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C O M M E M O R A T IV O
DO CENTENARIO DA IN D E P E N D E N C E
DO BRASIL
E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
DO RIO DE JANEIRO
1822 a 1922-23
LIVRO DE OURO
C O M M E M O R A T IV O
DO
CENTENARIO DA INDEPENDENCE
DO BRASIL
E DA
EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
DO RIO DE JANEIRO
7 D E S E T E M B R O DE 1822
E D IÇ Ã O DO
ANNUARIO DO BRASIL
(A L M A N A K LA E M M E R T )
RIO DE JANEIRO
L IV R O DE OURO
O A N N U A R !O DO B R A S IL
(ALMANAK LAEMMERT).
INDICE DAS MATERIAS
O O O O O O o o o o o o
IN D IC E DAS MATERIAS
PARTE V
PARTE IV
A. A. Mendes Corrêa — («Saudação ao Brasil») 472 Honorio da Cunha e M ello — (Entrevista sobre
A. Austregesiio — ( A Escola medica brasileira») 93 a Escola de Bellas Artes) . . . . . . . 364
A. Morales de los Rios — («Evolução da Ar Jackson de Figueiredo — ( Organ isação reli
chitectura no Brasil»)) . . . . . . . . . 97 giosa») . . . . . . . .......................... 76
Affonso Celso — («Noventa e cinco antios de João Cabral (Deputado) — (-Estado do Piau-
cursos juridicos») .................................................. 289 hv»> ...................................................................... 432
Afranio Peixoto — («O Ensino Publico no Bra Joio Lyra — («Um século de finanças») . 294
sil») 115 Joaquim Marques da Cunha (Coronel) — («O
Alberto d’Oliveira — (Saudação ao Brasil) . 470 Exercito Brasileiro») . . . . . . . . 232
Alberto Pimentel — (Saudação ao Brasil) . 472 José Augusto (Deputado) — («Estado do Rio
Aleixo de Vesconcellos (Dr.) — (Discurso no Grande do Norte») . . . 438
encerramento do Congresso de Febre Aphto- José Bcnttacio (Deputado) — (Discurso sobre
aa) . . . 348 o 28 de Julho) . . . . . . . . . 329
Alfredo Balthasar da Silveira — («Uma heroina José de Vnsccncellos (D.) — (O monumento de
da Independence») . . . . 279 Cuauhtemoc)) ....................................................... 358
Alvaro Paes — («Cem annos na economia do Juiio Carmo (Pae) — («A propaganda republi
Brasil») ................................................................. 295 cana») . . . 25
Amadeu Amaral — («O cantor dos Tymbiras») 332 louro Sodré (Senador) — (Discurso sobre o 15
Americano do Brasil (Deputado) — («Estado de de Agosto) .............................................................330
Ooyaz») . . . ...................................... 395 Liudolpho C ollor (Deputado) — («Estado do
Annibal de Toledo (lieputado) — («Estado de Rio Grande do Sul») . . . . . . . 441
M . Grosso») . . . . . . . . . . . 400 Lindolphc Pessoa (Deputado) — («O Estado do
Antonio Balio — («Saudação ao Brasil») . . . 470 Paraná») ............................................................. 427
Aristides Rocha (Deputado) — («Estado d o Ama Lacio d 'Azevedo — (Saudação ao Brasil) . . . 471
zonas») .........................................382 Manoel Reis (Deputado) — («Estado do Rio de
Assis Memória (Padre) — («A Egreja no Bra Janeiro») . . . 435
sil») . . . . . . . . ......................... 285 Mario ae Vasconcellos — («Confins Tcrritoriaes
Aureliano Amaral — («O escotismo no Brasil») . 296 do Brasil») ......................................................... 7
Barbosa Lima Sobrinho - («A imprensa na inde Mario S. Ferreira — («A medicina e a hygiene
pendência») . . . ....................................204 ha cem annos») ............................................. 290
Capistrano de Abreu — («Vaz de Caminha c a Nelson de Senna • (Deputado) — («Estado de
sua carta») .................................... 1 Minas Geraes») ...................................................402
Carlos de Campos (Deputado) — («Estado de Nestor Victor — («A evolução religiosa no Bra
S4o Paulo») .............................450 sil») ........................................................................71
Carlos Schiler — (A terra e o povo brasileiros) 360 Pamphilo de Carvalho (Deputado) — («Estado
Carvalho Nettcr (Deputado) — («Estado de Ser da Bahia») . 384
gipe») 457 Perillo Qomes — («Organização religiosa») . . 76
Celso Bayma (Deputado) — («Estado de Santa Pio X I (Papa) — (Saudação e benção ao Con
Catharina») . . . ....................................448 gresso Euchanstioo) ............................................. 334
Celso Vieira — («A gerarão da independência») 280 Pires do Rio (D r.) — (Discurso na cerimonia
Charles Hughes (Embaixador) — (Discurso) . . 326 inaugural do Congresso de Agricultura e Pe
- (Discurso na cerimonia do lançamento da pe cuaria) 337
dra fundamental do monumento da Amizade) 357 Raul Pederneiras — («A caricatura no Brasil
ChrysoUto de Ousmio — («As bases geneticas de 1822 a 1922») ............................................... 51
do nosso Direito Constitutional») . . . . 138 Raul Tavares (Capitão de Fragata) — («Syn
Conty (Embaixador) — (Discurso na cerimonia ’— these historica da Marinha de guerra bra
de inauguração daExp osiçã o)........................324 sileira») . . . . . . . . 250
Costa Rego (Deputado) — («Estcdo de Alagoas») 379 Renato Almeida — («Ensaio sobre a musica bra
Domingos Barbosa (Deputado) — («Estado do sileira») ................................................................... 54
Maranhãc») . . . —397(«O pensamento philosophicono Brasil») 83
D . lo to de Castro — («Saudação ao Brasil») 473 Renato Vienna — («A figura que se releva na
Ed. Simões' Ferreira — («O tu rf no Brasil») . 298 scena brasileira») .................................................. 282
Elysio de Carvalho — («Aspectos da Sociedade Ricardo Severo — («Da architectura colonial no
brasileira») . . . ................. ............122 Brasil») ................................................................. 284
— («Finanças do Brasil») 197 Robido (General) — (Discurso junto á estatua
Enrique laudet — (O monumento argentino ao de Ozono) . . . 355
Brasil) . . . ..............................................355 Rocha Pombo — ( Noticia histórica») . . . . 15
Epltacio Pessoa — (Discurso de saudação aos — («O nosso mez jubilar») . . . . . . . 281
em baixadores).......................................................363 Rodrigo Octavio F ilho — («Em 1822...») . . . 256
Eurico Vatie (Deputado) — («Estado do Pará») 419 Ronald de Carvalho — («A Literatura Brasi
Oeorges Bodin — (Discurso na inauguração do leira») ................................................................... 38
monumento a Santos Dumont) . . . . . 356 — («As artes plasticas») ............................................... 46
Oonsaga de Campos (D r.) — (Discurso na ce Ruy Barbosa — (Carta ao sr. Presidente da
rimonia de encerramento do congresso de Republica) 363
carvão) 347 Soildonio Leite (Deputado) — («Estado de Per
Qastavo Barroso — («O padre Cicero e o folk nambuco») 430
lore») . . . ............................................. *81 Tavares Cavalcanti (Deputado) — («Estado da
H eitor de Sousa (Deputado) — («Estado do Parahyba do Norte») . . . . . . . . 423
E. Santo) 393 Thiers Flemming (Commandante) — («O Brasil
H eitor Lyra — («Como o Brasil entrou para o um »6») . . . 462
concerto das naçSes») . . . . . . . . 172 Tobias Monteiro (Senador) — (Discurso na sessão
Hermenegildo Firmesa (Dep.) — («Estado do de 11 de Setembro de 1922) . . . . . . 369
C e a rá » ) ............................. ...............................390 Victor Viana — («A evolução economics do
HUdebrando Accioly — («A diplomacia da In Brasil») ..................................................................188
dependência») ....................................................... I »6 Visconde de Carnnxide—(«Saudação ao Brasil») 471
O O O O CXI o o o o o o
IN D IC E DAS N O T A B IL ID A D E S C O M M E R C IA E S
A.^BARIXlZA^ft C. ' ^(M aceió*)™ Comniissões!°R* íistic*°’ 15" '9, 1-°' Tcl' C' 4 PaKlna8 *^
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, “ im u e n v • : • , • • , xx» AGOSTINHO DA CUNHA MACHADO (There-
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Pa,8'"a a' di ‘.'“ - , .. ALBERTO TAVEIRA ft ' C. (Casa Camarinha) —
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o Brasil - Pagina artística......................... 268-A ALFREDO CARNEIRO DE VASCONCELLOS ft Fl-
A PERNAMBUCANA V. Arthur ’l.undgren. . ~ Pagina artística.
\ PINHFIRO FII HO ft C tPnrAí Fihri*-» ALFREDO F. VELLOSO ft C. — (Manaus) — Dc-
A-,i‘ ... „ .Vi ~a Faií rlCa posito dc farinhas, tabacos, etc. . . . XII
d5 * ll df. P i h ’ * c- l?cla s.,la d"ração c ALMANAK LAEMMERT — (Rio d r Janeiro) — O
FahrTra T Ouin.inn Rorilmv, a t " nico A"nuario de todo o Brasil, fundado em
Mathcus IS — Pagina artística ** XXXIU 18,4 annos dc existência). Commercial, Indus-
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A. PORTO ft C. — (fortaleza) Importadores Rua Dom Manoel, 62, Telephone Norte 7579,
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ior^Faculido T no” ’ l0,,íaS• ' Ídr°*’ C*C‘ R XXM ALMEIDA MARQUES ft C. - (Maceió) - Gran-
»’ yÍ uu. v u m ' ' XX dc arma« m d‘‘ f«“ ndas em grosso. Importadores
A. I KAIXz is COMPANHIA (Victoria) c exportadores de tecidos nacicuiacs c estrangei-
Casa fundada cm 1897. Iniciou o commercio dc ros II
s s a f - f z & c ixsLsrrsSmJss al™diáí ! - »• p-
SíaniRft7US,?s ^?"e/iiciar Caf:' C ccrcavs- C- ÍS S
w ALVARO DE CASTRO CORREIA (Fortaleza) -
s „ gravuras) . . XXV Agencia fundada em 1906. Oomrnissòcs e represen-
A. SAN lOS ft C. — (fortaleza) Representações. fações. Acceita representações de fabricase casas
AutomóveisFord». Pneumaticos e camaras de ar commissionistas . . . . . . . . . XXII
. Michelin». Artigos para automóveis — P. General ALVES DE BRITO ft C. — (Recife) - Armazém
Tiburcio, 154 . . . XXII de fazendas . . . . . . . . . . XLVI
O O O O O O CXII O O O O O O
1
O O O O O O CX1II O O O O O O
IN D IC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIALS
BOTELHO Bi C. Ltda. (Grandes Armareris do Bon CASSSIA VIROINICA» (Recife) — Remedio ve
Marche») — (Pará) — Fabricas de roupas e cha getal, tonico-calmantc-anti-fcbril c diuretico. Cura
péus de sol, secções de modas, miudezas, camisa- garantida da crysipela e febres em geral XXXIX
ria, chapelaria ealfaiataria. . . . . XXXVI CASTRO IT ALMEIDA tv C. — (Rio tie Janeiro) —
BRANDAO ft C., Ltda. — (O rar) — Fabricas a Importadores dc machinas c accessorios, oleos, tin
\apor de conservas alimentícias, azeite «Lili» e «Va tas. vernizes, artigos dc lona e borracha, gaehe-
rina», pickles, massa de tomate — Pagina artís tas, material para estradas de ferro. Rua Buenos
tica ................................................................ 108-A Aires. 86, Tel. N. 1151 Pagina art. . 288-A
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de distincçâo c elegancia — Pagina artística 352-A preparação. Rua Arco da Bandeira, 18 — Pagina
BYINOTON BI COMP. — (São Paulo e Santos) artística 176-A
— Engenheiros —Importadores —Empreitei CENTRO DE FERRAGENS (O) — V. J. Patrício
.
ros LXXIX e LXX & C.
CHAPELARIA UNIVERSAL V. Azevedo, Bastos
ti■ C.
CHAPÉU MANGUEIRA — V. Fernandes Broun C- C.
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CHARGEURS RÊUNIS» V. Companhias Sud-
AMantique e «Chargeurs Réunis • — Pagina artis-
CHARLES BONAVTTA (R io de Janeiro) — Gran
C. MESIANO - • (Fortaleza) — Relojoaria, joalheria. de Fabrica dc Estamparia de zinco, tecidos dc
optica. Casa fundada cm 1870. Variado sortimen arame, serralheria artistica. moveis dc jardim, lam
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marca de calçado nacional, obteve a mais alta dis- lhas ................................................................. Ill
III
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CALÇADO SOUTO — V. Ferreira Souto C- C. lo) .................... LXXIV c LXXV
CALDAS DE GUSMÃO ft C. — (Parahyha do Norte) COMPANHIA BRASILEIRA DE CAFÉ — (Santos)
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própria algodão, caroço de algodão, couros de boi, COMPANHIA BRASIILEIRA DE METALLUROIA —
pelles de cobra, assucar, etc. . . XXXIX S. Paulo) I.XXVI e LXXVII
CAMELLO ft IRMÃOS (FabricaMinerva) — (Ma-
naus • — Manufactura de tabaoo, cigarros e café COMPANHIA CALÇADO BORDALLO — (Rio de
— IX Janeiro) A maior c melhor produetora de cal
çados do Brasil. Producçâo diaria 2.500 pares.
.
o o o o o o CXIV o o o o o o
IN D IC t DAS NOTABILIDADES COMMERC!AES
tnio em varias exposições. Rua S. Bento, 19, Tel- 18 de Setembro de 1020 - 360:7729500. Sorteios
N. 5720 — Pagina artística 88-A e;:« 4 e 18 de cada mez . . . . . . XXXI
COMPANHIA INTERESSE PUBLICO dc Seguros ma- C
CRUZ. IRMÃO ft C. — (Aracaju) — Commis-
ritimos e terrestres — (Bahia) — Seguros ma s õ e s ........................................ CVI
rítimos, fluviaes e terrestres a taxas vantajosas. Ca
pital rcalisado 1.000:0008 ......................... XIII
COMPANHIA LLOYD INDUSTRIAL SUL-AMERI-
CANO - V. Lloyd Sul-Americano.
C.a LLOYD SUL AMERICANO — V. Lloyd Sul-
COMPANHIA LUZ STEARICA - A mais importante
fabrica de Stcrarina do Brasil. 15 grandes rccont- j >. O. TORRES ft C. — ( FortalezaJ - Importação
pensas cm exposições nacionacse estrangeiras — do Estivas otn grosso. Exportação de algodão, cera
Rio de Janeiro — R. Benedicto Ottoni (S. Chris- do carnaúba, fibras vogetacs, couros, pelles e de
tovâo) — (4 gravuras) . . . . . . . 510 mais generos de prodiicção do Estado XX
COMPANHIA MECHANICA IMPORTADORA DE S. | >A VEIGA ft O. (Curitiba) Pag. art. 264-A
PAULO —Importadores de materiacs para toda classe
dc construcções. Fabricantes de machinas, oleos vege- FABRICA FONTANA de Da Veiga * C»a.
taes e sabões. Serrana, constructores e empreiteiros, E uma das mais antigas do Estado do Paraná. Deve
agentes — S. Paulo, R. 15 dc Nov.; Santos, R. <i acu principal impulso -que a conduriu ao estado actual
S. Antonio, 108 c 110; Rio de Janeiro, Av. Rio <de credito c intensidade commercial ao espirito cheio de
Branco. 63-1«, S. Pauh> LXXXIV e LXXXV iniciativas de um do» seus primitivos proprietar os. socio
Pagina artistica . . . .................... 248-A da entío lirma proprietária Silva. Irmão ft Fontana. Sr.
COMPANHIA NACIONAL DE RENDAS — (Rio de Francisco Face Fontana.
Janeiro) — Rendas finas, valencianas francc/as, I»sr fim ficar »-sta labile» propriedade exclusiva do Sr. For
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glesas. Rua São Pedro, 28-2»., Tel. V. 6201 — quem recebeu* as melhore» modificações mdustriaes.
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COMPANHIA NACIONAL DE TABACOS — (R io de 1901 a nertenoer á firma individual -B. A. da Veiga», cm
Janeiro) — Manufactura de Fumos, Cigarros e gressista de *«x£!rtO ' “ "saudS*» Dr. * Bernardi)
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COMPANHIA NACIONAL IX)S ORANDES HOTÉIS fallecimento A<k>A l^'ficrnarikT A da Veiga, su.-cedeu como
— V. Hotel Gloria. proprietária da fabrica a Exma. Sra. D. Maria Dolores
COMPANHIA PAULISTA DE MATERIAL ELECTRI Lodo Ida Veiga, que a arrendou á actual firma -Da Vei-
CO — (Rio de Janeiro e S. Paulo) — Orande de
posito dc matoriacs electricos e tclephonicos 505
COMPANHIA PRADO CHAVES — (S. Paulo) — Êsta" firma™ tem por commanditaria essa Exma. Sr», e
Commissaria e esportadora . . . . . . LVIII por solidário
s o industrial Sr. Oabriel Leio da Veiga, actual-
COMPANHIA PROGRESSO ALAGOANO — (Ma iiiente o uitko -restor de todos os seus negocios.
Capacidade effectiva «le exportação media annuat — kilos
ceió) — Fiação, tecelagem, fabrico de brins e te 3.000.000.
cidos dc malha .................................................. Ill Marcas de fabrica registradas, dentre as quaes se destacam:
COMPANHIA SAO PAULO E MINAS DE ARMA Kikiria- — -Fontana» — -Oateiel- — -Recorda — -Jan-
ZÉNS GERAES — (Santos) . . . . LXIII dyra* Ma. Esther* — *La SelecU- — -La Sultana» —
COMPANHIA DE SEGUROS SUL AMERICA» — x iiiaranv - -Isabel" — -El Condor» — -Magnifica» — -On*
diria-
dina- La l*rcfcrida» - «Avestrui» - -Independencia»
V. A Sul America.
COMPANHIA USINA CANSANÇÃO DE SINIMBÜ
(Recife) Importante Companhia proprietária Estabelecida á Avenida Joio
das Usinas Tiuma e Sinimbti , XLIV e XLV Caixa Postal N." 3 — End. teleg. -Veiga»
COMPANHIA UNIÃO CAXIENSE (Caxias) — Curityba — Papiná — Brazil
Proprietária das Fabricas de fiação c tecelagem
União» e «Manufactora», a primeira com 220, a DAVID CARNEIRO ft C. — (C oritiba) — Matte
segunda com 200 teares . . . . . . XXVIII Real, da Hervalcira Americana, 15 grandes prê
COMPANHIAS FRANCEZAS DE NAVEGAÇÃO - mios, fornecedores das casas Rcaes. Depositos no
Charpcurs Reunis e Siid-AtUmtiifue — Agencia do Rio dc Janeiro, São Paulo, Bahia, Paris e Chi
Rio de Jam iro Pagina artistica . . 104-A cago Pagina artística . . . 192-A
Agencia dc Santos . . . . . . . LX e LXI DAVID ft C. - (Ri« d r Janeiro) — Fabricantes e
V. Companhias Sud Atlantiquc» c «Chargeurs importadores de papeis pintados, confetti e ser
Reunis». pentinas cm grande escala . . . . . . 499
COMPANHIAS SUD-ATLANTIQUE» E «CHAR DE MATTIA ft C. V. Novotherapica halo Bra-
GEURS REUNIS» — ( Rio de Janeiro) — Ser slteira S A Successora.
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Rio Branco. I I c 13, Tel. N. 6207 - Pagina ar Pagina artística 513
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CONTRATOSSE (O) — (Rio de Janeiro) — Dc cffei- Janeiro). Tel. N. 479 - Pagina artística 304-A
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thmas, coqueluche, grippe, constipações, insomnias, Esta lirma foi fundada peto actual socio principal c chcle
inflatnmações na garganta, etc., R. SanCAnna, 216, Sr. Domingos Joaquhn d i Silva em 1." d*.* janeiro de 1884.
sob o seu nome individual, funccionando á rua doa Ati-
Tcl. C. 3113. - Pagina artistica . . . . 4-A dradas 71. e com armarent á rua do Livramento 4. Para
CORDEIRO » C. (Fortaleza) — Representações, attendcr ao seu desenvolvimento ■foi a firma luccrsaivamrntc
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aduaneiros dc importação c exportação . . XX vramento para a tua da Saude 151. depois 171. 176 e 188.
CORDEIRO. SANTOS ft FERREIRA. Ltd. (Fabrica Em Janeiro^de 188« adqtiriu o estabe'.ecimcn*» A nn da Sau-
de Consenas) — (Lisboa) — Fabricação de con m no^palz. Em 'jRiKo <£•' 1851. constituiu-ae a firma
servas de todas as qualidades . . . . . 516 IVsmingos Joaquim da SHva^ ft^ Cia., subsistente ^até hoje.
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serrar pinho, machinas de apparelhar e aplainar madeiras,
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mesa e azeite. Exportadores de todos os artigot acirar grandes toros dc madeira do pair, até l.'to de dia-
nacionacs. Commissões e consignações. Calçada da
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CREDIT FONCIER DU BRÊSIL ET DE L'AMERI-
QUE DU SUD Estabelecimento de grande des torça, sáo dos fahrirantes Weyhcr IV Richemond. c desen
taque entre as instituições bancarias do Brasil, fun volvem a torça Ue UXI c Fkl cavallos c a velocidade dc
dado em Pariz em Dezembro de 1906 — Rio de at> volts por minuto. Independente da torça a vapor, ha
Janeiro, Av. Rio Branco, 44; S. Paulo, R. S. installaçõcs para energia electrica. Para o transporte de gran
Bento. 24 . . . 191 e LXXXI des toros existem 4 guindastes electricos aereos para 2 c
CREDITO MUTUO PREDIAL ( Maranhão) - Fun O toneladas. A lirma actual tem como socio» o» Srs. Do
dada em 1914. Prémios distribuídos e pagos ate mingos Joaquim da iSflva, Visconde dc Salreu. Oabriel Mar-
o o o o o o CXV o o o o o o
IN m C H f)AS NOTABILIDADES COM MERCIAES
o o o o o o C XV1 o o o o o o
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H
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Brtrm ) — (Pará) — Grande deposito dc Drogas.
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de afamados preparados . . XXXII
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de prt duetora das conhecidas marcas de herva-
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Importadores. Fabricas Laminadores dc ferro e fun
dição, rebites, pregos para trilhos, ferros dc en-
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de Guimarães ft C. tanhada, balanças, canos de chumbo, ferraduras c
pontas de Parts. Importadores de ferro e outros
mctacs, cimento, correias, agua-raz. ferragens, tin
tas, etc.. Rua Theophilo Ottoni. 52, Tel. N 537
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tador c commissionista . . x il
o o o o o CXVII o o o o o o
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pcrtadcres tie Herva-Mattc. Superlativa», a mais gina artistica.
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dos — Pagina artística . . . . . . . 192-A (ii ande Fabrica de rolhas de cortiça - A mais
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tantes de importantes firmas do pai/. e do estran vaco Pagina artistica . . . . . 360-A
geiro .................................. IV JOAO DE SOUZA LEITÃO (Casa' Leitão) .— (Caxias
J. DIAS PAES — (P a ri) — Commissões, consigna
ções. Agente de exportadores e fabricantes dos Es retalho. Compra todos os generos de produccâo
tados Unidos da America. Europa e Sul do Bra- do Municipio. Importa e exporta . XXXI
JOAO DUBEUX (Pernambuco) . . XLVIfl
J. ESTEVEÍ DIÀS ' C.' (Casa Carioca) — (Pará) JOAO EDUARDO DOS SANTOS Ir. - V. Vinhos
— Vinhos, licores, conservas, friictas. doces. Impor Velhos Legitimos do Porto — Pagina artistica.
tação directa dos principaes mercados . XXXII JOAO EUGÊNIO 8: C. (Corityba) Exportado
J. FERREIRA ft C. — (Victoria) — Exportadores res de pinho c serviço maritimo XLI
de cafí ...................................................... XXIV JOAO FERREIRA MARTINS Lda. (Porto) —
J. O. DE ARAUJO (Armazéns Rosas») — (Manatis) Fabricação e exportação dc ferragens e ferramen
— Estivas, fazendas, miudezas e ferragens. Impor tas, especialidade cm fouces, machados, machadi
tação, exportação, deposito, agencias . . VIII nhas, martellos, enxadas e fechaduras — Rua dos
J. ORIESBACH ft C. (São Paulo) - Fabrica Caldeireiros Pagina artistica . 180-A
Orion, grande manufactura de pentes, botões, adu JOAO GALVAO ft C. — (Matai) . . Llll
bos para lavoura, etc., Rua Joaquim Carlos. 83, JOAO RIBEIRO DE MESQUITA — (Porto) - Ex-
Tel. Braz 77 —Pagina artística . 344-A Rirtadores das mais conhecidas marcas de vinhos do
J. J. MARTINS ft COMPANHIA — (Par,i) — Com- irto. Medalhas de ouro nas Exposições de Paris
missões.Consignações e Representações XXXVI (1900) e S. Luiz (1904); Grand Prix na Expo
J. LIPIANI — (Rio dc /arteiro) — Fabrica centrai sição dc Buenos Aires (1910) e varias outras re
de amêndoas, confeitos, drops e rocks, etc., pa- compensas Pagina artistica . . . . 404-A
G is rendados para bandejas e pratos, papeis para JOAO TIBURCIO ALBANO - (Fortaleza) — Casa
la de estalo, cartuchos para bonbons. Ruas São importadora c exportadora. Armazém dc fazenda
Pedro, 318 e Mai. Floriano Peixoto, 189, Tel. e miudezas nacionaes e estrangeiras. Deposito dc
N. 938 - Pagina artistica . . . . . 196-A armas e munições de todas as procedências XXI
J. M. DA FONSECA. Sue. - (Lisboa) - O deli JORGE CORREA ft C. — V. Fabrica Palmei^,
cioso Moscatel é. sem duvida, o melhor de quantos Pagúia artistica.
existem — Pagina artistica . . . 272-A JORNAL 1X3 BRASIL — (Rio de Janeiro) 474
J. NUNES CORRÊA ft C., Ltd. - (Lisboa) — Al JOSI l) t SOUZA BATALHA (Manaus) - Com-
faiates e artigos dc novidade. Orande Prémio na nnssòcs, consignações e conta propria IX
Exposição do Rio de Janeiro (1908) medalhas dc JOSE DOMINGOS DA CUNHA — V. Café da
ouro nas Exposições de Paris (1878) e Porto
(1861). Rua Augusta. 250, 252 c Rua dc Santa JOSÉ PEREIRA DA COSTA ft C. Lda. — tGaya,
Justa. 63 a 69 — Pagina artistica . . 112-A Porto/ — Exportadores de vinhos — Moscatel Su
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taleza) — Ferragens, tintas, oleos, pincéis, ma c delicioso vinho. Alvaralhão. Rua São João, 118.
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dc seu ramo de negocio . . . . . XXIII Mcstruario da Exposição . . . . 260-A
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J. S. DE FREITAS ft C. - (Pará) - Cirandes Fa rivesaria Portiiguc/a — Porto, R. 31 dc Janeiro,
bricas Freitas Dias», constructores civis, fabrican 2011 (I gravura)............................................. 515
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cias em todos os Estados do Brasil e em Lisboa exportação e consignações. Acccita representações dc
e Porto. Trav. Benjamin Constant, 1.33 — Pagina fabricas e casas nacionaes c estrangeiras XXIII
artis tic a ................................... 221-A JULIO RODRIGUES (Grande Hotel) — (Rahia) —
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dc Mogy das Cruzes); Filial: R. Assembléa, 14 Pagina a rtís tic a .............................. 440-A
(Rio dc Janeiro); Escriptorio Central: Rua Tym- MAIA ft C. (Mercearia Maia) (Parahyha do Nor-
biras, '2 c ,4, Tel. 4618 Cid. — Pagina artis-
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exportador de Herva Matte, grandes marcas de aniagem e saccas; Correspondente de diversos ban
consmno intenso. Exportação de Madeiras. Grande cos nacionaes c estrangeiros, Caixa Postal, 125, —
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dc casas c tabricas dc I.» ordem Rio de Ja
neiro, R. Vise. Inhaúma, 84; S. Paulo, R. Flo- MANOEL F.' PONTE ( Phalcni») ' (F o rta ie u ) -
rencio de Abreu, 8 ; Santos,R. do Commercio, 25; Artigos para homens, senhoras c crcanças. Fazen
Bahia, R. S. Dumont, 12; P. Alegre, P. da Al das. miudezas e perfumarias nacionaes e estran-
fândega. 3 . . 507 c Cll
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cigarros Marca Leio ) - (Bahia) Fabrica (an MANOEL LUIS GARCIA V. Sabão Russo -
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nism». arandellas para Cinema ou Banco, lustres
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LISANDRO NICOLETTI ft C. (Fabrica Victoria) —
(Victoria) Fabrica de fiação e tecidos e Ma ,ls,lca • 140-A
nufactura dc roupas . . XXIV MANOEL VICENTE CARIOCA - (Manaus) - Com-
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Branco. 47-2.», Tel. N. 5350 Pag. art. 216-A das em grosso. Adquirem os artigos dos seus ra
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LLOYD SUL AMERICANO — (Rio de Janeiro) - dc navegação, carreiras dc navios a vella para o
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pitai dc 4.000:000*000. Av. Rio Branco. 47-2.» nhos do porto, vinhos brancos, verdes e maduros
Tel. N. 5350 Pagina artística 216-A Rua Candido dos Reis, 121, 131 — Pagina ar-
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LOPES, COELHO ft C. Ld. - (Matozinhos, Port.) severança. cabos, amarras c espias de todas as qua
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nrix» ua Exposição de S. Luiz (IQ04), Giandc bordo, etc., Trav. Ruy Barbosa c Quintino Bo-
Diploma de Honra na Exposição Internacional de
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LOUREIRO MAIOR ft C. (Livraria Loureiro) — Dr. Machado»)) — (Bahia) — Antigal, Triphol,
(Bahia) — Livraria e Fabrica dc Carimbos de bor M.imiesia-Monogan. Matrozon . . . . XVII
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dentes, I. Tcl. 1035 Cid.,- Pag. art. 280-A arcesso, los. marhinismos,ferramentas, vulcanisado-
rcs. motores fixos e maritimos — Pag. art. 488
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MIRANDA LIMA ft C. - > Maranhão) - Armará
dc fazendas, estivas e miudezas. Commissôes, con
M signações c aviamentos..... XXX
MIRANDA SOUZA ft C. - (Recife) - Ferragenf
oleos, etc. . ......................... . . . XLvi
MONTEATH^ft Co. - (Recife) - Importadores e
M. CORBACHO ft C. — (Manaus) - Commissôes,
Consignações e Importação. Agentes MOÍTtE?RO'ft IRMÃO (Fabrici ..S. Vicente»)' (F o k
buco Powder» do Recife Casa Aviadora X tairza/ Fabrica de redes dc dormir. Os maiores
M. F. PAULA ft C. — (Maceió) — Commissôes, Expcrtadores de redes do Estado do Ceará. Repre
consignações e conta propria . . . . . II sentantes em todos os Estados . . . . XX
M. V. LEVY FRERES ft C. (S. Paulo) LXXXIII MOREIRA GOMES ft C. - ( P a ri, - Banqueiro*
MACEIX) SERRA ft C. — (Rio de Janeiro) — Saques sobre todos os naizes. Compra c venda de
Fabrica de sabão, glycerina e graxa, refinaria de moedas estrangeiras. Cobrança de letras em qual
sebo, grande commercio dc oleos, importação c quer praça do Brasil . . ..................... XXXV
o o o o o o CXIX o o o o o
IN DICI: DAS NOTABILIDADES CUMMI NCIAES
MOREIRA GOMES ft C. — (Pará) Grande de etc Praça da Republica. 31. Tel. Cid. 5020 -
posito de todos os artigos de ferragens, cutelarias, Pagina artística . . . . . . . . . 376-A
armas, rifles, revolvers, cimentos, telhas, tintas, PERFUMARIAS LAMBERT» (R io -d r Janeiro)
oleos, kerosene, gazolina, etc. . . . XXXIV Sab.»iicto Lambert!», dcliciosamcntc perfumado,
MOREIRA, UMA 8 C. — (Recife) — Armarem restitue a juventude á pelle; petrolco Lambert'»;
de fazendas . . XLII Negrita» incgualavel tintura vegetal. Rua Cons.
MULLER 8 C. — (ftio de Janeiro) — Fazendas por Saraiva. 10-1" Pagina artística . . 328-A
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nho. 12; Parahvha, R. Duque de Caxias; Per
N nambuco. Caixa Postal. 210 . . . . .
PINHO CERTO (Pará) Commissõcs e Consi-
XXX
gna ò c - ..................................................... XXXVI
NADIR, FIGUEIREDO ft C. - ( São Paulo) — PINTO !<■ C (Pará, Constante sjrli.nento de
Exportadores de todo e qualquer producto de in joias, relogios. gramophones, discos, oculos evince-
dustria paulista, cspccialmcnte os de fabricação pro
pria e os que se relacionam com ferragens, elec PINTO, ALVES ft C. (Recite) . XLVIII
tricidade, bazares e miudezas. Rua do Gazomc- PINTO DA COSTA IV C. (Pará, Variadíssimo
tro, 56, C. Postal, 1359 — Pag. art 248-A sortimento de generos alimentícios de 1.»..... quali
NATAL MODERNO — (Satat) — Fazendas, cha- dade XXXIV
péos, etc. ...................................................... LIV PHALENA - V. Manoel F. Ponte.
NAZARETH. TEIXEIRA 8 C. (S. Paulo) — Im PHARMACIA CHAVES ( Th r retina) . . LI
portadores e exportadores XLVIII a LXXI PHARMACIA E DROOARIA BEIRÃO (Pará) -
NEVES D'OLIVEIRA 8 C. — (Refinação c Mer Laboratono de esterilizares e ampolagens c de co
cearia Neves») ( Maranhão) — Casa fundada nhecidos e afamadas preparados . XXXVI
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Girata». — Successores de Soares da Costa 8 C. PHARMACIA E DROOARIA S. CECILIA — V. La-
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tal 622 Pagina artistica . . . . . XL PHARMACIA LEMOS , Manaus, . . XII
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de estivas, ccreaes, xarque, ferragens, etc. XLVII
OLIVEIRA. PEARCE 8 C. - (Therezina). - Em-
preza fluvial Piauhyense........................ Lll Q
OLIVEIRA SIMÕES 8 C. - (Pará) Fabrica de
aguas gazosas e refrigerantes (iram Pará XXXVII QUEIROZ. BARROS 8 C. (Santos) Commissa-
OSCAR MACHADO — (Rio de Janeiro) O gran rios dc café LXIII
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Sobrinho.
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R. EMVODIO DE CASTRO ft C. — (Fortaleza) —
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RAPHAEL MOROANI (S. Paulo) - Casa de
pianos . I XXXIII
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panhia Commercio r Navegação). Frota de 20 em todos os cstvlos. Secção dc Joias. Secção d’Obras
moderníssimos vapores. Viagens para a Europa c d'artc, Secção 'dc praias Rua II de Janeiro
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o o o o o o CXX1 o o o o o o
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IN D IC E DAS G RAVURAS
A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
ARGENTINA (Pavilhão da). 50. INGLATERRA (Pavilhão de Hon- PAVILHAO NACIONAL DE VIA-
48 ra da). 110. 114. 118. 138 e 146 (;AO E AGRICULTURA . . 38
BELGICA E
BELGICA ^LUXFMWiRGOZPa
LUXEMBURGO <Pa- ^ ITAHÍJ
150. < J’f.vi,hl°
154 * ' Honra dl>
e ................ 158- PAVILHÕES NACIONAES
ESTATÍSTICA E CAÇADEE
U IN A m ÍV a ^ IJ Ú L Ídi» . 4,2 'A JAPAO (Pavilhão do). 83. 86 c 60 PESCA....................... 46
EXPOSIÇÃO'iVlTERNAUGNAL-* ' “ E5íj£ ° t n ".!hi" * ' ' ' ,7°’ l71’ PORTÃO DA EXPOSIÇÃO UAS
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Torre nor c • • • • • ■ •
: : jjw tüSSSSSlSlSSS,- •• S
PARQUE DAS DIVERSÕES. 36«
St
PAVILHAO DAS INDUSTRIAS
”•
ESTADOS UNIDOS DÁ AME * . . . . . . . . . . 461. K xvm ? 'r a » 5, w Í A wLa’'
5íC Honu ^ T62<Pi V,,7a PAVILHAO D.» DISTRICTO FE- m m . 380-B
7|l e 78 PAVILHAO NÁcioNAL DAS PE- SUESl^o <Pali,h,° da). 362-A.
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«4. «8. 102 e ............ 1«. DUSTRIAS............... 30 da). 160. 164. 198 e . . . 202
VULTOS NOTÁVEIS
Attonso Penna (Contelhei.o) . . 376-C Flori.ano (Marechal). 376-11 Marquez de Olinda . . . . v«>
Arcoverdr (Cardeal)..................... 376-E Francisco Paca Barreto . . 130 Nilo Peçanha (|»r.) . . . . . 376-C
Arthu- Bernard's . . . . . 3764) Gonçalves Diat (Desenho de Raul Pedro I (D .).................... 376-A
Benjamii Constant..................... 376-A Pederneiras) . . . . . . . 332-A Rodrigues Alves (Conselheiro) . 376-B
Campos Sales........................... 3Í6-B Gonçalves Dias. Porto Alegre c Ruy Barbosa............................, 3764) •
Dcllim Morcra (Dr.) . . . . 376-D Oonçalvcs de Magalhães . . 332-A Salvador Corrêa de Si . . . . 123
Drodoro (Marechal)............... 376-A Hermes da Fonseca (Marechal) .376-C Visconde de Itaborahv . . . . 131
Epitacio da Silva Pessoa (Dr.) . 376-D José Bonifácio.du Andradk e,Silva 376-A Wcnccslau Braz........................ 376-C
MAPPAS E DOCUMENTOS
Akaccr da Boa Vista cm Per- Fidalga pernambucana no começo Museu do Vpiranga . . 368-A
- f i F - 8* * * * * ” ...
-Brazão
s - ad’Armas
r - do* Barão
:a-
das
,» ' - 'reiras)
P V .k. S. - S r i. s i 4« ccnl'* 1 nu de S.
Palmeiras....................... 133 Leito e outras ocras' <h> tempõ . Chnstovam........................ 373
Brazão d’Armas do Ba,ã> de Ri- co’onial . . 134 Aspectos........................ 374
he hã o.............................. 132 Mappa da America ido'Sul - Se- Aspectos....................... 375
Brazão d Armas do Barão de Uhã 134 cuk> XVII . . . . 6 Assistência . . . . 375
Brazão d’Armas do Barão de S. Mappa d> Provincia de Santa Primeiro Capitulo da Historia Pa'-
r . r t í 1dí0,im V * .L, C.,i e ’ 131 ,, L,u' XVI . . 2 Iria (O) - Frontespício . . I-A
c u lfx v T ~ C' 2 MaP£e'ulo° XVin° - ,n Prô. do -Ville de Boulogue. . 332-A
Cravo do secui»' XVlil '. . I3t, Medeia commemora,iva da Exl E” '
Costumes ds Bahia no sec. XVIII 125 posição do Centenário . . . 372 Orandensc (Quadro de lar- ^
°“““ vSi i. "
Episodio da revolução de 1817
i» asss: sar,ssr: 434”
Inaururação. .
i-»»
Beis da Belgica em visiu ao Et
m
na Parahyha......................... 426 Monumento da Independência (S. tado do R i o .........................437
Festas em Santos, cm 7 de Se- Paulof . . . . 368-A Senhor de Engenho em viagem
tembro d.- 1923 — Aspectos 376 Cirup» . . . . . . . . . 503 cm 1816 (Pernambuco) . . 126
Festa na Bahia po século XVII 121 Um aspecto . . . . XL-A Typos do Brasil hollandcz em Per-
Festa religiosa na Bahia no .se- Um dot detalhes mais be los . XCIX nambuco......................... 128
0,10 x v , n .......................... 123 Moveis do tempo do Império . 136 Viajantes mineiros no século XVIII 126
IN D /C F DAS GRAVURAS
OS ESTADOS DA REPUBLICA
G <>LIVRO DE OURO» EM
PORTUGAL
E M P O R T U G A L , SAO NOSSOS R E P R E S E N
T A N T E S O S SNRS. JOSÉ D A S IL V A R E IS
& C.«, SUCES., E S T A B E L E C ID O S C O M I M
PO RTANTE R A M O D E C O M M IS S Ô E S E
C O N S IG N A Ç Õ E S N A R. D A F A B R IC A , 5,
PO R T O . A ESTES D IS T IN C T O S A M IG O S
Q U E T Ã O D E D IC A D A M E N T E T R A B A L H A
RAM P E LO « L IV R O D E O U R O » D E V E M
SER P E D ID O S T O D O S OS E S C L A R E C I
M ENTOS.
o o o o o o C X X III O O D o o o
- *»
«O PRIMEIRO CAPITULO DA HISTORIA PATRIA»
A bor>lo da capitanen da frota de Cabral, o grande descobridor de nossa terra e frei Henrique de
Coimbra ouvem a leitura da carta de Caminha a El-Rei D. Manoel.
VAZ DE C A M IN H A E SUA CARTA
IIT O S scculos jo u v e desdenhada on es prescindível, ho je mais do que nunca. João R ibeiro
quecida a caria de Caminha, e a este deu o p rim eiro passo no Fa Bordão.
acaso fe liz se pôde, sem temeridade, Quem era Pero Vaz de Caminha?
a ttrib u ir sua conservação. Nos liv ro s de Castanhcira e D am ião de Goes lê-se
Cerca de 1790 descobriu-a cm suas pesquizas o que sahiu de Lisboa nomeado escrivão da fe itoria a
e ru d ito histo ria d o r castelhano J. B. M uiloz, a ffirm a fu nd ar em Calecut.
N avarrcte. Sem saber disto alguém, ainda desconhe Da carta do escrivão resulta que embarcara na
cido, forneceu uma copia ao real archivo da M arinha capitanca. Tinha-o e.n grande conta P cdr’ Alvares, a
d o R io de Janeiro. D elia serviu-se M anoel Ayres ponto de ad m ittil-o a um conselho de capitães da
de Casal para public&l-a integralm cntc em 1817, no fróta, convocado para tratar de assuntos graves. D e
prim e iro volume da C horographia , sahido dos pre via conhecer o monarcha de longos annos; de ou
lo s da impressão desta cidade. N inguém mais d i tro modo não se explica o tom fa m ilia r da epistola.
gno dc publical-o do que o verdadeiro crcador da C onform e documentos divulgados p o r Sousa V i
geographia nacional. te rb o, orçaria por 50 annos quando se deu o ad ia
N ove annos depois desta edição princeps, appa- m ento de nossa terra, pois já era m aior a 8 de mar
receu o u tra em Lisboa, mais com pleta, cotejada pelo ço de 1476, quando D. A ffo n s o V, de cuja casa era
o rig in a l, ao que se crê, no quarto volum e das N o cavalheiro, nomeou-o mestre de balança' da moéda
ticias ultram arinas. Por julg ai-a demasiado accessi- da cidade do Po rto, por m orte do pai, ou quando o
vel, ou por o u tro m o tiv o semelhante, o In s titu to H is pai lhe quizesse ceder o logar. Este, Vasco de C am i
to ric o excluio da Revista T rim ensal a carta de Ca nha, pro teg ido do duque de Guimarães, occupou va
m inha, só por instancia de Varnhagen estampada no rios cargos fiscaes, entre ou tros o dc recebedor-mór
tom o 40, parte segunda, quasi 40 annos depois dc dos dinheiros dc Tanger.
sua fundação. Não é im possível que o filh a mettesse alguma
Antes e depois desta, houve numerosas reim pres lança cm A fric a ; é mesmo verosím il que suas ravas
sões, arroladas até certa época nos Annaes da B ib lio aptidões de observador já se tivessem exercitado em
theca Nacional. D entre cilas cumpre destacar duas outras partes e em outros povos antes de a ttin g ir
feitas em Lisboa para commemorar o centenário colom - a m estria revelada a- proposito dos Brasis, o reparo
bino, uma pela T o rre do Tom bo, o u tra pela Academia de que estes não eram circuncisos (fanados) pode
das Sciencias. bem resultar do contacto com populações musulmanas.
A todos se avantajaria a do In s titu to H is to ric o Caminha começou a escrever em 26 de a b ril,
Bahiano, em 1900, com a reproducçâo fac-sim ilar do depois de fic a r decidido mandar um portad or ao rei
oodicc, uma transcripção em linguagem da época1 e uma no, com a n o ticia da terra novamente achada.
versão m odernizada, si d o liv ro constasse como fo i Poucas linh as bastam-lhe para a viagem de L is
o b tid o o fa c s im ile , como 27 paginas delle correspon boa ao C abo-Verde; ainda menos consagra ao resto
dem ás sete folhas, do o rig in a l, quem se encarregou do caminho, p o r este mar de longo, 660 ou 670 lé
da paleographia, a quem se commetteu a versão mo guas, na estim ativa dos pilo tos, percorridas entre a
derna. Taes informações sub stitu iriam com vantagem ilh a de S. N ioo lá o e a costa avistada na tarde dc 22.
as estampas sem v alo r h isto rico servidas cm seu logar. Da marinhagem e das singraduras deixou a conta aos
N os Annaes também existe o r o l das diversas tra - entendidos. A 21 nota signaes de proxim idade dc
ducçõcs. E ntre cilas fig u ra uma em vernáculo, devida terra, m anifestados em hervas com pridas como bote-
a João Francisco Lisboa. Entendeu, com m uita ra lhos c rabos de asno, accrescidos na outra' manhã pela
zão, o Tinion maranhense que nem to do o mundo po passagem de aves chamadas fura-buchos, e afinal con
de ria orientar-se na prosa emaranhada do correspon firm ados pela visão vespertina de serras c arvoredos
dente dc D. M anoel c arvorou-se em sertanista. Seus longinquos. A 23 trata sobretudo de manobras, m ar
conhecimentos de gramm atica historica não davam, cha, sondagens á cata de bom ancouradouro, afinal
porem, para ta nto, nem A yres do Casal lhe forne encontrado a 24.
cia um te xto escorreito. As passagens cruciaes con Desde então a narrativa se expande, afflue.u os
tinuaram c continuam obscuras. Um com m entario ph i- pormenores, anima-se o scenario e o observador ap-
lo lo g ic o fe ito por um entendido, ainda hoje é im parece, perspicaz e sincero. «Bem certo creia que
LIVRO DE OURO COMME MOR ATIVO DO CENTENARIO
p o r aformosear nem afeiar haja de p ô r mais que g a io pardo que aqui o capitão tra z ; tom aram -no log o
a q u illo que v i e me pareceu», assegura ao real amo, na m ão c acenaram para te rra como que os havia h i.
e cum priu a promessa. M ostraram -lhes um carn eiro; não fizeram delle men
A ffo n s o Lopes, incum bido de sondar a bahia ção." M ostram -lhes uma g a llin h a : «quasi haviam medo
desejada, apanhou dois indigenas em uma altnadia d e lia c não lhe queriam p ô r a m ão e depois a to
e levou-os com escuro á capitanea, onde Caminha m aram como espantados.» M a’io r interesse sentiram
o s viu e desde lo g o desenhou em traços vivos. p o r contas de rosario e objectos m e ta llico s, mas o
«A fe ição delles é serem pardos, maneira de té d io p o r fim superou, «e então atiraram -se assi de
avermelhados, de boos rostos e boos narizes, bem oostas na alcatifa a d o rm ir, sem te r nem uma ma
fe ito s ; andam nús sem mesmo uma cobertura, nem neira de cobrirem suas vergonhas... O capitão lhes
estim am nem um a cousa c o b rir nem m ostrar suas m andou pôr á cabeça senhos coxins e o da cabel
vergonhas, e estão a cerca em ta nta innocencia como le ira procurava assaz pola não quebrar, e lançaram-
tê em m ostrar o ro s tro ; traziam am bolos beiços de lhes um manto em cima e elles consentiram e jo u -
b a ixo fu ra do s e m etidos p o r elles senhos ossos de veram e dormiram ».
osso branco... os cabellos seus são corred ios e an Sabbado, 25, depois de fundeada a1 fro ta , Ca
davam to squiados de tosquia alta mais que se sobre- m in ha fo i á terra em com panhia de N icoláo C oelho.
pentem, de boa grandura c rapados té p o r baixo O s naturaes continuam a prender-lhe a curiosidade.
da sulapa, de fo n te a fo n te para detraz, uma ma «Andavam a lli m uitos delles ou quasi a m a io r parte,
ne ira de cabelleira de pennas d'ave am arella, que que to dos traziam aquelles bicos de osso nos beiços;...
seria da com pridâo de um couto m u i basta e m ui e andavam ahi outros quartejados de cores, saber
çarada que lhe cob ria o to ntu ço e as orelhas, a qual de lles a m etade de sua pro p ria côr, e a metade de
andava pegada nos cabellos penna e penna, com uma tin tu ra negra m aneira de zulaJa, e ou tros esquarte
aonfecção branda como a cera e não n o era, dc jados d ’escaques. A lli andavam entre elles tres ou
m aneira que andava m ui redonda e m ui basta e m ui qu atro moças, bem moças e bem g e ntis, com cabel
igu al que não fazia m ingua m ris lavagem para a los m u ito pretos com pridos, pelas espaduas... Um
levantar.» era já de dias e andava por louçainha cheio d e pennas
Neste p rim e iro encontro, em que os gestos f i pegadas pelo corpo que parecia asseteado como São
zeram de unica linguagem , succederam-se os q u ip ro Sebastião; ou tros traziam carapuças de pennas ama
quós. Os indigenas portaram-se em g e ral in d iffe re n re i las, e ou tros de verm elhas e ou tros de verdes, e
tes, repugnaram-lhes as comidas e v inh o c com m aior uma daqucllas moças era toda tin ta de fu n d o acima
razão a agua de bordo. «Mostravam-lhes um papa- daquclla tintura».
ta o o o o
O O O O O 2 O O O O O O
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
D om ingo, 26, a missa da Paschoela, prim eira co llo atado com um pano não sei de que aos peitos,
d ita no Brasil, num ilhéu da vasta- bahia, não o que lhe não pareciam se não as perninhas, mas as
absorve a ponto de fazer-lhe esquecer os natura-es pernas da m âi e o al não traziam nem um pano».
da terra, cujos movim entos na praia- fro n te ira nota O u tro desembarque á segunda-feira, 27, serve
durante o sacrificio incrue nto e a pregação de Fr. a precisar m ais as prim eiras impressões: «Neste dia
H enrique. os vimos de mais perto c mais a nossa vontade, por
«Andava h i um que fa lla va m u ito aos ou tros que andarmos to dos quasi m isturados, e a li delles andavam
se afastassem;... este que o s assi a-ndava afastando daqucllas tinturas quartejados, outros de metades, ou
trazia seu arco e setas, e a-ndava tin to de tin tu ra ver tro s de tanta feição como em panos de arm ar, e
melha polos peitos e espaduas e p o los quadris, coxas todos com os beiços fu rados, e m uitos com os ossos
e pernas ate abaixo, e os vasios com a ba rrig a e es nelles, c de lles sem ossos. Traziam alguns delles
tôm ago eram de sua pro p ria côr, e a tin tu ra era uns ouriço s verdes d ’ arvores que na côr queriam pa
assi vermelha que a agua não lha comia nem desfa recer castanheiros, senão quanto eram mais e mais
zia, antes quando d’ agua- era m ais vermelha». pequenos, c aquelles eram cheios de uns grãos ver
D epois da missa «vieram to d o los capitães a m elhos pequenos que esmagando-os entre os dedos
esta náu por mandado do capitão-m ór, com os qua-es fazia tin tu ra m u ito vermelha da- que elles andavam
se clle afastou e eu na companhia-, e perguntou as tintos, c quanto se mais molhavam mais vermelhos
sim a to dos se nos parecia ser bem m andar a nova ficavam. T od os andam rapados até acima das orelhas
do achamento desta te rra a- vossa Alteza pelo navio e assi as sobrancelhas e pestanas; trazem to dos as
dos m antim entos para a m elho r m andar descob rir c testas de fo nte a fo nte tin ta s da tin tu ra preta que
saber delia mais do que nós agora podíamos saber, parece uma fita preta ancha de dous dedos».
p o r irm os de nossa v iag em ; entre m uitas fa lia s que A attenção prestada á gente conserva a mesma
n o caso lhe fizeram , fo i p o r todos ou a m aior par intensidade applicada aos artefactos, e para com plc-
te d ito que seria m uito bom e n is to concrudiram.» tar-se v o lta mais de uma vez ao assumpto. Assim a
Desta conclusão procedeu a carta de Caminha, 24 menciona «ossos de osso branco da com pridâo
c procederiam a de C abral e as de seus companheiros de unia mão travessa e grossura de um fuso de al
si o te mpo as poupasse com o a d o m odesto escrivão godão c agudo na ponta como fu ra d o r; metem-nos
de fe ito ria que escreveu p o r p ró p ria gosto, se n res pola parte de dentro do beiço, e o que lhe fica
ponsabilidade o ffic ia l, e p o r isso ta nto nos deleita antre o beiço c os dentes é fe ito como roque de en-
hoje, e afina pelas nossas predilecções e curiosid a xadrez, e em tal m aneira o tra-zem a li encaixado
des. De passagem note-se que o nome de Paschoal que lhe não dá paixão, nem lhe torva a fa lia , nem
dado ao prim e iro monte entrevisto e o de te rra de aomer, nem beber». A 25 recorda: «todos traziam
Vera C ruz parecem datar desta- dom inga e não de aquelles bicos de osso e alguns que andavam sem
quarta-feira, 22. O fa cto de figu rarem desde a p ri elles traziam os beiços fu rados e nos buracos tra
m eira linha da m issiva mostra-ria apenas como o ba ziam uns espelhos de páu que pareciam espelhos de
ptism o era recente. A denom inação de Paschoal ex borracha, e alguns delles traziam tres daquctles bicos,
plica-se pelo descobrim ento no o ita v a rio da Paschoa, saber, um na metade e os dous nos cabos». A 26:
a da te rra pela bandeira de C h ris to , entregue p o r D. «trazia este velho o beiço tã o fu ra do que lhe ca
M anoel ao capitão-mór, antes da despedida em Be beria pelo fu ra do um grã o dedo polegar, e trazia
lém. Sente-se em tu d o is to a influ e n c ia de F r. H en m etido no fu ra do uma pedra verde ruim que çarava
rique, guardião dos franciscanos. « A lli era com o por fó ra aquelle buraco, e o capitão (Pedr’ Alva'res)
capitão a bandeira de C h ris to com que sa-hio de Be lha fez tira r, e elle não sei que dia bo fa lava e ia
lém, a qual esteve sempre alta á parte do Evangelho. oom cila para a boca do capitão para lha m ete r; es
Acabada a missa- desvestio-se o padre e poz-se em tivem os sobre isso um pouco rin do e então enfadou-
uma cadeira alta, e nós to dos lançados p o r essa areia se o capitão c deixou-o».
e pregou uma solemnc e proveitosa pregação da his A alm adia tomada por A ffon so Lopes a 24 v o l
to ria do Evangelho, e em fim d e lia tratou de nossa ta-lhe á m em ória no dia 26, á vista de um a jangada:
vinda c do achamento desta te rra, conformando-sc «e alguns delles se meteram em almadias, duas ou
oom o signal da cruz sob cuja obediência vim os, a- tres que ahi tinham , as quaes não são feitas como
qual veio m u ito a p re po sito e causou m uita devação». as que eu já v i; sómente são tres traves atadas ju n
A histo ria das duvidas de Thom é, lid a naquella so- tas». A o lad o das carapuças variegadas menciona «um
lemnidadc, prcstava-sc a m uito s desenvolvim entos op* pano de pennas de m uitas cores, maneira de tecido
poitunos. assaz formoso». Q uanto aos arcos «são pretos e com
O desembarque á ta rde, depois do conselho depridos, e as settas com pridas e os ferros delias de
capitães, forneceu ensejo a novas observações: «A li cannas aparadas».
verieis galantes pintados to dos de preto e verm elho Preso á praia proxim a, interrogava os que po-
- quartejados assi pelos corpos como pelas pernas deram penetrar nas aldeias. A 27: «Foram bem uma
que certo pareciam assi be m ; também a-ndavam entre legua c meia a uma povoação de casas, em que
ellcs quatro ou cinco m ulheres moças assi nuas que haveria nove ou dez casas, as quaes diziam que eram
não pareciam m al, antre a-s quaes uma com um a coxa tã o com pridas cada uma como esta náu capitanea e
do g io lh o atá o q u a d ril e a nadega toda tin ta da- eram de madeiras c das ilhargas de taboas e cober
qu clla tin tu ra preta e o al to do da- sua p ró pria côr; tas de palha, de rasoada altu ra, e to dos em uma só
o u tra trazia am b o los gio lho s com a-s curvas assi tin casa, sem nem um re p artim e nto; tinham de dentro
tas e também os colos dos pés; também andava hi m uito s esteios, e de esteio a esteio uma rede atada
o u tra m ulhe r moça com um m enino ou m enina no polos cabos em cada esteio, altas em que dorm iram ;
LIVRO DE OURO C(OM ME MORATIVO DO CENTENARIO DA
O o o o o o O o O
0 COHTrçaos*
V Ç te g ú s tra d o n o J u n e a u . V
W J h ^ e r n a o í o n a f d e S Ò o r n e 1 5 ^ fa %
L a b o r a t o r o q A ir a g à o
dc Vaz de C a m inh a: o sol ardente, o luar, as constel Nem Cam inha era secretario dc C abral, nem des
l a t e s novas, tã o diversas das do hem ispherio septen embarcou só a 26 de a b ril, nem dem orou apenas cinco
tr io n a l, não lhe arrancam uma referencia siquer. A dias, mas isto pouco im porta. Si o p ilo to portuguez
sua ig n o ra n d a de singraduras e m arinharias se ex- passou lig e iro p e los dias de P o rto Seguro, e xp lica-
te n d e ria aos phenomenos astronomicos? Entretanto se isto pelo fa c to de oc~upar-se da viagem in te ira
estas questões interessaram pelo menos os pilotos de Pedr’ Alvares. A im portância dos successos da
da fr o ta , c m estre João, bacharel de avtcs e medicina, India, as perdas dc navios, o saque da fe ito ria , o
tra n s in ittiu o éco enfraquecido dos debates. bom bardeio de C alecut, etc., obscureceram o id y lio
A carta de m estre João, também datada de 1 dc bra sile iro . T od o o essencial da cart# de C am inha
m a io c descoberta por Varnhagcn, deu azo a Joaquim apparece na relação anonym a, ás vezes em term os
N c rb e r to para levantar <> problema da casualidade quasi idênticos, c sua chro no lo gia tem tanto de r i
ou p ro p o s ito no descobrim ento do Brasil. Explicou-o gorosa como a do p ilo to de inexacta, o que, aliás,
m a is ta rd e, com sua bonom ia resignada e s in ironia não merece reparo especial, pois um escrevia ao
lig e ira m e n te m elancólica a quem isto escrevi: apenas compasso do successo, o o u tro narrou-o inais de um
q u iz semear duvidas. Estas duvidas n > além-mar trans anno depois. O p ilo to , sem c olo rid o em bora, mas
form aram -se, p o r assim dizer, e.n certezas, e hoje com precisão incontestável, abunda cm «pormenores
é quasi dog.na a lii e mesmo aqui que o descobrim ento que s olo podia conocerse después de una residcncia
d o B ra s il não f o i fo rtu ito , em outros termos fo i fin en aquel país desconocido >. M estre João não p o dia
g id o ; pensam até alguns que o verdadeiro descobri dal-os, to do em bebido em astrolábios e m appa-m undi,
d o r chamava-se D uarte Pavheco, o A c h ille s lusitano. e, além disso, dia nte d c «una pyerna que te ng o m u i
C am inha de nem um modo suffraga esta- these: m ala que dc una cosadura se me ha fecho uno chaga
a de Er. H en riq ue convenceu-o c m ais de uma vez m ayor que la palm a de la mano». De resto, o o r i
em tuck) vê a m ão divina. Os pa rtidá rio s d o descobri g in a l cm papel e caracter do te mpo, conserva-se ainda
m en to p io p o s it.il devia.n pesar bem as occurrencias na T o rre do T om bo , sem jam ais te r despertado a m i
d o conselho d o s capitães reunidos a 26 de a b ril. nim a duvida em quantos o manusearam. E m fim , q u a l
P c d r’A lva re s perguntou assim a todos se nos pare quer dip lom a fa bricad o visa sempre uma dem on stra
cia ser bem m andar a nova do achamcnto desta terra ção ou um interesse. Que demonstração se pode encon
a Vossa A lte z a pelo navio dos m antimentos pera a tr a r na carta d o v ia ja n te e que interesse de lia d e
m e lh o r m andar descobrir e saber d e lla ma'is do que d u z ir?
a g o ra nós podiam os saber, p.»r irm os de nossa v ia A 2 dc M a io partiram os onze navios, lo g o
gem c antre m uitas fa lia s que no cffso se fizeram fo i reduzidos a quasi m etade p o r uma tempestade na
p o r to d o s o u a m aior parte d ito que seria m uito bem passagem de Boa Esperança, donde aproaram a C a
e n is to concrudiram . T ão pouco fundam ento assiste lecut. A 12 de D ezembro fo i a lli assaltada a fe i
aos panegyristas de D uarte Pacheco: só a leitu ra des- to ria c m ortos quasi to dos os portuguezes n e lla en
atte n ta d o ts m e ra U o p re m itte tra n s fe rir paTa.aqucm contrados.
da equin ocia l viagens e descobrim entos realizados nas Pero Vaz de C am inha fo i um de llcs q u içá; cm
alta s latitu de s do hem ispherio do N orte. A dicho- to d o caso, m o rre u na ín dia, em serviço d e l-R e i, se
to m ia salta aos olhos. g iin d o uma carta re g ia dc 3 de Dezembro de 1501.
