ toria, no 15 de Novembro que havia de sêr, por esses
nado, Libero Badaró, a '20 de Novembro de 1830. mesmos traços, uma reedição do 7 de Ahril.
Desapparecia com elle um dos melhores combaten­ Entretanto, não havia plano fixo para uma in­
tes do liberalismo — o O h s e rv a io r C o n stitucio na l , surreição popular; a revolução foi quasi exclusiva­
que elle fundara c dirigira com intelligcncia e cri­ mente operada por militares; ou, por outras palavras,
tério educador. O facto impressionou profundamen­ nada mais foi do que uma scdicção militar». Assim
te a toda a gente, commoveu e indignou a nação. pensa Armitagc e a razão é dclle, apezar de que para
Quando Pedro I visitou Minas, em Dezembro desse esse levantamento do campo concorreram, com enor­
mesmo anno, receberam-no não com os repiques fes­ me influencia, o estado da opinião publica c as cor­
tivos do anuo da Independência, mas com os dobres rentes de paixões populares. A grande arma da cam­
funerarios das exequias de Badaró... panha foi o resentimento nacional, que arrastou a
O primeiro imperador teria motivos para, oom multidão c seduzio o exercito. Por isso Nabuco, que
esses factos, ver na Imprensa um adversario constan­ sabe encontrar as palavras precisas, define o 7 de
te de sua pessoa. E elle realmente assim o julgou. Abril como um «desquite amigavel entre o Impe­
No seu governo reiteraram-se leis sobre a materia; rador e a Nação». «Havia, de parte a parte, diz
nas suas proclamações e falias, nota-se insistente o elle ainda, uma perfeita incapacidade de se com­
reclamo de medidas repressivas do jornalismo e, ain­ preenderem». E completando o quadro descreve: «A
da na proclamação de Ourei Preto, elle atacava ris- força motora do 7 de Abril, a que deu impulso ao
pidamente os que procurava I «iIludir» o povo com elemento m ilitar, foi o resentimento nacional. Em
invectivas e attribuia ess: attitudes a sentimen- certo sentido, o 7 de A bril é uma repetição, uma
tos de egoísmo inferior. consolidação do 7 de Setembro».
As palavras imperiaes resultaram contraprodu­ Qual a causa que poz em acção esse resenti­
centes, aggravando a indisposição que em Ioda a mento nacional e despertou as paixões nativistas a
parte contra eHe se formara e que o monarcha inu­ que se entregaram povo e exercito? A imprensa. A
tilmente procurou desfazer. Elle ainda tentou re­ actividade parlamentar foi subordinada, secundaria e
conciliar-se com o povo. por meio do Ministerio appareceu depois que o jornalismo, creando a men­
('arneiro de Campos, mas era já muito tarde, e em talidade exaltada, submetteu os deputados á contin­
vez de attrahir o povo para o rei, o ministerio de gência de adherir á revolta, ou de arrostar com uma
si proprio o apartou, só com o acceitar participação aspera impopularidade. O grande factor de 7 de
no governo. Quando chega a esse ponto, a impo­ Abril encontramol-o, sem duvida, na imprensa, que
pularidade é contagiosa e fatal. Ella pouco a pouco explorou um sentimento popular, latente e pode-
se creara dos receios e temores nativistas e os lu­
sitanos, desejando provar ao imperador a sua de­ E foi assim que com o 7 de Abril se encerrou
dicação, mais ainda concorriam para affastar os bra­ o cyclo dos movimentos populares na capital, até
sileiros. A celebre noite das g a rra /a la s accusa o pon­ que a campanha abolicionista os viesse provocar, no
to extremo do dissidio, depois do qual as paixões re­ lusco-fusco do segundo reinado.
volucionarias se assenhorearam dos espíritos mais
sensatos. É a phase da conspiração em que figuram B arbosa L im a Sobr in ho .
Vergueiro e Evaristo como directores e a que adhe-
rem os chefes militares de maior prestigio. A re­
presentação popular a Pedro I, redige-a Evaristo da
Veiga, que pede a desafronta dos brios nacionaes
com uma linguagem energica e precisa: «os ultrages
crescem, a nacionalidade soffrc e nenhum povo to­ A IMPRENSA
lera, sem resistir, que o estrangeiro venha impor-
lhe no seu proprio paiz um jugo ignominioso». Con-
clue com uma ameaça clara: se não fô r attendida a í OM o fim de completar a impressão que sobre a
reclamação, tudo está em perigo: a ordem publica, o imprensa brasileira nos dá o sr. Dr. Barbosa
Lima Sobrinho* nos capítulos procedentes, resumimos e
rc|x>uso do Estado, o «throno mesmo . adaptamos, nas linhas abaixo, a excellente monogra-
Pedro I resiste, mal ferido no seu orgulho: phia sobre os primeiros cem annos de nossa impren­
Tudo para o povo, nada porem pelo povo», dirá sa, devida á penna brilhante de Azevedo Amaral e

O O O O O 209 o o o o o o
LIVRO ÜE OURO COMMEMORA DO CENTENARIO DA

publicada no numero especial do grande diario porte- brasileiro, começando por Evaristo da Veiga, o pa­
no La N acion em homenagem ao Brasil. triarcha da imprensa no Brasil.
Este resumo, que damos apenas em caracter in­ Impossível traçar-lhe um retrato perfeito, dadas
formativo, muito embora mantenha estricta fidelida­ as difficuldades que se oppõem ao conhecimento da
de ás grandes linhas do trabalho de Azevedo Ama­ mentalidade de todos os iniciadores.
ral, nâo deixa perceber o fulgor de que se reveste Evaristo da Veiga nâo era um profissional uo
aquclla monographia, traçada com a mais rara com­ sentido rigoroso da palavra: era commerciante, tini
petência c com o enthusiasmo artístico que tão alta­ livreiro a quem a absorvente preoccupaçào politica,
mente define a individualidade jornalística e literá­ levada á incandescência pelo caracter dominante dos
ria de seu autor problemas nací
mas nacionaes que se deliileavam. fas-
cinadoriesP ou’ ICiimeaçadores, convt•rteu rnaior jor-
do seu tempo. Evaristo não foi
imprens»a por possuir temperamlente> de jornalista;
foi um . ) no mais alto sentido da palavra, um
Se nos ultimos cento e tantos annos nenhum verdadeiro estadista i
paiz realizou qualquer grande transformação em suas encaminhavam para o jornalis
instituições ou cm sua estructura social sem que para vida politi
isso se fizesse sentir de modo decisivo a acção do que seu caracter de homem de Estado o levava a
jornalismo, esse phenomeno universal alcançou na representar.
evolução da nacionalidade brasileira extensão tão Entre o patriarcha da nossa imprensa e o appa-
importante, que bem se pode dizer que os homens da recimento do primeiro completo e verdadeiro jorna­
imprensa foram, nos ultimos cem annos, os unicos lista no Brasil, passam-se quasi 40 annos.
factores de valor efficiente na orientação dos desti­ Foi no decennio de 70 que surgiu o primeiro
nos do Brasil. grande Mestre do moderno jornalismo brasileiro:
Nos dias agitados em que se criavam, na indeci­ Ferreira de Araújo, que fundou e dirigiu durante
são da aurora politica da nacionalidade, as institui­ perto de 30 annos a Gazeta dc S o ;iria s A historia
ções do Brasil imperial, o jornalismo surge como uma da imprensa brasileira nâo apresenta outra organiza­
força capaz de orientar os que dirigem a nação e ção de jornalista mais completa perfeita do que a
como unico orgâo verdadeiramente representativo das sua Foi o primeiro brasileiro que comprehendet! o
aspirações das massas populares, desde então mo­ jornal diario na plenitude dc suas funeções de orgam
vidas pelo espirito liberal, que tem sido sempre o complexo da opinião publica muna sociedade moder­
traço mais característico do pensamento politico de na. Com o apparecimento da Gazela de N oticias
nosso povo. começou o verdadeiro jornalismo brasileiro. Nas mãos
Falta-nos espaço para uma analyse detida do do grande mestre, o diario se converteu no vehiculo
papel da imprensa nos primeiros cem annos de nossa vibrante de tudo o que se tratava de insinuar na
independência. Assim, passamos a esboçar os perfis alma das multidões. Se Ferreira de Araujo não hou­
dos grandes homens representativos do jornalismo vesse realizado na imprensa a revolução que lhe deu

ta »

o o o o o o 210 o o o o o o
/ Vr< I. AO I N I /

possivel levar a « gura representativa da im prensa no Brasil. M ais ain-


lira s da abolição da; na his to ria da acção p o litic a do jo rn a lis m o em
nossa terra, A lc in d o Guanabara occupa o posto de
fundador dr nos iniciad or da propaganda das modernas ideas da in ­
tervenção do Estado como org sri de assistência so­
plciadc d r hoinci cial e como força compensadora das desigualdades
económicas.
vcmos a phase qi
prensa brasileira. Não fo i apenas o jo rn a lis m o p o litic o comba­
E n tre os uti< tente que representou papel decisivo em nossa evo­
mais ad m ira vel papel na vi lução histo rica . Ao lado d c lle tivem os o u tro que,
I'a lro c in io , que se im m o rta li/, sem de ixar de exercer fuucções im portantíssim as no
nipanha pela abolição da es jo g o das forças partidarias, fo i sem em bargo absor­
Pa Pan vido preponderantem ente pela defesa dos interesses
i não constit i fi-
nalidnde. cconomicos da sociedade. <) expoente desse jo rn a lis ­
a f'K 'i .......... .. ............ mo. que se m anteve em e q u ilíb rio no m eio das gra n­
mente pro fissio n a l d r F erreira de A ra u jo . Patrocinii
via apenas em sua fo lh a o fu n d o do qu ad ro e - des controversias que agitaram a sociedade bra sile i­
traçava em caracteres de fo Ko seus eloquente: ra, é. como to dos sabem, o J o rn a l do Com m ercio.
ques contra a grande inju s tiç a social que o revoltava Á his to ria do velho e auto riza do d ia rio , de que se
orgulham to do s os brasileiros, está liga do o nome de
Se P a tro c in io fo i o grande luta do r da abolição. .
uma das mais illu s tres fig u ra s da imprensa nacional,
propaganda da R epublica teve o seu grande orgãi
o d«s sr. I) r . José C arlos Rodrigues. Educado na im ­
jo rn a lís tic o cm Q u in tin o Bocavuva, redactor-chefe J
O Paiz dm prensa dos Estados U nidos e da Inglaterra , a elle
Q uu > Hm se deveu a transform ação do velho J o rn a l do Com­
mpress i por
de qualidades intcllectuaes m ercio num grande d ia rio m oderno, pa lpita nte de in-
ter«-sse para um publico m u ito mais vasto do que seu
visível a ra/a o do q u a lific a tiv o de Principe com que o an tig o c irc u lo de leitores.
distin gu ira m seus contem poraneos entre to dos os jo r ­ Seria im perdoável lacuna deixar de m encionar
nalistas da época. Uma serena e lúcida visão p o li­
neste rap id o bosquejo h is to ric o de um século de
tica. um e q u ilíb rio m ental que lhe p e rm ittia fu g ir jo rn a lis m o bra s ile iro , o nome do lam entado e b r i­
aos excessos da o p in iã o , um fin o sentim ento a ris ­ lhante Paulo Barreto, o .João do R io-, cuja grande
to crático das regras da boa ethica, da polem ica, que
fig u ra de homem de im prensa e de e s criptor lite ­
o livro u das demasias de linguagem , fizeram de Q u in ­ rá rio põem em relevo as condições verdadeiramente
tin o Bocavuva o expoente suprem o do jornalism o notáveis de sua p riv ile gia da mentalidade.
civiliza d o no Brasil.
Paulo Barreto fo i entre nós o expoente maxim o
N o se n tid o m ais rig o ro s o e estricto das pala­ do jo rn a lis m o info rm a tiv o no sentido nobre e eleva­
vras. podem os dizer que a Republica se fez devido do que tem essa expressão na imprensa dos paizes
a Q u in tin o Bocavuva. e que o fo rm idá vel instrum en­ mais culto s d o mundo.
to de guerra, a cujo s go lpe s implacáveis em sua A m orte surprehcndeti Paulo Ba rre to quando, á
tem ível serenidade ru iu o v elh o ed ifício do Im perio, fren te de seu grande d ia rio .4 P a tria , colh ia os lau­
fo i O Paiz. Nem a propaganda demagógica, c ujo reis do mais notável triu m p h o do jo rn a lis m o popular
centro era a figu ra ardorosa de Silva Jardim , nem registado na histo ria de nossa imprensa.
a conspiração lenta que ia in filtra n d o o esp irito re­ Ao te rm in a r este estudo do jo rn a lis m o brasilei-
publicano no Exercito, teriam tid o efficacia pratica ri. poderá parecei estranho que não nos tenhamos
se a penna de Q u in tin o Bocavuva não houvesse d e li­ refe rid o á personalidade do mais illu s tre dos brasi­
neado ante a Nação o quadro seductor da Republica leiros da Republica, o em inente sr. R uy Barbosa,
conservadora. «uja passagem pela imprensa ficou marcada c«>m tã o
H e rd e iro do sceptro real do jo rn a lis m o brasi­ lum inosa actuacâo; mas havendo nos re s trin g id o a
le iro c con tin u a tio r da obra de Q u in tin o Bocavuva. um exame das figuras do jo rn a lis m o pro fis s io na l, isto
conto m estre da im prensa d o u trin aria e culta, fo i é. daquelies homens cuja acção sobre a vida nacional
indiscutivelm ente A lc in d o Guanabara. Neste grande se fez s en tir, se não exclusiva, pelo menos preponde­
artista da palavra, que fo i também um dos homens rantem ente pela imprensa, julg am os que nesta visada
mais cu lto s d o B rasil contemporâneo, se reuniram s«*bre o jo rna lism o b ra s ile iro no p rim e iro século de­
por generoso capricho «la natureza to dos os attrib utos missa vida de nação independente, seria im p ro p rio
necessarios para a fo rm ação da personalidade com ­ estudar uma personalidade com o a de R uy Barbosa,
plexa de um jo rn a lis ta pe rfeito . cuja influ en cia sobre os destinos nacionaes se fez
F erreira de A ra u jo havia sido o artista da folha sen tir, neste u ltim o m eio século, em todos os ramos
«liaria, o technico que sabe fazer sahir das rotativas o «ta actividadc do paiz.
jo rn a l que o gram lc pu b lic o espera com imnaciencia; Sem duvida. Ruy Barbosa fo i jo rn a lis ta nos m o­
Q u in tin o Bocavuva f«‘>ra o excelso m estre da po le­ m entos c ritic o s da vida da Nação; mas suas appa-
mica p o litic a , culta e ele ga nte ; A lc in d o Guanabara rições na imprensa fo ram apenas m anifestações tran-
sinth ctizou em sua vigorosa personalidade de artista s itoriam e nte restrineidas de uma influ en cia para a
d ° jo rn a l. «Ic e s c rip to r «le combate, de pensador qual o scenario to ta l da vida bra sile ira era o unico
P o litico e «le sociologo esses do is aspectos oppostos. am biente com patível com as dimensões gigantescas de
e fo i assim o jo rn a lis ta com pleto, a mais alta f i ­ sua grande fig u ra nacional.

o O O O o o 211 o o o c
A C A D E M IA B R A S IL E IR A D E LE T R A S

De acoordo com um dis p o s itiv o regim ental, cada


Academia B rasile ira nasceu das pales­
um dos m embros escolheu in ic ial,ne nte para patrono
tras da sala da R evista B ras ile ira, onde
da sua cadeira o nome de notável bra s ile iro m o rta
se reuniani quasi todas as ta rdes em
Eis a lista, por ordem alphabetica, dos
1896, os seus principaes collaboradorcs
c alguns camaradas do dire c to r, que era José Ve-

A Ri vista não podia durar m uito , por escassez


de recu ra>s, e a mai or fa lta que parecia d e ix ar dessa
vez era a daquclle s encontros agradaveis, que já
se tinhan i to rnado icm ha b ito q u otid ian o de alguns
escriptorc
a L u cio de Mendonça a idéa de
oo iitinu al- as, sob a form a de mina associação de ho-
mens de letras. O rnode lo a imiitar era naturalm ente
Junqueira Freire.
a Acadennia Franceza. e houve até a dilig e n c ia de
Porto-Alegre.
o b te r a ssua creação por decreto e a nomeação o ffi- Franklin Tavora.
cia i dos dez prim eiros m embros, que depois elege­ Alvares de Azevedo.
riam os restantes para com pletar o num ero de qua­
renta, como na outra m odelar. Surgiram d iffic u ld a - Visconde do Rio Hranc
des para a realização desse p la n o ; e Lucio de M en­
Juliu Ribeiro.
donça desistiu do a u x ilio o ffic ia l, contentando-se com 1 ohias Barreto.
a creação de um in s titu to pa rticular. Laiirindo Rabcllo.
C onvidados nom inalm ente p o r Lucio de M en­ Inglcz de Suuza . Manoel de Almeida.
donça para esse fim , reuniram -se com elle na mesma Joaquim Nabuco . Maciel Monteiro.
saleta da Revista B ra s ile ira , a 15 de Dezembro de José do Patrocinio Joaquim Serra.
José Verissimo . JoSo Francisco Lisboa.
1896, os seguintes escritores: M ic h ad o * de Assis. Lucio de Mendonça Fagundes Varella.
Joaquim N abuto, V isconde de Taunay, José Verissim o, Pedro Luiz.
A rth u r Azevedo, Guim arães Passos, In gles de Sou­ Mur Adelino Fontoura.
za, José do Patrocinio, M edeiros e Albuquerque, O la ­ MachaJo de Assis . José de Alencar.
vo B ilac R odrigo Octavio, Pedro Rahello, Silva Ra­ Magalhães de A ztr Gonçalves de Magalhãe
Medeiros c Albuqii José Bonifacio, moço,
mos e V a lcntim M agalhães; e. em outra reunião, mais
Olavo Bilac . . . Gonçalves Dias.
o s seguintes: Araripe Junior, C oelho N etto, Graça Varnhagen.
Aranha, Lu iz M urat e T eixe ira de M ello. Pedro Jtakello . . Pardal Mallet.
Sobre um esboço apresentado por Lucio de M en­ Pereira da Silva . Souza Caldas.
donça foram elaborados os estatutos, por commissào Rcymundo Corrêa Bernardo Guimarães.
Rodrigo Octavio . Tavares Bastos.
composta de Joaquim Nabuco, José Verissim o e ln-
glez de Souza, e approvados, com o regim ento interno,
em reunião de 28 de Janeiro de 1897. Accrescidos os
socios da Academia com os srs. A ffon so Celso, A l­ Hipolyto da Costa.
b e rto de O liv e ira , A lc ind o Guanabara, C arlos de Laet, Cí.semiro» de Abreu.
Garcia Redondo, João M anoel Pereira da Silva, R iiy
Barbosa e U rbano D uarte, que haviam respondido
affirm ativa m en te ao convite de Lucio de Mendonça,
elegeiam-se nessa reunião os dez que fa ltavam, para
quare nta: os srs. A lu iz io Azevedo. Barão de Loreto, A prim eira directoria, eleita na reunião de 15
C lo v is Bevilaqua, D om icio da Gama, Eduardo Pra­ dc Dezembro de 1896, compunha-se de : presidente,
do, Lu iz Guimarães, M agalhães de Azeredo. O liv e i­ Machado de Assis; secretario-geral, Joaquim Nabuco;
ra Lim a, R aym undo C orrêa e Salvador de Mendonça, 1.» secretario, R od rig o O c ta v io ; 2.", Silva Ramos;
to do s então ausentes do R io de Janeiro. thezoureiro, In glez de Souza.

OOo o o 212 o o o o o o
e»»
T tN A M O HA IN D U F .N Ü tN C IA /: HA tXI-OSIÇAO

ESTATUTOS

DISCURSO IM NARUCO.

213 O O O O O O
LIVRO Oh OURO COMMEMORA TIVO IX ) CENTENARIO
INDI: / ‘UN U t MCI A I. >A I: X POSIÇÃO INTERNACIONAL

Iradicçôcs, emulação. c cm torno de nm o interesse, a fisca­ geração. Cedi também «leve dizer-vos. á necessidade que
lização da opinião, a consagração do successo, é que a sente de actividadc, dc renovação um espirito muito tempo
escolha poderá parecer um plebiscito literário. Nós de facto çccupado na politica e que de boa fé acredita ter voltado
constituímos apenas um primeiro eleitorado. as letras. Na Academia estamos certos de não encontrar
As Academias, como tantas outras coisas, precisam de a politica. Eu sei bem que a política, ou tomando-a em
antiguidade, lona Academia nova é como uma religião sem sua forma a mais pura, o espirito publico, é inseparável dc
mysteries; falta-lhe st-lcinnidade. A nossa principal funeçá < "das as grandes obras: a politica dos l>haraós reflecte-se
não poderá ser preen-.hida senão muito tempo depois de nós. nas pyramides tanto quanto a politica athcnicnsc no Par­
na terceira ou ouarta dynastia dos nossos successores. Não thenon- o genio catholico da Idade Média está na Divina
lendo antiguidade, tivemos que imital-a, c escolhemos os Comedit, como o genio protestante do Protectorado está
tu ssos antepassados, Escoihemol-os por motivo, cada um ilc m Paraíso Perdido, como o genio da França monarchica
nós. pessoal, sem querer:no». cu acredito, significar qm- . está ua literatura e no estvlo dos séculos XVII e XVIII.
Nos não pretendemos matar no literat i, no artista, o
Iras. fo i assim, pelo men is. i|eu eu escolhi a Maciel Mon patriota, porque sem a patria, sem a nação, não ha escri
teiro. Nesse mixto de medico poeta, de orador diplomata, d ptor. e com cila ha forçosamente o politico. Alé hoje, ape-
dandy que vem a morrer de amor. elegi o pernambucano. ' /ar do christianismo, que trouxe o sentimento dc uma çom-
lista das nossa' escolhas ha de ser analvsada c.-vm-i um immháo mais vasta, o genio nada fez fóra da patria ou.
curioso documento auto-bographico; está ahi ■> sentido da Pelo menos, contra a patria. A patria e a religiã" são em
minha. Entretanto, como nenhum de mis prcoccupoii sc de . certo sentidr captivcirns irresgataveis para a imaginação,
escolher a maior figura de nossas letras, pódc ser pi • algu condições do /0 1
1intellectual. Oimprehendeis o artista grego
mas delias não figurem nesse quadro. Teremos meio de re­ que em replica a Eschyl.i esculpisse o Persa? Ou -> poeta
parar essa falta c >m homenagens especiaes. Restam ape­ franccz que depois de Sedan cantasse o Allcmáo? \ po­
nas cinco cadeiras: j-i não ha logar para entrarem juntos litica, isto é. o sentimento do perigo c da gloria, da gran­
Alexandre «le (iiismà •>, Antonio J-isé, Santa Rita Durão. deza ou da qiiétla do paiz, é uma fonte de inspiração de
São Carlos, Monte Alvcrne. José da Silva I ishoa. Por* . ijue sc resettle em caela povo a literatura toda ele uma
Alegre, Salles Torres Homem. José Honifacio. o n ó e o época, ma. para a politica pertencer á literatura e entrar
neto, Antonio Carlos. J. J. da Rocha. Oelorico Mendes. na Academia e preciso que ella não seja o seu proprio oh-
Ferreira de Menezes. jecto: que desappareça na creaçâo que produziu, conto o
Hasta essa curta historia de nossa formação para se ver
que não podemos fazer •> mal attribuido ás Academias pelos seriamos um parlamento.
que não querem na literatura sombra da mais leve tutela, do Disse-vos, porém, que vim seduzido pelo contacto, eu
mais frouxo vinculo, do mais insignificante compromisso, f quizera que se- pudesse dizer o contagio, dos moços. Como
um anachroni&mo recetar hoje para as Academias o papel as differentes idades da vida se comprehendent mal uma
que cilas tiveram em nitros tempos, mas se aquellc papel á outra! é a observação que vou fazendo á medida que
fosse ainda possível, nós teríamos sido organizados para caminho. Asseguro-vos que não suspeitava do que é a vista
não o podermos exercer. Se percorrerdes a nossa lista, vereis da mocidade tomada da outra margem da vida... Os que
nclla a reunião de todos os temperamentos literários conhe­ envelhecem não comprchc-ndem mais o valor das illusões
cidos. Em qualquer genero de cultura somos um Mexico que perderam; os pneus não dão valor a experiência que
intellectual: temos a Ur era raiien'r. a tirrra trmnladt v a ainda não têm. Ha dois climas na vida, o passado e o
tirrra /rUi... Já tivemos a Academia dos Felizes: não se­
remos a dos Incompatíveis, mas na maior parle das coisas villa dividida em casa dc verão e em casa de inverno.
não nos entendemos. Eu confio que sentiremos tod > o prazer Podeis habitar uma ou outra, conforme o vento soprar. Eu
ile concordarmos im discordar: essa desintelligencia essen­ direi sómente a todos os novos espíritos ambiciosos de
cial é a condição de nossa utilidade, o que nos preservará da abrir caminho para a gloria: não receiem a concurrenda
uniformidade academira . Mas o desaccordo tem tamhem o dos mais velhos; sejam jovens e hão de romper tão natu­
seu limite, sem :> que começaríamos logo por u na dissidên­ ralmente, como os rebentos da primavera rompem a casca
cia. A melhor garantia da liberdade e independência intel­ da arx-ore rugosa. Basta a mocidade, sc fô r verdadeiramen-
lectual é estarem unidos m. mesmo espirito de tolerância os te a vossa própria mocidade que expressardes, para vos
tpie veem as cousas d ’arte e poesia de pontos de vista op-
pi>stos. Para não podermos fazer nenhum mal hasta isso; O escriptor que chegou á madureza é, só por isso, o
para fazermos algum bem ó preciso que tenhamos algum representante dc um estado do espirito que preencheu o seu
•■bjcctivo comnitim. Não haverá nada communi entre nós? fim. Não ha mocidade perpetua, o vosso privilegio está ga­
Ha uma coisa: é a nossa própria evolução: partimos de rantido... Quando se fala da mocidade perpetua de um rs-
pontos oppostos para pontos -ppoxtos. mas como astros que criptor, como Molière, por exemplo, não se quer dizer que
nascessem uns n leste e outro- a neste, temos que percorrer não envelheceu, mas que o fundo de verdade humana que
o mesmo circulo, somente cm sentido inverso. Ha assim de ellc n colheu e exprimiu contimia a ser sempre verdadeiro.
commum para nós o cvclo, o meio social que curva os mais Não é que o escriptor ou a obra guardasse a sua deliciosa
rebeldes e funde os mais refractarios; ha os intersticios do frescura: é que a humanidade sempre joven, se reconhe­
papel, da característica, d» oru m e filiação literária, de cada ceu a si mesma sob os traços dc outra época c acha cm
um; ha a boa fé invencível do verdadeiro talento. A utili­ vel-os o mesmo prazer, sc não maior! - do que em sua
dade desta companhia será. a meu ver. tanto maior quanto imagem actual. Eu leio em Elisée Reclus: Acima da sua
fô r um resultado da approximaçâo. ou melhor, do encontro grande queda o São Francisco possue fôrmas particulares
em direcção opposta. desses idcacs contrários, a trégua de de peixes inteiramente diversas das que vivem a baixo: o
prevenções reciprocas em nome de uma admiração comnuim. invencível precipício separou as duas faunas.» Não tenhais
e até. c preciso esperal-o, de um apreço mutuo. medo da concurrenda... estais acima da grande quéda.
Porque, senhores, qual é o principio vital literário que Uma advertência, porém. As vezes não são as gerações
precisamos crear por meio desta Academia, como se com­ sómenlc que envelhecem uma após outra; sente-se também
pile a materia organica c-n laboratorios de chimica? É a envelhecer a raça. A manhan torna-se então incrivelmente
responsabilidade do cscrintor, a consciência dos seus deve­ curta, como nos tropicos, e o perfume da mocidade cada vez
res para com sua intclligcncia o dever superior da per­ mais inaprehcnsivel ao calor do sol que sc levanta. Não
feição. o desprezo da reputação pela obra. Acreditais que ha que apressar nas coisas eternas.» éuma dessas admi­
um tal principio limite em nada a espontaneidade do ge­ ráveis frases do grande mystico inglez. Não vos apresseis
mo? Não. o que faz. é sómente impòr maiores obrigaçães ao em compor a obra que ha de conservar para vós mesmos a
talento. A responsahilidadr não póde ameaçar nenhuma csscncia dc vossa mocidade.
independência, coarctar nenhuma cusadia- c delia, pelo con­ Eu li ha pouco umas paginas, na fíih/iolrra de Buenos
trario. que saem todas as nobres audacias, todas as gran­ Aires, assignadas pelo general Milre. a quem sinceramente
des rebeldias. Em França a Academia reina pelo pres­ admiro; a idea c que a literatura hispano-americana não
tigio de sua ti adição: exerce sua influencia nela escolha produziu ainda um livro. Que livro, diz ellc. se tomaria para
pela convivência e nelo tom; mantém um estvl-i acadrnt’ro. uma viagem, eu acrescentarei, para o exilio? Senhores,
como toda a arte franceza. convencional, acabado, perfeito, hoje nenhum dc nós se contentaria com um livro : um livro
e que xó- poderia parecer estreito a um genio do Norte, como em poucos dias está lido e não gostamos de reler ; para
Shakespeare. Mas ná i é do destino da Franca produzir Sha- uma viagem de dias precisamos levar uma bibliotheca...
kespeares... Nós não temos por missão produzir esse estvlo. Numa pagina seduetora. Émile Oebhart pintava ultimamen­
o qual, como toda concepção intellectual, escapa á vontade te Cicero, condemnati.> á morte, fazendo esperar a liteira cm
e ao proposito nóde ser guarda-lo e cultivado, mas não que se podia salvar, por não saber que livro levasse comsi-
pódc serlcreado. obedece a leis de crvstalizaçâo de cada idio­ go para os longos instantes da proscripçâo... Nós podemos
ma. á svmctria de cada gmie nacional, Nós pretendemos so­ comprehender-nos na sentença de Mitre: não tivemos ainda
mente defender as fontes d t gênio, da poesia e da arte. o nosso livro racional, ainda que eu pense que a alma bra­
que estão tiuasi todas no prestigio, ou antes na dignidade da sileira está definida, limitada e expressa nas obras de seus
profissão litoraria... Nãr- tenhamos tanto ciúme do genio. cscriptorcs; sómente não está toda em um livro Esse livro,
o genio ha de revelar-se de qualquer modo; ellc faz a um extractor habil podia, porém, tiral-o dc nossa litera­
sua propria lei. cria o seu proprio berço, esconde o seu tura... O uue é essencial está na nossa poesia e no nosso
nascimento, c m o Jupiter infante, no meio dos seus kory- romance. O livro não podemos fazer, porque o livro é
uma vida; cm um livro deve estar o homem todo. ? nós
Alcm da deferência devida á companhia a que me fa­ não sabemos mais fu ndir o caracter na obra, sem o que não
ziam pertencer, confesso-vos que aceitei a honra que me pódc haver creaçâo. Em um certo sentido toda creação é.
foi feita, attraido pelo prazer de me sentir ao lado da nova sinâo um suicídio, uma larga e generosa transfusão do pro-

O O O O O O 2t 5 O O O O
IJVKO DI. CHIRO COM M I MORATIVO DO C IS T IS ARIO

L Actaaes:

O O O O O O 216
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LLOYD SUL AMERICANO e LLOYD INDUSTRIAL — Rio de Janeiro.


A V IA Ç Ã O F L R R tà no b r a s il

se tra ta ria praticam ente do assumpto. Em 1852 foi


o ito m ilhões de k ilom etro s quadrados, o anno ina ug ural de nossa viação-ferrea. Pelo decreto
| Ã ü i3 1 k c te ndo estabelecido os centros de acti- .n." 087, de 12 de Julho de 1852, fo i concedido ao
k- vidade no lito r a l, o problem a fe rro-via- l)r . João Evangelista de Sousa, depois Visconde de
rio a vu lta , e n tre os que m ais desafiam a argúcia de nos­ Mauá, a concessão para construcçâo de uma estrada
sos estadistas. C om uma costa enorm e, vehiculo natural de fe rro , que partindo da praia da E stre lla fosse ter
de com m unicação entre os m aiores einporios do seu á Raiz da Serra de Pet to p o lis, com p riv ile g io de
com m ercio e um systema hydrog ra ph ico adm iravcl, era 10 annos e sem garantia de juros. N o mesmo anno,
necessário obedecer um p la no de estradas de fe rro pelo decreto n ." 041. de 20 de Junho, tinh a sido con­
m u ito seguro, de sorte a fazel-as com plem ento das cedido o p riv ile g io , p o r 00 annos, corn garantia de
vias naturaes de communicação, servindo com a ma­ juros 5 “ u sobre o capital empregado, ás compa­
xima cfficicn cia a economia das zonas percorridas. nhias que se organizassem para c on s truir estradas
Duas eram as d iffie u ld a d c s a vencer: a de ficien da de dc fe rro liga nd o o R io de Janeiro ás provin cias dc
capitaes c a situação physica do paiz. torn an do a São Paulo. M inas-Ocraes e outras. O u tras vantagens
construcçâo d i f f id i c carissima, pelas obras de arte, eram ainda mencionadas. Em virtu d e desta le i. fo ­
de que se fazia m ister. Na comparação de nosso sys­ ram fe itas duas concessões: Recife-São Francisco e
tema fe rro -v ia rio com o arg en tino resulta a in fe rio ­ Bahia-São Francisco. Ainda em 1852. pelo decreto
ridade b ra sile ira , o que tem sido m o tiv o pre dilecto de n.° 1088, dc 13 de Dezembro, o governo im p erial con­
reproches continuas. Sem pretenderm os d im in u ir o cedeu ao Visconde de Mauá o p riv ile g io de o u tra es­
que possa haver nisso de pouco lis o n g e iro á nossa trada de fe rro, que, pa rtind o de P e trop olis, fosse
capacidade a d m in istrativa , é preciso levar em conta te r ás immcdiaçóes de T res Barras, ao Parahyba,
aquclles embaraços, sobretudo o u ltim o , que torna e dahi ao P o rto N ovo d o Cunha, nos lim ite » das
a construcçâo no B rasil m uitas vezes m ais dispendio­ províncias do R io de Janeiro e M inas-Oer^es. Esse
sa, do que nas planicies argentinas, onde só ha que decreto, de certo m odo, era a p rim eira germinação
preparar o le ito para c o llo car os trilh o s . Para remover da grande estrada que seria construída depois com o
a p rim eira das citadas d iffic tild a d e s , com a carência nome de Pedro II e c « actual Estrada Ide Ferro
de capitaes, têm os governos procurado fazer uma C entral do Brasil.
p o litica de concessões, de sorte a a ttra ir fundos ex- O dia 30 dc A b ril de 1854 é a grande data
tran ge iro s para taes em preendim entos. As soluções de nossa viação ferrea. E n tre festas e galas, o p ri­
de continuidade na adm inistração, sobretudo depois m eiro com boio sulcava a te rra b ra sile ira e o silvo
da R epublica, têm pre ju dica do essa po litica, m uito de da prim eira locom otiva arrepiava o ar. Inaugurava-
experiendas, o que perturba profundam ente o des­ se, com a presença de D . Pedro II, a Estrada de
envolvim en to das nossas estradas, que outras crises Ferro Mauá. na extensão de 14 kilo m e tro s « meio,
têm alcançado com intensidade m ais oti menos forte. indo até In homerim . Em Dezembro de 185b esta
As concessões da U niã o e dos Estados, com ou sem estrada chegava até a Raiz da Serra, com 15.100
ga ran tia de juros, a adm in istração directa, os arren­ kilom etros.
damentos são sim ultânea e successivam ente pratica­ Para co n s tru ir a estrada, que pa rtind o da cos­
dos, com resultados pouco seguros, dependendo m ui­ ta, tran spo ria a Serra do M ar, bifu rcan do deppis, c >m
to de condições locaes e possibilidades das empresas um ramal para São Paulo, e o u tro para P o rto Novo
arrendatarias ou cessionárias. d:i Cunha, e que seria depois a C en tral do Brasil,
fundou-sc a C om panhia Estrada de F erro D. Pedro II.
com garantia de ju ro s 5 «o, por 33 annos, sobre o
capital dispendido, até o m axim o de 38.000:00(WM>00,
afóra a garantia de mais 2 » « , concedida pelo go ­
verno da pro vin cia do R io de Janeiro. O utras vanta­
Antes dc analysar o systema via rio brasileiro, gens e p riv ilé g io s lhes eram ainda outorgados, como
sua condição c possibilidades, lancemos um rapido desapropriação, etc. Em 20 de M arço de 1858 era
o lh a r sobre o passado para contem plar a obra rea­ inaugurado o p rim e iro trecho desta estrada, do Rio
lizada. Apesar de m u ito cedo se te r cuidado do as­ a Queimadas, numa extensão de 47,210 kilom etros.
sum pto. sua realização fo i ta rd ia. N ão passou des­ Proseguindo os trabalhos de construcçâo tinha a
percebida :i agudez do grande F e ijó a im portância estrada de referencia. 133,065 k ilom etro s .de exten­
d o pro blem a fe rro -v ia rio no Brasil, e pelo decreto são, dos quaes 133,486 em trafeg o, quando fo i en­
n.° 101. de 31 de O u tu b ro de 1835, o go vern o im ­ campada pe lo governo em 10 de J u lh o ’ de 1865.
pe ria l ficava autorizado a conceder favores a compa­ que desde então a adm inistra.
nhias que se formassem para c on s truir e ex p lo ra r O utras concessões fo ram v ind o e varias e stra­
estradas de fe rro. In fc liz m c n tc esse decreto não pro­ das se projectavam e construíam , embora com m uita
du ziu resu ltad o algum e só 17 annos mais tarde demora. Q uando, em 15 de N ovem bro de 1880. a

o o o o o o 217 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO

R epublica fo i proclamada, havia apenas 0,884 k ilo ­ as concentrações das actividades estaduaes. Sobre a
m etros de viação ferrea, n o Brasil, o que era detna- consecução deste program m a, escrevia o Sr. Pires do
siadaniente resum ido, para 36 annos de trabalhos. Rio, m in istro da Viação e Obras Publicas, na in-
Com o advento do novo regim e, a necessidade de pro­ troducção do seu rela to rio de 1919: A pa triotica
p u lsion ar to das as forças vivas da nação, a febre de aspiração de se ligarem entre si p o r estradas de
progresso que anim ou o paiz in te iro , a viação fe r­ ferro, do sul ao norte, todas as capitaes das u n ida­
rea to m o u extra o rd in a rio increm ento. O Governo Pro- des da federação nacional, ha de realizar-se conforme-
viso rio encarou decisivamente o assumpto e mandou as linhas de m enor resistência econom ica; prim eira-
organizar uni plano geral de viação-ferrea, te ndo pe­ mente, form ando-se rêdes fe rro -v ia ria s isoladas, que
los decretos n.<> 862, de 16 de O u tu b ro de 1800 e ii.° depois serão reunidas, ao passo que se ponham em
COO de 26 de O u tu b ro do mesmo anuo, fe ito num ero­ contacto as suas estremidades. Por estrada de ferro
sas concessões, com garantia de ju ro s 6 “/o. Dahi já se ligam a da Republica seis capitaes de estados
por diante, o s u rto de construcçSes tem sempre tuna do sul, e os trilh o s approxim am-se de Goyaz e não
linha ascencional, até que a guerra européa retardou se acham m uito distantes de F lo ria n o p o lis e Cuyabá.
esse desenvolvim ento, retomado nos ultim o s annos, De um lado. a linha tronco da C e n tra l d o Brasil pro-
em proporções animadoras. A escala das construcções loi.ga-se para Trem endal, precisam ente o po nto fixa ­
fe rro-v iarias , no Brasil, p o r deccenios, tem sido a do, no contracto da Viação Bahiana, para té rm ino
seguinte em k ilo m e tro s : 1855, 14,500; 1865, 498,393: da linha de Condeúba, cuja eonstrucção. c on tinu a; de
1875, 1,800,895; 1885, 6,930,285; 1895, 12,967,098; o u tro lado. o decreto de 24 de A g osto de 1920, que
1905, 16,780,842; 1915, 26,649,955. Em 1922, como ápprovou o contracto da «Great W e ste rn ), im poz a
veremos depois, esse to ta l é de 28,827,710. companhia o dever de levar os trilh o s que vêm de
D epois da Republica, como se observa, o des­ Maceió até a margem do r io S. Francisco, aonde
envolvim ento fe rro -v ia rio do B rasil ganhou uma in­ chega a estrada de fe rro que passa em Aracaju, es­
tensidade m u ito m aior, merecendo o problem a a ma­ tação da rêde bahiana.
xim a attenção dos nossos governos, todavia incertos, «No extrem o nordeste, as q u a tro capitaes
até <i presente, na adopçâo de uma po litica mais Maceió, Recife, Parahyha, N ata l — communicam-sc
firm e no attine nte ao assumpto. Isso, aliás, é ex­ por via-ferrea; já fo i iniciada a eonstrucção da Linha
plicá vel pelas difficu lda de s de eonstrucção, que exi­ Lavras, estação da ferro-via de B a tu rité , que sae de
gem a m aior garantia ao capital ne lla investido. Fortaleza e deve ir ao C rato, para Cajazeiras, no a lto
O systema fe rro -v ia rio b ra s ile iro procura, por sertão da Parahyba; de o u tro lad o é obrigação con­
estradas de penetração, lig a r entre si os maiores tractual da «Great W estern c o n s tru ir o ram al de
centros economicos do paiz e os do in te rio r co.n os Alagoa Grande até Cajazeiras.
portos, que são os, escoadourosi naturaes da producção. - Não está para m uito tarde conclue o m in is­
Além disso, ha ;i tendenda, que já é programma tro o m om ento de nossa h is to ria economica e
de estabelecer a unidade de viação, liga nd o os sys politica, em que veremos, unidas pelos trilh o s de
temas do n o rte c:om os do sn i e entre si. todas a- uma estrada de m ais de 1.500 k ilo m e tro s, as capi­
capitaes b ra s ilc in is. que são os pontos directores i taes da Bahia, do Maranhão c do Piauhy, situadas

PAVILHAO NORUEGUEZ — VISTA INTERIOR

o o o o o 218 O O O O
INDEPENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

numa recta de rum o sudoeste, que encurte o cami­ 932,494, sendo sua receita bruta kilom etrica, de
nho entre as florestas das montanhas do sul e as 3:396*923. A B a tu rité está sendo prolongada até C ra -
mattas da planície do e xtre m o no rte, separadas pela to, que deve ser seu ponto te rm ina l, de sorte que
região das seccas, atravcz da qual, em mais de dois fique liga do o sertão do C a riry , porventura a zona
terços de sua extensão, c orre a lin h a fe rrea que sahe mais fé rtil do estado, á capital.
ila Bahia, passa em Therezina c chega a S. Luiz. N o R io G ran de do N orte inicia-se por assim d i­
Mais tarde, os trilh o s da E. F. Bragança entronca­ zer um o u tro systema via rio , que liga N ata l a
rão nos da S. Lu iz-T h erczina -B ah ia e teremos rea­ Maceió, atravessando o in te rio r o R io Cirande do
lizado m ais cedo, d o que se pensa, a ligação fe rro ­ N orte, a Parahyha, Pernambuco e Alagoas, arren­
viária de Belém -R i.) de Janeiro, desejo dos que acon­ dado á C om panhia ( ir col W estern o f B ra s il Railway»,
selham a construcçâo dispendiosissim a, atravez de­ pelo G overno Federal. Consta a rêde de 10 estra­
sertos d iffic ilm e n te povoáveis, da estrada Pirapóra- das, num to ta l de 1.617,017 klm s. Antes de fa la r­
Bclém». mos nessa réde, referirem os, no Rio Grande d o N o r­
Eis a synthese g e ral do program m a viario do te a Estia da de F e iro C en tra! d o R. Q . do N orte ,
Brasil, que passarem.is a estudar mais detalhadamen­ de N atal a C aicó, com 147,358 klm s., percorrendo
te, pelas diversas rêdcs que do Pará ao extrem o sul, o estado de leste a oeste, até Angicos, descendo
ligam o paiz. e p5e.it em communicação as regiões depois para C aicó acompanhando, paralella.ncntc ao
de m aior desenvolvim ento agricola, ou ind ustrial. Para Rio Assu. Ha ainda no mesmo estado a Estrada de
ligação d o nordeste, está em construcçâo a £ F. M o sso ni, com 37 klms. de P o rto Franco a M ossoró.
Petrolina a T herezina, que com pleta a ligação entre Vejamos, agora, a rêde arrendada a Great W estern,
S Luiz. que h o je já se communica com Therezina, que atravessa o Rio G rande do N orte, e.n 323,329
pela /:". £ . .S. Lu iz a Therezina, çom a Bahia, pois k lm s .; a Parahyha, em 328,822; Pernambuco, em
o té rm ino daquella estrada será em Petrolina, de­ 832,448; e Alagoas, em 326,801. As suas linhas são
fron te de Joazeiro, que está liga do á Bahia pela as seguintes:
/:. F. Bahia ao São Francisco. Isso fe ito, hasta que
se prolongue a F . F . de Bragança, no Pará, até en­
troncar na São Luiz-T h erezin a, para se com pletar Klms.
a réde Belém -R io. Essa ligação é projectada também, Natal a Independência, com 164,620
pela linh a Pirapóra-Belém , através do nosso inte r-la nd, Conde d 'E u .................................. 194,631
que desbravaria como uma nova e form idável Ban­ Recife a Limoeiro e Timbaúba . 270,465
Central dc Pernambuco . . . . 269,263
deira. Essa estrada seria d iv id id a em 3 secções: Pi­ Recife a São Francisco . . . . 130,961
rapóra a Palma, no p la n a lto de Q oyaz; Palma a Ca- Sul de Pernambuco........................ 193,903
lorina, nos lim ite s de Q oyaz com o M aranhão; e Ribeirão a B o n ito ........................ 28,657
C arolina a Belém. O seu custo elevadíssimo e as Ribeirão a B a rre iro s................... 55,300
Central de Alagoas........................ 191,069
difficu lda de s m ateriaes de construcçâo é que têm Paulo A ffo n a ^ ................................ 115,136
aguado m u ito o entusiasm o de seus maiores defen-
T o t a l .............................................1.617,017
Vamos dar a organização das nossas vias-ferreas,
de sorte a com pletar o quadro, cujas linhas geraes
indicamos, nesse ráp id o escorço sobre o assumpto. A Great W estern é a oita va das nossas rêdes
As estradas do norte do paiz, não inclu in do a F . F. fe rro-viarias, atravessando zonas riquíssim as e pros­
M a d i ira -M a n w rc , que construímos por determinação peras, o que lhe p e rm itte receitas vantajosas e sal­
do T rata do de P e trop olis , celebrado com a Bolivia, dos fa voráveis, mas que, ainda assim, não perm ittem a
em compensação á annexaçâo do Acre, e que vae m elhoria das condições technicas das linhas, que dei­
de P o rto-V e lh o, no Amazonas, a Q u a ja rá -M irim , em xam um ta nto a desejar, quer quanto ao m aterial fixo ,
M atto G rosso, numa extensão de 364,260 klms., dos quer quanto ao rodante. Em 1920, a sua receita
quaes 8,281, naquellc estado, são as seguintes: E. F. fo i dc 20.307:9418 e a despeza, de 15.979:9098, per-
Bragança, n o Pará, com 315,752 klm s. de trafego m ittin d o uma receita liq u id a , de 4.328:0328 e um sal­
na lin h a p rin c ip a l de Belém a Bragança e ramaes, do de 1.381:8298. H a ainda a citar, em Pernambuco,
e a F . F . T ocantins, com 82,430 klm s. em tra­ a estrada de R ecife o Be be rib e, com 9,335 klm s.
fego, de Cam etá a S. João de Araguaya, margean­ que não pertence á rêde da G. Western.
do as suas linh as o rio T ocantin s. N o M aranhão, fo ­ O o u tro grande systema de viação é o das estra­
ram unificad as as duas estradas existentes: S. Luiz das de fe rro da Bahia, Sergipe e norte de M inas, cujas
a C axias e C axias a Cajazeiras, numa só com a de­ linhas federaes estão arrendadas á Com panhia Fer-
nominação de F . F. Sâo Lu iz a Therezina, com 451 ro-Y ia tia E ste B ra s ile iro (C om pagnie des Chemins
klins., lig a n d o as capitaes do M aranhão com a do de Fer Fédéraux de 1’ Est B re s ilie n ), empresa fra n ­
Piauhy, embora ainda não esteja concluída a pon­ cesa. com grandes interesses no Brasil, e ligada ao
te sobre o canal dos M osq uito s e rio Parnahyba, g ru p o fina nce iro R aille-La fon t. Compõe-se das se­
que ob rig a os passageiros á baldeação. No Piauhy, a guinte s linh as: 1) E. de F . de Bahia ao S. F run-
unica estia da existente, é a E. F . C e n tra l :1o pia uh y , c is to , com 1.175,389 klm s., sendo a linha tronco de
com 26 klm s. abertos ao trafeg o em 1020, de Am ar­ S. Salvador a Joazeiro, no lim ite com Pernambuco,
ração a C am po Cirande, já estando iniciada a cons­ á margem d ire ita do S. Francisco e em cuja frente
trucçâo da linha Therezina-C am po M aior. Com o v i­ se acha P e trolina , té rm ino da fu tu ra estrada There
mos, purm enorisadam ente, está em construcçâo a Thc- zina a P e trolina . O s seus ramaes são Agua C o m p ri­
re zin a -P e lro iin a , que será a grande rêde do nordes­ da a B uranhem ; Alagoinhas a Prop riá , em Sergipe,
te e a communicação d o n o rte com o sul do paiz. passando p o r Aracaju, numa extensão de 429 klm s.;
Ha ainda o p ro je c to de lig a r Therezina a Amarante. M urta a C ap ella, B om fim a Cahen e Itin g a a Cam­ I
Vè-se, pois, que a viação dessa parte do paiz, con­ po Formoso. 2) E . de F . C en tral da Bahia, com
quanto ainda não resolvida totalm ente, procura uma 315,943 klm s., sendo a lin h a princip al de S. F e lix
solução log ica e pratica, liga nd o as redes do Pará, a Machado P o rte lla e ramaes de S. F e lix a Feira
M aranhão e Piauhy, á Viação Cearense, que se com­ de S. Anna e Queim adinhas a Bandeira de M e llo .
põe de duas estradas: B a tu rité , com 559,001 klms., 3) E de F. Bahia a .Minas, de Ponta da A reia a
percorrendo o estado de norte a sul, de Fortaleza a Ladainha, com 441,735 klm s. A s linhas em cons­
Macapá, tendo a lin h a tronco, 513,235; Sobral, com trucçâo destas estradas são, approxim adamente, no
373,493 klms.. de C am ocim a Crateus. Está também to ta l de 1.482,295 klms. Pelo plano dessas novas
em construcçâo o ram al de Itapipóca, da Estrada de construcções, como de outras já approvadas e que só
Baturité, destinado a lig a r as duas estradas. A Rêde se farão quando o governo entender conveniente,
de Viação Cearense tem a extensão to tal de klm s. se com pletará o quadro g e ral da viação bahiana, li-

o o o o o o 219 o o o o o o
LIVRO D l. IRO COMM/:MOR I I \ '<I ' e n aARIO DA

gando a C en tral da Bahia, com a E. de F . de Na- N o D is tric to Federal faz o serviço dos suburbios
zureth, e pro lo ng an do esta até encontrar a Baliia- e da zona -rural, não só na linha d o centro até Deo-
M in as, de sorte a u n ific a r a viação do estado, do doro, bem como nos ramaes de Santa C ruz, Para-
norte, do cen tro e do sul, entroncando com a de camby e M a ritim a . O governo está inician do as obras
M in as Cieraes. A E. de F . de N azareth, d o governo de electrificação das linhas de suburb io s, da linha
do estado, lig a N azareth, p o rto do reconcavo, so­ C entro até Barra do P irah y e dos ramaes de Santa
bre o r io Jaguarip e, a Jaguaquara, com 194,929 klms. C ruz, Paracamby, M aritim a e S. P aulo, m elhoram en­
e o ramal de Am argosa, com 26,755. Esta estrada to esse de tã o alta m onta, que não é preciso es­
serve a uma zona m u ito prospera, productora de fu ­ forço para encarecer seu m erito excepcional. O m o­
m o, café e m anganez e atravessa as florescentes ci­ vim ento do trafeg o, sobretudo na zona dos subur­
dades de Santo A n to n io de Jesus, Areia, e Am ar­ bios desta c a p ita l, exig iu-o imperiosamente, pois a
gosa. As suas linhas, como vimos, deverão em fu ­ tracção a vapor não mais satisfaz ás exigências do
tu ro se entroncar com a Bahia M inas, que se d irig e a trafego. Basta v e r que a média d ia ria dos trens de
T h to p h ilo O tto n i, nesse estado. Ha ainda a citar, suburbio, de b ito la larga, a ttin g iu a 286, o que dá
no sul da Bahia, a Ilhé us a C onquista, e ramaes, o in le rv a llo m éd io de cinco m in u to s entre dois trens.
com 82,750 klm s., e a de Santo Am aro, com 93,245, E, no entretanto, não é possivel atten de r, com regu­
servindo esse m u n icípio, que é a zona assucareira da laridade e c o n fo rto, o num ero d e passageiros que
Bahia. Vê-se, pois, que com pleto esse systema de procuram os trens suburbanos. Só a electrificação
m ais de 5,000 k ilom etro s de vias ferreas, não só resolverá efficientem ente o problem a.
todos os centros de v italid ad e da Bahia, Sergipe e A (.e n tra ! d o B ra s il, não só pela eonstrueçao
n o rte de M in as estarão fígados, como se com pletará de suas linhas, d e uma perfeição adm iravel, através
a un ião d o M aranhão a M inas, através dos nossos das m u ltipla s d ifficu lda de s tcchnicas, resolvidas nes­
sertões e do reconcavo hahiano a esse mesmo estado sas sumptuosas obras de arte, e n tre as quaes são
central, pela Estrada de Nazareth, dignas ac menção as do trecho de Barra a Belém, de
N o Estado do Esp irito -S an to, a viação ferrea, 28 m ilhas e uma differença do n iv e l de 1.100 pes,
com 609,37 klm s., é fe ita pela E . de F . V ic to ria -M i- galgando a Serra do M ar, com 16 tú neis, dos quaes
nas, que atravessa o seu te rr ito r io em 206,400 klm s.; o m aior é o T un el Orande. Não é preciso mais do
pela linh a de V ic to ria á divisa com M inas-Qeraes, na que o lh a r o traçado da estrada para ver o p ro d ig io
extensão de 206,400 klm s. e pelas linhas da Leo­ de engenharia, que representa, e que ta nto honra
p o ld in a R ailw ay, no to ta l de 402,976 klms., que vão os nossos profissionaes, pois a C e n tra l é ob ra ex-
dos lim ite s flum inenses, em Santo Eduardo, até V i­ clusivamente brasileira. A sua organisaçáo é também
ctoria, com um ram al para o sul de M inas Oeraes. m odelar, quer pela pontualidade, inte nsidade de circu­
N a cidade do R io de Jan eiro têm po nto inicial lação, etc. È bastante, para com provar o asserto, c i­
as duas m aiores estradas de fe rro do paiz, a Es­ tar os seguintes algarismos, extraídos do re la to rio
trad a de F e rro C en tral d o B ra s il e a Lcopotaina do Sr. D ire ctor. Em 1920 fo ram form ados 276,114
R ailw ay, aquella da lin .5 > e esta de uma companhia trens, sendo 754 a média d ia ria , contra 680, em
inglesa que tem a sua denominação. A E. ie I . 1919, ou seja m ais 10,8 "o . Destes cum priram os seus
C en tra! do B ra s il, a c ujo h is to ric o já tivem os en­ horários 97 ®o dos trens de carga, 89 »u, dos m ix ­
sejo de fazer lig e ira referencia, conquanto seja, em tos, 98,2 «i. dos de suburbios e pequeno percurso;
num ero de k ilom etro s , in fe rio r á Le op old !na, é a 87 >•„ dos rap id os e expressos de S. Paulo e linh a do
estrada mais im p orta nte do paiz, de cuja viação fe i- C entro e 80 ®i> dos expressos de linha A u x ilia r. O
rea representa 8,5 “ o, sendo sua extensão de klms. percurso to ta l dos trens fo i de 14.102.34b klm s.,
2,438,518. Da Praça da R epublica, onde tem sua contra 13.045.103, em 1919, ou seja o accrescim o de
estação central, partem as duas linhas principaes; 7,4 <>«. O num ero de suas locom otivas é de 531 e de
Linha do C e n tro , que vae até Pirapóra, em M inas- seus vagões de 5.374. O percurso to ta l de carros e
Cieraes, e a L in h a de S. P a ulo , que lig a o Rio a vagões fo i, em 1920, de 260.084.700 klm s., contra
S. Paulo. Estas duas linhas correm indivisas até 246.194.401 em 1919 ou seja o co n ju n cto de 5,6 «o.
Barra do P irah y, onde se separam, indo a do C en­ A sua receita bruta k ilo m e tric a é de 23 :8 3 1 *0 9 0 rs.,
tr o para a d ire ita e a de S. Paulo, para a esquer­ fig u ra n d o em 3.° log ar entre as estradas nacionaes.
da. Ambas estas linhas troncos se esgalham em vá­ Taes são os indices da potência dessa grande estrada,
rio s ramaes, sobretudo a do C entro, ind o um delles, que liga os m aiores centros do Brasil e que, em
com b ito la larga, a B e llo -H o rizo nte . A extensão ele fu tu ro , quiçá não rem oto, levará a Belem do Pará
suas linhas p e lo D is tric to Federal e estados percor­ as linhas, ju s tific a n d o plenamente a sua denom ina­
ridos, se discrim in a desta fó rm a: ção.
Leopoldina R ailw ay, que é a m aior estrada de
isims. fe rro do Brasil, estendendo suas lin h a s p o r 2.945,825
106,726 kilom etro s, servindo os Estados d o Rio de Janeiro, Es­
735,1 10
São Pau i tP
Minas-Oeraes . .
': 290,110
p irito Santo e M in as Oeraes, além do D is tric to Fe­
deral, onde a m aior parte delias tê m inicio. Esta gra n­
1.306.512
de estrada é explorada pela The L e op old ina R ailw ay
2.438,518 C om pany, L im it eu, fundada em 6 de Dezem bro de
1897, encampando os serviços da E. de F. Leopoldina,
Q uanto á natureza das suas linhas, classificam-se: E de I . Macahé a Campos, E. d e F. do N o rte e E.
de F. Campos a C arangola e pequenos ramaes. É uma
Klms. poderosa companhia inglêsa, c ujo s capitaes se to ta­
Principaes 1.561,796 lizam em mais de L 15.000.000. send ) a m aior das
Ramaes . 865,320
Circulares empresas viarias extrangeiras d:> Brasil. Serve a uma
11,402 grande zona dos citados estados, fazendo transporte
2.438,518 sobretudo de café, além de cereaes e ou tros productos
naturaes das grandes circunscripções que atravessa. As
As b ito la s são: suas linhas são concedidas pe lo G o verno F ederal, com
e sem garantia de ju ro s e pelos estados do R io de
Janeiro e de M inas-Qeraes, da fó rm a seguinte:
1.1 10.001 Klms.
1.264,740 I Com garantia 183,322
63,774 .006,552.
o do "río8"™ " * 991,612
2.438,518 762,339

*
O O O 220
-"FABRICA P.K LOUÇA SAETA CATEIA M MAX
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IM A ..ÍM rjR E r,E A . ® - J L < 3 P iL B S E A ÍtffiA
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Fabrica de Louça Santa Catharina Sociedade Anonyma


Agua Branca — São Paulo.
IN 1)1 PI: N I i t NCIA HA EXPOSIÇÃO INTERS ACIONAI.

As linhas da Le o p o ld in a atravessam o D is tric t» da ao Estado de M inas Geraes. A rêde sul-m ineira


Federal, cm '20,103 k lm s .; o Estado do R io, cm era explorada pela Com panhia de Estradas de F erro
1.372.226; o d o E s p irito Santo, em 402.Q76; c o dc Ecderaes Brasile iras, em 1.080.802 k lm s . pela Com­
M inas-Geraes, e;n 1.150,517. N o D is tric to Federal suas panhia M ogyana de Estrada de F e rro e Navegação,
linhas são da P raia Form osa a M e rity , com 20,103 em 232,223 klm s. de concessão fe de ra l, e 51,008, (R a­
klms., fa /en do o serviço de suburbios. A sna rêde flu ­ m al de P iran gu inh o a P a raisopolis) de concessão es­
minense m in eira é com posta pelas seguintes linhas: tadual. Este ram al fo i incorporado á rêde que era ex­
U nh a de M u ria h é e P rolo ng am en to de Manhuassú plorada pela C . F . F . Federaes, que fo i encampada.
orni 520 klm s.; U n h a de C a n la g a llo . de N ic te ro y a A rêde da S u l-M ine ira é a seguinte:
P o rtella, com 230 k lm s .; U n h a do l i t o r a l , de N icte­
roy a Campos e dahi a V ic to ria , no E s p irito Santo, a) concedida ao Estado de M in a s :
com 307 klm s. e de N icteroy-C am pos-M iracem a. com
420 klm s .; U n h a N o rte , da Praia Formosa a Pctro-
polis, com 62 km s. e U n h a de C arangola, de N icteroy l inha Tronco - Cruzeiro a Tayuty . . . . 360,435
a Po rcilinctlla , com 443 klm s. Estas linhas são estra­ Linha <lc Sapiicahv Sapucahv a Bacpcmlv . 209,520
das de concessio fe de ra l e estadual. A rêde m ineira Linha cie Bacpcmlv Rac-pcncly a Passa Tres 201,718
Ramal cie Campanha ............................................ 85.070
se compõe de tres grandes linhas da Praia Formosa e Ramal dc A lft n a s ................................................ 7,578
são: l i n h a • O rà o -P a rá , S e rra ria e ('e n tro , até Saúde, Rama! dc- Tres Corações a l a v ra s ................... 11,562
com 503 klm s .; U n h a C e n tro , até U bá. com 365 klms. Ramal dc Paraiso p o l i s ......................................... 51,008
e U nh a d o M u r ie h f e P rolo ng am en to de Manhuassú. 1.141,8(10
com 520 klm s.. afora os ramaes. Estas linhas ligam
entre si não só as capitaes d o Estado do R io de Ja­
neiro á d o E sp irito -S an to. be;n com o o D is tric to Fe­ b) a cargo cia M ogyana:
deral ao in te rio r de M in as e também ao Estado do
Rio, passando p o r grandes e florescentes cidades des­
Prolongamento dt- Tuyuty a Pratapolis 202,785
ses estados, taes como P e trop olis. Campos, F rihur- Ramal de jacuhy (Oiiaxiipc a Biguatinga) 20,438
go. Macahé, São Fideles, C arangola. Miracema, Santa
M aria M agdalena. n> E. d o R io ; Juiz de Fóra, Ubá, 232,223
Viçosa, Ponte Nova, M a r de Flespanha, Saúde, Cata-
gua/es. cm M inas, e V ic to ria , Ita p im irim , Vianna, Ma- T o ta l do trafeg o:
th ild e. M un iz F reire, Cachoeira. Alegre, no E sp irito
Santo. O systema da L e op old ina é um dos grandes
Hm Minas (ierae- .225.160
vchictilos do progresso cconom ico dos estados a que No Estado do Ri. 123.031
serve, trabalh an do com 230 locomotivas, 316 carros Em São Paulo . 24.020
de passageiros e 2.501 vagões. A média dc passagei­
ros tran spo rtad a a n m n iin c n tc pela Leopoldina. no dec- 1.373,023
cenio 1011-1020 fo i de cerca dc 6.813.050, havendo
os algarism os sub ido de quasi 3 I 2 m ilhões em 1010 Esta estrada, que atravessa em pequenas exten­
a 10 1 2 m ilh õe s cm 1010. A tonelagem media de sões os Estados do R io e S. Paulo, é o grande
cargas transportadas nos seus vagões, entre 1010 e vehiculo da zona adm irave! que é o sul de M in as. A
1010 fo i de 1.276,600. subindo os algarism os de ap- ntá adm inistrava,) da companhia encampada retardou
proxim adam ente 805.000 toneladas, em 1010, a .... o desenvolvim ento dessa im portante fe rro -v ia . que en­
1.S42.000 cm 1010. A sua receita bruta k ilo m c u ic a é tronca na C e n tra l ent C ru zeiro, na lin h a de S. Paulo.
dc 0 :2 0 6 *0 2 3 rs. A sua receita bruta kilo m c tric a é de 4 :1 2 0 *7 8 8 r«.
S ervindo também ao Estado do Rio, em 111,000 Para com ple tar o systema d o D is tric to Federal.
klm s. e a M inas-G craes. em 1.808 377 klm s:. destaca- Estado do R io c Minas, cujas grandes linh as já men­
se a E s /"id a de F e rro Oeste de M inas, com 1.020.657 cionamos. cabe-nos re fe rir, a E. F . R io d o O uro,
klms. em tra fe g o , e1adm inistrada pela União. N o te rri­ com 142.263 klms. em trafeg o, inc lu s iv e um trecho
to rio flum ine nse quando chegar até Angra dos Reis, de trafeg o coinmitm com a linha A u x ilia r da C en tral,
terá 150 klm s. entre o lito r a l e a Serra da M an­ que faz parte do serviço suburbano do D is tric to Fe­
tiq u e ira . cortando a Serra do M ar e o va lle do Pa- deral e serve an te rrito rio flu m in e n s e em 84,433
rahyba. E n tran do em M in as Geraes, percorre, conto k lm s .; a E. F . do Corcovado, no R io de Janeiro, com
indica sua denom inação, a parte oeste do estado, indo 3.824 klms.. que galga o pico dessa m ontanha, es­
até Paraopeba no v a lle d o rio deste nome. e P atro­ tando electrificada c incorporada á lin h a fe rro -ca rril
cinio, na zona do R io dos Velhos. As suas linhas da 7 he R io de Janeiro l i g h t and Pow er C. l t d . ;
principaes cm M inas, são: a E. F . de ThercsopoHs. com 33.820 klm s. que. de
N ic te ro y vae a essa m aravilhosa cidade na serra dos
Klms. O rgaos: F de F de M aricá e p ro lo ng am e nto , com
130.472 klm s. e a linha de Resende á divisa de SSo
Sitio a Paraopeba.................... Paulo, com 28.356 klm s.. todas no E. do R io ; E. F.
Lavras a Barra Mansa 285.251
Alvaro Botelho a Formiga 136.853 S Paulo M in a s , das divisas de M in as a S Sebastião
Divino polis a Bello Horizonte . 158 816 do Paraiso. com 30,600 klm s .; a E. de F. d e Goyaz.
Divinopolis a Oarças . . . 142 585 no trecho de A raguarv á divisa do estado, com 52.682
Formiga a Patrocinio . . . . 356,270
klm s. c a pequena E. F . M o rro V e lho , com 8.000
klms.. em M in as Geraes.
As estradas de fe rro de S. P a ulo têm uma situa­
Esta u ltim a lin h a era da E. F. Goyaz e fo i in ­
ção p rivile gia da , porquanto atravessam a zona ‘ca-
corporada á rêde m in eira da Oeste. A Oeste de
M inas é um a das nossas estradas de penetração, per­ fccira. auferindo, portan to , os mais extra ordin arios
correndo zonas ainda pouco povoadas de cuja civilisa - lucros, com o transporte do p ro du cto base de nossa
economia. Assim a ,S. Paulo R a ilw ay , a PanPstn, a
ção e progresso tem s ido fa ctor ponderável. O seu
m ate ria l rod an te é de 142 locomotivas. 1 5 3 -carros e M ogyana e a Sororabana apresentam receitas vu ltu o ­
sas. com os mais compensadores saldos. A S. P a u'o
1.050 vagões. Suas linh as se entroncam nas da Cen­
R ailw ay é um a estrada colle ctora p o r excellenda pois
tra ! do H r a s i I. A sua receita bruta kilo m c tric a é de
a Paulista, a M ogyana c a S o rorabana lhe são tr ib u ­
5 :01 5*0 33 n .
Se rvin do ainda aos do is estados, ternos .a Rêi/e ta rias, recebendo c ila o café uue essas vias trazem
S a l-M in e ira , encampada, pelo governo fe deral, ent a Jundiaiiv, C am pinas e S. Paulo, para tran s po rtar a
31 de Dezem bro de 1020. e pelo mesmo arrenda­ Santos Seu desenvolvim ento é de 130 466 klm s. de

O o o o o o 221 o o o o o o
LIVRO DE IRO COMMI MORA TIV CENTENARIO DA

m ite Jundiah)'-S. C arlos, é de lin h a dupla e está


Santos a Jundiahv, com a b ito la de Sua admira-
vel situação financeira se reflecte sobre o apparelha- ele ctrifica do , representando esse serviço um commeti-
m ento de grande v ulto , dos m aiores que realizamos
m ento technico da estrada, que é o m elhor possível,
com as mais perfeita s obras de arte, na Serra do Cuba- nessa m ateria Para se dizer da prosperidade da Pau­
tão, como o V ia du cto da grota Funda, que mede 215 lis ta , cujos trens correm horas e horas por entre ca-
m etros de com prim ento. Esta estrada, aberta ao tra­ fésaes, basta citar os algarism os de seus saldos no
fe go em 18b7, de propriedade inglesa, é «um exemplo u ltim o quinquennio 1916-1020:
extra o rd in a rio de excepcional successo financeiro dc
a pp l i cação no B ra s il de capitaes extrangeiros Os sal­ 1010 16.084:441*000
dos liqu id os dessa empresa mantiveram-se até 101b, 1017 16.654:3078000
com excepçâo apenas de 1014. em niyel sup erior a 7 10IS 12.041:765*000
sobre o c a p ital reconhecido, de C b.b38.802-15-11. 1QI0 ' . . 12.215:300*01Hl
1Q20 . . . 14.826:522*000
baixando a esse n iv e l em 1017 e ficando-lhe abaixo
cm 1018 e 1010. Esta estrada é a estrada de ouro
do B rasil Já se cog ita de sua electrificação. A sua re­ Desde sua fundação em 1872, nunca d e ixou de
ceita bruta p o r k ilo m e tro , de 124:578*545 c a m aior d is trib u ir dividendos, te ndo sido o m enor de 7 % lio
das estradas b ra sile ira s e, para m ostrar o sign ificad o anno da fundação, e o m aior de 18,50 "o .
desse algarism o, basta lem brar que a da C entra1 é de A outra grande fe rro-via de S. Paulo é a .Vfo-
23 :8 31 *00 0. Em S. Paulo, a sua im ponente Estação gyana, cujas linhas, em tra fe g o são de 1.921,385
da Luz é tid a com o a prim eira da Am erica do Sul.
klm s.. sendo de:
A segunda grande estrada é a Pa ulista , com
1.280,007 klms., sendo suas linh as principaes:

Concessão paulista................................................. 1.077,803


Jundiahv a S. Carlos Concessão fe d e ra l................................................. 802.686
Rio Claro a Barretos Concessão m in e ira ................................................. 13,806
Santa Rita . . . .
Descalvense .
As de concessão m ineira estão como vimos, in­
corporadas á Rêde S u l-M in e ira . As suas linhas su­
As duas princip ae s linhas se esgalham em va­ bin do de Campinas vão até as divisas com Minas
rio s ramaes, Descalvado, Santa Verdiana, Baldeação Geraes, atravessam esse estado na zona d o triân gu lo ,
e S Barbara, naquella, e Jahú, Agua Verm elha, R ibei­ passando por Uberaba e entram em Goyaz, tendo
rão B onito, Agudos, Baurtí e M ogy-Guassú. nessa ponto term inal em C atalão. As suas seis linh as são:
A linha R io-C la ro -B arreto s se prolongará até P o rto T ronco e ramaes: R io Grande a Caldas, C atalão, Ra­
Prado, nas margens do Rio Grande, e lim ite com M i­ m al de Graxapé (trecho M in e iro ) Rêde de Viação
nas Geraes. O trech o Jundiahy a Campinas, no l i ­ Sul M in eira e Igarapava a U beraba. Dos seus ramaes

o o O

PAVILHÃO NORUEüUEZ — VISTA INTERIOR

o o o o o o 222 o o o o o o
alg u n s vão a M in as e outros fazem a couimunicaçáo
de M orretes a A ntonina, numa extensão to ta l de
com a zona üa P a ulis ta , em eujas linhas as de Alo- 407,001 klms., em que se encontram innumeras obras
gyana entroncam . As suas receitas são fo rtes , com de arte, que constituem um m o tiv o de ju s to o rg u lh o
saldos compensadores, sendo o serviço da C om pa­ da engenharia bra sile ira , e a E. P. N o rte do paraná,
nhia m u ito aperfeiçoado. C on ta em breve trazer a de C urityba a R io Branco, com 43,397 klms.
Santos suas linhas, num ram al que desça de M o g y -M i- Em Sanla C ath arina , afóra a São P a ulo -R io G ran­
rim . As suas o ftic in a s em C am pinas são modelares d i , com seu im p orta nte ramal de São Francisco a
P o rto U nião, ha a P. p. Santa C ath arina , com klm s.
fe riores aos extrangeiros. 69,700, e a E. P. Thereza C h ris tin a , com 118,096
A qu arta grande estrada paulista c a Sorocabana, klms., de Ib itub a a Lauro M ü lle r, de T ubarão a Ara-
que, p a rtin d o da cap ital, se d irig e para o oeste dó ranguá e o ram al de Laguna, servindo! á zona carboní­
estado, ind o sua linh a para a fro n te ira de M a tto - fera desse estado, no valle do Tubarão, o que im ­
(iro sso, em P o rto T ib iriç a , c a o u tra para a fro n ­ porta em lhe a u g u ra r o m aior e m ais prospero fu turo ,
teira d o Paraná, em S. Pedro de Itararé, e uma outra lo g o que a exploração do nosso carvão tenha a ttin-
até Bauru, po nto in ic ia l da N b r oeste do B ras il. Ser­ g id o ao desenvolvim ento para que tende e que é l i ­
vindo uma. grande zona do estado e communicando-o c ito esperar.
com os estados visinhos do sul e do oeste, a Soro­ N o R io G ran de do Sul, o systema via rio é re­
ri,bana se extende por 1.709,083 klm s. de extensão, presentado por um a rede de viação, de 2.252,791
cm linh as tron cos e ramacs. Destas são de concessão klm s., que era até 1920, explorada p o r concessão fe ­
federal, 775,037, sendo de concessão paulista 933,426. deral, fe ita á C om pagnie A u xiU a ire de Chemins de
Suas linh as entroncam nas de S. P a ulo -R io Grande. Per au B té s il, te ndo sido nesse anno encampada e
Ha ainda a m encionar em S. Paulo as seguintes transferida sua exploração ao governo do Estado do
estradas: t . p . N o rte de S. P a ulo (A raraq ua ra ), com R io Grande d o Sul. Compõe-se de tres linhas prin-
229,139 klm s. de Araraquara a S. José do Rio P reto; cipaes e vários ramaes, liga nd o os grandes centros do
í . P. D o u ra d o , com 273,368 klm s. com as linh as R i­ norte, do oeste e do sul do estado, através de suas
beirão B o n ito -B a riry e R ibeirão B o n ito -lb itin g a e o m aiores cidades A rêde é form ada pelas seguintes l i ­
ramal de T a b a tin g a -lta p o lis ; E. p . Itatibe nse , de Lou- nhas: Linha tro n c o de P o rto -A le g re a U ruguayana,
reira a Ita tib a , com 20,097 k lm s .; t . F . Punilense, na fro n te ira argentina, passando por Santo Am aro,
prolongam ento de C arlos B otelho a A rth u r N ogueira, R io Pardo, Cachoeira, Santa M aria, Cacequi, A le ­
com 94,263 klm s .; f . P. C am pin eira, de Campinas grete e find an do em U ruguayana; R am al de paredão
a C ab ra l c ram al, com 41,444 klm s .; t . P. Santo e linh a de ligação á margem do T aq ua ry; L in h a de
A n to nio de Jur/u id, de Santos-Juquiá, com 159,482 N ra s ta dt a T aq ua ra ; l.in lr , de M on ten eg ro a Caxias,
klm s.; tra m w a y C an tare ira , com 43,000 klm s .; Ele- passando por G a rib a ld i e Bento G onçalves; R io / ‘a r­
c triro de Santo Am aro, com 13,160 klm s .; M e lh n a ­ do a Santa C ru z ; Santa M a ria a t ru g iin y , lin h a que
men to s d o M o n te A lto . com 18,000 k lm s .; E. P. se dirig e ao norte, até a fro n te ira de Santa C atharina,
Pcrús-P irap oru , com 16,000 k lm s .; E. p . pasenda onde encontra as linhas da São P aulo-R io Grande,
D um on t, de R ibe irão a D um ont, com 24,000 k lin s .; passando por C ru z A lta e Passo F un do ; Cacequy ao
P. P. Jabot n a b a l, de Jaboticabal-Lusitana, com 27,200 R io Grande e ramaes, liga nd o a zona sul do estado,
klm s.; /. p . Cam pos do Jordão, de Pindamonhangaba possivelmente a m ais rica e prospera, através das ci­
a V illa Jaguaribe, com 45,820 k ln W , e a Sul Paulista, dades de São G a briel, Bagé, Pelotas e Rio Grande,
de V illa Lco po ldin a a Jequitibá, com 15,820 klms. qne é o escoadouro do estado; Entroncam ento a Santa
Por fim , re fe rirem o s as estradas São P a u lo -à o y a z , com Anna do L ivram e nto , passando p o r D . P e d rito e indo
146,000 k lm s .; a /;. P. São P a ulo a M in as, de Bento até a fio n te ira com a R epublica O rie n ta l d o U ru ­
D u irin o a São Sebastião do Paraíso, com 136,600 guay. C om pletam o systema gaúcho, as seguintes es­
klm s.; c a p . N oroeste d o B ra s il, que é um a das tradas, independentes, porém , da rêde que acabamos
nossas grandes redes de penetração, com 1.272,236 de re fe rir: Quarahim a Ita q u i, coifi 175,597 klm s.;
klms., pa rtind o de Baurií pe rcorre o te rr ito r io paulista ,1
lin q u i S. B oi /a . com 123,870; C ru z A lta n S.
até Jupiá, ii i rio Paraná, numa extensão de 462,424 Angelo, com 75,500 klm s., to das no oeste do estado,
klms., c entrando depois no Estado de M atto-G rosso, com fins estratégicos, fin s que aliás têm também as
vae a P o rto Esperança, nas barrancas do rio Paraguay, demais estradas d o estado, cuja posição o torna de
depois de pe rcorre r seu te rr ito r io cm 837 klm s. £, grande im p ortâ ncia na defesa n a c io n a l; C arlos Bar­
puis, uma das estradas de m aior alcance «no desen­ bosa a A lfre d o Chaves, com 22,000 klm s .; Taquara
vo lvim e n to do sertão de S. Paulo e dos campos do ao C anella, com 40,000 k lm s .; e P o rto -A le g re a Tris-
sul de M a tto G rosso, como também destinada ao ser­ lesa. com 11,980.
viço fu tu ro de uma vasta região do Brasil central, Falta-nos sómente cita r as estradas de Goyaz,
do n o rte puraguayo c do este b o liv ia n o ', para citar para com pletar esse rap id o escorço, ind ic a tivo ape­
ainda palavras do m in is tro P ires do R io. Esta estrada nas. da viação ferrea no Brasil. Nesse estado, ha
é adm in istrad a pe lo go vern o federal. 181,179 klm s. de estrada de fe rro E. P. de Goyaz
De São P aulo, nos lim ite s com o Paraná, parte a da fro n te ira de M inas a Roncador, e de G oyandira
/: / São P a ulo -R io Grande, que atravessa o Paraná a Catalão.
e Santa C nth arina , de n o rte a sul, indo encontrar Por essa enumeração dos systemas e das estradas
suas linh as as da viação g e ral sul riograndense, de­ fe rro-viarias do Brasil, suas intenções e p o s sib ilid a ­
pois de um percurso de 883,206 klm s. de linh a tronco. des, bem com o pelas indicações dos quadros que acom­
A to ra esta, a São P a ulo -R io Grande tem as seguin­ panham esse estudo, vemos que o desenvolvim ento das
tes lin h a s: Serrinha a N ova Restiga, no Paraná, com estradas de fe rro , quer para as construcções, quer para
44,980 k lm s .; RumaI de Paranapanem a, de Jaguariahv- a conservação e prosperidade, é funeção da economia
va a C o lo n ia M in eira, com 32,960 klm s. e a São regional. São Paulo, que representa cerca de dois
P ia ne isro a P o rto U niã o, em Santa C atharina, com terços d o v a lo r economico nacional, tem a m aior,
162,288 klms., representando essa u ltim a linha um mais perfeita e lucrativa das nossas rêdes viarias. A
fa ctor ponderável e im p orta ntíssim o na economia ca- nossa p o litic a , no attinente ao assumpto, não é inú­
th arinense. Tem , pois, essa estrada 1.444,434 klms., t il rep etir, tem sido incerta e variavel, aggravando
representando não só um grande v eh iculo economico, as demais d ifíie uld ad es dessa exploração. O systema
hem como estratégico, pois é a unica communicaçâo de concessões não parece o m elhor. Tanto assim, que
pela qual se póde ir do R io de Janeiro ao extre m o sul. fo i o governo, ultim am ente, o b rig a d o a fazer varias
No Paraná ha ainda a P. P. do Paraná, de Pa­ encampações, como as da rede do R io G. do Sul, da
ranaguá a Ponta Grossa, passando por C u rity b a , e Su l-M ine ira , da São L u iz a C axias, da N orte do
com um ram al a Serrinha e R io N eg ro e outro Brasil, da de G oyaz c da Theresopolis, a fim de at-

o o o o o 223 O o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

tender aos reclam os das zonas que m al serviam e aos Tramway dc S. Amaro . .
interesses narionaes que assim o exigiam . É lic ito , E. dc r . Campos d.i joulào 45,820
iguahnente, levar a conta de taes irregularidades, a » » Monte Alto . . . 18.000
Jahoticahal . . . 27,200
crise fina nce ira p o r que tiveram de atravessar nossas
estradas de fe rro , devido á guerra, e que teve uma
intensidade sem precedentes. Não é aqui, porem , o
logar para d is c u tir o assumpto. Quizem os, apenas,
m ostrar que o nosso esforço, no sen tido de appare-
llia r o paiz com um systema fe rro -v ia rio que satisfaça
ãs necessidades de sua economia e defesa, tem sido
constante, s o b retu do depois que a R epublica iin p ri Rede Viação Ferrea 2.252,701
E. de F. Quarahim a
m iu um s urto novo na vida bra sile ira , já a aspiração a S. Horja . . 200.11,7
de lig a r o sul ao norte do paiz está em via de pró­ E. dc F. Cruz Alla a
xim a realização, podendo esse facto c o n stitu ir um
dos m ais fo rte s attestados de nossa capacidade cons-
tructora, para apresentarmos ao m undo, na grande,
na glo rio s a contm einoraçâo que celebramos.

QUADRO GERAL DA VIAÇAO FERREA DO BRASIL Resumo das linh as em tra fe g o qu an to á p ro ­


priedade:
EXTENSA» EM KII.OMEIKOS
ESTRADAS
Klm t
á União . 15.917,421
aos Estados 2.813,429
t0 .142,955

Discrim inação p o r b ito las das e x te n s V s e.n tra ­


fego:

llil"h :

1.60 1.615,661
1.44 22.160
RELAÇAO GERAI. DAS ESTRADAS DE FERRO Loo • 9,335
25.784,91 I
1X7 BRASIL 723,117
8,000
631,976
Mixta 78,342

II) 1,260
82,130 D iscrim inação das estradas de fe rro , por k ilo ­
115,752 metros em trafego, pelos estados:
151,001)
26,000
932,401
I 47,358
37,690
E. de I Recife ; 1.617,017
9,335

llhéos
Itabapoana a Bom Jc, 14,200
do Corcovado . . . 3,824
» Thcrcsopolis Bahia
M a r i c á ................... 33,820
Rede da Companhia Lcopaldina 130,427 Districto Fedei aI
2.935,825 Rio de Janeiro
38,810 Minas Geraes
2.438,518 São Paulo . .
127,676 Paraná . . . .
Oeste de Mini 1.920.657
til-Mii» Santa Catharinn .
de F. Lorcna a Itajiibá 1.374,023 Rio Grande do ;
Morro Velho . 20,000 Malto Gross) . .
8,000
234,461
Paulo^ ifaílway . 1.921.385
247,3
1.283,097 Marcha progressiva de construcçâo desde 1854,
Noroeste do Bia 1.709,OS I data do seu inicio, até 1921.
» Dourado . . . 1.273. ISO
São Paulo-Goya? 273,368
Funilense 146,000
” » São Paulo-Minas 94,263 Em trafego Aug.nento
» Itatibcnse . . . . . 136,600
Norte de S. Paulo (A ranqiúraj Kilnts. Mis. Kilm t.
» ' Santos a Jiiquiá
Ramal Ferreo Campineiro 1854 14 — 500
1855 . II 501)
1856 . 16 — 190

O O O o o 224 o o o o o
CONSTRUCTORES ( i CARPIN TARIA
: C IV IS v»
Fa br ic an Te s de M o veis SERRARIA «VAPOR'
Ity lG O J -y V o p i/C O J - EXPORTADORES
C a s a F u n d a d a e m 1861 inltSBOA , PoKTC
1/33 TRAV BENJAMIN CONSTANT J tI jalho I ahanhão .

B R A S IL

EEKEIKA.

~ r r lir r -
I
IIIIIIIIIIIII! i
■PENDE.NCIA h DA FXPOSIÇAO IN TFRNACIONAI.

ISsl'ÍISBlÍãSSSS5sS3S*iS3ãs5gg§ f s|
s5SS53SSIs“5Sg=IIl!!ilsga=Íll!? 1
100 A N N O S D E C O M M E R C IO E X T E R IO R

M jly P B R A Z IL nestcs cem annos de vida in- N o p rim e iro decennio da nossa independência,
dependente deu ao m undo uma pros .1 is to é. no periodo de 1821 a 1830, accumtilavamos um
] el oquent e da capacidade de seus filhos. v alô r de 213 m il cantos para a exportação e de
tira n d o do seu p re vile giad o sóla os re­ 265 m il contos correspondentes ás nossas compras
cursos inesgottaveis com que a natureza o dotou. no e x te rio r, totaes esses que, convertidos cm ouro
Esse juiz o form ulam os não nor sim ples suppozi- £ produziram as sommas de 38.997.000 C para a
çâo c sim pela demonstração que nos deixa a leitura exportação e de -12.506.000 C para a im portação.
dos seus algarism os dc com m ercio e x te rio r nestes Fsse b rilh a n te resultado, o b tid o lo g o na p r i­
cem annos, c dos quaes vamos nos occupar. fazendo m eira decada da nossa emancipação, pro veio do facto
uma analyse d o que os mesmos nos dizem. de te r logo o nosso G overno procurado inte nsifica r
Antecedendo ao anno da nossa independência as nossas transacçòes com m ercial's celebrando um tra ­
isto é em 1821 já o nosso Paiz fazia uma expor­ tado dc com m ercio com a França em 26 de Janei­
tação c u jo valôr excedia a 25 m il con to s; accuzando ro de 1826; o u tro com a Prussia, realizado em 9
a importação um to ta l um pouco acima do da ex­ de Julho de 1827; conseguindo também em 12 de
portação. O café figurava com 105.38b saccas de Dezembro de 1828 celebrar um tratad o com os Es­
5 arrobas e o v a lo r de 6025 reis cada uma. tados U nidos e fin a lm c iitc refo rm a r em 17 d e Agos-
O O O o o

PAVILHÃO BBLQA FABRICANDO RENDAS

O O O O O 226 O O O O O O
' t AiAHIO DA IN U EPE N DtNC IA L DA EXPOSIÇÃO

to ilc 1827, o tratad o que havíamos celebrado com


vim ento nas sahidas para o e x te rio r conform e sc
a In glaterra cm 1810.
verifica do seguinte quadro:
D evido a essa circunstancia, o quadro dos nos­
sos principacs productos de exportação nesse decen­
nio expressava-se com os seguintes valores e quan­ 7 nncladas los de reis
tidades: Algodão ........................ III.m 36.133
Assucar........................... 1.001.013 130.178
C-acá" . .
< ouros c prlli". . . . 12.056
Toneladas los de rris
. . . . 12.230 8.693
A lg o d ã o ...................................... 122.173 18.510 Malic . . .
Assucar......................................... 179.851 78.385
Cac* ° ...................................... • 1.362 1.076
Couros e p e lle s ........................ 77.619 33.189 . . . . 57.850
F u m o ........................................... 12.109 5.759
B o rra c h a ...................................... 329 156
( ; a , í ........................................... 3.178 15.308 <> decennio entre 1851 a I8 b 0 podc-sc conside-
Diversos ............................................. 30.511 rar como um periodo aurco para o nosso Paiz, as-
signalando-sc a inauguração d o trafeg o dos prim eiros
109 kilom etros de Estradas de F erro e consequente
E ntre os annos de 1831 a 1840 verifica-se ain­
expansão do nosso com m ercio exterior, traduzido ua
da um notável augm ento em to dos os artig os, ele­
eloquência dos algarismos apurados e pelos quaes
vando-se a sua porcentagem a uma média de 45 o „
se verifica que o m ovim ento geral augmentou de
para a exportação, crescendo também o to tal das
cento por cento, não obstante a regulamentação dos
mercadorias im portadas as quaesapresentavam um
d ireito s aduaneiros decorrentes da Lei Alves Branco
valô r de 385.742 contos de reis contra 348.248 con­
Pôde-sc a ffirm a r que o decennio 51 60 fo i o
tos de reis ap urados para a nossa exportação. O au­
que deu in ic io ao desenvolvim ento apurado desse
gm ento da im p orta ção fo i assim de 49 “ o.
periodo para cá bastando saber-se que as suas per­
Nestes 10 annos reg istro u o assucar a m aior m utas ccmnierciaes accuzaram o considerável valôr
quantidade exp orta da , comparando-se com as sahi- de 900.534 contos de reis para a exportação, apresen­
das dos dem ais productos, cabendo entretanto ao café tando a importação o extra o rd in a rio to ta l de . .
o m aior valôr. 1.016.686 contos de reis.
As quantidades e valores ob tido s com a exp or­ A exportação que sc ve rific o u nesse periodo con­
tação dos nossos productos foram as seguintes: s istiu dos seguintes artigos, quantidades e valores:

Valôr em con- Valôr em con--


Toneladas tos de reis T oneladas los de reis
Algodão . . . Algodão 141.248 55.889
113.844 38.251
1.214.698 190.708
707.264 83.646 Cacio . . . .
Cac io . 35.192 9.191
16.558 2.093 Couros e pelles 164.346 65.158
Couros e pelle> 92.425 27.592 Fumo . . . . 80.126 23.719
45.454 6.690 Matte . . .
Matte . . . . 67.347 14.078
19.413 1.718 Borracha . . . 19.383 20.140
2.314 1.228 Café . . . .
Café . 26.253 139.390
9.744 152.429 Diversos . . .
Diversos . . . ----- 31.601 ----- 82.231

O decennio que se succede, assignala a inver­


N ô decennio acima, já o m atte começou a f i ­ são das posições até então guardadas entre a im p or­
gu rar no quad ro dos principaes artigos exportáveis tação e a exportação na parte relativa aos seus valo­
com uma m éd ia de 2 m il toneladas annuacs. res, mantendo-se d’ah i em diante essa situação de
Tendo sido extin cto s em 1844, p o r conclusão destaque que a nossa exportação passou a occupar
dos respectivos prazos, todos os tratados de com m er­ até a presente epocha, na qual nunca tnais cedeu o
cio que havíamos celebrado, foram pela le i Bernar­ passo a importação.
do de Vasconcellos un iform izad os os d ire ito s adua­ Nesse periodo a nossa producção fo i tã o consi­
neiros, fa cto esse que bem poderia te r cauzado uma derável que, reflectindo-se sobre os mercados ex­
depressão nas nossas transaeções commerciaes. En­ ternos, o rig in o u uma ta l procura c consequente ex­
tretan to, essa circunstancia em nada in flu iu para o portação que a mesma poude assim clevar-se a g ra n ­
natural rctra h im e n to que seria de esperar, dando-se de somma de 1.537.175 contos de reis, deixando
justam ente um m a io r desenvolvim ento nas nossas per­ atraz de si a im portação com o to ta l de 1.347.514
mutas commerciaes no decennio, as quaes apresenta­ contos de reis.
vam um va lô r de 487.977 contos de reis para a ex­ Para o augm ento verificad o no v a lô r da nossa
portação, te nd o havido uma im portação de 540.944 exportação, m uito concorreu a extra ordin aria pro cu­
contos de reis. ra do algodão em rama, o fum o e o café, e m aior
Dos pro du ctos exportados no decennio 1841 a seria o resultado o b tid o sc para isso tivessemos as­
1850 apenas o algodão fig u ra com m enor quantidade segurado uma m a io r exportação de assucar e ca­
em comparação com o perio do an te rio r. Todos os cao, os quaes infelizm ente apresentaram uma lige ira
demais a rtig o s exportados accuzain m a io r desenvol- depressão nas suas sahidas para o exterior.

o o o o O 227 O o o o o
LIVRO DE OURO C( IME/UOR/TIVO OO CENTENARIO DA

É preciso lem brar-se que to dos esses phenome- Chegamos finalm ente ao u ltim o decennio do re­
ik >s occorridos e n tre 61 a 70 nSo soffrerain siquer gim en monarchic©, o qual jun tam e nte com os ante­
as consequendas que seriam naluraes, decorrentes rio res, vae-se prestar mais a b aixo para um con fron to
do nosso estado d e guerra com o Paraguay, operan­ com o nosso periodo republicano até o anno de
do-se justam ente nesse espaço de tempo a m aior 1921.
expansão até então verificada na nossa balança com­ N o decennio 1881-90 já o nosso algodão não se
mercial. apresentou com o mesmo desenvolvim ento na sua
Talvez que seja esse um facto unico nos an- exportação, tendo havido uma baixa de 154.658 to ne­
nacs dos grandes acontecimentos mundiaes. ladas em comparação com as sahidas do decennio an­
No decennio acima re fe rid o a nossa exportação te rio r
em detalhe accuzou as seguintes quantidades e va- Os couros e pelles c ujo augm ento se operava de
decennio em decennio, soffreram tamhem entre 1881-
90, uma sensivel reducçâo. Felizm ente que o assu­
car, café, borracha, fum o e cacáo compensaram larga-
Toneladas los de reis mente a baixa verificada nos productos acima, dan­
Algodâo 288.Oi') 282.392 do ensejo a que a nossa exportação pudesse a ttin g ir
Assucar . . . 1.112.762 185.151 a summa de 2.411.006 contos de reis, obtendo-se um
Cacáo . . 33.735 14.182 saldo dc 309.709 contos de reis sobre a im portação
Ccuros e p rlli 212.394 ' 92.382 que fò ra de 2.102.297 contos de reis.
126.539 46.949
Os productos exportados nesse decennio accuz.a-
Matte 96.169 19.078
dcrracha 36.166 48.943 rain os seguintes algarismos:
Café . 28.847 695.352
Diversos ----- 152.746

Toneladas tos de reis


Chegamos agora ao perio do em que o nosso Paiz 227.778 102.120
Algodão
fez a sua m aior exportação do algodão, assignalando- 2.021.394 240.201
se entre os annos de 1871-80 a m aior quantidade até 73.627 39.376
hoje conhecida. Couros c pellcs 180.138 76.869
A crise que se m anifestou nas culturas egypcias, Fumo . . . . 198.831 66.207
Matlc . . . . 161.699 27.271
desviou a attenção da In g la te rra para o nosso a l­
Borracha . . . 110.048 185.490
godão, dando em resultado um ta l m ovim ento que 53.326 1.487.532
to do o algodão colh id o nesse perio do fo i adquirido Diversos . . . ----- 185.940
pelos m anufactureiros inglezes, elevando-se assim a
382.436 toneladas a quantidade exportada.
Nos dez annos acima referidos a nossa exporta­ Lxtra o rd in a ria fo i a apuração d o nosso m o vi­
ção fo i fo rtem en te im pulsionada pe lo extraordina­ mento de commercio ex te rio r nos dez prim eiro s an­
rio desenvolvim ento que se verificou na producção nos de Republica, deixando-nos m aravilhados com
de to dos os nossos principaes productos. os resultados que o mesmo apresentou.
Todos esses aceuzaram sensivel augment ) so­ le n d o encerrado o u ltim o decennio do periodo
bre o decennio anterior, originando-se d ’ahi o no­ monarchico com um v alô r de 2.411.006 contos dc
tável v a lô r de 1.963.718 contos de reis na exporta­ reis, os algarism os dos dez prim e iro s annos do novo
ção contra 1,621.251 contos de reis pagos a im p o r­ regim en elcvaram-sc assim á fo rm id á ve l somma de
tação. 7.349.258 contos de reis, crescendo também o valô r
O quadro seguinte, em comparação co:n o an­ da im portação que, de um to ta l de 2.102.297 con­
te rio r, deixa em evidencia o desenvolvimento acima tos de reis apurados para 1881-90. crescetam a . .
refe rid o: 6.397.324 contos de reis nos prim e iro s dez annos
do nosso actual regimen p o litic o .
Orande num ero de productos nossos tivera m os
seus preços augmentados, com pensando assim urna
A lg o d ã o ............................................ 382.436 186.661 lige ira queda observada nas quantidades exportadas
Assucar............................................... 1.685.488 232.905 de algodão e assucar.
C a c á o ................................................. 49.967 21.032 C oncorreram para o e x tra o rd in a rio s urto no­
Couros c p e l l c s ............................. 221.936 lOS. 163
F u m o ................................................. 176.535 tado no m ovim ento acima os seguintes productos:
M a t t e ................................................. 144.235 29.100
Diversos ............................................ 98.869
C a f é .................................................. 36.330 1.108.1 19
Borracha 60.225 1(17.9111

As 36.336 toneladas de café mencionadas neste


quadro, representaram um to tal de 29.246.176 saccas.
Comparandó-sc esse volum e com o da exportação de
1821 a 30 que fo i de 2.595.609 saccas, bem se pôde
avaliar o desenvolvim ento que teve, nos 50 annos de­
corridos, o consumo do nosso café.

O o o 228 o o o o o o
REIS, FILHOS, U da. — Porto.
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

D os algarism os referentes ao decennio IQíM-


Comparando-se a nossa exportação entre a epo­
101» apenas devemos destacar a q ue lle que se re­
cha do an tigo regim en e o actual, as differenças no­
fere a borracha, cuja exportação chegou a a ttin g ir
tadas são bem sign ificativa s conform e attestam os
cm certa epocha a um v a lô r su p e rio r ao que apuramos
eloquentes algarism os abaixo:
com o nosso café.
De 101» até os nossos dias a borracha, h o s tili­
zada pela pm ducçâo d o O rien te, passou a accuzar 1 1890 1891 1921
declínio nas quantidades e valores cahindo assim ao Valôr em con­ i r rm con­
7,- lu g a r, após ter-se m an tido no 2." plano p o r m u i­ Toivetadas los de reis \Toneladas tos de reis
tos annos. Algodão . . 1.387.529 750.295 751.230 644.885
Os demais productos apresentaram-se com os se­ Assucar . . 8.225.500 1.141.474 2.780.611 1.003.796
guintes valòres e quantidades: Borracha . . 233.158 365.774 904.656 4.873.762
Cacão 249.182 91.740 833.481 841.780
flour, e pelles 1.019.546 446009 1.075.005 1.389.891
Café (millsac-
Valôr rm ron- 174.805 4.129.629 337.902 16.337.188
Toneladas los de reis Mattr. . . 523.038 95.540 1.476.051 752.105
1 UOK-. 71 b. 124 225.629 1.519.413 747.236
101.881 172.511
648.110 101.112
246.018 227.584
Sc a nos sa analyse da exportação nos 10» annos
1.281,171 154.421
278.041 200.574 de independeincia poude se operar em todos os seus
485.770 228.657 detalhes, o mesmo já não podemos dizer da im p o r­
145.070 2.268.840 tação v is to que, a mesma só é conhecida em Seu mo­
110.500 4.170.817 vim ento, no que se refere aos annos de 1830-40, e
124.074
isso porque os trabalhos de estatística não foram
constantes, apresentando lacunas que tornam bem d if-
E n tre os annos de 1911 e 1921, surgiram gran­ fic il qualquer trabalho de co n fro n to que se queira
des m odificações n o qu ad ro dos nossos productos ra fazer.
exportáveis em consequência do desenvolvim ento que Sabe-se que no perio do de 1839-40 im portam os
se m anifestou nos nossos campos, em attenção ao 17.922 contos de algodão e suas m anufacturas; le­
a p p e llo do (io v e rn .1 no sentido de produzirm os o gumes, fa rinhas e cereaes n'un t v alô r de 3.090 con­
mais possível para abastecermos a Europa, presa da to s ; machinas, ferram entas, etc., com o to ta l de 1.508
fo rm idá vel lucta que fo i a u ltim a guerra. contos; carvão, cim ento, pedra e outros mineraes n’um
Assim , de 191-1 para cá vimos s u rg ir a procura to ta l de 545 contos e fina lm e nte o fe rro e aço e suas
das carnes congeladas, fe ijã o , fa rin ha de mandioca, m anufacturas com 293 contos.
arroz, banha, fru c to s para o le o e fructas para rnezaj Encontramos algarism os que se reportam a nos­
etc., productos esses que. reunidos, apresentaram logo sa im portação entre 1871 e 1872. Esses dizem que.
uma somma bem considerável. era ainda o algodão e seus artefactos o que mais
Segundo os alg arism o s offic ia c s , essa exp orta­ avultava na im portação, expressando-se a mesma em
ção con sistiu nos seguintes algarism os: 44.605 contos; o carvão, cim ento, etc., com 6.742
contos; os legumes, farinhas e cereaes com 6.630
contos; o fe rro e aço e suas m anufacturas com 5.145
Valôr em con-
I uneIndas tos de reis contos e fina lm e nte as machinas e fe rram entas com
3.041 contos.
Banha ................................................. 61.306 116.367 A estatística organizada em 1902 ainda accuzava
“ arnc em conserva e congelada . . 402.070 433.212
para o algodão o p rim e iro posto com um m ovim ento
2.775.500 225.542
291.609 189.804 dc 65.255 oontos, não só para o algodão como tam ­
Madeiras................................... 735.378 94.522 bém para as suas m anufacturas.
Farinha de mandioca......................... 158.420 53.050 Ao algodão, etc., seguia-se a classe dos leg u­
Fructas para o l e o ......................... 216.254 63.120
F e ijã o ................................................. mes, fa rinhas e cereaes passando assim a fig u ra r em
292.756 115.255
Cêra carnaúba 45.088 111.648 2.» lug ar com o m ovim ento de 47.461 contos. C o l-
locado em 3.'> lug ar se achava o carvão, cim ento, etc
com um v alô r de 34.173 contos, seguindo-se o fe rro
Q u an to aos nossos tradiccionaes productos de e aço c suas m anufacturas com 31.889 contos e as
exportação, o seu m ovim ento accuzou os seguintes machinas e ferram entas com 21.955 contos.
num eros: Organisado o quadro da importação abrangen­
do os annos de 1839 e 1921 e confrontando-os, os
Valôr. em con­ seus resultados são os mais eloquentes conform e se
1911 1921 Toneladas tos de reis nota nos mesmos:
Couros e pelles . 500.493 85b.353
Algodão . . . . 1839 1921
170.571 259.162 Valôr rm contos de reis
Café (1.000 saccas) 109.533 6.160.559
Assucar.................. 796.346 486.340 Legumes, farinhas e cereaes . . . 3.096 238.342
452.325 501.993 Machinas, ferramentas, etc. 1.508 270.012
F u m o .................... 308.255 368.752 Ferro e aço e suas manufactiiras , 293 189.066
Matte 794.036 382.929 Carvão, cimento, pedras, terras, etc. 545 118.496
Borracha . . . . 344.076 1.437.895 Algodão e seus artefactos , . . . 17.922 98.361

O O O o o 229 o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORAT IVO DO CENTENARIO DA

• O s paizcs im portadores dos nossos productos


accuzaram os seguintes valores em 1829:
Hollanda . 1 18.800
( iri-Bretanha . 117.916

Grã-Bretanha 10.709
Portugal
Allemanha
Estados Unidos 15.462
13.299
877
9.082
Htspanha . . 7.407
Argentina . . 396
Suécia Noruega 027
Belgica . . .
Reportando-se a im portação verifica-se que. nos
Hespanha 726 annos de 1839-40. a (irã -B re ta n h a occupava o 1.»
Dinamarca 550 lugar com um v a lô r sup erior a 300 <*« do 2.° co llo -
Hollanda cado. Nesse p e rio do a sua exportação para o B razil
elevou-se a 25.902 contos de reis. vin d o a França
I oram taes as alterações que se m anifestaram log o a seguir com um m ovim ento de 7.173 contos
entre 1829 e 1921 que a G râ-Bretanha passou ao de reis: P ortugal e possessões com 4.092 contos de
5.° lu g a r ind o os Estados U nidos occupar o 1.° re is . Estados U nidos com o v a lô r de 3.901 contos
posto devido á e x tra ordin aria exportação de café que de reis; a Arge ntin a corn 2.618 contos de re is ; a
passou a ser fe ita para esse Paiz. Allem anha com uma exportação de 2.524 contos de
A situação de cada um dos paizes nossos com­ reis e finalm ente a Hespanha com 1.228 contos de
pradores era em 1921 a seguinte:
Essa posição em face do nosso m ovim ento de
im portação soffrett grandes alterações em 1913 isto
é, o anno do nosso m aior m ovim ento com m ercial
externo e também ao que antecedeu ao da guerra.
Estados U n id o s ...................................... 627.914
f r a n ç a ..................................................... 170.812 Apenas a G rã-Bretanha con tinu ou collocada em 1 •
Allem anha................................. 165.049 lugar.

!a >

PAVILHÃO BELGA — VISTA INTERIOR

O O O O O O 230
INDEPENOENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

A situação dos diversos paizcs no quadro da


im portação era a seguinte: contos de reis

Estados U n id o s ...................................... 527.090


O r i-B re ta n h a ........................................ 344.650
A rg e n tin a ................................................ 199.557
(irã- B retan ha...................................... 2.018.412 240.446 Allem anha................................................ 137.054
A lle n - n a h a ......................................... 505.252 170.061 F ra n ç a ..................................................... 104.500
tstado- U n id o - ................................... 870.497 158.401 B e lg ic a .................................................... 09.20(1
t r a n ç a ................................................. 242.047 98.570 I t a l i a ...................................................... 48.525
A rg e n tin a ............................................ 598.457 74.981 M e x ic o .................................................... 47.982
Bélgica ................................................ 242.934 51.480 P o r t u g a l................................................. 31.092
P o r t u g a l............................................ 100.809 44.221 In d ia ......................................................... 23.765
I t a l i a .................................................. 71.348 48.106 U r u g u a y ................................................. 23.605
Terra N o v a ........................................... 10.870
S u is s a ..................................................... 10.228
H o lla n d » ................................................ 14.709
De o u tro s paizes tainhetn fizem os alguma im ­ H cspa nh a................................................ | 1.701
portação cujo s valores, pela sua insignificância, não
merecem scr apontados no quadro acima.
A guerra, exercendo uma verdadeira influencia Esses algarismos, constantes do presente tr a ­
sobre o nosso m ovim ento de com m ercio com o exte­ balho. encerram os factos mais im portantes occorridos
r io r deslocou da posição princip al a (irã -B rcta nh a, n o decurso dos 100 annos da nossa independência.
dando o mesmo lug ar aos Estados U nidos, o qual A eloqueneia dos algarism os attesta que o bra-
hem se aproveitou dessa situação conform e demons­ z ile iro soube aproveitar a exuberância d o seu sólo
tram o s algarism os abaixo e que se referem ao anno elevando o bom nome do Paiz, e çollocando-o den­
passado: tre as grandes nações progressistas.

O O O O O O 231 o o O O O o
C) E X E R C I T O B R A S IL E IR O (*)

E S B O Ç O H IS T O R IC O E O R G A N IS A Ç Â O A C T U A L P E LO C O R O N E L O E E N G E N H A R IA
J O A Q U IM M A R Q U E S D A C U N H A

c m ilita re s, alm ejamos todos o advento d'essa aurora


redem ptora, em que não mais se verá co rre r o san­
ESBOÇO HISTORICO gue die nossos semelhantes nos campos de batalha,
por mais lon giq ua c utópica que pareça a rcalisaçâo
d’esse ideal.
Uma serie inte rm in áve l de lutas c antagonis­ E preciso, porém, v iv e r d e ntro da hora presente,
mos tem s ido o espectáculo que nos offerece a evo­ em que o es p irito de violência ainda não cedeu o seu
lução das sociedades humanas através dos tempos. lugar ás nobres aspirações da paz eterna. P o rtan­
O homem jam ais cessou de lu ta r. O enfraquecimento to, as instituições m ilita re s, um E x e rc ito c uma A r ­
ou a cessação da luta conduz a o to rp ó r, á estagnação mada, nos apparccem como indispensáveis para salva­
e á m orte. A lu ta c a vida. P o r to da parte, em todos guarda do Estado, protecção da sociedade, meios
os dom ínios, vemos sem pre a tensão c o esforço de fazer prevalecer cm u ltim a extrem idade os d ire i­
como m anifestação da energia eterna. tos menosprezados ou prem unir-sc contra as possí­
Desde os sim ples atom os até aos astros e ne­ veis espoliações.
bulosas, c a mesma acção dynam ica dom inando o U n i­ C on form e as cpochas e os diffe re n te s povos,
verso in te iro . O e q u ilíb rio promana, não da carência a fo rça c composição dos Exe rcito s tem v ariad o ex­
de m ovim ento, mas do jo g o de fa ctores m ultiplo s tremamente. A p rin c ip io são verdadeiras m ultidõ es
que asseguram a estabilidade das trajectorias. que se entrechocam nas p rim itiv a s guerras, po p u la ­
Não fa lta quem descortine na incessante luta ções inte ira s que se lançam umas sobre as outras,
das raças a le i p o r exce llen da da H is to ria . É o dogma­ impulsionadas pela elem entar necessidade da conser­
tism o, que institu e a gu erra com o a suprema lei do vação da especie, m ovidas pelo desenfreado desejo
m undo c a considera com o a expressão de uma von­ de conquista e pilhagem .
tade transcendente e pro vid en cial. A paz perpetua . São apenas hordas, desarticuladas, sem fre io nem
apparece apenas conto um sonho dos idealistas, uma lei, e não exercitos. N ão existe organlsaçâo nem dis­
utop ia . Na origem po lvge nista da especie humana c iplina M ais tarde, surgem com os G reg os e os
tem se procurado d is c e rn ir a causa prim acial das op- Romanos os pequenos exercitos, hem organisados.
posições e dos odios. das contendas e das rivalidades, instruídos e disciplinados. Entre os H ellen os. a acti-
que existem entre as raças humana» e as dividem vidade m ilita r mantem-se de preferencia em a ttitud e
fc» até ho je. A diversidade dos caracteres rtacionaes, de defensiva, ao passo que entre os Romanos os seus
um povo a o u tro , erige-se em m otivo generico .de exercitos constituem o mais poderoso fa c to r da po­
constantes a ttrito s e incom patibilidades. Seja como litic a conquistadora que o Im p e rio levou p o r to dos
fô r, é fóra de duvida que, desde a mais remota a n ti­ os recantos da terra exp lorad a. Assim , d u ran te sé­
guidade a gu erra tem s ido um dos factores essenciaes culos são os pequenos exercitos, de e ffectivo s escas­
na constituição das sociedades e na marcha da ci- sos, que realisam os m ais b rilha nte s e grandiosos fe i­
vilisação. A sua influencia na vida e desenvolvimen­ tos de guerra relatados pela h is to ria . D esde os exer­
to das Nações é poderosa, devendo, porém, ser con­ citos commandados por A lexandre, A n n ib a l. Scipião,
siderada como meio e não fim . De facto, a guerra Cezar e B e lisa rio até os E xercitos de G u sta vo A d ol-
é um dos m eios da luta . o mais v iole nto e extremo, pho, Turenne. Condé, M au ríc io de Saxe, F rede rico o
mas não c o unico. C erto , a lu ta deverá proseguir, Grande e Bonaparte, raras vezes as massas com baten­
sob m u ltip lo s c variados aspectos, mesmo quando a tes attingem a 100.000 homens. C om o século X IX .
guerra houver porventura desapparecido da face da porém, começa a apparecer o e n p re g o de avultadas
T erra. A concurrenda economica, as competências massas de combatentes, providas de organisação m e­
da ind ustria e do com m ercio, os embates da politica ticulosa e de to dos os recursos que a sciencia e a
na arena pacifica, poderão c o n s titu ir outras tantas ind ustria te m accumulado no c o rre r dos tem pos.
form as de luta , intensa e porfiad a, sem massacres As guerras mais im p orta nte s, que se fe rira m no
nem derramam ento de sangue, no dia em que o ho século passado e começo do presente, attestam o ele­
mem fô r de finitiva m e nte o a llia d o do homem. C ivis vado gráo^ de com plexidade e pe rfeiçã o a que a ttin -
giram as Instituições m ilita re s das nações modernas.
Exé rcito s assumem as proporções de gigantescas
(*) Esta mnnngraphia foi cscripta cspccialmente, a machinas, de m u ltipla s e delicadas engrenagens, an i­
convite, para o periodico a rgentino La Nation, que a pu- mados por um sopro de vida ardente, que circula
blicoii cm seu bello numer 1 coinmemorativo do centenario desde os mais elevados orgãos do A lto Com m ando
da independência do Brasil, a 7 de Setembro de 1922.
ate o sim ples pessoal com batente. Sc o fa c to r m oral

o o 232 o o O o o
Casa G arcia

A. G A R C IA & COMP.

IM P O R T A Ç Ã O D IR E C T A
D E V ID R O S P A R A V ID R A Ç A S

V IT R A U X P A R A IO R EJAS
TUDO O QUE D IZ RESPEITO
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TR. DA SÊ, 21 - R. DO CARMO, 14

II Telephone 2190 — S. PAULO II


VàL — Jsf
:I:N r l : NARK) DA IN D tP IN I NCIA L DA I XPOSIÇAO

continua a representar um papel ele elevada ponde­ Bahia de T odos os Santos em 26 de M arço de 1540
ração, por vezes decisivo, verdade é que na orga- fo rtifico u-se em terra e assentou os fundamentos
nisacão dos Exercitos m odernos o lu n a r oceupado de .S'. Salvador, prim eira capital do Brasil. Ao tempo
pelos elementos materiaes c ulm ino u n ’ utna ascendên­ de Thomé de Sousa principiam de ser organisadas
cia jamais a ttin g id a e talve z sonhada. C) armamento, as m ilícias, de onde se orig in o u a força m ilita r do
os explosivos, os gazes toxicos, os diversos enge­ Brasil. No seu liv ro H is to ria M ilita r d o B ra s il es­
nhos de combate, carros de assalto, aviões, toda a creve I ) José de M ira le s : De 600 soldados e 400
vasta serie de machinas, utensílios, orgâos de lig a ­ degradados e ou tros m uitos m oradores casados e al­
rão, transporte e locomoção, constituem os meios de­ guns crcados d ’ EI-R cy se compunha o corpo de tro­
que lançam m ão os exercitos m odernos para a obten- pas com que no anno de 1540 teve p rin c ip io n’esta
çáo dc seus; o b jectivo s. A gu cr ■idial que se dc capital o louvável serviço c m ilita r exercício, com-
scticadcou cMn 1614. pre ái-dida de u. li fe b ril e large mandado por Thomé de Sousa, illu s tre por nascimen­
perio do dc paz. armada nias grandes potências to, com <> titu lo de G overnador e C ap itão General
péas, pôz «.-ui clara evidemeia .as pr. •fu ndas re de to d o o Estado; heroe em quem se achava tão
do factor nlecanico e da techni iderna, tan vinculado o vaior e identificada a prudência e m i­
bre a tact ica, como até irlesmo sobre■ a venera1vel cs lita r discip lin a que parece que elle só bastava para
trategia. O es p irito gu cr reiro transform ou-se. inten a saber insp ira r e exercitar . Com esses elementos
sificou-se, c:om os aperfe içoam entos de ordem mate veio também o regim ento d’ EI-Rei. de 1548, que
ria l que o engenho hum;m o t i •m po sto á sua dispo C on stitue a prim eira le i organica da força armada
sição. O xal á esse d u ro aspeciei das exigências be lli no Brasil.
cosas do t i ■rnpo presente possai ser i•m breve .contra N o reinado de D . Sebastião, em 1570, surge
balançado por um a nova orieintaçâo das in fli ■enciai um com plem ento aos prolegouienos de organisação
intellectual'!>, po litic a s c m orai:s no m undo inteiro.. m ilita r pela institu ição da ob rig atoried ade do ser­
viço para a defesa communi.
A criação das chamadas ordenanças soldados
ou gente de guerra dada e paga pelas camaras e
O EXERCITO HO BRASIL conselhos data dos prim eiros tempos da Monarchia
Portugueza. T an to em P ortugal como no Brasil, eram
fo rm adas de terços commandados por C apitães-M ores
C om o as demais nações, o Brasil não podia dei­ e constavam dc companhias compostas de um Capitão,
xa r de cuidar de sua organisação m ilita r, parallela- um Alfe re s, um sargento, 10 cabos de esquadra e
mente ao desenvolvim ento de sua in d ustria, de seu 250 soldados. Podemos a ffirm a r que da confluên­
com m ercio, de sua agricu ltura , de to das as m odalida­ cia de duas correntes, uma que se orig in o u dos 600
des. enifim . de sua vida social e economica. A m igo da soldados portuguezes, de que fa lia D . José de M i­
paz, sem es p irito de aggressào ou violência, perfei- rales. os quaes vieram da m etrop ole com Thomé
ta n u n te inte gra do na comunhão de vistas da fam ilia de Sousa, e a outra oriunda das m ilícias que se
sul-americana, o B rasil c u ltiva e n tretan to o a lto senso organisaram em terras brasileiras, é que nasceu o
da defeza de seu vasto te rrito rio , da guarda e con­ organism o da força m ilita r do Brasil.
servação d ’esse s o lid o p a trim o nio legado pelo ingen­
te labor dos antepassados. Ê fó ra de qu alq ue r contes­
tação que todos os sacrifícios pela defeza nacional
são sempre ju stific a d o s . Com o org ão essencial d’ essa A ACÇAO DAS MILÍCIAS
defeza. sempre atten to e v ig ilan te , o E x e rc ito não é
uma entidade abstracta, mas um o rg an ism o v ivo e
animado, ao mesmo te m p o uma escola de coragem, A pro po sito da in s titu iç ão das m ilícias discorre
desinteresse, temperança, justiça e p a triotism o. Em von M a rtiu s : <A influencia d ’ essas m ilícia s é gran­
rapida synthese, vejam os como elle nasceu e evo- de e im portante: p o r um lado ellas fortaleciam e
lu io cm plagas brasileiras. conservavam o es p irito de emprezas aventureiras, via­
Após a descoberta em 1300 e p rim eira s explora­ gens de descobrim entos, e extensão d o d o m in io por-
ções, as terras do Brasil constituíram constante arena tu gu ez; p o r o u tro favoreciam o desenvolvim ento de
da universal p ira ta ria de francezes, hespanhoes. hol- instituições municipaes liv re s e de uma certa tu rb ulê n­
landczes e o u tro s povos. Varios annos de abandono cia e até desenfreamento de cidadãos, capazes de pe­
e esquecimento constituem ate 1320 o que João R i­ gar em armas em opposição as autoridades governa­
b e iro denom inou o perio do m ystico da his to ria do tivas e poderosas ordens religiosas. Além de que acha­
Brasil. O problem a da colonisação impoz-se de uma mos também n ’ isso a causa dos successos das armas
m aneira categórica ao tempo de D . João I I I (1521- portuguezas contra diversos invasores, os francezes no
1 557) A frequência com que desde 1504 os arma­ M aranhão e R io de Janeiro, os hollandezes cm uma
dores francezes expediam navios para o Brasil, che­ grande parte da costa orien ta l ».
gando a estabelecer fe itorias , levou aque lle monar- Já desde os prim eiro s annos de sua formação
cha a e xp ed ir ordens aos commandantcs de suas es­ prenunciava a força m ilita r bra sile ira o que viria a
quadras para que destruíssem o u capturassem os na­ ser com o correr dos tempos, resultando a sua in ­
v io s francezes que encontrassem nos dom inios da contestável e m e ritoria funeção civica da intim a co­
corôa. A p rim eira divisã o naval mandada com esse m unhão de seus sentim entos com a alma nacional.
fim ao B rasil teve por Chefe C h ris to v ã o Jacques e O notável pensador S y lv io Romero diz no seu liv ro
p a rtio de I isboa em 1526. Em sua viagem entrou na D o u trin a contra D o u trin a : Desde os prodomos de
Bahia de T odos os Santos, encontrando ah i tres na­ nossa independencia a força armada no Brasil tem
vios francezes. com os auaes travo u combate. Dous sido poderoso a u x ilia r em nossas aspirações de l i ­
d ’ tsses navios fo ram m ettid os a piq ue e o te rce iro to ­ berdade e dc progresso».
mado. fican do p rision eiros trezentos francezes. Esse D urante o século X V II a situação do Brasil, sob
combate naval fo i o prim e iro travado entre euro­ o po nto de vista m ilita r, traduz o cháos c completa
peus na Am erica. A pós a expedição de M a rtim A ffon - confusão que reinavam na po litica e na adm inis­
so de Sousa c sua estadia no B rasil até 1533. re­ tração da colonia. Um certo num ero de corpos disse­
solveu a m etrop ole em pregar os m aiores esforços e minados, esparsos no litto ra l das capitanias, sem a r ti­
un i trabalho svstematico para c olo nisa r o naiz. re­ culação, provenientes das antigas ordenanças e m ilí­
partindo o te r r ito r o em canitanias hereditarias. cias. sob denominações varias, taes como. Reginten-
Essas capitanias fo ram grupadas em to rn o de tos das N obrezas. Vo lun tarios Rears de Pernambuco,
um governo central creado em 1546. sendo Thomé R egim ento dos H en riq ue s, Regim ento dos Caçado­
de Sousa o p rim e iro G overnador G eral. C hegando á res da praça de Sanlos, Tears C uyabanos, e outro».

o o o o o o 233 o o o o o
'JVRO DE OURO COMME MORATIVO PO CENTENARIO DA

eram os elementos da defeza armada do paiz com pati* Institue-se depois a classe dos cadetes, a cujo
vel com o estado de sua p o litic a. O dom inio hespa- pro po sito escreve o éonde de Azam buja em 4 de
nh ol destruirá o u paralysara a continuidade d o in ­ Agosto de 1766: N ’esta te rra ha vários homens de
flu x o org an isa do r d o m allog ra do monarcha D om Se­ bem. dos quaes in u ito s fogem de se rvir nas tropas,
bastião. Porém , com a restauração po litic a de 1640 porque queriam fazel-o com distincçâo. A mim lem ­
vo lta de novo a corôa portugueza a desvelar-se na brou me a este respeito p ô r em pratica a le i dos
obra c ivilisa do ra da defeza m ilita r. São do M a jo r cadetes, por me parecer havia aqui te r bom effeito».
C hristovã o A yres de Magalhães Sepulveda, em sua
H is to ria d o E x e rc ito Portuguez, as seguintes pala­
vras: «O rganisou-se então a infa ntaria em te rços com
A OROANISAÇAO DE NOVOS CORPOS
dez companhias, e a cavallaria que se reunio em u n i­
dades mais fo rte s ; a a rtilh a ria , que se havia de levan­
ta r mais tarde, com o conde de L ip pe , á categoria de
arma scien tifica, começa a ins tru ir-s e e a organisar-se A organisação da força m ilita r no Brasil recebeu
p o r fó rm a á pre star excellentes serviços durante a notável im p ulso com as providencias tomadas em 20
g u e rra ; fina lm e nte inaugurou-se com o a u x ilio do es­ de Junho de 1767 pe lo conde de O eiras. Novos co r­
tra n g e iro , m andado v ir expressamente, a Escola de pos fo ram fo rm ados, inclusive um trem de artilh a ria
engenharia m ilita r em Portugal». de campanha, e nomeados C om m andante em Chefe de
todas as tropas o tenente-coronel João H en riq ue de
A instrucção technica m ilita r no Brasil teve o Boehm e Chefe do C orpo de engenheiros e artilh a ria
seu in ic io com a creação de uma aui la de fo rtific a - o briga de iro Jacques Funck. Foram esses generaes a
ção no R io de laneiro, p o r carta r■egia de 15 de alma das tnstrucçõcs do C onde d c L ip p e nas plagas
Janeiro de 16QÔ, sendo um dos p rin brasileiras. Apezar de nessa data entender o Vice-
res o sargento-m ó r de a rtilh a ria José Fernandes Pin- Rei que os soldados das novas unidades devessem ser
to d ’ A lp o im . F o i d ’ esse p rim e iro rudim ento do ensino de Portugal e não do Brasil, po rqu e os nam ra-s não
m ilita r no B rasil que su rg io mais tarde, em 1738, tem actividade nem to rça para a v i i a m ilita r, le m ­
a Academia M ilita r , que p o r sua vez deu lug ar á brava poucos annos depois, em 14 de Janeiro de
organisação da Academia R eal M ilita r pelo C onde de 1775, M artinh o d e M e llo e C a stro ao governador
Linhares, então m in is tro da G uerra, em 1810. e capitão general da capitania de S. P aulo:
A carta regia de 14 de Junho de 1710 dispõe As principaes fo rças que hão dc defender o
sobre a exis'encia de uma com panhia chamada dos Brasil são as do mesmo Brasil. C o n ellas fo ram os
p rivile gia do s, c ogitando da classe dos nobres. A um H ollandczes lançados fo ra da capitania de Pernam ­
ta l respeito d iz outra Carta regia de 10 de N o ­ buco: com ellas se defendeu a Bahia dos mesmos
vem bro de 1711: A companhia dos privilegiados H ollandezes: com ellas foram os Francezcs obrigados
andará aggregada ao regim ento das ordenanças, ten­ a sahir precipitadam ente do R io de Janeiro: e com
do-se. porém, com ella m aior attenção, por ser da ellas emfim destruíram os Paulistas as Missões do
prin c ip a l gente da terra>'. Paraguay, fizeram passar os Jesuítas com os ín dios

O o o O o 234 o o o o o
IH IJE PPN O tN C IA 'A I X POSIÇÃO IN IN A/

das mesinas M issões da o u tra parte d o rio U ruguay, e


nisadores e os patriota s d o Brasil novo e indepen-
atacaram no m esm o tem po aos C astelhanos intrusos
na parte sctem p'trional do R io da Prata, até os
Entretanto, as forças m ilita re s existentes são
obrigarem a evacuar inte ira m en te os D om ínios Portu- postas a prova no con flic to com os francezes ao
guezes, fazendo-os passar a o u tra parte do mesmo norte do paiz, de que resultou a conquista da Guyana,
e na guerra com os hespanhoes ao sul, a denom i­
A creação e ju risdicçâo d o A u d ito r de G uerra
nada campanha da C is platin a (1801-1821). O excr-
e a instituição d o m erecim ento nas promoções da­ c ito b ra sile iro no R io Grande fo i reforçado por unia
tam de 1703 e 1763. P o r essa épocha a força de D ivisã o portugueza ao mando do general C arlos F re­
terra das capitanias do R io de J aneiro, Santa C atlia- derico Lecór, depois barão da Laguna, e depois de
iina . R io lira n d e , M in as Ueraes, e na praça da um a serie de operações ferio-se a batalha de Ta-
C olonia, força dis p on ív el para a defeza das fron te iras qur.rem bó (1820) que estabeleceu o dom inio do B ra­
do sul, orçava p o r uns 22.HOO homens approxim a- sil sobre a Banda O rien tal. Varios chefes m ilita re s
damente. Já se procura ao mesm o te mpo no Brasil, distinguiram -se n ’ essa campanha, entre outros, M a­
a exem plo do que se praticava na Europa, dis tin g u ir noel Marques de Sousa, Joaquim X avier Curado,
das denominadas m ilícia s a fo rç a m ilita r propriam ente João de Deus M enna Barreto, Bento M anoel R ibeiro,
dita. José de Abreu, Pa tricio C orrêa da Camara e David
C om o D ecreto de 7 de A g o s to de 1790 decla­ C anabarro.
ra o G overno P o rtug ue z que a palavra m itic ia in ­ Na epocha da proclamação da independencia do
dica unicamente a trop a de segunda linha. B ras il, 7 de Setembro de 1822, existiam num ero­
N o Alm anack H is to ric o da C idade de S. Sebas­ sas tropas espalhadas em diversos pontos d o te rr i­
tiã o do R io de Janeiro, para o anno de 1799, 0 rga- to rio , umas compostas exclusivam ente de portuguc-
nisado pe lo tenente A n to n io D ua rte Nunes, acham-se zes, outras de portuguezes e brasileiros. N ão possui-
as linhas geraes de uma rem odelação m ilita r, em que mos docum ento o ffic ia l algum esclarecendo essa ques­
se observam referencias aos regim entos de infa nta­ tã o dos effectivos. Em uma proclamação d irig id a
ria. regim entos de a rtilh a ria , esquadrões de cavalla- ao Exercito, em 18 de M aio de 1823, a ffirm a Dom
ria, para a 1.» lin h a ; regim entos de infa ntaria e de Pedro I que o num ero de soldados sahidos do Brasil
cavallaria para a 2.» linh a, ou para o corp o de m ilí­ p o r não aceitarem a independencia elevava-se a ...
cias; e com panhias diversas, e n tre ellas a de chaca- 14.000.
rciro s e a de fo ra s te iro s , para a 3.» linha, ou para O p rim e iro documento o ffic ia l sobre a com po­
<> corpo de ordenança. N ’esse te m po já existiam um sição d o E xe rcito b ra sile iro é o Decreto de 1." de
H o s p ita l H eal, um Arsenal e uma Heal fa b ric a da Dezem bro de 1824, que deu numeração seguida aos
('.asa de Arm as da Conceição. diversos corpos de infantaria, cavallaria e a rtilh a ­
N o que d iz respeito á fo rtific a ç ã o , existiam no ria . A p rim eira força que se organisou, log o após a
Rio de Janeiro as fo rtalezas de Sarna C ruz, da C on­ independencia, fo i a Guarda C ivica, por D ecreto de
ceição, d o C a ste llo , de S. João, da /.age, da Praia 23 de Setembro de 1822, composta de q u atro bata­
iie t ó r a , do P ico , da P raia Verm elha, da Bõa Viagem, lhões e dous esquadrões. As disposições de le i re­
d» Garaguatá, de V ille g a ig n o n , da Ilh a das Cobras. la tiva s ao E xe rcito permanente, até o fim d o anno
além dos fo rte s do Leme, de S. Clem ente, de .Ma­ de 1824, apenas dispunham sobre algumas m od ifica­
no el Velho, da (H o ria , do Trem do .Moura, da prainha. ções nos corpos já existentes e a creação de um
e as baterias de m o rte iro do Arsenal e as de Santo batalhão de a rtilh a ria de posição na capital, de o u tro
Ignacio. na v illa de Santos, do batalhão do Im perador c de
um Regim ento de estrangeiros.

A ACÇAO DE D. JOAO VI

O EXERCITO DO I.® IMPERIO


C om a chegada de D . João V I ao Brasil em
1808, grande e e x tra o rd in a rio increm ento começou
a m anifestar-se em todos os departam entos da vida A C on stituiçã o outhorgada p o r Pedro I em 25
publica. Fundaram-se fabricas e o ffic in as , o com m er­ de M arço de 1824 dispunha o seguinte sobre a fo r ­
cio tornou-se liv re , favorecendo o trabalho e a fo r­ ça arm ada: -.Todos os brasileiros são ob rigados a
tuna. Em 1813 fo i declarado o Reino do B rasil e pegar em armas para sustentar a independencia e
o R io de Jan eiro séde da m onarchia. A organisação inte grida de d o Im perio, e defendel-o dos seus in i­
da força m ilita r recebeu na tu ra l im pulso, sendo as m ig os externos ou inte rno s ; a força m ilita r é essen­
prim eiras m edid as tomadas a creação do Conselho cialm ente obediente, jám ais se poderá reu nir sem que
Supremo M ilita r , d o 1.*- R egim ento de C avallaria lhe seja ord enado pela autoridade le g itim a ; ao P o­
do Exe rcito , da Legião de T ropas Ligeiras de S. Pau­ der Executivo compete privativam ente em pregar a
lo, da Legião de Caçadores a pé e a cavallo da fo rça armada de m ar e te rra como bem lhe parecer
Bahia; a Academia H eal M ilit a r é creada, na cidade conveniente á segurança e defeza do Im p e rio ; os
do R io de Janeiro, por acto de 4 de D ezembro de offic ia e s do exercito e armada não podem ser p riv a ­
1810. Varias provid encias fo ra m postas em pratica dos de suas patentes, sinâo por sentença proferida
no sentido de serem organisados novos corpos de tro ­ em ju íz o com petente; uma ordenança especial regu­
pa de linh a, qu er de infa n ta ria e cavallaria, q u e r de lará a organisação do exercito do Brasil, suas p ro ­
artilh a ria , no C eará, Piauhy, S. Paulo, Santa C atha- moções, soldos e disciplina, assim como da força
rina e R io G rande. Na previsão de pru rid os na tivis-
tas e anhelos de independencia, D . João V I mandara D iscrim inem os ligeiram ente a organisação e fo r ­
v ir de P o rtug al ao B rasil um a D ivisã o dos chamados mação das diversas unidades que constituíam o exer­
V oluntários H raes. Após os successos revolucioná­ c ito do I." Im pe rio . Para a infa ntaria existiam :
rios de 1817 em Pernambuco, fo i d iffic u lta d o o O fía la ih ã o de caçadores d o Im pe ra do r, creado
accesso de o ffic ia l do E x e rc ito aos brasileiros, sen­ p o r Decreto de 18 de Janeiro de 1823, com um total
do que sóm ente aos portuguezes eram concedidas as de 733 homens, entre officiaes e praças; 3 Batalhões
altas patentes. N a vida c iv il igualm ente m anifestava-se d e gra na de iro s, sendo dous constituídos de estran­
a preferencia aos naturaes da m etrop olc para o exer­ g e iro s ; 27 Batalhões de caçadores, com um e ffectivo
cício das funcçôes de grande monta e im portância. de 717 homens cada um , entre officiaes e praças.
Eram evidentes indícios dos embates, que, com o tem ­ Esses d ifferen te s corpos fo ram organisados com os
po, se iriam accentuando, entre portuguezes recolo- an tigo s elementos existentes em varios pontos do

o o o o o o 235 o o o o o o
liv r o l)i. ot'R o c o m m e mor ativo CENTENARIO DA

te rrito rio nacional e tinham a sua parada nas pro­ constituído de sete m em bros; e pelo C onselho Su­
vincias c na C órte . O to ta l da infa n ta ria n’cssa epo- premo M ilita r , o m ais a lto trib u n a l m ilita r do paiz.
cha pôde ser avaliado em p e rto de 23.000 homens. Foi cieado p o r alvará de l. ° de A b ril de 1808 com
Para a cavallaria existia m : o 1.» Regimento, creado as mesmas attrib uiçô es do C onselho de O uerra ,
p o r decreto de 13 de M aio de 1808, vigorando em C onselho do A lm ira n ta d o de P o rtug al.
1824 a remodelação que havia s o ffrid o em 1810; No dia 7 de A b ril de 1831 teve fim o prim e iro
o 2.0 regim ento form ou-se do regim ento de cavalla­ im perio, tendo D . Pe dro I abdicado e sendo sub sti­
ria de linha de M in as Geraes; o 3.« organisou-se tu ído no governo pela regencia p ro visó ria , composta
com o esquadrão de cavallaria de S. P aulo; os res­ do general Lim a e S ilva, senador V e rgueiro e mar
tantes, 4.0, 5.0, 6." e 7.0 existiam no Rio Grande quez de Caravellas.
do Sul, estacionados na cidade d o Rio Grande, na O papel representado pelo exercito nessa emer­
fro n te ira das Missões, na de Jaguarão e outras lo ­ genda, allian do -se ao povo e re tira n d o o seu apoio
calidades. Para a artilh a ria , fo ra m constituídos 12 ao governo do monarcha, tem s ido diversam ente j u l ­
corpos de a rtilh a ria de posição com séde no Rio gado, p o r uns condemnando, p o r ou tros exaltando
de Janeiro, S. Paulo, praça de M ontevideo, Santa E ntretanto, o p ro p rio Joaquim Nabuco, que tem pa­
C atharina, Bahia, Pernambuco, etc.; 5 corpos de lavras de severidade para a força armada, nessa occa
a rtilh a ria montada, provenientes quasi to dos das an­ siâo, escreve o seg uin te: A força m otora do 7 de
tig a s unidades existentes. A b ril, a que deu im p ulso ao elem ento m ilita r, foi <>
Além das forças da I.* linh a, existia grande nu ­ resentim ento nacional. Em certo sentido o 7 de
m ero de batalhões da 2.» linha, tendo como com - A b ril é uma repetição, uma consolidação do 7 de
mandantes e ajudantes, o fficia es da I.» linha. Setembro. O Im perador era um a d o p tivo , suspeito
O to ta l das forças que constituíam o Exercito de querer re u n ir as duas coròas, dc P o rtug al e B ra­
permanente d o I / Im pe rio póde ser computado em sil... A reacção contra a ordem de cousas que o g o ­
cerca de 30.000 homens, sendo que nem sempre as verno de Pedro I creara, encarna-se na pessoa de
diversas unidades apresentavam os seus effectivos Evaristo da Veiga, o m aior dos nossos an tigo s es-
com pletos. Os batalhões com postos de estrangeiros, criptores da im prensa; mas, como bem accentuou
em num ero de quatro, foram dissolvidos por Decreto Ruy Barbosa, «o despotism o de Pedro I não teria
de 20 de Dezembro de 1830, v is to haverem se to r ­ cahido em 7 de A b ril de 1831, se o soldado b ra ­
nado perigosos á ordem e tra n q u illid a d e publicas. s ileiro , n'aq ue lla revolução, se considerasse obrigado
Realmente, praticaram uma serie de actos de in d is ­ a defender o Im perador contra o povo».
cip lin a . sahindo em dias do mez de Junho de 1828
de seus quartéis, armados e am otinados. Travou-se
lu ta nas ruas do R io de Janeiro, entre os batalhões
b ra sile iro s e os batalhões revoltados, em que pe­ A ACÇAO DA REGENCIA
receram 2 6 irlandezes e ficaram fe rid os 50.
A o ffic ia lid a d e do Exe rcito b ra s ile iro oonstituio-
se com os o fficia es do e xe rcito colonial, em sua
m aioria portuguezes, sobretudo nos postos elevados, F oi um dos prim e iro s actos da Regencia reduzir
e com alguns estrangeiros contractados, que em sua e rcorganisar as trop as de p rim eira linha, baseando-se
quasi to talida de foram elim inados das file ira s em no que determ inava o a rtig o 2." da le i de 24 de
1831. Novem bro de 1830. C om e ffe ito , o D ecreto de 4
de M aio de 18 31 deu a seguinte com posição ao E x e r­
c ito : In la n ia ria 16 Batalhões de caçadores; Ca-
vallat ta 4 C o rp o s ; A rtilh a ria 5 corpos de p o ­
O RECRUTAMENTO sição e um a cavai lo. As fo rças de M atto-G rosso
constituíram uma Le giã o das tres annas, composta de
um batalhão de caçadores, 2 com panhias de cavalla­
Guando se proclam ou a independência vigorava ria e 2 companhias de a rtilh a ria dc posição. O to ta l
sobre o recrutam ento para as file ira s do Exercito o das fo rças arregim entadas ficara red uzido a 14.342
Decreto de 13 de M aio de 1808, que estabelecia o homens, entre offic ia e s e praças. Em 18 de Agosto
serviço por o ito annos, com excepção dos corpos da de 1831 a Regencia sanccionava a lei creando os
C ó rte em que o tempo de serviço era apenas de tres Guardas Xaciona- s e e x tin g u in d o os corpos de m i­
annos, a p a rtir do estabelecido pelo Decreto de 30 lícias, guardas m unicipaes e ordenanças. A Guarda
de Janeiro dc 1822. M ais tarde, em 1828, decretou- N acional, com quanto tivesse em suas attribuiçôes au­
se o serviço por quatro annos para os alistados v o ­ x ilia r o exe rcito de linha na defesa das fro n te ira s e
l* ia * luntariam ente nas file ira s do E xercito, porém sendo costas, fic o u sob a dependenda do M in is te rio da Jus­
lo g o no anno seguinte restabelecidas as disposições tiça, d’onde passou para a alçada d o M in is te rio da
do Decreto de 13 de M aio de 1808. G uerra sómente nestes u ltim o s annos. Aos 6 de
As fo rças de guarnição nas diversas pro v in c ias M arço de 1832, p o r Decreto d'essa data, refo rm a a
do Im pe rio ficavam subordinadas aos commandan­ Regencia a Academia M ilita r , levando a cabo a in ­
t s ou governadores de armas, mas não existia p r o ­ corporação da Academia dos Guardas M a rin h a á re­
priam ente um Regulamento para as administrações fe rida Academia M ilita r , fa zendo pu b lica r o Regu­
m ilita re s nas provincias. O governo limitava-se a ex­ lam ento para a Academia M ilita r e de M arinh a da
p e dir instrucções a determ inados, servindo essas ins- C órte do Im pério do Brasil.
trucções para governo e guia dos demais. Cada pro­ Porém , mais tarde, separarn-se as duas Acade­
vincia tinh a o seu governador ou oommandante de m ias: e a Academia M ilita r é depois rcorganisada,
armas, que era a segunda autoridade da provincia, surgindo assim a Escola M ilita r da C ó rte , de g lo ­
te ndo a provisão do C onselho Supremo M ilita r de riosas tradições, e que por largos annos funccionou
17 de Novem bro de 1825 fix a d o as relaç3es de au­ na P raia Vermelha.
to rid ad e entre os presidentes de província e os go ­ Em Agosto de 1832 remodelava-se a organisa
vernadores das armas.
ção de 1831, extinguindo-se a Legião das tres ar­
A justiça m ilita r era adm inistrada pelos Conse­ mas em M atto-G rosso e creando-se o C o rp o de L i­
lho s de investigação, para pesquiza de faltas, sem geiros n’essa provincia, hem como duas companhias
p ro fe rir sentença; pelos conselhos de disciplina, para
de Lig e iro s no M aranhão e uma divisã o de Pedes­
fa lta s leves, ou para servir de base nos conselhos
tres no Esp irito -S an to. Com a lei de 3 de Setem
de guerra, p o r crim e de deserção; pelos conselhos de b ro de 1833 a fo rç a m ilita r do B ra sil se reveste
g u erra re g i men toes, tribu na l creado occasionalmen- de ou tras fôrm as, tom ando o corpo de u.n systema
te para ju lg a r os m ilita re s nos crim es m ilita re s e
so ffriv e lm e n te delineado. São os seguintes <is cle-

o o o o o 236 o o
G ^ a n d e -s l< n p c * H a c lo r» e a dsz O r*ocf<is « P p c x Íllc ío s C K u tix o o s
(^p< C£<z&Jacfe$ptuzrrriaceutòccus '7ln<UJ^rrurL£^i«tSa/rwtr^sJ^rr.^
2

V. WERNECK & Cia. — Rio de Janeiro.


À -a u
IN DEPENDENCIA E ÜA EXIH)SIÇAO INTERS'A d O N ,

m entos que a con stitu em : Estado M a io r, — C orpo


de Engenheiros. C om panhia de A rtific e s do Trem á Assembléa Legislativa fazia as seguintes conside­
rações :
de A rtilh a ria , — R epartições C iv is e m ilita re s, —
O ito Batalhões de Caçadores, — Q u a tro corpos de ' Na proposta que vos apresentei para a fixação
üas to rças de terra, peço-vos 15.000 praças de pret
C avalia ria. — C inco C orpos de A r tilh a ria de Po-
para tempos ord in arios, e a faculdade de ser ele­
sição, — U m C o rp o de A rtilh a ria a cavallo, — Um
vada e,ta força a 20 000 em casos extraordinarios.
corpo de T ropa s L ig eiras de M atto-G rosso , - Sete
Divisões d o R io Dôce cm Minas-Cieraes, Duas Hara reconhecerdes a necessidade da força que peço
para o prim e iro caso, bastará lem brar-vos que 'cila tem
com panhias de Lig e iro s no M aranhão, U m corpo
de ser d istribu íd a por todos os pontos deste vasto
de Pedestres no Esp irito -S an to, U nia Com panhia
de Pedestres em ü o yaz. Im pé rio para guarnecer tantas fortificações d o litto ­
ral, defender nossas extensas e remotas fronteiras,
Em Setem bro de 1835 rebentou na provincia e estar sempre prom pta a m anter a ordem, quando
d o R io ( ira n d e do Sul, chefiada pe lo coronel Bento
alegue a ser perturbada. Ê na verdade oneroso ao
Gonçalves da S ilva, a guerra dos Farrap os, a mais
Estado o sustentar um E xe rcito em te mpo de paz;
seria das revoluções d’ essa epocha, e que por espaço
mas devemos lem brar-nos que os con flictos de guerra
de dez annos ensanguentou o sol.» nacional. A causa sobrevem m uitas vezes quando menos se espera, e
p rincip al d ’esse m ovim ento arm ado fô ra a influencia nao e repentinamente que se organisa e discip lin a
das ideas republicanas, que já fo rm ava um a corren­
um E x e rc ito ; e entre nós a experienda demonstra
te respeitável, princip alm en te no sul d o paiz. que a força m ilita r bem discip lin ad a é um dos mais
Tacs successos desfalcaram o exercito im perial cfficazes elementos de ordem».
de alguns corpos, sobretudo de cavallaria, que to ­
maram armas a fa vor da revolução. Todos esses cor­
pos fo ram d isso lvid os p o r decreto de 21 de M arço de
1836; eram os 2.°. 3." e ■1." corpos de cavallaria,
I . " de a rtilh a ria e 8 / de caçadores. Em 10 de Julho AS OUERRAS CIVIS E AS EXTERIORES
do mesm o anno, o m in is tro da guerra, em nome
do Regente, deixava ao prudente a rb itrio d o P resi­
dente da Provincia a dissolução dos mesmos cor­ Toda a epocha que decorre desde a independência
pos, p o r te r o 8." de caçadores volta do para a causa até aos p rim eiro s annos do 2.'* reinado fo i constan­
da legalidade. temente agitada por co.nmoçõcs intestinas e guer­
ras civis que se desencadearam em varias provincias.
Entre outras citam-se as d o Ceará (1831-1832). Per­
OS OFFICIAES OENERAES nambuco (1832-35). Pará (1831-33. 1835-37), Bahia
(1837-38), M aranhão (1838-41), R io G rande do Sul
(1835-1845). S. Paulo e Minas-Cieraes (18 42 ). Na
A le i de 20 de Setembro de 1838 dava um effec­ repressão da m aior parte d ’esses movim entos arma­
tiv o de 12.000 praças e mais q u atro companhias de dos distin gu io-sc a excelsa personalidade do general
a rtifice s Porém , sóm ente o D ecreto de 22 de Fe­ Luiz Alves de Lima e S ilva, que devia ser mais tarde
vereiro de 1830 é que de facto im p rim io a o exercito o D uque de Caxias, uma das figu ras m ais proem inen­
uma o rg a n isaçâo m u ito mais re g ular e com pleta, pela tes no scenario da vida publica brasileira, a espada
qual já se lim ita v a o num ero de o fficia es generaes, sempre victoriosa, estadista notável e o mais fo rte
dos de estado-m aior e engenheiros. O quadro de o f f i­ esteio da unidade nacional.
ciaes generaes ficava assim c o n s titu íd o : Marechaes Com o pacificador, humano e magnanimo, a obra
de E xe rcito . 3 : Tenentes Generaes, 6 ; Marechaes de d ’esse grande v u lto da his to ria patria, é das mais
Cam po, 6 ; Briga de iro s. 6 ; to ta l 21. m eritorias e duradouras. Se nas campanhas que d i­
O corp o de o fficia es de E stad o-M a ior ficava cons­ rigir», ta nto internas com o externas, revelou sempre
titu íd o de 63 officia es, desde o posto de C oronel ao as suas insuperáveis qualidades de cabo de guerra,
de 2 ." T enente. O corpo de engenheiros com 171 não deixou ao mesmo te mpo de ser a q u illo que
officia es. do posto de coronel ao de 2." Tenente. a seu respeito escrevia P in to de Cam pos: - Esse g u e r­
As lutas civis do R io G ran de do Sul. Bahia e re iro é to do homem de coração, e a m elho r de to ­
Pará levaram a Assembléa G e ra l, em A g o s to de 1838, das as suas fida lgu ias está na grandeza de sua alma,
a a u to risa r o G overno a rem unerar os relevantes ser­ na elevação de seus sentimentos». N os annaes da
viços prestados cm defeza da ordem publica e da histo ria m ilita r do Brasil sómente um nome póde se
inte grida de do Im pé rio , prom ovendo os m ilita re s do appro xim a r d o de C axia s: O so rio . São dois astros de
E xe rcito e da Arm ada. Era com o que uma excepção prim eira grandeza, que com b rilh o incg iia lave l fu l­
aberta ás medidas que. a p a r tir de 1831, haviam guraram no firm am ento p a trio. Com o m aior acata­
determ inado a suspensão das promoções durante al­ m ento e veneração, no coração de todos os brasileiros,
guns annos. dignos d ’esse nome. viverá eternamente a sua sacro-
O p e rio d o da Regencia continua com D iog o F eijó santa m em oria.
(1830-1837) e senador Pedro de A ra u jo Lima. de­ C om o Decreto de 23 de Agosto de 1847 sur-
pois m arquez de O lind a (1837 -1 84 0). In iciado o g io uma nova organisaçâo m ilita r, que dava ao E xer­
2.0 reina do com a declaração da m aioridade de Dom c ito em seu estado com p le to um effectivo de 20.000
Pedro I I. em 23 de Junho de 1840, surge log o no praças de pre t, expedindo ao mesmo tempo umas ta n­
anno seguinte a le i aiitnrisa.ndo o go vern o a o rg an i­ tas providencias sobre a magna questão do recruta­
ser o E xe rcito de ntro do prazo de um anno, não mento. O decreto de 18 de N ovem bro de 1848 in s ti­
excedendo’as praças de nret de 13.000 em circum stan­ tuía o v olu nta ria do por 6 annos e com nrem io nunca
das o rd in arias e de 16.000 em extra ordin arias, de m aior de 200 m il réis para quem já houvesse ser­
2.000 praças fóra de linha e de q u atro compa­ v ido em qualquer corpo m ilita r pago. e até 150 m il
nhias de artifices. As fo rças fó ra . de linha fo ram réis para quem não se encontrasse n’ essa circum stan-
em seguida transform adas em corpos fix os , compa­
nhias fix a s e de pedestres, distribu íd as pelas p r >- Chegamos ao anno de 1850 cm que. para além
vincias d o Pará. M aranhão. Piauhv. M inas-Oeraes. das fro n te ira s preparavam-se graves acontecimentos,
M atto-O rosso e Ooyaz. O D ecreto de 27 de M aio de em que as fo rças m ilita re s do Brasil iriam representar
1843 reorganisava mais uma vez o Exe rcito dando- um napel saliente e decisivo. F oi a campanha de 1851-
lhe agora um e ffe c tiv o m axim o de 10.853 praças 1852 contra O ribe e Rosas, em que m áis uma vez o
de pret. in c lv to C axias deu exuberantes provas de seu es­
Occtipava a pasta da G uerra em 1845 o general p irito organisador e com petência p ro fissio na l. A seu
Jeronym o C oelho, que em seu R ela torio apresentado respeito, entre outras cousas elogiosas, diz a M on o-

o o o o o 237 o o o o o
LIVRO O I OURO IMMEMORATI LM) CENTENARIO DA

g ra fia da Campanha de IS H -Y 2 , da Secção H is to ric a orçando por uns 211.000 homens approxim adam ente.
da E stad o-M a ior A rg e n tin o : «Luiz Alves de Lim a u O eminente general M anoel Marques de Sousa, de­
Silva, conde e depois marquez e duque de Caxias, pois conde de P o rto A le gre, oommandava a 1.» d i­
era uma d’aquellas personalidades de quem qualquer visão d o exe rcito b ra s ile iro , que occupava o centro
exercito tem o d ire ito de orgulhar-se». Ao penetrar da ordem de batalha.
no dia 4 de Setembro de 1851 em te rr ito r io O rien­ N ’essa epocha já e x is tia no exercito b ra sile iro
ta l C axias fez pu blica r uma ordem do dia de grande unia especie de E s tad o-M a ior c on stitu ído idas duas
elevação, da qual extrahim os os seguintes trechos: Repartições do A ju da nte -G en eral e Q u a rte l M estre
S oldados! Ides com bater a par de bravos e ames­ Genera/, âccrescidas de um Secretario M ilita r . As
trad os nos com bates; esses bravos são nossos am i­ suas funcções estavam perfeitam ente de fin id a s e co r­
gos, são nossos irm ãos de armas. A mais perfeita e respondiam ás que actualm ente se acham d is trib u í­
fraterna l união deveis, pois, com elles manter. Que das pelas diversas secções do Estad o-M a ior. As fo r
nenhum o u tro sentim ento em vós se m anifeste, alem ças nacionaes com prehendiam : O E x e rc ito de ! . • l i ­
do desejo de excedel-os, a ser possível, nas virtudes nha c a Guarda N acional. Os claros nas trop as de
do verd ad eiro soldado. Não tendes no Estado O rie n ­ l.a linha preenchiam-se p o r m eio de vo lu n ta rio s, com
ta l o u tro s inim ig os , senão os soldados do general prêmio, engajados e recrutados, sendo a m ateria re­
D M an oe l O rib? . e esses mesmos em quanto illu d i- gida p o r le i de exclusiva competência da Cam ara dos
dos, empunharem armas contra os interesses de sua Deputados. O E xe rcito de I.* linha d ivid ia -se em
P a tria ; desarmados, ou vencidos, são Am ericanos, são corpos m oveis e corpos de guarnição. A infa n ta ria
vossos irm ãos, como taes os deveis tratar. A verda­ compunha-se de batalhões de fu s ile iro s e de caça­
de ira bravura d o soldado é nobre, generosa e res­ dores, cuja com posição era analoga. In stm ia -se pelo
pe itad ora dos princípios da humanidade». Systema de Instrucção do C o ro n e l Bernardo A n to nio
Zagalo, d o Exe rcito portuguez. A cava llaria , com­
posta de quatro regim entos de 1.* linh a, cada um
com q u atro esquadrões, estava armada de lança, es­
DEPOIS DE CASEROS pada, p isto la c clavina, sendo porém a lança a sua
arma p rincip al, com o acontecia em to da cava llaria da
America do Sul. A a rtilh a ria estava d iv id id a em ar­
Finda a campanha com a batalha de Montc-Casc- tilh a ria a cavallo e a rtilh a ria a pé. A p rim e ira cons­
ros (3 de Fevereiro de 1852), a tyrannia de Rosas ruc tava de um unico regim ento, a segunda de q u atro ba­
por te rra e os exercitos alliad os de C axias e Llrquiza talhões. T odos os canhões eram de alma lisa. atirando
veem realisados os nobres desígnios do tratad o de pro je ctis csphericos com a polvora negra. Já possuía­
alliança negociado em M ontevideo, aos 20 de Maio mos um corpo de o fficia es de engenharia, varias ve­
de 1851, entre o Brasil, a R epublica O rie n ta l e os zes remodelado, e c ujo preparo, quer th eo rico , quer
governos de Entre-R ios e C orrientes. O to ta l das pratico, obedecia aos excellentes program m as de en­
fo rças brasileiras organisadas n ’essa occasiâo compu­ sino m in istrad o na Escola M ilita r. N ão existia , po­
nha-se de qu atro divisões, div id id as em brigadas e rém, a frop a da arma, pois sómente em 15 de Julho

O O o o

PAVILHÃO DE HONRA PORTUGUEZ — NICHO DO ATRIO

O O O O O 238 O O O O
IN OF PH ENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNAC

de 1854 fo i o governo autorisado a crear um Ha-


com grande heroísmo e tenacidade. O E x e rcito bra-
talh ão ill- En ge nh eiros, o que só se to rn ou effectivo
em 23 de Janeiro de 1855. s ile iro cum priu o seu dever, a par de seus valorosos
alliados, em face de seus adversarios de um dia, am i­
O serviço do m ate ria l b e llic o , equipam ento e gos de hoje. O denodo e bravura de nossa gente,
aireiam ento, era p ro v id o pelo A rsen al de G uerra ta
oriun da do intem erato luzitano, mais uma vez forani
(O rte , l a b i tea de p o l vora da E s tre lla , Eaboratorio
postos em glo rio sa evidencia; ficando ao mesmo tem ­
P yra e ch u ie o do C am pin ho , Eabriea de Annas da C on­
po justifica do s, perante o tribu na l da consciência
ceição t Arsenaes de G uerra das Provincias do Par i,
universal, os m otivos elevados que nos conduziram
M aranhão, Pernambuco, Bahia e Rio üra n d e do Sul.
á guerra, a lealdade e desinteresse do nosso p ro ­
Pela creaçâo da R epartição do Quartet-W est re-Gene- cedimento. Os chefes eminentes que guiaram as nos­
ra t, ficou ella encarregada, d u ran te a campanha, de sas hostes, levando-as á victoria, chamavam-se Caxias,
to dos os serviços relativo s ao M ate ria l B ellico e
O so rio , Andrade Neves, Porto Alegre, A rg o llo , Vic-
.•5 Adm inistração. Subordinado a essa Repartição
to rin o M onteiro. Sampaio, Camara, M enna Barreto,
crcou-se o C om m issa ria do que se incumbia do abas­ C onde d’ Eu, e outros. A nossa esquadra, a mais com ­
tecim ento de viveres. O pagam ento do soldo aos o f f i ­ pleta da America do Sul n'essa epocha, cooperou
cias e praças era effectuado pela P agadoria, exis­ dignamente para o successo das operações, que uma
tin d o uma em cada divisã o durante a campanha. m ultip lic id a d e de causas inevitáveis tornaram m oro­
N ão se havia c uidado ainda até essa epocha de sas e prolongadas em demasia.
um R egulam ento d o Serviço em campanha; apenas Term inada a guerra em 1870, o B rasil manteve
sobre a m atéria havia as Instrucções da i differentes ainda durante alguns annos um pequeno exercito
armas, estabelecendo varias regras para a segurança, no Paraguay. As ultim as tropas brasileiras evacuaram
o estacionam ento e a marcha.
o J e r r ito r io d ’aquclla nação em 26 de Junho de
1876, depois de resolvida de finitiva m e nte a ques­
tã o de lim ites entre o Paraguay e a R epublica A r ­
gentina. Encerrado esse periodo calamitoso, deixemos
A GUERRA DO PARAGUAY o passado entregue ao sereno julgam ento da H isto ria .
As gerações presentes, prestando homenagem aos fe i­
to s heroicos de seus maiores, cultivam no B rasil uma
Pela m orte do M arquez de Paraná (C a rne iro po litic a de paz, harm onia e confraternisação no seio
L eão), occorrida a 3 de Setembro de 1856, assumio <> da fa m ilia sul-americana, compatível com o amor da
glo rio s o C axias a Presidência do C onselho de M i­ Patrta e os altos in tu ito s de sua defesa a to do transe.
nistros.
M ais do que qualquer o u tro , pro fun do conhe­
cedor das necessidades do E xercito, Caxias por esse
RECRUTAMENTO. REFORMA DOS OFFIC IA LS
te m po m ostrava que o E xe rcito carecia «de sua lei
essencial, de sua p rinc ip al le i organica, a lei do
recrutam ento M ais ta rde, em 1862, insistia de novo D 'a lii em diante correram tra n q u illo s os dias
o C hefe em inente sobre tão pa lpita nte assumpto, con­ d > 2. ■ reinado, sem que enPetanto ficassem ultim adas
fessando entretanto ser bem d i f f id i a solução do as questões pendentes de lim ite s entre o B rasil e
problem a sem as bases em que devia assentar uma os diversos paizes lim itrophes. O E xe rcito viveu d u ­
lei d'aquclla ordem , como sejam estatísticas e o rante largos annos com uma organisação precaria,
censo da população, pela qual se reconhece a massa sem resolver os pontos capitaes de sua efficie ncia
recrutavcl d o paiz, a fim de se fazer uma justa dis­ e desenvolvim ento, com especialidade a questão do re­
tribu içã o das levas necessarias . Apesar do que se crutamento. que a existência da escravidão d iffic u l-
havia tentado rc a lis a r em p ro l de uma organisação tava, até certo ponto.
e fficie nte do E x e rc ito , a peso de leis, decretos avi­ Na vigência da gu erra com o Paraguay tentou-se
sos de toda especie, a guerra contra o governo do pela prim eira vez no Brasil, em 1860, estabelecer a
Paraguay, iniciada em 1864, nos encontrou despre­ refo rm a com pulsória. A legislação vige nte do E xer­
venidos, eom os effectivos dos corpos desfalcados, c ito, - dizia o titu la r da pasta da G uerra, — quan­
sem cavalhada e os depositos hcllicos desprovidos to á reform a dos officiaes, do m odo porque tem
do indispensável m aterial. sido entendida, não perm itte que esta lhe seja con­
A H is to ria escrevia o conselheiro A ffon so cedida, p o r terem a ttin g id o a uma idade avançada, se­
(.c is o cm 1868 no seu trab alh o A Esquadra e a oppor não quando é acompanhada de im p ossib ilida de do
sição p a rla m e n ta i, não absolverá os que impune- serviço p o r doenças incuráveis. Esta disposição, d e i­
mente desarmaram o paiz nos seus dias placidos, para xando no quadro das classes superiores o fficia es que
estig m atisar os que souberam defendel-o com ener­ na realidade já não podem s upportar as privações,
gia e tenacidade nos dias de privação». trabalhos e sacrifícios do campo, retarda o accesso
O dicta d o r do Paraguay com prometteu logo no dos mais moços c vigorosos, com grave detrim e nto
p rin c ip io o e x ito de sua causa com duas invasões do serviço Parece, pois, de grande conveniência que
calamitosas: a de E s tig arrib ia no Rio Qrande. e a a reform a possa ser ordenada pelo G overno, log o que
m ais desastrada, de Robles, cm Corrientes. o o ffic ia l a ttin g ir a idade de 62 annos».
D ’ahi resultou o tratado da trip lic e alliança, A pro po sito de te ntativas concernentes á rcor-
entre o Brasil, a R epublica A rge ntin a c o Uruguav, ganisação da força armada, na F alia do T h ro n o de
assignado em Buenos-Ayres, a 1." de M aio de 1865. 3 de M aio de 1871 lê-se o seguinte: «A le i da Guarda
N o começo da gu erra Lopes dispunha de um exercito N acional e do recrutam ento m ilita r carecem também
de 80.000 homens, segundo o general Resquin, seu de ser reform ados. O serviço que a prim eira exige) dos
Chefe de Estado M a io r, e o coronel Thom pson. No cidadãos não deve prival-os do te m po necessario ao
anno de 1866, em face do Passo da Patria, os seu trabalho in d u s tria l, nem ser convertid o em arma
alliados, sob o commando em chefe de D . Bartolo­ de perseguição p o litic a . O recrutam ento pe lo systema
meu M itre , P residente da R epublica Argentina, dis­ actual exclúe do exe rcito os cidadãos mais idoneos
punham de um e xe rcito de 46.258 homens, sendo para o nobre serviço das armas, ao passo que se
33.178 b ra sile iro s (general O s o rio ), 11.500 Argen­ presta a ille ga lid ad e e vexames, contra os quaes nem
tinos (general M itre ), 1.580 O rientaes (general Ve- sempre é efficaz a vontade e acção repressiva do
nancin F lores). Esses effectivos variaram durante os Governo».
cinco longos annos da po rfiad a campanha; portando- O ensino m ilita r no Brasil fo i m uitas vezes re­
se to dos os combatentes, pondo de lado a m aior ou form ado, de accordo com os conselhos da exp erien­
m enor le g itim id a d e da causa que cada um defendia. d a e os processos da arte m ilita r. N os u ltim o s quin-

o o o o o o 239 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT!V( CENTENARIO DA

ze annos d o Im p e rio v igo ro u, com simples retoques, vos em S. Paulo». 1F. Olavoi B jlac, em sua confe-
o R egulam ento p ro m u lga do p o r D ecreto de 17 de rencia do C lu b M ilita r em N<ivem bro de 1915, excla-
Janeiro de 1874. m a: V i que t.-ssas eispadas, recusando a sua força
P o r esse R egulam ento a instrucçâo m ilita r theo­ e o seu b rilh o á gana ncia dos mercadores de homens.
ries e pratica era prestada ás pragas do Exercito e defendendo a ia dos t■scravisados, apoiaram a
nos D e p osito s tie In strucçâ o, nas Escolas Regimen- dedicação dos abobei.ou istas e apressaram a victoria
taes, na Escola P re p ara tória e na Escola M ilita r. A da sagrada campanha...»
Escola M ilita r possuía um curso com pleto de Enge­ A R epublica fo i fe ita, não p o r um sim ples p ro ­
nharia, d iv id id o em curso s u p e rio r e preparatório, nunciamento de q u arte l, mas como a sequência natu­
fo rm an do um In tern ato . E x istia também no Rio Ciran­ ral de uma serie de factos e accidentes que a v i­
de do Sul uma organisação de ensino m ilita r desde nham preparando, desde os p rim ó rd io s da form ação
1851, que apenas com prehcndia um curso de infantaria de nossa nacionalidade. O rganisado o governo pro-
e ca v a lla ria ; a p a r tir de 1881 passou a ter m aior vis o rio , sob a chefia do general D eo do ro da Fon­
desenvolvim ento com a denom inação de Escola M i­ seca, fo i o elemento c iv il que pre do m in ou p o r seus
lita r da Provin cia do R io Cirande d o Sul. O u ltim o conselhos, decisões e opiniões, representado nas egre­
plano de reorganisaçâo do ensino m ilita r no passa­ gias pessoas de Q u in tin o Bocayuva, Ruy Barbosa,
do regim ent, data d o Decreto de 9 de M arço de 1889, Campos Salles. A ris tid e s Lobo, D e m e trio R ibeiro,
sendo m in is tro da gu erra o c onselheiro Thontaz Coe­
lho Por esse pla no era reorganisada a Escola M il i ­
ta r tia C o rte , rem odelada a do R io Grande do Sul
e creada a Escola M ilita r do C eará, com sede em
Fortaleza. UMA NOVA OKOANISAÇAO
A o mesmo tem po era creado o C olle g io M ilita r,
com o o b je c tiv o de pro p o rc io n a r aos filh o s dos m i­
litares, ou aos que desejem s eg uir a carreira das Um ntez após a institu ição d o go vern o re p u b li­
armas, os nieios dc receberem instrucçâo que em cano tratava-se de dar nova organisaçâo ás forças
poucos annos lhes abra as po rtas das Escolas M ili­ armadas, pe lo D ecreto de 14 de D ezem bro de 1889.
tares. R enrganisado o ensino dado nas Escolas M i­ Elevava-se o num ero de batalhões de infa n ta ria a
litares, entendeu o governo dever estabelecer uma 36, o de regim entos dc a rtilh a ria a 5, o de bata­
ts c o la S u p e rio r de G uerra, destinada a dar instrucçâo lhões de a rtilh a i ia de posição a 5, o de regim en­
theorica e pratica aos offic ia e s que, por se have­ tos de cavallaria a 12. Elevava-se o num ero de pra­
rem mais d is tin g u id o n ’aquellas Escolas, tiverem sido ças de pret, em pé dc paz, a 24.877, assim d is trib u í­
propostos para estudarem os cursos superiores. das pelas d ifferen te s armas:

Engenharia — 2 ba ta lh õe s......................... 784 praças


Artilharia - 10 c o rp o s ................................... 3.655 .•
A REPUBLICA Cevallat ia - 12 regiment j s ......................... 4.860
Carpo de transporte I corpo . . . . 278 »
Infantaria — 36 b a ta lh õ e s ............................... 15.300
C om a proclam ação da R epublica, a 15 de N o­
vem bro de 1889, teve fim no B ra s il o segundo reinado
e un ificou -se o systema de go v e rn o republicano em U tn Decreto de 19 de A b ril de 1890 alte ro u o
terras da Am erica. Parte salie nte e decisiva teve quadro e as denominações de postos dos officia es
n’esse m agno acontecim ento o E xercito, a testa do generaes; o quadro do C orpo de E stad o-M a ior Ge­
qual achavam-se os prestigioso s chefes Manoel Deo- neral do E xe rcito ficou reduzido a q u atro m arc-
d o ro da Fonseca, Benjam in C onstant Botelho de chaes, o ito generaes de divisão e dezeseis generaes
M agalhães e F lo ria n o P e ix o to . Este ultim o devia de brigada. Ficaram equiparados para todos os e ffe i­
mais tarde no tabilisar-se pela fe rrea energia com que tos os marechacs aos alm irantes, os generaes de d i­
soube m anter o p rin c ip io de autoridade ameaçado por visão aos vice-alm irantes, os generaes de brigada aos
uma temerosa revolta. contra-alm irantes.
Sobre a influ en cia das fo rças armadas no adven­ Por Decreto de 12 de A b ril de 1890 fo i p ro m u l­
to da R epublica d iz Euclydes da C unha em sua obra gado o prim e iro Regulam ento para o ensino m ili­
A m argem da H is to r ia : A propaganda republicana ta r na Republica. A instrucçâo theorica e pratica
fazia-se por si mesmo. A ttrib u ir-lh e o successo fe liz seria dada aos officia es e praças de pret d o E xe r­
á palavra dos tribu no s, ao jo rn a lis m o d o u trin ário ou cito nos seguintes Estabelecim entos:
agitad or, ao entuziasm o de um a mocidade robusta, á
ind is c ip lin a m ilita r, e por fim ao levante de um exer­ !.< ■ - Escolas reg im e n to es;
cito que, como o dc 7 de A b ril, nada mais f o i que 2. " - Escolas M ilita re s ;
a ordenança passiva da nação em marcha — equi­ 3." Escola S u pe rio r de G u e rra ;
vale a a ttrib u ir a maré m ontante ás vagas impe­ I." — Escolas p ra ticas d a E x e rc i'o .
tuosas que ella alteia».
Em 1889 o redactor do D ia rio de N oticias, Ruy ^ h a v e ria , alem disso, para instrucçâo e educaçà
Barbosa, escrevia a pro p o s ito da missão nacional
da força armada no Brasil, da consciência d o seu
papel p a trio tic o : Nunca se lhe descobrio eiva de m i­ 1." C o lle g io M ilita r ;
lita ris m o . T oda a sua tradição é civica, de d o c ili­ 2." Escola ,I t Sargentos
dade ao d ire ito , de firm eza discip lin ar, de indole 3.- Escolas tie officio s.
nacional e pacificadora... Sua his to ria a este respeito
não offerece variação». Já na campanha abolicionis­
Esse Regulamento, que nunca teve execução in­
ta, que teve como e p ilog o o 13 de M aio de 1888 o
te gral, fo i s ub stitu ído por um o u tro , que extin g u iu
E xe rcito representou im p orta nte papel recusando-se
a A s to la S u pe rio r tie G u erra e concentrou o ensino
á caçada ignom iniosa dos escravos fugidos. ( ) citado
na Escola M ilita r do B ras il, com sédc na ('a p ita i
R uy Barbosa escreve no mesmo D ia rio de Noticias
Federal, no mesmo antigo ed ifíc io da Praia Verm elha,
. , óooeSCraVÍda° nâo se ,c‘ria ab ol‘* > « n 13 de. M aio em 18 de A b ril de 1898.
de 1888, se os nossos valorosos batalhões se dessem
pressa em obedecer ao governo de sua magestade O E s tad o-M a ior do E x e rc ito , creado p o r le i de
21 de O u tu b ro de 1896, fo i regulam entado em 6
c orren do a a fog ar em sangue o exodo dos escra-
de Janeiro de 1899 e inaugurado em 23 d o mesmo

o o o o o o 240 o o o o o o
Y HERVATARIA g u a r a n t y
EUGENI O LA M A I S O I N
M arcas R egistradas: CECY. PERY. CABURÉ,IMPERIAL.GUARANy

Q \ O l i E G R - iltST^ ^ -... / I

HERVATARIA GUARANY — Rio Negro.


IN D E PEN DE N C I A F DA EXPOSIÇ, IN IE R N M lONAI.

mez c anno. Compunha-si- esse E stad o-M a ior dc uni mais arma de oppressão ou aventuras equivocas nas
G abinete e 4 Secções, com as suas incumbências per­ mãos de quem quer que seja. A liás, elle, que repre­
fe itam ente discrim inadas. .4 In te n d e n d a Gera! da senta a nação em armas, filh o do povo, não podia
G uerra fo i organisada em v irtu d e da mesma lei que d e ix a r de p a rtic ip a r de to dos os a ttrib u to s que ca-
creou o E stado-M aior, fo i regulam entada em 12 de racterisam a nossa raça, que ind ivid ua lisa m a nossa
Janeiro de 1899, te ndo p o r fim assegurar aos corpos gente. N o Congresso Scie ntifico Am ericano, aqui
de tropas, ás fortalezas e aos dem ais estabelecimen­ realisado, o barão do R io Branco, nosso ge ne ral da
tos m ilita re s o forn ecim en to do m ate ria l necessario paz, assim se exp rim ia n ’uma referencia aos delega­
á subsistência e accomodaçâo do pessoal d o exer­ dos dos paizes do c ontinente: Elles dirão, sem du­
cito, to d o fa rdam ento, equipam ento, arreiam ento, cor- vida, que viram uma bella terra, habitada p o r um
reiame, armamento, m unição c dem ais m aterial de bom povo; te rra generosa e farta, povo lab orioso e
guerra e de tran spo rte, hem assim a necessaria ca­ m anso, como as colmeias em que sobra o m el. N ão
valhada. Conipunha-sc d t 1 (ia b in e te e 4 Secções. ha aqui quem alim ente invejas contra os povos v iz i­
Em 1899 fo ram também regulam entadas a D i­ nhos, porque tu do esperamos do fu tu ro ; nem odios,
recção G e ra l de E n ge nh aria, incum bida de todos os porque nada soffrem os no passado. Um grande senti­
trab alh os de engenharia m ilita r, ta nto na paz como m en to nos anima, o de pro gred ir rapidam ente sem
na g u e rra ; a D irecção G e ra I de A rtilh a ria , incumbida quebra das nossas tradições dc libe ra lism o e sem
do estudo e preparação d o m ate ria l de a rtilha ria , offensa dos d ireito s alheios». H oje , como hontem,
das munições de gu erra e de to d o o arm am ento ne­ em todas as phases da evolução de nossa P atria, l i ­
cessario ao Exercito. vre e soberana, o Exe rcito aspira unicam ente cum­
C om a creação do E stado-M aior do Exercito, p r ir a sua elevada missão social, fortalecendo a Na­
da D irecção de Engenharia, da de A r tilh a ria e da ção e garantindo-lhe a integridade.
Intendência U eral da O u c rra fo ra m extin cta s as Re­
partições de Aju da nte G eneral, D ire c to ria de Obras
M ilita re s , C om m ando G e ra l de A r tilh a ria , Commis-
são Technica M ilita r C o n sultiva e Repartição do
Q u arte l-M estre G eneral, até essa data existentes. A II
D irecção Gera! de Sau l - e a D irecção G e ra l de C on­
ta b ilid a d e da G uerra receberam nova Regulamentação, ORGANISAÇÂO ACTUAL
bem assim a Eabrica de C artuchos e A rtefactos de
G u erra , as Eabrieas e D ep osito s de P o lv o ra , os Ar-
senaes de G uerra e l.ab ora torios.
A organisaçâo do Exe rcito B rasileiro, nos m ol­
des actuaes, promana da reform a fe ita pelo Marechal
Herm es R odrigues da Fonseca, quando M in is tro da
OS DISTRICTOS MILITARES G uerra na Presidência A ffon s o Penna, pela Lei nu­
m ero 18b0 de 4 de Janeiro de 1908; remodelada
pe lo general José Caetano de Faria, M in is tro da
G uerra na Presidência Wenceslau Braz, pelo Decre­
O te rr ito r io da R epublica fo i d iv id id o cm sete to n.° 11.497 dc 23 de Fevereiro de 1913; retocada
d istricto s m ilita re s , commandados cada um por um pelo general A lb e rto Cardoso de A g uia r, M in is tro
o ffic ia l general. Os d is tric to s m ilita re s p o r sua vez da G uerra na Presidência D elfim M oreira, pelos De­
achavam-se sub divid id os em commandos de guarni­ cretos ns. 13.651, 13.652 e 13.653, de 18 de Junho
ções e estes em commandos de fron te iras . de 1919, e D r. João Pandiá Calogeras, M in is tro da
As promoções no E xe rcito eram reguladas pelo G uerra na Presidência actual D r. E p itacio Pessoa,
D ecreto de 7 dc Fevereiro de 1891, e posteriores pelos Decretos ns. 13.916, de 11 de Dezem bro de
resoluções legislativas de diversas datas. A reform a 1919 e 14.397 de 9 de O u tub ro de 1920, e actos
vo lu n ta ria e com pulsória fo i estabelecida no Exer­ posteriores, inclusive o Decreto n ." 15.235, de 31
cito em 30 de Janeiro de 1890. cuja tabella, lig e i­ de Dezembro de 1921. Estes ultim o s obedeceram em
ram ente m odificada, mantem-se na organisaçâo actual. parte á orientação dos ensinamentos da M issão M i­
( j>m relação ao ensino m ilita r devemos dizer lita r Franeeza. Na fó rm a do a rtig o 14 da C o n s titu i­
que a Escola de E s tad o-M a ior, destinada á instrucçâo ção Federal, o Exe rcito é uma in s titu iç ão nacional
m ilita r superior h a b ilita n d o para o serviço do Estado- permanente, destinada á defesa da Patria no exterior
M a io r no E xercito, fo i pela prim eira vez instituida e á manutenção das leis no in te rio r. Essencialm en­
entre nós na reform a que su rg io com o Decreto de te obediente, de ntro dos lim ite s da le i, aos seus
2 de O u tub ro de 1905. Novos Regulamentos de superiores hicrarchicos, é obrig ada a sustentar as
ensino foram successivamente appareccndo, em 1913, instituições constitucionacs. Sua organisaçâo baseia-
em 1918, em 1919, notando-se em to dos elles a nor­ se no serviço m ilita r ob rig a to rio e pessoal e na iden­
ma que institu e na Escola M ilita r os cursos div e r­ tida de da constituição de suas forças cm te mpo de
sificados para cada arma combatente, precedidos de paz com as que deve te r no caso de- gu e rra ; j:
um ctfrso fundam ental commum. As diversas te nta ti­ com prehende: a) O C om m ando; b) As Forças.
vas dc reorganisaçâo do E xercito, que precederam o
actual estado de cousas, e que mais de perto consul­
taram os interesses da defesa nacional, foram reali-
sadas quando se achavam a testa d o M in is té rio da SERVIÇO MILITAR
(iu e rra o M arechal João Nepomuceno de Medeiros
M a lle t (1898-1902), o M arechal H erm es Rodrigues
da Fonseca (1906-1908) e o G eneral de D ivisão O brig ato rie da de do serviço. — T od o bra sile iro
José Caetano de Faria (1914-1918). E lias continham é o b rig ad o ao serviço m ilita r, em defeza da Patria
os principaes elementos necessarios á renovação do e da C on stituiçã o, na fórm a das leis federaes ( a r ti­
organism o m ilita r e os germens geradores da orga- g o 86 da C o n s tituiç ã o). A duração da obrigatoriedade
nisação actual, accrescidos ho je dos numerosos e do serviço no E x e rc ito é: l.o — Dos 21 aos 30
im portantes dados que a exp erien da da guerra m un­ annos de idade no Exe rcito de 1." lin h a o u nos cen­
d ia l pôz em evidencia e tem sido p o r todas as na­ tro s preparadores de reservistas de 2.a categoria ( t i ­
ções aproveitados. N o fundo, é o mesmo Exercito, ros de guerra, associações e estabelecimentos de
com pletamente id e ntific a do com os superiores dicta­ ensino ; 2.» — Dos 30 aos 44 annos de idade no
ntes da defesa nacional, nunca apartado das inspi­ E xe rcito de 2.» linh a. Em caso de gu erra, a pa rtir
rações de civism o e libe rd ad e do po vo brasileiro, já- da idade de 44 annos até um lim ite determ inado

o o o O O o 241 o O O O
I.IVRO OI HO (AT/vn no IARIO HA

17 e '21 annos lod o b ra s ile iro poderá ser chamado O tempo de serviço no E x e rcito activo tem a
a pi estar serviços no Exe rcito de 1.» ou 2.» linha. seguinte duração: de um a d o is annos de instrucção
/ ; x ercito de I . 3 linha. — O Exe rcito de I.» l i ­ para voluntarios e sorteados; de mais de do is annos
nha subdivide-se cm duas partes: E xe rcitu activo ou pura engajadois c rcengajadios; de qu atro mezes de
permanente e Reserva de /.« linh a. A q uc lle eonsti- instri Hçâo int.rnsiva para os v olu nta rio s e sorteados
tue-se dos o fficia es effectivos e pessoal dos serviços em ( idições especia es ; e de deseseis mezes
auxiliares, dos aspirantes, dos graduados (sargen­ para voluntari os ou sorteade>s também e.n certos ca-
tos, cabos c anspeçadas), dos alumnos praça- das sos cspcciacs. O s reservista s d o E xe rcito de l.« li-
Escolas M ilita re s e dos soldados v oluntarios e sor­ nha pertenceua ás seguintes categorias:
teados. A Reserva compõe-se dos officiaes. aspiran­
tes e graduados da reserva de l.« linha, recrutados
na fôrm a do respectivo Regulamento, e dos demais 1.» Fortnada pelos cidadãos licenciados do
cidadãos de 21 a 30 annos e dos reservistas de me­ serviço no E inclu sive Escola M ilita r
com a cadern.eta de reservis ta s;
nos de 21 annos.
O s o fficia es da reserva de I.* linha provêm : 2.-- C onstituída pelos cidadãos instruídos uii-
dos o fficia es reform ados do Exercito permanente, litarm en te nos C olleg ios M ilita re s , T iro s de Guerra.
v olu nta ria ou com pulsoriam ente, exceptuando-se os Associações e Estabelecim entos de ensino, varios re­
que forem julg ad os incapazes em inspecçã.» de samb­ servistas e praças licenciadas do serviço n o Exercito
ou que tiverem a ttin g id o ás seguintes idades: 35
annos para os subalternos. 63 para os officiaes su­ 3.» C onstituída pelos dem ais cidadãos de 21
perio res e 72 para os generacs; b) dos o fficia es re­ a 30 annos de idade.
crutados entre os dem issionários d.» Exe rcito acti­
vo, até 30 annos de idade; entre os estudantes das
Eaculda-U s superiores; entre os titu la do s das mes­
mas Faculdades e os professores no rm a listas; entre çâo m ilita r iios Tiros de G u erra , nas Associações e
os ex-alum nos dos C ollc g io s M ilita re s ; entre os sar­ estabelecimentos de ensino, existe a D ire c to ria Gera!
gentos effectivos do Exe rcito ; entre certos volunta- d o T iro de G uerra (D . T .), com séde na C ap ital
da Republica.
C nnstituem forças auxiliares do Exe rcito de 1 -1
lin h a : a P o lic ia M ilita r e C orpo de Bom beiros da Exe rcito de 2.» Unha - F c on stitu ído pela G uar­
C ap ital Federal, bem como as fo rças policiacs dos da N acional e sua reserva.- A ttin g id a a idade de
Estados, que tenham contracto com a U niã > na fô r­ 30 annos o cidadão passará a pertencer á Guarda
ma da Lei de 3 d:- Janeiro de 1017. Para este fim . N acional durante sete annos e em seguida á reserva
estas fo rças dos Estados deverão te r organisaçâo e f fi­ desta durante ou tros sete annos. O E xe rcito de 2.-’
ciente a ju iz o do Estado-Maior do Exercito, podendo lin h a é destinado a reforçar o de I.» linha e a de­
ser incorporadas ao Exercito em caso de mobilisação sempenhar certas missões e serviços que interessam
deste e durante as manobras. á defeza geral do Paiz.

o o o o o o 242 o o o o o o
I X I l lP I NM.XC i a /. I,.\ XroSIÇAO IN lh lW M lO N M

DIVISÃO M ILITAR 1)0 TERRITORIO DA REPUBLICA


designar quem deva exercel-o, em caso de gu erra ou
ds luta interna, cabendo-lhe, igualm ente, a d m in istrar
as suas fo rças e d is tribu il-a s de accôrdo com as leis
O te rr ito r io do B rasil e d iv id id o em sete regiões
e duas circum scripções m ilita re s : federaes e as necessidades do G overno Nacional.
Além do A lto C.om m arrio, O Exe rcito tem os com­
mandos que a lei confere á cada um dos gráos da
'■* Região. C a p ita l Federal, Estados do Rio
e E s p irito Santo. hierarchía m ilita r e os que são institu íd os para de­
2.» Região. S. P a u lo e Cioyaz. term inados fin s . São orgãos do A lto C om m ando:
a) O M in is té rio da G u erra; b ) O E stad o-M a ior
S.« Região. R io O rande do Sul.
4.- Região. M im is Geraes. do E x e rc ito ; c) As Inspecções de Arm as, Serviços
Ba hi a, Sergipe e Alagoas. e Regiões, d ; Os Grandes Commandos (de Divisões.
õ.» Região.
0.» Região, Regiões t C ircumscripções M ilita re s ).
Pern ambuco. Parahvba Rio Gran-
de d o N orte e < G M in is te rio da G uerra, onde se ccntralisam os
7.» Região, Piau hv. M aranhão, Pará. Amazo- negocios da adm inistração federal relativos ao E xer­
nas e Acre. c ito. é pre sid ido pelo M in is tro de Estado da Guerra,
I.» Circum sc ripção m ilita r. .....ilia r im m ediato do Presidente da Republica eagen-
M a tto Grosso. te de i 1 in te ira confiança. É secundado no exercício
1.......
ripção m ilita r Paraná e Santa fiincções pelos seguintes D epartamentos do
C ath arina .' Mi
Cada um do»i Estados, bem co.no o D istric to Fe-
deral, constitue i rcum scripção de recrutamento. I G abinete do M in is tro da G uerra ( ü . ) , que
subdividindo-se cui disitric to s de alistamento, recru- comprehende o Estado-M aior do M in is tro , estuda
tamento e m o b il isação. Para e ffectiva r qs processos e examina os papeis subm ettid os a despacho;
de recrutam ento. ha emi cada d is tric to uma Jun 'a per- II Secretaria de Estado da G uerra, su b ord i­
manente de alist'.7merit. > m ilita r ; e em cada circums- nada directam ente ao M in is tro e intim am ente ligada
cripção um chefe d o s erviço de recrutam ento e uma ao G abinete; comprehende duas secções: 1.», a do
Junta de revisão e scm eio. Das decisões da Junta p ro to c o llo ; 2.», a de redacção.
de revisão e so rt eio h ii recurso para o Supremo T ri- I I I - D ire c to ria de C ontabilidade, destinada a
/m na/ M ilita r. superintender a to do o serviço de contabilidade do
M in is te rio da C iuerra; comprehende 3 secções, um
archivo e um cofre.
REMONTA Poderão ser também creadas Caixas M ilita re s ,
para attender ás necessidades pecuniarias das fo rças
de observação, em operações de guerra ou em casos
O serviço de rem onta do Exe rcito tem por fim especiaes.
assegurar o forn ecim en to de animaes necessarios ao IV. - D epartam ento d o Pessoal da G u erra (D .
Exercito e an im a r a producçâo e creação respectiva. ü . ) , chefiado p o r um general de brigada effectivo ,
O serviço de rem onta é d ir ig id o p o r um o ffic ia l ge­ é destinado a secundar o M in is tro nas providencias
neral. inspector d’ esse serviço, como o titu lo de necessarias para a realisação dos actos do A lto C om ­
D in 'd o r de D r m om a ( I) . R.). directamente subordi­ mando relativos ao pessoal do Exe rcito , em geral, e
nado ao M in is te rio da G uerra. Serão ereados succes- mais especialmente ao pessoal das armas combatentes.
sivamente seis depositos de remonta, localisados no Com prehende, além do gabinete do Chefe, seis
Rio G rande d o Sul. Paraná. S. Paulo, Estado do Rio. D ivisões c um Gabinete C e n tra i de Id entificação.
M in as Geraes e M atto-G rosso. V. /departamento C en tral (D . C ) , te nd o por
fim : centralisar os assumptos referentes aos re fo r­
mados, os serviços de telephone, telegraph:», ele c tri­
cidade e agoa do e d ific io do Q u arte l General, fo r­
REQUISIÇÕES MILITARES necer os elementos para o funecionam ento da C om ­
missa/' de Prom oções, tra ta r*d a concessão de meda­
O C o d ig o C iv il, a rtig o 501, p e rm itte as requisi­ lhas m ilita re s, etc. C om prehende tres divisões, sen­
ções de tu do quanto fò r indispensável para com pletar do chefiado p o r um coronel e ffectivo do E xercito.
os meios de aprovisionam ento e transporte das fo r­ VI D ire c to ria de Engenharia, directam ente su­
ças armadas de te rra ou mar, quando to tal ou par- bordinada ao M in is tro , incum bida de to dos os tra ­
cinlmente m obilisadas. em v irtu d e d o estado de guerra balhos de engenharia m ilita r, organisaçâo de p ro ­
ou em consequenda de commoçâo intestina e estado jectos e orçamentos de obras m ilita re s, inspecção da
de s itio . Em tem po de guerra, o Poder Executivo arma e todas as questões relativas ao m ate ria l de
pode re q u is ita r tu do qu an to fò r necessario á alim en­ engenharia. Com prehende o Gabinete, tres divisões
tação. ab rig o e vestuário da população civ il, bem e um G abinete de trabalhos g ra ph ico s; seu D ire c to r
como o que fò r preciso como com bustível e meios é urn general de brigada com o curso de engenharia.
de illu m in açã o das cidades, villa s, povoados e res V II D ire c to ria do M a te ria l B e ili-o , tendo p o r
fim assegurar a execução dos serviços relativo s ao
pectivas casas. Acham-se m inuciosam ente discrim ina­
dos em le i to das as cousas e serviços sujeitos á arm am ento e munições, superintendendo para isso as
requisição. T od os os fornecim entos fe itos em v irtu ­ fabricas, arsenaes e depositos. C om prehende o G a­
de de requisição dão d ire ito á indemnisaçâo cooes binete, tres divisões e um gabinete de trabalhos g ra ­
phicos e chim icos. Seu D ire c to r é um general, c o r o
pondente ao v a lo r do damno o u p re ju iso causado ao
curso de artilh a ria .
requisitado. C om o orgão central da preparação do
V III D ire c to ria de Saúde, te ndo p o r fim su­
serviço de requisições m ilita re s , existe a C om missão
( m ir a i de R equisições, com séde no M in is te rio da perin tender. pe lo lado technico, o serviço de saúde
Guerra. e hygiene do pessoal nos corpos de tropa, hospitaes,
enferm arias, repartições e mais dependendas do E xer­
cito. bem como o dc tratam ento da cavalhada. C om ­
COMMANDO prehende o G abinete do D ire c to r e duas divisões.
Seu D ire c to r c um general de brigada medico.
fX - .1 D ire c to ria G e ra i da In te n d e n d a da
C om pete privativam ente ao Presidente da Repu­ Guerra, exercida por um General de brigada e su­
blica, ex-vi dos §§ 3." e -1." d o a rtig o 48 da C onsti­ bordinada directam ente ao M in is tro da G u erra, d i­
tuição, exercer o commando suprem o do Exercito, ou rige to d o o serviço de Intendência da G uerra, em

O O O O O O '243 O O o O
/I V RO D t OI'RO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO

tempo de paz, incumbe-se do m aterial e do pessoal Inspecçòes de Arm as ou de Serviços d o E xe rcito


da Intendência, do serviço de abastecimento nacional São orgãos de que dispõe o A lto ('o m ina nd o para
para o te m p o de guerra, dos serviços de viveres, to rn a r effectiva, sobre todas as forças e commandos,
fo rragens, illu m in açã o, com bustível, fardam ento, eq ui­ a sua acção fis c alis a do ra; p o r m eio dos quaes v e ri­
pamento, acampamento, arredamento, aequisições ad­ fica a marcha dos negocios m ilita re s, os progressos
m inistrativas, contratos de fornecim ento c ap rovisio­ da instrucção, o estado da discip lin a, a situação adm i­
namento, etc.; em te m po de guerra, de quasi to dos nistra tiva, a maneira de proceder dos responsáveis,
os serviços anteriores, e mais serviços de pagadoria finalm ente, a organisação das armas e serviços, o
e correio, a rrola m e nto de presos, requisições, con­ seu preparo e e ffic ie nd a para a guerra. Os Inspecto­
tribuições de guerra, etc. res não exercem propriam ente commando, e sim acção
fiscalisadora, agindo e fa lla n d o em nome do A lto
C om o orgãos d’ esse serviço fo ram creados: tun Com m ando, de que lhes vem toda autoridade de que
corpo de In te n d e n d a da Guerra, comprehendendo o se acham investidos.
quadro de In tendentes da G uerra (qu ad ro de direcção As Inspecçòes de Armas e Serviços, exercidas
e de verificaçã o), e o de O ffid a e s de Adm inistração por o fficia es generaes ou excepcionalmente p o r co-
(qu ad ro de gestão e execução).
ts ia d o - M a io r do E x c ra to . — O Estado-M aior
do E x e rc ito (E . M . E.) é o centro coordenador e a) Inspecçòes da Arma de In fantaria.
de direcção suprema de to do o Serviço de Estado- h) Inspecçòes da Arm a de C avallaria.
M a io r do Exe rcito (S. E. M .) e constitue uma Re­ c) Inspecçòes da Arm a de A rtilh a ria .
partição especial, dependente do A lto Commando. d) Inspecçòes da Arm a de Engenharia.
Com pete-lhe, como orgão do Alto-Comm ando, o es­ e) Inspecçòes dos Serviços de A dm inistração.
tu do da preparação geral para a guerra e a direcção f) Inspecçòes dos Serviços de Engenharia.
da instrucção do E xercito. O Chefe do Estado-M aior g) Inspecções dos Serviços de Saude e V e te ri-
é um general de divisão nomeado por Decreto do
Presidente da Republica, sendo seus auxiliares imme­ h ) Inspecções do Serviço de M ate ria l Bellico.
diatos de in te ira confiança, dois sub-chefes. do E i) Inspecções do Ensino M ilita r.
M. E., generaes de brigada, nomeados também por
Decreto. A organisação do E. M E. visa o seu des­ Um decreto de 31 de Dezembro de 1921 creou
dobramento, na occasião da mobilisação em : Estado- a funeção de Inspector de R egião ou de Regiões,
M aior do G rup o de Exercitos de operações; Estado- que será priv a tiv a de general de divisão. O Serviço
M a io r do In te rio r A R epartição do Estado-M aior de E stado-M aior do Inspector de R egião é d irig id o
com prehende: por um delegado do E stado-M aior do E xercito.
Os Grandes Commandos são orgãos de que o
a) O G abinete, encarregado da adm inistração G overno dispõe para o em prego e a direcção das
interna e da correspondência. fo rça s; taes commandos são exercidos pelos Gene­
b ) i .'1 Sub-chefia, constituída da 2.» secção (in raes Commandantes das C ircu nscripçôes. D ivisões e
form ações) e da 3.» secção (operações). A 2.» secção Regiões
comprehende duas sub-secções: a 1.» que se occupa O G u aite l-G c n eral (Q . G .) de um G rande C om ­
de estudos relativos aos exercitos americanos e a mando c form ado do con jun cto constituído pelo ge­
2. a que trata dos exercitos europeus e asiaticos. A neral commandantc. ajudantes de ordens, chefe e
3. ® secção também c constituída de duas sub-secções; pessoal do serviço de E. M .. chefe e pessoal de cada
a 1,® relativa a planos prováveis de concentração c um dos serviços au xilia re s, trem e pessoal de tropa
operações, grandes manobras e viagens de E. W ; adstrictos ao commando e aos serviços. O Estado-
a 2.» que se encarrega da instrucção da tropa, Es­ M a io r de um Grande Com m ando tem um chefe, co­
colas e Regulamentos. ronel ou tenente-coronel, que regula a acção do mes­
c) 2.» Sub-chefia, constituída da I.» secção (mo­ m o Estado-M aior e coordena a dos Serviços; e os
bilisação) e 4.» seccâo (transportes, estatística c ser­ respectivos assumptos são rep artido s entre tres sec­
viço da retaguarda). A 1.® secção comprehende 3 ções com attribuiçòes claram ente determ inadas. Os
sub-secções: a 1.» que estuda o plano geral de m o­ Serviços dos Q . G . têm por fim satisfazer as ne­
bilisação; a 2." estuda os quadros de effectivos de cessidades das forças c preparar, sob as vistas do
guerra; a 3. m aterial de toda sorte. A 4.a secção E. M . regional a m obilisação das tropas e formações
comprehende 2 sub-secções: a 1.», planos de trans­ que se recrutam na Região. Taes serviços de caracter
portes de mobilisação e concentração; a 2», esta­ permanente são os seguintes: a) M ate ria l B e llico ;
tística geral do paiz para o abastecimento dos exer­ b) Engenharia e communicações; c) Intendência:
citos em operações. d) Saude e V e te rin a ria ; f) Justiça: g ) R ecrutam ento;
d ) 5.® Secção ( H is to ria r G eographia), directa- h ) Inspectoria de T iro .
mente subordinada ao Chefe do E. M . E. Com prehen­
de duas sub-secções: a 1.® relativa á H is toria M ilita r
do Brasil e das campanhas da America do Sul >_• de
AS FORÇAS
outros continentes; a 2.®, guarda do M ip o fh r -a c d i­
recção da officin a carta grap lrca . O Boletim lo Es­
ta d o -M a io r do E x e rc ito é red ig ido pela 5.» seccâ». As fo rças do E xe rcito comprehendem o conjuncto
e) Serviços a u x ilia re s, comprehendem o Serviço de homens armados, instruídos, organisados e m an ti­
G eographico M ilita r, a Commissão da ( a r a G eral dos pela Nação para sua defeza. As fo rças do E xer­
da Republica, a In ten de n-ia do I: M . E ., o Archivo c ito N acional abrangem:
G ir a i, o G abinete Pho'og ra ph ico e a Im prensa M i­
lita r.
1) O E x e rc ito de I.® Unha, sub divid id o em E xer­
c ito aclivo o u permanente e Reserva de 1.» linha.
O serviço do E stado-M aior é desempenhado por 2) O E xe rcito de 2.® lin h a , con stitu ído pela
C oronéis, tcnentes-coroneis, m ajores e capitães das Guarda M adona' e sua Reserva.
quatro armas com o curso de Estado-Maior, durante A organisação das fo rças comprehende:
cinco annos consecutivos no maxim o. a) As armas;
O chefe do E stado-M aior permanece no seu oos- b) Os serviços.
to conquanto merecer a confiança do alto Com m an­ O Exe rcito activo, em te m po de paz. compõe-se:
d o ; e os Sub-Chefes e demais officiaes cmquanto a) D o E stado-M aior General (qu ad ro de o f fi­
merecerem a daquella Chefe. ciaes generaes);

O o o o o o 244 o o O
PAVILHÃO DL HONRA PORTUCi UEZ TRECHO DA SALA «THOMAZ ANNUNCIAÇÀOx
'AVILHAO DAS INDUSTRIAS DE PORTUGAL
'N D hP E N D E N dA / EXPOSIÇÃO /V i IO SAE

b) D os officiaes e praças das q u a tro armas com­ Na realidade esses num eros não existem , pois
batentes; não são provisoriam ente organisados na In fa n ta ria :
c) D os officia es e praças dos diversos Serviços: iim R I., tres batalhões de infa n ta ria m ontada e qua­
d ) D o pessoal dos contingentes especiaes. tr o Q . G . de brigada; na C a v a lla ria : um Q . G . de
D ivisão, dois Q . G . de briga da e qu atro deposito;-,
de rem onta; na A rtilh a ria : um R. A. M , tres R.
As unidades de tro p a s io d is tribu íd as em b D i­ A. P. do Exe rcito , tres G A. C., tres G . A M :,
visões de In fa n ta ria , 3 D ivisões de C ava lla ria . 1 B ri­ os terceiros grupos de A. M ., os segundos e te r­
gada M ix ta c unidades independentes. ceiros dos R. A. P. div is io n á rio s , e tres Q . ü . de
A D iv is ã o de In fa m a ria ( D . I.) com prehende: 2 brigada; na Engenharia: um B. E. e um esquadrão
brigadas de in fa n ta ria : 1 briga da de a rtilh a ria ; I Re­ de transmissões.
g im en to de c ava llaria d iv is io n á ria ; I batalhão de Os Serviços são /o rm ad os com elementos com ­
engenh aria, 1 esquadrilha de observação. batentes ou não que se grupam conform e a na­
A D iv is ã o de ( 'a v a lia ria (D . C .) comprehende: tureza do concurso que devem prestar na preparação
2 brigadas de c a v a lla ria ; 2 gru po s de a rtilh a ria a ca­ das providencias necessarias ás decisões de comman­
vai lo ; I batalhão de in fa n ta ria m on tad a; I esqua­ do ou dos recursos de que devem prover as forças
drã o de transm issões; 1 esquadrilha de observação. para satisfação das suas necessidades.
.1 B rig a d a M i M a com prehende: 3 batalhões de Os Serviços são os seguintes:
caçadores; 2 R egim entos de cavallaria independente;
1 R egim ento de a rtilh a ria m ix ta ; I B atalhão de en­
ge n h a ria ; I esquadrilha m ixta de aviação.
A In fa n ta ria com prehende: 12 Regimentos de j lações do command i
In fa n ta ria , 2*1 Batalhões de caçadores, 3 Batalhões
de In fa n ta ria M ontada. 2 Com panhias de Estabele­
cim ento.
O R egim ento de In fa n ta ria compõe-se de '3 ba­
talhões de infa n ta ria e 1 companhia de m etralhadoras
pezadas; o batalhão inc orporado, de 3 companhias
de in fa n ta ria (-4 em m obilisaçâo) e 1 pelotão de í que se referem á re
m etralhadoras leves; a companhia de m etralhadoras • pressão dos crimes e
I delictas e í prepara-
pezadas de 3 secções de M . P. e 1 secção de pe­ 1 çio dos actos civis.
trechos de acompanhamento. O B atalhão de Caça­
dores comprehende 3 companhias de infa ntaria (4
em m ob ilisaçâ o) e I de m etralhadoras m ixtas O
B atalhão de In fa n ta ria m ontada com prehende 3 com­ (JUADRO IX » OFFICIAES
panhias e I com panhia de m etralhadoras pezadas.
A cava lla ria com prehende: 15 R egim entos de
ca va llaria independente e 5 regim entos de cavallaria
divisio n á ria . A Brigada de cavallaria com prehende o Os offic ia e s generaes dos d ifferen te s postos cons­
Q - O . e 2 R egim entos de cavallaria independente; o tituem o Q uadro do E stad o- M a io r ge n e ra l; os o f fi-
R. C . compõe-se de 4 esquadrões e 1 pe lotã o de tiaes dos d ifferen te s postos, de cada arma, constituem
m etralh ad oras leves. A a rtilh a ria com prehende: 10 o respectivo Quadros dos O fficia es da Arm a. Esses
R egim entos de a rtilh a ria m ontada (a 3 gru po s de quadros compõem-se cada um de duas partes: Q u a­
3 ba te ria s), 8 Regimentos de a rtilh a ria pesada, 1 Re­ dro o rd in a rio , Quadro S u pp lem en tar. Para os serviços
g im e n to de a rtilh a ria m ixta, 5 grupos de a rtilha ria auxiliares existem mais os seguintes quadros:
de m ontanha, 6 gru p o s de a rtilh a ria a cavallo e 8
baterias isoladas de a rtilh a ria de costa. Q uadro dos officiaes do Serviço i e Saúde,
A Engenharia com prehende: b Batalhões de en­ Q uudro dos officiaes do Serv!ço t e In te n d e n d a ;
genharia (a I com panhia de sapadores m ineiros, I Q uadro dos officiaes do Serviço te A d m in istra -
com panhia de ponton eiros e 1 com panhia de trans­
m issõ es); I batalhão fe rro -v ia rio ; 1 companhia fe rro ­
viá ria isolada. 1 com panhia de aviação e 3 esqua­
drões de transmissões. E mais, por m otivos excepcionaes, os tres se­
C o n stitu e Tropa especial, unidades constituídas guintes quadros tra n s ito rio s : Q u a tro Q destinado
p o r o fficia e s de to das as armas e com prehendendo aos offic ia e s pertencentes ao m agisterio v ita líc io ;
12 esquadrilhas de aviação (5 esquadrilhas de obser­ Quudro Q E. destinado a o fficia es que. depois de
vação d ivis io n á ria , 3 esquadrilhas de caça, 3 esqua­ reform ados, reverteram á actividade. em virtu d e do
drilh a s de bom bardeio e 1 esquadrilha m ix ta em decreto de 3 de O u tu b ro de 1919; e Q uadro Q. t .
M a tto G rosso) e 1 com panhia de carros de assalto. destinado aos offic ia e s que tomaram parte na revo­
lução de 1893.

EFFECTIV O IX ) EXERCITO EM TEMPO DE PAZ


ESTADO DOS OFFICIAES

Officiaes Praças
G arantia s As patentes e os postos são ga­
rantidos em toda a sua p le nitu de (a rtig o 74 da
Infantaria C on stituiçã o da R epublica). Os officiaes do E x e r­
Cavallaria cito e da Armada só perderão suas patentes por
Artilharia c condemnação em m ais de do is annos de prisão, pas­
sada em ju lg a d o nos tribu na es competentes ( a r ti­
Esquadrilhas de aviaçã > go 76). O s m ilita re s de te rra e m ar tem fô ro es­
Companhias de carros de pecial nos delictos m ilita re s , fô ro que se compõe
Contingentes especiaes 1.645
de um Suprem o T rib u n a I M ilita r e dos Conselhos
73.938 necessários para a form ação da culpa e julg am en­
to dos crim es (a rtig o 77 ).

o o o 245 o o o O o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT!VO DO CENTENARIO DA

RECRUTAMENTO E PROMOÇÃO
POSTOS Soldo Gratificação

C) accesso aos postos de officia es das differen te s M a r e c h a l......................... 1:866*666 933*334


armas e serviços é gra du al e successivo desde 2." te­ Oeneral de divisão . 1:566*666 783*334
nente a m arechal. Os 2.,,s tenentes das armas são (ieneral de brigada 1:266*666 (.83*334
recrutados entre os aspirantes sahidos da Escola AU- 483*334
lita r, com o curso da arma e classificados p o r ordem Tenente-coronel . . . . 800*000 400*000
M a j o r .............................. 1.33*333 316*667
de m ciecim ento in te llec tu al, e os dos Serviços por C a p itã o ............................. 500*000 250*000
processos dete rm inados em le i, e de m odo d iffe re n ­ 1.*> T e n e n te .................... 383*333 101*667
te, con fo rm e o serviço. O preenchim ento das vagas 2." T e n e n te .................... 300*000 150*000
de 1.' tene nte e capitão nas armas e nos serviços é
fe ita p o r ordem de a n tigu ida de ; das vagas de o f f i­
ciaes superiores, metade p o r antiguidade e metade REFORMA
por m erecim en to; e das vagas de gencraes, por l i ­
vre escolha do A lto Com m ando. Esse preenchim ento Os officia es do E x e rc ito são reform ados, si es­
só pode ser fe ito por o fficia es que tenham 2 annos tiverem im p os s ib ilita do s de c on tinu ar a se rvir em
de posto e eventualm ente 1 anno, á excepção dos consequência de lesões ou m olestias incuráveis e lam ­
generaes. bem por m áo com portam ento ha bitu al. E têm d ir e i­
C o n s titu e m erecim ento m ilita r: subordinação, va­ to á reform a, quando contarem 25 annos de serviço,
lo r, in te llig e n c ia e illustraçâo com provadas; zelo e não podendo ser-lhes negada, salvo o caso de re-
d is c ip lin a ; bons serviços prestados na paz e na guerra. quercl-a lo g o depois de nomeados para qualquer com-
Esse m erecim ento é ju lg a d o pela Commissão de P ro ­ missão. Para o rejuvenescim ento dos quadros do
moções (com posta de generaes e presidida pe lo C he­ E xercito, serão reform ados com pulsória ou volu nta
fe do E. M . E .), a qual propõe tres nomes para riam ente os officiaes que a ttin g ire m as idades cons­
cada vaga. Actos de bravura dão d ire ito á p ro ­ ta ntes da seguinte ta be lla :
moção, independente dos princípios estabelecidos.
POSTOS Compulsória

TABELLA DE VENCIMENTOS
Coronel . .
Tenente-coronel

O vencimento dos officia es compõe-se de duas


partes: sold o (2 3 do to ta l) e gratificação (1 3). A 43
tabella abaixo dá os vencimentos mensaes:

O O O O

o o o o o o 246 o o o o o o
INDEPENDENCIA A F.X.POSIÇAQ IN TERSAC/ONj

MONTEPIO E M EIO SOLDO


gados a um concurso de admissão. U ltim a m e nte fo i
in s titu íd o na mesma Escola, a titu lo de experiencia
Os officia e s que fallecerem deixarão ás suas fa­ um curso de preparatórios.
m ilias a m etade d o soldo que percebiam, bem como O ensino na Escola M ilita r com prehende cin­
uma pensão de m on tep io ig u a l ao meio soldo, na co cursos: um fu ndam ental, e q u atro especiaes, sen­
razão do qual e llc c o n tribu i a para o d ito m ontepio do um para cada arma. O fundam ental é fe ito em
com um dia de s old o mensal. do is annos i ! o especial de cada arma em um anno,
F indos os tr os do cursa, os alumnos approva-
dos são declar aspirantes a o ffic ia l, desligados
da Escola e mandados apresentar ao Departamento
MEDALHAS do Pessoal da G uerra, para a respectiva classificação
nos corpos de tropa, segundo as suas armas.
Para com pletar a instrucção technica dos 2.°s e
P rivativa dos m ilita re s de mar e terra, fo i crea- c l.<« tenentes de artilh a ria e engenharia, o De­
da uma m edalha m ilita r, em recompensa ao m érito creto de 20 de Janeiro de 1010 esboçou a creaçâo
e lealdade com que houverem prestado serviços á de uma E.scola de A rtilh a ria c Engenharia, com um
Patria, sendo de bronze aos que tiverem 10 annos curso technico de artilh a ria e o u tro de engenharia,
de serviços n essas condições, de prata aos de 20 an­ para preparar officia es. nas condições de exercerem
nos e de ou ro aos de 30 annos. Foi creada uma me­ funeções technicas no serviço de m aterial b e llico e
dalha em honra do D r. Benjam in C onstant comme- no serviço de engenharia.
m orativa de seus ingentes serviços. Ainda não foi A Escola de Aperfeiçoam ento de O fficiaes (séde
executada. na V illa M ilita r) , é destinada a com pletar a in stru c­
Existem m edalhas de distineção para remune­ ção dos o fficia es do Exercito e aperfeiçoal-os como
ra r serviços e x tra ordin arios, quer em caso de riscos instructores c commandantcs de pequenas unidades.
m aritim os, quer em casos de incêndios, de peste ou Ectá actualm ente sob a direcção de instrucção de um
de qualquer calamidade. Não são privativas dos m ili- o ffic ia l s uperior da M issão M ilita r Franceza. sendo
os instructores o fficia es d’essa M issão, e sob a d i­
Tambein fo ra m creadas medalhas para os officiaes recção dis c ip lin a r e ad m in istrativa de um o ffic ia l
e praças da P o lic ia M ilita r do D is tric to Federal, para su p e rio r do Exercito.
o C orpo de Bom beiros da C a p ital e para a Ouarda C om o Escolas especiaes existem as seguintes:
Nacional.
Aos o ffic ia e s e praças d o Exe rcito só c lic ito F.scola de Estado-M aior.
o uso de medalhas de bons serviços m ilita re s, hu­ Escola de In tendenda.
m anitárias ou ou tras creadas ou autorisadas por actos Escola de Administração.
do Governo (A v is o de 17 de O u tu b ro de 1908). T o­ Escola de Aviação M ilita r.
davia, o D ecreto le g is la tiv o de 10 de Dezembro de
Escola Veterinaria.
1021 prevê o us o de medalhas ou condecorações es­ Escola de sargentos de infa ntaria.
trangeiras. Perdem os d ire ito s po liticos os cidadãos
que acceitarem condecorações ou titu lo s n o b iliarc hi-
cos estrangeiros (A rtig o 72 § 20 da C on stituiçã o). A Escola de E stad o-M a ior tem por o b je ctivo :
Pelo citad o Decreto le g isla tivo, fo i creado um in s tru ir capitães e prim eiro s tenentes, em tres annos,
d istin ctivo para os officiaes. sargentos c praças de de maneira a collocal-os em condições de preencher
m ar e terra e civ is que prestaram serviços de guerra, as funeções de seus postos nos estados-maiores dos
quer como combatentes, quer, como a u xilia re s na Exercitos e das D ivisõ es; dar a o fficia es su periores.
guerra m undial 1014 a 1010. relem brando o te m po e excepcionalmente coronéis, um ensino in te nsivo ca­
a natureza do serviço prestado. paz de collocal-os de ntro de um an no cm condições
de preencher im m cdiatamente as funeções im portantes
do E. M .; finalm ente com ple tar a form ação dos o f f i­
ciaes superiores (curso de revisão) e excepcional­
INSTRUCÇAO M ILITAR m ente capitães que já tenham o curso de estadb-
m aior. O ensino das m aterias essencialmente m ili­
tares do curso de estado-maior e de to das as do
A instrucção m ilita r fundam ental c dada nos curso de revisão, é confiado por em quanto aos mem­
corpos de tropa pelos respectivos officiaes de accor- bro s da Missão.
do com os Regulamentos. A Escola S u pe rio r de In ten de nd a da O u erra
Parailelam ente a essa instrucção é fe ito nos re­ destina-se á form ação dos Intendentes da G u erra ;
fe rid os corpos o c u ltiv o th eorico nas chamadas F.s. a Fscota de Ad m in istra rão M 'l i ’a r tem por o b jectivo
votas Regimentaes. a form ação dos O fficia es de Adm inistração. Estas
Nas linhas de tir o c nos c o llcg io s civis também duas Escolas acham-se provisoriam ente reunidas em
«' m inistrada a instrucção m ilita r nos seus elemen­ uma un ica; as m aterias de ensino versam sobre as­
to s essenciaes. sum ptos economicos. financeiros e industriaes. de
Nos qu atro C ol/e gio s M ilh a re s existentes (R in organisação. contabilidade, subsistência, adm in istra­
de Janeiro, P o rto A legre. Barbacena c Ceará), c ção. etc.
m in istrad o o ensino das m atérias exigidas como pre­ .4 Escola de Aviação M ilita r , directam ente su­
paratórios á m atricula nos cursos suncriores m ilitares bordinada ao Chefe do E. M . E . destina-se a pre­
(Portuguez. Francez, In glez ou Allcm âo, Mathema­ parar p ilo tos aviadores, observadores, mecânicos e
ticas elementares. Topopraphia. Sciendas Physicas e op erarios especialistas para a construcção e repa­
Natnraes. G eographia. H is to ria e Desenho, além da ro dos aviões.
instrucção e adextram ento m ilita r) . D ispõe de uma secção de alumnos dos cursos
. * M ilit a r é o in s titu to fu ndam ental do de p ilo to s e de observadores; uma esquadrilha de
ensino m ilita r, para formação de officiaes das quatro aperfeiçoam ento constituída por uma secrão de caça.
armas, h a b ilita nd o-os com os conhecimentos neces­ uma de observação e outra de bo m bardeio; e uma
sarios para o desempenho das funccões de o ffic ia l de com panhia de aviação destinada a in co rp ora r os a lu ­
tropa.^ até o oosto de C ap itão . Esta Escola tem a mnos dos cursos de mecânicos e op erarios especia­
sua séde no R ealengo e nella são a d m ittido s á m a­ listas.
tricula os jovens provenientes das seguintes fontes: A Fscofa V e te rina ria d o E x e rc ito tem p o r fim
alumnos dos C olle g io s M ilita re s , com o respectivo pre pa ra r veterinarios m ilita re s ou não. com os co­
curso in te g ra l; praças e reservistas do E xercito, ob ri- nhecim entos indispensáveis ao tratam ento e conser-

o Oo o o o 247 O O O O O O
LIVRO Ob OURO COM M t MORA 11VO IH I CENTENARIO DA

vaçáo dos aniniacs da tropa, em pa rticular, e ao tra- E ngenharia. F usil Mauser.


ta m u ito e conservação dos animaes em geral. A du­ O fficia es de to la s as armas. Espada; P istola
ração d o curso é de 3 annos. Parabellum .
A Escola d c Sargentos de in fa n ta ria tem por
o b e jctiv o fo rm ar sargentos para a tro p a ; c cominan-
dada p o r uni m a jo r ou capitão da arma dc infan- EQUIPAMENTO

N o serviço de campanha c adoptado para os o f f i ­


ciaes de todas as armas o equipam ento M ills , dc
JUSTIÇA MILITAR
lona. comprehendendo bolsa, c a n til, po rta -b in o cu lo
e cartucheiras.
O te rr ito r io da Republica, para a administração Na tropa a pé, o equipam ento com prehende: a
da justiça m ilita r em tem po de paz, divide-se em m ochila, para o tran spo rte de fa rdam ento e ob je cto
doze circum scripções e é exercida p o r auditores, no­ dc uso, viveres, etc.; as cartucheiras, para m unição;
meados pelo Presidente da R epublica e Conselhos o sacco d e equipam ento dc com bate; a fe rram e nta de
de Justiça M ilita r , com postos de au dito r e quatro sapa e o m ate ria l de acampamento.
juizes m ilita re s ; em to do o paiz pelo Supremo T ri­ Na trop a m ontada, o equipam ento é com posto
bunal M ilita r , com posto de nove juizes vitalícios, das sacolas de fre n te , do arreiam ento, para trans
de liv re eseolna do Governo. porte de fa rdam ento e viveres; sacro de distribu ição
também para fardam ento e algum a fo rra g e m ; cartu-
cheira; ferram enta de sapa, m a 'e ria l de acampamento

ESTABELECIMENTOS FABRIS

Os Arsenaes de G uerra são montados para fa­


bricar o armamento e o m ate ria l de guerra adopta-
do no Exercito, assim como, em dadas condições, O arreiam ento de m on taria com prehende essen­
to dos os demais artig os ou artefactos empregados cialm ente a s ella , com to ro s, e strib os e c ilh a ; brid a
nos serviços m ilita re s da U nião. com pleta (rédeas, bridão, f r e io ) ; suecolas de fre n te ,
Existem dois: na C a p ita l Federal c em Porto a lfo rg e ; balde de lona para a g oa; s a c o de .distri­
Alegre. buição e ou tros accessorios.
A Fabrica de P o lv ora sem fumaça, localisa-ss
em Piquete, Estado de S. Paulo.
A Fabrica de Cartuchos e A rtefactos dc Guerra.
localisa-se no Realengo, D is tric to Federal. FARDAMENTO
A Fabrica de P o lv ora da E s tre lla , tem a incum­
bência de preparar as m aterias primas para as p ó l­
voras com fumaça: acha-se localisada ju n to á raiz Os offic ia e s generaes usam para os un iform es
da Serra de Petropolis. de c erim onia e grandes soleinnidades o dolm an de
A Fabrica dc F e rro S. João dc Ipanema desti­ panno azul com bordados, a calça ou calção de panno
na-se á obtenção do fe rro para os trabalhos metallur- garance e cinta bordada a ouro. dragonas. espada de
gicos d o Exercito. bainha de m etal doura do ; e para ou tros actos so-
lemncs de menos im portância, a tu nica de panno
azul sem bordados, platinas de cordão de prata tra n ­
çado, o K e p i, calça ou calção garance. espada de
ESTABELECIMENTOS SANITÁRIOS bainha de couro.
C om o u n ifo rm e de campanha e do serviço in ­
te rno. usam a tu nica e calça ou calção de brim kaki,
C om séde na C ap ital Federal existe o H osp ital bonet americano. Para outros serviços e passeio, pos­
C en tral do E x e rcito , com o serviço medico, serviço suem d o is u n ifo rm e s : o de b rim branco e o de
de pharmacia e od on to lo gia . Em Porto Alegre func- fla n e lla kaki, sendo este u ltim o com c in to talabarte.
ciona un i H o s p ita l de /." classe; existin do hospitaes Os o fficia es dos quadros das armas e dos ser­
de 2.a classe em varias localidades. Na C apital Fe­ viços possuem também tres ty p o s de u n ifo rm e s: os
deral funccionam também duas Estações de Assis­ un iform es para datas solemnes, com postos de tu ­
te nd a e P rop hyla xia. Ainda na C a p ita l têm sua séde nica de panno, cuja côr varia con fo rm e a arma ou
o D ep osito de M a te ria l Sa nitá rio do E xercito, o serviço, calça ou calção de panno garance. dragonas
Faboratorio C h i m ico Pharm acewico M ilita r e o La­ ou platinas, kepi de copa garance com ou sem pe­
borat o rio de B acteriologia c M icroscopia C linica. nacho, espada de bainha de m e ta l; dous un iform es
para serviço externo e passeio, um de b rim branco,
o u tro de fla n e lla k a k i; o u n ifo rm e de campanha e
serviço interno, de brim kaki.
ARMAMENTO
O s postos se distinguem pelo num ero de ga­
lões; nas tunicas de panno esses galões são do ura­
dos envolvendo circularm ente os punhos e te ndo so­
In fan ta ria . — F u s il M auser, corn sabre punhal; breposto o laço húngaro, p riv a tiv o dos officia e s com ­
F usil m etralhadora M adsen; M etralhadora pesada Ma- batentes; nas platinas de panno os galões são de
soutache dourado, em fórm a de angulos com o ver­
C a valia ria. — M osquetâo M auser; lança; sabre; tice para cima. laço húngaro para os comb-dentes e
revolver Nagant. d istin ctivos dos serviços para os demais.
A rtilh a ria de campanha. - Canhões longos T. As praças dios corpos e dos serviços possuem
R. K ru p p cal. 7,3 L. 28 para campanha; canhões dois typ os de ti nifo rm e s: a) Para actos solemnes
curtos T . R. K rup p cal. 7,5 L. 14 para m ontanha; - tu nica de pamno, cuja côr varia c•onform e a arma
obuzes K rup p cal. 10,5. Mosquetões M auser; es­ ou serviço, com ou sem charlateirais, kep i com ou
pada; revolver Nagant. sem pom pon e cíilça garance; h ) Pa ra serviço e pas-
A rtilh a ria de costa. — Canhões de varios sys- seio tu nica e calça ou calção de fla n e lla ou b rim
temas, m odelos e calibres. F usil Mauser. kaki, bonet ameiricano com cinta <.-astanha.

O o O o o 248 o o o o o
Na d ir , Figueiredo «.e

Nadir, Figueiredo & Cia. — São Paulo.


H I M IA

Os alum nus da E scola M ilita r tem o seu uni­ raram, por actos e palavras. O nosso im m ortal Oso­
fo rm e especial, bem como as praças pertencentes ao rio , a bravura legendária, dizia «que o seu m aior
corpo de aviadores. desgosto era ver sua Patria cm luta, e achar-se em
um campo de batalha: e a sua data mais fe liz seria
aquella em que lhe dessem a n o ticia que os povos
festejavam a sua confraternisação queim ando os seus
Arsenaes . Benjam in Constant, o insigne patriarcha
CONCLUSÃO
da Republica, declarava em notável discurso, pouco
te mpo após a queda do throno, «que o dia de seu
m aior prazer seria aquelle em que o regimem indus­
A traços largos, ta l é a organisação actual do tria l, profundam ente assentado e realm ente triu m p h a n ­
E xe rcito b ra s ile iro , após a evolução que na prim eira te, dispensasse a cooperação do Exercito, de modo
parte deixam os sum m ariam ente assignalada. A o com­ que fossem recolhidos ao Museu da H is to ria as ar­
ple tar <> p rim e iro centenario de sua emancipação po­ mas em que se empregam, como elementos de des­
litica, aspira o B ra s il m anifestar-se como uma Na­ truição, os metaes que a natureza fornece ao ho­
ção organisada. pre m u nid a de todos os elementos de mem para que pela ind ustria pro lo ng ue a v ida e
vida indispensáveis para a sua inte grida de e desen­ conquiste o bem-estar da liberdade e do progresso' .
volvim en to. E n tre esses elementos não seria possivel A o ra ia r o p rim e iro clarão de uma data tão
de ixar de lad o o que se refere a um certo preparo cara ao coração bra s ile iro , fazemos sinceros votos
m ilita r, sem envolve r preconcebidos planos de aggres- pelo estabelecim ento da concordia entre to dos os
são a quem qu er que seja, nem absurdos sonhos de povos do Planeta, especialmente entre os que ha­
bellicosa hegem onia. N ing ue m , por certo, terá o d i­ bitam as abençoadas plagas sul-americanas. Q ue a
reito de p ô r em d u vida o s entim ento de paz e fra ­ guerra seja para to dos, progressivamente, uma sim­
ternidade d o povo b ra s ile iro , depois de tantos exem­ ples hypothese anorm al, um recurso extre m o de de-
plos de seu passado h isto rico , c dos preceitos em feza. infrequente, apenas para g a ra n tir e reinteg ra r o
pro l d o arb itra m e n to inte rna cio na l, que fo i o p r i­ d ire ito .
m eiro a inscrever em sua .nagna Lei republicana. Volvam os, pois, as mais carinhosas vistas para o
Reconhecemos na nobre Nação argentina, como tam ­ la rgo descortino da Paz, não como a simples cessa­
bém em ou tras do continente, os mesmos generosos ção empyrie;* da guerra, precaria e adiaphora, porém
esforços para de b e lla r de to do as acrim onias e m al­ Paz fo rte e humana, baseada na vontade de to dos os
entendidos que p o r vezes atravancam o bom caminho homens livre s, solidam ente alicerçada nesse supre­
das relações internacionaes. Os seus grandes homens mo ideal de Justiça, unico capaz de assegurar a l i ­
de Estado, de M itre c Sarm iento, a Roca e Saenz berdade dos povos e a soberania das Nações.
Pciia. tiv c ia m Ir.dos a supervisão d e uma larga con-
fraternisação am ericana, para c u jo fim m uito labo­ }0 ó — 1922.

0-0 0 O O 249 O O o o o o
S Y N T H E S E H IS T O R IC A D A M A R IN H A D E ü U E R R A B R A S IL E IR A

tres periodos d istin ctos se d iv id e a origem lusitana, naturalisados bra sile iro s, enchiam o
histo ria da m arinha de guerra brasi- quadro de officia es do corpo da armada nacional.
E o periodo - an gio -iu so-brasileiro.
O p rim e iro começa em 1821 com O segundo perio do distingue-se accentuadamentc
o —- Fico — de D . Pedro c acaba do an te rio r pelo desapparecim ento do m ercenarism o,
em 1631 com a abdicação ao scetro im p erial em favor ficando com tudo bem caracterisado o caldcam cnto
de seu filh o D. Pedro de Alcantara. luso-brasileiro, com Barroso, Tam andaré e Inhaúma.
O segundo abrange to d o o reinado de D . Pedro Por fim , o perio do republicano em que pre­
de Alcantara até a proclamação da Republica1 em dom ina o es p irito genuinamente b ra sile iro , com A r­
15 de novem bro de 1889 th ur Jaccguay, E duardo W andenkolk. C u sto dio de
F inalm entc, o te rce iro é o que se poderá deno­ M e llo , Saldanha da Gama, Ju lio de N oronha. A le ­
m in ar - periodo rep ub lica no . — x andrino de Alencar. Gomes Pereira e outros.
' O p rim eiro perio do caractcrisa-se pelo esp irito A historia da m arinha b ra sile ira no l . “ periodo
m ercenario que dom inava a marinha, com Lo rd T ho­ em que a divid im os, começa com a lucta g lo rio sa
mas Cochrane, João T a y lo r, G re n fe ll, Thompson, pela Independência, na manhã de 1 de m aio de
N orto n. Jevvet e m uito s ou tros de nacionalidade in- 1823, quando a esquadra anglo -lu so-brasileira. com-
gleza, que. com R od rig o Lô bo e alguns mais de mandada pelo A lm ira n te Lo rd C ochrane, avisto u na

O O o O <

PAVILHAO DE HONRA PORTUOUEZ - TRECHO DA OALERIA SUPERIOR

o o o o o o 250 o o o o o o
IPI: PI. \ / ) l A I.X P O S IÇ M )

altura do C abo S a nto-A n ton io, a armada portuguesa', F inalm ente, no dia 2 de Julh o de 1823, pelas
sob o am im a n d o do C hefe de D iv is ã o João f e li x I I horas da m arhã, a en oim c esquadra luzita na fa-
Pereira de Campos. zia-se ao m ar, fo rte de 80 velas, abandonando aos
brasileiros o actual Estado da Bahia, ü que fo i a
Lig e ira refreg a, pelas 10 horas da manhã d'a- peiseguiçào da esquadra luzitana pelas fo rças navaes
qu elle dia e n tre alguns navios, p rincip alm en te com de (xH-hranc, o espaço tão re s tric to de que disp o­
o Y p ira ng a, que ardentem ente se qu eria bater, abrindo mos, não p e rm itte descreve-la. M as, é justam ente
u fo go de suas peças, deu in ic io ao combate. durante essa perseguição que a h is to ria da m arinha
C om prehendéra desde log o L o rd Cochrane que no Brazil, vai encontrar a fig u ra do ga lha rd o, in ­
a esquadra in im ig a não tinha cohesâo e que os seus temerato e bravo aim m andante T a y lo r com a fragata
m ovim entos m u ito len tos e hesitantes, não p a rtici­ N ic the ro i, fic a n d o a retaguarda da esquadra luzitana
pavam da h a b ilida de que era m is ter para m anter uma fu g itiv a , até ás aista s de P o rtu g a l! De facto, era
linha de bata lh a compacta, e, im m ediatam ente a»n- de vêr como o bravo T a y lo r proseguia na sua ina u­
cehe o p la n o de corta r parte da esquadra inim iga, dita empreza! Sem dar tregõas ao in im ig o pouco an­
batcudo-a cm detalhe, p o r um ataque á retaguarda, tes cruel e arrogante e agora tã o amesquinhado,
sem dar te m p o que os navios da vanguarda viessem T a y lo r não trepidava um instante em ataca-lo, ora
cm soccorro. In ic ia nd o com a intre pide z habitual de pela retaguarda, ora desfilan do a contra-bordo da
seu tem peram ento fogoso o m ovim ento para cortar enorme esquadra luz ita na ! Sómente em 12 de Se­
a linha adversaria, C ochrane teve o seu in te n to re- tembro, depois de m ostrar, desfraldado ao vento,
ta rdauo pela bravura da charrua inim ig a Prlnceza o pavilhão b ra z ile iro nas costas portuguesas, v o l­
U i ai que, o ra orçando, ora arriba nd o, procurava em­ tara a legendária N ic th e ro i, desfazendo o cam inho
b a rga i-lhe o caminho. A nau Pedro I , capitanea de glo rio s o que percorrera na esteira fu g itiv a da esqua­
Cochrane, a b rin do fo g o v iole nto , avançando sempre, dra luzitana.
corta a pròa d o navio lusita no , atacando pelo bordo F oi então que encontrou T a y lo r um in im ig o
opposto, em quanto a Ip ira n g a continua a castiga-lo digno do seu a rro jo : trem endo te m p oral que o o b ri­
pela alheta de BB. O bravo commandante Bcaurepaire gou a picar o m astro da mesena e a tira r ao m ar a l­
da corveta M a ria da G lo ria , bate-se com denodo em guns canhões, fez penosa e demorada a viagem, che­
tenaz perseguição á charrua C alypso. Desenrolava-se gando sómente em h de Novem bro á Bahia a he­
assim a pugna, ind iscutive lm en te favoravel á esqua­ roica fragata.
dra de C ochrane, quando este bravo alm ira nte per­ Ainda não havíamos consolidado perfeitam ente
cebe que nem todos os navios da sua fo rça se ba­ a nossa liidepeudencia, apezar dos grandes revezes,
tia m ! E ffe c tivamente, o brigu e R êal Pe dro não se que a esquadra de Cochrane in flig ir a ás fo rças por­
bate p o r te r a guarnição quasi toda luzitana, apezar tuguesas, em varias provincias do Brasil, e já t i ­
dos esforços da o ffic ia lid a d e : Portugueses não se nha o p rim e iro im p erio de arcar em 1824 e 1825
batem con tra portugueses gritavam os m arujos do com os graves acontecimentos que se desenrolaram
brigue. no R io da Prata.
Na corveta Lib e ra l e no brigu e ü u a ra n y também Perdidas as esperanças de P o rtug al rehaver a
a revo lta era idêntica e esses navios assistiam im ­ sua m aior e m ais im p orta nte colo n ia — o B ra zil —
passíveis e silenciosos ao combate. Por sua vez, era m ister aos sentim entos portugueses de p ro fun do
quando se ia de cidir da vic to ria e a nau in im ig a despeito e o d io, que a província da C is p la tin a não
I) . João V I e os demais navios da colum na prin c i­ continuasse a pertencer ao Brazil. C om esse p ro p o ­
pal, vira nd o de bordo, começavam a v ir em soccorro sito, o general D . Á lv a ro de Macedo, vendo a im ­
da retaguarda luzitana atacada e envolvida, a guar­ possibilidade de conservar a C is platin a sob as baione­
nição da C ap itan ea de Cochrane, a nau D . Pedro /, tas das suas tropas, en trou em negociações com o
estim ulada pe lo exem plo d'aquelles espectadores iner­ governo das Províncias U nidas do R io da Prata, no
tes da pugna, recusou-se também a fazer fogo. sentido de lh ’a ceder, antes que te -la de entreg ar
O fie l d ’a rtilh a ria , o escoteiro e um cabo de es­ ao Brazil.
quadra, aprisio na m os carregadores de m unição, fe­ O governo argentino, que sempre tinha olhos
cham os paióes, declarando: D 'a t/u i não mais sairá cupidos voltados avidam ente para o to rrã o o rie n ta l,
p o lvora para a tir a r a portugueses. ha pouco desmembrado d o an tig o Vice-reinado do
M as, a bravura do capitão-tenente João üren- Prata, sentiu-sc animado com a quasi certeza de po­
le ll salvou a situação: indignado diante de tama­ der, afin al, dar corp o aos seus sonhos de grandeza
nha ousadia, désce aos paióes, arroja-se sobre os e vassalagem sobre aquella tã o cobiçada e bella pro-
am otinados, dom ina-os, e os leva ao convez, onde
são postos a ferros. Era m in is tro do E x te rio r das Províncias U n i­
Seria inom inável im prudência c inepta te m eri­ das do Rio da Prata, B e rnardino R ivadavia, o p rin ­
dade, em face da situação m oral que aquelles factos cipal instrum ento de in trig a e in s tig a d o r dos orien -
patenteavam, con tinu ar o A lm ira n te Cochrane o com­ taes contra os brazileiros, além de ser o tnais fe r­
bate. H ab ilm en te , pois, resolve ir pouco a pouco re­ voroso adepto da reoonstituição do a n tig o Vice-rei­
tirando-se d o campo de batalha, o que fo i fe ito com nado do Prata, cuja capital seria a cidade de Bucnos-
m uita calma e naturalidade pe rm ittid as pela m ani­ Aires. Em 1 de A b ril de 1823 o S yndico de M on te­
festa covardia da esquadra luzitana, esmagadoramen­ video, lançou um m anifesto ao povo, pedindo que
te sup erior á bra sile ira . se manifestasse livrem ente sobre si desejava a inde­
Seguindo para o M o rro de São Paulo, nas pro­ pendência ou si queria con tinu ar u n id o ao Im pe rio
xim idades d o p o rto de São Salvador da Bahia, C o­ do Brazil.
chrane to m o u desde lo g o as mais justas e en érgi­ O ple biscito fo i quasi unanime a fa v o r da in ­
cas u iid id a s , a fim le afastar novos perigos de suble­ corporação da C is p la tin a ao B razil e com isso mais
vação, estabelecendo a lli a sua base de operações e accirrados ficaram os argentinos n o seu od io ao Bra­
inician do o b lo q u e io da Bahia com absoluto successo zil, alim entado com calor e p e rfid ia pelos agentes
F oi d u ran te esse blo qu eio m em orável, que surgio de P o rtug al, manejados sem escrúpulos pelo general
entre os h e rois dos herois, o typ o e x tra o rd in a rio de D. A lv a ro de Macedo.
João das Botas, o pescador do Reconcavo baiano, Por m il processos de intriga s e subornos, os
o m arin h e iro arro ja d o como Sourcouf, que tantas argentinos e D . A lvaro, conseguiram fraccionar o
proesas p ra ticou , como no ataque de 22 de M aio C ab ild o e o b tid o isto, R ivadavia envia im m ediatam en­
de 1823 :í f lo t ilha luzitana, em fre n te a O laria, e te ao R io de Janeiro o agente José Va len tim G o ­
por cu jo successo ina ud ito fo i pro m o vido p o r Lord mes, com o fim de tra ta r da recuperação da C ispla-
Cochrane ao p o sto de capitão-tenente da Armada.

O O O O O O 251 o o o o o o
LIVRO OE o n I tM ME MORA i "E N TE SARtO OA

Felizm ente, porém , as disposições do p a triotico O segundo pe rii do, sem duvida m ais fecundo
e sabio governo de José Bonifacio, C unha M o re ira e proveitoso ao progresso das nossas forças navaes
e M a rtim Francisco, eram inabalaveis no p ro po sito do que o an te rio r, exig ia desde os seus prodomos
de fazer s ah ir de M on tevid éo as tropas portug ue­ que o governo im p erial cuidasse com carinho de
sas, que a lii pareciam perpetuar-se. A 17 de M ar­ augm entar o nosso poder naval, base unica sobre a
ço as trop as fie is ao im p ério davam-lhes a p r i­ qual se devia assentar a grandeza do B ra sil, a sua
m eira e rude lição em Puntas de T ole do e no tra n q u illid a d e e segurança no continente sul-am eri
dia seguinte as repelliam victoriosam ente em Las cano, principalm ente depois do com prom isso que assu­
Piedras. A 12 de A g osto pa rtia para as aguas do m íram os de g a ra n tir a independencia da R epublica
Prata a refo rça r o blo qu eio o brigue C acique; a O rie n ta l do U ruguay. Para uma p o litic a activa, v ig i­
14 a corveta L ib e ra l; a 16 o brigue G u arani e mais lante e preponderante no Rio da Prata a que nos
as escunas L e op old ina e Seis de F evereiro. conduzio a fa talidade historica, de que é in ú til que­
Apezar de tudo, entretanto, em 20 de O u tu b ro rer fu g ir, m ister se fazia que pudéssemos m anter
o C a b ild o de M ontevideo declarava n u llos os actos nas soas aguas uma estação naval considerável.
que annexaram a C isplatin a ao Brazil. Varios encon­ E ffe c tivamente, o segundo im p erio compreheu-
tro s navaes se fe riram defronte de M ontevidéo, em deu sempre a necessidade de increm entar os serviços
que os navios bra zile iro s sahiram sempre victoriosos, navaes, accrescendo de con tinu o as forças com que
até que em 18 de Novembro, D . A lva ro de M acedo tinha ainda de enfren ta r grandes e graves aconteci­
assignava um a convenção, pela qual se obrigava a m entos, sobretudo, para contrabalançar o estado de
p a rtir para P ortugal com os seus regim entos. Mas, penuria em que nos u ltim o s annos de governo de
a cizania cujo germeni havia semeado aquelle general D . Pedro I, ficára a esquadra brazileira.
luzita no entre orientaes e brasileiros, m edrara com Foi em 183-1 que o alarm a d o nosso enfraque-
espantosa fe rtilid a d e a respeito da annexaçâo da Ban­ cim ento iiiiv a l, ■encontrou um éco retum bante atra-
da O rie n ta l, como provincia b ra zile ira da C isplatin a \ és do rei a to iio de R otirigu c s I\ rres, então m in is-
Por seu tu rn o, o governo argentino não de­ tr o da ma rinha Dessa época en1 dia nte a marinha
sanimava e insuflado, prom ettendo e alim entando a brazileira começou a ser object o de grandes pre-
vaidade, a ignorância e a avidez de m ando do coro­ occupações dos estadistas do im p erio, e apezar de
nel o rien ta l João A n to n io Lavalleja, expulso do exer­ tudo. de 1835 a 18-15, durante os dez annos de
cito b ra z ile iro , por in d iscip lin ad o, architecta o plano revolução na pr ovincia do R i.t ( irande do Sul, que
de, em se aproveitando desse caudilho, c o n flag rar a se alastrm i até o p o rto da Laguna em Santa C atha-
pro vin cia C isplatin a. rina, não fo i pequeno o contingente de força naval
La valle ja c um p riu a sua missão, e, na n o ite de que a sua repressão e x ig io e não m enor o papel
18 de A b ril de 1825. com tr in ta e tres obscuros com ­ representado pela m arinha de guerra, nas operações
parsas, embarca em do is lanchões na costa de São m ilitares.
Isidro em demanda da margem opposta, onde chega De 1847 a 1850 o progresso na construcção
no dia seguinte pisando te rra ás proxim idades do naval indigena acrentuou-se de maneira notável, e
a rro io Agraciada. no Arsenal de M arinha do R io de Janeiro, nessa
Estava conflagrada a C is platin a e este pé rfido epoca, o governo im p erial fazia co n stru ir, sob o mu-
acontecim ento in su flad o pelo governo argentino, le ­ d e llo do I) . A f/o n s o , construído na In g la te rra em
vou o B ra z il a declarar a gu erra ás Provincias U n i­ 1847, tres navios a vapor que foram baptisados com
das do R io da Prata, em nota de 13 de Dezem bro os nomes de Pedro I I . Paraense e R ecife.
de 1825 - Iniciava-se assim a glo rio sa campanha Em 1850, pela p rim eira vez no Brasil, fo r ­
conhecida pelo nome de C.a-npanha da C is p la tin a , mulou-se um program m a naval de novas construcções,
com o blo qu eio rig oro so e effectivo que a 21 de ideado pe lo então m in is tro da m arinha V ie ira Tosta,
Dezembro era n o tific ad o aos commandantes das fo r ­ barão de M u ritib a , infe liz m e n te fa lle c id o ha dias
ças estrangeiras nas aguas platinas. a bo rdo d o vapor b ra z ile iro B a gc, quando pretendia
v o lta r ao Brazil para assistir aos festejos d o cente­
Tres annos in in te rru p to s durára a rude cam­ n a rio da nossa independencia p o litica . E ra um vasto
panha, em que a m arinha bra zile ira se cob rira de e rico program m a naval, que, em p a rte não poude
g lo ria s , apezar dos grandes erros com m ettidos na ser concluído porque nesse in te rim fo i o governo
direcção superior, que, p o r nossa infelicidade, veio im perial forçado a declarar gu erra ao dicta d o r Rosas,
recair ás mãos inhabeis do alm irante R od rig o Lôbo, de Buenos-Aires, alliando-se ás P rovincias platinas
de quem dizia Brant Pontes em carta a José B o n i­ sublevadas contra elle pe lo general U rq uisa . Para
fa cio s er: o mais ign oran te , covarde e im m o ra l, den­ essa campanha, da qual sobresai o fe ito memorável
tre os ofticiaes da m arinha portuguesa ao serviço do do forçam ento do passo de T on ele ro , em 17 de D e­
Brazil. zembro de 1851, pela divisão naval b ra sile ira , com-
Não fosse, porém, a supremacia m oral que o mandada em chefe pelo alm ira n te G re n fe ll, fo i m is­
Brazil poude desde o p rin c ip io g a ra n tir com a força te r grande esforço do go vern o im p erial para m oh ili-
dos seus u rx io s e o resulta do dessa campanha não sar a esquadra brasileira, que deveria fornecer 17
te ria s ido a independencia da Banda O rie n ta l, mas navios com 203 canhões, além dos 4.000 homens
sim a sua incorporação ás Provincias U nidas do R io de tropa, conform e a alliança de 21 de Novem bro
da Prata, e quiçá, o restabelecimento do Vice-reinado de 1851 e artigos addicionaes de 25 do mesmo mez
d o Prata ou mais modernamente, como nos diz Sar- e anno, que o Brazil. U ru gu ay, E n tre-R io s e C orrie n-
m iento, na sua celebre A rg y ro p o lis — E stad osU nid os tes, haviam assignado.
da Am erica do Sul. Nessa época a força naval b ra sile ira era repre­
E n tre alguns revezes parciaes que soffrem os no sentada p o r 40 unidades, sendo 10 a vapor.
m ar peia acção resoluta, a bravura de B row n, Ro­ Mas, si o segundo im p e rio m u ito se interessou
sales e Espora, alliad os aos graves erros accumu- pelo desenvolvim ento das nossas fo rças navaes. com-
lados p o r nós durante a campanha e aos vícios o r ­ tudo, os seus progressos fo ra m lentam ente se ta-
ganicos da nossa força naval, moldada nas vetustas zendo s en tir, pois, basta d ize r que sóm ente em 1865,
instituições m aritim as de Portugal, m uitos e g lo rio ­ sob a premencia da gu erra c on tra o Paraguay» é que
sos fe ito s dos nossos bravos officiaes e m arinheiros fo ram incorporados á esquadra navios encouraçados,
enchem a chronica dessa campanha memorável, de quando desde 1855, dez annos atraz, a m arinha en-
que saímos indiscutivelm ente victoriosos. couraçada via o seu s urto g lo rio s o no ataque a Kim-
C om a term inação da campanha da C isplatin a, hurn.
fechou-se o ciclo do prim eiro periodo da his to ria Quando, portan to , tivem o s de e n fre n ta r o Pa­
da m arinha de guerra brazileira. raguay as forças navaes b ra sile ira s não se achavam

o o o o o o 252 o o o o
Pa v i l h ã o das in d u s t r ia s de p o r t u c í/ SECÇÃO DE CERAMIC/
PAVILH V ' DAS INDUSTRIAS DE PORTUGAL VISTA INTERIOR

PAVILHÃO DAS INDUSTRIAS DE PORTUGAL VISTA INTERIOR


INOEPEN DEXCIA t OA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

cm estado de e ffic ie n d a be llica capax de superar ficientes nas suas tropas para esmagar os exercitos
os im m ensos ob stá culos que a cada passo Lopez ia de Lopez, sobretudo, tendo elle dispersado os seus
semeando ao lo n g o do r io Paraguay. regim entos em busca de objectivos secundarios como
F oram precisos sacrifício s ina ud itos, esforços g i­ os que o levaram a in v a d ir e occupar M atto-Q rosso ;
gantescos para com successo levarm os de vencida mas, porque ao exercito fa lto u fib ra á direcção su­
C uruzú . C u ru p a iti, H um ay tá e T im b ó. pe rio r do commando em chefe, e porque á esquadra
Para chegar-se a esses resultados, uma actividade durante mais de dois annos faltaram os elementos
fe b ril fo i desenvolvida pela energia d o illu s tre m in is­ de fo rça adequados ás operações contra fo rtifica çõe s
tr o da m arinha de então o C on selh eiro P in to Lima. poderosas que obstruíam a navegação do r io Para­
que soube com prehender a gravidade d o m omento! guay. c a marcha offen siva pelo te rr ito r io in im i­
fa zendo com que o A rsen al de M arinha da C ap ital go, podendo-se paraphrasear o que a respeito do
e os estaleiros da Ponta da Areia, trabalhassem com b lo qu eio dos Estados Confederados, dizia o A lm i­
celeridade na construcção de tres encouraçados. que rante P orter, is to é, com meia duzia de m onitores
receberam os nomes de Tam andaré, B arroso e Rio couraçados de to rres, a ousadia de Lopez te ria sido
d c J a n e iro , além de algum as canhoneiras, baptisadas esm agada em germ em.
com os nomes de H e n riq u e M a rtin s e G reenhalght M as, com a estupenda vic to ria do Riachuelo, em
De um salto , com o p o r encanto, da apathia e ma­ I I de Junho dc 1865. desde lo g o o v alo r e a p ro ­
rasmo em que v iv ia a m arinha bra sile ira , c ujo mate­ ficiência da nossa m arinha se patentearam. Com as
ria l o b s o le to era aque lle que o m in is tro Araúj. operações do rio Paraguay, em C uruzú , C u ru p a ity.
Brusque, em 1864, apresentava á Assem bica Legis­ H um aytá, Angostura, T im b ó e etc., evidenciou-se a
lativa , passou-se, com enthusiastica actividade ao tra perícia com que os offic ia e s souberam m anobrar e
halho reg enerador, que nos p e rm ittio m anter inta n­ u tilis a r as modernas unidades de gu erra que lhes
gível o d o m in io ab solu to dos mares c rio s, asphi- haviam sido confiadas no decorrer da lucta, sem que
xian do p e lo b lo q u e io o Paraguay. tivessem tid o antes experiencia algum a do seu ma-
A o con selh eiro P in to Lima succedeu. na pasta
da m arinh a o con selh eiro S ilv eira Lobo, a quem cou­ C oncluida a guerra contra o Paraguay, o governo
be p o r m ais de um anno, de 1865 a 1866, dar in ­ im p erial teve que m anter ainda poderosa estação na ­
crem ento e activid ad e aos preparativos iniciados. Mas. val nas aguas dos rio s Paraguay e do Prata, até a
quem m e lh o r soube u tilis a r os ensinamentos a d q u iri­ term inação d o ajuste d e fin itiv o de paz entre os a llia ­
dos e a experiencia dos seus competentes a u x ilia ­ dos e a republica vencida.
res, fo i o con selh eiro A ffo n s o Celso, successor do Em 1871 a nossa força naval era representada
con selh eiro S ilv e ira Lobo, o qual com adm irave! tini» por 16 couraçados e o Brasil reputado a prim e ira
a d m in is tra tiv o fe z c o n s tru ir com prestesa seis m oni­ potência m aritim a nas tres Americas e a quinta do
tores encouraçados, encocnmendando qu atro canho­ m undo in te iro - Até 1880 era ind iscutíve l a su­
neiras aos estaleiros Forges et C hantiers. em França, premacia m aritim a do Brasil no continente sul-am e­
alem de alguns tran spo rtes e grande num ero de e n- ricano, e os propositos da nossa po litic a desde a
barcações a vap or. C om esses elementos, o conse­ Independência, eram os dc conservar inta ng íve l essa
lh e iro A ffo n s o C elso, deu ás operações da esqua­ supremacia. Mas, quando o C hile a d q u irira dois en­
dra o ne rvo v ita l que lhe p e rm ittio descm pcnhar-sc couraçados de oceano o A lm ira n te C ochrane e o
de sua m issão na gu erra contra Solano Lopez. Blanco Encalado e a A rgentina os m on itores Andes
A g u erra d o Paraguay fo i a repetição em m enor e l a P la ta, além do encouraçado A lm ira n te Brow n ,
escala da m onum ental campanha da Seccessão A m e ri­ c ujo nome suggestivo fazia lem brar a épica campanha
cana, que te rm in o u quando ia começar aquella. da C isplatin a, c comprava grande copia de m ate­
C o m o esta, a guerra contra o Paraguay tinha ria l to rpedico, artilhava poderosamente M a rtim G a r ­
que ser essencialm entc flu v ia l. A lli. fo i m is ter que a cia. chave da navegação do U ru gu ay e do Paraná,
m arinha expugnasse e dom inasse o curso do M ississi- consequentemente, do seu p rinc ip al afflu e n te o Pa­
pc; a q u i o curso do Paraguay. raguay. contratando também para os serviços navaes
N um a e no u tra , os exercitos que se enfrentavam o fficia es estrangeiros de reconhecida competência. ->
com he roísm o e que supportaram tantos sacrifícios, governo im perial m ui sabiamente, en trou a se pre -
si ccdheram copiosa mésse de glo ria s em batalhas occupar com o estado de deperecim ento da m a ri­
m em oráveis, com o a de T u y u ty . em 24 de M a io de nha brasileira, em face dos poderosos arm am entos
1866, Lom as V alentinas e Perabebuhy. com tudo, a argentinos, cujo ob jc c tiv o m anifesto era pe lo menos
parte essencial, pre ponderante e decisiva coube ás nos disp uta r a hegemonia naval que até então des-
fo rças navaes. N o p rin c ip io da campanha, não fosse fruetavamos sem com petição. Nesse p ro po sito, pois,
o successo de B a rroso, em R iachuelo, que deu logo o governo im p erial mandou c o n s tru ir na Inglaterra ,
aos a llia d o s o d o m in io do Paraná, a invasão pelo sob a fiscalisação do A lm ira n te Barão do Lada rio e
Passo da P a tria seria im possível. D epois, quando o do constructor naval T ra ja n o A ugusto de C arvalh o,
e xe rcito fracassou no p rim e iro ataque a C u ru p a ity e dois hellos encouraçados dc oceano superiores aos
que se deteve p o r mais de um anno d e fro n te de argentinos, os quaes fo ra m baptisados com os nomes
H um aytá, fo i a esquadra, bom bardeando con tinu a­ de R iachuelo e A q u i dabam. Sómente com esses do is
mente as suas fo rtific a ç õ e s c p o r fim transpondo-as. m odernos e poderosos encouraçados, que a c la rivid ê n ­
que p e rm ittio aos exe rcitos alliados a m archa victo­ cia dos estadistas do im p erio indicava como necessi­
riosa sobre a capitai paraguaya. C om o a esquadri­ dade ine lud ive l ao papel que cabia ao B rasil re ­
lha de D avid P o rte r, a quem o general O ran t, nas presentar no concerto das nações poderosas e res­
suas M e m ó ria s , rende o m ais alto p re ito pela rele­ peitadas. a nossa suprem acia naval con tinu ou a se
vante collaboração n o ataque a Vicksb urgh . na cam­ a ffirm a r com b rilh o inexcedivel.
panha da Seccessão Am ericana, onde confessa que:
a não ser etta, não se p o da ria leva r ao cabo a cam-
ru n ha , a in da com o do bro da gente que a con c lu i o. Assim, entramos n o perio do republicano, em que
accresçentando que: P e lo m odo como c tia se ef/er- a pouco e pouco fo m os perdendo a nossa posição
lu o ii, não havia m eio de acaba-la victoriosam ente, de p rim o in te r pares na Am erica do Sul, com os
sem esse con curso ; assim também, sem a collabo- form idá veis armamentos que a R epublica A rge ntin a,
raçâo da esquadra b ra s ile ira os exercitos alliados em 1893, adquiria na Ita lia , com os 4 esplendidos
con tra o Paraguay não teriam conseguido a vfetoda cruzadores-cooraçados de 7.000 to neladas — Belgra-
depois de cinco annos de d u ro pelejar. no, P u yrre do n, G a rib a ld i e San M a r tin , com os
A gu erra do Paraguay fo i excessivamente lo n ­ quaes nos arrancava a supremacia naval que até então
ga, não po rqu e faltassem aos a lliad os e ffec tiv o s suf­ havíamos m antido inta ng ív e l Dessa data até 190Q.

O O O O O o 253 O o o o O O
LIVRO D t OURO COM M L MORA TIVt J : \ r iS A R I O DA

fo ra m inúteis aos ou vido s dos estadistas republi­ paro para a gu erra exige, is to é, um arsenal per­
canos os clam ores da o p in iã o publica e a agonia feitam en te apparelhado e as bases de operações hem
progressiva da m arinha de guerra, continuam ente pro­ localisadas ao lo n g o da nossa costa e preparadas
clamada pelos m in is tro s da m arinha que se succe- de m olde a attender com presteza ás necessidades
diam e pela penna brilh a n te dos mais competentes dos navios empenhados em qualquer campanha naval.
pu blicista s navaes. Sem que se com penetrem os nossos d irig e n te s de
A fin a l, em 1909 começou uma nova vida para que assini é premente e in e lud iv e l, a m arinha será
a m arinha bra s ile ira , tão cheia de ti*ádições g lo rio ­ no B rasil um sonho para os quê a querem com
sas, com a incorporação aos seus parcos effectivos, sinceridade e a comprehendent como entendidos. En­
dos navios do program m a naval de 190Õ-1907, co­ tretan to, da synthese histo rica da M a rin h a bra sile ira ,
nhecido pelo nome de program m a Alexandrino que aqui deixam os esboçada em largos traços, resalta
de Alencar - então m in is tro da M arinha Infeliz- como a luz m eridiana o papel proem inente, quasi
m ente, não du rou m u ito para o Brasil a g lo ria de sempre decisivo representado p o r ella em to dos os
se co llo car novam ente á vanguarda das nações sul- grandes acontecim entos que envolvem a vida do B ra­
americanas, recuperando a sua perdida hegemonia sil de 1822 a 1922.
naval Em 1912 respondia a R epublica A rgentin a, Nas luctas pela independência, fo i a m arinha
com a encotnmcnda nos Estados-Unidos de dois en- que p e rm ittio to rn a r realidade o g r ito im m o rta l do
couraçados m aiores e mais poderosos do que o M i­
nas Ueraes e o São Paulo, os quaes incorporados á Na campanha da C is p la tin a fo i ta mbem a m a ri­
sua esquadra, novam ente e até ho je deram -lhe a su­ nha que im p ed iu a incorporação da Banda O rie n ta l
premacia navai na Am erica do Sul. Pouco depois ás P rovincias U nid as do Rio da Prata.
era o C h ile que também ad quiria na In glaterra dois Na campanha con tra Rosas, fo i ainda a m arinha
encouraçados e alguns subm arinos nos E stados-l'n i­ que fa c ilito u arrancar do continente sul-am ericano
dos, de modo que a posição d o B rasil como potência a nodoa cancerosa de uma tvran uia abom inável c
naval baixou log o ao terceiro log ar. P o r outro lado. nefanda.
a fa lta de arsenaes bem aparelhados, de depositos Na rep rissã . d o tra fic o de africanos, fo i tambem
de com bustíveis e de sobresalentes ao longo das a m arinha o unico agente leal e pre stim o so que en­
1300 legoas de costa, ainda concorre sobremaneira con trou o governo, quando em prchendeti resoluta­
para patentear a penúria de m eios lo g isticos indispen­ mente a obra benfazeja de e x tirp a r a h o rrip ila n te im­
sáveis á m obilisação e deslocamento das f.>rças ita- portação de carne humana.
vaes, e evidencia o estado de defficiencia m ilita r em Nas grandes commoções intestinas que irro m ­
que se encontra a m arinha de guerra brasileira, que peram violentas em varias provincias d o Im pério,
já conta um século de tão gloriosa existência. coube ainda ;i m arinha restabelecer a ordem e a
E esse estado de impotência bellica naval, é o le i subvertidas. P o r fim . na guerra con tra o Para­
pro du c to da im previdência dos que têm d irig id o os guay, si não fosse o d o m in io dos tre s rio s que a
seus destinos, deixando sempre para depois a re­ nossa esquadra conquistara, a tarefa g lo rio s a dos
solução do problem a mais im portante que o pre­ exercitos alliad os te ria sido im possível Foi a

o o o o o

o o o o o 254 o o o ò o o
/ V/ ) / /*/ M>/
\ / XPOSIÇÃO IX I F R \ A< ION Al.

m arinha qui- mais mna vez, fa culto u ao exercito a


realisados nesse meio século de trabalho con structor.
invasão do s o lo in im ig o in h o s p ito e desconhecido;
Mas, não nos deixemos fic a r sonolentos e indefesos
fo i cila que o levou, protegendo-o, continuamente, sob os louros do passado glo rio so.
aos pontos decisivos de ataque, fazendo m in guar Com R iiy Barbosa nós dizemos: A guerra vôa
pouco :• pouco pelo b lo q u e io asphixiante os re­
no oceano como as procellas, e stirprehende com os
cursos accumulados do in im ig o , cm quanto ás nossas seus raios a po litica fa talista dos paizes negligentes.
tropas cila prodiga liza va cada dia os meios de se
A fra g ilid a d e dos meios de resistência de um povo
accrescer, renovando-lhe as energias, mantendo as
accorda nos visinhos mais benevolos vclleidades in o ­
linhas de comtnunicações e p e rm ittin d o respeitar a pinadas, converte contra elle os desinteressados e;n
le i suprema da econom ia de forças. ambiciosos, os fracos em fortes, os mansos em aggres-
Mercê desse d o m in io, fo i possível, afin a l, ven­ sivos. A oliv e ira é cultura ephemera nas costas de
cer a resistência heroica de C uruzú , C u ru p a ity e de um paiz indefeso .
H um aytá, a b rin d o assim de par em par o caminho
de Assumpção, pelo qual se esvaio, na campanha da
C o rd ilh e ira , com a m orte de Solan > Lopez, a derra­ Setembro, 1022.
deira go tta de sangue paraguavo.
G lo ria aos caidos nessa guerra tã o guerreada,
que evito u perturbações in te rm ite nte s e profundas Ra i i T avares .
no continente sul-am ericano e a ella devem o Brasil
e as nações d o Prata a paz e os grandes progressos C apitão de Fragata.

O O O O O 255 O O O O O
EM 1822...

O L: in im ig o da eloquenda, da eloquen­ preitadas perigosas. C ertam ente nada conheço mais


tia bombast ica e in u til. Desde os q u in ­ puro, mais verdadeiro, mais sim ples do que os d i­
ze annos que o querido Verlaine me zeres do povo, que trazem de envolta á roupagem
preveniu contra ella, aconselhando-me innoccnte, a profundeza dos p rinc ípios eternos e m ui­
que a estrangulasse: pas iT éloq ue iuc, éiranglez-la... tas vezes, com o no meu caso, o socego do e sp irito .
Por isso vou vos contar á guiza de histo ria , a l­ O espontâneo desabrochar das sentenças populares,
guma cousa velha daquelles velhos tempos. ta n to serve á tristeza conto a a le g ria ; também o
Não me seria possível re s trin g ir minhas notas amor, a m o rte e a vida, encontram na bocca ano-
e observações aos 'ib b dias do anno de 1822, nem nynia do po v o toda sua in fin ita expressão; e os mais
cinematographar todos os costumes daquclla época. sensatos ensinamentos psychologicos, moraes, senti-
O que aqui se vae dize r, são apenas impressões do mentaes, philosophicos, affectivos, se espalham so­
que já fo i relatado pelos chronistas, sobre modos, bre a face da te rra e fazem pu lsar m ais fo rte •>
m odas, costumes e aspectos da época em que o B ra ­ coração.
s il sacudiu os hom bros e mandou ás urtig as o m an­ C on to pois com vosso perdão, começando por
to interesseiro da m etrópole, respirando pela p rim ei­ vos avisar, que não deveis esperar o u v ir de minha
ra vez, e a plenos pulmões, o ar pu ro da sua vida bocca, novos ensinamentos histo rico s, grandes lições
do passado. E ncontrareis apenas um pouco de cu rio ­
Não nos occuparemos de po litica. Das attitudes sidade, o que certam ente será bom elem ento para o
do Principe Regente, da influencia de José B o nifa­ perdão que de vós espero; sendo a curiosidade, se­
cio, de Gonçalves Ledo e de outros patriotas que gu nd o dizem os homens — o m ais lin d o peccado fe­
se envolveram no advento sagrado, ahi estão M es­ m in in o são m inhas palavras d irig id a s p rin c ip a l­
tre João R ibe iro, e o Snr. Assis C in tra , para, de­ m ente a vós, m inhas senhoras.
sentranhando da poeira dos archivos os mais antigos N o entanto, convém lem brar, que casos houve
e bichados documentos, saborearem, com bom appe­ em que a curiosidade fo i castigada, como aconteceu
tite , o que de m elhor existe sobre a acção dos g ra n ­ com a form osa e b íblica m ulher de L o t, tran sfo rm a­
des brasileiros d'aquella época. da em estatua de sal, p o r não c onter a curiosidade de
A p o litica, mesmo a do passado me enfastia e volve r os olhos, para ver chover sobre Sodoma e ü o -
entristece. Não ju lg o assumpto para bôa companhia m orrha, o fo g o do céo. Eis o m eu medo. — Se a
m inha curiosidade, procurando de ha cem annos atraz,
qualquer cousa da vida e dos costumes da nossa terra,
não aguçar a vossa, te nho receios do castigo que me
espera.
Posso ainda lem brar-vos, que não fo i pequeno o
meu esforço para v ir aq ui contar-vos coisas do passa­
Esta palestra é um a evocação... P retendo dizer- do, do m ais lin u o passado da nossa h isto ria , aquellc
vos m uito rapidam ente, um pouco do passado de que mais emociona as nossas almas de brasileiros,
nossa terra, um pouco do passado da nossa gente. que mais alegria dá aos nossos corações.
Sou p o r temperam ento am igo das conferencias . O p rim e iro esforço fo i vencer o meu pro prio
curtas. espanto. Pois uma creatura com o eu, que ama tudo
E este louvável sentim ento nasceu em m im , do o que a v ida agitada de ho je fe z a flo ra r m aravilho-
facto de te r sido v ictim a constante de conferencias, samente no es p irito humano, que tem o o rg u lh o de
infindáveis, kilom etricas e até por sessões, como as sen tir roçar á flo r da pelle o ven to fr io e v o lu p tu o ­
do meu am igo, o P rincipe Paul Fort... E, ao demais, so, que a arte dos nossos dias tro u x e ao sentim ento
vivemos na edade do aeroplano, época em que se universal, como pode ria occupar-se, passageiramente
anda sem fix a r os o lh os nas m inúcias das coisas, embora, com coisas dos rem otos tem pos de 1822?
nem ou v ir o bater cadenciado dos m in utos .. A hora <> m ais log ico seria fa lla r-vo s d o anno 2022:
passa rapidam ente e é preciso aproveital-a, vivei a... L o m pequeno esforço poderia predizer-vos coisas
Ê necessario fa lla r pouco para viver bem. E é o que
vou tentar fazer... deliciosas que vão ser o encanto de nossos bisne­
tos...
Os dias de ho je são m uito m ais rap id os do que
os de antanho. A ntigam ente andava-se a pé; hoje
vôa-se... E não deixa de ser estranho que pelos dias
que correm , cm que tu d o b rilh a , e n que tudo se
agita, em que tu d o se neurasthenisa, em que para
Quem avisa am igo é... diz o povo sempre sabio uns o perfum e m e lh o r é o da gazolina, o b rilh o mais
nos seus dizeres. E a sua sabedoria tem o dom de suave o do asphalto. e a harm onia m ais pura 1
fa c ilita r ás creaturas obedientes, graves tarefas, em­ tic-tac do ta xi. sa.a uma pessoa de seus cuidados,

o o o o o 256 o o o o o
ANTONIO JOSÉ DA SILVA & Ca. — Porto.
: >«■
CENTENARIO KA INOEPE KA EXPOSIÇÃO

para, fechando um olh o e collocando no o u tro um com o successo alcançado pela Academia do M exico,
poderoso o cu lo de alcance, pro c u ra r ver o que ha cem m anifestou, em uma conversa com o Senhor de H u m ­
annos se passava. b o ld t, o desejo de que se fundasse uma Escola
l ‘ ois fo i, m inhas senhoras, o que eu fiz. de Bellas A rtes no Brasil. O assumpto dessa conversa
entre M arialva e H u m b o ld t, fo i retom ado em 1815
p o r Lu B ruton , am igo e confide nte de M a rialva e
que ao te m po era o Secretario P e rp etuo do In s titu ­
to . D epois de rapidas confabulações, em 1816, quan­
do m orreu Ü . M a ria I, mãe de D. João V I, chegava
ao R io de Janeiro a M issão Franceza de Bellas A r ­
tes, chefiada por L u B ru to n e composta de n o ta b ili­
dades e especialistas, a quem devemos os prim eiro s
passos firm es, para o m oroso desenvolvim ento da
volta i que i
elhcci EEv< poti I que Compunha-se a M issão dos artistas — João Bap
reviver mu pouco tio passado da nossa terra, lis ta D ub re t, p in to r histo rico , os dois Taunay, um
encanto m a io r de nosso e s p irito : a vida torna-se mais paysagista e m em bro do In s titu to , o u tro esculptor,
harmoniosa, o presente é suportado sem azedume e O ran d le a n de M o n tig n y , architecto, 1‘ ru d ie r, agua-
é com um "bom s o rris o que pensamos no futuro... fo rtis ta , Newuomu, com positor e O vidu, professor
Evocar é arrum ar, uma ao lado da outra, todas as
saudades dispersas em nossa m em ória. É a volúpia Esse gru p o de hom ens illu s tre s , espalhou péla
gost i de I nossa te rra um sop ro novo de vida in te llec tu al e a r­
tís tic a ; não se re s trin g in d o á cidade de São Sebas­
tiã o do R io de Janeiro, viajaram pe lo paiz, obser­
varo M o re yra esgarçou na i icvoa linda deste vando, estudando e ensinando. A in da h o je ahi estão
como documentos de sua valia s u p erior, os livro s
de D ub re t, as faciiadas elegantes de G ran d le a n de
vivendo M o n tig n y , notadamente a do ed ifíc io da antiga Aca­
demia de Bellas Artes, ho je sédc do M in is te rio da
O°rvelhosande" lãnte 'annos !** ■> penhoras
da Vida! a Vida passa, e vos retendo Fazenda, os quadros de Taunay, e in u ita cousa mais
que p o r ahi anda espalhada c abandonada, mas que
a Vida que passou... Can não deixa de m erecer o c u lto de quem procura nas
plangendas nos ouvidos... vão correndo cousas do passado os bons ensinamentos.
vultos aos vossos olhos, i,'ão correndo Gonzaga D uque, o saudoso e encantador critic o
e de auroras. e artista, — cuja recordação em m im evoca tempos
que também começam a se afastar, quando eu me­
Rcsurreiçâo em todos os sientidos... nin o curioso, ouvia as lind as conversas d e lle com
melodias... e aròtnas... e payzagens... M a rio Pederneiras e Lim a Campos, á p o rta de nossa
beijos sorvidos... casa do Flam engo — escreveu em seu liv ro A A rte
B rasile ira, paginas interessantes e im m orredouras so­
bre a influ en cia da missão artística franceza no Brasil.
as transfigurações da prof £ ‘í s £ . A nossa litte ra tu ra , observa o meu q u erido Ro­
na ld de C arvalh o, sóm ente n o século X IX , p o r va­
rias razões entrou na sua phase verdadeiram ente na­
Que a emoção sentida cional. «Os acontecim entos que prepararam a inde­
prefacio ás palavras que vo:Sdvo u edizVerrSOS> pendencia, não deixaram de m ovim en tar a grande
horda de intellectuaes da época — A o lad o de José
Bonifacio, M o n t’A lv c rn e e José da S ilva Lisbôa, sur­
gem c se agitam num erosos homens de talento, que
deram grande actividade e im p uls o á evolução do
nosso pensamento, na poesia, na h is to ria , na eloquên­
cia profana c sagrada, nas sciencias e nas artes».
A vida bra s ile ira , em 1822, e os acontecimen­ «Na poesia, (synthetisa R on ald na sua grande
to s que nesse anno se reg istra ra m , eram o reflexo, Pequena H is to ria da L itte ra tu ra B ra s ile ira ), sentia-se
eram a consequência na tu ra l da vida agitada e im p re­ ainda o in flu x o dos arcades portuguezes, cuja obra
a U niversidade de C oim bra, onde estudavam os nos­
vista, que a vinda das cortes naturalm ente creára.
sos maiores esp íritos, se honrava de continuar. O
Expulsa pelos francezes em 1808, a C ôrte Por-
tu^ueza insta llou -se no R io de Janeiro, onde em arendismo lige iram e nte m od ifica do p e lo m ovim ento
de Rousseau e dos encyclopedistas, tinh a os mais
1815 resolveu fixar-se d e finitiv a m e nte, creando o
fervorosos e m elhores cultores. O sainete da es­
th ro n o do R eino U n id o de P o rtug al, B rasil e A l ­
cola de F ilin to E ly s io perdurava nos versos dos
ga rves. nossos poetas; os Am ores, as Venus, os Thetis,
H ouve então como que uma necessidade natu­ os Neptunos e os Bacchos frequentavam com as
ra l, de harm onisar os negocios publicos com o p ro ­
settas aceradas e os louros cabellos rebrilhantes,
gresso do paiz. O governo procurou trazer para a os pesados sceptros e as rondas de menades ebrias,
te rra moça d o B ras il, o que a civilisação Europca
to dos os poemas do momento- A lição da escola m i­
tinh a p ro d u zid o de mais elevado, nas industrias, nas neira não se apagara de to d o ; antes, proseguia re­
sciencias e nas artes. petida com m u ito menos personalidade, apezar da
O a rtista francez, João Baptista D ebret, em seu
grande quantidade de versejadores atrazados, sem
m aravilho so liv ro Voyage p ittores q ue c t a rtis tiq u e graça, nem elegancia e s obretudo sem a cultu ra dos
nu B ré sil, sem duvida o m ais rico e interessante; re­ C lau dio e dos Alvarenga» (*).
p o s ito rio dos habitos c costumes b ra sile iro s da época A hi fic a pela penna deste grande escriptor o
que transcorreu e n tre 1816 e 1830, justam ente a ttin - quadro litte r a rio da época. N atu ralm en te a indepen-
gid a pelas luta s da nossa Independencia e dos re­
sultados que delia advieram , escreveu na carta que
d ir ig iu aos M em bros da Academia de Bella s A rtes
d o In s titu to de França, que o Senhor de M a ria lv a , (*) Ronald de Carvalho — Pequena Historia da Li­
Em baixador de P o rtu g a l em Paris, im pressionado teratura Brasileira, pags. 1Q6-107.

o o o o o o 257 o o o o o o
U VKO DE OURO COMMEMORAT WO DO CENTENARIO DA

dencia trouxe^ um nervosism o na tu ra l aos espíritos


creadores e não era de ad m irar o fervilham ento dos
poetas bons e máos, pro curando na te rra moça do
Brasil, a inspiração de seus cantos. E p o r isso é
m u ito justa a observação de m eu am igo T ris tã o de Os escravos já eram em 1822 a base da eco­
A thayde em uma das paginas de seu recente e pre­ nom ia nacional, nelles se encontrando o p rin cip a l ele­
cioso liv ro sobre A ffo n s o A rino s , quando diz que mento do trabalho m anual. Os serviços domesticos
a fa lsa illu são n a tivista da independencia lançara a e particulares eram sempre fe ito s p o r aquellas po­
nossa litte ra tu ra em busca de um esp irito novo, de bres creaturas, machinas humanas, que traziam bem
themas fornecidos pela te rra e desenvolvendo-se no escondido, fran ga lho s d'alm a dilacerada.
m eio local. cSans passe q u i le console, sans a ve nir q u i le
E ra a independencia que se fazia sentir por soutienne, escreveu D ebret, 1 'ajrica in — se d istra it
to das as fôrm as. du present en savourani à 1’om bre des cotonniers
le jus de la canite a suere; et comme e u x, fatigue
de p ro d u ire , U s'a néanrit â deux m il lie u x de sa
pa trie sans recompense de son u t ilité méconnue.
C apistrano de A b re u, p a tric io illu s tre , que dedi­
Em 1822, o R io de Janeiro creou ale nto novo, cou sua vida preciosa de e ru dito , ao estudo das nos­
fe rvilh a n d o então, a pouca vida social que existia. sas coisas e da nossa h is to ria , traça com n itid a s tin ­
Augm entou o luxo. que já era grande e os moços tas alguns quadros do B rasil C o lo n ia l, que sempre
ricos tomaram o habito de ir á Europa aperfeiçoa­ hão de ser espelho fie l para quem q u izer estudar
rem-se nas artes, nas sciencias e também nos vicios taes assumptos.
naturaes dos grandes centros de civilisaçâo. Seu liv ro C ap ítu lo s de H is to ria C o lo n ia l, está
O povo bra sile iro , era tid o pelos que viajavam cheio de bellas e inco nfu nd íve is paginas d o passado
pela Am erica, como o mais d o c il e agradavel do con­ da nossa terra.
tine nte. E isso era explicável, porque, além do Os escravos, escreve C ap istra no , conversavam ás
clim a, das condições de trabalho, da riqueza da te rra vezes em ling ua africana, constituíam grê m io s secre­
no Brasil não se vivia em continuas lutas intestinas"! tos e praticavam fe itiç a ria s . Sua ale g ria nativa, seu
como nos paizes da Am erica Hespanhola. optim ism o persistente, sua s e n sibilida de anim al, sup­
... C oncorria também para esse facto, o espirito portaram bem o cap tiveiro. N unca ameaçaram a o r­
lib e ra l dos homens de estado, em geral notáveis pelo dem de m odo sério, da nd o os carregadores certa
ta le nto, pelas ideas e pela acção; baseavam elles a animação ás ruas.
legislação do novo to rrã o independente, no que de Sobre estes escravos, em pregados em carretos,
m ais m oderno havia pro du zid o a civilisaçâo Européa escreve ainda C ap istra no , citan do o ing le z John
e procuravam dar ao paiz um s u rto sagrado de o rg u ­ Luecok — se a carga era m u ito gra nd e para uma
lhoso patriotism o, que lhe valeu em pouco tempo parelha, formava-se um band o de quatro, de seis e
o respeito de to do o m undo. até de mais. Um dos escravos, em g e ra l, o m ais in-
A estas circum standas, que traziam bem estar te llig en te, era escolhido para d ir ig ir o trab alh o. Este,
e con fo rto á vida nacional, lem bra Debret, pôde ser para prom over a re g ularida de dos esforços e espe­
accrescido o facto de não e x is tir uma classe in te r­ cialm ente u n ifo rm is a r o passo, entoava sem pre um
m ediaria entre o ric o c u ltiva do r, possuidor de te r­ canto africano, de um a m usica breve e sim ples, que
ras exuberantes e de innum eros escravos e o ne­ era respondida por todos em côro estrid en te. E assim
gociante que punha cm circulação os productos da continuava o côro em quanto continuava o trabalho,
te rra, evitando assim que as especulações encare­ o que parecia a lliv ia r o peso e a le g ra r o coração.
cessem a vida. Cantavam para espantar seus males...
O b ra sile iro de então, vivia calmamente, e f i n ­ Os m ulatos, já eram ao te m po de nossa inde­
d o o dia de trabalho, fie l aos habitos antigos p ro ­ pendencia gente pernóstica e dis fru cta ve l e a pro­
curava na frescura da tarde e em parte da noite posito, ensina ainda o q u erido m estre, que também
um reconforto voluptuoso no seio dos prazeres tran- era gente in d ócil e rix e nta. Suas festas, menos
cordeaes que as dos negros, não ra ro term inavam
em desaguisados; de ntre elles sahiam os assassinos
e os capangas profissionaes».
Crescendo em num ero, desconheceram e afinal
extinguiram as distineções de raça — e fo ra m bas­
tante fortes para irro m p e r com as fôrm as do con­
vencionalismo vigente e viv e r como lhes pedia a
A população do B rasil que p o r occasião da Inde ind ole irrequieta. Para o nive lam en to concorreu so­
pendenc.a, orçava entre 4.000.000 e 5.000.000 di bre tud o a parte fem inina, com seus dengues e re­
habitantes, era, ainda d ivid id a, segundo rezam os l i quebros (*).
Seguintes cas,as: Poríuguez le g itim o E nota que uma velha canção da Bahia já re-
P n r w , i d re,n? '. que era ° P°rtuguez nascido eir
I ortu g a l e que vivia no B ra s il; B ra s ile iro , que era c
portuguez nascido no B ra s il; o m ulato que era
L^na mulata bonita
1 ™ ° . ^ . branc° e ne8 ra i o mameluco, filh o de bran
co e m a ia ; o ín dio p r im itiv o cuja m ulher era a china
o caboclo que era o ind io civilisado ou in d io man para "sua alma se salvar.
s o , o in d io ainda selvagem, vivendo no inte rio r re
ouaÍ X T ' e,amente tda c ivilisai 5° . chamado b u g n
ou ge n tio tapu ya; o africano conhecido por m oleatie O u tra gente de costumes especiaes eram os ca­
o negro do Brasil, conhecido p o r creoufo; o m e s V c boclos. Quasi toda lavadeira era cabocla. De manhã
da raça negra e m ulata, chamado bode. á ija m u lh « m uito cedo se reuniam á m argem de um riacho que
e r . oonheeda p o , .a bra , „ m c !liç o atravessava a ponte do C a tte te e ahi ficavam até a
e ín dia conhecido pelo nome de oriboco. g noite. Este riacho, chamado justa m en te das Caboclas,

(*) Debret — Op.


Colonial, - Capitulo, ü , H i.to ii.

o o o o o o 258
MDEPENDENCtA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

desaguava pelas a ltu ra s do Flam engo ( *), onde nos­


a lto o prazer com que o recebia, fazendo-lhe d is ­
sas lindas e amaveis m elindrosas de ho je fazem o cursos cheios de cumprimentos, acompanhados de
footin g... Separava os ba irro s do C attete c Bota­ referencias e antes de entrar em1 negocio, se disto
fogo, havendo n o local onde é ho je a Praça José se tratava, pedia-se m uitas desculpas da sem ceri­
de Alencar, uma po nte cuja travessia custava alguns m onia da recepção. Si o v isitan te era de cerim o­
vinténs. A ponte dava ingresso ao Cam inho Velho nia, uma creada levava-o para a sala, onde ao en trar
de B otafogo, hoje Rua Senador V ergueiro, que fa­ via m uitas pessoas que a li estavam sahirem p o r ou ­
zendo uma curva, ia te r á lin d a bahia e ao bairro tra porta. A q u i esperava só, ta lvez meia hora, até o
então apenas começado. O s tempos mudam, e agora cavalleiro apparecer numa especie de tr a jo de meio
nSo ha te m p o para vaticin ar, o que daqui a cem rig o r. Ambos se inclinavam profundam ente, á dis­
annos se fa rá p o r aquellas bandas de nossa linda tancia; depois de haver m ostrado su ffic ie n te pra­
cidade... tic a e perícia nesta sciencia, ganhando tem po para
Estas lavadeiras, iam para o corrego de trouxa apurar a posição e pretenções do o u tro , approxim a-
ou cesto de roupa á cabeça, descalças, saia rodada vam-se com dignidade c respeito correspondentes si
de riscados vistosos, chale também de cores vivas, desiguacs; com fa m iliaridade si suppostos p ro xim a­
trançado ao peito e o u tro mais grosso e escuro na mente eguacs. Tratava-se c despachava-se o negocio
cabeça, para pro tcgcl-as do Sol. sem demora. Pedia-sc ao visitante que considerasse
Os caboclos eram ainda empregados como crea- a casa como sua e se por acaso m ostrava agrado p o r
dos dos ricos p ro p rie ta rio s do inte rio r. Contam os qualquer cousa, exig ia o costume que lhe tosse o ffc-
chronistas que elles, p o r sua inte llig cncia , eram o p ti­ recido, pedindo que se dignasse acceitar a in s ig n i-
mos operarios, — apezar do aspecto apathico que ficanciav.
tinham — e que seus filh o s , vivendo em um meio Com o estão vendo m inhas senhoras, os tempos
mais civilisa do , davam excellentes servos, valentes e estão bem mudados.
corajosos, in te llig e n te s e vivos, bons cavallciros, bons
nadadores, qualidades apreciáveis e indispensáveis
para bem servirem seus amos. que viviam viajando
pe lo in te rio r do paiz, atravessando as mattas v ir ­
gens e os rio s caudalosos.
N o entanto, apezar de ainda não viverem em
um m eio social com o o de ho je. os caboclos tão les­ Vou contar-vos agora, esbatidamente embora, um
to s e mais vigorosos que os negros, contraiam fa­ pouco da vida das vossas patrícias desses tempos.
cilm ente os vicios da civilisaçâo — o que também Por acanhamento ou educação, poucas vezes sa-
acontecia, d iz D eh rct. com os mulatos. hiam de casa as mulheres. E quando sahiam, era ge-
Estes caboclos protegidos, foram dos priticipacs ralm cnte para irem á missa e is to m u ito de manhâ-
elementos da prosperidade nacional, resultante d i­ sinha, servindo-se as mais ricas de cadeirinhas, que
recta da sua in te llig c n c ia , applicada á fecundidade e eram carregadas p o r negros de bella estampa c rica
riqueza d o sólo. libré. Tinham receio do publico e das grandes reu­
O u tro aspecto curioso da cidade, era o dos Ín­ niões.
dios guaranvs civilisa do s e empregados no c u ltivo Deixavam-se fic a r em casa. sentadas em suas mar
das vinhas. O rgulhosos, passavam pela cidade, cheios quezas de jacarandá, tendo ao lado a ganga onde f i ­
de im portância, m ontados cm animaes adm iravelmen­ cavam depositados os trabalhos de agulha. Ao a l­
te bem arreiados c elles luxuosamente vestidos. cance da mão o chicote para o castigo dos escra­
D o mesmo caracter eram as indias dessa raça. vos e em derredor, varios negrinhos e negrinhas, m a­
Era de ver e gosar o fa ceirism o delias, aos domingos cacos e papagaios!
para irem á missa: vestido de seda branca, ricamente <A m aior parte do te mpo, levavam cm seus a p o­
bordado, ab erto ao pescoço, onde valiosa collecçâo sentos, quasi em mangas de camisa, sem meias c até
de collares de o u ro c coral adornava o co llo m oreno sem tamancos, ouvindo das mucamas histo ria s da ca­
queim ad o; ricas pulseiras c broches; cabello lisamen­ rochinha ou bisbilhotices frescas, penteando o cabello.
te penteado e ornado com uma fita de côr e uma embevecidas nos cafunés. Bordavam, faziam rendas
rosa geitosam ente cnllocada no coque. Perfeitamente ou doces, cantarolavam m odinhas sentimentaes, com-
chic... municavam com as visinhas pelos quintaes. en treti-
iiham-sc com quitandeiras e beatas, ou abrigadas por
uma ro tu la discreta procuravam saber o que havia
na rua. As moças solteiras engordavam , quando se
fazia esperar m u ito o dia do casamento, felizes as
que encontravam casa de Q onçalo, cm que a g a lli-
A vida social te ndo augmentado. naturalmente nha canta mais que o gallo».
com a in s ta lla ç io das côrtes. já em 1822 mais fre ­ A responsabilidade destes conceitos é de M estre
quentes eram as reuniões, que hem serviam aos in ­ C apistrano de Abreu. Adopto, porém, com ju b ilo a
tu ito s p o litico s da época. impressão de lu r c o k sobre as flum inenses de então,
Eram. assim, m u ito frequentes as visitas. T od o o na edade em que são m enina e moca. Vê-se que o
m undo se visitava. E C apis’ran o 1c A breu, em um encanto de nossas vóvós. fo i tra n s m ittid o como he­
de seus interessantes estudos, faz o seguinte qua­ rança m uito m elhorada ás suas netas de hoje.
d ro das visitas de então: «quando um cavalheiro fa­ Disse Luccok. que os ornatos das flum inenses
zia algum a visita, se não era in tim o da casa. ia de produziam um e ffe ito agradavel e m olduravam os
ponto cm branco, chapéo armado, fiv e lla nos sanatos encantos de um a face redonda, de fe ições regulares,
e nos joe lho s e espada á cinta. A o chegar batia olhos negros, vivos e curiosos, fro n te lisa e aberta,
palmas para cham ar a attenção c soltava uma espe- bocca expressiva de sim plicidade e bom gênio, occu-
cie de som sib ila n te , e m ittid o entre os dentes e a pada p o r uma fie ira de dentes brancos e eguaes, u n i­
ponta da lin g u a . Acudia uma creada que de modo dos a um ros to soffrive lm e nte b o n ito , um ar ris o ­
aspero c tom fa nh oso perguntava quem era e ia nho e um m odo alegre, fran co e sem malícias.
levar o recado ao patrão. Si o visitante era algum F oi bastante amavel o interessante chronista.
am igo ou não reclamava cerimonias, apparecia logo O s habitos, porém, eram ainda bem differentes,
o do no da casa, levava-o para a sala, protestando pois fo i sómente depois de 1830, que algumas m o­
ças de bóa fa m ilia , aprenderam dansas européas,
musica e linguas, principalm ente a franceza.
(*) Ainda hoje ahi deságua, vindo a corrente por bai­ H o je . sois vós m inhas senhoras, que ensinaes
xo da Rua Barão do Flamengo. a dansar ao m undo...

o o o o o o 259 o o o o O
LIVRO D li OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

Levantavam -se de m adrugada, passeavam cedo pela


cidade, entravam pela prim e ira e g re ja aberta, onde
rezavam ou ouviam m issa; d ’ ah i con tinu ava m pas­
seando até 6 horas da m anhã; voltavam ' á casa, des­
Vejam os agora, num relancear d'olh os, sem m i­ cançavam, alm oçavam , tratavam das roupas, faziam a
rar detalhes e a p ro fu n d a r m in úcias, um pouco das sésta até duas o u tres da ta rd e, quan do se pre­
modas daquelle tem po. Eis ahi um assumpto para paravam para no v o passeio. Ás q u a tro horas era a
cuja explanação torna-se preciso engenho c gosto. hora dos alm ofad in ha s chegarem á Praça d o Pala-
Se não sou insensível ás m odas e faceirices fe m i­ c io , (h o je Cáes P h arou x) on de sentavam -se no pa­
ninas, não encon tro em m im o engenho necessario ra p e ito do cáes cm alongadas conversas até as Ave
para vos fa lla r das niodas dos tempos idos, sem o M a ria . E em reuniões elegantes e num erosas, con­
a u x ilio e fficaz de um m estre em exeavações c u rio ­ versavam, dis c u tiam , riam c com iam gulod ices, ta l
sas, o Senhor Escragnole D o ria . Em interessantíssi­ qu al h o je á ta rd e no A lve ar, com a d iffe re n ça , p o ­
m a conferencia, sob re a H is to ria c a M oita, disse rém de que as gu lod ices de então eram vendidas por
este illu s tre h is to ria d o r que a Moda no B rasil fo i pretas gorduchas, que o ffc rc c ia m ta mbém agua fre s­
e não p o dia d e ix a r de ser, attenta as xipophagias ca da C arioca, leve e saborosa, e ffica z rem edio á
p o liticas, um p ro du cto de im portação portugueza, sede ardente pro du zid a pela d ig estã o dc um ja n ta r
c o lh id o na Europa e tra n s fe rid o para a Am erica com apim entado, segundo o a n tig o C o d ig o da cosinha
a colo nisação lu sita na (*). b ra s ile ira (•).
C o n to u J u lio D antas ao nosso pa tric io que a
faceiricc lu sita na era notável.
<A fig u r ita da elegante alfa cinh a, era encanta­
dora, dançando o m inuete ao som da fla u ta de Lucas
Jovin i e tinh a a coragem de fic a r penteada de ves­
pera, nos dias de procissões c de d o rm ir sentada etn Passem os. agora, uma olh ad cl.a, pela cidade do
uma cadeira para não desmanchar a obra prim a do R io de Jauíe iro na época ,appro xiri íada da nossa in-
M usards, ca h e lle re iro francee da Rua dos Ferros dependênciai. E is para nu ui a eviocaçâo m elho r, a
o u a do ca h e lle re iro A ntunes, dos Remadores . lembrança m ais preciosa.
E assim m elind ro sas já eram as moças portugue- Se pudéssemos ver a nossa li nda te rra carioca,
zas d ’antanho, <p o lvilh ad as e cheias de joias, mas- nos velhos tem pos, toda eriv o lta nri sim p licid a d e das
queadas de tafetás e pintadas á franceza . suas casas. o u v in d o apena s o m a ru lh a r das aguas.
A casa de Bragança, no p u lo fo rça do que deu o bim balha r dos sinos... sc pudessemos vel-a, toda
de P o rtug al ao Brasil, tro u x e cm sua bagagem as re lig io s a e m eiga, povoa d;i de ig r ejas, conventos c
modas da época. capellas... sc pudéssemos vrel-a, seiu o atordoam ento
O povo a b riu a bocca deante d o lu x o das u lt i­ fe b ril de h oje, á ho ra do crepuscii lo da nd o um u lti
mas modas curopéas. E ra então que usavam as se­ m o be ijo ao sol cahindo no hor izonte... M as ahi
nhoras toucas em plum adas, vestidos pejados de pas- fica nossa im aginação pc rturh.ada , e n tre a belleza
samanarias aureas e argenteas e grandes leques cra­ de sua simiplic id a d e e a -■im plicidadc rud e d e seus
vejados de pérolas, rub is e esmeraldas. Os gestos habito s p ri m itiv o s . .
eram lentos e graciosos. O andar m iúdo. Era o sign al da vida o tir o de canhão das 5
Era ainda a quadra do capote decotado, do horas.
cin to c da saia m eio curta , de tu lle sobre fu nd o Os p rim e iro s m adrugadores, que sc d irig ia m ás
de seda, da m an tilh a presa p o r flo re s no a lto ou na ig ie ja s . já encontravam-se com os andadores dc a l­
parte su p e rio r d o penteado, coroado pelo pente de mas. de balandrã < e vara de pra ta. A s q u inta s-feiras
ta rtarug a, pe lo trep a moleque». pediam para o descanço das alm as do p u rg a to rio e
Jules F e rra rio , um dos homens mais observado­ nos dias em que havia algum c ondem nado á m orte,
res que te nh o lid o , escrevendo sohre o lu x o das da­ eram in fa lliv c is os andadores da M is e ric ó rd ia pe­
mas da época da nossa Independência disse que ‘•lies d in d o pela alm a do irm ã o padecente...
s’ornent cn o u tre tu It f e c t trs liras de ■Humans, dc As construcções eram características e curiosas
p e rh ’s, de ro ra u x e/ q u c lq u e fo is , d ’am ulctfcs pre- e as ruas tinham nomes inte ressa nte s; existia m en­
eieux. q u i fo n t p a r’ ie de leurs fo u rru rrs (•). tr e ou tras a Rua d o P io lh o, d o A le crim , d o Sabão,
Eram estas, m u ito escassamente pintadas, as m o­ das V io la s, Rua de traz d o C arm o, dos La to eiros.
das vestidas p o r nossas avós ao tempo da Indepen­ da Valla, do F ogo. dos C iganos, da Lam padosa. dc
dência. H o je que cem annos são passado?, podemos tra z d o A lju b e , d o V a llo n g o , Rua de tra z de São
sem m eio de offendel-as, dizer que as d'agora. as Joaquim c outras...
que vão apreciar as festanças do prim e iro centená­ M as. a cidade do R io de Jan eiro, cm m oldu-
rio . são m u ito mais bellas, m uito m ais agradaveis, rada pelo verde lin d o das m ontanhas e banhada pelo
m u ito m ais humanas... É esta pelo menos, minha azul do m ar. já era o encanto dos fo ra s te iro s .
opinião... c com certeza a vossa também... Nos planos m ais elevados eram construídas, de
preferencia as fortaleza s, as ig re ja s e os conventos
c ao pé das c o llin a s que ficavam e n tre Bo ta fog o
e M a lta Porcos descreve D e lire t: « II y a une to n-
e n e c l m agnifiq u e su ite d c non velles m aisons riva -
lis a n t dY là g a n rc e t d o n t I ' ensem ble sc d iv is e cn,
s ix faubourgs nom m às: R o tta -F o g o , C a ttle , L a O loi-
Pouca cousa vos dire i dos homens de 1822, pois, re , M a fta-C a v allo s , C atu m bi c t M a tta -P o rco s».
resalvadas n a tu ra lm cn tc as excepções, já eram ellcs A cidade tinh a ruas estreitas e m ais ou menos
uns pândegos, jogadores e frequentadores de ca­ alinhadas, te nd o algum as, as m ais im p o rta n te s, cal­
fé s e casas de pasto, onde sc occupavam um pouco çadas latcracs e em g e ral convergiam para o logar
de po litic a e m u ito da vida alheia. chamado cidade nova, que ficava e n tre o C am po dc
O s dc vida ma!» remediada eram. naturalm ente Sant’ Anna. algum te m p o denom in ado C a m p o de H o n ­
m ais egoistas, e dando-se ares de tradicionalistas, ra, e o C am inh o dc São C h ris to v ã o , abrangendo
procuravam conservar os habitos antigos do paiz. po rta n to a parte d o Mangue.
Espalhava-sc ainda p o r o u tro s b a irro s que co-

Jules Ferrario
vol. pag. 37.
(*) Dcbrct — Vol. II, pag. 44 e estampa 9.

O O O O O O 260 O O O O O O
PAVILHAO DAS INDUSTRIAS DE PORTUGAL VINHOS DE J. PEREIRA DA COSTA (V C.« Ltda.
PAVILHAO DAS INDUSTRIAS DF. P O R T ldA I. COM INI As P O k H <i l USAS
fNDFPCNDFNCIA F. DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

meçavam a vive r, como o da Saude, Vallongo, Praia


Form osa c Sacco d o Alfe re s. travam-se que possuiam uma alma de artista, quando
applicavain to d o seu gosto engenhoso, fazendo va­
As ruas da Q uitan da e D ire ita , salientavam-se
pela altu ra de suas casas que tinham 2 e 3 andares. ria dos desenhos e arabescos na cabeça de seus fre -
guezes, que contentes com a faceirice proporcionada,
As igrejas eram preciosidades architectonicas, sendo
as mais procuradas pela população, a de Nossa Se­ pagavam-lhes de bom grado os dois vinténs d o córte.
nhora da C an de laria e a de São Francisco de Paula H avia ou tros barbeiros installados em casas mais
ou menos postas, que annunciavam em letra s bem
As unicas distracções da cidade eram o theatro
visíveis, que, além de barbeiros e cabellereiros, eram
S. João, h o je S. P e dro de Alcantara, cuja historia
sangradores, dentistas e deitavam bichas...
está tã o directam ente liga da á his to ria da nossa
I*or todas essas qualidades, os figa ros populares
independência e onde geralm ente representava uma
dos tempos idos, por serem creaturas indispensáveis,
companhia ita lia n a , as ig re ja s , as procissões e o eram personagens im portantes.
Passeio P u blico, onde a calma bucolica era bom re­
E xistiam , porém, já em 1822, alguns barbeiros
m edio para o cansaço dos dias de trabalho e calor.
mais decentes, vindos de M ontevidéo, e alguns bou-
Uoirs perfum ados surgiram na Rua do O u v id or, sen­
do que o p rim e iro a se in s ta lla r fo i um celebre Ca-
to lin o chegado ao R io em 1816, vind o, não se sabe
como, da nobre Rua de Saint H o n o ré , de Paris. Ins-
tallou-se prim itiva m e nte na Rua de T raz do H osp icio
M u ito com m uni era ver-se nas ruas da cidade ■ log o em seguida na Rua do O u v id o r, te nd o como
iuna ta m ilia in te ira s ah ir a passeio, bitolada por uma m panheir m odista franceza — p rim eira
fo rm atura quasi m arcial e sempre a mesma: á fren­ andorinha, do lin d o verão da moda, m inhas senho-
te o chefe da fa m ilia , seguido pelos filh o s classi­
ficados segundo as edades, o m ais moço na frente N o mesmo anno de 1822, appareceu no R io um
da serie, g e ralm c nte num erosa; em seguida a mãe, concorrente de C a io lin o , um certo Desm aret, também
e atraz d e lia um a creada escrava, m ulata — m uito francez, que para a ttra h ir freguezia e fazer concur­
mais bem posta do que as ne gra s; seguiam-se uma renda á lo ja do patricio , já então na Europa e en­
ama secca negra, uma escrava da ama, o creado do tregue ao seu prim e iro caixeiro, expoz em sua lin d a
chefe da fa m ilia , um escravo moço, o moleque, quasi c luxuosa casa, como surprehendente novidade e
sempre o d e m on io I a m ilia r que o nosso Alencar le­ attractivo , um a Venus de cera colo rid a, em ta m anho
vou para o palco... Em fim não ficava ninguem em na tu ra l, que tin h a para aguçar a curiosidade de nos­
casa (•). sos antepassados, um a gaze transparente cob rin do -
F assim seguiam um atraz do ou tro, em passo lhes as fôrm as (*).
cadenciado e vagaroso pela cidade, até o log ar des­ Ê in ú til dizer que desbancou o outro.
tinado, onde se regalavam na contemplação calma
da paysagem.
C om o se vê esse systema de passeio nada tinha
de div e rtid o . Só mais tarde, com a im portação dos
habitos francezes, é que os homens davam o braço
as senhoras, nos passeios pela cidade.

O pequeno commercio em g e ral era fe ito na Rua


onde se vendia tu do — cestos, g a llin ha s, doces, p a l­
m itos, capim secco, leite, sapé, cavallos, cabras, ce­
bolas, alhos, legumes, doces, angú, flores... etc., etc.
e tc j
O fa cto d o irm ão m ais moço m archar sempre E tu d o isso era vendido ao g r ito de pregões
a tre n te do m ais velho, conta um chronista d o tempo, característicos: alguns languidos e sentimentaes, es­
era m o tiv o de grande brig a entre duas irmãs que tridentes e agudos outros.
passavam diariam ente p o r sua casa. Havia, porém o com m ercio mais fin o e elegan­
Sempre vestidas de claro, querendo conservar te installado na Rua do O u v id or, onde ficaram h is ­
uma eterna m ocidade, não podiam occultar que já toricas as rixas de um sapateiro in g le z com um a m o­
beiravam os sessenta. E em seus passeios diá rio s, a dista franceza. que de tanto brigarem acabaram ca­
mais velha não perdia vasa de passar á fre n te da sando...
mais nova, para illu d ir-s e a si e aos transeuntes;
a mais moça. porém , im m ediatam ente apressava o
passo em conquista do seu d ire ito .
Conta ainda o chronista, que só a m orte de uma
delias, poz fim a uma g u erra de sessenta annos,
causada pela eterna vaidade fem inina...

O carnaval e o sabbado da A lle lu ia eram as duas


festas mais populares.
N o carnaval dominava o entrudo, e no sabbado
da alle lu ia era de ver o enthusiasm o da petisada
Um specto também m u ito communi de nossa queim ando o velho Judas.
velha .. quei.M
— ra carioca, eram os barbeiros Apenas o badalar dos sinos annunciava o ro m ­
am bulantes, qui lugares m ais populares cor- per da A lle lu ia , a petizada sahia aos berros pelas
tavam com arte irapinhas dos negros de ganho, ruas, arrastando um Judas fe ito de palha e roupas
isto é, daqu ellc^ »■«««L.- eram empregados nos traba- velhas, até a praça mais pró xim a . — Ahi ateavam
lhos de rua. fo g o ao boneco e dansavam e cantavam em roda á
Os ba rbeiros ambulan em ge ral, negros fogueira, contentes por se vingarem do b ib lic o tra -
pernósticos e inte llig en te s s hábeis compene-

(*) Ver Debret — Ob. cit., vol. II, e lampa 5. (*) Debret — Op. cit., vol. II, pags. 51 e 53.

o o o o 261 o o o o o o
LIVRO DL OURO COMMEMORA T/VO DO CENTENARIO

c o n tric to , rezando em voz baixa o u cantando em


côro abafado as ladainhas tradicionaes.
C idade essencialmente re lig io sa , e ra n o entan­
to a sua população cheia de crendices, assumpto
Para fin a lis a r duas palavras sobre as procissões. que bem pesquisado daria para um a bôa prosa...
Eram notáveis pela riqueza e concurrenda. N a de
São Sebastião, ta lve z a mais im p o rta n te por ser a
do pa droeiro da cidade, ia á fre n te um destaca­
m en to de cavallaria, seguido de to dos os estandar­
tes de todas as c on frarias e o rd e n s ; seguia-se a gen­
te da C ô rte e Casa Im p e ria l e log o após a ima­
gem do Santo, esculpida em m adeira, trazendo a tra­ A h i está senhoras e senhores, a esbatida im a­
vessada ao c o llo as insig nias da O rdem de C hristo, gem da vida da nossa cidade, pelos lo n g in q u o s tem ­
cravejada de diamantes. A imagem era carregada por pos de 1822.
m em bros do C onselho M u n ic ip a l. A tra z da imagem Foi um pouco de his to ria an tiga , o que cu vos
ia to d o o cle ro do R io, inclusive o da capella Im ­ contei... N o entanto, mesmo res p e ita n d o o passa­
p e ria l, com a respectiva banda de m usica; vinha en­ do, devemos querer bem a tu d o que é novo, a
tã o o p a llio , sob o qu al vagarosamente caminhava tu d o que é ine dito , a tu do que nossos o lh o s a in ­
o b isp o do R io de Janeiro, seguido por sua vez de da não viram , a tu d o que nossos ou vid o s ouvem pela
d ig n a ta rio s da côrte m in is tros e presidentes das p rim eira vez, a toda emoção nova para nossos sen­
Cam aras; fechava a procissão um destacamento e tid o s , com m u ito aniôr, com m uita sinceridade, com
um a banda de musica. m uita sim plicidade, pois, amar to da a n o vida de que
H avia du ran te to d o o anno m uitas outras p ro ­ a vida nos ensina, é ainda, na phrase de um am igo
cissões, to das im portantes acontecim entos sociaes, se­ d ile c to , a m aneira m ais vagarosa de envelhecer.
gu in d o cada uma suas normas e rith o s tradicionaes. E ahi fic a a receita.
Eram mais notáveis, pelas pompas de que se reves­
tiam , as de Santo A n to n io , de Nosso Senhor dos 20 Agosto. 1922.
Passos, do T riu m p h o de Jesus C h ris to , do enterro
de Jesus C h ris to e a do C o rp o de Deus.
 passagem das procissões o povo se ajoelhava, Ro driqo O c t a v io Fiih o .

o o 262 O o o o o
O B R A S IL D E H O JE

E P O IS das largas sinthescs elaboradas Com a Guyana H o llan dcsa : lin h a que, pa rtin d o
pelos collaboradores especiacs desta da nascente do r io C orentyne, segue pelos m ais a l­
obra, sobre nossa h isto ria , nosso es­ tos terrenos da serra de Tum ucum aque até a ttin g ir
p irito . nossa capacidade de realização a nascente do r io M a ro n i.
du ran te o p rim e iro século de independencia po litic a C om a Guyana Francesa: serra de Tum ucum a­
da p a tria, faz-se im prescindível ráp id o balanço d o que, desde a nascente d o r io M a ro n i á do r io Oyapock
que no dia de ho je representam os como nação o rg a ­ c por este até á sua fo z no Oceano A tlâ n tic o , a
nizada em face do m undo. Procurarem os dar nas l i ­ O. d o cabo Orange.
nhas que se seguem os traços mais geraes da phy- C om o U ru g u a y : a rro io C hu y, desde a sua
sionom ia physica, cconomica c m oral do B rasil con­ barra no A tla n tic o , até o a rro io dc S. M ig u e l, se­
te m poraneo. O s algarism os numerosos s up prirão a g u ind o p o r este até en con trar a lagoa M ir im , c o n ti­
deficiente eloquência do resumo. nua pelo m eio da mesma, passando entre as ilhas
Taquary até d e fro n ta r a ponta do Fanfa, na margem
bra sile ira , e a Po nta M un iz, na margem uruguaya,
PO S IÇ Ã O . dahi apanhando a fo z d o r io Jaguarão, seguindo pelo
th a lw e g d o mesmo até á barra do Jaguarão C hico,
O B ra sil acha-se com prchendido quasi to d o no continuando pela m argem d ire ita deste até o a rro io
hem ispherio austrai da T erra, sobrando apenas para o da M in a c depois p o r este a rro io até ás suas nas­
hem ispherio s eptentrional pequena porção do seu centes; da hi. uma recta que passa pela serra do
immenso te rr ito r io . Desenvolve-se cm sua m a io r ex­ Aceguá, ind o en con trar o r io N e g ro no po nto em
tensão na zona trop ical, penetrando na zona te m p e­ que este recebe o a rro io S. Luiz, e s eg uin do por
rada da cidade de S. Paulo para o Sul. Occupa, fi- este até a sua nascente; prosegue pela lin h a dc
nalm cnte, a parte centro-orien ta l do continente sul- cumiadas que passa pelo m onte do C e m ite rio e pelas
am ericano. C ochillas S e rrilhada, Sant’ Anna e H aedo, até en­
con trar o a rro io da Invernada, seguindo p o r este
até a sua barra n o Q uarah im e p o r este u ltim o até
L IM IT E S . a sua fo z no r io U ru g u a y .
Com a A rg e n tin a : trech o do r io U ru g u a y, des­
L im ita-se o B rasil ao N . com a R epublica da de a fo z do Q uarahim á do Pepery-Guassú, e por
Venezuela c as Guyanas Inglesa, H ollan dcsa e Fran­ este até a sua nascente p rin c ip a l, passando, em se­
cesa; a N E . e SE. com o A tla n tic o ; ao S. com a guida, pe lo serro de Santo A n to n io até encontrar
R epublica O rie n ta l do U ru g u a y ; a SO. com as Re­ as nascentes do r io do mesm o nome pe lo qual segue
publicas A rg e n tin a e do Paraguay; a O . com as Re­ até a sua fo z no Iguassú, c on tinu an do por este u l­
publicas da B o liv ia e do P e rú ; e a N O . com a Re­ tim o até a sua barra n o Paraná.
pu blica da C olom bia. Com o Paraguay: trech o d o r io Paraná desde a
As actuaes linhas divis ó ria s entre o Brasil e esses fo z do Iguassú até ao S a lto das Sete Quedas, con­
diffe re n te s países são, segundo Veiga C ab ra l, as se­ tinu an do pelo m ais a lto das serras de M araca jú e
g u inte s: Caaguaçú ate encontrar as cabeceiras d o ria cho Es­
C om a Venezuela: linh a convencional que, par­ tre lla , no serra d o Am am bahy, seguindo p o r esse
tin d o da fo z do M acapury n o rio N egro, c orta a até sua fo z no A p a ; prosegue p e lo Apa até a sua
grande ilh a flu v ia l Pedro II, ind o até o s a lto dc fo z na margem esquerda do Paraguay, pe lo q u a l sobe
H uá, no r io M aturacá. e dahi até o c erro C up i, con­ até o desaguadouro da lagôa Bahia N egra, no
tinu an do pe lo mais a lto dos terrenos até as serras mesmo. ~ !^ |
de Im ery, Tapirapecó e U rucusciro, e dahi pelas C om a B o liv ia : r io Paraguay, desde o desagua­
serras Parim a e M a rc h iá li, donde segue para L. douro da lagôa Bahia N egra até o po nto de sua
con tinu an do pelas serras Im enearis. Paracaima e Hu- margem d ire ita dis ta n te 9 k ilo m e tro s do fo rte de
m irid a , até encontrar a cabeceira do r io C o tin g o , no C oim bra e dahi p o r um a linh a geodesica até a ttin g ir
m onte R oraim a. o ponto que fica a 4 k ilo m e tro s a N E . do fu n d o da
C om a Guayana Inglesa: linha que, pa rtin d o Bahia N e g ra ; em seguida continua a lin h a até 19°2’
da cabeceira do r io C otin go , no m onte R oraim a, se­ da la titu d e nordeste c depois nara le s te até en contrar
gue para L. pelos mais altos cumes, até ás nascentes o riacho Conceição, p e lo qual segue até á lagoa de
do r io Ire n g ou Mahú. no monte Y a nk o tipú . des­ Caceres, cortando em seguida as lagoas M an d io ré e
cendo pe lo mesmo até á sua fo z na margem d ire ita Guahyba, até alcançar o r io Pando, e continua p o r
do r io Tacu tú , subindo depois por este até ás suas este até atravessar a lag oa U be ra ba ; da hi segue até
nascentes e, passando pelos mais altos terrenos, se­ o extre m o m e ridion al da C o rix a G rande e, rum ando
gue pelas serras M assary c Acarahy até a nascente de S. para N . cm lin h a recta, passa pelas corixas de
d o r io C orentyne. S. M athias e Peinado até en contrar o m o rro da

O o o o o 263 o o o O o O
LIVRO DE OVRO COM M T MOR AT IV I CENTENARIO DA

Irupiranga ou V a sa-B a rris; na Bahia, as de io d o s os


Bòa V ista, de onde segue em lin h a recta até o m o rro ba ilio s, v.amainu, u n cos, *-anavieiras, Belm onte, Ca-
dos Q u a tro Irm ãos ; continua dahi até á nascente p r in ­ u ra lia , 1'o rto Seguro e C aravellas, aie in üa ciiscaua
cip a l do r io Verde e p e lo th alw eg deste, d o Guaporé ue jo a cem a; no c s p irito -S a n to , as ue V icto ria , Gua-
e do M am oré até á fo z d o Beni, seguindo pelo rio
la p a ry e B c iic v em e ; n o t_stauo ü o K io Ue Janeiro,
M adeira até a fo z do A bujià, e p o r este até o pa­ as de M acalie, c a o o F rio , Guanabara, oe pe tiba , M an-
ra lle lo dos 10°20’ S. e dahi por este mesmo p a ­ garatiua, jatu e c a iig a . A n g ra uos Keis, J u ru in irin i e
ra lle lo , em direção O . até encontrar o rio R apirrã, i-a raty, a lo ra num erosos enseadas; em São i ’ au io, as
pe lo qual segue, até suas nascentes, passando depois
ue u o atub a, dão aeOastiao, àantos, igu ap e e can a-
pelo mais a lto te rre n o até encontrar as nascentes
uca ; no ra ra u a , as ue I'aian ag ua , A n to nina , Laran-
do igarapé Bahia, pe lo qu al desce até sua barra no
ge ira , UuaraKessaua e GuaratuOa e a cuscaua Ue
A q u ir y ou Acre e dahi pe lo Acre até a fo z do seu
itap em a ; em a. G atha ruia, as Ue a. Francisco, Ita-
a fflu e n te Javerijá. pocoroy, G aioupas, â ijucas, àa iua c a th a riu a , lin o i-
Com o P e rú : trech o do rio Acre desde a fo z
lUDa e Laguna e varias enseadas. Não devemos es­
d o seu a fflu e n te J a v e rijá até as suas nascentes, e
quecer a eeleore enseada ue B o ta fog o, n o D is tric to
da hi por uma recta até encontrar a nascente do r io
Shambuyaco, pe lo qual segue até a sua fo z no rio
Purús. C on tinu a p o r este u ltim o até a confluência
do Santa Rosa e p o r este até suas nascentes, dc
CABUS t PO NTAS.
onde segue a lin h a fro n te iriç a pelo p a ra lle lo dos IO ’
e depois ao rum o de S. para N. até a nascente do
r io Breu, descendo p o r este u ltim o até sua foz no aão os seguintes os prin c ip a e s cabos e pontas
r io Juruá e dahi p o r uma recta até as proxim idades em nosso litto r a l: no Para, os Oaüos O range, Cassi-
d o r io Amonea, de onde segue pela divisa das aguas pore e N o rte , e as pontas o ra n d e , M a g o a ry, Chapco
dos rio s Juruá e U cayá li até encontrar o rio Ja- v ira d o , I ijo c a e c u r u ç a ; no M aran ha o, o caOo o u -
va ry, pelo qual avança até sua fo z no r io Amazonas, ru p y e as pontas Aruoca, Ita c olo niy, e tc .; no Piauhy,
na v illa b ra s ile ira de Tabatinga, dahi proseguindo a ponta de Ita q u y ; no C eara, as pontas Jencoacara»
p o r uma linh a que, orien ta da de SO. para NE., vae Patos, C aju acs; no K- O . do N orte , o cabo S. Roque
a ttin g ir a confluência dos Apaporis com o Japurá. e numerosas pontas, e n tre as quaes a dos Lres Ir ­
Com a C o lo m b ia : r io A papóris, desde a sua mãos, do Santo C h ris to , dos lo u ro s , etc.; ua Para-
fo z n o Japurá até a fo z d o seu afflu e n te T arahyra hyoa, o cabo Branco e as pontas de CamaratuDa,
e dahi p o r um a recta dc S. para N . até encontrar Lucena e C o q u e iro s ; em Pernaniouco, o cabo de
a nascente do rio C a p u ry , p o r este descendo até a Santo A g ostin ho , a ponta das Pedras e a de M an-
a sua fo z no Uaupés, p e rto da cachoeira Jauarité, g u m ho ; em Alagoas, as pontas de Sapucahy, Prego,
pe lo qual sobe até a fo z d o seu tr ib u tá r io K crary M ir im , Verde e S. M ig u e l; cm S e rg ipe , as pontas
o u C a ira ry e dahi p o r o u tra recta, também orientada do M angucsinho e Sautoco; na Bania, o caoo de
de S. para N ., até a C achoeira Grande, no r io Issana, S. A n to n io e as pontas de Ita po an zinh o, Garcez,
con tinu an do pela serra dc Araraquara até a confluên­ M u ta e o u tra s ; no E s p irito S anto, as pontas de
cia do Igarapé Péguá com o C ilia ry , ou Iquiary, se­ Monsaras, E leixeiras, Santa C ru z, Perocâo, etc.; no
g u in d o pe lo mais a lto do te rren o em busca da nas­ R io de Janeiro os cabos de S. rh o m é , Buzias e
cente p rinc ip al do r io M em áchi c dahi ao cerro Ca- F rio e numerosas p o n ta s ; n o D is tric to F ederal, os
p á rro , passando depois e n tre a cabeceira do rio Tôm o cabos dos Dous Irm ãos e G u a ra tib a e as pontas
e a d o igarapé Japery, seguindo pelos mais altos te rre ­ d o Leme, Copacabana, A rpo ad or, M a ris c o e Sernam-
nos até a nascente do r io Macacuny ou M acapury e b e tib a ; em S. P aulo, as pontas G rossa, da Lagòa,
p o r este até sua fo z n o r io N egro, p ro x im o da p o ­ A i mação, S. Am aro, etc .; n o Paraná, as pontas das
voação amazonense de Cacuhy. Peças, Passagem e C a v e ira ; em S. C ath arina , os
cabos João Dias, Santa M a rth a Pequena e Santa
M artha G rande e varias pontas; n o R io G rande d o
L IT T O R A L . Sul. as pontas das M ostardas, M a n gu eira, Fanfa,
Desertores, S. Siinão, B o ju rú , etc.
Extende-se o litto r a l b ra s ile iro p o r cerca de 7.020
k ilom etro s , desde o C abo Orange até a embocadura
do a rro io C hu y. Pela sua configuração podemos d i- IL H A S
v id il-o em duas grandes secções: a prim eira , do
cabo Orange até a ponta d c Touros, inclinada para Das numerosas ilh a s d o B rasil destacam-se pela
S E .; a segunda, da ponta de Touros até á embocadura sua im portância as que se seguem.- n o Estado d o
do C huy, inclinada para S. O. São variadíssim os os Amazonas, a de T up ina m b aran a; n o Pará, as de
aspectos apresentados p o r este immenso litto r a l, che­ M aracá, Caviana, M ex ian a e M a r a jó ; n o M aranhão,
gando um geographo p a tric io a frag m e ntal-o em de­ as dc Pirocana, S. João, M anguuça, S. L u iz e M a ­
zo ito secções d ifferen te s para uma p o r um a poder ria n a ; no Piauhy, a ilh a G ran de de Santa Izabel;
caracterizal-as.
no Ceraá, a dos Bois, das Vacas, Ferna nd o, R ato e
M c s q u ito s ; no R io G ran de do N o rte , as de C h i­
q u eiro das Cabras, M a n oe l G onçalves e Cabeça do
B A H IA S E EN S E A D A S .
N e g ro ; na Parahyba, as de S tua rt, R estinga e T i-
r ir y ; em Pernambuco, as de Itam aracá, R e tiro , M a-
P o r to da essa lon ga faixa littora nca são em ro itn . N og ue ira e Santo A le ix o ; em Alagoas, a de
grande num ero as bahias, enseadas e angras exis­ Santa R ita ; em S ergipe, as de A ram b iq ue e C oq ue i­
tentes. Citarem os apenas as principaes: N o litto r a l ro s ; na Bahia, as de Tinharé, Boypeba, Velha, Kiepc,
d o Pará contam-se as bahias de G uajará, M arajó , Sol, C orôa Verm elha e as dos A b ro lh o s ; n o E s p irito
Curuçá, Caeté e P ria tin g a ; no Estado do Maranhão, Santo, as dos Frades, B o i, E. Santo, Pacotes, F ra n ­
as de Priá Unga, Turyassú, C abello dc Velha. Cumã, cesa, A n do rin ha s ; no R io de J aneiro, as de Sant’ Anna,
S. Marcos, S. José e T u to y a ; no Piauhy, a bahia Ancora, C om prida , Papagaio, Porcos, M aricá, M aram
da Am arração; no R io Grande do N orte, as de baia, Flores, Vianna, M oca ng uê ; n o D is tric to Fe­
M ossoró, Macáit, T ou ro s e Formosa; na Parahyba, de ral, as de G o verna do r, Paquetá, F undão, Cobras,
as de Traiç3o, C o q ucirin ho , Varadouro c Lucena; Fiscal, V ille g a ig n o n , Lage, etc .; em S. Paulo, as
em Pernambuco, as de M a ria Farinha e Tam andaré; dos Porcos, Buzio, V ic to ria , S. Sebastião, S. Am aro,
cm Alagoas, as bahias de Jaraguá e C o ru rip c c as S. Vicente, C ananéa; n o Paraná, as das Gamelas,
enseadas de M undahtí e Iguape; em Sergipe, a de T eix e ira , C otin ga , C obras, Rasa, M e l, Peças, Pilões

o o o o o o 264 o o o o o o
DA VEIGA & Cia. — Curityba - Paraná.
iDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

e Ita co lo m y; cm S. C ath arina , as de S. Francisco, Geraes. A in da neste Estado, lançam-se p a ra O . os


Remedios, Gales e Santa C ath arina . contrafortes de Congonhas, Branca e N ova, etc.
São notáveis ainda a ilh a do Bananal, em Goyaz, N a Bahia, toma as seguintes designações: C ha­
form ada pelo rio Araguaya, e as de Fernando N o­ pada, D iam antina, Assurua, T in h á e Agua Branca.
ronha e da T rin d a d e , affastadas da costa. D ahi se lança através de Pernam buco, com o nome
de C a rris Velhos, e alcança Parahyba e R io G rande
Uo iNorte com o nome de Serra da Borborema.
M O NTANHAS. A Cadeia C e n tra l ou C entro-O ccidental desenvol­
ve-se pela reg iã o c en trai e n o rte o rie n ta l de nosso
A dois systcmas diversos — o Parim a c o Bra­ te rr ito r io , atravessando Goyaz e M a tto G rosso e in -
s ile iro pertencem as m ontanhas que se erguem siiiuando-sc como linh a d iv is ó ria entre Goyaz, de
cm nosso te rr ito r io . um lado e M in as Geraes e Bahia de o u tro , entre
G oyaz e o M aranhão, Bahia e Piauhy, P ia uh y e
C om prehende o systema Parim a as montanhas
situadas ao n o rte do r io Amazonas, e que form am Pernambuco e fin a lm cn te Piauhy e Ceará.
as seguintes princip acs cadeias: Tumucumaque, Aca- O conhecido educador acima m encionado divid e
rahy. Lua. Paracaima, Parim a, C aparro, Araraquara a cadeia C e n tra l nos tres seguintes trechos p rin c i­
pacs:
e ou tras, nos lim ite s do B ra s il com as Guyanas In ­
glesa. H ollandesa e Francesa e com as Republicas
de Venezuela e C olo m b ia . O u tra s ramificações se ex­ 1. " ) O das serras da Canastra e M atta da C o r-
tendent pelos Estados do Amazonas e do Pará. da, que se extende pe la margem esquerda da bacia
contando-se naqu ellc, entre as mais im portantes, as d o S. Francisco, desde as suas cabeceiras até q
serras de Abacate. Itaqueu, T ap ura, Urcaúa, Amaniar, S. de seu aftlu e n te Paracatú, te ndo seu po nto c u l­
A m ary, etc., e neste, as de A lm e irim , C urveu, Iri- m inante na serra da C anastra (on de nasce o S. Fran­
kume, Jutahy, Velha Pobre c outras. cisco) com a a ltitu d e de 1.282 m etros ;
O M on te R oraim a, com 2.600 m etros de a ltitu ­ 2. °) o da c o rd ilh e ira do Espigão M estre, com
de. e situa do na convergência das fron te iras d o Bra­ quasi 2.000 k ilo m e tro s de extensão, separando as
s il, Venezuela e Guyana In glcza, é o po nto c ulm i­ aguas do Paraná das do T ocantins e Araguaya e á
nante d o systema. qu al se liga m os m ontes Pyrine us, c u jo p ic o m ais
O Systema B ra s ile iro com prehende, por sua vez, a lto mede 1.385 m etros e vem sendo erroneamente
duas grandes cadeias: a Serra do M ar, ou Cadeia considerado o ponto c ulm ina nte da cadeia central,
O rie n ta l, a m ais im p orta nte delias, e a cadeia C en­ que não c este, e sim o m o rro A lto na chapada
tr a l o u C e n tro Occidental. dos Veadeiros, com 1.775 m etros de a ltitu d e ;
Extende-se a p rim e ira quasi parallela á costa 3. «) o que se extende pela parte N . O. de M a tto
cm sua m aior e x ten sio , gu ard an do uma distancia de G rosso com a denominação p rin c ip a l de serra dos
cerca de 12 k ilo m e tro s na m edia, cxcepção fe ita da Parecis, a O . das salinas de Jau rú, continuada pela
serra do T in g u á , no Estado d o R io de Janeiro, a serra dos Pacahás N ovos numa extensão de 1.320
kilom etro s.
qual fica a 70 kilo m e tro s da costa, c ao N . de La­
guna. em Santa C atharina. em que se affasta cerca
de 00 k ilom etro s .
RIOS.
N os Estados do R io G rande do Sul, S. Catha­
rin a, S. Paulo, c R io de J aneiro, tom a esta cadeia
os nomes de Serra do M a r, propriam en te dita . La­ Todos os nossos rio s, c u jo conjuncto con stitu e
ges, G raciosa, Paranapiacaba, C u b a tio , São Sebastião. o mais fo rm idá vel systema potam ographico do g lo bo ,
C araguatatuba. Ubatuba. P a raty, M anguaratyba. Mam- pertencem á vertente d o A tla n tic o , mas são co.nmu-
bucaba, Itaguahy, P irah y, da Viu va. T ing uá , Estrella. mente dis trib u íd o s p o r q u atro grandes bacias: a Am a­
Órgãos, N o va -F rib u rg o , Macahé, Im bé e d o R io P re­ zônica, a do Prata, a do S. Francisco e as bacias
to . De m a io r im portância, porém , é o trecho que, co­ Orientaes.
meçando a N . E. de São Paulo, se desenvolve atra­ A bacia Am azônica, que tem th alw eg o Am azo­
vés dos Estados de M inas-G craes, E. Santo, Bahia, nas, é a mais vasta d o planeta, pois occupa uma
A lagoas. Pernambuco, Parahyba c R. G ran de do área de cerca de 6.430.000 k ilo m e tro s quadrados.
N o rte , pois ne lle apresenta a cadeia o rie n ta l os seus O Amazonas, descoberto em 1.500 p o r Vicente
pontos culm inantes. Destaca-se. neste trecho, a serra Yavez Pinzon, nasce no lago Lauricocha, no Peru, a
da M a n tiq u e ira , que nas fro n te ira s do Estado d o Rio 4.000 m etros de a ltitu d e . Acha-se ho je a b olid a a d i­
Jan eiro com o de M in as G eracs toma o nome de versidade de nomes p o r que eram conhecidos os va­
serra da Ita tia ya , onde sc erguem as Agulhas Ne­ rio s trechos d o grande rio , sendo que na p ró p ria
gras, cu jo p ico culm inante, denom inado Itatiayassú R epublica peruana fo i adoptado o nome un ico de
fo i d u ran te m u ito te m po considerado como ponto Amazonas, que o designa agora da nascente á foz.
culm ina nte d o systema oro g ra p h ic o b ra s ile iro s O C o rre a p rin c ip io para o N ., depois para N. E.
a u to r destas u ltim a s linh as citadas, M a rio da Veiga atravessando o Peru e os Estados de Amazonas e
C ab ra l, diz na sua excellente «C horographia do Bra- Pará, para fin a lm e n te lançar-se no A tla n tic o p o r um
sil'>. após demoradas considerações: «... pode-se a ffir- estuá rio de 300 k ilo m e tro s de largu ra. A ilh a de
m ar que o po n to culm inante do systema orograp hico M a ra jó d iv id e este p ro fu n d o e immenso estuário
b ra s ile iro é o pico da Bandeira, na serra de Ca- em dois braços, dos quaes o do N . recebeu o nome
paraó ou da C hibata, com cerca de 2.050 m etros de de Macapá, e o d o S. o de r io Pará.
altitu de ». E de 80.000 cubicos p o r segundo a quantidade
Nas pro xim ida de s de Barbaccna bifurca-se a de agua v e rtid a no A tla n tic o pelo Am azonas; todos
serra da M a n tiq u e ira em do is ramos, um dos quaes os rios da Europa, reunidos, não alcançariam ainda
se d irig e para Leste, com os noenes de serras d o esta cifra.
M acaco, S. G eraldo. S. Sebastião e Caparaó, e o o u ­ O curso do rio -m a r é de 5.571 k ilom etro s, dos
tr o rum a para o N orte , com o nome de serra do quaes 2.406 em te rr ito r io peruano e o restante no
Espinhaço. Esta, p o r sua vez, lança para N E. uma Brasil. Sua la rg u ra em T ab atin ga é de 2.775 m etros;
ra m ific a ç io que vae recebendo successivamente os entre a fo z d o Japurá e a do M adeira, a ttin g e a
nomes de Itam bé, G avião, M u n d o Novo, Am brosio, 6.000 m etros ; na d o X in g u , a 13.000. Também v ariá­
N egra, N oruega e C h iffre . Para o norte recebe a vel, a sua p ro fun did ad e é de 20 m etros em T aba­
Serra do Espinhaço as denominações de O u ro Pre­ ting a, 75 em Ó b id os , 80, 200 e mais ainda em ou­
to . A n to n io Pereira, Caraça. Piedade. S erro Frio , tro s pontos. M ais de 6.000 ilh a s bordam -lhe as m ar­
Itacam bira, G r io M og ol c Alm as, todas em M inas- gens e o p le n o -le ito . D uran te as enchentes, as aguas

O O O o O O 265 o o o o o O
UVRO D t OURO COM MEMORAT N O DO CENTENARIO OA

elevam-se de 8 a 10 m etros acima do n iv e l cos­ lhões de cavallos v a p o r). A la rg u ra média d o S. Fran­


tu m e iro , occasiões havendo em que até a 20 metros cisco c de 1.000 m etros, a ttin g in d o em alguns lo-
gares a 3.000. M u ito m e n o r é sua pro fu n d id a d e , que
se levantam .
S6 em te rr ito r io b ra s ile iro cerca de m il afflu e n ­ varia de 3 a 20 m etros.
tes engrossam as aguas ba rrentas do Amazonas. C i­ Destacam-se. entre os seus a fflu e n te s da margem
taremos apenas os seg uin tes de m a io r relevo : d ire ita , os seguintes: Pará, Paraopeba, Velhas, Jcqui-
pela margem d ir e ita : Javary. Jun dia hy, Jutahy, ta hy. Verde Cirande. Rans, Santo O n o fre , Pará M i­
Juruá, T e ffé . C oa ry, P urús, M ad eira. T ap ajó z , X in - rim , Verde Baixo, Jacaré, T a tuh y, S a litre , Patamo-
té, X in g ó , O u ro F ino , C u rtu b a . Perpetua. Onça, Ja­
gú, A napú e T o c a n tin s ;
Pela m argem esquerda: Içá o u Putym ayo . Japu­ caré, Ilh a de O u ro . P o rto da Folh a, T rahyra s, Pro-
rá, N e g ro , Atum an. Jum undá. T rom betas, M aycurú, priá e Betume. E e n tre os da m argem esquerda:
Parú. Jary, M aracá e Arag ua ry. Bambuhv, Indayá. B orrachudo, Abacté, Paracatú, U ru -
A Bacia do P ra ia é con stitu ída pelas aguas que cuya. Pardo, Pandeiro, C arinh an ha . C o rre n te , G ran­
demandam os rio s Paraná, Paraguay e U ru gu ay, os de. V ie ira , Pontal, Boa-Vista. B rig id a , Jequy, Pa
quaes, reunidos, v i o fo rm a r m ais adian te o mages- jchú, M o x o tó , Cabaças, P áo-F erro, F aria Panema,
te so r io da Prata, fó ra de nosso te rr ito r io . Occupa T ra ip ú , R abello, Itiú b a , Boassica c Pia uh y.
um a area calculada cm 4.100.000 k ilo m e tro s qua­ As Bacias O ric n ta rs com prehendem to do s os ou ­
drados. I tros rio s que. em bora também desaguando no A tla n ­
tico, não fazem parte das tres grandes bacias acima
D aquelles tres rio s, o mais extenso é o Para­
referidas. D e lle s o m ais im p o rta n te é o Parnahyba,
ná. cabendo n o entanto m a io r relevo ao Paraguay,
que serve de lin h a d iv is ó ria e n tre os Estados do M a ­
p o r ser o th alw eg da bacia.
Nasce o Paraná na vertente occidental da serra ranhão e Piauhy.
E ntre os rio s que fo ra m nesta resenha citados a
da M a tta da C orda, em M in as Oeraes, com o nome
titu lo apenas dc a fflu e n te s , nestas ou na qu cllas b a ­
de r io Paranahvba, que conserva até receber o rio
cias, alguns são da m axim a im p ortâ ncia , qu er como
O rande, para dahi por d ia n te to m a r o de Paraná,
vias de communicação, aprove itáve is em lo n g a parte
propriam en te dito . Seu curso é de p e rto de 4.000
dos respectivos cursos, q u e r pelas quédas d ’ agua que
kilo m e tro s , dos quaes 520 navegáveis. E as num ero­
offcrecem , fo n te s m aravilho sas dc energia. Lem bre­
sas cachoeiras que o inte rro m p em constituem uma
mos. p o r exem plo, que o Iguassú, a fflu e n te do Para­
de nossas mais altas riquezas: só a cachoeira D ou­
ná. despenhando-se de 6 2 m etros de a ltu ra , form a
rada pode fornecer uma energia de 400.000 cavai-
los v a p o r; e a das Sete-Quédas é ta lve z a mais as celebres cachoeiras dc S. M a ria , cuja potência é
notá vel queda d’ agua do m undo pois ha quem lhe de 14.000 0 0 0 de cavallos. c c u io fo rm id á v e l estro n­
calcule a potência em 20 m ilhões de cavallos va­ do é o u v id o a 30 k ilo m e tro s de distancia.
por.
p „ rPs<e o Paraná pela margem esquerda os se­ LA G O S E LA O O A S .
guinte® afflue nte s p rinc ip ae s : D ou ra do , Velhas, T e­
juco. Grande. T ietê , A guapehv. Peixe. Paranapanc- P o r to da a vasta extensão do nosso te rr ito r io
m a. I v h v . S. João. P iq ue ry. Jejuhy-Guassú e Iguas- espalham-se lagos e lagoas em nu m ero considerável.
s ti; e pe'a margem d ire ita : S. Marcos. V erissim o. Co­ C itarem os apenas as p rinc ip ae s : N o Am azonas: Ana-
rum bá. M eia-F onte. Bois, C laro. V e rd inh o, C orren­ má, Saracá, M ata ry , C opéa e C o d a ja z; no Pará:
te Apará Sucuriú, Verde, Pardo, Ivinhem a, Amam- Amapá, Cam pinas, Jacá. G ran de dc M o n te A le g re , Su-
ba hv e Im iatem y. rub iú e A r a r y ; n o M aran hã o: B u rig ia tiv a , M atta.
O Paraguay nasce na serra de Arap oré . em A q u iri, Jussara, Jacarchy; n o P ia uh y: Parnaguá, Itans,
M a tto Grosso, com o nome de Pedras de Amo­ M atto, D ourada e P im en teiras ; no C eará: Encantada,
la r. Ê de 2.079 kilo m e tro s o seu curso, sendo 1.406 Iguatú, B a rro A lto , M eccjana, G ra n d e ; no R. Grande
em te rr ito r io nacional. É navegavel em quasi toda do N o rte : Apanha Peixe, P ia tó, A p o d y, G roa hyras;
a sua extensão (desde a fo z até S. L u iz de Caceres), na Parahyba: Q u ixe rê, Salgada e M o n te ir o ; em Per­
p o r navios de 7 a 8 pés de calado. nam buco: An gú , R e tiro , Passamunga, e P u iu ; em
Form a o Paraguay, no perio do das cheias, a A lagoas: João Fernandes, M undahú, M anguaba, Po-
grande lagôa Xarayes, com 25.000 k ilo m e tro s qua­ xim , C avallos, Antas, M angues, T aboado c m uitas
drados de superficie. o u tra s ; em S ergipe: Tam anduá, Pe dro e C e d ro ; na
Seus afflue nte s principaes são, pela m argem d i­ Bahia: G ravatá. T h im oth eo , Bagres. Sacco Grande.
reita , o Paraguaysinho, Sant'A nna. T enente Lyra, Ita pa rica ; n o E s p irito S anto: T res Ilhas, Juparanã.
Cabaçal, Jaurú, e cpla margem esquerda o S. Lou- Aviz, Tapada. M onsarás, Palmas. Pão Doce. etc.; no
renço. o T aquary, o M ira nd a e o Apá. R io dc Janeiro: O am pello, Feia. Araru am a, M aricá.
O U ru g u a y nasce com o nome de r io Pelotas Jesus, Brava. Cim a. Tavares. Saquarem a; no D is tric to
entre o f Estados de S. C atharina e R io G rande do F ed eral: R o d rig o dc Freitas. Jacarepaguá. M arapen-
Sul. na vertente O . da cadeia O rie n ta l, sendo dc d y ; em S. P a u lo : Form osa. Feia. Veados e G rande;
1.500 k ilo m e tro s o seu curso, dos quaes do is terços
no Paraná: D ivisa , Parada c F urta M a r ; em S. Ca­
em te rr ito r io bra s ile iro . Fórm a varias cachoeiras dc
th a rin a : M o rro So m b rio . C aveira, Estevam, Forno,
relativa im portância. Pela margem d ire ita recebe
etc.; n o Rio G rande do S u l: Patos. M ir im . M angueira,
os seguintes trib u ta rio s : o Canoas, o Peixe, o Xa-
Q uadros. P in gu c lla , B a rro s ; em M in a s G crae s: San­
pecó e o Pepery-Guassú; e pela esquerda, o Uru-
g u a y-m irim ou Passo Fundo, o Varzea, o A lb ery ta Fé, Grande, Agua Preta. S anta; cm G o ya z: Ve­
ou G u arita, o C ebolaty. o Com m andahy, o Iju h y - rissim o, Veado. Preguiça, N oron ha . M o n ta ria , etc.;
Guassú. o Ib icu hy Grande e o Quarahim. em M a tto -G ro s s o : M a n dioré , Ouahyba, U beraba, Ra-
A Bacia do S. F rancisco, menos im p o rta n te que hecca. Lavrad io .
a Amazônica c que a do Prata, é to talm en te brasi­
le ira . sendo o seu th alw eg o r io S. Francisco.
Nasce este na serra da Canastra, atravessa os C L IM A
Estados de M in as e Bahia, serve em parte de l i ­
nha div is ó ria entre estes do is Estados, entre Bahia Quasi to d o s os clim as do g lo b o sc encontram
c Pernambuco, e entre Alagoas e Sergipe, in d o de­ no Brasil, dada a extensão c a variedade d c relevo
saguar n o A tla n tic o , depois de 3.161 kilo m e tro s dc dc nosso te rr ito r io . C om tu do , nosso c lim a é em
curso. E n tre as numerosas cachoeiras que form a em geral quente, bastante am enisado pelos ventos aliscos.
seu percurso, conta-sc a de Paulo A ffo n s o com 80 A o no rte, a te m p eratura m édia é de 26.°, c
m etros de quéda e de enorm e jjo te n c ia lid a d e (2 m i­ ao sul de 23.

O o o O 266 o o o o o o
IN l i t PENDENCh DA EXPOS/ÇAO INTERNACIONAL

Nas regiões m ais altas do Estado do Paraná, o


ros : cães, lobos, raposas, chacaes, onças, lon tras,
fr io n o inve rn o é intenso, chegando a m arcar o coatis, etc.; preguiças, tamanduás, tatuaes (desden­
th erm om etro 5 c 6 graus abaixo de zero.
ta d o s ); capivaras, pacas, cotias, preás, cobaias, coe­
«Q uanto á salubridade, diz M a rio da Veiga Ca­
lhos (ro e d o re s ); antas, porcos, queixadas, burros, ca-
bra l, o B ra sil é um paiz verdadeiram ente p riv ile ­ vallos, bois, carneiros, veados, cabras (s o lip e d e s );
giado, con fo rm e o testem unho d o sabio m edico D r.
varias especies de cetáceos; o p hid ios , chelonios, ba-
José Francisco Sigaud, que teve occasiâo de se occu- trachios e in fin ita quantidade d e insectos.
par de ta l assum pto, escrevendo a sua ob ra D u clim at Os peixes coalham nossos rio s e nosso m ar,
f t des maladies du B ré s il, ou S ia tis tiq u e médicale de sendo que só no fantástico Am azonas existe m aior
cet E m p ire , publicada em Paris em 1844, e no qual num ero de especies do que em to d o o oceano A tla n ­
a ffirm a ser o nosso paiz um dos mais salubres do tic o (E . G ran ge r). Salientam-se os tubarões, as g a ­
globo, o p in iã o confirm ada posteriorm ente por Lin d roupas, as tainhas, os badejos, as sardinhas, as cur-
que accrescentou estar o B rasil para as duas Américas vinas e num erosos ou tros, entre os que vive.n no
como a Ita lia para a Europa». m ar, c o pacú, os piahybas, os pirarucus, as p.ranhas,
as trahiras, os bagres, as pescadas, etc., entre os que
habitam os rio s. Os piraru cus attingem a 2 e 3
PRO DU CÇO ES. m etros de com p rim en to e pesam de 70 a 100 k ilo -
gramm os, sendo os m aiores peixes de agua doce co­
Os mais notáveis seientistas que têm estudado nhecidos.
nossa pa tria do po n to de vista geographico, econo- E ntre as nossas aves contam-se typos de m a­
m ico, etc., — e ainda agora Ernest G ran ge r, na g n ific a plumagem e grande u tilid a d e , elevando-se a
sua gra nd e G e og ra ph ia U nive rsa l recentemente edita­ centenas o num ero de especies pertencentes exclu si­
da, — são accordcs em a ffirm a r que a fe rtilid a d e vam ente ao Brasil, com o constatou, entre ou tros, o
do s o lo b ra s ile iro não encontra em nenhum o u tro país sabio zoo log o allemão Palace. In ú til um a enumeração
expressão que se lhe compare mesmo de longe. Em que, p o r mais longa que fosse, seria ainda deficiente.
qu alq ue r dos tres reinos da natureza nossas riquezas
são verdadeiram ente assombrosas e inexgotaveis. No
dia em que a porcentagem aproveitada de to das essas S U P E R F IC IE .
riquezas fo r sufficientem ente grande, seremos um
dos tres ou q u a tro m ais poderosos povos da terra. A s u p erfic ie do B ra s il é de cerca de 8.525.000
N o re in o m in e ra l possuímos o o u ro, a prata e, km ., dis trib u íd o s assim pelas diffe re n te s unidades,
em qu an tida de surprehendente, fe rro , m ercurio, es­ c p o r ordem de extensão das mesmas:
ta nho, p la tin a , bism utho, enxofre, s alitre, a rg illas,
pa llad io , tu rfa , mica, sal-gemma, m armores, kao lim ,
am ianto, chrom o, zinco, carvão de pedra, alu m in io , A m azo na s...................................... 1.800.000 Km.»
manganez, plu m b ag ina , areias m onaziticas, ardósia, Matto-Giosso . ............................ 1.400.000 •>
cadenio, gesso, s ilex, esm eril, asphalto, talco, a lu ­ P a r á .............................................. 1.150.000
750.000 »
men, cobre, chumbo, gra n ito , etc., m uitas pedras pre­ Minas-Qcraes . . . 590.000
ciosas, com o crysolitas, esmeraldas, topasios, ame- B a h i a .............................. 590.000
thystas, rub is, turm alinas, saphiras, granadas, corna- M a ra n h ã o ........................ 460.000
linas, b e ry llo s e agathas. E notável a quantidade de P ia u h y ............................. 300.000
Rio Õrande do Sul 280.000 »
diam antes, assim como de fontes de aguas mineraes S. P a u lo ......................... 250.000 »
de todas as especies. Paraná ............................. 196.000 >.
M a is rica ainda é nossa flo ra , indiscutivelm ente 151.000
a m ais variad a e opulenta do g lo b o . Occupam nossas Pernam buco.................... 120.000
C e a r á .............................. 100.000
flo re sta s 5.000.000 de kilo m e tro s quadrados, apre­ Santa Catharina . . . . 94.000 »
sentando as m ais preciosas m adeiras de construcção, P a ra h y b a ........................ 75.000 »
m arcenaria e tin tu r a r ia : peroba, jacarandá, vinhatico, Rio de Janeiro 69.000
Rio Cirande do Norte . 55.000 »
je q u itib á , cedro, canella, ipé, gonçalo-alves, sucupira, 50.000 »
páo b ra s il, p in ho , massaranduba e dezenas de outras Espirito Santo . . . . 45.000
que seria fa s tid io s o enumerar. 39.000 »
Plantas medicinaes, oleosas, resinosas, texteis Districto Federai 1.117 »
abundam p o r to d o o te rr ito r io b ra s ile iro , sendo que 8.525.000 Km.»
a sering ue ira , de onde se extrahe a borracha, repre­
senta p o r s i só um dom inapreciável da natureza.
Na enorm e variedade de nossas palm eiras temos C om o se vê, é o B rasil um dos m ais vastos
o u tra fo n te de prodigio sa riqueza. Nos Estados do países do g lo bo , sendo-lhe apenas superiores em
Sul d o paiz cresce espontaneamente a herva-matte, extensão o Im pe rio B ritâ n ic o (considerado com todas
que se vae to rn a n d o aos poucos um genero de prim eira as suas colo nia s), a Russia, a C hin a e os Estados
necessidade, não só n o B rasil com o e n tre povos es­ U nid os (com o te rr ito r io de A la s k a ). M esm o assim,
tra n g e iro s: ta l já acontece, p o r exem plo, na A rge n­ como d iz Veiga C ab ra l, «se considerarm os os paises
tin a e no C h ile , que se supprem de lle em nossos com terras continuas, é o B ra s il o te rce iro paiz do
mercados. m undo, po is que, excepção da Russia e da C hina,
E n tre as nossas arvores fru c tife ra s destacam-se nenhum o u tro apresenta essa vantagem, com uma
as seg uin tes: bananeiras, goiabeiras, coqueiros, m an­ sup erficie de 8.525.000 km*...»
gueiras, abacateiros, am eixeiras, laran jeiras, fig u e i­ Ernest G ran ge r lem bra, ainda, que nenhum o u ­
ras, pecegueiros, cajueiros, saputyzeiros, tang erine iro s, tr o paiz d o g lo b o possue tã o vasta extensão de terras
ab ieiros, cerejeiras, cidreiras, m am eleiros, pereiras, cultiváveis, como nós.
etc. ' I
D evem os c ita r ainda os productos da lavoura,
que ta mbém são em grande num ero, e e n tre os quaes
se destacam o café, a canna de assucar, o algodão, POPULAÇÃO.
o fu m o , o fe ijã o , o m ilh o , o arroz, a mandioca, o
trig o , o centeio, a cevada, os legumes, etc. A população do B rasil a ttin g e actualm ente. se­
Tam bém a nossa fauna se dis tin g u e como das gu nd o o censo dem ographico realizado em 1920,
mais variadas e ricas em especies. Possuímos 50 es­ á já notá vel c ifra de 30.635.605 habitantes, d is tr i­
pecies nacionaes de suinos, 3 9 especies de carn ivo­ buídos pela segunte fo rm a :

o o o o O o 267 o o o o
LIVRO D t OURO COMMEMORATIVO CENTENÁRIO DA

habitantes nosco e c uja descendencia se tem m u ltip lic a d o e


caldeado com os nossos elem entos naturaes.
Districto F e d e r a l.................................. 1.157.873
Am azonas................................................. 363.166
P a r á ........................................................... 983.507
M a ra n h ã o ................................................. 874.337 A G R IC U L T U R A E P E C U A R IA
P ia u h y .......................................................... 609.00i
C e a r á ............................................................ 1.319.228 D e to do s os países d o m u n d o , o B ra sil é o
Rio Grande do N o r t e ......................... 537.13a
P a ra h y b a ................................................. 961.106 que apresenta m ais vasta extensão de te rren os pro­
P e rnam buco............................................ 2.154.83& ductivos. C onstatou-o recentem ente m ais um a vez
A la go as..................................................... 978./48 E rnest G ran ge r na sua gra nd e G e o g ra p h ia U niver­
S e rg ip e ..................................................... -177.064 sal. A suavidade do relevo, a ab u n d a n d a e fe liz re­
B a h i a ...................................................... 3.334.465
Espirito S a n t o ....................................... 457.326 partição das chuvas, o c alo r constante, a fe rtilid a d e
Rio de J a n e ir o ........................................ 1.559.371 do s olo deram como resu ltad o a ausência completa
S. P a u lo ................................................. 4.592.188 dessas regiões de deserto que, na A rg e n tin a como
P a ra n á ..................................................... 685.711
Santa C a th a rin a ...................................... 668.743 nos Estados U nidos, occupam tão vastos espaços.
Rio Grande do S u l .................................. 2.182.713 O B rasil to d o póde ser a p ro v e ita d o e m u ito s annos
M in as-ó cra cs........................................... 5.888.174 se passarão ain da antes que o a u g m e n to da po pu la­
O o y a z ...................................................... 511.919 ção, o de sen volvim en to das vias de coininunicaçào
Matto-Grosso 246.612
Acre 92.379 e o aperfeiçoam ento dos m eth od os de exploração
perm ittam a valorização racional e com p le ta de suas
Total 30.635.605 prodigiosas riquezas naturaes. Estas pa lavras ainda
são do illu s tre ge og rap ho francês.
Todas as cultu ras das reg iõ es trop icae s se p ra ­
Tod as as populações dos demais países sul-ame­ ticam no B ra s il: café, canna de assucar, algodão, ca­
ricanos reunidas apenas alcançam a m etade desta cao, arroz, m andioca, m ilh o , a rvo re s fru c tife ra s , ta ­
cifra . Cem annos atraz, n o entanto, nossa popula­ baco, etc. Suas flore stas são um a inc x g o ta v e l reserva
ção pouco alêm ia dos cinco m ilhões de habitantes, de caoutchu, de herva-m atte, de pla nta s m edicinaes,
o que qu er d ize r que representava apenas uma sexta resinosas, arom aticas e de m ad eiras preciosas. Os
parte da de ho je . con vind o notar ainda que desses campos alim en tariam m u ltidõ es de rezes, de cabras,
cinco m ilhões era pouco menos da metade consti­ de carneiros, de cavallos. E até m esm o as culturas
tu ída puram ente de escravos. dos paises m ais tem perados: tr ig o , vinh a, etc., en­
C om cincoenta annos de vida independente, em contram , nos Estados do sul, as condições clim á­
1872, já contávamos mais de dez m ilhões de almas
ticas necessarias.
em nosso te rrito rio . A c ifra actual é tres vezes este
Destas fontes m u ltip la s de riq ue za sóm ente o
num ero, o que representa um a progressão vertiginosa.
café e a borracha fo ra m , até á G ra n d e G u erra , o b ­
C on fron tad a, porém , esta cifra com a extensão
jectu de uma exploração intensa. Em 1913 o Brasil
te rr ito r ia l de nossa p a tria, verifica-se ser ainda de­
fic ie n te a população que ho je vive da te rra b ra s ile i­ fornecia p o r si só 85 u,o do café e o(J °/o da b o rra­
ra. E fraca a densidade por k ilo m e tro quadrado. cha consum idos n o m un do !
O mesmo não terão, talvez, a dizer os que se re­ O cacáo, o algodão, a canna de assucar, o fumo,
fe rire m ao B ra s il magestoso de daqui a cincoenta o matte, em bora em progresso, nã o representavam
annos. serão uma parte relativam ente m in im a das e xp o rta ­
As capitaes dos Estados contam actualm ente as ções.
seguintes populações: Estas condições econômicas tendem , u o entanto,
a se m od ific a r. Já a guerra, p riv a n d o o B ra sil de
uma parte dos cercaes estra ng eiros, o b rig o u -o a ex­
tender as cultu ras de ta l sorte que e lle h o je póde
Manáos . . . . p ro ver ás suas necessidades. Em 1913, exportava
Belem . . . .
S. Luiz . . . . apenas 5.000 to neladas de assucar: em 1917 vendeu
131.000 toneladas. O cacáo, n o m esm o espaço de
Fortaleza . . tem po, passava de 29.000 a 55.000 tonela das. As
Natal . . . . plantações de algodão se m u ltip lic a m (24.000 tone­
Parahyba . . .
Recife' . . . . ladas exportadas em 1 9 20 ); e m fim , o e xe m plo da
Maceió . . . . A rge ntin a, do U ru gu ay, da A u s tra lia in c ita o B rasil
a tir a r dos seus rebanhos um p a r tid o sin g ula rm en te
S. Salvador
Victoria mais lu c ra tiv o do que o que tem tir a d o até ho je. De
Nictheroy . . 1919 para cá o B rasil começou a to m a r p o sto entre
S. Paulo . . . os paises exportadores de carne. N ada se oppõe a
Curityba . . . que e lle eguale um dia a sua v i-m h a p la tin a (E.
Florianopolis
Porto Alegre . . G ran ge r).
Bello Horizonte Nossa riqueza pecuaria, seg un do ainda o recen­
seamento realizado em Setem bro de 1920, é ex­
Cuyabí ’.
pressa pelos seguintes alg a ris m o s : 34.271.324 bo­
v ino s ; 5.253.699 equinos; 1.855.259 m u a re s; . .
O ELEM EN TO IM M IG R A T O R IO 7.933.437 ov in o s ; 5.086.655 c a p rin o s e 16.168.549
suinos.
Aos diferentes Estados cabem as seg uin tes ci­
Não s offreram quasi interrupções, durante o sé­ fras:
culo de independencia, as correntes im m igratorias
para o país.
Amazonas — 238.449 bo vino s. 16.918 equinos,
N o de correr destes cem annos recebemos em 2.108 muares, 12.479 ovinos, 3.60 2 cap rin os e ....
nosso te rr ito r io 1.388.881 italianos, 1.055.154 por­ 32.270 suinos.
tugueses, 510.514 hespanhóes. 131.441 allcmães.......
Pará — 615.489 bovinos, 63.291 equinos, 4.486
105.470 russos, 80.059 austro-hungaros, 58.973 turco-
muares, 31.661 ovinos, 16.419 c a p rin o s e 208.450
arabes, 30.503 franceses, 19.456 ingleses 11 780 suinos.
suissos, 5.540 suecos, 5.421 belgas e 245.190 de
M aranhão — 834.596 bo vino s, 10.575 equinos,
ou tras nacionalidades, perfazendo um to tal de
22.138 muares, 48.016 ovinos, 126.692 cap rin os e
3.648.382 estrangeiros, que vieram trabalhar com- 171.683 suinos.

O o O Oo 268 o o o o o o
A. Nicolau d’Almeida & C.‘ L.a* — Porto.
IN DEPENDENCIA t DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

P ia u /iy — 1.044.734 bovinos, 111.668 equinos, IN D U S T R IA F A B R IL.


56.148 muares, 207.517 ovin os, 301.353 caprinos e
208.398 suínos. C onform e recentes estatísticas, existem n o paiz
C eará — 580.028 bovinos, 122.944 equinos, ... to d o 36.338 fabricas, pequenas fabricas e estabeleci­
117.793 muares, 393.558 ovinos, 530.743 caprinos, m entos industriaes, representando um capital de ...
c 183.737 suínos. 2.000.000 d c contos, com uma producçào annual no
R. G . do N o rte — 318.274 bovinos, 47.867 eq ui­ v alo r de 3.000.000 dc contos e em pregando 350.000
nos, 82.227 m uares, 166.146 ovinos, 216.290 c ap ri­ operarios.
nos c 30.327 suínos. Sâo referentes ao anno de 1919 os seguintes al­
Parahyba — 444.928 bovinos, 106.614 equinos, garism os:
71.605 m uares, 279.156 ovinos, 545.897 caprinos c
99.238 suinos.
P ernam buco — 745.217 bovinos, 189.356 eq ui­ Vale da producçào dada i consummo . 1.802.316:964?
nos. 73.092 muares, 419.372 ovinos, 855.638 c ap ri­ Vate da importação est ingcira . . . 213.642:881?
nos e 226.181 suinos. immo interno Kcr.il 2.021.959:845?
producçào na-
Alagoas — 388.371 bovinos, 84.998 equinos, ...
14.105 muares, 164.210 ovinos, 219 081 caprinos c
86.869 suinos.
S e rg ipe — 311.239 bovinos. 47.244 equinos, ... A mais im p orta nte das nossas ind ustrias é a
12.995 m uares, 123.708 ovinos, 132.294 caprinos e da fiação de tecidos, que dispõe de 304 grandes fa­
51.855 suinos. bricas, sendo 240 de tecidos de algodão, 35 de lã,
B a hia — 2.698.106 bovinos, 381.127 equinos ... 16 dc ju ta e 13 de seda, excluídas 11 pequenas fa ­
250.314 muares, 954.617 ovinos, 1.419.761 caprinos bricas diversas. O v alo r actual da producçào dessas
e 784.155 suinos. 304 fabricas sobe a mais dc 823.000 contos. Empre­
E s p irito S a nio 161.160 bovinos, 50.106 e q u i­ gam as mesmas 59.440 teares com 1.606.722 fusos
nos. 31.833 muares, 11.627 ovinos, 20.928 caprinos e occupant 128.186 operarios.
c 367.168 suinos. Ha ainda a no ta r 160 fa bricas propriam en te di­
R io de Jan eiro — 581.203 bovinos. 118.270 tas c 840 pequenas fabricas de artefaétos de teci­
equinos, 40.408 muares, 33.130 ovinos, 41.580 ca­ dos.
prinos, e 512.882 suinos. Occupa o segundo lu g a r a in d u s tria de calçados,
S. P a uto — 2.441.989 bovinos, 489.803 equi­ representada p o r 154 grandes fa bricas e 7.516 pe­
nos. 326.079 muares. 96.885 ovinos, 252.711 c a p ri­ quenas fabricas e o fficin as, com c ap ital sup erior a
nos, 2.934.158 suinos. 340.000 contos e mais de 25.000 operários.
Paraná 539.765 bovinos. 190.138 equinos. ... A in d us tria assucareira conta com 202 usinas
43.960 m uares, 56,265 ovinos. 44.251 caprinos e productoras dc assucar. aguardente e álcool, repre­
778 342 suinos. sentando um capital de 326.000 contos, além de
5 . C a th n rin a — 614.202 bovinos. 133 079 eq ui­ grande num ero de engenhos e engenhocas que por
nos. 40.727 muares, 48.825 ovinos, 16.576 caprinos si sós produzem 150.000 toneladas de assucar.
c 613.833 suinos. Em 1920 o v alo r dc nossa producçào de bebi­
R. G . d o S u l 8 489.496 bovinos. 1.406 800 das diversas a ttin g iu a mais de 300.000 con to s: de
equinos 214.829 muares. 4.485.546 ovinos. . . . conservas, a quasi 115.000; de fu m os, a cerca de
94.413 cap rin os, c 3.367.008 suinos. 102 000; de a rtig o s pharm aceuticos a mais de 53.000:
M in as Geraes 7.333.104 bovinos. 1115.568 de chapéus a quasi 44 .0 00 ; de phosphoros, a cerca
equinos, 384.862 muares. 310.033 ovinos, 203.102 de 35.000; e de fe rragens a quasi 34.000 contos dc
caprinos e 4.870.549 suinos.
M a t/o G rosso — 2.831.667 bovinos. 168.600 C um pre observar que a nossa producçào indus­
equinos. 84.007 muares, 40.242 ovinos, 9.374 ca­ tr ia l já se vae to m a nd o variadíssim a, abrangendo
p rino s c 108.448 suinos. não só as u tilid ad es indispensáveis como outras de
G o yaz — 3.020.769 bovinos. 259.486 equinos. necessidade secundaria, taes sejam pianos, brinq ue­
45.801 m uares, 41.574 ovinos. 36.311 caprinos c dos, obras de adorno, armas, etc.
485.390 suinos.
D is tric to F ed era! - 23.367 bovinos. 7.220 e q u i­
nos. 16.161 muares. 2.398 ovinos, 4.685 caprin os
e 22.639 suinos. IN D U S T R IA E X T R A C T IV A .
T e r r ito r io d o Aere — 15.178 bovinos. 009 eq ui­
nos. 4.522 muares, 5.067 ovinos, 951 caprin os c
21.879 suinos. / ) Ouro.
0 v a lo r da producçào d o o u ro no B rasil até o
anuo de 1920 elevou-se a 2.500.000:0008, sendo
dc 5,000 kilogram m as a m edia annual dessa pro-
O v a lo r to ta l de nossos rebanhos c de cerca d c ducção.
6.000.000 de contos dc réis. sendo que o v alo r da Actualm cnte funccionam em nossa te rra as se­
producçào annual da in d us tria p a s to ril atting e a ... guintes empresas dc m ineração:
600.000 contos.
A in d u stria fr ig o rific a , iniciada em 1914, desen- 1 — St. Joh n D 'E l-R e y G o ld M in in g Co. cujo
volveu-sc consideravelm ente, como se poderá ver do capital realizado é de 646.265 lib ra s esterlinas. Ex­
seguinte quadro. plora as jazidas d o M o rro V e lho e emprega em seus
serviços 3.000 operarios. Em 1916 produzio 188.700
toneladas de m in ério, com o te or de 24,14 grammas,
Q„ Valor
realizando um lu c ro liq u id o de £ 146.019.
1914 - 1.415 toneladas . 1.100:000? 2 — T he C on qu ista Xicão G o ld M in in g C o. com
1915 - 8.513.970 kilos 6.121:599S um capital C 370.000. D em ais dados desconheci­
1917 66.451.967 kilos 60.232:840? dos.
1921 -- 63.217.398 kilos 67.658:382?
3 — T he O u ro P reto G o ld M in in g Co.

Possue actualm entc o B rasil 15 frig o rific o s , re- C a p it a l......................................... e 100.000


presentando um capital de 187.000 contos de réis. Operarios U500

o o o o O O 269 o o o o o o
LIVRO DL OURO COMMEMORA TIVO .7 A7/ .V tIRIO DA

E xp lora as jazidas da Passagem, sendo de ... A m edia da exportação de manganez no qu in­


SOO.OOO toneladas de m in é rio a media annual de quénio de 1917 a 1921 fo i de 372.279 toneladas,
sua producçâo, com o th e o r de 10,16 grammas por a ttin g in d o o v alo r m edio da tonelada a 988198.
tonelada.
O v alo r de sua producçâo em 1016 a ttin g iu a
/V — Diamantes.
£ 121.223, deixando um luc ro liq u id o de L. 7.243.
Nos annos de 1915, 1916 e 1917 fo i a se­ Pode-se calcular em i m ilh õe s de contos o va­
g u in te a exportação do nosso ouro, suspensa a par­ lo r da producçâo dc diam antes no B rasil ate o anno
t i r de 1918:
de 1919, elevando-se a 2.500 contos o va lo r médio
de nossa producçâo annual.
Orammas Valor
1915 ....................................... 4.564.523 9.562:879«
1916 ....................................... 4.377.893 9.542:372«
1917 ....................................... 4.368.770 8.933:816« V IA Ç A O FER R EA.

C onform e estatística da In spccto ria Federal de


Estradas, a extensão das nossas linhas ferreas cm
trafeg o em 31 de D ezembro dc 1921 era de 28.218
kilo m e tro s c 990 m etros, nâo estando neste com­
// — Carvão. pu to incluída a E. F. T ocantins, com 82 kilom e­
tro s e 990 m etros.
A producçâo média annual de nossas m inas de
carvão é expressa pelos algarismos seguintes, que O te rrito rio b ra s ile iro é cruzado cm differentes
representam toneladas: direcções pelas seguintes vias-ferreas:

E. f . M adcira-M am oré (36 4 kms. e 250 m ts.);


de S. Jcronytm. E. F. Bragança (29 9 kms. e 90 m ts .); E. F. São
Araranguá
" Butiá . . Lu iz a Thcrezina (450 km s. 652 m ts .); F F. Central
do Piauhv (26 k m s ) : Rede de Viação Cearense
> Urussanga (93 0 kms. 538 m ts ) ; E F. C en tral do R. O, do
» Oravatahy . N o rte (147 kms 358 m ts .); E. F. M ossorõ (37
Barra Bonita
kms. 690 m ts .); The Cireat W este rn o f B razil R ail­
Total . w ay (1 6 1 7 kms. 17 m t s ) ; E. F. Recife a Beberihe
(9 kms. 335 m ts .); Rede dc Viação Bahiana (2.028
kms. 326 m ts .); E F. N azareth e ramal de Am ar­
gosa (221 kms. 684 m ts ) ; E. F. Nazareth ás salinas
M argaridas (16 k m s .); E. F. Santo A m aro (S8 kms.
350 m ts .): E. F. Ilhéns a C o n qu ista (82 kms. 750
m ts .); E. F V ic to ria a M inas (59 0 kms. 678 m ts.);
Minas de S. Jeronymo E. F. C orcovado (3 kms. 824 m ts .); E F Thcrc-
» Araranguá 200.000
» Butiá . . 100.000 zop olis (37 kms. 757 m ts .): E F. M aricá (13 0 kms.
300.000 472 m ts .); The Le opoldina R a ilw a y C om pany Ltd.
(2.948 kms. 696 m t s ) ; E. F. Rezende a Bocaina
(38 kms. 810 m ts ) : E F. C e n tra l do B ra sil (2.471
kms. um m e tro ); E F R io d o O u ro (12 7 kms.
676 m ts .): E. F Oeste dc M in as (1.9 20 kms 357
m t s ) : R id e S u l-M ine ira (1.4 19 km s. 99 m ts.); E
F. l.orena a Piquete (2 0 k m s ) ; E F. M o rro Velho
As companhias exploradoras destas minas dis (8 k m s .); E. F. Paracatú (6 0 k m s.); E. F. Govaz
põem dos seguintes capitacs: (256 kms. 461 m ts ) : E F. M ogvana (1.6 88 kms.
717 m ts .); S. Paulo R ailw ay (24 7 km s 312 m ts.):
Comp.* Brasileira Carb. de Araranguá E. F. Paulista (1.245 kms. 55 m t s ) : E F Soro-
» E, F., e Minas de S. Jeronymo . 000# cabana (1.737 kms. 172 m t s ) ; E. F. N oroeste do
' Oarbonif. de Urussanga noo* B rasil (1.273 kms. 480 m ts ); E F. D ou ra do (273
Oarbonit. Rio-Orandense 000* kms. 368 m ts ) ; F F. São P a ulo a M in as (136 kms.
Minas de OarvSo de Jacuhy . 000* 600 m ts .); F. F Itatihensc (2 0 kms. 97 m ts.);
» Mineração B. Bonita 000*
E. F N orte de Sâo Paulo (A raraq ua ra ) (27 9 kms.
136 m is .); E. F. Santos a lu q u iá (159 kms. 482
m ts .); E. F. C am pineira (41 km s. 444 m ts .): T ram ­
w ay da Cantareira (43 k m s ) ; T ra m w a y de S. Amaro
(15 kms. 820 m e tro s ); E F C aninos do lordã o (45
/// — Manganez. kms. 820 mts ) ; E F. M on te A lto (244 kms. 520
m t s ) : E. F Jaboticabal (27 kms. 200 m ts .); E.
As principaes empresas exploradoras do man- F. Penis Pirapora (16 k m s .); E F. Fazenda Dumont
ganez no país sâo as seguintes, com os respectivos (24 k m s ) ; F F São P a ulo -R in G ran de (1.806 kms.
capitaes:
642 m ts .); F F N o rte do Paraná (43 kms. 397
m t s ) ; F F Thereza C h ris tin a (11 8 kms. 96 m ts.);
Comp.* Morro da M in a.................... 9 600:000* E. F. Tubarão a Araranm iá (5 6 kms. 550 m ts.);
» Bras. de Minas S. Mathildc 1.200:000* E. F. Santa C atharina (69 kms 700 m ts .) ; Rêde
a Metallurgies......................... ■150:000* de V ierâo Ferrea do R. Ci. do Sul (2 361 kms. 791
S. A. des Mines de O Preto . . 1 500:000*
2.000:000* m ts.) : The Brazil Souihern R ailw a y C nm n. L d t. (299
Carlos Wigg kms. 467 m t s ) ; E F P o rto A le g re a Tristeza (11
Comp.* Maravilha Mineira . . . . 290:000* kilom etro s 980 m ts ) ; F F C arlos Barbosa a Bento
» Geral de Mineração 1.200:000*
» Minase Viação de M. Orõst Gonçalves (22 k m s ) ; F. F Taauara ao C an clla (40
3.000:000*
» Minas e E. de Ferro . . 300:000* km s.) é E. F. T ocantin s (82 kms. 430 m ts.).
S. A. Mineração de Itajuhá . . 60:000*
Total Considerando-se os Estados isoladamente, tem-
17.820:000* se o seguinte resultado:

O o o o o 270 o o o o o o
INDEPENDÊNCIA DA EXPOSIÇÃO INTERS INA/.

Kims,

8,281
181,520
150,652 Estatística dos serviços te legraphico
26,000 legraphico em 1018, 1910 e 1920:
919,558
323,329
328,822
Pernamhuuo 812,448 Hum. de le/eg. S'in
Alagoas . 326,801 1918 5.358.464 98.306.375
298,923 1919
1.818,852 5.629.571 112.115.697
1920 6.555.730 127.023 890
611,353
District 173,896
Rio d< Jar 2.625,175
Minas 6.751,352
SSo Paulo 6.694,041
Paraná 1.110,267
Santa Catharir 1.074,118
Rio Grande di 2.735,238 Renda e despeza dos T elegraphos federaes em
Matto Grosso 1.167,036 1920:
Goyaz . . 203,779

22.951:15!S249
Ha, ainda, em coiistrucção 2,273.046 e em pro­ 24.757:4358072
jecto 7.729,047 de vias-ferreas.
2 ) C orreios:

PO RTOS. Linhas postaes existentes ................... 2.408


Malas expedidas....................................... 3.326.884
Malas recebidas 4.439.925
O va lo r economico dos principaes portos do Encomn-endas recebidas 69.099
Brasil, baseado no v alo r glo ba l da importação e ex­ Encomniendas expedidas para o exterior 4.965
Total da r e n d a ....................................... 15.043:967*187
portação exteriores de 1920, é dado pela tabella Despesa papel ............................. 29.326:355*550
Despesa o u r o ........................................ 235:892*310

Portos Toneladas F IN AN Ç AS.

1— Rio de Janeiro 2.517.423 1.228.313 O m ovim ento de receita e despesa geraes da Re­
2— Santos . . 1.452.336 1.473.936
3— Recife 310.958 232.381 publica nos exercícios de 1918, 1919 e 1920, exclui-
4— Bahia . . 222.672 229.650 • operações de c re d ito e a liquidação da conta
5—Porto Alegi 125.799 117.393 de depositos, fo i 0 seguinte:
6— Belém . 100.917 85.339
7— Fortaleza 27.998 53.015
8—Rio Gran 89.511 49.511 >) ex e rc id o de 1918:
w—i arauagua 115.552 45!138 Ouro Papel
1—Livramento 75.793 39.203
-Maceió . 33.902 33.536 Receita ........................ 105.724:751*770 390.993:119*752
Pelotas . . 33.652 27.626 Despesa 80.002:089*568 692.602:764*158
■ -S. Francisco 46.312 21.259
5— S. Luiz . . 23.349 19.673 Saldo ....................... 25.722:662*202
6— Cabedello 13.131 14.704 Deficit 301.609:6448406
7—Uruguavana . 23.291 13.855
° Ilha db Caj 9.718 13.160
23.377 11.914 C onvertido 0 saldo ouro ao cam bio m édio an­
20— Florianopolis 9.256 8.638 nual de 12 7/8 d., dá 53.942:4 22 *26 9.
21— Natal . . 5.781 6.781
22— Corumbá Deduzindo-se esta quantia do d e fic it papel, fica
5.719 6.275
23— Foz do Igua 12.969 5.516 este reduzido a 247.667:222*137.
24— Quarahv . . 5.226 4.075
25— Itaqui .. 7.043 2.159
26— Araraiií . . 1.831 2.385
27— Parnahyba . 2.205 1.913 2) ex e rc id o de 1919:

Ouro Pape!
TELEG RAPHO S E C O R R EIO S . ........................ 86.372:191*000 446.693:741*882
....................... 122.274:990*923 676.758:267*331
As cifras abaixo dizem o que foram e o que ^ Deficit .................... 35.902:799*923 231.064:525*449
valiam no anno de 1920 os nossos serviços de T e­
legraphos e C orreios.
C onvertido 0 d e fic it ouro, ao cam bio annual
médio de 14 7/32 d. 30 .948:213*533 q u e . addicio-
!) Telegraphos nados ao de fic it papel elevam-no a 262.012:738*982.

Extensão das linhas terrestres de postes . . 44.446.580 3) ex e rc id o de 1920:


Desenvolvimento das linhas terrestres . . . . 79.930.399
Extensão das linhas submarinas e sub-fluviaes 32.543
txtensâo das linhas terrestres construídas em Ouro Papel
1920 ............................................................... 1.258.970
Receita ........................ 124.560:482*595 540.976:281*468
Despesa ........................ 145.285:687*742 720.008:174*013
Numero de estações................... 971
Estações inauguradas em 1920 52 Deficit .................... 20.725:205*146 170.031:892*545

O O O O O O 271 0000
UVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENTENARIO

C onvertida a parte o u ro em papel, ao camfc


m édio annual de 1-1 7 /1 6 d., temos 18.033:000»9‘ 05.815:6458000
124.-188:3678000
170.071:0518000

bancaria.

ÜÜÜSSSS
ii 175 615:580*000

I Continua na pagina -/03)

O O O O O O 272 o o o o o o
J. M. DA FONSECA, SUCS. — Lisboa.
PARTE II

A V O Z D A IM P R E N S A

A grande data do primeiro centenario de nossa eman­ de lavrar a terra que se offerecia tão cheia de riquezas
cipação politica foi commemorada pela imprensa brasileira
de modo altamente candigno. Quasi todos os jornacs e re­ O Brasil prosperou, plantando canna e exportando as-
sucar, e explorando também o páo-Brasil, resinas e gom-
vistas da Capital da Republica, como dos differentes Es­ mas, o fumo, o algodão e mais tarde o café e outros
tados, publicaram no dia 7 de Setembro grandes edições productos.
cspeciaes. Constitue verdadeiro e inapreciável thesouro o Nas revoltas de Beckman, na guerra dos mascates e
acervo dos longos estudos estampados nâo só nessas edi­ dos emboabas, como nas lutas entre os jesuítas e os pau­
listas destemidos, se creou e desenvolveu o espirito nacional
ções cspeciaes mas durante todo o período das comme- que animou os combatentes que expulsaram os Hollande/es,
morações, balanceando nossa vida de nação livre em todos os Francezes e todos os piratas que bordejavam a nossa
os ramos de actividade nos cem annos de esforço decor­ costa immensa e em dons séculos inteiramente occupada
ridos. oom a maior parte do grande territorio que hoje constitue
o Brasil e o justo orgulho dos Brasileiros.
Na patente impossibilidade de enfeixar por inteiro As capitanias foram sendo substituídas pelo poder cen­
nestas paginas esse magnifico thesouro, damos, a seguir, tral absorvedor, á proporção que as proprias ideas poli­
resumos c extractos de alguns artigos mais importantes, ticas iam evoluindo na Europa. Com Pombal, tivemos todo
para o que pedimos a devida venia aos seus illustres auctores o vigor do systema mercantil, com os seus erros e as van­
tagens que na época offerecia.
e aos brilhantes orgãos da imprensa patrícia. Depois os patriotas protestaram contra o regimen op­
Servirão ainda taes extractos e resumos para supprir pressor dos monopolios, o regimen que prohibia a fabri­
possíveis deficiendas do balanço por nossa vez organizado, cação de certos tecidos c artefactos, da cultura de certas
e que offereccmos aos leitores na primeira parte do Livro plantas e centralizava na metropole quasi todo o commercio
do Brasil.
Com todos esses processos de protecção e por causa
delles mesmo, o Brasil prosperou, porque se differençou.
Fazer differente é tornar-se necessário.
O regimen prctcccionista dos tempos coloniaes nos es­
pecializou na producção de artigos tropicaes e matérias
primas, e fo i um bem.
SETE DE SETEMBRO Quando o Principe regente veio para o Brasil en­
controu o que pouco antes os Vice-Reis ainda nâo tinham
deparado: uma mentalidade nova.
O Jornal do Commenio de 7 de Setembro, referindo- O movimento libertador que sacudira a Europa e a
se á data de nossa independência politica publica longo e America do Norte contagiára as classes lettradas do Brasil.
minucioso artigo sobre os factos mais ligados a esse acon­ A leitura dos mesmos livros produzira uma mentali-
tecimento, não só os que antecederam a elle como até os uade idêntica, e o exemplo das revoluções suggeria a ap-
mais recentes. Trata successivamente das nossas possibili­ plicaçâo immediata das novas idéas.
dades de progresso preditas por D. Pedro I e confir­ Os compêndios que dão a carta régia de 28 de Ja­
madas pouco a pouco pelo tempo, da nossa riqueza, do neiro de 1808, abrindo os portos do Brasil ás nações
desenvolvimento do nosso commercio e da nossa industria amigas, fazem sem o querer um symbolo: o symbolo ver­
e principalmente dos acontecimentos que nos predispuzeram dadeiro da mentalidade nova do Brasil dirigindo os an­
ao 7 de Setembro e dos que resultaram delle. Assim conclue tigos soberanos. D. João e D. Pedro, Principes de Por­
o articulista esse topico: tugal, foram desde então os instrumentos da intelligcncia
brasileira despertada pela renovação intellectual do mundo.
«O progresso do Brasil, em tres séculos, da primeira E foi nessa atmosphera de vida nova, que os dous Prin­
colonização á independencia, fo i notável, uma obra-prima cipes portuguezes, com superioridade de espirito e com-
de colonização, que honra os Portuguezes e que enthu- prehensão perfeita da fundação de um grande Imperio,
siasmou Adam Smith na sua obra classica escripta nos presidiram a elevação do Brasil a Reino, apenas unido
meados do século X V III; e em um século de independencia a Portugal, á independencia e finalmente a completa se­
tomou um impulso que se veio accelerando, num esplendor paração politica da velha metropole.
crescente, até aos nossos dias. E é por isso que podemos D. João VI, vindo para o Brasil, abrindo os portos,
dar com orgulho o balanço do que fizemos como nação abolindo os monopolios de producção e de commercio de
nesta grande commemoração do primeiro centenario da nossa Portugal, extinguiu o regimen colonial.»
independencia c separação de Portugal.» A nossa situação nos fins do século X V III era supe­
Em seguida, refcrindo-sc «aos que fizeram o Brasil», rior incomparavelmente á das colonias livres da America
mostra como a fascinação das viagens' e a ansia de descobrir do Norte, diz o Jornal do Commercio. Entretanto outros
novas terras, era innata nos portugueses. Mostra ainda o factores apressaram mais tarde o progresso dos Estados
que foi a evolução colonial do Brasil. . Unidos: «recursos naturaes á mão, hulha, gaz expontâneo,
«A colonização do Brasil foi tacteante a principio mas petroleo, proximidade de uma metropole mais populosa,
depois se systematizou. Houve consciência da creaçâo de instituições livres, influencia immediata das ideias dos eco­
um grande paiz, e os colonos portuguezes, transportando nomistas.» A verdade porém é que desde o XV II século
sementes e gado adaptaveis, tiveram a previdência da nossa revelávamos uma consciência nacional ainda inexistente nos
grandeza — a especialização desses productos. povos americanos. Simultaneamente o nosso progresso ma­
As entradas e as bandeiras e depois o trafego dos terial se desenvolvia de uma maneira verdadeiramente as­
negros eram os meios para obter a mão de obra capaz sombrosa. Quando os Estados Unidos proclamaram a sua

o o o o o o 273 o o o o o o
LIVRO n u OURO COMMEMORATIVO PO CENTENARIO D ,

Independência éramos já os maiores produclorcs de assucar O Brasil já é o que é, já é o que o resumo que
do mundo. acabamos de fazer d emonstra: uma potência politica na
«O proprio desenvolvimento dispersou os núcleos de sociedade das nações. um leader da civilização americana.
io mundo. Entretanto, apezar de sua
povoamento, que se foram espalhando e assegurando, sem dc direcção, todos dizem em 1Q22,
o querer, a posse do maior patrimonio territorial que sem »m 1700 ou cm 1600: - Que futuro
interrupção pertence a uma só nação.
Os Portuguezes e os Brasileiros começaram, ainda no g r * " a s *0nossas perspectivas e possibilidades são tamanhas
teculc XVI, a cultivar e a extrahir o que a Europa pre- cue tendo realizado tanto, ainda somos tratados como força
cizava e já não era possível ir buscar mais na India. do 'futuro, não que já sejamos força agora porque a do
da :
çio < futuro será a maior de todas!
mundial a India longinqua e sem organização.
A Europa preci/ava de assucar, de café,
de pedras preciosas, de madeiras, de resinas, '
O Oriente não os poderia ina!" *—---------- "
a America que fo i succedendo á i todo o Oriente.
Dahi o nosso rapido progresso. A GLORIA DOS LIBERTADORES
No fim do nosso periodo colonial, quando D. João
veio para o Brasil, a nossa cultura de assucar não era
mais a primeira do mundo, mas florescia e exportava;
as do fumo, do café, do agodão, esltavam prosperas, umas A ephemeride dc hoje nos conduz insensivelmente á
porque a guerra da independencia americana separara os contemplação agradecida e religiosa do; grandes vultos que
mercados europeus de suas concurrentes; outras, porque construiram c consolidaram o Brasil livre.
só no Brasil encontravam terras vcrdadciramcntc apropria­ Surge logo, antecedendose a todos o Primeiro Pedro,
das. A extracção do ouro era ainda abundante e productiva; intelligencia aquilina mas inculta, a que realçam elevados
e assim o paiz inteiro já contribuía para o consumo uni- dotes artísticos, cheio dc grandes rasgos generosos, planta
silvestre nascida sem cultura liberal»; activo, voluhel e
A abertura dos portos deu um impulso novo, embora um tanto vaidoso e bastante franco» obedecendo ás insti­
as complicações na Europa diminuissem depois a sua capa­ gações de real amor á gloria, bravo como leão, a quem
cidade de absorpção de productos americanos.» primeiro deveu o Brasil a independencia e Portugal a li-
O articulista descreve cm seguida a proclamação da
nossa Independencia e a evolução da nacionalidade brasi­
leira durante o Imperio. Mostra como a Republica não que­
brou essa evolução natural importando uma constituição
politica extrangeira. .
«A continuidade do Imperio na Republica está na pro­
pria Constituição republicana. O codigo de 24 de Feve­
reiro não é mais do que o enxerto das ideas predominantes
do espirito constitucional norte-americano, na esplendida
obra-prima de factura e de tcchnica — na solida procla­
mação de direitos individuaes da Constituição do Imperio.
Não houve cópia dos Estados Unidos; houve remodelação
da Constituição imperial, de accòrdo com a evolução poli-
Toda a belleza dc fórma, toda a simplicidade, todo
o rigor de technics, todo o methodo maravilhoso da Consti­
tuição da Republica são calcados na Constituição imperial;
cila é, portanto, uma adaptação, uma continuação, uma
tradição, c não a cópia de um codigo extrangeiro.
O Brasil desenvolveu-sc com a nova liberdade. Assim,
um século depois da proclamação da independencia c sepa­
ração de Portugal, podemos olhar com orgulho para o
passado, com alegria o presente e com segurança o futuro.
O Brasil de hoje é bem digno do dos nossos maiores
e as gerações futuras só terão motivo dc honra ao estudar
o que vamos realizando.»
Faz em seguida uma serie de considerações sobre a
nossa situação actual encarando com optimismo o nosso
«Hoje a nossa fortuna se consolidou e a nossa men­
talidade se firmou. Se os nossos jornacs não tem a tiragem
dos dc Buenos Aires, somos dos paizes da America Latina
> que publica mais livros sobre todos os assumptos.
i litteratura i . Os r
apparecem
celebres da Europa. Os nossos juristas são classicos ei
toda a America c o nosso Teixeira de Freitas não foi
só o pai do nosso oodigo como do da Argentina.
Com Bartholomcu de Gusmão, o Brasil indicou a pos-
-sibilidade de navegar nos ares, e oom Santos Dumont
definio e creou o dirigivdl e o avião.
A nossa engenharia demonstrou sua perícia na cons- uc painoias iiiusircs. os cneies uo musimc-mo '
trucção diffic il e accidentada das nossas estradas de ferro. que promt a cu n I ico Jnse Joaquim da Rocha, intel-
Se não temos escolas primarias em proporção á po­ liccmia brilliant.-, homem dc .ihucuacãn. apaixonado da inde­
pulação em idade escolar, a frequcncia augmenta por toda pendência Frei Sampaio no qual se concrctisava. perfei-
a parte e o que fizemos nos ultimos annos é considerável. tamente. o alto e esclarecido patriotismo do clero brasileiro
O ensino profissional e technico começa a dar os seus na época >. eloquente como raros, verdadeiro inspirador
primeiros resultados, e nas nossas escolas superiores e
nos collegios secundarios que nos vieram do Império ou Januario da Cunha Barbosa, intelligencia não menos
se fundaram na Republica altos espíritos mantém a tradição dúctil realçada pela cultura, homem de palavra facil e
do nosso ensino.
Aqui, nos primeiros tempos do Imperio, vieram apren­ portuguez que apaixonadamente amou o Brasil, desde a
der os jovens das melhores familias do Prata. transmigração ás nossas terras, coração generoso, cabeça
Somos os maiores produetores de café do mundo; os formosa, caracter feito dc lealdade e philantropia: Luiz
segundos de milho, os da melhor borracha, os terceiros do Pereira da Nobrega. ardoro.o. enérgico, apaixonado, inculto
cacáo, os primeiros da herva-matte, seremos com tempo mas clarividente; Domingos Alves Branco Muniz Barreto,
os primeiros do algodão; temos o terceiro rebanho bovino cheio de ideas generosas, illustrado c sincero
do mundo, os mais variados fruetos para oleo. As nossas Cxteriorisando a firme directriz da mentalidade bra­
reservas florestaes são incomparáveis, os nossos rebanhos sileira sequiosa de dcsaggrcgação lusitana surgem-nos Hip­
de gado ovino, caprino e cavallar grandes c em desenvolvi polyto da Costa, patriarcha da imprensa, refugiado cm
mento. Produzimos e exportamos assucar, arroz, feijão, Londres a inspirar os ideacs da liberdade aos seus patrí­
couros, pelles, manganez, mica, mandioca, carnaiiba, fu­ cios e ao mundo lusitano cm geral
mo, frutas para mesa. Nicolau Vergueiro, outro portuguez para quem a patria
A nossa industria manufactureira é a primeira da Ame­ era a nossa, defendendo-a ardorosa e eloquentemente no
rica Latina e occupa o 20o lugar no mundo. plenário das Córtes de Lisboa; Cypriano Barata, singular
No oonfronto da exportação de todos os paizes da personagem, montanhez da Revolução franccza cstramalhado
terra, occupamos o 15° lugar, sendo dos mais jovens. pelo Brasil, patriota arrouhadissimo. cheio dc tanta intelli-

O O O O 274 O O o O O O
INDEPENDENCE t DA EXPOSIÇÃO INTERNA ~!ON,

de Caçapava. Cunha Mattos, illustrado como raros em seu


tempo, futuro fundador do Instituto Historico, e tantos mais.
Irrompe em junho de 1822 a repulsa violenta dos
namanos a oppressào lusitana. Começa pelos acontecimentos
da Cachoeira Já em fevereiro se mallograra com o movi­
mento encabeçado por Manoel Pedro de Freitas Guimarães.
- - ‘ —rio da heroica Joanna Angelica e da
lo territorio bahiano, como pro-consul.
do brigadeiro
Organisa-se cachocirana da resistência nacional
e a icsia ao movimento libertador fulguram os nomes dos
benemeritos irmãos Pires dc Carvalho e Albuquerque.
Joaquim, futuro visconde de Pirajá, o .Santinho» idolo dos
seus conterrâneos. Antonio Joaquim, futuro visconde da Torre
de Garcia d Avila. Francisco Elesbão. futuro barão de Jagua-
nbe; brilham os appellidos de José Garcia Pacheco, e
bello caracter reunia os dotes de elevadíssima cultura, men­ Rodrigo Falcão Bulcão, futuro barão de Belém, princi­
talidade notável, inspirador da grande lei de 1808 precur­ paes autores do pronunciamento cachoeirano. Argollo. futuro
sora da incorporação do Brasil ao rol das nações livres visconde de Cajahyba, José Duarte dc Araujo Gondim. Anto­
nio de Cerqueira Lima. Miguel Calmon du Pin e Almeida,
Mariano da Fonseca, marquez de Maricá, victima da pre­ padre Manoel José de Freitas. Manoel Maria Bittencourt.
potência e tyranma coloniaes. pensador, jurisconsulto eme- Manoel de Souza Coimbra. Joaquim José Pinheiro de Vascon­
rararn na redacção da constituição imperial; Paula Souza, ccllos. futuro visconde de Montserrate. que fazem adherir
talento sobremodo incisivo, que desde os dias de 1821. ao movimento da Cachoeira os diversos districtos onde são
influentes, armam os patriotas e fazem prodígios de dedi­
quer que se confira aos deputados brasileiros ás Cortes de cação em prol da causa nacional- Ao seu lado trabalha Bran­
Lisboa, poderes para negociarem a independência brasileira dão logo depois Acayaba Montezuma e futuro visconde de
e que será um dos grandes, dos maiores encaminhadores Jequitinhonha com aquelle ardor e impetuosidade que são
da feição constitucional do novo regimen implantado cm
A proclamação do principe «Amigos bahianos! o meu
Ameaçavam os lusitanos a marcha da evolução patrio- amor ao Brasil e o desejo de vos felicitar me chamam e a
vós convidam a seguirdes o mesmo trilho de vossos irmãos
tares a dar arrhas do seu patriotismo e cnthusiasmo: é o brasileiros!» a estas palavras de appello responde o brado
velho e glorioso Joaquim Xavier Curado, correndo, a 12 de confiança da Junta da Cachoeira: « Ajudac-nos Senhor!
dc janeiro de 1822. apesar dos seus 70 annos de edade. que somos subditos devotados dc Vossa Alteza Real!» e
a assumir o commando das forças nacionaes. armadas cm os brados de consciência nacional conculcada, pela voz de
repulsa á attitude de Jorge dc Avilez; Joaquim de Oliveira Piraja: «Não nos atemorisam esses vandalos que nos
Alvares que apesar de portuguez o secunda. oppnmcm!»
Dão-se os acontecimentos da Bahia, baluarte da resis­ Parte para o norte a divisão de Rodrigo de Lamare
tenda real. occorrem os tumultos horríveis de fevereiro e levando a bordo tropas de Labatut que desembarcam
de 1822 c tomba como martyr da patria a abbadessa da cm Jaraguá onde são reforçadas pelo contingente pernam­
Lapa. Madre Joanna Angelica, varada a ba onetadas á porta bucano do bravo José de Barros Falcão de Lacerda. Atra­
de seu mosteiro onde asyla patriotas perseguidos pela tropa vessa o cabo francez o S. Francisco, apodera-se dc Sergipe
portugueza. Irrompe a rcacçâo nacional e á voz dos patrio­ e marcha sobre a Cachoeira. Começam as operações dc
tas da Junta da Cachoeira rcbella-se a provincia contra o guerra: destacam-se Felisberto Caldeira no ataque a Ita-
dominio lusitano Nella se empenham os senhores de engenho poan, Souza Lima e Galvão no Mocambo, Antero de Brito
c os humildes escravos e esse abnegado visconde de Pi- cm diversos encontros. Occorre a refrega de Pirajá onde
rajá que não hesita cm sacrificar avultados haveres cm Madeira é batido e nelle se dá o celebre episodio do corneta
prol da libertação dc sua terra natal; a nossa padeira de Luiz Lopes Atacada a columna de Barros Falcão com toda
Aljubarrota, a heroica Maria Quiteria de Jesus, que esque­ a impetuosidade pelos portuguezes. vergava o bravo per­
cendo a fraqueza do sexo empunha a espingarda e vae nambucano ao peso do ataque e dera o signal da retirada
bater-se ao lado de seus irmãos contra a oppressào Ao invés de o tocar engana-se o clarim e ordena:
estrangeira. avançar com todo o impeto. Reanimados voltam os nossos á
Ê Antonio Pereira Rebouças que ao ardor de primeira carga debandando o inimigo. Mas o mais admiravel de
mocidade reune as inspirações da clara intelligencia e do todos os nossos heróes da campanha bahiana é João das
vivido patriotismo. Chcgam-lhc os auxilios da solidariedade Botas, que com a sua flotilha de calhambeques faz frente
brasileira Acode-lhes a columna de Pedro Labatut. bravo ás náos do almirante Felix de Campos, c acaba como ncu-
e duro soldado de Napoleão extraviado nas guerras da tralisando o poder naval do inimigo como no combate de
libertação americana; acode Lord Cochrane com o seu pres­ 8 de dezembro, na ponta do Manguinho. Cobertos de serviços
tigio de primeiro marítimo de seu tempo, o temerario abor- não esqueçamos os nomes também de João Antonio da
dador que é um dos principaes determinantes do desanimo Silva Castro, commandante do batalhão dos Voluntarios do
de Madeira e da queda do dominio portuguez. Acode o principe d. Pedro, o futuro batalhão dos «Periquitos»
bravo Lima e Silva, futuro visconde de Magé. que a 2 onde c soldado a heroica «Periquita». Maria Quiteria de
dc julho dc 1823, tem1 a ventura de commandar o exercito Jesus,_ Victor José Topasio. o defensor da barra do Para-
libertador na sua triumphal entrada na cidade do Salvador guassú. Ladisláo dos Santos Titara, o tyrteu da campanha
Ao lado dos grandes vultos, das magnas figuras dos libertadora cujo estro singelo mas arroubado traduz bem
acontecimentos de 22 numerosas personalidades ha que se o estado d’alma dos seus comprovincianos. desesperados
não obtiveram o destaque dos seus companheiros maximos pela libertação e cuja ansia se traduz na cantilena popular,
de jornada patriotica nem por isto lhes ficaram a dever na quadrinha com que as mães embalavam os filhos:
em dedicação e patriotismo, em ansia pela libertação do
Brasil e enthusiasmo pelos destinos gloriosos da patria.
Acalenta-te. filhinho!
Em torno dos acontecimentos fluminenses dc 21 e 22. Dorme já para crescer
quantos nomes! o velho procurador Azeredo Coutinho. em o Brasil precisa filhos
Independencia ou morrer!
hargador França Miranda, com o seu lúcido expór dos factos.
Innocencio e João da Rocha Maciel, tão dedicados patrio­
tas quanto seu illustre pac José Joaquim da Rocha, o E todos se congregam para o triumpho do ideal unico:
irmão deste, o tenente-coronel Almeida, o padre Lcssa cuja brancos, pretos. índios. Surgem guerrilhas de encourados
sotaina não abafa a vehcmencia do partidário exaltado, o sertanejos commandados por um frade, frei José Maria Bray-
brigadeiro José Manoel de Moraes intimo amigo do prin­ ner. o chefe dos pedrões» e surgem guerrilhas de indios
cipe e capaz de todas as dedicações pela causa; os agentes que aos fuzis portuguezes oppõem o arco e a flecha como
de legação, se é possível assim chamal-os. Paulo Barbosa a tropa do bravo cacique Bartholomeu Jacaré
da Silva e Pedro Dias Paes Leme. futuro marquez de Qui- Em maio dc 22 é Lord Cochrane quem appareccndo
xeramobim. delegados dos patriotas aos correligionários de no theatro da luta vem determinar o triumpho definitivo
Minas e S. Paulo; Antonio M. de Vasconccllos dc Drum­ da causa brasileira Lembrar Lord Cochrane é recordar uma
mond. intimo dos Andradas e cujo papel politico é impor- série de nomes dos nossos mais illustres marinheiros, das
tantjssimo pela acção desenvolvida em Pernambuco e na primeiras éras nacionaes. Em torno delle figuraram Grenfell,
Bahia; José Egydio Gordilho de Barbuda (depois visconde o expugnador do dominio portuguez no Pará, Norton que
Camamui ú) enviado especial do principe á Bahia, rebellada será um dos heróes da Cisplatina. Theodoro de Beaurepaire.
contra Madeira, c quantos e quantos mais! commandante de - Maria da Gloria alcunhada a « Aguia
Occorrem o « F ico». a rebellião das forças de Jorge dc do Im perio». Taylor que persegue a esquadra fugitiva de
Avilez guarnecedora do Rio de Janeiro, a reacção nacional Felix dc Campos até o Tejo e tiroteia com o forte de
de 12 de janeiro e revelam-se as dedicações aos centos e S. Julião da Barra. Jenett, Crosbie Parker, Shepard.
aos milhares até dc brasileiros adoptivos e estrangeiros Mariath . . .
ao serviço da corôa portugueza. e que agora querem servir Mais tarde, na integração da Cisplatina ás terras brasi­
o Brasil como o futuro marquez dc Lages, os condes de leiras surgem os vultos grandiosos dc Lccor. futuro visconde
Beaurepairc e Escragnolle. Soares de Andréa, futuro barão de Laguna. Callado, Menna Barreto, futuro visconde de S.

O O O O O O 275 O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA

Gabriel. Pedro Antonio Nunes, officiacs gcneracs de terra e jantes. foiçavam a humanidade dominada a confessar seu
mar cujos (eitos forcam a divisão portugueza de d. Alyaro assombro e a rogar a misericórdia dos céos
de Souza de Macedo a capitular c a abandonar a província Foi esse o inicio das religiões, em que. mais tarde
brasileira. „ ., se apoiaram o direito, as leis c o sentimento civilisados
Não (oi com proclamações e manifestos que o Maranhão dos povos, sahidos da contemplação alarmada para o tra­
e o Piauhy se tornaram brasileiros, sabem-no os que da balho consciente da sua adaptação integral ás normas pre-
historia do Brasil conhecem um pouco mais que os rudi­ sentidas de um destino, que embora silencioso, não poderia
mentos- Effusão de sangue abundante custou a posse destas ser deslembrado
duas províncias, sangue de centenas de martyres da inde­ Nessa incrustação do ideal nas peripécias triviaes da
pendência brasileira cuja memória deve ser hoje. mais do vida. com suas alegrias e seus pezares. seus anccios e suas
que nunca, recordada ás gerações presentes.
Chefes do movimento libertador figuram em seu pri­ movimentos humanos, as nações supremas guiadoras da busca
meiro plano Manoel de Souza Martins, futuro visconde de da felicidade sonhada c nutrizes da acti\ idade progressista;
Parnahyba. Joaquim de Souza Martins e Manoel P- de nclla se retrata, como num candor de alvoradas, o ímpeto
Miranda Osorio, do governo provisorio de Ociras: João ascencionado que nos leva das planicies aos cimos, cm cuja
Candido de Deus e Silva. Simplicio Dias da Silva, os cabe­ eminencia augusta os olhos curiosos divisam linhas sem
ças do movimento de Parnahyba; Salvador Cardoso de termo de horizontes novos que o pensamento devassa, na
Oliveira, João da Costa Alecrim. Luiz Rodrigues Chaves, ficção, na esperança, no amor
l-rancisco Ignacio da Costa. Alexandre Ncry Pereira Nereu, Todas essas phases differentes da asccnção do espirito
os bravos vencidos do combate sangrento de Gempapo. humano das contingências do existir terreno para uma ideo­
em que armados de chuço c machados atacam os nossos logia prestigiosa cm que seus anhelos se condensam, cor-
patriotas. 1.600 homens de linha e onze canhões. Jose Pereira porificam e acabam por constituir o fundo da mentalidade
Filgueiras c Tristâo Gonçalves de Alencar Araripe que tra­ basica. de que derivam os caracteres proprios do meio
zem o soccorro cearense aos soldados da Independência social, no ponto de vista da psychologia dos povos, se
e acabam forçando Fidié á capitulação de 31 de julho acham natiiralmcnte vinculados, umas ás outras, por certo
de 1823. em Caxias. traçado de independências incluctavcis. amarradas, á tra­
Não esqueçamos ainda os arautos da libertação brasi­ dição do passado pela tenacidade da memória commum;
leira fóra do paiz. estes deputados ás Cortes que se não mas. também, dessa recordação indelével cilas emigram, nas
tiveram o destaque de Antonio Carlos. Vergueiro. Lino Cou- azas do pensamento c nas arpagens do desejo, para a
tinho nem por isto foram menos dedicados á causa nacional previsão da posteridade, formada, segundo a variavcl fan­
como o douto padre Francisco Agostinho Gomes, as bellas tasia que se solidou na crença ou se engastou na espe­
intclligcncias de José Ricardo da Costa. Aguiar de Andrade. rança. pelos m il matizes da tinta ideal que a palheta do
Antonio Manoel da Silva Bueno, o revolucionário pernam­ Destino amassou nas suas perspectivas de grandeza
bucano de 17. padre Muniz Tavares, o padre José Martiniano Presa ao que foi. e. votada ao que ha de ser. a alma
de Alencar. Manoel do Nascimento Castro e Silva. Fclippe dos povos percorre as regiões encantadas do sonho, levando
Alberto Patroni, o intclligentissimo procer do movimento comsigo essa ideologia magestosa. que se lhe tornou substan­
constitudonalista no Pará e no Brasil. . . cial e encastoou na mesma urdidura da sua essencia. na
A quantos brasileiros cheios de serviços eminentes esta­ mesma forma peculiar do seu viver . .
remos a fazer a injustiça involuntaria de lhes não recordar Não ha despegal-a da sua casa espiritual, onde ella é
o nome c relembrar a divida de gratidão que para com elles amada, como no templo do Senhor, em verdade*, e ado­
contraiu a Patria! Nesta simples resenha, acima de tudo rada pelo scintillante poder de arrastamento que exerce,
dcsprctenciosa. pretendemos apenas ao correr da penna, c e crcsccntcmentc se patenteia como directriz quasi divina
sob a instigação da memoria immediata, recordar que. num das vontades, e impulsora instinctiva dos sacrifícios- Por
sentimento unanime de intensidade e sinceridade, todos se sobre as vicissitudes soffridas. ou temidas ainda, essa ideo­
equipararam, os grandes proceres, e os mais obscuros patrio­ logia fluctüa. egual ao espirito occulto da protecção e da
tas. desde o Imperador até o mais humilde e bisonho dos bondade, que pairava sobre as aguas, para annunciar a exccl-
soldados da libertação o do amor ao Brasil inspirador das situde das vocações
maiores dedicações, dos maiores sacrifícios Da familia para a patria, da patria para a humani­
Independência ou morte! bradou d- Pedro I do alto dade. é continuamente essa a luz que clareia o roteiro das
do Ypiranga e ao grito despertador da nação milhares de civilisações Cada progresso conseguido, cada passo effcctuado
brasileiros acudiram offerecendo a vida para que ella vivesse na estrada que nos conduz á promettida terra da ventura
livre e do dulcissimo repouso, representa uma quota de dores,
honra sobretudo ou uma parcella de sentimento, que a precariedade do
presente vae trocando pelo summo bem-estar porvindouro.
balouçando na macia nuvem dourada que serve de leito ás
aspirações da nossa alma
Por isso. a noção de Patria não se concretisa somente
no culto dos antepassados, na historia dos seus feitos, na
veneração que inspiram as suas virtudes, no orgulho dos
seus heroísmos: mas rompe, indomável, as paredes desse
Campo Santo para ampliar-sc nas regiões do além. onde
(O Jornal) 7-9-22) esvoaçam, como solicitações do destino, a felicidade dos
posteros e a magnificência das nações
O CENTENARIO Não se sabe. até. qual dos dous impulsos, o retrospe­
ctivo e o da vida de amanhã, prevalece com peso maior
na balança em que se medem as forças dos grandes movi­
mentos sociacs. frustrados ou victoriosos: porque uma ener­
Cem annos na vida de uma nação é um curto periodo gia avassaladora, a se agitar incessantcmcntc nas dobras
de existência. As formas do progresso, que puderam ser do sub-conscientc. que é imperativo, transpõe as raias dos
realizadas nesse decurso de tempo, assignalam a direcção raciocínios da prudência e. esporeando o corsel das aven­
do esforço collectivo para o ajustamento fatal das civilisa- turas sagradas, salta do outro lado das margens, entre
ções parciacs com o cschcma universal da marcha para a as quaes serpeia o rio caudaloso das grandes ambições
; ym * frente, a que nenhum grupo humano, de espirito aberto ás generosas.
scducçõcs do ideal conseguiu jamais fugir. Assim se explicam as crises da civilisaçâo que inopina­
A evolução social da cspecie partiu sempre do assombro damente estouram no remanso da vida morna nacional, cm
e sempre se desiinou á visão das esperanças- que vagos indícios de um idealismo soberano luziam com
A natureza, propica ou rude. niysteriosamente inflexível pal da claridade, como fogos indecisos, para attestar a reali­
no desenho das suas leis e na manifestação do seu poderio, dade de uma * scintilla comtempta . desprezada por fugaz,
contra o qual o interesse nascente da approximação dos mas. subsistente signal de braza nas cinzas dos movimentos
homens teve que lutar para submetter-se ou vencer, tra­ reivindicadores assiin se explica o surto da Inconlldencia
duziu. na sua exterioridade imponente, o complexo de forças que por entre poesias e martyrios augurou para a historia
estranhas i vontade dos lutadore» e a multidão de elemen­ dos cem annos, cujo implemento o Brasil commemora hoje.
tos de dominio, que pareciam dcsccr das alturas. o nascimento de uma nacionalidade nova. dominada pelo
Cada um desses elementos era figurado, na imaginação hausto da liberdade, que foi o perfume do seu alento,
exaltada dos seres fracos sobre que agiam, como expres­ é o sangue das suas veias, c será o fulcro dc sua grandeza-
sões de uma autoridade supcr.or. que exigia homenagem
e impunha o temor, ou como revelações de um mundo outro,
onde o poder soberano de entes invisíveis despedia do seu
seio incommcnsuravel as ordens de vida que cnlciavain os Tudo demonstra que os prodromos da nossa indepen­
espaços, liluminados pelo despertar rutilante dos sócs ou dência se geraram no intimo do sentimento popular, cobi­
atfagados pela serenidade impressionadora das noites çoso dc páramos mais largos e mais nitentes, que os abertos
Os montes, as florestas, os rios; o immenso mar sussur­ pelo estado colonial, attenuado embora pelo rotulo do Brasil-
rante: as vozes desconhecidas que povoavam de sonoridades
cnigmat.cas o estupendo concerto da crcação; as catastrophes, As chronicas da epoca. a critica dos acontecimentos
que s.mulavam cóleras, os soífrimentos. que indicavam cas­ que se precipitavam como nunciativos da posição de um
tigos. as existências. que definiam combates. — todo o pro- grave problema de solução urgente; as queixas que aqui
dig.oso encadeamento dos successos que se desenrolavam e alli explodiam como brados de protestos contra uma
por cima das cabeças attonitas, e dentro dos peitos arque­ dominação talvez por demais severa, mas. na melhor hypo-

O O O 276 o o o o o o
Sociedade Vinícola Portuguesa, Ltda. — Lisboa.
INnEPENHENCIA F. DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

i ; a extensão immensa de um festavam nos paizes visinhos. de origem hespanhola A idéa


republicana dispunha de adeptos fervorosos, que a Orande
i Rastos c absorvidos pelas Vnnu*- Revolução seduzia £ a organização norte-americana exem­
ntpcrio dos exemplos de libera- plificava como um modelo de liberdade: mas nem a civi-
lisação nacional, concentrada quasi nas localidades littora-
neas. nem a educação politica do povo. habituado ainda
ma do povo a sonhar « ao dominio que lhe era imposto pela legislação de ultramar,
consentiam que ella tomasse corpo na architectura politica
como expressão definitivi ideada, rompendo com a tradição e impondo-se como edifi­
ia Rcncralidadc dos movi cação de solidez.
a sido o ponto lucido pari Demais, convinha effectuar a transição postando no
ontades se dirÍRcm e no qual os esforços si
poder supremo uma entidade, cujo prestigio, posto que
unicamente formalistico e symbolico. detivesse o desmedir
das ambições irrefreadas que geram o caudilhismo e ateiam
i analyse imparcial e s t do r
de nação independente no^ seio da paz; teria que pre-
de commemoratio.
metropole lhe concedera, os alicerces da sua grandeza futura :
c. sem duvida, a instituição democrática, com seus encantos
iso. limitamo-nos a dar relevo para nosso exalta- e seus defeitos, poderia ser um sólo perigoso, frequente­
phenomeno que acima apontamos como funda- mente agitado por tremores vulcânicos. Nasceu o Imperio,
psychologia popular, em todo o decurso do século pois. como uma concepção philosophica applicada á situação
finda, primeiro do Brasil independente, ou da politica do paiz. como a expressão de uma necessidade
posse de si mesma: o anhelo de liberdade que de progresso, que só o tempo, na sua rotação indefinida,
poderia substituir por outra, mais fagueira aos ideaes repu­
blicanos A figura do Principe, elevado a Imperador, mar-
cava^Uo sómente uma phase de contemporisação; porque.
autonomo dos povos resplandecia como um idealismo em que
a civiUsação contemporanea bebia a sua inspiração pro-

Dous annos se passaram após o brado do Ypiranga.


; o ^amor á liber- O poder absoluto do Imperador se achava temperado pelo
estuar dos direitos populares cada vez mais alentados pelo
então viROrisava liberalismo intransigente que em todas as camadas sociaes
despontava Mas. o povo queria uma lei. que fosse a garan­
tia cscripta c jurada desses mesmos direitos, ambicionava
codigo de preceitos soberanos pelos quacs se regesse a
nação, c fosse o broquel das liberdades conquistadas; não
desejava continuar á mercê dos impulsos inconstantes e.
i. sequioso por
■lho captivante mãos um poder exorbitante, e inebriado pelos fulgores da
altura, começava a dar expansão aos seus caprichos aven-
Veiu a Constituição imperial de 1324. elaborada pela
excelsa Commissão dos Dez. precedida da carta de lei que
a mandava observar. Essa Carta de Lei c um documento
cel mal da soberania popular- Nella o Imperador confessa que os
povos do Imperio, juntos em Camaras, requereram que o
> de Jancii Imperador jurasse, quanto antes, e fizesse jurar a Consti­
pole não admiti c fosse arrancado, comprehendeu. ape- tuição projectada. que merecia a sua plena approvação e
car uo seu estouvamento juvenil, e orRanico. que lhe não delia esperavam a sua <individual e geral felicidade poli­
sobravam forças para oppôr diques á onda muRidora que tica A Commissão dos Dez seguiu, por assim dizer, o
via crescer, c até certo ponto lisonRcava suas tendências alvitre mandado por Barbaccna. ainda Caldeira Brant, a
a aventura e ás einprezas romanescas: e. ou por conformi­ José Bonifacio; «A Constituição Americana, com palavras
dade com os siRnaes conhecidos da situação, ou por curiosi­
dade. tão impulsiva no seu Rcnio ardcRO. ia ouvir no con­ fusão, tão intima conio era possível, das aspirações demo­
vento as praticas doutrinarias de Frei Sampaio sobre o cráticas com o symbolo monarchico. retrata a propria essência
constitucionalismo projcctado cm Lisboa, e tomado por da Constituição imperial, que. ao tempo, foi um primor de
empréstimo á reforma hespanhola. e entrava na loja maço­ sabedoria e um penhor de liberdades.
n s . ^sob^o nome de Ouatimosin. levado pela mão de Estabelecendo, nos seus artigos 174 c seguintes, os tra­
mites a que deveria obedecer o processo de sua reforma
Rrão-mestre das associações unidas Em todos estes factos. por iniciativa e autoridade parlamentares, firma o artigo
‘1UC. resoavam na praça publica conto toques de clarim, 178 da Constituição o que se entende por matéria consti­
adivinhava o povo o proximo advento de uma transfor­ tucional; i K só constitucional o que diz respeito aos limites,
mação politica na vida da nação, capaz de quebrar os élos c attribuições respectivas dos poderes politicos, e aos direi­
que a prendiam ainda á tradição Rovernativa a que esti­ tos politicos r individuaes dos cidadãos- Tudo que não é
vera sujeita e que tão onerosa se lhe tornára Foi nessa constitucional .póde ser alterado sem as formalidades refe­
ancta de liberdade que a vontade commum se robusteceu ridas. pelas legislaturas ordinarias- -
ao ponto de subjURar as resistências cmerRentes e vencer Rara a reforma cm materia cssencialmentc constitucio­
os artifícios da politica metropolitana, rica de avanços e nal. o artigo 176 exige a apresentação, pelos legisladores,
recuos, como era de esperar do rei astuto e medroso que de poderes cspeciaes constituintes, isto é. submette á deci­
a dirigia ou era por cila dirigido. Afinal, nos campos do são dos eleitorados o prévio exame da modificação pro­
Vpiranga o brado de Independência ou morte estrugiu como jectada c a torna indispensável para que o projecto seja
a conclusão forçada c legitima de premissas que se haviam definitivamente acceito ou rejeitado A integralidade do arbi­
estratificado nos termos precisos de um sorites formidável A trio popular ficou subsistido em sua maxima pureza, mesmo
critica historica terá muito que esmiuçar no exame das ue se refira a pontos substanciaes da Carta Politica, ou
causas que determinaram o gesto, supposto horoico, do Prin­ 2 quelles que affectassem os limites e attribuições dos pode­
cipe Regente, já então decorado com o titulo pomposo de res constituídos. A Constituição imperial não vedava á sobe­
de/ensor perpetuo do Brasil, que acccitára c do qual fazia rania nacional nenhuma das manifestações dos seus desígnios:
alarde: mas a singela resenha dos factos, que servem para e entre essas manifestações naturalmentc se incluia a attinente
estereotypar a mentalidade popular dominante, ou a feição ao regimen adoptado. cuja permanenda ou abolição depen­
accentuada da vontade nacional, indica, no brado do deria de acto legislativo, dentro das formulas crcadas para
Ypirani * ‘ enho final de uma restea de conjuncturas a o processo de reforma. Esse extremo cuidado dos artigos
que ninguém poderia gar attenção. nem deixar de 174 e 176. em definir e apontar, revela o zelo que presidiu
offerccer apoio F assim, porque foi assim; na alma do á consulta das liberdades publicas, em ordem a não se
povo crystallizára sentimento da patria livre, e. ou o lhes cercear nenhum dos meios licitos para a sua defesa
egente pactuava ostensivamente com a nova ordem de cou- e garantia; o que prova que a Constituição foi feita para
as. ou seria envolvido, como despojo, na onda possante attender. satisfazendo-os. aos reclamos da opinião commum,
|UC Fd° ^ragorosamcn*c fa?>a ouvir a sua arrebentação ávida da autonomia politica e ciosa das suas immunidades
E interessante um estudo, ainda que perfunctorio, dos
Tornou-se dest'artc o Brasil Imperio. Império, isto é. pontos fundamcntacs desse admiravel documento politico, em
ransição e transacção; construcção politica oriunda, tal- que o ideal da liberdade palpita com energia e rythmos
cz, da necessidade de conciliar o principio da liberdade sempre harmonicos . .
lascente com o principio da autoridade consuetudinaria, e Instituem-se quatro poderes politicos; o legislativo, exe­
'bstar o apparccimcnto dos esgares anarchicos que se mani- cutivo. o judicial e o moderador.

o o o o o o 277 o o o o o o
LIVRO DF. OURO COMMFMORATIVO DO CENTENARIO DA

Mas quando, passados muitos annos, uma iniciativa gene­


Este ultimo pertence ao principe e é seu apanagio. rosa partida dos cimos do poder, extinguiu a dureza do
Contra elle deblateraram, outróra. as opposicòcs apaixona­ banimento e o povo. agglomerado nas ruas. assistiu silen­
das. fundadas principalmcnte na attribuiçâo conferida ao cioso e entristecido á restituição á patria do esquife vene­
Imperador de dissolver a Camara dos Deputados «nos rável que encerrava os despojos frios do grande morto,
casos em que o exigir a salvação do Estado: convocando adivinhava-se no movimento dos lábios de toda a gente
immediatamente outra que a substituisse palavras de saudade, como as escriptas por Tacito na mages-
Mesmo assim indicada a consulta á nação, que pode­ tosa e pathetica peroração com que epilogou o panegyrico
ria approvar. ou não. o acto imperial com a palavra das dc Agrícola!
urnas immediatamente convocadas, as opposicòcs daquclle
tempo se insurgiam contra o recurso da dissolução, salva
a hypothese de galgarem o poder c a pedirem para nelle
se manter; mas. como quer que seja. a Constituição previu
o caso das assembléas facciosas e procurou corrigil-o lite­ _________ ■ do trabalho, a expansão c
ralmente, isto c. propondo ao povo soberano a decisão merciõ "e <U industria todas essas cousas que o affago
do pleito em que estavam empenhados o critério do Impera­ dos estrangeiros vem verificar cm nossa terra, são o producto
dor e a opinião dominante no paiz Além disso, a Carta do movimento .civilisador que envolveu o mundo inteiro
Politica cuidava da « salvação do Estado ■; e si as ambições nos seus impulsos invencíveis Mas. o que o século, que
tumultuarias dos partidos identificavam essa salvação com hoje finda, esculpiu na alma do brasileiro como emblema
os interesses occasionaes das arregimentacões. que se reve- da sua psychologia foi o culto apaixonado da liberdade,
savam no governo, não era da Constituição a culpa de c. para defendel-a. como é sabido . os esplendores
uma interpretação extensiva, e acaso abusiva, da faculdade da bravura Que Deus nos ajude, e não nos taltem a sym­
que julgára necessaria ao poder moderador pathia e o auxilio das nações amigas . .
Mas esse poder moderador era. também, o poder exe­
cutivo ; o Imperador o exercitaria por intermedio dos seus dornaI do BrasilI 7 de Set de 1922.
ministros de Estado
Estes ministros tinham a missão de «assignar ou rete-
rendar Iodos os actos do Poder Executivo, sem o que não
poderiam ter execução ».
A assignatura não era obrigatória Posto que nomeados
livremente pelo Imperador, c demissiyeis, os ministros de
Estado tinham responsabilidades effectivas perante a ngção. 1822-1922
além dos crimes communs. pelos que significassem abuso
de poder ou lalla de observanda da lei■ A capacidade de
julgar c opinar lhes era garantida formalmente pelo pro­
prio texto constitucional, que os collocava fóra da influencia Têm hoje. realmentc. os brasileiros, motivos justos para
subornadora do Principe, e os reintegrava na posse plena legitima alegria patriótica, ao commemorarem o primeiro
da sua liberdade de cidadão: - Não salva os ministros da centenario de sua emancipação politica
responsabilidade a ordem do Imperador vocal, ou por O olhar lançado sobre nossa historia descobre, nesses
cem annos de vida autonoma, uma cadeia successiva de
Este art. 135 era. para o ministro, em escudo, para o feitos memoráveis, que attestam a continuidade de brilhan­
Imperador uma arma de compressão inutilisada tes esforços para a obtenção dc um mesmo ideal de civi-
Onde, porém, o espirito liberal da Constituição do lisaçáo. tendendo sempre a manter intacto o resultado de
Império rcsalta fulgurante é no capitulo referente is garan­ toda a actividade das gentes de nossa estirpe na America,
tias constitucionaes. dentro dc uma verdadeira e magnifica unidade nacional
Não ha na Constituição republicana^ uma so garantia Com effcito. essa força de cohcsão. a despeito da im-
que a sua prodeccssora nào houvesse lirmado claramente, mensidade de nosso territorio, revelou ao mesmo tempo
e. ás vezes, nos mesmos termos. Ticlmente transladados para as qualidades affectivas c o instincto politico da raça. que
o novo Codigo da democracia Si a instituição democrá­ soube tão bem reagir contra repetidas tentativas dc fra­
tica é a que resguarda as liberdades publicas e assegura gmentação c dc dispersão do trabalho commum
ao cidadão o goso pleno dos seus direitos legaes. não é Temos, por isso. razões sobejas para exultar, contem­
mais democrática que a que tivemos a Constituição que plando hoje. na hora desta solrnnidadc. a grande nação
agora vige. E nem poderia ser de outro modo: no fundo que os nossos maiores souberam conservar, una e indi­
do sentimento brasileiro o amor á liberdade sempre foi visível. através dc tantas difficuldadcs. para incitamento actual
a nota sonorissima da sua razão de ser. o pólo para onde de nosso brio. c plena satisfação dc nosso orgulho
convergiam todos os seus affectos, a ideologia fascinante Quizcram os fados que as grandes datas dc nossa
que o amparou, o sublimou, o encheu de orgulho. Historia, não ficassem ligadas ás recordações de vastos
A formação dessa psychologia nacional, o Centenario sacrifícios, evocando longas e tremendas lutas sanguinolen­
de hoje. com júbilos santos e esperanças ridentes, com­ tas. como as que geralmcntc marcam, nos outros paizes.
memora no coração do povo c na grandeza das suas festas as melhores victorias nacionaes
A proclamação da Republica se cumpriu aqui de modo
excepcional, entre palmas e flôres E o movimento insur-
reccional da Independcncia se processou era curto praso.
exigindo apenas embates cuja importância foi relativamente
Do reinado ephemero de Pedro 1. poucas são as tradições secundaria, se os compararmos aos resultados obtidos.
gloriosas que restam- Um marulhar constante de revoltas, Devemos isso principalmcnte aos predicados moraes dos
suffocadas com vigor e renascentes com redobrado folego, homens que se collocaram á frente desses acontecimentos
como os saltos de Antheu. caracterisaram um período de Benjamin Constant c seus companheiros a 15 de novembro
adaptação dos interesses nacionaes á ordem politica esta­ dc 1889; José Bonifacio em 1822
belecida : mas essa adaptação não foi perfeita, nem parecia Elles representaram perfeitamente .concentrando-os em
dever ser duradoura Com os olhos fitos num príncipe, suas almas varonis, os sentimentos magnanimos da genero­
cavalheiresco, arrojado, inconsequente, libertino, mediocre- sidade característica da nossa raça
mente brasileiro, e. com certeza saudoso da terra do nasci­ Ainda hoje não faltam criticos que se impacientem com
mento. onde repousavam seus maiores, o povo lamentava a prudência e a admiravel calma reveladas por José Boni­
que a falta de adaptação lamentada proviesse da leviandade facio. na maneira habil pela qual ellc soube conduzir-se
de cima. Sem o preparo intellectual indispensável á arte nas graves conjuncturas de 1822.
difficil da governação das nações, e por essa arte difficil O velho sabio quiz ao mesmo tempo conseguir a solu­
reclamado. D. Pedro I não comprometteu. desde logo. a ção de dois problemas impedir vastos e inúteis derrama­
sorte da Monarchia no Brasil, porque o Brasil sabia resistir mentos de sangue, e alcançar a Independcncia do Brasil
aos golpes que os ímpetos de despotismo lhe desferiam, Considerados alguns dos seus actos isoladamente, sem
e sabia destruil-os. invocando o talisman das liberdades o critério superior que os deve religar ao conjunto dc
publicas. Mas o reinado do primeiro Imperador deixira o sua acção decisiva, qualquer espirito frivolo seria levado ao
levedo de um descontentamento persistente, que era uma cumulo de pintal-o até como um reaccionario inimigo de
mágoa, a qual. vencido o período da menoridade de D
Pedro II. se reflectiu nos primeiros annos do seu reinado José Bonifacio evitou sempre os gestos precipitados,
A pouco e pouco, por influencia rectificadora da verdade, procurando refreiar os arrebatamentos dos patriotas mais
que sempre sobrenada, se foram abrandando as irritações pre- ardegos. alguns dos quaes sonhavam no seu tempo a imme­
gressas e uma aurora de justiça inundou de clarões o diata proclamação da Republica e consequente guerra de
céo da patria- Homem perfeitamente de bem. sabio. magna­ exterminio contra os antigos colonisadores
nimo. ca'rinhoso. amante das liberdades publicas, que jamais O velho Patriarcha, conservador sereno e commedido.
perseguiu, c ‘da sua patria, que sempre prezou com entra­ se revelou então o timoneiro cauteloso e efficaz. que o
nhado affecto. D. Pedro II foi uma especic de arco-iris momento requeria ,
vivo. que durante quasi 60 annos annunciou o restabeleci­ Sem a clarividência delle nada teríamos conseguido
mento da paz nos espíritos e da esperança commum nos então. ou. no caso contrario, venceríamos á custa dc demo­
grandiosos destinos do Brasil Monarcha, foi o symbolo rados e titânicos esforços, e grande cópia de sangue ae
da democracia: democrata, foi o apostolo do patriotismo irmãos.
Foram assim os tempos do seu reinado, que a revolução Qraças a elle. graças á sua influencia moderadora cxclu-
triumphante de 1889 sepultou, com a abolição do regimen, sivamente pessoal, a nossa Independcncia se fez sem o perigo
no acervo das cousas irrcvocaveis de uma ruptura violenta de todas as nossas tradições

O O O O O 278 O O O O O O
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

O Príncipe D. Pedro foi posto de nosso lado, como filha das felizes núpcias de Cionçalo de Medeiros e de
nosso protector, e quasi conseguimos assim a nossa autono­ D. Maria de Quiteria de Jesus Medeiros, ambos portu-
mia com a regularidade com que os individuos, nos regi­ guezes dc nascimento, mas que não hostilizaram as justas
mens legaes, alcancam. na época propria, a sua emancipação aspirações brasileiras. Oonçalo de Medeiros era uni por-
civil, pacificamente, sem hostilidades aos seus maiores tuguez culto e generoso, de sorte que lhe não mere­
Esse. foi, claramente, o ponto de vista de José Boni­ ceram applausos as villanias e os desatinos, praticados,
fácio. até hoje ainda mal comprehendido por muitos de friamente, por aquelles que não escolhiam meios para
seus commcntadores- obstar a independência do Brasil, sua indole cavalheiresca
Tiradentes. o inconfidente heroico, sonhara uma Repu­ e o seu coração generoso não lhe permittiam endossar
blica organisada apenas com o concurso de tres provincias as indignidades que as tropas de Madeira de Mello com-
Minas Oeraes. S. Paulo c Rio de Janeiro. mettiam.
Os agitadores de 1822. mais tarde inimigos de José
Bonifacio, patriotas exaltados, cujo ardõr aliás, em deter­
minados momentos produziu optimos frutos, se houvessem Certa tarde, quando lhe narravam o desacato ao con­
logrado apoderar-se do governo aqui no centro, provo­ vento da Lapa. elle lamentou não ter um filho para au­
cariam com sua vehemencia e com suas medidas radicaes. xiliar as tropas brasileiras, uma vez que a sua saude
rcaccòes que talvez redundassem em desmembramentos dolo­ combalida lhe não permittia alistar-se nas fileiras, que obe­
rosos. compromettendo para sempre a unidade brasileira. deciam ás instrucções de Labatut.
O Patriarcha visou, acima de tudo. a união do novo Anna Quiteria de Jesus ouviu-lhe os lamentos, e. pos­
grande Imperio, solidarisando na sua obra vasta, todos os suída daquelle heroísmo spartano. decide-sc a combater
elementos aproveitáveis, entre elles o Principe, cuja adhesão pela emancipação politica da terra, onde. alegremente, viviam
era a garantia de cumplicidade de grande parte das tro­
pas portuguezas Seu pae. embora orgulhoso do gesto da filha, não
O tempo trouxe, com a fatalidade da sua justiça infal- a quiz alistada nos batalhões patrioticos; reprehende-lhe.
livel. a approvação necessaria a todos os actos desse incom­ severamente, em lhe dizendo que a mulher não deve
parável estadista, hoje. com razão, denominado o Patriarcha afastar-se do lar.
de nossa Independcncia. Anna Quiteria não o contrariou; retirou-se para sua
Volvidos cem annos sobre a obra delle e de seus com­ alcova, onde, fervorosamente, orou a Maria Santissima.
panheiros. nós agora, cheios de gratidão pelo que fizeram pedindo-lhe a victoria das armas brasileiras. Na manhã
as gerações passadas, vibramos de jubilo, em 1922, na cer­ seguinte, porém, reconfortada pelas preces que dirigira á
teza da consolidação definitiva dos laços que hoje estrei­ Maria Santissima. em cujo seio encontram allivio e perdão
tam as actuaes unidades da nossa federação republicana, os que padecem. Anna Quiteria. em se aproveitando da
como nacionalidade independente, autonoma. e dignamente ausência paterna, trocou blusa e anagua pelo uniforme do
respeitada no convivio dos povos cultos. batalhão dos periquitos ( assim denominado pelo collete
Simples colonia européa. cm 1822, sem liberdade, sem verde que usavam os soldados I e assentou praça no ba­
prestigio algum, vegetando na America do Sul. como região talhão dos voluntarios.
quasi ignorada, sem cultura e sem imprensa. ( pois até a Seu velho pae foi buscal-a; ella. porém, desobedeceu
installaçâo de typographias era prohibida ). o Brasil foi aos pedidos paternos, e. só regressou ao lar. depois da
rapidamente, depois de sua emancipação politica, percor­ estrondosa victoria do dia 2 de Julho de 1823. Suãs
rendo as etapas necessarias de sua gloriosa trajectoria. façanhas não podem ser esquecidas, exactamente. no dia
até chegar á situação de prosperidade que ahi está aos em que se commemora o primeiro centenario da nossa in­
olhos de toda gente. dependência politica, mesmo porque mereceu cila de D.
Aspirando a fraternidade universal, tendo falado em Pedro I as maiores distineções e honrarias, em conse­
Haya. em 1908. pelo verbo poderoso de Ruy Barbosa, quência dos elogios do bravo Qencral Labatut. que se
na defesa do principio sagrado da igualdade dos direitos não esqueceu de recommendal-a. nos seus relatórios, ao
politicos das nações, nós hoje podemos receber nesta ca­ apreço dos brasileiros.
pital. com animo satisfeito, as visitas dos paizes amigos, O Imperador fel-a alferes de linha, com direito a
representados pelas embaixadas que nos honram com o soldo, pago na respectiva provincia. «em virtude da in­
carinho de sua presença, e lhes abrimos com franqueza formação verbal, que lhe prestára do seu decidido valor
o seio de nossa hospitalidade, reaffirmando-lhes a segu­ e intrepidez, o commandante em chefe do Exercito paci­
rança tradicional de que o Brasil terá sempre os braços ficador da provincia da Bahia». Mais tarde a grande he­
abertos para a acolhida generosa de todas as amizades roina veiu ao Rio de Janeiro para saudar o Imperador
e de todas as relações dignas e sinceras. c communicar-lhe a grande victoria obtida pelo Exercito
Na alegria desta hora de expansões tão justas, diri­ legalista. Quando o Imperador se viu junto da excelsa
gimos um appello ao patriotismo de nossos conterrâneos bahiana. que se expuzera a grandes riscos para prestigiar
e ao mesmo tempo uma palavra de gratidão aos nossos o seu acto. não poude sopitar o seu enthusiasmo. e col-
locou-lhe no peito as insignias da <Ordem do Cruzeiro».
Aos nacionaes. lhes chamamos a attenção para a gran­ que elle reservava para galardoar grandes feitos. Anna
deza da obra feita pelas gerações passadas, de que somos Quiteria de Jesus, que naquella época se tornou alvo pre-
os herdeiros, e de que devemos ser os infatigáveis conti- dilecto das honrarias e dos louvores dos seus patrícios, é
nuadores. combatendo a todo transe os pessimismos dis­ hoje uma personalidade esquecida.
solventes. improprios de uma nacionalidade nova e com
tantos titulos á estima e ao respeito geraes.
Poderão outros actualmcnte ufanar-se de fortuna mais
prospera, mas nenhum outro paiz poderá desvanecer-se de
haver conseguido em igual periodo dc autonomia, um mais Anna Quiteria dc Jesus pode ser cgualada ás he­
roinas que illustram os capitulos da historia universal,
Com fé nas innegaveis energias creadoras de nossa chamem-se ellas Jonna D’Arc. que nos acostumamos a res­
raça. com absoluta confiança nos destinos historicos desfa peitar quando começamos a estudar historia. Zenobia, a
grande e maravilhosa nação, trabalhemos por transmittir intrepida rainha de Palmyra, que substituiu seu marido.
ao Futuro, augmentada por nós. a Herança do Passado, Odenato. nas lutas contra os romanos. Isabel, a Catho­
essa preciosa herança que nos deu tudo quanto temos, lica, que. montada cm fogoso corsel. enthusiasmava os
tudo quanto nos dilata de orgulho, neste instante, o co­ bravos, que Oonçalo dc Cordova commandava no famoso
ração agradecido ! pela imaginação quente dos poetas e prosadores, mas, cuja
Aos estrangeiros, aos filhos de outras terras, para existência constitue um eloquente exemplo de civismo.
aqui enviados por seus governos, em missão official, ou
trazidos simplesmente por attracção dc sympathia, a elles. Anna Quiteria de Jesus é merecedora de uma herma
neste inesquecível dia do nosso primeiro Centenario de na Capital do Brasil, que recorde a todos a sua coope­
nação livre, o nosso reconhecimento collectivo ! ração proficua para as victorias que firmaram na Bahia
O povo brasileiro, generoso por indole, os acolhe com a autoridade dc I). Pedro I. o grande e inesquecível
amor. na esperança de que a vida de todos os seus res­ constructor do respeitado Imperio que evitou a fragmen­
pectivos paizes se assignale sempre em festas como esta tação do nosso querido Brasil. Esquecel-a nesse dia em
nossa, na communhão da paz internacional, na glorificação que o coração brasileiro estremece de justo jubilo equi­
da Liberdade, da Ordem, da Independenda. e do Tra­ vale a um crime horrendo, porque a ingratidão é um
balho ! dos peores symptomas da decadência de uma nacionalidade;
<Gazeta de Noticias, 7--9—221 recordal-a, com carinho, é uma obrigação daquelles que
não desconhecem o seu valor, as suas virtudes civicas,
a sua coragem indomita e os seus relevantes serviços á
causa dos brasileiros.

UMA HEROIN A DA INDEPENDENCE


IAnna Quiteria de JesusI Aifredo Balthazar da S ilveira.

Foi na Bahia, cognominada por Joaquim Nabuco a


Virginia do Brasil . que nasceu Anna Quiteria de Jesus. do Brasil, 7—9—22)

o o o o o o 279 o o o o
LIVRO DE OURO C OM M I MORA TIVO DO CENTENÁRIO DA

A GERAÇAO GA INDEPENDENCE* sua Republica illusoria. concebera um triangulo, que si­


gnificasse as armas da Santíssima Trindade, c outra não
lhe foi a visão derradeira, ao incidir sobre o luzidio
A geração poetica c sonhadora da Inconfidência tem triangulo de aço. formado pelos regimentos do Campo de
como symbolo o vestido nupcial de Marilia. que Dirccu. Lampadosa. onde a justiça erguera o patíbulo. A fé im-
inclinado sobre o tear. lentamcnte bordava a ponto de morredoura dos pernambucanos desenha uma cruz san­
ouro c que não cingiu diante do altar, entre (lores de grenta na bandeira, acima do sol rodeado dc cstrcllas. c
laranjeira, a noiva das suas estrophes pastoris. Essa crea­ o signo doloroso é também para cllcs o do martyrio. En­
tura intangível, quasi irreal, suspensa no halo de névoa tretanto. já nâo discursam nem devaneam. á semelhança
das montanhas, foi para os conjurados mineiros a Li­ dos pastores da Arcadia mineira. Inicia-se o movimento
berdade. Possuiu-a na febre das revoluções, desposou-a com o subito gesto do Leão Coroado, trespassando a fio
com a furia e o grito de um heroe, que ao negro de espada o seu chefe, no quartel dc artilhcria; depois,
céo trovejante das lendas arrebatasse uma walkyria. a ge­ no cdificio do Erário, accentua-sc por outro gesto dcci-
ração campeadora e tumultuosa da Independência, uma sorte sivo do capitão Pcdroso. que avança contra José Luiz.
de renascimento — o amor v iril da natureza despon­ vassallo ainda fiel ao rei. brandindo a espada nua. An­
tava nessa geração antecedida pelo culto das letras ar- tonio Carlos c Moraes e Silva, conselheiros do governo
cadicas. mas iniciada já no fecundo naturalismo de Arruda rubro, perpassam no turbilhão; Domingos Martins e Do­
da Camara, de Sá Bittencourt, de José Vieira Couto, do mingos Thcotonio. governadores, pelejam como soldados;
frade Conceição Velloso. de Balthazar Lisboa, cavalleiros os emissários voam ás provincias; são combatentes ardoro­
andantes do nosso reino vegetal, sabios-capitács de outras sos os padres Joào Ribeiro. Miguelinho. Bernardo Fer­
bandeiras, que o iam descobrindo c classificando através reira. deão da Sé de Olinda. Pedro Tcnorio. Muniz Ta­
das mattas de Pernambuco, dos sertões da Bahia, das serras vares. Antonio Pereira. Frei Caneca. Abreu c Lima. o
de Minas, dos campos fluminenses, dos bosques littorancos. padre Roma. Vencidos os legionarios da cruz pernambu­
Como patriarchas da nova intclligencia. não só cmancipa- cana. arrasta-os o vencedor através da poeira do Recife,
dora. mas creadora de actividadc. riqueza, progresso, ex­ descoberta a cabeça, manietados, ao som dc fanfarras es­
pansão individual e concordia social, dois magnos pen­ tridentes ; leva os primeiros até a Bahia, no porão do
sadores. José da Silva Lisboa e o bispo Azeredo Cou- brigue Mercúrio, com a gargalheira ao pescoço, grilhões
tinho. haviam solidamente conjugado á força das sciencias aos pés. tres sentinellas á vista, armadas de baioneta c
naturacs o genio das sdencias econômicas e politicas. A látego. Mas na cadeia da Bahia, illuminando o proprio
distancia, focada em Londres, radiando acima dos mares tormento, clles mudam o ergastulo cm escola, onde Fc-
como gloriosa emanação da Uberdade de imprim ir para o lippc Mcnna e o padre Muniz ensinam francez aos com­
Brasil. posto que não no Brasil . actuava o poder soberano panheiros. sobre as fabulas dc La Fontaine; Manoel Cle­
da imprensa, a virtude singular do Correio Brasiliensr. mente e Villela Tavares leccionam o inglcz; Antonio Carlos,
com Hipolyto José da Costa, de quem diria Varnhagcn. afora este idioma, princípios dc direito c iv il: Pedro da
homem severo c exacto, que nenhum estadista concorrera Silva Pedroso arithmetica c algebra; Frei Caneca geo­
mais do que elle para a formação do nosso imperio con­ metria c calculo; Basilio Torreão geographia universal.
stitucional. entre os meados dc 1808 c os fins de 1822. Porque mesmo deante da morte, sob o impiedoso ou ira­
São estas as grandes energias idco-plasticas. determi­ cundo olhar das commissões militares, ainda os fascinava
nantes da prole fadada a reivindicar o Brasil indepen­ a cultura secundaria ou superior. E como os chefes tinham
dente c uno para a democracia americana. Entre os seus sabido morrer, sem uma crispação, cllcs soffriam no cár­
dados subjectivos, os seus factores emocionaes c intel- cere a fome. sem um protesto, recitando La Fontaine.
lectuacs. não ha logar para outra fórma dc nacionalismo Mestres c alumnos, embora famintos, eram sobejamente
religioso como o do povo judaico, metaphysico e absoluto orgulhosos, para esmolar um bocado dc pão ao conde
como o allemão. romanesco e marcial como o francez. dos Arcos.
ou apenas vocativo, modelo do que ora passa c gesticula, Indomita prole de jaguar! Quatro annos depois, nas
arremessando pétalas, sonetos, interjeições, á face vene­ Cortes Gcracs dc Lisboa, cuja política ferrenha consiste
rável do centenario. O seu espirito não é mais o da con­ cm desfazer a obra de I). João VI e recolonisar o Brasil,
juração mineira, saturado poeticamente dc literatura amena, fechando-lhe os portos, dcsccntralizando-lhc as capitanias,
enflorado vernaculamente por Marilia c Barbara, as duas supprimindo-lhe os orgáos administrativos c judiciacs.
nymphas de Villa Rica e S. João d ’EI-Rci. embora module ameaça-nos Borges Carneiro, soberbamente, com • os leões
ainda, por vezes, as anacreônticas dc Ignacio Alvarenga c cães dc fila do reino Lino Coutinho brada Contra os
e os hymnos religiosos de Souza Caldas. Não. Se ainda cães atiraremos onças e tigres *. A fereza selvagem dessa
existe qualquer coisa da Inconfidência na Independencia é réplica define uma situação. Como onças, como tigres,
um vislumbre da mentalidade opportuna c concreta dos acossados pela intransigência da maioria oppressors, pela
estudantes brasileiros, seduzindo estadistas norte-americanos injuria do poviléo desabrido, pugnam os brasileiros contra
ou avistando cm cada floresta o elemento dc uma in­ os seus adversarios. Barata breve dc corpo c resoluto de
dustria. E' a reminiscenda daqucllc José Joaquim da Maia. espirito». Antonio Carlos, o mais impetuoso. Borges de
que cm 1786. methodicamente. sobre as ruínas classicas Barros, o mais elegante. Villela Barbosa, orador fluente e
de Nimes. descreria a Thomas Jefferson os nossos recursos, electrizavel. Araujo Lima e Vergueiro, ponderados, mas
as nossas condições, todas as nossas possibilidades, e aca­ convictos. Diogo Feijó. impcrtubavel concentração da energia
bava pedindo soccorro aos Estados Unidos como leader americana. Silva Bucno. Ledo. Costa Aguiar, Varella e
da revolução, pagos os serviços e torneamentos cm boa ainda outros desafiam o raio tribunicio das Côrtes Gcraes.
moeda, com o dizimo das minas dc ouro c diamante, a carne a surriada azoinante das ruas. Sete delles abandonam o
e a lã dos rebanhos, navios de guerra e navios mercantes, reino pela Inglaterra, dardejando a sua ira. através do
que havíamos de construir, a vantajosa preferencia do seu nevoeiro da Mancha, contra Fernandes Thomaz c a hoste
trigo c do seu peixe salgado. E’ a lembrança daqucllc colonisadora.
José Alvares Maciel, formado em sdencias naturacs. que Temeraria, insubmissa, mais do que nunca cnthusiasta.
ouvia sorrindo as odes de Gonzaga e de Alvarenga, as prccipita-sc a geração na sua finalidade nacional, desde os
exclamações patrioticas de Tiradentes. mas pensava no fa- acontecimentos de 1822 aos dc 1836. quando se annuncia
Assim vai desabotoando, ou melhor, assim vai explo­ já o equilíbrio do segundo império sobre as alternativas
dindo a geração da Independenda no reinado brasileiro dc ou transaeções ministeriaes do partido liberal e do par­
dom João VI. tido conservador. Nesses 14 annos peleja, fracciona-sc. re­
compõe-se. levanta e abate os seus ídolos, inflamma c re­
prime as suas idéas. Mas uma delias paira, immuutavel.
acima de todas as rivalidades, todos os odios. todas as
Bellos nomes patridos já illustravam os fastos da bo­ perseguições, todo o vivo contraste do Apostolado pa­
tanica. da mineralogia, da physica e da chimica. da me­ triarchal e do Grande Oriente, dos ultra-libcraes e dos
diana. das mathematicas, a exemplo de Alexandre Fer­ Andradas vingativos, da Constituinte e do Imperante, da
reira. Silva Fcijó. Vicente de Scabra. Nogueira da Gama. Confederação do Equador e das tropas de Lima e Silva,
Villela Barbosa. Aligeramentc ( porque lembram voos do­ porque tal foi a serena defesa dc Caneca, da fronteira cm
minantes os transportes da sua adolescenda ). entrava o cm chaminas e da cidade luctuosa, da opinião publica e
soturno Brasil colonial na aurora do século XIX — idade e da magestade impopular, da Regência mais forte e da
dc ferro da machina a vapor, idade de ouro das sciencias caudilhagcm mais brava, dos exaltados, que pretendiam o
naturaes. O excelso beijo dc Pallas, alvorando na intel- fcderahsmo. e dos caramurús, que suspiravam pela res­
ligencia madrugadora dos seus filhos, no arrebol da sua tauração. E a idéa da Patria soberana.
tribu quasi solar, predestinava-lhe a rudeza ao esforço Com o tope auri-verde do Ypiranga no chapéo, ao
creador. E a terra brasileira, consagrada assim pela Razão, braço esquerdo a divisa dos patriotas — independencia
pela Harmonia, pela virtude genesica dc todas as forças, ou morte realçada pela flor. que se ostentava num
que nos elevam, e todas as fôrmas, que nos deslumbram, angulo dc ouro. vinha essa geração dos motins de 1821
a maravilhosa terra natal, virgem-mãi das selvas e dos para fundar a nova ordem de coisas no Brasil. Rapida­
rios. victoria-regia do austro, dá o maior entre os seus mente. como lhe faltasse um apoio solcmnc e secreto, em­
homens — jurisconsulto, naturalista, philosopho, chimico. polgou a maçonaria com os Andradas e Gonçalves Ledo:
geologo. mineralogista. --------
guerreiro, estadist-.
saudoso poeta
no exilio — o super-homem José Bonifacio. ruidosamente, corno lhe fosse indispensável uma espada
Gravitando nas culminâncias mcntacs. como se vê. do prmapesca e libertadora, seduziu D. Pedro I. O echo
sonho para o saber, a geração turbulenta, rcivindicadora da sua vontade collectiva é o /ico, lançado pela voz por-
", Primeiro incêndio politico em tugueza á alma brasileira. A sua definição historica, depois
do 7 de setembro, é aquella proclamação anonyma de
as armas da 16. cm que o Homem e a Terra se conjugam no mesmo

O O O O O O 280 O O O O
CtremiceArHst

Lyceu de Artes e Officios — São Paulo.


:ABRICA PERSEVERANÇA
M E B LIN I) CABOS,AMARRAS e ESPIAS
de to d a s as q u a lid a d e s e q r o . w ir a s
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BARBANTES 1ANlAâEM para so.cof de cacau, cafe,a rro £ .
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INDEPENDENCEI E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

aiiceio e na mesma eloquência: «Cidadãos! A Liberdade O NOSSO MEZ JUBILAR


identificou-se corn o terreno americano: a Natureza nos
grita Independência . ..».
Fracçâo de humanidade vchemente e soberba, que a
tempera das almas, em vez do numero de annos, congre­ Não é só aquelle dia tão celebrado que é predso
gava na Historia, ella conheceu as maiores alegrias e os rememorar: é todo setembro, é todo o anno mesmo de
perigos maiores: fez rutilar entre os novos a paixão de 1822. que_ é o nosso anno santo.
um sexagenario, como José Bonifacio, e arder entre os Que é que se segue, lá mesmo em terra paulista,
nativos o brasileirismo de um lusíada, como José Clemente á hora do grande lance ?
Pereira. Foi garrula, jovial e temível nos pamphlctos dis­ Que é que sc passa na capital do paiz cmquanto
seminados pelo seu genio bellicoso, de norte a sul. com S. Paulo estremece como em convulsões ao reboar daquella
a Sentinella. de Cypriano Barata, a Malagueta, de Luiz
May. as epistolas de Silvestre Rebello, a incandescenda Até aqui não chegara a repercussão daquclle grito.
de Januario da Cunha Barbosa, o Papagaio de A/ves da O Rio esperava.
Silva, o Maribondo de Venancio Rezende, o Typhis Per­ E o Rio esperou até este dia. talvez até á hora
nambucano, do frade polemista c heroico, as diatribes precisa em que esta folha começa a circular.
avulsas e o Espelho nativista do coronel Araujo Oui- E’ só neste momento ao anoitecer de 14 de setembro,
marãrs. Foi chronometrica no Regulador, de Frei Sampaio, que a população carioca veiu a saber que o Brasil já
incisiva no Reverbero, de Ledo. expoentes das sociedades Não é possível, portanto, esquecer esta circumstanda
secretas mais affeiçoadas á causa nacional, constituindo a de que só neste dia — 14 de setembro de 1822 —
vanguarda dec um exercito, que sc multiplicava nos prelos é que no Rio de Janeiro ecoou aquelle brado do Ypi-
e que Southey denominou — infinito. A legenda immortal
desse espirito pamphlctario. militante sob o monarchismo Mas. não nos adeantemos.
será cm 1830 a phrase de Libero Badaró. jornalista do
Observador Constitucional, italo-brasileiro. ao cair trucidado
pelos seus inimigos: * Morre um liberal, mas não morre
a Uberdade ».
Lá na «terra do fidelíssimo Amador Bucno» ( como
dissera D. Pedro na sua fala á constituinte), depois do que
Afora o quinquennio da guerra do Paraguay, ne­ se passara no theatro, estivera a cidade em festas toda
nhuma outra geração vibrou heroicamente como essa. cujas
tendências antagônicas e exaggeradas, vencendo agora com No dia seguinte continuaram as manifestações de re-
a demagogia, logo depois com o autoritarismo, só en­ gosijo; e no meio de todo o ruido de «canticos e
contram, afinal, um centro de gravidade ou um rumo ovações patrióticas», espalhou-se uma proclamação do prin­
decisivo no pensamento da Aurora Eluminense, de Eva- cipe despedindo-se dos paulistas.
Dava-ihes conta da sua missão a S. Paulo, dizendo-lhes
ceito do regresso de Bernardo de Vasconcellos. attenuado que ali fôra <consolidar a fraternal união c tranquilli-
pela brandura politica do segundo imperio. Certo, as dade que vacillavam». Fazia-lhes sentir o amor que con­
suas attitudes são theatraes. violentas, excessivas, mas pro- sagrara ao Brasil em geral, e particularmente á heroica
fundamente sinceras. Por vezes, os seus princípios adian- provinda, por ser aquella que primeiro denunciara « pe­
rante clle e o mundo inteiro» o machiavelismo . desor-
miragens legacs. "ficções juridicas, mas a consonanda dos ganisador e faccioso das cortes de Lisboa».
actos c dos motivos é nobre, como é perfeita a dos sen­ E explicava: <Quando eu mais que contente estava
timentos e das idéas. cm que se espelham typos, nomes junto de vós», chegam notidas do que na Europa se
do liberalismo europeu e americano — Franklin. La Fayette. machina contra o Brasil, pretendendo-se arrancar-lhe do
Benjamin Constant. Emfim. as suas virtudes logram re­ seio o seu defensor perpetuo.
parar magnificamentc os seus erros. Não envenenam as :<Cumpre-me como tal — affirma então — tomar as
almas, notáveis pelo desinteresse, o ganancioso materia­ medidas que meu espirito me suggerir: e para que estas
lismo industrial; não viçam ainda os charlatães de feira sejam tomadas com aquella madureza que em taes crises
magna, pelotiqueiros c panegyristas a cabriolar sobre os se requer, sou obrigado, para servir ao meu idolo, o
despojos da verdade: a hypocrisia ainda tem no dominio Brasil, a separar-me de vós. o que muito sinto, indo para
da acção o vestiario pobre de ouropéis e mascaras lu- o Rio ouvir os meus conselheiros, e providendar sobre
negocios de tão alta monta».
Sem a directriz de uma escola philosophica ou a pro- E fazia, com todas as seguranças do seu coração,
jeeção de uma vontade cesarea. vemos a energia patrió­ vehementes protestos de que nada lhe poderia ser mais
tica dos homens de 1821 a 1836 amoldar os proprios sensível do que scparar-sc dos seus amigos paulistas, a
defeitos e desastres, por experienda ou pela argúcia, aos quem o Brasil e ellc tanto deviam já. e iam dever ainda
fins nadonaes. Ambicioso e impulsivo. Pedro 1 é o in­ pelos bens de uma Constituição liberal e judidosa».
strumento com que cila reivindica e salva o Brasil uni­ E concluía: «Agora, paulistas, só resta que conserveis
tário. amimando-lhe a vaidade, sugerindo-lhe a rebeldia. união entre vós. não só por ser esse o dever de todos
Bruscamente dissolvida a Constituinte, semi-louca entre as os bons brasileiros, mas também porque a nossa patria
suas chimeras, não tardará o illustre decemvirato do con­ está ameaçada de soffrer uma guerra, que tanto nos ha
selho de Estado em operar o milagre de uma Consti­ de ser feita pelas tropas que de Portugal forem mandadas
tuição democrática. Levantes, motins, guerras civis tran- contra nós. como egualmente pelos seus servis partidistas
smittem-nos o horror do caudilhismo, integram na alma a vis emissarios, que entre nós existem atraiçoando-nos . . .
brasileira o sentido moral da Ordem. Tres annos após Sabei que quando trato da causa publica não tenho amigos
a Indcpendcnda. recondliamo-nos com a mãi-patria. desan- c validos cm occasião alguma. Ficae tranquillos. 'Acau-
nuviamos o futuro, sem combates, expedindo um cheque telae-vos dos facciosos sectarios das cortes de Lisboa: e
de dois milhões esterlinos. A ausência de glorias m ili­ contac em toda occasião com o vosso defensor perpetuo».
tares. com a perda muito justa da Provincia Cisplatina A muita insistência dos paulistas retardou o príncipe
e o epílogo muito dcsagradavel de Ituzaingo. afasta o a sua viagem até o dia 9; e na madrugada seguinte, partiu
Brasil das aventuras marciaes. orienta-o para o caminho de volta para o Rio.
de outras realizações, que tanto louvou Armitage. Do máo Já não era D. Pedro o delegado infiel, o principe
comportamento de Pedro I advem uma excellente opportu- desobediente que as cortes queriam castigar: era um chefe
nidade. eliminatória pela abdicação, mais ou menos im­ de nação.
posta. Por ultim o, sob a Regenda, quando parece tudo Pódc imaginar-se o que seria essa jornada como de
fender-se, esboroar-se, aluir entre as ondas anarchicas. é triumphador. Diz Varnhagen que já alguém a comparou
essa mesma geração, que ampara Diogo Feijó contra a com a de Carlos X II da Suécia. (Como se sabe. este rei
indisciplina da caserna, enfileirando-se com orgulho ao bellicoso e allucinado. vencido em Poltava por Pedro o
serviço da Patria unificada, indivisível, triumphante, em Orande, e desesperando de soccorros na Turquia, vendo-se
batalhões e mais batalhões, cujos voluntarios se deno­ longe dos seus Estados e estes investidos de inimigos,
minam, fardados brasilicamente de verde, os periquitos de tomou a resolução de sair do impasse pondo-se. disfar­
Caxias. Bemdita seja. çado. a caminho do norte, atravessando a Allemanha em
E acima de todas as gerações brasileiras, agora e poucos dias. tendo para isso de correr noite e dia sem
sempre, resplandeça a geração da Independencia, transfi­ descanso.. . )
gurada por um effluvio mysterioso. impresdndivel na atmos- D. Pedro agora só viaja de dia; mas vence as cem
pheru dos povos — alguma coisa que não basta ao homem léguas que tinha de fazer em menos de cincocnta horas.
alardear, mas é necessário viver, como vive a hora do Tendo partido de S. Paulo no dia 10. chegava ao Rio.
supremo desejo, sentir como um fogo interior e celeste, já quasi á noite, no dia 14. Para se ter idéa desta car­
lampejando no eterno soffrimento e na eterna esperança: reira vertiginosa, basta saber-se que elle veiu apear sósinho
o Idéal. na quinta da Boa Vista: e que só muito depois da meia
noite ( quer dizer, umas 7 ou 8 horas depois) é que
chegavam da sua comitiva alguns que de mais perto o
C elso Vieira. Ahi temos, pois, D. Pedro, nestes ultimos dias, a
bater caminho como um scelerado. para estar aqui no dia
14 de setembro, e ser o primeiro a dar á população do
tO Paiz, 8—9—22) Rio noticias dos acontecimentos de S. Paulo.

o o o o o o 281 o o o o o o
L/VRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA

Como dizem as chronicas do tempo, nâo c possível Não era demais que passasse a delirar todo aquelle
nem ao menos suggerir uma vaga idéa do que se passa setembro, desde o dia 14. que hoje commcmoramos.
aqui desde aquella noite de 14 para 15. E commemoramos com fervor de culto, c com a sa­
Ninguem podia contar com aquelle subito successo. grada jucundia de quem sente ainda nos ares. através de
Por mais confiantes que todos esperassem pela volta do um século, alguma cousa do encanto daquelles dias.
principe, e mais anciosa a cspectaçâo geral na cidade, Setembro é o nosso mez jubilar.
não havia calculo ou previsão possível para semelhante
prodigio.
Quando clle penetrou no parque, e as guardas bra­ R
ocaP
h o
mbo.
daram armas e soaram os clarins, foi como se um pc
de vento puzesse em tormenta a atmosphera daquclle am­ IA Noite. 1 4 -0 -2 2 )
biente ». Conta-se que D. Leopoldina o recebera em gritos,
chorando convulsamente de alegria; e que o paço inteiro
se encheu de rumor e de loucura.
Como instantaneamente, a nova esperada correu pela
cidade: os ministros, magistrados, funccionarios. militares
c civis, affluiram a S. Christovâo: e a população tumul-
tuariamente invadiu jardins e immediações em verdadeiro
delirio. A FIOURA QUE SE RELEVA NA SCENA BRASILEIRA
Era a noite de 14 de setembro de 1822 esta fazendo JOAO CAETANO
neste momento um século !

Mas não deixemos ainda aquelles paços, que estre­ O Theatro Nacional não é uma providencia dos par­
mecem com a vibração daquellas almas, sem referir um in­ lamentos. mas um lento c natural effeito dos tempos. Te­
cidente que veiu nellas encontrar uma reserva de enthu- remos o nosso Theatro, quando tivermos a nossa Arte.
siasmo. que se diria quasi arroubo religioso. a nossa Esthetica. a nossa Cultura, a nossa Sociedade, a
Durante a maior parte daquella noite viu-se D. Pedro nossa Intelligcncia. a nossa Civilisaçâo. cm resumo.
forçado a receber todas as pessoas de distineção que lhe Estou a sentir daqui, arregalado sobre mim. o olho
foram levar as suas homenagens. Os salões estavam re­ formidável do primeiro patriota indignado, que interroga
pletos ; c cm torno do prindpe e da princeza. o semi­ furioso contra o pobre do jornal que lhe caiu nas mãos
circulo dos visitantes, que a muito custo se continham. Pois qué ? ! Então, o Brasil ainda não tem nada
Sempre que Dom Pedro se encontrava com alguma das disso? Que tremenda barbaridade!
grandes figuras, seus comparsas no drama, parecia es­ Socegue o patriota irritadiço, que cu também sou pa­
quecer-se de tudo para. em vez de dar-lhe a mão. abraçal-a. triota. mas de visão clara e animo sereno.
estreitando-a longamcnte ao peito com estremecimento. Nâo ha duvida alguma: o Brasil j i possue uma ctvi-
Instante houve em que entrou em alvoroços um homem, lisação mais ou menos espontânea A sua evidencia, como
expansivo e respeitoso, que se dirigiu ao príncipe fa­ nacionalidade em face do mundo, é uma evidencia de força,
zendo-lhe. ao beijar-lhe. tremulo, as mãos. um cumprimento que se impõe, que se destaca e que reflecte sobre o século
que fez correr pela assistenda uma centelha a inflammar em resonandas dynamicas.
ainda mais aquellas almas. O exemplo vivo dessa verdade é a hora justa que
Era Vaseoncellos de Drummond, que pela primeira vez estamos vivendo nas commemorações consagradoras da nossa
dava a D. Pedro o tratamento de — maiestade. data nadonal.
Aquilio commoveu os presentes de tal modo que pro- Ninguem ousa duvidar de uma civilisaçâo que ahi está
romperam em acclamações — ao nosso grande e amado im­ predominante cm fôrmas de movimento e rythmo.
perador! — emquanto D. Pedro e D. Leopoldina abraçavam As variadíssimas influencias européas que a trouxeram
aquelle moço. tão digno pelo devotamento com que ser- acorrentada ao negativismo do sentimento nacional, essas
servira a causa da patria. mesmas como que se esbatem e esfumam na obra enve­
Antes de passar adeante. é preciso não perder o en­ lhecida dos ultimos abenccrragens de uma geração já mu­
sejo de notar como não fizemos ainda á memoria da mificada.
excelsa princeza nenhuma demonstração da nossa justiça, A literatura actual do Brasil é o proprio indicio de
nem mesmo talvez da nossa piedade. uma autonomia mental que vem proxima.
D. Leopoldina foi com effeito, pela sinceridade com Por isso mesmo é que o Theatro Nadonal sómente
que esposou a nossa causa, uma das notas mais tocantes agora poderá começar a sua consolidação, porque o theatro
entre tudo que se registou de bello e de grande naquelles é o ideal das artes nadonacs e a synthese da civilisaçâo
Eis porque o nosso theatro nâo podia surgir, como nâo
surgiu, antes do phenomeno da nossa autonomia intellectual,
que só agora esboça os seus primeiros symptomas.
A noite que hoje rememoramos passou a cidade em
festas. * inundada de jub ilo -. No dia seguinte (1 5 ). e
quasi que se póde dizer dahi até a acclamação official (a O nosso theatro do periodo colonial é uma utopia
12 de outubro) não cessaram as manifestações de alegria. de historiadores visionários e nunca surgiu.
Os proprios grupos e facções, que até então se hosti- As primeiras linhas indedsas do debuxo datam do
lisavam. agora se congraçam e fraternizam. emulando em nosso período de transformação litcraria. cm plena inde­
provas de affecto e dedicação a D. Pedro. pendência politica e mental.
Na noite daquclle dia 15. tocou ao auge o enthusiasmo Dessa época, em que surgiram a primeira tragédia e
quando os príncipes se encaminharam para o theatro, tendo a primeira comedia, um nome só tomou vulto e ficou per­
de vencer a massa de povo que tomava as ruas e praças petuado na sua obra: Luiz Carlos Martins Penna que toi
desde S. Christovâo até a cidade, e que cm ondas os en­ uma deifnitiva organisaçâo de cscriptor de theatro, desde
volvera durante o trajecto. o estylo até a idéa.
Não havia mais uma pessoa (entre homens e mulheres' Mas. a própria obra de Martins Pcnna. obra que foi
que não trouxesse o distinctivo nacional creado l i no hem volumosa, relativamente á curta duração da sua vida.
Ypiranga. é menos uma expressão de arte do que uma intenção frí­
Ao entrarem os principes no theatro, cercados do m i­ vola de motivos jocosos.
nisterio e da cõrte. foram cobertos de flores: e os vivas No seu theatro nâo ha muitas idéas e falta qualquer
que estrugiram em toda a praça fronteira, e se propagaram espirito de critica profunda.
vastamente pelas circumvizinhanças. davam a impressão de Outros nomes, como o de José de Alencar. Pinheiro
uma tempestade que se perdia em longo e profundo sus­ Guimarães. Gonçalves Dias. Varnhagen. tentam a alta ex­
surro ao longe.
O theatro S. João (hoje S. Pedro) estava sumptuosa- pressão do theatro quer na tragédia, quer no drama. Fal­
mente engalanado. Quando os prindpes. tendo ao braço tava-lhes. porém, o que sobrava a Martins Penna: espon­
a legenda — Independendo ou morte! — appareceram no taneidade no dialogo c as qualidades de observação in­
camarote real. a explosão de delirio encheu por mais de dispensáveis ao escriptor da scena.
quinze minutos o amplo recinto. França Junior, que é recordado a meudo pelos nossos
chronistas de hoje. nâo ultrapassou a mediocridade cm
No outro dia vieram D. Pedro e D. Leopoldina para qut desapparcceu a obra de muitos outros de seus con­
o paço da cidade. Houve ali a cerimonia do beija-mâo; temporâneos.
t o dia todo. e a noite esteve o largo do Paço litcralmentc E Macedo, o proprio austero Macedo, nâo fez excepçâo
instante ' instante rompia cm a essa regra geral.
ovações.
Aquellas almas i como electrisadas. Todavia, nâo se deve negar as qualidades caracterís­
E não era para _____ ticas de alguns desses escriptorcs. destacadamente Martins
O abalo era grande demais. Tudo era pouco para Penna. Macedo. Guimarães e Alencar, nem desconhecer que
expressar a felicidade com que aquella geração encerrava outro teria sido o fruto de seus talentos se tivessem agido
dentro de uma organisaçâo social mais propicia que a de
■ entrar afoitamente na sua sey tempo, sem nenhum requinte intellectual, sem nenhuma

O O O O O O 282 O O O O O O
IN DEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

tempo, ainda occupa, sem favores, o logar de João Cae­


i o qual temos o habito de appellar sempre < tano dos Santos: o do Sr. Leopoldo Fróes. que é hoje
im os sccptismos rancorosos do presente. em dia o victorioso conquistador da nossa platéa e cujo
Porque a literatura dramatics brasileira, depois dessa prestigio seria bastante para. sc elle quizesse c as cir­
ie e dessa «ente. apenas progrediu no volume da pro- cumstandas permitissem, consolidar em bases definitivas o
theatro brasileiro, dando-lhe uma direcção compatível com
Os horizontes. 1 as exigendas da nossa cultura, depois de ter ensaiado e
se estreitaram mais, é lambem lançado, como effectivamcnte o fez. a comedia nacional:
apitaram. e mais recentemente, o do Sr. Oduvaldo Vianna. que numa
s trinta annos decorreram inutil- brilhante temporada que realisou no Trianon sob a sua
■> theatro brasileiro. não direcção artística e com o concurso da Sra. Abigail Maia
rgiram como cogumellos. e seus companheiros de troupe, se revelou um trabalhador
ie pregavam verdadeiras legendas de infatigável e cheio de talento, de quem muito póde esperar,
pedagogia estheti ameaçando o refinamento e a edu- em collaboração effidente. o progresso artistico do theatro
cação do paladar populacho.
A frente de' nova phalange de legionarios esteve Esses nomes são os que. de memoria, me occorrem
Arthur sc forjou uma entre os que vêm pretando ao theatro um elemento po­
ainda para o consolo p deroso de acção dynamica. como directores, empresários
e collaboradorcs plasticos da obra.
atiirmar c ctc pensar por conta própria. Mas ha outros inesquedveis neste momento, os quaes
Arthur Azevedo não passou de u immensa espe- contribuíram com o material do seu talento e dos seus
ranca ■ mas de uma immensa esperança falhada. esforços para o alevantamcnto do nivel dramatico do nosso
obra de arte que nos legou foi «O Dote», e esta sio tres theatro.
actos de imperfeições grosseiras, quer como expressio dra- Entre esses, cito a esmo o do Sr. Antonio Ramos,
matica. quer como expressão de tcchnica. nosso primeiro galã dramatico e um dos esteios em que
. O seu indiscutível genio theatral ellc esperdiçou-o em se apoia a cupula mal segura da «Comedia» da Prefeitura:
revistas e burle tas mais ou menos equivocas, sem a no- o do Sr. João Barbosa, consagrado professor da scena
bre/a heroica de contrariar os appetites inferiores da po­ brasileira, com creações notáveis na sua bagagem artís­
pularidade. tica. como no velho hemiplegio da «Magda». papel em que
E do passado, da "historia» do nosso theatro nada nenhum artista estrangeiro aqui vindo ainda o supplantou:
mais ha digno de estudo ou attcncio. Davina Fraga, nossa actriz de alta comedia, discipula do Sr.
Folhea-se. pagina a pagina, a nossa literatura drama­ Gomes Cardim e uma joven artista estudiosa e modesta,
tic.! e nao se encontra uma unica creaçâo esthetics, uma com muitos serviços prestados ao theatro: Adelaide Cou-
única idealisaçâo superior, que ficasse eterna pelo con­ tinho. a fulgurante Adelaide Coutinho daqucllcs tempos
tacto dynamico da energia universal. aureos do passsado e que ainda illustra a scena brasileira
Mas ninguem é culpado disso, nem nós devemos pensar com os ultimos lampejos da sua arte: o casal Alvaro
com pessimismo a esse respeito. E ’ que não era tempo Costa, a Sra. Maria Castro e outras de acção menos efíi-
ainda c o nosso meio se resentia do desenvolvimento a
que attingiu nas transformações de mais estes ultimos trinta Quanto á Sra. Lucilia Peres, que é hoje a primeira
annos de vida social. dama da companhia municipal, teve um momento cphe-
As mesmas premissas devem ser estabelecidas na cri­ mero de brilho na scena dramatica. desviando-se logo para
tica da nossa arte dramatica propriamente dita. o theatro ligeiro em que o seu prestigio foi diminuindo
Em setenta annos de transformações artísticas e civi- até o desapparecimento completo.
lisação nacional, no periodo que vem desde os român­ Numa companhia organisada e sufficientemente d iri­
ticos de 1830 até os modernistas de 1900. uma só figura gida, o valor incontestável dessa actriz brasileira poderia
sc releva na sccna brasileira João Caetano dos Santos. ainda impor-lhe o destaque merecido no theatro nacional.
Agitando-se no circulo de ferro de um meio plantado Por ultimo, seria iniquo não destacar, neste rapido
de hostilidades, não será exaggero affirmar-se que João bosquejo de personalidades a acção dos empresários Se-
symptoma de vida do theatro bra­ gretos incrementando a opereta brasileira, no Theatro São
sileiro. Pedro, com um deslumbramento inédito de «mise-en-scène»
Não foi. como querem inuitos. um i genial, i e apuro artistico para o que contaram com a collaboração
um actor de gênio. do Sr. Eduardo Vieira, um dos nossos professores de arte
Faltou, ao artista, o sentimento da s de representar a quem a nova geração de theatro muito
deve em ensinamentos e dedicaçõces.
De 1900 para cá . . . a historia» é Também a Empreza José Loureiro é digna de uma
todos nós estamos mais o,u menos ao referencia especial com a sua participação expontânea no
destaque do theatro brasileiro durante os festejos do nosso
Centenario, estimulando e promovendo a representação de
uma peça historica nacional, com artistas nacionaes. numa
Tentemos observar de largo e com cuidado, respei­ de suas casas de espectáculo.
tando a tromba aguda e venenosa dos terríveis e labo- Essa empresa fez abrir um concurso entre os autores
brasileiros, com o prémio de cinco contos de réis e uma
O theatro nacional apresentará progressos sensíveis nos porcentagem de direitos autoraes nunca offerecida. até hoje,
tempos^de hoje rclativamente áquelles alcançados nos tempos por empresas particulares.
Infclizmcnte. porém, os esforços da empresa José Lou­
Tenho para mim. e com a devida reverencia aos meus reiro resultaram contraproducentes por isso que os re­
contemporâneos, que apenas se accentuaram as linhas do sultados obtidos não corresponderam á altura da iniciativa.
A peça representada. «Barbara Heliodora» do Sr. An-
nibal Mattos, está muitíssimo áquem dos cinco contos e
da montagem despendidos pela empresa que segundo se
O theatro, como expressão da cultura, é a creaçâo diz. teve um prejuízo de varias dezenas de outros contos
esthetica por excellenda das civilisações. Como tal temos com a brincadeira.
que julgai-o na proporção de sua consci.-nda universitária E é neste surto das cousas que encontramos, neste
que resôa em toda a verdadeira c grande obra de arte. dia brasileiro, o ideal da nossa literatura dramatica e
Neste ponto vivo do exame, que é licito observar na do nosso theatro.
nossa literatura theatral contemporanea ? F. o momento decisivo para uma consolidação, dados
Uma resonanda diminuta. A predominância do theatro os phenomenos de energia intellectual que agitam as cor­
nacional é ainda o genero incipiente do regionalismo, aqui rentes estheticas das artes brasileiras e das nossas eman­
'• ali esboçando um traço de phisionomia geral, F. a cipações mentacs.
comedia ligeira, é ainda a burleta. a farça a pochada —
o theatro exclusivamente para provocar a gargalhada ven-
truda das platéas. Trabalhemos, crecmos. nós os da geração nova do
Todavia, ha um começo de preoccupaçâo psychologica Brasil, sem outros intuitos que não sejam os da esthetica
•los typos e do meio por parte de alguns autores do c da civilisaçâo de nossa patria.
genero, á frente dos quacs está. com indiscutível des­ Mas. por melhores intencionados que sejamos e por
taque. o Sr. Oduvaldo Vinna. que se vem especialisando mais alto optimismo que seja o nosso relativamente ao
na observação da nossa vida burgueza. progresso brasileiro, não nos illudamos ao ponto de con­
Como elementos que contribuíram largamente para o siderar o Theatro Nacional obra capaz de ser consummada
expansionamento do nosso theatro nestes ultimos annos, ha pela geração de hoje.
nomes que impõem uma referenda, como o do Sr. Qomes Não. infelizmente, a vida humana é muito ephemera.
Cardini, que fundou c dirigiu durante quasi cinco annos O tempo vôa - e. nas regiões dos tropicos, as energias
a Companhia Dramatica Nacional, desajudado de qualquer sc quebrantam depressa á incandescenda torrida dos me­
apoio industrial ou politico, lutando contra as hostilidades ridianos.
diarias do meio e a concorrência das poderosas empresas Todavia, muito podemos deixar feito pela obra de
estrangeiras, batendo-se por um ideal de arte c revelando amanhã. Os alicerces do edificio formidável, se trabalharmos,
á critica o latente espirito dramatico brasileiro que se pódem ser obra nossa, assim como a planta architectonica.
affirmava ainda inexistente na cultura do nosso theatro: E já não será mesquinha a gloria, nem mesquinho o
o da Sra. Italia Fausta, a maior artista dramatica do nosso

o o o o o o 283 o o o o o o
LIVRO DF. OURO COM MEMOR ATIVO DO CENTENÁRIO DA

Mas, trabalhemos, creemos. com fé. com amor. com portados aqui são typos tradicionaes dc outros paizes. de­
ideal e, sobretudo, com harmonia, olhos e corações vol­ monstrando. por si. o contraste da sua disparidade em re­
tados para a bellcza. que não é mais do que o reflexo lação ao novo meio. e indicando a necessidade de adaptál-os
da propria harmonia dos espaços — da Ordem em todo modificando-os radicalmente ou nacionalisando-os.
o Universo. Rara este fim haverá que extrahir a maioria da ma­
téria prima do rico filão tradicional, onde se encontrará,
Renato Vianna. no meio da ganga mincralifera das pujantes jazidas bra­
sileiras. a humilde -arte colonial», rustico alicerce dc uma
IA Nolle, 8 - 9 - 2 2 ) obra derruída, mas entre cujos restos se descobrirão as
aureas pepitas ou os fulgidos diamantes para a obra prima
Desta pesquiza archcologica resulta a architectura co­
lonial como um vasto jazigo dc productiva exploração.
Ha portanto, que procurar a revivescência de toda essa
arte do passado que tem em si a chave da tradição
DA ARCHITECTURA COLONIAL NO BRASIL nacional: mas a obra é de uma extensão desconhecida no
proprio paiz. c tão vasta, que requer uma longa cam­
Archeologia e Arle panha dc perseverança, de propaganda e de trabalho de
Facilita-a agora a exposição do centenário cuja fes­
tiva architectura reconstitue as velhas formas coloniaes.
O aspecto actual de qualquer grupo urbano dos mais dando-lhes um novo colorido c uma nova expressão. Este
importantes e dos mais modernos do Brasil confirma a renascimento que será o successo artistico do certamen
impressão geral de que em materia de architectura, ou nacional será também o primeiro exemplo duma archite­
o passado se apagou por completo, ou as origens desta ctura brasileira.
nobre arte social são aqui de data muito recente.
Torna-se preciso visitar os bairros secundarios e esque­
cidos dos velhos emporios do litoral ou penetrar pelas ci­
dades do interior — centros provinciaes que foram an- Para exemplificar, analyscmos rapidamente algumas
antigos nucleos de expansão colonial — para encontrar os fôrmas typicas, começando pela casa de categoria me­
primeiros padrões da architectura brasileira, os restos ar- diana. que se compõe dc um vasto portico ou vestibulo
chcologicos da civilisaçâo que foi o alicerce da actual era e de uma «sala de estar», para a qual dão as camaras
de progresso da grande potência sul-americana. de habitação; ao fundo as secções de serviço. E a dis­
Com effeito. este aspecto é do mais vario eclcctismo. tribuição é feita sem perda dc espaço, preparada para a
porque não se descortina no quadro da moderna edificação vida patriarchal da familia, em uma sala commum. como
publica ou privada um só typo característico que repre­ nas casas de lavoura em torno da lareira.
sente uma tradição nacional ou que obedeça ás condições Nos exemplares de maior volume, em perímetros su­
locaes do proprio meio. burbanos. *• mais amplo terreno, permanece cm plano o
typo da casa portugueza que provem por sua vez do
modelo classico pompeiano. E assim temos primeiro a va­
Pretendeu-se criar, de uma feita, um paiz novo. es­ randa. correspondente ao protyrum» ou o pretorio, abrindo
posando os moldes de outros paizes como centros opu­ para o exterior; a sala de recepção, «tablinum» ou «exedra»,
lentos e deslumbrantes de civilisaçâo. E neste deslumbra­ a sala de comer ou «triclinum*. voltada para o pateo
mento. transportaram-se as artes maiores c menores que central, que representa o pcristilum» ou «impluvium . depois
eram em moda por essas outras terras, consoante o gosto os quartos e alcovas, («thalamus»', as cozinhas («culina
viageiro de cada um .perdido ou adormentado o instincto e «fornax»), accommodaçòes de serviçaes e por fim o pateo
do quadro original com a sua tradição, que é o Caracter, exterior ou quintal que os romanos chamaram -platea.
e com os seus encantos naturaes que são a bellcza e a Com este se funde por vezes o primeiro pateo. conser­
verdade na Arte- vando. porém, a casa interna suas partes fundamentaes.
Nas casas de sobrado c nos solares de nobres ou ricos-
homens. este plano é accrcscido com um andar, augmen-
Entretanto. a própria historia da arte nos ensina que tando o numero de salas de recepção, de aposentos, c
cm cada paiz as diversas modalidades ou estylos archi­ ampliando-se o «átrio» com a sua escadaria nobre, sempre
tectonicos. assim como outras manifestações de arte. se bem posta, offcrecendo-se commodamcntc a um facil ac­
originaram em um conjunto de condições mczologicas. que cesso. e apresentando-se com certa imponência decorativa.
rodeiam o homem dentro do seu habitat*, presas por um E este typo repete-se caracleristicamente. tomando na
lado ao meio physico, e por outro ao meio social, c em sua architectura exterior disposições a formas que. póde
cuja genese se traduz esse mysterioso espirito procriador, affirmar-se. constituem um estylo brasileiro de habitação,
que é o genio. a «psyché humana, integral transccdcnte apartando-se. pelo seu perfeito ajustamento ao local, da
que abrange ama série infinita através de um infinito pas- origem portugueza. cada vez mais distante.
E. cm cada paiz. i Predomina nestas casas o alpendre ou varanda ri simples
que uma continuidade __ ________ __ _ produzidos por pilares ou columnas toscanas. lambem cm arca..». - _
•cimentos, bresác o telhado de largos beiraes. cm panos ligeiramente
influencias internas de impulso local ou externas **« w ,,- curvos, cortados por gateiras ou aguas-furtadas, com as
tagio universal; novações sequentes do passado, cm plena pontas dos espigões recurvadas á maneira diineza. As porta­
transformação, evoluindo, ora em progresso, ora em de­ — — fachada „„ .....
cadência. Estas manifestações de arte social, nas suas mul­ riadissima. desde o marco rectilinio de grossos prismas
tiformes modalidades, tomaram sempre cm cada naciona- de pau. até ás chambranas de cantaria do mais fantasiado
Iidade constituída um caracter synthetico e especifico que baroco. e era alguns casos realisam uma interessante cara­
mes e proprio, que define essas nações c as distingue das cterística regional, fechadas com os seus caixilhos de pi-
estrangeiras; a esse caracter dominante é a expressão da
raça. da tradição, da alma da nacionalidade. nelados ou em rotula. Nos typos urbanos os balcões têm
Ora o Brasil tem no seu paiz admiravel, na sua gente para-peitos de madeira com espessos almofadados, appli-
e no seu passado historico, o meio physico, social e tra­ caçoes dc rotula ou de torneados, que são por vezes
dicional para a sua arte.
— ------- —•••” *••■! »«■■«» 01111« aries ensaiou com guarnecidos de gelosias completas, como as «addafas» arabes
brilhante successo a orientação nacionalista.
nacionalista, deveria também ou os «mucharabiehs’ cgypcios. que constituem j>or si um
tci-a ampliado até á sua architectura. Esta ttem. passado motivo característico, em corpo saliente, formando um todo
uma phase de reproducçâo e dc interpretação
in te rr-" * - 1- das formulas
' architectonico de cntablamcnto recto ou arqueado, com en­
estheticas consagradas, surprchendidas .j _ ^ tempo feites de madeira torneada ou vasada. Este conjunto, exa­
' espaço: mas desta sorte resultaram ____ __ . minado no seu plano interior c na sua architectura externa,
variegada combinação < i lado do estravagante rcalisa urna solução perfeita de moradia, apropriada a um
pricho modernista, se alinha o românico prim clima tropical, de muito calor e de muita luz. como não
nascimento classico, o barõco, o mourisco, e o gothico se­ mirará melhor cm qualquer compendio moderno de
vero dos paizes nordioos. Serão obras de indiscutível bcl- hyi_. . — habitação.
leza cm que se procurou rcalisar thcoricamente «arte pura Todos os elementos architectonicos, que são julgados
ilistmctivos desta arte colonial, representam series com va­
™ S»m
ao hi!^!!eCem
ambiente Cmi SUa maioria completamente estranhas
nacional. riações pittorescas c não são casos unicos; os forragea-
A architectura tem. acima das mais. a sua funccão üores destas velharias têm ahi basta mésse de cabcdacs.
social, e para conseguir este objectivo requer não só a ç os artistas muitos lct-motivs > para a fantasia das suas
transformação daquellas formulas typicas, como também a inspirações. Os beiraes. por exemplo, na sua largueza abri­
sua perfeita adaptação aos materiaes. ao quadro local, ao ndo™ c hospitaleira, como as copas frondosas do arvo-
r:í!üa' „ a° fn5 ! ° . socjal c á organisação funccional do edi- , ? I sa,lcn,am-se sobre fileiras sobrepostas de telhas in­
ficio. que tem igualmcnte a sua psychologia; esta segunda vertidas. como urna colmeia de ninhos dc andorinhas, ou
friso de pendentes c estalactites á maneira arabe; outras
fahratfe nacional».
«arte ndacinnáf “ Ef™ ' QUe, Se, VaC csb°Mndo. concluirá pela
a natural consequenda do espirito de vezes essas abas do telhado assentam na caibradura appa­
nacionalisação que está dominando todos os povos e uue rente. ora a vista, ora forrada dc madeira, ou suppor-
S<L n0,a na sua poliHca de defesa c de expansão’ tada por cachorrada com ornamentação de telha. Em oulros casos
como também nas proprias artes. Muitos dos modelos im- o beiral é de grandes tclhòes. sobre a cornija de madeira
moldurada ou de cantaria, que são também de faiança

O O O O O 28-1 O O O O O
CAFÉ DA SERRA — São Paulo.
IN D £PEN DE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

esmaltada a branco c azul com relevos ou estampilhados rido um cunho particular que dá por vezes uma nota
original de regionalismo.
C **Não entraremos cm outras minudosidades constructivas,
une não vêm a proposito deste simples artigo de iornal. mando um caracter proprio, como lhe havia já suecedido
para proseguirmos tão somente pondo em evidencia ca­
racteres genéricos; bastará findar este paragrapho, no­ com o platercsco» e churrigueresco . cm" Portugal com
tando que esta singela architectura civil demonstra uma o baroco jesuítico c a modalidade do tempo de d. João V.
harmonia de proporções, uma propriedade de composição. Em verdade, no Brasil, a arte do mestre Valcntim
„,ie por completo se perdeu nas construccôes posteriores e de «Alcijadinho» deu ao baroco portuguez um novo ca­
ao século XVIII racter que o distingue de todas as matrizes européas; e
A Architectura do templo acompanha a mesma evo­ resulta este novo aspecto ou estylo de uma sincera ada­
lução da casa. porque foi também nas suas origens a ptação artística ás condições locaes. moraes e materiaes.
singela moradia do santo patrono, não se differencando. do quadro «brasileiro». Como deixaram de ser cumpridas
a humilde ermida do culto tradicional, de qualquer chou­
pana. senão pela cruz que encimava o seu frontão. Mas um periodo de decadência, no campo do tradicionalismo.
o primitivo povoado vac crescendo, e proporcionalmente hiato de dormente esquecimento, cujo despertar é ainda
as dimensões da capella: o frontão c ampliado c toma tardio, quando pelos outros paizes amanhece uma nova
proporções architectonicas; lateralmente ergue-se a torre, renascença nacionalista, com o apostolado da tradição, de
mas a singela fachada não tem ainda caracter religioso. uma arte que realise a architectura da raça na sua es­
Ao re/ do chão uma ou tres portas, no andar tres ja- sência tradicional, que espelhe o paiz com a sua natureza
nellas. a seguir o frontão triangular, terminando na cruz esplcndente. que seja uma crystallisação da propria patria.
com uma pequena rosacea no tympano. A torre é qua­
drada. com telhado em pyramide, tendo no vertice a grimpa
de ferro com a esphcra armillar. o gallo ou outra especic R io
de catavento. Assim se constitue o typo primitivo da egreja
christan. que sc vac ampliando e aperfeiçoando até compor
a matriz de uma grande villa ou cidade. (O Estado de S. Paulo, 7—9—22»
Apparcccm então as duas torres symetricas. terminando
em zimborio forrado de azulejos esmaltados de branco,
azul c amarello; a architectura externa enriquece-se com
elementos decorativos de erudição c de estylo. em can­
taria lavrada, e os frontões tomam curvaturas graciosas
que são aqui uma originalidade, conscrvando-sc porém o
esqueleto typico do primeiro templo, não obstante as al­ A EGREJA NO BRASIL
terações successivas que vão até ás egrejas notáveis de
Ouro Preto e S. João d'EI-Rei.
È claro que o. estylo architectonico dos edifícios le­ Empenhado em manter-me dentro das nonnas pres-
vantados na colonia acompanhou a sua época, séculos XVII criptas ao cscriptor imparcial, pondo todo o cuidado, em
e XVIII. me não afastar, ao menos de má fé ou propositadamente,
Na Metropole dominava o renascimento na sua phase da verdade dos acontecimentos historicos, condição indis­
baroca. tendo passado nos meios coloniaes pela transpo­ pensável e absolutamente necessaria para o valor do que
sição dos interpretantes jesuitas. que lhe transmittiram um diga ou refira quem quer que escreva, acredito poder ela­
cunho especial. O estylo baroco italiano correspondeu na borar conceitos e emittir juizo sobre a acção do catholi­
Europa a um periodo celebre na historia do catholicismo. cismo no Brasil, conceitos e juizo. quanto possível, exactos,
durante o qual o cspectaculoso cerimonial da nova li­ sem que se me possa acoimar de parcial - ou menos fiel
turgia adquiriu a mais esplendorosa sumptuosidade. O re­
nascimento classico não sc adaptava a este culto luxuoso; Attentõ aos dados historicos, lendo e consultando grande
modificou-o o «baroco» pela mão de mestres, como Bernini copia dos historiographos, que espccialmente escreveram
c outras mais celebridades, que na Italia levaram ao apogeu sobre a historia do Brasil, e levando-me não raro pelo
esta arte de preciosismo e ostentação. E pelo seu caracter que affirmam aquelles menos favoráveis á Egreja Catho­
civil, estendeu-se largamente á architectura dos palacios c lica. para não dizer abertamente seus adversarios, assiste-mc
edifícios publicos, tornando-se o estylo mais popular c o direito de poder affirmar. com segurança, ter sido bri­
universal da época, pela liberdade da sua composição e lhante o papel representado pela Egreja neste immenso paiz.
pela mallcabilidadc da sua adaptação a todos os casos archi­ o maior da America do Sul.
tectonicos. Chega-se á evidencia mais uma vez de quaes sejam
por natureza os intuitos do catholicismo. qual sua razão
A riqueza da architectura externa correspondeu a opu­ de ser. a missão que lhe cabe desempenhar no meio dos
lência interior dos templos e palacios que sc reflictiu povos. Aqui. como em toda parte, segundo a lição da
também entre nós; assim é que não são raros os tectos historia, a attitude assumida pela Egreja em face dos
abobadados ou em masseira, corn artezonados c caixotões acontecimentos é dc nos encher a todos das mais santas
pintados a oleo e tempera, com decorações coloridas e
douradas os quaes attingem uma realisação luxuosa na
sacristia do Carmo c na Matriz da Bahia; posteriormente, De posse da verdade, impregnada do espirito de abne­
nos começos do século passado, apparecem os tectos de gação e caridade de Jesus Christo, seu divino fundador,
estuque lavrado, em que foram habilissimos os «trolhas» a Egreja, entre nós. como em toda parte, tem-se mostrado
do Norte de Portugal. A riqueza desta ornamentação in­ digna e merecedora dos nossos applausos, feito jus ao
terior applica-se também ás paredes das naves em alizares nosso respeito c veneração, lançando raizes profundas no
de madeira csculpturada. requintando nos altares dos grandes scio da familia; porquanto, tendo presidido á formação da
templos em motivos de flores, frutos, aves. pennachos de sociedade brasileira, não se lhe aponta mesmo um deslisc.
avestruz, anjos r symbolos religiosos, enchendo todos os tal a maneira altamente digna e superior, porque sc hou­
vazios, enrolando-se pelas columnas torsas e apilarados. vera na defesa da liberdade dos selvicolas e dos direitos
cobrindo todos os painéis e tympanos. com uma supera­ constitutivos da familia. Assistindo á organização do povo
bundância que está de accòrdo com a profusão dos dou­ brasileiro, acompanhando-o desde seus primórdios, cila tomou
rados e das imagens de viva encarnação. Encontram-se a peito defender-nos e garantir-nos cm nossa liberdade
espccimcns de delicada modelação nos cadeiraes dos coros contra a sordida avidez do colono e suas ruins paixões.
das ordens ricas, nas grades dos absides e altares do cru­ Assim pois. cuidando da intclligcncia. sem deixar cm ol­
zeiro. nas sédes episcopais c seus baldaquinos. nas mi- vido o coração, a Egreja põe mãos á obra de nossa
sulas e parapeitos dos pulpitos. formação.
A par desta decoração, e afinando com o seu estylo.
foram applicados também no interior das naves, nas sa­
cristias. nos corredores, átrios e claustros, os alizares de
azulejos, em painéis polychromicos. figurando quadros ^reli- K porém, para notar que. sc dc passo firme c seguro
caminhára a Egreja. diffundindo o thesouro das verdades
Lsta arte applicada exigiria um só capitulo pela sua reveladas, encaminhando os povos divididos em tantas tribus
profusão no Brasil em egrejas e casas nobres, figurando como para a civilisação por meio da catechese, esse trabalho so­
um motivo architectural, que faz parte integrante da fa­ bremodo penoso e prenhe de perigos, foi talvez lento e
brica do cdificio nos seus minimos detalhes. E represen­ tal se manteve até á proclamação da Republica. Não nos
tado por material de importação, portuguez c hollandcz, cause admiração que assim haja suecedido.
pois não consta de alguma fabrica nacional desta especia­ As empresas de ordem religiosa são as mais difficeis.
lidade; outro tanto não acontece com outras artes da con- as que topam com os maiores obstáculos, quiçá intran-
strucção que tiveram aqui uma «élite» de mesteiraes: al-
vcncis, canteiros, trolhas, cntalhadorcs. imaginarios, encar- Sc os postulados de Euclydes. já disse nolavel escriptor.
nadores. etc. Para completar o quadro desta arte deco­ sc oppuzesscm ás paixões do homem, certamentc delles não
rativa teríamos que accrcsccntar a arte do mobiliário, da
indumentária, da cinzeladura. joalheria. etc., cm que Pre­
domina também a sumptuosidade do baroco do secuto X V III;
e se. de facto, uma parte destes elementos artísticos é dc Lenta embora, foi mui proficua entre nós a acção
importação, outra representa obra nacional, tendo adqui­ do catholicismo; taes e tantas as crcdenciaes de tamanho

O O O O O 285 o o o o o o
LIVRO D t OURO COMME MORAT!VO DO CENTENÁRIO DA

merito que não obstante os nossos desfallecimentos, jamais A QUESTÃO RELIGIOSA


logrou papel saliente em nosso meio seita alguma. Desde
o descobrimento até hoje tão valiosos são os documentós
em seu favor, que nós, os brasileiros, admirando c applau-
dindo o espirito de que se possuem os seus ministros, Este acontecimento que veiu pela primeira vez quebrar
sempre na defesa das boas causas, não lhes recusamos o a harmonia entre a Egreja e o Estado, foi ensejo para que
nosso profundo reconhecimento. o paiz melhor conhecesse os homens que mais de perto
A Egreja devéras interessada em nossa formação social, e com maior autoridade auxiliavam o Imperador no seu
visando especialmente o nosso bem espiritual, nutrindo o governo, e os catholicos pudessem ver. admirar e aqui­
nosso espirito com o pabulo dos ensinamentos dc Nosso latar do valor do verdadeiro apostolo c digno servidor
Senhor Jesus Christo, ensinando-nos a orar e a U r na do Evangelho que foi. com justiça e alegria o digo. o senhor
devida conta os sacramentos e emfim o sagrado deposito D. Frei Vital. Bispo de Olinda. Na attitude de S. Ex.
da revelação, sempre esteve com a patria, defendendo-lhe Rvma. não sei que mais admiravel: se seu saber, mos­
as mais justas aspirações, mesmo no dominio politico. trando-se versado nas letras sagradas e nos canones, se
sua energia piedosa, tratando com brandura sem desfalle­
cimentos e com energia sem destempero, assumptos que
Assim é que a historia registra aquellas paginas bri­ por sua natureza e as circumstandas de que se revestiram,
lhantes. nas quaes se lê a accâo verdadeiramente patrio­ exigiam uma intelligenda culta, esclarecida, um espirito beni
tica e profundamente religosa dos Felippes Camarão, dos versado nos sagrados canones, uma vontade energica. per­
Themudos. Jaguararys. Franciscos Barreto. Vidaes de Ne­ severante e tenaz, uma alma. emfim. infiltrada e possuída
greiros c Fernandes Vieira, dos ecclesiasticos: Nobrega. As- do espirito do Senhor Deus. que dirigisse todos os seus
picuelta Navarro. Anchieta, Francisco Pinto. Vieira. Ro- actos com a mais recta intenção para Jesus Christo.
mualdos, Feijós e tantos outros que. terçando pela gran­ Soube o Senhor D. Frei Vital desempenhar fidalga­
deza da patria, defendiam o altar e honraram a familia. mente o papel que lhe competia. Bispo de uma diocese,
Em que pese aos inimigos de nossa fé. a verdade é que conscio da immensa responsabilidade, que lhe advinha dó
em nosso paiz, desde os primeiros dias até hoje. no Im­ seu nobilissimo encargo e munus diante dos homens e de
perio e na Republica, como nos tempos coloniacs. a Egreja Deus. versado na historia da Egreja e principalmente co­
sempre esteve na vanguarda daquellas batalhas cm prol nhecedor da vida e acção de certos santos padres, como
da Patria e da Religião, pugnando pela ordem, paz e S. Athanasio. Basilio. H ilário e outros, pondo sua mira
concordia entre os povos, expondo não raro a serios pe­ exclusivamente em bem servir c agradar a Deus. levando
rigos os seus mais lidimos representantes, testemunhando pelos bons caminhos as ovelhas que em boa hora lhe
dest arte seu genio civilizador e seu espirito todo de abne­ haviam sido confiadas, dando-lhes o alimento verdadeiro
gação pela humanidade cuja salvação não é possível fóra do espirito, que é a doutrina de Jesus, sem sombra de
dè sua doutrina, extra quam nullus omnino salvatur. erro. o senhor D. Frei Vital com a palavra, a acção e
Como fundamento, motivo, razão e direito do que af­ o exemplo tornou-se uma figura inconfundível e de real
firmo. basta tão sómente a acção do padre Fcijó. após destaqe. attrahindo as sympathias, a estima, a dedicação
a independência; a attitude de frei Vital, bispo de Olinda e o respeito dos bons catholicos, emqanto que por outro
na questão religiosa: o papel do episcopado na abolição lado era alvo das settas ervadas dos inimigos de Jesus
do captiveiro e finalmente a situação da Egreja. após a Christo e de sua santa Egreja. Desenrolam-se neste pe­
Republica, chegando a conseguir o cardinalato unico em ríodo da nossa historia scenas que nos enchem do mais
toda a America Latina. santo enthusiasmo; porque, sede um lado levanta-se o
odio sectario da maçonaria com o cortejo dos seus des­
temperos. invectivando. sophismando. tergiversando, calum­
niando e procurando intimidar e amedrontar, servindo-se
dos immensos recursos, que no momento as circumstandas
FE1JO lhe proporcionavam, com quasi certo feliz exito, por outro
lado erguia-sc no seu burel de fanciscano capuchinho o
jovem Bispo de Olinda, desprovido da protecção dos homens
e do governo, desconfiado até da propria edade. mas se-
* historia que. com a abdicação de Pedro I em guro á cruz do Senhor, firmado no evangelho, no ensina­
u filho Pedro II a 7 de Abril de 1831. o paiz entrara mento dos santos padres c doutores da Egreja. confiante
> periodo mais accidentado da nossa vida politica. Além na boa consciência, com que agia. de perfeita harmonia com
republicanos, exploravam a situação por demais du- o que jurara de inteira conformidade e submissão á ca­
t dc permanente desordem na cidade do Rio dc thedra de Roma. ao Papa e assim impavido, destemido,
janeiro, os tres partidos: os moderados, os liberaes intran­ altivo e soberano, sem orgulho nem vaidade, criterioso,
sigentes e os reformadores (caramurüs). Pois bem. nesses sabio e prudente, desfere contra seus adversarios, que são
dias dc gravissimas apprehensóes houve um patriota que. os de Christo e da santa Egreja. golpes taes que. se a
de posse da legitima autoridade, soube colloca-la ao ser­ hvrf,, não succumbio. senão morreu, ficou pelo menos mui
viço dos reaes interesses da Patria, salvando-a da anarchia • i difficilmente ganhará terreno em nosso meio. Ê
e seus funestissimos embora legitimos consectarios; houve bdhssin.. _ espectáculo da virtude, diz Bcssuct, quando
uma intelligencia arguta e esclarecida, conhecedora dos perseguida __________
lado. da parte do
homens e das cousas, que soube ponderar a exacta si­ governo e da maçonaria houve os baixos insultos
tuação difficilima. por que atravessava a nação; e de pulso as cousas santas, ao Papa. á Egreja
forte, visão perfeita e nitida comprehensão dc seu dever, elles se empenharam em dim inuir os encantos da augusta
de suas responsabilidades, salva, arrebata o paiz das garras
aduncas da anarchia.
religião de Jesus Crucificado, emprestando i Egreja e aos
servidores, aos ministros do santuario. aos bispos e aos
4£aHS.- J n‘ U,toS ?ue ao;. homens mais vis. fóra possivel
attnbuir. no calor das discussões, no auge da refrega
Este homem é o Padre Feijó que. imperturbável e se­ aos ventos tempestuosos que. da impiedade enfurecida e
guro. reprime levantes, castiga os sediciosos, levando assim empenhada na victoria de sua causa, sopravam contra a
a bom porto e salvamento a náo do Estado. " a pefsot ? ° Blspo de Olinda, a tudo oppunha re-
,. ...Fo1 dÇ, ,a° grande relevo e destaque a acção de com sabedoria admiravel. energia temperada, per-
t eijo. revelara tamanha coragem, sabedoria e prudência em a a '° cr“ * no de mestre da verdade, de guia
varias circumstancias realmcnte criticas para o Ooverno. espiritual de povos, de um Bispo, de verdadeiro apostolo
que seu nome. a medida que sc vae conhecendo a historia da fé dinstã. o senhor D. Frei Vital.
do Brasil, passa de boca cm boca. pronunciado com alegria
c acariciado e amado pelos nossos corações, emquanto que
ri« n,!l8Hra
deante ,^ C padre
de todos e denospa‘julgamos
nos. que rj° ta se devedores
ergue magestatica
da mais
nsideração._ apresentando-o como um dos uns províncias ae 1'ernamoi
nossos pro-homens. que soubera....... ....... os sagrados di­
1 .incarnar d° * escândalos que convinha então a ba far, ao perigo
reitos da patria religiosa, não desmentuiu as tradições que o Bispo havia dc expor seu nome. sua vida.
do povo e da familia brasileira, educados i prejwzo dos interesses mesmo da diocese, tormentos
sãos prindpios do christianismo, que aqui fóra impíán- a que teria de sujeitar-se. e ás ameaças d ) governo im-
C?.m ® Primeira missa celebrada por aquelle pio reli- denunciaC* as<l<Vlhe ?miza
deco on,'a
n Ç a. acen
g!°so tranciscano. na occasião da descoberta deste immenso Bispo, jovem.
e tuturoso paiz. fadado a desempenhar, em futuro não inexperiente, haveria de caber a parteQpeor°e^sern’ glorias!
papel salientissimo no meio das nações cultas e iHün;P«OCeSSO' en,fjm. que teria de ser favoravel aos seus
civilizadas do mundo, pela vastidão, bom clima e uberdade ?mHCS,„iUUC í n,ao g? melhores condições,iiçucs. campeariam.
campea
de suas terras, pela cultura scientifica e literaria de seus tripudiando sobre o Bispo derrotado ... - -*----------- —1
desmoralisado. a
ái u»i« pe,° ampr « respeito aos princípios religiosos e tudo is so responde o senhor D “ ei Vital, com a attitude
as legitimas manifestações da liberdade o apostolo. rende; só escuta a voz
Politico c patriota soube Feijó alliar esses sentimentos do dever.
com o seu caracter sacerdotal, corno se evidencia do oue B' .meavas passam aos factos. Preso no Recife, o
foi publicado em 1838, quando elle. de publico se retrata e Olinda é de lá enviado para o Rio de Janeiro.
le qualquer opin'So m-nne . . __ , ciiaia qü ° senh° r„ D Frci Vital se mostrou digno do
i Santa Egreja ci pede, lhe perdoem quantos i nobre, sublime e difficil encargo, que a Santa Sé lhe
julguem offendidos. confiara, mantendo-se dentro da linha que lhe fôra tra­
çada pelos canones e ensinamentos da santa Egreja. redo-

o o o o o o 286 O O O o o o
CEN TEN ARIO DA INDEI'ENDENCIA E DA PXPOSIÇ/

brando dia a dia os esforços por offerecer. ao seu rebanho patentearam a attitude correctissima dos mesmos.
o excellente pabulo, que é a doutrina do Senhor, a dou­ Discernindo a união da Egreja com o Estado da subser­
trina da Egreja Catholica, a lé sem desfallecimcntos nos viência daquella a esse. com os princípios do direito publico
dogmas e o respeito á autoridade de Pedro, chefe supremo, ecclesiastico, evidenciaram que o sr. D. Vital e o seu
visivel do christianismo, e a seus successores, e. noutra' companheiro agiram como de dever, applicando um di­
esphera. aos demais poderes legitimamente constituídos; agora, reito que lhes competia em materia que escapáva á com­
preso na Côrte do Império, sujeito a um processo, cujos petenda do poder civil. Estavam em seu direito os se­
juizes eram quasi todos seus inimigos, pois eram filiados nhores bispos lançando interdicto em confrarias maçoni-
á maçonaria, e ainda, para augmento das difficuldades da sadas; e o poder civil de modo nenhum poderia relaxar
situação, sem as sympathias do representante da Santa Sé; esse acto da autoridade ecclesiastica. Perorando em uma
e sem plena confiança no Bispo diocesano, embora sabio linguagem vibrante de enthusiasmo. o senador Candido
e justo ; quem sabe se não é chegado o instante Mendes arranca palmas do auditorio, que se precipita aos
em que. com fragor e no meio do maior ridiculo, vae pés de D. Vital, disputando a honra de lhe beijar as
cahir e sepultar-se para todo o sempre na valia commum
dos degenerados, impulsivos e impostores, o jovem Bispo Quebrando o silencio, a sisudez e a indifferença que
de Olinda, que até então havia terçado pela causa dos sempre manteve. D. Vital, depois de abraçar os bispos
direitos da Egreja? Não se deixará possuir de desanimo que o acompanharam ao Tribunal e os illustres advogados,
em face das difficuldades que crescem desmesuradamente? aceita as homenagens da multidão, que o acclama trium-
Quem estará com elle. quem lhe abraça a causa, defendendo-lhe phador. confessor e martyr da fé pela condemnação a
a attitude altiva e sobranceira contra o proprio governo da quatro annos de prisão com trabalhos. Voltando á prisão,
Côrte : contra a verdade expressa do proprio Impe­ foi mais tarde amnistiado com o sr. D. Macedo Costa.
rador? Pouco importa que o abandonem; que não conte
com a adhesâo expressa de todo o episcopado brasileiro:
que cheguem mesmo a censural-o e essas censuras partam
do alto clero, como em carta lhe communicára um ministro,
membro do governo. Dirigindo-se a Poma. logo que lá chegou, tratou de
O Bispo de Olinda está compenetrado do seu dever, ser recebido pelo S. S. Padre, que infelizmente não es­
tem consciência do que está fazendo, sabe perfeitamente que tava informado da situação exacta da questão religiosa
não foi levado a tal situação por um capricho ou vai­ e muito menos do papel brilhante, que elle venha des­
dade de sua parte: não. absolutamente não; elle em tudo empenhando.
quanto tem feito nessa causa, se tem guiado pela recta Com que dignidade, sabedoria, prodencia c tino se
consciência, e no desempenho de sua nobilissima e salutar houve em tal circumstanda S. Ex. Revma. para informar
missão de Bispo: tem agido no intuito de salvar as almas, ao S.S. Padre como as cousas religiosas se achavam entre
salva-guardando o thesouro da fé. não permittindo mescla nós. o que emfim elle havia feito, com que espirito c
nem confusão do erro com a verdade, do vicio com a v ir­ qual a opinião publica a respeito!
tude, da maçonaria com a Egreja que a condemnou Depois de alguns dissabores, esperando encontrar me­
Não é um homem cahido perante sua consciência . . . lhores disposiçõescm Pio IX. a cuja palavra e ensina­
mentos. de bom grado, sempre sujeitára seus actos em
toda essa questão das irmandades; consrio de estar apoiado
nos cânones da Santa Egreja. cuja dignididade e doutrina
havia defendido a todopreço, privando-se de todas as
De uma educação finissima. com um tino admiravel commodidades e regalias e expondo-se a ver diminuído o
de homem de governo, de pose de um bello e grande seu prestigio, ridicularisado o seu nome. collocando acima
thesouro scientifico nas letras sagradas e profanas, affei- de todas as conveniendas a pureza e integridade de nossa
çoado ao trabalho, bom e simples, mas de uma vontade fé. a autoridade do Papa nas cousas puramente ecclesias­
energica ao serviço de uma boa e sã consciência, compe­ ticas. reivindicando as prerogativas da Egreja. que teriam
netrando do valor destas palavras: Omnia possum in eo de ser desprezadas, senão fõra a energica e heroica atti­
qui me confortat*; tendo aprendido que as grandes almas, tude. que assumira na questão dos interdictos perante as
os grandes corações neste mundo se nutrem espccialmente autoridades leigas, inclusive o Supremo Tribunal, immensa
de contrariedades, desgostos, desprezos. vexames e perse­ Toi a dòr. profunda a decepção que experimentou,
guições. é de crer que pouco se lhe dava. não lhe faria não encontrando aquelle acolhimento paternal de benepla­
mossa, em nada lhe diminuía o ardor da luta. o ver-se cito da parte de Pio IX. o Santo. São altissimos os de­
quasi sosinho na arena do combate, tendo de enfrentar ini­ sígnios da Providenda!
migos tão audazes, poderosos e sagazes, dispondo elles Mais uma vez chega-se á evidencia de que as provações
dos innumeros recursos, que os homens lhes poderiam for­ quanto mais fortes, mais retemperam os heróes de cujo
necer. como effectivamente forneceram. patrimonio hão de fazer parte as grandes virtudes. Re­
Assim, preso, encarcerado numa fortaleza na ilha das colhido a uma cella entre os seus irmãos capuchinhos na
Cobras, onde recebeu tratamento proprio de presos, tem cidade de Roma. D. Frei Vital, sem desanimar, tenta outra
de esperar corra o processo seus tramites; e. se até aqui audienda junto a Pio IX. persuadido de que. após a ex­
foi grande e imponente sua figura pela cortezia. sobran­ posição que iria fazer de seu modo de agir na questão
ceria respeitosa e mansidão evangélica, agora sobe de ponto dos interdictos, o S.S. Padre só teria que applaudir em
e se ostenta magcstatica em todo o brilho e esplendor nome do Senhor, cuja gloria, elle. D. Frei Vital, havia
de um espirito de eleição, de um peito de Bispo catholico, procurado e não a sua propria. Não se enganara S. Ex.
de um Bispo apostolico. que faz reconhecer os Basilios, Revma. Effectivamente. levado ao conhecimento exacto da
os Hilários, e os Athanasios, como por antonomasia é situação da Egreja no Brasil com a questão religiosa, e
hoje conhecido entre nós. a sabedoria e prudência com que o Bispo de Olinda se
Houve-se de tal maneira o senhor D. Frei Vital pe­ houvera nos varios e difficeis encontros com os maçons das
rante o tribunal; foi tão correcta sua attitude; revelára irmandades e do Ooverno. o S.S. Padre estreitou-o entre
tamanha dignidade; mostrára-se tão a cavalleiro dos crimes os braços e agradecido pelo immenso e notabilissimo ser­
que lhe imputaram, e bem compenetrado, senhor do papel viço. que prestara á causa sagrada da fé no Senhor com
que vinha desempenhando em face da christandade. tão aquella brandura e superioridade que recordavam os maiores
convicto da nobreza, sublimidade, verdade e justiça da athletas do christianismo, os grandes vultos como S. Atha-
causa que vinha defendendo que. em certa occasião. de- nasio, exclamou Pio IX com a voz embargada pelo en-
vemlo. em obediência á lei. dizer ou fallar aos juizes,
se limitou a ter procedimento semelhante ao do Mestre O senhor é um verdadeiro apostolo da Santa Egreja!
diante de Pilatos; contentou-sc com escrever nos autos
estas palavras simples mas muito expressivas: <Jesus autem
tacebat». Essa attitude reflectida do jovem Bispo, attitude
indicativa da tempera apostólica de seu grande e pere­ ABOLIÇAO DA ESCRAVIDÃO
grino espirito, que. no cumprimento de seu dever, não
conhecia obstáculos, quaesquer que elles fossem, vinha de
molde a irritar ainda mais os ânimos dos seus muitos adver­ Pelos fins do 2.° c ultimo reinado, pouco antes da
sarios e o proprio governo, que ao envés de interpre­ quéda do throno, a 13 de maio de 1887 referendára a
tarem essa attitude como um effeito, um consectario, um Princeza Regente D. Isabel. Condessa d’Eu. a lei que ex­
signal por demais evidente do cumprimento de um dever tinguia a escravidão no Brasil, libertando sem condição
sagrado e o maior de todos, qual o da defesa da fé. alguma todos os escravos. Para essa lei aurea, como lhe
e.m Christo, interpretaram como se fóra mais um gesto chamamos todos, contribuirá poderosamente o espirito reli­
de desprezo e desconsideração á justiça, da qual eram gioso da Princeza Regente. E’ um facto que em todas
elles supremos representantes: tomaram por um insulto ao as provincias do vasto Imperio do Brasil o clero. se.
alto cargo que vinham desempenhando. como era de seu dever, se mantinha respeitador das leis
que garantiam, infelizmente, a propriedade escrava, nem
por isso desdenhava dos augustos ensinamentos da fé. en­
sinamentos deante dos quaes nenhum homem é escravo.
Levado com o Sr. D. Macedo Costa, que o imitára no Assim, ao norte c ao sul. cm todo o paiz. o clero punha
Hará. perante o Supremo Tribunal, ahi os Conselheiros todo o seu prestigio ao serviço de tão nobre e alevan-
bandido Mendes e Zacharias de Goes mostraram a sem- tada causa, a da liberdade e redempção dos captivos.
razão. a injustiça do Ooverno para com os bispos, e com Não mais escravos, sejamos todos um povo livre, eis
argumentos valiosos e em um estylo ás vezes arrebatador o ideal dos representantes da Egreja Catholica, E para

o o o o o 287 o o o o o
LfVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO DA

testemunho de quanto crescera na estima e respeito para o Brasil distinguido e enaltecido com o cardinalato na
com a Santa Egreja a Sra. D. Isabel, referendando a lei pessoa deste humilde, austero, puro. notável e santo eccle­
de 13 de maio, pela qual ficara immediatamente. sem ne­ siastico. que é o Sr. D. Joaquim Arcoverde. Arcebispo
nhuma condição, extincta em todo o immenso imperio a desta Archidioccse de S. Sebastião do Rio de Janeiro,
escravidão, e consequentemente como fôra do agrado da cujos serviços inestimáveis í Egreja em todo este immensõ
Santa Egreja esse bellissimo gesto, com que ella, para paiz, prestados de boa vontade, com a maior prudência e
salvar uma raça inteira e libertar de uma nodoa depri­ abnegação, mui justamente lhe deram direito a ser tido
mente uma civilisação. jogára com o futuro de um throno, e havido como o centro da vida religiosa nesta patria tão
cujos alicerces dalli para deante começaram a vacillar. amada e o propulsor principal, intelligente. deste mui no­
ahi esta a ceremonia pomposissima, que. aqui, nesta ci­ tável desenvolvimento da religião entre nós. sempre cres­
dade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, se realizíra com cente e que em uma das mais solemnes manifestações da
a entrega da «Rosa de Ouro», mimo preciosíssimo, com fé se mostrará por occasiâo do Congresso Eucharistico
que o^ santo e sábio Pontifice Leão X III houve por bem a realizar-se sob os auspícios dos Céos entre as festas do
primeiro Centenario do nossa Independencia. Com a creação
Esse gesto de munificência de Leão X III era o bene­ do Cardinalato. na pessoa do Sr. dom Joaquim Arco­
placito aos esforços que o episcopado e o clero vinham verde. ninguem se julgou preterido, tamanhas as suas vir-
desenvolvendo pela abolição do captiveiro, como bem deixam
vêr as pastoraes do Primaz Arcebispo da Bahia, dos Srs. Basta Acredito que este pequenino esboço historico seja
Bispos do Rio de Janeiro. Diamantina. Marianna. Matto por demais sufficiente para justificar sem favor ajustar-se
Cirosso. S. Paulo e das demais dioceses, em que se di­ á Egreja Catholica neste vastíssimo paiz. o Brasil, patria
vidia o te rritorio nacional, quando todos se empenharam minha muito amada, a verdade do meu humilde e despre-
junto ao clero e fieis para que extinguissem a escravidão tencioso artigo, synthetizado nas bellissimas palavras de
mesmo em homenagem do mais subido apreço ao S.S.
Padre que festejava seu jubileu. La chiesa che solo amore e luce a per confine.
Assim entre as manifestações mui merecidas que á
Augusta Princeza foram feitas em signal de alegria c re­
conhecimento. mesmo aquellas em que os maiores aboli­
cionistas. com o encanto da palavra, procuraram exaltar Monsenhor F ernando R anoel.
o gesto magnanimo de S. Alteza, nenhuma excedeu em
brilho, magestade e significação á que o clero, pela auto­
ridade suprema de Leão X III. fizera, dando-lhe a «Rosa <Jorna! do Brasil, 9 -9 -2 2 »
de Ouro».
Se. por vezes, inimigos da fé. adversarios desleaes do
nosso credo e da nossa Egreja. têm procurado lançar
o desprestigio sobre a santa religião de Jesus Christo,
negando-lhe os feitos de maior alcance para o engrande­
cimento da nossa nacionalidade, cobrindo-a de cpithctos
que de modo nenhum se podem ajustar ao seu feitio, ás
suas doutrinas e ao seu ideal, que é. sem contestação, UM SÉCULO DE ELOQUÊNCIA SACRA
o mais elevado para o individuo, a familia e os povos;
emprestando-lhe intuitos que jamais, em tempo algum, cm
circumstanda nenhuma póde ter. por incompatíveis com o
seu codigo. com a carta magna, que ella vem. por dons i Independencia começou « i todo
mil annos, defendendo á custa do sangue de seus filhos 0 fulgor do pulpito nacional.
"'ais caros e mais valorosos, basta um momento de re­ Logo ao alvorecer se nos depara . chamada «Escola
flexão. de analyse desapaixonada dos factos, do modo Brasilico-Scraphico». que deu á tribuna sacra os tres vultos
por que se tem havido entre nós. desde o descobrimento de Francisco de S. Carlos. Thereza de Jesus Sampaio e
do paiz até agora, para que se lhe não regateiem, nem Francisco de Mont’ Alvernc. Analysando-sc a obra oral desta
neguem os mais fortes direitos a este culto de respeito, trindade de gigante, não se sabe. ao certo, qual delles
veneração e reconhecimento, que felizmente, na maioria, nós foi o maior, o mais brilhante, o mais genial. Se o pri­
lhe rendemos. Até aqui não se nos depara na vida do meiro mereceu de D. João VI o elogio de orador incom­
pai/, phase alguma de certo renome, de certo valor e parável. o segundo, com a irradiação portentosa do seu
importância, em que se não veja a Egreja catholica mi­ talento, logra fazer chegar a sua fama até o estrangeiro,
litando na vanguarda dos mais estrenuos e denodados conseguindo da universidade de «Munich- o titulo raro de
campeões. Pela verdade, pela justiça, pelo bem e pelo ) benemerito. Francisco de Mont’Alverne não lhes fica
bello e que vive a Santa Egreja. Irmão de habito e irmão na eloquenda, os
seus oitenta sermões podem, com vantagem, fundar a gloria
de oitenta oradores. Cégo no apogeu da sua carreira, volta
ao pulpito para o canto do cysne da sua oratoria, no
sermão immortal de S. Pedro de Alcantara e desce sa­
O CARDIN AL ATO grado pelo imperador com a aureola de magestade. de rei
da palavra, dessa palavra, a maior de todas, que soava
no silendo dos templos, como bronze de lei.
Proclamada a Republica, embora em seus primeiroí . 1856 emudeceu a -Escola Seraphica > Ella datava
actos o Governo Provisorio visasse ferir-nos a nós do clero de 1822. precisamente. Com a morte de Mont’ Alverne. o
excluindo-nos do numero dos cidadãos, negando-nos os di campeonato (a expressão é moderna) do pulpito deslocou-se
reitos da cidadania, é um facto incontestável, tangível, ac do clero regular para as mãos. ou antes, para os lábios
alcance de todos, que extraordinario tem sido o descnvol do clero secular. E’ que chegava de Paris o grande Padre
vunento e o progresso da religião em nosso paiz. brasileiro Antonio de Macedo Costa, destinado a ser o
I or toda a parte, em todas as direcções, de norte sagrada° ^ Amazonia- e ° maior expoente da tribuna
a sul de leste a oeste, o espirito religioso se ostenta Já em Paris, no pulpito aristocrático de S. Sulpicio,
“ ° do sop ro divino: e para corresponder a este surte como estudante elle recebeu a pranchada classica, que o
de vida religiosa, que sobremodo nos enaltece, dando-no' armava cavalleiro da santa cruzada do «ministerium verbi».
com real direito um logar entre os povos mais digno;
do mundo. a S. Sé. tão sobria e prudente, que sempre age . 9ue. as finas senhoras catholicas e os literatos pari­
com muita sabedoria, não duvidou dividir e subdividir ai sienses já accudiam pressurosos a ouvir «le jeune bresilien».
circumscnpções ecclesiasticas, multiplicando as dioceses que 1 ejpóuencia de Macedo Costa era eminentemente dia­
se na Monarchia não passaram de 12. sendo 11 bispado- lectica. Elle foi o polemista do pulpito.
e um arcebispado, hoje vão para mais de ciencoenta. dis O poder da sua palavra, que era rigorosamente ver­
nacula e fortemente erudita, chegou até á «Cidade Eterna»,
V"n Va-‘* s ,prov‘ nc' as ecclesiasticas. além de muitai tmde, no Concilio de Vaticano, rutilou entre clarões e
prelazias e quasi outras tantas prefeituras apostólicas. Assiir
o exigem as circumstancias religiosas do paiz. que err ctiammas. na presença de oitocentos prelados de toda a
quasi todos os Estados conta algum santuario de grande í.hristandade.
As orações de Macedo Costa andam esparsas nas
Lre?havel d DVOC/ ° Nossa Senhora de Na­ nossas selectas e Anthologias, como exemplares de elo­
zareth. no Pará: Nossa Senhora da Apparecida. em Sàc
quência e de purismo, pois que elle sabia alliar o dizer
- v™ * * ■ J' ■ * “ certo ao dizer formoso.
Cresceu, subiu tanto de importância o nosso paiz sot
o aspecto religioso, avantajou-se tanto não só nesta oorcàc
do continente que é a America do Sul. mas em toda »
America Latina, que em 1905 Pio X. um dos maiore Vem a Republica. Privado o pulpito daquelle orna-
e mais piedosos pontifices, que tem ’ tido a Cathedra mento. que lhe emprestava a Côrte nas solemnidades da
Romana, querendo distinguir a America Latina com o car Fatria e da Religião comtudo não decahiu do seu brilho,
mnalato. a maior honra, a que pode attingir um eccle­ nem desmereceu do seu fulgor. E’ que os regimens passam,
siastico. nao teve difficuldade em dar suas preTcrencas mas a eloquência fica. E" assim que. no novo regimen,
ao clero brasileiro. E. assim, entre os seus irmãos continuaram a surgir, aqui e alli. os grandes oradores sa­
entre paizes possuidores de um clero á altura da missão grados. Seria impossível enumerar aqui toda a immensa
divina que lhe cabe em razão mesmo do sacerdoífo v?u4e gloriosa galeria. Na Capital do paiz. destacam-se dons
; rivaes do império

O O O O
Im p o rtad o res de machinas e accessorios. —
O leo s, Tintas e Vernizes - A rtigos de lo n a
e b o rrach a — Oachetas — M angueiras p ara
In cêndio — M aterial p ara Estradas de ferro .

WÊÊÊM ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■
CASTRO D’ALMEIDA & Cia. — Rio de Janeiro.
• •
IN M I-E N D E N C IA E DA EXhOSIÇM) INTERN ACIONAI.

senhor Britto e o Padre Dr. Julio Maria. Este ultimo No fim de cada mez. tinham os estudantes de apre­
fallecido ha pouco, encerrou com chavc de ouro. a cen­ sentar uma dissertação por escripto sobre um ponto esco­
turia famosa, que ora commcmoramos, da eloquenda sa- lhido entre as licções dadas.
Krada. O alvorecer do segundo seculo do Brasil-nação offe- O art. 18. da lei de 14 de Junho de 1831, criou o
rece ao historiador futuro uma brilhante misse dc expo­ concurso para provimento das cadeiras dos cursos ju ri­
entes da oratoria dos templos. dicos. concurso regulado pelo decreto de 19 de Agosto
do mesmo anno, firmado pela Regencia.
A 7 de Novembro ainda de 1831. approvou a As­
sembléa Qeral os estatutos definitivos que pouco alteravam
os do Visconde da Cachoeira, e que vigoraram até 28
Mf
m o
r .
ia de Abril nde 1854. data em que se adoptaram outros.
Os cursos jurídicos passaram a denominar-se Faculdades
de Direito; criou-se no 1» anno a cadeira de Institutos de
IJorna! do Brasil, 8—0—22) Justiniano e ordenou-se que no 5° anno se ensinasse o
direito administrativo, havendo onze cathedraticos e seis
substitutos.
Com differenças sem relevanda, o regimen das aulas
continuou o mesmo, só as prelecções. reduzidas a uma
hora. não mais se cingiram a compêndios approvados, e
attenuou-sc o rigor de certas disposições, excepto quanto
NOVENTA E CINCO ANNOS DE CURSOS JURIDICOS ao não comparecimento do estudante ás sabbatinas, o qual,
não justificado, equivalia a quatro faltas.
Os estatutos de 1854 foram completados pelo decreto
de 4 de Fevereiro dc 1855.
O decreto de 14 de Janeiro de 1871 instituiu a prova
escripta para todos os annos e o de 22 dc Outubro,
Pela lei dc I I dc Agosto dc 1827 criaram-se os cursos também de 1871, aboliu o prazo de 24 horas que mediava
juridicos c sociaes dc S. Paulo c Olinda, installados em entre a tiragem do ponto e a realização da prova oral.
Por mais de meio seculo viveram as Faculdades de
Determinou essa lei que as matérias dc ensino se di­ Direito sob o regimen que acima fica esboçado.
vidissem em nove cadeiras c cm cinco annos, dc con­ Alterou-o completamente o decreto de 19 de Abril de
formidade com o seguinte plano: no 1“ anno, uma ca­ 1899. que declarou completamente livre o ensino superior
deira única, em que professassem o direita natural, o em todo o Império, salvo a necessaria inspccção para
direito publico, a analyse da Constituição do Império, o garantir as condições de moralidade e hygiene.
direito das Oentcs e a diplomacia; no 2° anno, a con­ Permittiu o citado decreto a associação de particu­
tinuação das materias do primeiro anno, em uma ca­ lares para a fundação de cursos, onde fossem ensinadas
deira. cm outra o direito publico ecclesiastico; no 3°. duas as materias constituídas dos programmas dos cursos ofíi-
cadeiras, igualmcntc. Icccionando-se na primeira o direito ciaes. sem que o Ooverno interviesse na organização de
civil patrio, na segunda o direito criminal, inclusive a taes associações.
theoria do respectivo processo: no -Io. a continuação do Preenchidas certas clausulas, os cursos particulares po­
direito civil patrio, na primeira cadeira, c na segunda, deriam obter o titu lo de Faculdade Livre, com todos os
o direito mercantil e maritimo; finalmente, no 5°. a eco­ privilégios e garantias das Faculdades officiaes. depen­
nomia politica e a theoria do processo, havendo uma ca­ dente. porém, a concessão do placet do Poder Legislativo.
deira para cada materia. As Faculdades de Direito foram divididas em duas
Eram nove os lentes cathcdraticos e cinco os substi­ secções: a dc Sdencia Juridicas e a de Sciencias Sociaes.
tutos. a todos os quaes a lei facultava a escolha de Ficaram estabelecidas 20 cadeiras e criados 10 logares
compêndios, desde que as doutrinas ensinadas não offcn- de lentes substitutos.
dessem o systema politico jurado pela Nação. O Grau de bacharel em sciencias sociaes habilitava
O curso conferia o grau de bacharel e de doutor e para os logares de addido dc legação, de praticante e de
só aquelles que obtinham este ultimo podiam ser no­ amanuense das Secretarias de Estado e mais repartições
meados lentes, sendo que as primeiras nomeações se foram publicas: o de bacharel em sciencias juridicas para a advo­
fazendo á proporção das necessidades do ensino, sem cacia e a magistratura.
dependencia de concurso. Além dos preparatórios até então necessários para ma­
Prescreveu ainda a lei que se applicassem aos cursos trícula. exigiam-se o italiano e o allemão.
dc São Paulo e Olinda os estatutos organizados pelo Vis­ Pelo decreto de 17 de Janeiro de 1885. novas modifi­
conde da Cachoeira, em Março dc 1825. e que eram o cações se fizeram no plano dc estudos dos institutos jurí­
projecto de regulamento ao decreto inexecutado de 9 de dicos admittiu-se o exame cm qualquer epoca do anno
Janeiro de 1825. que criou um curso juridico na cidade c a differença de epoca para os trabalhos da Faculdade
do Rio de Janeiro. de Recife e da de São Paulo; aboliu-se a possibilidade de
Os estatutos do Visconde de Cachoeira, que deviam Faculdades livres; aiigmentou-sc o numero de cadeiras.
ser observados cm tudo quanto não contrariassem a lei Este decreto foi revogado pelo de 28 de Novembro
de 11 de Agosto, e até que as Congregações redigissem do mesmo anno.
estatutos completos, sujeitos á approvação da Assembléa Depois do advento da Republica, expediu o Governo
Oeral do Império, encerram sábias ponderações e excellentes Provisorio o decreto de 2 de Janeiro de 1891. contendo
conselhos, sobretudo na exposição preliminar. os estatutos denominados de Benjamin Constant, nome do
Cogitavam, não de quantidade, mas sim de qualidade ministro que os referendou.
dos bacharéis, sem -as relaxadas praticas dos que supera- Cada Faculdade começou a ter tres cursos: o de sci­
bundavam em Portugal». encias juridicas, o de sciencias sociaes e o de notariado,
Cumpria não sobrecarregar o ensino de antigualhas e composto este ultimo de quatro cadeiras, das quaes tres
subtilezas imprestáveis na vida publica, em menoscabo de destinadas i explicação succinta dos diversos ramos do
cousas essenciaes. direito patrio e a quarta á pratica forense: obrigou-se
Era obrigatória a frequência dos alumnos que. por os substitutos a fazerem cursos complementares sobre as
15 faltas sem causa, ou por 40 ainda que justificadas, materias designadas pelo director; acceitou-se a possibi­
perdiam o direito dc prestar exame no fim do anno lec­ lidade de nomeação de professores sem concurso; de tres
tivo. exame exclusivamente oral. tirado o ponto 24 em tres annos, um lente cathedratico ou substituto devia
horas antes, excepto no 5" anno, em que se dobrava o ir ao estrangeiro estudar os estabOecimentos mais notáveis;
No fim do anno lectivo, a Congregação distribuía a alumnos distinctos; facilitou-se a fundação de Faculdades
dois estudantes dc cada anno prémios consistentes em 50800(1 estaduaes ou livres particulares; admittiram-se exames extra­
para cada um dos galardoados. ordinarios. etc. . .
Recommcndavam muito os estatutos que os lentes fossem
breves e claros na sua exposição, não ostentando erudição A 7 de Fevereiro do dito anno dc 1891. modificou o
por vaidade, mas aproveitando o tempo com licções uteis. Governo Provisorio a reforma Benjamin Constant.
trabalhando quanto possível por concluir a explanação das A I de Dezembro de 1892. approvou-se o Codigo das
materias do compendio. disposições communs ás instituições de ensino superior, re-
Os lentes tinham honras de desembargadores, com or­ formando-se em pontos pouco importantes o regimen pre-
denado igual ao destes.
Um dos lentes substitutos era encarregado do officio A lei de 30 de Outubro de 1895 reorganizou o en­
de Secretario, com a gratificação mensal de 208000. sino das Faculdades de Direito, restabelecendo a divizão
Os compêndios, depois de approvados pela assembléa do curso Oeral emcinco annos, supprimindo a separação
Kcral. imprimiam-se por conta do Ooverno. cabendo aos em sciencias sociaes e juridicas, e o curso de notariado,
autores privilegio exclusivo sobre a obra. por 10 annos. prohibindo que os alumnos galgassem annos; volveu-se ao
As licções deveriam durar hora e meia. destinando-se ensiino de frequencia obrigatoria, etc.
meia hora á audição dos estudantes c o resto a expli­ Dc 1895 para cá. passaram as Faculdades de Direito
cação do compendio. por terem grandes reformas a saber: — A de I o de
Aos sabbados. seis estudantes sorteados arguiam e seis Janeiro de 1901. ifrmada pelo S. Epitacio Pessoa: deno­
defendiam a matéria explicada, indicada na vespera pelo minada — Codigo dos institutos officiaes de ensino superior

O O O O O
LIVRO D t OURO COMMEMORATJVO DO CENTENÁRIO DA

— A de 5 de Abril de 1911, subscripta pelo Sr. A MEDICINA E A HVOIENE HA CEM ANNOS


Rivadavia Corrêa, chamada «L t i Organica do Ensino Superior
e Fundamental», a qual criou o exame vestibular, a livre
docenda e o Conselho Superior do Ensino:
— A de 18 de Março de 1915. óra visente, do Sr.
Carlos Maximiliano. Recordemos, dentro do rirculo traçado pela nossa epi-
A primeira Faculdade Livre foi a de Sciencias Juri­ graphc, tres nomes immcrcddamcnte olvidados; foram, talvez,
dicas e Sociacs do Rio de Janeiro, fundada pelo Dr. Fer­ os que. primeiros, trataram da hygiene e aformoseamento
nando Mendes de Almeida, em 1882. mas que só prin- da nossa cidade, apontando medidas por fim integralmente
ripiou a funccionar em 1891. adoptadas. suggerindo idéas esperando ainda, algumas delias,
O decreto de 31 de Outubro desse anno, declarou-a completa realização: os Drs. Manuel Joaquim Marreiros.
equiparada ás officiaes, o que. na mesma data. se ler.
relativamente á Faculdade Livre de Direito, desta Capital. Bernardino Antonio Gomes. Antonio Joaq i' ti de Medeiros.
Estas duas Faculdades fundiram-se em 1920. sendo a Não tentaremos resumir os trabalhos primorosos destes
fusão approvada pelo decreto de 12 de Maio de 1920. beneméritos hygienistas. e temos certeza de que o leitor
Dahi resultou a Faculdade de Direito do Rio de Ja­ encontrará verdadeiro encanto na leitura dos tres ’pare­
neiro. incorporada á Universidade do Rio de Janeiro, pelo ceres- que vamos transcrever.
decreto que a criou, o de 7 de Setembro do mesmo Em 1798 o Senado da Camara desta cidade formulou
um programma tendo por objecto melhorar a salubridade
Desde os tempos Coloniaes apresenta o Brasil cultores e bem estar dc seus habitantes e consubstanciado nos 7
de Direito, dignos do maior apreço. seguintes quesitos:
«Io — Quaes são as molestias endemicas da cidade
do Rio dc Janeiro, e quaes as epidemicas.
2° Se uma das principaes causas das primeiras, e
do máo successo das segundas, o clima nimiamente quente
Entre os dos tempos coloniaes. destacam-se Alexandre e húmido, c quente.
dc Gusmão (1695-1753) secretario c ministro de D. João 3o — Se são causas da humidade; Io — a summa
V. diplomata, autor dc notáveis obras; o Bispo Azevedo baixeza do pavimento da cidade relativamente ao mar c
Coutinho (1742-1821) economista de grande valor: e José bahia que a cerca pelos tres lados de Lcstc-Suestc. Nor­
da Silva Lisboa (Visconde de Cayru’ ) inspirador da aber­ deste c Nor-Nordeste. de sorte que apenas se eleva ao
tura dos portos do Brasil (1808). acto que importou a nivcl das aguas das marés cheias dc 5 a I I palmos desde
independencia da nossa patria. as praias até á maior distancia delias no campo de Sant'
José da Silva Lisboa, fallecido em 1835. ainda es­ Anna, distante do mar 700 braças; 2° — a pouca expe­
creveu e trabalhou muito sob o Imperio. dição. que tem as aguas das chuvas copiosissimas, prin-
Fundados os cursos juridicos de Recife c S. Paulo, cipalmcntc de verão, c enxugadas então quasi só á força
desenvolveu-se summamente o estudo de Direito. de grande calor do sol. mas cm muitas partes sempre
Cumpre assignalar brilhante pleiade de jurisconsultos estagnadas; 3" — a pouca circulação do ar pelas ruas
que. embora nascidos em Portugal, vieram ao Brasil e ahi da cidade, c interior dos edifícios.
exerceram a sua actividade, quaes: José Clemente Pereira. 4" - Se são causas do calor; Io — o impedimento
Perdigão Malhciro. pae: Caetano Alberto. Avellar Bro- que fazem á entrada dos quotidianos ventos matutinos ou
téro. Silva Ramos. Souza Pinto. Trigo dc Loureiro. Eu- terraes. que soprão da parte do Nordeste. Norte e Noroeste,
zebio de Queiroz e Justino de Andrade. os morros que correm de S. Bento até S. Diogo. na d i­
Durante o regimen imperial, fulgiram numerosos juris­ recção de Lcst-Nordcste. e á dos vespertinos, ou virações
consultos. como Pimenta Bueno (Marquez de S. Vicente'. mais fortes que os primeiros, constantes da parte do
Candido Mendes. Lafayette Rodrigues Pereira. Visconde dc Sueste. Sul. e Sudoeste, os morros do Castello. Santo An­
Ouro Preto. Ramalho. Reboliças. Nabuco de Araujo. A. tonio. c Fernando Dias parallelos aos outros de sorte
J. Ribas. Tobias Barreto. Joaquim Felicio dos Santos. José que fica a cidade situada entre as duas cordas dos ditos
de Alencar. Soriano dc Souza. Braz Florentino. Andrade morros, e inteiramente ao abrigo dos ventos; 2*> — a
Figueira. Candido de Oliveira. Coelho Rodrigues e outros. direcção das ruas do Nordeste e Sudoeste, de sorte que
O maior de todos foi Teixeira de Freitas, a quem todas as casas são banhadas do sol inteiramente de manhã
Valez Sarifield. o insigne autor do Codigo Civil Argen­
tino. como summidades juridicas do Uruguay e do Chile, 5“ — Se são causas das mesmas doenças; 1 — as immun­
tributaram cxccpcionaes homenagens, proclamando-o um di cies. que se conservão dentro da cidade; 2 — as aguas
Sob a Republica, tem sobresahido também avultada estagnadas nos seus arrabaldes, como em Mataporcos e
quantidade dc jurisconsultos, alguns vindos do Império, Cattete. pela baixeza do mesmo terreno.
outros formados depois do novo regimen. b" Quanto deverá ser elevado o pavimento da ci­
Assim, entre os mortos Carlos de Carvalho. José dade. c os edifícios para remediar aquella humidade, c
Hygino. João Pereira Monteiro. João Barbalho. Pedro Lessa, haver sahida para as immundicies.
Oliveira Fonseca. Amaro Cavalcanti. Inglcz de Souza. Lima 7° — Quaes são as causas moraes e dieteticas das
Drummond. Bulhões Carvalho, Sylvio Roméro e F. S. ditas doenças.
Viveiros de Castro.
Entre os que actualmente lidam no fõro. imprensa judi­
ciaria. na cadeira dc professor, ou compuzeram relevantes Resposta que deu o D '. Manuel Joaquim Marreiros,
trabalhos jurídicos, cumpre lembrar, apenas como exemplo, aos quesitos precedentes
pois a lista seria muito longa: Ruy Barbosa, o mais fa­
moso; Clovis Bcvilaqua. Epitacio Pessoa. Silva Costa. La­
cerda de Almeida. Espínola, Bento de Faria. João Mendes Havendo de tratar-se sobre as doenças dc qualquer paiz;
Junior. Paulo de Lacerda. Alfredo Bernardes. Sá Vianna. é de necessidade o recorrer ao exame das causas chamadas
Rodrigo Octavio. Carvalho Mourão.Mendes Pimentel. não naturaes. e para descobrir as causas.
Edmundo Lins. Hcrmenegildo de Barros. Pires e Albu­ O Rio de Janeiro, situado quasi debaixo do Tropico
querque. Abelardo Lobo. A. O. Viveiros de Castro. Alfredo de Capricórnio, e proxime a escapar á zona torrida, occupa
Varella. Carlos Maximiliano. Araujo Castro. Annibal Freire. lugar na extremidade de uma vastissima planicie, que re­
Esmeraldino Bandeira. Aurelino Leal. Manuel Cicero. Porto presentando o fundo de uma bacia, é circulado por uma
Carreiro. Oliveira Santos. Almachio Diniz. Pontes de M i­ cadêa de serras empinadas, mananciaes de copiosissimas
randa. Carpenter. João Luiz Alves. J. X. Carvalho de aguas, as quaes, apezar dc caudalosos rios. que as conduzem
Mendonça. Solidonio Leite. João Arruda. Reynaldo Porchat. ao braço do mar. intromettido em forma de uma bahia.
Felinto Bastos. Spencer Vampré, Oaldino de Siqueira. Tito cm muitas partes estagnão. pela pouca inclinação do ter­
Fulgendo. Evaristo dc Moraes. Candido de Oliveira Filho. reno. em todo baixo a respeito do nivel do mar. evapo-
João Cabral. Alfredo Russell. Alfredo Pinto. Alfredo Vai- rando-sc lentamentc por falta do movimento do ar: este
ladão. A. Tavares de Lyra. A. Pinto da Rocha. Didimo
da Veiga e Mario Vianna. degenera da sua pureza impregnado de agua. hydrogenio.
Ha actualmente no Brasil. 11 Faculdades de Direito c inflammavcl. proveniente dos charcos e da mesma terra
com uma frequenda de 2.000 alúmnos. cm geral, que apresentando a superficie torrada, occulta a
Duas officiaes: a de superabundante
Redfe e a deS.Paulo. Uma offi- humidade a poucas polegadas de profun­
cializada. fazendo parte da Universidadedo Rio de didade.
Ja­ dispõe os corpos para as acrimonias particulares,
neiro, desta Capital. matizes dc erisipelas, empigens. sarnas, edemas chronicos,
Oito equiparadas ás officiaes. ou officialmcnte inspec- c da doença vulgarmente chamada mal dc São Lazaro.
cionadas: as do Pará. Maranhão. Ceará, Bahia. Nictheroy. de febres remittentes ordinariamente nervosas; de innume-
Minas Geraes. Paraná e Porto Alegre. raveis indisposições dc entranhas, principalmcntc bofe e
Em todas ellas leccionam professores comparáveis aos fígado: do que provem numerosas phtysicas. e os vul-
das melhores escolas do mundo. garmente denominados tubérculos que consistem essencial-
mente em uma obstrucção do figado. interessando por con-
Todas estas enfermidades eu as reputo endemicas, como
Aitonso Celso. abaixo responderei, pelas singularidades que as acompanhão.
pois em todas, mais ou menos se pode mostrar alguma
difference a respeito das discripções traçadas segundo as
(Jornal do Brasil, 7—9—22) observações feitas em outros paizes. além de apparecerem
em todos os tempos do anno, nos quaes indifferentemente

o o o o o o 390 o o o o o
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

sc encontrão as ditas remittentes nervosas, erisipelas, ca- Que se verifica quanto nelle sc propõe, devendo con-
tharros etc., ainda que tudo mais enfurecido, nos meres sidcrar-se da maior importância, que o centro, e as partes
quentes e húmidos, isto é. de Outubro até Marco. adjacentes sejam gradualmentc mais elevadas, que as extre­
A respeito do ar. nota-se aqui. que ordinariamente midades: razão porque em muitas partes deverá ser o
influem muito pouco nas enfermidades as mudanças de es­ terreno rebaixado por lhes não competir tanta altura a
tacões. porque estas se confundam, e nunca se podem respeito dc outras mais centraes. Ao quarto satisfaço, di­
dizer fixamciite estabelecidas: existe porém uma continua zendo que sim a tudo, e só accrescento que. não podendo
variação de temperatura atmosphcrica. de sorte que em evitar-se o damno, que provém de ficar a cidade abafada
poucas horas sobe. e desce o thcrmometrn, oito ou dez. pelas montanhas destas, comtudo se póde tirar algum par­
gráos. c não abaixando de sessenta no mais intenso frio: tido. fazendo que sejão cobertas de arvoredos, o qual
daqui se pode inferir quanto padecerão os corpos por tran­ mostra a experienda quanto ahi prospera.
spirações repercutidas, espasmos, suscitados por uma per­ Para se decidir o que toca ao sexto, era necessario
petua mudança de estado, e rotura do equilibrio da eco­ um escrupuloso nivelamento. Para satisfazer ao sétimo, nas
nomia animal, regulando-nos pela segunda parte do App.. 1 ponderações preliminares, apontei algumas causas diete­
da SecC- 3 de Hip. «Tempestatum anni mutationes potissimum ticas. que me parecem mais genericas. Sendo inútil a in­
morbos pariunt. ctein ipsis anni temestatibus magnae mu- dagação dos males, quando sc não applicâo os remedios
eu me adianto a propôr alguns, os quaes eu faço consistir,
hunc modum». pelo que pertence ao physico: 1. exteriormente em elevar,
Usta origem de enfermidade inevitável só se poderia e abaixar o terreno nos diversos togares, como fôr con­
emendar, ou para melhor dizer só viria a ser illudida. veniente para evitar o estagno das aguas: interiormente,
oppondo-se-lhe uma bem acertada educação physica, por cm examinar, se as casas se achâo com os seus canos
meio da qual os corpos delia zombassem. desembaraçados para a expedição das aguas das chuvas,
A esta causa universal de insalubridade se aggregâo admoestando os habitantes (vista a impossibilidade de co-
muitas mais particulares, proprias a aggravar o defeito da acçâo a este respeito) para que não lancem outras im­
atmosphera como I. a direcção de algumas ruas dispostas a puras nas suas pequenas áreas, pelo damno, que lhes re­
estorvar que transitem livremente pelas casas o terral, sultará de semelhante desatino: 2. em providendar ao des­
unicos corrcctivos do vicio do ar: 2. a mal entendida pejo da cidade, de sorte que se evite a fazer-se ao longo
construcçâo de casas com pequena frente, e grande fundo, das praias, de onde não havendo sahida pela fraca acção
própria a dim inuir os pontos de contacto do ar externo da maré, em taes sitios se exhala o mais pestifero cheiro,
com o interno: e sendo assim i. o terreno naturalmente que todos experimentão. e menos nos diversos esterqui-
húmido sobre que assentâo as ditas casas, feito de peior hnios. que a miseria e a indolência continuadamcnte fa-
condição pelas muitas aguas sujas indiscretamentc lançadas
nas chamadas áreas das casas, ás quaes não obstante serem Esta desordem é remediável por meios dispendiosos, pois
descobertas, mal chega algum raio do sol perpendicular, seria crueldade empregar a força sem facilitar o recurso.
e menos alguma particula do ar livre; 4. o dcsaceio das Já tem sido lembrado o arbitrio das barcas, que. recebendo
praças proveniente dos despejos cujos cffluvios voltâo para os despejos por pontes as mais extensas, que possível
a cidade envoltos com os ventos, e os podem fazer
fôr,pesti­
na hora da vasante. sejão conduzidas a reboque até
feros: as Egrejas loucamente recheadas de cadaveres por fóra da barra, onde por valvulas se desonerem: este meio
uma indiscrceta devoção: a valia, o cano. a cadeia, os ester- é dispendioso pois requer ao menos a construcçâo de dez
quilinios vagos, emfim. tantos depositos de emmundicies. barcas, c dc embarcações para o reboque, concertos, paga­
que ha bastante motivo a suscitar-se uma interessante questão: mento de dez negros para o serviço de cada uma com
a saber: porque da reunião de tantas e tão poderosas seus guardiães: o publico podia concorrer pagando os pro­
causas de corrupção, esta se não levanta em um gráo prietarios dos edifícios conforme as braças da sua tes­
tada : este peso se suavisaria com outra commodidade ima­
E assim seria, a meu vér. se não fosse correcta pela ginável: a saber: os negros alugados para o serviço das
saudavcl exhalaçào dos grandes meios visinhos á cidade, barcas, nas horas vagas, dirigidos pelos seus guardiães,
que são uma officina de ar vital, conforme as recentes obser­ dever-se-hiam empregar em conduzir uma tina de despejo
vações feitas sobre os vegetaes; donde se deve concluir dc cada casa indistinctamente. nos districtos certos por
a importanda da conservação e propagação de arvoredos distribuição; os pobres desta sorte por um pequeno au­
dentro e nas visinhanças das povoações taes como o Rio gmento de aluguel das casas, virião a desfructar uma
de Janeiro. commodidade que lhes custa muito mais na roda do anno:
Não é menos attendivel no exame das enfermidades os mesmos negros poderiâo fazer o despejo quotidiano da
o artigo da dieta em que se adoptão erros enormissimos: cadeia, cujo cano devia ser entulhado: da mesma sorte a
enfraquecidos os corpos, e arruinados pela influencia do respeito dos hospitaes. Não deve esquecer a reforma e
ar viciado, acabão de o ser pelos mal escolhidos alimentos, concerto da valla e cano. de sorte que deixem de ser
entre os quaes mostra a experienda, que é muito nocivo um deposito infernal de immundicies. Pelo que pertence
o uso do peixe, fadlimo a corromper-se. e das misturas ao moral, ganhar-se-hia muito em uma policia exacta em
estimulantes, com que pretendem excitar a voracidade, e conservar occupados os individuos de ambos os sexos, acau­
o appetite desvaneddo pela debilidade natural: daqui re­ telando que se não demorem dentro da cidade numerosas
sulta novo fermento para gerar acrimonias, que unidas a familias, que gemem debaixo da maior indignidade, api-
frouxidão predominante, produzem, ou doenças agudas de nhoadas em pequenas casas, onde comem mal. dormem
pessimo caracter, ou mais oidinariamente desafião a força peor. e respirão pessimamente em uma atmosphera pouco
da vida a promover a sua expulsão por meio de erisipelas, menos que sepulchral, dando-sc-lhes destino, que os obri­
e de todo o genero de etupções agudas, ou chronicas, gasse ao trabalho campestre: até as mesmas mulheres fi-
conforme a idiosyacrasia do sujeito. carião de melhor fortuna, e a cidade mais descarregada.
A falta de emprego para numerosos individuos de ambos Resposta que deu o Dr. Bernardino Antonio Gomes,
os sexos, mais principalmente feminino, também aggrava ao programma da Camara desta cidade, que vem no n.
todas as causas, estragando a constituição physica e moral. 1. pag. 58:
Depois deste pequeno numero de prévias ponderações,
passo a responder em breve ao primeiro quesito. 1." Segundo a observação de quasi dous annos, que
Que segundo a mais estreita definição de doenças ende­ conto dc residência no Rio dc Janeiro, tenho por molestias
micas. não achamos no Rio de Janeiro doença, que se endemicas desta cidade, sarna, erysipelas, empigens, boubas,
não encontre em outros paizes debaixo de differentes climas morphéa. elephantiasis, formigueiro, o bicho dos pés. edemas
e diversas temperaturas, muito principalmente nos que se das pernas, hydrocele, sarbocele. lombrigas, hernias, leu-
acham em circumstandas eguacs ás deste: mas é certo chorréa, dysmcnorrhéa. hemorroides, dispepsia, varios aflecto»
que algumas enfermidades, vulgares em outras partes, aqui convulsivos, hepatites, e differentes sortes de febres inter­
reluzem com symptomas particulares no modo da invasão, mittentes e remittentes.
duração e maneira de terminar, de sorte que estas mesmas Não se observa no Rio de Janeiro o que na Costa
quasi sc podem reputar endemicas em sentido rigoroso, d’Africa chamam carneiradas, isto é. certas molestias epi­
e consistem principalmente em febres remittentes, inchações demicas. que grassam regularmente em certos tempos do
chronicas, sendo algumas de genero particular, a que eu anno, mas as febres intermittentes e remittentes, aliás en­
daria o nome de crescimento vicioso, ou engrossamento demicas frequentemente se encontram assás epidemicas, prin-
sobrenatural de fibras: em ataques de peito, de que provém cipalmcnte na estação chuvosa, que de verão. Demais vê-se
a phtysica rapidisissimamente confirmada, concluindo-se os aqui. como em todas as partes do mundo, epidemicas es­
doentes sem que p.issem pelos estados ordinários em outros porádicas. ou extraordinarias, tal foi a das bexigas podres
paizes, ou passando-os sempre atropeladamente; em em­ do anno passado, que foi fatal a milhares de crianças.
baraços de figado promptissimo a occupar-se. e que neste Também me persuado que as revoluções, ou affecções pa­
estado, interessando com celeridade o bofe, produz fre­ ralyticas reinâo ás vezes aqui epidemicamente; no mesmo
quentemente a doença conhecida pelo povo. com o insigni­ anno passado, antes da epidemia bexigosa, houverão muitas
ficante nome de tubérculo, quasi sempre irremediável, sendo destas molestias. Do que acabo de referir, e da raridade
aquj perceptível o intimo consenso das duas entranhas, bofe com que aqui se encontrão doenças verdadeiramente inflam­
e .figado. pois que os phtysicos acabão a sua rapida car­ matorias. creio poder asseverar em geral, que as molestias,
reira sempre obstructos do figado. e os tuberculosos também tanto endemicas, como epidemicas, desta cidade, são doenças
perecem em breve espaço com grandes suffocações: e por de atonia, e que por consequência sc devem classificar
tim concluo, que as doenças endemicas se confundem com na ordem das suas causas tudo o que tende a enervar a
as epidemicas, até ás mesmas bexigas, que reinâo em todas constituição physica dos habitantes, e a produzir os miasmas,
as estações, e quasi nunca cessão. Ao segundo quesito que hoje sc reconhecem por causa das febres intermittentes
respondo .affirmando o que nelle se contém. Ao terceiro. e remittentes, e em geral das epidemicas.

o o o o o o 291 o o o o o o
l/V R O DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

2. Eu não posso deixar também de olhar como causa remota


® Segue-se daqui que o clima quente e húmido desta
cidade, deve considerar-se como uma das prindpaes causas dc algumas das doenças do Rio. o nimio uso de certos
das mencionadas moléstias; nada é mais capar de enervar alimentos do paiz. que tornão inertes as primeiras vias,
a constituição humana, e nada favorece mais a putre facção cnchcndo-as dc muita saburra muccosa. taes são as ba­
das substancias animaes e vegetaes. e em consequência a nanas. o aipim, os carás, as differentes especics dc batatas,
origem dos miasmas referidos. as farinhas de mandioca, o arroz, diversas sortes dc feijão,
3. ft. o matte e o chá. hoje tão familiares aos do Rio de
° Segue-se mais que sc devem ter por causas, ainda
que mais remotas, as que fazem a humidade do clima. Janeiro, é tão damnoso, como o deveria ser cm um paiz
Logo devemos contar entre cilas; I. e principalmentc quente e húmido uma bebida aquosa e tépida; a carne
a pouca elevação de 5 a 11 palmos do pavimento da ci­ secea e peixe secco. principal alimento dos pretos, deixará
dade sobre o nivel das aguas do mar. isto só bastava para de concorrer para as molestias cutaneas, que são triviacs
fazer o ar húmido; e. tão pouca profundidade o calor do entre ellcs? A quietação extrema, a que dão principal-
sol extrahe da agua. c faz subir á atmosphcra. uma grande mente as mulheres desta cidade, é summamente condu­
cópia de vapores, como mostrão sobejamente as Obser­ cente para as suas molestias; o exercício c depois do
vações de «Pringle nos Paizes Baixos,; 2. a planicie da alimento o principal esteio da saude. e daqui vem que,
cidade: é também visivel. que desta sorte não ha es- tudo o mais igual, os que fazem mais exercício são os
coante. ou esgoto, para as aguas da chuva e que por­ que gozão mais saude; mas nem a razão, nem o exemplo
tanto tem estas de seccar-sc maiormente pela evaporação têm sido bastantes para sc determinarem a resistir á li-
que exhala o sol; 3. a proximidade dos morros mencio­ songeira inércia, que induz o clima, que tem fortificado
nados na consulta; estes dão escoante ás aguas da chuva o habito, e que é cevada pelos commodos da vida. que
para sc irem accumular no plano da cidade; estes absorvem lhes grangeia o suor dos escravos. A prostituição, conse­
muita humidade, a qual pelo tempo adiante calando-os. vem quência indeffectivel do ocio c da riqueza adquirida sem
manifestar-se junto á base. tornando húmidas mesmo em trabalho, c fomentada pelo exemplo familiar dos escravos,
tempo secco as habitações visinhas. como manifestamente que quasi não conhecem outra lei. que os estímulos da
sc v i na rua da Ajuda, c casas proximas do Castello este natureza, a prostituição, digo. que é maior no Brasil, que
ultimo defende o accesso dos ventos, que dispersarião os na Europa, damnifica incomparavelmente mais a saude
vapores, que eleva o sol. e concorrerião muito para seccar naquelle paiz que neste.
as aguas; 4. os jogares da cidade, e suburbios apaulados Os excessos que na Europa mal merecerião este nome.
ou alagadiços: estes são um manancial perene de vapores, enervão no Rio de Janeiro de uma forma mais perem­
e. o que ainda é peior de miasmas febrigeros; 5. o calor ptória ; se a isto accrcscentar. que o mal venereo é tr i­
absoluto, ou o que mostra o thermometro no Rio de vialmente o frueto do commercio amoroso, c que no Rio
Janeiro, não é tão grande como parece, pois commumente adquire frequentemente um caracter escrophuloso ou escor-
não passa muito de 80 no thermometro Farenheit nos butico. quanto não é de esperar desta causa sobre a origem
grandes calores do verão; é todavia maior do que se c máo exito das moléstias do paiz? Não deve também
observa em outros paizes de menos latitude; este excesso ser omittido entre as causas de debilidade, e em consequência
de calor, a dcsagradavel sensação, que produz, e os seus das doenças do Rio o uso geral, e quotidiano dos banhos
perniciosos effcitos. provem da estagnação do a r; e esta tepidos; que haverá mais opposto á hygiene cm um paiz.
é produzida pelas duas séries de morros parallelos e con­ onde ha tantas causas de langor, como tenho mostrado,
tiguos á cidade, que a privão pela sua posição em grande onde a transpiração por cffeito da frouxidão dos vasos
parte do refrigerio c beneficas influencias dos ventos, que exhalantes é profusa sobremaneira, c onde o calor incita
aqui reinão quotidianamente; c eis que aqui novamente a procurar n'agua fria o seu antidoto? Eu não produzirei
os morros sendo a causa das molestias da cidade por cm prova alguns fruetos particulares observados nesta ci­
concorrerem para o calor do clima: destes, porém, o mais dade ; remetto os que hesitarem para os sadios pescadores,
nocivo é o do Castello, porque é o que obsta mais a que com o trabalho e o frio sc eximem das doenças do
viração do mar. vento o mais constante, o mais forte, e paiz; e citarei James Sims-. que exercia a medicina num
o mais saudavel: 6. além das causas topographicas men­ alagadiço, onde. as erisipelas crão epidemicas todos os
cionadas. ha outras menos notáveis, mas não menos per- annos; nota este autor que o banho frio era um dos
meios mais efficazes de precaver as reincidências desta
Taes são; I. a immundicia; esta não só é damnosa, molestia.
corrompendo immediatamente o ar. mas porque serve de
fermento para apodrecerem as substancias incorruptas. Quanto Rio de Janeiro. 2 de Janeiro de 1790.
não é de temer esta causa em um paiz quente e húmido,
sendo ella tão extensa? Quasi toda a praia desta cidade
da banda da bahia é por falta de cáes cxtremamrnte im­ Birnardino Antonio Q omes.
munda; uma semelhante immundicia é. segundo observa
•Lind*. a causa das doenças de muitos paizes quentes; as medico da armada.
ruas da Valla, e Cano são ingratas aos passageiros pelo
vapor, que exhalão, e as suas casas dão uma bem pouca
grata habitação pela cópia de importunos mosquitos, in­
dicio certo, segundo nota o mesmo «Lind». da deterioridade
do ar; consta-me que n’um anno, que se alimparão os
aqueduetos destas ruas houve após da abertura uma ter­
rível epidemia; ha muitos lugares na cidade de despejo Resposta, que ao programma da Camara deu o Dr.
publico, que são outros tantos fócos de vapores veneficos; Antonio Joaquim dc Medeiros.
taes são os princípios das ladeiras do Castello, da banda da Eu bem sei que as molestias não respeitâo a idade,
Ajuda, e da rua de S. José. junto aos arcos da Carioca, ao sexo. e ao lugar da habitação: para qualquer parte,
entre a rua da Ajuda, e a da Carioca, junto a S. Fran­ que o homem vá. ahi o hão de cercar m il enfermidades
cisco de Paula, e valla do campo da Lampadosa. ft. Não até encontrar a morte.
se deve aqui postergar a immundicia domestica originada
da escravatura; todos querem ter muitos escravos, e ás
vezes em uma bem pequena casa. onde mal cabe a fa­ Optima quaeque dies miseris mortalibus aevi prima tugir;
milia do senhor; ha famílias de escravos, que portanto subeunt morbi, tritisque senectus, et labor, et durae
vivem amontoados n’um pequeno quarto ou lo ja ; qual será rapit inclementia mortis. — Virgitio.
o ar destes pequenos aposentos respirado por muitas pessoas
por natureza, e condição immundas? 2. as aguas esta­ Porém não é o mesmo habitar uma cidade sujeita a
gnadas e lugares alagadiços; hoje todos concordão a frouxo, enfermidades endemicas e a frequentes epidemicas, por
que estes são cm todo o mundo o manancial das febres causa da sua situação graphica, e má construcçâo dos
intermittentes e remittentes. Ora, no Rio de Janeiro, apezar edifícios, que viver em uma cidade bem organisada. venti­
do muito que se tem melhorado o paiz. ainda subsistem no lada de ventos, e sem a immundicia no interior. Os habi­
interior e suburbios. muitos lugares desta natureza, taes tantes daquella. além de viverem uma idade menos avan­
são o espaço que fica entre Matacavallos. Campo da Lam­ çada. são pela maior parte valetudinarios, pelo contrario
padosa. junto ao jogo da Bolla. mangai de S. Diogo. ft. os moradores desta são mais sadios, e robustos, e mais
f t : 3. o grande numero de casas abarracadas ou terreaes; vividouros. As cidades, que nós temos no interior do pair,
nestas o ar é menos ventilado, mais húmido, e mais confirmão esta minha asserção. Em S. Paulo, em Marianna
doentio, como fazem ver as Observações de «Pringle» nos e Villa Rica. encontra-se um maior numero de velhos,
Paizes Baixos. que no Rio de Janeiro: e os filhos de serra acima são
7. ° Do que acabo de ponderar emana por consequência,mais sadios e robustos que os nacionaes desta terra.
que quanto mais elevado fosse, ou se tornasse o pavi­ Qual será pois a causa de uma tão grande differença ?
mento da cidade, c dos edifícios, sendo o mais o mesmo, Por ventura esta novidade depende das aguas, como vul­
tanto mais secco e mais saudavel seria o ar. Não seria garmente se pensa? Ou é devida a outras causas mais
bem facil este melhoramento ordenando, que todos os particulares, e susceptíveis de remediar-se com o auxilio
edifícios que se rccdificcasem. ou construíssem de novo. dc uma mão poderosa ? Este programma é justamente o
tivessem o pavimento dous ou tres palmos superior ao que faz o objecto desta memoria. Para não confundir
da cidade, e que sc demolisse parte de um c de outro as idéas. e proceder com ordem e clareza, eu hirei res­
pondendo positivamente aos pontos da proposta da Camara,
8. ® Fóra as causas ponderadas, que modificando o ar marcando com numeros á margem para maior brevidade.
oooperão para as doenças do Rio. creio divisar também 1. As molestias que mais vulgarmente costum ão acon­
algumas na mesmma dieta, c oostumes de seus habitantes. tecer aos habitantes do Rio de Janeiro, e que por isso se

O O O O O O 292 O O O O O O
MACEDO SERRA & Cia. — Rio de Janeiro.
IN D t PEN DE NCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

chamão endemicas. são. as erisipelas. ; doenças da pelle. 4. Pelas experiences physicas sabemos, que. quando
as obstriicções do fígado. cm que. qu •. _ _ r ... interessa
sempre,
o pulmão, conhecidas no paiz debaixo do nome <ie tuber- não ha circulação e expedição no ar. de maneira, que este
culosc: e finalmente as affecções hemorrhoidacs. não se renove por meio do ingresso de outro ar mais
pelas, a ninguem, nem mesmo aos recemnascidos. como puro. e menos philogisticado. ha de haver calor. Logo e
eu tenho observado. _ potipâo. Rarissimas são as pessoas embaraço, que fazem á entrada dos quotidianos ventos
marítimos ou terraes. que soprão da parte do Nordeste.
desta cidade, que nào soffrão insultos erisipellatosos; e Norto. e Noroeste, os seis morros, que correm de S. Bento
por isso os naturaes do paiz ja não reputão enfermidades até S. Diogo, iia direcção de Lest-Nordeste, e a dos ves­
a erisipella. Curão-se com os seus remedios domesticos pertinos. ou virações, mais fortes que os primeiros, con­
sem o auxilio da arte; tão vulgar se tem feito esta doença! stantes da parte do Sueste. Sul. e Sudoeste, os morros
Mas a falta de methodo curativo, e a pouca regularidade do Castello. Santo Antonio, e Fernando Dias parallelos
e dieta, que os enfermos tem nos seus insultos, derâo aos ^primeiros, de sorte, que fica a cidade sepultada entre
origem a outra moléstia, que ainda se faz mais sensível
aos que habitâo este recinto da cidade; fallo das inchações recçâo das ruas, que além de serem muito estreitas e
das pernas e dos testiculos. E’no Rio de Janeiro,compridas,
que eu o sol penetra os edifícios de manhã, e á tarde,
não sem grande magoa dos meus compatriotas, vim observar fazem a cidade pouco arejada dos ventos, abafadiça, en­
até que ponto se pódc distender o tecido cellular pela demica. epidemica, e incapaz de se poder viver nella. Está
frouxidão das partes. em problema, qual das cidades é mais doentia, se o Rio
Vê-se logo que a erisipella no paiz é por todos os de Janeiro, ou Angola. Muitos, que viverão nesta sempre
titulos temível, tanto porque freqüentes vezes termina pela sadios, vierão acabar os seus dias miseravelmente no Rio
gangrena, e morte, como eu muitos vezes rapidamente tenho de Janeiro, cheios de mil enfermidades chronicas. A estas
observado, como porque, quasi sempre deixa deformidades urgentissimas causas ainda accresce: 1. a immundicia, que
nas partes affcctadas. As molestias de pelle hoje são tio se encontra no interior da cidade: 2, as aguas estagnadas,
vulgares no paiz que. com razão podemos affirmar. que que apodrecendo pelo grande calor exhalão os mais pes­
são endemicas. As sarnas, as empigens. o escorbuto, e tiferos vapores. Sómente os effluvios. que dimanão das
mosmo as elephantiasis, raras vezes se deixão de encontrar aguas enxarcadas. que perennemente existem dentro da
nas casas de familias do Rio de Janeiro; principalmente cidade, os vapores, que lanção as immundicias amontoadas
as mulheres são mais sujeitas a affectar-se de enfermidades nos largos e praças, e o grande fedor, que vem de
cutaneas c do escorbuto. uma grande valia, que se abrio para dar escoante ás aguas,
Os tubérculos do paiz roubão muita gente do Rio de mas que serve para despejo dos moradores circumvisinhos.
Janeiro. Póde asseverar-se que a terça parte do povo pe­ bastariào para fazer o Rio de Janeiro endemico, quanto
rece de tuberculose. Lu tenho observado na minha pratica, mais concorrendo outra causa mais poderosa, que as pri­
que quando entrão a reluzir symptomas de liquido extra­ meiras. O ar húmido e quente, que combinando-se com
vasado na cavidade do peito, os enfermos morrem, apezar effluvios das immundicias fica mais alterado, mais cor­
em pratica os mais heroicos medicamentos, rupto. mais degenerado, e mais capaz de produzir enfer­
que os celebresi práticos apontâo nos seus Annaes de Me- midades.
Os frades procurâo sitios mais elevados para fundar
As affecções hemorrhoidaes fazem um grande estrago os seus conventos. Os Jesuítas no morro mais arejado,
entre os habitantes do Rio de Janeiro. Os extraordinarios e mais prejudicial á cidade, denominado morro do Castello,
symptomas. que eu encontrava nos práticos, quando estava ahi fizerão a sua habitação. Os frades de Santo Antonio
na universidade, sempre me parecerão fabulosos, emquanto situarão-se em outro monte, que é menos nocivo, que o
mais de perto nào os vim observar. primeiro. Os monges Benedictinos fundarão o seu mos­
Não sei. que influencia tem o ar. ou os alimentos teiro sobre outro morro parallelo ao do Castello, que
sobre os vasos hemorrhoidaes. que ainda os meninos expe- não é tão prejudicial á cidade, como os dous primeiros.
rimentão o mal. que as hcmorrhoidas causão na economia Os Carmelitas, não sei porque destino, ficarão em um
lugar plano e mais ao abrigo das virações. Entretanto,
2. Ao certo nào se podem determinar as molestias, não se esquecerão do sitio mais bello, que tem a cidade
que nas diversas estações do anno, c nos differentes annos para construírem o seuconvento. Ficão em um grande
reinão no paiz. Os grandes práticos do norte ficarião largo junto ao palacio. Por isso naquella sociedade de
confundidos, se viessem ao Rio de Janeiro. Não sómente homens não se observão tantas enfermidades chronicas, e
encontrarião invertidas as estações, e os morbos estacio­ vivem uma idade mais dilatada.
nários. como acharião enfermidades extravagantes. Se eu 5. As causas moraes e dieteticas influem assás para
não me visse obrigado a limitar o meu discurso ás per­ as molestias do paiz. Os antigos affirm ão. que as phtysicas.
guntas. que o Senado pede. era boa occasiâo para eu hoje tão freqüentes no Rio de Janeiro, rarissimas vezes
traçar uma larga memoria sobre as diversas enfermidades se observavão. assim como as doenças de pelle. Ora. se
methodo curativo, que durante o meu exercido Nós cavarmos mais ao fundo a origem destas enfermidades,
medico tenho observac nesta capitania. Este trabalho ficará.
enho observado acharemos, que quasi todas são complicadas com o vicio
. ando eu tiver mais pratica e mais commodidade. venereo. A opulência desta respeitável cidade fez intro­
Agora, não devendo aberrar do meu objecto, direi só­ duzir o luxo. e o luxo a depravação dos costumes, de
mente. que no outomno, e verão, reinão as febres biliosas, maneira, que dentro da cidade, não faltão casas publicas,
^."ysenterias. e as bexigas. No inverno e primavera as onde a mocidade vai estragar a sua saude. e corromper
os costumes de uma boa educação, contrahindo novas en­
defluxõcs as febres catharraes. as hemoptizes. os rheuma­ fermidades. c ' dando causa para outras tantas.
tismos. e os estupores. Nas crianças appareceu o anno Accresce a vida sedentaria e debochada dos habitantes
passado a cacoluxe. ou tosse convulsiva, pela primeira do paiz; as mulheres vivem encarceradas dentro em casa.
vez. desconhecida até agora no Brasil. e não fazem o minimo exercício. Os homens, ainda os
3. A principal causa das molestias endemicas, e dos europeus, ficão preguiçosos, assim que se estabelecem nesta
maos successos das epidemicas, sem duvida provem da in­ terra. Bem se vê logo. que o vicio celtico. os continuados
fluencia do clima sobre os nossos corpos. «Hyppocrates», deboches de comidas e bebidas, a que são muito entregues
nos seus aphorismos, secção 3a. já conheceu isso mesmo, os habitantes do paiz. e a vida frouxa sem algum exercido,
quando nosi: patentea as diversas e gravissimas enfermidades juntamente com as outras causas acima ponderadas, por
que nascem das differentes combinações da atmosphera. O certo hão de causar tantas enfermidades chronicas, que
Rio de Janeiro, uma das mais bellas cidades da America
I Ortugnera. « ainda de Portugal, tanto pela sua população, 6. Sobre os meios de obstar a estas causas. Uma
como pelo extraordinario commercio e riqueza, que maneja, das molestias endemicas, que quando reina no paiz, rouba
se faz inhabitavel pelo pestifero ar, que respira o mi­ ao Estado milhares de habitantes, é sem duvida a das
serável povo. húmido, e quente. Ainda em os mezes de bexigas. Quasi sempre se communica pelo contagio dos
inverno, nunca o ar é frio e secco. antes sempre húmido. escravos recem-trazidos da Africa. O anno passado foi o
Us antigos lembrarão-se de dizer que as molestias endemicas virus varioloso tão pestifero, que. apezar das mais sabias
do Rio de Janeiro erâo devidas á agua. que se bebe. vigilandas dos grandes medicos, que temos nesta terra,
o que é falso, pelas posteriores experiendas, que no tempo e manejando o seu tratamento, segundo prescrevem os
do vice-rei Vasconcellos. se fizerão debaixo da direcção maiores práticos nas epidemias de bexigas, morrerão, fa­
dos mais hábeis philosophos e medicos. zendo o calculo muito favoravel. dous terços dos enfermos
Quaes serão pois as causas da humidade e da de- variolosos. E quanto não perdeu o Estado, não sómente
P.ravaçã° do ar? São muitas, e as principaes vêm annun- com a diminuição da população, como da agricultura ?
çiadas neste mesmo programma, ao qual eu me refiro; £ para lamentar a fadiga de um pobre lavrador, que á
!• a summa baixeza do pavimento da cidade relativamente custa de seu suor ajunta uma avultada somma de dinheiro,
a superficie do mar. que a cerca pelos tres lados de com que compra um escravo para o ajudar, e passados
Lest-Sueste. Nordeste, e Nor-Nordeste: 2. a pouca expe­ dias o vê expirar de bexigas, por dólo e malícia do ven­
dição. que têm as aguas da chuva extraordinarias no estio. dedor, que o enganou, dizendo, quando o ajustou, que
> sol. r já a tivera em pequeno na sua terra. Um hospital de
cipalmente inoculação estabelecido com o mesmo regulamento, que o
desde i de Lisboa, que. além das pessoas inoculadas, fossem também
Santa !... os escravos obrigados com pena de serem confiscados, para
edifícios da cidade muito itas relativamentc ao a fazenda real os que dolosamente fossem vendidos antes
grande comprim para o campo, onde da inoculação, seria o meio mais seguro de se poupar ao
ttendiveis causas da humidade e Estado tantos milhares de habitantes que morrem de bexigas.
depravação * d° Quanto ás molestias endemicas, sómente a mão poderosa da

o o o o o o 293 o o o o o o
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO i ) A

nossa augusta soberana, poderia de uma vez arrancar as biente viciado pela moeda fiduciaria, que começou sob o
principal’s causas das enfermidades endemicas do Rio de systema da unidade de emissão bancaria, passando, depois,
Janeiro. O calor, e humidade da atmosphera; 1. orde­ numa sequencia de rapidas mutações, ao da emissão do
nando. que se arrazasse o morro do Castello, e o de Thcsouro e da pluralidade da emissão bancaria, nova-
Santo Antonio, ficando por muita equidade somente intacto mente ao da unidade c ainda ao da pluralidade, até que
o lugar do convento. Por este meio se entulhariâo os foi cassado o direito de em ittir a todos os bancos, sendo
charcos, e lugarees baixos, que ficão da rua da Valia, restabelecida a circulação exclusiva do papel do Thesouro.
para o Campo de S. Domingos, e o ar circularia mais E apezar dessas varias experientias feitas durante o
facilmente pelo interior da cidade, n io havendo mais aquclles regimen monarchic©, o governo republicano não conseguiu
dous obstáculos, dando aos habitantes mais bella viração, ainda, nem mesmo firmar orientação para banir inteira-
para equilibrar o excessivo calôr. que faz nos mezes de mente a origem dos maiores tropeços á estabilidade do
estio. Bem vejo. que se lançava por terra o hospital militar, nosso equilíbrio financeiro, tendo mesmo revigorado o prin­
e alguns outros editicios insignificantes: porém S. Magcs- cipio da pluralidade d r emissão bancaria que foi substituído
tade podia supprir esta falta, servindo-sc para occommodar pelo da unidade até 1896. desde que foi adoptado o systema
a sua tropa de um soberbo hospital, que a vaidade dos actual da emissão exclusiva do Thesouro.
Irmãos confrades de Santo Antonio fez levantar para estar O proprio padrão monetario ha sido modificado, pois
vasio e sem doentes. Talvez a nossa imperante ficasse tendo sido estabelecido na base de 67/12. baixou a 43 1/2
mais bem servida por ficar este hospital mais ao abrigo c mais tarde, a 27 dinheiros por mil réis.
dos ventos, c mais perto da agua e do açougue; 2. man­ Principiou, pois. a vida financeira nacional cm plena
dando. que se intime ao povo. por parte do Senado que confusão do meio circulante e sensivelmente desequilibrada,
ninguem para o futuro construa casas, sem que o enge­ devido aos damnosos expedientes utilizados ante aperturas
nheiro. que a Camara tiver convidado, tenha examinado que recrudesciam nos ultimos tempos coloniaes. Demais éramos,
o risco, e regulado a altura do pavimento: 3. que se então, compellidos a dispêndios extraordinarios exigidos
consinta haver no interior da cidade mais praças espa­ pela necessidade da organização immediata de novos ser­
çosas. para que o ar mais facilmente se torne dephlogis- viços administrativos e pela segurança da paz interna e
ticado. e ventile pelas ruas; e que estas i proporção da integridade do paiz. Dois empréstimos na importantia
sejào mais largas. nominal de L. 3.486.800, foram logo realizados na
E preciso que da parte dos almotaceis haja uma grande Europa cm 1824. e o producto dessas operações foi quasi
vigilanda, para que dentro da cidade não consintâo immun- integralmente absorvido pelos serviços externos, havendo fi­
dicias. principalmente nas praças publicas, c nos lugares, cado ainda o Thesouro brasileiro obrigado pelo prêmio e
que ainda se achão devolutos, sem casas, onde os mora­ amortização relativos á convenção secreta do tratado por-
dores visinhos fazem a diaria limpeza: 5. é da primeira tuguez de 1823.
necessidade, que se dêm as ultimass providendas, para se Em 1827. ao ser votado pela Asscmbléa Geral Legis­
seccar. não somente as aguas da chuva, que se achão lativa o primeiro orçamento do Império, a nossa divida
reprezadas dentro da cidade, e sem expedição para o interna e externa subia ao total de 49.356:426*000. A
mar. como as aguas estagnadas pelas grandes marés nos receita do anno seguinte foi. então, estimada em 6.880:0008.
arrabaldes da cidade. Porquanto, não sómente resultaria tende sido a despe/a fixada em 9.525:000«. a saber
ao povo a destruição de uma causa constante e poderosa das
enfermidades do paiz. como diz o grande Cullen, a respeito
dos lugares pantanosos, fermento de febres podres e inter­ Casa Im p e ria l................................. 1.031 0008000
mittentes: senão que aproveitaria mais esse terreno in­ Ministerio do Imperio ................... 570:000*000
culto c sem valia, quer para as casas, quer para a la­ Ministerio da Marinha ................... 2.061 000*000
voura : o povo vai crescendo consideravelmente, e entre­ Ministerio da Guerra ................... 2.358.000*000
tanto não tem a cidade lugar para onde se estenda, que Ministerio da Justiça ...................... 107 000*000
não seja pantanoso. Um particular não pode com as des- Ministerio dos Negocios Estrangeiros 110 000*000
pezas de uma propriedade de casas levantadas nestes sitios Ministerio da Fazenda ................... 3.288 000*000
pelo grande aterro, que precisa fazer, o que não acon­
teceria. se o publico, cujas iorcas são demasiadamente supe­
riores ás dos particulares, tivesse de antemão feito enxugar, Não ha informações estatísticas officiaes sobre o nosso
c aterrar todos estes lugares; 6. é da primeira impor­ commercio internacional daquelle tempo, mas segundo os
tanda. que o Senado desta cidade tenha o maior cuidado dados colhidos pelo operoso e competente director da Esta­
sobre o gado que mata. É impossível, que multiplicados tística Commercial, sr. Léo da Affonscca Junior, em 1827
animacs presos dentro de um pequeno curral, expostos a exportação brasileira sommoii 24.919 e a importação
ao grande calor do sol. privados inteiramente de comer 31.840 contos.
e beber por espaço de sete dias. que no fim deste tempo De tal modo continuou aggravando-sc a situação fi­
não estejão quasi damnados. Por isso os habitantes fogem nanceira. pelas razões enunciadas, que em 1829 o Poder
á carne, que não póde deixar de ser nodva á saude. pelas Legislativo era convocado extraordinariamente para resolver
razões acima expendidas: procurão remediar este mal, ali­ providencias urgentes no sentido de serem debelladas as
mentando-se do peixe, que ainda é mais prejudicial, não prementes difficuklades que se verificavam e deliberou at-
sómente pelo excessivo uso. que fazem delle. como porque, tribuir ao Thesouro a responsabilidade do papel bancario
cm geral, a comida do peixe predispõe aos que usão delle. em circulação.
para serem atacados de enfermidades cutaneas e do escor­ Cresciam, porém, ainda as exigências de maiores re­
buto. segundo a opinião dos melhores práticos. Um pasto cursos. em vista da serie de perturbações que irromperam,
destinado para o gado que se houvesse de matar aquelle em 1831. nesta cidade, e seguidamente em varios outros
mez. donde viessem diariamente para o curral do açougue pontos do Imperio, notadamente no Pará. Maranhão. Per­
as cabecas. que servissem para o consumo do povo, era nambuco. Alagoas e Rio Cirande do Sul. onde só em 1845
a melhor providencia, que a Camara podia dar. para haver poude ser a ordem publica restabelecida, surgindo depois,
boa vacca no Rio de Janeiro, e talvez para livrar aos em 1848, na provincia de Pernambuco, com grave reper­
habitantes de algumas febres, que se gerâo da carne infec- cussão na de Parahyba. a rebellião praieira».
cionada. que se compra nos açougues publicos da cidade. Chegaram, por isto. a tornar-se angustiosas as condições
A rmpreza parecerá ardua e difficultosa. porém, nada é financeiras do paiz. pois a escassez de recursos era cada
impossível aos homens, principalmente, quando são con­
duzidos por conselho sabio e prudente. vez mais intensa, não sendo possível comprimir a des­
pesa. que ao contrario, era o governo forçado a manter
Rio de Janeiro. 3 de Dezembro de 1708. em progressivo augmento para defender a ordem consti­
tucional ; nem seriam praticáveis as medidas imprescindíveis
ao fortalecimento da renda pelo temor de que servissem
de pretexto a explorações contra os poderes publicos, quando
Dr. Ma
rioS. Fe
rre
ir.
a a opinião popular se achava violentamente excitada pelos
movimentos politicos que se succediam.
Dahi a rapida elevação do passivo nacional, que em
<•Jornal do Brasil* 10—9—22) 1850 subira a 112.273:133*.
Succedeu. entretanto, á victoria da legalidade nas di­
versas rebelliões oceorridas. um periodo de cerca de tres
lustros de trabalho e prosperidade, durante o qual apenas
entorpeceram o nosso continuo florescimento economico ó*
prejuisos advindos ao movimento mercantil da grande crise
internacional de 1857.
UM SÉCULO DE FINANÇAS F.m 1864 graves revezes tivemos de defrontar. A fal­
lentia de importantes casas bancarias desta praça abalou
profundamente a nossa vida commercial, e sobreveiu também
a guerra com o Paraguay, que terminou em 1870 pelo
Quando se tornou independente, o Brasil estava one­ triumpho completo de nossas armas.
rado com a divida passiva de 9.870:918*. e as rendas Seiscentos m il contos foi a somma dispendida com
publicas eram. então, insufficientes até mesmo para os a longa campanha, que tanto deprimiu a economia e fi­
gastos officiaes ordinários. Além disto, cm virtude dos em­ nanças do Imperio.
baraços pecuniarios da mctropolc. nascera defeituosa a nossa A divida interna c externa subiu a 347.384 889*000.
politica monctaria e não pudera ser logo radicalmente cu­ Data do fim daquelle glorioso feito m ilitar o inicio
rada. tendo, assim, florescido o meio circulante num am­ de nova phase de progresso. Melhoramentos materiaes im-

OO O OO O 294 O O O O O
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

portantes começaram a ser executados com excellentes re­ Os maiores embaraços financeiros foram vencidos, com
sultados para o desenvolvimento das forças productivas do os accordos dos «fundings loans» celebrados em 1898 e
pair e os «déficits» orçamentários, apesar de haver assim e 1914: merecendo serem destacados dentre os actos de
augmentado a despesa, que algumas veres foi sensivelmente maior alcance financeiro, o que determinou a cobrança de
aggravada por circumstandas extraordinarias, conforme se parte dos direitos aduaneiros em ouro. afim de não ser
viu em 1877. em virtude de pavorosa secca em varias pro­ o governo forçado a concorrer como tomador de cambiaes
vincias do Norte; os .déficits» orçamentários, diria, des­ para o custeio da despesa externa: o da encampação das
ceram. e no exercicio de 1888 chegámos a registrar o estradas dc ferro que gosavam da garantia de juros c
saldo de 3.429:640*000. das operações de credito externas.
E deve ser assignalado. que nesse periodo se operou A regularisaçâo da contabilidade é também um tran­
a importantíssima transformação da nossa organização eco­ scendente problema que teve definitiva solução, havendo
nômica. motivada pela extincçâo da escravatura, que se sido votado o anno passado o Codigo de Contabilidade da
fer entre applausos e festas populares. Republica, que entrará este anno em pleno vigor.
Começava a ser executado o vasto programma eco­ Temos. pois. trabalhado e progredido.
nomic» e financeiro do saudoso visconde de Ouro Preto, Não se justificam as apprehensôcs de alguns espíritos
presidente do ultimo gabinete imperial, quando foi pro­ que vislumbram ruinas nas crises transitorias que constituem
clamada a Republica. incidentes da historia _financeira de todos os povos. Desde
Conforme a exposição do senador Ruy Barbosa, então o periodo imperial vêm sendo ellas. ás vezes, exageradas,
ministro da Fazenda, dc 28 de dezembro de 1889. a divida até mesmo por homens de altas responsabilidades, sem
publica total era naquella época dc 885.228:662*000. A que entretanto a expansão da riqueza do Brasil jamais
receita annual estava estimada em 147.200:000*. c a des- deixasse dc se operar com maior ou menor intensidade,
peza fixada cm réis 153.148:4440*. a saber: havendo alcançado notável Idiesenvolvimento e esta phase
de alentadoras esperanças em que nos achamos.
Si temos compromissos a solver, si temos carecido
Ministerio do Im p e rio .................... 9.228:321*000 utilisar o credito nacional, cuja firmeza é, aliás, um at-
Idem da Marinha .......................... 11.313 618*000 trstado eloquente da nobreza dos nossos desígnios, ahi
Idem da Guerra ............................. 15.031 706*000 estão, patenteando a intelligencia c honestidade com que
Idem da Justiça ............................ 7.680 612*000 ha sido applicado o dinheiro publico, milhares de kilo­
Idem dos Negocios Estrangeiros. 771:706*000 metros de estradas dc ferro e linhas telegraphicas. os
Idem da Agricultura. Commercio e melhoramentos dc outros meios dc communicações terrestres
Obras Publicas ...................... 46.873:576*000 e maritimas, varios portos importantes construídos, a ci­
Idem da Fazenda .......................... 62 248 900*000 dade do Rio de Janeiro transformada numa das mais bellas
do mundo, a Marinha e Exercito nacionaes engrandecidos,
e. finalmente a nossa considerável capitalisação material
O commercio internacional daquelle anno fôra de. . . . c intellectual, que excede fartamente ao total dos encargos
259.095 contos, o de exportação, e de 217.800 o de im­ financeiros a serem remidos.
portação.
Examinemos a situação economica e financeira do Brasil, João L yra.
A 31 de dezembro do anno passado, a divida publica
federal sommava réis. 4.605.705:486*. sendo:
(Rio Jornal, 8—9—22)
Externa . ................. 1.118.865 237*000
Interna, inclusive réis .............
2.070.924:848*. de papel-
moeda em circ u la ç ã o .... 3-486.840 248*000
CEM ANNOS NA ECONOMIA DO BRASIL
A receita para este exercicio. isto é. para o anno
do primeiro centenario da nossa emancipação politica, está
orçada em 92.276 320*. ouro. c 727.673:000*. papel, isto
é. no total papel de 1.039.105 580*. feita a conversão da
parte em ouro. ao cambio de 8 d. ; e a despeza é fixada Qual a nossa situação como produetores e exportadores,
cm 85.931 211*. ouro. e 831.193 762*. papel, assim dis­ quando Pedro I rompeu as cadeias que nos prendiam
tribuída: e subordinavam ao governo de Lisboa ?
Não era. sabidamente, muito brilhante. E nisso não
ha nada de extraordinario.
Em uma época como a que precedeu de poucos annos
a declaração da nossa independencia. não podia a nossa
Ministerio do Interior 3.101 020í U00 94.809 04280011 incipiente civilização rural cuidar seriamente, fecundamente,
Ministerio da Marinha 4.100 000*000 84.073 707*000 do trabalho dos seus campos e das suas fazendas. Como.
Ministerio da Guerra 1.708 000*000 128.175 730*000 em regra, o nosso pequeno chefe politico é sempre o fa­
Ministerio do Exterior 5.363:053*000 2.496 220*000 zendeiro. o senhor de engenho, o plantador de café e
Ministerio da Agricultura 382:680*000 49.173 704*000 dc algodão, naquella época o productor nacional achava-se
Ministerio da Viação 10.473 742*000 275.069 997*000 inteiramente occupado com a conspiração e com os tra­
Ministerio da Fazenda 60.702 714*000 197.395 360*000 balhos preparatórios da emancipação nacional. No norte,
apesar do malogro da revolução pernambucana, continuava,
vibrante e intensa, a agitação em torno do grande idéal.
O commercio internacional, em 1921. elevou-se a . . . . No sul. no Rio e em S. Paulo, os patriotas não repou­
1.709.722 contos o de exportação, e a 1.689.839 o dc savam. intensificando a sua actividade depois da revo­
importação. lução liberal portugueza de que resultou, no Brasil, a
Dos numeros citados evidencia-se que, se ascenderam organização das juntas governativas de 1821. Não era
notavelmente a despeza c a divida publicas, cresceram em possível que os chefes nacionaes. cm um tal período, cheio
proporções superiores as rendas e as forças econômicas dc tantos trabalhos, dc tantos perigos, conciliassem c har­
do paiz. A receita orçamentaria de 1827. segundo está monizassem a actividade civica com a actividade economica.
demonstrado, correspondia apenas a 14. e cm 1889 a 16.5. Ora. todo o reinado dc D. Pedro I não passou dc uma
equivalendo actualmcnte a 22 °,o do passivo da União, agitação quasi generalizada. A resistência da Bahia, do
sem que. entretanto, esteja, hoje relativamente mais one­ Maranhão c outras provincias, as luctas com o Prata, triste
rado o gyro mercantil, pois a receita publica representava legado do ambicioso imperialismo dc Carlota Joaquina.
em 1889. 30 ®/o. e agora representa apenas 28 °/o do valor absorveram quasi completamente a attenção do primeiro
global do commercio internacional. imperador, cuja inconstância, no dizer de Martim Francisco,
Si é certo que não existem apenas os impostos federaes. foi uma das causas da esterilidade do seu governo.
sendo aos Estados e municípios facultada a creação de Os dias da regenda não foram nem podiam ser mais
encargos pecuniários aos contribuintes, acontece também que felizes, do ponto de vista da economia nacional. O padre
não está computado no gyro mercantil o valor do nosso Feijó. que foi a grande, a immortal figura desse periodo
commercio dc cabotagem, cuja proporção tornaria inques­ tremendo da nossa historia, niciou o seu governo, que
tionavelmente ainda mais favoravel a conclusão que pre­ realmente começou em 1831, defendendo a sua autoridade
tendemos attingir. c não teve tempo, emquanto serviu como ministro e como
Em summa: durante a Republica, embora versem os regente, senão para consolidar a obra de sete de setembro
dados referidos exclusivamente sobre a economia e finanças e a unidade nadonal. gravemente ameaçada pela revolução
tederaes. cujo campo de acção, no terreno economico. foi republicana e separatista do Rio Grande do Sul. que durou
restringido em virtude da autonomia dos Estados: e apesar dez annos.
das yacillaçòes próprias aos que ainda se vem fazendo Foi exactamente no começo desse infeliz movimento
estadistas e das perturbações politicas havidas, principal­ que o grande regente assignou o decreto n. 101. de 31
mente a revolta da Armada, o movimento revolucionário dc outubro de 1835, autorizando o governo a «conceder
do RU, Grande do Sul em 1893 e os acontecimentos de a uma ou mais companhias, que fizerem uma estrada de
Canudos em 1897. temos alcançado animadora evolução. ferro da capital do Rio de Janeiro para as de Minas Geraes.

o O o o o 295 o O O O O
LIVRO D t OURO COM MEMORAT IVO DO CENTENARIO DA

Rio Grande do Sul e Bahia, carta de privilegio exclusivo Vejamos, agora, a situação, cm 1913. no ultimo anno
por espaço de 40 annos, para o uso de carros para o da par e da normalidade do mundo; algodão exportado
transporte de generos e passageiros». Ninguem ignora que 37.423.b l 6 kilos: café 796.046.840 kilos; borracha
esse decreto nâo produziu o menor resultado, nâo se or­ 36.231.550; assucar 5.367.137; cacáo 29.758.595; coúrós
ganizando nenhuma companhia para explorar a concessio. 35.074.875; fumo 29.387.835: e matte 65.414.526.
Estranhavel ? Revela isso falta de confiança nos recursos Em 1921. que foi um anno de crise para a nossa
naturaes da região mais rica do Brasil? Nâo! Revela apenas exportação, as nossas vendas para o exterior cifram-sc no
que o capital sempre foi muito intelligcntc e cauteloso, c seguinte; algodão 19.607 toneladas; assucar 172.084 tone­
só assenta o seu largo pé em terreno solido e seguro. ladas: borracha 12.439; cacão 42.883; café 12.369000
Ora. a revolução riograndensc foi um movimento tão saccas: couros 42.443: fumo 32.920 c matte 71.899.
sério que poz o governo central em cheque durante dez Além desses, ha os productos revelados pela giierra
annos, podendo muito bem trazer como consequência a ou cuja exportação começou a ser feita ha poucos annos,
desaggrcgacào do paiz. como aconteceu com outras revo­ como. entre outros, o manganez. de que mandámos para’
luções occorridas annos antes na propria America do Sul. o estrangeiro 275.649 toneladas, o arroz com o peso de
Demonstrada a quasi impossibilidade do geverno manter ^6.605 toneladas (menos de metade da exportação do anno
a ordem no paiz. que. de resto ainda era pouco conhecido,
nâo houve na Europa quem quizesse empenhar o seu dinheiro Os algarismos re la tiv e .__ _____ agricolas de 1890-91
na organização de emprezas que aqui viessem aproveitar 894-95 são simples avaliações, porque - desorganização
os favores da concessão Feijó para a construcçâo de uma desse período nâo- ,permittia
----------- a elaboração
estrada de ferro que. além do mais. deveria ter o seu de estatísticas, da Directoria de Industria c Com-
ponto terminal exactamentc na provinda conflagrada pelos de 1918. 9* serie.
dezembro).
Dezenove annos tiveram, assim, que decorrer para que.
suffocados todos os movimentos revoludonarios. pacificada
inteiramente a Nação, se construissc o primeiro caminho
de ferro brasileiro, partindo do Rio de Janeiro e indo ter­ Na resenha que acabo de fazer, nâo figura o trigo
minar cm M aui, com a extensão de 14 kilometros c meio. entre os productos de exportação do Brasil.
O corajoso exemplo de Irineu Evangelista de Souza, Entretanto, a acreditar em escriptores do valor de
depois visconde de Mauá. levando a effeito essa construcçâo. Assis Brasil. Gomes Carmo c outros, nós já fomos grandes
frutificou animadoramente, surgindo logo depois caminhos produetores dese riquíssimo cereal, que chegava para o
de ferro em Pernambuco. Bahia. S. Paulo e outras pro- nosso consumo, para parte do consumo da metropolc c
parr. uma pequena exportação, que se fazia para o Uruguay
Mas a construcçâo da Estrada de Ferro Central do e para a Republica Argentina.
Brasil, cujo primeiro trecho foi inaugurado a 29 de março Para a Republica Argentina, que é hoje a nossa grande
de 1858. é que marca verdadeiramente o inicio da nossa fornecedora de trigo em grão e em farinha! . . .
grandeza cconomica. cuja marcha, infelizmente, nâo se vai
operando com a rapidez que era de esperar dos immensos
recursos naturaes do paiz.

Álvaro Paes.
No exercício de 1833-1834. a nossa importação foi de
36.237 0008. contra uma exportação de 33.011:0008. . Deifcit»
— 3.226:0008. Dez annos depois, em 1843-1844. a im­ (O Pai*. 7—9—22)
portação era de 55.289 0008. a exportação subia a .........
43.300:0008. sommando o «deficit. 11.489 0008000. No
periodo de 1853-1854. era de 85.838:7538 a importação
e de 76.839:4928 a exportação. O .déficit» ainda ia a
8.999:2618000.
Em 1863-1864. começaram a apparcccr os saldos no
nosso commercio exterior. A exportação foi de 131.151:0828. O ESCOTISMO NO BRASIL
sendo a importação apenas de 125.685:0758000. Em 1873-
1874 a importação cifrou-se em 166.541:8258 e a expor­
tação em 189.893 6068; em 1883-1884. a exportação foi
de 217.072:8188 e a importação de 202.530:8988: em 1803
tivemos uma exportação de 606.052:5568 e uma impor­
tação de 328.489 7658: em 1903 uma exportação de... Como nasceu o Escotismo ?
742.632 2788 c uma importação de 486.488 9448; em 1913. O General inglez Robert Baden Powell, foi. em 1899.
uma exportação de 981.767:0478 e uma importação de a Trans vali quando esta miniscula pirção de terra
1.007 495 4008: e finalmente, cm 1921. uma exportação sul-afric a rebellando-se contra a Inglaterra, pretendeu
dc 1.709.722:381$ c uma importação de 1.689.839 4408000 is algemas, que a jungiam á metropolc.
Quaes os productos que mais tem avultado na nossa szc «-omnium accordo com lord Cedi. teve de sus­
exportação neses diffreentes periodos da nossa historia tentar um cerco na cidade aberta de Mafiking. cuja defesa,
commercial ? havia elle assegurado com o auxilio de trincheiras e fortes
Por discriminação de mercadorias exportadas, a nossa improvisados, observando então nesta occasião o valor e
estatística nâo começa senão cm 1839-1840. quando expor­ tenacidade das crianças e adolescentes.
támos 10.253.414 kilogrammas de algodão. 81.396.908 de Posteriormente os valorosos «boers» empregaram também
assucar. 417.667 de borracha. 2.965.958 kilogrs. de cacio. os seus meninos, para agirem da forma e com as attribuições
82 975.532 kilogrs. de café. 8.856.468 dc couros. 4.347.755 I escoteiros, tendo causado assombro a maneira
de fumo e 2.446.222 de matte.
Dez annos depois, cm 1849-1850. a exportação já era ■ punham elles de rastro para obser-
a seguinte: 17.299.135 kilogrs. de algodão. 116.404.688 signaes. ------ —; encarregavam . k . . am do transporte de despachos
dc assucar. 879.488 de borracha. 4.137.239 de cacáo . .. e doutras arduas commissòes.
87.748.861 kilogrs. de café 16.059.257 de couros. . .
5.134.053 dc fumo e 5.631.373 de matte *°‘ ‘"^Pirado neste salutar exemplo, que Baden Powell
O decennio seguinte foi a idade de ouro do nosso i instituição dos escoteiros, presentemente de universal
algodão, por causa da guerra da secessão dos Estados ■«■m h s c inabalavel prestigio.
Unidos, que. por esse motivo, ficaram privados de cultivar in.elez *>«■*» de um invejável physico de
e exportar na mesma escala a sua riquíssima fibra. Quasi oombatente. moralmente equilibrado, profundo conhecedor
todas as nossas outras mercadorias tiveram também a sua “ ? A r r í 1* uma conectividade cohesa. professando idéas
exportação grandemente augmentada. Essa magnifica si­ “ ucado cm Pr|ncipios básicos, inquebravelmente ho-
tuação prolongou-se até o exercido de 1873-1874. quando ' Puros, pautando todos os seus actos pelos dictames
exportámos 56.022.231 kilogrammas dc algodão. 155.252.987 aa nonni e do dever, reconheceu, dc prompto, quanto
de aMuajr. 6.892.370 de borracha. 4.612.076 de cacáo. podiam ser aproveitáveis as aptidões de seus pequenos
168.623.808 kilogrs. de café. 33.610.428 de couros patrícios, uma vez que fossem ellas captadas, regularmente
13.963.749 de fumo c 14.756.807 de matte. Nos innos encaminhadas e postas sob uma severa. mas tolerante
disciplina.
seguintes houve quéda na exportação de certos productos
augmento na de outros, como se vê dos seguintes dados, Comprehcndeu também Baden Powell o que podia fazer
relativo A“/ ,c?la de . 1883-1884: algodão 32.683.055; dessas crianças, muitas delias vivendo ao léo. sem uma
329.374.965 (a maior da nossa historia e que coercitiva, que refreiasse incontklos máos actos, os
" a?uele te m p o nos rendeu apenas 39.131 599$); borracha L ._ vado* a Pratica, não por uma falha de indole
9.152.122 kilos; cacao 4.206.557; café 318.978026 kilos ou de caracter, n ' i falta de um racional e proveitoso
.couros 10.661.571; fumo 17.091 852 c matte 5 606 151 encaminhamento.
Dez annos mais tarde, em 1903-1904. a posição dos Y i‘U ainda B.aden Powell o e...i que pouc.ii
aquellas minusculas forças dispersas, quando
poderia utilisar
productos exportados era a seguinte algodão 28 236 151 servir-se-ia
«»ru.r-c-.. delias
. . . . ... mejo de congregal-as. subjugal-as
kilos; assucar 21.888.998 kilos; borracha 31.716.603; cacáo e educal-as.
K!!?:™l/ mÍ S s ’o»7»*"2: <— Começou ideando como um «frek» i maravilhoso <
digo. cujos doze preceitos são:

o o o o 296 o o o o o
AUGUSTO RODRIGUES & Cia. — São Paulo.
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Jo — A palavra do escoteiro é sagrada. Elie colloca


a honra acima de tudo. mesmo da própria vida. 1,0 J * '° de Janeiro co|n uma perserverança invejável, ven­
2° — O Escoteiro sabe obedecer. Comprehende que a cendo impccilhos, desbravando óbices, vão caminhando além.
disciplina é uma necessidade de interesse geral. convictos e confiantes, propagando uma das ideas mais
3° — O Escoteiro é um homem de iniciativa. bellas e sãs. que tem produzido um cerebro privilegiado
4o — O Escoteiro acceita em todas as circumstandas, . abnegado General inglez. «alma mater* da
a responsabilidade de seus actos. vencedora instituição.
5° — O Escoteiro é leal e cortcz para com todos. Divididos por sei . municípios conta, presentemente, o
Estado de S. Paulo. . :rca de 100 mil escoteiros e grande
6° — O Escoteiro considera todos os outros escoteiros parte delles formando — .. v...
em memorável parada
como seus irmãos sem distineção de classes sociaes. no alto da magestosa Collina do Ypiranga. foi c„...„
7o — O Escoteiro é generoso c valente, sempre prompto affirmação. a mais inilludivei e solcmne da pujança de uma
a auxiliar os fracos mesmo com perigo da propria vida. nacionalidade, que se fortalece e firma desassombradamente.
8° — O Escoteiro pratica cada dia uma boa acção. ° Amazonas. Rio Grande do Norte. Pernambuco. Alagoas.
Minas Geraes. Paraná. Pará e Ceará, possuem já grande
^ 9 Id dEsco,ej ro e**i,na os snimaes e se oppõem a numero^ d ^ commissões regionaes já quasi todas filiadas
10° — O Escoteiro é sempre jovial, enthusiasta. e pro­ O Governo paulista decretou no anno passado a obri-
cura o bom lado de todas as cousas. gatoriedade da pratica do escotismo em todas as escolas
11» — O Escoteiro é economico e respeitador do bem officiaes. «para os meninos entre 8 c 16 annos, de sorte
alheio. que nas escolas daquelle Estado nâo mais se oneram os
12° — O Escoteiro tem a constante preoccupaçâo da debeis organismos com os pesados exercícios militares,
sua dignidade e o respeito de si mesmo. muitas vezes mal divulgados com a unica vantagem de
formar soldadinhos de mentira, através de um periodo de
Ora. já nâo digamos uma criança, mas. todo o homem exercícios nem sempre sufficientes ao fim requerido, se­
que lêr attentamente e praticar, sem desfallecimcntos. essa gundo affirmou ainda ha dias. na Camara, o Deputado Ame­
duzia de sãos ensinamentos terá uma justesa de princípios, ------- do
ricano — Brasil, no seu brilhante parecer apresentado á
verdadeiramente pura e inatacavel. Commissào de Marinha Ouerra. sobre o desenvolvimento
Congregado, pois um reduzido núcleo de pequenos do Escotismo no Brasil.
patricios seus. Baden Powell incutiu-lhes com aquelles doze Recentemente creado o Escotismo p i meninos, já fre-
salutares preceitos as bases fundamentaes de Escotismo, e. quentam a sua instrueçáo cerca de 6
estudando as aptidões de cada um tornou-os os optimos Os serviços prestados em São Paulo, pelos escoteiros
auxiliares de campanha do Exercito bretão na Africa do Sul. avultam, dia a dia. o que os torna accentuadamente.
E os escoteiros accordant pressurosos para ouvir a queridos da população do visinho Estado; assim sua coadju-
palavra do Immaculado Mestre sendo seus exemplos se­ vaçâo proficua por occasião da grippe, levando ás resi­
guidos á risca, suas ordens cumpridas sem discrepância, dências dos flagellados pelo terrível mal os necessários
com abnegação e lealdade, até que com o baptismo de soccorros medicos e de subsistência, o terem substituído os
sangue nos campos de guerra, praticando actos heroicos empregados dos Telegraphos e Correios enfermos, cujos
de inexcedivel valor, os pequenos «filhos* de Baden Powell serviços ficariam paralysados a nâo ser a abnegação destes
lançaram as bases em inhospitas paragens sul africanas pequenos patrícios.
de uma das mais beneficas instituições humanas, fonte de Ainda nos Telegraphos desempenharam, com geral ap­
grandes benefícios para o paiz que adopta r e a fizer plauso. commissões na sala dos apparelhos transmissores
frutificar com o seu apoio e prestigio. e receptores e no archivo.
Foi extraordinaria a empreitada que tomaram de or­
ganizar o cadastro dos medicos da Capital paulista, o que
fizeram em menos de 24 horas, com grande admiração
c regosijo da Saude Publica.
Como foi iniciado o Escotismo no Brasil? No interior do Estado, as commissões regionaes rece­
A uma senhora de alta linhagem, cujas santas mãos beram idênticas oceupações. tornando-se credoras da gra­
esparzem sempre sem desfalledmentos e ostentações, o bém. tidão popular.
sem olhar a quem ella beneficia, á Sra. Jeronyma de Mantem a A. B. fã., a esplendida revista «O Escoteiro»,
Mesquita, deve-se a implantação do Escotismo em nosso paiz. que o Rio já conhece e lê com assiduidade, já tendo sido
Viajava pela Europa essa pioneira, ha quasi dous lustros, iniciada a Bibliotheca do Escoteiro, que conta 10 volumes,
quando mais intensamente partiam da Inglaterra os écos estando publicados até agora a ' Estatutos e Regulamentos;
da propaganda da instituição; uma excursão de escoteiros b> Instrueçáo Technics; c) Educação Physica; d) Soccorraa
inglezes á Normandia em suas férias de 1909. chamou de Urgência; e) Hymnario
sobre elles a attenção do povo francez e poucos mezes São estes volumes da lavra do incansável e orovecto
depois o pastor Oallienne. organizava sob o seu patrocinio, director technico da A. B. E., o Tenente-Coronel Pedro
em Grenelle. o primeiro grupo de escoteiros francezes. Dias de Campos, a quem já nos referimos.
Em Abril de 1911, o Escotismo era em França uma A religião nâo preoccupa o escotismo, cada escoteiro
realidade, multiplicavam-se os seus grupos e crescia, diaria­ segue o seu credo, seja clle qual fôr.
mente, o enthusiasmo pela admiravel instituição ingleza. Dentro em breve o Rio Grande do Norte terá o esco­
Foi nessa época que a Sra. Jeronyma Mesquita, a tismo como instituição official e. segundo estamos infor­
expensas suas. traduziu e fez reproduzir os «réclaraes». mados. o Conselho Superior da A. B. E-. está se esfor­
avulsos, cartões postaes e inslrucç ics que eram espalhadas çando actualmente junto ao Qoverno do Estado de Minas
na Françi para propa;anda do Es:otisno e tudo isso en­ Geraes. para conseguir na grande unidade a officialisação
viava ella para o orasil. correspondendo se para S. i'aulo. da patriótica instituição, alli já grandemente divulgada,
sem desfallecimento. com o Dr. Ascanio Cerqueira. que. onde foi recebida e acolhida com geraes applausos-
por sua vez. chamou para seu collaborador o Dr. Mario Paraná e Ceará tomaram já compromisso de em breve
bergio Cardim. mentalidade privilegiada períe to como or­ officialisarem também o escotismo.
ganizador e pessoa virtualmente indicada para dar o im­ No Rio de Janeiro, o escotismo tem tido uma absoluta
pulso ao Escotismo. acceitaçâo. tomando, rapidamente, um incremento muito além.
Começa então a phase que. podemos chamar, defini- talvez, daquelle que esperavam os paladinos da instituição.
Uv* ' para o Escotismo no nosso paiz. Assim, cabe nesta capital o primeiro posto por incon­
De todos os lados accordant as adhesôes. a capital testável direito de conquista, ao Dr. João E. Peixoto
paulista começava a presenciar as pr.meiras formaturas dos Fortuna, que. não obstante os seus multiplos affazeres como
seus escoteiros, era preciso, porém, methodisar a instituição provecto advogado e educador de escól. ainda cuida cari­
dando-lhe uma forma juridica estável. Surgiu pois. a idéa nhosamente dos escoteiros como filhos seus espirituaes.
da creaçâo da Associação Brasileira de Escoteiros, que Fundou to Dr. Peixoto Fortuna a Associação de Es­
teve sua installação em 29 de Novembro de 1914. coteiros Catholicos do Brasil, que conta hoje quinze grupos,
Dahi em diante até hoje como a bcmfazeja aza suave com 39 instructores e cerca de 680 escoteiros, organizou
e boa. providencial protectora do Escotismo apparece a o Congresso do Escotismo, realizado este anno e que tão
inconfundível figura de José Carlos de Macedo Soares, bons resultados apresentou, tem sido o promotor dos «jara-
que encarnou, consubstanciou-se com a idéa. deu-lhe um borées». genuinas festas escoteiras, onde se têm feito as
animador sopro, prestigiou-a com seu nome e sempre na selecções das aptidões individuaes por meio dos concursos
mais encantadora das penumbras, trabalha como um con­ entre as unidades que nelles se têm inscripto.
victo. furtando-se ás maniefstações de justo reconhecimento, Conta a capital da Republica um numero approximado
que de direito, lhe cabem. de 1.300 escoteiros divididos pelos grupos; Escoteiros Mu-
E. porém, o logar-tenente de José Carlos de Macedo nicipaes (fundado em Janeiro de 1917). Escoteiros Catho­
Soares, seu consultor technico, abalisado mentor no que licos do Brasil (fundado em Outubro de 19171. Escoteiros
concerne ao Escotismo, o tenente-coronel Pedro Dias de Catholicos com tres grupos (filiado, á Associação). Escoteiros
Campos, m ilitar de reconhecido merito, de notável perti­ do Fluminense Foot-ball Club. com tres grupos. Escoteiros
nacia. atilada intelligencia e illustração ecclectica. e um do Botafogo Foot-ball Club. com um grupo. Escoteiros
<'os factores de seu progresso no Brasil. Municipaes. com tres grupos. Baden Powell. Boys Scouts,
H ilário Freire. Bcnevenuto Cellini. Ribeiro da Silva, com um gru po; Escoteiros do Mar com quatro grupos.
ainda em S. Paulo. Peixoto Fortuna. Gabriel Skinner. Ar­ Existem ainda no Rio de Janeiro, mais. sem ligações
naldo Guinlc. Mario Polio. Azambuja Neves. David de com os Escoteiros, as Instituições das Bandeirantes ou
Barros. Edmundo Lynch. Monsenhor André Arcoverde. Ro- •girl-guide*. com. approximadamente. oito grupos e o total
dolpho Malampré. Tenente Benjamin Sodré e quantos outros.

o o o o o o 297 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

A Associação dc Escoteiros Catholicos do Brasil tem Já cm 1825 tres annos depois da independência, o go­
tambcm o seu orgão official «O Escoteiro», que já conta verno tratava de melhorar a raça cavallar. importando
cerca dc 40 numeros, apparecendo mensalmentc. animaes que na coudelaria da Cachoeira, deram bons pro­
Para attestar, cmfim. de forma irrefutável, o alto valor ductos. Infelizmcnte os encarregados da direcção daqucllc
do Escotismo e a marcha victoriosa da benemérita insti­ estabelecimento dc criação ou por negligencia, ou por igno­
tuição. aqui deixamos estampado o substitutivo ao pro­ rância. deixaram que o excellente haras em 1827 começasse
jecto ha tempos apresentado á Camara pelos deputados a dccahir e desde então nenhuma noticia ha dos productos
Amaral Carvalho c Joaquim Osorio, ora submettido á apre­ ncllc criados.
ciação da commissâo de Marinha c Guerra pelo Deputado Já por essa época havia festas hippicas que não pas­
Americano do Brasil, e que c o seguinte. savam dc cavalhadas em que os jovens da cpoca luziam
O Congresso Nacional decreta: as suas qualidades de ginetarios. c segundo rezam as chro­
nicas. o nosso primeiro Imperador não se desdenhava cm
Art. Io — O Governo federal creará duas escolas de tomar parte nesses torneios dc agilidade cm que tanto
Inslructores de Escoteiros, uma cm São Paulo e outra se distinguiram os Marialvas.
na capital do paiz. Só mais tarde já no segundo reinado se começou a
Art. 2° — Os estabelecimentos dc instrucçâo civil, pensar cm corridas. O Major Guilherme dc Suckow era
onde seja obrigada a instruecão militar, poderão, mediante um apaixonado por corridas de cavallos c mcttcu-se-llic
licenca do Ministerio da Guerra, substituir os batalhões na cabeça, organizar uma sociedade que patrocinasse a
escolares por agrupamentos dc escoteiros com os instructores sua idéa fixa.
fornecidos pelo governo federal. Grandemente relacionado, conseguiu reunir um grupo
Art. 3° — Nos collegios c institutos civis de educação de homens dc alta posição c cora clles fundou, cm 1848.
profissional c technica. mantidos pela União, será adoptada 0 Jockey Club Fluminense, cm S. Francisco Xavier nos
a instruecão expontanca do escoteirismo para os alumnos terrenos onde está o actual Jockey Club. A’ presidência da
menores dc 16 annos. novel sociedade foi elevado o então Conde de Caxias,
Art. 4» — Nos collegios c institutos civis acima, bem c no dia 12 dc Junho dc 1851. realizou-se a primeira corrida
como nos particulares que tiverem cm exercícios substituirão O Imperador, a Imperatriz, os Principes e as Princezas.
a instruecão m ilitar para os menores de 16 annos desde toda a còrtc. cmfim. honraram com a sua presença a
que tacs exercícios sejam fiscalizados nos estabelecimentos primeira corrida, regularmente organizada, que se realizava
particulares, pelo Governo federal. no Brasil. Foi um grande successo c os seus promotores
Art. 4o — Somente poderão pela lei do ensino federal rejubilaram.
os institutos secundarios que. annexa, mantiveram a es­ Trcz mezes depois rcalizava-sc a segunda corrida.
cola de escoteirismo, para os menores dc 16 annos. Não havendo porém, receita, pois naqucllc tempo não
Art. 5o — O Governo Federal entrará cm accordo havia ainda o «pari-mutucl». o sacrificio dos directores da
com os governos dos Estados e municípios, bem como nova sociedade era grande e todos desistiram da luta.
com os directores de collegios. de modo que as escolas A semente, porem estava lançada e devia fructificar.
e collegios estadoaes. municipaes e particulares adoptem o Em 1858 o Marquez dc Olinda então Ministro do Im­
escoteirismo. pério. enviou o Conde dc Herzbcrg á Allcmanha com o
Art. 6° — Como prêmio aos collegios publicos c parti­ encargo de adquirir doze cavallos hamburguezes ou meklem-
culares e ás sociedades que adoptarem o escoteirismo. o burguezes. para virem melhorar as raças no Brasil.
Governo Federal fornecerá os instructores, mediante pe­ Para a acquisiçâo dos animaes mandou dar-lhe 3.000
didos dos directores desses estabelecimentos. libras esterlinas, recebendo também o Conde de Herzbcrg
Art. 7® — O Governo poderá conceder transporte gra­ 1 0508000 para se transportar á Allcmanha.
tuito nas vias ferreas, maritimas ou fluviaes para os grupos O titular allemão desemepenhou a contento do governo
de escoteiros em excursão de instruecão. a sua missão, e os animaes aqui chegados foram distri­
Art. 8o — Fica o Poder executivo autorisado a isentar buídos por diversos criadores.
dc impostos os artigos de escoteirismo importados pela Não se póde dizer que todos elles tivessem sido bem
Associação Brasileira de Escoteiros e suas congeneres, re­ aproveitados.
conhecidas pelo Ministerio da Guerra, sempre que este a Em todo o caso. alguns delles deram bons productos
a isso dér seu assentimento. que mais tarde appareceram em corridas e até numa expo­
Art- 9o — O Poder Executivo fica autorisado a instituir sição realizada cm 1866 o criador Mariano Procopio Ferreira
e distribuir aos escoteiros medalhas commcmorativas de Lagc apresentou tres productos mestiços, dous por Napoluo.
suas formaturas e de suas evoluções, principalmente das meklen.burguez. e o filho dc um cavallo do Cabo. além
que realizarem por occasião das grandes datas nadonacs. de outros onze mestiços dc berbere e normando.
Art. 10» — Fica o Poder Executivo autorizado a abrir Por essa epoca havia aqui no Rio um homem que riva-
os creditos necessarios para a execução da presente lei. lisava com o Major Suckow no seu amor pelo cavallo.
que deverá ser regulamentada com a possível brevidade. Era Luiz Jacome de Abreu e Souza que em Novembro
Art. 11® — Revogam-se as disposições em contrario. — dc 1865. conseguiu realizar no Campo de S. Christovão.
Salas das Commissões. Agosto de 1922». uma corrida de obstáculos, que teve enorme concurrenda.
Isso o animou a fundar o Club Jacome para promover o
Ahi está pois. em rapido bosquejo, sem dados estatís­ melhoramento da raça cavallar.
ticos uma pallida resenha do que se tem feito no Brasil, Infclizmentc a nova sociedade não chegou a funccionar.
pelo Escotismo desde a época da fundação da Associação Dous annos depois, cm 1857. fundou-se em Petropolis.
Brasileira de Escoteiros, até a presente data. o Jockey Club que deu algumas corridas. Ignora-se. no
Que fique como summula do que deixamos estampado, emtanto quaes os cavallos que nellas tomaram parte. A
uma incontestável verdade: — o Escotismo em nosso paiz sociedade morreu como vivera, quasi ignorada. Foi seu
não é hoje simples promessa, mas, uma categórica e pu­ presidente o D r. José Thomaz da Porduncula.
jante realidade; é uma Instituição já arraigada, a que se Logo a seguir fundou-se um prado de corridas na
devem inestimáveis serviços e apta para prestar tantos serra de Petropolis. no logar denominado Fragoso, na
outros, quantos precise e delia exijam o bem estar e a fazenda do Coronel Albino José dc Siqueira. Tinha uma
integridade de nossa Patria. pista de 1.600 metros c as notidas das victorias eram
enviadas pelo tclcgrapho para esta Capital. O novo prado
deu algumas corridas, mas por fim. cm consequência da
Aureliano Amaral. difficuldadc de transporte, suspenderam as reuniões c nunca
mais se fallou no prado do Fragoso.
A seguir, o articulista passa a tratar dos differentes
clubs de corridas aue existiam ou ainda existem no Rio dc
Horna/ do Brasil. 8—9—22) Janeiro, historiando pormenonsadamente a vida c os suc­
cessos dc cada um. Procuraremos resumir esta parte do ma­
gnifico trabalho sobre o nosso Turf.
O Jockey Club deve a sua fundação aos esforços in­
cansáveis do sr. Major Guilherme Suchow, apaixonado im­
penitente deste sport.
A 16 de Maio de 1869 realizava-sc no prado da nova
O TURF NO BRASIL aggremiação a primeira corrida, sendo disputados nove
parcos. Foi um dia de festa na cidade. Toda a familia
imperial compareceu á corrida c isso attrahiu numeroso
publico.
realidade só nos ultimos annos é que tem havido
algum progresso c ainda assim com intermittcncias. Agora, á 11 de Julho de 1875 correu-se pela primeira
porém, parece ter entrado num i phase de crescente pros- vez. o Grande Prêmio Jockey que é hoje a prova mais
peridade. sobretudo desde que o governo, a começar de gloriosa do nosso turf.
1918. iniciou a distribuição di prêmios de animação á Dahi para cá o Jockey Club tem atravessado phases dc
criação nacional, não sò nesta Capital como nos Estados decadência, phases dc prosperidades, mas sempre se man­
criadores. teve. sempre deu corridas, nunca cessou de animar a
Em bem da verdade deve-se dizer que i turf no criação nacional, quer por meio de prêmios, conforme lhe
Brasil não tem cem annos de existência, permittiam as condições dos seus cofres, quer por meio
criação nacional é quasi centenaria. dc exposições.