O u tra applicaçâo não menos curiosa deu um i l Isto força-nos a retroceder.
lu s tre h is to ria d o r arg en tino á lenga-lenga confusa de Quando C am inha to m o u a penna na bahia de
m estre João. Lu iz L. Dom inguez servio-se delia para Porto-Seguro, sabia approxim adavnente o que ia d i
declarar apocrypha a carta de C am inha, em um ar zer c com to da a precisão o que ia pe dir. «E pois
tig o pu blica do por l.a B ib lio teca , Buenos Aires, 1897. que. Senhor, c certo que assim neste cargo que levo
«Los Portugueses (d iria m elhor os Brasile iros, como cm o u tro qu alq ue r o u tra cousa que de vosso
a quem toca m ais de pe rto ), m iran con respeto sacra serviço fo r, Vossa A lte z a ha de ser de m im m u i bem
m en tal la carta dctallada y p ro lija de Pedro Vaz de servido, a c ila peço que p o r sin g u la r mercê m ande
C am inha, secretario de C abral, en que da al rey m in u v ir da ilha de S. Thom é Jorge d ’Osouro, m eu genro,
ciosos porm enores de la tierra y dc los ín dios re- o que delia receberei em m uita mercê» taes suas u l
o o jid o s en los cinco dias que a lli se demoraran. tim as linhas.
E l desembarco tu v o lug ar el 26 de a b r il; la A explicação é patente: Jorge d ’O s o uro fò ra de
carta cs dei 1.» de m ayo de 1500. Probablem ente fué gradado para a ilh a de S. Thomé, e o sogro pedia
escrita muchos anos después de esta fecha; y este para e llc in d u lto real. Os documentos pu blica do s por
ju ic io se con firm a leyendo la descripcion autêntica Souza V ite rb o tornam m u ito provável a conclusão.
de este via je , escrita p o r uii p ilo to português y pu Cerca de 1491, Jorge d’O souro fo i juntam ente com
blica da por la Academia de Ciências de Lisboa en o u tro s apossar-se á força de uma ig reja , erradam en
la ooleceión de N oticia s U itra -m a riu a s , tom o 2, y te considerada vaga, c aecusam-no de te r roubado
la carta de l c iru rja n o espafiol de la ex p e d itio n de pão, vinho e ga llin h a s e outras cousas que poderiam
C ab ra l, Johannes Emenelaus, publicada por Varnha- v ale r m il c trezentos reaes. Pelo mesmo te m p o deu
fe rid a s em um clé rig o «scilicet, uma pela cabeça,
gen.
La scncilez y rudeza de estas cartas de te stigos c o u tra p o r um braço e outra pe lo pescoço e tres
y actores contrasta con c l e s tilo lim ado y la' nar- fe rid a s pequenas pelas oostas». P o r estes crim es an
ración lle n a de pormenores que s olo podian cono- dou hom isiado cinco ou seis annos ate que, desis
cerse después dc una residência en aqucl país des- tin d o as partes, D . M an oe l perdoou-o a 16 e 17 de
ja n e iro de 1496. T alvez o casamento com a filh a de
conocido».
Pero Vaz. seguisse a estes perdões.
o o o o o O 5 o O o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMORATIV O DO CENTENARIO
o o o o o
o o o o o o 6 o o o o o o
C O N F IN S T E R R IT O R IA E S DO B R A S IL
] M dos elementos que actuarain mais be O in tu ito m anifesto do C apitão-m ór, ao ordenar
neficamente na formação de nosso ca a N icoláo C oelho que fosse, em navio pequeno, pro
racter de povo, no convivio inte rna cio curar ancoradouro seguro ao lon go da costa, avis
nal, fo i o te rrito rio , p o r sua co n fig u ra tada a seis m ilhas de sua nau, e, depois, ao vele
ção, grandeza e situação de nucleo d o continente sul. ja r e llc mesmo, seguido de seus capitães, em busca da
A confiança no fu tu ro prospero, que as riq ue fo z de um rio que, pareceu, abrigaria toda a esquadra,
zas da te rra nos preparavam, deu log o, á nossa fo i d a r in ic io aos reconhecimentos que, de então
p o litic a externa, serenidade e rectidão notáveis, que p o r deante, iria m assignalando, a pouco e pouco;
só os povos bem satisfeitos de seu passado c con o contorno litto ra n e o dessas terras, a que davam con
fiantes na m agnitude de seus destinos conseguem figu raçã o insular.
ter. Não se te ria detido o C apitão-m ór em busca
As causas determ inantes dessa grandeza e a fo r de re fu g io e desembarcadouro, s i já não tivesse pre-
ça dos elementos que dila taram ta nto os confins do sentim ento bem fo rte das possibilidades de explo
Brasil merecem, portanto, algum estudo. ração fructuo sa por ahi.
A conquista e exploração das terras brasileiras A cerca dc dez léguas dessa foz, a esquadra al
fo i, sem duvida, a m aior empresa que coube aos cançou um ab rig o, a que se acolheram log o seus na
portuguezes realisarem, mas não bastaria to da a sua vios menores. A ffon so Lopes, p o r ser «homem vivo
notável audacia pertinaz, para levar a fe liz te rm o tão e de stro para isso» teve, então, ordem de ir a remo
grande fe ito . por esse p o rto a dentro, a sondal-o cautelosamente
O exp lorad or assignalava os lim ite s da conquise, quando de volta, já no ite fechada, elle apresentou
ta singelam ente, p o r cruzetas incuzas na' rocha tosca ao C apitão-m ór dous indigenas, certamente Pedr’ A l-
c nos vetustos cortices da m a tta ria ou p o r mostras vares, com to dos os seus, ficou bem sorpreso e des
um pouco m ais patentes de desvirginam ento das ter crente da fo rtu n a que a calm aria pôdre das costas
ras conquistadas; era pouco para m arcar os confins africanas parecia' te r-lhe assegurado, ao achar essas
de tão vasto te rrito rio e de configuração ainda m ui terras.
to incerta. N o m axim o, fixava um ponto, o extre A nudez dos indigenas, o menosprezo que esses
m o de uma exploração line ar. M a io r fosse o numero dous jovens selvicolas mostravam p o r joia s e pedra
desses pontos e ainda não seriam bastantes para rias raras ao disputar, indifferentem ente, a ljô fares e
desenhar o pe rim e tro das posses portuguezas n o con gorras de lã, m im os de ouro de le i e alcatifas, pa
tinente. tentearam lo g o a to da a' gente da esquadra a indigên
H ouve, na verdade, elementos estranhos e m ul cia do s itio , de todas aquellas terras, incultas e po
tip lo s que fa c ilita ra m m uito a conservação dessas pos bres de m ais para seduzirem quem ia despachado para
ses e o m a io r delles fo i o menosprezo de tã o gran o re in o de C alicut.
de blo co te rr ito r ia l por quantos aventureiros de Cas Um raio de esperança cubiçosa ainda veio, no
te lla faziam , avidamente, a descoberta e a explora emtanto, a b rilh a r nos ólhos daquella gente, quando
ção das regiões em torno. os indigenas deram mostras dc conhecer o m eta l do
As condições rudim entares de viv e r do auto custoso c o lla r de ou ro de le i de Pedr’ Alvares e o
chtone do Brasil, em c on fron to com a c u ltu ra e r i das arandelas e do candelabro de prata m artelada da
queza de ou tros povos do continente, que já eram praça d ’armas da nau capitanea.
boa preza dos hespanhoes, ora tornaram defezas, ora Sorrisos de satisfação alegraram toda a compa
desdenháveis as terras centraes da America m eridional. nhia e lo g o os homens da tripulação, m ais hábeis em
m im ica, trataram de o b te r dos dous selvicolas alguma
confirmação de que nessas terras havia daquelles ricos
metaes. E, então, ou tivessem os indigenas entendido
C ontactos passageiros com a costa do B rasil não m al to da a m im ica da' gente d c bordo ou essa inter
tinham despertado o interesse do fe liz «achamento» pretado erradamente a resposta' dos dous jovens, o
de C ab ra l, que, tomando posse do solo que pisava, certo é que todos chegaram á confortadora conclusão
deu lo g o á gente de sua nação o d ire ito exclusivo de de que havia naquellas paragens o u ro e prata, em
exp lorar essas paragens. natureza ainda ou em obra, mas avaramente escondida.
o o o o o o 7 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENT ERÁRIO DA
N o dia seguinte, Pedr’ Alvares apressou-se em des o po nto de convergência de todas as empresas de
pachar N icoláo C oe lho e Bartolomeu D ias, com Pero exploração, que partiam da costa ao sul do mar
Vaz, a escoltarem os dous indigenas, que cllc s dei das A n tilha s c desciam á fe ição da cordilheira.
xariam na praia, cercados de presentes bem vistosos e O s mappas da época deformavam m uito o con
em companhia de A ffon s o Coelho, um dos degrada tine nte sul n o sentido transversal, afastando exaggc-
dos da esquadra, escolhido para fic a r em terra, a radamente o litto r a l do Brasil das terras altas do Pa
aprender a lin g u a do paiz e desvendar, cm fim , o cifico. Era de desanimar os mais a-udazes aventurei
m ysterio das riquezas daquclle solo, que, então, já ros um a penetração até ás regiões incaicas, a par
parecia prenhe de sorpresas seduetoras. t i r da costa do Atlantico.
O s dous sclvicolas tinham , sem querer, desper
ta do naquelles homens, tão anciosos por alcançar a
reg iã o fascinante da costa de M d a b a r, o desejo de
se apossarem das terras achadas c emprchenderem O u tro factor, iguahncnte fo rtu ito , do delinea
lo g o alguma exploração, que lhes revelasse o real m ento das te rras do Brasil com ta l am plitude f o i o
va lo r dessas posses. desejo, que o castelhano ainda m antinha, de encon
Andavam to do s achar provas de que havia ouro trar, para o lado do occidente, ca1nin ho para as re
e outras riquezas naqtiellas incultas paragens. m otas índias, cada vez mais fascinantes.
O A lm ira nte mandou, então, A ffon s o C oelho O estorvo das terras da America leva o navega
acompanhar, de novo, os indigenas, mas esse volto u d o r de Hcspanha a exp lorar r.s costas do sul do con
lo g o , dizendo te r ido ate umas «choupaninhas de rama tine nte, abaixo do ponto e.n que a linha de T o rd e sil-
verde . N o dia seguinte, teve ordem de internar-se, las marcava o extremo da's posses portuguezas. E lle
com mais dous degradados, e D iog o Dias <por ser tem esperança de achar por chi cam inho aberto para
homem ledo» com quem os indigenas n iq ito folgavam. o O riente. C então que S olis vem a descobrir o es
Andaram esses bem legua c meia. até alcançar tu á rio d o Prata, que C h ris to v io Jacques, a serviço
um aldeamento, mas nem ahi encontraram vestigio de P o rtug al, alcança mezes ;.'pús, a vele jar para o sul
de qualquer m etal. com o mesmo proposito.
<N ella até agora não pudemos saber que haja Dez annos depois, em 1526, Cabot sobe por
ouro. ou prata, nem nenhuma cousa de m etal, nem ahi, chega á faz do U ruguay c manda Ramon g a l
de fe rro lhe vim os . P e ro Vaz particip ou , então, a gar o rio , mas seu companheiro lo g o naufraga no
E l Rey e nessa desoladora duvida ficou toda a gente S alto Grande. Cahot prosegue até á foz do Cavca-
de C abral até a partida. ranha, erg ue ahi um fo rte c vae além, passa a con
Além dos degradados escolhidos para fic a r em fluê ncia do Paraguay. Na volta, sobe mais de trin ta
te rra, mais dous homens da esquadra ahi ficaram léguas o Paraguay, alcançando as paragens on le está
também, mas por querer. A cubiça levara-os, talvez, Assumpção. Tratara bem os indigenas c começa a
a internarem-se de mais a procura das riquezas do
te r noticias de algum ou ro e m uita prata lá para
paiz. Quando voltaram á praia, já ia longe a esqua
as bandas do norte.
dra e ahi encontraram, a chorar, os dous degradados.
O estuário não é o caminho das índias, mas ahi
Nem se sabe o nome desses audazes, os p r i nei-
chegam aguas de rios caudalosos que vem de cima,
ros exploradores das terras do Brasil. Ambos mere
ta lvez do re ino dos Incas, que o aventureiro hespa-
cem que se relembre, ao menos, a prim azia de sua nh ol ainda procura anciosa'.ncntc.
A marcha dos exploradores de P ortugal e H cs
panha começa, então, a orientar-se no continente sul.
C hristovão Jacques, partindo de Todos os San
tos, ergue um fo rte a 40 léguas n o inte rio r d o paiz.
D M anuel apressou-se em p a rticip ar esse fe liz M u ito m ais para o sul, Ramalho, com alguns com
«adiamento» e, log o no anno seguinte, mandou ex panheiros, já tinh a conseguido fazer lig a e cruza
pedição ás novas terras, mas seu in tu ito fo i m ais de mento com os indigenas c internar-se.
firm a r titu lo s de posse, que de ex p lo ra r a conquista. Uns, procuram estender assim suas posses para
O successo não fô ra de a lvo ro ta r os cubiçososo occidente; outros, tentam dilatal-as seguindo a l i
audazes do Reino, já então indifferentes ao descobri nha da c ordilheira. O hespanhol do estuário sobe
m ento de ilhas incultas pelo oceano a fóra c mais os cursos d ’agua de nascente mais s e p te n tr io n i; o
empenhados na obtenção ou na pilhagem provável d o equador segue para o sul. Ambos orien ta m suas
de certas mercancias de boa vendagem na rota do marchas para Cuzco, situada num recesso dos Andes
O estado p rim itiv o de todos os povos do Bra
Dessa prim eira expedição só dous homens fo s il continua a ser prova bastante da penúria de suas
ram em te rra. O C apitão esperou-os sete dia s ; ne terras e, assim, um fa ctor da in v io la bilida de do nu
nhum voltou. cleo te rrito ria l do continente sul.
A segunda, que v eio dous annos depois, parece
que cuidou mais de percorrer a linha de con to rn o ma
r itim o da «ilha» achada por Pedr’ Alvares, para ga l
g a r a Asia pe lo sul.
Riquezas fabulosas levavam ás ín dias o portu- Em 1535, chega Mendoza á banda m eridional
guez: ao g o lfo do M exico ou á costa de mais fácil do estuário c fu nda Buenos Aires, mas, atacado pe
accesso para a região de Cuzco, o castelhano. los indigenas, abandona o s itio e passa a chefia da
A situação geographica da capital dos Incas era expedição a Ayola, que vae rio acima'.
o o o o o o 8 o o o o
Adriano Ramos Pinto & Irmão, L.da — Porto.
INDEPENOENC/A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
ü s irmãos dc Mendoza vêm, então, a procura G uiado p o r dous frades e alguns homens de
de provim entos na costa sul do Brasil c recolhem, Cabrera, Cabesa dc Va-ca, em m archa para Assum
em Santa C atharina, alguns castelhanos de Cabot, pção, atravessa o Itaja-liy, alcança o Iguassú, transpõe
que os portuguezes já tinham corrido dos arredores o T ib a g y e seu afflue nte T aquary, mas volta para o
dc S. Vicente. Iguassú e por ah i segue até alca-nçar o Paraná. Tem
Proseguem para o n o rte as explorações dos cas frequentes noticias da passagem de portuguezes por
telhanos, em busca das terras do P e rii e da gente aqucllas regiões e aproveita a sua trilh a . Dahi segue
de P iza rro e A hnagro. por terra, depois de to m a r posse do rio para a
O curso do Paraguay era a via de communica- corôa de seu reino.
ção indicada para qualquer expedição, que iria , assim, Essas marchas este-oeste vão traça-ndo a linha
do sul m uito ao norte, até onde os info rm e s diziam septentrional das posses de C astella na- região per
estar perto, do lado occidental, a opulenta1 capital corrida.
dos Incas.
A yo la, então, sobe o Paraná e con tinu a pelo Pa
raguay acim a; alcança a aldeia c a rijó de Lamparé,
na fo z do Pilcom ayo. A fa rtura do pa-iz seduz logo Cabesa de Vaca sobe, por fim , o Pn-raginy c vae
sua gente em penuria. Cada homem tem , de prê até perto da fo z do Cuyabá. Tem ahi noticia da
m io , duas m ulheres ind ige na s; o capitão recebe sete. aventura de G arcia, um portuguez que fôra aos con
f. o paraíso de M ah om et; todos ahi ficam . fin s do Perú m u ito antes dos castelhanos.
A yo la fu nda Assumpção (1536) e, depois, pro- f impreciso e incerto o que se conta desse aven
segue no Paraguay. D eixa Y rala em C andelaria, no tu re iro , que devia ser da gente de Ramalho. Auda
I echo dos M orro s, c continua por te rra para o occi císsimo exp lorad or, só deixou, no cm tanto, recor
dente, a procura do cam inho de Cuzco. dações saudosas.
O curso d o Paraguay é, de então p a r deante, A le ix o G arcia, ern companhia de mais cinco ou
o caminho da gente do Prata que tenta- s ub ir até o seis e de um bando dc indigenas aguerridos, te ria
P erii. descido um a fflue nte do Paraná, tran spo sto esse rio
acima do sa lto das Sete Quedas e dahi marchado,
por terra, em busca do curso do Paraguay, ind o até
Antes de Mendoza fu nd ar Buenos Aires, Ordas o valle do T a rija . De v o lta do Perú, carregado de r i
tentara s ub ir o Amazonas, na esperança de alcançar quezas, c lle e sua gente te ria sido, então, dizimada ao
p o r ah i Cuzco, que P iza rro não ta rd ou a descobrir descer o Paraguay.
p o r terra. Cabesa de Vaca va-e até á região do Xaraycs e
Dez annos depois, O rellana desce o Coca, en ahi funda P uerto de los Reyes. D eixa o rumo no
tra no Napo e, ba ldo de recursos, aventurasse r io 9bai- roeste de C uzco e manda gente proseguir até onde
xo, chegando, p o r fim , ao estuário d o Amazona-;, E da se dizia haver m uito ou ro c prata.
fabulosa narrativa' desse fe ito a lenda das mulheres Essa gente só consegue, e penosamente, encon
guerreiras que deram nome ao rio e do Oram M oxo, tra r um povo que já tecia o algodão, fermentava o
E l D orado. T res annos ainda não era-.n passados e m ilh o e que lh e fala , saudoso, de Garcia c seus com
c lle tenta re p e tir a proesa rio acim?. porém recua panheiros. Até ahi encontra v e s tig io dos portuguezes.
a umas cento e cincoenta léguas do estuário c morre, O Adelantado tenta vara-r a região, indo alguns
ainda em aguas que descem. dos seus até avistar u n piucaro, ta-lvez o de S. Je-
Ayres da C unha e os filh o s de João d? Barros ronymo, na serra da Chapa-da, mas recúa e chega,
já tinham tenta do essa conquista, M e llo da Silva por fim , a Assumpção com os destroços da partida.
tentou-a depois, mas todos foram infelizes. A margem orien ta l do a lto Paraguay nunca seria
A empresa não seduzia castelhanos. O po n to de castelhana.
convergência d c suas exploraçOes continúa a ser a Y rala sobe, então, novamente o rio Paraguay,
reg iã o dos Incas. Os portuguezes tinh am toda a costa mas visando a região opposta e chega ás terras de
do Brasil a e x p lo ra r e a guardar dos entrelopos que Chuquisaca.
a infestavam . O curso d o Amazonas não era via dc Nesse inte rim , outra expedição de Hespanha nau
penetração que conviesse, então, a qualquer dclles. fraga cm Santa C alharina, mas só em 1554, dous
annos depois, a m ór parte de sua gente segue por
terra para Assumpção.
Accentua-se a lin h a in fe rio r do bloco te rrito
Um anno antes de O rellan a descer o Amazonas, ria l do Brasil entre os rio s Paraná e Paraguay. Essas
Cabesa d c Vaca parte de Hespanha para proseguir penetrações visam sempre a cidade funda-da por Ayola
nas empresas dc Mendoza e Ayo la, mas, p o r impe perto do Pilcomayo.
rícia dos mareantes ou astúcia do Adelantado, a rri
ba a Santa C atharina, o extrem o m e rid io n a l das pos
ses portuguezas, segundo a linha de T o rde silla s.
Já tres annos antes Cabrera da hi p a rtira por Y rala vo lta de Chuquisaca e resolve extender
te rra para as margens do Paraguay. Rezam as chro suas posses para o oriente. Sob o pretexto de p~otc-
nicas que e lle fô ra . também, forçado « isso. M ais g e r seus indigenas da aggressáo dos brasileiros, V e r
parece que, nessas penetrações, os hespanhoes só pro gara fu nda Ontiveros, que veio a cha‘.nar-se Ouayra,
curam encurtar cam inho para- a via flu v ia l que os leve á margem do Paraná. M ais taTde, M elga rejo transfe
re-a para a margem opposta, tres léguas acima, per-
o o o o 9 o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORAT IVO DO CENTENARIO DA
to da fo z do P e qu iry, e m ud a-lhe o nome para não se confundem . A continuidade dessa reunião por
C iudad Real. Y ra la mandara Chaves colonisar a re o ite nta annos veio. até, a fa c ilita r a expansão te r
giã o do Xarayes, m u ito ao no rte, r io acima, mas r ito r ia l dos povos do Brasil.
esse resolve m archar para noroeste e vem a fundar Logo no prim e iro decennio do século, Jeronym o
Santa C ruz de la S ie rra, umas cincoenta léguas ao de Albuquerque fo rtifica -se na fo z do Camocim e,
depois, expulsa de S. Lu iz os francczes; C aldeira se
sul da actual.
O curso d o Paraguay não convém aos castelha gue e fu nda, em 1616, Belcm do Pará.
nos acima da lagoa' Uberaba e p o r essa linha de Sete annos depois, Aranha de Vasconcellos e xp lo
aguas fica, desde então, d e lim ita do , pouco mais ou ra o curso do Amazonas e varre as fe itorias inglezas
menos, o d o m in io te rr ito r ia l dos portuguczes na re e hollandezas, já então pe lo estuário a de ntro até
giã o de M atto-O rosso. G uriipá.
hm quanto se desenha assim a linha septentrio
nal das posses portuguezas, o serviço de catechese
vac-se organisando no sul, de modo a ca'racterisar
A fabulosa riqueza do Peru, qu e os castelhanos as terras dos dous reinos, que continuam , no cm-
procuram sem pre e avidam ente, veio, por fim , a des ta nto, sob um mesmo sceptro.
pertar a cubiça da ge nte do Brasil. Jesuítas do Perii e do Brasil vão trabalhar, mas
A empresa de G arcia, ao internar-se para alcan uota-se lo g o o inconveniente de reunirem -se m issio
çar, por terra, o re ino dos Incas, c tentada p o r G a nário s obedecendo a dous Provinciacs. D os cinco do
b rie l Soares, que sobe o S. Francisco e vara o con B rasil só fic a o portuguez O rte ga , que segue para a
tinente ate a pro vin cia de Charcas. Pero C oe lho tam região do Guayra. Essas missões de catechese são
bém tenta depois, duas vezes, alcançar essas terras nômades. C onvinha que obedecessem a um mesmo
pelo Amazonas acima, mas nada consegue. chefe. As te rras ao orie n te do Paraguay e á m ar
E não cessam as internações, que vão dilatando, gem s eptentrional do Prata passam, então, a ser de
a pouco e pouco, as posses portuguezas, cm quanto pendentes do P rovin cial do Brasil. A resolução é
os castelhanos, fascinados pela- op ulê ncia do Perú, combatida. Estende até o estuário a jurisdicção de
procuram as terras ao lon go d a cord ilh eira, de i uma autoridade subordinada a P o rtug al.
xando, assim, a mercê dos portuguczes o nucleo e Os m issionários continuam , no em tanto, e sobem
as regiões m ais o ricntacs do continente sul. o Paranapanema, fu ndam Loreto , pouco acima da
Apczar de P o rtu g a l já estar lig a d o á Hespanha fo z do Pira pó, onde encontram catechumenos do por
desde 1580, as conquistas da ge nte dos dous reinos tuguez O rte ga , c pa lm ilha m umas cem léguas em to r
o o o o o
n »
ci O o o 10 o o o
IN D E PE'NDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o O 11 o o o o o o
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
o o o o o o 12 o o o o
CASA CONTEV1LLE — Rio de Janeiro.
W DEPENDENCIA l>A EXPOSIÇÃO INTERS ACIONAI.
França, Grã-Bretanha e Hespanha. Esse tratado re As lutas que se seguiram, p o r m uito s annos ain
vigora o de Pardo; a partilha volta a ser regulada da, occasionando frequentes invasões, fo ra m lim ita n
pelo Tratado de Utrecht.
do, ao sul, as terras brasileiras pela m argem septen
Os comniissarios de Hespanha apressa.ii-sc cm trion al do Quarahim c do Jaguarão, que offcrcciani
restituir a Colonia aos de Portugal, mas os castelha m elhor defeza aos povos do R io Grande.
nos, que tinham, durante a guerra entre os dous rei A sorte nessas lutas fo i varia. O Esta-do C ispla-
nos. subido até a lagôa dos Patos, reduzem ao mi tin o esteve reunido ao B rasil durante sete annos.
nimo as restituições, sem respeitar o ante bellum N o acto de incorporação, em 1821, fo i declarado que
estabelecido pelo tratado. esses rio s caracterisariam a fro n te ira e com o ta l eram
Portugal contemporisa, mas continua a luta no considerados desde o começo da revolução.
sul. Vcrtiz, governador de Buenos Aires, vem em au
x ilio dos seus, que procuram manter-se no Rio Gran
de Os portiiguezes atacam, mas com fortuna incer
ta. Tomam, por fim, a região fortificada do Rio Gran
de, marcham para o norte, desalojam os castelhanos
d» forte de Santa Tecla e abrem caminho para os O Tratado de 1750 tinh a traçado os confins das
famosos sete povos das missões do rio Uruguay. posses portuguezas desde a fo z do Ih icu hy, no U ru
O governo de Madrid acode á sua gente do es guay, até o extrem o n o rte das posses hespanholas,
tuário creando então o Vice-Rcinado de Buenos Ai na guyana brasileira. O de 1777 manteve-os da foz
res c dando-o a Ceballos, que logo parte com uma do P e piry para cima. O de 1801 annullou-os, mas
duzia de navios de guerra e uns 0.000 homens de o traçado geral da linha lim itnophe, segundo o T r a
desembarque em mais de cem transportes, rumo de tado de 1750, veio a sub sistir com algum as in fle
Santa Catharina, onde Cabrera, Cabcsa de Vaca e xões, que procuraram, também , resp eita r as conquis
tantos outros castelhanos tinham arribado, a pro tas dos dous reinos no continente, separando-as pe
cura do caminho de Assumpção, havia mais de dous las vias de penetração m ais frequenta-das e que já
marcavam os confins das terras que a gente do Bra
O excessivo poder m ilita r da expedição reduz sil pretendia.
a conquista da ilh a a' uma sim ples occupaçâo. C ebal Durante a lu ta que precedeu o T rata do de S.
los segue para o sul, a to m a r as posições fo rtific a Ildcfonso, essa gente tinha-se fo rtific a d o no a lto Pa
das das costas portuguezas entre C astilhos Grande, raguay, no Guaporé e e.n ou tros pontos da linha f i
extre m o m eridional da linha de fro n te ira segundo o xada em 1750.
tratad o de 1750, e, para o norte, a barra do Chuy. N o anno an te rio r ao T rata do de 1750, M atto-
tuas o s ventos levam-no m ais para1 o sul e elle vae Grosso fô ra elevado a c ap itan ia; os paulistas tinham
atacar a C olonia, que é, p o r fim , arrazada b ru ta l- ahi fundado Cuyabá, em 1726.
mente. A linha desse tratado veio a s o ffre r, na1 região
A paz entre os dous reinos dá origem , cm 1777. mais occidental do Brasil, tres in fle xõe s bem sensí
ao T rata do de S. Ildcfonso, que não passou de pre veis, mas todas respeitando o c rité rio da p a rtilh a des
lim ina r. sas terras segundo as le g itim a s posses de cada lin -
P o r esse tratado, im p osto a Portugal, a lin h a de deiro.
fro n te ira traçada em 1750 permaneceria desde o ex A prim eira fo i na passagem do curso do Pava-
trem o norte ate a fo z do Pepiri-guassú, na margem guay para o do Guaporé, em que a lin h a teve de
d ire ita do U ruguay. D ahi pa ra o sul, a linh a de fro n procurar a nascente do Verde e de descer p o r esse até
te ira seguiria terras altas, deixando á Hespanha o o Guaporé, para liv ra r, entre outras, as rondas por-
rio U ruguay e toda a sua grande bacia, alcançaria tuguezas de Cacimba c Ramada.
o n o rte da lagôa M irim , cujas aguas ficariam a Por A segunda — a m a io r — fo i entre o M adeira
tu ga l, c iria até á fo z do d u ty . e o Javary, que eram liga do s p o r um a linha se
A gente d j B rasil perderia, assim, os sete p o gundo o p a ra lle lo de utn ponto equidistante da con
vos das Missões, toda a bacia' do U ruguay, abaixo fluência do M am oré com o G uaporé e do M adeira
do P cq u iri, e todas as terras do C huy para o sul. com o Amazonas.
inclusive a C olonia. Essa linha fo i, p rim eiro , deslocada para baixo,
Apczar disso, tiveram lo g o in icio os trabalhos conservando-se recta e pa rtind o da confluência do
de demarcação, mas raram ente os comniissarios conse B n ii no M am oré para a nascente do Javary. Rceen-
guiram estar de accordo. temente, essa lin h a fo i m odificada, também para sal
var posses brasileiras. Subiu para a confluência do
Nesse inte rim , a p o litic a européa arrasta, de no M adeira com o Abunan. continua p o r esse até a
vo, P ortugal a uma luta , que fo i rematada pe lo Tra nascente e, sempre para sudoeste, procura a nascen
tado de Badajoz. Esse acto annulla o p ro v is o rio de te princip al do arroyo Bahia, sobe p o r esse até o
1777, pois mantém os portuguezes em suas posses Acre, p o r onde continua para o occidente até as nas
que, então, abrangiam os sete povos das Missões, a centes e dahi sobe, procurando alcançar, a noroeste,
margem esquerda do U ru gu ay c as terras do Jagua- a nascente do Javary.
rão tomadas durante a guerra1. A terceira in fle xão sensível que a linh a de 1750
O Tratado de S. Ild c fo n s o desenhara, no emtan- soffreu fo i m otivada p o r uma p a rtilh a am igavel de
to, o extrem o m eridion al dos confins te rrito ria e s do terras, pois seria excessivamente vantajosa para o
Brasil pelas aguas do C hu y e da lagôa M irim e dahi B rasil essa divisão segundo as le g itim a s posses.
nunca mais desceram. Em 1802, o Vice-Reinado de Lim a tinh a ganho
o o o o o o 13 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO
as Missões de Maynas, que abrangiam as terras en E, assim, os confins te rrito ria e s do Brasil fo
tre o Japurá e o Amazonas. Q u aiido o Peru, em ram-se desenhando sempre, segundo legitim as pos
1851, firm o u lim ite s com o Brasil, fo i liga da a foz ses. provindas de explorações e conquistas, p rinci-
do Javary, no Amazona's, á do A paporis, no Japurá, palm entc depois do T ra ta d o de 1750, que, prim eiro ,
p o r uma recta e abandonada, assim, a linh a de 1750, teve o objectivo de isola r o nucleo te rrito ria l das
que contornava as terra's ao orien te dessa linha geo posses portuguezas, descrevendo-lhe o perim etro, mas,
désica, entre o Amazonas e o Japurá. na verdade, a vastidão quasi intransponível das te r
A linha desse tratado subia o Japurá e passava ras desse nucleo fo i a m ais fo rm idá vel garantia da
para ou tros rio s no rumo do norte, até o alto das grandeza te rrito ria l do Brasil.
terras que separam as aguas do O renoco das do
Amazonas e p o r ahi além. Setembro dc 1922.
Tratados e laudos arb itra es de finiram , depois,
essa região, procurando, sem pre, defender a in te g ri
dade te rrito ria l da guyana brasileira. M ario de V asconcei.los .
o o o o o o 14 o o o o o o
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o o O 15 o O o o
l iv r o n n o u r o c o m me m o r at iv o n o cf. n t un a r io p a
com alguns navios, c trazendo gente que se devia es V isita os nucleos que sc haviam fu ndado no sul, to
tabelecer n o paiz. mando providencias sobre a defesa da te rra, c sobre
Sai de Lisboa essa fro ta pelos fins de 1530. V i quanto mais interessava á situação dos colonos.
sita varios pontos do litto r a l. Estacionando na ba- Estabeleceu Thomé de Souza a adm in istração
hia de Guanabara, daqui expede M . A ffo n s o alguns o ffic ia l do paiz; e é só de agora cm dia nte que
homens para o in te rio r: os quaes, passados uns dois se começa decisivamente o serviço do povoam ento.
niezcs, voltaram acompanhados de m uitos indios, e Ê, pois, este nobre capitão o fund ad or da ordem
dando escassas noticias da terra. p o litic a c c iv il na colonia.
F o i cm seguida fazer nova estação cm Cananéa,
onde encontrou alguns portuguezes que desde m uito IV . O problema de mais im portaticia e de so
ali viviam . lução mais penosa para os colonizadores era sem d u
D aq ue lle ponto mandou também para os sertões vida o das relações com as populações indigenas. O
uma expedição sob o cominando de Pero Lobo, com encontro dos adventicios com os naturaes fo i, como se
esperanças de recolh er lo g o m uito ouro, conforme sabe, doloroso em toda a America, sobretudo na p o r
lhe pro m e ttia um daquelles exilados. Esta expedição, ção orie n ta l do continente, onde havia inais funda
no em tanto, soube-se depois, fo i massacrada pelos regressão da cultura nativa.
selvagens nos campos de C urityba . O s indios aqui se achavam em p e rfeito estado de
Proseguindo para o sul. chegou até o estuário nomadia, vivendo da caça c da pesca, procurando cada
do Prata, por onde fez entrar alguns bergantins que trib u assenhorcar-sc das paragens onde mais fáceis
exploraram aqticllas paragens. c abundantes eram os recursos de que vivia u i. A n
Reconhecendo que ali já estava fora da ju ris davam, por isso, em continuas luctas umas com o u
dição portugueza (regulada pelo tratado de Torde- tras nações.
silla s ) retrocedeu M a rtin i A ffon s o para o norte, e C om o tempo tinha-se gerado em todas um fu n
veio entrar na bahia de S. Vicente. Desembarcando do in s tin c to gu erreiro e um v ivo preconceito de fa
na ilh a do mesmo nome a gente que trazia, a li fundou m ília , dando tu do isso como fru e to os m aiores e x
o cap itão a p rim eira v illa cm terras da America cessos de edio e de vingança entre umas c outras.
orien ta l. Eram as prim eiras v irtud es do in d io a coragem
na gu erra, levada a inconcebíveis tem eridades; o sen
III. Reconheceu-se de prom pto a insu fficicncia tim
e en to da honra da trib u e o am or da g lo ria ; o
in u tilid a d e de semelhante m edida: isto é, de um sim desprezo do inim ig o, c o fu ro r coni que, victo rio so ,
ples e unico nucleo de colonos para povoar tão sc ufanava de o p u n ir; e o estoicism o com que, ven
grande extensão de te rras; e sentiu-se que era preiso cido, sabia aifro n ta r heroicamente a m orte.
e urg en te adoptar um processo mais efficaz de povoa Esse caracter do selvagem to rn ou para os p o rtu
mento. guezes ainda mais grave o tra b a lh o de sub m ettcl-o.
Já havia o p ro p rio governo portuguez applicado Superiores pela sua cultu ra c pelas suas armas,
cm aigum as ilhas um systema que provára bem; e tinham os colonos de intp ôr aos naturaes o seu d o
resolveu então a m p lia r a experiência no vasto con mínio. Recebendo, assim que chegavam á Am erica,
tine nte que se tra ta de colonizar. vastos prazos de terra, precisavam de braços que as
D e libe ro u, pois, a côrte d iv id ir o extenso paiz em lavrassem; e viram que o recurso mais pra tico era
porções, cuja administração fo i confiada, com o m er aproveitar o trabalho dos incolas; e como estes se
cê, a vassallos que se haviam d istin gu ido no serviço mostrassem esquivos á escravidão, dahi se o rig in a
do Rei. ram as rudes competições em que, desde p rin c ip io ,
Foram umas dez ou doze as donatarias adjudica se puzeram colonos e indios.
das, sendo principaes as de S. Vicente, de Pernam A interferência dos Jesuítas pareceu p ro d u zir no
buco e da Bahia, cujos donatários fizeram alguma começo algum bem.
coisa de v alo r, particularm ente o de Pernambuco, C om o prim eiro G overnador Geral vieram lo g o
D uarte Coelho. alguns padres. Cheios de to do o enthusiasm o da O r
Os capitães aquinhoados, na m aioria, ou não dem nascente, encetaram esses poucos apostolos o
dispunham de recursos bastantes para tarefa tã o cus seu trab alh o com grandes proveitos, ta n to para o
tosa, c u desanimaram com o m a llog ro das prim eiras gentio como para os colonos.
tentativas. Seutiu-sc então que sem a acção m aravilhosa da
A in da p o r ou tros inconvenientes que a experiên adm irave! m ilícia não se poderia fazer coisa algn.na
cia dem onstrou, o systema não satisfez tã o com- n * terra.
pletam ente como nos Açores. Fundaram os prim eiro s m issionários na Bahia
Entendeu, pois, a côrte á vista disso que devia o seu núcleo inicial de catechese; e d a li fo ra m ex
c o rrig ir cs defeitos desse regim en in s titu in d o uma tendendo por outras capitanias os seus esforços.
autoridade sup erior com juris d iç ã o sobre to das as Em seguida vieram ou tros catcchistas, entre os
donatarias. quaes o noviço José de Anchieta, que tã o celebre se
Creou-se um Governo Geral para a possessão. fez depois.
Estabeleceu-se a sédc desse Governo na Bahia, Inestim áveis serviços prestaram estes homens,
onde o respectivo do na ta rio tinh a fe ito já algum ser- cujo concurso teve im portância incalculável na obra
da civilização do paiz.
Vem como p rim e iro G overnador Qeral, em 1340, Em S. Vicente entraram os catcchistas desde
T lio nié de Souza. Funda este a cidade que devia ser aquellc mesmo anno (I5 4 Q ); e em 1554 já funda
a capital do d o m in io até 1763 (cidade do Salvador) vam no p la na lto de P ira tin in g a o c o lle g io de S. Paulo,
o o o o o o 16 o o o o o o
;ürjxvjD£cauli»*tuberculose
Itttpedona de fív p í“/d i\ia dei Ttitfe/xzd^-Deparkimenb/ticicruddedw&IliUica
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
que se to rn ou o cen tro de to do o m ovim ento de ca E em toda parte contaram os colonos.com o valor
techese no sul.
dos indigenas para a repulsa de tão temerosos inim ig os.
Passados, porem , aquelles prim eiro s dias, em
que os abnegados apostolos, com a sua palavra e V. Além de a esse fla g e llo da flibustagem< es
exemplos edificantes, iam preparando os naturaes teve a colonia, em toda a vastidão da sua zona ma
para uma possível conciliação com p s conquistadores ritim a , exposta a repetidas e obstinadas tentativ.as de
— começam a sob revir diffic u ld a d e s com que se não usurpação.
havia contado para a ob ra human ita'ria. Foram , prim eiro , em 1555, os frapeezes. Sob .o
Já fo rtes pelo num ero, foram os colonos dispen commando de V illeg ag no n, entraram estes n a .b ahja
sando a in flu en c ia dos padres, e cuidaram de re d u z ir o de Guanabara, até então inteiram ente abandonada
selvagem p e la fo rça. pelos portuguezes.
II assim puzeram-se em c o n flic to , ta nto com o Bem acolhidos pelos ind ios do litto r a l, . esta
gentio como com os seus protectores. beleceram-se numa pequena ilh a (S e rig ip e ), onde le
D urante o século X V II travaram-se em todas as vantaram o fo rte a que deram p nome do chefe cal-
capitanias, mas p rincip alm en te nas do extre m o nor v inis ta em França ( C o lig n y ).
te e no sul, luctas tremendas entre Jesuítas e colo D uran te alguns annos aqui estiveram 03 france-
nos: luctas que a m etrop ole , em vez de evita r ou re zcs perfeitam ente tra n q u illo s e livres de incommodos
p rim ir, antes accendia com as medidas contradictorias p o r parte dos senhores da te rra ; pois o Governador
ou incongruentes, que tomava em relação aos índios. G e ra l D uarte da Costa, cm grandes difficu lda de s na
Por fim , cansados e d e s illu did os do seu intento Bahia, e não dispondo de recursos m ilita re s, nada
nas condições em que o levavam, foram òs padres in poude fazer contra elles.
ternando-se cada vez m ais nos sertões de loeste, e E, 110 emtanto, os francezes, em mais de cinco
estabelecendo as suas rcducçõcs em pontos onde f i annos de permanência aq ui, nada tinham fe ito 00
cassem isolados de c on vivio com os colonos. sentido de colonizar ao menos regularm ente estas
E então que se in s titú e form alm ente a escraviza paragens. Nem siquer haviam sahido da sua ilha.
ção do selvicola, ind o os colonos buscal-o á força lá 0 successor de D uarte da. Costa é que traz
mesmo do fu nd o das florestas. Para isso organizavam - o encargo especial de e x p e llir daqui aquelles iijtrusos.
se expedições que revestiam caracter m ilita r ( n o sul - Em 1560, vem o p ro p rio Mem de Sá .d irig in d o a p r i
bandeiras; no n o rte — m on tarias) que invadiam o con m eira expedição contra os francezes. Investidos estes,
tinente arrebanhando ind io s em massa, e trazendo-os ao cabo de algum a resistência fu giram da ilh a para,o
para os mercados do litto r a l, onde eram vendidos em continente. Com m etteu o G overnador o grande erro
leilão. de regressar para a Bahia sem deixar na Guanabara
E assim que se p riv o u do concurso dos Jesuítas siqu er uma pequena guarnição.
a obra da catechese, a de mais alcance social entre Disso se aproveitaram os francezes para volve r
quantas aqui se im puzeram aos conquistadores da a reoccupar a situação, depois de haverem in su fla
do uma 'insurreição geral dos Tam oios contra os co
O recurso da im portação de africanos attenuou lonos de S. Vicente, e do E s p irito Santo. T ravaram -
até certo po nto a perseguição e caça aos indios; se luctas em toda p a rte ; e só graças á intercessão
nunca im p ed iu, no emtanto, até fin s do p e rio do co dos Jesuítas Nobrega c Anchieta c que fo ram salvos
lon ia l, que se continuasse con tra estes a exercer a os estabelecimentos portuguezes das duas capitanias.
prepotência dos colonos. R econstruindo as suas fortifica çõe s na bahia,
Ainda assim, mesmo desamparado quasi sem tornaram -se agora os calvinistas mais forte» c amea
pre do sentim ento christão c da ju s tiç a das a u to ri çadores, em fiança allian ça ccm os indio3.
dades, fo i o ind io em to da parte um poderoso au xi Teve Mem de Sá de organizar nova expedição
lia r da p ró p ria conquista, não só to mando p a rte nas contra e lle s, em 1567.
proprias expedições que se levavam ao in te rio r, como 1 iuh a já volta do da Europa, com a incumbência
form ando ao lado dos colonos na defesa da te rra con de exp ulsa r de uma vez os intrusos, um sobrinho do
tra aggressões de extrangeiros. T crnou-se mesmo em G overnador (Estacio de Sá), trazendo alguns navios
taes casos um elem ento de ta l im portância que não e gente de guerra. Com o concurso dos padres e
se sabe como é que. sem elle , se haveria fe ito na colonos de S. Vicente, vem Estacio de Sá, p o r p rin
America a obra do povoam ento, e se te ria insta llad o cípios de 1565, desembarcar numa praia ju n to ao
a nova ordem po litic a e a civilização historica. m o rro C ara de Cão.
Sabe-se que naquelles tempos se renovára em A li fundou a cidade de São Sebastião do R io de
to des os mares, e pa rticularm en te no A tla n tic o , a J an eiro; e como as suas forças não eram su fficie n
pirataria de profissão, ta l qual ex is tira entre os a n ti tes para um ataque decisivo a C o lig n y , lim ito u-se,
gos. Desde fin s do século X V I até meiados d o X V III, du rante quasi dois annos, a ir mantendo a posição
soffrêram m uitas das povoações m aritim as da America cccupada até que lhe chegassem scccorros.
os mais te rríve is c funestos ataques de corsários, em Em vez de os m andar, veio o pro p rio Governador
grande incontinência da sua insania depredadora. E com c s soccorros s o lic ita d o s ; e no dia seguinte ao da
não fo i o B razil a menos alvejada entre as colonias chegada (2 0 de Janeiro de 1567) deu ataque geral
expostas ao fu ro r das quadrilhas que varejavam o aos francezes, ob rigando-os a deixar a bahia, agora
oceano. defiuitivam ente.
Principalm ente Santos, R io de Janeiro, Bahia e A p ro v e ito u Mem de Sá o ensejo de fazer trasla
Pernambuco tiveram de rebater m uitas vezes ataques dar a séde da cidade para o a lto do m orro S. Ja
de taes bandidos. n u ario (C a ste llo actua l).
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LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO DA
Frustrada a te nta tiva de intrusão na Guanabara, Eram agora os hollandczcs, naquelle m om ento
procuraram os francezes apossar-se de uma situação m u ito ufanos de haverem sacudido o ju g o hespanhol,
na costa do extrem o no rte, até p rinc ípios do sécu e tenazes c a ltiv o s a a ffro n ta r a sua antiga m etropole
lo X V I I também com pletam cntc despovoada de e u ro fazendo-lhe g u e rra de m orte, princip alm en te no vas
peus, e entregue ao d o m in io de selvagens hostis. to e desamparado im perio u ltra m a rin o , ao qu al em
Bem m unidos de recursos de toda ordem , sob re 1581 se ju n tá ra ainda o Brazil, por se haver extin cto
tu d o de força m ilita r, e trazendo logo um a turm a de a dynastia de A viz.
religioso s para a catechese, entraram p o r esse te mpo Procurando tir a r pa rtido daquelle eclipse da so
no M aranhão, e installaram -se na ilha a que deram berania portugueza, apressaram-se os flam engos a
o nom e de S. Luiz. planear investidas contra o p a trim o nio do velh o e
A li puzeram-se de estre ita alliança com as trib u s decahido reino, que calculavam não guardasse a Hes-
vizinhas, e faziam , em plena segurança, la rg o tr a panha como coisa sua pro pria e de fin itiva .
fico em toda a extensão do litto ra l, causando gra n Em 1624, uma grande expedição hollandeza sur-
des m ales aos portuguezes, que tinham até então prehende a Bahia, c apodera-se da cidade, quasi in
levado apenas até o R io Grande a sua avançada para teiram ente desguarnecida. A m aior parte da popula
ção teve de fu g ir para o in te rio r. Os bahianos, porém,
não demoram a refazer-se do susto, e cuidam de
V I. M u ito custou agora e x p e llir d a li aquellcs reparar o desastre. Organizando-se m ilita rm e n te , si
teim osos concurrentes. Grandes e reiterados e s fo r tiam aos intru sos, e os põem log o em aperto, e cm
ços se fizeram com esse fim ; até que em 1615 conse ta l extrem idade que lhes fo i im possível a resisten
gu ia Jeronim o de A lb uquerque levar um a expedição d a quando chegou, no anno seguinte, uma esquadra
cffica z contra elles. Expulsos do M aranhão os france- dc soccorro lnso-hespanhola.
zes, aproveitou-se o ensejo de liqu id ar o d o m in io por- Mas aque lle heroísmo preda tório continuou a
tuguez em toda aquella costa até o Amazonas, te ndo fa re ja r grande parte das nossas costas, ancioso de
o capitão C astello Branco fu ndado n o litto r a l do presa excellente.
T oca ntin s o fo rte do P resépio, que serviu de centro Não escarmentados do m a llo g ro na Bahia, uns
de v ig ilâ n c ia cm todo o estuário, e veio a ser orige m cinco annos m ais tarde vieram os hollandezcs atacar
da cidade de Bclem. a capitania de Pernambuco (1630).
M a l se haviam as populações da colonia desas F oi agora m uito m ais grave o pe rig o para a
som brado de tacs inim ig os , e tinham lo g o de rebater colonia.
uma nova acommettida. A gente da terra não dispunha de recursos de
O o o o o
o o o o o o 18 o o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO IN T E R N A dO N AL
defesa, c não poude evitar o golpe. Os assaltantes V III. O governo do rei, no emtanto, não se
tomaram logo Olinda e cm seguida o Recife; e com apercebia da situação em que ia ficando a colonia.
algum trabalho mais em poucos annos, occuparam, Seguro do seu imperio, só cuidava do Brazil como
não só toda a capitania de1Pernambuco, mas ainda as quem cuida de explorar sôfregamente a sua fortuna.
da Parahyba, c do Rio Grande do Norte; e mais Em vez. de considerar o paiz e a gente como
tarde foram ate o Maranhão, c para o sul até Ser- uma extensão da sua vida e da sua força, preferia
g'pe. crear aqui um regimen de excepçâo, e tornando para
Commandados por Mathias de Albuquerque, re isso a sua autoridade cada vez mais detestada por
sistiram os colonos heroicamente, e por muito tempo absoluta e oppressiva.
não deixaram descanso aos usurpadores. Tir.ha o colono enfrentado com o sell valor a
Só durante o governo do príncipe Maurício de natureza virgem da America. Tinha, com o sacrifi
Nassau (de 1637 a 1644) é que amainou um tanto cio da sua fazenda e do seu sangue, defendido a
a acção defensiva por parte dos pernambucanos. terra, c quasi sempre desajudado da mctropole. T i
Assim que se retirou o principe (em Maio de nha, cxclusivamente pelo seu esforço, ampliado as
1644) rompeu a insurreição geral que andava sendo proporções do dominio, fazendo-lhe duas ou tres
preparada pela propria gente da terra, e quasi sem vezes maior o territorio; e havia enriquecido a mo
audiência da metropolc (já outra vez Portugal, que narchia, que chegára no século X V III a ser da»
havia cm 1640 restaurado a sua soberania). mais opulentas da Europa.
Começa então um periodo de luctas tremendas F. no emtanto, em vez de estima, de solicitude,
entre os patriotas pernambucanos e aquelles intrusos ao menos de justiça, não tinha o colono mais que
que já se julgavam senhores das seis capitanias do menospreço, que intolerância, e que o rigor dos pro
norte, e seguros de ampliar ainda as suas conquis- cessos com que se obstinava a metropolc em manter
integral a dura condição a que o condcmnára.
Durante cerca de dez annos de abnegações e Foi o proprio regimen colonial, pois, que no
sacrificios, illustraram-se, pelo seu valor e firmeza, Brazil, como cm toda a America, poz o colono em
muitos capitães, como Fernandes Vieira, Andrc Vi ríspido antagonismo com a mãi-patria. Des dos p ri
dal de Negreiros, o negro Henrique Dias, o indio meiros tempos, sentiu clle que os unicos tropeços
Camarão, e tantos e tantos outros. Esta alliança, na oppostos á sua vida e bem-estar lhe vinham da côrte.
obra de guardar a terra, das tres raças naturacs que E á medida que o seu esforço, a sua coragem e
mais largamente estão entrando na formação da raça o novo espirito que o fortalece vão desbravando a
historica, é um dos phenomenos mais curiosos e ca terra c conquistando a riqueza, vai também natural-
racterísticos da nossa historia de povo. mente crescendo a sua aversão áquellas instituições
que o pêam e humilham.
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LIVRO n t OURO COM MF. MORATIV O DO CENTENARIO DA
N unes Viaim a, fig u ra com é ffe ito interessante, que diam , eram sempre isolados, c p o r isso fa cilm en te
em certo m om ento fo i senhor suprem o naqucllas re reprim íveis.
giões, c que nem por isso fo i m al v is to na c ôrte F icou isso bem claro nos levantes do M aranhão
de Lisboa. Tâo veheinentc se fe z o clam or dos (1 6 8 4 ), de Pernam buco (1 7 1 0 ), de M in as (1 7 0 8 ), c
baavas, e tâ o decisivos e im periosos os seus protestos o u tro s ensaios de protesto fo rm a l contra os m ales que
que foram até a franqueza de declarar que pre feriria m se soffria m .
trasladar-se com os seus bens para os dom ínios de A in da em 1780, devido á circunstancia indicada,
Hespanha a renunciar áquella com petição p e rfe ita frustro u-se em M inas Geraes um pla no de sub leva
mente le g itim a com os paulistas. ção, que parecia perfeitam ente viável e seguro si em
Só ao cabo de luctas po rfiad as e sangrentas outras condições pudesse te r sido executado.
é que conseguiram a'final as àuto ridades conter os Tram ára-se a li, entre as m ais altas fig u ra s da1 ca
desabrim entos daqucllas hostes, c em pregando m ais p ita nia , o desígnio de fazer a independencia com a
prudência c conselho do que armas. proclamação da republica. Chegaram os conspiradores,
Não se e x tin g u ira por a li, no em tanto, tã o de como ha razão para presum ir-se, a contar com apoio
pressa o germen das dissenções. M o tiv o s de analoga de valiosos elementos, ta n to no R io como em Sno
natureza continuaram a dar ensejo a reclamos e e x i
gências, a sedições e m otins, que 9ó esmoreceram em Aguardava-se, no em tanto, o dia convencionado
1720, com o sacrificio de F c lip p c dos Santos. para o rom pim ento do levante, quando fo i a c on jura
Quasi pe lo mesmo te mpo occorriam em Per ção denunciada, e presos o s conjurados de mais im
nambuco, entre bra zile iro s e portuguezes, as luctas portância.
que to maram em nossa his to ria o nome de guerra Subm ettidos ao ju iz o de uma alçada, fo ra m doze
dos m asralcs, da alcunha que os m oradores de O lin dos conspiradores condemhados á pena ca p ita l, sendo,
da, por menospreço, davam aos negociantes p o rtu porém , apenas executada a sentença no m ais ardoroso
guezes do R ecife. c im penitente de to dos, o T iraoentes , enforcado numa
Sempre amparados pela m etróp ole , procuravam praça publica do R io de J aneiro, em 1792. Os o u
estes, p o r to dos os meios, a u fe rir os mais exage tro s tiveram , quasi todos, a pena commutada em de
rados lucros do commercio que m onopolizavam E gre do perpetuo para varios pontos da A frica.
quando quizeram separar da camara m un icip al de
O lin d a a adm inistração local, revoltaram -se os o lin -
dciiscs, to m ando log o franca o ffc ns iv a armada contra X I. Enganava-sc, no emtanto, a soberania alarm a
os portuguezes, investindo o Recife, e depondo o G o da, suppondo que os excessos de rig o r seriam os
vernador, Sebastião de C astro Caldas, e obrigando-o meios mais cfficazes para m anter aqui o systema de
a fu g ir para a Bahia. medidas com que suffocava im pulsos desde m u ito la
Ficaram os revoltosos senhores da capitania, e te ntes na alma das populações.
cuidaram de preparar-se decisivamente para sustentar A chegada (em 1808) dn fa m ilia real, corrida
as resoluções que tinham tomado. de Lisboa pelas armas francczas, não m udou g ra n
E quando sentiram que sobre a te rra não ta r de coisa na colonia.
daria a fcahir a severidade das leis, chegaram ate a Passadas as emoções que o facto im p re visto p ro
pensar ho recurso extremo de uma com pleta eman du zira no prim e iro m om ento, começou-se a s en tir,
cipação, constituindo-se em republica. cm todas as capitanias, que em vez de m e lho rar,
Vem, no emtanto, sim ulando in tu ito s de conci antes parece que se aggravára a condição da terra,
liação, e parecendo querer in s p ira r confiança a to principalm cnte no que dizia respeito á economia ge
dos, um novo G overnador; e os m ais prudentes ral.
suggerem e fazém vencer o bom aviso de reconhe- Na pro pria ordem c iv il m u ito pouco se a lte rara a
cet-o. sorte dos colonos. Os Governadores e os capitães-
Não se aplacaram, porém, nem assim, os dissí m óres continuaram a ser o s mesmos desabusados
dios e tu m u ltos, sinâo alguns annos depois (1714). pro-consules, em cujas mãos se concentravam to dos
os poderes quando o soberano estava longe.
Q uanto a m elhoram entos materiaes só a p rove itou
X. O pensamento de sacudir aq ue lle pesado algum a coisa, com a presença do rei, a cidade d o
ju g o e lib e rta r a colonia vinha, pois, tornando-se im R io de Janeiro: e isso na tu ra lm cn te, porque era
perioso á m edida que ò d o m in io portug ue z se punha séde da côrte. Era preciso fazer aqui, ou arrem edar
em contraste, cada vez mais irrita n te , com os in te qu an to possivcl, o que havia lá cm Lisboa.
resses, a libe rd ad e c o es p irito das populações. Tornou-se, pois, o Rio o centro de to da a vida
O que, porém , a estas fa ltava não eram apenas do paiz. Para aqui vinham todos os recursos que
os indispensáveis recursos materiaes de guerra para se arrecadavam nas provincias, deixando-se cm to
fazer fren te ás guarnições da colonia. das cilas á m ingua dc meios as necessidades m ais u r
M u ito mais do que isso, o que favorecia o im gentes.
p e rio da m etrop ole era, sobretudo, a circunstancia de P o r isso mesmo com a presença da côrte não
ser o pa iz m u ito vasto, e de se acharem m uito se fez menos do que to rn ar mais violentas em toda
distanciados uns dos outros os grandes nucleos onde parte as velhas prevenções e rivalidades e n tre filh o s
era mais fo rte a opinião e o sentim ento de patria. da te rra e portuguezes reinóes.
N ão havendo, portanto, cohesâo imm ediata entre E ta nto assim que mesmo durante a perm anên
esses nucleos, o que se havia de dar fatalm ente é cia de D . João no Brazil, nem por isso fo ram menos
q ü e os m ovim entos, que se tentavam ou emprehen- evidentes e formaes as manifestações do es p irito que
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CDMPÃNhlA^NÀcíONÃLDETABACOS
M ^ U F A C T U R A deFU M O S C i G A R R O S eCMARU^OS
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X II. Nem esses acontecimentos do no rte, no X III. Eniquanto se cuidava de chamar ao grêm io
emtanto, serviram de aviso aos homens de D. João VI. da nação aquellas provincias esquivas, apressaram-se
Não cuidavam elles de certo que pudessem tão aqui, na capital do novo im p ério, os trabalhos de o r
cedo sobrevir complicações e perigos ainda de mais ganizar o Estado.
gravidade, e a que não teriam forças para resistir. Havia-se já, mesmo antes do lance do Ip iranga,
Eniquanto se celebravam aqui, com to do appara convocado um a assembléa constituinte.
to, as festas da coroação, lá no velho re ino se conspi Esse congresso reuniu-se com e ffe ito em M aio
rava contra aquclla ordem de coisas, que só em Por de 1823, c começou a d is c u tir o projecto de C onsti
tu gal se obstinava o irre du ctivel e im penitente re- tu içã o que se havia elaborado.
galism o em m anter no meio da E uropa sacudida do la aquella assembléa exercendo n iu ito regular
esp irito novo, e a reconstituir-se sob o in flu x o das mente as suas funeções, quando o im perador, mal avi
novas idéas, que lavram como incêndio. sado, e cedendo a suggestões de uma facção pessoal
Em 1820 rom pe na cidade do P o rto a revolução a que se confiára, não trepidou em dissolvel-a, com
constitucionalista, e lo g o trium ph a em to do o reino. grande apparato de força m ilita r, e com ostentações
A repercussão d o successo vem levantar o an i de quem não tinh a p e rfeita in tu ição do papel que lhe
mo geral nas provincias do B ra z il; e em quasi todas cabe num regim en como o que se planeára.
ellas organizam-se Juntas Provisórias de governo ad Desde esse m om ento fo i o im perador perdendo
herentes ás C ortes constituintes que em seguida se a ruidosa popularidade dos dias recentes, e acabou
reuniram em Lisboa. incom patibilizando-se com a nação.
Deslocára-se assim , de um m om ento para outro, O acto de força contra a con stitu in te provocou
o eixo da velha soberania: a majestade posta em che em toda parte as mais vivas suspeitas contra a ín
que já não impera em toda a m onarchia convulsio dole do princip e, que só agora se mostrava tã o eiva
nada. do da atmosphera da velha realeza onde se educára,
O rei aq ui e os seus estremeciam, im m obilizados e que parecia tã o extranho ao esp irito dos novos
de susto ante os acontecimentos com que os surpre- tempos.
hende o destino. E viu-se D . João em taes embaraços, Em m uita s provincias foram formaes e energicos
e tã o assoberbado de perigos; sentiu a sua autoridade os protestos com que se rebateu e condeninoii aquella
tã o dim inuída — que a fin al o unico expediente que violência.
se lhe impoz fo i a vo lta para a antiga séde da côrte, Nem fa lto u mesmo o revide das armas, tendo-se
deixando, porém — dir-se-ia como de p ro po sito — a pro vin cia de Pernambuco in s u rg id o (em 1824) e
o p rincip e real como seu loco-tenente n o governo proclam ado a republica da Confederação do Equa
do Brazil. do r, com adhesâo de ou tras provincias do norte.
Alcançou log o I I. Pedro a situação que esses N aq uclle mom ento de tantas é 'tã o graves com
acontecimentos lhe preparavam. plicações, que faziam recear pe la sorte do paiz, ain
Oesde algum tempo, aliás, que n u tria elle as da Se uniram exe rcito e m arinha a estadistas de acção
mais leg itim a s ambições neste vasto th ea tro da Ame para co n ju ra r aquelle perigo.
rica ; e tinh a mesmo creadc, entre os b ra z ile iro s mais D. Pedro, porém, nunca m ais se reconciliou com
illu stre s daquella geração, o seu grande partido. os b ra z ile iro s ; e o seu de spre stigio fo i crescendo até
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LIVRO DE OURO COM MEMOR ATIVO DO CENTENARIO DA
que o surprehendeu iiaquella conjunctura dc 1831, tiveram os riograndenses de fazer a paz com o im
em que se viu assoberbado de embaraços que o le pe rio , mais que pelas armas vencidos dos in tu ito s pa
varam á abdicação (7 de A b ril) . triotico s e conciliadores do barão (de po is conde, mar-
E que D . Pedro não tinh a a fo rtu n a de com ple quez, e duque) de Caxias, o pacificador .
ta r por uma certa capacidade po litic a ao menos, ou Em 1840 (a 23 de J ulh o) fo i o im perador D.
p o r algum as virtudes dc p rincip e d o seu tempo, Pedro II, por uma revolução parlam entar, declarado
aqucllas excellentes qualidades e aquelle enthusias- m aior (com pouco menos de 15 annos) e entrou
m o com que tomâra e defendera a causa — que era no exercício da sua a lta m agistratura.
ta n to do Brazil como sua — no transe da separação. Depois da m aioridade, occorrêram ainda algumas
revoltas, nas provincias de S. Paulo e de M inas
em 1842, e na dc Pernambuco em 1848. N ão foram
X IV . Corn a sabida brusca do soberano abdican
estas, no emtanto, m u ito mais que sim ples m ovim en
te, installa-sc o governo da Regencia, que se consti tos de partidos, sem caracter de causas p o liticas o u dc
tu e em nome de D . Pedro II, ainda menor. defesa de ideas.
F oi este, de mais de nove annos, o periodo rnais
d iff ic il da nossa historia. T an to na côrte, como em
quasi todas as provincias, houve constantes m otins c XV. D ahi em dia nte é que se norm aliza a
tu m u lto s que fo i necessário re p rim ir pe la força. Os ordem interna.
m ais graves deram-sc na Bahia, em Pernambuco, em Para isso em grande parte concorrem as co m p li
Alagoas, e nas do extremo n o rte ; e o mais teme cações da po litic a pla tina , em que o governo im p e
roso de to dos, no Rio G rande do Sul, onde uma ria l fo i ferçado a envolver-se.
verdadeira revolução, durante p e rto de dez annos Atacada em 1843 pelos exercitos de Rosas (dic-
(de Setembro d c 1833 a M arço dc 1843) fez gra n ta do r de Buenos Aires) pediu a R epublica O rie n ta l
des males á provincia, e chegou a ameaçar scriamente o soccorro d o im pério quando v iu M ontevideo s i
a ordem geral no im perio. O s revolucionários pro tiad a por O rib c , preposto do dictador.
clamaram a republica em P ira tin im , elegeram presi Por m ais de uma razão, cada qual mais le g iti
dente o chefe da revolução. Bento Gonçalves, e con ma e imperiosa, teve o Brazil, por fim , de enviar (cm
vocaram uma constituinte. 1851) um exe rcito de protecção ao povo amigo.
Tentaram os republicanos extender o m ovimen Esse exe rcito (sob o commando de C axias) a
to para o norte, mas inutilm ente. que se a lliaram tropas urugfuaias e argentinas (estas
A fin a l, sem o concurso das demais províncias, da provincia de Entre-R ios, cujo Governador se de-
O o o o o
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INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
clarára contra Rosas) o b rig o u O ribe a render-se, ao p e rio ) poude log o reconstituir-se das devastações da
cabo de p e rto de dez annos de porfiadas refregas em q u e lla torm enta. E só agora é que se póde dizer que
vo lta da praça amargurada. en trou elle na sua verdadeira independencia, con jura
Assim que se libe rtá ra M ontevideo, levaram os das aquellas tres impias tyrannias de mais de m eio
alliad os as suas armas contra Rosas ind o investil-o sécu lo; liv re das quaes poude iniciar uma phase de r e
na .sua p ró pria capital. paração, de existência norm al e de progresso.
Sahiu o déspota a encontro dos aggressores; T erm inada a guerra, que fo i o u ltim o c o n flic to
mas estes, na batalha de Caseros lhe desbarataram externo do segundo reinado, começou-se no im p erio
o exercito em que puzera a sua u ltim a confiança, e o um grande m ovim ento de reformas, tanto sociacs
forçaram a fu g ir para a In glaterra , onde viveu a-inda como po liticas, desde m u ito reclamadas pela nação.
m uitos annos. A o mesmo tempo que renascia vigoroso o esp i
Estava, pois, a R epublica A rge ntin a por sua vez r it o geral, e tomava la rg o incremento a economia
liv re daquella sacrilega tyrannia. in te rna , ia-se também fortalecendo a opinião publica,
M a l socegára algum tem po o governo im perial, retemperando o sentim ento nacional, e pondo fra n
e já cuidava de aproveitar aquelle m omento de paz camente em exame e discussão a po litica dos velhos
para encam inhar a adm inistração do pa'iz, quando teve partido s, e a pro pria fó rm a de governo.
dc levar para além das fron te iras , ainda no extrem o O que neutralizou, no emtanto, até certo ponto,
sul, uma nova guerra, agora contra A g uirre , presi a propaganda republicana por algum te mpo, fo i p rin
dente do Estado O rien tal, instigado pelo dictador do cipalm ente a questão do elemento servil.
Paraguai. Esse problem a fo i seguramente o que, desde
C om o A g u irre se obstinou acintosamente em não 1870, mais agitou o sentim ento nacional.
attender a reclamações que o im p erio lhe fazia con Com quanto a le i Paranhos ( de 28 de Setembro
tra a sua p o litic a em relação a b ra zile iro s habitantes de 1871) tivesse estancado a fonte da escravatura
da campanha orie n ta l, não houve o u tro recurso si- declarando que os nascituros de m ulher escrava, da
não constrangel-o a isso pelas armas. data dessa le i em diante, seriam livre s — continuou o
Vencido A g u irre , levanta-se Francisco Solano Lo es p irito pu blico a clam ar contra tã o odioso espolio
pez bruscam ente, não só contra o im perio, mas con do passado, e num ta l crescendo de vehemencia que
tra os seus demais vizinhos do A tlâ n tic o , invadindo- não fo i mais possível a d iar a solução radical que se
lhes de im p roviso, e sem deciaração de guerra, os te m ia ; e a abolição teve de ser decretada quasi re
respectivos te rritó rio s . volucionariam ente, a 13 de M aio de 1888.
Fizeram então os tres povos — uruguaio, argen E então póde-sc dizer que as instituições politicas
tin o e b ra z ile iro — um tratad o de aiiiança offensiva entraram na phase aguda de uma crise que desde
e defensiva con tra o am bicioso caudilho que sem m uito s annos vinha abalando os fundamentos do reg i-
nenhuma razão de ordem po litic a se atrevia a per
tu rb a r a paz na Am erica d o Sul. O que mais concorreu para com prom etter os
D epois de haverem rechassado das provincias destinos da monarchia naquelle momento fo i sem
invadidas as trop as do dicta do r in im ig o , e de ha duvida a exagerada confiança dos seus grandes esta
ver-lhe a esquadra im p e ria l annullado o poder naval distas na efficiencia do systema, e em contraste com
na m em orável batalha do Riachuelo, tomaram os a llia a a ttitu d e de franca antipathia e repulsa que contra
dos energica offen siva contra López. elle tomaram a fin al as forças arma'das, m u ito seguras
T ornou-se log o im possível a resistência do ag de que no sentim ento popular não encontrariam fo r-
gressor lá no p ro p rio te rr ito r io , apesar dos conside maes resistências.
ráveis recursos de gu erra que tinh a accutnulado. Não ta rdou que sobreviesse a crise daquella
Em quanto levavam os alliad os de vencida os que se chamára questão m ilita r, e que, explorada ha
exercitos do dicta do r em continuos encontros (dos bilm ente pelos republicanos, devia produzir o resu l
quaes o mais fo rm idá vel fo i o de T u y u ty , a 24 de ta do que seria fa c il prever á vista dos m u ltip lo s fa cto
M aio de 1866) forçava a nossa esquadra heroicamen res que se vinham preparando desde m u ito : quando
te, no r io Paraguai, os passos de C uruzú, de C uru- menos apercebidas andariam as provincias (onde não
p a ity, e da temerosa H um aytá, obrigando-se assim havia m uito mais que vagas aspirações de pequenas,
Sclano López a ir de recúo em recúo para o norte,, e em m uitas até de insignificantes m in orias) dão-se
e a fin al a m etter-se com o restante da sua gente na n o R io de Janeiro, com todas as apparendas de uma
região das C ordilheiras. surpresa, os acontecimentos de 15 de N ovem bro dc
A li fo i atacado; e teve de andar, indom ito c 1889.
cruel (e m ais cruel com o p ro p rio po vo que s ac rifi À fren te das tropas da guarnição, perfeitam ente
cava do que com os exercitos que o perseguiam ) m u unidas, e «de accôrdo com as forças da marinha, pro cla
dando de acampamento quasi to dos os dias, im pondo ma o marechal D eodoro da Fonseca, na manhã da
aos m iseros que lhe obedecem o castigo de acabar q u elle dia (n o lendário Campo de Sant’ Anna) a des
com elle. titu iç ã o do m in is te rio Ouro-P reto, e em seguida a
E e lle só acabou quando desbaratado e m orto deposição do p ro prio imperador, e a in stitu ição da
(em C e rro C orá, a 1 de M arço de 1870). republica.
N ão houve siquer signaes de protestos de nenhum
dos dois partidos m ilita nte s , nem de nenhuma classe;
X V I. C om a m orte de López acabou a guerra. a rep ub lica fo i saudada, por uns como um grande so
O povo paraguaio (am parado pelos vencedores nho que se realiza pondo em d e lirio o son ha do r; e
daquelle feroz despotism o, e principalm ente pe lo im p o r ou tros como uma nova ordem de coisas que não
o o o o o o 23 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEAIORATIVO DO CENTENARIO
se previra, mas que lo g o se viu que podia ser tão lhe seguiu (d o marechal F lorian o P e ixo to ), foram
bem explorada como a ou tra. m u ito agitados.
N o p rim e iro m om ento houve um como silencio Desde, porém , a p rim eira presidência civ il (a
de pasmo. D ir-se-ia que a nação accordára naquclla d o D r. P rud en te de Moraes) começou a norm alizar-
manhã tom ada de um susto que a im m o b iliz a ; mas se a nova ordem p o litic a, tendo s ido apenas mais d if-
lo g o vo ltá ra a si. fic il de fix ar-s e a situação em algum as das antiga-s
N o fu n d o de to das as consciências o que é ver provincias constituídas em Estados.
dade c que o fa cto andaria sentido ta l como era: a Logo que se sentiram conjuradas as difficu ld a d cs
republica vinha a fin a l como uma solução m u ito lo g i dos prim eiro s tempos, fo i o pa iz entrando seguro
ca da nossa propria h is to ria , pois a monarchia' não numa phase nova de v italidade c d e . rcconstrucçâo,
tinha raizes no sentim ento dos brazileiros. Adoptada tanto na sua vida interna como nas suas relações com
em 1822 como fórm a de transição que os acontecimen todas as nações do mundo.
to s impuzeram , póde-se dizer que ella só viveu, de
1840 em diante, do p re s tig io pessoal de D . Pedro II. A o com m em orar agora o seu p rim e iro centenário
como na ção ,, prospero e pacifico, sente o B razil que
tem o seu grande papel no c on vivio internacional, e
X V II. Teve a republica, nos seus p rim eiro s diasvai para o fu tu r o m uito conscio dos seus destinos, e
de vencer alguns embaraços, que eram m u ito naturacs largam ente in sp ira do nos sentim entos de p e rfeita so
desde que se ensaiava um regim en novo, em contras lidariedade m o ra l com to dos os povos americanos.
te com tradições de perto de setenta annos.
O governo do marechal D eodoro, e o que se Rocha P ombo .
o o o o o o 24 o o o o o o
V Í3 T A
FALCm.PAPiNl &C^1
. raw^io fucriuu •
CHotoLATa— ;
000 00 0 25 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO
ricana e já o pensamento republicano, inspirado pela racá, os padres A n to n io Pereira e Pedro de Souza
liberdade da Patria, surgia illu m in a n d o a consciên T cno rio , o C oron el A m aro Gomes C outinho, os Tc-
cia dos naturaes com essa epopea que fo i a m allo- nentes-Coroneis Silveira e P e regrino de C arvalho,
grada — Inconfidência M in eira, c u jo insuccesso, fr u os Capitães T hc o to nio Jorge c Barros Lim a — o
to de v il traição, não conseguiu abater o ju s to ideal Leão C oroado, — o Tenente A n to n io José H enrique
dos que aspiravam uma pa tria liv re da oppressão. e Ignacio Le op old o de Albuquerque Maranhão.
O baraço que estrangulou S ilva Xavier — O Em 1821, no R io de Janeiro, o A lm ira n te Ro
Tiradentes, — não fo i bastante para d e struir as as d rig o P in to Guedes, o b riga de iro G e ne lli, o ju iz da
pirações de independencia, com a fo rm a de governo Alfandega T a rg in i, Lu iz José de C arvalho, Isidro
rep ub lica no ; e, tã o pouco, a gale perpetua, a que Francisco Guim arães, João Severiano, M aciel Costa
fo i condem nado José M a rtin s Borges, avilta do pelos e outros patriotas, tiveram que se occultar para evi
açoites na praça publica, d im in u irá o v ig o r das con ta r sorte egual á daquelles heroicos e grandes vul
vicções. to s que pagaram com o su p p lic io da forca uns, o
Em 1798, surge de novo a idéa da independen com o degredo outros, o grande crim e de haverem
cia nacional, ainda uma vez m allog ra da pela dela cogitado da libertação da patria que a uns v ira nas
ção. Além do supplicio da força in flin g id o a G onçal cer e a ou tros acolhera como filh o s.
ves das V irgens, Lu iz Dantas, João de Deus, Luiz
Pires e F austino Lyra, o C on tine nte N egro, recebe Como resalta, antes que em 7 de Setembro de
como degradados onde succumbcm, os conjurados 1822 fosse estabelecida a M onarchia no Brasil nada
C yprian o Barata e M arcelino A n to nio. menos de qu atro pronunciam entos serios, diversos m o
De no v o em 1817 na Bahia e Pernambuco sur tin s de m enor im portância se operaram, em p ró l da
ge o m ovim ento pela emancipação da patria. independencia, to dos elles sob o caracter re p u b li
F o i organizado um G overno pro v is o rio que des cano. Vem a m olde, como prova da aspiração repu
ce ás ruas armado com o povo a dar combate ás blicana do es p irito po pu lar, as palavras de José C le
hostes do governo da m etrop ole , que, trium phando, mente Pereira, a 9 de Janeiro desse mesmo anno,
faz encarcerar deshumanamente quatrocentos e tantos quando concitava ao P rincip e Pedro, filh o de João VI,
bra sile iro s e portuguezes que commetteram o fe io a desobedecer ás ordens das cortes da m etrop oio
crim e de aspirar uma pa tria liv re . que o intim avam a regressar á mãe patria.
Toram então fuzilados os d istin ctos padres Ro «Será possível, (d iz ia C lem ente Pereira ao p rin
ma e M ig u e lin o , c D om ingos José M artins e José cipe Pedro), que V. A. Real ign ore que um pa rtido
L u iz de Mendonça e enforcados o v ig á rio de Itama- republicano, m ais ou menos fo rte , existe semeado
o o o o o
O O o o o 26 o o o o o o
IN D EPE N DE N CE E EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
3 qu i e a li, em m uita s P rovincias do B rasil para não Em 1835 o D eputado A n to n io Ferreira França
dizer em todas? 1» apresentou ao Parlam ento um projecto de le i no
Ê fe ita a emancipação p o litic a do B rasil a 7 sen tido d c cessar o governo do Brasil de ser p a tri
de Setembro de 1822, mas essa emancipação não m onio de uma fa m ilia, devendo o Im perador D. Pe
conseguiu desraigar da Consciência nacional as sym d ro I I c suas irm ãs ceder os seus p rivilé gio s, re
pathias convictas pela democracia pura. cebendo p o r uma só vez um subsidio para com pleta
Até o dia da proclam ação da nossa emancipação rem sua educação e fic a r a nação governada, desde
po litico-social, o povo, (com o m u ito bem disse Lo lo g o , por um presidente nomeado de dois em dois
pes T rovão , em im p o rta n te pam phleto), deslum brado annos pelos eleitores das provincias.
pelo espectáculo grandioso que lhe o ffc rc c ia a quasi A 23 de J ulh o de 1840 era conferida a m aiori
to talida de das nações já libe rta s da Am erica, ama dade de D . Pedra I I, cuando elle não havia ainda
va a R epublica simplesm ente pela R epublica; dahi a ttin g id o aos 15 annos de edade! N o emtanto o ci
em diante, porem, começou a estremecel-a ainda mais dadão só aos 25 annos podia eyercer o elementar
pelo o d io que lhe inspiravam as libertinagens, os d ire ito do v o to !
desatinos, as violências, os crim es, pu blico s e p r i Estavam o s destinos de uma nação a se fo r
vados do p rim e iro Im pe ra do r e do c o rrilh o passivo mar entregues a um a creançal
e subserviente de que ellc se acercara para exercer Não commentamos, o nosso objectivo não é ana-
com m ais segurança os seus brutaes e grosseiros ins lysar e tão sómente re p ro d u z ir apontamentos sobre
tinctos dcspoticos. a propaganda republicana.
A consequência fo i o 1831 na B a hia ; o 1829 Em 1835 irro m p era a revolução no R io G ra n
em Pernam buco; o 1824 que fu n d iu as Provincias de d o S u l, com o fim de fu nd ar a Republica de
da Parahyba, Ceará, R io Grande do N o rte e Per P iratin im .
nambuco em um só Estado sob a denominação de O governo lançou mão de todos os recursos
«Confederação do Equador», e fina lm e nte o 7 de para a n niq uilar e vencer o brio s o e valente povo
A b ril em que o tiran c te fo i daqui e x p ed ido pela gaúcho, form ado p o r essa leg iã o sublim e dos filh o s
cólera popular. dos pampas. As levas de homens armados se suc-
E xp ulso Pedro I o paiz entrou no periodo re- cediam umas ás ou tras, se.n resultado aproveitável.
gencial. horam nove annos de lutas sem tréguas, pelo Aggrava-se a situação com a attitud e da Cama-
p a rtid o monarchico, já d iv id id o em duas partes ir mara M un ic ip a l d c Sorocaba, que proclama a revo
reconciliáveis; uma qu eria a restauração d o prim e iro lução na P rov in da de S. Paulo, em 1842. Também
im perador deportado, outra sustentava a regência; M inas Geraes revoluciona-se na mesma epoca. Ala-
uma procurava espaçar o regim en regencial cmquan- g o a - em 1844 increm enta a crise oue assoberba o
to que a outra reunia to dos os esforços para entregar Im pério.
o go vern o da nação ao he rdeiro pre sum ptivo da corôa, E doloroso dizer-se, mas o p re s tigio das ar
um m enino e n v olv id o ainda nas fa ixas constitucio- mas dos nossos valentes e dedicados soldados, pas
naes da m enoridade. sou a valer menos que o d in he iro !...
A s consequências dessas lutas foram as sanguei- Surgiram os im ita do res de Joaquim S ilverio dos
ras d o generoso povo, as quaes em 1831 inundaram Reis, (o delactor da Inconfidência M in eira), e os
por duas vezes as provincias de Pernambuco, Pará gencraes regressaram de Alagoas, Minas Geraes, S.
c M aranhão e um a vez o Ceará e a cidade do R io Paulo e Rio Grande do Sul, com as laureas de
de Ja n e iro ; em 1832 na p ro vin cia de M in as Geraes triu m p h o bem pouco edificantes.
e também nas ruas do R io de J an eiro; em 1833, Em 1848 Pernam buco insurreccionou-se de no
mais uma vez n o Pará e R io de J an eiro; em 1831 em vo c bateu-se desesperada e valentemente em san
M a tto G rosso ; em 1835, mais uma vez no Pará e grenta campanha, que term ino u de modo op probrioso
no R io Grande do S u l; em 1837 na Provincia da para o Im perio.
B ahia; em 1838 ainda uma vez no Maranhão. C on fian te em promessas de amnistia, o pae de
Pedro Ivo, um dos chefes da revolta, entrega o f i
lho ao governo que, deslealmente, o mandou encar
cerar, carregado de fe rro s , em um calabouço da F or
III taleza de Santa C ru z. Pouco tempo depois desappa-
rccia sent que se saiba até h o je, como c nem para
onde!
O pensamento republicano não se extin gu iu, es Para o povo, Pedro Ivo fô ra cobardemente as
tava apenas am ortecido. N o em tanto jorna es desse sassinado no m y s te rio d o seu cárcere e com elle,
tempo pregavam a supressão da monarchia, confor como m u ito bem disse dis tin c to escriptor, a d ig n i
me a ffirm a o his to ria d o r im p erialis ta A m irtag e. Essa dade nacional que, nos u ltim o s movim entos de Per
idea conquistou ta l preponderância nessa occasiâo, nambuco, M inas Geraes e R io Grande do Sul, re
sobre a consciência publica, que houve uma p ro presentaram uma grande força que succumbe lu
posta pedindo a federalisação do paiz e outra dan tando.
do autonom ia ás provincias com constituição pro pria O paiz, mal fe rid o , to lh id o nos seus justos asso
e ainda a 10 de J ulh o de 1831 um p ro je c to deter mos de independência e hom bridade, cahiu vencido
m inando a v italicied ad e do governo na pessoa de nas mãos do Soberano.
D. Pedro II, sendo que, depois de sua m orte, o Annos se succederam e com elles graves e serios
governo passaria a ser tem p orario, na pessoa de um acontecimentos, dos quaes os dois partidos p o liticos,
presidente das provincias Confederadas. — Lib e ra l e C onservador, — quando no ostracis-
o o o 27 o o o o o o
LIVRO OE OURO COMMI: MORA TIVO DO CENTENARIO OA
o o o o o o 28 o o o
HILDEBRANDS- BRESSANEa
«A O PA U LO
to r io D esenho. P in tu ra E n
g e n h a ria . G y m n a s tic a , etc...
'\2nhos d e S o rd m uC e de g o u r tfo tfn e .
lic o r e s e C b ^ n a c s .
A is/jtia ftjra s p a r a jo m e i a tra n jciro A
Ruo 15de Nove mbro - Mf22 CaixadoCorreio A
5 AO PAU LO
End Telegr "6arraux'S. Paulo Teleph Central 153
o o o o o o 29 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMORAT IV O DO CENTENARIO DA
Tod os os dom ingos, a palavra desses propagan tes na volumosa collecção daquelle jo rn a l que, in
distas, verdadeiros m issionários, se fazia ou v ir em contestavelmente, fo i um elemento poderoso que ope
um theatro desta cidade e, assim, pouco a pouco se rou a profunda mudança nos costumes do povo, na
fo i firm a nd o um a fo rte corrente de opiniã o contra parte relativa á le itu ra de jornaes.
a monarchia, principalm ente na camada popular. Até áquella data, o op era rio b ra sile iro , com ra
Nessa época a «Gazeta de Noticias», fundada rissim as excepçôes, não lia , porque era-lhe penoso
p o r F erreira de A rau jo e M anuel C arne iro , exercia dar preço exagerado p o r um num ero do «Jornal do
benefica influ en cia popular. Estes escriptores com pre Commercio».
henderam as vantagens do jo rna lism o m oderno, dis Jornal de orientação democrática, rotulado com
cutin do com elevação de vistas e imparcialidade os o titu lo de neutro — deu golpes profundos nos costu
assumptos de interesse publico. mes do tempo, photographando pe lo lado rid icu lo
Em documentos que temos á mão diz um escriptor o que havia de absurdo nas «instituições juradas».
daquelle tempo cm referencia a este jo rn a l: Assim é, que, algum te mpo depois da sua crea-
ção, a traquitana e papos de tucano imperiaes, não
faziam mais o e ffe ito da p rim itiv a quando o povo
«Póde-se diz e r que á época do seu apparecimcn- embasbacado ia esperar o ex-monarcha p o r occasiâo
to , poucos eram os individ uos que liam jornaes. Este da abertura do parlam ento.
facto era devido ao preço excessivo do «Jornal do Pouco a pouco, e, naturalm ente, como se t i
Com m ercio» que m onopolisava o jorna lism o flu m i- vesse um plano traçado e do qual não se arredasse
uma linha, conseguiu a «Gazeta de N oticias» domes
O estabelecimento de vendagem avulsa in icia ticar a rebeldia do povo, obrig ando-o, p o r assim d i
d o pe lo «Jornal de Noticias», que não conseguiu do zer, a estabelecer p a ralellos entre os dous partidos
mar a ind iffere nça das classes profundas da socieda monarchicos que se gla dia vam ; a re fle c tir sobre a
de, desenvolveu-se por ta ! fórm a com o apparccim en- fa lta de patriotism o dos homens publicos que, no
to da «Gazeta de Noticias» que em breve tempo, ostracismo construíam programmas soberbos c que
conheceu o «Jornal do Com m ercio» te r á sua fren uma vez no poder, esqueciam-nos sem escrúpulos.»
te um adversario digno de respeito.
Ferreira de A raujo, H enrique Chaves, José do
P atrocinio, F erreira de Menezes e tantos outros es Ge facto, Ferreira de A raujo, im p rim iu ao seu
crip to re s notáveis, quer em artig os de fundo, roda jo rn a l uma feição toda especial dem ocratisando a im
pés ou chronicas ligeiras, deixaram paginas brilh a n prensa, não só na cap ital, mas de to d o o paiz, que,
<O o o o
o o o o o o 30 o o o o o o
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
mais ta rde, preparou essa fo rç a que fez a in s u rre i ordens, nào consentiria que proseguisse, rum o do
ção p o r causa do «im posto do vintém » que fez a Paço (aliás guardado por fo rças das tres armas),
abolição e a Republica. quer o ora do r, quer qualquer o u tra pessoa.
O então m oço e valoroso trib u n o , em phrases
causticantes contra o governo, pediu ao povo que,
V II com elle se retirasse, deixando, porém, comprovada
a falsa comprehensão que a M onarchia possuía do
d ire ito de representação.
A despeito do retrah im e nto dos chefes do par Já a massa po p u la r, que rumava para o centro
tid o republicano, grupos esparsos procuraram m an da cidade, se encontrava nas proxim idades do an tigo
te r o fo g o sagrado, reencetando, é certo que com M atadouro, ho je praça da Bandeira, quando á toda
lentidão, o m ovim ento da propaganda. a brida , m ensageiro d o Paço dirige-se a Lopes T ro
(.rcaram -sc clubs, na apparcncia literários, mas vão, declarando que o Im perador o receberia e a
que no fu nd o eram puram ente republicanos. uma commissão, ao que lhe responde o trib u n o :
Os C lub s P opular, T ira de nte s e S. C hristovão «Ide e d iz e i a S. M . o Im perador e vosso amo,
prestaram reaes serviços, até que os chefes, ainda que um povo d ig n o como este que ahi vedes, não
prudentes ou vacillantes, reorganisaram o partido, volta nunca, s obretudo quando o escorraçam como
procurando concentrar forças disseminadas, fo rm an turba de lacaios e desordeiros! Ide! D izei ao Im
do a commissão directora no m u n ic ip io n e utro e em perador que em quanto eu estiver á testa da m u lti
N ictheroy. dão, como seu director, me esforçarei p o r dem onstrar-
Resurgia mais uma vez o ideal republicano. Ihe que a soberania nacional reside no povo e não
E fe ita a te ntativa da fundação de um jo rn a l
francam ente p a rtid á rio . O D r. A n to n io da Silva N et- E annunciado no vo «meeting» para o largo do
to e ou tros m u ito se esforçam para levar a e ffc ito Paço. A lg un s chefes do pa rtido republicano, apavo-
essa idéa que fracassou. ram-sc e procuram dissuadir o trib u n o p o p u la r a se
Em 1879 Lopes Trovão assume a redacção da g u ir no seu p ro p o s ito ; elle , porém, com prom ettido
«Gazeta da N oite», fundada a esforços d o distincto com o povo, c um priu a sua palavra.
medico D r. F erreira Leal e Tenente Joaquim Pedro A 1.*' de Janeiro de 1880 (d ia de gala e co r
da Costa, veterano da guerra do Paraguay. te jo no Paço Im p e ria l), ás 12 horas precisas, L o
C om o concurso deste vesp ertin o e com as con pes T rovão chega ao local designado, bem p ro xim o
ferencias dom inicaes nos th eatros e clubs, fo i se fo r ao palacio, sendo recebido por uma estrondosa ova
m ando, mais uma vez, vultuosa corrente, a fa vor ção, onde cerca de dez m il pessoas o acclamavam.
da Republica. Documento que temos diante dos olhos, refe
Surge a decretação d o im posto de vinte reis rindo-se ao caso, assim o descreve:
em cada uma passagem de bond, o «im posto do
vintém», como o povo o denom inou. «Lopes T rovão approxim ou-se d o chafa
Lopes T rovão e José d o P a tro c in io o comba r iz que ainda ho je existe naquelle largo ,
tem na imprensa. Tomam conta da questão c irm a venceu facilm en te a parede da bacia do m o
nados pelo mesmo o b jec tiv o , vão á trib u n a po pu lar num ento e dahi, dom inando a m u ltidã o, a g i
a pro flig a l-o . tada como o Oceano revo lto, a tiro u a pa
E convocado um «meeting» no então C am po lavra com que precedia sempre os seus dis-
de S. C hristovão, ho je praça D eo do ro da Fonseca,
p ro xim o ao Palacio Im pe ria l, actualm entc Museu Na «Cidadãos — Nesse m om ento as ondas
cional. populares acalmaram-se como por encanto
A concurrenda ascendeu a mais de o ito m il c o silen cio p ro fun do fez-se em toda aquel-
pessoas de todas as camadas sociaes, da mais ele la enorme massa de povo, on de batia an-
vada á mais modesta. O o ra d o r fo i Lopes Trovão, cioso o coração da patria.
tendo ju n to de si José do Patrocinio , Alm eida Per «F o i um discurso eloquente, atraves
nambuco, Vicente de Souza, A lb e rto de C arvalho, sado pe la logica te rrív e l dos fa ctos e m o
F erro Cardoso, Placido de A b re u, Francisco da S il v id o p e lo grande am or p a trio tic o que en
veira Lobo, C ab ra l Noya e grande num ero de ra vo lv ia to da a alma do moço trib u n o , o que
pazes das escolas superiores, onde eram vistos m u i naquelle instante produzia o seu verbo in-
tos da Escola M ilita r da P raia Verm elha, fa rdados flam m ado.
uns e á paisana outros.
Lopes Trovão, depois de um curto, mas v i «O povo, m oços c velhos, oriun do s deste paiz
brante discurso, cortado, de instante a instante, por ou filh o s da velha Europa, a p rin c ip io ouvia-o com
freneticos applausos da considerável assistência, leu toda a calma, mas, pouco a pouco, animando-se, sen
uma representação que devia ser levada ao M on ar- tindo-se tocado pela c orrente electrica da eloquên
cha. O s applausos explodiam sem cessar, bem como cia bem d irig id a , começou de exaltaF-se acclamando
os vivas á Republica. a p ro pria soberania e irro m p en do em enthusiasticos
Quando o povo, te ndo como gu ião o orador, vivas á R epublica.
se encaminhava para o Palacio Im pe ria l, o D elega «A exaltação p o p u la r chegou a ta l ponto que
do de Po licia , bacharel F e lix da Costa, capitanean nào sendo mais possível contel-a nos lim ite s da p ru
do numerosa fo rça de p o lic ia m ilita r e civ il, embar dência, estendeu-se como um vagalhão enorme por
ga-lhe o passo, declarando que, em cum prim ento de to d o o seio da cidade.
oooooo 31 oo ooo
LIVRO DE OURO COMMEMORAT1X0 DO CENTENARIO DA
A lu ta entre a p o lic ia e o povo toma caracter Era o prenuncio da desordem prom ovida e d i
m uito sério e grave. A cidade entra cm franca re rig id a pela suprema autoridade po licia l.
volução. A trop a deixa os quartéis em marcha ace A massa popular reage. Vivas ao ora do r e á
lerada ao ru fia r dos tambores. O povo form a b a r ri R epublica estrugem, sem cessar.
cadas. Os pelotões avançam para ellas e p o r mais Lopes T rovão cruza os braços, emquanto que
de urna vez são rc p e llid o s , ate que trium phant. a briza revolve a sua cabelleira, nesse tempo «ru
H ouve m ortos, fe rid o s e grande numero de p r i bra como a cauda do relam pago em negra e tempes
sões que atapetaram as estações policiaes e a Casa tuosa noite» e calmo, a ltiv o e energico exclama:
de Detenção. — C analhas!
Eram novas victim as que vinham augm entar o Esta sim ples palavra vibra de tal modo que
grande num ero das que, desde os tempos coloniaes, da massa p o pu lar explodem delirantes vivas á Re
se deixavam matar p o r um a form a de governo que pu b lic a e ao orador.
lhes parecia mais consentanea com a dignidade hu- A turba avança e o C hefe de P olicia mescla-
se com ella , com cila irmana-se, com ella se con
Era a eterna his to ria das lutas, sempre em p ro l fu nde e ainda com ella tenta approxim ar-se da t r i
de idcacs que raramente se corporificam , mas pelos buna.
quaes o povo. em sua ingenuidade, se deixa iro- O povo reage; form a uma massa compacta, uma
b a hir e sacrificar. m uralha humana, sem te m o r aos cacetes manobrados
Pouco tempo depois dos graves acontecimen por possantes braços e ás navalhas e punhacs que
tos que vim os de re fe rir, dcsappareceu a «Gazeta ■c fu lg em ameaçadoramente.
da Noite-' e surge o «O Combate», fundado por A esforços e a solicitações reiteradas dos seus
Lopes T rovão, de parceria com alguns operarios, am igos o o ra d o r deixa a trib u n a para evitar a effu-
(com positores), dentre os quaes o velho republicano são de sangue, tomando a direcção da Rua do Es
Joaquim A ugusto de C astro M iranda, que prestou p ir ito Santo.
os mais relevantes serviços á causa da democracia, A c orja nefanda e numerosa de assalariados se
sempre desinteressadamente. gue-o sempre a corcovcar e a p ro fe rir phrases de
b a ixo calão encorajada pelo chefe que, ao envez de
g a ra n tir a ordem , prom ovia a desordem.
H ouve, porém , a reacçâo e a c orja m aldita teve
V III
que recuar para v o lta r de novo, com novos reforços.
Estabelece-se a luta até á esquina da travessa
Em 1S81 c apresentado pelo senador Saraiva das Barreiras, onde existia o Café Lucinda e onde
o projecto de reform a ele itoral. Os republicanos, os republicanos se entrincheiraram .
em consequência do censo elevado e anti-democratico, D epois de quasi uma hora de lu ta a turba re
resolveram com batel-o até na praça publica. tira-se ao te mpo que um casal francez, sciente de
Annuncia-se um «meeting» e a po licia move- tudo, residente p ro xim o ao local da acção, acolhe
se. Os republicanos são avisados de que o governo o trib u n o e alguns amigos, ao som da Marselhcza.
assentara im p ed ir de qualquer form a essa m anifesta A desordem, isto é, os representantes do c ri
ção de pensamento. me tomam conta da cidade e ao anoitecer, com ar
Ha uma reunião de republicanos no escriptorio chotes incendiados percorrem diversas ruas estabe
do D r. Alm eida Pernam buco; discute-se o caso; a l lecendo o panico até que se dirige m á rua de S.
guns opinam que se adie o «meeting», ha dive rg ên Pedro, onde destroem o m ate ria l do «O Corsário»,
cias, acalora-sc a discussão, quando, em dado m o jo rn a l que além da parte condemnavel em que tra
mento, Lopes Trovão, que até então guardara sile n tava da vida privada da sociedade flum inense, lan
cio, diz com energia: çava frequentem ente artigos adm iravelmente bem tra
«Não discutam mais este assum pto; elle está çados de critica politica.
por mim reso lvid o desde que annunciei o com ício
no Largo d o Rocio. Estou oom prom ettido com o povo, Também o cm pastclam ento da «Gazeta da T a r
não fa ltarei ao meu com promisso!» de», jo rn a l de Ferreira de Menezes, que mantinha
Meia hora depois, po vo e p o lic ia se en fren ta as glo rio sas tradições da «Gazeta da Noite» e do
vam na actual Praça Tiradentes. «O Combate» estava destinada a mesma sorte do
A po lic ia , reforçada pela escoria da nossa s o «O C o rs á rio » ; mas Ferreira de Menezes havia to
ciedade, aguardava o m om ento de acção. O chefe mado precauções, armazenando em sua redacção, além
de policia, desembargador T rig o de Loure iro , tr a 'de alguns saccos de cal, m uitas latas de insecticida
zendo na cabeça enorme chapéu desabado, empunhan e armas de fogo, de m odo que, quando o Desembar
do respeitável bengalão, postou-se na escada d o H o gador T r ig o de Lo ure iro apresentou-se para offe-
te l Po rtug al, emquanto que os republicanos, ju n to recer as garantias da po lic ia , o D r. F erreira de
da estatua de Pedro I im provisaram u.na trib u n a Menezes agradeceu, dispensando-as, m ostrando-lhe,
que é galgada pelo p o pu lar trib u n o sob delirantes porém , os elementos de defesa, ao que o Chefe um
acclamações de m ilhares de ouvintes, que, se.n ces tanto desconcertado, disse:
sar, dão vivas á Republica. — «Os senhores realm ente estão bem prepara
Lopes T rovão pro fere algumas palavras, quando dos!»
do gru po chefiado pe lo p ro p rio chefe de policia, a D ias depois eram deportados alguns rapazes por-
um aceno que faz, desencadea-se infe rna l vozerio tuguezes, dentre os quaes J u lio de Vasconcellos que
de vivas á Monarchia. tomara parte saliente na revolução d o «imposto do
Calçado POLAR — Rio de Janeiro.
IN DEPENDE N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
vintém ». T odos esses rapazes tinham posição d e fi re, com habilidade e ta lento, propinam lentam ente os
nida e residência an tig a no Brasil. ideaes aos seus alumnos. Na Polytechnica Manuel
J u lio F a v illa Nunes e o au to r destas linhas T im o the o, Ennes de Souza, Joaquim e José M u rtin h o
fu ndam o «Jornal da Noite» francam ente a.nparado p o ntifica m do mesmo modo que os seus collegas da
pe lo pu b lico que esgota as suas edições. Escola de M edicina, emquanto que a glo rio sa Escola
A parte in te lle c tu a l fô ra confiada a Lopes T ro M ilita r da Praia Verm elha dá exem plos fecundos
vão, U b a ld in o do Am aral, F ontoura X avier, A ristides de civismo.
Lobo, José M a ria d o Am aral e outros. Q u in tin o Bocayuva, com a ponderação que lhe
A po licia , além d o suborno de alguns vende era peculiar e A ris tide s Lobo, com a vehementia
dores, mandou que agentes espancassem c prendes p ro p ria d o seu fe itio , nas columnas do «O Paiz» e
sem os que resistissem á corrupção, a despeito dos «Gazeta Nacional», desferem profun do s golpes nas
protestos, na C he fatura de Po licia , p o r parte dos institu içõe s, com ta nta convicção e v ig o r que deses
Deputados A n to n io P in to de Mendonça e José M a peram os adversarios.
riano, ambos monarch istas, mas revoltados pe lo pro la m b e m Ferreira de A ra ú jo pelas columnas da
cesso de abafar a liberdade do pensamento. «Gazeta de Noticias», coopera, directa e indircctam cn-
C u rta fo i. p o rtan to , a vida do «Jornal da te para increm entar o m ovim ento republicano.
Noite». São organizados os C lu b s das Escolas de M e
dicina e Polytechnica.
F erreira Vianna a ffirm a que «o Im pe ra do r es
IX trag ou to das as fo rças vitaes da Nação»; Cotegipe
diz que «o doente desesperado m udou de cabeceira
e que não é m uito que o cidadão, fe rid o em seus d i
Pouco tem po depois, Lopes T ro v ã o parte para reito s faça o mesmo»; S ilv eira M a rtin s g rita que
a Europa como correspondente do «O G lobo», dia «somos um rebanho de ovelhas»; A ffo n s o Celso, diz
rio que tinh a com o redactor em chefe Q u in tin o Bo que «no Brasil já nem se salvam as apparentias»;
cayuva e a trib u n a p o pu lar silenciou inteiram ente M a rtin h o de Campos deixa p a rtir o bra do de cons
até que de novo desperta, não para pro pagar as idéas ciência de que «se envergonhava de ser m onarchis
republicanas, mas para dar vigo ro so com bate á es ts » ; Souza Dantas, affirm a que em «p o litica só re
cravidão. presenta a sua ind ivid ua lid ad e» , etc.
Surge José d o P a troc inio na arena. A lu ta toma Taes «sentenças» pro ferida s p o r homens que bem
trem enda feição, nella também toma p a rte um grupo conheciam as cousas do Im p é rio são aproveitadas
de rep ub lica no s; confratcrnisados republicanos e mo- pelos republicanos para convencerem á Nação de que
narchistas lutam heroicam ente, até que a 13 de M aio ella não tinha servidores leaes e de que os partidos
de 1888 a campanha tem glo rio s o te rm o, e x tin gu ind o m onarchicos eram compostos de am biciosos vulga-
a escravidão n o Brasil, graças aos titâ nicos esforços
dos a b olicion istas e á a ttitu d e digna, no bre e ele Era esta a situação da p a tria commum quando
vada d o E xe rc ito , que se negou á captura de escra fo i fe ita a abolição, um dos mais grandiosos acon
vos fugidos. te cim entos que têm g lo rific a d o o Brasil.