O O O O O O 298 O O O O O O
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Dos 22 presidentes que o Jockey Club tem tido força


r citar como tendo sido mais esforçados e os que mais
serviços prestaram os nomes de Mariano Procopio. Vis­ Nessa reunião foi eleita a primeira directoria do Derby
conde de Barbaeena. D r. José Calmon Nogueira Valle Club. que ficou assim organizada: Prisedente. D r. Paulo
da Cama. Dr. Fernando Francisco da Costa Ferraz. de Frontin : vice-presidente. Adriano Alves de Almeida ;
Dr. Joâo Cordeiro da Qraça e Dr. Marciano de I" secretario. Matheus Laureano da Silva; 2o secretario.
Aguiar Moreira. Todos estes trabalharam muito pelo Affonso Cesar Lopes: thesoureiro. Domingos José da Silva
turf. Nos ultimos tempos é ao Dr. Aguiar Moreira
que se deve o surto de progresso que a velha sociedade O Dr. Paulo de Frontin adquiriu o terreno onde está
teve. pela sua energica administração, pela moralidade o actual hippodromo do Itamaraty e pessoalmente dirigiu
que estabeleceu nas corridas, applicando com todo o rigor todas as obras de nivelamento, de raia. de archibancadas.
as penalidades do Codigo. cocheiras, de tudo. emfim. multiplicando-se numa actividade
febril, de fôrma a que a 2 de Agosto, cinco mezes depois,
de installada a sociedade o Derby realizava a sua primeira
Foi um acontecimento. Todo o Rio de Janeiro se mo­
AS PHASES DO VILLA ISABEL vimentou e o Derby teve uma enchente colossal, não fal­
tando a presença do Imperador, que. com toda a familia
imperial, honrou a nova sociedade, assitindo á corrida e
Foi em 1884 que um grupo du turfmen, num passeio, mostrando grande interesse pelo turf.
descobriram um terreno fronteiro ao actual Jardim Zoologico Nessa corrida exhibiu-se o famoso corredor Bargossi.
e ahi resolveram fundar um novo prado. que fez a pé 10.000 metros ao redor da pista.
Desde então, o Derby começou a prosperar e a pro­
gredir. As suas festas são successos extraordinarios. O
seu Presidente, o D r. Paulo de Frontin. tem pela sociedade
A 20 de. A bril de 1884 realizou-se a primeira corrida que fundou um carinho todo especial. Ninguem como ellc
e após cila. por motivo que não vem ao caso. toda a d i­ para organizar um bom programma, pois nenhum proprie­
rectoria renunciou, sendo novos directores os Srs. : Dr. tário é capaz de resistir a um pedido seu para inscrever
Paulo de Frontin. presidente: Dr. Daniel de Almeida, vice- um animal, muito embora esteja convencido de não ter
presidente: José Magessi de Castro Perereia. 1" secretario: «chance» alguma de victoria.
Affonso Cesar Lopes. 2o secretario: José da Silva Cunha, Todas as grandes iniciativas partem do Derby. Foi o
thesoureiro. Dr. Paulo de Frontin quem instituiu o prêmio de 100.000
Foram feitos melhoramentos na raia e realizaram-se francos que o valente Huguenote ganhou: foi elle quem
varias corridas até 12 de Outubro. Remodelada a sociedade, creou muitos outros prêmios até o que acaba de ser corrido
mudado o seu titu lo para Derby Fluminense, estabeleceu-se e ganho por Evil Eye. no valor de cem contos de réis.
uma dissidência no seu seio. sahindo numeroso grupo de O Derby possue hoje um bello edifício na Avenida
socios, depois de uma assembléa votar a liquidação da Rio Branco, ao lado do Jockey Club c nelle não faltam
sociedade. Esses que sahiram foram fundar o Derby Club. elegancia de linhas, conforto e até mesmo luxo.
Feita a liquidação da sociedade, um grupo de socios,
de accordo com a Companhia Architectonica, adquiriu o
terreno, fundando o Prado Villa Isabel, sendo a sua pri­
meira directoria composta dos Srs. : Dr. Affonso Celso
de Assis Figucredo. presidente: D r. Daniel de Almeida,
vice-presidente: Manuel José de Paiva Junior. Io secretario; O TURF CLUB
Pau! de Carvalho. 2o secretario; Paulo Delfino dos Santos,
thesoureiro.
Um dos primeiros actos da directoria foi fazer obras A 7 de Outubro de 1889. varios «turfmen» resolveram
urgentes, e a 8 de Fevereiro de 1885 realizava-se a pri­ fundar uma nova sociedade de corridas e fazer um prado
meira corrida. Dotis annos depois foi prolongada a raia. em um vasto terreno existente entre o Derby Club e a
que ficou com 1.200 metros. Mangueira.
O Prado Villa Isabel teve dias áureos no nosso turf. A primeira directoria compunha-se dos Srs. João Fi-
mas as dissençóes entre os socios provocaram a sua dis­ gueredo Rocha. Presidente: José Manuel Navarro. Vice-
solução e. em 1890. a sociedade liquidou, extinguindo-se Presidente : José Pinto de Siqueira e Francisco José Caiman.
um hippodromo onde correram os melhores animaes do 1° e 2o Secretários, e Manuel Fernandes Guimarães. The­
nosso turf. soureiro.
A primeira corrida realizou-se a 13 de Janeiro de
1890. succedendo-se outras muito concorridas c animadas.
A vida desta sociedade foi muito agitada. As directorias
O MAXIXE que succederam á primeira tiveram lutas tremendas, questões
que provocaram discussões violentas e que terminaram pela
Em 1884, alguns «turfmen» resolveram fundar uma so­ necessidade de se dissolver á sociedade, o que seu deu
ciedade. a que deram o titu lo de Villa Ouarany. e fizeram em 1898.
um prado nos terrenos da Praia Formosa. A raia tinha
uns 500 metros e as archibancadas eram baixas, cobertas
de zinco, sem elegancia. nem conforto. No novo prado
tudo era provisorio. segundo diziam os seus directores.
Naturalmente, os animaes bons não iam lá correr e O PRADO DE SANTA CRUZ
só os chamados «matungos» é que se inscreviam. Só por
excepçâo apparccia um animal regular.
Alli não se procurava saber qual era o melhor animal Ha mais ou menos uns 8 annos foi fundado em Santa
e sim qual o que ia para ganhar. Pareôs havia em que Cruz um prado.
se combinavam dous c até tres tribofes. e o povo. por Era um pouco melhor do que o da Villa Guarany.
isso. denominou o prado «Maxixe», nome que nunca perdeu Não consta que lá se fizessem os escandalosos tribofes
até desapparecer. que se registraram no prado da Praia Formosa.
O Villa Ouarany durou pouco, succedendo-lhe o H ip­ Mas. a lisura não presidia sempre á disputa dos pareôs
podromo Fluminense, de vida também ephemera, por sua apezar da energia dos seus directores.
vez substituido pelo Sport Fluminense, que também durou f. este. em rápidos traços, o historico do «turf» nesta
pouco. Afinal, surgiu de lá o Sport Club em 1887 fechou Capital.
definitivamente os portões, para desapparecer de uma vez.
Os «Book-makcrs». não poucas vezes, tiveram de fugir
pelo mangue, quando um tribofe bem feito lhes levava
capital e lucros. Nesse caso. elles levavam o proprio ca­ O PRADO DA PENHA
pital e o dinheiro dos apostadores.
As vezes era tão escandalosa a «disputa» de um pareô,
que o publico, indignado, protestava e vingava-se nas ar­ Ha uns 40 annos ou mais o padre Ricardo, então
chibancadas. nas baias do ensilhamento e nas cêrcas. A vigário da Penha, querendo attrahir concurrenda para alli,
Policia, porém, intervinha e a pata de cavallo e a espada mandou construir um pequeno prado.
acalmava os mais exaltados. A archibancada era original. Era toda de madeira e
cimento fingindo ripó. Não tinha logar para mais de 500
pessoas, mas era commoda e até mesmo elegante.
As corridas eram quasi que em familia. O pessoal
O DERBY CLUB das cocheiras de S. Francisco levava para lá animaes pel-
ludos e de sangue e os pareôs eram feitos na occasião.
Foi no dia 6 de Março de 1884 que um grupo de Era mais um ponto de diversões do que propriamente
denodados «turfmen». que havia acompanhado o Dr. Paulo um prado de corridas.
de Frontin quando deixou o Derby Fluminense, se reuniu Os fins que o padre Ricardo tinha cm vista foram
Para fundar o Derby Club. alcançados e o prado desappareccu de uma vez.

O O o o o 299 o o o o o o
LIVRO D t OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DÁ

O HIPPODROMO NACIONAL j alma o estimado turfman Sr. Domingos Reis. que a


.tile dedicava todo o seu esforço e toda a sua actividadc.
O Derby ficava nuns terrenos muito além do prado
Na época do cnsilhamento houve aqui uma febre de da Moóca. mas tinha sempre grande concurrenda.
sociedades de corridas.
Foi nessa occasiâo que se fundou o Hippodromo Na­
cional. a 15 de Junho de 1889. de cuja primeira directoria
faziam parte D r. Affonso Celso de Assis Figueredo. Pre­ Al 1í se realizaram varios «meetings- c se disputaram
sidente: João Baptista Maia Lacerda. Vice-Presidente: José importantes provas, mas a crise do café. que pouco depois
Libanio Lamcnha Lins e José da Silva Rego. Io c 2° Se­ surgiu, influiu poderosamente nos destinos da bclla socie­
cretários e José Candido de Barros. Thesoureiro. dade que prestou, inquestionavelmente, relevantes serviços
O novo prado foi estabelecido no terreno situado entre
as ruas Haddock Lobo. Mariz e Barros e S. Salvador, 80 O Derby acabou, mas deixou em todos os turfmen
realizando-se a primeira corrida a 12 de Outubro de 1890. grata lembrança das corridas que realizou, todas interes­
NSo foi feliz o novo hippodromo. Teve uma vida santes. com magnificos prograinmas, bem disputadas c sempre
agitada, mas também teve dias de gloria. No emtanto. concorridas.
os dias negros foram mais numerosos do que os de ven­
tura e em 1897. após uma corrida de que os velhos
■turfmen" ainda hoje se recordam, o publico, indignado
com a disputa de um pareo e com a deliberação da EM CAMPINAS
directoria, quebrou as archibancadas. ineendiou-as. sendo
necessario a violenta intervenção da policia para que tudo
aquillo não ficasse reduzido a um montão de escombros. O esforçado criador campineiro Sr. José Ouathemosim
Foi a ultima corrida do Hippodromo Nacional. Os Nogueira, juntamente com o esforçado -turfman» Sr. Fran­
seus socios votaram a liquidação da sociedade e o terreno, cisco Elysiario de Camargo, em 1877 conseguiram fundar
retalhado foi vendido, dando logar a que surgisse um o Club de Corridas de Campinas, que se inaugurou cm
bello bairro, cheio de palacetes e «chalets» artísticos. Setembro de 1879. A falta de animaes para a organização
A cidade lucrou c o «turf» nJo perdeu. de um programma que attrahise o publico fez com que
a nova sociedade dcsapparcccssc. ou pelos menos cessasse
S. PAULO Mais tarde, com o auxilio dos Srs. Coronel Bento
Bicudo. Candido Egydio de Souza Aranha. Raphael dc
Após um grande prêmio no Jockey Club Fluminense, os Barros Filho e outros, o club passou a denominar-se Hip­
paulistas, nâo se conformando com a decisio, romperam podromo Campineiro.
relações com o «turf» carioca e foram fundar o Jockey Club 1892 foi o anno aureo desta sociedade. Os animaes
Paulistano, em Março de 1875. dc S. Paulo iam lá correr c a animação era grande pois
Homens tenazes, nomes importantes, criadores c -turfmen, aos domingos, os trens sahiam da capital repletos dc turfmen
de verdade, puzeram o maximo empenho cm fundar uma para assistir ás corridas cm Campinas.
sociedade que rivalisassc ou mesmo sobrepujasse a sua A crise que prejudicou as corridas em S. Paulo, matou
co-irmi carioca. o Hippodromo Campineiro, onde agora só raramente ha
Para se avaliar o que poderiam fazer aquelles homens, algum «meeting» sportivo.
basta citar os nomes dos que formaram a directoria provi­
sória: Presidente. Dr. Raphael de Aguiar Paes de Barros;
Secretario. Dr. Bento de Paula Souza. Thesoureiro. Dr. EM SANTOS
Eleuterio da Silva Prado.
Adquirido o terreno, tratou-se logo da construcção do
hippodromo e no dia 29 de Outubro de 1876 realizou-se Por varias vezes em Santos se tem procurado implantar
a primeira corrida, sendo vencedor do primeiro pareo um uma boa sociedade de corridas.
pclludo riograndensc de nome Macaco, de propriedade do Ha cerca de quarenta annos houve um prado no Jose
D r. João Tobias de Aguiar. Menino, que pouco tempo teve de existência.
A concurrenda fo i enorme e isso animou os directores Ultimamente, porém, fundou-se o Jockey Club Santista
que. no seu patriotico cnthusiasmo, a 10 de Maio do que em duas estações successivas deu magnificas corridas,
anno seguinte fizeram disputar o primeiro Orande Prêmio não tendo na actual podido realizar as suas annunciadas
do Club. que foi ganho pelo cavallo Torrente, que também reuniões por falta de animaes. f. que os proprietários
era de propriedade do Dr. João Tobias de Aguiar. paulistas haviam vindo para o Rio disputar os prêmios
No anno seguinte appareceram os primeiros puros
sangue estrangeiros no novo hippodromo e esses toram Isto. porém, nâo quer dizer que o bello prado santista
Ernest. Secret. Corneille. Osman. Sans Parcil e outros cesse de funccionar. pois tem elementos de vida muito
cujos productos, mais tarde, tantos triumphos alcançaram fortes e homens decididos dispostos a mantcl-o quand
nos prados cariocas.
Em 1872 appareceram os primeiros meios sangue pau­
listas.
Eram duas cguas criadas pelo Conselheiro Antonio
Prado. Logo depois appareceram os puros sangue, sendo ESTADO DO RIO
o primeiro a correr em publico o Pery. filho de Osman
e Uravelotte. também da criação do Conselheiro Antonio
Prado. Já dissemos no principio deste despretencioso trabalho,
Entre os mais notáveis criadores que logo a seguir feito ao correr da penna. e o mais das vezes soccorrendo-nos
começaram a apresentar productos de merito, podemos citar da memoria, que Petropolis teve em 1857 um prado de
os Srs. Barão de Piracicaba, c Raphael Paes de Barros. corridas que. infelizmente não prosperou.
Em 1886 o Jockey Club Paulistano teve uma phase Algumas dezenas de annos depois, cremos que em 1883
apagada, mas em 1890 resurgiu radiante, para soffrer li­ o Sr. José Martins da Rocha associado ao engenheiro Shutel.
geiro eclypsc em 1899. que terminou em 1905. De então construiu em Corrèas um prado de corridas, dando algumas
para cá o Jockey Club Paulistano tem prosperado enor­ reuniões com o auxilio dos seus proprios animaes e de
memente. collocando-sc a par das mais importantes socie­ outros idos do Rio. Não foi. porém, feliz. Se as pri­
dades turf istas do mundo. meiras corridas tiveram a concurrenda dos elegantes de
Em 1921 ficaram concluidas as tribunas do hippodromo Petropolis. as outras só tinham a presença dos mais «en-
da Moóca e todo o prado passou por grandes reformas ragés turfmen». A casa de poule nâo cobria as despezas
que o tornaram o primeiro do paiz. com os prêmios e o prado dc corridas fechou as suas portas.
Agora mesmo vae ser inaugurada a nova raia que Mais tarde, cm 19.6, um novo turfman enterrou algumas
acaba de ser augmentada centenas de contos no Derby Petropolitano dando corridas
S. Paulo tem dado ao tu rf os melhores animaes que nos mezes dc Janeiro a Marco, mas também fracassou.
nelle tem corrido. Em 1919 houve nova tentativa dc dar corridas, mas também
os resultados foram improfícuos.
Em Friburgo ainda existe um prado, o Jockey Club
Incontestavelmente S. Paulo está na vanguarda do turf de Friburgo. que ha alguns annos deu uma boa serie de
no Brasil, ao lado do Jockey Club e do Derby Club corridas, mas não pôde proseguir. A distancia a que fi­
desta capital, podendo affirmar-se que em installaçõcs lhes cava no Rio, os encommodos da v iagein. c a falia de
A frente do Jockey Club Paulistano está hoje um gosto dos friburguenses deram por terra com a u til in­
nomem de grande valor e de grande prestigio, um turfman stituição.
de raça. um homem de idéa9 adiantadas, o Sr. Dr. F ir- Em Nictheroy. no bairro das Neves, em 1883 houve
miano Pinto. um prado de corridas, nos terrenos onde hoje existe uma
officina da firma Himc ft C.
O transporte para lá era feito cm barcas Ferry que
DERBY DE S. PAULO iam directamente até perto dos portões do prado, ou por
Nictheroy cm barcas c bonds.
Os amadores de corridas iam muito cedo. e lá almo­
Houve em S. Paulo, em 1892. um prado de corridas, çavam. faziam «pic-nics» no cnsilhamento. a sombra do ar­
o Derby Club. fundado pelo Sportman'st Club. de que era voredo e depois assistiam á corrida, vindo á noite, uns

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IN DEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

(ristes porque haviam perdido, outros alegres porque tinham NO PARANA


ganho desse prado foi o cavallo Monitor, um filho
de Sans Pareil que comprado ao Sr. José Julio Pereira, tstado criador, era natural que os 'turfmens paranaenses
por 4 contos de réis. ganhou alli, num anno 18 contos quizessem ver o valor dos productos nascidos no Estado.
Em Campos houve varias tentativas para se fazer um Assim e que alli foi fundado o Jockey Club Para­
hippodromo sendo a ultima, ha quatro ou cinco annos. naense onde se têm realizado muitas corridas.
a mais feliz. __ „ A Commissâo Central dos Criadores de Cavallo Puro
O jockey Club Campista, deu varias corridas e os Sangue confere-lhes prêmios officiaes.
turfmen de lá compraram aqui quanto cavallo ordinário A criação no Estado tem-se desenvolvido muito c no
encontraram. Os resultados foram, como é de vér. os nosso turf os cavallos paranaenses têm feito figura im­
peiores Os proprietários desanimados deram ou venderam portante.
os seus puros sangue aos fazendeiros visinhos. Contra o Basta citar Cigano. Lyrio, Nassau e outros muitos.
progresso do novo prado havia o habito de quasi nâo sc Os criadores paranaenses já começam a empregar os
jogar na casa da poulc. As apostas eram na sua maioria modernos methodos de criação e sc já hoje apresentam
feitas «por fóra». de sorte que a sociedade nada lucrava soberbos productos, c de esperar que em breves annos
possam competir com os criadores paulistas.
O mais conhecido criador paranaense é o Sr. Carlos

NO AMAZONAS
NO RIO GRANDE DO SUL
Ha cerca de 20 annos fundou-se em Manáos o Hip­
podromo Amazonense.
Era uma sociedade por acções e o prado tinha uma do Rio e de S. Paulo, é
raia de 800 metros. «turf» está mais adiantado,
Alguns ousados turfmen importaram animaes de preço Estado criador, tendo * e os mais adiantados cria-
para disputar prêmios de 300* e 400*. e grandes prêmios dores do paiz homens cor.. _ _____ _ D_r. ____
Assis ___
Brasilf.
de 1 0008000. Macedo Couto. Zeferino Costa Filho. Armando de Alencar
Desses animaes um veio para o Rio c aqui obteve e. Octavio do Amaral Peixoto, para não fallar em outros
tão importantes como estes, era natural que as corridas
Foi o Le Menilet, que está hoje no Rio Grande do tivessem grande desenvolvimento.
Sul. num haras de criação. Em 1877 fundou-sc o Hippodromo Portoalegrense e
O Hippodromo Amazonense morreu porque lhe faltou logo a seguir com alguns intervallos dc tempo, o Boa
o homem que durante dous annos o dirigiu com grande Vista, o dos Navegantes e o Independencia- Houve uma
energia e sacrificio. época em que todos funccionavam e a luta que se esta­
belecia prejudicou o «turf».
Em 1899 fundiram-se todos sob a denominação dc
Derby Club. dando a primeira corrida no Hippodromo
NO PARA. NO CEARA E NA BAHIA da Independencia a 1 dc Outubro desse anno.
Em 1907 fundou-se o T urf Club que pouco durou
Nos primeiros annos da Republica houve em varios surgindo depois a Protcctora do Turf. que se póde con­
Estados do Norte uma febre de corridas. siderar uma instituição benemérita. A brilhante sociedade
No Pará fundou-se uma sociedade, ou antes, o Sport muito deve ao coronel Antonio Pedro Caminha, que foi
Club. nos terrenos da sua séde. fez um prado. um trabalhador incansável, a quem a Protcctora do T urf
Importaram animaes do Rio de Janeiro, como D’ Ar- deve tudo e cujos serviços nâo pagou com a herma que
tagnan: Saint Jacques e outros e deram corridas que a lhe erigiu á entrada do Hippodromo da Independencia.
principio tiveram grande affluencia. mas depois ninguém o melhor de Porto Alegre.
quiz saber do tu rf. e o Sport Club deixou de dar corridas. Grandes serviços têm prestado também ao «turf» no
No Ceará houve também por essa época um prado de Rio Grande os Srs. Leonel de Faro. Washington Martins.
corridas na Fortaleza. Corriam quasi que exclusivamente Jorge de Carvalho e Cunha Rasgado, além de outros.
animaes pel ludos e as suas corridas nenhuma influencia Em Pelotas existe um prado dc corridas onde ás vezes
tiveram no melhoramento da raça cavallar. se realizam corridas, mas nâo tem a importância do da
Na Bahia o enthusiasmo foi maior. Protcctora do Turf. embora os seus directores façam os
De dous prados temos conhecimento. maiores esforços para desenvolver o gosto pelas corridas,
Um delles. o melhor era no Rio Vermelho. Durante o que certamente conseguirão, tal é a acção que tem des­
algum tempo o publico favoreceu os dous hippodromos, envolvido para tal fim-
mas por fim. como em todo o norte, abandonou os prados
que fedtaram os seus portões.
Ultimamente tentaram explorar o Hippodromo do Rio
Vermelho, mas parece que nâo passou de tentativa.
Eis. em largos traços, um ligeiro resumo da historia do
«turf». no Brasil.
Faltam os dados para se fazer um trabalho completo
EM PERNAMBUCO a tal respeito, e só com muito esforço e trabalho sc obtêm
informações sempre deficientes.
Valha este singelo trabalho por um incentivo para que
outros, com mais tempo e melhores elementos façam uma
O turf no Recife teve um tempo aureo, em 1888. historia completa do «turf» no Brasil.
O hippodromo de Pernambuco deu numerosas c fre­
quentadas corridas, mas aos poucos o publico selecto foi-se
afastando delle. dc sorte que ficou entregue a um grupo E. S
d imõ
esFe
rre
ir*.
perigoso e numeroso que dominava os proprietarios sérios
aquelles cujo maior prazer era ganhar corridas.
Do Rio foram para Pernambuco muitos animaes que
la fizeram brilhantes figuras, mas quando começou a era <Jornal do Brasil. 9—9—22)
dc decadência, cada parco dava ensejo a um conflicto
em que a faca e o revolver representavam papel saliente,
cnegando mesmo a haver mortes.
O importante capitalista Delmiro de Gouvêa quiz re­
erguer o tu rf no Recife e fundou o Derby Club nuns
bellos terrenos que possuía ás portas da cidade e deu
muitas corridas importantes.
Infelizmente por motivos aliás estranhos ao turf. o O BRASIL DE HA CEM ANNOS
Derby viu-se ebrigado a suspender as suas reuniões e tudo
dcsappareceu. corridas, pista e archibancadas. Synthese Chronologira do Imperio e da Republica
Ha uns quinze annos, porém, vários turfmen e cria­
dores resolveram fundar o Hippodromo Pernambucano, no
Lucas, no Bairro da Magdalena, e desde então mais ou
menos regularmente tem havido corridas sobretudo nestes 1808 - Chega a familia real portugueza. installando-se
ultimos tempos. E tão bem dirigido tem sido o Hippodromo Rio.
que a Commissâo Central dos Criadores de Cavallo Puro ___ — Brasil occupa a Guyana Franceza. em res­
Sangue concedeu-lhe varios prêmios officiaes que tem ,sido posta á invasão de Soult em Portugal.
disputados com grande empenho e lisura. 1810 - Massena invade Portugal. As provincias do
Entre os criadores de Pernambuoo devemos notar o Sr. Fre­ Porto proclamam sua independencia. Estabclecc-se uma linha
derico Lundgren que adquiriu um garanhão, o Pericles. de paquetes entre a Inglaterra e o Brasil.
Por 6.000 libras esterlinas c deu ao nosso tu rf bom nu- 1811 — Intervenção do Brasil no Uruguay.
jnero dc parelheiros entre os quaes se destacou o Cangu- 1812 — Crêa-se a Relação do Maranhão. Dá-se auto­
leiro. o D r. Davino Pontual e outros. nomia ao E. Santo.

o o o o o o 301 oo o
LIVRO DE OURO COM ME MORA TIVO DO CENTENARIO DA

1883 — Questão militar.


1884 — Fim do captivciro no Ceará e no Amazonas.
publico a Bibliotheca Nacional 1885 — Lei Saraiva contra o captivciro
1815 — Eleva-se o Brasil a catcjroria do Remo Unido. 1887 — Parte doente, para o Velho Mundo, o Im­
1816 — Morre a rainha D. Maria I. Abrc-se a Escola perador — Manifesto do Visconde de Pelotas.
de Bellas Artes. Faz-se a guerra contra Artigas. 1888 — <13 de Maio! Aboliçio da escravatura.
1817 — Entrega-se a Guyana á Franca. Entrámos em A REPUBLICA
Montevidéu. Ficam autonomas Santa Catharina e Alagoas. 1889 — Ministerio Ouro Preto — Proclama-se a Re­
Rebenta a revolução republicana de Pernambuco. publica —• A familia imperial exilada.
1818 — D. Joio VI é acclamado rei. Funda-sc o Museu 1890 Abrc-se o Congresso Republicano Separa-se
Nacional. _ , , a Egreja do Estado.
1820 — Autonomia de Sergipe Batalha de Taquaremho. 1891 — Promulga-sc a Constituição — Elege-se Deodoro
Desliga-se o Rio Grande do Norte de Pernambuco. Ter­ — Golpe ele Estado.
mina a guerra contra Artigas. 1892 — Revolta da Santa Cruz Manifesto dos 13
1821 — Revoltas do Pará e Bahia. Reunião das cortes generaes — Revolução no Rio Grande — Morte de Deodoro.
portuguezas. Juramento á Constituição. As capitanias passam 1893 — Revolta da Armaela.
a provincias. Volta a familia real para Lisboa. 1891 — Eleição de Prudente de Moraes — Morte de
1822 — D. Pedro resolve ficar. Começa a guerra na Gumercindo Saraiva.
Bahia. Madeira saltèa o convento da Lapa. Morre a madre 1895 — A Inglaterra occupa a Ilha da Trindade —
abbadcssa Joanna Angelica. Pedro I defensor perpetuo do Morre Saldanha da Gama. no combate de Campo Osorio.
Brasil. Convocação da Constituinte. Grito do Ypiranga. 1895 — O Brasil vence a questão de limites com a
Coroação do imperador. Argentina — Morre Floriano Peixoto.
1823 — Guerra da Bahia. Expulsão do Exercito por- 1896 — Guerra de Canudos.
1897 — Fim da guerra de Canudos - Attcntado contra
1824 — Juramento da Constituição. Revolução per­ a vida do presidente da Republica.
nambucana. 1898 — Governo Campos Salles.
1825 — Portugal reconhece a nossa Independência. 1899 — Revoltam-se os acreanos contra a Bolivia.
1826 — Vae D. Pedro á Bahia. Morre a imperatriz 1900 — A Suissa decide a favor do Brasil, na questão
D. Leopoldina. da Guayana Franccza.
1827 — Batalha de Ituzaingó. 1902 — Morre Prudente de Moraes.
1828 — Crêa-sc o Supremo Tribunal. Rcvoltam-sc no 1903 — Tratado com a Bolivia e posse do Acre —
Rio as tropas estrangeiras. Scguem-sc as obras do porto do Rio. reforma da cidade,
1829 — Casa-se D. Pedro com D. Amelia. extineção da febre amarclla por Oswaldo Cruz.
1831 — Noite das garrafadas no Rio. Abdicação de 1905 — Obtem o Brasil o primeiro Cardeal da Ame­
Pedro I. rica do Sul.
1832 — Golpe de Estado Suffoca-sc a rcbellião do 1906 — Explosão e afundamento do «Aquidaban».
Maranhão. 1907 — Grande victoria do Brasil em Haya — Ruy
1834 Reforma-sc a Constituição. Morre Pedro I. Barbosa.
1835 — Acaba-sc a revolução dos hahianos — Posse do 1909 Morre o presidente Alfonso Penna — Morre
regente Feijó — Revolta dos Farrapos, no Rio Cirande. Joaquim Nabuco.
1836 — Republica de Piratiny. 1910 — Morre o Barão do Rio Branco Intervenção
1837 — Fundam-se os partidos Conservador e Liberal — aa Bahia.
Feijó renuncia — Sabinada. na Bahia — Funda-se o Collegio 1914 — Começa a Conflagração Universal.
Pedro II. 1917 - Revoga-se a neutralidade do Brasil na guerra
feuto-amcricana — Afundamento, por submarinos allcmães.
1838 — Installa-se o Instituto Historico. do vapor brasileiro «Tijuca» — Utilizam-se os navios allcmães
1840 — Maioridade de Pedro II. surtos nos nossos portos — Torpedcamcnto do «Macáu» —
1842 — Revoluções paulista e mineira. Os allemâes incendeiam a canhoneira «Eber». surta na
1843 — Casa-se D. Pedro com D. Thereza. Bahia — O Brasil entra na guerra contra a Allemanha.
1844 — Questão ingleza sobre o trafego negro. 1919 — Finda a Guerra Universal.
1845 — Funda-se Petropolis. 1920 — Revoga-se o banimento da familia imperial.
1848 — Revolta praieira.
1850 — Lei contra o trafico negro. 1921 — Edú Chaves realiza o «raid» aereo Rio-Buenos
1851 — O Brasil ataca Oribes e Rosas. Aires — Chegam os despojos de Pedro II e da Imperatriz —
1852 — Batalha de Monte Caseros. Ruy Barbosa é eleito membro da Suprema Córtc Intcr-
1854 — Inaugura-se a primeira linha ferrea no Brasil.
1861 — Questio Christie. 1922 — Realiza-se o primeiro «raid« aereo Portugal-
1864 — Intervenção do Brasil no Uruguay — Guerra Brasil — Morre o Conde d ’Eu. em viagem para o Brasil —
do Paraguay. Iniciam-se as festas commemorativas do Centenario do Brasil.
1870 — Termina a guerra, com a morte de Lopez.
1880 — Revolta do «Vintém». IO Imparcial. 1 1 -9 —22)

O O O O o O 302 o o o o o
A E X P O S IÇ Ã O IN T E R N A C IO N A L

A grande Exposição internacional com que o Brasil Grupo / — Educação e ensino


commcmorou a passanem do seu primeiro centenario de inde­
pendência política foi erguida num dos recantos mais bellos Classe 1.* — Educação da crcança. Ensino primário.
c pittorescos do universo: ás margens da maravilhosa Gua- Ensino dos adultos — 25 expositores.
nabára. defrontando-lhe as ondas claras e cantantes, e ca­ Classe 2." — Ensino secundario — 10 expositores.
Classe 3.» — Ensino superior. Instituições scientificas. —
sando ao surprehendente scenario natural a expressão da 5 expositores.
energia constructora de uma raça nova. Classe 4.* — Ensino especial artístico — 5 expositores.
O historico de sua organização é uma pagina que Classe 5.* — Ensino agronomico — 15 expositores.
affirma solemnemcnte a nossa actividade emprehendedora. Classe 6.* — Ensino especial industrial e commercial
40 expositores.
Trabalho hercúleo, executado no curto espaço de alguns
meses, em terrenos ganhos ao mar. representa a exposição,
com seus admiráveis palacios e sua vasta e longa avenida Grupo I / Instrumentos r processos geraes das letras,
á orla das aguas, um gigantesco esforço de cuja victoria das sclencias e das artes
seria licito duvidar quando se removiam ainda as primeiras
pedras c se lançavam no fervedouro das vagas os pri­ Classe 7.* — Typographia. Impressões diversas. — 54
meiros montões de terra. expositores.
Não insistiremos nos pormenores dessa luta entre o Classe 8.» — Photographia — Cinematographia — 48
expositores.
homem, a montanha e o oceano, já por demais de todos Classe 9.* — Livraria. Edições musicaes. Encardenação
conhecida. Lembraremos, apenas, com alegria e orgulho, jornaes. cartazes - 111 expositores.
que dessa luta sahiu o homem vencedor, apresentando Classe 10.* - Cartas e apparelhos de Geographia e de
como trophéu glorioso a esplendida realização do seu de­ Cosmographia. Topographia. — 8 expositores.
Classe 11.* Instrumentos de precisão. Moedas e me­
sejo e da sua força. dalhas. — 23 expositores.
Contemplemos por alguns instantes a admirável obra Classe 12.* — Medicina e Cirurgia — 40 expositores.
que resultou desse esforço. Classe 13.* — Instrumentos de musica — 46 exposi-
Do velho Passeio Publico, o lindo e historico jardim, Classe 14.* Material e accessorios de arte theatral —
até a Ponta do Calabouço, c dahi demandando, após leve I expositor.
e graciosa curva, a explanada do Mercado, extende-se a
exposição por dois m il c quinhentos metros, que o visi­
Grupo I I I - Material e processos geraes
tante percorre entre deslumbrantes monumentos architecto­ da mecanica
nicos Na sua primeira parte, inteiramente recta, constitue
a «Avenida das Nações», em que se alinham os palacios das
representações estrangeiras, e que será mais tarde um dos Classe 15.* — Machinas a vapor. — 2 expositores.
Classe 16.* — Machinas motrizes diversas — 7 expo-
trechos mais formosos da nossa incomparável orbs. Ao
fim dessa avenida, marcando o angulo de curvatura, le- Classe 17.* — Apparelhos diversos da mecanica geral —
vanta-sc o torreão do antigo forte do Calabouço transfi­ 27 expositores.
gurado em portentosa obra de arte. Mais para alêm. feita Classe 18.* — Machinas de fabricação — 13 expositores.
a curva, e constituindo já a segunda parte do certamen,
abre-se a magnifica praça em torno da qual se erigem Grupo IV — Electricidade
os palacios brasileiros — mostruários magestosos de nossa
riqueza c de nossa capacidade de trabalho.
São de egual importanda essas duas partes differentes Classe 19.* — Producção e utilização mecanica da ele-
ctricidade — 7 expositores.
do certamen. Classe 20* — Elcctro-diimica — 7 expositores.
Na primeira, temos o attestado vivo da admiração e Classe 21.* — Illuminação electrica — 10 expositores.
do affecto que nos votam as maiores Nações do globo: Classe 22* — Telegraphia e Telephonia — 2 exposi-
o brilho do concurso que nos trouxeram na grande com- Classe 23.* — Applicações diversas da electricidade —
memoração de nossa magna data enche-nos de gratidão 12 expositores.
e de respeito.
Na segundo é o nosso proprio espirito que se apre­
senta. realizador e v iril, mostrando-se digno daquellas ho­ Grupo V - - Engenharia C ivil. Meios de transporte
menagens mundiaes.
Classe 24.* — Materiaes e processos da engenharia civil
— 53 expositores.
E d iffid i fazer uma idéa da complexidade e da im­ Classe 25.* — Modelos, planos e projectos de obras
portanda da parte nacional da Exposição sem visitar mos­ publicas — 7 expositores.
truário por mostruário, tal a variedade enorme dos pro­ Classe 26.* - Carros c carroças, automóveis e cyclos
ductos que apresentamos o n todos os domínios. O numero — 24 expositores.
de expositores sobe a quasi dez mil. tendo sido distri­ Classe 27.* — Sellaria e correaria — 190 expositores.
buídos os productos em XXV grupos, subdivididos estes cm Classe 28.* — Material ferro-viario — 16 expositores.
lã l classes. Damos abaixo breve resenha desta classifi­ Classe 29* — Material de navegação de commercio —
cação. com o numero approximado de expositores em 27 expositores.
cada classe: Classe 30.* — Aeronáutica 3 expositores.

O O O O O O 303 O O O O O O
UVRO DE OURO COM ME MORATIV O DO CENTENARIO DA

Grupo VI Agricultura Classe 73.* — Material c processos de alvejamento. tin-


gidura. impressão c preparo das materias texteis nos seus
Classe 31.» — Material e processos das explorações diversos estados 1 expositor.
ruraes — 90 expositores. Classe 74.* — Material c processos dc coser c con­
Classe 32.* Material e processos da viticultura — I feccionar roupas — 7 expositores.
expositor. Classe 75.* — Fios c tecidos de algodão 186 ex­
Classe 34.* — Agronomia. Estatística agricola I ex­ positores.
positor. Classe 76.* — Fios e tecidos dc linho, canhamo. etc.
Classe 35.* — Productos agricolas alimentares de origem Productos da industria de cordas — 78 expositores.
vegetal — 1.216 expositores. Classe 77.* Fios e tecidos de lã — 31 expositores.
Classe 36.* — Productos agricolas não alimentares Classe 78.* — Sedas c tecidos de seda 19 expo­
380 expositores. sitores.
Classe 37.* — Insectos uteis e seus productos. Insectos Classe 79.* — Rendas, bordados c passamanaria — 194
nocivos e vegetaes parasitarios — 87 expositores. expositores.
Classe 80.* — Industrias da confecção dc costura para
homens, senhoras e creanças — 31 expositores.
Grupo V II - Horticultura r arboricultura Classe 81.* - Industrias diversas do vestuário (chape­
laria. calçados, luvas, camisaria. colletes. bengalas, botões,
Classe 38.* Material e processos da horticultura e da leques, etc.) — 470 expositores.
arboricultura — 2 expositores.
Classe 39.* - Plantas hortículas — 25 expositores.
Classe 40.* Arvores fructiferas e fruetos — 21 ex­ Grupo XV Industria chimlca
positores.
Classe 41.* - Arvores, arbustos, plantas e flores de Classe 82.* — Artes chimicas e Pharmacia (material, pro­
ornamentação — 17 expositores. cessos c productos) — 515 expositores.
Classe 43.* — Sementes e mudas da horticultura c das Classe 83* — Fabricação do papel (materias primas,
sementeiras — 3 expositores. material, processos e productos) — 14 expositores.
Classe 84.* — Couros e pelles (materia prima, material,
processos c productos) — 225 expositores.
Grupo V III. Florestas- Colheitas Classe 85.* — Perfumaria — 109 expositores.
Classe 86 * — Tabacos. Phosphoros — 186 expositores.
Classe 44.* — Material c processo das explorações e das
industrias florestaes — 32 expositores.
Classe 45.* — Productos das explorações c das in­ Grupo X V I — Industrias diversas
dustrias florestaes — 586 expositores.
Classe 46.* — Utensílios, instrumentos e productos das Classe 87.* — Papelaria — 50 expositores.
colheitas — 356 expositores. Classe 88.» — Cutellaria — 27 expositores.
Classe 47.* — Armas de caça i— 26 expositores. Classe 89.* — Ourivesaria — 10 expositores
Classe 48.* — Productos da caça V— 62 expositores. Classe 90.* - Joalheria e bijutaria — 35 expositores.
Classe 49 * — Apparelhos. instrumentos c productos da Classe 91.* — Relojoaria — 2 expositores.
pesca. Agricultura — 34 expositores. Classe 92.* — Bronzes. trabalhos artísticos em ferro
fundido ou forjado. Metaes em relevo — 6 expositores.
Classe 93.* — Escovas, objectos de marroquim, obras
Grupo X I — Industria alimentar de entalhe r trabalhos de palha — 180 expositores.
Classe 94.* — Industria da borracha e da gutta-percha.
Classe 50.» — Material c processos das industrias ali­ Objectos de viagem e de acampamento — 57 expositores.
mentares — 14 expositores. Classe 95.* — Brinquedos ~ 30 expositores.
Classe 51.* — Productos farinaceos e seus derivados —
466 expositores.
Classe 52.* — Productos dc padaria e pastelaria — 29 Grupo X V II — Economia Social
expositores.
Classe 53.* — Conservas de carnes, de peixes, de le­ Classe 96.* — Aprendizagem Protecção ã infancia ope­
gumes. e de fruetas — 44 expositores. raria — 2 expositores.
Classe 54.* — Assucares c productos de confeitaria, con­ Classe 98 * — Orande e pequena industria. Associações
dimentos e estimulantes — 490 expositores. cooperativas de producção ou de credito. Syndicates pro-
Classe 55.* — Vinhos c aguardentes de vinho — 145 fissionaes — 2 expositores.
expositores. lasse 101.* — Habitações operarias i expositores.
Classe 56.* — Xaropes e licores, bebidas espirituosas, Classe 104* — Instituições de previdência 3 expo-
alcooes industriaes - 355 expositores.
Classe 57.* — Bebidas diversas — 188 expositores.
Grupo X V III — Hygiene. Assistenda
de origem Classes 106* — Assitencia publica e particular —
e 107.* — Hygiende
40 expositores.
662 expositores.
Classe 59 * - Grande raetallurgia 39 expositores. Grupo XIX Ensino pratico, instituições cconomicas e
Classe 60 * Pequena metallurgia 206 expositores trabalho manual da mulher

XCIasse 109.* — Sciencias. artes, instituições econômicas


Assistência — 1 expositor.
Classe 110.* — Trabalho manual — 224 expositores.
Classe 61.» Decoração fixa dos editicios publicos .
das habitações 25 expositores.
Classe 62.* Vitracs — 3 expositores. Grupo XX Commercio
Classe 63.* Papeis pintados — 7 expositores.
Classe 64.* Moveis baratos e moveis de luxo — 19'
expositores. Classe 112.* - Usos e costumes' no commercio dc im­
Classe 65.* — Tapetes, tapeçarias outros tecidos i portação — I expositor.
mobiliário - 14 expositores.
Classe 66.* — Decoração movei e obras de estofador --
2 1 expositores.' Grupo X X II Economia grra!
Classe 67.* — Ceramics - 258 expositores.
Classe 68 * - Vidros c crystaes — 27 expositores.
Classe 69.* — Apparelhos e processos de aquecimento Classe 117.* - Desenvolvimento economico do pair no
e de ventilação - período de 1822 a 1922 - 2 expositores.
Classe 70.* - Classe 118.» — Estudos economicos dos principaes pro­
não electrica - 10 expositores. * ductes do pair — 2 expositores.

Grupo XIV Fios. Tecidos. Vestuários Grupo X X III _ Estatística

Classe 71 * — Material c processos de fiação. Material Classe 119* Est. territorial


i processos de fabricação de cordas - 19 expositores. Classe 120.*
- Material e processos da fabricação de demographics
Classe 121.* economics
Classe 122.* .. intellectual e moral

O O O O O O 304 O O O O O O
DOriINGOS JOAQüPlDASILVAôrO
GRANDE SERRARIA A VAPOR

DE JANEIRO?

IMPORTADORES DE MADEIRAS NACIONAES E ESTRANGEIRAS EMATERIAES DE CONSTRUCÇÃO


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DOMINGOS JOAQUIM DA SILVA & Cia. — Rio de Janeiro.


INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Grupo XX IV Forças de terra e mar


AMAZONAS
Classe 123. — Armamento» e material de artilharia
Classe 124. — Engenharia» m ilitar e serviços delia dc- Typography; impressões diversas. Photographia. cine­
matography. Livraria, edições musicacs. jornaes, etc. In­
Classe 125. — Engenharia» naval. Trabalhos hydraulicos. strumentos de musica. Material c processos das explorações
Torpedos ruraes. Productos agricolas alimentares. Productos das ex­
126. — Cartographia
» — Hydrographia. Instrii- plorações e das industrias florestaes. Utcnsilios, instru-
* productos das colheitas. Armas de caça. Productos
127.» — Serviços administrativos. Appa relhos. ntos e productos da pesca.
Hygiene e material sanitario. Jerivados. Productos de pa-
. Conservas de carnes, peixes, legumes
e productos de confeitaria. Bebidas di*
Exploração de minas, jazidas e pedreiras. Pequena
Grupo XX VI Sports netallurgia. Moveis baratos e de luxo. Industrias diversas
lo vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Couros c pelles,
Classe 129.» — Exercidos das crcanças e dos adultos. crfumary. Tabacos. Papelaria. Escovas, trabalhos de palha,
Theoria e pratica — ■tc. Brinquedos. Aprendizagem, protecção i infancia ope-
Classe 130.» — Jogos e sports para crcanças e adultos —
Classe 131.» — Equipamentos para jogos e sports -
q expositores.
Esta classificação, nãc Ensjno especial industrial e commercial. Typographia.
individualiza os productos impressões diversas. Photographia. Livrarias, edições
uma impressão integral d musicacs. etc. Applicações diversas da electricidade. Ma­
da Exposição, prestes a ser entregue ao terial da navegação de commercio. Aeronáutica. Productos
fazcl-o de modo amplamente satisfactorio. agricolas alimentares. Productos agricolas não alimentares.
porem, a ventura de admirar os deslumbrantes mostruário Material e processos da horticultura e arboricultura. Ar-
installados era todos os galados e pavilhões da parte hra vores fructiferas e fructos. Productos das explorações e
das industrias florestaes. Utensílios, instrumentos e pro­
pressão de alegria c orgulho pelos progressos admiravei ductos das colheitas. Productos farinaceos e seus derivados.
que o Brasil tem realizado. Estes progressos são de grandi Productus de padaria e de pastelaria. Conservas de carnes,
monta e dão i nossa patria luminoso destaque entre oi peixes, legumes e fructas. Productos de confeitaria. Xaropes
demais povos da America do Sul. e licores, bebidas espirituosas. Bebidas diversas. Exploração
de minas, jazidas e pedreiras. Grande mctallurgia. Pequena
metallurgy. Decoração fixa dos edifícios. Moveis. Vidros
e crystaes. Fios e tecidos de linho, canhamo, etc.; productos
da industria de cordas. Industria da confecção e costura
A CO NTRIBUIÇÃO DOS ESTADOS para homens, mulheres e crianças. Industrias diversas do
E IX ) DISTRICTO FEDERAL vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Couros e pelles.
Perfumaria. Tabacos. Escovas, trabalhos de palha. etc. In­
dustria da borracha c da guta-percha; objectos de viagem
e acampamento. Trabalho manual da mulher.
Damos a seguir um resumo da representação dos Es­
tados c do Districto Federal por classes, de accordo com
a distribuição estabelecida pela commissão organizadora do MARANHÀO
Educação da criança, ensino primário, ensino dos adultos.
DISTRICTO FEDERAL Photographia. Livraria, encadernação, jornaes. etc. Sellaria
c correaria. Productos agrícolas alimentares. Productos agri­
Educação da crcança. ensino primário, ensino dos adultos. colas não alimentares. Insectos uteis e seus productos, in­
Ensino secundario. Ensino superior. Instituições scientificas. sectos nocivos e plantas parasitarias. Material e processos
Ensino especial artístico. Ensino agronomico Ensino especial das explorações c das industrias florestaes. Productos das
industrial e commercial. Typographia. impressões diversas. explorações e das industrias florestaes. Utensílios, instru­
Photographia. Ciuamatographia. Livraria. Edições musicacs. mentos e productos das colheitas. Productos da caça. Appa­
encardenações. jornaes. cartazes. Instrumentos de precisão, relhos. instrumentos e productos da pesca. Productos fa- V
moedas e medalhas. Medicina e Cirurgia. Instrumentos de rinarcos e seus derivados. Assucares e productos de con­
musica. Machinas a vapor. Machinas matrizes diversas. Ap­ feitaria. Vinhos e aguardentes. Xaropes e licores, bebidas
parelhos diversos da mecanica geral. Machinas de fabricação. espirituosas, alcooes industriaes. Bebidas diversas. Explo­
Produeção e utilização mecanica da electricidade. Electro- ração de minas, jazidas e pedreiras. Pequena mctallurgia.
cntmica. IIluminação electrica. Telegraphia e Telephonia. Moveis. Ceramica. Apparelhos c processos de aquecimento
Applicações diversas da electricidade. Materiaes e processos e de ventilação. Fios e tecidos de algodão. Fios c tecidos
da engenharia civil. Carros e carroças, automóveis e cyclos, de linho, canhamo, etc. ; productos da industria de cordas.
bellaria e correaria. Material ferro-viario. Material da nave­ Rendas, bordados c passamanaria. Industrias diversas do
gação de commercio. Material e processos das explorações vestuário. Artes chimicas e pharmaceuticas. Couros e pelles.
ruraes. Productos agricolas alimentares. Productos agricolas Tabacos, phosphoros. Escovas, trabalhos de palha. etc.
nao alimentares. Insectos uteis. seus productos, insectos no­ Objectos dc viajen c de acampamento.
civos. vegetaes parasitarios. Arvores fructiferas e fructos.
Arvores, arbustos, plantas e flores de ornamentação. Pro­
ductos das explorações e das industrias florestaes. Productos PIAUHY
M caça Appa relhos, instrumentos e productos da pesca.
Material e processo das industrias alimentares. Productos Sellaria e correaria. Productos agricolas alimentares.
farinaceos e seus derivados. Productos de padaria e de Productos agrícolas não alimentares. Productos das explo­
pastelaria. Conservas de carnes, peixes, legumes c fructas. rações e das industrias florestaes. Utensilios. instrumentos
Assucares e productos de confeitaria, condimentos c cstimu- e productos das colheitas. Productos da caça. Productos fari­
lantes. Vinhos e aguardentes de vinho. Xaropes e licores, naceos e seus derivados. Assucares e productos de con­
nebulas espirituosas, alcoocs industriaes. Bebidas diversas. feitaria. Xaropes e licores, bebidas espirituosas, alcooes
Exploração de minas, jazidas e pedreiras. Grande metal- industriaes. Exploração de minas, jazidas e pedreiras. Moveis.
IU,i?ila- equena mctallurgia. Decoração fixa dos edifícios Ceramica. Fios e tecidos de algodão. Fios e tecidos de
publicos e das habitações. Papeis pintados. Moveis baratos linho, canhamo. etc.; productos da industria de cordas. In­
e de luxo. Tapetes, tapeçarias, etc. Decorações movei e obras dustrias diversas do vestuário. Artes chimicas e Phar­
uc estofador. Ceramica Vidros e crystaes. Apparelhos de macia. Tabacos, phosphoros.
aquecimento e ventilação. App. de illuminaçào não electrica.
Material e processos de fiação: material e processos de
fabricação de cordas. Material e processos de coser e con- CEARA
cccionar roupas. Fios e tecidos de algodão. Fios e tc-
r “ 2* de linho, canhamo. etc.; productos da industria de Ensino superior, instituições scientificas. Ensino industrial
cordas. Lios e tecidos de lã. Sedas e tecidos de sida. c Commercial. Photographia. Livraria, cncardenação. jornaes.
Kcndas. bordados e passamanaria. Industrias da confecção etc. Cartas e apparelhos de geographia e de cosmographia:
e costura para homens, senhoras e creanças. Industrias di­ topographia. Instrumentos de precisão. Instruments de mu­
versas do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Fabri- sica. Apparelhos diversos da mecanica geral. Produeção e
açao de papel. Couros c pelles. Perfumaria. Tabacos, phos- utilização mecanica da electricidade. Electro-chimica. Appli­
*>aPclaria. Joalheria e bijutaria. Bronzes, trabalhos cações diversas da electricidade. Materiaes e processos da
artísticos cm ferro fundido ou forjado, metacs cm relevo, engenharia civil. Modelos, planos e projectos de obras pu­
u,covas, objectos de marroquim, obras de entalhe e tra­ blicas. Carros e carroças, automóveis e cyclos. Sellaria e
balhos de palha. Industria da borracha e da guta-percha; correaria. Material ferro-viario. Material da navegação de
ojectos de viajen e de acampamento. Brinquedos. Habi- commercio. Material e processos das explorações ruraes.
Para SjogPerarÍaS *"*J,gicne. Trabalho manual. Equipamento Productos agricolas alimentares. Productos agricolas não
alimentares. Insectos uteis e seus productos, insoctos no-

o o o o o o 305 o o o o o o
UM RO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

civos c plantas parasitarias. Plantas hortículas. Arvores, ar­ Papelaria. Cutcllaria. Escovas, objectos de palha. etc.
bustos. plantas c tlorcs dc ornamentação. Sementes c mudas Objectos dc viajen e dc acampamento. Trabalho manual
da horticultura. Material e processos das explorações c in­ da mulher.
dustrias florcstaes. Productos das explorações c industrias
florestacs. Armas de caça. Productos da caça. Apparelhos. ALAOOAS
instrumentos e productos da pesca. Material e processo das
industrias alimentares. Productos farinaceos e seus derivados. Ensino agronomico. Ensino industrial e commercial.
Productos dc padaria c dc pastelaria. Assucarcs e productos Typographia e impressões diversas. Medicina c Cirurgia
de confeitaria. Vinhos e aguardentes de vinho. Xaropes Modelos, planos c projectos de obras publicas. Productos
e licores, bebidas espirituosas, alcoocs industriacs. Bebidas agricolas alimentares. Productos agricolas não alimentares.
diversas. Exploração dc minas, jazidas c pedreiras. Grande Productos das explorações c industrias florcstaes. Uten­
metallurgia. Pequena metallurgia. Decoração fixa dos edi­ sílios, instrumentos e productos das colheitas. Productos
fícios. Moveis. Tapetes, tapeçarias. Decoração movei e obras da caça. Productos farinaceos e seus derivados. Assucarcs
de estofador. Ceramics. Vidros. Apparelhos e processos dc e productos de confeitaria. Xaropes c licores, bebidas espi­
aquecimento c de ventilação. Apparelhos e processos de rituosas. alcoocs industriacs. Explorações de minas, jazidas
illuminação não electrica. Material e processos de fiação, e pedreiras. Fios e tecidos de algodão. Fios e tecidos de
material e processos de fabricação de cordas. Fios c tecidos linho, canhamo. productos da industria de cordas. Rendas,
dc algodão. Fios e tecidos de linho, canhamo .etc.; pro­ bordados e passamanaria. Industrias diversas do vestuário.
ductos da industria de cordas. Fios c tecidos dc lã. Rendas, Artes chimicas c Pharmacia. Perfumaria. Tabacos, phosphoros.
bordados e passamanaria. Industria dc confecção c costura Joalhcria e bijutaria. Escovas, trabalhos de palha. etc.
para homens, senhoras e crianças. Industrias diversas do
vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Fabricação do papel.
Couros c pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Pape­ SERQIPE
laria. Cutcllaria. Ourivesaria. Joalhcria e bijutaria. Relo­
joaria. Bronzes, trabalhos artísticos cm ferro fundido ou Ensino commercial e industrial. Productos agricolas
forjado, metaes cm relevo. Escovas, trabalhos de palha, alimentares. Productos agricolas não alimentares. Productos
etc. Objectos de viajen e acampamento. Brinquedos. Hy­ das explorações c das industrias florcstaes. Assucares e
giene. Trabalho manual da mulher. Estatística cconomica. productos de confeitaria. Xaropes c licores, bebidas espiri­
Serviços administrativos. Equipamentos para jogos c sports. tuosas. alcoocs industriacs. Bebidas diversas. Exploração das
minas, jazidas e pedreiras. Pequena metallurgia. Ceramica.
Fios e tecidos de algodão. Industrias diversas do vestuário.
RIO O. DO NORTE Artes chimicas c Pharmacia. Couros e pelles. Tabacos,
phosphoros.
Material c processos das explorações ruraes. Productos BAHIA
agricolas alimentares. Productos agricolas não alimentares.
Productos das explorações e das industrias florestacs. Uten­ Educação da criança, ensino primário, ensino de adultos.
sílios. instrumentos c productos das colheitas. Material e Ensino secundário. Ensino agronomico. Ensino industrial c
processos das industrias alimentares. Productos farinaceos commercial. Typographia. impressões diversas. Photographia.
c seus derivados. Assucarcs e productos de confeitaria, con­ Medicina e cirurgia. Instrumentos de musica. Machinas a
dimentos c estimulantes. Xaropes c licores, bebidas espi­ vapor. Machinas motrizes diversas Matcriaes e processos
rituosas. Exploração de minas, jazidas c pedreiras. Moveis. da engenharia civil. Carros c carroças, automoveis c cyclos.
Ceramica. Fios c tecidos de linho, canhamo. etc.; pro­ Sellaria c corrcaria. Material da navegação dc commercio.
ductos da industria dc cordas. Rendas, bordados e passama­
naria. Industrias diversas do vestuário. Artes chimicas c Aeronáutica. Material c processos das explorações ruraes.
Pharmacia. Couros c pelles. Tabacos. Escovas, objectos de Productos agricolas alimentares. Productos agricolas não
palha. etc. alimentares. Insectos uteis e seus productos, insectos no­
civos c vegetaes parasitarios. Plantas hortículas. Arvores fru­
ctiferas c fructas. Arvores, arbustos, plantas e flores dc
PARAHYBA ornamentação. Material e processos das explorações e in­
dustrias florcstaes. Productos das explorações e industrias
Livraria, encadernação, jornaes. Instrumentos de mu­ florcstaes. Utensílios, instrumentos e productos das colheitas.
sica. Telegraphia c telephonia. Sellaria c corrcaria. Material Armas dc caça. Productos da caça- Productos farinaceos
e processos das explorações ruraes. Productos agricolas e seus derivados. Conservas dc carnes, peixes, legumes e
alimentares. Productos agricolas não alimentares. Insectos fructas. Assucarcs c productos de confeitaria, coudimentos
uteis e seus productos, insectos nocivos, vegetaes parasi­ e estimulantes. Xaropes c licores, bebidas espirituosas, alcooes
tarios. Material e processos das explorações e das industrias industriacs. Bebidas diversas. Exploração de minas, jazidas
florcstaes. Productos das explorações e das industrias flo­ c pedreiras. Pequena metallurgia. Moveis. Ceramica. Material
rcstaes. Utensílios, instrumentos e productos das colheitas. e processos de coser e confeccionar roupas. Fios c tecidos
Armas de caça. Apparelhos. instrumentos e productos da dc algodão. Rendas, bordados e passamanaria. Industria
pcsca. Productos farinaceos e seus derivados. Assucares e da confecção e costura para homens, senhoras e crianças.
productos dc confeitaria. Aguardentes de vinho. Xaropes Industria diversas do vestuário. Artes chimicas e Phar­
e licores, bebidas espirituosas, alcoocs industriacs. Bebidas macia. Couros e pelles. Tabaco, phosphoros. Papelaria. Ou­
diversas. Exploração dc minas, jazidas c pedreiras. Grande rivesaria. Joalheria e bijutaria. Escovas, obras de entalhe,
metallurgia. Pequena metallurgia. Moveis. Decoração movei objectos dc palha. etc. Objectos dc viajen e de acampamento.
c obras dc estofador. Ceramica. Fios e tecidos dc algodão. Hygiene. Trabalho manual da mulher.
Fios c tecidos de lã. Rendas, bordados e passamanaria. Con­
fecção e costura para homens, senhoras c crianças. Industrias
diversas do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Couros ESPIR ITO-SANTO
e pelles. Perfumaria. Tabacos e phosphoros. Cutcllaria. Es­
covas. trabalhos de palha. etc. Objectos de viajen c de Educação da criança, ensino primario. Ensino secun­
acampamento. Aprendizagem, protecção á infancia operaria. dario. Ensino commercial e industrial. Typographia. im­
pressões diversas. Photographia. Cartas e apparelhos de
geographia e de cosmographia. Instrumentos de musica.
PERNAMBUCO Matcriaes e processos da engenharia civil. Sellaria c cor­
rcaria. Material da navegação de commercio. Productos agri­
colas alimentares. Prsoductos agricolas não alimentares. In­
Ensino industrial c commercial. Typographia. impressões sectos uteis e seus productos, insectos nocivos, vegetaes
diversas. Photographia. Livraria, edições musicacs. enca­ parasitarios. Plantas hortículas. Arvores, arbustos, plantas
dernação. jornaes. Medicina c Cirurgia. Instrumentos de e flores dc ornamentação. Productos das explorações e
musica. Matcriaes e processos da engenharia civil. Material industrias florestacs. Armas de caça. Apparelhos. instru­
e processos das explorações ruraes. Productos agricolas mentos c productos da pcsca. Productos farinaceos e seus
alimentares. Productos agricolas não alimentares. Insectos derivados. Assucarcs e productos de confeitaria. Xaropes
uteis e seus productos, insectos nocivos c vegetaes parasi­ c licores, bebidas esprituosas. alcooes industriacs. Bebidas
tarios. Arvores fructiferas e fructos. Productos das explo­ diversas. Explorações de minas, jazidas c pedreiras. Orande
rações e das industriacs florestacs. Utensílios, instrumentos metallurgia. Pequena metallurgia. Moveis. Ceramica. Vidros
c productos das colheitas. Armas dc caça. Productos da e crystacs. Fios e tecidos de algodão. Rendas, bordados
caça. Apparelhos. instrumentos c productos da pesca. Pro­ e passamanaria. Industrias diversas do vestuário. Artes
ductos farinaceos e seus derivados. Productos de padaria chimicas e Pharmacia. Perfumaria. Cutellaria. Ourivesaria.
c de pastelaria. Assucares e productos de confeitaria, condi­ Joalheria e bijutaria. Escovas, objectos de palha, etc.
mentos, estimulantes. Vinhos c aguardentes dc vinho. Xa­ Objectos de viajen e de acapamcnto. Associações coope­
ropes e licores, bebidas espirituosas, alcoocs industriacs. rativas de producção ou de credito. Hygiene. Trabalho
Bebidas diversas. Exploração de minas, jazidas e pedreiras. manual da mulher.
Grande metallurgia. Pequena metallurgia. Moveis baratos
c dc luxo. Ceramica. Vidros e crystacs. Fios c tecidos de al­
godão. Fios e tecidos dc linho, canhamo, etc.: productos ESTADO DO RIO DE JANEIRO
da industria de cordas. Rendas, bordados e passamanaria.
Industrias diversas do vestuário. Artes chimicas e Phar­ Ensino agronomico. Ensino industrial c commercial.
macia. Couros c pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Typographia. impressões diversas. Livraria, encadernação.

o o o o 306 o o o o o
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

etc. Medicina e Cirurgia Producçâo e utilização mccanica c estimulantes. Vinhos c aguardentes de vinho. Xaropes
da electricidade. Material e procesos da engenharia civil. licores, bebidas espirituosas, alcoocs industriaes. Bebidas
Sellaria e correaria. Material de navegação de commercio. diversas. Exploração de minas, jazidas c pedreiras. Grande
Material e processos das explorações ruraes. Productos metallurgia. Pequena metallurgia. Decoração fixa dos edi­
agricolas alimentares. Productos agricolas não alimentares. fícios publicos e das habitações. Moveis baratos c de
Insectos uteis e seus productos, insectos nocivos. Plantas luxo. Decoração movei e obras de estofador. Ceramica.
hortícolas. Arvores fructiferas e fructos. Productos das ex­ Vidros e crystaes. Fios c tecidos de algodão. Fios e tecidos
plorações c das industrias florestaes. Armas de caça. Ma­ dc linho, canhamo. e tc .; productos da industria de cordas.
terial e processos das industrias alimentares. Productos fa­ Sedas c tecidos de seda. Industrias diversas do vestuário.
rinaceos e seus derivados. Conservas de carnes, peixes, Artes chimicas e Pharmacia. Fabricação de papel. Couros e
legumefe c fructas. Assucares c productos de confeitaria, con­ pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Papelaria. Escovas,
dimentos e estimulantes. Xaropes e licores, bebidas espiri­ objectos de marroquim, obras dc entalhe e trabalhos de
tuosas. alcooes industries. Bebidas diversas. Exploração das palha. Objectos de viajen c de acampamento. Brinquedos.
minas, jazidas e pedreiras. Pequena metallurgia. Moveis ba­ Instituições de previdência. Hygiene. Trabalho manual da
ratos e de luxo. Ceramica. Vidros e crystaes. Fios e te­ mulher. Equipamentos para jogos c sports.
cidos de algodão. Fios e tecidos de lã. Sedas e tecidos
de seda. Rendas, bordados e passamanaria. Industrias da
confecção c costura para homens, senhoras e crianças. In­
dustrias diversas do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. S. CATHARIN A
Couros e pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Pape­
laria. Escovas, objecto de palha. etc. Objectos de viajen e Educação da criança, ensino primario. Ensino secun­
de acampamento. Hygiene. Estatística intellectual e moral. dario. Ensino commercial e industrial. Typographia. im­
pressões diversas. Photographia. Livraria, encadernação, etc.
Medicina e cirurgia. Instrumentos dc musica. Apparelhos
diversos de mecanica geral. Materiaes e processos da en­
SAO PAULO genharia civil. Carros e carroças. Sellaria e correaria. Ma­
terial c processos das explorações ruraes. Productos agri­
colas alimentares. Productos agrícolas não alimentares. In­
Educação da criança, ensino primário, ensino dos adultos. sectos uteis c seus productos, insectos nocivos. Productos da
Ensino secundário. Ensino superior, instituições scientificas. exploração e das industrias florestaes. Utensilios. instru­
Ensino especial artístico. Ensino industrial e commercial. mentos c productos das colheitas. Productos da caça. Appa­
Typographia, impressões diversas. Photographia. Livraria, rclhos. instrumentos e productos da pesca. Productos fari­
edições musicaes. encadernação, etc. Instrumentos de pre- naceos e seus derivados. Conservas de carnes, peixes, le­
Xcisâo. Medicina e cirurgia Instrumentos de musica. Ma­ gumes e fructas. Assucares c productos de confeitaria. Vinhos
chinas motrizes diversas. Apparclhos diversos da mecanica e aguardentes de vinho. Xaropes e licores, bebidas espiri­
geral. Machinas de fabricação. Producçâo e utilização me­ tuosas. alcooes industriaes. Bebidas diversas. Exploração de
canica da electricidade. Elcctro-chimica. Illuminação electrica. minas, jazidas e pedreiras. Grande metallurgia. Pequena
Applicaçôes diversas da electricidade. Materiaes c processos metallurgia. Decoração fixa dos edificios. Moveis baratos
da engenharia civil. Carros, carroças, automóveis e cyclos. e de luxo. Decoração movei. Ceramica. Apparelhos e pro­
Sellaria e correaria. Material ferro-viario. Matcial da na­ cessos dc illuminação não electrica. Fios e tecidos de al­
vegação de commercio. Material c processos das explorações godão. Fios c tecidos de lã. Seda e tecidos de seda. Rendas,
ruraes. Agronomia, estatística agricola. Productos agricolas bordados e passamanaria. Industrias diversas do vestuário.
alimentares. Productos agricolas não alimentares. Insectos Artes chimicas c pharmacia. Fabricação de papel- Couros
uteis e seus productos, insectos nocivos, vegetações para­ e pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Papelaria. Es­
sitarias. Arvores fructiferas e fructos. Material e processo covas. objectos dc palha. etc. Objectos de viajen e de acam­
das explorações e industrias florestaes. Utensílios, instru­ pamento. Brinquedos. Credito agricola. Trabalho manual da
mentos e productos das colheitas. Armas de caça. Productos mulher. Equipamentos para jogos e sports.
da caça. Material c processos das industrias alimentares.
Productos farinaceos e seus derivados. Conservas de carnes,
peixes, legumes c fructas. Assucares e productos de con­ RIO GRANDE DO SUL
feitaria. Vinhos e aguardentes de vinho. Xaropes e licores,
bebidas espirituosas, alcoocs industrial's. Bebidas diversas. Educação da criança, ensino primario, ensino dos adultos.
Exploração de minas, jazidas e pedreiras. Orande metal­ Ensino agronomico. Ensino commercial e industrial. Typo­
lurgia. Pequena metallurgia Decoração fixa dos edifícios. graphia. impressões diversas. Photographia. Livraria, edições
Vitraes. Papeis pintados. Moveis baratos e de luxo. Tapetes, musicaes. encadernação, etc. Instrumentos de precisão. Me­
tapeçarias. Decoração movei e obras de estofador. Ceramica. dicina e cirurgia. Instrumentos de musica. Material e acces­
Vidros e crystaes. Apparclhos e processos de aquecimento sorios da arte theatra). Machinas motrizes diversas. Appa­
c ventilação. Apparelhos e processos de illuminação não relhos diversos da mecanica geral. Machinas de fabricação.
electrica. Material e processos da fabricação de tecidos. Materiaes e processos da engenharia civil. Sellaria e cor­
Material e processos de alvejamento. tingidura. impressão rearia. Material de navegação de commercio. Aeronáutica.
e preparo das materias texteis. Material e processos de Material e processos das explorações ruraes. Material e
coser e confeccionar roupas. Fios e tecidos de algodão. processos da viticultura. Productos agricolas alimentares.
Fios e tecidos de linho, canhamo. etc.: productos da in­ Productos agricolas não alimentares. Insectos uteis e seus
dustria de cordas. Fios e tecidos de lã. Sedas e tecidos productos, insectos nocivos e vegetaes parasitarios. Arvores
de seda. Rendas, bordados e passamaria. Industria da con­ fructiferas e fructas. Productos das explorações e das in­
fecção e costura para homens, senhoras e crianças. In­ dustrias florestaes. Utensilios. instrumentos e productos das
dustrias diversas do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. colheitas. Apparclhos. instrumentos e productos da pesca.
Fabricação do papel. Couros c pelles. Perfumaria. Tabacos, Material e processos das industrias alimentares. Productos
phosphoros. Papelaria. Clitellaria. Ourivesaria. Joalheria c farinaceos e seus derivados. Productos de padaria e de
bijutaria. Relojoaria. Escovas, obras de entalhe, objectos pastelaria Conservas de carnes, peixes, legumes e fructas.
de palha. Industria da borracha e da guta-percha: objectos Assucares c productos de confeitaria, condimentos, estimu­
de viajen e de acmpamento. Brinquedos. Associações coope­ lantes. Vinhos e aguardentes dc vinho. Xaropçs c licores,
rativas de producçâo ou de credito. Habitações operarias. bebidas espirituosas, alcoocs industriaes. Bebidas diversas.
Hygiene. Trabalho manual da mulher. Desenvolvimento Exploração das minas, jazidas e pedreiras. Grande metal­
economico. Serviços administrativos. Equipamentos para jogos lurgia. Pequena metallurgia. Decoração fixa dos edificios.
Moveis baratos e de luxo. Tapetes, tapeçarias, etc. Ceramica.
Vidros e crystaes. Apparelhos e processos de aquecimento
e ventilação. Material e processos de coser c confeccionar
PARANA roupas. Fios e tecidos de algodão. Fios e tecidos de linho,
canhamo. etc. : productos da industria de cordas. Fios e
Ensino superior. Ensino agronomico. Ensino especial tecidos de lã. Sedas e tecidos dc seda. Industria da con­
industrial e commercial. Typographia, impressões diversas. fecção c costura para homens, senhoras c crianças. In­
Photographia. Livraria, edições musicaes. encadernação, dústrias diversas do vestuário. Artes chimicas e pharmacia.
jornaes. Cartas c apparclhos de geographia e de cosmo­ Couros e pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Cutel-
graphia. Instrumentos de precisão, moedas e medalhas. Me­ laria. Escovas, trabalhos dc palha. etc. Objectos de viajen
dicina c cirurgia. Instrumentos de musica (inclusive pianos'. e dc acampamento. Brinquedos. Trabalho manual da mulher.
Apparelhos diversos da mecanica geral. Modelos, planos e
projectos de obras publicas. Carros <• carroças, automóveis M IN AS-GERAES
e cyclos. Sellaria e correaria. Material e processos das
explorações ruraes. Productos agricolas alimentares. Pro­
ductos agricolas não alimentares. Insectos uteis e seus Educação da criança, ensino primario. Ensino secun­
productos, insectos nocivos e vegetaes parasitarios. Plantas dário. Ensino especial artístico. Ensino agronomico. Ensino
hortículas. Arvores fructiferas e fructos. Productos das ex­ industrial e commercial. Typographia. impressões diversas.
plorações e das industrias florestaes. Utensílios, instru­ Livraria, encadernação, etc. Cartas c apparelhos dc geo­
mentos e productos das colheitas. Productos da caça. graphia e de cosmographia, topographia. Medicina e ci­
Productos farinaceos c seus derivados. Productos de pa­ rurgia. Instrumentos de musica. Apparelhos diversos dc me­
daria e de pastelaria. Conservas de carnes, peixes, legumes canica geral. Machinas de fabricação. Producçâo c utilização
e fructas. Assucares c productos de confeitaria, condimentos mccanica da electricidade. Electro-chimica. Applicaçôes di-

O O O O 307 O O O O O
LIVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENTENÁRIO DA

versas da electricidade. Modelos, planos c projectos de obras Director oosiçüo de llcllas-Artes Prof. João
publicas. Sellaria e corrcaria. Material de navegação de com­ Baptista da 1
mercio. Material e processos das explorações ruracs. Pro­ architectura —
ductos agricolas alimentares. Productos agricolas não ali­ D r. Octavio" Tcllcs Rocha
mentares. Insectos uteis c scus productos, insectos nocivos
c vegetaes parasitarios. Material c processos da horticultura Superintendente gerat dos serviços de instaltações in­
c da arboricultura. Plantas hortículas. Arvores fructiferas ternas Engenheiro Coronel João Fulgendo de Lima
e fructos. Arvores, arbustos c plantas de ornamentação. Mindcllo.
Material c processos da exploração c das industrias florestaes Auxiliares Evaristo Veiga. Arthur Cunha e Apol-
Productos das explorações c das industrias florcstacs. Uten­
sílios. instrumentos c productos das colheitas. Armas de
caça. Productos da caça. Apparclhos. instrumentos e pro­
ductos da pesca. Material e processos das industrias ali­
mentares. Productos farinaceos e seus derivados. Productos
de padaria e de pastelaria. Conservas de carnes, peixes, O S M O N U M E N T O S E P A V IL H Õ E S
legumes e fructas. Assucares e productos de confeitaria, B R A S IL E IR O S
condimentos, estimulantes. Vinhos e aguardentes de vinho
Xaropes c licores, bebidas espirituosas, alcooes industrial's.
Bebidas diversas. Exploração de minas, jazidas c pedreiras.
Grande mctallurgia. Pequena mctallurgia. Moveis baratos Procuremos esboçar cm traços rapidos a dcscripção dos
c de luxo. Tapetes, tapeçarias, etc. Ceramica. Vidros c monumentos c pavilhões brasileiros da grande feira com-
crystaes. Material c processos de fiação; material e pro­
cessos de fabricação de cordas. Fios e tecidos de algodão.
Fios e tecidos de lã. Sedas c tecidos de seda. Rendas,
bordados c passamanaria. Industria da confeecçâo e cos­ AS PORTAS MONUMENTAES
tura para homens, senhoras c crianças. Industrias diversas
do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Fabricação do
papel. Couros e pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros.
Papelaria. Clitellaria. Ourivesaria. Joalheria c bijutaria. Es­ r fica fronteiro. Tem
covas. objectos de palha. etc. Objectos de viajen e de
acampamento. Hygiene. Trabalho manual da mulher. Usos 33 i ctros.
c costumes do commercio de importação. Serviços adminis­ i de I I alturi II ' lar­
trativos. gura e 9.50 de profundidade.
Foram autores do projecto os architectos Edgard Vianna
ÜOYAZ c Mario Fortim.
fi imponente o aspecto desse portão monumental, cujas
decorações de profundo sentido allcgorico lhe fazem re­
Ensino industrial c commercial. Livraria, encadernação, alçar soberanamente a belleza.
etc. Productos agricolas alimentares. Productos das explo­ A porta norte, construída em cstylo colonial na outra
rações e industriacs florcstacs. Assucares e productos de extremidade do certamen, junto ao incrcado municipal, foi
confeitaria, condimentos, estimulantes, aropes e licores, be­ projectada pelo architecto Raphael Galvâo. que soube unir
bidas espirituosas, alcooes industriacs. Bebidas diversas. Ex­ á graça c .1 simplicidade das linhas o encanto superior
ploração das minas, jazidas c pedreiras. Pequena mctal­ da nossa architectura tradiccional. Consiste cm dois grandes
lurgia. Ceramica. Artes chimicas e Pharmacia. Fabricação pilões decorados, ladeando o motivo architectonico central
do papel. Couros e pelles. Tabacos, phosphoros. Ourivesaria. . de
Escovas c trabalhos de palha. Trabalho manual da mulher. trada dircctamcntc
Serviços administrativos.
PALACIO MONROE
MATTO-GROSSO
O Palacio Monroe c a reproducção definitiva do pavilhão
Ensino industrial c commercial. Machinas de fabricação. brasileiro na exposição de S. Luiz. de 1901. — o mais
Sellaria e corrcaria. Productos agricolas alimentares. Pro­ bello e vasto dos pavilhões estrangeiros daquclle certamen,
ductos agricolas não alimentares. Productos das explorações no dizer cnthusiastico da imprensa americana. K um mo­
e industrias florcstacs. Utensílios, instrumentos e productos numento de graça c de harmonia, maravilhosamente loca­
das colheitas. Armas de caça. Productos da caça. Productos lizado na conjuncçào das Avenidas Rio Branco c Beira-
farinaceos c seus derivados. Conservas de carnes, peixes, Mar. Foi onde fiinccionou o 2.» Congresso Pan-Americano,
legumes e fructos. Assucares e productos de confeitaria, c durante muitos annos a Camara dos Deputados teve
condimentos, estimulantes. Xaropes c licores, bebidas espi­ ncllc a sua séde.
rituosas. alcooes industriacs. Exploração das minas, jazidas, Incorporado ao recinto da Exposição, foram os seus
pedreiras. Pequena metallurgia. Ceramica. Fios e tecidos tres elegantissimos pavimentos occupados com os serviços
de algodão. Industria da confecção c costura para homens, officiacs do certamen. No andar terreo installou-se o Bureau
senhoras c crianças. Artes chimicas e Pharmacia. Perfu­ ollicial d r inlormacões. admiravelmente organizado de ma­
maria. Tabacos, phosphoros. Escovas e objectos de palha. neira a poder attender as mais differentes solicitações que lhe
Hygiene. Estudos economicos dos principacs productos. fossem dirigidas. No primeiro pavimento ficam os cscri-
ptorios da commissâo Executiva da Exposição. No se­
gundo. os salões de festas e recepções.
O Palacio Monrüc abre a serie dos monumentos archi­
tectonicos que. numa só linha de belleza. se extendem
A C O M M IS S Â O O R G A N IZ A D O R A pela Avenida das Nações até a explanada do Mercado.
DO C ER T A M E N
PALACIO DAS FESTAS
Foi a seguinte a commissâo organizadora da Exposição O Palacio das Festas, construcçâo monumental, das
Internacional do Centenario, ao esforço, á intclligcncia e mais faustosas e deslumbrantes do certamen, foi ideado
á dedicação de cujos membros devemos o ter podido apre­ c construído pelos architectos Memoria c Cuchct. cm cstylo
sentar ao mundo esse testemunho de nosso adiantamento Luiz XVI moderno.
moral c material, não obstante a premencia de tempo c as Desenvolve-se a fachada numa frente de cem metros,
difficuldades innumeras que havia a vencer c que foram destacando-se o grandioso motivo architectonico central, la­
triumphalmcntc dominadas: deado por elegantes columnatas que vão terminar cm torreões
Commissâo executiva Ministro da Justiça c Ne­ extremos de audaciosas linhas.
gócios interiores Ur. José Joaquim Ferreira Chaves; prefeito Comprehende o edifício uma grande sala central cir­
do Districto Federal Ur. Carlos Cesar de Oliveira Sampaio cular, tendo cm torno duas galerias sobrepostas. Imponente
c Ministro da Agricultura, industria e commercio Ur. José cupola, de maravilhoso cffcito. aberta com 10 metros de
Pires do Rio. diametro, cobre esta sala central, transmittindo ao con­
Commissoria Geral D r. Carlos Cesar de Oliveira juncto uma impressão dominadora.
Sampaio. Incubiram-sc das decorações exteriores c internas alguns
Delegado Oeral — Dr. Francisco Ferreira Ramos. dos nossos mais notáveis artistas da palheta c do cinzel.
Director Oeral da Representação estrangeira - D r. Al­ Rodolpho c Carlos Chambclland desenharam c pintaram o
fredo Conrado Nicmeycr. tecto, em allegorias de larga inspiração, sendo o trabalho
Secretario Geral da Commissâo Executiva — Dr. João dos dois pintores irmãos digno de todos os louvores.
Baptista de Mello e Souza. Francisco de Andrade c Modestino Kanto esculpiram cm
T/tesoureiro Dr. Manoel de Alencar Guimarães. alto relevo as duas imponentes frisas da fachada, represen­
Vice-presidentes da Commissâo Organizadora do Cer­ tando a da esquerda a evolução politica, c a da direita
tamen — Dr. Antonio Olyntho dos Santos Pires e Dr. An­ a evolução economica do Brasil. Um grupo monumental,
tonio Assis de Padua Rezende. admirável allegoria da Independência, levanta-se sobre a
Secretario Geral - - Dr. Delfim Carlos da Silva. porta unica, completando a harmonia cstructural do Palacio.

O O O O O O
PAVILHAO DAS INDUSTRIAS DE PORTIJQAL SECÇÃO D t TAPETES
PAVILHÀO IM S INDUSTRIAS DE PORTUGAL - VISTA INTERIOR
IN DE PEN D E NCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

A «raiulc sala central fui reservada para as solcmnidadcs


festivas do período de Commemoraçòcs. Apenas as duas «a cturados das Escolas de Aprendizes
etc.). s demonstrati! dos processos de e
lerias que circundam a sala. e cuja área é de 1.512.»*80.
foi occupada por expositores. ilecioentotu
Nas duas alas da galeria inferior foi installada a expo- . , . . - __ Escolas Aprendizes Artifices
siçâo das repartições official's de Hygiene e Assistência continua na galeria circular, et.. ..... .................
Era compartimentos reservados, cuja entrada é permittidá corativos, desenhos, csculpturas, bordados e mobiliários exe­
apenas, respectivamente. a homens e mulheres, ha. em expo­ cutados por alumnos. £ de justiça salientar os mostruários
sição de propaganda anti-syphilitica. mostruários e painéis do Instituto Parobé (Escola de Aprendizes Artifices de
diversos em que se demonstra aos ignorantes o perigo I Alegre), onde se notam, entre outras coisas, grandes
i contaminação c da falta de tratamento immediato do machmas fundidas e mecanizadas com a cooperação dos
terrível alumnos. Merecem também relevo os trabalhos de marce­
O ensino municipal do Rio de Janeiro occupa . galerias naria. sapataria, etc., da Escola de Aprendizes Artifices do
superiore», onde também foram expostas mobilias . l araná c os productos de ceramica do aprendizado agricola
sultorios dentarios c medicos, objectos de cirurgia fa de Satuba. O Museu Commercial do Pará tem bello mos-
cacão nacional de lampadas para raios X. apparelhos ‘eria. que termina com a exposição dos
musica, inventos brasileiros, etc. Num dos ângulos da ga- productos do C meai Modelo do Ministerio da Agricultura,
localiza a representação das aggremiacões espei da circular central encontram-se as plantas
tistas brasileiras. : nossos campos de experimentação e cs-
Devemos destacar, pela importância que assumem cm agronômicas. E ahi __ vivamente rcsalta a
nossa adiantada industria, os pianos fabricados em Curi­ ividade criadora do Ministerio . Agricultura, que i
informad consideram repartição inutil. Os campos
tiba- capital do Estado do Paraná, pela casa Essenfclder experimentaes e i escolas agronomicas do Brasil, que corn­
o- Cotnp.. e dos quaes figuram no Palacio das Festas prehendem diver os ramos de cultura (fumo. vinho, canna
alguns espccimens admiráveis pala sua sonoridade e pela uc assucar. ingo. fruetas. etc.), constituem magnifico apren­
sua surprehendente belleza cstructural. dizado que vae fazendo aos poucos a nossa grandeza agri­
cola. Varias maquettes em gesso, representando estabeleci­
mentos _do Ministerio, contribuem, nesta sala. para a viva
PALACIO DOS ESTADOS impressão do conjuncto.
Na outra grande sala do andar terreo foram installados
Os planos do Palacio dos Estados são da autoria do os mostruários da Escola de Minas de Ouro Preto, do
architecto H . Pujol Junior, que. inspirando-se no cstylo Serviço de Povoamento e do Serviço Oeologico e Minera-
Renascença francesa. __ leu uma das mais formosas com- formidavel riqueza mineral se patentêa
posições architectonicas t _ __ ___
Exposição. De construcçào de- cm milhares de amostras : Jmiravelmcnte dispostas. Numa
finitiva, o Palacio dos Estados consta de c...*„ das paredes extende-si grande carta mineralógica do
e de 45 metros de altura, chamada a Torre das Brasil. ‘ “ naxima importanda. Outros mappas.
Joias. A cobertui
_i » a ■ » de vastas proporções. ' significativas aguarcllas informam o
aberto por todos ; lados para ) deslumbrante panorama visiiamc cio estado actual de nossos patronatos agricolas,
de ao derredor. nucleos coloniaes e centros agricolas de trabalhadores na-
A área total aproveitável deste palacio é de 5.350,n?61, cionacs. Num dos cantos sobresáe enorme maquette. em
assim distribuídos: gesso, da hospedaria de immigrantes da Ilha das Flores,
Andar terreo: duas salas com 70">* cada ui ria no compartimento ainda alguns mostruários de expo­
salas com 13">s cada uma; duas salas com 100"‘ . sitores particulares.
—s salas com 175*f 75 cada uma; duas outras c Subindo ao primeiro pavimento do edifício, encontramos
cada; I 6 5 -,; i 80-* distribuídos pela galeria circular e pelas differentes salas
3l4mj riquíssimos mostruários particulares, abrangendo productos
Entresolo : — duas salas com 7 0 -500 cada ma; quatro diversos de nossa industria: productos chimicos e pharma­
salas com 1 3 - s00 cada uma: duas outras c< 1 26.—. 12; ceuticos. perfumaria, tintasjnilinas. esmaltes, vernizes, velas,
mais duas com 100.-'00 cada uma; duas outras c n 133,—jOO adubos, colas. etc. A nossa ceramica. embora insipiente ainda,
cada uma: duas outras com 62,--00 cada um; apresenta ahi bellos productos, destacando-se os fabricados
com 80,-*07: outra com 65.-„00: c imia ultima c< i 137.—.0O. <ni S. Paulo e Paraná. A vidraria exposta mostra que neste
Primeiro andar: duas salas com 70.-*00 assumpto já attingimos á perfeição. O mesmo se poderia
duas salas com 09,—*50 cada uma; duas outras c n 175.’",75 dizer de nossa industria de ladrilhos, de que se vêm no
cada uma; duas outras com 6 6 ” »74 cada u pavimento os mais formosos espccimens.
salas com 1 3 ,-00 cada uma; uma sala com 65.-,12; O segundo pavimento é inteiramente occupado pelos
com 80.--00; c finalmente outra com137.-.00. Estados de Minas-Oeraes e S. Paulo. Na parte relativa
Segundo andar — duas salas com 70.-*00‘ cada uma; áquclle destacam-se os graphicos referentes ao commercio
quatro salas com 13.-s00 cada uma: duas salas com 2 7 -,00 de exportação do Estado e os excellentes trabalhos execu­
cada uma: duas outras com I00.--00 cada uma: mais tados pelos reclusos da Penitenciaria de Ouro-Prcto. além
duas com 175.-! 75 cada uma: duas salas com 62.-,30 dc maravilhosa collecção cnthomologica. organizada exclu­
cada uma; uma sala com 65.—"0(1: outra com 80.-.00; sivamente de insectos da região mineira. Na parte con­
c a ultima com 314,-300. sagrada a S. Paulo provocam intensamente a admiração
Terceiro andar: — duas salas com 13.--00 cada uma; os grandes dioramas, verdadeiras obras d'arte, represen­
duas outras com 55.msOO cada uma. e finalmente mais tando, respectivamente, o porto de Santos, uma fazenda,
duas com 25.-;00 cada uma. Aréa total do Palacio dos o monumento do Ypiranga c um trecho de estrada de
Estados: 5.350.m,61. rodagem cm plena serra. A impressão recebida é a da
A distribuição dos mostruários pelos differentes com­ realidade viva. Merecem também particular relevo os
partimentos deste vasto edifício foi feita com todo o cs- mappas, quadros e mostruários relativos ao ensino pri­
mero.d e maneira a dar ao visitante curioso a visão imme­ mário c industrial no grande Estado.
diata de nossas immensas riquezas c de nossa capacidade Acham-se representadas no terceiro pavimento as nossas
de realização. industrias de papel, em seus differentes ramos, papelão,
No andar terreo installou o Ministério da Agricultura caixas, typographia. zincographia. lithographia, impressão em
as suas exposições. Logo no vestibulo podem ser apreciadas, lata. mobilias de junco, venezianas, chapéus, candelábros.
cm elegantes mostruários, amostras das variadíssimas qua­ objectos em ferro ou bronze, molduras, manequins, coroas,
lidades de terras brasileiras, com instructivas indicações imagens religiosas, etc.
sobre as culturas a que se prestam. Amostras de sementes, Algumas livrarias c casas editoras organizaram ahi sug-
olcos. alcooes. madeiras, féculas, assucares. farinhas, adubos gestivos mostruários. Também a Imprensa Nacional se faz
fibras e outros productos vegctacs enchem outros mos­ lembrada, expondo magnificos trabalhos executados em suas
truários. harmoniosameute organizados. Das paredes pendem officinas. Devemos citar ainda a galeria dc plantas archi­
«raphicos estatísticos. Uncares ou figurados, demonstrando tectonicas apresentada por importante empresa constructor.
o movimento agricola cm varias unidades da Federação. No quarto c ultimo pavimento, finalmente, admiram-se
productos variados da industria do Estado do Rio de Ja­
Na primeira sala á esquerda, encontram-sec as instal- neiro: mobiliário, ceramica. phosphoros. productos pharma­
Iaçõcs da superintendência do serviço das sementeiras, oc­ ceuticos. tanoaria, vinhos, etc. Trabalhos de marcenaria
cupando os mostruários os magnificos productos colhidos das Escolas profissionaes do paiz, moveis escolares e edições
nos campos de experimentação. Rcsaltam ahi as excellentes musicacs oceupam differentes compartimentos deste andar.
qualidades de ccrcaes que já vamos produzindo, assim como Não é possível, numa resenha breve como esta. dar
o avanço a que chegamos no que se refere á c "1*" '* ' ln idéa completa da variedade immensa de productos de nosso
algodão, cujas longas fibras não encontram rival > mundo solo c nossa industria contidos no grande Palacio dos Es­
inteiro. tados. A indicação summaria que ahi deixamos, todavia,
O Observatório Astronomico Nacional está i presentado bastará para encher de orgulho o coração brasileiro, pal­
nesta sala por varios graphicos e instrumentos, pitante de amor pela sua patria.
quaes se destaca, pelo seu maximo interesse,
luneta meridiana construída por Bollond. < i Londres, no
anno de 1849. e que serviu até 1921 r determinação
da hora na Capital-Federal. PALACIO DAS ORANDES INDUSTRIAS
Ê de notar também a vasta galeria de photographias
c mappas, referentes aos campos de experimentação e Do antigo Arsenal de Guerra e do forte do Calabouço,
nucleos agricolas, erguida ao centro da sala. Completam que o prolonga, construcçôes tradiccionaes da nossa urbs.
este compartimento mostruários contendo objectos manufa- fiseram os architectos A. Memoria e F. Cuchet o grande

O O O O O O 309 O O O O O O
LIVRO OF- OURO COAIM FMORATIVO PO CFNTFNAR/O OA

Palacio das Industrias, rcstaurando-os inteiramcntc e con- Compõe-se de um corpo central, encimado por elegante
vcrtendo-os cm magnifico monumento architectonico, dc es- lanternim. e dois torreões lateracs. desenvolvidos em tres
tylo néo-colonial. «> mais vasto c um dos mais bellos pavimentos. A fachada, cujas ornamentações são do mais
do certamen. fino gosto, c para a bellcza da qual concorrem ainda as
De linhas simples c harmoniosas, no Palacio das In­ nossas telhas esmaltadas c azulejos, extcndc-sc numa frente
dustrias se consorciam á leveza e i graça a imponência c de 60 metros.
a sumptuosidade. Ladrilhos, azulejos, telhas, bem como Dispõe este pavilhão das seguintes areas aproveitáveis:
todos os pormenores do cdificio. obedeceram rigorosamente Primeiro pavimento: duas varandas com 16.",63 cada uma;
aos planos primitivos, alterados apenas internamente, em duas galerias com 106"” 00 cada uma; uma sala com
partes não essenciaes. para melhor exposição de certos 472.m,0 0 : e uma semi-corôa com 108.",00.
productos. Segundo pavimento: duas varandas com 16.m,00 cada
CompOe-sc o edifício, ora dc dois. ora dc tres andares. uma; duas galerias com I06.m,00 cada uma: uma sala
Na extremidade do velho forte do Calabouço, foi er­ com 472.'";00: uma semi-corôa com 108.m,00.
guida uma torre de 35 mts. dc altura, mirante geral da Terceiro pavimento: duas galerias com 106.".00 cada
exposição. Contorna a torre elegantíssima uma pequena uma: duas salas com 146.™,00 cada uma; um salão com
galeria aberta em columnata, de encantador cffeito. Entre 12!."” 00: uma semi-corôa com 108.'"-'(IO; uma passagem
a torre e o corpo principal do Palacio lica um terraço ajar­ com 37.",24: e dois terraços com 16,",63 cada um.
dinado. ao qual se tem accesso por escadarias pittorcscas Area total do edificio: 2.454 metros quadrados.
e admiravelmente trabalhadas. Primitivamente destinado á exposição de viação e obras
É notável a bcllcza da decoração de gosto nacional, publicas, foi este formoso palacio aproveitado depois para
caracterizada pelos azulejos c outros trabalhos de ceramica os mostruários da nossa industria de tecidos.
brasileira, rcsaltando a bclleza das telhas esmaltadas. A variedade e a perfeição dos productos expostos
Merecem referencia ainda os grandes pateos internos, mostra que. neste assumpto, como cm outros, pouco temos
num dos quaes, dc 60 mets. quadrados, se reflectent todas a aprender dos mais adiantados paiscs estrangeiros.
as arcadas do cdificio. graças a uma enorme piscina dc Nos dois pavimentos superiores do Palacio dos fios c
aguas adormecidas. tecidos o mais exigente conhecedor da matéria se deixará
No intuito de distender as áreas aproveitáveis, foi con­ deslumbrar diante dos mostruários magnificos, onde são
struído. em ligação com o Palacio das Industrias, um edifício apresentadas todas as qualidades de tecidos trabalhados
annexo, dc tres pavimentos, também em cstylo néo-colonial. corn surprehendente esmero. As matérias primas empregadas,
O grande Palacio dispõe do seguinte espaço: o linho, o algodão, a seda. a lã e outras são cm grande
Andar terreo: uma sala com 59ms,: outra com 193m,; parte produzidas na Brasil, o que maior realce dá á
outra com 272"',: outra com 117"” ; outra com 275">s : industria. Desde o simples tecido de phantasia, ou das fa­
outra com 606m í; outra com 439m !; outra com 165“ , ; zendas estampadas e dos reps, até ao brim e ás mais lu­
outra com •18™.; outra com 130m, : outra com 152“ *: xuosas sêdas e cascmiras. todas as variedades se encontram
outra com 187'",: outra com 92"',: outra com 107"f ; nesses mostruários, numa escala dc numerosas gradações,
outra com 138m, : e finalmente a ultima com 42.™, perfa­ passando pelos atoalhados, flanellas. zcphircs. voiles,
zendo um total para todo o andar terro. de 3.136 metros morins, etc.
quadrados. Chamam também immcdiatamcnte a attençâo os mos­
Primeiro andar: 17 salas differntes. tendo respectiva- truários dc roupas feitas, industria esta cm que não tememos
mente as seguintes áreas: 59. 193. 272. 117. 275. 600. rivaes. Camisas, ceroulas, pyjamcs e outras peças do ves­
439. 165. 48. 130. 152. 187. 92. 107. 138. 114 e 42 tuário interno, trabalhadas cm linho. sida. zcphir c outros
metros quadrados, num total de 3.136“ *. tecidos, revelam pelo bem acabado da confecção o adianta­
Segundo andar: ima sala com 272"-’ . mento das nossas grandes fabricas do genero.
Area total r’ ~ ’alado das Industrias: 6.544 metros São dc primeira ordem os bordados e rendas expostos,
quadrados. assim como os cabos, cordas c barbantes feitos das fibras
O cdificio annexo dispõe dc: mais diversas.
Primeiro pavimento: salão dc 93.",52: outro No sub-solo do cdificio pode ser admirada uma grande
60,mj8 3 : outro dc 62.">,4I: c um ultimo com 67."’ 32 machina dc fiação, inteiramcntc montada.
' ác"*' d ,r' avimento um salão com 93.",52; outro c
120.", m 67,".32.
Terceiro i avimento: salão com 93.",52; outro c PALACIO DAS PEQUENAS INDUSTRIAS
153.m,6 0 outro com 67.",J2.
Area total do annexo 880 metros quadrados. O Pavilhão das pequenas industrias, cujos planos foram
No andar terreo do Palacio das Industrias organizou-sc
a exposição de productos alimentares, dispostos com fino desenhados pelos architectos Nestor de Figueiredo c San
gosto em grande galeria de nichos, havendo installações Juan. é uma linda e harmoniosa construcção cm cstylo co­
de firmas particulares verdadeiramente deslumbrantes. lonial brasileiro com decorações barrocas, entrando nestas
Acham-se nessa galeria representados os nossos vinhos, li­ alguns elementos da nossa flora e da nossa fauna. Consta
cores. xaropes, cervejas, aguas mineracs. farinhas, productos de dois pavimentos, medindo a fachada principal 60 metros
dc pastelaria c padaria, conservas dc carnes, peixes, legumes dc frente. São de admiravel cffeito os dois torreões lateracs.
e fruetas. assucares c productos de confeitaria, etc. Nas e de grande bellcza a parte central da fachada, em que
demais galerias do pavimento figuram as machinas pesadas, se nota um conjuncto decorativo cm azulejos azues e
assentes directamente sobre o solo, c os productos va­ brancos, formosa allegoria das pequenas industrias bra-
riados da nossa mctallurgia.
No segundo pavimento do edificio estabeleceu o Mi­ A área aproveitável do edificio é a seguinte: pavimento
nisterio da Guerra um Museu M ilitar occupando 2 salas em terreo. 408.",24; pavimento superior 36 0.",2 0; total .....
que se admiram peças históricas de inestimável valor; numa 768.",44.
terceira sala foi installada a exposição do Estado Maior No primeiro pavimento deste Palacio encontram-se os
do Exercito. Nos demais compartimentos desse andar acham-se mostruários dc artigos desportivos e de gymnastica, brin­
expostos os mostruários dc nossas industrias agricolas e quedos. malas e objectos dc viajen. guarda-chuvas, ben-
extractives Uma galeria inteira é occupada pelo café de
S. Paulo. Pelas outras se distribuem differentes productos Sâo varias as fabricas dc brinquedos que expõem os
do solo brasileiro — algodão, borracha, matte, ccreaes. seus productos, manufacturados com extremo carinho, po­
etc. Também a industria do mobiliário e a arte decorativa dendo fazer frente aos mais aperfeiçoados similares estran­
brasileiras são apresentadas nesse pavimento cm salas es- geiros. O mesmo se poderia dizer dos artigos para viajen.
ptciaes. concorrendo immensamente para accentuar-lhes o todos de optima qualidade.
fino lavor e gosto a feliz disposição cm que foram os O pavimento superior foi consagrado ás industrias do­
objectos distribuídos. mesticas. sobresahindo os mostruários de rendas do Ceará,
Na parte superior da forre installou-se o serviço meteoro­ producto tão precioso quanto as rendas manualmente tra­
lógico. e na parte inferior, abrangendo os terraços, uma balhadas pelas mulheres belgas ou da ilha de Madeira.
casa dc chá. da qual se descortina o panorama maravilhoso A sala em que se encontram esses mostruários recebeu
da bahia circumdada de montanhas. o nome dc Sra. Epitacio Pessoa, homenagem expressamente
No pavimento terreo do edificio annexo estão expostos solicitada pelos proprios expositores cearenses.
productos mineracs de todo o pais.surprchcndcndo a va­ Nas demais salas encontram-se. em lindos mostruários,
riedade e riqueza das grandes collecçõcs expostas, mor- rendas, bordados, almofadas, trabalhos cm crochet, execu­
mente as de minério de ferro, representado por amostras tados no Instituto Orphanologico Benjamin Constant: joias
dc alta porcentagem. Os couros e calçados occupam o e artigos dc metal prateado, grandes relogios dc salão, tra­
segundo pavimento, achando-se ahi representadas todas as balhos cm madeira, earioaturas a fio dc ouro; bronzes da
unidades da Republica, excepção feita do Districto Federal, Fundição Indigena; trabalhos a penna, osso. chiffre. flores
que. com os seus couros c calçados, occupa o andar immc- dc panno, etc.
diatamcntc superior. E também neste que se faz a exposição Ha numa das salas curioso bordado a mão represen­
viva de calçados, onde caixeirinhas e modelos provam c tando a estatua equestre dc D. Pedro I na Capital Federal.
mostram nos proprios pés os generos expostos
PALACIO DO DISTRICTO FEDERAL
PAVILHÃO DOS FIOS E TECIDOS
E das menores construcções da parte nacional da Expo­
sição. destacando-se. no entanto, entre as mais graciosas.
O autor do projecto, snr. Silvio Rabecchi. inspirando-sc no

o o o o o o 310 o o o o o o
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

cslylo Luiz XVI, soube tirar magnifico partido da combi­ Tres estaleiros nacionaes expõem photographias c ma-
nação harmoniosa dos varios elementos desse cstylo. As quettes de suas installaçõcs.
pequenas proporções do edifício dão-lhe leveza c graça, No pavimento superior acha-se representada a nossa
produzindo o conjuncto architectonico a mais agradaveí fauna por numerosos especimens empalhados c couros cur­
impressão. tidos. sendo notável a collecção enthomologica exposta por
Compõe-se de dois pavimentos o palacio. sendo de collcccionadorcs «particulares.
6-12 metros quadrados a sua área aproveitável. Seu pri­ De grande interesse são os aquarios installados no
mitivo destino era servir para a administração do certamen. pavimento terreo do pavilhão da esquerda, onde se veri­
Tendo o governo resolvido incluir o Palacio Monrõe no fica o adiantamento da pissicultura no Brasil.
recinto da exposição, installando nellc os serviços admi­
nistrativos. foi o pequeno c gracioso Palacio occupado pelos
mostruários do Districto Federal.
No pavimento superior encontram-se os seguintes com- PAVILHÃO DAS EXPOSIÇÕES PARTICULARES
Sala do Instituto Profissional Orsina da Fonseca, com
mostruários de lindos trabalhos executados por alumnas- O Palacio das exposições particulares nasceu da feliz
bordados, flores, almofadas, enxovaes infantis. transformação da ala do Mercado Municipal fronteira ao
Sala da Escola Profissional Feminina Paulo de Frontin: recinto da Exposição. Fizeram a adaptação architectonica os
bordados, chapéos, almofadas, flores, desenhos. architectos Nestor de Figueiredo e Armando de Oliveira,
Sala da Escola Profissional Rivadavia Correia: admi­ que da inexpressiva armação de ferro do Mercado criaram
ráveis reproducçõcs de peixes e fruetas cm materia dúctil, motivos artísticos de superior bcllrza. O estylo adoptado
desenhos, trabalhos, culinarios (licores, compotas, etc.), cn- na transformação foi o barroco dominante na Bohemia.
Consta o edifício dc uma parte central, cm que se abre
Sala da Escola profissional Visconde de Cayrú: Trabalhos o portico imponente, e duas alas lateraes terminando em
cm madeira, modelos geometricos, csculptura cm madeira pavilhões ricamente decorados. E de 1.208 metros a área
c em gesso, desenhos, quadro demonstrativo do processo aproveitável para os expositores.
dc polimento c empalhação de moveis, etc. Foi este pavilhão destinado a Casas de Commercio
Sala da Escola Souza Aguiar: mostruário de madeiras ou firmas cspecialmcntc constituídas, que desejassem com-
nacionaes empregadas na officina dc marcenaria da Escola: mcrciar no recinto do certamen. Num dos seus comparti­
mobiliário artístico, trabalhos de agulha. mentos. no entanto, foi installada a exposição da Estrada
No pavimento terreo ficam as seguintes: dc Ferro Central do Brasil, que apresenta, alem de nume­
Sala do Instituto João Alfredo: mobiliário dc madeira rosas plantas da sua futura e soberba estação central, cu­
c palha, objectos de madeira, moveis dc madeira c ferro, riosas maquettes de pontes e viaductos. alêm de interes­
productos de cutelaria e latoaria, artigos de electricidade sante mostruário de trabalhos metallurgies executados na
(dynamos, campainhas, ventiladores), artigos de siderurgia, Escola de aprendizes do Engenho de Dentro.
artigos de couro, csculptura em madeira, etc. São verdadei­
ramente surprehendentes os resultados do ensino nesta
Sala da Escola Visconde dc Mauá: modelos geometricos PARQUE DAS DIVERSÕES
em madeira, quadro demonstrativo do ensino nas officinas
de ferreiro, torneiro e ajustador, c objectos nas mesmas . O Parque das Diversões foi construído segundo pro­
fabricados pelos alumnos, esculptura cm madeira, desenhos, ject? do snr. Morales de los Rios Filho. E das mais vastas
etc. Nesta sala merece particularissimo relevo um torno edificações da exposição: occupa uma área de 20.000 mts.
mecânico, obra admiravelmente acabada, fabricado por dois quadrados e sua fachada se extende por 300 metros, em
alumnos do estabelecimento: arcadas dc grande luxo e pittorcsco.
Sala do Archivo Municipal, contendo differentes obras Imaginou-o o architecto cm forma de aroplano, o que
publicadas pelo governo da cidade e um mappa vivo do lhe da uma estructura bizarra c original. Representam as
Districto Federal. decorações da entrada papagaios, macacos, periquitos, gralhas
As tres ultimas salas são occupadas pelas Inspectorias dc c outros animaes bulhentos dc nossa fauna, numa suggestão
Mattas e Jardins c Caça c Pesca. Na primeira cncontram-sc flagrante de alegria e bom humor. As grandes portas
plantas numerosas dos jardins c parques publicos do Rio são emmoldnradas por guirlandas dc mascaras symbolicas.
dc Janeiro, assim como os diplomas de honra obtidos em dc admiravel effeito. Quabirús e cegonhas constituem a
varias exposições estrangeiras pela Inspectoria dc Mattas e ornamentação da parte de sahida do edifício, significando a
Jardins. Na segunda ha varios mostruários com especimens tristeza dos que o deixam.
empalhados da fauna do Districto. Na terceira, finalmente, No Parque das Diversões foram installadas diversões de
são expostos especimens dc peixes conservados cm álcool toda especie: aeroplanos, carrousscl, as ondas de aço. casa
c differentes modelos de apparelhos de pesca. de doidos, a montanha russa, theatros. cafés, concertos, cine-
matographos e dioramas, grandes salões de baile, bicyclctas.
do Districto Federal é o avanço notável do ensino pro­ balões captivos, apparelhos dc gymnastica, «skating-rink >.
fissional na Capital da Republica. Ha trabalhos executados funiculares, photographias. etc. alêm de excellentes ser­
por alumnos, mormente no dominio da siderurgia, da electri­ viços dc chá, bars c restaurants.
cidade e da cutelaria, que parecem haver sahido dc mãos O proposito do artista que trabalhou a fachada do
de mestre. Percebe-se que a orientação seguida é das Parque de Diversões, escreve um jornalista, foi executar
melhores: attestam-no os prodigiosos resultados obtidos. uma obra architectonica de linhas muito puras, mas de­
corada dc modo complctamentc novo. sahindo do padrão
das architecturas classicas, onde se repetem até á saciedade
PAVILHÃO DE CAÇA E PESCA os modelos grcco-romanos dos leões, gorgonas e outros
cansados themas decorativos, os quaes foram desta fachada
O Pavilhão dc Caça e Pesca, cujos planos são da au­ affastados, sendo substituídos por modelos inspirados na
toria do snr. Armando de Oliveira, consiste cm dois pa­ flora c na fauna tropicaes.
vilhões construídos sobre estacas e ligados por uma ponte, A descripçâo pormenorizada do Parque das Diversões
directamcntc sobre as aguas da bahia. As suas grandes não caberia nestas paginas, tão complexa e variada em
linhas são de cstylo colonial, na sua feição característica suas differentes partes é a enorme construcção- Basta dizer
do norte do pais. Cada pavilhão consta de dois pavi­ que o Parque tem sido. principalmcente para o mundo in­
mentos. um terraço e uma torre. fantil. um dos maiores encantos do certamen.
E indescriptivel a impressão de leveza, graça c pit-
toresco que se desprende da harmoniosa construcção. Re­
presenta cila uma suggcstáo viva das maravilhas que em PAVILHÃO DE MUSICA
architectura poderemos obter com o aproveitamento dos
elementos tradicionacs. reveladores de nossa alma dc povo
c de nossa capacidade de criação original. Tres artistas diversos trabalharam na creação do es­
A área do Pavilhão de Caça c Pesca é a seguinte, belto c gracioso pavilhão de musica, talhado cm linhas de
dcscriminadamente: belleza grega e apresentando o aspecto estructural de um
Pavimento terreo: duas salas com 54,ro,l 5 cada uma; templo: o architecto Nestor de Figueiredo, que lhe traçou
duas salas de 16.™!87 cada uma; duas o plano: salas de18.'n,57
o csculptor paranaense João Zaco Paraná, de­
cada uma; duas salas dc 34.">’ 78 cada tentor dcuma:varias medalhas duas salas de Paris, que es­
dos salões
dc 36."1-80 cada uma. Total do pavimento: 322,m*52. culpiu os dois grupos que dominam a entrada de cada
Primeiro andar: duas salas de 39,**18 cada uma; duas uma das alas do edifício e que. na expressão de um jor­
salas de 13.m»38 cada uma : duas salas de I3.mi88 nalista. lembram, «não só pela concepção como pela propria
cada uma; duas salas de 48,">!74; duas belleza superior,
salas as obras de
semelhantes
36,m!89. do divino Miguel
Total do primeiro andar: 304.i"Jl4. Angelo»; e finalmente o pintor Marques Junior, que fez
Area total do pavilhão: 626,"',66. com mão de mestre os admiráveis desenhos decorativos
No Pavilhão de Caça e Pesca estão expostos nume­ do tecto.
rosos modelos de barcos dc pesca, escaleres, galeras, lanchas O pavilhão de musica é um dos mais finos ornamentos
e outras embarcações construídas em estaleiros nacionaes do certamen. Ao lado do pavilhão de estatística, e sobre-
assim como de redes, anzóes c numerosos apparelhos dc saindo num fundo dc painel formado pelas aguas verdes
pesca, representando alguns engenhosos inventos de pa­ da bahia. crguc-sc ellc como uma visão antiga da Héllade
tricios nossos, patenteados aqui c no estrangeiro.

O O O O O 311 O O O O O O
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

Em frente extendc-sc a pequena praça ajardinada da dativos dos trabalhos dc exeavações c poços artesianos execu­
secção brasileira do certamen, também admiravcl pelo seu tados no Nordeste brasileiro.
traçado harmonioso c pela felicidade de concepção. No pavilhão particular da General Electric Co são
apresentados os productos da fabrica Mazda de lampadas
electricas. Numa serie dc nichos foram collocadas as ma­
chinas diversas que servem ãs successivas etapas da fa­
PAVILHAO DE ESTATÍSTICA bricação de lampadas. Os productos expostos são de su­
perior qualidade, concorrendo altivamente com o similar
estrangeiro. R cu-iosa uma pequena collccção archeologica
Projecto do architecto Gastâo Bahiana. o pavilhão de exposta no pavilhão, representando a evolução da lam­
Estatística é uma construcção definitiva, cm cstylo Luiz pada desde a modesta candeia dc barro usada nos tempos
XVI. Consta de dois pavimentos, coroados por um zim- biblicos até as poderosas lampadas electricas actuaes. A
borio central de agradavel cffeito- companhia apresenta também algumas excellentes machinas
No primeiro pavimento encontn J frigorificas e fogões electricos de sua fabricação.
62.m,54 cada uma c uma I 139,a>*24 de superficie. A Companhia Nacional dc Navegação Costeira também
Compõe-sC o segundo pavimento m se faz representar no certamen por um pavilhão particular,
62.m*54 cada uma. sendo de 389.*s40 área total do em que expõe exemplares de possantes machinas de tri­
pavilhão. plice expansão, fabricadas em suas officinas, guinchos para
A exposição estatística, installada nos mostruários nu­ 3 toneladas, modelos dc navios c dc helices construídos cm
merosos do elegante cdificio. comprehende publicações com suas officinas, modelos dc cabines dc luxo adoptados nos
estudos numéricos relativos a assumptos de natureza po­ navios da sua frota e uma curiosa maquette da Ilha do
litica. social c economical quadros com resumos de di­ Vianna. onde se acham installados os grandes estaleiros da
versas estatísticas, estabelecendo não só comparações re­ Companhia.
trospectivas. do Brasil, como também confrontos entre o Construíram ainda pavilhões particulares as seguintes
nosso e outros paiscs: mappas, dia grammas c cartogrammas. firmas c empresas: Martins Barros ft Cia. (S. Paulo), fa­
lineares, figurados e de outras especies. brica de machinas para lavoura c industria: Industrias
Subdividcm-sc as estatísticas expostas cm estatística ter­ Reunidas Matarazzo f t ia. (sal. tecidos, construcçõcs navaes.
ritorial. dcmographica. economica. intellectual c moral. moinhos, etc.); Haupt Co; Hirschfcd ft Comp.: Associação
Estallslica territorial - 1) Topographia: latitude, lon­ do Salitre do C hile; Sohner f t C ia; -- Companhia
--------- Nestle.
gitude. altitude c superficie: 2) Climatologia: estações me­
teorológicas. observações; 3) Geologia: terrenos, riqueza mi­
neral: 4> Fauna: ordens, generos, especies; 5* Flora: plantas
alimentares, industriaes c forrageiras; 6) Divisões tcrritoriacs: O RESTAURANTE PRINCIPAL E OS BARS DA
politica, administrativa, judiciaria e eleitoral (por Estados. EXPOSIÇÃO
Districtos. Municípios. Comarcas. Termos, etc): 7) Admi­
nistração federal, cstadoal c municipal: 8) Núcleos coloniaes: O restaurante principal da Exposição, projcctado pelo
federaes c dos Estados; <)i Segurança Publica: policia civil, architecto Andrade Lima. é uma linda construcção cm cs­
corpo de bombeiros c policia m ilita r; 10) Defesa nacional: tylo Luiz XVI. com 322 metros quadrados de área apro­
Exercito. Marinha.
Estatística demographies — 1) Recenseamento de 1920. veitável. ,. . . . .
por estado civil. sexo. nacionalidade, côr. profissão, in- Foi erguido ao fim da Avenida das Nações, no an­
strucção. etc.; 2) Movimento de registro civil: nascimentos, gulo externo de curvatura, fazendo frente á torre do Ca­
casamentos, obitos. por sexo. filiação, estado civil, idade, labouço.
ctc.; 3) Movimento social tno proprio Brasil c internacional) Os serviços dc restaurante são executados com luxo
emigratorio e immigratorio. por sexo. nacionalidade, pro­ c clegancia. casando-se harmoniosamente com a graça e
cedenda e destinos. o brilho das decorações.
Estatística economica - 1) Agricultura: estabelecimentos Entre este Restaurante e o Parque das Diversões ficam
ruracs. salarios; 2) Industria: estabelecimentos fabris, sa­ os bars da Brahma, da Hanscatica e da Antartica. cm
larios: 3) Commercio: mercadorias (commcrdo interior e pittorescos pavilhões proprios.
exterior), barcos (nadonacs e estrangeiros), cotações de ti­ Junto ao Palacio do Districto Federal crguc-sc o Bar
tulos: 4) Viação: transportes (terrestres, maritimos c flu- Mourisco, de elegante construcção. c no começo da Avenida
viaes). communicaçôcs (correios, telegraphos. telephones); das Nações encontra-se o Bar Independência.
Previdência: seguros (de vida. terrestres c maritimos), caixas Na torre do Palacio das Industrias foi ricamente m-
econômicas (federaes c dos Estados); 6) Serviços publicos: stall.nl.i uma casa dc chá. E no Parque das Diversões, no
illuminação. esgotos sanitários, abastccimccnto de agua. ma­ Pavilhão das Exposições particulares c outros pontos do
tadouros; 7) Finanças: federaes. estadoaes. municipaes (re­ certamen encontram-se numerosos bars c restaurants-
ceita. despeza e divida);
Estatística intellectual e morai 1) O ensino dvil:
primario e secundario, publico e particular, profissional e
c sperior (no Districto Federal e nos Estados, por escolas, OS P A L A C IO S E S T R A N G E IR O S
pessoal docente, matricula, etc., ecclesiastico, pedagógico,
esthctico. commerdal. agronomico. náutico, industrial c sci-
entifico): o ensino m ilitar: do Exerdto. da Armada; Des­ Fizcram-sc representar na Exposição Internacional do
pesas com o ensino (federaes. estadoaes. municipaes); 2) Centenario, construindo sumptuosos palacios ou pittorescos pa­
Instituições subsidiarias de cultura intellectual: bibliothecas, vilhões para abrigo dos mostruários riquíssimos, quatorze
museus, theatros, exposições artísticas, imprensa (producção nações estrangeiras differentes. A Republica Argentina, os
bibliographic.-! e jornalismo) associações literarias e artís­ Estados Unidos. Portugal. Inglaterra. Bélgica. França. No­
ticas; 3) Justiça: organização processual, eivei e criminal: ruega, Mexico. Dinamarca. Italia. Suécia, Uruguay. Teche-
suicídios c tentativas de suicidio; organização judiciaria coslovaquia c Japão.
federal c local; 4) Instituições de assistência, de auxilios Portugal erigiu dois palacios diversos na Avenida das
mutuos e beneficência, de assistência a enfermos, asylos c Nações: o Palacio de Honra e o das suas industrias. Dos
recolhimentos: 5) Estatística dos cultos religiosos: judaísmo, restantes paizes. construíram pavilhões complementares na
catholicismo romano, catholicismo orthodoxo, protestantismo, secção externa do certamen, á praça Mauá. além dos res­
positivismo, diversos. pectivos pavilhões dc honra da Avenida das Nações,
a França, os Estados Unidos, a Argentina e a Belgica,
com a qual figura conjunctamcntc o Grão-Ducado de Lu­
PAVILHÕES PARTICULARES xemburgo.
Assim, são cm numero de 15 os monumentos estrangeiros
erguidos no recinto principal do certamen, contando-se 2
O municipio de Campinas construiu um pavilhão es­ para a illustre patria luzitana. Estes quinze Palacios repre­
pecial na ala direita da Avenida das Nações, entre o Parque sentam ccrtamentc altíssima homenagem dc que nos po­
das Diversões c o Palacio das industrias portuguèsas. R demos orgulhar. Não houve sacrifício poupado da parte
modesto e simples o edifido. mas encerra entre suas pa­ das nações amigas que por esta forma concretizaram os
redes ricos e variados mostruários, demonstrando o pro­ seus sentimentos para com o nosso pais.
gresso inilludivel daquella famosa região paulista. Nas dif­ Parlamentos c governos ultrapassaram os limites da
ferentes salas do pequenino pavilhão encontram-se amostras cortczia internacional. Na solicitude gentilissima com que
de café. principal riqueza do municipio, tecidos elásticos, attenderam ao convite do governo brasileiro, com que vo­
fitas e gravatas de sêda, tintas, couros, productos de sellaria, taram verbas avultadas, com que moveram forças numerosas
fumo. milho, algodão, tecidos diversos, objectos de ci­ no sentido de dar maior esplendor ao concurso que em­
rurgia. artefactos de cimento, vidraçaria decorativa, arroz, prestaram ás commcmorações do nossso centenario politico,
bebidas, camas de ferro, perfumaria, pregos, giz de cores, ha muito mais do que simples gestos diplomáticos: ha uma
licores, calçados, chapéus, artefactos de ferro, brinquedos, prova de consideração para com o nosso espirito, de con­
productos chimicos e pharmaceuticos, botões, ladrilhos c fiança cm nosso destino de povo. de reconhecimento es­
mosaicos, etc. Varios mappas c graphicos, demonstrativos clarecido da importância que assumimos perante as nações
do desenvolvimento da região, pendem das paredes. No ves­ do globo.
tibulo do pavilhão encontra-se curiosa maquette do mo­ Houve tambem da parte desses governos estrangeiros
numento do Ypiranga trabalhada em madeira. nitida comprchcnsão da significação pratica do seu con­
Também em pavilhão especial, a Inspcctoria Foderal curso á Exposição do centenário. Não só os laços moraes
dc Obras contra as Seccas expõe differentes mappas eluci­ c de amizade tém a lucrar com este concurso: tambem

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Estabelecimentos U. JONCKER — Rio de Janeiro.
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

as relações commcrciaes scntir-lhc-ão o cffcito immediato suítico». constituindo a base fundamental da architectura co­
no alargamento dos mercados e na intensificação da troca lonial brasileira.
de productos. Os inventores do projecto do pavilhão — os Srs. As­
Os palacios e pavilhões dos nossos amigos estrangeiros sumpção Santos e Rebello dc Andrade — acompanharam
deram ao grande certamen do centenario um brilho indes- o movimento nacionai de renascença das artes portuguezas;
criptivel O que representa cada um delles individualmente, e bem andaram projectando para a representação de Por­
cm riqueza.' cm trabalho, cm esplendor, poderão ver os tugal no centenário brasileiro um especimen monumental
leitores, que acaso não os tenham visitado, pela resumida dc architectura nossa, do tempo em que brilhou no velho
descripção que fazemos a seguir. reino a opulência do ouro e das pedrarias do Brasil-
Constitue. com effcito. um edifício de aspecto gran­
dioso. occupando uma superficie dc 4.000 metros qua­
drados. com 80 metros de fachada, sobre a avenida das
PORTUQAL
— Foi talvez devido á grandeza do pavilhão que se
retardaram a sua construcção e abertura?
A Republica Portuguesa, á qual nos unem os laços — Em parte, talvez; mas o atraso é de origem, e
mais profundos que se possam estabelecer entre dois povos, pode dizer-se que foi geral em toda a exposição; todos
construiu na Avenida das Nações dois pavilhões differentes. começaram tarde.
O primeiro, o Pavilhão de Honra. Icvanta-sc entre o A falta, desde o começo, de uma organização defi­
Palacio das Festas c o da Bélgica; tem 25 metros dc nitiva. orientadora e methodica, prejudicou em muito a
fachada. O segundo, o das industrias, ergue-se na ala di­ festa brasileira do centenário, que estava destinada, pela
reita da Avenida, fronteiro ao Pavilhão da Italia; tem imponência theatral do seu quadro, a um successo sem
60 metros dc fachada por 50 de fundo. par. Assim é que apenas em meados de abril foram inau­
São ambos de estylo D. João V. profundamente cara- gurados o palacio da industria nacional e o admiravel museu
ractcristico da patria portuguesa, c foram trabalhados por rondoniano. Muitas das outras representações enfermaram
diversos architectos lusitanos premiados em concurso cs- do mesmo mal. e nem sempre primeiro chegaram as mais
pccialmcntc aberto pelo governo de Portugal. proximas.
O Pavilhão de Honra, mimo dc graça architectonica, Portugal quiz ainda apresentar-sc na consagração da
comprehende dois andares c se compõe de tres corpos, independência brasileira, ostentando as mais pomposas galas;
sendo o central mais elevado que os lateraes. A sua talvez que recordando, embora modestamente, as maravi­
decoração interior c exterior é um alto indice de bom lhosas embaixadas do século XVI. Foi. de resto, um gesto
gosto e dc arte. O conjuncto c uma festa para os olhos, fidalgo, da mais nobre diplomacia do coração.
tanto c o esplendor e a graça que irradia. Veiu com duas vastas e ricas tendas: o pavilhão de
Nos salões espaçosos e elegantes corredores do pequeno honra e o das industrias. A sua montagem, porém, de
Palacio admiravel fulgura o espirito português representado complexa armadura metalica. tinha que ser de execução
por grandes trabalhos dc pintura, csculptura e dc ourive- demorada, e ainda mais a sua architectura carregada de
ornamentações: e como foram lentas não só a longa viagem
Portentosas telas dc Columcbano. Ribeiro Junior. Con- como o seu preparo, retardou a chegada c a sua apre­
deixa. Antonio Carneiro e outros pintores de illustre no­ sentação. Entretanto, chegou a tempo de evidenciar com
meada : csculpturas em gesso c bronzes de Teixeira Lopes, todo o brilho o seu intento e o alcance da sua sincera
Souza Caldas. Julio Vaz Junior. Pinto do Couto. Tomas da participação, trazendo aqui as mais lidimas expressões da
Costa. etc.; c numerosas peças de ourivesaria da Casa alma portugueza. a fundir-se na congratulação intima da
Reis. inspiradas c executadas sobre motivos architectonicos e Nação Brasileira pela sua independencia e pelo seu pro-
assumptos historicos portugueses, illuminam o ambiente re­
colhido do Palacio com a irradiação de uma belleza su- Repetirei o que em publico disse no Rio de Janeiro,
a este respeito:
Ha a notar ainda: os magnificos exemplares de rendas «Fomos os ultimos. Ha. porém, um juizo occulto nos
de Peniche, executados pelos originaes da fallccida ar­ designios dos Fados. Não c sempre a razão dos homens,
tista D. Maria Augusta Bordallo Pinheiro; os tapêtes de de illusoria claridade, que rege os actos collectivos dos
Arrayolos e Val-dc-Moinhos (Viseu); os moveis artísticos do povos. Portugal, em verdade, não tinha que ser o primeiro;
Porto: c o painel dc azulejo e o vitral allusivos ao raid basta que haja comparecido ao final. £ elle o embaixador,
aereo Sacadura-Gago. ambos dc grande formosura. de hicratica categoria que tem de sellar a acta solemne desta
Todavia, dc todas as obras d’artc expostas, a peça commcmoração com o sinete heráldico da Genealogia, da
para nós brasileiros mais commovcdora c a deslumbrante Tradição, da Historia.
copia do quadro de Nuno Gonçalves (Sec. XV) conhecido Portugal não partiu da metropote. em rapida travessia
pelo nome dc O painel do Infante, feita pelo prof- Luciano transatlantics, na pressa de chegar antes que os demais.
Freire, c offcrccida pelo governo português ao brasileiro. Vem de muito mais longe, dc uma viagem demorada e pe­
Sobre a maravilha artística que representa o original do nosa. cujo roteiro tem a extensão de muitos séculos e
painel nada precisaremos accrescentar ao que todos sabem perde-se na vastidão do passado. Mas. veiu; e chegou a
A respeito do grande Pavilhão das Industrias deixa­ tempo, trazendo á gente brasileira, na arca sacrosanta —
remos falar o seu illustre constructor Dr. Ricardo Severo, que c a alma da nossa raça — a Bulla Patriarchal que
dc quem obteve O Estado de S. Paulo a interessante foi cscripta em caracteres symbolicos por gerações an-
entrevista que. com a devida venia, transcrevemos: cestraes da grei lusitancnsc.
Que o Brasil a receba, interprete e sinta tal como
foi ditada pelo coração de Portugal.
Solicitámos primeiramente do doutor Ricardo Severo — Mas os portuguezes devem estar orgulhosos com a
alguns dados sobre a Architectura do pavilhão portuguez-, sua exposição: consta que foi um successo a abertura do
promptificando-se amavelmente este distincto architecto, que pavilhão, e lhes tem sido prestada toda a justiça.
desde logo começou a dar-nos interessantes informes sobre — Sim; foi de facto um successo publico, dos maiores
as razões de estylo a que obedeceu o projecto do pavilhão: a que ultimamente assisti. Começou pela presença de S. Ex.
— Representa uma obra de arte tradicionalista, uma o presidente da Republica (na vespera ainda recolhido por
inspiração feliz sobre motivos do estylo sumptuoso que doença), de sua Exma. esposa e de todo o ministério,
dominou o reinado luxuoso de D. João V. e que deu que prestaram á solemnidade a imponência do seu presti­
a Portugal, monumentos dc pomposa architectura «barôca» gioso apoio: em compensação o chefe da nação brasileira
em conventos, basilicas e palacios fidalgos, como o Mosteiro recebeu da multidão, na maioria portugueza. uma signifi­
de Mafra. a Basilica da Estrella, o Paço Real dc Queluz. cativa e enthusiastica manifestação, tanto mais expressiva
Corresponde a uma éra de renascimento, após a libertação pela sua sinceridade quanto se passou sob a cupola tradi­
dc 16-10; e firmou-se desde os celebres Paços da Ribeira, cional de um nobre solar da familia portugueza.
com a sua -Casa da India', acompanhando a evolução Quanto ao successo entre os patrícios, este era de
pittorcsca desta renascença barôca. que marcou a archi­ esperar, e immenso. Foi tuna romaria, como aquellas que
tectura. o mobiliário, a indumentária c a joalheria do tempo no paiz natal o povo fa : em festa aos santuários mais
que decorreu desde os fins do século X V II até ás idades milagrosos. E continuará por muitos dias.
modernas da arte. O patriotismo fetichista do portuguez é uma feição
Este estylo representa em Portugal, em relação ao do seu caracter ethnico. O pavilhão é um sacrario; lá
nascimento classico, o mesmo que a opulenta decoração dentro está a patria, corporizada em imagens como numa
quinhentista dentro do gothico com os seus motivos orientals igreja. E a peregrinação não finda emquanto todos não
e maritimos: creou igualmcntc um typo característico, dis­ passarem a cumprir a sua devoção.
tinguindo-se do barôco italiano, que foi o padrão da época O Leal da Camara trouxe, num pequeno cofre, cm
no mundo das artes. fôrma de coração, um pouco do torrão de Portugal, do
Passou ao imperio colonial portuguez. levado pelos castello de Guimarães (alcacer do fundador da monarchia)
pioneiros do grande periodo colonizador, e instalou-se no e de Sagres, do cabo extremo de Portugal, donde partiu o
Brasil, acompanhando o desenvolvimento deste immenso paiz ideal da epopéa marítima dos -Lusíadas». E collocou o
sul-americano, desde o seu primeiro nucleo urbano. precioso cofre no centro de um pavilhão, em uma peanha.
E aqui creou o typo da casa rustica, da villa, do palacio a modo de ara antiga. Pois tem sido a mais commovedora
e do templo, com um caracter local inconfundível. romagem a este relicário da terra portugueza; o pequeno
Como a Companhia dc Jesus foi a empreza catholica altar está coberto de flôres e de votos como uma reliquia
monopolizadora da exploração colonial e da própria po­ santa do mais prodigioso milagre: é o proprio coração
litica metropolitana, chamou-se este estylo de -barôco je­ de Portugal!

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LIVRO DL OURO COM MEMORAT tVO DO CENTENARIO DA

E desta sorte se manifesta c se expande o espirito viessem também algo incompletas, devido ao praso diminuto
leal e amoroso desta grei antiga, andante por terras es­ dc colheita e organização dos mostruários.
tranhas. enlevada no lyrico encantamento da sua eterna - Consta-nos que a secção colonial é notável pela
saudade. variedade c riqueza dos productos expostos?
— Entcrncccdor o que nos conta, e era de esperar — Com cffeito assim é. Occupa toda a ala direita
da boa gente de Portugal, que deve estar desvanecida do edifício, e aprcscnta-sc com espccimens dignos de nota.
com este successo. Diga-nos mais da architectura e dispo­ não só sob o ponto dc vista cthnographico, como cm re­
sitivos do pavilhão que possa interessar ao nosso publico. lação á importanda economics do vasto dominio colonial
— O plano do edifício foi riscado de maneira a con- portuguez.
formar-sc com o cstylo. Tem um aspecto conventual com Foi organizada esta galeria pelo visconde dc Pcdralva.
os seus pateos internos ajardinados, como os grandes mos­ deputado c antigo governador dc Angola, que é autoridade
teiros ou palacios solarengos, do século XVII. Compõe-se na matéria; c a disposição feliz que deu á sua secção é
de tres corpos principacs separados por dois claustros, dc molde a impressionar o publico. Ahi se verifica que
ligados na frente por alpcmlradas sobre columnatas, e aos 0 Portugal ultramarino, exclusive Madeira e Açores, re­
fundos por galerias fechadas. O corpo central compre­ presenta um te rritorio de mais de 2.000.000 kilometros
hende um amplo vestibulo a que se segue a grande nave quadrados, com cerca dc 11.000.000 habitantes, c cujas
principal, circumdada por dois andares de glcrias sobre riquezas mincraes c agricolas são dc uma variedade in­
archivoltas c columnas de alto fuste. É nesta nave. com esgotável. Como sempre, as suas costas tém os mais im­
appparencia de alta basilica, que está suspenso por fios de portantes portos de mar. os «intcrlands» os melhores climas
aço. na posição de voar. o hydro-avião «Vera-Cru», que c os mais productivos planaltos, e são regados pelos maiores
foi pilotado até aqui pelos famosos heróes do ar. Cabral rios dos respectivos continentes. E é notável, de facto, esta
e Coutinho. exposição pela variedade c qualidade dos seus multiplos
Sobre o vestibulo ha um grande salão, destinado á productos dc exportação: cacáo. café. borracha, ccrcacs. le­
exposição da orivesaria. prataria, esmaltes, filigrannas. etc. gumes. frutas, cera. resina, matérias corantes, oleos. couros,
Ladeando o corpo central estão as duas naves secun­ assttcar. álcool, coconotc. amendoim, etc.
darias que terminam cm quatro torreões: cm uma delias Além dc quadros estatísticos, esta secção apresenta uma
foi instalada a secção colonial c escolas industriacs; na collecção dc «fac-similes» dc velha cartographia. interessan­
outra intercalou-se um cinema, com capacidade para 500 tíssima na parte americana e especialmcnte no que respeita
pessoas, que constitue um elegante theatrinho de graciosas 1 Terra dc Santa Cruz.
proporções. Os dois pateos são circumdados por ramadas de Não insisto cm minúcias para não despertar a mal­
videiras e glicínias, ostentando os seus cachos de flores querença dos seus leitores; teríamos que fazer uma vi­
c uvas. simile das parreiras e dóceis floridos que abrigam as sita mais demorada a toda a exposição, c não se trata
lareiras da terra portugueza. Ê a lembrança de uma velha agora senão de explanar impressões geraes.
tradição, que tem em si a inspirada poesia de um saudoso Sem perder o fio ao seu assumpto, poderá dizer-nos
bucolismo. também alguma coisa sobre a arte do azulejo, que se diz
Um destes clausros, com a respectiva alpcndrada. é estar bem representada na exposição portugueza?
occupado por um bar, servido por uma adega recheada Não me esqueceria de apontar este elemento deco­
de muitos milheiros de garrafas dos mais capitosos vinhos rativo. porque, de facto, está bem representado. Na fachada
dc Portugal. principal do pavilhão sobresaem os quatro grandes quadros
É ali o pousio dos patriotas cpicuristas. matando a dc Jorge Colaço, artista muito conhecido no Brasil: «Ou-
saudade e levando o coração, no seu culto aos penates rique». representando a celebre batalha ganha por Affonso
c á terra mãi. Henriques, com o milagre da cruz synthctizando o «cyclo
A exposição estende-se por todas as naves c suas da reconquista»; a «Ala dos namorados», que é um feito
galerias com a seguinte distribuição: no centro, c no pa­ da celebre batalha de Aljubarrota c domina o «cyclo dc
vimento terreo, productos agrícolas, como vinhos, azeites, Nun'Alvares»; «Sagres», no naco meridional da Peninsula,
conservas, cortiças, a que se seguem, nas galerias, as in­ com uma allegoria ao «cyclo das descobertas»; «Santa Cruz-,
dustrias dc tecelagem, em linho, algodão, lã c sêda. tape­ que é uma bclla evocação do cruzeiro do sul c do roteiro
çarias. cordoarias, industrias accessorias de metaes. dc bor­ dc Alvares C abral: é o inicio do «cyclo do Brasil». Além
racha. por ultimo as indústrias officiacs da guerra e a casa destes, tem Jorge Colaço duas grandes instalações dc es­
da moeda. Aos lados, as colonias, com a sua rica pro- pecialidades. com quadros de bellissimo cffeito.
ducção. cthnographia. cartographia c estatística: as escolas Um outro pintor ceramista se apresenta com azulejos,
officiacs dc artes, industrias e profissões; cm secções dis­ cm alizares, no grande vestibulo; é Silva Pinto, com oito
tinctas. as artes ccramicas. do vidro c crystal, artes deco­ painéis, representando industrias agrícolas: a lavoura, a
rativas dos metaes. do mobiliário, e as artes menores, rega. a cortiça, o vinho, a cal. a olaria, a pesca, os cestos.
como das rendas, bordados, confecções, vestuário, etc. E são notáveis estes azulejos, não só pelo processo do es­
— Pelo que diz. Portugal mandou uma exposição com­ malte e pintura; como pelo seu caracter tradicional: espe-
pleta de todas as suas artes e industrias? cialmente a cercadura architectural dos quadros, é de um
— Não. A exposição portugueza é neste particular desenho e tonalidades que representam uma perfeita re­
assás incompleta c deficiente. Faltam as grandes industrias vivescência dos velhos padrões da faiança pintada. Como
da metalurgia, da fiação, tecelagem, estamparia, etc. c saberá, chegou-se hoje á conclusão de que esta arte é essen-
falta a representação mineralógica e agrícola da terra por­ cialmcnte portugueza. c que foram ceramistas portuguezes
tugueza. assim como a sua arte. sob o ponto de vista ar- os mestres c antecessores da notável industria flamenga ou
chcologico. cthnographico. c também ornamental c de ap- hollandcza. Podem collocar-sc ao lado dos nossos notáveis
plicação ou industrial. barristas. que povoaram os presépios e passos christãos
Da grande arte apenas ha uma amostra, embora valiosa, dos nossos santuários de maior devoção.
na pavilhão dc honra. O azulejo é pois uma nota decorativa dc carecter pro­
Percebe-se que não foi este o ponto de vista. Por­ priamente tradicional.
tugal não desejou apresentar um vasto «hangar» com uma Alguma coisa tenho ainda que dizer ao seu bom publico
exposição industrial c commercial; concorreu apenas com c que é um dever dc consciência. Cumpre-mc fazer uma
«coisas portuguezas». enfeitando o seu vasto solar da Avenida p r e n d a aos meus distinctos collaboradorcs na direcção
Internacional, com productos da terra e da gente portu­ tcchmca c artística do pavilhão das industrias portuguezas
gueza que firmem a impressão do cunho caracteristico. e e respectivas instalações, alguns dos quaes tém já cm Por­
da feição orientadora das suas novas artes c industrias, nas tugal nome consagrado.
quacs se manifesta uma notável renascença nacionalista. Mencionarei em primeiro logar Costa Motta Sobrinho
Todos os espccimens estão no interior do pavilhão como e seu tio. ambos esculptorcs illustres, que modelaram e
elementos decorativos, mais do que como mercadorias para executaram toda a architectura decorativa e a estatuaria
commercio. E é esk: o aspecto geral que se procurou dos dois pavilhões portuguezes: o primeiro foi mais ainda
dar ao pavilhão portuguez. um «mestre geral» de elevado saber, aptidão c devota­
Os «stands» dos expositores têm por igual esse ca­ mento. a quem se deveu a rapida execução do Pavilhão
racter. começando no «barco rabello» do rio Douro, que de lionra e a perfeita interpretação do cstylo dos pro-
transporta os productos dos preciosos vinhedos, até ás jectos Leal da Camara, o decorador de notoria orig i­
parreiras do vinho Madeira, as garridas decorações de nalidade. que pintou as barras decorativas dos quatro torreões
azulejos, c o proprio mobiliário de páo preto e couro c das tres galenas dc arte applicada. c ornamentou os dois
lavrado, assim como as tapeçarias e a decoração pintada pateos. Jose Maior, que foi o habitai modelador de dc-
de algumas galerias. talncs architectonicos. Almeida Moreira, artista e archcologo.
A embaixada portugueza perante a festa da indepen­ que dirigiu as exposições dc pintura das industrias e es-
dência brasileira tomou uma orientação de tradicional sen­ colas otficiaes. O visconde de Pedralva. representante do
timentalismo. que deverá merecer-lhe a sympathia geral pela Ministerio das Colonias, que se encarregou da secção co­
sua modestia e sinceridade, pela sugestão da sua cara­ lonial e da representação da Sociedade de Geographia dc
cterística originalidade E esta impressão deve-a despertar Lisboa. Alberto Dufncr. que arcou com a penosa missão
mais entre brasileiros do que propriamente em portuguezes administrativa do expediente K(ia l e classificação do» p»o-
Aquelles se dedica esta manifestação da antiga metro- duetos. ao lado dc Pinto da Silva, o devotado chefe da
pole, que não pretendeu ostentar aqui as riquezas das suas contabilidade c o grave detentor da thesouraria.
colonias, de seu sólo e das suas grandes industrias, mas ■Muitos mais teria que citar, se não me limitasse por
apenas revelar o novo Portugal, caracteristicamcntc por­ agora aos chefes das secções tcchnicas e artísticas. Além
tuguez. co mas suas artes c industrias tradicionalistas, a destes, outros ha que distinguir entre o pessoal da con-
sua energia dc renascimento e progresso. Pena é que estas strucçâo e entre os funccionarios superiores do commis-
sartado; mas a respeito de alguns poderei ser taxado dc

O O O O O O 314 o o o o O O
IN D EPE N D E N C E F EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

suspciçSo.^ c d is restantes dirá o Dr. Di


or c delegado geral, a c isses progressos. Entre taes opúsculos são dignos de relevo
cumprimento desta lionros estudam, com verdadeiro luxo dc informações mi-
neu amigo, para findar, ir-lhe tcrcambio commercial», «A Argentim
conselho. sição. i do < ino normal c secundário ,
rilhão. composto de sinos fundidos cm Braga Agricola», «A Argentina Po­
cessos tradicionaes e tocado por um sine litica». «A Argentina industry is e «A industria asucareira»
lambem da na Republica Argentina.
«Bracara Augusta». Ouvirá o festivo canto i
panarios. fazendo ecoar pelos sorridentes ■ Profusamente distribuídos como foram, estas publicações
' floridos concorrerão para fazer mais intensa a admiração que o
rincões da terra portugueza a sã alegria „ . ... uu.
colica kermesse da natureza. Ahi. os sinos das torres não P°v° . .progressista
_________nação do Prata.
chamam só para o recolhimento e oração, ou dobram pelos ira dar idéa do valor deses opusculos ____
finados: acordam também para o prazer do trabalho e ensa propaganda, permittimo-nos transcrevi
igreja não é só na nossa aldeia
delles as palavras abaixo:
i centro dc culto «O recenseamento nacional, publicado em 1914. apre-
Trará
radicão i irtugueza: i do i senta um total de 48.779 estabelecimentos industriaes de
muita importanda, de propriedade individual ou collectiva,
que extraem materia prima das fontes naturacs do paiz,
Ahi está a obra tradicional e promissora da noss: principalmente, e transformam a matéria prima nacional e
ija energia e actividadc agora mostra ao Brasil u importada para adaptal-a as necessidades do consumo in­
evado expoente: ao Brasil da mesma grey, do i terior e exterior.
:nio na construcçâo da nacionalidade, do mesmo Em 1895. apenas existiam no paiz 24.114 estabele­
i lucta pela propria independencia». cimentos. de modo que a estatística revela um grande pro­
gresso. que alcança a 102 "o.
Dos proprietarios. 81. 33 ®/o eram estrangeiros, em 1895,
c somente 18.07 °o argentinos.
No anno dc 1913. a proporção de proprietarios es­
REPUBLICA ARGENTINA trangeiros diminuiu a 64.30 “/o. e a de argentinos au-
gmentou para 32.60 °,o. ficando um saldo de 3 que
corresponde a propriedades mixtas de argentinos e estran-
T. de cstylo nco-classico o Palacio da Republica Argen-
ia. construído no inicio da Avenida das Nações, a abrir No i io dc 1895. a região do litoral, isto é. Buenos
estrangeiros da Exposição Aire i Fé. Entre Rios e Corrientes. absorvia 83.76 »/o
lado o Monróe. e de outro total ___________ do paiz, correspondendo
estabelecimentos
o pavilhão americano. Os materiaes empregados na con- 38.06 °o á Capital Federal. ■ 25.11 "> á provincia de
strucção do formoso edifício, inclusive o grande arcabouço Buenos Aires.
metállico, vieram da Republica irrnã do Prata, sob a di­ Em 1913 nota-se um augmento nas demais regiões do
recção do proprio autor do projecto, o conhecido archi­ territorio, cspecialmente a Andina, que de 4.06 “ o. subiu a
tecto argentino Alejandro Christorphesen. Consta dc tres 12.01 °o; a proporção do littoral fica reduzida a 70 to ;
andares o Palacio. coroados por magestosa cupola de feição a Capital Federal diminuiu a sua proporção de 38.06 o/0
rectangular. As decorações da fachada, resultantes de har­ para 21.09 °,o. mas em compensação, a Provincia de Buenos
moniosa combinação de elementos gregos, romanos e da Aires augmentou de 25.11 o para 30.44 “/•.» («A Argen­
epoca do Renascimento, transmittem ao conjuncto um as­ tina Industrial», pg. 21).
pecto de senhorial bcllcza. que maravilhosamente resalta Outro paragrapho interessante é o que diz respeito á
na claridade do ambiente luminoso. organização e numero das escolas normaes argentinas:
Occupa o edifício uma superficie de mil metros qua­ «As Escolas Normaes argentinas têm tres cathegorias:
drados. Ao seu flanco direito foi installado pequeno parque de Professores. Maestros e Prcccptores. Estes ultimos pre­
ile jogos infantis, com que. em gesto altamente sympa­ param os Maestros para as escolas ruraes, os Maestros
thico. brindou a Republica Argentina as crianças do Rio para o ensino primário, c os Professores não só habi­
de Janeiro. litam para o ensino primario completo, como também para
Nos tres pavimentos da harmoniosa construcçâo exhibe o magisterio e a direcção das Normaes e para a inspccção
o paiz amigo tudo quanto resulta da admiravcl operosidade tcchnica das mesmas.
dc seus filhos. O primeiro pavimento é. na expressão dc Existem actualmente 12 Escolas Normaes de Prece-
um jornalista, verdadeiro palacio de imagens de progresso ptores, 64 de Maestros e 10 de Professores.
c arte. Em mostruários dispostos com grande gosto Todas comprehendent dois departamentos : o Curso
admiram-se os productos mais variados da industria argen­ Normal onde o alumno — maestro recebe o preparo geral
tina fruetas. pastas alimentícias, conservas, doces, cervejas, c profissional ou pedagogia thcorica. e o Curso de Ap-
vinhos, licores, farinhas e toda sorte de artigos de ali­ plicação, que c uma escola primaria annexa, do typo das
mentação. communs, e onde clle se exercita na pratica da organização
No segundo pavimento encontram-se os mostruários de escolar, disciplina, methodos de ensino, etc.
matérias primas, as exhibições especiaes da Cidade de Buenos As Escolas Normaes de Preceptores são mixtas. Das
Aires e as secções de educação e economia social. 64 de Maestros, 4 são do sexo masculino. 12 do fe­
O grandão salão cinematographico e das conferencias minino e 48 mixtas.
com projecçòes luminosas occupa a maior parte do ter- Das dc Professores. 1 é do sexo masculino (a dc
cciro pavimento, preenchendo os espaços restantes as secções Buenos Aires). 2 do sexo feminino (as 2 de Buenos Aires)
officiaes dc industria, terras, colonização immigração c e 7 mixtas (La Plata. Rosario. Paraná, Uruguay, Corrientes.
Cordoba e Tucuman).
Buenos-Aires. a grande capital da adiantada Republica As Escolas Normaes de Preceptores comprehendem 2
Matina, acha-se maravilhosamente representada no Palacio. annos de estudo, as de Maestros 4 e as de Professores 7»
Centenas de photographias de grande formato, representando («O ensino normal e secundario na Republica Argentina» —
edificações publicas e particulares, avenidas, praças c jardins, pags. 14—16).
e numerosas aguarcllas. graphicos, etc., cobrem as paredes
e enchem varios álbuns, provocando, pela belleza que re­ Alem dos opusculos referidos, foram distribuídas na
velam da sumptuosa urbs, a mais viva admiração dos vi­ secção argentina numerosas oufras publicações feitas por
sitantes. De uma das paredes, e occupando-a inteiramente, particulares e referentes ás grandes empresas bancarias,
pende enorme planta da cidade admiravcl. com indicações estabelecimentos industriaes da Republica, etc.. Citemos es­
pormenorizadas de todos os elementos que lhe fazem a pecialmente um album de vistas de Buenos Aires e duas
actual grandeza. obras descriptivas das mais bellas paisagens e curiosidades
São também dignos dc destaque os trabalhos officiaes naturaes do paiz.
do governo argentino, representados no pavilhão por nu­
merosas maquettes. dioramas, etc., assim como os artigos de
couro, de mobiliário c dc fundição de bronze que tanto ESTADOS-UNIDOS
elevam a industria do paiz irmão do nosso.
Alem do seu Palacio de Honra, construiu a Republica ft dc construcçâo definitiva o Palacio dos Estados Unidos
Argentina na praça Mauá um pavilhão complementar, onde na Exposição do Centenario. Destina-o o governo americano
se acham expostos os productos das suas grandes in­ para séde de sua embaixada em nosso pais. após o encerra­
dustrias. mento do certamen, brindando-nos assim com o magestoso
A direcção da secção argentina na Exposição do Cen­ edifício que será um dos mais bellos ornamentos da ma­
tenario foi confiada aos snrs. Dr. Xavier Padilha e Hen­ ravilhosa avenida Beira-Mar.
rique M. Nelso. que têm como auxliares os snrs. Annibal O Palacio dos Estados Unidos occupa uma superficie
Aoccola, J. Moscatelli e Enrique Hcurotin. de dois mil metros quadrados e tem 54 metros de fachada.
Não se limitou a Republica Platina á cxhibição dos Os arcos das janellas e das portas, assim como a esca­
seus productos no Palacio de Honra e no pavilhão do daria e outros elementos da fachada são de granito bra­
Cáes Mauá. para dar-nos uma impressão dos seus pro­ sileiro. Também puramente brasileira é a coberta de telhas,
gressos surprehendentes. Pelo comité organizador da secção sendo colonial português o estylo geral do monumento.
argentina foi publicada uma serie de onze opúsculos, que Compõe-se o edifício de dois pavimentos com tectos de
constituem maravilhoso trabalho graphico executado no paiz. 16 e 15 pés de altura, respectivamente, e um lindo pateo
tratando cada um dc um assumpto particular referente a interno cm cujo centro se ergue elegante chafariz.

O O O o 315 o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENTENAR/O DA

O primeiro pavimento é inteiramente destinado a cx- tuição. Prende a curiosidade do visitante um mappa em
hibições. No segundo foram luxuosamente installados um relevo destinado a mostrar a^acçâo complexa e rapida
salão de recepção e salas de descanço, vestiario, toilette,
e tc . destinadas aos visitantes americanos da exposição. Ha ainda no Pavilhão de Honra, alêm de outras, a
£ bem de ver que o primeiro pavimento não poderia secção de Educação c Ensino publicos, occupando duas
comportar, por si só. os mostruários numerosissimos da salas em que se constata o maravilhoso desenvolvimento
surprehendente industria americana c as cxhibições officiacs dos Estados Unidos neste sentido.
do grande país do norte- Para supprir a esta deficiência, O edificio provisorio. construído como prolongamento
fo i construído nos fundos do Pavilhão de honra um edi­ para os fundos do Pavilhão de Honra, consta de dois
fício temporario de vastas dimensões, além de Pavilhão pavimentos. O primeiro destes é um salão de grandes
das Grandes Industrias erguido á Praça Mauá. e de que proporções, occiipado pelos mostruários referentes a minas,
falaremos adiante- usinas, serviço gcologico. engenharia, etc. Destacam-se nelle
A parte leste do Edifício Temporario contem importan­ um grande mappa em relevo do canal de Panamá, um
tíssimos mostruários, ao passo que na parte oeste foi mon­ modelo da maior draga jamais construída para a pesquisa
tado um cinematographo que funcciona diariamente, exhi- de ouro. amostras de carvão e outros mineracs extrahidos
bindo films referentes ás industrias, á natureza, á activi- das minas americanas, escalas de padrões mineracs official-
dade commercial, ás artes c ás sciendas da America do
de todos os outros do edificio. nítidas photographias de
O Pavilhão das Grandes Industrias, contiguo ás Docas deslumbrantes monumentos architectonicos do paiz.
do Porto, consta de um só andar com 160 pés de fa­ No Pavimento -Superior encontram-se a sala do Depar­
chada. Foi todo construído em aço. e nelle se encontram tamento de Navegação e o vasto salão dos serviços ruraes
restaurantes, salas de recepção e innumeros compartimentos
em que são exhibidos os productos da formidável in­ As grandes industrias particulares acham-se represen­
dustria americana. tadas no pavilhão do caes Mauá. Seria difficil tentar fazer
A Exposição dos Estados Unidos está sob a gerencia uma relação dos artigos variados a lli expostos, desde as
do Commissario Geral snr. Col David C. Collier e dos possantes locomotivas modernas até aos mais humildes ar­
cinco commissarios seguintes: John L. Kirby: Snra. Hen­ tigos de perfumaria. E completa a demonstração da gran-
rietta W. Livermore. J. Butler W rig h t; W . O. Stevens e desa da industria americana, cujo assombroso desenvolvi­
D r. Richard P. Momscn. mento. aliás, todos no Brasil conhecem c admiram.
O Pavilhão das Grandes Industrias é dirigido directa-
mente pela Corporação norte-americana de productos de
zxhibição de Nova-York e é financeiramente sustentada por
capitaes privados.
Em bella oração pronunciada por occasião da ceri­
monia do lançamento da pedra fundamental do Pavilhão Entre os pavilhões da Dinamarca e da Tchecoslovaquia.
de Honra. M r. Packard, autor dos planos do edifício, assim na Avenida das Nações, levanta-sc o do Mexico, de estylo
se expressou: nitidamente colonial, resultado de factores diversos, cada
«Como edifício da Embaixada, este sobresahirá por qual architectonicamcnte mais interessante, e que consti­
haver sido o primeiro que os Estados Unidos constróem tuíram uma modalidade typica da dominação hespanhola
para tal fim. Ademais, será. do ponto de vista archite­ no territorio mexicano. E esse estylo bello, bizarro e pit-
ctonico. de estylo apropriado ao clima do Brasil, espe­ toresco pela audacia c formosura de suas grandes linhas.
rando-se que em desenho c colorido esteja cm harmonia O pavilhão está disposto cm dois andares. O rez-do-chão
com o ambiente variavel. característico e attrahente, sem salas e
prejuízo, comtudo. da expressão que deverá representar de galerias. O andar superior contén
nossas próprias idéas sobre construcçòes- O esforço em­ posição em torno dc um terraço.
pregado por nosso governo traduz uma manifestação po­ O aspecto externo do edificio é rico de ornamentações,
sitiva do anhelo de todo o nosso povo no sentido de destacando-se a fachada principal pelo seu alto refinamento
perpetuar e estreitar cada vez mais as relações de ami­ artístico. As fachadas latcraes são sóbrias e elegantes. O
zade existente entre os países septentrionaes c meridionaes pateo é uma formosa construcção. composta de arcadas
do hemispherio occidental, e de corresponder ás manifes­ que oceupam tres dos seus lados, vendo-se ao fundo,
tações de bom companheirismo». em harmonioso conjuncto, uma grande fonte c duas es­
A surprehendente demonstração de progresso vertigi­ os. as quaes eondusem ao terraço-
noso em todos os sentidos que os mostruários de serviços polychroma e foi csplcndidamente dis-
officiaes do Pavilhão de Honra e as grandes machinas e tribuida ior iodos os compartimentos do edificio. É dc
artefactos industriaes da secção do caes do porto nos mosaico a pavimentação, imitando o ladrilho dc barro dc
dão. aponta os Estados Unidos da America do Norte como Guadalajara. Em toda a construcção imitam-se admiravel­
um dos paises leaders do Universo, destinado talvez á mente os materiaes na época empregados: cantaria, azulejo,
supremacia mundial cm futuro não remoto. ladrilho e «tezoutle». pedra esta dura c leve. fundo ma­
No Pavilhão de honra a distribuição dos mostruários gnifico para fazer resaltar os lavores da cantaria e o
é resumidamente a seguinte: brilhe dos azulejos.
Nas duas primeiras salas á direita de quem entra pela Constitue o pavilhão mexicano algo de novo e sin­
porta principal foi installada a exposição official do M i­ gular. pois apresenta, tanto nos pormenores como no con-
nistério da Guerra. Vêm-se ahi os ultimos modelos de me­ juncto^ toda essa decoração mixta de estylo hespanhol e
tralhadoras. carabinas e outras armas, caminhões tran­
sportes. projcctorcs electricos, apparelhos de radiophonia. 0 empenho decidido de fazer obra rica e sumptuosa.
modelos de pontes de ligação usadas pela engenharia do O Mexico, sempre cavalheiresco e fidalgo, foi das pri­
exercito americano, de açudes, navios guindastes, farda­ meiras nações a attender ao convite do governo brasileiro
mentos. munições, maceas e apparelhos para o transporte para se fazer representar na Exposição do Centenário.
dos feridos e tudo mais que diz respeito ao movimento A Secretaria dc Estado de Industria. Commercio e
das tropas cm campanha. A nota mais curiosa da secção é 1 rabalhq abriu immcdiatamcntc concurso para a construcção
um mappa em relevo da Escola M ilita r dos Estado3 Unidos, do pavilhão, tendo apresentado projectos os jovens archi­
com todos os pormenores topographicos. tectos Carlos Obregon Santacilia e Carlos Tarditi, que me­
A esquerda de quem entra fica a sala da Marinha receram a approvação do juiz classificador.
de Guerra americana, com modelos dos grandes couraçados Foi nomeada uma missão diplomática, designando-se
modernos c das antigas fragatas cahidas cm desuso. para o cargo dc Embaixador Especial o Exmo. Snr. D.
Ha quatro salas conjunctas occupadas pelos mostruários Jose Vasconcellos. Secretario dc Estado dc Educação Pu­
dos serviços de Hygiene e Saúde publica na grande nação blica. uma das mais vigorosas mentalidades daquelle pais
do norte. Na primeira delias encontram-se modelos de irmão, verdadeiro representante intellectual da presente ge­
tanques, peneiras, filtros, etc. destinados á purificação dos ração mexicana. Os demais membros da missão foram os
exgotos e desinfecção da agua. Cartazes de grande poder seguintes D. Julio Torri, secretario, e general Manuel
suggcstivo pendem das paredes, com desenhos e legendas I crez Trevino, chcfc do Estado-maior presidencial, addido
males que attingem homem phy- m ilitar e chefe dos cadetes da Escola M ilitar, á qual
sico. Uma collccçâo de mascara. __ ..... _____________„
• perigos foram aggregadas a Banda do Estado Maior e a Orchestra
da syphilis e das doenças venéreas. Na segunda destas salas Typica Torreblanca.
faz-se por meio de bonecos, modelos, cartases e varios Alêm da alludida missão foi organizada uma delegação
microsoopios contendo preparações, uma demonstração viva commercial, da qual participaram os snrs: Engenheiro José
do modo por que se disseminam as molestias contagiosas Vasquez Schiaffino. commissario geral; Engenheiro Enrique
e transmissíveis. A terceira sala é dedicada ao estudo da F remont. chefe da construcção do pavilhão: architectos
malaria, da lepra e da peste bubonica e da variola. Vêm-se Carlos Obregón Santasilia c Carlos H . Tarditi. autores do
ahi differentes modelos de casas á prova de pernilongos, projecto premiado; Engenheiro Angel Berea, constructor;
com as lanellas guarnecidas de redes de arame- Interes­ csculptor Manoel Ccnturión. encarregado da obra dc es-
santes moldagens em cêra mostram as vantagens e conve culptura e modelado: José Benjamin Jimenez, ajudante;
niencias da vaccina contra a variola. A
mente contem indicações referentes á p .„„. Roberto Montenegro, encarregado da decoração artística;
berculose e á hygiene infantil (alimentação. \ Gabriel Fernandez Ledesma, ajudante; Engenheiro Gustavo
Duron Gonzalez, encarregado da cxhibição de productos
r - C0"* '* '1* a *stas a sala da Cruz Vermeihã' Ame- agricolas c industrias connexas; Rodolfo Ramirez, encar­
r cana, repleta de quadros, mappas e dioramas demon­ regado da exhibição commercial; J. Mario Gutierrez, agente
strando os formidáveis serviços prestados pela grande insti­ commercial
----------- - j<- a America do Sul. e actualmente

O O o o o 316 o o o o o o
BORGES & IRMÃO, L.DA — Porto.
IN DEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

commissario geral do pavilhão: José Martinez Ceballos, No intuito dc que o cdificio fosse uma evocação intei-
agente de compras: e Lamberto Espinosa Pácz. secretario ramente característica da arte francesa, decidiu-se que seria,
particular do commissario geral. exteriormente, uma repetição fiel do Petit Trianon de Vcr-
A delegação commercial editou antes de . edificado em 1776 pelo celebre architecto Gabriel.
do Mexico um bello volume cm que. de man a suecinta.
mas eloquente, se dão a conhecer os dive: foram feitas no cstylo da mesma
da situação actuaj politica, econômica, ediu " cepçâo.
dustrial. commere**1’• .i*
»«<•'- *1
«i«”> no*,
~a.p. Palacio de Honra,
' re P°vo irmão. Esse vo- compõe-se de um gran vestibulo dc entrada, de uma
lume. profusame....- d
.....-...
lustrado de magnificas photogravuras. sala dc exposição, dc i
foi largamentc distribuído grande salão e de dois outros
salões menores.
ariedade e importance Contém o Palacio. em primeiro lugar, a collccçôcs
os productos expostos na secção quae emprestadas pelas Manufacturas Nacionacs de S
namente representam a riqueza « Oobelinos, o Gardc-Mcuble Nacional, a Imprer >a Nacional
1 resumido apanhado < c a Administração das Moedas e Medalhas.
Da Manufactura de Sèvres figuram no Palacio os admi-
/ Fios e tecidos, chapéus modernos c cara- r »VCIi. grupos de «Pygmaliâo c Galathéa». de Falconnct.
PS. roupa branca de sêda original do país. meias sApollo c as Musas». «O Amor c a Nympha», a peça
s de seda. casemtras. couros e pelles, calçados, central do «Surtout» dos Peixeiros, de Boizot. e o «Surtont»
ura de couro, botões, etc. da caça de Blondeau. segundo Oudry- São todas peças do
2 lOrandes industrias) — Objectos de bronze, século X V III. figurando ao lado delias peças modernas,
ferroviários, barras de aço para construcçõcs. ci- como os grandes vasos de crystalizaçôcs cambiantes, as
tintas. vernizes, variadissimo mostruário de espe- peças em vermelho de cobre, os biscuits e gres. etc.
mincraes. armas brancas, phosphoros. artigos de A manufactura dos gobelinos está representada por tres
(capas, pneumáticos, etc.), material sanitario. pe­ bellos painéis de Baudry.
ru e todos os seus derivados (a maior riqueza do O Mobilier National emprestou uma peça extraordi­
— •—;- l de guerra (de fabricação ......... naria. que é a celebre tapeçaria -A Batalha d’Arbelles .
.ystaes.
------ papel d que faz parte da valiosa collecção dc tapeçarias represen­
e embrulho, collecção i moeda circulant tando a vida dc Alexandre, trabalho de Lebrun.
cobre, nickel). etc. Além das obras cedidas pelas administrações nacionaes.
Sala 3 Vinhos ' ‘ surprchendentcs mobiliários, objectos de arte. gravuras c
rvas alinii estampas foram emprestados graciosamente por varios e
erfumanas. productos chimicos conhecidos colleccionadorcs franceses.
rmaccuticos injrctavcis ou não. fibras texteis (mais Na grande sala da Exposição estão grupados princi-
0 variedades existentes no Mexico, destacando-se as palmcntc os trabalhos provenientes das manufacturas na-
inadas: Pita caxaca abutillon. henequen. raunè. za-
malvabisco. majahura. zanote. sansenicra. No grande Salão estão reunidos moveis e objectos de
ite i. vanos vitraes. dos quaes alguns esmaltados a fogo. arte da epoca fim Luiz XV até ao meio da epoca Luiz XVI.
de maravilhoso cffeito. doces e chocolates, industrias da Notam-sc ahi entre outros: uma escrevaninha do fim da
céra de abelha e do leite preparado. epoca Luiz X V ; uma bellissima mesa em madeira escul­
Sala 4 Grande variedade de grãos (feijão. 250 pida c dourada, da epoca Luiz X V I; uma mobilia de salão
qualidades, café. arroz, «garbauzó. etc.) artigos de palha em tapeçaria real de Aubusson. cujos assentos representam
(cestas, chapéusI. vassouras e escovas, cordas e laços, bandas, fabulas de La Fontaine: um maravilhoso Gobelino. do mais
objectos de vime c palha, chapéus de fibra, quadro des­ puro Luiz XV. segundo os cartões de V icii: dois retratos
envolvendo a tcchnologia do algodão, technologia do trigo de tamanho natural representando as duas irmãs dc Maria
e do linho, pimentas, sementes oleaginosas c respectivos Antonicta; quatro garrafas de crystal chincz. de grande
productos, sabões, milhos, saccos de pita e de fibras, assu- clegancia, com trabalhos de bronze dourado, século X V III:
cares c compotas, quadro official de bacteriologia. um busto em mármore de Voltaire c uma Diana, ambos
de las cantiones (com admiráveis decorações de do cinzel dc Houdon: um lindo rclogio em porcellana
Montei egro) Esporas, freios c outros accessorios de mon- azul. da manufactura de Sèvres. epoca Luiz XV I: dois
rabalhados em aço imitação Toledo, artigos dc tar­ candelabros dc bronze dourado, da mesma epoca. etc.
taruga. filigramas de ouro e prata, bronze decorativos an­ ^ No pequeno salão, firmou-se o cstylo Luiz XVI c fim
tigos c modernos, trabalhos dc madeira com incrustações
dc tartaruga c osso. retratos em miniatura do pintor Fazem-se notar nclle: um admiravcl cofre de joias,
Juan hoyos. vestes características de Yucaztcca. rendas c offerecido por Maria Antonicta a uma dama de honra de
bordados (trabalho manual), trabalhos manuacs escolares, sua corte; delicioso consolo em forma de meia lua. de
velha arca colonial. vinhatico, trabalho dc Weisweiller c Ricsener; duas pei.uenas
Sala cta ccramica — productos variadíssimos da cerâ­ commodas egualmentc em forma de meia lua. assignadas
mica mexicana, das mais bellas e características do mundo: por Victor Lacroix: magnifico consolo em madeira escul­
vasos estatuetas, louças, etc., das seguintes procedências: pida e dourada e pequena escrevaninha. devida ao mestre
Tonala, Jalisco. Tlaqucpaguc. Aguas Calientes. etc: louça marceneiro Lemarchand da epoca Luiz X V I: afóra ma­
vidrada de Oaxaca, roupas velhas do Departamento Anthro- ravilhoso conjuncto dc outros objectos de arte.
pologico (exemplares únicos), reproducçôes. cm céra. de O terceiro salão contem uma mobilia em laqué ver­
fruetas e hortaliças mexicanas. melho. coberta de uma tapeçaria feita a agulha, assumpto
Sala circular Chailcs característicos de Saltillo. Aguas dc Téniers. de encantadora originalidade: quatro bellos
Callentes e Chiapas, artigos dc onix. trabalhos de mis- painéis em tapeçaria de Aubusson: delicioso retrato de
sanga e de penna, roupas características de china Poblana homem por Dronais. e diversos objectos representando os
e^ Teguana. bustos cm terracota, rendas, trabalhos em differentes ramos da Arte dessa epoca surprchendente que
foi o scculo dezoito, cm França.
Sala III Louça typica de Talancra. louça comrnum. O Palacio acaba dc ser doado, com todas as riquezas
photographias em crystal, trabalhos graphicos, destacando-se artísticas que encerra, á Academia Brasileira dc Letras,
notáveis edições de luxo dc obras classicas gregas tradu- cumprindo-se assim o generoso c gentilissimo voto do nobre
sidas em hespanhol. lithographia. trichromia, etc.
Oaleria photographica Photographias de edifícios co­
lonies. typos mexicanos, aspectos variados do paiz. ruinas: O Pavilhão
telas a oleo dc alumnos da Escola de Bellas Artes: moveis
artísticos.
Galerias inferiores - Hervas mcdicinacs, ccramica de­ Penetra-sc no palacio por um grande portico estylo
corativa (admiraveis exemplares), photographias dc ruinas, Luiz XIV. que precede o salão de honra. Sob este portico,
marmores, especimens da fauna empalhados, madeiras, etc- differentes baixo-relevos do cscnlptor Qucff representam o
Vestibulo Maquettc da Cidade Archeologica: repro- commercio, a agricultura, as artes, o trabalho.
ducçâo em maquettc da fachada da Egrcja de Acolman; ma- Comprehende o palacio doze salas c uma galeria, em
quette do Templo dc Quctzalcoatl: e um maravilhoso mo­ que são harmoniosamente expostos os productos franceses.
saico trabalhado cm penna c marfim. A sala A é destinada ás industrias das Modas. Pelles.
Confecção, tecidos dc lã. algodão c linho. Pouparia. Rendas,
Musica A sala B é particularmentc reservada ás sedas
FRANÇA dc Paris c Lyão. Contem a sala C artigos de Paris, artigos
dc precisão, armas parisienses e apparelhos photographicos.
A sala D comprehende os couros e pelles, as differentes
A participação da França na exposição do Centenário industrias do couro, e a industria do vidro. Reservou-se
comprehende duas partes differentes a primeira representada a sala E á alimentação solida e liquida, abrangendo os
Pelo seu Palacio dc Honra, maravilha architectonica er­ vinhos c licores franceses e as industrias de conservas.
guida á Avenida das Nações, e a segunda pelo «Pavilhão A sala E comprehende a exposição das companhias fran­
dos expositores», que se levanta na secção externa do cer­ cesas de navegação que ligam a França ao Brasil e o
tamen. na avenida do Caes do Porto. stand das companhias francesas dc Caminhos de Ferro e
O Palacio de Honra, por disposição do Parlamento os das Companhias dc Construcções Maritimas. Em torno
trances e com o fim dc ser offerecido ao Brasil uma vez desta sala figuram as exposições graphicas dos Trabalhos
terminada a exposição, foi construído com materiaes dc- Publicos. A sala N foi destinada ao automovel. com uma
hnitivos c cm terreno adquirido pela França. secção referente á aviação. Para a clecricidadc rescrvou-sc

O O O O O 317 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

a sala L. As minas sc acham representadas na sala K.


A sala / é a dos productos chimicos e pharmaceuticos. II — Lducação e fcnsino.
A sala / comprehende a pequena mctallurgia em todas III — Instrumentos e processos geraes das Letras, das
as suas variedades de producção. Sciendas e das Artes.
Entre a sala F c o salão de honra encontra-se a IV — Material e processos geraes da Mecanica.
galeria do pensamento francês, onde figuram as mais bellas V — Electricidade.
edições das mais interessantes obras em todos os ramos. VI — Engenharia C ivil. Meios de transporte.
O hall contem a exposição das grandes firmas fran­ V II — Agricultura.
cesas Le Creusot. La Marme e Homécourt. Estes stands, V III — Horticultura e Arboricultura.
com uma exposição de material de artilheria. ficam em IX — Instrumentos c material dc caça e pesca.
frente das poderosas Sociedades de 1’Est. da Société de X — Generos alimentícios.
Pont-ã-Mousson. da Société Alsacienne Wcycr ct Richmond, XI — Minas! Metalurgia.
etc. X II — Decorações c mobiliário dos cdificios publicos c
O palacio e o hall c a sua organização interna são das habitações.
devidos ao sr. de Montarnal. architecto do Comité Francês X III — Fios. tecidos, vestuário.
das Exposições, como o Palacio de Honra foi edificado XIV — Industrias chimicas.
sob os cuidados dos srs. E. L. Viret, architecto chefe, c XV — Industrias diversas.
G. Marmorat, architecto adjunto da secção francêsa. XVI — Economial social.
O comité de organização da secção francêsa em nossa XVII — Hygiene. Beneficencia.
Exposição foi constituído da maneira que sc segue: X V III - Ensino prático — Instituições económicas c tra­
balho manual da mulher.
Presidente de honra: M. Emile Dupont; XIX — Commercio. Colonização.
Presidente: Barão Thenard; XX — Sports.
Vice-Presidentes: A. Pinard e G. Roger Sandoz;
Secretario Qeral: Felix Pell in Cada grupo foi dirigido por um comité especial, in­
Secretario: Emile Hcrmès cumbido dc providenciar sobre o assumpto referente ao
Thezoureiro: Antonio imbert
Delegado do Comité: E. Core Além do formoso palacio na Avenida das Nações, occupa
Architectos: Joseph c J. — M. de Montarnal ; a secção belga uma extensa galeria construída á praça
Chefe da administração: P. Baylc Mauá. na qual foram localizadas as grandes industrias da
Secretários administrativos: Max Rcvillc e Léon Drujon.
Cerca dc duzentos grandes estabelecimentos belgas con­
O commissario geral é o sr. François Crozier. secre­ correram á exposição, apresentando enorme variedade dc
tariado pelo sr. L. Donarche. productos Devemos destacar, pela sua significação dc par­
Os productos francêscs que figuram na exposição foram ticular carinho do governo belga para com o Brasil, a
divididos em 16 grupos c 116 classes diversas, sendo ele- exposição de bellas artes, comprchcndida no primeiro grupo,
vadissimo o numero de expositores c verdadeiramente no­ e na qual foram apresentadas maravilhosas obras de ar­
tável a variedade desses productos. tistas flamengos.
Alêm do catálogo official, magnificamcnte confeccionado,
c trazendo retratos dos membros da familia real. foram
distribuídas na secção belga outras interessantes publicações,
merecendo relevo o catálogo especial dc bcllas-artcs e o
BELGICA lindo volume sobre -A Belgica Industrial», editado pela
Comité Central Industrial da Bélgica. Contem esta ultima
obra minuciosos informes sobre todos os ramos da acti-
O pavilhão belga é um dos mais bellos monumentos vidade industrial flamenga, ornando-a numerosas e nitidas
architectonicos de quantos se erguem na Avenida das Nações, gravuras.
no grandioso certamen internacional. O seu cstylo é puro
renascimento flamengo. Os elementos de sua construcção.
todos de pedra de cantaria, suas formas ricas c decorativas
tornam-no particularmcntc proprio para representar o es­ INGLATERRA
plendido florescimento da civilização belga.
A entrada principal, num dos angulos do edifício, é
coroada dc um -pignon com volutas finamente delineadas Tambcm dc maravilhoso cffcito, como conjuncto archi­
c sobre o qual repousa uma estatua representando a Bélgica; tectonico c como bcllcza de pormenores, é o Palacio Bri­
do outro lado se eleva uma torre, graciosamcntc recor­ tânico na Exposição Internacional. Foi todo construído cm
tada no ar. concreto, ferro e tijolo, tendo-sc empregado a argamassa
A parte central é adornada de pilastras que sustentam dc cimento branco nos acabamentos ornamentaes elegantís­
a cimalha. enquadrando as largas jancllas arquedas. simos As grandes linhas do seu cstylo classico dão-lhe se­
Por cima destas janellas destacam-se baixos relevos si­ vero e harmonioso relevo. Uma larga faixa de ladrilhos
gnificando diversos aspectos do trabalho industrial na Bél­ azues. circumdando-o todo. imprime-lhe feição especial. Acima
gica. São devidos ao cinzel do grande esculptor belga das janellas. no fundo do portico, destacam-se tres painéis
Lagae c constituem o complemento artístico da fachada, nl’ colorida, representando as Armas Rcaes. as do
realçando ainda mais a riqueza da sua decoração. Brasil, c as da cidade do Rio dc Janeiro, trabalhos mo­
A principal fachada lateral é precedida de um terraço delados c desenhados por Harold Stabler e S. Kruger
ovalado, com escadaria. Gray.
E também admirável a decoração interior do edi- São as jancllas dotadas de caixilhos dc metal e barras
fido. No grande salão dc honra e nos compartimentos dc bronze, sendo tambcm de bronze as portas, modelos
secundarios capricharam mãos de artista em deslumbrar o dc desenho c concepção.
olhar do visitante, desenvolvendo c combinando motivos A porta principal tem 17 pés de altura, sobreposta
estylisticos os mais harmoniosos c característicos. ao terraço, que sc alcança por degráus que partem de
A commissâo organizadora, a que se deve esse es­ ambas as suas extremidades.
forço esplendidamcnte victorioso, foi constituída da ma­ O interior do edifício mereceu ainda maiores desvelos
neira seguinte: da parte de architectos, pintores e gravadores, que. com­
Presidente — Dr. Francottc. ex-ministro da Industria c binando concepções c processos, obtiveram cffeitos deslum­
do ^Trabalho, presidente do Comité belga dc exposições brantes de harmonia e desenho.
Vicc-presidcntcs: Sr. E. Francqui. Ministro de Estado c A sala dc honra tem 12 pés quadrados, com uma
Cav. F. de Wouters d'Oplintcr. membro da Camara de abertura, rodeada de balaustres, deixando ver o pavimento
Representantes; terreo. Duas passagens separam a sala de honra das ga-
Membros: Srs. H. Carlier. M . L. Gerard, secretario de 'e,rla.s Meraes. que medem 50 pés de comprimento, por
S. M. 25 de largura c 28 de altura.
11 - n ~! Belgica. ... ___________ L. Graux, O.
A. Goldschmidt. Um dos mais bellos motivos ornamentaes do palacio
Mavant. L. Strauss.“ cE. Uytborck.
— i. Conde A. der Buch;
Thezoureiro: F. Bastcnicr e o /imborio de vidro colorido que cobre o hall central
Secretario: Ed. Caspers. eJ.QU1f . ,a*vcz ? maior área continua de vidro cm côres
Posteriormente, por decreto real. foram agregados a ate hoje construída. Artísticos painéis symbolicos. pintados
i commissào. na qualidade dc membros, os Snrs. Julien sobre o vidro, dão a esse zimborio verdadeiro esplendor.
de Baere. Faust: 1 Havelange. Camile Janssens, Henri Ma- Os painéis collocados nas paredes da sala de honra
lcrme. Jean Mayens i- Prosper Paternot. todos residentes representam os sete mares, e foram executados por tres
Rio de Janeiro, onde i
*"*“ ---------- o commercio c a in­ alamados artistas britânicos: Charles Sims. director da Royal
dusti Academy. Aniiing Bell e prof. Gerald Moira. São obras de
Ha. além da commissâo organizadora, um commissa- extraordinario poder suggestivo e representam uma visão
nado geral do governo belga, presidido pelo snr. Conde van synthetica. em seu eloquente symbolismo. do mundo de
nossos dias.
111 Imprensa, no qual figuram d ..0 s <risos <luc circumdam a sala. trabalho de Aiming
Bell. reproduzem as armas dos principaes portos do Im­
perio Britânico e do Brasil.
seguintes grupos: ° . Ça,á,°So official da secção ingleza. magnificamcnte
executado, historiando a participação da Inglaterra na Ex-

O O o 318 o o o o o o
IN D E P E N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

posição do Centenario, diz ein sua introducção. estas pa­ (i. A. Harvey G Co - Metaes perfumados, arame en­
lavras que prazeirosamente reproduzimos: trançado. accessorios para moinhos de arroz, fabricas de
«Esta espontânea demonstração de amisade para com biscoito, minas, etc.
o Brasil não £ de estranhar, tendo-se em vista os lacos W. T. Henley’s Telegraph Works Co — Todos os
historicos que unem os dois povos. Muito antes da inde­ typos de cabos e arames para electricidade.
pendência do Brasil, o Imperio Britannico acompanhava William Hunt G Sons Birmingham — Instrumentos
com carinho o progresso desse pais e esse carinho tra­ cortantes, enxadas, machados, picaretas, etc.
duzia-se em auxlios cfficazcs. Foi em uma vaso britannico. M. Jacoby G Co Nothingham — Toda especie de
escoltado por uma esquadra inglesa, que D. João VI, o rendas finas de algodão, rendas dc sêda artificial, etc.
Regente do Portugal, demandou o Brasil em 1807, quando VF G R. Jacob — Dublin — Fabricantes de biscoitos
a invasão da peninsula pelos exercitos de Napolcão se c bolos.
tornára imminente e o govrno português via-se obrigado Jones Textilaties Ltd. — Manchester — Accessorios
a transferir a corte de Lisboa para o Rio de Janeiro. para machinas de tecidos, requisitos para teares, etc.
Foi um marinheiro Britannico que teve a honra de ser The Leeds Forge Company Ltd. — Vagões para es­
o primeiro almirante da Marinha brasileira. Pode-se mesmo trada de ferro, rodas de aço solido forjado, etc.
dizer que Lord Cochrane foi o fundador da Marinha bra­ ( has. Macintosh G Co Manchester — Pneumaticos,
sileira. a qual contribuiu decisivamente na luta pela inde­ pannos impermeáveis, generos desportivos, etc.
pendência. ha cem annos. Mather G Platt - Fabricantes de machinas para al­
vejar. tingir, estampar, bombas de turbinas e centrifugas,
installações electricas de todo genero.
McConnel G Co — Fios de algodão simples e duplos.
A cordialidade existente entre a Qrã Bretanha e o Metropolitan Vickers Electricat Company, Ltd.
Brasil, tanto na paz como na guerra, deu motivo a que The Royal M ail Steam Packet, Co.
fosse o Reino Unido a primeira potência a reconhecer The Pad tic Steam Navigation Co.
a inde pendenda do Brasil em 1822. Siémens Brothers G Co — Apparelhos telegraphicos, etc.
É motivo de orgulho para ambos paises o facto de
ter sido coroada a ininterrupta amisade reciproca durante
cem annos, pela declaração do Brasil em favor dos alliados
contra os Impérios Centraes em 2 de Junho de 1917 ITALIA
e pela collaboração activa que lhes prestou. Não se pode
exaggerar o effeito moral produzido por esta prova ae O Palacio da Italia, que se erige na Avenida das
sympathia á causa dos alliados. e sua significação para Nações entre os da Inglaterra e Dinamarca, é um monu­
os ingleses, cspecialmente quanto ao auxilio prestados aos mento soberbo de architectura, de linhas caracteristicamente
navios britannicos. que foram abastecidos e reparados em italianas. Occupa uma área de 88 metros de frente por
portos brasileiros. 20 de fundo. Seu arcabouço é todo de aço. e foi mon­
Quando o governo brasileiro decidiu dar á sua inter­ tado com prodigiosa rapidez por operarios vindos especial­
venção na grande guerra uma forma mais activa, foi á mente da laltia.
Grã Bretanha que destinou clle o seu primeiro contingente A representação desse país na exposição do Cente­
militar. A primeira missão que partiu do Rio de Janeiro nario affecta particularmente nossa sensibilidade de bra­
para o theatro da guerra, foi a missão de aviadores navaes. sileiros. Ao concurso do braço italiano devemos grande
a qual seviu incorporada á marinha do Império Britannico. parte da grandeza actual do Estado de S. Paulo, sem
fallar da sua cooperação no progresso crescente do Rio
Grande do Sul c do Paraná.
A escassez do tempo nâo permittiu que fosse integral
O Commissariado Geral da secção inglêsa no grande essa representação. Muitas das provincias italianas não pu­
certamen foi assim organizado: deram figurar com a sua arte. as suas indusrias. as suas
Tenente-Coronel H. W. G. Cole. Commissario Geral. tradicçôcs no magestoso Palacio. Nem por isto deixou este
Major A. A. Lougden. vicc-commissario geral. de ser uma affirmaçâo magnifica do espirito italiano e
J. A. Stirling. Secretario Geral. do surto surprchcndente de progresso a que se elevou a
John W. Simpson c Maxwell Ayrton, architectos. Italia principalmente nestes ultimos quinze annos.
Tenente Coronel E. Beswick, representante. O Palacio. pela sua esplendida physionomia externa,
dc simples e austeros traços, e pela sua sóbria c elegante
decoração interior, é uma festa maravilhosa para os olhos,
e dignamente representa a obra do heroico povo da pe­
E grandemente elevado o numero de expositores, re­ ninsula.
presentando as maiores firmas e a variedade immensa de Na parte central destaca-se o corpo saliente do edi­
productos de primeira ordem da poderosa industria inglesa. fício. com a porta monumental de entrada, e entre as
Citaremos apenas as principaes: duas desenvolvidas alas lateraes. Rematando o conjuncto,
ao alto. sobre a porta, vê-se a loba romana, reproduzida
Alien O- Hanburys LU ., Londres. — Leites preparados, em todo o seu esplendor symbolico por mãos finíssimas
matte, biscoutos. farinhas, drogas, extractos e productos de artista.
chimicos. etc. No interior do Palacio. subdividido em dois andares
Anglo-Mexican Petroleum Co. ligados entre si io r escadarias admiráveis, acham-se harmo­
W. Armstrong Whitworth G- Co. — Constructores de niosamente dispostas as differentes secções em que figuram
navios, fabricantes de aço. constructores de locomotivas, os mais variados productos da arte e da industria italianas.
engenheiros civis e geraes. Ao lado dos crystaes e rendas de Veneza, dos bronzes,
Claudius Ash, Sons & Co. Dentes artificiaes. cadeiras dos marmores e das terracõtas florentinas. das sêdas e
para dentista e todos os accessorios referentes i odontologia. damascos de Milão, destacam-se as industrias de tecidos de
The Associated Portland Cement Manufacturers Ltd., algodão, dc automóveis, de material electrico, os trabalhos
Londres. — conhecidas marcas de cimento. de cartographia. dos pneumaticos, a industria dos aero­
Babcock & Wilcox Londres. — Fabricas de caldeiras planos. dos vinhos e licôrcs. etc.
a vapor, tubos de agua. etc. Os artigos da secção italiana foram divididos em 24
Baiss Brothers & Co. Productos chimicos. drogas, grupos e 121 classes.
preparações pharmaceuticas, etc. Descriminam-se os grupos principaes pela seguinte forma:
Arthur Balfour G Co Sheffield — Fracturas de ferro,
ferramentas de aço para uso de engenheiros, etc. Grupo I I Instrumentos e processos geraes das letras,
Reginald Bell Trabalhos artísticos em vidro colo­ sciendas e artes, comprehendendo as seguintes classes :
rido com desenhos decorativos. typographia: photographia; livraria: edições musicacs. etc:
Blundell, Spence G Co — H ull e Londres — Fabri­ Instrumentos de precisão, moedas e medalhas: Medicina e
cantes de tintas, vernizes, esmaltes, etc. C irurgia: e instrumentos musicaes.
The Booth Steamship Co — Liverpool. Grupo I I I — Materiaes e processos geraes da mecâ­
Brunner, Moud G Co — Productos chimicos. nica. comprehendendo machinas motrizes diversas.
The Calico Printers' Association — Manchester — Pro- Grupo IV — Electricidade: abrange as classes: pro-
ductora dc toda especie de tecidos estampados. ducção c utilização mecanica da electricidade: elcctro-chi-
Callender's Cable G Construction Co. - Fabricação mica: illuminação electrica: tclegraphia e telephonia.
é installação de fios e cabos electricos para todos os fins. Grupo V Engenharia civil e meios de transporte.
David C olville G Sons - Artigos de ferro. aço. etc. Comprehende: Materiaes de construcção; automóveis, moto-
IF. A. Oranage G Co - Exportadores de toda classe cyeletas. bicycletas. accessorios: navegação commercial: ae-
de generos.
C ritta/I Freeman Bro. ' Grupo VI Agricultura: machinas agricolas: productos
The Crown Perfumery Perfumes, sabões i alimentícios de origem vegetal.
parados para toucador. Grupo V III — Florestas, abrangendo os productos da
William Denny G Brothers Estaleiros navaes. industria florestal.
The Erasmic Co - Londres c Paris —■ artigos dc Grupo X / — Alimentos: industria dos alimentos; fari­
perfumaria, loções para toilette, artigos de luxo. etc. naceos c derivados; conservas: confeitaria; vinhos, xaropes
Earquhar G GUI Fabricantes de tintas, esmaltes, etc.
Joseph Freeman, Sons & Co — Tintas permamentes Grupo X II Minas, mctallurgia: productos mineiros,
Para cimento. marmores; grande mctallurgia: pequena metallurgia.

O O O o o 319 o o o o o o
LIVRO D E OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

Grupo X I II — Decoração e mobiliário para casai par­ Ha razões especiaes para que nós. os noruegueses re­
ticulares e editicios publicos: decorações fixas para edi­ sidentes no Brasil, nos adaptemos com singular facilidade
ticios publicos e habitações; vilracs artísticos: moveis ar­ ás condições locacs: as paisagens deste pais. as montanhas
tísticos ; tapetes, tapeçarias e outros tecidos dc ornamen­ e o mar muito se assemelham aos de nossa querida No­
tação ceramica: crystacs e vidros; aquecimento e ven­ ruega. Esta semelhança não é das menores aqui na Bahia
tilação; apparelhos de illuminaçâo não electrica. do Rio de Janeiro, onde as montanhas se elevam orgu­
Grupo XIV — Fiação, tecidos, roupas: machinas para lhosas. rectas e escarpadas, do fundo do m ar: o Corco­
a industria tê x til; tecidos de algodão: seda e tecidos de vado. a Tijuca. os picos dos Órgãos recordam nosso litoral,
seda: recantos; industrias diversaes do vestuário. protegido dc rochedos e nossas magestosas muralhas dc
Grupo ATF Industrias chimicas: chimica e Phar­ montanhas. Ha certos pontos desta Guanabara, cujas bel-
macia: perfumaria. lezas não sabemos expressar, que nos conduzem em es­
Grupo X V I Industrias diversas: fabricas dc chapéo, pirite a nossa patria, a nosso querido Kristianiafjord.
ourivesaria, bronzes e outros trabalhos artísticos em Ror isso hoje. contemplando esta maravilhosa bahia.
metal. ctc. temos a sensação dc contemplar nossa patria, e nos en­
Grupo X X III - Estatística economica. tregamos de todo coração á solcmnidadc deste acto da
Grupo XX IV — Exercito c Marinha. collocaçào da pedra fundamental da Casa da Noruega, que
Destacam-se entre os principaes expositores: deverá levantar-se ás margens da Guanabara'.
C olletriva di seultura in marmo bronzo ed alabastro — Completando o testemunho fornecido pelos ricos mos­
Florença. truários do pavilhão, o governo norueguês editou em varias
G. B. Borsalino fu Lazzaro & C. — Chapéus — Ale­ linguas, inclusive a portuguesa, pequeno, mas conciso e
xandria. elegante volume sobre «O país mais septentrional do mundo
Officine Colorai — Motores industriacs — Manlna. civilizado:', a heroica Noruega, cm que se podem beber
G. Ceirano — Automóveis para passeio — Turim. exactas informações a respeito da historia c da situação
Sociedade Anonyma Cinzano — Vinhos — Turim. actual daquelle povo. Termina o volume transcrevendo o
Comp. Generale d i Elettricitá — Milão. seguinte trecho, do conhecido escriptor americano Sr. H.
Instituto Geográfico de Agostini — Carta Geographica Leach, profundo observador dc coisas da Noruega: iOs
do Brasil — Novara. norueguêses "m uma individualidade mais pronunciada
La Filotecnica — Milão. distinguem-se pela sua independencia dc
Fabbrica Italiana di Pianaíorti — Turim. to e de sentimento, vão por seus proprios ca-
Oancia — Vinhos - Canelli. ' dão-se suas próprias respostas sobre as muitas
Fiat — Automóveis — Turim, xistencia. c isto forma personalidades fortes e
j. Angello Janetti — Instrumentos cirúrgicos, etc. — . um povo de individualidades'.
_ s expostos no pittoresco pavilhão cspccificam-sc.
Isotta Fraschini Automóveis — Milão. segundo o catálogo official, da seguinte maneira aguar­
Lloyd Sabatído — Genova. dente. aguas mineraes. alcatrão, aluminio, anzóes. artigos
Fabbrica Autom. Lancia — Turim. de alumnio. apparelhos electricos para aquecimento, appu-
M artini ft Rossi — Vermuths - - Turim. relhos telephonicos. ardósia, arenque, artefactos de esmalte
Societá An. Marelli — Motores — Milão. e de prata, azeite de peixe, azeite medicinal dc figado de
^ M illu l f t C. — Esculptura e objectos de arte — bacalháo. bacalháo. bombas, cabos electricos, carbureto de
calcio, cellulose, centraes telephonicas. cervejas, cimento,
Cristalleria Murano — Vidraria — Murano. colla de peixe, conservas, couro dourado, correias, con­
Metallum — Lampadas electricas, ctc. Veneza. certo de navios, construcção naval, clcctrometros. emprezas
O. L. M. — Motores Volpi — Milão. de navegação, explosivos, ferro-chromo. fcrrosiíicio. fun­
Societá An. Bonatti — Chocolate — Milão. dição de bronze, granito, guano de peixe, licores, machinas
P irelli — Commas — Milão. , machinas para bordo, madeiras, motores a oleo.
Societá An. Ing. Nicola Romeo — Compressores, etc. motores i propulsão de navios, motores electricos, moveis,
- Milão. cartão, pasta mecanica dc madeira, pedra na­
E. N . I. T. — Iii st Nacional dc Turismo — Roma. tural. pedra para calçamento de ruas. peixe pau. pregos,
An. Librcria Italiana — Turim. productos dc madeiras, suecos de fructas. telcgrapho co­
Romanelli Fratelli — Esculptura artística — Florença. piador. turbinas.
Societá An. Venchi — Caramellos — Turim. O numero de expositores é crescido.
Soc. Idrollcttrica Alta Italia — Milão. Nas salas dc exposição e de conferencia e no jardim
Colletiva Piemontcse per 1'arrcdamento casa — Turim veem-se pinturas e esculpturas dos mestres noruegueses.
Instituto Geographico Militare — Florença. A «Associação das Senhoras Norueguesas-' demonstra i>or
w / Giuseppe Moneta — Artigos de ferro e mobiliário — ) dc modelos dum sanatorio e varios quadros estatis-
S. N. I. A. - Fiaçãc sultado da luta <
F igli Cantagalli Giuseppe -
Cotonificio Valli di Lanzo -
Colletiva di Fotografia ed Ottica — Turim. SUÉCIA
Stabilimenti Toscani l.avori in Cemento — Florença.
Carlo Valsccchi — Cosinha economica — Milão.
Antoncllo ft Orlandi — Panificio c pastelaria electrica — O pavilhão sueco foi desenhado pelo architecto Tarbcn
Grut, autor do plano do grande stadio de Stockolmo. De
Bisleri f t C. — Licores — Milão. puro estylo Gustaviano em suas linhas architectonicas e
Sasso f t F. — Azeite de Oliveira — Oneglia. suas decorações, é esse pavilhão um dos edifícios mais
La Vittoria Arduino — Machinas dc café — Turim. característicos de quantos se erguem na Avenida das Nações,
Zambelletti f t C, — Productos pharmaceuticos — Milão onde representa um marco da amizade que sempre existiu
lug. O livetti ft C. — Machinas de escrever — Irrea entre os dois povos: o sueco e o brasileiro. Suécia e
Cotonificio de Angeli — Milão. nrasil de ha muito vêm permutando seus productos: a
Catonificio Cantoni — Milão. distancia que entre ambos se interpõe não impediu que­
Cotonificio Crespi — Milão. st' estreitassem os laços dos mutuos interesses, o que deu
Subinaghi f t C. — Soc. An. dc oleos essenciaes — uma significação toda especial ao convite que ao governo
sueco dirigiu o brasileiro para que se fizesse representar
Fcli Branca — Licores — Milão. no grande certamen commemorativo de nossa independencia.
bem debates de nenhuma especie concedeu o Riksdag
° L . " , ,OS neSessanos ,Par“ essa representação, e sua Ma-
gestade o rei Gustavo V nomeou immcdiatamcntc uma cont-
NORUEGA imssao para tratar do assumpto.
O pavilhão foi totalmente construído na Suécia, com
matena1 sueco e em navio sueco transportado para o
O pavilhão da Noruega, dc estylo puramente norueguê' nrasii. Comprehende. no primeiro andar, a grande sala
com as ligeiras modificações exigidas pelo clima bras to.i«,X,rr iCJo- Vma unk" sala destinada aos serviços de admi­
iu n °'t com,’f c‘“ de dois vastos andares, encimados po nistração e informações e outra pequena sala dc visitas,
alta torre de linhas harmoniosas e arrojadas. Ê uma da ornamentada e mobiliada á maneira sueca.
mais pittorescas construcções do grandioso certamen d Constituíam a commissáo nomeada pelo rei Gustavo
independência, e exprime eloquentemente o desvelo que pô representantes proeminentes das espheras económicas e in-
o governo daquelle país amigo em mostrar-nos a solid rn n II A a SFinanças.
^ c,a' presididos pelo sr. Venncrstcn. antigo
amizade que vota ao nosso povo ministro das
.r ..— > de sv-miiissario
commissario gerai
geral ioi
foi designam
designado o sr.
p a v i b.
pjvithao, l h txcia.
ã o 'o aliSr.
Cam« ' ° da ^Oade
Ministro dra fundamental
pronunciou d.
al Capitão Enk Bernstrocm. cabendo a secretaria do c
gumas palavras profundamente significativas, que tomamo sanado ao sr. Cari Bacckstrocm.
a liberdade de reproduzir aqui: .Não são de origem receto i L,0.,1‘>- " 1 »eito catálogo distribuído entre os visitantes
o intercâmbio commercial nem as relações amistosas entr no*iStV,c!lk0 SUCc* destaca-se a parte inicial, contendo larga
a Noruega e o Brasil: datam do começo dos cem anno noticia sobre a Suécia de nossos dias. Os progressos admi­
r e '61? do pequeno povo, quer nas industrias como no com-
am <í1' Sassar' c ainda 08 velhos archivos. tant, 2 2 ? ° : T *‘ rucC*o. letras, artes. etc., são postos em relevo
daqui como da Noruega, mostram que essas relações sâi
de origem muito mais remota....... reiaçoes sã. nessa notiaa. que lindas photogravuras. representando pai­
sagens e instituições buecas. agradavelmente illuminam.

O o o o o o 320 o o o o o o
MÜLLER & Cia. — Rio de Janeiro.
*

" ■
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

A segunda parte dessa publicação é que constitue pro­ G Ç. Scavenius. do Ministerio dos Negocios Estrangeiros;
priamente o catálogo, subdividido nas secções seguintes: Axel Schmidt, negociante;
I Instituições ol/iciaes. comprehendendo I — Minis­ Fr. Rüse. commissario geral da Exposição; c
terio do Commercio e Industria, que expõe um diagramma I. Egebjerg, secretario do commissariado.
sobre o commercio externo da Suécia, publicações estatís­
ticas e commerciacs. vistas das cidades, campos, fabricas O lindo catálogo distribuído no pavilhão contem os
etc., e mappas da Suecia. 2 — Direcção geral dos ca­ retratos dos soberanos dinamarquezes. numerosas vistas e
minhos de Ferro, expondo mappas, quadros estatisticos. excellente mappa da Dinamarca, alêm de optimo texto sub­
photographies dos caminhos de ferro suecos. 3 - Direcção dividido cm varias partes. Nas seis primeiras encontramos
geral dos Telegraphos. mappas e diagrammas do serviço pormenorizado estudo sobre a Dinamarca actual, suas con­
telegraphico e telcphonico. I — Direcção Qeral da Explo­ dições geographicas, sua historia, agricultura, commercio,
ração das quedas de agua. mappas, diagramas e photo- industria, portos, etc. Logo a seguir vem um capitulo es-
graphias das installaçõcs hydraulicas: 5 — Federação das picial sobre os trabalhos dos sábios Lund e Warming no
Associações de Gymnastica Sueca, expondo o modelo de Brasil, encerrando a serie magnifico artigo de considerações
uma sala de gymnastica sueca; 6 - Associação da In­ sobre a maneira de desenvolver mais intensamente as re­
dustria Caseira Sueca, artigos seleceionados. Termina esta lações commcrciaes entre os dois povos amigos.
secção com algumas informações sobre a Exposição Com- Setenta e tres expositores diversos apresentaram seus
memorativa de Gotemburgo, que se realizará de 8 de Maio productos á admiração geral no elegante pavilhão dina­
a 30 de Setembro de 1923. marquez. Entre os artigos expostos figuram objectos de
II — Portos, contendo ampla noticia sobre os portos ouro. artefactos de bronze patinado, obras de estanho, por-
de Stockolmo e Gotemburgo, dos quaes figuram photo- cellanas. cimento, lithographias artísticas, gravuras em ma­
graphias na grande sala do pavilhão. deira. prensas excêntricas de fricção c de tiragem, papel
III — Exposições collectivas. Descrimina esta secção de forrar, lacticimos. licores, presuntos, ferramentas e uten­
as fabricas e firmas que se fiseram representar por inter­ sílios. biscoutos. automóveis, coalhos e corantes, faianças,
medio das associações de que fazem parte e que são: — motores, joalhcna. pilhas electricas, sementes, productos chi-
I — a Associação dos fabricantes de papel, abrangendo micos. apparelhos para gymnastica, turbinas, machinas, etc.
16 firmas proprietárias de numerosas fabricas por todo
o te rritorio sueco; 2 — a Associação dos fabricantes de
celulose e Associação dos fabricantes de pasta de ma­
deira. comprehendendo ambas grande numero de fabricas;
3 — Federação dos fabricantes de ferro, que abrange.' REPUBLICA TCHECOSLOVACA
entre outras, tres grandes firmas produetoras de ferro,
aço, etc. :
IV — Outros expositores. São englobadas nesta secção A Republica Tchecoslovaca. de velhas tradicções glo-
as firmas que se fizeram representar isoladamente, attin- riosas e organização recente, foi um dos primeiros pafses a
gindo o elevado numero de 47. e que significam o mais adherir aos festejos commemorativos do centenário da In­
alto indice do progresso industrial da Succia. Produzem dependência do Brasil. Levanta-se seu pavilhão, no gran­
as fabricas de que são proprietárias os artigos mais cus­ dioso certamen, entre o do Mexico e o da Noruega, na
tosos e variados, como sejam, entre muitos outros: gera­ Avenida das Nações: e uma construcção de linhas simples
dores electricos, transformadores, motores, locomotivas, appa- mas elegantíssimas, offerecendo a harmonia do conjuncto
relhos telephonicos e telegraphicos. tintas, instrumentos cor­ deliciosa impressão. Caracteriza-se. sobretudo, este pavilhão,
tantes. polvora sem fumo. caldeiras, fogões, utensílios para pela sua porta unica c pela coberta, que é toda envidra­
cosinlia. estufas, apparelhos de illuminaçâo electrica, vidros, çada. De ambos os lados da porta, destacam-se lindos nichos
crystacs. papel c polpa de madeira, oleos. aço. cimento, decorativos, de admiravel effeito ornamental. O plano do
cutelaria, machinas de prensar, esmaltar e laminar, frigo­ edifício é obra dos architectos tchecoslovacos Jos. Pytlik
rificos. elevadores, guindastes, navalhas, machados, arinas .■ Paulo Janák. este professor da Academia de Bellas Artes,
de caça. machinas de costura, bicicletas, mobiliários, artigos de Praga.
íaltados. gesso, artigos de granito, fogões de petroleo. O commissario do governo tchecostovaco na Exposição
cabos electricos. do centenário é o sr. D r. Ladislav Turnovsky.
A commissâo preparativa da representação da joven
Republica no certamen foi a seguinte:
Octavio Paranaguá, consul do Brasil em Praga;
Eng. Prokes, secretario do Ministerio da Agricultura da
Tchecoslovaquia:
Dr. Cermák. Conselheiro do Ministerio da Saúde Publica;
Emcrich Cech. inspector do Ministerio da Viação:
A Dinamarca vem mantendo ha dezenas de annos re­ Er. Stech. conselheiro do Ministerio da Instrucção
lações commerciacs directas com o Krasil. tendo impor­ Publica;
tado em 1920 mercadorias brasileiras no valor de 34 milhões Jan Potucek. do Ministerio das Relações Exteriores: e
ue coroas dinamarquezas e exportado para nossa terra ar­ ^ Dr. Ladislav Turnovsky. Secretario do Ministerio do
tigos no valor de 3 1/2 milhões. Não são. porém, apenas
desta natureza os laços que nos unem ao admiravel pe­ Compuseram a commissâo executiva os seguintes
quenino reino de cultura antiquissima e que papel tão im- membros:
partante tem exercido na historia da velha Europa. Foi Dr. Francisco X. Hodac, Secretario Geral da União
da longínqua Dinamarca, de que era filho, que um dia dos Industriaes Tchecoslovacos;
aportou a nossas terras o sábio palcontologo D r. Lund. Dr. Samek. Secretario da Camara de Commercio c
cujo tumulo se ergue hoje nas proximidades da Lagoa Industria de Praga;
banta. logar celebre nos fastos da scicncia. Também ao Josef Oplatek. Director Geral da Sociedade Anonyma
botanico dinamarquez Dr. Eugenios Warming devemos tra­
balhos de capital importância sobre a nossa flora. Mas Karel Bacher. Industrial
estes factos são bastante conhecidos de todos, dispensando-nos Dr. Jan Trebicky, Industrial
de insistir sobre elles. Jaroslav Pronza. Industrial
A cooperação da Dinamarca, pois. nas commemoracões Eng. Josef Hájek. Director da Casa Melichar-Umrath.
do nosso centenário politico assume um aspecto, menos de Korncl Stodola. Industrial e Presidente da Camara de
simples cortezia internacional, do que de verdadeiro gesto Commercio de Bratislava;
de fraternal amizade entre os dois povos. Alfred Mallmam. director da casa I. Giuzkev, Maf-
Na Avenida das Nações, o pavilhão da Dinamarca, ex­ fersdorf.
pressão concreta desse sentimento affectivo c da grandeza A. Tamchyna. Director Geral de uma sociedade ano-
da nobre nação que por meio delle nos homenageia, ergue-se
entre o da Italia c o do Mexico. R todo de madeira e Camil Schwalb. Director Geral da Sociedade Anonyma
tela. com uma grande torre no centro, c seu estylo foi
inspirado pelas construcções de madeira de Upsal. reve­ Dr. Anders, secretario da Federação Economica de Fa­
ladoras da originalidade e do mais fino gosto dinamarquez. bricas dc porcellana.
Compuseram a commissâo organizadora da represen­
tação da Dinamarca na Exposição do Centenário os snrs :
A representação foi organizada sob o patrocinio de
S. Excias, os srs. Drs. Edvard Benes, presidente do Con­
O. Mohr. Ministro t selho e Ministro das Relações Exteriores e Ladislav Novák,
*»• Dcssan. vice-prei Ministro do Commercio da Republica Tchecoslovaca.
em Copenhague: Foi distribuído no pavilhão interessantíssimo catálogo,
C. Brummer. Architecto; contendo, alem das i nformações acima e da lista de ex­
O. Busck-Nielsen, do Ministerio do Commercio: positores e productos expostos, longa parte de descripção
Ir . Dalgas. Director da Fabrica Real de porcelana » geral da Republica, abrangendo dados geographicos, his­
toricos. economicos, financeiros e artísticos, etc. Nume­
rosas illustrações. representando paisagens e cidades tchc-
coslovacas. dão a essa publicação elegante e harmonioso
aspecto.
Os artigos expostos comprehendent as seguintes especies:

o o o o o o 321 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MO RAT IVO DO CENTENARIO DA

Porccllana. com 9 firmas expositoras, representando O QUE FICARA DA EXPOSIÇÃO


grandes fabricas da Republica.
Vidro, com 7 expositores diversos;
Industrias de metal, 4 expositores, inclusive a fabrica Esse conjuncto deslumbrante de palacios, jardins, esta­
■Lumcm- c a S. A. «Mcva»: tuas c porticos da Exposição Internacional do Centenário
Industrias textis, 7 expositores. terá dc ruir á acção das mesmas forças que o elevaram
Lapis, representado por duas firmas importantes; num surto adtnitavcl de energia constructor. Erguido como
Instrumentos de musiea, 2 expositores. um sonho, como urn sonho desapparecerá o certamen glo­
Pedras preciosas e imitações, 2 expositores: rioso. Mas nem todos os seus grandes monumentos se
Moreis de madeira encurvada, 2 expositores: confundirão, em destroços, na mesma poeira das demolições
Louça e ceramica. 2 firmas expositoras: Alguns desses palacios ficarão como clara lembrança dò
Papel, um expositor; que foi aquella festa maravilhosa da civilização. Incorpo­
Brinquedos, 4 expositores: rados para sempre ao esplendor da Urbs palpitante, serão
Artigos de Nácar. 1 expositor: cllcs para o (uturo a memoria viva, uns, da alma cavalhei­
Malte (Cevadal, 2 expositores; resca dos povos amigos que nol-os offertaram, outros, da
Lupulo, 3 expositores: capacidade criadora do homem brasileiro.
Armarinho, 3 expositores; Dos palacios estrangeiros, o da Argentina desappare­
Cachimbos, I expositor; cerá; de construcção transitoria, não obstante o luxo dc
Armas de fogo, 1 expositor. bellcza com que foi erguido, será desarmado c reconduzido
para Buenos Aires.
O dos Estados Unidos foi construído para ficar; en­
Além destas, expuseram machinas para lavoura fóra tre suas paredes altas se abrigará a embaixada da grande
do pavilhão cinco casas diversas. Republica da America do Norte.
Leve e gracioso na sua architectura dc pagode, o pa­
vilhão japonês, doado gentilmente á municipalidade, con­
tinuará no logar em que_ fo i construído por algum tempo
JAPAO ainda; nellc se installará uma csccãa de aperfeiçoamento
technico
O admiravcl pavilhão i França, seria um...........
crime que
desapparecesse. Obra d'artc das mais puras dc quantas .
O pavilhão Japonês foi totalmcnte construído com ma­ name ntarão -| formosa avenida á beira-mar no trecho ainda
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terial trazido do Japão e por operarios japoneses vindos <,ecupado pelo régio presente que nos fez
especialmente ao Rio de Janeiro para esse fim. Seu es- o governo de França, confiando-o — __............. .....
tylo architectonico, profundamente original c característico, alta agremiação de homens dc letras. A Academia Brasi­
foi copiado dos velhos pagodes de mais de mil annos leira encontrará ali o ambiente de espiritualidade que a sua
atrás, como ainda hoje são encontrados por todo o Im­ nobre funcçâo exige.
perio do Sol Nascente. Occupa o pavilhão uma área de Também não cahirá o palacio Britannico; e t uma ma­
50 mts. de frente por 24 de fundo, e leva-se a 18 mts. ravilha que assim seja, dada a sua ma-nificcncia archite­
de altura. ctonica. Offertou-o o governo inglês ao brasileiro, que
Acolhendo com dcsvancccdora solicitude o convite do nelle organizará possivelmente im grande museu commer­
Brasil para se fazer representar na Exposição do cente­ cial c agrícola.
nário. o governo Japonês estabeleceu logo um plano fun­ Será demolido o pavilhão Sueco. Mas o bcllo Palacio
damental. encarregando de executal-o á Associação Industrial Italiano persistirá, assim como os originalissimos pavilhões
do Japão. Esta. por sua vez. organizou, sob as bases for­ do Mexico, da Tchccoslovaquia c da Noruega, todos ellcs
necidas pelo governo, o Departamento temporario dos ar­ doados ao nosso governo, que os aproveitará condignamente.
tigos a exhibir na Exposição, o qual ficou constituido Despparcccrão. por fim . o pavilhão da Dinamarca (ad­
pela seguinte forma: quirido pelo Estado do Rio), e o Palacio da Bélgica.
Sobre os dois formosos Palacios Portuguêscs, nada dc
definitivo se resolveu até esta hora.
Presidente: Kakichi Uchida. membro da Camara dos Dos pal.-cios c pavilhões nacionacs serão conservados
Pares e Presidente da Associação Industrial do Japão;: para sempre < seguintes:
Vice-presidente: Hitoshi Dokc. Director da mesma As­
sociação ; Parque das diversões, que continuará servindo ao fim
Conselheiros: Shigenobu Hirayama e Seki Oshino; para que foi construído, depois dc soffrer reparos neces­
Directores: Taichi Takezawa e Ichiro Nakasato. sários;
Consultores: Palacio das grandes industrias (antigo Arsenal de Guer­
Tokio — Yonejiro Ito. Qenjiro Nozawa. Raita Fuji­ ra c Quartel do Trem), no qual serão installadas algumas
yama. Tadao Kamiya. Kamekichi Yamazaki, Soichiro Asano. repartições do Ministério da Agricultura c a Revista do
Mario Nakamatsu. Barão Naohci Matsudaira. Eizaburo Su- Supremo Tribunal Federal»; O Museu historico, que desde
a sua fundação funcciona ali, receberá possivelmente ou­
Kioto — Kotetsu Hamaoka. Sobci Kinkozan: tra installaçâo;
Osaka — Rinzaburo Imanishi: Keijiro Hori, Masashichi Palacio dos Estados, cm que irá funccionar o Ministe­
Yabu; rio da Agricultura, rescrvando-sc um dos pavimentos para
Yokohama — Kahei Otani. Kichiji Watano. Oiichi Shi- as exposições permanentes dos productos de Minas e São
busawa: Paulo;
Kabe — Shozo Vishikawa: Pavilhão de Estatisi . que será aproveitado pelo Ga-
Nagoya — Touimosuke Kadono. Masakichi Susuki. bincte medico-legal:
Pavilhão de Caca e Pesca, onde • ! installarão a Po-
Do catálogo distribuído no pavilhão, admiravelmente licia Maritinfa e a Saúde do Porto.
traçado c profusamente il lustrado de vistas japonesas, constam Todas as construcções nacionacs até aqui enumeradas
duas partes. Na primeira faz-se uma descripeão geral do foram construídas qm caracter definitivo, constituindo, as­
Império, com minuciosos dados sobre sua posição e área. sim, aquisições permanentes da cidade. O mesmo não se
clima, população, flora e fauna, forma de governo, exercito deu com as que seguem, construídas em caracter proviso-
e marinha, communicações. historia, instrucção, agricultura, r" \ masque, todavia, persistirão por algum tempo ainda:
industria, commercio, etc. Na segunda, mencionam-se os
artigos expostos, que comprehendent as seguintes secções:
c á .junta Coamneraaí;
Pavilhão das Pequenas Industrias, em q funccionará
ate segunda ordem a Inspectoria de Seguro-,
Pavilhão do Districto Federal, occupado presentemente
namentaes. pela administração do certamen.
II — Fios c tecidos. 40 expositores: O magestoso Palacio das Festas foi também construído
ill — Loucas e porcellanas. 26 expositores; em caracter provisorio. Determinou-se, porém, agora, con­
IV Artigos de couro, chiffrc. osso, madrepérola. servai-o, substituindo por outro mais solido o precário
18 expositores; material de suas paredes. O monumento mereceu a sal­
V — Papeis e artigos de papel. 7 expositores; vadora decisão de ultima hora; foi um dos mais formosos
VI — Artigos de madeira e bambú. 9 expositores; do certamen, e poderá prestar rclcvantissimos serviços.
V II — Machinas e instrumentos. 4 expositores; Finalmente, começaram já a ser demolidos ou des­
V III — Generos alimentícios. 7 expositores; montados o Pavilhão de musica, o Pavilhão das exposiçôts
IX — Artigos de metal, 14 expositores; particulares (construído sobre uma das alas do Mercado),
X — Drogas e productos chimicos. 19 expositores; os dois portões monumcntacs, o Restaurant official e os di­
XI — Artigos não especificados, 45 expositores. versos pavilhões particulares espalhados pelos varios recan­
tos da grande exposição.

O que se salvará do certamen não é, como se vê, tão


pouca cousa. A cidade se enriqueceu de monumentos. E os
que lhe vieram agora são dos mais bellos c imponentes.

o o o o o o 322 o o o o o o
AS ORANDES FESTAS

As grandes festas cominemorativas do primeiro cente­ No pavilhão central do Campo de S. Christovam viam-se
nario de nossa independcncia politica revestiram-se de um o sr. Presidente da Republica, os Ministros de Estado,
esplendor jamais attingido no Brasil cm solemnidadcs deste as embaixadas estrangeiras e o corpo diplomático. Na ala
direita do pavilhão encontravam-se as delegações militares
Tiveram inicio na vespera do magno dia. A 6 de dos paizes amigos.
Setembro realizou-se no Palacio do Cattete a cerimonia De um lado c de outro das archibancadas. levantavam-se
u r entrega de credcnciacs ao sr. Presidente da Republica as tribunas provisórias, ornamentadas de flores, bandeiras e
por parte dos embaixadores e ministros plenipotenciários festões. Em torno tumultuava a massa popular, palpitanto
em missão especial dos governos estrangeiros nas com- e formidável.
memorações do centenário. As tropas se extendiam numa linha de cerca de oito
Teve logar a solcmnidadc no salão de honra do pa­ kilometros, desde a Avenida Rio Branco, pelo Cáes do
lacio. havendo sido recebidos, antes dos mais. pelo chefe porto, até a Avenida do Mangue e ruas de S. Christovam
da Nação, os embaixadores, e em seguida os ministros ple­ e Escobar. Após haver o sr. Presidente da Republica pas­
nipotenciários e encarregados de negocios. acompanhados sado revista ás mesmas, começou o desfile triumphal, entre
pelas respectivas embaixadas e missões. o fremito e as acclamaçõcs da multidão. Eis como des­
Com o sr. Presidente da Republica achavam-se todos creveu esse desfile um dos mais importantes orgâos de
os Ministros d'Estado e os membros das casas civil e nossa imprensa:
m ilitar da presidência. Logo que a companhia de Carros de assalto entrou
De accordo com o novo protocollo não foram pro­ no Campo, garbosa e impressionante com os seus dose
feridos discursos, sendo apenas feita a entrega das cre- «tanks'- e seus duzentos homens, a multidão fremiu de en­
denciaes c trocadas palavras de cortezia, em seguida ao thusiasmo. c as palmas c acclamaçõcs reboaram, cada vez
que se retiraram as embaixadas c missões. mais fortes e sonoras, á proporção que desfilaram os ma-
As continências devidas ás embaixadas foram prestadas -trangeiros — guapa massa de solidos homens, todos
pelo 2.0 Batalhão do 3.° Regimento de Infanteria do Exercito, dc bra i frente marchav te-americanos.
postado cm uniforme de gala. á frente do palacio do impressionando < e todos os britannico.. : desfilaram
com a firmeza e _i disciplina
___ ____ __________
tradiccionacs _______
e
Após a recepção official das embaixadas c missões cs- dores dc Trafalgar c da Jutland ia. e os alumnos i
pcciaes teve logar nova recepção em Palacio. offerecida urugayos. que se escoaram sympathicamente ao som da
pela Senhora do Sr. Presidente da Republica ás senhoras canção do soldado paulista.
dos referidos embaixadores, chefes de missão especial e Da nossa brigada dc marinha sobresaiu. como sempre,
membros do corpo diplomático. Foi uma festa de cor­ o batalhão naval, verdadeiramente impcccavcl assim como
dialidade e bcllcza e da mais alta eleganda espiritual. o destacamento da policia m ilitar, que foi o derradeiro a
A profusa illuminação dos amplos salões abertos davam passar, mas. dentre todas as forças, aquella que prepon­
ao Palacio da Presidência da Republica deslumbrante aspecto. derou pela imponência, pelo armamento e até pelo uniforme
Na cidade, durante o dia todo. o movimento foi extra­ serio — o kaki de guerra, com que atravessou a eclypse
ordinario. A alegria do céu illuminado c do maravilhoso em meio da apotheose de applausos, fo i inegavelmente o
scenario da bahia e da urbs palpitante, juntava-se o en­
cantamento de alma que em todos produzia a magna data.
de tão profunda significação em nosso destino de povo.
dos generaes Ribeiro da Costa e Menna Barreto: i
panhia dc Metralhadoras Pesadas do Capitão Daltro apre­
sentou-se sem uma falha: as forças dc artilheria do ge­
neral Chrispim Ferreira estiveram magnificas, pois podia-se
A ALVORADA RADIOSA applicar uma regua aos canhões de 75 que. nos seus regi­
mentos de artilheria montada, trotavam a par. tal a pre­
cisão do alinhamento, e igual applicação podia ser feita,
Pode-se dizer que a população, em sua totalidade, man- com o mesmo exito, ás baterias de 105 c de 155 do
tcve-sc em vigilia até o rompimento da alvorada radiosa grupo dc artilheria pesada, que arrancou aos officiaes Ja­
de 7 de Setembro. Queriam todos assistir á passagem poneses calorosas palmas, á maneira do batalhão de En­
do minuto solemne que marcaria com precisão o fim do genharia. cujas companhias de sapadores de transmissão
nosso primeiro século de independcncia. e dc pontonciros attrahiram sobremodo a attcnccão. esta
A meia noite em ponto os corações, transbordando de ultima carregando o material com que se lançam sobre
enthusiasmo indescriptivel. acceleraram a pulsação ao rithmo pontes dc barcos. Principalmente quando as
das salvas triumphaes com que saudavam a aurora gloriosa fanfar ; dos ivallarií
as fortalezas e navios de guerra nacionaes c estrangeiros rasgando o espaço com a linda estridência dos clarins,
surtos no porto. Ergueu-se neste momento para a altura o a alegria de todo mundo attingiu ao delirio.
grito formidável da Cidade, feito de todas as vozes e
partido de milhares de gargantas, fremente de arrebata­ hypnotizada até então pelo desfilar inccessante dos in­
mento c commoção fantes. dos metralhadores c dos artilheiros ficou empol­
O dia rompeu luminoso, encontrando a urbs transfigu­ gada á passagem dos robustos cavalleiros dos coronéis
rada. Desde as primeiras horas da manhã o movimento Santa Cruz e Pessoa, os quaes encerraram comi o seu
se foi tornando cada vez mais intenso, mormente na di­ milhar dc lanças, encimadas de bandeirolas flamantes, a
recção do Campo de S. Christovam. onde se realizaria a parada da I.» divisão do Exercito, cila só montando a
grande parada do centenario. cerca de 22.000 homens que é quasi o effectivo de paz
do exercito argentino!
Por tudo isso. a grande marcha m ilitar da indepen­
dência consagrou o triumpho do exercito, triumpho ma­
A GRANDE PARADA M ILITAR terial sobre a inefficacia em que jazia, triumpho moral
pelo alto espirito de ordem, de resolução e de energia,
que emanava das companhias, as quaes, formadas por bra­
Esta foi. na realidade, uma verdadeira apotheose, que sileiros robustos c na flor dos annos, passaram em con­
coroou, não apenas a data excepcional, mas também o tinência por diante da tribuna presidencial. E o povo com-
nosso glorioso exercito, pelo brilho siirprchendcnte com prehendeu admiravelmente essa significação, ficou arrebatado
que se apresentou. pela alma poderosa do exercito quando, terminado o ma-

o o o o o 323 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

ravilhoso espectáculo, applaudiu vehement? o carro do chefe A INAUGURAÇAO DA EXPOSIÇÃO


do Estado, onde o Dr. Epitacio Pessoa agradecia emocionado,
ao lado do seu secretario da Guerra.
A grande Exposição Internacional do Centenário foi
inaugurada officialmentc ás 16 horas. Teve logar a ceri­
monia no Palacio das Festas, admiravelmente ornamentado,
As 12 horas do dia 7 de Setembro cm todas as escolas com a presença do sr. Presidente da Republica, embaixadas
primarias, não só da capital da Republica como do Brasil estrangeiras, ministros d'Estado. o sr. Prefeito Municipal,
inteiro, realizou-se a cerimonia do juramencto de fidelidade representações officiacs. os membros da commissáo central
e amor eternos á bandeira nacional, por parte de milhares do certamen c grande numero de convidados.
de criancas. Os jornacs referiram sccnas tocantes passadas No grande palco do salão de honra achava-sc instal­
nesse momento em diversas Escolas do Districto Federal. lada a mesa á qual tomou assento o sr. Presidente da
Era raro o menino que levava aos lábios o estandarte Republica, tendo á sua direita os snrs. Ministros da Justiça
da patria sem que ficasse com os olhos boiando cm la­ c da Marinha, e á esquerda o snr. embaixador francês c
grimas. A commoçáo dos presentes tocava ao auge. c Prefeito municipal.
muitos discretamente enxugavam com o lenço os olhos Foi executado por uma grande orchestra o hymno da
humidecidos. independcncia. Tomou a palavra, após. o snr. Ministro
da Justiça, que em eloquente discurso inaugurou a Expo­
sição Internacional, terminando sob prolongados applausos
Um pouco mais tarde a Camara dos Deputados realizou com estas palavras: «Em nome do governo da Republica
a sessio solemne commcmorativa do centenario. Presidiu agradeço aos chefes d ’Estado. embaixadores e enviados das
a sessão o sr. Arnolfo Azevedo, secretariado pelos srs. nações amigas, a honra que fazem ao Brasil de realçar,
D r. José Augusto. Costa Rego. Hugo Carneiro e Lindolpho com a sua presença, a sotemnidade deste acto. c aos re­
Pessoa. Era grande o numero de deputados presentes, presentantes da industria c de todas as manifestações do
achando-se também repletas as tribunas c galerias. trabalho vindos de tão longe, o concurso que nos vieram
Foi no meio do mais profundo silencio, e estando de traser para o bom exito da exposição commcmorativa do
pc todos os membros da mesa. deputados c demais pessoas primeiro centenário da independcncia politica do Brasil.->
presentes, que o snr. Bittencourt Filho leu. cm nome da Soaram vibrantes as notas do hymno nacional, execu­
Camara, a moçSo congratulatoria de que abaixo reproduzimos tado pela grande orchestra, tomando a palavra, cm se­
alguns trechos: guida. o sr. embaixador Conty. decano do corpo diplo­
«A Camara dos Deputados da Republica dos Estados mático. que disse, cm resumo, o seguinte
Unidos do Brasil, reunida em sessio extraordinaria para «Sc o meu predecessor, sr. De Gabriac. que ouviu o
isto cspccialmcnte convocada, ás 13 horas do dia 7 de grito do Ypiranga. voltasse hoje ao Rio de Janeiro, a
Setembro de 1922. cm sua sédc provisória, installada no sua surpresa seria extrema c a sua admiração sem limites.
Palaeio da Bibliotheca Nacional, situado á Avenida Rio Fm 1799 não havia ainda 45.000 habitantes na capital
Branco, na cidade do Rio de Janeiro. Capital Federal da do Brasil colonial; em 1322 esta cidade continha já mais
Republica, do mais intimo d'alma de cada um dos seus de cem m il almas, hoje tem mais de um milhão.
membros, cujos corações palpitam commovidos e emocio­ Altivamente collocada á margem desta bahia. que offe­
nados por intenso jubilo patriotico c por justificado or­ ree? aos olhos dos homens admirados um dos mais bellos
gulho civico, diante da grandesa do paiz. de que são espectáculos do mundo, a fronte cingida com a magnifica
legitimos representantes nesta casa do congresso nacional, corõa que formam o Pão de Assucar. o Corcovado a
congratula-se com a heroica Nação Brasileira, pela pas­ Tijuca e a Serra dos Órgãos, a capital federal dos Es­
sagem desta gloriosa data. que recorda o marco primeiro tados Unidos do Brasil galgou a angustia das suas ruellas
da sua independência politica, ha cem annos plantado ás de antanho, deslocou as montanhas e fez recuar o mar.
margens do Ypiranga. c desde então para sempre gra­ E os seus progressos maravilhosos assignalam a evo­
vado na historia dos povos livres com as suggestivas pa­ lução do paiz inteiro, desde a data memorável do 7 de
lavras do brado immorredouro — Independência ou Morte — Setembro de 1822.
ainda hoje vibrante de enthusiasmo c palpitante de verdade,
onde quer que esteja um brasileiro vivo». Todas as nações do mundo, tomando parte na exposição
O moção continua longamcnte nesta mesma linguagem da independcncia brasileira, vieram prestar homenagem, sr.
de exaltado patriotismo. A_ leitura terminou sob uma salva Presidente, á grande Republica Federal, á qual a firme c
de palmas, sendo cxccuta'do o hymno nacional por uma sábia administração de V. Excia. assegura a ordem c a
banda m ilitar, em seguida ao que a sessão foi encerrada prosperidade.
Os povos da remota Azia mostram-nos aqui que a
sua antiga civilização está ornada de todos os progressos
da scicncia moderna; os povos da Europa, ainda mal re­
As H horas, o sr. Presidente da Republica recebeu feitos da grande luta.rivalizam no Brasil na industria e nas
cm audiência solcmne os embaixadores estrangeiros em missão artes, cujo desenvolvimento deve ser assegurado pela paz.
especial, corpo diplomático, commissarios geraes. membros fundada no respeito ao direito e na escrupulosa obser­
do Congresso Nacional, officiacs de terra e mar. funccio- vância dos tratados.
narios publicos c outras pessoas gradas, que foram cum­ Os Estados Unidos da America do Norte, cuja acti-
primentar S. Excia. pela passagem da data. vidadt resplandece ao longe sobre todas as obras fecundas,
Realizou-se a cerimonia no Salão de Honra do Cattete. contribuíram, sob uma fôrma effectiva c concreta, para a
Os primeiros recebidos foram os embaixadores estrangeiros preparação do proprio terreno desta exposição: as repu­
cm missão especial. Srs. Monsenhor Cherubini, monsenhor blicas latinas da America festejam á porfia a sua irmâ
Gasparri. Charles Hughes. Edwin Morgan. Duarte Leite. brasileira.
A.lexandre Conty. John Tilley. Adolpho Max, Barão de Todos nós vos trazemos aqui as felicidades que merece
Fallon. José de Vasconcellos. Torre Diaz. Guilherme Su- o vosso glorioso passado c os votos que todo» nos formu­
brecasscaux. Cruchaga Tocornal. general Caviglia. Antonio lamos pelo feliz futuro dos Estados Unidos do Brasil».
Benitez. Shia-Si-Dorig. Kumaichi Hourigouchi. General Cuervo Reboantes palmas receberam as ultimas palavras do
Marques. Adalbert Mosthy. Asdrubal Delgado. Ramos Mon­ illustre embaixador francês, ouvindo-se mais uma vez a
teiro. George Plchn. Coronel Rojas. Modesto Yugiari. Eu- orchestra.
frazio Loza. Mora y Araujo. Juan Manoel Samz. Juan de Lcvantando-sc. então, o snr. Presidente da Republica
Dios Salazar y Oyarzabal, Tezanos Pinto, Rafael Arizaga, encerrou a solcmnidadc com breve, mas commovido e elo­
Perez Cisneros. Herman Gade. Theodos Panes. Albert Ciertsh. quentíssima oração, que terminou sob vehementes applausos,
Diego Carbonei), conde de Pruszinski. Th. Plcvte. O. Mohr. executando a orchestra mais uma vez o hymno nacional.
Ytoyan Omartckcwky. Keyman Benjamin. Satto Hali e Na escadaria do Palacio das Festas. S. Excia que se
Gustavo e Ruiz. retirava, com todos os presentes demorou-sc alguns instantes
Achavam-se ainda presentes os almirantes commandantes a ouvir os hymnos patrioticos cantados pelos alumnos do
das divisões navaes norte-americana, inglcza e japonesa, Instituto João Alfredo.
acompanhados pelos officiaes brasileiros ás ordem e res­ Para fora dos portões da Exposição a multidão regor-
pectivos estados maiores, e os commandentes das varias gttava ansiada, á espera do momento da abertura. O mo­
bellonaves estrangeiras surtas na Guanabara. vimento era surprrhcndente. Centenas de automóveis e car­
Trocados os cumprimentos protocollarcs. Monsenhor ruagens haviam estacado, formando uma fila de alguns
Cherubini, delegado da Santa Sé. na qualidade de decano, kilometros de extensão, pela impossibilidade de romper a
proferiu bellissima oração, a que respondeu profundamente formidável massa de povo. No ambiente boiava o senti­
commovido o sr. presidente da Republica. mento de triumpho c gloria que explodia daquelles mi­
Em seguida retiraram-se as embaixadas c corpo diplo­ lhares de corações brasileiros ali reunidos, palpitantes da
mático estrangeiros, passando o chefe da Nação a receber, mais profunda alegria pela exaltação da Patria na sua
successivamente. os cumprimentos dos senadores e deputados data suprêma.
federacs. ministros do Supremo Tribunal Federal, corpo Após a cerimonia da inauguração do certamen no Pa­
diplomático c consular brasileiro, officiaes do exercito, ar- lacio das Festas, o sr. Presidente da Republica, acompa­
mada. exercito da 2.» linha, policia m ilitar e corpo de nhado de longo cortejo, dirigiu-se aos pavilhões da Bel­
bombeiros, intendentes municipaes e representantes do fun­ gica. Dinamarca. Inglaterra. França e Japão, os quaes com
cionalismo publico e varias corporações. a sua presença inaugurou, o mesmo fazendo com alguns
Finalizou a cerimonia com a audiência concedida por pavilhões nacionaes.
S. Excia. aos representantes da imprensa junto á secretaria Mais duas grandes festas se realizaram nesse dia em
do Palacio. homenagem á data; uma sportiva. as grandes corridas no

O O O o 324 o o o o o o
Eduardo de Moura Simões — Villa Nova de Gaya.
i
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

prado do Derby Club para a disputa do prêmio Sele dc


Setembro; outra dc arte. o espectáculo dc «ala no theatro precisamente chegou ao Arsenal de Marinha o sr. Presi­
municipal, tendo sido cantado o Ouarany do immortal dente da Republica, acompanhado do sr. Ministro da Ma­
Carlos Oomes. rinha e das casas civil e militar da Presidência.
As primeiras horas da madrugada se havia realizado M •1 a™avam a bordo das varias bellonaves de nossa
na praia do Russel a grandiosa cerimonia religiosa con­ Marinha dc Guerra as representações estrangeiras convidadas
stante da missa celebrada pelo sr. Arcebispo Coadjuctor c Para assistir o deslumbrante espectáculo.
assistida pela multidão contricta. Seriam pouco mais de 12 horas quando o couraçado
As 16 horas realizou-se na Cathedral Metropolitana T “T ví'u .a primcira salva annunciando a chegada
o solemnissimo «Te-Deum Laudamos». pontificado por S. Em. do chefe da Nação ao cruzador Barroso. Foi esta salva
-- Cardeal Arcoyerde. tendo comparecido os bispos acompanhada pelas de todas as unidades, enchendo o es­
---- .tuncio apostolico. a embaixada n—*"• • paço o clamor dos ribombos.
Começou o Barroso a mover-se. iniciando a revista,
e associações. cmquanto no ar illuminado daquclla hora alcaçavam-se os
E após tombada a noite, as grandes artérias centraes aviões da Marinha, em longo e altaneiro vôo.
da cidade resplandeceram com a passagem do enorme cor­ Dc bordo do Barroso, revistou o sr. Presidente da
tejo luminoso organizado pela Prefeitura em honra aos Kepublica todas as bellonaves nacionaes c estrangeiras, sau­
proceres da independencia. A impressão produzida pelo cor­ dado com enthusiasmo pela tripulação de cada uma delias
tejo foi deslumbrante, provocando os mais enthusiasticos e pelas salvas repetidas dos canhões poderosos. Formavam
applausos populares. As grandes figuras historicas da inde­ o conjuncto impressionante as seguintes unidades de guerra:
pendência passaram cm effigie levadas na marcha triumphal dreadnoughts Nevada, Maryland, Iwale, americanos; Idn-
através da urbs e saudadas pela população inteira agglo- inmo e Azama. japoneses: Hood e Repulse, ingleses; Nicola
merada. Bravo, mexicano; Uruguay. Uruguayo; Republica e Car-
Quando se illuminaram, de subito, os Palacios da Expo­ São Paul"10’ por,“ 8:uesc* : af« entin o ; Minas-Geraes,
sição c as bellonaves surtas no porto, lançando para a
altura silenciosa clarões dc phantasmagoria, a cidade ficou . todos brasilcii
como uma immensa joia Icndaria faiscando na sombra, arre­
batadora de bclleza c de esplendor. .•vista terminou quasi ás 14 horas, recebendo o
dente da Republica, a bordo do Barroso, os cum-
1 - immandantcs dos navios de guerra es-
trangciroí nacionacs que haviam tomado parte da mesma.
As 15 1/2 horas já haviai novamente desembarcado
O D IA 8 DE SETEMBRO no Arsenal de Marinha o chefe la Nação e todas as re-
presentações estrangeiras.
Durante todo o transcurso da revista naval, a mul­
No dia tidão sc conservou apinhada no caes Pharoux e pro­
vidades. As 14 ho . ... ____ ____ ___ ___ ____ ximidades. concorrendo com o seu festivo tumulto para
leiro. effectuou-sc a sessão solcmne dc installação do Con­ maior brilho do espectáculo.
gresso Internacional dc Historia da America, convocada No Salão nobre da Escola Polytechnics realizou-se
pelo Instituto Historico c Geographico Brasileiro. A ceri­ as I I horas a sessão solemne para a entrega dos diplomas
monia foi sclemnissima e brilhante, comparecendo o sr. dc Doutor «honoris causa* conferidos pela Universidade
Presidente da Republica, todo o alto mundo official, os Nacional dc Buenos Aires e varios professores brasileiros.
embaixadores estrangeiros, homens de letra, scientistas. re­ Compareceram o representante do sr. Presidente da
presentantes de corporações sabias do pair. etc. Republica, o sr. Ministro do Exterior, grande numero de
Faliou o sr. Conde de Affonso Celso, fazendo admiravel professores da Universidade do Rio de Janeiro, académicos,
synthese da Historia do Brasil, e pedindo ao sr. Presidente jornalistas, homens de letra, senhoras c senhoritas da alta
da Republica se dignasse inaugurar os trabalhos do Con­ sociedade carioca.
gresso Internacional dc Historia da America, assim como Presidiu a sessão o sr. Conde de Affonso Celso, que
a exposição dos documentos, livros c objectos relativos á cm curta oração saudou os representantes da intellectualidade
independencia e pertencentes ao archivo c ã bibliotheca argentina, dando em seguida a palavra ao sr. José Arcc.
do Instituto. reitor da Universidade de Buenos Aires.
O sr. Presidente procedeu á inauguração dos trabalhos, S. Excia- ao levantar-se. foi saudado por grande salva
encerrando-se em seguida a sessão e passando a assistência de palmas, e iniciou seu magnifico discurso explicando a
a examinar os valiosos documentos, livros e objectos expostos significaçâo idaquella homenagem prestada aos professores
nos mostruários elegantemente dispostos do Instituto. Suas ultimas palavras foram as seguintes:
As 15 horas teve inicio no Club Fluminense o Cam­ escolher entre innumeros brasileiros illustres o
peonato latino-americano de esgrima e de florete, perante los que hoje incorporamos á nossa Universidade,
numerosissima assistência, que applaudiu com delirio os m mente render, cm pessoa de tão dignos expoentes,
melhores lances dos partenarios admiráveis. uma nomenagem ao povo brasileiro.
As 16 horas, precisamente, começou o desfile dos ba­ f. habito entre nós. na Universidade Nacional, o jura­
talhões escolares pela Avenida Rio Branco, por entre a mento dos novos doutores, ao termino da sua carreira:
multidão compacta e delirante de enthusiasmo. á vista não succede o mesmo com os graduados «honoris causa*.
daquclla demonstração do vivo sentimento patriotico das Se tivesse de alterar o systema, eu tomaria o juramento
crianças c dos adolescentes brasileiros. pelos graduados de hoje compromettendo-me. por elles. a
Revestiu-se a parada escolar de 8 dc Setembro de trabalhar sem descanso por uma idéa que nos preoceupa
fulgor incomparável. Precedidos pelas bandas de musica e apaixona e que. fleizmente. está abrindo caminho: pela
ou de corneteiros, os pequenos soldados, heróes. talvez, dc vinculação c progresso das instituições culturaes do Brasil
amanhã, passavam firmes e erectos, cabeça erguida e peito e Argentina. Estou certo de que haveriam de prestal-o
levantado, com uma expressão de orgulho no olhar victo­ gostosamente*.
rioso. As palmas cm torno retumbavam, ecoando longe. Em seguida, o secretario da Universidade de Buenos
As evoluções foram feitas com perfeição admiravel. obe­ Aires procedeu á litura da mensagem enviada por esse
decendo os pequenos a todos os toques de corneta com estabelecimento de ensino superior á nossa Universidade.
precisão rigorosa e marchando em rythmo impeccavel. Foi então iniciada a entrega dos diplomas de doutor
Tomaram parte na parada os batalhões infantis formados honoris causa- aos seguintes professores: Barão de Ramiz
por milhares de alumnos dos seguintes estabelecimentos Galvão. Sá Vianna. Clovis Bevilaqua. Abelardo Lobo. Miguel
Collegio Pedro II. Collegio Paula Freitas. Lyceu Francês. Couto. Aloysio de Castro. Affonso Celso. Carlos de Laet.
Gymnasio Anglo Americano. Gymnasio P o Americano. Col­ Alberto de Oliveira. Helio Lobo. Lima Catanhede, Bruno
legio Nacional. Gymnasio S. Bento. Collegio Sylvio Leite, Lobo. Lauro Muller. Carlos Chagas. Pedro Toledo. Horacio
instituto La-Fayette. Externato Santo Ignacio. Collegio Brasil. Berlinck e Candido Mendes de Almeida.
Gymnasio Vera-Cruz. Gymnasio Diocesano S. Jose. Gym­ Em nome dos homenageados falou o Dr. Abelardo
nasio 28 dc Setembro. Instituto João Alfredo. Collegio Sa- Lobo. agradecendo a distincçâo. c fazendo o elogio da
lesianos e escoteiros da Gloria. Engenho Novo. São Bento. Universidade de Buenos Aires.
Uavea e Patronato de Menores Abandonados. Falaram ainda o académico Almeida Oomes c o sr.
„ Encerraram a jornada de 8 de Setembro o banquete conde de Affonso Celso, encerrando a sessão.
offerecido pelo snr. Kumachi Hourigouchi. ministro do As 17 horas teve logar a grande recepção da Embai­
Japão, as altas autoridades brasileiras, embaixadas es- xada Americana, offerecida ás altas autoridades, corpo di­
peciaes e corpo diplomático, os grandes fogos de artificio plomático. delegações estrangeiras c á sociedade brasileira.
queimados em varias zonas da cidade ás 22 horas, c Foi uma festa dc alta eleganda e luxo. marcando uma
° * espectáculos populares em todos os theatros. das etapas mais notáveis das commerações do centenário

O GRANDE BANQUETE OFFICIAL


A REVISTA NAVAL
As 20 horas realizou-se no Palado do Cattete o ban­
quete offerecido pelo sr. Presidente da Republica aos snrs
As festas dc 9 de Setembro abriram com a grande revista embaixadores e chefes dc missões espedacs. Achava-se o
i nas aBuas <*a Guanabara, que nesse dia amanheceu tradiedona] palado ornamentado ricamente. No salão de
engalanada de sol e maravilhosa de bclleza. As 12 horas entrada, e subindo a escadaria nobre, erguiam-se arcos de

o o o o o o 325 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORA T/VO DO CENTENARIO DA

rhodanios pontilhados dc minusculas lampadas electricas. De 10 DE SETEMBRO


espaço a espaço ricos jarrões de porcellana c esguios soli­
tários de crystal, de onde pendiam cravos rubros, punham
uma nota mais viva no conjuncto rosco das rhodanias. O dia 10 de Setembro foi um Domingo dc claro sol
O banquete loi servido no grande salão dos despachos c alegria popular. Da manhã á noite as grandes arterias
ministeriaes. também ornamentado com extraordinario luxo ccntracs da cidade tumultuaram de movimento. A illumi-
e bom gosto. nação publica c dos edificios tornou-se, quando a sombra
Tomaram logar á mesa. nos logarcs dc honra, os desceu, uma fécria deslumbrante. O grande certamen do
snrs. Presidente da Republica, tendo á sua direita a snra centenário era o alvo principal da curiosidade de todos:
Charles Hughes, senhora do embaixador americano, e á a multidão que literalmcntc o encheu nesse domingo au-
esquerda a snra. Duarte Leite, embaixatriz portuguesa; em gmcntou-lhc a magestade do aspecto, já realçado pela su­
frente a snra. Cpitacio Pessoa, que tinha á sua direita perior bcllcza dos monumentos e palacios que o compõem.
Monsenhor Cherubini, embaixador do Vaticano c á esquerda A festa mais significativa desse dia foi talvez o ban­
o sr. Charles Hughes. Nos demais logares sentaram-se os quete offcrccido pela Universidade de Buenos Aires á Uni­
restantes embaixadores c chefes de missões cspcciaes, auto­ versidade do Rio de Janeiro, no salão de honra do Hotel
ridades brasileiras, etc. Gloria, ornamentado ricamcntc. Presidiu o banquete o sr.
Ao champagne, o sr. Presidente da Republica, em bri­ d r. Jorge Arce, director da Universidade dc Buenos Aires,
lhantíssima oração, discorreu sobre o grande facto his­ tendo ao seu lado o sr. conde dc Affonso Celso, director
torico da independcncia brasileira, terminando por saudar os da nossa Universidade. Dr. Euphrazio Loza. embaixador
povos cujos embaixadores e representantes se adiavam alli argentino. Dr. Diego Luiz M olinari. sub-seerctario das re­
presentes, fazendo votos pela felicidade e bem-estar de lações exteriores do paiz irmão. Drs. Alfredo Pinto e
Lauro Müller.
Sentaram-se também á mesa cm forma de M as re­
presentações das embaixadas estrangeiras, altas autoridades,
Em resposta falou o sr. Charles Hughes, que exaltou o membros dc todas as nossas escolas superiores, etc.
progresso cm todos os sentidos realizado pelo Brasil nos Ao champagne falou o d r. Eufrasio Loza. que terminou
seus primeiros cem annos dc vida independente, perorando, erguendo a taça em honra de Ruy Barbosa, como grande
debaixo dc longa salva de palmas, pela seguinte forma figura da mentalidade sul-americana.
Abafada a grande salva dc palmas que acolheu as
«Snr. presidente, acima dc tudo eu colloco a devoção ultimas palavras do orador, levantou-se o sr. conde dc
do povo brasileiro pelas ideaes da liberdade e da paz. O Affonso Celso, que em formoso discurso agradeceu a hon­
espirito tolerante que aqui se manifestou e a benigna dis­ rosa e gentilissima homenagem. Ouviram-se então as notas
posição do vosso povo dão-lhe melhor segurança que vibrantes do hymno nacional, executado pela grande or­
qualquer riqueza natural ao contentamento e á felicidade chestra presente á festa.
que deve ser o fim dos esforços civicos. Vós progredistes As 15 1 2 tiveram logar no prado do Jockey-Club
na paz com successo porque soubestes querer a paz. Nós as grandes corridas para a disputa do prêmio José Boni­
emergimos da luta mais terrível da historia com a deter­ facio. A concorrência foi extraordinaria
minação de que, apezar dc nossas humanas fraquezas, e as As 20 horas a Associação Brasileira de Imprensa rea­
causas varias de controvérsias, não deve haver mais guerra. lizou uma sessão solcmnc para commcmorar a data anni­
Estamos tratando de descobrir os meios de preservar a versaria da fundação da imprensa no Brasil. Aproveitando
oaz do mundo, porém sabemos que clles não serão encon­ a o-.ersião foram inaugurados no salão de honra da asso­
trados cm fôrma de meros accordos. mas só podem ser ciação os retratos dos grandes jornalistas nacionaes Gon-
assegurados se os sentimentos de justiça prevalecerem sobre çalvas Ledo. Januario da Cunha Barbosa, frei Sampaio.
quaesquer interesses em conflicto e os homens cheguem Joaquim Serra c Joaquim Nabuco.
sinreramente a preferir os processos da razão ás lutas Palaram varios oradores. O sr. Elisio dc Carvalho
pela força. estudou a personalidade dos tres jornalistas da indepen­
Em sua longa historia o Brasil deu um exemplo dência: Gonçalves Ledo. Cunha Barbosa c frei Sampaio.
á humanidade e a nossa reunião aqui é cffcctivamcntc a Sobre a figura luminosa dc Joaquim Nabuco discorreu o
promessa de um fu turo dc cooperação pacifica. sr. Evaristo dc Moraes. Em seguida foi dada a palavra
Sr. Presidente, nào podemos ter melhores desejos para ao sr. Augusto Schmicdcck. presidente do circulo de Edu­
o vosso paiz senão que os idcács que vós nobremente cação dc Cordoba, que falou em nome dos jornalistas
exprimistes sejam para sempre afíagados pelo vosso povo». argentinos, saudando os collegas brasileiros em eloqüentes
Ao banquete seguiu-se a grande recepção geral a todos e fraternaes expressões.
os membros das embaixadas estrangeiras, commandantcs c Estiveram presentes á sessão os seguintes jornalistas es­
officialidadc dos vasos dc guerra ancorados na Guanabara, trangeiros: Francisco Uriburú, director da l a Euonria; José
membros do Congresso Nacional c do Supremo Tribunal, Santos Gollan. representante de La Prensa; Miguel Mastro-
altas patentes de mar c guerra, corpo diplomático, magis­ gianni. representante dc La Raton, todos os tres dc Buenos
tratura. corporações representativas do commercio c da in­ Aires: Manoel Lopes Ccpcdal. presidente do Circulo de
dustria e outras personalidades de destaque. Assim descreveu La Prensa; Augusto Schmicdeck. Juan Aymerick. Carlos
O Pai: esta festa esplendida: «Os lindos salões do palacio Rcspontuo. de Cordoba: Francisco Campero. da Imprensa
presidencial, dispostos agora com tão requintado gosto, Associada dos Estados do Mexico: Paul Chaskel e Vir­
regorgitavam desde as 22 horas. O numero de fardas ginia Quaresma.
! fardões, dos bordados ce alamares. sobrepujava o dos de- O dia terminou com a grande recepção e baile reali­
cotes; o ouro mal deixava ver i ) mármore . - . Almirantes. zados na sédc da embaixada inglesa.
generaes. altas patentes de terra A 11 de Setembro, entre outras varias festas, merecem
s<|uadra
1. . . -japoneza
■ se fez represe-itar por toda a sua** offi*
-- — destaque o almoço a bordo do Maryland, offerecido pela
alidade —. embaixadores, ministros, secretários de legação, delegação americana ás altas autoridades brasileiras, em­
^nchiam decorativamente as salas, á espera do sr. Presi­ baixadas cspcciaes e corpo diplomático, e a recepção e
dente da Republica, admirando o ambiente com o luzi-luzir baile offerecidos ao governo e á sociedade brasileira pelo
dos uniformes e a vivacidade das conversas. sr. Adolpho Max. embaixador extraordinario da Bélgica.
A* 23 horas, o sr. Presidente da Republica, vindo
dos Jardins lindamente illuminados até onde conduzira os
seus convidados, subia as escadarias do Cattete. de braço
com a sra. Hughes Scguia-se-lhes a senhora Epitacio Pessoa, A FESTA VENEZIANA
de braço com monsenhor Cherubini, e logo após o secre­
tario de Estado dos Estados Unidos e todos os demais
embaixadores cspcciaes. cada qual em companhia dc uma Na noite dc 13 teve logar a deslumbrante festa vene­
venhora. ziana na enseada dc Botafogo, á qual aecorreu quasi toda
Tal era a agglomcraçào de gente no grande salão do a população da cidade.
Palacio. que o sr. Presidente da Republica preferiu entrar Duas centenas de embarcações desfilaram em brilhante
para a sala de musica, onde. formado o circulo de repre­ parada, sob o chuveiro luminoso de cores vivas, troando
sentantes estrangeiros, recebeu os cumprimentos pessoaes os foguetões c os mosteiros a espalharem no alto os
de cada collectividade armada, representada pelos seus offi- mais surprehendentes effeitos dc pyrotechnia.
ciaes mais graduados.
Abertas as salas do buffet, que até então se haviam No pavilhão dc regatas, em Botafogo, lindamente illu-
conservado fechadas, a assistência pôde encontrar espaço minado. havia uma selecta concorrência de autoridades, re­
maior por onde ____ presentações estrangeiras c alto mundo social.
Na sala de musica, o tem Apezar da névoa que começou a cahir um instante,
Valpi e a soprano Gilda o clarão dos possantes holophotes das esquadras estran­
delia Rizza fizeram-se ouvir « I o esperado exito. A or-
vJiestra de jovens professores tocou varias musicas de geiras e navios nacionaes penetrava até a enseada, clareando
sonoridade alta. emquanto os cor toda a scena.
ronvidados. espersos pelas Um quadro de maravilhoso effeito era o da Exposição,
salas e varandas, commentavam -a festa e faziam em
português, hespanhol. francês, itali olhada de longe, destacada muito brilhante, no alto a
ingles, votos dc torre scintillante do palacio dos Estados e o torreão do
fraternização universal».
Eram 2 horas da madrugada quando a assistência edifício das industrias.
retirar-se. A affluencia foi extraordinaria, sendo impossível mesmo
Pela noite afóra. em todos oi jardins publicos da o trafego de automóveis, que ficou interrompido a certa
cidade vibraram os bailes populares- altura, estacionando em oollisão os carros até o hotel Sete
dc Setembro, no morro da Viuva.

O O O O O O 326 o o o o o o
IN DEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

O serviço de bondes, apezar de numeroso, não attingiu O DIA DO MEXICO


a certo gráu de efficicncia. A multidão fo i realmentc exce­
pcional e havia gente até no toldo daquelles vehiculos.
A festa venesiana de hontem. que teve a boa sorte O dia 10 de Setembro foi consagrado ao Mexico, a
de triumphar como não aconteceu ás suas congeneres destes grande republica latino-americana que tão profundamente
últimos tempos, foi um dos numeros interessantes do cen­ soube captivar o coração brasileiro com as homenagens
tenário c logrou satisfazer cabalmente o publico». Estas de carinho que tributou ao Brasil no primeiro centenario
palavras são de uni jornal diyd ia 14 de Setembro de 1922. de nossa independencia politica. O dia marcava a data me­
morável da independencia mexicana, sendo por isto escolhido
tres festas altamente significativas: a mantinée dançante" a para a realização das grandes festas de mutua cordialidade
bordo do Azama. offerecida pelo almirante Taniguchi e entre os dois povos irmãos.
ofifeialidade da divisão naval japonesa ás autoridades e As 13 horas, teve logar a inauguração da estatua de
á sociedade brasileira; a solemnidadc da entrega de diplomas Cuauthemoc. o ultimo rei Azteca, offerecida ao Brasil
da Universidade de La Piata a vários professores de pela Republica do Mexico.
nossas escolas superiores: c a sessão da Academia Na­ O monumento, esplendida obra d'arte em bronze, foi
cional de Medicina para a entrega de medalhas de honra erguido no largo recinto formado pela juneção dos tres ave­
aos seientistas estrangeiros cm visita ao nosso paiz. nidas. Beira-Mar. Oswaldo Cruz e Ruy Barbosa, junto ao
A matinée dansante a bordo do Azama se revestiu morro da Viuva.
de um caracter de clcgancia e cordialidade verdadeiramente Affluiu ao local enorme multidão, formando em torno
excepcional. Em gentilíssimo gesto, os officiaes e guardas do monumento os cadetes da Academia de Querra de Cha-
marinhas japoneses fizeram aos convidados larga distri­ pultcpcc. uma companhia do batalhão naval, outra da po­
buição de bandeirinhas do seu paiz. em seda. distinctivos licia e uma terceira do Exercito. Presentes o sr- Presidente
com as cores nacionacs do Japão, cartões postaes com vistas da Republica, embaixador Torrez Diaz. Ministros de Es­
do Imperio do Sol Nascente, moedas de cobre e fitas com tado. delegações especiaes estrangeiras, membros do corpo
os distinctivos caracteristicos dos nomes das unidades de diplomático, altas patentes de terra c mar e numerosos
combate nipponicas. convidados, o Dr. José de Vasconcellos. Ministro da ln-
Após o lunch, servido ao gosto japonês, tiveram inicio strucção do Mexico e enviado especial ás commcmorações
as dansas. que se prolongaram de 15 a 19 horas, termi­ do centenario, usou da palavra, offertando a estatua do
nando ao som dos hymnos brasileiro c japonês e sob calo­ admiravel heróe indiano.
rosos vivas ao Japão erguidos pelos numerosos convidados. Respondeu, agradecendo a valiosa offerta. em nome
A solemnidadc da entrega dos diplomas da universidade do governo c do povo brasileiros, o dr. Azevedo Marques,
de La Plata se effectuou no salão nobre da Escola Poly- a que se seguiu o dr. Epitacio Pessoa, cuja arrebatadora
tcchnica. com a presença dos embaixadores argentino e oração foi um hymno de gloria ao Mexico.
uruguayo. representante do Presidente da Republica, pro­ As bandas militares executaram os hymnos nacionaes
fessores das universidades de Buenos Aires. La Piata e das duas patrias, dispersando-se a multidão.
Rio de Janeiro, medicos, advogados, engenheiros, jorna­ As 17 horas realizou-se a inauguração do pavilhão me­
listas. estudantes e numerosas familias. xicano no recinto da Exposição do Centenario, constituindo
Abrindo a sessão, o sr. Conde de Affonso Celso fez a solemnidadc outra festa de cordialidade e affeiçâo.
o elogio da Universidade de La Plata, exaltando o grande
nucleo de ensino c a opulenta cidade em que elle existe. quadra amanheceram embandeirados em arco. como todas
Usou da palavra em seguida o doutor Alfredo Palacios, as unidades estrangeiras ainda surtas em nosso porto. Pela
cm nome da Universidade de La Plata. O discurso de manhã, ao meio-dia e á tarde todas as bellonaves anco­
S. Excia foi verdadeiramente notável, pelo brilho da forma radas na Guanabara deram as salvas da pragmatica em
c pela profundeza dos conceitos. «A patria continental honra da gloriosa nação mexicana; e á noite apresentaram
dos povos latinos, disse o orador, ha de fazer-se da união a mesma illuminação féerica da noite de 7 de Setembro.
dos povos latinos na America, segundo o desejo de Bolivar, A bordo da canhoneira mexicana Nicola Bravo foi
formada de Republicas poderosas não conhecidas ainda . offerecida cordial recepção aos officiaes c commandantcs
Os applausos foram vivos c intensos. das nossas divisões navaes e aos commandantes e officiaes
Tomando a palavra, o sr. dr. Ricardo Levcnc referiu-se dos vasos de guerra brasileiros e estrangeiros.
ás personalidades illustres dos brasileiros, a que a Uni­ Ainda a 16 teve logar. ás 14 horas, a peregrinação
versidade de La Plata conferia diplomas de professores cívica ao morro Cara de Cão, onde se ergue o marco
honorarios. da fundação da nossa cidade. L i chegados, rodearam o
Levantou-se a seguir o dr. Juan Reboza. cm cuja fi­ marco os snrs. Presidente da Republica. Ministro da GiKrra,
gura se concentrava toda uma espectativa ansiosa da parte prefeito do D. Federal. Chefe de policia, embaixador do
do auditorio, dado o seu grande nome de orador. Mexico, almirante Oago Coutinho e commandante Sacadura
«Indecisa a palavra, tremente quasi, disse um jornal, Cabral, numerosas pessoas dc destaque social c grande
a mão esquerda, mettida no bolso, dcsgraciosamente. falava massa popular.
Falou o brilhante escriptor Coelho Netto. que fez o
Havia auditorio um silencio frio de esperança t ahida. historico do acontecimento que aquelle marco memora,
O dr. Rebo terminado o eloquente improviso sob vivos applausos.
De r pente, porem, todas as cabeças se ergueram, uma Em seguida, dirigiram-se todos para a casa da ordem
aqui. ouira ali. outra acolá, com a attençâo mais viva. da Fortaleza de S. João. onde foi inaugurado o retrato
presa ás palavras quentes do orador, que se desdobrava
em eloquência, que. de subito, se illuminava. parecendo
maior c mais alto a cada phrase pronunciada.
E assim fluiu um hymno formidável, de affecto c ca­
rinho á natureza brasileira, ás instituições, aos costumes
brasileiros, aos filhos do Brasil «Coração poderoso do A CHEGADA DO PRESIDENTE DA REPUBLICA
A tempestade de palmas que saudou as ultimas pa­ PORTUGUESA
lavras do orador exprimiu o enthusiasnio arroubado que
se apossara da assistência.
O sr. Prof. Sá Vianna falou agradecendo a homenagem
prestada ao Brasil na pessoa dos seus homens de scienda. O dia 17 de Setembro ficará como um dos mais me­
E a solemnidadc terminou com a entrega dos diplomas moráveis do periodo de commemorações de nosso pri­
de professores da Universidade de La Plata aos snrs. Sá meiro centenário de vida independente: foi o dia da che­
Vianna. Affonso Celso. Ramiz Galvão e Max Fleuis. gada. ao Rio de Janeiro, do sr. D r Antonio José de Al­
A sessão da Academia Nacional de Medicina foi aberta meida. presidente de Portugal, mensageiro do coração por­
precisamente ás 21 horas pelo prof. Miguel Couto, que a tuguês junto ao coração brasileiro, palpitante de triumpho
presidiu. Achavam-se presentes as figuras mais representa­ pela grande data nacional.
tivas da scienda medica brasileira, sul-americana e mesmo O presidente Antonio José de Almeida teve uma re-
européa. grande numero de senhoras e senhoritas c repre­ capção apotheotica.
sentantes officiaes. Impossível dar em poucas palavras, uma impressão viva
Pronunciando eloquente oração, o prof. Miguel Couto da vibração popular, da radiosa alegria com que foi rece­
traçou luminosamente o perfil dos grandes seientistas es­ bido o chefe supremo da heroica patria irmã.
trangeiros que iam ser homenageados: e ainda sob os ap­
plausos que colheram sua peroração, deixou a cadeira da Foi uma sagração! Foi a plena apotheose!
presidência da mesa e foi collocar ao peito dos professores O enthusiasmo popular attingiu ás proporções do delirio,
Camillo Mcnniagurria. Emile Borei. Pierre Janet. BrumpL no momento em que o presidente de Portugal ao lado
Chiray. George Dumas. Cacacc. Paz Soldan. Victor Scardo. do D r. Epitacio Pessoa, no carro do Estado, penetrou na
Estrada Coelho e Gubetichi. o cordão symbolico e a me­ Avenida, escoltado por um esquadrão de lanceiros.
dalha de honra da Academia Nacional de Medicina. Abria o préstito um grupo de batedores, em motocycletas.
, Um por um. todos os homenageados levantaram a c logo após o carro presidencial com a guarda de honra.
vóz para agradecer aquelle gesto de carinho e respeito da Seguiam-se os automóveis dos outros membros da em­
Academia Nacional de Medicina. Tiveram todos phrases gen­ baixada c demais autoridades.
tilissimas para com a nossa patria e nossa mentalidade. Palmas e vivas, ovações carinhosas por toda a Avenida,
Almeida.
Por ultimo falou o prof, brasileiro Garfield i................ de cujos prédios das janellas repletas de senhoras, foram
cujo longo discurso foi uma peça notável. atirados punhados de flores sobre o illustre visitante.

o o o o o o 327 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

O cortejo passou entre < publicidade o grande Livro de Ouro do Centenario, conti­
tando armas em continência, nuaram as manifestações de júbilo pela passagem do pri­
port li sues. meiro século da independência politica do Brasil, multi-
O Dr. Antonio José de Almeida agradecia com um sor- plicando-sc em homenagens aos vultos inesquecíveis de nossa
de bondade c o gesto largo de mão. visivelmente com- historia e a datas complementares daquclla data maior.
movido deante da massa popular que o acclamava. enchendo Entre os memoráveis festejos do centenário destaca-se.
toda a extensão da Avenida c ladeando o carro, quasi par­ realizada já em 1923, a commemoraçâo de tres datas das
tindo o cordão de isolamento da policia. mais gloriosas dessas datas. — o 2 de Julho, o 28 de
O povo brasileiro rendeu a mais enthusiastica c Julho c o 15 de Agosto, que assignalam respectivamente
sincera homenagem ao grande estadista luso. o centenário da independência dos Estados da Bahia. Ma­
Passando pelas ruas cheias de sol e apinhadas de gente, ranhão e Pará. ultimos baluartes que. ao impeto do pa­
no deslumbramento da manhã lindíssima, o presidente de triotismo brasileiro, a Metropole perdeu.
Portugal, até chegar ao Ouanabara. foi inintcrriiptamcnlc co­
berto de acclamações.
As 14 horas o Sr. Epitacio Pessoa recebeu, no palacio
do Catettc, a visita do presidente da Republica Portuguesa. A DATA DE 2 DE JULHO
Muito antes dessa hora já uma grande massa popular
estacionava na praca fronteira ao palacio. onde formára.
para prestar as continências devidas ao presidente de Por­ No Rio de Janeiro, na primeira daqucllas datas, teve
tugal. o 52.» batalhão de caçadores. logar. entre outras cerimonias commcmorativas. a sessão so-
Aquclla hora precisamcntc chegava ao Cattettc em auto­ lemnc do Instituto Historico e Geographico, a que com­
móvel do Estado o Sr. Antonio José de Almeida acompa­ pareceu pessoalmentc o sr. Dr- Arthur Bcrnardcs. Presidente
nhado do embaixador Sr. Cardoso de Oliveira, do general da Republica. E-nos grato reproduzir aqui as palavras de
Alexandre Leal c do capitão de mar e guerra Oitahy de saudação dirigidas por S. Excia- aos gloriosos filhos da
Alcncastro.
Outros automóveis conduziam o senhor Barbosa Ma- «Recordando a quebra da resistência do general Ma­
alhães. ministro do exterior de Portugal; o embaixador
f >r. Duarte Leite e demais membros da embaixada
deira pela pressão da coragem heroica dos defensores de
nossa independência, a data de 2 de Julho, tão justamente
O Sr. Antonio José de Almeida foi recebido á entrada cara á Bahia, é uma das mais bellas de nossa historia e
pelos commandantes Nobrega Moreira e Cunha Pitta, aju­ fala ao coração dos brasileiros como gloriosa e decisiva
dantes de ordens da presidência, no patamar da escadaria affirmativa dos nossos brios patrioticos. Que os descen­
dentes dos bravos dessa jornada saibam sempre amar o
" " i _ ___________ ______ _ Brasil com a mesma dedicação e espirito de sacrificio re­
Pessoa, acompanhado dos c h e fe s ................ . velados pelos combatentes de 1823. Tal deve ser o nosso
militar, sub-chcfc e officiaes de gabinete. voto constante e especialmente opportuno de hoje. neste
Conduzido ao salão de honra, foi o Sr. Antonio José momento cm que a Patria reclama de seu filhos a maior
de Almeida apresentado á Sra. Epitacio Pessoa e a todos subordinação dos egoísmos á preponderância necessaria dos
os ministros de Estado, que ali se achavam, demorando-se o interesse da collcctividade».
presidente de Portugal cerca de 15 minutos em amistosa Do mais vivo esplendor e mais intensa vibração po­
palestra com os presentes, após o que se retirou com as pular se revestiram as festas realizadas na cidade do Sal­
mesmas fornjalidadcs com que fôra recebido. vador. capital da Bahia heroica.
A seguir foram recebidos pelo Sr. presidente da Repu­ Prolongaram-sc as festas durante varios dias. execu­
blica o Sr. Barbosa de Magalhães, que apresentou a S. Ex. tando-se magistral programma cm meio do crescente cn-
as suas credcnciaes de embaixador em missão especi il e após thusiasmo da população.
os demais membros da embaixada. Na tradicional basílica de S. Salvador, na noite de
As 14 1/2 horas retiravam-se todos de palacio. obser­ I para 2 de Julho, realizou-se a vigília do Santíssimo Sacra­
vadas as formalidades protocolares. mento. um voto contricto pela grandeza do Brasil. Dezenas
Tanto á sua chegada como i sua saida do Cattete. o de pessoas se consagraram á piedosa tarefa, permanecendo
Sr- Antomo José de Almeida foi muito acclamado pela no templo a noite inteira.
Dos numeros desse programma admirave! de festejos
destacam-se. pelo delirante cnthusiasmo com que foram aco­
O DIA DO CHILE lhidos. a chegada da esquadrilha dos nossos aviadores
navaes. realizando temeroso raid, a abertura da grande
IS de Setembro foi o dia do Chile, por ter sido a exposição de productos bahianos c a inauguração do pa­
lacio do Thesouro cstadoal.
*11*2 ann'VerSarÍa *** SUa emancipaçSo Poülica. oceorrida havia A multidão que assistiu á terminação do raid dos
Varias homenagens foram prestadas nesse dia á gloriosa aviadores navaes fez aos nossos heroicos marinheiros aéreos
naçao chilena, na pessoa de seus illustres representantes uma verdadeira apotheose de acclamações. A profundissima
então presentes no Rio de Janeiro. commoção que delia se apoderou pela homenagem de ca­
As portas do hotel Sete de Setembro, onde se achavam rinho que a victoriosa tentativa representava, juntou-se o
hospedadas as delegações municipacs de Santiago e de nobre sentimento de orgulho pela capacidade dos jovens
Valparaiso, a banda do corpo de Bombeiros tocou al­ officiaes de nossa esquadrilha naval, solemncmcnte affir-
vorada. executando o hymno nacional do Chile. mada no feito admirável.
Na Escola de Aviação Naval realizaram-se outras si­ A exposição dos productos bahianos foi uma demons­
gnificativas homenagens ao querido povo irmão. Numerosos tração completa da riqueza formidável do progresso do
aviões ergueram voo pelo céu limpo da bahia. executando grande Estado brasileiro. Os deslumbrantes mostruários de
acrobacias arriscadas e encantando os illustres convidados. madeiras, fibras, oleos vegetaes e mincracs. fumo e outros
Houve depois um lauto almoço na séde da Escola, cm productos do solo. como os de artigos produzidos pelas
que tomaram parte o director, vice-director, officiaes e differentes industrias bahianas não deixaram duvida alguma
alumnos do estabelecimento, além dos visitantes chilenos, sobre o crescente desenvolvimento do poderoso Estado
trocando-se por essa occasião amistosos brindes.
Indepcndcn temente das homenagens ao Chile, cffectua- Na ala esquerda do Palacio Rio Branco foi localisada a
ram-se nesse dia outras solcmnidades significativas. As 16 1/2 exposição de Estatística, grandemente admirada pela sua
horas em frente a Camara dos Deputados e Theatro Mu­ modelar organização. Compunham-na quadros graphicos, ste-
nicipal realizou-se a bella e tocante homenagem da en­ reogrammas c mappas estatísticos relativos á agricultura,
trega da rica bandeira de seda. offertad» pelos funecionarios industria, commercio, vias de communicação c transportes,
-------i Congresso, aos garbosos cadetes-mexicanos. finanças, instrucçâo. pecuaria, estatística demographo-sani-
Falou, • -offere i bandeira, o dr. Raphael Pinheiro. taria. etc., além de numerosos quadros comparativos demons­
e respondeu agradecendo. I eloquente diseurso.
J’~ ) cadete trando o maravilhoso desenvolvimento do Estado nos pri-
Juan Benistan.
As bandas militares executaram após o hymno mexicano. me n ? ?nnos de *u* independencia.
. foi
que *„! cantado pela senhoril Fanny Anjtúa „ qua, ao . U f alacio do Thezouro Estadoal. inaugurado no pe­
ríodo das_festas, é dos mais bellos e magestosos da capital
bahiana. Sua construcção obedeceu ao estylo Renascimento
vermelhos e avenças, formando as côres do Mexico. a Luiz X V ; comprehende a fachada tres partes distinctas;
3 le?c" dai alma sonora e heroica do México». a central, com a grande porta de entrada, e as duas la-
A tarde, no Palacio das Festas da Exposição do Cen­ teraes. terminando a lateral direita por um torreão en­
tenário, teve logar a manifestação promovida pelos estu­ cimado de elegante zimborio.
dantes brasileiros aos seus collegas estrangeiros que tinham A parte central ostenta uma grande arcada ladeada
vindo tomar parte nas commcmorações da nossa independência. por columnas corynthias geminadas, encimada esta parte por
uma cupola em cimento armado, revestida c ornamentada
a rigor, impondo-se pela justa concepção c harmonia de
todos os seus elementos.
A SUCCESSAO DAS ORANDES FESTAS O exterior do edifício é revestido e ornamentado de
aceordo com as mais graciosas regras da architectura e
ias. nas semanas, no apresenta o aspecto das grandes edificações das capitaes
todo adiantadas.
1922 7 ™," prehc"did<> • «K oeiemoro oe Pelo lado da rua Ruy Barbosa offerece o Palacio
7 de Setembro de 1923. após o qual lançamos S
uma impressão de grandeza, dada a altura dos seus cinco

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Sxi&vnele.

S ã o P a u l o ( S a c c w v a f/ R io d e J a n e . i r .0 f ^ c r y y t o r w G n l r a t l iA B R IC A
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PERFUMARIAS “ L A MB E R T — Rio de Janeiro


IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

pavimentos c o revestimento de suas paredes a granito Em 1811, é o Maranhão separado do Piauhy. que
cinzento. passa a constituir Capitania independente, tempo em que
As communicações internas se fazem por escadas de ci­ o dirigia o Almirante Paulo José da Silva Gomes. Barão
mento armado e de peroba rosa. de Bagé.
A escada principal é uma magnifica obra de enge­ Em 1819. teve o Maranhão seu ultimo Capitão-General
nharia c uma obra de arte cm marmore de Carrara, sendo Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, que foi também
os chapins revestidos de marmore artificial. o primeiro Governador provisorio acclamado pelo povo a
O archivo, que fica no segundo pavimento, do lado da 6 de Abril de 1821. Seu Governo foi repleto de benefícios
rua Ruy Barbosa, é absolutamente incombustível, sendo todo ao Maranhão, de onde. sendo, em 1822. installada a Junta
de cimento armadd e as paredes de alvenaria de pedra reves­ Governativa, retirou-se levando as bênçãos dos maranhenses,
tidas a estuque lustroso. o sui reconhecimento, a sua estima.
O salão nobre de cstylo arte nova. o gabinete do sccre- As Cortes haviam estabelecido novo systema de go­
i deemais secções ( salõcs verno para o Brasiil e a Junta do Maranhão era constituída
apropriados, amplos e hygieni luz I dilação pelo Bjspo D. Joaquim de Nazareth. Presidente: o briga­
em abundancia. deiro Sebastião Gomes da Silva Belfort, secretario: o chefe
No quinto ito pila rua Ruy Barbosa, tercei de esquadra Felippe de Barros e Vasconcellos. o Desembar­
Thczouro. está confortavelmente ir gador João Francisco Leal. Thomaz Tavares da Silva, the-
tallado o Tribunal de Contas __ ___ soiirciro aposentado da Fazenda real. o Coronel de Milícias
cinto das sessões foi provido dos mai Antonio Rodrigues dos Santos e o Tenente de Milicias Cae­
realçando uma mesa semi-circular toda tano José de Souza.
entalhada. Era essa a junta que governava no periodo da agitação
A illuminação exterma do edifício, _ caracter perma- do paiz. no sentido de sua independencia.
nente. offerccc um aspecto deslumbram Nesta cidade, e cm S. Paulo e Minas, o movimento
do arco central representa as armas conquistava todos os elementos para a victoria. O Ministerio
tando condignamente a ornamentação i de 16 de Janeiro, de que era inspirador José Bonifacio,
trabalhava com afinco e a tudo attendia. A campanha teve
o seu admiravel epílogo no 7 de Setembro de 1822. com
as adhesões c applausos vibrantes de todo o sul. Cumpria
O 28 DE JULHO ao Governo fazer a independencia nas Provincias do norte.
A Lord Cockrane deu a gloriosa incumbência que elle
desempenhou, fazendo a 28 de Julho em S. Luiz. sem a
Também o 28 de Julho, que marcou no anno de 1923 menor resistência por parte dos que seguiam as Cortes
a passagem do primeiro centenário da libertação maranhense,
foi commemoratio entre as mais vivas expansões de enthu- Mas. senhores, não sou ousado em affirtnar — que
siasmo e patriotismo. far-se-ia a independencia no Maranhão sem a ida do pri­
Na Camara dos Deputados eloquentes vozes se ergueram meiro Almirante. O povo brasileiro daquella região, todo
em commovida homenagem á grande data. Da formosa elle. unido em pensamento ao do sul. vibrava pela grandiosa
oração pronunciada pelo sr. José Banifacio destacamos os idéa. Por toda a terra maranhense o sentimento era um
trechos que se seguem: só e ainda não havia vingado inteiramente por circum­
‘ Fazem hoje precisamente cem annos que aportou ás standas varias que o tempo teria de remover.
plagas maranhenses, fundeando defronte a ilha de Carapicú. A Junta, obediente ás Cortes, vence todos os embaraços,
pouco adeante do Boqueirão, a náo ..Pedro I . sob o com­ mas o povo. por todas as cidades e villas, em todos os
inando do Primeiro Almirante Alexandre Thomaz Cockrane. recantos, se expandia pela idéa da liberdade politica e se
chamado o Lord Cockrane cuia missão dada por J. Boni­ movimentava pela propaganda c pelas armas.
facio era de proclamar a independencia nas provincias do Bastou cffectivamente que se erguesse o primeiro brado
norte. E o Primeiro Almirante o fizera na Bahia, e a 28 para que repercutisse, ateando o fogo por toda a parte, pelas
de Julho, após haver a 27 recebido a bordo a visita da 1 pelos valles de quebrada em quebrada, pelas casas
Junta Governativa, fez. representado pelo Tenente João ---- -■ pelas choupanas c
Paschoal ü ricofoll arriar a bandeira portuguc/a. e içar a Não é possível, senhores. _____ ívimento pela
brasileira que havia sido derrotada a 18 de Setembro, independencia no Maranhão do que ! : fazia no Piauhy e
proclamando a independencia em meio de vivas acclamações Ceará. Toda ella se liga e prende c mo os élos de uma
e applausos enthusiasticos. . . ---- —......- , . -oco e leal. generoso
Senhores, é justa essa homenagem ao Maranhão, e agra- c alevantado. que a apopéa de emancipação politica terminou
davel aos nossos corações de brasileiros relembrar, em com brilho, coroada pela unidade da Patria.
synthese ligeira, a historia dessa antiga provincia. historia A revolta contra o dominio das Cortes e em favor da
que não a deslustra, antes a enaltece, em realçado destaque, causa nacional partiu da Villa de São João de Parnahyba.
no seio de federação republicana. chefiada pelo D r. João Candido de Deus e Silva e o
Rememorar os seus antecedentes historicos, em analyse Coronel Simplicio Dias da Silva.
retrospectiva, é prestar culto aos seus servidores, deixando A Junta do Maranhão apressou-se em d irig ir a pro-
patente aos da geração de hoje que o Maranhão se impõe á calamação de 17 de Novembro concitando o povo a manter
sympathia cohcsa de todo o Brasil pela collaboração leal e fidelidade á metrópole.
nobre que tem exercido cm bem do progresso nacional. Contra os princípios da proclamação estiveram em ar­
Foram os francezes que primeiro se estabeleceram no dorosa propaganda os bacharéis Joaquim Vieira da Silva e
Maranhão para colonisal-o. Em 1593. Jacques Diffaut. Charles Souza. José Mariano Ferreira. Francisco Corrêa Leal. Leo-
Dcs Vam. depois Daniel de la Touche. Emile Rovily. c cadio Ferreira de Gouveia. Pimentel Bcllcza. João Braulio
Charles Harley, extasiados fáeante da excellenda da terra Muniz e José Francisco Belfort Leal.
que dies visitaram, resolveram emprehender o trabalho
util e proveitoso. A 8 de Setembro de 1612. já com De idéas sãs. generosas c elevadas, esforçaram-se por
uma missão colonisadora. foram lançados os fundamentos demonstrar a necessidade da independencia para que a pro­
da cidade de S. Luiz. cujo nome é homenagem a Luiz X II víncia não ficasse reduzida á condição de possessão portu-
0 Infante. gueza da Africa. E accrescentavam esses paladinos da grande
Mas são os francezes expulsos em 1615 por Alexandre causa que a provincia seria invadida pelas forças inde­
Moura, sendo nomeado primeiro Capitão-Mór Jeronymo de pendentes do Piauhy e Ceará, convindo fazer o movimento
Albuquerque, um dos mais dedicados paladinos do movimento. da capital para o interior; senão, o interior ditaria leis
Em 1624, fundou-se o Estado do Maranhão, constituido
das Capitanias do Pari e Maranhão sendo Governador Fran­ A Junta dominava, preparando-se contra os indepen­
cisco de Albuquerque Coelho de Carvalho. Mais tarde, dentes. mas o povo sc aprestava para sacudir o jugo. na
em 1641. no Governo de Bento Maciel Peixoto, dá-se a inspiração de movimento já triumphante no sul.
invasão dos hollandezes. que em 1644. são expulsos pelos Demais, as providencias do centro ainda o estimulavam.
esforços de Antonio Muniz Barreiros e Antonio Teixeira O Ministro José Bonifacio se dirige á Junta — lhe faz
de Mello. appello civico para que attenda aos sentimentos justos do
Em 1682, inicia-se o Governo de D. Francisco de Sá povo que dirige e concorra para a segurança e prosperidade
1 Menezes, durante o qual. em 1684. deu-se o movimento re­ do reino, unindo-se fraternalmentc ás outras provincias já
volucionário de Manuel Bechman. Thomaz Bechman e Jorge decididas a favor da causa commum.
Sampaio, de protesto contra o monopolio decretado em E ao governo do Piauhy egualmente. em phrases con­
favor de Companhias Commerciaes. Suffocada a revolta por vincentes, se dirigia o Patriarcha seguindo a sua formosa
Gomes Freire de Andrade. Bechman é executado a 2 de orientação do Brasil unido e integro.
Novembro de 1685. dizendo do alto do patíbulo — «Pelo Grande foi a agitação em consequência de taes factos.
Maranhão eu morro contente». Ao ter conhecimento da sublevação de Parnahyba. o gover­
Em 1772. é o Maranhão erigido em Governo indepen­ nador do Piauhy. João José da Cunha Fidié. deixa Oeiras,
dente com a Capitania do Piauhy. mas separado do Pará. que era a capital, e para lá seguiu, occupando a villa,
tomando posse como primeiro Oovernador e Capitão-General, depois de guarnecer varios pontos.
o Dr. Joaquim de Mello Povoas, que foi o verdadeiro A sua sahida. porém, a infanteria e a cavallaria m ili­
fundador da Capitania, com serviços que tornaram bene- cianas proclamaram a independencia. Fidié regressa na pre-
merito o seu nome. o que faz lembrar a magnifica e oceupação de conter os animos. Seus esforços foram tenazes,
linda carta que lhe dirigiu, cheia dos mais prudentes e avi­ mas em defesa da causa todas as consciências se deixaram
sados conselhos, o genial estadista que foi Sebastião José empolgar, dominando os espirito; a obsessão da independencia.
de Carvalho c Mello, o Marquez de Pombal. A Junta do Maranhão, aterrada com o movimento que

o o o o o o 329 o o o
1
LIVRO D t OURO COMME MORATIVO DO CENTENARIO DA

thusiastica salva de palmas terminou com as seguintes pa­


sc generalizava, trata de fortificar as fronteiras, mas os lavras de invocação c saudação á gloria de sua terra:
independentes não recuam. . . . . «Terra maranhense berço de tantos c tão gloriosas
Entravam em scena, como protagonistas imperterritos figuras, cujas vidas foram um tecido formoso de boas.
c decididos. Salvador Cardoso de Oliveira. Tenente-Coronel dignas e meritórias acções.
Alecrim e Luiz Rodrigues Chaves, todos combinados contra Terra maranhense, que tiveste a gloria de hospedar
Fidié. . ' . _ . _'1 no Brasil colonia esse extraordinario, generoso, nobre. leal.
Dispondo suas forcas ás margens do rio Ocnipapo. desinteressado Padre Antonio Vieira, que ouviste os con­
duas léguas abaixo de Campo Maior, dão combate notável selhos c os sermões admiráveis desse sabio c santo, des­
a 13 de Março, talvez o mais intenso de toda a campanha. prendido de tudo. orador formidável e politico de pe­
Esse e outros recontros em S. José dos Mattocs. no netrante agudeza, em cuja personalidade, na phrase de um
Brejo, em Bomfim. nas proximidades de Caxias, em Itapc- escriptor. a liberdade divina ajuntou prendas e talentos
curúmirim. nos quaes é cfficaz e relevante a acção corajosa com mão tão larga c generosa, que foi contado entre
de João Ferreira do Couto. Pedro Paulo de Moraes Rego. esses illustres heroes com que de século cm século costuma
Domingos da Silva, o Matravá. Sizenando José de Magalhães. sahir a Omnipotência.
Joaquim de Carvalho, todos sob a direcção daquclles chetcs. Terra maranhense, que nunca deixaste de concorrer para
asseguram a proxima victoria dos independentes. as glorias do Brasil c que no momento angustioso de nossa
Notáveis as proclamações da Junta da delegação expe­ Patria, quando teve de pelejar nos campos do Paraguay,
dicionária cm que o Commandante em chefe do Exercito contribuíste com o imposto de sangue, enviando para a
auxiliador. José Pereira Filgueiras, se dirige aos caxienses campanha cerca de cinco m il dos teus filhos.
em phrases de um patriotismo acendrado. annunciadoras do Terra maranhense, que bem perto de mim. ao meu
triumpho o mais completo. lado. por teus dignos representantes, me dás a honra de
E por essa fôrma, com intrepidez e perseverança, pu­ escutar, recebe a minha saudação rongratulatoria de envolta
deram os independentes incutir na Junta da Capital o com os votos que faço por tua prosperidade afim de que
maior desanimo, tão profundo, que. a 27 de Julho, toda possas, sempre e sempre, num patriotismo constante c
cila compareceu incorporada a bordo da nao «.Pedro I o*. indefeso contribuir para maior gloria, mais resplendente
para protestar a Lord Cockrane sua adhcsâo. grandeza e mais pujante prestigio do nosso querido Brasil*.
E o Primeiro Almirante, recebendo as saudações da N o salão de honra do Jockry Club realizou-se um
Junta, marcou para o dia seguinte. 28. a solemnidade no grande jantar dansante c de gala. com extraordinaria con­
Paço da Camara Municipal, era que devia ficar ofhcial- corrência de familias brasileiras c argentinas, socias, do
mente declarada a independência no Maranhão, e nesse Jockey Club de Bucnos-Aires. Foi uma festa de alta ele­
dia içada a bandeira do Brasil, sob delirantes acclamações. gância. que ficou indelevelmente inscripta na memoria de
por John Orenfalle. na ausência de Cockrane que. pretex­
tando moléstia, não comparecera, ficou a provincia inte­ quantos nclla tomaram parte.
grada no todo gigantesco, fundado sob os maiores auspícios O Instituto Variihagcn trouxe o seu ramo de louros
e fadado aos mais gloriosos e fulgentes destinos. para coroar a data. realizando ás 21 horas, em sua sede
A 7 de Agosto, foi eleita a primeira junta provisória, provisória, na sociedade de Geographia, solemnc sessão
que se não pôde sustentar por ser composta de pessoas muito commemorativa. a que a palavra joven de Gustavo Barroso,
ligadas por parentescos proximos realizando-se então a orador official da festa, deu o maximo brilho c enthusiasmo.
eleição de uma segunda junta, que assim ficou constituída: Finalmente, no Instituto Historico e Geographico teve
Presidente — O advogado provisionado. Miguel Ignacio também logar uma sessão solemnc. falando o sr. Ministro
Viveiros de Castro, que leu preciosas paginas sobre o
dos Santos Freire Bruce. magno acontecimento de nossa historia.
Secretario — José Lopes de Lemos.
Membros — Arcipreste Luiz Maria da Luz c Si. José
Joaquim Vieira Belfort. Antonio Joaquim Lorrefoncs Oalvio.
Rodrigo Luiz Salgado de Sá Moscoso. Sizenando José de
Magalhães. O 15 DE AGOSTO
Era Governador das armas Felix Pereira de Burgos.
Feita a independência no Maranhão não foram de ordem
os seus primeiros tempos: agitados correram elles em meio A ultima das victoriosas etapas da nossa independência
de revoltas e sublevações. teve como epílogo a rendição do general Moura, no Pari.
Com a paz em 1825. esperava-se cpoca de bonança á decisiva intimação de Grcnfeld. do que resultou a adhesão.
quando, em 1831. após os acontecimentos da abdicação de cm 15 de Agosto de 1823. da grande provincia do norte
Pedro I o. rebenta a 11 de Setembro um motim militar c ao novel Império brasileiro. Como não o tinham sido as
popular, chefiado por José Candido de Moraes c Silva, de­ outras, não foi esta data luminosa de nossa historia olvi­
nodado jornalista. dada na glorificação cnthusiastica e commovida que significam
Em Novembro, sendo presidente Candido José de Araujo as brilhantes festas do Centenário.
Vianna (Marquez de Sapucahy). novo movimento agita a Na Capital-Federal e no admiravel Estado do extremo
norte, como em outras unidades da Federação, o 15 de
Reprimido na capital, reapparece n Agosto foi cm 1923 commcmorado com o mais vivo es­
por Antonio João Damasceno, que é. plendor.
tenta assaltar a Villa do Brejo. No Senado da Republica usou da palavra o sr. dr.
Em 1838. 13 de Dezembro novo movimento se faz de Lauro Sodré. o nobre e illustre paraense, de cuja oração
que é chefe Raymundo Gomes; agita a província, iniciado extrahimos os trechos que sc seguem:
na Villa da Monja. Era presidente Vicente Thomaz Pires «O enthusiasmo com que nestas horas extua a alma
de Figueiredo Camargo, que não pôde dominal-o. generalizado do povo paraense, ao rever as paginas do seu passado
com a adhesão de outros elementos, dentre os quaes Manuel illuminadas pelo brilho, que ncllas sc reflecte, graças á
Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio, que communicou á acção dos homens, que cm 1823 tão alto puderam subir,
revolução o seu appcllido. nâo pareceria legitimo em verdade da geração desse periodo
A Sabinada determinou tal rompimento numa séria historico se pudesse dizer que cila nâo deu o largo e
guerra civil que ainda perdurou no período do presidente decisivo passo para proclamar a independencia da Patria
Manuel Felizardo de Souza c Mello em 1839. senão porque um navio de guerra ao mando de um official
Estava o sólo do Maranhão devastado pela desgraça estrangeiro, ao serviço do nosso paiz. entrou pela barra
da luta fratricida, com todo o cortejo de seus horrores. de Belém, a dentro, portador da mensagem do almirante
Foi. então, seu presidente, substituido pelo Coronel Luiz Cockrane. que já ganhara fama cm acções travadas cm
Alves de Lima (Marquez e depois Duque de Caxias), no­ pról da libertação de nações americanas.
meado para o governo do commando das armas. A verdade está já agora posta em evidencia, graças a
Luiz Alves de Lima. por sua orientação militar, sua estudos dos que foram beber nas melhores fontes, revol­
grande experiencia c suas eminentes qualidades, soube do­ vendo archivos. á luz de documentos, que dão a prova
minar a situação, conseguindo restabelecer a ordem cm provada de que é justo o orgulho dos povos que são os
841, obtendo para seu nome mais um titulo de gloria c continuadores dos heroes de 1823. e que constituem os
benemerência. Ao que fez pelo Brasil, no rosario immenso dois grandes Estados do extremo norte da Republica, ma-
de seus triumphos se junta o de pacificador do Maranhão. terialmcntc dotados de tantas riquezas c moralmentc ricos
Ahi se conta para a provincia o período de paz. de também.
ordem e consequente progresso cm que tem vivivo durante Nâo têm elles nada que invejar c nada de que sc
o qual pode prosperar com os elementos de que dispõe, vexem, postas em parallelo as acções dos seus antepassados
cm constante preoccupação de melhorar, de crescer, de au- com as dos que em outras porções do territorio nacional
gmentar o seu patrimonio cconomico, o seu acervo literário sacudiram altivos e fortes, o jugo da metropolc.
e seu escrínio scicntifico». Antes que surgisse cm aguas de Ouarajá. a não con­
Passou, em seguida, o orador a enaltecer o Maranhão d u c to r de Lord Cockrane. já dentro da antiga Província
actual, mostrando a sua bôa situação economics e finan­ haviam explodido levantes populares tendentes a operar a
ceira. bem como os seus progressos, notáveis em matéria quebra dos laços de sujeição que a prendiam a Portugal,
de instrucçâo publica, viaçâo-fcrrea. etc. Apreciou, depois mettendo-a na linha dos que iam seguindo já as normas
os vultos maranhenses que sc distinguiram nas scicncias. traçadas pelos que mandavam no império, que nascia sob
nas letras, nas artes c na politica, deixando os seus nomes as inspirações dos patriotas immortaes. de quem era Jose
incorporados ao patrimonio intellectual do Brasil. Rcfc- Bonifacio o mais genuíno representante.
rindo-sc particularmente aos poetas que nasceram no culto Fôra assim aos 14 de abril de 1823 cm Belém e fôra
Estado, synthetizou-os na figura sem par de Gonçalves assim aos 28 de maio em Muaná. Essas datas, que refulgem
Dias. como o cantor brasileiro por cxcellcncia. E sob en- na historia politica do Pará, lembram os feitos de seus

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IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

filhos cm movimentos ardorosos c passadas audazes para veria entrar arrastado pelas mesmas forças, levado pelos
a conquista da liberdade, de sorte que o commandants do mesmos idcacs e sentimentos, que conduziram as demais
brigue «Maranhão» encontrou em Belém uma atmosphcra provincias do Brasil a declararem a sua maioridade e a
onde a sua palavra de ordem, mal disfarçada como a de conquistar o direito de se governarem ao seu alvedrio fóra
um representante do chefe supremo de numerosas esquadras de tutclagcm de outros povos.
fundeadas fóra da barra, teve éco enthusiastico. vibrando Não foi menor a gloria dos que foram palmo a palmo
todas as almas animadas pelos mesmos sentimentos de amor conquistando o terreno em que um dia poude ser arvo­
i nova e grande patria. rado o pendão da nossa nacionalidade.
A leitura da deseri pç3o dos factos dados cm Belém t- bom que saibamos celebrar esses actos, que ficaram
de I I a 15 de agosto de 1823 nSo deixa no espirito de escriptos em caracteres de ouro que o tempo não é capaz
quem a faz a minima duvida acerca do rumo que iam de delir e também os nomes daqucllcs que por suas
tomando os negocios políticos do Pará. t3o perto que leva obras valcrosas se fôram da lei da morte libertando, para
á conclusão a que só é dado chegar de que a indepen­ redizer o pensamento do poeta maximo».
dência no Pará see faria sem que lá fosse ter o brigue Na Camara dos Deputados, falou sobre a data ines-
que commandava o capitão-tenente John Bascoc Grcnfcld. quccivel o sr. José Bonifacio.
Já nesse tempo iam caminho de Lisboa, mettidos no Depois de se referir a varios factos importantes do
porãc da Galera «Andorinha do Tejo», as numerosas vi­ Pará. o orador estudou a situação econômica, financeira
ctimas. que tinham sido os vencidos dos movimentos insur- c administrativa do Estado mostrando as riquezas que elle
rcccionacs de 14 de abril c 28 de maio. escapados de possuc e que lhe asseguram um futuro de grande prospe­
uma sentença que os condcmnara á morte, para serem re­ ridade. Mostrou a contribuição ao Brasil por occasião da
colhidos aos 15 de setembro á prisão da «Torre de S. Juliâo guerra do Paraguay lembrando a acção heroica do general
da Barra», cm Lisboa, onde os esperavam padecimentos H ilá rio Gurjão cm Tuyuty, Grão-Chaco e Itororó.
c martyrios como castigo dos seus sentimentos patrioticos Alludiu ainda o Sr. José Bonifacio ás duas excelsas
que os haviam conduzido ás acções, cm que se tinham figuras contemporaneas da Independencia, o Arcebispo Ro-
empenhado para libertar a Patria opprimida. mualdo Antonio de Seixas, marquez de Santa Cruz e Ber­
E ao reivindicar para a terra paraense os titulos que nardo de Souza Franco aos quaes teceu calorosos elogios,
lhe valem para que nesta data se possa bem orgulhar, não e evocando os manes dos fundadores da nacionalidade, ou­
esqueçamos que foi no Pará que teve o seu primeiro éco vindo-os no seu julgamento favoravcl ao Pará. o Sr.
na America portiigueza a revolução liberal, que explodira no José Bonifacio convidou a Camara para saudar, num forte,
Porto, aos 24 de agosto c em Lisboa aos 15 de se­ affectuoso e amplo abraço de solidariedade ao querido irmão
tembro de 1820. do norte, ao Pará glorioso.
Uma das mais bellas festas do dia foi a sessão litero-
musical realizada no salão nobre do centro paulista em
commcmoração á data. c promovida pelos snrs. Senador
Na pregação das novas idéas liberacs andara empe­ Lauro Sodré. D r. Lyra Castro, senador Justo Chermont.
nhado o celebre Felippe Patroni, cujo nome ficou para todo D r. Dionysio Bentes. D r Prado Lopes, senador Indio do
o sempre ligado a essa época de lutas gloriosas nas quaes do Brasil. D r. Eurico Valle. Dr. Arthur Lemos. Dr. Pedro
deixou evidente o seu entranhado amor ao pedaço de terra Chermont de Miranda, D r. Bento Miranda, senador Sylverio
brasileira, que lhe fõra berço. Nery. senador Barbosa Lima. senador Lopes Gonçalves. Dr.
Narra Varnhagem a acção que coube ao ousado e ar­ Aarão Reis. D r. José Agostinho dos Reis. Dr. Bernardino
doroso patriota: Paiva. Dr. Joaquim Catramby. Dr. Carlos Scidl. D r. Bruno
«A cidade de Belém do Pará foi a primeira do Brasil Lobo. João Gomes do Rego.
a proclamar as instituições constitucionaes. e veio a ser Essa sessão commcmorativa obedeceu ao seguinte pro­
a ultima a adhcrir á independência e a proclamar o imperio. gramma.
Um paraense chamado Felippe Alberto Patroni Martins Abertura — Palavras, do senador Lauro Sodré; Dis­
Maciel Parente, que concluiu cm Coimbra o quarto anno curso do orador official. D r. Eurico Valle: Poesia, pelo
de leis. assistindo á proclamação da Constituição em todo autor. Oswaldo Orico; Discurso, pelo Dr. Hermeto Lima.
o Portugal, resolveu-se á empresa de fomentar a transmissão c Poesia, pelo autor. Dr. Flexa Ribeiro-
dessas idéas em sua Patria». 2. » parte — Concerto.
1-: bem de ver que no seio de uma sociedade assim appa- N. 1 — a) Grieg — Quadro poetico n- 1; b) Orieg —
rclhada em terreno onde a idéa da liberdade vingava mal Scena de Carnaval — Senhorita Eunice Corrêa.
a semearam, facil havia de ser fazer que os espíritos fossem N. 2 — a) Carlos Gomes. «Schiavo»: b) Lizst. Oh!
abertos ás novas doutrinas, cujos cffcitos eram já manifes­ Quand dors — Senhorita Marietta Bezerra.
tados em outros pontos do paiz. N. 3 — Chopin Preludio n- 15 — Menina Maria de
Não caberia dentro das raias das cousas possíveis que Lourdes Regueira.
a simples presença de um navio que se dizia destacado N. 4 — a) Beriot. Concerto n- 9. tempo 1°: b) Wie-
de uma divisão naval por um effcito que na ordem politica niawsky. Mazurka Menina Jacy Maria Bacellar.
seria comparável ao que exerce nos phenomenos chimicos N. 5 — Victor Massé. Les noces de Jeannette — Air
a força cataléptica determinasse a transformação que se du Rossignol — Senhorita Celeste Sá Pereira.
operou, deixando no logar das autoridades, que incarnavam N. 6 — Chopin. Ballade n. 1 — Senhorita Adelaide
o velho regimen realengo de Portugal os novos represen­ Cavalcanti.
tantes do Imperio, que vinha nascendo. N. 7 — Alberto Costa — Cysnes — Senhorita Irene
Nem acertam os que para explicar os phenomenos his­ Baptista.
toricos andam a buscar c rebuscar individualidades que N. 8 — a) Wjeniawsky. Legende; b) Ncvin-Kreisler.
figurem como autores unicos e causas singulares de suc- Rosario: c> Drcdla. Serenata Professor Marcos Salles.
cessões. em que não entram muita vez senão como instru­ N. 9 - Gottschalk - Fantasia sobre o Hymno Na­
mentos necessarios das massas anonymas. cional — Senhorita Zelia da Oraça Autran.
Sabeis a lição de Guizot apontando o terceiro estado Os acompanhamentos foram feitos pelas Exmas. Sras-
como a mais poderosa de todas as forças que presidiram Julieta Oomes de Menezes. Nelia Ponte e Souza. Mamede
da Costa. D r. Alberto Costa e professor Anthero Campos.
a civilisação franceza. 3. * parte — Danças.
Todas as grandes revoluções foram na origem movi­
mentos de proletários. Essa palavra é de um escriptor de
nota. escripta em paginas em que se condemna o chamado
methodo biographico. que não poderia achar logar na his­
toria scientificamentc interpretada e consistindo em resumir O CENTENARIO DE GONÇALVES DIAS
cm alguns homens todos os factos sociaes.