A campanha a b o lic ion is ta enfraquecera a pro Desde 1887 o p a rtid o republicano já então re
paganda republicana, no em tanto é preciso salieutar- organizado, começou a desenvolver-se notavelmente,
sc que alguns republicanos do an tig o M u n ic ip io Neu recebendo francas e notáveis adhesôes.
tr o e p ro vin cia do R io de Janeiro, e n tre os quaes N os mais im portantes centros das provincias de
Saldanha M a rinh o, Q u in tin o Bocayuva, A ris tide s Lo S. Paulo, R io G rande do Sul, M in as Geraes, Rio
bo, U b a ld in o do Am aral, Alm eida Pernam buco, Pe de Janeiro, Pernambuco, Santa C atharina, E sp irito
d ro F erreira Vianna, José M aria do A m a ra l, Jcro- Santo, Pará e Paraná, são inaugurados clubs de p ro
nym o Simões, M ath ias C arvalho, D r. S ilva Netto, paganda. A o lado destes appareccm jornaes que tam
R od olp ho de A breu, Barata R ibe iro, É rico Coelho, bém levam a propaganda a todos os pontos do Im
D om ingos F reire, Ennes de Souza, L u iz Leitão, Pe perio.
d ro Tavares, L u iz M u ra t, Esteves J u n io r, M anuel T i A 11 de Janeiro de 1888 surge a famosa p ro
m otheo da C osta, T im o th e o Antunes, Fideles de Le posta de consulta da Camara M u n ic ip a l de S. Borja.
mos, M agalhães C astro, João B aptista Laper, Padre Outras m unicipalidades a im itam .
A n to n io M aria da T rin da de , Pessoa d e Barros, A l A propaganda desenvolve-se, desce ás camadas
m eida Fagundes, T e ix e ira de Souza e outros, na sociacs, as mais pro fun da s; quebra resistências que
im prensa e um a ou o u tra vez nos clubs, agiam cm encontra na sua passagem; estabelece deserções nas
p ró l da R epublica, mas de m odo m u ito re s tric to, a forças inim igas e caminha para a Republica.
despeito dos trab alh os de arregim entação que v i A tribu na p o pu lar re fu lg e em to da a parte pas
nham sendo fe ito s desde 1885. sando de ume para outra provincia.
Em 1887 installa-se o C ongresso R epublicano Q u in tin o Bocayuva, S ilva Jardim , U b a ld in o do
com delegados de to das as antigas provincias. Am aral, Pedro Tavares, N ilo Peçanha, E rico Coe
Jã então o s C lu b s de S. C hristovão, T iradentes lho, J u lio de C astilhos, B arros Cassai, R am iro Bar-
e F lum inense assemelham-se ás s e n tinclla s avança cellos, D em etrio R ibeiro, Brun o Chaves, Assis Bra
das vigia nd o o acampamento e o m ovim en to das s il, C o e lh o Lisboa, Q u irin o dos Santos, M aciel P i
hostes monarchicas. nheiro, C y ro de Azevedo, L u iz M urat, Cam pos Sal
N a Escola de M edicina, Barata R ibe iro, Erico les, R angel Pestana, A lfre d o E llis , Francisco G ly-
C oelho, Souza Lim a, João Gabiso e D o m ing os F re i cerio. Prudente de M oraes, A le xan dre Stocler, Justo
o o o o o o 33 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO
C herm ont, Fonseca Herm es, A lb e rto T orres, Xavier nes, Esteves J un ior e seus filh o s Annibal e Itusbides,
da Silveira Junior, D om ingos dos Santos (o Radical), Eva risto da Costa e m uitos outros, especialmente
A lfre d o M adureira, M a rtin s Junior, A n nib al Falcão, rapazes do commercio que accorreram a fo rm a r em
V ir g ílio Damasio, C ancio de Freitas, João Polycar- to m o do centro que trazia o nome do po pu lar t r i
carpo (o C idadão) e tantos outros, pontificam sem buno, então ausente em estrangeiro paiz.
Nessa mesma occasião na cidade de Campos
Não só nas capitaes; nas demais cidades, v il organiza-se um club que entra, desde logo, em franco
las e arraiaes p o r onde passam, onde tocam dei m ovim ento de propaganda em toda a provincia to
xam signaes evidentes da conquista de adeptos. m ando saliente attitud e os republicanos Francisco
Os m onarchistas sem coragem para, de fro n te er P o rte lla , N ilo Peçanha, Pedro Tavares, G alvão Ba
guida, antepor á propaganda a defesa da Monarchia ptista, Thomaz de Sá Freire, H em eterio M artins,
lançam mão da calum nia, declarando que tu do que J. F eyd it e outros, que na peregrinação p o r cida
se ia passando, não era mais que o — «movim ento des e v illa s , por mais de uma vez, correram o risco
dos negreiros despeitados!». de perder a vida, como succcdeu com N ilo Peça
A «Guarda Negra» de nefanda memoria, come nha, no p ro p rio m un icip io de Campos.
ça a mover-se im pulsionada por perversos individuos A 8 de Agosto de 1888, S ilva Jardim faz uma
que procuram estabelecer no Brasil o od io da raça. conferencia publica em um theatro de N icthe ro y,
Os republicanos proseguem. Além dos clubs já com franco successo. A 21 d o mesmo mez annun-
organizados, fu ndam o C en tro R epublicano Lopes ciava e leva a effeito , nesta cidade, um com icio no
T rovão onde trabalham activamente Thom az D elfino, theatro Lucinda.
F a villa Nunes, A lm eida Pernambuco, E m ílio Ribeiro, O theatro estava radicalmente cheio de repre
M a rtin h o de Moraes, João Gonçalves da Silva, o sentantes de todas as camadas sociaes, notando-se
b e llo trio form ado p o r tres meninos, tres irresponsá grande num ero de senhoras.
veis crianças, Pedro do C outo, A lb e rto de Faria e Discursava o orador, recebendo sempre calo
M a rio Cardoso, que sempre estiveram nos pontos rosos applausos, quando os monarchistas, represen
arriscados, Lourenço Vianna, Eva risto de Moraes, tados por um grande numero de desordeiros, che
D ias Jacaré, Deocleciano M a rty r, Pessoa de Barros, fiados por agentes de policia, tentam inte rrom pel-o,
A n to n io Cardoso, C abral Noya, R odolpho de Abreu, fazendo in fe rna l berreiro, queimando cartas de b i
G uilh erm e Pires, R odolpho Rodrigues, C apitão Sou chas chinezas e arremessando pedras.
za Barros, D rum ond F ranklin , A m orim Lima, Cae A p rin c ip io estabeleceu-se a confusão, mas as
ta no Regazoli e seu filh o , o velho T im o teo An tu senhoras que, sem temor, a lli se achavam, deixam
o o o o o
O O O O 34 O O O O O O
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
os cam arotes e col locam-se no palco ao lado d o ora zia a seu bo rdo o fogoso tribuno. Para o caes Pha
do r, a ffro n ta n d a os prom otores da desordem que fo- ron x a fflu ira m m ilh ares de pessoas. O na vio cami
ram co rrid o s pe lo au d ito rio , term inando Silva Jar nha lentam entc até enfrentar com a fo rtaleza de
dim a sua conferencia sob estrondosas acclamações. Santa C ruz. Ao seu encontro parte uma flo t ilh a de
Apparecem á luz da pu blicidade os periodicos lanchas, que ao passar proxim o das fortalezas e da
republicanos «Intransigente», A tira d o r Franco» e «Re Escola de M arinha recebe saudações, sendo agita
publicano». dos p o r m arinh eiro s e alumnos lenços e barretinas.
A o mesmo te mpo os diá rio s, especialmente o As 18 horas, depois de cruciente ex ilio , de novo
«O Paiz», com frequência, publicam telegrammas das punha os pés em te rra bra sile ira um dos maiores
pro vin cias e transcrevem no ticias de nomerosas adhe- propagandistas, pela palavra fallada, o intem erato
sões. republicano que tu do sacrificou p o r seus ideaes.
Á irô n ica phrase do C on selh eiro João A lfre d o : O povo, o nosso bom povo, bem in fe liz é cer
— «Cresçam e apparcçam» — os republicanos cor to , mas sempre digno, generoso e justo, recebeu, em
respondiam de m odo bem positivado. d e lirio , o p o pu lar trib u n o também um dos mais abne
Cresce, avoluma-se e caminha de ta l modo a gados paladinos das publicas liberdades, aproveitan-
propaganda que im pressiona aos m onarchistas mais do-se do m om ento para dem onstrar-lhe que os an
ponderados, dentre os quaes Sebastião Mascarenhas, nos de prolongada ausência não tiveram fo rça bas
D eputado por M inas Geraes, que em pleno P arla tante para to rn a l-o esquecido.
mento assim se manifestava no trecho do seu dis C ontinuam os republicanos em franca activida-
curso que transcrevemos: dd a cavar fu nd o os alicerces das instituições. Alguns
m onarchistas começam a impressionar-se e de ntre es
«O enthiisiasm o com que as ideas republicanas tes Joaquim Nabuco que, em plena Camara, tentou
são abraçadas na m inha p ro vin cia, não provem do v ib ra r g o lp e de m orte na propaganda.
despeito p o r causa da abolição, como entendem a l A o seu encontro sahiu o sempre intem erato S il
guns senhores deputados e o Governo. («Apoiados»), va Jardim que, em conferencia publica, bate-oi com
Ha o u tra s causas mais poderosas que influ em para pletamente.
esse m ovim ento. («Apoiados»), Esta conferencia realizada no salão da Socie
«Para provar o erro em que se acham os no dade Franceza de Gym nastica, fo i perturbada pela
bres deputados e o G overno, basta dizer que a m aior «Guarda Negra que investiu p o r diversas vezes, não
parte dos republicanos é residente nas cidades e conseguindo, porém , assaltal-o graças á energies at
villa s. Eram a b o licion istas; m uito s ou a m aior parte titu de de Sampaio Ferraz e Lu iz Pires que de revól
delles, entendiam , com razão, que a escravidão era ver em punho, au xilia do s por m uitos populares, rea
a «base taais solida sobre que descançava a M o giram efficie ntem ente.
narchia». («Apoiados»). D o M o rro de Santo A n to nio, o M in is tro da Jus
tiça, de binoculo em punho, tu do assistia, retirando-
A b o lid a a escravidão, ficava ao p a rtid o re p u b li se m u ito c ontrariado pelo insuccesso dos aggresso
cano estrada franca c larga pela qual marchiaria des res.
assom brado para a conquista de suas idéas». Apparece o «C o rre io do Povo», d ia rio - fundado
e m antido por Sampaio Ferraz, Chagas Lo ba to e A l
fredo M ad urcira , org ão genuinamente de propagan
da, uma especie de sentinella avançada do pa rtido .
X A redacção d o «O Paiz» mantem uma secção
puramente republicana e o « D ia rio de Noticias» ce
dia, mediante con trato com o C entro R epublicano L o
A 2 de N ovem bro de 1888 a commissão reor- pes T rovão , espaço, onde Aristide s Lobo, polem ista
ganizadora do p a rtid o reune-se para tra ta r de as sem r iv a l, quasi que diariamente desferia golpes tre
sum pto urgente e im p orta nte . Nessa mesma data, mendos nas instituições monarchicas.
grande num ero de com m erciantes da praça do Rio O celebre « a u x ilio á lavoura» fo i reduzido ás
de Janeiro, chefiados pe lo sempre incansável Ro- suas justas proporções de m anejo e le itoral.
do lp h o de Abreu, fazia pro fissão de fé republica Em referencia ao plano fina nce iro d o u ltim o
na, prom ptificando-se para coadjuvar no que pudes M in is tro da Fazenda do Im pério, também Aristide s
se os trabalhos de propaganda, em to dos osi te rrenos Lobo desferiu trem endo golpe como a questão m ili
inclusive na parte m onetaria. ta r fo i p o r elle brilhantem ente tratada.
Já não eram só as camadas profundas da so
ciedade que vinham ao encon tro do m ovim ento repu
blicano, eram tambern as classes conservadoras, que
se desagregavam do regim en monarchico. XI
Em quanto o p a rtid o recebia essa im portante
aóhesâo, consequente de m u ito esforço, de m u ito tra
balho de R odolpho de Abreu, todos os C lubs e C en N o dia 11 d e Junho de 1889, o m in is té rio p re
tro s republicanos se preparavam para receber Lopes sid id o pelo Visconde de O u ro Preto apresentou-se
T rovão , que, depois de lon go e x ilio , regressava á Pa á Cam ara dos Deputados.
tria , no dia seguinte. O povo enchia as galerias, os corredores e as
As 4 horas da ta rde, o C aste llo annuncia que tribunas como in v a d iu o recinto, d iffic u lta n d o a pas
do p o rto se approxim a o « V ille de Santos» que tr a sagem de um para o u tro lado.
O O O 35 O O O O O
LIVRO DC OURO COMMCMO HATIVO DO CCNTCNARIO
Nas proxim idades do e d ifíc io agglomcrava-sc Era a scisâo no seio do p a rtido , mas, esse d is-
enorm e m ultidã o. lise não causou nenhum enfraquecimento na propa
O Visconde de O u ro Preto fa z a apresentação ganda que, cada vez e mais se avolumava.
d o m in istério. O C onde d ’ Eu resolve fazer um a excursão ao
C esario A lv im , deputado por M inas Qeraes, pede norte do paiz. Silva Jardim, sem vacilla r tom a pas
a palavra c faz profissão de fc republicana, recebendo sagem n o mesmo paquete acompanhado dc L u iz N u
applausos das galerias. nes Pires, seu infatigável companheiro, operos i e
Logo após, também pede a palavra o Padre João dedicadíssimo republicano.
M anuel, deputado pe lo R io Grande do N orte que Os m onarchistas atacaram violentam ente o in
pro fe re um discurso viole ntissim o , term inando com temerato propagandista que, com essa a ttitud e, mais
as seguintes phrases: se elevou no conceito dos seus c o rreligio ná rios, como
conquistou novas adhesôes.
«Não tardará m u ito que, neste vastissimo te r Nessa mesma occasião o abastecimento d'agua
r ito r io , no m eio das ruinas das instituições que se á população era insufficiente a despeito dos grandes
desmoronam, sc faça o u v ir u n a voz nascida espon dispêndios fe itos pe lo governo e os republicanos
tânea do coração do povo bra s ile iro , repercutindo em aproveitaiam -sc do clamor publico em fa vor da pro
to dos os angulos deste grande paiz, penetrando mes paganda.
m o no seio das florestas virgens, bradando encrgica, Lopes Trovão toma a si a questão, anmmcia
pa trio tic a e unanimem ente: — V iva a Republica!» e realiza «meetings» tendo como com panheiros C yro
de Azevedo, C oelho Lisboa e Germ ano Hasslocher.
Não é possível descrever-se o a ffe ito destas phra Em um dos «meetings» realizado no la rg o do
ses. O tu m u lto campeia francamente no recinto e Paço, form aram uma procissão, com grande acompa
nas galerias. nhamento, levando painés com os seguintes dizeres:
O povo invade to dos os recantos d o edifício
da Gamara, applaudindo a a ttitud e do Padre João Agua», «Soccorro», Hygiene», Desinfectante ,
M an ue l, representante do Rio Grande do Norte. «Limpeza», etc., etc.
Deputados apavorados uns, indignados outros,
levantam-se a ge sticula r e abandonam o recinto. O De tu do se aproveitavam os republicanos habil
Presidente faz soar os tym panos e ameaça fazer eva mente para a propaganda dos seus ideáes.
cuar as galerias, mas só depois de alguns m inutos Desde que fo ra feita a abolição, sentia-sc que
a ordem fo i restabelecida. o regím en m onarchista tinha os seus dias contados.
O Visconde de O u ro Preto, manda a verdade Era preciso um grande esforço e m uita h a bilida
que se diga, esteve na altu ra do momento. de para m anter uma instituição sem base como era
. Quando o Padre deputado concluiu o seu dis a realeza brasileira, amparada por uma aristocracia
curso, o Presidente do C onselho, pa llid o, emocio de lentejoulas.
nado, a ltiv o e porque não dizer, com dignidade, bra A reorganização da Guarda N acional, a derra
da: — Viva a Republica!» N ão! Viva o Im pé rio ! ma dc titu lo s c condecorações e outras m edidas go-
A lg un s deputados e alguns populares o applau- vernamentaes, crearam a desconfiança nas fo rças ar
dem, mas a massa não correspondeu a esse esforço, madas, que desde annos vinham se sentido m elindra
ao con trario, sem cessar acclamava os proceres do das.
pa rtid o e a Republica. Em todas as unidades, especialmente nas da
O discurso do Padre deputado João M anuel fo i Côrte, existiam republicanos, como bem o affirm a-
um verdadeiro escandalo. Com esse discurso elle le va o com parecim cnto de officiaes que de pe rto, e com
vava da praça publica para o recinto da Camara a interesse acompanharam a propaganda, assistindo aos
propaganda que vinha sendo fe ita e que com elle «meetings» c frequentando os clubs.
recebia im pulso mais fo rte que uma série de con M u ito s moços das Escolas M ilita r c de G uer
ferencias c «meetings». ra, formavam uma especie de bloco em p ró l d o m o
Os jornacs por m uitos dias bordaram o caso em vimento.
to dos os tons, cmquanto que os republicanos dellc Nas conferencias de Lopes T rovão e S ilva Jar
se aproveitavam para tir a r vantagens em p ro l da dim elles eram a vanguarda dos que lutavam e re
propaganda. presentavam o Exercito já então senhor de sua cons
N o inte rio r do paiz e até em extranhas terras ciência, como bem demonstrou quando sc negou ao
as palavras do Padre deputado produziram profunda degradante papel de pega escravos fu g id o s, mere
impressão. cendo p o r isso applausos de seus chefes taes como:
D eodoro, Severiano, Pelotas, M ad urcira e o u tro s que
não se prestavam facilm ente aos caprichos de m i
nistros.
X II
Estava, pois, cm 1889 em franca effervescenda
a propaganda republicana.
A p orta á bahia de Guanabara bella c possante
Reune-se cm S. Paulo o Congresso Republica- nave chilena.
n d c entrega a Q u in tin o Bocayuva a chefia suprema G overno e povo não pouparam provas de cari
d o p a rtido , ao que Silva Jardim se oppõe, declaran nho á d istin cta guarnição. Por onde passavam, onde
d o o Congresso sem competenda para se nelhante chegavam, eram delirantem ente saudados os represen
resolução. tantes da R epublica andina.
O o o o o 36 o o o o o o
Perfumaria NANCY — Rio de Janeiro.
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Dentre as mais expressivas homenagens desta- des martyres — Felippe dos Santos e Silva Xavier
cou-se o baile da Ilha Fiscal, offerecido á officiali- — C) Tiradentes.
dade chilena. Duzentos c tantos annos de propaganda, quasi
A ilha tinha um aspecto deslumbrante. A illu tres séculos de lutas, cbm tantos sacrifícios, com
m inabo transformou-a de modo tal que a tornou feé- tantas victimas e a liberdade sempre enganosa, sem
pre problematical
As lanchas e escaleres cruzavam a todos os mo
mentos, conduzindo damas e cavalheiros convidados
a tomar parte no festim.
Os officiaes da Guarda Nacional, vergando o
uniforme de grande gala, arrogantes, a impòr pres
tigio, olhavam com desdém para o povo que afflui- Ao concluirmos estes ligeiros traços, sem que es
ra ao caes, a fazer commentarios de toda a especie. queçamos innumeras dedicaçSes de republicanos que
Nessa mesma noite, em modesta sala da rua prestaram inestimáveis serviços, manda a justiça que
da Quitanda, a propaganda republicana vencia a ul sejam collocados em destaque Quintino Bocayuva,
tima etapa e terminava a sua trajectoria iniciada em Aristides Lobo, Rangel Pestana, Lopes Trovão e Sil
1710. va Jardim.
Nessa mesma noite, em modesta sala da rua da Os tres primeiros foram, sem receio de contes
Quitanda, sédc do Club M ilitar, cadinho onde se tação, o affirmamos, o expoente maximo da palavra
fundiu a autonomia do Exercito, Benjamin Constant escripta e os dous ultimos da palavra fallada, na
tomava sobre si a grande responsabilidade de resol época contemporanea, isto é, de 1870 a 188Q, quan
ver o problema governamental e, de tal modo se do o Imperio baqueou sem o amparo de seus adeptos
conduziu, que na manhã de 15 de Novembro, ao lado que tanto o comprometteram.
de Quintino Bocayuva, ladeava o velho, honrado c
magnanimo Marechal Deodoro da Fonseca que. pres
Setembro de 1922.
tigiado pela tropa e amparado pela nação, fez trium-
phar os ideas que levaram ao supplicio da forca e
ao barbaro esquartejarnento, além de outros, os grau- J iiu o C armo (P ae ).
o o o o o o 37 o o p o o o
L IT E R A T U R A B R A S IL E IR A
ODE a Historia da Literatura brasileira nou-se a literatura brasileira realmente nacional, come
ser dividida em tres periodos, muito çando, então, o terceiro periodo, que, para melhor
embora a precariedade de taes clas comprehensão do assumpto, cognominaremos auto-
sificações dê ensejo sempre ao referver
das contendas inúteis. Entre os annos de 1500 e A nossa historia literaria, em sua primeira phase,
1750, mais ou menos, transcorre o seu primeiro não apresenta propriamente grandes individualidades,
periodo, ou de formação, quando era absoluto o que, ou pela cultura ou pela força do engenho, se
predomínio do pensamento portuguez; de 1750 a impuzessem á estima dos posteros. No século XVI,
1830, quando os arcades da chamada escola mineira especialmente, a literatura foi um reflexo da terra.
começaram a neutralisar, ainda que pallidamente, os Os primitivos colonisadores, entre os quaes é mis
effeitos da influencia lusitana, entrou ella em seu ter não esquecer nunca os apostolos da Companhia
segundo periodo, ou de transformação; finalmente, de Jesus, como Anchieta e Nobrega, deante da magni
quando os românticos, os naturalistas e os symbo- ficência do ambiente circumstante, limitaram-se a
listas trouxeram ás nossas letras o influxo de novas fazer o elogio da terra. Sómente um poeta, ou me
correntes européas, isto é, de 1830 em deante, tor lhor, um cortezão amigo das boas letras, tentou
o o o o 38 o o o o o
CENTENARIO DA IN DEPENDE NCI A E EXPOSIÇÃO
elevar-se a uni genero mais a lto quc o commumente A n to n io de Sá, apellidado pelos contemporaneos o
usado nas e p istola s apologéticas o u nos autos de C /irysostom o portuguez.
in d ole re ligiosa , escriptos para entretenim ento e edu Entre os poetas podem mencionar-se Bernardo
cação dos selvicolas. Vivendo num m eio, cuja pompa V ie ira Ravasco, D om ingos Barbosa, Gonçalo Soares
e opulência F crnâo C ardim , na sua N arrativa Epis da Franca, M anoel Botelho de O liv e ira , G re g o rio de
to la r. descreveu entre extasiado e rabujento, Bento M attos, José Borges de Barros, Gonçalo Ravasco
T e ixe ira P in to q u iz deixar do fid a lg o que mais re Cavalcante de Albuquerque e João de B rito Lim a,
levo lhe deu, testem unho condigno. E is ahi a razão todos pertencentes á denominada escola bahiana. De
da sua P ro s o p o p c ia , poema epico composto em lou to do s elles, porém, com excepção de G re g o rio de
vor de Jorge de A lbuquerque Coelho, onde, é bom M attos e Bo te lh o de O liv e ira , restam apenas pro-
ponderar, só o v a lo r da intenção tem valim ento. As ducções somenos.
musas desabiocharam m ofinas no B ras il. Não foram M anoel Botelho de O liv e ira , nos sonetos, ma-
os prosistas porventura m ais notáveis. Suas obras, drigaes e canções de que se compõe a sua M usa
porem, têm m ais preço porquanto dizem do nosso d o Parnaso, cm quatro cáros de rim as portuguezas,
to rrã o e dos seus prim eiros colonisadores e habi castelhanas, italia na s e latinas com seu descante co
tantes. São, assim, repositorios onde o historiador m ico reduzido em duas comedias, é poeta seguramente
fo i encontrar, m ais ta rde, os elementos indispen menos im portante e pomposo que o titu lo da sua
sáveis ao conhecimento do nosso paiz. Entre esses obra. F de regra, entretanto, salvar-se de to dos os
cscriptores d o século X V I, são dignos de nota e re seus versos im itados de G ongora e M arino, o poe
ferencia Pero de Magalhães Gandavo, o prim eiro m eto descriptivo A Hha da M aré, onde se mostra
homem que se occupou das nossas cousas, escrevendo um attento adm irador das nossas frutas e dos nossos
a H is to ria da P rovin cia de Santa C ruz; G a briel cercaes. Pode-se dizer que a Ilh a da M aré é um
Soares de Souza, c ujo Tratado D es c riptiv o do B rasil poema heroico inspirado nos productos naturaes do
vem cheio de informações preciosas sobre chorogra uberrim o s ólo brasileiro. Não é de espantar, con
phia, topo grap hia , ph yto lo gia , zoologia e m uitas ou sequentemente, que a matéria da poesia se revele
tras relativas ao clim a c á natureza do B ras il; o prosaica. De (ire g o rio de M attos, todavia, já não
padre jesuíta Fernão C ardim , au to r da já citada é lic ito a ffirm a r o mesmo, sem grave erro ou má
N arrativa E p is to la r, e Pero Lopes de Souza, que fé . F oi elle, em verdade, a fig u ra mais alta da nossa
m anejava com igu al mestria a penna e o trabuco, poesia até os arcades d o século X V III, c, porven
á semelhança de quasi to dos os gentishom ens nave tu ra , como satyrico, um dos melhores exemplares
gadores de P o rtu g a l. d o genero no Brasil. Em que pése ás suas m uitas
O século X V II é, sem duvida, já pelo lado fraquezas, ás suas paraphrases de Quevedo e a ou
social c p o litic o , já sob o aspecto inte llectu al, m uito tros tantos de fe itos facilm ente explicáveis, G reg orio
mais im p orta nte que o precedente. O sentim ento na de M attos é uma fig u ra varo nil, de linhas accen-
cional, raro e v acillan te no século anterior, revigora- tuadas e características. José Verissim o fo i in ju sto
se nas lutas con tra os conquistadores estrangeiros; quando, levado não sei por que extremos, lhe re
a riqueza augm enta progressivamente, a agricu ltura baixou a physionom ia de modo tã o áspero. F o i in
floresce nas v illa s c nas cidades litorân ea s; a pecuaria ju s to , porquanto só teve olhos para as suas mise
se desenvolve nalgumas zonas do in te rio r; e as ban rias, esquecendo-se do homem e das circum standas
deiras começam, por valles c montes, florestas e em que o mesmo viveu, e ainda por que o consi
descampados, a ob ra form idável d o desbravamento derou exclusivamente como um truão, um in d ivid uo
do nosso só lo , que, então, se vai dila tan do das re sempre pro m p to a fazer peditórios derramados aos
giões pra ie ira s em direcção do p la n a lto central. figurões da epoca. G reg orio de M attos não fo i ape
As letra s gosavam, com especialidade na Bahia, nas um satyrico despejado, mostrou-se, igualm ente,
que herdara de Pernambuco o p re s tig io inte llectu al, liris ta sensível e m oralista im aginoso e discreto,
de grande estim ação. Os poetas d o Renascimento quando o sangue lhe corria m ais calm o nas veias.
italia no , hespanhol e portuguez, como Tasso, Gon- Sua obra é um espelho do tempo. E lia reflecte
gora, Q uevedo, Lope de Vega, G a briel de C astro os rid ic u lo s e os vícios da gente que nos go ver
e ou tros m ais, eram lido s, commentados e im itados. nava de bota e espora, e de quem o poeta so ffre u
Com o nos de P o rtug al de D. Francisco M anoel tanto. Ella nos evidencia, ainda, uma alma cheia' de
de M e llo , predom inava entre os nossos letrados, quasi notas delicadas, capaz de sentim entos fin o s e ele
to dos educados em C oim bra, a influ en cia de M arino vados. Se, em dia aziago, G re g o rio despejou a b ile
c seus discip ulos. Havia p o r esse tem po m uitos c u l contra certos mazombos atrevidos, não é menos ver
tores da boa latin ida de . Os chronistas e his to ria dade que, m uita vez, deixou o coração cantar liv re
dores clássicos eram meditados e conhecidos, fo r m ente cousas mais sub tis e po lida s que a invectiva
necendo, não raro, grande copia de m otivo s á elo irrita da . E lle representa na his to ria das nossas letras
quência sacra. E ntre os prosadores da epoca, sobre- a revolta do bom senso po pu lar contra as ninharias
sahiram Fr. Vicente do Salvador, o m aior delles, ridiculas da fida lg u ia re in o l; a bravura do julg a 1-
celebrado au to r da H is to ria da C usto dia do B ra s il, m ento desassombrado, m uitas vezes perigosa, con
obra das m ais consideráveis que nos legou a lite tra a covardia dos aulicos, sem pre caroavel aos man
ratura c o lo n ia l; M anoel de Moraes, cujos liv ro s são dões; a nobreza do caracter contra a nobreza do
conhecidos unicam ente pelos gabos de certos escri- sangue, a fo rça da in te llig e n c ia contra a sinuosa
ptores, como João L a et; D iog o Gomes C arneiro, in trig a escorregadiça.
F r. C hristovam da M adre de Deus Luz, Eusebio de O século X V III, durante o qu al os caminhos
M attos, que d e ixou fama de o ra d o r consumado, e de penetração para o in te rio r ta n to se dila taram ,
O o o o O o 39 o o o O
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA
sob o in flu x o das bandeiras e do descobrim ento bém um poema heroico, e de Gonzaga, que, segundo
das minas de ou ro e diamantes, apresenta uma no vi to das as probabilidades, escreveu um poema saty-
dade no ponto de vista lite rá rio . D ata dos seus p ri
m órdios o apparecim ento das Academias Literárias Pela orig in a lid a d e do éstro e do fe itio , assim
em nosso paiz. Em 1724, funda-se a Academia Bra como pela força da expressão, o U ru gu ay, de B a silio
sile ira dos Esquecidos, na Bahia, sob o pa trocin io da Gama, é o mais p e rfeito e m e lh o r poema su r
d o p ro prio G overnador, seguindo-se mais ta rde, a g id o no Brasil em to do o periodo colo n ia l: Santa
dos Felizes e a dos Renascidos, aquella no R io de R ita D urão ainda era um camoniano, e C lau dio um
Janeiro, e esta em S. Salvador. Dos acadêmicos, d is c ip ulo fide lissim o da escola arcadica franceza e
entretanto, restam poucas e esparsas noticias. Foram ita liana, como os demais poetas do seu grupo. D is
elles os poetas e prosistas do te mpo. Se a obra tingue-os um sentim ento m uito cuidado da fórm a,
de lles é geralm ente desconhecida, salvaram-se, ao me uma graça de factura e um comedimento de expres
nos do o lv id o alguns nomes, como os de: Sebastião são já singulares. Elles preparam, como notou com
da Rocha P itta , B rito Lima, Gonçalo Soares da acerto S y lv io Romero, o advento do rom antism o,
Franca, João de M e llo , Luis Canedo de N oronha, M a não pelo que a sua poesia tivesse de commum com
no el José dc Cherem, José Pires de C arvalho e A l o es p irito rom ântico, mas porque, educados sobre
buquerque, Fr. M anoel R odrigues C orreia de La tu d o nos princípios dos encyclopedistas, alargaram
cerda, e os irm ãos Bartholom cu Lourenço e A le os horizontes da nossa cultura, indo buscar fó ra
xandre de Gusmão. São esses, posta de lad o a f i da M etrop ole os seus modelos. Â sombra da pleiade
gu ra dc Ale xan dre de Gusmão, celebre pelas suas m in eira versejaram outros liris ta s de menor im p o r
cartas ponteadas de ironia, os poetas do momento. tância, como sejam, na poesia satirica, A n to nio M en
Nem um, entretanto, merece especial reg isto, por des Bo rd allo , João Pereira da S ilva, Costa Gadelha,
quanto todos, mais o u menos, cultivaram o genero José Joaquim da Silva e Francisco de M e llo Franco,
desgracioso e postiço predominante entre os ver este mais considerável como scientista; na poesia de
sejadores de então. amor, D om ingos Vidal Barbosa, Bento dc F ig u e i
Sómente Fr. M anoel de Santa M aria Itapanca redo T en re iro Aranha e D om ingos Caldas Barbosa,
poderá ser apontado entre tantos poetastros, apesar o mais afortunado e famoso de todos.
do tom enfadonho do seu poema Eustachidos, onde
o mau gosto corre parelhas com a inopia do enge Não teve a prosa, em to do o século X V III, o
nho. A H ha d e Ita p a ric a salvou-o do to ta l esqueci relevo apresentado pela poesia. Faltava-nos, ainda',
m ento em que os dem ais justam ente ficaram. E outro para tanto, um scenario mais am plo, que, só no
não poderiam te r ind ivid uo s que se interessavam século X IX , surgio aos olhos dos nossos escriptores.
mais pe lo b o le io das phrases castigadas e pelos «epi- Pedro Taques de Alm eida Paes Leme, Fr. Gaspar
gratnmas sub tis e altisonantes», segundo confissão ela Madre de Deus, A n to nio José V icto rin o Borges
de um delles, que pela verdadeira poesia. N ão ha da Fonseca e Fr. A n to nio de Santa M aria Jaboatâo
como negar, entretanto, que taes Academias Lite continuaram a tradição dos Rocha Pitta, escrevendo
rárias eram seguro ind ic io de que se estava ope chronicas e genealogias, como o N ovo O rbe Sera-
rando uma transform ação lenta n o curso do nosso phico Brasílico , a N o b ilia rch ia Paulistana, e outras
pensamento, ainda que as correntes portuguezas con obras dc igual jaez, onde as velhas téclas usadas na
tinuassem a actuar predominantemente aqui. Já havia H is to ria da America Portugucza, repetidamente ba
um certo o rg u lh o em ser bra sile iro , em m os trar que tem, ora com mais, ora com menos vigo r. O pensa
possuíamos, também, c com voz pro pria, um a lite m ento dos nossos homens ou nã o podia exp an dir-
ratura. R eflectindo esse bizarro sentim ento, appa- se, sob os fre io s dos Vice-Reis solertes da M etrop ole ,
recem alguns trabalhos accentuadamente brasileiros, ou não tin h a ainda a força necessaria para a re a li-
como o P e re grino da America, de Nuno Marques sação de obras de m aior folego, unicamente com pa
Pereira, a H is to ria M ilita r do B ra s il, de José de tíve is com um estado social m ais desenvolvido e
M irales, a H is to ria aa America Portugucza, de Rocha mais liv re . M athias Aires, autor das Reflexões sobre
P itta, e o poema B ra s ilia , de Soares da Franca. Os a Vaidade dos Homens, fo i o u n ico escriptor consi
prosadores, pois, sobrelevam os poetas. Basta citar derável da segunda metade do século X V III no Brasil.
a obra interessante de Rocha P itta para ver c o n fir Sómente no século X IX , p o r varias razões de
mado esse ju is o . C om A ntonio José, p o r alcunha ordem m oral e po litica, é que a literatura b ra sile ira
o Judeu, que, aliás, nada in flu io nas letras patrias entrou na sua phase verdadeiramente nacional. A
por te r v iv id o e m o rrid o em P o rtug al, são esses os elevação do Brasil a Reino, a transladação da côrte
typos mais representativos, na prim eira m etade do portugucza para o Rio de Janeiro, a abertura dos
século X V III, da nossa literatura. nossos portos, antes frequentados exclusivam ente
O segundo período da nossa histo ria lite ra ria pelos navios da M etropole, ao commercio universal,
começa com a escola m ineira e acaba no dealbar do o apparecimento dos prim eiros jornaes, como O Pa
Romantismo, is to é, vai de 1750, approxim adamente, trio ta , onde eollaboraram, entre outros, Silva A lv a
a 1830. Seis poetas constituem a chamada escola renga e M anoel Ferreira de A ra u jo Guim arães, a
m ineira. São elles: Santa Rita D urão, B a s ilio da instituição da Im prensa Regia, ho je Imprensa N a
Gama, C lau dio M an oe l da Costa, Ignacio José de cional, e, finalm entc, a proclamação da Independencia,
Alvarenga Peixoto, A n to nio Gonzaga e M anoel Igna com todas as luctas que, então, se accenderam, e
cio da Silva A lvarenga. Os dois prim eiro s cultivaram onde se firm o u definitivam ente o caracter da nova
o genero epico, os ou tros foram principalm ente lí raça, contribuíram para form ar o esp irito nacional,
ricos, com excepção de C laudio, que nos legou tam dando v ig o r e alento ás tim idas vozes de autonom ia,
FERNANDES BRAGA. & C “ .
Fabrica e Deposito
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o O o o o o 41 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO PO CENTENARIO DA
mortalidade da alma, a existência de Deus, a per de Azevedo á mais alta intensidade, servindo-se para
feição da Igreja, e outras divagações quejandas, isso de um estilo cheio de tons velados, e daqucllas
muito estimadas do autor dos C anticos Funebres e meias-tintas tão do agrado dos satanistas, como Bau
dos seus epigonos. Ê como poeta da natureza que delaire e Rollinat, aos quaes, diga-se de passagem,
Gonçalves Dias deve ser estudado, sem o que não nada ficou devendo o nosso poeta. Etnulos de Alvares
conseguiremos apanhar-lhe a physionomia interior. O de Azevedo foram Laurindo Rabello, o poeta la g a r
indianismo não fo i mais que um resultado dos seus tix a , Junqueira Freire, Casimiro de Abreu, um dos
pendores, pois elle se aproveitou da vida selvagem mais populares liricos do Brasil e Fagundes Varclla,
para poder mostrar, em toda a sua pujança, a luxu um dos nossos melhores poetas descriptivos, de larga
riante e colorida terra brasileira. Com Alvares de e variada inspiração. Castro Alves encontrou na cam
Azevedo, tomou a nossa poesia rumo differente c panha abolicionista a finalidade da sua ardorosa poe
matizes noras. A sua Lyra dos V in te Annos trouxe sia; elle possuía, além de um admiravel poder ver
ás nossas letras o amargor ironico de Byron, a me bal, emoção agudíssima e fina sensibilidade. Juntava,
lancolia de Musset, a inquietação de Shelley c Spron- assim, as duas forças motrizes da alta poesia, isto c,
ceda e o pessimismo imaginativo de Leopardi. Os a eloquência, que pertence á imaginação, e a doçura,
aspectos ruins da vida, os vicios de toda especie, que é fruto do sentimento. Não podia deixar de ser,
a attração pela carne, o desejo lubrico e desvai pois, como realmente o foi, um dos maiores crcado-
rado irromperam de todos os carmes, como se a res de symbolos, não só da nossa, senão ainda das
nossa poesia estivesse entregue, momentaneamente, letras portuguezas, muito embora lhe sahisse por ve
a angustiosos hystericos. Concorria para aggravar o zes impura a dicção e abusasse constantemente das
mal, não só a novidade seduetora dos cantos mas chamadas idicenças poeticas», que são o visgo onde
tambem a morbidez ingenita dos cantores. Uns, por a sua larga aza se despluma inutilmente. Vibram-lhe
doenças physicas, outros por soffrimentos moraes, nos poemas, cordas ignoradas de paixão e ternura,
o certo c que todos os imitadores de Alvares de Aze uma onda de perfumes se desprende dos seus versos
vedo, mostraram-se fracos e desalentados em face de amor, onde reponta um sainete de fatalidade, pro
da vida, sem energias para o rude combate do mundo, prio das raças mestiças, voluptuosas e ardentes. Quan
em constante conflicto com o ambiente em que vive do deixava falar o coração, simplesmente, de si para
ram, reagindo apenas com imprecações e ameaças, si, todas as arestas duras, todas as angulosidades
sorrisos e suspiros, contra a onda temerosa que os e todo o barulho do seu condoreirismo exaltado
arrastava no seu torvelinho. A poesia da duvida, ao fundiam-se numa perspectiva suavissima, feita de tons
mesmo tempo dolorosa e irônica, elevou-a Alvares cambiantes, de macias sombras e odoriferos vergeis.
O O O O (
o o o o o o 42 o o o o
/ NOEPENDESCIA / I EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Nossas paisagens entrem ostravam -se, por um m omen gens, algum as, a exem plo d o M o ço L o u ro e da
to , engalanadas de ramagens ricas e aromaticas o M o ren inh a, vivem na m em oria de todos os b ra s ile i
corp o m oreno das nossas m ulheres destacava-se das ros, em bora os annos hajam c o rrid o ás dezenas, des
fo lh a s reluzentes de o rv a lh o dos valles espaçosos. de a sua ruidosa appariçâo. Seu es tilo , a não ser na
Q uando, porém, sua voz se elevava para r e iv in d i poesia em phatica e palavrosa, é c o rre n tio , agradavel,
car d ire ito s o p p rim id o s , como em Vozes d 'A fric a e flu e screnamente. F a lta -lh e apenas um c erto c o lo ri
n o N a v io N e g re iro , para estygm atizar tyran nia s in do, mas é sempre c orrecto no desenho das creaturas
g lo ria s , com o em Pe dro Iv o e N o M e e tin g d o Co e na descripção das paisagens, posto lhe não seja
m ité do Pã o, ou para descrever a dureza de certos castiça a dicção. Esse c o lo rid o , quem o teve por
preconceitos sociaes, com o em Ahasverus e o G enio, excellencia fo i José de A le nca r. O G uaran y e Ira
sua Musa era bem um ince nd io em m archa, para em cema, sem esquecer as M in a s de P rata, são obras
p re g a r uma expressão de M ichelet. fundam entaes para quem q u iz er conhecer a his to ria
O e x ito do seu liris m o declam atorio, empolado do nosso romance. A le n c a r possuia o ge nio d o p itto -
e b rilh a n te , onde re fu lg e m , de trecho a trecho, ima resco. Seus romances de ín d o le americana, incontes
gens de quente e arrebatada form osura, tem raizes no ta velm ente os m elhores que p ro d u z io , são verdadeiras
caracter gra nd ilo qü en te e em phatico da raça b ra s ile i epopeias, onde a urd id u ra da in tr ig a é quasi sempre
ra. E lle fo i, o é ainda amado aq ui p o r varias razões um pre texto para a p in tu ra de uma série de quadros
de ordem m oral, po rqu an to, é de certo m odo um ge e painéis naturaes de excellente pode r d e scrip tivo .
n u ín o representante do nosso pendor para o excessivo, Aprendem os com e lle a te r e s tilo , isto á, a conside
até para o extravagante. rar o romance como uma ob ra de arte , e não sim p les
A o lado desses q u atro poetas de m aior s ig n ifi mente como um dive rtim e nto , um m ero jo g a de si
cação, poderemos m encionar P o rto -A le g re , au to r do tuações, mais ou menos possíveis, o u um punhado de
C o lo m b o , la rg o poema de versos brancos, onde ha anedoctas picantes. Se não bastassem as suas q u a li
porções de rea l be lle z a ; Francisco O ctaviano de A l dades de liris ta delicado « s u b til, A lencar te ria ao
m eida Rosa, em cuja o b ra se deparam ressaibos de menos in flu íd o pela riqueza da fó rm a, antes d e lle des
classicism o, á guisa de José B o n ifa c io ; barão de conhecida em nossa lite ra tu ra . Succedenda a M acedo
Paranapiacaba, celebre p o r suas tradueções entre as e A lencar, surgiram M anoel de A lm eid a, a u to r das
quaes avu lta a das Fabulas de La F on ta in e; A n to n ia M em orias de um S argento de M ilic ia a s , onde se vis
Francisco D u tra e M e llo , que fo i também c ritic o lum bra um narra do r a rg u to e sagaz do m eio p o pu lar
pe rspicaz; A u re lia n o José Lessa, liris ta de lic a d a ; José no R io de Jan eiro; Bernardo G uim arães, p in to r a r
B o nifa cio, o moço, poeta eloqu en te; Bernardo Joa tific io s o , mas interessante, do am biente s erta ne jo;
qu im da S ilv a Guim arães, colo ris ta agradavel e des F ra n k lin Tavora e E scragnolle Taunay, am bos no tá
c r ip to r elegante; José A le x a n d re T e ix e ira de M e llo , veis p o r suas novellas de assum pto nacional, das
que versejo u com sentim ento, á m aneira de C asim iro quaes, O C ab elleira, d o p rim e iro , e Innocencia, do
de A b re u ; Pe dro Lu is Soares de Sousa, onde se en ultim o , deveriam fic a r po pu larisad as em nosso paiz.
contram m uita s notas pa rticularm en te caroaveis aos E n tre os critico s, ensaístas e h is to ria d o re s desse
con do reiros, aos quaes, é m istér dizer, precedeu de perio do, vale m encionar Francisco A d o lp h o de V a r-
a lg un s annos; Trajano G a lvã o de C arvalh o, Francis nhagen, Visconde de P o rto Seguro, um dos m ais a cti
co B itte n c o u rt Sampaio, G e n til Hom em de A lm eid a vos p io ne iro s dos estudos his to ric o s e lite rá rio s , e
Braga, M e llo M oraes F ilh o , todos bucolistas leves e o m aior escavador de velhos docum entos e archivo»
ag radaveis; V ic to riano Palharcs, c u jo estro pa trio tic o de que te mos noticia no B ra s il; Pe re ira da S ilva , cuja
e infla m in a d o lem bra o de C astro A lv e s ; M o n iz Bar ob ra um ta nto fantasista revela um es p irito op ero so;
reto , o repen tista; Luis Gama, o endiabrado mestiço Sotero dos Reis, especie de Q u in tilia n o b ra s ile iro , de
da B o d a rra d a ; Bruno Seabra e Joaquim M arinh o m uita liç ã o e pouco aprazim ento para o le ito r ; Joa
Serra So brinh o, que descreveram com chiste alguns quim N o rb e rto de Souza Silva, esforçado a m ig o das
aspectos do nosso m eio sertanejo, os quaes, en tretan nossas tradições, e João Francisco Lisboa, o critic o
to , em nada concorreram para im p rim ir feições novas m ais sagaz e agudo entre os seus contemporaneos.
á poesia no Brasil. Aos rom ânticos devemos, também , a creação do
O s prosadores do perio do rom ân tico são dos theatro nacional. Póde-se diz e r que e lle s u rg io em
m ais notáveis da nossa lite ra tu ra . Sómente com M a 1838, com a tragédia A n to n io José, de G onçalves de
no el de M acedo e José de A le n c a r é que a pro sa de M agalhães, e a comedia de M a rtin s Penna, O Juiz
ficção to m o u physionom ia p ró p ria , ganhou c on to r de Paz na Roça. Sobresahiram , n o genero, o já c i
nos d e fin itiv o s , e avu lto u em nossas letras. Antes da ta do M a rtin s Penna, ta lvez o mais fo rte th e a tro lo g o
M o re n in h a e do G uaran y houve apenas tentativas do tem po, França J u n io r, Macedo, Alencar, A g ra rio
m ais ou menos felizes, como as de T e ix e ira e Souza de Menezes, P in h e iro G uim arães e A ugusto de Cas
c N o rb e rto Silva, todas m u i louváveis, porém de apou tro . O th ea tro do rom antism o é p o rven tura até ho je
cado m erecim ento se as considerarm os pe lo seu v alo r o mais característico da nossa lite ra tu ra , p e lo menos
lite r á r io . M anoel de Macedo fo i o verd ad eiro fix a d o r o mais nacional, sem preoccupações estrictam ente re-
dos nossos costumes flum inenses naquella epoca ain gionaes, e p o r isso pe rfeita m e nte sincero e represen
da co lo n ia l na m aioria dos seus aspectos. E lle com- ta tivo.
prehendeu adm iravelm ente os pendores da nossa alma Succedendo aos rom ânticos, sem tran sição v io
po p u la r, sentim ental e piegas, e fez, com pequenas lenta, porquanto entre aquelles já havia elementos
in trig a s ingenuas, á m aneira de um Be rn ard in de fartam ente aproveitados mais ta rd e, vieram os na
St. P ierre, atrazado e rustico , a sua his to ria intim a tu ra lis tas . Propunha-se o n a tu ra lis m o o lh a r com mais
e sim p ló ria . N a immensa ga leria das suas persona penetração a realidade, v e r a v ida sem p a ixão nem
o o o o o o 43 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATW O DO CENTENARIO DA
g rita . A lin h a objectiva deveria preoccupar m ais os ne bu los o ; Joaquim Nabuco, h is to ria d o r e le ga nte , ora
na tu ra lis ta s que os th esouros fa lla c io s o s do m undo d o r de grande re le v o ; A rth u r O rla n d o , A lc in d o G uana
su b jectivo . A exem plo d a qu ella B e lle z a im m ovel de bara, um dos nossos m ais com ple tos jo rn a lis ta s , Ro
Baud ela ire , sua a rle não deveria c ho rar nem r ir . T udo cha Lim a, E d ua rd o P rado, p u b licista v a ria d o e v i
porém seriam m aravalhas, enganos da novidade. Os go roso , o sr. C ap istra no de A b re u, no tá ve l sabedor
parnasianos não desertaram as fo nte s do nosso l i da nossa h is to ria , p rinc ip alm en te dos te m p os colo-
rism o . G uia do s, a p rin c ip io , p o r M ach ad o de Assis, niaes, e o sr. Ruy Barbosa, cuja fecunda activid ad e
L u iz G uim arães J u n io r e Gonçalves C respo, d issid en como ora do r, ju ris c o n s u lto e jo rn a lis ta , e c u jo pres
tes do p u ro rom antism o, os nossos chamados parna tig io universal honram a nacionalidade b ra s ile ira . N o
sianos fo ra m p ro c u ra r os seus m odelos p rinc ip alm en th ea tro naturalista, são d ig no s de re g is tro A r th u r Aze
te na poesia franceza, em Lecom te d e L isle , H eredia, vedo, V a len tim M agalhães e M o re ira Sam paio, que
G a u tie r e S u lly Prudhom m e. Cabe a Rayinundo C o r se esforçaram, o p rim e iro mais que todos, p o r co n ti
reia, O la v o B ila c e ao sr. A lb e rto de O liv e ira urn n u a r a tradição dos M a rtin s Penna e dos França Ju-
p rim o rd ia l lo g a r entre os representantes dessa corren
te . R aym undo C o rre ia é o m ais p ro fu n d o , o mais O m ovim ento s y m bo lista que, ao d e c lin a r do
a rg u to e penetrante dos tres, B ilac é o m ais am o natu ra lism o , se esboçou aqui, não teve m a io r rep er
roso, o mais Iir ic o e p e rfe ito , o s r. A lb e rto de O l i cussão. Á sua sombra, en tretan to, appareceram alguns
veira, o mais nacional, a q ue lle que m ais intim am ente ty p o s interessantes, d e ntre os qua'es, C ru z e Souza é
soube tra d u z ir os encantos da nossa terra. sem duvida o mais curio s o e s ig n ific a tiv o . Sem ser
N ã o se m ostraram porventura m ais impassíveis um p u ro sym bolista, não só pela tvchnica dos seus
que os poetas os prosadores d o n a tu ra lis m o . A his versos senão pelos m otivo s que cantou. C ru z e Souza
to ria d o rom ance na tu ra lista, aq ui, está fe ita na ob ra é a fig u ra c en tral da reacção e s p iritu a lis ta opera
de q u a tro escriptores: M achado de Assis, A lu iz io de da, entre nós, pelos d e rra de iro s annos do sé cu lo X IX
Azevedo, J u lio R ib e iro e R aul Pom peia. M achado de H a na sua poesia esse aereo efee vozes, esse vago de
Assis é o psychologo, sobreleva a todos pela p ro sentim entos e ideas que caractcrisam a ob ra de
fu ndeza da visão, pe lo ap uro da ling ua ge m , pela so ficção de uma fo rte corren te da lite ra tu ra contem
bried ad e da fó rm a e pela iro n ia s u b til que o a p p ro poranea. Ã semelhança do rom antism o, fo i o sym-
xim a da linhagem dos S terne e dos S w ifft, na In g la b o lis m o um c la ro m ovim ento e s p iritu a lis ta , provoca
te rra , dos A n atole, na França, e dos João P aulo, na d o pela d e s illu s âo scien tifica dos u ltim o s qu a rté is do
A llem a nh a. Da sua obra se desprende um sentim ento século fin d o , com o aq u e lle já o fô ra p e lo s excessos
de constante preoccupaçâo pela be lleza ou pela m i d o racionalism o encyclopedista. Am bos são rebeldias
seria terren a, e uma rara com prehensâo da tris te in u in d iv id u a lis ta s , ambos collocam o in d iv íd u o ao cen
tilid a d e a que as contingências q u o tid ian as reduziram tr o do U niverso, ambos fazem do eu o e ix o d o m un
o coração e a in te llig e n c ia do hom em . Em seus r o do . O in d iv id u a lis m o dos sym bo lista s, porém , d iffere
mances, o docum ento hum ano não obedece a um d o rom ântico, p o r isso que, cm quanto este se com
p la n o preconcebido, a um p o s tu la d o p rim o rd ia l, a praz em assignalar as pequeninas trag éd ias de cada
um a le i qu a lq u e r s c ien tific a ou lite ra ria . Reflecte-se sêr na communhão social, aquelle apparece com o um
n e lles apenas um e s p irito ind ag ad or, que, a to do po n to de referencia da d o r un iversal, um a e n cru zi
in sta n te se observa a s i mesmo, através os ou tros, e lhada onde se vão encontrar as queixas dispersas de
v a i c o rrig in d o , com o s o rris o e a la g rim a , a imagem todos os homens que s o fffre m a m elan colia irre m e
que a v ida lhe põe deante dos o lh o s . Machado de diá v e l da vid a . C onfundem -se na expressão da sua
Assis é, sem fa v o r, sob variados aspectos, o mais magua immensa, todas as duvidas que ab ro lh a m do
s ig n ific a tiv o dos escriptores de ficção da lin g u a por- fu n d o inconsciente da nossa personalidade, e que a
tugueza, e, especialmente entre nós, fic a rá como exem razão, incerta, não sabe nem póde reso lve r. O sym bo-
p lo de discreção, graça de e s tilo e fin u ra de percep lis m o é uma das m uitas rem iniscências desse m a l de
ção. A lu iz io de Azevedo é um im p ression ista, tem v iv e r, que, segundo parece, fo i o sop ro d iv in o comi
a visão m o b il e rapida, o senso d o c o lo rid o , é um que o C re ad or anim ou a sua creatura. H a em C ruz
re tra tis ta adm ira vel, seguro e ale rta . Os flag ran tes e Souza, apesar das suas ins u fficien cias, os signaes
que desenhou são de uma leveza de to que espantosa. evidentes desse m al, que elle, ás vezes, consegue tr a
J u lio R ib e iro , é um v o lu ptu oso , c he io de req uinte e d u z ir com energia c vibração. H a m esm a a fig u ra de
a r tific ia lis m o , mas po ssuid or de um a aguda im a gin a um precursor. E lle in tro d u z iu em nossas le tra s aquelle
ção. R aul P om peia é um inq uie to, um ins a tis feito , h o rro r da fó rm a concreta, de que já o g ra n d e G oe
um poeta com m ovido ante o espectáculo d o m undo e a th e se lastim ava, ao fim do X IX século. T o d a 1a poe
fu g a perenne das cousas. sia contemporanea, no B ra s il, ao menos a m a is o r ig i
E n tre os c ritic o s histo ria do res e publicistas, que, n a l e característica, reve la um a sensível in flu en cia
de 1870 para cá se notabilisaram , estão T obias Bar d o au to r dos U lfin fo s Sonetos. E n tre os e p igo no s de
reto , chefe ap p la u d id o da chamada Escola de Recife, C ru z e Souza, merecem lem brança B. Lopes, poeta
engenho v e rs á til, c u lto r fe cun do da poesia, da ju r is d e c u rto fo le g o , mas elegante e c o lo rid o , e M a rio
prudência, da ethn og ra ph ia, da p h ilos o ph ia e da his- Pederneiras, cuja s im p lic id ad e é d ig na de fic a r como
to rio g ra p h ia , polem ista c o ra d o r de fa m a ; S y lv io Ro exem plo a im ita r.
m ero, c ritic o abundante, a u to r da p rim e ira histo ria D epois dos n a tu ra listas e dessas p rim e ira s es
system atisada da nossa lite ra tu ra , fo lk lo n s ta , socio- caramuças sym bolistas, is to é, de 1890 até h o je, não
lo g o e pro fe s s o r de ph ilo s o p h ia ; José V erissim o, o houve p ro priam en te um m ovim en to seguro e conti
m ais e q u ilib ra d o e sensato dos nossos c ritic o s lite r á nuado, uma escola, na ling ua ge m dos c ritic o s . Pode
r io s ; A ra rip e J u n io r, e s p irito s u b til mas escriptor ríam os acaso n o ta r uma reacção reg io n a lis ta , que a
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0 0 0 0 0 0 45 o o o o o
AS A R T E S P L A S T IC A S
HISTORIA das artes plasticas no Brasil vendo num meio benigno, que lhes proporcionava
pode ser dividida em tres periodos. todas as facilidades, não retemperaram a fibra do
Apresenta-nos o primeiro os rudimen caracter nos travores e nas lutas da adversidade. Es
tares testemunhos da civilização indi tava-lhes tudo ao alcance da mão. () fruto, a raiz,
gena; observaremos, no segundo, os a caça e o peixe para os repastos, o barro mollc
elementos estheticos que para aqui trouxeram os des destinado ao fabrico dos objectos caseiros, os caniços
cobridores lusitanos; veremos, no terceiro, como, sob e taquaras com que se aprestam as flechas c çara-
o influxo da disciplina européa, se desenvolveu c hatanas, a pluma das aves para' entretecer os kani-
ganhou accento particular o genio artístico da nossa tares e as akangataras, os ossos, as concha's e as
raça pedras coloridas para os adornos rusticos. Nascendo,
pois, no seio da riqueza e da abundanda, não pu
PRIMEIRO PERIODO deram polir aquellas virtudes inventivas, apanagio
da cspccie humana. Não construíram villas nem mes
Os povos autochtones das florestas brasileiras mo simples arraiaes, mas húmidas tabas de aspecto
nada criaram que mereça maior consideração. Vi revêsso, feitas de cabildas de pau e palha, onde
O O o O O
O O O O O O 46 o o o o o o
CENTENARIO DA IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO
sc resguardavam das intem peries, em na tu ra l prom is bém as missões religiosas, que iria m tã o fundam ente
cuidade. in flu ir na formação da nossa nacionalidade.
T u d o ne lles reflecte a im provisação, o ephe- D o século X V I aos p rim ó rd io s do X IX o, tiran te
m ero, o provisork». Á semelhança de certos rios as esporádicas manifestações esthcticas que a fid a l
das regiões tropicacs, mudavam subitam ente de rumo, guia reino!, c, depois, a corte de Nassau poderiam
ao sabor das fa talidades m esologicas, dos temporaes, offerecer cm Pernambuco, o factor de m ais subida
das epidemias ou das prolo ngadas estiagens. Assen valia no progredim ento das nossas artes fo i o que
tavam-se aqui, para se estabelecerem, m ais tarde, lé nos trouxeram os sábios e avisados padres da C om
guas além. N ão lhes consentia a imaginação m obil panhia de Jesus. Já no dealbar do século X V II
e inq uie ta, favorecida pelas condições do p ro prio vão apparecendo as m atrizes opulentas e os con
h a b ita t, a necessaria ponderação para se fixarem num ventos amplos. T ransform am -se os aldeiam entos em
pouso firm e e invariável. Im petuosos e lascivos, cor- centros activos e rum orosos. Desenvolvem-se rap id a
ria -lh es as veias um sangue ag itad o e ardente. Em m ente as propriedades ruraes, e os senhores de en
cada pastor o u caçador havia, por igu al, um g u e r genho, rodeados de num erosa escravaria, lavram e
re iro pro m p to e audaz na pugna, á g il no m anejo agricultam , cada vez com m aiores proventos, as terras
das armas, fe lin o nas traças da emboscada e na es das immensas fazendas e sesmarias.
tratég ia das surpresas. Era a trib u , ao mesmo tempo, Sob o in flu x o do catholicism o, e em virtu d e da
a fa m ilia e o exercito, a fo rtaleza e o lar. relativa abastança que vinha coroar os esforços da
N ão é de adm irar, portanto, sejam despiciendos nossa gente, entram a desenhar-se os prim e iro s si-
os productos da sua arte. Nem um m onum ento d e i gnaes e vestig ios do go sto a rtís tic o entre nós. Em
xaram , em architectura ou esculptura, d ig n o de re bora pesadas e grosseiras, as casas de m oradia' o s
g istro . C ou to de M agalhães cita apenas um fo rtim tentam installações apparatosas, m u ito superiores
c irc u la r de te rra batida, encontrado na ilh a de M a áquellas cabanas e palhoças dos alongados tempos.
ra jó . E é tu do , segundo a palavra eru dita daquelle A s fa m ilias de cabedal im portam da Europa sedas,
a n th ro p o lo g o em inente. Revelaram, entretanto, algum gorgorões, chamalotes, ve llu d o s e damascos fin ís s i
pendor para as artes menores. Sua indum entária do mos, sem esquecer as joias e toda sorte de custosoS
mestica, fe stiva ou bellicosa merece referencia espe objectos com que deslum bravam o populacho. A u
cial. Foram , p o r sem duvida, ole iro s e decoradores gm enta, com as facilidades da pecunia, o c u lto das
cheios de fantasia. As armas, os instrum entos inu - be llas cousas, normaliza-se a vida social, c sác, do
sicaes, as jo ia s barbaras, os utensílios caseiros, tu do a n tig o aventureiro em prehendedor e tenaz, o a r ti
quanto, neste passo, nos legaram, m ostra que os fic e espontâneo e ingenuo.
sclvicolas não eram destituídos d o ge nio da ornam en
tação e que o praticaram com sin g u la r m estria. P re
fe ria m , p o r via de regra, os b rilh o s vivos, os dese
nhos lineares singelos, as fôrm as graciosas, taes as OS PINTORES
que nos deparam os arcos trabalhados e os machados
de pedra dos nossos sambaquis F oi, assim, pouco
m enos que m ofin a a contribuição dos nossos índios N ão é provável que a estadia, no Recife, dos
nas artes plasticas, porquanto, correspondia a sua artistas vindos no sequito de Nassau, os Franz Post,
civiliza ção á da idade da pedra p o lida , que não os Zacharias W agner, os E kh ou t e os P ieter, haja
haviam ainda ultrapassado, quando aqui aportaram produzido effeito s im m ediatos e seguros. A d m irad o
os navegadores portugueses. res certamente os tiveram aquelles pintores e archi
te ctos hollandezes, mas discip ulos m ui seguramente
que não. Antes de chegar ao R io a missão Lebreton,
is to é, até 1816, os pin tore s que mais sobresaíram,
SEGUNDO PERÍODO (1500-1816) no Brasil, fo ra m : A n to nio, Lucinda, Veronica e L ti-
ciana de Septilveda, em Pernam buco; Eusebio de
M attos U uerra e José Joaquim da Rocha, na Bahia;
E n tran do em contacto com os te rritó rio s des Fr. R icardo do P ila r, José de O liv e ira , M an oe l da
cobertos, o p rim e iro cuidado dos colonizadores fo i Cunha, Leandro Joaquim e Francisco Solano, n o R io
estabelecer no lito r a l pequenas fe itorias , onde lhes de J aneiro; e José Joaquim Viegas de Menezes, em
fosse possível abrigarem-se das to rm entas, sem in M inas.
co rre r no pe rig o de assaltos p o r parte do gentio. Dos Septilveda, pai e filh a s , pouco ha que dizer,
Os ed ifício s que, de inicio, elevaram no s olo recen assim como de Eusebio de M attos, m ais celebre
te mente conquistado se revestiram de um fe itio pura- pelos gabos do padre V ie ira e pelo parentesco fr a
mente m ilita r. Deveria o a d m in is trad or desdobrar- te rn al com O reg orio de M attos, que p o r seus qua
se no homem d ’armas e a sua residência num re dros, de ignorado paradeiro o u pelos sermões, quasi
ducto. Q uando, porém, no decorrer do século X V I, desconhecidos. José Joaquim da Rocha, inculcado por
o go vern o da m etropolc se decidiu a en viar para fu nd ad or da «escola bahiana», tem m erecim ento, sobre
o B rasil, sobre soldados e capitães, ag ricu ltore s, ope tu d o como decorador. Educou-se em P o rtu g a l, pas-
rá rio s e mecânicos de toda casta, começaram a s urg ir, sando-sc novamente para a sua província, onde rea
ao lo n g o das nossas cóstas e paragens mais acces- liz o u obras de to m o, a exe m plo dos painéis que
siveis, m odestos villa re jo s , á laia dos que em A frica p in to u para as cupolas das m atrizes de Nossa Se
e na A sia iam levantando o s m arinheiros de P o r nhora da Conceição da Praia , e de S. Pedro, em
tu g a l. C om os im m igrantes do Reino, vieram tam S. Salvador. Form ou alguns aprendizes, entre os
O o O O o 47 o o
LIVRO DE OURO COM MEMORATIVO DO CENTER ARIO DA
O o o o o 48 o o o o
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IH IM E & Cia. I
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I INDUSTRIAES 5
I IMPORTADORES |
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§ RIO DE JANEIRO |
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o o o o o o 49 o o o o o o
LIVRO Di: OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO
Dos esculptores que se distinguiram antes dcste zeres. Marques Junior, Eugenio Latour, Roberto Men
século, no Brasil, merecem referencia Francisco Ma des, os irmãos Chambelland, Edgar Parreiras, H.
noel Chaves Pinheiro, autor dos doze apostolos de Cavalleiro, Pedro Bruno, Presciliano Silva, J. Car
madeira da igreja de S. Francisco de Paula, no Rio, los, J. W. Rodrigues, T u llio Mugnaini, Domingos
e da estatua de Joâo Caetano; Rodolfo Bcrnardclli, de Toledo Piza, e ainda mencionaríamos outros va
Caetano de Almeida Reis e Hortencio de Cordoville. rios figuristas, decoradores, desenhistas c paisagistas
Dc todos elles o mais notável é Rodolfo Bernax-. dignos de relevo, se fizéssemos resenha mais desen
delli, em cujas obras está o que de melhor pro- volvida. Destacam-se na esculptura: Correia Lima,
duzio a nossa esculptura passada. Basta citar C h ris to Bibiano Silva, Armando Magalhães Correia, Antonio
e a m u lh e r a d u lte ra , grupo esculptorico pertencente Mattos, Modestino Canto, Leopoldo Silva, Nicolina
á nossa Escola Nacional de Bellas Artes, para se Vaz, A. Pitanga e poucos mais. São dignos de re
ajuizar das qualidades admiráveis de Bernardelli. ferencia, na gravura, Girardet e Adalberto Mattos,
e na agua forte Carlos Oswald. Conta a archite
ctura alguns representantes de nota, a exemplo de
Heitor dc Mello, Morales de los Rios, V. Licinio Car
SÉCULO XX. CONCLUSÃO doso e A. Memoria.
Entre os mais novos apontaremos, na pintura,
Zina Aita, Annita M alfati, Mario Tullio, D i Caval
Apesar de varias causas moraes e matcriacs que canti, Alberto Martins Ribeiro, Vicente do Rego Mon
muito contribuem para o lento evolver das nossas teiro, Alberto Cavalcanti; e, na esculptura, Leão Vel-
artes, da ausência de museus e galerias de valor, loso e Victor Brecheret. o mais forte e pessoal de
do descaso dos dirigentes no tocante aos problemas todos os jovens artistas brasileiros.
estheticos, e da indifferença com que o povo olha Tudo isso está indicando que, cm futuro pro
as exposições officiaes ou particulares, vamos pro ximo, removidas aquellas causas que deixamos acima
duzindo artistas de bom quilate. Entre os pintores registadas, e educado o gosto do povo, teremos uma
nomearemos: Lucilio de Albuquerque, Helios Scc- arte verdadeiramente nacional.
linger, os irmãos Arthur e João Thimoteo, Navarro
da Costa, Carlos Oswald, Leopoldo Gottuzzo, Geor
gina de Albuquerque, Modesto Brocos, Levino Fan- R. DP C.
PAVILHAO DA ARGENTINA
o o o o o o 50 o o o o o o
A C A R IC A T U R A N O B R A S IL l) E 1822 a 1922
o o o o o o 51 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO DA
com muito espirito a «charge»-, revelado no «Rata «Tagarella», chegou, viu c venceu; tem estylo pro
plan», no «Joâo Minhoca» e nos jornaes diários em prio, é perseverante, dedicado á arte c seu nome
evidencia; cultivando ainda hoje o genero faceto nas está feito na honestidade do trabalho, que não o
horas em que a palhêta lhe dá tréguas. Teixeira da faz esmorecer nunca. A. Storni, que veiu do Rio
Rocha, Maurício Jubim, Hilarião Teixeira e Arthur Orande c que se manifestou primitivamente em es
Lucas (Bambino) pertenceram a uma época de fe plendidas «charges» pessoaes, abordando hoje os as
lizes iniciativas na caricatura colorida; os dous p ri sumptos politicos; Amaro Amaral, ha pouco falleci-
meiros cederam o lapis ao pincel que cultivam com do, que deu optimo contingente á caricatura, na Re
esmero, quando o professorado lhes dá folga; Hila- vista da Semana», no «Jornal do Brasil» e Figuras e
riâo retrahiu-se, enfronhado na burocracia c Bam Figurões» (2* phase, a primeira fo i obra dc Calixto
bino», depois de perlustrar no «Mequetrefe», na Mas e Raphael Pinheiro); Seth, desenhista de consciência,
cara», na «Revista da Semana», no «Tagarela» e no aperfeiçoado nos moldes norte-americanos, cujos pro
«Jornal do Brasil», voltou a dedicar-se com exito á cessos agora adopta, tentou ao lado de Vasco Lima,
pintura, de que deu um excellente recado na exposi outro lapis de valor, um jornal de cscól, «O Gafo»,
ção de Bellas Artes. A rotina da lithographia, pro que pouco resistiu á indifferença desta aldêa gran
cesso optimo, mas lento e fatigante, foi abrogada de; é de Seth a historia de «João Pestana», que se
por Julião Machado, esse b e llo . talento portuguez vem popularisando pelos seus moldes de ser ins-
que remodelou entre nós a feitura das revistas illus- truetiva e u til ainda brincando. De Calixto Cordeiro
tradas. nada diremos, por suspeitos, ha uma inimizade figa
Anterior.rente o grande Bordalo Pinheiro aqui dal entre nós ambos, que surgimos juntos c até hoje
estivera, com a mesma galhardia, no «Psitl», no <Be- vivemos separados... pelas residências. Casanova, ou
zouro», mas adoptando os processos lithographicos tro vadio de talento, que podia dar melhor conta do
de então. A Julião Machado deve-se o processo da recado; A. Cruz, Alberto Delpino, sempre feliz nas
graphia nas revistas illustradas, foi elle quem intro «charges» pessoaes: Ariosto, Loureiro, Yoyô, Voltolino
duziu entre nós a maneira moderna européa e insi e Belmonte em S. Paulo; Augusto Rocha, também
nuou a grande reforma. Celso Herminio, outro por- forte na musica; Henry Puysegur (Byby), outro he-
tiiguez de taleríto aqui se revelou eximio nas «charges» róe do saudoso >Tagarela», hoje no desenho techni
pessoaes, morrendo quando mais se esperava do seu co da armada nacional; Germano Neves, Sá Roriz,
robusto talento. Pelêu; Fritz, outro indolente que precisa ser chamado
Vieram, depois, com intermittencias, para os ao bom caminho; Jefferson, Rigoletto, Maia, Perdi
arraiaes da caricatura Izaltino Barbosa, hoje preso gão, Heitor c muitos incipientes que surgem pro
ao professorado e Bento Barbosa que teve uma épo missores. Em 188Ó aqui esteve Hastoy, excellente ar
ca fulgurante aqui e em S. Paulo. Santos Falstaff tista que pouco se demorou, deixando-nos excellentes
por esse tempo surgiu nas lides do «crayon» e foi humoradas, mórmente sociaes. A politica internacio
o primeiro a lançar a revista illustrada sem exclusi nal suggcriu muitas «charges» dc Placido Isasi, que
vidades. O «Tagarela» assim surgiu, foimado por um longo tempo militou nas paginas illustradas do «Jor
grupo de cultores do lapis que, além da adoravel so nal do Brasil» e hoje se acha cm Buenos Aires.
ciedade de arte, abriu caminho para a maior parte dos Emilio Ayres, que se iniciára cm Londres, apre-
caricaturistas que hoje se apresentam. Qastão Alves, sentou-se, no Rio, como excellente retratista e me
outro lapis adestrado, tentára o mesmo systema no lhor «chargista», de que deixou um album original,
«Mercurio», o jornal unico em todas as cinco partes onde se encontram as effigies das nossas principacs
do mundo, pois era um vespertino diário lithogra- figuras de destaque. Érico Castello (Chin) appa-
phado a tres cores; africa que nunca se conseguiu receu com seu estylo modernista, dando-nos provas
nos demais paizes; nelle trabalharam Julião, Bambino, decorativas que têm sido bem apreciadas. Carlos Le
Domicuse, Porto Alegre e deram os primeiros passos noir (G ii) c Gilccno Braga (G il 2°) também fizeram
Calixto e o autor destas linhas. época, sendo mais forte o primeiro nos perfis. Roma
no, um novo, é hoje um especialista no genero «char
ge» pessoal e entre os que agora se revelam citam-se
Com a formação do «Malho» e do «Tagarclla», Fox (Trinas), Djalma, Santiago, Manolo, Acquarone,
aprescntaram-sc as phalanges organisadas da cari Jefferson c alguns mais, com apreciáveis qualidades de
catura, tendo á testa, na primeira das revistas citadas,
Chrispim do Amaral, que viera da Europa, onde al
cançara justificada fama pela graça de seu traço e
pelos assumptos que commentou, muitos dos quaes Nesse largo periodo de cem annos não fo i pe
lhe trouxeram perseguições, por serem inspirados na quena a phalange de caricaturistas e o facto mais
intrincada politica do velho continente. digno dc nota é a situação da imprensa illustrada
Na cpoca contemporanea é grande o numero de no Imperio e na Republica. Discute-se ainda o pro
caricaturistas fortes e é reduzidíssimo o grupo dos jecto regulamentar da imprensa, ominoso em extre
fracos. A variedade dos estylos e a fórma de inter mo, neste periodo de conquistas democráticas que o
pretação apresentam pelos jornaes e pelas revistas regimen, por seu titulo deveria favorecer. Entretan
hodiernas um encantador aspecto que attráe e em to, desde que se fez a Republica, a liberdade (não
polga. a licença, entenda-se) de exprimir o pensamento pelo
Citemos aqui Luiz Peixoto, a intuição em coroo lapis tem soffriuo o arrocho das autoridades c das
de gente, sem consciência do que vale, por ser um partidos apaixonados. Quem manusear as collecções
vadio de marca maior; J. Carlos, por nós lançado no dos jornaes de antanho, anteriores ao regimen actual,
O o o O o 52 o o o o o
Annuario do Brasil
FUNDADO EM 1844 <80 Annos de Existência)
A O BR A C O M P L E T A C O N S TA DE Q U A T R O V O L U M E S
RIO DE JANEIRO
Iodos devem e podem auxiliar a Saude
Polia contra as Doeias Venereas
A s D oenças V enereas representam ta m e n to g ra tu ito . E pre ciso porem , que <
um g ra v e p e rig o pa ra o paiz p e lo s m ale cada um , c o n ve n cid o d o p e rig o que re- j
fíc io s e m o rte s que vã o e s p a lh a n d o no p resentam as D oenças Venereas, p ro c u re
p re s e n te , e pela d egeneração que prepa a u x ilia r a Saúde P u b lic a , d iv u lg a n d o os t
ra m p a ra a raça n o fu tu r o . Só o nu m e ro conhecim e n to s u te is á prevenção d a q u e l- j
de m o rte s que oecasiona a s y p h ilis , a las doenças e su b m e tte n d o -se a um tra - I
m a is g ra v e das doenças venereas, é co n ta m e n to conveniente se, p o r in fe lic id a d e , *
s id e rá v e l, e já tem a ttin g id o em alguns v ie r a ser v ic tim a d e lia s . j
a n n o s , c ifr a egual ao c o rre s p o n d e n te aos C o m re fe re n d a aos m eios de e v ita r \
o b ito s p ro v o c a d o s pela tu b e rc u lo s e , a as D oenças V enereas, deve-se a co n se lh a r i
g ra n d e c e ifa d o ra de vid a s. A ta c a n d o to f u g ir das p ro s titu ta s que são a p rin c ip a l 1
dos os o rg a n s , a s y p h ilis é responsável fo n te de c o n ta g io , e em g e ra l, das re la - 1
p e la s m a is v a ria d a s a ffe cções e, além de ções sexuaes e x tra -c o n ju g a e s. O s q ue não
ca u s a r s o ffrim e n to s h o rrív e is , p ó d e p ro p u d e re m e v ita r essas relações perig o sa s, {
v o c a r a in d a doenças v a ria s , que incapa d e v e rã o u sar a d e sin fe cçã o p re v e n tiv a , ,
c ita m p a ra o tra b a lh o , e le v a r m esm o á ta l c o m o é ensinada nas publica çõ e s n.o .
lo u c u ra . D e ste m o d o , causa á nação um 7 e 12, da In s p e c to ria de P ro p h y la x ia das
e n o rm e p re ju íz o e co n o m ico, p o rq u e além D oenças Venereas, m e th o d o que te m d a
de ser um fa c to r im p o rta n te de m o rta li d o re s u lta d o s s a tis fa c to rio s . O s in d iv id u o s
d a d e , crêa a in d a u m a m u ltid ã o d e in v a li que vie re m a s o ffr e r de um a dessas d o e n
d o s e incapazes, peso m o rto na v id a da ças d everão re c o rre r im m c d ia ta m e n tc a
so cie d a d e . M a s n ã o é só sobre o in d iv i um d o s d is p e n sá rio s d a S aúde P u b lic a ,
d u o q u e se v e rific a m os m a le fíc io s da o n d e e n co n tra rã o tra ta m e n to g ra tu ito ,
d o e n ç a ; a s y p h ilis tra n s m itte -s e aos f i subm ette n d o -se com preserverança a o tr a
lh o s , p re ju d ic a n d o a p ro le e d egeneran ta m e n to conveniente. D este m o d o , p o d e
d o a raça. É assim que essa d oença, além rã o p re v e n ir os m a le fíc io s que a doença
de se r a p rin c ip a l causa d o s a b o rto s e lhes póde occasionar, e v ita n d o tra n s m it-
d o n a s c im e n to de cria n ças m o rta s , é a in til- a aos o u tro s , e d e fe n d e n d o a saúde
da re s p o n s á v e l p e lo n a scim ento de seres da esposa e do s filh o s . A s m u lh e re s que
e n fra q u e c id o s , d e s tin a d o s á m o rte prem a tenham s id o in fe cta d a s p ela s y p h ilis ou
tu r a , q u a n d o não se vêm a to r n a r im be que tenham s o ffr id o v a rio s a b o rto s d e
cis o u id io ta s . ve rã o su bm etter-se a tra ta m e n to co n v e
E s ta ra p iü a resenha m o stra e lo q u e n n ie n te para e v ita r que os filh o s venham
te m e n te que to d o s devem a u x ilia r a Saú a nascer m o rto s o u doentes.
de P u b lic a na lu c ta c o n tra as Doenças D iv u lg a n d o estes c o n h e cim e n to s e
Venereas», p o rq u e e lla s c o n co rre m para o s .-g u in d o estes conse lh o s, p o dem to d o s
d e s p o v o a m e n to d o p aiz e reprezentam a u x ilia r a Saúde P u b lic a na lu c ta c o n tra
um e s to rv o ao a p e rfe iç o a m e n to da raça. as D oenças V enereas», g a ra n tin d o para
A S aúde P u b lic a fo rn e ce o s p rin c i- si e para a sua fa m ilia , o bem p re c io s o
paes e le m e n to s de lu cta c o n tra as d o e n da saúde e p re s ta n d o ao seu paiz u m va
ças v e n e re a s: a educação p o p u la r e o tr a lio s o serviço.
A 6 D O E N Ç A S V E N E R E A S
ESTÁO D E S T R U IN D O
A P U J A N Ç A da N O S S A R A Ç A ^ \
^ ■ A Ú t à l
m ,
To d o s P o o e m e D e v e m A uxili
A " S A U D E P U B L IC A "
NA LU TA C O N T R A L S S t IN IM IG O
O O O 53 o o o Oo o
E N S A IO S O B R E A M U S IC A B R A S IL E IR A
tia * .
o o o o 54 o o o o o
C EN /EN A R /O DA IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO
o o o o o o 55 o o o o o
L/VRO DE OURO COMME MOR ATIVO IX ) CENTENARIO DA
ru fo s do s vatap is. N ão é m u ito o que se conhece, um batuque cab a llis tic o , dansado com desenvoltura,
dessa m usica, e, p o sto os p rim e iro s chro nista s r e fi ao som cadenciado de lun du s, com no ta s m u ito v i
ram os pendores dos ín dios pa ra a m usica, p rin c i- brantes e uma grande riqueza de ryth m o s, que p e r
p a lm e nle dos tupinam bás e dos ta moyos, dizendo-os duram na nossa m usica p o p u la r c ainda ho je pode
com positores orig in a c s , não fo i possível conhecer com mos rastreal-as.
precisão a ob ra m usical da gente au to chto ne d o B ra Com esses elem entos, sem esquecer também uma
s il. D o pouco que chegou até nós, poude v e rific a r-s e certa in flu en c ia hespanhola. das tyran na s e dos fan
que a m usica selvagem era inte ressa nte e viva, go sta n dangos e, po steriorm ente, ita lia n a , através de P o rtu
d o de im ita r a natureza, as suas vozes e os seus gal, se co n s titu iu o canto b ra s ile iro , de que a fôrm a
cantos, como que buscando um a fu são s urpreendente mais expressiva é a m od in ha . V in d a de P o rtu g a l, pois
com o scenario m a ravilho so. O p in a m o u tro s que essa segundo m uito s é um a prolaçâo das serranilhas p o rtu
m usica era apenas um a expressão colle c tiv a de ale guesas, ou, segundo ou tros, é a «canção rom antica
g ria o u pezar, das horas da g u e rra ou dos cerim o- transportando-se de P o rtug al para o B ra sil com o
niaes fu ne bres, o que parece m enos exacto, tendo em titu lo de m od inha nom e d e riv a do de m ote ou moda»,
vista o depo im e nto dos nossos chro nista s com o Jean o p iniã o p a rtilh ad a p e lo sr. T h c o p h ilo Braga, o certo
de L e ry , S p ix, M a rtiu s , Sant’ A nna N e ry e varios é que s o ffre u no B ra s il a in flu e n c ia fo rte do m eio,
o u tro s , que refe re m danças e Testas ind ige na s de tornando-se essencialmente nossa, a p o n to de Por
m uita s ou tras fô rm as. O canto do in d io era um a me- tu g a l assim a reconhecer quando, no reina do de
lopéa magoada, filh a d o seu ab atim e nto de erra d io e D. M a ria I, v olto u á sua te rra p rim itiv a . Não é con
nom ade, ou sim p les im ita ção da natureza, com o a testável que a m odinha tivesse tid o a orig e m p o rtu
dança dos animaes dos P a riq u y s , em que os cantos guesa, nas canções dos trovadores d o século X V I, ou
e os gestos reproduziam os g r ito s e o andar de nas s erranilhas gallczia na s, mas no Bra-sil, a p rove i
to do s os bichos. De m u ito s te m os o u v id o pa lavras de ta nd o os m otivo s da te rra, nas com parações e ima
de slum bra m e nto sobre a m usica dos ín dios, com o um gens, e to rnando-se languida, se tra n sfo rm o u numa
pedaço da natureza rude, mas de pura emoção, e canção p ro p ria , c uja fonte, q u alq ue r que tenha sido,
com u m perfum e de te rra fresca e v irg in a l. A te certo não lhe p re ju dico u o caracter p r o p r io e in co nfu nd íve l.
p o nto, eis a verd ad eira arte , a elevação do hom em A sua m elodia, s e n tim en tal e ap aixo na da , em geral
dia n te do un iverso, p ro c uran do exp ressal-o numa fô r n o m odo m enor, acompanhada pela v io la o u pelo
ma s u p e rio r e ideal, que dom in e a m ateria. H a nella cavaquinho, está n o coração da gente, com o uma voz
uma fo n te de insp ira ção e quan do nos an im arem os a de magoa ou n o s ta lg ia, um a c o n fissão da vida, sin
beber a sua agua clara e m aravilho sa? cera c hu m ild e. Em todo o pa iz se cantam m odinhas,
O s portuguesês que vieram povoar a te rra nova, numa fu são in tim a com o scenario, que se com pleta
fossem elles fid a lg o s de alta prosapia, capitães do com as suas notas m elancoolicas e com m ovidas.
m e lh o r v a lo r, o u sim p les im m igran te s plebeus, a tra í Mas persiste o d e s e q u ilíb rio e n tre o homem
dos to d o s pe lo d e lirio das riquezas, do o iro , dos me- c a terra. Ha um resaibo da natureza dom inadora,
tacs raros, das pedrarias, das m adeiras preciosas, que sc confunde com o de stino im p assível, p ro vin d o
sentiram -se desapontados com a h o s tilid a d e d o m eio. d a lii um am argor constante, que se in f ilt r a nas suas
A natureza am ericana era o p u le n ta , mas agreste e coplas ingenuas c deliciosas. E lla s nos dizem os en
não havia como decepal-a sem um tr ib u to rig o ro s o . cantos das m attas, os m urm ú rio s dos rio s , os qu ebran
O eu ropéo sentiu, desde log o, a lu ta gigantesca que tos do lu a r, os m ysterios das e strc lla s , os enganos
precisaria vencer c on tra o am b ie nte, o ra b ru ta l, ora da sorte e as incertezas d o am or. A em oção das m o
esq uivo ; era esm agando com a s o a lh e ira ; o ra d e fe n dinhas nas serenatas, m adrugadas « fó ra , acompa
dendo-se com a sccca, com o pa ntan o escondido entre nhadas pela v io la , pelo cavaquinho e pela flau ta , é
o cip o a l o u sob a herva ras te ira e h ú m id a ; o ra amea fu nd a c im perecivel.
çando c b a rra nd o o cam inh o com as m ontanhas es A m odinha porém não fic o u só no seio do povo.
carpadas, cheias de despenhadeiros a p iq u e c lapas V e iu para o salão, onde, aliás, não tem log ar. Acom
obscuras e te rrív e is ; o ra atacando com o b o te da panhada a p rin c ip io pelo cravo e de po is pelo piano
fera bra via , o u apicadura das serpentes insidiosas. teve o m a io r successo na nossa sociedade até m eiados
O português, m ais senhor d o m ar do que da te rra , do século passado, quando a c u ltu ra m usical se fo i
ao em bate dessa fo rm id á v e l trag éd ia, traze nd o já ap rim orando e e x ig in d o flo re s m enos agrestes. Em
a n o s ta lg ia do navegante, na s o lid ã o da te rra b ra sí P o rtu g a l, no tem po de D . M a ria I, a m od in ha teve
lica, fic o u preso de in d e fin ív e l tristeza. O te m o r se os m aiores fa vores, devido s o b retu do a D . M arian na
ju n ta v a á m elan colia e seu can to fo i la n g u id o e sau V ic to ria e ao D uque de Lafòes, que eram excellentes
doso, de um iso la d o nesse m u n d o no vo. T ro u x e a m usicistas. Nesse am biente, porém , a m od in ha perde
s erran ilh a e suas variantes, com as aria's sentim entaes o seu sabor, po is fo i cria da para ser cantada1 ao ar
e com m cvedoras, que de po is haveríam os de tra n s fo r liv re , em p e rfeita com m unicação com a natureza, com o
m ar, na m odinha b ra s ile ira . uma voz no seu concerto m ajestoso. A m odinha é
O afric a no , que veiu escravisado e fo i v en did o do caboclo, do m oleq ue d o n o rte , que lhe sabe tran s-
aos g o lpe s de chibata dos capitães n e gre iro s , bro n c o m it tir to do o la n g o r, to d o o e n fe itiç a d o de sua alma
e ru d e , mas com um a la rga sen sibilida de , apurada1 de m estiço. D en tre as com posições popu lares, ao
num con tinu o soffr/m e n to , quan do cantava, de s fo rra lad o dos lundus, dos fa ndangos, dos sambas e o u
va-se um pouco e na sua im a g in a tiv a acanhada acccn- tra s mais, a m od in ha é a m ais característica e sua
diam -se os b rilh o s quentes das suas te rras p rim e ira s . m elod ia longa, nas serenatas, ou nas no ites de lu a r,
N os eandoblés, fe sta cm que celebrava a chegada á parece um som da p ró p ria te rra, que se perde n o vago
p a tria dos que tinham m o rrid o captivos, contava com in d e fin ív e l de nossa emoção. A sua fô rm a sim ples, a
o o o o o o 56 o o o o
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sua singeleza e o p ro fu n d o sen tim en to das coisas a v ita , inconstante e a lig e ro . Nesse gene ro as com po
to rn am um a das m ais sinceras vozes do coração qu ei sições do sr. Ernesto Nazareth são m u ito exp re ssi
xoso da gente do povo. As m odinhas de C lau dio M a vas, bem como as do sr. M arcello T up ina m b á. N el-
no el da C osta. Ig na cio A lv a re ng a P e ix o to , Thom az las repontam , com um a riqueza pro d ig io s a de rythm os,
A n to n io G onzaga, Joâo Leal, Frei T e lles, Joâo dos cs característicos ince rtos da alma p o p u la r, hu m ild e,
R eis e Dona M a rian na , e n tre m uita s outras, ganha atrevida, voluptuosa, ardente e rustica, numa m usica
ram celebridade. C arlos G om es também com poz a l cheia de b rilh o s e suggestões. Procurando nas coi
gum as m odinhas, das quaes a de m a io r fama fo,i sas, nesse vago perm eio entre ellas e nossa im a gin a
Tão lo n g e de m im distante. M as, as m elho res são tiv a , que compõe a natureza, o sen tido da expressão,
ta lve z as anonym as, nascidas não se sabe onde, nem conseguem nos d a r to do o pittoresco e toda a poe
quando, nem com o, vindas da alma popular, b ro ta n sia popular, trad uzin do , apenas, sem d e fo rm a r pela
do como a herva dos cam inhos, ou com o a agua das interpretação.
rochas, pelo m ila g re da natureza gerad ora e fecunda. D ois são os característicos que podemos apurar
Essas nascem do s corações rudes, na contem plação nessa musica po p u la r, dentre ou tras impressões fo r
das coisas m ysteriosa s que os cercam e in q uie tam ; tes — a m elancolia e a lascivia. O am or ou é tris
surgem como um éco das vozes m u ltip la s da terra, to nh o ou v io le n to , re co lh ido ou desabusado. Como
irro m p e n d o do fu n d o do p e ito hu m an o; im itam os vim os, sobresáe na p a rte africana o a rd o r e nosso
passaros e traduzem os sons desconform cs da har- m estiço allian do -o a uma im aginação tro p ica l e l i
bid ino sa, deu-lhe m ais vo lú p ia ainda. Essa n o ta pre
A s trova s cantadas ao som das violas, refle c tin - dom ina, sobretudo, no m axixe do C arnaval. O C ar
d o cs sentidos locaes, são m otivo s p ro fun do s de naval, p rinc ip alm en te o do R io de Jaaneiro, é a
a rte p o p u la r, nos quaes, porém , o canto é uma sim fe sta mais em polgante da terra, c u jo e s p irito m elan
ples m odulação para o acom panham ento. Os lundús, cólico se desforra nesses dias, num d e lir io de alegria
que «são uma v arian te das m odinhas, m ais intercota- e vibração. É um estonteam ento dos sentidos. Ha a
dos e lascivos na musica e m ais expressivos na letra», fascinação da côr e do som. Nas m u ltid õ e s frem entes
tivera m os m elho res culto res. Basta re fe rir L a urind o a p o lycro m ia é um deslum bram ento das cores quentes
R ab e llo , que os im provisava com de licio sa malícia, e prim arias, dos verm elhões, dos verdes, dos ama-
X is to Bahia, um tro v e iro exce llen te, pela n a tu ra lid a re llo s , dos azues, nas fantasias espalhafatosas, nas
d e de seu canto, repassado de um liris m o n o s tá lg ico fita s das serpentinas que se entrecruzam e baralham
e vivo, Francisco C ardoso, José B run o Serra, entre e nos c o n fe tti que bailam no ar... An im a nd o o quadro,
c u tro s , m uito s o u tro s tro v e iro s , cujas vozes m elan ha cantos lascivos, vozes atordoantes, g rito s estrid e n
cólicas ou chistosas, cheias de conceitos avisados ou tes, chocalhos e pandeiros, c larins agudos e fa lsetes
rem oques s ub tis, são de um a emoção rud e e doce, caprichosos, e o ba te r grave e s o tu rn o dos bom bos,
com in stin cto ag ud o e la n g u id o sentim ento. Também na cadencia ruidosa dos Zé Pe re ira . E essas m u lti
o s fandangos, o s sambas, as tyrannas, os cuicumbys, dões inquietas, doidas e extasiadas de prazer, são
as cheganças, o s reisados, os congos, os aboiados, voluptuosas e refle c tein , nos seus cantos, esse fre m i-
são eivados de um a grande sinceridade, ora lo n g o ro - to insopitavel do desejo. As canções são fe ita s para
sos, o ra sensuaes, predom inando essa nota nos de serem dansadas e suas musicas são os m axixes lan
orig e m africana, com os batuques rythm ados e v io guidos, requebrados, picantes e m alicio sos... Nem a
lentos. H a ainda os bailes pa storis, do N ata l e A nno le tra , nem a musica valem m uito , mas o ry th m o 6
Bom , com suas leòas em lo u v o r d o Deus M enino, p o r vezes delicioso.
o s Ranchos de R ei, os Bumbas meu bo i c m il e uma É uma nova bachanal, de lou cura e e b rie z com
m anifestações da alm a p o p u la r, para' expressar sua municativas, pe lo flu id o da côr e do som, q u e se
a le g ria e sua m agua, a v o z m ysteriosa do sub-cons- com binam num mesmo desvario tu m u ltu o s o e m u lti
ciente in s tin c tiv o e barbaro. N ão é lic ito esquecer os p lo . Não ha mais aquelle recato em que vive re co lh id o
bend itos, que são cantos re lig io s o s , de nosso in te rio r, o nosso e s p irito , mas transbordam ento, excitação,
as im plorações ao Céo, fe ita s em to m hum ilde e fe r d e lirio . Nas notas quentes dos m axixes, nos seus
voroso, com m u ito liris m o e não ra ro certa vivacida compassos agitados e fe bris , movem-se desejos, ard o
de a co n trastar com a expressão sole m n c da musica res e vibrações, e as dansas, m eneiadas com desen-,
sacra. Ê pre ciso r e fe rir ta mbém , desde que não pode v oltu ra, acompanham o capricho d o batuque, nesse
m os nos lim ite s deste rá p id o ensaio, analysar as d i am biente pagão e desregrado. Essa musica con stitu e-
versas fôrm as da nossa m usica po p u la r, as vaflsas, as se de m otivos puram ente bra sile iro s, sentindo-se a in
polkas, os tang os, a musica de salão e n fim , mas bra flue ncia africana que predom ina, po is o m a xixe é
s ile ira , genuinam ente nacional, com seus m otivos lan um deriva tivo dos calundus e dos sambas, m a is leve
gu ido s, suas m elod ias len tas e encurvadas, de um e menos rude.
c o lo rid o e b r ilh o inconfundíveis. Nas suas linhas, ora F alta á musica p o pu lar bra s ile ira os seus des
pittorescas, o ra lascivas, movendo-se vagarosas ou bravadores. Vez p o r o u tra , já o têm tentado, sendo
animadas, repontam o queixum e, a graça, o desejo e que A lb e rto Nepom uceno com grande b r ilh o , sobre
a a le gria descuidosas de nossa ge nte franca e me tu d o na Série B ra s ile ira e em varias canções, em>
lan cólica. A o rig in a lid a d e da nossa musica de datisa, que os m otivo s nacionaes ganham o fu lg o r de seu alto
algum as lentas, em curvas extensas e lan gu ida s, ou e s p irito . M as ainda não tivem os, para m al da nossa
tras sa ltita ntes e coloridas, que brilham , com o o re fle ârte , úm Schubert, o u um C ho pin que soubesse se em
x o de cristaes e fogem com o inquietas borboletas, é b riag ar nessa fo n te ine xgo tave l de insp ira ção , como
d e licio sa, re fle c tin d o a doçura e o c a lo r d o nosso também têm fe ito os russos, tra d u z in d o os pendores
esp irito , esses d o is polos, em to rn o dos quaes gra e anseios da alma po pu lar. Até esse dia fic a rá m ys-
o o o o o o 57 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIV O DO CENTENARIO DA
teriosa a psyche brasileira, recolhida nas suas vozes fuga c tristissima de infortunio, a independência raiou
intimas e profundas, que nos elevam e extasiam. indomável e victoriosa. A Patria, que se fizera com o
descobrimento e se consolidara nos (iuarárápes, se
impunha gloriosamente ao mundo.
Nessa hora de renovação do paiz, com o advento
O PADRE JOSE M AURÍC IO E O SEU TEMPO
do principe regente, as artes não fôram esquecidas e,
como vimos, por influencia do Conde da Barca, Dom
A vinda de D. João VI fo i uma predestinação na João VI, cujos actos tinham sempre paternidade
nossa historia. Transplantando para a' colonia ame alheia, mandou contractar a missão Le Breton, com
ricana a corte bragantina, não só abriu uma' época artistas insignes, alguns dos quaes, como Qrandjean
de florescimento para o Brasil, bem como apressou o de Montigny, deixaram traços assignalados de sua
movimento independente, cujo anseio lhe arfava no passagem. A musica, si não teve as mesmas mercês,
peito joven. Desde a carta regia de 28 de Janeiro não fei contudo descurada, tendo-lhe o principe es
de 1808, seis dias depois da chegada á Bahia, e feita pecial predilecção, fosse suggestiva apenas, ou por
por inspiração do grande visconde de Cayrú, D. que lhe tocasse coração infeliz. No período colonial
João V I. se revelou um benemerito, menos, aliás, quasi nada temos a referir digno de menção e o
pela sua acção directa, do que pelas consequências que houve, afóra as manifestações interessantes da
irremissíveis do momento historico. As suas criações musica populai, foram trabalhos de musica sacra,
visavam todos os ramos da actividade nacional, esta entre os quaes se salienta a P a ixã o r/e C h ris to , do
belecendo os primeiros cursos, fundando o Banco do Padre Manoel da Silva Rosa. No começo do século
Brasil, a imprensa nacional, a bibliotheca, o jardim X IX é que apparece a figura empolgante do Padre
botanico, remodelando a cidade c contractando na J< sé Maurício Nunes (iarcia (1707-1830) que é uma
brança uma missão de artistas illustres, sob a chefia das mais altas glorias do espirito nacional. Esse mes
de Joaquim Le Breton, secretario da Academia de tiço nascido no Rio de Janeiro, de onde nunca saiu,
Bcllas-Artes, do Instituto de França. Era uma reno realizou unia obra profunda e admiravel, cuja filia
vação na terra americana e, si nem sempre os frutos ção se prende aos grandes mestres allemâes, a Bach,
corresponderam á cspectativa, c innegavel que fo i be a Mozart, a Haydn e a Beethoven. Deixou perto de
nefico esse surto, a menos como uma revelação e 200 composições, dentre as quaes sobresaem as se
um aviso para os brasileiros. Mais tarde, quando as guintes: M is s a ii r R equiem , pagina immortal, pela
Côrtes portuguesas quizeram recolonizar o Brasil, que grandeza interior, a força e a profundidade da ex
abrigara a côroa bragantina numa' hora vergonhosa de pressão, o sentimento vivo e indizível, que se eleva.
O O O O O
nas vozes lançadas ao C éo pela c ria tu ra1 supplice e vou o H y m n o da Independência, com letra de Eva-
fervo ro sa, na angustia e na m ise ria , rio te stim u nh o da ris to da Veiga, que ainda ho je é o ffic ia l. Se a obTa
sua fraqueza, que a m orte repete m in u to a m in u to ; dn m usico se perdeu, no prin c ip e valeram as in te n
M issa cm s i b e m o l; S in fo n ia F un eb re , Te-I)eum e ções, pois m u ito beneficiou o C on servatorio de Santa
M u lin a s , G ran de M issa e C re do Io D eg ola m e nto C ru / e ao desenvolvim ento do estudo da m usica no
de São João H a p tis ta , além de urna opera Te D u c Brasil.
G am eile , escrita a pe did o de D . João V I, cuja p a r Esse p e rio do encerra-se com José M a u rício . Só
titu ra se perdeu.
c llc é d ig n o de referencia, porque os demais nunca
A arte de José M au ríc io (fala m o s da re lig io s a , appareceriam si o m eio não fosse tão acanhado e es
p o r desconhecermos a pro fan a) é ungida de unta em o té ril. H ouve, porém , um m ovim ento de animação e
ção p re fun da e arrebata do ra, fe ita com um a grande incitam ento pe l;, estudo m usical, mercê das p re d i
frescu ra e intensa exaltação m ystica, qu alidades que lecções de I). João V I continuadas p o r D . Pe dro I,
o collocam entre os m aiores com positores sacros. embora m ais irre g u la rm e n te . Essa época poderíam os
Sua m usica é extatica, não p e lo jo g o fo rç a do de re dizer da fecundação.
cursos liric o s , mas pela inspiração ardente e fe rv o
rosa, que se elevava e tra n s fig u ra v a , no canto reve
la d o r. D ahi a grandeza e sinceridade. Para elle , a
o perío do romântic o
m usica era um a voz de libe rd ad e que lhe com m uni-
cava o e s p irito com Deus, numa fusão m ysteriosa e
in d e fin ív e l. N ão era um e x a ltad o, que pretendesse D epois da personalidade em polgante de José
c ria r um am biente re lig io s o pela decoração pomposa M au rício , de cuja g lo ria devemos ser o rg ulho sos,
c suggcstiva, como em geral acontece com os oradores |x itccs são os aspectos da musica no Brasil, até m ais
sacros, que m u ltip lic a m as imagens, forçam as com de m etade do século X IX . Só então appareceu C arlos
parações, agitam os m otivo s de eloquência, de sorte Gomes, um dos poderosos artista s do nosso paiz.
que a apparencia possa s u p rir •: que fa lta r na- inte nsi C om o rig in a lid a d e de e s tro e inspiração op ule nta e
dade in te rio r. A o revés desse processo, José M a u rí varia, c rio u um a obra em que, p o r vezes, a expressão
cio era unta a rtis ta in te r io r c uja fé sob ren atu ra l tra1- tem uma v iolê nc ia im p revista e adm iravel, quando
d u zia ua m usica, com uma larga sen sibilida de , que se si am as notas exuberantes da te rra americana. Na
in filtr a no coração e deixa a in te llig e n c ia ad v inh ar o opera b ra s ile ira , posto d e lia se tenham occupado
m yste rio p e rtu rb a d o i. A obra que nos leg ou e que, quasi todos os nossos m usicistas, C arlos Gomes
para m al de nós, em grande parte se perdeu, nos en (1 8 3 9 -189b) é o m ais consagrado c o m p osito r, pos
che de crença no e s p irito b ra s ile iro , cuja g e n ia lid ad e suindo sua m usica riqueza e b rilh o de tim b re s, ao
attesta m in i clarão fuig en te . mesmo tem po que uma m elod ia larga, flu in d o das fo n
E ra tão grande que ultrapassava de m u ito o m eio, tes mais puras do nosso liris m o . Estava C a rlo s G o
não te ndo p o r isso deixado d iscíp ulo s, em bora d iv u l mes talh ad o para ser o c ria d o r da m usica bra'si leira
gasse m u ito o g o s to pela musica, ensinando-a com um e poderia te r tid o papel sim ilh a n te ao de José de
devotam ento re lig io s o . D ep ois d e lle , só alguns lu s Alencar, na lite ra tu ra , a ffirm a n d o a independencia
treis mais tarde haveria de apparecer um grande m u musical elo B ra s il. Ao revés desse esforço, acceitou
sico, porque Francisco M an oe l ( 17*15-18(>5) era um tra n q u illo as indicações estrangeiras, esquecendo-se
a rtis ta menor. Da sua obra salvou-se apenas o H y m - de que o traia m . N a G u aran y pretendeu c ria r o in-
n o N a tio n a l B ra s ile iro , em c ujo s sons quentes ha dianism o na m usica, a gu iza de A lencar e G onçalves
a lg un ia coisa d o nosso entusiasm o e da nossa im a D ias, despertando a te rra, na evocação do a u to chto
ginação frem entes. D eixo u varias composições, in c lu ne, assim to rn ad a, p o sto em fa ls o , o sym b o lo da
sive um T e-D eu ni e um H y m n o da Jndependencia, nessa gente. P reju dic o u-lh e, porém , a escola de opera
pouco conhecidos. A sua g lo ria vém do H y m n o Na italiana, fazendo-o desprezar as vozes do seu meio,
c io n a l, que lhe im m o rta liz o u o nome, sem esquecer ou c o m p rim il-as nos m od elos da «arte», s a crifica n
o papel preponderante que teve 110 de sen volvim en to do a inte nçã o á fórnta. A o invés de seg uir os pendo
do ensine m usical no B ra s il, de que fo i um dos p r i res de seu e s p irito e, com o Alencar, no romance, te r
m e iro s a c uid ar e com o m ais am oroso inte nto. construído, sobre m otivo s nacionaes, a opera bra s i
E ju s to r e fe rir, pela in flu e n c ia que teve, o com le ira , deixou-se in flu e n c ia r pela musica ita lia n a , so
p o s ito r português M arcos P o rtu g a l, que re fo rm o u o bre tud o a de V e rd i, em fran c o successo, e fe z uma
C o n servatorio de Santa C ru z, escola de m usica que obra em que a graça, o fres c o r e o interesse estão
os jesuítas fundaram , e que ta n to relevo teve no c om prom ettidos pe lo pre con ceito da escola. Ás ve
c u ltiv o da grande arte, sendo que n e lla se fo r zes o e s p irito b ra s ile iro se re b e lla contra a hu
mou José M au rício . In vejoso e in trig a n te , suas milhação e irre m p e , quente e v iv o , em notas v io le n
virtu d e s se desmerecem com a lem brança d o m al tas e cam biantes, que lh e revelam a origem m a ra vi
que fe z a José M au rício , cuja s u p eriorida de o i r r i lhosa. M as, em ge ral, p ro cura uma solução preconce
tava, a Francisco M anoel e a Segism undo Neu- bida, quando tu do , em arte , deve ser surpreza c m a
kom a iin , d is c ip u lo pre d ile c to de H ayd n, que aqui es ravilha. A lé m d o G u aran y, a sua obra de m a io r e xito ,
teve com a m issão Le Breton. Também era m tisi- escreveu Fosca, Salvad or Rosa, M a ria T ud or, Schia-
eista, o p rin c ip e regente, depois D . Pedro I, que to í o . C on do r e um o r a to rio p ro fan o C olo m b o, afóra
cava v ários instrum entos e com punha, d e ixan do entre composições para piano e canto, com que enriqueceu
r.utro s trabalhos, uma opera, cuja a b e rtu ra fo i levada a nossa lite ra tu ra m usical, a p a rtitu ra incom pleta d i
ern P aris em 1832, musicas sacras, uma s in fo n ia para urna opera M o re n a e um frag m e nto do C ân tico dos
orchestra e varios hym nos, sendo que destes se sal Cânticos.
O O O O O O 59 o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORA TIVO DO CENTENARIO DA
Carlos Gomes, no genero que adoptou, pos jectoria rapida e vibrante. O vôo de um novo Eu
to aquelle em que a emoção espiritual mais cede phorion... A Série B ra s ile ira , para orchestra, é uma
ao langor dos sentidos, construiu uma obra invul partitura de merito invulgar; o T an go B ra s ile iro , ou
gar, com physionomia propria e certo caracter, em al as Variações sobre um thema b ra s ile iro (V em cá
gumas de suas composições. Ha paginas interessan b itú f são tratados com emoção sincera e ardente, uma
tes, sobretudo as que se desprendem da escravisação certa melancolia nesta pagina, de um sabor delicioso.
formalistica e a inspiração brasileira domina, num A serie Schum anniana, para piano, é de uma poesia
frem ito exuberante e joven. Se não creou uma obra interior profunda, em que o coração é o maior advi-
nova e independente, prendendo sua emoção no con nho da vida. Ama as coisas silenciosamente, mas com
vencionalismo de genero, e de genero vulgar, e se uma tortura de infinito, que é ansia e nostalgia...
a sua composição é, em geral, pouco solida, deixou na Sua musica, onde, por vezes, perpassa também uma
musica um pouco do lirism o ardente e característico certa influencia de Beethoven, quer a sinfónica, quer
dessa magia imaginosa e indefinível da alma brasi a de piano e camara, é feita com grande frescura e
leira. Sem tortura da realidade, contentava-se com 3 sinceridade, «une musique d’aveu», poderíamos dizer
apparencia do mundo, fosse de brilho ou de melan sem exagero. O romantismo não era um desespero,
colia, deixando essas impressões passarem em sua antes buscava, por sobre o fundo pertinaz de melanco
obra, para deleite dos sentidos, sem outras preoccupa- lia, as notas rutilas e brilhantes, as orchestrações sub
ções para a intelligencia. Com certa emphase e uma tis e esmeradas, os coloridos vários e empolgantes.
nota elegiaca constante, a sua imaginação flue com A sua musica, composta com mestria e firmeza
frescura e calor, desdobrando-se na melodia facil e teehnica, ficará cm nossa arte como um sonho maravi
communicativa, em que se espirito adejava, satisfa lhoso. Mais uma vez o artista teve a sorte da illusâo.
zendo-se em ver as coisas e sem se inquietar com Ceiu, quando alçava o vôo...
possuil-as...