As commcmoraçôcs do primeiro centenario do nasci­


Também errados andaríamos nós si quizessemos reduzir mento de Gonçalves Dias. feitas durante toda a semana
a taes dimensões o notabilissimo feito dos nossos maiores, que precedeu a data luminosa de 10 de Agosto de 1923.
todos quantos foram elementos desse inolvidável evento, devem ser incorporadas ás grandes solemnidades com que
rebentado á rasão propria c que representa a consequência cfstejámos a passagem do nosso promeiro centenario de
necessaria c logica de uma serie de antecedentes, que se vida independente.
encadeiam no escoar dos annos, sob o inluxo de suc­ Oonçalves Dias foi a affirmação do nosso espirito creador.
cessos dados em terras estranhas e no seio dos póvoa, como os heróes da independencia foram a affirmação de
que iam de degráo cm degráo a subir para a conquista nossa dignidade. Em nossa ternura e em nossa gratidão,
das suas liberdades c dos seus direitos. o nascimento do poeta e o grito do Ypiranga são factos
È na ordem social como na ordem cosmica, onde os que se conjugam, que se affinizam, que se estreitam. Não
phenomenos sismicos se transmittem pela crosta da terra foi uma homenagem isolada a que se prestou á memória
através dos continentes e vão ser assignalados nos instru­ do cantor de Y — Jaca Pirama. Foi ainda essa home­
mentos de precisão a longas distancias. As acções humanas nagem uma expressão da radiosa alegria intima, do tri­
repercutem no seio das nações alheias influindo nos des­ umphal sentimento de orgulho que nos sacudiu até as
tinos de outros póvos graça á acção de verdadeiras leis. ultimas fibras, nas memoráveis jornadas do centenario, pelas
que fazem solidários todos os agrupamentos sociaes. cujas conquistas realizadas nos primeiros cem annos de existência
letras, cujas artes, cujas sciencias. cujas industrias figuram autonoma de nossa terra.
como bens communs. A essa regra não escaparia o Estado A significação de que se revestiu, aliás, a semana Oon-
do Pará ! entrou na communhâo nacional como nelia de- çahina, deu-lhe o mais vivo destaque entre as outras diffe-

o o o o o o 331 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA

rentes commemoraçõcs de nossa independência. Participaram e recordando, percorro os jardins maravilhosos da poesia
delia todas as instituições artísticas, scicntificas c literárias colhendo aqui c ali as flores que no momento mais me'
do paiz. a imprensa c o povo dos varios Estados c attrahem. sem curar muito de saber quem foi o jardineiro.
da Capital-Federal. Comtudo. a prcoccupação da medida permanece, e não
No Rio de Janeiro, culminou a semana Ooncah-laa ha extirpal-a. E a pergunta se repete sempre, c sempre
com as homenagens cffcctuadas no dia mesmo do nasci­ se ha de repetir: quem é o maior poeta brasileiro?
mento do poeta. Eu de mim não saberia dizel-o. Mas confesso que.
Nesse dia glorioso. — 10 de Agosto. — cm todas as se como juiz seria muito difficil decidir no pleito, já não
escolas municipacs. por deliberação do inspector geral da seria tão embaraçoso defender a causa de Gonçalves Dias
instrucçâo. um professor explicou aos educandos a historia como advogado. Poderia faltar eloquência, mas não fal­
de Gonçalves Dias e a significação patriotica das home­ tariam argumentos. Tanto menos faltariam, quanto é certo
nagens prestadas á sua memoria. Na Escola «Gonçalves que a superioridade de Gonçalves Dias tem sido já sus­
Dias- varios alumnos recitaram poesias c cantaram a «Canção tentada. com larga copia de razões de peso. por muitos
do Exilio», que a sagração popular immortalizou na lite­ espiritos de polpa.
ratura brasileira. Em primeiro logar. quando consideramos attentamente
As 4 horas da tarde, a mocidade brasileira, junto á os apcctos geraes da nossa historia litcraria. o poeta de
herma do poeta, no Passeio Publico, realizou a celebração «.Minha terra» dá-nos logo a impressão de um vulto grande
civica da grande ephemeride. Deu começo aos festejos a c revolto, de feições e proporções estranhas, surgindo, nâo
«Protophonia do Guarany». pela banda da Policia Militar. se sabe como no meio de um povo uniforme c
Falaram a seguir os Srs. Hilton Fortuna, presidente da pacato. Antes dcllc tivemos a escola mineira, mas
commissão do centenário, professor Albuquerque Gondim. a escola mineira. apesar do muito que produziu
pelo Centro dos Professores das Escolas Nocturnas. Reis c apesar do relevo que assumiram algumas de suas
Perdigão. Moacyr de Almeida e Walfredo Machado. Reci­ figuras, não fez senão bater em velhos moldes ideologicos
taram versos, além do Sr. Odorico de Mattos, as senhoritas e formacs. cheios de sabor ultramarino. Os poetas que se
Silvia Motta e Ruth Mascarenhas. Um contingente dos lhe seguiram, embora deixassem entrever ás vezes um pouco
Escoteiros cariocas c outro de alumnos do Externato Pedro das personalidades abafadas, annunciando timidamente a re­
II. prestaram guarda de honra ao monumento gonçalvino. volta romântica, não alcançaram comtudo o destaque dos
que fòra ornamentado pela Inspcctoria de Mattas c Jardins maiores epigonos daquclla chamada escola — um Pitta
e casas «Flora». «Jaardim» c Floricultura Pctropolitana». um Durão, um Gonzaga. O Brasil continuava a ser uma
que também qiiizcrani contribuir para o realce das com- colonia intellectual, submissa aos modelos expedidos da
mcmoraçôcs. mctropolc. Magalhães e Porto Alegre iniciaram a rcbcllião.
Durante o festival tocaram as bandas de musica dos Alas Gonçalves Dias foi o primeiro que surgiu cum phy-
Marinheiros Nacionacs c Policia M ilitar. sionomia bem nova. bem forte c bem brasileira. Pcrcc-
As 9 horas da noite no Instituto Historico houve uma beram-no logo os contemporaneos: c nunca poeta algum
sessão especial presidida pelo Sr. conde de Affonso Celso, foi saudado com maior côro de sympathias e admirações.
na qual o Sr. Mario Barreto leu uma conferencia sobre O influxo inedito de sua arte percorreu toda a camada
Gonçalves Dias. que pertenceu ao Instituto, como o seu pensante do paiz como uma electricidade favorecida por
mais respeitável c illustre consocio. Nesta occasião. o ge­ optimos conductores. Percebeu-o lambem, immcdiatamentc.
neral Alexandre Leal entregou preciosos manuscriptos, livros Alexandre Herculano, que registrou a insubordinação do
e objectos de uso do grande poeta, objectos esses que maranhense com relação ás influencias dominantes cm
eram religiosamente guardados por seu pai. o illustre bio- Portugal.
grapho maranhense. Dr. Antonio Henrique Leal- Elle nâo foi brasileiro apenas pelo carinho novo e
A Academia fírasileira de Letras, a quem competia ingênuo que deu á nossa natureza, nem pelo amor en­
naturalmcnte papel de realce na glorificação do grande tranhado que votou ao nosso selvagem. — e digo entra­
vate. realizara a sua sessão commcmorativa no dia an­ nhado porque esse amor. nelle, nâo foi uma simples attitude
terior. 9 de Agosto, tendo varios illustres acadêmicos tra­ litcraria. foi uma tendcncia viva do seu coração de mes­
tado da vida c da obra de Gonçalves Dias. tiço dc tres raças, longamcnte amimada desde seus tempos
Da brilhante pagina lida pelo sr. Amadeu Amaral na de estudante, cm Coimbra, na intimidade dos seus senhos
sessão da Academia, sobre «O cantor dos Tymbiras». pode-se ç projectos. Elle foi brasileiro por tudo quanto havia de
dizer sem favor que foi um dos mais interessantes c ori- inconsciente c profundo cm sua pessoa. Assim, a sua
ginacs estudos apparecidos ultimamente sobre o poeta. Com sensibilidade suspirosa c dulçorosa que. despertada talvez
o mais vivo prazer reproduzimol-a na integra: para a poesia pelo influxo do romantismo, nem por isso
«Qual é o maior poeta do Brasil?» — eis uma pergunta deixou de ser caractcristicamente nacional. Um critico inglez.
que sempre se fez. que se ouve a cada passo, e provavel­ contemporâneo do poeta, estranhou essa espccie dc pie­
mente continuará sendo repetida pelo tempo afóra. . . Em guice. que lhe pareceu pouco v iril. Essa pieguice, ou que
matéria de arte c literatura, o que mais interessa a grande nome tenha, está no fundo da alma brasileira, toda feita
numero de espiritos c a medida comparativa dos homens dc sentimentalismos, toda inclinada a queixumes assuca-
c das obras. Os autores, para elles. não fazem senão exe­ rados e melancolias superficiaes. toda aberta ás suggestões
cutar. na grande corrida da gloria, um pareo sensacional. verbaes de ternura e dc piedade, e visivelmente pobre
Não se contentam cmquanto não sabem quem venceu. dessas qualidades robustas que inspiram as attitudes re-
Entretanto, nada mais d iffid i do que taes comparações. concentradas c corajosas diante da vida. Como quer que
Num concurso literário, como os jogos floraes. forncce-sc seja. essa sensibilidade, derramada pelas suas paginas sub­
um thema, estabclecem-sc prazos, impõcm-sc condições aos jectivas. confere ao nosso poeta não só um caracter fla­
concorrentes. Ainda assim, o julgamento pode falhar. Dados grante de brasiieirismo nativo, como também lhe dá o
todos aquellcs elementos communs. que facilitam o cotejo, grande encanto c o agudo interesse da sinceridade e da
sempre resta uma porção de quantidades variaveis: o tem­ naturalidade, attributos preciosos entre todos em poetas
peramento. as tendências, a maneira, c todo esse conjunto c nâo encontrado em tanta abundancia antes dclle.
de pequenas cousas fugitivas e imponderáveis, que entre­ Depois dc tudo isso. é preciso considerar tres qualidades
tanto, perfazem como uma auréola a imagem de cada autor que no seu tempo foram do mais forte relevo c ainda
ou completam indifinivelmente a caractcrisação de cada obra. hoje nâo o perderam: as suas habilidades dc mctrificador.
Considere-se agora quantos serão os escolhos a vingar, a sua mestria de composição e o seu dominio sobre o
quando se trata de comparar a producção inteira de varios idioma. Sua metrica revolucionou os cançados moldes em
poetas notáveis de épocas, de escolas, de educação c de voga. pela variedade dos typos c pela melodia flexível e
idealidades diversas. suave dos versos. Sua composição, fóra dos preceitos clas­
A menos que haja uma differença formidável, que por sicos. tinha, entretanto, destes a unidade, a proporção, o
si mesma se imponha, como. por exemplo, a que existe encadeamento. O idioma, esse era em Oonçalves Dias. á
entre Dante ou Shakespeare e outros poetas, embora il­ parte algumas nugas, extrahido aos melhores filões da boa
lustres. todo individuo de juizo são ha de por força tactear e velha vcrnaculidadc. E o qul; é curioso é que o poeta mara­
numa floresta de embaraços terríveis, arriscando-se a perder nhense. longe de se sentir constrangido pelos rigores que im­
Demais, porque essa mania de comparações ? Desde que punha a sua syntaxe, ao seu vocabulário, á sua phraseologia.
um poeta me fala á alma e me faz vibrar ao mysteuoso como que ficava mais á vontade sob o jugo de taes preoecupaçõcs.
prestigio de seus accentos. desde que me dilata o espirito Em regra, o escriptor que se enreda em cuidados de purismo
e me ergue, numa levitação maravilhosa, ás alturas do c de correcçâo. usando uma linguagem que nâo é bem
pensamento feito sonho, feito musica e feito bcllcza. a a <lo seu tempo nem a do seu meio. dá a impressão de
mim que me importa indagar se elle é maior ou menor alguém que está aprisionado numa armadura pesada e in­
do que qualquer outro? Essa questão é tão profundamente flexível. Gonçalves Dias conseguiu que essa armadura se
estranha ao meu sentimento de poesia, como a de saber, lhe transformasse num tecido fino e transparente, sob o
no alto do Pão de Assucar. quando me descubro diante qual se accusam todos os relevos do corpo, sem excluir
do incomparável panorama, se o Pão de Assucar é maior sequer as veias latejantes.
ou menor do que o Corcovado ou do que o Mònte Branco. Tudo isso. porém, ainda pouco seria, se o poeta nâo
Todos os grandes poetas são «maiores». Não ha nenhum tivesse, afinal, produzido cousas realmente bellas, de forte
que tanja todas as cordas do immensuravcl instrumento da e perdurável bcllcza; se nâo tivesse feito obra que por
nossa alma. Este dá-me o extase. ou o assombro, aquclle si mesma se mantivesse de pé. Mas fez. Para não me
dá-me a doçura, ou a pacificação. Este me enternece, estender mais do que convém, numa hora como esta. em
aquelle me faz pensar, aquclle outro me diverte, ainda um que falar pouco é uma obrigação para com o selecto
outro me tortura, e todos me deleitam, cada um por sua auditorio e uma cortezia para com os que. com mais
vez. E sorrindo, c chorando, c meditando, e aprendendo. autoridade e mais scienda, também têm de falar sobre o
mesmo assumpto, limitar-me-ei a citar-vos «Y-Juca-Pirama».

O O O O O O 332 O O O O O O
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Não importa que a psychologia das personagens seja pouco


satisfatória. O romantismo, apesar de viver ás voltas com : de acçSo... Sim,
espíritos, corações, sentimentos, ceeebros, razão, alma, nunca
st caractcrisou por um agudo entendimento «das almas».
Tudo resolvia com gencralisações imaginosas. O poeta era
um demiurgo, um vidente, um inspirado, com uma missão
altíssima c providencial na vida. e bastava-lhe lançar os DUQUE DE CAXIAS
olhos de aguia sobre a natureza, sobre os homens, sobre
os astros, sobre o cosmos, para que todos os arcanos se . , ^ m. ,?5. tlc, Agost" de 1923, dia em que transcorreu o
Iht abrissem, todas as escuridades se dissipassem, todos data natalícia do glorioso Duque de Caxias, rcalisaram-se na
os nevoeiros se desfizessem, e toda a verdade se lhe pa­ Capitai da Republica varias solemnidades em commemora-
tenteasse em conjunto e por m iudo. . Mas esse estado çao ao primeiro centenário da participação do grande cabo
de consciência, fatal para as faculdades i de guerra nas lutas da independencia.
uma poderosa exaltação do sentimento. ■__ __ Junto á estatua do immortal heróe dc nossa patria to­
febre de imaginação, um grande impeto de todo ■ cou alvorada ás 6 horas da manhã a fanfarra do 1 o Re­
ser. que punha nas suas produccôes. muitas vezes, uma gimento de Cavalli -'• • • •
dolorosa c fremente condensação de humanidade. Ê o que As 14 horas. tteve logar a parada militar na praça Du-
encontramos em . Y-Juca-Pirama». Por isso esse poema nos que de Caxias. A A multidão encheu o bello logradouro, ha-
commove. Sabemos bem que aquetlcs índios todos são vendo também comparecido 3a Republica,
:omparecido o Sr. Presidente da Republi
sombras movendo-se num paiz de sonho. Mas. quando lemos todos os Ministros de Estado e demais autoridades e as
um poema, o que procuramos não é aquillo que se vae altas patentes do Exercito c da Armada.
achar nos livros de geographia, de viagens, de etimologia fcm torno do monumento, ornamentado de flores e
basta-nos uma verdade aproximativa e idealisada. e basta-nos bandeiras, formaram os porta-bandeiras das unidades, que
que o poeta consiga arrastar-nos ao vórtice do seu delirio pouco depois desfilaram em continência.
sagrado, pelos penetrantes prestígios do rythmo. da imagem Do pedestal do monumento, o Sr. Tenente Torres Ho­
c da phrase. Esse arrastamento, eis o que não podemos mem produziu eloquente cração civica, em nome das clas­
evitar, desde que leiamos o poema de Gonçalves Dias ses militares, glorificando a vida do immortal guerreiro c
sem o proposito firme de lhe resistir e de nos fecharmos estadista que sempre conduziu a bandeira auri-verde pelos
campos de batalha, sem nunca scr vencida e humilhada.
envolver dentro de nós. . . . De resto, o poema é admiravel­ ralou dos feitos do admiravcl estrategista que soube
mente bem fabricado. í; uma grande peca harmoniosa c conduzir as nossas forças pelos charcos paraguayos, dando
imponente, onde tudo está no devido logar. nas proporções uma prova eloquente do seu talento militar, comparável
devidas. Não ha falhas nem excessos na sua composição ao dos generaes romanos, e do illustre estadista, que tam­
geral. A forma é perfeita. — tanto quanto se pódc dizer bém o foi, a quem ali, num bello gesto de civismo, o
que uma cousa é perfeita. Ajusta-se como luva aos menores povo e as classes armadas se encontravam prestando uma ho­
particulares da ideação, com o grão e o timbre da emo­ menagem de veneração e gratidão.
tividade correspondente. Nenhum exaggero de sentimenta­ As ultimas palavras do Sr. Tenente Torres Homem fo­
lismo. nenhum transbordamento desregrado de imaginação, ram coroada- por longa salva de palmas.
nenhum excesso de pathetico, nenhum accumulo inopportuno Em seguida realizeu-se a cerimonia das bandeiras, ao
de pormenores secundarios, nenhuma sobejidão de ornatos. som do hymno nacional executado por todas as bandas de
Que mais direi? Só posso dizer que esse poema, em summa, musica e marciaes, ouvindo-se o troar das salvas dadas
é uma maravilha. pela bateria de artilharia, postada na Avenida Beira-Mar,
por todos os fortes e fortalezas da Capital, emquanto
Para terminar, ha uma circumstanda multo digna de o• pendão auri-verde era desfraldado em continência ,»n
nota. Já alludi ao exito alcancado por Gonçalves Dias invicto cabo de gueri a.
entre os seus contemporâneos. Esse exito foi na verdade Após essa cerimonia, foi iniciado o desfile das forças
enorme. Toda a gente culta do paiz acclamou no poeta de iterra e mar sob o commando do Sr. Coronel Severiano
maranhense, um novo e luminoso talento de primeira ordem. Ribeiro e na seguinte ordem: Companhia de Infantaria dc
Naqucllc tempo dizia-se genio. O romantismo fez um extra­ Marinha — Companhia do Batalhão Naval — Companhia
ordinario consumo dessa prenda, até então meio deslei­ de Infantaria da Escola M ilitar — Companhias dos Primei­
xada no vocabulário de todas as línguas. . . Nem se diga ro, Segundo e Terceiro Regimentos de Infantaria — Compa­
que no Brasil sempre houve a incontincnda dos elogios. nhias dos Primeiro e Segundo Batalhões dc Caçadores —
É preciso distinguir. Hoje. c ha muito tempo, o que se Esquadrão do l.° Regimento dc Cavallaria Divisionária —
vê em abundanda são louvores fáceis, derramados, uns Companhia de Infantaria da Policia M ilitar — Esquadrão
pemposos, outros melífluos, cambiados entre cavalheiros que de Cavallaria da Policia M ilitar c Companhia dc Alumnos
rasgam sedas uns com os outros. São casos cspeciaes de do Lycée F rançais.
relações privadas entre individuos. Pronunciamentos geracs Já ás 9 horas da manhã se havia realizado a visita
dc opinião, com os caracteres de um julgamento em ple­ ao tumulo dc Caxias, no Cemitério de S. Francisco de
nário^ com responsabilidades firmadas, pronunciamentos taes Paula, por seis praças de cada corpo da tropa desta ca­
em tôrno de uma obra. seja de que vulto fôr. eis o que pital, acompanhadas nessa romaria por innumeras pessoas
e extremamente raro. Oonçalves Dias provocou um desses que adheriram ás homenagens. O Sr. Ministro da Guerra
pronunciamentos, desde que lançou os seus Primeiros Cantos. se fez representar pelos Srs. Major Lisboa de Souza e Ca­
Provocou-o, apesar da sua modestia e da sua indepen­ pitão Silva junior, que. por incumbência dc S. Excia. e em
dência. Provocou-o. não aos amigos, mas a toda a gente neme do Exercito collocaram duas ricas coroas de flores
em condições de opinar. Exigiu mesmo que seus amigos naturaes em cada uma das sepulturas que guardam os restos
não se adiantassem a fazer còro. O côro se compoz de mortaes do glorioso soldado e da Duqueza de Caxias.
elementos estranhos á sua roda. e foi um côro enorme, e A policia m ilitar também temou parte nas homenagens,
unisono. Desbordou-se cm elogios? Sim. mas em elogios fazendo visitar o tumulo de Caxias por cotnmissôcs de of-
desinteressados. Rcpresantaria um julgamento sympathico e : soldados, que ali depositaram artística
sentimental, mas cmfim um julgamento, e não um chuveiro coróa de flores i
de rtetames. Mais tarde, houve quem dissentisse dos pro­ Os escoteiros do Fluminense Foot-Ball Club compa­
cessos do poeta, como Alencar, c quem lhe quizesse diminuir receram incorporados, ás 18 horas, junto á estatua do
as qualidades dc expressão, como Bernardo Guimarães; heróe, cujo pedestal cobriram de flores.
mas esses mesmos se confessavam seus admiradores e lhe Conimissionados pelo Presidente Perpetuo do Instituto
teciam rasgados gabos de permeio com as rcstricçõcs. Aos Historico e Geographico, ás nove horas da manhã visitaram
louvores entoados no Brasil seguiram-se os do estrangeiro. — o tumulo de Caxias os Srs. General Moreira Guimarães, Co­
em Portugal, na França, na Alle-ninha. na Inglaterra. re nel Liberato Bittencourt, Commandante Raul Tavares, Car­
Emfim. a influencia do poeta na evolução da nossa poesia los Carneiro e Eugenio de Castro, Drs. Jonathas Serrano
foi profunda, embora nem sempre boa. — o que é ainda e Eugenio Vilhena de Moraes, orando por essa occasiâo o
W í Prova da sua forca. Todos os grandes escriptores e Sr. Coronel Liberato Bittencourt.
todos os grandes poetas, como todos os grandes artistas O Centro de Cultura Brasileira comparticipou das ho­
os pensadores, em geral, exercem uma fascinação exag- menagens. realizando ás 16 horas, no salão nobre do
gerada sobre a multidão dos admiradores incondicionaes, Club M ilitar, concorridissima sessão solemne.
que não sabe admirar sem imitar, exaltar sem excluir, Falou o Sr. Raja Gabaglia, do Collegio Pedro II,
nem concebe que possa haver mais de uma estrella grande lendo um bem elaborado historico da vida de Caxias, prin-
cipalmcntc como pacificador.
Ê esse mesmo espirito, com pouca differença. que traz Depois dc uma bella parte de declamação, preenchida
SrülprC no ar Prrguntas como aquclla. com que principiei. por distinctos homens dc letras que recitaram poemas á
■Quem é o maior poeta brasileiro»? Como vistes, não sei gloria do guerreiro, o Sr. Major Pedro Gomes leu inte­
responder; mas. confesso que ha tantas razões, e tão ten­ ressante palestra sobre -Caxias e sua arte militar», feita
tadoras. em favor de Gonçalves Dias. que. ao repassal-as ccm pittorcsca e amavcl graça c toda tessida de curiosos
na mente, sinto, por minha vez. — homo s u m ... — a ensinamentos.
tentação dc exclamar: Salve, revelador e transfigurador da Coube, porém, ao Instituto Historico e Geographico
consciência brasileira: salve poeta-thaumaturgo, aos sons de Brasileiro, que teve a primazia e a iniciativa de comme-
cuia lyra constructors se repetiu o milagre das pedras morar na data natalicia de Caxias, o centenário da sua
?iU et*.r mesmas sc amontoavam em muralha; salve, nume participação nas lutas da independencia patria, fechar com
tluvial que derramaste através de nossa terra uma larga chave de ouro, como disse um jornal, ás homenagens á
correnteza imperecível de impulsões c dc aspirações, de tnemeria dc tão grande varão.

O O O O O O 333 O O O o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

Foi solomnissima a sessão realizada á noite nela tra­ exerceu tres vezes a presidência do Conselho de Ministros-
dicional instituição. occupou o cargo de Conselheiro de Estado, Conselheiro
Abertos os trabalhos ás 21 horas, teve a palavra o da Guerra, Senador do Império; commandou em dicfc
2." secretario Dr. Agenor de Rmirc, para ler, das Ephe­ numerosas forças'de terra c de mar, entre as tjuacs uruguayas
merides Brasileiras do Barão do Rio Branco, as que sc
referiam á data. £is alguns capítulos da sua extensa biographia plu-
A seguir o Sr. Conde de Affonso Celso disse que a tarchiana, cumprindo accrcscentar, para lustre do Instituto
sessão do dia era consagrada á memoria de um dos mais que foi seu socio honorario.
altos e nobres vultos de soldado e de cidadão que o Brasil No pedistal das centenas de estatuas de George Was­
e a America ainda engendraram, o qual ascendeu a todos hington. nos Estados Unidos, lê-se esta inscripção: Pri­
os possíveis postos militares e civis de nossa terra, gran- meiro na paz, primeiro na guerra, primeiro no coração
giando supremas distinoções, algumas só a clic conferidas. dos seus compatriotas. De Caxias poder-se-ia dizer cousa
«Tendo recebido o baptismo de fogo na guerra da
independência, pacificou cinco das antigas provincias, hoje
Estados: Maranhão, Piauhy, S. Paulo, Minas Oeraes c Em seguida, encerrando a solemn idade, tomou a pa­
Rio Cirande do Sul; venceu cm tres guerras externas, con­ lavra o Sr. Ministro Agenor ds Rourc, que leu brilhante
tra tres tyramnias, a de Oribe, a de Rosas c a de Lopez: Conferencia sobre a vida do Duque de Caxias.

CONGRESSOS E CONFERENCIAS

Durante as festas commemorativas do Centenário da come um ex-voto do nosso paiz. consagrando-o á invocaçãu
Independência, realizaram-se na Capital da Republica os divina, a cujo fulgor vive. desde que os portugueses de
seguintes congressos e conferencias: 1500 elevaram, na Coróa Vermelha, da Bahia Cabralia.
A 7 de Setembro, o Congresso Internacional de His­ a Cruz que lhe deu o nome. A religião catholica no
toria da America, convocado pelo Instituto Historico c Brasil, sc ainda houvesse mistér de manifestar a sua gran­
Geographico Brasileiro, sendo presidente da respectiva Com­ deza. teria tido no Congresso Eucharistico a mais formi­
missio Executiva, o Dr. B F. Ramiz Oalvão. dável demonstração, na eloquência de seus membros, na
De 20 a 30 de Agosto, o XX." Congresso Internacional força de seu esplendor, na magnificência de suas luzes
de Amcricanistas. por fim. na imponente procissão que atravessou a nossa
De 17 a 30 de Setembro. 2.° Congresso Ferro-viario cidade, acompanhada por muitos milhares de pessoas, le­
Sul Americano. vando em triumpho a Eucharistia, cujo carro era con­
A 10 de Setembro, duzido exclusivamentcpor officiaes do exercito e da ma­
dario e Superior, sob os rinha. num symbolo grandioso.Como bem justificou o
Rio de Janeiro. Presidente do Congresso, é necessário reintegrar a nossa
De 16 a 31 de Outubro, o Congresso Juridico pro­ vida nos princípios austeros da probidade christã. fazendo
movido pelo Instituto da Ordem dos Advogados Brasi­ «desapparcccr de nossa gente a obccssâo grosseira dos
leiros. sendo presidente o Dr. João M. de Carvalho Mourão. interesses do eu c o consequente menosprezo das ideali­
De 27 de Agosto a 5 de Setembro, o primeiro Con­ dades immortaes da Moral c da Patria». Agora, que assis­
gresso Brasileiro de Protecção á Infancia sob a presi- timos no mundo inteiro uma renovação espiritualista e que
dcncia do Dr. Moncorvo Filho. vae avultando no nosso paiz. sobretudo na nova geração,
De 27 de Agosto a 5 de Setembro, o Terceiro Con­ em espectáculo formoso e incisivo, o Congresso Eucha­
gresso Americano da Criança, sob a presidência do Dr. ristico tem um alto significado. Não foi um congresso
Aloysio de Castro. ecclesiastico, nem uma reunião episcopal, mas a larga as-
De 5 a 10 de Novembro, o 2.» Congresso Nacional scmbléa da nação religiosa, através de seus nomes mais
de Estradas de Rodagem, sob os auspícios do Automovcl representativos, nas letras, na scicncia. no parlamento, na
Club Brasileiro. judicatura, na imprensa, no magisterio, emfim. cm todas as
Em Setembro, o 1.» Congresso Nacional dos Práticos, manifestações do espirito nacional, erguido num frémito de
sob os auspicios da Sociedade de Medicina e Cirurgia do fí. A reunião Eucharistica é uma das nossas fôrmas de
Rio de Janeiro. expressão do sentimento christão c innumeros têm sido
O Congresso Internacional de Engenharia. os diocesanos, regionaes e nacionaes, já sc tendo realizado
2 Ç?n«rcsso Nacional de Agricultura e Pecuaria- 25 intcrnacionacs. dos quaes os mais celebres foram os
O 2.0 Congresso Americano de ExpansãoEconomica de Friburgo, de Paris, Jerusalém. Reims, Londres. Colonia.
c Ensino Commercial.
A Conferencia Internacional Algodoeira. Montreal. Vienna. Madrid c Roma. Na Allcmanha foi tão
O 1.» Congresso de Inspectores Agricolas. empolgante o Congresso que o proprio Imperador protes­
O Congresso de Chimica. tante sc julgou obrigado a mandar aos congressistas uma
O Congresso de carvão e outros attcnciosa mensagem de cumprimentos. Nos Congressos Eu-
O Congresso Internacional de febre aphtosa. charisticos de Vienna c Madrid, os soberanos compare­
O Congresso Internacional dos estudantes. ceram pessoalmcntc ás cerimonias e assembléas, nellas to­
O 1.0 Congresso Brasileiro de Pharmacia mando parte.
O l.o Congresso das Associações Commcrciacs do Brasil. No Canadá, unica região americana honrada por um
. Congresso Nacional de Operários em Fabricas Congresso Eucharistico Internacional, ao lado de cento e
de tecidos do Brasil. vinte bispos, tres mil sacerdotes e uma multidão calculada
A Conferencia Americana da Lepra. em quinhentas m il pessoas, tendo á frente o Governo Fe.
O Congresso dos Estudantes das Escolas Secudarias dcral. acompanharam a procissão pelas ruas de Montreal.
do Brasil. Entre nós, por mingua de tempo, o Congresso não poude
O 17.0 Congresso Espirita Internacional. ser internacional, o que lhe não tirou o fu lgor e o brilho,
O Congresso Regional Evangélico. pois a nação inteira, num estimulo magnifico, de fé c
O Congresso Eucharistico. edificação, exaltou-se numa prece collectiva. Num paiz. como
A começar por este ultimo, procuraremos dar nas 0 nosso, onde a religião tem sido, desde a catechese. uma
torça de organização c disciplina, que. ainda na ultima
impressSo * eral <*o nue signi- guerra, foi a primeira voz a sc levantar confortando e
animando o Espirito nacional, acontecimentos da ordem
da magna data nacional. desse grande certamen devem muito nos alegrar. Nenhum
povo f«> grande sem fé — é a lição inconteste da historia —
c a melhor das confirmações do valor da religião como
elemento disciplinador nos dá a reconciliado do Estado
CONGRESSO EUCHARISTICO leigo com a Egreja. da França e de Portugal. No Brasil,
onde a separação foi um preito da liberdade, mas não
attectou o sentimento nacional, vemos todos o espectáculo
confortador de um povo que tem crença, não fixada pelos
Com grande magestade c pompa, a Egreja Brasilei textos de lei, mas vinda do coração, onde busca as ine-
sob o alto patrocínio de D. Joaquim Arcoverde de A lt taveis energias de sua gloria e de sua grandeza. S.S. o
querque Cavalcanti, cardeal presbytero da Egreja Romat 1apa I io XI saudou c abençoou o Congresso, nestas pa­
dCDS' a ®°ni?acio * Aleixo. arcebispo d i lavras ;
Sebastião do Rio de Janeiro, e sob a presidência de
Rio* d e ° tane,? ^ arCCb,SP° da Pl' ^ l u e coadjutor , Ao dilecto lilho nosso — Joaquim Arcoverde de Al­
2!? COT f T 0rOU ° c' n<'"ario. realizando buquerque Cavalcanti. Cardeal Presbytero da Santa Igreja
I rimeiro Congresso Eucharistico, não só para agradec
as mercês e bênçãos que cobrem o Brasil, mas tambe Romana, dos Titulos dos SS. Bonifacio e Aleixo. Arce­
bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro, e aos demais

o o o o o o 334 O O O O O O
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Brasil-Reino cm face das Cortes porlugiiezas, e critica desta


Irmãos. Saudação c Benção Apostólica. manifestação pelo confro o do que era a causa do Brasil
Numa época em que pela propagação do erro e pela Portugal, por Viveiros de Castro;
avide/ das coisas terrenas, vae arrefecendo a caridade de A attitude i oca hostilidade que as Cõrtes vieram a
muitos, é realmente providencial que tenha progredido por assumir contra o Brasil, promovendo a sua recolonização e
toda a parte com novo fervor o culto do Santíssimo Sacra- ancia dos deputados brasileiros, por Balthazar da Silveira;
pelo costume introduzido dos Congressos Eudia- d Carte Constitucional de 1824, de Rego Monteiro e
risticos. Assim i ainda ha pouco nos foi dado ver Barros Wanderley; A constituinte e a influencia que sobre
rtumrem-sc uc louas as partes do mundo nesta mesma ella exerceram as constituições americana e argentina, por
cidade homens de todas as classes sociaes, abrasados no Lopes Gonçalves; A administração da Regenda, por Theo­
mesmo fogo de amor que Nosso Senhor Jesus Christo veiu doro de Magalhães; Relações entre o Estado e a Igreja,
trazer á terra e tão vehementemente desejou que nellc r.‘ f° rjnula adaptada pela Republica, por Tavares Caval-
tudo se inflamasse. Sem esforço pois comprehendereis. dilecto Os prodro do federalismo, e projectos e pro-
Filho Nosso e Veneráveis Irmãos, com que satisfação re­ puriiaos, por Agenor de Roure; O direito
cebemos a noticia de que brevemente realizareis um Con­ organização judiciaria, por Luiz Carpenter;
gresso Nacional para mais e mais promover o culto da s rconomicos do primeiro século do desco-
Sagrada Eucharistia. E. cm verdade, já sentimos que Rozo Lagõa; Prodromos da independendo
exulta o nosso coração ao ver o povo brasileiro, em cer­ \ papel do Exercito na formação automa do Brasil, por
Moreii arães; Prodromos da independenda, e papel
radas fileiras, acclamar com cnthusiasmo o Christo Rei lação da autonomia
pondo nelle a unica esperança de salvação e paz. Oxalá Muniz Barreto: A Marinha Nacional na campanha CIs-
se propaguem por toda a parte taes industrias de piedade, platina, por Souza Doria; A Marinha na guerra da paci­
pois não ha meio mais efficaz para o incremento de todas ficação interna do Brasil, por Amaral Gama; A marinha
as virtudes do que o culto da Sagrada Eucharistia, fonte brasileira na guerra do Paraguay, dc Raul Tavares; Bar-
de onde brota espontaneamente o amor das coisas eternas. rozo, Tamandare c Inhaúma, por Didio Costa; Formação
Esforçae-vos. pois. por bem realizar tão santo empren- do Exercito brasileiro, e sua evolução no século XIX,
dimento. Nós. entretanto, faremos preces a Deus para que por Nilo Vai; Formação dos limites do Brasil, por Candido
benignamente conceda os melhores resultados e os frutos G uillobel; A politica brasileira no Prata, e as missões
que desejaes. E. além das indulgências de praxe, conce­ rsprciaes, por Heitor Lyra: A abertura dos portos do
demos o privilegio de celebrar missa á meia noite, depois Brasil, ao commercio do mundo civilizado, por Teixeira
da vigilia eucharistica, como penhor dos divinos favores, de Barros: Das associações litterarias no periodo colonial.
e em testemunho de Nossa Benevolência, a vós. Dilecto por Max Flcuiss; Da influencia extrangeira em nossas lettras,
Filho Nosso e Veneráveis Irmãos, e a todos quantos assis­ por Adrien Delpech. Folklore parahybano, por Coriolano
tirem ao Congresso damos de c oração a Benção Apostó­ de Medeiros. A cultura juridica no Brasil, por Clovis Bevi­
lica. Dado em Roma. junto de S. Pedro, no dia 10 de láqua: Correntes phylosophicas, por Figueira de Almeida.
Agosto de 1922, primeiro anno do Nosso Pontificado. Além da reunião do Congresso Internacional dc Historia
da America, o Instituto Historico c Geographico organizou o
PIO X I. PAPA. Dicdonario Historico e Geographico e Ethnographico do Brasil,
dc que apparcccram a 7 de Setembro os dous primeiros
volumes da fntroducção Geral, sendo o primeiro de cerca
dc 1.800 paginas, referente ao Brasil em geral, e o se­
gundo. tratando dos Estados do Amazonas. Pará. Maranhão.
Piauhy. Ceará. Rio Grande Norte e Parahyba. com mais
de 700 paginas, sendo posteriormente publicados os vo­
lumes restantes da Introducção Geral, para o que o Qoverno
Por iniciativa do Instituto Historico e Geographico Bra­ foi autorizado por le i; promoveu a exposição de docu­
sileiro. rcunio-se nesta Capital como parte do programma mentos c livros relativos á Independência, existentes no In­
commemorativo do Centenario e sob a protecção do Go­ stituto Historico, bem como os retratos dos proceres do
verno. o Segundo Congresso Internacional de Historia da grande movimento; e publicará o volume especial da Re­
America, a que compareceram varias autoridades, sociologos vista contendo as conferendas que estão sendo pontualmente
e publicistas do mundo. realizadas sobre os primeiros factos do anno de 1822.
O objectivo principal do Congresso é a elaboração de Tomaram parte no Congresso varios de nossos histo­
uma historia completa da America, abrangendo os pri­ riadores. scientistas e escriptorcs e entre as notabilidades
mórdios da conquista e da colonização, o regimen do co­ extrangeiras citamos os Srs.: Embaixador Americano. Edwin
lonato em toda a sua complexidade, desde os episodios he­ Morgan; Professor Martinenche. Rafael Arizaga. General
roicos da expansão territorial, até as manifestações sym­ Bueno Marques, Ministro Venezuelano, Diego Carbonell. Ri­
ptomaticas do nascimento dum espirito nacional nas novas cardo Lcvennc. Encarregado da Columbia. Max G r illo :
Patrias que se formavam, culminadas na definitiva in­ Walter Hough. Charles Chandler. Maximo Sote Hall. Ri­
corporação dos novos territórios no concerto das grandes cardo Robcllo, Herman James. Mario Saens, Garcia Diaz.
e cultas potências da era moderna. Eufrasio Loza. Benito Anchorena. Enrique Loudet, Ricardo
A inauguração realizou-se no dia 8 de Setembro e LLtvene. Mariano de Vedia e Mitre, Enrique Quinarii, Al­
o encerramento a 15 do mesmo mez. K direcção dos tra­ fredo Coester. Arthur Dougth. Debcnedetti, Percy Morton.
balhos competio aos Srs. Barão de Ramiz Oalvão. presi­ Th. Pleyte. professor Le Gentil. Nicanor Burto. Jules Claire
dente ; Viveiros de Castro e Tavares de Lyra, vice-presi- c Andreu Clevccr.
dentes: Agenor de Roure. Gastão Rusch e Adrien Delpech.
secretários.
O Sr. Conde de Affonso Celso e o Sr. Max Fleiuss.
presidente e secretario geral do Instituto Historico foram CONGRESSO BRASILEIRO DE ENSINO SECUNDARIO
os primeiros promovedores da notável assembléa. Foi pre­ E SUPERIOR
sidente de honra o Exm. Sr. Presidente da Republica.
Ao Congresso foram apresentadas innumeras theses e
communicações. e dentre ellas destacam as seguintes: Des­ O Congresso Brasileiro de Ensino Secundario e Superior
cobrimento do Brasil, hespanhóes e portugueses, por Soli- se constituiu com 229 membros sob a presidência do sr.
donio Leite; Fundação de S. Paulo, por Affonso Taunay; Conde de Affonso Celso, sendo cinco as commissõcs orga­
As raças na sociedadee colonial, constituição de cada uma, nizadas para o estudo dos diversos assumptos, cada uma
por Affonso Claudio: Os franceses no Brasil, e a França com 15 membros:
Equinoxial, por Canna Brasil; Os hotiandezes no Brasil,
e " Governo de Maurício Nassau, por Tavares de Lyra; 1. » commissão (theses geraes) — Dr. Annibal Freire.
A Politica de Pombal r as relações do Brasil, por Lucio Dr. Antonio Augusto de Azevedo Sodré. D. Bertha Lutz.
de Azevedo; O papel de José Bonifácio na fndependenda. D r. Carlos de Laet. Dr. Carlos Pennafiel. Dr. Francisco
Por Pedro Calmon; Regenda trinna e una. e o papel Campos. Dr. Gastão Ruch. Dr. Godofredo Maciel, doutor
politico dc Feiió, por Eugenio Egas: A Escravidão: da Daniel Henningcr. Dr. Jonathas Serrano. Dr. José Augusto
snpprcssüo do trafico ã lei aurea, por Evaristo de Moraes; Bezerra dc Medeiros, doutor Manoel Tavares Cavalcanti.
Os precursores de Cabral sob o ponto de vista geographico, Dr. Maximino dc Araujo Maciel, Dr. Ribeiro Junqueira,
e o descobrimento do Brasil, por Gastão Ruch; Os hot- doutor Roqucttc Pinto: secretario. D r. Carlos Luiz de An­
landesrs como exploradores do sertão brasileiro, por Co­ drade Neves, sub-secretario da Escola Polytechnics do Rio
riolano de Medeiros; O Brasil Central, viagens e explorações. dc Janeiro.
Por Benedicto Propheta; Historia do Rio Paraguay, por 2. s commissão (ensino juridico) — Dr. Alfredo Gui­
• haiimaturgo de Azevedo; Historia do rio Amazonas, por marães Oliveira Lima. Dr. Annibal Freire, Dr. Cardoso
Henrique Santa Rosa; Os naturalistas viaiantes dos secutos dc Mello Netto. doutor Edgard Castro Rabello. D r. Es­
e X IX e o progresso da ethnographia indigena no meraldino Olympio de Torres Bandeira. D r. Eugenio de
Brasil, por Carlos Teschaur; Tribus indigenas extinctas nos Barros. D r. Eurico Teixeira Leite. D r. Francisco de Avellar
tempos historicos, e causa de sua extineção, de Rodolpho Figueira de Mello. Dr. João Ribeiro de Macedo Filho. Dr.
Garcia: Os grandes mercados de escravos africanos, as Jorge de Souza. D r. José Manoel de Azevedo Marques,
tribus importadas e sua distribuição regional, por Braz doutor Lindolpho Pessoa da Cruz Marques, doutor Manoel
do Amaral; A America não póde viver da sua propria Pedro Villaboim, D r. Pinto da Rocha. Dr- Sebastião Moreira
historia: a influencia franceza na confuração mineira. Dor de Azevedo; secretario. Dr. Max Fleuiss. secretario da
ledro Calmon: Manifestaç do sentimento nacional Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro.

o o o o o o 335 o o o o o o
LIVRO DF. OURO COMMFMORAT/VO DO CENTENÁRIO DA

3." commissio (ensino medico) — Dr. AuKusto Brandio. seu magistério provido pela mesma fórma observada nos
D r. Abelardo Alves de Barros, D r Alfredo Octavio de outros cursos superiores, evitando-se o provimento provi-
Andrade. D r. Augusto Cesar Vianna. D r Augusto Paulino sorio por meio de contratos, sem qualquer prova official
Soares de Souza. Dr. Bruno Lobo. Dr- Candido de Moura dc habilitação.
Campos. D r. Carlos Pinheiro Chagas. Dr Eduardo Borges N. 3. da 3.» commissâo. relatado pelo Dr. F. Esposei,
da Costa. D r. Nascimento Ourgcl. D r. Oscar Frederico de opinando que os candidatos aos cursos dc Pharmacia c odon­
Souza. D r. Paula Estcves. Dr. Victor Ferreira do Amaral, tologia devem ser obrigados ao exame de historia do Brasil.
doutor Henrique de Araújo, D r. João C. Ferreira do N. 3. da 2.'* commissâo. relatado pelo Dr. Figueira
Amaral; secretario. Dr. Bento Theodoro da Rocha, thesou- de Mello, approvando as seguintes conclusões:
rciro da Escola Polytcchnica do Rio de Janeiro. 1. » A autonomia didactica é o traço característico das
-I.-' commissio (ensino de engenharia) — Dr. José universidades modernas e do ensino superior, em geral,
Agostinho dos Reis. Dr. Américo Furtado Simas. Dr- Ar­ e constitue o regimen mais adequado para o impulsiona-
chimedes de Siqueira Gonçalves. D r. A. Cowuley Slater, mento da sciencia. facultando aos professores formular li­
D r. Epaminondas dos Santos Torres. D r Everardo Adolpho vremente os programmas e adoptar as theorias e os me­
Backcuser. Dr. Francisco Bhcring, Dr- Henrique Cesar de thodos que julgarem mais convenientes;
Oliveira Costa, doutor Julio Koeler. Dr. Luiz Osini de 2. * A autonomia didactica deve ser praticada com o
Castro. D r. Lysimacho Ferreira da Costa. Dr- Manoel An­ intuito de provocar nos estudantes a formação do pensar
tonio de Moraes Rego, D r. Mario Brito, doutor Miguel jurídico, habilitando-os não só para o provecto cumpri­
Calmon du Pin e Almeida; secretario, engenheiro João mento dos deveres da profissão, como ainda para. por
Cancio Povoas, secretario da Escola Polytechnica da Uni­ sua vez. se tornarem factores do desenvolvimento da sciencia;
versidade do Rio de Janeiro. 3. * A autonomia didactica já se acha consegrada na
5.-' commissâo (ensino secundário) — D r Carlos dc legislação brasileira c sendo, como é. condição do flo­
Laet. D r. Antenor Nascentes. Dr. Fernando Raja Gabaglia. rescimento do ensino juridico, deve ser cscrupulosamentc
Dr. Floriano de Brito. Dr. Henrique de Toledo Dodsworth. mantida pelo legislador.
D r. Honorio de Souza Silvestre. D r João de Oliveira N. 4. da 2 * commissâo. relatado pelo Dr. Eugênio
Franco. Dr. Joaquim Mafra de Laet. D r Joaquim da .Silva dc Barros. concluindo que »o ensino da theoria do pro­
Gomes, professor José Botelho Reis. Dr. José Piragibc. cesso deve preceder ao da pratica-.
professor Julio Nogueira, professor João de Camargo, doutor I . ‘ commissâo — N. 6. relatado pelo Dr. José Augusto,
Lysimacho Ferreira da Costa. Dr. Pedro Uchóa Cavalcanti; approvando um appello a todos os brasileiros c estran­
secretario. Sr. Octacilio Alvares Pereira, secretario do Col­ geiros aqui domiciliados, afim dc conjugarem os seus es­
legio Pedro II. forços no combate ao analphabetismn:
Relator dos trabalhos referentes ao ensino superior. N. 9. relatado pelo Dr Roquctte Pinto, com um ad-
Dr. Julio Afranio Peixoto: relator geral dos trabalhos re­ ditivo do D r. Freitas Valle, approvado pela commissâo.
ferentes ao ensino secundário. D r. José Philadelphio de sobre uma proposta para a representação, no Conselho
Barros Azevedo. Superior de Ensino, dos institutos equiparados aos con­
O programma dos trabalhos foi o seguinte: generes officiaes;
*1. 10. relatado pelo Dr Toledo Dodsworth. aceitando
a indicação do D r. Sussekind de Mendonça, sobre a re­
Mez de setembro: presentação da Escola Nacional dc Bcllas-Artcs no Con­
Dia 17 —- Sessão inaugural no palacio das festas da selho Superior de Ensino;
Exposição Internacional. N. 14. relatado pelo D r Freitas Vallc. resolvendo que
Dia 18 — Trabalhos das commissões no edifício da em qualquer seriaçâo dc estudos não deve ser concedido
Escola Polythechnica do Rio de Janeiro. ao candidato prestar cm uma época maior numero de
Dia 19 — Excursão ao Pão de Assucar. is 8 horas,
partindo os congressistas do edificio da Escola Polytc­ N. 15. relatado pelo D r Tavares Cavalcanti, resol­
chnica. ás 7 horas. vendo sobre as normas que devem ser adoptadas nos insti­
Trabalhos das commissões: tutos dc ensino secundários estadoacs equiparados, quer quanto
Dia 20 — Primeira sessão plena, is I I horas, no a seriaçâo. programmas. etc., quer quanto ao corpo docente
salão dc honra da Escola Polytechnica do Rio dc Janeiro. 3.* commissâo (ensino secundário) — N 17. relatado pelo
Dia 21 — Trabalhos das commissões no edificio da Dr. Gabaglia. sobre a restauração do ensino da literatura:
Escola Polytechnica do Rio de Janeiro. N. 22. com o mesmo relator, rejeitando uma indi­
Dia 22 — Segunda sessão plena, ás 14 horas, no cação do D r. Colombo de Almeida sobre a simultaneidade
mesmo local.
Dia 23 — Trabalhos das commissões no mesmo edi­ das provas cscriptas de cada disciplina.
ficio. Visita ao Collegio M ilitar do Rio dc Janeiro, ás
13 horas. Os differentes numeros do programma de trabalhos não se
Dia 25 — Terceira sessão plena, ás 14 horas, no realizaram precisamente nos dias designados, devido a ligeiro
mesmo local. retardamento na abertura do Congresso. A sessão de en­
Dia 26 — Visita ao Instituto Manguinhos. ás 9 horas, cerramento teve logar a 15 de Outubro de 1922. no Pa­
partindo todos os congressistas do edificio da Escola Poly- lacio das Festas da Exposição Internacional, sendo o dis­
tcchnica ás 8 horas. Trabalhos das commissões. curso dc abertura pronunciado pelo sr. dr Ferreira Chaves,
Dia 27 — Quarta sessão plena, ás 14 horas, no então Ministro da Justiça c Ncgocios Interiores. Segui-
mesmo local. ram-sc com a palavra o orador official prof. Annibal
Dia 28 — Visita á Faculdade de Medicina do Rio de Freire e o sr. Conde de Affonso Celso, presidente do
Janeiro, ás 10 horas, partindo todos os congressistas da Congresso.
Escola Polytechnica do Rio dc Janeiro, ás 9 1/2 horas. A cffiricncia do congresso, nas questões submettidas
Dia 29 — Quinta sessão plena, ás 14 horas, no a debate, póde ser avaliada pelo grande numero das con­
mesmo local. clusões adoptadas, que solucionaram problemas até então
Dia 30 — Trabalhos das commissões. envoltos nas mais divergentes opiniões.
Mez de outubro: Convem assignalar que, no regimen republicano, é o
Dia 2 --- Sexta c ultima sessão plena, ás 14 horas, primeiro congresso dc ensino organizado sob os auspícios
no mesmo local. do governo federal.
Dia 3 — Almoço, offcrecido aos congressistas no Hotel Os trabalhos foram dirigidos, desde o inicio, pelo
Sete de Setembro, ao meio-dia. Sessão solcmne de encerra­ conde Affonso Celso, reitor da Universidade do Rio de
mento, ás 16 horas, no palacio das festas da Exposição Janeiro, que teve a secundai-o. como secretario geral do
Internacional. congresso, o doutor J. B Paranhos da Silva, do Conselho
Superior do Ensino.
Entre as numerosas theses e parcccreres approvados A actividade do secretario geral foi enorme durante
pelo Congresso de Ensino Secundario e Superior figuram todo o período dc duração do conselho, desempenhando-se.
os que vêm abaixo relacionados, c que destacamos pela im­ assim, com applausos geraes da missão que lhe fôra con­
portância que assumem em face de nosso problema edu- fiada pelo illustre Dr. Ramiz Galvâo. presidente do Conselho-
O Dr. Paranhos da Silva organizou todo o regula­
mento do congresso, imprimindo-lhe desde logo um caracter
N. 1, da 1.» commissâo. relatado pelo D r. Freitas pratico e efficiente, pelo que os trabalhos transcorreram
Valle, resolvendo que «a União deve promover e estimular na melhor ordem.
o ensino primario, secundario c profissional em todo o
Brasil, mediante aceordos com os governos cstaduacs e
subsídios a escolas fundadas por particulares ou asso- 3.0 CONGRESSO NACIONAL DE AGRICULTURA
ciaçõcsv.
N. 14. da 5.» commissâo. relatado pelo Dr. Antenor E PECUARIA
Nascentes, resolvendo que o methodo directo no ensino
das linguas vivas não prescinde a cooperação da theoria. O 3.0 Congresso Nacional de Agricultura e Pe­
N. 1. da 3 * commissâo. relatado pelo Dr. Esposei, cuaria realizou sua sessão de abertura a 24 de Setembro,
resolvendo sobre uma memória do cirurgião dentista Ar- no Palacio das Festas da Exposição Internacional.
gcmiro Pinto, que é inconveniente a desannexação do curso Enviaram representantes os governos de todos os Es­
de odontologia da Faculdade de Medicina e que o re­ tados. do Districto Federal c do te rritorio do Acre. som-
ferido curso deve ser ampliado e posto dc accordo com mando 68 municípios e 107 sociedades agricolas, commcr-
> estado actual da sciencia < i odontologica. sendo ciacs. industriacs e bancarias, sendo superior a mil o nu-

O O O O O 336 o o o o o o
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IN DEPENDENC/A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

mero de adhesôcs recebidas, c montamh Argemiro de Oliveira. Ccsar Dalbrieux. Charles Conreurs.
as memórias submettidas ao exame do
As commissôcs espcciaes do congre __ ___ _ Epaminondas Alves de Souza. Henrique Freitas. Jorge de Sá
formadas: Earp. José Mariano de Campos. Moacyr Alves de Souza.
1 ' secção (café c cacáo) — Srs Augusfo Ramos. Bento Octavio Dupont. Onofre Wcrnack Genofre. Paulo Par­
reiras Horta, Rouget Peres e Taylor Ribeiro de Mello.
de Abreu Sampaio Vidal, conde Ciciliano. Creso Braga, I I a secção (ensino agricola, zootechnico e veterinario)
Christiano Hamam. Custodio Souza Pinto. Edmundo Na­ ; Srs. A. Monleiro de Souza. A. Carneiro Leão. Ame­
varro de Andrade. Ervidio de Souza Velho. Francisco de ricano do Brasil. Artidonio Pamplona. Arthur Duprat. Ben-
Paula Rodrigues Alves. Francisco Leite Alves Costa. Fran­ jamin Hunnicutt. Cassiano Gomes. Creso Braga. Egydio
cisco Xavier de Paiva. Filogonio Peixoto. Hannibal Porto. Hervé. Francisco Tito de Souza Reis. Gilberto Amado, Her-
J. Arthaud Berthct. Joâo Mangabeira. José Monteiro Ri­ mcnegildo Britto Firmeza. F. Feliciano da Rocha. João
beiro Junqueira. José Oomes Pinheiro Junior. José Rezende Simplicio. Luiz Silveira. Manoel Silvino Monjardim. Mar-
da Silva. José Coelho Messeder. Luiz A. Pinto. Lconcio ccllino Rodrigues Machado. Maurício de Medeiros. Paulo
(lalráo. Seraphim Leme da Silva. S. de Morcorve e Victor Parreiras Horta. Sergio de Carvalho. Verissimo de Mello
e Victor Leivas.
2. » secção (canna de assucar e industria assucarcira) 12a secção (associações, credito) — Senhores Adolpho
Srs. Arruda Beltrão. Arthur Nogueira. Antonio Pestana. Konder. Arthur Obino. Aristoteles Barbosa. Carlos de M i­
Apollonio Peres. Francisco Mario Azarrat. Geraldo Vianna. randa Jordão. Carlos Correia. Domingos Sergio de Car­
Gonçalo Rollcmberg. Guido Maestrello. José da Rocha Ca­ valho. Evaristo Teixeira do Amaral. Euzebio de Andrade.
valcanti. J. Vasconcellos. Luiz Correia de Britto. Luiz Gua­ Eduardo da Fonseca Coching. Egydio Hervé. Fernando
raná. Miguel Calmou. Raymundo Fernandes e Silva e Rav- de Barros Franco. Gustavo Lebon Regis. Henrique Eboli,
mundo de Magalhães. Ildefonso Simões Lopes. João Cabral. João Lyra Tavares.
3. » secção (borracha, herva-matte) — Senhores AntonioJosé Maria Whitacker. José Maria Magalhães de Almeida.
Ferrari. Alberto Moreira Junior. Ascendino Cunha. Af- Joaquim Luiz Ozorio. Jeronymo Monteiro. Luiz Bartho-
fonso Camargo. Alberto Moraes Aguiar. Bento de Miranda. lomcti de Souza c Silva. Octavio Carneiro. Placido de
Bruno Lobo. David Carneiro. Dyonisio Bentes. Geminiano Mello. Sylvio Penteado. Tavares Cavalcanti. Thomaz Pompeu
Lyra Castro. Honorio Alves das Neves. Hannibal Porto. c Pinto Accioly.
Joaquim Carneiro da Motta, João Celestino. João Gui­ 13a secção (fabricação do álcool industrial, industria do
lherme Guimarães. Jayma Ballão. Justo Chermont. Luiz frio. industria da fecula, panificação) — Srs. Antonio Padua
Bartholomeu. Lindolpho Pessoa. Miguel Calmon. Mendes de Rezende. Alfredo de Andrade. Arthur Neiva. Bernardo
Gonçalves. Raymundo Montenegro e Romário Martins. M orclli. Carlos Leoncio Magalhães. Carlos Botelho. H.
A* secção (cercacs c grãos legumiferos. mandioca, ba­ Kronenber. José Gomes de Faria. J. Sanchez Gongora.
tatas e outros tuberculo!, c raizes tuberosas) — Srs. Antonio . Motta Vasconcellos. Gomes Carmo. J. Simão da Costa.
Pacheco Leão. Aristides Caire. Alexandre Monteiro Patto. Íuiz Goaraná. Miguel Calmon. Menezes Sobrinho e So­
Benjamin Hunnicutt. conde S. Mamede. Cesar Augusto Pa­ crates Bittencourt.
litares. Francisco Dias Martins. Generaldo Machado. Hcrme- 14a secção (tarifas aduaneiras, convénios commerciaes.
ncgildo Britto Firmeza, Joâo Baptista de Camargo. José serviço de previsões ou estimativa da producção e de in­
Fonsecca Ferreira. José Alvarenga Co;ta. Jacintho de Mattos. formações. exposições e feiras, assumptos que interessam á
Luiz Gomes de Freitas. Lourival Sobral. Miguel Guedes propriedade territorial e á legislação rural, trabalhadores
Nogueira c Stephan Morcow. ruraes. pontos c estradas de rodagem, legislação social,
5 a secção (sementes e fruetos oleaginosos: coco. cas­ fretes maritimos e terrestres) — Srs. Alberto Maranhão.
tanha. fruetas. hortaliças, flores, plantas medicinaes e in- Afranio de Mello Franco. Affonso Vizeu. Affonso Ban­
dustriaes. florcstaes e madeiras, fibras) — D. Alda Pereira deira de Mello. Camillo Prates. Carlos Maximiliano Pe­
da Fonseca e Srs. Alfredo Antonio de Andrade. Antonio reira de Souza. Carlos Barbosa Gonçalves. Chysanto Freire
Arruda Camara. Diogenes Caldas. Edmundo Navarro de de Britto. Domingos Mascarenhas. Dulphe Pinheiro Ma­
Andrade. Enéas Calandrini Pinheiro. Eurico Santos. Fer­ chado. Elyzeu Guilherme da Silva. Francisco da Cunha
nando Barros Franco. Franklin Viegas. Ildefonso Dutra. Machado, Georgino Avelino. Heitor Beltrão. Ivo Arruda.
João Baptista de Castro. Joâo A. Rodrigues Caldas. José José Gomes Pinheiro Junior. José Euzebio de Carvalho
Ravnal. Julio Eduardo Silva Araujo. J. Simões da Costa. Oliveira. José G. Lemos Britto. José Luiz Sayão de Bulhões
Luiz F. Sampaio Vianna. Pio Dutra. Plinio Costa. Paulo Carvalho. José Carlos de Carvalho. José Mattoso Sampaio
Ferreira de Souza, Raul Serra c Trajano de Medeiros. Correia. Juvenal Lamartine de Faria. Léo de Affonseca.
b.-> secção (mccanocultura. machinas agrícolas, irrigação, Olcgario Pinto. Olyntho de Magalhães. Oscar Soares. Pedro
adubação. estações experimentaes. selecçâo das sementes, me­ da Costa Rego e Theodureto Nascimento.
teorologia agricola, defesa agricola' - Srs. Arthur Torres Ser-nos-ia impossível, no curto espaço de que dis­
Filho. Ascendino Cunha. Angelo Moreira da Costa Lima. pomos. dar um resumo que fosse das preciosas conclusões
Alberto Pimenta. Benedicto Raymundo da Silva. Carlos votadas por este Congresso. Basta accentuarmos o caracter
Botelho. Carlos Moreira. Egydio Hervé. Eloy de Souza. de patente utilidade e efficacia de que se revestiram os
Flavio Ribeiro de Castro. Francisco Iglesias. Francisco Dias seus trabalhos.
Martins. Garibaldi Dantas. José Waltze. João Thomé de No conceituoso discurso com que declarou iniciados
Saboya e Silva. Joâo Vieira de Oliveira. Juvenal Lamar­ os trabalhos do 3» Congresso, o D r. Pires do Rio. ti­
tine de Faria. J. Arthaud Berthet. Leon F. Clerot. La­ tular interino da pasta da agricultura naquella época,
fayette Rodrigues Pereira. Raphael Duarte. Sampaio Ferraz abordou os problemas esscnciaes da nossa economia e da
e T R. Day. nossa legislação industrial, emittindo as mais fundamen­
7.a secção (a pecuaria no Brasil, forragens, bovinos, tadas opiniões sobre os problemas que constituem a base
equinos, muares e asininos) — Senhores Arthur do Rego
Lins. Annibal de Toledo. Alfredo Gonçalves Moreira. Al­ Descrevendo a nossa situação actual e a caracterís­
cides de Miranda. Astrogildo Machado. Alaor Prata. An­ tica economica do Brasil, teve S. Ex. a seguinte expressão:
tonio Pacheco Leão. conde de S. Mamede. Carlos Botelho. «Emquanto reduzida for a nossa exportação de mi-
Carlos Leoncio de Magalhães. Carlos Oarcia. Carlos Correia. neraes. effeito de condições geológicas e geographicas, e
Caldeire Junior, Domingos Mascarcnhas, Fernando Ruffier, for elevado o custo de nossa producção fabril, effeito do
Felisberto Freire. Fidelis Reis. Henrique Silva. Julio Cesar trabalho caro da machina importada, que está longe de
Luttcrbach. Joaquim Augusto de Assumpção. Joaquim Luiz s6 se mover com electricidade e depende ainda do carvão,
Ozorio. Jorge Epitz. Justianiano Simões Lopes. Léo ds- do petroleo ou da gazolina. o Brasil, tal como acontece
teves. Landulpho Alves de Almeida. Mario Maldonado. Manoel a todos os outros paizes. que não a Inglateerra. a Alle-
Luiz Ozorio. Nabuco de Gouveia. Paulo de Moraes Barros. ntanha, a Belgica, a França e. na America, os Estados
Paulino Cavalcanti. Regulo Valderato e Theophilo Barreto. llnidos. tem a base da sua riqueza na agricultura prin­
8.* secção (ovinos, caprinos, suínos, avicultura, api­ cipalmente». — confirmando, assim, com solidos funda­
cultura e sericicultura) — Srs. Benjamin Hunnicutt. Carlos mentos technicos, a decantada e tradicional verdade do
Lconcio Magalhães. Christino Cruz. Donato de Andrade. paiz essencialmente agricola», tão descurada, até ha bem
Emilio Schenk. Feliciano de Moraes. Gomes Carmo. Julio pouco tempo.
Cesar Lutterbach. João Baptista de Castro. Juvenal Lamar­ Por outro lado. attendendo a nossa situação economica
tine. Luiz Pinheiro. Miguel Calmon Vianna. Manoel Mendes. no futuro, o Dr. Pires do Rio accrescentou: «Como a
Octavio Silva Jorge. Paschoal de Moraes. Paulino Caval­ grande maioria das nações contemporaneas, o Brasil é um
canti e Plinio Costa.
secção (leites derivados, carnes, banhas, couros e nestes quarenta annos de uma constante politica proteccio-
pcTles e sub-productos da industria pastoril) — D. Beatriz nista tem obtido resultado cada vez mais animador, ao
Gonçalves Ferreira e os Srs. Antonio Padua de Rezende. passo que as applicações elcctro-tcchnicas lhe permittem
Antonio Pinto Rezende. Aleixo de Vasconcellos. Antonio esperar o advento de uma relativa igualdade de condições
Ozorio de Almeida. Alpheu Braga. Alberto Diniz Jun­ na lucta mundial, quando os paizes ricos de energia hy­
queira. A. F. da Costa Junior. Carlos Maria da Motta draulica tiverem vantagens comparáveis ás que hoje têm
Rezende. Carlos Botelho. Fidelis de Andrade. Oermano Cour- os ricos de jazidas de bom combustível, matéria prima de
rege, Joaquim de Lima Pires. Jorge Sá Earp. José Mon­ maior valor na fabricação das machinas motoras e ope-
teiro Ribeiro Junqueira, João Evangelista de Campos. Julio
de Souza Meirelles. Leopoldo Plant, Pedro Breda. Rodolpho Em seguida, o Sr. ministro da viação e também da
F. Lahmeyer. Raul Leite. Salvio Azevedo. Socrates Abreu agricultura assignalou o facto notável de sermos um dos
e Thelio de Moraes. paizes mais adiantados e cultos da zona tropical em que
10» secção (medicina veterinaria) — Senhores Armando nos encontramos, rendendo preito á nossa legislação li­
Alves da Rocha. Américo de Souza Braga. Arthur Moses. beral. que jámais foi tropeço para qualquer progresso

O O O O O 337 o o o o o o
L/VKtO DE OURO COMME MORATfVO DO CENTENARIO DA

moral do adiantamento material, e ás tres racas que França Representante official do governo francez,
com poem a massa geral e trabalhadora da população que M r. Victor Cayla: Syndicat Général de I'lndustrie Co-
desbravou, defendeu, colonizou e ergueu o paiz á situação tonnicre Française. M r. Camille Lion.
actual em que «nenhum outro povo nessa região vastíssima Japão Delegado official do governo japonez: Dr.
(zona-tropical) logrou melhor constituição política nem mais Akira Manabe: Japan Cotton Spinners Association. Sr. J.
vigorosa economia social». Iwaki. .
No substancioso discurso a que alludimos. o Dr. I ires Allcmanha Representantes officiaes do governo al-
do Rio mostrou que. longe de se dever á indolência, provem lemão: Sr. Q. Plehn. D r. Menshausen e Sr. Oscar G. Mors;
de factores naturacs o atrazo relativo dos nossos processos Bremer Baumweliboersce. Sr. W. Krenke.
agricolas, mostrando que só cm 1842 se gcncrali/ou nos China — Representante official do governo da China:
Estados Unidos o uso do arado singelo c só cm 1870 o Sr. Toung Dckien. .
do arado mecânico. S. Ex. assignala o augmento da im­ Uruguay Representante official do governo uruguayo:
portação de machinas agricolas, alludiu aos esforços do Sr. Dionisio Ramos Montero.
governo fomentando dircctamcntc a riqueza nacional pelos Chile — Representante official do governo chileno ■
diversos departamentos do Ministerio da Agrcultiira. louvou D r. Guilherme Medina Labra.
a acção do Dr. Simões Lopes nessa pasta e defendeu o Venezuela Representante official do governo da Ve­
protcccionismo agrario que permitte o surto das industrias nezuela Sr. Diego Carboncll.
da canna de assucar e do algodão. «No extremo sul. essa Guatemala Representante o ffida l do governo da
politica de protecção á industria nacional reservou para Guatemala D r. Carlos Augusto Faller.
o xarque e outros productos da pecuaria um grande mer­ Cuba — Representante official do governo cubano :
cado que consome tres quartos da producçâo rio-gran- D r. Enrique Peres Cisneros.
Perii — Delegados officiacs do governo do Peril: Drs.
«Na defesa do mercado de café. accrcsccntou o ministro, Othon Leonardos Junior e Antonio A. de Araujo Franco.
impropriamente chamada de valorização, acaba de dar o Paraguay — Representante official do governo para-
governo, repetindo com decisão o que duas vezes se fi­ guayo; Dr. Modesto Guggiari: Banco Agricola del Paraguay:
zera. com excellente resultado, uma prova de patriotismo Dr. Modesto Guggiari.
e de intclligcncia administrativa, que considero o acto de Belgica — Delegado da Association Cotonnicre Beige:
maior bencmerancia do actual chefe do Estado, a cujo conde Adrien van der Burch: industria algodoeira da Bel­
espirito superior se impoz uma acção de defesa contra o gica conde Adrien Van dcr Burch.
aviltamento dos preços do café. facilitado pela quéda do Portugal — Representante official do governo por-
cambio, baixa que attingiu todos os paizes cuja expor­ tuguez Sr. Henrique Taveira; delegado da Associação In­
tação tinha crescido com a guerra e se reduzira com a dustrial Portugucza: Sr. Henrique Taveira; Camara do
paz. precisamente o contrario do que se deu com as im­ Commercio Portugucza; Dr. A. A. Lisboa de Lima, e In­
portações». stituto Superior de Agronomia: D r. D. A. Tavares da
Continuando a tratar da acção do governo na eco­ Silva.
nomia nacional. S. Ex. referiu-se á defesa permanente do Italia - Delegado da Associazionc Cotoniera Italiana:
café. á crcaçâo da carteira de redesconto, ao resurgimento Sr. Dino Crespi.
da Caixa de Conversão, «factos de politica economica e Todos os Estados brasileiros sc fizeram representar offi-
financeira por si bastantes para evidenciar a boa von­ cialmente. assim como innumeras agremiações e Institutos
tade. a clarividência e o patriotismo com que o governo industriaes. commerciacs c de ensino de nossa terra.
acode ás necessidades da agricultura, cujos interesses, como As commissões ficaram organizadas pela forma seguinte;
sabeis, formam alicerces e paredes mestras do edificio eco­ 1. * secção Comprehendendo as partes do pro­
n o m ic da nossa sociedade». gramma I.» — O olgadão no Brasil. Inquérito geral
O Dr. Pires do Rio terminou o seu magnifico e sobre a sua cultura nos diversos Estados c no estrangeiro,
meditado discurso mostrando a importância e a grandeza c 2.» — Aperfeiçoamento da cultura do algodão no Brasil.
da producçâo agrícola para a vida nacional. Arno Pearsc. presidente; Ascendino Cunha, vice-presi­
dente: Thomaz Coelho Filho. I o secretario: Garibaldi
Dantas. 2." secretario: doutor Emilio Castello. Trajano de
Medeiros. Eduardo Qreen. Carlos de Miranda. Octavio
Carneiro. João Mauricio de Medeiros, loungbloo. H. Ro­
CONFERENCIA IN TERNACIONAL ALGODOEIRA berts Thomas. Cecil Hilton. Domingos Sampaio Ferraz.
Fidelis Reis. Oscar G. Moris. Julião Ribeiro de Castro.
Gratulino Mello. Manavc. Victor Cayla. Toung Dekien. Gui-
A 15 de Outubro de 1022. no salão nobre da Asso­ Ihcim t Medina. José da Rocha Cavalcanti c T . R. Day.
ciação dos Empregados no Commercio do Rio de Janeiro, 2. » secção — Abrangendo a parte 3.» — Doenças e
com a presença dos srs. Presidente da Republica, ministros pragas do algodão. Serviço de defesa:
d’ Estado. senadores, deputados e altas autoridades da Re­ Carlos Moreira, presidente; A. C. da Costa Lima, vice-
publica. realizou-se a sessão inaugural da Conferencia In­ prcsidente : Eugenio Rangel. I." secretario : Francisco
ternacional Algodoeira, promovida pela Sociedade Nacional Iglcsias. '!.•< secretario: Carlos Botelho. Faustino Silvella.
de Agricultura. Sergio de Carvalho. Em ilio Castelo. William Wilson Coelho
Foi um emprehendimento da mais alta relevanda para de Souza. Antonio Pacheco Leão. Luiz Azevedo Marques.
o nosso paiz esse que aquella sociedade resolveu incluir Feliciano da Rocha e Diogenes Caldas.
entre os que levou a effcito para maior brilho da com- 3. » secção — Comprehendendo as partes:
moração do centenário da nossa independencia. algodão do nordeste, e 5.r “Beneficiamento
*' do algodão
Foram os seguintes os representantes estrangeiros junto e dos seus sub-productos:
á Conferencia Internacional Algodoeira: Juvenal Lamartine, presidente: P. W . Kroenchc. vice-
prcsidente : Antonio Guerra. !.*> secretario: Djalma Eloy
Inglaterra — Delegado official do governo inglez. Mr. Hees. 2.» secretario: Bcrtino de Carvalho. Trajano de Me­
Henbloch: representante da International Federation of deiros. Edward Green. Arno Pearsc. Sampaio Correia. Cecil
Master Cotton Spinner’s and Manufacturer’s Associatins Mr. Hilton. F. Holroyd. Domingos Gonçalves. Oscar Piquet.
F. Holroyd. vice-prcsidente e M r. Arno Pcarse; The English Alfredo de Andrade. Alcides Franco. J. E. Storey. H . Arckcl.
Master Cotton Spinner’s and Manufacturer’s Associations Mr. H. Kroncmbcrg. Brandão Cavalcanti. F loro Bartholomeu
F. Holroyd. presidente; M r. J. M. Thomas; The Liverpool da Costa e Luiz de Brito Passos.
Cotton Association; Mr. J. E. C legg; The Manchester 4« secção — Abrangendo a parte (>•' — Intensificação
Cotton Association. M r. Arthur M orris; The Cotton Spin­ da cultura do algodão. Serviço federal do algodão:
ner’s (V Manufacturer’s Association de Manchester M r. Henry William W ilson Coelho de Souza, presidente: J. M.
Roberts: Oldham Cotton Spinner’ s Association. Mr. Cedi Thomaz. vice-prcsidente; Roberto Rodrigues. l.° secretario;
H ilto n : The Testile Institute de Manchester. M r. Mark H eitor Tavares. 2.» secretario; Geraldo Vianna. Daniel
Button; Morris & Wilson, de Manchester; M r. Morr Al­ Moura. Sampaio Vidal, Carlos Miranda, José Augusto. Jose
brecht f t Co., de Liverpool. M r. E. Leonard; Williams Freire Bento de Miranda. Plinio Marques. Justo de Oliveira.
Palmer & Co.. M r. J. Palmer. João Seixas c T . R. Day.
Estados Unidos — Representantes do governo ame­ 5.1 secção — Comprehendendo a 7.» parte — Classi­
ricano — Dr. Joungblood c M r. Irving Bullard: New York ficação do algodão e formação dos typos commerciacs da
Cotton Exchange. M r. Thomaz Hale e Mr. Tressler: Asso­ fibra c scus sub-productos. Commercio do algodão:
ciação de Banqueiros Americanos, M r. W. Irving Bullard; T. H. Clegg, presidente: A. Moris, vice-presidente:
The National Association of Cotton Manufacturer’s. Boston. J. M Fernandes. l.« secretario; Arthur V. Filho. 2.° se­
M r. M. C. Maccrve. c Mr. Donald Tressler. cretario: Luiz Guimarães. Edward Green. Eloy de Souza.
Suissa — Representantes offidacs do governo suisso: D. Modesto Guggiari. Araujo Franco. H eitor Tavares. Tra­
M r. Albert Gcrstch e Sr. Jacques Muller Merian: Asso­ jano V. Medeiros. Carlos Raulino. Gustavo Joppcrt. Felix
ciação Suissa de Tecelões: M r. Albert Gertsch. Guisard. Mark Sutton. Ildefonso Dutra. Frank Albrecht.
Hespanha — Representantes officiacs do governo he9- E. Leonard. José C. Messeder. W. Irw ing Bullard. An­
panhol — Sr. A. Benito c D r. Carlos Miranda: The Inter­ tonio Vieira Pereira. Oscar Thompson. Mario Azevedo.
national Cotton Master Spinner's Association, isecção hes- Abelardo Marques. Ricardo Ropal, Alberto Souza da Silva,
panhola). A. Benitez; Camara de Commercio Hespanhola. Raul Antonio da Rocha. A. Brendechc e Henrique Ebole.
Sr. Faustino Silvela: Associação Algodoeira de Barcelona. 6.» secção - Comprehendendo a parte 8.* — As fa­
A. Benitez e Dr. Carlos Miranda. bricas de fiação c tecelagem e o consumo interno do al­
Hollanda — Representante official do governo hol- godão. Exportação de tecidos:
landez. M r. H. Pleyte. Tood Holroy. presidente: P. A. Robert, vice-presi-

O O O O O O 338 O O O O O O
IN D E P E N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

dente; J. Costa Pinto. 1.® secretario; Carlos Galiez. 2.® se­ desenvolvimento da producçâo algodoeira no Brasil, doenças
cretario; I. Iwaki. Jorge Street. Henrique Taveira. Jacques e pragas do algodão, selecçâo. beneficiamento. classifi­
Muller Mark Sutton. Rodolpho Crespi. José Elias Correia cação. enfardaincnto, transporte, direitos fiscaes, commercio
Pacheco. Oeraldo Vianna. H. Irving Bullard. D. K. Tressler. intcrestadoal e internacional desse producto e dos seus
A. J. Pinto Osorio. Carvalho de Brito, Luiz Correia de derivados: industria de fiação c tecelagem, estabelecimentos
Brito e Lemos Brito. de credito, cooperativas c bolsas de algodão; examinando,
7.“ seccâo — Abrangendo as partes 9.' — Defesa eco­ finalmente, sob os mais variados aspectos, o problema da
nomics do algodão, e 10* — Exportação do algodão c producçâo e do commercio do algodão.
dos seus sub-productos. Impostos e fretes; Numerosas conclusões de inestimável valor, discutidas
João Thomé Saboya c Silva, presidente; Raphael Fer­ c votadas pelas commissôes. subiram depois ao plenario,
nandes. vice-presidente; Fidelis Reis. I.® secretario; C. Mors. onde. novamente submettidas á discussão e votação, foram
2.» secretario: Hannibal Porto. Carlos Jordão. Ruy Nunes approvadas com pequenas modificações algumas, e sem mo-
da Rocha. Othon Leonardos. Edmundo Monte. Jacques
Muller. Bento Dias Pereira. Jose Freire. Osorio de Al­ Realizaram-se tres sessões plenas, em cada uma das
meida. Lourival Souto. Henrique Couto Fernandes. Faus- quaes reinou, da parte de todos os conferencistas, o maior
tino Silvell. Sampaio Ferraz. Augusto Ramos, Heitor Beltrão. interesse pela adopção de medidas proficuas relativamente
Affonso Vizeu. Miguel Calmon. Asccndino Cunha, João ao motivo da conferencia.
Soares Brandão. Toung Deken. William Kronke, Luiz Gui­ Não ha negar; a Conferencia Internacional Algodoeira,
marães. Alvaro Teixeira. H. Drendeche. João Celestino e que hoje encerra os seus trabalhos, conseguiu o mais feliz
Victor Kondcr. exito, graças ao reconhecido valor dos conferencistas es­
Na primeira sessão plenaria da Conferencia, que foi trangeiros e nacionaes. que lhe trouxeram o concurso das
muito concorrida, foram votadas, após uma longa discussão,
dez conclusões formuladas pela 1.® commissão da confe­ E. decerto, a demonstração pratica dessa verdade não
rencia. a que fôra commettido o estudo das questões atti­ tardará».
nentes ao aperfeiçoamento da cultura do algodoeiro nos Falaram após varios oradores.
diversos Estados do Brasil e no estrangeiro, tomando parte Commettimento de extraordinaria relevanda, dada a
saliente no debate os Srs. Fred. Holroyd, Irving Bullard. posição excepcional em que o Brasil se collocou como pro­
Thomas. Arno Pearse. Miguel Calmon. Jorge Street, Simão ductor de algodão, materia prima de consumo crescente
da Costa. Robert Schaclders, Domingos Sampaio Ferraz em todo o mundo, a conferenda teve uma larga reper­
c Osorio de Almeida. cussão cm todo o paiz e no estrangeiro, de onde nos
Culminou a disposição na parte referente ao voto, vein a collaboraçâo valiosa de 20 nações produetoras e
pelo qual se propunha que tendo em vista a escassez consumidoras desse artigo, inclusive, dentre estas, os Es­
mundial do algodão, que tende a perdurar ou augmentjr, tados Unidos, que pela primeira vez tomaram parte em
deveria a conferencia, com representantes de vinte nações, um certamen dessa natureza, que ha-de se tornar memo­
exprimir a opinião unanime de que todos os paizes do rável pela proficuidadc dos seus resultados.
mundo, que possuírem as condições essenciaes á cultura do
algodão, deverão empregar todos os meios ao seu alcance
para iniciar e desenvolver essa lavoura, estando certos de
que será muito remuneradora. A esse voto. por proposta 1.® CONGRESSO DE ASSOCIAÇÕES COMMERCIAES DO
do Sr. Jorge Street, foi dado um complemento em fôrma BRASIL
de conclusão, assim concebido;
«A conferencia julga que o Brasil, que j A produz todo
o algodão requerido pelas suas necessidades, deve prepa­
rar-se para tomar posição nos grandes mercados compra­ Inaugurou este Congresso seus trabalhos a 16 de Ou­
dores do mundo, tornando-se seu fornecedor constante e tubro do anno do centenario, na séde da Federação das
Associações Commcrciaes do Brasil.
Encerrou-se a Conferencia Algodoeira a 20 de Ou­ Entre outras, fizeram-se representar no congresso as
tubro, no salão nobre da Associação dos Empregados no Associações Commerciaes das seguintes localidades brasi-
Commercio.
Transcrevemos a seguir o rclatorio dos trabalhos lido De Ijuhy, pelo Sr. Seraphim Valandro: de Cachoeira,
pelo sr. Emilio Castellp nessa seccâo de encerramento: pelo Sr. Affonso Viner; de Jaguarão. pelo D r. Carlos Bar­
cA Conferencia Internacional Algodoeira foi instalada bosa. de S. João Nepomuceno. pelo Sr. Jacob Renner;
jo dia 15 do corrente, e trabalhou até a presente data. de Jaguarão. pelo Dr. Carlos Barbosa Gonçalves; de S.
Durante seis dias de labor intenso, foram ventiladas Gabriel, pelo Sr. Lauro Monteiro; de Carasinho. pelo Sr.
as mais palpitantes questões a respeito do algodão c dos Antonio Xavier; de Passo-Fundo, pelo Sr. Seraphim Va­
seus sub-productos. landro; de S. Borja. pelo D r. Heitor Beltrão; de Porto
Vinte nações estrangeiras deram-nos a honra de se Alegre, pelo Sr. Aristóteles Barbosa; de Santa Maria, pelo
fazer representar na conferencia; Inglaterra. Belgica. Suissa. Sr. Mario Petreci: de Rio Grande, pelo D r. James Darcy;
Allcmanha. Hollanda. Italia, Estados Unidos da America dc Pelotas, pelo Sr. Affonso Vizeu; de Florianópolis, pelo
do Norte. Mexico. Chile. Uruguay. Venezuela. Guatemala. Dr. Adolpho Konder; de Joinville, pelo Sr. Augusto Fa-
Cuba. Perii, Paraguay. Japão e China. voret; de Blumenau, pelo deputado Celso Bayma; de Co-
Distinguiram-nos também com a sua valiosa collaho- ritiba. pelo senhor Joaquim Guilherme G u im a rã esd e Co­
raçâo eminentes delegados e instituições. associaç>s, firmas rumbá (Goyaz). pelo Sr. F. Bulcão: de Corumbá (Matto
commcrciaes estrangeiras, de alto renome, interessados no Grosso), pelo Sr. Ivo Arruda; dc Cuyabá (Matto Grosso)
problema algodoeiro, taes como; The International Fede­ pelo Sr. Affonso Vizeu; dc Santos, pelo Sr. Affonso Vizeu;
ration o f Master Cotton Spinner’s an M anufacturers As­ de Casa Branca, pelo Sr. F. Bulcão: de Nictheroy. pelo
sociation. The Liverpool Cotton Association. English Fe­ Sr. Jonathas Botelho; de Campos, pelo Dr. Luiz Guaraná:
deration o f Master Cotton Spinner’s Association Ltd.. Im­ de Padua, pelo Dr. Luiz Guanará; de Friburgo. pelo Sr.
perial Institute London. Bolsa de Algodão de Liverpool. Antonio Amclio; de Macahé. pelo D r. Alvaro Maia; de
Bolsa do Algodão de Manchester. Manchester Cotton As­ Minas Geraes. pelo D r. Sampaio C orreia: de Januaria,
sociation, The Cotton Spiners & Manufacturers Association- pelos Srs. Afranio de Mello Franco e Camillo Prates;
Manchester. Associação Industrial Portugueza. Associação de Juiz de Fóra. pelo Sr. Affonso Vizeu: de Itabuna.
Commercial de Lisboa. Industria Algodoeira da Belgica. pelo D r. João Mangabeira; de S. Salvador (Bahia), pelos
Camara de Commercio da Hespanha. Instituto Internacional Srs José Coelho Messedor e Filogonio Peixoto; de llhcos.
de Agricultura de Roma. Associação Algodoeira de Bar­ Associação Commercial do Rio de Janeiro: de Aracaju,
celona. Association Cotonnière Beige. Associação Suissa de pelo coronel Francisco Andrade Mello e pelo Sr. Ma­
Tecelles. Syndicát General de I’ lndustric Cotonière Fran- ximino José C. Pinheiro; de Jaraguá. pelo Sr. José Duque
Caise. Museu Agricola da Sociedade Rural Argentina. Ca­ de Amorim; dc Recife, pelo Sr. Affonso Vizeu; de Mos-
mara de Commercio Portugueza. Bremen Beumwollboerse. soró. pelo Sr. Antonio Bandeira do Monte Rocha; dc
The International Cotton Marter’s Spinner’s Federation Camocim. pelo D r. Espiridião de Carvalho; de Crathéos.
(seccâo hespanhola), Associazione Cotonière Italiana. Asso­ pelo D r. Heitor Beltrão; de Sobral, pelos senhores Drs.
ciação dos Fiadores e Manufactureiros da Suécia. Instituto João Thomé e Francisco Sá; de Parnahyba. pelo D r. João
Superior de Agronomia de Lisboa. Norwcigian Cotton Mills Cabral. dc Therezina. pelo Dr. João Cabral; de Ama­
Associations. The Japan Cotton Spinner’s Associat'on. Indian rante pelo Dr. João Cabral; de Floriano. pelo Dr. João
Central Committee. New York Cotton Exchange. Associação Cabral; do Maranhão (S. Luiz), pelo D r. Milton Cruz:
Commercial de Banqueiros Americanos. Banco Agricula del dc Picos, pelo deputado Magalhães Almeida; de Caxias,
Paraguay e The National Association of Cotton Manufa­ pelo deputado Marcellino Machado: de Belem, pelo Dr.
cturer’s Boston. Hannibal Porto; de Óbidos, pelo Dr. Dionysio Bentes:
Representantes dos Estados do Brasil, de 71 insti­ dc Manáos. pelo coronel Francisco Carneiro da Motta;
tuições, sociedades agricolas c industriaes. emprezas de de Taquaritinga. pela Associação Commercial do Rio de
fiação e tecelagem, companhias de transporte, estabeleci­ Janeiro; de Tieté. pela Associação Commercial do Rio de
mentos de credito; commerciantes. agricultores e industriaes Janeiro, de S. Paulo. Capetininga. Lages e Taubaté.
dos mais importantes centros de lavoura, commercio e in­ Entre as numerosas conclusões approvadas encontram-se
dustria do algodão no paiz trouxeram i conferencia o as que abaixo mencionamos;
«Impostos interestadoaes — O Congresso exprime o
seu apreciavel concurso. voto de que. cm futuro breve, estejam extinctos quacsquer
Funccionaram sete commissõcs. que em demoradas impostos interestadoaes, que constituem o mais perigoso
reuniões diarias se dedicaram, com o mais vivo empenho, entreve á livre circulação commercial em todo o paiz.
ao estudo de assumptos de maior relevância, acerca do

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LIVRO D t OURO COMME MORATIV O DO CENTENARIO DA

são susceptíveis de determinar represálias nos orçamentos os auspícios da Federação das Associações Commerciaes do
dos Estados — attentatorias ou prohibitivas do desenvol­ Brasil e da Associação Commercial do Rio de Janeiro
vimento da riqueza cconomica de uns em favor de outros, a' Organizar a regulamentação do regimen arbitral nas
gerando discordias e conflictos, que poderiam chegar a praças do Brasil, nos termos das 2.* 3.a. 6.a 7.a, 8 * e
destruir a Federação, cuja base essencial é a união das 12.» resoluções, fazendo opportunamcnte discutir o pro­
antigas provincias que a compoem. jecto e assignar o accordo por delegados autorizados de
Quanto aos de importação, existentes ainda, apesar de todas as instituições interessadas.
muitas vezes declarada a sua inconstitucionalidade pelo Su­ b) Obter dos poderes publicos as providencias con­
premo Tribunal Federal, sugere sejam desde já abolidos, tidas nas resoluções ns. 4. 5, 9 c 10.
qualquer que possa ser a fôrma disfarçada com que ainda c ' Fazer e reiterar o appello constante da 1.« resolução.
consigam vingar, a começar pela designação adoptada. c 13. Que a commissão referida no artigo precedente
quer recaiam directamente sobre as mercadorias, quer sobre na organização do regimen arbitral, se regule, tanto quanto
as pessoas que exerçam, principal ou auxiliarmente. a pro­ possivel. pelas bases estabelecidas pelo «Esboço» apresen­
fissão de commerciante. tado no capitulo X da monographia offerccida pelo Dr.
Quanto aos de exportação, a respeito de cuja consti- Heitor Beltrão.
tucionalidade tem variado a jurisprudência, mas que não «X commissão — Uniformização dos typos dos pro­
são menos anti-economicos do que os primeiros, recom- ductos do paiz — O l.o Congresso das Associações Com­
menda a sua gradual extineção. na medida em que for mcrciaes do Brasil, resolve:
possível, sem abalos e perturbações da vida financeira dos «Indica ncia
Estados». nissões que. conjuntamente com os interessados, estudem a
«XII commissão — Arbitramentos commcrciaes — O uniformização dos typos dos productos do paiz. orgjni-
l.° Congresso das Associações Commerciaes do Brasil re- zando typos definidos e fixos officiaes. para todos os pro­
commenda: ductos exportáveis do paiz. não só com relação á propria
mercadoria, como lambem aos envolucros. volumes, pesos
I.® Que as associações c instituições do commercio e e medidas».
da industria façam, por todos os meios, a propaganda «Tribunaes mixtos — O 1." Congresso das Associações
intensiva, por palavras e por actos, do regimen arbitrai, Commerciaes do Brasil, recommenda:
para solução facil. cconomica c satisfatória dos litígios ori­ 1. " Que urge tornar a distribuição da justiça, maximé
ginados pelos ncgocios commcrciaes. industriaes c industrio- nas questões commerciaes. o menos onerosa c o mais prompta
commerciaes. possivel. ao mesmo tempo que perfeitamente adaptavrl ao
2.0 Que o arbitramento commercial, como regimen sys- ambiente dos interesses mercantis:
tematizado expedito, imparcial e economico. por árbitros, 2. " Que, portanto, os poderes competentes estudem a
das divergências entre commerciantcs. como as soluções possibilidade e a maneira mais consentanea de se organi­
equitativas por amigaveis conciliadoras, e. ainda, as peri­ zarem. para a justiça ordinaria no Brasil, os tribunaes
pécias c as vistorias technicas por louvados. mixtos, compostos de magistrados togados c commerciantes
3.0 Que as clausulas arbitraes se assignem normal- e industriaes».
mente entre commerciantes que contratem: entre instituições Rccommendando a substituição do imposto sobre renda
representativas de praças differentes de um mesmo Es­ pelo sobre as vendas, e emquanto isso não fô r conseguido.
tado. entre as instituições principaes (cabeças de fede­
rações) de capitaes de Estados differentes para valerem actuaes impostos que gravam os generos de primeira ne­
nas relações commerciaes interestadoaes; entre a Federação cessidade c para que seja facilitada a sua cobrança:
das Associações Commerciaes do Brasil e as instituições Aconselhando o ensino de esperanto nas escolas:
congeneres dos paizes estrangeiros, para os effeitos do Aconselhando medidas attinentes a reprim ir o contra­
intercâmbio mercantil internacional». bando nas fronteiras:
4.0 Que se faça nd Brasil a instituição legal c exequível Aconselhando o estudo de melhoria do apparelhamento
do regímen arbitral, isto é. como efficacia e saneção, das
decisões arbitraes. nos moldes e com a força das sen­ Aconselhando a revisão da consolidação das leis das
tenças judiciaes. ficando estabelecido: a) validade, obriga­ alfandegas e a maior simplificação dos regulamentos a
toriedade c irrevogabilidade da clausula de arbritamento serem observados nos serviços dos portos:
(compromisso arbitrai) nos contratos commcrciaes cscriptos. Recommendando a obtenção de uma reducção grada­
tiva das taxas cobradas nesses pertos c um completo apro­
se admittindo exccpçòes para os casos cm que. juridica­ veitamento das 8 horas dc trabalho ahi estabelecidas:
mente. os contratos são nullos ou annullaveis. (Pódem. na Fazendo votos pelo rapido andamento do projecto do
cspccic. ser contribuição valiosa os termos da lei de 19 deputado Amaral Carvalho, com relação aos caixeiros via­
de abril de 1920 do Estado de Nova York. Estados Unidos jantes. com alteração da reducção do preço das passagens,
da America do Norte': bl homologação obrigatória, por dc 30 para 50 °/o ;
parte dos tribunaes, a simples requerimento de qualquer Apreciando a influencia que julga nulla, da especu­
das partes, e a titulo de mero registro, das sentenças de lação^ cambial bancaria e particular sobre a economia na-
arbitramento, sem entrarem aquelles no mérito do julgado
e apenas admittindo allegações de erros de calculo ou de Rccommcndando ás classes productoras a vantagem de
omissão de formalidades essenciaes, allegações que. aceitas, se qualificarem eleitores, os seus membros, e frizando a
terham como effeito unico, baixarem os autos á instancia conveniência do estabelecimento da obrigatoriedade de voto.
arbitral; que deverá ser secreto:
e! consequente execução judicial das sentenças arbitraes. Rccommendando a conveniência de. na revisão da ta­
5.0 Que se uniformize em todos os Estados do Brasil rifa da Alfândega, ser reduzido o numero de artigos e
o processo arbitrai. especificações e estabelecidas razors mais exactas e a creação
b." Que seja instituído, entre as associações commerciaes. de um conselho superior das alfandegas. composto de re­
um Tribunal de Recurso, com séde na praça do Rio de presentantes da fazenda nacional, do Ministerio do Com­
Janeiro (Associação Commercial) e jurisdição em toda a mercio. da Associação Commercial e demais associações
Federação, funccionando como juizo arbitrai de segunda
instancia, para o julgamento final de qualquer penclencia Exprimindo o voto pela permanência, em nossas leis.
entregue ao arbitramento. do paragrapho 4.». da lei n. 171 A. de 15 de setembro
7.» Que seja sempre permittido. nos compromissos ar­ dc 1893. que permitte, para as sociedades dc credito hypo­
bitraes. as partes desistirem, declaradamente, do recurso thecario. estradas de ferro, navegação, etc., a emissão de
de appellação. debentures por valor superior ao capital da sociedade:
8.0 Que. além da saneção legal das sentenças arbitraes. Recommendando o augmento da capacidade do trafego
sejam aggravadas. para os insubmissos aos effeitos das das vias ferreas existentes, o estabelecimento de novas e
clausulas de arbtramento. as penalidades já previstas nos construcçâo de estradas de rodagem;
convénios vigentes e nos estatutos de quasi todas as as­ Rccommendando a necessidade da uniformização dc in­
sociações commerciaes do Brasil. terpretação das formulas empregadas usualmente nos con­
9.0 Que o Congresso Nacional amplie o conceito do tractos de compra e venda mercantil;
art. 1 da introducção do Codigo C ivil Brasileiro, tor­ Rccommendando a reducção das taxas postacs: a adopção
nando também exequíveis no Brasil as sentenças estran­ de determinado padrão para correspondência, facturas, notas
geiras de juizo arbitrai. Icgalmentc instituído. de credito, etc.; a adopção pelas casas commerciaes de
10. Que o governo da Republica conclua tratados, com etiquetas de côr. colladas aos enveloppes dc correspondência,
as nações amigas, nos quaes, não só se propague a ne­ adoptando-sc uma côr official, para cada Estado: solicitando
cessidade. se suscite a conveniência e se facilite a reali­ a adopção obrigatória, dc abreviaturas para os nomes dos
zação da assignatura de convénios internacionaes de ar­ Estados, na corresporfdencia:
bitramento entre praças do Brasil c estrangeiras, como Aconselhado: a modificação da medida de volume —
ainda se promova a uniformidade da legislação substan­ 100 pés cubicos — usada para medida de arqueação das
tiva e. tanto quanto possivel. da processual áccrca dos embarcações: a substituição, na lei de imposto de con­
arbitramentos commerciaes. sumo. da classificação arbitraria de garrafa e mera gar­
11. Que cada instituição filiada ao futuro accordo ar­ rafa. pela de 75 e 37 1/2. sendo o litro a unidade para
bitrai interestadoal reserve, em sua séde. sala e material medição dos liquidos: a adopção do kilo para medição
indispensáveis ao funccionamento normal e permanente dos dc solidos e do metro para as medidas lineares: a adopção
tribunaes arbitraes. de 100 kilos ou 100 litros, para as cotações: a unificação
12. Que ficou nomeada, sem sessão plenaria do pre­ dos methodos para cubagem de madeiras: a obrigatorie­
sente congresso, uma commissão com poderes para. sob dade da marcação do vasilhame, do peso ou medida do

O O O O 340 O O O O O
Sociedade Mercantil Luso-Brasileira — Oinjal — Almada.
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

conteúdo: a substituição da denominação de nossa moeda —


mil réis — pela de — cruzeiro —. que será dividido em Economia da Universidade de Pensylvania; D r. A. M.
100 centavos, crcando-se moedas mctalicas de 2. 5. 10, do Collegio de Agricultura do Estado de
20. 40 centavos c moeda papel de 2. 5. 10. 20, 50. 100' Georgia; Dr. B. Youngblood, reitor do Collegio de Agri-
200. 500. e 1.000 cruzeiros. mUJlri.*l dn T'. i* * '. e Tv'11'1" " Li,,le Schuzz. addido com-
Rccommendando que se solicite continuar suspensa a ^ , . l 'u ? "i*tem*A*' ^ Carlos Augusto Faller. consul
execução da lei que creou o papel sellado cm timbre: * * ” !• , D r J0** Vasquez Schiaffino. commissario
Rccommendando esforços no sentido de reorganizar o f ) raJ| do Mexico na Exposição Internacional; Paraguay.
ensino publico e educar-se a mocidade para o commercio; I ,:, ■ Oal,ano c D*1- Enrique L. Pinho: Peru. Othon
Rccommendando a conveniência da reforma da lei dá Leonardo Junior, consul geral: Uruguay. D. Dioniso Ramos
defesa da borracha: Montcro. ministro, e Venezuela. Dr. Diego Carboncll. mi-
Rccommendando a conveniência de ser mantido o sys-
tuma vigente de concessão de patentes de invenção:
Rccommendando a crcação de cooperativas de pro-
ducçâo para os agricultores de fruetas do Districto Federal dJ-nio-T fjí,hla' Dr„ Domingos feergio dc Carvalho: Ceará,
Julgando prejudicial á economia nacional, o commercio deputado Thomaz Rodrigues: Espirito Santo, senador Mar­
de machinismos por contracto: s'11" Teixeira dc Lacerda: Ooyaz. Dr. Antonio Borges dos
Appellando para as duas casas do Congresso, no sen­ pantos; Maranhão. Dr. William Wilson Coelho dc Souza:
tido de entrar cm estudos o nosso Codigo Commercial; Matte, prosso, deputado Joâo Celestino; Minas Qeraes. de­
Votando pela crcação dos tribunacs administrativos: putado Afranio dc Mello Franco; Parahvba. senador Cunha
Declarando ser necessaria a ampliação do nosso ser­ I edrosa : Paraná, deputado Luiz Barthdlomcu de Souza e
viço de cncommcndas postacs. Silva: Piauhy. deputado José Pires Rebello; Pernambuco,
O I." Congresso das Associações Commcrciacs do Brasil deputado Antonio Vicente dc Andrade Bezerra: Rio de
appella para o poder publico no sentido de Janeiro, Ur Domingos Mariano Barcellos de Almeida; Rio
a> Auxiliar cfficazmente a fundação da grande in­ tirande do Norte, senador Eloy de Souza: Rio Grande do
dustria da borracha, mantendo o dispositivo de lei cm Sul deputado Octavio Rocha; Santa Catharina. deputado
vigor, que a protege, com a unica modificação de de­ Adolpho Konder: Sergipe. Dr. Maurício Graccho Cardoso,
limitação do capital ao minimo de b n " c São Paulo. Dr. Augusto Cardoso.
.. ixiliar de Entre outras, nomearam as instituições incluídas como
membros da delegação brasileira, seus delegados, os se­
ob * guintes: Associação Brasileira dc Imprensa. Dr. Raul Pe­
lustrialização.
derneiras. presidente; Dr. Agenor dc Carvoliva e professor
consumidores, isto é. isentas de agua i Cesar Cardom: Escola de Commercio Alvares Penteado,
as depreciam ou desacreditam: ele í>. Paulo, professor Horacio Bcrlinck. director; Dr.
c) — Promover convênios com paizes I apaterra Limongi c Julio Sampaio D oria; sEcola Com­
que. entre as materias primas que venhan mercial da Bahia, Dr. Gustavo Luiz do Rego: Escola Pra-
supprir as necessidades da sua industria . X 1Vom.mcrcio d.e. Pelotas, deputado Joaquim Osorio
e jose Urrutigaray; Liga do Commercio, presidente Luiz
d) - Estimular c auxi Pereira c Oscar Ferreira dc Carvalho: Sociedade Nacional
hevea b m ilirn sh pela fórn dc Agricultura, doutor Miguel Calmon. presidente, doutor
dos governos interessados; João l-iilgcncio de Lima Mindello e Hannibal Porto: Centro
Ins d r Commercio do Café. Galeno Gomes, presidente. Oscar
federal para Marques, e Dr. Cid Braune: Associação dos Empregados
regulamentado o Codigo Florestal; tio Commercio. Raul Villar. presidente. Ernesto Coelho Lou-
I) — Providenciar junto aos governos dos Estados zada e Antonio Olavo dc Lima Rodrigues: Instituto Bra­
para que estabeleçam meios que evitem a mortandade das sileiro de Contabilidade. Joaquim Tclles. vice-presidente.
aves no periodo da postura: Ernesto Coelho Louzada c Joâo Ferreira de Moraes Junior!
de aconselhar e estimular a criaTio de''garças'"c 'outras Na sessão inaugural do 2.<* Congresso Americano de
aves de porte, produetoras de pennas destinadas á industria; tixpansao Economica e Ensino Commercial. proferiram
eloquentes e significativos discursos de solidariedade ame­
h) — Agir no sentido da protecção, systcmatizaçào ricana os delegados estrangeiros ao mesmo congresso. Srs.
c intensificação da cultura das plantas silvestres, cujos Pedro P. Goytia. consul geral c delegado da Republica
fruetos se destinam á fabricação de olcos. lubrificantes e Argintma: Dr. Luiz Soares, consul geral c delegado da
de alimentação: Bolívia: Dr. Maximiliano Grillo, encarregado de negocios
■* — Facilitar, pela isenção de impostos aduaneiros, c delegado da Colombia: Dr. Enrique Perez Cisneros, mi­
a entrada de machinas destinadas á fabricação de olcos nistro e delegado de Cuba: Othon Leonardos Junior, consul
e a exploração das madeiras; do Peru, e Dr. Diego Carboncll. ini-
i ‘ — Cuidar scriamcntc da pesca continuando o tra­
balho já principiado, com tão bons auspícios, no que con­
cerne ao estabelecimento de colonias de pescadores, me­ ---- - . —— ------------------ — — - vM.vo secções
- S i questionários.
lhorando. comtudo. a applicaçâo desse regimen pela fórma Na I.* secção, foram estudadas as medidas de mutuo
mais conveniente: auxilio que podem ser adoptadas por todas as nações ame­
~ Legislar sobre a caça de maneira a evitar o ricanas, para facilitar a collocação dos seus productos nos
exterminio das varias espécies da nossa fauna, que tendem mercados: a crcação de institutos intcrnacionaes de estudo
a ilesaPparecer pela impropriedade da época de sua procura: dos processos dc producção e bencficiamcnto das materias
I) — Favorecer, pela rcducção de impostos e outros primas americanas: as providencias para o desenvolvimento
meios a extracção da cera de carnaúba e jarina (marfim do commercio entre os paizes americanos: a classificação
vegetall, e outros productos de nossa variada flora: aduaneira definitiva, de accordo com a União Pan-Ame­
, ' T'j Incrementar c auxiliar cfficazmente. a cultura ricana de Washington; o modo de organizar os museus
ue fibras silvestres, das que ha specimens preciosos á commcrciacs: providencias para a instalação do funccio-
applicaçâo industrial, de maneira a que possam ser eco­ mento da Officina Internacional Americana de Trabalho de
nomicamente exploráveis: Santiago Chile; exposições i_____________
n» — Crear o credito, afim de que a acção do pro­ secção, os questionários referiam-se ao modo
ductor e a do industrial, que se dedicam á exploração inaniu ue melhorar as condições dc transportes maritimos:
e ao consumo das materias primas de origem extractive, á politica a seguir em materia de transportes marítimos
quer sejam de natureza mineral quer vegetal, possam in­ intcr-americanos. ás aspirações dos paizes americanos quanto
crementar sua applicaçâo c seu consumo. a conjugação dos seus systemas ferroviários; aos portos
francos, ^e ás providencias para facilitar a correspondência
Na 3.* secção, os questionários diziam respeito ás re­
2° CONORESSO AMERICANO DE EXPANSAO formas aconselháveis no systema bancario dos paizes ame­
ECONOMICA E ENSINO COMMERCIAL ricanos: ao monopolio industrial do Estado, para a extracção
dc ouro c da prata; á aequisição obrigatória e exclusiva,
por parte do Estado, da producção das minas de ouro c
de prata: as medidas para atalhar os males oceasionados
, Este Congresso, cuja inauguração estava marcada para ao commercio pelas oscillações bruscas e imprevistas da
1 dia 12 de Outubro de 1922. somente a 28 do mesmo moeda ás bolsas dc operações dc cambio a termo; aos
" CZ 1 -anno Poude installar os seus trabalhos, realizando-se seguros dc vida. seguros terrestres c marítimos.
* i sessão soletnne de abertura no Palacio das Festas ás Na 4.-* secção, foram estudados os tratados de com­
mercio entre as nações americanas: a conveniência dos
Enviai representantes c adejidos commcrciacs junto ás embaixadas ou legações: con­
Republica _ _ _ _ venções diplomáticas para a organização dos diversos typos
consul geral: Bolivia. Dr. Luiz Soares, consul geral: Chiie. de productos dos paizes americanos, com o estabelecimento,
'Jr Miguel Luiz Rocuant; Colombia. Dr. Maximiliano Orillo. cm cada um defies, de um orgão regularizador da expor­
encarregado de negocios. o Sr- Joaquim da Costa Ramalho tação; convenções diplomáticas regulando o serviço de pu­
Jrtigâo; Costa Rica. Dr. Mariano Valenzuela Canet: Cuba, blicações. divulgação c troca de dados commcrciacs; me­
nrique Pérez Cisneros, ministro; Equador. D r. Rafael didas de_ policia sanitarja' animal e vegetal.
Estados Unidos da America do n estudados o modo
Wharton dc i cada um dos paizes

o o o o o o 341 o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORAT/VO DO CENTENARIO DA

americanos; como se deverá organizar o ensino commercial, Dia 8. inauguração da Conferencia.


no ponto de vista americano: modo de agir do Estado nesta Dia 9. o lançamento da pedra fundamental do le-
organização: corporação das camaras e associações com­ prozario de Jacarépaguá, tendo comparecido o Sr. pre­
me rciaes e industriaes: garantias conferidas pelos diplomas; sidente da Republica.
reconhecimento reciproco dos diplomas; intercâmbio de pro­ As 20 1/2 horas, sessão da conferencia, no salão da
fessores e alumnos: concessão de prêmios; exigencia de Academia Nacional de Medicina.
diplomas do estabelecimento de ensino commercial para o Dia 10. ás 10 horas, visita ao Instituto Oswaldo Cruz;
preenchimento de funcçôcs publicas, que exijam conheci­ ás 15 horas, passeio ao Corcovado; ás 20 1/2 horas, sessão
mentos technicos commcrciaes. da conferencia, no salão da Academia Nacional de Me­
Constituíram a delegação brasileira os seguintes dicina.
membros: representantes especiaes de cada um dos minis­ Dia 11. — As 10 horas, visita á Faculdade de Medi­
térios. delegados de cada um dos Estados, representante do cina c ao Hospital Nacional de Alienados; ás 20 1/2 horas,
prefeito do Districto Federal, Sociedade de Estudos Inter- sessão da conferencia no salão da Academia Nacional de
nacionacs. Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, Medicina.
Club de Engenharia. Associação Brasileira de Imprensa, Dia 12. — Passeio maritimo, banquete offerccido pelo
reitor da Universidade do Rio de Janeiro, professores de Sr. ministro das relações exteriores aos delegados ame­
economia politica, direito industrial, direito administrativo, ricanos.
direito internacional publico e privado e direito com­ Dia 13. — As 13 horas, visita ao Hospital dos Lá­
mercial da Universidade do Rio de Janeiro e da Faculdade zaros: ás 14 horas, sessão da conferencia no salão nobre
de Sciencias Economicas do Rio de Janeiro: Academia de do hospital, e ás 20 1/2 horas, sessão no salão da Aca­
Commercio do Rio de Janeiro. Escola de Commercio Al­ demia Nacional de Medicina.
vares Penteado, de São Paulo; Escola Commercial da Bahia. Dia 14. — As 10 horas, visita á secção da Inspectoria
Escola de Commercio de Pelotas. Escola Superior de Com­ de Lepra, no pavilhão de hygiene da exposição nacional,
mercio do Rio de Janeiro. Instituto Commercial do Rio de e ás 20 1 2 horas, sessão de encerramento da conferencia,
Janeiro, Associação Commercial do Rio de Janeiro e dos no salão da Academia Nacional de Medicina.
Estados. Federação das Associações Commcrciaes. Camara A segunda sessão plena da Conferencia foi uma das
de Commercio Internacional do Brasil. Liga do Commercio. mais interessantes de quantas se realizaram.
Sociedade Nacional de Agricultura. Centro Industrial do Falou, cm primeiro logar. o professor Foresti, de Mon-
Brasil. Centro Industrial de Fiação e Tecelagem de Al­ tevidéo, que prendeu a attenção dos ouvintes pela ma­
godão. Centro de Commercio de Café. Centro de Com­ neira convincente, de verdadeiro apostolo, como relatou
mercio de Ccreaes. Associações dos Empregados no Com­ factos impressionantes sobre as fôrmas clinicas da lepra
mercio. União dos Empregados no Commercio. Instituto no Uruguay.
Brasileiro de Contabilidade. Inspector Oeral de Industria Usou da palavra, cm seguida, o D r. Abcrastury, que
e Commercio, director geral de agricultura, director do discorreu, de modo claro e preciso, sobre as fôrmas cli­
serviço de inspccção e fomento agrícolas, director do Ser­ nicas na Argentina. S. S. falou da frequência das fôrmas
viço de Industria Pastoril, director do Serviço de Infor­ mentaes. de verdadeiras loucuras leprosas: falou do pana­
mações, director do Serviço de Povoamento, director da ricio de Morvan: no infantilismo leproso, etc.
Directoria Oeral de Estatística, director do Serviço Geo- Em terceiro logar. falou o professor Terra. que. graças
logico e Mineralógico do Brasil, director da Escola de á sua grande cxperiencia. trouxe para o seio da confe­
Minas, director da Escola Superior de Agricultura e Me­ rencia sábias considerações sobre as diversas fôrmas cli­
dicina Veterinaria, director do Jardim Botanico, director nicas observadas nesta capital, tanto na clinica civil como
da secretaria da Junta Commercial do Rio de Janeiro, no Hospital dos Lazaros.
syndico da Junta de Corretores de Mercadorias e de Depois, orou o Dr. Sergio de Azevedo, da inspe­
Navios do Districto Federal, director do Museu Nacional, ctoria da lepra. Em estudo bem documentado da propria
director do Banco do Brasil, inspector da Fiscalização inspectoria. o D r. Sergio de Azevedo descreveu as di­
Bancaria, inspector geral de seguros, inspector da Al- versas fôrmas clinicas que por lá transitaram, já vai por
fandega do Rio de Janeiro, director do Laboratorio Na­ dois annos. E concluiu dizendo que. nos logarcs onde
cional de Analyses, director da Estatística Commercial, a lepra é nova e onde não ha muitos casos, abunda a
syndico da Camara Syndical dos Corretores de Fundos fôrma tubercular ou mixta, ao passo que. nas terras de­
Publicos, director dos negocios politicos e diplomáticos c vastadas ha muito por essa doença, é mais commum a
director dos negocios consulares e commcrciaes. da secre­ fôrma anesthesica. Ê o que se dá nos Estados do Pará
taria de Estado das Relações Exteriores: inspector federal c do Maranhão. Sendo essa ultima fôrma considerada mais
das estradas, director da Estrada de Ferro Central do benigna, o orador aventa a idéa de haver uma tendência
Brasil, superintendente geral da navegação, director pre­ para a immunidadc nesses logarcs.
sidente do Lloyd Brasileiro, inspector de portos, rios c Ê o caso da Bahia. que. tendo sido já um grande
canaes. director geral dos correios, director geral dos te- fóco. sem que ninguem fizesse prophylaxia. d ’ali desap-
legraphos. director geral do Departamento Nacional de parcccu. pódc-se dizer, o terrivcl mal.
Saude Publica, director da Defesa Sanitaria Maritima e Em seguida, usou da palavra o D r. Souza Araújo,
Fluvial, director do Laboratorio Bromatologico. inspector do Pará. que confirmou, mais ou menos, a declaração do
da Estatística Demographo-Sanitaria c director da Biblio­ orador precedente. É preciso accresccntar que esse me­
theca Nacional. dico trouxe daquellc Estado do norte um bellissimo tra-
trabalho sobre lepra, fruto de suas observações. Esse tra­
balho foi distribuído aos congressistas.
O Dr. Salvio de Mendonça fez uma conferencia sobre
CONFERENCIA AMERICANA DA LEPRA as fôrmas clinicas no Maranhão.
O Dr. Isaac Vernet, medico dos leprosos, no Hospital
S. Sebastião, fez interessantes apreciações sobre as obbser-
vações de cem doentes a seu cargo, internados naqucHe
Presidida pelo sr. Ministro das Relações Exteriores, hospital.
teve logar a 8 de Outubro, no Palacio das Festas, a Por fim. usou da palavra o Dr. Sergio de Azevedo,
sessão solemne inaugural da Conferencia Americana da que dissertou sobre a frequência da lepra no Brasil. Elle
calcula que haja em todo o Brasil 15.000 lepiosos! *Ê
Iniciando os trabalhos, o presidente deu a palavra ao meio por m il. terminou: consolemo-nos com a Columbia,
Dr. Carlos Chagas, que explicou os fins da conferencia. i pouco mais de um por mil!»
O programma da conferencia comportava cinco theses: is oradores foram muito applaudidos.
«Frequência da lepra nos paizes americanos; Medidas de ma quarta sessão plena foi discutido o tratamento da
prophylaxia aconselhadas para cada paiz; Prophylaxis in- lepra cm nossos dias.
tcrnacional americana da lepra: Methodos actuaes de tra- Falou, em primeiro logar. o Dr. Isaac Vernet, que
dissertou sobre os effeitos dos ethcres de chaulmoogra
phylactico c communicaçâo sobre as questões que* inte­ no tratamento da lepra, apresentando diversos doentes.
ressam a epidemiologia, o diagnostico, o tratamento c a Em seguida, falou o Dr. Proença sobre o mesmo
prophylaxia da lepra». assumpto, dizendo que. na qualidade de bacteriologista da
Além do D r. Carlos Chagas falaram mais os se­ inspectoria da lepra, teve oceasião de proceder a nume­
guintes Srs.: Dr. Maximiliano Alberastury. delegado da Ar­ rosos exames c. muitas vezes, ter verificado que os pre­
gentina; doutor José Ignacio Uribe, delegado da Co­ parados microscopicos apresentavam a bacterolyse. Con-
lumbia : Dr. Américo Galvão Bueno, delegado de Costa cliic-se d ahi um verdadeiro valor scientifico. de attribuir-sc
Rica; ministro Henrique Peres Cysneros. delegado de Cuba; a esse medicamento, pois que a bacterolyse é uma prova
doutor Estrada Coelho, delegado do Equador; Dr. Os- evidente da acção do remedio sobre o microbio da lepra.
waldo Denney, delegado dos Estados Unidos: Dr. Luiz Usou da palavra, depois, o Dr. Pereira Caldas, da in­
Morland. delegado do governo franccz: Dr. Carlos Falter, spectoria da lepra, que também apresentou doentes, para
delegado da Guatemala: embaixador Alvarro Torre Diaz corroborar o que disseram os oradores que o haviam
delegado do Mexico; Dr. Theodoro Langard de Menezes precedido.
delegado do Panamá; Dr. Juan Recalde. delegado do Pa­ Em seguida, o professor Diego Carbonell referiu que
raguay; Dr. C. Henrique Paz Soldan. delegado do Peru na Venezuela se haviam obtido bons resultados com os
Dr. José Brito Forest, delegado do Uruguay, e ministro etheres de chaulmoogra, no tratamento da lepra, tendo
Diego Carbonell, delegado da Venezuela. sido. porém, usada ali uma fórmula que não é igual
^ O programma da Conferencia obedeceu á seguinte a usada na America do Norte.
Depois de ligeiro descanso, foi reaberta a sessão, tendo

342 o o
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

sklo dada a palavra ao professor Fernando Terra. Este gusto Linhares: Rio Grande do Norte. Dr. Varella San­
notável clinico, com a sua vasta pratica, relatou ter usado, tiago. Parahyba, deputado Octacilio de Albuquerque: Per­
ha longos annos, diversos tratamentos, desde o chaulmoogra nambuco, Dr. Edgard Altino: Alagoas. Dr. P. Rodrigues
primitivo á nastina, que lhe dera tantas doces esperanças, de Vasconcellos; Sergipe. Dr. Eleyson Cardoso; Bahia, pro­
e até ao moderno ether de chaulmoogra e ao mais mo- fessores Clcmentino Fraga e Alfredo de Andrade; Es­
pirito Santo. Dr. Lellis Horta; Rio de Janeiro. Dr. Mo­
def S. S. apresentou dois doentes, tratados por injecções desto Guimarães; S. Paulo, deputado Palmeira Ripper: Pa­
endovenosas de tartaro estibiado. apresentando reaes me­ raná, deputado Plinio Marques; Santa Catharina. Dr. Elyseu
lhoras das lesões, sem exame, entretanto, de laboratorio, Guilherme; Rio Grande do Sul. deputado Alvaro Baptista;
por ser recente o tratamento. O rclatorio a respeito contém :putado Zoroastro de Alvarenga; Goyaz.
o resultado do tratamento pelos etheres ethylicos do oleo D r. jovii lastro; Matto Grosso, D r. Clovis Correia
de chaulmoogra. mostrando o seu effeito nJo só pelo da
lado clinico, como pela ausência de bacillo cm alguns Representantes das Faculdades de Medicina do Brasil:
doentes. Considera como melhor tratamento dentre os que Professor Augusto Brandão Filho. Faculdade de Me­
têm sido empregados ate hoje. devendo, entretanto, haver dicina do Rio de Janeiro; professor Alfredo Magalhães.
muita reserva sobre as possíveis occurrendas ulteriores. Faculdade de Medicina da Bahia ; professor Nogueira Flores.
Entende que o tratamento por si só nào serve de base Faculdade de Medicina de Porto Alegre: professor Victor
para a prophylaxia. sendo o isolamento o unico meio do Amaral. Faculdade de Medicina do Paraná; professor
acertado. Rezende Puech. Faculdade de Medicina de S. Paulo; pro­
Depois, o Dr. Souza Araujo referiu resultados obtidos fessor Eurico Villela. Faculdade de Medicina de Bello
no Pará pelo chaulmoogra. empregado pelo processo antigo. Horizonte.
Usou ainda da palavra o Dr. Emlio Qomes. que falou Representantes das associações medicas nacionaes:
sobre a positividade do muco nasal. Depois, foi dada a Drs. Oliveira Motta. Arthur Moses e Julio Novaes,
palavra ao Dr. Werneck Machado, que relatou diversos pela Academia Nacional de Medicina; Dr. Fernando Vaz.
resultados por elle obtidos na clinica civil. pela Sociedade de Obstetricia e Gynccologia do Brasil;
Falou, em seguida, o Dr. Oswaldo Dennef, represen­ D r. Alvaro Tourinho. pela Sociedade Medico Cirúrgica M i­
tante da America do Norte. Refere que os etheres de lita r: Dr. Mcira de Vasconcellos. pela Sociedade Brasi­
chaulmoogra. ensaiados, cm primeiro logar. em seu paiz leira de Ophtalmologia e Oto-rhino laryngologia; Dr. José
e. em seguida, preconizado em todo o mundo, não deu Mastrangioli. pela Sociedade Medica dos Hospitaes do Rio
ali os resultados esperados, possivelmente por serem dif­ de Janeiro; professor F. Esposei e Dr. Ulysses Vianna. pela
ferentes os productos chimicos usados. Sociedade Brasileira de Psychiatria. Neurologia e Medicina
Logo depois, foi lido um rclatorio apresentado pelo Legal: Dr. Oscar Silva Araujo, pela Sociedade Brasileira
Dr. Garcia Medina, da Columbia, referindo varios trata­ de Dermatologia c Syphiligraphia; Dr. Alvaro Reis. pela
mentos c resultados obtidos naquclla Republica. Foi lido. Sociedade Brasileira de Pediatria; D r. Orlando Góes. pela
a seguir, um trabalho do Dr. Kraus, do instituto de Bu- Sociedade Scientifica Protectora da Infancia; Drs. Pedro
tantan. de S. Paulo, sobre o tratamento da iepra por Paulo c Furtado Belleza. pela Sociedade Medico-Cirurgica
meio de uma vaccina polyvalcntc. terminando por propor da Assistência Publica; Dr. Edgard Altino, pela Escola
a creação de um instituto da lepra no Brasil, analogo de Medicina de Pernambuco: Drs. professores Pacifico Pe­
aos institutos do cancer. reira e Augusto Vianna. pela Sociedade de Medicina da
Bahia; professor D r. Clcmentino Fraga, pela Sociedade
Medica dos Hospitaes da Bahia: Drs. Pereira Nunes. Bastos
Tavares. Sylvio Tavares e Decio Parreiras, pela Sociedade
Fluminense de Medicina e Cirurgia de Campos; Dr. Dario
CONGRESSO NACIONAL DOS PRÁTICOS Callado. pela Associação Medica Cirúrgica Fluminense, de
Nitheroy; Dr. Rezende Puech. pela Sociedade de Medi­
cina de S. Paulo; Dr. João Candido Ferreira, pela So­
Teve logar no dia 30 de Setembro de 1922, ás 21 ciedade de Medicina do Paraná; professor Ulysses No-
horas, no salão de festas da exposição, a sessão solemne nohay. pela Sociedade de Medicina de Porto Alegre; pro­
em que se inauguraram os trabalhos do Congresso Nacional fessor David Rabello, i>ela Sociedade de Medicina de
dos Práticos, o interessante certamen de pratica profissional Bello Horizonte; Dr. Vieira Lima. pela Sociedade de Me­
medica, assumptos de hygiene e saude publica, questões dicina de Juiz de Fóra: Dr. Athayde Pereira, pela So­
mcdico-sociaes e tudo mais que diz respeito ao impor­ ciedade de Medicina de Santos: Associação Amazonense de
tante problema do ensino medico entre nós. Medicina (adhesâo) e Centro Medico Alagoano (adhesão).
Organizado sob os auspícios da Sociedade de Medi­ O programma do Congresso obedeceu aos seguintes
cina e Cirurgia desta capital, composta só de medicos numeros:
brasileiros, o Congresso dos Práticos iniciou em nosso
meio uma era nova em terreno pouco explorado ainda, e de Setembro — sessão inaugural. Sessões ordi-
que tanto merece ser desbravado para bem da causa pu­ ’oliclinica do Rio de Janeiro, nos dias 2. 3.
blica e do proprio interesse da ciasse medica do Brasil. e outubro.
Foi este congresso organizado pela seguinte forma: - Visita ao hospital dos Lazaros e ao hospital
Commissão executiva: Presidente, professor Fer­ soccorro. ás 10 horas.
nando Magalhães: secretario geral. D r. Arnaldo de Moraes; - Visita aos serviços de prophylaxia do D. N.
1.» secretario, ü r . Theophilo de Almeida; thesoureiro. Dr.
Custodio Fernandes; orador. D r. Oscar Silva Araujo, sendo - Exhibição cinematographica ácerca dos ser-
que os 2.0 e 3.° secretários doutores Joaquim Motta e ophylaxia rural, venerea, infantil e anti-tuber-
Bonifácio Costa passaram a secretariar, respectivamente, as
seccões de ensino medico e pratica profissional. Dia 7 — Sessão de encerramento, ás 21 horas, na
Foram presidentes honorários do Congresso Nacional Sociedade de Medicina e Cirurgia.
dos Práticos o senhor presidente da Republica e o conse­ Dia 8 — Almoço do restaurant da exposição, ás
lheiro Catta Pretta. decano dos práticos nacionaes. falle-
cido após esta escolha, e vice-presidentes honorarios os Houve ainda uma visita á Casa de Santa Ignez e
senhores ministro do interior, prefeito do Districto Fe­ ao Instituto Oswaldo Cruz. onde o Dr. Carlos Chagas
deral. governadores e presidentes de Estados, presidentes realizou uma conferencia sobre a «Moléstia de Chagas»,
de associações de medicina do Brasil, chefe do corpo de apresentando doentes mandados buscar especialmente em
saude do exercito e da armada, e das brigadas policiacs Minas para documentar a exposição.
dos Estados, directores dos serviços de assistência pu­
blica e particular. A commissão executiva será composta
da mesa da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro.
Secção de Assistência Publica Presidente, professor l.o CONGRESSO BRASILEIRO DE PHARMACIA
Luiz Barbosa: vice-presidente. Dr. Adalberto Ferreira da
Silva; secretario. D r. Carlos de Sá.
Secção de Saude Publica — Presidente, professor Carlos
Chagas: vice-presidente, Dr. J. F. Sampaio Vianna; se­ Os trabalhos do 1.» Congresso Brasileiro de Phar­
cretario. Dr. Gustavo de Sá Lessa. macia obedeceram ao seguinte programma:
Secção de medicina social Presidente. Dr. Cardoso Dia 12 de Outubro de 1922 — Sessão solemne de
Conte. vice-presidente. D r. Leal Junior; secretario. Dr. J. inauguração, e as 7 3/4 espectáculo no Theatro Trianon.
P Fontenellc. Dia 13 — As 9 horas, visita ao Jardim Botanico e
Secção de pratica prolissional Presidente, professor Instituto de Chimica: sessão seccional e conferencia do
Ernesto Nascimento Silva: vice-presidente, professor H. pharmaceutico Vcnancio Machado.
I anner de Abreu: secretario. Dr. Bonifacio Costa. Dia 11 — Sessão seccional e conferencia do pharma­
Secção de ensino medico — Presidente, professor Miguel ceutico Rodolpho Albino Dias da Silva.
couto: vice-presidente, professor Ozorio de Almeida: se­ Dia 15 — As 6 horas, excursão ás represas do Rio
cretario. Dr. Joaquim Motta. do Ouro.
As varias unidades da Federação fizeram-se representar Dia 16 — As 8 horas visita ao Instituto Oswaldo Cruz,
Pela forma seguinte: sessão seccional c conferencia do Dr. Souza Martins.
Amazonas, deputado Figueiredo Rodrigues: Pará. de­ Dia 17 — As 8 horas, visita ao museu do professor
putado Dionysio Bentes: Maranhão. Dr. Clarindo San­ Diniz. sessão seccional e conferencia do pharmaceutico Paulo
tiago, Piaiihy, Dr. José Furtado Belleza: Ceará, Dr. Au­

o o o o o o 343 o o o o o
EIVRO DE OURO COM ME MOR ATIVO DO CENTENARIO DA

Dia 18 Sessão seccional c conferencia elo Dr. Souza 2.» O legislador brasileiro andou muito acertada-
Martins mente incluindo a molestia profissional entre os accidentes
Dia 19 — As 9 horas, passeio ao Pâo ele Assucar. do trabalho.
sessão plenaria e conferencia do D r. Julio Eduardo Silva 3. ® — Nas condições actuaes do Brasil, é preferível
Arauio. que a indemnização, no caso de incapacidade permanente.
Dia 20 — As 7 horas, visita aos laboratories Silva
Araujo, sessão plenaria e conferencia do capitão pharma­ 1 A 'emenda do D r. Castro Rebello, estabelecendo o
ceutico Benevenuto Lima. principio das pensões vitalicias. foi rejeitada. Quanto 4
Dia 21 — As 8 horas, visita ao Museu Nacional, sessão 2.» these, deliberou-se:
plenaria e conferencia do professor Diniz. 1.0 — Que o seguro obrigatono não se adaptaria
Dia 22 — Sessão solemne de encerramento e espectá­ facilmente ao nosso meio industrial. Sendo preferível o
culo no theatro S. Pedro. seguro 'facultativo;
Realizou-se a sessão inaugural na sala da Academia 2.0 — Que o executivo não exorbitou, estabelecendo
Nacional de Medicina, no Syllogeo, com a presença do providencias sobre os aludidos seguros:
Dr. Carlos Chagas. Director do Departamento Nacional 3.0 Que ainda se faz precisa a acção do legislativo,
para corrigir alguns senões da lei, que a pratica tem
congressistas. revelado e consagrar disposições que são da sua exclusiva
A mesa esteve composta dos Srs. : Julio da Silva
Araújo, presidente, que pronunciou o discurso official ; Quanto á these referente ás patentes de invenção, foram
Paulo Seabra. 1.® secretario e Venancio Machado. 2.° sc- firmados estes principios: o uso exclusivo da invenção in­
dustrial. durante um certo prazo, não tem nada de odioso,
Dada a palavra ao pharmaceutico Venancio Machado, sendo considerado uma medida indispensável ao desenvol­
após rapida allocuçâo da mesa. pronunciou este uma oração vimento industrial: o registro internacional das patentes
subordinada ao thema: «Da Independência do pharmaceu­ seria de grande utilidade, mas é muito difficil a sua reali­
tico no Brasil*, que mereceu os mais francos elogios de zação.
quantos a ouviram. A conclusão exigindo o exame prévio para a con­
Os resultados cio 1." Congresso Brasileiro de Phar- secução das patentes de invenção, tendo empatado a vo­
tação. foi adiada para outro Congresso.
da Pharmacia brasileira. Sobre as marcas de fabricas, foram approvadas estas
conclusões: declarando que. na protecção concedida pela
lei ás marcas de industria e commercio não se trata de
CONGRESSO JURIDICO recompensar um espirito inventivo, mas impedir uma desleal
concurrcncia commercial; considerando de natureza essen-
cialmentc federal o serviço de registro de marcas de fa­
A sessão inaugural do Congresso Juridico Commemo- bricas. não devendo ser confiado ás autoridades dos Es­
rativo do Centenario da Independencia. e promovido pelo tados : asseverando que a pluralidade dos registros, em
Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, teve logar juntas complctamentc independentes umas das outras, é
a 16 de Outubro de 1922. ás 21 horas, no salão do muito prejudicial ao interesse publico, e facilita as ma­
Palacio das Festas da Exposição Internacional. nobras fraudulentas dos exploradores do trabalho alheio:
Na ausência do D r. Ferreira Chaves, ministro da jus­ considerando de urgente necessidade a creação da Dire­
tiça. que se encontrava enfermo, o D r. Carvalho Mourâo. ctoria Geral da Propriedade Industrial, que unifique o ser­
presidente daquelle instituto, declarou aberta a sessão e viço. dando-lhe o necessario desenvolvimento: reconhecendo
pronunciou notável discurso sobre a razão de ser do con­ a necessidade de serem as leis de patentes e de marcas re­
gresso. extendendo-se n'um estudo detalhado sobre a ma­ tocadas : aconselhando a revisão das convenções interna-
teria que ia ser objecto das diversas secções em que se cionaes. de modo a fazer com que prevaleça em favor do
subdividiu o congresso. Brasil o principio da reciprocidade que serviu de base
O orador refcriu-sc. longamentc. á reorganização ju­ a esses dois accordos. O Congresso reconheceu ainda, que
diciaria. reportando-se. |ior vezes, a commentarios feitos a á Junta Commercial cabe. presentemente, a faculdade de
respeito, cm épocas anteriores, e concluiu que agora como negar deposito ás marcas dos Estados. A respeito da questão
então, se encontra no mesmo terreno, sustentando as mesmas operaria foram firmados estes principios: O Estado é a
idéas. unica força, capaz de assegurar a paz social: o Codigo
O seu discurso foi uma peça de notável lição juridica de Trabalho deve estabelecer as regras, segundo as
para os que se iniciam na aprendizagem desse ramo da quacs devem ser celebrados os contratos de trabalho pre­
venindo conflictos, e evitando clausulas immoraes c in­
Em seguida, o Dr. Arnaldo Medeiros da Fonseca leu justas ; aos Estados cabe legislar sobre a materia mera-
o programma dos trabalhos e a lista das adhesões bem mente processual.
como os nomes dos membros das diversas secções e dos Sobre o salario foram approvadas estas conclusões:
representantes do governo, ministros de Estado, poderes O salario é um meio normal de se pagar o aluguel da
estadoaes. etc. força-trabalho: o salario deve ser pago em periodos curtos
Seguiu-se com a palavra o Dr. Eugenio de Barros e em moeda corrente, prohibindo-sc nos contratos de tra­
Falcão de Lacerda, orador official do Instituto, que expôz balho quaesquer clausulas tendentes a obrigar os operarios
aos congressistas o programma que lhes cabia cumprir. a comprarem em determinados armazéns ou localidades.
Os trabalhos do Congresso foram divididos pelas se­ Actualmente. não é aconselhável substituir o salario pela
guintes secções: participação dos lucros. Mas. não ha inconveniente cm se
conceder ao operário, além do seu salario fixo. uma gra­
Secção de direito constitucional — Presidente. Dr. tificação pela producção. além da média estabelecida, ou
Carlos Maximiliano. proporcional ás economias que realizar no seu trabalho.
Secção de direito civil — Presidente D r. Paulo de Quanto á 7.« these, firmaram-se estes principios: é dc
absoluta necessidade a creação de juntas industriaes e
Secção de direito commercial — Presidente. D r. Car­ agrícolas, formadas dc operários a patrões para prevenir
valho Mendonça. c resolver os conflictos entre o capital e o trabalho: es­
Secção de direito penal — Presidente. D r. Carvalho tabelecendo as attribuições concedidas a essas juntas. As
conclusões do relator sobre a 8.-« these foram approvadas
Secção de direito penal militar — Presidente. Dr. Es­ com um additivo do Sr. Sá Filho, declarando de urgente
meraldino Bandeira. necessidade a creação em todos os centros industriaes e
Secção de direito judiciario — Presidente, ministro agricolas importantes de orgãos permanentes de conci­
Moniz Barreto. liação entre operários e patrões, opinando-se também fa­
Secção de direito internacional publico Presidente. voravelmente pela creação de tribunaes industriaes e agri-
Dr. Sá Vianna.
Secção de direito internacional privado — Presidente. Sobre a 9.» these, relativa á falta de trabalho, foram
Dr. Rodrigo Octavio. approvados estes principios: que é dever do Estado pre-
Secção de direito industrial — Presidente, ministro occtipar-se com o problema da falta de trabalho: que a
Viveiros de Castro. execução de obras publicas, como meio de fornecer tra­
Secção de direito administrativo e sciencia da admi­ balho aos desoccupados. é uma medida de que o governo
nistração — Presidente, D r. Didimo Agapito da Veiga. deve lançar mão muito cautelosamente, reservando-a para
É immenso o cabedal de princípios de Directo e mo­ os casos de calamidade publica: convém a fundação de
dalidades interpretativas firmados pelo congresso no de­ agencias de collocaçâo c informações em todas as loca-
curso dos seus trabalhos altamente proficuos. Em todas as
secções foram debatidos os mais complexos assumptos, con­ sociaçòes de soccorros mutuos: que o Codigo de Trabalho
stituindo as actas das reuniões cffectuadas verdadeiros e deve consagrar a innovaçâo-liccnça operaria — ficando ga­
inesgotáveis repositories de saber jurídico. rantido o emprego do operário que. por motivo de mo­
Entre innumeras outras, foram approvadas, na secção léstia. não compareça ao serviço.
de Direito Industrial e Legislação Operaria, as seguintes Mas não será justo fazer pesar exclusivamente sobre o
conclusões da 1.» these, sobre o risco profissional: patrão o onus do pagamento do salario do operario que
não póde trabalhar. Esse salario deve ser pago pelas
I " — O direito do operário a ser indemnizado, no companhias de seguros, pelas associações operarias. Abor­
caso de accidente do trabalho, tem como fundamento exclu­ dou-se depois o problema do trabalho feminino, sendo es­
sivo a doutrina do risco profissional. tabelecido que o legislador deve proceder com muita caii-

O O O O 344 o o o o o o
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N° 8 3

G ra n d e M a n u fa c tu ra
de PENTES, BOTOES ADUBOS para LAVOURA.etc.
INDEPENDENCEA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

tela, quando tiver que regulamentar o trabalho das mu­ Pela iiclusòc
lheres: que o nosso Codigo de Trabalho deve garantir
o emprego das operarias que n io comparecerem ao ser­ U — A immunidade parlamentar é ininterrupta: abrange
viço no ultimo m el da gravidei, e até seis semanas depois a publicação dos discursos proferidos cm quaesquer das
do parto, ou em consequência de molestia resultante da casas do Congresso Nacional;
gravidei ou do parto, sendo os respectivos salarios pagos 21 — Têm direito a ella os deputados c senadores
pelas companhias de seguro ou pelas associações operarias estadoaes. dentro do Estado que representam, contra prisões
de auxílios mutuos, umas e outras subvencionadas c fisca- ordenadas por autoridades locacs ou federaes:
liiadas seriamente pelo Estado; que o Estado, como medida 3l — O direito de veto admitte excepções. porém,
dc providencia social da mais alta importância, deve esta­ não fse enquadram entre cilas as^ leis annuaes — de fixação
belecer nos bairros operarios ou nas proximidades dos
grandes estabelecimentos industriaes. consultorios medicos,
que dêem gratuitamciite ás operarii
hygi feminina
das
1)cliberou-se ai ....
trato de trabalho dos menores, para garantir o seu di­ hiladelpho Pelo !
reito dc frequentar a escola primaria e impedir prejuiios subtra
á saude dos mesmos: c que o Estado deve auxiliar as . provação de resoluções das asscmbléas
companhias que se propuierem a rcali/ar seguros operarios. locais sobre desmembramento ou incorporação dos Estados;
O resultado dos trabalhos da secção de Direito con­ 2.". adiamento ou prorogação das sessões do Congresso
stitucional e Politico podem ser resumidos pela seguinte Nacional: 3.” . reforma constitucional.
Quanto ás conclusões da 6.-' these, o congresso en­
Quanto á primeira these, o congresso resolveu, por tendei; que a electividade dos conselhos e do executivo
unanimidade, que a divisão dos poderes constitutional's é miinicipaes foi uma conquista da democracia brasileeira. in­
temperada pela necessidade da harmonia entre elles: e nem compatível com a autonomia assegurada pelo art. 68 do
sob o imperio, nem sob o regimen republicano, se en­ estatuto básico, a nomeação do prefeito municipal pelo
tendeu exigir a theoria que um ramo dc autoridade fe­ governador do Estado.
deral retivesse todo o poder executivo.' outro, todo o le­ Em votarão as conclusões da 7.-’ these, o congresso
gislativo. e o terceiro, a integra do judiciario. approvou que: A Constituição admitte o poder de policia:
Em votação a segunda parte, o congresso deliberou permitte restricçõcs ao direito de petição, de propriedade,
não serem os estados obrigados, pelo art. 63 do esta­ reunião, associação e livre entrada no paiz; a liberdade
tuto básico, a adoptar a divisão de poderes regionacs, de vultos, commercio e transito; a inviolabilidade de do­
nos moldes do art. 15 da Constituição da Republica. micilio. e a prerogativa federal dc regular a navegação
Quanto á segunda these, o congresso resolveu fluvial c maritima: limitações á liberdade profissional.
| i — O direito de tributar, em todo o Brasil, é Na secção de Direito Internacional Publico, foi ap­
restringido pelo dever de respeitar o principio da igual­ provada a seguinte conclusão relativa á 1 These e apre­
dade c o da limitação te rrito ria l; sentada pelo sr. Presidente da secção:
2) Comprehendem-se na competenda federal os im­ As proposições enunciadas na mensagem presidencial
postos sobre navios, e importação, de artigos de proce­ norte-americana, de 2 de dezembro de 1823, que constituem
dência estrangeira, bem como as taxas de serviços cus­ o que vulgarmente é chamado — Doutrina de Monroe atten­
teados pela União. A competência regional abrange os deram então aos interesses dos Estados da America La­
impostos de exportação para o exterior ou para outros tina e não affectaram o principio da soberania desses
pontos do paii. o territorial, o predial ou dc décimas Estados ainda em formação. O Congresso em seguida,
urbanas, o dc transmissão de propriedade c o dc in­ approvou o seguinte additivo do D r. Jorge Latour: As
dustrias c profissões. declarações enunciadas, posteriormente á mensagem presi­
A asscmbléa deliberou, porém, que o imposto sobre a dencial norte-americana «te 2 dc dezembro de 1823. affir-
renda não é dc competenda cumulativa da União e dos madas. interpretadas, applicadas c desvirtuadas pela nação
autora, da origem ao desenvolvimento final, são pela his­
Approvou-se tambem toria. elasticidade e exclusivismo perigosas á America La­
com uma emenda d o I tina e nocivas aos seus interesses, affectando o principio
vital da soberania desses Estados, por ser uma imposição,
o b ií in idem só é tolerável quando expressamente auto quer beneficiem quer não, pois crêam restricções que o
rizado pela Constituição local, respeitados os principio! direito internacional não sancciona. Foi tambem aceito um
fundamentaes do estatuto supremo. Um poder federal, «s additivo do Dr. Castro Rabello. no sentido de que os
tadoal ou municipal, não pódc tributar os bens. nem oi interesses da paz universal e particularmente da paz ame­
• de quaesquer dos outros dois. nem directa, neir ricana exigem a repulsa das falsas applicaçõees daquella
:nte. norma, qualquer que seja o sentido que se tem pretendido
rimeira parte das conclusões da 3.^ propagar. A seguir, o Congresso firmou, acompanhando o
thtse. o congresso entendeu que se concede ..habeas-corpus > Sr. presidente, os seguintes princípios correspondentes ás
ao individuo preso illcgalmente. ou ameaçado de prisão theses 2 .\ 3 . \ 4.-'> e 5.“ .
arbitraria e ao réo pronunciado, ou condemnado a> se A Convenção II dc 18 de outubro de 1907. emanada
o juiz era incompetente para decidir, no caso rjmcreto; da 2.a Conferência Internacional «"
b) se o processo era evidentemente nullo: cl sc o facto i não vençâo
imputado não constitua crime; d l se a sentença defini­ cítivos para a cobrança de dividas contratuaes.
tiva já foi cumprida c o paciente requereu, em vão. man­ Os princípios tantas vezes affirmados pelos Estados
dado de soltura: e) no caso de prescripçâo neste ultimo Latino-Americanos, no periodo da sua independencia e pos­
caso. por emenda, d o desembargador Vieira Cavalcanti. teriormente. pela quasi totalidade delles e o grão de cul­
Foi rejeitada a conclusão de que o «habeas-corpus tura juridica a que chegaram, não permittem justificar o
constitua meio habil para assegurar o exercido dc cargos chamado direito de conquista. A arbitragem internacional
puhlicos, electivos ou não, quando o direito invocado seja par.-: concorrer efficazmcnte deverá ser permanente, ampla
certo liquido, induscutivel. superior a duvidas razoaveis e. c obrigatória. O novo direito internacional, em relação aos
para o restabelecer a tempo, não haja outro remedio ju­ rios inUrnacionaes. chamados continuos, deve adoptar o
ridico sufficiente. regimen de ampla liberdade com o limite unico e natural,
Posta em votação a 4.’ these, foram approvadas as fundado no direito de justa defesa dos Estados, que elles
seguintes conclusões:
1° — Aos poderes da União cabe a supremacia sobre Posta o votos a 6.1 these — o Congresso respondeu
os estadoaes. dentro dos limites da lei-. sá suas indagações, aprovando as conclusões do presidente:
2.0 — A intervenção federal é remedio para forçar au­ A Liga das Nações, creada pelo Tratado de Paz. de
toridades regionacs: ai a respeitarem as decisões dos tri- Versailles, dc 28 de junho de 1919, pela sua ampla com-
bunaes da União: b) a se não manterem em armas contra prchensão e pelo modo dc sua organização, apresenta um
o seu proprio paiz. ou contra outro Estado: c) a cum­ tal. não exclue
prirem leis nacionaes: d l e não crearem embaraços a . parece excluir tualmente a possibilidade da creação
_____ es Americanas, com os fins. senão
completamentc iguaes. ao menos semelhantes aos daquella.
O congresso resolveu, porém, que não constitue case pois de outro modo resultaria a reducção de suas funeções
de intervenção a falta de pagamento de divida estadoal. e a extensão geographica do seu poder quer na ordem
reconhecida por sentença federal. politica quer na ordem juridica, quer na ordem admi­
Em seguida, o congresso, por grande maioria, ap- nistrativa. quer na ordem economica.
provou uma emenda, entendendo que em face da Consti­ «Se. entretanto, os Estados Latinos Americanos: a> não
tuição Federal não é prohibido ás mulheres o exercício se incorporarem á Liga das Nações por não aceitarem a
dos direitos politicos. Quanto á indagação da opportuni- fórma da sua constituição e os seus fins. ou delia se se­
dade do exercício desses direitos, que se achava incluida pararem pela negação, pela deficiente e falsa applicação dos
na conclusão, o congresso respondeu tambem affirmatíva- princípios de direito, de origem americana cm que se
mente. A ultima parte das conclusões desta these ficou funde o novo direito internacional — ou se encontrem
assim approvada pelo congresso. O Estado póde e deve americanos, é possível a formação de uma Liga nas con-
regular o trabalho das mulheres casadas, e o «las sol­ dições propostas, visto que a das Nações perdeu o ca­
turas de menor idade. racter dc universal que lhe é attribuido.

o o o o o o 345 o o o o o o
LIVRO DE OURO CO M M E M O RA TIO DO CENTENARIO DA

Em taes casos a Liga Americana na applicação ilas como o provam as respectivas disposições do Codigo Civil
regras juridico-internacionaes dará a estas, sempre o ca­ c do Codigo Penal. que. todavia, precisam de reforma.
racter universal». 0 Congresso aconselha á União Federal a adopçâo.
Na secção de Direito Judiciario foram, entre muitas com o caracter geral, das seguintes medidas que entende
outras, approvadas as conclusões que se seguem: se acham dentro de suas attribuições constitucionaes:
Relativas ás theses VI e V II a) util. sem duvida, 1 — Conceituação do que deva ser considerado menor
como elemento de prova da capacidade judiciaria dos can­ abandonado, moral ou materialmente, tendo sempre em at-
didatos a cargo da judicatura, o concurso não é. entre­ teiiçâo. na formulação dos preceitos legaes. o caracter alta
tanto. essencial a essa prova: b) O critério adoptado pelos c amplamente preventivo que deve ter a legislação a esse
art. 14. paragraphos 2.® e 4." e art. 15. paragraph*» 2., respeito, de fórma a evitar, cohibir e tolher a actuação
do deer. n. 9.263, de 28 de dezembro de 1911. satisfaz, c desenvolvimento de toda e qualquer causa inhibidora
á vista dos bons resultados que tem produzido e delle ou perturbadora da educação e formação moral e mental
decorre a necessidade da investidura vitalícia, para melhor do menor, a sua perversão directa ou indirecta, mediata
assegurar, desde logo. a independência do juiz. Quanto á ou immediata, tendo sempre como objectivo fundamental
these V II: a) As íuneções de juiz devem ser especializadas o amparo tutelar do menor e a punição dos respectivos
em ordem successiva, de modo que ao attingir cllc o mais pais (ou responsáveis) pela sua negligencia no desempenho
alto gráo da hierarchia judiciaria esteja complctamcntc fa­ dc seu alto ministerio familiar e social, podendo ser to­
miliarizado com todos os ramos da judicatura; b) O decr. madas como base do projecto, de modo a soffrcr as mo­
n. 9.263. de 28 de dezembro de 1911. que reorganizou dificações convenientes, as disposições contidas no art. 3.®.
a justiça do Districto Federal, comprehendeu bem essa paragraphos 1.® a 15.® e 22.° da autorização legislativa
necessidade e dispoz de modo a satisfazcl-a. contida na lei n. 4.242. de 3 de janeiro de 1921.
Da these III. relativa á criação de tribunacs regionaes: II — A adopçâo. como base de projecto, com refe­
a' A Constituição da Republica não permitte a crcaçâo rencia aos menores delinqüentes das medidas de prevenção
de tribunaes de segunda instancia. na justiça federal; unico penologica cm substituição ao critcrio actual de repressão,
tribunal dc segunda instancia é o Supremo Tribunal Federal. e contidas nessa autorização legislativa, paragraphos 16 a
b) O principio da alçada é consentaneo com o verda­ 28 e 31 a 36. de modo que o menor de 14 annos in­
deiro sentido do art. 59. n. li. da Constituição. digitado autor de crime ou contravenção não seja sub-
Ainda foram approvadas as seguintes conclusões: mettido a processo penal e o maior de 14 e menor de
18 annos seja submettido cm regra geral, ao processo
Quanto á these 1.»: especial de menores delinquentes, de maneira que. em um
a) A uniformização do direito processual, embora não caso como em outro, á autoridade judiciaria privativa seja
possa ser considerada propriamente como elemento indis­ outorgada ampla faculdade de acção de technica de ap­
pensável de conservação da unidade nacional, auxilia, sem plicação das medidas preventivas que cada caso exigir.
duvida, o fortalecimento dessa unidade. III A presença dos pais ou tutores, como elemento
b! A vista dos notivos expostos, urge que a União e esclarecedor e dc assistência moral e como objecto dc
os Estados se concertem para realizar e manter a uni­ actuação penologica. será sempre coercitivamente obriga­
formização pelo modo acima indicado. tória. nos actos do processo penal, e passível sua violação
Quanto á these 2.» : das convenientes seneções legaes.
a) O critério fundado nas fórmulas — «decisorium litis IV. O processo a que forem submettidos os meno.-es
e ordinatorium litis», faz discriminar com exactidão a com­ delinqüentes, será sempre secreto, em locacs proprios c
petência da União da competência dos Estados, para le­ nos Estados em que os não houver em horas diversas do
gislar sobre a acção judicial. serviço judiciario commum. permittida. porém, a assistência
b) Além do instituto da fallenda, ha outros institutos dos representantes das sociedades quaesquer de patronato
juridicos em que a materia de direito adjectivo é inse­ de menores, além das pessoas indicadas na conclusão an­
parável da matéria de direito substantivo, competindo, por­ terior. constituindo coacçâo illegal a infracçâo dc qualquer
tanto. á União legislar também sobre aquelle. dispositivo a isso attinente c considerada essa violação de­
c) Não é meramente suppritiva. mas privativa, com licto funccional de perversão de menores.
as restricçõcs indicadas, a attribuição conferida pela Con­ V. A internação dos menores delinquentes c abando­
stituição da Republica aos Estados para regular o direito nados será sempre a reformatorios especiaes. no primeiro
processual de suas justiças. caso e a escolas premunitorias de preservação, no segundo,
Quanto á these IV: tendo como cscôpo funccional, ambos, a reeducação e edu­
a) O incremento da vida judidaria e a necessidade de cação preservadora, debaixo do ponto de vista da pre­
solução rapida de certas situações de anormalidade, apre­ venção c nunca dc repressão, sendo fixado um prazo
ciáveis de plano pelos tribunaes e incabíveis no remedio proprio para a applicação do preceito aos Estados.
do «habeas-corpus». exijem a creaçâo de um instituto pro­ VI. A expressa prohibição do emprego de menores de
cessual capaz de reintegrar o direito violado; b) As con­ 16 annos em botequins ou tavernas ou em qualquer esta­
dições para sua admissibilidade e o complexo dc actos belecimento destinado á fabricação ou venda de bebidas
que devem constituir sua fórma. são assim delineados. alcoólicas, bem como a permanência ou estadia de me­
Quanto á these V: nores dessa idade a qualquer titulo, em taes locaes. e
a) A questão prejudicial, antecendente logico — juridico bem assim entregarem-se a occupações que se exerçam na
de um delicto — não deve suspender a instancia criminal via publica.
até que a jurisdicção civil se pronuncie definitivamente Outrosim, o Congresso faz votos para que a União
sobre essa questão: b) Harmoniza-se melhor com a na­ adopte no Districto Federal e os Estados lhe sigam o
tureza e o fim politico e jurídico da justiça repressiva exemplo, a instituição norte-americana dos «probations of­
commetter toda a matéria de defesa, qualquer que ella ficers» (delegados de prova e perquirição tutelar) como
seja. a essa justiça; c) Havendo, porém, «caso julgado» elemento auxiliar indispensável do juizo privativo de me-
no civil, anterior ao pronunciamento definitivo do tri­
bunal de repressão, e versando aquelle sobre questão re­ E quanto i 4.* these: — 1.® São necessarias e urgentes,
lativa ao «estado da pessoa» ou i «priedade». deve ser no Brasil, reformas na legislação em vigor sobre a re­
recebido como verdade. pressão da vagabundagem e da improba mendicidade.
Na secção de Direito Penal foram approvadas as se­ 2. ® Devem ellas consistir:
guintes conclusões, além de algumas emendas additivas: a' por parte da União, em definir, como contravenção,
Quanto á 1.» these: 1.» — É incompatível com as sómente o facto de viver, habitualmente, sem ter occupação
necessidades da defesa social a abolição, levada a effeito honesta (vadiagem) ou mendigar habitualmentc. podendo
na legislação brasileira, de todas as penas eliminatórias. trabalhar:
2.» — Aos grandes criminosos, presumidamente incor­ b) por parte da União, na instituição da pena de in­
rigíveis. devem ser applicadas penas de segregação por ternação. por tempo interminado dentro de um maximo
tempo absolutamente indeterminado fixando-se, porém, como e dc um minimo, em estabelecimentos exclusivamente des­
minimo e maximo da pena comminada para o delicto. tinados a mendigos c vadios adultos c profissionaes;
Quanto á 2.» these: 1.» — Póde ser adoptada no c) por parte dos Estados, na instituição de normas pro-
Codigo Penal Brasileiro a pena relativamente indetermi­ ccssuaes adequadas e na creaçâo dos estabelecimentos acima
nada. para os criminosos corrompidos e corrigíveis, como indicados;
medida geral applicavel cm todo o paiz. comtanto que a d) por meio de um accordo entre a União e os
sua applicação seja subordinada á existência de determi­ Estados, na creaçâo de um archivo central de informações
nadas instituições na legislação do Estado. sobre os vagabundos e mendigos, a cargo do Ministerio
2.“ — A adopçâo da pena relativamente indeterminada da Justiça.
para tal classe de criminosos, na legislação federal, deve 3. ® Nos institutos disciplinares é obrigatória a in-
revestir a fórma de uma faculdade, concedida ao juiz de strucçâo moral e civica. Aos internados serão facultadas
decretar, ao envés da pena prefixa, a internação do con- as praticas da religião de cada um. compatíveis com o
demnado em reformatorios organizados sob o systema pro­ regimen escolar, o ensino da respectiva doutrina minis­
gressivo. por um tempo não inferior ao minimo, nem ex­ trado sem caracter official.
cedente ao maximo da pena legal, desde que a legislação Todas as demais theses foram adiadas para serem
do Estado haja creado tribunaes especiaes para a revisão votadas em outro congresso juridico pela falta absoluta de
periodica da sentença condemnatoria e organizado o pro­
cesso destes julgamentos. F: com pezar que nos limitamos a estes poucos subsídios
Quanto á 3.* these — A competenda constitucional para a relação completa dos princípios firmados pelo Con­
dos Estados não obsta á adopçâo de uma lei uniforme de gresso Juridico do Centenário. A angustia de tempo não
protecção á infancia. moralmcnte abandonada ou delinquente. nos permittiu demorada consulta ás actas das reuniões.

o o o 346 o o o o
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

unico meio de effectivar o desideratum que tínhamos cm empenho de produzir obra u til. E. por isso mesmo, o
vista, uma vez que a imprensa não poude registrar senão Primeiro Congresso Brasileiro de Carvão e outros com­
parte minima das conclusões linaes do congresso. No que bustiveis nacionacs logrou o mais feliz exito, assignalando
ahi fica, todavia, demonstra-sc a efficacia da admiravcl as- o inicio de uma nova phase de animadoras esperanças para
sembléa cuja reunião devemos ao Instituto da Ordem dos a industria nacional.
Advogados. Teve^ depois a palavra o Dr. Gonzaga de Campos.

«Carvão c trigo, os dois artigos que figuram logo


l.o CONGRESSO DE CARVAO E OUTROS COMBUS­ abaixo do ferro e das machinas, á frente das despezas
TÍVEIS NACIONAES da nossa importação.
O pão do corpo, o pão da industria, que semeados
produzem os fruetos da riqueza e do bem estar social.
Os encomios ao carvão dc pedra começam a ser menos
Realizou este Congresso a sua sessão inaugural cm ferventes. Não tanto que a humanidade seja cssencialmcntc
22 de Outubro de 1922. no salão nobre da Associação ingrata: mas. no torvelinhar das novidades o ante-gozo
dos Empregados no Commercio. dos recursos infinitos que as maravilhas da scienda e da
A sua commissão directors foi assim constituída: industria vão dando ou promettendo. faz esquecer os inef-
Presidentes de honra: Dr. J. Pires do Rio. ministro faveis benefícios do que o homem tem vivido e viverá
da viação e interino da agricultura, e o Dr. Miguel Calmon ainda por largo tempo.
du Pin e Almeida, presidente da sub-commissão de con­ Ao som dos hymnos muito merecidos á electricidade,
gressos do centenário: vicc-prcsidentcs de honra: os re­ é bem de recear sejam esquecidas as genesis e a biographia
presentantes dos Estados, de instituições scientificas e de dos combustiveis solidos e liquidos. E realmente, ao passo
ensino: presidente effectivo. D r. Ildcfonso Simões Lopes: que as rochas cruptivas vão sendo estudadas até as ultimas
vicc-presidcntes: Dr. Gabriel Ozorio de Almeida. D r. Gon­ minúcias da genesis e do transformismo das especies mi-
zaga de Campos, senador Justo Chcrmont c deputado Cin- ncraes. a constituição estructural. a tessitura, os processos
cinato Braga: secretario geral: Dr. Ernesto Lopes da Fon­ de formação dos combustiveis não passam de hypotheses
seca Costa: 1.® secretario. Dr. Raul Caracas: 2." secretario. esboçadas sobre bases relativamcntc frágeis. Parece que a
Dr. Augusto Paranhos Fontcncllc: 3." secretario. D r. Fran­ enorme importância para a industria, para a vida. apenas
cisco de Sá Lessa: 4." secretario. Dr. Carlos Brandão da tempo ás pesquizas do campo do utilitarismo. Analyses
de Oliveira. immediatas, analyses elementares applicadas ao bloco da
Foram os trabalhos do Congresso distribuidos pelas rocha combustível; bem pouco nobre o estudo organo-
tres secções seguintes, com as respectivas mesas: graphico dos elementos diffcrenciados que a compoem, mui­
!.•* secção (parte scientifica) — Presidente, Dr. Eu­ tíssimo da composição especial desses elementos. Toda a
sebio de Oliveira; vice-presidente, Dr. A. Bctim Paes Leme; esperança vai ser agora posta nas energias perennes das
I.® secretario, D r. Alpheii Diniz Gonçalves, e 2.o secre­ cachoeiras em frente á duração passageira dos depositos
tario, Dr. Joaauim Francisco de Paula. naturacs dos combustiveis. Mas. apesar da docilidade ma-
2.» secção (parte technico-industrial) — Presidente. leavel da electricidade, repara-se em que no estado actual
Dr. Gonzaga de Campos; vice-presidente. Dr. Pereira Lima; da scienda e da industria, ainda ha vastos campos, talvez
I. ® secretario. D r. Socrates Bittencourt, e 2.» secretario. os mais ferteis e productores. como alguns da grande
J. Simão da Costa. mctallurgia. em que a energia electrica não póde sub­
^ Foram distribuídas a cada uma delias as seguintes stituir integralmente as propriedades do carbono. Ainda
não sabemos educar os ions com preferencias outras que
A 1.* secção — Os planicies de Campos e o pctroleo, as affinidades, as suas affeições e exigendas naturaes.
pelo geologo Horacio E. Williams: O minério de cobre Dc outro lado nas applicações predomina sempre o
de Carnahyba. no Estado da Bahia, pelo Sr. Melgario C. ponto de vista economico. E em muitos casos a destruição
de Silva Rodrigues; A mineração no Estado da Bahia, do carvão faz-se em condições menos valiosa do que o
pelo Sr.Horacio W illiam s: A chisto bituminosa da cha­ juro e amortização das instalações hydro-electricas dis­
pada do Araripe. peloSr. S. Fróes Abreu; Carvão no putando o campo da energia hydraulica.
Amazonas, pelo D r. Gonzaga Campos: Possibilidade de se Demais, volvendo os olhos ao aproveitamento dos com­
encontrar carvão no norte do Brasil, pelo Sr. Paulino bustiveis na geração da energia, reconhece-se logo o enorme
Franco de Carvalho: Sobre a possibilidade de existência campo aos melhoramentos de todos os apparelhos até aqui
de combustíveis mineraes no valle do Amazonas, pelo empregados nesse destino. Desde as fornalhas dc grelhas,
Dr. M. J. de Oliveira Roxo: Sobre a possibilidade de os geradores de vapor, as proprias machinas em que este
existência do petroleo na Baixada Fluminense, pelo Sr. M. actúa precisam ser reformadas, pois reduzem a mui pe­
J. de Oliveira Roxo: Origem do carvão do sul do Brasil quenas proporções o rendimento dos combustiveis. Vem as
e sua formação, pelo Dr. José Fiúza da Rocha. Ensaios turbinas dc vapor, c os tubo-gcradores que levantam esse
sobre a genesis do lignito no norte de S. Paulos, rendimento a mais do dobro, passando de oito e dez
pelo professor Alberto Betim Paes Leme; .Turfa de Villa até 25 ».o.
Nova», por Gerson de Faria Alvim c Eugenio Bomdt Resaltam as vantagens do combustível gazoso desde
Rutta: «Folhetos betuminosos de Iraty». pelo geologo Eu- os fornos da metalurgia e as fornalhas communs até o
zebio de Oliveira. recurso mais perfeito de aproveitar-lhes a combustão dentro
A 2.' secção — Os methodos de desmonte e extracção do proprio cylindro nos motores a gaz. Nascem os gazo-
de carvão, pelo Sr. P. W. Uhlmann; Um ensaio de theoria genios, e o aproveitamento dos gazes nos fornos altos,
para a lavagem do carvão, pelo D r. Octacilio Pereira; um passo gigantesco da siderurgia.
Estudos de algumas jazidas de turfas no Brasil, pelo Vèm os motores de explosão, essas maravilhosas ma­
Dr. E Lecocq: Memorial sobre o carvão artificial A. N. M . chinas sem peso que permittem as grandes velocidades,
pelo Sr Piedade Navarro; A producção do álcool para tanto na circulação terrena, como na aerea, aproveitando
fins industriaes. pelo Sr. J. Sanchez Oongora: Folhelhos os combustiveis mais voláteis.
azenites betuminosos como fonte de combustível, pelo professor E viu-se que o carvão a todas as necessidades corres­
A. C. Slater. -Fôrmas de utilização do carvão nacional, sob o as­ pondia. fornecendo a matéria combustível a cada um desses
pecto technico c economico-, pelo D r. Mario de Andrade
Ramos «Contribuição para o projecto de locomotivas des­ Os carvões betuminosos na combustão cm fornalhas
tinadas ao uso do carvão brasileiro», pelo engenheiro Er- mal apropriadas deixavam escapar a energia calorifica sob
nany Bittencourt Cotrim. a fôrma de fumaça negra e densa, com os nauseabundos
A 3.» secção — O problema do carvão nacional, pelo incommodos que obrigaram o decreto da rainha Elizabeth
Sr. P. W. Uhlmann. O carvão do sul do Brasil, pelo prohibindo a sua queima durante as sessões do Parlamento
Sr. Henrique Costa: A intervenção econômica dos poderes inglez. Hoje são préviamente distilados cm temperatura
publicos no fomento da industria de combustiveis. em face baixa, fornecendo os gazes e os liquidos dos motores,
das necessidades de defesa nacional, pelo 1.® tenente en­ e um semi-coke de alto poder calorifico e sem os incon­
genheiro Ary Parreiras: Memória sobre as questões sociaes venientes da fumaceira.
econômicas que se prendem ao problema do carvão nacional. E por um consenso unanime, estudos c resoluções de
pek> D r Luiz Betim Paes Leme. congressos, se legisla que os carvões não mais deverão
A 4.» secção — «O raio de acção dos combustiveis ser queimados in natura. O que se deve aproveitar é o
nacionacs'. pelo professor Alberto Betim Paes Leme. espirito, a energia dos combustiveis. distilados ou tratados
Na sessão de encerramento do Congresso, realizada por qualquer outro processo que lhes permitta o aprovei­
em 8 de Novembro de 1922. o sr. D r. Ernesto da Fonseca tamento rendoso quer sob á fôrma gazosa ou liquida,
Costa leu uma preciosa synthese dos trabalhos realizados. ou a que mais se aproxime deste estado, a de carvão pul­
Que é a seguinte: verizado. E todas as nações á porfia cream e montam as
Foram apresentadas ao estudo do congresso 56 me- estações experimentaes de combustiveis. institutos em que
"~ n a t. Outros assumptos do programma foram também elu­ a sciencia de mãos dadas com a industria chega á mais
cidados pelas commissões c tratados em sessão plena. As vantajosa solução de taes problemas.
questões desenvolvidas nas memórias apresentadas ou sus­ Como resultado, vem a generalização do principio hu­
citadas no seio das commissões e nas sessões plenas deram manitário da igualdade applicada aos carvões. Não ha
origem a 56 conclusões e uma moção, estudadas, discu­ mais combustiveis pobres nem ricos, superiores nem infe­
tidas e votadas. O incontestável valor das conclusões ap- riores. O que faltava era o conhecimento da sua consti­
provadas demonstra que os congressistas trabalharam, assim tuição e dos melhores meios dc aproveitar-lhes as pres­
na commissão como no plenário, com o mais alevantado tabilidades. Melhorados os typos da fornalha para a queima

o o o o o o 347 o o o o o
LIVRO DE OURO COMAIEAIORATIVO DO CENTEXARIO DA

directa, sc c que esses typos podem subsistir, adoptados neficos effcitos desta reunião, que não termina com a sau­
os mais cconomicos typos de geradores da energia; bene­ dosa despedida.
ficiados os carvões cm meio da agua. do ar comprimido ou Porque nada esquecestes, não sómente na technics dos
rarefeito.'o u sob a acção dos fluidos eleetrostaticos. ou combustíveis, defendendo os de origem mineral c seus
pelo cffcito da sua propria energia calorifica nos appa- productos, os vegetaes cm todas as suas modalidades, da
relhos de distilação. ha de desdobrar-se nos elementos lenha c do carvão da madeira: e ainda insistindo sobre
mais apropriados aos melhores processos da metalurgia e a palpitante e momentosa applicaçáo dos que resultam da
da fabricação do cimento. fermentação, do trabalho dos infinitamente pequenos, mas
A unica distineção que subsiste é o accidente communi, de alcance infinitamente grande para a economia dos nossos
o pcceado original de se ter formado, de ter nascido geradores de energia, do álcool industrial que foi objecto
aqui ou ali. que o obriga a contribuir no máximo para constante dos nossos desvelos.
o bem patrio, reservando a extensão geral ao hem da Em compensação parece que temos sobejos motivos
humanidade para segundo plano, no caso em que o raio para congratular-nos comvosco pelo feliz exito dos tra­
de acção lhe permitta essas viagens bemfazcjas. balhos desta associação, de cultura de amisade intima,
E eis ahi por que agora vimos agradecer aos pro- que nos proporcionou o Ministerio da Agricultura.
motores deste Congresso, onde acabamos de aprender e de
verificar todo este acervo da verdade scicntifica e in­
dustrial. nas memorias c orações de uma plêiade de moços
illuminados de conhecimentos profundos, c promptos a cm-
prcgal-os com toda a sua energia nas pesquizas e estudos 2.® CONGRESSO INTERNACIONAL DE FEBRE APHTOSA
cxperimcntacs para o aproveitamento dos combustíveis bra-
{■'. por isso que não nos cansaremos de bcmdizcr todos O 2.® Congresso Internacional de febre aphtosa inau­
aquelles que nessa grande obra contribuiram: e me pçr- gurou seus trabalhos cm 21 de Outubro de IQ22. reali­
mittireis succinta enumeração, desculpando ommissõcs in­ zando-se a solcmnrJade inaugural na sede da Sociedade
voluntarias. Ao vulto superior de Rodrigues Alves, c a Nacional de Agricultura.
actividadc pertinaz c patriotica de seu minisro. engenheiro Fizeram-se representar neste congresso os paizes. insti­
Lauro M uller, muito devemos pela vinda da missão VX'hite. tuições. Estados. repartições e associações seguintes: Suécia,
cujos beneficos cffcitos ainda hoje perduram. pelo ministro Johan Theodor Paiics Cuba. pelo ministro
Ao venerando estadista Affonso Penna. secundado pelo Enrique Pérez Cisneros: Grã-Bretanha, pelo secretario de
incansável lidador, engenheiro Miguel Calmou, que no embaixada Ernest Hamblock: Estados Unidos da America
actual certamen nos guia á luz brilhante do impreterrito do Norte, pelo commandantc F. E. Sellers: Costa Rica.
civismo, nossos louvores pela crcaçâo do Serviço Oco- Sr. Oalvão Bueno. Polonia. Chile. Guatemala. Noruega.
Em épocas mais proximas devemos muita gratidão Hespanha. China. França. Ministerio da Agricultura, da
pelos favores cspcciaes á industria carvoeira, á adminis­ Inglaterra. Sir. Douglas Newton: Estado do Pará. Dr. O.
tração do eminente brasileiro Wenccsláo Braz. auxiliado de Lyra Castro: Ceará. Dr. Thomaz Pompeu Filho: Rio
pela energia, operosidade do engenheiro Pereira Lima, que Cirande do Norte. D r. Rapacl Fernandes Gurjão: Parayba.
muita honra e brilho vein trazer com a sua presença, e Dr. Octavio de Albuquerque: Alagoas, doutor Mendonça
conselhos de reconhecido tino aos trabalhos do Con­ Martins: Sergipe, doutor Gilberto Amado; Santa Catharina,
gresso do Carvão. D r Adolpho Konder. Rio Grande do Sul. D r. Ildcfonso
Nem podemos esquecer o influxo benefico, que sobre Simões Lopes: Goyaz. Dr. Joviano Alves de Castro: se­
todos esses actos teve a grande associação, que hoje nos cretaria da agricultura de S. Paulo. Dr. Luiz Picollo:
acolhe com o amistoso agasalho, quotidianamente prcstjdo Escola de Agronomia e Veterinaria do Pará. doutor Lyra
ás boas ideas. O Club de Engenharia foi sempre o grande Castro c Sociedade Brasileira de Medicina e Veterinaria,
propugnador das concepções alcvantadas. Não podia deixar doutor Heitor de Assumpção Santiago. D r. Ruy Pereira
de ser o do nosso assumpto. Ahi está ao nosso lado um
dos maiores luminares. Osorio de Almeida, que desde
1894. cm concludentes expericncias na Central do Brasil, Presidente benemérito. D r. Epitacio da Silva Pessoa,
demonstrara as vantagens do emprego do carvão nacional. presidente da Republica: presidente de honra, doutor losé
A commissào de carvão crcada nesta casa desempe­ Manoel de Azevedo Marques, ministro das relações exte­
nhou-se da sua tarefa do modo mais brilhante, tendo á
frente a operosidade vibrante do grande cidadão almirante riores: Dr. J. Pires do Rio. ministro da agricultura; Dr.
Jpsé Carlos^ de Carvalho, de companhia com o pranteado Hdefonso Simões Lopes, ex-ministro da agricultura: Dr.
Miguel Calmon du Pin c Almeida, presidente da Sociedade
Por essa occasiáo actuaram grandemente no adiantado Nacional de Agricultura e da sub-coinmissão de congressos
passo na economia dos combustíveis a adopçáo do carvão do centenário e os representantes de paizes estrangeiros,
pulverizado pela Central do Brasil. — do engenheiro dos vice-presidente de honra. Dr. Carlos Chagas, director geral
mais distinctos, cujos meritos de administradores ficaram do Departamento Nacional de Saude Publica: D r. Antonio
bem gravados na consciência do paiz: Arrojado Lisboa e Assis Pacheco Leão. vice-presidente da sub-commissão de con­
gressos do centenario e os representantes de instituições
c associações estrangeiras e nacionaes; presidente effectivo.
Nos ultimos annos, ao crepusculo do primeiro século Dr. Alcides de Miranda, director do serviço de industria
da nossa independência politica, orientando o paiz com mão pastoril; vice-presidente, Dr. Aleixo de Vasconcellos, Dr.
firme e segura ao rumo da independência cconomica. vemos Henrique Marques Lisboa e Dr. Armando Rocha; secre­
o actual presidente da Republica prestar decidido apoio á tario geral. Dr. Epaminondas Alves de Souza: l.° secre­
industria dos combustíveis cm muitos actos successivos, tario. Dr. Jorge Sá Earp: 2.° secretario. D r. Mariano de
dentre os quaes destacaremos dois: fundar a estação ex­ Lampos, J.° secretario. Dr. Taylor de Mello e 4.° secre­
perimental ele combustíveis e mincreos c ordenar a missão tario. Dr. Moacyr Alves de Souza.
Maury da Rocha, com o fim especial de verificar a pos­ Foram constituídas as seguintes commissôes : I.® —
sibilidade de obter dos nossos carvões o coke mctallurgico. etiologia: 2.0 anatomia pathologica; 3.° — prophylaxis;
indispensável á grande siderurgia brasileira. 4.0 — therapeutica.
Os frutos de tacs actos vos foram presentes no de­ Figuraram entre theses discutidas
curso das nossas reuniões c estudos. Por clles vistes, e bem
alto proclamastes taes conquistas no dominio da technics Anatomia pathologica da febre aphtosa». pelo Dr.
c seu alcance para a vida do paiz.
Não ha portanto titulos que mais possam recommcndar Carlos Pinheiro Chagas: Concentração do soro anti-aphtoso.
o preclaro cidadão aos justos applausos nossos. pelo Dr. José Baeta Vianna; .A prophylaxis da febre
Culminando temos de considerar a acção perenne e aphtosa pela sorothcrapia preventiva», pelo D r. Henrique
immorrcdoura do nosso presidente, engenheiro Simões Lopes, Marques Lisboa: «Relatório», do Sr. Annibal Duarte; «Meios
ainda ha pouco sagrado benemérito patricio na gestão dos therapeuticos c prophylaticos». pelo doutor Luiz Piccolo,
públicos ncgocios. e <I ratamento da febre aphtosa». pelo D r. O. Magalhães.
De longa data vinha clle propugnando na Camara ralando na sessão de encerramento do Congresso, o
dos Deputados por quebrar essas cadeias da dependência sr. Ur. Aleixo de Vasconcellos teve as seguintes palavras,
estrangeira, com o projecto de auxilios para incentivo da que dão bem a significação de que se revestiu o im­
industria carvoeira. Sugeria depois a instituição do Con­ portantíssimo certamen promovido pelo Ministerio da Agri­
cultura:
gresso do Carvão. Eis ahi uma prova de quanta perti­
nacia da dedicação ás coisas patrias é necessário para Encerramos hoje o 2.® Congresso Internacional de
chegar ao dia de vcl-as resolvidas. r core Aphtosa. satisfeitos com os seus resultados. Ninguem
No alevantado proposito, não podemos esquecer o pretendeu affirmar. neste certamen, a resolução da pro­
,mr: de
Ho Cincinato
r,nem ,.o R . . . . - talento c „ n|ma nacjona|
Braga, phylaxis dessa molestia, que ha tantos annos, e em varios
sempre rejuvcnecidos. sempr a apontar e a defender a paizes do mundo, nos assola periodicamente, produzindo
tao senos prejuízos. Náo foi também intenção dos scien-
rapido progresso de enrique- tistas que muito têm cuidado de esmerilhar os segredos
cimento do Brasil. ' P
E agora só me resta agradecer a > Snrs. congressistas V “ » ii ” *0. impôr as suas idéas. os seus princípios
o esforço ininterrupto em prol da i . „ „ „ a scicntiticos ou os seus methodos de pesquizas. á sanção
portancia e valia ahi estão estereotypadas nas excellentes superior da grande assembléa.
• ricos de dados c algarismos con- Iodas as nações estão, evidentemente, empenhadas no
esclarecimento dos enigmas relativos á etiologia, á epi-
largo prazo os be- drmiologia c á prophylaxia de tão terrivel molestia, por

o o o o o o 348 o o o o o o
C O M P A

£ s ta C o m p an h ia a d q u in u as m a rc a s , a rm a zé n s e v in h e d o s d a s seg u in tes e m p re z a s :
V I UVA GOP1ES (a p rin c ip a l casa de C alares)
COMPANHIA V IN ÍC O L A (ieCOLARES L?a; ’
iO S E MARIA da FONSECA.Sucessor,L ^ iA m n z ens V ila PeretraJ
_____ easbem conh e cid a s marcas de-vmho
IHAM e WELSH, q u e ner
conjunto ocupam o primeiro loqar na ej
vinhos d a M ad eira.

J. FRANCO & Cia.


R. Republica do Perii, 69-1.° (Antiga R. da Assembléa) — Rio de Janeiro.
E 1M EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

intermedio de seus sábios c dos homens de laboratorio.


mas. ao lado destes, militando com os mesmos intuitos Adelino Pinto. Julio Lohman. Juruen dc Mattos. Toledo
c focalizando apenas a prosperidade economica do paiz I/Odsworth^Figueiredo Rodrigues. Francisco Venancio Filho.
estio os nossos investigadores, está a peiade de estudiosos ------ Alberto. Cassiai—> Gomes.
_____ ___Octavio Mangabcira, Ruy
do posto experimental de Bello Horizonte, que n io adopta rnheiro e José Carneiro Fclippc.
a fórmula simples das conjecturas ou das contestações SEGUNDA SECÇÃO — Questões dc chimica appli­
sistemáticas, firmadas nos recursos philologicos. a serviço ca, esjrçeia.mentc as indicadas em os ns. I a 3 do 1
da imaginação, para negar, para descoroçoar ou para re­ Alfredo C. Ribeiro
jeitar as aequisições conseqüentes de ponderadas e repe­ Schaeffer. Flori; ia Silva Andrade,
tidas experiendas c de suas applicaçõcs praticas. Nio. crque. Jorg ' de Castro. Luiz Car-
aqucllcs devotados incommodam-se. desmandam os campos, - -- ....c w i Eiglevvitch. Joãc ....... ... .......
Baptista.
arrostam as vicissitudes dos nossos sertões, lá tentam thomaz Manante. Luiz Adolpho Correia da Costa. Rai­
ensaiar pacientcmcntc c conscientes da severidade dos seus mundo Felippc dc Souza. j . Arthaud Berthlet. Sanchez
estudos, os frutos das suas locubraçòcs no recinto evo- Gongora. F. G. Valle Miranda. Beatriz Gonçalves Ferreira.
cador das grandes verdades, que c o laboratorio. Heitor Machado Silva. Cardwell Queen. Annibal Pinto dc
O congresso inteirou-se dos trabalhos nacionaes: clles ilippe Carneiro. Alfredo^ dc Andrade. Nair
correrão mundo em fóra. c. cnriqucccndo-se de novos Barrão dos Santos. Julicta da Rocha ' ' lopoldo Silv;
factos, de outras ideas e contribuições expcrimentacs ou Joaquim Bertinc de Carvalho. Luiz / Araujo
servindo de motivo para uma concepção mais feliz, estão Lima e Alcides Franco.
os seus autores premiados nos seus patrioticos esforços. TERCEIRA SECÇÃO — Questões appli-
Deixamos, pois. consignados nesta sessão o nosso louvor cada. cspecialmentc as indicadas em os a „ uu ....
e os mais sinceros votos para que não esmoreçam na griipo da 2." parte do programma — Guilherme Hoffmann
faina de pesquizar a verdade dos graves problemas pa- Filho. Arthur I . Carneiro. Alvaro Alberto. F. de Lessa.
Augusto Ccsar Diogo. Oscar Filgueiras, Álvaro de Bit­
Nestc congresso foram abordadas questões de etio­ tencourt Carvalho. Carlos Loureiro. T. H Lee. Heitor
logia. de prophylaxia, de therapeutica, de chimica. de ana­ U lasco. Theophilo Nolasco dc Miranda. Augusto Queiró'
tomia pathologica c epidemiologia. Todos estes assumptos Lopes. Francisco Venancio Filho. Raul Caldas. L a bo rin g
tiveram grande desenvolvimento, tanto nas monographins uiz Bosquet. Léo d Affonseca. Victor Limoeiro. Ernesto
pelos respectivos autores, quanto nas discussões travadas em Eonseca Costa. Baudino Fore. Carlos Ramos. Annibal de
diversas sessões. Primou o congresso pela sua feição emi- Souza. Ldgard Filgueiras. Eronembcrg e Jersou Tavares
Rodrigues.
nentemente scientifica. tendo a realçar-lhe demonstrações QUARTA SECÇÃO
praticas, que foram o encanto do seu programma. Seria não consideradas nas 2.»
dever nosso, dando por terminados os trabalhos de um venções. cspccialmente o „ . . ....... t ..
certamen internacional, que teve por fim apresentar me­ grupos da 2.' parte do programma — T. Valeriano Pccê-
didas praticas de defesa contra uma moléstia que interessa guciro do Amaral. José de Carvalho Del Vecchio. José
partial larmente os criadores, dizer-lhes dos nossos resul­ Carneiro Felippe, Luiz Faria. Herculano Calmon de Si-
tadas. As nossas conclusões são a resposta a essa justa qucira. Fcl'x Guimarães. Orlando Rangel. Benevenuto dc
curiosidade. Po m cilas comprchendcl-as nos seus justos Lima. Paulo Parreiras Horta. Araújo Castro. Antonio Ca­
macho Filho. Julio da Silva Araujo. José da Rocha Ca-
calvanti. Henrique Autran. Francisco Gomes Valle Miranda.
Fspe remos pelo 3.» congresso: esse falará mais alto; Joao Marinho dc Andrade. Clovis de Moraes Coutinho.
o mérito incontestável do numeroso corpo de seientistas Joviano Alves de Castro. Guilherme Moura. Eduardo Bit­
do velho mundo será. sem duvida nenhuma, magnifica tencourt. Adelino Pinto. Alfredo de Andrade. Paulo Seabra.
condição para o maior successo do novo certamen. Jose Alves Filho. Heitor Machado da Silva. Luiz Oswaldo
Faço agora as minhas despedidas, satisfeito por ter de Carvalho e Alfredo Schaeffer.
podido, apenas na altura dos meus modestissimos recursos, O programma dos trabalhos do congresso divide-se
presidir aos trabalhos de tão importante certamen. Tão cm duas partes: questões geraes de chimica e questões de
grande honra não me cabia; cila está muito acima de applicada ás nossas diversas actividadcs.
minha mediocridade: devo-a a corações amigos c generosos. Dentre rehendidos na primeira parte
Não os culpeis, porem: clles são mesmo bons. Moram programma salientam-se •
nesta casa. c dos dotes de magnanimidade que ornam o ensino c fundação de institutos de chimica experimental:
seu brazâo participam todos. A clles, pois. a todos os pesquizas chimicas nas industrias e nos laboratorios: propa­
membros da directoria da Sociedade Nacional de Agricul­ ganda da chimica no Brasil: collaboraçâo feminina nos
tura. o meu reconhecimento. A todos vós. senhores re­ estudos e trabalhos dc chimica: bolsas para os estudos
presentantes de paizes estrangeiros, senhores commissarios dc chimica: conselho superior e Federação Brasileira de
dos governos cstadoacs. senhores das sociedades seienti- Chimica: uniformização do nomenclatura chimica no Brasil,
ficas do paiz c prezados congressistas, a segurança da c das unidades de medida cm chimica. cm physica e cm
minha estima pessoal, da commissão organizadora deste Chimica: uniformização da nomenclatura chimica no Brasil,
congresso, e os votos de feliz retorno ás vossas patrias e participação brasileira na collaboraçâo chimica internacional:
vossos piares, sem vos esquecerdes das amizades que aqui a chimica. seu ensino, suas applicações. pesquizas. etc., nos
paizes americanos, nos paizes europeus e nos paizes do
Oriente.
Da segunda parte do programma constaram, entre outras,
l.o CONGRESSO BRASILEIRO DE CHIMICA questões referentes ao seguinte: lacticinios. feculas, assu-
cacáo. chocolate e industrias de fer-
mentação: oleos a limcnticios. productos de origem animal.
conservas, aguas minera
Este Congresso, também realizado sob os auspícios do applicaçõcs industriaes álcool, distilações da madeira,
Mimsterm da Agricultura, inaugurou seus trabalhos em ural. . resinas, couros, taninos. * fibras.
’ de Novembro de 1922. no salão nobre da Associação dos cellulose, papel, algodão. .................
. corantes .............
naturaes.. i
Empregados no Commercio do Rio de Janeiro. sendas naturaes. fumo. productos da flora brasileira, etc.:
. ' ' sua mesa dircctora. eleita por unanimidade, ficou sabões c glyccrina. succedaneos da borracha, corantes ar-
assim constituída: tifidaes. tinturaria, essências artifidaes. vernizes, collas c
Presidentes de honra. Ür. J. Pires do Rio. ministro da productos chimicos diversos, metaes commons e metaes
agricultura. Dr. Ildcfonso Simões Lopes, ex-titular da preciosos, mineraes diversos, kaolim c argillas, sáes potas-
agricultura, e Dr. Miguel Calmon du Pin e Almeida, pre- sicos. phosphatos naturaes. mineraes radio-activos. terras
SKlentc da siib-commissâo de congressos da exposição; vice- raras, acidos, alcalis, sáes mineraes. chloro c seus deri­
presidentes de honra, os representantes dos Estados, de insti­ vados. ar liquido c oxigênio, ccramica, vidros, adubos
tuições scientificas c de ensino junto ao congresso, e os inorganicos, sal de cozinha, cal. cimento, etc.: estudos chi-
^rs_ Dr. Tibureio V. Pcccgueiro do Amaral. D r Pedro micos dos combustiveis naturaes. seus derivados, estatística
Nolasco de Almeida. J. Gonzaga de Campos, general Ccsar relativa á chimica e aos productos chimicos no Brasil:
Uiogo contra-almirante Carlos Ramos, presidente effc- processos chimicos dc conservação c immunização: in­
A, J° JD r- l)aniel Hennings vice-presidcntes. Drs. Alfredo dustrias chimicas para fins militares c navaes: clcctro-ehimica
Andrade Alfredo Carneiro Ribeiro da Luz. Guilherme Hof- no Brasil: estudo da chimica biologica no Brasil: chimio-
fmann Filho. ___ João de Carvalho dei Vecchio c José de therapia: a chimica ao serviço da justiça: estudos da chi­
Freitas Machado; • ccretario geral. Dr. Paulo Ganne: se- mica vegetal no Brasil: uniformização dos methodos de
cretarios. Drs. ’"> de_Brito. Luiz dc_ Faria. Herculano analyse dos alimentos, adubos, insecticidas. fertilizantes mi-
Calmon de Cerqucira e Francisco dê Sá Les ncraes. terras, productos industriaes e commerciaes. pro­
, as çommissões organizadas para a boa marcha dos ductos chimicos. medicamentos, etc.: legislação e convenções
trabalhos foram as seguintes : sobre assumptos dc chimica no Brasil.
PRIMEIRA SECÇÃO - Questões de chimica de ca­ Fizeram-se representar no congresso os Estados do
racter geral, especialmente as indicadas em toda a I.4 parte Amazonas. Pará. Ceará. Rio Grande do Norte, Pernambuco.
o programma — Daniel Henninger. Julio Koeller. Alfredo Alagoas. Bahia. Rio de Janeiro. Minas Geraes. Goyaz. Matto
j * Andrade. Everardo Backeuser. Henrique Morise. Mario Grosso e Santa Catharina. bem assim a secretaria da Agri­
rf. Theophilo Nolasco de Almeida. Ary Catiinda, cultura de S. Paulo. Escola Superior de Agricultura. Es­
Osório de Almeida. Freitas Machado. Souza Martins, cola Polytechnics do Rio de Janeiro. Faculdade de Medicina
tose de Carvalho Del Vecchio. Elyseu Guilherme da Silva, -• Janeiro. Escola Naval. Collegio M ilitar do Ceará.
s-icmcntino Fraga. Alfredo Schaefer, Peceguciro do Amaral. Escola Polytechnic! -*- “ "'tia. Faculdade dc Medicina da

O O o o o 349 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MOR ATIVO DO CENTENÁRIO DA

Bahia. Escola de Engenharia de P. Alegre. Faculdade de preparatórios, dc commercio e dc philosophia, esse con­
Medicina de Porto Alegre. Instituto de Chimica de Porto gresso teve um programma bem organizado:
Alegre. Instituto de Chimica do Ministerio da Agricultura, Além da discussão de theses, foram os seguintes os
Instituto Oswaldo Cruz. Instituto de Chimica Industrial da seus fins: a) reforma do programma dc ensino com au­
Escola de Engenharia de Bello Horizonte. Instituto Agro- x ilio dc professores: b> esforçar-se por conseguir do go­
nomico de Campinas. Instituto de Chimica Industrial do verno federal a fundação de escolas modelo em Belém c
Pará. Sociedade Nacional de Agricultura. Museu Nacional. Recife. Bahia c Rio. S. Paulo c Porto Alegre; c) promover
Escola Normal de Nicthcroy. Escola Superior do Com­ conferencias publicas: d> organisar a revista de estudantes:
mercio. Academia do Commercio do Rio de Janeiro. Liga c> fundar a bibliotheca c livraria.
do Commercio. Companhia Brasileira de Productos Chi- As theses foram divididas em varias secções, inscrc-
micos. Laboratorio Bromatologico da Saude Publica. La- vendo-se. entre outros, os seguintes congressistas.
boratorio de analyses do Estado de Minas Qcraes. Labora­ Pholosophia — Milton Barbosa e Celso Octavio.
torio Chimico Pharmaceutico M ilitar. Fabrica de Polvora literatura — Ernani Reis. Celso Kelly. Annibal Ar­
dc Piquete. Laboratorio Technico Analytico da Armada. robas. M ilton Barbosa c Roberto da Motta Macedo.
Laboratorio do Corpo de Bombeiros. Laboratorio do Ser­ Linguística — Archimedes Mariano de Azevedo. Er­
viço Gcologico e Mineralógico. Estacão Experimental de nani Reis. Cavalcanti Proença. Annibal Arrobas c Selso
Cosbustivccis e Minérios, e Laboratorio da Inspectoria de Kelly.
Fiscalização do Leite. Historia — Francisco P. da Silva Chaves. Hilton Jesus
Foram submettidas á apreciação do congresso 71 theses Qadret. Annibal Arrobas. Celso Kelly. Milton Barbosa. Ro­
e memorias que foram attentamente examinadas c discu­ berto da Motta Maccda e Arthur da Motta Macedo Junior.
tidas no seio das commissõcs c no plenário, dando origem Ocographia Hugo Auler e Helcio Aulcr.
a numerosas conclusões. Artes — Celso Kelly. Luiz Guimarães c M ilton Barbosa.
Funcckmaram 5 commissões especiacs. constituídas por Mathematicas — Archimedes M. Azevedo, Oswaldo Ribas
142 congressistas. Realizaram-se diariamente sessões parciaes Leitão. Paulo Bandeira de Mello c Ernani Figueiredo.
ou das commissões e quatro sessões plenas. Scicncias physico-naturacs — Alberto Americano Freire.
O empenho verdadeiramente notável, demonstrado por Danilo Rangel Brigido. Paulo Bandeira de Mello. Ernani
todos os Srs. congressistas cm contribuírem com as suas Figueiredo e Arthur da Motta Macedo Junior.
luzes para a melhor solução das questões propostas ao Pedagogia — Celso Octavio c Ernani Figueiredo.
congresso, o valor dos trabalhos apresentados, os animados Houve também trabalhos dc literatura, nos quaes se
debates travados assim nas commissõcs cspeciacs. como em inscreveram os Srs. Hugo Aulcr, Cavalcanti Proença. Milton
plenário c a importância das conclusões adoptadas. cor­ Barbosa. Ernani Reis. Celso Kelly. Archimedes M. de Aze­
responderam perfeitamente aos altos desígnios dos que vedo. Borman Borges c outros.
promoveram c organizaram o certamen. O congresso teve como seu representante dirigente um
conselho superior composto dos professores Pedro do
Coutto. Mario Barreto. Silva Ramos. Daltro Santos. Oliveira
de Menezes. Raja Gabaglia. Mendes Aguiar. Honorio Syl-
CONORESSO DOS ESTUDANTES DAS ESCOLAS vestre. Nunes Ferreira e Euclydes Roxo.
SECUNDARIAS DO BRASIL Foram considerados socios honorarios os Srs. barão
dc Ramiz Galvão. conde de Affonso Celso. Carlos de Laet,
Agliberto Xavier. Prado Kelly. Benedicto Raymundo da
Composto dc estudantes dos Collcgios Pedro II e Silva. Mauro Alves de Aguiar Campel lo c T ito Livio de
M ilitar. Escola Normal, collcgios particulares, cursos dc Sant'Anna.

HOMENAGENS ESTRANGEIRAS

Dc todas as grandes nações do globo recebeu o Brasil, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA DO NORTE
por occasiâo do primeiro centenário dc sua independência
politica, as mais inequívocas manifestações dc apreço, admi­
ração e carinho fraternal. Não foi. apenas, o concurso Srs. Charles Evans Hughes, secretario de Estado e
brilhantíssimo de grande numero delias ao grandioso cer­ embaixador extraordinario e plenipotenciário: O. Stephen O.
tamen em que demonstramos nosso admiravel progresso Portei, presidente da commissão dos negocios estrangeires
cm todos os sentidos: foram também as embaixadas e da (.amara dos Deputados, enviado extraordinario: almi­
missões especiaes. composta de nomes illustres, universal- rante H illa ry P. Jones, enviado extraordinario: major ge­
mente venerados alguns, na politica, na scicncia. nas artes neral Robert Bullard, enviado extraordinario: Edward R.
e nas letras: foram ainda outras m il provas dc gentileza rich , enviado extraordinario: contra-almirante G. VI'. W il­
que nos fizeram transbordar de commoção o coração agra­ liams. chefe do estado maior: contra almirante G. T. Vo-
decido. Na resenha incompleta que damos a seguir das gclgesang. ajudante de campo, especial, do secretario de
homenagens prestadas ao nosso pais pelos povos amigos Estado: capitão de corveta. J. James, ajudante de campo
fica patenteada a alta consideração em que somos tidos do almirante Jones: capitão V/. M. Cafee. ajudante de campo
nos dias de hoje pelo mundo. Teve nosso esforço pela do general Bullard: Goodwillic e Hugh M illard , secretários.
grandeza cada vez maior da patria a sua regia recom­
pensa. Ao sentimento de justo orgulho que tacs mani­
festações em nosso espirito despertam, saibamos comtudo PORTUOAL
unir o nosso profundo reconhecimento pelo que houve de
espontâneo e generoso no gesto amavel desses povos, cuio Dr. Duarte Leite Pereira da Silva, embaixador extra­
exemplo nos tem sido atravez dc nossa vida dc nação ordinario e plenipotenciário; Sr. A. Oago Coutinho. en­
independente o mais forte estimulo na conquista do fu­ viado extraordinario: Dr. Joaquim IVdroso. conselheiro de
turo grandioso. legação; capitão de fragata. Joio Augusto de Oliveira
Muzanty. addido extraordinario: capitão dc fragata Arthur
Freire de Sacadura Cabral, addido extraordinario; Dr. João
de Lebre Lima. segundo secretario: Dr. Manoel de Antas
dc Oliveira. 2.» secretario.
EMBAIXADAS E MISSÕES

As embaixadas c missões especiaes estrangeiras qu FRANÇA


na noite de 6 de Setembro de 1922. entregaram ao s
Presidente da Republica as credenciaes da missio de qu Sr. Alexandre Robert Conty. embaixador extraordinario;
vinham incumbidas foram as seguintes: Sr. Léo Gerhard, deputado: Sr. Fronck. deputado; Dr. Pierre
Janet e I m ille Borcl. membros do Instituto de França:
Sr. Georges Dumas, professor da Sorbonne; Dr. Chiray.
professor da Faculdade de Medicina de Paris.
SANTA Slí

ORA BRETANHA

Fioravanti e conde Stanislau Catcrini. guardas nobres: Fra Sir John Tilley, embaixador extraordinario: Sr. Walter
cisco Rossi Mockalper. protonatario apostolico, primeiro con­ Annesley Stewart, conselheiro de embaixada; general H-
selheiro: Francisco Maria Vagni. camareiro secreto da Santa K Bcthcle. addido m ilitar representante do exercito bri-
Sé. segundo conselheiro,: Tosti, secretario. tannico; capitão de mar c guerra Sidney R. Bailey, addido
naval; tenente-coronel H. \V . C. Cole, conselheiro com-

O O O O O 350 O O O O O
IN D E P E N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

mcrcial c commissario geral para a exposição do cente­


nario, Sr. Ernest Hambloch, 1." secretario commercial; Sr. ALLEMANHA
John Hurleston Leche. 2.» secretario: commandantc H. A.
Brow, addido naval adjunto, e tenente V. E. h . Sanceau. d j Sw Qeor* c Plehn. embaixador em missão especial; Sr.
addido m ilitar adjunto. Kodolf von Bulow. ministro plenipotenciário; conde Rudolf
Waldbott von Bassenbcrm. conselheiro de embaixada; D r.
rriednch Mcnshausen. secretario da embaixada; Dr. Heinrich
BELGICA Sezlheim. secretario de embaixada.

Sr. Adolphe Max. ministro de Estado, deputado de PARAGUAY


Bruxellas e burgo-mestre de Bruxellas, embaixador extra­
ordinario; conde Van der Burch, commissario geral da
Belgica, conselheiro de embaixada; Sr. Paul Wittouck. ad­ Embaixador especial, coronel Miguel Rojas; delegados,
dido i embaixada. ministro plenipotenciário D r. Modesto Guggiari. Dr. Ve-
nancio Lopez e D r. José Y rala; secretario. Dr. J. F. Re-
calde. addido m ilitar, tenente Jara.
M EXICO
AROENTINA
Dr. José Vasooncellos. secretario da instructio Pu­
blica. embaixador; Dr. Alfonso de Roscmrwcig Diaz. con­ Dr. Eufrazio Loza. embaixador especial; sub-secretario
selheiro; Dr. Julio T orri. 1.» secretario; Dr. Pablo Campos das relações exteriores. D r. Diego Luiz M olinari; general
O rtir. 2.° secretario; Sr. Roberto Montenegro, addido; ge­ Martin Rodriguez, almirante Irizar e seus ajudantes de
neral Manoel Perez Trevino, chefe do Estado maior, de ordens, conselheiros Virginio Maffei e Eduardo Molina; os
S. Ex. o presidente da Republica, addido m ilitar; capitães: secretários Lucas Olmos e Feliz Loizaga; o secretario par­
Oarcia. Perches e Francisco Gonzalez Swain, este ultimo ticular João Loza e o chefe do ceremonial Germano Ar-
addido militar.

C H ILE BOLIV IA

Sr. Guillerme Subcrcaseaux. embaixador extraordinario Sr. Juan Manuel Sainz. embaixador extraordinario e
c plenipotenciário: Sr. Guillermo Bahados. senador da Re­ plenipotenciário; Sr. Julio Tellez Reyes, chefe do proto­
publica ; Sr. Oustavo Silva, deputado; Sr. José Maza. de­ colo do Ministerio dos Negocios Estrangeiros da Bolivia.
putado : general de divisão Luis Brieba: contra-almirante l.° secretario da embaixada, e Sr. Roberto Paravicini. 2.°
Agustin Fontaine; Sr. Alejandro Erzbazuriz. conselheiro de secretario da embaixada.
embaixada; Sr. Eduardo Allcssandri. secretario da embai­
xada : Sr. George Savedra. Sr. Abel Savedra. e Herman
Cuevas, addidos á embaixada; capitão de corveta Agustin PERO
Pratt, ajudante de campo do almirante Fontaine: capitão
Arturo Morino. ajudante de campo do general Brieba. Dr. Juan de Dios Salazar y Oyarzabal. embaixador;
Sr. Cesar A. Elguera. enviado extraordinario, em missão
especial: D r. Marcial Pastor. 1 ° secretario; Sr. Sebastian
Salinas Cossio. 2.° secretario: D r. Eudoro Aguilar y Oliva.
IT ALIA 2.» secretario; D r. Edgardo Rebagliati. 3.° secretario; Srs-
German P. Miranda. Manuel E. Sanchez Concha. Carlos
General Prico Caviglia. senador, embaixador extraor­ J. Salas Perales e Luis Cuneo Harrison, addidos i em­
dinario: Dr. Mario Lombardi, secretario: tenente Mario baixada ; tenente-coronel Enrique V. Gomez, addido m ilitar,
de Andreis, secretario. e commandantc Juan Pabio Santivancz. addido m ilitar.

HESPANHA
EQUADOR
Sr. Antonio Benitez, embaixador extraordinario: Sr.
Carlos Miranda y Quartin. secretario: commandante do Sr. Rafael Maria Arizaga. embaixador especial: Sr.
estado maior Julian Chacel Norma. Cczar Chiriboga Gangotena. 1.» secretario, e Sr. Tomas
Vega Toral. 2.» secretario da embaixada.

C H IN A CUBA
Embaixador especial Shia Yi-Ding: secretários. On Tsin-
Shmng. Toung-Dekien e Liou Nai-Tchiun. Dr. Enrique Perez Cisneros, enviado extraordinario e
ministro plenipotenciário, em missio especial, e D r. José
Gomez Garriga. I.° secretario de legatio.
JAPAO
NORUEGA
Sr. Kumaichi Horigoutchi. embaixador extraordinario:
“ J*- «yoji Noda. I.° secretario de embaixada: Sr. Yashicchi
Uhtam. 2.0 secretario; capitio de Fragata Togo Kawano. Sr. F. Herman Gade. enviado extraordinario e ministro
addido naval; capitio Yasusaburo Nakayma. addido militar. plenipotenciário: Sr. E. Friis Baastad, antigo encarregado
dc negocios e secretario da m issio; Sr. Carl F. Sandberg,
conselheiro commercial, commissario geral da exposição;
COLOMBIA Sr. Per Larssen. director da sectio commercial do Minis­
terio dos Negocios Estrangeiros, perito commercial] da missio,
conselheiro de leg atio : capitão de artilheria Carl Rustad.
General Carlos Cuevo Marquez, embaixador; Dr. Al­ antigo addido militar da legatio, addido technico da missão,
fredo Carreno. l.o secretario. secretario de leg atio ; Sr. Ocivind Loreten. representante da
marinha mercante noruegueza. secretario de leg atio ; Sr.
Nordskog. representante do commercio norueguez, secre­
TCHECOSLOVAQUIA tario de legatio.
Sr. Adalbert Masthy. embaixador extraordinario; Sr. SUÉCIA
Miroslaw. J. Schubert, secretario.
Sr. John Theodor Panes, enviado extraordinario e mi­
nistro plenipotenciário: Sr. Erick Bernstroin. commissario
URUGUAY geral junto á expositio, c Sr. Arcndt Holmbcrg. vice-consul.

. P r - .Asdrubal Delgado, embaixador extraordinario e ple­


nipotenciário. Sr. Alvaro Saralegui. enviado extraordinario SUISSA
, .mm|stro plenipotenciário, sub-secretario das relações cx-
icriores; general de brigada Eduardo da Costa, chefe do Sr. Albert Oertsch, enviado extraordinario e ministro
estado maior do exercito e delegado m ilitar: capitio de plenipotenciário, e Sr. Charles Redard, secretario.
■ranata Tomas Rodrigues Luis. chefe do estado maior da
marinha, delegado naval; Sr. Horacio Quiroga. secretario
kÜ:.,c j aixada; Sr- Fortunato Anzoategui. secretario da em- PAIZES-BAIXOS
: commandante Alfredo Baldonie. ajudante de campo
ao delegado m ilita r: tenente Alfredo Aguigar. ajudante de Dr. Th. B. Pleyte. enviado extraordinario, em missio
campo do delegado naval. especial, e barão Emile de Herdt d ’Eversberg. secretario.

O O O O O O 351 o o o o
UVRO D t OURO COMME MORAT N O DO CENTENARIO DA

DINAMARCA
Sr. O. Mohr, enviado em missão especial; Sr. Fred Nasceu Antonio José de Almeida em 1866, na pro­
Ruse, conselheiro de legado, conselheiro technico da missão vincia da Beira, concelho de Pcnacova. Estudou prepara­
especial, e Sr. K. Kruse, secretario da missio especial. tórios no lyccu annexo da Universidade de Coimbra, ma­
triculando-se na Faculdade de Medicina da mesma Univer­
sidade em 1889.
BULGARIA No anno de 1890. um artigo intitulado — Bragaufa,
o ultimo e referente á questão com a Inglaterra, valeu-lhe
tres meses de prisão, do que resultaram comícios de pro­
Sr. Itoyan Oniartchewslcy. enviado extraordinario em testo por parte de seus collegas, vendo-se o governo for­
missão especial: Sr. Dr. Mamilos. 1.° secretario, e Dr. cado a lançar mão de medidas enérgicas para restabelecer
Stamolwsliy. 2.» secretario.
Tomou parte na conspiração de 31 de Janeiro de
189). e em 1896. j:i medico, escreve um biographo. .em­
NICARAGUA barcou para a Africa, onde. na ilha de S. Thomé. fundou
com varios amigos a Associação Pró-Patria. destinada a
Sr. R. J. Kinsman Benjamin, consul geral, encarregado prestar, a todos os portugueses invalidos, serviço de soc-
de ncgocios. corro e assistência hospitalar. O Hospital 1‘rtí-Patria, crcado
com todos os requisitos da scicncia. foi. desde a fundação,
o melhor estabelecimento do seu genero em todo o con­
GUATEMALA E HONDURAS tinente africano».
Nessa colonia conscrvou-sc o sr. Dr. Antonio José de
Sr. Maximo Solo Hall. delegado Almeida até 1903. .De volta, nesse anno, a Lisboa, logo
entrou para o partido republicano como um de seus membros
mais influentes, não pelo prestigio pessoal, ainda não fir­
SAO SALVADOR mado nas massas populares da capital, mas pela acção
desenvolvida em arduos trabalhos de propaganda».
Sr. Gustavo A. Ruiz. delegado. Em Fevereiro de 1905. o povo de Lisboa enviou-o
Acompanhavam as embaixadas e missões os seguintes como seu deputado ás Cortes, onde a politica dominante
officiat-s e civis brasileiros a cilas addidos: lhe rasgou o diploma. No anno immediato, em Janeiro,
A de Santa Sé. os Srs. Dr. Amilcar Marchesini e major o mesmo acontecia: cm agosto, porém, remodelada a po­
Gomes Ferraz: á dos Estados Unidos, os Srs. capitão de litica. pela quéda successiva de diversos gabinetes transi­
fragata Raddler de Aiiuino. capitães de corveta Nogueira torios, era o republicano recebido, cmfim. no Parlamento.
da Gama e Vieira P. Mello. 1.® tenente Hugo Pontes, co­ Subia então ao governo o ministério João Franco: inau-
ronel João Lopes de Oliveira Lyrio e capitão Souza Pinto: gtirava-se cm Portugal um novo. derradeiro, periodo de
á de Portugal, os senhores capitão de fragata Adalberto rcaccâo ntonarchica. rigoroso-.
Nunes, capitão-tenente Belfort Guimarães c capitão Silvio Iniciaram-se as conspirações, alimentadas pela dedicação
Po rtilla : á da Franca, o capitão Souza Reis; á da In­ de Alexandre Braga. Affonso Costa. João Chagas. Miguel
glaterra. os capitães de corveta Gaston Laviguc e Américo Bombarda e outros.
Pimentel e 1.® tenente Fonseca Costa: á da Belgica, o Deveria rebentar a revolução a 28 de Janeiro de
major Correia do Lago: á do Mexico, os Srs. capitão 1008. Nesse mesmo dia era Antonio José de Almeida
de fragata Amphiloquio Reis, capitão-tenente Franco Vellozo. preso, pois o governo fóra de quasi tudo instruído. E
coronel José Ribeiro Gomes e capitão Isauro Requeira: a I de Fevereiro, dia seguinte áquctlc em que o governo
á do Chile, os senhores capitão Leitão de Carvalho e ca­ de João Franco quisera commcmorar o anniversario da
pitão-tenente Soares de Pinna: á do Japão, os senhores revolta do Porto, decretando a proscripção em massa de
capitães de corveta Freire de Carvalho e A/evedo Milanez todos os republicanos presos, dava-se o regicídio.
e capitães Genscrico Vasconccllos e Sylvio Noronha: á do Houve uma pequena interrupção no movimento revo­
Uruguay. Srs. major Galvâo Bueno e capitão tenente R. lucionário. Antonio José de Almeida c seus companheiros
Giiillobel ;i d o Paraguay, o tenente-coronel Franco Fer­ foram soltos, mas de forma alguma quiseram valer-se da
reira: ;i da Argentina. Srs. Armando Duval e capitão de situação crcada pelo regicídio, a que foram estranhos.
corveta Lemos Lcssa: á da Bolivia, o major Pires de An­ Só dois annos depois, se repetiu a tentativa revoju-
drade: :í do Peru, o capitão Bertholdo Kluger: i do cionaria. implantado-se a Re|>ublica ao fim de tres dias
Equador, o capitão Pedro Cavalcanti: á de Cuba. o Dr. de luta. entrando Antonio José de Almeida para a pasta
Octavio Brito: á da Noruega, o Sr. Francisco Guimarães; do Interior, antigo Ministerio do Reino.
á da Suécia, o senhor Galvão Bueno; á da Suissa. o capitão Parece que esse logar era appctccido pelo grande eco­
Villcmon Machado e consul Camillo Pereira; :í dos Paizes- nomista sr. Ba/ilio Teles, a quem deram a Fazenda. Teria
linixos. o Sr. Jorge Olyntho: :í da Dinamarca, o Dr. Amilcar
Marchesini: á da Bulgaria, o Sr. João Ruy Barbosa: á
da Nicaragua, o Sr. Joaquim Eulalio.

A VISITA DO PRESIDENTE DE PORTUGAL Foi Antonio José de Almeida quem fundou o <Par-
tido Evolucionista».
Como parlamentar c orador, são celebres alguns dos
A homenagem que a Republica Portugucza. prestou á seus ardorosos discursos, pronunciados quasi sempre em
nossa patria, enviando o seu magistrado supremo, como
embaixador especial ás festas do nosso primeiro cente­ blica. quando a palavra inflammada do tributo repercutia
nario politico, assumiu perante o mundo uma significação fundamente no espirito do povo. Uma dessas orações é
particular. Prova mais alta do seu carinho, de sua admi­ famosa nos annacs parlamentares de Portugal.
ração, de seu affecto para com o povo brasileiro não po­ Na Camara dos Deputados do Reino entrara cm dis­
deria Portugal offerecer-nos. No vulto illustre de seu Pre­ cussão certo projecto contra o qual se rebelavam os re­
sidente Antonio José de Almeida, concretizou a patria lu- publicanos. apoiados aliás pela maioria da população por­
zitana de hoje os mais puros e elevados sentimentos que tugucza. O Dr. Affonso Costa, o mais vchementc par­
• Pmn grande terra que o heroísmo português accres­ lamentar que Portugal talvez jámais teve, ergue-sc na
c i mundo e a que deu o melhor do seu sanguc bancada e. em resposta ás informações que acabava ele
». uv, Kd esforço criador. dar um dos membros do gabinete ministerial, referiu-se a
O Brasil comprchendcu a nobre significação desse gesto, personalidade constitucionalmente digna do maior acata­
e soube, por isto. manifestar o seu reconhecimento, rece­ mento, dizendo que .por muito menos rolara a cabeça de
bendo o illustre filho de Portugal com a deslumbrante Luiz XVI..
apotheose que as chronicas do Centenário registam. O presidente da Camara, scrcn
O sr. d r. Antonio José de Almeida e sua illustre multo que logo se estabelecera, conv então o dejintado
comitiva deveriam ter chegado ao Rio de Jancii a retirar as expressões empregadas.
i. porei
retardara nancira que só a 17 desse __ Mas zel-o.
aa o grande embaixador de Por- aggraval-as-hi
tugal entrar as I Guanabara. Foi esse o motivo dizendo
por que entre os nomes de embaixadores especiaes que a — J ardego tribuno pronunciou r
0 de Setembro, na memorável recepção do Cattete. apre- ahsolutamentc desagradaveis aos mon;
— --------------»—
sentaram crcdenc i---------- - ■» •• . da Repllb| ica n ío
figuravam as de S. Excia. — Retire as expressões!
•s membros de sua
comitiva. sua expulsão do
Em outro capitulo desta obra damos ligeira impressão —^Se as não retira, ordenarei
£P»»ão do sr. Presidente de Portugal E quem me expulsará?
A tropa de guarda á Camara!
— Que venha a tropa!
E as tropas vieram, penetraram pela sala das sessões,
de baioneta calada nas espingardas, sob o commando de

o o o o o o 352 o o o o
B R U N E T T O C IO N I & C ia. (F a b rica de chapéus de p alha) — São Paulo.
I
IN D EPE N D E N C E t DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

un> sargento- As galerias, de pé. vociferavam: de pé. os lidade. emigração e intercâmbio artístico e litterario, con­
deputados trocavam doestos e injurias. cluídos para robustecer ainda mais as relações entre os
Foi nesse momento que Antonio José de Almeida, tre­ dous paizes. regulando e protegendo o trabalho e a acti-
pado sobre a carteira, pronunciou o celebre improviso — vidade dos cidadãos das nações irmãs e removendo certas
.Soldados meus irmãos! Com essas bayonetas e a minha difficuldadcs oriundas da dupla nacionalidade e serviço mi­
voz. pelas ruas fóra. a caminho do Paço. implantaremos litar no Brasil e em Portugal. A assignatura dos tres
a Republica !• tratados revestiu um caracter de solemne cordialidade,
sendo as altas partes contractantes representadas pelos seus
ministros do Exterior, como plenipotenciários especiaes. os
Como Presidente da Republica Portuguesa, o illustre senhores doutores José Maria Vilhena Barbosa de Magalhães,
estadista firmou seu prestigio de homem realizador e de de Portugal, e J. M. de Azevedo Marques, do Brasil.
enérgica decisio. A cerimonia se realizou no Palacio do Itamaraty. na mesa
I)c sua clara intelligencia e da elevado de sua alma da sala do imperio, tendo os dous titulares, antes de
tivemos as mais patentes provas nas admiráveis pecas ora­ referendarem os tratados, trocado saudações muito expres­
torias que pronunciou no Brasil, por occasião da honrosa sivas. reaffirinando. em termos cordiaes. os altos intentos
visita que nos fez. O sr. D r. Antonio José de Almeida de approximação luso-brasileira. Damos a seguir os textos
deixou em nossa terra a adm iratio profunda e dura­ das convenções de 26 de Setembro de 1922:
doura que só os espíritos de escól sabem conquistar de
modo definitivo.

Da comitiva do illustre presidente português faziain CONVENÇÃO SOBRE A PROPRIEDADE LITERÁRIA


parte as seguintes individualidades, de forte relevo na vida E ARTÍSTICA
politica, intellectual e social da patria lusitana:
Ministro Barbosa d r Magalhães advogado no Fôro «O Presidente da Republica dos Estados Unidos do
de Lisboa, professor da Faculdade de Direito da mesma Brasil, e o Presidente da Republica de Portugal, tendo
cidade, antigo ministro da Justiça e então ministro dos em consideração as grandes vantagens decorrentes de um
negocios estrangeiros em Portugal, filiado ao Partido De­ regimen amplo, além do estabelecido pelo accõrdo de 9
mocrático. de Setembro de 1889 e de convenção de Berna, de 1886.
D r. Antonio Correia. Economista, commercia lista, revista cm Berlim em 1908. ora em vigor em seus paizes.
prefessor do Instituto Superior do Commercio de Lisboa, para a protecção das obras litterarias e artísticas c tendo
tendo oceupado já por duas vezes a pasta das Finanças. em vista que a intensificação das relações litterarias e
D r Antonio Luiz fíomes. Reitor da Universidade artísticas entre os dous paizes depende das facilidades á
de Coimbra, antigo ministro plenipotenciário de Portugal permuta ale sua produecão. resolveram firmar uma con­
no Brasil. venção especial para esse fim. tendo nomeado seus pleni­
Jaymr Cortezão Uma das mais altas individualidades potenciários. a saber:
das novas gerações literárias de Portugal. Poeta e prosador O Presidente da Republica dos Estados Unidos do
de grande merecimento, suas obras em prosa e verso se Brasil, o Sr. Dr. J. M. de Azevedo Marques. Ministro
caracterizam pela inconfundivel nota pessoal que lhes im­ dc Estado das Relações Exteriores.
prime. Publicou até agora: A morte da aguia, poema: O Presidente da Republica de Portugal, o Sr. Dr. José
A arte e a medicina; D ’aaurm e Datem morte, contos: Maria Vilhena Barbosa de Magalhães. Ministro dos Ne­
Gloria hum ildr. poesia: Symphonia da tarde, poesia: Egas gocios Estrangeiros: os quaes, depois dc trocar seus plenos
Moniz, O Infante de Sagres, theatro em verso: Itália Azul, poderes, julgados cm boa c devida fôrma, convieram no
livro de viajen. seguinte:
Foi um dos lutadores da Renascença Portuguesa* e Art. 1." As garantias decorrentes do registro de obra
fundou ultimante a Seira Nova. revista de alto programma litteraria e artística cm um dos paizes contratantes são
intellectual e politico. reciprocamente asseguradas em ambos segundo a legislação
Occupa actualmentc o cargo de Director da Biblio­
theca de Lisboa. Art. 2.° As obras litterarias c artísticas submettidas
João d r Barros. Nome dos mais conhecidos no a registro cm um dos paizes contratantes serão conside­
Brasil, aonde Joio de Barros tem estado repetidamente. radas para os effeitos legaes. como registradas no outro,
D irigiu com Joio do Rio a bella revista Atlantida. que a partir da data do deposito da respectiva certidão, pas­
se esforçava por estreitar os laços de amizade entre Por­ sada pelo paiz em que se effectue o registro.
tugal e Brasil. Art. 3.° Serão depositados tantos exemplares das obras
Entre os seus poemas alguns são inspirados no des­ registradas, quantos forem exigidos pela legislação do paiz
lumbramento que lhe deu a terra brasileira. em que fôr feito o registro e mais um. que será remet-
Almirante Augusto Neuparth. — Individualidade das tido á repartição competente do outro paiz contratante,
mais acatadas da marinha portuguesa, á qual tem prestado acompanhando a certidão a que se refere o artigo anterior.
relevantes serviços, quer como ministro da Marinha, quer Art. 4.0 As publicações periodicas, litterarias e artís­
como simples official. ticas serão consideradas como obras, para os effeitos da
Oeneral Bernardo Faria Director do collegio M i­ presente convenção especial.
litar de Portugal, no qual professou durante muitos annos: Art. 5.0 As altas partes contratantes estabelecerão entre
tomou parte na grande guerra como commandante geral a Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro e a de Lisboa
da artilharia pesada. um serviço de permuta de duplicatas de obras nacionaes
Jornalistas. Norbcrto de Araújo, representante do publicadas antes da vigência da presente convenção es-
Diario d r Lisboa, autor deexcellentes obras literárias:
Dr. Acure» Pereira, representante do Diario de Noticias; S l.o Para isso. cada uma dessas bibliothecas forne­
Dr. Avelino de Almeida, director e representante de cerá. periodicamente, á outra, uma relação das obras per-
O Secula, jornalista de nomeada e distinctissimo philologo:
Dr. Alcantara Carreira, representante da revista A B. C.; § 2.» Essas obras serão avaliadas segundo os preços
Isaac Deronte. redactor-chefe de O Mundo, c Horacio Pinto, do mercado e esses preços serão mencionados em ouro
representante do Commereto do Porto. na respectiva relação.
Fsculptores Costa Motta. Fizeram também parte da § 3.0 As despezas decorrentes dessa permuta, serão
comitiva do sr. d r. Antonio José de Almeida os escul- pagas, annualmente. por encontro de contas.
ptores Costa Motta e Costa Motta Sobrinho, artistas dos Art. 6.0 Os exemplares em brochura das obras editadas
mais apreciados na moderna geração portuguesa. em um dos paizes contratantes gozarão de isenção de
Outras prrsonalidades — O illustre presidente português
trouxe ainda em sua companhia o sr. commandante Jayme Pargrapho unico. Todas as obras originaes de ca­
Ath ias. secretario geral da presidência: o sr. Almeida Lopes, racter litterario e artístico comprchendidas na classificação
secretario particular, e o sr. Barreto Cruz. chefe do pro- estabelecida pela convenção de Berna, revista em Berlim,
tocollo da presidência. gozarão desses favores.
A gurnição m ilita r do iPorto- Compunha-se a guar­ Art. 7.0 Ê facultado aos representantes consulares de
nição m ilitar do Porto, navio que trouxe S. Excia. á ambos os paizes contratantes pugnar, ex-officio. adminis­
terra brasileira, do capitão de fragata Coriolano Costa, trativa e judicialmente, pela applicaçâo da legislação in­
do commandante Bandeira, alêm do piloto, machinistas. etc terna e das estipulações da convenção de Berna, revista
Commandando o destacamento do exercito português cm Berlim, nòs casos de contravenção.
veiu o segundo tenente Abrantes Pedroso. Completaram a Art. 8.0 A transcripção de excerptos e a traducção
comitiva o guarda-marinha Fernandes, vinte e quatro mu­ dc obras escriptas originariamente em lingua estrangeira
sicos. tres sargentos e dois clarins. e registradas nos paizes contratantes serão reguladas pela
legislação interna do paiz em que se dereim
Art. 9.0 Depois de approvada pelo poder legislativo
TRATADOS LUSO-BRASILEIROS em ambos os paizes contratantes e de trocadas as respe­
ctivas ractificações dentro de 60 dias. a presente con­
venção especial entrará em vigor em cada paiz na data
Entre os resultados beneficos da visita do eminente de sua promulgação e vigorará até seis mezes depois de
Presidente Antonio José de Almeida ao Brasil devemos sua denuncia pelo governo de uma das altas partes con­
contar a assignatura dos ties tratados, de dupla naciona­ tratantes.

O O O O O O 353 O O O O O O
LIVRO DF. OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

«O presidente da Republica de Portugal c o presidente em de s


da Republica dos Estados Unidos do Brasil, desejosos de zenção trará e
nogociar um tratado para remover certas difficuldades pprovação pelo poder legislativo dos dois paizes.
oriundas da dupla nacionalidade e serviço militar em Por- tez depois da troca das ratificações pelos respectivos
is e vigorará até seis mezes depois da sua denuncia
potenciarios, a saber: overno de uma das altas partes contratantes.
O presidente da Republica de Portugal, o Sr. Ur. fé do que. os respectivos plenipotenciários assi-
José Maria Vilhena Barbosa de Magalhães, ministro dos II a presente convenção, appondo nelta os seus sellos
Ncgocios Estrangeiros. la em duplicaata na lingua portugueza. no Rio de
O presidente da Republica dos Estados Unidos do aos vinte e seis dias do mez de Setembro de
Brasil, o Sr. Ur. José Manoel de Azevedo Marques, mi­ vecentos e vinte c dois. — J. M. de Azevedo
nistro das Relações Exteriores, os quaes depois de trocar s. lo s t Maria Vilhena Barbosa de Magalhães .
seus plenos poderes, julgados em hõa e devida fôrma.

AS DIVISÕES NAVAES
a! tenha feito serviço m ilit
ou ar do Brasil ou que tenha Na grande revista naval de 8 de Setembro, espectá­
de instrucçâo militar, naval i culo grandioso no scenario surprehendente da Guanabara
isento do serviço m ilitar em I irtugal; cmmoldurada de montanhas, tomaram parte hellovanes de
•nha sete nações amigas. Inglaterra. Estados Unidos. Portugal.
ciado á nacionalidade portuguez... accôrdo ; leis Argentina. Mexico. Uruguay e o longinquo Japão quiseram
respectivas, perderá para todos os cffcitos aquella nacio­ dar-nos mais esta mostra de cordialidade profunda, fa-
nalidade. zendo-se representar em nossas aguas, no dia glorioso cm
Art. 2.° Qualquer cidadão portuguez que. por ter nas­ que se commcmorava um século de nossa independcncia.
cido no Brasil, tenha também a nacionalidade brasileira, pelas poderosas machinas de guerra que são o Symbolo
ficará isento do serviço militar no Brasil desde que: vivo de sua pujança e de sua força.
ai tenha feito o serviço m ilitar nas forças de terra, Compunha-se a divisão naval americana dos formidáveis
mar ou ar de Portugal ou tenha concluido alli um curso •dreadnoughts Nevada, Maryland e Iwate; a inglesa com-
prehendia os «dreadnoughts- Hood c Repulse; represen­
bl tendo mais de 21 annos de idade, perdfcr a sua tavam o heroico Portugal, os cruzadores Republica e Car­
ionalidade brasileira, na fôrma da Constituição Federal. valho Araújo; Republica Argentina fizera-se presente por
art. p7 l. S ^2". intermedio do seu grande couraçado Moreno; o cavalheiresco
Para os cffeitos da letra Mexico enviára-nos o Nicola Bravo; o Uruguay, tornando
mais significativa ainda a fraternal homenagem, fizera fundear
c portugueza competente, será equivali em nossa bahia a possante bcllonavc que traz o seu nome.
nacionalidade brasileira para todos •
As salvas das unidades brasileiras mais de uma vez
sitos dos ^artigos anteriores, atravessado os mares, alguns cm longuíssimo percurso, para
será ratificado pelas altas nos vir traser a carinhosa mensagem de saudação dos
partes contratantes de accôrdi com as respectivas leis. paizes amigos, cuja alma symbolisavam.
aa cidade do Rio de Ja-
neiro o mais ceilo possível continuará em vigor até Setimbro de 1023 foi verdadeiramente excepcional. Nunca
tantes communicado ; mais se apagará da memoria dos que o assistiram a lem­
sua intenção de o terminar. brança do espectáculo admiravel.
Em testemunho c ; respectivos plenipotenciários
assiganaram o prese lho appondo nelle os seus
Feito cm duplicata, na lingua portugueza. no Rio de OS CONTINGENTES FSTRANOEIROS NA GRANDE
Janeiro, aos vinte e seis do mez de Setembro de mil
novecentos e vinte e dois. — José Maria Vilhena Bar- PARADA
boia de Magalhães. — J. M. de Azevedo Marques-
Não foi só para o maior brilho da revista naval que
concorreram as divisões estrangeiras que nos visitaram.
CONVENÇÃO DE EMIGRAÇÃO E TRABALHO Também a grande parada de forças de terra e mar, rea­
lizada em 7 de Setembro, teve a realçar-lhe a magnifi­
cência o concurso de contingentes estrangeiros desembar­
cados das bellonaves acima nomeadas. Foram os seguintes
ios Estados Unidos do esses contingentes, distribuídos por nações:
tírasil e o presidente da Republica de Portugal concor­ Argentina — 5 officiaes. 130 marinheiros e banda de
daram celebrar uma convenção para estabelecer a igual­ musica com 30 figuras.
dade de tratamento entre os cidadãos das duas nações, Uruguay 2 officiaes. 70 aspirantes e banda de mu­
no que se refere aos bencficios das leis sobre os infor­ sica com 32 figuras.
túnios do trabalho e adoptar as medidas necessarias para Estados-Unidos 10 officiaes. 900 marinheiros divi­
facilitar tanto quanto possível o movimento da emigração didos cm tres batalhões cada um com musica, 8 officiaes
e o tratamento dos trabalhadores immigrantes. a mais. 300 soldados de infanteria de marinha com banda
Para esse fim nomearam os seus plenipotenciários: o de musica de 50 figuras.
presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, Portugal — 3 officiaes e 80 praças.
o Sr. Dr. José Manoel de Azevedo Marques, ministro de Inglaterra — 8 officiaes. 200 soldados de infanteria
Estado das Relações Exteriores: e o presidente da Re­ c banda de musica com 30 figuras.
publica de Portugal, o Sr. Dr. José Maria Vilhena Bar­
bosa de Magalhães, ministro dos Ncgocios Estrangeiros,
os quaes, depois de trocarem os respectivos plenos poderes OS VETERANOS URUOUAYOS DA GUERRA DO PA­
achados em bôa ordem e devida fôrma convieram nos
RAGUAY
Art. 1." Õs benefícios i
eidos pela legislação relativa aalho. Lima das notas mais profundamente commoventes das
trabalhadores, á previdência festas do centenário foi. certamente, a vinda ao Brasil,
á liberdade de reunião, de em homenagem especial, da commissão de guerreiros uru-
associação e de organização profissional, serão concedidos guyos, veteranos da guerra do Paraguay, chefiada pelo
cm cada um dos paizes aos emigrantes nacionaes do outro, heroico general Robido.
e ás suas familias, exactamente nos mesmos termos e con­ Na manhã de I I de Setembro de 1922. a commissão
dições em que o são os seus nacionaes. collocou no tumulo de Rio Branco uma corôa de flores
Art. 2.° Os emigrantes portuguezes e brasileiros gozam, naturaes. com expressivos dizeres.
respectivamente, no Brasil e em Portugal dos mesmos be- Estiveram presentes varias altas patentes do nosso
Exercito.
nacionaes de A oração pronunciada pelo general Robido foi um
qualquer pai: verdadeiro hymno de saudade ao nosso grande morto.
Art. 3.0 Nesse mesmo dia. a commissão collocou no pedestal
c execução t da estatua do general Ozorio. á praça 15 de Novembro.

O O OOO O 354 O O O O
IN D EPEN DEN CE t DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

i placa de bronze trazida do Uruguay, como homenagem


los antigos camaradas das lutas do Paraguay. elevação moral e intellectual.
Formou uma guarda de honra de forças militares t A grande commissão nacional foi presidida por esse
nnnmcros eram os officiaes do Exercito brasileiro pro» apostolo da confraternidade argentina-brasileira, que st
chama José León Suárez, e contou entre os seus membro:
Pr. general Robido. algumas das mais illustres individualidades da Republica
palavra
I. Descendentes do general Osorio, i de . foi
chefes e officiaes do exercito e cidadãos brasileiros. di lado pelo talcn iravel de Luis Perlotti e conduzido
N3o ides escutar a palavra de um estadista, nem a ___ ..... ___ __ ro genuino representante da men­
de um orador, mas sim a palavra sincera e franca de talidade argentina que é Enrique Loudet.
um soldado da Republica Oriental do Uruguay, que, como A proposito deste facto, escreveu Loudet as seguintes
todo soldado, fala com o coração aberto, muito espe-
■Amigo sincero dei Brasil. — cuyas manifestaciones^ar-
uma Nação amiga, a brasileira, unida ao meu paiz por
vinculos de sacrificio e de sangue derramado em defesa muchc le escribi unas lineas en las que le decia que
da liberdade dos povos irmãos, como o são argentinos cn ocasión del proximo aniversario secular de esta Re-
c paraguayos. os primeiros, nos campos de Cascros. para
livralos da tirannia de João Manoel Rosas, e os segundos Rio. mc seria muy grato obsequiar — en nombre de la
na guerra do Paraguay, para libertalos da tyrannia de Comisión Nacional de Momenaje a la Independência dei
Francisco Solano Lopez, que. cnsorbcrbecido pelo mando Brasil. a la escuela Sarmicnto de ese bela, incom­
absoluto que exercia sobre o povo paraguayo. quiz calçar parable Rio de Janeiro, con un busto dei «padre de la
sob os pés. com ^o^scu domuim. as nações brasileira. Escuela Argentina- y Perlotti. respondiendo una pregunta
que le formulaba respondió: «Tu idea la considero es­
vestidas, a sustentar uma lucta para a qual não estavamos plendida y confundicndose con ella mis aspiraciones de
preparados, nem sonhávamos emprehen rendir tm homenaje a aquel pais amigo te digo que tra-
-----■-----------------— *- - :—e *-------------
a esse valente irmão r a paragua tandose de un obsequio para la Escuela que en Rio de
Üma ssâo I Janeiro lleva el nombre de nuestro gran Sarmicnto. el
.......m. ao general Tezanos. e os coronéis Rovira e Ramos, busto no tiene precio: es obsequio y homenaje y como
confiada pelos guerreiros do Paraguay do meu paiz. como tal. debe serio desde su modelado».
o é a de saudar os poderes publicos da Nação Brasileira, Y heme aqui. en nombre de la Comisión Nacional Ar­
veteranos, exercito e povo e a collocar no monumento gentina de Homenaje al Centenario dei Brasil, que preside
do general Osorio uma placa, como recordação dos seus el benemérito apostol de Ia confraternidad argentino hra-
camaradas de campanha do Paraguay, e cremos que para silcna Dr. José León Suárez. trayendo ese busto, obra
fazel-o, nunca um momento melhor que o actual, em que artística realizada con inspiración generosa e idealista en
celebrais o vosso grande dia. s el más alto sentido de la palabra. Quizas por ello la
pende ilida.le. propia mirada dei genial Sarmiento se halla impregnada
de una bondad verdaderamente sugestiva». («Arvore Nova».
F. vós. valente general Osorio, orgulho do exercito de Setembro de 1922).
Outra aggremiação que se organizou com a mesma
raguay. no exercito oriental, não poderiam esquecer-vos finalidade da grande Comisión Nacional foi o Comité de
no grande dia da Nação Brasileira, cujos cidadãos fes­ la Juyentud Pró Monumento al fírasil, cujo pensamento
tejam. com justo orgulho, seu centenário de vida inde­ foi perpetuar na magnificência de uma grande obra de
pendente e ainda quando vos vejo. nas batalhas de 2 arte. que nos será offerecida. o sentimento de fraterni-
e 24 de maio. percorrer de um lado a outro o campo dadt que une indissoluvelmente os dois povos.
de lucta, em companhia do nosso também valente ge­ Entre os artistas que se apresentaram ao concurso aberto
neral Flores, animando aos soldados naqucllc tufão de pela Comité de la Juventud figurou também Perlotti, apre­
balas, confusão de lamentos e imprecações, sem que nada sentando esplendida maquette. que Enrique Loudet des-
£ por isso. recordando aquelles feitos, que os vossos s* >bti- molc de gi íito de
velhos camaradas de outr'ora vos trazem esta placa.
E vós. povo brasileiro, aqui tendes a of ferta que bolizan al Brasil y a Argentina >
fazem os veteranos daquclla guerra, cm meu paiz. ao mientras sobre ellos la aiosa ae ia i-az. a mancra
vosso valente general Osorio, e seja ella certeza de que angel de la guarda, con las alas abiertas. los brazos
a união das nossas nações, na actualidade. o seja no fu­ tendidos y las n bendecirlos desde
turo e para sempre, como o foi no campo de batalha,
c ficai certos de que. se alguém pretendesse separar-nos. Ambos sostienen los escudos de sus respectivas nacio­
de novo as nossas bandeiras se entrelaçariam cantando os nalidades y sc lee debajo cl tan popularizado pensamiento
hymnos da victoria, porque as causas justas nunca podem dc Saenz Pena «TUDO NOS UNE. NADA NOS SE­
PARA».
Cidadãos brasileiros: recebidos pelas vossas autoridades, Al pié dei monumento, y al frente, un notable grupo
com os braços abertos, e cumprida a missão que aqui escultórico representa la Independência, distinguiendose la
la i
ali diremos aos nossos compatriotas o quanto fostes gentis gesto supremo acaba de romper las cadcnas.
para comnosoo. e que. agora como sempre, sois os mesmos, A la dcrccha dei monumento la estatua equestre del
grandes e generosos com os orientaes. e como não po­ Emperador Don Pedro I. presenta a este en un gallardo
demos dar-vos o abraço de despedida, damol-o ao Sr. ademán con su brazo extendido. dando su histórico grito
de INDEPENDÊNCIA O MUERTE».
aço de irmão, para outro irmão. pois. brasileiros c A la izquierda rodeando la mole de granito um her-
são i moso grupo de pueblo asciende hacia la Diosa de la Paz
Nação Brasileira! Vivam os alliados de 1865! que domina la altura simbolizando la voluntad de los
fa a Republica do Paraguay». pueblos en un ansia de confraternidad y de concordia, base
Respondeu a estas palavras, em commovida oração, o firme sobre la que descansa el porvenir y cl progresso de
Ministro da Guerra Dr. Pandiá Calogeras. los pueblos».
nagens, numerosas
rigidas ao nosso affecto. Em outro capitulo de?
(As grandes festas! referimo-nos aos títulos de --------
«honoris causa» conferidos pelas Universidades de Buenos
Aires e La Piata a illustres professores brasileiros. Ex­
tensa seria a descripção das grandes festas realizadas em
toda a Republica Argentina, principalmente na fulgurante
mã da nossa, gloriosa nas Buenos Aires, na data gloriosa dc nossa independencia.
■ na juventude magnifica de Da representação argentina na Exposição Internacional tra­
tamos também na secção competente. Resta dizer duas pa­
carinho das homenagens de puro affecto que nos prestou lavras sobre a admiração edição especial de La Nación.
por occasião do Centenário.
Não se trata apenas da rútila embaixada pela qual nos
enviou a sua saudação fraternal a 7 de Setembro, ou do A EDIÇÃO ESPECIAL DE «LA NACION»
concurso brilhantíssimo á Exposição Internacional. Muitos
meses antes da magna data. já se achava constituída em
Buenos Aires a grande «Comisión Nacional de Homenaje LA NACION, o grande orgam da imprensa argen­
a la Independência dei Brasil», que centralizou os esforços tina. publicou em homenagem ao primeiro centenario do
de todo o povo argentino no intuito de demonstrar ao Brasil uma soberba edição de 335 paginas em que re­
seu irmão brasileiro a amizade sem mancha que lhe vota. — sume a actualidade brasileira, suas questões históricas, eco­
e que é retribuída o mais largamente possivel. nômicas. literárias e artísticas, em trabalhos firmados por
A essa grande commissão nat escriptorcs. jornalistas e
gestos dc fidalga
is I.u gentileza, a offerta do
..* . icciiiiicza. dc Sarmiento,
-homem sul-americano, á Escola, que. na Capital acatados em nosso meio.

O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

um arduo trabalho, seu commercio e sua industria já tão


sacrificados.
nessa edição: Para esse fim, architectos, eollcccionadores, artistas e
Jorge A. Mitre «Una Realization Internacional : manufactures do Estado c particulares, industriaes de to­
De. Joaquim V. Uonzatcz «El centenario Brasilefio»: dos os ran.os, rivalisaram á porfia em esforços e zelos
Conde d r Alfonso Celso «La independencia dei Brasil»: e, melhor do que quaesquer palavras, a visita mesmo ra­
D r. Francisco José da Rocha Pombo «Una sintesis pida, de V. Ex., a este pavilhão de participação official
historica»: Dr. Assis Chateaub.iaud «El Brasil politico do Listado e ao Palacio das nossas industrias testemunhará
y social»: Dr. Arthur Pinto da Rocha — «Un siglo de elóouentcmentc a seus olhos a amplitude do gesto franccz
diplomacia■<: Cel. Joaquim Marques da Cunha — «El Exer­ aqui. Um1 e outro, foram, para o publico, reaiisados como
cito brasilefio»; D r. Octavio Mangabeira — «La marina por virtude de uma vara magica, - — *
de guerra»: Dr. Antonio Austregesilo Rodrigues Uma mbinados dos
«Evolución Cientifica Medica»: Dr. Gilberto Amado — tiLa
literatura brasilefia y el desenvolvimento mental dei Brasil»: AlIi s i Genii ln-
Dr. LaudeUno Freire «Las Bellas-Artcs en el Brasil»: ue, não obstante, a apresentação ar­
Dr. Antonio Augusto de Azevedo Amarai «El perio­ chitectural J ........ ..
dismo brasilefio»: D r. Carlos Prnaliel «La ación de sariado Francez das Exposições tomou a peito affirm ar sua
las coleetividades estrangeras en el Brasil»: D r. José Maf­ actividade e bom gosto n'uma rcalisação de esthetica so-
ioso Sampaio Correia - «El Districto Federal»: Dr. Eu­
sebio de Andrade — «El Estado de Alagoas»: Prof. Agnello « _..i — *- -------- 1— * - f;el, amanhã propriedade hra-
Bittencourt — «El Estado de Amazonas»: D r. Antonio Ferrão
Moniz de Aragão ■ «El Estado de Bahia»: Dr. Francisco
Sà «El Estado de Ceará»: D r. Heitor de Souza «El
Estado dei Espiritu Santu»: Dr. Antonio Americano do
Brasil «El Estado de Goyaz»; D r. Godo/redo Mendes Dumont, __
Vtanna — El Estado de Marafion»; D r. Antonio Francisco querido dos brasileiros na França, desejou por uma des­
de Azevedo — «El Estado de Matto Grosso»; D r. Afranio sas delicadas attcnçôes que lhe são habituaes, que o seu
de Mello Franco «El Estado de Minas Geracs»; D r. Eu­ ;nto figurasse sobre esta terra de França no Brasil.
rico Freitas Valle «El Estado dei Pará»: D r. Manoel Elle 'rigirn
Tavares Cavalcante «El Estado de Parahyba dei Norte»: .i replica que lhe offereecu o Aero ' Club
9 " de França do
Dr. Affonso Alves de Camargo «El Estado dei Paraná»: monumento erguido á sua gloria cm 19 de Outubro de
Dr. Andrade Bezerra «El Estado de Pernambuco»: Dr. 1913, sobre os outeiros de S. Cloud, no proprio logar
Abdias da Costa Neves El Estado de Piauhy»; Dr. cm que se encontrava seu hangar.
Raul Fernandes «El Estado de Rio de Janeiro >: Dr. Foi da lli, com effeito, que elle se elevou a 19 de
José A. Bezzerra de Medeiros «El Estado de R:o Cirande Outubro de 1901 ás 2 horas c 42 minutos, para. no d iri­
dei Sur Paulo Rangel Pestana «El Estado de San gível creado pelo seu cerebro c suas mãos, dar a volta
Paolo-: D r. Celso Bayma «El Estado de Santa Catha- victoriosamente á Torre Eiffel e foi para alli que elle vol­
lina : D r. Maurício Graccho Cardoso «El Estado tie tou 30 minutos após obtendo por esta proeza sem pre­
Sergipe»: Dr. Daniel Carneiro «El Territorio del Acre ; cedente o prêmio Deutsh de la Meurthe.
D r. Carlos Augusto de Miranda Ribeiro El Com­ Achav.-.-nie então, permitti-me esta modesta lembrança
mercio»; D r. Arthur Magarinos Torres Filho «El des- pessoal, fazendo o curso de mathematicas, e apezar da
arrcllo de la agricultura»: D r. Franklin de Almeida — rigidez da disciplina, attraidos pelo ruido dò motor, não
«Las industriaes de productos de origen animal»: D r. Ra­ querendo ouvir mais nada, em um instante nos achámos,
phael A. Sampaio VidaI — «El café. su pasado. su pre­
sente. su porvenir»; D r. Alcides da Rocha Miranda - thralral de Passy, agora legendário. Nós o vimos com a
-:La ganaderia brasilefia»; D r. Bento José de Miranda emoção intensa qüc so pode sem duvida comprchcndcr quem
«La produción de caucho en el Brasil»: D r. Augusto Ramos viveu esses inesquecíveis minutos, evoluir no céo «como uma
— «La industria azucarera : D r. José Mattoso Sampaio enorme cigarra sussurrante, de um amarcllo brilhante so­
Correia «Los transportes ferroviários en el Brasil»: Dr. bre o anil». nós seguimos com os olhos, sem fadiga, a
Frederico Cesar Buriamaqui — La marifia mercante bra­ orbita descripta pelo Santos-Dumont n.« 0 sob o impulso
silefia»: D r. Luiz Felippe Gonzaga de Campos ; — La voluntario de seu genial piloto.
siderurgia en el Brasil»: Prof. Papaterra Limongi «Pajinas E se temos todos assistido, depois disto, quasi acos­
de la historia conmercial de la Republica Argentina en tumados. a proezas aereas das mais esplendidas, o espectá­
sus relaciones con la del Brasil»: D r. Drodato Vilela dos culo naquelle momento, tinha algo de irreal; era a ada­
Santos - «Los sports en el Brasil»: D r. Oswatdo Gomes ptação victoriosa do motor á navegação aerea, era a es-
— «La difusión de los desportes athleticos»: D r. Herbert cravisação á vontade humana de um elemento até então
Moses «La Exposición dei Centenario». indomável, era a fecunda semente de todas as realisações
A admiravcl publicação vem illustrada de excellentes ; das proezas guerreiras de hontem, da ligação pa-
photogravuras e interessantíssimos desenhos, representando continentes ati
vultos, paisagens, cidades e scenas do Brasil.
A capa é uma bella allegoria traçada pelo lapis de 'aris inteira, nesse instante, qt
Málaga Grenet. S. Dumont e ) pioneiro, o genio precurso- —
uma data e um nome para
pre memoravei'-. Os .... — — vibravam
orações ............. unisonos ,pel:
ctoria da intrepidez, da tenacidade e da Scienda que
passavam encai nadas a nossos olhos, na barquinha tão pro-
xima,_ pelo filho heroico do prestigioso Brasil.
Santos todos assim chamavam então - inspirando-
se nos preceitos e trabalhos de Ciiffard, Renard e Krebs,
dia 12 de Março de 1923. em commovida solcmni- tinha realizado o prodigio c, sem movimentos bruscos, com
que assistiram os mais altos representantes da p í­ uma precisão notável, executado a volta imposta no tempo
tia mentalidade brasileiras, foi inaugurada, no ter- proscripto, n'uma commovedora apotheose.
o Palacio da França na Exposição do Centenario, É por isto, Sr. Ministro, que nos outeiros de S. Cloud
fiel do bello monumento erguido pelos francê- este Icaro mythologico, que V. Ex. vae desvendar aos
jloria do immortal Santos Dumont na collina de nossos olhos, sombreia hoje com suas azas tutelares o
:ioud. Paris, a 10 de Outubro de 1913. perfil moderno de seu irmão victorioso, cuja alma deli­
nome da Nação Francesa, pronunciou o Sr. Geor- cada sentir-se-á feliz em lembrar-lhe agora o nome d f
Commissario da França junto á Exposição, seu mechanico Chapin e a memoria dos dois infortunados
peça oratoria que abaixo reproduzimos, e que martyres de suas pesquizas: o brasileiro Severo e o fran­
significação de mais esse gesta de carinho de cez Sachet.
que somos credores ‘ '■ :">sa patria dos maiores genios Nem ícaro, nem Santos Dumont, receiaram elevar-se
da modernidade. aos ardentes raios de Phebo, mas nosso compatriota, bra­
sileiro ou francez (tão vosso elle é e tão nosso é elle
pelo cotação e pelo sangue) triumphou da prova, realizou
o sonho millenario, subindo, pode-se dizer, no carro de
lai «7 est eniré vivant duns 1 ‘lmmorlalilé .
É para o Representante actual da França junto á G. Bodin de Saint-Angr-Comnéne.
Exposição, uma honra excessivamente cara, a de saudar
V. Ex. no limiar deste pavilhão, em nome do Sr. Minis­
tro do Commercio e da Industria e em nome do Sr. M i­
nistro Plenipotenciário e Commissario Geral.
Desde o momento em que acceitou o convite do Brasil O MONUMENTO DA AMIZADE
o Governo fez questão de apresentar, no Rio de Janeiro!
uma exposição digna ao mesmo tempo do radioso Paiz em
---- '"1..C? "‘P5reC<r í.a í?oldura ' ncompa ravel desta maravi- A 9 de Setembro de 1923 tev
lançamento da pedra fundamental c
symbolizando a Amizade, que o pc

O O 356 O O O O O O
Sociedade VIEITAS Lt.d“ — Lisboa.
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

nxeu ao seu irmão brasileiro, como penhor da inquen- mente ficasse associado no pensamento dos nossos amigos
bnntavel affeiçio que lhe dedica. com a fiel avaliação dos nossos idéaes e aspirações norte-
O local em que dentro em breve se erguerá, em sua
e>tractura magestosa. esse monumento que será dos mais Vós. meus conterraneos dos Estados Unidos, bem sabeis
vultuosos c admiráveis de toda a America, foi demarcado com que sinceridade nós desejamos a independencia. a in­
na Avenida das Nações, em frente ao Palacio da America tacta soberania e integridade politica, e a prosperidade
do Norte na Exposição do Centenario. sirrpre crescente dos povos do America Latina. Temos os
Fallaratn por occasiã'- da cerimonia o sr. Edwin Morgan, nossos problemas domesticos, inherentes á expansão da
embaixador americano, o illustre sr. Charles Hughes, se­ vida de um povo livre, mas não ha entre nós sentimentos
cretario de Estado dos Estados Unidos e o sr. dr. Fer- imperialisticos. para lançar siquer uma sombra sobre o
rtiia Ramos, que em nome da cidade agradeceu a offerta. .riiho do nosso progresso. Não ambicionamos territorio,
A oraçio do sr. Charles Hughes, preciosa pelos altos não procuramos conquista a liberdade pela qual anhe-
conceitos de que se entretesseu. foi a Seguinte lamos para nós. desejamos para os outros e não susten­
■Sr. Embaixador, minhas senhoras, meus senhores — tamos direitos para nós que não accordemos aos outros.
Considero-me feliz pela opportunidadc que se me offerece Dtse íamos sinceramente ver atravez deste hemispherio uma
de ter uma parte na inaugurado deste local para o mo paz permanente, o regímen da justiça e a diffusão das
r.umento american > do Centenario e especiatmente pela bênçãos de uma cooperação benefica. P. este o desejo que
cccasiic de cumprimentar os meus conterraneos e os amigos fôrma a base do» sentimentos Pan Americanos.
do Brasil e dos Estados Unidos que aqui se reuniram. Neste momento auspicioso estamos agradavelmente im­
Desejava poder transmittir-vos de uma fôrma signi­ pressionados com a actual extensão dessa corporação. As
ficativa as agradaseis impressões que eu tenho recebido varies organizações que aqui se encontram presentes re­
durante a minha curta visita, de como aprecio as incom- cordam-nos que a sciencia não tem fronteiras- Estão aqui
paraseis belle/as desta scena. que trazem um encanto du­ presentes aquelles que reúnem os resultados das mais cui­
rável. desta prospera Capital em que os recursos da sciencia dadosas pesquizas archeologicas: aquelles que trazem os
tem sido dispostos sob uma efficiente direcção para at- seus estudos historicos em papeis para fruição, que for­
tender ás sempre crescentes necessidades da vida civil, marão uma narrativa historica exacta e cuidadosa, baseádl
das incontestáveis manifestações de genial disposição e cm fontes originaes. Reunimos também aqui os engenheiros,
grandeza que caracterizam o povo brasileiro, e. sobretudo, por cujos conhecimentos exactos e trenadas mãos muito tem
da generosa hospitalidade corn a qual tenho sido favo­ a esperar a natureza. E. como eu não possa mencionar
recido por esse povo de coração quente, cujas cordiaes todas as corporações que ora se acham representadas nesta
boas-vindas e constantes considerações e provas de amizade capital para essa celebração centenaria, não faltarei de
converteram uma occasião de prís-ilegio official em iimi fallar dos philantropos que sr devotam ao bem-estar das
de rara satisfação pessoal. crianças e protecção da humanidade.
L-tes bellos dias será- sempre lembrados da forma Permitti também que eu vos recorde, como uma
illustração de cooperação beneficente, a obra que alguns
É muito apropriado que este monumento deva ser erecto dos nossos conterrâneos tém executado no Brasil e em
como uma commemoratio da historica amizade entre o outras partes da America Latina, combatendo as mais te­
Brasil e os Estados Unidos. O nosso governo foi o míveis fôrmas de molestias, emquanto que na variada vida
primeiro a reconhecer a independencia do Brasil e desse vegetal desse grande paiz encontramos meios de saúde
momento em diante os laços de estima e amizade jamais
se quebraram. O grito do Ypiranga «Independencia ou Não me detive a respeito do desenvolvimento do com­
Morte- não pode deixar de relembrar-nos as memoráveis mercio entre os nossos prizes Creio que as gratas es­
palavras do nosso proprio Patrick Henry Dae-me liber­ tatísticas são conhecidas de vós todos. Porém, ainda mais
dade ou dae-mc a morte-, e por meio de todas as vicissi- importante que o intercâmbio de productos é o do senti­
mento inspirado por comprehensio mutua, que tem sempre
apreciaçâo de uma communhão de idéaes e de interesse, logar pela presença em cada paiz dc representantes do
que abmçoou ambos os povos com o sentido de pacificas
c mutuamente beneficentes relações F. especialmente agradavel a acção de largas vistas
Porém, esta cerimonia é ainda mais significativa. Ella do Oovemo Brasileiro provendo os estudos graduados no
não sr attesfa a nossa duradoura amizade mas expressa exterior para os melhores estudantes das escolas de agri­
a admiração do poso da Republica do Norte pelas vastas cultura e treno industrial, desenvolvendo assim ura corpo
excepções da sua irmã do Sul e por tudo quanto aqui dt homens technicos altamente trenados- Ousi que ha c.-rca
foi feito para o desenvolvimento de um grande povo. de :iO jovens brasileiros estudando actualmente nas in­
A celebração deste Centenario traz reminiscências do stituições educativas dos Estados Unidos e tenho certeza
passado dos primeiros intrepidos viajantes: dos bandei­ qtn muitos dos nossos estudantes norte-americanos enca­
rantes. entranhando-se no interior r obtendo um !ampeio minhar-se-ão para aqui e para outros paizes da America
dos extraordinarios recursos e potencialidade desta terra Latina dc fôrma a obterem o beneficio da observação
da promissão da primitiva organização colonial, que deu pessoal e dt» estudo das instituições e vida ecooomica.
as primeiras bases de instituições ãs activ idades que tinham O povo dos Estados Unidos e o povo do Brasil
que civilizar um continente do estabelecimento aqui d ; são devotados egualmentr aos idéaes da paz Porém,
sede de autoridade da mãi patria de mevitavel affir- paz tem <o seu methodo, tal
maçio de uma vida nacional independente do longo c da paz é o do mais perfeito e__
benefico remado daquelle liberalissimo administrador dr
elevado espirito, sabio c estadista D. Pedro II do espirito relativo das obrigações, do recurso ■
de liberdade òo povo brasileiro quebrando a escravatura dades aos processos da razão na reunião c _ ___
c^lavantando mstitukõcs republicaras e mais recentemente bilidade c força do paiz nos interesses da paz com o
desejo sincero e intenso de encontrar solução amigavel
da liberdade em si e. como esperamos, poz um termo em vez de causas de desavenças e inimizade.
para todos cs tempos ás pretensões da força bruta Semente a disposição para a paz é que pode asse­
Eu Knbo prazer em rememorar que Th «ias Jefferson, gurar a paz. Nós deste hemispherio somos felizes dc
o nnmeiro secretario de Estado norte-americano, instruiu estar livres de qualquer ameaça de aggressio. Muitas das
em 1791 a David Humphrevs Ministro em Portugal, quz mais importantes controvérsias foram solvidas ou estão em
■os obtivesse todas as informações possíveis sobre a força, vias de solução.
riqueza, recurso e disposições do Brasil. Porque não deveremos ter paz durável e os bene­
Aouelles de nós. que cora rapidez e fícios de cooperação? Temos instituições dedicadas á li­
berdade e desejamos não s
poder, poréns, a independi
pu i to prex alescente da Justiça- Temi tradição
differentes, porém, afagas
mesmos anhelos peia libe

Porem, esta terra afortunada que é o Brasil, é de


as possibilidades ilim itadas de seu desenvolvim.ilIo.
*s extraordinarias promessas dos serviços que póde prestar sempre crescente prosperidade e
• humanidade. Este. meus amigos, é mquestionai ebuente
O paiz do vigesime século, e. agindo para a erecjão deste
fe* conseguido no passado, nus a nossa confiança no lu- O MONUMENTO DE CUAUHTEMOC

esperança» do Brasil realizem abúndautemente A mais viva e tocante das prosas de affekão que.
seriamos também felizes em saber que este mono- tão numerous, recebemos da Republica .Mexicana por oc-

O O O OO O 357 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO DA

casiâo de nosso primeiro centenario politico, foi. sem du­


vida. a offerta do monumento de Cuauhtemoc, o glorioso triunfo.
heróe do Mexico, inaugurado nesta capital em 16 de Se­ Todo esto, sin filosofias, lo dijo Cuauhtemoc en la
tembro de 1922. página elocuente dc sus arrebatos. y fuc con la ironia y la
A cerimonia solemne da entrega da regia offerta sc prédica, con cl desdén y la violência, forzando combates,
revestiu de significação particular e raro brilho. befando a Montezuma como a un traidor. — porque hay
Compareceu a ella o sr. Presidente da Republica, a ya un traidor en todo el que transije con la injusticia. —
quem coube a missão de descobrir a estátua. y retando a Cortes, y por fin venció a Cortés, lo destrozó.
Deram guarda de honra os cadetes da Escola M ilitar lo arrojo fuera de la ciudad, y lo hizo llorar sus pérdidas
do Mexico, a lurida phalange que tantas veres a popu­ cu la célebre Noche Triste del gran Conquistador. Nochc
lação carioca cnthusiasticamentc acclamou. A banda de mu- memorable en que Cortés debe haberse sentido hermano
dc su gran enemigo, hermano por la grandeza y el dolor,
cionaes das duas patrias irmãs. E pronunciou o discurso y también porque desde entonces quedó escrito que en
official, offerecendo o monumento, o sr. Dr. José de Vas- las tierras de Anahuac no seria una sola raza ^ la vence-
concellos, embaixador especial daquella Republica, cuja for-
formosisstma oração estampamos abaixo: Republica viniesse a poner término a la pugna, decla­
rando que el suelo dc México no cs ni será propriedad
dc un solo color de la tez, ni de dos razas solas, sino
«Excellentissimo Senor Presidente. — Seãores Mc cabe dc todas las que pueblan el mund.i, siempre que amoldcn
la nltisima honra de ofrecer al Brasil, a nornhre de Mcj
héroe que está más cerca dei corarón mexicano. Un héroe confusa, por la mente de aqiiellos dos heroes en la cé­
fracasado si se le ve desde el pimto de vista do los lebre noche en que cl indio vió llorar al espaftol. y cl
que sólo reconocen el ideal cuando sc presenta en el carro hombres. y Cortés volvió con todos sus aliados y com-
de la victoria, domenando altiveccs y aplastando rebeldias: pancros y después de un sitio prolongado y cruento ca-
mas para nosotros. un héroe sublime por que prefirió pituró la ciudad y a Cuauhtemoc, y lo llevó al tormiento
sucumbir a doblegarse y porque su memoria molestará
eternamente a los que tienen hábito de halagar al fuerte. para arrancarlc el secreto dc los tesoros rcalcs. y Cuau­
y son esclavos incondicionales de êxito, en qualquiera de htemoc. como sabeis, aprox'echo la ocasión para haccr
sus miseras formas. Un héroe del dolor vencido alza en una célebre frase, y finalmcntc. cuando ya prisioneiro y
este bronze su penacho enbiesto. su flecha voladora y su
boca muda. sin jactandas en la action y supremamente acompanaba lc prometia el" ciclo si atirazaba "la fé dc
sus vencedores. Cuauhtemoc le preguntó si ese paraíso
siglos ya no sólo en la Capital de México, sino tamhicri dc que hablaba el fraile iban también los cnemigos dc
en este Brasil cordial que abre sus puertas a todos los su patria y habiéndoscle contestado afirmativamente, el
pueblos, pero que sabe aliar su corazón a la justicia y indio repuso: «entonces. Padre, yo no voy al paraizo»
al dcrccho. al heroísmo y la bondad. El bronce dei indio y estas fueron las ultimas palabras que dijo. y con Cuau­
mexicano se apoya en cl granito brunido del pedestal htemoc desapareeió para siempre el poderio indigena. Tal
brasileiro: dimos bronce y nos aprestasteis roca para as­ cs la simple y férrea historia dei héroe para quien os
sentado y juntos entregamos en estos instantes las dos pedimos la hospita lidad dc esta playa abierta al mar y
durezas al regazo de los siglos para que. sean como apoyada en la montana, es decir. por el frente la li-
bertad de todos los caminos, pero en la base cl gra­
raptos que levantan de! polvo a los hombres y llenan nito en que labra su futuro la nucva raza latina dei
los siglos con el fulgor de las civilizaciones: el conjuro continente, una en la sangue y en el anhelo, en cl dolor
creadoi de una raza nueVa. fuerte y gloriosa. y cu la dicha. Tal es cl simbolo que entregamos a vuestras
Por qué desçamos partir de este simbolo? qué cs miradas en todos los dias. y que pretendemos quede en­
para nosotros este indio que hoy se levanta orgulhoso raizado en vuestra propia tradición para que en ella si­
entre cl fausto de gentes que no son las suyas? La gnifique lo que hoy significa en la nuestra: la cirtidumhrc
historia de Cuauhtemoc es breve como un episodio y de la propia concienda y la esperanza de dias gloriosos.
rcsplandeciente como una ráfaga divina, una de esas ma- Pues este indio es para nosotros rcprcsentación de la re­
gestades que haccn emmudecer al poeta, callar al filósofo beldia de la concienda: dc la crispación dei brazo ofen­
y ante las cuales sólo el narrador procura dido, pero también cl alarde dc la mente. Cuauhtemoc
rcnacc por que ha llegado para nuestros pueblos la hora
Sabeis la historia: de la segunda independência, la independência dc la civili-
el más grande de todos l< zación. la emancipación dei espiritu. como corolário tardio,
irable Hcrnán Cortés que x pero al fin inevitable dc la emancipadón politica.
ncia con la palavra, después i glor El primer siglo de nuestra vida nacional ha sido un
i cncadcnar siglo de^ vasallaje espiritual, de copia que se ufana de
grandes ejércitos. fluminad- ___ ._ _____ __ ___________
Los caciques indigenas que pretendian rcsistirle caen aniqui­ si de la originalidad conciente, dc una originalidad que
lados por su fuego sagrado de armamentos inauditos, que aunque fuera vencida en la tierra. buscaria refugio en
Servian a los conquistadores como si fossen hijos dei mismo la mente para expandirse, porque ni quiere ni puede pe­
Pios Sol que illumina la tierra. recer y brega porque la anima un impulso sagrado.
Veracruz. Tlaxcala. media docena de reinos limítrofes Y esa originalidad que toda civilization verdadera trae
consigo, no la temos logrado en un siglo porque nos
eitos a disposición dei vencedor" y el mismo Montezuma, el ha faltado la valentia de Cuauhtemoc; su fe en una
orgulloso monarca, lo recibia en la capital azteca y le conception propia dei mundo, y su audacia para poner
entregaba su palacio y le prestaba vasallaje. Era la ci- en el cielo lo que de momento no pueda triunfar en
vilización micva que avanzaba. la raza de los fuertes. la
raza de los semidioses, uue invadia sin remedio y aniqui- Yo bien sé que hoy como ayer hay quienes niegan
iaba para siempre la antigua, la orgullosa raza' conquis­ y hay quienes ignorari estos presagios que ya resuenan
tadora mexicana! Y los hombres visados dei imperio azteca.
los que correspondian a lo que hoy se llama la gente a danzar en la luz — pero los incrédulos de hoy, lo
sensata, los egoístas, los pusilânimes, los ingenios sin co­ mismo que los que aconscjaban a Cuauhtemoc que no ba-
razón. proclamaban que la resistenda era inútil y mejor tiere a los espanoles porque los cspanoles eran la raza
plegarse a lo inevitable y entregar las tradiciones y los superior, la raza civilizada. . . pasarán como pasaron los
rcales .propios a Ia voluntad dei más fuerte para que pusilânimes de antano. sin dejar ni siquiera un rastro,
forjasse a su antojo. tal y como todavia tantos exclaman mientras que el indio magnifico, el rebelde absurdo, se
ante el avance de todos los fuertes. Pero un héroe es levanta orgulloso sobre la tierra de dos continentes. Ellos
un hombre que tienc Ia audacia de romper toda esta no son, asi como los de hoy no serán rnanana y por
marana de pensamientos cobardes, para poner en obra encima de todos resplandece la flecha que apunta a los
' ' i pulso interior de Ia justicia divina. Lo mismo si
Cansados, hastiados de toda esa civilización dc copia,
y noble i los hechos de todo esc largo coloniaje de los espiritus. interpretamos
la vision de Cuauhtemoc como una anticipation de este
florcscimiento o más bien dicho: nacirniento dei alma
vencible de los dei Sol. latino-americana que en todos nuestros pueblos se ha acen­
entonces Cuauhtei tuado com intensidad irrevocable, y miramos en su gesto,
exhibia a los mi unas veces el safio y otras el ensueno: un anuncio re­
viése que los coi mentian. Y usando ( moto de esta vida ^nucva que desborda en todas las na-
logró sugestionar a algunos dc los suyos. lidado en mentes que le den gloria, en corazones blandos
jóvenes. formó falange y empezó la lucha que la tornen noble, y en voluntades firmes como el
lucha eterna y s. igrada del débil que pos
contra el fuerte i ue la reemplaza coil sus Claro está que la nación mexicana en su culto por
Lucha que aunque sea desesperada y obscura < uauhtemoc. no quiere significar un proposito de haccrse
aceptar el débit estrecha y dc cerrar sus puertas al progreso. no preten­
tiene el don de repercutir demos volver a la cdad de piedra de los aztecas como

O O O o o 358 O O O O O 0
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

publica, pela coinmemoração da nossa mais significativa


Tampouco renegamos de t data histórica.
alguna hostiles, agradecemc A «Asociacion Latina de Jovenes» têm gravada, em
su excelência y teneremos « sua bandeira, tres anhelos e affectos de profunda magni­
leitos sus hijos; pero quer. tude: — Patria. Raça e Idioma!
pirituales. «Independência oi Fundada em 1913. e sempre dedicada aos estudos dos
del Brasil y el destino le mais altos problemas contemporaneos, os frutos colhidos
vida. y ahora reclamamos ■ pela alludida Associação têm sido optimos e realmente be-
importación
milado Intcnsificando a cordialidade entre as nações da America,
é já notável o predomínio do elemento mexicano, no selo
erosidad. Inv da corporação, que. entretanto, deseja tornar mais ampla
propio I a sua acção, afim de que se sinta mais latina, na forma
cl ritmo que está do seu programma cultural, social e patriotico.
volverse rencorosa al pasado. K este o officio da Asociacion Latina de Jovenes. de
Santo Antonio. Texas, ao Sr. Dr. José Vasconcellos. para
someta a ' lãs normas de su apresentar a Mensagem de Felicitações ao Qoverno do
apla/ado y modificado como
lidad todos los suenos pero ScAor Lie. Don José oticelos. Presidente de la
Misión Mexicana, cn mino para la República Siid-Ameri-
toria ha dividido el continente■ americano cn dos grandes cana. dei Brasil. V do. Santo Antonio. Tex.
a la humanidad el ejemplo Rcrspetable scfioi La Asociacion Latina de Jóvenes,
fecundo. No somos como de San Anti .mo, ' iex., solicita respectuosamente se sirva
açeptar ser i :l digno portador de nuestro mensaje de feli-
cl Excelentisi mo Sefior Presidente de la República dei Brasil,
dores podrá sentar las basi ral Nuestra alta misión de latinos, y los deberes que
nos imponen nuestras leyes constitutionales, nos propor-
Los norteamericam han creado ya una civilización oportunidad para salutar a la República her-
poderosa que ha trak benefícios al mundo. Los ibero-
---- ------- razado acaso porque nuestro ter- Anticipamos nuestros
más vasto, y nuestro» problemas más complejos,
acaso porque preparamos un tipo de vida realmente uni­ to. somos de Usted. ate
versal: pero de todas mancras, nuestra hora ha sonado
y hay que mantener vivo el sentimiento de nuestra co- ' M. E. Senna, Se-
munidad en la desdicha o en la gloria y es menester
despojarmos de toda suerte de sumición para mirar el a mensagem de felicitações ao Brasil, que f
mundo, como lo mira ese índio magnifico, sin arroganda, Sr. Dr. Epitacio Pessoa. Presidente da Rep
pero con serenidad y grandc/a; seguros de uue el des­ Embaixador mexicano, Sr. Dr. José Vasca
nome da Asociacion Latina de Jovenes:
pero también en las mane isimo Sefior Presidente de la República d
llcnos de fé levantamos .
i de Jóv
E. U. À., presenta a la República dei Oobiern i de Usted
un efusivo y freternal saludo.
Brasil, nombre que se escucha con carião y respeto
desde la margen derecha de nuestro caudaloso y fiél cen-
tincla «El Bravo , nos hace evocar el vivo recuerdo de
una República hermana.
soldados, los soldados que Quiséramos, cn ocasiones de tan felices remembranzjs
ica. y cn la flexa del indio
de . fuei todo' Quiséramos. Sefior Presidente, sentir llegar a nuestras
I ahor i el Bra frentes las perfumadas brisas del Valle del Amazonas», tender
nuestra visual por sobre vuestras «Pampas Surianas»: admirar
las riquezas de vuestras bosques, y el tesoro de vuestras
aldad por la patria del indio que aqui se queda ‘ I majestuosa «Sierra Marina», pero, al
con un juramento solemne: amar al Brasil como u altur al
distante pero tambien nuestra: juramos defender i I Brasil. sus pleitos homenajes
gozar en sus dichos y sufrir con sus penas y Ilevado /iva la República
siempre en el pecho. tal y como esta estatua ■
cnclavada cn el corazón dei Brasil”. i Constitución Po-
Republicana de 1891. pero tambien carifiosamente
n a nuestra memória las cvocadoras fechas: la de
vuestra Indcp encia Nacional y las de 1888 y 1889.
HOMENAOEM A MEMORIA DE RIO BRANCO _.. ______ seno. esta Asociacion Latina de Jóvenes.
guarda muchos hijos dela Tierra de Anahuac. la República
Mexicana, y es por esa circumstanda y por las obliga-
A 12 de Setembro de 1Q22, em homenagem á me­ ciones de nuestro Programa Cultural. Racial y Patriótico,
moria do nosso grande Baráo do Rio Branco, os alumnos por lo que aprovcchamos gustos el estimable, conducto
da Fscila Naval do Uruguay, acompanhados pela officia- del Sefior Lie. José Vasconcelos. Presidente de la Misión
Iidade do cruzador Uruguay, foram incorporados ao ce­ Mexicana que vá a esa República de su Qobierno. para
mitério de S. Francisco Xavier, onde depositaram uma que sea él quien entregue a Usted nuestro mensaje.
coroa de flores naturaes no tumulo do immortal brasileiro. Sirvase Usted aceptar. Sefior Presidente dei Brasil,
Presenciaram a tocante cerimonia o sr. Ministro da nuestra personal congratulación y nuestros mejores deseos
Marinha e outras altas autoridades da Republica, varios para Usted y para los hijos de esa " irande.
' libre.
membros das missões espcciaes estrangeiras e grande massa
r‘Ca Por la Raia. por la Patria y p,
A commovente homenagem dos jovens estudantes da
marinha uruguaya encheu de gratidão todos os corações
brasileiros: exprimiu bem cila a profunda veneração que
a memória de Rio Branco votam os filhos do admiravel
pais irmão do nosso, veneração que mais do que tudo
nos emociona, pelo éco resoante que encontra cm nossos OS REPRESENTANTES DOS ESTADOS NORTE-
mais intimos sentimentos patrioticos. AMERICANOS

A MENSAGEM DE FELICITAÇÕES DA ASSOCIACION Foram os seguintes os representantes estadoaes dos


LATIN A DE JOVENES Estados Unidos da America do Norte, á Exposição Interna­
cional do Rio de Janeiro:
Illinois — Hon. John H. Canlin. de Rockford e senhora:
A «Asociacion Latina de Jovenes». constituída de va­ Indiana Hon Charles H. Constock. de Indianopolis:
dosos elementos da mocidade de Santo Antonio. Texas. Louisina • Sr. J. W. Billingsley, de Nova Orleans; Sr.
America do Norte, delegou ao Sr. Dr. José Vasconcellos, A. F. Israel, de Santos. Brasil: Massachussets — Sr. Franklin
embaixador especial do Mexico junto ao Cantcnario da E. Huntress, de Boston e senhora: New Hamshire —
Independência do Brasil, a missão de fazer entrega di­ Sr. Benjamin C. Knox. de S. Paulo: Novo Mexico —
urna Mensagem de Felicitações ao Sr. Presidente da Rc- Hon. Thos. O. Grittenden. de S. Paulo; Nova York —

o o o o 359 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMF. MORATIVO 1)0 CENTENARIO DA

Hon. Herbert F. Gunnison, de Nova York e Hon. W AS SAUDAÇÕES DOS CHEFES DE ESTADO
J. W. Rabb. da cidade de Nova Y o rk: Pennsylvania —
Dr. W. P Wilson de Philadelphia e senhora: e Sr Louis
Clark, de Philadelphia: Vermont - Hon. Clarence Morgan, pendenda, o Sr. presidente da Republica recebeu, entre
de Shelburne: Virginia — Hon. E. E. Holland, de Suffolk
e senhora: e Sr. W. A. Cox, de N o rfo lk ; Nebraska muitos outros, os seguintes telegrammas de chefes de
Hon. Adam Breede. de Hastings. Estado:
BALMORAL CASTLE (Escossia), 8 Desejo apre­
sentar a V. Ex.. ao governo e ao povo do Brasil as
mais cordiacs congratulações e votos ^por occasião da aher-
A ED1ÇAO ESPECIAL I)A -LEIPZIG ILLUSTRIRTE
ZEITUNÜ» lações anglo-brasileiras. verifica-se que todas as questões
de interesse reciproco das nossas duas nações foram s.-mpre
reguladas por completo accordo. e se o Brasil ainda se
A lllu s irin e Zeitung, que se edita consecutivamente lembra do nome de lord Cochrane, a Grã-Bretanha nunca
prig. Berlin. Vienna e Budapest, é uma das mai se esquecerá de que o povo brasileiro fez causa commum
mais importante^ publicações periodicas do mundo com ella e seus alliados na grande guerra. A lucta está
i edição especial, pois. na data do nosso primeiro finda, mas os problemas da paz ahi estão diante de nós.
e este paiz. juntamente com o resto do mundo, não de­
menagens prestadas ao Brasil occasião. seja melhor lemma tf o que o inscripto pelo Brasil cm
sua bandeira: «Ordem e Progresso». Que o segundo cen­
pecial um conjuncto admirave! de estudos sobre nosso es- tenário de sua existência independente, no qual entra agora,
irito e nossas cousas, firmados por grandes nomes do seja para o Brasil de inteira prosperidade — George. R. I.
B rasil e da Allemanha. Os artigos são todos escriptos
cm allemâo. vindo, oomtudo. a traducçâo dos mesmos na WASHINGTON. 7 Além dos protestos de amisade
nossa lingua em supplemento annexo.Destacam-se entre e cordialidade que. em nome do governo e do povo dos
elles «A Allemanha e o Brasil., por Oliveira Uma; «O Estados Unidos, encarreguei a missão especial americana
desenvolvimento historico do Brasil», pelo Professor Or. de vos transmittir. desejo apresentar-vos as minhas congra-
Hermann Walien, de Karlsruhe: «A estructura geographica gutulaçôes pessoaes e os meus melhores votos nesta me­
do Brasil», pelo Or. R. Brandi Das terras e do .povo morável occasião. e manifestar-vos o grande prazer que.
brasileiro», pelo sr. Carlos. Schuler «O Brasil intellectual., pessoalmente, me é dado em constatar o esplendido pro­
pelo Or. Pontes Miranda; «A colonização allcmã no Brasil», gresso e os feitos do Brasil durante um século de inde­
pclo Or. AUredo Tunke; «O desenvolvimento economico pendência. Os solidos laços de amisade e de fraternal
do Brasil», pelo sr. Henrique Schuler; A industrial textil entendimento que. de manira tão notável, têm caracteri­
no Brasil», por Maria Kahle; «O sport, os jogos e a zado as relações dos nossos dois paizes. durante as suas
dansa entre os indios do norte do Brasil», pclo Professor existências como nações independentes, foram reaflirmaJos
Dr. Theodoro Koch-Oruenherg, director do Museu de ethno- e fortalecidos com o correr dos annos e. recentemente,
logia de Stuttgart. foram ainda mais accentuadamentc cimentados pela coope­
bella ração itando ração cm uma causa commum em beneficio da huma­
itrada da bahia < dif- nidade. £ meu vivo desejo e ardente esperança que. com
avel effeito: «O a continuação de sábios e hem orientados governos, possa
randes cidades
alados. eente prosperidade e felicidade. Rogo-vos aceitar os meus
larcllas úgnadas K. Schiet calorosos votos de constante boa saude e prosperidade —
Warren G. Harding.
dois trechos abaixo con:
Schuler sobre as terra ROMA.
«O Rio de Janeiro brasileiro, qi
ração do seu visitante _ . independência.. ___ r ____ _________ ____ _____
que alguém se affasta da «Rainha da Luz». O brasileiro rosos italianos, tivemos a felicidade de cooperar para o
apelidou a capital do seu paiz a «Rainha de Luz» porque altíssimo gráo ^de^civilizaçáo e de progresso a que at-
ella. como nenhuma outra cidade á noite, deslumbra com
a sua estupenda illuminação electrica. Não ha espectáculo pcla fraternal hospitalidade por nós recebida, bem como
mais deslumbrante do que á noite, do alto do «Pão de pclo auxilio que prestastes aos alliados na hora do perigo.
Assucar», onde um italiano montou um restaurant, assistir Certo de interpretar os sentimentos de todos os italianos,
a transformação num oceano de luz. de todo o porto e faço neste dia faustissimo os mais ardentes votos pela
cidade. Ao longo do caes. como se fosse um collar de gloria do Brasil e pela felicidade pessoal de V. Ex.. de cuja
pérolas, as grandes lampadas de arco voltaico reflectem delicada visita a Roma guardamos a mais grata recor­
suas luzes nas aguas da Guanabara. Ate o cume dos dação — Vittorio Emmanuele.
morros, as casas, as praças, os parques, emfim tudo está
submerso naquelle mar de luz, e para completar esfe VARSÓVIA. 7 Tenho um prazer muito especial em
quadro, que mais parece um sonho, vêm-se no porto os exprimir a V. Ex. os votos mais calorosos que formulo,
hoje. com toda a Polonia, pela felicidade e prosperidade
ancorados. Cobrindo este estupendo espectáculo está o céu. do Brasil, e de testemunhar-vos a parte sincera que a
na sua treva nocturna, com o seu esplendoroso e reluzente nação poloncza toma no glorios centenario celebrado pela
Cruzeiro do Sul». vossa grande e nobre Nação — Pilsudski. presidente da

MEXICO. 7 — Em nome do povo mexicano e no


«O brasileiro tem duas grandes virtudes que o fazem meu proprio, é-me altamente satisfatório enviar a V. Ex.
r querido nas suas relações: hospitalidade e cortezia. e ao governo que dignamente V. Ex. pres:de. as mais
sua hospitalidade não se tem occasião de conhecer com cordiaes felicitações por occasião do primeiro centenario
ita facilidade nas grandes cidades em que ha os grandes da independência do Brasil, com as sinceras expressões
teis. como no campo onde a qualquer hora do dia ou de melhores votos pela crescente prosperidade da Nação
aa tropa, em qualquer fazenda, encontra Brasileira, cujo engrandecimento e gloriosas tradições são
zalho orgulho do continente americano .- Alvaro Obregon. pre­
da maioria dos paizes europeus deixo por cortczia de sidente dos Estados Unidos Mexicanos.
citar os paizes - ainda se encontra em qualquer cidade do CHRISTIANIA. 7 Pcç
Brasil. Vou citar alguns exemplos: o nosso paquete atracou sinceras felicitações por occasi jubileu do centenario
na Bahia c esta cidade consta de duas partes: a cidade dessa Republica, e os melhore
alta e a cidade baixa. Estas duas partes são ligadas entre peridade e pelo progresso do brasileiro Haakon,
si por tres poderosos elevadores. Um grande numero de rei da Noruega.
passageiros desceu a terra e me pediu que eu lhes servisse
passeio. Um dos elevadores acima descriptos SANTIAGO. 7 - 0 governo c o povo do Chile
comporta i de 30 r
tomado logar no elevador, jun- memoração do glorioso centenário que hoje celebra esse
tamente ■ passageiros. e o seu conductor não grande povo irmão. Interpretando os seus sentimentos e
:ar entrar por já estar completa a
lotação, immediatamente i brasileiro que se encontrava fação em manifestar a V. Ex. minhas affectuosas congra­
no^ elevador e que reco
lue reconheceu a minha situação, con- tulações a par dos meus votos muito effusivos pela gran­
logar e o fez com rara cortezia e cle- deza e pela prosperidade sempre crescentes do Brasil, pela
i brasileiro o s ibe hoje em dia fazer, ventura pessoal de V. Ex. para que prosiga augmentando
ama creatura complctamente e firmando-se no futuro a franca e leal amisade que
estranha, elle ficar exposto ao sol cscal- felizmente têm cultivado os nossos dois paizes em todo
espera de outra viajen do o longo decorrer de sua vida livre — Arturo Alessandri.
elevador». presidente da Republica do Chile.

O O O O O O 360 O O O O O
JOÃO CALHEIROS U d . — Villa Nova de Gaya — Portugal
INHERE n DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

CARACAS. 7 Tenho o maior Exposiçâo Inter


a V E\. neste dia de honra para a indep ' 1 ' i Brasil i
fação nara a grande patria americi niinli i . i occasião <______ . ______ .
saudações pcssoacs. as congratulações bênçãos e para a rcaffirmação dos idéaes americanos. Que
como testemunho de sympathia ao no este dia marque um desenvolvimento nos nossos senti­
). V. Gome/, presidente da Venezu mentos de reciproca amisade e estima e que delia re­
sultem uma effectiva cooperação e um mais intimo enten­
QUITO. 7 Ê-me summamente grato saudar V. E\. dimento entre as Americas e sirva como uma demonstração
nesta memorável data. participando-lhe que o povo equa­ ao mundo de que sômos americanos do extremo do Alaska
toriano se associa ao povo brasileiro em seu cnthusiastico ao do cabo Horn e que estamos decididos a juntos tra­
regosijo pela rememoração de sua independência e pelos balhar para a realização dos objectivos inspirados pela
seus brilhantes triumphos nas pacificas lides da civilização semelhança de instituições, por idéas communs e por in­
durante um século de vida autonoma. teresses reciprocos — John F. Hylan, prefeito de Nova
Como americanista compraz-me também render uma York.
homenagem de respeito e gratidão a essa grande Nação
que tão generosamente se empenha pela confraternização LONDRES, 7 — Nesta auspiciosa occasião rogo a
dos povos da America latina, inspirando-s? no desejo con­ V. Ex. aceitar minhas felicitações pelo centenário que
stanti- da sua prosperidade e engrandecimento, benefícios agora se celebra. Seja-me permittido manifestar a esperança
que só se podem alcançar sob a egide da justiça e do dc que a communicação cabographica entre o Brasil e
direito, sentinelas vigilantes da paz. do trabalho e do Barbados, que agora vem augmentar a extensa rêde de
progresso — José Luiz Tamayo, presidente do Equador. ccmmunicações cabographicas da Companhia Western Te­
legraph e que constitue parte de um serviço directo para
GUATEMALA. 7 No centenário da independência os Estados Unidos que V. Ex. honra inaugurando hoje.
dessa prospera nação irmã. tenho a honra e a satisfação IKissa ser de inestimável beneficio i prosperidade do con­
de apresentar a V. Ex. as sinceras congratulações do povo
de Guatemala e os nossos votos pela felicidade do povo sidente. ' P
brasileiro e de V. Ex. Seu leal amigo — J. Maria Orel­
lana. presidente da Guatemala.
MERIDA. (Mexico). 6 — A Camara local deste Es-
Estado decretou dia de festa o dia de amanhã. 7. cen­
BOGOTA. 7 Apresento a V. Ex. cm nome do tenario da independencia desta Republica irmã F. Ca-
povo da Columbia c na meu proprio as mais cordiaes brillo. governador.
felicitações pelo dia que essa illustre Nação celebra o
primeiro centenario de sua indepenJencia e faço votos por
que o Brasil amparado pelas suas livres instituições con­
tinue demonstrandoao mundo a intelligencia. energia e
vitalidade de um povo. sendo honroso expoente da ci­
vilização americana. De V. Ex.. bom amigo Redro Nel
Ospina. presidente da Columbia. Ao presidente do Senado Federal foram dirigidos os
seguintes tclcgrammas:
S. JOSR DA COSTA RICA. 7 - Neste glorioso cen-
tina rio aceitem V. Ex. e o pov,o brasileiro enthusiasticas
congratulações do governo e do povo de Costa Rica — CHILE. 7 — O Senado do Chile approvou. em sessão
Julio Acosta, presidente de Cosita Rica. de hoje, com voto unanime dos senadores presentes, um
projecto de lei considerando feriado o dia 7 do corrente,
PANAMA. 7 — 0 povo e governo do Panamá co- em homenagem ao centenário da independencia do Brasil.
prazem-se em enviar por meu intermedio ao povo e ao Ao communicar a V. Ex. este acto. formulo os sinceros
governo do Brasil effusivas felicitações pelo glorioso cen­ votos pela prosperidade c engrandecimento dessa Republica
tenário que hoje celebra a Nação que dignamente V. Ex. irmã — Luiz Clano Solar, presidente — Henrique Co-
Preside e que eleve ufanar-se de haver realizado pro­ nartu Eguigurc. secretario.
gressos sufficientes para orgulhar qualquer paiz. Associ-
ando-nos, nós os panamaenses ás vossas festas, fazemos MEXICO, 7 - 0 Senado da Republica mexicana envia
votos para que nada seja capaz de conter a corrente de ao Senado c ao povo dos Estados Unidos do Brasil fra­
pí°siifcntcde| C I,bCm .'"X lr d° BraSÍI ~ Belisario Parras. ternal saudação, fazendo votos para que as glorias pre­
téritas sejam coroadas com a realização de um brilhante
porvir Dr. Pedro de Alba Luis. presidente do Senado.

LIMA. 7 — O Senado do Peru compraz-se em enviar


profundo sentimento de sua cordial saudação a essa alta corporação de sua mais
iniciar-se a commemoração viva sympathia, ao findar-se o primeiro centenario da eman­
;sa Patria. Recebei. Ex. Sr., rr cipação politica da Nação irmã. formula effusivos votos
c os votos fervorosos i de prosperidade e para que cada dia sejam mais estreitos
sela prosperidade crescente os laços que unem ambos os povos — German Luna Iglesias.
da grande federação brasileii ventura pessoal do presidente do Senado.
seu esclarecida mandata ria Lesnia, presidente
do Peril.
QUITO. (> Tenho a honra dc communicar a V. Ex.
que na sessão de hoje da Camaru e do Senado do Equador
0 * AZ. 7 — No anniversario que recorda para a foi unanimemente approvada uma proposição de cftusivas
Republica dos Estados Unidos do Brasil, a terminação de congratulações ao Senado da progressista Republica do
um século de vida independente, tenho a honra de saudar Brasil, pelo motivo da celebração, no dia de amanhã, do
V. Ex apresentando-lhe minhas mais calorosas felicitações primeiro centenário de sua independencia — José J. An­
01 m como os votos que faço pela crescente prosperidade drade. presidente do Senado.
da Nação Brasileira e pela ventura pessoal de V. Ex.
K Saavedra, presidente da Bolivia.
LISBOA. 7 - O Senado da Republica Portiigueza.
vibrando em unisono enthusiasmo. votou hoje calorosa sau-
ASSUMPÇÃO. (Pa
ilh° ccn,enario de si V. Ex. é' dignissimo presidente. Pela data' gloriosa "do
centenário honro-me em communicar a V. E>4 a justa e pa­
da livre. Mediante esforços u w.asil ch- triótica resolução unanime da Camara da minha presidência.
nvolvimento Digne-sc V. Ex. aceitar carinhosos e respeitosos cumpri­
nico. pelas suas instituições sociaes e politi mentos Pereira Osorio, presidente do Senado.
uuistado ui logar de prestigio e de
Nações < imo Estado americano: ■ u w u ibuido
. —. . ........ — „ „ „ „ de concordia BOGOTTA. 7 Tenho a honra de communicar a
V. Ex. que foi approvada uma proposição mandando que
.

de cm nosso continente. O povo paraguayo «


'dialmente ao jubilo do Brasil nesta memoravi se celebre no dia de hoje o primeiro centenario da inde­
Vo expressar estes sentimentos cabe-me formul; pendencia da Nação Brasileira e reaffirmando os senti­
«rosos pela prosperidade ascindente dessa Naçã mentos de amisade e fraternidade, caracterizados, ha um
Eusebio Ayala, presidente da Republica. século, e se envie ao Senado brasileiro e. por seu inter-
mídio, ao governo e ao povo vizinhos, enthusiasticas con­
gratulações pelo glorioso acontecimento que hoje se com­
NOVA YORK, 7 — Os cidadãos da cidade de Nova memora. fazendo votos pela felicidade e pelo engrande­
'rn. commi go se associam para enviar cordiaes votos cimento dos Estados Unidos do Brasil — Carlos Jaramillo
congratulações ao povo do Brasil, por occasião da inau- Isoza. presidente do Senado.

O O O O O 361 O O O O OO
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO i)A

N O T A S V A R IA S

PELO ENGRANDECIMENTO E PELA OLORIA DO Evoquemos, pois, a memória de todos quantos concor­
BRASIL reram, de qualquer modo, para a realização dessa grande
obra. Seria erro compor um rói, porque poderia haver
ingratidões. Ainda não li um só, onde não houvesse esque­
Na sessão de 7 de Setembro de 1922, commemorativa cimentos c até enganos.
de nossa independência, a Camara dos Deputados approvou Nunca as revoluções são obra exc u.iva de determina­
a seguinte moção de congratulações, a que atraz fizemos das pessoas. Elias se vêm gerando de longe, cono as tem­
referencia e agora reproduzimos na integra: pestades, pela accumulaçáo dc electricidades contrarias, em
camadas da atmosphcra, distantes dos pontos onde se vão
A Camara dos Deputados da Republica dos Estados produzir os seus cffeitos. Elias preparam-se no mundo
Unidos do Brasil, reunida em sessão extraordinaria para das consciências pela agitação das ideas, obras dos pen-
isso especialmente convocada, á 1 hora da tarde do dia sadoies de todo genero, que um dia encontra o elemento
7 de Setembro de 1922, em sua séde provisória, installa- decisivo do homem de acção, em torno dc quem se con­
da no Palacio da Bibliotheca Nacional, situado á Avenida gregam as forças dispersas para desferir o golpe final.
Rio Branco, na cidade do Rio de Janeiro, Capital Federal E d iffic il dizer quem é maior, se uns se outros. Para
da Republica — do mais intimo da alma de cada um elos não c ria r, unamos a todos no mesmo reconhecimento, na
seus membros, cujos corações palpitam commovidos e emo­ licismo, com os seus santos; elevemos altares a todos os
cionados por intenso jubilo patriotico e por justificado or­ heroes de ha um século c dentre elles, conforme os nos­
gulhe civico, deante da grandeza do paiz de que ::ào sos sentimentos, elejamos o da nossa devoção. Mas no
legitimos representantes nesta casa do Congresso Nacional
congratula-se com a heroica Nação Brasileira pela passa- dia de hoje, não personifiquemos cm ninguém o grande
cm desta gloriosa data, que recorda o marco primeiro feito que coiiimcmoramos.
S a nossa Indcpendtncia Politica, ha cem annos plantado ás Para honrar todos os bravos, que deram a vida pela
margens do rpiranga e desde então para sempre gravado Patria e pela civilização na grande guerra, as nações al-
na historia dos povos livres com as suggestivas palavras do liadas tomaram por acaso, nos cemitérios, os restos de
hrado immorrcdouro — Independencia ou Morte» — ain­ um soldado desconhecido, e erigira:n-no em symbolo de
da hoje vibrante de enthusiasmo e palpitante de verdade, victorias c elevaram-no aos pantheons. Essas cinzas fica­
onde quer que esteja um brasileiro vivo. ram representando o esforço commum dc cada povo, pelo
Com essas congratulações, profundamente sinceras que triumpho final.
em honra do Brasil, neste momento, formulamos perante a No chão dc Pirajá nada já resta dos que caíram para
nação que tão generosamente nos elegeu para represíntal-a abater o reducto mais forte da ultima resistência á nossa
na sua elevada funeção dc decretar as suas leis, deixamos liberdade politica. Qualquer delles representaria a wm-
consignados, nos Annaes da Camara dos Deputados, os ar­ ma dos esforços communs, a força anonyma e ihysteriòsa
dentes votos, que fazemos. do povo, que queria e logrou a independencia.
Pela paz, pela harmonia, pela solidariedade inquebran­ Tomemos, pois, o povo. toda a geração de vinte e
tável de todos os brasileiros: dois, com seus cscriptorcs • c estadistas, os seus tribunos
Pela união perpetua e indissolúvel de todos os Esta­ e poetas, os seus soldados e heroes, as suas multidões
dos da nossa Federação: ^ | , . apaixonadas c a todo ellc rendamos o preito^do nosso re­

vos, cspecialmente os do contingente americano; legou a independencia do Brasil com a unidade nacional.
Pela integridade absoluta do nosso vasto e riquíssimo Nesse sentido, Sr. presidente, apresento a seguinte
territorio, cujas fronteiras a clarividência de nossos go­ moção, a que espero, não falte nenhuma assignatura dos
vernos tornou incontestáveis e o patriotismo de nossos pa­ Srs. senadores, para que a possamos votar por unanime
tricios manterá inexpugnáveis; acdamacSo.
Pela prosperidade crescente, pelo desenvolvimento, pelo «O Scr.ado congratula-sc com o povo brasileiro pela
engrandecimento perenne, pela gloria brilhante e immarces- ccmnicmoração do centenário da independencia do Brasil, c
civel do Brasil, patria nossa muito amada, patria adorada, acredita interpretar os Seus sentimentos patrioticos, renden­
extremecida, patria grandiosa e idolatrada, a cujos pés do preito de profundo reconhecimento e veneração á mc-
depomos exultantes, na grande solemnidade do Centenario nrorid daquêlles que o promoveram e realizaram, salva­
dc sua Independencia, o penhor sagrado e irresgatavcl de guardando a unidade nacional.»
todo o nosso amor, de todos os nossos melhores pensa­
mentos, dc nossa dedicação inteira, sem medir sacrifícios Muitas palmas abafaram as ultimas palavras do ora­
do sangue nosso até o ultimo gotejar, de nossa vida até dor. A moção foi enviada á mesa e lida, de novo, pelo
o alento extremo! presidente. Este, ao pol-a em votação, convidou os se­
Sala das sessões da Camara dos Deputados, aos 7 de nadores a approvarcm a mesma, conservando-se de pé.
setembro de 1922». E o Senado inteiro, levantando-se, bateu palmas. As­
sim, foi approvada a moção apresentada pelo seu orador
c subscripta pelos seguintes senadores: A. Azeredo, Cunha
Pediosa, Alexandrino de Alencar, Olegario Pinto, Sampaio
A MOÇAO DO SENADO BRASILEIRO Correia, Justo Chrrmont, Eloy dc Souza, Venaticio Neiva.
Antonio Massa, Laurc. Sodré, A. Indio do Brasil, Vidal
Na sessão dc I I de setembro de 1922, do Senado, o Ramos, Lopes Gonçalves, Euzchio de Andrade, Araujo Góes.
Sr. Tobias Monteiro pronunciou o seguinte discurso: João Lyra. José Éuzebio, Manoel Borba, Graccho Cardo­
so, Adolpho Gordo, Bernardino Monteiro, Alfredo Ellis,
>Sr. presidente. Os individuos interpretam os aconte­ Carlos Cavalcanti. Generoso Marques, Miguel R. de Car­
cimentos da historia conforme os proprios sentimentos, e valho, Rosa e Silva, Luiz Adolpho. Soares dos Santos,
distribuem os papeis áquclles que acreditam terem sido os Vespucio de Abreu, João Thomé, Benjamin Barroso, Costa
agentes principacs ou decisivos dos grandes feitos. Rodrigues, Herir.encgildo de Moraes, Moniz Sodré, Tobias
Vemos desse modo attribuir factos capitaes da evolu­ Monteiro, José Murtinho, Antonio Freire, Alvaro dc Car­
ção politica dos povos a determinados heroes, que ás ve­ valho e Felix Pacheco.
zes a critica faz descer do pedestal ún-nerecido, onde os
tinham erguido a parcialidade dos contemporaneos e a illu-
são dos pósteros.
Seria arbitrario fazer crer que a independencia fosse A MOÇAO DO SUPREMO TRIBUNAL .
obra de um homem. Factos dessa natureza são resultado
de uma cadeia historica, cujos élos vêm de longe ligar-se ao
élo jque a fecha de vez. », na sessão de 13 de Sc-
Para elles concorrem até os que acreditam crear-lhes tembro de 1922, pedindo palavra pela ordem, disse
obices, quando, com inútil resistência, vêm apressal-os, au- que, sendo essa a primeira ;ão do Supremo Tribunal Fe-
gmentando as energias já em acção e despertando outras, deral depois da passagem i memoravel data da indepen-
quiçá mais proficuas. ----- _______ a capital c cm todo o paiz,
Se as cortes portuguezas não tivessem pretendido re- com as mais eloquentes provas de regosijo c enthusiasmo,
colonizar o Brasil e chamar a Lisboa o principe regente, julgava opportuno que o egregio tribunal também se as­
talvez a independencia tivesse demorado, ou pelo menos, sociasse as demonstrações geraes que tão glorioso facto
tivesse custado mais sangue do que custou na Bahia e no desperta em todos os corações patriotas. . .
Pará. Para o fazer, parecia-lhe que uma fórmula synthetica
Se íos élos da cadeia histórica vêm de longe, seria melhor expressaria o sentimento dessa elevada corporação,
ingratidão não lembrar nestes dias os martyres que sacrifi­ c, assim sendo, requeria que ficasse lançada em acta a
caram -a. propria vida- pela independencia, muito antes delia seguinte moção, previamente approvada, por estar assigna-
poder vingar. da por todos os ministros presentes:

o o o O, o o 362 o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

<0 Supremo Tribunal Feder immenso Em seguida, estancámos o trafico africano. Cicatrizada
u centenario da 1n< rpen- essa chaga, surgiu a campanha abolicionista, victoriosa com
dencia i . __ i Brasil, n de preito á memoria imt a libertação dos nascituros, a alforria dos sexagenarios c
vel dos ivultos heroicos qiu
. concorreram .para 1 — logo depois a abolição completa da escravidão. Ganha essa
nto da Patria, e evoca, com profunda
do maior acontecimento campanha, batemo-nos, então, pela federação e pela Repu­
veneração, as figuras s ' blica. Proclamada esta, plantámos na Constituição a ar­
que se finaram durante vore da Paz, exigindo em termos imperativos o arbitra­
vivmo e de integridade. mento como solução primordial das nossas pendendas in.
Hio de Janeiro, 13 de setembro de 1922 Herminio
do Espirito Santo, presidente — André Cavalcanti, vice- Eis alii, em rapidas linhas, a nossa orientação poli­
presidente — Guimarães Natal Gcdofredo Cunha — tica. Conseguimos fincar na Historia estes marcos da li­
Leoni Ramos - Moniz Barreto Pedro Mibiclli — Vi­ berdade e justiça, sem luctas sanguinolentas, sem profun­
veiros de Castro A. Pires e Albuquerque Hcrmcne- dos abalos, evolvendo naturalmente pela propaganda e pela
gildo de Barros — Pedro dos Santos Alfredo Pinto.» peisuasio.
Si o progresso intellectual e material corresponde ou
não a etssa evolução politica c o que desejamos justa-
mente^ apurar agora e podeis verificar comnosco. Sempre
A PALAVRA DE RUY BARBOSA Ihòcs de habitantes, que o valor da nossa balança commer­
cial cresceu na proporção de vinte mil para um milhão
c hoje se expressa cm quatro milhões de contos; que a
A carta que abaixo transcrevemos, dirigida pelo Sr. extensão das nossas linhas ferreas é de trinta mil kilo­
Conselheiro Ruy Barbosa ao Sr. Epitacio Pessoa, em res­ metros; que excede de cincocnta milhões a tonelagem dos
posta ao convite que lhe fizera o Chefe da Nação para navios que sulcam as aguas dos nossos portos; que conta-
assistir, officialmente, a seu lado, ás cotnmcmorações do mes perto de sessenta mil kilometros de linha tclephonica;
centenário, é, hoje que o grande brasileiro desappareccu m il c quinhentos kilometros de carris urbanos, talvez mais
do scenario da vida, um dos mais commovedores docu­ de um milhão de objectos dc correspondência postal; cerca
mentos do seu alto espirito. Quasi ás portas da morte, de cincocnta mil kilometros de linhas telegraphicas; que
já bastante enfermo, ainda lhe vibravam intensamente as o valor dos nossos estabelecimentos ruracs excede de dez.
fibras do amor pela terra sagrada que lhe dera o berço milhões e quinhentas mil contos; que na pecuaria occupa-
e n qual offercccra cm holocausto todo o esforço de sua mos o terceiro ou quarto logar m mundo; que para a
renda geral de quatro mil contos cm 1822 temos agora
a receita de quasi um milhão de contos de réis só para
Rio, 7 0 22 —134, Ruv Barbosa. Illmo. e Exmo. Sr. a União, sem incluir a dos Estados; que da instrucção
I)r. Epitacio Pessoa, digno Presidente da Republica Do temos cuidado com o possível desvelo; de 1907 a 1920,
fundo do meu humilde leito receba V. Ex. com os meus o augmento dos cursos elevou-st de 72 "oi c de alumnos dc
85 »,•>• o que revela o esforço do paiz, nos ultimos annos,
seu lado ás solemnidades commemorati vas dò Centenario, pelo incremento da sua instrucção; os resultados desse es­
a minha homenagem por esta antevisão do Brasil futuro, forço se farão sentir em breve ainda mais animadores,
que V. Ex. realiza tão nobremente, c que eu náo vejo, quando a União Federal dc accordo cone a recente autoriza­
mas a que assisto presente cm espirito c de coração. ção legislativa, collaborar na diffusáo do ensino primario;
Praza ■no Altíssimo Pai e Senhor de todas as cousas, das dir-vos-ei ainda que contamos cerca de dois mil quatrocen­
Republicas como dos Impérios, que quando o sol rasgar tos jornaes c revistas, seiscentas e cincocnta associações
a pertinaz nuhlação, que ha tanto nos envolve, o mundo hclccimcntos de assistência, muitos milhares de sociedades
não veja neste quadro, senão o que vós quizestes fazer: dc auxilio mutuo e caridade e que a nossa ultima organizai
a reunião dos povos civilizados, laboriosos e livres cm ção sanitaria, talhada nos moldes mais adiantados prepara
torno do lar de uma nação que se deconstróe; nem se a olhos vistos o fortalecimento da raça e o augmento da
cseuUm neste immenso oceano de vagas humanas senão os sua capacidade productora. Do Rio de Janeiro de 1822,
rumores da nossa unisona adhcsão ao Evangelho dos bons. fizemos durante o imperio e principalmcntc na Republica,
Deiis vos abençoe para celebrardes com autoridade no al­ a cidade moderna que actuaIntente se honra de hospedara
tar das cs|x-ranças do scculo o Officio Divino do culto, vos, sem as epidemias dizimadoras que eram com r.YZ.ão
que lida por substituir ao carcomido nume do Estado ar- o terror do estrangeiro. A hygiene e o emhcllezamento
chi|iotente a aspiração, cujo dia se approxima, do Estado dos centros populosos constituem neste momento a preoc-
recto, limitado e justos. cupação generalizada no paiz inteiro.
Digo-vos. isto, senhores, apenas para que vejaes que
não temos ficado estacionários; que o Brasil compenetrado
da missão que lhe cabe na sccna internacional, tem prestado
O QUE FEZ O BRASIL devotadaniente o seu concurso á obra da civilização cn|
que viets empenhados e é digno da consideração com
que o hontaes neste momento, vós que dc certo reconhe­
Outro documento valioso é a oração com que o Sr. cereis no esforço pertinaz da nossa adolescente naciona­
Dr. Epitacio Pessoa, como Presidente da Republica, res­ lidade a promessa dc uma larga politica dc realizações, ca­
pondeu ás saudações dos embaixadores cspeciacs enviados paz de corresponder, na vida material da Nação aos gran­
ao Brasjl pelas nações amigas, por occasião do centenário. des idéacs que a guiaram na transformação inaugurada cm
Representam as palavras de S. Excia. uma synthese admi­ 7 de setembro dc 1822.
rável do que fez nossa patria nos primeiros cem annos Ao meu coração dc brasileiro nada podia ser mais
de sua independência. F. pelo accent» de f í que nellas grato do que vêr aqui reunidos os representantes das na­
vibra, merecem ficar registadas nestas paginas que são tam­ ções amigas, que, cm missão de paz, vêm trazer-nos a
bém um culto á grandeza do Brasil: animação do seu applauso pelo que temos feito e o esti­
(Quiz o destino que a mim coubesse a honra de rc- mulo do seu apoio e solidariedade ao que de nobre e alc-
cehcr-vos, em nome dos meus compatriotas, na data do vantado venhamos ainda fazer.
rimeiro Centenário da Independência politica do Brasil. Senhores embaixadores e chefes de missão. É com a
r “O calor do nosso affecto e da sinceridade de nossa gra­
tidão, por terdes vindo festejar comnosco essa data me­
mais sincera e agradecida cordialidade que levanto a minha
taça pela felicidade pessoal dc cada um de vós e pela
prosperidade e bem estar dos povos e dos governos que
morável, já deveis ter segura prova nas espontâneas mani­ aqui tão dignamente representaes.»
festações de sympathia que rebentam e se expandem a
cada passo, onde quer que a vossa presença seja notada.
Os congressos seientifieps, historicos, artísticos c econo-
muxs, a que ides assistir do mesmo modo que a Exposi­ A FUTURA CAPITAL IX ) BRASIL
ção cm que procurámos resumir alguns aspectos da nossa
cultura intellectual e da producção das nossas terras c
fabricas, naturalmente não poderá» dar aos representantes A 7 de setembro dc 1922 realisoti-se a cerimonia do
uas civilizações mais antigas c adeantadas, uma impressão lançatr.cnlo da pedra fundamental da futura capital brasi­
de sorpreza: mas. estou certo, bastarão para convencer-vos leira no planalto central de Ooyaz, conforme determina a
de que alguma coisa temos feit > e muito poderemos ain- Constituição da Republica.
'realizar, fazer para o futuro, depois deste passo tão Constou a cerimonia da crccçâo, no local já demar­
difficil do primeiro Centenario da vida cmancioada. cado. de uma pyramide dc 33 pedras, symbolizandó a
A vida das nações conta-se por séculos. Vencemos a idade da Republica, com uma placa de bronze, contendo a
primeira etapa, com tropeços, í verdade, mas, com honra seguinte inscripção; Em cumprimento do disposto no de­
c altivez. creto n. 4.491. dc 18 de janeiro dc 1922, foi aqui col-
As boas causas da liberdade e da justiça sempre prcoc- locada em 7 de setembro de 1922, ao meio dia, a pedra
cuparam os nossos homens politicos. Na ordem politica, fundamental da futura Capital Federal da Republica dos
feita a independência, tivemos que a consolidar. Para isso Estados Unidos do Brasil». Essa solemnidadc foi assistida
[Oi mister afastar do Brasil o fundador do Imperio. Rea­ por muitas pessoas c pelos representantes designados pelo
lizada a consolidação e garantida a unidade patria, trata­ Governo Federal p r a esse fim.
mos da autonomia das provincias, outorgando-lhes uma pru­ O teor do decreto n. 4.494, de 18 de janeiro de
dente descentralização. 1922, é o seguinte:

O O O O 363 O O O O O
LIVRO DL OURO COM Ml: MOR ATIVO DO CENTENÁRIO DA

•.O Presidente da Republica dos Estadas Unidas do


Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu
sancciono a resolução seguinte: de prêmio de viage n.
Art. 1“ - - A Capital Federal será cpportunamente es­ a pcrmai
tabelecida no planalto central da Republica, na /lana de
14.400 kilometros quadrados que, por força do art. 3“ O primeiro concurso abriu-se em 20 de outubro
da Constituição Federal, pertencem á União, para esse 18-15. Foi o mais concorrido, sendo sete os candid:
fim especial já estando devidamente medidos e demarcadas. des quacs, 2 de pintura. 2 de paysage.n, 2 de esculptur
Art. 2“ - O Poder Executivo tomará as necessarias I c!c architectura. A victoria, por deliberação unanime
providencias para que, no dia 7 de Setembro de 1922, etnselho de professores, reunido em 18 de dezembro, c:
seja collocada no ponto mais apropriada da zona a que ao aichilecto Antonio Baptista da Rocha, creando-se, aç
se refere o artigo anterior, a pedra fundamental da fu­ o pensionato. Desse primeiro pensionista, guarda a E>
tura cidade, que será a Capital da União. magnificos desenhos, enviados da Italia. Voltou elle ao
Art. 3» — O Poder Executivo mandará proceder a em 1849 e a I I de cutubro desse anno foi eleito si
estudos do traçado mais conveniente para una estrada de i Academia, e occtipoii o cargo de professor s
ferro que ligue a futura Capital Federal a lugar em com- architectura, i que
municaçào ferro-viaria para os portos do Rio de Janeiro fallcreu. jnscrtv,
e de Santos, bem como das bases ou do plano geral para un-sc cinco candidatos, sendo Fran-
a construcção da cidade, communicando ao Congresso Na­ cisco Elidio Pamphyr csculptor, premiado c e.m 1847,
cional, dentro de um anno da data deste decreto, os re­ •», ooteve o prêmio, Geraldo Fran­
sultados que obtiver. cisco Gusmão. Esses ks artistas são quasi desconhecidos
Art. 4" — Para a execução deste decreto fica O Po­ não nos legaram obras de vulto,
der Executivo autorizado a abrir os creditos necessários. mio Ncry, teve o prêmio em 1848,
Art. 5o — Ficam revogadas as disposições em con- inscript .s. Nery, ainda c.n pleno
vigor, enlouqueceu, ir tivo por que existem poucos f
Rio de Janeiro, 18 de Janeiro de 1922, 101" da Inde­ Falhos seus, contando-- -------------------J Bellas
pendência e 34» da Republica. Epilacio Pessoa. loa- Artes, dous quadros: ívrador Pharsalia» c Tele-
quim Ferreira Chaves. J. Pires do Rio. :to», com os ns. 431
e 432 do catalogo. I i hom desenhista,
d mo provou no conci •so para professor
senho figurado. Seu ompetidor, Julio Le Chessel,
A EXPOSIÇÃO DÉ BELLA nomeado em 1864, n as as provas de ambos, que
Em 1849. o pintor Leão Pcllicr Grand jean Ferreira
conquistou o pensionato. Seu valor é comprovado pelos
irio pelas exposições seus trabalhos, dos quaes podemos destacar os que perten-
;M11/ sem á Galeria: Fauno c Bacchante», de n. 456; Chris­
das no sumptuoso Palacio das Bellas Artes, to no Jardim de Gethsemani», n. 457; Sartorio com a
grandiosos monumentos architectonicos da artéria central sua coisa», 454, e Deposição de Christo», 455, sem fa­
da capital da Republica. larmos da decoração do tecto da antiga bibliotheca da
A exposição de Arte retrospectiva foi subdividida nas velha Academia, actualmcnte na Escola, removido do an­
seguintes secções: tigo edifício por ordem do professor Rodolpho Bernardclli.
por occasião da mudança desse estabelecimento de ensino
l . c — Indumentária artística, histórica, re'igiosa, civil para » palacio da Avenida. Essa decoração representa cm
uma bella composição as bellae artes, ladeando esse qua­
2.0 — Joalheria e ourivesaria. dro os retratos dos grandes artistas, e.n medalhões, Apel­
3." - Indumentária pessoal (vestuários). les, Leonardo, Ruhcns, Durcr. Miguel Angelo. Raphael.
4.0--A rte s menores (rendas, mobiliários). Ticiano, Tintorcto, Velasquez, André du Sarto. Rembrandt,
5.0 — Obras de pintura, architectura, esculptura. glyptica Vandick, Poussin e M urillo, fechando a magnifica decora­
ção, bem lançados ornatos.
^ 6." — Ceramica, crystalaria. Agostinho José da Motta conquistou o premia cm
1849. Dedicando-se á pavsagcm, tornou-se o primeiro pav-
sapista de sua época. Na galeria da Escola, temos diver­
i exposição sas telas devidas ao seu habil pincel: Paizagem da Italia-,
os, no dia 12 de agosto. Com- Fractas do Brasil», Cabeças de estudo». Vista da Fi-
preferdeu a- secções de pint esculptura, architectura, gra- brica do Barão de Capanema», - Vista de Roma», «Uma pa-
vura de medalhas, g . rcspcctivamente de numeros 6 e 12 no catalogo.
applicadas. o talleceu cm 1878, tendo exercido ■
A grande copia dos trabalhos apresentados e a ex­ nia de Bellas o sempre muito
cellenda de muitos delles, verdadeiros attestados do avan­
ço notável de nossa cultura artística, fizeram dessa grande
exposição de arte um dos numeros mais bellos c signi­
ficativos da commemoraçâo do centenario.
Seria opportuno e interessante recordarmos iigeiramente
o que teem sido através da Escola de Bellas Artes, o es­ dgr.y, que, transmittiu a Manoel de Arauj
torço dos nossos governos e dos nossos artistas por des­ io de Santo Ângelo, que to
envolver no espirito do povo brasileiro as superiores fa­ meu posse i de 1854. Foi modificado, en
culdades do gosto e da criação artísticas. A tarefa é im- '852, o p > augmento de tres para cinci
mensamente facilitada por uma entrevista obtida do sr. -• pcrnaiienci'1 na F.iiropa aproveitando ess,
Honorio da Cunha e Mello, illustre professor de esculptura Mei relies que conseguiu
da Escola Nacional de Bellas Artes, e publicada ha pouco
por um vespertino da Capital Federal. Tomamos dessa en­ ' Basti i Miss.
trevista as notas que vêm abaixo. valor de Victor Meircllcs,
São dous os prêmios de viagem mantidos entre os seu pensionato e que rcceebu o auxilio de 4.009 francos
jovens artistas que terminaram o curso regular da Escola, para Jazer essa tela. Como pensionista, elle foi dos mais
com medalha de ouro, e outro, pelo .Salon», ao expositor trabalhadores, rcniettcndo um grande numero de trabalhos.
menor de 35 annos, que apresentar trabalho melhor, sendo Dc volta ao Rio, occupou, por longos annos, o logar de
proposto pelo jury, e dado pelo Conselho Superior de professor da Academia.
Bellas Artes. São, assim, dous prêmios eompletamente dis­ tm 1865, aos U: de dezembro, foi augmentada a
tinctos: um para o alumno da Escola continuar os seus pensão de 3.000 para 4.000 francos, seguindo, nesse anno,
estudos, pelo praso de 5 annos, sujeito a obrigações e o architecto José Rodrigues Moreira, c
penalidades estabelecidas cm instrucções especiaes, e‘ o do ulptor Caetano dc Almeida Reis.
«salon» como bolsa de viagem ao artista, por 2 annos.
A bolsa de viagem do Salon» foi creada na Repu­ - fo i um esculptor de real valor, porém,
blica, com a ^Exposição Geral, e o prêmio concedido ao uc sei! temperamento fogoso. Deixou diversas obras,
muito conhecidas. O mestre João Zcferino da Costa, que
re nós, da necessidade de todos nos veneramos e respeitamos, obteve o prêmio de
viar artistas, como pensionistas do Estado, ao velho miui- viagem em I I de agosto de 1868. Como pensionista, teve
iimpre^ auxílios
auxili; do governo, auxílios, cumpre dizel-o, bem
, foi Felix Emilio Taunay, quando director da Aci.de- ■s- como Victor Mcircllcs, foi trabalhador e cum-
a de Bellas Artes, na sessão do Conselho de professo- le seus deveres. Quanto ao seu valor artístico, lem-
i de 17 de Março de 18*4, e na sessão publica desse
mesmo anno, de 3 de novembro, porém, a sugges'tao de primores d'arte da Candelaria, que tanto nos hon-
Taunay só foi accei ... ___ . de, > clecri >i uni professor querido e respeitado não só pelos
368, W "° *i como por seus collegas, devido ao seu ca-
de 19 de setembro de 1845, .olução da
Asscmbiéa Legislativa, enviaindo < aphael Mendes
de Carvalho para aperfeiç. _. '871, coube á architectura o prêmio, tendo con-
dos na Italia, a victoria no concurso Heitor dc Cordoville, que
Seguiu, assim, para a Europa. rtista nacional, veiu a scr, mais tarde, professor da EScola. Em

OOO O O O 364 O O O O O O
;.T»
n a c ie ir a &o , 1 » \,> n A d C A B*GISTADA ■'*-'/f .
D e l ic io s o A p e r it iv o

K.EAL Fin e . E a u - d e -V ie G«ANDE PREMlOna ExposiçÃo doRlO DEJANEIRO


Aguardenfe produzida pelos meis fi­ HtMIMAJ como nas EjtposiçÔEsde Pasis 18ô9e190Q
nos vinhos portugueses desfilados e
y - Louis, CapTown e Pauam a Pa c if ic o .
envelhecidos pelos anfigos processos
de Cogmac tloRSCoecooRSna Exposição d 'A nvers 1Ô94
R e s e r v a s c o m e ç a d a s em 1ÔÔ5 (membro do j u r y . )
A N*RCA P0#TU6u£SA NAISESMIHMM PILO MUNOO

MACIEIRA & C.a, L.da — Lisboa.


IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ram mandados rea- Do extremo norte ao extremo sul aonde ainda vivem
20 dc julho de indios h-asileiros, encontram-se representadas as principacs
grande brilho, Rodolpho Ber- tribus. Em seguida acha-se a sala Ferreira Penna, de Pa­
nardclli, que em o ue oczcmbro partiu para Roma, onde leontologia brasileira. Do material brasileiro a ultima parte
estudou a sua arte com o grande esculptor italiano Monte comprehende as collecções da sala Euclydes da Cunha, or-
Verde. Como /.eferino, fo i também auxiliado pelo govern» ganisada com material de uso do Mexico e corrente dos
durante o seu pensionato, sabendo sempre corresponder sertanejos, pescadores, seringueiros, vaqueiros, emfim das
a lacs auxilios, pois não só cumpriu com as suas obrigações, populações ruraes do Brasil de hoje. Além de todo este
material brasileiro fazem parte desta secção, collecções de
nivei* artístico. Regressando ao Rio, foi nomeado professor etl-nogranhia das outras partes do mundo e um bello repo­
dc csculptura e director da Escola, a que sempre prest iu sitorio de antiguidades orientacs que o Museu deve aos
serviços dignos dc nota. £ o primeiro dos nossos escul- dois Impei adores Pedro I e Pedro II.
ntoits e cs seus trabalhos, que são em numero avultado,
nos honram.
Em 1879, conquistou o prémio Rodolpho Amoedo, c
cm 1890 foi resolvido aproveitar a verba do prémio de
viagem da antiga Academia das Bellas Artes, enviando A Secção de Zoologia, occupa, quasi todo o segundo
como persionista da Escola o pintor Oscar Pereira da Silva, andar do edifício.
c o architecto Ludovico M. Berna, e ao mesmo tempo con­ As salas Rodrigues Ferreira, Correia de Lacerda, Spix,
siderar como pensionista Manoel Lopes Rodrigues, que já Burmcister, Schreiner e Linncu são destinadas ás collecções
se achava na Europa. Amoedo í o pintor applaudido c
considerado, que todos conhecemos. Oscar Pe As salas Marograv, Walace e Latreille sã»
real. i S. Pau Bern ; parti das aos insectos. Na sala Agassiz acham-se o
corpo docente da Escola dc Bellas Lopes Ro- Nas salas Fritz Muller, Wied c Natterer, encont
drigues, fallecido ha pou
desconhecido no Rio. Fort os pensionistas da ve- Na sala Lamarck encontram-se os mulluscos; na sala
lha Academia das Bellas Anes. Blainville, es vermes e os phytozoairos. A sala Cuvier é
Os pensionistas que, depois da Republica, foram man­ consagrada aos reptis e aos batrachios e a sa'a Aristoteles
tidos na Europa, pelo governo, depois do curso regular da aos esqueletos.
Escola, são: Elisêo d ’Angelo Visconti. 1892; Raphael Fre­
derico, 1893; Bento Barbosa, 1891; José Fiúza Guimarães,
1893; Antonie, de Soma Vianna. 1896; Theodoro Jos' da
Silva Braga, 1899: Jiilicta dc França, 1930; Lucilio dc Al-
huquerque, 1906; Hcnorio da Cunha e Mello, 1908; Raul formando ■> herbario c outra distribuída em varias col-
Lessa de Saldanha da Gama, 1910; August- Bracet, 1911; lecções, nas suas tres salas de exposição.
Armando Magalhães Corrêa, 1912; Dinorah Carolina de
Azevedo, 1913; Augusto José Marques Junior, 1916; Anto­ piares na sua maioria de especies da flora brasileira muitas
nio Edgard dc Souza Pitanga, 1917; Henrique Campos Ca- delias colleccionadas pelos mais notáveis naturalistas que
vallcrio, 1018; Samuel Chaves Martins Ribeiro, 1922. O tem estudado as nossas plantas. £ uma das maiores col­
Sr. Fernando Nereu de Sampai». havendo tirado o pré­ lccçõcs existentes de plantas do Brasil e por este motivo
mio em 1920, perdeu o direito de gozal-o, por não ter frequentemente prccurada pelos estudiosos para identifica­
emprehendido a viagem no praso legal. Os Srs. Raphael ções e outros estudos.
Frederico e Bento Barbosa, abandonaram a arte, e Anto­ Entre as «nai* notáveis collecções em exposição são
nio lie Souza Vianna, morreu tuberculoso, ben como sua
esposa e seu filho, em Sahara. Na sala Freire Allemão colleção Carpologica consti-
Conquistaram o prémio dc viagem, nas exposições ge-
raes de Bellas Artes: cm 1894, João Baptista da Costa, ção dc caules anotnalos, apresentada sobre a forma de
actual director da Escola; em 1898, Augusto Luiz de secções transversaes, a de exemplares e fructos de palmei­
. ___ , do ras, a de Fetos, de Orchideas, etc.
monumento a Bairoso, em 1900, Joâ< i Ara ripe Macedo, Na saia Martius figura a collecçâo systematica, onde
que abandonou a arte. transformando estão representadas todas as familias phanerogamicas da
funcck nario da repai ição dc estatística; en 1901, Joaquim flora brasileira, e collecçâo de especies curiosas e uteis, dc
em 1902, Eugênio Latour; em 1903, madeiras, de fibras, oleas e outros productos.
Helios Seelinger; em 1901, Aluisio Carlos de Almeida Sta- Na sala Conceição Velloso estão distribuídas as col-
lembrechtr, já tallecido; em 1903, Rodolpho Chambellan J ; lecções de fructos comestíveis, Orchideas, Lentibulariaceas,
em 1006, Eduardo Bevilaqua, que abandonou a arte. tendo Cactacias. Balanophoraceas e plantas aquáticas.
desistido do prémio, aproveitado, no mesmo anno, por Nesta mesma sala acha-se exposto um mappa photo-
Arthur Thimotheo da Costa; em 1907. Carlos Chambeland; graphico do Brasil, com a distribuição das principaes for­
cm 1908, Joaquim Rodrigues Moreira Junior; em 1909, mações vegrtativas (mattas, campos, cerrados, catingas, etc.).
Adalberto Mattos; cm 1911, Gaspar Puga Garcia, morto an­
tes da viagem; em 1912, Levino Fanzeres; em 1913, An­
gelina Agostini: em 1911, Antonio Mattos; en 1913. João
Baptista Bordom, fallecido na Hespanha; en 1916, José A Secção de Mineralogia está disposta do modo se­
Ferreira Dias Junior, iá fallecido; em 1917, Ravmundo guinte; Sala José Bonifácio, collecçâo geral dc Mineralo-
Brandão Cela; em 1918, Modestini Kanto; en 1919, Pe­ ia; sala Escwcge. rochas; salas Hartt, Lund e Lyel, geo-
dro Bruno; em 1921, Guttmann Bicho; em 1922, Luiz E>gia e paleontologia do Brasil.
Fernandes de Almeida Junior. Na sala Derby, encontra-se uma collec.â» destinada a
mostrar cspccialmchte as características das jazidas mineraes

O MUSEU NACIONAl NO CENTENARIO


EXPOSIÇÃO DE PECUARIA
1818, por Decreto real
lai do Rio de Janeiro, A 4.a exposição de gado, que constituiu a secção de
organizado, o pev:r.r;a <ia Lvposição Internacional do Centenario, foi a
lenario de noss: SUfiS. ■SsSS'SS
ientifica brasileira
m i', clara cic—cr.stração do completo desenvolvimento e
esplendido progresso de nossa industria pastoril.
Cimprchcndi o ' Museu Nacional differentes secções, Figuraram no certamen cerca de 1.020 animae; selec-
destinadas a estudar e vulgarizar a Historia Natural, mor- cicnados, sendo que a representação estrangeira foi a se­
guinte: França, 53 reproductores bovinos; Suissa, 20 bo­
A secção de An'hropologia comprehende diversas sub­ vinos e 20 caprinos; Hollanda. 18 bovinos; Argentina. 100
divisões, indo da anthropologia zoologica até á Archeolo-
um camiieão dc Palermo: Estados Unidos, 139 equinos e
gia classica. ^ . . d , - h , bovinos; c Inglaterra, 2 bovinos e 12 ovinos.
siologia comparadas do homem e^dós outros primatas.
Na sala Wirchow dispõe-se » material referente ao taçâo nacional. O Estado de Minas Geraes concorreu pela
• raças humanas, das idades, dos seguinte forma: Ubeiaba, 51 reproductores bovinos e equi­
vidues. Acham-se
-• ahi
' ' emi exposição graphi
graphicos, diagrammas nos; Alienas, 10 bovinos c equinos; S. José de Além
c mappas consignam!» os resultados obtidos no Laboratory Parahyba, 7 equinos e bovinos; Oliveira, 10 bovinos; La­
<'c Anthropologia do Museu Nacional, sobre os typos que vras. 11 suínos: Curvello, 19 bovinos: Barba cena. 75 bo­
constituem a população civilizada (' " — o vinos; Caxambu, 3 bovinos: Rêde Sul Mineira, 9 bovinos.
Nas salas seguintes estão coll i collecções São Paulo contribuiu co n 90 reproductores particulares.
Eihnogiaphia indigena do Brasil, o . ■----■ ---..... O Rio Grande do Tiu! apresentou 102 reproductores
sua distribuição geographica: Sala Simâ» dc Vasconcellos bovinos, equinos c ovinos c 160 aves selcccionadas.
sala «v-~-
Fer - Baptista Caetano, sala Gabriel Do Estado do Rio de Janeiro vieram 53 reproductores
. sala Varnhagen, sala Castclnau, s s Dia* bevinos c equinos.

o o 365 o o
LIVRO D k OURO COM Mt: MORA TIVO DO CENTENARIO OA

O posto Zootechnico de Pinheiro enviou 28 animae* tenciario o tiaiadn. O Archivo Diplomático da Independeu-
de differentes raças. cia, além da documentação, já em parte divulgada, sobre
A exposição de gado fo i o reflexo vivo do trabalho essa negociação, publicará as actas das respectivas confe­
realizado cm fazenda* modelares, não só aqui como no in- rencias c o diario inedito e mesmo até agora ignorado de
Luiz Moutinho Lima Alvares e Silva, official maior da
A exccMeneia dos animaes de raça, nascidos no Bra­ Secretaria de Estado que, como assessor dos negociadores
sil, torna-se evidente, pelo crescido numero de admiráveis brasileiros e secretario para as conferencias, poudé fazer
specimens apresentados. ? detalhada desses trabalhos dipío-
O zebú, que representou papel importante no inicio nâo pon i de chiste. A realização
da nossa industria pastoril, ao contrario das outras expo­ foi confiada aos Srs. Mario de Vasconcellos
sições, figurou em numero relativamente pequeno. Zacharias Góes de Carvalho, Oswaldo Corrêa, Hildebrandò
O gado caracú apresentou-se em estado de perfeito Accioly e Heitor Lyra, funecionarios do Itamaratjv c que vão
com o maior carinho e zelo levando a termo esse notá­
um grão elevado de correcção. Nas exposições passadas, vel trabalho, que será subsidio do mais alto valor biblio-
essa raça deixou muito a desejar, pois os indivíduos apresen­ graphico da historia patria.
tados não satisfizeram as a . •■ ik .U n - •» ron.
ição, o que felizmente
Além dos bovinos, figi i exposição bellos equi­
PORTUGUESA

iprehcndimcntos mais notáveis de quantos


grandes cominemorações do centenário ó,
I Histi J~ Colonizafio Portuguesa no Brasil,
'■aridade, servindo d r jurados profissionae; de respeitabili­ na Camara, o sr. Deputada Fran-
dade. entre elles technicos engenheiros, especialmcntí con­ cisco Valladares:
vidados para esse fim A Historia da Colonisaçâo Portiigueza no Brasil»
O governo da Argentina, bem como os criadores na- censtitue um emprchcndimcnto fóra de todas as cogitações
cionaes. expiizcram bellissimos especimcns, destacando-se en­ e de todas as possibilidades de lucro. Ê uma obra similar
tre cllcs um lindo touro de raça Hcrcsford, de 3-1 me­ á qpe o Govern» Italiano emprehendeu e realizou por oc-
a r de idade, pesando já 959 kilos. E esse animal é cam­ casião do I ' Centenário d<> descobrimento da America.
peão na Atgcntina, e conquistou também entre nós o mais A publicação da Racolta Colombiana» exigiu do Governo
A Suissa, bem assim a França, enviaram grande con- óa Italia dispendio de alguns milhões de liras, e ficou
lativcs a Colombo. A Historia dá Colonisaçâo Portiigueza
Dos Estados do Brasil, destaca-se, principalmente, o no Brasil», que está colligindo e reproduzindo e.n fac-similc
Rio Grande do Sul, que mandou uma representação digna a mais rara documentação, dispersa nos archivos da Europa,
da sua notável pecuaria, tendo sido vencedor no campeo­ relativa ao Brasil, constitue, porém, um emprehendimento
nato de touro de corte. com o reproduetor Hercsford, particular, sem quaesquer subsídios officiaes, apenas forte-
mente amparado pelo espirito de abnegação de alguns pa­
O Estado de S. Paulc também tem na exposição repre­ triotas e philantropos portuguezes. A grandeza desta obra
sentação condigna, tendo conquistado varios prêmios de pocu- afcrir-se pelo- fasciculos já publicados c pelas re­
campeonato, inclusive o da raça Zebú. ferencias enthusiasticas que tem merecido ás mais altas
O gado caracú, seleccionado pelo Estado de S. Paulo, autoridades nacionaes e estiangeiras. O professor João Ri­
é representado por varias especimcns de valor zootechnico, beiro, acadêmico e historiographo eminente, dedicou-lhe es­
o que muito recommenda o proficiente trabalho das zoote- tas palavras: A Historia da Colonisaçâo, quanto *sc póde
chuicns paulistas. prever desde agora, será um livro monumental... Bem con­
lios estabelecimentos da governo foi classificado cm siderada, ella o, em ultima analyse a histeria nacional, in­
primeiro logar o posto zootechnico de Pinheiro. teira c completa, incluindo os proprios movimentos autono­
Houve varios premias offerecidos pelo Sr. presidente m ie s que se expressam com as qualidades e defeitos, com
da Republica, ministre da agricultura e diversas delegações. o mesmo temperamento da raça procreadora». Na sessão
de 23 de Setembro do anno passado, a Academia Brasileira
de Letras, por proposta do professor Afranio Peixoto,
resolveu unanimemente congratular-se com os autores da
Historia da Colonisaçâo pelo benemérito serviço que estão
ARCHIV ;> DIPLOMÁTICO DA INDEPENDENCE prestando. O notável historiador brasileiro Dr. Rocha Pom­
bo, dedicou ao monumental trabalho um longo artigo, de
que reproduzimos alguns períodos: Entre as publicações
que vão figurar, e ja estão figurando, os fastos do nosso
nossos estudas de historia, publicando o Archivo Diplomático anno secular, destacar-se-ha, pelas suas proporções e pela
da Iode pendendo, alentada -e ccpiosa documentação sobre as grandiosidade da execução, a Historia da Colonisaçâo Por-
varias missões diplomáticas despachadas então pela Go­ tugiieza do Brasil... Esta publicação vae ser unica até ago­
verno Imperial, não só de caracter político, em Portugal. ra nos dois paizes, pois não conheço nada, em tempo al­
França. Austria, Santa Sé. Estados da Alle.nanha, Estaios- gum. que se lhe possa comparar». O eminente Dr. José
Unidos e republicas do Prata como pela compra de ma­ Carlos Rodrigues, o erudito organizador da mais notável
terial de toda natureza, alliciamenta de trapas, engajamento bibliotheca particular relativa i historia d> Brasil, escre­
de equipagens, contratamento de operários, artifices e agri­ vendo ao organizador da Historia da Colonisaçâo dizia-lhe:
cultores, lançamento de emprestimas, etc. Essa documenta­ A sua obra gigantesca j das que ficam pelos séculos afora
ção, de cuja valia não i preciza insistir, será publicada se­ attestando o vigor e o patriotismo da raça». O Governo
paradamente, seguida de correspondência trocada no Rio de Portugal, reconhecendo o mérito desta grande obra, cs-
com o representante do governo respectivo e precedida de cnpta pelos maiores nomes da sciencia historica e geogra­
uma noticia historica de toda a negociação. A obra deverá phica de Portuga! c do Brasil, collocou-a sob o seu alto
ter sete volumes, in-S.<- grande, cam mais de 400 paginas patrocínio, conferindo-lhe duas portarias de louvôr e pres-
cada um, dos quaes estã > quasi promptos o I, II e IV tãndo-lhe o concurso official das bibliothecas e archivos
tomos. Os dois primeiros tratam cxclusivamente da Grã- do Estado. A publicação desta obra monumental, cujas des­
Bretanha i " ». .v , ---- - - a—*~ cs i=............. Hcspa- pesas sao calculadas em quantia superior a 5.000 contos,
i obra é a refe- esta assegurada por um grupo de capitalistas, que. para
rente á missão Stuart, que cntabolnu e levou a cabo as este fim patriotico, constituíram uma sociedade por quotas,
negociações para o reconhecimento da nossa Independencia com séde no Edifício do Gabinete Portuguez de Leitura
pelo governo de Lisboa, afinal realizado pelo tratado de d t Kio ele Janeiro, e coitrmissòes auxiliares e de propaganda
• Agosto de 3e, Sir Charles Stuart, em todos os Estados do Brasil e em Portugal. Este mo­
diplomata fcritannico, tora mandado por seu numento litterario significará o preito de todos os portu-
Lisboa, convencer D. João VI c o governo d Bemposta guezes S Nação Brasileira, eloquentemente interpretado pc-
da conveniência de não ser mais retardado o rec lo> mais eminentes representantes d»
da Independencia do Imperio, porque então a C rã-Bretanha das duas Nações, c censtitue o maior
seria levada a fazel-o á revelia de Portugal, rxessa ne­ .^ b re a historia das nações
gociação, Stuart teve ensejo de offereccr seus serviços ao conhecido t grande o espirito de abnegação com que
Governo Portuguez, que os acceitou, mandando-» iogo ao vem sendo publicada a Historia da Colonisaçâo Portugucza
Rio, no caracter de plenipotenciário de Portugal, tratar do uo israsil: emprehendimento fóra de todas as possibilidades
reconhecimento da Independencia do Império. Aqui chegan­ ac lucro, antes reclamando por parte de seus promotores
do na segunda quinzena de Julh» de 1825, Stuart logo um assignalado espirito de sacrifício. Sâo evidentes os in-
ciltabolou negociações com os teas plenipotenciários Carva­ i.utcs de homenagem ao Brasil, na commemo ração do Cen­
lho c Mello, ministro de Extrangci.ros; Barão de Santo tenário da Independencia, que inspiraram a sua publicação
Amaro e Villela Barbosa, n vivados pelo Governo Brasi­ ccmiiarave! á Kaccolta Colombina , editada pelo Governo
leiro. Essas negociações, muito laboriosas, foram até 29
de Agosto, quando veio a ser firmado por esse plenipo- ríon la' , ma' í illustres e autorisados historiadores na
cionaes e a Academia Brasileira de Lettras se exprimiram

O O O O 366 O O O O O
IS DP PEN DE S C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

a resptito com grandes applausos e elogios. Como manan­ O MONUMENTO A CHRISTO REDEMPTOR
cial de documentação, esta obra adquire a mais indiscutí­
vel ç transcendente importância para o estudo da historia
do Brasil.1»
No alto do Corcovado se erguerá em breve o ma-
gestoso monumento a Christo Redemptor, cuja pedra fun­
damental foi lançada por occasião dos festejos do ccn-
CURSO DE LITERATURA BRASILEIRA

O Curso de literatura brasileira, com a realisaçâo do


qual a nossa mais nova geração de homens de letras con­
correu para a magnitude das commemorações t o centenário
foi um dos mais bellos c significativos numeros do pro­
gramma da grande sagração.
Em oito vesperaes successivas, perante auditorios nu­
merosos, fizeram-se ouvir sobre as varias i^xjcas e maio­
res individualidades da literatura brasileira alguns dos re­
presentantes mais autorisados dessa geração.
O brilhante programma, desenvolvido todo na epoca
dos festejos, (Setembro, Outubro e Novembro de 1922),
foi o seguinte:

l . i Vesperal (21 de Setembro).


Os quinhentistas e os seiscentistas no Brasil - Austre-
gcsilo de Athaydc.
Mathias Aires Claudio (ianns.
Orrgorio de Mattos — Aggripino Grieco.
2.1 Vesperal (28 de Setembro).
A Escola Mineira. Basi'io e Durão — Victor Vianna.
Marilia. M or ma e Liadoya Povina Cavalcanti.
Magalhães e Porto Alegre Abel de. Assumpção.
3.* Vesperal (5 de Outubro).
Phase romantica (os maiores escriptores) Brenno
Matiori de * Almeida — José Vieira.
H fpohto, I enristo, Quintino e Patrocinio

4.1 Vespeial (12 de Outubro).


Phase roman tira (os maiores poetas) —. Pereira da
Silva.
A literatura feminina no Brasil - Gilka Machado.
Alencar. Macedo r Machado tie Assis rhronistas - Fc-
nclon Lima. grandios
...w...., — Vêm em. Christo j
5.' Vesperal (19 de Outubro). e mais benefica influencia sobre o mundo, o Creador
da civilização Christa que nas eleva sobre o mundo. Para
Phase naturalista — Viriato Corrêa. os brasileiros, que têm fé religiosa, que receberam — —-
Alberto Torres, o nacionalismo no Brasil - Porphy­ ligiâo cie seus paes, o alento csçiritual para _ indes
rio Soares Netto. conquistas da nação, ' ‘ Christo
‘ ‘~ s
De Tobias a parias Brito - Oswald;» Orico. ex-voto que levantam or dos homens, pedindo ben-
vau» suuie « « . . . u . ____ Cruz c agradecendo as mer­
cês que lhe tem prodigalizado. O monumento será um
6. " Vesperal (26 de Outubro). symbolo de amor e de fé, de amor, que liga os ho­
Phase parnasiana — Andrade Muricy. mens c os faz crescer, c de fé, que é lume e senza da
O espirito literário no jornalismo brasileiro — José qual, lien fa r non basta. Saibamos criar o Brasil e tor-
Felix. nal-o grar.dc. dentro da civilização christã, não erigindo
A literatura regionalista — Mario Hora. estatuas aos deuses de força, mas adorando o Deus de
bondade, que nos protege.
7. » Vesperal (3 de Novembro).
Phase symbolista — Tasso da Silveira. O MONUMENTO DA MARIN HA
Psycho patholoaia dor. personagens dc Pompia t
minha - - Henrique Roxo.
A chronica no ultimo trintennio Horacio Carlie
Realizou-se a 13 de Novembro de 1922, ás 14 horas,
8.“ Vesperal (9 dc Novembro). praia da Gloria, o lançamento da pedra fundamental
monumento com que a marinha commemorou o centenario
O theatro no Brasii Marques Pinheiro. independência.
A literatura paulista Mario Vilalva.
O moderno espirito da literatura brasileira Murillo
: Matl . alta» patentes do exercito e da
_____ _______ convidados icida assistência dc -.popu-
lares, que accorreram ao local.
Por essa occasião, falou o contra-almirante Oli
Sampaio, que começou dizendo que, sendo as ultimas
MONUMENTO A PRINCEZA IZABEL pressões sãs as que ficam, guardou a commissão da
rinha para as ultimas horas do governo do Dr. Epi
Pessoa, a inauguração da pedra fundamental do monun
A 28 de Setembro do anno do centenário foi lançada com que a marinha pretende commemorar o ccntcnari
a pedra fundamental do monumento a Izabel, a Redrmptora, indewndcncia. .
o qual, por iniciativa do Partido Republicano Feminino, De fórma alguma poderia a marinha deixar p
se erguerá na Praça 15 de Novembro, em frente ao an­ o dia 7 dc setembre quando completávamos 100 a
tigo Paço imperial. de independência, sem tiazer também o seu pequeno
A cerimonia foi assistida por numerosas autoridades c tingente á celebração de uma tão cara data.
grande massa popular, ficando, assim, rendido o devido Foi pensando assim que tomou sobre os homhr
preito de gratidão e de saudade áquella tarefa de levar a cabo um monumento onde pudessei
patria deve um ■ car gravados no granito os nomes daquellcs que lên

O O O 367 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

bido dignificar a marinha de guerra, a começar p->r Co- çada do monumento. No topo do franco esquerdo o Gua-
ckrane. Taylor e outros, 03 factores essenciacs da cruzada rany — o indio de Alencar idealizado por Brizzolara —
acaba dc lançar a flecha contra Gonzales. No outro flanco
Continuando o seu discurso, o almirante Oliveira Sam­ Salvador Rosa faz menção de atirar o punhal, sy.mbolizaiido
paio referiu-se á acção da nossa marinha ainda por muito no gesto o seu desprezo. Nos extremos, dois grandes gru­
tempo depois da independencia; alludiu aos heroes do Ria- pos limitam o ambito abrangido pelo monumento: uma
çhuelo c de Humaytá na campanha do Paraguay c terminou bellissima mulher representa a Republica dos Estados Uni­
dos do Brasil, empunha a bandeira nacional que o Povo.
reclinado, beija: a Italia, que apoia a mão sobre a celebre
monumento concreto do nosso novo renascimento naval. Victoria dc Samothracia, sustentada pelo genio das Bellas
Artes. Junto a estes grupos representativos das duas na­
ções irmãs, erguem-se dois altos mastros dc bronze, onde
tremularão as bandeiras italiana e brasileira.
MONUMENTO A FRANCISCO MANOEL As estatuas e cs grupos do monumento são de bronze,
excepto os da Musica e da Poesia, talhados em marmore
de Carrara. O proprio granito provem todo da Italia.
A Escola de Musica Arcangelo Corelli» coube a ini­
ciativa de erigir um monumento á memoria de Francisco
Manoel, autor do Hymno Naciona', essa pagina fremente
de cnthusiasmo e vibração, em cujos aceordes fulge o MONUMENTO A D. PEDRO I
idealismo tropical de nossa gente».
A concretização dessa idéa generosa será um dos mais
nobres gestos do povo brasileiro para com os seus gran­
des representativos, e ficará como um dos numeros mais Em 7 de Setembro de 1923, finalmente, foi inaugu­
significativos das commemoraçôes do centenário. rado, na escadaria monumental do Museu Paulista, na
Francisco Manoel não foi apenas o autor do Hymno rutilante capital do Estado de São Paulo, a estatua dc D.
Nacional Foi tambe.m o fundador do Conservatoriò de Pedro I. que ficou occupando o grande nicho central da-
Musica do Rio de Janeira e o verdadeiro criador da nossa quellc rico vestibulo.
cultura musical. Ao seu profundo sentimento artístico, ao f. um bronze de quasi tres metros dc altura, obra
seu esforço perseverante e ao seu illuminado patriotismo do prof. Rodolpho Bcrnardelli, representando o principe,
devemes inicialmentc o que hoje podemos apresentar ao de cabeça descoberta, no momento em que depois de ha­
mundo no dominio da arte soberana. ver lançado o hrado Independencia ou Morte» veiu
Francisco Manoel da Silva nasceu no Rio de Janeiro ao encontro-dos batedores da sua escolta, parados á mar­
em 21 de Fevereiro de 1795 e falleceu e.tf 18 de De­ gem do Ypiranga, e lhes gritou: Estamos livres».
zembro de 1865, aos 70 annos de idade, sendo seu corpo
sepultado no cemitorio de S. Francisco de Paula.
OS MONUMENTOS DE CORITIBA
O MONUMENTO A CARLOS GOMES, EM S. PAULO
A culta c clara capital ná, a cidade de Cori-
.. Centenário, inaugurou,
__ pA uléa dc um grande monument i a Carlos numa de suas grandi praças publicas, as hermas dos
1909, rs maiores poetas paranaenses mortos: Emiliano Pernetta,
Luiz Chiaffarelli e v
a mmissào incumbida
fiSSTS.'"
. _
irgamzaran uma
consagração ao
milio de Menezes e Domingos Nascimento, e lançou a
•dra fundamental dc dois grandes monumentos offertados
compositor brasileiro. Quando iam em eio do trabalho cidade respectivamente pelas colonias italiana c polone/a.
de angariar cs donativos para realizar o n As tres hermas, formosas e puras obras d'arte, fo-
nia italiana de S. Paulo, num gesto de irofunda bellcza. m modeladas pelo- csculptorcs paranaenses João Turim
tom >11 a si a consccusâo da obra, que seria o seu Zaco Paraná, artistas dc sangue, que durante longos
ficc presente ao Brasil, na festa do Centenário. Um. ..... mos fizeram seus estudos em Paris e Bruxcllas, haven-
missão composta dos Srs. Cav. Luigi Chiaffarelli, conde ) ambos conquistado varias medalhas nos Salons» de
f rancisco Mattarazzo, conde Alexandre Sicilano, que se fez
representar pelo Sr. Braz Alticri, commendadir Nicolas A João Turim confiou a colonia italiana do Paraná
Puglisi, Cav. Vincenzo Frontini, como representante do execuçâc do grande monumento a Tira dentes. que será
Banco Francez e Italiano; Cav. Humberto Lombroso, como ntro em p >uco inaugurado cm Coritiba.
representante do Banco Ítalo-Belga, e Ur. Mario Polacco, Zaco recebeu da colonia poloneza, de que descende,
tomou a si a direcção da homenagem, que se realizou a encargo de modelar a estatua do Semeador . symbolo
12 de outubro, na data duplamente gloriosa pelo centenario > trabalho fecundo, com que manifestará essa colonia sua
da acclamação de D. Pedrol e pela descoberta da Ame- ratidão pela acolhida fraternal que encontraram seus mem­
rica. O monumento entregue á cidade de S. Paulo, pri- os naquclle Estado brasileiro.
moioso trabalho do illustre esculptor italiano Luigi Briz­
zolara, está collocado na esplanada do Theatro Municipal,
oescendo pela encosta da Anhangabahú. A parte superior
do monumento é constituído por uma exedra de granito
vermelho pedido, de Carrara. Na parte central da éxedra. O PANTHEON DOS ANDRADAS
ergue-se a estátua em bronze de Carlos Gomes, com tres
metros e vinte centimetros dc altura.
A estatua do grande compositor — contrastando com a > Ranth, .... .....v nAnd
.........
radas foi
existente em Campinas, da autoria de Bcrnardelli — não tem intos em 7 de Setembro
a attitude cncrgica que dava ao autor do Guaranv o ar 'rojcctado para fazer part.: do bello c historico Con-
leonino e triumphante, a que nos acostumámos, evocando do Ca..__ „ . .......i „ „ eve a sua fachada estudada
a sua gloriosa figura. Na obra de Brizzolara a força genial ' destacasse respectiva entrada,
do maestro se revela numa outra expressão dc grandeza entrada um massiço e rrico portal f
— a força do pensamento, titânico, formidavet, arrancando a finamente lavrada, sendo a porta, I
do fundo das meditações a maravilha estupenda d >s poem; ades das janellas. cn ferro forjado
que o ----- ---- i do
: da alma o, segundo desenho também seiscentista,
, não .•ipal, lê-se, ao alto. a seguinte dedica-
momentos g .. ......... irmãos Andradas», cujas letras, dc bron-
as imm-irtaes. Toda a tragédia que encer- dourado, estão gravadas na cantaria.
O interior do Pantheon, encaixado no antigo claustro
bt-rbas harmonias, a poesia profunda e se- Convento, e de forma rectangular, com uma área de
larga e suggestiva, — ambas representadas 1 metros quadrados. Ê esse rcctangulo dividido cm duas
s lados do maestro, — revelam-se na phv- tes: o vestibulo c o Pantheon propriamente dito.
de Carlos Gomes. A parte superior do mo- O vestibulo, dc pequenas ilia u-niW -> fer-to 1
plctada por dois colossaes candelabros de para bóa proporção a
' metros de altura e 2.500 kilos de peso. mármore c as paredes re», obedecendo a
m. No plano inferior, itro da piscina, tres architectura a linhas
marinhos lançam jorr iniosamente suavi-
------------ sobre o dorso um globo c a pelo estylo colonial.
a legenda Ordem
Progresso». De pé, sobre o globo, ; Gloria. A direita
lesse conjunto, erguc-se o «Schiavo», p _ apunhal.
...... .
e, pouco além tombada na extremidade do balaustre 1 As dimensões propositadamente reduzidas desse portico
escadaria, contorcendo-se fazem accentuar a grandeza da sala, que se depara, a
A^esquerda do grupo central, Maria Tudor sê’ ergue' golpe dc vista, sumptuosa, dando a impressão de occu-
par área muito maior do que a realmente occupada.
O aspecto dessa sala maravilha não tanto pela sua
part» grandiosidade, pela nobresa, pelo admiravel effeito esthe-

O O 368 O O O
Museu do Ypiranga, commcmorativo da indepen- Ypiranga, local era que D. Pedro I soltou o grito
dencia, erguido na collina e ás margens do rio do dc Independencia ou Morte!»

Monumento da Independencia. inaugurado em 7 A parte architectonica é obra do Conde Man-


de Setembro de 1923. nas proximidades da mesma fredo Manfrcdi, senador do Reino da Italia e director
collina gloriosa e ligado ao Museu do Ypiranga por das Escolas Superiores dc Architectura dc Roma.
extensa c larga avenida de maravilhoso traçado. A base foi executada pela Casa Fratelli Guanoli,
em granito de Baneno.
As estatuas foram fundidas, algumas em Nápoles,
Ê autor deste monumento o esculptor italiano outras na villa Ximenes, onde se construiu para esse
Ettore Xitnenes, que obteve o l.° logar no con­ fim uma grande fundição artística.
curso internacional aberto em 1919, na capital de A collocação do monumento foi feita pelo enge­
S. Paulo. nheiro paulista Watley.
IN DEPENDE N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

tico, mas pela sua sobriedade, pela arte com que foi exe- ma dos mais relevantes acontecimentos desses cem annos
decorridos, «d, portanto, como se diz na introducção des­
Ao piso que é, também, de mármore de differentes co­ se numero especial, uma documentação palpitante, sincera e
res, com ricos desenheis, se sobrepõem as paredes revestidas espontânea, porque não foi feita para nós, da geração actual,
até certa altura de mármore verde no qual são cavados e por isto se torna ainda mais significativa, pittoresca e in­
os tres nichos em que foram depositados os despojos sa­ teressante. E o proprio testemunho dos homens do pas-
grados de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriar­
cha, e do seu irmão Martim Francisco Ribeiro de An­ Servimo-nos ainda de palavras da referida introducção
drada. O terceiro nicho é destinado a receber os restos para dar idea do que foi o ousado commottimcnto:
do terceiro Andrada — Antonio Carlos, sepultado no Mos­ , 0 Jornal do Commercio, que sahiu á publicidade
teiro de S. Bento, no Rio de Janeiro. cinco annos depois da independência, que no inicio de sua
Ao alto do paramento de mármore acha-se incrus­ própria existência cooperou com os que tinham fundado
tada num friso decorativo a divisa da venerável trindade, o Império, delles recebeu o influxo e as vibrações pa­
em bronze. trioticas; o Jornal do Commereto, que registrou, a 7 de
Acima do friso c do bronze continuam as paredes, Abril, a regência, a maioridade, o acto additional, o parla­
então claras, revestidas de simili-pierre», e ricamente or­ mentarismo, as guerras do Prata, a do Paraguay, a aboli­
namentadas. ção e a Republica, que acompanhou a evolução econômica
A illuminaçâo se faz pelo alto, por vitrail, dando ao e financeira do paiz, o seu progresso agrícola, commercial
ambiente uma luz de alto effeito emotivo. e industrial, a transformação dos costumes, a evolução das
Sobre o vestibulo foi reservado espaço para uma ga­ idéas, as lutas politicas, guarda nas suas collecções de
leria, destinada aos espectadores, nas festas civicas que noventa e cinco annos todos os influxos directos e todos
ali se realizarem. os écos e todas as polemicas da historia do Brasil. Todos
No Pantheon figuram diversos quadros era bronze, c,s acontecimentos, de toda especie e ordem, foram consigna­
cujos motivos sâo os seguintes: o desembarque de Antonio dos ou recordados nas nossas columnas. Por isso, os nos­
Carlos na Bahia entre os republicanos da Revolução ven­ sos destinos sempre estiveram vinculados aos destinos na-
cida de Pernamubco (Maio de 1817). - A visita de José cionaes, e através das nossas collecções é possível re-
Bonifacio no acampamento dos patriotas em frente da divisão ccnslitiiir toda a historia do Brasil.
portuguêsa de Jorge de Avilez, insurgida (Janeiro de 1822). Direclamente, o Jornal do Commercio reflecte nas suas
— Proclamação do governo provisorio de Sâo Paulo por collecções, cm todas as suas secções, o desenvolvimento
José Bonifacio (Junho de 1821). — José Bonifacio com­ do Brasil, e nos artigos de polemica, na parte editorial e
batendo em uma guerrilha os francéscs (1808). — Embar­ na parte ineditorial accusa todas as discussões em torno
que dos Andradas para o exilio (Novembro de 1828). — dos homens e dos acontecimentos.
Conferencia dos tres irmãos com o embaixador inglês so­
bre a extineção do trafico (Maio de 1823). — José Boni­ As collecções do Jornal do Commercio, com a vasta
fácio entrega a carta que determina a scena de 7 de Se­ documentação que recolheram, são um museu histórico, uma
tembro, no Ypiranga (Agosto de 1822). Coroação de encyclopedia, uma bibliotheca sobre o Brasil. Lendo-se es­
D. Pedro II (Junho de 18-11). sas collecções sabe-se de tudo. Tudo está nellas consigna­
do. Os acontecimentos anteriores, nos tres séculos do Bra­
sil sem Jornal do Commercio, estão recordados, analysados,
criticados nos artigos de commcmoraçâo, de polemica, de
OUTROS MONUMENTOS reconstituição, de justificação. Os depoimentos historicos,
authenticos, feitos pelos personagens que tomaram parte
nes grandes episodios da nossa vida politica, abundam nas
As obras d'artc glorificadoras, de que fazemos aci­ nossas collecções, fornecendo uma documentação segura e
ma ligeira referencia, não esgotam a lista dos monumentos
inaugurados cu de que apenas foi lançada a pedra fu n­ Nas 3-1.845 edições passadas do Jornal do Commercio
damental, em commcmoraçâo do centenario. a historia é bem a resurrelçio de que falava Michelet.
Do grande Monumento ria Independência, erguido na A sociedade apparece com os seus traços característicos,
collina gloriosa do Ypiranga e entregue ao povo em 7 os homens com as suas idéas, os seus partidos, os seus
de Setembro de 1923. damos em separado a nitida photo- temperamentos, as suas paixões, os costumes com o seu pit-
giavura que lhe mostra o magnifico esplendor: é uma das torcsco e a sua fantasia. Ahi tudo é directo, vivido, real,
mais imponentes e grandiosas obras de arte commemorati- feito pelos homens, cuja vida queremos reconstituir. O
vas de todo o continente americano. que fizeram está escripto por elles mesmos ou por seus
Na Capital Federal, tres grandes genios universaes contemporanços.
receberão, dentro em pouco, a homenagem do respeito e Ê a historia que vive, pela resurreição dos que a fi­
da veneração de nosso povo: Camões. Dante, Pasteur. zeram, não recordando, mas realizando o que se quer re­
A estatua de Camões será erguida num dos logradou­ cordar.
ros centraes da cidade.
Os lindos jardins da praia de Botafogo acolherão o •O Estado de S. Paulo's, edições de
busto de Dante, e á frente do palado da Faculdade de 7 de Setembro e dias consecutivos.
Medicina será collocado o busto de Pasteur.
Ainda na Capital Federal será levantado o monumento Não menos importante e valiosa foi a contribuição
á Republica, de grandes proporções, reunindo numa mes­ do grande diario paulistano O Estado de São Paulo nas
ma glorificação os vultos maiores da implantação do regi- ec mmcn.oraçôes da magna data. Na impossibilidade de es­
tampar num só numero a copia enorme de profundos es­
O feito imrnorredouro de nossa historia, que foi a tudos sobre todas as nossas manifestações culturaes com
heroica Retirada da Laguna, terá, para mantel-o vivo na S ue concorreu para a glorificação do Centenario, O Estado
lembrança e no amor de nosso povo, um monumento glo- e São Paulo publicou-os em diversas edições, apparecidas
nficador. a 7 de Setembro de 1923 e dias consecutivos.
A estatua do criador da aviação, o grande Santos Du­ De entre esses estudos, que se distinguem todos pela
mont cuio nome se eternizou nos factos das maiores con- rigorosa honestidade e grande brilho com que foram tra­
uistas humanas, será em breve erguida junto ao morro çados, destacamos os seguintes: .Explorações scientificas
a Viuva, á margem da bahia incomparável. no século da independência», por Theodoro Sampaio; «Um
Ua mais, a notar, o formoso monumento que a ci­ século de cultura sanitaria», por Afranio Peixoto; «Edu­
dade de S. Paulo ergueu á gloria de Bilac. poeta e apos­ cação e ensino; instrucção publica», por Sud Menucci; «A
tolo admiravel. evolução da Medicina no Brasil», por Oscar Freire; «Es­
Não fica, ainda assim, completa esta resenha, na qual boço histórico sobre a Botanica e a Zoologia no Brasil»,
mais de uma deficienda será talvez notada. Os leitores por Arthur Neiva; A Engenharia no Brasil — 1822-1922»,-
nol-o perdoarão em nome do accumulo de factos os mais por Octulio das Neves; «Um século nas relações interna-
diversos que tivemos a registar fazendo o historico das cionaes», por Oliveira Lima: .Um século de musica brasi­
c.mmu-moiações do centenário. leira», por R. Barbosa; Literatura e nacionalidade», por
Amadeu Amaral: «As artes plasticas no Brasil», de Ro­
nald de Carvalho; etc., etc.
AS GRANDES PUBLICAÇÕES DO CENTENARIO
«America Brasileira”, edição do cen-
•.Jornal do Commercio», edição de
J de Setembro.
Basta lançar os olhos para o brilhantíssimo summario
D< cumento valiosissimo e profundamente original foi do numero cr-mmcmorativo desta victoriosa publicação para
a grande edição do Jornai do Commercio do Rio de Ja­ ter-se uma idéa do que foi o precioso contingente com que
neiro publicada em 7 de Setembro de 1922. contribuiu para a consagração gloriosa: «O phenomeno bra­
O velho orgam-leader da imprensa brasileira, em seu sileiro» (Redacção); «Raizes de idealismo», Graça Aranha;
numero especial de mais de 400 paginas, procurou reconsti­ A figura de Pedro 1», Rocha Pombo; Espirito de Re­
tuir a historia dos nossos primeiros cem annos de vida volta», Celso Vieira; El Libertador y el Empeador», Diego
independente aproveitando-se do proprio material archivado Cnibouell; <Rio de Janeiro», Jan Havlasa; «A Minha sau­
em suas preciosas collecções. dação», Fidelino de Figueiredo; «Un précurseur de 1'india-
Assim, transcreve topicos dos artigos, crônicas e noti­ nisme», G. Le Gentil; «Um século de pensamento», Ronald
cias estampados nas suas próprias paginas na occasiâo mes­ de Carvalho; «A inclyta Trindade», Elysio de Carvalho;

o o o o o o 369 o o o o o o
LIVRO Db OURO c o m M e M o r a t i Vo d o c è n t e n a Ri o dá

«bases da Sociologia brasileira», Victor Vianna; «A musica senta o Mundo Literário uma edição magnifica, que muito
no Brasil no século XIX», Kenato Almeida; «A independência honra os seus Directores. Entre os artigos, salientamos os
e o papel da Bahia», Lemos Britto; «O regente Feijó», devidos á pena de Rocha Pombo («Confronto de duas
Ribas Carneiro; Scienda jurídica», Pontes de Miranda; épocas: 1882-1922»); Ronald de Carvalho («O Romance
• Historia da Colonização portuguesa». Celso Vieira; «José Brasileiro»); padre Assis Memoria («O Pulpito Nacional»);
Bcnifacio, o Moço», Feijó Bittencourt; O espirito nacio­ Renato Almeida ( O Movimento Philosophico»); Francisco
nalista na pintura brasileira», Carlos Rubens; A diplo­ Prisco t I>om Silverio»); Goulart de Andrade («Oil Vi­
macia da independencia», lldcbrando Accioly; <Os falsos cente»); Carlos Rubens ( Pintura Brasileira»), e I». Amelia
precursores de Cabral», Elysio de Carvalho; Um século Beviláqua («Reminiscência»),
de Sciencia», Francisco Venancio Filho; «Integração conti­
nental americana», Jorge Latour; «A engenharia no Brasil», iFon-Fon!”, de 7 de Setembro de 1922
Soter de Araujo, etc., além de extensa chronica do cente­
nario, com minuciosas informações, c esplendidas gravuras A edição deliciosa do Fon-Fon! commcmorativa do nos­
a illuminarem todas as suas paginas. so centenário, foi uma das mais admiráveis publicações do
centenário, pela originalidade da collaboração, das íllustra-
ções e das gravuras. Incumbindo a um escriptor novo de
cada Estado de escrever a pagina referente á sua terra,
ornada com motivos locacs. Fon-Fon! nos deu um bello
Dirigida, como a publicação a que acima nos referimos, attestado da mentalidade moderna do paiz, nessas paginas
de emoção, de saudade, ou de paisagem. Entre os colíabo-
por Elysio de Carvalho, o Monitor Mercantil, cm seu nu­ radores desse numero citaremos os Srs. Claudio Ganns, que
mero especial do centenario, nos dá uma synthese mara­ escreveu uma linda pagina de abertura, num symbolismo
vilhosa da potencialidade economica do Brasil de hoje. Abre vivo e ardente; Ronald de Carvalho, que louvou o velho
este numero especial vasto e brilhante estudo, da autoria Rio, cvocando-o com delicioso lirismo a velha capital, /e-
de seu director, sobre A Realidade Brasileira, subdividido itxmentr remodelada...; Tasso da Silveira, que fez uma
nos seguintes paragraphos; o progresso brasileiro — Po­ mancha interessantíssima de Curityba; Luz Pinto, numa
tencialidade commercial — O valor da industria fabril — saudação a Joinville; Gustavo Barroso, que contou a his­
Fomento agrícola — Brasil, celeiro do mundo — Potencia­ toria de um «soviet» no Ceará; Renato Almc.da, que es­
lidade da nossa agricultura — As nossas riquezas cm ferro creveu sobre a admiravel Bahia; Oswaldo Orico, Alcino
e carvão - - A pecuaria e a industria frigorifica — Appa- Sodré e muitos outros, que emprestaram o brilho de suas
relhamcnto economico — O commercio segue o pavilhão pennas a esse numero magnifico do Fon-Fon!
— A nossa orgnaização bancaria — As finanças publicas —
Completas estatísticas sobre todo o movimento eco­
nomico do Brasil de nossos dias enche o resto do texto. «Jornal do Commercio . de Reci/e,
Vale essa edição do M onitor Mercantil, assim como foi edição de 7 de Setembro.
organizada, pelo mais precioso archivo de informações so­
bre os problemas que fundamente interessam a vitalidade O numero commemorativo do Jornal do Commercio,
nacional. de Recite, é uma prova do adiantamento da imprensa do
grande Estado nortista, adiantamento material e intellectual,
«O Raiz-, edição de 7 de Setem­ revelando o quanto está apparelhada ali a industria typo-
bro de 1922. graphica c a que altura chegou a expressão de cultura de
Pernambuco.
Não foi das menores a contribuição de - O Paiz Pode-se avaliar o valor da edição com que o Jornal do
para brilho da commvmoração jornalística á data da nossa Commercio cotr.memorou o nosso Centenario pelo seu nu­
emancipação politica. Foi, sim, das mais brilhantes pelos mero avultado de paginas, c isso já seria um louvor; mas
trabalhos artísticos c literários inseridos e pelo vultuoso a edição do jornal pernambucano vale lambem pelos tra­
numero de paginas — em que reviveu a historia brasileira balhos que publicou, de pennas illustres daqui c de lá,
nas suas manifestações fertes de civismo e de intelligcncia. cada um escriptor evocando uma pagina da historia bra­
Não se contentando com o seu esplendido trabalho sileira ou dizendo particularmente do heroísmo e da gran­
Uma syntb.rse do Brasil actual, dá-nos ainda Independen­ deza do povo do Leão do Norte. C assim que publica
cia e vida. de Gilberto Amado, Cem annos de economia trabalhos de Felix Pacheco. Hermes Fontes, Affonso Cel­
do Brasil, de Alvaro Paes, O Oenio de Wagner, Casa his­ so, Agenor de Rottre, Rocha Pombo, Ulysses Pernambuco,
torica e pintores illustres, de Mendes Ribeiro, Cem annos Erasmo de Macedo, Edwiges de Sá Pere'ira, Zeferino Gal-
de progresso, sobre a nossa Exposição, além de outros tra­ vão, Julio Novaes, Araujo Filho e varios outros.
balhos de valor.
•A Federação», e o seu numero do
«Jornal do Brasil’', edição do Cen- Centenario.

O velho e popularissimo orgâo carioca, a que tanto lestejaram


deve o nosso progresso, visto que sempre esteve á van­ »- O nut ____________ — ----- - ----- -----------
guarda dos defensores das grandes causas brasileiras, deu- dado pela A Federação, o velho orgão do Partido Repu­
nos também duas edições commcmorativas do centenario da blicano Riograndense, não é apenas uma demonstração da
nossa independencia politica. importância material da imprensa do grande Estado sulista
Foram dous numeros dos mais completos de quantos como uma prova da sua potencialidade cm todos os ramos
deu a nossa imprensa c em ambos a vida nacional resur- de actividade.
u e esplendeu no que foi, no que tem sido a sua O que tem sido o Brasil num século de existência
S rça evolutiva em todas as expressões da actividade hu­ politica e o que vem sendo e é actualmente o Rio Grande
mana e a potencialidade que sóe ser para. orgulho da na vida social como nas lettras, nas sdencias e na eco­
geração contemporanea e das gerações provindouras. nomia, nas artes como nas finanças e no commercio —
Foi um excellente numero de evocação de grandeza o que a terra dos pampas representa como dynamics na acli-
da nossa nacionalidade e um hymno á actividade constru­ vidade brasileira ahi está expresso através de trabalhos
c to r do Brasil de hoje. dos mais rutilantes talentos, na edição do Centenario de
A Federação.
C um numero bem feito e uma cnotribuição de va­
«A Noite*, edição extraordinaria de lor ao brilho das festas gaúchas á memorável data.
7 de Setembro.
*A Provincia», 7 de Setembro.
Por cerca de quatro horas, quando deveria D. Pedro I
ter lançado o grito do Ypiranga, que libertou a Patria, Não quiz o brilhante diário pernambucano A Provincia
A Noite fez circular a sua edição extraordinaria, cm ho­ deixar de prestar «á nobilissima patria brasileira, as ho­
menagem ao Centenário, contendo varios estudos sobre a menagens calorosas de seu affecto c de sua admiração»,
grande data nacional e tendo, á primeira pagina, uma alle­ Como já o fizera c, oom brilho, o Diario de Pernam­
goria ao Brasil, cercado do affecto e da consideração de buco c o Jornal do Commercio, o querido diario do
todo o mundo civilizado. Não menos valiosa é a reporta­ Recife deu uma edição encantadora, fartamente collaborada
gem photogiaphica, tornando devéras interessante a publi­ por pennas apreciáveis como Pereira da Costa. Gonçal­
cação do nosso grande vespertino. ves, Maia. Costa Monteiro, Mario Scttc, Faria Neves So­
brinho, José Américo de Almeida. Samuel Campcllo, Jorge
de Lima, Ludln Varcjão. Mario Mello, Araujo Filho. Gue­
5 de Outu- des d - Miranda e outras. Foi um nuincro excellente que
honra a imprensa do Leão do Norte c serviu para au-
Estc mensario da literatura nacional, dirigido pelos srs. gmentar o fulgor intellectual de Pernambuco nas oomme-
Pereira da Silva, Théo Filho c Aggripino Qrieco e edi­ morações do Centenario.
tado pela Livraria Leite Ribeiro, publicou um numero de
250 paginas, commemorative do nosso Centenário. Colla- «Diario Official», de Alagoas, numero
borado por nomes de grande realce nas letras nacionaes, de 7 de Setembro.
sobretudo de novos, versando assumptos da mais alta re­ Numa edição importante, na capa trazendo as armas do
levanda no pensamento e na literatura brasileira, apre- Estado e palavras de enthusiasmo á grande data, o Dlario

O O O O O 370 O O O O O O
IN DEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

OIfida t tie Alagoas lambem festejou o Centenario. Traz Foi um emprchcndimcnto que como nenhum outro di­
os retratos de todos os Presidentes da Republica, do Sr. gnificou nossa capacidade realizadora no dominio das artes
Fernandes Lima e de seus auxiliares, o Hymno estadual, graphicas.
lettra do saudoso pocla Luiz Mesquita e musica do inesque­ "Correio Paulistano*, edição do Cen­
cível maestro Benedicto Silva, o Hymno Nacional e varios tenario.
trabalhos de valor.
L'ma edição que honra a imprensa alagoana e muito K simplesmente admiravel que, além da maravilhosa edi-
contribuiu para o brilho com que Alagoas festejou a data ção de O Estado de S. Paulo, nos tenha dado a grande
da nossa indepcndcncia. capital dos Randcirantes o brilhantíssimo numero especial
do Correio PauHste que commemorou o centenário
rOazcta do Povos, edição do Ceii- de i i independência politu
i edição especial um acervo precioso de Fon-
Dentrc os jornacs que nos Estados deram edições com- gos estudos sobre o Brasil e especialmente sobre o Es­
memorativas do Centenário é de justiça salientar a Gazeta tado de São Paulo, sendo de destacar as paginas de Fer­
do Povo, de Curityba, editada pela Empreza Graphica Pa­ nando de Azevedo sobre O Ensino em São Paulo, do Dr.
ranaense de Placido e Silva IV C. Ltda. Eugênio Egas sobre O dia do centenario (Episodio maxi­
Organizado pelo Sr. Acir Guimarães, seu redactor- mo — A cidade e provincia de São Paulo — José Boni­
chefe — A Gazeta deu-nos um numero magnifico de 90 facio e D. Pedro)., e de outros escriptores sobre os
paginas - com um retrospecto da vida industrial, com­ Theatres da PauUcfa (da Opera de 1822 ao Municipal
mercial, artística e litteraria do Paraná, uma resenha admi­ de hoje), O governo paulista no centenario, Aerostaçâo e
rável da potencialidade do prospero Estado sulista em to­ aviação (apontamentos para a historia da navegação aérea
das as suas expressões de grandeza. A redacção do popu- em S. Paulo). ( I Estado de S. Paulo (Sua riqueza — sua
espertinu e a seguinte: rcdactor-chefe, Acir Guimarães; populaçãa actual — Suas estralas de ferro e de rodagem),
A capitai dos Bandeirantes no anno do centenario, O
Sport em S. Pauto, etc., etc.
Esplendidas photogravuras ornam todas as paginas e
dão relevo aos artigos desta formosa edição especial de
O Correio Paulistano.
*Jornal de Alagoas*.
• A Republica», de Corltlba, edição

i Brandão, i direcção do conhecido I storia


i Nação festeja commovioa,
í'..,,, . THi\
Tito (U
de Rir
Barros, do deputado Jose Bonifa­
cio, além de illustrações e notas referentes ao Centenário. .........- ......- especial que hor
cente Estado sulino.
Primeiro c mais lido jornal do Estado, seu corpo redacto- A edição commcmorativa de A Republica, apparecida
rial contando com penas brilhantes c dirigido pelo jorna­ cm 7 de Setembro de 1923, c um repositorio vasto dos
lista Luiz Silveira - o Jorna! de Alagoas não podia deixar mais completos dados economicos, financeiros, moraes e
de ciar acs alagoanos tão hclla prova de esforçado pa- intellectiiacs sobre o Paraná de nossos dias. Constitue gros­
so volume de cerca de 30C paginas, contendo largos estu­
* 0 Economista». edição commemora- dos, rigorosas estatísticas e profusas illustrações referen­
tes á vida paranaense e ao esplendor attingido pelo Pa­
raná na data do centenário.
o numero especial
finanças, que se Outras publicações
:a o seguinte admi-
. co Além das publicações enumeradas, muitissimos outros
commercio exterior do Brasil na epoca da independencia»; diários e periodicos do Brasil inteiro concorreram -----
cA lavoura do café e a sua evolução no estrangeiro e no edições cspeciaes commemorativas para c — 1—' brilho — da
Btasil»; .O cacau (um século de producção)»; «O primeiro grande festa de jubilo nacional a que
banco do Brasil (o instituto bancario da independencia)»; 1922. Nem a todos foi possível realizar o formidável em-
..O commercio exterior do Brasil no tempo da independen­ preheiidimento representado pelas publicações de que acima
cia (estatística)»; «O cambio no Brasil (da chegada de tratamos. Embora, porém, modestamente, cada um desses
D. João VI á independencia c i regenda)»; «A cultura do diários e periodicos concorreu, á altura de suas forças,
algodão e a industria algodoeira (nos tempos coloniacs e para a magnitude da celebração.
no Imperio)»; <A população do Brasil»; A situação fj- Não tentaremos organizar a lista completa dos jor-
nanccira em 1821»; O custo das terras no Brasil»; «Ori­ naes e revistas que assim participaram da exaltação geral:
gem e gtandeza da producção do café no Brasil (na Ama­ sua enorme extensão desbordaria dos limites desta rese­
zônia, no Maranhão, no Ceará, no Rio, em Minas-Geraes, nha rápida. Citaremos oomtudo ainda os que seguem: O
em S. Paulo)». Estado, diário editado em Nitheroy; traz em seu numero
Numerosos e brilhantes artigos de collaboração e vasta especial, além de formosa allegoria na primeira pagina,
secção de commentarios e noticias completam o magnifico varios trabalhos de relevo sobre o Brasil de agora; O Dia
nuncio com que o Economista coparticipou das comme- (Capital Federal), com bellos artigos e magnificas illus-
moi ações de nossa independencia politica. trações allusivas á data; Gazeta de Noticias (Capital Fe­
deral), admiravel edição, com uma allegoria de Kalixto
na primeira pagina e estudos de alto valor sobre assum­
ptos ligados á commcmoração; O Brasil (Capital Fede­
ral), numero especial optimamente illustrado c collaborado;
Admirável também o numero especial i A Noticia (Capital Federal), com formosa allegoria na p ri­
meira pagina, emmoldurando -palavras de Ruy Barbosa;
150 A Patria (Capital Federal), com magnificas illustrações c
esplendidos artigos: O Jornal (Capital Federal), trazendo
natureza tcehnica. reveladores todos da alta cultura i numa das numerosas paginas illustradas, a galeria comple­
tifica dos seus illustres collaboradores. expoentes de r ta dos libertadores»; Ò Combate (Capital Federal), tra­
mentalidade. A contribuição da Revista não — limitou. zendo na primeira pagina retratos de Pedro I, José Boni­
aliás, a essa edição especial; em varios outros m w . ~ . — facio (desenhos) Pedro II, Thcrcza Christina e Ruy Bar­
sccutivos publicou extenso trabalho sobre a evolução da bosa (photogravuras); Arvore Nova (Capital Federal), com
engenharia brasileira, feito em seus diversos capítulos por excellente sunmario de que se destacam valiosos estudos
alguns dos nossos mais competentes profissionaes. Só esse sobre o Brasil de hoje; Rio de Janeiro (Campos), com fo r­
trabalho sale uma das mais significativas commemorações. mosa allegoria de Carlos Reis na primeira pagina;O H iberi
(Paranaguá), numero especial volumoso, optimamente colla­
•A IIlustração Brasileira». borado e profusamente illustrado, etc., etc.
Não se pode dizer que a /Ilustração Brasileira tenha
dado apenas uma edição especial commcmorativa do cente­ EXPOSITORES NACIONAES PREMIADOS
nario: deu toda uma serie de edições, através de um anno
inteiro, cada qual mais preciosa e bella. Segundo o artigo 43 do Regulamento do certamen, os
Fazendo-se orgam da commissão central de commcmo­ expositores julgados pelo jury dignos de uma alta conside­
ração da grande data tornou-se a IIlustração Brasileira uma ração pela importância c valor absoluto dos seus produ­
das mais formosas e arrojadas publicações mundiaes no ctos, seriam premiados com as distineções seguintes:
seu genero. A belleza de suas paginas admiravelmente com­ Diplocna de Grande Prcsnio,
postas e de suas carissimas trichromias reproduzindo as
obras primas da pintura brasileira, e a cxcellenaa da coi- Diploma de Honra,
lahoração em prosa d verso que publicou durante o anno Diploma de Medalha de Ouro,
tedo do Centenario, nada deixaram a desejar ao mais Diploma de Medalha de Prata,
Diploma de Medalha de Bronze.
exigente gosto e á mais refinada esthesia.

O O O O O O-
LIVRO DH OURO COM ME MOR/TIVO DO CF.Nf ENAR/O DA

A cxcelkncia e variedade extrema dos productos apre­ K. O. do Norte — Diario O fficial de 19—9—23.
sentados extenderam longamente as listas dos expositores Paratiyba — Diario O fficial de 23—8—23.
que obtiveram uma ou outra das recompensas acima enu­ Pernambuco — Diario O fficial de 7—9—23.
meradas. Não dispondo do espaço necessário para repro­ Alagoas — Diario O fficial de 10—8—23.
duzir, r.a integra, essas 1'stas, limitamo-nos a assignalar Sergipe — Diario O fficial de 25—9—23.
acs interessados as edições do Diário Official em que Bahia - Diario O fficial de 10—8—23.
foram ellas publicadas, pela ordem das varias unidades da E. Santo — Diarh OfficiaI de 19—8—23.
Federação. Rio de Janeiro — Diario O fficial de 21—9—23.
Districto Federal — Diario O fficial dos dias 19 e 21 S. Paulo — Diario Officiat de 23—9—23.
de Agosto de 1923. Paraná — Diario O fficial de 7—9—23.
Amazonas — Diario O fficial de 10—8—23. S. Catharina Diario O fficiaI de 22—9—23.
Pará — Diario Officia/ de 22—8—23. R. G. do Sul — Diario Officia! de 19—9—23.
Maranhão — Diario O fficial de 19—8—23. Minas Geraes — Diário O fficial de 21—8—23.
Piauhy — Diario Officia! de 7—9—23. Ooyaz — Diario Officia! de 19—8—23.
Ceará — Diario O fficial de 17—8—23. Matto Grosso Diario Officiat de 1 9 - 8 - 2 3 .

A MEDALHA DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE 1922-1923

ENCERRAM ENTO DAS FESTAS

(7 DE SETEMBRO DE 1923)

S FESTAS e solemnidades com que se


Exe rcito C o lle g io M ilita r, Escola M ilita r e
celebrou a data de 7 de Setembro era
3 1.' brigada de iufa nteria — Com m andante, Gene­
1923, encerraram de finitiva m e nte as ral T e rtu lia n o A. Potyguara.
grandes commemorações do Centenário. Prolongaram - T ropa — 1 ° regim ento de in fa n te ria , 2.° regi­
se, pois, pelo decurso de um anno in te iro as com- mento de infa nteria e a 1.» companhia de metralha­
m ovidas homenagens de am or e carinho do povo e doras pesadas.
do governo b ra s ile iro á patria extremecida. Não hou­ ■2.J brigada de infa nteria Com m andante, Oe-
ve excesso de enthusiasmo nessa demorada lith u rg ia ; neral João de Deus Mcnna Barreto.
houve apenas o le g itim o arrebatam ento que a visão T ropa - 3 « regim ento de in fa n te ria , 1° e 2o
da grandeza atting id a pela patria, em cem annos de batalhões de caçadores e 3.-1 companhia de metra­
vida liv re , em todas as almas accendeu. E a signi­ lhadoras pesadas.
ficação do nosso p rim eiro centenario p o litic o é tal
1 " batalhão de engenharia Com m andante.
que te ríam os fa ltad o a um dever in illu d iv e l se lhe Coronel M alan Dangrogne.
não houvéramos assignalado a passagem g lo rio sa da
fo rm a por que o fizemos. 1.' brigada de a rtilh a ria — C om m andante, Ge­
neral João José de Lima.
Assim, term inando o cyclo das commemorações,
T ropa 1 ° e 2.0 regim entos de a rtilh e ria mon­
as festas de 7 de Setembro de 1923, na C a p ita l Fe­
tada. I » g ru p o de a rtilh e ria pesada e 1.» g ru p o die
deral e nos Estados, revestiram-se do esplendor que artilh e ria de montanha.
as circumstancias exigiam.
I o regim ento de cavallaria div is io n á ria — Com­
N o Rio de Janeiro, a nota predominante destas mandante, C oron el Pará da Silveira.
fe stas derradeiras fo i a parada m ilita r.
15." regim ento de cavallaria I. — Commandante,
Formaram sob o commando em chefe do snr. ge­
Tenente-Coronel F eliciano P in to Pessoa.
neral A lfre d o R ibe iro da Costa, commandante da
Com panhia de C arros de Assaltos — Comman­
, a R egião m ilita r, as fo rças desta região, accresci-
das das tropas da M arinha e da Policia m ilita r. dante. C ap itão N ew to n Cavalcanti.
Policia M ilita r:
Obedeceram as tropas á seguinte ordem de pa­
rada : 1 ropa — Um batalhão, uma com panhia de me­
tralhadoras, um esquadrão de cavallaria e um a secção
M arinha Nacional — Commandante, C ap itão d de autos blindados.
M a r e G uerra Lu iz Perdigão.
T ro p a — Um R. I. a tres batalhões e um ba Desde as cinco horas da ni^nhã gra nd e era a
talhão. affluencia do publico no campo de S. C hristovâ o e
adjacências.

o o o 372 o o o o o o
Fm b p j c a .d e Feculas e Moagem d e Cereaes
.PECULAS AUMENTARES E PARA FIN S INDUSTRIES

ic ie d a d e tfn c m in ia .

JlUA das PALMEI RAS.129-


Mk CAM AOSTAl 776 J

'F ECU LARI


/
INDEPENDENCEI E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ASPECTO DO PAVILHÃO CENTRAL, NO CAMPO DE S. CHRISTOVAO. VENDO-SE O SR. PRESIDENTE DA


REPUBLICA, ENTRE OS MINISTROS DA OUERRA E MARINHA

Os bonds e os tren s da C e n tra l do B rasil e 1. * brigada de infa ntaria Com m andante —


da Lcopoldina R a ilw ay , que desciam a cada m o­ E stad o-M a ior - Escolta e tropa.
mento, vinham repletos. 2. a brigada de infa ntaria — Com m andante —
Âs 0 horas, m ais de vinte m il pessoas tom a­ E stado-M aior — Escolta e tropa.
vam, acotovelando-se, as duas grandes archibanca- 1.» brigada de a rtilh e ria — Com m andante —
das lateraes ao P a vilh ão C en tral e toda a o rla da E stad o-M a ior — Escolta e tropa.
elipse do extenso lo g ra d o u ro publico. l. ° regim ento de cavallaria* division ária e 15.®
Já a lli se achavam também no P avilhão C en tral regim ento de cavallaria independencia.
os M in istro s de Estado, m em bros do C o rp o D ip lo ­ P olicia M ilita r — Commandante — E stado-M aior
mático, do Senado, da Camara, da M ag is tra tura e — Escolta e tropa.
outras altas auto ridades civis e m ilitares.
Às 9,15 chegou em autom ovel de Estado, o Sr. A infa n te ria marchou em linhas de batalhões,,
Presidente da R epublica acompanhado dos Srs. Ge- pelotões p o r qu atro ; a artilh e ria m ontada e a pe­
neraes M in is tro da G u erra e C hefe da Casa M ilita r sada, em lin h a cerrada e a de m ontanha, em lin h a
da Presidência, sendo o au to escoltado por um es­ dupla cerrada, columna de baterias, a cavallaria, em
quadrão d o 1.» regim ento de cavallaria divisionária, columna de pelotões, á meia distancia e as m etra­
sendo dadas as salvas d o estylo. lhadoras, em columna du pla de secções.
O C hefe da Nação começou então a passar em As unidades, á proporção que desfilavam , es­
revista as tropas, pela esquerda da form atura (a coando o campo, seguiam para os quartéis, sob en-
Policia M ilita r) ate á d ire ita da mesma (a companhia th usiasticos applausos.
de carros de assalto) e as fo rças da M arinha, a rua Para a cerim onia da C ontinência fin a l, o 1.®
Escobar. regim ento de cavallaria division ária to mou posição
As forças com que a M arinha de G uerra se em linh a dupla no campo, e escoando este. deu uma
fo rte carga, em continência, estacando rapido, fa-
apresentou á im ponente parada desembarcaram as
fazendo a lto quasi ju n to ao pavilhão e archibancadas.
7 1/2 horas, entrando em fo rm atura geral.
P o r essa occasião partiram delirantes acclama-
À testa fo rm ava o batalhão d o C o rp o de M a ri­
ções do pa vilhã o das archibancadas. de toda a parte,
nheiros Nacionaes com q u a tro companhias, em se­
cm fim . pois todos anciosos aguardavam aquella in te ­
guida o Batalhão N aval com o seu e ffe c tiv o e após
a Reserva N aval e um a com panhia do T iro Naval. ressante prova.
Pouco depois das 12 horas, o Sr. Presidente
Pouco depois o C ap itão de M ar e G uerra Luiz
da R epublica deixou o campo de S. C hristovâo, cm
Perdigão, acompanhado de seu estado m aior, o Ca­
direccão ao Cattete.
pitão de Fragata C arlos A m érico dos Reis, C apitão
E a m u ltid ã o se fo i retiran do lentam ente da
de Corveta A lv a ro M ascarenhas, e o P rim e iro Te­
vasta elipse, com a alma em briagada de p a triotism o
nente João M arques F ilh o , assumiu o ootnmando
da brigada. e alegria.
Em varios estabelecimentos de ensino tiveram
. D ebaixo de seu com m ando as fo rças de M a­ lo g a r tocantes cerim onias de amor civico.
rinha, com excellente disposição de form a, m ovim en­ O s córos in fa n tis de alumnos cantaram os gran­
taram-se em demanda do campo de S. C hristovâo, des hym nos da nacionalidade, realizando-se c-rn rlg u -
onde se inco rp ora ra m ao Exercito. mas escolas festas artísticas e literárias.
As 10,15, desfilaram as fo rças pelo centro da Âs 16 horas, realizou-se n o C lu b M ilita r uma
elipse do C am po, cm continência ao Chefe de Estado, sessão solemne.
e na seguinte ord em : C onvida nd o para fazerem parte da mesa os re­
presentantes do Sr. presid ente da Republica, chefe
Batedores — Uma secção de carros de assalto da m issão naval norte-americana, pre fe ito e o p in ­
Com m andante da trop a C he fe do Estado-M aior to r V is c o nti, o general Gomes de C astro abriu a
Escola M ilita r Serviços — Escolta — Com­
panhia de carros de assalto — M arinh a — C o lle g io A banda do corpo de bom beiros executou nesse
M ilita r c Escola M ilita r. m om ento a protophonia do «Ouarany \ que fo i ou-

o o o o o 373 o o o o o
UVRO D t OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

vida de pé p o r to da a assistência, e lo g o em seguida, D om ing os Q u irin o F erreira, fo rm o u com os seguin­


desvendado p o r uma graciosa criança, appareceu o tes elementos.
quadro de E duardo de Sá, representando «A Pa­ 1 regim ento de c a v a llaria ;
tria Brasileira». 2 batalhões de infa n ta ria e
Ê um quadro de grandes dimensões, apresen­ 1 companhia de m etralhadoras pesadas.
tando uma fig u ra de m ulhe r cm tamanho n a tu ra l;
ao fu nd o está a bandeira b ra sile ira e pousada sobre O que fo i esta esplendida festa de patriotism o,
ella uma pomba branca. d il-o um jo rn a l da C a p ita l paulista, descrevendo a
A assistência saudou com fo rte salva de p a l­ deslum brante parada:
mas a apresentação do trabalho d o artista bra sile iro ,
e serenadas estas, to m o u a palavra o general Gomes A parada, que sc realisou no p ra d o da Moóca,
de C astro, que pronunciou b rilha nte conferencia, de­ de fo rças das tres armas e de contingentes m ilitares
senvolvendo o them a: «A patria brasileira». de tres ordens, pela perfeição das manobras, pela
Em to das as capitaes dos Estados realizaram- precisão dos m ovim entos, pelo garbo incgualavel das
se paradas m ilita re s, das quaes participaram fo rças tropas, se revestiu, em si mesma, de um e x ito a que
do Exe rcito e das policias locaes. não estavamos costumados.
Em São Paulo, na grande parada realizada no A presença da m arinha na gra nd e demonstração
prado da M oóca. tom aram parte forças federaes, na- civica fo i uma inspiração fe liz . Só cila , com o seu
vacs c da p o lic ia do Estado. fardam ento de gala, que é d o in a io r e ffc ito e repre-

ASPECTOS DA PARADA DE 7 DE SETEMBRO DE 1923 NO RIO

Assumiu o commando geral das tropas, o gene­ senta uma novidade para esta cap ital, ga ra n tiria o
ral C andido José Pamplona, commandante da 4.a B ri­ cnthusiasm o da população. Mas o u tro elemento, bem
gada de In fantaria. m ais ponderável, concorreu para esse resu ltad o Foi
Os elementos da M arinha de G uerra ficaram sob a u n iform e capacidade de m ovim entação c de abso
o commando do capitão de m ar e guerra Oscar Gi- lu ta destresa de toda a trop a Especialm ente, o exer­
tahy de Alencastro. comprehendendo uma brigada c ito sc fez notar, m ostrando-se á a ltu ra dessa u n i­
de desembarque. form idade. Cabem-lhe, na infa n ta ria , na cavallaria e
C om m aiidou os elementos do exercito o coro­ na a rtilh a ria , pelos nrogressos realisados em um anno
nel 1 u iz Franco Ferreira. apenas, as honras d o bra vo a que fez jú s e que, de
Estes corpos foram constituídos de: to da alma, lhe fo i dado V im ol-o, ainda ha um anno,
ta nto ou quanto in c e rto , cm p e rio do de adaptação.
2 esquadrões de C avallaria (do 3 ° R. C . D .) ; V im o l-o agora. O contraste, que lh e notáram os com
1 regim ento de infa ntaria (con stituído de ele­ a p o lic ia d o Estado, com posta p o r engajam ento, aliás,
m entos dos corpos da 4.-1 Brigada I.) ; de um pessoal que annos e annos se adextra, de-
1 g ru p o de artilh a ria montada (d o 4.° R. A. sappareceu de todo. O s brioso s conscriptos — pra­
M .) ) ; ças evcntuacs e cidadãos conscientes e cultos, flô r
1 secção de a rtilha ria pesada (d o 2.« Q . I. da mocidade b ra s ile ira em curtos mezes se pu-
A. P ) ; zeram em adm irável pé de firm eza, de resistência, de
1 secção de a rtilha ria montada (do 2 ° G . A, adestramento. Sem um a fa lh a, na cavallaria e na
M th .) ; artilh a ria , com especialidade, po is que são as armas
A Força Publica, sob o commando do coronel mais exigentes, as suas m anobras cnthusiasmaram».

O. O O O o o 374 o o o o o o
/N DE PEN DESCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

O mesmo jo rn a l descreve pela seguinte fo rm a gravados na m em oria dos populares. «Braz R odri*
o be llissim o d e sfile dos escoteiros, com que se ini- gues Alzâo», «Sebastião P in h e iro Raposo», «D om in-

ASSISTÊNCIA A PARADA DE 7 DE SETEMBRO DE 1023 NO RIO

ciaram na cidade de São Paulo as festas de 7 de cisco Pedroso Xavier», «Luiz Dias Leme», «Valen-
Setembro: tim de Barros», «A ntonio de A lm eida Lara», «A ntonio
«Seis ou sete m il crianças, uniform isadas, dis­ Raposo Tavares», «Bartholom eu Paes de Abreu», «João
postas cm fila s m u ito regulares, desfilaram garbosa- A m aro M aciel Parente», D io g o C ou tinh o de M ello»,
mente pelas ruas d o T ria n g u lo , arrancando ao povo, Sim ão Pedroso», «Gaspar de G o do y C ollaço», Bar-
que as esperava em massa ao lon go das calçadas, pal­ th olom e u Bueno do Prado», «Manuel de Cam pos
mas calorosas de adm iração enthusiastica. À medida Bicudo», «hrancisco D ias Velho», «Sebastião de B rito
que as palmas estrugiam , compenetrados do seu papel G uerra», «A nton io Pires de Campos», «M anuel Ro­
e agradecidos pelo carinhoso acolhim ento, s orrindo drigu es Thomaz», «M anuel D ias da Silva», «Pas-
alegrem ente os escoteiros avançavam, a b rin do a la i. choal Paes de Araújo», «André Fernandes», «D io go
Nem as acclamações do povo, nem os im pecilhos que da C osta Tavares», Lourenço C astanho Tacques»,
os populares lhes criavam nas agglomerações que, .B artholom eu Bueno de Siqueira», «Estevam Raposo
anciosos p o r vel-os bem de perto, form avam aqui e Boccaro», «Luiz Pedroso de Barros», «D om ingos Bar­
a lli, d istra h ia na marcha os discipulos de Baden bosa C alheiros» e «Sebastião Preto».
P ow el. C erto s de que era condição essencial do exito As bandeiras reuniram -se ás 9 horas na praça
de sua collaboraçâo nas festas obedecer com precisão da Republica, perfeitam ente equipadas, com suas ban­
ao to que dos clarins e tambores, elles tinham ou vi­ das de musica. A voz do commando puzeram-se em
dos apenas para esses instrum entos. Os applausos m archa e to maram rum o d o p ré dio em que funcciona
com m oviam -nos; mas era preciso obedecer, e elles a dire c to ria g e ral da lnstrucçào Publica. N a sacada
obedeciam, m archando sempre... estavam os srs. dr. A la ric o S ilveira, secretario do
De quando em quando o batalhão apresentava In te r io r ; professor G u ilh erm e Kulhm ann, dire cto r da
um in te rva llo . Era um a bandeira que passava e o u ­ lnstrucçào e o professor Eusebio de Paula Marcondes,
tra que a seguia. O nome da prim eira , impresso n-a delegado da prim e ira reg iã o do ensino, os quacs. assis­
flam m ula que um escoteiro erguia com .orgulho, já tira m ao de sfile, recebendo as continências a que
andava de bocca em bocca: «Fernào Paes de Barros». tinham direito .
E le g o o da o u tra se ouvia, m urm urado aq ui e a lli, D a lli seguiram as bandeiras pela rua V in te e
pela m u ltid ã o : «João Paes F lorido». Eram nomes Q u a tro de M aio. dobrando a C on selh eiro C hrispinia -
ate ha pouco conhecidos de um ou o u tro amante da no, para prestar homenagens ás altas auto ridades do
histo ria das nossas bandeiras, que desbastaram ps exercito. As jan ellas do e d ifíc io do qu arte l general
da segunda região m ilita r estavam apinhadas de o ffi-
gos de B r ito Peixoto», «José de Anchieta», «Fran-

ASPECTOS DA PARADA DE 7 SETEMBRO DE 1923 NO RIO

sertões; nomes de bandeirantes, cuja ob ra esquecida ciacs. A passagem dos escoteiros fo i então assi-
será da qu i p o r m ais algum te m po sabida de todos. gnalada por uma enthusiastica salva de palmas e
Foram assim passando, m ostrados pelas crianças e pelas continências de rig or.

o o -o o o o 375 o o o o
LIVRO D t OURO COMMEMORAT W O IX ) CENTENARIO

Por fim , c depois de uma verdadeira consagração E para com p le ta r o fu lg o r da celebração so-
publica do seu ga rbo e d iscip lin a em todas as ruas lemne, não nos fa ltaram as provas de fra te rn a l ami­
zade dos povos estrangeiros com os quaes mantemos
intim as relações.
N a R epublica A rge ntin a, o anniversario da pro­
clamação da independência do Brasil fo i comme-
m orado com varias cerim onias, tendo to da a im­
prensa pu blica do artig os, recordando a data g lo rio ­
sa que o nosso paiz celebrou, fazendo as mais ca­
rinhosas referencias ao Brasil e ao seu governo.
F o i dado o nom e de «Brasil» a um a das es­
colas de Buenos A ire s e a «Escola para Crianças
Fracas» passou a denominar-se «Escola Sete de Se*
lem bro , realisando-se em ambas, com grande so-
leunidade, cerim onias com m em orativas da festa na­
cional brasileira.
Em S antiago d o C hile, to dos os jornaes publi­
caram extensos a rtig o s sobre a data da independên­
cia do Brasil, que fo i commemorada com grandes
fe stejos.
Em homenagem ao Brasii o dia 7 de Setembro
fo i fe ria d o em todas as escolas.
Também em M ontevideo todos os jornaes sau­
daram affcctuosamentc- o B rasil pelo an nive rsa rio da
que atravessaram, as bandeiras de escoteiros foram sua independência po litica.
te r ao palacio do governo, afim de apresentar con­ La Manana» publicou um num ero extra ordin ario,
tinências ao presidente do Estado. F e ito isso, d iri­ realçando os progressos realisados pelo paiz em to­
giram-se para o la rgo do Paysandú, onde, cerca das dos os ramos da actividade humana.
11 horas, se dissolveram». «E l D ia rio del Piata» e «La Democracia » consa­
Às 20 horas, teve log ar no Palacio dos Campos graram tres columnas de suas paginas á data brasi-

ASPECTOS DAS FESTAS EM SANTOS, EM 7 DE SETEMBRO DE 1927. VENDO-SE NAS TRES


GRAVURAS O PRESIDENTE DE S. PAULO

Elyseos, o banquete offerecido pe lo sr. Presidente leira e «La Razon» e «El Siglo» saudaram o Bra­
do Estado ás fo rças de te rra e m ar que tomaram s il em sueltos, referindo-se também, em term os m uito
parte na parada e as missões in s tr u c to r s da Força carinhosos, á acção do representante do U ru gu ay no
Publica e da M arinha Nacional.
Em Santos foram grandiosas as festas realisadas
em commemora çâo á data de 7 de Setembro.
Desde pela manhan começaram a d e s filar pelas
ruas da cidade as forças dos T iro s ns. 11 e 598
e os batalhões de coüegiaes.
Às 10 horas, cerca de tres m il crianças das es­
colas locaes, inclusive varios batalhões de escoteiros
fo ra m depositar flo re s e coroas no Pantheon dos
Andradas e no grande monum ento da praça da In­
dependência.
Às T i horas realizou-se no Paço M un ic ip al a
recepção o ffic ia l offerecida pela Camara em comme-
moração á data.
Ás 14 horas, perante os representantes dos srs.
presidente da R epublica e do Estado; deputados A n­
to n io C arlos, E p hig en io Salles, D ion y s io Bentes, Eu­
rico Valle, D om ingos Barbosa, José Augusto, Oscar
Soares, Costa Rego, G e ntil Tavares, César Vergueiro
e senador Pires R abello; autoridades locaes e grande
massa popular, fo i inaugurado o Pantheon dos An­
dradas, no C onvento dos Andradas.
Os tu m ulos dos grandes patriotas ficaram atape-
ta dos de flores.
Em B e llo H orizon te, S. Salvador, Recife, C u ri- Brasil, o m in is tro Ramos M o n te iro , em p ro l da cres­
tyba, P. Ale gre, etc. houve brilha nte s commemorações. cente cordialidade entre os dois paizes.

O o o o o o 376 o o Oo o o
3 1,Praça da R e p u b lic a -S ã o PAULO.T,i:cioAot5029

Os Productos “ N IN O N „ da Perfum aria Ideal — SÃO PAULO .


PARTE HI

JOSE B O N IF A C IO D E A N D R A D A E SU V A O
P atriarcha da Independcncia, natural de Santos.
C h e fio u o m ov im en to de 1821. D irig iu , como
m in is tro de I) . Pedro, a revolução da Indepen
dencia. D isso lv id a a C o n s ttiu in tc . fo i deportado
ct/in seus do is irm ãos, estando n o e x ilio desde
182'J a 1829. Em 1831, o Im perador nomeou-o
tu to r de seus filh o s . D e m ittid o pela reacção
em 1833, re tiro u -s e para Paquetá onde m o r­ D. PE D R O I — O fund ad or do Im pé rio
reu em 1838.

M AR EC H AL DEODORO. C hefe da sedição m i­


lita r que de rrib ou a m onarchia no dia lã de
N ovem bro de 1889. Assumiu a dictadura até que
se organizou o novo regim en, sendo então (1891)
e le ito presidente da republica. Por te r attenta-
do contra a <Constituição, fo i deposto (em N o­
vem bro de 1891).

O O O O O 37 6-A o o o O O o
/ IV RO n r (HlRO COMMEMORAT/Vn n o ( I N, UNARIO />A

M A R E C H A L F L O R IA N O . — Assumiu o governo
como vice-presidente, em 1891. Reagiu contra a
situação deixada por Deodoro. Teve de suffo- I>R. P R U D E N T E D E M O R AES . (Q ua trie nn io
car, além de varias sedições e tum ultos, a re­ de 1894-1898) N orm alizou a ordem p o litica,
volução federalista do sul e a revolta da es­ e x tin gu ind o o nucleo de fanaticos hostis de Ca­
quadra na bahia do Rio. nudos, e pacificando o sul.

C O N S E L H E IR O R O D R IG U E S ALVE S. (1 9 0 2 -
19<><>) Deu increm ento a obras de que de­
pendia a expansão da nossa economia interna.
Renovou a capital da rep ub lica ; e com o con­
curso do Barão d;» R io Branco (m in is tro d o ex­
D R . C A M P O S SALES. (1898-1902)) Recons­ te rio r) resolveu, além de outras, a mais d iffi-
tru iu as finanças publicas, perturbadas por mais cil das nossas questões externas (a de lim ites
de 8 annos de complicações da politica interna. com a B o liv ia ).

o o o 376 B O o o o o
M A R E C H A L H ER M E S D A FONSECA. (1910-
1914) D uran te este qü a trie n n io , teve a na­ DR. W E N C E S L A U BR AZ. (1914-1918) - Fez
ção a infe lic id a d e de perder o seu grande filh o , uni go vern o discreto de paz e uma a d m in istra ­
o Barão do R io BranCo, fa lle c id o a 10 de Fe­ ção de expediente, só alterada pela declaração
v e re iro de 1912. de guerra á A llcinanha.

o o O 376-C O O o
UVRO OF. o r RO COMME MORA TIVO IX ) CENTENARIO DA

DR. D E L F IM M O R E IR A . — Assum iu o governo


como vice-presidente, por te r fa llc c id o o presi­ DR. E P IT A C IO D A S ILV A PE SSO A. E le ito para
dente e le ito para o q u a tric n n io dc 1918-1922, preencher o re fe rid o q u a tric n n io de 1918-1922,
conselheiro R odrigues Alves. pre sid iu ás comniemorações do C entenário.

RUY BA R B O SA O v alo ro s o luetador e em inen­


DR. A R T H U R B E R N A R D E S E le ito para o qua- te juris c on s ulto que em seu altíssim o esp irito
trie n n io de 1922-1926, concluiu as commemora- m elhor synthetisou a energia in d om ita c ge­
ções d o l. ° Centenario. nerosa do idealism o bra s ile iro .

O O O O O 376-D O O O O O O
S O C I E D A D E . C M C O M M A N D IT A P O R A C Ç O C S
S E D E : R U O d o T h e s o u r o . 9 -I I
LA BORATORIÓS R u a d o C a r m a 5 7 - E 3 T A B .IN D U S T R IA L R u a C y p ria n o B » r a t a S 9
FILIAL: R I O d e J A N E I R O ^
______ R u a B u a n o / A y rc /,1 0 4 . ► - §

DE MATTIA & Cia. — São Paulo


S éd e: R ua d o T h e so u ro , 9 e I I . L a b o r a to r i e s : R u a d o C a r m o , 5 7 . E s ta b e le c im e n to I n d u s tr ia l: R u a C y p r ia n o B a r a ta , 3 9
t.v iu n s n i \< .-//i l>A LXPOSIÇAO INTFRNACIONAL

le ã o Lopes (.a rn e iro tia F on to ura (N ã o chegou a


to m ar posse).
N icotáu Joaquim M o re ira - de 10 de Dezem bro
de 1891 a 31 de M arço de 1892.
C ândido Barata R ib e iro de 9 de A b ril de 1892
a 2 de Dezembro do mesmo anno.

PREFEITOS

A lfre d o A ugusto V ie ira Bareellos (in te rin o ) — de


3 a 16 de Dezembro de 1892.
C ândido B a ra 'a R ib e iro de 20 de Dezembro de
1892 a 25 de M aio de 1893.
A n to n io D ias f e r r e ir a (in t.) — de 26 de M aio a
26 de Junho de 1893.
H en riq ue Valladares - de 27 de Junho de 93 a
15 de N ovem bro de 1893.
I r a n risco F u rq u im V e r neck de A lm eida de 16
de N ovem bro de 1894 a 22 de N ovem bro de
1897.
Joaquim José de Rosas (in t.) - de 16 a 24 de
Novem bro de 1897.
I litihli.no do Am ara' 1'onlourn de 25 de N o ­
vem bro de 1897 a 15 de N ovem bro de 98.
Lu iz Van hrw en ( in t.) de 17 de N ove m b ro a
30 de Dezembro de 1898.
J ( i sario de F aria A!vim de 31 de D ezembro
de 1898 a 31 de Janeiro de 1900.
H o n o rio O u rg e l (int.--) de 5 a 22 de M aio de 1899.
A n to n io C oelho R odrigues de 31 de Jan eiro a
C AR D E A L ARCO VERDE N u b ilis s im a fig u ra dc 6 de Setembro de 1900.
bondade c clevavâo christà,' «1 1
■e actual.n u ite d i­ José t e lip pe P ereira de 6 de Setem bro de 1900
rig e a Ig re ja C ath olica bra s ile ira . a 10 de O u tu b ro de 1901.
Joaquim X a vier da S ilv eira J u n io r dc 11 de O u­
tu bro de 1901 a 27 de Setembro dc 1902.
( a rlo s l.ePe R ib e iro (in t " ) de 27 dc Setembro
a 29 de D ezembro de 1902.
Francisco p e reira Passos dc 30 de Dezembro
de 1902 a 15 dc Novem bro de 1906.
Francisco M arccU in o de Souza A g u ia r de 16
OS G O V E R N A D O R E S D A M E T R O P O L E de N ovem bro de 1906 a 22 de Setem bro de 1909.
N O R E G IM E N R E P U B L IC A N O Innocencio Jierzedel/o C orrêa de 22 dc Setembro
de 190«) a 15 de N ovem bro de 1910.
Bento M an oe l R ib e iro C arne iro M o n te iro de 16
de N ovem bro de 1910 a 13 de N ove m b ro de 1914.
Desde a dala da -fun da ç ão da Republica Brasi­ R ivadavia da C unha C orrêa de 16 de N ovem bro
le ira governaram o D is tric to Federal e i Cidade de I«)I4 a 6 de M aio de 1916.
do R io de Janeiro >s seguintes cidadãos: A n to nio A ugusto dt Azevedo Sodrâ (in t." ) de
6 de M aio de 1916 a 12 de Janeiro de 1917
Am are C avalcanti de 16 de Janeiro de 1«)17 a
15 de N ovem bro de 1918.
P R E S ID E N T E S D A
Manoel C ic tro P e re grino da S ilv a ( in t.") de 1-5
IN T E N D Ê N C IA M U N IC IP A L cie N ovem bro de 1918 a 21 de Janeiro de 1919
.1. O. Paulo de F ro n tin de 22 de Janeiro de 191«)
I r a n t i s n ■ .1n 'o n io p e s s o i 7c lla rro s de I 2 de a 28 dc Julho do mesmo anno.
D e /e n ib ro de 188') a 7 de M arço de 1890. M iltia d e s M a rio de Sã F re ire dc 28 de J u lh o de
( ’b r h iu o tio A tnara' F o n to w a de 7 de Março 1919 a 6 de Junho dc 1920.
de 1800 a 14 de A g a s to do m e rn a anno C arlos Cesar de O liv e ira Sampaio de 7 dc Junho
Jesé / . lix :■! Cn-thn M e n -zes de H de Agosto de 1920 a 14 de N ovembro de 1922.
de 1890 a 23 de N ovem bro de 1891. • Muo r Prata nomeado a 15 de N ovem bro de 1922.

O O O O O 376-E o o o o o o
A C ID A D E DO R IO DE J A N E IR O

O M E Ç A R E M O S estas paginas sobro a Mem de Sá estabeleceu, então, d cfin itiv m e n te a


grande in e trop ole b ra sile ira — L a C i i i cidade sobre o m o rro de S. Januario, mais tarde cha­
M e ra v ig lio s a , como lhe chamou illu s ­ mado d o C aste llo, cujas obras de arrasamento sc
tre a rtis ta ita lia n o — p o r um lig e iro acham nos dias de ho je e n vias de conclusão.
histo rico de sua fundação. Recebeu a urbs fundada o nome de São Sebas­
F o i o alm ira nte português G onçalo C oe lho o tiã o do R io de Janeiro, em homenagem á data eun
prim e iro navegador que ap ortou ao R io de Janeiro, que se fe rira o combate d e fin itiv o con tra os france­
transpondo a barra em l.° de Janeiro de 1502, após ses (20 de Jan eiro), dia consagrado áq ue llc Santo.
haver descoberto successivamente o cabo de S. Ro­ Sobre o n io rro de S. J anuario ergueu-se uma ca­
que, o cabo de Sto. Ag ostin ho , o rio S. Francisco pella e erigiu-se o m arco com m em orativo da fu n ­
e o cabo S. Thorne, cujas denominações fo ram da­ dação da cidade, o qual ho je se acha recolh ido, ao
das por elle- convento dos frades C apuchinhos, para onde fo i trans­
Penetrando a vasta bahia que m ais tarde seria portado a 20 de Janeiro de 1122.
chamada Guanabara, suppòs Gonçalo C oelho haver Deste pequenino nucleo cen tral no m o rro de
alcançado a fo z de um grande rio. Deste engano nas­ S. Januario extendeu-se aos poucos a urb s que viria
ceu o nome da cidade, ainda ho je conservado. a ser mais tarde a m e trop ole g lo rio s a do B rasil, gta-
Eram os arredores e o lito r a l habitados pelos nhando áreas immensas, enriquecendo-se m oderna-
tamo>os, selvagens fo rtes e audazes, que viviam em mente de palacios, parques e avenidas, e collocan­
«tabas», aldeiamentos fo rtific a d o s e protegidos por do-se, pela sua população, pela sua actividade e
trincheiras.
pela sua hclleza, entre as c inc o ou seis m ais im p o r­
Quasi trinta annos mais tarde, em 1531, fo i tantes cidades d o planeta.
que M a rtin A ffo n s o de Souza entrou as aguas da
bahia, trazendo do governo português a incumbência
de perseguir os franceses que se tinham estabeleci­
do nas costas do Brasil.
A té as proxim idades de 1860, não possuía o
Em 10 de N ovem bro de 1555, N icolas D urand R io de Janeiro nenhuma das condições que caracte­
de V ille g a ig n o n , commandando uma flo tilh a de tres rizam a grande cidade m oderna, ficando-lhe apenas o
navios, com 600 homens, transpunha a barra e to m aravilhoso esplendor da natureza co.no compensa­
niava posse da ilh a de Sergipe, que mais ta rd e re­ ção á curiosidade do estra ng eiro. C o n fo rto , hygiene,
cebeu o nome do a lm ira nte francês para trazel-o até eleganda de v id a social, am p litu d e de recursos, em
nossos dias. to dos os sentidos lhe fa ltava m . Apenas o scenario
Reagiu contra a ins o lita empresa o governador natural se apresentava m agestoso como, talvez, em
geral do Brasil, M em de Sá, que por ordem: ck> g o ­ nenhuma outra cidade do planeta.
verno português arm ou uma pequena fro ta na Ba­
hia. e, entrando n o R io de Janeiro em 21 de Feve­ Ruas estreitas e de aspecto dcsagradavcl, gosto
re iro de 1560, desbaratou os occupantes e volto u aich itectu ral mediocre, salvo rarissim as cxcepções, uma
para a sede do seu governo. Novamente ficou aban­ população deseducada, com posta em grande parte de
donado o local on de mais tarde seria fundada a negros escravos, que se exhibiam quasi m is p o r to ­
cidade do R io de Janeiro. dos os recantos, eis os característicos m ais notáveis
Ainda na intenção de expulsar definitivam ente da urbs atrazadíssima de então.
os occupantes, Mem de Sá organizou uma nova ex­ Os m onumentos de m a io r relevo, procurados pelo
pedição, que commandada por seu sobrinho Estacio visitante curioso, eram os Arcos, a Ponte da Ca­
de Sá, aqui chegou em Fevereiro de 1565. Aperce­ rioca, o Paço, o Senado, a Cam ara do Rioç a Casa
bendo sc da in fe rio rid a d e de suas forças, Estacio da Moeda, o M useu, o Passeio P u blico, e as egrejas
de Sá desembarcou ju n to ao Pão de Assucar, onde e conventos.
permaneceu en trincheirado durante dois annos. Ne­ A illum inação publica era a m ais rud im e nta r
nhum resultado apreciável haviam produzido as hos­ possível: uma vela accesa aq ui ou a li, á porta de
tilidades continuam ente m antidas contra os france­ um a egreja ou e » nicho de v irg e m ; vieram mais tar-
ses, quando em 18 de Janeiro de 1567 chegou Mem Vde as lam parinas, que perduraram até 184*1. E só em
de Sá trazendo um reforço de cinco galeões e seis 1854 appareceram no c en tro da cidade alguns bicos
caravellas. de gaz.
Em 20 de Janeiro d o mesmo anno, atacaram as Só depois desta data é que fo i ab erto o canal
forças portuguesas os franceses e seus alliados ta- do Mangue, alargando e saneando im p orta nte zona
moyos, desalojando-os de seu entrincheiram ento de urbana. _
«U ruçu-M irim » e da ilha de V illeg aign on , vencen­ O abastecimento de agua fo i conquista reali­
do-os c pondo-os em fuga. zada em 1880. D ois annos após começou a ser feita
Estacio de Sá recebeu nesse combate um fe­ a limpeza e irrigação da cidade, pela empreza Gary,
rim e nto n o rosto, produzido p o r uma flexa envene­ de im m oredoura fa m a: sessenta annos já se haviam
nada, e em consequência do qu al veiu a m orrer. passado depois da proclam ação da independencia.

o o o o o 376-F o o o o o o
CENTENARIO DA INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO

Quanto ao calçamento, a capital brasileira, até nicipalidade executou, no mais c u rto espaço de tem ­
1871, só o possuiu de pedra bruta, defeituosissinio e po, o mais vasto program m a de m elhoram entos d«i
deficiente. Sómente nesta data obteve a Camara M u­ que ha noticia. Começou pelo ala rg am e nto das ruas,
nicipal autorização para fazcl-o de outra maneira e prom ulgando leis reguladoras da construcção, quan­
destnvolvel-o, assim com o para arborisar e aform o* to ao numero de andares c até quanto ao aspecto
sear o C am po de S ant'A nna das fachadas. Prolongaram -se ruas para a b rir cami­
J;i em 1853 se cogitava de tran sfo rm ar a topo nho directo entre varias zonas, e uma grande area
graphia da p a rte te n tra l da cidade, projectando se fo i calçada a asphalto até mesmo n o ; arrabaldes.
arrazamento de m o rro s e entulhando se baixadas. O Novas avenidas foram abertas, lig a n d o o centro aos
prim eiro m o rro ameaçado fo i o de Santo A ntonio, arrabaldes, e o canal d o M angue, pro lo ng ad o e des­
cujo patrono como que o te.n pro teg ido até o dia obstruído até ao mar, fo i ladeado de duas avenidas
de hoje. M enos fe lize s fo ram o do Senado, que magnificas. O serviço de limpeza pu blica melhorou
teve de ceder lug ar á fo rm osa explanada onde agora consideravelmente, passando a fazer-se pelos pro:es-
se erguem alguns dos m ais bellos edifícios cario­ sos mais aperfeiçoados. Grande parte do lito ra l, do
cas, c o d o C as te llo, que vae ruind o aos poucos ti centro da cidade para o S , fo i aformoscada com a;
acção da picareta progressista. construcção das avenidas Beira-m ar e A tla ntica , aquel-
I)e 1872, porém , é que datam as principaes trans­ la ajardinada em toda a sua extensão e semeada de
formações da cidade, com a installaçâo de varias li estatuas e m onumentos de arte. Surgiram jardins
nhas dc bondes en» differen te s direcções. Já em por toda parte em unia profusão ta l que o R io veiu
1878 contava a cidade cerca de 12 companhias de a merecer o no ne de cidade dos jardin s . O. caes do
carris urbanos. Taes linhas, congregando os subúr­ Pharoux transform ou-se em um d o ; m ais encantado­
bios, liga nd o ba irro s, dim in u in d o distancias, perm itti- res desses jardins e deu-se-lhe um m a g nific o para­
ram redobrada velocidade ao progresso da urbs. Com- peito. inte rro m p ido por escadas dando accesso para
tudo, só após o advento da Republica atting ira m o m ar. O mercado que o afeiava fo i tra n s fe rid o para
esses progressos á culm inância que fez do R io de um s itio p ro xim o e insta llad o em am p lo e d ifício m o­
Janeiro a m aravilhosa m etrop ole de hoje. derno. Com o por encanto, a gente suspeita e desa­
Está cla ro que as radicaes transform ações por gradável, que o frequentava, desappareceu ou, pelo
que passou a cidade na R epublica não foram operadas menos, adaptou-se também á transform ação, adqui­
rin d o m elhor aspecto.
por um g o lp e m agico lo g o a seguir ao grande acon­
tecim ento p o litic o . O s prim eiro s annos do novo re­ Operou-se um verdadeiro m ila g re e, sob a in ­
gimen fo ra m em pregados em tremendos esforços de fluencia dessa transformação, o u tra se deu, a dos
consolidação do mesmo. Em 1902 conservava ainda costumes, assumindo outra physionom ia a vida da
o R io dc Janeiro a physionom ia com que o v iu pela cidade. Appareccram os automóveis, cujo num ero se
u ltim a vez o velho Im pe ra do r partindo para o exilio . calcula ho je em cerca de 4.000. A cidade, cm fim , co­
meçou a viver outra vida adequada ao n o ; j scenario
Nessa data, porém , começou a radical tran sfo r­
onde se enquadrava.
mação. E em q u atro annos de surprehendente esfor­
ço, operou-se a m aravilha da criação da nova C api­ Ein o u tro ramo a d m in istrativo não menos im­
tal, surgida dos escombros da antiga ao im p ulso trans- portante, o u tro homem de actividade .operava effi-
fig u ra d o r de uma ad m ira vcl energia. caznicnte, prestando relevantes serviços á cidade e
promovendo a p ro pria im m o rta lid ad e: o dr. Oswal-
D o is elem entos capitaes, escreve um historia-
do Cruz. Coube-lhe a parte de saneamento, p o r me­
riador, determ inaram a reform a to pographica da ci­
didas enérgicas de pro p h y la x ia e de hygiene que,
dade: a avenida R io Branco e as obras do porto.
si a prin c ip io encontram a resistência de espíritos a tra­
Todos os m ais v iérain como consequências destes sados, log o depois receberam aplausos calorosos,
e, ainda mais. tivera m o e ffe ito m oral dc tra n s fo r­ deante dos seus resultados contra a febre am arclla
mar a má csthctica de construcção. A avenida Rio que assoberbava a cidade perio dicam ente, fazendo
Branco, cortando o coração da cidade, pól-a em com- innumeras victimas e ou tras epidemias, resultados
municaçâo im m ediata com o s itio destinado ao cáes então eloquentemente expressos no decrescim ento dos
do p o rto : c este veiu attender a uma necessidade coefficientcs de m ortalidade. O serviço de hygiene
inadiavel, com o desembarque de passageiros e des­ m odelar estabelecido lim p ou a cidade, cuja fama de
carga de m ercadorias directam ente para te rra f i r ­ salubridade é ho je m un dial, co.no também, nos cen­
me, quando, antes, os vapores ancoravam ao largo tros scientificos, a d o celebre hyg ien ista brasileiro.
do lito r a l da cidade, desembarcando e descarregando
em botes, lanchas, saveiros c barcaças. Uma e outra Acompanhando a transform ação da cidade e a
suggestão dos palacio» que o go vern o levantava para
obras fo ra m imaginadas pe lo dr. Lauro M iille r, m i­
a installaçâo de m uito s dos seus serviços, a cons­
nistro da Viação do governo R odrigues Alves. A
trucção c iv il fez prodígios, em e d ifíc io ; publicos como
ctm strucção do p o rto fo i confiada á firm a ingleza
W alker fk C om p., e a abertura da avenida R io Bran­ já em residendas particulares e n a ; casas para o
commercio. Tornou-se como po nto de honra que cada
co collocada sob a direcção do engenheiro b ra sile iro
commerciante fizesse a sua insta llaçâ o á a ltu ra de
dr. Paulo de F ro n tin . O caes do po rto, desenvolven­
sua importância. O rap id o desenvolvim ento da c i­
do-se numa extensão de 3.500 metros, do Arsenal de
dade é demonstrado pelo facto de que, só durante
M arinha a S. C hristova m , saneou e em bellezou a
o anno de 1911, nada menos d.' 2.615 casas novas
Saúde; e a Avenida R io Branco derrubou quartei­
fo ram construídas. Na p rim eira m etade de 1912, os
rões in te iro s de construcção colonial. Em 1911 fo i
impostos de transferencia de propriedade renderam
reso lvid o o prolo ng am e nto do cáes até á Ponta do
mais de 1.500:0008 e o im posto pre dial cêrca dc
C ajú. T u d o , na nova arteria, fo i objecto de cuida­
dos especiae», desde o calçamento á construcção de 7.300:0008, o que representa um augm ento de 12 “ o
prédios, para cujas fachadas se fez um concurso. em comparação com o mesmo p e rio do de 1910. A
M u ltip lica ra m se em helleza de architectura as ca­ receita to ta l para o p rim eiro semestre de 1912 mos­
sas de seis e sete andares de que o velh o Rio só tra um augmento de 24,2 "... C om o m edida com ple­
tinha um exem plar, apontado como ra rid a d e ... na m entar, a illum inação publica fo i consideravelmente
m a Gonçalves D ias. O contraste do b e llo e do fe io . augmentada, sendo o gaz a u x ilia d o pela electricidade
da agitação c da estagnação fez o resto. de que ha lampadas já installadas e.n uma enorm e
Secundando os esforços do governo fe deral, o zona da cidade. A installaçâo ainda não abrange todo
governo m un ic ip al entrou em actividade. T endo á o perim etro urbano, mas já o R io de Janeiro passa
frente um a d m in is tra d o r enérgico e notável enge­ p o r ser a cidade mais bem illu m in a d a do mundo».
nheiro, o dr Francisco Pereira Passos, a que o O autor destas notas, que figu ram na excellen­
R io deu o nome de refo rm a do r da cidade, a m u­ te Encyclopedia e D ic c io m rio In te rn a c io n a l editado

O O O O O O 376-G o o o o
LIVRO Ot: OURO COMMEMORA T I VO OO CENT E SARIO

i ’«r'K »V5Td!!S, r * £ s r

linguagem de Inglaterra. E sobretudo após os


des festejos do centenario, innumeras fo ra m as
assignadas por illu s tre s escriptores estrangeire
rarecidas em diferentes países sobre a nossa pa-

o o o o 376-H o o o o o o
Azeite Portuguez GUEDES — Lisboa.
PARTE IV

D IS T R IC T O FEDERAL

D IS T R IC T O F E D E R A L , cm quo sc acha s il, nem lhe chega a v.sta M on de go e Tejo».


localizada a cidadc tic São Sebastião No H ot t i r o G e ra l, de G a b rie l Soares; Vieux
d o R io dc Janeiro, capital da Repu­ Souvenirs, de Jacques A ra g o ; T he B raz il.a n N avi-
blica dos Estados U nid os l o b ra s il, k u to r, de John P u rd y ; H is to ria da /•r o v iiu .a de San­
é co n stitu íd o pc>o a n tig o M u n ic ip io N eutro, desmem­ ta C iuz, de Pedro M agalhães de G andavo e em inn u­
brado, no tem po do im p erio, do te rr ito r io da então meros ou tros trabalhos figu ram m aravilhosas des­
p ro vin cia do R .o dc Janeiio. ci ipçòcs da iucgualavel e im ponente bahia que, cons­
E lim ita d o ao N . pe lo actual Estado do Rio titu in d o o o rg u lh o dos bra sile iro s, concorre para a
de J a n e ir o ;* a L. pela bahia de Guanabara; ao S. inveja das demais nações d o mundo.
pelo Oceano A tla n tic o ; e a O . pela bahia de Sc- A Guanabara c, no d ize r de Varnhagen, .u m
petiba. p ro d ig io da natureza, ta l, que aos mesmos que a
Sua s u p erfic ie c de 1.117 k ilom etro s quadrados, estão adm irando, lhes está parecendo fa bu lo sa; é um
e sua população dc 1.200.000 habitantes. verdadeiro seio de m ar que, sem exageração, poderá
A especialíssima conform ação orographica do conter em si to dos os navios que ho je em dia cruzam
D is tric to Federal dá-lhe um «aspecto de interessante os oceanos ou fundeam e.n seus ancoradouros. N ão
o rig in a lid a d e , ta l conto se não encontra e.n nenhuma ha viajante a n tig o ou m oderno que não se extasie
cidade deste ou d o o u tio c ontinente; dá-lhe ainda a ante uma ta l m aravilha do C reador».
vantagem de possuir, a pequenas distancias do seu Realmentc, a Guanabara constitue uma das gran­
vasto cen tro com m ercial, <x>uas elevadas, aprazíveis des m aravilhas com que nos do to u a p ro diga natu­
sitios, cercados de verdes florestas, dc onde serpen- reza. Ainda não ha m uito , em M a io de 1916, appa-
achos da crystalm a agua, receu nos Estados U nid os uma ob ra de incontestável
titu de s variave is ate cerca de 1.000 m etros, em que valor lite rá rio c scien tifico, sob o titu lo «Atravcz
a am enidade d o c lii a diverso se une ao descortina­ da America do Sul», dc que c a u to r o padre J. A.
mento de panorama da mais incom parável belleza». /.ohm , e na qual o illu s tre reverendo, que fo i mem­
1‘ crtencem as i: intanlias d o D is tric to á Cadeia bro da expedição Roosevelt-R oiidu n ao in te rio r l o
O rie n ta l, form ando, icgundo o d r. Sampaio C orreia, Brasil, diz, referindo-se á nossa inegualavel bahia:
tres grandes massiços e onze i secundários,
além de varios m orro s e elevações -A bahia do R io de Jan eiro tem s id o compa­
E n tre as suas principacs serras contam-se rada frequentem ente com as das outras cidades de
da C arioca , dc Jacarcpagttá, T ijuca, Bangú, Toca, fama m undial. M as está tã o além de todas as outras
C ab cclo, MorgauO, Piabas, O e ricinó , Q u itun go , Pa­ em belleza panoramica, no sum ptuoso espectáculo
ciência, C ap oe ira Cirande, Santa Eugenia, C antagallo, de m orros e m ontanhas com as suas linh as deli-
Bocca do M atto. Ig n a c io Dias, Pretos F orros, Ma- cadamentc desenhadas, ua sua lin d a barra e ilhas de
tlteus. Engenho N ovo, Cattete, M ise rico rd ia, Macaco, séculos, sob uma abobada de cores mais raras, que
G ro ta , Funda, e tc seria im possível fazer-se um a comparação. Nem a
D os num erosos m orros, que tã o proíundainen- cidade de Nápoles, famosa pelos seus cantos e contos
te caracterizam a physionom ia da capital brasileira, tradicio naes; nem a de V ig o, com a sua g rin a ld a de
dando-lhe esse aspecto de pa rtic u la r form osura que ilhas c picos m ontanhosos; nem a de Palermo, com
encanta os o lh os estrangeiios, merecem referencia: a sua Concha d ’O ro , dom inada pe lo M on te Pelegri-
o Pão de Assucar, s entinella da ba rra ; o da Urca, n o ; nem a cidade de Sidney, corn a sua bahia cra­
liga do ao Pão de Assucar por elevadores electricos; vejada dc iln a s ; nem a de C on stan tino pla , com o
o da B a bylo nia, o do Leme, o de S. J o io , o da seu C o rn o dc O u ro , coroado dc m irantes e mes­
Viu va, o da ( ilo ria , o d o Corcovado, accessivel por quitas; nenhuma delias pode offc re c c r coisa alguma
estrada de fe rro , o de Santa Thercza, o dc Santo que ta nto agrade e encante os olh os c que satis­
A n to n io , o de S. Bento, etc. faça o nosso ideal dc belleza suprem a ua natureza,
O po nto culm ina nte do D is tric io Federal c o como a incomparável bahia de Guanabara».
pico da T iju c a , que se eleva a 1.024 m etros acima
do n iv e l do mar. A m aior la rg u ra da Guanabara c dc 2S kilo m e ­
O sum ptuoso esplendor dessa aureola de m orros tros, c de 28 kilo m e tro s sua m aior extensão. A pro­
e m ontanhas, coroando a cidade, é oom pletado pela fu ndidade das aguas atting e a 52 m etros em fren te
soberana belleza da hahia de Guanabara. á fortaleza dc Santa C ruz, c o contorno geral da
Via ja ntes illu s tre s , escreve M a rio da Veiga Ca­ bahia mede 143 kilom etros.
bra l, não teem escondido a sua estupcfacçào ante a Nada menos de 113 ilhas diversas bordam as
grandiosa Guanabara da qual disse Fernão C a rd in i: aguas da Guanabara, sendo as princip acs as d o
D e n tro da barra tem uma bahia que bem parece Governador (3 0 km 2), Paquetá ( 2 km 2), Savaratá,
que a p in to u o suprem o p in to r e architecto do mun­ Fundão, Bom Jesus, Sapucaia, Pin he iro , Ferreiros,
do, Deus Nosso Senhor, e assim é cousa fo rm o ­ Pouihcba, Santa Barbara, Enxadas, C obras, Fiscal,
síssima e a mais aprazível que ha cm to d o o Bra­ W illc g a ig n o n , Lagc, Boqueirão, etc.

O O O o o o 377 o o o o o o
LIVRO DU OURO COMMUMORATtVO DO C t N í UNARIO

E ntre os demais accidentes physicos do D is tric ­ N o C am po de D em onstração de D e o d o ro , ha


to Federal merecem referencia a lagòa R o d rig o de um curso de a g ric u ltu ra pratica, po p u la r, g ra tu ito ,
Freitas, um dos encantos da cidade, o canal d o M an­ fe ito cm 4 Inezes».
gue e os differen te s rio s e riachos que cortam a Sobre a in d u s tria local a ffirm a o csc rip to r que
urbs em varias direcções, os cabos de D o is irm ãos citam os:
e Ciuaratiba, etc.
«O D is tric to Federal, segundo d iz ainda Veiga «Não ha em to da a Am erica do S u l lo g a r algum
C abral, gosa de um dos m elho res climas d o globo. que riv a liz e com o D is tric to Federal sob esse pon­
Em g e ral é quente e húm ido, mas in u ito amenisado to de vista.
pelas brisas. Logares ha, como T iju c a c Santa The- São innum eras as fa bricas de tecidos de alg o­
reza, que são m u ito procurados pela sua salubridade. dão, la c seda, calçados, chapéus, phosphorus, cer­
A prova eloquente da benignidade do clim a do vejas, charutos, ciga rro s, velas, massas alim entícias,
D is tric to Federal é que nesta p a rte do B rasil os pe rfum arias, sabonetes, rendas, louças, im agens, m o­
cocfficientes de m ortalid ad e são menores que em veis, gravatas, papeis, chocolate, v idros, aguas a r tifi-
quasi to dos os ou tros logares dos continentes ame­ ciaes, aguardente, instru m e nto s de m usica e optica,
ricanos e europeu. etc., etc.
A temperatura m édia é de 23°,0 c a maxim a de Sendo a bahia de Guanabara abundantem ente
37>',5, sendo de notar, porém , que excepcionalmen- piscosa, está regularm ente desenvolvida a in d ustria
te se elevou a 39° em S de D ezem bro de 1889». da pesca, que é fe ita p o r cerca de 10.000 Pescado­
Sobre as producções do D is tric to e o m ais que res, dos quaes cerca de 0.000 só na ilh a d o tio v e r-
se refere ao assumpto continuam os a em prestar a nador. Na costa, fó ra da barra, os pescadores da
palavra do jove u educador que vinto s citando. pra ia de Santa Luzia cffectuam também as suas
São m u ito bem representados no D is tric to Fe­
deral os tres reinos da natureza. A in d u s tria p a s to ril está desenvolvida».
M ão gra do a crim inosa devastação das m attas . E verdadeiram ente notável o com m ercio carioca.
em certas localidades, o D is tric to Federal apresenta A sua exportação consiste especialm cnte em
ainda grandes m attas e flo re s ta s sob o d o m in io do café, assucar, aguardente, fum o, algodão, q u e ijo s , m an­
governo. Destas são mais im pe na ntes as das Pai­ teiga, couros e pelles e objectos m am nacturados.
neiras e T iju ca, m antidas pelos governos federal c C om o séde do go vern o federal, não é de adm i­
m un icip al e nas quaes se encontram excelentes m a­ rar que a instrucçâo no D itric to esteja bem adianta­
deiras de construcção c tin tu ra ria , como jacarandá, da, si bem que não ta n to quanto era de desejar.
ipê, canella, cedro, páo b ra s il e tantas outras, além A p rim a ria é dada em 54b escolas das quaes
de lindas palmeiras e bam bus de varias especies. A 130 particulare s c 410 publicas. Estas estão d is tr i­
Q u in ta da Bôa Vista, um dos m aiores e m ais sober­ buídas em 23 dis tric to s escolares, sendo 11 urb a­
bos parques do m undo, com uma área to ta l de ... nos e 12 suburbanos e ruraes, e assim discrim inadas:
938,899 m s, encerra o v iv e iro de plantas e arvores 2 ja rd in s de infancia, 319 escolas p rim a ria s diurnas,
destinadas aos ja rd in s publicos. 19 escolas elementares e 70 escolas nocturnas.
N o reino vegetal são encontrados ainda sobre­ O ensino no rm a l é fe ito co.n to da a re g u la ri­
tu do a canna de assucar, café, cereaes, legumes, dade na Escola N o rm a l, contando 27 professores
fruetas c os productos da flo ric u ltu ra , que é bas­ e 135 docentes e regentes de turm a, sendo que para
tante notável. o ensino p ro fis s io n a l existem os in s titu to s João A l­
O reino m in era l apresenta o u ro, arsenico, chum­ fred o, Souza A g u ia r, F erreira Vianna, O rsin a da
bo, fe rro , m ercurio, sa litre e m uitas pedreiras, cuja Fonseca, c as escolas de aperfeiçoam ento Bento R i­
extracção de g ra nito , em pregado nas construcçòcs e beiro, Á lv a ro Baptista, Paulo de F ro n tin , Visoonde
calçamento das ruas, é bem considerável. de Mauá, R ivadavia C orrêa e outras, entre as quaes o
N o Andarahy, Laranjeiras, T iju c a e outras loca­ im p orta nte Lyceu de A rtes e O ffic io s.
lidades da C a p ita i, ha aguas ferreas, dentre as quaes A instrucçâo secundaria é dada n o C o lle g io Pe­
a que fo i descoberta p o r D. Pe dro I, e em m em oria d ro I I (in te rn a to e externa to ) que é o in s titu to
de cujo fa cto fo i levantada no começo da estrada o ffic ia l d o ensino secundario da Republica.
Velha da T iju c a uma fo n te de pedra e cal, apresen­ Além desse dá instrucçâo secundaria o C o lle g io
tando a fo rm a de to rre, te nd o a seguinte inscripçâo: M ilita r, que constitue um estabelecim ento á parte,
«Fonte de agua ferrea descoberta pelo im perador dependendo d o M in is te rio da G uerra c não do da
Pedro 1 em 24 de D ezembro de 1823». Justiça, com o os demais, sendo com ju s to titu lo
N o reino anim al é encontrada, além dos animaes considerado o m ais notável estabelecim ento de en­
domésticos, grande variedade de passaros que tornam sino sul-americano.
com os seus cantos bastante ruidosas as florestas Ha ainda 43 estabelecimentos particulares.
carioca. A instrucçâo s u p e rio r é dada na U niversidade
Tem-se desenvolvido bastante a a g ric u ltu ra no do R io de Janeiro, constituída pela Escola Poly-
D is tric to Federal, sendo cultiva do s de preferencia technica e Faculdades de M edicina e D ire ito . A Fa­
café, fum o, cereaes, algodão, canna de assucar, fruetas culdade Hahnemann iana, a escola de O d o n to lo g ia
e legumes. e Pharmacia e os estabelecimentos m ilita re s : Escola
A flo ric u ltu ra é bastante notável, e, para m aior Naval, Escola M ilita r, de A rtilh a ria , Engenharia e
increm ento da mesma, fo i, em 2 de Fevereiro de de E stado-M aior, dão lambem instru cçâo superior.
1907, inaugurado o M ercado t/as F lores, onde ao Fiscaliza e attende as necessidades do ensino
lado das que vêm de fó ra , são vendidas m uitas flo re s secundario e sup erior o C onselho S u pe rio r do En­
cultivadas aq ui mesmo n o D istricto . sino.

o o o o o o 378 o o o o o o
ALAGOAS — PALACIO DO GOVERNO

ESTADO DE ALAGOAS

B rilh a n te pa rla m en tar c b rilha nte jo r ­ O solo é de um a fe rtilid a d e sim plesm ente m ara­
na lis ta , de decisiva a tuação na nossa p o li­ v ilh o s a ; produz excellentes m adeiras dc ca rp in ta ria
tica e na nossa im prensa, o sr. D r. Costa c construcção (v in há tico, aroeira, angico, cedro, ca-
R ego era-nos na 'u ra lm e nte indicado para d i­ nclla, jacarandá, peroba, páo d ’arco, páo fe rro , em-
zer d o E sta l o de Alagoas. Procuram ol-o no bira, etc.), enorm e variedade de plantas medicinaes,
Palacio da B ib lio th e c a N acional, onde actuai- fm etiferas e de tin tu ra ria , algodão, café, canna de
m ente fttn c rio n a a q ue lle ram o do Congresso. assucar, mandioca, arroz, a ip im , m ilh o , inham e, ba­
Recebeu-nos S. E x t ia. com a fid a lg u ia de tatas. carnaúba, piassava, fu m o , borracha, sementes
tra to que a to do s sabe dispensar. E do oleaginosas, etc.
que nos dis s e ent dem orada e benevolente Entre as riquezas m ineracs contam-se o petrole o,
palestra , conseguim os re g is tra r em nosso que está sendo ob jecto das p rim eira s explorações, o
m odesto carnet o que vem abaixo re p ro d u ­ carvão de pedra, o fe rro , o cobre, o sa litre , o m ar­
z id o , sem o b rilh o e a força de s ug ge s tio m ore, a mica. etc.
da p a lav ra de S. Excia. A canna de assucar e o algodão constituem as
principaes lavouras de Alagoas, sendo que o assu­
car occupa o prim e iro Io ga r na lista das e xp orta­
ções. Além de 17 grandes usinas, existem espalha­
S I AC iO AS é lim ita d o ao N . pelo Estado dos p o r to do o te rrito rio do Estado para mais de m il
de P ernam buco; a L. pelo A tla n tic o ; engenhos, sendo a producção to ta l de assucar p o r
ao S. p o r S e rg ipe ; e a O . pela Ba- anno calculada em um m ilh ã o dc sacas de 60 kilos
cada uma. A producção de aguardente attin g e a inais
------- - - hia.
As linh as d iv is ó ria s com Pernam buco dependem de 1.500 pipas de 480 litro s p o r an no ; a de álcool
de solução d e fin itiv a , sendo que em caracter p ro v i- é pouca coisa in fe rio r.
s orio são acceitas as seguintes: trecho do n o M o- D o algodão fo ram exportados, no exercício dc
xo tó . serras de P ariconia e de Santa M aria, linh a 1020-21. cerca de 20.000 fa rd os de 75 kilogram m as,
convencional até a serra da B arriga, serras do <-a- afóra 12.770 saccos de sementes, também de 75 kigs.
pim . Bois, P ilõe s e Taquara e rio s Taquara, Jacuhi- cada um , e os productos das fabricas dc fiaçã o e te­
cidos de algodão, dc que se exportaram no mesmo
pe e Persinunga. , . p e rio do 2.402 caixas e 15.061 fardos com 1.525.827
De S e rg ipe c Bahia é o Estado separado pelo
kilogram m as.
r io S. Francisco. Alagoas dispõe dc vastos campos de criação,
Sua área é de 58.-101 k ilo m e tro s quadrados e sua
m orm ente nas regiões affastadas do litto r a l, o que
população a ttin g irá em breve a um m ilhão de h a b i­
fa z da ind ustria pa s to ril um a das m ais im portantes
tantes.

o o o o o 379 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM M E MORAT !VO DO CENTENÁRIO DA

cia neste genero, além de m u ito s ou tros de producçãa


m enor. As fabricas de tecidos elevam-se a 10, com
2.000 teares e 45.000 fu sos. Ha, ainda, varias fu n ­
dições, cortumes, refin arias de assucar, fabricas de
m oveis, etc.
A in d us tria extra ctiva é representada pela ex-
tracçSo de m armores de variadas cores das Jazidas
d o m u n ic ip io de Viçosa, pela fabricação de cal, pela
exploração das riquíssim as salinas do lito r a l alagoano
e pela pesca fartam ente rem uneradora.

Dr. José Fernandes de Barros Lima — Governador


de Alagoas
Aiagcaj — Thesauro Estadoal

do Estado. O recenseamento geral de 1920 lhe a ttr i­ E bastante activo o com m ercio de Alagoas, fazen-
bue a riqueza em gado expressa pelos seguintes a l­ do-se pelo p o rto de M aceió to d o o m ovim ento de en­
garism os: trada e sahida de m ercadorias. Em 1921, á exportação
de assucar, algodão, couros, pelles, tecidos, semen­
te de algodão, m ilh o , á lco ol, óle o de rícino , aguar­
B o v in o s ................................... 388.371 dente c ou tros productos a ttin g iu o va lo r de . . .
E q u in o s ................................... 84.998
Asininos e muares . . . 14.105 28.487:870*236.
O v in o s ...................................... 164.210
C a p rin o s .................................. 219.081
S u in o s ...................................... 86.869

São ainda rudim entares e ro tin e iro s os processos


de criação, já havendo, no entanto, providencias por
parte d o governo no sentido de m elho rar as raças
pe lo cruzamento com typos reproductores séleccio-
nados no estrangeiro.
Qrandemente prom issor é o desenvolvim ento da
ind ustria fa b ril no Estado; são numerosas as fa­
bricas, cm pleno fim ccionam ento, de bebidas, tabacco,
calçados, pe rfum aria, sabão, chapéus, sal, vinagre,
conservas, aguardente, licores, la d rilho s , etc. Contam -
se cerca de 150 estabelecimentos de m a io r im portan-

Alagoas — Pr. do Thesouro e Cathedral

O v a lo r da im portação tem o s c illad o nos ultim os


annos entre o ito e doze m il contos de réis, constan­
do de a rtig o s vários entre os quaes fa rin h a de trigo ,
bacalhau, café, charque, m anteiga, batatas, bebidas,
etc.
A instrucção publica p rim a ria é dada cm 2 jjr u -
pos escolares c 328 escolas isoladas m antidas pelo
governo do Estado e em m ais de 50 estabelecimen­
tos particulares. A média da frequência é de 10.000
alumnos.
O ensino secundario é m in istrad o nos Lyceus
de M aceió e de Penedo, aque lle eq uiparado ao Dom
Pedro II, nas duas Escolas N orm aes da cap ital, uma
para cada sexo, destinadas ao preparo do professo­
Alagoas — Prefeitura Municipal rado, c em varias institu içõe s particulares. O Oo-

o o o o
V a v i l h a o d a s in d u s t r ia s d e p o r t u o a l secção de fa r d a m e n to s
E EQUIPAMENTOS m i l it a r e s
i HIWIVF.SARIA
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO 'ERN ACIONAI.

verno Federal mantem e n M aceió o Lyceu de Artes nicip al, o palacio da Justiça, o Thesouro do Esta­
c O fficio s. do, etc.
M aceió é lim a cidade florescente e grandemen­ A segunda cidade do Estado pela sua popula­
te pittoresca, «m uitíssim o graciosa», na phrase que ção c im portância commercial c Penedo, á margem
sobre cila escreveu E lisce Reclus. Tem h o je 75.000 esquerda do S. Francisco. Merecem destaque ainda
habitantes, occupando neste assumpto o decimo lo- as cidades de P ila r. Sã > M gu cl de Campos, P ira ­
gar entre as capitaes dos Estados brasileiros. Seus nhas, Pã ) de assucar, Alagoas, Palm eira dos Indiós,
qu atro ba irro s d istin c tos , Maceió, Jaraguá, Levada e Atalaia e outras.
Jacutinga, s â j liga do s entre si p o r extensa linha
de bondes electricos e dão-lhe um aspecto eminen-
ternente característico. Ê illu m in a d a a lu z electrica e
dispõe de o p tim o serviço de abastecimento de agua.
São numerosas as suas ruas e praças excellentemen-
te calçadas e arborizadas. Relativam ente, Maceió é,
no B rasil, a cidade que m aior num ero possue de
m onum entos consagrados á m em oria de grandes vul­
to s: na praça D eo do ro , ergue-se a estatua do fu n­
dador da Republica, o M arechal D eodoro da Fon­
seca; na dos m a rty rio s , a do marechal F lorian o Pei­
x o to ; na do L ivram e nto , a herma de D . Rosa da
Fonseca, a mãe heróica, sendo que todas essas tres
grandes personagens da his to ria patria tiveram o
seu berço natal cm A la go as; na praça da cathedral
encontra-se o m onum ento em m ármore levantado em
m em ória de D . Pedro I I ; na do M onte P io , a estatua
de B ra u lio C a va lc a n ti; e na do Visconde Sinimbu,
a berma deste v u lto illu s tre do segundo Imperio.
São também notáveis m uitos dos edifícios da
cidade, c entre elles o Palacio do G overno, de es-
ty lo italia no , a cathedral, o In s titu to Alagoano, a
Santa Casa, o Lyceu, a M aternidade, o The atro Mu-

Dr. Cesta Rego — Deputado por Alagoas

A expressão mais alta da m entalidade alagoana


é a Academia de Letras de Alagoas, com séde em M a­
ceió, e á qual deve o Estado prestimosos serviços no
que se refere ao seu desenvolvim ento c u ltu ra l, não
obstante ser a mesma de fundação recente. São m ui­
to s os nomes de alagoanos illu s tre s nas letras, nas
sciencias e na p o litic a. Entre os m ortos, contam-se o
Marechal D eodoro da Fonseca, o M arechal F lo ria ­
no Peixoto, Guimarães Passos, Ladisláu N etto, Ig na­
cio de Vasconcellos. o barão de Penedo, Silva Co-
roatá, general Severiano da Fonseca, barão de M a­
ceió, M e llo Moraes, o Visconde do Sinim bu, T orqu ato
C abral, C y rid iã o D urval, etc., etc.
Entre os vivos...
A q u i o sr. D eputado Costa Rego fe z uma pausa
Alageas — Pr. dos Martyrios e s o rriu E a seg uir despediu-nos am avelmente.

o o o o o o 381 o o o o o
ESTADO DO AM AZONAS

D o illu s tre representante do Estado do o g ra n ito das terras altas do R io N egro, as minas
Amazonas na Camara F ederal, D r. A ris ti­ de carvão de pedra na fro n te ira com1o Peru, as areias
des Rocha, obtivemos a promessa de longo e arg illa s d o r io M atuma.
e com pleto trabalho sobre a maravilhosa
te rra amazonense, cujo esplendor e riqueza
tem fe ito a admiração de m uitos sábios via-
fames. S. Excia. accumulou as notas neces­
sarias ao cum prim ento da ta re fa que a nosso
pedido tã o gentilm ente se impuzera. In fe-
lizmente, porem , não lhe perm ittiram as
preoccupaçòes politicas e os affazeres do
Congresso c on cluir a tempo o m agnifico es­
tu do a que sua inte llig en cia experimentada
cenamente daria o m aior b rilh o e am plitu­
de. Assim , vemo-nos forçados a reproduzir
aqui apenas algumas suggestões apanhadas
em lig e ira palestra com S. Excia., nos cor­
redores da Camara, completando-as, como
nol-o perm itiem as circum standas, com mais
extensos dados bebidos em obras referentes
ao grande Estado do extrem o norte.

O M a sua superficie de pouco menos


de 1.900.000 kilom etro s quadrados, o
Amazonas é a mais vasta das unidades
da Federação. Com seus fabulosos re­
cursos naturaes estaria hoje, talvez, á frente dos
Estados mais progressistas se não fosse a exiguida­
de de sua população para tão considerável área. De
facto, não vae além de 400.000 o num ero de ha­
bitantes do Amazonas, devendo-se, no entanto, consi­
de rar deficiente o resultado ob tid o no recenseamento
de 1920, que consignou apenas 323.063 habitantes Dr. Rego Monteiro — Governador do Estado do
para os 28 m unicípios de que se compõe o "Estado. Amazonas
O Amazonas não possue costas marítim as, o que
lhe não dim inue as possibilidades de surprehendente
desenvolvim ento fu turo . Para o flu x o e refluxo de Assombrosas são porem a flo ra e a fauna do
suas riquezas e para eslim ular as actividades cotn- Amazonas. São innum eras as especies e variedades
merciaes e industriaes, a li está o fio gigante com de m am miferos, aves e rep tis que povoam as selvas
to d o o systema potamographico de que é o tronco amazônicas. A fauna ic tiolo gic a d o grande r io não
e que põe em commumcação com as aguas do A tla n­ encontra competição em nenhum o u tro r io do mun­
tico as mais recônditas regiões do Estado. do. Segundo as observações de Q o e ld i, existem no
Alêm disto, pela natureza plana do seu solo, ao Amazonas 513 especies differen te s de peixes. G ranger
Amazonas será mais fa c il do que a quasi todos os ou­ chega mesmo a elevar esse nu m ero a 915 o que u ltra ­
tro s Estados brasileiros desenvolver a mais complexa passa o num ero de especies ictiolo gicas existentes em
rêde ferro-viaria. Salvo nas regiões dos rios Negro to do o A tla n tic o («N ouvelle G é o g ra ph ieU nive rse lle ")-
e Branco c nas fron te iras leste, norte e oeste, em <>É sobretudo n o reino vegetal, escreve o illu s tre
que se erguem alguns cerros e colinas, não existem professor amazonense A g n e llo Bitten cou rt, que o Es­
no Amazonas outras elevações que impeçam um ra­ tado encerra suas maiores riquezas. Têm -no affirm ad o
p id o desenvolvimento das estradas de fe rro — quan­ to dos os grandes naturalistas que visitaram as terras
do chegar o tempo... banhadas pelo R io M ar, destacando-se entre élles
D o que o Estado se pode o rg ulha r como nenhu­ A lexandre R odrigues T e rre ira , H um bo ldt, M artius,
ma o u tra porção de te rra no planeta é de suas ines­ Bompland, Barbosa R odrigues e Huber». E após l i ­
gotáveis riquezas naturaes.
geiras considerações geraes enumera alguns dos ve-
N o reino m in eral, ainda quasi nada explorado, getaes mais estim ados pela sua applicação ind ustrial
podem ser citados o ouro, os diamantes, os crystaes ou scicntifica, enumeração de que damos apenas um
dc rocha, o sal-gemma do valle do Rio Branco, o resumo: madeiras dc construcção - - acapú, andiro-

Oo o Oo O 382 O O
CFN1 EN ARIO DA IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO

beira, angico, castanhcira, cedro, cumaru, maçaran-


na U niversidade de Manáos, que com prehende a Fa­
duba, páo d ’arco, páo fe rro , etc.; madeiras de carpin­ culdade de D ire ito , a de Engenharia, e os cursos
taria — cedro, páo santo, páo viole ta, pão rosa, páo
de Pharmacia, O b stetrícia e O d o n to lo g ia . A instrucção
m arfim , etc.; plantas tê xteis — curaná, pita, piassa- secundaria é representada pelo G ym nasio Am azonen­
ha, munguba, etc.; plantas gom iferas - seringueira se. E a pro fis s io n a l pela Escola N orm al, Escola
(de diversas especies, predom inando a hevea bra- de C om m ercio, Escola de Aprendizes A rtific e s (m an­
siliensis), a m açaranduba, a abiorana (que produz tid a pe lo governo fe d e ra l), Academia de Bellas A r ­
a guta-percha), etc.; pla nta s resinosas — juta hy, tes e In s titu to Benjam in Constant.
breeiro, arneira, caju eiro, etc.; plantas oleaginosas
copahyba, andiroba, etc .; plantas mcdicinacs —
abacateiro, agrião, arruda, bananeira, baunilha, gu a ­
raná, herva cidreira, c innum eras o u tra s ; plantas de
tin turaria — barbatim ão, uru cú, a n il, genipapo, m u-
riey, etc.
As producções mais im portantes do Amazonas
são fornecidas pelas suas riquezas florcstacs. «Assim,
diz o mesmo e scfip to r, na exportação figu ram a b o r­
racha, as castanhas, as fib ra s de piassaba, ole o de
copahyba, m adeiras e plantas medicinaes. E ntre os
productos agricolas estão o a rroz o cacâo, o m ilho,
a canna de assucar, o guaraná, a fa rin ha de man­
dioca, fruetas diversas, etc. Os rios possuem peixes
cm grande abundanda, fig u ra n d o no consumo e na
exportação o p ira ru c ií salgado, a conserva de peixe-
bo i ( m ix ira ), a ta rtarug a, etc.»
«A pesca do p iraru c u, continua pouco adiante,
que podia ser chamado o bacalháu amazonense pela
form a por que c preparado... ascende annualmen-
te a mais de 20.000 toneladas, sendo em boa parte
para o consumo local.
O m un icip io de M anes produz guaraná: cerca
de 60.000 kilog ra m o s p o r anno. As zonas do R io
Branco apascentam m ais de 200.000 cabeças de gado
bovino. As estandas se desenvolvem sobretudo no
chamado B a ixo Amazonas e, cspecialmente, em Pa-
rin tins. D r. Aristides Rocha — Deputado por Amazonas
O Estado não im p o rta gado para seu oonsu-

Das ind ustrias a m ais desenvolvida é a extra cti-


va, representando a borracha e a castanha os dois Manaus, a capital do Estado, possue h o je mais
principaes elem entos da vida economica d o Estado. de 40.000 habitantes; possue excellente p o tio , la r ­
A ag ricu ltu ra depende ainda de m aior num ero de gas ruas e avenidas, arborização e illu m in a çã o de
braços, sendo, coin hid o, florescente. A ind ustria fa­ prim eira ordem e be llos ed ifícios, entre os quaes se
b r il é representada por im p orta nte s fabricas de m o­ destacam o T he atro Amazonas, um dos m ais vastos e
veis, escovas, vassouras, calçados, roupas, sabão, cho­ monumentaes da Am erica do Sul, o pa lacio d o G o ­
colates, etc., em Mauaús, usinas de assucar e álcool verno, o palacio da Justiça, etc.
no in te rio r e o u tro s estabelecimentos secundarios. Das outras cidades e v illa s amazonenses as mais
A exiguidade, relativam ente á immensa área do im portantes são: P a rin tin s , M anicorc, Porto-V e lh o,
Estado, e extrem a disseminação da população ru­ Borba.
ral, têm d iffic u lta d o até agora o a m p lo desenvolvi­ N a relativid ad e das coisas, é intenso o m o v i­
mento da instrucção pu blica no Amazonas. mento in te lle c tu a l d o Amazonas de ho je . Manáus
Existe, com tudo, re g u la r num ero de escolas p ri­ possue varios jornaes diá rio s e uma Academia de
marias m antidas pelos governos cstadoal e m unici- Letras, aggremiaçâo esta que reune os m ais vivos
paes e p o r particulares. O ensino s uperior é dado talentos de prosadores e poetas da geração actual.

o o o o o o 383 o o o o o o
BAHIA - PALACIO DO GOVERNO

ESTADO DA B A H IA

São das mais preciosas, pela sua co­ O Pico c ulm ina nte da Bahia é o de Alm as com
pia v exactitlã o , as notas que abaixo estam­ 1.500 m etros dc a ltitu de .
pamos sobre o Estado da Hahia. Obtive-
mol-as d o sr. D eputado P a m p hilo de C ar­
valho, o illu s tre parlam entar que tão alta-
mente ho nra a po litic a hah ana e a Cama­
PO R T O S
ra em que tem assento. S. Excia. é pro­
fu nd o conhecedor dos assumptos re fe r entes
ao Estado que em bôa hora o elegeu para
seu representante. E á fo rte c u ltu ra in te l­ O P o rto p rin c ip a l do Estado é o de sua capital,
lectual que armazenou em constantes vigi­ na bahia de Todos os San‘ os, desooberta pelos Por-
lias de estudo, reutte a severa compostura tuguezes no dia 1 de N ovem bro de 1501 (donde o
de um pensamento honesto, que se sabe seu nom e) e com um a area de 752 k ilom .*, maior
ob rig ad o para com a pa tria e pa rticular­ pois, que a de Guanabara que, segundo o Barão
mente para com o povo de cuja confiança Homem de M e llo , mede 410 kms.*.
e o f ie l depositario. N o G overno R odrigues Alves, fo i iniciada a
O sr. D r. Pam philo de C arvalho i construcçSo de seu P o rto , já estando em exp lora­
uni tra b a lh a d o r infa tigá vel. .Is notas abai­ rão algumas centenas de m etros de caes com novç
xo reprodusidas, que nos fo ram p o r S. armazéns.
E u ia. gentilm en te fornecidas, representam N o in te rio r dessa hahia existem varias ensea­
os mais rig oro sos e mais recentes dados so­ das, peninsulas e ilhas, destacando-se entre essas
bre o grande Estado d o Norte. a de Itaparica, cujo nome está liga do aos oombates
da Indepcndcncia bahiana (2 de J u lh o ) e que do
extremo norte ao extre m o sul tem uma extensão de
sete legoas (4 2 k ilo m e tro s ).
B A H IA tem unia sup erficie de 575.876 N o quadro dos nossos principaes po rtos de ex­
kms.! , sendo assim o sexto Esta:!o da portação o da Bahia fig u ra em 3.» lag ar lo g o após
Federarão e o de m aior costa (1.080 o de Santos e R io de Janeiro com m ovim ento de
kilom .«s). 174.722:000^000, convindo no ta r que, em 1913, o
C onfina-se ao N orte com os Estados de Sergi­ seu lo g a r era o 5.°.
pe, Alagoas, Pernambuco c Piauhy; ao Sul, com as Pelo decret. 16.019 de 25 de a b ril de 1923, foi
terras de M inas e E. Santo; a Leste, lim ita-se com concedida autorização para a construcção do Porto
Sergipe e o oceano atla ntico ; a Oeste com Goyaz e de Ilhéos, no Sul do Estado, fadado a ser o es­
M inas. coadouro de to do o cacáo d o Estado.

o o o O 384 o o o o o
E T R O -5

VARIADO SO R TIM EN TO EM
CONFEITOS, BOLACHAS
: TMA! CHOCOLATES t BISCOUTOS

Casa Grechi & Cia. — São Paulo.


Charles Kaniefsky — São Paulo.
C t.N l EN AM O DA INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO

Além desses, m uito s são os po rtos do Estado, dragagem, prestará serviços inestimáveis á zona ca-
aptos a receberem a v is ita de navios do m aior cala- caueira do Sul do Estado.

Bahia Salío de despachos e reuniões de Associações

PO P U LA Ç Ã O

Recenseamento de
|)r. J. J. Seabra Oovcrnad.ir da Bahia 1872 1.379.610 habitantes.
1890 1.919.802
do, taes como C am am ii, P o rto Seguro (onde aportou 1900 — 2.117.956
Pedro Alvares C a b ra l), C aravellas (po nto inicial da 1920 3.334.466
Est. de E. Bahia a M in as) Alcobaça e ainda, Belmon­
te, Barra d o R io de Contas, M arahú, etc.
Esses são os dados o ffic ia ls , porém um calculo
criterioso perm itte dar ao Estado uma população de
R IO S
4.000.000 de almas.
Possue a Bahia 27 rio s, alguns navegáveis, e E o terceiro Estado em população, vind o depois
outros merecedores de obras de desobstrucção. O de Minas e São Paulo.
Possue 140 m unicípios, m uito s delles, co.no o
de llheos, Bom fim , Santo Am aro, Feira de Sant'-

Pr. Pamphilo de Carvalho Deputado


pela Bahia
Bahia Jardim Suspenso do Palacio do Governo

mais extenso é o magestoso S. Francisco, com cerca Anna, Cachoeira, São F elix, Serrinha, Alagoinhas,
de 3.200 kilom etro s de curso; seguindo-se o Je­ Joazeiro, Conquista, Nazareth, etc., etc. assáz adean-
qu itinh on ha , que uma vez fe ito s os trabalhos de tados.

O o o O o O 385 o o o o o o
UVRO OF OURO COM M F MORATIVO PO CFNTFNARtO PA

V ID A E C O N O M IC A gado dá-se adm iravelm ente, - para os m un icípios de


Jequié, C onquista, M aracós, e ta nto s outros, aptos
a to das as culturas — correntes im m ig ra to ria s, com
Em 1822, o v alo r da exportação da Bahia, era o seu c o ro lá rio indispensável, que é a Estrada de
de 3.114:4578 sobre o assucar, algodão e fum o F erro, o u na im p o s sib ilida de dessa, a Estrada de
que eram os tres productos do Estado naquella epo- rodagem ou carroçavel.
eha (h o je como vimos acima, o v a lo r dos productos N a v ida do c olo no europêo (d e preferencia o
sahidos apenas pe lo p o rto da c a p ita l atting e a cifra ita lia n o ou allem ão) e no desenvolvim ento da sua
de 174.722:0008).
viação ferrea, encontrará o meu Estado, os meios
para exploração das riquezas do abençoado solo, e
para o conhecimento dos thezouros, apenas apercebi­
A Bahia, de s olo feracissim o e clim a salu be rri­ dos, do seu sub-solo.
mo, tem capacidade de p ro d u z ir para si, tu do o que O p rin c ip a l pro du c to do Estado é o
precisa e ainda ser o c e lle iro do B r a s il!'
Para isto conseguir, deverão os filh o s da Bahia
e m óim en te os seus homens publicos, ao invés de CACAU
se degladiarem em lutas po liticas in g lo ria s e estereis,
que ta n to teem pre ju dica do o g lo rio s o Estado do A producçâo m u n dial, dessa preciosa fava, em
N orte, co n ju ra r os seus esforços para que se ca- 1914 era a seguinte:
naliscm para as terras uberrim as do valle do São
Francisco, capazes de pro d u z ir to dos os cereaes e o 1« Costa de o u r o .............................. 133.909 toneladas
a lg od ão ; para os campos do M un do N ovo, O rob ó e 2-> B r a s i l ............................................ 60.883 »
3» E q u a d o r ....................................... 41.086 »
M o rro do Chapeo zona de clim a europêo, onde o 4" São Thocnc 34.843 »

O O 0 O O O 386 O O
IN D EPE N DE N CE h DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Bahia - Intendentia Municipal Bahia — Faculdade dc Medicina e Cathedral

Segundo o I) r . Joaquim dc A ra u jo Pinho, fo i O v alo r o ffic ia l desse producto fo i:


cm 17-16, que o c o lo n o francez L u iz Frederico W ar-
ncaux, tro u x e d o Pará sementes de cacáo, que foram
plantadas p o r D ias R ibe iro, a quem ellc os dera, Em 1861 .......................... 204:1588334
na fazenda C ub íc ulo , á margem d ire ita d o Rio Pardo, » 1870 405:9428860
ho je m u n icip io de C am areira c então C apitania de » 1880 921:3738000
» 1890 1.563:5048283
S. Jorge de llhéos. » 1900 15.913:9668010
O p rim e iro re g is tro o ffic ia l de exportação dc * 1920 47.964:8908562
cacau fo i o de 1834, que accusou a saliida, para por­
tos estrangeiros, de 447 saccos de cacau hahiano.
A m aior safra fo i a dc 1620-1621 — que a ttin g iu
a 1.004.534 saccos!!!
D c lá para cá te mos os seguintes dados:
A Bahia produz nove décimos da producção co­
lhida no Brasil, que como vimos fo i em 1621 de
Em 1868 — 841.174 k ilo s no v alo r de Rs. . 66.883 toneladas.
2 7 3 :86 08 63 5; cm 1870 clevava-se a exportação a
1.215.684 k ilo s ; em 1880 1.668.660 k ilos. Em
I8 6 0 fo ra m exportados 3.502.578 k ilo g r., em 1865,
FUMO
6.732.466 k ilo g ., cm 1600 13.131.431 kgs.,
cm 1605 17.152.476. cm 1610 — 25.142.403; cm
1615. 41.5 45.776 em 1620, 53.666.676.
O 2.° pro du cto do Estado c o fum o, lavoura
do pobre que s o ffre uma vexatória e in iq ua taxa­
ção federal de 3008000 p o r la v ra d o r!!!
C um pre n o ta r o desenvolvim ento tomado pela M uitos serão os que não apurem annualm ente
cultu ra d o cacau nos u ltim o s 30 annos: o lucro acim a!
A m a io r safra desse producto fo i a de 1602
em que fo ram exportados 603.872 fardos.
Em 1860 3.502.578 k ilo g . Em 1622 fo ram exportados 578.083 pesando ...
Em 1620 53.666.676 k ilo g .!! 41 130.704 k ilg.

Bahia — Quartel General Bahia Instituto Geographico e Historico

o o o o o o 387 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORAT!VO DO CENTENARIO DA

CAFÉ nios, de um d ia para o u tro vira ni-sc arruin ad os e


desthronados!!

O terceiro pro du c to do Estado é o café cuja


exportação pelo p o rto da capital fo i a seg uin te: Os núm eros abaixo, são de uma eloquência que
dispensa com m entarios:
1918 ..... 7.067.523kilos
1919 .... 17.006.610' Em 1883 -1881 foram exportadas
1920.............................. 6.567.212» 76.576
i 1887 ............................................ 60.722
1921 .... 15.153.857 •1888 ............................................
1922. 11.602.480 » 51.600
» 1889 ............................. 10.814
-1890 ....................................... 3.4/6

Passada essa phase, que ta n to abalou as classes


• abastadas d'a q u c lla epocha, temos os dados seguintes
referentes unicam ente as usinas do reconcavo, e des-

AS SU C AR

Esse fo i, nos tem pos m onarchicos, o prim eiro


producto do Estado.

presadas as centenas de engenhocas espalhadas p o r


te do o in te rio r d o Estado.

A nno - 1918 627.826 saccos com 37.669.500 k.


1919 520.675 saccos.
1920 371.000 saccos.
1922 766.604 saccos com 45.996.240 k.

V a lo r o ffic ia l dos q u atro grandes productos do


Estado:

1900 1909 146.772:234*381


1910 1019 271.353:0 128420
Differenta para mais . . 124.573:777*589

FUMO

A extincçâo da escravatura arruin ou essa la­ 1900 a 19QQ 150.006:655*000


voura, que era a da nobreza d’aqu.-lle tempo — Se­ 1910 a 1919 194.916:937*000
nhores de engenho, verdadeiros reis nos seus dom i-
Differença para mais 44.910:282*000

O O O O O 388 O O O O O
COUROS PERMANENTE
E MAIS ARTIGOS PARA
FABRICAÇÃO De CALÇADO^

C A S A M A T R IZ b u h l.* » 5 .P a u lo
H>14*ao t f 9 ê t* 'V té

R I O deJANEIRO SÃO P A U L O

F. JORGE DE OLIVEIRA & Cia. — Rio de Janeiro - S. Paulo.


IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

CAFÉ ASSUCAR

N 2o tenho dados positivos.


U ltim a m e nte porém , o v a lo r desse producto m ui­ 1900 a 1909 ............................. 21.916:936*000
1910 a 1919 ............................. 70.951:633*000
to se deve te r elevado, d e v id o á protecção que tem
recebido do poder publico. Difterença para mais 49.037:717*000

o O O O O O o o
ESTADO DO CEARA

Devemos ao sr. D ep uta do H e rm e n e g il- . A população do Ceará eleva-se a mais de ....


d o F irm eza a bondade de uma palestra ama- 1.300.000 habitantes, que occupam um a área de ....
vel, de que colhemos as noras que se se­ 104.250 k ilo m e tro s quadrados. Vê-se p o r ahi que o
guem sobre o Estado d o Ceará. Ceará é, entre os dem ais Estados, um dos m ais po­
S. Excia. é uma das fig u ra s mais si­ pulosos, não ob sta nte o p e rio dico fla g e llo das sec-
gn ificativa s da bancada cearense na Camara cas, que têm provocado m igrações vultuosas de cea­
F ederal. T ypo de jo rn a lis ta ap aixonado das renses para diversos pontos do te rr ito r io brasileiro.
bellas campanhas, e d o parlam entar de es­ As seccas têm s id o um trem en do desafio do des­
p ir ito joven c ard oroso , a ind iv id ua lid ad e tin o á te rra e ao po v o do C eará: desafio, respondido
do sr. D r. H c rm c n e g ild o F irm ezá se im ­ galhardam ente, pela te rra, com a sua assombrosa fe r­
põe a quantos a conheçam em sua verda­ tilid a d e e suas surprehendes riq ue zas; pe lo homem,
deira com plexidade. C onsignam os aqui nosso com a sua m aravilhosa capacidade de resistência phy­
reconhecim ento ao illu s tr e representante do sica e m oral.
povo d o Ceará pe la gentileza com que nos O cearense é um inn ato desbravador de infernos
acolheu. verdes. À energia d o seu braço deve o B ra sil o
Acre e a consequente conquista de fa bu lo sos thesau­
ros. N o p ro p rio Estado, o sertanejo, acuado pela
seca, b a tid o pe lo so ffrim e n to , atravessado de dôres,
m al espera que as p rim eira s gotas de agua tombem
À O ainda indecisos os lim ite s d o Ceará com do céu avaro, reverdescendo, num m ila g re , da noite
o R io G rande do N orte , P iauhy e Per­ para o d ia , a te rra antes crestada, para v o lta r ao
nambuco. T rabalha-sc, porém , nò sentido log arejo , reerguer a choça h u m ild e e reencetar o
de resolver esses litíg io s d e ntro do mais titâ n ic o labor.
rig oro so es p irito de harm onia e patriotism o. D ahi, não obstante o fla g e llo tem eroso que ta n­
As contendas desta ordem desviam energias, p ro ­ tas vezes se tem ab atid o sobre e lle , ser o Estado
vocam a explosão de sentim entos menos nobres e do Ceará uma arena de tra b a lh o p ro fic u o e p ro vei­
deprim em a vitalid ad e das regiões a que affectam . toso. Da a g ricu ltura , da pecuaria e da in d ustria ex-
Fôra desejável que. não só o Ceará, com o to dos os tractiva alim entam os cearenses a v italid ad e do seu
Estados do B rasil puzessem te rm o a essa irrita n te to rrã o natal, explorando-os pelos processes, quasi
indecisão de linh as d ivisó rias que ainda entre m ui- sempre rúdes, que lhes sâo conhecidos.

to s delles subsiste. In felizm en te não s u rtiu e ffe ito O u tro s seriam os resultados se m ais dissemina­
a intensa propaganda desenvolvida por espíritos escla­ dos estivessem or- processos aperfeiçoados de exp lo­
recidos, no sentido de que fossem liquidadas todas ração das riquezas naturaes. N ão obstante, m uita
as questões de lim ites entre as unidades da Fede­ coisa s ign ific am os fruetos assim mesmo colhidos,
ração antes de commemorarmos o prim e iro centenario como suggerein os algarism os da seguinte ta be lla dé
de nossa independencia politica.
exportação, cm 1921, dos productos cearenses:

O o O O O 390 O o O O O
CENT EN ARIO DA INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO

Algodão c r ú ............................................. 218.2' borisadas, entre .as quaes as do M arqu ez do H e rva l,


cm iama . ................................... 10.106.1
» cni em t c r i d u s ........................ 60.21 Sete de Setembro, José de Alencar, M a rty re s e a do
A guardente................................................. 2 7' Palacio com a estatua do general T ib u rc io , além de
Caroço» de a l g o d ã o ............................. 3.500.81 im portantes ed ifícios, entre os quacs: o pa lacio do
Céra de c a rn a ú b a ......................... 1.478.7!
Chapou» do c a rn a ú b a ............................. 133.1! governo, o d o bispo, a cathedral, a alfandega, o
I;■.leiras de c a rn a ú b a ............................. Õ3.7 in s titu to h isto rico , a faculdade de d ire ito , a Santa
( iomma elástica 88.6 casa da m isericordia, o lyceu, a camara dos deputa­
M il h o ........................................................... 432.31 dos, o palacio da m unicipalidade, a escola no rm a l,
Q u e ijo s ....................................................... 3.7' o th e a tro José de Alencar, a b ib lio th eca e a esta­
S a l ............................................................... 2.638.2;
Escovas dc c a rn a ú b a ............................. 652.8' ção central da estrada de fe rro de Baturité».
Vinho dc c a ó b a ....................................... 1.21 Accrescente-se que Fortaleza, com seus 80.000
habitantes, occupa o nono lu g a r entre as capitaes dos
Estados brasileiros.
C rato, Camocim, M aranguapc, Sobral, Q uixa dá ,
Iguatú, etc., são cidades que vão dia a dia a d q u irin d o
im p orta nd a e em p le no florescim ento.
Desenvolve-se também prom issoram ente o ensino
prim ario , secundario c sup erior do Ceará. D ez grupos
escolares e mais de 550 escolas isoladas attendem
ás m ais urgentes necessidades da instrucção p rim a ria
em to d o o te rrito rio estadoal. O professorado p u b li­
co sáe da Escola N orm al de Fortaleza, onde fu nccio-
nam também o Lycco do Ceará e o C o lle g io M ilita r,
este m antido pelo G overno Federal. O ensino p ro ­
fis s io n a l é m in istrad o nos seguintes estabelecim en­
to s : Escola Pratica de A g ric u ltu ra , com um pegsto
zootechnico annexo. Escola de C om m ercio, Escola dc
Aprendizes A rtific e s c Escola de Ap re nd izes M a ri­
nheiros.
As Faculdades de D ire ito , Pharmacia e O d o n to lo ­
gia representam a instrucção superior.
Ha ainda a lem brar varias in s titu iç õ e s p a rtic u ­
lares d c ensino p rim a rio e secundario».
Perm ittim o-nos com p le ta r estas notas, tã o gen­
tilm e nte fo rnecidas pelo illu s tre representante cearen­
se na Camara Federal, co:n os seguintes trechos tran s­
crip to s de m agistral trabalho do sr. D r. Francisco
Sá, actual m in is tro da Viação, sobre o pro gressista
Estado do no rte:

Or. Justiniano de Serpa — Governador do Ceará

A producção de algodão desenvolve-se de anno


para anno. Vasta também, embora representando va­
lo r m u ito m enor, é a producção de a rro z beneficiado,
que alcançou na u ltim a safra a cerca dc 13 m ilhões
d c kilos.
Também im p o rta n te c a lavoura de canna de
assucar, café, tabaco, m ilh o, m andioca, fe ijão, etc.
A céra d c carnaúba, extrahida da palmeira do
mesmo nom e. con stitu e o mais im p orta nte ramo da
ind ustria cxtra ctiv a no Estado, a qu al abrange tam ­
bém ou tros productos florcstacs.
A in d u stria p a s to ril tem m erecido dos governos
cuidadoso desvelo. Sendo a mais an tiga do Estado,
abrange enormes zonas, não só do sertão como do
lito r a l, podcndo-sc ava liar a população bovina, ho je
m elhorada p e lo cruzam ento co n typ os de raças supe­
rio res im p orta do s d o estrangeiro, cm cerca de 500:000
cabeças. Os suinos attingem a 220.000 e os ovinos
c caprinos são também cm num ero elevado.
Varias fa bricas de tecidos, chapéus, calçados, pre­
paro de couro, sabão, vinhos, etc., representam a
ind ustria fa b r il do Ceará, actualm entc num s urto Dr. Hemencgildc Firmeza — Deputado
prom issor. pelo Ceará
A in d u stria m in eira ainda não teve inic io , não
obstante haverem sido assignaladas varias jazidas Poderosa e fecunda tem s ido a c on tribu içã o
de fe rro , o u ro, sal-gemma, cobre, zinoo, marmores, do esp irito cearense na form ação in te llec tu al do B ra­
a rg illa , agathas, esmeraldas, etc. s il. Essa con tribu içã o fu lg u ra cm grandes nomes na
Sobre a cidade de Fortaleza, capital do Estado, his to ria da lite ra tu ra p a tria. José dc A lencar, o p ri­
p re firo re p ro d u z ir o que diz o joven gcographo bra­ m eiro dos romancistas b ra s ile iro s ; Farias B rito , o
sile iro D r. M a rio da Veiga C abral, cm seu excellente m aior dos nossos ph iloso ph os; Juvenal Galeno, o
com pendio de cho rog ra ph ia: «... é uma cidade bem c ria d o r da poesia p o p u la r; C lo v is Bevilaqua, o sabio
edificada, com avenidas e ruas espaçosas c bem cal­ ju ris c on s ulto , e uma pleiade radiosa de poetas, no-
çadas, como a Avenida C aio Prado. Possue um b e llo vellistas, romancistas, histo ria do res, ju ris ta s , ora do­
Passeio P u b lico , fro n te iro ao mar, e 15 praças ar- res e publicistas, que ainda ho je illu s tra n t nossas

O OO OO o 391 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO

letras, attestain as fa culdades creadoras d o filh o do balho escravo teve com o fa c to r mais energioo e
Ceará. Povo in te llig e n te , valoroso, fo rte , em cuja alma decisivo a acção do povo cearense. E m qu an to que
a esperança tenaz resiste a to dos os revezes, c alenta o Poder P u blic o hesitava ainda e a propaganda li-

FORTALEZA — THEATRO JOSÉ DE ALENCAR

as m ais poderosas vocações, coube-lhe sempre, em beral proseguia, ora vivaz, ora desfallecente, o Ceará
to das as phases decisivas de nossa histo ria , grande interpunha, na evolução, para acceleral-a, actos irre
parte d o m a rty rio e do triu m p h o . De um e de o u tro , vogáveis. P o r sim ples de liberação p o p u la r começou
cm nenhuma das paginas mais bellas deixa de cor­ em suas cidades e em suas v illa s a redem pção to tal
responder-lhe la rg o espaço. dos captivos. Deu-se a p rim e ira cm Acarape, a 10
N os m ovim entos que precederam e nos que se de Janeiro de 1883. N o mesmo anno fo ra m libe rto s
seguiram de p e rto á independência, assignalam-sc to dos os escravos de Fortaleza. E no anno seguin­
lutas arduas e g lo rio s as no Ceará, desde Fortaleza te, a 23 de M arço de 1884. e xtin gu iu-se total-
até o C ra to . mente a escravatura na p ro v in c ia, q u a tro annos an­
D urante o Segundo Im pério, na G uerra do Para­ tes de ser abolida a m anum issão no B ra sil por
guay, o soldado cearense se cobriu de g lo ria p o r sua saneção leg isla tiva. D ahi veiu a o Ceará o tit u lo im m o r­
bravura e p o r seu e s p irito de sacrificio, e os nomes tal com que o condecorou a o p in iã o n a cion al: T erra

FORTALEZA — PRAÇA DA LIBERDADE

dos generaes Sampaio e T ib u rc io figu ram entre os da Luz Signal eterno d o lum ino so destino que a D i­
m aiores heróes daquella campanha.
vina P rovidencia lhe traçou desde os p rim e iro s pas­
A mais fo rm osa das reform as sociaes que em sos; garantia do fu tu ro g ra nd io s o que lhe está re­
nosso pa iz se tenham realizado — a abolição do tra - servado;' .

O O O O O O 392 O O O O
INTERIOR
VISTA INTERIOR

MAO SI VISTA INTERIOR


ESTADO DO E S P IR IT O SANTO

O sr. D r. H e ito r de Souza. D eputado A população actual do E s p irito Santo eleva-se


p e lo E s p irito S anto, tem exercido a activi- a mais dc 430.000 habitantes, desigualm ente d is tri­
da/ie de sua c lara in te llig e n c ia cm U fferen- buídos pelos seus 31 m unicípios.
tes Estados da R epublica Nascido em Ser­ O s olo espirito-santense é de maravilhosa fe r­
g ip e em /8 7 1 . form ou -se em D ire ito e exer tilid a d e . Terras virgens, de flore stas, terras virgens,
ecu a advocacia e o m ag isterio sup erior em de cainpo. terras cultivadas, offerecem ao trabalho
M in as Geraes. f o i ju iz m un ic ip a l cm São hum ano os mais rem uneradores resultados mercê da
P a u lo , p ro m o to r pu b lic o em S ergipe, ju iz sua fcracidade. preconizada por quantos geologos e
su b stitu to cm M in as c fu iz de D ire ito no economistas a estudaram e experim entaram .
Paraná. .Ainda em M in as Geraes fo i de­
p u ta d o esta doai du ran te varias legislaturas
c p ro c u ra d o r g e ra l e c onsultor ju rid ic o do
Estado. Sua b rilh a n te carreira publica c u l­
m in o u n o E s p irito S anto, para onde fin a l-
m ente se tra s la d o u , e pe lo q u a l fo i ele ito
d c p w a d o á Cam ara Federal.
C o m o le g is la d o r e como advogado, seu
pa pe l tem s ido dos mais brilhantes na Ca­
p ita l da R e p ub lic a E h o je u m dos nomes
mais acatados e n tre os seus pares do C o n ­
gresso N acio na l. A essas qualidades todas
reune um m a llc a v c l ta le n to de c s c rip to r e
um a irra d ia n te sym pa thia in d iv id u a l, que faz
o encanto d e quantos se lhe approxim am .
D e S Exeia. obtivem os as notas abaixo,
que são um resum o de lo n g o trabalho re ­
centemente p u b lic a d o sobre o fo rm oso Es­
ta do que representa na Camara.

Dr. Nestor Gomes — Governador do


I O M um a s u p erfic ie calculada em 44.839 Espirito Santo
kilo m e tro s quadrados, e susceptível de
ser accrescida pe lo reconhecimento de
seu d ir e ito a te rritó rio s em litig io com A p rinc ip al producção do Estado consiste na
Estados vizinh os, o d o E s p irito Santo é de extensão famosa rubiácea que é. ao mesmo tempo, o mais só­
m u ito m ais vasta que alguns paizes europeus, espe­ lid o cim ento da riqueza nacional. O volum e da ex­
cialm ente H o lla n d a . Suissa. D inam arca e Belgica. portação do café no E s p irito Santo tem augmentado
L im ita m o Estado d o E s p irito Santo: ao norte, constantem entc. Em 1920, a producção exportada as­
o r io M ucu ry, que o sopara do Estado da Bahia; a cendeu a 846.394 saccas.
oeste, o Estado de M inas, d o qual está separado D ados os augmentos do p la n tio , a ad ap ta bili­
pela serra d o E spigão. traçando-se a linha norte-sul dade das terras a essa c ultu ra e os preços com pen­
do po n to m ais alto . que se encontra entre os rios sadores que se devem á sabia p o litic a de valo riza­
O iian dú e M anhuassú. até a margem sul do r io ção desenvolvida pelos governos da U niã o e do Es­
Doce, seg uin do pela co rd ilh e ira dos Aym orés; a les­ tado. c a m u ltiplicaçã o das vias de transporte, não
te, pe lo oceano A tla n tic o ; e ao sul. pelo rio Ita- e o p tim ism o prever que nossa producção de café
bapoana, desde a sua fo z até a serra do Pico. du plica rá nas colheitas futuras.
O clim a do Estado é variado como os acciden­ Na escala da producção e da exportação, a ma­
tes do seu solo. que actuam e influ em decisivamente de ira segue o café.
sobre elle . N o lito r a l é quente e h ú m id o ; no in te ­ E extra o rd in a ria em quantidade e qualidade a
r io r , seco e q u e n te ; na região montanhosa, fr io e opulência flo re s ta l do Estado. Da área to ta l deste,
cerca dc 20.000 k ilom etro s se acham cobertos de
Posto de parte o im p alu dism o peculiar a certas florestaes, nas quaes abundam os melhores e mais
ronas «• determ inadas épocas do anno, a capacidade valiosos exemplares da flo ra universal.
sanitaria c a predisposição clim atérica do Estado O v a lo r o ffic ia l da madeira exportada em 1920
podem com parar-se ás das mais salubres regiões bra­ a ttin g iu a 2.535:913#274. te ndo sido ainda m aior
sileiras. no anno an te rio r.

OO o o O o 393 o o o o o o
L/VRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO

A producçâo do assucar, c ujo v a lo r o ffic ia l em augm entará m u ito a exportação desse pro du cto, de
1020 fo i de 515:5048100, está recebendo fo rte im ­ que as praias do Estado são, sem duvida, o m aior
pulso, graças á activid ad c da grande usina de Pai­ deposito do m undo.
neiras, cuja capacidade é sup erior a 80.000 seccas A producçâo dc ccreaes, sc bem que em despro­
e ás usinas de Cascata c Jabaquara. porção com a aptidã o das te rras e a capacidade la­
boriosa do povo, tem sido considerável, concorrendo
o arroz, o fe ijã o, o m ilh o , a m andioca com valioso
contingente para fo rm a r a massa g e ra l da exportação
cstadoal.
M u ito s ou tros productos offere ceram á ac tiv i­
dadc e ao capital um cam po p ro veito so de applica-
çâo rem unerada. A producçâo d o cacáo é um a das
grandes esperanças econômicas d o Estado.
A capacidade in d u s tria l d o Estado não pode scr
in fe rid a sómente dc seu p ro v e ito actual.
As fa bricas de tecidos de V ic to ria e dc C achoeira
dc Ita p e m irim ; as fabricas de cim ento e papel desta
u ltim a cidade; a grande usina dc Palm eiras, com
capacidade pro du eto ra de m il saccos dc assucar dia-
ria s ; os engenhos dc assucar de Jabaquara e Cas­
cata e os estabelecim entos de a rroz disseminados
p o r to d o o E s tad o; as grandes serrarias, não são
senão os começos da grande ob ra in d u s tria l que uni
fu tu ro bem p ro x im o ha dc deparar-nos.
As ind ustrias agricola, p a s to ril, cxtractiva , manu-
fa c turc ira , fa b r il, em sinthesc, to da s as in d ustrias,
terão, em dias que não estão longe, sua expansão
com pleta, quando a m u ltiplicaçã o dos braços, o en­
sino technico, p ro fis s io na l, a im p orta ção de capitaes,
a intensificação d o trab alh o e o advento de novos
m eios de tra n s p o rte hajam exercido a sua acção
benefica e constructora.
Dr. Heitor de Sousa — Deputado pelo Para o seu grande desenvolvim ento in d u s tria l
Espirito Santo fu tu ro conta o Estado do E s p irito Santo com um
elem ento de te rm ina nte : a fo rm id á ve l po tencialidade
de suas num erosas quedas d'agua.
A exportação dc areias monaziticas alcançou o E vasta a difu são do ensino p u b lic o n o Estado,
va lo r o ffic ia l de 322:5128000 e é de crer que, de- -- um dos m elhores serviços que a população e sp jrito -
sapparecidos os obstáculos resultantes da guerra. santense deve a seus dirige nte s.

o o o o o o 394 o o o o o o
ESTADO D EQ O YA Z

\ ' a m ais nova geração p o litic a d e nossa Ha a lem bra r ainda as plantas lactife ras, entre
te rr a , a fig u ra d o sr. Am ericano do fíra s il ô as quaes se contam em G oyaz a m angabeira, a massa-
ta lve z a que m ais vivo interesse possa des­ randuba, a ga m elleira, a atraca e outras.
p e rta r no an im o dos que observam a evo­ N o reino m in e ra l, as principaes riquezas do sub­
luçã o d o nosso e s p irito . M u ito jove n ain­ s o lo goyano são as seguintes: o o u ro , abundante­
d a , S. Excia. tro u x e para a Camara dos m ente colh id o o u tr’ora e ainda h o je m u ito explorado,
D ep uta do s um exem plo v ivo da in te llig e n - o s diamantes, encontrados com frequência nos rios
te com prehensào de nossas necessidades, de C aiapó, C la ro , S. Marcos, V e rissim o e G arças; o
apaixo na do em husiasm o pe io progresso bra­ m inereo de fe rro , cujas m inas mais ric a s -estã o s i­
s ile iro em to d o s os sentidos e de incan- tuadas em C atalão, em Form osa c nos A n gico s; as
s a v tl actividade constructora a serviço da a rg illa s , de que existem no Estado tres especies: a
qu a! pós seus p ro fun do s conhecimentos e
sua ad m ira vel cultura.
As paginas que abaixo estampamos so­
bre G oyaz são um resum o de trabalho de
m a io r fo le g o ta mbém devido á penna de
S. Excia. Resumo em bora, representam estas
paginas preciosas inform ações, em que p o ­
d e rã o os leito re s a d m ira r a disc ip lin a es­
p ir itu a l do jo v e n e brilha ntíssim o parlam en­
ta r b ra s ile iro , assim como a justeza e con­
cisão de sua linguagem.

E S T A D O de Goyaz, que nos tempos


d o Brasil colo nia possuia uma superfi­
cie de m ais de 1.000.000 de kilom e­
tro s quadrados, tem h o je a sua área
reduzida a 747.311 k ilo m e tro s quadrados, e.n conse­
quência de in ju stiças praticadas pelos governos e
descuidos adm in istrativo s.
São inexgotaveis suas riquezas naturaes. Desde
as m ais densas flore stas até as «catingas do n o r­
deste são encontradas cm Goyaz. So bresic, entre
os aspectos botânicos, uma extensa e corpulenta flo ­
resta denom inada M a tto -Q ro s s o e que occupa vas­
tas extensões do te rr ito r io . As flore stas produzem
as mais variadas qualidades d i madeiras de cons-
trucçâo.
Os cam pos goyanos apresentam tres interessan­ Senador Olegario Pinto
tes aspectos: o «campo lim p o , o «campo cerrado»,
e o «campo cerradão», sendo o p rim e iro grandemente
a p ro p ria d o ao desenvolvim ento da pecuaria. pura, a o rd in a ria e o k a o lin ; a mica, m u ito abun­
E n tre os vegetaes característicos de G oyaz occu­ da nte; os crystaes, de todas as côres e de su p e rio r
pa lo g a r proem inente o «capim J a ra g u á , reputado qualidade, m ór.nente na serra a que deram esse n o ­
com o s u p e rio r para a engorda dos rebanhos. F uma m e; numerosas jazidas são exploradas p o r emprezas
planta rica em m aterias azotadas e abundantíssima allemãs e rem ettid as para a Europa pe lo p o rto de
em to d o o Estado. Santos; G oyaz tem o carvão, de que varias m inas
E g ra nd e a variedade de gramineas, merecendo fo ram recente nente assignaladas pelo engenheiro n is ­
ainda citação o «capim g o rd u ra >, o «melado», o «an­ so R om an off; o petrole o, considerado pelo mesmo
gola» e o «flexa», além de outras excellentes pla n­ engenheiro «o m elho r de t o lo s os que conhece >, além
tas fo rrag eiras . de grande variedade de ou tros m ineracs e pedras
È in fin ita a quantidade de plantas mcdicinaes preciosas, aguas thermaes, etc.
existentes nos campos, nos bosques c nas selvas Sobre a fa una goyana m uito haveria que dizer,
goyanas, sobresaindo a copahiba, o balsamo, a coca, se não fó ra a deficiência d o espaço que estas lig e ira s
a caroba, o sassafraz, a jurubeba, o manacá, a poaia, notas com portam . A fa una orn ith o lo g ie s é de uma
a jalapa, a herva santa, etc. variedade innum eravel, caracterisando-se pela plu m a­
E n tre as producçães do s olo representam papel gem preciosa; a fa una ic tio lo g ic a é tã o variada como
preponderante no m ovim ento de exportação do Esta­ a amazônica, sendo commum no Araguaya e no T o ­
d o o café, o m ilh o, o arroz, a canna de assucar, o cantins peixes do baixo Amazonas, c o n o o pirarucu,
tabacco e ou tras de m enor importância. etc.

Oo O O O O 395 o o o o o o
LIVRO ÜE RO COMME MORAT IVO OO CENTENARIO

Em g e ra l, o clim a de O oyaz é saudavel, tempe­ «interland» goyano, fix a a população bovina do Es­
rad o e secco. H a duas estações: a chuvosa e a secca, ta d o em m ais de seis m ilhões de cabeças. A esta­
durando approxim adam ente seis mezes cada uma. tística o ffic ia l de 1916 dá um num ero m u ito in fe rio r;
Nâo possue o Estado nenhuma enferm idade par­ e o recenseamento g e ral da R epublica realizado em
tic u la r, e sua p a th olog ia é idêntica, se não mais 1920 a ttrib u e a O o yaz a seguinte existência das d iffe ­
redusida que a dos paises intertropicaes. rentes especies de gado:
T o d o este vasto te rrito rio , de tantas p o s s ib ili­
dades econômicas, de tã o p u ro clima, offerecendo 3 020.769 cabeças
grandes p ro ba bilid ad es de um próspero fu turo , é ape­ 485.390 »
nas povoado p o r pouco mais de 500.000 habitantes, 259 486
Asinino e ninai 45.574
segundo as estatísticas, o que dá 0.7 habitantes p o r 41.574
k ilo m e tro quadrado. O problem a do augmento da
população é, pois, o mais grave de quantos tenham
a resolver a adm inistração d o Estado e os governos
Só pela Estrada de F erro de O oyaz e pelos p o r­
do Brasil. to s do Paranahyba se exp orta uma m edia annual de
100.000 cabeças de gado, sem contar o contrabando
e o ga do exp orta do pelo norte.
Os ine ios de rom municaçâo são ainda in s ig n ifi­
cantes, relativam ente ás necessidades e po ssib ilid a ­
des do Estado.
A Estrada de F e rro de O oyaz desenvolve-se
num a extensão de 610 kilom etro s, dos quaes apenas
220 correspondem ao te rr ito r io goyano. Da estação
de O o ia nd ira p a rte um ramal com direção a Catalão,
já te ndo alcançado a estação de O u v id o r, numa ex­
tensão de 41 k ilo m e tro s .
Actualm ente, acha-se te rm inada a con strucção da
ponte sobre o r io C orum bá, servindo á lin h a fe r­
rea em construcçâo, de R oncador a Tavares, já es­
ta nd o inaugurada a Estação de Topiocanga a 33 k i­
lom etros do R io. Existem ou tros p ro je cto s de vias-
ferreas, cuja construcçâo ainda não fo i iniciada.
A deficiência das estradas de fe rro fo rço u a
criação das linhas de automóveis, d iff ic il e caro meio
de transporte. T o d o o sul do Estado está cortado
de linhas de autom óveis, que, não obstante o que
fic o u dito , favorecem extra ordin ariam en te os meios
d- rom municaçâo. Cnntam -sc mais de vinte iinhas
de grande im p ortâ ncia , exploradas p o r com panhias e
empresas de avu ltad os recursos, e s ervind o a pontos
capitaes d o im m enso te rr ito r io go van o. Q uan to á
navegação flu v ia l, ainda se acha em’ p le n o in ic io de
desenvolvim ento.
A a g ricu ltura , em Ooyaz, não obstante os ve­ A instrucçâo publica está regularm ente desenvol­
lho s e barbaros processos ainda usados, tem diante v ida em Ooyaz. A p rim aria é m in istrad a em es­
de si largo s horizontes, dada a inegualavel f e r t ili­ colas m antidas pe lo Estado, pelos m un icip i is e por
dade do solo. Todos os cereaes são cultivados com particulares, iegendo-se touas pelos re g ulam e nta i uo
pro veito , e os productos de to dos os climas do B ra­ governo do Estado.
s il e climas estrangeiros c ujo p la ntio fo i tentado Foram excellentes os resultados da u ltim a re­
fru ctific a ra m nestas terras ubérrimas. O m ilh o, o fo rm a do ensino p rim á rio em Ooyaz, du ran te o go­
arroz, a canna de assucar, o tabacco são de c u ltiv o verno Alves de C astro . Basta exam inar a estatística
o b rig a to rio e os de maiores proventos. Ooyaz, que seguinte:
já im p orto u café, exporta hoje grande quantidade
dessa valiosa rubiácea, após haver satisfeito todo o 1917
consumo inte rno . 1913
1919
O a rroz cons'titue uma das maiores tom es de 1920
renda, alcançando sua exportação a cerca de 1922
12.000.000 de litro s .
Com o p ro d u c to r de m ilh o , Ooyaz occupa na es­ R eunindo numa só c ifra a assistência ás escolas
tatística de 1918. entre os Estados do Brasil, o sexto do Estado, ás dos m un icípios e ás particulares, io
lo g a r; mas é necessario fazer notar que apenas 23 num ero to ta l de alumnos de ambos os sexos alcança a
m un icípios dos 49 que form am o Estado concorre­ m ais de 10.000.
ram ao certame da quarta exposição nacional de O g ru p o escolar da capital, fu nd ad o em 1919,
m ilh o .
é o m elho r de todos os estabelecim entos prim ario s
O tabaco de Ooyaz, cultivado em grande escala de Ooyaz.
varia de qualidades, e apezar disso goza de renome O ensino secundario é dado n o Lyceu de Ooyaz,
em to dos os mercados consumidores.
ún ico estabelecim ento equiparado do Estado, e em
O trig o , em épocas anteriores cultiva do em C a­ varios collegios particulares, alguns dos quaes cus­
valcanti, Santa Luzia c Pyrenopolis, quasi não se teados pe lo e rá rio estadoal.
cu ltiv a hoje. Ooyaz, no entanto, em 1860, exportava M erece menção, p o r sua antigu ida de e pela ex­
m ais de 700 alqueires, e nos tempos do conde Palma
cellenda da instrucçâo que propo rcio na aos seus
chegou a exportação a quantidade m u ito m aior. A in - alumnos, o hoje denom inado C o lle g io Campinense.
d» h o ,í h . la v o u ra , de trig o , m a. em pequena e .- E x is le também na c ap ital uma excellente escola de
caia, em C atalão, Santa Luzia e Cavalcanti.
Aprendizes de A rte s e O ffic io s , m antida pe lo governo
A pecuaria é a prin c ip a l occupação dos filh o s federal.
de Ooyaz. Actualm ente, a opiniã o de um dos maiores
O ensino s u p e rio r é representado p o r duas Fa­
conhecedores das riquezas dos campos e de to do o
culdades de D ire ito e uma de Pharmacia.

O o o o o o 396 o o o o o o
F a b r ic a de M e ia s “ L A P A ,, — S Ã O PAULO .
b
ESTADO DO MAKANHAO

D o sr. D eputado D om ingos Barbosa ob­ Pelas medias th crm om etrica e barom étrica, o seu
tivem os m u ito mais d o que solicitáramos. clima é quente e hú m id o. Vem a pê llo, porém, assi-
A o invés da en trevista lig e ira , que nem sem­ g n ala r que si, nas proxim idades do mar, sobe ás
p re o «reportem pode com fide lida de repro- vezes a temperatura a 30.° durante os mezes mais
d u s ir, brindou-nos S. Excia. com a m ag nifi­ quentes, ahi mesmo m u ito se ameniza, pela passa­
ca pagina que sobre o M aranhão publicamos, gem dos ventos aliseos, que sopram francos durante
e que tra z a marca da clareza, da eleganda, a segunda metade do anno. E ha no a lto sertão, mais
do b rilh o e da honestidade do seu espi- de uma localidade c.n que, no período de M aio a
Julho, desce cila á m inim a de 10.°
Maranhen.se illu s tre e parlam entar dos
m ais prestigiosos no nosso Congresso, o
Sr. D om ing os Barbosa é uma ind ivid ua lid ad e
de viva irra diaçã o de sym pathia e bondade.
S. Excia. não é apenas um representante
p o litic o d o M aranhão na Camara Federai.
I também um representante do e s p irito ca­
valheiresco c das tradiefôes intellectuaes do
ad m ira vel Estado. F olgam os em pode r offe-
recer aos le ito re s as paginas que seguem e
que merecem, p o r to dos os m otivos, a mais
attenta e carinhosa leitura.

para attender ao amavel convite


publicação, que encarar sob trez
los diversos a terra a que devo a
j , que entre todas préso, de me ter
dado o berço. São c llc s : o aspecto physico, o econo-
m ico -fina iice iro e o intellectual.
R claciona-sc intim am ente com o p rim e iro toda a
nossa inestim ável grandeza, c, pois, ° nosso pro­
gresso Futuro.
N ão podem d e ix ar os problem as attinentes ao
segundo, de ser prcoccupação nossa, de to dos os
instantes.
E veem de um lon go passado as glo rio sas tra-
dicções que dizem respeito ao te rce iro c que nos Ur. Qedjfrctlo Viantia - Governador
criam to das as responsabilidades oriundas d o dever, do Maranhão
que a to do s nos assiste, de procurarm os não desmen­
t i r esse mesmo passado.
Vasto de quatrocentos m il k ilo n c tro s quadrados, Essa m ultip lic id a d e de aspectos e essa variedade
lim ita d o ao N orte pe lo oceano, que lhe banha 321 de clima para lo g o denunciam a uberdade do solo.
m ilhas de costa, c separado do Pará, do Piauhy e De fe ito, o solo do M aranhão produz, em abun­
de G oyaz p o r uma serra c varios rio>, offerece o M a­ danda, tu do quanto as zonas tropicacs podem p ro ­
ranhão um a notável variedade de feições, para o que d u z ir: algodão, babassú, madeiras de todas as es-
m uito concorrem as bahias c enseadas que lhe re­ pecies, fibras, plantas oleaginosas c m cdicinacs, canna
cortam o litto r a l, e as numerosissimas correntes flu - de assucar, arroz, cacau, fum o, mandioca, carnaúba,
viacs, de variado volum e, que lhe sulcam em todas gutta-percha, frue to s variadíssim os, etc.
as direcções o te rrito rio . As suas vastas e ferteis pastagens abrem um
Juntem-se a isso tu do as longas praias, ora are­ la rg o fu tu ro á sua pecuaria.
nosas. ora cobertas de mangaes; os am plissim os cam­ E o sub-solo riquíssim o e.n m incracs, notada-
pos c lagos, cujas aguas crescem e decrescem ao m ente em o u ro nas proxim idades d o rio C lum py e
sabor das chuvas, quasi sempre abundantes, c ainda em cobre no m u n ic ip io de O raja hti, te ndo estudos
as chapadas, espigões e serrotes que aqui e a lli se recentes, ainda não publicados, encontrado carvão
erguem. e facilm ente se fará uma idea d o varia­ c petroleo numa vasta zona.
díssim o aspecto physico do te rrito rio do Estado, co­ Detenhamo-nos, porém, um mom ento ante os
berto ora de flore stas seculares, ora de capões, ora tre z principaes productos maranhenses de exportação:
de lon go s e bastos palmeiracs. algodão, babassú e couro.

o o o o o o 397 o o o o o o
LIVRO DE OURO COJHMEMORATIVO PO CENTER ARIO DA

Principiem os pelo que mais avulta, — o algodão, Feita, assini succintam cnte, nos dados supra, re­
sobre cujas qualidades cxcepcionaes de extensão, re­ lativos sómente aos trez productos que sahem em
sistência, alvura e b r ilh o da fib ra é de to do des­ m aior escala, uma idéa da exportação, estudemos,
necessário in s is tir. E despresemos mesmo o que é num pequeno quadro com parativo, a marcha ascen­
consummido pelas 10 fabricas de tecidos, de fios, sional da receita arrecadada em varios annos pelo
e de algodão h y d ro p h ilo que ha no Estado. erá rio cstadoal, convindo notar ser o Maranhão uma
Em alguns dos mais recentes annos civis e exer­ das unidades federativas que teem sido mais pru»
cícios financeiros ( ju lh o a ju n h o ) tem sido este o dentes na elevação de im postos:
algodão exportado, p o r k ilo g rs .:

1911 1912 2.305 567.554


1915— 1916 .................................................... 1.202.163 1912— 1913 3.067 363.690
1916— 1917 .................................................... 2.473.331 19 1 3 - 1914 2.994.320.466
1917— 1 9 1 6 .................................................... 2.879.766 1914 1915 3.163.912.400
1918 ......................................................... 1.898.614 1915— 191L 4.210.047.376
1919 ......................................................... 1.439.215 1916— 1917 4.895837.028
1920 ......................................................... 1.645.712 1917— 1918 5.667.414.227
1918—1919 4.744.354.608
1919— 1920 6.365 527.665
Seria igualm entc ocioso repetir aqui o que é 1920— 1921 5.302.840.835
com inum chtc sabido quanto ás immensas vantagens 1921— 1922 6.067.801.099
que offerece o côco-babassú, já nas amêndoas, com
ó6 o,o de ole o com estível e ind ustrial, já na casca,
que é um com bustível igual aos melhores. E crença geral c razoavel que as rendas esta-
duaes do exercício de 1922-1923, apuravel sómente
depois de O u tub ro vind ou ro , subirão a rs. 7.500:000-*.
Revelam todas essas cifras que o Maranhão pro­
g ride economica e financeiram ente. O que, porém,
ellas não revelam, senão para quem conhece >lc visu
o Estado e as suas incalculáveis riquezas ainda inex­
ploradas, c b que será elle no dia em que dispuzer
de braços e meios de tran spo rte sufficientes.
Estes se lim ita m á navegação costeira e flu via l,
a velhas estradas e á via ferrea de São L u iz a Thc-
rezina, que, p o r si só, pouco in flu e , porque c re­
lativamente dim inu tissim a a arca p o r ella servida.
N o dia, porém, em que nella se entroncar o ramal
Tocantins, por onde se escôe to d o o m u ito que pro­
duzem e to do o m uitíssim o que podem p ro d u zir o
immenso e fe rtilis s im o sertão maranhense e uma gra n­
de parte da uberrim a zona n o rte de Goyaz. — o
Maranhão será, sem duvida possível, um dos mais
ricos estados do Brasil. E sel-o-á porque augmenta-
râo da mesma sorte os braços, po is os 874.337 ha­
bitantes, recenseados cm 1020, lo g o se m ultiplicarão,
assim que esse ramal pe rm itta, como as estradas
de rodagem que a actual adm in istração está empe­
nhada em a b rir, levar á m a io r e m ais rica região
maranhense os colonos de que c ila inadiavelmente
precisa.
Devo, no receio de ultrapassar o espaço que me
fo i gentilm ente posto á disposição, encarar o te r­
Vejam os a exportação de amêndoas, também por ceiro dos aspectos maranhenses que me foram dados
kilogram m as, durante o mencionado perio do: a estudar: o intellectual.
Permitta-se-me, antes do mais, lem brar que o
Maranhão conquistou, pelo ta le n to c pela cultura
1915— 1916 2.462.894 de successivas gerações, o cognome de A'hcnas bra­
1916— 1917 2.163.052 sileira. E vai-se apparelhando, mercê de Deus, para
1917— 1918 5.553.718 não desm entir nem deshonrar o titu lo .
1918 5.603.082 Possue uma faculdade de d ire ito , uma escola de
1919 3.277.862 bellas artes, outra de pharmacia, um lyceu com dois
1920 3.890.702 cursos: gymnasia 1 e norm al, um a escola modelto.
varios grupos escolares e grande num ero de escolas
isoladas estadoaes. afora num erosos estabelecimen­
E preciso assignalar que nestes dois ultim os tos de propriedade pa rtic u la r ou m antidos pelos 65
annos essa exportação tem tid o um augm ento ex­ m unicípios em que se divid e o Estado. Conta também
trao rd ina rio , sendo a do derradeiro exercício, ainda uma escola de aprendizes a rtifice s federal e um apren­
não apurado, calculada em k ilo g rs . 20.000.000. dizado agricola estadual.
Q uanto ao couro de gado vaccum, tem s ido esta Tem uma imprensa b rilha nte , diversas bib lio th e­
a exportação, p o r unidades: cas e associações literárias, sendo de justiça nomear
entre estas a Academia Maranhense.
S. Luiz. a capital, continua sendo o principal
1915— 1916 204.690 centro d o m ovim ento inte llectu al.
1916— 1917 184.509 E a prova d o seu cu lto á m em oria dos que no
1917— 1918 140.699 passado a engrandeceram c elevaram, está no facto
339.200 de te r perpetuado o nome de varios delles em monu­
1919 780.242 m entos, quaes sejam as estatuas de Gonçalves Dias,
1920 560.000 o nosso m aior poeta; João Lisboa, o grande classico

O O O o o 398 o o o o o O
I \ U t l-ENDENCIA E DA EXhOSIÇAO I S T E RS ACIONAI.

e histo rio g ra p h o , e Benedicto Leite, o abnegado po­ da limpeza, selecção, classificação, prensagem e en-
litic o e estad ista; a colum na com m em orativa do sup­ fardam ento do algodão, são problem as em que a alta
p lic io d o B e qu im à o, o precursor da nossa independên­ capacidade m ental, as superiores qualidades de tra ­
cia, - • e os bustos de O d o ric o Mendes, o poeta e balho, a insuspeitavel honradez, o ex tré nu o p a trio ­
he leftist a; de S ilv a M aya, o m edico e p o litic o ; de tism o e o grande p re s tigio pessoal e p o litic o do
Gomes de C astro , o p o litic o e parlam entar; de Lu iz Presidente G o do fred o Vianna estão fo rtem en te em­
D om ingties, o dem ocrata e trib u n o , e de A n to n io penhados.
Lo bo , o o ra d o r e po lygrap ho .
Séde do go v e rn o e d o arcebispado, com intensa Por tu d o isso e pelo apoio e applauso de que
vida com m ercial e fa b ril, entra agora S. Lu iz numa o cerca a opinião- publica, é de crer que m u ito breve
phase salutar de remodelações, que não podem de i­ estejam concluídos esses inadiaveis m elhoram entos.
xar de in flu ir beneficam ente em todas as m odali­ E o que todos alm ejam e esperam, com a m aior
dades da sua vid a , inclu sive a intellectiva. « a mais ju s tific a d a confiança.
A conclusão d o serviço de esgotos, paralyzado
ha annos, a re fo rm a com pleta do de aguas, o esta­
belecim ento da traeção electrica, a m elhoria da illu -
minação ig u alm en te electrica, e o aperfeiçoamento D ominoos B arbosa .

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EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DO RIO DE JANEIRO OUTRO ASPECTO DO PARQUE DE DIVERSÕES

O O O O O O 399 O O O O O
E STA D O D E M A T T O G RO SSO

Sobre o r ic o e vastissim o Estado de a diversidade dos c linias, abre á a g ric u ltu ra perspecti­
M atto-G rosso ouvim os o sr. dr. A n n ib a l de vas in fin ita s . In fe liz m c n tc , aq uclla de ficie n d a de b ra ­
Toledo, leader da bancada matto-grossense ços e a fa lta de vias de com m unicaçâo não pe rm itti-
na Camara dos D eputados. Accedeu S. Excia. ra in até agora o desenvolvim ento a g rico la que fará de
amavelmente cm tran s m ittir-n o s as inform a- M atto G rosso, m ais para diante, u.n dos Estados po­
fòes que abaixo rep ro du sim o s sobre M atto- litic a e econom icam ente m ais im p orta nte s da Fede-
Grosso. N ão nos f o i possível an notar em
nosso carnet lu d o o que nos disse S. Excia.
M as o que fic o u reg istad o é de v a lo r ines­
tim áve l, visto que representa o que de mais
certo e fu s to se poderá a ffirm a r hoje do
grande Estado C entral.

à O ainda indecisas as linhas d ivisó rias


entre M a tto Grosso e Goyaz, consti-

de lim ite s do grande Estado central do Brasil.


M atto Grosso con fina ao N . com o Amazonas e
o P ará; a L. com o Estado de G o yaz; a S. E.com
M in as Geraes e São P a u lo ; ao S. com o Paraná *e
a R epublica do P araguay; e a O . com a R epublica
Boliviana.
N ão enumerarei aqui os accidentes geogra­
phicos num erosissimos que constituem essa lin h a fro n ­
te iriça para não rou ba r espaço a assumptos de m aior
interesse no momento.
A área to ta l d o Estado é calculada em 1.500.000
kilom etro s quadrados - o que bastaria p o r si só
para c on s titu ir um grande paiz independente. E n re­
lação a esta área. no entanto, é bastante deficiente Dr. Annihal dc Tolcda IX-putaJ • por
a população m atto-grossense, que não se eleva a Matto-G rosso
mais de 250.000 habitantes. Fique-nos a esperan­
ça de um rápido e p ro x im o desenvolvim ento desta
população, dadas as immensas riquezas naturaes do T od os os generos de c u ltu ra encontram no solo
Estado e os elementos preciosos de que dispõe para m atto-grossense elem entos de vida exhuberante. A
um progresso verdadeiram ente assombroso. canna de assucar, o m ilh o, o arroz, o tr ig o e outros
Basta attentarm os para as enorm es florestas se­ cereaes, o algodão, o fe ijã o , o fu m o , o café, a man­
n i lares que cobrem vastas extensões do te rrito rio dioca, os legumes, etc., occupant o p rim e iro logar
m atto-grossense, ricas das mais procuradas madei­ na producçào do Estado.
ras de construcção e de m arcenaria, como o jacaran­ N o re ino m in era l, devemos cita r antes de tudo
dá, o angico, a peroba, a aroeira, o cedro, o ange- as numerosas jazidas de o u ro e diam antes espalha­
lim , a sucupira, a canella, o vinh ático c dezenas das p o r to do o te r r ito r io do Estado, intensamente
de ou tras: ricas de palmeiras, que fornecem fibras exploradas desde a epoca do B ra sil colonia. O p a r­
e frue to s de applicações variadas; de plantas medi- cial esgotam ento das antigas jazidas fo i compensado
cinaes (quina, ipecacuanha, caroba, salsaparrilha, ja- pela descoberta de ou tras de egual ou de m aior r i­
lapa, baunilha, e tc .) ; de plantas de tin tu ra ria , de queza, como as dos rio » C ox im , das Garças, A rag ua ia,
arvores fru c tife ra s e de arvores resinosas, que re­ etc., onde alguns m ilh ares de g a rim p e iro s trabalham
presentam inextim aveis riquezas. Citem os ainda com na fructuosa pesquiza das requestadas pedras.
attençâo especial a seringueira, o cacaueiro' e a herva- Além d o ou ro e dos diamantes, abundam em
m atte, de que se encontram no Estado os melhores M atto-G rosso o fe rro , o cobre, o manganez, de que
especimens em abundanda surprehendente. só na m ina de U rucuni existe quantidade sup erior a
A essa m aravilhosa flo ra trop ical, corresponde, 48 m ilhões dc toneladas, agathas, sile x , etc.
como não podia d e ix ar de acontecer, a adm iravei A in d ustria, n o Estado, se vae desenvolvendo
fe rtilid a d e do solo, c ujo variado relevo, produzindo como o perm ittem os recursos actuaes, dependendo o

o o o o o o 400 o o o o o
Viuva Manoel de Macedo Leão Junior & Cia. — Batel — Corityba.
Engenho Santa Graça — Ponta Grossa — Corityba.
IN D EPEN DEN CE I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

seu m aior s u rto , como acontece e m . relação ú ag ri­ dos com os methodos didacticos adoptados pelo Es­
cultura, do augm ento da população e de mais exten­ tado de Sâo Paulo na sua instrucção p rim a ria o f f i ­
sas vias de communicaçâo. cial, levaram a adm inistração m atto-grossense a con­
A fó ra um a grande usina de assucar e seis fa b ri­ tr a d a r professores c technicos paulistas, que adapta­
cas menores a vapor, conta a ind ustria assucareira ram com o m a io r e x ito aquelles m ethodos ao ensino
cm M a tto O rosso v arios engenhos, que produzem pu blico em M a tto Qrosso.
também álco ol e aguardente. A instrucção p rim aria é dada em varios grupos
A extracção da borracha, da herva-matte e do escolares c cerca de 200 escolas isoladas, calculan­
ouro, fe ita p o r com panhias poderosas, constitue ele­ do-se a frequência média em mais de cinco m il alu­
mento p rin c ip a l da econom ia d o Estado. Em 1921, a mnos. A secundaria é m inistrada no Lyceu C uyaba-
exportação de herva-m atte a ttin g iu a cerca de . no, em diversos estabelecimentos particulares e na
8.000.00(1 de kilog ra m m os que ultrapassou em 1922. Escola N orm al da capital, de onde sáem os professo­
Também im p o rta n te é a exportação de ipecacuanha, res para o ensino p rim ário .
planta m ed icin al das inais procuradas nos mercados Resultado ainda daquella lam entável deficiência
mundiaes. de população, rclativam ente á grandeza te rr ito r ia l do
O u tra fo n te preciosa de vida para M atto-Q rosso Estado, é o pequeno num ero de cidades, — quinze
é a pecuaria, largam ente desenvolvida nos vastos apenas—, que possue M atto-Qrosso. Este facto é
campos de cr.ação de que dispõe o Estado, c u ja r i­ em grande parte compensado pe lo v iv o florescim ento
queza p a s to ril é representada p o r mais de tres m i­ de quasi todas ellas, algumas de fundação recente
lhões de cabeças assim d is tribu íd as por especies: mas em caminho de grandioso fu tu ro .
A capital. Cuyabá, possue ho je cerca de 35.000
habitantes, varias ruas e praças de excellente as­
Bovinos . . . . 2.831.667 pecto, e m uito s e d ificios im portantes, como o palacio
168.690 do governo, a Casa da M isericordia, o Lyceu Cuyaba-
lu in M * ‘ ' 108.4-18
no. a pittoresca ig re ja de S. O onçalo, a C ath ed ral,
I .1pMHO' . . . . 9.374 a Camara dos Deputados, o Thesouro, o asylo Santa
Asininos e muares 8.907 R itta, o C o lle g io dos Salesianos, etc. Leva-lhe a
T o t a l .................................... 3.167.337 palma, porém, em progresso m ate ria l, a cidade de
C orum bá, que se tem desenvolvido surprehendente-
m ente. As demais cidades m atto-grossenses são as
São estes os dados, referentes a M atto-Q rosso, seguintes: S. L u iz de Cáceres, Sant’ Anna do Parna-
do recenseamento g e ra l da R epublica effectuado em hvba, Campo Grande, Tres Lagoas, Poconé, M iranda,
1920. Ponta Porã, Santo A n to nio do Madeira, B ella Vista,
O problem a da instrucção publica em M atto- R osário Oeste, D iam antino, Aquidauana e Entre R io ;.
Qrosso tem sido o b je c to de preoccupação constünte Ha ainda diversas v illa s c povoações de im p o r­
dos u ltim o s governos. O s excellentes resultados o b ti­ tâ ncia secundaria.

O O O O O 401 O O O O O O
E STA D O D E M IN A S G ER AES

A pen na illu s tre d o sr. D eputado D r. Alterações recentissim as nas fro n te ira s de M i­
N elson de Senna devem os leito re s o ma­ nas com os Estados lim itro p h e s m odificaram , entre­
g is tra l estudo que estampamos sobre o ad­ ta nto , alguns desses dados como decerto o hão de
m irá vel Estado que S. Excia . representa na pro var os trab alh os ora em prchcndidos para o de­
Cantara. fin itiv o levantam ento da «Carta G e ra l de M in as >,
Revela-se neste estudo a consciência cla­ accrescida de um pedaço de te rrito rio a Leste e des­
ra d o homem pu b lic o com penetrado de seus falcada de pequenas resgas te rrito ria e s no Nordeste e
deveres. S. Excia. c rea lm e nte um a das mais Sudeste, nas d e fin itiv a s liquidações de pendências
completas ind iv id ua lid ad es d o parlam ento d ivisó rias com os vizinhos Estados do E s p irito San­
bra sile iro . O rad or que sabe em polgar, es- to , Bahia e R io de Janeiro.
c rip to r elegante, e incansável estudioso de — Parece m esm o que a Natureza fe z da T erra
nossas coisas, o D r. N elso n de Senna con­ M in e ira , pela sua situação physica, o verdadeiro «co­
solid ou como poucos a sua a lta reputação ração do Brasil», o n u cleo poderoso o n de se con­
p o litic a , in te llec tu al e social firm a nd o tra­ serva, com m ais v ig o r, o sentim ento da nacionali­
balhos de inestim ável valia e desenvolven­ dade. D en tro da te rra b ra sile ira cabe a M inas Ge­
d o na trib u n a da C am ara a mais nobre das raes, no expressivo liv ro de Réclus, o ap p e llid o de
actividades. Estado «chave da abobada».
As paginas que seguem são grande- O Professor G o rc e ix já de uma fe ita (em Paris,
mente preciosas. N ellas vasou S. Excia., com 1890) d e fin iu M in a s Geraes como <de cocu r du Bré-
a au to rid ad e que th e sobra, seu pro fun do s il, c ’est-á-dire, u n coeur d ’o r duns une p o itrin c de
conhecimento do Estado de M in as Geraes, fe r» ; e setenta annos antes, já o seu com patriota, o
íran sm ittin do -no s um a clara impressão de viaja nte S a in t-H ila ire , dizia que M in as era le beau
c on jun cto d o que ho je representa este no pays q u i p o u rra it se passer d u m onde entier...
seio da Federação.

Neste te rr ito r io , con stitu ído por um conjunto


de pla tós mais o u tnenos elevados e pelos quaes
se desenvolve um a serie de valles am plos, com on ­
o Estado de M in as Geraes o seu dulações variaveis do terren o, do a lto de cujos cimos
r rito rio occupando uma zona central e montanhas se descobre a m ais bella e m u ltifo rm e
edia no Brasil, em pleno coração do paizagem natural, está o «centro ge ographico do B ra­
, iiz com prehendida entre 14° e 23° de sil», po is que pelas vertentes a que pertencem os
Lat. S ul e 3 " 33’ de Long, o rie n ta l e 7° 48’ de Long, rio s m ineiros se lig a o te rrito rio de M in as aos Es­
occidental do R io de Janeiro (segundo as Cartas Geo­ tados irm ãos d o extre m o Sul da R epublica e ãs
graphicas do Engenheiro H . G e rb er e Senador Can­ vizinhas nações platinas, através da bacia am plissim a
did o M en de s); portanto, está situa do bem abaixo da d o Paraná; e ao N ordeste B ras ile iro, vinculando-nos
zona equa to ria l — que sóm ente corta o Septentrião até ao rem oto Pia uh y, nos prende a vasta caudal
B ra sile iro — e acima do tro p ic o de C ap ric ó rn io, no do São Francisco - r io e valle essencialmente bra­
C ontine nte Sul-Americano. sile iro s — que corre dos páramos da Casca d’ Anta,
A G eographia G e ra l d o B ra s il, publicada em no Oeste M in e iro , ao seu desaguadouro fin a l da
1860 p o r Thom az Pompéo, rep ro du ziu os dados de barra de Penedo, em costa alagoana; em quanto que
G erber (de 1863), quando fa la va na situação da an­ para beira-mar descem, para a costa flum ine nse e
tig a Provin cia m in eira, to da m editerranea, encravada para os littora es capichaba c bahiano, as nossas aguas
no pla n a lto ou ta bo le iro central b ra s ile iro ; e dava- do Pomba e d o Parahybuna, confundid as na massa
lhe estas dimensões te rrito ria e s : 112 léguas de N o r­ liq u id a do P arahyba; e m ais para o N o rte rolam ,
te a Sul, sobre 80 léguas de la rg u ra media ou sejam rum o do Oceano, as correntes do R io Doce, do Je­
672 kilo m e tro s de com prim ento por 480 de largo, quitinh on ha e d o R io Pardo. Os élos graníticos e
numa sup erficie que Copsey (18 77 ), também repe­ contínuos dos systemas oro graphicos irra d ia m de M i­
tin d o o escrupuloso Gerber, avaliava corresponder nas para os q u atro pontos cardeaes do paiz ou tros
a 20 m il léguas quadradas. Autores mais modernos tantos braços de cadeias m ontanhosas, que cimentam
(F . Lentz, por exemplo, em 1916, e R. Jacob, em a fraternidade b ra s ile ira na interdependencia d o meio
1920) referem estas coordenadas astronômicas, tiradas physico em que vive a população m ineira.
sobre mais recentes Mappas de M in as, como deter­ Eis porque já disc um esseriptor (P ie rre Denis)
m inantes da posição geographica do Estado: La titu ­ que M inas é um a vasta região, quasi se d iria um
de to da S ul entre os parallelos de 13°,55 e 23° 0’ ; paiz, que apresenta um a «unidade geographica real»;
conservando, entretanto, a mesma Longitude de 3°,33 e por sua situação central relem bra ella a Suissa,
a Leste e 7",-48 a Oeste do m eridiano do R io de ta nto p o r suas montanhas como p o r seus rio s, que
Janeiro, já desde tantos annos atraz fixada pelos são trib u tá rio s de to das as grandes arte ria s fluviaes
nossos p rim e iro s gcographos. do seu continente.

o o o o o o 402 o o o o
CENT UN ARIO DA IN DEPENDE NCI A DA EXPOSIÇÃO

S U P E R F IC IE E D IM E N S Õ E S . Á R E A T E R R I­ do Oeste c Sul (1922), em p ro l do grande escopo do


T O R IA L C O M P A R A D A C O M O U T R O S ESTADOS levantam ento d e fin itiv o da nossa Carta Geral d o Es-
E P A IZ E S — O Estado de M inas, antiga Provincia
do Im pério, conservou como Estado da U nião (C o nsti­ — Em 1905, escrevíamos na nossa M em ória,
tu ição Fed. de 1891, a rt. 2" e Const. M ineira, art. 2o) in titu lad a «O Estado de M inas Geraes na Exposição
os mesmos lim ite s c extensão. Estende-se num te r­ N orte-A m ericana de São Luiz», estas palavras:
r ito r io de 574.855 kilo m e tro s quadrados, que equi­ «Com uma superficie correspondente ao alga­
valem m ais ou menos a 20.000 legoas quadradas. Essa rism o redondo de 575.000 kilom etros quadrados (des­
area de 574.855 kilo m e tro s quadrados ficou o ffic ia l- prezadas as fracções), ou 20.000 léguas quadradas,
mente estabelecida desde 1873, com os trabalhos da o Estado de M in as é m aior 6 vezes que o te rrito rio
Commissão da Carta G e ra l do Im pé rio do Brasil. Ê europeu de P o rtug al (90.000 kms.5) ; excede um pou­
o q u in to Estado da Republica, em extensão dc area co a area da França (537.000 kms.5) ; abrange 3
te rr ito r ia l, como se vê aq u i: 1°, Amazonas, 1.800.000 vezes o te rrito rio da Republica O rien tal d o U ruguay
kms.5; 2°, M a tto Grosso, 1.300.000 kms.s; 3», Pará, (180.000 k ilom etro s quadrados); corresponde á som-
1.100.000 km s.! ; 4o, Goyaz, 750.000 k m s .'; 5°, M i­ ma da sup erficie dos 3 reinos da Hespanha, D inam ar­
nas, 574.855 kms.-1. A sua m aior distancia de N or­ ca e H ollanda.
te a Sul, em linhas rectas transversaes, c de 120
legoas, do m u n ic ip io de Januaria, na fro n te ira pelo
Carinhanha com a Baiiia, ao m u n icip io de Santa Rita
da Extrema, lind an do com São Paulo, na comarca de
Jaguary; e dc Leste a Oeste é de cerca de 100 le­
goas. a contar do S a lto Grande do Jequitinhonha,
d iv id in d o com o Estado da Bahia, aos confins do
m u n icip io de F n ic ta l, na ponta occidental do T ria n ­
g u lo M in e iro (divisas com São Paulo e M atto Grosso,
na confluência d o Paranahvba e R io Grande).
M in as é m aior que a França 38 m il kilom etros
quadrados e póde conter 20 vezes a Belgica e seis
vezes P o rtu g a l, nações do continente europeu. (A
comparação com o te rr ito r io francez é fe ita com a l­
garism os de s u p erfic ie a n te rio r ao T rata do de Ver­
sailles, 1918).
— A llu d in d o á fa lta de um calculo exacto do te r­
r ito r io m in e iro , disse o illu s tra d o Sr. D r. Raul Soa­
res. quando Secretario da A g ric u ltu ra de Minas, estas
ponderadas palavras, em seu R eia’ o rio de 1915:
«Não possuc ainda o Estado uma C arta sufficien-
temente exacta de seu te rrito rio , o que é uma lacuna
deplorável.
N ão se póde questionar sobre a necessidade de
term os a nossa C arta não sómente Geographica, mas
G eologica.
O restabelecim ento dos trabalhos que estiveram
a cargo da Com m issão Geographica e Geologica. fu n ­
dada em 1890 c extincta em 1898. p o r economia, é
uma providencia que se impõe lo g o que se norma­
lizem as condições financeiras do Estado.
Trata-se de trab alh os que ultrapassam a vida
humana, o que é uma razão para serem rcencctados
desde lo g o ; as gerações futuras, quando se encon­
trarem desarmadas destes elementos tã o esscnciaes Comparada com o te rr ito r io de alguns Estados
n o po nto dc vista scien tifico, p ra tic o e ind ustrial, da U nião Americana, a superficie de M in as é mais
para o aproveitam ento das nossas riquezas, não nos ou menos igual á area to ta l dos tres Estados de
perdoarão esta in d efin ida interrupção. N ova Y o rk , O régon c M isso uri, e é bem m aior que
A an tiga Com m issão chegou a organisar 10 fo ­ a da C a lifó rn ia e é in fe rio r á do Texas (V ide H ick-
lhas do M appa d e fin itiv o dc M inas, comprehendendo mann, em seo Aftas U nive rse lte, 2e. é d ition , Vienne,
uma arca dc 20.000 k. q, e in ic io u os serviços do 1903).
reconhecim ento geolo gico ". Recentemente, publicou-se D os 20 Estados da Republica B rasileira, M inas
mais uma fo lh a da zona Oeste (O liv e ira ). é o 5° em tamanho ou extensão de te rrito rio , só sen­
M ais precisam ente (como o dissemos em nosso do excedida a sua superficie, na ordem crescente, pela
discurso p ro fe rid o na Camara Estadual, c u 1919, so­ dos Estados de Goyaz, Pará, M a tto G rosso e Am a­
bre a «Reforma d o Systema T rib u ta rio M ineiro-', na zonas, sendo este u ltim o o m aior da Federação B ra­
sessão de 21 de A g osto) da area te rr ito r ia l do Es­ sileira».
ta do, então calculada no alg arism o de 612.841 k i­ H a chorographos que dão ao nosso Estado 600
lom etros quadrados, apenas poude apurar e m ed ir a m il kms. quadrados de superficie com o o fe z o P ro ­
Com m issão G eographica, até ser sup prim id a em 1808, fessor Rcv. Padre Au g. Padtberg (no seu «Estudo
uma sup erficie equivalente a 23 m il k ilom etro s qua­ c ritic o c calculo pla nim etrico das areas do B rasil e
drados. sendo 9 fo lh as concluídas a 2.400 kms.5 seus Estados , ed. dc P o rto Alegre, 1907).
cada uma (as dc Barbacena, São João d’ El-Rcy,. La­ O u tro s geographos têm re fe rid o areas m u ito d i­
vras, Bom-Succcsso e outros m un icípios d o Oeste c vergentes para o te rrito rio de M inas Geraes, como
Sudoeste) e 1 fo lh a correspondente ao m un icip io dc passamos a dem onstrar neste lig e iro quadro em que
R io Preto, com 1.400 kms.5. Mas. além dessas 10 fo ­ vae p o r ordem decrescente o algarism o da superficie
lhas completas, fic o u quasi prom pta a fo lh a relativa p o r ellcs estimada para este pedaço do Brasil, em k i­
ao m u n icip io de O liv e ira (vid e c it. D iscurso, pags. 12 lom etros quadrados. Antes, porém, de ta l quadro de­
a 19). Felizm ente já se acha restabelecida a Gommis- m onstrador da variedade de calados para a superficie
sâo G eographica e G eologica de M inas, desde a le i do Estado, relem braremos que o Barão G uilherm e
von Eschwcge (1816) avaliou a superficie de Minas
estadual n. 789 dc 18 de Setembro de 1920, e já
reencctados os seus proficuos trabalhos, nas regiões Geraes cm 17.252 léguas quadradas; e o seu compa-

o O o o o o 403 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORA TIVO DO CENTENARIO DA

trio ta , o p ro ficie nte Engenheiro H en riq ue G erber Setembro de 1915), len do tocado ao E s p irito Santo
(1863) elevou esse algarism o a 20.000 léguas (sendo 1/16 da superficie contestada, is to é, 278 kms.2 (Vide
a legua correspondente a 1/20 d o g rá o do Equador), pag. 331 do v o l. V I do « A nn ua rio de M inas» para
de modo que, avaliadas, á razão de 105 kilom etros 1918).
o gráo as v in te m il léguas quadradas do calculo de — O «Mappa da C ap itan ia de M inas» (de 1814)
G erber dão, no seu M appa do anno de 1862, exacta- c a «Carta C horographica da P rovin cia de Minas»
mente 578.232 kilo m e tro s quadrados para a superficie (de 1855), p o r Fred. W agn er, não trouxeram deter­
da antiga e então Provincia M in e ira , hoje Estado m inação, em legenda, da area te r r ito r ia l; e a grande
Federado da U niã o Brasileira (desde 1889). «Carla do Estado de Minas», do E ngenheiro C rockatt
de Sá (18 96 ) tem linhas lim itro p h e s m u ito arb itra ­
ria s, o que acarretaria para o te r r ito r io m in e iro su­
Sunrrfide esti­ pe rficie m u ito s uperior ao com puto m e d io estabeleci­
mada oara M i­ do entre os calculos de Eschwege e de G erber. Será
nai ( ir rat's
Klms.1 interessante re p ro d u z ir aqui a d is trib u içã o das areas
Mappa do Estado dc Minas, dc Crockatt de Si parcialm ente calculadas p o r G e rb er, nas pro prieda­
(segundo calculo feito pelo D r. Benedicto des te rrito ria e s e na repartição das bacias fluviaes
Santos, tomando o gráo de 111 k. X 105 k., de M in as, m eio a que esse provecto Engenheiro da
em 25 de Setembro de 1 0 1 8 ).................... 631.555
Avaliação, em 1907, do Engenhein Josaphat nossa an tiga Provincia recorreu para co n clu ir pela
Bello (sobre o dito Mappa do Estado dc existência de uma sup erficie m in eira correspondente
Minas, por Crockatt de S á ) .................... 632.717 a 20.000 legoas quadradas.
Algarismo citado por Themistocles Sávio (no C om pu to em pro pried ad e la tifu n d ia ria :
seu seu Compendio d- Chorographia do
llrasil e adoptado por Veiga Cabral) 630.000
Avaliação feita, em 1890, pela Repartição de Leg. quadr.
Esiatistica (poi areas dos municípios englo­
badas nas 7 bacias fluviacs de Minas) . 629 005 a) «Datas» concedidas dos fins do sec. XV II
Calculo constante do nosse trabalho Reforma até a crcaçãc da Capitania Mineira (1720) . 2.500
do Systema Tributario: (1919). no cit. Dis­ b) <Sesmarias» concedidas durante o regimen co­
curso' a proposito do Imposto Territorial e.n lonial mineiro (de 1720 a 1821) . . . . 5.911
612.811 rl Posses no deminio particular nor titulo le­
Algarismo verificado a planimctro no Manpa de gitimo até a lei de terras n. 601. do anno
Minas, do Engenheiro Benedicto Santos (que de 1850, cu legitimáveis até o seu Regula­
a nosso pedida fez a revisão da area de mento n. 1.318, dc 1851 .............................. 9.000
sua Carta, em 25 de Set. de 1918) . . 608.770 d) -Terras devolutas- evistentes na então Pro­
Calculo referido no citado Esiudo do Professor vincia dc Minas ate 1863 (anno em que Ger­
jesuita Aug. Padtberg (em 1907) . . 600.000
Algarismo adoptado no Alias do Barão Homem ber fazia o seu c a lc u lo ) .............................. 2.589
de M ello'(pag. 57 da ed. Briguiet, de 1909) 588.517
Arc.', constante do Comoend-o de Geog. de M i­ Superficie total do te rritorio de Minas . 20.000
nns (1916), de Lent/ de Araujo . . . . 582.477
Calculo sobre a Carta de Minas (1862) de H.
G e r b e r ........................................................... 578.232 C om pu to por bacias fluvia es:
Calculo da Carta de Minas (1909), por Theo­
doro S am paio................................................ 576.010 Leg. quadr.
Algarismo adoptado pela Chorogr. do Brasil
(1896) de R. Villa-Lobos c acccito pelo Na bacia (do Rio São Francisco......................... 8.800
cAnnuario de Minas» (desde a 1.» edição. b> >• » G r a n d e .................................... 4.900
575000 • Parahyba do Sul. . . . 700
Calculo official da Cartã Geral 'do Brasil (dê dl » » » Ita ba po an a............................... 80
1873), sendo esta a area de Minas acceita e) » » » • D o c e ......................................... 2.300
por varios geographos patricios (Pompco, /; São Mathcus (antigo Cricarc) 100
Lacerda. Moreira-Pinto e Pinheiro Bitten­ g) » M u c u r y .................... 100
court) ............................................................ 571.855 hi > Jequitinhonha.......... 2,200
Calculo attribuido a Eug. L e t o t ................... 558.517 / ) Nos valles intermedios entre o Mucurv e o
Informação dada pelo Commandantc Thiers Fle­ Jequitinhonha (rios Pardo, Burnhaén e Alco-
ming (á pag. 106 do seu livro «Limites e b a ç a ) ..................................................... 100
Superficie do Brasil e seus Estados» — f ) Na bacia do Rio Pardo (ou Patipe) . . . 120
ed. de 1918), baseada num calculo erroneo
ao mesmo fornecido por uma repartição of­ Area (total do territorio mineiro . . 20.000
ficial ............................................................... 190.121

— Sobre este u ltim o calculo, dado pe lo Enge­ N o anno de 1890, a R epartição de Estatística
n h eiro naval D r. T hie rs Flem ing, com o de procedên­ rep artio un i tanto arb itra ria m e nte os te rritó rio s dos
cia o ffic ia l (baseando-se em uma inform ação ema­ 123 m un icípios m in eiros então existentes pelas sete
nada dc consulta fe ita a urna repartição do Estado, bacias principaes do systema hyd ro g ra p h ico m in eiro,
a 20 de Dezem bro de 1917, sobre ser a area do por esta fô rm a:
Estado, calculada pelo Mappa orgariisado pela D i­ Klnes.3
rectoria de Viáção dc Minas, approxim adam ente de a) Na vast» bacia Franciscana c seus valles,
490.421 kilo m e tro s quadrados), já referim os acima havia 25 municípios, com uma área corres­
que o au to risa do e competente Engenheiro Benedicto pondente a ...................................................... 260.813
Santos desfez esse engano, prim eiram ente, quando, b) Na bacia dc Paraná (Rios Grande, Parna-
liyba c valles tributarios) eram 54 os mu­
a nosso pedido, a 25 de Setembro de 1918, calculou nicípios, com territórios correspondentes a . 165.058
em 635.555 kms.2 (tom ando o grá o de 111 k . x 105 k.) c) Na bacia do Jequitinhonha, os seos então 6
a area da «Carta d o Estado de Minas», de Q rockatt municípios, com 80.878
de Sá; e, lo g o depois, com a area ck> seu p ro p rio d ) Na bacia do Rio Doce, os seos 18 municí­
pios de então, c o m ........................................ 57.951
M appa de 1910, rigorosam ente revista a planim etro, e) Na bacia do Mucurv. o unico municipio nel-
n e lle achou a superficie exacta de 608.770 kilom etros la existente (Theopbilo O tt o n i) .................... 27.309
quadrados. f i Na bacia do Parahyba. 18 municípios da
/(■na do Matta, naqiiella época (1890) . . 25.579
— C um pre ainda accrescentar que, pela irre corri-
g l Na bacia septentrional do Rio Pardo, o
vel sentença arb itra i de 30 de N ovem bro de 1914, da tir-icc municipio de seo nome, com . 11.417
area da até então chamada zona contestada de :..
4.349 km s.8, entre os te rritó rio s m in eiro e espirito- Total da área do E s t a d o .................... 629.005
santense, vieram a caber a M inas 4.071 kms.2 (que
o ra fazem parte da nossa comarca de Aymorés. consti­ Esse algarism o já o m encionámos, no quadro em
tu in d o a m a io r parte do novo term o e m unicipio m i­ que ante riorm ente fic o u assignalada a divergência
n e iro de M utu m , creados pela le i n. 663, de 18 de de calculos sobre a superficie dc Minas.

O O O O O O 404 O O O O O
> H -c 0 ^ rrS m© O ? o -- m c o —sc © >. ©

COTELLO & Cia. — Villa Nova de Gaya.


INDEPENDE NCIA t DA EXPOSIÇÃO IN I EBNACIONAL

— Igualm ente as dimensões extremas do nosso do Salto Grande, no Jequitin ho nh a; em seguida á


te rrito rio se avaliam de m odo variavel, conforme os barra do M os q uito , no R io Pardo, para term ina r nas
pontos extrem os das linh as que se to n a m : assim, em- cabeceiras do G avião, a fflue nte do R io das C ontas,
quanto José Joaquim da S ilva (pag. 12 do seu T ra­ dilatando-se por cerca de 800 k ilom etro s essa linh a
tado de O e og r. D escriptiva Especial da Prov. de M i­ de reconhecimento das nossas fro n te ira s ; ao mesmo
nas Geraes», ed. de 1878) repete G erber e Pompeo, passo que deixaram estudado o div is o r das aguas,
dizendo que o nosso te rrito rio tem 112 leguas de que vac da estação de Aym orés (E . de F. Bahia e
N orte a Sui. sobre 80 leguas de largura media, já M inas) ás cabeceiras do R io Pampam e d a li ao Salto
o D r. R od. Jacob (pag. 5 d o unico v o l. p or ora publica G rande; e, bem assim, o ta bo le iro d iv is o r das aguas
do da sua obra ‘ M in as Geraes no X X Seculo», ed. de entre os rio s M uc u ry e o Jequitinhonha, fican do por
1911) a ffirm a que m edido em suas maiores trans- ta l modo a verdadeira Serra dos A ym orés s u fficie n -
versaes, esse extenso te rr ito r io de lim ita do para M i­ temente conhecida, na C arta Geral.
nas Geraes, no cen tro do Brasil, tem não menos de Em Setembro de 1922, fo i publicado, sob a d i­
1.200 kms. (20 0 leguas) da margem direita do rio recção do sr. Engenheiro F. B h ering (D ire c to r G e ra l
Carinhanha, ao N orte do Estado, confins da Bahia, dos Telegraphos) um grande «M appa de M in as G e­
á Borda da M atta, n o extre m o Sul de M in as, divisas raes», am p lia do da parte correspondente a este Es­
de São P a u lo ; e p e rto de 1.500 kms. (250 leguas) tado, na excellente «Carta G eral do Brasil», impressa
desde Santa C la ra do M uc u ry (Nordeste M in e iro ) até em commemoração do l . ° C entenário da nossa In ­
a confluência dos rio s Paranahyba e Grande, fo r­ dependência.
madores do Paraná (n o T ria n g u lo M in e iro ), na extre­
ma Sudoeste, no nosso m unicipio do Fruta l, em d i­ L IM IT E S D O E S T A D O D E M IN A S — Pelos
visas dos te rritó rio s matto-grossense e paulista. diversos pontos cardcaes assim se lim ita o Estado
de M inas Geraes com os seis Estados B rasile iros que
o rodeiam : ao N orte e N ordeste, com o da B a hia ;
ao Leste, com o E s p irito S anto; ao Sudeste c parte
do Sul, com o R io de J aneiro; ao Sul e parte de
Sudoeste, com o de São P a u lo ; uma nesga da extrem a
Sudoeste, com o de M a tto G rosso (p a rte d o nosso
m un icip io e comarca do F ru ta l de fron ta com o te r r i­
to rio matto-grossence de Sant’ Anna d o Paranahyba,
na ponta do T ria n g u lo M in e ir o ) ; e p o r toda a banda
do Oeste extremamos com o de Goyaz.
São, pois, nossos lim itrop he s 2 grandes Estados
Centraes: M a tto Grosso c G o y a z ; 4 Estados m a r iti­
m os: Bahia, E s p irito Santo, R io de Janeiro e São
Paulo.
Estão hoje d irim id as por accordos am igaveis, uns
já solvidos p o r laudos d e finitiv o s , o u tro s á espera
de proxim as decisões arbitraes, as nossas antigas
questões de lim ite s com os te rritó rio s de 5 desses
Estados, pois com M a tto Grosso, separado pela cau­
dal do Paraná, jám ais tivem o s controvérsia no peque­
no trecho da nossa defrontação in te rio r: desde a con­
fluência do Paranahyba com o R io G rande até a fo z
do Aporé ou Apuré, também conhecido pe lo nome
de Rio do Peixe.
D ivisas Septentrionaes — C om o Estado da Ba­
hia a regulação dos nossos lim ite s d o S e pten triâ o e
Nordeste M in eiros consta d o seguinte accordo o f f i ­
cial de 5 de Junho de 1920, estam pado nas edições
Dr. Nelson dc Senna Deputado por de 8 de Julho de 1920 do « D ia rio O ffic ia l» da Re­
Minas Geraes publica e de 28 de A g osto de 1921 d o orgam o ffic ia l
m ineiro:

- - Ha de ser com o d e fin itiv o levantam ento da «A C C O R D O M inas -B a h ia »


Carta Geodésica do Estado que inda chegaremos a
bem precisar a sup erficie do te rrito rio de M inas G e­ Aos cinco dias do mez de J u lh o de 1920, em
raes; mas, em quanto esse m oroso serviço de tcchnica a sala de conferencias da B ibliotheca N acional, na
da pla nta cadastral de M inas se não realisa, já po­ C apital Federal dos Estados U nid os d o B rasil, o
demos contar com a proxim a Carta G eographica B ra­ D r. Braz H cm ie ne gildo do Am aral, D elegado d o Es­
sileira C om m em orativa do Centenário da Indepen­ tado da Bahia, e Julio Bueno Brandão, A n to n io A u ­
dência.. a cargo do C lu b de Engenharia d o Rio de gusto de Lima e F. Mendes Pim entel, Delegados do
Janeiro, estando empenhada tã o douta aggremiaçáo Estado de M in as Geraes, todos com plenos poderes
scientifica na tarefa de bem representar nessa Cirande outorgados pelos respectivos governos, — accorda-
C arta do B ra s il o te rr ito r io m ineiro. Turm as de com­ ram e resolveram que, «para boa in te llig c n c ia e fa cil
petentes profissionaes percorrem regiões até agora execução do convenio celebrado entre os mesmos Es­
m al determ inadas das fron te iras septentrionaes do tados a 23 de Agosto de 1919 ( o qual é pe lo p re ­
nosso Estado, subordinando o serviço technico ás sente ra tifica do , inte rpreta do e re ctifica dq ), a linha
instrucções d o com petente Engenheiro Francisco Bhe- divisória entre os Estados da Bahia e de M in as Ge­
rin g , que d irig e a realisação do p a trio tic o emprehen- raes é a seguinte: das nascentes do r io C arinhanha,
dim ento do C lu b de Engenharia Nacional. por esse curso d’agua até sua fo z no São Francisco;
Desde o mez de Fevereiro de 1919 que, de por este até a foz do r io Verde G ran de ; s ubindo por
accordo com a u x ílios officia es do Estado, emissarios este até a confluência do rio Verde Pequeno; pelo
do C lu b re fe rid o procederam, através de zonas inhos­ curso deste u ltim o , passando pela Bocca o u P oço do
pitas, ao levantam ento geographico da zona lim itr o ­ Im possível até a barra do rio Espigão o u d o Ca-
phe de M inas com o E s p irito Santo e Bahia, e que v a llo ; p o r este até o r io Riachão; pelo Riachâo até
se estende da C achoeira de Natividade, no R io Doce, a barra do riacho do O ', que servirá de lim ite em
á de Santa C lara (n o M ucury) e desta ás cachoeiras toda sua extensão, prolongando-se a linha até a

o o o o o o 405 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMU MORA TIVO OO CENTENÁRIO DA

Pedra de A m o la r o u A lto da ju re m a ; deste po nto Francisco), depois de pacientes estudos e valiosas pes-
correrão as divisas pelo con traforte que separa as quizas, dem onstrou cabalm ente que «deveriam perten­
bacias dos rio s Q aviâo e Pardo, até a ttin g ir o V a llo - cer a M inas as cabeceiras do r io Jucurucú e Itanhaén,
F un do ; deste po n to em lin h a recta até a barra do até as grandes cachoeiras, devendo a lin h a d ivisó ria
M osq uito , afflu e n te da margem d ire ita do r io P a rd o ; passar p o r to das as grandes cachoeiras de to dos os
da barra do M os q uito , também em linh a recta, até rio s que vão te r ao litto r a l bahiano».
o log ar denom inado Páo-de-Cópa, no div is o r das Lim ites Orientaes — C om o Estado do E sp irito
aguas do C an tinh o, a fflue nte do M osq uito , e do M a ­ Santo, a nossa fro n te ira o rie n ta l m in eira fioou re­
m oe iro , a fflu e n te do P ardo; dahi pelo d iv is o r das solvida pelo laudo d e fin itiv o de 30 de Novem bro de
bacias dos rio s Pardos e Jequitinhonha até ás nas­ 1911, em v irtu d e d o qual õs á rb itro s escolhidos pelos
centes do rib e irã o do Salto ou dos Cunhas, a fflu e n ­ dous G overnos, nas bases d o C on ven io de B cllo H o ­
te da m argem esquerda do Jequitinhonha, até a ca­ rizonte, de 18 de ju lh o de 1911, approvadas pelas
choeira d o S a lto Grande, que será cortada em toda Assembléas L e gisla tivas dos dous Estados, publicaram
a sua extensão pela lin h a d iv is ó ria; dahi tom ará esta a 3 de D ezem bro de 1914, no salão nobre do Su­
a direcção g e ral N orte-S ul pela chamada Serra dos premo T rib u n a l F ederal, a re fe rid a sentença arb itra i,
Aym orés, até os lim ite s do Estado do E s p irito San­ que conclue deste m odo:
to , e será assignalada pelas prim eiras grandes ca­ Assim , em v is ta d o exposto e attendendo ao mais
choeiras, nos rio s que nesse trecho transpõem a serra, que consta das M em orias e documentos, o T rib u n a l
e passará pela estação de Aymorés, na Estrada de A rb itra i resolve e decide que os lim ite s entre os
F erro Bahia e M inas, e pela cachoeira de Santa C lara Estados de M in as Geraes e do E s p irito correm :
n o rio M u e u ry ; a povoação do Salto Cirande (margem Ao N o rte do R io D oce : pela linha de cumiadas
d ire ita do Jequitinhonha) é reconhecida m ineira, e da Serra do Souza ou dos Aym orés, preenchidas por
bahiana é reconhecida a povoação de Santa C lara, no linhas rectas as soluções de c on tinu ida de ;
M ue ury . Para execução deste C on v e iiio proverá o Ao S ul do R io Lioce: pe lo d iv is o r de aguas entre
G overno Federal ao reconhecimento te chnico das os rios G u andu e M anhuassú, passando a linha pelo
grandes cachoeiras, por onde deverá passar a linha ponto m ais elevado do espigão que se acha entre os
d ivisó ria 'n a Serra dos Aym orés sendo essa d ilig e n ­ mesmos rio s, na sua entrada d o R io Doce, até o
cia acompanhada p o r um Engenheiro de cada Estado ponto correspondente ao das u ltim a s vertentes do
interessado; verificadas as cachoeiras da confinação, Guandu, da hi pe lo p a ra lle lo ao R io José Pedro, e
a sua força e a sua capacidade de aproveitam ento em seguida p o r este até as suas nascentes.
in d u s tria l, os dois engenheiros (bahiano e m in e iro ) Rio de J aneiro, 30 de N ovem bro de 1915. (A ssi­
pro po rã o aos respectivos G overnos a e q uita tiv a d is ­ gnados) — C a n u to José S araiva, presidente. — P ru ­
trib u iç ã o delias pelos Estados confinantes, para que, dente de M orae s F ilh o , re la to r. —- A n to n io José P i­
sendo possível, fiq u e cada uma sob a ju ris d ic ç ã o e x ­ res de C arvalh o e A lb uq ue rq ue».
clusiva de um Estado; e os G overnos interessados D os 4.349 k ilo m e tro s quadrados dessa região
resolverão como lhes parecer mais ju s to e convenien­ do nosso C ontestado de Leste vieram , pois, a caber
te. E, p o r assim terem convencionado, reduzem a arbitralm ente a M in as Geraes 4.071 kilom etro s qua­
escripto o presente accordo, que será tira d o em tres drados; e desse te rr ito r io está assim na posse legal
vias, todas assignadas, uma para cada G o verno in te ­ e d e fin itiv a o Estado de M inas, que lá creou a co­
ressado, e a terceira para ser rem ettida ao Exm o. marca ju d ic ia ria de Aym oré s (cuja séde é na an­
Sr. Presidente da C onferencia de L im ite s lnteresta- tiga povoação de N ativid ad e ou Barra do M anhuassú),
doaes. — (Assignados) — D r. Braz H c m e ne gildo com os dous term os forenses e m un icípios a d m in istra­
do Am ara l - J u lio Bueno Brandão - A n to nio .4«- tivos de A ym orés (cidade) e São M anoel do M utum
gusto de L im a F. M endes P im en tel». (v illa ), pela le i m in eira n. 663, de 18 de Setembro
de 1915.
— A pro p o s ito do p rim itiv o C onvenio de lim i­ C onfinações a Suleste e S u l — C om o Estado
tes, celebrado a 23 de Agosto de 191 d entre M in as do R io de J an eiro assignou M inas, a 9 de Julh o de
e Bahia, a que fa z referencia inte rp re ta tiv a o accordo 1920, o seguinte e d e fin itiv o T E R M O D E A C C O R ­
supra, de 5 de Julho de 1920, lem brava um e d ito­ DO:
r ia l do semanario O M ue ury (da cidade norte-m in ei­
ra de T h e o p h ilo O tto n i), sob a epigraphe — L im ite s «Aos nove dias do mez de J u lh o do anno de
com a Bahia — que «Pela tradição, pela F listoria, m il novecentos e vinte, em a sala dos despachos do
p o r docum entos incontestáveis e por valiosos estudos M in is te rio da Justiça e N egocios do In te rio r, na Ca­
fe ito s antiga e recentemente sobre as nossas divisas p ita l Federal dos Estados U n id o s d o Brasil, os se­
com o v iz inh o Estado da Bahia, as linh as divisórias nhores J u lio Bueno B randão, Francisco Mendes Pi­
entre os dois Estados fo ram sempre as seguintes: O mentel e A n to n io A u gu sto de Lim a, Delegados do
r io Carinhanha, desde as suas nascentes até a sua Estado de M inas G eraes; João A n to nio de O liv e i­
fo z n o r io São Francisco; dahi, subindo, até a em ­ ra Guim arães, José M attoso M a ia F orte e Francisoo
bocadura d o r io Verde G rande; por este até encontrar de Souza Lim a, D elegados do Estado do R io de
o Verde Pequeno; e por este até as suas nascentes-, Janeiro, to dos m unidos de plenos poderes outorgados
dahi, um a lin h a recta passando pelo « M o rro do Cha- pelos respectivos Governos, acoordaram em que os
péo», « M o rro da Condeúba», «Malhada Limpa», «Bar­ lim ites entre aquelles do is Estados, na parte até
ra do Furado», Barra da Vereda», no r io Pardo, e agora contestada, serão os seguintes: — a linha d i­
dahi, sempre em linha recta, até a «Pedra dos Ita lia ­ visória p a rtirá da fo z do r io Pirap etin ga e seguirá
nos», no S alto-G rande d o Jequitinhonha. Deste pon­ por este acima até a cachoeira do Peitudo, que se
to a lin h a d iv is ó ria fo i sempre a Serra dos Aym orés, encontra pouco abaixo da fazenda de São B ento;
passando pela Estação deste nome, da E . de E. Ba­ dessa cachoeira seguirá pe lo espigão que lhe ficar
hia e M in as, até a Cachoeira do rio M ucu rv, pouoo mais pro x im o , até á serra da Pedra B o n ita ; pela
abaixo d o log ar denom inado «Santa Clara». cumiada desta serra até á confluência dos ribeirões
Estes lim ite s sempre prevaleceram em statu quo Bom Jardim e Eva, e p o r este u ltim o até a sua con­
como incontestáveis, d e ntro delles exercendo o G o ­ fluência com o r io P o m b a ; atravessando ahi o rio
verno d o Estado de M inas actos de d o m in io e de Pomba, seguirá pelo d iv is o r das aguas entre este
adm inistração, nunca impugnados pela Bahia. E se rio e o correg o do R e tiro , em direcção ao Norte,
algum a duvida existia sobre esses lim ite s, no jo g o das até ás nascentes do curso d ’agua que flu e para o
provas e das manifestações das opiniões e desejos corrego do Desengano e que passa pe lo s itio da
das populações das fronteiras, para M inas pendia sem­ T o ld a ; e descendo p o r aq ue lle curso d’agua até a
pre o fie l da balança. E ainda recentemente, o Revmo sua foz, no corrego d,> Desengano, ahi atravessará
Frei Samuel T e tte ro (re lig io s o da O rdem de São este u ltim o correg o e seguirá pe lo d iv is o r de aguas

o o o o o o 406 o o o o o o
INDE'PENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO 'E RN ACIONAI.

entre os corrcgos Desengano e Serra, de uni lado, Epitacio Pessoa, Presidente da Republica, ao q u a l in ­
e o correg o d o Inham al, de d u tr o lado, até o pon­ cumbiram dc traçar a linha c o n fina to ria e n tre os
tã o Santo A n to n io , dahi pela serra da D ivisa e pelo dous Estados.
Serrote até o po n to em que este í cortado pelo «Até 31 de D ezembro do corrente anno, cada um
pa rallelo de 21° (v in te c um gráos) de latitu d e S u i; dos Estados com prom ittentes apresentará ao a rb itro ,
deste ponto, em linh a recta, a confluência d o cor­ com a fundação que ju lg a r necessaria, o traça do da
rego V ive iro s no rib e irã o da Perdição, e p o r este linha extremadora p o r elle proposta, a q u a l deverá
até de no vo en contrar a lin h a divis ó ria figu rad a no c o rre r p o r accident rs geographicos reconhecíveis, e,
mappa org an isa do em 1005 ( m il novecentos e cinco) p o r e x p rim ir solução concilia dora, não poderá abran­
pelos Engenheiros commissionados pelos Governos ger cidade, v illa ou séde de dis tric to de paz sob a
flum inense e m in e iro , em execução do accordo de ju risdicção d o o u tro E s tad o; as. compensações te rri-
10 (de /cno ve) de N ovem bro de 1001 (m il nove­ toriaes resultantes deste c rité rio de transaeção obe­
centos e q u a tro ) ; dahi pela refe rid a linha divisória, decerão aos titu lo s dc d ire ito em que se apoie o
ta l como está traçada no d ito mappa de 1005 (m il Estado que os a lv itrar. A o a rb itro é fa culta do o p ta r
novecentos e c n co ). até en contrar os lim ite s i! > Es­ p o r uma das linhas divisó rias apresentadas, ou d e cid ir
tado d o E s p irito Santo. — A o Estado de M inas Ge- uue os lim ite s corram por uma terceira, para cujo
racs é reconhecida jurisdicção exclusiva sobre a ca­ traçado o a rb itro se inspirará no c rité rio acim a de­
choeira de T om bo s do C arangola. cm toda' a extensão term inado para os que devem ser propostos pelos Es­
de suas quédas c sobre as installações in d u s tria ls tados com prom ittentes. A de cisfo a rb itra i será exe­
ali existentes actualm cnte. em virtu d e de concessões cutada depois de approvada pelos Congressos Esta-
do m esm o Estado. — Fica entendido que a nomen­ duaes e pelo N acional. Do presente accordo são t i ­
clatura usada neste term o é a que se encontra no radas qu atro copias authenticas, uma para cada G o­
re fe rid o m appa de m il novecentos e cinco (1005). verno interessado, uma para ser entregue ao a rb i­
assignalando os diversos accidentes geographicos e tr o escolhido e uma para ser rem ettida á C onferencia
as propriedades particulares de lle constantes; e sem­ de Lim ites Inter-estaduaes. (Assignados) — p ru d e n ­
pre que a lin h a c n n fina to ria s eguir p o r serras, en­ te ,/, M oraes F ilh o J o io P e dro C erdoso J u llo
tende-se que é pela cumiada, e quando s eg uir os Bueno B randão A n to n io Augusto de U m a - F.
cursos d ’agua é p e lo thalw eg. E por assim terem M endes p im e n te h .
convencionado reduziram a escripto o accordo, em
qu atro vias assignadas. uma para cada G overno in ­ lim ite s de Oeste Com o Estado de Govaz,
teressado. a te rce ira para a C onferencia de Lim ites a entestar com c ujo te rrito rio corre a nossa extensa
Intcrestaduaes e a quarta para ser rem ettida ao Ar­ divisa Occidental, ficou o G overno de M in as a u to ri-
chivo P u b lico N acional. (Assignados) J n ''o Bue- sado, pelo a rtig o 11 da lei estadual n. 709. de 22
no Bran dã o — F . M endes P im r n 'r l A n to nio Au­ de Setembro de 1017. do seu respectivo Congresso
gusto d c U m a João An(on to de O 'iv d ra Guintn- Legislativo, a prom over um accordo, m ediante deci­
rães Josâ M a 'to s o M aia F o rte F rane isro de são a rb itra i de fin itiv a , e nos term os dos a rtig o s 34,
Souza U m a *. n. 10 e 65, n. 1, da C on stituiçã o da R epublica B ra­
sileira. para se regularem de vez os nossos lim ite s,
Ficou assim pacificam ente regulada a nossa l i ­ principaím ente os da velha pretensão goyana a uma
nha d iv is ó ria ao Sul e Sulcste de M inas com o visi- larga fa ixa d c te rr ito r io sob a ju risdicção m in e ira , a
nho te rr ito r io flu m ine nse ; e. em cum prim ento ao pre­ Léste d o r io São M arcos (na nossa comarca de Pa-
ceito da C o n stitu iç ã o Federal (arts. 34. n. 10. 10
n. 16 e 65. n. 1). foram os accordos já m encionados O Atlas B ra s ile iro do Barão Hom em d c M e llo
entre M in as e os Estados da Bahia e R io de Janeiro assignala que a linha d ivisó ria entre M inas c Ooyaz
subm ettid os á approvaçâo não só dos resnectivos corre pelo R io Paranahyha desde a fo z do Aporé
Poderes Le g isla tiv o s desses Estados como d o (io v e rn o até o rib eirão Jacaré e por este até e n c on trar a
da U niã o c C ongresso N acional. O Congresso Le­ Serra dos P ilões e em seguida pelas Serras T iriric a ,
g is la tiv o M in e iro , nos dous annos constitucionacs Araras, Arrependidos, D ivisões e Santa M a ria até
necessarios, apnrovou. nelas le is n. 780. dc 16 de Se­ a cabeceira do rio Carinhanha», sendo litig io s a a
tem bro de 1020 e n. 802. de 22 de Setembro de 1021. nesga de te rra comp'-ehendida entre o r io São M a r­
esses accordos para fixação d e fin itiv a dos nossos l i ­ cos e a Serra dos P ilões (pag. 144 do c ita d o liv ro
m ites com os te rrito rio s bahiano c fhim incnsc. de T hie rs Flem ing. Lim ites e S uperficie do B ra­
D iv is a A u s ira ! e de Sudoeste Com o Fstado sil e seus Estados-, cd. de 1918).
de São P auto, e encerrando de vez a nossa secular Toda a zona m in eira á esquerda do r io Para-
controversia de lim ite s, pela banda m e ridion al m in ei­ nahyba c contornada pe lo Rio Grande (c o n s titu in d o a
ra. fo i firm a d o , a 5 de J u lh o d“ 1020, perante a m aior porção do chamado T ria n g u lo M in e iro e de
C onferencia de Lim ites Interestaduaes. reunida na unia pequena parte do extrem o Oeste de M in a s) es­
sua 4-1 Sessão O rdin aria, na cidade d o R io de Ja­ teve. a p a rtir de 1776, sob a ju risdicção p ro v isó ria
neiro. sob a presidência do Sr. M in is tro do In te rio r da C apitania dc G oyaz até quando - - em consequên­
da R epublica f D ia rio O flir ia t. de 8 dc J ulh o de' 1020) cia do p rim e iro m ovim ento reintegrador, p a rtid o da
o seguinte, solemne c irre tra cta vel docum ento entre Camara da V illa de São Bento do T am anduá (ho ie
as duas m ais poderosas unidades da Federação B ra­ Itapecerica), cm C arta de 20 de J ulh o dc 1793, d i­
sile ira : rig id a á Rainha M aria 1. então soberana d c Po rtug al
— fo i se avolum ando ju n to ao G overno R e g io a cor­
rente defensora dos direitos historicos de M inas
« A C C O R D O SÃO P A U L O -M IN A S O E R A E S áqiiella reg iã o; e a fin a l coube ao G overno de Dom
João V I reparar a injustiça reinco rpo ra nd o á ju ris ­
«Aos cinco dias do mez de Julho de 1020. no dicção m ineira, por Decreto de 4 de A b ril de 1816
ed ific io da B ibliotheca N acional, na C a p ital Federal (já no século X IX ) . a bella região pastoril, agricola e
dos Estados U nid os do B ra s il, presentes os Drs. m ineral, que ora se conhece, geographicam ente, por
Prudente de M oraes F ilh o e João Pedro C ardoso, re ­ T ria n g u lo M in eiro» , compondo-se h o je de 17 m uni­
presentante do Estado de São Paulo, e os Srs. Julio cípios prosperos, entre os valles dos rios O rande e
Bueno Brandão, c Drs. A n to n io Augusto de Lim a e Paranahyha. IX iran te m eio século (1766-1816) o então
Francisco M endes Pim entel, representantes de M i­ vastissim o te rr ito r io da Comarca do Paracatú Jul­
nas Qeraes. e to dos investidos de plenos poderes gados do A raxá e Desemboque, e Sertão da «Farinha-
pelos respectivos G overnos para resolverem as ques­ Pòdre (actual região de Uberaba) esteve inco rp ora­
tões de lim ite s entre as duas unidades da Federação, do. sem razão plausível, á C apitania G oyana, sob a
accordaram cm nom ear a rb itro unico o Exm o. Sr. D r. jurisdicção p rin c ip a l da Comarca da M eia-Ponte e ou-

o o o O o 407 o o O O o o
U VKO O f OUt COMMfMORATIVO IK ) CENTENA

Iras; e dahi a pretenção do v is inh o Estado áquella § I." N o caso de, ser ju lg a d o v a lid o o a tro de
faixa citada da zona litig io s a no r io São Marcos, a /5 de O utubro de 1800, serão considerados como
qual é m in eira, com os m elhores titu lo s histo rico s e lim ite s entre o s dous Estados os que nclle se de­
adm inistrativos pelo nosso lado. marcam.
— Mas os dotis Estados Centraes chegaram a fi­ § 2.» N o caso de ser de clarado sem valor, pre­
nal a um accordo, celebrado no R io de Janeiro, a valecerão os lim ite s pe io r io P arana/iyba. ribeirão
1« de Setembro de 1010, entre os Delegados goyanos Jacaré, serras d o Andréquicé, T irir ic a , .Araras e Pa-
srs. A lm ira n te José C arlos de C arvalho, M a jo r do ranân.
Exercito H en riq ue S ilva e Senador federal O leg ario IV . Os G o vernos confiantes, num ou noutro
P into, de um ladoj, c o D elegado m in e iro sr. deputado caso, nomearão uma com m issão m ix ta de technicos,
federal d r A n to n io A u gu sto de Lim a de o u tro lad o; para proceder a execução deste accôrdo.
e em v irtu d e desse Pacto solcm ne ficou assentado Assim te rm ino u e fic o u assentado, do que tu do se
submetter-se ao laudo a rb itra l do sr. Presidente Epi- lavrou a presente acta, que vae assignada pelos dele­
tacio Pessoa a decisão d e fin itiv a da velha con tro­ gados de G oyaz e de M in as, e de que se remette-
vérsia de fro n te ira s entre M inas e Qoyaz, conforme rão cópias aos Presidentes aq ui representados, ao
se evidencia dos term os do C ongresso de Geographia, em B e llo H orizon te, a
>i ' M l M V V>íí 1 Lig a da Defesa N acional, á Sociedade de Geographia
e ao In s titu to H is to ric o e G eog ra ph ico Brasileiro.
A C C O R D O G O Y A Z -M IN A S CiERAES
E eu, A n to n io A ugusto de Lim a ,um dos dele­
«Ao p rim e iro de Setembro de m il novecentos c gados, incum bido dc lavrar esta acta, assigno jun ta­
dezenove, na Secretaria da Sociedade de G eographia m ente com os delegados de G oyaz. — José C arlos
do R io de Janeiro, presentes os D elegados Srs. A l­ de C arvalho, C on tra A lm ira n te . — O le g a rio pin to .
m irante José C arlos de C arvalho, C ap itão H enrique H en riq ue S ilva. — A n to n io A u g u sto de Limar..
Silva e o deputado O le g a rio P in to, p o r narte de D ec iar aç Ao apresentada p o r cscrip to , á Mesa
Goyaz, e o deputado A n to n io A ugusto de Lima. da C onferencia, acerca das negociações entre as de­
p o r parte de M inas Geraes, incum bidos pelos res­ legações de M in as Geraes e G oyaz. p e lo Sr. D r. Au­
pectivos Presidentes de estudar as questões de l i ­ gusto de L im a:
m ites entre os dous Estados e de pro pô r as bases O D eputado A u gu sto de L im a, delegado de M i­
para um Accordo, que, convertid o em le i de cada nas Geraes, In fo rm o u te r estado n o Palacio do C atte-
um dos Estados, seja approvado pelo Congresso Na­ te juntam ente com o D eputado O le g a rio P in to, de­
cion al; depois de conferenciarem entre si, resolve­ legado de Goyaz. on de obtiveram um a audiência do
ram o seguinte: sr. Presidente da R epublica D r. E p ita cio Pessoa.
C onsiderando que os delegados não tem perm is­ Pelo D r. O le g a rio P in to fo i exposto o accôrdo
são seriâo para chegar a um Accordo, que ta l fo i o a que tinham chegado os Estados de M in as e Goyaz,
objecto exclusivo d o m andato que receberam, in s p i­ sobre os seos lim ite s e. depois dc m ostrar que a
rado pe lo p a triotico sentim ento de c ontribuírem para unica divergência consistia na inte rp re ta çã o do an,o
a perfeita união dos Estados d o Brasil, d irim in d o de 1800, pedio a S. E x „ em seo e no nome do
as questões de seos lim ite s n o C entenario de sua delegado de M in as, se dignasse acceitar a missão de
independencia; in te rp ó r a sua autoridade ju rid ic a naquelle documen­
C onsiderando que para esse accordo é lic ito aos to, segundo os p rincípios de d ire ito , e que a opiniã o
delegados recorrer a to dos os meios de in fo rm a ­ de S. Ex. trad uziria o accôrdo dos dous Estados. S.
ção e de esclarecimento de facto c de d ir e ito e, Ex. o Sr. Presidente da R epublica declarou aos de­
entre elles, á autoridade de um Varão, cujo laudo, legados que. em bora assoberbado de trabalhos do
solic ita d o e acceito pelas partes, prevalecerá como seo alto cargo, não podia recusar os seos bons o f fi­
expressão d e finitiva d o accordo que se pretende; cios aos dous Estados, cuja confiança agradecia e
C onsiderando que esse accordo depende da in ­ procuraria honrar, fazendo votos para que do seo
terpretação ju ríd ic a d e fin itiv a do auto de J.° de parecer de ju ris ta não resultassem resentim entos da
O utubro de 1800, em execução da Provisão Régia parte que se julgasse vencida. A essa ponderação os
de 25 de A b ril de 1790, o qual demarca os lim ite s delegados responderam ratific a nd o, em nome dos Pre­
do te rm o de Paracatú. confinante da C apitania de sidentes dc M in as e Goyaz, as clausulas estipuladas
Goyaz, po n to este unico sobre que versam as du ­ na acta que haviam assignado. C on fere . R io, I de
vidas; Setembro de t<)l<). J. R . M e llo e Sousa, Secre­
C onsiderando que a Conferencia dos Delegados ta rio».
resolveo, p o r m aioria dos seos membros, com os v o ­ F pelo La ud o A rb itra i de 16 de Julh o de 1922,
to s dos delegados de Goyaz e de M inas Geraes, o sr. Presidente da R epublica D r. E p ita cio Pessoa
que as questões que não pudessem ser d irim id as por decidio: «que o A u to de demarcação de 1 5 d c Ou­
accordo directo dos delegados, fossem subm ettidas tu b ro de 1800 não tem validade ju rid ic a , desde que
amistosamente, sem fórm a de juizo . ao prudente a r­ não fo i con firm a do pelo S oberano, nem p o r acro
b itr io do Sr. Presidente da Republica, D r. Epitacio directo, nem, indircctarpente, p e lo A lva rá de ! 7 de
Pessoa, em cuja opiniã o e lição ju rid ic a se louvariam , M a io de 1 8 /0 ; e, p o r consequenda, os lim ite s nelle
como a expressão d e fin itiv a e irre tra tá vel de seo traçados não são de fin itiv o s nem o b rig a lo rio s para
accordo e base para as resoluções legislativas, na o Estado de G oyaz.. C on c luio o a rb itro seo Laudo,
fó rm a da Cons’titu iç ã o 'da R epublica: I. decidindo que, tendo o accordo de 1° de Setembro
disposto que, no caso de ser declarado sem valo r o
I. Accordam os delegados de M inas e de Goyaz A u to de 15 de O u tu b ro dc 1800, os lim ite s entre os
em que sejam solicitados os bons offic io s do Sr. P re­ dous Estados serão pe lo r io Paranahyba, rib eirão Ja­
sidente da Republica, D r. Epitacio Pessoa, para que caré, Serras Andréquicé, T iriric a , Aráras c Paranãn,
fiq u e resolvida a questão sobre a validade ou ne­ taes lim ites devem ser p o r e’lle s observados, á vista
nhum e ffe ito leg a l d o auto de /5 de O utubro de do com promisso assignado p o r M in as e Goyaz, e
1800 . de accordo com os documentos apresentados. sem haver tn is tér inve stiga r si são ou não os lim i­
II. Para o exame e decisão desta materia, sâo tes legaes» essas divisas assentadas e n tre os dous
dispensadas quaesquer form alidades ou esclarecimen­ Estados.
tos, além dos que forem julgados necessarios pelo D irim id a s assim to das as questões divisórias
Sr. Presidente da Republica. entre M inas e seos Estados lim itro p h e s , póde-se v ir­
I I I . P ro fe rid o o laudo, ou parecer, com promet- tualm ente dizer que, em d e fin itiv o , a nós M ineiros
tem-se os delegados, que assignam esta acta, a accei- não nos preoccupam mais de fu tu ro essas irritantes
ta l-o como a expressão do seu accordo. questões de lim ite s com Estados irm ãos c visinhos,

o o o 408 o o o o o o
TR A N S P O R TE S M A R IT IM O S D O E S TA D O PO R TU G U Ê S .
!K DEPEN OENC!A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

e as quaes não raro deixavam o resaibo de injustas — O Estado ^ossu e hoje 178 m unicípios
represálias entre as populações fron te iriças, pelos mas, a divisão adm inistrativa, ora em elaboração no
constantes con flicto s de jurisdicçâo entre autoridades C ongresso L e gis la tiv o d o Estado, créa mais 23 m u­
jud icia ria s, policiaes c adm in istrativa s; quando não nicípios, pelo que o Estado passará a te r 201, em
era também o ag uilh ão do fisco de dous Estados d i­ vez dos 178 m unicípios, em que presentemente se
versos fe rin d o a bolsa dos contribuintes residentes divide.
nas zonas de in ce rto d o m in io de um e o u tro Estado.
Com o desapparecim cnto de taes contendas te rrito -
riaes c certo que os vinculos da Brasilidade se aper­ A C A P IT A L D E M IN A S : C ID A D E D E
tam numa fra te rn a l affirm ação do alto sentim ento
da unidade da P atria. B E L L O H O R IZ O N T E

A bella e m oderna cidade de B e llo H orizon te


O R G A N IS A Ç Â O P O L IT IC A E D IV IS Ã O A D ­ fo i começada a c o n s tru ir em 1/* de M arço de 1894 e
M IN IS T R A T IV A E J U D IC IA R IA D O E S T A IX ) DE para ella se tra n s fe rio o G overno, em 12 de D e­
M IN A S . — Rege-se o Estado pela C onstituição de zembro de 1897 (num D om ing o), para ahi tran spo r­
15 de Junho de 1801, inteiram ente enquadrada nos ta ndo todas as repartições publicas, que átc então
m oldes da C on stituiçã o Federal da R epublica Ê g o ­ funccionavam na velha C ap ital (O u ro Preto, séde
vernado p o r um Presidente, e le ito de 4 em 4 annos, do G overno, desde 1711 até 1897, is to é, desde a
sub stitu ído em suas fa ltas c im pedim entos por um era colonial, ao fim d o sec. X IX ) . B ello H orizon te,
Vice-Presidente conjunctam ente ele ito pelo Povo. no cidade edificada com rapidez e audacia americanas,
p le ito presidencial. A u x ilia m o Presidente, nas func- dignas do nobre o energico Povo M in eiro, custou
ções de G o verno , tres Secretários de Estado nas ao Thesouro do Estado, até 1897, m ais de 33 m il
pastas d o In te rio r, das Finanças e da A g ric u ltu ra , contos. Nestes u ltim o s 25 annos (1897-1922) nella
e um C hefe de Policia. Para u n te rrito rio de quasi se têm despendido m uitos m ilhares de contos do
600 m il k ilo m e tro s quadrados, povoado p o r mais de E rário Publico, qu er do Estado, quer da U nião, e
seis m ilh õe s de habitantes, dispõe o Estado de um da fo rtu n a pa rtic u la r cm novas obras e cJ ific io s de
apparelho ju d ic iá rio constitu ído por um T rib u n a l da real im portância.
Relação, com 13 Desembargadores, repartidos por A C onstituição do Estado, de 15 de Junho de
tres Camaras (a C iv il, a C rim in a l e a E le ito ra l), pre­ 1891. -onsagrára a idéia da mudança da C ap ital, de
sididas to das p e lo Presidente da Relação, ele ito den­ O u ro Preto para o u tro ponto do Estado. E sco lhi­
tre os Desembargadores, fu nccionando ju n to a ellas do no centro de M in as o arraial de C u rra l-d ’E l-R ey
o Procu rad or G e ra l do Estado, como chefe do M i­ (c ujo nome se m udou para B e llo H o riz o n ’e / . estu­
n iste rio P u blico. S io 118 as comarcas existentes no dado previamente p o r uma commissâo de technicos,
Estado, assim classificadas: 2 de 3.-' entrancia (B e llo conform e a le i addicio na l n.° 3 d o Congresso M in e i­
H o rizon te e J u iz de F óra), 18 de 2.a entrancia e 08 ro, prom ulgada em Barbacena, a 17 de Dezembro
de 1.» e n tran cia; e comprehendem as 118 comarcas de 1893. fo i lo g o creada, a 14 de Fevereiro de 1894,
160 term os jud icia rio s , dos quaes se acham ate agora a Commissâo C onstructora da N ova C a p ital, sob a
installados 140 term os forenses, para a reg ular e direcção do Engenheiro-C hefe D r. Aarão Reis (m a­
prom pta adm in istração da Justiça, no te rr ito r io m i­ ranhense), que in s ta llo u os trabalhos, a 1.» dc M arço
neiro. Na ju risdicçâo das comarcas e term os se com- de 1894.
prehendiam 806 d is tricto s de paz (ate meados de Em 22 de M aio de 1895, o dr. Aarão Reis pas­
1023). As autoridades jud icia ria s, que fórm am a ma­ sou a direcção da Com m issâo ao no vo Engenheiro-
gistra tura to gada, são representadas pelos Juizes de Chefe D r. Francisco Bicalho (na tural deste E stado),
D ire ito e Juizes M unicipaes. nas sedes das comarcas que. a 12 de Dezem bro de 1897, entregou ao G o ­
e term os, havendo um P rom o tor de Justiça, form ado verno M in e iro to das as installações officiaes da nova
em D ire ito , em cada comarca; mas, em to dos os C idade d r M in as, p rim e iro nome dado p o r le i á
districto s de paz. existem os Juizes de Paz, eleitos Nova C apital do Estado.
pelo povo. de 4 em 4 annos. Até agora funccionam A le i n.» 302, de 1.° de Julho de 1901. m udou
178 M unicip alida de s (Cam aras), no te rrito rio do Es esse nome para o de cidade de B e llo H o rizo n te ,
tado, c u jo egual e correspondente num ero de m uni­ pois que já fô ra esta a denominação que o Decr.
cípios tem suas sédes em 129 cidades e em 49 villas. n.° 36. de 12 de A b ril de 1890, dera ao velho arraial
Orçam annualm ente em cerca de 20 m il contos as do C u rra l 1'E t-R ey, durante o G overno P rov iso rio
receitas das Camaras "Municipaes de M in as; cmqiian- da Republica.
to que a vida orçam entaria do Estado, pelo exercicio A installaçâo do G overno d o Estado, cm B e llo
fina nce iro de 1922. teve uma receita to ta l de pouco H orizonte, ficou constatada no decr. n.° 1.085, de
mais de 78 m il contos, com uma despesa equivalen­ 12 de Dez. de 1897. assignado pelo então Presiden­
te. A exportação geral do Estado monta a perto te Bias Forlcs.
de 600 m il contos, em generos e productos agríco­ A referida decretação da mudança da C a p ital,
las. pastoris, mineraes. fa bris c m anufacturados. O de O u ro Preto para B e llo H orizon te, fe ita pelo C o n ­
p a trim o nio dos bens e valores pertencentes ao Es­ gresso M in eiro, na cidade de Barbacena, em fin s de
tado está avaliado em quasi 190 m il contos. E le ito­ 1893. durante a presidência A lfo n s o Penna, fo i m u i­
ralm ente. M in as Geracs dispunha de 314.813 cle:- to hem estudada pelos srs. X a vier da Veiga e Joaquim
tores alistados até 30 de Dezembro de 1921; e com Lin ha re s; e os grandes propagandistas da mudança
esse corp o e le itoral são eleitos os representantes do fo ram, desde o 2." reinado até á Republica, o padre
Povo ao C ongresso L e gis la tiv o do Estado (48 de­ A gostinho Paraiso. o ; drs. Alexandre Stockier, João
putados e 24 Senadores) e os 37 deputados a Ca­ Pinheiro, A ffon s o Pcnna. Bias Fortes. Cesario A lvim ,
mara Federal e os 3 Senadores, que representam o Augusto de Lim a e outros illu s tre s M ineiros, em sua
Estado na A lta Camara do C ongresso Nacional. m aioria já desapparecidos.
Em 172 dos m unicípios m ineiros, existem Ca­ A institu ição da vida m unicipal em B e llo H o ­
maras para as quaes são eleitos Presidentes e Agen­ rizonte comecou com o C onselho D elibe ra tivo (com ­
tes Executivos, além dos Vereadores, c u jo num ero posto a p rin c ip io de 7 representantes d o po vo),
varia dc 7 a 15 (conform e a im p orta nd a d o m uni­ creado pela le i n.° 275. de 12 de Setembro de 1899.
cip io ) ; c nos 6 m unicípios da C ap ital e das sedes Desde a creação da Prefeitura dc B e llo H o r i­
dc estancias thermaes e fontes dc aguas mineraes. zonte (Decr. n. 1 088, de 29 de Dezembro^ de. 1897,
(Araxá. Aguas Virtuosas. C am buquira, Caxambu e na presidência Bias Fortes) até ho je — têm gover­
Poços de C aldas), existem Prefeituras Municipaes e nado o m u n ic ip io da C apital os seguintes P refeito s:
Conselhos D eliberativos, em vez de M unicipalidades. drs. A dalberto D ias Ferraz da Luz (1897), Francisco

o o O o O 409 o o O o o o
LIVRO DE OUHO COMMEMORA T/VO CENTENARIO DA

A n to nio de Salles (18 98 ). A m crico W erneck (in te ­ tó r io do dr. Aarão R eis. apresentado em 1893, ao
rin o ) e Bernardo P in to M o n te iro (1899 a 19021. C o­ G overno dc M in as).
ronel Francisco Bressane de Azevedo (1002 a 1005), D ista da C a p ita l da U niã o ( R io de Janeiro)
drs. A n to n io C arlos R ib e iro dc Andrade (1005 a 640 kilo m e tro s (m ais ou meno? cerca dc 107 lc-
1006) Benjam in Jacob (1006 ate 10081. Beniamin goas b ra sile ira s), qu e.se vencem cm 16 horas de via­
F ranklin S ilv in n o Brandão (1000 a 1010), O ly n th o gem de trem de fe rro , pela b ito la larga da F . de. F.
Deodato dos Reis M e irelles (1010 a 1013). C o rn e lio C e n tra l do B ra s il. Da Estação de General C arneiro
Vaz de M e llo (1014 a 1018). A ffon s o Vaz dc M e llo (na lin h a do centro) ha também um ramal de b ito la
(1018 a 1922) e F la v io Fernandes dos Santos (recem- estreita de 14 k ilom etro s , para B e llo .H o riz o n te ;
nomcado para o q u atrie nn io ad m in istrativo de 1022 e, pela b ito la estreita a distancia- de B e ll» H o riz o n ­
a 1026). Foram também Prefeito s interinos os srs. te ao R io d c Janeiro é de 101 legoas ou 606 kms.
drs. W enccslau Braz. C icero F erreira e D e lp h :m M o ­ A cidade é banhada pe lo A rrudas (rib eirã o
reira da C osta R ibe iro. afflu e n te do R io das Velhas e p o r vario? corregos:
-— D e n tro d o te rr ito r io do m un. da C a p ita l e xis­ M angabeiras, Leitão, Acaba-M undo, Cercado, Serra,
tem varios ba irro s e povoados: G eneral-C arneiro. etc.
F re ita s. M arzag ão , C a'afatc. Cardoso. Bom-Successo. Scos serviços dc esgotos, insta Ilações sanitarias
En ecn ho -N o gu cira . Pa atp u t ha. P it ■•Iras. M en-zes. la- e redes dc abastecim ento dc agua p o tá vel, são dos
tohn. B a rre iro . C c ’ c a 'o . C crcadinho. Taq u a rii. O 'hos- m elhores no m undo. Suas avenidas e ruas largas e
d ’Apua. G a m e lle ira . G o rd 'fa s . T ejuco. P rado. B a rro rectas, suas praças bellissim as, o Parque M unicipal,
P rc io . C o rre g o -d a M a iia . C o lo ria s Am-ric o W emeek, jardin s , casas particulares e ed ifícios publicos, são
Bias F orres. C arlos Prates. Adalberto Ferraz r A ffo n ­ illu m in ad os á luz electrica, sendo ta m bém m ovidos á
so P c n ra . Vesuvio. Ba:rro M ili'a r , C a r6ca'A. Pa stinh o. electricidade os carris urbanos (30 kilom etro s de
C orrego-do-N ado. Onca Borges, la g o in h a . F loresta , linhas no percurso to ta l da C a p ita l e linhas subur­
C orreg o--’o - ' r i ã o VU’a -B r static. Pedreira-Prado-Lo- banas).
p rs. H o n o -B o ta n ic o H a r-ti-a . C aixa d ’ Agun. Arrudas. A numeração das casas é por svstema engenhoso
M a ta d o u ro . Pos*o V e t-rin a rio . O ffic ira s da C -n 'r a l. e unico no B rasil pela distancia a um po nto de
C aixa d 'Areia , além de ou tros arrabaldes e subúr­ referencia na extensa Avenida C irc u la r ( Avenida 17
bios. de Dezembro»), que envolve to da a cidade; dc modo
A u lt. R cf. de div. adm inistr. d o Estado cm' 1011 que cada p ré dio accusa, na sua numeração, a distan­
(le i n. 556. art. 6.°, n. X ) , quando tra n s fe rio a sede cia delle. em metros, para a Avenida de C ontorno.
do d is tric to de paz de Venda N ova nara o pov. de — Im prensa d ia ria , revistas scientificas e de
Campanhãm (do actual m u n ic ip io de Conta<rem). an- arte c letra s ; serviço dc assistência publica e hos­
nexou o velho a rraia l de V e d a Nova ao m un. de p ita la r; te legrapho, telephones, th ea tro. ■clubs, cine­
B e llo H o rizon te, estando liga do á C apital es«e novo mas. asylos. orphanatos. dispensários, c o lle g io s; so­
suburbio p o r uma estrada de rodagem de 12 km?, de ciedades pias. beneficentes, recreativas e sportivas
distancia. ( tir o e c o rrid a s ); ins titu to s leigo? c religiosos, tem­
O m u n ic ip io da C a p ital só se compõe d o dis­ plos catholicos e protestantes; academias, escolas e
tric to de B e llo H o riz o n te : porém , a comarca ahranee bib lio th eca s; bo te is pensões. botequins, padarias, ar­
o m u n ic ip 'o visinh o da V illa de Santa O n ite ria . desde mazéns. fabricas, o fficin as, m atadouro, açougues; po­
1903. C on fina , pois a comarca de BePo H orizon te liciam ento. quartéis, prisões, etc .; são outros tantos
com as comarcas de Sabará. Rio-das-Velhas Se*e-' a- elementos de progresso, que já possue a moderna
goas. Pará. B o m fim e O u ro Preto, cujos te rrito rio ? C ap ital M in eira, a qual pouco m ais de um q u arto de
a rodeiam . século de existência conta, presentemente.
A área p rim itiv a do d is tric to da C an ital. demar­ Na população da cidade ha grande elemenfo cx-
cada em 1895. era de 33 746 185 m s.*: h o je. no- trangeiro. predom inando neste a eolen'a italia na (mais
rém. a sup erficie do mun. de B e llo H o riz on te é bem de 8 .00 0); por isso. ah i residem representantes con­
m aior, com os te rritó rio s desmembrados dos m unicí­ sulares dc Po rtug al, Ita lia , Belgica. Hespanha, In ­
pios de Sahara e de Sta. O u ite ria e de Sta. Lusia glaterra. Argentina, França. A u stria . Russia e .Mies
pelas reform as adm inistrativas de 1901 (le i n. 319) manha. As citadas colonias A m érico Werneck. Çar-
e de 1911 (le i n. 556). ios Prates. Bias F o rte s , A d alb erto Ferraz, A ffoaso
In clu ind o as tres zonas urbana Í8 815 3 8 2 m s .0 . Penna. rodeiam a cidade é a abastecem de generos;
suburbana (24.930.803 ms.?) e de «itios e colonias ficando no seo d is tric to os antigo s N úcleos coloniaes
(17.474 610 m s.:), o d is tric to de B ello H orizon te do B a rre iro e Vargem Grande.
tem^ h o je quasi 52 kilom etro s quadrado? de área te rri- São edifícios m ais notáveis da C a p ita l de M in as;
o magestoso Palacio Presidencial, as Secretarias de
— Fica a m c tropo le m ineira bem ao c en tro do Estado (os Palacios d o In te rio r. A g ric u ltu ra e Fazen­
Estado, situada na encosta occidental do v a lle do da). o Palacio da Justiça (T rib u n a l da Relação e
Rio das Velhas, quasi no p la na lto div is o r das aguas F o ru m ), a Imprensa O ffic ia l (fundada pela le i n 8,
desse r io e do Paraopeba, confluentes ambos do rio de 6 de N ovem bro de 1 8 91 ); as Faculdades de D i­
São Francisco. re ito e de M edicina, as Escolas de Engenharia, de
C ollocada a 920 metros sobre o nivel d o mar. Pharmacia e O d o n tolo gia, a Escola de Agronom ia e
está a C a n ita l a 19«.55’ 22” de Lat. Sul e a 1° 10’ 6 " Veterinaria, os In s titu to s de Radium e de N curo-
de Long. Oeste (ne lo m eridiano do antigo M o rro do Psychiatria, o In s titu to João P in h e iro (de a g ricu l­
C astello, no Rio de Janeiro). D om ina ella, em esplen­ tu ra ). o Gym nasio O ffic ia l do Estado, a Escola N o r­
did o e lo n g iq u o ho rizo nte (dahi o sco nome) «a m aior m al F em inina, o In s titu to de C him ica In d u stria l, os
parte d o chapadão. que se extende para o N orte , e tem C o llc g io s Santa M aria A rna ldo . Coração de Jesus,
a bella fô rm a de um vasto c am p lo am phitheatro. aber­ e Isabella H en drix , o In s titu to -O s w a ld o Cruz-> ( F i­
to para o O riente, encostando-se. ao Sul. á Serra do lia l ao de M anguinhos do R :o ) ; a D ire ctoria d e H y ­
C urral, que a protege contra os ventos frio s e húmi­ giene, a C hefatura d c Policia, a Camara c Senado,
dos. que nersa direcção, atravessam as Serras do O uro as imponentes Estações da C e n tra l e Oeste, a D is­
Branco e da Moéda. e ao N orte , á Serra da C onta­ trib u id o ra de Electricidade, o O u arte l Federal do
gem. que attenúa os effeito s dos ventos caüdos que 12.° Regimento, o Q u a rte l da Brigada M ilita r ; as
sopram das margens do rio São Francisco. Esse hello suas Egrejas catholicas, como a Sé C athedral da
am phitheatro offcrece. sob a fórm a dc un i dodeca- Bõa Viagem, a d o Rosário, a dc Santa Ephigcnia dos
gono. superficie superior a 1.900 hectares e é bem M ilita re s , a do Coração de Jesus, a Basilica de L o u r­
sufficiente, portanto nara que a cidade com porte, no des, a grande c artística M a triz de São José, dc
fu turo , uma população de 190 m il habitantes, á ra­ im ponente construcção. as Egrejas de São Sebastião
zão de 103 m etros quadrados p o r habitante . (R e la­ do Barro Prêto c dos ba irro s do Calafate, da La-
INDCPLNDENCIA t DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

g o in h a e F loresta, c mais os tem plos protestantes


Zuna urbana
dos culto s M ethodistas, B aptista e Presbyterian©■ a
Santa Casa de M is e ric o rd ia , a M aternidade, o A sylo Maxima (Praça L ib erda de ).................................. 895 ms.
A ffon so Penna» (de m endicidade), o Sanatório Sâo Mínima (M e rca do )................................................ 835 »
Cucas, os H ospitaes São (ie r a ld o e São Vicente dc Media (rua Rio de J a n e iro )................................ 865 »
Paula, o H o s p ita l M ilita r, o D esinfectorio, o La- Zona suburbana
b o rato rio de A nalyses; os Palacios dos C orreios e
da D elegacia Fiscal da U n iã o ; os Bancos Hypotheca­ M a x im a ................................................................ 900 ms.
rio, Pclotensc, do B rasil e de C re d ito Real de Minas M in im a ........................................................ ! . . 820 »
M é d ia ................................................ 860 »
os Palacio da Associação C om m ercial e da D irectoria
da Estrada dc F erro Oeste, o C onvento dos Re- Zona de sítios
dem ptoristas, o Posto V e te rin a rio , o Quartel do Pra­
do, a P re fe itu ra M u n icip al, o Palacio do Conselho ....................................... 1.030 ms.
....................................... 820 »
da Cidade, o M ercado P u blico, a Usina de ü a z Po­ ....................................... 925 »
bre, a Fabrica de C hita s, etc.
Funccionam na C a p ital as seguintes repartições
do Estado e da U niã o: A altitu d e do O b servatório M e te orolo gico do
Parque M unicipal é de 857 m etros sobre o n ive l
do mar.
Palacio da Presidência e G abinete do Governo População dc B e llo H o riz o n te — P e lo B o letim
do Estado; a Secretaria do In te rio r (Instrucção, M a­ da D ire ctoria de H ygiene do Estado era esta a po­
gistra tura, H yg ie n e ), te nd o dependentes a Secreta­ pulação da C apital, p o r um calculo approxim ado, em
ria de Segurança o u C he fia de Policia, o Archivo 1910.
Publico e M useo do Estado; a Secretaria de Finanças
(im postos, colle ctor ias, contas, estatística economics Zona urb an a............................................... 20.000habitantes
e te rr ito r ia l) , te ndo annexo o Thesouro Estadual; a Zona sub urb an a....................................... 10.000 »
Secretaria G e ra l da A g ric u ltu ra , Viação, Industria, Zona de sitios c colonias........................ 5.000 »
com 3 D ire cto ria s de Viação, de Obras Publicas e de
Industria (estradas, pontes, fe rrovia s, estancias hydro- T o t a l ......................... 35.000 »
m in crats, te rras publicas, minas e assumptos de colo-
nisaçâo). A D ire c to ria de H ygie ne e de Serviços de Damos em seguida, o quadro dos 2 calculos e
P rdp hila xiá S anitaria depende da Secretaria d o Inte­ dos 4 censos dem ographicos já offic ia lm e n te p ro ­
rio r. cedidos, na C a p ital do Estado:

As C o llc c to ria s Estadoal e Federal vendem es­


tam pilhas, arrecadam d ire ito s e im postos devidos ao População recenseada, cm 1900 . . . 15.000 habitantes
Estado e á U n iã o ; e existem ainda na C ap ital M in e i­ Pcpulaçâo recenseada, cm 1905 . . . 17.615 »
População calculada, em 1910 . . . 35.000 »
ra as C aixas Económicas Estadoal e Federal, esta Pcpulaçâo recenseada, cm 1911 (31 de
ultim a com o M on te de Soccorro annexo. D e/e m brc ).................................... 39.884 »
G T rib u n a l da Relação está d iv id id o em Camara Pcpulaçâo calculada,teni 1912 (pela Di­
C rim ina l, com a Secretaria e 2 escrivães geraes; o rectoria de Hygiene) 40.256 »
População recenseada, em 1920 (l.o dc
Eurum de 1 ' instancia te.n 2 Varas de D ire ito e tres S e te m b ro )..................................... 55.563 »
Escriyanias do civel e crim e, alem de 4 tabcllionatos
e officia e s dos R egistros hypothecario, de Im moveis,
etc.; a Im prensa O ffic ia l tem varias o ffic in a s de ty - Actualm cntc, c ã população de B e llo H orizon -
pographia, impressão, encadernação, pautaçâo. etc. A te s uperior a de ou tras Capitaes de Estados b ra si­
A d m inistração dos C orreios e a Inspectoria do T ra ­ leiros - como sejam as cidades de Sâo L u iz do M a­
fe go da E. de F. C en tral e D ire c toria da Oeste, são ranhão, Natal, Parahyba do N orte , Aracajú, Victoria,
repartições federaes de grande pessoal e intenso m o­ F lorian op olis, C tiyabá e Goyaz, que lh e são in fe rio ­
vim ento, assim como o D is tric to Telegraphic© de res em numero de habitantes (segundo o u ltim o re­
M in as-C en tro e a R epartição dos Telegraphos, na censeamento nacional de 1920).
C apital de M in as. Sob a direcção da P refeitu ra M u ­ Eis alguns dados do l . ° recenseamento m unicipal
nicipal, se acham a D ire c to ria G eral de Obras, V ia ­ de 1903: a população recenseada, no d is tric to da Ca­
ção, Electricidade, a C on tab ilid ad e, o Gabinete do p ita l, em princípios de 1905, era de 17.615 habitan­
P refeito e Secretaria, a B ibliotheca M un icip al, o tes, dos quaes 9.026 analphabetos (mais de 50 »o)
Tom bam ento e A lm o x a rifa d o . As Usinas de electrici­ c sómente 371 de filia ç ã o ille g itim a ; e havia então
dade são p ro p rio s municipaes arrendados a u.na em­ 3.213 prédios urbanos, suburbanos c ruraes, n o dis­
presa p a rticu la r. tric to de B e llo H orizonte.
Dependem da D elegacia Fiscal do Thesouro Fe­ Em 1900 a população aqui recenseada fô ra de
deral a Fiscalisação de Bancos, a Secção aduaneira 15 m il habitantes apenas (p o r occas ião do 2.° censo
de C o lis-p o sta u x , a C aixa Económica Federal, com nacional da Republica).
o M on te de Soccorrò annexo, e as duas C ollectorias A população do m u n icip io dc B e llo H orizonte
Federaes da C ap ital. (pelo 2." recenseamento m un icip al dc 31 de Dezem­
bro de 1911) accusa a 39.435 habitantes e mais 449
O J uízo Seccional da U nião, no Estado, tem ausentes (ao to d o 39.884 habitantes), te nd o sido
a sua séde em B e llo H o riz o n te , c comprehende duas este o resultado conhecido do 2.° recenseamento fe i­
Escrivanias d o C ivel e C rim e, te ndo grande m ovim en­ to pela P refeitura de B e llo H orizon te, naquella data:
to fcrenSe. A C hefia de P o licia do Estado, abi an­ contava a C ap ital 72 ruas, 20 avenidas, 9 praças, 7
gendo Secretaria, C om m ando G e ra l da Força Publica, colonias e 8 b a irro s ; 4.731 prédios, sendo 4.422 te r­
Delegacia a u x ilia r, 2 Delegacias urbanas, Oabinete reos assobradados e 88 de sobrados; estavam em
de Identificação, Secretaria M ilita r e outros serviços construcçâo 147 prédios c havia 2.807 barracões ou
de segurança, assistência, vigilância, etc., d irig e de habitações pro visó ria s de operários, conhecidas pelo
Bello H o rizo n te to do o policiam ento do vasto te r­ nome de «cafúas».
rito rio m in e iro . Também funccionam , em B e llo H o ­ Dos prédios eram de alugueis 2.101 habitações,
rizonte, o Q u arte l General da 7-' Brigada do Exercito, que rendiam, annualm cnte, 1.701:2598000, ou seja
o Serviço de alistam ento m ilita r e o Commando do uma média de 8118165 p o r habitação, p o r an no ; e
12° R egim ento de Caçadores. havia 220 casas de seccos e m olhados e 12 typ og ra­
— São estas as a ltitu de s da área habitada, na phies estabelecidas na C ap ital M in e ira (no anno de
C ap ital de M inas: 1911).