Ao contrario de Carlos Gomes, foi Leopoldo
Miguez (1850-1902) um influenciado pela musica alle-
mã, de Liszt e Wagner, de que se tornou discipulo Taes são as maiores expressões de nossa musica
brilhante, com certo caracter, mas sem grande origi- no seculc XIX, afóra aqucllas que, vindas delle, en
ginalidade. Foi, por excellenda, um sinfonista. A sua cheram de maior fulgor a época contemporanea, que
orchestração c rica e m ultipla, com notas empolgan os reclama. Muitos outros nomes poderíamos citar,
tes e expressivas, desdobrando-se a imaginação em dc compositores sacros, de opera, de sinfonistas, de
torno dos motivos, numa fantasia intensa e singular, bandas de musica, de operetas, de musica popular, de
na qual, ás vezes, ha repetições, mas sempre solidez camara c de piano, de v irtu o s i e cantores, alguns dos
e correcção. O poema synfonico Ave L ib e rta s !, por quaes com qualidades apreciáveis. Excede, porém, os
exemplo, é de uma grande emoção, e o seu calor limites deste rapido ensaio, onde indicamos apenas as
muito revê do temperamento nacional, no lirism o e na tendências e affirmações geraes do espirito musical
exuberância. Os motivos se transformam em allegorias brasileiro, cuja grandeza e perfeição se accentuam,
e criam a suggestão ornamental, que avulta para' sup- numa magnifica ascensão.
prir as deficiências intimas. Os seus poemas sinfóni
cos, dentre os quaes P rom e the u, Ave L ib e rta s , Pa-
ris in a , O d e a V ic to r H u g o , Ode fú n e b re a B enjam in TENDÊNCIAS DA MUSICA BRASILEIRA
C onstam , são paginas de grande brilho e enver
gadura na nossa musica de progTamma, que teve
em Miguez a mais alta expressão sinfónica. Afóra O esforço para uma expressão musical brasileira,
as paginas para orchestra, escreveu o H y m n o da no reflexo da terra e do homem, coube á geração que
Proclam ação da R ep ub lica , o poema dramatico Pelo se affirmou de 1890 a esta parte, e de que Alberto
am o r, acção do Sr. Coelho Netto, e Os Saldunes, Nepomuceno (1864-1920) foi a mais alta figura.
também letra do Sr. Coelho Netto, representado pela Effectivameute, ninguem combateu com animo mais
primeira vez a 20 de Setembro de 1901, no Theatro decidido as imitações estrangeiras em nossa arte e,
Lyrico do Rio de Janeiro. A factura de Miguez é so ao mesmo tempo, procurou criar uma musica, sem se
lida, manejando a orchestra com segurança e profi enquadrar no regionalismo, mas nascida no ambiente
ciência. O seu colorido quente e o ajuste dos valores magnifico de nossa natureza e com aquelle tom me
sinfónicos lhe permittem obter os melhores effeitos lancólico, que é o residuo da fusão mysteriosa das
descritivos, mantendo uma exaltação continua e ma raças, de que promana o brasileiro. O meio européo,
jestosa, ainda que, por vezes, declamatoria. onde formou o espirito, e a cultura musical lhe não
Também sinfonista era Alexandre Levy (1864- estancaram a veia natural da1 inspiração, vibrante e
1892), que cedo se revelou um alto engenho musical, colorida. A sua obra refoge ás adaptações constan
mas cuja vida, cortada aos vinte e oito annos, não tes, a que se sujeitavam os artistas brasileiros, e surge
lhe permittiu a realização, que delle era licito esperar. com um calor estranho, em estilo original e de deli
A sua obra hão vale só pelo que representa, mas é ciosa frescura. £ a manifestação de uma persona
despertar que revela, cheio de calor e emoção, com lidade ardente e inquieta, que não attingiu á suprema
uma certa melancolia, talvez o presentimento da mor energia criadora da arte nacional, nessa synthese ad
te que rondava. Não só na sinfonia, mas como, com mirável em que o artista é um predestinado, mas foi
positor de musica de camara, de literatura de piano, um precursor, deixando em sua obra a genesis desse
folk-lorista, e ainda no p u lp ito de maestro ou no esforço ousado e tragico, que já sentimos vingar. A
piano, Alexandre Levy fo i um revelado, numa tra- sua obra tem calor e vibração, o sentido da natureza
OOOOOO 60 o o o o
VALENTE, COSTA & C.", Lt.“ — Porto.
INDEPENDENCI A C DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
exorbitante, que melancoliza o homem, é original coada, tamizada e diffusa tem jogos singulares. O
sem ser preciosa nem loquaz, qualidades porventura sr. Oswald é um artista fino, que procura a perfei
raras nos nossos artistas. Talvez a nota pictural do ção; nós, brasileiros, somos ainda violentos e des
mine mais do que a psychologica, mas essa repon medidos, que procuramos a emoção em sua i tensi-
ta por vezes, na sentimentalidade de muitas musicas, dade brutal. A sua inspiração não é fausto' , nem
como nessas magnificas canções que, ao ouvil-as, se procura resolvel-a em largos desenhos, contentando-se,
nos acorda na memoria esse vago e luminoso espirito ao contrario, com os motivos singelos e as tenues
da terra, na fantasia dos motivos. Sentiu a natureza indicações. E le g ia , I I N e ig c , B ébé s ’en do rt, P ie rro t
como uma inspiração ardente e no preludio de Oara- se m eu rt são, dentre outros, pequenos poemas deli
lu in , por exemplo, freme um pantheismo amigo das ciosos, feitos com uma finura de toque, uma lim pi
coisas, mais para amal-as do que pa'ra decifral-as. O dez e uma graça, que só sabem ter os artistas de es-
poder emotivo póde não resolver o segredo do mun cól. A sua musica de camara, de que é mestre in
do, mas se ccmmove diante delle. Na S erie B ra s ile ira , contestável, os qu atuo rs, os q u in te tto s , os trio s , as
para orchestra, mostra esse espirito proximo da na peças para violino e violoncello, e as composições
tureza, como o que domina a poesia do sr. Alberto para canto e para piano são paginas magnificas, de
de Oliveira, e fulge nessas paginas cheias de luz e grande poesia, nas quaes, para usar expressões do
de claridade, nas suas expressões vibrantes e mar sr. Rodrigues Barbosa, a proposito do Q u in te /to ,
cadas, ora num colorido intenso, ora na leve anno- «a idéa melódica é sempre original sem ser tortu
tação de um motivo popular, repontando na harmonia rada e jorra com abundanda deliciando pela1 sua
do conjunto. O Samba final tem um rythmo bar frescura e limpidez; o trabalho de composição é
baro de aspecto muito singular, todo elle baseado sempre novo, variado e pessoal».
em motivos africanos. Das suas canções citaremos, Corn grande maleabilidade, a musica do sr. Hen
entre outras. T u és s o l, Am o-re m u ito . A m or ind e rique Oswald se desenvolve numa suggestão conti
ciso , Turqueza, N um a concha. Olha-me e as U yáras, nua c nos segreda todo um mundo de maravilhas, não
para solo de soprano e côro de vozes femininas, so pelas imagens que não é rica a sua imagetica —
bre uma lenda do Rio Negro. A graça tem por vezes mas pelo proprio rythmo, que nos emociona e com
melancolia, é o lirismo, é a suave e magica nos move. Porque, escrevendo sobre o sr. Oswald, mc
talgia brasileira, de que Nepomuceno foi um dos cáe da penna do nome de Samain?
poetas mais commovidos.
A sua obra de que só referimos por enquanto O sr. Francisco Braga é um sinfonista de grandes
a parte brasileira, c das mais admiráveis que possui- recursos, com uma larga technica, procurando, por
mos, reflectindo sempre o artista poderoso e emotivo, vezes, a inspiração nativista, em certas lendas e epi
de inspiração opulenta e vibrante, servido por uma sódios, como no poema sinfonico M arab á, na opera
technica segura. A opera A b u l è uma partitura vi J up y ra, extraída de uma novella de Bernardo Guima
gorosa, de largas proporções e merito incontestável, rães e o C ontracta do r de D iam an tes, sobre a peça ad
posto o lib re to lhe comprometta a dramaticidade e miravel de Affonso Arinos. A sua nota predominante é
portanto o seu destino de opera. A sua producçâo é a riqueza de timbres e a magnifica orchestração,
copiosa, citando-se a musica de scena E le c tra , feita conduzindo a sinfonia com calor e energia, faltando,
em fórma classica; o episodio liric o A rte m is , li embora, o imprevisto. Sem ser um emotivo, nem pos
breto do sr. Coelho Netto; a S in fo n ia Cm s o l m aior, suindo qualidades extraordinarias de imaginação, a‘
que c uma obra de grande envergadura, e o admiravel musica do sr. Francisco Braga e vigorosa e colori
T r io em fá m enor, para piano, violino e cello. Na da, por vezes opulenta. Envolve com brilho o mo
nossa musica, Nepomuceno tem um logar do mais tivo mclodico e, numa roupagem fulgurante, lhe dá
alto relevo e foi a primeira expressão da harmonia um prestigio inconfundível. Os poemas sinfônicos são
entre o meio e a cultura, do que ha-de resultar a as mais características de suas producções e Oração
grande arte brasileira. Sondou, entre os primeiros, á P a tria , Paysage, C auchemar, E p is o d io Sym phonico
essa nebulosa expressão de nossa musica, cujo des e P ró-P a tria (grande marcha) são bellos exemplos.
tino magnifico transparece na harmonia deslumbrante A influencia wagneriana é sensível na sua factura,
da natureza, que na arte terá a mais divina revelação. cujos processos denunciam os moldes do mestre de
Sentiu a magia dessa deusa dos tropicos, sensual, Beyreuth. Tem paginas de muita graça e finura para
extatica e melancólica, e foi seu fie l enamorado... piano e canto, como as V irge ns M o rta s , de Bilac,
O sr. Henrique Oswald — dos menos brasilei a que soube transmittir uma emoção suave e pene
ros dos nossos compositores— trouxe á musica nacio trante. E. além de compositor, um dos nossa; mais
nal o sentido do equilíbrio e da medida, contrastando estimáveis regentes e professa a cadeira de com
com as expressões líricas do temperamento indigena. posição no Instituto Nacional de Musica.
Artista primoroso e subtil, de uma sensibilidade mui Procurando, também, faser musica brasileira, pelo
to fina e reagindo, por vezes, contra a eloquência, o que se approxima das tendências de Nepomuceno,
sr. Oswald é o amigo das meias-tintas, dos entre-tons está o Sr. Barroso Netto, cujas composições têm,
suaves c das simples indicações, que mais suggerem por veses, deliciosa frescura e singeleza. C an tiga ,
do que commentam. A sua musica de uma simplici Adeus, S r eu m orresse am anhã, D o rm e , Valsa Len
dade requintada, é uma admiravel flo r de cultura, de ta , são paginaas feitas com graça espontânea e sen
um civilizado européo, volvido antes para si mesmo sível. Seu estilo claro e simples revê a influencia dos
do que para as coisas. Evitou o prestido da natureza mestres allcmãcs e de Grieg. É um virtuosi de me
e a sua musica não é feita ao ar livre, mas nos am rito e professor de piano do Instituto Nacional de
bientes discretos e nas doces intimidades, onde a luz Musica.
o o o o 61 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
Sobresaem ainda os nomes de Arthur Napoleão, mesmo no Brasil; João Octaviano Gonçalves, alum
o admiravel pianista, que cercou seu nome de muita no laureado do Instituto de Musica e que já tem
gloria em noites memoráveis, e também apreciável uma copiosa producção, de literatura de piano, de
compositor, sendo de sua autoria Romance e H aba- musica dc camara e sinfônica, além de uma opera
beram que são paginas de grande poesia, Suíte e
ainda inedita Iracema, com libreto do sr. Tapajoz
T aran te la , para dois pianos, Valsa im p ro m p tu , Valsa Gomes, Abdon Milanez, Assis Pacheco, Carlos de
m e lod ia, etc.; Henrique de Mesquita, autor da sin
Campos, João Gomes Junior, João de Souza Lima,
fonia dramatica Jeanne d ’ A rc , e de algumas operas Sá Pereira, Francisco Mignonc, João Gomes dc Arau
em estilo italiano; Carlos Mesquita, pianista, maes jo. Paulino Chaves, Sylvio Frócs e tantos e tantos
tro e compositor, de fórma simples e elegante. Obteve outros que procuram num grande esforço dar mais
o primeiro prêmio do Conservatorio deParis.de 1885, brilho e mais fulgor a nossa arte e á nossa musica.
e é autor da opera E sm era ld a e de varias composições
para orchestra, piano e canto; Delgado de Carvalho,
cuja musica se filiava á escola romantica francesa, OS MODERNOS
tendo escrito a opera M o c m a , que mereceu os me
lhores applausos, não só no Brasil, mas também em
Portugal e na Russia, e a opera num acto H o s tia , Acompanhando o desenvolvimento da musica bra
além de varias composições para piano, inclusive sileira, presentimos o desejo de liberdade, a tor
Sonata, Valsas H um orís tic a s , M arche des Poupées, tura por uma expressão propria, entravada na su
etc.; J. Araujo Vianna, que escreveu as operas C a r jeição demorada das escolas e dos estrangeirismos
m e la e R e i G a la o r; Francisco Valle, discipulo de corruptores. Nenhuma criação musical poude aban
Cesar Franck, e cujas composições, segundo o sr. donar a origem da terra, c, ainda agora presencia
Rodrigues Barbosa, são «verdadeiros documentos dc mos o esforço da musica francesa, reagindo contra
seu immenso talento e magnificos attestados do gran Wagner e as penetrações germanitas, para se man
de aproveitamento que colheu das sabias lições do ter essencialmente nacional. Sem esse amor ao meio,
mestre e dc seus estudos». Escreveu o poema sinfô sem ouvir sempre da bocca popular o canto inge
nico Telemaco e varias obras de musica de camara; nuo de seu peito, sem penetrar na natureza c nos
Manuel Joaquim de Macedo, autor da opera T iraden- seus mysteriosos segredos, toda obra será de imi
ic s , libreto do sr, Augusto de Lima, e de muitos ou tação, ou affectada; não vencerá jamais o tempo.
tros trabalhos para orchestra, piano e canto, em nu E numa terra, como a nossa, cheia de coloridos quen
mero superior a 300, todos muito pouco conhecidos, tes e com uma riqueza de rythmos prodigiosa, a
VDEPEN DENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
m usica terá de v ir do am b ie nte sonoro que nos cer sobre a peça de M e a terlinc k , com o p rim e iro acto
ca, porque cada lo g a r tem um a onda de som que a fin d o e o segundo esboçado.
en volve num ru id o in te rm itte n te . Façamos como os
G lauco Velasquez m orreu aos trin ta annos, numa
russos, que, desprezando a musica estrangeira, cria m ag nifica aurora, deixando o traç o r u tilo da nossa
ram sua a rte m aravilhosa, com a poesia do povo, os arte , em que f o i um c ria d o r de belleza e de emo
c o lo rid o s d o o rien te , a vaga m elancolia com que ção. Um dos m ais altos engenhos musicaes do Brasil.
a te rra immensa apavora o homem. Façamos uma
m usica que seja a libe rd ad e de nosso e sp irito , ain
da cercado de preconceitos, atem orizado diante de
civiliza çõe s m ais velhas e com uma desconfiança cons
ta nte em seu ge nio cria do r. O que nos fa lta , a nós N o sr. H e ito r V illa Lobos a personalidade é ex-
b ra sile iro s, é a crença em nosso e s p irito . Será, p o r horbita nte . D om ina a a rte e se recusa a acceitar
ven tu ra , o in d io que se d e s fo rra dos novos donos da as fó rm ula s, as mesmas que cria, pelo anseio cons
te rra , tra n s m ittin d o -lh e s o seu desconfiado te m or? tante de sensações novas, onde seu esp irito se sinta
O c erto é que perdura em nós qualquer traço per cada vez m ais liv re , pa ra se elevar no m ais pu ro
tu rb a d o r de hum ilhação, que as gerações modernas, subjcctivism o. E desconcertante, porventura, nessa va
m ais conscientes d o de stino nacional, têm o dever riação, onde só ha a constante do rythm o pessoal,
d e apagar. E x ig c -o a nossa grandeza incontrastavel. mas transfigu ra nd o-se na infinda e m u ltip la fantasia
dessa musica, que não é sim plesm ente ornam ental,
A musica b ra sile ira deve s u rg ir desse pheno- mas de grande intensidade psychologica. Ê interes
m eno m od erno de libe rd ad e, p e n n ittin d o uma exhu- sante notar que, salvo o caso rem oto de José M au
berancia rythm ica, que a tona lid ad e classica im pe ríc io e, em parte, o de G lau co Velasquez, o sr. V illa
d ia , nos lim ite s d o seu fo rm alism o. Nossos musicos Lobos é um a excepção na nossa m usica, onde nunca
hão-de ser liv re s e desabusados, donos da sua arte, a in te llig e n c ia reage, dominada' pe lo sentim ento e
do m in an do as conveções e exa ltan do o som na pro pe lo in s tin c to , inflam m ados na imaginação. O sr. V illa
dig io sa sin fo n ia da terra. F o i assim que o sentiu Lobos não procura aprender as coisas pelo seu as
(ila u e o Velasquez (IS84-1<J14) um verdadeiro c ria pecto sensível o u im pressionante, mas pelo substracto
d o r na musica bra s ile ira , abandonando os canones c da realidade intim a, descendo — segundo um con
as le is, e fazendo musica pura, de uma1 suggcstâo ceito de B audelaire — «ao recesso d o desconhecido
in fin ita , seguindo um systema, é certo, mas pessoal para encontrar algum a coisa nova». A sua arte é,
e independente. C om um fo rte temperam ento a rtís pois, do m ais transcendente subjectivism o, m uita s ve
tic o , accentuados pendores para a• pin tura e a es zes através de m o tivo s singelos e ingenuos, cuja ma
c u ltu ra , era um a s e n sibilida de requintada, e a sua te ria tran sfo rm a numa emoção exaltada e vibrante.
m usica sc desenvolve entre o sym bo lism o e o im pres Fazendo m usica pura, o sr. V illa Lobos é um cria
sion ism o , em m eias-imagens, que se completam em d o r de am bientes sonoros, para despertar estados de
nosso espirito,, graças á sua intensa em otividade. alm a, onde se p e rm itte o m ais pe rfe ito goso esthe-
R eaccionario e liv re , abandonou at tradicçâo e ser tico. £ que não pretende im p o r a inspiração e seus
vind o-se de elementos pro p rio s , com um rico chro- m otivos, mas d e ix a r que a suggestão acorde em nos
m atism o e rythm os novos, G lauco nos deixou uma sos espíritos to d a a sentim entalidade, como um a v i
o b ra adm ira vel, de fo rte in flu en c ia rom antica, com bração intensa e prolo ngada.
um a no ta apaixonada de coração fe rid o , que reponta A m usica d o sr. V illa Lobos é profundam ente in-
sem pre em m agoa e inquietação, através da fa nta te llig e n te , não que seja construída pela vontade, im i-
sia m ú ltip la d o a rtis ta , na1 sua m agia in te rio r de ta tiva, fria , mas por te r a razão com o base e delia
um p ro fu n d o sub jcctivism o . G lauco Velasquez fo i um prom anar to da a inspiração, a que o in stin cto e o
cria d o r sin g u la r e, posto in flu e n c ia d o p o r W agner, sentim ento dão m aior fu lg o r. A m elancolia da in te l
s o b retu do pe lo T ris tã o e /s o lita , C esar Frank e V in - lige nc ia é o fu n d o do seu temperam ento, e a re
cend d ’ ln d y , tem um a personalidade inco nfu nd ivcl. solve, seja p o r um liris m o vago e tris to n h o , como
A sua musica de camara' é de um grande vigo r, sen no T c d io da A lv o ra d a ; seja p o r um hu m our que
do não só pro du cto de um a sensibilidade viole nta , se vinga das insu fficien cias hum anas; como no Scherzo
mas de fo rte in te llig e n c ia , que era um dos traços T erceiro Q u a rte tto o u no A le g re tfo do Q u a rte tte Sym-
característicos dessa physionom ia artística e pelo qual b o lic o ; seja p o r uma tra n q u illa postura diante da vida,
dom inava as coisas, para u o s revelar o segredo da resignado e contem plativo, ante o transcorrer d o flu
expressão m aravilhosa, acim a da realidade das ap- me ii rerum , com o em S e re nid ad e; seja pela singe
parencias. Os trio s , as sonatas, sob retu do a sonata leza dos accentos pueris, tran sfigu ra do s em sym bo-
para v io lin o e piano, as fantasias são paginas de los, como na P ro le d o Bebé. Eis algum as fôrm as ape
m e rito invu lga r, pela vibração, pelo ry thm o, pelo fres nas em que a variedade es p iritu a l do sr. V illa Lobos
cor, pela riqueza po lifo n ic a , pela independencia joven se evola, na ansia de sua criação. O espectáculo da
e audaz e, sobretudo, por um grande sentim ento do v ida o absorve e sua to rtu ra é a da in te llig e n c ia
vago, em que as ideas, incorporeas e livre s, buscam desencantada, que se sente m esquinha em face do
se com p le ta r na nossa emoção. As suas musicas para U niverso, não o póde do m in ar e encontra na m e
canto são m u ito s ig n ific a tiv a s , a exe m plo da te tric a lan colia o prê m io engnador do esforço m allogrado.
F ada N eg ra , de A n th ero de Q uental, em que a dôr Essa impressão vem m uitas vezes pe lo contraste, a
tem qu alq ue r coisa de iro n ic o e sarcástico; do Padre no ta do lorosa se choca com o ris o am argurado, a
N osso , de extrem a exaltação, ou da s om bria F a la litá . iro n ia sen tim en tal, como no Q u a rte tto S ym bolic». £
D e ix o u inco m p leto um dram a liric o Soeur B e a trix , o sarcasmo das coisas que zomba1 das nossas fracas
O O O O O O 63 o o o o
LIVRO DE OURO COM M E MORAT IVO DO CENTENARIO
tenta tivas, as fracas te nta tivas do hom em , em busca tatua do nosso idéal, que será perpetua, im perecível
do além in a ttin g iv e l. e pe rfeita .
O sr. V illa Lobos, cria nd o musica pura e in te E n tre os novos ha ainda a cita r os srs. O sw a ld o
rio r, na qu a l, com o ob servo u com fe lic id a d e o sr. Q uerra, que é um com p osito r m od erno e de um a
M a rio de Andrade, não é possível estabelecer lin e a gra nd e emoção, a ju lg a r, aliás, pe lo pouco que de lle
m entos p a ra o desenho m elod ico, é pro fun da m e nte b ra se conhece; Luciano O a lle t, cujas obras são m u ito
s ile iro . Si precisássemos de um a v iva e fu lg u ra n te estim áveis, revelando um e s p irito in q u ie to e s u b til;
dem onstração pe lo que vim os in s is tin d o neste en e N in in h a V c llo s o G uerra, que não só era com p osi
saio, sob re a in flu en c ia d o m e io na obra1 de arte , to ra deveras interessante, mas p rincip alm en te um a
a m usica d o sr. V illa Lobos nos daria a m ais absoluta. in te rp re te adm iravel dos m odernos, sobretudo de D e
Sem ser um sim ples paisagista, que copiasse a n a tu bussy, em cuja ob ra sua sen sibilida de criava novas
reza nem um fo lk -lo ris ta , que vivesse a p rove itan do emoções e se revelava do m ais a lto sub jectivism o. Se
os m o tiv o s po pulares para estillisações, sendo antes não podemos c ita r ou tros nomes, não s ig n ific a isso
de uma personalidade ex o rb ita n te , o sr. V illa Lobos que a m usica m oderna no B ra s il não esteja penetrando
tem a an im a r sua arte o e s p irito da te rra , n o fu lg o r com uma crescente intensidade, liv ra n d o nosso e s p iri
da natureza, na m elancolia d o homem, en fim na in to dos entraves classicos e pe rm ittin d o -lh e o s m ais
certa psyche b ra s ile ira , a um tempo audaciosa e t i audazes e fu lg ura nte s vôos.
m id a , v io le n ta e retraída. A riqueza dos seus rythm os,
as dissonâncias, o c o lo rid o v io le n to e caprichoso, a
im agetica fecunda, a iro n ia am arga e sardónica, um POR FIM...
accento elegiaco que apparece sem pre sob m il fô r
mas, accentuam os característicos da alm a bra s ile ira , O desenvolvim ento e o crescim ento da nossa
que frem e nessa musica, alteando-se ás m ais transcen musica, através de todas ms incertezas, nos convence
dentes concepções de um a idé alida de in q uie ta. A sua de que temos uma alta sen sibilida de m usical e de
o b ra, que já é copiosissim a, m ais de duzentas com que havemos de c ria r um a musica b ra sile ira , que
posições, operas, m usica sacra, s in fô nica1, de camara seja liv re e m aravilhosa, filh a do nosso am biente,
e lite ra tu ra de piano e canto, não poderia' ser a n aly - re fle x o da variavel e m u ltip la psyche nacional. Ne
sada sob um só c rité rio e seria lo n g o a p on ta r to dos cessario, porém , é nos liv ra rm o s das escolas, dos
os aspectos da physionom ia do artista', que p re fe ri preconceitos estrangeiros, das copias e das im itações
m os in d ic a r de um m odo g e ra l, na synthese dos seus e sentirm os p o r nós mesmos, com to da a força de
valores. A sua poesia in te rio r, p o r vezes s u b til e vaga, nosso tem peram ento joven, neste m un do jove n que
como na segunda sonata para v io lin o e piano, ob ra habitam os. Q ue a c u ltu ra não seja uma densa cerra
pri.n a dc inoom paravel belleza, é uma' sim p les sug- ção para escurecer o b r ilh o de nosso estro, antes
gestão d c am bientes, que seria im p ossível e x p lic ar. um m eio de iev e la l-o m ais fu lg id o e poderoso, m ais
O s pendores que vim os notando para um a m u b e llo e intenso. Façamos um a a rte nossa' e indepen
sica b ra s ile ira têm no sr. V illa Lobos urna' m a g nific a dente, ap roveitando essa riqueza fo rm idá vel de r y
affirm açã o. A sua fantasia se desenvolve através das thmos, essa abundancia pro d ig io s a de côr, essa exu
im pressões do m eio, que resurge nessa arte, como berância da natureza m ag nifica. Tenhamos fé na as
uma suggestão pro fun da da natureza' m aravilhosa. £ censão d o nosso e s p irito e no aperfeiçoam ento de
um exem plo fe cundo de tu d o o que podemos fazer suas fo rças criadoras, para fazer um a grande arte,
sempre que, fia d o s em nós mesmos, liv re s e inde que seja universal e perpetua. T enham os o coração
pendentes, re p e llin d c as imitações estrangeiras, c r ia r pu ro c au mãos livres.
m os na m até ria prodigio sa que nos offerece o des
tin o . N e lla as nossas mãos rudes m odelarão a' es R e n ato A lm e id a .
o o o o o o 64 o o o o
^CALÇADO <§0 UT©
Grandes Prêmios e
n e d a lh a s do o u ro na»
E. x posições. Intemacionaes
de i rrondsroiglS e Ooma 1915
D ip lo m a de h o n r a n a
E x p o s iç ã o Internacional
de L o n d r e s 1^21.
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10 d e J a n e i r o V IL L A 4 9 4 7
G R A N D E e s p irito classificador de S ylvio priada sem duvida algum a á alma simples e grossei
R om ero d iv id iu a evolução do theatro ra d o homem p r im itiv o do Brasil.
b ra s ile iro nos seguintes periodos: Foram varios os autos representados, e ainda
no século X V I platéas mais fe lize s de differentes
I - P rim e iro s germens dramáticos sob a form a pontos de nossa terra puderam assistir a espectáculos
de autos, consagrados á v ida dos santos, fe itos pelos menos rudim entares, com a enscenação de comedias
jesuítas no de correr do século X V I. e dramas im portados da Europa.
II P e rio do verdadeiram ente inic ia l sob o as «Passado esse p rim e iro período dos autos de
pecto lite rá rio , no século X V II. Anchieta, diz O ctavio Q u in tilia n o , to mpu o theatro
III A com edia e a tragi-com edia, ao go sto do m aior im p uls o com a creação da Casa da Opera, do
que se fazia em P o rtu g a l, no século X V III. Padre V entura, no la rg o do C apim , e ante riorm ente
IV A tragédia ao g o s to classico, com A lva re n com a Opera dos vivos, de que quasi não ha noticia.
ga P e ixo to e ou tros em fin s do século X V I I I e co Não fo i, porém , fe liz , a Casa da O pera, que se incen
meços do X IX . dio u. e a que succedeu a N ova Opera, de p ro p rie
V P rim e iro m om ento de creação rom antica, dade de M an oe l Luiz, dansarino e tocador de fagote,
(18 38-1850), com José Gonçalves de M agalhães, M a r onde trab alh ou então a p rim e ira companhia de a r
tin s Penna, P o rto Ale gre, Gonçalves D ias e outros. tistas b ra s ile iro s e estrangeiros, de c ujo re p ertorio
VI Segundo m om ento de creação rom antica, faziam parte as comedias de M o liè re . Eram prim eiras
(1850-1870 e annos p ro x im o s ), com Joaquim M anoel figu ras do elenco, e n tre ou tros, Joaquim da Lapa,
de Macedo, José de Alencar, A g ra rio de Menezes, M a th ild e Joaquina, José Ignacio da Costa, «Capacho»,
Q u in tin o Bocayuva, M achado de Assis e innum eros que além de actor era poeta e m ajor, do Regimen
ou tros. to dos pardos.
V I I — T erceiro m om ento de creação rom antica A m parado pelos poderes publicos florescia o
e in ic io de algum as te ntativas naturalistas (1870- theatro a m ais e m ais até que agitações internas f i
1000), com O liv e ira Sobrinho, França J un ior, A r zeram com que em 1775 cerrasse as suas portas o
th u r N apoleão, A lu iz io Azevedo, etc. theatro de M anoel Luiz.
V III Reacção idealistico-sym bolista, de C oelho Escoou-se então um lo n g o periQ do de apathia
N e tto, com vários ensaios. para a nossa scena, só revigorada mais tarde, em
1808, com a chegada ao R io da c ôrte portuguêsa de
D. João VI».
A estes pe rio do s que S y lv io Rom ero adm iravel Esse notável facto de nossa his to ria determ inou
mente descrim inou, accrescenta O cta vio Q u in tilia n o , a construcção do Rea! T he atro de São João, no largo
em fo rm oso trab alh o de que tomamos quasi todas as da Sé Nova, pois a permanência da côrte no R io de
notas info rm a tivas d o presente resumo, «as te n ta ti Janeiro e x ig ia o u tro esplendor de vida. O p rim e iro
vas do m oderno th ea tro de psychologia levados a espectáculo n o novo th e a tro realizou-se a 12 de O u
e ffe ito entre nós p o r Paulo Barreto, R o b e rto Gomes, tu b ro de 1813, em homenagem ao anniversario’ do Rei,
C o e lh o N etto. P in to da Rocha, C la u d io de Sousa, trabalhando uma com panhia ly ric a italiana e outra
A bbadie F aria Rosa. R enato Vianna e ta nto s ou tros dramatica.
auctores modernos». Proclamada a independencia do Brasil, o thea
F o i em 1565 que A nchieta fez representar, sobre tro de S. Joã o con tinu ou a ser a grande casa de
um tablad o e n fe itad o de folhagens e perante uma espectáculos d o Rio de Janeiro. A 25 de M arço de
assistência de selvicolas, o auto da «Pregação U n i 1824, porém , pavoroso incendio o destruiu quasi to -
versal», fu ndando assim o th ea tro no Brasil. talm ente, quando m al havia term ina do o espectáculo
A nota m ais característica desses prim e iro s tim i de gala com que se solem nizára o juram ennto da
dos, inconscientes ensaios de th eatro, que significavam constituição d o Im p e rio p o r D . Pedro 1.
os autos rudim entarm ente enscenados pelo evange '« F o i desde log o, in fo rm a o escriptor que vimos
liza d o r de nossas selvas, é uma deliciosa ing en uid a resumindo, tentada a reconstrucção do theatro, que
de que ho je nos faz s o rrir piedosamente, mas ap ro teve prim eirantente preparado no salão p rin cip a l um
o o o. o o 6 5 o o o o o o
1
theatrinho com 24 camarotes em duas ordens e 150 do Cotovello edificou o Theatro da Praia. D. Manoel ,
cadeiras, que, prompto em tres mezes, teve realiza que foi inaugurado a 2 de Agosto de 1834, dia do
do o seu primeiro espectáculo com a opera dc Rossini anniversario da princeza d. Francisca, com o drama
— «O engano feliz», — em espectáculo commemora- Mysanthropia e Arrependimento . Esta casa de es
tivo do anniversario, sagração e coroa.çâo de D. Pe pectáculos. por força do contrato, passou tres annos
dro I. Esse theatrinho fo i então chamado .Theatro e seis mezes depois a ser propriedade do Estado, re
Constitucional». cebendo em 1838 a denominação de Theatro S. Ja
E o ex-S. João, já então denominado cm 1824 nuario». Estavamos já, então, na cpoca da Regência,
Theatro S. Pedro de Alcantara, nome que ainda hoje que teve o seu primeiro espectáculo em 11 de maio
conserva, reconstruído, era franqueado ao publico a de 1831, no theatrinho da rua dos Arcos.
22 de Janeiro de 1826, cantando-se nessa noite a A 2 de dezembro desse mesmo anno entrava em
opera Tancredo, em espectáculo de gala por motivo actividade novamente o Theatro Constitucional, onde
do anniversario natalicio da princeza Maria Leopol- se estreava uma companhia com os actores que es
dina. O «Constitucional» passou então a ser sala de tavam na Praia Grande, representando o drama A
concertos. reconciliação das duas tribus».
Por essa occasião existia tambcrn um theatrinho A essa companhia incorporara-se o genial actor
particular na praça da Constituição, entre as ruas João Caetano, que havia feito successo ruidoso em
do Cano e a do Piolho, — o «Theatro do Placido», Itaborahy, no papel de «Carlos», do drama «Pedro,
de propriedade de uma associação e frequentado pela o Grande», sendo por isso saudado na noite daquella
primeira sociedade daquelle tempo, onde não tinham estréa por Porto Alegre e Joaquim Manoel de Ma
entrada senão pessoas conhecidas e de reputação re cedo.
conhecidamente ilibada». E iniciava-se para o theatro brasileiro o periodo
Motivou o desapparecimento do Theatro do Pla aUreo, que empallideceu com a morte de João Caetano,
cido um capricho do Imperador, para vingar um in trinta e dois annos mais tarde, em 1863.
sulto feito á Marqueza de Santos. Em 1832 foi edificado o «Theatro do Vallon-
Por sua ^ez, o «S. Pedro» cerrava as suas portas go > para João Caetano, que delle se passou mais tar
a 7 de A bril de 1831, em consequência dos motins de para o «S. Januario», tendo também trabalhado
sangrentos provocados pela abdicação. com a sua companhia, em Nictheroy em 1833. Tam
«Dissolvida, havia muito, a companhia do S. Pe bém em 1832 um francez, ao que parece, M. Segond,
dro, um grupo foi trabalhar em Nictheroy, então edificou na rua de S. Francisco um theatro para ex
Praia Orande, e outro adquirindo um terreno á rua ploração dc companhias francezas.
O O O O O
o o o o o o 66 o o o o o o
INDEPENDENCIA P. n .\ EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 67 O o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA
Martins Pena começa e prosegue com a comcdia. Alencar, que tinha muito menos graça c veia
Ingenuamente, desartifieiosamente, com observação comica que Pena e Macedo, escreveu também puras
sem profundeza, mesmo banal mas exacta e sincera, comedias de costumes.
traz para o theatro — pela primeira vez, note-se, por O periodo da maior actividade de Alencar e Mace
que o seu successo explica-o a só novidade do seu do, como escriptores dramáticos, vae de meados do de-
feitio, — a nossa vida popular c burgueza c quoti decenio de 50 aos fins do século 70. Ê esse também o
diana do tempo. Evidentemente nSo tem presumpções de mais vida do nosso theatro, quer como espectáculo,
nem propositos literários como tem Magalhães; apenas quer como literatura dramatica. Com estes dois escrip
vê claro, observa com attenção e reproduz fielmcntc, tores concorreram, além de alguns dos já citados (Q uin
com a naturalidade em que se revela o escriptor de tino Bocayuva, Agrario de Menezes, Pinheiro Guima
theatro. Do autor dramatico possue, em gráu de rães e outros somenos) Augusto de Castro, Aquilles
que sc não antolha outro exemplo em nossa litera Varejáo, Fiança Junior, que sem notável merito lite
tura, as qualidades essenciaes ao officia, e ainda certos rário, tiveram entietanto relativo e não de todo int-
dons que as realçam: sabe imaginar ou arranjar uma merecido successo no palco.
peça, combinar as scenas, dispor os effeitos, tramar o Agrário de Menezes, bahiano (1834-1863), gosa
dialogo, e tem essa especie de observação facil, ele de uma reputação exagerada que a leitura da sua
mentar, corriqueira e superficial, mas no caso precio obra absolutamente não justifica. O seu C alabar, tão
sa, que é um dos talentos do genero. Não raro tem gabado quão pouco conhecido, como aqui muito fre
o traço psychologico do caricaturista, e o geito de quentemente succede, não lhe abona nem a imagi
apanhar o rasgo significativo de um typo, de uma nação criadora, nem o estro poetico. Como escriptores
situação, de um vezo. Possue veia cômica nativa, es de theatro mais valor tem Pinheiro Guimarães e Fran
pontânea e ainda abundante, infelizmente, porém, (de ça junior. Aquclle como dramaturgo, que principal-
feito desta mesma virtude) com facilidade de se des mente foi. tem os mesmos defeitos de Macedo e Alen
mandar na farça. car, com menos espontaneidade que o primeiro e peor
O exemplo de Magalhães e Martins Pena frueti- eslylo que o segundo. França Junior, com muito da
ficou. Dos românticos da primeira nora, os princi- veia comica popular de Martins Pena, a mesma obser
paes, Norbcrto, Teixeira e Souza, Porto Alegre, Gon vação superficial dos typos e ridiculos socia es, a
çalves Dias, Macedo e ate Varnhagen, com fortuna c mesma graça um pouco vulgar no apresental-os, ca
succcssc- diverso, em geral mediocre, escreveram tam rece da ingenuidade que realça o engenho de Pena.
bém theatro. Alguns, além de Macedo, conseguiram No theatro de França Junior, sente-se o trato com o
ver-se representados. São porem muitos os autores theatro comico francez. Em todo caso, é com Martins
de peças de theatro de todo o genero escriptas ou Pena c Macedo um dos nossos autores dramáticos
representadas nessa phase de nossa literatura e na ainda por ventura representáveis.
que immediatamente se lhe segue. Desses apenas Producto do romantismo, o theatro brasileiro f i
um ou outro nome não está de todo esquecido. Taes nou-se com elle. Parece-me verdade (é Verissimo quem
são os de Carlos Cordeiro, Castro Lopes, Luiz Bur- fala) que não deixou de si nenhum documento equi
gain. Pinheiro Guimarães, Agrario de Menezes, Quin valente aos que nos legou o romantismo no romance
tino Bocayuva, cujo theatro c de 1850 a 1870. Esses ou na poesia. A literatura dramatica brasileira nada
mesmos são apenas uma recordação cada dia mais conta, a meu ver, que valha o Q uaran y ou a Irace
apagada, pois não concorre para avival-a a sua obra ma. a M o ren inh a ou as M em orias d e um sargento
dramatica que não mais se representa e ninguem lê. de m ilícia s, a Inocência ou Braz C ubas, os C antos
Nesse momento, que corresponde á segunda phase de Gonçalves Dias ou os poemas da segunda geração
do romantismo, as duas principaes figuras do nosso romantica.
theatro foram José de Alencar e Macedo. São dois O modernismo, ultima phase de nossa evolução
talentos diversos, dois engenhos quasi oppostos. Ha literaria, nenhum documento notável deixou de si
mais ane, mais gravidade, maior sentimento e res no nosso theatro ou na nossa literatura dramatica.
peito da literatura no primeiro que no segundo. Mas O seu advento coincidiu com a inteira decadência de
também menos espontaneidade, menos naturalidade, ambos pelos motivos apontados. O naturalismo, a
menor vis com ica e somenos dons de autor de thea feição do modernismo que poderia ter influído nesse
tro. Macedo é o legitimo continuador de Martins genero de literatura, também não produziu nada de
Pena, com melhorias de composição e mais largo distincto nella. Com excellentes intenções e incon
engenho dramatico. E, sobretudo, principalmente com testável engenho para o theatro, Arthur Azevedo
parado com Alencar, um autor burguez e para a bur- (1856-1908) não conseguiu senão tornar mais pa
guezia, sc é lic ito o uso de taes expressões aqui. tente o esgotamento do nosso, pela descorrelação
Alencar, natureza literariamente mais fina que entre a sua boa vontade e a sua pratica de autor
Macedo, ao envés deste leva para a literatura vistas dramatico. Vencidos pelas condições em que o en
de artista e de pensador, aponta mais alto. O seu contraram, e que não tiveram energia sufficiente para
theatro não quer ser, como o de Pena ou o de Ma contrastar, Arthur Azevedo e os moços seus contem
cedo, a simples representação elementar da vida na poraneos e companheiros no empenho de o reforma
cional. Representando-a como melhor lhe permitte o rem (Valentim Magalhães, Urbano Duarte, Moreira
seu congenito idealismo, pretende também educar. Sampaio, Figueiredo Coimbra, Orlando Teixeira e
Para Alencar, o theatro, segundo o conceito no seu outros) sem maior difficuldade trocara.n as suas boas
tempo incontestado, é uma escola. Cabe-lhe a honra intenções de fazer literatura dramatica (e alguns se
de haver trazido para a scena brasileira o que depois riam capazes de fazel-a) pela resolução de fabricar
se chamou o theatro de idéas. com ingredientes proprios ou alheios, o theatro que
o o o o o o 68 o o o o o O
LLOYD BRASILEIRO — Rio de Janeiro.
IN D EPE N D E N C E F DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
achava freguezes.- revista s.de anno, a rreg los, adapta teresses e paixões que servem de th em a ao drama
ções, parodias ou também traducçôes de peças estran m oderno. Carece também ainda de e s ty lo p ro p rio nas
geiras. In te rv in d o o am or d o ganho, a que os ro maneiras e na linguagem . T endo p e rd id o no arre
m ânticos tinham rom anticam ente fic a d o de to do es medo c o n trafeito do estrangeiro, is to é do francez,
tranhos. b a ixou o nosso theatro em proporções nunca o seu caracter p a rtic u la r, que os rom ânticos pude
vistas, e, p o r um a iro nia das coisas, justam ente no ram representar no seu th ea tro com ico, não ad qu i
m om en to em que A rth u r Azevedo e os seus c ita riu ainda feições peculiares que lhe facultem a ex
dos com panheiros lhe pregavam a regeneração nos pressão theatral. Q uan to á lite ra ria , esta é no nosso
jorna cs onde escreviam. Uma ou o u tra peça de valor th ea tro, e fo i sempre, ainda mais defeituosa e in-
lite r á r io ou th e a tra l que estes autores fizeram não sufficie nte d o que no nosso romance.
bastou para levantai-o. O publico se desinteressava Com crassa ignorância ou e s tolido menosprezo
e c on tinu a a desinteressar-se, pelo que se chama thea da nossa his to ria lite ra ria , estão agora mesmo te nta n
tr o nacional. E como só acudisse áquelle theatro do cria r um «theatro nacional» ab ovo , com o se
de fancaria, de a rreg los , revistas de anno e parodias, nada houvesse fe ito antes. As amostras até agora
esses escriptores pouco escrupulosos tiveram de ser apresentadas desta te nta tiv a não autorizam ainda,
v ir esse pu b lic o consoante o seu gro s s e iro paladar. acho eu, algum a esperança no seu bom successo.
o o o o o o 69 o o o o o
1
levam para a scena personagens e theses que nada que de theorias mais ou menos acertadas. O pendor
dizem da in tim a psyche brasileira, p o r isso que s ig n i para a lite ra tu ra dramatica existe positivam ente em
ficam apenas um m al aproveitado in flu x o das criações nosso e s p irito . As circum standas não lhe têm fa vo
mais bizarras e estranhas do g e n io de ou tras terras. recido o desenvolvim ento, mas também até ho je não
C om tudo, seria erro encararm os com absoluto conseguiram suffocal-o. O que vae acontecer é que,
pessimism o a situação actual do nosso th ea tro. Thea entregues exclusivam ente ás fo rças cégas d o instincto,
tro é a rte pura. dependendo po rta n to m ais da p ro só com extrem a lentidão conseguirem os achar nosso
funda in tu ição e do vivo sentim ento das coisas do
o o o o o
O O O O o 70 o o o o o o
A E V O L U Ç Ã O R E L IG IO S A N O B R A S IL
o o 000 71 o o o o o o
LIVRO OE OURO COMMEMORATIVO /H i CENTENARIO
Não tarda muito, desde que passou Portugal natismo, da sua selvagem, ambiciosa arroganda. Não
para o dominio da Hespanha, de que os hollande- o reproduzira de todo, porque só os nossos vastos
zes e inglezes eram então extremos inimigos, a pro horizontes e os nossos climas, geralmente muito mais
pria população da colonia menina conhece novamen sãos, mais sedativos, que os dessas zonas visinhas,
te de perto os oppositores á sua fé, embora para só haviam por força de modificar sensivelmente para me
combatel-os e repellil-os desesperadamente, não vindo lhor as nossas condições.
elles com outras intenções sinão com as de matar Esses mesmos factores; as condições de egressos
e roubar por barbaro espirito de hostilidade e de de toda disciplina que offerecem na maior parte os
lucro. Edwards Fenton, procurando atacar Santos primeiros a v ir povoar a colonia; a relaxação em
em 1583; Roberto W ithrington, poucos annos de que, desde quasi o descobrimento, cae o clero se
pois, surprehendendo a Bahia, onde apresa os na cular; a luta cada vez mais accesa da parte do colono
vios que se achavam no porto; Cavendish e Cook, por utilisar o indio, que o jesuita defende, mas por
salteando em 1591 as villas de S. Vicente e Santos; uti|isal-o como se capta uma força bruta qualquer
em 1595 Lancaster e Venner entrando no Recife, onde da natureza: tudo isso, muito mais do que a influen
fazem riquíssima presa: estes e outros põem á prova cia do contacto com a gente catholica, impede o bran
a blindagem em cuja contextura figurava, sobretudo, co e o mameluco de darem ao gentio o exemplo
a primeira geração de mamelucos que o cruzamento da submissão c docilidade ao catechista que fo i arran-
já produzira e a nuvem de indios bem doutrinados cal-o das selvas.
ou ainda catechumenos, sahidos das mãos dos he Pelo contrario, só depois de 1654, terminada
roicos loyolas. a guerra hollandeza. rcpcllidos para sempre os f i
O maior dentre estes que depois do primeiro lhos de Luthero, que por tantos annos avassallaram
século já conheceu o Brazil, Antonio Vieira, escre uma parte do paiz, aliás com muito menos tolerância
veria no século seguinte affirmando, a proposito das religiosa do que ao entrarem prometteram; só depois
miserias do norte, que «em 40 annos mataram-se por disso é que se começam a manifestar patentes os
esta costa e sertões mais de dous m ilh õe s de indios, signaes de sensivel dissemelhança entre o espirito de
e mais de quinhentas povoações. crença aqui e o espirito da metropole. A propa
Não fo i muito menor, talvez, com o correr dos ganda que fazem os hollandezes de sua religião,
dias, o sacrificio e martyrio aqui no sul, desde a até entre os índios, nada lhes adiante e antes os
acção tremenda do ferreo Christovão de Barros, de prejudica nos seus interesses práticos, dando mais
legado de Antonio Salema, que escravisa dez mil uma razão aos opprimidos para se levantarem contra
infelizes tamoyos pelo crime de se entenderem estes elles na rcbellião decisiva que acabou por atiral-os
com os entrelopos de Cabo Frio. até as enormes e para longe destas plagas.
demoradas devastações dos sequiosos bandeirantes, Uma vez, porém, que se ficou livre do estran
que vão pegando indio até se encontrarem com os geiro, já não se trata apenas de tolerância e frouxi
hespanhóes em Ciudad Real e V illa Rica, tambpm dão, ou, siquer, de uma resistência cuja responsa
por elles insolentementc arrasadas. bilidade se puzesse ás costas dos barbaros ou semi
Nem tudo isto obsta, como vimos, que muito barbaros, como quando a gente de João Ramalho es
antes de incorporar-se violentamente o esforço bar teve prestes a ir de Piratininga atacar o recente col
baro, mas fecundo, sem duvida, e bondoso, do braço legio de S. Paulo, que os jesuitas tinham fundado.
negro á obra de organisação e defeza do ecumcno, Agora é a população do Rio de Janeiro e a
o indio seja o nervo de resistência, muito em parte, de S. Paulo, não tarda muito é a do Maranhão,
que se pode oppor, quer no sul, quer para o norte, chefiada, ao norte e ao sul, por caudilhos escrava-
durante o primeiro século, ás tentativas que de um gistas, predominantes em toda parte, que se levanta
lado e d’outro fazem os europeus rivaes de Por contra os roupetas ainda, animada, tal gente, por
tugal e de Hespanha nos mares por arrancar-lhes membros de outras congregações religiosas, emulas
ás mãos este prodigioso dominio. da poderosa Companhia. Levantam-se e maltratam-
Assim foi porque o pobre selvagem poz todas nos, expulsam-nos, sem que soffram por isso maiores
as suas tremendas provações abaixo do religioso res consequências, vendo-se a metropole obrigada, pelo
peito, da seducção indominavel que sente pelos je contrario, a condescender, a fechar os olhos diante
suítas, tendo-os experimentado com desconfiança a de taes impiedades, até que seja possivel uma re
principio, mas não podendo jámais sorprehendol-os paração, ou uma conciliação, quando menos.
em pérfida mancommunação contra si. Até, annos depois, a revolta de Beckman, pri
Seriam inúteis, conseguintemente, os esforços do meiro indicio de que espontava no dominio o sen
aventureiro adverso, em contacto com elle, por se timento de autonomia, provinha em grande parte
collocar acima do prestigio que lhe mereciam os dessa mesma quisilia contra os mais ardentes sol
padres da Companhia e chamal-o a abraçar, definiti dados da fé que houve após a Renascença, embora
vamente, outras crenças desprovidas do apparato ex sempre por motivos alheios á religião propriamente
terior e da málleabilidade no methodo catechista de dita.
que o catholicismo dispõe. Si, pelo contrario, a bar Nem mesmo quando chega ao auge o tetrico
baria do colono não houvesse impedido fazer-se a «serviço» da Inquisição em Portugal, faz-se elle por
assimilação do incola em escala muito maior do que modo memorável sentir no Brazil, apezar de ser o
se fez, este, sob a pedagogia jesuítica, pode que hou Santo Officio extensivo ás colonias. Do que Varn-
vesse reproduzido aqui. em ponto gigantesco, algo hagen pôde ver nos archivos de Portugal, a negre-
como aquelle Paraguay, que nas mãos de Solano gada instituição persegue o Brazil de 1704 a 1767,
Lopes foi o bravo, mas passivo instrumento, por fa parecendo-lhe que o numero de condemnações no
o o o o o o 72 o o o o
M H W B W A .-.T rn » rs n ? f/iu u-'P onrA nans- *•
trib u n a l de Lisb oa , de pessoas aqui residentes, o r republica com governo p ro p rio , «como a de H o lla n -
çará por 540, tratando-se em quasi todos os casos, da ou de Veneza».
to davia, de judeus ou descendentes de judeus, con Facto mais no tá vel ainda, do ponto de vista que
tra o s quaes se volta va particularm en te o o d io e a nos preoccupa, é que houvessem com participado da
cobiça d o reino . Inconfidência até v arios padres, Mascarenhas, T o
A p o litic a s ole rte, mas p o r isso- m esm o caute ledo e M e llo , V ie ira da Silva, R odrigues da Costa,
losa, prudente, que P o rtu g a l sempre observou com R o llim , Lopes de O liv e ira .
o Brazil até os tem pos de D . José I, mas graças <í A revolução de Pernam buco, em 1817, tem até
qual, de tâ o lon ge e com recursos de coerção tão o heroico e tão sym pathico sacerdote João R ibe iro
escassos, pôde aq ui m an ter sua soberania, pelo m e como um dos seus chefes.
nos nas grandes linh as indispensáveis; ta l politica Q uantas outras revoluções occorreram , na inde
pe rm ittiu -n o s fic a r quasi que a salvo da acção de pendência e durante o im p e rio , todas ou quasi to
prim ente que o je s u ita e s terilis a do r e o dom inicano dás tivera m a collaboração de representantes da ig re
in q u is ito ria l exerceram na alma da peninsula, tira n ja, bastando citar-se Alencar, o padre Roma, fre i
do ao re in o , drena nd o-lhe o m elho r da sua força Caneca, F e ijó (este suspeito até de hete ro do xia),
vita l. para ver-se lo g o a im p o rta n d a de ta l contingente na
Q u ando vem o perio do po m balino, s i os dra organisação p o litic a d o B ra z il e na form ação do
gões e os representantes da justiça , ou antes do nosso e s p irito lib e ra l.
fisco, esmagam-nos com to d o o peso de leis dra Nada poderia dem onstrar m elhor do que isso a
conianas, raspando para a Europa o nosso ouro, ind ole d o nosso povo, ao qual andou ide ntifica do
com mais p e rfe ita exacção ainda do que o fizera sempre o padre b ra z ile iro secular, não só nas lutas
D. João V , em to d o caso a gu erra do poderoso dos prim e iro s annos da independencia, como o re
marquez aos jesuítas e seu es p irito de «liberalism o conhece A rm itag c, mas até a proclamação da Re
despotico» não poderiam m o d ific a r para pe ior, como publica.
não m o d ifica ram , as condições favoráveis á nossa Assini, pode-se diz e r que a constituição ou to r
liberdade dc consciência que as circum standas t i gada em 1824 p o r D . Pedro I estava de facto em
nham creado, havendo-nos p e rm ittid o m anter-nos vo correspondência com as nossas tendências no con
luntariam e nte , sinceram ente, mas com certo desassom cernente á preoccupação religiosa,sendo embora m ui
bro , no qu ad ro da catholicidade. to mais lib e ra l sob esse aspecto do que as consti
tuições de quasi todas as republicas latino-am eri-
canas, até as decretadas em perio do m ais recente,
pe lo que info rm a o Sr. J. C . Rodrigues.