O O O O O O 411 O O O O o o
i.IVHO OI: OURO COMMEMORA TIVO OO CENTENÁRIO O,

Dos seos 39.884 habitantes, eram 38.347 ca- O serviço te lc p ho nic o tem nada menos de 100
cholicos, 55 atheos, 1 m ate ria lista, 91 espiritas, 386 k ilo m e tro s de linhas, eo.n m ais de 1.000 apparelhos
protestantes e 10 liv re s pensadores; e contava a instbllados, em tres C en tros urbanos, ao Sul, ao Cen­
cidade 76 advogados, 37 medicos, 1.444 a g ric u lto ­ tro e ao N o rte da C a p ital.
res, 781 cozinheiros, 179 alfaiates, 817 funccionarios O b e llo e vasto Barque 'P ub lico da cidade tem
públicos, 20 padres, 19 doceiras, 40 «chauffeurs* uma área de 62 hectares (cerca de 572.400 ms.*),
(cin esiphoros). 159 costureiras, 150 pintores, 9 par­ quasi to da arborisada c aja rd ina da , com form osos ta-
teiras, 131 sapateiros, etc. A colonia extrangeira era b o leiros dc relva, lagos, cascatas, repuxos, viveiros
representada (em 1911) p o r 2.963 italianos, 334 hes- dc plantas e aves, etc.
panhócs, 325 portuguezes, 208 tu rcos, 118 allemães, Cerca de 12 m il arvores ( m a g n o lia s, g re v i!has,
c alguns africanos, inglezes, belgas, francezes, norte- acacias, eucalyptus, o itis , ja m bo lan os , m angueiras, p a l­
americanos, syrios, japonezes, etc. m eiras), vestem as ruas e as avenidas da cidade,
Seguindo a regra traçada p o r M au ríc io Block, dando som bra aos passeios lateraes e belleza á
e que consiste em a ju n ta r á população apurada no perspectiva das grandes vias urbanas.
u ltim o censo os excessos das entradas soOre as sa­ B e ll o H o riz o n te se to rn o u desde a sua cons-
bidas e dos nascimentos sobre os o b itos, calculou trucção, iniciada em l . “ de M arço de 1894, e a
a D ire c toria de H ygie ne do Estado que era de p a rtir de sua inauguração o ffic ia l, cm 12 de O u ­
40.256 habs. a população da C a p ita l M in eira, no tu bro de 1897, a great a ttra c tio n , o po n to forçado
anno de 1912; e o seo calculo assim fo i fe ito : dos vis ita n te s illu s tre s de to do s os pontos do Bra­
s il e até do ex te rio r da R epublica.
F igu ra s de Extra ng eiros notáveis, com o o coro­
População recenseada em 31-XII-19I1 39.435 habitantes nel C ha rle s Page Bryan (e x -m in is tro americano no
Excesso dos nascimentos f 1.242) sobre B r a s il) ; o barão A lb e ric F a llo n (a n tig o diplom ata
os obitos (713), em 1912 . . . 529 » e actual em baixador B e lg a ); o C onde dc Arco Valley
Excesso de entradas (111.180) soore as
sahidas (110.435), pela E. de F. (a n tig o m in is tro da A lle .n a n h a ); G aston D onnet (re ­
CentraI do B r a s il......................... 745 » dactor do F ig a ro , de P a ris ) ; o d r. W . V a len tim (re­
dactor d o B e rlin e r T a g le b a tt); o co.nde P ie tro An-
to n c lli (a n tig o m in is tro ple n ip o te n c iá rio ita lia n o ) ; os
drs. E. Hussack c O r v ille D e ro y (g e o lo g o s america­
Diffcrença a tirar entre os que chega­
ram (9.039) e os que sahiram no s ); M . D e Kuczinscky (en táo representante da
(8.586), pela E. de F. Olste de A u s tria ); Paul D oum cr (notável estadista francez);
M in a s ................................................ 453 » o Barão A . de La B arre (a n tig o m in is tro hespanhol);
Pcpulação effectiva, em 3I-XII-1912 . 40.256 » o conselheiro C am ello Lam preia (a n tig o plenipoten­
c iário de P o rtug al, no R io dc J a n e iro )); o bispo ame­
ricano rev. T u k e r; o barão d ’ A n th ou ard (qu e fo i m i­
Serviços m uniclpacs da cidade — 1’ ara o abas­ n is tro fra n c e z ); C ha rle s W ie n e r e Clem enccau (o
tecim ento d'anu a p o tá v e l ha e.Tt B e llo H orizon te 3 p rim e iro notável d ip lom ata , o segundo estadista ac
grandes reservatórios, com a capacidade to ta l de 3 renome, ambos fran ceze s); G u g lie lm o F e rre ro (o emi­
m ilhões de litro s , e, actualm ente, o consumo do pre­ nente h is to ria d o r ita lia n o ); C ha rle s M o re l (redactor
cioso liq u id o é de cerca de 13.092.200 litro s por 24 da E to ile du H u d ); C a rio F ab rica tore (fa lle c id o jo r­
horas, ou 545,712 litro s p o r hora, sendo a media nalista ita lia n o ) ; o barão Sughim ura (en tão m in istro
de consumo de 388 litro s (m in im o ) por cabeça, e japonez, no B ra s il); a Baroneza de W ils o n (escripto-
1.300 livro s (m a xim o ) para cada habitante, cm 24 ra h c s p a n h c la ); K n ijjh t B a rrin g to n (ba n q u e iro e advo­
horas. O consumo d ia rio da carne fresca a tting ia , na gado in g lc z ) ; o G eneral G a m e lim (che fe da Missão
área urbana, a 1.470 kilogram m as (ha vinte annos); M ilita r Franceza n o B r a s il) ; o P rofessor Georges
e, presentemente, a matança dia ria de rêzes é de Dumas (da Sorbonnc, de P a ris ) ; S ir C ecil Baring
40 cabeças e 12 suinos, com o peso .nédio to ta l de (grande banqueiro in g le z ); o Abbadc M u r ri (afamado
10 m il kilo s dc carne. parlam entar ita lia n o ); o Barão Erne sto Hesse-W al-
Os meios de locomoção mais usados na cidade te gg (gco grap ho e e s c riptor a lle m â o ); a Sra. Anna
de B e llo H o rizon te, são os bonds electricos, automó­ de C astro O so rio (conhecida educadora po rtugueza);
veis, carros de praça, carruagens diversas, biçycletas Paul Adam (notável es c rip to r fra n c e z ); os geo'.ogos
e animaes. americanos W asdw o rth e W a rd e ; os N uncios Apos­
Fabricas a vapor já existem diversas; de chitas, tó lico s monsenhores J u lio T o n ti e A n ge lo Scapar-
pannos de algodão, meias e tecidos de malha, cer­ d in i; a Sra. G ino Lom broso ( filh a do grande crim i-
vejas e bebidas artificiae s, velas stearicas, banha, fu n­ no log o ita lia n o Cesare L o m b ro s o ); o C om m issario
dições dc fe rro e outros metaes, typographias, rou­ norte-am ericano C oron el D avid C ha rle s C o llie r ; o
pas fe itas, calçados, drogas, sabão c perfumes, con­ em baixador Alexandre C o n ty (da F ra n ça ); o escriptor
servas, doces, licores, xaropes, vaccinas e sôros di­ belga p ro f. C harles S aròlea; e, fina lm e nte, Suas Ma-
versos e o u tro s productos chimicos, massas alim en­ gestades o Rei A lb e rto I e a R ainha Elisabeth (da
tícias, moveis, etc. Uma bôa tecelagem (M arzagão), B e lg ic a ); foram unanimes em pro cla m ar as adm irá­
a 6 k ilom etro s da C a p ita l e á margem da E. de F erro veis bellezas e o encanto desta «cidade sem egual
C e n tra l do B ra s il, uma Fabrica dc Tecidos de Malha no Brasil».
e uma de C alçados, no sub urb io do C alafate, e a B rasile iros illu s tre s a têm egualm ente visitado,
grande Fabrica de C hitas da «Companhia Industrial gabando-lhe as bellezas, o clim a , a paisagem , a a rc h -
B e llo H orizonte», com 400 teares, na Praça da Es­ te ctura, o plano da sua construcção. Basta-nos citar
tação, representam o expoente da ind ustria fa b ril, estes visitantes nacionaes: os Presidentes da Repu­
na C apital. b lica : Campos Salles, R odrigues Alves, Marechal
As offic in a s «C hristiano O ttoni», annexas ao Herm es e Epitacio Pcsxca; o C on selh eiro Ruy B j i -
C urso techn ico -Ind ustrial da Escola de Engenharia, bosa e o General P in h e iro M achado; os presidentes
têm grandes machinas e installações para a fa b ri­ Lu iz Vianna e José M a rc e llin o (da B a h ia ); Justiniano
cação de quaesquer peças de fe rro e bronze. Serpa (do Ceará), N estor G om es (d o E s p irito San­
— O cem ite rio pu blico abrange u na área murada to ), e H e rc ilio Luz (de Sta. C a th a rin a ); os m in is tro i
de 171.400 m etros quadrados, m enor ainda que a do de Estado: Lauro M u lle r, Severiano V ie ira , M iguel
M atadouro, que possúe uma superficie de 500 m il C alm ou, e J. J. Scabra; o em baixador Joaquim Na-
ms.*, toda cercada de arame farpado, com ricas pas­ buco. C o e lh o N etto, E ngenheiro T e ix e ira Soares, Olavo
tagens para o gado, bôa aguada e varias dependên­ Bilac, (to n d e Paulo de F ro n tin , José V erissim o, Bispo
cias para o pessoal a lli empregado na matança diaria Dom João Nery, arcebispo D om D ua rte Leopoldo,
do gado consum ido na alimentação publica. padre dr. João G u albe rto, C onde de A ffo n s o Celso,

o o o o o o 412 o o o o
PAVI 111AO SULCO — VISTA INTERIOR

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL IX» RIO l»E JANEIRO MOINHO HOI.LANDEZ


I’O R IA NORTE DA i XIOSIO At) INTERNACIONAL IM» RIO D ll JANEIRl

TORRE DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL ) DL JANLIRC


Graça Aranha, Joâo do Rio, alm ira nte Jaceguay; mu­ nas tinha uma receita orçada em 3.697:5008000, sen­
lheres illu s tre s com o Carm en D olo re s e Julia Lopes do a despesa fix a d a em ejrual q u an tia; e, do seo
de A lm eid a: to do s esses com patriotas asseveram ser orçamento, o gasto com a instrucção p u b lic a m ontava
B e llo H o riz o n te cidade de belleza e plano sem r i­ a um to ta l de 1.036:5558000; ao passo que, em
val, em te rra sul-am ericana, pelo adm ira vel e perfeito 1921, a receita do Estado de M inas a ttin g io a uma
traçado de suas avenidas cheias de edificações inte i­ arrecadação to ta l de 63.419:9968838, elevando-se
ramente modernas. os recursos do exercício, inclu in do o saldo do anno
anterior, a 67.022:7938207, com uma desp;sa to ta l
E S T A D O A C T U A L D E C IV IL IS A Ç À O , EM de 65.381:8588775; e, dessa despesa, a verba vo ­
M IN A S G E R A E S — Synthese da m archa economica e tada pela le i 826, de I o de O u tub ro de 1921, para
do de sen volvim en to c u ltu ra l d o nosso povo, no seio manutenção, a u x ilio e custeio da Instrucção pública,
da Hatr ia B ra sile ira . em seos d ifferen te s gráos, m ontou a 9.523:0508000.
O enunciado da these já se acha im plicitam ente Viação fe rrea na Provin cia e n o Es!a to — Em
respondido, no corpo e c ap itulo desta obra, através 1889, a Provincia de M inas apenas tinha 2.054 k i­
dos quaes te mos passado em revista o que representa lom etros dc estradas de fe rro , em trafego, fó ra ou­
0 E s ta lo de M in a s , sob o po nto de vista politico, tras em construcção, d e ntro d o seo te rrito rio , c,
social c physico-econom ioo, de ntro da grande Pa­ presentenientc, só as fe rro-vias m in eiras trafegam
tria com anim . Tod avia , vamos proceder a uma re­ uma extensão de quasi 7 m il kilom etros, havendo em
capitulação da o b ra c iv ilis a do ra dos governantes e construcção m uitos trechos de caminhos de fe rro
do povo deste Estado, lim ita n d o o nosso estudo syn- p o r to do o Estado.
thetico a um c o n fro n to do desenvolvim ento, sob vá­ Serviço P o s ta l Em 1889, as Agencias do
rio s aspectos, d o Estado de M inas Oeraes. na actua- C o rreio eram apenas 557, a receita to ta l dos co r­
1 idade, ou nestes u ltim o s decennios d o vigente reg i­ reios da pro vin cia andava em 228:7508458 e a sua
men fe de ra tivo rep ub lica no , com a situação m aterial, despesa excedia a receita em 3638752; ao passo
economica e c u ltu ra l que apresentava a Provincia que. neste anno do C entenario da Independencia. ha
M in e ira , sob o go v e rn o c enlralisador da monarchia, no te rrito rio m in eiro cerca de '150 agencias poslaes,
dcsapparecida eni 1880. subordinadas a 5 Adm inistrações dos C orreios, de ntro
P o r essa fô rm a, o sim ples c otejo de algarismos do Estado, com um Inten so m ovim ento annual de
e factos revelará a im portância que a Terra M in eira trafeg o de malas e correspondências, serviço de vales
assumio, nos u ltim o s 30 annos, e o seo destaque postaes para d e ntro e fó ra do Brasil, encommendas
incontestável e n tre as grandes unidades da Federação e co lis po s ta ux ; c as estações telegraphicas passam
Brasileira. hoje de 500 em te rr ito r io m in eiro, nas cidades, villa s
A o começar o B ra s il a sua vida de nação, em e povoações servidas pelo Telegrapho N acional e
1822. tinh a a P ro v in c ia de M inas Geraes uma renda pela rêde de estradas de fe rro, quando é certo que.
annual de cerca de 250 contos de réis. para uma no fim do Im perio, não havia em M inas nem 50 es­
população in fe r io r a 600 m il almas e cuja exportação tações d o então chamado T elegrapho Geral.
to ta l não a ttin g ia ao v a lo r de 1.700 contos; ao passo Em 1914, já a renda to tal dos C o rreios de M i­
que ho je. neste an no do C entenario da nossa inde­ nas subia a m ais de 12 m il e 500 contos, para uma
pendência (1 0 2 2 ). o Estado de M inas Geraes tem uma despesa de 8.600 contos, deixando, portan to , elevado
renda passante de 60 m il contos p o r exercício, para saldo para a N ação; e as 605 Unhas postaes m ineiras
uma população segura de 6 m ilhões de habitantes, tinham uma exlensão to ta l de 28.066 k ilo m e tro s ;
cuja capacidade de producçâo e trabalho se mede c haviam circulado, naquelle anno, pe lo C o rre io , a tra­
pela cifra de uma exportação beirando a 600 m il vés do te rrito rio m in eiro, valores em im portância su­
contos de réis, annualmente. p e rio r a 161 m il contos de réis.
Si passarmos em c otejo diversos serviços p u b li­ Núcleos C olofuacs — Em 1889, contava a P ro ­
cos, obras e m elhoram entos m aleriaes, instituições vincia dc M inas apenas '5 nucleos cotonia es; e hoje
de ensino, educação e benelicencia, recursos fin a n ­ as colonias e nucleos do Estado, que recebem im m i­
ceiros. producçâo economica, etc., da T erra M ineira, grantes extrangeiros. passam de 30, nelles se com ­
n o fim do regim en p ro vin cial, sob o im perio, e agora, putando m uitas colonias já emancipadas e prosperas.
neste anno de 1922, quando o Estado, sob os m o l­ Estações fiscaes arrecadadoras — Em 1889, não
des fede ra tivos, está cam inhando a passos largos passavam de 78 as collectorias de rendas provinciaes,
para o fu tu ro , com a fo rça de uma expansão incoercí­ installadas nas sedes dos m unicípios m in eiros; e. ho­
vel e accentuadissima do seo progresso m aterial e je, as colle ctorias do Estado são 180, fó ra umas
m o r a l; haveremos de convir em que. pela demonstra­ cem estações e postos fiscaes de arrecadação de ren­
ção d a log ica irre fu tá v e l dos algarism os estatísticos, das. nas fron te iras, e a Recebedoria de M inas, na
M in as Geraes e v o lu io com folg ad o im pulso, na senda C ap ital da U niã o, que a lli faz as vezes de uma
do adeantam ento. da riqueza e da cultura geral do verdadeira succursa! do Thesouro d o Estado. A C aixa
seo povo. Economica da P rovin cia (annexa á Thesouraria da
E isto o que algum as observações e dados geraes Fazenda, em O u ro P reto) possuía, em meados dc
vão com provar. 1889. um saldo, em cofre, de 306 con to s; em quanto
M u n ic íp io s , comarcas e term os existentes na an­ que, actualm cnte. as Caixas E ronom icas — que o
tig a p ro v in d a e no Estado Em 15 de N ovembro Estado mantém fu nccionando em todas as suas C o l­
de 1889. a Provin cia de M inas comprehendia 78 mu­ lectorias possuem depositos superiores a qua­
n icíp ios insta i lados, embora estivessem creados 101 to rz e m il contos das economias particulares d o nosso
m unicípios, que deveriam c on s titu ir 101 term os ju d i­ povo. Existe, egualmente, a C aixa Economica Fede­
ciarios. com 63 comarcas providas, abrangendo ao ra l. com grande m ovim ento de depositos, na C a p ital
to do 536 freguezias ou paroch ia s; e. agora, em 1922, do Estado, que c também a séde de cinco grandes
divide-se, adm inistrativam ente, o Estado de Minas Bancos, havendo espalhadas p o r varias ciddaes m i­
em 178 m un icípios e 809 dis tric to s ad m inistrativos, neiras mais de cincoenta succursa s e agencias ban­
em quanto que pela d iv is ã o ju d ic ia ria o seo te rr ito r io carias, além de outras instituições de c r e iito e pre­
comprehende 109 -omarcas e 148 term os instaPados, vidência. E ntretanto, cm 1889, só havia na P rovin­
com um to ta l de 806 d is tricto s de paz (até Setembro cia de M inas um Banco e duas C aixas Econômicas
de 1922). sendo de 118 o num ero das comarcas uma o ffic ia l e o u tra pa rticular, em funccionam cnto
ju d icia ria s e de 160 o num ero de termos fo renses regular.
effectivam ente creados, n o Estado, até hoje, mas nem R etrospecto econom ico-financeiro — Um lig e i­
to dos ainda installados. ro retrospecto da vida economica e financeira da
Gastos com a Instrucção Publica, na Provin cia provincia de M inas m ostra que ella tivera uma re­
e no Estado —- Em 1889, a Provin cia de M inas ape­ ceita orçada, para o exercício de 1888, cm 3.474:0008;

O O o o o o 413 o o O O o
LIVRO DE OURO COMMEMORA T/VO DO CENTENARIO O A

a arrecadação, porém , subira a 4.063:587*141, de i­ 1 o/o sobre transm issão em linh a recta ; 3 contos so­
xando um saldo de 58 0:58 7*1 41 , proveniente da bre im p osto de heranças e legados de pessoas resi­
((excepcional abundancia da safra do café, p rinc ip al dentes fó ra d o p a iz ; 20 contos de im p o sto sobre con­
genero da nossa producção a g rico la > (como se e x p ri­ tractos e novação de contractos de construcçâo de
m ia a f a l a de 4 de J ulh o de 1880, d irig id a pe lo P re­ Estradas de F erro e Engenhos C en trae s; 4 contos
sidente de M in as á Assembléa P ro vin cial M in e ira ). O de renda e x tra o rd in a ria ; 200 m il ré is de juros de
exercício de 1887 tra n s m ittira ao de 1888 um saldo apólices pertencentes ao p a trim o n io p ro vin cia l. Eram
de 8 1 2:07 7*7 22 e o exercício de 1888 passou esse ass'im 22 taxações, im postos, rendas e trib u to s, que
saldo a n te rio r e o s ald o propriam en te do anno de figu rava m nas fo nte s da receita p ro v in c ia l, no anno
1888 (is to é, os já refe rid os 58 0:58 7*1 41 ) ao exer­ de 1889; e, du ran te o actual regim en republicano,
c id o de 1880, nu m sald o to ta l de 1.170:3708375, s o ffre o uma tran sfo rm açã o o nosso systema trib u ta ­
sendo 846:36 58 83 6 em d in h e iro e 324:0048530 em r i o : I o, com a creaçao 'd e novos im p ostos sobre fo n ­
poder de diversos. De m odo que eram bastante fo l­ tes da receita ainda não tribu tad as ( p o r ex., o im ­
gadas as condições do Thesouro de M inas, no u ltim o p o s to t e r r ito r ia l) ; 2», com a suppressão de alguns
anno do regim en m onarchico, quando a lei p ro v in c ia l im p ostos inconstitucionaes (pe dá gio, taxas itin e ra ­
n. 3.560. de 25 de A g osto de 1888, orçara em .... ria s ), ou de rendas que passaram á U niã o (o sello
3.607:5008 a receita e fix a ra em egual quan tia a de patentes da G uarda N a c io n a l); 3.°, com a aggra-
despesa da p ro vin cia de M inas para o exercício de vação das taxas sobre outras fo n te s de receita já
1880 (u ltim o anno do Im p é rio ): e, to m ando por tribu tad as (o café, as heranças, a siza, os Novos e
base a m édia dos 3 u ltim o s exercícios provinciaes V elhos D ire ito s , e tc .) ; além de o u tra s m odificações
d e finitiva m e nte liq u id a d o s (1886 a 1888). a F a'a facilm en te percebidas, a uma sim p les inspecção e co­
c it. de 4 de Junho de 1880 assim propunha o o r ­ te jo dos nossos orçam entos, no Estado e no reg i­
çamento da receita e despesa da pro vin cia parai o exer­ m en a n te rio r da adm in istraçã o pro vin cia l.
cício de 1800: R eceita, 3.678:7628000 e Despesa
Recursos fina nc e iro s d o F.s'ado — Actualm ente
4.000 contos (redo nd os), com um de fic it orçam en­
(1 9 2 2 ), bem o u tro s são o s recursos da situação eco-
tá rio de 321:2388000 (le i p ro v. n. 3.7144. de 13
no m ico-financeira do Estado de M in a s Geraes, con­
de A g osto de 1880).
fo rm e estes dados estatísticos rig e o s a m e n te aoura-
T i ’u lo s da D iv id a Pu blica — De M a io de 1886
do s: - a u ltim a receita de 1921, orçada em 42.412
a 24 de A b ril de 1880 a P rovin cia de M in as havia
contos, apresentou um s u p era vit de 21 m il contos,
e m ittid o 2.807 apólices, no v a lo r nom inal de 2.307
na e ffectiva arrecadação d o e x e rc ício ; a divid a fu n ­
con to s; mas a emissão to ta l de anolices provin ciaes.
dada externa de M in as é h o je de 133 m ilhões de
até o anno de 1880, já m ontava a 6.317:0008000,
francos, possuindo o T he sou ro do Estado (até 7 de
divid a essa que passou ao Estado, ao proclam ar-se a
Setembro de 1922) recursos d isp on íveis, n o valor
publica.
to ta l dc cerca de 9.600 contos em d in h e iro , quer em
— A d iv id a fu nd ad a da pro vin cia de M inas, até bancos bra s ile iro s , quer n o e x tra n g e iro com os ban-
Junho de 1880, era de 8.011:7178210, proveniente oueiros do Estado, em Paris. s 's . R a t- r M arshal
de despesas realisadas com pagam ento de iu ro s g a ­ E- C om p., e em ou tros bancos de França, como o
rantidos a Estradas 1c F e rro e ao Engenho C e n tra l C o m p to ir N a tio n a l d ’Escom pte e a casa bancaria
de R io Branco. F to ttiu g e r E- C ia .; - a d iv id a fu n d a d a inte rna é.
— A 23 de M arço de 1880, a pro vin cia contra- exactamentc, de 60.141:2008000. representada r o r
h ira com os banqueiros portuguezes H e n ry Burnav apólices e tiiu to s pú b lic o s e m ittid o s pe lo Estado e
tV C. (de Lisb oa ) um em préstim o externo de . resgatáveis em dete rm inados n e rio d o s ; e a divid a
1.125.000 lib ra s esterlinas (um m ilh ão cento e v in te
flu c tu a n te é constitu ída p o r 21 m il contos dc de-
e cinco m il lib ra s ), sendo aquella firm a bancaria re ­ p o s i'o s de d ifferen te s o r :gens, con fiad os aos cofres
presentada pelo com m endador José da S ilv a Lo yo
d o Estado, c de ntre os quaes a v u lta o num erario da
J u n io r (de Pernam buco e genro d o ex-Presidente de fo rtu n a p a rtic u la r de positado nas C a :xas Economiras
M in as, sr. conselheiro d r. A n to n io Gonçalves F e rrei­
d o Estado (cerca de 14.500 c on to s), além das fia n ­
ra, circumstancia essa que fo i causa de viva discussão
ças. das caucões. dos bens dc ausentes, depositos do
partida ria , em M in as, entre liberaes e conservadores,
e x tin cto C o fre de O rph ão s. etc. A d iv id a ac'iva do
naquella ép oca ); e, alguns mezes depois, quasi nas
Estado, ao encerrar-se o exercício de 1921. im p or­
vesperas do advento da R epublica, o G overno P ro v in ­
tava em 68 m il con to s: e o p a trim o n io d o F.s'ado,
cial contractava, a 4 de N ovem bro de 1880, um novo
titu lo s , te rras e bens de raiz, e d ifícios, moveis, es­
em préstim o de sete m il contos com o Banco A llia n -
tradas. colonias, estancias de aguas mineraes, etc.,
ça d o P o rto , sendo inte rm e d iá rio da operação o
Banco do Brasil. está avaliado em cerca de 186 m il contos. A receita
g lo ba l de M in as, n o q u inq ue nn io de 1916 a 1920.
a ttin g io a 220 m il e 738 contos offectivam ente arre­
S Y S T E M A T R IB U T A R IO — A trib u la ç ã o m i­ cadados pe lo T he sou ro d o Estado.
neira era então representada p o r estes algarism os
constantes do u ltim o orçam ento do regim en p ro v in ­ B A N C O S — Das in s titu iç õ e s bancarias relacio­
c ia l: 180 contos (d ire ito s de 3 o/o sobre os generos nadas com o Estado bastará cita r que só as ooerações
exportados da p ro v in c ia ): 1.300 contos de d ireito s do 'R a nc o d'- C re db o R -a ! d - M in a s G erais» an­
de 4 o/o sobre o café e xp orta do ; 365 contos de d i­ daram p o r 250 m il contos e as d o <>Rawo Fivnnfhe-
reito s de 6 o/o sobre os generos de producção e c ria ­ cario e A g ric o la do Estado de M in a s Gerais» se
ção; 204 contos de im posto sobre industrias e p ro ­ elevaram a cerca de 309 m il con to s; donde se vê
fissões; 100 contos de im posto p re d ia l; 180 contos que, só n o anno de 1921, esses dous Bancos fo r­
de s e llo de heranças e legados; 140 contos de Novos neceram c re d ito ao com m ercio, a lavoura e ás in ­
e Velhos D ire ito s ; 32 contos de em olum entos per­ dustrias de M inas, em im p ortâ ncia de quasi 559
cebidos pelas Secretarias d o G o verno ; 811 contos m il contos de réis.
das ta x a s itine ra ria s (tra n s ito , portagem, pedágio, E o Banco do C om m ercio e In d u stria , as Fi-
etc.) ; 5 contos de sellos de patentes da G uarda N a­ liaes do Banco Pelotense. as agencias d o Banco do
c io n a l; 14 contos do im posto sobre o ou ro e xtra hid o B rasil espalhadas pe lo te rr ito r io m in eiro, também
e referente a m ãos de engenhos, nas minas auriferas operam com elevadas transacções (m a is dc 300 m il
em exploraçã o; 62 contos de im posto sobre o sal: contos p o r anno).
4:5008000 de pe dá gio ; 85 contos de im posto de pas­
sagem em vias ferreas particulare s: 9 contos de m u l­ E S T A B E L E C IM E N T O S IN D U S T R !AE S E C O M
tas p o r infraeção de leis, regulam entos e contractos: M E R C IA E S Até o anno de 1919, as estatísti­
7:5008 de reposições e restituições: 20 contos de cas da fiscalisação fe de ra l dos im p ostos de consumo
cobrança da d iv id a activa: 60 contos de im p osto de com provaram e x is tir, no te rr ito r io m in e iro , 7.126 es-

o o o o o o 414 o o o o o
/.v h e Pu n di ; N a a l>A EXIOStÇAO INTERNACIONAL

tabelecim entos in d u s tria e s e fa b ris c 21.385 casas


rio pu blica do em J u iz de F óra) e o M o n ito r S ul
commcrciaes. O s im p ostos jederaes arrecadados, den­
M in e iro (sem anario publicado na C am panha), am ­
tr o de M inas, n o exercício de 1921, subiram a 21
bos com m ais de 40 annos de in in te rru p ta existência.
m il contos, papel, e cerca de 3.5008000, em ouro.
E N S IN O P U B L IC O . — Apenas 1.239 cadeiras
R E P R E S E N T A Ç Ã O P O L IT IC A . Em 1889 prim aria s estavam pro vid as, em 1889, com 45.586
a Provin cia de M in a s estava d iv id id a em 20 d istricto s alumnos m atricula do s, nenhum g ru p o escolar haven­
geraes e 20 p ro vin ciae s, dand o 20 deputados geraes do entã o; ao passo que, em 1922, contam-se, no
e 10 senadores vita líc io s ao 'P arlam ento B rasile iro, Estado, 2.000 escolas prim a ria s (sendo 292 urbanas}
e 60 deputados n o u ltim o b ie n n io da Assembléa P ro­ 1.973 d is tric lae s , 112 ruraes e 24 colo nia es), além
v in c ia l; ao passo que, em 1922, sua divisão p o litic a de cerca de 150 G rup os Escolares, nas principaes
é de 7 d is tric to s eleUoraes jederaes e 12 clrcum scrip- cidades, v illa s e localidades m ineiras. O s G rupos
ções estadoaes, da nd o 37 deputados e 3 senadores têem, p o r sua vez, m ais de 1.400 classes ou cadeiras;
jederaes, ao C on gresso N acio na l da R epublica, e e nos G rup os e nas escolas isoladas estavam m a tri-
48 deputados e 24 senadores, ao C ongresso L e gis­ erfladas 188.382 creanças (até Dezem bro de 1921).
la tiv o do Estado. D corp o e le ito ra l de M inas é ho je N o m axim o, existia m 50 C o l/e g io s , Lyceos e
de 314.813 e le ito re s (n u m e ro de alistados, no Es­ Sem inarios, na Provin cia, em 1889, em quanto que,
ta do, até 30 de D ezem bro de 1921). no Estado, existem h o je nada menos de 200 In s ti­
tu tos de humanidades (G ym nasios, Lyceos, Semina­
H O S P 1T A E S E A S Y L O S . A Provin cia sub­ rio s, C o lleg ios , In s titu to s , para o ensino de linguas,
vencionava a 31 in s titu iç õ e s pia s e de benejicencia em sciendas, artes, etc.), H a v ia então (1889) 7 Escolas
g e ral (Casas d e C aridade, p rincip alm en te), existen­ N o r m ats pro v in c iae s ; e, em 1922, possue o Estado
tes em M inas, até 1889; e, em 1922, os cofres p u b li­ 1 Escola N o rm a l M o d e lo , 1 N o rm a l R eg io n a l e cerca
cos m in eiros a u x ilia m a m anutenção de cerca de 150 de 40 ou tras Escolas N orm aes M unicipaes e p a r­
in stitu içõ e s diversas A s y lo s , Orphauatos, M is e ri­ ticulares que lhe são equiparadas.
cordias, H o sp ita c s , H ospícios, R ecolhimentos, etc. — Estabelecim entos de ensino s u p erior, sóm ente 2
contempladas na le i orçam entaria do Estado. havia, em 1889: a E sco la de M in as (para engenhei­
ros) e a Escola de Pharm acia (am bas em D u r o P re­
P O L IC IA M E N T O - Em 1889, a to r ç a P o lic ia l to ). Actualm cnte, não menos de 2 0 In s titu to s supe­
da P rovíncia de M in as ab ran gia 1.200 homens, sob rio res conta M in as Geraes — para o ensino das
o com m ando d e 1 M a jo r, e estava d iv id id a em 3 Sciendas Juridicas e Sociaes, das Sciencias M ed ico -
C orpo s, custando esse se rv iç o 679:8628300, ou quasi C iru rg icas, e ainda para os cursos de Engenharia
a sexta parte da renda p ro v in c ia l; e, em 1922, a C iv il e de minas, de Pharm acia, de A g ric u ltu ra su­
B riga da da P o lic ia M ilit a r do Estado possue um perior, de M edicina V e te rina ria , de O d o n to lo g ia , de
e ffe ctivo de 4.000 honrens, sob o commando de 1 O bstetricia, de A g ro n o m ia , de Zootechnia, de Elec-
T enen te -C oro ne l, estando d iv id id a em 5 Batalhões trotcchnica, de M ecanica applicada, de C him ica In ­
de In fa n ta ria , u m P iq ue te de C avallaria e 1 C o m ­ d u s tria l, de R ad iolog ia, de N euro -P sychia tria , etc.
panhia de Bo m b eiros, na C a p ita l; e comprehende E além .das Escolas N orm aes equiparadas, e das
ainda 1 H o s p ita l M ilita r , 1 Intendência G eral, Es­ varias Escolas de Pharm acia e O d o n to lo g ia (O u ro P re­
colas de instru cç ào . C aixa Beneficente M ilita r, além to , J uiz de Fóra, A lfc n a s , Pouso Ale gre, B e llo H o r i­
de possuir o E stad o um a G uarda C iv il.c o m 200 ho­ zonte, S ylvestre F e rra z ): da Escola S u pe rio r de A g ri­
mens, para o p o lic ia m e n to da parte urbana de B ello cultura (em V iç o s a ); da Academia de C om m ercio e
H o rizon te. C o m os seos 124 officia es e 3.876 p ra ­ in s titu to P olyteehnico (em J uiz de F ó r a ) ; d o In s titu to
ças de p re t ou soldados, despende o Estado, annual- Elcctro-Technico e de C him ica In d u s tria l (annexos á
m ente, cerca de 6.200 contos (cerca da sétim a parte Escola de Engenharia de B e llo H o r iz o n te ) ; da Escola
d o orçam ento da receita p u blic a ). de Electro-Mecanica (em Ita ju b á ) ; dos varios Semina­
rio s T he olo gicos (M a ria n a , D iam an tina , I*ouso A le gre,
P O PU LA ÇÃ O . Possuía a pro vin cia quasi tres Uberaba, M ontes C la ro s , ü u a x u p é , C am panha e B e llo
m ilh õe s d e ha bita ntes, em 1889; ao passo que, em H o riz o n te ); de m ais de 100 Gym nasios e C o lleg ios,
1920, a popu laçã o do Estado ascendia, cm l. ° de Se­ Internatos e E xterna tos de ensino secundario, para
tem bro, a 5.888.174 habitantes, orçando agora por os do is sexos (em diversas localidades m in e ira s );
seis m ilh õe s de alm as. A s cidades m ineiras cresce­ existem as Escolas In d u s tria e s , os P a tron ato s e A p re n­
ram , em po pulação, ta n to que B e llo H o riz o n te tem dizados de A rtes e O ffic io s para menores (em B e llo
ho je m ais de 50 m il a lm as; c D iam antina, Januaria, H o rizon te, Ita jub á, Passa-Quatro, C axambú, Serro,
Barbacena, São João d’ E l-R e y , Uberaba, Itajubá, La­ M usam binho, Sete Lagoas, Barbacena, S itio , etc.).
vras, F orm ig a, São Sebastião do Paraiso, Passos, Serviços de A g ua p o tá v e l. L u z , E sg otos, Viação
V illa N ova de Lim a... são nucleos urbanos com p o ­ urbana. Telephones — Em 1889, apenas estavam
pulação excedente de 10 m il almas, cada um ; emquan- se apparelhando do c o n fo rto m od erno (canalisações
to Juiz de t'ó r a é a segunda cidade m ineira, em d’ agua e esgottos, illu m in a ç â o electrica urbana, te­
população (30 m il alm as), e á p rim eira em industrias lephones, etc.) as duas cidades m in eiras de O u ro
locacs. Preto e J uiz de F óra.
Em 1922, estão servidas p o r c a rris electricos
M E L H O R A M E N T O S D IV E R S O S Em 1889, urbanos, p o r illu m in a ç â o electrica, canalisações d’ agua
só havia lu z e le c tric a em tres localidades de M inas e rêdes de esgottos e te lephonicas, as cidades de
(Juiz de F óra, O u ro P re to e M o rro V e lh o ); emquan- B e llo H o riz o n te , J u iz de F ó ra e La v ras ; — de luz
?o que, em 1922, mais de 200 localidades m ineiras electrica, abastecim ento d’agua, esgottos e telephones,
se acham dotadas de serviços de electricidade (para dezenas de cidades e v illa s (p o r e x e m p lo : — U be­
força e lu z). raba, U bá, Cataguazes, O u ro P reto, D iam antina, Rio
— O n u m ero de org ão s de im prensa trip lic o u , Novo, Lavras, São João d ’ E l-R cy, O u ro F ino , Sete
em 30 an no s; e, presentem ente, uns 350 periodicos Lagoas, Uberabinha, A rag ua ry , Pará de M inas, Ca-
se publicam em m inas, dos quaes cerca de 1 5 jornaes xam bú, Itaúna, C am buquira, F orm iga, Aguas v irtu o ­
diários, o que tu d o com prova não te r ficad o estacio­ sas, M usam binho, Guaxupc, M o n te Santo, Passos,
nário o p ro gres s o de M in a s Geraes, durante esse Pouso A legre, Barbacena, P a lm yra, São João N epo-
periodo que vem ’da quéda da monarchia e do ad­ inuceno, Leop old ina, M ariana, Itapecerica, Santa Rita
vento da R epublica aos nossos dias. Só o orgam do Sapucahy, Pa ra isóp olis, Jacutinga, C h ris tin a , Pas­
o ffic ia l do Estado, o M in as Geraes, tem um a tiragem sa-Q uatro, Cassia, C arangola, Viçosa, R io Branco,
diaria de 12 m il exem plares, na C a p ita l d o Estado. Sacramento, São José d ’ Além Parahyba, São Paulo
Os m ais ve lh os jorna es de M in as são U P h a ro ! (d ia ­ de M uriah é, Sabará, V illa Braz c outras.

o o o o o o 415 o o o o o o
IJVRO m s OURO tMAUSMORAIfVO IH ) C L N i EN ARIO !h

Possuem to dos estes m elhoram entos, e m ais os os C on selh eiro s A ffo n s o C e ls o , M a n in h o Campos e
serviços de linhas de bondes (p o r tracção a n im a l), L a fa y ette, (desde o 1° ao 2° reina do ), todos na
as cidades de Além -Parahyba, Ubá, C ataguazes c pasta da Fazenda; — o M arqu ez de Valença, os
T h e op hilo O tto n i, e se acham também apparelhadas C onselheiros L u c io Soares de Gouvêa e J. da Silva
de modernas insta llaçõ es electricas para força e luz M a ia , os M arquezes do Paraná e do Sapucahy, o
as cidades e v illa s de Baependy, T res Corações, V a r- Visconde de Abaeté, o senador B e rn ard o de Vas-
ginha, Alfenas, M achado, C am po B e llo , P ita n g u y , conceUos, o Visconde de Jag ua ry, os C onselheiros
Ponte Nova, S ylvestre Ferraz. Jaguary, A raxá, Saba- F ernandes T o rre s , L u iz Ba rb osa , Francisco D iogo,
rá, Queluz, Santa Lusia do R io das Velhas, Sâo Do­ L a fa y ette, A ffo n s o p e n n a , Joaquim D e lfin o e Can­
m ingos d o Prata. Viçosa, São G onçalo do Sapucahy, d id o de O liv e ira (du ra nte o 1" reinado, p e rio do Re-
V illa s Nepom uceno e Perdoes, C arangola, Ita bira gencial e 2» re in a d o ), to do s na pasta da Justiça;
de M atto D en tro, C aracol, Peçanha, Conceição, Serro, o C on s e lh e iro Joaquim A n rã o, o Visconde de A b i. -
Sâo Sebastião de C orrentes, B o m fim , etc. (V id e C a­ té , os C on selh eiro s S ilv e ira L o bo e Joaquim D e lfin o ,
p itu lo a n te rio r sobre <>Installaçôes electricas, neste os Viscondes de O u ro p re to e L im a D u a rte (duran­
Estador, á pag. desta obra). te o 2« re in a d o ), to dos na pasta da M a rin h a : — o
M arquez de Sabará, os C on selh eiro s A ffo n so Pcnna,
R E N D A S M U N IC iP A E S — Em 1889, p o r exem­ C arlos A ffo n s o , C an did o de O liv e ira e Joaquim D e l­
p lo , as 12 Camaras M u n icip ae s de m aior ren dim en­ fin o (d o 1° ao 2° re in a d o ), to dos na pasta da G u erra ;
to annual, existentes na Provin cia de M inas, eram o .Marquez de Q ueluz, o Visconde de Abaeté, o
estas: J uiz de F óra (8 0 con to s). Além Parahyba (46 M arqu ez d o Paraná e o C o n s e lh e iro M atta Macha­
contos) O u ro P reto (38 contos), L c o po ldin a (3 7 con­ do (du ra nte o im p e rio ), todos na pasta dos Negó­
to s), São João d ’ E l-R ey (29 contos), M a r de Hes- cios E x tra n g e iro s ; — o Visconde de A 'a xá, os C on­
panha (2 8 contos), Uberaba (2 0 con to s), Barbacena selh eiros Joa qu im Antão e A ffo n s o Penna (durante
(20 contos), M uriahé, (2 0 c on to s), D iam an tina (17 o 2 " re ina do ), to dos na pasta da A g ric u ltu ra . N a v i­
contos), Pomba (15 c on to s), e Ponte N ova (14 con­ gente regim en re p ub lica no (desde 1889 aos nossos
to s). d ia s ), teem s ido M in is tro s do G overno da U nião
Ao passo que, h o je, sóm ente o m u n ic ip io de os seguintes M in e iro s : da pasta da Justiça e Negó­
B e llo H o riz o n ::' arrecada i.òOO contos p o r anno, cios do In te rio r, o G eneral d r. C esa rio A 'v im , os
isto é, uma renda s u p e rio r á de to das as 7 8 m u n i­ drs. F erna nd o L o b o , Sabino B a rro so , A lfre d o p in to
cipalidades m ineiras do ar.no de 1889, epoca e.n e Joã o L u iz A lv e s ; — da pasta da fa zenda, os drs.
algumas Camaras m in eiras chegavam a te r receita Sabino B a rro s o, D a v i I C am pista , F rancisco Salies,
bem in fe rio r a 2 contos (co.n o era o caso das de Partdiá C alo ge ra s e A n to n io C a rlo s ; — da pasta
Bambuhy, T rem edal, Salinas, Abaeté e Lim a D u a rte ). de E x te rio r, os rs. C o n s ta n tin o P a letta e O iyntho
Vanragens do reg im e n fe d e ra tiv o pa ra o p ro ­ de M ag a lh ã e s ; — da pasta da Viação, os drs. A n to nio
gresso d e M in as — O c o n fro n to desses dados é a r­ O ly n th o , F rancisco Sá e A fra n io de M e llo F ranco ;
gum ento decisivo para op po rm o s aos que sustentam da pasta da M arinh a, os drs. R a u l Soares de M ou­
independer do regim en p o litic o a nossa evo luçã o; ra e / . P. Veiga M ira n d a ; - da pasta da Guerra,
pois. si o lapso de te m p o de corrido fosse su ffic ie n te o d r. J . Pa nd iá C alogeras. Destes M in is tro s citad o,,
para p ro var que, fatalm ente, te ria a nossa te rra de não nasceram em M inas, mas nella fo i onde fizeram
p ro gred ir, sob o Im p e rio ou sob a R epublica, ainda carreira p o litic a , o Visconde de Abaeté. (L im p o de
assim acreditamos que, com a centralisaçâo m onar- A b re u ), o C on selh eiro Francisco de Paula Silveira
chica, tão accentuado desenvolvim ento m a te ria l não Lo bo , o dr. A lfre d o P in to V ie ira de M e llo e o dr.
se te ria m anifestado, em M inas, e que devemos em João Pandiá Calogeras.
grandíssima parte ao regim en dem ocrático fe d e ra tiv o C om o Presidentes da R epublica já a Nação Bra­
o beneficio m axim o da nossa auto no m ia ; com estas s ile ira elegeo, em diffe re n te s períodos, os seguintes
suas fecundas consequências: — de m aior expansão M in e iro s : D rs. A ffo n s o A u gu sto M o re ira Penna, Wen-
governam ental e alargam ento da esphera a d m in is tra ­ ceslau Braz Pe re ira Gomes e A r th u r da S ilva Ber-
tiva do E stad o; — d o m a io r destaque p o litic o de nardes, te n d o exercido te m p orariam e nte a Presidên­
M inas e do seo v e rtig in o s o crescim ento m ate ria l, cia do B ra s il o D r. D e lfim M o re ira da Costa R ibe i­
nas riquezas exploradas, nas ind ustrias estabelecidas r o ; e teem s ido e le itos V ice-P rcsidentes da R e p u b li­
e no tra b a lh o organ isa do ; — do c on tinu o e evolu­ ca os drs. A ffo n s o Penna, F rancisco S ilvian o de A l­
tiv o desdobrar de tantas forças sociaes poderosas m eida B ran dã o, Wenceslau B raz, D e lfim M o re ira ,
(vida m un ic ip al, iniciativa s locaes, ensino pu blico , Francisco A lv a ro e B ueno de Paiva. O qu atrie nn io
in stitu to s de educação e assistência, empresas e asso­ presidencial, in iciad o no presente anno d o Centenario
ciações, colonisaçâo e com m ercio, in d us trias e fo ­ (15 de N ov. de 1922), coube ao em inente Sr. D r. A R ­
mento econom ico, etc.). T H U R B E R N A R D E S , que, chronologicam ente, veio
Os M in e iro s no G o verno N acional, durante o a ser o q u arto filh o de M in as Geraes, á fren te da
Im p e rio e a R epublica — Para rem atarmos a rese­ Suprema M a g is tra tu ra da R epublica, (depois dos Pre­
nha a n te rio r, em que temos estudado o destaque e sidentes P cnna, Wenceslau e D c /p h im ).
acção de M in as Geraes, na m archa da C iv ilis a ç ã o B ra ­
sileira , lem brarem os ainda que. nestes cem annos da S Y N T H E S E O N O M Á S T IC A D O S M IN E I­
sua v ida independente (18 22-1922), a P a tria sempre ROS IL L U S T R E S E X T IN C T O S (na s tres épocas
chamou os filh o s deste Estado e antiga Provin cia aos historicas: da C o lo n ia , Im p e rio e R e p ub lica).
altos conselhos da adm inistração e aos m ais d iffic e is A H is to ria P a tria guarda, no escrinio de suas
postos po litic o s do O o verno N acional, num e n o u tro g lo ria s , os nomes de varões notáveis, nascidos em M i­
regim en. Assim é que, entre os M in is tro s de Estado, nas Geraes, e que m u ito serviram ao B rasil, nos d i­
durante a monarchia, fig u ra ra m estes illu s tre s M i­ versos departam entos do serviço p u blico , assi.n na
neiros: M arquezes de Q ueluz, de Valença e de B a r­ carreira das armas, como na p o litic a , m agistratura e
bacena (durante o 1" reinado, de 1822 a 1831), q ar adm inistração. E nem só nas altas posições do Estado
Visconde de Abaeré, o Senador Bernardo de Vascon- e funeções o fficia es, d e ntro e fó ra do paiz. se sa­
cellos, o M arquez de Sapucahy, o Visconde de Ja­ lientaram dezenas de filh o s de M inas. Também nas
guary e o C on selh eiro Fernandes Torres (du ra nte a letras, scicncias e artes conta a P a tria um fo rte
Regencia, de 1831 a 1840, e durante o 2 " reina do ), contigente de M in eiros.
todos na pasta dos Negocias do Im p e rio ; — os M a r­ A E g re ja, o E x e rc ito , a Arm ada, a D iplom acia,
quezes de Baependy, de Q ueluz, de Barbacena e a Finança, a P o litic a , a L ite ra tu ra inscrevem os nomes
do Sapucahy, o senador Be rn ard o de Vas-oncèllos, de um a pleiade b rilh a n te de B rasile iros, naturaes da
o Visconde de Abaeté, os C onselheiros Fernandes te rra m ontanheza. N o Pantheon dos m ortos illu s ­
7 orres e D ias de C arvalh o, o M arquez de Paraná, tres, que em vida se devotaram á grandeza e ao pro-

o o o o o 416 o o o o o o
Companhia Central Vinicola de Portugal — Lisboa.
VDEPENDF.NCtA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

gresso de M in as e do Brasil, fig u ra m : m artyres da


tio e l e Thomaz Gonzaga, S ilva Alvarenga e Frei
U berdade ( F e tlp p e dos Saritos e Thomé A //onso,
Santa R ita D u rã o , B a silio da Gama e José E lo y ,
Silva X a vier, o T ira de tues, Alvarenga P e ixoto , A l­
M arquez do Sapucahy e Visconde do A raxá (D om icia-
vares M a cie l, F re ire de A ndrade, o padre R o llim e
no R ibe iro), A u reliano Lessa e Bernardo Guim arães,
Francisco da S ilv e ira (este u ltim o , na Revolução de
A ffon s o A rino s e Alphonsus de Guim arães, Padre
1817, na Parahyba do N o r te ); entre os generaes (.o rr i a de A lm eida c A rth u r Lobo, M endes de O li­
e cabos de gu erra famosos, em te rra e no m ar: dom
veira e Ed ga r M a tta ; e as poetisas: Barbara H e tio -
Lucas de Alva re ng a e marechal B aptista G o din ho, do ra e B e atriz Brandão.
coinmandantc B a rro so Pe re ira e M arquez de Bar-
- • Excellentes oradores sacros: conegos L u iz
hacerta, m arechal X a vier de C astro e general Gomes V ie ira e Santa A p o llo n ia , Padres D om ingos Santos
C arneiro, etc. C om o homens de Governo, eminentes e d r. J u lio M uria. Indiariologos de reputação u n i­
estadistas e parlam entares: In ten de nte (a m a ra e
versal: Baptista Caetano de Alm eida, general C ou to
Marquez de Q ueluz (M a ciel da C osta), Visconde de de M agalhães e D om ingos F erreira Penna. Insignes
( acu* (T e ix e ira de Vasconcellos), Marquezes de Sa­ evangelisadores e m issionários apostolicos: padres
hara e d o Sapucahy (A ra ú jo V ianna), Visconde de M a n oe l de Jesus M a ria (sec. V X III) e João de Santo
A b ae ti (L im p o de A b re u), Be rn ard o de Vasconcellos A n to nio. Afam ados escutpfores e p in to re s : A n to nio
e H o n o rio H e r m elo (M arquez do Paraná), M arque­ U sbó a (o A le ija d in h o ) e M e s tre V alentim , José J.
zes de Baependy (N ogueira da U am a) e de Va­ da Rocha e H y p o lito C a ro n ; e como m usicistas in s p i­
l i nça (Estevam de Rezende), C onselheiros Joaquim rados: Francisco M a n oe l da S ilva (g lo rio s o au to r do
Antão e /Lias d e C arvalh o, Francisco Januario e H e r­ H y m n o N acional B ra s ile iro ) e Francisco Valle, João
culano Penna, M a n in h o Campos e Lafayette, Vis­ Baptista de M acedo ( o P u rurúca) e L in o F le m in g ,
condes d e O u ro P reto (A ffo n s o Celso) e de Lim a João de Deos e Padre Joaquim Pe re ira , T ristào F e r­
D uarte, C on selh eiro s C arlos A ffon so e Joaquim D el- re ira c M u rtin ia n o Bastos.
fin o . S ilva M a ia c Lu iz Barbosa, Paulo C andido e C onceito externado não sá p o r viajantes e sábios
C erqueira L e ite , T eixe ira de Gouvâa e Francisco extra ng eiros, como p o r com patriotas notáveis sobre
D iog o, Sousa Ramos (Visconde de Jaquary) e C on­ a Terra M in e ira c seo povo as directrizes que n o r­
selheiro F ernandes T orres, T he op hilo U tlo n i e Cruz te iam a evolução de M inas.
Machado (Visconde do S erro F r io ), C onselheiro Quin-
O genio e caracter d o Povo M in e iro , as suas
lilia a n o c Campos C arvalho, S ilv eira Lobo e A/fon- fo rte s qualidades moraes, o seo sentim ento de pu n ­
so penna, João P in h e iro e C esario A lv im , Bernar
donor, o es p irito trad icio na lista e ho s p ita le iro da
nin o de Campos e S iiv ia u o B randão, M a lta M a ­
gente de M in as, a sua ind ole conservadora e retrah i-
chado e N o g u e ira Penido, C an did o de O liv eira e da, o v ivo am or que estes inontanhezes do B rasil vo­
Fernando L o b o , F elic ia n o Penna e Francisco Veiga, tam á P a tria e á Liberdade, o respeito que fMbutam
Sabino B a rro so e Octavio O tto n i, C arlos Peixoto a Deos e á L e i: sào factos apreciados por to dos os
F ilh o e D a v id C am pista, p in to M oreira e Svlvestre viajantes e sábios extrangeiros, que têm p e rcorrid o
Ferraz, D e lp h im M o re ira e Astolph o D utra , Fran­ M inas Ueraes, ha m ais de um século, e d e scrip to as
cisco B e rn a rd in o e Francisco Badaró, etc. riquezas do seo te rrito rio , a bondade de seo clim a,
E ntre os Jurisconsultos abalisados: Perdigão Ma- a variedade das producçiies, deste pedaço d o Brasil^
lheiros e J. F e lic io dos Santos, Lafayette, Ouro pre­ onde o homem faz do trabalho uma segunda re lig iã o
to e C an d id o d e O liv e ira , conselheiro T. J . Da Rocha e do lar dom estico um prolongam ento do p ro p rio
e Pedro C aetano, Pedro e Am érico Lobo, Baptista te m p lo d iv in o . Em livro s, conferencias, estudos, en­
M artins e Estevam L o b o , C arvalho de M endonça e trevistas, têm sido externados taes conceitos por
João P. da Veiga F ilh o , Gonçalves Chaves e Levindo varios daquelles scientistas e viajantes extrangeiros.
Lopes, F e rre ira T inôco c José A. Saraiva, H enrique Para con firm a r a asserção, bastará que se leiam as
Salles e Mendes R ib e iro , D o n a to da Fonseca e V ir­ obras escriptas pelos inglezes: Joh n Mawe e Rob.
g ílio de M e llo Franco, (dos quaes, mesmo os nâo Southey (1809-1812), Rev. Walsh (1828-29), C ardner
nascidos em te rr ito r io m in eiro, fizeram pela maior (183b-1841) R ich-Burton (1869) e C arlos Copsey
parte carreira em M inas). (1 8 7 7 ); pelos francezes: G u id o M a rliè re (1810-1823),
C om o p re la d o s de a lto saber e v irtud es : os Auguste de Saint-H U aire (1817 1824), E. Pissis ....
arcebispos dom F rancisco de Assumpção, Dom Fran­ (18 40 ), Francis de Caste!nau e E . d ’ Osery (1843-
cisco S ilv a e D om S ilv e rio Pim enta, os bispos Dom 1830), V ic to r R énault (1837), M illie t de S aint A d o l­
D io g o Jard im e D om Leandro V ille la , Dom Viçoso phe (1865-1872), Ferdin an d D en is (18 37 ), Emma
e Dom Joã o A n to n io dos Santos, Dom J u lio Bicalho nuel Liais (18 45 ), professores .4. de Bovet, H e n ri
e Dom 1‘rud en cio Gomes. — Publicistas e jo rn a lis ­ G o rce ix e Paul F crra ud (1 8 76 -1 89 2); e, em d iffe ­
tas p o litic o s : Evaristo da V e iga e Justiniano Rocha, rentes épocas, p o r outros filh o s de França: La M a r-
I irm in o S ilva e F la v io Farnese. Scienristas celebres: tin ié re , Ferdin an d M a rtin o t, B o re ll D u Vernay, Lu iz
Vicente d e Scabra e F rei Conceição Velloso, Vieira D ' A lin cou rt, R a in v ille , Abbé D uran d, P a ul Adam ,
( ou t o e Ve llo so de M ira n d a , B itten cou rt Camara e P a ul W alle, Charles W iener (18 95 ), Georges Dumas
Bustamante Sá, C h ristian o O tto n i e Barão de Ca- (1 9 1 2 ), Abbé G a ffre e p ro f. L a ite u x (1 9 1 3 ); —
panema, Barbosa Rodrigues e Costa Sena. Inventores pelos allemães: Barão de Eschwege (1811-1822), Joh.
geniaes, apontam -se: um Padre Viegas de Menezes Bapt. S p ix e C a rl F rie d. Ph. von M a rtiu s (1817-
e A lb e rto Santos D u m o n t, o rei dos ares». D iplom a­ 1821), Joham p o h l (18 18 ), O lfe rs e F rie d, von Sel-
tas de renom e: José Joaquim da Rocha e pauto Bar­ lo iv (1817-1830), V ir g il von H elm reichen (1844-45),
bosa, M arqu ez de Barbacena (B ra n t Pontes) e Vis­ H eusser e C laraz (18 59 ), Frederico D ra en ne rt, Ro­
conde de h a fu b á (M a rco s de A ra u jo ). Financistas que Such, C a rl Brunnem ann, F rey ris s , H en riq ue H a l-
c propulsores do progresso in d u s tria l do paiz: Ma- fe ltl (18 59 ), H e n riq u e Gerber (1863), F e ld n c r, C a rl
riano P ro co p io e M arquez d a B o m fim , Paula Fon­ Schreiner, W ilhelm Schwacke, M a n s fe ld t, H e llm u t
seca e P a ula Santos, C onselheiros M a yrinck e M a­ F rie de nth al e Franz Pariser (1908), R obert M etz
noel José Soares, etc. H is to rio g ra p h o s e chronistas: e T heodor M uh la use r (1 9 1 2 ); pelos russos: R ie­
Joaquim F e lic io e X a vier da Veiga, Conego M arinho d e l (1 8 4 3 ), R o b z o ff (1840) e H . M anizer (1915) ,
e A ristide s M a ia , Francisco L o b o e Machado de Cas­ pelos scandinavos (dinamarquezes e suecos): Pe­
tro,- e entre os nossos G eographos e astronomos: te r Lu nd (18 33-1880), Peter Claussen (1840-01), An­
Silva /'a n te s c Barão de Par im a , F ra n k lin Masséna e dré Regnet I (18443-1884), A jo t m ar M usem , S a lo­
( onde de Prados. m ão H enschcl, P. B ran dt e W arm ing (18 63-1866);
— P h ilo lo g o s e gram m aticos: J u lio R ib e iro e — pelos norte-am ericanos: M o rris , H a r tt, O rv ille
Ijic in d o F ilh o , Padres A n to n io Dantas e José Pinhei- D e rb y , John Casper Bran ner, W asdworth e W ard,
to , A u re lia n o P im en tel e Dorn S ilv e rio Pim enta. - R o y - M ille r , Singetvald e H o p k in s ; — pelos ita lia ­
Grandes poetas e romancistas notáveis: C la u d io Ma- no s: G u g lie lm o F errero, J . Bapt. C ia lli, padre M ig u e l

O OO O O 417 O o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO

S ip o lis . Alessandro d 'A tr i, Pe dro M a ld o lli e F ilip p o porque fo rm a sin g u la r e fe liz o homem que a habita
G ro ss i; — ainda pelos b rita n n ic o s : H enw ood (18 71 ), in flu íd o e m odelado p o r seo am biente a ffe ito á
W illiam son (18 67 ), K n ig h t B a riin g to n e C ecil Ba- lucta, ao trab alh o, ao honesto exercício das v irtu ­
r in g (1 8 9 9 ); — e pelo irla n d e z O x e n fo rd ; e pelo des v iris , são de corp o, sim ples de alma, sobrio,
belga p ro f. Charles Sa ro léa ; e pelos p la tin o s : M a ­ crente, habitu ad o a v iv er com respeito sua vida e à
no el Bernardes (urug ua yo) c p ro f. Leon Suarez e c um p rir com decoro seos deveres sociaes c politicos
E. Loza (a rg e n tin o s ); pelas escriptoras Baroncza de se encontra apparelhado para servir, em proveito
W ilson (hespanhola), M is s M a ry R obinson (in gle za), da sua te rra, a nobres destinos de civilisaçáo e de
Anna de C astro O sorio (portugueza) e CUna Lom - humanidade».
broso (ita lia n a ); etc. Em to dos esses autores se M inas, que é «o c o m p le to com pendio vivo da
encontrarão paginas e palavras do inais insuspeito nossa H is to ria , celebrando pe lo oo nfro nto do Pas­
e lo g io aos habitantes e ao te rr ito r io de M IN A S U E - sado e do Presente, o a lto v a lo r do trab alh o da
RAES. nossa raça» (O la v o B ila c , em 1908), é u.n Estado
In s tru in d o a seo irm ã o, o O e ncral José A n to n io que «resume em seo p ro p rio s olo as bellas qu a li­
F re ire d e Andrade, para bem g o vern ar a C apitania dades d o s o lo da P a tria , e em seo p ro p rio povo as
das M inas Ueraes, já escrevia o C onde de B obadella do Povo B ra s ile iro : capaz dos grandes ideaes, porque
( (domes F re ire ), em 1752: que, na te rra m ineira, a re lig io s o ; fa c il em e v o lu ir como d iff ic il em retrog ra­
p rim eira base de um bom go vern o é amar a justiça, dar, porque liv re ; a ltiv o e paciente, porque ju s to na
isto c, d a r a cada um o q u d é seo, sem o u tro interesse avaliação da rela tiv id a d e humana» (Joã o p in h e iro ,
que a utilid a d e , que se tira na g lo ria e na bôa fama»; em seo m em orável M a n ife s to de 1906). Verdadeira­
pois que, «emquanto os povos das M in as virem que mente, c M in as, na C a rta Physica do Brasil, o Estado
só a razão, a justiça, a prudência, a piedade, a in ­ <«chave da abobada» ( E t is ie R ec tu s); e assim, por
teireza, a im parcialidade, e o desinteresse governam, e ffe ito de sua form ação ethnica c por h a u rir d o seo
não só hão de viver contentes, com o hão de csthnar- p ro p rio ha b ita i o senso das suas realidades e a
noção dos seos problem as, M inas, por uma im periosa
De facto, estes M in eiros, que, no conceito de exigência de sua p ro p ria existência, pelo h o rro r ao
F e rdin an d D enis (ern 1837), constituem por assim isolam ento que lhe seria m orte, tem de ap rim o ra r em
dizer um povo á parte entre a população do Brasil, sentim ento a idéa de u n ida de nacional, que é para
distinguindo-se por sua sagacidade na tu ra l, franqueza c ila condição mesma de v id a ; e, assim, por instincto
e costumes hospitaleiros, alliad os a um ju iz o são e de conservação e de defesa p ro p ria , tem de ser —
a uma perspicacia pouco vulgar», sem pre foram ciosos sinceramente, fu ndanientalm ente, incondicionalm ente
de bôas adm inistrações, esclarecidas, liberaes, probas pela effectiva federalisaçâo dos Estados e, por
e justiceiras. F. M inas a te rra do Brasil <já o dizia tanto e para tanto, pela p e rfeita egualdade dos Es­
Aug. de S a in i-H ila irc , em 1821) cujos habitantes tados da U n iã o B ra s ile ira ( M agalhães D ru m o n d ,
d iffe re n t menos entre si e entendem m elhor os in­ em 1921).
teresses nacionaes». resultando dahi o facto de que, E por tu do is to que ««a p o litic a m in eira merece
p o r isso mesmo, M inas Cieraes não póde d e ix ar de a confiança do paiz, porque traduz as ideas de uma
te r grande influencia sobre to das as outras partes grande população id e n tific a d a com os princípios re­
da Nação. Em 1830, o viaja nte ing le z W alsh opinava publicanos, a qual, no diz e r de S a in t-H i/a ire , m elhor
que tu d o se póde esperar da im aginação impetuosa, que a de qu alq ue r o u tra provincia, entende os in te ­
do e s p irito activo, que caractcrisa os M in e iro s ;, c ujo resses nacionaes; po rqu e prefere executar a demo­
«senso pratico e realisador» P a u l W alle proclam ara cracia no seo te rr ito r io a ir pregal-a além de suas
(em 1912) ; emquanto o seo com p atriota G eorge D u­ fro n te ira s ; porque não com prehende a vida publica
m as, na mesma epoca, accentuava: O M in e iro é senão como uma escola de dig n id a d e ; porque não
quasi um Provençal. A mesma cordealidade insinuan­ disputa hegemonias, não conhece regionalism o e p ro ­
te, a mesma vivacidade in tc llig c n tc , a mesma fin u ra fessa que a lin h a de lim ite de Estados B rasileiros
de esp irito ... R eunindo os tres fa ctores essenciaes não divid e o corpo e m u ito incnofi a alma da Patria»
da grandeza de um paiz, is to é, a extensão te rr i­ (Presidente R aul Soares de M ou ra , palavras finaes
to ria l, a riqueza do s olo e a população, M in as ü e - do seo M an ifes to P o litic o , de 21 de Janeiro de 1922,
raes é, de facto, o mais ric o dos Estados brasileiros» apresentando ao P ovo M in e iro a sua Plataform a,
(escrevia a fo lh a lon drina E ve nin g Standard, em Se­ como candidato ao Q o v erno do Estado, n o quadriennio
tembro de 19 12 ); reunindo-se a estas m agnificas de 1922-1926).
condições materiaes» um a população sufficientem ente Essas, p o r conseguinte, as d ircctrizcs fttndamen-
densa e form ada por um povo ac tiv o c in te llig c n tc » ; taes da acção p o litic s de M inas, no seio da Republica,
pois, «segundo unanime declaração dos extrangeiros pregando e executando d e ntro de seo te rr ito r io o
que têm residido no Brasil, a população de M inas m ais v ivo dos cultos ao B R A S IL uno, poderoso e
Oeraes encerra um dos ramos mais energicos, mais respeitado, pela con tinu ida de de adm inistrações es­
honestos e mais in te llig en te s da raça brasileira»; e clarecidas, honestas e realisadoras, que façam sempre
dahi a razão de serem os M in e iro s conhecidos em da Liberdade e da Justiça um escudo p ro tector da
todo o paiz, como gente trabalhadora e merecedora riqueza, do trabalho e da in d us tria do seo povo.
de confiança». Em 1914, um dip lo m a ta p la tino , o
sr M anuel Bernardez, externava sobre o grande Es­
ta do central da R epublica este ju iz o : «Tal é a terra Rio, Julho de 1923.
predilecta e venturosa, da qual poude dizer com ver­
dade S t. H i la i te que, s ’i l existe un pays que iámais
puísse sc passer dii reste du m onde, ce sera it. cer- N elson de Senna .
tain em e nt, M in as Geraes. E havemos de ir vendo
deputado federal por Minas Oeraes.

O O O O 418 O O
E STA DO D O PARA

A extrem a gentileza com que nos re­ e Maranhão, p o r uma recta até ás cabeceiras do r io
cebeu o sr. D r. E u ric o F reitas V a lle deve­ G um py, descendo pelo seu «thal\veg?> até sua foz
mos as excellentes notas que abaixo damos
sobre o Estado do Fará. S. E xcia., que é
b rilh a n te homem de letras e denodado jo r ­
na lis ta , exerceu em sua te rra, antes de v ir
para a Cam ara F ederal, varios cargos de
re le v o , sendo no tá vel a actuação da sua
in te llig e n c ia e das suas do utrin as sobre a
m entalidade paraense. A lê m do m ais, é ju ­
rista de renom e firm a d o : na cathedra de
P h ilo so p h ia do D ire ito da Faculdade dc
D ire ito do P ará, que conquistou aos 20
annos de ida de , m ostrou aguda visão e
rara com petenda pedagógica. Seu pensa­
m ento ju rid ic o , de ad m ira vel orientação, tem
illu s ira d o , não só aquella cáthedra, como
ta m bém as paginas da R evista de D ire ito
da mesma faculdade, da qua', é um dos mais
acatados collaboradores. N inguem m elhor de
S. E xcia poderia, com p ro fun do conhecimen­
to d o assum pto, responder aos nossos que­
sitos sobre o progressista E s ta lo d o pará.
F oram as seguintes as notas que nos
d ito u o foven pa rlam entar:

[ S L IM IT E S do Pará são: ao norte o


oceano A tla n tic o e as üu yan as francesa
(la ud o de Berne de 1." de Dezembro
de 1900), hollandesa (accordo firm ado
•cm cinco d.' M aio de 190b) e inglesa (sentença ar­ Dr. José Castro - Governador do Pará
b itra i, assignada em Roma a 6 de Junho de 1904); .- « a lflfK if
ao oeste, com o Estado do Amazonas; ao sul, com
o Estado de M a tto ü ro s s o (C onvenio interestadual no A tla ntico . O s lim ite s com o Estado de G oyaz
de 7 de D ezembro de 1900 e Dec. Federal de 8 de ainda se não fixara m exactamente e estão em vias
Janeiro de 1 9 19 ); e a leste, com os estados de Gqyaz de solução p o r m eio de arbitragem .

O o o o Oo 419 o o o o o o
LIVRO D l: OURO COM MT. MORA TIVO DO CENTENARIO DA

A arca to ta l do Estado é de 1.350.498 k ilo ­ fazem dc seu clim a um dos mais agradaveis d o globo.
m etros e 805 hectometres quadrados. Se houvesse eu ju lg a d o sim plesm ente o clim a do Pará

Pará -- Belem - Intendência Municipal

O clim a do Pará c quente devido á sua situação


em plena região equatorial. Mas o c alo r não c s u ffo ­
cante nem insu pp orta vel. Nunca se pro du ziu uai caso
de insolação e jamais se elevou ás altas temperaturas
que se sentem na Europa durante o verão e n o sul
d o Brasil. E que varios factores influ em para suavi­
zar o clim a : as abundantes chuvas que durante grande
parte d o anuo cáem em toda a re g iã o ; os ventos a lí­
sios ou de leste ; o fo rm idá vel volum e das aguas na por m inha n rim e ira residência de um anno, poderia
embocadura dos grandes rio s, e a flore sta trop ical pensar que havia fic a d o im pressionado pela novidade
que, exuberantemente, se extende p o r to do o rico do clim a tro p ic a l; mas. no meu regresso, depois dc
te rr ito r io do Estado. N o Pará não ha desertos nem uma permanenda de tres annos n o A lto Amazonas e
te rras sáfaras ou pedregosas, porque sua maravilhosa no R io N egro, fiq u e i novam ente im pressionado com
selva o fe rtiliz a e cobre por to dos os lados. a m aravilhosa frescura e b r ilh o da at.nosphcra, a ba l­
Para defender a salubridade do Estado, o g o ­ sam ica doçura das noites, que certamentc não tem
verno vem de ha m u ito m antendo constante serviço iguacs cm ou tras regiões p o r m im visitadas».
de p ro ph yla xia, fazendo do Pará uma das mais sau­
dáveis unidades da Federação. A febre palustre acha-
se quasi inteiram ente extirpada. A fe bre am arella, a
va rio la c outras doenças antigam ente endemicas, dc-
sappareceram.
Sc o clim a paraense tem tid o fáceis o u inconscien­
tes calumniadorcs, e u compensação tem também o p i­
niões fa voráveis de grandes sábios que basearam seus
juizo s cm observações da realidade das coisas. Vale a
pena re p ro d u z ir as expressões enthusiasticas do gra n­
de W allac e :

«O clim a do va lle amazonico é notável pela un i­ A população do Estado é de 1.000.000 de ha­


form idade da temperatura e p o r unia provisão regu­ bitantes. segundo o censo dem ographico de 1920.
la r de humidade. O Pará é um destes lugares exce- A in s tru c ç ã j publica no Pará tem tid o grande
pcionaes. São nelle as estações tã o modificadas, que desenvolvim ento, e póde dizer-se que entre as uni-

o o o o o 420 o o o o o
'B o l a c h a s .B is c o u To S ( ín o p flm C tlc tO rÉ w jnqum fsJrK
^jJGviAtittos,Amm>oAS, Conii ASSUCM k tF m b O m P t,m u O u tfiu u
W GocoiArípuToayQMLioms, Massas Aumcn T/u a s ,
D o ces Fin o j

j© B ,G B CORRÊA & c
R ua-Pa q u Camaiho 6aI6 Ca ix a P o st al .2 0 6

SAN DIEGO 1912


MILAN 1915

F abrica P alm eira. — Jorge C o rrêa & Cia. — Belém - Pará.


INDEPENDÊNCIA >A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

dades federativas da U n iã o é este um dos Estados


de C om m ercio e o C urso P ro fis s io n a l de C him ica,
,|iic m ais attende.n ao m agno problem a da educação
com um grande lab o ra to rio d irig id o por profissionaes
estrangeiros contractados.
H a ainda m uito s outros estabelecim entos de en­
sino. O m u n ic ip io de Bclcm mantem fim c o lle gio
para m eninas pobres e O rph an ato M u n ic ip a l.
O ensino sup erior conta com os seguintes es­
ta belecim entos: Faculdade L iv re de D ire ito , Escola
de Pharmacia, Escola de O d o n tolo gia, Faculdade de
M edicina e Escola de A g ro no m ia e V e te rina ria .
O G o verno Federal mantem em Belém as seguin­
tes institu içõe s: Escola de M achinistas e Pilotos,
C urso Nautico, Escola de Aprendizes M a rin h e iro s e
Escola de Aprendizes A rtific e s .
O Estado do Pará c riquíssim o. Seu solo fe-
t acissimo lhe offerece, em estado na tu ra l, os excellen­
tes e optim os productos que constituem sua grande
riqueza.
Seu p rin c ip a l producto é a borracha, c uja expor­
tação para os portos da Europa e da Am erica do
N orte im p ulsion am consideravelm ente o progresso da
região

ao povo. O ensino p rim a rio está sendo difu n d id o


em to d o o te rr ito r io tio Estado. Em to dos os m uni­
cípios o go vern o mantem escolas isoladas ou grupos
escolares, e os m unicípios, por sua vez, mantêm es­
colas m unicipal's d e n tro de seus lim ite s.
Possuo o Estado 100 escolas isoladas e 24 gru­
pos escolares. Na C a p ita l existe, alem disto, uma Es­
cola M od elo, annexa á Escola N orm al, duas escolas
aggremiadas, e varias escolas isoladas. O ensino p r i­
m ario e também largam ente d ifu n d id o pela iniciativa
p a rticular, princip alm en te na capital e nas cidades
mais im p orta nte s do in te rio r.
O ensino secundário é m in istrad o pela Escola
Paes de C arvalho, equiparada ao Pedro II, e pela
Escola N orm al, encarregada da form ação de profes­
sores prim ario s. H a também em Belem excellentes
estabelecimentos p a r tic u la r s tie instrucção secundaria.
O ensino p ro fis s io n a l é dado p o r dois admiráveis
estabelecim entos: o In s titu to La uro Sadrc. insta liado
em am p lo e d ifício, onde se fa z a aprendizagem dos
o ffic io s de marceneiro, typ og ra ph o, encadernador, sa­
pate iro , fe rre iro , etc.; e o In s titu to G e n til B itte n ­
court, também iu s ta lla d o em b e llo c m ag nifico edi-

Não obstante a concorrência e fo rm id á v e l pro-


ducção de borracha do O rie n te , as qualidades da
hevea> do Amazonas continuam obtendo melhores
cotações que as provenientes das plantações, o que
só se explica pela indiscutível s u p eriorida de da b o rra­
cha silvestre.
A in d u s tria da borracha, que atravessa presen­
temente uma crise lam entável, é uma das m aiores
riquezas do Brasil, c já oceupou o segundo lug ar
entre os a rtig o s de sua exportação.
A castanha do Pará é, em im portância, o segundo
dos productos naturaes do Estado. Serve para a fa ­
bricação de saborosos doces, e seu azeite é fin ís s i­
mo. A producção o s c illa entre 200.000 e 250.000
h e cto litro s annuaes. variando os preços de 25$000
a 80 *0 00 p o r hectolitro.
O cacáo c o te rce iro dos productos naturaes
Pará — Bclcm — Instituto Lauro Sotlré do Estado. Infelizm en tc, apezar da sup eriorida de de
"sua qualidade, sua producção é ainda pequena. Em
fic io , e onde se ensina á m ulhe r um curso com pleto 1010 o Estado exportou 4.500 toneladas desse p ro ­
de trab alh os dom esticos. ducto, num v a lo r de mais de 5.000 contos de réis.
A Associação C om m ercial d o Estado mantem As madeiras constituem e x tra o rd in a ria riqueza
dois utilissim o s estabelecim entos: a Escola Pratica no va lle do Amazonas. H a n e lle qualidades excellen-

o o o o o 421 o o o o o o
UVRO DE O IR O COMM EMORAT/VO 1)0 C H S ! ER ARIO

tes para to dos os m isteres. As especies são variadíssi­ põe de e x tra ordin arias condições para a criação de
mas, de cores m u ito bellas, como não existem em gado em grandes proporções. T o d o o Estado se
nenhuma outra parte do m undo. Em to d o o Estado abastece exclusivam ente de sua producção de gado
ha montadas grandes serrarias, carpintarias e fa b r i­ vaccum, in s u ffic ie n te ha annos atraz. Pode-se com­
cas de moveis, e já se vem fa zendo, de alguns annos p u ta r a população bovina d o Estado em 800.000 ca­
a esta parte, reg ular exportação para os po rtos do beças e a cava llar em cerca de 30.000.
B rasil e também para os da Europa, Am erica do A in d u s tria fa b ril, ainda nascente, conta no
N o rte e Arge ntin a. enta nto com estabelecim entos de artes graphicas, fa­
bricas de biscoutos, moveis, cordas, chapéus, calça­
dos, cigarros, chocolate, ge lo, m alas, artefactos de
cim ento, pe rfum aria, con fe itaria, botões, ceramica, as­
sucar, álcool, beneficiam ento de arroz, algodão, etc.
Belem , a capital do Estado, tem um a área total
de 40.5 15.868 m etros quadrados, sendo até agora de
24.031.972 m etros quadrados a area edificada, e de
16.513.986 a área ainda pouco construída. A cidade
dista d o oceano 138 kilo m e tro s e 2.142 m ilhas do
R io de Janeiro.
Belem , em p o rio com m ercial d o v a lle do Ama­
zonas, é uma das mais bellas e im p o rta n te s cidades
da Am erica do Sul. Sua população a ttin g e a 236.402
habitantes. E um a cidade m oderna, hyg ien ica e sã,
com ruas e avenidas amplas, form osos ja rd in s e par­
ques, abundante arborização, lind as construcções, bel­
los ed ifíc io s publicos, m uito s estabelecim entos de
instrucçâo, serviços com pletos de bondes, automóveis
e telephones, grandes e m odernos hospitaes, casas
de beneficencia, boa illum inaçâo electrica, hotéis m ui­
to confortáveis, theatros, im p orta nte im prensa, m uito
m ovim en to e grande commercio.
Pará — Beleni Instituto Gentil Bittencourt

A exportação de couros vaccuns, secos, salgados,


espichados e c u rtid os é também bastante regular.
O algodão se c ultiv a já em m uitas regiões d o Es­
tado.
O Pará é riq uíssim o em sementes oleaginosas,
cujos fin o s oleos servem para varios fin s . O oleo
de andiroba e o de copahyba são exportados em
re g u la r quantidade. \
A ag ricu ltura , de o ito annos para cá, se desen­
volveu de m odo apreciável. Até ha pouco te mpo i,
Pará im portava arroz em grande escala. H o je se
colhem annualm ente mais de 8.000 toneladas, o que
excede ao consumo da população, sendo exportado
o excedente. A fa rin h a de mandioca, o m ilh o e ou­
tro s artig os também são produsidos em grande es­
cala.
Ent resumo, eis os principaes productos do Pará:
algodão, arroz beneficiado, ole o de andiroba e de Pará - Bclcm — Theatro da Paz
m uitas outras sementes, borracha, cacáo, aguardente,
á lco o l, assucar de canna, castanhas, cereaes, cipós,
couros c cumaru, dormentes, fa rin ha de mandioca, Além de Belem, possue o Estado mais 32 ci­
fa rin h a de tapioca, cola de peixe, guaraná, madeira dades e m uitas v illa s e povoações.
trabalhada e em b ru to , pastas alim entícias, m ilho, E é o que num lig e iro resumo se pódc dizer
m oveis, peixe salgado, pelles de animaes, pennas de m ais im p orta nte sobre o Estado do Pará, de cujos
de garça, productos pharmaceuticos, calçados, sebo recursos extra ordin arios e de c u jo progresso não
anim al, sebo vegetal, solas, tabaco, etc. fic o u nas notas acimas estampada senão uma pállida
P o r possuir vastos campos naturaes, o Pará dis­ idéa.

o o o o o 422 o o o o o o
■ v •. '*►
PARAHYHA DO NORTE — PR. VENANCIO NEIVA PALACIO DO OOVERNO

E S TA D O DA P A R A H Y B A D O N O R T E

O s r. D r. Tavares Cavalcanti ê um dos A criação de gado absorve a m aior parte da


nomes m ais conhecidos e acarados do nos­ actividade dos filh o s da Parahyba, m órm ente nas
so parlam ento. O p re s tigio que se creou regiões do sertão. O recenseamento geral da Re­
nos circ u los p o litic o s c intellectuaes do país publica, realizado em 1020, constatou a existência
e ta n to mais s o lid o quanto S. E xcia., do
fu n d o de sua ad m ira v el modestia, nada mais
fe z pa ru a d q u irü -o d o que apresentar se
com to d a a rad io sa sym pathia de sua in ­
divid u a lid a d e , com sua actividade proficua
c com sua n itid a com prehensio das cousas.
Recebidos p e lo illu s tre deputado Pa­
ra li y/tano com a a ffib ilid a d e que lh e ê
p ró p ria , colhem os d e sua bocca os dados
que vêm abaixo. Cabe-nos a culpa de os
haver rep ro d u z id o sem o b rilh o e a p re ­
cisão com que o sr. D r. Tavares C avalcanti
nol-os tra n s m ittiu

O M O grande parte das unidades federa­


tivas da U niã o, o Estado da Parahyba
do N orte não tem todos os seus l i ­
m ites assentados de modo d e fin itiv o : as
linhas div is ó ria s com o Ceará dependem ainda de
accordo a ser estabelecido entre os dois Estados,
esperemos que em breve tempo.
Em m ate ria de população, a Parahyba do N o rte
nada tem a in ve ja r aos seus ir.nãos da Republica:
possue, con fo rm e o recenseamento de 1020, 062.000
habitantes para uma s u p erfic ie de 60.000 kilo m e tro s
quadrados, o que lhe dá uma densidade de mais de
12 habitantes p o r k ilo m e tro quadrado.
O c lim a do Estado é, em geral, saudavel. Q uen­
te e hú m id o n o lito ra l, quente e seco no in te rio r,
Dr. Solon de Luccna — Governador da
suayisam-no grandem ente os ventos alísios. Nas ser­ Parahyba dc Norte
ranias é simplesm ente adoravcl.
A fe rtilid a d e do s o lo e a 'abundanda de pastos
fa cilita ra m o desenvolvim ento da agricu ltura e da na Parahyba do N o rte dc 444.928 bovinos, 106.644
pecuaria, praticadas intensivamente na Parahyba. A equinos, 71.665 asininos e muares, 279.156 ovinos,
canna de assucar, o algodão, o café; o tabaco, o m i­ 545.897 caprinos e 99.238 suínos.
lho, os legumes, os cereaes são cultivados em larga Essa riqueza de m atérias prim as, de natureza
escala. A natureza espontaneamente offerece ou tros vegetal ou anim al, vae dando lo g a r a que pouco a
productos de valor ine stim á vel: extensas florestas pouco se desenvolvam no Estado, parallellam ente
de m adeira de construcção, marcenaria e tin tu ra ria . á a g ricu ltura e á pecuaria, a ind ustria fa b r il, ainda
Plantas medicinaes, plantas texteis, carnaubeiras, co- nascente, é verdade, mas destinada a gra nd io so fu­
pahyba, etc. tu ro . Os engenhos de assucar orçam por 400, ha-

OO O o o o 423 O o o o o O
LIVRO DE OURO COMMEMORA 1)0 CENTENARIO DA

vendo m ais de dusentas d is t illa t e s de á lco ol. Fa­ disposição reservas de num erario na emergencia das
bricas de tecidos, mosaicos, azeites e oleos, bebidas crises.
diversas, vinhos de fn ic ta s , sabão, barbante, cordas,
cigarros e charutos, etc., ipsta llad os em differentes
pontos do Estado, vão já alcançando resultados com­
pensadores.
O lito r a l parahybano é ric o de pedra calcárea
de excellente form ação, o que assegura para fu tu ro
p ro xim o a creação da in d u s tria do cim ento na Pa­
rahyba. Uma prim e ira te nta tiva, de annos atrás, fra­
cassou p o r deficiência de recursos financeiros. Neste
m om ento, porém , um g ru p o de industriaes france­
ses trabalha activam cnte neste sentido, já tendo o b ti­
do im p orta nte s concessões da parte do governo.
Abundam no Estado ou tras riquezas mineraes,
ainda inexploradas, mas de existência comprovada
com a m axim a segurança: fe rro , carvão de pedra,
cobre, p e trole o, estanho, s a litre , ouro, prata e pe­ Parahyba do Norte — Vista geral
dras preciosas. Destas, o fe rro e o petroleo p rin c i­
palmente garantem á Parahyba do N o rte uma pros­
peridade assombrosa para os tempos vindouros, dado A Parahyba não tem divid as no exte rio r. Reco­
que são dos a rtig o s m ais necessarios á vida d j ho ­ nhecia, com tudo, titu lo s de diversas emissões e uma
mem e mais procurados pela in d us tria m undial. d iv id a fluctua nte origin ad a do atra so no pagamento
dos otdeitados e contas da adm inistração. T u d o isto
fo i cancellado, c- h o je o pequeno, mas prospero Es­
ta do, nada deve. Seus serviços se fazem co.n a m aior
regularidade. O s funccionarios e as contas da adm i­
nistração sãu pagos pontualm ente. O pa trim o n io pu­
b lic o fo i consideravelm ente augm entado com a aequi-
sição e construcção de grande n u m ero de imm oveis
necessarios ao re g u la r fu nccionam ento dos serviços
publicos.
As receitas annuaes do Estado sobem a quasi
cinco m il contos e as despesas são calculadas sem­
pre dc m aneira que resultem infe rio re s a esta som-
ma. Os saldos, quando não são empregados em u r­
gentes necessidades collectivas, são depositados em
Bancos, á disposição do governo.
A instrucçâo publica na Parahyba tem sido pau-
latinam ente rem odelada pela acção v ig ila n te d o jjo -
verno, que não descura m eios n o sen tido de to rnal-a
pro fic ie n te e disseminada o m ais possível. O ensino
p rim a rio é .im piam ente d iffu n d id o n o E stad o; com­
prehende escolas rudim entares, ele nentares e com­
plementares, isoladas ou agrupadas, conform e o per­
m ittem as circum standas.
N o Lyceu Parahybano, excellentem ente o rg a n i­
zado, m inistra-se o ensino de sciencias e letras, na
Escola N orm al do Estado form am -se os professores
Dr. Tavares Cavalcanti — Deputado pela destinados ao ensino publico p rim á rio . Am bos estes
Parahyba do Norte estabelecimentos dispõem de be llo s e confortáveis
ed ifícios c de to das as condições pedagógicas ne­
cessarias. Em C ajaseiras existe o C o lle g io Padre Ro-
litn equiparado á Escola N orm al da capital.
Pelos portos de C ab ed ello e Parahyba exporta o
Estado seus productos para varias regiões do paiz
e para o estrangeiro. O algodão constitue o p rin c i­
pal a rtig o de exportação, a ttin g in d o annualmente as
remessas do mesmo para fó ra d o Estado a 15.000.0(H)
de kilog ra m m os. O assucar, o tabaco, as pelles e os
couros são também exportados em quantidades apre­
ciáveis.
D urante largos annos, a Parahyba soffreu accen
tuado de seq uilíb rio entre seus recursos e seus gas­
tos, dando log ar a sensíveis d é fic it em seus orçamen­
tos. Devia-se isto, principalm ente, á irre gu la rid ad e
das estações e á existência periódica das secas, que
desorganizavam as fontes de renda e assim desmen­
tiam as mais seguras previsões.
A p a rtir dc 1005, os G overnos se convenceram
da necessidade d í p ô r fim a semelhante estado de
coisas m ediante um regim en severo de economia e
moderação nos gastos. Começou então a no rm a li­
zar-se a vida financeira do Estado.
Parahyba do Norte Porlo
A par de um augm ento considerável da arreca­
dação, observou-se m ethodica restricção das despe-
zas. Logrou-se por esta form a uma série de saldos O ensino p ro fissio na l é representado p o r uma
annuaes que sempre perm ittem ao governo te r á sua Escola de C om m ercio e outra de Agrim ensura fun-

o o o o o 424 o o o o o o
VILLA DE PARIS — Rio de Janeiro.
INDERENDENCIA E DA EXROS/ÇAO INTERNACIONAL

dados pe lo go vern o estadual na cidade de Paraliy-


Da mensagem enviada a l. ° de Setem bro de
ba; pela Escola de Aprendizes a rtifice s c p e lo patro-
1913 pe lo s i. D r. Solon de Lucena, illu s tr e pre­
sidente da Parahyba do N orte, á Assemblca Legis­
lativa do Estado, destacamos, pela sua actualidade,
T os do is paragraphos abaixo, referentes, á situação
financeira e á vida p o litic a daquella form osa e iica
unidade da Federação.
D iz S. Ex,- sobre as finanças da Parahyba:
A situação financeira da Parahyba, até 31 de
Março do corrente anno, ao encerrar-se o exercício
de 1922, expressa-se nos seguintes num eros:

Penda prevista.............................................. 5 814:9769000


Penda arrecadada....................................... 7.728:5258237
Arrecadada a m a i s .................................. 1.913:5498237

A despesa correspondente ao mesmo periodo


tem a seguinte expressão num érica:

Despesa o r ç a d a ........................................ 4.943:4908191


Despesa rc alisad a....................................... 6.865:9578189
Realisada a m a i s .................................. 1.922:4668998
ParahflE du Norte Prefeitura Municipal
C on fron tan do a renda arrecadada oom o m on­
tante da despesa fe ita, te remos:
nato a g rico la V id a l de N egreiros, este na cidade de Penda a rre c a d a d a ................................... 7.728:5258237
Bananeiras, m an tido s a nhos pelo governa Federal. Despesa rea lisa da....................................... 6.865:9578189
A in iciativa p a rtic u la r se deve a Escola Domestica S u pe ra v it..................................................... 862:5688048
de Parahyba e varios im portantes estabelecimentos
de ensino p rim a rio e secundário.
Das quatorze cidades d o Estado a mais im p o r­
tante c a ca p ita l, fundada em 1584 á margem direita
do r io Parahyba do N o rte e distante 19 kilom etros
de sua fo z n o A tla n tic o . E ligada por via-ferrea a
Pernambuco * ao R io Cirande d o N urte . Possue ex­
cellentes serviços de illu m in aç â o electrica e abas­
tecim ento de agua, ruas e praças bem tratadas e
m agnificos e d ifícios, e n tre os quaes se destacam: o
theatro Santa Rosa, o Palacio do G overno, a Es­
cola N orm al, o Lyceu Parahvbano, o Thesouro do
Estado, o <o u s e i lio M u n ic ip a l, a Bibliotheca, a As-
sembléa L e gisla tiv a, etc.
Sua população vae além de 50.000 habitantes.
E n tre as m ais be llas praças merecem relevo as
de Pe dro A m érico, A ris tid e s Lobo, A lvar.) Machado
c outras. O parque (ia n ta Lo bo e o Jardim Publico
são de fo rm osissim o aspecto. E as avenidas Baure-
paire Rohan, G eneral O z o rio e M axim iano de F i­
gueiredo são arté ria s largas, hem construídas e m o ­
vimentadas.
Na praça A ris tid e s L o bo ergue-se a estátua deste
Calculada em 4.043:49(48191, a despesa do exer­
grande homem da Republica.
cício fina nce iro analysado excedeu de 1.922:4068908
E n tre as demais cidades salientam-se Campina
á prevista no com puto orçam entário correspondente
devendo esse excesso ser levado á conta dc cré­
ditos addicionacs e cspeciaes, consignados no mes­
m o orçamento, sup prim en to de verbas insufficientes
e resgate da divida publica, pro vin da de exercícios
anteriores, bem como liquid ação de sentenças ju d i­
ciarias proferidas contra o Estado.
E ntre as im portâncias m encionadas em bloco,
avultam , sobrecarregando as despesas orçadas, as se­
guintes:

Segurança p u b lic a ....................................... b9:7158929


Força p u b lic a ................................................ 224:3218930
Instrucçâc p u b lic a ....................................... 299:3898108
Obras p u b lic a s ............................................ 17:4548335
Imprensa O ff ic ia l.......................................... 239:0948378
Subvenções ..................................................... 57:9748403
Esentuaes e serviços p u b lic o s ................... 314 =7338902
Divida publica ............................................. 440:0718434
Prophylaxia rural (subvenção do Estado . 129:4448444
Centenário da Independência................... 50:0008000
Parahvba do Norte Salão dc honra do
Palacio do Ooverno
N ão figuram , porém , no quadro acima, 396:840$,
correspondentes á verba adiantada pelo Estado, por
Orande, Itabaiana, M aranguape, Oajaseiras, Ouara- conta da subvenção federal, ao serviço d e Defesa
bira. A reia e Bananeiras. d o Algodão, não recebidos até a present? data.

O OO OO O 425 o o o o o
Li v r o d e o u r o c o m m e m o r a t iv o no c e n t e n á r io

E in 31 de março do an no corrente, a divid a d e ro cabivel a b rir parenthesis nos assum ptos de o r ­


activa arrecadavel do Estado subia a 1.310:7298462 dem puram ente a d m in is tra tiv a para re fe rir-vo s a re­
e o sald o das operações do The sou ro , corresponden­ nuncia que, após te rm in a r o go v e rn o da Republica,
te i o e x e rc id o de 1922, a ttin g ia a 876:0268163, houve de fazer o D r. E p ita c io Pessoa da chefia iío
assim d is trib u íd o s : p a rtid o dom inante neste Estado.
Representada p e lo e g re g io p a tricio , a Parahyba
Em cofre no Thcsouro.................................... 85:209*880 teve nos u ltim o s te m p os um pa pe l de m a io r relevo
No Banco do B r a s il.................................... 100:000*000 na Federação, de m o d o ta m bém a pode r ple ite a r
Nas Obras Contra as Seccas, por empréstimo 149:500*000 n o c en tro as medidas de g o vern o, indispensáveis ao
Em poder de responsáveis......................... 341:316*283
seu desenvolvim ento. C onseguidas p e lo p re s tig io da-
q u e lle cidadão, pela sua com petência, pela sua pa
C om o se está a ver, a situação tfc> Estado era, lavra ou de fe rid as p e lo seu po d e r de presidente da
já naquella data, relativam ente boa e seria optim a, R epublica, tivem os as m elho res providencias em pro l
sob o po n to de vista fina nce iro , se exigências im ­ dos nossos interesses sobresahindo as que, visando
previstas de ordem pu blica e as necessidades cres­ a a g ric u ltu ra e o com m ercio, fe rira m as velhas asp i­
centes em m ate ria esthetica, saude e instrucção pu­ rações d o p o rto da c a p ita l c das vias de commu-
blica s não nos houvessem arrastado a gastos extra- nicaçâo para os sertões, tu d o m ais ou m enos con­
orçam entarios, no to ta l de 1.922:4668998, constan­ ne x o com o secular p ro blem a das seccas. Neste po n ­
te s da relação acima. to , Srs. deputados, p a lp ita n te s e m ateriaes os e ffei-

f. precise não perder de vista que as cifras a li to s dessa consciente obra, a nossa g ra tid ã o ao egre­
arroladas são relativas ao exercício encerrado em g io conterraneo m erece que em to d o lo g a r a cul­
31 de m arçc u ltim o . tivem os e proclam em os. D e id ê ntica m aneira, o as­
O anno fin a n c e iro corren te, porém , se nos aus­ pecto m oral da sua in flu e n c ia é d ig n o de a lto c u lto
picia pro m isso r. A arrecadação vem sendo fe ita com e de eneom io perante a ju s tiç a dos nossos sentim en­
regularida de , excedendo, de m u ito , as previsões o r ­ tos. Se e lle dá ho nra ao Estado fó ra do Estado, onde
çam entarias; e, posto que tenham os a pesar sobre c um hem para nós que o nosso nom e se eleve, aq ui
e lle , em despesas, c augm ento de vencim entos d o nas cousas internas a s u p eriorida de de sua actuaçâo
fu nccion alism o pu blico estadual, rea lisa do na con­ se retrata nesse am b ie nte de libe rd ad e em que as
fo rm ida de da autorisação consignada na alínea V I I I , facções par tid a ria s, fa vorecidas em sua m ovim en­
do a rtig o 3U, da le i num ero 550, de 7 de novem ­ tação, m elhoram cada dia em seus costumes. Assim ,
b ro de 1922, espero, o encerrarem os com um «supe­ é com a sensação de fa lta p ro fu n d a que vos fa lo
ravit» capaz de c o b rir gra nd e parte das despesas daquella renuncia, em bora ella não s ig n ifiq u e a per­
realisadas com os serviços de esgoto e abasteci­ da p o r nossa p a rte de um elem ento, de um pulso,
m en to de agua a esta cap ital. de um defensor, c u jo p a trio tis m o nunca o deixará,
A liá s , não preciso occultar-vos o desejo que com vida., estranho ao serviço e ao affe cto da Pa­
sempre n u tri de rea lisa r aquelles serviços d e ntro rahyba. Para s u b s titu il-o na direcçã o do p a rtid o do­
das fo rça s orçam entaria s do Estado. m inante, escolheram seus c o rre lig io n á rio s o cidadão
O I o sem estre d o corren te exercício apresentou que ora occupa a presidência do Estacão, sem que
a renda b ru ta de 5.114:4058309, havendo o The- para isso nem uma das p a rcellas de in flu en cia de­
souro e n tre 'deposito, fornecim entos p o r em p ré s ti­ correntes do a lto posto acaso se movessem, m o ­
m o ás Obras C o n tra ás Seccas e adiantam ento ás vendo-se sim , todas ellas, pe la continuação da chefia
obras do esgoto, p o r conta do Em pré stim o P o pu lar d o D r. E p itacio Pessoa ou p o r um a solução com
da Parahvba, em econom ia realisada, a im portância o u tro nome de seu p a rtido .
de 2.103:4698768. Venho, porém , a ffirm a r á Assembléa que, se
C o n tinu arei, pois, no regim e de restricções que aceitei a resolução vencedora, fo i com o firm e p ro ­
me te n h o im posto, gastando, com m edida, em cou­ p o s ito de gu ard ar a boa o rie n ta çã o do D r. E p itacio
sas ute is e indispensáveis, con sulta nd o em to d o o Pessoa, de m anter-m e isen to da preferencia pa rtid a ria
caso as possibilidades fina nce ira s d o e x e rc id o e o s nas questões em que estivesse em jo g o o interesse
interesses superiores do Estado». ad m in is trativ o , e de resp eita r, fosse qu al fosse a
Sobre a po lític a do Estado escreveu o sr. D r. s orte da m inha aggrem iação, a o p in iã o do povo, as
Solon de Lucena as linhas que seguem: leis do Estado e os p rin c íp io s d o regim e rep ub li-
« D irig ind o-m e a uma assembléa p o litic a , consi­

'X t s r * o o o o o o 426 o o o o o o
E STA D O D O PARAN A

So bre este b e llo Estado s ulin o, cujo C u rity b a é servida p o r num erosos h o té is de p r i­
lu tu r o é certam ente dos mais grandiosos m eira o rd e m ; possuc uma b ib lio th eca pu blica , um
p e las suas imm ensas riquezas naturaes, fa­ museu de a n th ro p o lo g ia e his to ria n a tu ra l, um In s ti­
lo u -n o s o sr. D r. L in d o lp h o Pessoa, o mais tu to h is to ric o e geographia», um con serva torio de
jo ve n e u m dos seus mais pre stigioso s re ­ m usica e uma escola de Bella s Arte s, além de ou tras
presentantes na Cam ara F ederal. S. F.xcia. instituições de a lta cultura.
respondeu am avelm ente aos nossos quesitos
p e la seg uin te fo rm a :

^ L I M I T E S do Estado do Paraná com as


regiões circum vizinhas acham-se hoje,
Para fe lic id ad e nossa, de finitiva m e nte
assentados. Este fa c to é m o tiv o de ju ­
b ilo não só para os paranaenses como para todos
os b ra s ile iro s : ninguem ign ora a lu ta secular que a
indecisão das linh as d iv is ó ria s entre Paraná c S. Ca-
th arina alim e n to u , nem a serie dos sangrentos ep i­
sódios d o C on testad o, directa ou indirectam ente l i ­
gados á contenda. Um accôrdo p a trio tic o pôs term o
áo ve lh íssim o litig io fa zendo v o lta r a paz e a tran-
q u illid a d e aos do is Estados irmãos.
C om o Estado de S. Paulo m antinha o Paraná
questão idê ntic a , esta fe lizm en te resolvida p o r um
lau do a r b itra i de S. Excia. o sr. D r. E p itacio Pessoa,
a cujo esclarecido p a trio tis m o haviam as duas partes
entregue o solu cion am en to do problem a.
O Paraná sente-se agora desafogado c trabalha
confiantem ente, aspirando ao de stino que lhe pro-
mettem seus inexgotaveis recursos.
A s u p e rfic ie do Estado, com a d im inu içã o sof-
frid a em v irtu d e do cita d o accordo com Santa Ca-
th arina , é h o je de 1Q0.415 k ilo m e tro s quadrados e
sua popu laçã o a ttin g e a cerca de 700.000 habitantes.
C u rity b a , a flore scen te c ap ital paranaense, occu­
pa, em m a te ria de população, com seus 80.000 ha­
bitantes, o o ita v o lo g a r e n tre as oitocentas e tantas Dr. Munhòcs da Rocha — Presidente do Paraná
cidades bra sile ira s . Ê uma cidade de traçado m oder­
nissim o, com larga s ruas c extensas avenidas, algumas
de m ais de 2 k ilo m e tro s de extensão, como a Ave­ Sobre o aspecto pittoresco da cidade escreveu o
nida Iguassú, parques e praças ajardinadas das mais escriptor paranaense Tasso da S ilveira:
form osas que possuc o Brasil. Desde ha trin ta annos «A paisagem c grega. Desenvolve-se lum inosa,
atraz é C u rity b a illu m in a d a a lu z electrica. O utros ondu lan te, suave, dir-se-ia quasi m usical. N o h o r i­
serviços Im p o rta n te s fo ra m inaugurados mais tarde: zonte afastado, o p e r fil esmaecido de m ontanhas
te lephones, corp o de bom beiros, aguas e exgotos, nzues, a c ira im d a l-a toda. A atmosphera, de tã o lim ­
guarda c iv il, bondes electricos lig a n d o o cen tro u r­ pid a c diaphana. com o que pe rturba a lin h a das
bano aos m a is affastados b a irro s. Ê grande o numero perspectivas. N os ja rd in s , nas collinas, erguem-se ce­
de ed ifíc io s publicos e pa rticulare s de notável bel- dros c cyprestes clássicos. U m pouco m ais ao longe,
leza arch itecto nica que ornam entam a capital d o Pa­ os pinheiraes hieráticos.
raná. E n tre clles destacam-se o palacio do G overno, Sc é cm Setem bro, quando os pecegueiros f l o ­
o pa lacio d o C ongresso, co n s lru id o cm puras linhas rescem, a cidade veste-se dc um m anto c o r d e rosa.
gregas, a U n ive rsida de do Paraná, installada num E então que m ais lin d o se faz o seu p e rfil adoles­
dos m aiores ed ifícios escolares do paiz, o H o s p ita l cente. E, nesse instante, a cidade da ale gria serena,
da M ise ric o rd ia , a Associação C om m ercia l do Para­ dos enlcvos id y llic o s , da mansuetude in te rio r.
ná, o G ran de H o te l M od erno , o C lu b C u rity b a n o e Ha um a o rg ia de flo re s e fo lh ag en s: tu fo s ve r­
m uito s o u tro s . As habitações particulares distinguem - des e polychrom as assembléas, b ro tan do de cada
se, em alg u n s ba irro s, como nos da g lo ria e do Ba­ canto. As trepadeiras enroscam-se em m old uran do os
te l, pela graça e harm oniosa leveza de suas linhas. chalets, s ubindo os m uros altos, enfestonando os

o o O o o o 427 o o O
LIVRO D t OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

g ra dis. P o r toda parte, a mesma graça joven, a N o re ino m in e ra l o Estado do Paraná possue
mesma impressão de virg em puberdade, que é o traço m inas de o u ro, fe rr o e m anganez nos m un icípios de
m ais característico de C o ritib a . E, coroando o con­ A n to nina , M o rre te s e S. José dos P inhaes; de dia­
ju n cto , o c laro ceu s u lin o, a lto e lim p id o , algum as mantes, n o m u n ic íp io de T ib a g y ; de cobre, no de

Curityba Prefeitura

G uarapurava c m in as de carvã o e de pe tro le o nos m u­


n ic íp io s de S. M atheus, U n iã o da V ic to ria , G uara­
Dr. Lindolpho Pessoa — Deputado pelo Paraná puava, Im hitu va, T hcm azin a c Jacarczinho.
Dessas m inas estão em exploração as de dia­
mantes, no r io T ib a g y , e as de carvão e pe tro le o em
vezes p ro fu n d o , ceu de sêda macia, desdobrado como S. M atheus, de on de já se extrá e o le o m ineral».
benção de am or sobre a paisagem florescente». Sobre a herva-m atte, as m adeiras e dem ais pro­
Além de C u rity b a , possue o Paraná mais 24 ductos de exp orta ção d o Estado, assim se expressa
cidades e num erosas v illa s , sendo to das aquellas e o p re s tig io s o chefe p o litic o , conhecedor p ro fu n d o dos
m uita s destas illu m in a d a s a lu z electrica. Ponta G ros- assum ptos referentes ao Paraná:
sa é o segundo cen tro in d u s tria l d o E s tad o; p ro ­ «A p rin c ip a l producção do Estado é a da herva-
g rid e vertig in osa m en te. Paranaguá, velh o centro ou- m atte, a lim en to precio so e de b a ixo preço, larga-
tro ra florescente, passou p o r lo n g o p e rio do de es­ mente c on sum ind o n o pa iz e nas R epublicas do Rio
tacionam ento, te nd o começado a re s u rg ir de m aneira da Prata e. em m en or escala, nos princip ae s paizes
notável de alguns annos para cá. da Europa. Para re p e tir uma phrase do Presidente
Sobre as riquezas do s olo paranaense p e n n itta actual do Estado, a herva-m atte «constitue a co­
que lhe m o s tre este trech o de b rilh a n te a rtig o d e ­ lum na d c o u ro de nossa riqueza economics».
v id o á penna do s r. D r. A ffo n s o C am argo, o illu s tr e A exportação desse p ro d u cto para o e xterior
d ire c to r da p o litic a paranaense; — subiu n o u ltim o exercício a 00.000.000 de kilo g ra m -
«A natureza não se contentou em do ta r este m os, com um v a lo r to ta l de 41 .0 20 :58 4*80 0. Este
pedaço da te rra b ra sile ira com todos o s clim as c volu m e resulta m u ito considerável se recordarm os que
to das as producçôes. P ro d igo u-lhe ta mbém ou tras i i em 1001 a producção fo i apenas d c 21.210.129 ki-
quezas que quasi que constituem um p r iv ile g io re­ logram m os.
g io n a l. A ssim , n o reino vegetal possue o Estado a Em escala descendente nos valores de exp orta­
herva-m atte ( ille x m atte) e o p in h o (araucaria hr.i- ção seguem-se: a m adeira, com 1 2 .3 52 :51 6*70 0; o
silie n s is ) que cobrem duas quintas pa rtes do te r r i­
to rio , concorrendo o Estado do Paraná, na e x p o rta-

Curityba — Palacio do Congresso Curityba — Paço Municipal

ção desses productos, com duas terças partes do gado dc to da classe, com 3.6 3 3 :6 0 0 *0 0 0 ; o café,
to ta l correspondente á R epublica. Na exportação da com 3.4 6 2 :6 2 7 *0 0 0 ; e o u tro s productos diversos, com
m adeira ha a in c lu ir as m elhores variedades de cons- 6.24 0:6 70 *0 00 , fo rm a n d o um to ta l d e .......................
trucção que se conhecem. 66.7 09:998*500».

o o o o o o 428 o o o o o o
rlFERRAN'
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

Responderei resumidam ente aos demais quesitos A U niversidade do Paraná m in is tra o ensino
fo rm ulados. superit r. Sobre este estabelecimento, honra e g lo ­
O Paraná possue uma rêde de 8.000 kilom etro s ria não só do Estado, mas do e s p irito b ra s ile iro de
de estradas de rodagem, lig a n d o to dos os m unicípios iniciativa, m uito haveria a dizer.
do Estado. D ispõe de varias linhas ferreas, que A U niversidade do Paraná, fu ndada ha coisa
percorrem regiões riquíssim as c as põem em com­ de dez o u doze annos atraz, conseguiu, neste c urto
m uni cação com o n o rte e o sul do paiz. O seu com ­ lapso de tempo, firm ar-se como um estabelecimento
m ercio, m uito intenso, é fe ito pelos portos de Pa­ m odelar de ensino scientifico. Funcciona hoje no
ranaguá, A n to nina , Quarakcssaba e Guaratuba, pelas seu gigantesco palacio proprio, ainda não te rm ina­
do, mas em vias de conclusão, e que será dentro em
pouco ta lvez o ed ifício escolar de m ais vastas p ro ­
porções d o Brasil inte iro .
Comprehende a U niversidade as Faculdades dc
D ire ito , de M edicina e dc Engenharia. A de D i­
re ito se desdobra num Curso C om m ercia l; a de
Medicina abrange os seguintes ram os: M edicina, P har­
macia, O d on tolo gia c O b s tetric ia; a de Engenharia
comprehende to dos os ramos em que geralm ente se
divid e este curso.
E preciso accentuar que todos estes ramos dis­
põem dos elementos necessários para um estudo per­
fe ito e com pleto: gabinetes de physica, chim ica e
his to ria natural, que illu s tres professores cariocas
consideram os mais bem installados do B ra s il; am­
phitheatro de anatomia, gabinete de eonstrucção ci­
v il, observatorio m eteorologico, etc.
Curityba — Universidade e Associação Commercial O s alumnos do curso m edico dispõem de uma
ala in te ira do H o s p ita l dc C aridade para seus es­
estradas de rodagem e pelas Estradas de Ferro, tudos práticos. Os do curso de obste tricia p ra ti­
das quaes se destaca a que lig a C u rity b a a Parana­ cam na M aternidade do Paraná, liga da por laços
guá e An to nina como um a rro jo épico de engenharia intim os á U niversidade; o estudo de o d o n to lo g ia
e pe lo esplendor da natureza que atravessa. é com pletado pela pratica em gabinete de ntario ad­
A p rin c ip a l in d us tria do Estado c a da ex- m iravelm ente in s ta lla d o ; os estudantes de D ire ito ,
tracção e bcn eficia m e nto da herva-matte, seguindo- ao a tting ircm o te rce iro anno, são m atriculados na
se-lhe dc p e rto a de extracçSo de madeiras, ambas Assistência Judiciaria da Universidade, onde, sob a
representando riqueza enorm e, dada a extensão das direcção de um lente, funccionam como advogados
prodigiosas flore s tas paranaenses. da gente sem recurso.
A in d u stria p a s to ril é exercida tambe.n larga D ispõe ainda a U niversidade de uma vasta b i­
mente no Paraná. Pelo recenseamento de 1920, pos­ bliotheca, sala de esgrima, herbanarios, etc.
suía o Estado a seguinte riqueza cm gado: A m entalidade paranaense não é das menos co­
nhecidas na C a p ita l da Republica. Desde o tem po
539.765 do famoso Cenaculo de C o ritiba , agrupam ento cons­
190.138 titu íd o p o r D ario V ellozo, S ilv e ira N etto, J u lio Per-
56.265
44.254 netta e A n to nio Braga, to dos poetas e prosadores
Asininos < 43.969 de m erecimento, começou C o ritib a a attra h ir a atten-
Uma das m aiores esperanças paranaenses c a ção do Brasil pela sua activid ad c inte llectu al.
já notável in d u s tria fa b r il do Estado. Funccionam Os embaixadores do es p irito paranaense no R io
de Janeiro m u ito têm fe ito pelo renome de sua
no Paraná m uita s fabricas im portantes de diversos
te rra nas lides da intelligencia. F o i d o Paraná que
artigos, sendo de destacar^ pelo relevo que assumem
na economia cstadoal, a grande fabrica de machinas
de M u e lle r Pr Irm ãos, as fabricas de phosphorus,
de tecidos de algodão e seda, de moveis, ladrilhos,
te lhas c tijo llo s , de louças, vidros, pregos, chapéus,
calçaoos, Velas, sabonetes, chocolate, espartilhos, ins­
trum entos musicaes, etc.
Em C o ritib a trabalha a grande fahriea de pianos
Essen/elder, cujos m aravilhosos productos provoca­
ram a adm iração dos visitantes da Exxposição do
centenario e estão te ndo a m elho r acceitação no
Brasil e nos países visinhos da America do Sul.
No lito r a l funccionam dois m oinhos de trigo ,
abastecidos de m ateria prim a puram ente paranaen­
se, alem de um im p orta nte estabelecim ento de be­
neficiar ta nn in o para ser utiliz a d o nos cortumes.
A instnicçâo publica, de alguns annos para cá,
tem-se desenvolvido animadoramente.
A p rim a ria é m in istrad a em 20 grupos esco­ Curityba Praça
lares e 003 escolas isoladas m antidas pelo go ver­
no, existindo ainda cerca de 00 particulares.
O gym nasio Paranaense (in te rn a to e externa­ vieram Rocha Pombo, o nosso g lo rio s o h is to ria d o r;
to )) , a Escola N orm al, o In s titu to de C astro c 11 N estor Victo r, o psychologo illu s tre , cuja obra é
estabelecimentos particulares m inistram a instrucçâo um attestado adm iravel da agudeza de nossa visão
secundaria. e s p iritu a l; Silveira N etto, o poeta acclamado de Luar
O ensino pro fis s io n a l c representado pela Es dc H inve rn o c Ronda C repuscular; Moysés M a r­
cola de Aprendizes A rtific e s , pela Escola A g ro n ô ­ condes, Leoneio C orreiá, Euzebio M otta, e tantos
mica do Paraná, ambas em C o ritib a , pela Escola de outros, sem fa la r nos novos, alguns dos quaes fo ­
Aprendizes M a rinh eiro s , em Paranaguá, c p o r ou ­ ram collocados pela eritica á fren te do m ovim ento
tros estabelecimentos. novo d o pensamento no Brasil.

o o O o o o 429 O o o o o o
ESTA DO DE P ER N A M B U C O

O sr. D r. S o lid o n io L e ite não é ape­ pacs exportadores, com o fim de reg u la risa r e de­
nas o m estre, que to do s aratam , da ling ua fender esse p ro du cto, c uja c u ltu ra se tem desenvol­
que ta lam os. Seus conhecimentos abrangem v id o u ltim am e nte de m od o considerável. Para bene-
esphera mais vasta, podendo-se dizer que fic ia l-o existem seis usinas, e duas prensas aperfei­
á sua c u ltiva da in te llig e n c ia não é estranho çoadas.
nenhum dos assum ptos que projundam ente
dizem resp eito á vida brasileira.
C om o representante de Pernam buco na
Camara dos D ep uta do s, S. Excia. occupa
lo g a r de destaque n o seio da bancada. A
attenção respeitosa que de to dos te m me­
recido sua in d iv id u a lid a d e p r o v im d o es­
pontâneo sentim ento de adm iração que suas
altas virtudes mentaes e de caracter pro-

Condescendeu S. Excia. em ira n s m ittir-


nos as notas que seguem relativa s ao he­
ro ic o Pernambuco. N ão podemos expressar
nestas lig e ira s linh as o reconhecim ento d i­
que somos credores ao nobre representante
pernambucano.

E R N A M B U C O com um a superficie de
128.395 k ilom etro s quadrados, e uma
população que ascende a 2.154.835 ha­
bitantes está collocado em im portância
po litic a e economica Io ga depois dos Estados de M i-
nas-Geraes, São Paulo e Bahia.
O s olo divide-se em varias zonas, sendo as prin-
cipaes a da mata que se estende de 70 ou 80 k ilo ­
m etros, m ais ou menos, para o in te rio r, e se presta
a todo o genero de c u ltu ra ; a do agreste, e a do
sertão, que offerece op tim as pastagens para a indus­
tr ia pa sto ril. D r. Sergio Loreto — Governador
de Pernambuco
A região agreste, composta de terrenos acciden-
tados, presta-se á c u ltu ra d o algodão.
O assucar e algodão constituem as duas maiores C onstituem ta m bém a rtig o s de exportação o á l­
fontes de riqueza para o Estado, podendo-se dizer cool, a aguardente, a cera de carnaúba, cacáo, couros,
que a in d us tria assucareira em Pernam buco já vae pelles, borracha de m aniçoba, fruetas, etc. O café,
assumindo proporções extra ordin arias. São em n u ­ os cereaes e ou tros productos são c ultiva do s em m u i­
m ero de 56 as grandes usinas modernas de assucar, to m enor quantidade, attendendo co.ntudo ás neces­
m agnificam ente apparelhadas, afóra mais de 2.400 sidades de algum as regiões pernambucanas. A A l­
pequenos engenhos de ty p o colonial. Só o grande fândega de Pernam buco, é a 3.-> d o B rasil. Quanto
engenho Catende, no m u n ic ip io de Palmares, produz ao m ov im en to de exportação, o p o rto do R ecife f i ­
diariam ente 1.250 toneladas deste artig o. gurou, em 1922, lo g o depois de Santos, R io c Ba­
O algodão também é pro du zid o em grande escala h ia ; occupando, porém , o 3." lug ar, p o tocante á
— fnais de 160.000 saccos annualmente, pesando cada im portação pois fig u ro u com 99.449 contos, (R io
um 75 kilogram m as. Duas terças partes desta pro- 739.955 e Santos 471.142 — Bahia 64.378).
ducção são absorvidas pela industria de fabricação A renda das Docas s ub iu a 1.597.620.500 no
de tecidos, que conta no Estado sete fabricas com perio do d e corrido de 1 de D ezem bro de 1922 a 31
sete m il operarios. O restante, — cerca de . . . de A b ril de 1923; quan tia da qual deduzida a des-
6.000.000 de kilogram m as — é enviado para o ex­ peza — 630.589:700, fic o u urn saldo liq u id o de .
te rio r e para diversos pontos do paiz. 967.030.800.
C reado ultim am e nte o serviço estadoal do a l­ E n tre as riquezas naturaes do Estado destacam-
godão, fo i confiado a profissionaes competentes, e se, no re in o m in e ra l, o o u ro , o fe rro , o cobre, o
prom ovida a creação dè uma associação dos princi- am iantho, o k a o lim , a a rg illa , o g ra n ito , etc. E no

o o O o o 430 o o o o o o
CENTENARIO DA INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO

reino vegetal, m adeiras de construcção e de marce­ Recife propriam ente d ito . os d is tric to s de S. A n to nio
naria, plantas te xteis c m cdicinacs, sementes oleagi­ e de S. José e o quarteirão da Boa Vista. Estes d is ­
nosas, palm eiras c grande variedade de arvores frueti» tric to s , são ligados entre si p o r bellissim as pontes
feras. que dão á cidade um aspecto unico no Brasil.
N ão c descurada cm Pernambuco a industria O Recife propriam ente d ito , cen tro da activi-
p a sto ril. Segundo o recenseamento de 1920, existiam dade commercial, onde se acham os bancos, c as
no Estado, nesse anno, 745.217 bovinos, 189.856 mais im portantes casas commerciacs, é onde também
equinos, 73.092 asininos c muares, 419.872 ovinos, mais fo rte c n itid a se tem a im pressão de um a gra n­
855.638 caprinos c 226.181 suinos. de cidade moderna. As avenidas que a lli se a b ri­
D o de sen volvim en to da ind ustria fa b ril m u ito ram ,os altos edifícios que nellas se erguem triu m ­
dizem as grandes usinas do assucar c as fabricas de phantes, mostram bem que o e s p irito de progresso
te cidos já citadas, alem das quaes se encontram no que em tu do se vem m anifestando e nelles claram en­
Estado num erosos ou tros estabelecimentos fa bris pro- te se attesta. fa rá de ntro em pouco da c a p ital de
ductores de a rtig o s de excellente qualidade: sabão, Pernambuco uma das mais bellas cidades d o m undo.
velas, bebidas, papel, cigarros, charutos, fe rro fun­ No d is tric to de Santo A n to n io , an tiga cidade
did o, etc. M auricia, fica o Palacio do G o verna do r, situa do no
A instrucçâo publica em Pernambuco é das mais m eio de um grande parque, precisamente no local
adiantadas. T a n to o ensino prim ario, como o te chni­ occupado durante o d o m in io ho llan de z pe lo palacio
co, o secundario e s u p e rio r são m inistrados cm es­ do princip e M au rício de Nassau. A pouca distancia
tabelecim entos d irig id o s p o r a lto esp irito pedagógico ficam o T he atro c o Lyceu de A rte s e O fficio s.
e que exercem p ro fu n d o in flu x o educacional e cultu ral N o o u tro lado d o rio se vêm, o an tig o e b e llo
sobre grande massa da população. e d ifíc io da Assembles P rovin cial, o do G ym nasio,
e do Saneamento; e pouco depois a Escola N orm al
e a f aculdade de D ire ito , que se ostenta, elegante e
im ponente, no meio de enorm e praça, onde se vê
a estatua de M artins J un ior. Em ou tras se erguem a
de R io Branco c Nabuco.
Quanto aos serviços de aguas e exg ottos de Re­
c ife e o de Santos são os m ais perfeito s d o Brasil.
N o 2.o v o l., p. 40, do seu tra b a lh o — S A N E A ­
M E N T O D E R E C IF E , diz o D r. S a tu rn in o de B ri­
to : «Os serviços de Santos e de R ecife têm m erecido
a attenção de varios engenheiros; alguns pedem typos
e detalhes de obras; outros os têm v isitad o, colhen­
d o as informações que desejam».
No que respeita a hygiene, da qual sempre se
cuidou em Pernambuco, rem odelada ultim am ente, ten-
do-se creado o Departam ento de Saúde e Assistên­
cia, installado em e d ifíc io p ro p rio de v a lo r excedente
de m il contos de réis, onde ficam centralisados todos
os serviços, inclusive o In s titu to vaccinogenico, o
Laboratorio B acteriologico e vae ser também insta l-
lada a escola correcional.
São varias as bib lio th eca s da cidade: a de Re­
cife, com mais de 40.000 volum es, a d o In s titu to
Archcologico e G eographico, a do G abinete Portuguez
de Leitura, a da Faculdade de D ire ito e outras.
O porto, dotado pelo G o v erno Federal dos mais
modernos aperfeiçoamentos, é um dos p rim eiro s da
D r. Solidonio Leite — Deputado America do Sul.
por Pernambuco
Alem de Recife possue o Estado mais 58 ci­
dades, entre as quaes se destacam O lin d a , a 6 k i­
O ensino s u p e rio r é representado pela Faculdade lom etros da capital, sendo-lhe, portan to , uma especie
de D ire ito , fundada cm 1828 pelo governa central do de suburbio, Jaboatâo, Goyana, Pesqueira, V icto ria ,
Brasil, e pelas Escolas de Engenharia, M edicina, Nazareth, C aruaru, Floresta, Cabo, Escada, Bezerro,
Pharmacia e O d o n to lo g ia . Garanhuns, Bom -Jardim , B o nito , C anhotinho, Lim o e i­
N o G ym na sio Pernambucano e em varios col- ro, Flores e T riu m p h o , nos lim ite s com a Parahyba,
legios p a rticulare s p o r c lle modelados m inistra-se a com 1.100 m etros de a ltitu d e , e clim a salubérrim o,
instrucçâo secundaria. fr io e seco.
O ensino te chnico e profissional é dado nas Ligada pe lo T elegrapho N acional e diversas ré-
Escolas N orm aes, na Escola de aprendizes artifice s des das estradas de fe rro aos vários pontos d o in te ­
c cm o u tro s fundados e d irig id o s pelo Estado. rio r e dos Estados visinhos, R ecifé está em contactei
A instrucçâo p rim a ria , largamente diffu n d id a , é com o e x te rio r pelos cabos subm arinos de diversas
m in istrad a em to d o o te rr ito r io pernambucano por emprezas. Funcciona em Fernando de N oronha po­
m il c tantas escolas isoladas e numerosos grupos derosa estação radiotelegraphica, que se communica
escolares. com os transatlânticos e com O lin d a , tendo um al­
U ltim a m cn tc fo i crcada um a colonia correcional cance de 1,609 kilm s.
para os menores vagabundos. Ainda não se acham de finitiva m e nte assentadas
R ecife c em população, sem contar a C ap ital as linhas d ivisó rias de Pernam buco com os Estados
da R epublica, a te rce ira cidade do Brasil c uma das vizinhos de Alagoas, Bahia e Ceará. E claro que
mais be llas do m undo. Sobe ho je o num ero de seus não se têm poupado esforços no sentido de solu cio­
habitantes a 240.000, c ifra esta que daria á p ro ­ nar estas diffe re n te s questões de lim ite s , pela sua
gressista ca p ita l pernambucana d ire ito ao titu lo de pró pria natureza tã o d iffic e is de resolver. Um bom
grande cidade mesmo nos Estados U nidos ou na esp irito dc fraternida de anima os contendores, de m a­
Inglaterra. neira que é fa c il de prever a liq u id açã o amistosa
C om prehende a V E N E Z A B R A S IL E IR A quatro das divergências levantadas, ta nto mais que se accentúa
partes d istin ctas separadas umas das outras pelos ca- a tendencia nacional para resolver taes questões
nacs form ados pelos rio s Beberibe c C ap ibe ribe : p o r accordos amigaveis.

o o o o o o 431 o o o o o o
E S T A D O D E P IA U H Y

N inguem m elho r que o sr. D eputado comarcas de Viçosa (C e ará) e P arnahyba (P iau hy),
João C a b ra l poderia a lg o dizer-nos sobre o na serra, e no v a lle do T im o nh a.
Estado do Piauhy. ( irn /i/is s im a m e n íe re­ O d is s id io com o M aran hã o está na determ ina­
cebidos p o r .S'. E xcia., gozamos o pra zer de ção das verdadeiras nascentes d o Parnahyba e do
um a lo n g a e ins tru e!iv a palestra , em que o braço da sua fo z p o r onde devetn co rre r os extremos
illu s tr e representante piauhyense na Cama­ da lin h a d iv is ó ria , a qu a l, com o vim os, acompanha o
r a F ed eral mais a in da nos convenceu dos . talw eg» desse caudaloso rio . O P ia uh y reclama,
recursos adm iráveis de sua in te llig e n c ia e fu nd ad o na tra d iç ã o e antiga posse, que se tenham
de sua cultura. Lim itám o -n os, todavia, a como nascentes d o P arnahyba as do Parnahybinha,
au no ta r em nosso carnet o que d e mais um dos seus extre m o s con flue ntes, p o r cu jo le ito
intim am e nte interessava o nosso po nto de corram os lim ite s . O M aran hã o q u e r que se busquem
vista: o Piauhy actual, seus lim ite s , super­ essas nascentes m ais ao S u l, com o a ffirm a tel-as en­
fic ie , população, suas condições econôm i­ contrado o e n g e nh eiro D r. G ustavo D o d t, além da
cas, sua instrucção p u blica , etc. confluência do Boi P in ta d o , no lo g a r p e lo mesmo
/lo s nossos quesitos S. E x c ia , respon­ engenheiro de nom inado Pao-C heiroso.
deu pela seguinte fo rm a: Na em bocadura a questão é m ais im portante,
po is o rio fo rm a um gra nd e estuá rio , desembocando
no occeano p o r seis barras, onde vão te r vários
braços, fo rm an do tr in ta e tantas ilha s. A parte l i t i ­
giosa fica e n tre as barras de T u to y a e das Canarias,
m ed in do quinze léguas de com p rim e n to n o litto ra l, e
I B ^ - f r q E R G D N T A M E o Sm. se os lim ite s do Pi- s ub ind o até á Ilh a do Poção. Q u e r o Piauhy, ainda
IjáMamÕK? auhy estão d e finitiva m e nte fix ad os , c fundado na tra d iç ã o e nos m ais an tigo s documentos,
v fs r| se houve grandes diffic u ld a d e s atrans- que a divisa corra p e lo braço m áis se p te ntrion al até
“3 p ô r para chegar-se ao actual estado de á barra de T u to y a , pe rtencendo-lhe to d o o chamado
coisas, neste assumpto... A resposta é fa c il em vista delta d o Parnahyba.
d o que èe tem publicado ultim am ente, depois do pa­ O M aranhão exig e que se pro cure o braço p rin ­
tr io tic o m ovim ento iniciado pe lo esforçado e c la ri­ cipal do estuário, ind ican do como ta l o que desa­
vide nte Com m andante T hie rs Flem ing, d o In s titu to gua entre as ilhas das C anarias e a Ilh a Grande, f i ­
H is to ric o e G eographico B ras ile iro, e apoiado pelo cando apenas esta pertencente ao Piauhy.
saudoso m in is tro A lfre d o P in to. Em p ró l de uma e o u tra dessas theses hão sido
Os lim ite s do Piauhy correm , com o M aranhão, publicados tra b a lh o s valiosos, destacando-se o volu­
pe lo rio Parnahyba, e com Goyaz, Bahia, P ernam bu­ me «Lim ites d o Piauhy» e d itad o p o r um a commissão
co e Ceará, peia divis ó ria das aguas das serras da p o p u la r 'do m esm o ’Estado e as m em orias d o D r.
Tabatinga, Verm elha, Dous Irm ãos, C a riris e Ibiapa- Justo Jansen F e rre ira (p e lo M aranhão) e d o D r. A n ­
ba. Na sua grande extensão, excepto as nascentes e to n in o F reire da S ilv a (p e lo P ia u h y).
a fo z, o le ito do Parnahyba não s o ffre contestação, N o C ongresso de L im ite s inter-estadoaes reu­
assim como, po sto que não demarcada, a linh a das nid o no R io de Jan eiro a c o n v ite do G o verno Federal,
serras, até á zona m arítim a da Ibiapaba. fo ram assignados accordos para a solução de todas
Os lim ite s com o Ceará fo ram determ inados, essas questões, m ediante estudos geographicos que
nos u ltim o s tempos do Im pe rio , pelo Dec. L e gisla tivo já fo ram iniciad os. Praza aos céos dêem satisfacto­
n. 3012, de 22 de O u tub ro de 1880, em v irtu d e do r y resultados.
qual a Comarca piauhyense do P rin c ip e Im pe ria l
fo i annexada ao Ceará, e a freguesia cearense (m a­ Vamos agora aos demais quesitos.
ritim a ) de Am arração ao Piauhy. Mas, na in te rp re ­ A população d o P ia uh y passa h o je de 600.000
tação e localização dos lim ite s mandados observar habitantes: segundo o censo de 1920; c a sua su­
p o r esse Decreto, não tem havido acaordo entre os pe rfic ie anda p o r 300.000 k ilo m e tro s quadrados. Sen­
dous Estados, nem trabalhos práticos para uma f i ­ do o seu s o lo quasi to d o ha bita vel, a densidade
xação d e finitiv a . dessa população é ainda m u ito fra ca : 2 habitantes
Na o p in iã o dos piauhyense, o Ceará occupa in ­ p o r k ilo m e tro quadrado. Mas é preciso no ta r que se
devidamente um a parte do te rrito rio aquetn da linha trata de uma das m ais novas capitanias, quasi fechada
lim itro p h e , que deve passar, segundo o re fe rid o D e­ ao com m ercio m a ritim o , a p rin c ip io , e que entrou
creto, pelo d iv o rc io das aguas, até ás nascentes do para o Im p e rio , com o p ro v in c ia, contando apenas
r io T im onha, e p o r este até ao M ar. cerca de 90.000 alm as ( M e m o ria Estatística d o Im ­
A ffirm a n t os cearenses que o Dec. n. 3012, es­ p é rio d o B ra s il, in Rev. d o H is t., tom o L V Ill.'v o l. 91,
tabelecendo com o divisa as vertentes occidentaes da pag. 91). A R epublica v eio en contral-a com 267.609,
Serra Grande ou Ibiapaba, apenas se refere ao l i ­ segundo o ccnso de 1890. Tem os, pois, que a p o ­
m ite com a Comarca do P rincip e Im pe ria l, sem ir pulação d o Estado aiig m e nto u m ais de 100 °/o cm
alé m ; e 'disputam a posse dos te rritó rio s entre as trin ta annos de regim e fe de ra tivo.

o o o o o 432 O o o o o
O H I AO HA I XINISK. AO DAS ORANDIS INDUSTRIAS
NA PRAÇA MAUA

PAVILHAO INDUSTRIAL DA BELGICA E LUXEMBURGO


ASPECTO NOCTURNO DA GUANABARA. COM OS VASOS DE GUERRA EM PROJECÇõES LUMINOSAS
CENT EN ARIO DA INDEPENDENCE A E < |.l EXPOSIÇÃO

A ca p ita l do Estado, Therezina reúne cerca da


O i nica e Campos Salles, com o Ceará, c p o r Pau­
decima parte dessa po pulação: está quasi a a ttin g ir
lista, S. Raym undo, Parnaguá e C orrente, com "Per­
os seus 60.000 habitantes, o que lhe dá relativa im ­ nambuco, Bahia e Goyaz.
p o rtan da entre as capitaes dos Estados bra sile iro s: o
O rio Parnahyba é navegavel p o r pequenos b a r­
lo g a r já lhe cabe segundo o recenseamento de
cos a vapor, desde T utoya e Am arração até S. P h i-
1920. E, diga-se de passagem, que c um a das mais lo in tn a e V ic to ria ; ao to do 1.238 kilom etro s. A q uclles
novas, po is fo i fundada em 1832, contando, portanto,
apenas 70 annos. po rtos de m ar são visitad os pelos vapores do L lo y d
e de ou tras companhias nacionaes, assim como pelos
da Booth C om pany, de Liv e rp oo l, e poucas outras
embarcações extrangeiras.
O Piauhy. ou antes o va lle do Parnahyba é uma
reg iã o prodigiosam ente p a s to ril. D ispondo de im ­
mensos pastos naturaes, fo i procurada, desde as p r i­
m eiras incursões dos bandeirantes, para o desenvol­
vim ento da creaçâo, em que se têm occupado os ha­
bitantes do Estado, preferentem ente, pelas facilidades
e seguranças, com que a li se fo rm am as grandes' fa ­
zendas, em tiora seguindo-se ainda os processos p r i­
m itivo s. P e lo censo de 1920 apurou-se haver no P i­
auhy para m ais de 9.000 estabelecimentos ruraes, ava­
liados em mais de 80.000 m il contos de réis, com
1.041.734 bovinos. 111.668 equinos, 56.148 asini­
nos e muares, 209.517 ovinos, 301.353 caprinos, o
208.398 suínos. Por essa apuração cabe ao P iauhy
o 5.» lug ar na 'Federação, quanto á creação de ca­
p rin o s ; o 7.‘> em relação a bovinos e ov in o s ; o 9."
em asininos e m uares; e o 12.» em equinos e suinos.
A a g ricu ltura , também generalizada no Estado,
produz algodão, arroz, m ilh o , canna de assucar. m an­
dioca, tabaco, e m uito s ou tros productos tropicaes.
A ind ustria extractiva tem dado enormes recur­
sos ao Piauhy, e poderá desenvolver-se ainda p o r me­
I)r. Joío L u i/^ Ferreira — Governador lhores m eios de tran spo rte c de exploração. O Es­
ta do possue grandes flore stas da palm eira babassú,
cujas nozes^ constituem actualm ente a sua m a io r ex­
portação, só no p rim e iro semestre do corrente anno,
O seu progresso c rap id o e seguro, apezar da já exportou m ais de 9.000 toneladas. Os maniçobaes
sua situação cen tral. Está situada á margem direita nativos também sSo immensos, ora pouco exploradas
do r io Parnahyba, a seis k ilo m e tro da fo z 'd o P c íy , seu p o r causa da desvalorização da borracha. O utras se-
afflu e n te , c d ista nte precisamente 432 k ilom etro s do
m ar. A cidade é rigorosam ente traçada em ruas pa­
rallelas, umas, e as ou tras perpendiculares ao rio,
com vastas praças intercalIaJas, algum as ajardinadas
e con ta nd o varios ed ifíc io s dignos de n o ta : o pala-
cio do G o ve rn o , a eg reja de S. Benedicto, a D ele­
gacia Fiscal do T hcso uro Federal, a 'Escola N or­
m al, o novo qu arte l d o exercito, e a estação fe rro­
v iária, que se está c on cluin do para s e rv ir ás l i ­
nhas, que a li se cruzam, da Estrada de F e rro S. Luiz
a T herezina, da C en tral do Piauhy, da P e tro lin a a
T hcresina, e da C ra th cus á mesma cidade. Urna pon­
te elevada também está em construcção, sobre o rio
Parnahyba, para a passagem da p rim e ira daquellas
lin h a s ; e o u tra sobre o Poty, para servir ás outras
estradas, que ah i vão te r, fazendo da capital do
Piauhy um cen tro fe rro v iá rio de p rim eira ordem no
in te rio r do N ordeste.
Egual im p ortâ ncia lhe dá, em m ateria de com-
municaçòes tclcgra ph ica s, a circumstancia de centra­
lizarem -se a li as linhas terrestres do in te rio r c do
litto r a l, estabeleeendo-se cm Therezina um a es‘taç3o
red is trib u id o ra também de prim eira classe, depois
da ligação, que se está effectuândo, da linh a m eri­
diana d o R io de Janeiro áquella cidade.
Na praça M arechal D eodoro, uma columna de
g ra n ito e m arm ore perpetua a memoria d o fundador
da cidade, C o n s elh eiro José A n to nio Saraiva. Dr. Joio Cabral - Deputado
Alem de T herezina, conta o P iauhy mais duas pelo Piauhy
cidades de grande im portância com m ercial. Parnahy­
ba, p ro x im o ao m ar, e F lorian o. que serve de centro
á reg iã o do Sul do Estado. N ão podem deixar de mentes eleoginosas, como o tucum, a macahuba, etc.,
ser citadas ta m bém : O eiras (antiga c a p ita l), Picos, c a cera da carnahuha (ou tra palm eira abundante nas
Am arante, Barras, U liiã o , Piracuruca, C am po-M aior, campinas do E stado), plantas medicinaes, com o a
de F lo ria n o para ba ixo, e U russuhy, Jeromenha, São poaia e o jab o ra n d y ; m adeiras diversas de fin o e rijo
R avtnundo N onnato, Picos e S. João do Piauhy, na carne, o paco-paco e outras preciosas fibras, são ri-
secção s up erior. qu.cz.is vegetaes em exploração mais ou menos inten­
As communicaçõcs com os Estados lim itrop hc s , sa. A dos mineraes, que se dizem também abundan­
pelo in te rio r, são feitas p rinc ip alm eiitc por Pira- tes no sub-solo piauhyensc, (ou ro , fe rro , s a litre , alu-

OO O o O o 433 o o o o
LIVRO DE ê tIR O COMMEMORATIVE) DO CENTENÁRIO

men, petroleo, etc.) não tem s id o posta em pratica, do Brasil, em de po sito a prazo fix o , 1.000 contos
apczar das affirm ações de B ranner e de ou tros scien- de reis.
tistas, de que a zona permeana do N o rte bra sile iro , Sobre a instrucção pu blica em meu Estado te­
rica em petroleo, atravessa o sul do Piauhy. nho pouco a d iz e r: È ainda d e ffic ien tissim a . Os ser­
Sem p o rto s ufficie ntem en te apparelhado, c sem tanejo s, dissem inados em pequenos agrupam entos p , r
transportes fáceis e baratos, o com m ercio piauhyense to d o o extenso te r r ito r io piauhyense, sem meios de
tem, entretanto, luta do e prosperado consideravel­ communicação, acham-se na im p o s sib ilid a d e m aterial
mente. de receber a instrucção. Esta beneficia, e assim mes­
Com resp eito á im portação a ffirm o u o relato- m o em m u ito reduzida escala, as populações dos
r io do m in is tro da Fazenda, D r. R ivadavia C orreia, centros urbanos.
re la tivo ao anno de 1914, que a do Piauhy, no pe­ O Estado ap p lic a a este ram o d o serviço publi
rio d o de 1901 a 1913, augmentára num a proporção cn apenas 10 ®/o da sua renda.
de 500 o/o. O ensino p rim á rio é m in is tra d o em 3 grupos
Q uanto á exportação, fez o D r. Lim a R ebello escolares, uma ei.-.oia-modelo, e cerca de 80 escolas
o seguinte calculo: isoladas, m an tido s pelo governo estadoal além de
A exportação to ta l do B rasil fo i, em m édia no varias escolas p a rticulare s e m unicipaes.
O secundário é dado no Lyccu Piauhyense, na
Quinquénio de 1853 a 1857 ................... 90.039:477» Escola N orm al e em alguns estabelecim entos p a rti­
Idem de 1903 a 1907 ............................. 519.659:2258 culares, de ntre os quaes se destacam o C o lle g io 24
Idem de 1910 a 1 9 1 4 ................... 1.930.727:000« de Fevereiro, em F lorian o, o C o lle g io B aptista e o
In s titu to A g ric o la e In d u s tria l de O jrre n te , e o Pa­
Cresce, pois, 1.144 °/o. tro n a to A g ric o la de S. R aym undo N on na to. Funccio-
A d o Piauhy, 11.600 o/o, ou seja dez vezes mais na ainda em T he re zina uma Escola de Aprendizes
que o resto do Brasil. A rtific e s m antida p e lo governo fe deral.
E continua: H a na c a p ital urna Academia de Le ttra s e um
Ve rifiq ue m o s ainda que, se 8.000.000 de k ilo ­ In s titu to H is to ric o e G eographico.
m etros quadrados exportaram 1.930.727 contos de A ind ustria fa b ril, ainda nascente no Piauhy,
réis naquelle u ltim o quinquénio, a cada k ilo m e tro vac todavia to m a nd o im p u ls o anim ador. Existem no
quadrado deveria corresponder uma m édia de .... Estado: uma fa b ric a de tecidos de algodão, na capital,
208384. Com o o Piauhy tem 300.000 k ilo m e tro s qua­ usinas de assucar, d is tilla ria s , fundições, fa bricas de
drados, naturalm ente deveria ex p orta r apenas . bebidas e de massas, saboarias, um a grande usina
6.115.2008000; e, com tu do, exp orto u 27.200.0008. para a extracção do o le o de coco babassú e fa brico
Segundo se lê na Mensagem u ltim a d o governa­ do sabão fin o do mesmo, p e rto de Parnahyba, e
do r, é francam ente anim adora a actual situação fina n­ um a fa brica de la c tic in io s nas Fazendas Nacionaes,
ceira d o Estado. Orçada a receita publica para o u l­ no m u n ic ip io de 'Oeiras.
tim o exercício, que decorreu de Janeiro a Dezembro T erm inando, exclamou o D r. João C ab ra l: —
de 1922, em Rs. 1.877.9008000, a ttin g iu a receita A te rra é bôa, cheia de riquezas naturaes incompará­
arrecadada no mesmo p e rio do a Rs. 2.871.0218778. veis; o povo é cora jo so e in te llig e n te , im pressionan­
Houve, portanto, uma differen ça para m ais, na arre­ do a qualquer ob servador a inventiva, a tenção in­
cadação, de "Rs. 993.1218778. D o c o n fro n to da . re­ te lle ctua l, o g o s to e os habitos de estudo, princi-
ceita arrecadada em 1921 com a realizada de 1922, palm entc litte ra rio s dos jovens piauhyenses (e neste
resulta uma differença para m ais, em fa v o r deste u l­ sentido ali os velhos são sem pre jo ve ns). «Dêem azas
tim o perio do, de Rs. 769.2608451. ao Brasil»: — costuma-se d ize r actualm ente. São azas,
A epoca da Mensagem ( l . ° de Julh o de 1923) o só, d ig o eu, de que os piauhyenses precisam : — Ins-
Thesouro tin h a em co fre 170.0008000 e no Banco trucção e m eios d c transportes.

o o o o o 434 o o o o o
E STA D O D O R IO D E JA N E IR O

O sr. deputado Man.net Reis é o mais dade de sua superficie, que soluções infelizes de
m odesto dos representantes d o povo brasi­ taes contendas poderiam d im in u ir ainda mais.
le ir o na Cantara dos Deputados. Sob pre­ Na realidade, com seus 69.000 k ilom etro s qua­
te x to de incom petência, q u iz ,5 E x c it, fu ­ drados, o R io de Janeiro é das menos vastas u n id a ­
g ir att pe did o que I f f jazíamos. Insistim os,
po rém , e a fin a l obtivem os que nos fo rn e-
cesse as notas abaixo — bastante preciosas,
certamente, para desm entirem a obscuridade
e s p iritu a l que S. Excia. a s i mesmo se
attrib u e .
Os leito re s serão gratos ao sr. M a­
n o e l Reis peta lucidez com que lhes trans­
m itte as concisas inform ações que se seguem.

A N T E M ainda o Estado do Rio de Janci-

tric to Federal e com Minas-Gcraes. In-


felizm ente, esta c a situação de quasi
to dos, senão todos os Estados brasileiros, alguns*
dos quacs têm consum ido notáveis energias no es­

des da Federação, ficando-lhe apenas cm posição


in fe rio r os Estados de E s p irito Santo, R io O rande
do N orte, Sergipe e Santa C atharina.
Em população, pelo c on trario, é dos mais bem
servidos; possuo 1.560.000 habitantes, 22 h a ­
bitantes por k ilo m e tro quadrado, densidade esta não
cgualnda p o r nenhum o u tro Estado da Republica.
Ha o u tra circu m stan tia que enorm em ente con­
corre para a florescente situação economica do Esta­
do : é que essa população, de mais de um m ilh ã o e
m eio de habitantes, como assignalou recentemente o
sr. D r. R aul Fernandes, «vive quasi to da nos cam­
pos, sendo debilm ente povoadas as cidades e villa s
que constituem as sédes adm in istrativa s dos 48 m u­
D r. Raul Veie» — Presidente do nicípios em que se divid e o Estado. N ith e ro y , a ca­
Estado do Rio p ita l, edificada á margem da Bahia de Guanabara,
em fren te á cidade do R io de Janeiro, conta apenas
forço pelo d e fin itiv o assentamento de suas Íu íu s 86.238 habitantes. Campos, o m aior centro u rb an o do
fron te iriças. Para o Estado do R io, o problema não norte do Estado, em porio de to da a região circu m vi-
é dos de m en or im portância, dada a relativa exigui- zinha e de partes adjacentes dos Estados de Espi-

ta O O O O 435 O o O o o
I.IVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENT EN ARIO DA

r ilo Santo c M inas Geracs, tem 60.000 habitantes. exp orta ção as excellentes fru c ta s produzidas no Es­
Vem em terceiro lu g a r P e trop olis , a elegante re s i­ tado.
dência de verão das classes ricas da C a p ita l Federal O de sen volvim en to in d u s tria l d o R io de Janeiro
e do corpo dip lom ático , com 40.000 habitantes. As a ttin g iu a um grá o altam ente anim a do r. Basta dizer

Nicthcroy - Palacio da Justiça

que neste assum pto só lhe ficam ern posição superior


n o B rasil o D is tric to Federal e o Estado de S. Paulo.

Dr. Manoel Reis — Deputado pelo


Estado do Rio

outras 43 cidades e v illa s têm um a população in fe ­


r io r a 10.000 almas. Por conseguinte, m ais de dois
terços dos flum inenses acham-se entregues aos la­
bores ruraes, conclue o d r. R aul Fernandes, repartin-
do-sc por 38.200 propriedades agrícolas ou pastoris...»
O m al do urbanism o extre m o não a ttin g iu , pois,
até agora, o Estado, fa cto este que lhe pe rm itte mais
am plo desenvolvim ento de suas fo rças econômicas,
dado que a quasi totalidade de sua população repre­
senta um elemento verdadeiram ente effic ie n te na m u l­
tiplica ção dessas forças.
O café é a prin c ip a l producção do Estado, occu­
PriburBO
pando também o p rim e iro io g a r na lis ta das expor­
tações. Cerca de 54 m ilhões de kilogram m as deste a r­
tig o foram exportados no anuo de 1920. D entre os A ind ustria assucareira, a m ais im p orta nte de
ou tros productos da lavoura flum inense destacam-se to das, é representada p o r 36 grandes usinas, sem
contar numerosos engenhos secundarios. A industria

Nicthcro) — Esta,an das Barcas Petrcpolis - - Quitandinha

a canna dc assucar, o algodão, o tabacco, o fe ijã o, de fiaç ã o de tecidos é exp lorad a em 28 fabricas
o m ilh o , o arroz e ou tros cereaes, a mandioca, as ba­ diversas, cujos productos têm tid o p o r to da parte a
tatas, etc. As arvores fru c tife ra s são cultivadas com m ais la rga acceitaçâo; fabricam -se, n o Estado do Rio,
o m a io r carinho, constituindo já im p orta nte a rtig o de tecidos dc sêde, lã, algodão, lin h o , etc.

o o o o 436 o o o o o o
/ \ Ü t I'ENDENCIA E DA EXIOSIÇAO INTERNACIONAL

Sâo num erosas as d is tilla ria s dc álcool e aguar­ Com o diz o Ü r. Raul Fernandes, «o Estado sa­
dente, e as fa bricas de chapéus, phosphoros, cigarros, tisfaz as suas proprias necessidades de alim entação
charutos, la cticin io s, cervejas e ou tras bebidas, mas­ e vestuário, c ainda exporta mercadorias que fig u ra m
sas c conservas alim en tícias, etc. ent num ero sup erior a 150 nos reg is tro s dc sahida».
As salinas da lagoa de Araruam a sâo de extraor­
dinaria riqueza; o p e rio do mais inte nso da cxtracçSo
do sal é que vae d c N ovem bro a M arço, attingin(ilo
nesse lapso d c te m po a producção a 40.000.000 de
kilogram m os. A extracçâo d o cal e do cacáo leni pro­
gre dido satis facto ria m cn tc.
Da im p ortâ ncia da in d us tria pa sto ril no Estado
falam eloquentem ente os algarism os do u ltim o censo
geral da R epublica (1 9 2 0 ), que attribuent ao Rio de
Janeiro um rebanho de 581.203 bovinos, 512.882
suinos, 118.270 equinos, 41.580 caprinos, 40.498 asi­
ninos e muares e 33.130 ovinos. As excellentes pas­
tagens de que dispõe o Estado e os modernos pro­
cessos de criação e sclecção que estão sendo intro du -
sidos com e x ito anim ador, perm ittent esperar-se para
fu tu ro pouco rem oto m u ito mais la rgo desenvolvi­
m ento da pecuaria flum inense.
O avanço da in d us tria fa b ril no Estado do Rio
de Janeiro é d e vid o em boa parte ao aproveitam ento
de poderosas quedas dagua. J.í excede de 65.0011 Os Reis da Bélgica cm visita ao
k ilo w a ts a producção to ta l das usinas hydro-electricas Estado do Rio
flum inenses, que fornecem energia não só a todas as
fabricas d o Estado, com o para a profusa illuminaçào
E S Excia. ainda que nos fornece a seguinte lis ta
dos 20 principaes productos constantes cios quadros
de exportação do Estado cm 1920, com as q u a n ti­
dades exportadas:

Mercadorias Quantidade
Café ( k i l o ) ...................................................... 53.985.228
Assuror ( k i l o ) ................................................. 75.706.080
Aguardente (litro) ....................................... 10.940.440
Álcool ( l i t r o ) ............................................ 6.005-547
Ca uros ( k i l o ) .................................................. 7.182 579
Carvão vegetal ( k il o ) ....................................... 12.583.809
Ccreaes ( I d l e ) ................................................. 30.136.230
Fructos ( k i l o ) ................................................. 26.121 074
( lallii-has c entras aves domesticas (kilo) . 1.593.812
Ovos ( k i l o ) ...................................................... 19 043.623
Lenha ( k il o ) ...................................................... 16.353.847
Sal (sacca, 70 k . ) ............................................ 608.933
l.eitc ( l i t r o ) ...................................................... 5 392.822
Cal (s a c c o )...................................................... 113.740
Calçado ( p a r ) .................................................. 121.111
Tecidos diversos (de seda, mixtos, lã, algo­
dão, malha) ( k i l o ) ................................... 27.717.085
Telhas ( k il o ) ..................................................... 11 988.023
Phosphore s ( la t a ) ............................................ 210.195
Papel ( k i l o ) ...................................................... I 152.868
Toucinho ( k i l o ) ................................................. 1.665 203
electrica das cidades c v illa s . No salto do R ibeirão
das Lages é que se acha installada a usina principal
da fo rm id á ve l com panhia canadense que serve de O v alo r oTficial da producção exportada em 1918
bonds electricos, luz e força a C a p ita l Federal. attin g iu a 427.211:238*390.

o o o o O O 437 o o o O O
E S T A D O D O R IO G R A N D E D O N O R T E

N a Cam a/a dos D ep uta tlos, como cm te de sua po pulação; suas te rra s são adm iravelmente
sua te rra n a ta l, o sr. U r. José A ugusto é apropriadas á producção deste a rtig o . Sabendo-se que
o incansavcl ap ostolo da instrucçào p o pu­ a humanidade tem cada vez m ais necessidade de a l­
la r. Já th e d e w o pais in te iro grandes ser­ godão, e que não são m uito s os po ntos do planeta
viços neste sentido. N unca .perdeu S. Excia. em que c possível p ro d u z il-o em quantidade e qua
a fé n o seu a p ostolad o: e este só fa c to bas­ lidade reclamadas pelas necessidades do consumo,
ta ria pa ra m os trar no illu s tr e representante fa c il é avaliar a riqueza que representa para o Rio
d o R io G rande do N o rte um a das in te l- G rande do N o rte poder p ro d u z il-o excellente e abun-
Ugencias m ais puras e esclarecidas da jo -
ven p o litic a nacional.
A decisiva influ en cia d e S. Excia. entre
os seus pares n o congresso b ra s ile iro m ui­
to tem con c o rrid o para a solução fe liz de
alguns problem as relativ o s á instru cçâo po ­
p u la r n o B r a s il; que c on tinu e a fazer-se sen­
t i r esta in flu e n c ia , e possa o b rilh a n te e
jove n p o litic o desenvolver to do o seu m a­
g n ific o program m a de refo rm a educacional.
O tra b a lh o que abaixo estampamos fo i
traçado rap id am e nte. numa das poucas fo l­
gas que lhe concede sua ad m irá vel activida-
d c na Cam ara Federal.

E D E -M E algumas breves notas sobre meu


Estado natal, que p o r generosidade de
meus coestadanos represento na Ca-
S ® '® » mara dos D eputados: resu m irei um tr a ­
balho que tiv e occasião de escrever recentemente so­
bre o R io Grande do N orte , suas cjnd iç ô e s geogra­
phicas, economicas, financeiras, etc.
O Estado d o R io Grande do N o rte abrange uma
superficie calculada em 53.000 kilo m e tro s quadrados
e tem com o lim ite s naturaes ao n o rte o Oceano A tla n ­
tic o e o Estado d o Ceará, ao sul o Estado da Para-
hyba, a oeste os Estados de Ceará e Parahyba c a
leste o A tla n tic o .
Os lim ite s com o Ceará ainda não se acham de­
fin itiv a m e n te fixad os.
A população do Estado, segundo o u ltim o cen­ Dr. Antonio de Sousa — Oovcrnador do
so, se eleva a 537.135 habitantes. Seu c lim a é quen­ Rio Orande do Norte
te, seco e amenizado p o r constantes brizas, sendo
saudavel em geral seu te rrito rio .
As terras do R io Grande do N orte são m u ito E ntre as m uitas especies de algodão cultivados
fe rteis e sua producção agricola é abundante, pois n o Estado sobresáe o a lg od ão «mocó», de reputação
não lhe fa ltam chuvas regulares. universal pe lo com p rim en to de sua fib ra , que per­
R esolvido o gravissim o problem a das seccas, que m itte a fa bricação dos m ais fin o s tecidos.
assolam periodicam ente todo o nordeste bra s ile iro , A canna de assucar é o u tro elem ento de riq ue­
— coisa que segundo todos os indícios se conse­ za d o R io G rande do N o rte . Em alguns dosi seus valles
g u irá em breve pela previsão e p a trio tis m o dos g o ­ húm idos, princip alm en te no va lle do C ea rá -M irim , a
vernos, o R io G rande do N orte apresentará um exem ­ canna de assucar v ive c flore sce de m aneira adm irá­
p lo de bem estar economico que o collocará entre vel, com o ta lvez em nenhum a o u tra parte d o mundo.
as mais felizes collectividades da Federação B rasi­ O D r. D ias M a rtin s , em trab alh o pu blica do so­
leira. bre «A producção de nossas terras», diz, falando
' Vejam os em rapida analyse seus p rincip ae s p ro ­ do C eará-m irim e de sua capacidade de p ro du zir, que
ductos: «em seus terrenos uma extensão de cem p o r cento
O algodão é a m aior riqueza d o Estado. D o produz 200 saccas de assucar em b ru to de 75 kilos
producto das lavouras algodoeiras vive a m aior par­ cada uma, ou seja um to ta l d e 15.000 kilos». A mes-

OO O O O O 438 o o o o o
CFNTFNARIO DA IN OF PE H DENCIA t DA EXPOSIÇÃO

ma capacidade de producçào têm ou tros vallus do


listado, quasi to do s desaproveitadas ainda. Um dos aspectos da actividade a d m in istrativa dq
A cera de carnaúba é outra fo nte de vida eco­ Estado que mais conseguiram de spertar a attenção
nómica deste Estado; extráe-se da carnaubeira, pal­ das autoridades, dc certo tem po a esta parte é o
da m strucçâo publica.
meira m u ito com inum nas planicies proxim as a alguns
rios do nordeste b ra s ile iro . Mesmo de ntro da escassez re la tiv a de seus re­
A ntigam ente to da a cera produzida era emprega­ cursos conseguiu o Estado do R io G rande do N orte
da na fabricação das velas de carnaúba, usadas no concorrer com apreciável contingente para o com bate
inte rio r, mas ho je a to talida de da cera se exporta. a 'Rnorancia e ao analphabetismo. Sua instrucção
Dois dados illu s tra m este augm ento de exportação: publica p rim aria é dada de m odo c o m p le to ou elemen­
cm 1890 a exportação do valle do Assú fo i de 58 ta r em grupos escolares ou em escolas isoladas, num
toneladas, e em 1 9 tl passou de 300. censo de q u atro annos que abrange as seguintes ma­
terias: leitu ra , escripta, idiom a pa trio , calculo a ri­
thm etico c systema m etrico decimal, noções de geo­
m etria, de geographia ge ral, chorographia d o Brasil,
especialmente do R io Grande do N orte, rudim entos
de h is to ria pa tria, instrucção m oral e civica, noções
de desenho, noções de sciencias physicas e naturacs
em suas mais sim ples applicações, principalm ente á
hygiene, a g ricu ltura e zootechnia, economia domes­
tica, canticos escolares, trabalhos manuacs e exer­
cícios physicos.

Na Escola N orm al do Estado, estabelecida na


capital, se fazem estudas, de q u atro annos de dura­
ção, de varias m aterias que constituem do is cursos:
um propedêutico de aperfeiçoam ento do aprendido
na escola prim aria , e ou tros propriam en te p ro fissio ­
nal, em que os alum nos aprendem a ensinar, o que
se faz nos u ltim o s dois annos.
O Estado m ntem, ademais, um a Escola N orm al
na cidade de M ossoró. com program m a mais m odesto,
destinada a preparar professores de escolas elemen­
tares, e reconhece para ta l fim os dip lom as expedi­
dos pe lo C o lle g io da Im m aculada Conceição e pela
Esccía Domestica d c N ata l. Quasi to d o o professo­
rado p rim a rio sáe, com tudo, de entre os diplom ados
da Escola 'N orm al da cap ital, que mantém extricta
m oralidade cm seus cursos, pro du zin do uma pleiade
de excellentes educadores da infancia.
Para fazer fre n te ás despezas com a manutenção
deste systema educativo in s titu iu -s e um fu n d o es­
colar. Está também crcada e fu ncciona com bom
e x it loa in s titu iç ão das caixas Escolares, destinadas
. ,n dustria m oderna a emprega na fabricação á acquisiçâo de roupas, calçados, liv ro s para os me­
de velas, como m od erad or da fusão, nas graxas, ver­ ninos notoriam ente pobres, etc.
nizes e p o lim e n to para couro, madeira, etc. Ò tra­ O ensino pa rtic u la r é liv re , mas o Estado q fis ­
balhador d o n o rte usa chapéus de folha de carnaúba caliza do ponto de vista da hygiene, da m oralida de
que custam ate cem reis, e fabricam-se bo nito s mo- e da nacionalidade. V arias escolas p a rticulare s são
uelos «chiles de carnaúba», que custain 208000. subvencionadas.
A criação dc gado, apezar de um agente que O governo do Estado cuida do ensino p ro fis s io ­
I, ® n|u ito desfavorável, a sccca, occupa a activida- nal elementar, e p o r leis recentes creou a Escola
de de grande parte dos habitantes do Estado. D evido A g ric o la de Macahyba, que ainda não funcciona, e
a esta causa c o n tra ria não tem s ido possivcl ate agora a Escola Elementar de A rtes e O ffic io s , cuja direcção
crear raças ^ feiras, que reclamam condições de a li­ entregou á Associação de C o n trib u id o re s de Alecrim .
mentação não p e rm ittid a s pela natureza physica do M antein também o go vern o um estabeelcim cnto
nordeste. A ssim , o gado existente no Estado é de dc ensino secundario, o A theneo d o R io G rande do
pequena altu ra , m estiço, sem caracteres bem d e fin i­ N orte, equiparado ao C o lle g io D . Pedro II, da Ca­
dos tendo apenas a recoim ncndal-o adm iráveis qua­ p ita l Federal. O go vern o da R epublica m antem por
lidades de resistência, que lhe fez a d q u irir a luta sua vez uma Escola de Aprendizes M a rin h e iro s e uma
constante con tra o m eio physico. Escola de Aprendizes A rtific e s .
Da in d ustria da pesca vivem m uitos filh o s deste Ha também um a Escola dc C om m ercio , com e x­
Estado que habitam suas costas, de uma extensão cellente program m a, fundada sob os auspícios do
de 190 m ilh as e m u ito povoadas de peixes. Bispo diocesano, c a Escola D om estica de N ata l, que
D sal, que o R io Grande do N orte produz em gosa de grande reputação em to d o o paiz. Esta se
quantidade e xtra o rd in a ria e com a m aior fa cilidade acha agora estabelecida em magestoso e d ifíc io , ex­
por condições naturacs summamcnte favoráveis, é tam ­ pressamente construído pelo governo do Estado, e
bém um abundante manancial de sua riqueza. As sa­ conta com um corpo de professores á altu ra das e x i­
linas de Macáu c M ossoró exportam seu producto gendas da funcçào educacional que lhe está reser­
para to dos os pontos do Brasil, e mesmo assim nunca vada.
chegam a e xg o ta r suas existências, que ainda agora A educação m in istrad a na Escola abrange os
se calculam em 400 m ilhões de kilos. aspectos physico, in te lle c tu a l, m oral e social. C om ­
Com taes elem entos de vida e força economica prehende do is cursos: um pre pa ra tório, de do is annos,
e m uito s ou tros que não é necessario exam inar aqui, com o ensino de português, francês, inglês, arith m e­
não se pode dizer que o Rio G rande do N orte seja tica, cultura physica, costura, musica, calig ra ph ia , le i­
um Estado de lim ita d o s recursos. P e lo c ontrario, tura, geographia, chorog ra ph ia e h is to ria do R io G ran­
possue abundantes fo nte s dc riqueza, que lhe asse­ de do N orte, e o u tro propriam ente dom estico, d iv i­
guram um fu tu ro cada vez mais prom issor. d id o em q u atro annos e d is trib u íd o p o r esta fó rm a:

o o o o o o 439 o o o o
L/VRO DE OURO COMME MORAT/VO DO CENTENARIO

P rim e iro anno: arithm etica, português, cultura inglês, p u e ric ultu ra, m edicina pratica e chim ica dos
physica, costura, musica, caligraphia, cosinha, h is to ­ alim entos.
ria do Brasil, geographia e francês ou inglês. A gora, para te rm ina r, duas palavras sobre Na
ta l, a capital do Estado: é uma cidade ainda peque­
Segundo anno: algebra, português, c u ltu ra phy­ na, mas florescente, com 31.000 habitantes, intenso
sica, costura, m usica, caligraphia, cosinha, historia m ovim ento com m ercial, possuindo varias ruas, aveni­
universal, a g ricu ltura , leite ria , francês ou inglês, ana­ das e praças de m u ita fo rm osu ra, im p orta nte s ed ifí­
to m ia e physiolo gia. cios e m onum entos. E ntre estes ultim o s merecem re­
T erceiro anno: algebra, português, c u ltu ra phy­ levo o m onum ento aos m arty res de 1817, e rg uido á
sica, costura, musica, cosinha, criança, ja rdin aria, praça A n dré de A lb uq ue rq ue , e os palacios do go­
francês o u inglês, hygiene e lavanderia. verno, da Assembléa L e gis la tiv a, da Escola Domes­
Q u a rto anno: contabilidade, português, cultura tica de N a ta l, o th e a tro C a rlo s Gomes, a Associação
physica, costura, musica, educação social, cosinha ar­ C om m ercia l, o In s titu to H is to ric o , o H o sp ita l de
tística, ine tho do log ia , economia domestica, francês ou C aridade, o Atheneu do R io G rande d o N orte, etc.

o o o o o o 440 o o o o o o
c o o ig o s : r ib e ir o e p a r t ic u l a r

FILI A E S
Minns («eracs s— Nulltldade, Kljruelrn, Pcdrn Corrida, Nark e Ei
Espirito Santo ; — KstnçAo de l.airr.
ESTRADA DE FERRO VICTORIA A MINAS
SOCIOS SOLIDÁRIOS:
José Koiuoulda Marrra JoAo Mnffrn Sobrinho
iqulni do l ’aula Maffra Pedro Albano Matfra
E S TA D O D O R IO O R A N D E D O SUL

E fe ito recentemente, o sr. D r. U n J o lp h o distancia das suas margens até o r io Jaguarão, pe lo


C o llo r é o mais novo e mais joven dos qual desce, á meia distancia das suas ribanceiras, até
representantes do R i o Grande d o Sul na encontrar a barra do a rro io Lagòes e dahi pelo th a l­
Cam ara F ederal. Seu nome, porém , não weg do Jaguarão até sua fo z na Lagòa M irim . Estabe­
su rg iu a g ora : t de ha m uito conhecido nos lecido o condom ínio uruguayo nesta Lagòa, a linh a d i­
circu los lite rá rio s e po litic o s do p a iz , pela visória é a s e g uin te:da fo z d o Jaguarão a té d e fro n ta r
b rilh a n te actuação que desenvolveu, ha annos a Ponta do M un iz (lado urugu ayo ) e a do Fanfa
atra z, na im prensa carioca, e, nestes ultim os (lado b ra z ile iro ), passando entre a Ponta do M un iz
te m p os, na direcção d o mais im portante or- e a ilha bra sile ira do Juncai; deste ponto inte rm e dio ,
gam da im prensa rio-grandense do Sul. seguindo o canal mais p ro fun do até alcançar as p ro ­
C om o já o haviam fe ito alguns de seus ximidades da ponta uruguaya do Parohé; dahi em
illu s tre s collegas da Camara, p re feriu S. direcção sueste, até alcançar as proxim idades da Pon­
Excia . dar-nos, sobre o Estado de que é ta de Rabotieso; deste ponto segue por uma linh a
representante, o m ag nifico estudo o rigin al quebrada, d e finid a por tantos alinhamentos rectos
que a b aixo reprodusim os. Firm ada p o r seu quantos sejam necessarios para acompanhar o canal
nom e, deve esta pagina despertar m aior in ­ principal da Lagòa; dahi a linha atravessa a Lagòa
teresse d o que a resumida entrevista que longitudinalm ente até encontrar a barra d o a rro io
nos propuséram os a estampar em seu logar. S. M ig u e l; segue p o r este até o Passo jgeral de S.
M ig ue l, numa extensão de 8.666 m etros ; dahi por
uma recta até o Passo geral do C h u y e p o r este até
a sua foz no Atla ntico .
Os lim ites com Santa C atharina não estão ainda
R IO G R A N D E D O SU L, com uma arca definitivam ente demarcados, mas já fo i estabelecido

P de 280.000 km. quadrados e 2.500 m il um entendim ento pré vio para o seu estudo, tendo o
habitantes, approxim adamente, é repre­ dr. Protasio Alves, Secretario dos Negocios do In ­
sentado na carta geographica por um te rio r e E xterio r, apresentado a respeito ao Presiden­
uja s diagonaes se norteiam em sentidos te do Estado, dr. Borges de M edeiros, lo n g o e
N . S. e L. O., com prehendi das, nos seus extremos, erudito m em orial.
entre os gráos 27 e 33 de la titu d e e 48 e 57 de lo n ­ Escrevendo sobre a situação geographica e lim i­
gitu d e O . de G reenw ich. tes do Estado, o illu s tre d r. Francisco R o d o lfo Simch,
São os seguintes os lim ite s do Estado: ao N. director do Serviço M ineralogia» e G e olog ico do Es­
com o Estado de Santa C a th a rin a ; ao N . O . e O. tado, retraça com as seguintes palavras o seu aspecto
oom a R epublica A rg e n tin a ; ao S. O. e S. com a Physico:
R epublica do U ru g u a y ; toda a linha orien ta l é ba­ «O lim ite o rie n ta l é dado p o r uma lin h a só, sem
nhada pe lo A tla n tic o . recortes, sem bahias ou surg id ou ros á excepçâo da
Ê esta a linh a div is ó ria com Santa C atharina: Barra do R io G rande (o unico p o rto m a ritim o d o
o r io M am pitu ba , desde a sua fo z n o A tla ntic o até Estado) e a enseada de T orres, onde se construirá
a sua confluência com o r io V erde; dahi, o rio Sertão futuramente o segundo e quiçá o mais im portante.
(que é o m esm o M am pitu ba ) até ás suas nascentes Examinando as modalidades do relevo, tã o im ­
na Serra do M a r ; dahi por uma recta, ainda indeter­ portante para o bom conhecimento das condiçOes in ­
m inada, até o p a ralelo da prin c ip a l nascente do Pe­ ternas duma legião, ha que fazer, de log o, uma d i­
lotas, e deste rio para baixo até o Canoas, acompa­ visão no te rrito rio do Estado; paralélamente á costa
nhando o curso deste até o U ruguay e p o r este até existe uma fa ix a arenosa, desde T orres, extremo; N . E.,
a barra do Pcpery-Guassú. até o Chuy. Ê a zona das lagunas e grandes lagos
A lin h a div is ó ria com a A rgentina é toda fe i­ internos, a n tig o le ito do Atla ntico , conquistado ao
ta pe lo curso do r io U ru gu ay, desde a fo z do Pe­ oceano no ev o lu ir m ille n a rio do continente sul-am e­
pcry-Guassú, até a barra dó Quarahv. ricano. O restante, o in te rio r, consta de duas partes
A que separa o Estado da Republica do U ru- sensivelmente cguaes em extensão e differen te s em
Kuay é a se g uin te: pelo r io Quarahy, até encontrar a ltitu de :o s eptentrional um alto-plano, a m eridional
o a rro io da Invernada e pe lo curso deste até as suas um plano-baixo: aquella, o term o fin a l do grande
nascentes; dahi. pe lo cim o da coxilha do Haedo, planalto b ra s ile iro ; esta, o extrem o norte, ou o in i­
passando ju n to á cidade do Livram ento, e depois cio da depredação pampeana.
pelo a lto da coxilh a de Sant’ Anna, passando pelo O Rio Grande do S ul é como que a zona de
cerro d o C e m ité rio e pela Serrilhada, até encontrar transição entre estes do is grandes accidentes ge o ­
as nascentes do a rro io S. Luiz, pe lo qual segue até a graphicos cisandinos.
sua foz n o r io N e g ro ; deste ponto continua em linha O p la na lto r io grandense é denom inado g e ra l­
recta, passando pe lo Aceguá, até as nascentes do arroio m ente Serra e o plano-baixo Campanha. C um pre, to ­
da M ina e p o r este até a sua barra no rio Jaguarâo- davia, assignalar outras particularidades de cada um
C hico (o u dn C on cordia ), descendo p o r este, á meia delles, pois tèm facies d ifferen te s ; cada qual apre-

O O O O 441 o O OO o
LIVRO DE OURO COM ME MORA T/VO DO CENTENÁRIO DA

senta aspecto peculiar, inapagavel, ty p ic o . Am bos de 18 7.284:500$; os ovinos, 5.294.950, no valo r de


comtm im têm o serem mais elevados d o lado do nas­ 102.028:650$; os caprinos 162.100, no valo r
cente, descambando ou decahindo gradativam ente para 1.6144:900$.
o poente, sem que, 'porém , esta inclinação im p liq u e a Sommando estes diffe re n te s valores, segue-se
existência duma p la n ic ie ; só os accidentes ge og ra­ que pelas ultim a s estatísticas, (1922) o valo r total
phicos é que são mais abundantes a E. que a W . representado pela pecuaria no R io G ran de do Sul
as declives d o p la na lto, sobretudo nas regióes mais a ttin g ia ao enorm e to ta l de 1.422.7 96:450$000, ou,
accidentadas de leste, são cobertas p o r florestas den­ aapproxim adam ente, um m ilh ã o e m eio de contos
sas; a pró p ria Serra é rota em «crevasses» p ro fu n ­
dos e irre gu la re s, p o r onde, encaichoeirados e espu- R elativam ente á a g ric u ltu ra , é também conveniente
m arentos, rolam as suas aguas os rio s ali nascidos. transcrever aq ui as autorisadas palavras do já citado
São estes to dos egualmente orlados de bosques es­ d ire c to r do In s titu to B orges de M id e iro s :
pessos. Vastas campinas entremeiadas pelos divo rcio s
d'agua alternam com a m atta fechada.
A a g ric u ltu ra no R io G ran de do S ul reveste-se
A C am panha é relativam ente pobre de bosques,
de im portância cap ital, e d is to se convencerá quem
tendo-os apenas nas encostas de algum as serras
observar o fa c to de ser em to d o o Estadoi praticada
m aiores, de um o u o u tro espigão e ás margens dos
a po ly c u ltu ra , que floresce nos mais variados c me­
rio s m aiore s; estes são, na sua quasi totalidade, pre­
lhores productos, graças á am enidade d o seu clima,
guiçosos, d ifferen te s dos caudaes da o u tra zona. Fi-
variada e o p tim a qu alidade do seu só lo , que per-
nalmente, seu te rr ito r io sem «crevasses», em suas l i ­
m it tem tudo, am bientes favoráveis á vida e cresci­
nhas, orographicam ente m u ito suaves, cobre-se de
m en to de m uitas variedades de plantas, quer ind ig e ­
pastagens interminas».
nas, quer extrangeiras. A liá s , a lavoura riograndense
A m édia annual da temperatura é, approxim ada-
já vae sendo trabalhada cm obediência aos adeantados
mente, de 17«,5 centígrados. A reg iã o mais quente é
processos e novos progressos da technica moderna:
a do valle do U ru gu ay, com uma m édia de 19,5; nos
valles d o Jacahy e Ibicu hy, desde o G uahyba ao U ru ­ a lavoura mecanica e a irrig a ç ã o são racionalm ente
levadas a e ffe ito e da sua vantajosa applicação estão
guay, á m édia é estim ada em 19,0; nas regiões m is-
plenamente convencidos os lavrad ore s; a poda e a
sioneira e serrana, a média é de 18,5 e 18,0, sendo
enxertia não constituem surprezas, e delias, acertada
a m édia mais baixa, de 15,5, encontrada na zona
mente, usam os a p ic u lto re s ; os adubos, de cuja m a­
que lig a o pla n a lto com o lito ra l.
té ria prim a é m u ito ric o o Estado, são empregados
N o perio do com prehendido entre 1912, anno da
em larga escala e com reaes vantagens e a d q u iri­
creaçâo da excellente rêde m eteorológica estadoal, e
1920, a m axim a observada fo i a de 42,6, no mez de dos p o r preços baratos, p o is são fabricados ern mais
de um estabelecim ento
jan eiro, na cidade de A legrete, e a m inim a de 3,5
abaixo de zero, no mez de ju lh o de 1918, nos m u­
nicíp ios de Vaccaria e Lagoa Verm elha. C on stitue a a g ric u ltu ra o segundo fa cto r da pro-
ducçâo. Os seguintes totaes, de qu an tida de e valor,
relativo s ao anno de 1921, extrahidos da admiravel
A PRODUCÇÂO publicação «A nn ua rio Estatístico do R io Grande do
Sul», publicado sob a zelosa direcção do d irector da
Estas differenças physicas, condiciondas p o r um Repartição, Sr. A u g u s to C arvalh o, fa lam linguagem
clim a te mperado, com as estações bem accentuadas. de alta eloquência.
é extra ordin ariam en te favoravel ao desenvolvim ento Producçâo a g rico la (s a fra de 1921-1922):
da pecuaria e da ag ric u ltura .
R elativam ente á pecuaria, escreve o dr. E g y d io
H ervê, abalisado d ire c to r do In s titu to Borges de M e ­ Rrodurxos Toneladas Valor médio
deiros, uma das m elhores escolas theoricas e praticas
de a g ric u ltu ra na Am erica do Sul: Milho . . . . 1.699,510 237.931:400«
«A pecuaria marcha, animada de um notável p ro ­ Alfafa . . . . 198.300 23.796:000*
gresso, procurando desenvolver-se como indicam os Mandioca . . 196.800 39.360:0008
173.260 41.582:4008
m odernos m ethodos de creaçâo, im p orta nd o raças se­ 153.250 36.780:000»
lectas para a reproducçâo e para a cruza com as Feijão . . . 133.410 33.352:500»
raças creoulas. £ actualm ente o p rim e iro fa c to r da Batata ingle/a 121.980 17.077:200«
riqueza publica no Estado, e os dados offic ia e s es­ Vinho..................... 58.000 20.300:000*
Cebola e alho 32.000 5.120:000*
tim am , em 1907, a sua população em 10.809.343, com 18.000 8.100:000*
o va lo r de 261.683 contos de réis, e, em 1919, em Outros productos 1.477.770 273.173:000*
20.717.600, no v alo r de 1.300.445 contos de réis,
verificando-se, nesse perio do de doze annos, um ac> Total 4.262.280 736.572:500*
créscimo de 397 0 /6 no seu valor, du plica nd o a p o ­
pulação.».
E n tre o gado bovino, é o creoulo que representa O augmento da producçâo ag rícola do Estado de
a m a io r massa. Seguem-se-lhe, em quantidade, as se­ 1915 a esta parte tem s id o con tinu o, salvo nas sa­
guintes raças: H e re fo rd (2.000.000 de cabeças em fras de 1918 a 1920. O rganisam os com os dados
1 9 18 ); D urham (1.000.000 no mesmo a n no ); Devon estatísticos officia es o seguinte qu ad ro:
(1 5 0 .0 0 0 ) ; P o lle d Angus e H ollandeza e H o ls te in
(1 0 0 .0 0 0 ) ; Suissa, Flamenga, Jersey e Brctan
(1 5 .0 0 0 ) ; C haroleza (2 0 .00 0); Red Po lle d (5.0 00 ),
fo rm an do o to ta l de 3.390.000 cabeças de gado eu ro­ Safras Valor médio
peu. D e gado ind ian o, raça zebu, existem para m ais
de 600.000 cabeças. Segundo as ultim as estatísticas 1915- 16 2.412.615 3.466.068 520.341:400*
1916- 17 2.438.335 3.576.223 541.156:900*
publicadas, em 1921, o to ta l da população bovina 1917- 18 2.176.543 2.673.455 482.035:830*
accendia a quasi dez m ilhões de cabeças, ou sejam 1918- 19 1.721.127 3.227.860 529.596:000*
9.776.900, representando em v a lo r quasi um m ilh ã o 19 1 9 - 20 2.561.450 3.808.700 660 718:000*
de contos ou sejam exactamente 995.195:400$ 1920 - 21 2.581.300 4.117.330 674.708:300*
19 2 1 - 22 2.673.672 4.262.280 736.572:500*
, nn, ° ?9U 'n o representa, nas estatísticas de
1921, publicadas em 1922, 1.573 m il cabeças, no
va lo r de 92.481 :00 0$ ; os muares, 404.050, no v alo r A producçâo annual de carvão de pedra é de
de 44.182 :00 0; os suínos, 6.038.000, n o v a lo r de 360.000 toneladas.

O O O O O O 442 o o o o o o
/N DE PE'NDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

A ACÇAO OOVERNAMENTAL NO REFLEXO DA !>Ro-


DUCÇAO gresso. Cidades como S. Leopoldo, C axias, Santa
Cruz, Montenegro e outras são m ag nifico exem plo
■ V ' " da labonosidade não só dos velhos im m igrantes, mas,
Para este m ag nifico desenvolvim ento da agri­ c sobretudo, da sua digna descendenda.
cultu ra, ta nto no ramo da pecuaria, co.no da lavoura, Pela sua origem ethica, a população c o lo nia l
concorre como um dos factores m ais im portantes à pode ser assim discrim inada:
acção systematica e bem orientada do governo rio-
grandense- O velh o brocardo sem boa economia não f:“ s?:b.r *5Ueir*- . • 110.000 habitantes
ha bôas finanças fo i exactaincnte comprehendido /Miona c sua üescendcncia . . . . 330.000
pelos homens publicos do R io Grande do Sul. O Ita una c sua descendencia . . 260.000
lolaca, russa e descendencia . . 80.000
systema trib u ta rio não é erigid o, a li, em entrave da ............................................... 30 000
actividade produetora. Cerca, pelo contrario, a in i­
ciativa privada de todas as facilidades, isentando, T o ta l........................ 840.000
para exem plo, de toda tributação os artigos de con­
sumo im m ediato e reduzindo, de anno para anno, em
obediência a sabia e salutarissim a prescripçâo consti­ Os núcleos coloniaes estão distribu íd os p o r 46
tucional, os im postos de exportação. dos 72 m unicípios do Estado, o que bem dem onstra
o adeantado gráo da divisão te rrito ria l e quanto se
vae incrementando o regimen da pequena p ro p rie ­
dade.
A superficie colonisada póde ser assim d is c ri­
m inada:

Nos núcleos o ffic ia e s ........................ 2.400.400 hectares


Nos particulares 1.080.000 »
No total . . . . 3.480.000 »

A área colonisada excede, p o r conseguinte, de


1/8 de superficie to ta l do Estado.
A área média por fa m ilia de a g ric u lto r é de
24 hectares.
A densidade da população colonial, por k ilo ­
m etro quadrado é de 24, 4 habitantes na região
c olonial c de 7,4 em to do o Estado.
Na producção to tal do Estado que fo i, em
1620, de 1.206.231:600$, correspondem á reg iã o co­
lon ial 528.731:600$. Per capita, a producção, no
Estado, fo i. nesse anno, de 6 0 4 $ 6 I5 ; na reg iã o co­
lon ia l, 6298442.

VIAÇAO E OBRAS PUBLICAS

A viação m aritim a d o Estado era a mais pre­


caria antes da abertura da barra e da construcção
do p o rto do Rio Grande. E term inado tcchnicam entc
estes trabalhos gigantescos, d ifficu lda de s de outra
monta se oppunharr. ainda á intensificação do in te r­
câmbio oceânico, a saber os m alefícios economicos
decorrentes do m on op olio da companhia exploradora
São m oderadam ente taxados os productos da daqucllas obras publicas. Para dar rem edio d e fin itiv o
pecuaria e da lavoura, exccptuados o fu m o e bebidas a estes males, resolveu o governo do Estado en
alcoólicas. A ufere o Estado as suas maiores rendas campar as referidas obras, o que fo i levado a effei-
dos im postos te rrito ria l, de transmissão de p ro p rie ­ to em 1919.
dades c de ind ustrias e profissões Referindo-se a este notável acto da adm in istra­
Não se lim ita o Estado a proteger a producção ção publica, pondéra o d r. Borges de M edeiros na
com estes favores indirectos, mas vae cm seu au­ sua mensagem de 1919:
x ilio directam cnte. quando necessario, já jx>r meio Além de nacionalisado, será, pois, o p o rto so-
de isenções de d ireito s, já p o r m eio de garantias cialisado, no m elho r sentido, com todas as vanta­
de ju ro s, como fo i o caso ua creação do F rig o rific o gens decorrentes desse regim en, o unico verdadei­
N acional, construído em Pelotas e hoje de p ro prie­ ramente preferível, quando se trata de serviços como
dade de uma firm a ingleza. os dos portos, que são orgâos collectivos, não apenas
das localidades onde estão situados, e, p o rtan to , deve
a collectividade arcar com os onus da sua construcção,
COLON ISAÇAO do mesmo modo que lhes usufrúe os benefícios».
A O porto do R io Grande fica situado na altura
de 32.° de latitu de sul, a 16 k ilom etro s da barra,
O Estado não estipendia correntes im m igrato- sobre a margem d ire ita do canal do norte, pe lo qual
ria s, mas concede os maiores favores á imm igração as lagoas dos Patos e M irim desaguam no Atla ntico .
espontânea, unica que convém, conform e demonstrou Faz-se a travessia da barra a léste, p o r um
a larga e x p erien da que fizem os no paiz, desde o in i­ canal de 650 m etros de largu ra, no qual se en­
cio do segundo quartel do século passado. contra geralm ente 9,m20 a 9,m80 de agua, abaixo
Existe ho je no R io Grande larga descendenda do nivel das aguas médias seguindo as marés. Ao
im n iig ra n tista , principalm ente de origens allemã e lado deste, existe também um canal de mais de 500
italia na . São brasileiros que honram a P atria, pela m elros de largura, no qual se encontra geralm ente
sua operosidade e pelas suas te ndendas de p ro ­ 9,">90 a IO.™50 de agua abaixo do mesmo nivel.

o o o O O 443 O O O O O O
U VRO-. d e OURO COMMt: MORA TWO DO CENTENARIO DA

As correntezas sobre a b a rra são guiadas por ta do tinh a uma extensão to ta l de 2.172 kilom etros,
dois m olhes que se prolongam por q u a tro kilom e­ con stitu ída pelas seguintes linh as:
tros a d e ntro do m ar, p ro lo ng ad o ainda cada um delles
por 300 m etros de m olhes subm arinos. Klms.
Na construcção destes m olhes, que têm onze
m etros de largu ra na c rista fo ra m em pregados Linha tronco de Porto Alegre a Uruguayana . 161,316
3.500.000 toneladas de enrocamento de gra nito . x d< Ncustadt a Taquara 40
O cáes d o novo p o rto mede 1.500 m etros l i ­ de Montenegro a C a x ia s ........................... 116,533
neares, o que p e rm itte um tra fe g o annual de 750.000 » de Rio Pardo a Santa Cruz . . . . 30,403
toneladas de m ercadorias. >• de Santa Maria ao U ru g u a y .................... 539,738
Proseguem com to da a norm alid ade as grandes » de Caccquy ae Rio G r a n d e ..................... 490
obras ordenadas pelo go vern o do Estado para per- v do entroncamento a Livramento . . . . 136
m it tir a navegação flu v ia l, por navios calando seis Ramal do P a re d ã o ............................................. 3,652
m etros, entre R io Orande e P o rto A le gre. » de Ligação á Margem do Taquary . .
O caes do p o rto da C a p ita l, cuja construcção x da Costa do Mar 18,600
vae rm íito adeantada, compôr-se-á de tres secções: r do Porto de P e lo ta s .............................. 4
cáes m a rítim o , cáes de cabotagem e cáes flu v ia l. O
cáes m a ritim o terá seis m etros de pro fu n d id a d e ; o
cáes de cabotagem quatro, e dous o flu v ia l, para Além destas estradas existem ainda as de Ta­
pequenas embarcações que fazem a navegação dos quara ao C a n c lla , de construcção p a rticular, recente
afflue nte s do Guahyba. mente encampada pe lo Estado, a de C arlos Barbos i a
A execução destas obras é fe ita pelos m ais aper­ A lfre d o Chaves, de construcção d o Estado, e a dc
feiçoados processos da engenharia hyd rau lica , e o U ruguayana a S. B o rja , pertencente a um a compa
aspecto do p o rto é um dos m ais b e llos, sinão o nhia ingleza.
m ais b e llo , da Am erica do Sul. Ent 1921, a despeza do Estado com a cons cr
Proseguem também no rm alm ente as obras do vação de 1.917 km . de estradas de rodagem ascendeu
canal de P o rto A le gre a T o rre s , d iv id id o s em tres a 4 5 1 :4 0 2 *5 0 2 ; a de reparações de pontes a . .
secções correspondentes ás vertentes do r io G ua­ 52 :1 55 *66 8, e a de construcção a 46 8:55 1*1 52 .
hyba, das lagoas inte rio res e d o r io M am pituba. Também os m un icípios inve rtem grandes quan
D o plano de viação g e ral d o Estado, publicado tias na construcção c conservação dc estradas dc
no dec. n. 2.062, de 6 de fe vereiro de 1014, faz rodagem c cam inhos vicinaes, podendo se d ize r, sem
parte também a conservação e o aperfeiçoam ento receio de exagero, que o R io G ran de do S u l é um
dos rio s navegáveis, nom eadamente dos seguintes: dos Estados dc m elho res e mais num erosos cami­
G uahyba, Jacuhy, T aquary, C ah y, Gamaquam, S. Lou- nhos carroçáveis. Destaca-se entre todas a estrada
renço. Sinos, Gravatahy, Ib ic u hy , bem com o o cor­ . Julio de C a s tilh o s :, que atravessa as zonas colo
dão de lagoas entre as v illa s de C onceição d o A rro io niaes a lle m â e ita lia n a e lança já a sua plonta sep­
te n trio n a l para d e n tro d o m u n ic ip io dc Vaccaria.
A viaçâo-fcrrea acaba de e n trar cm nova phase F esta um a estrada m acadamisada e arborisada em
e num fecundo periodo de remodelação, decorrente bõa parte, que não teme o c o n fro n to com as me­
do arrendamento fe ito pe lo governo do Estado das lhores <■chaussées» da Europa.
linhas ferreas exploradas pela an tig a C om pagnie Au-
x ilia ire .
A pro p o s ito desse arrendam ento assim se ex­ COMMERCIO E INDUSTRIAS
prim e o dr. Borges de M ed eiros na sua mensagem
de 1920:
Assignala o sr João P in to da S ilva, em inte­
ressante estudo que faz parte da volum osa obra O
A transferencia ao Estado das oh ras da barra
R io G rande do S u l, org an isa do pe lo d r. A lfred o
e d o p o rto do R io G rande exigia, como com plem en­
Rodrigues da C osta, que o crescim ento d o commer­
to lo g ic o , a encampação da Viação-Férrea, por isso
cio riograndense «tem s ido continuo e log ico, como
que os grandes benefícios da p rim eira dessas in i­
a provar que é pro du zid o pe lo desdobram ento de
ciativas não se poderiam fazer s e n tir em toda a
sua plenitude, emquanto os serviços de transporte forças permanentes c não p o r phenomenos passa­
geiros, de sign ificaçã o e influ en cia relativa s, sujei­
fe rro -v ia rio continuassem na com pleta desorganisa-
ção a que os havia conduzido a C om pagnie Anxi- tas como não pódera d e ix ar d c estar á duração das
causas excepcionaes que as determinam».
P o r p rin c ip io , apoiado na experiencia trium phan­ «E claro — continua o m esm o escrip to r que
te dos estudos m ais adeantados do occidente, o Rio para o enorme accrescim o de sproporcionado n o va­
G rande republicano fo i sem pre c o n tra rio á explo­ lo r dos productos concorreu excepcionalm cnte a si­
ração desses serviços vitaes da collectividade, como tuação creada pela g u erra universal.
os po rtos e as estradas de fe rro, p o r emprezas par­ O augm ento do peso das m ercadorias exporta
tic u la : es ou m ercantis. Nesse sentido, nunca deixá­ das, en tretan to, é bastante s ig n ific a tiv o c sufficicn
mos de nos pronunciar desassombradamente». te para m ostrar o constante desenvolvim ento da nossa
capacidade de producção.
Em 1914. in ic io da guerra, as estatísticas accu
E o secretario das O bras Publicas, dr. Ilde- sam um a queda da exportação, m otiva da naturalmente,
fo nso Soares P in to, no seu re la to rio de 1920, com­ além d o m ais, pelo fechamento s u b ito de alguns dos
m enta: nossos m elhores mercados consum idores, como o
eram os da Allem anha. N o exercício im m ediato, po­
«Esses dous com m ettim entos, que se com ple­ rém, apesar de já estapem em v ig o r as m edidas acau
tam, integram o R io Grande d o Sul na posse efe si teladoras pe lo governo do Estado, no tocante á
mesmo, assegurando-lhe a direcção dos seus p ro ­ sahida de certos generos de p rim e ira necessidade, a
prio s destinos, como é da essencia do regim en fe de­ nossa exportação retom ou quasi a sua posição na
rativ o , n a q u illo de que depende visceralmente o seu escala com m ercial, para to rn a r a cahir em 1916, reer-
desenvolvim ento economioo». guendo-sc, p o r fim , em 1917, com um to ta l, em to­
neladas, m uitíssim o s u p erior, ao do anno transacto
Eis o quadro da exportação g e ral d o Estado,
Em 1920, quando entregue offic ia lm e n te ao g o ­ nos u ltim o s doze annos o ffic ia lm e n te recenseados
verno d o Estado, a rêde fe rro -v ia ria fe de ra l no Es­ e publicados:

O O O O O 444 0 0 0 0 0 0
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL.

Peso Iolai Productos animars e seus derivados


Kilos Valor Iolai
*>10. 215.129.067 Nun.ero de estabelecimentos . . . . 3.228
81.959:012*917 C a p i t a l ............................................. 69.470:000*000
213.674.602 81.393:093*146 Valor da producçSo.............................. 209.965:000*000
272.381.168 104.968:606*358 Força motriz em H. P........................ 10.164
280.369.637 108.100:950*186
198.922.425 79.319:923*190 Numero de o p e r a rio s ......................... 26.021
217.384:805 89.048:671*813 Productos vegeiaes e seus derivados
191.207.352 92.309:660*020
161.739:338*496 Numero de estabelecimentos . . . . 7.502
918. 292.344.440 165.764:258*230 Capital........................................................ 61.482:5008000
919. 328.586.242 215.572:443*110 Producçào i n í d i a .................................. 155.413:400*000
920. 301.473.745 197.879:307*200 Força motriz em II. I '............................ 30.724
921. 214.959:313*650 Numero de op era rio s.................. 24.542

PROCLAMAÇAO DA REPUBLICA HIO GRANDENSE OUERRA DOS FARRAPOS


De A ntonio Parhmkas

Em 1921, a exportação do Estado distribuir-se Productos mineraes e seus derivados


da seguinte m an eira: Numero dc estabelecimentos 2.040
Capital.................................... 21.604:000*000
Peso Valor official Valor da producção 34.340:000*000
Força motriz em H . P. 2.342
Mercados nacionaes . . 193.442.682 I 26.30l:658*860 Numero de operários 9.107
Mercados estrangeiros . 156.191.075 88.654:654*790
Sendo a pecuaria não só a mais antiga, itiav
também a mais im p orta nte das industrias do Estado,
«Em 1905 — d iz uma das ultim as mensagens
convém fazer algumas referencias especiaes aos es­
presidenciais - existiam no Estado apenas 314, com
tabelecimentos fr ig o rific o s e ás xarqueadas.
o capital de 49.200 contos, produzindo 99.780 oon-
Estão em plena actividade qu atro frig o rific o s ,
tos Já em 1917, o num ero dc fabricas era de localisados em Rosario, Livram ento, Pelotas e Rio
11.787, com o capital de 142.792 contos e produ­
Orande, pertencentes ás grandes firm as A rm our, W il ­
ziam 371.707 contos».
son, Vestley Brothers e S w ift.
N os tres u ltim o s annos, fo i a seguinte a expor-
«D ahi até 1921, commenta o sr. João Pinto tação de carnes congeladas:
da S ilva, no estudo já acima citado, verificou-se, en­
tre ta n to , um augm ento de mais de m il estabeleci­ Valor official
Kilos
m entos fa bris, que, num to ta l de quasi 13 m il, oom
o capital de 155.550 contos, empregavam 59.680 1919 . . . 7.355.981 5.884:784*800
operarios, u tilis a v am força m otriz de 43.230 H . P. 1920 . . . 24.193.707 19.297:639*600
1921 . . . . . 3Z 548.381 26.027:424*300
e produziam 399.718 contos.
Surprchendentc é, como se vê, eonrlúe o mes­
m o e scriptor, o progresso sob todos os aspectos.
E a sua a ffirm a tiv a é comprovada pelos seguintes Q uanto ac> xarque, com o notável incremento
quadros, no qual se dividem os estabelecimentos fa­ nestes ultim os annos tomado pelos frig o rific o s , n io
bris, por especialidades: padece duvida que a sua ind ustria e n trou em decli-

O O O O O 445 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENÁRIO DA

nio, nâo obstante representarem ainda o s seus to - trucção pu blica no R io O ran de do Sul, dizendo que
taes, na exportação, log ar de grande destaque. o diagram m a ascensional d o desenvolvim ento esco
O to ta l da producçâo, que em 1912 .chegara a la r, no regim en rep ub lica no , é a m e lh o r affirm ação
60.57-1.26$ k ilo s , num v alo r de 31 .5 4 0 :l191$200, t i ­ de inte llig e n c ia , de capacidade, de elevação m oral e
nha decrescido em 1921, a 34.590.534 k ilos, num civica, com que se têm revelado os seus preclaros
valor de 41.514:8044900. adm inistradores.
A exportação de gado em pé teve, em 1921, o O ensino te chn icp -profissio nal é autonom n, l i ­
seu v a lo r representado por 3.196:109*000. vre de peias o ffic ia es , e é m in is tra d o , na sua m aior
parte, pela Escola de Engenharia de .P o rto Alegre

MOV1MENO BANCARIO

D o m ovim ento bancario d o Estado, que possúe,


como se sabe, a mais extensa rêde de credito de
todo o paiz, dão exacta n o ticia os seguintes alga
rismos, tira d o s da estatística o ffic ia l de 1921 f An m ia ­
r ia de E s ta tis t ira ) :
4b
Banais Estado
Capital subscripto 116.500:000*000
('apitai reali/ado 63.213:320*000
54.137:9b6*00(> y
Filiar r — Capital

Activo rm
/
31 - X II 1921
Nacionaes . . 1.384.212:712*000 91.228:047*000
Extrangeiroi . . 147.219:045*000 22.352:977*0.0
Somma . . 1.531.451:757*000 113.581:024*000
Casas bancarias. 25.783:594*000 2.345:877*000
Total. . . . 1.557.215:351*000 115.92b :901*(HMI Dr. Ltndolfo C ollor — lleputado
pelo Rio Grande do Sul
Saldo da Caixa Economics Federal 18.278:827*464
Caixa de Depositos Particulares do Estado 26.214:756*298
Este estabelecim ento que é, n o genero, unico
n o paiz e um dos m elho res e m ais com p le to * da
INSTRUCÇAO PUBLICA, PROFISSIONAL E SUPERIOR Am erica do Sul, nasceu de um a modesta iniciativa
(articula r, em 1896. C o m p le to estabelecim ento po-

Em 1921, existiam creadas 1.055 escolas p u b li­


cas, das quaes estavam provid as 595. Nesse mesmo
anno, fu nccionaram, além de uma Escola C om plem en­
tar, destinada a preparar professores, 35 c olle gios
elementares e 9 grupos escolares.
[ytechnico, com prehende e lle , hoje, os seguintes ra­
m os:

a ) In s titu to J u lio de C as tilh o s — secção de


ensino p rim a rio e secundário;
Seguindo a orientação mais adeantada em m a­ b ) In s titu to de Enge nh aria secção de en­
te ria de ensino p u blico , o governo do Estado estabe­ genharia c iv il, em seis annos;
leceu nas cidades e v illa s de m aior população es­ c ) In s titu to Parobé — secção de e n sino te chni­
colar, em vez de escolas isoladas, gru po s escolares co p ro fissio na l, em P o rto A le g re , d e stina do a fo r ­
e c olle gios elementares. mar, com a necessaria parte theorica, mecânicos, m o
M antem ainda o Estado, m ediante a u x ilio (aos dcladores, serralh eiro s, fu nd id ore s, etc. Este curso
m unicípios, 1.132 escolas ruraes, e os m unicípios, p o r é Completamente g ra tu ito para m eninos pobres. A sua
sua vez, institu íram aulas próprias municipaes, em frequência annual é, em m édia, de 800 alumnos
num ero de 427. Consta ainda de um curso fe m in in o , ta mbém g ra tu i­
O governo subvenciona 187 aulas, localisadas to , para o ensino de artes dom esticas e de tres fi-
nos m un icípios de m aior população estrangeira. liaes ou Escolas Industriaes Elem entares, localisadas
Segundo calculos incom pletos no exercício de nas cidades de C axias, R io G ran de e Santa M a ria ;
1921, a m a tricula escolar era computada, em 1921 d ) In s titu to A s tro n o m ic o e M e te o ro lo g ic o ---
em 127.340. para o s serviços e ensino de astro no m ia e m eteo­
C alculando-se em 93 p o r m il habitantes o ooeffi- rolog ia, em P o rto A le gre, com um a rêd e m eteoro­
ciente das creanças em edade escolar (7 a 10 annos), lógica estadoal, ram ificada p o r trin ta e seis loca­
c applicando-se o calculo á população geral d o Es­ lidades;
tado (2.046.480 habitantes) vê-se que a população e ) In s titu to de Ele clro -T e chn ica — para ,o en­
escolar é de 190.323 creanças. T endo sido a fr e ­ sino d e electricidade e m ecanica, d e stin a d o a fo r ­
quência, em 1921, de 127.340 creanças, obtemos so­ mar engenheiros electricistas mecânicos e m ontado
bre a população escolar a porcentagem de 66,89 res electricistas, em P o rto A le g re ;
e de 6,622 sobre a população geral de Estado. f ) In s titu to B o rg es de M ed eiros para ensino
Em 1889, por occasião da proclamação da Re­ de agronom ia e v e terina ria , em Porto! A le g re . Tem ’ por
publica, a m a tricula escolar no Estado era, sobre fim fo rm a r agronom os, veteriná rio s, capatazes ruraes
quasi um m ilh ão de habitantes, apenas de 14.500 e práticos em a g ric u ltu ra e zootechnia. C onsta do»
creanças. seguintes estabelecim entos, além da m agnifica séde
Ê com in te ira justiça, p o r conseguinte, que o central, optim am ente localizada nas pro xim ida de s de
dr. D ecio C oim bra, ex-director geral da Secretaria P o rto A le g re : P osto Z ootechnico e Estação Expe
do In te rio r, conclúe um e ru d ito estudo sobre a ins- rim c iita l. em V ia m ã o ; Estações de A g ric u ltu ra e C ria-

1O O O O O O 446 O O O O
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

çSo, em Bento Gonçalves, C achoeira c Santa Rosa; tid o no R io Grande d o Sul a responsabilidade dos
Estações de Zoo te chn ia , em Bagé, A legrete e Julio negocios publicos, basta fazer a comparação d o p r i­
de C astilhos. m eiro orçam ento estadoal com o do corrente exer­
cício fina nce iro . Lo go após a proclamação da Repu­
O In s titu to Borges de M ed eiros tem a sua sede blica, em 1890, o orçam ento da receita votado no
na Estrada de M a tio Grosso, que liga a C apital R io Grande não attin g ia a um to ta l sup erior a 2.621
á histo rica v illa de Viam ão. Está insta llad o num am- contos, contra uma despeza dc 3.367 contos. Era o
pio ed ifíc io p rin c ip a l c varios complementares, de regimen de d e fic it, que lhe vinha legado das adm i­
edificação aprop ria da , obedecendo a um plano deter­ nistrações provinciaes e contra o qual in u tilm e nte bra­
m inado de m od o a satisfazer a to das as necessidades davam todos os adm inistradores e m embros da As-
dos cursos que deve m anter: agronom ia, veterinaria, sembléa Provin cial. Na sua prim eira mensagem á
m icro b io lo g ia vegetal c animal. O s seus serviços são Assemblca dos representantes, affirm ava J u lio de Cas­
d istribu íd os p o r secções, que não servem apenas ao tilh o s que o d e fic it, nas adm inistrações republicanas,
ensino, mas tambem a fin s productivos. É a se­ cederia o log ar ao e q uilíb rio , s in ã o 'a o saldo orça­
guinte a divisã o dessas secções: — lab oratorio de mentário. E evoluindo da mediocre posição de uma
b io lo g ia , para fabricação de sôros e vaccinas, estu­ das provincias mais atrazadas do Im pe rio para o pla­
do e combate das doenças vegetaes e animacs. etc., no de b rilh a n te destaque na Federação, o R io Grande
secção de zootechnia e veterinaria, para estudo das do Sul nunca sahiu das seguras- normas do e q u ilí­
raças, problem as de alim entação, etc.; lab oratorio b rio orçam entário. O orçamento do exe rcid o vigente
de z o o lo g ia ; secção de la tic ín io s ; secção de v itic u l­ c dc 80.211:000*000, na receita, e d e .......................
tura e en ologia, para o p la n tio racional da vinha, com 79.576:616*547, na nespeza.
estudos experim entaes, enxertos, etc. e fabricação Os adm inistradores que têm estado, depois de
de vinh o e inais productos da uva ; culturas lenhosas, Julio de C astilhos, á testa do governo riograndense,
para estudo da fru c tic u ltu ra , flo ric u ltu ra , essencias e entre estes especialmente Borges de M edeiros,
florcstaes, etc.; cultu ras herbaceas (m ilh o , fe ijã o, man­ vêm seguindo á risca o program m a cconom ico d o
dioca, fo rragens, e tc .) ; lab o ra to rio de physica do pa rtido republicano, cujos resultados auspiciosos estão
so lo ; secção dc ap ic u ltu ra ; secção de chimica. ao mesmo te mpo, na prosperidade economica Uo
T odas estas secções dispõem de bôas installaçõcs Estado e no seu desafogo financeiro.
e m ate ria l, d e accordo com o e x ig id o pelas mais m o­ O caracter restricto desta publicação não per­
dernos progressos s cicntifico s e práticos. E este, sob m itte m aiores detalhes sobre este assumpto de rele­
to dos os aspectos, um estabelecimento que faz honra vante im portância, río qual o R io G rande do Sul
á cu ltu ra d o paiz. occupa posição sui-generis de fruetos oomprovados
O ensino secundario c m in istrad o p o r varios c, p o r conseguinte, de in ú til discussão. M u ito have­
gym nasios cm P o rto Alegre, Pelotas, R io Grande, ria tambem a dizer sobre os aspectos sociologicos do
Bagé e ou tras cidades. Estado e sobre as características actuaes da sua vida
A s escolas superiores além do In s titu to de En­ m ental, expressas pela imprensa, p o r sociedades seien-
genharia já m encionado, são as seguintes: Faculdade tificas, literárias e artísticas. Is to nos conduziria, en­
Livre de D ire ito c Escola Su pe rio r de Com m ercio tretanto, a excessivas delongas e nos afastaria ainda,
(P o rto A le g re ) ; Escola dc D ire ito c Escola de C om ­ provavelm ente, dos lim ite s práticos da presente en-
m ercio ( P e lo ta s ); Faculdade dc M edicina c Phar­ quêíe, a que procurei responder tã o succintam entc
macia e Escola M ed ico -C irurgica (P o rto A le g re ); Es­ quanto possível, para dar uma rapida ideia d o que
cola de Pharm acia c O d on tolo gia (P e lo ta s ); Lyceu é o R io Grande do Sul dos nossos dias, com o colla-
de A g ro n o m ia (P elotas). horador indefesso na grandeza e na prosperidade
da Patria.

ECONOMIA E FINANÇAS PUBLICAS Rio, Agosto de 1923.

Para bem ava liar, de um golpe, o que significa,


como realisação pratica, a ob ra dos estadistas que tem LiNDOLrO COLLOR.

O O O O 447 o o o o o o
E S T A D O D E S A N T A C A T H A R IN A

f p o r demais conhecida de io d o o país também larga m cntc exportadas, as arvores fru c tife ­
a b rilha nte in d iv id u a lid a d e do sr. dr. Celso ras, as plantas medicinaes e oleaginosas, etc.
B a y ma. N a Cam ara F ed eral S. Exeia. tem N o reino m in e ra l merecem relevo especial as
s id o , através de longos annos, não sá o minas de chum bo, que são as m ais im portantes do
guard iã o f ie l dos sagrados interesses do Es­
ta do que rep re sen ta, como um a das mais
claras in fe llig c n c ia s a serviço dos grandes
problem as naeionaes que se têm debatido
naquella casa do Congresso.
O uvim os S. Exeia. durante duas cur­
tas horas, na «Sala dos jornaes E da pa­
lestra com que nos encantou, pudemos co­
lh e r as notas ab aixo , resum o p a llid o d o que
nos disse sob re' o a d m ira v -l E s ta lo de San­
ta C atharina o sr. d r. C elso Bay ma.

E N D O reso lvid o, p o r m eio de p a triotico


e am istoso accordo, a secular contenda
de lim ite s que m antinha com o Estado
do Paraná, Santa C atharina solucionou
o m ais grave problem a que a affectava econômica e
politicam en te e que tã o profundas perturbações cau­
sou á vida, não só dos do is Estados1contendores, como
do paiz inte iro .
A sup erficie do Estado c, em num eros redondos,
de 90.000 kilo m e tro s quadrados, a ttin g in d o a po ­
pulação a mais de 600.000 habitantes. O elemento
estrangeiro preponderante nesta população é, como
todos sabem, o germ ânico, sendo de no ta r, to davia,
que o num ero de allemâes natos não chega a 20.000
e o num ero dos te uto -bras ileiros não chega a 90.000,
o que deixa clara c patente a s up eriorida de numérica
do elemento la tin o ou puram ente bra sile iro . Dr. Hercilio Luz — Presidente de
Santa Catharina
Seria inju stiça negar, não obstante, a energia
do im p ulso que o braço estrangeiro tra n s m ittiu ao
progresso g e ral do Estado, particularm ente á sua
a g ricu ltu ra . À im m igração allemã deve o Santa Ca­ Brasil, o u ro, fe rro , carvão de pedra, cobre, antimo-
th arina o surg im e nto de alguns dos seus principaes nio, m árm ores, pedras preciosas, e as fo nte s de aguas
centros de população e cultura, n o sentido econo* mineraes.
m ico deste u ltim o vocabulo. V arias minas de carvão de pedra estão sendo
F autor prim o rd ia l deste progresso fo i também exploradas por companhias poderosas, a ttin g in d o já
a generosidade da te rra catharinense. fé rtil entre á sua producçâo annual a m ais de 200.000 to nela­
as mais fe rteis. p e rm ittin d o o trabalho altamente das.
compensador e pro du ctivo. E n tre outros artigos de A pecuaria catharinense é representada p o r cerca
consumo o b rig a to rio e larga procura, são cultivados de 1.500.000 cabeças de gado assim discriminadas,
com e x ito m aravilhoso em differentes pontos do Es­ segundo o recenseamento de 1920: bovinos, 614.202;
ta do o café, o algodão, a canna de assucar, o trig o , equinos, 133,079; asininos e muares, 40.727; ovinos,
o centeio, a cevada, o m ilh o, o arroz, a mandioca, o 48.825; caprinos, 16.576, e suinos, 613.833.
lin h o , o fe ijã o , o fum o, os legumes, as batatas, etc. O mesmo recenseamento a ttrib u e a Santa Ca­
Ha a c om putar ainda os productos offerecidos es­ tharina 946 estabelecim entos industriaes, e 34.129
pontaneamente pela natureza e que representam ines­ estabelecimentos ruraes, representando aquelles ....
go tá vel fo n te de vitalid ad e, como a herva-matte, que 36.000 contos de réis de c a p ital e a ttrib u id o a estes
cobre extensões enormes do te rr ito r io catharinense o v alo r de 175.777:000*000.
e con stitu e o seu p rin c ip a l a rtig o de exportação, as A in d us tria fa b ril, assim prom issoram ente de­
preciosas madeiras de construcção e de marcenaria. senvolvida, conta h o je num erosas fabricas de teci-

o o O o o o
Companhia de Loterias Nacionaes do Brasil
LOTERIA
'CAPITAL FEDERAL*-

Rua Rua

Primeiro Visconde
de de
Março Itaborahy

88 45

RIO RIO

Agencias em todos os Fstados e principaes cidades do Brasil

Extracções diarias com os prêmios de 20. 50. 100. 200. 500 e 1.000 contos.
CtN TEN AR IO DA IN DEPEN DESCI A E DA EXPOSIÇÃO

dos, cerveja, phosphoros, moveis, calcados, manteiga, de 21.728 em 1920, de 23.671 em 1921, de 25.502
velas, sabão, louças, la d rilho s , fundições de fe rro’ em 1922.
refinarias de assucar, etc.
Dispõe o Estado de excellentes portos, entre
os quaes os mais im p orta nte s sâo os de S. Francisco,
um dos m elhores do Brasil, Itajahy, Tijucas, F lo­
rianópolis e Laguna. F o r elles se faz to do o Com­
mercio e x te rio r de Santa C atharina, tambem vantajo-
samente de sen volvid o; são numerosos os artig os cons­
tantes da lis ta das exportações, notando-se entre os
que representam m a io r v a lo r os que seguem: matte,
banha de porco, m adeiras, tecidos, fa rin ha de man­
dioca, m anteiga, arroz, tabaco, rendas, bordados, en­
tremeios, ponto-russo, gado, couros e solas, assucar,
pregos, productos porcinos, p o lv ilh o e tapioca, velas,
farinha de trig o , m ilh o, phosphoros e queijos.
A im portação consta de innumeros artigos vindos
directam ente da Europa, dos Estados U nid os e de
outros Estados brasileiros.

A in stru cçio publica prim aria , modelada pela


de S. Paulo, das m ais adiantadas e difundidas no
Brasil, c uma das grandes preoccupaçòes do governo
de Santa C atharina.
N o anno passado estiveram m atriculados nas es­
colas publicas estadoacs 31.007 alumnos, quando era Dr. Celso Bayma — Deputado por
de 1b.802 o num ero de m atriculados em 1918. S. Catharina
Em 1922 fu nccionaram 509 escolas isoladas quan­
do de 269 era o num ero em 1918.
Nos últim o s cinco annos o numero de alumnos A Escola Norm al, o In s titu to Polytechnic», o
m atriculados n'essas escolas isoladas fo i sempre cres­ Gymnasio C atharinensc são estabelecimentos que hon­
cente D e 11.537 em 1918, de 16.069 em 1919, ram o Estado.

O O O O O O 449 o o o O o
E S T A D O D E SAO P A U L O

O illu s tr e leader da bancada paulista D iscorre o sr. P a ulo R angel Pestana: Do pon­
na Camara dos D eputados, dr. C arlos de to de vista dcm n grap hico , o Estado de São Paulo se
Cam pos, recebeu com o mais am avcl dos o rg ulha dc ser uma das regiões americanas que mais
s orrisos o nosso pedido de unta entrevista têm pro g re d id o . Em um século sua população se m u l­
ou de um tra b a lh o o rig in a l sobre São Pau­ tip lic o u v in te vezes, em vigo ro sa m archa progressiva,
lo de hoje. conform e sc pode observar pela seg uin te compara­
— U m a en tre v is ta ? ( E S. Excia. me­ ção das estatísticas registadas pelos diversos censos
d ito u algum te m p o ). Alas num a entrevista desde 1622.
não sc pode diz e r quasi nada. E tã o com ­
p le x a a m a te ria ! População Augmento
— .Ainda m elho r. D r. V. Excia. nos
dará então um estudo m inucioso... 219.24(1
269.615 50.369
— Alas, a fa lta de te m p o? A ndo occu- 564.372 294.757
padissimo... 837.354 272.982
O sr. D r. C arlos de Cam pos c , porém , 1.384.753 547 401
2.279.608 894 855
a gentileza em pessoa. Com um novo s o rri­ 2.800.424 520 816
so resolveu o problem a pela seguinte fo rm a: 4.592.188 I 791.764
— Pois bem : eu lhe d a rei os elemen­
to s necessários. A q u i está a u ltim a men­
sagem d a P residente W ashington Luiz. E Os dados correspondentes a 1QI0 são approxi-
um docum ento com pleto, do qu a! poderá mados, porque no d ito anno não se v e rific o u o censo.
e x tra h ir os dados mais recentes e mais in ­ Os ou tros dados são to mados aos censos officiacs».
teressantes. O que fa lta r a h i, encontrará N ão nos sobra espaço para re p ro d u z ir aqui, na
no be llo tra b a lh o de meu am igo pa uto R an­ integra, o c a p itu lo sobre a «evolução agricola», do
g e l Pestana sobre o Estado de S. Paulo e excellente tra b a lh o do d r. R angei Pestana. L im ita ­
publicado n o num ero especial de La Nacion m o-nos aos seus u ltim o s paragraphos, dc palpitante
em homenagem ao centenario de nossa in ­ e p ro fu n d o interesse:
dependência. «Faça» a entrevista á sua von­ «No u ltim o anno ag rico la, 1420-21, a producção
tade, servindo-se destes elementos. Será fo i a seguinte, valorizada cm m il reis papel:
com o se cu mesmo tivesse falado.
N ão havia du v ida : era um a solução... Quantidades Valores
Café (saccas) . . . . 10.246.200 610.675:5208000
Algodão em rama (ar­
robas) 5.756.506 53.247:6808500
O N F IN A o Estado de São Paulo ao N. Assucar (saccas) 566.897 23.496:0918600
e a N E. com M inas Qeraes; a L „ com Aguardente c álcool (he-
c t c l i t r o s ) .................... 986.523 51.692:2968000
o R io de J an eiro; ao S. com o A tla n ­ Tabaco em rolos (arrob.) 207.699 7.269:4658000
tic o e o Paraná; e a O . com M a tto 3.851.727 67.405:222*500
Grosso. Feijão (saccas) . . . . 1.755.150 48.266:6258000
Sua população é de pouco menos de 4.600.000 M ilho (saccas) . . . . 17.630.400 185.119:2008000
habitantes. T o t a l ......................... 1.047.172:7308600

O O O o o 450 o o o o o o
CENTENARIO IK DE PE N DENCIA E DA EXPOSIÇÃO

A producção dos mesmos generos em 1919-1920


não alcançou sinão a 81 8.377:028*400. Houve pois cialmente os artig os sugeitos a impostos, oom os
um augm ento de 228.000 contos no anno u ltim o de­ respectivos valores calculados pelos preços medios.
vido á que o café, o algodão, os legumes c o m ilh o
concorreram com m aiores valores.
I sperie de productos Quantidades Valor
Além dos productos acima indicados, o Estado I ecidos diversos . . 346.982:4398900
produziu 15.000 he c to litro s de vinho. 370.000 arro­ kcupas feitas . _ 17.065:8508700
bas de uva, 80.000 toneladas de fructas diversas C ha pé us......................... 2.586.298 22.707:7528000
200.000 saccas de ric in o, 1.900.000 arrobas de batata’ sombrinhas de sol e
etc. _ Ç h u v a ........................ 309.875 1.506:0038000
taU-ad.. (liares) . . . 6.218.406 51.842:8978000
O censo agrícola fe ito em 1918-19 revelou a exis­ Bebidas (litros) . . . 41.870.581 35.945:1058700
tência de 80.841 propriedades, com uma superficie CooMn-as c E * ’ b ' ^ 114.712 426:9428 100
total de «alqueires» 5.749.695, assim distribuídos: coitos (kilog.) . . . 2.652.554
Especialidades pharmaceu-
_ '■ ?» *................................. 2.226.836
Alqueires Perfumaria 6.313.619
1abacos e seus prepara
Em flo r e s ta » ...................................... 2.190.440 372 10.692:733800o
Lm campos c pastaRens.................... 2.308.741 40I Velas (kilog.) . 571.145 1.142:2908000
Lm c u ltiv o » ........................................ 1129.914 196 Phxsiihoros (caixas) . . 93.124.016 4.679:7538020
Em terras imprestáveis 120.600 20 B a ra fh os ............................... 239739 479:4788000
Louças e vidro»(kilog.). 1.116.914 1.743:1028200
Lcrragcn» (kilog.) 2.147.979 4.297:1248500
inverso» productos — 200.078:5948000
C om parando os resultados dos censos de 1905
e 1919, nota-se sensível dim inuição na superficie de Total 712.662: I27ÍOOJ
florestas e inversam ente, augmentou a superficie em
campos e pastagens, e duplicou a cultivada.
Em 1918-19, as 86.841 propriedades valiam A princip al ind ustria paulista, a de tecidos de a l­
1.539.316:600*000, e netlas trabalhavam 681.704 jo r ­ godão, realizou grandes progressos nos ultim os annos.
naleiros, dos quaes 377.082 eram brasileiros e Não só augmentou o num ero de fabricas como 0
304.620 estrangeiros». de operarios e o capital empregado, conform e se
O u tro ca p itu lo m ag nifico desse trabalho é o verifica pelos seguintes algarismos tomados durante
referente ao progresso in d u s tria l de São Paulo, do varios annos:
qual extrahim os as linhas que se seguem:
A estatística in d u s tria l, pelas difficuldades que Annos Fab. Operarios Capital
o ffciece , não era fe ita antes de 1900, porque fa lta ­
vam dados a seu respeito. A o começar esse anno, 1905 ............................. 18 6.296 25.578:2908000
entretanto, conseguim os reu nir os algarismos in d i­ 1 9 1 0 ............................. 24 13.396 46.652:8158000
1 9 1 5 ............................. 41 17.978 81.455:4218845
cativos do va lo r da producção fa b ril, que são os 1920 ............................. 54 17.823 106.188:0008000
seguintes:

Entre as ind ustrias da alim entação tem im p o rtâ n ­


Em 1900 ................................................... 69.752:0008000 cia a de cervejas e bebidas, elaboradas em 141 fa ­
1905 ................................................. 110.290:4008000 bricas de prim eira ordem , 221 de segunda e 1.091
1910 ................................................. 189.370:0008000
» '915 .................................................. 274.147:4228000 de terceira, segundo o reg istro para o pagam ento do
1916 ................................................. 358.911:9688000 :u:posto de consumo em 1919. São ainda dignas de
1917 562.381:6518000 nota as de biscoitos, massas alim entícias, conservas
1918 ................................................. 556.801:1008000 e doces.
1919 ................................................. 712.662:3278000
Prosperam no Estado 78 cortumes, que curtem
i i . „
annualmente cerca de 250.000 couros... Estes couros
R e string ind o e encarecendo a im portação de ar­ são empregados não sómente na fabricação de calça­
tigos m anufacturados, a guerra européa fo rçou a ra­ dos, como na de arreios, malas, etc.
pida expansão de nossas industriaSj também favo­ Além das industrias citadas, contribuem para o
recidas pelo accrescim o do m eio circulante. Com a progresso fa b ril d o Estado as de artefactos de metal,
fundação de novas fabricas dedicadas a ramos de machinas agricolas, moveis, vidros, papel, cordas e
artivida de in d u s tria l ainda não explorados entre nós, barbantes.
am pliou-se a producção in d u s tria l para attender ás O censo federal de 1920 m ostra que o Estado
exigências dos mercados nacionaes, desprovidos de de São Paulo é o m ais in d u s tria l da R epublica. Pelo
productos estrangeiros. que já se sabe, existem no te rr ito r io paulista cerca
A producção annual dos principaes artigos manu­ de 15.000 estabelecimentos fabris, achando-se os p rin ­
facturados augm entou como segue: cipaes na capital, em Sorocaba, Campinas, Santos,
Salto de Ytú, S. Bernardo, etc.
H o je os productos das manufacturas paulistas
Aunos Tecidos de algodão Calfadot são conhecidos e estimados em to do o Brasil. Sua
Metros Pares exportação annual para os ou tros Estados passa de
1900 31.500.000 1.600,000 250.000 contos, e ultim am ente começou a d irigir-se
1905 36.646.000 1.980.000 para a -Argentina e para o U ruguay, como dem onstra­
1910 75.833.470 1.608.287
1915 121.589.728 4.865.021 ção do progresso economico do povo brasileiro».
1919 175.255.068 6.218.406 A mensagem apresentada ao Congresso Legis­
lativ o do Estado, em 14 de J ulh o de 1923, pelo
eminente dr. W ashin gto n Luiz Pereira de Souza, attes­
Chapéus Cerceia ts que o m aravilhoso progresso de São Paulo é uma
llnidades Litros realidade cada vez mais em polgante c viva.
1.060.000 8.000.000 Nesse precioso documento, referindo-se ás f i ­
1.400.000 14.200.000 nanças estadoaes, assim fala o illu s tre presidente:
1910 2.372.567 18.973.519 Sob o aspecto fiscal, continua promissoramente
1915 2.477.253 27.959.360
1919 2.586.298 24.226.472 ascendente a situação do Estado de São Paulo, sem
que, entretanto, para isso tivesse concorrido a crea-
A producção das industrias m a n u fa c tu re rs em çâo de novos impostos, nem tã o pouco tivesse havido
1910 consta do seguinte quadro, no qual figu ram par- augmento dos existentes: ao contrario, a cobrança

O OO O OO 451 O o o o o O
I IV RO DE OURO COMMEMORATtVO DO CENTENÁRIO DA

dos trib u to s , taxas e contribuições fo i realizada, em sacca — sobre-taxa com de stino especial — que,
alguns delles, p o r preços a b aixo dos m áxim os f i ­ reduzida ao nosso cambio, deu o va lo r m édio d ç
xados nas le is em v ig o r, como notadamente se fez 5*154, ainda mesmo que se sommem essas q u a n ti­
com o im posto sobre a dxportaçâo do café, uma dades heterogeneas, para ver quanto carregam ellas
das mais volumosas fontes financeiras do Estado. na exportação de café, ainda assim a percentagem de
Assim , a receita, segundo a lei orçamentaria de sua cobrança ficaria em 5,8 o/o, in fe r io r em m ais
1921, fo i pre vista em 152.391:300*723, tendo, en­ de 30 o/o ao >quantum legal. F o i sempre assim
tretan to, pro du zid o a quantia de 157.019:198*553, desde 1919, mas requintou no exercício que relato,
o u mais 4.627:897*830. como se vê d o quadro abaixo, levantado pela Rece­
Todas as fontes de receita, em num ero de trin ta bedoria de Santos:
e nove, se conduziram bem, po is que a m aior parte,
em num ero de v in te e quatro, deu mais d o que o
previsto, e apenas a m enor parte, quinze, concorreu
com menos do que se esperava. Anno* m
1919. . 68*200 l 3*780
1920. . 66*750 3*780
1921. . 77*320 3*780
1922. . 118*396 í 3*780

O im posto de E xportação d e C afé, em v irtud e,


pois, da exigua porcentagem em que fo i cobrado,
priiu ip a lm e n te , mas também porque a exportação de
café fo i m enor do que a prevista no orçam ento esteve
abaixo da contribuição que lhe fô ra marcada.
Conservando-se dim inu ído s os mesmos m eios t r i ­
butários, e verificando-se o augm ento da arrecadação
dos trib u to s , é claro que o que tem crescido é a
massa tribu táv e l, que, na especie, é representada
pelo trab alh o e pela producção dos paulistas, fa cto
sobremodo lis o n je iro e con fo rtan te para o Estado
de S. Paulo.
Assim tem Sido, rcalm ente. Cada anno terras
novas são entregues ao amanho, e, o que é m ais
de considerar, terras chamadas velhas são re iv in d i­
cadas pelo trabalho.
As nossas rendas têm sem pre augmentado.
Não levando em conta, na arrecadação de 1920,
a quantia de 64.467:628*756, proveniente dos lu ­
cros de operação sobre o café em 1918, e na a rre ­
cadação de 1921, a quantia de 13.685:238*600, p ro ­
ducto da reversão, ao T he sou ro estadual, de cam­
b ie s de ouro, depositadas, em 1920, para encampa­
ção da C ity o f Santos Im provem ents C o., que não
fo i levada a effeito , ambas não con stitu in d o rendas
com que o Estado possa no rm alm ente contar, temos
tid o as seguintes receitas:

A m a io r parte, dessas que se m antiveram abai­


xo da provisão, ficou assim, entretanto, em quantia 1920 111.211:356*449
insig nifican te , taes com o: em 1 :00 0* cada uma as 1921 146.895:049*683
taxas de m atança de vaccas e de fe iras de g a d o ; em 1922 157.019:198*553
2:00 0*, a renda de terrenos em Santos; em
5:083*391, a taxa ju d ic ia ria ; abaixo de 100:000* lu ta i arrecadado
cada uma, o im posto de commercio, o te rrito ria l, 192(1 175.678:984*205
taxa d’ agua na capital, renda de serviços d'agua, 1921 35.683:693*234 160.580:333*463
renda de te rras publicas; in fe rio r a 300:000*, nas 1922 10.124:148*870 157.019:198*553
custas e em olum entos, vendas de lotes colon iaes e
indemnizações.
Na sua renda, de fontes habituaes, o exercicio
A E. F. Sorocabana rendeu menos 648:926*857, de 1922, com 157.019:198*553, deu m ais que o
a im posto de expediente menos 1.549:440*121, e ò anterior, de 1921, que fo i de réis 146.895:049*683,
im posto de exportação menos 7.181:207*668. rs. 10.124:148*870, que, p o r sua vez, já havia dado
Os im postos, que não alcançaram as quantias mais que o de 1920, que fo i de Rs. 111.21 1:3 56 *4 49,
que lhes tinham sido marcadas para 1922, e cujo 35.683:693*234.
fa cto nos deve chamar a atenção — exportação e Para os calculos da nossa arrecadação, assim,
expediente — estiveram ainda acima de seus corres­ verificam os a marcha ascencional da receita. Mas,
pondentes no exercício anterior.
não é menos verdade que a adm inistração do Estado,
T endo vigo ra do a pauta de *7 0 0 por k i logram- na sua arrecadação to ta l, levando em conta os lucros
m a de café, e te ndo sido de 118*396 o v a lo r m édio do café e a reversão, ao T hesouro, das cambiaes,
de sacca de 60 kilo s exportada, em 1922 o trib u to teve, para liq u id a r o seu exe rcicio em 1922, menos
da exportação de café fo i cobrado na base de 3,2 o/o, que em 1920 a quantia de réis 18 4.669:786*652
quando a le i n. 920, de 4 de agosto de 1904, a rt 6° (differença entre a renda to ta l de 1920, réis . . .
determ ina c obral-o «ad valorem», na base de 9 175.678:985*205, e a renda to ta l de 1922, .
Ainda mesmo que ao im posto de exportação sé 157.019:198*553) e m enos que em 1921 a quantia
tenha addicionado a sobre-taxa de cinco francos por de réis 3.65 1:1 34 *9 10 (d iffe re nça e n tre a renda to -

o o o o o o 452 o o o o o
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

tal dc 1920, réis 160.580:333*463, e a de 1922 562.381:651*000


reis 15 7.01 9:1 98 *5 53). 1918 . 556.801:100*000
O s lucros d o café, ju n to á renda norm al, em 1910 . 712.662:327*062
1020 . 795.015:200*000
1<»20, pe rm ittira m liq u id a r o respectivo exercício com 1921 . 804.378:007*300
um saldo de 1.013:913*508. visto que as despesas
pagas nesse exercício attin g ira m a 174.665:071*691.
A reversão das camhiaes destinadas á encampação da Só os tecidos dc varias cspecics concorreram
C ity Im provem ents Santos C o., accrescida da d iffe- para esse to ta l de 1921 com 35 8.450:542*867. Se-
rença de cam bio a fa v o r do Thesouro, jun ta á ren­ guiram-sc os calçados com 75.073:335*000, as be­
da norm al, fizera m a liq u id açã o do exercício de 1921, bidas com 49.914:473*350, os chapéos com
com um «deficit» apenas de 17.396:329*882. 26.106:164*000.
Q uer is to d ize r que a progressão das rendas A nossa industria de tecidos, que ta nto desper­
c acompanhada pela progressão das nossas despesas. to u a attenção d o publico na Exposição In ternacional
E isso n a tu ra l, porque, se o trab alh o e a pro- do Centenario, começa a c o n s titu ir um dos principacs
ducção augm entam, augm entam os seus factores, isto ramos da riqueza paulista. Em ja n e iro de 1921, exis­
é, o homem e a área da te rra lavrada, sendo ne­ tiam no Estado 54 fabricas de tecidos de algodão.
cessario para custeal-os o augmento de despesas,
na proporção, de po lic ia , de justiça, de saneamento,
de adm in istração, dc m eios de transporte, etc., etc.»
«Sobre o preço m édio da sacca de café, d iz adian­
te a mensagem, accrescido das diversas despesas de
saída, é que se deve fazer o calculo da im portância
economica d o café, porque todos esses valores en­
tram para a econom ia do Estado sob variadas formas,
quer como im p o s to para ocoorrer a parte das despesas
publicas, qu er com o sobre-taxa destinada especial­
mente a pagam ento de ju ro s e am ortização de em­
préstimos, q u e r como remuneração ao serviço das
Docas, para as fa bricas de te cido de aniagem e seus
interm ediários, estando no preço m édio as despesas
dc tran spo rte, de producção, os lucros do productor
e dos que nessa lavoura sc occupant.
T om ado esse v a lo r, 128*600, e o volume da
exportação 7.101.019, abstraída a parte apenas
despachada p o r m o tiv o fiscal e não saída rcalm cntc.
vemos que o café concorre para a fo rtun a dos pau­
listas, para o s recursos fiscacs, para o desenvolvim en­
to econom ic» do Estado de São Paulo e para a
riqueza do B rasil, com a quantia de 913.191:043*400
A ju n ta n d o a essa parcclla o v a lo r das outras
exportações, com o:

Kilos
Algodão cm rama . . 8.871.751 30.163:004*500
Tecidos de algodão e ou­
tros ............................... 4.167.218 36.670:410*000
rentes resfriadas e pre­ com o capital dc 106.1S 8:000*000 e 17.823 operá­
paradas ......................... 17.268.241 20.322:120*000 rio s ; 4 dc tecidos de ju ta , com o capital de .
Kks diversos, linhas e bar­ 11.800:000*000 e 4.540 o p e ra rio s ; 10 de te cidos
bantes .......................... 1.419.175 10.800:340*000
Saccos dc aniagem, nos dc lã, com o capital dc 8.97 0:0 00 *0 00 c 1.25« ope­
quaes não se consideram rários: 10 de tecidos de fita s dc seda, com o capital
as saídas por estrada de de 5.138:000*000 e 1.478 o p e rá rio s ; 44 dc tecidos
13.603:558*000 dc malha c meias, a im o c a p ita l de 7 .08 1:0 00 * c
B e bid as............................. 0.352.561 7.482:010*000
P a p e la ria .......................... 37.388.301 8.100:800*000 2.022 o p erá rio s; 2 de rendas e bordados, com o
Arroz, sacco s................... 24.646 887:256*000 capital de 530:000* c 76 o p e ra rio s ; 6 de te cidos
Teijão, saccos................... 15.583 467:400*000 diversos, com o capital de 3 2 3 :00 0*0 00 c 138 ope­
O l e e s ............................... 2.024.740 3.037:124*000 rarios; c 6 de fiações de estopa, com o c a p ital de
B a n h a ............................... 302.686 1.808:000*000 c 617 operarios.
Itrogas e productos chi-
micos ................................... 1.432.671 2.865:342*000 As fabricas dc tecidos dc algodão, produziram
Lcuças t.063.616 2.300:534*000 197.784.698 m etros de tecidos crús, brancos, tintos
Chapfos . 243.855 4.877:100*000 c estampados, no v alo r de 320.361:204*900, em 1921.
Bananas............................. 2.014.610 5.820:220*000
Abacaxis e laranjas . . 524.031 230:370*000
Karcllo dc algodão . 16.454.228 3.200:845*000
Farello dc trigo . . 4.043.456 768:256*000 Kilos emnmfT^ ‘íos cm
Couros c r ú s .................... 2.016.706 8.428:502*000
(lado em p 6 .................... 600 450*000 1922 1921
1.106.306:440*400 1.432.671 991.566
Teremos — Total. —
Bananas, cachos 2.914.610 2.204.610
234.855 108.348
3.738.301 2.883 476
São d o m ais absoluto interesse os informes da
mensagem sobre a producção ind ustrial de S. Paulo:
EXT’ :
Saccos dc aniagens . . . .
9.352.561 7.113449
A in d ustria m anufactureira no Estado continua
a prosperar. A producção ind ustrial se avoluma de
modo sensível. A de 1921. cuja estatística ficou con­ estão em franco desenvolvim ento.
cluída no anno fin d o , denuncia lis on ge iro augmento As carnes frig o rific a d a s e banha, que já OCCU-
no seu v a lo r de producção global, conform e se v eri­ param o segundo logar da nossa exportação, perde­
fica d o seg uin te c o n fro n to com a dos annos ante­ ram essa posição princip alm en te p o r causa da peste
riores. bovina em 1921, que im pediu a matança nesse anno

O O O O O O 453 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATtVO DO CENTENARIO

fazendo com que ellas desapparecessem do mercado C om o demonstração do nosso progresso ind us­
durante algum tem po. Os qu atro frig o rific o s paulis­ tria l, é digna de assignalar-se a crescente exportação
tas tivera m que d im in u ir consideravelm ente a sua dos nossos tecidos de algodão para o R io da Prata.
actividade, chegando o m a io r delles. «Arm our», a As remessas desse a rtig o subiram de 96 0:89 4*0 00 ,
suspender os seus trabalhos em 1922. No começo em 1921, a 2.318:315*000, em 1922.
de 1923, «Arm our» rcencetou a matança e todos os Em g lo b o , o intercâm bio pe lo p o rto de Santos
q u atro estão em plena actividade, sendo certo que deixou-nos, no anno find o, um sald o de 19.986.000
em breve retom arão a posição anterior. libras esterlinas».
A lg un s generos, porém, como o arroz e o fe i­ A mensagem fina liz a com! o c a p itu lo da instrucçâo
jão , que só tivera m saida p o r causa da guerra e publica prim aria , que é ho je , talvez, a mais central
durante a guerra, soffreram quéda brusca, presagian- preoccupação do governo do grande Estado bra si­
do a im p ossib ilida de de volta ao esplendor ephemero.» le iro . Sobre este m agno assum pto assim se e xp rim e
D esenvolvendo longas informações sobre o com­ o presidente p a ulis ta:
m ercio inte rna cio na l pelo p o rto de Santos, diz o <A o e n trar agora no seu te rc e iro anno a lei que
D r. W ashin gto n Lu iz : reform ou o ensino em S. Paulo, cabe-m t a satisfação
N aturalm ente os algarism os não podem coincidir de com m unicar-vos que ella está em plena execução
com os seus correspondentes, quando tratam os, em em to do o te rr ito r io do Estado.
o u tro log ar, d o m ovim ento economico do Estado C om o vereis a seguir, a m a tricula geral de 1922
de S. Paulo. N aquelle só cuidamos dos productos fo i grandem ente anim adora. A in ic ia l deste annn,
paulistas enviados para os ou tros Estados c para o principalm entc de analphabetos, é p o r egual satis­
estrangeiro, da producção e consumo da riqueza pau­ fa tó ria , segundo communicant as auto ridades esoo-
lista.
Essa situação, que já se apresenta tã o fa voravel,
A q ui vamos observar a saida dos productos de
m elhorará ainda este anno com o com m issionamento.
S. Paulo e dos ou tros Estados que se servem do
em novas classes ou escolas prim arias, de cerca de
p o rto de Santos, como M inas, Paraná, G oyaz c M atto
600 professores provin dos d o curso m édio. Esse dis­
Grosso, enviados só para o estrangeiro. As baixas
p o sitivo da Reforma já está executado na quasi to ­
de cambio continuaram a in flu ir desfavoravelmente,
talidade dos m unicípios.
quer na exportação, quer na importação.
T endo concluído o curso, em dezembro do anno
C onsiderado cm libras esterlinas, o commercio
fin d o , as crianças de 7 c 8 annos que haviam sido
do p o rto de Santos com os paizes estrangeiros pouco
conservadas cm 1921, poude te r rigorosa observância
se elevou no anno find o, em relação ao antecedente.
a prescripçâo legal que fix a em 9 e 10 annos a
Alcançou apenas o to tal de 47.700.000 libras ester­
edade escolar. C im o consequência, também está sendo
linas em 1922, contra 47.000.000 em 1921. O cam­
rigorosam ente executada a obrig atoried ade de m a­
b io . que chegou a taxas m inim as, m u ito concorreu
tric u la e frequência.
para esse resultado, d e prim in do a importação e des­
Num erosas têm sido as suspensões de funccio-
valorizando, em o u ro, a exportação.
namento e as transferencias de escolas, para m e lh o r
A im portação, em 1922, continuando a decrescer, aproveitam ento do tra b a lh o do professor. D o mesmo
fo i de réis 471.141:9919000, papel, equivalente a modo, m uitas têm sido as escolas, p rincip alm en te iso­
13.876.123 lib ra s esterlinas. A do anno an te rio r mos­ ladas, que passaram a funccionar em do is periodos,
trou-se m a io r: 508.567:951*000, ou 18.323.757 l i ­ pela grande a fflu e n d a de alumnos.
bras. Em quasi todas as classes ha reducçâo no valor A fiscalização d o ensino, já c ffica z desde os u l­
das m ercadorias, o que denuncia dim inu içã o sensível tim os dois annos, tende a aperfeiçoar-se cada vez
em o nosso poder acquisitive. Nota-se isto, principal- mais. E lla é exercida, como sabeis, pelos 15 delegados
mente, no que d iz respeito ao ferrt» e ao aço em e 35 inspectores creados pela Reforma. A u xilia m -no s
b ru to c m anufacturado e ás machinas, utensílios e nesse serviço cerca de 400 directores de estabeleci­
fe rram entas, indispensáveis ao nosso desenvolvim ento mentos.
economico. A o reverso, augm entou para os generos A o encerrar-se o anno lectivo de 1922, era este
alim entícios, sedas, productos chim icos e drogas. o estado do ensino p rim a rio e m édio nas escolas
A exp orta ção de 1922 a ttin g iu , em papel, a mantidas pe lo Estado:
1.150.574:281*000, superando a de 1921, que não
passou de 841.016:881*000. Em lib ra s esterlinas, po­
rém, não excedeu, respectivamente, de 33.362.857 G R U P O S ES CO LA RE S Funccionaram com
e 28.771.553, p o r m otivo da desvalorização da nossa toda a regularidade os 198 gru po s escolares existen­
moeda. tes nas quinze regiões de ensino em que o Estado
Na exportação, como sempre, destaca-se o café, está div id id o .
cuja saida para o exterior, em 1922, fo i de 8.329.729 N um ero de classes — N o curso p rim á rio havia,
saccas, com o v a lo r real, a bordo, de 1.071.741:464*. no fim d o anno, 1.865 classes e no curão m e d io 709,
Em 1921 exportamos 8.770.042 saccas, valendo . . perfazendo o to tal de 2.574 classes.
761.327:301*. Uma sacca que, em 1921, teve, a bor­ M a tric u la g e ral — N o c o rre r d o anno, fo ra m
do, o v alo r m éd io annual de 86*810, ou duas libras ad m ittido s á m atricula 118.212 alumnos, sendo . .
e 18 s h illin g s , passou a valer em 1922, 128*665, ou 87.797 no curso p rim a rio e 25.415 n o curso m édio.
3 libras e 15 shilling s.
A carne congelada, que, nos u ltim o s annos, havia ES CO LA S R E U N ID A S — Em 31 de dezembro
conquistado o segundo log ar no quadro da exp orta­ de 1921, funccionavam 148 escolas reunidas com 667
ção, acha-se em decadência, em virtud e da crise rei­ classes. N o anno passado foram creadas ou tras es­
nante nos mercados mundiaes. Em 1922 exportámos colas desse ty p o, tendo funccionado 222 com 1.000
apenas 17.816.041 k ilos, n o v a lo r de 19.046:268*000. classes do curso p rim a rio e 78 d o m édio. Actualm en-
M u ito mais vendemos em 1921, quando mandámos te estão funccionando 261 escolas reunidas oom 1.195
ao estrangeiro 244.673.330 k ilo s , valendo . . . . classes dos dois cursos, incluídas as nocturnas, em
29.9 43:463*000. num ero de 21 com 88 classes. C om o se vê de p u b li­
Escasseando o algodão nos principaes paizes pro- cações offic ia e s anteriorm ente fe itas, o n u m ero de
duetores, na u ltim a safra, a nossa exportação desse escolas reunidas, em 1920, era de 52, com 249 classes.
tê x til reanimou-sc bastante. Expedimos, em 1922, D aquella data para a presente houve, pois, um aug­
8.553.147 kilo s em rama, valendo 29.3 79:532*000. m ento de 209 escolas e 946 classes.
contra 4.736.081 kilos, no v alo r de réis 13.252:666* M a tric u la geral — A m a tricula nas escolas reu­
em 1921. Esse facto gerou a escassez de algodãoi em nidas a ttin g iu a 53.178 alumnos, dos quaes 50.852
nosso Estado, onde a producção fo i pequena. no curso p rim a rio e '2.326, no curso m édio.

o o o o o 454 o o o o o
« U K K M W /K M £ D<4 « « « „

ES CO LA S IS O L A D A S — Funccionaram , nas
Matricula de analphabelos
quinze regiões escolares do Estado 1.486, sendo 387
urbanas e 1.000 m ra es e distrietaes.
M a tricula geral D u ra n te o anno, foram ma­
triculados nas escolas isoladas 74.788 alumnos. Nos grupos escolares, nas escolas reunidas e nas
escolas isoladas . ............................................. 135.033

INSTITUIÇÃO DA GAMARA MUNICIPAL DE S. PAULO - De A ntonio Parreir.

Resumo de 1922: Matricula eflectiva por classe


Curso primario:
Numero oe classes de g r u p o s .............................. 2.574 Nos grupos escolares, nas escolas reunidas e nas
Numero de classes de escolas reunidas . . . 1.078 escolas isola da s................................................ 36,5 •«
Nutr.ero de escolas is o la d a s .............................. 1.186 Curso médio:
Nos grupos escolares, nas escolas reunidas 28,4 "»
Total de unidades escolares......................... 5.138
Matricula nos g r u p o s .................................................. 113.212 ESCOLAS NORMAES E COMPLEMENTARES
Matricula nas escolas reu nida s............................ 53.178
Mntriculasnas escolas , is o la d a s ............................. 74.788
Nas Escolas Normaes, matricula se elevou
T o t a l .............................................. 241.178 l oi am promovidos . .
Concluíram o curso
Nas Complementares, matricula attingiu a
Foratn promovidos . .
Concluir am o curso
Em 1921, a m a tric u la geral fo i de 22.553. — Ve­
rifica-se, pois, daquelle atino para 1922 um accrescimo
de 11.625 m atriculados. ESCOLAS NORMAES
r
A s Escolas Normaes da capital, do Braz, Itape-
f requeueia média annual
tinin ga , S. C arlos, Campinas, G uaratin gu ctá , P ira c i­
Curso primario: caba, Botucatú, Pirassununga e Casa Branca, já
Ncs grupos escolares, nas escolas reunidas e nas adaptadas ao regknen da le i n. 1.750, de 8 de dezem­
escolas is o la d a s .............................................. b ro de 1920, funccionaratn com regularidade, te ndo
Curso médio:
Nos grupos escolares, nas escolas reunidas . . sido satisfató ria a m a tricula em todas ellas, p rin c i­
palmente nos da capital.
Porcentagem de promoções Excellentes fo ram os resultados ob tid o s quanto
Curso primario: á disciplina, unidade do ensino e ao aproveitam ento
Ncs grupos escolares, nas escolas reunidas . . dos candidatos ao m agisterio, o que vem p ro var o
Nas escolas isola da s ................................................. acerto da uniform ização do ty p o dessas escolas, con­
Curso médio: fo rm e decretou a le i citada.
Nos grupos escolares, nas escolas reunidas . .
Conclusões de curso
INSPECÇAO ESCOLAR
Curso primario:
Nus grupos escolares, nas escolas reunidas e nas
escolas isoladas.................................................
• : . . ! • • '
Nas quinze regiões fo i intenso, durante o anno
Curso médio: fin d o , o serviço da inspecçâo escolar.
Nos grupos escolares, nas escolas reunidas . .

o o o o o o 455 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO PO CENTENARIO

Foram visitados 9.512 estabelecimentos e 19.487 escotismo, o governo executou o disp o sitivo do ar-
classes. Fizeram-se 68 syndicancias e processos. A ttin- tig o 13 da le i n. 1.750, de 8 de dezem bro de 1920,
g iu a 157:434^350 a im p ortâ ncia de dia ria s e con- e ao a rtig o 466 do decreto nu m ero 3.356, de 31 de
ducções a delegados regionaes e inspectores. m aio de 1921».

Seguindo á risca a prescripção do sr. D r. C ar­


INSPECÇÀO MEDIC O ESCOLAR los de Campos, organisám os pela fo rm a acima o
trab alh o que devíamos aos leito re s sobre o Estado
de São Paulo, e que as circum stancias não pe rm itti-
A Inspecçâo M edico Escolar realizou, no anno ram fosse traçado pela penna d o pre stigioso lender
find o, 1.222 visitas a escolas publicas e 753 a escolas da bancada paulista na Camara dos Deputados.
particulares. Fez 31.339 inspecções e 12.501 exa­ H aviam os, no entanto, in s is tid o com S. Excia.
mes m e d ia is ; 3.223 vaccinaçôes e 5.525 revaccina- por algumas palavras suas com que pudéssemos en­
ções contra a variola. cerrar com b rilh o e que não poderíamos fazer senão
desin erecidamente.
O s r. D r. C arlos de Cam pos acquiesceu:
O ESCOTISMO NAS ESCOLAS - D ig a que São Paulo con tinu a a trab alh ar mais
do que em nenhum te mpo c o n fian te no fu tu r o ; con­
tinu a a trab alh ar para d ig nific a r-s e a si p ro p rio , mas,
F oi assignado o decreto n. 3.351, de 22 de no­ sobretudo, para corresponder ao carinho e á admi­
vembro, expedindo o regulam ento para a boa execu­ ração de que o rodeam os seus irm ãos da Republica,
ção do ensino de escotismo. e para cooperar, da m aneira m ais alta que esteja em
Adoptando nas escolas publicas d o Estado o sua força, na grandeza da immensa pa tria bra sile ira !

o o o o o 456 o o o o o o
E S TA D O D E S E R G IP E

A in le llig e n c ia .i moça do sr. D eputado na scicncia, na lite ra tu ra e no ensino p o r notáveis


C arvalh o N e tto um dos elementos mais espíritos cuja reputação se a ffirm a na his to ria de
brilha nte s da p o litic a sergipana de nossos
dias. ò . Excia. faz-se no ta r p e lo enthusias-
m o com que se dá a o estudo dos p ro b le ­
mas nacionaes e pela a r u iia tle de sua v i­
são d is cip lin ad a, fe c un dissim a será, sem d u ­
vida algum a, para o fu tu ro , a sua carrei­
ra de hom em p u blico , iniciada tão c fd o com
a revelação de uma capacidade in te llectu al
fú ra do commum.
A fa lta d o porm enorizatio estudo so­
b re o valo ro so Estado de Sergipe, que a
m o rte de pessoa querida im p ed iu S. Excia.
de te rm in a r, vemo-nos fo rç t dos a o f fere-
cer aos le ito re s as rápidas notas abaixo
estampadas, colhidas todas de uma pales­
tr a com o jove n parlam entar. Ainda assim,
dada a reconhecida au to rid ad e do D r. C a r­
valho N e tto neste assum pto, representam
essas notas valiosos subsídios para o co­
nhecim ento m ais la rg o da te rra adm iravel
de ta nto s vu lto s notáveis de nossa p o li­
tica e de nossas letras.

O N F IN A o Estado de Sergipe ao N . e
a N O . com Alagoas; a L. com o Atlan-
tic o ; ao S. e ao O . com a Bahia. Sua
su p e rfic ie é de 39.000 k ilom etro s qua­
drados, e sua população, em numeros redondos, de
500.000 habitantes. Ê a m enor das unidades da Fe­
deração; mas, com o escreveu ha algum tempo o actual
presidente de S ergipe, exm. sr. d r. ü ra ccho C a r­
doso, <is to não impede que seja m aior do que a nossa civilização». E S. Excia. c ita «S ylvio Romero,
H o lla n d a e que constitua um dos centros intellectuaes philosopho, c ritic o lite rá rio e po lem ista; seu ante­
do B rasil, ou, p e lo menos, que esteja representado cessor em doutrina e em orientação T obias Barreto

o o o o o o 457 o o o o o o
L/VRO OF OURO COMMEMORATIVO Ce n t e n a r io oa

de Menezes, juris c on s ulto , poeta, professor, philoso­ A criação de gado nos campos sergipanos ó
pho e h is to ria d o r; Fausto C ardoso, e s p irito b rilh a n ­ bastante desenvolvida. Segundo o recenseamento de
te e ousado; João R ibe iro, p h ilos o ph o e his to ria d o r; 1920, Sergipe possue ho je 311.239 bovinos, 132.294
Q iunersindo Bessa e outros...» caprinos, 123.708 ovinos, 51.855 suínos, 47.724 equi­
nos e 12.995 asininos e muares.

A ind ustria pa s to ril e a extracção d o sal de­


sempenham, pois, funeção proem inente na vida eco-
comica d o Estado. A ag ric u ltu ra vae e.n continuo
progresso, consistindo n o c u ltiv o dos generos aci­
ma apontados. Q uan to á in d us tria fa b ril, é mais do
que prom issor o seu s urto actual. Alem da grande
fabrica de tecidos S rrg ip c In d u s tria l, fu nccionam no
N ão impede ainda que immensas c variadas Estado cerca de 70 ou tros estabelecim entos fabris,
sejam as riquezas naturaes do Estado, e u b érrim o o pro du zin do tecidos de algodão, artefactos de cimen­
seu solo, em que to do s o s gêneros de culturas po­ to, chapéu, drogas chim icas e pharmaceuticas, oleos,
dem ser praticados. conservas, doces, etc. A ind ustria assucareira é re­
N o re ino vegetal sobresaetn as preciosas ma­ presentada p o r 54 usinas e 427 engenhos de assu-
deiras de suas florestas, pro p ria s para construcções car, sendo que o Engenho C entral, de R iachuelo, é o
civis e para fabricação de moveis, as plantas o le a g i­ mais im p orta nte estabelecim ento de be ne ficiar assu-
nosas e resinosas, as plantas meJicinaes e de tin ­ car da Am erica do Sul.
tu ra ria , o algodão e a canna de assucar intensam en­ A respeito da situação economics de Sergipe
te cultivados, o m ilh o, o fe ijã o , o arroz, o fu m o , o ainda agora se pode re p e tir o que escreveu, antes
cacáo, o café, a mandioca, os legumes, etc. de ser e le ito para o posto que occupa, o actual pre­
E ntre as riquezas m ineraes, contam-se as 382 sa­ sidente serg ip an o: «Os u ltim o s governos marcaram
linas do lito r a l sergip ano, em que se acha e.nprc o in ic io de um progresso con tinu o e system atic»
gado um capital de 2 m il contos de re is e em que no Estado de Sergipe. As cifras dos valores officiaes
trabalham 1.200 operá rio s. Eleva-se a mais de 20U da exportação dão margem a que se possam com­
contos o v a lo r da producção annual dessas salinas. provar esses progressos.
Na região da serra de Itabaiana abundam os salitres.

H a ainda em Sergipe jazidas de mármores, fe rro , A exportação cresce eontinuamente. N os annos


carvão de pedra e outras. A exploração de m uitas anteriores a 1914, a media annual era de . . .
destas riquezas está sendo iniciada pe lo syndicato 3 .00 0:0 00 *; em 1916 era já de 6 .00 0:0 00 *, c u lti-
A n g lo -B rasileiro. mamente tem sido a seguinte:

O o o o o o o
IN DE PEN Of. NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

1 Q 1 7 .................... 9.203:572*206 dades, 41 nas v illa s c 125 nas povoações do Estado,


1 9 1 8 .................... 15.045:821*242
l Q i g ........................ 14.018:743*800 todas m antidas pelo governo.
1020 ........................ 23.000:000*000 A instrucçâo secundaria é dada no A thcneo Ser­
gipano c na Escola N orm al, havendo ainda duas es­
colas complementares destinadas a preparar alumnos
O Estado dc Sergipe não tem div id a externa para estes dois estabelecimentos secundarios.
alguma, e a divid a interna consiste apenas cm apó­ As escolas particulares se elevam a m ais de 100
lices em ittid as num v a lo r to ta l dc cerca de . . . . para o ensino p rim ario , além d c varias instituições
1000:000* 000. Em ge ral, a situação economics é de prim eira orde-n em que se m in is tra o ensino
bòa c indica prosperidade crescente. secundario: Sem inario Episcopal, C o lle g io Salesiano,
Segundo as estatísticas, o p rin c ip a l de seus pro­ C o lle g io Tobias Barreto, etc.
ductos dc exportação è o assucar; seguem-se logo Merecem ainda referencia o In s titu to p ro fis s io ­
cm im portância os tecidos dc algodão, o algodão nal O liv e ira Valladão e o Posto Z cotech nico de
cm rama, o arroz, o sal s o m ilho. Iburá.
U nia das cultu ras que mais fu tu ro offcreccm no
Estado c a do m ilh o N.» anno de 1911 Sergipe Aracaju c capital do Estado desde 1855 cpara
exportou 2388 saccas, c em 1920 este numero subiu onde fo i trasladado pelo licenciado Ignacio Joaquim
a 11.261. A producçâo dc arroz continua sujeita Harhosa. então presidente da provincia. Antes a ca­
ás alternativas das estações, c p o r is to seu c ultiv o pita l estava na cidade de S. C hristovam .
se faz ainda p o r m ethodos p rim itivo s. Ê também Está situada na margem d ire ita do r io Sergipe,
notável a cultu ra do côco e animador o progressivo a 10»56’ de latitu d e m eridional e a 6“ 3’ d o m eri­
augmento da in d us tria dos oleos vegetaes. O d iv i­ diano do R io de Janeiro. Tem pouco m ais de meio
dendo d o u ltim o exercício das fabricas de tecidos dc século de existência. Sua fundação data dc 1855.
Sergipe alcançou a 20 «o, 15 "o, 12 «o e 10 •>/>». E pequena e modesta, e tiltim a m en te tem progre­
O assucar representa mais da m etade d.» valor dido m uito . Ê, to davia, uma das cidades m ais be l­
total da exportação do Estado, havendo recentemen­ las do Brasil Tem commercio próspero, aspecto
te subido seu va lo r o ffic ia l a cerca de 20.000:000* . agradave! e está d iv id id a em quarteirões sym etricos.
E preciso não esquecer a exportação de couros scccos Merecem ser citados o ja rdim pu blico O ly m p io de
e salgados, que vae igualm ente progredindo m uito. C astro c as praças Benjamin C onstant e P in h e iro
A instrucçâo p rim a ria em Sergipe c m inistrada Machado. Seus principaes ed ifícios são: o Palacio
em escolas m antidas pe lo governo e em estabeleci­ do G overno, a Escola N orm al, o In s titu to G eogra­
mentos particulares fiscalizados p o r este. Ha 4 g ru ­ phico e H istorico, a Delegacia Fiscal, o Palacio da
pos escolares em A ra c a j*ú . e um cm cada uma das ci­ Assembléa, o C orreio, a Bibliotheca, o G ru p o Es­
dades de Estancia. C apella c V illa N ova ; 16 escolas colar Siqueira de Menezes e numerosas construcções
isoladas nos suburbio s da capital, 58 nas varias ci­ modernas e particulares».

O O O O O 459 o o o O o o
T E R R IT O R IO DO ACRE

T E R R IT O R IO do Acre confina ao N. tada pela existência de vastos e excellentes pastos


com o Estado do Amazonas, separados e pela abundanda de forragens.
pela recta que pa rtind o d o r io Javary A ind ustria fa b r il, incip ie ntissim a ainda, conta,
toma para S. E. ind o te r á margem to davia, alguns engenhos para o fa b rico de assucar,
esquerda do Abunâ, p ro x im o a P o rto F is c a l; a L. fa rin ha , fu m o e aguardente.
c ao S-, coin a R epublica da Bo livia , separados por
pequena parte do rio Abunâ e em seguida pelo pa­
ra lle lo dos 10°20’ S. em direcção O . até encontrar
o r io R apirrã, continuando a linha div is ó ria p o r este
até suas nascentes, passando depois pelo mais alto
terreno até encontrar as nascentes do igarapé Bahia,
pelo mesmo descendo até sua barra no A q u iry ou
Acre, e aani por csie até a fo z do seu afflue nte
Jave rija ; ainda ao S. e ao O ., com a R epublica do
Peru, constitu in do a linha div is ó ria o r io A q uiry
ou Acre, desde a fo z do seu a fflue nte Jave rija até
as suas nascentes e continuando dahi por uma recta
ate encontrar a nascente do r io Shambuyaco, pelo
qual desce até sua fo z no Pu nis, seguindo por este
até a confluência do Santa Rosa e por este até suas
nascentes, de onde continua a linha pelo p a ra lle lo dos
10* e depois ao n im o de S. para N . até a nascente
do r io Breu, descendo p o r este u ltim o até sua fo z
no r io Juruá. e dahi por uma recta, até as p ro x im i­
dades do rio Amonea, de onde segue pela divisa
das aguas dos rios Juruá e Ucayále até encontrar o
Javary.
A área to ta l do te rr ito r io do Acre é de 151.000
kilo m e tro s quadrados, e sua população eleva-se a
mais de 00.000 habitantes.
Desde 31 de D ezembro de 1020, comprehende
o te rrito rio do Acre cinco m unicípios. Antes daquella
data era d iv id id o nos qu atro departam entos de A lto
Juruá, Tarauacá, A lto P u n is e A lto Acre.

Dr. Epaminondas Jacomc — Governador

F. o Acre uma reg iã o adm iravelmente dotada


pela natureza. N o reino m ineral possue enxofre,
talco, crystaes, etc. Encontram se em suas florestas O te rr ito r io do Acre exporta, atravéz do Estado
preciosas madeiras de constnicção, como jequitibá, do Amazonas, borracha, castanhas, madeiras, cou­
itaúba, aciguara, páo fe rro , páu d’ arco, balsamo, ros e pelles, e im p orta to dos os num erosos artigos
arce ira , maracatiára, capiúba, macaúba, etc., enorme necessários á vida da sua população.
variedade de plantas medicinaes e texteis, especies A instrucçâo prim aria é dada cm 59 escolas e
numerosas de palmeiras, entre as quaes a jarina, que 5 grupos escolares mantidas pelo governo federal,
produz o procurado m a rfim vegetal, a borracha, a r­ funccionando ainda no te rrito rio 90 escolas p a rti­
vores fructiferas, cereaes, legumes, canna de assu- culares. A instrucçâo secundaria é m in istrad a em es­
car, algodão, fumo, café, baunilha, mandioca, cacáo, tabelecimentos particulares.
canella, castanhas, etc. A C a p ita l do te rrito rio do Acre é a cidade de
A ag ricu ltura se tem exercitado sobre estes u lti­ R io Branco, com 5.000 habitantes, banhada' pelo rio
mos productos, estando em vias de largo desenvolvi­ Acre e d iv id id a em tres dis tric to s : o de Pennapolis,
mento. o da Empreza e o de Quinze. «O b a irro de Pennapo­
E ntre as industrias, a extracção da borracha é lis, descreve um geographo, é o mais im p orta nte e
a p rinc ip al fo nte da riqueza economica do Acre. A nelle encontram-se diversas praças, avenidas e ruas
riqueza pastoril é representada por cerca de 50.000 bem arborisadas e todos os ed ifícios publicos. Sobre-
cabeças de gado, cuja criação é grandemente fa c ili­ sahem: a praça Tavares de L yra , com um bello

o o o o o o 460 O o o O o o
CENTENARIO DA INDEPENDI- N C b E DA EXPOSIÇÃO

jardim , d iv id id o cil> p la te a u x ; n c lla ficam o Palacio


do governo, palacete do G o verna do r, Forum e ca­ sc em 1902 o combate da v illa da Empreza entre as
torças patrioticas acreanas c bolivianas, term ina nd o
pitania d o p o rto ; avenida Epam inondas jácomc, mar pela rendição destas.
ginando o r io Acre, onde se acham o Q u arte l da
Força P o licia l, a L in h a de T iro , a V illa M ilita r, o
Mercado, a Justiça Federal, a Ig re ja de S. Sebas­ Além de Rio Branco, florescem no T e rrito rio
do Acre as cidades de: C ru seiro d o S u l, fundada
tião, T rib u n a l de A ppellaçào, a Mesa de Rendas, o
ent 904, a margem esquerda do r io J un ta ; Senna
Alm t xarifa do , a usina de electricidade e cadeia; a M u .n r , ir a , fundada no mesmo anno, á margem es­
rua Rio G rande d o N orte , onde se encontra o grupo
querda do r io Yaeo, a 135 m etros de a ltitu d e ; Xa-
Escolar 7 de Setem bro e a C hefatura de Po licia ;
p u ry c Scabra, e as v illa s de Bolpebra, (nome fo r ­
a praça R odrigues Alves, com grande stadium para
mado pela juncçào das syllabas iniciaes de B o livia ,
desportos.
Perii e B rasil), no encontro das tres fro n te ira s ; Epi-
Á m argem d ire ita ha a n o ta r a Avenida 6 de tacio Pessoa, Brasilea, Placido de Castro, P o rto Acre,
Agosto, rua A hunã e uma solid a e extensa ponte que C astello, F eijó, Thaum attirgo, Japiim e H um aytá,
lig a o b a irro da Empreza ao d o Q uin ze; neste ilett- sendo algum as destas de fundação rccentissima.

o O o O O O 461 O OO Oo o
O BRASIL U M SO

h N T R E os quesitos quo fo rm ulá m o s sobre os A obra, rcalisada cm scie annos, 6 rclativamcntc gran­
Estados bra sile iro s e a respeito dos quaes de, como veremos adeante; o que resta a consolidar c a
tão gentilm en te accedcram « n d isco rre r os snrs. de­ fa/cr, tendo-se em vista a opp->rtunidade c as possibilida­
des, no momento presente, tenho esperanças de que o será
putados cujos nomes illu s tre s firm a m o s estudos e com pleno exito. Na regularisaçâo das fronteiras do Es­
entrevistas nesta ob ra publicados, fig u ra v a em p r i­ tado de Minas com os Estados vizinhos, o presidente mineiro
m e iro log ar o que segue: Acham-se d e finitiv a m e n­ de então mostrou em actos a sua patriotica dircctriz e hoje,
te fix a d o s os lim ite s do Estado que V. Excia. repre­ como chefe da Nação, promette agir de modo analogo para
o bem geral da familia brasileira, assegurando-lhe a sua
senta na Camara? Em caso a ffirm a tiv o : houve lutas união e solidariedade. Este importante assumpto será tra­
ou d ifficu lda de s a vencer para chegar-se a esse re­ tado pelo Ministério do Interior a cuja disposição estou
sultado?» para auxiliai-o em tudo que puder neste assumpto. Com
A pro p ria natureza do qu esito está indicando grande prazer recebi esta commissão, não só por ser­
vir, sob as ordens do actual ministro, como também por
a im portância maxim a que a ttrib u im o s á questão. ser um rerviço patriotico prestado ao Brasil, sem interesse
N a realidade, nenhum problem a affectará mais in ti­ material, e sem afastar-me de minha profissão, pois, dedico
mamente a nossa vida de povo e nossa tra n q u illi- meus cstudxs e cuidados á siderurgia, tendo em vista a fa­
bricação de material bellico, de accordo com o programma
dade e s p iritu al do que o referente á fixação d e fi­ do Sr. ministro almirante Alexandrino de Alencar, traçado
n itiv a das linhas d ivisó rias entre as varias unidades cm seu notável rclatorio rccem-publicado, onde S. Ex. pro­
brasileiras, dado que só nesta poderem os assentar mette accrcscentar c utras aos grandes serviços já presta­
os solid os fundam entos de uma indefectível unidade dos ao nosso paiz.
Vejamos, agora, o estado actual das questões de li­
nacional e de um progresso crescente em todos os mites. conforme as informações que pude colligir, esperan­
sentidos. do dos que se dedicam a este assumpto a bondade de
As questões de lim ite s fo ra m sempre fo n te de fornecer-me as que julgarem uteis c necessarias ao seu
graves perturbações, e, se quando se estabelecem bom andamento.
entre povos diversos representam o pe rig o da guerra
de struidora, entre unidades de uma mesma patria
ACCORDOS DIRECTOS
significam a ferm entação de o d io execrável entre
irm ãos e podem trazer a luta fra tric id a , a desaggrc
gação d o todo, a m orte dos mais pu ros ideáes de <l> Hahiu-üoyat Foi approvado duis vezes na as­
patriotism o. Quando menos, a in tra n q u illid a d e geral scmbléa legislativa da Bahia e uma na de Ooyaz, creio cu.
Approvado pela segunda vez em Oovaz, deverá ser bom >
que produzem, mesmo que não attin ja m ao seu pe­ legado pelo Congresso Nacional.
rio d o agudo, 6 m otivo de profunda desorganização ( II) Hohia-Piuuhy — Fci approvado duas vetes na as-
econômica e até mesmo m oral: não atiçam taes ques­ scmbléa legislativa da Bahia c uma na do Piauhy, que o
tões a violência das paixões m esquinhas c não dão ngre
remetteu logo ao Congresso Nacional. Necessita, entretant >
ser approvado
a segunda _
na _______................................
asscmbléa legislativa do
margem ás explorações de toda ordem ? Piauht
iy para ser homologado pelo >elo Congresso Nacional.
_______
Assim , quando inscrevemos aq u c lle quesito no (111) Rio dc Janeiro-F.spirito Santo - Foi approvado
fo rm u la rio d irig id o aos srs. representantes dos Esta­
dos na Gamara Federal, era nosso in tu ito de ixar re­ scmhléa legislativa «ío Rio de Janeiro, deverá ser homo­
gistadas nas paginas do L iv r o de O u ro as mais la r­ logado pelo Congresso Nacional.
gas informações sobre o que Sté agora se “ tem fe ito (IV) / ’arahyba-Rio Orande do Norte — Foi appro-
e conseguido no sentido de solu cion ar o problem a. yado uma vez nas assemblvas legislativas dos dous Estados,
Em algumas das respostas que obtivem os encontra­ ignorando se já foi segunda vez, afim dc ser homologado
pelo Congresso Nacional.
rão os leito re s ampla satisfação á sua pa trio tic a e (V) Minai-Hahia —• Fci approvado duas vezes nas as­
le g itim a curiosidade. Gircum stancias particulares fize­ sembles legislativas de Minas e Bahia, necessitando apenas
ram , to davia, com que um ou o u tro dos entrevistados ser homologado pelo Congresso Nacional.
não tenha podido responder largam cnte ao quesito, (VI) _ Mn.as-Rio de Janeiro — Foi approvado duas vc-
de fo rm a que e.n relação a vários Estados a de­
ficie n d a c patente. Para s up prir a esta fa lta , rep ro­
duzimos abaixo, com a devida venia, parte da in te ­
ressantíssima entrevista obtida, sobre o assumpto, dous Estados, urge ultimal-o com toda brevidade.
(VII) Parnhyita-Crarú - Foi approvado uma vez na
do sr. Commandantc T hie rs F lem m in g e estampada asscmbléa legislativa da Parahyha, ignorando se já foi se­
n i edição de 19 de Setembro d o conhecido vesper­ gunda vez neste Estado e alguma vez no Ceará.
tin o A N oite . O que o illu s tre soldado de nossa ( V II» Pernambuco-Parahyha — Foi approvado uma vez
nas assembléas legislativas dos dous Estados, ignorando se
m arinha de guerra diz nessa entrevista attende ao iá foi segunda vez, afim de ser homologado pelo Congresso
desejo mais exigente de completa e segura in fo r­ Nacional.
mação: (IX ) S. Paulo-Rio de Janeiro - Foi approvado duas
vezes na asscmbléa legislativa de S. Paulo e uma vez
na do Rio de Janeiro. Já foi feito todo o trabalho dc
demarcação da fronteira. Necessita ser approvado segunda
vez na asscmbléa legislativa do Rio de Janeiro e homolo­
gado pelo Congresso Nacional para seu pleno valimento,
sobretudo na percepção dc impostos.

O O O O O 462 O O O O O O
e O n C M A H O DA INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO

(X) / 'ianhy-Maranhão Trabalho importante e longo


f I rcalisado pela commissio chefiada pelo tenente-coronel ■es ao advogado do Estado de Minas Oeraes, que pens
I M. Renato Rodrigues Pereira para averiguação da na>- r o eminente jurisconsulto Sr. Ur. Mendes Pimentel.
cente e fóz do Rio Parnahyba. t provável que até o . ( ,v ) Amar.onas-Uniiu (Acre) — Õs papeis estio tu.n
fim do anno esteja elaborado o parecer da commissio, afim 'ista ao advogado do Estado do Amazonas para dizer so­
de ser entregue ao governo dos dous Estados. bre os documentos apresentados pela União. Ha também
(XI) l ’i rnambnto-Crará — Foi approvado uma ver " J ® í í rça,JK'n,?rla uma autorisaçâo para um accordo com
.sembléa legislativa^de ^ Pe/nambuc
Pernambuco, ignorando se já listado do Amazonas. Parece-me que esta causa pódc
... alguma ver na do Ceará. Urge tei ser julgada com promntidão, em virtude do que resolveu
ripto pela Constituição Federal. q bupremo Tribunal Federal considerando de urgência o
julgamento das questões de limites inter-estaduaes.

ACCORDOS POR ARBITRAMENTO QUESTÕES EM ABERTO

(I) Paraná-São Paulo O laudo proferido pelo pre­ (I) Sana Caiharina-Rio Grande do Sul c (II) Bahia-
sidente passado fo i approvado duas vezes nas assemoléa; I rrnambucu - tstSo convenientemente estudadas pelas duas
legislativas dos dous Estados c homologado pelo Congresso partes, necessitando serem encaminhadas para um meio qual-
Nacional, conforme o decreto legislativo n. -1.616, de I I
de dezembro de 1922.
( II) Goyax-Malio Grosso - O laudo proferido pelo
drscmpatadrr foi approvado duas vezes na assembles le­ QUESTOES ENCERRADAS
gislativa de Matto (irosso. O Estado de Ooyaz nio appro-
vou o laudo. O Estado de Matto Qrosso, por intermedio
do seu advogado Sr. Dr. Astolpho Rezende, recorreu ao Estio definitivamente tcsolvidas as seguintes questões
Supremo Tribunal Federal, pedindo manutenção de posse de limites, tendo sido satisfeitas todas as formalidades le-
gacs: (I) Main, Grosso-Paraná. ( II) Parand-Sinta Calhar,no
( III) Mmas-Goyai - O governo passado proferiu o (t.oiM stado); (III) Paraná-São Paulo, c (IV) Rio Grand,-
st u laudo. Os Estados de Minas e Ooyaz, por inter.neJio do Nortr-Crará
dos seus presidentes, prometteram acatar a decisi > que foi
favcravcl a ( ioyaz. Resta a approvação do laudo, duas vezes, Nunca é demais repetir que a Republica herdou do
nas asstmbléas legislativas dos dous Estados e a homolo­ regímen passado trinta questões de limites inter-estaduaes.
gação pelo Congresso Nacional. A demarcação da fronteira, f-ci pena nio ter o governo provisorio feito uma nova di­
de accordo com o convênio, liquidará, a meu ver, a ques­ visio administrativa, dirhnindo-as. Hoje em dia para re-
tio levantada por causa da Carta do Centenário. solvet-as, sio enormes as difficuldades, tio arraigado está,
(IV) Minas-Sào Paulo — O presidente passado ainela infclizmentc, ainda entre muitos, o sentimento condemna-
nio proferiu o seu laudo. O facto de ter deixado .-> exer­ vel de pequena patria dentro da grande patria, explorado
r politiqueiros, jornalistas e advogados, sem descortino.
cício do cargo de presidente da Republica nio me parece
determinar ii cassação dos poderes que lhe foram outorga­ K is resolvido o caso mais d iffic il, o do iC»ntestado»,
do.. Lembro-me ter ouvido do Dr. Alfredo Pinto que S. todos os outros hio de ser forçosamente para o bem
Ex. já havia estudado o caso, lendo-lhe até parte do seu da unidade moral do Brasil; basta para isto a acção fir ­
trabalho. Oxalá n io seja perdido o convênio celebrado cm me. continua c patriotica dos poderes executivos federal e
termos tio elevados e dignos de especial registo. dos Estados, v
(V) HUt d r Janriro-Distririo f rderat Foi entregue
ao presidente passado como arbitro unico, para proferir
set! laudo. Mas o Sr. U r. Raul Veiga, enti > presidente do
Estado da Ri > de Janeiro, nio apresentou os documentos,
tendo o arbitro restituído, por este motivo, os do Distri­
cto Federal que se achavam e.n seu poder.
(VI) Gayar-Pará Entregue ao Tribunal Arbitrai:
ministro Alfredo Pinto (juiz desempatador), deputado Afra­ O BRASIL D E H O JE
nio Mello Flanco e Ur. Rodrigo Octavio. Tendo, infeliz-
mente, fallecido o Sr. ministro Alfredo Pinto, parece-me
que ainda n io fo i escolhido o seu substituto.
(V II) Prrnamburo-Alagóas - O Sr. deputado Pruden­ (Continuação da pagina 272)
te de Moraes Filho, como soube, já tem estudado o as-
senipio, necessitando apenas de informações fornecidas por
cngcnhciios para que possa proferir seu laudo. N acionars Estrangriros Total
(V III) Piauhy-Crará E arbitro unico o Sr. Dr. 100.691 15.202 335.893
Washington Luis. Em julho do anno vindouro, espera o T50.942 508.240 859.182
Sr. tenente-coronel E. M. Renato Rodrigues Pereira ler 6115.143 295.394 930.537
os elementos necessários para permittir o laudo arbitrai ser
preferido. 6.237.578 5.065.026 11.302.604
(IX) Buhia-Espirito Sanw Entregue ao Trihunal Ar­
bitrai: Ur. Borges de Medeiros (juiz desempatador), de­
putado Afranio de Mello Franco e Ur. Braz do Ama­
ral. O Congresso do Espirito Santo j í approval 2 ) Valores do passivo, em contos de réis papel:

C a p i t a l ........................ 494.156 131.492 625.648


Fundo de reserva. . . 136.042 — 136.042
vatador), general Ivo do Deposito á vista . . . 1.261.354 838.655 2.100.009
Ur. Braz do Amaral. N U chegando a accordo Deposito a prazo . . . 663.270 311.280 974.550
uvados. por parte dos Estados, recorreu o Estado Titulos em garantia . . 2.053.430 2.105.238 4.158.668
Caixa matriz e filiae» . 606.271 911.836 1.518.107
Valores hypothecarios . . 215.894 67.939 283.833
Diversos . . . . 807.161 698.586 1.505.747
o Sr. senador Pereira Lobo,
governador d o estad o de Sei 6.237.578 5.065.026 11.302.604

QUESTÕES NO SUPREMO TRIBUTAI. FEDERAL COMMERCIO EXTERIOR

(I) Amaionas-Pará O Supremo Tribunal Federal,


anlcs de dar sentença final, determinou uma diligencia, da O nosso commercio com o estrangeiro n o anno
qual foi incumbido •» Sr. juiz federal Dr. Joio de Moraes de 1921 é representado pelos seguintes algarism os:
e Mattos. Por falta de recursos pecuniarios, esta diligencia
ainda nio foi feita.
(II) M alto Grosso- Anatonas Decidida pe!o Supre­
mo Trihunal Federal, falta apenas ser feita a demarcação
de um trecho da fronteira, o qual citá dependendo da de­
cisio do caso Amazonas-Pará.
(III) M inasEspirito Santo — O Sr. desembargador Para que se possa fazer uma idea do desenvol­
J. Palma, como advogado do Estado do Espirito Santo, vim ento considerável que estas cifras indicam , da-
apresentou as razões tinaee. Todos os papeis foram entre-

o O o o O O 463 o O o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MOR ATIVO DO CENTENARIO

mos a seguir alguns ciados estatísticos referentes a Exportação dos prin c ip a l's productos cm 1921:
épocas diversas da histo ria de nosso com m ercio
exte rio r: Quantidade Valor
12.368.602 sac. 1.019.064:7558
172.093.876 kilo; 94.168:8148
Anno de 1850: 61.934.398 » 65.305:3828
1.383.000 » 2.353:0008
32.160.808 » 52.925:2258
76.000 contoi 42.442.560 52.515:470«
42.883.235 » 47.549:1758
19.606.560 45.943:6478
71.898.862 43.436:5018
Anno d r 1890: 110.674.169 » 44.337:6668
I 7.138.830 35.903:2838
56.6 >91 32.617:0328
Mangancz 275.6' . . 22.917:1363
Exortação . . Pelles . . 2.911.294 kilos 22.535:9328
Madeiras 100.498.775 » 17.977:1738
Cèra . . 3.905.650 » 10.394:6278
Banha . . 5.198.055 » 9.730:7948
Anno d e 1919: Milho . . 35.967.000 » 7.183:0008
Xorque 4.335.340 » 6.283:8738
15.048.154 5.045:9608
Im p o rta ç ã o ..............................1.334.000 contos 390.384 » 182:7438
E x p o rta ç ã o ........................ 2.118.000 « 3.232.877 » 13.163:5598

Anno de 1920: MARIN HA MERCANTE

Im p o rta ç ã o ..............................2.C90.COC conto; A m arinha mercante nacional, a m aior de toda a


E x p o rta ç ã o ........................ 1.752.000 »
America do Sul, possue em trafeg o 1.335 navios,
com 651.358 toneladas bru tas e 413.000 liquidas,
Para o v alo r to ta l de no;sa e x p jrtaçã a o café descriminadas, segundo a sua natureza, por esta fo r­
concorre com duas terças partes, a ttin g in d o o valor m a: 638 vapores, 132 navios de vela e 165 em bar­
m edio annual da exportação deste producto a ..... cações auxiliares.
1.000. 000 de contos. Em segundo lug ar vem o assu- H a na C a p ita l Federal, em Manaus e ou tros p o r­
car, que concorre com quasi 100.000 contos, seguin­ tos differen te s estaleiros que, embora vagarosamen-
do-se o algodão, com 81.000 contos, o arroz, com te, vão augm entando com esforço p ro p rio a to ne­
94.000 cm 1920 te ndo baixado a 32.000 em 1921, lagem de nossa fu turo sa m arinha mercante.
as carnes congeladas e conservadas, com cerca de
61.000, os couros, que deram em 1919 m ais de
100.000 contos, baixando em 1921 para 53.000, as INSTRUCÇÀO
pelles que e:u 1919 renderam 51.000 e em 1920
22.000. o fum o, que fo i a m ais de 72.000 contos
em 1919, baixando a 55.000 em 1921, o cacáo, cujo Existem actualm ente no Brasil os seguintes Ins­
va lo r m ed io annual c de 60.000 contos, a borracha, titu to s de ensino sup erior.
que deu em 1919 105.000 contos, cahindo a 35.000
em 1921, o inanganez, que a ttin g iu em 1920 a 39.000 a) U niversidade do R io dc Janeiro, com prehen­
centos e em 1921 a 22.000. etc. dendo a Faculdade de D ire ito , a Escola Po lytech ni-
ca c a Faculdade de M ed icin a (com os cursos de
M edicina, Pharmacia, O d o n to lo g ia e O b stetricia) —
O ffic ia l.
Im portação — 1921: b) U niversidade do Paraná, composta das Fa­
culdades de M edicina (m edicina, pharmacia, o d on­
Valor em mil to lo g ia e o b s te tric ia ), de D ire ito c de Engenharia
Quantidade reis, papel
(equiparadas).
Carvão de pedi 843.132 ton. 79.632.197 c) Faculdades de D ire ito de S. Paulo, Recife
Brinquedos. 28.863 » 3.028.041
Coke . . . 9.088 » 1.869.543 (officia es), M inas Oeraes, Bahia, Pará, Ceará, N ithe -
Farinha de tr 65.606.756 kilos 47.752.291 ro y , Po rto-A leg re (equiparadas) e Manáus (inspeccio-
Kero/cne . . 79.529.807 » 52.491.344
Oazolina 47.210.970 » 49.705.909 d ) Escola Polytcchnica da Bahia e Escolas de
Cimento 156.872 ton. 26.239.399
Oleos lubrificantes 12.328.282 kilos 14.924.785 Engenharia de B e llo H o riz o n te e Pernambuco.
Material ferroví 100.276.819 » 66.747.423 e) Faculdades de M ed icin a de P. A le gre e B.
Trigo em 'grão 378.552.393 » 189.026.347 H orizonte e Faculdade Hahnemanniana (R io de Ja­
Bacalhau . . 47.821.552 » 35.062.217
Xarque 4.342.915 » 8.178.064 n e iro ).
dc oliveira 555.195 » 2.963.000 t) Escola de Pharmacia de O uro-P reto, Escola
2.180.111 » 1,093.290 Livre de O d on tolo gia do R io de Janeiro, Escolas de
38.861.924 » 4.201.055 Pharmacia e O d o n to lo g ia de Juiz de Fora, O u ro -
Potassa . . . 5.163.945 » 2.306.038
Oleo linh. . . 2.094.026 3.880.411 Fino, Recife, S. Paulo. E. do R o de Janeiro e Pouso
258.570 » 122.930 Alegre, F. de Pharmacia do G ym nasio Leopoldinense,
Chapas de fr ito E. de O d on tolo gia de Pernambuco, E. de Pharma­
das para cobrir 4.342.437 » 6.163.568 cia do Pará (equiparadas) e Faculdade de O d o n to lo ­
' aço * para carros gia d o Pará (inspeccionada).
de E. F. 8.806.133 » 13.394.061 Existem ainda m uito s ou tros In s titu to ; de En­
Folhas de flan la- sino Superior não s uje itos á Jurisdicçâo do C onselho
6.206.723 » 9.169.802
Superior de Ensino, coipo o são to dos os acima ci­
12.735.068 » 11.555.372 tados. Entre elles convem destacar a Escola de En­
Postes tcleg., teleph., peças genharia de P. Alegre, reconhecida p o r actos ine­
3.304.110 » 3.896.659 quívocos do Congress:» Federal, e que tem tom ado
16.123.711 » 17.721.115 extra ordin ario desenvolvim ento, sendo ta lvez a mais

o o o o o o 464 O O O O O O
IN O I /T .V /i/ Vi A / XPOSIÇAO I N I IN N ACIONAI.

hem installada, no seu genero, no B ra s il; e a Escola Gym nasio O ’ Gram bery (J. Fóra).
Superior dc C om m ercio do R io dc Janeiro, reconhe­ S. A n to nio (S. J. d ’ EI-R ey).
cida pel» governo fe de ra l, e cuja organização é vcr- In s titu to Evangélico de Lavras.
dadciram cnle m odelar. G ym nasio de O u ro Preto.
Além d o C o lle g io P e d ro II (in te rn a to e externa­ de Viçosa.
to ), com séde no R io dc Janeiro e m antido pelo In s titu to Propedêutico dc Ponte Nova.
(io vern o da R epublica, existem no pair, mais os se­ G ym nasio S. José (U b á).
guintes in stitu to s de ensino secundario equiparados de Cataguazes.
ao mesmo: Leopoldincnse.
I). São José (Pouso A legre).
Q ym nasio da C a p ita l dc S. Paulo, Inst. M od . de Educ, e Ensino (S. R ita).
de Cam pinas, C o lle g io Brasil (O uro F ino ).
ele R ib e irã o Preto. G ym nasio S Joâo (Campanha).
Lyceu de H um anidades ele Campos. N . S. A u x ilia do ra (Bagé).
( ivm nasio da Bahia. S. M aria (S. M aria da B. do M on te).
Espirito-Santense
ly c e u Parahybano.
( iym n asio de Barhaccua. Q uanto á instrucção publica p rim aria no D is tric to
de Pernambuco. Federal e nos Estados, sua situação real em 1920
M in e iro (B . H oriz on te). era a patenteada no quadro dem onstrativo que se
Paes de C arvalho. *egue.
Lyceu Maranhense. Assim como o D is tric to Federal, to dos os Es­
Ciymnasio Paranaense. tados dispõem de Escolas Normaes destinadas ao
Lyceu Piauhyense. preparo technico do professorado. Sobe a m ais de
Atheneu Sergipense. 25 o num ero destas Escolas cm to do o país.
Lyceu do Ceará. Quanto ao ensino technico, fo ram grandes os
<iym nasio C ath arinensc. seus progressos após o advento jla R epublica. Es-
I yceu Alagoano. tabeleceu-se no D is tric to Federal e nas demais un i­
de Goyaz. dades da Federação o ensino in d u s tria l, ag ron om i-
Ciymnasio Amazonense. co, com m ercial e artístico em todas as suas form as.
Lyceu Cuyabano. Cabe m encionar aqui espccialmente o p la no ela­
Atheneu N o rte R io Qrandcnsc. borado e começado a executar durante o go vern o do
<iym nasio Lemos Junior. D r. N ilo Peçanha em t9 IO , que fundou os p rim e i­
Clvmnasio Pclotensc. ros estabelecimentos de ensino pro fissio na l nos Es­
tados, as Escolas dc aprendizes artifices», susten­
tadas pela U nião, e que continuam a prosperar com
In numeros, porêtn, são por to do o p a ir os estabe os m elhores êxitos.
lecim elltos de iiistrucção secundaria ainJa não a rro ­ Nestes ultim os annos a preoccupação g e ral se
lados na lista dos equiparados. E n tre elles oStive- volto u para o ensino agronom ia» qu.‘ se tem d iffu n -
ram em 1022 hancas exam inadoras officiaes os se­ dido, preparando em differentes instituições enge­
guintes: nheiros agronomos e medicos veterinários que por
sua vez transmittent o ensino pratico em escolas
medias e instruem os agricultores nos diversos pos­
C o lle g io Salesiano S. Rosa (N ite ró i). tos c estações experimentaes.
C o lle g io Luso B ra s ile iro de P etropolis. O ensino m ilita r fo i estudado no pa ragraphs re­
Ciymnasio S. Joaquim (Lorena). ferente ao nosso Exercito.
S. L u iz (Jaboticabal). Mencionando-se ainda os varios In s titu ta s de
Diocesano S. < . de Jesu; (Uberaba). ensino a rtístico da C ap ital Federal e dos Estados
Lyceu M un ic ip a l dc M uzainbillho. (Escola de Bellas A rtes e In s titu to N acional de

1
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ESTADOS
4 |
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São P a u lo ......................... 1.816 423 1:120 4.502.: 88 765 364 137.484:0005 23.218:000$ 16 0 0
:: =« 1.157.873 192 979 67 042:842$ 11.081:120$ 17 0 0
Minas ( l e r ã o .................... t ID l.SOO 5.888.174 981.362 1 56 189:056$
Hio (irande do Sul - . 1 9 2.182.713 363.785 . 34.300:000$ 4.097:614$ 12 0 0
Kallia . . 185 143 3.334.405 066 744 29.361.500$ 1.450:000$ 5 0 0
Pernam buco........................ 259Í895 21471:11*1$ 2 403:094$ 11 0 0
Hio do Janeiro _ SO 453
2 38 554 35 53 ' 685Í711 114 285 11.917:184$ 1 326:589$ i i o o
503.160 «0.527 9.595:000$ 1.001:400$ io o o
24 25 128
455 70 108 668.743 111.457 7.158:000$ 20 0 0
— 9 1*»S 160.184 ! 6.722:569$ 680:000$ 10 0/0
878.748 163.124 6.497:465$ 509:116$
aS S Í"" * ""’ 1.310.228 219.871 5.898:178$ 1.052:590$ 17 0/0
f.f r K 'ir 2 22
1 spirito Santo 457.328 io.221 5.406:500$ 532:468$ 19 0 0
Maranhão . . — 10 loo 874.337 145.726 5.302:480$ 448:570$

- — 31 537.135 89.522 4 033:000$ 432:118$ 10 0'0


H'o Orande do Norte . 85 319 2.113:681$ 152:260$ 7 0 0
173
Piauhv . . 1 3 80 609.003 101.500 1.932:871$ 195:000$ io o o
~
30.635.505 5.106.000 446 637:2411 59.570:159$ n od

o o o o o o 465 •> o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA

Musica, no R io d c Janeiro, a grande Escola de Nos dispensários do D . Federal ina tria ila ram -se
Musica de S. Paulo, a Escola de Bellas A rtes e o até 30 de Junho de 1022, 25.708 doentes, tendo
In stitu to de M usica do Paraná, etc.) e mais alguns sido praticadas 36.495 injecções de neo-salvarsan,
estabelecimentos que ficaram fó ra dos quadros apre­ 181.217 injecções de m ercurio e fe ito s 84.799 cura­
sentados (Lyceu de A rtes e O ffic io s e as varias tivos. . i
escolas profissionacs do R io 'de Janeiro, a Escola Já f o i fe ito accordo com as corporações arma­
Domestica de N atal, a Escola A lva ro Penteado, dc das para estabelecim ento da campanha anti-venerea
S. Paulo, etc.), ter-se-á quasi inteiram ente exgotado entre os m ilita re s .
o assumpto de magna im p o rta n d a deste capitulo. Já se acha organizado um corpo de enferm eiras
habilitadas, que visitam não só os doentes que aban­
donam o tratam ento, como também as prostitutas,
entre os quaes já é elevado o nu m ero das que se
SAUDE PUBLICA tratam nos dispensários.
T en do s ido legada, cm verba testam entaria, pelos
m illio n a rio s b ra s ile iro s srs. C an d id o G a ffré e Eduar­
Os assumptos attinentes á saúde publica, no do O u in le , avultada quantia para a u x ilia r o _governo
Brasil, são superintendidos pelo D epartam ento Na­ na lu ta con tra as doenças venereas, disporá em breve
cional de Saude Publica, creado em 15 de Setem­ a inspectoria no D is tric to Federal de varios dispen­
bro de 1020, c comprehendendo diversas inspectorias sários m odelos e de um grande hospital. Desses no­
com fin s especializados. vos dispensários já alguns estão sendo construídos,
Uma das mais im portantes é a In spectoria de devendo-se in ic ia r breve a construcçâo dos restantes
P rophylaxia da Lepra e das Doenças Venereas». No e do h o spita l projectado. C om o a u x ilio da fundação
D is tric to Federal, os serviços são directam ente exe­ G a ffré -G u in le , que pretende dispendor só com as
cutados pela inspectoria, que nos Estados os dirige installações cerca de cinco m il contos de réis, poderá
e executa m ediante accordo com os respectivos go­ d is p or o D . Federal de uma das m ais com pletas o r ­
vernos, extendendo-se actualm ente taes serviços a ganizações de p ro ph yla xia venerea de to do o m undo.
17 unidades oa federação. A D ire c toria de Saneamento e P ro p h yla xia R u­
A legislação adoptada, quanto á prim eira parte ral tem jurisdicção em 15 Estados que estabeleceram
destas attribuições, se basêa na notificação obrigató­ accordo com a união, c on tribu in do com a quóta para
ria da lepra e no isolam ento nosocom ial, de preferen­ os serviços de saneamento que são fe ito s não só
cia cm colonias agricolas. O isolam ento do m ic iliá rio na zona ru ra l, como na urbana. A D ire cto ria tem
só é p e rm ittid o quando possivel assidua vigilân cia e installados actualm ente pelos Estados on de mantem
quando o d im ic ilio não é casa de habitação collectiva commissões, 98 postos sanitários, 4 postos itin e ra n ­
ou de com m ercio. tes, 33 sub-postos, 11 dispensários para prophylaxia
O D is tric to Federal não dispõe ainda de colo­ anti-venerea, 5 lab oratories bacte rio lo gico s e 5 hos­
nias de leprosos, de m odo que os doentes que se pitaes regionacs.
conseguiram is o la r foram internados n o H osp ital dos Os serviços tem-se inte nsifica do cada vez mais,
Lazaros, m antido por uma ordem religiosa , e no H os­ com os tnaiores benefícios para as mais distantes
pita l de S. Sebastião, no qual foram adaptados tres regiões do pais.
pavilhões para esse fim . O governo já adquiriu, po­ O u tro im portantíssim o ram o do D epartam ento
rem, nas proxim idades da capital, extensa area de é a Inspectoria de P rop hyla xia da T uberculose, que
te rreno, on de breve se in ic ia rá a construcçâo de se orie n to u nos mais m odernos exem plos concernen­
grande lep ro sario. Será esta installação m odelar pro­ tes ao papel do governo na campanha anti-tubercu-
vida dos mais com pletos e m odernos requisitos. losa, regulam entou as medidas de combate dire cto ao
C uida-se também da construcçâo de varios 1e- escarro, estabeleceu o systema intensivo de propa­
prosarios nos Estados, attendendo-se em prim eiro ganda e educação. Creou no B rasil o isolam ento do­
lug ar áquelles em que c m aior o num ero de doentes. m ic ilia r pelas enferm eiras de hygiene, a b riu dispensá­
N o D is tric to Federal e nos Estados, tanto os rio s de tuberculose e trabalha pela abertura de pre-
doentes isolados em h o spita l como o s que se acham ven lorios e hospitaes para indigentes com tuberculose
em d o m ic ilio sob vigilân cia, estão sendo subniettidos avançada.
ao tratam en to pelos etheres etílicos d o ole o de chaul- De Janeiro a Setembro de 1921 fo ra m feitas
m oogra, podendo-se considerar bastante animadores 70.871 publicações de conselhos aos tuberculosos e
os resultados até agora obtidos. aos sãos e 395 palestras e conferências. De O u tub ro
A pro p h y la x ia das doenças venereas é baseada de 1921 a Julho de 22, distribu ira m -se 59.310 p u b li­
no tratam en to p ro p h y la tic o dos doentes em hospi- cações educativas, foram a ffixad os 13.748 cartazes e
taes o u dispensários a este fim especialmente des­ realizadas 42 conferencias em grandes collectivida-
tinados e em um a campanha de propaganda e edu­ des. De Janeiro de 21 a Junho de 22 fizeram-se
cação hygienica visando principalm ente apontar os 30.922 visitas de vigilância pro ph yla tica, 1.000 visi­
perigos daquellas doenças e d iffu n d ir conhecimentos tas a habitações collectivas, fo ra m distrib u íd o s 6.326
sobre os m eios e processos de evital-a. litro s de desinfectantes e 2.021 escarradeiras. Encon­
C om o as da lepra, os serviços de prophylaxia traram as visitadoras no mesmo periodo 2.651 novos
das doenças venereas são executados na capital da casos e recolheram 2.100 amostras de escarro. Nos
R epublica directam ente pela Inspectoria, e nos Es­ dispensários fo ra m feitos 10.937 exames de escarro,
tados m ediante accordo com os respectivos gover- dos quaes 3.561 resultaram positivos.
N ão data de m uito tempo, o Departamen­
Os dispensários estão a cargo da pro pria ins­ to N acional de Saude Publica inaugurou uma Es­
pectoria o u annexados a polyclinicas, maternidades c cola M od elo de Enferm eiras, n o genero a p r i­
hospitaes idoneos e conceituados, mas p o r ella sub­ meira installada na Am erica d o Sul. Funcciona a
vencionados, orientados e fiscalizados. A prophyla­ escola no novo H ospital São Francisco de Assis, e o
xia da s y p h ilis he red itaria é feita nas maternidades, seu curso com pleto é de dois annos e q u atro meses.
asylos, etc., onde existem dispensários a esse fim As alumnas terão m oradia gra tu ita na Escola, alêm de
destinados. uma subvenção mensal. D irigem -na experientes pro-
A inspectoria conta h o je, no D is tric to Federal, um fissionaes norte-americanos, sendo o seu corpo do­
la b o ra to rio C entral, 12 dispensários e um posto de cente co n s titu íd o por especialistas nacionaes.
desinfecção. Nos Estados já existem dispensários, não A Secção de H ygiene In fa n til já org an izo u» o
só nas capitaes, como cm outras cidades im portantes. seu regulam ento, que está s u je ito á approvação supe-

o o o o o 466 o o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

rio r ; tem a certeza do que precisam fabricas, pensio­


povo em hygiene, i i o u tro <>B o letim Sanitario»
natos, créches, co lle g io s e po lyclin icas para benefi­
ciar a população in fa n til. I>or sua vez trabalha man­ que deve conter pesquisas originaes e resumos do
tendo con sulto rio s e realizando visitas dom icialia- estado actual das diversas questões da Saude Publica
rias. , Alem disso, é larga a distribu ição dc fo lh e to s desti­
nados a trazer instrucções hygienicas minuciosas, es-
Nas visitas (effectuadas em onze meses em nu­ criptas com a m aior sim plicidade.
mero de 0.021), v e rific a se as casas abrigam ou não
creanças cm baixa edade. Se as encontra, pesa-as, me­ O u tra dependenda do D epartam ento N acional
de-as e exp lica ás mães como devem proseguir na dc Saude Publica é a In spectoria de Fiscalização do
criaçSo dos seus filh o s . tx e rc ic io da Medicina, Pharmacia, A rte D entaria e
O b s te tric a , creada com o fim de zelar pelo desem­
Ha insta llad os v á rio s consulto rio s especiaes, além penho legal dessas profissões, te ndo ainda entre os
dc um de po sito d iu rn o de crianças alim entadas ao seus encargos a verificação dos ob itos sem assistên­
seio, onde a mãe p o b re deixa o filh o volta nd o para cia medica, os exames de saúde para concessão de
amamental-o dc 3 em 3 horas. licenças e aposentadoria dos fu nccionarios publicos
Uma en fe rm eira v is itad ora dirig e a escola ma­ civis da U nião, a concessão de carteiras de saúde a
ternal, que ensina a p re pa ra r alim entos e roupas in­ amas de leite, a amas secas e empregddas dom esti­
fantis c a hyg ie n e especial á prim eira idade. cas e do commercio.
A Inspectoria d c Fiscalização dc Qeneros A li­ A In spectoria dos Serviços dc P rop hyla xia fa z a
mentícios in icio u seus serviços em Janeiro de 1021. fiscalização das doenças contagiosas de declaração
Após o necessário entendim ento com as respectivas com pulsaria, exceptuando a lepra e a tuberculose,
autoridades ou empresas, installou-sc, nos armazéns da alçada de inspectorias especiaes.
do cacs d o Po rto, d - estradas de fe rro e trapiches, Do an tig o serviço de pro nh yla xia da febre ama-
serviço permanente de inspecção prévia de to dos os rella, permanece em actividade a p o lic ia de focos,
productos a lim en tícios im portantes. Tanta que sejam entregue a um inspector sanitario. que. além de fa­
levantadas duvidas, nas inspcccões. ou protestem os zer campanha contra os m osquitos, está in ic ian do a
interessados p o r um exame chim ico ou m ic ro b io lo ­ luta contra as moscas em alguns ba irro s da cidade.
gico. colhem-se, bastantes para analyse fiscal no La­ Para a vaccinaçâo contra a variola , a Inspecto­
b o ra to ry R ro m ato log ico e para qualquer ccntra-prova ria d iv id iu a cidade em duas zonas urbanas e uma
ind icia i, amostras que a autoridade c a parte au­ suburbana onde trabalham 70 acadêmicos vaccina-
thenticam, d c tu do lavrando-sc auto circumstanciado. dores. O resultado efficaz desse serviço resalta do
A esse mesmo la b o r a to r y são enviados, para ana- decréscimo da m ortalidade pela variola , que de 1017
Ivsc prévia, os pro du c tos nacionaes. dc fabrica ou a 1021 se representa nelos seguintes algarism os:
consumo no D is tric to , afim de que. conhecendo-se- 418 222 - 305 00 — 40.
lhes a com posição, lhes seja perm ittida ou p ro hibid a a Cabem ainda aqui algumas palavras sobre a Com -
venda. missão Rockefeller. A fundação desse nome. que
Por disposição d o D ecreto 4.555 de 10 dc Agos­ havia iniciad o uma campanha contra a uncinariose
to de 1022. vae a Inspectoria anplicar aos productos (opriacão), p o r meio do seu conselho internacional
alim entic’o s estrangeiros, entrados pela alfandega do de Saúde, começou a prestar os seus serviços ao. nosso
Rio de Janeiro, fis c a liz a rã o egual á que tem exercido país em 1016. A commissâo tem ag ido em estreita
sobre os productos nacionaes. e cordial collaboracão com o D epartam ento Nacio­
No pa rtic u la r da fiscalização do le ite é incon- nal de Saude Publica, prestando á nossa te rra ser­
viços inestimáveis.
teste que tem s u b id o de v alo r hygienico o leite
consum ido na C a p ita l Federal, não só pe lo exame Tratemos agora das Instituições especiaes dc
svstematico de to d o o le ite im portado, senão, tam­ assistência com sédc na C a p ita l Federal.
bém pela inspecção in in te rru p ta do das leiterias,
cafés c botequin s. A Cruzada N acional C on tra a Tuberculose é um
Os estábulos são subm ettid os a rigorosa fis c a li­ departamento autonomo da C ru z Verm elha B rasile i­
zação. Serão bre ven icn te installadas as gra njas le ite i­ ra. Fundada em Julho dc 1020 pe lo D r. Am au ry de
ras. M edeiros, a cruzada tem desenvolvido grande acti­
vidade. já agitando o problem a em conferencias, car­
De I.® de Jan eiro de 1021 a 31 de Agosto dc
tazes. fo lh etos e artigos de jo rn a l, já fu nd an do c
1022 fo ra m fe itas 44.017 visitas a estabelecimentos
rilaiitcndo serviços de assistência. O rga nizo u o p r i­
commerciaes de generos alim en tícios; apprehcndidos
m eiro curso de enferm eiras visitadoras de Saúde
'■ in u tiliza d o s 2.634.607 kilo s de generos. 10.121
publica especialmente para a tu berculose, fu nd ou o
litro s de bebidas alcoólicas c 237 litro s de condimen­ C onselho Supremo executivo de assistência aos tu ­
tos; 586.740 litro s de le ite nos Entrepostos e 31.615 berculosos, e estabeleceu á rua C arlos Sampaio o
litro s na via p u blica . 800 queijos. 646 tiic la s de
seu I . " posto dc distribu ição de roupas e alim entos
coalhada. 413 k ilo s de manteiga. 20 litro s de creme aos tuberculosos pobres. O seu program m a para re a li­
e 147 latas de le ite condensado. Pelo serviço de fis­ zação imm ediata é o seguinte: 1) estabelecer a coor­
calização de carnes verdes fo ram, no mesmo neriodo. denação de todas as instituições existentes com o
condemnadas 1.351 rezes, 310 v ite llo s 37 ovinos. 27 fim de combater a tu berculose; 2) fu n d a r um dispen­
caprinos e 11.033 suinos. Focam apnlicadas nelo ser­ sário m odelo ao lado da p o lyclin ica da C ru z Verm e­
viço dc fiscalização do leite e lacticin io s 517 m ul­ lh a ; 3) fu nd ar um dispensário po lvvale nte na T i-
tas. no v a lo r de 4 8 8 :8 0 0 * e pela In spectoria de Fis­ juca; 4 ) fundar um sanatorio m a ritim o para creanças.
calização dos generos alim entícios 843 multas, no
valor de 445:1008.
A C ruz Vermelha B ra s ile ira fo i fundada em 5
__ A Inspectoria de Dem ngraohia Sanitaria Edu­ de Dezembro dc 1908. de accordo com as bases do
cação e propaganda está affecto o serviço de pre­ comité internacional dc la C ro ix Rouge, de Qenéve.
parar e d is tr ib u ir o m aterial para a propaganda sa­ Já são numerosos os serviços prestados pela beneme-
nitaria. org an iza nd o fo lh etos, periodicos, conferen­ rita instituição, como. por exem plo, na occasiâo da
cias, etc. lu ta no contestado, na epidemia da g rip p e em 1918,
A secção de dem ographia sanitaria expede regu­ etc. Em 1904 insta llou a Escola de Enferm ei­
larm ente as suas publicações tradicionaes: o Bole­ ras, ainda na séde da Sociedade de G eographia do
tim H eb do m a da rio e o Boletim Mensal. R io de Janeiro, que lhe cedia com partim entos. Em
A seccão de propaganda edita um p e rio dico in ­ 1916 conseguiu, p o r doacçâo do governo, vasto te rre-
titu la d o «A Saude Publica, destinado á educação do ifo na explanada do M o rro do Senado, para nelle

o o o o o 467 o o o o o o
'IV HO DE OVRO COMME MORATIVO DO CENTENÁRIO DA

con struir a sua séde. N ão sendo fa rto s os recursos, assistência d o m ic ilia ria . Presta soccorros medicos,
apenas pôde ser levantado um pavilhão provisorio , pharmaceuticos e alimentação.
onde sc in s ta llo u a In stituiçã o, entrando mais am pla­ A C a s i Santa Ig n c z é um p rc v v n to rio fundado
mente no te rren o p ra tico de suas realizações: a Es­ pela cxma. sra. E p itacio Pessoa e um gru po de se­
cola de Enferm eiras passou a te r annexo um dispen­ nhoras, com o fim de receber c tra ta r conveniente-
sário m cdico-ciru rgico, com 3 gabinetes de consul­ mente as moças solteiras, baldas de recursos, que ne­
tas, 1 la b o ra to rio , uma sala de raio X, uma enferm a­ cessitem de repouso e tratam ento analcptico.
ria de 20 leitos, 4 quartos para operados, uma Sala In iciada com recursos modestos, a Casa Santa
de csterilisação, uma sala de operações asepticas, Igncz encontrou ta l acceitação que a sua directoria
alêm das dependendas da Escola, como sejam o pôde a d q u irir uma grande propriedade na Gavea,
am phitheatro de aulas, o vestia rio dc alumnas, a onde fe z co n s tru ir um grande ed ifício que ho je se
secretaria, as dependencias das enferm eiras residen­ ergue numa adm iravel orientação, ba tido de luz, p ro ­
tes, e’tc. te gido dos ventos, cercado de florestas e com uma
Actualm ente a C ru z Vermelha Brasileira tem cm linda vista para a cidade. C onstruído para uma lotação
fim de construcção um magestoso ed ifício, onde ins- de 150 internadas, este num ero será a ttin g id o g ra ­
ta lla rá a sua Escola de Enferm eiras, que será m o­ dativamente, já se elevando a 60.
delar. te ndo tu do o que se faz m is ter para a mais F ina lin c ntc , a P o ly c lin ic a d • H ola fog o attende a
perfeita e ffic ie nd a do ensino de enfermagem, alêm dc lo n g o tempo aos pobres de Botafogo, com grande
m elho rar no novo estabelecimento os seus serviços efficiencia.
de assistência m cdico-cirurgica, já ex traordinariam en­ C onta a C a p ita l Fedvral os seguintes hospitacs:
te desenvolvidos. Desde sua fundação até J ulh o de
1922, o m ovim ento do serviço m edico g ra tu ito da H osp ital da S. Casa da M isericórdia.
C . V. B. fo i o seguinte: doentes m atriculados, 16.716: H ospício de N . S. da Saúde.
doentes internados. 59 6; grandes intervenções, 106; H o s p ita l de S. Joã.» Baptista da Lagoa.
consultas. 139.387; e curativos, 146.397. H o s p ita l O sw ald o C ruz.
N . S. das Dores,
O In s titu to </e Protecção r Assistência ã In fin - das C rianças, da S. Casa.
cia do R io de Janeiro c uma in s titu iç ão ph ilan tro pica D . Pedro II ( I) . N S. P ).
destinada a pro teg er as mães e crianças pobres, para S. Francisco de Assis.
isso fu ndando dispensários, creches, gotas de leite, da M aternidade do R. de Janeiro.
ja rd in s da infancia, asylos de m aternidade, hospi- P ró-M atrc.
P o lyclin ica G e ra l do R. de Janeiro.
tacs in fa ntis, escolas elementares, escolas profissio-
naes, escolas ao ar liv re , colonias dc fé rias, escalas H o s p ita l S. Sebastião.
para anormaes, asylos. serviços de puericultu ra intra do C arm o.
e extra-uterina, de exame c attestação das amas de S. Francisco de Paula,
dos Lazaros.
le ite , etc.
C en tral da Marinha.
O d r. A rth u r M oncorvo F ilh o inaugurou a sua
grande obra in sta llan do em 14 dc Julho de 1901 o Hahncmanniann.
D ispensário M on corvo. Os serviços que o In s titu to C en tral do Exercito,
tem prestado até 31 de Dezem bro de 1921 podem de Bcnefiecncia Portugueza.
ser avaliados pelos seguintes dados estatísticos: in ­ dos Ingleses,
divid uo s protegidos com assistência medica, cirú rgica, da Penitencia.
etc.: 85.057; pensionistas dc vestes, calçados, a li­
m entos. etc.; 6.919,
Acham-se em conclusão as obras do fu tu ro grande EXERCITO
palacio do In s titu to .
O e ffectivo do nosso exercito em tempo de paz
A Assis'cnciu a alienados no D is tric to Federal é o seguinte, d is trib u íd o por armas:
compôe-sc dos seguintes departam entos: 1) H o s p i­
ta l N acional, fundado em 1841, re fo n n d o em 1904:
2) C lin ic a psychiatrica, fundada em 1883; 3) C olo nia
de homens fu ndada em 1890 na ilh a do Governador,
fran sfe rida para Jacarepaguá cm 1922; 4) C olo nia
de M ulheres E. D en tro, fundada em 1911; 5) mani­ Artilharia ile campanha . . .
Anilharia de c u s t a ...................
côm io Jud iciario , fundado em 1921. Engenhari:....................................
O H o s p ita l N acional compõe-se de 4 grandes Esquadrilhas de aviação . . .
áecçôes, 2 pavilhões para epilepticos. 2 pavilhões para Companhias de carros dc assalto .
doenças intercurrentes. 2 pavilhões para alienados Contingentes cspeciacs . . . .
tuberculosos, 2 para leprosos. 1 grande p a v ilh ã o com Total .’.'ISO 73.938
Escola para crianças atrazadas mentaes, e 2 pa vi­
lhões para serviço am bulatorio, vizando a p ro ph yla xis
das doenças mentaes sendo um cspccialmente para a (3 arm am ento empregado assim se descrim ina:
pro ph vla xia da s y p h ilis cerebro-espinhal. É alêm disso
p ro v id o de numerosos outros serviços que o tornam In fa n ta ria F us il Mauser, com sabre-punhal,
de m axim a efficiencia. fu s il m etralhadora Madsen, m etralhadora pesada M a-
A clinica psychiatrica compõe-se de cinco pavi­
lhões. A colonia dc alienados de Jacarepaguá com­ C avalfaria Carabina Mauser, lança, sabre, re ­
porta 600 homens em pavilhões separados. A colo­ v o lve r Nagant.
nia dc m ulheres do Engenho de D e n tro com porta A rtilh e ria de campanha Canhões longos T. R.
500 alienados. K rup p, cal. 7,5, L. 58 para campanha, canhões pe­
quenos T . R. K rup p. cal. 7,5 L. 114 para montanha ;
A L ig a B ra s ile ira contra a Tuberculose, fundada obuses K ru p p cal. 10,5, carabinas Mauser, espada,
em 1900, custeada por particulares c subvencionada revolver Nagant
pela P refeitu ra do D. Federal e pelo G overno da A r tilh a ria d c costa — Canhões dc varios sis­
U nião, mantem dois dispensários e um serviço de temas. m odelos e calibres, fu s il Mauser

o o o o o o 468 o o o o o o
/.V/> //•/,V/)/
OSlÇAO I X I I R X AC'/O X Al.

F nycn ha rin fu s il Mauser.


(i O l l f " ' " ' 'I i■ to la a as armas E *pada, pistola A grande missão m ilita r franceza continua pro-
ficuamente o seu trabalho de com plcta m odernização

D ispõe «> nosso e xe rcito de dois arsenacs um ua


. apitai Federal, o u tro em P o rto Alegre e d ,s SJ.
guintcs estabelecim entos fa b ris para occorrcr ás suas MARINHA DE OUERRA
necessidades: Fabrica de p o lv ora sem fum o (Piquete*
I stado de São P a u lo ); Fabrica de Cartuchos e arte-
ínetos de gu erra (R ealengo, I). F e d eral); Fabrica A M arinha de guerra brasileira dispõe actual-
' polvora da E s tre lla (ra iz da serra de P e trop olis)- niente elas seguintes bellonaves: couraçados Mfnas-
I ibrica de ‘ fe' r r . de S. J o io de Ipanema. ( jr n ii s Sào Paulo, 1Q.250 toneladas (1000 ,• m i« ) -
A in s tr u c tio a ilita r rada : praças couraçados guarda-costas D e o ilo ro e F lo ria n t/. i . 1r>j
i de tir touc adas ( I 860 . 1000); cruzadores B ahia, 3.100
eollcgios m ilita r es differen te s■ (R io ele' '■meladas ( 1010) ; p i,, Orando . / „ S n l, idem (1 0 1 0 );
Alegre, llarbaeensi e C eará) >âo J.448 toneladas (1 3 6 7 ); contra-torpedeiros
preparatórias nec essanas á m atricula nos 1ntno na s. Paro. P ia iih y , P io O ran -lr 'lo S o r o . Pa-
litares superiores . Finalm ente na Escola ra lly ha, . Ur.i>oas, S c r i p t , Paraná, S. C atharinn e
Realengo temos ■o in s titu to fundam ental i Ala,lo O io.s.so. 650 toneladas (1 6 0 6 ); navio-escola
niaiáo de o ffic ia .:s de todas as armas. /u-ii/annn C onstant, 2.820 toneladas (1 8 6 4 ); sub-
O m o cursos espcciaes des tinados a ifficiae> nie is ix eis I - I , I s c / - >, > ,o ro n cln /a s, (1 6 1 4 ):
s -
perim es e in fe ri. ires existem ainda os se) tender (..«/</, 4.100 toneladas (1 6 1 5 ); tran spo rte ele
tabele C in u iit os: guerra Hi In n o r, e outros pequenos navios de m enor
im portanda.
Escola de aiperfeiço intent.» de o ffic ‘
M ilita r).
Escola de Estado M aior. H a ainda a notar as esquadrilhas de hydro-
avi.es. C ogita-se da aquisição de novas unidades
intendência. I d i constnicção de um p o rto m ilita r. C on tinu a e o
A dm inistraçã >. andamento a constnicção do novo arsenal na ilha
Aviação M ilita r. das (.obras. A missão naval americana, recentemente
V eterinaria. cmitractada para in s tru ir "e reorganizar nossa ma­
Sargentos de Infantari rinha já começou seus trabalhos.

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DO RIO DE JANEIRO - OUTRO ASPECTO NOCTURNO

O O O O O 469 o o o O o
P O R T U G A L E BRASIL

OM v iço e pujança fro n d e ja m ao la rgo

C
S PAES, e cspccialm cntc as m ãe s ,v iv em
cia vida dos filh o s ta nto ou mais que as genealógicas arvores b ra s ile ira s ; mas.
j da sua p ro pria. A alegria e a fe licidade se a sua copa é d’ A lé m -A tla n tico , sc
proveem-lhes, menos da satisfarão dos os seus ram os são am ericanos, se as
seus egoísmos, m elho r ou pe or disfarçados, que do sur.s pernadas são de Santa C ruz, a raiz c genu.-
espectáculo desinteressado da ventura e bem-estar namente portuguêsa, quando os tron cos o não são
daquelles seres em que.n se reproduziram e cuja tam bém !
existência continua a ser, affectiva e esp iritu alm en­ Quem de nós, da rib e ira do M in h o ás praia;
te, aos seus olhos, rcFlexo e emanação da sua exis­ algarvias, da fro n te ira de H espanha ás ondas salsas
tência. do A tla n tic o , não conta parentes na B ra s il? I. p e -
c o rre r os m in uciosos arò o la rio s qu inh en tistas, v o l­
ver as paginas das lusas n o biliarchia s, pre scru tar as
Nas raras naç3es que tivera m o p riv ile g io da gerações das casas solarengas ou plebeias e não
maternidade póde observar-se egual phcno.neno. O raro toparemos o em igrado para o B ra s il! Em igrado
seu egocentrism o necessario perde a rig id e z e atte- p o r esp irito de aventura, p o r necessidade, po- cum ­
núa-se em p ro v e ito de um sentim ento novo, m u ito prim en to do devêr.
m ais b e llo e exaltador da im p erfe ita natureza huma­
na, a que dá, porque não dizel-o, e n x erto d ivin o.
O sangue português reg ou o só lo b ra s ile iro e
quantas vêses não alim en tou os habitantes d o m ar
Repare-se, p o r exem plo, como P o rtug al e os que banha as silas costas!
Portugueses s t regosijam e o rg u lh a m ; na razão d i­ M isturado com o dos aborígenes e n tro u em cir­
recta da sua cultu ra de coração c e s p irito , a cada culação; conservado p u ro aclim ou-se e prosperou.
p ro grtss o, a cada e x ito do Brasil na sua marcha Nos n o b iliá rio s de P o rtug al, em to das as l i ­
ascendente de povo moço, na sua edade dito sa em nhagens posteriores a 1500, se depara alguém que
que só se olh a para cima e para diante. Repare-se do tron co comum se destacou para ir enxertar-se em
como ainda agora dois Portugueses, oa m aiores ou troncos longínquos, abandonando d 'esta rte a patria
entre os m aiores do seu tem po, arriscaram calmamen- mãe pela patria-irm â.
te a vida, não só para reso lve r um proble.na de n o .a São representantes p o r varonia, de bons costa
seiencia, mas s obretudo e cusenciaknente para das do s; homens m u ito h o n ra d a ; e de linhagem honra
ao B rasil uma prova de a ffecto em que ninguem d a ; valentes cavaleiros com as suas m oradias e res
podesse excedcl-os e para inscrever, na h is to ria luso pectivos alqueires de cevada; ricos-homens e védo
b ra sile ira do século X X , um fe ito d ig n o de te r sido res; grãos justa do res; amos de p rincip es; sisudos f i ­
encorporado. qu atro séculos antes, ao evangelho da lhos d'alg o, v irtu o s o ; e d iscretos; m ordom os-m óres
raça lusita na que são os «LU S ÍA D A S ». Repare-se de princip es; copeiros-m óres; cam areiros-m óres; to­
como a preoccupaçâo p o litic a portuguesa, na cons- dos directa ou indirectam ente podem te r de ixa d o ge­
trucção do Brasil, fo i assegurar-lhe a unidade, isto ração nas te rras de Santa C ru z!
é, a m e lh o r pro pu lso ra da sua independencia e a
m a io r caução d o seu fu tu ro . P o rtug al não d iv id iu nun­ Quantas vezes, despachados com fortalezas, ten-
ca, para mais commodamente governar. E fa lta ainda do-sc d is tin g u id o nas jornadas e idas de A fric a , ca­
perspectiva (qu e só o tem po dará), para se apreciar, pitães de gente em tomadas de cidades, te nd o via­
em toda a grandeza das suas consequências, a ge-. gens da C hin a o u de M aluco , m uito valid os e m u ito
n ia l inspiração que p e rm ittiu fu nd ar na Am erica, ufanos de suas pessoas, tendo fe ito grandes e n tra ­
como urna compensação ao de seq uilíb rio luso-caste­ das de m uita honra e.n te rra de in fié is , o u tom ado
lhano na Ib eria europeia, uma unica e colossal Lu­ castelos por fo rç a de armas, quantas vêses, nã o m or­
sitania ao lado de v in te fragm entadas Hespanhas. reram em náos que deram á costa b ra sile ira sem
d ’ elles se saber parte I
Espingardadas, pclouradas, lançadas ou arcabu­
A g lo ria c preponderância crescentes do Brasií zadas, tu do con tribu ía para tira,- a vida aos arro­
in te rpreta rão um dia, condignamente, essa in ic ia tiv a jados e destem idos nautas lusos.
historica, que honra p o r egual Portugueses e Bra­ Para a sua m em ória pois, as nossas hom ena­
sile iro s : pois que, se aquclles a conceberam, fora.n, gens e para aqueles onde corre — na p a tria -irm ã d j-
são e serão estes que delia souberam c saberão ex- o seu generoso sangue as nossas m ais vivas e
tra h ir, com vigila n te consciência, os fru to s e p ro ­ enthusiasticas saudações!
veito s inesgotáveis.
Torre do Tombo — 11 dc julho de 1922.
Buenos Aires, 1922.

A i .bf.rto o ’O l iv e ir a . A n t ó n io B a i Xo .

o o o o o o 470 o o o o o o
c e h if n a k o da in d f p f x d f x c i a t da e x p o s iç ã o

U A N IX ) o m a g n ific o scculo de quinhen­ prestigioso consócio Ruv Barbosa, oração aí repro-

Q tos apenas despontava, uma fro ta por-


gucsa, singrando na direcç3o de su­
doeste, encontrava a te rra da Vera-
Cruz. Era uma viagem de triu m p h o . Trezentos e o ito
annos passados, o u tra armada conduzia ás mesmas
diUKla no 1.» n.» do 1,- , 1,0 d . Revista dc L in g o ,
Portuguesa.
M ostrando que nessa consagração dois deveres,1
como no Brasil, e não um só como nos ou tros povos,
assistiam a portugueses, pois curvados perante a gran­
plagas uni soberano fu g itiv o , e as esperanças de diosa fig u ra a g lo rific a r, também baixavamos a ca­
independência, ainda restantes, da patria. Parecia o beça agradecidos pelo quinhão, que na festa nos per­
sossobrar de nacionalidade. tencia, te rm iná ra com êste c on fron to sugestivo:
E todavia o acto pusilânim e fo i resolução de
avisada p o litica. Salvando a pessoa d o principe do
C a p tive iro , em to rn o d ’clle co.no centro ideal, se
m anteve a unidade da nação, separada em troços
nas q u a tro partes do m undo Sem esse acto é c ri­ s, prc<luçât) literária do filho, que não assis-
vei que os dom ínios portugueses em Africa e Asia i-scntação, rcccjs. das manifestares que pii-
car a cscabrosidade da tese, mas estando o pai
mudassem de sen ho rio ; que o mesmo Brasil se visse c.n à vista, num camarctc.
exposto aos assaltos da cobiça extranha; quando is-i d:> drama f:ii grande e, sendo feitas calõ­
houve a transição para Estado liv re , definitivam en­ es ao auetor ausente, o pai as agradecia, ic-
e curvando-se, lisongeado c reconhecido,
te organizado, lhe seria perturbada por convulsões no dia seguinte incrcpado nu.n jornal de, sc:n
semelhantes ás que abalaram as demais nações ame­ u itir mas o filho, se atribuir fe licitares que
ricanas, emancipadas então. rtcriciam, ^ respondeu, em carta publicada, que
Assim da fu ga de I). João V I derivou conser­ era rcalmcntc Alexandre I )u iiaJ,4"M h.^éle
var-se a velha m onarchia autonom a, e fo.m ar-se a i, cm verdade, o autor do autor.
nacionalidade nova ■ Ruv Harbcsa é, dc facto, brasileiro, é iguil-
, não só mie d> Brasil fòra Portugal o au-
Desde a hora soberba do descobrim ento, se abri­ mda que mssa ascendência :nuit > d c sc en-
ram para a raça lusa prospectos nunca imaginados.
Cada vez que a pa tria antiga temeu p o r seus des­
tine s, os dirige nte s pensaram cm acolher-se á guar­
da do C ru ze iro : ta l fe z D . João IV, desesperando Q uanto a penetração recíproca da vida social
dos dois povos, — habitando um os extensissimos
da conciliação com C a s te lla ; a Regente D . Luiza
te rritó rio s de Santa C ruz e o u tro o pequeno Portugal,
quando i pressão :ta n o n te ira fo i poderosa; D . José,
mas largam ente am pliado até só com Angola áque
ao sentir-se ameaçado na capital pelo inva ro r e.n
les fro n te ira de cá Jo A tla ntic o — , no desenvolvi­
marcha. Em lance de mais aperto, o principe D. J o fo
mento e satisfação das suas necessidades m orais e
realizou a q u illo que seus predecessores sómente ha­
materiais, desde as afectivas ás económicas, por mim
viam ponderado.
indicarei que, além das convenções já pela excepcio­
O recurso justificava-se. A o la r carinhoso do nal amizade entre elas bem explicáveis em quaisquer
filh o se acolhe o p ro g e n ito r a fflic to . E o que fo i vantagens diferenciais, sejam pccularissim as umas ou­
será ainda, se algum a vez, na sua terra, se achar em tras consentâneas com a realidade daquela situação.
risco a gente portuguesa. Então, co n >' cm épocas Tcndo-me refe rid o á observação dos tratad is­
passadas, seus o lh os se volverão, através do oceano, tas de D ire ito In tc rn a iiq n a l P úblico, de que, se o
para a distante Am erica, onde mandou seus heroes, emprego dos vocábulos «Estado» c Nação» se tem
seus aventureiros, seus m issionários. Na obra d’elles habitiialm ente como indiferen te para designar tuna
se revê agora, embriagada do o rg ulho d > passauo, seriedade soberana, em seu sentido especial se dis­
dc esperanças no fu tu ro ; e descortina já por entre a tinguem p o r á noção do Estado se lig a r a ideia da
névoa dos tempos, no segundo centenário, a grande unidade do poder político, c á de N acionalidade a
nação fo rte, populosa e culta, galardão da America, da unidade dum conjunto de caracteres comuns, dos
que ha de tra iis m ittir aos séculos a g lo ria dos des­ quais é a ling ua um dos mais im p o rta n te s ; n a men­
cobridores, nossos commons ascendentes cionada oração de homenagem ao grande jurisconsulto
bra sile iro , que nas C onferências da H aya a étè, se­
gundo a expressão de Hanoteaux, à la tè le d? la
L u c io d’ A zevedo . ptnsée humaine, acrescentei:

. <>ra, se até agera com Portugal c o Brasil desta


unidade se podia fa/cr uma das mais perfeitas exemplifi­
O O O cações, d.-qiii por diante, aceita como foi, há pouco, in-
teiramente no Biazil pela sua Academia, a recente reforma
ortográfica, aprovada pela nossa e estatuída cm Portugal,
lai unidade ficou bem consolidada para, pela forma do
pensamente nos doi< paises, tanto parecermos nós brasi­
CEDENDO ao, aliás, indeclinável, con­ leiros da Europa, como os brasileiros portugueses da

A
« América. »
vite, que acabo dc receber, para cola­
bo rar dalgum m odo na secção do «Li­
vro de O u ro do C entenário da Inde­ Não s t tendo, porem, m an tido esta concordân­
pendência», que o «A nuário do Brasil» está organi­ cia, como revelam vários artig os inseridos na men­
zando, destinada a arq u iv a r as saudações de P o rtu­ cionada Revista de Lingua Portuguesa, havendo re­
gal, e qualquer concurso sugerido para o estreita­ clamado contra o seu p ró p rio voto sôbre alguns
m ento das relações luso-brasileiras, com a m aior de­ pontos não poucos dos que tinham aprovado na
voção e jú b ilo , em bora sumáriamente, como no mo­ Academia do R io de Janeiro a reform a da de Lisboa,
m en to se me oferece, satisfaço á honrosa s olicita­ já nesta eu lem brei, que delegados das duas e com os
ção. bons ofícios dos respectivos govêrnos constituissem
Para saudar êsse glo rio s o país, que pela trans­ uma comissão, que estudando de novo o assunto,
form ação dum grande im p ério constitue uma das assentassem num regim e o rto g rá fic o , que se tornasse
ntais florescentes repúblicas do m undo, relevar-se- autorisado c seguido em cada u n dos dois paises.
me-á. que eu para aqui traslade, gosôso novamente A êsse a lv itre , que aqui re p ito , acrescentarei,
de o dizer, o que escrevêra na oração proferida na conform e aquela situação, quanto a m im , ju s tifica e
Academia das Sciências de Lisboa, quando em sessão reclama, mais êstes ou tros para igu al fim da confra­
especial ela se associara ao ju b ile u lite rá rio do seu ternização luso -b rasilcira:

o o O o o 471 o o o o
L/VRO n t OURO C O M M tM O R A T/VO IX ) CENTLNARIO OA

Leis exactamente igu ais cá c lá, cujos projectos A A M IS A D L L U S O -B R A S 1 LL IR A


form ulassem delegações semelhantes, sòhre:

a) Propriedade L ite rá ria c A rtística , a trib u in d o


cada país aos autores do o a tro os mesmos S V IC IS S IT U D E S his tó ric a s que apar

U)
d ire ito s dos nacionais;
C riação dum do m ínio p ú b lic o pagante por
m eio dum im posto sobre a reproducçâo das
obras nesse d o m ínio caídas, a c o n s titu ir um
fu nd o de assistência a he rdeiros indigentes
A taram da ingerên cia portuguesa o des­
tin o p o lític o da grande nação brazilei-
ra. não constituem de m odo algum nem
m o tiv o de ressentim entos m útu os nem ob stá culo a
aproxim ações e entendim entos, insp ira do s tanto na
de autores glo rio s o s conform e o reconheci­ consciência da raça e cm im p ulso s afectivo s de ir ­
m ento e a deliberação das Academias res­ mãos com o na noção da u tilid a d e com um. Esta ú lti­
pectivas; ma decorre logicam ente da situação geog ráfica de
c) — A dição ao quadro das cadeiras d o ensino d*: P o rtu g a l, guarda avançada da Europa sòhre o A tlâ n­
D ire ito em cada um dos do is paises duma, a tico, e, por essa razão, pela ascendenda étnica e
professar 110 ú ltim o ano do curso, de estu pela lín g u a , o m e lh o r in te rm e d iá rio - n a tu ra l entre o
do comparado das diferenças da legislação V e lh o C o n tin e n te e o Brazil.
d o o u tro em m atéria c iv il, com ercial, fiscal, Este e P o rtu g a l, oriun do s duma mesma árvore
de processo, ctc ; genealógica, serão d is tin to s in d iv íd u o s p o litico s, mas
Permissão e regula mentaçáo do d ire ito dos com com unidade da aspirações, de in s tin to s e
cidadãos dmn dos t istados residentes no oti- porque não dize lo ? de defeitos, que o paren­
tr o poderei! i neste ser recenseados e votar tesco lhe s deixou no plasma g e rm in a tiv o e que ex­
nas eleições política:s para as camaras legis- p lica rã o o p a ralelism o das o rb ita s descritas pelas
la tiva s do sieu pa ís; duas h isto ria s.
Concessão ■cm cada Estado aos cidadãos do T en ho nos destinas d o B ra z il um a fé que não
o u tro , lá residentes ao* cabo de determ inada é m enor d o que a que. co.no pa trio ta sciente das
tem po, de capacidade e le ito ra l, de ele itores e virtu a lid a d e s da alm a lusa. gu ard o inabalavelm ente
elegíveis, para as corporações adm inistrativas pelos do meu tã o experim entado P o rtu g a l.
Na ho ra incerta que a Europa, gasta e intra nq tii-
la. está vivendo, te nh o ines.no a im pressão de que o
Brasil, i- nto de tantas'd essas preocupações que são o
Lisboa. 15 de julha de 1922. pesadelo dos governos europeus, ou devendo até enca
ra r os factos dem ográficos e sociaes du.n m odo radi-
V isconde de C arnaxid e . calm ente divers . é u n excelente cam po de cultu ra,
novo, sadio e fé r t il para as virtu d e s rácicas que tão
m aravilho sa flora ção tiveram no utra s eras e que fe ­
V in d o publicadas no C o rre io da M anhã de hoje lizm ente fa ctos recentes atestam não se haverem ex-
tres estrofes minhas, propositadam ente, como 3S dos
Lusíadas, em oitava rim a, con fo rm e sçriam as que os t K i i k i i S \ to . do coração c i i inte ligê ncia
continuassem com a narração do pro d ig io s o feito, pe lo p o r v i f e pela g ló ria da nação bra zilcira . co n s
que 'nu m om ento concentra a ateuçã > e o entusias­ pela sólid a amizade entre ela e P o rtug al.
m o de bra sile iro s c de portugueses, a d ito este artig o
repredusindo-as aqui pela sua oportunidade.
A. A. M endes C orsèa .
São as seguintes: Hrc fessar da Universidade do Porto.

AS DUAS JORNADAS DA HISTORIA

A sciencia. a audacia c a aventura,


tendo, juntas, as tres deliberada
criar fama aos que fossem i procura G L O R IA AO B R A S IL
d um continente apenas suspeitada;
fama que a Luscs coube, e ainda dura
havendo alguns scctrios já passado;
só tornaram agora a resolver
mais cutro grande pie nio conceder. U T R O R A — ad v erb io m u ito fa m ilia r aos

O velhos escrevi uma pagina, que re­


vive oportunam ente h o je:
Nunca a te o ria de H erde r, ite que
se deve procurar nos aspectos da natureza o p ri­
m eiro m ó b il das tendem ias e determ inações dt>s po­
vos, fo i mais verdadeira do que aplicada ao Brasil.
«Os caudalosos rin s d ’essc h e llo país, as suas
am plas baías, as suas grandes m ontanhas, as suas
profun da s florestas sugeriam a li ao e s p irito hum ano
Para a jornada ser das ruais distantes, a idéa de liberdade, o am or de independencia, o dje-
sejo ardente ele um estado social m odelada pela •am­
os levou ao Brasil o coração, plid ã o dos contornos, pela largueza de traços da
onde entre aclamações as mais vibrantes, paisagem brasileira.
agitada de funda comoção, O scenario era com p ictaincn te dive rso do da
chorara de alegria toda a gente, E u ro p a ; o actor e o drama deviam s ê lo também.
vaidosa do passado e do presente.
A exuberante fe cundidade do s o lo p ro p o rcio ­
nava ao B rasil um a enorm e riqueza agrícola , um te­
souro de prosperidade que se abria p o r si ntes.no
Na vastidão dos rio s c baías o f f e m ia a natureza ex­
cepcionais vias de com unicação ao com ercio interna-

o o o o 472 o o o o o o
IS O t I t S DE NCIA t DA l \ fOSIÇAU 1STI R \ ACIONA

jjo n a l. E#tc po vo tin h a , pois, nascido para dcsem •vindo o sussurro destas aguas largas do
penhar um papel em inente nas relações comerciais eje as treze naus de Pedro Alvares Ca-
,1 to do <' m undo. Mas ta mhem , contem plando a singrando c.npavcsadas.
Mi.mdeza das m ontanhas e dos po rtos de mar. n
vastidão dos sertões c a espessura das florestas, era
íaeil com prehender q u e o povo cria d o no m eio dessa Ai berto P im entei .
i niilenta natureza, c uja vegetação dific ilm e n te se dei
varia dom inar pela m ão do hom em , seria uni p >v >
liuapaz de so fre r lo n g o s e pesados jugos, seria um o o o
p,.vo cioso de sua libe rd ad e e independência, um
povo que não pre s c in d iria de possuir politicam ente
um país que geographicam ente já era seu . R O R TU üA L-B R A S IL

Agora, que passa justam ente o centenario da AUDAR o B rasil no dia em que elle

S
Independência do B ra s il, tem a H is to ria o irre fra festeja o centenario da sua m aioridade
gavcl d ire ito de pe rgu nta r a essa grande nação ame­ p o litica, representa para os p o rtug ue­
ricana. onde se fa la a lin g u a portuguesa, qual fo i ses dc hoje mais algum a coisa que uma
<■ uso que fez da sua independência durante o curso demonstração de amizade fra te rn a l; é a consagração
de um século. d ’um d ire ito leg itim a do por cem annos de h is to ria ,
A resposta será triun fan te m e nte categórica: durante os quaes algumas das mais nobres q u alid a­
P rog red i, engrandeci-me acompanhando a m ar­ des da Raça se affirm aram com a decisão e a ga­
cha da civiliza ção m un dial. D ila te i o comercio, am ­ lhardia que as patrias novas, como homens moços,
pliei a in d u stria , m e lh o re i a instrução, fiz c ultiv a r sempre encontram na sua lc adm iravel.
.i- sciencias e flo re s c e r as letra s, entrei no concerto Através do Oceano, campo-santo de heroes e
das nações in a is adiantadas, a u x ilie i a causa da l i ­ m artyres, que mais approxim a do que separa as duas
berdade dos povos con tra o cesarismo alemão, adoptei patrias lusitanas, Po rtug al tem vis to com am or e
as normas de um a democracia calma e jústa que, o rg u lh o fortificar-se. crescer dia a dia, a arvore g ra n ­
aplaudindo os vencedores de hoje, não esqueça nem diosa que brotou, como na g lo ria d*um m ila gre b í­
denigra os vencidos de ontem , porque as nações blico, da vigorosa raiz que Pedro Alvares C abral
briosas são com o as l>oas fn n ilia s : prezam-se de te r ha quatro séculos fo i desentranhar do generoso solo
antepassados conhecidos e pergaminhos limpos. portuguez para com ella prender as ancoras da sua
náu bem fadada.
O la ria ao B ras il, proclam ará a H is to ria , de­
É p o r isso que agora to dos nós, os que fica ­
bruçando-se' respeitosa, sobre a tribu na dos séculos,
mos na velha te rra hereditaria, sentimos necessidade
donde ela p ro fe re seus ctcrno 3 decretos para ser
de agradecer ao Brasil a perseverança com que con­
escutada de to das as gerações n o imundo todo.
seguiu realizar, e por certo exceder, o sonho mara­
vilho so que ao alvo-ccer do século X V I enlevou os
nossos navegadores, c devemos esforçar-nos para que
C onquanto eu não possua altíssim os e b rilh a n ­ a esse sonho, já attin g id o , "se sobreponha o u tro cuja
tes m éritos para ser conhecido em paiscs estranhos, realisaçáo innatu- com pletamente, na festa d o se­
ouso fa la r co n fia n te ao Brasil, porque é a segunda gundo centenario, os netos dos b ra sile iro s e portu-
patna do coração a fectivo dos portugueses, e por guezes dc h o je: a confederação das duas patrias
que me honra sobrem odo o diplom a de socio do irmãs, soldadas de modo que o Brasil te nha uma
In s titu to h is to ric o <• ge ographico, que me dá pelo casa na Europa e P ortugal uni palacio na America.
menos a ga ra n tia de não ser absolutam cnte ign ora­ O palacio será talvez demasiado vasto para o irm ão
do dos meus consocios. europeu, enfraquecido pelos annos e pelos in fo rtú ­
Sim, ou so fa la r con fian te ao Brasil de que me nios; mas a casa não parecerá estreita ao joven e
m ig o mais p e rto d e po is que Sacadura e C outinho gigantesco irm ão americano, porque acima do tecto
lá chegaram voa nd o ouso fa la r sem embaraço hospitaleiro elle encontrará, ainda de pé, a velha
para que todos os b ra sile iro s possam o u v ir as cor to rre senhorial tão alta que d o seu eirad o se
deais saudações que entu siasticam ente lhes envio, na avistaram to dos os continentes e todos os mares
data glo rio sa do centenário nacional, com os olhos do mundo - tão larga que d e n tro d ’ella coube a
postos na to rre de Belem , que tenho quasi defronte alma de Nunalvares e o ge nio de Camões.
Lisbca. julho 1922.
C) A corte de I ) Pedro IV . 2.* ediçí J, Lisboa, 191 I. D. JoXo de C astro .
“ J o rn a l do B r a s il”

Edifício do Jorna', do Brasil

OJornal doBrasil começou a ser publi­ Também esta phase não durou muito e o
cado no mez de abril de 1891, sendo seu jo rn al passou ás mãos do ConselheiroRuy
Conselheiro Ro-
prim eiro Redactor Chefe o Barbosa, que em 1893 teve de suspender as
dolpho Epiphania deSouza Dantas, Minis­ publicações devido á revolta.
tro durante o imperio. Em 30 de outubro de 1894 o jo rn a l fo i
Pouco tempo depois o jornal passou a ou­ adquirido pela firm a Mendes & C.», iniciando
tros proprieta ios, sendo Redactor Chefe o D r. novamente suas publicações em 15 de Novem­
Ulysses MachadoPereiraVianna, antigo de­ bro de 1894, tendo como Redactor Chefe o
putado durnte o im perio e successivamente Dr. Fernando Mendes de Almeida, mais ta r­
advogado. de Senador.

o o o o o o 474 o o o o
CENTENARIO DA INDE FENDENCIA I: >A EXPOSIÇÃO

o o o o o o 175 -o o o o o o
OURO COM MIA RATIVO n n CRN T ! MARIO
LIVRO

no Brasil, circulando entre todas as classes; é


Em 1902 o Jornal constituis-se em So­
ergão o ffic ia l do Conselho Municipal o que
ciedade A no n jm a , cujas acções em 1918 pas­
c torna o mais conveniente para a publicidade;
saram em propriedade de um grupo chefia­
sua situação financeira é prospera e a sua tira ­
do pelos Srs. Pereira Carneiro & C Ltda, sen­
gem tende a augmentar constantemente.
do seus Directores actualmente o sr. João L u i/
dos Santcs e o D r Annibal Freire da Fonseca
E, além de tudo, prima pela bòa lingua­
e o D r. Antonio Carlos da Rocha Fragoso.
gem.
É presentemente o jo rn a l de m aior tiragem

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DO RIO DE JANEIRO. Mostruário do SahSo


Russo, cedido pelo scu proprietário, o Sr. Manoel Luis Garcia *o Mu eu Commercia’ e Indus­
trial do Ministério d:i Agricultura. O Sabãu Russo, s ilido, medicinal, o mais hygienico e
saudavel para a epiderme, mereceu o Grande Prêmio, gloria que vem juntar-se ao merecido
renome que por todo o Brasil tinha já o Sabão liquido.

O O o o 476 'o o o o o o
“O PAIZ

EDIFÍCIO l ) t O PAIZ

u
A 1 de outubro dc 1884, do prédio nu­ réis e a assignatura para <Còrte e provincias»
mero (>3 da rua do O uvidor, saia o prim eiro custava 205000.
numero do P A IZ . C) artigo de apresentação marcava firm e ­
Fundado pelo conde S. Salvador de mente a orientação mantida até hoje. Porque
Mattosiuhos, portuguez de nascimento, ho­ o jornal se propunha, em todas as causas que
mem de alta intclligencia, que pela aetividadc defendesse, jamais ir de encontro aos inte­
commercial conseguira já boa situação dc fo r­ resses geraes da nação, como também não col-
tuna, o jo rn a l declarava, no cabeçalho, o nome locar nunca aspirações de partidos e grupos
daquelle, como seu proprietario João José acima do bem communi. Q uanto aes metho­
dos Reis Junior. dos de acção, o artigo a ilu d id o proclamava,
Tinha o jo rn al quatro paginas, era mui­ com a maior elevação: .Buscaremos lembrar-
to bem impresso e o seu agradabilíssim o as­ nos sempre de que o jornalismo, por isso mes­
pecto material não d iffc rin essencialmente do mo que c uma exigente escola de critica,
de hoje. O numero avulso era vendido a UI ha dc er uma escrupulosa escola de respeito».

o o o o o o 47< o o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMORAT IVO DO CENTENARIO DA

O jornal era muito noticioso, tinha ex­ Entre os principaes redactores dessa
cellente serviço telegraphico nacional e estran­ phase longinqua, é possivel citar nomes como
geiro, parte commercial muito cuidada e a col- os de Joaquim Serra, Jovino Ayres, João Bar­
laboração dos escriptores mais eminentes do bosa, Augusto Fabregas, Arthur Azevedo,
Brasil e de Portugal. Qastão Bousquet, Urbano I3uarte. Entre os
O seu primeiro redactor-chefe foi oi gran­ dos collaboradcres brasileiras, Joaquim Na-
de Ruy Barbosa e o seu primeiro secreta­ buco e Ferreira Vianna.
rio o cultissimo e experimentado jornalista Quintino, além de redactor-chefe, foi
que se chamou Antonio Leitão. também director. E na linhagem dos directo­
Admiravelmente bem aceito pelo publico, res é possivel citar: Manoel Cotta, Bellarmino
o seu successo foi dos mais rapidos. Com tres Carneiro, Rodolpho Abreu, Zeferino Candi­
tnezes de existência, chegava ao fim do anno do, Pedro de Almeida Qodinho. A partir do

da sua fundação com uma tiragem, verdadei­ anno de 1902, a preponderância na direcção
ramente formidável para a época, ftc 14.000 passou a caber ao actual presidente da em-
exemplares! preza organizada em sociedade anonyma, o
Naquelle tempo Ruy Barbosa attendia ás Sr. João de Souza Lage.
pessoas que o procuravam, na redacção, das Entre os jornalistas do mais glorioso re­
13 ás 15 horas, diariamente. nome que, depois de Quintino Bccayuva, o
Resolvendo afastar-se do logar de reda­ iniciador da sua grande tradição, o P A IZ tem
ctor-chefe, a esse posto ascendeu Quintino tido como redactores-chefes, deve-se citar Al-
Bocayuva, justamente chamado o patriarcha cindo üuanabara, Nuno de Andrade e Eduar­
da Republica. Foi Quintino quem definitiva­ do Salamonde.
mente marcou a importância .politica do jornal, A mais longa ,acçãoçde direcção que o jor­
lançando-o, com impeto magnifico e victorio­ nal tem tido, como se vê pelo que ficou dito,
so, nas campanhas que fizeram a abolição e a é a do Sr. João Lage. Organização das mais
Republica, sendo que a sua actuação foi igual­ brilhantes e completas de jornalistas, na épo­
mente das mais vivas e efficientes durante a ca em que, com o governo Rodrigues Alves,
famosa questão militar. a cidade foi remodelada, João Lage conse—

o o o o o 478 b o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

guiu instalar o jo rn a l no m agnifico palacio annos de continua actividade, in flu in d o so­


que occupa á Avenida R io Branco, e onde bre todos os factos da vida nacional, não con­
as suas diversas secções contam com um ta, na sua extensissima lista das campanhas
apparelhamcnto simplesmente primoroso. de todo genero, que tem emprehendido, uma
Mas ao Sr. João Lage O P A IZ não deve só campanha perdida.
apenas a sua grandeza material. Este illustre E essas attitudes ,de nobreza e de res­
jornalista longamente trabalhou ao lado de peito, essa linha impeccavel marcada pelo re­
Q uintino Bocayuva e tem sabido, através do moto artigo-prcgramma, jamais se in terrom ­
esplendido desenvolvimento adquirido pelo peu ou caiu, mesmo nas phases mais asperas
jornal, conservar-lhe e consolidar-lhe as ad­ e difficeis. Jornal de combate, de actuação v i­
miráveis tradições. vissima, O P A IZ jámais deixou de respeitar

«O P A IZ > - COMPOSIÇÃO E LINOTIPOS

Proclamada a Republica, era natural que, aos outros e a si mesmo. Discute, examina,
dentro delia, o orgão maxim o da sua propa­ critica, ataca, é vehemente, mas sempre em
ganda se tornasse conservador. Desse conser- linguagem educada, sempre,dentro das melho­
vantismo lo gico e intelligente jámais O P A IZ res normas de ethica profissional. E, se tem
se afastou. E, como ha 40 annos, põe o fo r­ experimentado, por vezes, a necessidade de
responder a aggressões no mesmo tom em
midável prestigio politico e popular que con­
quistou ao serviço dos interesses superiores do que foram feitas, delle é possível dizer que
jámais aggrediu. A não ser em legitima de­
Brasil e á defesa.dos princípios sobre cs quaes
fesa, não se encontrará nas edições do P A IZ
repousam as instituições.
Para se fazer uma idéa do q.ue esseé> qualquer coisa qe possa ser acoimada de ex­
cessiva. Também' é geral e modernamente con-
prestigio basta dizer que O P A IZ , em tantos

o o o o o o 479 o o o
'I W T fV A P in

siderado com » o jo rn a l mais bem feito, in- A o la d o do Sr. Joào Lagc, director-pre-
tellectualmente mais cuidado de toda im pren­ sidente, acham-se, como directores, o D r. V il-
sa brasileira. lela Santos e o Sr. jarbas de Carvalho, sen­
A sua coliaboração continua a ser das do que este, um dos mais antigos e prestigio­
mais variadas e brilhantes. C) jo rn a l, segundo sos redactorcs do jo rn a l, tem a superintendên­
praxe rigorosamente mantida, não se immis- cia da sua redacção.
cue nas opiniões dadas em artigos assignados. A parte adm inistrativa é d irig id a pelo
E a sua redacção é considerada .orno uma Sr. A lvaro Campos, que também esteve na re­
verdadeira escola tie jornalistas. dacção.

o o o o o o 480 o o o o o o

r
“0 Correio da Manhã
T raçar a historia do Correio da sára, para se consagrar exclusivamentc á
Manhã» é registrar uma série brilhantís­ actividade jornalística, o Correio da M a­
sima de trium phos inesquecíveis, que lhe nhã» logo se im po/ á estima publica, pa­

deram um logar de alto relevo na mo­ ladino formidável de causas benemeritas,


derna imprensa sul-americana. que até então não haviam encontrado de­
Fundado em 15 de ju nho de 1001, fensor.
pelo d r. E dm undo Bittencourt, que aban­ O seu fundador entrou na luta arro­
donara a advocacia, em que se notabili- jadamente, pondo em relevo todas as suas

o o o o o 481 o o o o o
IJVRO Dl: OI i RO CENTENARIO DA

magnificas qualidades de polemista, o ímprensa de então, fugindo de uma la­


seu'talento de escriptor, tornando-se uma mentável rotina e impondo-se pelos seus
verdadeira força na opinião nacional e o amplos serviços de informação, pela acti-
seu orgãò, na imprensa, de maior pres­ vidade de sua reportagem, pelo cuidado
tigio. de sua feitura, pelo escolhido de sua col-
O Correio da Manhã» foi desses laboração, representada por nomes de va­
jornaes, exemplos rarissimos, que nas- lor nas nossas letras, á frente o eminen-

cem feitos, cuja prosperidade antecipa­ te e saudoso estadista Manuel Victorino,


damente póde ser assegurada, cuja po­ que lhe fez a apresentação, num artigo
pularidade augmenta sempre, porque os que foi um dos primores de sua penna
seus esforços não cessam na defesa dos privilegiada, Ars Nova».
sagrados interesses a que se consagrou C> Correio», na sua gloriosa róta,
ou a que, de futuro, dará o melhor do tem sido o creador de jornalistas do
seu esforço, de sua coragem, do seu ar­ mais alto mérito, em cujo numero, e em
dor e da sua sinceridade. primeiro plano, aqui citaremos LeãoVel-
Jornal moderno, o Correio» veiu loso, o brilhante O il Vidal, o mais de­
também modificar as velhas praxes da dicado dos auxiliares de Edmundo Bit-

o o o o o o 482 o o o o o o
IN O tl ENDENCIA E DA EXfOSIÇ AO INTERNACIONAL

tencourt, e cuja penna, durante muitos rector actual do C orre io da Manhã»,


annos, illu stro u as paginas de uma fo­ graças a habilissimas reformas, fel-o en­
lha a que elle consagrou todo o seu ca­ tra r numa nova phase de mais crescente
rinho c da qual fo i redactor-chefe e di­ prosperidade.
rector, cargo de que se afastou por exi­ O dr. Edmundo Bittencourt não é,
gências de saude, indo fix a r residência na nem nunca fo i um ambicioso. Os lucros
Europa. de sua empreza elle nunca os reservou

Correio da M anhã
A Confertncia do Partido Trabalhista Inglez recusou a adltesâo dos «immistas

UM H U S r t ü t ILLUSTKE
0ata de Julio Dantas e sua recepção Itoutem, a
oa Academia Brasileira de Letras

1.» pagina cI j dc 27 de Junho de 1923

Disposto, também, a repousar, após exclusivamcnte para si, dividindo-os ge­


um dispendio de energias extraordinario, nerosamente pelos seus auxiliares, em
de um la rgo periodo de lutas e de cam­ muitas centenas de contos de réis, tendo,
panhas memoráveis, teve o dr. Edmun­ mesmo, certo anno, integralmente os dis­
do B ittencourt a felicidade dc encontrar trib u íd o por todos os empregados do
em seu filh o , odr. Paulo Bittencourt, Correio», facto sem exemplo na vida
das nossas emprezas jornalísticas. Ê um
um dign o continuador de sua obra. Moço,
cheio de talento e de idéaes, jornalista nobre traço desse coração magnanimo,
de sangue, herdeiro de todas as qualida­ onde não se aninham sentimentos egois-
des paternas, moraes c intellectuaes, o di- ticos.

o o o o o o 483 o o o o o o
LIVRO Dl. OURO COMMEMORATIVO OO CENTENARIO

Falando-se da prosperidade do C or­ na de impressão W a lte r Scott, uma das


reio», não se póde esquecer o nome de mais perfeitas e rapidas que existem1 na
um dos mais dedicados auxiliares do dr. America do Sul.
Edmundo Bittencourt. Ê Duarte Felix, A inda não satisfeita com a sua actual
o gerente do grande matutino, um espi­ installação, já está cogitando a direcção
rito perfeito de adm inistrador, sempre da folha da construcção de um edifício
interessado no progresso da empreza,cuja especial para o Correio», am pliando as
parte financeira ha muito lhe está entre­ suas officinas e introduzindo melhora­
gue. O Correio» deve-lhe, positivamen­ mentos de vulto, ainda não tentados por
te, serviços valiosissimos. qualquer outro jo rn a l brasileiro.
São varios os empregados que, vin­ A collaboraçâo do Correio», como
dos da fundação, ainda lhe dão os seus já dissemos, quer nacional, quer estran­
esforços. Entre elles está H e ito r M ello, geira, é de prim eira ordem e, entre os
que exerce o cargo de secretario d o po­ nomes notáveis que diariamente appare-
pular quotidiano, com uma fé de o ffi­ cein em sua prim eira columna, fig ura o
cio que muito o honra, attestado do seu de Ju lio Dantas.
alto valor de profissional. Da redacção d o valente matutino,
Fundado num acanhado prédio da fazem parte os melhores elementos jo r ­
rua do O uvidor, onde funccionáram va­ nalísticos que possuímos. Entre elles, es­
rios jornaes de vida ephemera, entre os tão M a rio Rodrigues, Costa Rego, M a­
quaes «A Imprensa» e «Republica», o rio Alves, Pinheiro da Cunha, Itiberê da
Correio» dentro em pouco sentiu neces­ Cunha, Raul Brandão, M otta Lima, Pau­
sidade de transferir as suas installações. lo Filho, Enrico Borgongino, H om ero
Fel-o para o utro prédio da mesma rua Campista, Lafayette Silva. O corpo de
do O uvidor, substituindo todo o seu an­ reportagem é numeroso e composto todo
tigo material, introduzindo nas suas o f­ elle de profissionaes de ineguaiavel com­
ficinas tudo quanto de moderno as artes petência, que tornam o Correio» um dos
graphicas haviam creado, tendo sido um mais bem informados jornaes do conti­
dos primeiros a adquirir as machinas li- nente.
notypo.
Poucos annos depois, tornou-se u r­ O Correio da Manhã» é também o
gente uma nova installação, dado o des­ unico dos diários do R io de Janeiro que
envolvim ento formidável da empreza, e está filia d o á poderosa Associated Press.
o Correio» passou a funccionar no bel­ Actualmente, é de propriedade da firm a
lo prédio do largo da Carioca, creando Edmundo B ittencourt ft C., Lim itada,
noves serviços e melhorando as suas sec­ firm a de que fazem parte os drs. Edm un­
ções technicas. Nesse novo edifício, mon­ do e Paulo B ittencourt e Leão Velloso,
tou o Correio» a sua admiravel machi­ Duarte F e lix e Edmundo Bragante.

o o o o o o
“O IMPARCIAL

OImparcial » d ia rio fundado em 13 liticas, que haviam d iv id id o os orgãos do


de Agosto de 1912 pelo sr. J. E. de M a- jornalism o em dous arraiaes extremados
cedo Soares, cujos pendores pela im- —os que applaudiam a orientação do sr. Pi-

O Imparcial — Directoria

prensa, onde victoriosamente terçara ar- nliciro Machado, que contava com o apoio
mas, eram de todos conhecidos, appareceu incondicional do presidente da Republica,
em uma epoca de grandes agitações po- marechal Hermes da Fonseca, e os que

o o o o o o -185 o o o o o
LIVRO DE J RO COMME MORATIVO DO CENTENARIO DA

combatiam a directrix que o senador gaú­ Intransigente nos princípios, que ad­
cho emprimia dominadoramente á p o li­ vogava, OImparcial fez-se em breve tem­
tica e á alta administração. po, um jo rn a l de larga circulação, desper­
OImparcial, sob a intelligente d i­
tando as sympathias do povo, para que,
recção de Macedo Soares, entrou elegan­ além do seu fe itio politico, se desdobrou,
temente na arena onde a lucta ia acesa,
procurando servir a todas as attenções,
e soube desde então, manter uma linha
pelo noticiário em geral, pelas reporta­
de impeccavel honestidade, procurando
gens interessantes e variadas, por seu
defender os interesses fundamentaes do
povo atravez de todas as questões, de completo serviço telegraphico e pelo de­
quaesquer naturezas trazidas á tela da senvolvim ento dado a todas as secções,
discussão. notadamente ás que se occupam dos des-

>
í

o o o o o 486 o o o o o o
innr.its ■NCIA I: PA I-XPOSIÇA IN IliRNACIONAL

O Impartial Machina Marinoni de impressão

portos, como elementos de educação phy- Brasil têm sido registradas,OImparcial


manteve sempre uma linha de tal superio­
Com excellentes installações, o ffic i­ ridade, que o publico avidamente lhe
na de gravuras magnificamente montada, prccura as opiniões, como orientação se­
O Imparcial recorda no form ato e nas gura e sincera, honesta e patriotica.
gravuras que o illustram o Excelsior, de
Pariz. Pode ser considerado, sob qualquer
Atravez de todas as crises politicas, aspecto, um dos maiores diários não só
e de todas as agitações seciaes que no do Brasil, mas da America do Sul.

o o o o o o 487 o o
o
0
o

o
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o
o
o
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o
o

ESTABELECIMENTOS
MESTRE & BLATGÉ, S. A. SOC. ANONYMA

RUA DO PASSEIO 48 a 5 4 -Rio de Janeiro

AUTOMÓVEIS BICYCLETAS ACCESSORIOS FERRAMENTAS MOTORES:


MOTOCYCLETAS AVIAÇÃO MACHINISMOS VULCANISADORES FIXOS E MARITIMOS
AGENTES DOS AFAMADOS AUTOMÓVEIS:
CHEVROLET BUICK CADILLAC
:a o I NT u r n a c io n a i .

B a nco Escandinavo
Br azileir o

Este estabelecimento bancario é hoje, sem decimento do Brasil, o Banco Escandinavo


duvida, um dos mais prestigiosos e conheci­ Brazileiro tem como um dos seus in tuitos de­
dos de nossa praça, com sua séde, ein edificio senvolver e intensificar as nossas relações-
proprio, á rua da Alfandega n<> 32. commerciaes e financeiras com os paises es­
candinavos, podendo-se dizer que o seu pro­
Foi organisado, de accordo com as leis
gramma tem sido cumprido galhardamente.
brazileiras, nesta C apital, em novembro de
191Q, por um poderoso syndicato de trin ta e O Banco Escandinavo Brazileiro faz
dois dos melhores bancos noruegueses. O todas as operações bancarias, como: descon­
seu capital realisado é de 5.000.000 de coroas tos de letras commerciaes ás melhores taxas
norueguesas d iv id id o em 5.000 acções do do mercado; encarrega-se da cobrança de ju ­
valor nominal de 1.000coroas cada uma. ros e dividendos; faz cauções de letras, apó­
Constituído, embora, por capitaes norue­ lices, acções, debentures e outros titulos de
gueses, que vieram cooperar para o engran­ renda; acceita depositos em conta corrente de

o o o o o o 489 o o o o o o
I
LIVRO Ob OURO COM MF MORATIVO DO CENTENARIO

movimento ou praso fix o ; fornece cartas de do credito, comprehendendo nitidamente o


credito; faz operações de cambio; encarrega- papel que deve exercer uni Banco, de ju ro
se de pagamentos e cobranças nas praças do m inim o e auxilio maximo.

interior e exterior e especialmente offerece as A sua administração está entregue a ho­


maiores vantageivs para as transacções com mens de grande competência, longo tirocinioi
os paises escandinavos. e justamente acatados, quaes sejam os senho­
Conseguintemente é um estabelecimento res: W aldem ar Kallevig, presidente; John
bancario que opéra em todas as modalidades Egeberg, gerente; e F. J. d ’Almeida, director.

o o o o o 490 o o o o
/N DF. PENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

C re d it F oncier du B résil
et de TA m érique du Sud

o o o o o o 491 o o o o o o
/j v r o nr: .1AVO

O C re dit F o n d e r du Brésil et de I'A m criqu c Embora estendidas as suas operações ã Repu­


du Sud, estabelecim ento que, pela sua orientação blica Argentina, em m ais pequena escala, p rin c ip a l­
desde o in ic io de suas operações, ti'.n conquistado mente no Banco El H o g a r A rg e n tin o p a rticip an do
uma situação de destaque em nossa praça, collo - com a im p o rta n d a de Frs. 25.868.881, — este es­
cando-o ho je entre as grandes instituições banca­ ta belecimento desenvolveu p rinc ip alm en te a sua acti-
rias d o nosso paiz, fo i fu ndado em Paris cm D e­ vidade em nosso paiz onde pelas im portantes m o­
zem bro de 1906. O seu c a p ital é de Frs. 50.000.000, dalidades de sen cred ito grangeou o p re s tig io e a
— d iv id id o em 100.000 acções de Frs. 500, cada confiança, cooperando em grande escala ao nosso
uma, elevando-se as suas reservas c.n 31 de Dezem­ progresso.
bro 1022 a Frs. 12.500.000. Para avaliar-se as vantagens de sua organisação
solida, das suas condições de prosperidade e de
segurança, que lhe pro porcionaram essa alta con­
fiança, e para salie nta r o serviço que nos tem pres­
tado, passamos a dar um lig e ir o co n fro n to de suas
operações em 1921 e 1922:

Em 31 de Dezembro de 1921,
o total dos empréstimos cle-
vava-sc a .................................Frs. 9h.508.9tib,2)
e cm Jl de Dezembro de 1922, a Frs. 105.972.902,70
accusando portanto, um augmen­
to de ............................ Frs. 9.463.936,3

Em relação a 1921, apresentam as seguintes


differenças:

1921 1922
Empréstimos e operações hy­
pothecarias ...................... 52.655.704,07 54.257.530,61
Empréstimos a Estados c Mu­
nicípios e sobre creditos
do Thczouro Federal . 18.330.707,48 30.250.050,68
Empréstimos sobre cauções . 19.067.214,08 19.714.271,51
Emp. sobre mercadorias 6.455.340,60 1.751.049,90

96.508.966,23 105.972.902,70

Por esta relação verifica-se que ape-zar das con­


Edifício onde funcciona o Credit Foncier dições actuaes, o C re d it Foncier du B ré sil não dei-

o o o o o 492 o o o o o
INDEPENDENCIA n .\ EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

mui de a u x ilia r cffica zin en tc a nossa economia, ria - a im portância dos depositos e acceites eleva-se a
lisando cm presliino s na im portância de Frs perto de Frs. 50.000.000, - o que denota com bas­
105.972.002,73, dando sobre os em préstimos rcalisa- tante clareza a confiança que sempre inspiraram as
dos em 1021 mna differen ça a mais de Frs operações desse estabelecimento. Fecharemos as nos­
0.463.936,50 em 1022. sas conclusões pelo balanço que encerra-se- com o
Passando vista no balanço de 1022 observamos to ta l de Frs. 216.609.007,10, sendo levado a con­
no A ctivo que o c a p itu lo T ítu lo s em Carteira ta de Lucros e Perdas>. a im p ortâ ncia de F rs.......
accusa a im portância de Frs. 32.087.870,96 e o de 6.412.000,30, sendo o m e lh o r attestado de seu pro­
Participações financeiras Frs. 9.212.122,69, c o n fir­ gresso. prosperidade e fu turo .
mando a solide/, e os grandes elementos deste esta­ R io ele Janeiro — Av. R io Branco, 44 - São
belecim ento de credito. N o Passivo verificam os que Paulo R. S. Bento, 24.

o o o o o o 493 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMFMORATIVO DO CENTENÁRIO DA

H O T E L G L O R I A

o m a io r e m a is

lu x u o s o da

A m e r ic a do S u l.

250 a p p a r t a m e n to s com

banho e t e le p h o n e

O Hall

G r a n d e s s a lõ e s p a r a ja n ­

t a r , le it u r a , m u s ic a e G r il l

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B a a r, C o if f e u r e tc .

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banquetes

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O Restaurante

E n d e re ç o T e / e g r a p h ic o

G loriahotel

Telephone Beira Mar 1 3

Rio
o o o o © © 494
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI

% Trajano de Medeiros & Cia.


I RIO DE JANEIRO

I
() que esta granüe firm a representa metallurgia. No seu poderoso estabeleci­
na economia do nosso systema ferrovia- mento, são fabricados vagões para es­
P rio e no quadro geral da aetividade bra­ tradas de ferro e tramways com a per­

I sileira só o podem mostrar plenamente


as suas notáveis officinas estabelecidas
feição que caracteriza os maiores e mais
conhecidos estabelecimentos estrangeiros.
no suburbio de Engenho de Dentro, na As nossas grandes vias-ferreas, mormente
Capital da Republica. a magestosa Central do Brasil,
têm be­
neficiado immensamente da capacidade
Essas officinas são uma cathedral
realizadora dos homens de luta que com­
d o trabalho. As suas centenas de opera­
rios, officiantes do rith o maravilhoso da põem a firm a. Não fossem elles, e ain­
da maiores seriam as difficuldades enor­
energia moderna, constróem ali, conjun-
mes com que se tem batido a industria
ctamente com o bem estar e a tra n q u ili­
de transportes em nosso paiz.
dade dos seus lares, um pouco da gran-
desa desta patria para a qual voam os
Mas não se lim ita a essa já adm i­
nossos sonhos mais generosos. rável aetividade o esforço destes homens.
TrajanodeMedeiros& Comp, rea­ Com a fabrica de vagões, funccionam no
lizaram uma obra de notável envergadu­ Engenho de Dentro uma serraria, de pro-
ra no dom inio complexo e d iffic ilim o da ducção cada vez mais crescente, uma fun -

o o o o o 495 o o o o o o
LIVRO OR OURO COM MEMOR ATIVO DO CENTENARIO DA

£ dição de ferro e brcnze, cujos artefa­


ctos são considerados de primeira or­
dem, uma ferraria, uma carpintaria e uma
fabrica de machinas. Vê-se como é com­
plexo e fecundo o labor desses indus-
triaes illustres, que jamais recuaram ante
obstáculos de qualquer especie no desejo
de dotar a capital brasileira de um esta­
belecimento de importância maxima como
é o que sustentam.
Felizmente, a mais radiosa prosperi­
dade tem coroado todo este esforço g i­
gantesco. Trajano de Medeiros ÍV Comp.
podem considerar-se hoje plenamente vi­
ctoriosos. E o emprehendimento ousa­
do que levaram' a cabo honra o nosso es­ Quem assistiu ao espectáculo gran­
p irito de iniciativa e figura como um dos dioso do trabalho nas officinas do Enge­
titulos de gloria da nossa vontade de nho de Dentro, de que tem sahido o me­
vencer. lh or material rodante de que dispõe a

Jp
o o o o o o 496 o o o o o o
INDHMíNDf.NC.IA E DA EXPOSIÇÃO IM E ,

senios, no Engenho de Dentro, á rua


José dos Reis, 394, Teleph. V. 38. A
firm a tem, porém, seu escriptorio central
á rua de S. José n." 76. Seu endereço te-
legraphico é M e tallurgica l, sua caixa
208;
postal de n.<> e telephone deste es-
C. 341.
Cremos prestar aos leitores relevan­
te serviço com estas informações.

nossa mais importante via-ferrea, deve


ter ficado, forçosamente edificado. A har­
monia, a ordem, o bom humor com que
a legião de operarios cumpre o dever,
penoso em cutras circumstandas, mas ali
facilitad o pelas condições excepcionaes
de que o labor é rodeado, dizem bem
alto da capacidade de organização dos
que dirigem a firm a e suggerem a me­
dida dos sentimentos de humanitarismo
que os animam.
As grandes officinas de Trajano de
Medeiros ft Comp, funccionam, como dis-

o o o o o 497 o o o o o
LIVRO DE OlIRO COMMEMORATIVE) DO CENTENARIO

AFFONSO V1ZEU & C.,A


IM PO RTADO RES E EXPO RTADO RES

R io de J a n e ir o

Destaca-se a firm a A ffo nso Vizeu &


Cia. entre as mais im portantes da praça
do R io de Janeiro, não só pelo ramo que
explora fazendas por atacado, — como
pela im portanda de seus capitaes e pelo
relevo in dividual dos socios que a com­
põem.
Constituem a firm a os snrs. A f ­
fonso Vizeu, Ju lio M cnteiro, Manoel Lo­
pes Fortuna Junior, Manoel Leite da
Silva Garcia e Aristoteles de Sant’Anna
Barbosa, todos solidários. Basta o sim­
ples enunciado destes nomes, de notável
destaque social, para ver-se o que repre­
senta esse pugilo valoroso de homens de
luta e iniciativa, empenhados todos na
grandeza crescente do Brasil e no mais
amplo desenvolvimento do seu progresso
material.
Eleva-se a mais de 4.000:0005000
o capital social da firm a, sendo que o seu
9 capital em g iro annualmente vae além de
10.000 contos. As vendas annuaes da
casa attingem a 30.000:0005000. Estes
algarismos dão bem a medida da im­
portância maxima da firm a, representa­
tiva da nossa mais intensa actividade com­
mercial e industrial.
A sua grande clientela, em todas as
praças do norte e do sul do paiz, attes-
ta, insophismavelmente, o prestigio cada
vez maior que a firm a se veiu criando
desde 1893, data da sua organização.
A firm a se surte nas praças nacio-
naes, e por sua vez fornece aos atacadis­
tas das capitaes dos Estados os produ­
ctos preciosos que constituem o seu ra­
mo de negocio. Concorre, assim, de ma­
neira notável, para a mais viva intensi-
Sécie da firma Affonso vizeu iv c. Rio ficação das relações commerciaes entre

O O O O O O 498 o o o o o o

i
IN D t PE NOE NCI A E DA CXPOSIÇAO INTERNACIONAL

as v a ria s u n id a d e s da R e p u b lica . Neste D evem os accentuar o a m p lo c re d i­


fa c to re s id e o seu m ais a lto t it u lo de to d e que gosa a firm a em to d o o te r ­
b e n e m erencia. r it o r io n a cio n a l, m o rm e n te nesta g ra n d e
praça d o R io de Ja n e iro , o n d e tra b a lh a
com to d o s os Bancos esta b e le cid o s. E ste
c re d ito , e a acceitaçâo cada vez m ais la r­
ga d o s seus p ro d u c to s nas d ife re n te s p ra ­
ças b ra s ile ira s , são a consequência m ais
im m e d ia ta do s seus processos de rig o ­
rosa hon e stid a d e e de p r o fu n d o de se jo
de bem se rvir.
A ffo n s o V iz e u & C ia . re presentam
um e s fo rço que venceu, um a v iv a e p a lp i­
ta n te realização em nosso m u n d o co m ­
m e rc ia l. O segredo dessa v ic to ria , não
será d if f ic il a d v in h a l-o . T o d o s conhecem
a r ija e n fib ra tu ra m o ra l d o s socios com ­
ponentes d a firm a , e sabem que d o seu
la b o r fe c u n d o , d o seu e s p irito d e reso­
lu çã o , de sua a c tiv id a d e c o n s tru c to rs
fo i que nasceu esta re a lid a d e .
Affonso Vizcu A firm a usa o s C o d ig o s R i b e ir o ,
B o rg e s , A . R . C . 3.a ed. e p a rtic u la re s .

F u n c c io n a m lio jc os e s c rip to rio s Seu endereço te le g ra p h ic o ê A rc o s . E


ce n tra e s da fir m a c m m a g n ific o p re d io nada m ais precisarem os accrescentar pa­
p r o p r io , á ru a d a Q u ita n d a ns. 197 e ra o p e rfe ito e lo g io desse g ru p o de v e r­
199, c o n s tru íd o especialm ente para as d a d e iro s hom ens, que to d o s re sp e ita m e
suas in s ta lla ç õ e s . a d m ira m .

,@ @ @ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

D A V I D . C O M R .
Fab rica nte s e Im po rtad ores de Papeis Pintados.
Approvados pela Saude Publica. Medalha de Ouro S Luiz. Grande Prémio Centenario.
F abricantes de C o n fe tti e S e rp en tina s em gra nd e Escala.
E s c r ip to r io e A rm a z é n s
Rua d o O u vid or 71 e 73
• Fabricas: LargodosLeões(Botafogo)——— —
T ele ph on e N . 601— En d. te le gr. “ D a v id -R io "
Rio de Janeiro

00000000000000000000
o o o o o o 499 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT fV< HO CENTENARIO

,© © © © © © © © © © © © © © © © © © © Q Q Q O Q O O Q O Q Q O O O Q O Q Q O Q Q í

m i uno &11111

Um grande povo não se caracteriza e homens de sciencia. Caracteriza-se tam ­


somente pelos seus Mestres de Pensa­ bém pelos seus Mestres de energia,
mento - pelos seus artistas, philosophos pelos realizadores victoriosos no domi-

o o o o o - o 500 o o o o o
IN D t PENDf.HC!A t DA PXPOSIÇAO IN TtR N AC IO N AL

QOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOt

n io do p rogress, Muv i. * / Levam esses navios nossas merca­


co nfo rto, o prestigio c a claridade da < dorias aos portos europeus e america­
vilização.
nos de m aior im portância; e a ligação
Uns e outros, possue-os nossa ter­ que estabelecem entre os portos brasi­
ra, este immenso Brasil fadado para os leiros é das mais completas e seguras.
mais gloriosos destinos.

Se nossa arte, nosso pensamento,


nossa scienda merecem já o respeito dos
demais povos, não lhes fica na sombra
nossa actividade constructora no terre­
no da industria e do commercio.

Um grande industrial, que desen­


volve as fontes de riqueza e concorre
para o crescente prestigio do seu povo,
é tão cria d o r quanto um poeta, cons­
ciente do bem que propaga, do consolo
que leva á miseria sem trabalho, das fo ­
mes que m itiga, a sua funeção é tão no­
bre quanto as que mais o sejam.
N o B rasil, um desses Mestres de
Energia é o sr. Conde Pereira Carneiro,
o adm irave! director da firm a Pereira
C arneiro & C . Lim it. (Companhia Com­
mercio e Navegação).

Á sua indomável capacidade reali­


zadora devemos o se haverem congre­
gado para um sc fim os homens de luta
e de vontade que hoje compõem a f ir ­
ma. O que tem sido a acção desse pu-
g ilo admiravel, mostram-no os resulta­
dos fecundos da campanha que empre-
henderam para honra do Brasil.
Com um capital realizado de mais
de 15.000 :000$000, a firm a Pereira Car­
neiro & C. Lim it, é hoje um dos mais
altos expoentes do espirito emprehende-
d o r em nossa patria. Edifício dc Sai

A sua bella fro ta de 20 modernissi­


mos vapores, providos de todas as com-
modidades e de notável tonelagem, re­ Além dos seus 20 grandes vapores,
presenta em grande parte a solução do dispõe a companhia de numerosa flo ti-
premente problema de transportes que lha para serviços de descargas e trans­
tanto a fflig e as nações novas e ricamen­ portes. Mas não pára ahi a sua fecun­
te produetoras. da actividade.

D O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O 1

o o o o o 501 o o o o
UVRO DE COMME MO RATIVO DO CENTENA

^ m S X S Q C Í títm m í tX K S itK ítS O T S ÍX S tí tX X X S X S S Q tS t^


55
%
%
O m aior diquc da America do Sui nheiron,encontradiços em todas as casas
— o dique Lahmeyer — , que a tão gran­ de fam ilias de tratamento.
55 des necessidades attende, — é á Pereira E xplora ainda a firm a , em Nitheroy,
56
55
Carneiro & C. Lim it, que o devemos. E. do Rio, a Fabrica S. Joaquim, de
Na Avenida Rodrigues Alves n.o saccos e outros tecidos do mais grosso
55
y, 161 (Caes do P orto), mantem a firm a ao mais fin o e bem montados moinhos
v os seus grandes Armazéns geraes, com de trigo.
X capacidade para deposito de '240.000 sac­ Pelas succursaes da firm a em São
X cos, que são a lli acceitos com ou sem Paulo e Santos desdobra-se a sua acti-
55 emissão de warrants». vidade immensamente.
55
55

I
y>
y
y
y
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y
y
y
y
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y
y
y

Proprietária das mais varstas e pro- A casa matriz, no R io de Janeiro,


ductoras salinas do Brasil, pratica a f i r ­ funcciona no magestoso palacio da Ave­
ma o commercio de sal em alta escala. nida Rio Branco, n.os HO e 112. É, as­
Suas marcas de sal são procuradas em sim, condignamente representada na mais
bella arteria da grande urbs carioca.
toda a America do Sul, pela excellen­
O que são as installações internas
da da qualidade e pelo admiravel acon­
desse palacio poderão dizel-o todos quan­
dicionamento. Das suas usinas de refina­
tos mantêm relações diarias com o es-
ção e purificação é que sáem os admi­ cripto rio central da firm a e que se dei­
ráveis productos que são o Sal de Ma­ xam sempre deslumbrar pelo fausto des­
cau e seus derivados « Usina «Cosi-
» e sas installações.

o o o O O O 502 o o o o o o
IN DEPENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO IN TERN ACIONAI.

N 5o se comprehende que não fosse Não queremos fin a liza r estas linhas
assim. Para urna firm a que papel de tão sem fazer notar que o credito illim ita d o
relevante im portanda representa na gran­ de que a Companhia goza na Praça do
deza economica do Brasil, fazia-se mis-* R io de Janeiro e em todo o paiz é o re­
te r condigna representação na Capital Fe­ sultado m agnifico da in telligencia e da
deral. honestidade profunda com que são con­
duzidos os seus destinos.
Todas as secções do vasto estabele­
cim ento são ligadas entre si por uma Representa apenas esse credito o re­
completa installaçâo telephonica, com- conhecimento sincero da form idável ca­
municando-se a mesa de ligação com o pacidade de acção constructora dos ho­
e xte rior pelo apparelho n.<> 4052. mens de luta que constituem a firm a.

Já agora, prestemos á Companhia Mais significativa, porém, d o que es­


uma homenagem, completando as in fo r­ se credito, é a admiração, o respeito, o
mações a seu respeito. Sua caixa postal prestigio que esses homens conquista­
é a de n.»4S2, seu endereço telegraphico ram no coração brasileiro, que nelles vê
— Unidos e os codigos usados Ri­ alguns dos mais ardorosos artifices do
beiro, A. B. C. 5 eth. e particulares. Brasil incomparável de amanhã.

o o o o o o 503 o o o o o o
LIVRO OE OURO COM M L MO RAATIVO PO CENTENÁRIO DA

Y
Yj
/J
Y
Yj
%
Banco Hollandez da America do Sul
Y
Casa M atriz: AMSTERDAM
Y
Y
Y
Yj
Y
Y
% f ili aes na Americ a do Sul:
Y
% R io d e J a n e ir o — S . P a u lo —
S a n to s — B u e n o s A ir e s —
Y S a n tia g o d o C h ile — V a lp a -

Y
Ú Na A lle m a n h a H a m b u rg o
Vj
Y
y
Capital autorisado FIs. 35.080.000,00
x
Capital em ittido. FIs. 11580.000,00
Reserva . . . FIs. 5.100.000,00

Fundado pela Rotterdamsche


Bankvereenifling Amsterdam
Y Rotterdam—Haya
Y
Yj
Y
Yj Cujo capital realizado e
Yj
Yj
reservas montam em
Y florins 114.000.000
Y
Yj
Yj
Yj
Yj
Yj
Yj
Yj
Yj %
Yj
Succursal no Rio de Janeiro %
Y %
Y f<

1 11-13,Telephones
Rua Buenos Aires, 11-13
Yj %
%
%

1 %
: Norte 5356, 5357 e 5358 K
X
%
X %

o o o o o o 504 o o o o o o
IN DEPEN DENCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
€ > © © © © © © © © © © © © © © © © 3 9 9 3 9 9 9 9 9 9 © © © © © © ® © © © ® ® ® ® « )® © ® ® ® ® © ® ® © © ® © © © © © ® © © © ®

€©©©8©©©©©©©©©©©©©©©©«)©©©©«)©©©©©©©©©©©©e©©©©©®®®fi9999999999999999
Grande deposito de m ateriaes
electricos, te/ephonicos

Fundada cm A b ril de 1918, cc


la i registrado de Rs. 800:0008000.

A sua séde acha-se situada no R io ac


Janeiro á rua Sào José num ero 76, sendo
os seus directores os Snrs. S ilv e rio Ignarra
Sobrinho, Sebastião B rito , D r. D om ingos
Alves M atheus, José dos Santos Lim a e
M oacyr Ferraz Kehl.

Os directores D r D om ing os Alves M a­


theus, José dos Santos Lim a e M oa cyr Fer­
raz Kehl estão á fre n te dos negocios na
capital paulista.

A C om panhia dedica-se exclusivam en­


te ao com m ercio de m ateriaes electricos.
D ispondo de grande stock de m ateriaes im ­
portados dos grandes centros productores
mundiaes especialmcnte da Allem anha, es­
tando em condições de a tten de r a to do s
os pedidos, dos artig os d o seu com m ercio,
tendo os seus depositos no Becco da Fidal-
>ga N ." 20, e rua C am erino N .° 72.

Rio de Janeiro

Caixa Postal 886

Etdeieto telegraphico Eietrorio

São Paulo

o o o 505 o o o o o
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

>000000«000000000000000000000000000000000

L O

A firm a V iuva Silveira & Filho é composta dos socios Exma. Snra. D. Am elia
Revault da S ilveira e Pharm aceutico Gervasio Revault da Silveira, succes­
sores do Pharmaceutico Chim ico João da Silva S ilveira, que estudou,
0 0 0 2 0 0 !

inventou e executou a form ula desse grande d ep urativo — o


E LIX IR DE NO G U E IR A, de enorme consummo em toda a Am erica do Sul

F oi por esta fo rm a que se construiu


S
F oi na Pharmacia Popular, que havia fu n ­
dado em Pelotas no anno de 1876, que João de Janeiro o po rten to so e bizarro Palacio em
!0 0 2 0 0 0 0 0

da Silva S ilveira, entregue dia e noite aos seus que ho je funcciona a Fabrica do agora celebre
hum anitários áffazeres procedeu aos prim eiro s depurativo.
estudos e levou a cabo a invenção daquella
fo rm ula genial. Pode-se dizer que este Palacio encerra hoje
O novo m edicamento, que vinha em soc- um lab oratorio surprehendente pelas suas adm i­
corro de grande parte da humanidade s offre- ráveis iristallações. M achinas electricas m oder­
dora, m ostrou desde log o as suas m aravilhosas nissimas attendem aos m ais com plexos servi­
virtud es como depurativo inegualavel. Sua car­ ços criados pela in d us tria da fa bricação do E lix ir :
reira fo i verdadeiramente trium ph al. T an to que lavam os vidros, seccam, enchem, arrolham , ca­
eirt poucos annos sua fama se propagava e seu psulam e rotu lam , tu do p o r electricidade, com
consummo se extendia a quasi todos os paizes uma producção de 4 m il vidros p o r hora.
d o Novo C ontinente.
F allecid o o sabio inventor, c ontinuou o A vencedora firm a , nascida na cidade de
E lix ir de N og ue ira cada vez mais procurado. Pelotas, conquistou na C a p ital B rasile ira um
A firm a que ho je o fabrica viu-se, assim, na logar de destaque pela sua prosperidade assom-
contingência de m udar o seu centro de acção bresa e pela sua indom ável energia de traba­
para a C ap ital da Republica, afim de m elho r lho. E o fu tu ro d o grande d e pu rativo que é o
attender ás exigências da fabricação e d is tr i­ E lix ir de N og ue ira está, deste m odo, ga ran tido
buição do E lix ir. de sobejo.

«0000000000000000000000000000000000000000®

O O 506 o o o
INDCPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

g OOOOOOOOOOOOOOOOOOOO OOOOOQOOOOOOOOOOOOOO c

LEE & V I L L E L A
Consignações e Representações
de Citas e faltiras de
p tiie ita ordem
* * *

São Paulo
Caixa Postal, 420

S. Sua Florendo de M n . S

Santos
Caixa Postal, 48

25. Sua lu Commercio. 25

Bahia
Caixa Postal 121

12. Rua Santos Dumont. 12

Porto-Alesre Rio de Janeiro


Caixa Postal 530

3, Praça da fllfandesn, 3 84, Rua Visconde de Inhaúma, 84


5ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooC

®s s ® s ® « ® ® í ® í s «® ® ® «® «««® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ®

o o o o o 507 o o o o
LIVRO DE OUI COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA

00000000000000000000003000000000000000000©

g O O G Q C H S G Q O G Q O O O Q Q O O Q eO O Q G Q Q C O G O O O Q Q O Q O O O eg

H ia iil
Capital 1o.ooo:ooo$ooo

I m p o r t a d o r e s d e

ssc de con st rucç-te* para estradas de fe rro . U


, Oleòs, tentos, A s p h a lt: , T u b o s p a t
d 'a g u a , M a te ria l ele c tric o , N a 1 bocadores. La nch as e A u tb i

Fabricantes de machinas para

F A B R IC A D E O L E O S V E G E T A E S K S A B Õ E S
G R A N D E S E R R A R IA A V A P O R C O N S T R U C T O R E S E E M P R E I T E IR O S

A G E N T E S d e : R obey & C. A u to m o .e is S P A F a b ric a d e F e r r o e s m a lta d o e de SI


LE X C o m pa nh ia P a u lis ta de L o u ç a E s m a lta d a Societá Ita lia n a T ra n s a e rc a S IT
(B ip la n o s e h y d ro p la n o s B le rio tis t), etc.
En carreg am -se da im p o rta ç ã o d e an im a es rep ro d u e to re s de q u a lq u e r raça, q u e r pa ra p a r­
tic u la re s , <|uer para os G o vernos F e d e ra l, E s ta d u a l o u M u n ic ip a l, nos te rm os d o R e g u la ­
m en to a p p ro v a d o pe lo M in is te r io .la A g r i u ltu r a

São Paulo: Rua 15 de Nouembro-Caixa do Correio 51


S a n to s : R ua S a n to A n to n io , /0 8 e H O — caixa 1Z9
Londres: Broad Street Hause-New Broad Street-London E C.

Rio de Janeiro: Conselheiro Saraiva, 33—Caixa 1534


End. Telegraphico «MECHANICA»

G G O G G G O G G G G G O O G G O O O G 00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

O O O O O O 508 o o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

3lc1o1o1c1o1o1c1cic1^o1o1c1o1o1c1iiio1c1c1vio1c1c1c1c1c1c1c1c1c1iic1o1c1c1. U U k f k lk M k f k jk f k f l
i Stray , Engelhart & Co. Ltd.
• S t e a m s h ip A g e n ts & B ro k e rs

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■> R e p re s e n ta tiv e s of the le a d in g S c a n d in a v ia n u n d e r w r ite r s

Rio de Jan eiro O ffice :


Rua S. Pedro 9, (P. 0. Box 1144)

S a n to s O ffic e :

Rua 15 de Novembro 172, (P. 0. Box, 412)

General Agents in Brazil for

Stray's South America Line


Cable Address: ■'STRAYLINE"

Cable Address
C h r is tia n s a n d s “ S tra y e d '
K r is tia n ia “S t r a y li n e ”
C a r d iff ‘ S y s t e m a tic "
N e w Y o rk “ S t r a y lin e "
S a n to s I “ S t r a y li n e ''

R io \ ‘ N o r lin e

B u e n o s A y re s “ S t r a y li n e "

Agents in Rio de Janeiro & Santos for:

Den Norske Sydamerika Line


(The Norwegian South America Lind
Cable Address: -NCRLINE-

C odes:
f t B. C. 5th Ed. — Scott’ 10th Ed. - Watkins Jniv. Shipping t Teleg. & Appendix.
Bentley’s Complete Phrase

o o o o o 509 o o o o o o
1
LIVRO U t OU! COM MEMO RAi 1)0 C tX 'T E N AM O I)A

C om panhia L u z S te a rica

co; e progredindo sempre e durante mais


de meio século trabalhando no mesmo
lugar, chegou a ser o que hoje é: a mais
im portante fabrica de stearina no Brasil
e quiçá na America do Sul.
Houve obstáculos enormes a ven­
cer, sendo digno de recordar-se o vio­
lento incêndio de 1895, que devorou o
vasto edifício da fabrica, deixando-lhe em
pé apenas as paredes. Em pouco tempo,
tal era a energia mascula dos que o d i­
rigiam , fo i o estabelecimento reerguido,
em condições de superioridade sobre o
antigo.
Em 1848 fo i fundada por A . La­
joux.
Em 1854 adquirida pela Companhia
Luz Stearica organizada pelo Barão de
Mauá.
Em 1857, reorganizada, sendo pa­
gas a 705000 as acções de 500S000.
Em 1862 dava o
seu prim eiro d i­
videndo de 1 «/o, isto é, um lucro annual
de pouco mais de 5 contos.
Mostruário da Exposição Em 1863 era assentado o prim eiro
alambique; hoje trabalham seis muito
Nasceu esta Companhia para a acti- maiores.
vidade in dustrial da Republica em 29 de
M aio de 1854, destinada a explorar o fa ­
brico de velas, sabão e glycerina no es­
tabelecimento fundado em 1848 por Ana-
tole Lajoux, sob os auspícios do notá­
vel brasileiro que fo i o Barão de Mauá.
São, pois, decorridos 74 annos des­
de que começou a funccionar a fabrica
que a Companhia tomou a seu cargo. E
da mesma forma que de todos os gran­
des emprehendimentos pode-se dizer dél-
la «Nascitur exiguus, vires acquirit tun­
do».
Com e ffeito, estabelecida a princi­
pio em área restricta na Praia das Pal­
meiras, hoje rua Benedicto O tto n i, em
S. Christovam, encravada entre outras
edificações, foi-se dilatando pouco a pou­

o o o o 510 o o o o o

Àftfl
INDEPENDÊNCIA r DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

A historia da Fabrica pode ser assim


resumida:

Em 1866 o balanço annual ac.usa-


va um d e ffic it de 147:8928621.

Em 20 de M arço de 1869 era a C> m-


panhia ainda uma vez reorganizada com
estatutos approvados por Dec. d? 16 de
Fevereiro de 1870, pagas as acções a
300S000.
Em 1871 dava um d ividendo de 10“ o.

Em 1872 um incendio a reduziu a


cinzas.

Em 1874 recomeçava a func.ionar e


em 1875 dava um dividendo de 5"'». A
producção desse anno fo i de 28.344 cai­
xas de velas, menor que a de hoje em
um mez.
sr. Zeferino Rebello de O liveira, arbi­
Em 1880 fo i o então gerente A. M i­
tro , portanto, dos destinos da Compa­
chel mandado á E uropa construir para
nhia.
a Fabrica os novos machinismos de sua
invenção.
A D irectoria desta se compõe actual-
Em 1890 o capital social foi eleva­ mente do D r. Julio B. O tto n i, licencia­
do para 3.500:0005000. do pela assembléa de accionistas, Dr.
C. B. O tto n i Junior no exercício da Pre­
Em 1895 um segundo incendio qua­ sidência e D irector desde 1909 e do Dr.
si aniquila a fabrica, que 32 dias depois M anfredo de Lamore, que serve como
recomeçava seus trabalhos. secretario e D irector Technico da Fa­
brica.
Em 1901 o capital social é elevado
a 5.000:0005000. O Jornal do Commer­
cio» de 21 de Julho desse anno p ub li­
cou um trabalho em que faz notar que
sendo de mais de 230 toneladas a im ­
portação de velas de stearina em 1882,
fôra aos poucos e progressivamente d i­
minuída, e no anno anterior fôra ape­
nas de umas 24 toneladas, ou seja cerca
da IO.» parte do que era.

Dahi para cá a im portação conti­


nuou a reduzir-se e hoje é quasi nulla.

De 1862, data da prim eira exposi­


ção nacional, a 1909, a Companhia ob­
teve 15 recompensas nas diversas exposi­
ções nacionaes e internacionaes a que
compareceu.

Nestes 74 annos de vida, como é


natural, accionistas, directores e demais
funccionarios tem sido substituídos. Dos
accionistas é hoje o m aior o capitalista Visla Geral da Fabrica

O O O O O 511 O O O O O
n o n o o o u o o o M x x x x x x x x

Publicidade
De
H a d e Medicinal Souza Soares, Limitada
PORTUGAL C/IS/J DA CUROPA
í o o o M x iM x x x io o o M io n u R ua de S a n ta C a th a r in a - 1 4 1
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx*
* Barbjza Pinto & C. Ltda. * PORTO
* Exportadores de Productos Portuguezes *
End. Telegraphico: CALF-PORTO
g Codigos: A.B.C. S.a Ed. e Ribeiro g CASA DO BRASIL
x 235, Rua do Bomjardim. 237 Porto-Portugal í
X SOCIETÁRIOS DA X P a rq u e S o u za S o a re s
Fabrica de Capachos. Tapetes e Passadeiias de ^
x C a m ilo R o d rig u e s & C., L td a . x PELOTAS
X Representantes e fornecedores de botões em co- X
JJ rozo de diversas fabricas e especiaIntente da: COM- S FundaJa em 1874 pelo Visconde de Souza Soa­
5 PANHIA INDUSTRIAS REUNIDAS e FABRICA POR- O res. Grandiosos La boratories Hotnceopathicos,
X TUENSE DE BOTOES, Ld. X * os mais im portantes d o m undo.
X Seus representantes no Brazil c Argentina: £
Pereira Prista & cia. Possuidora de Especialidades Pharmaceuticas de
fama universal, como o P e ito ra l de Cambará.
I 173. RUA D O RO SARIO - R IO DE JANEIRO 8 Pastilhas da Vida, Luesol, Específicos da Nova
X xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxcxxxxxxxxxxxxxX Medicina Souza Soares, etc.

GGGGGGGGGOGGGGGGGGOQGGOGGGGGGGGC

ANTONIO ^
DA ROCHA LEÃO
N P O R T O y
M A R C A DE F O G O
REG IS TR A D A

Exposição de Berlim 1888, Chicago 1893, Brucellas 1897,


Paris 1900, St-Louis 1904, Rio de Janeiro 1908, Buenos Rires 1910
San Francisco 1915

GGGGGGGGGGGQGGGGGGGGGGGGGGG

o o o o o o 512 o o o o o o
D O M IN G O S D U A R TE& G S ucf
QsvUoa. C o xia et«^ D
J ogo Ferreira D ias Guimarães & Duarfe
O b fa s d í P aikcki Rija da fabrica
Q rU q o ? . A 33 3 3 e 3 7
pcmamãdorei^M Ttiepkone
c0 * 5 « e A B bk
j 1632
ftay^s pocçro

Banco Portuguez e Brazileiro — Porto. Domingos Duarte & Cia, Succs. — Porto.
PORTUO,

jasaaaní3iannianíiaíaiasacíiaiacHaíaiaiaíasic«aiacíHCBaias!íaí3iaaaiaía

J3E83í3l2iaí2iaaiai2íaEIE8ai2l2l3E82iaai2E83E82Hí2íaíai2í2iai3iaiaEIÍ2Jaí2iaE<E«2J3í3íaEíí2í3!aíai3iaí2EJíaJ3íaí2í3íaí2í3
D

Borges & Irm ão


D

*2
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São seus proprietarios os Srs.

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solidario-G erente.
Coronel Manoel Parada Corbacho, socio
solidário.

São seus empregados nos escriptorios os srs.


Augusto Leite e Silva, Guarda-livros.
Eduardo F. A raujo, Ajudante.
Escolástico Alves, Escripturario.
S enhorita A lzira V . do Couto, D actilo
grapha.

Empregados nos Armazéns.


Ramiro José Lopes.
Scipiâo da Fonseca.
João Figueiredo.

Augusto Cezar Fernandes, socio solidário,


Gerente.
Manoel Parada Corbacho, socio solidário.

regados.
Augusto Leite e Silva. Guarda-livros.
1 duardo E. A ra ujo , Ajudante.
I seolastico A lves, Escripturario.
Senhora A lzira V. do Couto, Dactilografa

Ramiro José Lopes, Armazém.


Scipiâo da Fonseca, Armazém.
João Fig ueiredo, Armazém.

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o o o o o XLIII o o o o o o
ESTADO D l: PERNAMBVi

Companhia Uzina Cansanção de Sinimbú


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PERNAMBUCO

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o o o o XL 1V o o o o o o
ESTADO OF PERNAMBUCO

t. ainda a U/ina Tiuma servida por uma /ona


cultural que abrange mais de 3.000 hectares de ter­
reno feracissimos e pertencentes a varios fornecedo­
res de cannas que plantam cxclusivamentc para a
fabrica de Tiuma.
Facilitando o transporte da matéria prima que
produ/cm tão extensas quão férteis /.onas, mantem
a U/ina Tiuma um excellente serviço ferroviário com
70 kilometros de extensão, seis locomotivas e 230
llista a U/ina Tiuma cerca de 30 kilometros da
Capital do Estado ;i qual está ligada por uma estra­
da de rodagem', e pelo ramal Norte da Great Western
o f Bia/il Railway Company Ltd. que atravessa os
terrenos de Tiuma, facilitando assim o transporte dos
seus productos para o mercado do Recife,
tm virtude de uma avaliação official e rigorosa­
mente cffcrtuada por peritos de comprovada capaci­
dade. os bens e propriedades da Companhia U/ina
Cansanção de Sinimbu, no departamento de Tiuma.
fp'am estimados como segue:

U ZIN A SINIMBl

A U/ina Sinimini foi montada cm 1803 para


uner 2011 toneladas por dia. Hoje. porem, está moen-
<lo ate 200 toneladas com pressão dupla ou 2 moen­
das de 3 rollos cada uma de 2 1 - 10 polegadas, se n
cunagador. O rendimento, no fabrico do tvpo Dc-
nterara, excede de 100 kilos de Str> por tonelada de
camia. devido principalmcnte is boas qualidades de
camta. plantadas e a exclusio quasi completa da ne­
fasta canna Manteiga^ ou sem pello.
A Companhia pianta em seus proprios terrenos
cerca de duas terças partes da safra moida c com­
pra aos Snrs. Fornecedores o restante.

Actuaimente esta t ’/iria fabrica diariamente cerca


de IVI saccos de 60 kilos do tvpo Oemerara de dbo
e a safra de 1021-22 está orçada em 40.000 to­
neladas dc cannas que devem render 66.00(1 a 67.000
saccos dc assucar.
Embora esta seja a maior safra da U/ina Si-
Companhia tem bastante terreno descançado,
mais de 6 annos, o que demonstra que a
ona cultural não está exgottada. A sua uberdade
■-tá gaiautida afé certo ponto pelo rio Santa Lu/ia,
arios riachos pequenos c levadas.
— de cannas é feito por sua propria
___ ____ 4c 36 kilometros de extensão, com
duas locomotivas e I0S wagôes; e o transporte dos
productos por barcaças, tio fim da dita estrada de
fern) at o arma/cm em Jaraguá-Maceió, pela lagoa
Jcqui.i e por mar, — J!- ‘ ------ J - *■'*

o o o Oo o XLV o o o o o o
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o o o o o o XLVI o o o o o
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O Livro dc Tilda — José Vieira . . . . 4*000
Ronda Crepuscular — Silveira Netto . . . 4*000
A Cruz de Guerra — Jorge de Castro . 1*000
Horas - Armando dc Oliveira Santos . . 3*000
Sonata de Pérola e Cinza — João Ribciio
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I - Poesias (Broqueis — Pharóes — Ulti-
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II Paginas de P r o s a ...................................
O que tinha de Ser... (2.a ed.) — Mario
de A le n c a r ................................................... t*000
O Espelho de Ariel — Ronald de Carvalho 5*000
Margara (Romance) — Matheus de Albu­
querque ........................................................ 5*000
Intelligenria das Coisas — Joio do Norte. 4*000
Idílios dos Reis — Alberto Pimentel. 1*001.
Verbc Escuro, '2.* ed. — Teixeira de Pascoacs 4*000
lerra Prohihida, 3.» ed. — Teixeira de
Pascoacs ....................................................... 4*000
Varnhagem Celso V ie ir a ......................... 2*000
Discurso Inaugural - Rocha Pombo . . . 1*000

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EUROPA: P o rtu g a l: - A v e iro , B a rce llos,. B e ja. B rag a, B rag an ça, C; s te llo B ra n «». C ha
ves, C o im b ra , .C o v ilh ã , E iv a s , E v o r; , K x tre m o z , F a ro , F ig u e ira d a Foz, G u a rd a ,
G uim arães, l.am e go , L e iria , O lh ã o , P e na fiel. P o rta le g ri P o rtim ã o , P o rto ,
Regoa, S a ntarém . S e tú ba l, Silves. 'I ia n n a d o C aste llo,
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F ra n ç a : Paris, 8. R ue du H eld er.
A S IA : In d ia : B o m b a im . M o rm u g ã o , M a rg à o e N ov a G
C hin a : H o n g K o n g e M acau.
A F R IC A A fric a O r ie n ta l: A ngoche, C h i tide . Ib o. In h a m b a i . I.o u re n ç o M arqu es,
çam bique, P o rto A m e lia , Q u e lim a n e e T òte.
U r i .1 o r e id e n ia l: A n g ra do H eroísm o (A ç o re s ). B e lm o nte B ilté . B e ng ue lla . Bissau,
lio la m a , C a b ind a. F unchal ( M a d e ira ). K inshassa (C o ng o B e lg a ). Lu an da . I.o b ito ,
Lu ba ng o. M alan ge . M ossa medes, N o v o R edundo, P in ta D elg ad a (A ç o re s ), P rin
- ip«-, São T h n m é , São T h i ig o e São V ic e n te (C a b o V e rd e).
O C E A N IA T im o r : D illy .

; Correspondentes em todas as partes do mundo. \\


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DF. SAO PAU LO

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bS lA D O D l: SAO PAULO

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Companhia Prado Chaves 23
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Endereço Telegraphico: PRACHA 23
23
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Rua dç S ão £ento , n. 29 23
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São Paulo 23
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Despachem seus cafés para os:


Armazéns Geraes Belgas
SANTO S
da Compagnie des Magasins 6eneraux & Entrepots Libres dAnvers
Fundado em Antuérpia cm 1884
Capital, frs. 2.462.500,00 I undo de Reserva, frs. 3.0
Capital transferido para o Brazil, Rs. 1.000:000*000
tirande» Machinas d e : Pilhas, Rebeneficio e Brunição
Sobre as mercadorias depositadas em seus armazéns, emitte
R /D E POSITO & W A R R A N T
A l-f. L)<) IN IE R IO R : Recebe e cobra <>00 reis por sacco, fixo por 6 mezes.
Peçam tabellas <■ informações á Caixa Postal 171 — Santos
E s c rip to rio : Rua Santo Antonio, 41 e 43
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxj
Companhia Ensaccadora e Rebeneficiadora de Café
Fundada cm Santos em IMII
Capital, Rs. 500:0008000 Eundo de Resci 37 =36 3*93 6
Secção Commissaria — Warrant
Recebe café e outras marcadorias
A D IA N T A D IN H E IR O : de 50"u a 70 ■',« sobre o valór c qualidade dos cafés recebidos a
sua consignação, permittiudo saques a vista. Cobra 3 °'o nas vendas. Dcspeza en­
saque, carreto, etc-, 900 reis fixo por sacco.
Dá o 1. 1'CRO DO SACCO aos fazendeiros c compradores do interior.
Informações i Caijta Postal, 161 Escriptorio: Rua Santo Rntonio, 41 e 43

S AN TO S

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXZXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXKXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

I Caixa 356 Tel. 778

I JSreçoF Í x ^
X 9, General Camara, 9

g Santos
I Grande armazém de
i modas
x o maior t melhor sortimento de Santos
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X Companhia Brasileira de Café x
K x
I Exportadores x
x Capital realisado : 1.050:000$000 g
£ Santos I

x icoixa Postal 444 - End. Telegr.: Bracafé


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ESTADO DE S. PAULO

S00000000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00000000000000000000Ç

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Société Anonyme

C ie. Française
de Navigation à Vapeur
au Capital de 2 5 .0 0 0 .0 0 0 . de Francs

ssssbs

Siége Social & Administration

1. Boulevard Malesherbes
P A R IS
> 3 0 3 0 0 0 0 0 «

■ AGENCE DE
1 Santos
9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 (0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 ? !

o o o o o o LX o o o o o o
<€o/>yumÁ'ia.í >~7m/ice'-(j,s tkJCaregução

^erviçoj Extra-Rápido^ da(\io dj Prata edo Jefíiço (Jt P a s ^ a ^ c iro j


BRR§llr para a£urcpacomospaquetesdeLuxo e de Carga
"J iR S J Ib W "e-'LUTETiJl "J , (p;‘ "Zu dü tian liq ut" e n t n t lod o§ 0£ P o rto § do B r a z il
ViagemdeRiodeJaneiroaLisboaem9diasemeio t a EUI\OPfl

Vist* do íxnplorit d i Ajtncii C trtl

floenida RioBranco, f/V lie 13. Rio deJaneiro


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M a c h in a s ag ric o la s
A rtig o s ph arm ac e utic o s
T in ta envenenada, v e rn i*
i )leo in d u s tria l de peix t )b ra s d e m e ta l
F o lh a s de Z in c o C IM E N T O
Prod uctos d c aço N inh os francezes
W h is k y F ech a d u ra s e cadeados a lie n
A r tig o s de to ile tte T r i - dc inha
. E tc

A c c e ita m p e d id o s p a ra im p o r ta ç ã o d ir e c t a

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Postal, 50S
Caixa c
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5
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x Rua José Ricardo, n. 41 x
8 Santos 8
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> Capital realisado 500:0005000 8
? Recebe cafés a consignação m ediante condições g
I especiaes que beneficiam am pla m ente X
j tv. Caiuby. 63 j
1 X
I aos seus com m ittentes. 3

I 0s cafés a nossa consignação devem ser despa 8


chados com destino:
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Santos-Docas 8
X
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s a l, fa rin h a s de tr ig o , te -
fetaitom pelaasnte va.riO asunidad<e\s
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Pereira Carneiro & C., Ltda. - São Paulo

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£3


DentreocommerciodeS.Paulo sobresa- constantes e honrados esforços de grupo
£3 heafirma Nazareth. Teixeira & C.«, estabe­ depoderosascasas.
■ lecidadesde , cujos chefes principaes sào
1911 'Emtodos os ramosdeactividade, organi-
portuguesesnatos, equemuitotêmconcorrido saram-secasas, cuja actual prosperidade, ape-
paraodesenvolvimentodanossaagricultura zar da formidável crise occasionada pelo san­
poisquenegociaemlargaescalacomosnos­ grentoconflicto que enlutou o inundo inteiro,
sosprincipaes productos, taescomo: caféeal­ confirma a formidável pujança deste mercado
£3 godão, semfalarmos nos demais generos do queresistiugalhardamenteaoseffcitos dcum a
£3 paizquerecebedecontapropriaeaconsigna­ situaçãoqueferiu dolorosamcitcoutros merca­
ção. dosapezar dasuaaparentesolidez.
Ocommercioportuguês estabelecidoneste Essavitalidade, essa força de resistência
Estadotemsabidoconservar aprimaziaqueha do mercado de S. Paulo, é, setn\ contestação
■ longos annos evidenciou emcertos ramos da possível, umdos phenomenos mais admiráveis
£3 actividadecommercial, devido tãosóinente aos quenos foi dadopresenciar eestudar durante

a a a u c 3E333S3:3;2£3E3í:3E3S3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3!3S3í3!i!

o o o o XLVIII O o o
ESTADO DE SAO PAULO

ÍJE3Í3S3E3E3E3E3E3E3E3S3S3E3E3E3E3E3E3E3E3S-3 E3S3E! ESESMEJEJEJESEJEJESESESEJEíESEJESESESEiEJE3C3I5

anossajá longavida dc publicistas, cujoof­ risinoegentilezadeseudignosocio-chcfcEx.">°


fici»nosobriga aauscultar oorganismoeco­ Snr.. M.R.deSouzaNazareth.
nomic»das nações, diagnosticando suas taras Estacasadeveser consideradaactualmcntc.
csuariquezavital. Esseestudosetornaainda no seu ramo de negocio, como ot tipo mais
m aisattrahente quando senos offcrece oen­ perfeitodeorganisaçâo. Foi fundadacomoaci­
sejodeanalysar, cmpleno trabalho organico, madissemosnoannodc l«)ll comorespeitá­
um adessasgrandes casascujavidarepousano vel capital de I.750.000S000 tendo como
Rs.
intercâmbiocomoutras regiõesdopaiz ecom soeiossolidáriososEx.m"»Snrs. M.RdcSouza
oextrangeiro, permittindomedir osdeslocamen­ Nazareth, JoàoAntonio Teixeira eIgnacio dc
tosdeequilíbrioentreessesdoisfactoresessen- SouzaecomocoininanditarlooEx.1"" Snr. Ze-
ferinodeFreitasGuimarães.

ciaesdaeconomia: aimportaçãocaexportação Agrandeactividadequedesenvolvea


DessascasascomsedenestepraçadeSão abrangeenormevariedade dcartigos c produ
1’aulo, uma ha que nos offerecia umterreno ctosqueserelacionamespecialmentecomoramo
deestudoparticulanncnteinteressante, tantopela •de alimentação. A secçãode importação está
importânciada sua situaçãocommercial quea emcontacto constante coin todos os grandes
coloca frentedassuascongeneres, comopelo
á centros produetores do inundo inteiro, princi-
prestigiodeque gozanas altasespherascom palmcntccomosdaArgentina, Portugal, Hes
incrcialebancaria, prestigioessedevidoaotra­ panha, França, Italia. InglaterraeEstadosUni
balho esforçado e profundainente honrado di­ dos da Norte America.
scussoeios componentes: essafirma é aque Comigual empenhoseinteressa pela in
girasobarazãosocial de NAZARETH, TEI­ troducçãoneste mercado dos productos nacio
XEIRARC.«, estabelecidaáruada BõaVis­ nacsoriundos destec deoutros Estados, im-
ta, —esobreaqual folgamos poder dar
35 portandocmgrandeescala,cereaes, assucar, sal,
algunsapontamentos que devemosaocavalhci ferragens, munições, etc. etc., deque recebem

U£3E3E3E3E3£3E3e3S3S3£3E3E3 E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3S3E3E3E3E3E3E3S3E3S:

o o o o o LXIX o o o o o o
ESTADO DE SAO PAULO

C2S3S3E3S3Z-3S3E3S3S3S2S3C3S3E2C3S3E2E-3E3E3E3E3E3E3S3E3S-3E3S3S3S3 E3£2£3*3£2£3£3C3S3C3C5; m a s t



S3
a
si
S3
Nazareth, Teixeira & Cia.
S3
S3 Im p o rta d o re s e E x p o rta d o re s
S3
S3
S3
S3
S3
São Paulo
S3

S3

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EJ 1 | P P .s u p e g g l j P i S S '
S3
' i
S3
S3

prinrip.il cscnptoriu da firir

grandescarregamentos, assim mportantes dasnestapraçaeinterior doEstado, vaimuito


lotescmconsignação. alemdos limites dc S. Paulo, pois far gran­
Omovimentodasvendasdacasaéinten­ desexportaçõesparaosEstadosdcMinasGe-
I
I
sissimo, collocando-anoprimeiroplanodoses­
tabelecimentoscommerciacs similares ctornan
do-aumverdadeiro emporio commercial; não
haexagero nenhumda nossa parte avaliando
racs. MattoGrossoe Paraná.
Paraattender ospedidosdasuaimportante
clicntela, acasa dispõe sempre deavultados
stocks dos productos deseu commercio, con­
oseu movimentoannual de capital cn»14a
I
13
16.000 contosdc reis.
Asuaacçãonãoselimita sómenteaven­
servadosnosgrandes armazénsquepossucno
bairrodaBarra Funda, servidopor umachave
daEstradadeFerro, quelhes facilitaotrans-

u s a u u ü t iB s u a B íü is iiS it ia iu ja iü ü iu ü iü u iiü iK s s Q s a ts iiD iiB B B iia 1

o o o o LXX o o o o
ESTADO DE SAO PAUTO

s b k i ::3E3E3E3E3E3e: e3E3E3E3sse3E3E3E3E3E3E3}3E3E3E3E3e: e3E3E3E3:3E3E3E3E3E3E3E3E3E3£3E3E3E3E3e:

porte das mercadorias. Apezar da Os outros socios da firm a são personalidades


capacidade esses arm a/ens tornam -se in s u ffic ien­ de m uito destaque em nosso m eio social e com ­
tes, eis porque, no in tu ito de fa c ilita r o seu mercial. que por suas v irtud es de caracter c
armazenamento a firm a está construindo no hair honradez tem sabido se im p o r a consideração
ro da Mooca m ais 10 grandes depositos. de todos que com elles tem tido / a ventura
T om a-sc d iffic il. num estudo tã o conciso, de tra ta r; de form a que a firm a N A Z A R E T H ,
entrar nos detalhes da organisaçâo e d o funccio- T E IX E IR A & com elementos de tã o grande
inciito desta im p orta nte e accredita da casa com ­ valia, marcha seguramente numa esplendente rota
mercial. Seja-nos porem lic ito chamar a atten- commercial digna de apreciação e de ser im i­
çio dos nossos le ito re s para um facto que de­ tada.
monstra adm iravelm ente até que ponto de estima • codigo usado pela R IB E IR O

e veneração é tid o o socio-chefe «• fundador ela


casa E x ."° Snr. M . Romá-i de Souza Nazareth,
que occupa os cargos, electivos, de Presidente
Antes de fina liz arm o s estas breves notas,
da < amara Portuguesa de C om m ercio, mem bro que publicamos acompanhadas de varias pho-
do T rib u n a l A rb itra l da Bo'sa de M ercadorias lographias e dos retratos d.- seus socios, de ve­
de São Paulo, fez tamb.-m parte da D ire ctoria, mos aqui salientar que esta firm a trabalha com
tendo também sido Presidente d o f.i-.itro de os Bancos Português d o Brasil e N acional U l­
< ommercio e In d u stria , hoje Associação Com tram arino, de preferencia, além dos ou tros esta­
mercial e varios o u tro s que seria desnecessário belecim entos bancarios que funcciouam nesta
aqui apor

,5*1

o o o o o o LXXI o o o o o o
EST A n o PE SAO PA VIO

Medalhas demiro na* Exposiçf.es de T u rim , 1898 — S. Paulo, 1902 S. L u iz , 190-1

M ilã ii, 1900 Rio, (H y g ie n e ) 1909 G ran.lcs prê m io s nas Exposições do R io, 1908

e de T u rn n , 1911

Endereço Telegraphico: F A L C I1 I C od igo s: R IB E IR O G A L L E S I

C a ix d P o s t a l, 169

Falchi, Papini & Comp.


I!
\> _ .
j j Escriptorio: Rua Boa Vista N, 28— Telephone N. 30-Central

Deposito: Rvenida Tiradentes N, 2 — 'n N. 3149-

Eabrica: Rvenida Tiradentes N. 2 — „ N. 3518- „

São Paulo

O O O I.XXII o o o o o o
M. Silveira Successor de M. Silveira & Cia — São Paulo.

i
COMPANHIA ANTARCTICA PAULISTA

< ompanhia Antarctica Paulista

Entre as industrias que mais I* grandes installaçòes di vapor e


a ANTARCTICA occupa lugar dc d ___ ...... pregam nas t Ulricas, fornecidas tod;
cclosal desenvolvimento, como pela superioridade dos > isas e-pecialistas da Allc.nanha c
productos, como ainda pela avultada contribui,ào con . em: S enormes caldeiras, sendo 5 do typo
annualmente concorre pata as rendas da naçá ► . *PoJe-se r . 1.ornw ali * e i do tvp.» (iarbe , para a producção dc
mo dizer, sem receio de contestação, que no seu ramo vapor. A força é produzida por quatro possantes machinas
dustrial (fabricava» de cervejas, licores, aqui com capacidade de l.60:> tavallos. Tres destas machinas
bebidas sem álcool, gelo. etc.) c a ANTARCTICA a r acham-se ligadas aos apparelhos refrigeradores, com capa­
importante das fabricas existentes no Brasil, não só pelas cidade para 1,-150.000 calorias.
circumstantias já acima apontadas, mas ainda pela vastidão As installaçòes electricas * > mpanhia sã > proprias
dos seus estabelecimentos fabris, pelo elevado numero de p.ara produzir energia electrica
operarios que tem ao seu serviço, pela variedade de finos na força de 030 k. w.;
productos que entrega ao consumo do publico, como pelo alem disso a ANTARCTICA c ie mensalmente cerca dc
vulto formidável da sua pioducção. 180.000 h. w. h. fornecidos lig h t and Power. A
Data d i cerca de trinta ann». .1 fun.l.rã . d.i C tiU P V < 1mpanliia pc-stie *201 motores 1.590 cavallos dc for,-a.
NHIA ANTARCTICA PAULISTA. Nesse não pequeno la­ l>< tada tlc tudo quanto a industria crcou dc mats mo­
pso de tempo, ella teve a felicidade .dc ver dern» e mais piatico, talit 1 tin Europa como tia America
solidamente firmado no meio consumidor, do Norte, a grande ittstallaçã 1 para a íahricaçà 1 dc CER­
ticiiiosn cuidado que obedecem todas as sit is fahricaçi VEJAS da COMPANHIA ANTARCTICA PAULISTA tem
nas quaes só se emprega matéria de superior qualidade. uma capacidade de producção de 500.000 (quinhentos mil)
Entretanto, uma idea mais approximalia hectolitros aniiualmciite. A secção de engarrafamento e es-
colossal industria paulista, apontada como Icri-lisaçã.), ontle se empregam apparelhos dos mais aper-
.......1 admiráveis
- * 1 • progresso, pode-s
• ............. teiçomlos, pótli entregar até 200.000 garrafas p >r dia. 1>s
dos dados a seguir: I recessos usados em tac- serviços garantem a perfeita hy­
Capital . . . . giene dos productos que por elles passam, sendo feitos
I 2.750:0008000 """ apparelhos automáticos os serviços ile lavar,
Diversas reservas 12.000:000*000 arrolhar garrafas.
As grandes e modernas installaçòes da < t'M P AN H IA > g tlo produzido 1 cada 21 horas attinge a 100.000
ANTARCTIC-A 1’AUIISTA ficam situadas 11. importante em media, e nada 11 •nos de 1.009 kilos tio mais puro
bairro da Moóca. a 20 minutos de hontlc do centro da ►ca1himico produz < n cada dia a respectiva secção,
cidade, e são servidas directamentc pelas linhas da São A secção ile (ia/i-zjas, ontle são produzidas as limo-
Paulo Railway chave de todo movimento ferroviário s. as aguas dc inc/aI artificial-*. certos xaropes, as hc-
entre o Estado dc São Paulo e o porto de Santos, c um dos departamentos de não
Essas installaçòes conipõcin-sc de* escriptori» cen­ pequena importaticia, occupando uma área constriiida dc
tral da administração (que se acha ligado a todas as de­ eetia dc 1.800 metros quadrados. Nesta secção ctnpregam-
pendências do estabelecimento por uma rede tclcphonica) se também machina, cspcciacs que garantem a perfeita lim­
fabrica de cervejas, fabrica de licores, fabrica de be­ peza i- esterilisação das garrafas. <) engarrafamento é au­
bidas sem álcool fabrica tie gazo/as. fabrica de xaropes, ta tomático, f a producção de cerca de 18.000 garrrafas por dia.
brita de gelo, fabrica dc acido carbônico, fabrica de ge­ Notável incremento tem tomado de .
ladeiras. laboratorio chimico, secção tie despachos, carpi11- Secção de licores, fundada em 1912. ()
tarias, serrarias, marcenarias, oficinas mechanicas, secção dtirtns abi preparados lograram desde o
de pintura, almoxarifado, cocheiras, garages, etc. nrm . mercado a franca arecitaçã» do publico,
pando tudo uma area ---- ‘ construída de cerca de 80.000 80. : deci aos maiores rigores technicos e o e
s quadrados. diversas marcas se apresenta i
As prin cipaes dependentias da fabrica estão ligadas acabado, sendo dc notar que
ás linhas- — < - São Paulo Railway por meio dc chaves c
dois kilometros- dc trilhos que cortam os seus ■ltd idos como productos uacionaes, dcsprcsando-sc abso-
lutamenti ; imitações tie similares extrangeiros. Empregam-
em varias direcções, para facilitar a carga c des- uateria prima extractos das mais finas plantas
carga de mercadorias, Duas possantes locomotivas de pro- brasileira e outros importados. Esta secção dis-
priedade ANTARCTICA são empregadas nesse niistér. nco grandes tanques com capacidade para 100.000

LXXIV OOOOOO
ESI ADO

litros de álcool, dois alambiques ilc 2.000 litros cada um. enfermaria. ' is serviços medicos, inteiramcnte
além dc outro» menores; trcr caldeiras dc cobre, <lc 1.000 aos operarios, sâo prestados por dois clinicos
litros cada uma, para a preparação dc xaropes, além dc desempenham dessa tarefa tanto
outros apparclhos. A aqui usada na fabricação de lico­ no consiiltorio installadu na fabrica, como ent visitas do-
res c distillada, de pureza absoluta, c o assucar. • da miciliares. Além disso, oito
ito facultativos cuntractados pela
ANTARCTICA, cada um na sua especialidade (olhos, gar-
ganta, ouvidos, nariz. etc.).
seus respectivos consultorios. ................ ,, como se vê, a
ANTARCTICA presta ao seu pessoal u serviço absoluta-
mente completo de assistência medica.
IJcve-se notar ainda, conto prova do zelo que a AN-
IA RCTIC A dispensa á saúde de seus auxiliares, - que
nenhum operário é adiniltido a trabalhar sem que previa-
niente seja submettido a uma rigorosa inspecçâo medica,
c.itardo-se assim a entrada para o convivio do opera­
riado dc indivíduos portadores dc quaesqiicr molestias con-
Além dc fabricar excellentes productos que rapidamente
triumpharam da preferencia do publico, a COMPANHIA AN-
IAlv<. UCA soube também conquistar-lhe a sympathia, pe­
la» importantes iniciativas com que procurou' beneficiar a
capital paulista.
I ntre cila» citaremos, como de maior vulto, a instal-
l-rçà; do soberbo PARQUE ANTARCTICA', na Agua
Branca, um dos mais bellos e pittorcscos pontos de passeio
que Sá-- Paulo offcrccc aos seus visitantes, l-imccionatn
alii varios divertimentos, sendo o ingresso ao Parque gra­
us ,r publico. Citaremos ainda o Theatro CASINO AN­
TARCTICA , de elegante construcçào c vastas proporções,
situado em ponto bastante central, com excellentes condi­
ções de acustica c grande conforto..
Dignos dc menção, também, sâo: o PARQUE YPI-
RANQA», delicioso recreio situado bem junto do monu­
mento da collina historica e o artístico Pavilhão onde a
ANTARCTICA vende os seus productos no Jardim da I.uz,
o mais velho dos logradouros paulistas, etc.
Os dados ate aqui enumerados dão, como sc vê, uma
perfeita idea da importância da grande industria paulista,
c nada mais seria preciso accrescentar-sc para justificar
Conde Asdrubal do Nascimento a invejável posição que a COMPANHIA ANTARCTICA
Presidente da Companhia Antarctica Paulista desfrueta nos meios industriaes do pair.
Mas, não obstante, desejamos completar aqucllas in­
melhor qualidade que se produz no Brasil. A fabrica dispõe formações com algumas outras não menos importantes, re-
sempre de um stock de 250.000 litros de licores prepa­ lativamentc ao vulto do seu gasto annual, por exemplo;
rados, o» quaes se acham depositados em 60 tonéis de grande Em materias primas cerca de Rs. 6.000:000*000
capacidade. Nenhuma hebida é entregue ao consumo sent c muitos outros materiacs, como: rolhas metallicas, caixas,
ter, no minimo, um anno de deposito. palhôcs, garrafas, forragens para 600 muares, gazolina
Para a producçâo dc suas varias qualidades de bebi­ para os seus autos de carga, etc., etc.
das, posstic a ANTARCTICA nos terrenos da fabrica Hl Finalmente, aos Cofres da União a Companhia Antar­
Poços Artczianos de mais de 100 metros de profundidade ctica tem levado ultimaincnte em SELLOS DO IMPOSTO
cada um, com a capacidade total de 2.800.000 litros dc DE CONSUMO por anno a importância de:
agua purissima em cada 24 horas. Rs. . . . 7MOO.OOOSOOO
Os transporte» da ANTARCTICA sâo feitos por meio Estas cifras valem pelo que exprimem, e. bem poucas
dc numerosos e possantes auto-caminhôcs, além de dezenas são as industrias brasileiras, cujo movimento financeiro pos­
dc carros a tracção animal. para o que a Companhia sa apresentar um quadro semelhante no computo das suas
dispõe de cerca dc 600 muares. des|tc/as geraes e na parte que toca ao erano publico, —
Varios depositos, situados em pontos differentes da mesmo sem levar ent conta os dentais impostos federars.
cidade, auxiliam o serviço de entrega de bebidas e gelo, nuinicipacs e estadoae» com que é taxada.
de modo a permittir a rapida execução de quacsquer en- Rematando estas rapidas informações, diremos que a
con mtndas. Companhia Antarctica posstic unta importante F ilial em
Desejando dar a mais completa assistência ao seu nume­ Ribeirão Preto, para o fabrico de cerveja, além de duas
roso e dedicado pessoal, a COMPANHIA ANTARCTICA fabricas de gelo. uma em Santfts c outra na Capital da
mantem, para esse fim, uma bem montada Pharmacia e Bahia.

Companhia Antarctica Paulista

OOO OO LXXV o o o o o o
ESTADO DE SáO PAULO

O q q q q q g GGGGGGGGGGGGGGOGGGGGGGGGGGGOOGGGGOGGGOQqqq
C
"

Companhia Brazileira de Metallurgia


O n de se v iu u m a C om panhia bradlcit
fo rm a d a e x c lu siva m e n te com capital's narj
naes, re g u la d a pelas nossas leis, estar
de um b lo c o e x tra n g e iro que só vi/..........
resses que lhe. d iz ia resp eito ? Assim esta Co
p a n h ia se v iu p riv a d a , lo g o ao seu inicio,
de s ab roc h ar, d o s ele m e ntos necessários < ■
disp en sáve is á sua in d u s tria . Entretanto, a
zar de to d o s os ob stá cu lo s que os setis j
rnigo s lh e a n te pu nh am , para lhe causar
m o rte , e lla fo i vencendo, e isto, á força
s a c rific io s ingentes.
11111. '. graças aos ' igoi >sos < forços i
,S| - E rn e s to I )ie d e i i' h -rn , seu dl r c lu>qiii-.i
de nte. D r . F e rn a n d o A rens, >ru direcim-tc
«h n ic o e F F is c h e r, dirccto r-ge ren te, a sitt
ção desta C o m p a n h ia é incontestavelmente b
lh a n te sob re to do s o s pontos de vista.
\v . i l i a r o tra b a lh o realis.uli
gra n d e s lu cta d o re s. m e d ir lhes .1 i apandadt
I r o d u c tiv i, s e ria -o b je c to pa ra cerup.ir pagina
e p a gin as desta o b ra .
A p en as cum p re -n o s o dever impreteriv
de aqui s a lie n ta r qu e. a in d ustria metallurgy
no B r a s il é no va. c não padece duvida que <
das in d u s tria s nacionacs n
de rna s. p o r is: q u e . com pete aos Ciovem
ta n to F e d e ra l < m o E s ta d u a l, lançar suas v
D ia a d ia se vein accentuando ns p ro as sob re e lla , a m p aran do -a i 1 todo o sentido
gressos e desenvolvim entos que o com m ercio a fim de que possam os c urto espaço d<
e as in d us trias descrevem na o p ule nta c a p ita l te m p o nos e m a n cip a rm o s da importação di
de S. Paulo. p ro d u c to s s im ila re s v in d o s do extrangeiro, vist
A s firm a s in a is im p o rta n te s que aq ui com o. os de fa b r ic o n a cio n a l são tão bons o
actuam , não poupam esforços no sen tido de m elh o re s do q u e os que im portam os
dotal-a com um m ov im en to no tá v el de m a ­ A C o m p a n h ia B r a s ile ir a dc Metallurgia
chinas, que não só representa o g rá o de c iv i- Soc. A n o n y m a , fu n d a d a ern t.° dc Sctcmbr
lisação de um povo. c om o ta m b ém m o s tra o de 1915. c o m o c a p ita l in ic ia l de Rs. 300 conto
lu g a r que lhe com pete ao lad o de o u tra s nações de reis. e in s ta lla d a em m a g n ific o prédio

A c o n flag raçã o européa. que quasi c inc o


annos p e rtu rb ó u a v ida dos povos e o in te r ­
câm bio m u n d ia l, não in tib io u a activ id a d e la
borio sa e pro gressista dos h a b ita n te s de S.
P a ulo : mas, a rid ic u la creação da cham ada
L is ta N egra e A m arella fo rja d a ex c lu s iv a ­
mente para p ro te je r elem entos associados a
cilas, c ujo fim era p re ju d ic a r as pequenas r
grandes ind ustrias, desde que essas tivessem
um q u alq ue r socio com um nom e de o rig e m
allem á, veio sobrem odo e n tra v a r o pro seg ui
m ento de v a ria s in d u s tria s , o que ho je está
cabalm ente pro vad o.
N ão houve c r ité r io a lg u m na seleção de
firm a s pa ra a sua inclusão nas d ita s listas,
apenas attendia-sc aos cegos interesses da
cubiça. nada im p o rta n d o aos m ais vitae s in ­
teresses da nação.
F oi o caso da C ia. B ra s ile ira de M e ta l-
lu rg ia , Sociedade An on ym a , que se v iu in s ­
c rip ta na rid ic u la Lista Am arella. só p o r te r
alguns socios allcm ães e b ra s ile iro s filh o s de
allem ães e a in d a p o r ser forternente a m p arad a
pelos ba nqueiros T h e o d o r W ille & Co.
R id ic u lo caso!!

OOOOOO LXXVI OOOOOO


ESTADO SAO PAVEO

50 Í 5 O S Q 9 Í5 Q 0 © Ô 0 Í5 0 0 © Q 9 S 0 © Ô Ô 6 9 ? 5 0 9 0 O O O O O O O G Q Ô G O O O O S Q O O Í)

l>airro de In d ia n o p o lis , occu pa nd o um a arca


de m a is d c lo.o oo "1* c te nd o u n i te rre n o d is ­
ponível ta m b ém de io .o o o m-- onde tra b a lh a m
mais d e 120 op e ra rio s , está pre henchendo p e r­
fe itam en te os fin s a que se de s tin a c com um a
producção d e ;.ooo to ne la da s de tu b o s de fe rro
fu n d id o , conceções, va lv u la s , m ach in as, reg is
iro s de to da s as capacidades p a ra agua, depo­
sitos d a gua p a ra W . C . etc. etc. alé m da fa
com o é o seu P res id en te, S r. E rn e s to D ie-
b rie ação do s a riste s Jo rd ão , d o s quaes d a re ­
derichsen, tã o con ceitu ad o nas alta s espheras
mos d e ta lh a d a d c s rrip ç ã o n a p a rte refe re nte
c o m m e rc ia l e b a n c a ria , e che fe d a im p o rta n te
aos inve n to s bra s ile iro s . Essa pro d u c ç ã o que
casa fi l i a l T h e o d o r W ille Co. de S. Paulo,
pqde elevar-se a 5 ou 6 m il toneladas, d e ­
pende apenas do con seg uim en to d o C ock, ma te rá esta C o m pa nh ia fa ta lm e n te que te r um a
pagina b rilh a n te n a h is to ria da m e ta llu rg ia
ir r i a l ind ispe nsá vel á sua in d u s tria . A ctua l
mente a la b o rio sa D ire c to r ia da C ia. c o g ita b ra s ile ira , lu g a r que de fa c to desde já lh e
dc tr ip lic a r a fa b ric a , c u jo p ro je c to já se acha compete.
em estudo.
D u ra n te a v iz ita que tivem o s o prazer de
fazer a esse gra n d e e m od erno estabelecim ento
in d u s tria l, fo i-n o s d a d o c o n s ta ta r que to d a a
sua m a c h in a ria fo i a lli m esm o fa b ric a d a , te ndo
dado até h o je os m ais sorprehendentes resui
tados, o que vem sob re m od o p ô r a in d a em
mais destaque a b rilh a n te in te llig e n c ia e capa-
idade technic a de seu d ire c to r, o conhecido
c no tá vel e n ge nh eiro D r. F e rn a n d o Arens.
E m fim , rem a ta n d o estas no ta s temos a
accre scen tar que a C ia. é s e rv id a p o r uma
lin h a especial dos bonds da l.ig h t, que a com ­
m unica com as E stra d a s de F e rro , fa c ilita n d o
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o o o o LXXXIV o o o o o
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o o o o o o LXXXV o o o o o o
ESTADO DE SÂO PAULO

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I M O [. I l l
ia [omifi o 8

SANTOS
Não c somente nos grandes cm tros
Commerciaes de R io de Janeiro e São
Paulo que a Companhia Commercio e
Navegação (Pereira Carneiro & C. L im it.)
exerce a sua adm iravel actividade.

Também a cidade de Santos teve a


ventura de attra h ir a attencçâo da pode­
rosa firm a. E Santos mereceu essa atten-
cção. Um dos maiores e movimentados
portos do mundo, o m o é; escoadouro
da principal rique/a do Brasil, o precioso
café, columna mestra da economia nacio­
n a l; centro de form idável labor commer­
c ia l; grande cidade pela sua população,
pelas suas avenidas, pelos seus monumen­
tos, pela sua im prensa, pela sua cultura,
Santos havia de exercer fatalm ente po­
derosa attracção sobre esse p ug ilo de in­
temeratos lutadores que constituem a f i r ­
ma Pereira Carneiro & C. Limit., prin-
palmente do seu illusre d irector sr. Conde
Ernesto Pereira Carneiro.

P or sua vez, a poderosa Companhia


é digna do scenario m agnifico de Santos.
PereiraCarneiro &. C. Limit,grande com
um capital que excede de 150.000.000$000
e abrangendo m ultiplos ramos de activi­
dade commercial e industrial, figuram en­

es o o o o o LXXXV1 o o o o o
ESTADO DE SAO PAULO

tre as mais poderosas firm as da américa montados moinhos de trig o , da fabrica


do Sul. de tecidos S. Joaquim
, em Nitheroy, etc.
Os 20 modernissimos vapores de sua Negociando em sal, tecidos e farinha
frota levam nossas mercadorias aos mais de trigo, exeicendo pela sua admiravel
importantes portos europeus e americanos fro ta e numerosa flo tilh a de desembarque
e estabelecem entre os portos brasileiros e descarga a industria de transportes em
a mais completa ligação. larga escala, a CompanhiaCommercio e
A firm a é proprietária do dique
Navegação é um dos mais vivos teste­
Lahmeyer, o maior da America do Sul.
munhos da grandeza presente do Bresil.
E proprietária também das mais vastas e A succursal de Santos encarrega-se
productoras salinas do Brasil, de bem de todos os negocios feitos pela filia l de

Algum do Pessoal de Pereira Carneirq ft C.

o o o o o o LXXXVII o o o o o
ESTADO DE SAO PAULO

i O G O eO O O O O O CEDO O O O O O O O 0O O O O O 0O O O O 0C 3O O O 0C

S. Paulo, referentes á parte commercial re­ A gerencia da succursal de Santos


lativa ás vendas de sal e de farinhas. está entregue a um homem de grande
Os caregamentos e fretes dos na­ competência e reconhecida probidade, au­
vios, tanto para os portos brasileiros x ilia r precioso da firm a PereiraCarneiro
como para os platinos e europeus, são ex­ &C.Limit.: o sr. A rn ald o J. Silva, nome
clusivamente affectos a esta filia l. conceituadíssimo em toda a praça San-
tista. Funcciona a succursal á Praça Tel-
Os navios da companhia, em suas via­ les n. 4, tem caixa postal sob N.o 448,
gens para portos brasileiros, fa/em esca­ usa os codigos Ribeiro, A. fí. C. b eth.
las para o N orte até Pará e para o sul e particulares e o seu endereço telegra-
até P orto Alegre. phico é Unidos.

Interior do Escriptorio de Pei

o o o o o o LXXXV1II o o o o o
ESTADO /->/ PAI’1.0
aO O O O O O O C O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O C

£ necessário accentuar coiupa- De mais a mais, nem tudo fo i um mar


nhia tem feito os maiores carregamentos de rosas nessa vida. Houve obstáculos
de cabotagem devido tão somente ás sym­ tremendos a vencer, mas por isso mesmo
pathias com que conta nesta praça de a defin itiva victoria de hoje resalta mais
Santos. Seus processos admiráveis, que patente e viva.
consistem em não o ppôr o menor emba­
raço ao transporte das mercadorias tem Não esqueçamos, por exemplo, o te­
um dos maiores factores do seu constante merario mas patriotico gesto da Compa­
desenvolvimento e da crescente confiança nhia quando em plena guerra mundial,
que vae dia a dia grangeando. se propoz a lliv ia r o Brasil do grande peso
da falta de transportes e arrostou com
Seria superfluo accrescentar que a
suas bellas unidades a furia dos submari­
companhia gosa de illim ita d o credito tra ­
nos allemães para levar á Europa o café
balhando com todos os estabelecimen­
e outros productos nossos, e de lá tra­
tos bancarios que operam nesta praça.
zer-nos os generos de maior necessidade
Este credito, cada vez mais largo e con­
para o desenvolvimento das nossas indus­
fia n te , é o mais im mediato resultado da
trias manufactureiras.
intcllig en cia e profunda honestidade com
que são d irig id o s os destinos da pode­
A grande belleza desse gesto não
rosa Companhia.
pode occultar aos olhos de ninguem o
N ão nos é possível, no curto espaço sacrificio e o perigo em que elle se po­
de que dispomos, desenvolver aos olhos deria transform ar. Felizmente, o destino
dos leitores as perspectivas magnificas de protegeu a Companhia, e os lucros moraes
trabalho fecundo e esforço victorioso que que ella dahi tirou inuito concorreram cer­
representa a vida da Companhia desde a tamente para o seu grande prestigio
sua fundação. actual.

5ooooooooooooooooEK 3soooooooooooG O O O O O O oooc

o o o o L X X X IX o o o o o o
ESTADO DE 5,40 PAUL <
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOC

Pereira Ignacio & Cia.


São P au lo ?

Fazer a biographia desse notável in­ da dynamogenia, propulsora das subidis­


dustrial que é o sr. A nto nio Pereira Igna­ simas correntes da vontade. N o meio do
cio, é dizer o que tem sido a vida de um vasto emporio Commercial que é o Brasil,
desses Mestres de energia de que falámos a sua acção tem sido, por isso, de um
além. relevo inconfundível. Tornou-se o Rei

Delle já escreveu, aliás, um publicis­ do algodão». De hum ilde origem , elevou-


ta: A sua vida se define pela luta extre­ se pelo proprio esforço ás mais culminan­
ma que sempre vence. Um dynamo de tes posições.
energias. Nada o enfrenta, nada o arreba­
ta, nada o entibia. Sabe, desde criança, Era pequeno, é grande; era pobre, é
que o querer é poder. Sem ter lido, tal­ riquíssim o; era pigmeu, é gigante. O tra ­
vez, Samuel Seniles, Antonio Pereira balho fel-o heróe, a vontade fel-o genio.
Ignacio reproduzio o typo do perfeito a- A historia da vida de Pereira Ignacio, é
thleta psychico, ideado por aquelle autor mais ou menos semelhante á das gran­
inglez. Uma vez tomada uma resolução, des individualidades que nas lutas paci­
não o inhibem as hesitações dos tim idos ficas e fecundas do trabalho concorrem
e dos fracos. Não vacilla: caminha. Os de facto para a civilização do século, pela
phenomenos que se lhe manifestam são os firmeza da vontade, pela nobreza do ca-

500000000000000000000000000000000000
o o o o o XC o o o o
1ST M X ) DE SJO PAULO

racter, pelo fu lg o r do engenho, pelo b ri­ logico que a tivesse. Mas revelando, des­
lho da actividade. de menino, notável força de vontade, sêde
São justos os termos deste elogio. de independencia, desejo de saber, nobres
O enthusiasmo do biographo se apoia em aspirações em fim , em vez de repousar do
vivas realidades, como são todas as a ffir- arduo trabalho diurno, frequentava á noi­
mações da capacidade criadora do grande te a escola, onde recebeu os prim eiros en­
industrial. Mas não interrom pamos a voz sinamentos. Aos 14 annos, já adiantado,
que com tanta sympathia vínhamos es­ veiu para esta C apital (S. P aulo), onde
cutando. Prosegue cila : se empregou na casa Ferreira Junior &

Escriptorio Central R.dc S. Bento.


i 47

Nascido a 2Q de M arço de 1874 na Saraiva. Deste estabelecimento in dustrial


bella cidade do Porto, a pittoresca rainha sahiu para ir para o Rio. Passado tres
d o Douro, A nto nio Pereira Ignacio, fasci­ annos regressava com um bom capital de
nado, como tantos outros portugueses pe­ pratica e um peculio de 300S000 a
las seducções da natureza brasileira, para base de sua fortuna. Aos 18 annos, esta­
aqui embarcou com1seu pae e varios com­ belecia-se em S. Manoel. Realizava-se
patriotas. Tinha 11 annos incompletos. o seu sonho. A briu, com o a uxilio de
N o Brasil, os prim eiros annos, como sóe um amigo, as portas de um «negocio».
succeder sempre, foram -lhe penosos e Era a manifestação da fib ra que se im­
cheios de illusões. punha pela prim eira vez. Com activida­
Com seu pae, que exercia a hum ilde de, com parcim onia, com tenacidade, as
profissão de sapateiro, fix o u residência em tres principaes virtudes, vencia. N o p ri­
Sorocaba, ajudando seu p rogenitor neste meiro anno de exercício, tinha realisado
modesto o fficio . Bagagem de instrução já um lucro de dois contos de reis. A
pode-se dizer que não a tinha, nem era aguia de M arcurio levantava o

o o o o o XCI o o o o o
esi Ann SAO

© © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © 0© © © © © © 0© © © © © © C

Transferiu-se para Botucatú, onde mon­ gocio de Botucatú, a fazer a prim eira ex­
tava um grande armazém de comestíveis, perienda industrial em Boituva, com um
de ferragens e de quinquilharias. Os re­ pequeno estabelecimento de descaroçar
sultados, comquanto notáveis, não o sa- algodão. O successo ultrapassou todas as

tisfaziam. O horizonte apparecia-lhe mais suas espectativas. Iniciava então sua car­
amplo. A sua visão abrangia relações reira no grande mundo, posto que nelle
commerciaes intensas. Isso levou-o a es­ já houvesse revelado aptidões para no­
tudar meticulosamente as nossas possi- táveis emprehendimentos.

bilidades agricolas, entre as quaes avul­ Já então era um dos mais im por­
tava a do algodão. Formou a respeito tantes e hábeis negociantes de algodão.
um plano claro e, com o seu espirito de Surgiram assim, por obra sua, as fa b ri­
decisão, que é o principal requisito para cas de Conchas e de Tatuhy. Em 1903,
o trium pho, pol-o immediatamente em organisou a firm a Pereira Ignacio &
pratica. E eil-o, em 1899, vendido o ne- Comp., com o seu particular amigo Comm.

o o o o o XCI1 o o o o o o
e si ado nr: sao p a v i o

lO O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O ç

João Reynaldo de Faria, socio chefe da resultaram do fecundo laboi da


im portante firm a João Reynaldo, Cou- intelligencia de A ntonio Pereira Ignacio,
tin hoPi C.a, do Rio, m ultiplicando os elemento dynamico central da firm a Pe­
capitaes e as empre/as. reira Ignacio PiComp.
Emprehendeu, a seguir, a instada- Estes estabelecimentos são os se­
ção de uma fabrica de oleo de sementes guintes:
de algodão, que levou a e ffe ito em So­
rocaba, com machinismos im portados da
Inglaterra. Reconhecendo, porém, que Fabrica l.iizitania,
á rua Florencio
taes machinismos não podiam bem cor­ dc Abreu, mesmo no centro da grande
responder ás exigências da in dustria, rc- urbs paulista, com fiação, tecelagem e

solveu uma viagem aos Estados Unidos tinturaria. Os algarismos abaixo dão a
da America do Norte, que lhe proporcio­ medida deste emprehendimento:
nou uma importante somnia de observa­
ções pessoaes. A lli adquiriu novos ma­ Area da fabrica, 10.77Qm .
chinismos para a mesma industria a Fuzos, 11.344.
primeira do Brasil no seu genero além Teares, 304.
de machinas para algodão e arroz. O Força, 837 H . P.
fundamento, porém, de sua operosidade Producção annual, 4.600.000 mts.
teve sempre por base a cultura e o com­ Operarios, 750.
mercio de algodão, sob os seus varios as­
pectos. Pode-se chamal-o, já o dissemos, Tecidos de sua fabricação: Brins d i­
o Rei do Algodão do Estado de S. versos, Xadrez, Riscado, Zephir e algo­
Paulo». dões diversos. Todos os operarios desta
Não podemos acompanhar o biogra- fabrica acham-se segurados na Compa­
pho em toda a extensão de seus inte­ nhia Brasileira de Seguros.
ressantes commentarios. Falta-nos o es­
paço necessario. Terminaremos, pois, esta Fabrica Paulistana, da Companhia
nota, descrevendo ligeiramente os im por­ Fabril Paulistana, sociedade anonyma dc
tantes estabelecimentos industriaes que que a firm a Pereira Ignacio Pi Comp. é
D C X D O O C X X X X X X )O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O C

o o o o o XCI1I o o o o o o
ESTADO DE SAO P A V IO

E jp j H B B H f f i n n n n n r u n n r i n n w n n **?
ú ......... ....................... " ’ * h

a m aior accionista: — 16.000 s . 20.000 quantidade de pedras proprias para fa ­


acções; e a principal debenturista 11.670 bricação de cimento. Além dessas gran­
si. 13.000 debentures. Situada também des pedreiras, existem jazidas de marmo­
na capital de S. Paulo, á rua Silva Pinto res, ardósias, etc., cuja exploração fo i
n.o 2, os algarismos referentes a esta fa­ iniciada com excellentes resultados.
brica são os seguintes:

Area, 10.230m*. Fabrica dc Cimento Rodovalho —


Fuzos, 11.848. situada na estação do mesmo nome, da
Teares, 385. Estrada de Ferro Sorocabana, a 27 k ilo ­
Força, 817 H . P. metros de Sorocaba, tendo grandes de­
Producçào annual, 5.000.000 mts. positos de pedras calcareas, quartzos, etc.,
Operarios, 700. dispondo de grandes fornos para fab ri-

Fabrica brins diversos, Xadrez, Ris­ cação de cimento, cal hydraulica, vidros
cado e algodões diversos, l odos os ope­
rarios acham-se segurados.
DagrandefabricaVotorantinfalare­
mos adiante.
Cayeiras dc Unpararanga, situadas
na estação de Itupararanga, a 13 kilom e­
tros de Sorocaba. Funccionam nellas
actualmente 7 forno s continuos systema
H offm ann e 2 de Barranco, para coke
— hoje adaptados para lenha. Devemos accrescentar que a rêde te-
lephonica Sul Paulista, que mais tarde
deu origem á Bragantina, fo i também um
As pedreiras de calcareo ahi exis­ producto dessa poderosa manifestação de
tentes são intermináveis, havendo grande vontade. A Usina de Força e Luz de P i-

o o o o o o X C IV o o o o o o
ESTADO DF. SAO PAULO

E3E3E:E3EIE3E3E3EiS3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3£3E3E3E3E3E3E3E M M U H I iiI3E3

lar, com capacidade de 2.000 cavallos, ço telegraphico N i c io p a , Caixa Postal R


fo i também sua. 127. H

£3
£3

S3
S3
£3
£3
£3
£3
£3

A administração e escriptorio central Com estas informações, completamos


da poderosa firm a fica em S. Paulo, Rua o que tínhamos a dizer do trabalho fecun­
S. Bento n. 47. Os Codigos usados são do desse hom em: e dessa firm a, expoen­
Ribeiro e A . B. C. 5.» edição. Endere- tes ambos da energia brasileira.

£3
S3 S3
IB
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S3
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o o o o o o XCV o o o o o
ES ÍAD O PE SM) /‘ A l'l.i

Q O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O C X30D O O O O O O O C

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F a b ric a V o to r a n tin
S. Paulo
De todos os emprehendinieiitos de em que ha form idáveis cascatas, que fo r­
que o principal elemento propulsor é a necem força m otriz á fabrica. Ê uma ver­
firm a Pereira Ignacio f t Comp., a F a ­ dadeira cidade, dotada de todos os re­
brica Votorantin destaca-se como um dos cursos urbanos.
mais importantes. Delia são accionistas a firm a Pe­
Acha-se instailada a 7 kilometros de reira Ignacio f t Comp, e individualm ente
Sorocaba e ligada a esta pela Via Ferrea o sr. A nto nio Pereira Ignacio.

Votorantin, de propriedade da mesma. A grandeza desse estabelecimento é


Ê talvez a m aior fabrica de fiação, te­ expressa pelos seguintes maravilhosos al­
cidos e estamparia da America do Sul. garismos :
Está localisada no D istricto dc V otoran­ Area, 1.070.000 mts. quads.
Fuzos, 47. KM).
tin , á margem direita do rio Sorocaba, Teares, 1.300.
em um valle, formado por varias collinas, Força actual, 3.500 l i . P.

oooooooooooco ooooooooooooooooooooooooooooc
o o o o o XCVI o o o o o o
AO PAULO

Trabalham na fabrica, verdadeiro localisados os operarios, e onde existem,


modelo no genero, cerca de 2.500 ope­ além de casas modernas, grandes e bem
rarios, sendo a sua producção diaria de construídas para gerencia, administração
80.000 metros de tecidos. O ccnsummo de e Mestres, diversos grupos de bons pré­
algodão é de 150.000 kilos, approximada- dios operarios no total de 440, todos
mente, por me/. O s salarios elevam-se a illum inados a luz electrica; e prédios
200 contos mensaes, sendo o consummo proprios para divertimentos (theatros),

mensal de outras materias prim as supe­ igreja, campo de esportes, etc.


rio r a 500 contos. O s salões dos teares O numero de casas operarias da
são imponentes e todas as secções de V illa vae ser augmentado consideravel­
estamparia e tin tu ra ria dispõem dos mente.
meios mais modernos de fabricação c de Á Sociedade Anonyma Fabrica Vo-
um pessoal de prim eira ordem. O valor toraníin pertencem também as Cayeiras
dos estabelecimentos V oto ra iitin é supe­ de /tuparanga e a Fabrica de Cim enios
rio r a 2 milhões de libras esterlinas. Rodovalho, a que já fizemos largas re­
A fabrica produz Pannos crús de ferencias em outra parte desta obra.
diversas larguras, M orin s, Cretonnes, Todos estes estabelecimentos, e mais
Zephires, Chitas de diversas qualidades, as grandes fabricas de tecidos Luzitania
Flanellas, Toalhas, Gangas, Brins, etc. e Paulistana, a que também já nos re­
A força m otriz, como se disse, é hy­ ferimos, vivem principalm ente do labor
draulica e gerada na propria fabrica. e da intelligencia admiráveis dessa heróe
Nas proximidades da fabrica fo i da industria nacional que é o sr. Antonio
construída a V illa O peraria, onde estão Pereira Ignacio, typo singular de realiza-

o o o o o XCV1I o o o o o o
ESTAOO l>E AO nAU 1.0

S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3Í3S3S3S3S3S3
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Caveiras tie Itupararanga — F
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S3
*:• d o r intemerato, que, da mais obscura hu­ O scenario paulista, em que se S3
•:* mildade, ascendeu ás mais luminosas po­ $3
desenvolve essa maravilhosa actividade,
•:* 13
sições da vida de actividade em nossa é dign o de um esforço material, intelle­
terra. ctual e moral como o que nos apresentam *
♦:*
Poderíamos repetir aqui as palavras o sr. A ntonio Pereira Ignacio e a firm a S3
daquelle seu intelligente biographo: Não de que elle é o principal elemento. S3
S3
•:* ha decerto, no mundo industrial contem­ O Estado de S. Pa’u lo é a Terra do S3
«:• poraneo, uma individualidade de tão po­ Trabalho. Do Trabalho fecundo e cons­
«:•
derosos recursos para o trium pho como tructor, do trabalho que faz a riqueza •3
•:•
a que se concretisa na figura altamente das nações e a dignidade dos homens. S3
S3 S3
S3 sympathica do sr. Antonio Pereira Igna­ Tendo erguido as differentes fa b ri­ ♦3
cio, a quem o Brasil deve, sem duvida cas que verdadeiramente criou em pontos S3
*:• S3
alguma, o desenvolvimento de um de diversos do te rrito rio paulista, a todos *3
*
seus mais vastos e amplos organismos: elles presentou o illu stre industrial com ♦3
form idáveis elementos de progresso. S3
•:* a industria do algodão.» S3
13

S3
S Fabiica üc Cimento Rodovalho, que e itf prodiiiindo 80(1 toneladas de Cimento e Cal hydraulica por m i/. p j

S3 D
S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3S3

o o o o o o XCVIII o o o o o o
ESTADO DE SAO PAULO

gO O O O O O O O O O O O O O O O G O O O O O O O O O O O O O O G O O O O O O O O O

E este progresso não é apenas de salas desse escriptorio trabalha-se pelo


S. Paulo. É do Brasil inteiro, que dire- futu ro da patria; exercem-se, no am bito
ctamente usufrúe os benefícios da gran­ estreito das mesmas, poderosas energias
deza m aterial e do desenvolvimento do co nstru ctors, que se vão re fle ctir lá fóra
maravilhoso Estado. em ousados emprehendimentos dos quaes
A firm a Pereira Ignacio & Comp. resulta m aior prestigio para o Brasil que­
fez da capital de S. Paulo o quartel ge- • rid o e m aior am plitude de riqueza.
neral dos seus grandes emprehendimen- A firm a tem caixa postal sob n.o
tos. O seu escriptorio central, á rua S. 127. Usa os codigos R ibeiro e A. B. C.
Bento n.o 47, é um nucleo de que irra­ 5.a edição. Seu endereço telegraphico é
diam forças immensas de actividade. Nas Niciopa.

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<>£ SAO PAU I.

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“ 0 Estado de S. Paulo”
XXXXXXXXX

O prim eiro numero deste jo rn a l, ex­ contra as difficuldades materiaes da épo­


poente da grande imprensa no Brasil, ap- ca e contra a indifferença do publico em
pareceu em 4 de Janeiro de 1875 sob relação ás coisas do espirito, fazia-se mis­
o nome de Província de S. Paulo», como ter a energia de um homem dotado de
propriedade de uma empresa em com- larga capacidade de realisação e resolu­
mandita, com o capital de 50 contos. -Seu ta vontade: Rangel Pestana fo i natural­
artigo programma indicava claramente o mente indicado pelas circumstandas,
desejo de observar a mais estricta neutra­ como o elemento dynamico necessário á
lidade politica. maior vitalidade do jo rn al. Acceitando a
incumbência, Rangel Pestana pediu á in-
telligencia moça de Américo de Campos
o a uxilio que se lhe tornava imprescin­
dível.
C onfiado á direcção de homens de
tál envergadura, o novo jo rn a l conquis­
tou em breve real preponderância na im ­
prensa paulista. D ia a dia augmentava o
seu in flu xo moral, mas a situação finan­
ceira não se mantinha firm e.
Para evitar a catastrophe, uma nova
commandita se constituiu, formada dos
principaes chefes do partido republicano.
Continuaram Rangel Pestana e Américo
de Campos á frente do jo rn a l, e este to ­
mou uma feição francamente republicana
passando a desenvolver activa propagan­
da da idéa nova.
Em 1882 fo i dissolvida a sociedade
Na intenção de seus fundadores, o em commandita, ficando todos os encar­
novo jo rn a l deveria dedicar-se ao estudo gos do jo rn a l sobre os hombros de Ran­
de todas as questões attinentes ao des­ gel Pestana, que durante dois annos lu­
envolvim ento intellectual e economico do tou para e quilibrar os seus orçamentos.
paiz e desempenhar o seu papel de in­ Urgia, porém, augmentar o capital.
form ador, dando ao publico noticias so­ A entrada do D r. A lberto Salles como
bre os principaes factos locaes, regionaes associado e director gerente fo i a me­
e exteriores. dida posta em pratica, retirando-se da
Para o desempenho de tão conside­ folha Américo de Campos e J. M . Lis­
rável tarefa e para a victoria na luta boa, antigo gerente.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxí
o o o o o o CHI o
«3

Mas A lberto Salles não era um jo r ­ Em 91, Rangel Pestana, fatigado da


nalista. Sua actuação como redactor qua­ luta, cedia a folha á Cia. Impressora
si provocou a ruina de A Provincia de Paulista, conservando Julio de Mesqui­
S. Paulo. Salvou-a a intervenção oppor­ ta a direcção politica. Dissolvendo-se
tuna c desinteressada do Dr. Julio de pouco depois esta companhia, tornou-se
Mesquita. o Estado propriedade dos srs. J. F ilin -
E ape s tão longas lutas, conheceu to Pt Cia. Julio de Mesquita, um dos
emfin: o jo rn al a prosperidade e começa­ socios, continuou suas funeções e sua
ram seus balanços a apresentar saldos collaboração, na qual sob o titu lo Notas
animadores. politicas affirm ava dia a dia as suas
Em 188S a tiragem se elevou a 4.000 fortes qualidades de polemista.
exemplares, numero que nenhum orgam
da imprensa paulista tinha até então al­
cançado. Depois vieram os dias de triu m ­ A empresa proprietária do Estado
pho: a abolição dos escravos, a procla­ se constituiu em sociedade anonyma com
mação da Republica, idéacs que o jo r­ o capital de 300 contos de reis em 1907.
nal havia pregado, acontecimentos que Em 1912 foi este capital augmentado
havia prophetizado. para 3.000 contos. E começou d e fin iti­
Em 1890 o jo rn a l passou a chamar- vamente para o Estado de S. Paulo o
se Estado de S. Pauto. A ttingiu a t i­ magnifico trium pho, que faz dclle, hoj^,
ragem de 7.000 exemplares, fo i melho- o jo rn a l de maior circulação em toda a
; rado o material typographico, a situação Republica brasileira e um dos leaders
I financeira era cada vez mais prospera. do pensamento politico nacional.

í 0 ESTADO DE S. PAULO
m i» s a o rc a i.

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o o o o o CVIII o o o o o
INDICE DAS M A T E R IA S

PARTE I — O dia do Chile.


Vaz dc Caminha e ; — A data* de 2 de Julho*^
Abreu) . . — O 28 de Julho.
Confins tcrritoriacs > Brasil (Mario de I — O 15 de Agosto.
— O centenario de Gonçalves Dias.
Noticia historica (Rudia Pombo) . . — Duque dc Caxias.
A propaganda republicana (Julio Ca Congresses e conferencias ...................................
A literatura brasileira (Ronald de '
As artes plasticas (R. ile C.) . — Congresso Eucharistico.
A caricatura no Brasil de 1822 a 1922 (Rant Congresso Internacional dc Historia
Pederneiras . . . . . . da America.
Ensaio sobre a musica brasileira — Congresso B. de Ensino Secundário
c Superior.
O Theatro no Brasil . 3.» Congresso N. de Agricultura e Pe-
evolução religio. I (Nestor Victor) 71
' i religic de Figuelre Confcrencia Int. Algodoeira.
Gome:. I." Congresso dc Associações Commer-
O pensamento philosophi Brasil (Rena
Almeida) . . 2.0 Congresso Americano dc Expansão
A Escola medica rasilcira (A. Austregesilo) . Economics.
Evolução da Arei tectura no Brasil (A . Morat Conferencia Americana da Lepra.
de los Rios) .................................................. Congresso N. dos Práticos.
Cem annos de E n g e n h a ria .........................
O Ensino publico no Brasil (Afranio Peixoto)
Aspectos da Sociedade brasileira (Elysio de Ca
As bases geneticas do nosso Direito constitua
nal (Chrysolite» de Gusmão) . . . . . 1." » B. de Chimica.
Como o Brasil entrou para o concerto das N » dos Estudantes das Es­
Ções (H e itor Lyra) ................................... colas secundarias.
A diplomada da independência (Hildebrant Hot tenagens estrangeiras . . . . . . . . . 350
A e c i o l y ..................................
O padre Cícero e o folk-lore (Gustavo B a rr — Embaixadas c missões.
Visita do Presidente de Portugal.
XHiomica do Brasil (Victor V — As divisões navacs.
Finanças do irasil (Elysio de Carvalho) . Os contingentes estrangeiros na gran-
i independência (Barbosa Lim So-
brinho) ................................... — Os veteranos Uruguayos da Guerra
Academia Brasileira de Letras . ,1o Paraguay.
A viação ferrea no Brasil . . . A grande alma argentina e o cente­
Cem annos de Commercio exterior nario brasileiro.
O Exercito Brasileiro (Cel. Ur. Joaquim Marques — A edição especial de La Nacida.
da Cunha) . . . . ................................... — O monumento da França ao criador
Synthese historica da marinha de guerra Bra­
sileira (Raul Tavares, Cap. " — O Monumento da Amizade.
Em 1822... (Rodrigo Octavio Ei O Monumento de Cuauthemoe.
O Brasil de hoje . . . . . . — Homenagem á memória dc Rio Bran-
— A mensagem de felicitações da Asso-
PARTE II
— Os representantes dos Estados norte-
A voz da imprensa ........................................ 273
A Exposição Internacional . . . . . . 303 — A edição especial da Leipzig Ulus-
tr irl 7-eitung.
— Classificação. — As saudações dos chefes de Estado.
— A contribuição dos Estados e c
Notas varias ................................................................362
— A commissão organizadora. — Pelo engrandecimento c pela gloria
— Os monumentos c pavilhões do Brasil.
— Os palacios estrangeiros. — A moção do Senado Brasileiro.
— O que ficará da Exposição. — A moção do Supremo Tribunal.
— A palavra de Ruy Barbosa.
As grandes festas ................................................. 323 — O que fez o Brasil.
— A alvorada radiosa. — A tutura Capital do Brasil.
— A grande parada militar. — A exposição de Bellas-Artes.
— A inauguração da Exposição. — O museu nacional no centenario.
— O dia 8 dc Setembro. — Exposição de pecuaria.
— Archivo Diplomático da Independên­
—O grande banquete official. cia.
— 10 de Setembro. Historia da Colonização Portuguesa
— A festa veneziana. no Brasil.
— O dia do Mexico. — Curso de Literatura Brasileira.
— A chegada do Presidente da Repu­ — Monumento á Pnnceza Izabel.
blica portuguesa. — Monumento a Christo Redemptor.

O O O O O O CIX O O O O O O
IN D IC E DAS MATERIAS

— Monumento da Marinha. Minas Gcracs (Deputado Nelson de


— Monumento a Francisco Manoel.
— » a Carlos Gomes, em São »ará (Deputado Eurico Valle) . . .
’ arahyha do Norte (Deputado Tava-
— Os monumentos de Coriiiba. ’:i ran.í ( Deputado Lindolpho Pessoa)
— O pantheon dos Andradas. ’ernambuco ( Deputado Solidonio Lei-
— Outros monumentos. 430
— As grandes publicações do centenário. Piauhy (Deputado João Cabral) . . 432
— Expositores nacionaes premiados. Rio de Janeiro (Deputado Manoel
435
Encerramento das festas . . . . . . . . . 372 Rio Grande do Norte (Deputado
lo s t Augusto) .................................................. 438
Estado do Rio (irande do Sul (Deputado Lin­
do!f o C o l l a r ) ................................................. 441
PARTE i l l Estado de Santa Catharina (Deputado Celso Bay-
448
Estado de São Paulo ( Deputado Carlos de C.am-
Os fundadores d
Os fundadores e residentes da Republic Estado de Sergipe (Deputado Carvalho Netto) .
Ruy Barbosa c Territorio do Acre ..................................................
Os governadores da metropole no regímen repu­
blicano . . . . . . . . . . . . 376 E
A cidade do Ric de janeiro . . . . . . . 376 r

PARTE IV PARTE V

Districto Federal. ................................................. 377 SAUDAÇÕES PORTUGUESAS . 470


Estada de Alagoas (Deputado Costa Rego) . . 371
» do Ama/onas (Deputado Aristides Rocha) 382 Alberto d’Oliveira.
» da Bahia (Deputado Pamphilo de Carva­ — Antonio Baião.
lho/ ................................................................ '384 — Lucio d’ Azevedo.
Estado do Ceará (Deputado Hermenegildo Fir- — Visconde de Carnaxid
390 — A. A. Mendes Corrêa.
Estado do Espirito Santo (Deputado Heitor de — Alberto Pimentel.
Souza) . . . . ....................................... — D. João de Castro
Estado de Govaz (Deputado Americano do Bra­
sil) ................................................................ 395 i Jornal do Brasil» . . .
Estado do Maranhão ( Deputado Domingos Bar- «O Paiz» . . . . .
397 Correio da Manhã» . .
.Imparcial» . . . . .
400 Estado de S. Paulo» (O)

DO MONUMENTO DA INDEPENDENCE EM S. PAULO

O O O O O O cx o o o o o o
ÍNDICE DOS AUTORES

A. A. Mendes C orria — ( Saudação ao Brasil») 4' Honorio da Cunha e Mello — (Entrevista sobre
A. Austregesilo ( A Escola medica brasileira») < a Escola de Bellas Artes) . . . . . . . .
A. Morales de los Rios — (..Evolução da Ar­ Jackson de Figueiredo — («Organisaçâo reli­
chitectura no Brasil»)). . . . . . . . . 1 giosa») ...........................................................
A/fonso Celso - ( Noventa e cinco annos de João Cabral (Deputado) ( Estado do Piau-
cursos juridicos») ................................................. 2! hy») .................................................................
Afranio Peixoto — («O Ensino Publico no Bra­ João Lvru — ( Um século de finanças») . . . 294
sil») .................................................................I Joaquim Marques da Cunha (Coronel) — («O
Alberto d'O liveira (Saudação ao Brasil) . .4' Exercito Brasileiro») . . . . . . . .
Alberto Pimentel — (Saudação ao Brasil) . . . 4' José Augusto (Deputado) — ( «Estado do Rio
Aleixo de Vaseoncellos (Or.) (Discurso no Grande do Norte») . . ....................
encerramento do Congresso de Febre Aphto- José Bonifácio (Deputado) — (Discurso sobre
o 28 de Julho) . . . . . . . . .
Al/redo Balthazar da Silveira — < Úmà heroina José de Vasccncellos (D.) — (O monumento de
da Independência») .......................2 Cuauhtemoc)) ..................................................
Alvaro Paes — ( Cem annos na economia do Julio C.armo (Pae) — («A propaganda republi-
Brasil») ................................................................2
Amadeu Amaral — ( O cantor dos Tymhiras.) 3 Jjiuro Sodri (Senador) — (Discurso sobre o 15
Americano do Brasil (Deputado) — ( Estado de ^ de Agosto) .......................................................
Lindolpho Collar (Deputado) — («Estado do
Annibal de Toledo (Deputado) — («Estado de Rio Grande do Sul») . . . . . . .
Lindolpho Pessoa (Deputado) — («O Estado do
Antonín Baião — (««Saudação ao Brasil ) I
Aristides Rocha (Deputado) ( Estado do Ama­ Lucio d 'Azevedo — (Saudação ao Brasil) . . .
zonas») ................................................................2 Manoel Reis (Deputado) — (««Estado do Rio de
Assis Memoria (Padre) — ( A Egrcja no Bra­ Janeiro») . . . ; -
sil») Mario de Vasconcellos — («Confins Tcrritoriaes
Aureliano Amaral — ( O escotismo no Brasil;) .
Barbosa Lima Sobrinho — ( A imprensa na uide- Mario S. Ferreira — («Á medicina e a hygiene
ha cem annos») .........................................
Capistrano de Abreu — ( Vaz de Caminha e a Nelson de Senna . (Deputado) — (« Estado de
Minas Ger.ies') . . . . . . . . . .
Carlos de Campos (Deputado) - ( «Estado de Nestor Victor — («A evolução religiosa no Bra-
São Paulo») ...................................................... 4
Carlos Schuler — (A terra e o novo brasileiros) ó Pamphilo de Carvalho (Deputado) — ( Estado
Carvalho Netto (Deputado) — ( Estado de Ser- da Bahia») . ..............................................
Perillo Gomes — ( Organização religiosa») . .
Celso Ima (Deputado) — («Estado de Santa Pio X I (Papa) — (Saudação e benção ao Con­
C ath arina»)...........................................................- gresso Eucharistico) ........................................
Celso Vieira — («A geração da independência») ’. Pires do Rio (Dr.) — (Discurso na cerimonia
Charles Hughes (Embaixador) (Discurso) . . inaugural do Congresso de Agricultura e Pe-
— (Discurso na cerimonia do lançamento da pe­
dra fundamental do monumento da Amizade) Raul Pederneiras — ( A caricatura no Brasil
Chrysolito de Gusmão — ( As bases geneticas de 1822 a 1022») ........................................
do nosso Direito Constitucional») . Raul Tavares (Capitão ^dc Fragata) — («Syn-
Conly (Embaixador) — (Discurso na cerimonia
de inauguração da E xposição).........................
Costa Rego (Deputado) — ( Estado de Alagoas») Renato Almeida — ( Ensaio sobre a musica bra­
Domingos Barbosa (Deputado) — («Estado do sileira») ...........................................................
Maranhãc») . . . , . — (««O pensamento philosophico no Brasil») .
D. João de Castro — ( «Saudação ao Brasil») ■ Renato Vianna — ( A figura que se releva na
Ed. Simões Ferreira — ( «O tu rf no Brasil») . scena brasileira») .............................................
Elysio de Carvalho — ( Aspectos da Sociedade Ricardo Severo — («Da architectura colonial no
brasileira») . . . .............................. Brasil»)
— («Finanças do Brasil») . . . . . . . . Robido (General) - (Discurso junto á estatua
Enrique Loudet — (O monumento argentino ao
Brasil) ........................................................... Rocha Pombo — ( Noticia historica») . . . .
Epitacio Pessoa — (Discurso de saudação aos — («O nosso inez jubilar») . . . . . . . .
embaixadores) . . . Rodrigo Octavio Filho — (« Em 1822...») . . .
Eurico Valle (Deputado) — («Estado do Pará») Ronald de Carvalho — («A Literatura Brasi-
Georges Bodin — (Discurso na inauguração do
monumento a Santos Dumont) . . . . . — («As artes plasticas») ........................................
Gonzaga de Campos (Dr.) — (Discurso na ce­ Ray Barbosa — (Carta ao sr. Presidente da
rimonia de encerramento do congresso de Republica) . . . . . . . . . . . .
carvão) . . . . . . . .................... Solidonio Leite (Deputado) — («Estado de Per­
Gustavo Barroso — («O padre Cicero e o folk- nambuco») .......................................................
Tavares Cavalcanti (Deputado) («Estado da
Heitor de Souza (Deputado) — («Estado do Parahyba do Norte») . . . . . . . .
E. Santo) . . . . . . . .................... Thiers Flemming (Commandante) — («O Brasil
Heitor Lyra — (««Corno o Brasil entrou para o
concerto das nações») . . . . . . . . Tobias Monteiro (Senador) — (Discurso na sessão
Hermen, gildo Firmeza (Dep.) ( Estado do de 11 de Setembro de 1922) . . . . . .
C e a rá » ) .................................. , • Victor Viana — ( A evolução economica do
Hi/dcbrando Accioly — ( A diplomacia da In­ Brasil») ............................................................
dependência») Visconde de Carnaxide —( Saudação ao Brasil»)

O O O O CXl O O O O O O
ÍNDICE DAS NOTABILID AD ES COMMERC1AES

A SAÚDE DA M ULHER (Laboratorio Daudt


ft Oliveira) (R io) — Cura todos os incommodos
das Senhoras .............................................. LVII
CALEM ft FILHO. LDA. - A SUL AMERICA (Rio dc Janeiro) Compa­
Exposiçflei nhia Nacional de Seguros de Vida. em pleno surto
irto Quina . Reserva Calem . de prosperidade, extendendo-se seu raio dc acção
cada vez mais. Agencia metropolitana: Av. Rio
A. BARBOZA ft C. — ( Maceió) - Commissôes, Re- Branco, 157-9, 1», Tel. C. 4188 —...Pagina ar­
tística . . . 84-A
A 'e q u i t X t Í v a íx )s £ s t*a d o s O n id ó s d ò b r a ­ ADAO GASPAR ft C. (Rio de Janeiro) — Cal-
s i l (Sociedade de Seguros mutuos sobre a vida! çados dc todas as qua lidades, obtidos pelas machinas
— Apólices pagaveis e:n dinheiro em vida do se­ :om o emprego dc cabedacs
gurado per sorteio trimestral. Ultima palavra cm superiori^rfCÍ^ M Barão1 de Ubá. 45. Tel. V. 6194,
seguro de vida. Succursal do Ceará: Fortaleza, — Pagina artistica .................... 156-A
R. Major Facundo. 78 XXI ADAO NETO — V. âo Gaspar f t C. — Pagina ar-
A. FEITÓZA - ( Victoria) — Comprador e expor­
tador de couros e pelles. Umco importador do le­ A DELBERT H. ALDEN. Ltd. — (Manaus) — Com­
gitim- sa, M .sv.ro R. Jeronymo. t i XXIV pram e exportam borracha, castanha, cacáu, cou­
A. FONSECA & C. — ( Aracaju) — Commis- ros. pelles de veado, piassava, etc. C. Correio nu­
s C e s ....................................... C VIII mero. U-A . . . . . . . . . . . . XII
A. Ci. DA CRUZ — Veja Perfumarias Lambert (Pa­ ADRIANO RAMOS PINTO ft IRMAO. Lta. — (Por­
gina artística). to) — Os mais acreditados vinhos do Porto, dc
A. O. DA SILVA BARBOSA. Ltda. (Villa Nova fabricação esmeradissima e de immenso consumo
de Gaia, Port.) — Vinhos virgem e verde, espe­ mundial - Pagina artistica . . . . . 8-A
cial vinho verde Pedra Torta, vermouth portuguez, O mesmo ............................................. 308-B
ADRIAO, BARROCO f t C. — (Manaus) — Arma-
brasileiros. - - Pagina artística . . 204 A
A. OARCIA ft C. — (S. Paulo) — Casa Garcia», Municipal. 8!. canto da Av. Eduardo Ribeiro VI
grande fabrica de vidros esmerilhados, mosselinas. AFFONSO FONSECA ft C. Armazém de Estivas
opacos, espelhos, placas de crystal, vidros para nacionaes e estrangeiras. Fornecedores do Exercito,
vidraças, vitraux. papeis pintados, molduras. — Armada e Marinha mercante — Retém. R. 15 de
Tr. da Sé. 21 R. do Carmo. 14 - Tcl. 2100 - Novembro. 4(1, Manáus. R. Dr. Moreira. 43 XXXVII
à Pagina^^ " ' AFFONSO VIZEU ft C. (R io de Janeiro) —
Importadores e exportadores. Surtcm-sc nas praças
— Cirandes Officinas de Mármore . __ nacionaes e fornecem aos atacadistas das capitaes dos
. José Bo- Estados. Firma de grande destaque no seu ramo
XXXV de negocio: fazendas por atacado . . . . 498
A. OONZAGA (Drogaria Gonzag; (Fortaleza) - AGENCIA CENTRAL dos TRANSPORTES M AR ITI­
Stock permanente de esnecialid MOS DO ESTADO PORTUGUÊS NO RIO—408-A
nacionaes e estrangei R. B. do Rio Bran- AGENCIA GOMES V. Pinheiro Gomes.
AGOSTINHO DA CUNHA MACHADO — (There-
A. JOHNSON Veja Fabrica de Meias Lapa. zina/ C om m issôes................................... L ll
Pagina artística. ALBERTO TAVEIRA ft C. (Casa Camarinha) —
A LONGARENSE — (Therrzina) . . . . . LI (Pará/ Especialista cm generos alimentícios. Im-
A. MOURAO ft C. (Pará) Fazendas e miude­
zas por atacado, grandes stocks de artigos de pri­
meira ordem. Filial em Manaus, R. Marechal Deo- ALDf M AR' (i. PINHEIRO- — (Maceió) — ^ímplr-
doro, 20. Rua 15 de Novembro. 57. Caixa Pos­
tal. 115 - Pagina a rtística......................... 188-A A L E ^ A k D R ^ r R ?)D R K iuÍsCSft ',^ ÕC- ' V. Perfumaria
. NICOLAL D’ALMEIDA & C. Lda. (Porto) — Nancy - - Pagina artistica.
Vinhos do Porto apre. ALEXANDRE SCHLEMM ft COMP. — (Join vit­
cados do mundo. Exportação em grande ta) . . . . . . . ................................... LIV
o Brasil — Pagina a rtística......................... 268-A ALFREDO CARNEIRO DE VASCONCELLOS ft F I­
A PERNAMBUCANA — V. Arthur Lundgren. LHOS — V. Casa das Sementes — Pagina artistica.
A. PINHEIRO FILHO f t C. — (Pará) Fabrica ALFREDO F. VELLOSO ft C. — (Manaus) — De­
de chapéus de palha, notáveis pela sua duração e posito de farinhas, tabacos, etc. . . XII
ALMANAK LAEMMERT — (Rio dr Janeiro) — O
elegancta. Material e execução de primeira ordem. unico Annuario de todo o Brasil, fundado cm
Fabrica: T. Quintino Bocavuva. Agencia: T. São 1844 (80 annos de existência), Commercial, Indus­
Matheus, IS — Pagina artística . . . XXXII-A trial, Agricola, Profissional e Administrativo. —
A. PORTO ft C. — (Fortaleza) Importadores Rua Dom Manoel, 62, Telephone Norte 7579.
de bombas, encanamentos, tintas, oleos, vernizes, ............................. 52-A e XXXVII
machinas de costura, louças, vidros, etc. — R. Ma­ ALMEID A MARQUES ft C. (Maceió) — Gran­
jo r Facundo, 102 . . . XXII de armazém de fazendas em grosso. Importadores
A. PRADO ft COMPANHIA Victoria) — c exportadores de tecidos nacionaes c estrangei-
Casa fundada cm 1897. Iniciou o commercio de
exportação de café cm 1909, conquistando larga ALVADIA, NOVAES ft C. V. Calçado Polar Pa­
clientela nos mercados nacionaes e estrangeiros. gina artistica.
Grande usina de beneficiar café e cereaes, C. Pos­ ALVARO DE CASTRO CORREIA — (Fortaleza) —
tal 3867, (5 gravuras) . . . . . . . XXV Agencia fundada em 1906. Commissôes e represen­
A. SANTOS ft C. — (Fortaleza) — Representações. tações. Acceita representações de fabricas e casas
Automóveis Ford». Pneumaticos e camaras de ar oommissionistas ......................... XX II
>Michelin». Artigos para automóveis — P. General ALVES DE BRITO f t C. — (Recife) — Armazém
Tiburcio, 154 . . . XXII dc ta z e n d a s ............................................. XLVI

O O O O O CXII O O O O O O
IN D IC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIAES

ALVES NOGUEIRA ft C.
/ens de estivas e miude/a . Vendas p
varejo. Fabrica de pilar a
AMADEU BARBEDO ft C. (Tabacaria Mattos)
I'PaniI — Grande fabrica de fumos
Sto fun
Banco Brazileiro de Depositos e Descontos
° m XV Rua da A lfan d eg a n. 5 0
AMERICAN MERCANTILE BANK OF BRASIL INC.
— (R e cife)................................................. XLVIII Caixa Postal 2495—Telegr. ‘ Bancobraz-
AMORIM CAMPOS ft C. (Recife) Fabrica
de olcos vegetaes . . . . . . . . XLVI Teleph. N orte 4735
ANNUARIO DO BRASIL — Riu de la m iro Casa
editora R. D. Manoel, t>2 . XXXVIII RIO DE JAN EIR O
ANTENOR GUIMARAES ft C. Victoria) Agen­
tes de vapores, estivadores, transportes terrestres,
ptchciros, lanchas, rebocadores, etc. . XXVI DIRECTORIA
ANTONIO BRACONI ft C. (Victoria) Agen­
tes commcrciaes. Commissòcs e representações de Snr. DR. MAURÍCIO DE MEDEIROS, Presidente
casas nacionaes e estrangeiras. Recebem directamen-
tc xarque, assucar, banha, sabão e ccrcacs XXIV .. DR. ARTHUR DO PRADO
ANTONIO FERNANDES DE SOUSA ft C ( Por­ » G. L. FAVRE, Director-Gerente
to ) . . . 517
ANTONIO FRANCO ft C. (Loja Mattos) f Bahia)
— Alfaiataria c casa de modas . . . XIV
ANTONIO JOAQUIM RIBEIRO (Usm BANCO COMMERCIAL IX ) PARA (Pará) —
(Pará) Bcncficiamcnto de arroz. Primeiro Banco nacional fundado cm Belém em
“ '■"xixi 1 de Julho de I860 . . . . . . . XXXV
ANTONIO JOSÉ DA SILVA ft C. BANCO COMMERCIAL DO PORTO (Porto) —
das afamadas Quintas Negocios bancarios nos seus variados ramos. Cor­
, Orgue outras respondentes nas praças mais importantes de In­
Drill sadas i Bras: glaterra, França. Italia, Hespanha e Allemanha 516
Lisboa c Washington. BANCO DA BAHIA — (Bahia) — Estabelecimento
gir.a a r tís tic a ................................... 256-A de depositos c descontos. Faz todas as operações
ANTONIO MACIEL ft C. V. Villa de Paris. bancarias X III
ANTONIO ROCHA LEAO (Porto) Vinhos do BANCO DE ALAGOAS - (Maceió) — Director-Pre-
Porto, os mais saborosos, melhor escolhidos nas sidente, Francisco de Amorim Leão, Gerente Fran­
mais afamadas e melhores proveniendas das re­ cisco Polito . . . ................................... I
giões do Alto D o u r o .............................. 512 BANCO DE S E R G IP E ................................... CVII
ANTONIO VICENTE ft C. (Recife) - Molhados BANCO DO COMMERCIO EINDUSTRIA DE S
e estivas . . . . . . . . . . . XL III PAULO ........................................................... C
AO PREÇO FIXO (Santos) Grande armarem BANCO DC) PARA — (Pará) — Expede saques e
de modas . . . . . . . . . . . . LIX ordens tclcgraphicas para todas as cidades do Bra­
APHRODISIO THOMAZ DE OLIVEIRA (There- sil. Acceita cobranças cm todos os Estados do
z i n a ) ...................................... LI Brasil ................................... . . . XXXIV
ARCHER PINTO ft C. — (Manaus) Commissòes, BANCO IX ) R E C IF E ................................... XL III
Consignações c Representações.................... XII BANCO ECONOMICO DA BAHIA (Bahia) —
ARMARINHO SAO PAULO — (Timhaiiha) - Fer­ Capital autorisado 5.000:0008, rcalisado, . . .
ragens. miudezas, etc. L 1.000:0008. reservas 687:980S830 . . . XV
ARMAZÉNS GERAES BELGAS (Santos) Com­ BANCO ESCANDINAVO BRASILEIRO — (Rio de
panhia ensaccadora c rebenefieiadora de café LIX Janeiro) Um dos mais prestigiosos estabele­
ARMAZÉNS ROSAS- V. J. O. de Araújo. cimentos de credito, organisado por poderoso syn-
ARMINDO DE BARROS (Manaus) Agente e re­ dicato de trinta e dois dos melhores bancos no­
presentante do Lloyd Paraense. Recebe borracha ruegueses. Faz todas as operações bancarias —
e outros gêneros do interior . . . . . XII R. da Alfandega. 32 (2 gravuras) . . 189
AR M IN IX) MARTINS (Au Louvre) Casa especia­ BANCO HOLLANDEZ DA AMERICA DO SUL —
lista cm artigos finos para homens. Perfumaria, Fundado pela Rottcrdamsche Bankvcrccniging —
malas, objectos para viagem. Alfaiataria XIII Amsterdam Rotterdam — Haya — Succursal no
ARSENIO FORTES (Maceió) Commissõcs, Con­ Rio de Janeiro, R. Buenos Aires, 11 c 13 — 504
signações, agentes e conta propria . . . IV S. Paulo . . . . . . . . . . LX XX II
ARTHUR LUNDOREN (A Pernambucana) (Forta­ BANCO NACIONAL DO COMMERCIO — (Join­
leza) — Fazendas cm grosso e a varejo, importa­ ville, ................................... LIV
ção directa da Europa e America do Norte XVIII BANCO NACIONAL ULTRAMARINO — . . 518
AUGESTO RODRIGUES ft C. — (São Paulo) - (Bahia) ........................................................... XV
Importadores de tecidos, manufactura de roupas, (Parahwba do N o rte ).............................. XXXIX
deposito de tecidos nacionaes Rua S. Bento, (Recife) . . . . . . . XLVII
13, 15, 17 e 19, Caixa Postal, 164 — Pagina ar­ (S. Paulo) .............................. LVI
tística . . . 296-A c C l BANCO PORTUGUÊS E BRASILEIRO (Filial do)
AU LOUVRE — V. Arm indo Martins. — (Porto) — Operações bancarias, depositos a
AUTOMÓVEIS UNIC - ( Puteau-Paris) Uma das ordem e a prazo cm moeda nacional c estrangeira
melhores marcas francezas . . . . . . 517 I’.igm.. artística . . . . . . . 513
AZEITE PORTUQUEZ GUEDES — (Lisboa) - Azei­ BARBOSA GUEDES ft C. tf. Azeite Portuguez
te puro de Oliveira cuidadosamente escolhido para Guedes (Pagina artistica).
consumo, exportação de vinhos c generos alimen­ BARBOSA PINTO ft C. Ltda. — (Porto) — Expor­
tícios. Especialidade em fructas — Pagina artistica tadores de productos portugueses . . . 512
............................. 367-1 BARBOSA VIANNA f t C. — (Recife) - Importa­
AZEVEDO, AMADO ft C. — (Aracaju) — Fiação, dores e exportadores ................................... XLII
tecelagem . . . . . . . . . . . . CVI BAZAR AMERICANO (Santos) . . . LX XX III
AZEVEDO BASTOS ft C. (Chapelaria Universal) — BELLARMINO DE SOUZA RODRIGUES — (Reci­
(Parahyba do Norte) — Grandes variedades de fe ) ........................................................... XLVIII
chapéus para homens c crianças. Especialidade cm BE L LO-HORIZONTE ■> - V. Pedro Francisco de
artigos para presentes . . . . . . XXXIX Mattos.
AZEVEDO ft C. (Camisaria Paraense) —- (Pani) - BENJAMIN FERNANDES f t C. (Parahyba do
Fabrica e deposito de roupas brancas. Especialidade Norte) - Armazém de estivas, louças, vidros c
cm enxovaes para noivas c collcgiaes. Fabricação exportação de assucar . . . . . . . XL
especial de Pejamcs sob medida . . . XXXVI BORDALLO ft C. V. Companhia Calcado Bor-
dalto — Pagina artistica.
BORGES ft IRMÃO — Secção bancaria, secção pa­
peis de credito, secção de câmbios, secção mari­
tima, secção de loterias, secção de tabacos, secção
B de vinhos — Lisbóa, L. de S. Juliâo, 1 a 7;
P. do Municipio. 35 a 38; Porto, R. do Bom-
jardim. 64 a 77; R. de Sá da Bandeira, 57 a 59;
Rio de Janeiro, R. da Alfandega, 24 . 514
B. 'LEVY ft C. (Manaus/ Commissõcs c consigna­ BORGES ft IRMÃO (Porto) — Vinhos de re­
ções. Navegação para o rio Madeira. Armazéns de putação firmada cm todos os mercados consumi­
fazendas, miudezas, estivas c ferragens. Importado­ dores do mundo Pagina artistica . . 316-A
res e exportadores . . . . . . . . IX Pavilhão da Exposição.......................... 260-A

o o o o o o CXIII o o o o o o
IN D IC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIALS

BOTELHO ft C. Ltda. (Grandes Armazéns do Bon CASSSIA VIRQINICA» — (Recife) — Remedio ve­
Marché») — (Pará) — Fabricas de roupas c cha­ getal. tonico-calmante-anti-febril e diurético. Cura
péus de sol. secções de modas, miudezas, camisa- garantida da crysipela c febres em geral XXXIX
na, chapelaria c alfaiataria . . . . . XXXVI CASTRO D’ALMEIDA ft C. — (Rio de Janeiro) —
BRANDÃO & C., Ltda. — (Ovar) — Fabricas a Importadores de machinas e accessorios, oleos, tin­
\anor de conservas alimentícias, azeite Lili» e <Va­ tas, vernizes, artigos de lona e borracha, gache-
rina», pickles, massa de tomate — Pagina Mtis- tas. material para estradas de ferro. Rua Buenos
Aires. 86. Tel. N. 1151 Pagina art. . 288-A
'INII «1 O . ’ tSãn Pauto) — Fabrica CENTRO COMMERCIAL DE CONSERVAS — (Lis­
boa) Conservas de todas as qualidades, afa­
estabelecida em todos os mercados, pela sua gran­ madas nos mercados mundiaes pela sua excellente
de distincçào e eleganda — Pagina artística 352-A preparação. Rua Arco da Bandeira. 18 Pagina
BY I NOTON ft COMP. — (São Paulo c Santos) artística . . . . . . . . . . . . 176-A
CENTRO DE FERRAGENS (O) — V. / . Patricio
CHAPELARIA UNIVERSAL — V. Azevedo, Bastos
P C.
CHAPÉU MANGUEIRA - V. Fernandes Brapa & C.
CHARcÍeURíT REUNIS» - V. Companhias aSud-
Atiantiquc e «Chargeurs Réunis' — Pagina artis-
CHARI.ES BONAVITA — (Rio de Janeiro) — Gran­
C. MESIANO — (E — Relojoaria, joalherii de Fabrica de Estamparia de zinco, tecidos dc
optica. Casa fundi '870. iado ---- arame, serralheria artistica, moveis dc jardim, lam­
to de joias. relogios e objectos sentes XXI brequins, tectos, telhas, molduras, etc.. Rua 6. Ai­
C. XAVIER ft C. - ( Recife) res, 266, Tel. N. 566 Pagina artistica 120-A
.... ................................................... XLVI CHARLES KANIEFSKY (São Paulo) — Unico
CAFE DA SERRA (São Paulo) Vende-se em depositario para todo o Brasil do Emplastro Phenix,
toda a parte. E o melhor cm São Paulo. Crescen­ para constipações dõres nas costas c no peito,
te consummo em todo o territorio nacional — Pa­ lumbago, rheumatismo, asma - Pag. art. 38-l-A
gina artística . . . . . . . . . . 284-A CHAVES ft C. — V. Crédito Mutuo Predial.
CALÇAIX) ADÃO NETO — V. Adão Gaspar P C. CHOCOLATE FALCHI V. Falchi. Papini & C.
CALÇAIX) ATLAS — V. Companhia Industrial e lm- COMPANHIA ALAGOANA DE FIAÇÃO E TECI­
DOS — S. A. por acções — ( Maceió) — Fiação,
CALÇADCa COOK — ^ " c o m p * '( “alçado Bordallo. tecelagem, fabrico dc algodões lisos e grossos, mo-
CALÇADO POLAR — (Rio de la m iro ) A grande cassas, fustões, bramantes, lenços
marca de calçado nacional, obteve a mais alta dis- lhas III
tincçâo na Exposição Internacional do Centenario. COMPANHIA ALLIANÇA DA BAHIA — (Bahia) -
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CASA CAMARINHA — V. Alberto Taveira & C. (R e c ife ).............................. XLVI II
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CASA CARVALHAES — V. Pinto da Costa C- C. Pereira Carneiro P C. Limitada.
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Rua 15 dc Novembro, Tel. C. 153 — Pagina Janeiro, R. 1» dc Março, 31-1° — Pagina ar­
artistica ...................................................... 28-A tística . . . . . . . 348-A
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fabrica de caramellos, bonbons finos, balas, variado DORA D E 'CAFÉ - (Santns) . . . LIX
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tações ..................................................................... IV papeis pintados. Medalhas de ouro c grande pre-

O O o o o CXIV o o o o
IN D IC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIALS

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ovào)
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xx
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Jane Rendas
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Janeiro', — Manufactura de Fumos, Cigarros e
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oorda |e emi Ifolha de todas as procedências. R. Ma-
____ ___iano Peixoto, 124, Tel. N. 525 — Pa­
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— V. Hotel Gloria.
COMPANHIA PAULISTA DE MATERIAL ELECTRI­
CO — (Rio de Janeiro e S. Paulo) — Grande de­
posito de matoriaes electricos e telephonicos 505
COMPANHIA PRADO CHAVES — (S. Paulo) —
Coir-missaria e esportadora . . . . . . LV1II
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ceió) — Fiação, tecelagem, fabrico de brins c te­
cidos dc m a lh a ................................................. I ll
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ZÉNS GERAES — (Santos) . . . . L X III
COMPANHIA DE SEGUROS SUL AMERICA» —
V. .4 Sul America.
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Í 499
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Janeiro, Av. Rio Branco, 44; 5. Pauto, K. s.
Bento, ’24 . . . 491 e LXXX1
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dada em 1914. Prêmios distribuídos e pagos ate

O O O O O O C XV O O O O O O
IN D /C F DAS NOTABILIDADES COM M l RC!AES

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Andradas, 93. 95 — S. Paulo: L. S. Bento, 10 tographica Brasileira) (Manaus) — Theatro Po-
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caria, secção de fazendas, secção de estivas XIX

o o o o o o CXVI o o o o o o
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taçâ; . commissõcs i- inflammavcis. Acentes da North I urim. 1011. Instituto Agricola Brasileiro. 1018, Diplomas de
“British
“ “ ■*• - Mercantile Insurance Company ' ' Dispõem. tamhcm. de duas moviinentadissimas Fabricas
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INSPECTORS l)A PROPHYLAXIA DA TUBERCU­
LOSE (Rio de Janeiro) — Lutemos contra a tu­
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..—• -i- n,..rra(lorias cm geral a grosso c cm
J. 8dÍaS PAES - (Pará)' - Commissões, consigna- os generos de produccão
do Municipio. Importa e exporta . XXXI
r” • JOAO DUBEUX ( Pernambuco) XL V III
JOAO EDUARDO DOS SANTOS li.
J. ESTEVEà DIAS ft C. (Casa Carioca) (Pará) Velhos legitimos do Porto - Pagina artistica.
- Vinhos, licores, conservas, f ructas, doces. Impor­ JOAO EUGÊNIO f t C. — (Corityba) Exportado­
tação directa dos principacs mercados . res de pinho e serviço maritimo XLI
J. FERREIRA ft C. - (Victoria) — Exportadores JOAO FERREIRA MARTINS Lda. (Porto) —
de café .• ' - „ X l , Fabricação e exportação de ferragens c ferramen­
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— Estivas, fazendas, miudezas e ferragens. Impor­ nhas, martellos, enxadas c fechaduras Rua dos
tação, exportação, deposito, agencias • v .'" Caldeireiros Pagina artistica . . . 180-A
I. GRIESBACH ft C, (São Paulo) - Fabrica JOAO GALVÀO ft C. (Natal) — . . L lll
Orion grande manufactura de pentes, botões, adu­ JOAO RIBEIRO DE MESQUITA (Porto) - Ex­
bos tiara lavoura, etc.. Rua Joaquim Carlos. 83, portadores das mais conhecidas marcas de vinhos do
Tel. Braz 77 - Pagina artística . . . 344-A Porto. Medalhas de ouro nas Exposições de Paris
J. J. MARTINS ft COMPANHIA (Para) Com- ( I nod) c S. Luiz (1904); Grand Prix na Expo­
missões, Consignações e Representações XXXV I sição de Buenos Aires (1910) e varias outras re­
J. LIPIANI — (Rio ile Janeiro) Fabrica central compensas Pagina artistica . . . . 404-A
de amêndoas, confeitos, drops e rocks, etc., pa- JOAO TIBURCIO ALBANO (Fortaleza) — Casa
K is rendados para bandejas e pratos, papeis para importadora e exportadora. Armazém de fazenda
la de estalo, cartuchos para bonbons. Ruas São e miudezas nacionaes e estrangeiras. Deposito de
Pedro, 318 c Mal. Floriano Peixoto. 189. Tel. armas e munições de todas as procedências XX I
N. 938 — Pagina artistica . . . . . 190-A JORGE CORRÊA ft C. V. Fabrica Palmriáp
J. M. DA FONSECA, Sue. — (Lisboa) — O deli­
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Exposição do Rio de Janeiro (1908) medalhas de
ouro fms Exposições de Paris (1878) e Porto JOSÊ^PEREIRA DA COSTA f t C. Lda. — fOaya,
(1861). Rua Augusta. 250. 252 e Rua de Santa Porto/ Exportadores de vinhos — Moscatel Su­
Justa. 63 a 69 — Pagina artistica . . 112-A peri >r, Virgem Especial. Quinta da Barca Virgem
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,ux~ Rua São João, 118.
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.
de seu ramo de negocio . . . . . . a a iii JCSE PINTO DA CUNHA SOBRINHO (Ourivesa­
J. R. NUNES V. FILTRO FIEL». ria Cunha) — Os mais perfeitos trabalhos da Ou­
J. S. DE FREITAS ft C. - ( P a ri) — Cirandes Fa­ rivesaria Portugucza — Porto, R. 31 de Janeiro,
bricas Freitas Dias», constructores civis, fabrican­
JULIO ' ESTEVES '( Fortaleza) — Representação,
das enTtodos ^ E s ta d o s * d tff Brasil e em Lisboa exportação e consignações. Acceita representações de
c Porto. Trav. Benjamin Constant, 1.33 — Pagina fabricas e casas nacionaes e estrangeiras X X III
artistica ...................................................... 224-A JULIO RODRIGUES (Grande Hotel) — (Bahia) —
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(Parát Joias com brilhantes e mais pedras pre-
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o o o o o o CXVIIl o o o o o o
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Tel. N. 5303 Pagina artistica . . 02-A em grosso de café, madeiras, cereacs, etc.. Impor­
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Paulo) — Fabrica: Rua Leoncio dc Carvalho, 61; pado, cimento, trigo, kerozenc, oleos, sal, phospho-
Centro de Criação: Faz. Sta. Ondina (Municipio ros, etc. R. do Commercio, 78, C. Postal 3777
de Mogy das Cruzes); Filial: R. Assembléa, 14 — Pagina artística . . . . 440-A
(Rio de Janeiro); Escriptorio Central: Rua Tytn- MAIA ft C. (Mercearia Maia) — (Parahyba do Nor-
biras, 2 e .4, Tei. 4618 Cid. — Pagina artís­ te) — Comestíveis de primeira ordem. Recebe cons­
tica . . ................................................. 152-A tantemente dos principaes mercados do mundo ge­
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exportador de Herva Matte, grandes marcas de aniagem e saccos; Correspondente de diversos ban­
consumo intenso. Exportação de Madeiras. Grande cos nacionaes e estrangeiros, Caixa Postal, 125, —
Serraria - Pagina artistica . . . . . 400-A Pagina artistica .................... . 400-A
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Hahia, R. 12; P. Atra gcuas"".1' . * ' per u anas nacionais e x x a(||
fandega. 3 . . .
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cigarros Marca Lcât (Bahia) Fabrica (an-
...... ..... „ ,. Calçada do Bomfim, 326; MANOEL QUESÀDA — (Rio de Janeiro) — Fa­
Deposito: R. das Princezas. 11 . X III brica dc artctactos de Metal, nickelagem, galva­
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(Victoria) - Fabrica de fiação e tecidos e Ma- MANOEL VICENTE CARIOCA — (Manaus) — Com-
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co, n e io , i cl. N. 4046 — Pag. art. 68-A tubro dc 1916. Cinco vapores e Trese barcas XXX
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de Janeiro, Companhia de Seguros contra Acci­ Armazém de tecidos, ferragens e miudezas. Ven­
dentes dc Trabalho, capital 3.000:0008000. Av. Rio das em grosso. Adquirem os artigos dos seus ra­
Branco, 47-2.-. Tcl. N. 5350 — Pag. art. 216-A mos de commercio directamente . . . . XXI
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Almeida C- C. dc navegação, carreiras de navios a vella para o
LLOYD SUL AMERICANO — (Rio de Janeiro) — Norte do Brasil e outros portos. Secção de vi­
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pitai de 4.000:0008000. Av. Rio Branco, 47-2.» Rua Candido dos Reis, 121. 131 — Pagina ar­
Tel. N. 5350 — Pagina artistica . 216-A tística ............................. 14-A
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LONDON ft BRAZILIAN BANK, LIM ITE D — Filial MARTINS BARROS f t C. Ltd. (São Paulo) — In-
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posito de productos chhnicos e especialidades phan gredior», serra Hercules . engenhos de canna, tur­
binas centrifugas, etc., Rua Florencio dc Abreu, 23,
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LOPES, COELHO f t C. Ld. - (Matosinhos, Port.) severança, cabos, amarras c espias dc todas as qua­
— Fabrica de conservas de Matozinhos. .Grand lidades e grossuras para navios e vapores de alto
pnxx na Exposição de S. Luiz (1004), Grande bordo, etc., Trav. Ruy Barbosa e Quintino Bo-
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(Bahia) — Livraria c Fabrica de Carimbos de bor­ Magnesia-Monogan, Matrozon . . XVII
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dentes. I. Tcl. 1035 Cid., Pag. art. 280-A accessorios, machinismos, ferramentas, vulcanisado-
res, motores fixos c maritimos — Pag. art. 488
MIGUEL DE SOUSA GUEDES ft IRMÃO — Por­
to) ■ . 517
MIRANDA LIMA ft C. — (Maranhão) — Armazém
de fazendas, estivas e miudezas. Commissões, con­
M signações e a v ia m e n to s ......................... XXX
MIRANDA SOUZA ft C. — (Recife) — Ferragens.
MONTÈATH- ft' Cc. ' — (Recife) — ’ Importadores e
M. CORBACHO & C. — (Manans) — Commissõcs, exportadores L
Consignações e Importação. Agentes da Pernam­ MONTEIRO ft IRMÃO (Fabrica S. Vicente») — (F or­
buco Powder» do Recife — Casa Aviadora X taleza ) Fabrica de redes de dormir. Os maiores
M. F. PAULA ft C. — (Maceió) — Commissõcs, Expcrtadorcs dc redes do Estado do Ccarí. Repre­
consignações e conta propria . . . . . . II sentantes em todos os Estados . . . . XX
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MACEDO SERRA ft C. - (Rio de Janeiro) — Saques sobre todos os paizes. Compra c venda dc
Fabrica de sabão, glycerina e graxa, refinaria dc moedas estrangeiras. Cobrança de letras em qual­
sebo, grande commercio de oleos, importação c quer praça do Brasil . . . XXXV

O O O O CXIX O O O O O O
IN D IC L DAS NOTABILIDADES COMMEM ! AES

MOREIRA GOMES ft C. — (Pará) - Grande de­ etc Praça da Republica. 31. Tel. Cid. 5029 —
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MOREIRA, U M A ft C. — (Recife) Armarem restitue a juventude á pelle; petroleo Lambert»;
de fazendas . . . . . . . . . . . XLII Negrita incgualavcl tintura vegetal. Rua Cons.
MULLER ft C. — (Rio dc Janeiro) Fazendas por Saraiva, 10-1» Pagina artistica . . 328-A
atacado, commissòes c representações, casa conhe- PERL UM ARI A NANCY (Rio dc Janeiro) —
cidissima pela cxcellencia de suas operações. Ruas Pasta dentifricia, tintura para os eabcllos, aguas
lo de Março, 114 e Vise. de Itaborahy. 71. Tel. de colonia, finíssimos perfumes, pó dc arroz, bri­
N. 2000 — Pagina artistica 320-A lhantinas artigos acreditadissimos Rua Mariz
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portadores em grande escala, comnussòes, consi­ PÉROLA PARAENSE V. /.. Ferreira C- Comna-
gnações e despachos na Alfandcga. Rua Saldanha
Marinho, 12, Tel. Rocha — Pag. art. 300-A PICANÇO ft- C. (Corityba) Commissõcs XLI
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em 1908. Representações. Maranhão. R.28 de Ju­
nho. 12: Parahvba. R. Duque de Caxias; Pcr-
N rambiteu. Caixa Postal. 246
PINHO CERTO (Pará)
. . . . . XXX
Cotimissões e Consi-
NADIR, FIGUEIREDO ft C. - (São Paulo) —
Exportadores de todo e qualquer producto de in­
PINTO I t. (Parui
.
- XXXVI
Canstantc sortimento de
joias, relngios, gramophones, discos, oculos e nince-
dustria paulista, especialmentc os de fabricação pro­
pria e os que sc relacionam com ferragens, elec­ PIN 11 Lily ÉS ; ■ ' ' (Reclfej XI V III
tricidade, bazares e miudezas. Rua do Qazome- PINTO DA COSTA IV C. (Pará) Variadíssimo
tro, 56, C. Postal, 1359 — Pag. art 248-A sortimento, dc generos alimentícios dc 1.» quali­
NATAL MODERNO — (Natal) — Fazendas, cha- dade .................................. XXXIV
PHALENA V. Manoel E. Ponte.
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portadores e exportadores XLVIII a LXXI PHARMACIA E DROGARIA BEIRÃO (Pará) -
NEVES DOLIVEIRA ft C. (Refinação e Mer­ Laborotorio de esterilizações e ampolagens e de co­
cearia Neves) — (Maranhão) — Casa fundada nheci J :» e afamad :» preparados XXXVI
em 1870 ........................................... XXIX PHARMACIA E DROGARIA BELEM V. Herculano
NICOLAU DA COSTA ft C. — (Pará) - Fabrica t areaiho.
Girata». — Successores de Soares da Costa ft C. PHARMACIA E DROGARIA S. CECILIA 1. Lo-
Fabricação dc cigarros e bencficiamcnto de fumo»
cm grande escala. R. da Industria, 81, C. pos­ PHARMACIA FERRAZ - ( Therezina) . . L li
tal 622 — Pagina artistica . . . . . XL PHARMACIA LEMOS (Manam) . . XII
NICOLAU MADER ft C.- (Corityba) Herva PHARMACIA LOPES V. J.opes (- < .
matte .......................................................... XLI PHARMACIA SILVEIRA (S. Paulo) de M.
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tecc'agcm ...................................................... C VIl. da America do Sul, proprietária de numerosas fa­
SILVA IV c . - (Mareio, ‘ bricas. Rua Haddock Lobo 408, Tel. V. 757 —
SILVA MATTOS ( Arara,u) — Navios de lonpo Pagina artistica . . . . . . . . . II6-A
USINA BRASILEIRA — V. Antonio Joaquim Ribeiro.
SILVA° MOREIRA IV ‘ C. — ( Reci/e) — importadores^ USINAS SERRA GRANDE E APOLLINARIO - (C a r ­
los B. P. de Lyra, - (Alagoas) — Assucar. aguar­
SILVA'K l BEIRO tv C. '(Aracajú) - Orande Em­ dente c álcool V
porio de ferragens . . . ÇV
SILVEIRA M ACHAIX) IV C. - V. Companhia In­
du •.Iria! Silvara Machado Pagum artística.
SOCIEDADE MEDICINAL SOUZA SOARES, LIM I­
TADA - (Porto) .
SOCIEDADE MERCANTIL’ LUSO-BRASILEIRA -
V
(Üinjal-Almada, Eabrica de conservas do todas
i wpecialidades, aves, caças, cantes, peixes, <
dinhas, azeitonas, legtn “ Sortaíiças. a V. B. PEREIRA ft C. (Eabrica de Tecidos «Sa-
nharár) - ( Caxias, . . . . . . s . XXIX

o o o o o o CXXI o o o o o o
IN DICE DAS NOTABILIDADES COMMERCIALS

V. WERNECK R C. — (Rio de lam iro ) Phar­ VIUVA AZEVEDO R FILHO («Pan-America­


maceuticos e Droguistas. Grandes importadores de no ) (Victoria) — Importação de ferragens,
drogas e productos chimicos, especialidades phar­ tintas, oleos, vernizes, cutelarias, vidros, artigos de
maceuticas nacionaes c estrangeiras. Rua dos Ouri­ alumínio, sanitários o de electricidade, cabos, cordas
ves. 5 e 7. Tel. N. 4877 — Pag. art. . 236-A c lonas, e t c . ............................................. XXVII
VALENTE. COSTA R C. Ltd. — (Porto) Vinho VIUVA HENRIQUE MARQUARDT— (Joinville) LIV
verde <Flôr de Liz», Vinho do Porto Renato >, VIUVA J. BRASIL DE MATTOS R C. — ( Eabrica
c Mathusalcmi. os mais saborosos c conhecidos vi­ Brat.il) — (Ceará) — Refinaria de assucar, torre-
nhos poitugue/es Pagina artística . . 60-A façâo de café. etc. . XVIII
------------- --.c.------ „ i t r i ,r Ouedrs.
Guedes, VIUVA SILVEIRA R F IL rtO — ( E lix ir de Nogueira)
i Amorim) - <p *: — (Rio de Janeiro) — Grande depurativo, de
fama e consumo em toda a America do Sul 506
VILLA OE PARIS - (Rio de Janeiro) - Uniformes
e enxovaes para collegios, tamisaria, alfaiataria,
S ravataria. suspensorios, ligas, fazendas por ataca-
o (importação e exportação directa). Rua dos
Ourives. 35 e B. Aires. 76-78 — Pagina artís­
W
tica . 424-A
VINHOS VELHOS LEUITIMOS DO l>ORTO (Por­ WHARTON, PEDROZA R C. — (Nata!) — Expor­
to) - - (Antiga Casa João Eduardo dos Santos)). tadores de algodão L lll
Vinhos premiados em todas as Exposições a que WIESE R KROHN — (V.* No,-a de Gaya) - Vi­
tem concorrido — Pagina artistica . . . 100-A nhos legitimos do Porto . . . . . . 516

INDICE DAS GRAVURAS

A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

ARGENTINA (Pavilhão PAVILHAO NACIONAL DEVIA-


u " h * 138° e ÇAO E AGRICULTURA . .
BELGICA (Pavilhão da) <k- Honra d». PAVILHÕES NACIONAES DE
BELGICA L 1UXEMBI R ESTATÍSTICA E CAÇA E
do). 82 «i c PESCA........................... .
. do). 170. 17t. PORTÃO DA EXPOSIÇÃO DAS
ORANDES INDUSTRIAS. .
NORUEGA (Pavilhão da).' Mb'.
210. 21«. 210 e ................ 22-Z PORTUGAL (Pavilhão de Honra
PALACIO OAS FESTAS . . . 02 dc). 23«. 23$. 242. 246. 250,
PALACIO DOS ESTADOS . . 2b 2II-B
PARQUE OAS DIVERSÕES. 3*X> PAVILHAO DAS INDUSTRIAS
461. IX3RTUQUESAS, 214-fl. . .
XXXVIII. 252-A. 252-B. 260-A.
) DISTRICTO FE- 260-B. 308-A. J08-B. 380-A e 380-h

í: o i STRIAS* .
tCIOÍ.’AL OAS IN-
'.1 T2
(Pavit da).

3U

VULTOS NOTÁVEIS

o o o o o CXXII o o o o o o
IN m e t: IM S ONAVI'KAS

E M P O R T U G A L, SÃO NOSSOS R E PR E SEN ­


T A N T E S OS SNRS. JOSÉ D A S ILV A R EIS
& C.*, SUCES., E S T A B E L E C ID O S C O M IM ­
P O R T A N T E R A M O D E C O M M IS S O E S E
C O N S IG N A Ç Õ E S N A R. DA F A B R IC A , 5,
PO RTO. A E S TES D IS T IN C T O S A M IG O S
Q U E T A O D ED 1C A D A M E N TE T R A B A L H A ­
R A M P E LO « L IV R O D E OU R O.. D E V E M
SER P E D ID O S T O D O S OS E S C L A R E C I­
M ENTO S.

o o o o o o CXXIII o o O o o o
,
L IV R O DE OURO
CO M M EM OR ATIVO
DO CENTENARIO DA IN D E P E N D E N C E
DO BRASIL
E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
DO RIO DE JANEIRO

1822 a 1 9 2 2 -2 3
LIVRO DE OURO
C O M M E M O R A T IV O

C E N T E N A R IO DA IN D E P E N D E N C E
DO B R A S IL

E X P O S IÇ Ã O IN T E R N A C IO N A L
DO R IO DE J A N E IR O

7 IJ E S E T E M B R O D E 1822

7 Dfc S E T E M B R O D E 1922 — 7 D h S E T E M B R O DE 1023

E D IÇ Ã O no
A N N U A R IO DO B R A S IL
(A LM A N A K LA E M M E R T)
RIO DE JANEIRO

1
L IV R O DE OURO

O prim itivo plano de organização deite Li­


vro apenas ahrangia inna calorosa homenagem
comm emorat iva da maior data da Historia bra­
sileira. Tornou-se, porém, tio complexa a se­
rie de .-rurimemoraçfies, tomou um tal caracter
de grandeza c internacional idade a grande Ex­
posição. que julgámos de melhor aviso ampliar
o plano traçado, de forma a poder ahranger
as mais hrilhantes festas e homenagena, todas
as notáveis solemn idades a realizar durante o
atiro de 7 de Selemhro de 1922 a 7 de Se-
temhro de 1923. E assim é que à parte pro­
priamente original do Livro, subscrita por a l­
guns doa mais ilustrei escriptores brasileiros,
jiintámoa excerptos de trabalhos onmmcrnorati
vos publicados em jornais ou revistas, fizenvxs
o resumo das festas, homenagens e congressos,
reproduzimos aspectos da Exposição, demos en­
fim o balanço mais exacto possível do que foi
o 1.» Centenario da Independencia do Brasil.
Alguns eminentes escriptores portugueses qui-
zeram juntar ás nossas as suas homenagens e
essa parte constitue, sem duvida, um dos mais
formosos capítulos do Livro, que entregamos a
nossos prezados leitores e distinctos assignan
tes, ctan a certeza de noa termos esforçado
por cinnprir, dentro de nossas forças, com O
que lhes promettemos. A todos, collaboradores
e assignantes, annuntiantes e leitores, os nossos
melhores agradecimentos e sinceeas saudações.
Rio de Janeiro, Sc lembro de 1923.

O AN N U A R ! O D O B R A S IL
(ALMANAK LAEMMEHT).
IN D IC E DAS M A T E R IA S

PARTE I O dia do Chile.


A successio das grandes festa*.
Vaa de Caminha ■ ma a r ta (Cap A data de 2 de julho.
Abreu ) —O 28 de Julho.
Confins Ir r illo r lj do H ra iil' (Marte “ O 15 de Agosto.
macellos . . . . . . . . —O cenlenarir de Gonçilvcs Dias.
Nollcia historia (Rocha Pombo) . . . Duque de Caxias.
A propaganda republicana ()uHo Carmo, Par Congresses e conferencias ....................
A literatura brasileira (Ronald de Carvalho,
Aa artei piatlicas (R. dr C.) ■ Congresso Elldiarlllico.
A cadatura no Bratii de 1822 a 1422 (Rau Congresso Internacional de Historia
_ Pederneiras...................................
sobre ■ musia brasileira (Renato A — Congresso B. de Secunü.rw
maida , e Superior.
O Theatro 3.® Congresso N. de Agricultura
A e v o lu to religiosa no Rraall (N etlor Victo/
OrganizacAa religiosa ( laekson da Figueiredo
Perillo Qomes/
O pensamento philosophico no Brasil (Renat
Almeida) . . .
A Esrcla medira brasileira (A. Ausiregesilo)
Evoluçin da Architectura no Brasil fA Moralt Conferencia Americana da Lepra.
da las Rio3/ . . . Congresso N. dos Práticos
Cam anno* de Engenharia l.“ * B de Pharmacia.
O Enamo publico no Braill (A/rmt
a Sociedade bra i f Elysio da Ca 1.» < Jc C arvlo e outros cosi
imiho) . . . . . busliveis.
As ham geneticas do nossi Hire 2. ° Congresso In l. de febre aphtosa.
nnl (Chrysollto da (las 1." n B. de Oatmica
Como o Brasil entrou para
COlaa
Homenngms estrangeiras . . . . . . . . 3
i folk-lore ( Ôaslavo j — Embaixadas e missões.
— V iiila do Presidente de Portugal.
A rvoluçía economia do Brasil (V id o r Viana) As divisões navies
Finanças do Braill (Elysio de Carvalho) . Os contingentes estrangeiros na gran-
A lanprensa na independenda (Barbosa Lima So-
brink*) .................................................. — Os veteranos Uruguayan da Ouerra
Academia Brasileira de Lclraa . . do Paraguay.
A viaçgo ferrea no Biasil . A grande alma argenima e o cente­
Ccm annos de Commercio exterior . nário brasileiro.
O Exerdto Brasileiro (Cel. Or inaaa/m Mnrques A cdiçio especial de (a Naeidn
dm Cunha) . . . . . . . . . . . —O monunenlD da França ao criador
Synthese historia da marinha de guerra Br
lile ira (Raul Tavares, Cap. Frag.) — O Monumento da Amiúde.
Em 1822... (Rodrigo Oclavlo Filho) . O Monumento de Cuautbemoc.
O Brasil de boje ................................... Homenagem i memória de Rio Bran-
— A oicnaagcm de felldla^tes da Asao-
PARTE II
— Oa representantes doa Estados norte-
A voa da imprenia . . . . . . . amcncanm.
A Esposifio Internacional A edrçio especial da Leipzig Illas-
Ir in /ettmag
— Classifica çln — As saudações doa chefes de Eslado.
— A cent r! buiçJa dos Estados ■

— Pelo engrandecimento e pela gt<«M


do Braall.
i Senado Brasileiro.
—O quê fla r i A m c k do suprema f i
A palavra de Harl
As grandes festas . . . 323 —O que U i o Braiil.
— A alvorada radiosa. — A lutura Capital do Brasil.
— A grande parada militar. A exposiçio de Bellas-Artei.
— A inauguração da ExposíçSo. —O museu nacional no centenario.
— O dia 8 de Setembro Eipoaiçto de pecuaria.
A reviata naval. —Archivo Diplomático da Independen­
—O grande banquete official. da.
— 10 de Setembro. — Historia da Culoniaaçio Portuguesa
— A fata venenana. no Braall.
— O dia do Mexico. — Curso de Literatura Braailetra.
—- A chegada do Presidente da Repu- — Monumento á Pnncera Izihel.
* bllca portuguesa. Monumento a Christn Redemptor.

O O O O O O □ o a o o o
IS DIC E DAS MATE MAS
«

Monument" dfl Marinha. Estado de Minas ('reraea (Deputado Nelson de


Monumento a Francisco Manoel. S e n n a ) ....................................... . . . -
* a Carlos GantCi, cm SâO Estado do Pará (Deputado Eurico Velle) .
Paulo. » da Parahyba do Norte (Deputado Tava­
— Monumento a Pedra I res Cavalcanti . . .
O b monumentos de Coritiba. Eetado do Parana (Deputado Lindatphr, Pessoa)
— G pantheon dos Andradas. de Pernamhuco (Deputada Solidanto Lai-
— Gutros manumentoa. 10J . . . ..................................................
As grande* publicações «Io centenario. "Estado do Piauhy (Deputada JoSo Cabral) .
-- Eapuaitores nadonacs premiados. . do Rio de Janeiro (Deputado Manoel
Seis)
Encerramento das festas . . . . . . . . 372 Ealado do Rio Grande do Norte (Deputado
Estado do Rio Creande do Sul (Deputado Lin-
dolfo C o l l a r ) ..................................................
PARTE III Ejlado de Santa Catharma (Deputado Celso Bay-
Estado de Sâo Paulo (Deputado Carlos de Cani-
Oa fundadores do Imperio . . . . . . .
Os fundadores e presidentes da Republica . Esiado de Sergipe (Deputado Carvalho N efta) .
Ruy Barbosa e Arooverde . . . 376* a 376 t Territorio do Acre . . .
Oa governadores da metropole no regimen rep O Brasil um «6 .
biicano . . . . . . . . . . U. 376 e
A cidade do Ric de Janeiro . . . . . 376 r

PARTE V
PARTE IV

Districto Federal. . . 377 SAUDAÇÕES PORTUQUESAS 470


Estado de Alagoas (Deputado Costa Repo) . 379
» do Amaaonas (Deputado Aristides Rocha) 3a'2 Alberto /COilveiru.
■ da Bahia (Deputado Pamphilo de Carve- Antonin Radio
'384 — Lucio /TAzevedo.
Estadr. do Cearí (Deputado HermtnegUda F ir• — VVlíOflife de Carnaiide.
D B ift ................................................................. 390 — A. A. Mendes Corrêa.
Estado do Espirito Santo (Deputado H eitor de — Alberto Pimentel.
Souza) ....................................... 393 — D. JeiAo de Castro
Estado òe Ooyaz (Deputado Americano do B'a-
395 do Brasila . . .
Estado do Maranhão ( Deputado Domingos Bar-
397 i da Manha-
Eslido de Matlo-Grosso (Deputado Annibal de
7 oledo) ......................... 400 d e 'S.‘ Paulo* (Ò) i
INDICE DOS AUTORES

A. A. Mendes C arrla - (Saudada <o Brasil») 472 Honorio de Cmnha e Mello — (Enlrcvlsla sobro
A. Amstregesllo ( A Evola medica brasileira») *33 a Eacola de Bellas Arles) . . . 364
A, Morales d r lo t Rios — (.EvoluoJo da A t- JaclsoH de Flgarirrdn — ( Organ liaçJo rei i-
chiteclura no Brasil»)) . . 07 giosas) . . . . . . . . . . . 76
A/fonso Celso (Noveni» r clnco annm de Joio Cal.rai (Dcpulado) (.F ita d o do Piau-
C ilrlol Juridicos») . 780 hv») . . . . 432
A/mnici Pi I moIo — («O Ensino Publico no Bra­ Joio Lyra — (.U m roeu lo de finanças.) . . 294
sil») .................................................................IIS Inaqulm Marques da Cnnha (Cotcnel) — («O
Alberto d'O/lvalra (Saudaçla «o Brasil) . -170 Exercito Brasileiro») . . . . . . . . 232
Alberto Pimenul (Saudaçlo ao H ,..il) . 472 Josi Augusto (Deputado) («Estado do Rio
A le iro de Vaseoircellos ( lir .) (Discurso no Cirande do N o r le » ) .................................... 438
encerramento do C fm jrM in de Febre Aphto- lo s t Bentlad o (Deputado) (Discurso sobre
sa) . . . ................................... 348 o 28 de J u lh o ) .................................................. 329
Alfredo BeHhawar Ha iillrrlra — («Uma heroina Josi de Vasccncetlas (D .) — (O monumento de
da Inde penden eta) 270 Cuauhtemoc)) 358
Alvaro Paes - («Con an nos ná economia do /u llo Carmo (Pie) — («A propaganda republi­
Brasil.) . . . ........................................ 205 cana») . . . . . . . 25
Amadeu Amaral («O cantor dot Tyntbiraa.) 332 Lauro Sodrt (Senador) (Discurso sobro o 15
Aaiericano de Brasil (Deputado) — (-.Estado de de Agoatc) . . . 330
Oojáz») .............................................................395 Lli.delpho C ollar (Deputado) — («Eitado do
Annlbel da Toledo (Deputado) — (.Estado de Rio Orande do Sul») . . . . . . 441
M . Qroaso») . . . . . . . 400 Llndalphc Pessoa (Deputado) ( .O Eitado do
Antonio Balia — («Saudaçlo ao Brasil») . 470 Paraná») ................................................................. « 7
Aristides Roeha (Deputado) (.Estado do Ama- Lario d' Are cr da - (Saudaçlo ao Brasil) . 471
2onasa) . . . .........................................382 MenorI Reis (Deputado) — (-E itad o do Rio dc
Asais Memoria (Padre) — («A Egreja no Bra Janeiro») . . . 435
tila) ..................................................................285 Mario de Vaseoncellos («Confins Tcrritoriaes
Aureliano Amaral (.O escotismo no Braslla) . 29b do Brasil») . . . 7
Barbosa Ume Sobrinho - (.A imprensa ua inde­ Mario S. Ferreira (.A medicina e » hygiene
pendência») . . . 204 ha cem annos») . . . 290
Capistrano de Abreu — («Vaz de Caminha c a Nrlsnn de Senna • (Deputado) - («Estado de
sua carta») 1 Minas Oeraes») 402
Carlos d t Campos (Deputado) (.Estado de Nestor V id or — («A evoluçlo religiosa no Bra­
Slo Paulo.) ...............................450 sil») ........................................................................71
Carlos Schuler — (A terra e o povo brasileiros) 3M Pamphilo de Carvalho (Deputada) — («Eitado
Carvalho Nelto (De pula do) (-Estado de Ser- da Rabia»)............................................................ 384
ippe») 457 Perillo Qomes— (-Organizaçlo religiosa») 76
Celso Berma (Deputado) — (.Estado de Santa Pio X I (Papa) (Saudaçlo e brn çlo uo Cou-
Cadiarina») . . . 448 greaso Euchanstioo) . ......................334
Celsa Vieira — («A gerado da independência») 2Bn Pires do Rio (D r.) (Discurso na cerimonia
Charles Hughes (Embaixador) (Discurso) . 326 inaugural do Congresso de Agricultura e Pe­
- (Discurso na cerimonia do lançamento da nr- cuaria) . . . . . . . 337
dra fandamenla! do monumento da Antuaoe) 357 Reel Pederneiras («A caricatura no Brasil
Chryse!Uo d* Qusmic («Al bases geneticas de 1822 ■ 1922») . ......................... 51
do nosso Direita Constitucional.) . . . . 13B Raul Tavert s (Capit* o de Fragata) — («Syn­
C only (Embaixador) jD iscurso na cerimonia these historica da Marinha de guerra bra­
dr im ugijraçlo da E ip o a iç la ) .................... 324 sileira») . . . . . . . ..........................250
Cosia Rege (Deputado) — (-E itcdo de Alagoan) 379 Renato Almeida — («Ensaio «obre a music» bra-
Doemagat Barbosa (Deputado) — (.Estado do ■ilcirai) . . . . . . . 54
Maranhlc») . . . . . . . . . . 397 — («O pensamento phitoanphicono Brasil») 83
D . iodo de Castro — («Saudado ao Brasili) 473 Remain Vienna — («A figura que se releva n*
Ed. &lmóes' Ferreira — («O turf no Braail.) . 298 acena brasileira») . . . 282
Elysia dr Carvalho — («Aspecto» d» Sociedade Ricardo Sevem — («Da architectura colonial no
brasileiras) . . . .......................... 122 B r a a il» ) .................................................................284
(.Finanças do Braslla) 197 Robldo (Oeneial) (Discurso junto i estatua
Earique Laudet - (O monumento argentino ao de Otorto) . . . ............................... 355
Braail) . . . ........................................ 355 Rocha Pombo ( Noticia histórica.) . . . 15
E pilaria Pessoa (Diicurao de aaudaçla sos — («cO noaso m ei ju b ila r» )........................................ 2SI
embaixadores) . . . 363 Rodrigo Octavio Filho (»Enr 1B2Z..») . . . 256
Entire Vatia (Deputado) — (.Eitado do Paria) 419 RouaJd de Carvalha — («A Literatura Braai-
Oeorges Bndln — (Dlacurao na InaugUriçlo do keira») .................... 38
monumento a Santos Dumonl) 356 — («As artes plaalicas») . 46
Oarnaga da Campos (D r.) — (Discurso na ce- Rny Barbosa (Carta ao ar. Presidente da
nmonla de encerramento do congresso de Republica) ............................................................ 363
c a r v f a ) ....................................... 347 Solidoalo Leite (Deputado) («Eitado de Per­
Onsfavo Barroso — («O padre Cicero e o folk­ nambuco») 430
lore») . . . . . . . 181 Fauares Cavalcanti (Depulado) — («Eatado da
Heitor da Soara (Deputado) — (.Estado do Paratayba do Norte»). . . . . . . . 423
E. Santa) 393 Thiers Flemming (Commandant*) — («O Brasil
H eitor Lyra — (.Como o Brasil entrou para o um sd») . . . 462
concerto dai naçAes») . . . . . . . 172 Tobias Monteiro (Senador) (EH acuran na aeailo
Harmemr glide Firmata (Dep.) (.Eitado do de 11 de Setembro de1922) . . . . . . 369
C e a r i a ) .................................. 390 Victor Via ma — («A evoluçAo economic» do
Hiliabraado Arrloly — ( .A diplomada da in­ Braail») 188
dependência j . . . 1^* Visconde de Caraaiide—(■Saudaçlo ao Braail») 471

O O O O CX1 Q O O O Q Q
INDICE DAS N O TABILID AD ES COMMERCIAES

CXI1 o O Q O o o
IN D IC I. DAS NOT A llll.il> ADES COMM! R d A E S

ALVES NOGUEIRA ft C. / Maranhão) Arma­


zéns de estivas e miudezas. Vendis por grosso e a
varejo. Fabrica de pilar arroz . XXX
AMADEU BARBEIX) IV C. (Tabacaria Mallos) —
( P a ri! Cirande fabrica de fumos e cigarros. Banto Biazileiro de Depositos t Descantas
Stock constante de fumo de Indas as origens
............................................................... XXXV R uã da A lfa n d e g a n. 5 0
AMERICAN MERCANTILE HANK OF BRASIL INC.
(R e n te ) .................................. XIVI11 C aixa Poatal 2496—T ele gr. “ Bancobraz-
AMORIM CAMPOS IV C. (Reci/r) Fabrica
de olccis wgetacs XLVI Teleph N orte 4736
ANNUAR IU IX ) HRASIL Rio de Janeiro Casa
editora R D. Manoel. 62 . XXXVIII R IO D E J A N E IR O
ANTENOR GUIMARAES IV C. Victoria) Agcn-
les de vapores, estivadores, transportes terrestres,
transportes maritimos, fornecedores de carvln, Ira-
plcheiros, lanchas, rebocadores, etc. XXVI DIRECTORIA
ANTONIO HKACONI IV C. ( Victoria) Agen­
tes commemacs. CommissiVs c representações de Snr. DR. M AURÍCIO DE MEDEIROS, Presidente
caias nactonac-' e estrangeirai. Recebem dircclamcn-
te xarquc, assuear. banha, sahão e ctreaes XXIV - DR. ARTHUR DO PRADO
ANTONIO FERNANDbS DE SOUSA H C (P or­ » G L. FAVRE, Director-Gerenle
to ) .................................................. 517
ANTONIO FRANCO fV C. (Loja Maltos) (Bahia)
Alfaiataria e rasa de modas . . . XIV
ANTONIO JOAQUIM R iH tIR O fllsina Brasileira) HANOI COMMERCIAL IX ) PARA ( P a ri) -
(Pará) Beneficia mm tu dc arrtt/. Cftmpra qual­ Primeiro Banco nacional fundado cm Belím cm
quer quantidade dt arroz nmt casca X X XII I dc Julho de 1 8 6 9 .............................. XXXV
ANTONIO JOSF 11A SILVA H c . (Porto) BANCO COMMERCIAL IR ) PORTO <Porto) —
Proprietários das afamadas Quintas do Nova! Mar­ Ncgncios banearios nos acus Variados ramos. Cor­
co, Org lie iras, Sobreiral e outras no Alto Ciorgo, respondentes nas praças mais importantes de ln-
Douro. Fornecedores das Etnbaivadas do Hrasil cm glalcrra. França, I la lia. Hespanha e Allcmanha 516
Listtoa r Washington. C. do Muro, 112 Pa­ BANCO I1A BAHIA (Bahia) Estabelecimento
gina artística . . . 256-A de depositos c descontos. Faz todas as operações
ANTONIO MACIEL K C V. Villa d r Parii. bancarias . . . . . . . . . A 111
ANTONIO ROCHA LEAO (Porto) Vinhos do BANCO DE ALAGOAS — (Maceió) — Director-Pre­
Porto, os mais saborosos, melhor escolhidos nas sidente, Francisco dc Amorim Leão. Oerente Fran­
mais afamadas e melhores proveniências das re­ cisco Polito I
giAct do Alt.» Douro . . . 512 BA N O ) DE SE RO I P E .................................... CVII
ANTONIO VICENTE A C. (R rrífe ) Molhados BANCO 1)0 COMMERCIO E INDUSTRIA DE S
e estuas XI III PAULO C
AO PREÇO FIXO (Soatos) Cirande armarem BANCO IX ) PARA (P a ri) Expede saques c
de modas LIX ordens tclegraphicas para todas as cidades do Bra­
APHROniSIO THOMAZ DE OLIVEIRA (Three- sil. Acceita cobranças em Iodos as Estadas do
lina ) LI Hrasil XXXIV
ARCHER PINTO IV C. — (Manam) C.immissõcs, HANCO IX ) R E C IF E ................................... XLI1I
Consignações e Representações.................... X II BANCO ECONOMICO DA BAHIA (Bahia)
ARMARINHO SAO PAULO - (Timbaúba) — Fer­ Capital auforisado 5.000:0011#, realisado. . .
ragens, nuude/ns, etc. L •l.OWUOOO#, reservas 687.4909830 . . . XV
ARMAZÉNS OERAES KEIOAS (Santos) Com­ HANCO ESCANDINAVO BRASILEIRO (Rio de
panhia ensaccadnra e rrbcneficiadnra de café LIX Janeiro) Um dote mais prestigiosos esiahcle-
ARMAZÉNS ROSAS- V. J. I , d r Araújo. ciinrnliis de credito, organisado por poderoso syn­
ARMINDO DE BARROS (Manaus) Agcmc c re­ dicate) de trinta c dais dos melhores bancos no­
presentante do t.toyd Paraense. Recebe borracha ruegueses. Faz iodas as operações bancarias
e outros genero do Interior XII K. da Alfandega. 32 (2 gravuras) 189
ARM IN IX ) MARTINS {Au Louvre) - Casa especia­ HANCO HOLLAN11EZ DA AMERICA IX ) SUL -
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e Porto T rai Benjamin Constant, 1 33 Pagina fabrica» e casas nacionaes c estrangeiras XXI It
artística . '2'24-A JULIO RODRIGUES (Grande Hotel) (fíahiai —
J. V 0'OLIVEIRA (Manaus) Representa;);, Luxuoso r eonforlavcl hotel montada com todos as
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bilian nu mica . . . II (Pará) Joias n*n brilhantes e mais pedras pre­
lAKItC LIN U l-IR T O ‘ A ra ra ,i, «..-nm.ssõra «ATI ciosas. praianas, elcctro-plale. bromes artísticos e
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MIRANDA SOUZA ft C. - (Recife) - Ferragení
oleeis, etc. . XLVÍ
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O O O O O O CX1X O O O O O O
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( I isbca-Rw dr Janeiro) Depositaria dos melho­
res vinhos pnrtuguezes. Marcas procuradissiman «
consumidas em todos os mercados mundiaes. -
Lisboa: Rua 1« dc Dezembro, 82 Rio Rua
Camerino, 170, Tcl. N. 051 Pag. art. 276-A
SOUZA. GENTIL f t COMPANHIA (Fortaleza) -
Lu raria, papelaria, ele................................... XXI
STRAY. ENGELHART ft C Ltd. (Santas) —
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dr Janeiro, K. S. Pedro, Q: Santos, R. 15 de
Novembro. 172. . . . . 500
SUD-ATL ANTIQUE V. Companhias Sad-Allan-
tii/ue c 'Chargeurs NJum*. Pagina arlislica

T
T. DC CASTRO ft C. (Fortaleza) Reptesen-
laqftcs, cummissAcs c conia propria XX III
TABACARIA AVENID A V. Fernand,* /- C.
TABACARIA MATTOS V. Amadeu Barbed" ft C.
TAVARES BARBOSA IRMAO (Pard) Impor­
tadores e cxporladores . . XXXVII
TEIXEIRA BASTO ft C. (Mare,ó , Imparia-
exportadores de miudezas, ferragens e
TEIX EIR A . CHAVES ft C. (Ara •íd)

F ilial cm Corityba LLI


F ilial em Recife |L
THE OVERSEA COMPANV OF BRAZIL Lid. —
(Sor, ursa! no Maranhão) . . XXXI
TH E SOUTH BRAZILIAN RAILWAY Ca. Lid. -
THEOPHILO GUROEL VALENTE - (F orl.
dc sabãor,a nac,0,1a “ ' eRe,acs
TRAJANO DE MEDEIROS t (R io d r lane
Fabric: 1 E, Ferr
. fundiçlo .
pintaria, machinas 405
TRANSPORTES MARÍTIM OS DO ESTAiX) POR­
TUGUÊS (Lisboa) — Serviço de passageiras,
carreiras da America do Sul, com escalas pelos por­
tos dc Hamburgo, Antuérpia. Havre. LeixAes. Lis-
hna. Funchal, Pernambuco, Bahia. Santos, Rio de
Janeiro, R. dr. Sul, Montevideo, B. Aires. Rua
dos Remoeres. 35, Agencia O. nn Brasil Av. Rio
Brune. . Ql Pagina artística . . . . M8-A
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les sobre o mar com guindastes para carga e des­
Hh h . * l*ldru < carga de mercadorias V
Tel. V JVD - P a |tH « i l n lk i . . IM A
SAHINO R IIIE iR n Hl C. (Araeajú) — Co.-nmissôcs
CVI1
SANTA CRUZ (Aieiic) V. Fduarda de Moura U
Simies, l.te Pagina artística.
SAO PAULO ALPARGATAS C O M I1 fSd» nau­
lo ) Lnnas marca Lutnmnllva . para loldos. bar- U. JONCKER V. Fle vador Brasil.
ULYSSES CVPRESTE H C. (Victoria) Im­
au'ltttir.vcisf etc " * Rua l)r . Almeida lim a . i 6 — portadores e atacadistas. Unicos depositarios doa
Pagina artidica 336-A acreditados bordados, rendas c laises nacianaes no
SAISDE PUBLICA- (N I" de Janeiro) Todos Eslado. Fazendas, armarinhos, roupas, chapeos,
deveni c ptidrm auxiliar a Nande Publica Cuntra a l « ir..................................................................... XXVI
doença- vencrcas Pagina artistic. 52-R U N I AO MANUFACTURA Dfc ROUPAS (Ria dr
SfcRGIPE INDUSTRIAL (Aracaju) Fiaçáo e Janriro) A maior Empresa de Roupas brancas
le.c agem . CVI1! ds America do Sul, proprietária de numerosas fa-
SILVA H C. ( Maceió) ...................................... I hrieas. Rua Haddock Lobo 408, Tel. V 757 —
SILVA MATTOS ( Aracaju) Navios de lon^o Pagina arlistica 116-A
USINA BRASILEIRA V. Anloaio Joaquim Ribeiro
SILVA" MOREIRA h, ' C. ' ( R r ii)i) importadores USINAS SERRA GRANDE E APOLLINARIO - (Car.
los B. P. dr Lyra) (Alagoas) Assucar. aguar­
S ILV A *C ÍrÊ |K O ft" C. (Áracajú) Orande Era- dente e alenol v
r irio dc ferragens . . CV
V tIH A MACHADO f t C. V. Companhia In ­
dustrial Silveira Machado Pagina arlislica.
SOCIEDADE M ED IC IN AL SOUZA SOARES, I IM I­
TADA (P orto ) . . 512 V
SOCIEDADE MERCANTIL LU-SO-HKASILE I RA
( alojai-Almada) Fabrica de conservas de todas
as «special idades, ^aves. c a j :.a r“ esaj (®aJ'
V. H. PEREIRA ft C. (fab rica de Tecidas Sfl-
ias cai calda Pagmã arlislica 340-A nhard A — (Castas) . XXIX

Q O O O O O CXXI o o o o o o
i\i* < i ,,M \u n h tn h n r \

VIUVA f t ik v n a i n M i M< i r

i n i m l l . i ' ii n i1«ni-* r f»ir»n#*»i»- Him il


*«•. i r i . Trl N «T 7 > » * *It
V M I . M f . C \H IA A C. lld f /W * «
vnwir flAr ift- lix -. Vmb» <1- IS«t
« M-.lt h-jU r. iv iii4-• w t»im ».t r n
nh'M Ira Iwmir <r« ('•ftim ariitlha
V»r T< l K IU I t«<* V 4»t •' Oa-r-f...
V tE lk ft V M Iib lV - I f i j K i . i - t» m »

d.t Jftn^irtavJ" < « r m U r f ii «Ma«kl VM


Oium**. IS » M ftin*. J » H 4"«rla*
w
siMiL*ft v t u rn s i t i i m É f t i n K r t i l i i > * H A h T O * . m iN N K A «* r (S a m ii
am lAniga U u J-J.I Cdaunlu ifc.a Aa«> >%d*.'|V- itr «i^iJSii r,;.
VialrX jwr-inij -a rati M.idaa a* I i V» .1 .a k k iN lft i i • v ...a Jt l U m r
lam «viMairlltn I'.igl*. arliMk* ■ a h a h g liM n ib ISaem . .

INDICE DAS GRAVURAS

i1

L J
V AZ DE :: a m in h a e SUA CARTA

s jo u v c desdenhada ou es- prescindível, ln jc mais do que nunca João R ibeiro


irla de (Caminha, e a este dc il O p rim e iro passa no t a Bordão.
ncaso fe liz se pódc, se.n temeridade, Quem era Pero Vaz dc Caminha?
a llr ib iiir sua conservação. Nos liv ro s de Castanhcira e DainiSo de (k>es I Í - fc
Cerca de 1790 descohriu-a em suas pesquizas o que sahiu dc Lishna nomeado escrivão da feitoria a
e ru d ito histo ria d o r castelhano J. B. M iiiln z , a ffirm a fundar cm Calccut.
N avarrcle. Sem saber disto alguém, ainda desconhe­ Da carta do escrivão resulla que embarcara na
cido, forneceu uma copia ao real archivo da M arinha capitanca. Tinha-o c,n grande conta P c d r’ Alvarcs, a
d o R io de Janeiro. D elia serviu-se M anoel Ayres ponto de a d m illil-o a um conselho d c capitães da
de Casal para p tib licsl-a in lc g ra lin c iilc em 1817, no fróta, convocado para tratar de assuntos graves. De­
p rim e iro volume da C horographia, sahiJo dos pre­ via conhecer o inonarcha dc longos a n no s; de ou­
lo s da impressão desta cidade. N inguem mais d i­ tra modo não se explica o tom fa m ilia r da epistola.
gno dc piih lic a l-n do qnc o verdadeiro crcador da C onform e documentos divulgados p o r Sousa V i­
geographia nacional. te rb o, orçaria p o r 50 annos quando sc deu o ad ia­
N ove annos depois desta edição p r im e ps, a p pa­ m ento de nossa icrra , pois já era m aior a 8 de m ar­
receu o u tra em Lishoa, mais com pleta, cotcja-Ja pelo ço de 1476, quando D, A ffo n s o V, d c cuja casa era
o rig in a l, ao que se crê, no qu arto volum e das N o ­ cavalheiro, nomeou-o mestre dc halança da moéda
tic ia * ultram arinas Por julgal-a demasiado accessi- da cidndc dn Porto, por m orte da pai, ou quando o
vcl, o u por o u tro m o tiv o semelhante, o In s titu to H is ­ pai lhe quizesse ceder o logar. Este, Vasco de C am i­
to ric o excluía da R evista T nm cnsa l a carta de C a­ nha, pro teg ido do duque dc Guimarães, occupou va­
m inha, só p j r instancia dc Varnhagen estampada no rio s cargos fiscaes, enire ou tros o de recebe do r-m ór
tom o -10, parte segunda, quasi 40 annos depois dc dos dinheiros dc Tanger.
s im fundação. Não c im possível que o filh .i mettesse alguma
Antes e depois desta, houve numerosas reim pres­ lança cm A fric a ; é mcsmii verosím il que suas raras
sões, arroladas ate certa cpoca nos -1«Hot’s da B ib lio ­ aptidões de observador já se lives se.n exercitada cm
theca Nocianal. D en tre cilas cumpre destacar duas outras partes e cm outros puvos antes dc a ltin g ir
fe itas Cín Lishoa para comme.norar o centenário colum ­ a m estria revelada a proposito dos Brasis, o reparo
bino, uma pela T o rre do Tom bo, outra pela Academia dc que estes não eram circitncisos (fanados) pode
das Scicncias. bem resultar da contacto com populações miisulmanas.
A todos sc avantajaria a da In s titu to H is to ric o Caminha oomcçau a escrever cm 26 dc a h ril,
Ba hi ano, cm 1000, com a reprothicção fac-sim ilar do depois de fic a r decidido mandar um portad ar ao rei­
cudicc, uma transcripção em linguagem da época1e u na no, oom a n o ticia da terra nuvam cnlc achada.
versão modernizada, si d o liv ro constasse como fo i Poucas linh as bastam-lhe para a viagem de L is ­
o b tid o o fa c s im ile , como 27 paginas deliu correspon­ boa ao C aho-Verdc; ainda menos cnnsagra aa resto
dem ás sete fo lhas do orig in a l, quem se encarregou d o caminho, p o r este mar de longn, 660 ou 670 lé­
da palc.igraphia, a quem sc com m ettcu a versão m o­ guas, na estim ativa dos pilo tas, percorridas entre a
derna. Tacs informações sub stitu iriam com vantagem ilha dc S. N ic oláo e a costa avistada na tarde dc 22.
as estampas sem v alo r h is to ric o servidas cm seu logar. Da marinhagem e das singradnras deixou a conta aos
N us Aniiacs também existe o r o l das diversas Ira - entendidos. A 21 nota signaes de proxim idade dc
dncyàcs. E ntre cilas fig u ra uma cm v ern ac u li, devida terra, m anifestadas cm licrvas compridas como bote-
a João Francisco Lisboa. Entendeu, cam m uita ra­ lhos c ratios dc asno, accrescidos na outra1manhã pela
zão, o T im o n maranhense que nem to do o m undo p o ­ passagem dc aves chamadas fura-buchos, e afinal con­
de ria orientar-se na prosa cmaTanhada do correspon­ firm ados pela visão vespertina dc serras e arvoredos
dente dc D . M anoel c arvorou-se em sertanista. Seus longinquos A 23 trata sobretudo dc manobras, m ar­
conhecimentos de gramm atica historica não davam, cha, sondagens á cata de hnm nnemira douro, afinal
porem, para ta nto, nem Ayre9 d o Casal lhe fo rn e­ encontrado a 24,
cia um te xt i cscorrcilo. As passagens cruciaes con­ Desde então a narrativa sc expande, a fflue .ii as
tinu ar aui c a n il inuam obscuras. Um com m entario phi- pormenores, anima-sc a scenario c o observador ap-
lo lo g ic o fe ito por uni entendido, ainda ho je é im- parecc, perspicaz e sincero, -‘ Bem certo creia qnc

o O O O O o O O O O O O
LIVRO OF OURO C.OMMFMORAT/VO 1)0 CF NTFS'ARIO DA

p o r afom tosear nem afeiar ha-ja de p ô r mais que g a io pardo que aqui o capitão I r n ; iom ara m -no log o
a q u illo que v i e me pareceu , assegura ao real amo, na m ío c acenaram para te rra como que os havia hi
c cum p riu a promessa. M ostra ram-lhes um carneiro; não fizeram de lle men­
A ffon so Lopes, incum bido de sondar a hahia ção. M ostram -lhes uma g a llin lia : -quasi haviam medo
desejada, apanhou do is indigenas em uma aim adia d e lia c n io lhe queriam p ô r a m ão e depois a to ­
e levou-os com escuro á capitanea, onde Caminha m aram como espantados. M a io r interesse sentiram
os viu e desde lo g o desenhou em traços vivos. pair contas de rosário t objectos m e ta llico s, mas o
«A fe içã o de lles é serem pardos, maneira dc té d io p o r fim superou, «e então atiraram -se assi dc
avermelhados, de boos ro6tos e boos narize6, hem anstas na alcatifa a do rm ir, sem te r nem uma m a­
fe ito s ; andam nús sem mesmo uma cobertura, nem ne ira dc cobrirem suas vergonhas. . O capitão lhes
estim am nem um a cousa c o b rir nem m ostrar suas m andou pôr á cahcça senhos coxins e o da cdIk -I-
vergonhas, e estão a cerca em ta nttf im iocencia como le ira procurava assaz pola não quebrar, c lançaram -
tê em m ostrar o ro s tro ; traziam am bolos beiços de­ lhes um manto em cima e d ie s consentiram e jo u -
b a ixo fu ra do s e m etidos p o r d ie s senhos ossos de vera ill r dorm iram .
osso branco... os cahellos seus são corred ios e an­ Sahbado, 25, depois de fundeada ir fro ta . C a­
davam tosquiados d c tosquia alta m iis que se subre­ m in ha fo i á te rra em com panhia dc N ico lá .i C oelho
pentem, dc boa grandura c rapados te p o r baixo O s naturaes continuam a prender-lhe a curiosidade.
da sulapa, de fo n te a fo n te para detraz, uma ma­ Andavam a lli m uitos delles o il quasi a m aior parte,
neira de cahelleira de pennas d'ave am arella, que que I«k!os traziam nqnelles bicos de osso nos beiços;...
seria da com pridão de um couto m u i hasta e m ui e andavam ahi ou tros quaTtejados dc cores, saber
çarada que lhe cob ria o to ntu ço e u orelhas, a qual de lles a m etade de sua pro p ria còr, e a metade de
andava pegada nos cahellos penna e penna, com uma tin tu ra negra m aneira de zulaJa, e ou tros esquarte­
oonfecção branda como a cera e não n o era, de jados d1escaques A lli andavam e n tre cllcs tres 011
m aneira que andava mm redonda e m ui basta e m ui q u atro moças, bem moças c bem g e ntis, c*>m cahel-
igu al que não fazia m ingua m ;is lavagem para a k is m u ito pretos com pridos, pelas espaduas... tin i
levantar.: era já dc dias e andav: par louçainha cheio dc* pennas
Neste p rim e iro encontro, em que o s gestos f i ­ pegadas pelo corpo que parecia esseleado como São
zeram de unica linguagem , succedcratn-se os q u ip ro ­ Sebastião; ou tros traziam carapuças de pennas ama-
quós. O s indígenas pnrlaram -se em g e ral ind iffe re n ­ rc lla s , e o u tro s de vermelhas e ou tros de verdes, e
tes, re pugnaram-lhes as comidas e v inh o e com maior uma daqiicllas moças era toda tin ta de fu n d o acima
razão a agua de bordo. - M o s i ravam-lhes um papa­ da qiic lla tintura".

O o o o o

MAPPA UA PKUVINC1A DL SANTA CRUZ


- SÉCULO XVI CARTA DA AULHK A IX ) SUI Stt.ULn XVI

O O O O O O 2 o 0 0 0 0
/NUEPENDENCIA E DA t X POSIÇÃO INTERNACIONAL

D om ingo, 2fi, a missa üa Paschocla, p rim eira cotio atado com um pano não sei de que aos peitos,
d ita no Brasil, num ilhéu da vasla- bahia, não o que lhe não pareciam se não as perninhas, mas as
absorve a pontn de fazer-lhe esquecer os na tu ra ls pernas da m ãi e o al não traziam nem um pano»,
da terra, cujos m ovim entos na p ra ia fro n te ira nola O u tro desembarque á segunda-feira, 27, serve
durante o sacrificio incrue nto e a pregação dc Fr, a precisar m ais as prim eira s impressões: «Neste dia
H enrique. os vimos de mais perto e mais a nossa vonta'Je, por
Andava h i um que fa lla vc m u ito aos ou tros que andarmos to dos quasi m isturados, e a li delle andavam
se afastassem;... este que o s assi andava afastando daqucllas tinturas quartejaiios, outros de metades, ou­
trazia seu arc;> e setas, e ..miava tin to de tin tu ra ver­ tro s de tanta feição como em panos de armar, e
m elha polos peitos c espaduas c p o lo s quadris, coxa's todos com os beiços fu rados, e m uito s com os ossos
e pernas ate abaixo, e os vasios com a barriga e es­ nelles, e de lles sem ossos. T ra 2iam alguns delles
tômago eram dc sua pro p ria còr, e a tin tu ra era uns ouriço s verdes d ’ arvores que na côr queriam pa­
assi vermelha que a agua não lha comia nem desfa­ recer castanheiros, senão quanto eram mai9 e mais
zia, antes quando d ’agua era m ais vermelha pequenos, e aquclles eram cheios de uns grãos ver­
D epois da missa vieram to do los capitães a m elhos pequenos que esmagando-os entre os dedos
esta n.-íu por mandado do capitão-m ór, com os quaes fazia tin tu ra m u ito vermelha da- que elles andavam
se c llc afastou e eu na companhia-, e perguntou as­ tintas , e quanto se mais molhavam m ais vermelhos
sim a lodos se nos parecia ser bem m andar a nova ficavam. T odos andam rapados até acima das orelhas
do achamcnln desta te rra a vossa Alteza pe lo navio e assi as sobrancelhas e pestanas; trazem to dos as
dos m antim entos para a m e lh o r mandar descob rir c testas de fo nte a fo n te tintas da tin tu ra preta que
saber delia mais do que nós agora podíamos saber, parece uma fita preta ancha de dous dedos-'.
por irm os de nossa viagem ; entre m uitas fa lia s que A a ttc n ç io prestada á gente conserva a mesma
n o caso lhe fizeram , fo i p o r to dos ou a m aior par­ intensidade applicada aos artefactos, e para comple-
te d ito que seria m u ito bom c n is to concrudiram.» tar-se v o lta mais de uma vez an assumpto. Assim a
Desta conclusão procedeu a carta dc Caminha, 2*1 menciona «ossos de osso branco da com pridão
e procederiam a dc C nhral e as de seus companheiros de uma mão travessa e grossura de um fuso dc al­
si n te mpo as poupasse com o a d o m odesto escrivão godão c agudo na ponta como fu ra d o r; melem-nos
de fe ito ria que e6crcveu p o r p ro p ria gosto, sen res­ jx ila parte de dentro do beiço, c o que lhe fica
ponsabilidade o ffic ia l, e p o r isso ta nto nos deleita anlre o beiça c os dentes i fe ito com o roque de en-
hoje, e afina pelas nossas predilecções e curiosida­ xadrez, e cm ta l m aneira o travem a li encaixado
des. De passagem note-se que o nome de Paschoal que lhe nân dá paixão, nem lhe to rv a a fa lta, nem
dado ao p rim e iro monte en trevisto e o de te rra dc oomer, nem beber» A 25 recorda: «todos traziam
Vera C ruz parecem datar desta- dom inga e não dc aquclles bicos dc osso e alguns que andavam sem
quarta-feira, 22. O fa cto de figu rarem desde a p r i­ elles traziam os beiços fu ra do s e nos buracos tra­
meira linha da m issiva m ostraria apenas como o ba­ ziam uns espelhos de páu que pareciam espelhos dc
ptism o era recente. A denom inação de Paschoal ex­ borracha, c alguns delles traziam tres daquclles bicos,
plica-se pelo descobrim ento no o ita v a rio da Paschoa, saber, um na melade e os dous nos cabos . A 26:
a da te rra pela bandeira de C h ris to , entregue p o r D. «trazia este velho o beiço tã o furado que lhe ca­
M anoel ao capitão-m ór, antes da- despedida em Be­ beria pelo fu ra do um g rã o dedo polegar, e trazia
lém. Sente-se em tu d o is to a influ e n c ia de F r. Hen­ m etido no fu ra do uma pedra verde ruim que çarava
rique, guardião dos franciecanos. « A lli era com o p o r fo ra aquelle buraco, e o cap itão (P ed r’ Alva'res)
capitão a bandeira dc C h ris to com que sahio de Be­ lha fez tira r, e elle não sei que diabo fa la va e ia
lum, a qual esteve sempre alta á parte d o Evangelho. oom ella para a boca do capitão para lha m ete r; es­
Acabada a missa desvestio-se o padre e poz-se em tivem os sobre isso um pouco rin do e então enfadou-
uma cadeira alta, e nós to dos lançados p o r essa areia se o capitão c deixou-o».
e pregou uma aolemnc e proveitosa pregação da his­ A aim adia tomada por A ffonso Lopes a 24 v o l­
to ria do Evangelho, e em fim delia tratou de nossa ta-lhe á m em ória no dia 26, á vista de uma- jangada:
vinda e do achamenio desta terra-, conform ando se «e alguns delles sc meteram em almadias, duas ou
oom o signal da cruz sob cuja obediência vimos, a Ires que ah i tinham, as quaes não são fella's como
qual veio m u ito a p re po sito e causou m uita devação». as que eu já v i; sómente são tres traves atadas jun­
A histo ria das duvidas d c Thom e, lid a naquella so- tas». A o lad o das carapuças variegadas menciona «um
lem njdadc, prestava-se a m uito s desenvolvim entos op- pano dc pennas de m uitas córes, maneira de tecido
poitunos. assaz form oso Q uanto aos aveos «são pretos e cum­
O desembarque á tarde, depois do conselho de pridos, e as settas compridas e os ferro9 delias de
capitães, forneceu ensejo a novas observações: «Ali cannas aparadas .
verieis galantes pintados to dos d c preto e verm elho Preso á praia próxim a, interrogava 09 que po-
quartejados assi pelos corpos como pelas pernas deram penetrar nas aldeias. A 27: «Foram bem uma
que cerlo pareciam assi bem ; também andavam entre legua c meia a uma povoação de casas, em que
ellcs quatro ou cinco m ulheres moças assi nuas que hnvena nove ou dez casas, as quaes diziam que eram
não pareciam m al, an lrc as quaes uma com um a coxa Iã o com pridas cada uma com o esta náu capitanea e
do g io lh o atá o q u a d ril e a nadega toda tin ia da- eram de madeiras e das ilhargas de taboas e cober­
qu ella tin tu ra preta e o al lo d o da sua p ro p ria c ôr; tas de palha, de rasoada altu ra, e todos em uma só
o u tra trazia am bolos gio lho s com as curvas assi tin ­ casa, sem nem um rep artim e nto; tinham de dentro
tas e também os colos dos pés; também andava hi m u ito s esteios, e de esteio a esteio uma rede atada
o u tra m ulher moça com um m enino o u m enina no polos cabos em cada esteio, altas em que dorm iram ;

O O O O O O 3 o O o o o o
U VR P O f O i'K H C OM M ! VORATIVO /X ) CENT t S A R M DA

naturaes, a esquivança iiis tin c liv a seguida log o de


c de b a ixo pera sc aquentarem faziam seus fo g o s ; e
confiança indiscreta. ..Tomavam lo g o um a esquive/a
tinh a cada casa duas portas pequenas, uma em um
como montezes... L o go de um a mão para o u tra sc
cabo c o u tra no o u tro ; e d izia m que cm cada1 casa sc
esquivavam como parda cs dc cevadourn, e homem
colhiam tr in ta ou quarenta pessoas c que assi os
não lhes ousa dc fa lta r r ijo por se m ais nãti esq ui­
acharam, c que lhes davam dc com er d a q u c lh vianda
varem, c tu do sc passa como elles quere n pelos bem
que c llc s tinham , saber, m u ito inham e e outras se­
amansar... Os o u tro s dons que o cap itão leve nas
m entes que na te rra ha- . A 28: .M u ito s dc llc s ( in ­
n in e , a que deu o que já d ito é. nunca aqui mais
digenas) vinham a lli estar com os csTpinlciros. e
pareceram, dc que tir o ser gente h cslia l e de pouco
creio que o faziam m ais p o r verem a fe rram enta de
saber e por isso são assim esquivos; elles, porem ,
fe rro com que a faziam que p o r verem a cruz, p o r­
com tu do, andam m u ito bem curados e m ilito lim p os
que elles não tem cousa que de fe rro seja c cortam
e n a q u illo me parece ainda m ais que são como aves
sua m adeira c páos com pedras fe itas como cunhas
ou alim arias montezas, que lhes fa z o ar m elho r
m etidas cm um páo antre duas tala’s m u i hem ata­
penna c m elho r ra h c llo que as mansas; porque os cor-
das c p o r ta l m aneira que andam (fic a m ) fo rtes, se­
|v h seus são lim pos c tão gordos c t.ío ferm osos
gu nd o os homens que hontem ás suas casas (foram )
que não póde m ais ser, c is lo me f a / presum ir que
diziam , p a r que lhas viram la Este honieni empre­
gado aq ui m ostra quanto escreveu CaYninha no do- non tem casas nem moradas em que s-' colham c o
iii in go e na segnmia, apezar da missa, d o sermão, dos ar a que sc criam os faz ta*s. Nem nós ale agora,
passeios por mar, do desembarque. Exactam ente esta não vim os ncm -tinias casas nem m in e ira ' de lias Isto
pensava a 2(>; a existência- d e casas fo i conheci la só
concentração mais avivou-lhe a m em ória das cousas
a 28 dc ab ril.
vistas.
do observador refin ava pela compara- A convivência despertou cada vez m ais a sym ­
O tali
: pela tendencia a red uz ir tu do a alga- pathia pelos filh o s da te rra c é-lhes fa v o ra w l o seu
ção constam
io. H á b ito s adquiridos no em prego dc m estre dc juízo fin a l, t ie r to esta gente c boa c de b o i sim ­
balança dc m icda, ob rig ad o a pequenos num eros e plicidade, c im prim ir-se-ha lig e ir.im e n tc n c llc s qual
responsável p o r fraeções m ínim as? qu er cunho que lhe quizerem dar. c lo g o Nosso Se­
(lo m p a ra tu do : o corpo e os membros da gente n h o r deu boos corpos c boos rosto s c o n n a boos
desta c dc sua te rra, a alm a c c g i e a cera, o iiru cú homens c c llc que aqui nos trou xe, creio que não
c as castanhas, as contas indigenas e as sementes fo i sem causa. E, po rtan to V o s s i A ltc z i. puis ta nto
de a lja veira , os rostos de uns e ou tros ind ivid uo s, deseja accrcsccnlar na Santa fé catholica, deve enten-
chegando p o r duas vezes a co n c lu ir que eram irmãos, d i t cm sua tlalvaçã' ã-i, prazerá a Deus que com pouco
as aves que passam voando. <Em quanto anda vamos truh alh n scr;í assin im ^ E llc s n ío lavram nem cria m ,
nesta m ota a cortar a lenha, atravessavam alguns pa­ nem lia aqui b o i li vacca, nem cabra nem ovelha.
pagaios p o r essas arvores, d c llc s verdes e ou tros par­ nem gallinha ■ o u tra nenhuma a lim a r ii que costu-
dos, grandes c pequenos, de m aneira que me parece inada seja a ii viver dos hom ens; nem comem senão
que haverá nesta te rra m uito s, pe ro cu não veria desse inhanuL-. que aq ui ha m uito , c dessa sc-menk
m ais que n o i r au d e i; o u tra* aves então não vimos, (a b a ty ) ou rn ilh o e fru to s que as arvores de s i laii-
sómente algum as pombas seixas, c pareceram mau:* çam ; c com tu d o i SSO andam tnes c tão r ijo s C tão
res em boa quantidade ca aa de P o rtu g a l; alguns u i dios que o não somos nós tanto com quanto trig o
diziam que viram rolas, mas eu non as vi-' A 2Q: e legumes comemos ■. st
trom eram papagaios c ou tras aves pretas quasi como in in ha não seria do seu te m p o se consagrasse
pegas si não quanto tinham o bico branco e os largas paginas á dcscripção d.r natureza, mas escre­
rabos curto s:. veu o bastante para m ostrar que também vibrava a
Um trecho já aproveitado acima pode scr repe­ estas emoções.
tid o como exem plo d ti m odo p o r que apurava os co­ .E sta te rra, senhor, me parece que da ponta
nhecim entos e a boa fé com que reconhecia sua ign o­ que mais contra o S ul vim os ate a o u tra que mais
rância: Também andava ahi o u tra m ulher moça com c.nitra n N o rte vem. dc que nós deste p o rto houve­
ii ui m enino ou m enina no c o llo , atado co n um pano m os visto, será tamanha que haverá nella h m vinte
não sei d c qtic. que não lh e pareciam senão as per- o u vin te c cinco léguas p o r costa. T ra z ao lo n g o do
n in h a s . m a r cm algum as partes grandes ba rre ira s, d e lias ver­
A conta, o peso, a m edida são-lhe, por assiin m elhas c de lias brancas; c a te rra p o r c in n to d a chã
dize r, iinprcscindiveis: c in ta as aves que passa.n, es­ e m u ito cheia dc grandes arvoredos. De p in ta a pon­
tim a cm cincoenta c cincoenta c cinco am o s a idade ta c toda praia parma c m u ito chã c m u ito frcino sa;
de um re lh o que encontra, orça a largura- e o fun­ pelo sarlão nos pareceu do m ar m u ito grande, por­
d o dc um rio . aponta as sondagens, calcula quan­ que a extender olh os não podíamos ver senão terras
tos vasos caberiam na babia. dá as distancias guar­ e a m n ed os que nos parecia m ui lon ga terra. N e lla itá
dadas pelos esquifes num passeio ao lon da praia, agora não podem o s saber que haja1 ou ro nem prata
avalia pela costa' o com prim ento da terra ,-a. nem uma cousa dc m etal, nem ds fe rro , n em lh ’o vi-
m os; pero a terra m i s im é dc m uito s b.m s ares,
Não pára nas exterioridades e, segundo sua pro- assi frio s e tempe rados com o os de antr c D o u ro c
nicssa, conta o que lhe pareceu. Convcnre-siie da fa l­ M in h o , porque ne sle te m po dc agora aísai o acha-
la d c senhor, is to c, dc pessoa acatada c te iu ida, rc- vamos como os de lá ; aguas são m uita s ilifin .la s ; e n
giisija-se com a ausência de id o l os, tão favoravcl ta l m aneira é gr<iciosa que querendo a aproveitar
ao fu tu ro dn catechese; indica a ausência dc circtunci- dar-sc-a nella tu do per hem das agnas que tem .
sã o ; nota a indif(crença, a ingra-ti Ião apparrente dos Uma lacuna e: bem notável sentc-sc na- epistola

O O O O O O
ICMTÍ4102

O de e ffe tio ro p id e
m n n a toss&a b r u n e h ite s . o a IK ít u is f l
■ c o q tu iu c íu .^ n p p c . c o ru ü fx iç d e s . j H
■ in & o fr .ru n a n e r v o s o ^ u u ru ü r,
l i t r ü ia m /n a ç ^ x ia d a g t u ^ u n i a ,
U d o n e s a o p e d o e rin s .c 's ia s e l c ^ H

È & k i h u i W -ú lü /T itn k axkuU uxr ^ P *


J Jiaota£ka US
V ^^Gfcséracá} nt> *í&u/*eauj, V
w J ife rn a & a n a fd e $ & & Y ie
Ha b o r a t o r d o A ir a g á o

O CONTRATOSSE e as Sete Maravilhas do Mundo.


I M I U 'I .\7 » /.\r/.1 ' ’ >* EXPOSIÇÃO IN U-.RSACJONAl.

dü Vnz d c C n m in lu : o sol ardent", n lnar, as constcl- N i m Cam inha era secretario de C ab ra l, nem des­
laçOc* no ras , 15o diversas das do hemispherio septen­ embarcou só a 26 dc a b ril, nem dem orou apenas cinco
tr io n a l, uSo lhe arram am referenda liquer. A dias, mas isto pouco im porta. S i o p ilo to p o rtu g iicz
stia ig n o ra it cl a de singradur:.* e m arinh in as se ex- pai sou lige iro p e los dias de P o rto Seguro, e xp lica-
le n d e ria a'is plicn ou ie llo s astronómicos? Eli I retail to se is to pelo fa c to dc oc.xipar-sc da v ia g e n in te ira
esias questões interessaram pelo mentis os p ilo t is de 1‘ c d r’ Alvarcs. A in ip orla nc ia dns successos dn
da I ro t a, e m estre João, hacharel de acte, e medicina, India, as perdas de navios, o s tq u c da fe ito ria , <>
transui i i tin o eco enfraquecido dos debates. bom bardeio dc (Galeent, ele., obsLXireceram o id y lio
A carta de il i esi re João. lambem dataJa d I de b ra s ileirti. l o d o o essencial da carta: dc C am inha
m aio c descoberta por Varnhagcn, deu a/.» a Joaquim apparece na rei a vão anonym a, ás vezes em term os
N o rb e r io para levantar o problem!, da casualidade quasi idênticos, c sua chro no lo gia tem tanto d c r i ­
ou p r o p o à io no descobrim ento do Brasil. Explicou-n gorosa como a do p ilo to de inexaela, o que, aliás,
m a is ta rd e, com s iu bonom ia resign;..la e s n i ironia não merece reparo especial, pois um escrevia ao
lig e ira m e n te itu -lam a lie .i a quem isto escrevi: apenas compasso do succcsso, o o u tro narrou-o mais dc um
q u iz semear d u v id a i. Estas duvidas m além-mar Irans- anuo depois, O p ilo to , sem co lo rid o em bora, mas
fo rm a ra m -s t, |K ir assim dizer, e n certe/ns c ho je com precisão incontestável, abunda em pot-men ir e s
é q u asi dogm a a l i i e mesmo aqui qn o descobri nento que s o lo podia conoccrsc después de una residência
d o B ra s il não f o i fo rtu ito , em m uros (ermos fo i fin ­ en aqucl país d e s c i no e id o . M estre João não p o dia
g id o ; pensam ale alguns que o verdadeiro desc.ihri- d. il-o s , todo em bebido em astrolábios e m appa-.niindi.
tU .r irliairinva- sc D uarte 1[’ i.vheco, o A c h ille s lusitano e, além d is s i, dia n te de una pycrna que te iig o m ui
1f iam in ha d i. nem ui ri mo.to s iifira ga esta1 these: m ala que de una cosadura se mu ha fecho uno chaga
a de 1 r. He iiriq tic c >nveikeu-o c .liais dc uma vez m ayor que la pa lm a dc la m ano . D e resto, o o r i ­
eui l i id 1vê .1 ui ào divina . Os p.iirlid arios d o dcscohri- g in a l cm papel e caracter do tem po, conserva-se ainda
tllienli ) p i opt 1dt.lll devia.lii pesar helll as occurre li-'ias na T o rre do T om bo , sem jam ais te r despertado m i­
(It * co il selim d<;* «•Pi»*'L-s rei ui idos a 26 de a h ril. nim a d m ida em quantos o manuseara n . E m fiin, q u a l­
l*i« Ir' Alvares 1-erg iin t.iii assim ;I to dos sc ii.is parc- qu er dip lom a fa bricad o visa sempre unir. dem onstra­
ci. cr hem rna iu l.ir a u. iva d» aichamviito desta ler a ção o u ii.ii interesse. Q ue demonstração se pode encon­
a V-ii« a A lie Z.I pelo na r io dos riie .itim enlos pera a tr a r na cnrla d v ia ja n te e que interesse d c l l i d e ­
u i clh o r mand descobri)■ c sabe:r d e lla mais do que d u z ir?
a g r . i nos podia<iios saber, p .ir irm os de nossr. via- A 2 dc M a io partira m os onze navios, lo g o
ge .it c antre m uita s fa lia s q u : m c ír o s : fizera,n fo i reduzidos a qita«i inc lu d e p o r uma tempest:.Jo na
p o r to d o s o u a m aior p a rle d ito que seria m uito bem passagem dc Htia Esperança, donde aproara n a Ca-
v nisto c o n rn id ira in . T ão p.nieo fundam ento assiste Iccut. A 12 d c D ezembro fo i a lli assaltai):, a fe i­
aos pane gyrista s d. D ua rte I'ccheco: só a leitu ra des- to ria c m ortos quasi lod os os po rtiiguczcs n e lla en­
a tlc n la d o /.'.sn u m ! lo p re m illc tra n s fe rir pnra.aqitem contrados.
d :i e q uiii icial viagens e descobri.nciitos realizados nas Pero Vaz d c C am inha fo i um dc llc s q u içá; em
alta s latitu de s do hcm isphi-rio do N orte. A dicho­ to d o caso, m o rre u na India, em serviço d c l-K c i, sc
t o m y salta aos olhos. gu ild» uma c arta re g ia dc 3 de Dezembro de 1501.
O u tra a p p lic a v lo não menus curiosa deu um i l ­ Is to força-nos a retroceder.
lu s tre h is to ria d o r arg en tino á lenga-lenga confusa de Quando C am inha to m o u a penna na bahia de
m ostre João. L u iz L. Dom inguez servio-se de lia para Porto-Seguro, sabia ap pro x im a du nc ntc o que ia d i­
de clarar a p x v y p h a c carta de C am inha, em um ar­ zer c com to da a precisão o que ia pe dir. «E pois
tig o pu blica do por l.n B ib lio teca , Buenos Aires, 1897. que, Senhor, C certo que assim neste cargo que levo
i,ü ,3 Portugueses (d iria m elho r os Brasile iros, com o cm o u tro qu alq ue r o u tra cousa que dc vosso
a quem taca m ais de pe rto ), iniran con ruspet.> «aera­ serviço fo r, Vossa A lte z a ha dc ser da num m u i hem
m enta I la carta dela liada y p ro li ja dc Pedro Vaz de servido, a c ila peço que p o r s ing ula r mercê mando
C am inha, secretorio de C ah r;.l, en que da al rey m in u ­ v ir da ilha d e S. T hom e Jorge d ’O souro, m eu genro,
ciosos porm enores d c la lie rra y de los ind ios re­ o que delia receberei e.n m uita mcrcê-i tacs suas u l­
co j id o s en los c im o :liis que a lli se de .nora ran. tim as linhas.
E l desembarco tu v o lug ar e l 2b de a b r il; la A explicação é patente: Jorge d ’O s o tiro fò ra de­
carta cs de l I de m ayo de 1501). P rob ah lcm ciite fuc gradado para c ilh a de S. Thomé, c o sog ro pedia
escrita m iichos aiios despue- dc esta fecha; y esle para c lle in d u lto real. Os documentos p u blica do s por
ju ic io se LXinfir.ua I even do la descri pcian autêntica Souza V ite rb o tornam m u ito provável a conclusão.
dc este via je , escrita p o r un p ilo to português y pu­ Cerca dc 1491, Jorge d ’O souro fo i juntam ente com
blica da por la Acade.nia de Ciências de l.isho a en o u tro s apossar-sc á força dc uma ig reje , erradam en­
la onlcccióii de N o tic ia s IH tra-m ar'u as , tom o 2, y te «uiside ra da rag a, e acctisani-no de te r roubado
la carta de i c in irja n o c s p -ilo l de la c x p cd ición de pão, vinh o c ga llin h a s c outras cousas que poderiam
C a b ra l, Johannes Ei neu clans, publicada p o r Varnlia- v ale r m il c trezentos rcaes. Pelo mesmo tc.n p o deu
fe rid a s cm um clé rig o «scilicet, uma pela cabeça,
gen.
La sc ncilcz y rudeza dc estas cartas de tcstig as c o u tra p o r um braço e outra pe lo pescoço c tres
y aclo rcs contrasta con el e s tilo li.nado y la1 nar- fe rid a s pcqiicr.as pelas costas >. P o r estes crim es aii-
ración llc n a de pormenores que s olo podian cono- dou hom isia do cinco ou scis annos ate que, desis­
verse despues de una residência un aqucl pais des- tin d o as partes, D . M an oe l perdoou-o a 16 e 17 de
ja n e iro dc 1496. T alve z o casamento cam a filh a de
cniiocido».
P e ro Vaz seguisse a estes perdões.

o o o o o o o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO

Si D . M anoel o fe z to rn a r d e S. Thorn c ou se lá F allcccndo R od rig o, sticccdcu-lhc em 1530 Pero


succtim biu ao c lim a pestilen to, ignora-ge. Apenas sa­ Vaz, seu irm 3o, q iie 10 annos mais tarde renunciou
bemos que cm 3 de D ezembro de 1501 E l-R c i fez o lu g a r cm Francisco Pereira.
mercê do cargo de mestre de halança a R odrigo A existência destes Osouroa seria m ais uma p ro ­
d'O sou ro, m eto de Pero Vaz de Caminha, que ora va da authcntieidadc da1 carta de C am inli si real-
fa llcce u na In dia onde o enviamos, confiando d e llc tn eitlc pudesse ser posta cm duvida. Segundo in fo r ­
que ta n to q u t fo r de i Jade pera isso o fará bem e mação verbal de V ie ira Fazenda houve O souros no
c*nno a nosso serviço e bem das partes pertence, R i i, alguns com a pecha de chrislflos novos.
c querendo lhe fazer graça e mercê, v is to como o
d ito seu avô m orreu cm nosso serviço. T an to que fn r
tte ida de ... te ria cnt3o cinco annos, 9i Jorge d ’O so u­
ro casou lo g o depois de ja n e iro de 14<3fi.

O O O O O

MAPPA UA AMERICA IX ) si I SÉCULO XVII

O O O o o o 6 o o o o o o
C O N F IN S T E R R IT O R IA E S 1 )0 BRASIL

M dos elementos que actuaram mais be­ O in lu ito m anifesto dn C apitão-m ór, an ordenar
lief i eam ente na formação cie nosso ra- a N ito lá o C oelho que fosse, em navio pequeno, pro­
raclcr tie povo, no convivio inte rna cio­ curar ancoradouro seguro ao longo da costa, avis­
nal, fo i n te rrito rio , p o r sua co n fig u ra ­ tada a seis m ilhas dc sua nau, c, depois, ao vele­
ção, grandeza e situação de nucleo d o continente sul. ja r e llc mesmo, seguido de seus capitães, em busca da
A confiança no fiiiiir o prospero, que as riq ue­ fo z d c um rio que, pareceu, ab rig aria toda a esquadra,
zas da te rra nos preparavam, deu log o, á nossa fo i d a r in ic io aos reconhecimentos que, de então
p o lilie a externa, serenidade e rcctidãn notáveis, que p o r deatite, iria m assign alando, a pouco e poucq
só os povos hein s atis feito - tie seu passado c con­ o con to rn o litto ra n e o dessas terras, a que davam con­
fiantes na m agnitude de seus destinos conseguem figu raçã o insular.
ter. N ão se le ria d e lido o C apitão-m ór em busca
A s causas determ inantes dessa grandeza e a fo r­ de re fu g io c desembarcadouro, s i jii não tivesse pre-
ça dos elementos que d ila taram ta nto os confins do sentim ento bem fo rte das possibilidades de explo­
B rasil merecem, portanto, algum estudo. ração fructuosa p o r ahi.
A conquista e exploração das terras brasileiras A cerca de dez léguas dessa foz, a esquadra al­
fo i, sem duvida, a m aior empresa que coube aos cançou um ah rig o, a que se acolheram logo seus na­
portuguezes rcalisarcin, mas não bastaria to da a sua vios menores. A ffon so Lopes, p o r ser »homem vivo
notável audacia pertinaz, para levar a fe liz te rm o tão e de stro para isso» teve, então, ordem de ir a remo
grande fe ito . por esse p o rlo a dentro, a snndal-n cautelosamente
O e x p lorad or assignalava os lim ite s da conquis­ e, quando de v olta , já n o ite fechada, elle apresentou
ta singelam ente, p o r cruzetas meuzas na' rocha tosca ao C apitão-m ór dous indígenas, certamcnlc Pedr’ AI-
c nos vetustos cortices da m a tla ria o u p o r mostras vares, com lodos os seus, ficou bem sorpreso e des­
um pouco m ais patentes de desvirginarnento das te r­ crente da fo rlu n a que a calm aria pô tlrc das costas
ras conquistadas; era pouco para m arcar os confins africanas parecia te r-lhe assegurado, ao achar essas
de tão vasto te rr ito r io e de configuração ainda m ui­
to incerta. N o m axim o, fix a v a u n i ponto, o extre­ A nudez dos indigenas, o menosprezo que esses
m o de um a exploração line ar. M a io r fosse o num ero dous jovens selvicolas mostravam p o r joia s c pedra­
desses pontos c ainda não seriam bastantes para rias raras ao disputar, indifferentem ente, aljô fares e
desenhar o pe rim e tro das posses portuguezas n o con­ gorras dc lã, m im os de ou ro dc le i e alcatifas, pa­
tinente. ten Içaram lo g o a to da at gente da esquadra a indigên­
H ouve, na verdade, elementos estranhos e m ul­ cia d o s itio , de todas aquellas terras, incultas c po ­
tip lo s que fa c ilita ra m m uito a conservação dessas pos­ bres de m ais para seduzirem quem ia despachado para
ses e o m a io r de iles f o i o menosprezo de tã o gran­ o re in o de C alicut.
de blo co te rr ito r ia l por quantos aventureiros dc Cas­ Um raio de esperança cuhiçosa ainda veio, no
te lla faziam , avidamente, a descoberta e a explora­ emtanto, a b rilh a r nos ólhos daquella gente, quando
ção das regiões em torno. os indigenas deram m oslras dc conhecer o m eta l do
As condições rudim entares dc viv e r do auto­ custoso c o lla r de ou ro de lei de Pedr’ Alvares e o
chtone do Brasil, cm c o n fro n lo com a c u ltu ra e r i­ das arandelas c do candelabro de prata m artelada da
queza d c ou tros povos do continente, que já eram praça d ’ armas da nau capitanca.
boa preza dos hespanhoes, ora tornaram defezas, ora Sorrisos d c satisfação alegraram toda a compa­
desdenháveis as terras centraes da1 Am erica m eridional. nhia c lo g o os homens da tripulação, m ais hábeis em
in mi iça, trataram dc o b te r dos dous selvicolas alguma
confirm ação de que nessas terras havia1 daquelles ricos
metacs. E, então, o u tivessem os indígenas entendido
C o n ta d o s passageiros com a costa do B rasil não m al to da a m im ica da' gente d c bordo ou essa inter­
tinham despertado o interesse do fe liz -acham cnloi pretado erradam ente a resposta1 dos dous jovens, o
dc C ab ra l, que, tomando posse do s olo que pisava, certo c que todos chegaram á confortadora conclusão
deu lo g o á gente dc sua nação o d ire ito exclusivo de d c que havia naqucllas paragens o u ro c prata, em
exp lo ra r essas paragens. natureza ainda nu em obra, mas avaranicnte escondida.

o o o o o o 7 o o o o o o
LtVR p DE OL'RO COMMEMORATIVE) IX ) CENT ES ARK) DA

N o dia seguinte, Pcdr’A lva rcs aprcsstni-sc cm des­ o po n to dc convergência de todas as empresas dc
pachar N icoláo C oe lho e Bartolomeu D ias, com I’ cro exploração, que partiam da costa ao sul d o mar
Vaz, a esc illa rcm os dons indigenas, que d ie s de i­ das Am ilhas c desciam á fe ição da cordilheira.
xariam na praia, cercados d c prescnles hem vistosos c O s mappas da época deform avam m uito o con­
cru companhia dc A tfon s o Coelho, um dos degrada­ tine nte sul n o sentido transversal, afastando cxaggc-
dos da esquadra, escolhido para fic a r cm terra, a radamente o litto r a l do Brasil das terras altas d.» Pa­
aprender a lin g u a do paiz c desvendar, em fim. o cifico. Era dc desanimar os mais ir.idazcs a ve n tu r.-i-
m ysU-rio das riipiezas d a qiic llc solo, qtic, então, já ros um a penetração até ás regiões incaicas, a p.ir-
parecia prenhe d c sorpresas scducloras. t i r da costa d o Atlântico.
O s dons sclvicolas tin ham, sem querer, desper­
ta do naqiicllcs homens, t3n anci.«os p o r alcançar a
reg iã o fascinante da cosia dc M -.la h ir, o desejo de
se apossarem das terras achadas c cniprehendcreni O u tro factor, ig u a liiic iile fo rtu ito , do delinea­
lo g o alguma exploração, que lhes revelasse o real m ento das te rras do Brasil com ta l am plitude fo i o
\a lo r dessas posses. desejo, que o castelhano ainda m antinha, dc- ene n i­
An ciavam to do s achar provas de que havia ouro tra r, para o lad .i do occidente, err nin ho para as re­
c outras riquezas naquellas incutias paragens. m otas Índias, eid a v e / mais fascinantes.
O A lm ira n te mandou, então. A ffon s.i C oelho <1 estorvo das terras da Am erica lrva o n iv e g i-
acompanhar, de novo, os indígenas, mas esse volto u •h ir de H es pau ha a exp lorar ;.\s costas do sul do con­
lo g o , dizendo te r ido ate u.nas rhonpaninhas de r;.ma tine nte, a b aixo do ponto e.n que a linha de T o rd e sil-
verde N .) d ia seguinte, teve ordem dc internar-se, las marcava o c x lrcm o das pnssvs p.iriuguezas. E llc
com mais dous degradados, e D iog o D ias .por ser tem esperança de achar p i r r.4ii ca,ninho aberto para
homem ledo etm i quem os indigenais n iq ito folgavam. n O riente, f. então que S olis vem a «lese ih r ir O es­
Andaram c'sses bem legua c imeia. até alcançar tu á rio d> P u ta . que C hrisíovâo J a rq u --, a serviço
um aldeamentoi, mas nem ahi em-ontrnram vestigio de P o rtug al, alcança m c/vs ep ís , a velejar para o sul
de qualquer m etal.
. N e ll a até ag iro não pudemeis saber que haja Dez annos depois cm 152t>, f'a b o t s >be por
ouro. nu prata, nem nenhuma cousa dc m etal, nem abi, chega á foz do U ruguay c nianJn Ramon g a l­
dc fe rro lhe vim os . P e ro Vaz p a rticip .n l, então, a g a r o rio , mas seu companheiro lo g o m iiln g a no
E l Rey e nessa dc» iladora duvida fic o u l a t i a gente S alto Orande. C nh ol prnsegue até á f.iz do Oavea-
dc C ahral até a paTlida. ranha. ergue ahi um fo rte c v a j alem. passa a con­
Alem dos degradados escolhidos para fic a r em fluê ncia do Paraguay Na volta , sobe mais de trin ta
terra, mais dons homens da esquadra ahi ficaram léguas n Paraguay clcançando as piragens on le está
ta m lirm , mas por querer. A ciihiça levara-os, talvez,
Assumpção Tratara bem os indigenas c começa a
a internarem-se de mais a procura das riquezas do
te r noticias dc a lg u n ou ro e m uita prata lá para
paiz Qnand-i v o lta ra n á praia, já ia lon ge a esqua­
as handas d o norte.
dra c ahi «ne intraram, a chorar, os dous degradados.
O estuário não é o caminho das lnJias, me 5 ah i
Nem se sabe o nome desses audazes, os p ri n i-
chegam aguas dc rio s caudr.fosos que vem d : cima,
m s e> .loradores das terras da b ra s il. Ambos mere-
ta lvez do re ino dos lucas, que n aventureiro hespa-
nhol ainda procura ancii sa'.ncntc.
A marcha dos exploradores de P ortugal e Hes-
panha começa, então, a orientar-se no continente sul.
C hristnvão Jacques, partindo dc Todos ns S in ­
tos, ergue um fo rte a 10 léguas n o inte rio r d o paiz.
D M anuel apressou-se cm p a rticip ar esse Feliz M u ito m ais para o sul, Ramnlhn, com alguns com­
achamcnl1 e, log o n o anno seguinte, mandou ex­ panheiros, já tinh a conseguido fazer lig a c cruza­
pedição ás novas terras, mas seu in tu ito fo i m ais de m ento com os indigenas e internar-se.
firm a r titu lo s dc posse, que de e x p lo ra r a conquista. Uns, procuram estender assim suas posses para
O successo não fõ ra dc a lvo ro ta r os cubiçosns o occidente; outros, tentam dilatai-as seguindo a l i ­
audazes do R eino, já então indifferentes ao descobri­ nha da cordilheira. O hcspanhnl dn c s liia rio sobe
m ento de ilhas incultas pelo oceano a fó ra c mais os cursos d'agua dc nascente m ais se p te n trio n a l; o
empenhados na oh tenção nu na pilhagem provável d o equador segue para o sid. Am lios orien ta m suas
de certas mercancias d c boa rendagem na ro ta do marchas para Cuzco, situada num recesso dos Andes
O estada p rim itiv o de todos os povos do Bra­
Dessa prim eira expedição só dous homens fo ­ s il continua a ser prova bastante da penuria dc suas
ram cm te rra. O C a p itio esperou-os sete dias-, ne­ terras e, assim, um fa ctor da invio la b ilid a d e do nu­
nhum voltou. cleo te rrito ria l do continente sul.
A segunda, que v eio dous annos depois, parece
que cuidou m ais de percorrer a linha dc con to rn o ma­
r itim o da cilha-, achada por Pedr’A Ivares, para ga l­
gar a Asia pe lo sul.
Riquezas fahulosas levavam ás ludias o portu- Em 1335, chega Mendoza á banda m eridion al
guez: an g o lfo do M exico ou á costa dc mais facil do estuário c fu nda Buenos A ires, mas, atacado pe­
accesso para a região dc Cuzco, o castelhano. los indigenas, abandona o sitio c passa a chefia da
A situação geographica da capital dos I neas era c x p e d iç io a Ayola, que vac rio acima1.
Adriano Ramos Pinto & Irmão, L.da — Porto.
IN Itr.P I.N tU .XC lA I DA l.XPOSIÇA') IN TI: RNM UON Al.

Os irmãos d i­ Mendoza vêm, então, a procura


ü u ia d o p o r dous frades c alguns h.t.nius de
de provim entos na costa sul do Brasil c recolhem,
Cabrera, Cabesa de Vaca, cm m archa para Assum­
cm Santa C atharin;). alguns castelhanos de C abot, pção, atravessa u Itajcáiy, alcança o Iguassú, transp’ie
qlle os portugiii-zes já linhan I corrido dos arredores
o lib a g y c seu afflue nte T aq iia ry , mas volta p ir a o
dc S. Vicente. Iguassú e p o r ah i segue até alcançar o Paraná. Tem
P ro seguem para o norte as explorações dos cas­ frequentes no ticias da passagem dc portuguezes por
k-lhanos, em busca das terrais do P e ni e da g r ille aqucllas regiões c aproveita a sua trilh a . I ) jh i segue
J i' P iza rrn t Al.nagr . par lerra, depois dc to m ar posse do rio para a
<) curso ilo Paraguay era a via de commutiica-
ção indicada para qualquer expedição , que r ia, a-üi.n,
coreia de seu reino.

do sul m uito ao norte, até onde os info rm rs d iz iim


Essas marchas calc-ocslc vão troçando a lin h i

estar perlo, do lado occidental, a opulenta1 c;i pita i


scpte iilrio n a l das posses de C astella n» região per­
corrida.
dos Incas,
A yn la, c'NIão, sobe o Paraná e co n tin lia pelti Pa-
ragh.iv acimi]; alcança a aldeia cari j ó de L in i iparé.
na fo z do P ilcom ayo, A fa rtura d'» pjriz s<L-lIlIZ
log o Cabesa dc Va ta sobe, por fim , o P jrra gin y c vae
« •:' Kvntc c m penúria. Cada homem le u , de
m io . duas m ulheres ind ige na s; n capitão ri-c jh c sctc.
pre- até p e rlo da fo z do Cnyahá. Tem a lii n o th in d i
aventura d c G arcia, um p o rtiig iic z que fôra aos con­
t. ci paraisn tie M a h o m e t; to Jos ahi ficavn. fin s do Pvrií m u ito antes doa castelhanos.
A vo la fu nda Assumpçã-i (1536) c, depois, pr.i- f im preciso t incerto o que se conta desse aven­
segue no Paraguay. D eixa Y rala cm C andelaria, tie. tu re iro , que devia ser da gente de Ramalh-i. And-.-
I echo dos M nrro s. e io n lim n p n r le rra p ir a o occi- cissiim i exp lorad or, só deixou, no cm ta nto, recor­
de tile, a procura do cam inho dc Cuzco. dações saudosas.
O curso d o Paraguay é, de então p o r de anto, A le ix n Ci areia, cm companhia de mais cinco ou
o caminho da ge nie do Prata que tent,- s ub ir ale o seis c de um bando de indigenas aguerri .los, te ria
dcscid * um a fflue nte do Paraná, transposto esse rio
acima do sa lto das Sete Quedas c da hi marchado,
por terra, c,n husca do curso d o Paraguay, ind o ate
Antes dc Mendoza fundar Buenos A ires, Ordas o va llc d o T a rija . D j v o lta do Peru, carregado de r i­
te n tarn s ub ir o Amazonas, na' esperança de ale inçar quezas, c llc e sua gente te ria sida, então, dizl nada ao
p n r ahi Cuzco, que P iz a rro não ta rd ou a descobrir descer o Paraguay.
p u r terra. Cahesa de Vaca v n ale á região do X ira y e s c
Dcz annus depois, O rellan a desce o Coca, en­ ahi funda P u erto de los Rcyes. D eixa o rum o no­
tra no Na|wi e. b a ld o dc recursos, aventurasse r io abai roeste de C uzco e manda gente proseguir até onde
x o , chegando, p o r fim , ao estuário d o Amazonas. E da se dizia haver m u ito o u ro c praia.
fabulosa narrativa’ desse fe ito a lenda das mulheres Essa gente só consegue, e penasamente, encon­
g iic r i eiras que deram nome ao rio c do Oram M oxo, trar uai povo que já tecia o algodão, fermentava o
E l D urado. T res annos ainda não e rs n passados e m ilh o e que lhe fala , saudoso, de Garcia c seus com­
c lle tenta re p e tir a proesa rio acim r. porém recua panheiros. Até ahi encontra v e s tig io dos portuguezes.
a unias cento e c inrocn ta léguas do estuário c morre, O A dclaniado ten la varar a região, indo alguns
ainda cm aguas que descem. dos seus até avistar u n pineam, ta lvez o dc S. Jc-
Avres da C unha c ns filh o s d c |o3n d'.' B irro s ronym ii, na serra da ChapaJa, mas recúa c chega,
já tinham tentado essa conquista, M c lin da Silva p o r fim , a Assumpção com os destroços da partida.
le n i ou-a depois, mas todos foram infelizes, A margem oriental do a lto Paraguay nunca seria
A empresa n3n seduzia castelhanos. O po n to dc castelhana.
convergência dc suas explorações continua a ser a Y rala sobe, então, n ovam ente o rio Paraguay,
região dos Incas. O s portuguezes tinh am toda a cosia mas visando a região opposta c chega ás terras dc
do B rasil a e x p lo ra r c a guardar dos entrelopos que
a infestavam . O curso d o Amazone s n3o era v h de Nesse inte rim , outra expedição de Hcspanha nau­
penetração que conviesse, então, a qualquer d e li cs. fraga cm Santa O .lh a rin a , mas só em 155-1, dous
annos depois, a mór parte dc sua gente segue p o r
terra para Assumpção,
Acccllllia-sc a lin h a in fe rio r d o bloca te rrito ­
Um anno antes d c O rellan a descer o Amazonas, ria l do Brasil entre os rio s Paraná c Paraguay. Essas
Cabesa dc Vaca paTte dc Hcspanha para proseguir penetrações visa.n sempre a cidade fundcJa por Avola
perto d o Pilcomayo.
nas empresas dc M endoza e A y n la, mas. p o r im pe­
rícia dos marcantes o il asllicia d o A d e la n tid o , a rri­
ba a Santa C a lh a rín i, o extrem o m e rid io n a l das pos­
ses portiiguezas, segundo a linha dc T o rde silla s.
Y rala v o lta de Chiiquisaca . resolve extender
Já Ires atinos antes Cabrera dirhi pa rtira por
te rra para as margens d o Paraguay. Rezam as chro- suas pusses para o oriente. Sob n pretexto de p~o(c-
nicas que c lle fo ra . também, forçado af isso. M s is g e r seus indigenas da ag gre ssio do9 brasileiros. V e r­
parece que, nessas penetrações, os hcspauhocs só pro­ gara fu nda O ntiveros, que v eio a chc.nar-sc Guayra,
curam encurtar cam inho para a vis flu v ia l que os leve á margem do Paraná. M iis tarde, W elgarejo transfe­
ao Peril. re-a para n margem opposta, tres léguas acima, per­

ci O O o 9 o o o o o o
LIVRO P E OURO COMMEMORATIVO IX ) CENTENÁRIO DA

não se confundem. A continuidade dessa reunião p -'r


1« da fo z tio Pequi ry , c m ud a-lhe o nome para
o ite nta an nos veio. até, a fa c ilita r a expansão te r­
( iu d a d R ia l. Y ra la mandara Chaves colonisar a re-
giSi do Xaraycs, in u ilo a.) no rte, rio acima, mas r ito r ia l dos povos do Brasil.
Logo no p rim eiro decennio do scculo, Jeronyin»
e»sc resolve m archar para n o roeste e vem a fundar
Santa C ruz d c la S ie rra, umas cincocnta léguas ao de Albuquerque fo rlific a -s e tia fo z do <.a;nociin e,
sul da actual. depois, expulsa de S. Lu iz os francczes; C aldeira se­
( ) curso d o Paraguay não convém aos castelha­ gue e funda, em 161 6, Belem do Pará.
nos acima da lagoa Uberaba e p o r essa linh a de Sete annos depois, Aranha dc Vaseonccllns e xp lo ­
aguas fica, desde então, d e lim ita d o , pouco mana ou ra o curso do Amazonas e varre as fe ito ria s inglczas
menns, o dom in in te rr ito r ia l dos portug iicze s na re­ e hollandezas, já então pelo esluarit» a de ntro ate
giã o de M a tto -O rosso G u m pá.
hm qiiantn sc desenha assim a linha septentrio­
nal das posses portuguezas, o serviço de catechese
vac-sc organisando n o s u l, de modo a cara clcrim r
A fabulo sa riqueza do Peru, qu e os c stelhaiios as terras dos dons reinos, que continuam , no em-
procuram sempre e avidamente, veio, por fim , a des­ ta n to sob um mesmo sceptro.
pertar a cubiça da gente do Bra-sil. jesuítas do Peru e do Brasil vão trabalhar, mas
A empresa de Ciarcia, a:> inte rlia r-sc para alcan­ nota-se lo g o o inconveniente dc rcunircin-se m issio­
çar, por terra, o re ino dos Inças, C tentada p o r Ga- ná rio s obedecendo a dous Proviiiciaes. lio s cinco do
brio l Soares, que sobe o S. Francisco e vara o con­ B rasil só fic a o portnguoz O rlc g a , que segue para a
tine nt' ale a pro vin cia de Charcas. Pero C o e lh o tam- reg iã o do Guayra. Essas missões de catechese são
h .rn tenta depois, duas vezes, alcançar essas terras nômades. C onvinha que obedecessem a um m esnn
pelo Amazonas acima, mas nada consegue. chefe. As terras ao orie n te do Paraguay e i nia i-
E não cessa,n as internações, que vão dilatando, gem septentrional d<- [’ raia paasa.n então, a ser de­
a puuco e pouco, as posses portuguezas, cm quanto pendentes d o P rovin cial do Brasil, A resolução c
os castelhanos, fascinados pela op ulê ncia do Perii, com batida. Estende até o estuário a jtm sd icçã ii de
procuram as lerras ao lon go da- cord ilh eira, d e i­ uma autoridade subordinada a P o rtug al.
xando. assim, a m ercê dos porlu guezes o nucleo e Os m issionários continuam , no cm la nlo , e sohcm
as regiões m ais o ricntacs do contine nte sul. o Pa ran apan em a. fu ndam Loreto , pouco acima da
Apezar d c P o rtu g a l já eslar lig a d o á Hespanha fo z do P irapó, onde encontram catechumenos do pur-
desde 1580, as conquistas da ge nte dos dous reinos tllg u c z O rtc g a, c pa lm ilha m umas cem léguas cm lo t-

O o

mappa uj k i i s ' j n o HHAsit i c m t t xvm

o o o o O 10 O O O O o
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIO NAI

n o d o aldeam ento. I undam a « re d u c to » de S. Igna- As grandes e prosperas reducçõcs de L o re to e


cin-G iiassú, a jusante da corredeira desse nome tio S. Ignacio são destruidas e, tamhem as o u tra ; treze
Paianapanem a e mais onze pouco dcpoÍ9, que vie­ ahi perto.
ram a c o n s titu ir as pro vin cias je s u ila ; d c Taiaóba é então que os paulistas atacam r destroem C iu­
c T aia tú. dad R eal e V illa Rica, as duas posses castelhanas mais
o r i en ta es da reg iã o do Paraná. C ontinuam essas ba­
tidas. Xeres c povoações menores são atacadas e a
gente dc Hcspanha é expulsa do alto Paraná c da
Só em 1621 r.i G o verno dc M a d rid ele va a Es- m argem orie n ta l do U ru gu ay, mas ne.n assim as au­
ta d o as■ conquistas do M ar:;tih ã o e d o Pará, scp.i-
to rid ad es do Prata vêm cm soccorro dns jesuitas,
rando-a:; d o G o vei no G e ra l do Brasil, quer não a ; que se passam, então, para o entro-rins Pavand-Uru-
pode ria snccorrer, por estar longe demais. guay. Po rtug al ainda estava liga do á H cspanha; não
Pouco depois, chegam a Belém dous frades c havia invasores estrangeiros a repel Iir e a anim osi­
alguns soldados castelhanos , que avahavani d c r t- dade contra os m issio ná rio s da Com panhia não era
p e tir a Proesa dc O rellan a. Essa aventura e a cir- m enor enire castelhanos.
cu ui st aricia ii-,is dn us reinos ibéricos estarein , ainda. L o go depois scparam-sc, dc novo, ns dim s rei­
u n ido s fa cilita ra m o projectei de sc estabelecer peio nos. O alIo-Paraná e a m argem o rien ta l d o U ruguay
Amazonias uma via de com muinicação entre o G overno já pertencem ao Brasil.
d e l.iin a c o de M a d rid para o transporte rap id o e
segur.i das riquezas enthesouradas n o Perú.
T e ix e ira p a rte em O u tu b ro de 1637. precedido
<te Bento R odrigues de O liv e ira , um b ra s ile iro a feito
■' viagens cm canna, conhecedor da ling ua tu p y c O tratado de paz que os dousi reinos vieram a
heni q u is to dos naturacs d o paiz. Em J ulh o seguinte, firm a r quaienfa c o ito annos depois de sc slepararcm,
chega á fn z d o A huarico, no Napo. deixa ahi parte nem cuidou da d e lim i fação de suas posses na Ame-
d c sua gente c vao até P a y a n in o , dahi continuando rica.
p o r te rra até alcançar Q u ito , onde é recebido fes­ O s p o rtu guezes tf e d i a m , d,™ ,n i „ , desde
tivam ente. o O ja p o c até á margem septentrional d o Praia, o n ­
D e volta , T e ix e ira pro cura seus com panheiros de o G overno de Lisboa mandou, uns dez annos de­
d o A h ua rico , mas pela reg iã o d o Coca, o u tro a fflu e n ­ pois, fu nd ar uma colo nia fo rtific a d a , de fro n te dc Buc-
te d o N apo, e ah i fica, nessa confluência', alguns Ine­ iK is-A ircs, mas a gente armada dos jesu ifas lo g o e x­
zes, depois de to m a r posse solcnnc das terras para pulsa dahi as Ir opas lusitanas. Os dous govern.»;, no
a corõa de P o rtu g a l, apezar doa dous reinos esta em tanto, firm am , lo g o cm 1681, tun tra t» d > provi­
rem unidos. Em D ezem bro de 1630 chega a Be­ sion al, re s titu in d o a co lo n ia a P ortugal e subm ettendo
lém. O s info rm e s que tra z sobre a região sapten- a pendência a accôrdo ou arbitram ento.
irio n a l d o Amazonas ainda- são fabulosas. O s paulistas já preferiam , entã i, o cam inho d a ;
regiões auriferas d o in te r io r tio paiz. Seguiam s t r i ­
lha de ou tro9 bandeirantes o u abriam novas. A qua­
renta annns passados, R aposo tinha varado o con ti­
nente até os arredores de Q u iln — a proesa de A lc i-
E m fim , a diocese do Paraguay separa-se da do x o G arcia c descido o Amazonas alc G u ru p i a
Prata, tendo p o r lim ite s o curso do Paraná. A ju - aventura de O rellan a.
risdicçãa da diocese de Buenos-Aires exlende-se, en­ A sorte da C o lo n ia pouco interessava a' essa gen­
tão, n o en tre -rio s P a raná-U m guay até as posses por- te. Em S. Vicente cunhava-sc ou ro e havia fa rtu ra .
tiiguezas. Desenha-se n te rr ito r io das Missões. A b aixo , ficava Cananca, uma aldeola, e Santa C alha-
Rechaçados no a lto U ru gu ay, os jesuítas tentain rin a, um rancho. D a h i para1 o sul, não havia estabele­
fazer cam inho para o oceano, subindo o Ib ic u h y e cim entos portiiguczes na costa até a C olo n ia , em
in d o até o Jacuhy, que c orre para a lagóa dos Pa­ p le no Rio da Prata.
tos, ui as começa a rebel liã o contra os mission&vios
da C om panhia, que abandonam algum as reducções,
para lo g o fu n d a r ou tras além . A s auto ridades do Pra­
ta invejam a prosperidade dos nucleos de catechese,
que fazem vida a parte, um estado jesu ita no estado A linha de oonlo rn o do Brasil na região amazô­
castelhano. nica desenha-se com m ais rig or.
O pa ulista , descendente d c R ainalho e seus com­ Pinaon, em 1500, descobre o M a r D ulce, como
panheiros, não to le ra, também , essas reducçSes, M u i­ chamou ao estuário do Amazona1;. D ous annos de­
tas ficam em ferras suas p o r le g itim a conquista e pois, o pn rltig ue z João C oe lho ahi vae p o r ordem
to das acolhem o s indígenas egressos de suas povoa­ d ’ Kl Rey, e x p lo ra r a região. João Lisboa, D io g o R i­
ções c fazendas. b e iro c Fernâo Fróes perseveram nessas explorações
O m am eluco fo ge ao contacto da gente que vem e, em 1536, os portiiguezcs fundam a colo nia dc N a­
do R eino, para dicta r le is c regras contrarias ao seu zareth, na ilh a do M aranhão, que, aliás, abandonam
viv e r Interna-se e alcança to go as v in te c um a re- dous annos depois, escurraçados pelos indígenas.
diicçõcs jesuítas da reg iã o do Paraná, A n to n io Ra­ O rellana, em 15-41, descera o Amazonas até a
poso communda a expedição que durou nove mezes foz, mas levado pela correnteza. Quando, cm 1544,
e vem a repetir-se. te n la s ub ir o rio , procura p ilo to s po rlu giiezcs, p o r

O O O O O O 11 o o o o o o
I.IVRO DF OVRO COM MIMORATIVO IX ) CF.N1 UNARU) DA

scrcm ns tm icos conhecedores da região, t traz O il


O tities nessa desafortunada empresa,
I. igo uns dons annos após, M e llo e S ilva ex­
plo ra o Amazonas in fe r io r c tem, como pre.nio, o ( filt r o tratad o dc l i t r e d il, o de paz com a Hes-
governo d o Pará. mas ê in fe liz nas duas expedições panha, cm 1715, restituirá a P ortugal a C olonia,
i|u c tem a depois. que o s castelhanos cuidaram lo g o dc red uzir ás tor­
ras circum jacentes. Para isso, funda.n M ontevideo,
Sõ cni 1580. is to é, quando se reuniam os dons num p o rto quo os portiignezes acabavam de aban­
reines ibciícos, aventuram -se Irancczcs a e x p lo ra r a donar. Ro.npcm , assim, a linha de contorno litlo r a -
costa do n o rte c c;n seguida, inglczcs ta m hcin. A nco das posses pnriuguezas m u ito aquem da C.oloiiia.
d e lira nte no vella de R alegh sobre o Oram M *v>. A gente da Laguna, ao sul d o Brasil, continua
t i D orado, ii im itação das do Anta d is de G all la e do a descer pela custa c chega ao Jacuhy. Ensaia inte r­
Palm eriin de In glaterra , leva o s inglezes á boina do nar-se, cm quant.i a do in te rio r procura, na trilh a
O rcnoco. cm busca d o le n d á rio Im pe rio da Ouvana. de Ra p iso, um cam inho para C olo nia o c h e g i aos
N o começo do século X V II chegam franeezes a campos da Vacearia em 1736.
(a v e n a L o go depois tentam Fun.lar ume. colonia na Nesse anuo os portnguezis re p e lle n dos arreJo-
margem sep te ntrion al d o Oyapoc, P .tr esse te m po res da C o lo n ia os castelhanos e começam a fo rtific a r
já OS hollandezc tinham , á margem do X in g ii, s a costa do H m Grande até a região d o C huy. No
fo n e s de Orange c de Nassau c fe ito ria s c postos anno seguinte, os do is reinos proctira.il resolver du­
fo rtific a d o s na m argem sep te ntrion al do A iiia z in a s , vidas numa cinvenção, que determ ina a cessação das
m i fn n tc a ü n riip á , on de inglczcs c irla nd eze ; p ro ­ hostilidades na America.
curam cnlã-o estabelecer-se. O T ra ta d o de 1750 liq u id a essa pendência te rri­
Antes de fu nd ar S. Lu iz , cm 1612, La Ravar- to ria l, cedendo Portugal á Hespaiiha as terras t l j
diè rc tentara apassar-sc das terras d i Amazonas para C olonia, em troca dos sote pavos das m issle .i o rie n ­
o n o rte ; empenhava-se cm nova ten I at iva quando Je- ta es d o r io U ruguay.
rr.n im o de Albuquerque o expulsa do Maranha A fron te ira parte de C astilhos Grande, salvan­
t tn tS -j q ir C ald e ira vae occtipar o Am .zo na s do, assi.ii, as frutificações p irliig u cza s abaixo du
c as te rras do cabo N o rte , funda Heleni, em 1616, C hny. pr.icu ra a l i n l i i .iiais alta do d iv is o r de aguas
c continuam oj pn rtiig iic z c s a disp uta r a posse d.i « tir e o Prata e a costa d » R io G rande alé as cabe­
amazonia. ceiras d o R io N egro, alcança s nascente p rincip al
A secular pretençã) hespanliola sohi a m irg om d o Ib ic n h y e desce p o r esse até o U ruguay. Segue p ir
d ire ita A i rio -m a r dcsapparccera- quasi cm t r i n l i c esse r io acima, até o P e qn iri, p o r on.L> con tiiu ia ate
tantos an nos de união ibérica. O governo de M a­ a nascente prin c ip a l. D ahí passa pelo mais a lto do
d rid resolve ate, em 1621, colonisar a costa e fo r ­ terreno, a procura das c i b r d i e j mais próxim as dc
tific a r o s rio s desde o Amazonas ate Cs’vcna, mas um a fflue nte d o Igiiassú. Aguas abaixo, alcança u
aunque esta conquista cs de la C orona1 de C a s tilla Ig iu s s ií, desce p o r essa ate a fo z na Pars',i j , que
sc p o d ria encomendar a ia de Po rtug al p o r venír- pei corre, a sub ir, ale a fo z do Igurey.
les mas a quente . E a linha de fro n te ira sobe até o extre m o nor­
Desenha-se a Guyana Brasileira. A g cn lc d i Pará deste das posses de H rsp aiiha na guyana. O tratad o
lu ta dc2 annos a to m a r fortifica çõe s inglczas c h n l- não consegue, no e.iitanto, agradar c c copream ente
laudczas da região c a leva nta r outras. com balido.
Na reg iã o d u Prata, a p a rtilh a das terras e n tie
Em 1637, as terras d o cabo N orte, is to é, do os dons reinos ficava, desrle então, d e iin iliv a n ie n ic
Amazonas ao Vicente Piuçon, passam a capitania, an- fixad a desde a fo z do Ib icn hy na U ru gu ay até a do
nexada ao Brasil. Iguassú, no Paraná.
T re s annos depois, separam-sc, de novo, os dons Lo go no anno seguinte firm a ram-sc seis actos,
reinos ibéricos. A o no rte, o in icio d i linha de con­ preparatórios da demarcação, mas a gente dos sete
to rn o das terras bra sile ira s já c a fo z do Oyapoc nu povos das missões do U ruguay, que devia, cm v ir ­
Vicenle Pinçon. tu de ilri tratado, abandonar suas terras, entregues n
A gente do Pará continua e sobe o r io N egro, P o n iig a l em troca da C olo nia, ram pa lo g o em lula
o Jary, o A raguary c ou tros, a ex p lo ra r c c s lah clc- contra os demarca dores.
ccr-sc na guyana b ra sile ira . H nllandezcs c inglczes Essa gente defende desesperadamente suas p n -
disputam aos francczcs a região de C avena. O s p o i- sc.<; não q u e r ceder as terras cm seu p iJ c r e que
tiiguezes defendem suas posses ao sul do Oyapoc. tanto beneficiou, creanda ahi um a p re c i.v c l nncleo
A o fin d a r o século, um tratado p ro visio na l en­ de civilisação, mas portuguezc‘S e castelhanos ainda
tre P o rtug al e a França tra’ta de regular a p a rtilh a se obstinam em de struir, no sul, a ob ra jc s u iia e
dessas terras. sueccdcm-sc os ataques a essa gente, q.ie sa bate
P o r íim , o T ra ta d o d c U trecht, cm 1713, esta­ com heroísm o, sob as ordens dc u.u grande chefe in ­
belece de finitiva m e nte essa p a rtilh a a i lo n g o dri digena, T iaraiú .
Oyapoc. O tratad o do Pardo veio, cm 1761, a m u illa r o
D uas questões ainda surgiram sabre esses l i ­ de lim ite s , fir m a d i on 2c antins antrs e que desagra­
m ites: a pesquisa do verdadeiro Oyapoc c a d e fin i­ dara tanto.
ção da fro n te ira in le rio r da guyanai Ambas só fo ­ D ig o em 1763, Po rtug al que estava cm lu la na
ram liquidadas, e fa voravelm ente para o B ras il, quasi península c no sul da Am erica, faz aclo de accussão
duzentos annos depois. aos artig os prelim inares d o T r a it'Jo de psz entre

oooooo12 oooooo
CASA CONTEV1LLE — Rio de Janeiro.
IS'HF.M NDtlh’C/A t DA t X POSIÇÃO IN I l:R N ACIONAI.

I ' rança, G rã-H rclailha c I Its pan ha. Esse trata do re-
As lulas que sc seguiram, p o r m uito s annos ain­
v iKora « ile P ardo; a p a rtilh a volta a ser regulada da, occasion ando frequentes invasões, fo ra m lim ita n ­
p e lo I ralado de U trecht.
do, ao sul, as terras hrasilcirau pela m argem septen­
O s cnm m issaríoi de Hespanlia apressa.n-se e:n trion al do Quarahim c do Jaguarão, que offcrccia ni
r e s titu ir a C o lo nia aos d c Po rtug al, mas o i ta s lc lh i- m elhor defeza aos povos do R io Orande.
nos, que tinham , durante a guerra entre os dons rei­ A sorte nessas lutas fo i varia. O Esta\lo C ispla-
nos. subido até a lagòa dos Paios, reduzem ao m i­ tin o esteve reunido ao B rasil durante sete ânuos.
n im o as restituições, sem respeitar o ante M ia m N o acto dc incorporação, em 1821, fo i declarado que
estaheleeido pe lo tratado. esses rio s ca ractc r i sariam a fro n te ira c com o ta l eram
Po rtug al contemporisa. mas continila a lu la no considerados desde o começo da revolução.
su l. V ir tiz , governador de Buenos Aires, vem c;n au­
x ilio dos seus, que procuram manter-se no R io Ciran­
de Os portngiiezes atacam, mas com fn rlu na incer­
ta. Tom am , por fim . a região fortificada do R io Ciran­
de, mr.rrham para o norte, dcsalnjain os castelhanos
d o fo rte dc bauta Tecla e ab re u caminho para os O Trata do dc 1750 lin h a traçado os confins das
famosos sete p nos das missões do rio U ruguay. posses portiiguezas desde a foz do Ihicu hv, no U ru ­
O governo dc M a d rid acode á sua gente do es­ guay. até o extre m o n o rte das posses hcspanhnlas,
tu á rio creando então o Vice-Rcinado de Buenos A i­ na guvana brasileira. O dc 1777 manteve-os da foz
res c dando-o a C ehallos, que log o parte com uma do P c p iry para cima. O dc 1801 a n niilloti-o$ , mas
duzia de nav i >s de guerra c uns <1.000 homens dc o traçado geral da linha lim itro p h e , segundo o T r a ­
desunha rqnc em m ais de cem transportes, ram o dc tado de 1750, v eio a s ub s is tir com algum as infle
Santa CJaiharina-, onde < ahrera, Cahcsa dc Vaca e xõe«. que procuraram, tambem , resp eita r a1* conquis­
tantos outros castelhanos tinham arribado, a pro­ tas dos dons reinos no continente, separando-as pe­
cura <lo caminho de Assumpção, h u ia ma>is de dons las vias de penetração m ais frequent..Jas c que j i
■cculn*. marcavam os con fins das terras que a gente do Bra­
O excessivo poder m ilita r da expedição reduz sil pretendia.
a conquista da ilh a a ttma simples occnpação. i'c h a l- Durante a lu ta que precedeu o T rata do de S.
los segue para o sul, a to m ar as posições fo rtific a ­ Ildefonso, essa gcnle tinha-se fo rtific a d o no a lto Pa­
das das costas portugiiczas entre C astilhos Cirande, raguay. no G uaporc e e.n ou tros pontos da linha f i ­
extre m o m eridional da linha dc fro n te ira segundo o xada em 1730
tratad o de 1750, c. para o norte, a harra do Chuy. N o anno an te rio r ao T rata do d c 1750, M atto-
■nas o s ventos levam-no m ais para1 o sul e c lle vac Clrosso fo ra elevado a c ap itan ia; os paulistas liiih am
atacar a C olonia, que c, p o r fim , arrazada b ru tal- ahi fundado Cuyabá, cm 1726.
mente. A linha desse tratado veio a s o ffrc r, na região
A paz entre os dons reinos dá origem , cm 1777. mais occidental do Brasil, tre s in fle xõe s bem sensí­
ao T rata do de S. Ildefonso, que ti3o passou dc pre­ veis, mas todas respeitando o c rité rio d a p a rtilh a des­
lim in a r. sas terras segundo as leg itim a s posses dc cada lin -
P o r esse tratado, im p osto a Portugal, □ lin h a de deiro.
fro n te ira traçada cm 1750 permaneceria desde o ex­ A prim eira fo i na passagem do curso do Pava-
trem o n o rte ate a fo z do P cp iri-giiassii, na margem g lia y para o do Guaporc cm que a lin h a teve dc
d ire ita do U ruguay. D ahi para o sul, a l i n l n de fro n ­ procurar a nascente do Verde c d c descer p o r esse até
te ira seguiria terras altas, deixando á H espanlia o o G uaporc, para liv ra r, cu trc nutras, as rondas pnr-
rio U ru gu ay e toda a sua grande bacia, alcançaria tiiguezas dc Gacimha c Ramada.
o n o rte da lagoa M irim , cujas aguas ficariam a P o r­ A segunda a m a io r — fo i entre o Madeira
tu ga l, t iria até á fo z do Chuy. c o Javary. que eram liga do s p o r unia' linha se­
A gente d j B rasil perderia, assim, os sele po­ gundo a p a ra lle lo de um po nto equidistante da con­
io s das Missões, toda a ha cia d o U ruguay, aha i xo fluê ncia do M am ou1 com o G uaporc c dn M adeira
do P c q iiiri, c todas as terras do Chuy para1 o sul. com o Amazonas.
inclusive a C olonia. Essa lin h a fo i, p rim eiro , deslocada para haix.o,
Apczar disso, tiveram lo g o in ic io os trab alh os coitscrvando-sc recta c pa rtind o da confluência do
de demarcação, mas rar.m icntc os com missa rios conse­ H tn i no M em ore para a nascente d o Javary. Rcccn-
guiram estar dc accordo. tcm cnlc, essa lin h a fo i m odificada, tamhcm para sal­
var posses brasileiras. Subiu para a confluência do
Nesse in ie rim , a p o litic a eurnpca arrasta, de no­ M adeira com o A hiinan. continua p o r esse até a
ta , P o rtug al a uma luta , que fo i rematada pe lo T ra­ nascente c, sempre para sudoeste, procura a nascen­
ta do de Badajoz. Esse acto an iu illa o p ro v is o rio de te p rinc ip al d o arroyo Bahia, sohc p o r esse até o
1777, pois mantém os portuguezes cm suas posses Acre, p o r onde continua para u occidente alé as nas­
quo, então, abrangiam os sete povos das Missões, a c i ntes e dahi sobe, procurando alcançar, a noroeste,
ui urgem esquerda do U ru gu ay c as terras do Jagua- a nascente do Javary.
rão tomadas durante a guerra. A terceira in fle xão sensível que a linh a de 1750
O Tratada de S. Ilde fo nso desenhara, no em tan­ soffreu fo i mo I iva da p o r uma p a rtilh a am igavel de
to. o extrem o m eridion al dos confins tc rrito ria c s do terras, pois seria cxccssivam cntc vantajosa para □
Brasil pelas aguas do C h u y c da la g ô i M ir im e dahi B rasil essa divisão segundo as le g itim a s posses.
nunca mais desceram. Em 1802, o Vice-R cinado dc Lim a tinh a ganho

o o o o o o 13 o o o o o o
LIVRO n u O t'R O C O M M tMORATIVO 1)0 CENTENARIO

as ViissõM dc M ay nas, que abrangiam as terras en­ C, assim, os confins te rrilo ria e s do Brasil fo ­
tre o Japurá e o Amazonas. Quando o Peru, cm ram-se desenhando sempre, segundo legitim as pos-
1651, firm o u lim ite s com o Brasil, fo i liga da a foz seB. provindas de explorações e conquistas, p rinci-
do Javary. no Amazonas, á do A papons, no Japurá, palm cnlc depois do T ra ta d o de 1750, que, prim eiro ,
p o r uma recta e abandonada, assim, a linh a dc 1750, teve o ob jectivo de isola r o nucleo te rrito ria l das
que contornava as terras ao orien te dessa linha geo­ posses portuguezas, descrcvendo-lhe o perim etro, mas,
désica, entre o Amazonas e o Japurá. na verdade, a vastidão quasi intransponível das te r­
A linha desse tratado subia o Japurá c passava ras desse nuclou fo i a m ais fo rm idá vel garantia da
para ou tros rio s no rumo do no rte, até o alto das grandeza te rrito ria l do Brasil.
terras que separam as aguas do U renoco das do
Amazonas e p o r ahi além Sctcmhro dc 1922.
T ratados e laudos a rh itra c s d e finiram , depois,
essa re g iío , procurando, sem pre, defender a inte ri-
dade te rrito ria l da guyana brasileira. IVWmo V asconcei.los .

o o o o o

o o o o o o 1<
1 o o o o o o
SecçJoJ. Navegação J Í S e c ç Ã o de V i n h o s
C u n i M l d i l l AVIOS k V IL L A ' I VIN H O S0 0P O R T O .
PARA ■ MORTE do R R * Z IL . ItflNHOS ■ R AHCO S^UfllSiM JIlU W a
• OUTROS PO R TO U [ PARA EXPORTAÇÃO
IM PO RTAÇÃO C ARM AZÉNS
jX P O I jT A Ç Ã Q I£ CIBO, PORTO I GAIA
Rua Cândido du Reis.131
PORTO

MARQUES PINTO & C.’ L.“ — Porto.