F o i mais fa c il, em to do caso, garantir-se por esse
m od o a nossa to le râ n c ia em m ateria de crença, facto
Dá-sc a fin a l aque lle te rrem o to que f o i a Revo para que certamente concorreu a maçonaria, por
lução Franceza. Acaba esta p o r pro d u z ir N apolcâo, o aquelle tem po tão activa e prestigiosa no Brazil, do
qual veiu apparentem ente tra h il-a , mas de facto pro- que conseguirem triu m p h a r os que se bateram depois
pagal-a, im p ol-a ao m undo in te iro n o que cila tinha pelo desenvolvim ento de ta l p rin c ip io . A e le g ib ili
de mais essencial. dade acatholica á Assembléa G e ra l e a dispensa do
N ão tarda, integra-sc então de facto o Brazil, ju ram e nto parlam entar, no caso de escrupulo de cons
pe lo m enos economicamente, ao m undo, pois que ciência, convertem-se em le i a fin a l; mas o projecto
I) . João V I, atira do para aqui, com in te llig e n te com sobre a liberdade de culto s alcançou com pleta vo
p re he nsio de seus interesses po litic o s , declara aber tação apenas no Senado, e só em 1888, um anno
to s para a civilisa ção os po rtos do «novo imperio» antes, conseguintem ente, da proclamação da Repu
que vinha crear para este o u tro lad o do A tla ntico . blica.
Essa creação, agora rcalm ente fo rçosa, tinha de N ão faz m al houvesse um lon tan o no rythm o
arrastal-o, n o entanto, a outras refo rm a s profundas com que proseguiam os em nossa acção reform ista.
e analogas, pelas quaes se tornasse na verdade fe T an to m ais que com o 15 de N ovem bro se rompe
cundo o program m a que os tem pos e a situação com pletamente o diq ue assim opposto á im m igra-
ção, já encetada, em to do caso, desde o gone m o de
lhe im punham .
Desde 1810 que offic ia lm e n te é declarada abo D. Pedro I, das raças acatholicas, que sem isso não
lid a a Inqu isiçã o para o B raz il, no p rim e iro tratado poderiam sentir-se bem á vontade aqui.
Também era tem po. A nossa nacionalidade já
que o p rin c ip e regente fez com a In g la te rra , datando
dahi o estabelecim ento de m uitas casas de negocio se achava consolidada sufficientem ente para se não
estrangeiras nos nossos principaes em porios, sobre receiar da absorpção só com o facto de offerecer-
tu do de inglezcs. Em consequência, p o r 1810 lan mos ao im m igran te perfeita s garantias de lib e rd a
de religiosa . Fizera-se a Abolição, que fo i a causa
çavam estes no R io a pedra fundam ental d o p rim eiro
occasional m aior p o r que a M onarchia baqueou. T i
te m p lo protestante na Am erica do Sul.
nha-se necessidade, conseguintem ente, de a ttra h ir em
N ão era, porém , necessario que o acatholieo
advena viesse estabelecer aq ui o seu c u lto para ter- m aiores ondas do que até esse m om ento os traba
lhos rilsso a prova de que a nossa m entalidade re lhadores brancos, que viessem offerecer-nos possi
ligiosa pe lo menos não servia de ob sta culo a desen b ilida de s para reo rg an isar o nosso abalado systema
volver-se nestas novas plagas o es p irito libe ra l. de producção.
Desde a g u erra dos mascates, em 1710, que Foi-se, n o entanto, ao extremo, separando - se
Bernardo V ie ira de M e llo ergueu a voz fala nd o em lo g o a ig re ja do Estado e até inserindo-se em nova
O tf O O O O 73 o o o o o
IJVRO DE OURO COMME MORA T/VO DO CENTENARIO DA
bandeira, que se decretou, uma legenda sectaria, v in mam-se os conventos, a que o l.n p c rio vedara o no
da lá de fó ra em im portação recente e dc to do an v ic iad o e negava o d ire ito do pa trim o n io de mão
tipa th ie s por sua fo rm a prosaica. m orta. Graças á intensa propaganda nas ig re ja s e
N ão havia m uitos annos começara a fazer-se nos lares, num erosissimas vocações se pronunciam ,
quasi que unicam ente no R io a propaganda do po m orm ente para freiras c irm ãs de caridade.
sitiv is m o in te g ra l, isto é, com o com plem ento re Vistas as cousas a essa luz, conseguintem ente, a
lig io s o que A ugusto C o m tc lhe addito u já para o R epublica deu mão fo rte ao catholicism o mais do que
fim da sua carreira de philosopho. E o facto de s i houvesse m an tido as congruas, mas co.n ellas o d i
se tornarem predom inantes os propagandistas de tal re ito do padroado, p o r que o Im pe rio sem pre fo i
d o u trin a nas p rim eira s horas do novo regim en, c que tã o zeloso.
dete rm ino u ambas essas decisões, tã o serias.
A nova bandeira quasi que só teve como conse T u d o isso, não obstante, é aceitavel p o r aquel-
quência levar o m undo a olhar-nos com certa c urio les que são firm e s c consequentes p a rtidá rio s da
sidade m aliciosa, con firm a nd o com isso ainda me libe rd ad e de consciência, uma vez que não venha
lh o r, de si para si, a idea que elle faz do que vem p o r fim ameaçar a p ro pria in te grida de do paiz, co.no
a ser na Am erica do S ul o que se deve chamar p ro pode acontecer, si deixam os quasi desamparada de
priam ente cultura... Q u asi to dos os b ra zile iro s que soccorro e s p iritu a l, com o está, toda essa massa que
o lh am para o nosso pa vilhã o abstrahem-se desse dís pelo B razil in te iro continua a ser catholica, mas ne
tico como si e lle lá não se achasse de facto... cessitada de viv e r em contacto com pastores que a
Q uanto á separação da igreja e d o Estado, to entendam c sejam p o r ella entendidos, o que não se
dos vemos que, fe ita do m odo p o r que se fez, cila dá, ta lvez felizm entc, com o clero estrangeiro.
to rn o u ainda mais escassa a vocação do sacerdócio Antes um pouco da separação da ig re ja c do
secular aqui, p o r conseguinte reduziu o nosso cle Estado tínham os, ainda no fim da M onarchia, o re
ro , já pequeno para a extensão d o nosso te rrito g is tro c iv il mais a secularisação dos cem itérios, c
rio , e levou-o a descon fiar da R epublica, deixando com a separação tivem os o casamento civil, reform as
dc concorrer assim para que o povo ne lla confie. porque se vinham batendo ha annos os esp íritos li-
Em quanto isso. o cle ro estrangeiro, o das ordens beraes- Sómente o fa c to de se não in ip ó r a prece
professanles, sobretudo, vac inva din do p o r toda par dência do casamento c iv il á ceremonia re lig io sa tem
te o pa'iz. apoderando-se do nosso ensino p rim ario sido grave m o tiv o de damno entre a gente ig n o ra n
e secundario, e dando ás cousas religiosa s a o rie n te, para as m ulheres, pela n u llid ad e civ il d o sacra
tação que em Roma se lhe prescreve. Tam bém reani m ento sem contracto legal.
O O O O O 74 O O O O O O
INDEPENDE N C I A E D A EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
Apenas o d iv o rc io , consequência logica, — é assim ila no Brazil essas levas *de congregados es
fo rço so reconhecel-o, - do casamento perante o tran ge iro s que frequentem ente nos chegam, como
ju iz , ainda não é p e rm ittid o entre nós, e devemos procura desdobrar-se em prelazias, conseguindo um
fazer vo to p o r que dem ore a chegar. Nesse po n to os c ardinalato bra z ile iro , derram ando arcebispados e bis
p o sitivista s têm s id o um elem ento de ordem , c o n ju pados na proporção e ás vezes além da proporção
gando seus esforços aos dos representantes de Es do desenvolvim ento de m ographico do paiz, e rig in
ta dos onde o catho licism o tem-se opposto vivam en do num erosissimos te m plos novos, procurando uma
te a que deitem os abaixo entre nós essa u ltim a bar sym biosc offic io s a cada vez m a io r co.n os governos
reira á lib e ra lid a d e em questões desta ordem . Na da R epublica, embora sem pre m al humorada com esta,
hora tu rva que atravessamos, hora de cega im itação, conquistando até na alta classe inte llectu al jovens e
sem pre pe jo ra tiv a , a costumes estranhos e de povos valiosos adeptos, conseguindo mesmo, en boa parte
organisados tã o diffe re n te m e n te do nosso, faz-se m ui nas pro p ria s escolas m ilita re s crear um novo estado
to m ais necessaria uma reacçâo do que u n avanço de e s p irito em seu fa vor, como fizera.n' os positivistas,
m a io r nesse te rren o. quando se preparava o 15 de Novem bro.
Si estenderm os a v is ta para fó ra da grande so F o tíi-s i dizer que só os sertanejos e que ainda
ciedade catholica, reconheceremos que, com as re sc acham estranhos a essa agitação esp iritu a l n o
fo rm as radicaes do novo regim en e a inquietação B ra z il, emquanto, com tudo, pe lo menos a gente da
es p iritu a l da ho ra presente, o catholicism o tem toda roça, aquella que é in te rm e dia ria entre elles e a p o
a razão, em verdade, no Brazil, para de spe rtar da pulação urbana, já se resente p o r m odo bem sensí
co n fian te sinão apathica tra n q u illid a d e em que a Re vel ao menos da ind is c ip lin a social, que tra z a. de-
pu blica veiu encontral-o, ainda após a famosa ques sorganisaçâo do trab alh o, e que se vem pronunciando
tã o dos bispos que para o fim do reinado alv o ro p a rallela ao m ovim ento de ordem religiosa . O pheno-
çara, mas passageiram ente, o alto clero. m eno de Canudos, porém, ainda não esquecido, o
Sabe-se que e lle e n trou nesta phase de grande d a q u i lie m onge d o T iba gy , o das g u errilh as no C o n
animação não só aqui, mas e n to do o m undo, desde te stado, com o essas incursões cada vez m ais fr e
antes da g u e rra . Si, porém , nos paizes acatholicos, quentes dos jagunços c cangaceiros sobre os p o
com o na In g la te rra , na Allcm anha e nos Estados- voados e as proprias cidades d o n o rte ; tu d o revela
U nid os, assim lhe aconteceu em consequência rde que o B ra z il é um só, e que, si o pode ser para
espontânea e considerável fluetuação em seu favor, nosso bem, poder ser também para nosso m al.
cousa que vem tã o em con trario aos calculos da Esta ebulição relig io s a que vae pela o rla do
o p in iã o g e ra l; aq ui no B razil viu e lle e está ven paiz não é im possível repercuta amanhã no seu amago
do, em vez disso, cada vez mais estender-se a acção sob a fo rm a de um fanatism o grosseiro, corresp on
dos pro testan tes e ou tras seitas como nunca. dente ao estado rud im e nta r de cultura em que se
An glican os, lutheranos, m ethodistas, presbyteria- acham esses nossos pa tric io s até aqui, elles, e n tre
nos, m a ro n istas, schismaticos, catholicos d o r ito o rien ta n to , que representam o cerne da nacionalidade.
ta l, druzes, judeus desenvolvem-se cada vez mais Si assim, porém , se desse, não seria estranho
aq ui, fu nd an do tem plos, estabelecendo escolas, os avivar-se ta l sentim ento casando-se com ou tros, sub
protestantes procurando com ard or crescente fazer versivos, de caracter social, in cu tido s e explorados
pro se lytism o intensivo, os orientaes satisfazendo as p o r caudilhos que, com o a p o io de ou tros A n to n io
necessidades de es p irito de suas d ifferen te s colonias. C o n s elh eiro e ou tros M onges, se tornassem rivaes
Só quem busque informações mais precisas a este do coronel.
respeito, com o as que se encontram no trabalhado Taes cabecilhas bem poderiam evidenciar aos
liv rin h o «R e lig iõe s Acatholicas . do Sr. J. C. Ro o lh o s dessa gente sim ples a b u rla que para ella tem
drigues, de que ta n to me u tilis o neste rá p id o esboço, s ido a Republica, sobretudo no que respeita á ju s
é que pode ver a considerável im p ortâ ncia de tal tiça, esta m uito p e ior agora, — é innegavel, — de
m ovim en to e bem m ed ir a penetração que p o r todo pendendo, scissipara, dos presidentes e governadores,
o pa iz se vae fa zendo das do utrin as christãs, sobre do que quando lhes ia do im perador, cuja som bra c
tu do , que se afastam da orth od oxia catholica. c u jo nome, ainda na hora actual, é o que elles mais
Além disso, si vae o po sitivism o pouco a pouco respeitam c veneram, porque m uito s e m uitos, p o r
esmorecendo com a m o rte ou o d e clina r da idade eniquanto não ouviram fa la r, siquer, de u n presidente
dos seus corypheus entre nós, o e s p iritis m o alastra da Republica.
sem descontinuar p o r to das as nossas cidades c ate Caso ta l cousa acontecesse, nesse dia pode que
p o r centros dem ographicos menores. Da população o B razil viesse a conhecer o que quer que é le m
urbana pro p ria m e n te d ita ta lvez que um te rç o esteja brando um a Russia antarctica castigada p o r bolche-
h o je mais ou menos contagiado p o r essa doutrin a. vis n io bastardo.
Em varias capitaes outras crenças m ysticas, Neste mom ento em que se commemora o cente
m orm ente o theosophism o, que está fazendo moda n a rio da nossa independencia p o litic a , façamos votos
agora na sociedade elegante do R io de m is tura com p o r que esta te rra, que de tantos e tã o graves pe
os desportos, aggravam a situação, para os olhos rig o s se tem liv ra d o , con tinu e sua evolução r e li
catholicos, e aos do pensador accentuam aq ui cada giosa sem embates capazes de tir a r ao nosso aspecto
vez mais os característicos do m om ento e s p iritu al, em ta l sentido a amenidade, vagamente parecida com
dem onstram a inquietação religiosa, que vae p o r todo a doçura confuciana, que até aqui nos tem sido
o m tindo c iv ilis a do . p ro pria.
E, pois, in te ira m en te fundamentada a solicitude,
cada vez m aior, com que a 'g re ja catholica, não só Nfstor V ictor.
o o o o o o 75 o o o o o o
O R G A N IZ A Ç Ã O R E L IG IO S A
o o o o o o 76 o o o o o o
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Ti-»apicho:
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Tele r f . NORTE, 2 + 5 5 T-l«ph. V itta £ 6 1
p r o p o fc io i\o ~
B e rn ELjati^'r»
E .c o rv o rr\tè c
E. IR . O
phrase do chro nista da p ro v iilc ia do Brasil» (A ffo n s o cm toda a Am erica, sempre victorioso s na sua acção
d'E scra g n o llc T au na y). c iv ilis a do ra em relação aos indios mas sempre com
F oi S. P a ulo esse te rre n o escolhido pelos Je ba tido s pe lo desregramento e am bição dos colonos.
suítas para a nova ie n ta tiv a de form ação da pa C om o testemunho dos hom éricos esforços de
tria b ra sile ira . A hi organisaram elles um nucleo de N obrega c Anchieta, pela civilisação dos gentios, re
resistência da civilisação con tra o ambiente colonial, gis tra a H is to ria a fundação, em d im in u to perio do,
não só pela rudeza do elem ento indigena mas so d e 6 casas de educação, assim d is tribu íd as : S. Paulo,
b re tud o pela baixa m oralida de d o elemento europeo. R io de Janeiro, Bahia, P ira tin in g a , S. Vicente e
Só assim fo ram possíveis a ordem e a discip lin a P o rto Seguro.
necessarias á vida urbana, de que resultou a conquis Nobrega e Anchieta são as duas fig u ra s proe
ta da te rra e do homem. E a obra mesma dos «ban m inentes da epopea dos Jesuítas no p e rio do colo
deirantes», tã o diversam ente julgada, mas á qual n ia l, tã o dedicados á causa da E g re ja e á g lo ria de
devemos a revelação da espantosa extensão do nos Deus nas terras novas da Am erica quanto id e n tifica
so te rr ito r io , e em grande parte a posse de tã o v u l dos no grande ideal de c o n struir aq ui uma naciona
tu oso p a trim o nit). não te ria podido se realisar sem a lida de fo rte , liv re , independente. Estes dois vultos,
acção in ic ia l daquelles pacificos batalhadores. d iz Rocha Pombo, (H is to ria do B ras il, vol. I l l ) f i
M aravilho sos fo ram cm verdade, desde os p r i caram para sempre na nossa H is to ria , e na phase
m eiros tem pos, os e ffe ito s da catechese dos Jesuí heroica em que ella reveste algum a cousa mais do
tas. N um erosos povoados constituiram -se no sertão que interesse restricto de nação, po is que sahe da
de S. Paulo, vivendo em plena harm onia os natu vida do p ro p rio C on tine nte para e n tra r nos annaes
ra es c os europeos, legalm ente estabelecidos entre d o m undo pela firm esa, perseverança c indefectível
elles laços de sangue c perm uta de interesses. C on v a lo r com que se fizeram m edianeiros das duas ra
seguida uma certa estabilidade na vida dessas popu ças, im pedindo o exterm in io ou a com pleta degra
lações, porque distanciadas do litto r a l, ficavam agora dação dos aborígenes — estas duas grandes fig u
a salvo dos ataques dos corsá rio s; e rep rim id as v io ras, pertencem legitim am ente á hum anidade: hão de
lentam ente as mais sérias investidas das trib u s que crescer com o tem po; não anda lo n g e o dia em que
lhes eram hostis, estas cada vez mais se affastavam um a visão m ais clara ou um sim ples ins tin cto mais
de taes populações. N aturalm ente com o seu desen luc id o para abranger to da a grandesa do drama his
vo lvim e n to cresceram as suas necessidades e as suas to ric o — ha de destacar naquelle p e rio do a funeção
ambições. Assim , fosse para a conquista de braços daquelles homens, a m ais augusta que já coube na
para o amanho das terras, fosse para a conquista te rra a um ideal re ligioso . A o la d o desse idéal t i
das fabulosas riquezas que se dizia existirem nos ser veram também aquelles homens, na form ação da pa
tões d o paiz, os colonos organisaram verdadeiros tr ia e da nacionalidade fu tura , um papel que os
exercitos que cortando o pla n a lto paulista em todas colloca na p rim eira plana, entre os antepassados a
as direcções destruíram a fe rr o e fo g o esses centros quem mais devemos as homenagens do nosso cu lto
de vida laboriosa e pacifica, apossando-se pela v io c ivioo : elles nos ajudaram efficazm ente a defender
lência dos in d ios, das suas m ulheres e de seus bens, e a guardar o te rrito rio » .
perseguindo c encarcerando os re ligios o s que s up erin As prim eira s ordens religiosas a se estabelece
tendiam a vida dessas populações. rem no Brasil, após os Jesuitas, fo ra m os Benedicti-
Taes factos, como era fa c il prever, determ inaram nos em 1581,- o s Franciscanos Capuchinhos em 1585,
a fu ga dos ind ios para os seus antigos aldeiamen- e po uco depois os C arm elitas Observantes e os C a r
tos, po rta n to o desbarato e o a n n iq uilam en to dos m elitas Descalços, na epoca da colonisação da Pa-
povoados, ou antes, a ru ina dessa mais larga te n rahyba e sob o governo de M anoel T elles Barreto.
ta tiva dos Jesuítas para a organisação da pa tria bra Os Benedictinos que se estabeleceram p rim eiro
s ile ira , con firm a nd o assim as previsões desses de na cidade do Salvador da Bahia, de ntro em pouco
cidid os A p ostolos de C h ris to , de que os m aiores elevavam uma abbadia no R io de Jan eiro e outra
tropeços que teriam de vencer para o desenvolvim en em O lin d a . A lgum tempo depois contavam sete abba-
to da E g rcja no Brasil lhes v iria m antes da parte dias c varias presidências.
dos europeos e seus descendentes do que p r o p r i Os C apuchinhos cuja introdução entre nós é
am ente dos selvicolas. devida a Jorge de Albuquerque, installaram -se no
E sabido que o p ro p rio clero secular que para Recife, na erm ida de Nossa Senhora das Neves,,
aq ui tinh a vin d o era nas expressões mesmo do Pe. em 1585. Organizaram-se a p rin c ip io em uma p ro
M anuel da N obrega. «a escoria d o que havia em P o r vincia independente que depois se d iv id iu em duas:
tugal», te nd o aqui m ais o ffic io de dem onios que uma na Bahia e o u tra no R io de Janeiro.
de clérigos». Não pouco desse lam entável estado de Os C arm elitas Observantes fu ndaram conventos
cousas acaba de ser revelado pelos docum entos noje em O lin d a e Santos, con s titu in d o duas provincias
publicados, da p rim eira visitação d o Santo O ffic io independentes, uma no N orte e o u tra no Sul.
(S erie E duardo Prado — P rim e ira Visitação do Santo Todas estas ordens influ íra m poderosamente na
O ffic io ás partes do B ras il, pelo licenciado H e ito r fo rm ação artística, intellectual, economica e po litica
F urta do de Mendonça Confissões da Bahia, 15Q1- da nossa nacionalidade. Uma te r-se-ia dedicado mais
92 Ed. Paulo Prado, S. Paulo 1522). cspccialm cntc a esta ou áquclla m odalidade dos p ro
S Paulo fo i de fa c to a obra de mais fecundas blemas moraes ou economicos da nova T erra am e
consequências para a civilisa ção d o Brasil, devido ricana. E certo porém que de to dos cuidavam todas.
ao genio e á fc dos filh o s de Santo Ignacio. Mas Assim , ta nto os Benedictinos quanto os Fran
essa ob ra fo i adm iravel em to d o o Brasil, como áliás ciscanos e os C arm elitas, a exem plo dos Jesuitas,
o o o o o o 77 o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORÁTIVO DO CENTENARIO 1>A
O O O O O
.o .o .o .o o . o 78 o o o o o o
IN DEPENDÊNCIA I; EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
ta l acontecim ento, pela m açonaria brasileira. Com como a recusa da con tribu içã o do d in h e iro de São
m uita razão assignaloii o Padre J u lio M aria que o Pedro, a attrib u iç ã o conferida ás Assembléas Pro-
p e rio do c o lo n ia l, pela profundeza, vivacidade, cnthu- vinciacs de le g is la r sobre divisão ecclesiastica, so
siasmo do sen tim en to catho lico em to das as suas ma bre conventos e quaesqtier instituições religiosas. Um
nifestações, nas sciendas, nas le ttra s , na arte, na decreto tir o u ás O rdens o seu caracter r e lig io s o ; um
eloquência, nos claustros, na p o litic a , na vida do povo aviso deu ao Im pe ra do r a com petenda de nomea
b ra sile iro , fo i para a E greja, no B ra s il — o esplen ção e apprcsentação de to dos os benefícios eccle
d o r da R eligião». siasticos e dignidades, independente de consultas ou
propostas a pre la do s ou p o r prelados. C om razão
fo i d ito que «a legislação do im p erio, no prazo de
Im p e rio . - V ic to rio s o o m ovim en to da Indepen c o rrid o de 1827 a 1889, é uma cmmaranhada rêde
dência, e proclam ado o Im pe rio do B rasil foi desde de alvarás, consultas, resoluções, avisos e regula
lo g o reconhecida a cooperação da E greja no gran m entos, em cujas malhas o im p erio trazia presa e
de acto da nossa emancipação p o litic a . E me manietada a Egreja».
nos ainda conto um gesto de g ra tid ã o d o que pela D is to resu ltou a decadência da E greja no Bra
verificação de que o C ath o lic is m o era um facto na s il pela degradação das ordens religiosas e despres
vida nacion al, a C on stituiçã o P o litic a de 1824, a tig io do clero. A lte ra da a vida inte rna das commu-
C arta M agna do Im pe rio no seu a rt. i . " dispunha: nidades p o r e ffe ito mesmo da acção dissolvente do
«A re lig iã o C ath olica Apostólica Romana continuará Estado, o go vern o em lug ar de em prehender a sua
a ser a re lig iã o d o Im perio». reform a tra to u de e x tin gu il-a s . Para a realisação deste
De fa cto, D . Pedro I e os homens que o r o plano s u rg ira m as le is de 1830, 1831, 1835 e 1840
dearam nos m om entos d iffic e is da nova ordem de em v irtu d e das quaes fo i determ inada a extineção
cousas estabelecidas no Brasil, appellaram principal- da C ongregação dos Padres de S. Felippe N ery, em
mente para a E greja, para com o seu p re s tigio ven Pernam buco; dos C arm elitas Descalços e Capuchi
cerem os obstáculos que ameaçavam a obra da in nhos, na mesma P rovincia, em Sergipe e na Bahia.
dependência. E não contentes d o recurso ao clero O u tros actos governamentaes p ro hibiram o noviça-
nacional enviaram ao Papa então reinante uma em do, negaram beneplacito a rescriptos do Internun-
baixada con fiad a a um Sacerdote, M onsenhor Fran cio, etc. E para m a io r desmoralisaçâo da Egreja,
cisco C o rrê a V id ig a l, com o fim especial de conse um aviso m in is te ria l deu a re ligios o s a libe rd ad e de
g u ir o reconhecim ento d o no vo Im p é rio pela C ôrte v iv e r fó ra dos seus claustros!...
da Santa Sc. Si taes cousas se passavam nas ordens m onasti
S u rg ira m d ifficu lda de s na realisação desse de cas, era sim plesm ente in q ua lificá vel o que se obser
side ra tu m , não sóm ente pela provada inhabilidade vava no cle ro secular. Os padres, em grande numero
do agente d ip lo m á tic o de Pedro I com o ainda pelas filia d o s á maçonaria, e os que o não eram, tendo
delicadas circunstancias cm que se encontrava no e n tretan to ideas sensivelm ente gallicanas e jansenis-
m om ento da C ô rte P o n tific ia , s o ffre n d o grande prote tas, perderam em grande parte o senão da obediên
lação este reconhecim ento. Em quanto isto uma cia e am o r da d is c ip lin a . Entregues á p o litic a par-
atmosphera de quasi h o s tilid a d e ia se form ando tid a rin eram b s dóceis instrum entos do regalism o im
contra a E g re ja nos meios p o litic o s do novo Im pe pe ria l nas suas investidas con tra a E g re ja, compro-
rio . Só assim sc comprehende que após esse tão m etten do a R e lig iã o e a si p ro p rio s . R om ualdo de
so lic ita d o reconhecim ento, o p rim e iro passo dado pela Seixas, d e po is A rcebispo da Bahia, M arcos de Souza,
Santa Sé para entrar em relações com o Im p e rio — depois B isp o do M aranhão, D . José Caetano, Bis
a nomeação d e um N un cio — fosse obstado porque po do R io de J aneiro. M onsenhor V id ig a l, Conego
o G o verno bra s ile iro se op po z a prover as des V ie ira da Soledade, D io g o A n to n io F c ijó , M ig ue l
pesas desse dip lom ata , conhecendo como conheciam Reinaut, M onsen ho r Pizarro, Conego Januario da
os nossos p o litic o s os embaraços financeiros de então, Cunha Barbosa, Rocha Franco, José C u sto d io Dias,
d o thesouro p o n tific io . Um o u tro fa cto interessante José Bento Le ite F erreira de M e llo — taes eram os
é o to m im p erioso que tom ou a nossa correspondên representantes niais eminentes desse cle ro divo rcia
cia dip lo m á tic a com a Santa Sc, s ig n ific a tiv o pre do do verd ad eiro e s p irito do sacerdócio catholico,
nuncio da fe ição regalista que iam assum ir as rela p o rta n to dos seus deveres de padres e de homens
ções do Estado com a E greja n o B ras il, o que não de fé , mas sobre quem as solicitações da p o litica
se deve estranhar, dadas as tradições herdadas da tinham o m a io r im p e rio , mesmo quando se tratava
po litic a portuguesa, maxim e após a nefasta in flu e n de u ltr a ja r e esp o lia r a Egreja.
cia do M arquez de Pombal. C om o consequência d is to esmoreceu n o clero o
Ficou estabelecido entre os estadistas do p r i g o sto da evangelisaçào, nunca subindo os padres
m eiro Im p é rio que «o Estado tem d ire ito de p o li e mesmo os Bispos ao p u lp ito para exercer o ma
cia sobre o c u lto re lig io s o , o d ir e ito de inspecção gis te rio da palavra sagrada. Então a trib u n a dos tem
sobre a d o u trin a c a dis c ip lin a » ; que a nomeação plos fo i invadida pelos discursadores, alguns realm en
de Bispos e provim ento dos benefícios é funeção te b rilha nte s, em quem as louçanias do estylo sub sti
im p lic ita da soberania nacional, etc., e assim, de tuíam a scienda das Lettras Eternas, e a eloquên
accordo com essas d o utrin as subversivas, Pedro I cia, perdida toda a micção religiosa , fic o u sendo pu
usurpou os d ire ito s de P a d ro e iro da Egreja n o Bra ram ente litte ra ria , verbal.
s il, sub ord in ou ao seu a r b itrio as bullas do Santo M as tu d o is to não sc passava sem que de ntro
Padre e a au to rid ad e dos Bispos brasileiros. da p ró p ria E g re ja se operasse um m ovim ento de
O u tro s actos de ho s tilid a d e foram rcalisados. reacção. Congregações como a dos Lazaristas pro -
o o o o o o 79 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
ordens monasticas e o ensino re lig io s o nas escolas m agistrado, attesta eloquentem ente o esforço da E g re
Paulo, o O rph an ato C h ristova m C olom bo, o Asylo ja em p ró l da sociedade bra sile ira po is que são
de Nossa Senhora A u x ilia d o ra , o A s y lo do Bom Pas catholicos quasi todos os in stitu to s de assistência
to r, o E x terna to das Irm ãs de S. José, o A s y lo de no R io, e na sua m aioria, verdadeiram eute m od ela
N. Senhora da Lu z n o Paraná, o A sylo de O rpliãs res.
em C u rity b a , um A s y lo de A lienados e tres hospi- N ão somos dos que attribuem ás virtud es d o
taes de M is e ric o rd ia na C a p ita l d irig id o s pelas Ir vige nte regim en p o litic o os notáveis progressos da
mãs de S. José; o ho s p ita l do D esterro em Santa E greja C atholica n o Brasil.
C atharina a cargo das Irm ãs da D iv in a Providencia, Julgam os mesmo que devemos salientar o se
hospitaes em A n to n in a , S. Francisco e Laguna; hos- gu in te fa cto: precaria como era a situação m ate ria l
pitaes no R io O ra n d e e em P o rto A le gre. No Es da E g re ja entre nós, nos tempos do Im perio, não
ta do do R io, entre ou tros hospitaes fundam -sc os obstante, visto que se m antinha o ensino re lig io so
de S. João B a ptista, em N icthe ro y, Angra dos Reis e eram respeitados ou tros tantos laços entre a E g re
c Vassouras on de se fu nda também um asylo para ja e o Estado, a sua influ en cia m oral era cm to das
orphãos. Nas capitaes de Pernam buco e E s p irito San as classes sociaes, s obretudo nos lares brasileiros,
to fundam -se M is e ric o rd ia s . Na Bahia fundam -sc o mais considerável do que ho je em que a sua situ a
co lle g io c a Casa da Providencia, a casa dos Expos ção m aterial encontra-se m ais ou menos consolidada.
tos, o c o lle g io do Coração de Jesus, o orphanato E isto, porém , uma questão m u ito com plexa,
de Nossa Senhora da Salette e o A s y lo das Irmãs e a que só o te m po responderá. Os factos presentes
do Bom Pastor. são, realm cnte, c o n tra d itó rio s e negam base a um
Na C a p ita l da R epublica não tem quasi conta as ju is o sereno c im p arc ial. Factos como o Congresso
instituições desta naturesa devidas ao fe rv o r catho E u charistico rcalisado na C a p ital da Republica, em
lico. Além das sociedades de S. Vicente de Paulo, no- com m eiuoração do p rim e iro C on tcna rio da nossa
tam-se: o A s y lo das Crianças Desamparadas, o A sylo Independência, e em que a fa m ilia brasileira, sobre
dos In va lid o s da P a tria , o A s y lo Isabel, os Asylos tu d o , como que fo i pela sua fé catholica que se
de S. Francisco de Assis dos m endigos, de orphãos q u iz a ffirm a r aos olhos do m undo, se não podem
de S. Francisco de Paula, das orphãs da Santa Casa te r a p ro fun da s ign ificaçã o das victorias sociaes, que
de M ise ricó rd ia , d o s orphãos de Santa M a ria , dos só a lu ta n o d o m in io p o litic o concede, e assegura,
orphãs da Sociedade Amantes da In strucção, do Bom são, pe lo m enos, s ign al, evidente prova de que a
Pastor, da Ve lhice Desamparada; hospitaes dos La- sociedade b ra s ile ira ainda se não deixou envenenar
zaros, do E x e rc ito , da M arinh a, de Santa Izabel, pt-lo agnosticism » o ffic ia l, que tu do tem fe ito , se
M ilita r do A n da ra hy, da Penitencia, de S. Francisco bem que m ais por persuaçâo que p o r violê ncia,
de Paula, de S. João Baptista, de S. Sebastião, /da para degradal-a d o po nto de vista da sua finalidade-
Sociedade P ortugueza de Beneficencia, da V. O. T . es p iritu a l
dos M in im o s de S. F rancisco de P a ula ; o recolhim en
to de Santa T hereza, o A s y lo das M en in as In dige n
tes, a Casa dos Expostos e ta ntas ou tras cuja enu J ackson oe F ioueireoo .
meração é quasi im possível fazer. e P erillo Q omes .
Na vida p ro priam en te da E g re ja é ju s to assi-
gnalar o augm ento das dioceses. Em 1893 são crea-
das as de N ic th e ro y , Amazonas, Parahyba, Paraná
e E s p irito Santo.
A ctua lm c ntc existem n o B ra s il 13 Provincias
O Brasil está dividido em 12 arcebispados, (>
Ecclesiasticas representando um to ta l de 52 Bispa-
prela/ias ecclesiasticas c 3 prefeituras apostólicas.
pados e A rceb ispa do s; 7 Prelazias Ecclesiasticas e Os 12 arcebispados são:
3 P refeitu ra s A postólicas.
O O O O O O 81 O O O O O O
1.1VRO DF. OURO COMME MORATIV O DO CENTENÁRIO
o o o o o 82 o o o o
O P E N S A M E N T O P H IL O S O P H IC O NO B R A S IL
O o O S3 3 o o o
LIVRO DE OURO COAl M L MORAT/VO DO CENTENARIO DA
de segunda mão, sem penetração, nem lum inosidade. professor da Escola de D ire ito fo i uma pagina sur
C om pêndios estereis, em ling ua ge m rebuscada. C i preendente de audacia. Ousára vasculhar o m ôfo que
ta re m o s—M a n o e l M a ria d e M orae s e V a lle (1824- já fazia crosta nas cathedras professoraes de Recife,
1 8 86 ); que escreveu um m ediocre C om pendio de P h i c fa la r uma ling ua ge m nova, exaltada, independente.
loso p h ia para seus alu m n o s ; Ed ua rd o F e rre ira França O seu esp irito e a sua cultu ra assombravam e es
(1 8 09 -1 85 7), a u to r das In vestigações de Psychologia, candalizavam. Ap pla ud ia m -n o e com batiam-no. E o
decalcadas, com certa inte llig e n c ia , nas autoridades herói, no to rv e lin h o de um c e n tro m in uscu lo que
de en tã o; P a tríc io M u n iz (18 20-1871), que publicou agitára, se to rn o u m entor, culm ina nd o em profeta.
a T h e oria de A //irm a ç ã o P u ra , liv ro com plicado, em Fazia g ra v ita r em to rn o de sua fo rça a m entalidalde
que pretende fazer uma neo-escolastica, mas se perde dos moços, que fecundava com a sua c u ltu ra desigual
num atra pa lha dissim o emaranhado de expressões, que e repassada p o r caudaloso liris m o .
o to rn a de to d o incom preensível; José A ffon s o de Fixem os um instante o seu e s p irito . T obias Bar
M orae s T orres (1805 -1 86 5), que nos deixou um C om reto era um im aginoso e um rom ântico. A sua sêde
pe n d io de P h io ls o p h ia R acional, abreviado resumo de sabedoria era m ais um a rd o r do coração inquieto
para uso das escolas, todavia deficiente e m al fe ito. cm face do m un do , do que um a solicita ção da in -
M ais seria c a Obra de José So ria no de Souza (1833- tellig cncia. Sentia o am biente atrazado e, entrevendo
1895), posto de m éritos, ainda assim, lim itados. Re os fulgores de do u trin a s e systemas novos, lançou-
pe tiu em seus com pêndios a néo-escolastica, sem acui se a ellcs, numa a llu d n a n te soffre g u id ã o . O seu tem
dade c ritic a , rea gind o contra o m eio, já contam inado peramento tro p ic a l, exagerado pe lo p re s tig io sem
de m a te ria lis m o c e vó lucio nism o , fu lg ura nte s na es igual que o circundava, e pelas táras que trazia no
cola de Recife. sangue, dom inou num rap id o insta nte as tendências
Poderíam os citar ou tros nomes de m enor relevo, do pensamento m oderno, desdobrando-as em sua im a
mas estes nos bastam a esta indicação sum m brissim a ginativa, como um painel m aravilho so e imponente.
dos prim e iro s estudos philosophicos no Brasil. F al E cheio de entusiasm o, T obias B a rre to evangelizou
to u-lhe s força de pensamento e se lim ita ra m a re a ph ilosophia da época synthetizada naquelle em
p e tir, adaptando m al, as do utrin as correntes, sem es polgante evolucionism o. Poeta p o r emoção, com to
p ir ito c ritic o , nem analyse attenta. Era uma cultura das as cordas líric a s retesas, T o b ia s fe z dessas idéas
livresca que se re fle c tia nos compêndios palavrosos um con jun to harm onioso, que pretendeu im p or pelo
e m ediocres, nenhum dos quaes conseguiu vencer o debate v iole nto , pela c ritic a audaz, pela polemica
tem po. N ão foram siqu er te ntativas. Estas vieram tu m ultuosa. A sua irradiação crescia. Os discipulos
depois, com o m ovim ento de Recife, na fu lg u ra n te de olhos b rilh a n te s e faces tran sfigu ra da s, ouviam -
irra diaçã o do grande Tobias Barreto. lhe as palavras ardentes, com inefável admiração, e
cada qu al era um novo rom ântico, cheio de heroís
m o. D iscursador e satirico, g a lh a rd o e ousado, T o
bias Ba rre to fo i o detentor da m ocidade que o cer
IV
cou e á qu al tra n s m ittiu um la rg o am or ao estudo
e de cujos e s p íritos varreu os igais deploráveis p re
O chamado m ovim ento de Recife, que constitue conceitos, ab rin do -lh es um a tr ilh a m ais larga e mais
a m ais fo rte expressão do nosso pensamento, em extensa. F oi o p rim e iro a de spe rtar o interesse pelas
co n ju n to , pela somma de ideas que ag ito u e pelas idéas geraes, a ince ntiva r a flo ra ç ã o da cultura, num
in te llig e n c ia s que as exaltaram , num entusiasm o fr e grande universalism o, c ritic a nd o os phenomenos no
m ente, não fo i, ainda assim, uma escola de ph ilo s o c ircu lo dos valo re s humanos. T o b ia s B arreto fo i um
ph ia. Se o considerarmos, no nosso m eio acanhado e fecundador. Os seus discip ulos e am igos, S ylvio R o
e s te ril, não ha que negar te r s ido um s urto pujan tev mero, Fausto C ardoso, A rth u r O rla n d o e tantos o u
mas, sob um c rité rio universalista, lim ita -s e a uma tros reflcctem a in da o intenso p re s tig io de sua perso
assim ilação apressada, entre o esfusiar de idealism o nalidade, das m ais fu lg u ra n te s em nossas letras.
transbordante, e que só conseguiu poucos e peque T obias Ba rre to não fo i, con tu do , um ph iloso
nos fru to s . Temos que vel-o, conciliando esses dois pho. Faltava-lhe es p irito de investigação e analyse,
aspectos, afim de fix a r seu s ign ific ad o réa l, na his methodo e dia lectica segura, qualidades de excellencia
to ria de nosso e s p irito . A escola de Recif.e fo i To na cultu ra dos p rinc ípios directores da nossa existên
bias B a rre to de M enezes (1839-18999). O grande ser cia, em que se encontra a verdadeira ph iloso ph ia .
g ip an o, cujo alto e s p irito se alçava da c u ltu ra m ediocre Com um o lh a r vidente e pro d ig io s a capacidade assi-
do am biente para entever luzes m ais radiosas, numa m ilativa, T ob ias Barreto procurava abranger o co
ansia inso ffrea vél, que é a marca de seu po de roso en nhecimento pela sensação da generalidade, que ca-
genho, fo i o sym bo lo desse m ovim ento, irra d ia n d o de racterisou o seu e s p irito . N ão acompanhava as d o u tri
sua personalidade, nos discipulos, que o ouviam des nas, admirava-as. Im buiu-se, em altas dóses, do me
lum bra do s e vibrantes. T obias B arreto fascinava, d i canismo allem âo do sec. X IX , que, através das dou
zem os que o conheceram c lh e ouviram a palavra trina s evo lucio nistas e m onistas, darw inianas e haec-
quente de mestiço, cheia de fulgurações e lam pejos. kelianas, degenerava numa onda de m aterialism o.
O que se tornou princip alm en te adm iravel para os As suas conclusões estremes invadiam todos os p r in
moços do tempo, fo i a a ttitud e de rebeldia con tra a cípios do conhecim ento, afe rid o s nesses m etros pe-
velhice e s te ril c presum ida dos professores de sebenta, rigosissim os. O scepticism o de Kant, que saturá-
im p o n d o as lições gastas, erroneas e inactuaes, á m o ra o am biente, desencadeou essa tum ultuosa anar-
cidade ardente que os ouvia, com m onotonia e enfa chia m ental, que pretendeu reso lve r o problem a
do. T ob ias reagiu. O seu concurso para um a cadeira de do sêr por um a combinação physico-chim ica, que, do
o o o o o o 85 o o o o o o
LIVRO DE O l'RO COM ME MORAT!V O DO CENTENARIO DA
protoplasma inicial se teria aperfeiçoado até as es- coisa. O que vale é seu autor, pela influencia que
pecies superiores, segundo a curva ascencional da exerceu, desbavrando o meio atrazadissimo. Seus li
evolução. Tobias Barreto não teve tempo siquer para vros são annotações. criticas exparsas, paginas de po
analysar essas idéas que a Allemanha sobretudo dif- lemica, discursos ardorosos, reparos e remoques, sem
fundia, em seus grossos tratados de philosophia. Não unidade, ou força integral. O que fez fo i repetir
as meditou, nem as criticou. Acceitou-as, fascinado, o materialismo corrente, que leu avidamente nos alle-
e as coloriu, então, com imagens pomposas, metapho mães, como se descobrisse a sabedoria cosmica, para
ras vibrantes e contrastes fulgentes. Sem poder ir ao remir o espirito humano. Reeditou o evolucionismo
gabinete, investigar, no silencio amigo, aquella sa e o mor.ismo, applicando-os ao direito, á religião,
bedoria inedita, Tobias preferiu agitar o meio com á moral, a tudo emfim, apurado nesse cadinho trans
esse monumento, que assimilou um tanto apressado formista. Praticou, em summa, p h ilo so p h ia d e deses
e revelou em apostrophes retumbantes. «Jurista ou p e ro , mas cheio de crença e de fé, como se evan
philosopho — escreve o sr. Clovis Bevilaqua — fo gelizasse doutrina de esperança. Ê que fazia apenas
ram as idéas geraes, as syntheses que o seduziram transposição, enxertando no espirito do Brasil novo
e a que consagrou as energias masculas de seu en as flores do mal da civilização européa, nessa crise
genho. Mas, si as idéas geraes apanhavam, num am de incontinência, que foi o romantismo. Dest'arte,
plexo ousado, as bases da sciencia, escorçando-a em Tobias Barreto não nos deu uma expressão de pensa
traços concisos, nunca se ligaram num todo harmonico mento, mas reflectiu no seu verbo ardoroso, o evo
de modo a nos darem uma synthese completa da phi lucionismo materialista, segundo o qual o universo
losophia ou do direito. Assim como faltava-lhe o gosto é um composto de unidades iguaes (atomos), dotadas
para as analyses morosas e percudentes, fallecia-lhe de movimento e sentimento. Como se vê, uma syn
a tenacidade para levar a termo uma obra' de certa, these de Haeckel, que mais de perto segue, apenas
amplitude, cuja construcção demandasse urna con- evitando o seu mecanismo, mas acceitando, como Noi
tensão de espirito prolongada por longos mezes, a re. outro mestre predilecto, uma finalidade para a
vista sempre detida num mesmo circulo de idéas. Sur evolução cosmica. Na adaptação que fazia não deixava
gia-lhe a concepção, a descarga das forças creadoras um caracter pessoal, sendo antes sua funcçâo a de um
levava-o á febril producção, mais alliviado daquella grande divulgador, que deu ao meio a impressão de
necessidade psychica, enfastiava-o proseguir no mes criar aquillo que apenas reproduzia. A sua divulga
mo caminho e anceiava por velejar em outros mares ção, porém, se resentia de uma base philosophica se
e aspirar outros perfumes». c u ra e sobretudo de qualidades mais agudas de ra
A obra philosophica de Tobias Barreto é pouca ciocínio. E que. em geral, reagia pela imaginação e
o o o O O
o o o o O 86 o o o o o o
INÜEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
pretendia com o ap od o d e s tru ir as m ais serias cons- dendo a m o ra l e o d ire ito ) e in d u s tria . E dessa
trucções do e s p irito hum ano. C ritica va Von lh e rin g classificação fez S y lv io Rom ero o m aior cabedal, o
d c joe lho s e q u e ria c o rre r a pedradas Santo Thomaz po nto de partida de todas suas cogitações nessas ma
de Aquin o... Isso serve para m o s tra r que o m e rito té rias, segundo sua pro pria a ffirm a tiv a . Também as
do grande serg ip an o consiste em te r alargado, embora sciencias fo ram classificadas pelo fo rte pcns'ador, em
desordenadam ente, o a m b ito de nossa cultu ra, desper sciendas, quasi sciencias e pretendidas sciencias, ab
tando o g o sto pelas ge neralidades e abrin do clareiras surdo que avulta, pela inclusão de coisas verdadeiras e
ao pensam ento. N âo pe lo que escreveu, mas pelo falsas num só genero. M as. não vale extender essas
exem plo audacioso que nos legou. A sua a ttitud e considerações summarias em to rn o das tendendas
fo i a m ais ad m ira v e l, s obretudo na epoca e no m eio philosophicas de S ylvio Rom ero num sim ples es
em que viveu . C om o ex c ita d o r de ideas tem um lo g a r corço, sem caracter c ritic o , com o esta m em ória. Bas-
inco nfu nd íve l nas nossas lettras. ta-nos m ostrar a sua influ en cia entre nós. Se não
Juntam ente com T ob ias Ba rre to fo i Sytvfo Ro teve o m e rito essencial da unidade, se lhe fa lto u
m ero (1 8 5 1 -1 0 1 4 ) o m ais illu s tr e p ro s e ly to das no um a serena visão dos problem as e, portan to , se as
vas do u trin a s irra d ia n te s de Recife. A sua obra, posto suas soluções várias eram sem pre p a rticularista s e
sem m eth od o e s obretudo sem unidade, dado o es apaixonadas, fo i contudo fu lg u ra n te e energico, a g i
p ir ito inco nsta nte e d is p ersivo do autor, é, ainda as ta ndo o m eio com idéas, de que ou tros, mais ta rde,
sim , a p rim e ira te nta tiv a de c ritic a n o Brasil c, sob haveriam de c olher fru to s m ais sazonados e fecundos.
esse aspecto, nin gu em lhe pode escurecer os brilho s. N ão com portam os lim ite s deste ensaio uma
C om o realização, porém , está longe das intenções. analyse das diversas m odalidades dos corypheus do
Ê que lhe fa lta serenidade no ju iz o das tendências m ovim ento de Recife, cuja directiva fo i de um m o
e dos hom ens e todos os seus conceitos sâo im pres nism o evolucionista, mais ou menos m od ifica do pelas
sões pessoaes, em que o sentim ento in flu e e nâo interpretações pessoaes. Fausto Cardoso e E s tc llita
ra ro pre po nd era. Sua c ritic a está eivada desse vic io T apajoz pretenderam pela applicaçâo do m onism o b io
..p or m al d o seu coração, que era um tanto fe m in in o, log ic o tir a r conclusões sociaes, fa zendo da sociologia
ta l a in s ta b ilid a d e de suas preferencias», como des um decalque da bio log ia . A rth u r O rla n d o e o sr.
cob riu a arg úcia s u b til do sr. R onald de C arvalho. C lo v is Bevilaqua, mais spencerianos, acompanharam
Assim , v a rian do as convicções com os m om entos de de preferencia S y lv io R om ero, «tendo um m odo sim i-
sua cu ltu ra , d e ix o u uma obra fa lh a e desarticularia, Ihante de conceber a organização m aravilhosa do
revelando a crise perm anente em que se debatia seu kosmos»; Ainda são nomes de realce n o m ovim ento
grande e sp irito . Da im aginação sup prind o o que a os de T ito L iv io de C astro, Quedes C ab ra l, O liv e ira
in tc llig c n c ia não pe dia dar, resultou esse ard or de Fausto, Q u m crcind o Bcssa. M a rc olino F ragoso e do
sordenado e im p u ls iv o , com que acceitava ou re p e llia sr. Graça Aranha, cujas idéas, porém , tomaram depois
as ideas. A p rin c ip io p o s itiv is ta , depois haekeliano, um rum o p o r in te iro diverso, guardando embora uma
p o r fim spenceriano, S y lv io R om ero em qu alq ue r des base commum, na illu s âo m onista.
ses poisos tra n s ito rio s fo i um batalhador insigne, te A grandeza dessa flora ção , cuja caracter fo i a g i
cendo armas com denodo e bravura, em bora por ideas ta do e viole nto , re fu lg iu sob retu do na m entalidade
que deveria atacar amanhã. A sua concepção fu n d a de seus sectarios, a ffeito s á lu ta em polgante. D e rru
m ental fico u sendo a de um m onism o evolucionista, baram flore stas, fizeram queim adas enormes, mas não
nâo m ecânico, como ensinára Kant, mas te le olo gico , abriram caminhos. O u tros iriam depois aprove itar o
ou teleo-m ecanista, como reconheceu H artm ann, esforço inic ia d o , c o n struin do no te rre n o trilh as no
abrangendo a to ta lid a d e dos phenomenos, «desde os vas para o pensamento b ra s ile iro . N âo esquecerão ja
cosmicos até os sociologicos>. O g iro eterno das coi mais aquelles que, heroicos c denodados, tentaram os
sas está re g u la d o pela evolução, segundo concebeu p rim e iro s golpes na m atta espessa e som bria.
Spencer, e re p ro d u z a le i dos tres estados de C om
te, augm entados para qu a tro , a saber: o th e o lo
gico, o m etaphysioo, o physico da his to ria e o his-
V
to rico -scie n tific o . N o prim e iro , a explicação un iversal
é dada pela idéa de Deus; n o segundo, pela im m a
ne nd a ; n o te rc e iro , pe lo de te rm inism o e no qu arto , O m ovim ento po sitivista que irra d io u no R io de
pe lo evolucionism o. N â o é preciso in s is tir nessa adap ja n e iro e se ala strou p e lo sul do paiz, não fo i uma
tação a rb itra ria e especiosa dos fa ctos humanos, que sim ples m anifestação philosophica, mas, de um largo
refogem a todas as fôrm as que os pretendem enqua idealism o p o litic o , sob c uja influ en cia se fez a Repu
dra r. Taes classificações podem ser engenhosas, ser blica. E preciso, contudo, não exagerar, como se cos
v ir m esm o para m ethodisação de estudo, mas falham tuma fa zer, a actuaçâo p o s itiv is ta na construcçâo do
com o base do conhecimento, im possível de ser red u novo regim e. F o i mais e x te rio r e fo rm a l, do que fu n
zido a alg u n s schemas. A liá s S y lv io Romero tinh a damental e essencial. Basta ver que a C o n stituiçã o
um pouco essa prcoccupaçâo de classificar. Os pheno não teve suas fo nte s na P o litic a P o s itiv a de Augusto
menos hum anos, por exem plo, que denom ina de c r r a Com te, mas na Carta norte-am ericana, a cujo retrato
ções ju iida m e nla es da hum anidade, e lle os classifica, e sim ilhança fo i modelada. Ficaram alguns lemmas,
«sem m edo de e rrar em cinco. .A penas cinco como esse adm iravel Ordem e Progresso — e
proclam a são as classes, as especies diversas dc algum as fó rm ula s exparsas, m uitas das quaes já em
actos e phenom enos culturaes que constituem a c iv ili desuso. O am biente, porém , estava dom inado de po
zação humana». São as seguintes: re lig iã o , a rte , inscien- sitivism o e, se a R epublica se não deixou levar pela
cin (com preendendo p h ilo s o p h ia )t p o litic a (com pree n fantasia p o litic a d o contism o, fo i devido a haver no
o o o o o o 87 o o o o O
LIVRO DE OURO COM ME MORAT IVO IX ) CENTER ARIO
go vern o p ro v is o rio o a lto e poderoso engenho de dência. Propriam ente fid e lis s im o s fo ra n i M ig u e l d c
R uy Barbosa, a quem devemos a parte c on s tru Lemos (1854-1916) e R aym un do T e ix e ira M e n
tiva d o regim e, em suas grandes linhas. Um p r u ri des, que d ir ig iu até pouco tem po o A p o sto la d o , no
do po sitiv is ta agitava to do s os e s p íritos e frem ia na nosso paiz. Ambos têm num erosas publicações, em
m ocidade, sobretudo a que frequentava a Escola Cen geral de combate e divulgação, ligadas m uitas de lias
tra l, onde Benjam in C on stan t, com um p re s tigio do a problem as de occasião, que as pretextava. N o B ra
m inante, po ntifica va a re p ub lica nos m oldes de A u s il, fo ram os grandes propulsores do po sitivism o e
g u sto Com te. Sob taes in flu e n c ia s , ainda que nunca possivelmente dos m ais com pletos discip u lo s de
tivessem s ido causa e ffic ie nte, se fu nd ou a republica, C om te, pela cegueira com que o seguiram . Accei-
m arcando esse perio do a epoca aurea do p o s itivism o , ta ndo o dogma da re lig iã o da hum anidade, con struí
cuja fulg ura ção não fo i c ontudo duradoira. A sua in ram no Brasil um g ru p o de o rth o d o xo s e num erosos
flue ncia , como dissemos, rião teve caracter p h ilo s o sym pathicos, com os quaes conseguiram m anfer a
phico, mas m oral, e, sob esse aspecto, não seria lapada, cada dia m ais b ru x olea nie , d o po sitivism o .
lic ito desconhecer-lhe os m e rito s , contendo os natu- E, ainda assim, fo i entre nós que m ais intensa e
raes excessos, que resu ltariam da revolução de 1889, extensamente rep ercutiu , graças sem duvida, ao pres-
nos seus largos p rinc ípios de solid arie da de humana. tjg io de Benjamin C on stan t e á te nacidade e b rilh o
C om o força conservadora e d is c ip lin ad ora, fo i um dos seus dois sacerdotes. M ig u e l de Lemos fo i sa
elem ento de ordem na transição republicana, e deu grado por L a fitte , em 1880, em P a ris, mas te nd o
aos revolucionários uma ethica, que m u ito concorreu d ive rg ido do chefe francês, de sligo u-se, em g ru p o
para e v ita r as reacções e s o lid ific a r o e s p irito demo- apartado, por certo mais fie l ao pensam ento d c A u
gusto Comte. Dos pro selyto s he terodoxos, o nom e
O po sitivism o — do u trin a ph iloso ph ica — é m ais illu s tre é L u iz P e re ira B a rre to (18 40 -1 92 3) a u to r
um a re p lic a do phenom enism o de Hum e c do c riti- de varios trabalhos, dos quaes o dc m a io r destaque
cism o de Kant. Como aquelle, proclam a que só nos é - Tres P hilosophias — em que pretende estudar,
deve interessar, no universo, as suas manifestações, sob o prisma dc seu sectarismo, a ph iloso ph ia th e o
pelas quaes se revela o s ê r; e á maneira deste, de logica, a m etaphysica e a po s itiv is ta . R eproduz nisso
clara que a essencia nos é inte rdicta da , o noumena as linh as geraes d o contism o, através da le i dos tres
de Ka nt transcende a to d o conhecimento racion al, é estados, applicando suas conclusões ao B rasil, que
um a ignorância perpetua. D ahi A u gu sto C om te con ainda encontra no p rim e iro estado e para cuja fina'-
cluía que o conhecimento só era po s itiv o , is to é lida de só póde aconselhar o te rce iro . A o b ra dc
d a q u illo sobre que recaem as nossas medidas e son Pereira Barreto f o i accusada, pe lo p ro p rio M ig u e l
das. e, conseguintem ente, que a m etaphysica não de Lemos, de plagiada.
existe, senão como um dos tres estados ainda im p e r Taes são os traços m u ito breves do po sitivism o ,
fe ito s d o ç s p irito hum ano, na sua evolução para o cuja influencia n o B rasil não se pó de negar. Se, em
p e rfe ito , que é o p o sitivism o . A base desse systema alguns pontos fo i benefica, deixou o m al de o rige m .