N O T IC IA H IS T O R IC A

* O N A M os portuguezes quo crearam no Esse mesmo capitão (A nd ré Gonçalves nu Gas­


m i l i i XV a‘ grandes navegações ma- par dc Lem os) levou an soberano mais duas car­
lernas. Até princípios do re fe rid o s t­ tas: a d c Pero Vaz dc C am inha, na q u a l se dá logo
u b ’ liiiiíta vain -sc os m aritim os a per- um a descripçãu da te rra descoberta c da g e n te ; e a
M cdilcrrnm -u e os mares da cosia ciiropéa; do mestre Johannes,, dando a situação da supposta
e só de agora cm diante é que se v io aventurando ilh a a que se havia chegado.
a peneirar nn grande Oceano as expeJições que o Para to rn ar m ais precisa a inform ação que dava,
Infante 13. H en riq ue systematizou. dizia o physico da armada que num m appa-m undi
Desdobrnu-se a acção dos portuguezes, ta nto por que se encontrava lá cm Lisboa em poder de P e ro Ja
toda a extensão do A tlâ n tic o , n o rte e s u l, como Cunha, o Risagudo, poderia o rei ver qual era o <si-
particularn ie nte pelo litto r a l africano, a procura de tio da ilha achada : □ quê eslá indicando evident eme n-
novo cam inho para chegar ás índias. Em quanin, já te que entre os m aritim os portuguezes já não era
para os fin s daquclle século, buscava C olum ho (o desconhecido quanta acabava de verificar-se.
qual se fizera c llc p ro p rio entre os m arujos portug ue­
zes) os con tins oricntacs da Asia navegando sem­ II. E para corrob orar este asserto, vem ainda um
pre a rum o do occidente, continuavam os p io ne iro s n u tro facto. Descoberta a nova te ira , c uidou D . M a­
da cruzada m aritim a a in s is tir na solução d o seu nuel de tom ar-lhc as proporções, enviando para isso,
problem a pe lo sul. lo g o no anno seguinte, uma expedição de reconheci­
M u ito lo n g e de alcançar as índias, descobriu m ento. Essa expedição veio te r v is ta de te rra na
C t.lom b o un i inundo desconhecido; e veio a caber a ltu ra d o cabo S. R oque; c d a li correu to da a costa
aos portuguezes, ao cabo de quasi um século de te­ até vizinhanças do r io que teve depois o nome de
nacidade e de sacrifícios, a g lo ria de rea liza r o pen­ Solis, c cm seguida □ de r io da Prata. C om o se
samento daquellas grandes gerações. ha de ex p lic a r semelhante anomalia de te r vind a essa
£ como um incidente da ob ra capital a que se prim e ira expedição alcançar te rra a uns 5 gra us de
dedicara a d in a s tia de A v iz que veio a ser o B razil latitu de , quando sabia que Parta Seguro ficava a
descoberto, cm I 501). cerca dc 300 léguas para o sul? Sim : coma e xp lical-o
T inha-se j;í com pletada o p é rip lo africano c che­ sem reconhecer que os portuguezes não ignoravam a
gado á Asia. Jã havia Vasco da Gama sahjdo do T ejo, existência dc m uitas terras para este lado do A tla n­
e aportada a C alicut. Era preciso agara fu n d a r 110 tico?
O rien te o dam in ia portuguez. Esses prim eiros visitantes prestaram o grande
£ Pedro Alvares C ab ra l que vai inic ia r esse Ira serviço dc dar nome a varios accidentes geographicos
balho. da costa, e de v e rific a r que, cm vez de um a ilha,
T en do p a rtid o de Lishua em M arço, depois de era o paiz um vasto continente.
alguns dias de viagem , seguindo as instnicções qnc Em 1503 vêm novos exploradores; dc cujo s es­
trazia, fo i-se afastando m u ito da costa da A fric a , ate fo rços, porém , quasi nada se aproveitou. Lim itaram -sc
que a 22 de A h ril se lhe deparou a occidente, desta­ a reconhecer certas bahias, c a ver a te rra qu asi sem­
cado de uma linha escura norte-sul, na a ltu ra de uns pre dc longe, sem propriam ente exploral-a.
17 graus, um monte a que se deu o nume de m onte Parece que tacs expedições não deram do paiz
Paschoal. noticias que lisonjeassem as amhições da m etrop ole ;
F undeando numa am pla bahia, que se chamou c D . M anuel, preoceupado com as coisas da In dia,
Porto Seguro (e que é ho je a de Vera C ruz, ou m al te ria cuidada dc fazer gu ard ar p o r esquadrilhas
Bahia C a b ra lia ) ali desembarcou, e fez celebrar, numa permanentes os mares da casta.
co llin a , a vista do oceano, missa salenne em acç3o cm1521
F alleccu, pois, o monarcha venturoso
de graças; á qual se seguiu a ceremonia da posse (com o o chamou a his to ria ) sem saber que im p ortâ n­
da te rra cm nome da corfta portugueza. cia tin h a para o p a trim o nio da m onarchia a fortuna
Antes de prnseguir na sua derrota para a Asia, dc C abral.
fez o alm ira n te v o lta r para o re ino um dos o fficia es É D , João I I I ( filh o c successor de D. M a­
da esquadra, incum bido de dar a D . M anuel noticia n u e l) que cinprchende a colonização do Brazil.
do acontecimento. M anda este para isso a M arfim A ffo n so de Souza

O O O O O O 15 o o o o o o
/.IV RO t i OURO COMMI MORAI l \ O W> CJ.KIt.KARK) />1

alguns i trazendo gente (jiic se devia V isita os nucleos que sc iiavian i fu ndado no sul, to ­
tahcl paiz rnando providencias sobre a defesa da te rra, e t:«bre
Sai de Lisboa essa fro ta pelos fins de I H I I V i­ quanto mais interessava á situação dos c.donos.
sita varios pontos do litto r a l. Estacionando na àia- Estabeleceu Thome de Souza a adm inistração
hia de Guanabara, daqui expede M. A ffou s o nlguu- o ffic ia l do paiz; e c só de agora em dia nte que
hoincns para o in te rio r: os quaes, passados uns dois s r começa doeisivmnente o serviço do povoaincnio.
Inezes, voltaram acompanhados de in iiilo s indios, e pois, este m .hrc capitão o fund ad or da ordem
dando escassas noticias da terra. p o litic a c c iv il na colonia.
F o i cm seguida fazer nova estação em Cananéa,
onde encontrou alguns p n rtiig iic z c s que desde m uito IV . O problema
a li v i viam. luçAo mais penosa pa os colonizadores era sem
D a q u e llc ponto mandou lambem para os sertões vida o das relações i I as populações indigenas
uma expedição gob o cominando de Pero Lobo, com encontro dos advciilic
esperanças de recolh er lo g o m uito ouro, conforme sabe, doloroso cm lo ja a America, sobretudo na p o r­
lhe p ro m e tlia um daquellcs exilados. Esta expedição, ção orie n ta l do continente, onde lia» ia m ais funda
no enitanto, soube-se depuis. massacrada pelos regressão da cultura nativa.
selvagens nos: campos de C m O s ín dios aqui sc achavam em p e rfeito cstaJo de
Proseguiindo paia o sul. »ii 1. chegou ate o estuário nomndia, vivendo da caça e da pesca, procurando cada
do Prata, por onde fe.z entrar alguns bergantins que Irih u assenhoreai-se das paragens onJe m ais fáceis
exploraram aqtiellas paragens. c abundante.-s eram os recursos de que v iv iiim . Au-
’Reconhecendo que ali já estava fora da ju ris ­ davam, por isso. em COntin uas luctas urnas iLV,,n m i-
dição pnrtugiiezd (regulada pelo tratado d c Tordc-
silla s ) retrocedeu M a rtin i A ffon so para o norte, c leiii|)o linha •se gerado cm todas um fun-
veio e n tra r na h a liia dc S. Vicente. Desembarcando gu erreiro «■ m u v iv .i preconcoitf ) de fa-
na ilh a do mesmo nome a gente que trazia, a li fundou m ilia , dando lud o isso como fn ic lo os iiia io r c * e x­
o cap itão a p rim eira v ilia em lerras da America cessos dc nJio e de vingança entre u nas e oulras.
L ra iu as prim eiras v iriu d c * do iu d io a c irageiu
ii n guerra, levada a in concebíveis (e.neridudc;; o sen­
II I . Rcconhcccii-sc de prom pto a iu s iiffic ic n cia < tim en to da honra da trib u c n amor da g lo ria ; o
in u tilid a d e de semelhante m edida: isto c, de u:n sim desprezo do inim igo, e o fu ro r com que. victo rio so .
ples e unico nucleo dc colonos para povoar lãc
grande cx icnsão de te rras; e sentiu-se que era preiso eido, sabia alfrc.ntar hero icaniente s. morte.
e ing en te adoptar um processo mais cffícaz de povoa- Esse caracter do sclv•agem to rn ou para <:is po rtn-
mento guezes ainda mais grave o trabalh > de sub:ncvtel-o
Já havia o p ro p rio governo portiig uez applicado Superiores pela sua cultu ra e pelas sua ; armas.
em aigun ias ilhas um systema que provar a bem; c tinham os colonos de ini pôr aos ii seu do-
resolveu então a m p lia r a experiência no i.a s lo con- m inio. Recebendo, assim que ehc<ravam d America.
lin e n ic qi ic sc tra ta de colonizar. vastos prazos de terra, precisavam de braço»i que as
I HI i he io n , pois, a eôrtc d iv id ir o extenso paiz viram que o recurso mais [iratico era
porções, cuja adm inistração fo i confiada, como m er­ irahalho dos in co las; c como estes sc
cê, a vaxsallos que se haviam distin gu ido no serviço sqiiivus á escravidão, dahi se o rig in a ­
d o Rei. ram as rudes competições em que, desde p rin c ip io ,
Foram ninas dez ou doze as dm ialarias adjudica­ sc p ii/ir a m colonos r indios.
das, sendo p rin c ip le s as dc S. Vicente, de Pernam ­ A in te ríirc n c in dos Jesuítas pareceu p ro d u zir no
buco e da Rabia, cujos donatários fizeram alguma começo algum bem.
coisa dc v alo r, p a ri icul arm ente o de Pernambuco, C om o prim eiro G overnador Geral vieram log o
D uarte Coelho. alguns padres. Cheios de to do o enthusiasm!) da O r ­
Os eapitãies aquinhoados, na m aioria, ou iià dem nascente, encetaram esses poucos apnsiolos o
d isp iuilia m de recursos hastaute s para ta refa tã o cu: seu trab alh o com grandes proveitos, ta n to para o
tosu. ou des an iniarain com o mai log ro das priineirz gentio como para as colonos.
Sentiu-se cnlán que sem a acção maravilhosa da
A in da por• ou tros incoiivenientes que a c x pe ric i adm irável m ilícia não se poderia fazer coisa algii.na
cia deu lun slru u, o systema n:io satisfez tã o coit ii i terra.
pl clameintc coino nos Açores. F un da i am os prim eiro s m issionários na Bahia
Ent endcii, pois, a cõrte a vista disso q u e devi o seu núcleo inicial de catechese; e d a li fo ra m ex­
c o rrig ir c s dc:feitos desse regiiiticii in s titu in d o um tendendo p o r outras capitanias ns seus esforços.
autoridade su p e rio r com juris d iç ã o sobre Io das as Em seguida vieram ou tros catccliistas. entre os
do ii atari as. qiiac-s o noviço José de Anchieta, que tã o celebre se
Cremi-se um (In v e rn o Cier.il para a possessão. fez depois.
Esta h cl cc cu-se a sede desse Governo na Hahia, Iiicsiim nvcis serviços prestaram estes homens,
onde o respectivo denial ar io tinh a fe ito já n lg iiin ser- cujo concurso teve im p o rta n d a incalculável na ohr.i
da civilização du paiz.
Vcm como p rim e iro G overnador Geral, em 1540, Em S. Vicente entraram os catechistas desde
T lio nié de Souza. Funda este a cidade que devia ser «quclli- mesmo anilo (1 5 1 0 ); c C.ll 1554 já fu n d a ­
a ca p ital do d o m in io ate I 70J (cidade do Salvador) vam no p la na lto de P ira tin iu g a o c o lle g io de S Paulo.

O IA
INIJEPt.NDENCIA r DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

que sc to rnou o eentro de todo o m ovim e/ito de ca­ E em toda parte contaram os colonos cQm O valor
te ehesc no sul.
dos indigenas paraa repulsade là o temerosos inim igos.
Passados, porém, aquelles prim eiro s dias, cm
que us abnegados apostolos, com a sua palavra e V. Além de a esse fla g e llo da fiibustagem , es­
exem plos edificantes, l.i.n preparando os nalurats teve a colonia, c;n toda a vastidão da sua zona m a­
p.ira uma possível conciliação curti os conquistadores ritim a , exposta a repetidas e obstinadas Icntativ.as üe
começam a sob revir diffic u ld a d e s com que se não usurpação.
liavia eontade para a obra hum anilaíia . to ru m , prim eiro , em 15 55 , os francezes. Sob o
Já fo rlcs pe lo num ero, foram os o nlonos dispen­ commando de V illc ga gn on , entraram estes na .b nh ia
snmln a ir iIlilL n c ia dos padres, e cuidara ni dc reduzir o
de Guanabara, até então inteirainenle abandonada
selvagem pe la fo rça. pelos portiiguczes.
E as:« puzeram-se cm con flictu, ta nto com o Hem acolhidos pelos ind ios da litto r a l, câta-
gentm cottio com os seus protectores.
belercrani-sc numa pequena ilh a fS e rtgi/tt•), onde le ­
Dura nte o século X V II travaram-S'c em todas as
vantaram o forte a que deram o nome do chefe Cal­
capitanias , mas príncipa Imcnte nas du extre m o nor- vin isi a em França (C o líg n y ).
tc c mr su l, luctas tremendas entre Jiisnitas e loIo -
D uran te alguns annns aqui estiveram os franec-
lios: 1li -1a s que a m c tiu p o lc , cm vez di:• evitar ou re-
zcs pe rfe iia in c n le tra n q u illo s c livre s de incommodos
pn m ir, ai, les accendia com as medidas contradictorias por parte dos senhores da (erra ; puis o Uover.nador
< ii incongruentes, que tomava em relação aos índios. G e ra l D uarte da Custa, em grandes difficuldades ua
Pnr liin , cansados c desillu did os do seu intento Bahia, c. não dispondo de recursos m ilita re s, nada
nas condições em que n levavam, foram òs padres in­ ponde fazer contra d ie s ,
ternando-se cada vez mais nos sertões de loeste, c E, no emtanto. os francezes, em n a is de cinco
estabelecendo as suas rettucções em pontos onde fi­ annos de permanência aqui, nada tinham fe ilo no
cassem isolados de c on vivio com os colonos. sentido de colonizar ao menos regularm ente estas
f, então que se in s titu e fo rm alm cnte a escraviza­paragens. Nem siquer haviam sahidu da Sua ilha.
ção do seU icola, indo os lulo no s buscal-o á força lá O successor de D uarte da. Costa é que traz
mesmo do fu nd o das florestas. Para isso organizavam- o encargo especial de c x p c llir daqui a q ud lcs intrusos.
se e xpedições que revestiam caracter m ilita r (n o sul Em 1560, vem o p ro p rio Mem de Sá d irig in d o a p ri-
handeir,os; no ncirte m ontarias J que inv:rdiam u von- eira expedição contra os francezes. Inve stidos estes,
linente a rrebianhando ind ios c ir1massa, c Irazendo-.is i cabo de alguiua resistência fu giram da ilh a para o
para os mere,□dos do litto r a l, o ndc eram vendidos em illin e n ti. Com metten o G overnador o grande erro
leilão. : regressar pai•a a H a liij sem deixar nri Guanabara
E iassim que se priv o u do concursu dos Jesuítas quer uma pequena guarnição.
a obra da caitechtfse, a de mais alcance social entre Disso se aproveitaram os francezes para volver
quantas aqui se im puzeram alos conquistadores da reoccupar a siituação, depois de haveirem insufla-
terra. do uma 'insurreição geral dos Tam oias cantra os co­
O rccurt>o da im portação de a fric a ilos attem iou lonos de S Vicente, e do E s p irito Santa. Travaram -
até certo po nto a perseguição e caça aos indíos; se luctas em to da p a rte ; e só graças á intercessão
nunca im p ed iu, no erntanta, até fin s do pe ríodo co­ dos Jesuítas N obrcga e Anchieta c que foram salvos
lonial, que se continuasse con tra estes a exercer a <>s esiabclccimentos porluguezes das duas capitanias.
prepotência das colonos. R econstruindo as suas fortificações na bahia,
Ainda assim, mesmo desamparado quasi sem­ to rnaram -se agora os calvinistas mais f írte» e amea­
pre tiu sentim ento christào c da ju s tiç a das a u to ri­ çadores, em tianca allian ça corn os iudias.
dades, fo i o indio em to da parte um poderoso au xi­ le v e Mem de Sá de organizar nova expedição
lia r da p ro p ria conquista, não só to mando p a rle nas contra d ie s , cm 1567.
próprias expedições que se levavam ao in te rio r, como 1 iiih a já volta do da Europa, cam a incumbência
form ando ao lad o dos colonos na defesa da te rra con­ de exp ulsa r de uma vez os intrusos, um sobrinha do
tra aggressôcs de exlran ge iro s. T ornou-se mesmo em G o verna do r (Esta do de Sá), trazendo aigu.is navios
ta cs casos um elem ento de ta l im portância que não c gente de guerra. C om o concurso dos padres e
se sabe como é que. sem c llc , se haveria fe ito na colonos de S. Vicente, vem Es taci o de Sá, p o r p rin ­
America a obra do povoam ento, e se te ria in s ta i lado cípios dc 1565, desembarcar numa praia ju n to ao
a nova ordem po litic a e a civiliza ção histórica. m o rro C ara de Cão.
Sabe-se que naquclles tempos se renovara em A li fundou a cidade dc São Sebastião do R io de
to des os mares, e p a rlicu la rm e nle no A tla n tic o , a J an eiro; e como as suas forças não eram su fficie n ­
pirataria de profissão, tal qual e x is tira entre os a n ti­ tes para um ataque decisivo a C o líg n y , lim ito u-se,
gos. Desde fin s do século X V I até meiados d o X V III, du rante quasi dois annos, a ir mantendo a posição
soffrêram m uitas das povoações m aritim as da America cccupada até que lhe chegassem scccorros.
os mais te rríve is c funestos ataques de corsárias, cm Em vez dc os m andar, v eio o pro p rio Governador
grande incontinência da sua insania depredadora, E com c s soccorros s o lic ita d o s ; e no dia seguinte ao da
não fo i o B ra z il a menos alvejada entre as colonias chegada (2 0 dc Janeiro de 1567) deu ataque geral
expostas ao fu ro r das quadri'has que varejavam o aos francezes, ob rigando-os a deixar a bahia, agora
oceano. defiuitivam ente.
Princip alm e nlc Santas, R io de Janeiro, Bahia e A p ro v e ito u M em de Sá a ensejo de fazer trasla­
Pernambuco tiveram de rebater m uitas vezes ataques dar a sede da cidade para n a lto do m orro S. Ja­
de taes bandidos. n u a rio (C a ste llo actua l).

i O O O O 17 O O G O O O
LIVRO OF OURO COMMEMORAT tVO ÍX ) CENTONARIO O A

Frustrada a te ntativa de intrusão na Guanabara, Eram agora os hollandczcs, n a q iie llc momento
procura ram os francezes apossar-se de uma situação m u ito ufanos de haverem sacudido n ju g o hespanhol,
na costa do extrem o norte, até princípios do sécu­ e tenazes e a ltiv o s a a ffron tar a sua antiga m etropole
lo X V II tamhem com p let am ente despovoada de e u ro ­ fazendo-lhe gu erra de m orte, p rin rip a lm e n te no vas­
peus, e entregue an do m in io de selvagens hostis. to e desamparado im perín u ltra m a rin o, ao qual um
Bem m unid os de recursos de toda ordem , sobre­ 15Ü1 se ju n ta ra ainda o Brazil, por se haver extin cto
tu d o de força m ílila r, e irazendn logo uma turm a de n dynaslia dc A viz.
religioso s para a catechese, entraram p o r esse te mpo P rocurando tira r partido daqiicile eclipse da so­
no M aranhão, e insla lla ra m -se na ilha a que deram berania porln gu cza, apressa ram-se os flam engos a
o nome de S. Luiz. planear investidas contra o patrim o nio do velho <-
A li pu7eram-se de eslreita alliança com as trib u s decahido reine, que calculavam não guardasse a Hus-
vizinhas, e faziam , em plena segurança, la rgo tra ­ partha com» coisa sua propria e de fin itiva .
fico em toda a extensão do Iiilo ra l, causando g ra n ­ Em 1621, uma grande expedição ht.llaudcza sur-
des m ales aos portiiguezes, que linharn ate então preheilde a Bahia, c apudera-sc da cidade, quasi in-
levado apenas até o R io Orande a sua avatnçada para leiram ente desguarnecida. A m aior parte da po pu la­
o n o rte ção leve de fu g ir para » inte rio r. ( Is hahianos, porém,
não demoram a refazer-se do susto, e cuidam dc
V I, M u ito custou agora ex p e llir d a li aqucllcs reparar o desastre. ()rgallizando-sc inilita rm e n te , si
te im osos concurrentes. Grandes e reiterados e sfor­ liam aos intru sos, u os põem log«i ern aperio, e em
ços se fizeram com esse fim ; ate que em 1615 conse­ ta l extrem idade que lhes fo i im possível a resistên­
gu i.i Jeronim o de A lb uquerque levar um a expedição cia quando chegou, no anito seguinte, uma esquadra
c ffica z contra elles. Expulsos dn Maranhão os france- dc soccorrn luso-hcspnnhola.
zes, aproveitou-se o ensejo de liqu id ar o dom ínio por- Mas aquelle heroísmo predatório continuou a
tuguez em Io da aquella costa até o Amazonas, tendo fa re ja r grande parte das nossas costas, ancius» de
o cap itão C aste llo Branco fu ndado no litto r a l do presa excellente.
Tocantins o fo rte do Prt-sepio, que serviu dc centro Não escarmentados do m a llo g ro na Bahia, uns
de v ig ilâ n c ia em todo o estuário, e veio a ser origem cinco annos mais tarde vieram os Im llandezes atacar
da cidade de Hctem. a capitania de Pernambuco (1630).
M al se haviam as populações da colonia desas­ F oi agora m uito mais grave o perigo para a
som brado dc tacs inim ig os, e tinham Ioga de rebater colonia.
uma nova acommettida. A gente da terra não dispunha de recursos tie

O O O O O

I X IU S N .V I INTFRNACIONAI IX) MIO l it JANI UN.) rV T H A Itt PHIN> ll'A I I PA IA CIO UOXUi.lt

o o o o o o 18 o o o o o o
iN iih n iN n r .N c iA /. d a i: x p o s / ç a o in t e r n a c i o s a i .

defesa, e não ponde evitar o g o lpe Os assaltantes V lll. O g n vr-n o do rei, no em tanto, não sc
loniíiram log o O linda e em seguida o R ecife; e com apercebia dn situação em que ia ficando a colonia.
algum tra b a lh o mais em poucos annos, occuparam, Seguro do seu im pério, só cuidava d o B ra z il como
nilo só toda a capitania de' Pernambuco, mas ainda as quem cuida d< explorar sofregamente a sua fo rtun a.
da Parali sha, e do Rio Grande do N orte ; e mais Em vez dc considerar o paiz e a gente como
tarde foram ate o M aranhão, c para a sul ate Ser- uma extensão da sua vida c da sua força, pre feria
gtpe.
crcar aqui um regimen dc cxcepção, c torn an do para
Cl:immandados por M athias dc Albuquerque re-
isso a sua autoridade cada vez mais detestada por
sistiraiT i os colonos heroicamente, e por m uito tem po
absoluta e oppressive
não de ixaram descanso aos usurpadores.
Tir.haocolonnenfrentadocomoseu valor a
Só durante o g r verno do príncipe M nunciio de
naturezavirgemdaAmerica. Tinha, como sacrifi­
Nassau (de 1637 a 1644) é que amaine-,ii i i m ,lantn
ciodasuafazenda cdn seusangue, defendidoa
a acção1defensiva por parte dos pernambucanos.
terra, cquasi sempredesajudadodametrópole. Ti­
Asisim que se re li rou o princip e (iem Mailn dc
nha, cxchisivamenle pelo seu esforço, ampliadons
1644) rom peu a insu m eiçio geral que andava sendo
proporções do domínio, fazendo-lhe duas oil tres
preparada pela propria gente da terra, e quasi sem vezesmaior oterritorio; ehaviaenriquecidoamo­
audi cm:ia da m etropolc (jd o u tra vez P nrtugal, que
narchia, qiic chegtira no século XVIII a ser da»
havia cm 164(1 restaurado a sua sohcran ia).
Começa c n tlo um periodo de luctas tremendas
maisopulentasdaEurnps.
E no cm lanin. cm vez dc estima, de solicitude,
entro os pa triota s pernambucanos e aquelles intrusos ao menos de justiça, não linh a o colono maia que
que já sc julgavam senhores das seis rapitanias do m enospreço, que into lerância, e que o rig o r dos p ro ­
norte, o seguros de am p lia r ainda as suas conquis­ cessos coin que se obstinava a m etropolc cm m anter
tas na America. integral a dura condição a que o eondemndra.
D u ra n te c irc a dc dez annos de abnegações ç Eoi o pro prio regimen colo nia l, pois. que n o
sacrifícios, i I lustraram-se, pelo seu valor e firm eza, Brazil, como cm to da a Am erica, pnz o colono em
m uitos capitães, como Fernandes Vieira, An dre V i­ ríspid o antagonuim o com a m ãi-patr ia. Des dos p n -
dal dc N egreiros, o negro H enrique Gias, o Índio m eirns tempos. sentiu clle que os unicos tropeços
Camarão, e ta ntos c tantos outros. Esta alliança. na oppnstns á sua vida e bem-estar lhe vinham da côrtc.
obra de gu ard ar a terra, das tres raças naturaes que E á m edida qu c o seu esforço, a sua coragem c
rnais largam entc estão entrando na formação da raça o novo espirito que o fortalece vão desbravando a
histo rica , c um dos phenomonos mai6 curiosos e ca­ terra c conquistando a riqueza, vai também natural-
racterísticos da nossa his to ria dc povo. mente crescendo a sua aversão áqucllas instituições
que O pêam c humilham

V II Só depois da victoria contra os fla m e n ­


gos, que foram os ultim os a disp uta r d o m in io na IX . A prim eira manifestação fo rm al desse es­
Am erica portugueza. c que e n trou a colonia na phase p irito dc patria, que sc crcava, e veio revigoresccndn
norm al d o seu desenvolvim ento. Na direcção d o n o r­ na colonia, dcn-sc, pelos fins d o século X V II, n o Es­
te, eslahclecêra-sc a posse c ffe cliva ate o estuário ta do do M aranhão, onde os colonos, d irig id o s pela
amaznnico. No sul, cm collisões com a Hcspanha, nobre fig u ra dc M anuel Requimâo, depõem as au to­
p rincip alm en tc depois que se recuperara a soberania ridades (cm 1684) e organizam um go v e rn o proviso-
côm D . João IV (cm 164(1) defendia-se o lim ite rio , que ab oliu os m onopolios da C om panhia de
pe lo Prata. C om m ercio, c expulsou os Jesuitas.
E qu an to ao in ter itir, já se cnnfiindiarn os con- N ão demorou que o governo da m e trop olc, só
fin s dos do is dnm inins. d e vido á coragem cnm que depois do encrgico protesto, atlendesse aos justos
os handeirantra arredav; im dc facto para o occidente, reclamos dos colonos; não, porém, sem ha ver antes
ate quasi os Andes, a fro n te ira convencionail de T o r- restaurado em S. Lu iz a velha ordem , e pu nid o de
de silia s — esforço que valeu para o clomiinio p o rtu- escarmento o chefe da revolta
guez enorm e accrescimo de te rr ito r io , que depois se D ahi a pouco mais de v in te annos (cm 1708) le ­
anlhe ntico u p o r novos tratados com a Hespanha. vant am-se em M in as Geraes os pa ulista s contra os
E, p o rta n to .d e meiadoa do século X V II cm diante, portuguezes.
que o Brazil se vai fazendo uma le g itim a integração Haviam aquelles descoberto, e queriam para s i o
social e p o litic a , fundada em to da parte num v iv o es­ p riv ile g io de as exp lorar, as ricas jazidas de ouro
p ir ito de pa tria nascente, e num p e rfeito s entim ento que ptizerain to d o o m undo em alvoroços. Entende­
de solidariedade m oral entre to dos os colonos. ram, porém , os rcinóes, a!lia do s a m ultidõ es dc fo ­
Foram tomando então notável desenvolvim ento rasteiros, que tinham d ire ito a disputar-lhes uma fo r­
algumas grandes industrias que constituíram a hase tuna que só o acaso lhes deparara, e que, sendo mais
de toda a nossa economia interna, taes com o as dc propriedade da coròa que dos respectivos desco­
do assucar. do algodão, do tabaco; as da criação bridores, devia tocar ind is tinc ta m c n tc a to dos os súb­
c da pesca; as extractives, com o a da borracha e do dito s de El-Rei.
m atte, e prin rip a lm e n le a m untanistica. Desencadeia-se então a discórdia g e ra l naquellcs
F o i esla, a da mineração, a que com p le to u a d istricto s, onde o ou ro d ir-sc-ia que punha em fu ro r
obra que sc vinha construindo de um novo nucleo a cobiça dos concurrentes. Chegaram os embmibns
humano que se h a b ilita a to m a r o seu posto e n tre os (o u butivas, nome que os p o u listas davam aos fo ­
povos do m undo. rasteiros) a s agrar dic ta d o r das M in as a M anuel

o o o o o o 19 o o o o o
IJVRO n i l O l’ RO C O M M I MORATIVO /V ) CENTEX ARiO DA

Nunes Vianu a, fig u ra crim e ffc iio interessem ie, que d iam, eram scinprc isolados, c p o r isso fa cilm en te
em certo mmmento lo i senhor suprem o naqi icllas re­ reprim íveis.
giões, c que nem por isso fo i m al v is to na c õrte F icou isso bem claro nos levantes do M aranhão
de Lishóa, Tão ve he ui ente se fe z o clam or dos < K i8-l), de Pernambuco (1 7 1 0 ), de M in as (1 7 0 8 ), c
buavfis. e tã o decisivos c im periosos os seus protestos o u tro s ensaios de protesto fo rm a l contra os m ales que
que fora tu at<é a fran qu cira de declarar que pi eferiria m
trasladar-se i:om os seu:s bens para os dontin io s de A in d a em 1789, devido á circunstancia indicada,
H cspantia a renunciar ãquella com petição pe rfeita - frustrem-se cm M inas Geraes um pla no de subleva­
in ente le g itim i com os pan I is las. ção, que parecia perfeitam ente viável c seguro si cm
Só an cabo de hietas po rfiad as e sangrentas outras condições pudesse te r sido executado.
i que conseguiram afin al as ó u to rid a Jes conter os Trnm ára-sc a li, entre as mais altas fig u ra s drv ca­
dcsahrim enlos da quel las hostes, c em pregando m ais p ita nia , o desígnio de fazer a independência com a
prudência c conselho dn que armas. proclamação da republica Chegaram os conspiradores,
NSo se e x tin g u ira p-K a li, no cm tanto, 13o d e ­ como ha ra/ã o para presum ir-se, a contar com apoio
pressa o germen das dissençõe*. M o tiv o s de analoga de- valiosos elementos, ta nto no Rio como em S io
natureza continuaram n dar ensejo a reclamos e exi­ Pauto.
gências, a sedições e motins, que 9ó esmoreceram em Aguardava-se, no cm lanto, o dia convencionado
1720 com o sacrifício de Felippe dos Santos. para ei rom pim ento do levante, quando fo i a c o n ju ra ­
Quasi pelo mesmo tempo occorriam cm Per- ção denunciada, c presos o s conjurados de mais im ­
namhiico, entre b ra z ilciros c portllgiiCZCS, as luctas portância.
que to maram em nossa histo ria o nome de guerra Siihm e llido s ao juizo de uma alçada, foram d o /i
rios mascates. da alcunha que os m oradores de O lin ­ dos conspiradores condem natio- ã pena cap ital, sendo
da, por menospreçn, davam aos negociantes p o rtu ­ porem , apenas executada a sentença no mais ardoroso
gueses do Recife. c im penitente de to dos, n T iradentes , enforcado numa
Sempre amparados pela m etrópole, procuravam praça publica do Rio de Janeiro, em 1792. O s o u ­
estes, p o r todos os meios, a u fe rir os mais exage­ tros tiveram , quasi todos, a pena conim ulada cm de­
rados lucros do commercio que m onopolizavam E gre do perpetuo para vários pontos da Africa.
quando qnizeram separar da camara m unicipal de
O lin d a a adm inistração local, revoltaram -se os olin -
dcnsc-s, to mando log o franca offen siva arm ada contra X I. Enganava-se, nn cm tanto. a soberania alarm a­
os portiiguczes, investindo o Recife, e depondo n G o ­ da. suppondo que os excessos de rig o r seriam os
vernador, Sebastião de C astro Caldas, e obrigando-o m eios mais cfficazcs para m anter aqui o svstcm a de
a fu g ir para a Bahia. medidas com que suffocava im pulsos desde m u ito la ­
Ficaram os revoltosos senhores da capitania, e tentes na alma das populações
Cllidnram de preparar-se d e ris ivamenle para sustentar A chegada (em 18Í18) dn fa m ilia real, corrida
as resoluções que tinham tomado. de Lisboa pelas armas francczas, não m udou g ra n ­
L (piando sentiram que sobre a te rra não ta r­ de coisa na colonia.
daria a c ah ir a severidade das leis, chegaram ale a Passadas as emoções que o facto im p re visto p ro ­
pensar no recurs-) extremo de uma com pleta eman­ duzira no prim eir > m om ento, romcçnn-se a sen tir,
cipação. conslituindo-sc em republica. em todas as capitanias, que em vez de m e lho rar,
Vem, no cm tanto, simulando in tu ito s de conci­ antes parece que se aggravára a condição da terra,
liação, e parecendo querer in s p ira r confiança a to priiicip alrncn tc no que dizia respeito A economia g e ­
dos. um n o \o Governador; e os m ais prudentes ral.
suggerem c fazem vencer o bom aviso de reconhe- Na propria ordem c isil m u ito pouco se alte rara a
cel-o. sorte dos colonos Os Governadores e os capitães-
N ão se aplacaram, porem, nem assim, os dissí­ m óres continuaram a ser o s mesmos desabusados
dios e tu m u lto s , sinSo alguns annos depois (171-0. pro consules, em cujas mãos se concentravam to dos
os poderes quando o soberano estava longe
Q u an to a m elhoram entos materiaes só aproveitou
X. O pensamento de sacudir aq ue lle pesado algum a coisa, com a presença dn re i, a cidade do
ju g o e lib e rta r a colonia vinha, pois, tornando-se im ­ R io de Janeiro: e isso na tu ra l men te , porque era
perioso á m edida que o dom ínio p o rliig u c z se punha s id e da côrtc. Era preciso fa zer aqui, ou arrem edar
em contraste, cada vez mais irrita n te , com os in te ­ quanto possível, o que havia lã cm Lisboa.
resses, a libe rd ad e c o es p irito das populações. Tornou-se, pois, o Rio o centro de to da a vida
O que, porem , a estas fa ltava não eram apenas do paiz. Para aqui vinham todos os recursos que
os indispensav eis recursos materiae s de guerra para se arrecadavam nas provincias, deixando-se cm to ­
fazer fre n te áis guarnições da colo nia. das cilas a m ingua de meios as necessidades m ais u r-
M u ito ma is do que isso, o qtl e favorecia o jm - gcnles.
p e rio da m elroipolc era, sobretudo, a circunstancia de P o r isso mesmo com a presença da c òrte n5o
ser o pa iz m ui to vasto, e de sii: acharem m uito se fez menos do que to rn ar m ais viole nta s cm toda
distanciados nris dos outros os grandes nucleos onde parle as velhas prevenções c rivalidades entre filh o s
era mais fo rte a opinião c o sent im ento de pa ina . da te rra e partuguezes reinócs.
N ão haverido, portanto, colicsár» imm ediata entre E ta nto assim que mesmo durante a perm anen­
esses núcleos, o que se havia de dar fatalm cnte é d a de D. João no Brazil, nem por isso fo ram menos
q u e os m o vim entos, que se tentavsim ou emprchen- evidentes e formaes as manifestações d o e s p irita que
cpk'PKnhia: nácíonãLdeTabacqs
M /^ U F A C T U R A deF U M O S C i G A R R O S eCHARUT^OS
}, - V VR.IO.DE JANEIRO’"! / z J

í ® 11"

Companhia Nacional de Tabacos — Rio de Janeiro.


I
IN W .P rN ltt.K C I A K f t A HXPOSIÇAO INTKRNACIOS At

SCgerara cm Ires scculos de sendoa


v illa colo n ia l,
Assim que se viu na regcncia d o reino americano,
mats violenta a que occorrcu em Pernam buco e nu­
tras provincias do n o rte cm 1817.
cuidou, s o lic ito c in s o ffrid o mas prudente e cau­
telo so, de apressar a realização d :j seu pensamento
U csílIlidid os das esperanças com que tinham
de fazer a independência para si, como lhe havia o
«!.(,. . tra s la d a re i d a la m ii,, r „ l p„ , „ America,
p ro p rio pa i aconselhado antes de pa rtir.
tomaram afoitam ente os pernambucanos a attitud e P orlou-sc nos p rim eiro s mezes rum m uita astú­
d o pro lc s lo pelas annas: a ttitud e que correspondia cia e tin o cm suas relações com as C órtcs de Lisboa;
ccrlainenic aos sentim entos geraes da colonia mas c quando se sentiu seguro d o e x ito , e prevenido de
que sti d ie s livcra .n a coragem de tomar contra aqiicl-
elementos para a ffro n ta r a in e tro p o lc , não hesitou no
las instituições que cram a causa da situação d o lo ­
cam inho que se lhe a b rira , c a 7 de Setembro de
rosa em q tiv se via o paiz.
1827, achando-se em S. Paulo, ergueu á margem do
P ro d amaram desassombra da mente a independên­ riacho Ip ira ng a o g r ilo de indrpendeaera ou mor i,- !
cia e a republica, te nd o como c erto o apoio de o u ­ Acclamado im perador, tratou 1). Pedro, nu xilia -
tras provincias; mas apenas as da Parshvba e tio do pelo sei i grande m in is tro José Bonifácio e por
Hm Orande do N orte adberirani ao m ovim ento vicln nufros hoitutns notáveis, de fazer ai sua autoridade
rios., no Recife.
reconhecida cm todo o paiz.
l.uid aram d r extender a revolução para n norte As pro-rin tia s d o sul já estava m alhadas a 1),
e para ti s u l; e até expediram agentes para o exte­ P edro; mas entre as d o norte a lg i imas havia onde
rio r, ii a esperança de serem amparados p o r algum os p o rtuguc zes, preponderando nas respectivas Jun-
governo americano, ou pelo menos de alcançarem tas, pretenderam conservar-se fie is ao governo de
° «in curso de m ercenários; mas tu do fizeram son Lisboa. Tev c 11 Pedro do as subni e tle r pela força,
ii cu ii um proveho. não sendo i sso m uito d iff ic il (nem rnesmn na Bahia,
Abandonados aos pro prios recursos, fo ram logo onde o gene ral M adeira dc M e llo , fortem ente apoiado
t s patriotas pernambucanos subjugados, e punidos pclas C ortes, o ffc rc c ia tenaz resistcncia) porque em
com Ioda a b ru talida de daquclla sacrilega jus tiç a de Ioda parte a grande causa era tnthusiasticcm cnte am­
El-Rei parada pelos brazileiros.

X II. Nem esses acontecimentos do no rte, no X I II. Eiuquantn se cuidava de chamar ao grem io
cinianlri, scrvira.u de aviso aos homens de D . João VI. da nação aqucllas provin cias esquivas, apressaram-sc
Não cuidavam e lle s de certo que pudessem íân aqui, na capital do novo im p erio, os trabalhos de o r ­
cedo sob revir complicações c perigos ainda de mais ganizar o Estado.
gravidade, e a que não teriam torças para resistir. Havia-sc já, mesmo antes do lance do Ipiranga,
Eniquaiito se celebravam aqui, com lod o appara- convocado unia assembléa constituinte.
lo, as festas da coroação, lã no velho re ino se conspi­ Esse congresso rcuniu-sc com c ffc ilo e;n M aio
rava contra aquella ordem de coisas, que sú cm P o r­ de 1822, c começou a d is c u tir o projecto de C onsti­
tugal se ob s tin a i a o irre d iic tiv c l e im penitente rc- tu içã o que se havia elaborado.
galismo em m anter n o meio da E uropa sacudida do la aquella assembléa exercendo m u ito regular­
esp irito novo, e a rceo nsli tu ir-se sob o in flu x o das mente as suas funeções. quandi o imperador, mal avi­
novas ideas, que lavram como incêndio. sado, e cedendo a suggestõcs dc uma facção pessoal
Em 1820 rompe na cidade do P o rto a revolução a que se confiara, não trepidou em dissolvel-a, com
constitucio na lista, e lo g o trium ph a em to do o reino. grande apparato de força m ilita r, c com ostentações
A repercussão d o successo vem levantar o ani- de quem não tinh a pe rfe ita in lu içã o do papel que lhe
mn geral nas províncias do B r a z il; e cm quasi todas cabe num regim en como o que sc planeara.
ellas organizam-se Juntas Provisórias de governo ad­ Desde esse m om ento fo i o im perador perdendo
herentes ás C ortes constituintes que em seguida se a ruidosa popularidade dos dias recentes, c acabou
reuniram em Lisboa incom patibilizando-sc com a nação.
Dcslocára-se assim , de um m om ento pa ra outro, O acto d c fo rça contra a con stitu in te provocou
o eixo da velha soberania: a m ajestade posta em che­ cm toda parte as mais vivas suspeitas contra a ín­
que jã não impera em tada a monarchia convulsio­ do le d o príncipe, que só agora se mostrava tã o eiva­
nada. d o da atmosphera da velha realeza onde se educára,
O rei aq ui e us seus estremeciam, im m obilizados e que parecia tão extranho ao esp irito dos novos
de susto ante os acontecimentos com que os surpre- tempos.
hende o destino. E viu-se D . João cm taes embaraços, Em m uita s provincias fo ram form aes c energícos
e tã o assohcrhadn de perigos; sentiu a sua autoridade os protestos com que sc rebateu e condem non aquella
tã o dim inuída que a fin a l o unico expediente que
se lhe impnz fo i a vo lta para a antiga séde da cõrtc, Nem fa lto u mesmo o revide das armas, tendo-se
deixando, porém dir-se-ia como de pro po sito a pro vin cia de Pernam buco in s u rg id o (em 1824) e
o p rincip e real com o seu lo rn -tc n e n tc n o governo proclam ado a republica da C onfederarão do E q ua­
do Brazil. d o r, own adhesão de outras provincias do norte.
Alcançou lo g o I) . Pedro a situação que esses N a q u c llc m omento de tantas e<tãn graves com­
acontecimentos lhe preparavam. plicações, que faziam recear p e la sorte do paiz, ain­
Desde algum tem po, aliás, que n u tria elle as da Sc un ira m exe rcito e m arinha a estadistas dc acção
mais le g itim a s ambições neste vasto th ea tro da Ame­ para c o n ju ra t aquelle perigo.
rica; c tinh a mesmo creade, entre os b ra z ile iro s mais D. Pedro, pnrém, nunca m ais se reconciliou com
illu stre s daquclla geração, o seu grande partido. os b ra z ile iro s ; e o seu d e spre stigio fo i crescendo até

o o o o o o 21 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVE) DO CENTENÁRIO DA

que o surprehendcii naquclla c inju nctu ra d>’ 1811, tiveram os riagrandenses de fazer a paz com o im ­
em qui sc viu assohcrbado tie embaraços que o le ­ pe rio , mais que pelas armas vencidos dos in tu ilo s pa­
varam á abdicação (7 de A b ril). trio tic o s e conciliadores do barão (de po is conde, niar-
£ que D. Pedro não buba a fo rtu n a de com ple- quez, e duque) de Caxias, n pacificador .
tar por uma certa capacidade po litic a ao menos, ou t i n 18111 (a 21 de J ulh o) fo i o im perador [3.
p o r algumas virtudes dc príncipe d o s<cu tempo, Pedro II, por uma revolução parlam entar, declarado
aq li cl las exc<lle n tc s qualidades e aquellc culin is ias- m aior (com pouco menos de 15 annos) e entrou
m o com que tomára c defendera a causa que era no exercício da sua alta m agistratura.
ta n to do Bra zil « im o sua n o transe da separação. üepois da m aioridade, occurreram ainda algum as
revoltas, nas provincias de S Paulo c dc Minas
em 1812, c na de Pernambuco em 1818. N ão foram
X IV . Com a sabida h rusca do soberano abdican­
eslas, no cm tanlo, m u ito m ais que sim ples m ovim en­
te, installa-sc o governo da Regência, que sc Consti­ tos de partidos, sem caracter de causas políticas n u de
tu e em nome de O. Pedro li, ainda menor. defesa de ideas.
F oi este, de mais de nove annos, o período inais
d i f f ir i l da nossa historia . T an to na cõrle, como em
quasi todas as provincias, houve constantes motins c XV. D ahi em d ia nle í que sc norm aliza a
tum ultoík que fo i necessário re p rim ir pela força. Os ordem inicrna.
mais graves deram-se na Bahia, em Pernambuco, cm Para isso em grande parte concorrem as Conipli-
Alagoas, e nas do extremo no rte; e o mais teme­ caçâes da po litic a pla tina , cm que o governo im p e ­
roso de todos, no Rio G rande do Sul, onde uma rial fo i forçado a envolver-se.
verdadeira revolução, durante p e rto de dez annos Atacada cm 1813 pelos exercitos de Rosas (dic-
(de Selem bro de 1835 a M arço de 18-15) fez g ra n ­ ta dor dc Buenos Aires) pediu a R epublica O rien tal
des males á p n vincia, c chegou a ameaçar seriamente o socco ro d o im perio quando v iu M ontevideo s i­
a ordem geral no império. Os revolucionários p ro ­ tiad a por O ribc , preposlo do dictador.
clamaram a republica em P ira tiu im , elegeram pre s i­ Por mais de uma razão, cada qual mais le g iti­
dente o chefe da revolução. Bento Gonçalves, c cnn- ma imperiosa, teve o Brazil, por fim de enviar (cm
1851) um exe rcito dc protecção ao povo a.nigo.
Tentaram os republican^is extender o m ovimen­ Esse exe rcito (sob o commando de C axias) a
to para o norte, ma? inutilm ente. que se alliaram tropas uruguaias e argentinas (eslas
A fin a l, sem o concurso das demais provincias, da provincia de Entre-Rios, cujo G overnador sc de-

O o o O O

0 0 0 0 0 2 2 o o o o o o
i n d e p e n d f. n c ia e ha e x p o s iç ã o i n t e r n a c io n a l

clarára contra Rosas) o b rig ou O rih a render-se, au p é rio ) poude logo rcconstiuiir-se das devastações da-
cabo de pertn dc dez annos de porfiadas refregas q u ella tnrm cnla. E sá agora c que se póde dizer que
vo lta dai praça annargurada. en trou elle na sua verdadeira independencia, con jura­
Ass im que se libe rta ra Minntevideo, levaram das aquellas tres impias tvrannias de mais de m eie
alliadns as suas armas contra Rosas ind o investi século; liv re das quaes poude iniciar uma phase de r e ­
na .sua pro pria c apitai. paração, de existência normal e de progresso.
Sahiii o despnta a encontro dos aggressores; Term inada a guerra, que fo i o u ltim o c o n flic to
mas cstes, na halalha de Caserns lhe desbarataram externo do segundo reinado, começou-se nn im perio
o exerciln em que purcra a sua ultim a confiança, e o um grande movimento de reformas, tanto sociacs
forçaram a fu g ir para a In glaterra , onde viveu ainda como politicas, desde m uito reclamadas pela nação.
A o mesmo tempo que renascia vigoroso o esp i­
Estava, pois. a R epublica Arge ntin a i»or sua vez r ito geral, e tomava largo incremento a economia
livre da qu clla sacrílega tvrannia. in te rna , ia-se também fortalecendo a opinião publica,
M al sncegára algum tempo O governo imperial, retemperando o sem im ento nacional, e pondo fra n ­
e já cuidava de aprovcirar aquelle mom ento de paz camente em exame e discussão a po litic a dos velhos
para encam inhar a administração do pa'iz, quando leve partidos, e a propria fô rm a de governo.
de levar para alem das fron te iras , ainda no extremo O que neutralizou, no cm tanto, até certo ponto,
sul, uma nova guerra, agora contra Aguirre, presi­ a propaganda repuhlicana por algum tempo, fo i prin-
dente do Estado O rien tai, instigado pelo úictador do cipalm cnte a questão do elemento servil.
Paraguai Esse problema fo i segiiraincntc o que, desde
Com o A g u irre se obstinou a cm tosam ente em não 1870, mais agitou o sentim ento nacional.
□ttender a reclamações que o im perio lhe fazia con­ C um quant > a lei 1‘ aranhos (d e 28 de Setembro
tra a sua p o litic a em relação a b ra z ilc iro s habitantes de 1871) tivesse estancado a fonte da escravatura
da campanha o rie n ta l, não houve o u tro recurso si- declaiando que os nascituros de m ulher escrava, da
não constrangel-o a isso pelas armas. data dessa le i em diante, seriam livres — continuou o
Vencido A g u irre , levanta-se Francisco Solano Lo­ e s p irito pu blico a clam ar contra tã o odioso espolio
pez bruscam ente, não sá con tra o im perio, mas con­ do passado, c num ta l crcscendn de vehemencia que
tra os seus demais vizinhos do A tlâ n tic o , invadindo- não fo i mais possivel a d iar a solução radical que se
lhes de im p roviso, c sem deciaraçio de guerra, os te m ia ; e a abolição leve de ser decretada quasi rc-
respectivos te rritó rio s . vnlucinnariam enic a 13 de M aio de 1888.
Fizeram então os tres povos — uruguaio, argen­ E então póde-sc dizer que as instituições po liticas
tin o c h ra z ile iro um tratado de ailiança offensiva entraram na phase aguda de uma crise que desde
c defensiva c on tra o am bicioso caudilho que sem m u ito s annos vinha abalando os fundamentos do regi-
nenhuma razão de ordem po litic a se atrevia a per­
tu rb a r a paz na America d o Sul. O que mais concorreu para com prumetie r os
D epois de haverem rechassado das províncias destinos da monarchia naqucllc momento fo i sem
invadidas as tropas do dic ta d o r in im ig a , e de ha­ duvida a exagerada confiança dos seus grandes esta­
ver-lhe a esquadra im p e ria l annullado o poder naval distas na e ffic ie n d a do systema, e cm contraste com
na m em orável batalha do Ríachuelo, tomaram os allia- a a ltitu d e de franca antipathia e repulsa que contra
dns energica offen siva contra López. c lie tomaram a fin al as forças armadas, m u ito seguras
T ornou-se lo g o im possível a resistenda do ag­ de que no sentim ento popular não encontrariam fo r-
gressor lá no p ro p rio te rr ito r io , apesar dos conside­ maes resistências.
ráveis recursos de gu erra que tinh a accumulado. Não ta rdou que sobreviesse a crise daquella
Em quanto levavam os alliad ns d c vencida, os que sc chamára questi a m ilita r, e que. explorada ha­
exercitos do dicta do r em continuos encontros (dos bilm ente pelos republicanos, devia pro du zir o re s u l­
quaes o mais fo rm id á v e l f o i o de T u y u ty , a 24 de ta do que seria fa cil prever á vista dos m u ltip lo s fa cto­
M aio dc 1866) forçava a nossa esquadra heroicamen­ res que se vinham preparando desde m u ilo : quando
te, no r io Paraguai, os passos de C uruzú, de C uru- menos apercebidas andariam as provincias (onde não
p a ity. e da temerosa hiumaytá, obrigando-se assim havia m u ito mais que vagas aspirações de pequenas,
Sc lano López a ir de recúo em recuo para o no rte, e em m uitas até de insignificantes m in orias) dão-se
e a fin a l a m etter-se com o restante da sua gente na n o R io de Janeiro, com todas as apparendas de uma
região das C ordilheiras. surpresa, os acontecimentos de 15 dc N ovem bro de
A li fo i atacado; e teve de andar, ind om ito e 1889.
cruel (e m ais cruel com o p ro p rio po vo que s a c rifi­ A fre n te das tropas da guarnição, perfeitam ente
cava do que com os exercitos que o perseguiam ) m u­ unidas, e de accôrdo com as forças da marinha, p ro c la ­
dando de acampamento quasi to dos os dias, im pondo ma o marechal De o d oro da Fonseca, na manha da­
aos m iseros que lhe obedecem o castigo de acabar q u elle dia (n o lendário Campo de Sant’ Anna) a des­
com elle. titu iç ã o do m in is tério Ouro-P reto, e em seguida a
L e lle só acabou quando desbaratado e m orto deposição do p ro p rio imperador, e a in stitu içã o da
(em C e rro C orá, a 1 dc M arço de 1870).
N ão houve siquer signaes de protestos de nenhum
dos dois p a ri idos m ilita nte s , nem d c nenhuma classe:
XVI C om a m orte de López acabou a guerra. a rep ub lica fo i saudada, p o r uns como um grande so­
O povo paraguaio (am parado pelos vencedores nh o que se realiza pondo em d e lirio o son ha do r; e
daquelle fe ro z despotism o, e principalm ente pe lo im ­ p o r ou tros como uma nova ordem de coisas que não

o o o o o o 23 o o o o o o
LIVRO HE o r RO COM AtEMORATIVO /X ) CENTENARIO

sc previra, mas que logo se v iu que podia ser tão lhe seguiu (d o marechal F lo ria n o P e ixo to ), foram
bem explorada como a o u ira . m uito agitados.
N o p rim e iro m om ento huuvc um como silencio Desde, porém , a prim eira presidência civ il (a
de pasmo. D ir-se-ia que a nação accordára naqiivlla d o Ur. Prudente de Moraes) começou a norm alizar-
manhã lom ada de um susto que a im m o hiliza : mas se n nova ordem po litic a , tendo s ido apenas mais d if­
f i d i de fixaT-se a situação em algumas das antigas
N o fu n d o de Iodas as consciências o que é ver­ províncias con stitu ída s cm Estados
dade t que o facto andaria sentido ta l como era- a Logo que sc sentiram conjuradas as difficu Id ad es
republica vinha a fin a l cnmo uma solução m u ito lo g i­ dos prim eiro s tempos, fo i o pa iz entrando seguro
ca da nossa propria h is to ria , pois a m onarchia' não numa phase nova de v italidade e de reeonslrucção,
linh a raizes nn sentim ento dos brazileiros. Adopt.ida tanto na sua v id a interna cnmo nas suas relações com
cm 1922 como fô rm a de transição qne os acontecimen­ todas as nações do mundo.
to s im piizcram , pôde-se d ize r que clia só viveu, de
18 11' em d ia iilf, do pre stigio pessoal de D. Pedro II A ti commem ora r agora o seu p rim e iro centenário
como nação,. prospero c pacifico, sente o B razil que
tem o seu grande papel nn convívio internacional, c
X V II. Teve a republica, nos seus prim eiro s dias vai para o (m u ro m u ito conscio dus seus destinos, c
de vencer alguns embaraços, que eram m u ito naturaes largam cnlc in sp ira do nos sentimentos de pe rfe ita so­
desde que se ensaiava um regim en novo, em eoniras- lidariedade m o ra l com lodos os povos americanos.
te com tradições de p e rlo de setenta annos.
d govern do marechal D eodoro, e o que sc K(x:ha Pombo.

O O O O O O 24 o o o o
am

FALCH1, P A P IN I & C ia. — São P au lo .


A P R O P A G A N D A R E P U B L IC A N A

Em 1710 irrom pe a revolução conhecida pelo


nome dc Revolução dos mascates - que con­
seguiu in s lilla r, já na geração da qu cllc tempo, o
sentimento republicano.
H IS T O R IA da propaganda republicana Os que enfrentaram na batavos aguerridbs, não
no Brasil vem de longa dala da v'ida puderam conform ar-se com a' attitud e dos dom ina­
da nacionalidade. Aindn não está ddfi- dores insolentes, perversos t extorsivos
nitivam ente fixada, pois somente após Tom am armas contra elles, derrotam -nr s, n b r i­
o advento do actual regim en a p parece ram sobre o gando-os a fu g ir com o G overnador fe rid o para a
assum pto c scrip tos dignos de m aior fé, v is to que Bahia
ao te m p o da monarchia não havia a necessaria in­ Re(liicni-se depois deste fe ito e form am um novo
dependência de esp irito para a narração im p arcial dòs governo, quando Heriíarrlo V ie ira dc M e llo pròpoz
acontecimentos. qtle se adoptasse a fo rm a republicana. A idea me­
Os fa d o s im portantes eram descriptos ao sabor receu applausos, nãn srmdo, porém-, accciia. cm con­
dos corlczâ.is: a alma nacional e suas aspirações sequenda das pondcraçScs dos companheiros que v i­
eram patenteadas pelos historiadores o ffina es de modo ram a im p ossib ilida de dc ai an ter-se n regimen.
a ju s tific a r os erros, aventuras e crim es dos que, O governo c confiado, interin am ente, ar> Bispo.
sem nenhum descortino e tã o pouca elevação de vis­ Em O u tuh ro de 1711, chega o novo G over­
tas, governaram despoticamente. nador, F elix José Machado M endonça C astro cV a s-
Os que huscaram, com jus tiç a c im parcialidade, coficellos, homem de ind ole perversa, rancoroso por
conhecer dos factos historicos da nossa nacionalida­ temperamento, ignorante, sem nenhum descortino,
de, em tradições fidedignas, testemunhos insuspeitos tendo como asseclas o rebotalho da população, des­
e documentos irrecusáveis, verificaram a a ltiv e z e envolveu re v o ltan te perseguição não só aos naturaes
sobranceria dos nossos maiores que, já antes ela In­ como também aos da m etropole, de idéas adiantadas.
confidência M ineira, fo ram sacrificados em tentativas Patrio ta s d ig no s p o r to dos os titu lo s , taes como
de emancipação da Patria, com o ideal repuhlicano, Bernardo V ie ira de M e llo . An dré V ie ira de M e llo,
la i com o se deu em Pernambuco. M anuel Bezerra Cavalcante. Leonardo B. Cavalcante,
Desde o te m po da invasão H ollandeza, os per­ o C apitão M ó r Pedro R ib e iro da S ilva e m uitos
nambucanos, elles só, sem n concurso da m etropole, outros depois de indignas perseguições, depois de
enfrentaram o s invasores, sustentando com desassom­ m uito m a rty risa dos p o r vexames dc to das as es-
b ro e pa triotism o tremenda luta. pecies, fo ram rem ettidos para P o rtu g a l e reco lh i­
Aos pernambucanos deve o Brasil a sua inte­ dos ao L im oe iro , onde m orrera.n uns, emquanto o u ­
gridade ; não fô ra a attitud e pa triotica d e li es e a tros se finaram cm degredos na India.
H o llan da , então fo rte potência naval, te ria compar­ A a ttitud e d o O overnador, o seu o d io aos na­
tilh a d o em grande parte da nossa Patria, po is que turaes, e aos da m etropole que queriam a indepen­
a m etrop ole já pensava em d e ix ar a esses invasores dence, a oppressâo, em fim , que con tra elles desen­
o te rr ito r io p o r elles occupado. volveu teve como causa p rim o rd ia l a im p orta nte as-
O s pernambucanos, porem, fom entando a lu ta scmbléa em que fo i cogitada a emancipação da Pa­
com louvável civismo, conseguiram, cm bem da in­ tria Brasileira.
te grida de do Brasil, im p ed ir o desmembramento de
grande parle d o nosso te rrito rio e o alcançaram
de modo tal que a 27 de Janeiro de 1654, o estan­
darte batavo fo i retirado de uma vez para sempre
das fortalezas cm que tremulava.
A lu ta que sustentaram os pernambucanos, fo i A despeito das perseguições, cm Pernambuco,
o cadinho form ador da a ltive z desse po vo que na es nunca sc e x tin g u iu , no B ras il, o a rd o r pelas libe rd a­
cola dos combates, dc sacrifícios, de heroísm o, com- des publicas.
prehendeu. mais tarde, a necessidade da indepen­ Ainda a realeza representada p o r D . João V I
dência patria. não pensara enkystar-se na grande co lo n ia sul ame-

o o o o 25 o o o o o o
LIVRO n E OURO COMMEMORATtVO DO C EN T tN AR K> HA

ricana e já O pensamento republicano, inspirado pela racá, os padres A n to n io Pereira c Pedro de Souza
liberdade da Patria, surgia illu m in a n d o a consciên­ T cnorío, o C oron el A m aro Gomes C outinho, os rc-
cia dos naturaes com essa epopea que fo i a m allo- neiilc:-i'< iro ne ís S ilv eira e Peregrin.» de C arvalho,
grada — Inconfidência M in eira, c u jo insuccesso, fr u ­ os Capitdes T hco to nío Jorge c Barros Lima o
to de v il traição, não conseguiu abater n ju s to ideal Leão Coroado, — o T c n c n lc A n to n io José H en riq ue
dos que aspiravam uma patria liv re da opprcs&áo. c Ignacio Lccipoido de A lbuquerque Maranhão.
O baraço que estrangulou S ilv a X avier O Em 1821, no R io dc Janeiro, o A lm ira n te Ro­
Tiradentes, n io fo i bastante para d e struir as as­ d rig o P in to Guedes, o b riga de iro G e iic lii, o ju iz da
pirações de independência, com a fo rm a de governo A lfam lcga T a rg in i. Lu iz José dc C arvalho, Isidro
rep ub lica no ; e, tã o pouco, a ga le perpetua, a que Francisco Guim arães, João Severiano, M aciel Costa
fo i condem nado José M artins Borges, avilta do pelos c o u iro s patriotas, tiveram que se occultar para evi­
açoites na praça publica, d im in u irá o v ig o r das con­ ta r sorte egual á daqucllcs heroicos e grandes vul­
vicções. to s que pagaram com o su p p lic io da forca uns, c
Em 17Q8, surge de novo a idea da independên­ com o degredo outros, o grande crim e de haver n
cia nacional, ainda uma vez m allng ra da pela dela­ cogitado da libertação da pa tria que a uns v ira nas­
ção. Além do supplicio da força in flin g íd o a G onçal­ cer e a ou tros acolhera como filho s.
ves das V irgens, Lu iz Dantas, J o io de Deus, Luiz
Pires e F austino Lyra, o C o n lin c n te N egro, recebe Com o rcsalia, ames que cm 7 dc Setembro dc
como degradados onde succum liem , os conjurados 1822 fosse estabelecida a M onarchia lio B rasil nada
C yp ria n o Barata c M arce)ino A n to nio. menos dc qu atro pronunciam entos sérios, diversos mo­
D e no v o em 1817 na Bahia e Pernambuco sur­ tin s dc m enor im portaticia se opcrara.n, cm p ró l da
ge o m ovim ento pela emancipação da patria. independência, todos elles sob o caracter re p u b li­
F o i organizado um ü o verno p ro v isorio que des­ cano. Vem a m olde, com o prova da aspiração repu­
ce ás ruas armado com o povo a dar combate tis blicans d o e s p írito po pu lar, as palavras dc José C le­
hostes do governo da m etrnp ole , que, trium phando, mente Pereira, a 9 de Janeiro desse mesmo anno,
faz encarcerar deshumanamente quatrocentos e tantos quando concirava ao Princípc Pedro, filh o de Jnão V I,
brasileiros e portuguezes que com m ctterain o fe ia a desobedecer ás ordens das côrtes da m etrop oiu
crim e dc aspirar uma patria liv re . que o intim avam a regressar á mãe patria.
Taram então fuzilados os a istin ctos padres R o­ «Será possível, ( d i2ia C lem ente Pereira ao p rin ­
ma e M ig ue l ino. c D om ingos José M artins e José cípc Pedro), que V. A. Real ign ore que um p a rtid o
L u iz de Mendonça e enforcados o v ig á rio dc Itama- republicano, m ais ou menos fo rte , existe semeado

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J IR T m # ! ! í i| i8 i :
INDEPENDKNCIA f i f>Â EXPOSIÇÃO INTERNACJONAI.

.aqui e a li, crn m u iia s P rovíncias dn Brasil para nân Em 1835 o D eputado A n to n io Ferreira França
dizer cm todas?D apresentou ao Parlam ento um projecto de lei no
p. fe ita a emancipação po litic a do Brasil a 7 sentido do cessar o governo do Brasil dc ser p a tri­
de Setem bro dc 1822, mas essa emancipação não m onio do uma fam ilia, devendo o Imperador D, Pe­
conseguiu desraigar da C on scien tia nacional as sym­ dro 11 e suas irmãs ceder os seus p rivilé gio s, re­
pathias convictas pela democracia pura. cebendo p o r uma só vez um subsidio nara com pleta­
A l í o dia da proclam ação da nossa emancipação rem sua educação e fic a r a nação governada, desde
po litico-social, o povo, (com o m uito he.n disse Lo ­ lo g o , por um presidente nomeado dc dois cm dois
pes Trovão, em im p o rta n te pam phleto), deslum brado annos pelos eleitores das provincias.
pelo especlaculo grandioso que lhe o ffc rc c ia a quasi A 23 de Julho de 1840 era conferida a m a io ri­
totalidade das nações já libertas da Am erica, ama­ dade de D . Pedra I I, ru a n d o elle não havia ainda
va a R epublica simplesm ente pela R epublica; dahi atting id o aos 15 annos de edadel N o emtanto o c i­
cm diante, porem , começou a es(remecrl-a ainda mais dadão só aos 25 annos podia eycrcer o elementar
pelo o d io que lhe inspiravam as lihertinagene, os d ire ito do voto!
desatinos, as violências, os crim es, pu blico s e p r i­ Estavam o s destinos de uma nação a se fo r­
vados d o p rim eiro Im perador e do c o rrilh o passivo m ar cniiegueB a um a crcança!
e subserviente dc que ellc se acercara para exercer Não commentam is. o nosso nbjectivo não c ara-
com m ais segurança os seus hrutaes e grosseiros ins­ ly s ar c tão sómente rep ro du zir apontamentos sobre
tinctos despolicos. a propaganda republicana.
A consequenda fo i o 1831 na B ahia; o 182Ç Em 1835 irro m p era a revolução no Rio G ra n ­
em Pernam buco; o 182-1 que fu n d iu as Provincias de d o Sul, com o fim de fundar a Republica de
da Parahyba, Ceará, Rio Cirande do N orte c Per­ Piratin im .
nambuco cm um só Estado sob a denominação de O governo lançou mão de lodos os recursos
«Confederação d o E q u a d o r', e fitiaInte nte o 7 de para auniquilar e vencer o brio s o e valente povo
A b ril em que o lira n e le fo i daqui e x p c llid o pela gaúcho, form ado p o r essa leg iã o sublim e dos filh o s
cólera popular. dos pampas. As levas de homens armados se sue-
E xp ulso Pedro I o oaiz en trou no período re- cediam umas ás outras, sem resultado aproveitável.
gcncial. fo ra m nove a m ios de lutas sem tréguas, pelo Aggrava-sv a situação com a attitud e da Cama-
p a rtid o nionarchico. já d iv id id o em duas partes ir- mara M un ic ip a l d c Sorocaba, que proclama a revo­
i« con ciliá veis; uma qu eria a restauração do prim e iro lução na Provincia de S. Paulo, cm 1842. Também
im perador de po rla do , outra sustentava a reg rn cia; M inas Geraes rcvoluciona-se na mesma epoca. A!a-
uma procurava espaçar o regímen rcgcn cia l emquan- g o a . em 1844 increm enta a crise cue assoberba o
lo que a nutra reunia lodos os esforços para cn lre g a r Im perio.
o governo da nação a o he rde iro pre sum ntivo da corõa, E doloroso dizer-se mas o p re s tigio das ar­
um m enino e n v olv id o ainda nas faixas c o n s titu tio ­ mas dos nossos valentes c dedicadoa soldados, pas­
nal's da m enoridade. sou a valer menos que o d in he iro !...
A s consequentias dessas lutas foram as sanguei- Surgiram os im itadores de Joaquim S ilverio dos
ras d o generoso po vo, as quaes em 1831 inundaram Reis, ( o de lactor da Inconfidência M in eira), e os
por duas vezes as provincias de Pernambuco, Pará gcncracs regressaram de Alagoas, Minas Geraes, S.
e M aranhão e uma vez o Ceará c a cidade do R io P a ulo e R io ü ra n d e do Sul, com as laureas de
de Ja n e iro ; em 1832 na p ro vin cia de M in as Geraes triu m p h o bem pouco edificantes.
e também nas ruas do R io dc J an eiro; cm 1833, Em 1848 Pernam buco insurreccionoii-se de no­
mais uma vez n o Pará e R io d c J an eiro; cm 1831 cm vo C bateu-se desesperada e valentemente em san­
M a ito G rosso ; cm 1833, mais uma vez no Pará c gre nta campanha, que term ino u dc modo opprobrioso
no K io Grande do S u l; em 1837 na Provincia da para o Im perio.
Bahia; cm 1838 ainda uma vez no Maranhão. C o n fian te em promessas de amnistia, o pae de
Pedro Iv o , um dos chefes da revolta, entrega o f i ­
lh o ao governo que, deslcalmente, o mandou encar­
cerar, carregado de fe rro s , em um calabouço da F o r­
Ill taleza de Santa C ru z. Pouco tempo depois desappa-
rccia sem que se saiba até h o je, como c nem para

O pensamento rep ub lica no não se e x tin gu iu, es­ Para o povo. Pe dro Ivo fõ ra cobardemenle as­
tava apenas am ortecido N o em tanto jornaes desse sassinado no m y s te rio do seu cárcere e com elle,
tempo pregavam a supressão da monarchia, confor­ como m u ito hem disse d is tin c to escriptor, a d ig n i­
me a ffirm a o his to ria d o r im p erialis ta A rn iriag e. Essa dade nacional que, nos u ltim o s movim entos de Per­
idea conquistou ta l preponderância nessa occasião, nambuco, M inas Geraes e R io Grande do Sul, re­
sobre a consciência publica, que houve uma p ro ­ presentaram uma grande força aue succumbe lu -
posta pedindo a federalisação d o paiz e o u tra dan­
do autonomia ás provincias com constituição pro p ria O paiz, mal fe rid o , to lh id o nos seus justos asso­
e ainda a 10 de J ulh o de 1831 um p ro je c to deter­ mos de independência e hom bridade, cahiu vencido
m inando a v italicied ad e do governo na pessoa dc nas mãos d o Soberano.
D. Pedro II, sendo que, depois dc sua m orte, o Annos se succederam e com elles graves e serios
governo passaria a ser tem p orário, na pessoa dc um acontecimentos, dos quaes os dois partidos p o liticos.
presidente das pro vin cias Confederadas. L ib e ra l c C onservador, — quando no ostracis­

es o o o O o 27 o o o o o o
UVRO a t: 'RO COM M L MORA TLVO /X ) C ENJt.NARIO DA

mo, sc- aproveitavam para ferir ns adversarios, en­ que tão fortemente impressu non a população do nos­
volvendo nos sens ataques o Imperador e assim des­ so vasto paiz c que levou o assombro- ç o panlco aos
prestigiando a forma de governo. que vihhant dominando disereccinnariaineiilc.
( ) ideal republicano não fòra axtincto, a des­ No emtanto, para que a geração actual tome
peito do silencio imposto cm torno delle, depois que conhecimento dos signatários desse importante e pa­
a metropol< c o Império se cevaram fartamente em triotico documento, admiravcl c conscienciosa .nente
innumeras victimas, desde Felippc dos Santos até bem redigido, damos a seguir, os seus nones:
Pedro Ivo
Joaquim Saldanha Marinho, Aristides Ja Silvei­
ra Lobo, Christiano Runcdiclo Oltoni, Flavio Far
IIesc, Pvdrii Antonio Ferreira Vianna. Lai avelle Ro­
IV drigues Pereira, Bernardino Pamplona, João dc Al­
meida, Pedro Bandeira dc (loiivèa, Francisco Ran­
gel Pestana, Ft enrique Limpo de Abreu, Augusto
Em 1865 estala a guerra com o Paraguay, en­ Cesar de Miranda Azevedo, Elias Antonio Freire,
contrando-sr : Brasil com a sua defeza nu 1lificada. Joaquim Garcia Pire-s dc Almeida. Joaquim Maurí­
O inimigo invade as Provincias de Mailu Ciros- cio Abreu, (Quintino B.icavuva, Miguel Vieira Fer­
so e Rio Orande da Sul. quasi que sem encontrar reira, Luiz Vieira Ferreira.’ Pedro Rodrigues Snare's
elementos dc resistência. As pequenas guarnições das dc Meirelies, Juli.. Cesar Freitas Coitinha, Alfredo
fronteiras são sacrificadas A bravura dos nosjos sol- Moreira Pinto, Carlos Americano Freire, Jcrouvirin
dados não foi bastante para impedir a invasão do Simões, José Teixeira Leilão, João Vicente de Bri­
inimigo, que desde muito se preparava, c.nquanto to (ialvão, José Maria de Albuquerque Mello, Ga­
que os governos do Imperio, sempre imprevidentes, briel José dc Freitas, Joaquim Helcodoru Gomes,
a despeito dc reiterados avisos deixaram que che­ Francisco Antonio Castnrino dc Faria, José Caeta­
gássemos á deplorável situação de fraqueza, que, no de Moraes e Castro, Octaviano Hudson. Luiz dc
se não fôra a dedicação do nosso povo, form and r Souza Araujo. João Baptista La per, Antonio da Sil­
levas de milhares dc voluntários, feriamos que su­ va Nulo. Antonio Jom dc Oliveira Filho, Fran­
portar o dominio do diclador Solano Lopez, que cisco Peregrino Viriato d j MeJeiros, Antonio de Sou­
era lioinetn de valor m ilitar e de grande descortino, za Campos, Manuel Marques da Silva Acanau. Ma­
como bem n demonstrou, suslent ando por cinco an­ riano Antonio da Silva. Francisco Leite Billencoun
nos- essa guerra, que Ião caro nos custou, com o Sampaio, Salvador dc Mcnd inça, Eduardo Baptista
sacrifício de dezenas de milhares de patrícios nos­ Roquet i Franco, Man ci B.micio Font nelli, Tclles
sos que la se finaram varrid s pela metralha e pe­ José da Costa e Souza, Paulo Emilio dos Santos
las molestias, além dos cxhorhilantcs dispendio; que Lobo, José L.npes da Silva Trovão, Antonin Panli-
tanto aggravaram a fortuna nacional no Limpo dc Abreu, MaccJ.i Sodré, Alfredo Gumes
Antes mesmo dc terminada a -guerra, o ideal Braga. Franciisco <: dc Hoizia, Mamli cl Marques de
republicano começou, c certo que muito limn damen­ Freitas. Tlionné Ignacio Boi.cílio, Eduardo Carneiro
te, a dar signa! de vida. A mocidade das Escolas dc de Mendonça, Julio V. (Juti ierrez, Ciandida Luiz de
curso superior, ora fra cameu te, ora com- certa ener­ Andrade, Jost:. Jorge Paranha>s da Sil va, Emilio Raii-
gia, iniciou a campanha que só terminou cm 15 dc gel Peslana e Antonio Nunies Galv'3.1.
Novembro de I88Q
Não só na mocidade das Eícolas, também na
tropa que regressãra da gtierra, onde com tanto sa-
crificib conquistara os touros da victoria, f.rram en­
contrados elementos dc valor que não mais sc confor­ V
mavam com a fôrma de governo implaniada a 7 dc
Setembro de 1822.
Os republicanos alcançaram as vantagens que Alravcz de revoluções e motins, que agitaram
os elementos militares poderiam trazer á propagan­ o paiz do extremo Norte ao extremo Sul. a idea
da. com clles confraternizaram r, assim, o pensa­ republicana, desde os tempos coloniacs, co.no já de­
mento republicano rosurge pujante, ostensivamente, monstramos, vinha se affirmando A sua propagan­
corporificado em um punhado de cidadãos, que fat­ da. porem, tomou nova orientação mais intclligentc
iaram ao paiz por meio dc ti.n manifesto hem de­ c methodica e assim mais generalisada pelas cama­
monstrativo de que a monarchia, mesmo constitucio­ das populares desde 1870 em deante, apoz a pu­
nal,. era incompatível co.n a verdadeira democracia. blicação do documento a que acima nos referimos
Este notável documento- publicado em 1870 foi c do jornal' «A Republica., cujo primeiro 'mimem
o bradó que repercutiu em todo o Brasil; chamando saiu a 13 de Dezembro dc 1810.
a postos os compatriotas que Souberam resistir á A propaganda seguia um curso muito cansa­
corrupção do regimen imperial tivo, movimentado por Quintino Bncaviiva, Miguel
Dc todos os pontos surgiram francas adhesões, c Luiz Vieira Ferreira, Aristides da Silveira Lobo,
principal mente das províncias de S. Paulo, Minas Saldanha Marinho, Salvador de Mendonça, Flavio
Oeraes, Rio Orande do Sul, Bahia, Pernambuco e Forms. e ou tios inlellectuacs, cmquanti que desen­
Rio de Janeiro. volviam a maior dedicação o proprietario da typo-
Lamentamos não dispor do espaço necessario graphia João Aranha e o paginador Lino Cardoso
para reproduzir na integra o importante manifesto de Oliveira Guimarães

o o o o o o 28 o o o o o
H IL D E B R A N D BR ES5AN E>
SAO PAULO

\rlj<}o% p a ra b ilh a rv s EsCf^


lo rio D e se n h o . P in tu ra En
^ e n f ia r ia . G ^ m n a s t ic a , e tc
1|ÂiJao3 df^OAtteoufe defioa^rfo^ne. I
t lirares e GetyviLS. HI
I Aàsyhg/vn&s /o r n a t i e jfiv n p ri'r- ■ !
Rua 15df Núv»mbro- N-22Ci.oooCo--? s A W i

5AO PAULO
£ ^ T- - Garr<u,-3.Pa,llú Cwlwl 1 5 3 B P

A CASA GARRAUX de São Paulo.


INDEPENDEHCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.

Todos sc salicnlavam a porfias com a maior VI


dedicação, moral, intellectual c material, sendo di­
gno de nota especial, o Or. Pedro Handeira dc
(joiivêa. ri cdico distincto, republicano exaltado e con­
Em opusculo que temos á mão encontramos o se­
victo, já muiln conhecido pelo que, ao lado dc Thco- guinte trecho, referente ao moço republican’' inte­
philo Ottoni, fizera c„i Minas Geraes, onde perdera, merato, hoje alquebrado pela moléstia, cdade e bem
como rebelde, o posto dc Capitão e engenheiro do possível injustiça dos homens:
Exercito.
Era um pugilo dc dedicados que, sem temer cDous annos depois dc formar-se, o seu
as iras da Monarchia, iniciava proficuamcnte a pro­ nome. que já havia rompido victoriosamen-
paganda republicana pelas columnas do seu orgão. tc o circulo escolástico, attrahiu-lhe as ai-
quando aqui chega a noticia da proclamação da Re­ tenções do ü r Duque Estrada Teixeira, que
publica I Icspmhol i snh a presidência de Emílio era, a esse tempo o chefe político mais pe­
Gastelar rspicaz e orador eminente do partido con­
Desde logo ficou assentado festejar-sc esse acon­ servador. Este homem illustre e popular,
tecimento. A fachada do prédio, onde se publicava fez-lhe as mais seduclnras promessas afim
A Republica-, na rua do Ouvidor, foi enfeitada c de o attrahir a si, ao que Lopes Trovão
íIluminada. sempre resistiu não cedendo uma linha de
O Governo, do qual fazia parte o Conselheiro suas convicções. O Dr. Duque Estrada não
Duarte dc Azevedo, cnm.i Ministra do Imperio c se deu por vencido e procurou por todos os
Justiça, (annos depois persona grata- do Governo meios domesticar aquclla energia de aço,
republicano dc S Paulo) permittiu que, capangas, terminando por affciçoar-se sériamente áquel-
capoeiras c mais desclassificados sociacs desaffron- lc moço, distinguindo-o e admirando-o.-
tnsscni o regimen imperial, do - crime > praticado
pelos ri-puhlicanos brasileiros festejando o advento Em 1877, diversas provincias do norte foram
da Republica Ibera assoladas pela sccca. í ) Ceará, Parahyba c n Riu
Logo que a noite foi se approximando, grupos Grande do Norle soffreram de modo atroz as con­
suspeitos começaram a atravessar nquclln rua e, reu­ sequências dessa calamidade
nindo-se uns aos outros, encaminharam-se para a A população do Rio de Janeiro não foi mdiffe­
frente do edifício daiiJa vivas á Monarchia, espan­ rent c aos soffrimciitns dos seus irmãos daquellas
cando os populares que encontravam em sua passa­ provincias; movimentou-se, tomando altitude digna
gem. Guando, porém, tentaram penetrar no interior e caridosa.
do edifício, foram energicamente repelli los pelos pa­ Organizaram-se commissões afim dc obter au­
triotas. que serenamente esperaram o ataque. xilio para os que tanto suffriam.
Deanlc da resistenda dos republicanos a horda Os Drs. Eerro Cardoso e José Leão, republica­
arrLmessoii uma saraivada de pedras sobre as vidra­ nos am victos, tomaram uma attitude franca e lou­
ças fazendo-as em estilhaços, c. sob infernal ber­ vável na obtenção dc soccorros para as victimas do
reiro, tentou lançar fogo ao prédio. accidente cosmico e desse accidente se aprovei Iaram
os republicanos para a propaganda em comici os nos
A Monarchia conseguiu, em parte, o que dese­ theatres.
java. A propaganaa foi interrompida, cessou a pu­ Então, isto é, depois da cxtincçâo do A Re­
blicação da A Repiihlica ; alguns transfugas se dei­ publica’. a idea republicana, como já o affirma-
xaram seduzir pnr promessas c collocações. Mas, mos, ficou inlciramente entorpecida. No Rio de Ja­
se houve transfugas, tambem houve os que soube­ neiro, a não ser a palavra de Lopes Trovão nos cir­
ram com dignidade sc responsabilisar pelas suas culos académicos e um pequeno grupo de paulistas,
conviccões politicas, pondo a descoberto os erros podia-se affirmar que aquella idéa por completo ha­
e falhas do regimen imperial. via desapparecido.
Sem garantias para os republicanos, a propa­ C certo c manda a justiça que sc diga, Quin­
ganda, como que entorpecida, foi tomada de certo tino Bocayuva e Aristides Lobo não desanimavam
rclrahimcnto, para uns, ns exaltados; criminoso, para e se, porventura, sc estenuavam na pugna, habilmen­
outros, os moderados. te não demonstravam vaciIIações, o que, com pezar
Dentre os que não sc podiam conformar com o dizemos, não se deu com Salvador de Mendonça
o relrahimento toma attitude ostensiva o 3.» annista e outros signatários do manifesto de 1870 que não
do Medicina Lopes Trovão, já então orador fluente, souberam ou não quizeram conservar a linha de
genuíno representante da mocidade que acudiu ao abnegação daquelles seus companheiros.
seu appello para que continuasse, pela palavra es- Lopes Trovão, José do Patrocínio, Vicente dc
cripla e faliada, a campanha defensiva do brio na Souza e mais tarde Alberto de Carvalho resolveram
iniciar uma serie dc conferencias publicas. Nessas
Como verdadeiro pioneiro, nas associações e as­ reuniões populares, assistidas por milhares de pes­
semb Idas académicas, os seus exercícios oratorios con­ soas, de todos os credos e camadas sociaes, foi que
quistaram applausos c sympathias dos seus collegas, a sociedade carioca familiarizou-se com as doutrinas
grangcaram-lhe. porem, as antipathias da maioria dos republicanas.
professores palacianos que lhe moveram incruenta Oradores monarchistas saturam a campo contra
guerra, só conseguindo a sua formatura depois de os tribunos repuhlicanos, mas foram batidos e aban-
mil peripetia-.

o o o o o o 29 o o o o o o
uvro dis n i'R U c o m m e m o r a t w o n o c e n t e n a r io d a

Todos os domingos, a palavra desses propagan­ tes na volumosa collecçâo daqnelle jornal que, in­
distas. verdadeiros missionários, se fazia ouvir em contestavelmente. foi um elemento poderoso que ope­
um 1lie atro desla cidade e, assim, pouco a pouco se rou a profunda mudança nos costumes do povo, na
foi Firmando unia forle corrente de opinião contra parte relativa á leitura de jornaes.
a monarchia, prlncipalmcnte na camada popular Até Iquella data, o operario brasileiro, com ra­
Nessa época a «Gazeta de Noticias», fundada rissimas excupçôes, não lia, porque era-lhe penoso
por Ferreira de Araujo e Manuel Carneiro, exercia dar preço exagerado por um numero do Jornal do
hencfica influencia popular. Estes cscriptores compre­ Commercio---.
henderam as vantagens do jornalismo moderno, dis­ Jornal de orientação democrática, rotulado com
cutindo com elevação de vistas c imparcialidade os o titulo de neutro — deu golpes profundus nos costu­
assumptos dc interesse publico. mes do tempo, pliatographaiido pelo lado ridículo
Em documentos que temos á mão diz um escriptor o que havia de absurdo nas instituições juradas .
daqucllc tempo cm referencia a este jornal: Assim é, que, algum te.npo depois da sua crca-
Ção, a traquitana e papos de tucano imperiaes, não
faziam mais o effcito da primitiva quando O povo
<Pódc-se dizer que á época do seu apparecimcn- embasbacado ia esperar o ex-m marcha por occasião
tc», poucos eram os individuos que liam jnrnaes Este da abertura do parlamento
facto era devido ao preço excessivo do Jornal do 1‘ouco a pouco, e, naturalmente, rnmo SC ti-
Commercio» que monopolisava o jornalismo ftiimi- vesse: um plano to­içado e do qual não se iir rodasse
ttenae. uma linha, conseguin 3 «Gazeta de Noticias i dnmcs-
O estabelecimento de vendagem avulsa inicin- ticar a rebeldia do povo, cibrigando-tt, por .assim di-
do pelo Jornal de Noticias que não conseguiu do­ zer, a estabelecer paralcllos entre os d:HiS parlidos
mar a indifferença das classes profundas da socieda­ mon:irchicos que se gladiavam; a reflcciir sobre a
de. desenvolveu-se por ta! fôrma com o apparci inten­ falta de patriotismio dos homens publieos que, nn
to da «Gazeia de Noticias-; que em breve tempo, ostracismo construi am progranimas sohcrhos c que
conheceu o Jornal do Commercio» ter a sua fren­ tnna vez no poder, esqueciam-nos seen escmpiilos.
te um adversario digno de respeito
Ferreira dc Aranjn, Henrique Chaves. José do
Patrocinio, Ferreira de Menezes e tantos outros cs- Ile facto, Ferreira de Araujo, imprimiu ao seu
criptorcs notavei-, quer em artigos de fundo, roda­ jornal uma feição toda especial dcmocralisanJo a im­
pés au chronicas ligeiras, deixaram paginas brilhan­ prensa, não só na capital, mas dc todo o paiz, que,

OO o o o

30 o o o o
IN DEPEN DEN C I A C DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIO NAI

mais tarei.-, preparou essa força que fez a insurrei­ ordens, não consentiria que proseguisse, rumo do
ção por causa do ..imposto do vintém que fez a Paço (aluis guardado por forças das Ires armas),
abolição e a Republica. quer o orador, quer qualquer outra pessoa.
O então moço e valoroso tribuno, em phrases
causticantcs contra o governo, pediu ao povo que,
VII com elle se retirasse, deixando, porém, compruvada
a fal6a comprehensãu que a Monarchia possuia do
direito de representação.
A despeito do retrahimenlo dos chefes do par­ Já a massa popular, que rumava para o centro
tido republicano, grupos esparsos procuraram man­ da cidade, se encontrava nas proximidades do antigo
ter o fogo sagrado, reencetando, é certo quo mm Matadouro, hoje praça da Bandeira, quando á toda
lentidão, o movimento da propaganda 3 brida, mensageiro do Paço dirige-se a Lopes Tro­
C.rcaram-sc clubs, na apparcricia literários, mas vão, declarando que o Imperador o receheria e a
que no fundo eram prirnmetite republicanos. uma commissâo, ao que lhe responde o tribuno:
Os Clubs Popular, Tiradeiilcs e S. Christovâo Ide e dizei a S. M. o Imperador e vosso amo,
prestaram reacs serviços, até que os chufes, ainda que um povo digno coino esle que ahi vedes, não
pruderies ou vacillantes, reorganisaram o partido, volia nunca, sobretudo quando o escorraçam como
procurando concentrar forças disseminadas, forman­ turba de lacaios e desordeiros! Idei Dizei ao Im­
do a commissâo directura no municipio neutro e em perador que eniquaiito eu estiver á testa da multi­
Nictheroy. dão, como seu director, me esforçarei por demonstrar-
Resurgia mais uma vez o ideal republicano Ihc que a soberania nacional reside no povo e não
t feila a lentaliva da fundação de um jornal
francamente partidário. O Ur. Antonio da Silva Net- E aunuticiado novo «meeting» para o largo do
In e outros muito se esforçam para levar a cffeito Paço. Alguns chefes do partido republicano, apavo­
essa idea que fracassou. ram-se e procuram dissuadir o tribuno popular a se­
Em I87Q Lopes Trovão assume a redacção da guir no seu proposito; elle, porém, compromettido
■..Gazeta da Noite . fundada a esforços do distincto com o po\o, cumpriu a sua palavra.
medico Dr Ferreira Leal e Tenenlc Joaquim Pedro A 1. de Janeiro dc 1880 (dia de gala e cor­
da Costa, veterano da guerra do Paraguay. tejo no Paço Imperial), ás 12 horas precisas, Lo­
Com o concurso deste vespertino e com as con­ pes Trovão chega ao local designado, bem proximo
ferencias dominicaes nos theairos e clubs, foi se for­ ao palacio, sendo recebido por uma estrondosa ova­
mando, mais uma vez, vultuosa corrente, a favor ção, onde cerca de dez m il pessoas o acclamavam.
da Republica. Documento que temos diante dos olhos, refe­
Surge a decretação do imposto de vinte reis rindo-se ao caso, assim o descreve:
em cada uma passagem de bond, o ..imposto do
vintém , como o povo o denominou. Lopes Trovão approximou-se do chafa­
Lopes Trovão e José do Patrocínio o comba­ riz que ajuda hoje existe naquelle largo,
tem na imprensa. Tomam conta da questão c irma­ venceu facilmente a parede da bacia do mo­
nados pelo mesmo objective, vão á tribuna popular numento e dahi, dominando a multidão, agi­
a profligal-o tada como o Oceana revolto, atirou a pa­
C convocado uin «meeting no então Campo lavra com que precedia sempre os seus dis-
de S. Christovâo, hoje praça Üeodoro da Fonseca,
proximo ao Palacio Imperial, aclualmente Museu Na­ «Cidadãos Nesse momento as ondas
cional. populares acalmaram-se como por encanto
A ooncurrencia ascendeu a mais de oito mil e o silencio profundo fez-se em toda aqucl-
pessoas de todas as camadas sociaes, da mais ele­ la enorme massa de povo, onde batia an-
vada á mais modesta. O orador foi Lopes Trovão, cioso o coração da patria.
lendo junto de si José do Patrocinio, Almeida Per­ «Foi um discurso eloquente, atraves­
nambuco, Vicente dc Souza, Alberto de Carvalho, sado pela logica terrível dos factas e mo­
Ferro Cardoso, Placido de Ahrcu, Francisco da Sil­ vido pelo grande amor patriotico que en­
veira Lobo, Cabral Noya e grande numero de ra­ volvia toda a alma do moço tribuno, o que
pazes das escolas superiores, onde eram vistos mui­ naquelle instante produzia o seu verbo tn-
tos da Escola M ilitar da Praia Vermelha, fardados flammado.
uns e á paisana outros.
Lopes Trovão, depois de um curto, mas vi­ «O povo, moços c velhos, oriundos deste paiz
brante discurso, cortado, de instante a instante, por ou filhos da velha Europa, a principio ouvia-o com
freneticos applausos da considerável assistência, leu toda a calma, mas, pouco a pouca, animando-se, sen­
uma representação que devia ser levada au Monar- tindo-se tocado pela corrente electrica da eloquên­
cha Os applausos explodiam sem cessar, hem como cia bem dirigida, começou de exaltar-se acclamando
os vivas á Republica. a propria soberania e irrompendo em enthusiasticos
Quando o povo, tendo como guião o orador, vivas á Republica.
se encaminhava para a Palacio Imperial, o Delega­ «A exaltação popular chegou a tal ponto que
do de Policia, bacharel Felix da Costa, capitanean­ não sendo mais posEivel contel-a nos limites da pru­
do numerosa força de policia m ilitar e civil, embar­ dência, estendeu-se como um vagalhão enorme por
ga-lhe o passo, declarando que, em cumprimento de todo o seio da cidade.

o o o o o o 31 o o o o o o
LIVRO l ) t OURO COMMEMORATH O DO CENTENARIO DA

A lula entre a poliria e o povo toma caracter Era n premir cio da desordem promovida e d i­
muito sério c grave. A cidade entra cm franca re­ rigida pela suprema auioridade policial.
volução A tropa deixa os quartos cm marcha ace­ A massa popular reage. Vivas ao orador c á
lerada ao rufiar dos tambores O povo forma harri- Republica estrugem, sem cessar.
cadas. Os pelotões avançam para cilas e põ” mais Lopes Trovão cruza os braços, emquanto que
de mna ve/ sâo repellidos, ate que triumpharo a briza revolve a sua cabei leira, nesse tempo ru­
Houve morins, feridos e grande numero de pri­ bra como a cauda do rclarnpago em negra c Ivmpcs-
sões que alapetaram as estações policiacs c a Casa tuosa rtoite e calmo, altivo c energiCO iexclama;
de Detenção. Canalhas!
Eram novas viiclimas que vinham augmentar o Esla simples palavra vihra de tal mod) que
grande numer.i da« que, desde ns tempos coloniacs, da ma)isn popular explodem delirant es vivas :i Re
se deixavam nnitar por uma forma de governo que publica o ao orador.
lhos parecia nin is consentanea com a dignidade hu- A turba avança e o Chefe dc Pol íeia moicla-
SC GOIti cila. com vila irmana-se, co L-lla se .COil-
tra a cieirna hlísloria das lutas, sempre etn prol funde e ainda com cila tenta appro: tr-se da tri-
dc ideacs que raramente se corpori ficam, mas pelos buna.
i sua ingenuidade, se deixa im- C) povo reage; forma uma massa mpacia, uilla
baliir c sacrific‘a r" ' mural hn humana, sem temor aos cacetes manobr;idos
Poli CO leinpn depois dos graves acontccimcn- por pcissantes braços e ás navalhas c punhaes que
tos que vimoí< dc referir, dcsappareccu a -Gazeta icfiilgem aui caçadorameli 1C.
da Noite c surge o O Combate, fundado por A esforços t a solicitações rciti:radas dos seus
Lopes Trovão. dc parceria com alguns operarios, amigos o irador deixa a tribuna para evit.ir a 1•ffu-
(compositores). derure ns quaes o velho republicano são dc sangue, tomando a direcção da Rua do Es-
Joaquim Augusto de Castri Miranda, que prestou pirito Santo.
os mais relevantes serviços á causa da democracia, A corja nefanda o numerosa dc alariados; se-
sempre disinieressadanientc. gue-o sempre a corcovear e a proferir phrases de
baixo calão encorajada pelo chefe que, ao eitvcz de
garantir a ordem, promovia a desordem.
Houve, porém, a reacção e a corja maldita teve
V III
rtcuai para voltar de noVo, com novos reforços
Estabelece-sií a lula aié á esquina da travessa
Em 1S81 c apresentado pelo senador Saraiva Barreiras, o:nde existia ii Café Lucinda e onde
o projecto de reforma eleitoral Os republicanos, republicanos se entrinchciiraram.
em consequência do censo elevado e anli-democralico, Depois de quasi uma hora de luta a turba re­
resolveram combatcl-u até na praça publica. tira-se ao tempo quv um casal f rance/, sciente de
Annuncia-se uni >meeting e a polida move- tudo. residente proximo ao local da acção, acolhe
se. Os rcpiihlicanos sâo avisados lie que o governo o tribuno e alguns amigos, ao som da Marselhc2a
assentara impedir de qualquer forma essa manifesta­ A desordem, isto é, os representantes do cri­
ção de pensamento me tomam conta da cidade e ao anoitecer, com ar­
Ha uma reunião de republicanos no escriplorio chotes incendiados percorrem diversas ruas estabe­
do I)r Almeida Pernambuco; discute-se o casa; al­ lecendo o pânico até que se dirigem á rua de S
guns opinam que se adie o meeting , ha divergên­ Pedro, onde destroem o material do «O Corsarior
cias, acalnra-se a discussão, quando, em dado mo­ jornal que além da parle condemnavel c n que tra­
mento, Lopes Trovão, que até então guardara silen­ tava da vida privada da Sociedade fluminense, lan­
cio, diz com energia: çava frcqueniemcnle artigos admiravelmente bem tra­
' Não discutam mais este assumpto; ellc está çados de crilica política.
por mim resolvido desde que aniiuncici o comi cio
no Largo do Rocio. Estou onmprumctlido com o povo, Tamhem o empastclamcntn da «Gazela da Tar­
não faharei ao meu compromisso!•; d o , jornal de Ferreira de Menezes, que mantinha
Meia hora depois, povo e policia se enfrenta­ as gloriosas tradições da «Gazeta da Noite e do
vam na actual Praça Tiradcnles. «O Combato estava destinada a mesma sorte do
\ policia, reforçada pela escoria da nossa so­ «O Corsário ; mas Ferreira de Menezes havia to­
ciedade, aguardava o momento de acção. O chefe mado precauções, armazenando em sua redacção, alem
de policia, desembargador Trigo de Loureiro, tra­ 'de alguns saccos de cal, muitas latas de insccticida
zendo na cabeça enorme chapéu desabado, enipunhan- e armas de fogo, de modo que, quando o Desembar­
dn respeitável bengalão, postou-se na escada do Ho­ gador Trigo de Loureiro apresentou-se para of te
tel Portugal, emquantn que os republicanos, junto recer as garantias da policia, o Dr. Ferreira de
da csiutiia de Pedro I improvisaram u.na tribuna Menezes agradeceu, dispensando-as, mostrando-lhe,
que é galgada pelo popular tribuno soh delirantes porém, os elementos de defesa, ao que o Chefe um
acclamaçõcs de milhares de ouvintes, que, se.n ces­ tanto desconcertado, disse:
sar, dãn vivas á Republica. «Os senhores realmente estão hem prepara-
Lopes Trovão profere algumas palavras, quando
ilo grupo chefiado pelo proprio chefe de polícia, a Dias depois eram deportad.» alguns rapazes por-
um aceno que faz, dcscncadea-sc infernal vozerio tuguezes, dentre ns quaes Julio dc Vasconccllos que
de vivas á Monarchia. tomara parle saliente na revolução do imposto do

o o o o o o 3'2 o o o o o o
Calçado POLAR — Rio de Janeiro.
IKUEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

vintém Todos esses rapazes tinham posição defi­ re, com habilidade e talento, propinam lcntamenle oa
nida e residência antiga no Brasil, ideaes aos seus alumnos. Na Polytechnics Manuel
Jii lio Favilla Nunes e o aulor deslas linhas Timotheo, Ennes de Souza, Joaquim e José Murtinho
fundam o «Jornal da Noite francamcntc a.nparado pontificam do mesmo modo que os seus collegas da
pelo publico que esgota as suas edições. Escola de Medicina, emquanto que a gloriosa Escola
A parle intellectual fôra confiada a Lopes Tro­ M ilitar da Praia Vermelha dá exemplos fecundos
vão, Ubaldino do Amaral, Fontoura Xavier, Aristides de civismo
l.obo, José Maria do Amaral e outros. Quintino Bocayuva, com a ponderação que lhe
A policia, além do suborno dc alguns vende­ era peculiar e Aristides Lobo, com a vehemencia
dores, mandou que agentes espancassem c prendes­ propria d o seu feitio, nas columnas do «O Paizi e
sem os que resistissem á corrupção, a despeito dos Gazeta Nacional-, desferem profundos golpes nas
protestos, na Chefalura de Policia, por parte dos instituições, com tanta convicção e vigor que deses­
Deputados Anlonio Pinto de Mendonça e José Ma­ peram os adversarios
riano, ambos inonarchislas, mas revoltados pelo pro­ 1 anthem Ferreira dc Araujo pelas columnas da
cesso de abafar a liberdade do pensamento -Gazeta de Noticias-», coopera, directa e indirectam en­
Curta foi. portanto, a vida do Jornal da te para incrementar o movimento republicano.
N oite-. São organizados os Clubs das Escolas dc M r
dicina e Polytcchnica.
Ferreira Vianna affirma que «o Imperador es­
IX tragou todas as forças vitaes da Nação ; Cotcgipe
diz que «o doente desesperado mudou üe cabeceira
e que não c muito que o cidadão, ferido em seus di­
Pouco tempo depois, Lopes Trovão parle para reitos faça o mesmo» ; Silveira Martins grita que
a turopa como correspondente do .O Globo», dia- «somos um rebanho de ovelhas ; Affonso Celso, diz
rio que linha como redactor em chefe Q uintino Bn que no Brasil já nem se salvam as apparentias- :
ca>m-a e a tribuna popular silenciou inteiramente Martinhn dc Campos deixa partir o brado dc cons­
até que de novo desperta, não para propagar as ideas ciência de que ase envergonhava de ser monarchis-
i epublicanas, mas para dar vigoroso combate á es- ta>»; Souza Danlas, affirma que em «politica só re­
ci avidão. presenta a sua individualidade , etc.
Surge José do Patrocinio na arena. A lula toma Taes -sentenças proferidas por homens que bem
tremenda feição, nella tambe.n toma parle um grupo conheciam as cousas do Imperio são aproveitadas
ik- republicanos; confraternisados republicanos c nto- pelos republicanos para convencerem á Nação de que
narchistas lulaiii heroicamente, ale que a 13 de Maio cila níu tinha servidores leaes c dc que os partidos
dc 1888 a campanha tem glorioso ter.no, extinguindo nionarchicos eram compostos de ambiciosos vulga-
a escravidão no Brasil, graças aos titânicos esforços
dos abolicionistas e á attitude digna, nobre c ele­ Era esta a situação da patria ctimmuan quando
vada do Exerci lo, que se negou á captura de escra­ fui feita a abolição, um dos mais grandiosos acon­
vos fugidos. tecimentos que têm glorificado o Brasil.
A campanha abolicionista enfraquecera a pro­ Desde I8S7 o partido republicano já então re­
paganda republicana, no emtanto c preciso salicniar- organizado, começou a desenvolver-se notavelmente,
se que alguns republicanos do antigo Municipio Neu­ ■ecebendo francas e notáveis adhesões
tro e provincia do Rio de Janeiro, entre os quacs Nos mais importantes centros das provincias dc
Saldanha Marinho, Q uinlino Bocayuva, Aristides Lo­ S. Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Geraes, Rio
bo, Ubaldino do Amaral, Almeida Pernambuco, Pe­ de Janeiro, Pernambuco, Santa Catharína, Espirito
dro Ferreira Vianna, José Maria da Amaral, Jero- Santo, Pará e Paraná, são inaugurados clubs de pro­
nymo Simões, Mathias Carvalho, Dr. Silva Netto, paganda. Ao lado destes apparcccm jornaes que lam­
Rodolpho dc Abreu, Barata Ribeiro, Erico Coelho, bem levam a propaganda a todos os pontos do Im­
Domingos Freire, Ennes de Souza, Luiz Leitão, Pe­ perio.
dro lavares, Luiz Mural, Esteves Junior, Manuel T i­ A 11 de Janeiro dc 1888 surge a famosa pro­
motheo da Costa, Timotheo Antunes, Fideles de Le­ posta dc consulta da Camara Municipal de S. Borja.
mos, Magalhães Castro, João Baptista Laper, Padre Outras municipalidades a imitam.
Antonio Maria da Trindade, Pessoa de Rarros, A l­ A propaganda desenvolve-se, desce ás camadas
meida Fagundes, Teixeira de Souza c outros, na sociacs, as mais profundas; quebra resistências que
imprensa e uma ou outra vez nos clubs, agiam cm encontra na sua passagem; estabelece deserções nas
pról da Republica, mas de modo muito restricto, a forças inimigas e caminha para a Republica.
despeito dos trabalhos dc arregimentação que vi­ A tribuna popular refulge em toda a parte pas­
nham sendo feilos desde 1885. sando dc umr para outra provincia.
Em 1887 inslalla-sc o Congresso Republicano Quintino Bocayuva, Silva Jardim, Ubaldino do
com delegados de todas as antigas províncias. Amaral, Pedro Tavares, Nilo Peçanha, Erico Coe­
Já então os Clubs de S. Christo vã o, Tiradcnles lho, Julio de Castilhos, Barros Cassai, Ramiro Bar
e Fluminense assemclhain-se ás sentinellas avança­ cellos, Demelrio Ribeiro, Bruno Chaves, Assis Bra­
das vigiando o acampamento e o movimenlo das sil, Coelho Lisboa, Quirino dos Santos, Maciel Pi­
hostes monarchic as. nheiro, Cyro de Azevedo, Luiz Murat, Campos Sal­
Na Escola dc Medicina, Barata Ribeiro, Erico les, Rangel Pestana, Alfredo Ellis, Francisco Gly-
Coelho, Souza Lima, Joio Gabiso e Domingos Frei­ ccrio, Prudenle de Moraes, Alexandre Stocler, Jusln

O O Q O O O 33 Q Q Q Q Q O
LIVRO Ol'R O COMMI MORATIVO DO CENTER ARIO f>4

Chermont, Fonseca Hermes, Alberto Torres, Xavier ncs, Estcvcs Junior e seus filhos Annihal e Itusbides,
da Silveira Junior, Domingos dos Santos (o Radical), Evar isto da Costa e muitos outros, cspccialmcnte
Alfredo Madureira, Martins junior, Annibal Falcão, rapazes do commercio que accorreram a formar cm
V irg ilio Damasio, Cancio de Freitas, João Polycar- torno do centro que trazia o nome do popular tri­
carpo (u Cidadão) e tantos outros, pontificam sem buno, então ausente cm estrangeiro paiz.
cessar Nessa mesma occasiãn na cidade de Campos
NSo só nas capitaes; nas demais cidades, vil­ organiza-se um club que entra, desde logo, em franco
las e arraiaes por onde passam, onde tocam dei­ moMmenlo de propaganda cm toda a provincia to­
xam signaes evidentes da conquista de adeptos. mando saliente attitude os repuh li canos Francisco
Os monarchistas sem coragem para, de fronte er­ Porlella, N ilo Peçanha, Pedro Tavares, Galvào Ba­
guida, antepor á propaganda a defesa da Monarchia ptista, Thomaz de Sá Freire, Heinetcrio Martins,
lançam mâo da calumnia, declarando que tudo que J. Feydil e outros, que na peregrinação por cida­
se ia passando, não era mais que o — -movimento des e villas, por mais de uma vez, correram o risco
dos negreiros despeitadoslr de perder a vida, como siicccdeu com N ilo Peça­
A «Guarda Negra de nefanda memoria, come­ nha, no proprio municipio de Campos.
ça a mover-se impulsionada por perversos indivíduos A 8 il t Agosto de 1888, Silva Jardim faz uma
que procuram estabelecer no Brasil o odio da raça. Conferencia publica em um theatro de Nictherm.
Us republicanos prosegnem. Além dos dubs já com franco successo A dl dr» mesmo mcz aiiiiun-
organizados, fundam o Centro Republicano Lopes riava e leva a effeito, nesta cidade, um comício no
Trovão onde trabalham activamenlc Thomaz Uelfinu, theairo Lucinda.
Favilla Nunes, Almeida Pernambuco, Emilio Ribeiro, O theatro estava radíealmcnlc chein de repre­
Martínho de Moraes, João Gonçalves da Silva, o sentantes de todas as camadas snciaes, notando-se
bello trio formado por tres meninos, tres irresponsá­ grande numero de senhoras.
veis crianças, Pedro do Couto, Alberto de Faria e Discursava o orador, recebendo sempre calo-
Mario Cardoso, que sempre estivei pontos rosos applausus. tdo os monarchistas, represen-
Moraes, lados por um gr ! numero de desordeiros, ehe-
Dias Jacaré, Deocleciann Martyr, Pessoa de Barros, fiados por agente ! policia, tentam interrompel-o,
Antonio Cardoso, Cabral Noya, Rodolpho d c Abnu, fazendo infernal berreiro, queimando cartas de bi
Guilherme Pires, Rodolpho Rodrigues, Ca pi tão Sou- chas chinczas e ;arremessando pedras.
za Barros, Drumond Franklin, Amorim Lir na, Cae- A principio cslabe!cccu-«e a confusão, mas as
tano Rcgazoli e seu filho, u velho Timntt ■o Anlu- senhoras que, seim temor, a11i se achavam, deixam

o o O O o

LXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DO RIO l ) t JANEIRO PAVII HAO


IX ) DISTRICTO FEDERAL

o o o o o o 34 o o o o o
IN OF PEN DCN a A F DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

os camarotes c cnllocam-se no palcn ao ladn dn ora­ zia a seu bordo o fogoso tribuno. Para o caea Pha-
dor, affinntandn os promotores da desordem que fo­ roux affliiiram milhares de pessoas. O navio cami­
ram corridos pelo auditorio, terminando Silva ja r­ nha knlam ente até enfrentar com a fortaleza de
dim a sua conferencia soh estrondosas acclamaçõcs. Santa Cruz. Ao seu encontro parte uma flotilha dc
Apparecem i luz da publicidade os periodicos lanchas, que ao passar proximo das fortalezas e da
republicanos Intransigente , Atirador Franci» e i.Re­ Escola de Marinha recebe saudações, sendo agita­
publicano». dos por marinheiros e alumnos lenços e barretinas.
Ao mesmo tempo os diários, especialmcnte o As 18 horas, depois dc emeiente exilio, de novo
O Paiz , com frequencia. publicam telegrammas das punha ns pcs cm terra brasileira um dos maiores
provincias e transcrevem noticias de nomerosas adhe propagandistas, pela palavra faüada, o intemerato
sfles. republicano que tudo sacrificou por seus ideaes.
A iro n ica phrase do Conselheiro João Alfredo O povo, o nosso bom povo, hem infeliz £ cer­
«Cresçam c ap pareçam - os republicanos cor­ to, mas sempre digno, generoso e justo, recebeu, em
respond iam de modo hem positivado. delirio, o popular tribuno também um dos mais abne­
Cresce, axnluma-sc c caminha de tal modo a gados paladinos das publicas liberdades, aproveitan­
propaganda que impressiona aos mnnarchistas mais do-se tio momento para demonstrar-lhe que os an­
ponderados, dentre os quaes Sebastião Mascarcnhas, nos de prolongada ausência não tiveram força bas­
Deputado por Minas Gcraes, que cm pleno Parla­ tante para tornal-o esquecido.
mento assim se manifestava no trecho do seu dis­ Continuam os republicanos em franca activida-
curso que transcrevemos: de a cavar fundo os alicerces das instituições. Alguns
monarchi*»as começam i imprcssionar-se c denlre es­
O cnthusiasmo com que as ideas republicanas tes Joaquim Nabucn que, cm plena Camara, tentou
são abraçadas na minha provincia, não provem do vibrar golpe dc morte na propaganda.
despeito por causa da abolição, como entendem al­ Ao seu encontro sahiu o sempre intemerato Sil­
guns senhores deputados e o Govern o («Apoiados-). va Jardim que, em conferencia publica, batc-o com-
Ha outras causas mais poderosas que influem para pletamente.
esse movimento. (<Apoiados>). Esta conferencia realizada no salão da Socie­
-Para provar o erro em que se acham os no­ dade Franceza de Gymnastica, fo i perturbada pela
bres deputados c o Governo, basta dizer que a maior cGuarda Negra que investiu por diversas vezes, não
parte dos republicanos £ residente nas cidades e conseguindo, porem, assaltal-o graças á energies at­
villas. Eram abolicionistas; muitos ou a maior parte titude de Sampaio Ferraz e Luiz Pires que de revól­
delles. entendiam, com razão, que a escravidão era ver em punho, auxiliados por muitos populares, rea­
a -base tnais solida sobre que descançava a Mo­ giram cfficientcmcntc.
narchia'. ( Apoiados;»). Do Morro de Santo Antonio, o Ministro da Jus­
tiça, de binoculn em punho, tudo assistia, retirando-
Abolida a escravidão, ficava ao partido republi­ se muito contrariado pelo insuccesso dus aggresso­
cano estrada franca e larga pela qual marchraria des­ res.
assombrado para a conquista de suas idéas Apparece o «Correio do Povo», diário-fundado
e mantido por Sampaio Ferraz, Chagas Lobato e Al­
fredo Madurcira, orgà.i genuinamente de propagan­
da, uma especie de sentinella avançada do partido.
X A redacção do «O Paiz» mantem uma secção
puramente republicana e o «Diário de Noticias» ce­
dia, mediante contrato com o Centro Republicano Lo­
A 2 de Novembro de 1888 a cnmmissão reor­ pes Trovão, espaço, onde Arislides Lobo, polemista
ganizado ra dn partido reune-se para tratar de as­ sem rival, quasi que diariamente desferia golpes tre­
sumpto urgente e importante Nessa mesma data, mendos nas instituições monarchicas.
grande numero de cnmmerciantes da praça do Rio O celebre .auxilio á lavoura» foi reduzido âs
de Janeiro, chefiados pelo sempre incansável Ro- suas justas proporções de manejo eleitoral.
dolpho de Abreu, fazia profissão de fc repuhlica- Em referencia ao plano financeiro do ultimo
na, promptificando-sc para coadjuvar no que pudes­ Ministro da Fazenda do Imperio, tamhem Aristides
se os trabalhos de propaganda, em todos os terrenos Lobo desferiu tremendo golpe como a questão m ili­
inclusive na parte monetaria. tar foi por ellc brilhantemente tratada.
Já não eram só as camadas profundas da so­
ciedade que vinham an encontro do movimento repu­
blicano, eram também as classes conservadoras, que
se desagregavam do regimen monarchico XI
Emqiianln o partido recebia essa importante
aâhesão, consequenti dc muito esforço, de muito tra­
balho de Rodolpho de Abreu, todos os Clubs e Cen­ No dia I I de Junho de 1889, o ministerio pre­
tros republicanos se preparavam para receber Lopes sidido pelo Visconde dc Ouro Preto apresentou-se
Trovão, que, depois de longo exilio, regressava á Pa­ á Camara dos Deputados
tria. no dia seguinte. O povo enchia as galerias, os corredores e as
As 4 horas da tarde, o Castello annunria que tribunas como invadiu o recinto, difficultando a pas­
do porto $c approxima o «Ville de Santos» que tra­ sagem de um para nutro lado.

o o o o o o 35 0 0 0 0 0 0
i-tvRO DE OURO COMMEMORATtVO DO CENTENARIO

Nas proximidades do edifício agg Iam crava-se Era a «cisão no seio do partido, mas, esse tks-
enorme tmillidão. lisc não causou nenhum enfraquecimento na propa­
O Visconde de Ouro Preto faz a apresentação ganda que, cada vez c mais sc avolumava.
do ministério. O Conde d ’Eu resolve fazer uma excursã.- ao
f.esario Alvim, deputado por Minas Gera es, pede norte do paiz. Silva Jardim, sein vacillar to.na pas­
a palavra t faz profissão de fc republicana, recebendo sagem no mesmo paquete acompanhado d Luiz Nu­
applausos das galerias nes Pires, seu infatigável companheiro, operosi c
Logo após, também pede a palavra o Padre João dedicadíssimo republicano.
Manuel, deputado pelo Riu Cirande do Norte que Os monarchistas atacaram violentamcntc o in­
profere um discurso violentissimo, terminando com temerato propagandista que, com essa attitude. mai9
as seguintes phrases: sc elevou no conceito dos seus correligionários, como
conquistou novas adhesõcs.
■Não tardará muito que, neste vastissimo ter­ Nessa mesma occasiào o ahastccimcnto d’agiu
ritorio, no meio das ruinas das instituições que se á pnpulaçAn era insuffjciente a despieito dos graindes
desmoronam, se faça ouvir una voz naseida espon­ dispêndios feitos pelo governo c os republic!anos
tânea do coração do povo brasileiro, repercutindo em aproveitai arrt-sc d<> clamor publico cm favor da pro­
todos os ângulos deste grande paiz, penetrando mes­ pagaitda
mo no seio das florestas virgens, hradando enérgica, Lopes Trovão toma a si a questão, mt ia
patriótica c unanimemente: Viva a Republica! e realiza -nnectings lendo com i cornpanheir ::vr«.
d: Azevedo, Coelho Lisboa c Gero lano Hassloirli cr.
N lu é possível descrever-se o affeito destas phra­ Em imii dns .-meetings realiza do no 1argo do
ses O tumulto campeia francamente no recinto e Paço. forni,iram uma procissão, com grande acmnpa-
nas galerias. uh amen to, levando paines com os seguintes dizeres:
C) povo invade todos os recantos do edifício
da Camara, applaudindo a attitude do Padre jo io Agua , Soccorro Hygiene , Desinfectante ,
Manuel, representante do Rio Grande do Norte. -Limpeza-, etc., etc.
Deputados apavorados uns, indignados outros,
levantam-se a gesticular e abandonam o recinto. O Dc tudo se aproveitavam os republicanos habil­
Presidente faz soar os tympanos e ameaça fazer eva­ mente para a propaganda dos seus ideáes.
cuar as galerias, mas só depois de alguns minutos Desde que fora feita a abolição, sentia-sc que
a ordem fo i restabelecida. o regimen mnnarchista tinha os seus di.19 contados
O Visconde de Ouro Preto, manda a verdade Era preciso um grande esforç.» e muita habilida­
que se diga, esteve na altura do momento de para manter uma instituição se.n base como era
Quando o Padre deputado concluiu o seu dis­ a realeza brasileira, amparada por uma aristocracia
curso, o Presidente do Conselho, pallido, cmacio- de Icntejoulas.
iiadu, altivo e porque não dizer, cam dignidade, bra­ A reorganização da Guarda Nacional, a derra­
da: Viva a Republica!- N iu ! Viva o Imperio! ma dc titulos e condecorações c outras medidas go-
Alguns deputados e alguns populares o applau- vernamcntacs, crearam a desconfiança nas forças ar­
deir, mas a massa não correspondeu a esse esforço, madas, que desde annos vinham se sentido melindra­
ao contrario, sem cessar acclamava os próceres do das
partido e a Rcpiihlica. Em todas as unidades, especialmcntc nas da
O discurso do Padre deputado João Manuel foi Córte, existiam republicanos, como bem o affirma
um verdadeiro cscandalo. Com esse discurso «lie le­ va o comparecimcnlo dc officiaes que de perto, e com
vava da praça publica para o recinto da Camara a interesse acompanharam a propaganda, assistindo aos
propaganda que vinha sendo feita e que com elle '-meetings- c frequentando os clubs
recebia impulso mais forte que uma série de con­ Muitos moços das Escolas M ilita r c de Guer­
ferencias c i meetings-. ra, formavam uma espccíc de bloco em pról do mo­
Os jorna cs por muitos dias bordaram o caso em vimento.
todos os tons, cmquarto que os republicanos dellc Nas conferencias de Lopes Trovão c Silva Jar­
se aproveitavam para tirar vantagens em prol da dim ellc.s eram a vanguarda dos que lutavam e re­
propaganda. presentavam o Exercito já então senhor de sua cons
No interior do paiz e até em extranhas terras ciência, como bem demonstrou quando sc negou ao
as palavras do Padre deputado produziram profunda degradante papel dc pega escravos fugidos, mere­
cendo por isso applausos de seus chefes taes com-v
Dcodoro, Severiano, Pelotas, Madurcira e outros que
não se prestavam facilmente aos caprichos de mi­
nistros.
X II Estava, pois, cm '880 em franca effervssccncia
a propaganda republicana.
Aporta á hahia de Guanabara bella e possante
Reune-sc em S. Paulo o Congresso Republica­
no! e entrega a Quintino Bncayiiva a chefia suprema Governo e povo não pouparam provas de cari­
do partido, ao que Silva Jardim se oppõc, declaran­ nho á distincta guarnição. Por onde passavam, onde
do o Congresso sem competência para sc nelhante chegavam, eram dclirantcmcnle saudados os represen­
resolução. tantes da Republica andina.
Perfumaria NANCY — Rio de Janeiro.
IS D IiP tN n tK C IA l i DA L X POSIÇÃO IN I t.RN AVION AL

Dentre as mais expressivas hnmenagens desla- des martyres Felippe dos Santos e Silva Xavier
cou-sc Cl hailc da lliia hi seal, offcrccido d offieiali- <) Tirudcntes.
dade chilena. Duzentos e tantos amios de propaganda, quasi
A iIlia tinha inn aspecto deslumbrante A illn- Ires séculos de lutas, rtim tantos sacrifícios, com
minaçân transformou-a de modo tal que a tornou fee tantas victimas e □ liberdade sempre enganosa, sem­
pre problemática!

in cutns, conduzindo damas c cavalheiros convidados


a tomar parte no festim.
Os official's da Onarda Nacional, vergando o
uniforme de grande gala, arrogantes, a impõr pres­
tigio, olhavam com desdém para <> povo que afflui- Ao concluirmos estes ligeiros traços, sem que es­
ra ao cáes, a fazer commentarios de toda a espccie. queçamos innumeras dedicaç.les de republicanos que
Nessa mesma noite, em modesta sala da rua prestaram inestimáveis serviços, manda a justiça que
da Quit.,nda. a propaganda republicana vencia a ul­ sejam coIlocados em destaque Quintino Hncaviiva.
tima etapa e terminava a sua trajccloria iniciada em Aristides Lobo, Rangel Pestana, Lopes Trovão e Sil­
171(1 va Jardim
Nessa mesma noite, em modesta sala da rua da Os tres primeir■os forait1. sem receio de coiitcs-
Quitanda, sede do Club M ilitar, cadinho onde se laçâo, <■ affirm amos, o expoente máximo da palavra
fundiu a .uitollnmi.i do Fxerciln, Benjamin Constant csciipla e os dons ultimos da palavra fallada, na
tomava sobre si a grande responsabilidade de resol­ época contemporane,a, isto é, de Id 7(1 a laSQ, quail -
ver o problema governamental o. de tal modo se do o Innperio haquei ui sem o amparo dc scus adeptos
conduziu, que na manhil de 15 de Novembro, ao lado qllc tanIto n comprometteram
ile Q uintilio Boi.ivuva, ladeava <> velho, honrado e
magnanimo Marechal Hcodnro da Fonseca qllc, pres­
Setembro de IQ22.
tigiado pela tropa t amparado pela nação, fez trium­
phal os ideas que levaram ao supplicio da forca e
ao barbam csqiiarlejautclllo, além de outros, os gran- J i'L io C admo ( I ’ * e ).

o o o o o o 37 O O p o o o
A L IT E R A T U R A B R A S IL E IR A

O I) t. a H istoria da Literatura brasileira nou-se a literatura brasileira rcalmcnte nacional, come-


scr dividida em tres períodos, m uito çando, cialão, o terceiro periodo, que, para melhor
embora a precariedade de taes clas­ eomprehe nsão dn assumpto, cognomin;iremos nuto-
sificações dê ensejo sempre ao referver numie».
unteis. E ntre os annos de 1 300 e A n<>ssa historia titeraria, em sua pnimeira phase.
ou menos, transcorre o seu p rim e ir . não apre senta propriamente grandes índi vidua lida des.
de formação, quando era absoluto o que. ou pela cultura ou pela forya do engenho, se
do pensamento portug iicz; de 173(1 a impuzessem á estima dos posteros. No século XVI.
lo os arcades da chamada escola mineira especialmente, a literatura foi um reflexo da terra.
a ne utra lisar, ainda que pallida monte, os Os primitivos colonisadores, entre os quaes é mis­
effe ilo s da influencia lusitana, entrou ella cm seu ter não esquecer nunca os apostolos da Companhia
segundo período, ou de transform ação; fm alm enle, de Jesus, como Anchicia e Nohrega, deaiite da magni­
quando os românticos, os naturalistas e os symbo- ficência do ambiente círciimstanle, limitaram-se a
I istas trouxeram ás nossas letras o in flu x o do novas fa/er o elogio da terra. Sómente um poeta, ou me­
conentes euro peas, isto é, d r 18 3n em deanle, to r- lhor, um cortezão amigo das boas letras, tentou

0 0 0 0 0 0 38 O O O O o O
C tN T tN A R K i l i A IN U t PT-NDENUA t UA EXPOSIÇÃO

olivar-sc a um genero in ais alto que o comminuente Anlonio de Sá, apeII idado pelos e«n temporaneos o
usado nas epistolas apologéticas oil nos autos dc C /iryso slom o p o rtu g a -z
indole religiosa, escriptos para enlretcn i mento c edu­ Entre os poetas podem mencionar-se Bernardo
cação dos sclvicolas. Vivendo num meio, cuja pompa Vieira Ravasco, Domingos Barbosa, üonçalo Soares
e opulência Fernão Cardini, na sua N arrativa tip is - da Franca, Manoel Botelho dc Oliveira, Gregorio de
tn /a r. descreveu cut re extasiado e rabo jento, Bento Mattos, José Borges de Barros, Gonçalo Ravasco
leixeira I’inlo quiz deixar do fidalgo que mais re­ Cavalcante de Albuquerque e João dc Brito Lima,
levo lhe deu, testemunho condigno. Eis ahi a razão todos pertencentes n denominada escola bahiana, Dc
da sua rro s o p o p c ia , poema epien composto em lou­ todos dies, porém, com excepção de Gregorio dc
vor de Jorge dc Albuquerque Coelho, onde, é bom Mattos c Botelho de Oliveira, restam apenas pro-
ponderar, só o valor dn intenção tem valimento. As ducçOes somenos.
musas desabrocharam mofinas no Brasil. Não foram Manoel Botelho de Oliveira, nos sonetos, ma­
os prosistas porventura rnais notáveis. Suas obras, drigais e canções de que se compõe a sua M usa
porem, têm mais preço porquanto dizem do nosso tio Parnaso, em quatro rtiro s dc rim as portuguezas,
torrão e dos seus primeiros colonisadorcs e habi­ castelhanas, ita lia n a s c latinas com seu descante co­
tantes São, assim, repositórios onde o historiador m ico reduzido em duas comedias, é poeta seguram ente
foi encontrar, mais tarde, os elementos indispen­ menos importanti' e pomposo que 1 titulo da sua
sáveis ao conhecimento do nosso paiz. Entre esses ohra. I de regra, entretanto, salvar-se de todos os
iscriplorcs do seciiln XVI. sãn dignos de nota e re­ seus versos imitados de Go 11gora r Marino, o poe­
ferencia Pero de Magalhães Gandavo, o primeiro meto descriptivo .1 Ilh a da A la n1, onde se mostra
homem que se occupoii das nossas cousas, escrevendo um altento admirador das nossas frutas e dos nossos
a H is to ria tia P rovin cia lie Santa C ru z; Gabriel ecreacs. Pode-se dizer que a ilh a 'ta M a rt1 é um
Soarc# de Souza, cujo Tratado Dc ■criptivo ■to B rasil poema heroico inspirado nos productus uaturaes do
vem cheio de informações preciosas sobre chorogra­ uberrimo sólo brasileiro Não c dc espantar, con­
phia, topographia, phytologia, zoologia c muitas ou­ sequentemente, que n materia da poesia se revele
tras relativas ao clima e .1 natureza do Brasil: 0 prosaica De Gregorio de Maltos, todavia, já não
padre jesuíta Fernão Gardim. autor da já Citada é licito üffirm .11 o mesmo, sem grave erro nu má
Narrativa E p is to la r, c Pero Lopes de Souza, que fé Fm ellc, em verdade, a figura mais alia da nossa
manejava com igual mestria a penna e n trahiico, poesia até os arcades do século XVIII, e, porven­
a semelhança de quasi todos os gentishomens nave­ tura. como satyrico, um dos melhores exemplares
gadores de Portugal. do genero no Brasil. Em que pese ás suas muitas
O século X V II é, sem duvida, já pelo lado fraquezas, ás sua# paraphrases dc Qiiexedo e n ou­
social c politico, já sob o aspecto intellectual, muito tros tantos defeitos facilmente explicáveis. Grego no
mais importante que o precedente. O sentimento na­ de Mattos é uma figura varonil, de linhas accen-
cional, raro e vacillante no scculn anterior, revigora- tuada# e características. José Verissimo foi injusto
se nas lutas contra os conquistadores estrangeiros; quando, levado não sei por que extremos, lhe re­
a riqueza augmenta progressivamente, a agricultura baixou a phvsionomia dc modo tão áspero. Foi in­
floresce nas villas c nas cidades litorâneas; a pecuaria justo, porquanto só teve olhos para as suas mise­
se desenvolve nalgumas zonas do interior: e as han- rias, esquecendo-se do homem e das circumstandas
dciras começam, por valles e montes, florestas c eni que o mesmo viveu, e ainda por que o consi­
descampados, a obra formidável do desbravamento derou exclusivamcnte como um truão. um individuo
do nosso sólo, que, então, se vai dilatando das re­ sempre prompto a fazer peditórios derramados aos
giões praieiras em direcção do planalto central. figurões da epnea. Gregorio de Mattos não foi ape
As letras gosavam. com especialidade na Bahia, nas 11m satyrico despejado, mostrou-se. igualmente,
que herdara dc Pernambuco o prestigio intellectual, lirista sensível e moralista imaginoso e discreto,
de grande estimação Os poetas do Renascimento quando n sangue lhe corria mais calmo nas veias.
italiano, hespanhol c porttigucz. como Tasso, Gon­ Sua obra é um espelho dn tempo. Elia reflecte
go ra, Quevedo, Lope dc Vega, Gabriel de Castro os ridiculos c os vícios da gente que nos gover­
e outros mais. cram lidos, comment ados e imitados. nava dc bota e espora, c de quem o poeta soffreu
Como nos de Portugal de D, Francisco Manoel tanto. El la nos evidencia, ainda, uma alma cheia1 dc
de Mello, predominava entre os nossos letrados, quasi notas delicadas, capaz de sentimentos finos e ele­
todos educados em Coimbra, a influencia dc Marino vados. Se, cm dia aziago, Gregorio despejou a bile
c seus discipulos. Havia por esse tempo muitos cul­ contra certos mazombos atrevidos, não é menos ver­
tores da boa latinidade. Os chronistas e historia­ dade que, muita vez, deixou n coração cantar livre­
dores classicos eram meditados c conhecidos, for­ mente cousas mais subtis c polidas que a invectiva
necendo, não raro. grande copia de motivos á elo­ irritada. E llc representa na historia das nossas letras
quência sacra. Enlrc os prosadores da época, sohre- a revolta do hotn senso popular contra as ninharia#
sahirani Fr. Vicente do Salvador, o maior delles, ridiculas da fidalguia reino!; a bravura do julga*-
celebrado anlor da H is to ria da C usto dia do R ra sii, niento desassombrado, muitas vezes perigosa, con­
obra das mais consideráveis que nos legou a lite­ tra a covardia dos aulicos, sempre caroavel aos man­
ratura colonial, Manoel de Moraes, cujos livros são dões ; a nobreza do caracter contra a nobreza do
conhecidos 1111icamcnle pelos gabos de certos escri- sangue, a força da intelligcncia contra a sinuosa
ptores, como João L acl; Diogo Gomes Carneiro, intriga escorrega d iça.
Fr. Chrístovam da Madre de Deus Luz, Eusebio de O século X V III, durante o qual os caminhos
Mattos, que deixou fama de orador consumado, e de penetração para o interior tanto se dilataram,

O O O O O O 39 o OOOO
i. IV RO H L OURO COMMEMORAT W O DO CENT CNARK) DA

sob o in flu x o das bandeiras e do descobrim ento bém um poema heroico, e de Gonzaga, que, segundo
das minas de ou ro e diamantes, apresenta uma novi­ to das as probabilidades, escreveu um poema saly-
dade no ponto de vista literário. Data dos seus p ri­
m órdios o apparecim enfo das Academias Literárias Pcla o rig in alidade do éstro e do fe itio , assim
em nosso paiz. Em 1724, funda-se a Academia Bra­ como pela força da expressão, n U ru gu ay, dc H asilin
sileira dos Esquecidos, na Bahia, Sob o patrocinio da Gama, é o mais perfeito e m elho r poema sur­
do prnprin G overnador, seguindo-se mais tarde, a g id o no Brasil em to do o periodo colo n ia l; Santa
do* Felizes e a dos Renascidos, a q u tlla no Rio de R ita Durão ainda era um camoniano, e C láu dio um
Janeiro, e esta ern S. Salvador. Dos acadêmicos, d is c ip ulo fide líssim o da escola arca dica fran.eza c
entretanto, restam poucas c esparsas noticias. Foram ita liana, como os demais poetas do seu grupo. D is ­
file s os poetas c prosistas do tempo. Se a obra tingue-os um sentim ento m uito cuidado da fôrm a,
«Idles v geralm enle desconhecida, salvaram-se, ao me­ uma graça dc factura e um comedimento de expres­
nos do o lv id o alguns nomes, comn os dc: Scbaslião são já singulares. Elles preparam, como notou com
da Rocha P itta , Britei Lima, Gunçalo Soares da acerto S ilv io Romero, o advento do romantismo,
Franca, J o io de M e llo, Lins Cancdo de N oronha, Ma­ lião pelo que a sua poesia tivesse de commum com
noel José de Chcrem, José Pires de C arvalho e A l­ o esp irito rom ântico, mas porque, educados sobre­
buquerque, Fr M anoel Rodrigues C orreia de- La­ tu d o nos princípios dos enciclopedistas, alargaram
cerda, e os irm ãos R artholom cll Loiirenço e A le ­ os horizontes da nossa cultura, indo buscar fó ra
xandre de Gusmão. São esses, posta de lado a f i ­ da M e trop ole os seus modelos. À sombra da pleiade
gura de A lexandre dc Gusmão, celebre pelas suas
cartas ponteadas dc ironia, os poetas do momento. taiicia, como sejam, na poesia satirica, A n to nio M e n ­
Nem um , entretanto, merece especial reg isto, por­ des BordaiI i, João Pereira d,i Silva. Costa Gadelha,
quanto todos, m ais ou menos, cultivaram o genem Josc Joaquim da Silva e Francisco de M ello Franco,
desgracioso c postiço predominante entre os ver­ este mais considerável como scivnlista ; na poesia de
sejadores dc‘ então. amor. D om ingos Vidal Barbosa, Bento de F ig u e i­
Sómenle Fr. M anoel de Santa M aria 1tapanca redo T enreiro Aranha c D om ingos Galdas Barbosa,
poderá ser apontado entre tantos poeta st ros. apesar o mais afortunado e famoso dc todos.
d o tom enfadonho do sen poema H ustachithr . onde
o mau gosto corre parelhas com a in upia do enge­ Não teve a prosa, em to do o suculo X V IEl. o
nho A H ha d c P aparica salvou-o do to tal esqueci- relevo apresentado pela poesia. Faltava-nos, ainda-,
memo em que os demais juslamen te ficaram. E outro para ta nto, um scenario mais am plo, que, SÓ no
nâo poderiam ter indiv iduos que se interess avam scculo X IX , sirrg io aos olhos dos nossos escnptorcs.
majs pelo b o le io das phr ases castigadas e pelos -epi- Pedro Ia qu es de Alm eida Paes Leme, Fr. Gaspar
grammas subtis e altisnnantes , segundo conlFissão da Madre dc Deus, A n to nio José V ie tnrino Borges
dc umi delles, que pela verdadeira poesia. Nãio ha da Fonseca e Fr. A n to nio de Santa M aria Jahoati»
como negar, entretanto, que taes Academias Litc- continuaram a tradição dos Rocha Pitta, escrevendo
ranas eram seguro indiicio de que se eslava ope- chronicas e genealogias, comn o Movo Or h r Sera­
rando uma transform ação lenta no curso do nosso p h im B rasílico , a SoMUarehia P aulistana, e outras
pensarnento. ainda que as correntes porlugiicz.is cnn- obras dc igual jaez, onde as velhas teclas usadas na
tinuas:sem a actuar predommantcmcn te aqui. Ja havia H is to ria da A m erita Portugueza, repetidamente b a ­
um certo o rg u lh o em se r brasileiro, em m ostra r que tem. ora com mais, ora com menos vigor. O pensa­
possui amos, tambern, c com voz p ropria, uma lite- mento dos nossos homens ou não podia expandir-
ratura Rcflectin do esse bizarro si?ntim ento, appa- se, sob os freios dos Vice-Reis solertes da M etrop ole ,
rocem alguns trabalhos accenliiadamente bra silleiros, ou não tinha ainda a força necessaria para a reali-
cnmo O Peregrino da America, dc Nu no M a rqile^ sação de obras de m aior folego, unicamente com pa­
Pereira. a H is to ria M ilita r do B ras il, de José de tíve is com um estado social mais desenvolvido e
M i rales, a H is to ria da America Portugucza, dc Rocha mais livre. Mathias Aires, autor das Reflexões sobre
P itta, e o poema B ra s ília , de Soares da Franca Os a Vaidade dos Homens, fo i <> unico escriptor consi­
prosadores, pois, sobrelevam os poetas. Basta citar derável da segunda metade do scculo X V III no Brasil.
a obra interessante dc Rocha P itta para ver c o n fir­ Somente no scculo X IX , p o r varias razões de
mado esse jllis o . C om A n to nin José, por alcunha ordem moral e politica é que a literatura b ra sile ira
o Judeu, que, aliás, nada in flu i» nas letras patrias entrou na sua phase verdade ira m ente nacional. A
por ter v iv id o e m orrid o cm Portugal, são esses os elevação do Hr.isil a Reino, a transladação da côrte
typos mais representativos, na prim eira m etade do porhigueza para o Rio de Janeiro, a abertura dos
scculo X V IM . da nossa literatura. nossos p o r lo.-, anlcs frequentados exclusivam cnte
() segundo período da nossa histo ria literária pelos navios da M etropole, ao com m ercio universal,
começa com a escola m ineira e acaba no dealbar do o apparecimentn dos prim eiros jorna cs, como O Pa­
Romantismo, isto é, vai de 1750, approxim adamenle, trio ta , onde colla hora ram, entre outros. Silva A lv a ­
a 1830. Seis poetas constituem a chamada escola renga e Manuel Ferreira de A ra u jo Guimarães, a
m ineira. São e lle s: Santa Rita D urão, B a s iiio da institu ição da Im prensa R egia, hoje Imprensa N a ­
Gama, C lá u d io M a n oe l da Cosia, Ignacio José de cional, e, fina l mente, a proclamação da Independência,
Alvarenga P e ixolo, A n to nio Gonzaga e M anoel Igna­ com todas as luctas que, então, se accenderam, e
cio da Silva A lvarenga. Os dois prim eiro s •cultivaram onde se firm o u definitivam ente o caracter da nova
o genero epico, os o u lro s foram principalm cnte lí­ raça, conl ri buíram para form ar o esp irito nacional,
ricos, com excepção de C laudio, que nos legou tam­ dando v ig o r e alento ás tim idas vozes de autonom ia,
yFabrica e Deposito
^RudOito de DezembniMj
End;Teí«^r: I
\ - FEL TRO" *
ftA Telephone: É[
M l V fL L A 1 55 J fl

FERNANDES BRAGA & Cia. — Rio de Janeiro.


/ \ / > f / Vf t lih S C IA r: DA t X IH K IÇ M ) IS ItK S A U O X A l.

que eram, ouinra. abafadas pela camarilha dos futic-


cionarios e administradores Insilnnos. los Ribeiro de Andrade, orador e politico; Evarislc
Ferreira da Veiga, jornalista de grande nomeada;
N° a irl" tsPa*> 'nnta annos, foram desap- Manoel Ayres do Casal, gengrapho e historiador
parecendo rapidamente os signaes da metropolc na
eminente; c Antonio d. Moraes e Silva, lexicogra-
tntona, ( nm o afastamento dos Conde de Rezende
pho illustre, autor dr um dos melhores dicciona-
Cascus ^semelhantes; com a „ lilla dns homers que, rios da lingua.
• estabeleciam distincçócs cavilosas entre bra-
»» riro t c rcinócs. o campo ficou livre, á espera das Depois da Independência politica, os nossos
avós se esforçaram para fazer a literana e artís­
primeiras sementes, que n3o tardaram a medrar no
tica Coincidindo o movimento que aqui se operava
solo virgem e ubérrimo. Ao lado dos nomes de Josc
com a renovação romantics, vinda através a Alie-
Bonifácio de Andrnda c Silva. Mnni'AIvcmc e José
manha c a inglaierra, para a França, nada mais
da Silva Lisboa, surgem nessa epoca de agitação
natural que nós, já então sob a influencia da lite­
e duvida, de reconstituições e tentativas de reformas
ratura franceza. procurássemos no romantismo o nosso
de temores c temeridades inesperada.;, de que a ci­
roteiro intellectual. Reagindo contra o estilo clás­
dade do Ri., de Janeiro, corno capital do novo Im­
sico, que lhes relembrava 09 odientos processos da
pério português. se fizera o centro, o , de Antonio
Metropole, cntrcgaram-sc os nossos cscriptorcs con­
Pereira de Souza Caldas, u maior poeta do tempo,
fiantes ,i nova corrente que, então, entrava cm sua
Fr Francisco dc S Carlos. José da Natividade Sal­
phase mais brilhante Voltaram-se para a terra na-
danha. Januario da Cunha Harlv.sn, H.-stos Baratina,
ial. e, vendo a sua enormidade ainda desconhecida,
I n riiiM ii Ferreira Barreto. José Elov Otioni. Fran-
procuraram fazer delia uma grande e nobre nação.
cl»cvi Vilclla Barbai,, Domingos Burges de Barro»,
Entramos, pois. snh o influxo do romantismo, no
I r Francisco dc Santa The reza de Jesus Sampaio. periodo autonomico da nossa literatura.
Balthazar da Silva Lishóa. Azeredo Coutinhu.
Desprezados os nomes dc muitos poetas sem
Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, Evaristn da maior significação, veremos que a nossa poesia ro­
Veiga. Antonio dc .Moraes c Silva, assim como ..
mântica apresenta quatro faces distinctas. Na pri­
de itiuilos outros com ruja activídadc largamenlc
meira, depara-se-nos (ionçalves de Magalhães; na
lucrou a evolução dn smt<. p a u n r n l ,, „» >ij. segunda, (ionçalves Dias: tia terceira, Alvares dc
ra historia, na eloquenda profana c sacra, nas scien- Azevedo; na uliima. Castro Alves, (ionçalves de Ma­
cias c nas artes.
galhães c geralmcnte considerado o prngono do mo­
Sentia-se ainda, na poesia, o influxo dos ar­ vimento romântico cm nnssa patria. O apparccimento
cades ultramarinos, cuja obra a Universidade de dos Suspiros Poéticos. c.ti 1836, saudado par todos
Coimbra, onde estudavam os nossos mais excel­ os críticos dc rcspon.tahilidade como uma obra vigo­
lentes engenhos, sc honrava de conlinuar. O arca- rosa c original, marcou epoca em nossas letras. A
dismo. ligciramcnlc modificado pelo ensinamento do novidade dc tal poesia não estava no calor do sen­
racionalisitio encvclopedisla, tinha os mais fervorosus timento patriotico, pois. desde a escola mineira, c
e melhores cultores. () saincte da escola de Filinto porventura ainda mais longe, com (Ircgorio dc Mat­
Elysio perdurava nos versos dos nossos poetas; os tos c Rocha Pitta, muitas vozes nativistas ecoaram
Amores, as Venus, as Thetis, os Neptimos e os por aqui; não estava, lambem, no acccnto religioso,
Bacchus frequentavam, com as seitas aceradas, os já distincto cm Souza Caldas, mas na intima ex­
louros cabelios rebrilhantes, os pesados sccplros c pressão dc ambos, com a predominância ora dc um,
as rondas aligeras dc mínades, lodos os poemas ora dc outro. A forma apparere, por igual, mais va­
de então A lição da escola mineira não sc apagara riada, complica-se mais, apezar de guardar ainda um
complclamcntc: antes, proseguia repetida com muito característico sabor classico, muito do agrado de Ma­
menos personalidade, graça e elegancia. galhães. Ellc in fliiio na poesia nacional: 1«) por­
tn lr c os prosadores merecem ser lembrados «s que lhe deu mais liberdade, maior movimento de
nomes dc M nnl’AIvcrnc. orador dc grandes recursos, rythmos c mais fantasia nos assumptos; 2") e
introductor dos estudos dc philosophia cm nosso porque lhe introduziu um alto caracter religioso e
paiz; José da Silva Lisboa, Visconde Cayrú, juris­ patriotic*», largo c eloquente, (ionçalves Dias foi,
consulto, economista e politico eminente; Mariano sem duvida, a primeira voz definitiva da nossa poe­
José Pereira da Fonseca, Marquez de Maricá, fa­ sia, aque lie que nos integrou na propria consciência
moso autor das populares Alaxim as, Pensamrnios nacional, que nos deu a opporlunidade venturosa
e R efle xõe s; José Feliciano Fernandes Pinheiro, Vis­ de olharmos, rosto a rosto, nossos scenarios des­
conde dc S. Leopoldo, historiador dc merito; Hip­ lumbrantes. Nesse homem pouco vulgar palpita com
polyto José- da Cosia Pereira Furtado de Mendonça, incgualavcl intensidade a luz dos nossos horizontes,
o primeiro jornalista considerável do Brasil, reda­ a limpidez dos nossos ceos e o sonoro fragor dos
ctor, director c fundador do C o rre io B ra s ifirtis r, ce­ nossos rios. Ninguem, até die. mostrara ainda, em
lebre por sua ardorosa campanha contra os Bra- tão elevado gráo essa comprehensão da natureza,
gauças: Fr. Francisco dc Santa Thercza de Jesus esse conhecimento profundo e claro do seu papel
Sampaio, orador dc hello estilo; Fr. Joaquim do na poesia. Ha por toda a sua ohra, acompanhando
Amor Divino Caneca, orador, poeta e jornalista, José as notas de bucolismo, ou as religiosas, ou as pura-
dc Souza Azevedo Pizarro e Araujo, historiador e menle descriptivas, um permanente idylio com a na­
chronista; Ltiis (ionçalves dos Santos, 'historiador; tureza. de quem era cllc um eterno enamorado. Não
Balthazar da Silva Lisboa, historiador, jurista e na­ se lhe percebem as ruidosas proclamações patrió­
turalista: Ignacio Accioli de Ccrqucira e Silva, his­ ticas dos românticos da primeira hora: não se lhe
toriador; Azeredo Coutinho, publicista; Antonio Car­ descobrem tamhcm as fastidiosas tiradas sobre a im-

O O O o o O 41 o o o o o o
LIVRO n t O f RO f'O VM FM O R ATIVO n o C LS ILR A R K ) OA

mortalidade da alma, a existent ia de Dais, a per dc Azevedo á mais alia imensidade, servindo-se pira
feição da Igreja, c nutras divagações quejandas, isso de um estilo cheio de Ions velados, c daquellas
muito estimadas do autor dos Canticos Funebres e meias-tintas tão do agrado dos satanistas. como Bau
dos seus epígonos. Ê como poeta da natureza que dclaire c Rnllinat, aos quaes, diga-se de passagem,
Gonçalves Dias deve ser estudado, sem o que nâo nada ficou devendo o nosso poeta. Etnulos dc Alvares
conseguiremos apanhar-lhe a phvsioncwnia interior. G de Azevedo foram Latirindo Hahcllo, o p o d a /<rgor-
indiaiiismo não foi mais que um resultado dos seus rix a , Junqueira Freire, Casimiro de Abreu, um dos
pendores, pois clle sc aproveitou da vida selvagem mais populares líricos do Brasil e Fagundes Varella,
para poder mostrar, em toda a sua pujança, a luxu­ um dos nossos melhores poetas descriptivos, de larga
riante e colorida terra brasileira. Com Alvares de e variada inspiração. Castro Alves encontrou na cam­
Azevedo, tomou a nossa poesia rumo differente e panha abolicionista a finalidade da sua ardorosa poe­
matizes novos A sua / era dos V in te Annos trouxe sia, elle possuia, alOm de um admiravel poder ver-
ás nossas letras o amargor immeo de Bvron, a me­ hal, emoção agudíssima e fina sensibilidade. Juntava,
lancolia de Musset, a inquietação de Shelley e Spron- assim, as duas forças motrizes da alta poesia, isio c,
ceda e o pessimismo imaginativo de Leopardi. Os a eloquentia, que pertence á imaginação, e a doçura,
aspectos ruins da vida, os vícios de toda especie, que c fruto do sentimento. Nâo jxjdia deixar de ser,
a attração pela carne, o desejo lubrico e desvai­ pois, como realmente o foi, u,n dos maiores crcado-
rado irromperam de Iodos os carmes, como se a res de symholos, nâo só da nossa, senão ainda das
nossa poesia estivesse entregue, momentaneamente, letras porliigiiezas, muito embora lhe sahisse por ve­
a angustiosos histéricos. Concorria para aggravar o zes impura a dicção e abusasse constant emente das
mal, não só a novidade sediictora dos cantos mas chamadas .licenças poeticas.', que são o visgo onde
lambem a morbidez ingenita dos cantores. Uns, por a sua larga aza se dospliima inutilmente. Vihra.n-lhe
doenças physicas, outros por soffrimentos moraes, nos poemas, cordas ignoradas dc paixão e ternura,
o certo e que todos os imitadores de Alvares de Aze­ uma onda de perfumes sc desprende dos seus versos
vedo, mostraram-se fracos e desalentados em face de amor, onde reponta um sainete de fatalidade, pro­
da vida, sem energias para o rude combate do mundo, prio das raças mestiças, voluptuosis o ardentes. Quan­
em constante conflict i com o ambiente em que vive­ do deixava falar o coração, simplesmente, de si para
ram, reagindo apenas cotn imprecações e ameaças, si, Iodas as arestas duras. Iodas as angulosidades
sorrisos e suspiros, contra a onda temerosa que os e todo o barulho do seu condoreirismo exaltado
arrastava no sen torvelinho. A poesia da duvida, ao fundiam-se numa perspectiva suavissimi, feita de tons
mesmo tempo dolorosa e irônica, elevou-a Alvares camhianies, de macias sombras e odoriferos vergeis.

O O o O l»

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAI IKl RIO DE JANEIRO 1’AVIIHAO NACIONAL


DAS I'FQt'ENAS INIIl'STRIAS

o o o o o o 42 o o o o o o
ts i> t I't- v u t s< /.i / I I X POSIÇÃO I.V IP ffX ACIONAI.

Nossas paisagens entremostravam-se, por um monicn- gens, algumas, a exemplo du M rn , « L o u ro e da


to, engsdanadas de ramagens ricas o aromaticas, o M oreninha, vivem na memoria dc todos os brasilei­
corpo mloreno das nossas mulheres dt•slacava-se das ros, embora os annos hajam corrido ás dezenas, des­
folhas rcliizcntcs dc orvalho dos valle s espaçosos. de a sua ruidosa appirição. Seu estilo, a não ser na
Qu:indo, porém, sua voz se elevai; i para reivindi- poesia emphalica e palavrosa, é correntio, agradavcl,
ear dire ilos oppritnidos, como cm Vo « ’* ‘l-A /r u a e flue serenamente Falta-lhe apenas um certo colori­
no .V jii •o N e g re iro , para eslygmal izar do, mas é sempre correcto no desenho das creaturas
glorias, como em Pedro hm e Vo .Mc.et/ng do Cu- e na descripção das paisagens, posto lhe não seja
m i té do Put i, ou para d<iscrever a dun -•Zn de C!■rtos
castiça a dicção. Esse colorido, quem o teve por
preconceitos sociaes, come » em .M iasreru s e o a , 'n i o , excellencia foi José de Alencar. O (iu u ru n y e Ira ­
sua Musa era bem um im entiin em mar,rdia, para cm- cema, sem esquecer as M in a i de P raia , são obras
pregar uma expressão de M idi clet fnndamentaes para quem qiiizcr conhecer a historia
O exito do seu liris mo declamator io, e.n pn lado do nosso romance. Alencar possuía o genio do pitto-
e brilhante, onde reftligelti, de trecho a ima- resco. Seus romances de indole americana, incontes­
gens de queiile e arrebata da formosura, tem raize s nu tavelmente os melhores que produzio, são verdadeiras
caracter graridiloquente e emph;itico d.l raça braitilei- epopeias, on de a urdidura da intriga é quasi sempre
ra- E11e foi, u é ainda amado aqui por varias razões um pretexto para a pintura d" uma série de quadros
de ordem moral, porquanto, é de certo mudo um ge c painéis n;ituracs de excellente p: ider descriptivo,
nuino representante do nosso pendor para o excessivo, Aprendemos com elle a ter estilo, isito á, a conside-
até para o extravagant! rar o romam:e como u.na obra de ir; e, e nào simples-
Ao lado desses quatro poetas de maior signifi­ menle como nm divertimento, um m
carão, poderemos mencionar Porto-Alegre, autor do luaçõea, mails ou menos possíveis, ou ii,n punhado dc
C.tdom bo, largo poema de versos hrancos, onde ha anedoctas picantes. Se não bastassem as suas quali­
porções de real helleza: Francisco Octaviano de A l­ dades de lirista delicado * subtil, Alencar teria ao
meida Rosa, em cuja obra se dcpara.n ressaibos de menos influído pela riqueza da fôrma, antes dellc des­
classicismo, á guisa de José Bonifacio, barão de conhecida cm nossa literatura. Succedend > a Maçado
Paranapiacaba, celebre por suas traducções entre as e Alencar, surgiram Manoel de Almeida, autor das
quaes avulta a das Fabulas de La Fontaine; Antonio M em órias de um S a rg e n li de M ilic ia a s , onde se vis­
Francisco D itira e Mello, que foi também critico lumbra um narrador arguto e sagaz do meio popular
perspicaz; Aureliano José Lessa, liris ta delicado; José no Rio de Janeiro; Bernardo Guimarães, pintor ar­
Bonifacio, o moço, poeta eloquente; Bernardo Joa­ tific ios o mas interessante, do ambiente sertanejo;
quim da Silva Guimarães, culorista agradavel e des­ Franklin Tavora e Escragnolle Taunay, ambos notá­
criptor elegante; José Alexandre Teixeira de Mello, veis por suas novellas de assumpto nacional, das
que versejou com scniimento, i maneira de Casitniro quaes, O ( 'a b r ile ira , do primeiro, c In n o re n ria , do
de Ahreu; Pedro Ltiis Soares de Sousa, onde se en­ ultimo, deveriam ficar popularisadjs e.n nosso paiz.
contram muitas notas partictil arm ente caroaveis aos Entre os criticos, ensaístas e historiadores desse
ccndoreiros, aos quaes, c mister dizer, precedeu de periodo, vale mencionar Francisco Adoiphu de Var-
alguns annos; Trajano Gabão de Carvalho, Francis­ nhagen, Visconde dc Porto Seguro, um dos mais acti­
co Bittencourt Sampaio, Gentil Home.n de Almeida vos pioneiros dos estudos historicos e literários, e
Braga, M ello Moraes Filho, Iodos bucolistas leves e o maior escavador dc velhos documentos e archivos
agradaveis, Victoriano Palhares, cujo estro patriotico de que temos noticia no Brasil; Pereira da Silva, cuja
e inflammado lembra n de Castro Alves; M oniz Bar­ obra um tanto fantasista revela um espirito operoso:
reio, o rcpentisla; Luis (iama, o endiabrado mesliço Sotero dos Reis, espeeie de Quintilian» brasileiro, de
da B n d a rra d a ; Bruno Seabra e Joaquim Marinho muita lição e pouco a praz im onto para o le ito r; Joa­
Serra Sobrinho, que descreveram com chiste alguns quim Norberto dc Souza Silva, esforçado amigo das
aspectos do nosso meio sertanejo, os qua es, entretan­ nossas tradições, e João Francisco Lisboa, o critico
to, em nada concorreram para im prim ir feições novas mais sagaz e agudo entre os seus contemporaneos.
ú poesia no Brasil. Aos romantíeos devemos, ta.ufa em. a creaçãn do
Os prosadores do periodo romântico são dos theatro nacional. Pôde-se dizer que elle surgi o em
mais notáveis da nossa literatura. Somente com Ma­ 1838, com a tragédia A n lo n io José, de Gonçalves de
noel de Macedo e José de Alencar c que a prosa de Magalhães, e a comedia de Martins Penna, O Juiz
ficção tomou physionomia propria, ganhou contor­ de Paz na Roça. Sobresahiram, no genem, a já ci­
nos definitivos, e avultou em nossas letras. Antes da tado Marlins Penna, talvez o mais forte theatro logo
M o re n in h a e do G u ar.iny houve apenas tentativas do tempo. França Junior, Macedo, Alencar, Agrário
mais ou menos felizes, co.no as de Teixeira e Souza de Menezes, Pinheiro Guimarães e Augusto dc Cas­
c Norberto Silva, todas m ui louváveis, porem de apou­ tro. O theatro do romantismo é porventura ate hoje
cado merecimento se as considerarmos peto seu valor o mais característico da nossa literatura, pelo menos
literário. Mano 1 de Macedo foi o verdadeiro fixador o mais nacional, sem prcoccupações estricta.nente re-
dos nossos costumes fluminenses naquella epoca ain­ gionacs, e por isso perfeitamente sincero c represen­
da colonial na maioria dos seus aspectos. Elte com- tativo.
prehendeu admiravelmente os pendores da nossa alma Succedendo aos românticos, sem transição vio­
popular, sentimental e piegas, e fez, com pequenas lenta, porquanto entre aqucllcs já havia elementos
intrigas ingênuas, á maneira de um Bernardm de fartamente aproveitados mais tarde, vieram os na­
St. Pierre, atrazado e rustico, a sua historia intima turalistas. Propunha-se o naturalismo olhar com mais
c simplória. Na immensa galena das suas persona­ penetração a realidade, ver a vida sem paixão nem
LIVRO n e ouro c o m mi -m o r at iv o n o c tN ie .N A R io o a

grita. A linha objectiva deveria preocciipar mais os nebulosa; Joaquim Nabuco, historiador elegante, ora­
naturalistas que os thesouros fallaciosos do mundo dor dc grande relevo; Arthur Orlando, Alcindo Guana
subjectivo. A exemplo daquella Be /leza immovel de hara, um dos nossos mais completos jornalistas, Ro­
Baudelaire, sua arlc não deveria chorar nem rir. Tudo cha Lima, Eduardo Prado, publicista variado e vi­
porém seriam maravalhas, enganos da novidade. Os goroso, o sr. Capistrano de Abreu, notável sabedor
parnasianos não deserlaram as fontes do nosso li­ da nossa historia, principalmente dos tempos colo-
rismo. Guiados, a principio, por Machado de Assis, niaes, e o sr. Ruy Barhosa, cuja fecundo actividadc
Luiz Guimarães Junior e Gonçalves Crespo, dissiden­ como orador, jurisconsultu e jornalista, e cujo pres­
tes do puro romantismo, os nossos chamados parna­ tigio universal honram a nacionalidade brasileira. No
sianos foram procurar os seus modelos principalmen­ theatro naturalis ta, são dignus de regis tro A rthur Azc-
te na poesia franceza, em Lecomle de Lisle, Heredia, vedo, Valenlim Magalhães c Moreira 1 Sampaio, que
G autier e S ully Prudhomme. í.ahe a Raimundo Cor­ se esforçaram, ri primeiro ma is que li >dos, por conti­
reia, Olavo Bilac e ao sr. Alberto de Oliveira um n.ia, a ,radi(2„ dos Martins Penna c dos França Ju-
prim ordial logar entre os representames dessa corren­
te. Raymundo Correia é o mais profundo, o mais O movime nli) sVitlbolisl a que, ,ao declinar do
arguto e penetrante dos tres, Hilac é o mais amo­ naturalismo, se esboçou aqui , não tui,'c maior reper-
roso, o mais liricn e perfeito, o sr. Alberto de Oli eussão. Â sua scinibra, entrela nlo, app;iroecram alguns
veira, o mais nacional, aquelle que mais intimamenn- typos interessarites, dentre osi quaVs, Cruz e Souza é
soube traduzir os encantos da nossa terra. sem duvida n inais curioso ,.• signifi.•ativo. Sem ser
Não se mostraram |x>rventura mais impassíveis um puro symbolist só pela lechnica dos seus
que os poetas os prosadores du naturalismo A his­ versos senão pelos is que canton, Cruz e Souza
toria do romance naturalista, aqui, está feita na obra é a figura central facção espiritualista opera-
de quatro escriptores: Machado de Assis, Aiuizio de da, entre nós. pelos Jeiros annos do svculo XIX
Azevedo, Julio Ribeiro e Raul Pompeia. Machado de
Assis é o psycho logo, sobreleva a todos pela pro­ sentimentos ideas que caracterisam a «ihra de
fundeza da visão, pelo apuro da linguagem, pela so­ ficção de um forte corrente da literatura contem-
briedade da forma e pela ironia subtil que o appro­ pnranea. Â s melhança do romantismo, fo i o sym­
xima da linhagem dos Slerne e dos S w ifft, na Ingla­ bol ismo um claro movimento espiritualista, provoca­
terra, dos Anatole, na França, e dos João Paulo, na do pela desillusão scientifica dos últimos quartéis do
Allemanha. Da sua obra se desprende um sentimento século findo, como aquelle já o fôra pelos excessos
de constante preoccupação pela bclleza ou pela mi­ do raeionalismo encyclopedists. Ambos são rebeldias
séria terrena, e uma rara comprehensão da triste inu­ individualistas, ambos eullocam o indivjduo ao cen­
tilidade a que as contingências quotidianas reduziram tro do Universo, ambos fazem do cu o eixo do mun­
o coração e a intelligencia do homem. Em seus ro­ do. O individualismo dos symbol istas, porém, differe
mances, o docum ento humano não obedece a um do romântico, por isso que, imquanto este sc com­
plano preconcebido, a um postulado primordial, a praz em assignalar as pequeninas tragédias de cada
uma le i qualquer scienlifica ou literaria. Rcílecte-se sêr na communhão social, aquclle apparece como um
nelles apenas um espirito indagador, que, a lodo ponto de referencia da dor universal, uma encruzi­
instante se observa a si mesmo, através os outros, c lhada onde se v io encontrar as queixas dispersas de
vai corrigindo, com o sorriso e a lagrima, a imagem todos os homens que sofffrem a melancolia irreme­
que a vida lhe põe deante dos olhos. Machado de diável da vida. Confundem-se na expressão da sua
Assis é, sem favor, sob variados aspectos, o iruis magua immensa, todas as duvidas que abrolham do
significativo dos escriptores de ficção da lingua pnr- fundo inconsciente da nossa personalidade, e que a
tugueza, e, especial men te entre nós, ficará como exem­ razão, incerta, não sabe nem póde resolver. O symbo-
plo de discreção, graça de estilo e finura de percep­
ção. A iuizio de Azevedo c um impressionista, tem viver, que, segundo parece, fo i o sopro divino conu
a vis3o m óbil e rapida, o sensu do colorido, é um' que o Creador animou a sua creatura. Ha em Cruz
retratista admiravcl, seguro e alerta. Os flagrantes c Souza, apesar das suas insufficiencias, os signaes
que desenhou são de uma leveza de tuque espantosa. evidentes desse mal, que clle, áti vezes, consegue tra­
J ulio Ribeiro, é um voluptuoso, cheio de requinte c in erg ia e vibração. Ha mes.no a figura de
artificialismo, mas possuidor de uma aguda imagina­ 11 precursor. Eli- i Irodiizio em nossas letras aquelle
ção. Raul Pompeia é um inquieto, um insatisfeito, irror da jó rm a t creta, de que já o grande Goc-
um poela com movi do ante o espectáculo do mundo c a fim do XIX século. Toda a poe-
fuga perenne das cousas sia contemporanea, no Brasil, ao menos
Entre os crilicos historiadores e publicistas, que, nal e característica, revela uma sensível influencia
dc 1670 para cá se notabilisaram, estão Tobias Bar­ do autor dos Vlti/rnos Sojteios. Entre os epígonos de
reto, chefe applaudido da chamada Escola de Recife, Cruz e Souza, merecem lembrança B. Lopes, poela
engenho versátil, cultor fecundo da poesia, da ju ris ­ de cu rio folego, mas elegante e colorido, e Mario
prudência, da ethnographia, da philosophia c da his­ Pederneiras, cuja simplicidade é digna de ficar como
toriograph ia, polemista e orador de fama; Sylvio Ro­ exemplo a imitar.
mero, critico abundante, autor da primeira historia Depois dos naturalistas c dessas primeiras es­
syslemalisada da nossa literatura, folklonsta, socio- caramuças symbolistas, isto é, de 1890 até hoje, não
logo e professor de philosophia; José Verissimo, o houve propriamente um movimento seguro e conti­
mais equilibrado e sensato dos nossos criticos literá­ nuado, uma escola, na linguagem dos criticos. Pode­
rios; Araripe Junior, espirito subtil mas escriptor ríamos acaso notar uma reacçio regionalista, que a

O o o o o o 44 o O o o o o
Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal — Porto.
/ N DUPUN f i l l N C I A r DA tXPOSIÇ AO IN TER S ACIONAI.

obra dc Affnnso Armos, e, sobretudo Os Serfões, dc


galhães de Azeredo, Souza Bandeira, Oliveira Vianna,
Euclydes da Cunha hajam porventura inspirado Sc José Oiticica, Jackson dc Figuejrcdc, Tristâo dc
6 evidente que já conta essa literatura alguns adeptos
Alhaydc, Renato Almeida, Tasso da Silveira. Claudio
illustres, ainda nâo c licito considcral-a com a força
(iantts, Andrade Muricy, Miguel Mello, Antonio T or­
dc uma nova directriz nas nossas letras. Descontados
res, Clovis Hevilaqua, Araújo Jorge, Matheus de
os cxaggcros que a formula regionalista vai desper­
Albuquerque, Elysio de Carvalho, João do Rio, Celso
tando entre os seus mais fervorosos affeiçoados, n * . Vieira, Roberto Gomes, lambem thcalrologn, como
sabemos como lhe negar a natural estima dc quje c
Claudio dc Souza, Gilherto Amado, Carneiro Leio,
merecedora. Livra-nos ella. no mini.no, das imjtaçxies
Azevedo Amaral. João Pinto da Silva, Mox Flciuss]
serôdias dc Eça de Queiroz ou Jean Lorrain, que, faz José Maria Bello, e outros tantos, moços e velhos,
alguns annos, estiveram em moda no Brasil. Estamos, que se interessam pelo desenvolvimento das nossas
pois. atravessando um periodo de tactura e transição, letras eruditas. Merecem referencia, entre os poetas,
que deixa a cada um o livre jogo do temperamento os srs. Vicente dc Carvalho, Augusto de Lima, Gou
individual. Entre os romancistas cujo nome sc f i ­ lart de Andrade, Humberto de Campos, também pro-
xou dcfinitivam cnlc no correr deste século, estio os sista dc relevo, Amadeu Amaral, Pereira da Silva,
srs. Coelho Netto, poderoso descriptivo, possuidor de Hermes Fontes, Alvaro Moreyra, Guilherme dc A l­
imaginação viva e fertilissim a; Graça Aranha, espiri­ meida. Flexa Ribeiro, Olegario Mariano, Ribeiro Cou­
to agudo c poeta admiravcl da vida c das cousas; Xa­ to, Raul d t Leoni, Homero Prates, Affonso Lopes dc
vier Marques, tradicionalista de real valia; D. Julia Almeida, Fclippc de Oliveira, Rodrigo Octavio Filho,
Lopes de Almeida; Afranio Peixoto, cujos romances, Amaral Omellas, Felix Pacheco, Jorge Jnhim, Augus­
pela intrlligencia que revelam dos homens e do mun to dos Anjos, Luiz Murat, Luiz Guimarães Filho, Oc­
do, são dos mais significativos da nossa literatura do tavio Augusto, Arthur Salles. Onffredo Tcllcs, Pau­
momento; Affonso Arinos, o melhor pintor da vida lo Setúbal, Belmiro Braga, Martins Fontes, Catullo
sertaneja, celebre principalmcntc por alguns contos Cearense, Da Costa c Silva, Eduardo Guimarães, as­
do M o S e rtã o ; Alcides Maya, Goulart dc Andrade. sim como muitos mais, dignos igualmcntc de consi­
Veiga Miranda, Lima Barreto, Thomaz Lopes. Afíon- deração. Tudo isso está mostrando não ser exaggero
so Celso, Inglez de Souza, Affonso dc Taunay, Rodol- despejado affirmar-se que já possue o Brasil uma l i ­
pho Teophilo, Leo Vaz, Men o iti del Picchia, Thco- teratura acccntuadamcnlc nacional, em activa e cres­
Ftlho, ( iodofredo Rangel. Medeiros c Albuquerque cente ascensão. Lutamos, ainda, c certo, com a exi­
e muitos outros. Entre ns novel!istas e contistas, so- guidade intellectual de um meio onde escasseiam os
brcsacin os srs. M ario dc Alencar, A lberto Rangel. estudos srs temalisados, e onde os primarios e se­
V iria to Correia, Medeiros e Albuquerque, lambem cundários são viciosos c rotineiros. A literatura bra­
autor de um romance interessante, Alberto Deodaio. sileira é feita do esforço isolado dos nossos escripto-
Oscar Lopes, Magalhães dc Azeredo, Rodrigo Octa­ res. Ainda lh, falta espirito collectivo justamente por­
vio, João do Norte, Monteiro Lohato, (ieraldo Vieira, que carecemos dc um ambiente de verdadeira cultura,
e outros que uima resenha m;iis co.npleta nâo poderia onde as nossas tradições sejam analvsadas com luci­
esquecer. Entre: os historiado res, criticos e publicistas, dez e carinho. Emquanto os nossos homens de letras
citaremos os srs. João Ribcir o, lambem poeta de fino forem autodidatas, não poderemos contar com uma
quilate; Medei ros c A Uniqueirque, Oliveira Lima, Al literatura rcalmcnle representativa da civilisação bra­
herln Faria, f <i 1k lor ista dos mais notáveis, Alberti> sileira. Nada impede, entretanto, que, na America
Torres, Carlos dc Laet, Faritis Britto, o engenho phi- Latina, occupe a historia da nossa literatura um logar
losophico mais alto que já appareceu cm nosso paiz; de primazia. Cabe-nos, agora, trabalhar para que o
Euclydes da (1unha, o mais profundo evocador dos ganhemos, lambem, entre os povos cultos do universo.
nossos scenarios selvagens, creador de um estilo real-
mente novo na lingua portugueza, Ramiz (iaIvão, Nes­
to r Victor, Eduardo Ramos. M ario de Alencar, Ma­ Ro n a ld oe C a r v a ih o .

o o o o o o 45 o o o o o o
AS ARTES PLASTICAS

HISTORIA das aries pia nu Hrasil vendo ruim meio benigno. que lhes proporcionava
pode ser dividida em periodos. todas as facilidades, tlão retemperai am a fibra do
Apresenta-nos o prime caracter nos fravores e tias lutas da adversidade. Es
tares testemunhos da ta\a-lhes tinlo ao alcance da mão O fruiu, a rai/,
nemos, no segundo, os a caça e o peixe para o» repast* harr mile
elementos cstheticos que pai a aqui trouxeram os des- destina do ao fabrico dos objectos c
cohndcres lusitanos; vereme s, no terceiro como, soh e taqu aras com que se aprestam
o influxo da disciplina eu opea, se desenvolveu c halanar«. a pluma das a
ganhou accento particular o genio artístico da nossa : as iLangataras,
coloridas para os; adornos i
puis, 1 a, não pu-
’ERinno deram polir aqucllas virliides in' , apanagio
da cspccie humana. Não construíram villas nem mes­
Os povos autochtones das florestas brasileiras mo simples arraiaes, mas húmidas labas de aspeclo
nada criaram que mereça maior consideração. Vi­ revesso. feitas de cahildas de pau e palha, onde

o o o o o

o o o o o o 46 o o o o o o
Ct'NTCN AHIO HA IN fJC P E N M K C IA T DA 1:XPOSH;AO

sc resguardavam das intemperies, cm natural primus- bem as missões religiosas, que iriam tão fundamente
in flu ir na formação tin nossa nacionalidade.
T iitln tielles reflecte a improvisação, o ephe- Do Sectllo XVI aos primórdios do X IX o, tirante
tttcro, o provisor k». Ã semelhança de certos rins as espuradicas manifestações csthcticas que a fidal­
das regiões tropica cs, mudavam suhilainctile dc rum-», guia rt-inol, c. depois, a corte de Nassau poderiam
ao sahor das Fatalidade-, ill esol og icas, dos temporaes, offcrcccr cm Pernambuco, o factor de mais subida
das epidemias ou da* prolongadas csiiageus. Assen- valia no progrediincnto das nossas arlcs foi o que
tavam-se aqni, para Se eslaheleeerem. mais tarde, lé­ nos trouxeram os sábios e avisados padres da Com­
guas além. Não lhes conseruia a imaginação nnihil panhia de Jesus. Jii nn dealbar do século XVII
e impiicta, favorecida pelas condições do prnprio vão appareccndu as matrizes opulentas e os con­
h u b ’l l a ! , a necessaria ponderação para se fixatt-iu num ventos amplos Transformam-se os aldciamentns em
pouso firme e invar lavei. Impcluosos c lascivos, cor- centros activos e rumorosos Ucsenvolvem-se rapida­
I ia-lhes as veias um sangue aghado e ardenli Fm mente as propriedades ruraes, e os senhores dc en­
cada pastor mi caçador havia, por igual, um guer­ genho, rodeados de numerosa escravaria, lavram e
reiro prompto e audaz na pugna, ágil no manejo agricultam, cada vez com maiores proventos, as terras
das armas, felino nas traças da emboscada e na es­ das immensas fazendas e sesmarias.
tratégia das surpresas. Era a tribu, ao mesmo tempo, Sub o influxo do catholicismo, e em virtude da
a familia e o excrcilo, a fortaleza e o lar. relativa abastança que vinha coroar os esforços da
Não é de admirar, portanto, sejam despiciendos nossa gente, entram a desenhar-se os primeiros si-
os productos d.i sua arte. Nem um monumento dei­ gnaes e vestígios do gosto artist ico entre nós. Em­
xaram, cm architectura ou csculptiira, digno de re­ bora pesadas e grosseiras, as casas de moradia1 os­
gistro. Couln de Magalhães cita apenas um fortim tentam inslallações apparatosas, m tiilo superiores
circular de terra batida, encontrado na ilha de Ma­ aq Liell.ns cahau as e palhoças dos alongados tempos.
rajó. E é tudo, segundo a palavra erudita daqtiellc As familias de cabedal importam da Europa sedas,
anlhinpulugo e.ninenle Revelaram, entretanio, algum gorgorões, chamalnlrs, vclludos e damascos finissi-
pendor para as aries menores. Sua indumentária d il­ mos, sem esquecer as joias t ioda sorte de custoso!
utes) ica, festiva ou bellicosa merece referencia espe­ objectos com que deslumbravam o populacho. Au­
cial. I oram, por sem duvida, oleiros e decoradores gm ent, com as facilidades da pecunia, o culto das
cheios de fantasia. As armas, os instrumentos mu­ bellas cousas, normaliza-se a vida social, c sáe, do
sicacs, a> joias barbaras, i is utensílios caseiros, tildo antigo aventureiro empreheudedur e lenaz, o arti­
quanto, neste passo, nos legaram, rnostra que os fice espontâneo e ingenuo.
sclvicollas náo «ram destitu idos do geniio da oriianien-
tação e que o praticaram com singula r mestria. Pre-
feriam. por via de regra, os brilhos 1vivos, os desc-
llhos li tiearcs singelos, as fôrmas graiciusas, tacs as OS PINTORES
que no:s deparam os arcus trabalhados e os machados
de pcdr.i dos nossos sambaquis Foi, assim, pouco
menos que mofina a contribuição dos nossos indios Não c provável que a estadia, no Recife, dos
nas artes plasticas, porquanto, correspondia a sua artistas vindos no sequito de Nassau, <is Franz Post,
civilização ;í tia idade da pedra polida, que não os Zacharias Wagner, os Ekhout e os Pieter, haja
haviam ainda ultrapassado, quando aqui aportaram produzido effeitos immediatos c seguros. Admirado­
os navegadores portugueses. res certam en I e os liveram aqucllcs pintores e archi­
tectos hollandezes, mas discipulos mui seguramente
que nào. Antes dc chegar ao Rio a missão Lebrclon,
isto c, ate 1816, os pintores que mais snbrcsairam,
S E lil’NIX' PERIOIX) (1500-1610) no Brasil, foram: Antonio, Lucinda, Veronica e Lu­
ci an a dc Sepulveda, em Pernambuco, Eusebio de
Mattos Guerra c José Joaquim da Rocha, na Bahia;
b'nirando em coutado com os tcrriiorios des­ Fr. Ricardo do Pilar, José de Oliveira, Manoel da
cobertos. n primeiro cuidado dos colonizadores foi Cunha, Leandro Joaquim c Francisco Solano, no Rio
estabelecer no liloral pequenas feitorias, onde lhes de Janeiro; e José Joaquim Vicgas dc Menezes, cm
fosse possível abrigarem-se das tormentas, sem in­ Minas.
correr no perigo dc assaltos por parle do gentio. Dos Scpiílteda, pai e filhas, pouco ha que dizer,
Os edifícios que. dc inicio, elevaram no solo rccen- assim como de Eusebio dc Mattos, mais celebre
I eme ti te conquistado se revestiram de um feitio pura­ pelos gabos do padre Vieira e pelo parentesco fra­
mente m ilitar. Deveria o administrador desdobrar ternal com Gregorio de Mattos, que por seus qua­
se no homem d’ armas e a sua residência mim re­ dros, de ignorado paradeiro ou pelos sermões, quasi
ducto. Quando, porém, no decorrer do século XVI, desconhecidos. José Joaquim da Rocha, inculcado por
o governo da melrupok se decidiu a enviar para fundador da .esoola bahiana", tem merecimento, sobre­
o Brasil, sobre soldados c capitães, agricultores, ope­ tudo como decorador. Educou-sc em Portugal, pas­
rarios e mecânicos de toda casla, começaram a surgir, sando-se tiovainentc para a sua provincia, onde rea­
ao longo das nossas cosias e paragens mais acces­ lizou obras de tomo, a exemplo dns painéis que
si veis, modestos villarejos, á laia dos que em Africa pintou para as cupolas das matrizes de Nossa Se­
e na Asia iam levantando os marinheiros de Por­ nhora da (Conceição da Praia, c dc S. Pedro, em
tugal. Com os immigraiites do Reino, vieram lam­ S. Salvador. Formou alguns aprendizes, entre os

o o o o o o 47 o o o o o o
f./VRO DE OURO COMMEMORATIVE) IX ) CENTEXARtO DA

quaes Josú Thcophiln <lc Jesus e Aulonio Joaquim Chagas o Cabra —, na Bahia: Antonio Francisco
Francisco Velasco, decoradores apreciáveis, especial- Lisboa, o Alcijadinho , cm Minas; e Valcnlirn
mente n iillim o, que hrilhou no século XIX. da Fonseca e Silva, o mestre Valcnlirn , no
Revelou-se lambem Fr. Ricardo do Pilar, á guisa Rio
de Joaquim da Rocha, pain dista distincto Deixou Chagas, cuja hiographia c obscura, conquistou,
varios trabalhos, todos inspirados em assumptos re­ pelas obras que deixou cm S. Salvador, merecido
ligiosos, no moslcirn de S. Bento, a cuja ordem renome Citam-se dentre cilas o grupo de N ossa
pertencia. Da sua obra, que soffrcii criielmetite as Ser-ho rn i/as H o n s , S. João r M ag ;/a tcna . na Ordem
injurias do tempo, restam alguns apagados leste- Icrccira d< Carmo e o .S R c h tiic to . da matriz de
mimhos.
José de Oliveira mostrou aptidões variadas. Fm Antonio Francisco Lisboa, o Alcijadinho
decorador excellente para a sua epoca; pintou di­ foi o maior esciilplor e architecto das Minas (ieraes.
versos quadros para as nossas igrejas, a sala de au­ Ouro Preto, Sahara, Marianna. S. João d’EI-Rev e
diências do Palaeio dos Vice-Reis e a praça d’armas outras localidades mineiras, attesiarn-llie os d ites in­
da fortaleza da Conceição. vulgares, sobretudo se levarmos cm conta que Lisboa
Manoel da ('unha c o arlisia mais apurado do não recebera, se não do pai, mestre d'nbras por­
seu momentr Os estudos que fez em Lisboa muito tuguês, rudimentos do officio. Pertence-lhe o risco
contribuíram para a segurança que demonstrou sem­ da igreja de S. Francisco, em Ouro Preto, assim como
pre nas galas do colorido e na fantasia das conce­ as decorações e os grupos esculptoricos de outras
pções A semelhança dos antecessores, tomou dos i.rdens religiosas da sua provincia natal.
Evangelhos motivos para as suas telas, e firmou Caben a mestre Valemtim, entretanto, as maiores
além disso, renome dc retratista. glorias F*.iatua rio, architecto, desenhista, imaginario,
Seu melhor alumno, Leandro Joaquim, de origem ourives t gravador, legou-nos o conterrâneo do Alci-
humilde qual a do professor, chegou, sob a pro- jadniho uni sem numero de documentos comproba-
tecção de L i lis de Vasr ,n cellos, a uma certa notoric- lories do seu engenho fértil e versátil. Orgulham-se
dude, partic iilarmente no re tra iu . Francisco Solano alguns templos do Rio de Janeiro, a exemplo dos
foi linbil o m amenta dor. Merecer.am-lhe as produc dc S. Francisco de Paula, da Cruz dos Militares c
çfles a esiiiTia dos contemporâneo;s Ainda sobrariam da Ordem Terceira do Carmo, de possuir obras so­
porventura cMil ros nomes, porém. os que abi ficam lidas, bem modeladas c concebidas do mestiço admi­
sãv> os de imaior relevo durante o período que se rável, A madeira, o bronze, a prata e o ouro não
conduc com o advento dos Taimay1e dos Debrct. linliani segredos para as espenas mãos de mestre
Valentim, que se saía das suas emprezas com tal
peritia, que lhe era escasso o tempo livre para at-
OS ARCHITECTOS E ESCULPTORES tender aos iunumcraveis pedidos dc moldes, proje­
ctos e debuxos, vindos de toda parte. Aprom piou
mestre VaU-nlim varios discipulos, dos quaes valem
A imitação dos portugueses, exlremaratn-so os recordados José da Conceição e Simãu da Cunha,
nossos architectos nos pormenores e minucias da or­ ambos decoradores interessantes.
namentação. Suas plantas não offercceiu particula­
ridade'; típicas, suas massas não têm movimento, nem
eleganda ou delicadeza a linha geral dos prédios que TERCEIRO PERÍODO ( 19 1fi-1022)
edificaram. Run ham elles nos acahamentos toda a
A PINTURA
scienda que lhes era propria. As obras de talha que
aprompiaram são, em verdade, sumptuosas. Basta re­
ferir as da igreja do Carmo, no Rio dc Janeiro, e C n a vinda, e.n 1816, da missão francesa, con­
as do Omvento de S. Francisco c da Cathedral dos tratada pelo benemérito Conde da Barca, receberam
Jesuilas, na Bahia, para formarmos juízo lisoiigciro as nossas artes considerável impulso. Passavamos a
a respeito dos nossos artistas. ter, aqui, uma escola nossa, onde professavam mes­
Fora dos templos, comiudo, não encontraremos tres de incoiiteste saber e experiencia. Começávamos,
monumentos de vulto, no curso dos séculos X V II c pois, a constituir e lançar as bases de uma tradição
X V III. Nas cidades nascenles, o casario irregular c nacional, que antes, mercê da irregularidade dos es­
caprichoso estava indicando perfeitamente que, ao tudos ar lis ticos, não conseguíramos assentar. Já não
bom gosto, sobrelevavam as razões da commodidadc. era mais nas sachristias c nas pen umbrosas naves de
Queriam-se largas frontarias, rasgadas de janelas em igrejas t calhcdraes que iriam trabalhar os nossos
fileira symctrica, amplos dormitorios c salas espa­ pintores, e sculptores c gravadores. Aprendemos com
çosas, onde coubesse a parentela barulhenta dos nos­ os franec7cs a observar melhor o mundo e os ho­
sos senhores patriarca es. O luxo estava, porventura, mens. Fomos procurar, fora dos Evangelhos c apar­
nas roliças columnas que sustentavam os alpendres tados da disciplina jesuítica, outros thcuias de inspi­
c as varandas floridas de trepadeiras silvestres. ração nos fastos da historia universal, novas fontes
Se, na architectura, não attingimus um nivel su­ dc energia na vida amhicnlc. Principiamos a ter es­
perior, já nos não mostramos tão carecidos dc ar­ tilo, a ver a obra de arte por si mesma, pelo or­
tistas na csculptiira c na tnrcutica. Celebrizaram* gulho que cila insufla no animo de quem a cria
se, no segundo periodo da historia das nossas artes
plasticas, tres homens, que devem ser considerados Jcan-Haptisic Dt-brel, Nicolau Antonin e Emilio
como fundadores da esculptura no Brasil. São elles: Taiinay, n primeiro espccialmente, espalharam o amor

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0 Caixa do Correio, N 39’J
End Telegr. txFerro'i JC

1 RIO DE .(AN'EIRO |
HIME & Cia. — Rio de Janeiro.
jilD U S f^
F A B R IC A S ê s c n p ^ o r io c Q p rrx c u te írL G z n t n a £ IMPORTADORES
L a m in a d o r e s de de F e r r o e o u í r o s
F e rro e F u n d iç ã o 52*. R*j.a (ofieapftií© (D ttoui., 52_ m e fa o j, cim ento,
R-e b ile s , P re tfo a correias, a g ^ a -ra z
P ara T r ilh o s Í í c „
, ^ o r f c d a s Moves.
í< -J C J A ^ E J R .o fe r r a g e n s . U nta », o ft.
E nd. T o le d r - C a íx ã do C o r r e ia m a l * r ia l R x o a
N ic lh e r o jr F e r r o s
“ rE R R Ò * rs ; 5 9 3 ro d a n te p e ra
d e E .n jí o tn m f lr ,
E s t r a d a e d e fe r r o
Fundiçãode M etaes
m a c h in a s pnra
Louça F u n d id a
l a v o u r a e
e E s la n h a d a .
b a la n ç a s . C anos e a la be le c im e nta s
i n d u s í r i a e s . eta .. .
d o C h u m b o ate..
Bita do ts f> irJ o S a riío 4 0 o lflo a . v e r n iz e s
F e rra d u ra s e c o a l h o , m t c _____
P o n ie s d e P a ris. JK T
R u a C o m n e l R d u eiro
do K r l l o — N *?Q3

HIME & Cia. — Rio de Janeiro.


INDF.PFMiF.SC.IA r. DA FXPOSIÇÃO INTF.RS'ACIONAI.

an desenho correcto, c á justa medida na scienda


Vjl r para a nossa pintura, como sejam: C om ba te de
dos valores e da compositio. Orientaram as nossas
C nmpa Grande, B a ta lh a de A v a k y e Paz e C on cordia
vocações, mos Irando-lhes o caminho que deveriam Sc
Bü.r. De Wu il mudo proccdcnm, mm o, architecto, Depois de Meirelles e Américo, os pintores de
'1
( jr a n d jc d , Moniigny. , i<cll|p, „ „ , „ figura, dc genern ou dc composição que mais se
illustrara.n, no correr do século findo, foram: José
v , d o , „ Aupiisto I n . , . (ia rln t Sinrc l-.adier R,,n.
r.p o . c o i F , r , „ Mai, Ferraz de Almeida Junior, que nos legou quadros
dc real merito, como F ug a p a ra o E g y p to , Rem orso
oppcsltis pela m;i vontade do mediocre pintor luso
t e la ia s c Repouso do M o d e lo ; Rodolfo Amoedo,
Henrique da Silva, conduzido pelo favoritismo á di­
dc quem p issue a nossa pinacotheca A P a r t it a de
recção ela Academia de Bellas Artes, no curio es­
Jacob, A N arração d e P h ile ta s e o esplendido Estudo
paço de una decaJa. após a chegada dos mestres
ue M u th u . cuja luminosa carnação é de grande pu-
chefiados por Lebretnn, inauguravam os discipulos reva Deci i Villares, autor de sanguinas e pasteis
de Debret a primeira exposição de pintura no Brasil deliciosos; Aurelio dc Figueiredo, panoramista e re-
Formatam-se, dess’arte. alguns nucleus de pin- lialista: Henrique Bernardelli, artista imaginoso, a
ti.res, dos quaes merecem lembrança, ale o apparc- cujo pincel devemos, entre outras formosas leias,
ciiuciito de Victor Meirellcs e Pedro Américo, nS os Bandeirantes, de 13o delicada poesia, e Tarantela,
nomes de Framiscn Moreau, colorisia delicado; Au- Kosalvo Ribeiro, pintor de assumptos militares c de
g ii» l.i M uller, apreciável como retratista; Luis Augusto genc.rn: Btlm iro de Almeida, desenhista apurado, oh-
Murcan, pintor historico e retratista: Manoel de scnadnr penetrante da vida quotidiana: Firmino
Araújo Porto-Alegre, decorador e retratista, cuja fama Couto, Ze feri no da Costa, decorador distineto; Lopes
lie pintor fiam empanada pela de poeta e escriptor; Rodrigues, Weingartner, pintor da vida campesina
Qrandjean Ferreira, autor de painéis sacros e quadros das coxilhas rio-grandenses; Pedro Alexandrino, dis­
*m thiilogicos; Agostinho da Moita, admirado pelos cipulo brilhante de Almeida Junior, e Elyseu d'An-
seus panoramas e por suas naturezas-mortas, que gelo Visconti, a mais complexa personalidade ds sua
lhe valeram applausos geraes; Facchinetti e Arscnio geração, decorador, figurista, retratista e pintor de
Silva, miniaturis las interessantes, particnlarmente o genern de raro valor.
primeiro, e De Martino, marinhista um pouco frio A pintura da paisagem, mercê da influencia bene­
e por demais minucioso, cujos trabalhos de maior
relevo foram feitos em Londres, depois de haver
5
fica do pintor alien o Jorge O ri mm, nomeado pro­
fessor da nossa Academia de Bellas Aries no u l­
deixado clle n nosso paiz. Poderíamos acaso men­ timo quarlcl do século XIX . apresenta cultores se­
cionar outros de menor significação, a exemplo de lectos, Antonio Parreiras, Caslagneto e Baptista Ja
Cláudio Barandkr, Correia Lima, Buvelot, Barros tosta aprenderam com aquellc pintor germânico o
< abral, Mendes de Carvalho, Maximiano M ifra, verdadeiro ca ninho a seguir no genero em que sobre-
M ello Côrte Real, Henrique Vinet, figiirislas e pai­ saíram. Foram buscar no seio da natureza, no ar
sagistas que tomaram parte mais ou menos activa livre e na luz os elementos necessarios i sua obra
lio desenvolvimento da nossa pintura. Antonio Parreiras possueuma technica livre e im­
Nâo apresentaramos, porem, dc 1826 até 1872, petuosa. Distingue-o, especialmente, o vigor do colo­
anno em que foi exhibida a famosa tela do C om bate rido, a frescura das tintas, a vahedad. c abundanda
d e C un.po ( ir a n d t , um só pintor verdadeiramente dos themas de inspiração. Castagnelo, ao contrario,
brasileiro. Houve mister que o paiz soffresse, que confinou-se na marinha, que foi a sua paixão. Suas
se pu/etse em prova a resistência do nosso caracter, manchas rapidas, empasiadis com firmeza, dão bem a
para que surgissem homens capazes de perpetuar medida do seu temperamento esponianeo e da sua
os feitos do nosso paiz. Seguimos, naturalmente, capacidade de observação. Baptista da Costa é o
a lição da historia. Os heroes despertaram aqui os GGirmovido pintor dos nossos parques, dos arrabal­
artistas. Dentre esles. os que melhor interpretaram des do Rio de Janeiro, dos céus e das arvores dc
as acções dos nossos maiores, foram Victor Meirellcs Petropolis. t um delicado poeta, um sensível e fino
e Pedro Américo. cvncadnr da nossa paisagem natal.
Victor Meirelles, embora de engenho inferior
a Pedro America, era mais correcto na feitura. Nos
seus quadros mais celebres, P rim e ira A lis ta no B ra s il A ARCHITECTURA E A ESCULPTUHA
H aia lh a dos Guatarapes e Passagem de H um aytá,
revclou-sc artista discreto, feliz na technica da perspe­
ctiva e nos effeitos de luz. Meirelles pintava com Ainda não conseguimos firm ar estilo proprin em
segurança, mas não possuía vibração nem intensi­ architect ura. As nossas cidades modernas são ver­
dade Era um temperamento acadêmico, frio t com- dadeiros mostruários de documentos architectonicos
medido. Os obreiros portugueses c italianos, para não men­
Pedro Americc, ao revés, pintava nervosamenie, cionar outros de menor influencia, têm construído,
c/>m febre e energia. Desigual e impetuoso, mas sem­ ao sabor da fantasia, a maioria dos nossos dispa­
pre vibrante, imprimia ís suas largas telas um sopro ratados edifícios publicos e particulares Entente,
de cnthusiasmo communicativo. Suas figuras sSn mo­ agora, começam os archilectos nacionaes a fazer sen­
deladas com valentia, e é notável a capacidade que tir o influxo do seu gosto e da sua capacidade, pro­
demonstrou na distribuição das massas, no jogo dos curando assentar os delineamentos de um estilo ada­
entre-tons e dos matizes. Pedro Américo era um ptado á nossa índole e ao nosso ambiente. As ci­
romântico. Deixava guiar-se pela imaginação, e, ao dades do Rio de Janeiro e de S. Paulo já deparam
sabor tto* seus impulsos, compoz obras dc immenso alguns exemplos curiosos neste particular.

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L/VRO DE O f RO C O M M t MORA71VO IX ) CE N I E MARIO

Dos esculptores que se distinguiram antes deste zerea, Marques Junior, Eugemo Latour, Roberto Men­
século, no Brasil, merecem referencia Francisco Ma­ des, os irmãos Chambelland, Edgar Parreiras, H
noel Chaves Pinheiro, autor dos doze apostolos de Cavalleiro, Pedro Bruno, Prcsciliano Silva, J. Car­
madeira da igreja de S. Francisco de Paula, no Rio, los, J. W Rodrigues, T u llio Miignaini, Domingos
e da estatua de João Caetano; Rodolfo Bcrnardclli, de lo lrd o Piza, e ainda inencionariainos outros va-
Caetano de Almeida Reis e Hortencio de Cordoville. rins figiirisias, decoradores, desenhistas c paisagistas
De todos elles o mais notável é Rodolfo Bernax- dignos dc relevo, se fizéssemos resenha mais desen­
d e lii, em cujas obras está o que de melhor pro- volvida. Destacam-se na esculptura: Correia Lima,
duzio a nossa escutplura passada. Basta citar C h ris to Hihiano Silva, Armando Magalhães Correia, Antonio
e a m u lh e r a d u lte ra , grupo esculptorico pertencente Mattos, Modestino Canto. Leopoldo Silva, Nicolina
á nossa Escola Nacional de Bellas Artes, para se Vaz, A. Pitanga e poucos mais. São dignos de re­
ajuizar das qualidades admiráveis de Bernardelli. ferencia, tia gravura, Oirardet e Adalberto Mattos,
e na agua forte Carlos Oswald. Conta a archite­
ctura alguns representantes de nota, a exemplo de
Heitor dc Mello, Morales de los Rios, V. Licinio Car­
SÉCULO XX. CONCLUSÃO doso e A. Memória.
Entre os mais novos apontaremos, na pintura.
Zina Aita, Annita Malfati, Mario Tullio, Di Caval­
Apesar dc varias causas moraes e materiacs que canti, Alberto Martins Ribeiro, Vicente do Rego Mon­
muito contribuem para o lento evolver das nossas teiro, Alberto Cavalcanti; e, na esculptura, Leão Vel-
artes, da ausência de museus e galerias de valor, loso e Victor Brecheret. o mais forte e pessoal de
do descaso dos dirigentes no tocante aos problemas tudos os jovens artistas brasileiros.
esthcticos, e da indifícrença com que o povo olha Tudo isso está indicando que, em futuro pro
as exposições officiaes ou particulares, vamos pro­ xiino, removidas aquellas causas que deixamos acima
duzindo artistas de hnm quilate Entre os pintores registadas, e educado o gosto do povo. teremos uma
nomearemos: Lucilio de Alhuqiierque, Helios See- arte vcrdadeiramcnte nacional.
linger, os irmãos Arthur e João Thimoteo, Navarro
díi Costa, Carlos Oswald, Leopoldo (inttuzzo, (ienr-
gina de Albuquerque, Modesto Broctis, Lcvino Fail- R. n r C.

I’ AVII UAO DA ARtlENTINA

o o o o o o 50 oo o o o o
A C A R IC A T U R A NO BRASIL DC 1822 a H)22

’ f r y ?, p o litic o , pois a p o lilic a fo i o m aior manancial do


d iria m h o j II*» ■i.iMrram « pn- lapis hui lo ris ta e i remo s que continua a ser, pelo
If. caricaiuras nossa h c ro k a c correr dos tempos. No mesmo anno, pouco depois
i i d r ; n u m a ffirm .! Jm c dc A im - tivem os > Pandokcn co m a ni esma pobreza de tra-
car qlia nd n nos m ostra a intuição do ( ta r a 'u ja e assim ço. N o p -rio d o da guerra contra o Paraguay já pu llu-
nos conta Alvares dc Azevedo Sobrinho, quando nos lavam a- revistas illu strad as e hum orísticas, de que
desenha o curioso p e rfil do Irohcm ic das priscas eras, p n dcm o il citai' a Vida Flum inense ( 1.* phase, te n­
que -u ltim a ra as paredes das ruas coai paincis a car­ do s iir g d c entra tie c gu ál nome em 188Q), o F i­
vão... g a ro ", a Am erica II lu s t rada-', a Revista Flum inen­
Desde que fic o u .senhor do seu na riz , o Bra se , a .-Rabeca», a Bahia lllu s tra d a ( I * phase
sil, como lo d o *i pa iz independente que se preza, 1868), l> P hcnix , o -Espelho», aO H eraclito , -Ca-
sentiu o contagio das humoradas das letras e do h rio n , D iah n Côxo», M o sq uito , D. Q uixo te ( l . J
lapis. As prim e ira s cm m udo m aior quantidade, por­ phase) A Vespa-, Rataplan . e depois uma chus­
que, nas épocas ah nln ria s, o m eio ainda não favorecia ma colossal aq lli C nos principaes Estados, cujo re­
a divulgação pela g ia v u ra com a fa cilidade dos p ro ­ la to s e ri! longo. O s nomes dos artistas do lapis sur­
cessos technicos. A tosca C simples gravura em ma­ giram t; rde. em um p e rio do d c comhate, quando as
deira. praticada p«.r artistas bisonhos, s u rg ia aqui e paixões -.mliticas fe rvilha vam na época im p erial; nesse
a lli, em papeis avulsos, que se espalhavam clandes- periodo fu lg ura ra m ns lapis dc H en riq ue F lciuss,
tinam ente. com os com m entarios rim ados que as que­ que se firm o u na Semana I Ilustrada , creando os
stões d c m nm en io suggeriam O u tros ramos das artes ty p o s do Or. Semana c do m oleque , tã o celebri*
plasticas venciam pouco a pouco, p o r influencia da sadns com o sâo h o je M u tt e Jeff'- no cinema ou o
colo nia franccz.i im portada p o r D João V I, sem em­ Zé C aip ora de A g o s tin i : P in he iro Guim arães, F lu ­
ba rgo de uns prclcnso a artistas de arribação que men Junius, L. F aria tiveram também sua época, dei
vieram , im p orta do s da velha m etróp ole , para o fim xandn o u ltim o o paiz para se in s ta lla r na França,
exclu sivo de im plantação da q u is ilia , da alicantina onde m orreu á te s ti dc uma im p orta nte empreza l i ­
e da má vontade con tra Le Breton, dc B rc t, M o iitig n v , thographic.-!; Duque Estrada T e ix e ira e A lu iz io Aze­
que trabalhavam com dedicação e carinho. red o, o nosso rom ancista, tamhem se apresentaram
Fossemos exig en tes e daríamos com o prim eiras em p u b lic o nas hum oradas do traço, te ndo o u ltim o
provas de caricatura n o Brasil independente, retratos c ollaborado, ainda m u ito jnve n, no Figaro», com
gravados a h u ril de m uito s fig u rõ e s da época. Na grande e x ito . R orgom ainero firm ou-se entre nós como
realidade, esses re tra to s defeituosos, fa lh os de dese­ um dos mais fo rte s caricaturistas, seguindo-o n o cs-
n h o e dc proporções, são mais caricaturas do que ty lo c nos processos, que ainda eram lithographicos,
o u tra cousa, mas a intenção dos autores era diversa, A n ge lo A g o s tin i c Pereira N e tto. A g ostin i, com a
que o g e nio a rtís tic o in fe lizm e nte não conseguiu aju­ sua obra, é o com m entario hum orístico de quasi toda
dar. a vida d o segundo Im p e rio e dos p rim eiro s annns
f n o segundo Im pe rio , pouco depois d o .quero da R ep ub lica ; paginas adm iráveis legou á apreciação
já " , que a caricatura ganha fo ro s dc cidade, sendo os justa , na V id a F lum ine nse -. no .M osquito», n o «Ca-
princip acs po ntos dc cxhibiçân. Bahia. R io de Ja­ brion». e. sobretudo, na Revista llliis tra d a » c D on
ne iro c P o rto Alegre. Q u ix o te » ; lodos os assumptos da vida nacional a lli
Na m aiorida de d o segundo Im pe ra do r a irre ­ estão illu strad os ou caricaturados com inexccdivel
verência d o la p is s u rg iu de vez, d e fin itiv a , sendo na m e s tria ; P e re ira N e tto , ho je esquecido injustam cii*
m a io r p a rte apresentada cm trabalhos lith o g aphicos te, tem la rg o acervo de producções preciosas no
c xilng ra ph ia s, syslcm as mais em voga. M iq u e lre fe - c na Revista lltiistra da ». P o r essa
O s am ores das charges c dos com m entarios época a revista c aricatural com portava um só dese­
illu stra d o s não appareciam , modestamente anonvma- nhista, que ficava á testa da secção, sem consentir
dos pela tim id ez. í ) m ais p rim itiv o r e p o s ito rio de ca­ tia entrada dc o u tr o lapis C om a R epublica a p u b li­
rica tu ra s data dc 1866, com a .Pacotilha», jo rn a Isi- cidade hum orística alastrou-sc, apresentando Bclm i-
nho dc desenhos m al feitos, quasi to do s dc caracter r o de Alm eid a, o notável p in to r, que tambem cu ltiva

o o o o o o 51 o o o o o o
U V ftf) t ) t U t’ fto C tJM M tM O R ATIVO IX ) C .tN T tS A R K ) DA

com m u ito e s p irito a «charge", revelado no Rata­ .Ta ga re lla », chegou, v iu c venceu; tem cstvlo p ro ­
plan , n o jo â o M in hoca» e nos jurnaes dia nos cm p rio , é perseverante, dedicado á arte e seu nom e
evid en cia; c u ltiv a n d o ainda h o je o genero faceto nas está fe ito na honestidade do trab alh o, que n3o o
horas em que a palheta lhe dá Iréguas. T eixe ira da faz esm orecer nunca. A. S to rn i, que veiu do R io
Kocha, M a u ríc io J u b im , H ila riâ o T eixe ira e A rth u r G ran de c que sc m anifestou p rim itiva m e nte em cs
Lucas (B a m b in o ) pertenceram a uma época de fe ­ plendidas charges pessoaes. abordando h o je o s as­
lizes in ic ia tiv a s na caricatura c o lo rid a ; os dous p r i­ sum ptos p o litic o s ; Am aro Am ara l, ha pouco fa ile d -
m eiros cederam o la p is ao pin cel que cultivam com do , que deu o p tim o c o n ting en te á caricatura, ua Rc
esm era, quando o p ro fesso ra do lhes dá fo lg a ; H ila - visla da Semana». no J ornal do B ra sil » e F igu ra s c
riã o rc tra h iii-s c , e n fron ha do na burocracia > Bam ­ Figurões» (2 * phase, a p rim e ira fo i obra dc C a lix to
bino-., de po is dc p e rlu s tra ! no <M equetrcfe*, na M as­ e Raphael P in h e iro ); Scth, desenhista de consciência,
cara , na - Revista da Semana», no .Tagarela e no aperfeiçoado nos m oldes norte-am ericanos, cujo s p ro ­
jo r n a l d o B ra s il-, v o lto u a dedicar-se com e x ilo á cessos agora adopta, tc n lo ii ao la d o de Vasco Lim a,
pin tu ra , de que deu uni excellente recado na exposi- o u tro lapis d e valor, um jo rn a l de cscól, «O G a to ,
çâo dc Bella s Arte s. A ro tin a da lilh o g ra p h ia , p ro ­ que pouco re s is tiu á ind iffe re n ç a desta aldêa g ra n ­
cesso o p tim o , mas le n to e fatigante, fo i ahrogada d e ; é dc Selh a his to ria de «João Pestana , que se
p o r j u i ião M achado, esse b e llo ta le nto portuguez vi-m popularisando pelos seus m oldes de ser ins­
que rem odelou e n tre nós a fe itu ra das revistas iIlu s ­ truct iva e ui i I ainda brincando. D e C a lix to C o rd e iro
tradas. nada direm os, p o r suspeitos, ha um a inim iza de fig a ­
A n te rior.T cn te o grande Bn rd alo P in h e iro aqui dal entre nós ambos, que s u rg im o s jun tos c até ho je
estivera, com a mesma g a lha rd ia, n o <Psit! , no >He- vivem os separados . pelas residências. Casanova, o u ­
zoiiTo-, mas adoptando os processos lith o g ra p h icos tro v ad io de talento, que po dia d a r m elhor con ia do
de então. A J u lilo M achado deve-se o processo da reca do; A. C ru z , A lb e rto D e lp in o , sempre fe liz nas
gra ph ia nas revistas iIlus tra da s , fo i elle quem in tr o ­ charges» pessoaes: A rios to , Lo u re iro , Y o yfl, V o lto lm o
duziu entre nós a m aneira m oderna europea e in s i­ e Belm onte cm S. P a ulo . A u g u sto Rocha, lam bem
nuou a grande refo rm a , C e ls o H erm in io, o u tro po r- fo rte na m usica; H c n rv P iirs e g u r (Hyh>). o u tro he-
iiig u c z de ta le rfio aqui se reve lo u exim io nas ..charges róe d o saudos > Tagarela , ho je n o desenho icch n i-
pessoaes, m orre nd o quando mais se esperava d o seu cu da armada n a cion al; G e rm an o Neves, Sá R nriz.
ro h u s io talento. P elèu; f ritz , o n iro ind ole nte que precisa ser chamado
V ie ra m , depois, com inte rm itte nd as , para os ao bom cam inho; Jefferson, R ig n le lt-i. M aia, P e rd i-
arraiaes da caricatura Iz a ltin o Barbosa, h o je preso gãu, H e ito r c m uitos incip ie ntes que surgem p ro ­
ao professorado c Be nto Barbosa que teve uma épo­ m issores. Em ISfW aqui esteve H astoy, excellente a r­
ca fu lg u ra n te aqui e cm S Paulo. Santos F a ls ta ff tista que pouco se dem orou, deixando-nos excellentes
p o r esse te m p o s u rg iu nas lides do «crayon» e fo i humoradas, m órnicn te sociaes. A po lítica in te rn a cio ­
o p rim e iro a lançar a revista illn s tra d a sem exclu si­ nal sug gcriu m uilas charges - dc Placido Isaai, que
vidades. O T ;:garcla assim s u rg iu , í uma Jo p a r um lo n g o tempo m ilito u nas paginas iIlustradas d o J o r­
g ru p o de culto res d o lap is que, além da adoravel so­ nal d o B rasil c ho je se acha cm Buenos Aires.
ciedade dc arte, a b riu cam inho para a m aior p a rte dos E m ilio Ayres, que se in ic iá ra cm Londres, apre­
caricaturistas que h o je se apresentam. G astào Alves, sentou-se, n o Rio, como exce llen te reira tista e m e­
o u tro lap is adestrado, lentara a mesmo systema nu lh o r t-chargisla , de que d e ixou um album o rig in a l,
«M ercúrio», o jo rn a l ún ico em todas as cinco partes onde se encontram as e ffig ie s das nossas p rin c ip ie s
do m undo, po is era um vesp ertin o d ia rio lith o g ra - figu ras dc destaque. E rico C a s te llo (C h in ) appa-
phadu a trc ii córe s; afriea que nunca sc conseguiu rcccu com seu C slylo m odernista, dando-nos provas
nos demais paizes; n c ll trabalharam Julião, Bambino, decorativas que tèm sidn hem apreciadas. C arlos L e ­
Dom ieuse, P o rto A le g re c deram os prim e iro s passos n o ir ( G il) c G ilc c n o Braga ( G il 2o) também fizeram
C a lix to e o a u to r destas linhas. época, sendo mais fo rte o p rim e iro nas p e rfis. Roma­
no, um novo, é hoje um especialista no genero cha r­
ge pessoal c entre os que agora se revelam citam -sc
C om a form ação do M alho e d o T ag arella », F o x (T rin a s ), D jalm a, Santiago, M anulo, Acquarone,
aprostntaram -se as phalanges organisada.i da c a ri­ J e tfcrson c alguns mais, com apreciáveis qualidades de
catura, lendo á testa, na p rim e ira das revistas ciladas, traço.
C h ris p im do A m ara l, que v ie ra da Europa, onde al­
cançara ju s tific a d a fama pela graça d c seu tra ç o c
pelos assumptos que com m entoii, m uitos dos quaes Nesse la rg o perio do de cem annos não fo i pe­
lhe trou xeram perseguições, p o r serem inspirados na quena a phalange de caricaturistas e o fa d o mais
in trin c a d a p o litic a do v e lh o continente. d ig n o de n o ta é a situação da imprensa illu e tra d a
Na época contem poranea é grande o num ero de no Im pé rio e na Republica. Discute-se ainda o p r o ­
caricaturistas fo rte s e é reduzidíssim o o g ru p o dos je c to regulam entar da imprensa, om inoso em e x tre ­
fracos. A variedade dos estylo s e a fórm a de in te r­ m o, neste p e rio d o dc conquistas democráticas que o
pretação apresentam pelos jornaes e pelas revistas regim en, p o r seu titu lo deveria favorecer. E n treta n­
ho diernas um encantador aspecta que altrá e e em­ to, desde que se fez a R epublica, a libe rd ad e (nã o
polga. a licença, entenda-se) de e x p r im ir o pensam ento pelo
C item os aqui L u iz P e ixoto , a intuição em corno la p is tem s o ffriu o o arrocho das autoridades e Jcu
de gente, sem consciência do que vale, p a r ser um pa rtid o s apaixonados. G uem m anusear as collecções
vadio de marca m a io r ; J. C arlos, p o r nós lançado no dos jornaes de antanho, a n te rio re s ao regim en actual,

O O O O O O 52 o o o o o o
Annuario do Brasil
F U N D A D O E M 1844 (8 0 A n n o s d e E x i s t ê n c i a )

C o m m e rc ia l, Industrial, A g rico la , P rofissional e A d m in is tra tiv o


------------ D A ------------

CAPITAL FEDERAL f dOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL


(Propriedade de A P1MTO)

G ra n d e o b ra d e C o n s u lta , de E s ta tís tic a e d e In fo rm a ç õ e s G e ra e s

0 unite Annuario de todos os Estados do Brasil

A O BRA C O M P L E T A CO N S TA [)E Q C A T R O V O L l MES

A. HÉNAULT & Cia.


D IRE CTO RE S -CO NCE S SIO NA RIO S

Editado nas Officinas Typograpliicas do ANNUARIO D O BRASH


RUA D. MANOEL, 62 — Telephone Norte 7579
RIO DE JANEIRO
i a
55
w
55
í5 As Doenças Venereas rcprcscnlam tamento gratuito. I preciso porem, que
05 inn grave perigo para o pa i / pelos male­ cada um, convencido do perigo que re­
fícios e mortes que v:'io espalhando no presentam as Doenças Venereas, procure
55
55 presente, e pela degeneração que prepa­ auxiliar a Saúde Publica, divulgando os
55 ram para a raça no futuro So o numero conhecimentos úteis ã prevenção claquel-
de mortes que oceasiona a syphilis, a las doenças e subinetteiido-se a um tra­
mais grave das doenças Venereas, é con­ tamento conveniente se, por infelicidade,
siderável, e já tem attiiigido em alguns vier a ser victima delias.
annos, cifra cgiial ao correspondente aos Coin referencia aos meios tie evitar
nbitos provocados pela tuberculose, a as Doenças Venereas, deve-se aconselhar
grande ceifadora de vidas. Atacando to­ fugir das prostitutas que são a principal
dos os organs, a syphilis c responsável fonte de contagio, e em geral, das rela­
pelas mais variadas affccç.õcs e, além de ções sexuacs vxtra-eon jugacs. ( Js que não
cansar soffrinienlos horríveis, pode pro­ puderem evitar essas relações perigosas,
vocar ainda doenças varias, que incapa­ deverão usar a desinfecção preventiva,
citam para o trabalho, e levar mesmo á tal como e ensinada nas publicações n.1’
loucura. Deste modo, causa á nação um 7 e 12. cia Inspectoria de Prophvlaxin tias
enorme prejui/o cconomico, porque além Doenças Venereas, methodo que tem da­
dc ser um factor importante de mortali­ do resultados salisfactorios. Os individuos
dade. crêa ainda lima multidão de inváli­ que vierem a soffrer cie uma dessas doen­
dos e iiicapa/cs, peso morto na vida da ças deverão recorrer immcdiatamcntc a
sociedade. Mas não é só sobre o indiví­ um dos dispensários da Saúde Publica,
duo que se verificam os malefícios da onde encontrarão tratamento gratuito,
doença; a syphilis transmilte-se aos fi­ subniellcndo-se com preserverauça ao tra­
lhos, prejudicando a prole c degeneran­ tam ciilo conveniente. Deste modo, pode­
do a raça. fi assim que essa doença,além rão prevenir tis malefícios que a doença
de ser a principal causa dos abortos c lhes pé de occasionar, ev itanti ) transmit
do nascimento de crianças mortas, é ain­ til-a aos outros, e defendendo a saúde
da responsável pelo nascimento tie seres cia esposa e dos filhos. As mulheres que
enfraquecidos, destinados ã morte prema­ tenham sido infectadas pela syphilis ou
tura, quando não se vêm a tornar imbe­ que tenham soffrido vários abortos de­
cis ou idiotas. verão snhiiieltcr-sc a tratamento conve­
Esta rapida resenha mostra eloquen­ niente para evitar que os filhos venham
temente que todos devem auxiliar a Saú­ a nascer mortos tui doentes.
de Publica na lucta contra as Doenças Divulgando isfes conhecimentos e
Venereas,., porque ellas concorrem para o seguindo estes conselhos, podem todos
despovoamento do pai/ e repre/entam auxiliar a Saúde Publica na luela contra
um estorvo ao aperfeiçoamento da raça. as Doenças Venereas , garantindo para
A Saúde Publica fo rn e c e os princi- si e para a sua familia, o hem precioso
p a e s e le m e n t o s de lucta c o n tr a as doen­ da saúde e prestando ao seu pai/ um va­

I
ças V e n e re a s : a educação popular e o tra­ lioso serviço.
A S D O E N Ç A S V E N E R E A S
ESTÃO D E S T R U IN D O

A S A U D E do N O S S O P O V O
E COM PRO M ETTENOO

A P U J A N Ç A da N O S S A R A Ç A
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T o d o s P o d e m , D e v e m A i \ 1 L! . .
A " '.S A U D E H U E ! ! I C A "
N A L U T A C O N T R A L S ^ L 1 IN 1M 1 G É1
Inspectoria da Prophylaxia da Lepra e das Doenças Venereas
Rio de Janeiro.
IN nh P h N D I.N C IA r flA t XPOSIÇAO IN T /iR H ACIO NAI

verificará a ampla liberdade dos caricaturistas cm vciilaram o noli me tangere como entrave ás ma­
suas criticas insontes largamente espalhadas em nu nifestações do peiisamcnlo. Nem os desenhos nem ,is
merosas paginas. <»>ncm ignora as ironias c as pi­ legendas têm mais o desembaraço das expressões, rum
lhérias de que fui alvo o segundo mnnarcha, que as responsabilidades decorrentes da autoria; ha uma
muitas veies a irreverentia do lapis desenhou com n censura prévia no ar. que dá saudades dos temp >s
pe-rf11 de uma castanha de cajii, schema fc lii do de oiitr’ora em que o alvo da irreverência era o
contorno dessa linda cabeça de velho? primeiro a rír com as allusoes que lhe tocavam.
Qinm ignora que Agostini, por exemplo, repre­ T de esperar, porém, que a situação se modifi­
sentava niiiila ver a figura do Presidente do M i­ que: a caricatura, como todas as manifestações de
nisterio ou do Parlamento com o corpo de outro arte (abolida, está claro, a materia licenciosa e ag-
animal adequado ac commentario? Não era isso um gicssiva), deve ser como a idea, na phrase de Fa­
insulin, era uma figura de rhetorica executada pelo gundes Varcl la, -uão tem marcos ne.n barreiras, não
era)nil ■ e. com isso, nunca se molestaram at preten­ conhece compêndios .
sas victimas da ironia dos artistas.
Hoje, as conquistas escancaradas da democracia
com as regras de um regime ti chamado liberal, in- Ru L P fiifr n fu m s .

o o o o o O S3 o o o o o o
E N S A IO SOBRE A M E S IC A BRA SlLE iK A

II M EIO PHYSICO K 4 SV MPHONI \ 1>\ os troncos, donde escorrem as resinas inornas, c a


TEHhiA terra mesma se abre, mima ansia cruel e voluptuosa.
A soalheira e uma alIiicinaçAo. N3o só dá cõr, mas
também so.ii. Vêde a svmnhoiiia prodigiosa que se
I MIANDO em (orno c tudo cllc uma levanta' (irito s ttrnielh s, inelopêas verdes, alan­
allegoria. Ao meio tia luz, rebrilham do* de f .llias scccas, soluços lilazes e imprecações
e fulguram as coisas, tocadas de oiro. cinzentas. Sio as vozes da selva que cstrngcin. Sons
como uniu incendio scintillante e ma­ de violin ,s e oboés, fraulas. violoncellos, tambores,
ravilhoso. A cõr eria e transfigura, nos reflexos fugotes e liinhalcs, harmonizando um rythmo bar­
canihiames c subtis, entre os tons intensus e os ino­ baro e grandioso. Até o silencio é uma v.iz grave e
lito s suaves, mima surpreendente harmonia. (I sol perturbadora, que resõa e aitiedmnla. Tudo canta;
eshrasca, queima as florestas, escalda a terra e pòc as riiiue.rias gementes, os tios murmurosos, as casca­
no mar requintes di brilhos, dando i natureza a tas em choracs, as cigarras estridentes, os hczoiirns
alegria e o torpor, o deslumbramento c a melan­ e os moscardos zumbindo e a passarada, na popy-
colia. Na malta, turram as folhagens, arrebentam lc.ilia dos gorgeios e grilos, dos canarios e das
O O O O O

Z xu

W ll l l O t l i V k W il M I M V IS Í4 I N I I irtikU

o o o o o o 54 o o o o
C.ENtESARtO DA IS D rP rX D E S C I A / DA L.XPOSIÇAO

aiapongas, dos unis e dos colleirns . As flores svl-


iio.c tolde a frescura da voz, não nos encadeie em
vcslrcs c os frutos bravos são tm
preconceitos, não nos escureça os olhos! E preciso
em tudo hn som, nesso rumor indeciso da terra virgem.
sentir o contacto brutal com as coisas para guardar a
que <■ todai inteira um canto de alegria c de extase.
in.irca dc sua força indomável, que a arte transfi­
"tem. que vem singrandoi os mares nas
gura sem apoucar, Sejamos os artistas 'cummovidns
caravel lai. com a li- slalgia da patri a distante, per-
do nosso hn hiia i maravilhoso, onde o espirito de
turbou-se i rd ente do iiiiin rio '■•aravilhoco
cada um de nós deve ser livre e sincero, sentindo
An dcsltimhramento succcdeii a fadiga c a lassidão c
intensamcnlc o mysterio da n n tm i re ru m Nos arrou­
briiral da natureza, eloquente na sua fes-
bos da imaginação c nos temores da melancolia, fa­
la de luz i: de som. ficou humilhado,
çamos nosso canto extasiado ou suave, dc lieroisino,
lura di- si i mesquinha para sc altear na nr- de ternura, ou de dôr. O arlista, que c um criador
chis nação fortissima Desolado e tr isli>
de valores, não se pôde isolar do meio sem cair no
num palac io dc oiro e pedrarias, ehorou «> seu ran -
artificialismo falso e infecumhr Resta-lhe transfor-
In foi um-i iitelupe;i dolente, de s,aridade, que lhe
irrompia d• coração, amedrontado n<i fulgor da terra
emoçào profunda, de força, ou de hclk-za. Ê a obra
neva. Na sua fraca imaginativa- de vilrnpén não sc
dc criação, milagre sempre renovado e fulgurante no
afinavam os timbres da symphonia brasileira, quc Benin dos homens. O temperamento não refoge ao
amtsqtimhav:i n cMiangciro ousado. Era a primeira! ambiente, mas em todas as fôrmas que tomar, o seu
di-fcx.i da terra contra t conquistador audaz. Htiini-
calor terá auxiliado ;í modelagem, ê uma categoria
111.aca-o. Cantari:, mim canção dolorosa1 e inelancoh- inseparável do nosso espirito.
ca, por entre o alvoroço perennc dc siias harmonias
formidáveis.
Mas. ao homem resta a superiori dade de que
avisa o grande Pascal: póde grita r ás -i usas ui A MUSICA l>Oin:iAH
não penso-. <■ e u p e n s o ' Do minaria assim a terra
bravia, com sua musica de ui etae.s estriidentes e me­ O canto popular, eim sua rudez:a c ingenuidadf
li dias largas Da mesma forima que 11ão teme1ria o C IIIu motivo permanent e dc cinoçâi:i, em que o ht:
embate da natureza para vencel-a, vaT:mdo de lado merri primitivo traduz eim face da rilatureza o ansei
a lado. cm bandeiras desternidas, a selva mvste- de rieu espirito, alegre <'U nostalgii:o, dc extasc oi
riosa e terrível, não sc calari a ante sei1 concerto de­ de temor. Nos velhos povos podemos deparar nessa
mil vozes, (.antaria, triste entbora, até que seus fi- origem misteriosa a fonte de monumentos eternos,
lhos, já nascidos no scenario prodigio so, podessem quando o genio lhe dá o prestigio do universalismo,
sentir no calor do sangue essa linguageim harmoniosa que vence o (empo e o espaço. Nos povos novos, o
das coisas, iiilcrpreland i-a e tinindo suai voz á delias motivo popular vein com o conquistador c reflecte
tio mesmo tom de exaltação. Os que nasiceram no paiz essa dôr da adaptação, cm que sangrou o seu espi­
novo. já traziam a marca do dcsliimhramciito Eram rito audacioso. Entre nós, no ardor da natureza tro­
imaginosos. Frcmia-lhcs na alma as ansias da terra pical, cheia dc fulgurações, o canto foi nostálgico.
rude, mas no infimo do coração ficara a gola de Noslalgii era o iiidio fugidio e errante, que vivia
i vida com abatimento, em perpetuo espanto pelas
gar á IrisUza e au abatimento, que se iradiizern nas enisas que o cercavam; nostálgico era o lusitano,
cordas liricas de uni sentimentalismo um pouco amar­ ousado mas triste, vivendo nu mar e com a saildadc
go. Aquclla dôr de seus paes, perdurava ne 11es, como da paina sempre no coração; nostálgico era o afri­
uni tribulo implacável da origem differente, ao mun- cano, caçado, roubado c escravisado, soffrcndo no
do americano. Mais tima vez a terra se v'ingava' de captiveiro until dôr irremediável e aniquilanle. Todas
seu desv irginador. Eliquanto resoar nos seus ou vi- essas vozes quc se levantavam eram um contraste
dos as vozes da natureza, aperta-lhes iio coração com í . scenario, de magnifica alegria. A alma do
a nostalgia de airiesqii i nhad->s. Esse é o fundo de brasileiro guarda esse fundo trágico, em quc o bo­
tristeza da psyche brasileira. mom leme a natureza c procura vencei-a pela intagi-
N io podiamos deixar de scr musicacs.. Só as na­ nação exaltada, caindo depois eiin abatimento e laii-
tin azas frias são irnidas c a nossa symphntriiza a pro­ gnr. E esse primeiro encontro com o meio, esse
pria luz. Puuco iinpor lam as formas do canto po­ inquieto c doloroso extase nor uma grandeza quc
pular, as modifjc:ições autochtones ou irnportadas, ina1trata. não encontraremos cm symbol os mais vi­
Ficou o rythmo 1 brasileiro, com uma ccir doirada, vos do que no canto popular, através da infinda me-
cheia de sol, fulge nte, maravilhosa. Com esse rythmo laii colia que reçuma, como perfume de flor agreste
havemos de criar a nossa musica c os que o des­ e maravilhosa. É o espelho do temor, da exaltação e
prezarem não construirão nada de definitivo, porquci da tristeza da alma humana, quc olha- a natureza
fóra do meio as obras são precarias c insinceras.
Nessa massa rude é que havemos de plasmar a es­ que a assombram.
tatua ideal, quc renaseerã ao sopro do genio, com O canlo do índio, o povnadnr americano da terra,
carne c sangue, viva c translúcida. Ouçamos as vo­ era longo e nostálgico, cortado por certos tons quen­
zes da terra c criaremos o rvthmn dc nossa arte, pro­ tes c coloridos, sohrctiido os que acompanhavam
fundo e immortal As enxertias só produzem mons­ as danças. A musica era estridente, com as notas agu­
tros Saibamos fazer dc lodos os toques do concerto das dos horés, dos congoeras, das imhias, dos mem-
natural um motivo de arte e criaremos nosso mundo bi-tarará, os acompanhamentos dos chocalhos syl-
sonoro. Que a lição quc tivemos de aprender n3o vestres c ruidosos, os niarakás e os ciirújiís, e dos

o o o o o o 55 o o o o o o
u v fto n t: n i'R o c o m m e m o r a t/v u rx> c k n j i .k a k i o ha

rufos dos vatapis. Não é muito o quo se conhcce. um batuque caballistico, dansado com desenvoltura,
dessa musica, e, posto os primeiros chronislas re fi­ ao som cadenciado dc lundus, com nolas muito vi­
ram os pendores dos índios para a musica, princi- brantes e uma grande riqueza dc rythmos, que per­
palmenlc dos tupitiambás e dos tamoyos, dizendo os duram na nossa musica popular c ainda hoje pode­
compositores originacs, nâo foi possível conhecer com mos rasircal-as
precisão a obra musical da gente autochtone do Bra­ Com esses elementos, sem esquecer tanihem uma
sil. Do pouco que chegou até nós, ponde verificar-se certa influencia hespanhola. das tyrannas e dos fan­
que a musica selvagem era interessante e viva, gostan­ dangos c, posle norm ente, italiana, através dc Portu­
do dc imitar a natureza, as suas vozes e os seus gal, se cnnsiitiiiii o canto brasileiro, dc que a fôrma
cantos, como que buscando uma fusão surpreendente mais expressiva é a modinha. Vinda de Portugal, p iis
com o scenario maravilhoso. Opinam outros que essa segundo muitos é uma prolação das serrati ilhas portu­
musica era apenas uma expressão collectiva de ale­ guesas, ou, segundo outros, é a canção romantica
gria nu pezar, das horas da guerra ou dos cerimo- iransporiando-sc de Portugal para o Hrasil com o
niaes funebres, o que parece menos exacto, tendo em titulo de m odinha nome derivado dc m ote ou moda, ,
vista o depoimento dos nossos chromstas como Jean opinião partilhada pelo sr. Thcophilo Braga, o certo
de Lery. Spix, Martius, Sant’Anna Nery e varios é que soffrcu no Brasil a influencia forte do meio,
outros, que referem danças e Testas indigenas de tornando-se essencialmente nossa, a ponto de Por­
muitas outras fôrmas. O cant > do indio era uma me- tugal assim a reconhecer quando, no reinado dc
lopéa magoada, filha do seu abatimenio de erradio e D. Mana I, v olto u á sua terra primitiva. Não é con­
nnmade, ou simples imitação da natureza, como a testável que a modinha tivesse tido a origem portu­
dança dos animaes dos Pariqnys, em que os cantos guesa, nas canções dos trovadores do século XVI. ou
e os gestos reproduziam os gritos o o andar de nas serranilhas gallezianas. mas no Brasil, aprovei­
todos os bichos. De muitos icmns ouvido palavras de tando os motivos da lerra. nas comparações e ima­
deslumbramento sobre a musica dos indios. como lim gens, e tornando-se languida, se transformou niitiia
pedaço da natureza rude, mas de pura emoção, e canção propria, cuja fonte, qualquer que tenha sido,
com um perfume de terra fresca e virginal. Até certo não lhe prejudicou n caracter proprio c inconfundível.
ponto, eis a verdadeira arte. a elevação do homem A sua melodia , scniimcriial c ;ipaivonada. em ger.it
diante do universo procurando expressai-o numa fôr­ no modo menor. acompanhada pela viola ou pelo
ma superior c ideal, que domine a materia. Ha licita cavaquinho, esllã no coração da gente, comei uma voz
uma fonte dc inspiração c quando nos animaremos a de magna ou nostalgia, uma « infissâo da vida, sin-
beber a Sua agua clara e maravilhosa? cera e humilde . Em todo o paiz: se can Iam modinhas,
O s portugueses que vieram povoar a terra nova, mima fusão ir lima com o seen:«rio. que se completa
fossem d ies fidalgos de alta prosapia, capitães do com as suas nolas mrlancoolicais e co mm o cidas.
melhor valor, ou simples immigrantes plebeus, atraí­ Mas persiste n desequilíbrio entre o homem
dos todos pelo delírio das riquezas, do oiro, dos mc- e a terra. Ha um resaiho da natureza dominadora,
tacs raros, das pedrarias, das madeiras preciosas, que se confunde com o destino impassível, provindo
sentiram-se desapontados com a hostilidade do meio dalii uni amargor constante, que se in filtra nas suas
A natureza americana era npulenla, mas agreste e coplas ingenuas e deliciosas. Ellas nos dizem os en­
n3o havia como dcccpal-a sem um tributo rigoroso. cantos das maltas, os iniirm iirios dos rios, os quebran­
O curopéo sentiu, desde logo. a luta gigantesca que tos do luar, os mysterios das cstrcllas, os enganos
precisaria vencer contra o ambiente, ora hrutal, ora da sorte e as inccrlczas do amor. A emoção das mo­
esquivo; era esmagando com a soaiheira; ora defen- dinhas nas serenatas, madrugadas st fóra, acompa­
dendo-se com a seixa, com o pantano escondido entre nhadas pela viola, pelo cavaquinho c pela flauta, é
o cipoal ou sob a herva rasteira c humida; ora amea­ funda e imperecível.
çando c barrando o caminho com as montanhas es­ A modinha porém não ficou só no sein do povo.
carpadas, cheias de despenhadeiros a pique c lapas Vein para o salão, onde, aliás, nâo tem logar. Acom­
obscuras e terríveis; ora atacando com o bote da panhada a principio pelo cravo e depois pelo piano
féra bravia, ou apiradiira das serpentes insidiosas. teve o maior succcsso na nossa sociedade ate me iados
O português, mais senhor do mar do que da terra, do século passado, quando a cultura musical se foi
ao embate dessa formidável tragédia, trazendo já aprimorando c exigindo flores menos agrestes. Em
a nostalgia do navegante, na solidão da terra brasí­ Portugal, no lempo de D Maria I, a modinha teve
lica, ficou preso de indefinível tristeza. O temor se os maiores favores, devido sobretudo a I), Marianna
juntava á melancolia c seu canto foi languido e sau­ Victoria e ao Duque de Lafõcs. que eram excellentes
doso, de um isolado nesse mundo novo. Trouxe a musicistas. Nesse ambiente, porem, a modinha perde
serram lha e suas variantes, com as aria's sentimentaes o seu sabor, pois fo i criada para ser cantada ao ar
c commcvedoras, que depois haveríamos de transfor­ livre, em perfeita communi cação com a natureza, como
mar, na modinha brasileira. uma voz no seu concerto majestoso A modinha é
O africano, que vein cscravisado e foi vendido do caboclo, do m o lr q u r do norte, que lhe sabe Irans-
aos golpes de chihata dns capitães negreiros, bronco n iittir todo o langor, todo o enfeitiçado de sua alma
e rude, mas com uma larga sensibilidade, apurada de mestiço. Dentre as composições populares, ao
num continuo snffr/mentn, quando cantava, desforra- lado dos lundus, dos fandangos, dos sambas e ou­
va-se um pouco e na susi imaginativa acranhada accen- tras mais, a modinha c a tnais característica c sua
diam-se os brilhos quenlles das suas teiTas primeiras. melodia longa, nas serenatas, ou nas noites de luar,
Nos ra n d o h !é s , festa cni que celebravai a chegada á parece um som da própria terra, que se perde no vago
patria dos que tinham rrn r ri do captivosi, contava com indefinível de nossa emoção. A sua fôrma simples, a

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COMPANHIA CALÇADO BORDALLO
CAPITAL INTEGRALISADO 5,000 OOOJOOO RS,

A m aior e m elhor productora de Calçados do Brasil

Producção diaria 2.500 pares.


INi>ePF.NnhNCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIO NAI

sua singrloza *-* <• profundo 9entimcnto das coisas a vita, inconstanti- c aligero. Nesse genero as compo­
tornam uma das mais sinceras vozes do coração quei­ sições do sr. Ernesto Nazareth são muito expressi­
xoso da yen te do povo. As modinhas de Claudio Ma­ vas, bem como as do sr. Marcello Tupinambá. Nel-
noel da Costa, Ignacio Alvarenga Peixoto, Thomaz las repontam, com uma riqueza prodigiosa de rythmos,
Antonii Gonzaga, João Leal, Frei Telles, João dos CS eararleristicos incertos da alma popular, humilde,
Reis c Dona Marianna, entre muitas outras, ganha atrevida, voluptuosa, ardente e rústica, mima musica
ram celebridade. Carlos Gomes lambem compoz al­ cheia de brilhos e suggeslões. Procurando nas coi­
gumas modinhas, das quaes a de maior fama foi sas, nesse vago permeio entre ellas e nossa imagina­
r , " lo iifif de m im d ista nte Mas, as mc hores sâo
tiva, que compõe a natureza, o sentido da expressão,
(a vez as nonymas, nascidas não st sabe onde, nem conseguem nos dar todo o pittoresco e Ioda a poe­
quando, n m como, vindas da alma popu ar, brotan- sia popular, traduzindo, apenas, sem deformar pela
tlr como hrrva dos raminhos, ou como agua das interpretação.
ro 'has. pc o milagre da natureza gc ratiora e fecunda. Dois são os característicos que podemos apurar
bs sas tias em dos corações rudes. na co ntempi ação nessa musica popular, dentre outras impressões for­
da s coisas mysieriosas que os cer< am e inquietam ; tes -- a melancolia e a lascivia. O amor ou é tris-
SLl rgi-m <•<m um eco das vozes m iltip la da tc‘rra, tonhej ou violento, recolhido ou desabusado. Como
ir ninpcnd ) do fundo do peito hu mano; imitam os
passaros c traduzem os sons deseonformes da har­
vimos, sobres,íe na parte africana o ardor e nosso
mestiço alliando-o a uma imaginação tropical c li­
monia tlo> l í t n , bidinosa, deu-lhe mais volúpia ainda. Essa nota pre­
As trovas cantadas ao som dns violas, reflectin- domina, sobretudo, no maxixe do Carnaval. O Car­
d<> os sentidos locaes. são motivos profundos de naval, prinvipalmente o do Rio de Jaaneiro, é a
arte popular, nos quacs, porém, o tanto é uma sim­ festa mais empolgante da terra, cujo espirito melan­
ples m odulado para o acompanhamento. Os lundiis, cólica se desforra nesses dias, num delino de alegria
que são uma variante das modinhas, mais intercala­ e vibração. É um estonteamento dos sentidos. Ha a
fascinação d:i côr c do som. Nas multidões frementes
ti veram cis melhores cultores. Hasta referir Laurindo a polycromia é uni deslumbramento das cores quentes
Ha hei lo. que os improvisava com deliciosa malicia, e primarias, dos vermelhões, dos verdes, dos ama­
Xisto Hahta, um troveim excellente, pela naturalida­ rei los, dos azites, nas fantasias espalhafatosas, nas
de de sen cantn. repassado de um lirism o nostálgico fitas das serpentinas que se entrccruzam e baralham
e vi\o. Francisco Cardoso, José Bruno Serra, entre e nos confetti que bailam no ar. Animando o quadro,
outros, muitos outros troveiros, cujas vozes melan­ ha cantos lascivos, vozes atordoantes, gritos estriden­
cólicas ou chistosas, cheias de conceitos avisados ou tes. chocalhos e pandeiros, clarins agudos e falsetes
remoques subtis, são di uma emoção rude e doce, caprichosos, e o hater grave e soturno dos bombos,
entn instincto agudo e languido sentimento Também na cadencia ruidosa dos Zé Pereira. E essas m ulti­
os fandangos, os sambas, as tyrannas, os cuicumhys, dões inquietas, doidas e extasiadas de prazer, são
as cheganças, os reisados, os congos, os aboiados, voluptuosas e reflectem, nos seus cantos, esse fremi-
são eivados de urna grande sinccr dade, ora longoro-
sos. ora sensuacs . predominando essa nota nos de
9
to in sopitavel do desejo. As canções são fe ila para
serem clansadas e suas musicas s lo os m axixes lan-
origem africana. com os baluquc rythmados c vio- gnidos, requebrados, picantes e maliciosos... Nem a
lentos Ha ainda os bailes paslor s, do Natal e Anno letra, nem a musica valem muito, mas o rythmn 6
Horn, com suas eõas em louvor do Deus Menino, por vezes delicioso.
os Ranchos de R i, os Hum has mcu hoi c m il e uma É uma nova hachanal, de Imictira e ebriez com­
manifestações da alma popular. jiara* expressar sua municativas, pelo Hu ido da côr e do som, que se
alegria c sua magna, a voz mysteriosa do sub-cons- combinam num mesmo desvario tumultuoso e m ulti­
ciente instinctivo e barbaro. Não 6 licito esquecer os plo. Não ha mais aqttelle recato em que vive recolhido
benditos, que são cantos religiose s, de nosso interior, o nosso espirito, mas Iransbordamentn, excitação,
as implorações ac Céo. feitas em tom humilde e fer­ delirio. Nas notas quentes dos m axixes, nos seus
yoroso, com m uit > lirismo e não rar o certa vivacida- compassos agitados e febris, movem-se desejos, ardo­
de a contrastar om a expressão solcmne da musica res e vibrações, e as dansas, meneiadas com desen­
sacra. Ê preciso referir também, desde que não pode- voltura, acompanham n capricho do batuque, nesse
mos nos limites deste rapido ensaio, analysar as di- ambiente pagão e desregrado. Essa musica constitue-
versas fôrmas da nossa musica popular, as valsas, as se de motivos puramenlc brasileiros, sentindo-se a in­
polkas, os tangos, a musica de salão enfim, mas bra­ fluencia africana que predomina, pois o m a x ix e é
sileira, genuinamente nacional, com seus mulivos lan­ um derivativo dns calundus e dos samhas, mais leve
guidos, suas melodias lentas e encurvadas, de um
colorido e b rilh o inconfundíveis. Nas suas linhas, ora Falta A musica popular brasileira os seus des­
piltorcscas, ora lascivas, movendo-se vagarosas ou bravadores. Vez por outra, já o têm tentado, sendo
animadas, repontam o queixume, a graça, o desejo c que Alberto Nepomuceno com grande brilho, sobre­
a alegria descuidosas de nossa gente franca e me­ tudo na Série B ra s ile ira e em varias canções, em'
lancólica, A originalidade da nossa musica de dsrnsa, que os molivos nacionaes ganham o fu lg o r de seu alto
algumas lentas, em curvas extensas e languidas, ou­ espirito. Mas ainda não tivemos, para mal da nossa
tras saltitantes e coloridas, que hrilham, como o refle­ arte, um Schubert, ou um Thopin que soubesse se em-
xo de cristaes e fogem como inquietas borboletas, é hriagar nessa fonlc ínexgotavel de inspiração, como
deliciosa, refleetindo a doçura e o calor do nosso lambem têm feito os russos, traduzindo os pendores
espirito, esses dois polos, em torno dos quaes gra­ c anseios da alma popular. Ate esse dia ficará mys-

O O O O O O 57 o o o o o o
LIVRO I: O f: RO CO.HM! M O R AI H O DO CENT l SARIO HA

lerinsa a psyche brasileira, recolhida nas suas vozes fuga e tristissima de infortunio, a independência raiou
in (imas e profundas, que tins elevam e evlasiain. indomável e victoriosa. A Patria, que se fizera com o
descobri meu lo e se consolidara nos (iiiarárápcs, se
impunha gloriosam ente ao mundo.
Nessa hum de renovação do paiz, com o advento
O l-ADHt JC'Si MAl'RIC IO l: O SCI I I M i’l l
do principe regente, as artes n lo fõrain esquecidas e,
como v in is, por influencia do Ccn.lc d i Barca. IVtiii
A vinda de I). João VI foi inn a predestinação na Joãi VI, cujos aclos tinham sempre paternidade
nossa historia. Transplanlando para a' colonia anie- alheia, mandou cuiitraelar a ini«são Le Breton, com
licana a cõrie bra gnu tin a. nilo «> abriu m m ép -ca artisins insignes, alguns dos quaes, como (irandjeaii
<te floresci men lo para o Hra-il. hem como apressou n de M o iilig li), deixaram traços assignalados de sua
im m inent' independente, enjo ansem Ilie arfava no passagem. A musica, si não teve as mesmas mercês,
peilo j ven. Dtstlc :i eart.i regia de 28 de Janeiro não f' i contndu descurada, tendo-lhe o principe es­
de 1808. seis dins depois da ell egad a a Bahia, e feita pecial piidilecção, fosse suggcsliva apenas, oil por­
por inspiração do grande visconde de Cayrii. IV que llu locasse • coração infeliz. No período colonial
Ji.ãi V I. sc revelou inn henemeriti menos, aliás, quasi unda temos a referir digno de menção e o
pela sna acção direela, do que pelas con sequências qm home, nliíra as manifestações interessanles da
irremissíveis do ino.nento historico As sna* criações music.i p ipnlai. foram trabalius d - musica sacra,
visavam todos os ramos da a c tiiidade iiacion.Tl, esta­ entre u-s quaes se saliciila a l‘i i \ r i r/c fV iro /o . tio
belecendo os primeiros cursos, fundando Banco do Padre Manoel da Silxa Rosa. No começo el’> século
Brasil, a imprensa nacional, a bibliotheca, o jardim XIX é que apparere a figura empolgante do Padre
botânico, remo ciando a cidade e contrariando na Jc sé M aiirii i Nunes (iarcia (I7(»7-I8 3(l) que e uma
l ança unia missão de artislas illustres, sob a chefia lias mais altas glorias do espirito national. Esse mes­
de Joaquim l.e Breton, secretario da Academia de tiço nascido no Rio de Janeiro, de mele nunca saiu,
He lias-Artes, do In s liliilo de frança. Era uma reno­ realizou uma obra profunda e admirável, cuia filia ­
vação na terra americana c, si nem sempre os fruios ção se prende aos graiieles mestres allcmãcs, a Hach,
« rres ponderam ã espeetativa, c innegavei que fo i be­ a Mozarl, a Hnyiln e a Heelh ven Deixou perlo de
nefico esse surto, a meu os tomo uma revelação e '21Ml a mi posições, dentre a^ quaes sobrc-uiem as se­
um aviso para os brasileiros. Mais tarde, quando as guintes: .lli.eta tii' fíc tftn c it, pagina immortal, pela
Cones portuguesas quiseram recoIonizar o Brasil, que grandeza interior, a força e a profundidade da ex­
abrigara a côroa bragainiua numa' hora vergonhosa de pressão, o sentimento vivo e indizível, que se eleva.

O O O O O

1’AVII M i l l DA AJMiLNTINA VISTA INTERIOR

O O O O O O O O O O O O
t \ h t /■/ M U A ( ! A /1.1 I Xf'OSItmAO t \ / I R \'A ( IO .\A t

ii.-is vo/t's lançadas in C io pela criatura supplice i vou r. H y m n o tio independencia , com letra dc Eva-
feivorosa, na ari|>nslin e na miseria, no Icsiimimim ila lisio da Veiga, que ainda hoje é official. Se a obra
sua fraqnc/a, qm a nr.irtc repele initmto a minut. iln musico se perdeu, no principe valeram as inlcn-
M /ssa cm ,v< in -m o t; S in fo n ia tn n c h re . I .--D e an <• ções, pois lim it > beneficiou o (.‘onscrvalorio cie Santa
M u fin a s. O run /h HA i e C re tin lo D t ’g o l.fn e n lo fa n / e ao desenvolvimento do estudo da musica no
tie Sòn J m iij Ha p i is m , além d f Hina opera i t D m Brasil.
(itu n c /ic , escrila a pedido de I) J->5n Vi, cuja par­ Fsse período encerra-se com José Maurício. Só
titura su perdeu. vllc e digno de referencia, porque os demais nunca
A arte de José Maurici ; (falamos da religiosa, apparere riam si o meio não fosse tàn acanhado e es-
por dusnalheeeniios a profana) é ungida dc unci emo- I ril Houve, porém. um movimento de animação c
(5<> pirfitiidu e arrebatadora, feita com uma grande’ iiic ita iiic n io pel-, estudo musical, mercê das predi­
frescura c irilerisa exaltarão nnslica, qualidades que lecções de D Joã-i Vi continuadas por D. Pedro I,
r> ii Ilocam entre os maiores com postiores sacros. uiibora mais irrcgiihirineiite. Essa época poderíamos
Sua musica é extaliea, nào pel > jogo forcado de re­ d i/ ' i da icculidaçã".
cursos liric , mas pela inspirarão ardente e fervo­
rosa, que se elevava e transfigurava, 11 , cauto reve­
lador Dnhi a grande/a e sinceridade f‘arn elle, a
O P F K in lM ) H O M AN T ItU
musica era uma \ o / de liberdade que llle eoiuiniiiii-
cttva o espirilo com Deus, numa fusão invxtcríosn e
in dei iu n cl. N ão era um cxaltüd >. que pretendesse Depois da pers--nalidade eiiipolgainv de José
uiat nut amhi elite rcligio v. pela di iraçlo poaqirisa M aiiiuio, dc- euja gl- ria devemos ser orgulhosos,
c stig-ispva. como cm geial acontece com os oradores p< u t‘ i' são os nspi-etos da musica na Hindi, alé mais
'ticios. que multiplicam as imagens, r .rçam as corn- «v metade do iccul i XIX. S.i então apparcceii (àirlos
paiaçoe-. aguam os in-itivos de elnqueneia, de sorte
ipie a apparentia possa suprir . que faltai n:r intensi-
1.1
(ionics, mu dos p erosos artista- do nos» > p ii/.
Ci m original ida .le de e-str > e inspiração opulenta e
d.uii intenoi Ao reves desse processo. José Matlri- varia, criou uma - lira c*n que, por vezes, a expressão
uo era mna aili-i.i interior cuja fé sobrenatural ira^ lun iiiii.i violência imprevista e admiravel, qiiand i
dtt/ia na musica, com uma larga sensibilidade, que se siam as notas exuberantes da terrn americana. Na
in filira no caiação e deixa a inlelligencia advinhar o i peca brasileira, p- sto delia se tenham occiipado
iin slciin peiliirbad u A obra que nos legou e que. quasi li.titis os nossos music is tas, (.arlos (io.nes
para mal de nós. e.ii grande parte se perJen, nos vn- (1830-1 s»9(i) é o mais consagrado compositor, pos­
chc de crença no esplrit brasileiro, cuja genialidade suindo sua musica riqiie/a e h rilli . de timbres, ao
alUsla li 11ii I claiào fulgente. mesmo temp que inti.i melodia larga, fluindo das fon­
L ra i:io grande que ultrapassava de limit > o meio. te.- mnis puras do n-.sso lirismo. Estava Carlos (io ­
não tend nor isso deixado discípulos, embora divul­ nics talhado para ser > criador da musica brasileira
gasse minto gosto pela musica, ensinando-a com um e poderia ter lido papel similliantc ao de José de
devoianicnl ; religioso. Depois del If. s.i alguns lus­ Alencai, na liieratura, affirmando a indepeiidcncia
tres mais larilc haveria de apparecer um grande mu­ musical do Brasil. A- revés desse esforço, acccitou
sico, prrqiiv Eraueiscu Manoel ( I 7<)ã-1 titiã) ern um tranquillo as indicações estrangeiras, esquecendo-se
artista menor D.n sua obra sal vou-se apenas H vm - de que o traiam. N i ( in ar an? pretendeu criar o in
» o X t/ti.v ia f fíra s ite t/o , em cujos sons quentes lia dianisiiK- na musica, a guiza d Alencar e (innçalvcs
alguma coisa do nosso entusiasmo e da nossa ima­ Dias, dtsptrlando a terra, na evocação do autochto­
ginação frementes. Deixou varias composites, inclu­ ne, assim tornado, posto em falso, o symbolo da
sive um T c - lin im e um H y m n o tia ind ep en dê ncia, nessa gente. Prejudicou-lhe, porém, a escola dc opera
penei conhecidos. A sua gloria vem do H y m n o \ ’a- italiana, fazendo-o desprezar as vozes do seu meio,
lio n a l, que lhe immortalizoil O nome, sem esquecer ou comp rim il-as nos modelos da tarte-, sacrifican­
o papel prepritidtra ille que teve no desenvolvimento do a in ic tição á fôrma. An invés dc seguir os pendo­
do ensino musical no Brasil, de que foi um dos p ri­ res de sen espírito e, como Alencar, no romance, ler
meiros a cuidar o com o mais amoroso intento. list riu d. , sobre- motivos nacionaes, a opera brasi­
E justo referir, pela influencia que teve, o com­ leira, dcixou-sc influenciar pela musica italiana, so^
positor português Marcos Portugal, que reformou o hrctudo a dc Verdi, e-iti franco successa, e fez uma
Conservatório de Santa Cruz, escola dc musica que obra em que a graça, r» frescor c o interesse estão
os jesuítas funda ram, e que tanto relevo teve no cc.niprcirietlidos pelo preconceito da escola. Ãs ve­
eu1li vi i da grande arte, sendo que liei la se for­ zes o espirito brasileiro se rebella contra a hu­
mou Jose Al ati ri cio. Invejoso e intrigant.', suas milhação e irrompe, quente e vivo, cm notas violen­
v iitudes se desmereeem coai a lembrança do mal tas e cambiantes, que lhe revelam a origem maravi­
que fez a José Maurício, cuja superioridade o ir r i­ lhosa. Mas, em geral, procura uma solução preconce­
tava, a Francisco Manoel c a Scgismiimlo Neu- bida, quando tudo, cm arte, deve ser surpreza e ma­
komanu, discipulo predilecto de Havdu, que aqui es­ ravilha. Além do (iu a ra n y , a sua ebra de maior exito,
teve- com a missão Le Hrclon. Ta. uh em era musi­ escreveu I n s ta , Salvad or Rasa, M a ria T tu tor. Sc/iia-
ci sta, o principe regente, depois D. Pedro I, que lo ­ i o , C on do r e um oratorio profano C olo m b o , afóra
cava vários instrumentos e compunha, deixando entre coin posições para piano e canto, com que enriqueceu
i.utros traha lhos, uma opera, cuja abertura foi levada a nossa literatura musical, a partitura incompleta tie
em Paris em 1832, musicas sacras, uma sinfonia para nina opera M o re n a c uni fragmento du C an tieo dou
orchestra e varios hymnos, sendo que destes se sal­ Cânticos.

o o o o o o 59 oooo
IJVRO DF. OURO COMMI:.MORATIVO OO CFNTF-NARIO DA

Carlos Comes, no genero quc adoptou, pos­ jectoria rapida e vibrante. O vôo de um novo Eu
to aquelle em que a emoção espiritual mais cede phorioti... A S érie B ra s ile ira , para orchestra, e uma
ao langor dos sentidos, construiu uma obra invul­ partitura de meritu invulgar; o T ango B ra s ile iro , ou
gar, com physionomia propria e certo caracter, em al­ as Variações sobre um thema b ra s ile iro (Vem eá
gumas de suas composições Ha paginas interessan­ b itú f são tratados cum emoção sincera e ardente, uma
tes, sobretudo as que se desprendem da cscravisação certa melancolia nesta pagina, de um sabor delicioso
formalistica e a inspiração brasileira domina, num A serie Schum annia n a , para piano, é de urna poesia
fremito exuberante e joven. Se nãu creoti uma ohra interior profunda, em que o coração é o maior advi-
nova t independente, prendendo sua emoção no con­ nho da vida Ama as coisas silenciosamente, mas com
vencionalismo de genero, e de genero vulgar, e se uma tortura dc infinito, que é ansia c nostalgia
a sua composição é, em geral, pouco solida, deixou na Sua musica, onde. por vezes, perpassa tambem uma
musica um pauco do lirismo ardente e característico certa influencia de Beethoven, quer a sinfónica, quer
dessa magia imaginosa e indefinível da alma hrasi a de piano e camara, c feita com grande frescura e
leira. Sem tortura da realidade, contentava-se Com a sinceridade, uno musique d'aveu , poderíamos dizer
apparenda do mundo, fosse de brilho ou de melan­ sem exagero. O romantismo não era um desespero,
colia, deixando essas impressões passarem cm sua antes buscava, por sobre o fundo pertinaz de melanco­
obra, para deleite das sentidos, sem outras prcoccupa- lia, as notas rutilas e brilhantes, as orche strações sub­
ções para a inielligencia. Com certa cmphase e uma tis c esmeradas, os coloridos vários e empolgantes
nota elegíaca constante, a sua imaginação flue com A sua musiea. composta com mestria e firmeza
frescura e calor, dcsdobrando-se na melodia facil e technic,-i, ficara cm nossa arte como um sonho maravi­
communicativa, em que se espirita adejava, satisfa­ lhoso. Mais uma vez o artista leve a surte da illusão.
zer do-sc em ver as coisas e sem se inquietar com te in, quando alçava o vôo...
possuil-as...
Ao contrario de Carlos Gomes, fo i Leopoldo
Miguez (1850-1902) um influenciado pela musica alk-
mã, de Liszt e Wagner, de que se tornou discípulo
brilhante, com certo caracter, mas sem grande origi- no seculi XIX, afóra aquellas que, vindas delle. en­
ginalidadt Foi, por excellencia, um sinfonista. A sua cheram de maior fu lg ir a época contemporanea, que
orchestraçâo c rica c m ultipla, com notas empolgan­ os reclama Muitos outros nomes poderíamos citar,
tes e expressivas, desdobrando-sc a imaginação em dc compositores sacros, de opera, dc smfonistas, de
torno dos motivos, numa fantasia intensa e singular, bandas de musica, de operetas, de musica popular, dc
na qual, á& vezes, ha repetições, mas sempre solidez
e corrccção O poema synfonico Ave L ib e rta s ! . por quaes com qualidades apreciáveis. Excede, porém, os
exemplo, é de uma grande emoção, e o seu calor limites deste rapido ensaio, onde indicamos apenas as
muito revê do temperamentu nacional, no lirism o e na tendências e affirmações geraes do espiritu musical
exuberância. Os motivos se transformam em allegorias brasileiro, cuja grandeza e perfeição se aeecntuam,
e criam a sujggestão urnamenlal, que avulta para sup- 1 numa magnifica ascensão
prir as deficiendas intimas. Os seus poemas sinfóni­
cos, dentre os quaes P rom e the u , Ave Lib erta s, Pa-
ris in a , O de a V ie to r H u g o , Ode fú n e b re a B enjam in TENDÊNCIAS HA MUSICA BRASILEIRA
C on stara , são paginas de grande brilho e enver­
gadura na nossa musica de programma, que teve
em Migucz a mais alta expressão sinfónica. Afóra O esforço para uma expressão musical brasileira,
as paginas para orchestra, escreveu o H y m n o da no reflexn da terra e do homem, eoubc á geração que
P roclam ação da R ep ub lica , o poema dramatico Peto se aífirmun de 1890 a esta parte, e de que Alberto
am or, acção do Sr. Coelho Netto, e Oi S a ld u n e .. Nipomueeno (1864-1020) foi a mais alta figura.
também letra do Sr. Coelho Netto, representado pela Effeclivamenlc, ninguém combateu com animo mais
primeira vez a 20 de Setembro de IQ01, no Theatro decidido as imitações estrangeiras em nossa arte e,
Lyrico do Rio de Janeiro. A factura de Miguez é so­
lida, manejando a orchestra com segurança e profi­ enquadrar no regionalismo, mas nascida no ambiente
ciência. O seu colorido quente e o ajuste dos valores magnifico de nossa natureza e com aquelle tom me­
sinfomcos lhe permittem obter os melhores effeitos lancólico. que è o residuo da fusão mysteriosa das
descritivos, mantendo uma exaltação continua e ma­ raças, dv que promana o brasileiro. O meio européo,
jestosa, ainda que, por vezes, declamatoria. onde formou o espirito, e a cultura musical lhe não
Também sinfonista era Alexandre Levy (1864- estancaram a veia natural da inspiração, vibrante e
1802), que cedo se revelou um alto engenho musical, colorida A sua obra refoge ás adaptações constan­
mas cuja vida, cortada aos vinte e oito annus, não tes, a que se sujeitavam os artistas brasileiros, c surge
lhe permittiu a realização, que delle era licito esperar. com um calor estranho, em estilo original e dc deli­
A sua obra hão vale só pelo que representa, mas c ciosa frescura, t a manifestação de uma persona-
despertar que revela, cheio de calor e emoção, com 1 idade ardente e inquieta, que não atlingiu á suprema
unia certa melancolia, talvez o presentimento da mor­ energia criadora da arte ■lacio nal, nessa' synthese ad-
te que rondava. Não só na sinfonia, mas como, com­ 1
nuravel ern que o artista é li m predestinado, mas foi
positor de musica de camara, de literatura de piano, ii m prccui-sor, deixando c a obra a genesis desse
folk-lurista, c ainda no p u lp ito de maestro ou no esforço oiisado e trágico, que já sentimos vingar. A
piano, Alexandre Levy fo i um revelado, numa tra- sun obra lem calo r e vibi ação, o sentido da natureza
VALENTE, COSTA & C . \ U ." — Porto.
IN D EPE N liE N C IA r. DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL

exorbitante, que mclancoliza o homem. Ê original coada, tamizada e diffusa tem jogos singulares. O
sem ser preciosa nem loquaz, qualidades porventura sr. Oswald c um artista fino, que procura a perfei­
raras nos nossos artistas. Talvez a nota pictural do­ ção; nós, brasileiros, somos ainda violentos a des­
mine mais do que a psychologica, mas essa repon­ medidos, que procuramos a emoção cm sua i tensi-
ta por vezes, na sentimentalidade de muitas musicas, dade brutal. A sua inspiração não é fausto' , nem
como nessas magnificas canções que, ao ouvil-as, se procura resolvel-a em largos desenhos, contentando-se,
nos acorda na memoria esse vago e luminoso espirito ao contrario, com os motivos singelos e as tenues
da terra, na fantasia dos motivos. Sentiu a natureza indicações. E ie g ia , l i N e ig e , B êbê s ’e n d o rt, P ie rro t
como uma inspiração ardente e no preludio de Ciara. se m e a r/ são, dentre outros, pequenos poemas deli­
In ia , por exemplo, freme um pantheismo amigo das ciosos, feitos com uma finura de toque, uma lim pi­
coisas, mais para amai-as do que pa'ra decifral-as. O dez e uma graça, que só sabem ter os artistas de ea-
poder emotivo póde não resolver o segredo do mun­ cól. A sua musica dc camara, de que c mestre in­
do, mas sc ct.mmo\e diante dulle Na S erie B ra s ile iro , contestável, os qua/unrs, os q u inte tto s, os trio s , as
para orchestra, mostra esse espirito proximo da na­ peças para violino e violoncello, e as composições
tureza, como o que domina a poesia do sr. Alberto para canto e para piano s io paginas magnificas, de
de Oliveira, e fulge nessas paginas cheias de luz e grande poesia, nas quaes, para usar expressões do
de claridade, nas suas expressões vibrantes e mar­ sr. Rodrigues Barbosa, a proposito do Q u in te tto ,
cadas, ora num colorido intenso, ora na leve' anno- a idéa melódica é sempre original sem ser to rtu ­
lação de um motivo popular, repontando na harmonia rada e jorra com ahimdancta deliciando pela sua
do conjunto. O Samba final iem um rythmo bar­ frescura e limpidez; o trabalho de composição é
baro de aspecto muito singular, todo elle baseado sempre novo, variado e pessoa!
cm motivos africanos. Das suas canções citaremos, Com grande maleabilidade, a musica do sr Hen­
entre outras. Tu és sol, Atuo-'c m uito . Am or ini/e- rique Oswald se desenvolve numa suggestio conti­
t is v , 7 a rq u e m , S u m a concha. Olha-me e as U tir a s , nua c nos segreda todo um mundo de maravilhas, não
para solo de soprano e coro de vozes femininas, so­ pelas imagens — que não í rica a sua imagetica —
bre uma lenda do Rio Negro. A graça tem por vezes mas pelo proprio rythmo, que nos emociona e com­
melancolia, í o lirismo, é a suave e magica nos­ move. Porque, escrevendo sobre o sr. Oswald, mc
talgia brasileira, de que Nepomuceno foi um dos cáe da penna do nome de Samain?
poetas mais commovidos.
A sua obra de que só referimos por enquanto O sr. Francisco Braga c um sinfonista de grandes
a parte brasileira, c das mais admiráveis que possuí­ recursos, com uma larga tcchnica, procurando, por
mos, refleclindo sempre o artista poderoso e emotivo, vezes, a inspiração nativista, em certas lendas e epi­ >
de inspiração opulenia e vibrante, servido por uma sódios, como no poema sinfonico M arabá, na opera
tcchnica segura. A opera Ab ut c uma partitura vi­ J up y ra, extraída de uma novella de Bernardo Guima­
gorosa, dc largas proporções e m érito inrnnteslavel, rães c o C on tracta do r de D iam an tes, sobre a peça ad­
posto o lib re to lhe comprometia a dramatic idade e miravel de Affnnso Arinos A sua nota predominante é
portanto o seu destino de opera. A sua producção é a riqueza de timbres e a magnifica orchestração,
copiosa, citando-se a musica de sccna file r ,r a , feita conduzindo a sinfonia com calor e energia, faltando,
em fôrma classica; o episodio lirico A rte m is , l i ­ embora, o imprevisto. Sem ser um emotivo, nem pos­
breto do sr. Coelho Nctto; a Sin onin em s o l m aior, suindo qualidades extraordinarias de imaginação, s
que e uma obra de grande envergadura, e o admiravel musica do sr. Francisco Braga e vigorosa e colori­
T r io em jà m en or , para piano, v iolino e cello. Na da, por vezes opulenta. Envolve com brilho o mo­
nossa musica, Nepomuceno Icm um logar do mais tivo mclodico e. numa roupagem fulgurante, lhe dá
a lio relevo e foi a primeira expressão da harmonia um prestigia inconfundível. Os poemas sinfônicos são
entre o meio e a cultura, do que ha-de resultar a as mais características de suas producções e Oração
grande arte brasileira. Sondou, entre os primeiros, á P a tria , Pay sage, C au ch-m ar. E p is o d io Sym phonico
essa nebulosa expressão dc nossa musica, cujo des­ e p ró -P a tria (grande marcha) são hellos exemplns-
tino magnifico transparece na harmonia deslumbrante A influencia wagneriana é sensível na sua factura,
1
da natureza, que na arte terá a mais divina revelação. cujos processos denunciam os moldes do tneslre de
Sentiu a magia dessa deusa dos tropicos, sensual, Bevreuth. Tem paginas de muita graça e finuna para
exiatira c melancólica, c foi seu fie l enamorado.. piano e can Io, como as Virgens M o rta s, de Bilac,
O sr. Henrique Oswald dos menos brasilei­ a que soiibe transmittir urna emoção suave e pene-
ros dos nossos compositores— trouxe á musica nacio­ Irante. E, além de compositor, um dos nosso;! ma is
nal a sentido do equilíbrio e da medida, contrastando esi ima veis regentes e professa a cadeira de com-
com as expressões líricas do temperamento indigena. posição n'o Instituto Nacional die Musica.
Artista primoroso e subtil, de uma sensibilidade mui­ Procurando, também, fascr musica brasileira, pelo
V
to fina e reagindo, por vezes, contra a eloquência, o que se approxima das tendências de Nepomuceno,
sr. Oswald c o amigo das meias-tintas, dos enlre-tans está o Sr. Barroso Netto, cujas composições tém,
suaves c das simples indicações, que mais suggerem por veses, deliciosa frescura e singeleza. C a n tig a ,
do que commentam A sua musica de uma sim plici­ Adeus, S r eu m orresse am anhã, D o rm e , Valsa Len­
dade requintada, c uma admiravel flo r de cultura, de ta , são paginaas feitas com graça espontânea e sen­
um civilizada eurnpco, volvido antes para si mesmo sível. Seu estilo claro e simples revê a influencia dos
do que para as coisas. Evitou o prestido da natureza mestres allcmâcs c de Grieg. E um virtuosi de me­
rito e professor de piano do Instituto Nacional de
bienics discretos e nas doces intimidades, onde a luz MusiCa.

o o o o 61 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MOR ATIVO OO CENTENÁRIO !)A

mesmo no Brasil; João Octaviano Gonçalves, alum­


Sohresaem ainda os nomes dc Arthur Napolcão,
no laureado do Instituto do Musica c que já tem
o admiravd pianista, que cercou seu nome dc muita
gloria cm noites memoráveis, e tamhcm apreciável uma copiosa producção, de literatura dc piano, de
comprsitor, sendo de sua autoria R om an ic e Haba - musica de camara e sinfônica, alem de uma opera
berant que são paginas de grande poesia. Salte e
ainda inedila Iracema, com libreto do sr. Tapajoz
T arantela. para dois pianos. Valsa im p ro m p tu . Valsa Gomes, Abdon Milanez, Assis Pacheco, ( arlos de
m elodia, etc.; Henrique de Mesquita, autor da sin­
Campos, João Gomes Junior, João de Souza Lima,
fonia drama!ica Jeanne d ’ A re, e de algumas operas Sá Pereira, Francisco Mignonc, João Gomes de Arau­
cm estilo italiano; Carlos Mesquita, pianista, maes­ jo. Paulino Chaves, Sylvio Frócs e tantos c tantos
tro C cr mpositor, de forma simples e elegante. Obteve outros que procuram mim grande esforço dar mais
o primeirn premin do Conservatorio dc Paris, dc 1880, brilho e mais fulgor ã nossa arte e á nossa musica.
e e; autor da opera Esm eralda c de varias composições
para orchestra, piano e canto; Delgado de Carvalho,
cuja musica sc filiava á escola romantica francesa, OS MODERNOS
tendo escrito a opera M oem a. que mereceu os me­
lhores applausos, não só no Brasil, mas lambem em
Portugal e na Russia, e a opera num acto H o tia , Ao si! pailha IIdo o desenvolvimento da musica bra­
além de varias composições para piano, inclusive sileira, presentimos o desejo de liberdade, a tor­
Sonata, Valsas H um orística s, M arche des Poupées, tura por uma expressão propria, entravada na su­
etc.; J. Araújo Vianna, que escreveu as operas C ar- jeição demorada das escolas c dos estrangeirismos
m cla c f ie i O a la o r; Francisco Valle, discipulo dc coi ruptores. Nenhuma criação musical ponde aban­
Cesar Franck, e cujas composições, segundo o sr. donar a origem da terra, c, ainda agora presencia­
Rodrigues Rarhnsa, são -verdadeiros documentos dc mos o esforço da musica franrésn, reagindo contra
sen immenso talento e magnificos aftestados do gran­ Wagner e as penetrações germanitas, para se man­
de apmvciiamcntn que colheu das sabias lições do ter essentialmente nacional. Sem esse amor ao meio,
mestre e dc seus estudos . Escreveu o poema sinfo sem o iivit sempre da bocca popular o canto ingê­
nico Tclcm aco e varias obras de musica de camara; nuo de sell peito, sem penetrar na natureza c nos
Manuel Joaquim dc Macedo, autor da opera T traden­ seus nnsteriosos segredos, toda obra será de imi­
tes, lihreto do sr. Augusto de Lima, e de muitos ou­ tação, ou afíectada, não vencerá jamais o tempo.
tros Irahalhos para orchestra, piano e canto, cm nu­ E numa terra, como a nossa, cheia dc coloridos quen­
mero superior a 300, todos muito pouco conhecidos, tes e com uma riqueza de rythmos prodigiosa, a

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VDHPLNDKSCIA h DA EXPOSIÇÃO IN T tlR N AVION At.

musica ttrã de vir do ambiente sonoro que nos cer­ sobre a peça de Meaterlinck, com o primeiro acto
ca, porque cada lagar tem uma onda de som que a Findo e o segundo esboçado.
envolve num ruido intermittente. Façamos como os ülauco Velasquez morreu aos trinta annos, mima
russos, que, desprezando a musica estrangeira, cria­ magnifica aurora, deixando o traço rutilo da nossa
ram sua arte maravilhosa, com a poesia do povo, os arte, em que foi um criador de belleza e de emo­
coloridos do oiiente, a vaga melancolia com que ção Um dos mais altos engenhos musicacs do Brasil.
a terra immensa apavora o homem. Façamos uma
musica que seja a liberdade de nosso espirito, ain­
da cercado de preconceitos, atemorizado diante de
civilizações mais velhas o com uma desconfiança cons­
tante cm seu genio criador. () que nos falta, j nos No sr. Heitor Villa Lobos a personalidade é ex-
brasileiros, c a crença itn nosso espirito. Será, por­ horbitante. Domina a a rte e se recusa a acceitar
ventura, o indio que se desforra dos novos donos da as fórmulas, as mesmas que cria1, pelo anseio cons­
terra, transniittindo-lhes ,, seu desconfiado temor?
<1 certo c que perdura cm nós qualquer traço per­
tante dc sensações novas, onde seu espirito se sinta
cada vez mais livre, para se elevar no mais pum
turbador de humilhação, que as gerações modernas subjectivismo. E desconcertante, porventura, nessa va­
mais oniscientes do destino nacional, tèm o dever riação, onde só ha a constante do rythmo pessoal,
de apagar. Exigc-o a nossa' grandeza iiicontraslavel mas transfigurando-se na infinda e múltipla fantasia
dessa musica, que não é simplesmente ornamental,
A musica brasileira deve surgir desse pheno- mas de grande intensidade psychologica. É interes­
meno moderno de liberdade, pcnnittindo uma exhu- sante notar que, salvo o caso remoto de José Mau
beranci.i rythmica, que a tonalidade classica impe­ ricio e, em parte, o de Glauco Velasquez, o sr. Villa
dia, nos limites do seu form alismo. Nossos musicos Lobos é uma excepçâo na nossa musica, onde nunca
hàu-dc ser livres e desabusados, donos da sua arte, a imclligcncia reage, dominada- pelo sentimento c
dominando as convvçõcs c exaltando o som na pro­ pelo instinclo, in fiam mados na imaginação. O sr. Villa
digiosa sinfonia da terra. Foi assim que o sentiu Lobos não procura aprender as coisas pelo seu as­
<ilauixi Velasquez (1884-iq)4) um verdadeiro cria pecto sensível ou impressionante, mas pelo substracto
dor na musica brasileira, abandonando os canones c da realidade intima, descentV) — segundo um con­
as leis, e fazendo musica pura, de uma- suggcstão ceito de Baudelaire — »ao recesso do desconhecido
infinita, seguindo um systema, c certo, mas pessoal para encontrar alguma coisa nova'). A sua arte c,
e independente. Com um forte temperamento artís­ pois, do mais transcendente subjectivismo, muitas ve­
tico, accentu ados pendores para a pintura e a es­ zes através dc motivos singelos c ingenuos, cuja ma­
cultura, era uma sensibilidade requintada, c a sua teria transforma numa emoção exaltada e vibrante.
musica se desenvolve entre o symbol ismo e o impres­ Fazendo musica pura, o sr. V illa Lobos c um cria­
sionismo. em meias-imagens, que se completam em dor de ambientes sonoros, para despertar esta'dns dc
nosso espirito, graças á sua intensa emotividade. alma, onde sc permitte o mais perfeito gosu esthe­
Kc accio ii ario c livre, abandonou a‘ tradicção e ser- tic». É que não pretende impor a inspiração e seus
vindo-se de elementos proprios, com um rico chro­ motivos, mas deixar que a suggeslâo acorde cm nos­
matism» e rythmos novos, Cilaucn nos deixou uma
obra admiravel, de forte influencia romanlica, com
1
sos c-spiritos toda a sentimentalidade, cocnu uma vi­
bração intensa e prolongada.
uma nota apaixonada dc coração ferido, que reponta A musica do sr. V illa Lobos é profundamcnie in­
sempre em magoa e inquietação, através da fanta­ telligent c, não que seja construída pela vontade, imi­
sia m ultipla do artista, na' sua magia interior de tati va, fria, mas por ter a razão como base e delia
um prolundo subjectivismo. Glauco Velasquez foi um promanar toda a inspiração, a que o instincto e o
criador singular e, posto influenciado pur Wagner, sentimento dão maior fulgor. A melancolia da intel-
sobretudo pelo T rin tão e /s o ld o , Cesar Frank e Vin- ligcncia c o fundo do seu temperamento, e a re­
cend d'lndy, I cm nmn personalidade inconfundivcl. solve, seja por um lirismo vago c tristonho, como
A sua musica de camara' c dc um grande vigor, sen- no T c d iu da A lv o ra d a ; seja por um h u m ou r que
do não só producto dc uma sensibilidade violenta, se vinga das ínstifficiencias humanas; como no Seherto
mas de forte in te llig e n t a, que era uni dos traços Terceiro Q uarlctto ou no A te g re tlo do Quarlett» Sym-
característicos dessa physionomia artística e pelo qual bolico; seja por unia tranquilla postura diante da vida,
dominava as coisas, para nos revelar o segredo da resignada e contemplativo, ante o transcorrer do /lu ­
expressão maravilhosa, acima da realidade das ap­ m en rerum , como em S e re nid ad e; seja pela singe­
parendas Os trios, as sonata's, sobretudo a sonata leza dos accentos pueris, transfigurados em symbo-
para violino e piano, as fantasias são paginas dc los, como na P ro le d o Bebé. Eis algumas formas ape­
m érito invulgar, pela vibração, pelo rylhmo, pelo fres­ nas ™ que a variedade espiritual do sr. V illa Lobos
cor, pela riqueza polifoiiica, pela independência joven se evola, na ansia de sua criação. O espectáculo da
e audaz e, sobretudo, por um grande sentimento do vida o absorve e sua tortura é a da intelligencia
vago, em que as ideas, incorporeas e livres, buscam desencantada, que se sente mesquinha em face do
se completar na nossa emoção. As suas musicas para Universo, não o pôde dominar e encontra na me­
1
canto são muito significativas, a exemplo da tétrica lancolia o prémio engnador do esforço mallogrado.
1
T'atia \v g r a , dc Anther.) de Quciital, cm que a dôr Essa impressão vem muitas vezes pelo contraste, a
tem qualquer coisa de ironico e sarcástico; do Padre nota dolorosa se choca com o riso amargurado, a
1
A'o sso, de extrema exaltação, ou da sombria F aia litá . ironia sentimental, como na Quart et to Symbnljcn. Ê
Deixou incompleto um drama lirico Soeur B e a trix , o sarcasmo das coisas que zomba' das noGsas fracas

O O O OO o 63 O o o o o O
UVRO DE OURO COM M E MORAT !VO DO CENTENARIO

tentativas, as fracas tentativas do homem, era busca tatua do nosso idéal, que será perpetua, imperecível
do além inattingivel. e perfeita.
O sr. V illa Lobos, criando musica pura e inte­ Entre os novos ha ainda a citar os srs. Oswaldo
rior, na qual, com» observou com felicidade o sr. Ouerra, que é um compositor moderno « de uma
Mario de Andrade, não é possível estabelecer linea­ grande emoção, a julgar, aliás, pelo pouco que delle
mentos para o desenho melodico, é profundamente bra­ se conhece; Luciano Cjallet, cujas obras são muito
sileiro. Si precisássemos de uma viva e fulgurante estimáveis, revelando um espirito inquieto e subtil;
demonstração pelo que vimos insistindo neste en­ e N iniiiha VcUoso Ouerra, que não só era composi­
saio, sobre a influencia d» meio na obra! de arte, tora deveras interessante, mas principal mente uma
a musica do sr. V illa Lobos nos daria a mais absoluta. interprete adtniravel dos modernos, sobretudo de De­
Sem ser um simples paisagista, que copiasse a natu­ bussy, em cuja obra sua sensibilidade criava novas
reza nem um folk-lorista, que vivesse aproveitando emoções e se revelava do mais alto subjectivisitio. Se
os motivos populares para estillisaçôes, sendo antes não podemos citar outros nomes, não significa isso
de uma personalidade exorbitante, o sr. Villa Lobos que a musica moderna no Brasil não esteja penetrando
tem a animar sua a'rte o espirito da terra, no fulgor com uma crescente imensidade, livrando nosso espiri­
da natureza, na melancolia do homem, enfim na in­ to dos entraves classicos c pcrmittinJo-lhe os mais
certa psyche brasileira, a um tempo audaciosa « tí­ audazes e fulgurantes vôos.
mida, violenta e retraída. A riqueza dos seus rythmos,
as dissonâncias, o colorido violenlo e caprichoso, a
POR FIM...
imagetica fecunda, a ironia amarga e sardónica, um
accent» elegiaco que apparcce sempre sob m il fô r­
mas, accentuam os característicos da alma brasileira, O desenvolvimento e o crescimento da nossa
que freme nessa musica, alteando-se ás mais transcen­ musica, alravés de todas as incertezas, nos convence
dentes concepções de uma idealidade inquieta. A sua dc que lemos uma alta sensibilidade musical e de
obra, que já é copiosissima, mais de duzentas com­ que havemos de criar unia musica brasileira, que
posições, operas, musica sacra, sinfónica!, de camara seja livre e maravilhosa, filha do nosso ambiente,
1
e literatura de piano e canto, não poderia ser analy- reflexo da variavel e multipla psyche national. Ne­
cessario, porém, c nos livrarmos das escolas, dos
sada sob um só critério e seria longo apontar todos
os aspectos dn physionomia do artista-, que preferi­ preconceitos estrangeiros, das copias e das imitações
mos indicar dc um modo geral, na synthese dos seus e sentirmos por nós mesmos, com toda a força dc
valores. A sua poesia interior, por vezes subtil e vaga, nosso temperamento joven, neste mundo joven que
como na segunda sonata para violino e piano, obra hahilamus. Que a cultura não seja uma densa cerra­
pri.na de inoomparave! belleza, é uma' simples sug­ ção para escurecer o brilho de n.isso estro, antes
gests» dc ambientes, que seria impossível explicar. um meio de levelal-a mais fulgido c poderoso, mais
Os pendores que vimos notando para uma mu­ bello e intenso. Façamos mna arte nossa e indepen­
sica brasileira têm no sr. V illa Lobos uma magnifica dente, aproveitando essa riqueza formidável dc ry ­
aftirmação. A sua fanta-sia se desenvolve através das thmos, essn abundanda prodigiosa dc côr, essa exu­
impressões do meio, que resurge nessa arte, como berância da natureza magnifica. Tenhamos fé na as­
uma suggestSo profunda da natureza' maravilhosa. Ê censão do nosso espirito e no aperfeiçiamentu de
um exemplo fecundo dc tudo o que podemos fazer suas forças criadoras, para fazer uma grande arte,
sempre que, fiados em nós mesmos, livres e inde­ que seja universal e perpetua. Tenhamos o coração
pendentes, repcllindo as imitações estrangeiras, criar­ puro c as mãos livres.
mos na materia prodigiosa que nos offerece o des­
tino Nella as nossas mãos rudes modelarão a es­ 1 R en a t o A lm eiu .v

o o o o o o 64 o o o o o o
^ ^ ^ a B R -IC A Li C

:ALÇAD0 áOUT0
G r o n d í a P r ê m io s e
n s d a lh o a d e o ijr o n as
E x p o s iç ã o » In tern aciono es
d « A r * i n d i r o l9 l 5 e D o m a in s
D ip lo m a d e h o n r a no
£ X p n & iç a o In t e rn a c io n a l
d e L o n d r e s 1g21.

.ALÇADOoOLTO
D* iodo» o <n*Du»'\

£ ru £ '- 2èJc</ T < r s - s i r a


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O DEJan J J jU & A V IL L A 4 9 4 7

Fabrica de Calçado Souto — Rio de Janeiro.


O T H E A T R O N O KRASIL

O RANDE espirito classificador de Sylvin priada sem duvida alguma á alma simples
Romero dividiu □ evolução do lhealro ra do homem primitivo do Brasil.
brasileiro ims seguintes períodos: Foram varios os autos representados, e ainda
no século XVI plaléas mais felizes de differentes
I Primeiros gennens dramáticos Sob a forma pontos de nossa terra puderam assistir a espectáculos
de autos, consagrados á vida dos santos, Feitos pelos menus rudimentares, com a enscenaçâo de comedias
jesuítas no decorrer do século XVI. e dramas importados da Europa.
II Período verdadeiramente inicial sob o as­ •Passado esse primeiro período dos autos de
pe elo literário, no século X V II. Anchieta, diz Octavio Quintiliano, tompu o theatro
II I A comedia e a tragi-comedia, ao gosto do maior impulso com a creação da Casa da Opera, do
que se fazia em Portugal, no século X V III. Padre Ventura, no largo do Capim, e anteriormente
IV A t raged in an gosto classico, com Alvaren­ com a Opera d o j vivas, de que quasi não ha noticia.
ga Pcixuiu e muros em fin s do século X V III e co­ Nân foi, porém, feliz, a Casa da O pera, que se incen­
meços do X IX . diou. e a que succsdeii a A'o va Opera, de proprie­
V Primeiro momento de creaçào romântica. dade de Manoel Luiz, dansarino e tocador de fagote,
(1838-1856), com José Gonçalves de Magalhães. Mar­ onde trabalhou . ítão panhia
tins Penna, Porto Alegre, Oonçalves Dias e outros. tislas brasileiros estrangeiros, de cujo repertorio
VI Segundo momento dc creaçiu romantica, faziam parte as c ledias de Molière. Eram primeiras
(1850-187(1 e annos proximos), com Joaquim Manoel entre outros, Joaquim da Lapa,
de Macedo, José de Alencar, Agrario de Menezes, Malliilde Joaquin José Ignacio da Costa. í iapacho ,
Quintino Rotayuva, Machado de Assis c innumeros que n de a ir era poeta e major, do Regimen-
outros. to dos pardos.
V II Terceiro momento de creaçào romantica Ampaiado pelos poderes publicos lorescia o
c inicio de algumas tentativas naturalistas (1870- th cairo a mais e ma ilé que agitaçdci internas fi-
ldOO), com Oliveira Sobrinho, França Junior, A r­ zeram com que em 177!
thur Napoleão, A lilizio Azevedo, etc. theatro de Manoel Luiz.
V III Rcacçán idealislico-symholista, dc Coelho Escoou-se então umn longo período
para a nossa scena, ! i revigorada man
Net to, com varios ensaios.
1818 ) . com a chegada i i Rio da côrte pnrtugllèsa de
I). João vi".
A cslcs periodos que Sylvio Romero admiravel­ Esse nolavcl facto dc nossa historia determinou
mente descriminou, accrescenta Octavio Quintiliano, a constmcçâo do R eal T he atra i r São João, no largo
em foi-moao trabalho de que tomamos quasi todas as da Sé Nova, pois a permanência da cõrte no Rio de
notas informativas do presente resumo, nas tentati­ Janeiro exigia outro esplendnr de vida. O primeiro
vas do moderno theatro de psychologia levados a espectáculo no movo theatro reali zou-se a 12 de Ou-
effeito entre nós por Paulo Barreto, Roberto Gomes, tnbro dc 18 13. cni homenagem ao anniversariodo Rei,
Coelho Netto, Pinto da Rocha, Claudio de Sousa, trabalhando uma companhia lyrii:a italiana e outra
Abbudic Faria Rosa. Renalo Vianna e tantos outros dramatics.
auctores modernos '. P rociarnada a independencia do Brasil, o lhe i
Foi em 1565 que Anchicia fez representar, sohre tro de 5. João continuou a ser a grande casa de
um tablado enfeitado de folhagens e peranie uma espec ta ci ilos do Rio de Janeiro- A 25 de Março de
assistência de selvicolas, o auto da .Pregação Uni­ 1824, portm, patoroso incêndio o destruiu quasi to-
versal", fundando assim o theatro no Brasil. talmcnte, quando mal havia terminado □ espectáculo
A nota mais característica desses primeiros tim i­ de gala com que sc solemmzára o juramennto da
dos, inconscientes ensaios de theatro, que significavanl constituição do Imperio por I). Pedro I.
os autos rudimeiitarniente enscenados pelo evange­ '■«Foi desde logo, informa o escriptor que vimos
lizador de nossas selvas, é uma deliciosa ingenuida­ resumindo, tentada a reconstrucção do theatro, que
de que hoje nos faz sorrir piednsamente, mas apro­ teve prime iram ente preparado no salão principal um

o o o - o o o 6S o o o o o o
IIV R O M i OI IRO CO M M t.M O RA li n o C f.N 1 £N ARIO

theairinho com 2-1 camarotes em duas ordens c t Ml do Colo vello edificou o Iheatro da Praia I). Manoel
cadeiras, que, prompto em tres mezee, teve realiza­ que foi inaugurado a 2 de Agosto de 183-1. dia do
do o seu prim eiro espectáculo com a opera de Rossini anniversario da princcza d. Franeisca. com o drama
— aO engano feliz», —• em espectáculo commcmora- M vsan ihropia c Arrependimento Esla casa de es­
tivo do anniversario, sagração e coroação do I). Pe­ pectáculos, por lorça do contraio, passou tres annos
dro I. Esse theatrinho fo i então chamado Theatro e seis mezes depois a ser propriedade do Estado, re­
Constitucional". cebendo em 1838 a denominação de Theatro S. Ja­
E o ex-S. João, já enlâo denominado em 182-1 nuario' . Estavamns já. então, na epoea da Regencia.
Theatro S. Pedro de Alcantara, nome que ainda hoje que teve o seu primeiro espectáculo em I I dc maio
conserva, reconstruído, era franqueado ar* publico a de 1831, no theairinho da rua dos Arcos.
22 de Janeiro de 1826, cantando-se nessa noite a A 2 de dezembro desse mesmo anno entrava em
opera Tancrcdo. em espectáculo de gala por motivo actividade novamente o Theatro Constitucional, onde
do anniversario natalicio da princeza Maria Leopol- se estreava uma companhia com os actores que es­
dina. O ^Constitucional passou entân a ser sala de tavam na Praia Grande, representando o drama A
concertos. reconciliação das duas iribus .
Por essa occasião existia também um theairinho A essa companhia incorporara-se o genial actor
particular na praça da Constituição, entre as ruas João Caetano, que havia feito successo ruidoso em
do Cano e a do Piolho, o Theatro do Placido . Itaborahv, no papel dc Carlos do drama Pedro,
de propriedade de uma associação e frequentado pela o Grande . sendo por isso saudado na noite daquella
primeira sociedade daquclle tempo, onde não tinham estria por Porto Alegre e Joaquim Manoel de Ma­
entrada senão pessoas conhecidas e de reputação re­ cedo.
conhecidamente ilibada . E iniciava-se para o iheatro brasileiro o período
Motivou o desapparecimento do Theatro do Pla- áureo, que empallideceu com a morie de Joio i.aelano,
cido um capricho do Imperador, para vingar um in ­ trinta e dois annus mais tarde, em 1863.
2
sulto feito á Marque a de Santos. Em 1832 foi edificado o Theatro do Vallon
go ■ para João Caetano, que delle se passou mais tar­
i 7 de Abril de 1831, em consequência dos motins de para o S. Januario , tendo lambem trabalhado
sangrentos provocados pela abdicação. com a sua companhia, em Nictheroy em 1833. Tam-
Dissolvida, havia muilo, a companhia do S, Pe­ hem em 1832 um francez. ao que parece. M. Segond.
dro, um grupo foi trabalhar em Nictheroy, então edificou na rua de S. Francisco um theatro para ex­
Praia Grande, e outro adquirindo um terreno á rua ploração de companhias francezas.

o o o o o o 66 o o o o o o
/.v/>/ / v N iit - s c iA i n .\ rx rtH U Ç A o i s i i i .r k m i o k a l

Por essa época j.a o theatn > oecupava .a altenção


du legislativo, que concedia, a titu lo dc subvenção, lho. Lucinda Simões, a quem deve o theatro brasi­
t alias loterias aos thealroK do Estado leiro o seu brilhante periodo evolutivo, que se seguiu
<J .S. Pedro, modificado. foi reaberto a 7 de a epoca aurea de João Caetano, periudo que se ex­
Setembro de 1839, tendeu de 1859 a 1803. Posteriormente vieram ao
................ loj-y. inaiigu randr i lhe
m auguranun inc a
a nnva phase nn
nova phase Brasil Rejane. Angela Pinto, Clara de La tiuardia,
propiiu João Caetano tom a tragedi. Olgiato Mas
Darclée, e todos mais que temos applaudido nos nos­
na noite de 8 do agosin de 1851, após o especlaculu, sos dias.
ardia <i S. Pedro pela segunda vez. perdendo-se no
Impossível é ainda deixar de assignalar a vi-
s in islrti Iodo o archivo, onde figuravam, segundo A r­
thur Azevedo, ohras inéditas de Martins Pcnna Re­
sila ao Brasil, por volta de 1852
e annos proximo;,
dos grandes pianista, Liszt e Thalhergc- (iottehalk,
construído por esforços de JoJo Caetano, a Iradiccm
que se fi/cram ouvir no Provisorio .
nal casa de espectáculos reahfiu a 18 de agosto de
Abi, escreve uni chronisfa do tempo regeu
1852. para pela terceira vez incendiar-se na madru­
gada de 27 de janeiro dc 1855. (iottehalk um concerto verdadeiramente memorável,
de mais de trinía pianos, acompanhados por uma or­
No Rocio, emquanto lavrava o incendio. João chestra de -ICO musicos 1»
Caetano, cercado de populares, arramava os cahellos.
proferindo exclamações dc desespero e magoa, quan-
do o marquez do Paranã, poisando-lhe a mão no
homhro. segredou-lhe:
1
Tranquil!íza- e; o O S Pedr o será recons-
Sobre os vultos mais representativos de nossa
tm ido
literatura iheatral até poucos annos atraz, pediremos
F de facto, mai6 rnagcstosn que nunca, o thea-
ao julgamento seguro e honesto de José Veríssimo
tro resurgi li, sendo inaugurado a 'J dc janeiro de
algumas notas criticas para a completaçío deste tra­
1857, com o drama Affonso Pictro- e n vaude- balho.
v illc K e lly ou a volta á Suissa .
Foi o romantismo, diz o illustre critico brasi­
João Caclano. xictoriado delirantemenle pelo pu­
leiro, com o qual se iniciou o que já podemos cha
blico, recebeu nessa noite presentes valinsissimns mar de literatura nacional, o criador também do
Já agora daremos mais dois trechos de Oclavin nosso theatro
Q uintiliano, para terminar a parte informativa do '•uni” literatura, o seu criador foi Gonçalves de
presente resumo.
Magalhães, com o seu A n to n io José ou O Po eta e a
Nesse anno, continua o escriptor mais que o fitq u itiç ã o , tragédia em verso, em 5 actos, represen­
theatro dramático, começou a merecer as melhores tada pela primeira vez por João Caetano e sua com­
attcnçues dos poderei publicos a sccna lyrica nn panhia. nu sen theatro da Praça da Constituição (de­
Brasil, iniciada soh os melhores auspícios, alguns pois thectrn de S. Pedro de Alcantara) em 13 de
annos antes, no -Provisorio . depois no Theatro Ly­ Março de 1838.
rico . approvando o Legislativo os estatutos da <So- Magalhães, como Porto Alegre, seu am igo e
ciedadc Nova Empresa Lyrica e da Imperial Aca­ emulo na renovação romântica, não eram por tempe­
demia de Musica e Opera Nacional ; concedendo ramento c indole literaria dois verdadeiros român­
favores pecuniários á Opera Lxrica Nacional , etc. ticos. quanto n seriam por exemplo Qonçalves Dias
Fm 1873. o deputado Cardoso dc Menezes, (Ba­ c Alencar. Foiam-nn antes de estudo e proposito que
rão dc Paranania aba) apresentou á ('amara um pro­ de vocação.
jecto, creando na Còrte um Thealro Normal, que au Trasladando para o nosso theatro o drama sha-
torizava o governo a gastar 580:00(1800» na cons- kespeareano, que é o mais remoto e illustre avoengo
Iriicçâo de um theatro, sohre o conceder-lhe, para sua do romantismo, fazia-o Magalhães das descoradas ver­
manutenção, 100:0009 em cada anno, pagos, como sões com que Ducis amaneirou ao gosto franccz o the­
subsidio, em prestações mensaes atro dc Shakespeare. Mas A n to n io José ou O P o.'tn
Esse projecto não frutificou Entrando cm dis­ e a In q u is iç ã o . que pelo thema moderno, pelo espi­
cussão fo i a mesma adiada., até hoje. Outras tenta­ rito liberal c sobretudo pelo titu lo é hem romântico,
tivas surgiram, pusteriormente, em tal sentido, to­ Oli>iuto. qnc o c de inspiração e expressão, e o mes­
das, porém, sem resultado, inclusive uma do dr. A ffon­ mo O theto. deviam ficar na nossa literatura dramatica,
so Celso em 1888. Tempos após era proclamada a sc não nn nosso theatro, como bons exemplares da
Republica, entrando então o Theatro Brasileiro na nossa obra literaria nesse genero.
sua phase de maior decadência, que permanece até os De Martins Penna diz Verissimo que a indivi­
nossos dias dualidade que ccrtamente tinha, a sua originalidade
■De 1830 a 1870, e em annos posteriores, va­ nativa, em uma palavra a sua vocação, livraram-no de
rios artistas de nomeada e companhias de varios ge­ ceder ao duplo ascendente de Magalhães e João Cae­
neros <l nacionalidades visitaram esta capital e os Es­ tano, c fizeram delle o verdadeiro criador do nosso
tados. Dentre tantos, citaremos, rapidamente, com­ theatro. Mais porventura qu a Magalhães, assegura-
panhias porluguezas: a celebre cantora Candiani e
sua ‘ troupe’ lyrica, cujo exito c ainda hoje lemhra-
lhe este titu lo a copia de peças que escreveu e fe 2
representar, a popularidade da sua obra thcalral,
do ; artistas como Rossi, Salvini, Ristori, Stolz, Tam- a sua maior divulgação, quer pela scena quer pela
bcrlíck M irati, La Grita, Degean, De Lagrange, etc ; imprensa, e, sobretudo, o seu muito mais accentiia-
a Companhia Dramatica Hespanhola Adolfo Ri belle, do caracter nacional. Por tudo isto a obra theatral
de que eram parte o grande tragico Lapuerta c a dc Martins Pena certamen tf influiu mais no advento
aetriz Maria dei Carmen; c, finalmcnte. Furtado Coe­ do theatro nacional que a dc Magalhães.

o o o o o o 67 0 o Q o o o
L iv tt o ot o t 'ftc t c u m .u i n o H A /iv n n o c i.\iiK A M O i >a

Martina Pena começa e prosegiie com a coinedia. Alencar, que tinha muito menus graça c veia
Ingenuamente, desartificiosamcnle, com observação comica que Pena e Macedo, escreveu lambem puras
sem profundeza, mesmo banal tnas exacta e sincera, comedias de costumes.
traz para o theatro pela primeira vez, note-se, por O periodo da maior actividade dc Alencar e Mace­
que n seu successo explica-o a so novidade do seu do, como escriptores dramalicos, vac de meados do de-
feitio, a nossa vida popular c hurgueza c quoti­ decenio dc 50 aos fins do século 70. Ê esse também o
diana do tempo. Evidentemente não tem presumpções dc mais vida do nosso theatro, quer como espectáculo,
nem propositos literários como tem Magalhães; apenas quer como literaiiira dramaiica. Com estes dois escrip­
vê claro, observa com attençãn e reproduz fielmcnic, tores concorreram, além de alguns dos já citados (Q uin­
com a naturalidade em que se revela o escriptor de tino Bocavuva. AgTarin de Menezes. Pinheiro Guima­
thealro. Do autor dramático possuc, em gráii de rães e outros somenos) Augusto dc Castro, Aquillcs
que sc nâo antolha outro exemplo em nossa litera­ Varejáo, Fiança Junior, que sem notável mérito lite ­
tura, as qualidades cssenciaes an officio, e ainda certos rário, tiveram enlicianto relativo c nâo de lodo ini-
dons que as realçam: sabe imaginar ou arranjar uma mt ree ido successo no palco.
peça, combinar as scenas. dispor os effeitos, tramar o Agrario de Menezes, bahiano (1834-1863), gosa
dialogo, e tem essa especie de observação faril, ele­ de uma reputação exagerada que a leitura da sua
mentar, coniqucira c superficial, mas no caso precio­ obra abíolulamcntc não justifica. O seu C ala ba r, tão
sa, que c um das talentos do genero Nâo raro tem gabado quão pouco conhecido, como aqui muito fre­
o traço psychologico do caricaturista, e o geito dc quentemente succede, nâo lhe ahona nem a imagi­
apanhar o rasgo significativo de um typo, de uma nação criadora, nem n estro poetico Gomo escriptores
situação, de um vezo. Possuc veia comica nativa, es­ de theatro mais valor tem Pinheiro Guimarães e Fran­
pontânea e ainda abundante, infelizmente, porem, (de­ ça Junior. Aqutlle como dramaturgo, que principal
feito desta mesma virtude) com facilidade de se des- mente foi, tem os mesmos defeitos dc Macedo e Alen­
car. com menos espontaneidade que o primeiro e peor
O exemplo de Magalhães e Martins Pena frueti- cstylo que o segundo. França Junior, com muito da
f içou. Dos românticos Ja m in.eira nora. os princ-i- veia comica popular de Martins Pena, a mesma obser­
pacs. Norbcrto, Teixeira e Souza, Porto Alegre. Gon­ vação superficial dos typos e ridiculos socia es, a
çalves Dias, Macedo e ate Varnhagcn, com fortuna c mesma graça um pouco \u lg a r no apresenlal-OS, ca­
Slice:ss< diverso, em geral mediocre, escreveram tam­ rece da ingenuidade que realça o engenho de Pena.
bém theatro. Alguns, além de Macedo, conseguiram No Ihcairo de França Junior, sente-se o trato com o
ver-se representados. S io porem muitos os autores theatro comico franccz. Em ledo caso, c cxxti Martins
de peças de theatro de todo o genero escriptas ou Pena c Macedo um dos nossos autores dramáticos
representadas nessa phase de nossa literatura e na ainda por ventura representáveis
que imniediatamente se lhe segue. Desses apenas Producto do romantismo, o tlieatro brasileiro fi­
um ou outro nome nâo eslá de todo esquecido. Taes nou-se com elle. Parece-me verdade (é Verissimo quem
são os de Carlos Cordeiro, Castro Lopes, Luiz Bur- fala) que não deixou de si nenhum documento equi­
gain. Pinheiro Guimarães, Agrario de Menezes, Quin­ valente aos que nos legou o romantismo no romance
tino Bocavuva, cujo theatro e de 1850 a 1670. Esses ou na poesia. A literatura dramaiica brasileira nada
mesmos são apenas uma recordação cada dia mais conta, a meu ver, que valha o (ju a ra n y ou a Ira ce ­
apagada, pois não concorre para avival-a a sua nhra ma. a M o re n in h a ou as M em orias d c um sargento
dramaiica que não mais se representa e ninguém lè. tie m iiieios. a Inocência ou B r az C ubas, os C antos
Nesse momento, que corresponde á segunda phase de Gonçalves Dias ou os poemas da segunda geração
do romantismo, as duas principaes figuras do nosso romântica.
theatro foram José de Alencar e Macedo. São dois O modernismo, ultima phase de nossa evolução
talentos diversos, dois engenhos quasi oppostos. Ha literaria, nenhum documento notável deixou de si
mais .íne. mais gravidade, maior sentimento e res­ no nosso theatro ou na nossa literatura dramaiica
peito da literatura no primeiro que no segundo Mas O seu advento coincidiu com a inteira decadência de
também menos espontaneidade, menos naturalidade, amhos pelos motivos apontados. O naturalismo, a
menor vts ( ."n ic a e somenos dons de autor de thea­ feição do modernismo que poderia ter influído nesse
tro Macedo é o legitim o continuador da Martins genero de literatura, lambem não produziu nada dc
Pena, com melhorias de composição e mais largo distincto nclla. Com excellentes intenções e incon­
engenho dramático E. sobretudo, prircipalmcnle com­ testável engenho para o theatro, Arthur Azevedo
parado com Alencar, um autor hurguez e para a hur- (1856-1008) nâo conseguiu senão tornar mais pa­
guezia, sc é lic ito o uso de taes expressões aqui. tente o esgotamento do nosso, pela de.scor relação
Alencar, natureza literariamente mais fina que entre a sua boa vontade e a sua pratica de autor
Macedo, ao envés deste leva para a literatura vistas dramatico. Vencidos pelas condições em que o en-
de artista e dc pensador, aponta mais alto. O seu conirnram. c que não tiveram energia 9ufficientc para
theatro não quer ser, como o de Pena mi o de Ma­ conirastar, Arthur Azevedo e os moços seus contem­
cedo, a simples representação elementar da vida na­ porâneos e companheiros no empenho dc a reforma­
cional. Representando-a como melhor lhe permitte o rem (Valtntim Magalhães, Urbano Duarte, Moreira
seu congênito idealismo, pretende também educar. Sampaio, Figueiredo Coimbra, Orlando Teixeira e
Para Alencar, o theatro. segundo o conceito no seu outros) sem maior difficiildade trocaram as suas boas
tempo incontestado, é uma escola. Cahc-lhc a honra intenções de fazer literatura dramatics (e alguns se­
de haver trazido para a scena brasileira o que depois riam capazes de fazel-a) pela resolução dc fabricar
se chamou o theatro de idéas. com ingredientes proprios ou alheios, o theatro que

o o o o o o 680 00000
LLOYD BRASILEIRO — Rio de Janeiro.
IN IJ r.P F N IJ fiU a A I / i A KXMJSIÇAO IN ItR N ACIONAI.

achava f reguezes.’ revista» de annn, a rre g lo s, adapta­ teresses e paixões que servem de thema ao drama
ções, parodias nu também traducçócs de peças estran­ moderno. Carece lambem ainda de estyln proprio nas
geiras. Intervindo n amor dn ganhn, a que os ro­ maneiras e na linguagem. Tendo perdido no arre­
mântico* tinham romanticamente ficado de todo es­ medo contrafeito do estrangeiro, isto é do francez,
tranhos. haivou o nosso theatro em proporções nunca o seu caracter particular, que OS românticos pude­
vistas, e. pur uma ironia das coisaa, justamente no ram representar no seu theatro comico, não adqui­
momento cm que Arthur A/evetlo e ns seus cita­ riu ainda feições peculiares que lhe facultem a ex­
dos companheiros lhe pregavam a regeneração nos pressão theatral Quanto á literaria, esta é no nosso
joriiaes onde escreviam. Uma ou outra peça de valor theatro, e foi sempre, ainda mais defeituosa e in­
literário ou theatral que estes autores fizeram não sufficient'' do que no nosso rnmance
bastou pur.i levantai-o () publico se desinteressava Com crassa ignorância ou estolido menosprezio
e continua a desinlcressar-se, pelo que se chama thea­ da nossa historia literaria, estio agora mesmo tentan­
tro nacional. E como só acudisse áquelle theatro do criar uni theatro nacional ah ovo. como se
de fancaria, de a rreg los , revistas de anno e parodias, nada houvesse feito antes As amostras até agora
esses eseriptores pouco escrupulosos tiveram de ser­ apresentadas desta tentativa não autorizam ainda,
vir esse publico consoante o seu grosseiro paladar acho eu. alguma esperança no seu bom successo.

Apesar da sua grande inferioridade relativamen­


te a ficção novcllistica e á poesia, o nosso theatro
e literatura dramatica tem feições que nãu devem ser
desconhecidas e desatendidas da critica. Durante a Resumimos, até aqui, a critica de José Veríssi­
epoca romantic', foi intencional e manifestamcnle mo ( H is to r ia da L ite ra tu ra B ra s ile ira , capitulo so­
nacionalista, e o foi ingenua e naturalmenle, de bre o theatro e a literatura dramatica), conservan­
assimiplos. thenias. figuras e, o que mais é, de sen­ do-lhe quanto possível as proprias expressões e re­
timento. Ainda im mediaIamente depois inspirou-o o produzindo-lhe integralmente longos trechos. No co­
mesmo sentimento. Assim, as principaes questões que medimento, na segurança e na honestidade dos seus
agitaram o espirit o publico pelo fim do romantismo juízos, quasi sempre acceitavcis por inteiro, Veríssimo
e logo depois a guerra do Paraguay, a questão re- caracteriza de mudo satisfactorio o nosso recente
ligiosa, a da escr;avidão, repercutiram no nosso thea- passado thiatral, indicando nas entrelinhas o que
tro, quer da Capital, quer das pro vinci;as. Não são nos falta e o que porventura ainda podemos espe­
poucas as peças, comedias e dramas, ;I que est^s rar neste dominio.
questões fornecer;im thema» n it deram itnotivo. Com ('abem todavia aqui algumas observações com­
todos os seus defeitos, apresenta o theatro brasi­ plementares quanto ao estado actual do nosso thea­
leiro de 18311-1880, certos caracteres ou simples si­ iro . Não poderemos negar que subsistem muitos dos
gners que lhe são proprios, c alé lhe dão tal qual entraves apontados por Veríssimo á criação de um
originalidade, tirada da sua mesma imperfeição Ca­ verdadeiro e vivo theairo nacional. O espirito mer­
nhestros embora, e por via de regra imitadores do cantilista, e a necessidade, que elle estabelece, de
theatro fraiiccz, ns seus autores não são sempre co­ attender ao gosto incerto e pouco ajpuradn das nossas
pistas servis, e sobrelevam o seu arremedo com um plalcas, continua a ser talvez o obstaculo mais d if­
intimo sentimento do meio, que ainda não tinha sido fic ti de superar nas reiteradas tentativas individuae»
de todo aniesquinhadu ou extraviado pelo estrangei­ dc resurgimentn da arte e da literatura theatraes
rismo logo depois triumphante Na comedia, em que cm nossa terra. Ha outros óbices, porém A nossa
se moslravam mais capazes, talvez porque em Mar­ producção theatral, geralmente de comedias fáceis e
tins P ina se lhe deparou modelo apropriado, ha em «revistas» apimentadas, é feita sob medida para os
geral boa observação, representação exacta, e dialo­ actores em vóga, o que tira ao escriptor theairal toda
ga çãu cunlorme ás situações, personagens e factos. liberdade de concepção e sentimento. Ha a concor­
Por via de regra tudo isso falta ao drama brasileira, rência do cinematngrapho, temível no Brasil mais
que nffende sempre o nosso sentimento de verosi­ dn que cm qualquer outra parte, dado que na o pos­
milhança, á qual mais do que nunca somos hoje sen­ suímos, em materia de thcatrn, fortes elementos tra-
síveis, e nos deixa infallivelmenle uma impressão de dicionaes a nos equilibrarem o gosto e as preferen­
artificialidade. Seja defeito da mesma sociedade dra- cias artísticas.
matisada, seja falha do engenho dos nossos escrípto- As tentativas ultimamente feitas por espíritos
res de theairo, é facto que nenhum nos deu já uma desejosos dt levantar a nossa literatura theatral se
cahal impressão artística de nossa vida ou represen­ resentem, por um lado, daquella ignorância, indi­
tação delia que não venha eivada de mal disfarçados cada por Verissimo, do que já conseguimos realizar em
exotismos de inspiração, de sentimento e de estyln. materia de theatro; São criações ab ovo , como se
Demasiados modismos estrangeiros de costumes, de exprimiu o illustre critico; por nutro lado, de um
actos, de gestos e de linguagem a desfiguram como excessivo intelleclualismo, resultante da pura e frustra
definição que presumem ser dessa vida e lhe viciam imitação do theatro estrangeiro. Explicando melhor:
a expressão literaria. A nossa sociedade, quer a que de uma parte vemos os que procuram reproduzir, re­
se. (cm por superior, quer a media, não te.n senão presentar ou analysar no theairo a vida nacion.il,
unta sociabilidade

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