é, pois, sceptica, de um scepticism o fundam ental, en A elle nós devemos boa somma do scepticism o c o rro
cerrando o conhecimento deante de um ign oram u s c t sivo nos filh o s das ultim as gerações, pois, desencan
ign orab im u s, com que irrem ediavelm ente estanca tados do conhecimento e, de fa cto, atheus, faziam
aquella paixão de saber, que A ristoteles encontrava pouco cabedal de sua m oral, que s u b stitiiia m p o r um
ao fu n d o do nosso coração. O conhecimento no p o relativism o mais com m odo e o p p o rtu n o . Sem bases
s itivism o é puram ente fó rm a l, s c ien tific o e n o l-o sys- profundas no e s p irito hum ano, nada se c o n s tru irá
te m atiza Augusto C om te, «na parte mais viva e d u de d e fin itiv o . O exe m plo desse p o sitivism o in fe c u n
rável do positivism o», enquanto methodo, ainda que, do e passageiro é bem s ig n ific a tiv o .
como observou Farias B rito , pretendesse «crear um
no vo estado m ental, f ix o c d e fin itiv o ; e, para is to
traçou lim ite s ao desenvolvim ento do e s p irito , pre ten
deu dar por term inada e com pleta a obra do pensa VI
mento». A m oral po s itiv is ta não acompanha, con tu
do, essas consequendas scepticas de suas conclusões O p o s itiv is m o c rio u um estado de in d iffe re n ça ,
philosophicas, antes assenta em bases solidas de hu a que o pru rid o s c ien tific is ta deu m aior p re s tig io .
m anidade, pois consiste numa replica de to da a m oral Uma demolição g e ral dc p rin c íp io s e crenças se in i
christã. A ugusto C om tc considerava a Im itaçã o dc ciou, pretendendo disso lver a essencia de to d o co
C h ris to o m ais adm iravel dos liv ro s e recommendava nhecimento, to rn a d o o jo g o de m e ia duzia de f ó r
sua le itu ra com fervoroso entusiasmo. Politicam ente, m ulas por achar ainda, mas que haveriam de reso lve r
já não merece o po s itiv is m o as mesmas referencias o problem a fu ndam ental do sêr. O com bate á m eta
c a sua dictadura rep ub lica na é um m on stro inada'pta- physica, encarniçado pelos evolucionistas e pelos po
vel ás sociedades modernas. sitivistas, agira fo rtem en te sobre os moços, lo g o con
N o Brasil, os do utrin ad ores p o sitivistas foram taminados pelo preconceito b io lo g ic o , tão em voga.
fie is ao pensamento de A u g u s to Com te. Os hete ro do A anarchia do pensamento se caracterizou n o to rv e li
xos, como Pereira B arreto, M a rtin s J u n io r e alguns nho de idéas e systemas que rem oinhavam , reflexo»
m ais, ficaram á m argem , pois o g ru p o o rth o d o x o fo i aliás de perturbação sim ilh a n te em todo o m undo.
o dom inante. A liás, B e nja m in C onstant, que se in d u e F oi aquella P h ilo s o p h ia do desespero, que verb e
nessa parte, não fo i inte ira m en te subm isso ao pen rou R aym undo Farias B r ito (18 64 -1 91 7), cm paginas
sam ento do mestre e. sua passagem pe lo governo m agnificas de sua obra, m arcando o p rim e iro reb ate
p ro vis o rio , deixou provas exhuberantes d c indepen do nosso e s p irito contra essa on da de negação e des-
o o o 88 o o o o o o
A N IA G E M ~
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B a rb a n te s © r d a s © b o s H o s d e A Id o d d o
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consolo. Farias Brito foi dos mais equilibrados e jus dade, fim para o qual existimos, ou seja a fusão com
tos dos pensadores modernos, tendo sido, no Brasil, a a personalidade divina se alcança pela lei moral,
mais completa e poderosa organização de philosopho. que exprime destino humano, posto pelo nosso pen
A sua obra é toda ella um grito dc fé contra a ruina sador na velha fórmula Socratica: Conhece-te n t i
do espirito, reerguendo a sua sciencia — a psy- mesmo, a que ajuntou outra regra igualmente fun
chologia — e fazendo-a o meio de attingir a verda damental: conhece a natureza. Temos, por conseguin
de, que deve ser a finalidade humana. «Farias Bri te, que o conhecimento é a finalidade do mundo e
to, escreveu o sr. Jackson de Figueiredo, está no havemos que attingil-o procedendo sempre de con
pensamento contemporâneo entre os que reagem con formidade com a verdade, ou com o que pensamos
tra a grosseria materialista que, influindo tão grave- ser a verdade. O instrumento do nosso espirito é a
mente nos sentimentos da nossa época, nos deu razão, donde provem a própria fé, porque «para
toda esta barbaria civilisada que se levantou, armada crer é necessário primeiramente‘ comprehcnder». E
c sem coração, sobre os ideaes ingenuos dos guilho- a fé, era para Farias Brito, o que «se póde conceber
de mais bello», «a verdade mais alta».
Marcaremos, tão sómente, os indices essenciacs Tal a synthese desse pantheismo radioso e es-
do pensamento de Farias Brito. Para o grande pen piritualisma, que o illustre Padre Leonel da Franca
sador brasileiro, ha uma philosophia natural e per chamou de pan-psychism o pantheisfa, mostrando que,
manente, peren nis p h ilos o ph ia , que faz «da vida um á rigor de conclusões logicas, nelle estão latentes um
dos processos do espirito e do mundo o scenario atheismo e um materialismo, posto não lhe pretenda
onde c espirito desenvolve o drama de sua exjsten- attribuir tão detestáveis consequências, a quem, como
cia: philosophia que por isto mesmo que tem por Farias, as combateu tão sincera e vigorosamente. Mas,
concepção fundamental o espirito póde dizer-se que ao engano pantheista, vivem presas essas insufficien-
é o espirito affirmando-se philosophia que não cessa cias, ou, como diz Schoppenhauer, citado pelo histo
de crescer, que não cessa de transformar-se, que não riador jesuíta, «o pantheismo é um atheismo delicado».
envelhece, que c sempre nova, porque a todo o mo Não nos parece, porém, que tenha Farias Brito che
mento renasce; de que «a philosophia antiga foi um gado ao materialismo, pois negar a matéria não póde
dos momentos e de que a philosophia moderna é o equivaler, em que pese o parecer do autor das Noções
momento presente: philosophia que é movimento e de H is to ria da P h ilo sop hia , a fazel-a a verdade única1
vida; logo consciência e actividade; logo affirma- e criadora. E o espirito, em que Farias Brito, resumia
ção e acção; logo oração e renovação perpetuas . a realidade, não era, como os materialistas fazem a
Vê-se, portanto, que a philosophia é a sciencia do materia, um simples combinado physico-chimico, mas
espirito, ou melhor, a disciplina do espirito, con o pensamento divino, portanto, de essencia superior,
fundindo-se com a psychologia, não «uma psycholo- parte inseparável da unidade Deus.
gia dynamics puramente exterior, inconsciente e fa Como quer que seja, a solução de Farias Brito
tal», mas «a ossatura do organismo do conhecimento, era uma solução de fé, embora racionalista, exigindo
a massa de que se fazem os systemas, sendo que, do espirito aquelle esforço impossível de compreen
dados estes elementos fundamentaes, cada um levanta der, para acreditar em seguida. Á primeira tenta
a seu modo o monumento». £ o caracter pessoal da tiva mallograda, a dúvida, ou a melancolia', toldaria
obra de philosophia, pois cada qual entende de sua o coração inquieto, sem mais esperanças no céo lon
maneira o universo e o interpreta nas contingências ginquo. A fé tem de ser um impulso imperioso do
de sua psyche, independente de todos os pensamen espirito humano, solicitado por Deus, e que affirma
tos alheios. A funcçâo da philosophia é dupla: theo- e justifica a vida, dando-lhe finalidade «de uma aspi
ricamente, cria a sciencia; praticamente, cria a moral. ração continua para a perfeição, que não se póde
De posse desse instrumento poderoso de indaga pensar mas se sente que existe», consoante o Sr.
ção, que é a psychologia assim entendida, como re Jackson de Figueiredo. Não cabe aqui a critica da
solve Farias Brito o universo? Â similhança dos philosophia de Farias Brito. Ella representa — e
idéalistas, o nosso admiravel pensadbr, nega a dua basta assignal-o — o mais alto e àdmiravel depoi
lidade da materia e do espirito, porquanto aquella mento do pensamento philosophico brasileiro e, a
não existe e só existe o espirito. É elle a realidade. seu tempo, foi uma affirmação radiosa ao meio do
Como Berkeley, julga que tudo se resume na idea. negativismo desordenado, do indifferentismo incre
Esse est percib i. Todas as coisas são pensamentos de dulo, do pragmatismo immediato. Trouxe em sua con
Deus, e Deus é esse «meio infinito dentro do qual cepção a belleza moral, que dá força ás doutrinas,
eternamente se agitam as evoluções indefinidas do constróe e domina. Aos doutores subtilissimos do
cosmos». Farias Brito acceita o universo como a materialismo, com seus apparelhos aperfeiçoados de
unidade, igual ao pensamento divino, dc onde tudo medir e contar, oppoz a verdade, como obrigação de
promana, porque em Deus criar é amar. E o cos consciência, que tende para Deus. Reintegrou a phi
mos «c uma actividade intellectual, pois é Deus pen losophia na moral e nos deu um espiritualismo largo,
sando, e nós, homens, como elementos que somos do em que podemos não o acompanhar até os limites u l
mecanismo do mundo, fazemos também parte do pen timos de suas conclusões, mas temos de admirar a
samento de Dens, e somos, por conseguinte, no mais grandeza c luminosidade. Não se contentou com a
rigoroso sentido da palavra, idéas divinas». Esta terra, mas a incorporou no além, no proprio circulo
mos, pois, em face de um largo pantheismo, vindo de eterno da Divindade, em que todas as coisas se mo
Spinoza, ainda que corrigindo o erro fundamental do vem, nesse pantheismo maravilhoso.
genio hollandcs, por attribuir uma finalidade uni A influencia dc Farias Brito no pensamento mo
versal. Esta, que se resume no conhecimento da ver derno, si bem que não tendo discipulos, no verdadeiro
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LIVRO DE D l'R O COMMEMORATU!) DO CENTENARIO DA
sentido da expressão, é cada vez mais decisiva c pe J., na sua magnifica H is to ria d a P h ilo so p h ia , ao qfia-l
netrante, sobretudo nos moços, que procuram estudal-o já nos referimos por mais de uma vez.
com o mais amoroso intento. Os varios commentarios O movimento espiritualista, que se manifesta
apparecidos sobre a sua obra, justificam o asserto. no Brasil, depois de Farias Brito, donde se lhe attri-
Dentre elles destacaremos, em primeiro logar, A lg u buir uma direcção mental, que effectivamente não
mas reflexões sobre à ph ilo s o p h ia de Farias B rito , exerce, tivera antes alguns representantes muito illus
do sr. Jackson de Figueiredo, que é um forte ensaio tres, mas que, por circunstancias diversas, não pode-
sobre as linhas directoras da obra de Farias Brito, ram ter nunca qualquer influencia sobre a mentalida
através de suas convicções pessoaes, já então decisi de brasileira, no sentido de oriental-a, ou por não te
vamente catholicas. Contem esse estudo paginas admi rem sido propriamente philosophos, ou por lhes fal
ráveis de penetração aguda e analyse segura, em que tarem qualidades de reacção contra o meio. Joaquim
se revelou o autor dm dos mais brilhantes pensadores Nabuco, por exemplo, se revelou um pensador ar
do nosso paiz. Seu recente liv ro Pascal c a Inqu ie guto. nos Pensões /M a c h õ e s & S ouvenirs, livro
tação M od erna lhe confirmou essas qualidades, apura de fc religiosa e ungido dessa belleza que só
das agora, numa visão mais ampla c mais serena', a luz divina permitte, aos que podem escrever:
que emprestou força maior ao seu raciocínio e á La foi n’este pas la certitude materiellc. J’ai
sua dialectica. Liga-se a Farias Brito pelo espiritua vrai de quclquc manière; e’est une certitude morale,
lismo e pelas soluções moraes, mas, como catholico, une confiance, non pas une sorte de vision matericllc.
diverge essencialmente, de seu pantheismo. O sr. Ja Dieu n’a pas voulu que nous cussions la certitude
ckson de Figueiredo segue dogmaticamente o catho- matctiellc de 1’au-delà. Cela nous rendrait cettc vie
licismo, sendo no Brasil o representante dessa reno sans prix et sans interet. Adam eut, lui, la certitude,
vação da Egreja, que agita todas as intclligencias mo mais il a dfi la perdre à la chute, et lui même croire
dernas, na ansia de volver ao seio de Christo, fóra do apres qie tout avait etc un rêve». São ainda nomes de
qual não resta senão o amargo sabor das desillusòcs. destaque os de E duardo P rad o, cuja obra fo i aliás po
Citaremos ainda o sr. Almeida Magalhães, autor de litica, e o Visconde de Sahoya, que escreveu a Vida
um ensaio de real valor sobre F arias B r ito e n Psychica do H om em para rebater as conclusões da
Reacção E s p iritu a lis ta e os trabalhos muito apreciá psychologia materialista
veis dos srs. Xavier Marques e Nestor Victor. Outros Depois de Farias Brito o movimento espiritua
escritores também se têm occupado, directa ou inci- lista se tornou mais forte e se póde dizer que em
dentemente, de Farias Brito, salientando-se entre elles torno desse renascimento gravitam as melhores forças
o solido estudo critico do Padre Leonel Franca, S da mocidade. Ha uma reacção crescente e victoriosa,
o o o o o
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IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
que procura o rie n ta r a in te llig e n c ia bra sile ira , pela la n colia da razão em face do in fin ito , reconhecendo a
fé , un ico m eio de dar á sociedade moderna, depois grandeza que o esmaga e a que jam ais a ttin g irá .
de um século de m al logros e incertezas, bases se Podemos c ita r ainda C ru z e Souza (1862-1898)
guras e de fin itiv a s . M u ito s mesmo que não acompa cuja poesia fo i a inquietação profunda de um e s p irito
nham as conclusões philosophicas esp iritu alista s, ac- que busca dom inar o in s tin cto, numa ansia inso ffrea -
ceitam o m ovim en to, pragm aticam ente. Ê pois uma vel, e fe z da d ô r a emoção maravilhosa da arte . S o f-
construcçâo que a v u lta e cujos fru to s hão-dc engran freu-a, não com o redem ptora, á guisa de R aym undo
decer e g lo rific a r o Brasil. C orrêa, mas como uma contingência irrem ediável da
especie, o tr ib u to mais cruel exig id o pelo destino.
o o o o 91 o o o o o o
LIVRO D t OURO COMMF.MORATIVO DO CENTFNAR/O
instante p e la consciência que se abriu, como um re que philosopho, fo i A lb e rto Torres cu ja ob ra é o
lâm pago, nas trevas do acaso...» estudo do problem a nacional b ra s ile iro , resolvendo-o
Essa concepção csthetica do U niverso, se nos pelo aproveitam ento dc todas as energias n ativas numa
nega um a fin a lid a d e e nos deixa perdidos num ocea concepção nova de estado.
no d o nada, de que somos ephemeras e fulgurantes E ntre os moços mais largas seriam as referencias,
apparições, não nos a n niq uila para a vida, porque a dc to dos aquclles que, na ph iloso ph ia , na poesia, n o
vida deve ser vivida. Ha um a funcçào do es p irito nessa ensaio, na critica, na sociologia e no d ire ito , revelam
realidade idéal, é communicar-se com o todo, vencer as mais graves preoccupações de pensamento, naquella
o desespero dessa separação angustiosa. Ê, pois, um ansia inquieta de sabedoria, naquella doce volú p ia de
hym no vib ra n te de entusiasmo pela existência, pela inte rro ga r as coisas, não m ais contentes com o b r i
a le gria que une os sêres, pela ale gria divina, á ma lho de suas apparendas. Basta-nos, poram , sen tir
neira da qu elle ris o de i U niv e rs o , que ine briou D an essa germinação que florecc sob nosso sol, não m ais
te, no m ais a lto c ircu lo do Paraíso. O sr. Graça A ra uma replica das cartilhas extrangeiras, mas solicitada
nha nos redim e tornando a vida essa ansia pela U n i pelo esp irito nacional, que desperta d o deslum bra
dade, através da fórm a, em busca da «fórma u ltim a mento da imaginação. Ha um esforço novo, de cultura
e primordial).-. e universalism o de ideas, um fre m ito que a g ita a m o
H a ainda a salientar a ob ra de A. S e rg ipe (Jus cidade, animando-a a c ria r o es p irito bra sile iro , para
tin ia n o de M e llo e S ilv a ), a que Farias B rito em dar ao mundo uma luz m aior. O prim ad o das pa la
lon ga referencia em prestou m u ito b rilh o , divulgando vras coloridas cessou e a alma nacional se rete m
seu pensam ento, que renova em parte a do utrin a da perou na dôr do pensamento, onde a criação será
quéda de Rénouvier e Sccretan, estudando longamente a liberdade.
a m etam orphose cosmica, donde resultou a hum ani
dade decaida e m iserável, mas esforçando-se para v o l
ver a Deus. O u tro pensador, aliás sociologo m ais do R e n ato A lm e id a .
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■■ f r l J W g f f f c H H m W H B K M
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LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO
o o o
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INDEPEN DENC!A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
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LIVRO DE OURO COM MEMOR ATIVO OO CENTENARIO
que possuem valor meranicnte historico. Citarei das ora americanos. Ê cclctica por excelencia, porém ha
velhas doutrinas a opinião de Torres Homem que via da parte dos técnicos, processos e métodos pessoais,
no tifo icteroide uma associação dos germes da febre alguns de resultados brilhantes mas que nâo possuem
tifoide e do impaludismo e dizia enfaticamente que característica suficiente para considerar-se como ti-
se nâo responsabilizava pelos doentes de febre ama pica a escola cirúrgica brasileira.
rela que no periodo de remissão não tomassem quini Quanto á obstetricia e ginecologia, temos tido
no. Cumpre citar também a opinião do prof. Filogonio técnicos e professores de velha e de moderna orien
Lopes Utinguassú, creio que precedente ao dos me tação. Entre os antigos contamos o Visconde de San
dicos havanezes, acerca do papel transmissor da febre ta Isabel, o prof. Feijó e Augusto Brandão que é o
amarela pelos mosquitos. O melhor trabalho brasilei elemento de transição entre os especialistas. Da mo
ro e quiçá universal é o Tratado sobre a doença, es derna geração computam-se Fernando de Magalhães
crito pelos professores Azevedo Sodré e Miguel Cou que se tornou chefe da escola pelo entusiasmo que
to, como colaboradores do tratado de Patologia espe desperta nos alumnos, Quintella, precocemente faleci
cial de Nothmagel. Ai as noções clinicas da escola do, Nabuco de Gouveia (ginecologista) e varios ou
brasileira e os estudos de anatomia patológica feitos tros como Morais Barros, de São Paulo, J. Adeodato,
pelos autores dão a mostra da orientação nacional da Bahia, etc.
acerca do assunto. Em trabalho dc interesse como este os dados são
Depois da descoberta dos medicos cubanos e ame certamente incompletos. Constitue uma visão rapida
ricanos acerca do mosquito stegom ia ou c alo p its , acerca dos esforços da medicina patria que se póde
Osvaldo Cruz com energia moral pouco vulgar conse ufanar dos progressos e da boa vontade dos medicos
guiu extinguir a febre amarela do Rio de Janeiro e c cirurgiões que têm dispensado para acompanhar tan
das nossas principais cidades em que a enfermidade to quanto possivel os succdimentos do mundo refe
òra reinante. Podemos dizer que foi o mais brilhan rentes á sua profissão. Inegavelmente os estudos me
te feito da medicina nacional a extincçâo da febre dicos, isto é, tudo que diz respeito á saude humana,
amarela dos focos em que reinava, havia mais de meio servem de expoente á civilisaçâo dos povos. Não ha
século. grande nação com medicina atrazada, e a higiene e a
Restam-nos algumas palavras sobre as especiali experimentação biologica acentuam indubitavelmente
dades medicas em que certos espíritos teem mais ou para a determinação da vitalidade scientifica dos paí
menos assinalado epoca. Na anatomia Patológica te ses cultos. Ha trez ou quatro elementos sociais indi
mos a citar o Prof. Leitão da Cunha e Gaspar Viana, cadores da elevação moral e intelectual dos povos:
mui precocemcnte roubado á sua gloriosa carreira. o anti-analfabetismo, a higiene, o amor civico, o res
Na psiquiatria Teixeira Brandão que se orientou pela peito ao direito e a justiça, e a ansia individual
escola franceza, Mareio Nery que professara entre nós ao trabalho e ao progresso. De todos que os mais
as ideas de Schüle e Kraft-Ebing, Juliano Moreira, que se referem a cultura humana são o aprendizado
propugnador das ideas de Kraepelin, Henrique Roxo, escolar e a efetivação higiênica. Não ha grande povo
ecletico em sua disciplina. sem estas duas prerogativas.
A oftalmologia contou entre nós os antigos, Ga São princípios elementares, assinaladores do alto
ma Lobo, Pires Ferreira, e Moura Brasil que ainda nivel de civilização em que se acham colocadas as
hoje exerce com competência a clinica; cabe porém, nações adiantadas. O Brasil na questão higiênica tem
ao Prof. Abreu Fialho, a cadeira actual da' nossa Fa conquistado varios pontos, com segureza assombrosa.
culdade, em que a sua escola cheia de observações? A outra parte acha-se ainda cm mau caminho. M uito
pessoais e orientação germanica tem produzido os me temos que lutar em combate vivo contra o analfabe
lhores resultados. tismo. As grandes distancias do pais, as dificuldades
A oto-rino-laringologia com H ilário de Gouveia, materiais e físicas, a falta de compreensão do proble
J. Marinho, Francisco Eiras, David Sanson, Castilho ma, colocam-nos em ponto de inferioridade perante o
Marcondes, J de Moraes tem proporcionado ao meio mundo. Porém, a higiene, sobretudo em certos luga
clinico nacional bons discipulos. res como Rio, S. Paulo, tem atingido a serias e ra
Na cirurgia brasileira podemos dizer que se po dicais melhorias. Não podemos negar, repito, que em
dem contar duas ordens de cirurgiões: uns professo questões medicas ou biologicas, o Brasil atingiu um
res, como Saboia, Oscar Bulhões, Paes Leme, Augus grau elevado, digno de nosso orgulho, reflexo do
to Paulino e Figueredo Baena, outros, clinicos pro grande amor que temos e devemos ter ao nosso tor
priamente ditos como Daniel de Almeida, José de rão maravilhoso e privilegiaado, que será como disse
Mendonça, Alvaro Ramos, Jorge de Gouveia e Fer um grande espirito politico americano, o fenomeno
nando Vaz. social do século XX
A orientação operatoria nacional é a resultante
ora dos estudos e praticas franceses, ora alemansora,
A. A ustreoesilo.
o o o o o o 96 o o o o o o
RELOJOARIA O O N D O LO — Rio de Janeiro.
R E S U M O M O N O G R A P H IC O D A E V O L U Ç Ã O D A A R C H IT E C T U R A
N O B R A Z IL
 O pode caber nestas paginas senão um Santa, em M inas-Qeraes, liga do ás pesquizas e aos
o o o o o o 97 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA
como nesse exemplo das mascaras votivas e funereas Estes, Tupis e Guaranis, quando appareceram
dos mexicanos, feitas com esmeraldas importadas do pelos litoraes brazilicos haviam completado a sua evo
norte do Equad. r — cv apenas em matéria de in lução ethnologica, transformando-os em marujos,
dumentária nos deixaram alguns enfeites selvagens quando a origem de ambos foi montanheza e andina.
de pescoço, collo, braços, tornozellos, cintura e ca A habitação delles foi a CanÔa, a Ig ara, feita num
beça, ao lado de uma unica peça de In dum entária tronco de arvore, que ás vezes chegava ás propor
indigena, reveladora do trabalho do artifice, como é o ções que lhes merecia a denominação de Ig araçu.
M u ir a k ita n , feito com barro esverdeado a côr dc Nas suas singraduras pela costa atlantica, pernoita
turqueza e endurecido por processos que nos são vam, ás vezes, sobre a areia das praias, como naquelle
desconhecidos e que parecem intrinsecos á matéria exemplo que nos disse Hans-Stadem, quando viajava
com que são feitos. com os Tupinambás que o aprisionaram em B e rlio g n
(B e rrik iô k a ), no rio de S. Vicente.
Alguns brazilicos primitivos, cujo mais genui Quando viajavam para qualquer fim, — guerra,
no descendente actual, no caso vertente, é o Aymoré, caçada, colheitas nas mattas, — T apuias, T up is, Gua
que não habita longe da Capital Federal da Republica, ranis e Karaibas, como quaesquer homens dos mais
foram infensos á edificação e ao uso dc qualquer mo primitivos erguiam, com ramagens, um abrigo contra
radia fixa. as intemperies, a que chamavam T eju pa r, ao lado
O Tapuia, manteve-se troglodytico, durante um de outras denominações menos espalhadas.
longo pe.iodo da sua existência no Planalto-Central A Òka do tapuia era habitação collectiva que abri
do Brazil, nas grutas e cavernas deste, e foi nesses gou diversas familias com lareiras separadas c com-
modelos que elle se inspirou para edificar a sua munidade de existência, até para os actos que mais
Oha, ou casa, termo, porém que me parece de etymo offendem o nosso pudor de civilisados.
logia K araiba, herdado pelos T up is , que estes appli Era construcçâo de planta oblonga, muito mais
caram á moradia Tapuia, quando, pela conquista elles comprida do que larga, em feição de carapaça de Ka-
delias se apossaram e delias se utilisaram, como de gado; feita com páos a pique e travessões; coberta de
outra parte fizeram os G uaranis. folhas de palma; sem janellas nem chaminés e tendo
Foi, ao meu ver, a valva da concha de marisco, giraos para servirem de almoxarifado de cada lar.
quando emborcada, como a dos mexilhões e das Quando a habitação assim edificada começava
ostras — L e ry — ôka, — que serviu de termo de a ruir ou a ser desabrigante, os seus habitantes a
comparação para designarem as moradias tapuias aos abandonavam, facto que lambem, enlre certos brazi
adventicios. licos, costumava acontecer, quando se dava o fal
es o o o O
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INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Iccim ento de algum da fa m ilia : a O ka, tornava-sc da esquadrilha de que fazia parte, e até aquella fin a l
Tapera, term o que designa a casa abandonada e rui constm ida na fo z do rio K a rio k a á beira da Guana
nosa, pavorosa para o ind ige na p o r via de regra. bara pelos tripu la ntes das náos da expedição de M ar
Um con jun cto de 6 kas, postas em to rn o dc tini A ffo n s o de Souza.
um rectangulo ou de um pentagono, — como se vê Em maneira de C asa-Forte, algum as vezes com bi
dos desenhos de Hans-Staden, — origin ava uma pra nadas oom F eito ria s commerciaes, fo ram também ed i
ça, ou te rre iro , chamados Ô k a ra , — a semelhança ficadas as prim itiv a s Casas-de-Engenho, como se vê
dos Pelouros luzitanos e das Praças-maiores dos es- das estampas que illu s tra m a relação de Hans-Staden
panhoes — que lhes servia de am bito para as reu e nessa fe ição, até há pouco te mpo e x is tiu no Rio
niões e conselhos, ao ar liv re , para as festas e, m ui de Janeiro, a antiga Casa-do-Sal, no lu g a r onde ago
to notavelm ente, para os sacrifício s humanos e con ra se vae erguendo a Cam ara dos Deputados c que
sequentes repastos canibalescos e borracheiras. até, esse momento, conservou os seus m uros ataluda-
O aldeiam entn que assim form avam as Ôkas era dos de fortaleza.
denom inado Taba, nome que se me afig ura ta puia e Aglomerações, com os diversos nomes de A r
que, ao meu v e r deu denom inação ao Tabayára, o u se raia/, de V illa e de C idade, fo ram ao depois appare-
nh or dc aldeia e, consequentemente, aos assim aldeia- cefldo pela costa atla ntica bra zile ira , a raiz da dis
dos, não op ina nd o, como m uito s autores, sobretudo do tribu iç ã o desta C onquista em C apitanias. A caracte
passado que ta l denominação designasse raça ou povo rística dessas povoações é m ilita r pela posição so
bra zilico especial. A cred ito em que houve Tapuias- branceira das respectivas ubicações, em A cropolio,
Tabayáras, com o houve Tupis e Guaranis, Taba varas, ou C a p ito lio , fe ição logica que Estacio de Sá adoptou
ou aldeiados. na sua p rim itiv a fundação do R io de Janeiro e que
Foram, ainda no meu entender, os Tupinam biís, se observou, em O lin d a , na cidade de Salvador
com o soldados ou g u erreiros dos Tupis c do credo (Bahia de T odos os Santos), nos llhe os, na V icto
de T upã im p osto pelas armas, como o musulm ano, ria. . e que teve as excepções de S. Vicente è de
que ideiaram as palissadas ou Caiçaras — term o per Santos pelos naturaes receios da serra, que teve Mar-
feitam ente tu p i-gu aran i, fe itas com troncos, em tim A ffon s o de Souza e dos guerreiros habitantes
d u p lo recinto, em to rn o das Tabas para defesa des desta... se, também não fo i porque nessas brenhas já
tas, reforçada com espinhosos Estrepes, como os eu achou um inesperado concurrente ao d o m in io da terra.
ropeus C ava/los de T ris a , cm casos taes. A caiçara, Receio idêntico, ta nto dos naturaes Tam oios, como
tem tradições andinas, que os Tupinambás arrastaram dos Francezes parece havcl-o afastado de se estabe
com sigo, nos seus êxodos, antes de adoptarem essa lecer na Guanabara.
denominação soldadesca que os qu alific a entre os Tu F oi aquellc concurrente a fam igerada, discutida
p is . e o e th n o lo g o N o rd e n s jio ld dedicou a taes Cercas e saccolcjada personalidade do fu nd ad or da V illa de
um trabalho que dem onstra essa tradição m ilita r ao Santo A n dré da B o rd a do Cam po, em plena serra
la d o da do emprego dos Gazes asphyxiantes, para paulista de Paranapiacaba, com as suas vertentes para
fin s m ilita re s , como de resto verific o u Hans-Staden o A tla ntico .
quando do s itio de igu araçu , p e rto de O lin d a , pelos Taunay, no seu precio so liv r ito in titu la d o <Na
indigenas. E lies também uzaram Cercas p o rtáteis, para êra das Bandeiras», fornece preciosas informações re
o ataque das fixas, como no caso d o assedio dos lativas a essa urbanisação incipiente, que, de resto,
Tam oios da Guanabara á p rim itiv a cidade de S. Se se repete, em m atéria de edificação, em todas as
bastião do R io de Janeiro, fundada no alto d o M o r fundações de povoações erguidas na época por to do
ro C ara de Cão, ho je de S. João, ao sopé da Urca o lito r a l bra z ile iro .
e do Pão de Assucar. Choupanas, Tejupares, T ejupabas, Casebres, m is
A Ô ka fo i a m oradia do europeu de scobridor e tu ra nd o edificações sumarias de orig e m indigena e
conquistador destas terras, expulsando delias o Tu- de procedência europea, m istu ravam-se, arruavam-se
pinam bá, o G uarani e o K a riy ó , como estes haviam e deixavam, ao m eio, o p e lo u ro . Em to rn o a Cerca
dantes desalojado o T apuia o u os ramos derivados d c ta ip a para a defeza d o lug ar sem pre a necessi
deste e a esse facto alludem os chronistas da C om ta r concertos e a ru ir, como tantas vezes se deu,
panhia de Jesus ou dos fe ito s de D uarte Coelho, na cidade do Salvador, com grave p re ju íz o para a
em Pernambuco, dizendo como em taes Ôkas se abo sua segurança, exem plo que também teve repercus
letaram , á m in gu a de m e lh o r m oradia. Ao lado, po são n o R io dc Janeiro. As actas d o concelho da
rém , dessas edificações indigenas, não raro o por- povoação de S. André da Borda do C antpo reve
tuguez menos remediado construía a sua Chouça, a lam quanto os seus vereadores zelavam o cargo em
sua Choupana á m aneira das campesinas d o Reino. relação áquelle nucleo m un icip al, apezar da exqui-
Talvez que possam ser refe rid os os M arcos de s itice com que o respectivo escrivão offe n d ia a gram
pedra de Lio z , trazidos a b o rd o das nãos descobri m atica portugueza e a respectiva o rth og ra ph ia par-
doras e ostentando os brazões luzitanos esculpidos ticularm ente.
na pedra, como a p rim itiv a m anifestação archeologica F oi esta a p rim e ira povoação fundada no Bra
dos europeus, em terras d o Brazil. zil.
Foram , conjunctam ente, com esses m onumentos Q uanto á p rim e ira Casa de P edra, parece ha
da posse luzitana, as Casas-Fortes, as prim eira s ed i ver s ido a K a riô k a , ou Casa-do-Karaiba, n o s ig n ifi
ficações que se fo ram espalhando p e lo lito r a l, desde cado de H om em -S u pe rior, F e itic e iro , do term o Ka-
a do Recife, de ubicação ainda incerta e discutida, ra iba e que M a rtin A ffo n s o de Souza ergueu ao
até aquclla que Am érico V cspucio deixou estabelecida lad o da aguada do rio , que, ao depois, fico u de
em C ab o-F rio , ao desgarrar, com os seus navios. nom inado da K a rio k a , na fo z dessa caudal dc ex-
o o o o o o 99 o o a o o o
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
cedentes aguas, que fo i o lug ar onde actualm ente se aqui, até ha pouco, se dedicaram á edificação ma
bifurcam as ruas d o Barão do Flam engo e de P ty - te ria l. Quando algum M e s tre se aventurava a v ir
sandú no R io de Janeiro. d o R eino para tentar fortuna, disputavam -no to
A q u i desembarcando e querendo fa bricar alguns dos e era-lhe fa c il reto rn ar ric o para a te rra, como
bergantins desceu a ferram enta em terra, como in nos in fo rm a o Padre Fernão Cardim .
fo rm a o seu irm ã o Pero Lopes de Souza, pela pen O v ulg ar aboletava-se em cazinholas de taipa
na de Pero de Ooes, e para pôr esse m ate ria l em coLertas de sapé, até que S. Vicente, ao Sul, e Itac
segurança, até c on tra as flechas igneas dos in d ig e parica e O lin d a , ao N orte , fo ra m fa brican do e ex
nas, fe z aquella Casa F o rte , que ao depois fo i cha portan do te lhas de b a rro cozido, m od elo alg ar-
mada a Casa de P edra, quando a occuparam os fran- viano, com as quaes, p o r certo, já fo i coberta a
CC7C3 de N ic olao D uran de Villegagnon. capella de S. Sebastião na fundação de Estacio
V in d o expressamente para aqui fundar a sonha de Sá.
da /'ra n fa -A n ta rtic a , esse alm ira nte aboletou-se, de Foram , de facto, as edificações religiosas, ca
pois de escolha, na chamada ilha de S e rig ipc, hoje pellas, igrejas, cenobios e collegios jesu íticos que
do nome desse m a rin h e iro francez e ahi fez g ra n p rim itiva m e nte movim entaram a edificação colonial.
des obras em cuja edificação bastantes vezes é ga Descrevendo a Bahia de Todos os Santos, disse
bada a habilidade dos Tam oios como excellentes pe G a b rie l Soares de Souza que quasi não havia En
d re iro s e s obretudo carapinas. genho ou Fazenda daquelle Reconeavo, que não t i
A acreditarm os, — como merecem, — cm Frei vesse sua capella ou ig re ja annexa á casa do dono,
A n dré Thevet e em João de Lery, capellães succes gabando algum as dessas edificações.
sivos, aquelle catho lico e este calvinista, da r e li As características dessas edificações eram o cubo
g iã o cambaleantc do celebrizado alm irante, n ã o so da obra, quasi que m athem atico e sem saliências
m ente se fizeram grandes obras de fo rtific a ç ã o em nem m olduras, e a grossura excessiva das pare
Serigipe, Casa-da-Polvora e A lm oxarifados mas tam des de alvenaria, com argamassa que ás vezes era
bém habitações varias, quasi que palaciaes e en fe ita com o le o de baleia de mais fa d l aequisição
tre essas edificações o O ra to rio que como R e fe itó rio e tran s po rte do que a agua, que, n o R io de Ja
é a llu d id o p o r certos chronistas. n e iro , p o r exemplo, tin h a de v ir d o K a riô ka para
A tomada da ilha , p o r Mem de Sá, d e ixou to a cidade. Pela mesma fo rm a, eram enormes e me-
das essas edificações convertidas em Taperas, Ta- drosanicntc aproxim ados os vigam entos de madei
p e ris c Taperobas bem como relegada ao r o l das ra d c le i, m aterial g e ra l de todas as obras de ca
illu sõe s a fundação da cidade de H e n ry -V ille , que rapina e dc m arceneiro.
sonhou V ille g a g n o n e d ific ar á margem esquerda do O cu b o da obra era ladeado, precedido ou en
R io da K a rio ka e na fo z deste, que André Thevet, cimado pela to rre, cm parallelep ipcd o, umas vezes,
no entanto, dá como edificada no seu tem po, até rem atando em domo, — como os m orabitos c outras
o ponto de represental-a rodeada de fossos, m ura edificações musulmanas da Peninsula Ibérica — ou, en
lhas de fa x in a e de ta ip a e bastiões, em algum as tão, em pyram ide de base quadrada com outras qua
das estampas dos seus liv ro s sobre o Brasil, o que tro mais pequenas nos angulos. Poucas e pequenas
lhe valeu os sarcasmos de João de Lery. aberturas nas fachadas, geralm ente com vergas, pei
Ao n o rte dessa H e n ry -V ille , apparece a Casa- to ris e hom breiras de cantaria e, nas torres, os vãos
F o rte de M a rtin A ffo n s o de Souza, nessas estam para collo car os sinos, os Itam arakàs dos indigenas
pas e que, do tem po de Lery e também no dizer da cathechese.
de Mcm de Sá, devia ser respeitável fo rtaleza , p o r P rototy p o dessas edificações relig io sa s é a Ig re
que ella até a rtilha da fo i, pelos francezes, nessa épo ja de N . S. do C arm o em O linda.
ca de luctas pela hegemonia da Guanabara, e n tre os Exem plar, também typ ico , dos C o lle g io s jesuí
Franco-Tam oios, de um lado, e os Lttzo-T e n dn inn s, ticos fo i o d o M o rro do C a ste llo, no R io de Ja
d o outro. ne iro , actualm ente em acabamento de dem olição, como
A d e fin itiv a expulsão dos Francezes das te r p o r sua vez, o C onvento de S. Bento, no R io
ras brazilicas, com o internam ento dos Tam oios-Tu- de Janeiro é o p ro to ty p o dos cenobios construídos
p i nambus e o d o m in io do paiz assegurado pelos naquellas épocas
Portuguezes, não mais se repetiram casos como o Escrevem alguns historiadores que fo i então que
de Santa C ath arina das Amoz, no E s p irito Santo, a edificação de m oradias adoptou com o typ o s archi
on de Pero de Goes, sempre in fe liz nas suas capita tectonicos as casas algarvianas e andaluzas, com pa-
nias, deixou as pedras de amoz que deram fin a l teos, galerias, m irantes, soleiras e abalcoados á m a
áquelle nome, como prova do abandono das obras neira mourisca, ou de adufas. Esses typ os, porém , ra
que elle a lii p ro je c to u e que deveu abandonar pe ram ente aqui executados, fo ra m intro du zid os m ais re
rante o constante assedio que so ffre u da p a rte dos centemente e o que caracterisa a casa, a habitação
naturaes. commutn daquellas p rim itiv a s épocas é o acanhamento
Bem que queriam ed ificar, os colonisadores, mas com excepção das hortas e dos quintaes.
faltavam -lhes o s M estres idoneos que de taes obras A pó ataria latente nos litoraes b ra zilicos da épo
se soubessem encarregar. Supriram a necessidade al ca aconselhava esse aconchego e o caracter defensivo
guns práticos bem com o bastantes Padres e Leigos da habitação, característica que bem denunciam as
da Com panhia de Jesus, como nos inform am as chro saccadas recifenses fe itas sobre cães de pedra su p
nicas do te m p o e dessa O rdem , que se im p rovisa portan do o estrado m ovei e a varanda da saccada,
ram constructores, iniciando, p e lo receio d e e d ifi que podiam ser retirad os quando ameaçasse q u a l
car fracamente, o F e io e F orte da receita dos que qu er pe rig o externo, d iffic u lta n d o o assalto.
o o o o o 100 O o o o o
A.A.CALErl a FILMO.L da.
V IN H O S DO PORTO
Premiadosemvariasexposições VINHOS VELHOS LEGITIMOS DO PORTO
PPCMIADOS eu TODAS AS £XPOSIÇÕtSA ffU£ TEMCOUCORUDO
P O R T O -Portugal
CNOEREÇO POSTAL : JOÃO EOUAROO OOS SANTOS JUNIOR. PORTO
esDCRIÇO TEtfGPAPNlCO: "FALERNO* PORTO
. J-.'--TTOitfiSlSÍ ^ I——i ll -SIMI—ITf-— ÉM— — |É
o o O O o o 101 o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMOR ATIVO DO CENTENARIO D ,
Oo o o o o 102 o o o o o
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
que necessitaram a presença local de consumados cu lto da sua arte a ta ntos o u tro s , architectos como
artista s e artífices, onde h o je seria d if f ic il achar um elle, que aq ui labutaram e soffreram idênticos mar-
m ediocre e surum batico carapina. tyrios, como é o caso m ais fla g ra n te de A ra u jo
O Barroco p o rtug uê s , teve a sua interpretação P orto-A legre, para não cita r to do esse m a rtyro lo g io
b ra zile ira em num erosos dos seus porm enores em d’ arte.
que entraram , sobretudo, elementos da fauna e da «A cidade das cazinhas de tre z portinhas» cha
flo ra do Brazil, além de ou tros referentes á arte mou elle ao R io de Janeiro numa expressão que dis
do desenho, nos p e rfis , e da decoração. Por isso pensa com m entarios e mais am plas descripções do
se ju s tific a a denom inação que essa interpretação que fo i a architectura desta capital... e do resto do
recebe de Barroco c o lo n ia l b ra s ile iro , actualm ente B razil... durante o perio do do segundo im p erio bra-
tão em voga num renascim ento que terá o seu fim , zileiro.
não sóm ente na fa rtu ra mas tambem na borracheira F oi esso o perio do da banalidade e da pobreza
das fa lsas e dcscuidosas interpretações. architectonica, p o r excellencia, se exceptuarmos a
O uro Preto, M ariana, S. João de i Rei, Bahia, obra da C andelaria e do engenheiro Ferro, na edi
R ecife, R io de Janeiro, são os rep osito rio s mais ca ficação do dô m o desse te m p lo, bem como algumas
racterizados dessa classe de edificações. A o lad o des obras escolares e outras de Bettencourt da S ilva e
tas e, com ciume da m etrop ole , vicejaram a ourivesa de A rau jo Viana, porque, de verdade, faz s o rrir
ria , a m o b ilia e a passamanaria, o que deu em re o ap e llid o de E s ty lo Iz a b c lin o que Paula Freitas
sulta d o decisões regias, condem nando algum as des deu ao seu e d ifíc io da Im prensa Nacional...
sas ind ustrias c o lo n iaes. F oi ta mbem , esse perio do, o d o reino do Mes
A postolos dessas artes todas, fo ra m o A le ija d i- tre de Obras boçal e pro teg ido , ás vezes habil cons
nh o, a ver-sc c o rro íd o pela lepra, n o m eio das suas tru c to r, raram ente artista.
m agnificas creações e o M estre V a len tim da Fonse F oi essa, tambem, a época do ecclecticismo em
ca, victim a daqucllas prohibições da m e trop ole indo m ateria de g o s to architectonico que levou o conluio
pagar, como sold ad o raso na C olo nia d o Sacramen de alguns mestres, com p ro prieta rio s , a pro je cta r
to , o peccado de ser um a rtis ta com pleto. fachadas o n da to dos os estylos architectonicos se v i
Com a vinda da fa m ilia real portugueza para ram m isturados.
o B ra zil, m odificou-se com pletamente a condição des F oi e m fim , a época, dos Especialistas: especia
ta colo nia e de suas artes e o ffic io s . listas em fin g im e n to de m arm o res; especialistas em
Restos das passadas escolas creadas- pe lo A le ija - obras de gesso e de fa nca ria ; especialistas de rús
ilin h o e pelo M estre V a len tim , a rtifice s de m enor tic o ; especialistas de recortes em m adeira; especia
m erecim ento, em obras decadentes, ainda m antinham , listas em chalets suissos; especialistas em cimento
fracamente, os creditos do estylo B a rro co colo n ia l im ita nd o tron cos de arvores... e até cachorros de
b ra s ile iro , em todas as suas manifestações. guarda, ao lado, na sua cazinha, refrescados pelo
Era preciso en c arreirar as artes p o r m elho r ca repuxo v iz in h o decorado de g lo b o s de cristal colo-
m in h o e em novos tirocín ios.
F oi quando o C onde da Barca, p o r inte rm e As p rim eira s reacções con tra esse máo gosto,
d io d o M arquez de M a rialva, contractou na Europa depois da proclam ação da R epublica, vieram da par
a celebrisada e adm iravelm ente organisada M issão te do arch itecto e con structor A n to n io Jannuzzi, cujas
Francesa, composta de artis ta s do m a io r m erecimento obras fizera m época.
e incum bida do E n sino a rtís tic o n o B ra s il. A vida Em quanto tu d o isso se dava, dançava o des
dessa missão fo i precaria e cheia de dissabores. O tin o da m a ioria dos prédios edificados para repar
m eio ambiente, o p u blico , não lhe fo ra i.i propícios. tições offic ia e s , que h o je serviam para um Supre
Uma das victim as dessa indifferença, menospre- m o T rib u n a l, um ed ifíc io fe ito para Banco commer
ço e... politicag em fo i o architecto da missão, Gran- cial, comi to do s os a ttrib u to s desta profissão a deco
d je an de M o n tig n y , prê m io de Roma pela Escola de rar as d is tribu içõe s do e d ifíc io, como amanhã era
B e llas-Artes de Paris, sob o reinado de L u iz X V I e um h o spita l destinado a repartição m in iste ria l, ou
architecto pre dilecto de N apoleão I. De nada lhe bem, um thea tro convertid o em bazar...
valeram taes credenciaes. Annos a fio lhe custou rea C hegou, em fim , o p e rio do que poderia designar-
liz a r o seu p ro je c to de ed ifíc io para a Escola de se de in flu en c ia dos estylos chamados A rt nouveau
B e llas-Artes, ho je dependenda do M in is te rio da Fa e M odern S ty le e, como não eram novos nem ar
zenda. A sua influ e n c ia e ás suas tendências clas tísticos, tivera m m u ito naturalm ente a voga p u b li
sicas, em architectura, se devem as construcções nume ca... R equiescat!
rosas em estylo neo-classico de vários edifícios As remodelações do R io de Janeiro e o ensino
pu blico s e particulares do Rio de Janeiro e aquel- cada Vez m ais apurado da Escola Nacional de Bel
les mim os, no genero, que são a casa a n g u la r e m u las-Artes fizera m s u rg ir novos architectos ao passo
tila d a entre as ruas do Passeio P u b lic o e das M a r que o go sto p u b lic o vae sendo m elhor orientado.
recas e aquella casita de feições pom peianas da es P o r sua parte, a novel Sociedade C en tral de A r
trad a do Marquez de S. Vicente. chitectos zela pelo fu tu ro architedtonico do Brazil
M orre u n o R io de Janeiro e está en te rrad o nas e pelo seu passado archeologico.
catacumbas do convento do M o rro de Santo A n N o B ra z il, começa a haver Architectura.
to n io .
P ro to m a rty r d’u m p e rio do de despreso pela arte
da A rchitectura, entre nós, e lle deu o exem plo do A. M orales de los R ios .
o o o o o o 103 o o
C E M A N N O S D E E N G E N H A R IA
o o o o 104 o o o o o
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obras das seguintes estradas: a da Pavuna, com 15 com ramaes, 60 kms.; de Alfenas a Pedra Branca,
kilometros, ligando as estações de Liberdade e Pa 30 kms.; de IJberabinha á cidade do Prata; do Prata
vuna; a dc M a d u ra ra a D e o d o ro e dahi a Anchieta , ao porto Antonio Prado; do Prata a Itulutaba e dahi
com 10 kiioms. de extensão; a de Ouaratiba (de a Cachoeira Dourada, num total de 370 kms.; de
Taquara a Vargem Cirande) com 19 kilms.; a que Uberabinha á Villa Platina, com ramaes para Abba-
partindo da «Porta d’ Agua . em Jacarepaguá, se con dia de Bom Successo e Ponte Affonso *Penna; de
tinua peias estradas dc U russanga e do A n il ate a S. Barbara a Peçanha, 330 kms; de Faria Lemos a
Gavea e a Tijuca, com 6 kms. de extensão; a da S. João de Matipó, 80 kms; de Vespasiano a Ro
Taquara, macadamisada numa extensão dc 2 kms.; tulo, 80 kms.; de Formiga a Bambuhy, com ramaes,
a da F rcgue zia (do Tanque a Porta d’ Agua..), ma 100 kms.; de Araxá a S. Pedro de Alcantara, 61 kms.;
cadam isada numa extensão dc 4 klms.; a de Santa de villa Eloy Mendes e Varginha, 21 kms.; etc.
C ru z, que atravessa dc extremo a extremo o Districto D) R io de Janeiro — Em materia de estradas
Federal; a do Monteiro (entre «Ouaratiba», Pedra» de rodagem era a seguinte a situação deste Estado
e «Campo-Grande.). em fins de 1021: Venda das Pedras a Maricá, re
Na vigência da administração Paulo de Frontin construída, 13 kms.; Venda das Pedras a Itaborahy,
foram inaugurados c melhorados varios trechos, con- reconstruída, 3 kms.; Porto de Itamby, idem, 2 kms.;
cluindo-sc definitivamente a avenida N iem eyer, que Capivary Ilhota — Juturnahyba, reparada em
liga o Lcblon á «Gavea». 18 kms.; S. Pedro da Aldeia, reparada; Friburgo-ln-
O Dr. Carlos Sampaio, successor do precedente, dayassú, reparada até Summar, com 50 kms.; Bom-
iniciou a abertura da estrada da Covanca, commu Jardim - Chave do Jequitibá, modificada em 5 kms.
nicando o Meyer a Jacarepaguá. de extensão; Cantagallo — S. Rita da Floresta; Cor-
B) ts ta d o de São Paulo. — O grande Estado deiro-Cantagallo e a Raul Veiga, em construcção, com
sulino possuia em A b ril de 1021 396 estradas cons 20 kms. promptos; Porto Novo — Corrego do Prata,
truídas, com cerca de 9.340 kms. de extensão, e modificada em 38 kms.; Carmo — "Bella Joanna —
72 em construcção ou estudo, com u na extensão dc S. Francisco — Bacellar; Paquequer — Porto Velho;
2.137 kms. Sumidouro - M urinelly; Macahé-Neves, restaurada
Posteriormente foram inaugurados mais 527 ki em 0 kms.; 'Glycerio — S. F. de Paula, com 38 kms.
lometros de estradas varias, servindo a numerosos já promptos; Palmeira — Leitão da Cunha, 20 kms.;
municípios do Estado. Na mensagem enviada pelo Raul Veiga, com 24 kms. promptos; União e In
presidente dc S. Paulo ao congresso estadoal em dustria; Petropolis — Therezopolis; Areal — Bem-
Julho de 1922, novas inaugurações eram annunciadas posta; Pedro do Rio — Cebolas; Porto Novo —
para breve: 78 kms. ligando S. Paulo a S. Roque, na Apparecida e Apparecida — Sapucaia, com 45 kms.;
estrada que irá até Itararé (fronteira do Paraná) e Mendes — Vassouras, 20 kms.; Portella — Paty do
106 kms. communicando S. Paulo a Jacarehy, estan Alferes, 10 kms.; Professor Miguel Pereira — Com
do ainda atacados numerosos outros trechos. mercio, 33 kms.; Pirahy — Arrozal, 18 kms.; Pirahy
C) M inas-G eraes — Posstie o Estado de Minas, — Pinheiro, 21 kms.; Pinheiro — Arrozal, 12 kms.;
já construídas ou em construcção avançada, as se S. Angelica — Vargem Alegre, 11 kms.; Divisa —
guintes estradas dc rodagem: de Januaria a Posses», Ribeirão dos Remedios; 'Quatis — Amparo, 24 kms.;
480 km.; de Ouro Fino a Campo Mystico»; de Th. Volta Redonda - Amparo, 21 kms.; Barra Mansa —
O ttoni a Figueira, 184 kms.; dc S. Francisco a Villa Volta Redonda; Barra Mansa — Bananal, 16 kms.;
Brasilia, 65 kms.; de S. Barbara a São Miguel dc Joaquim Leite - S Joaquim; afora outras de me
Gunhacns, 174 km.; dc Matipó a Arcas; de Alagoas nor importância ou parcialmente abandonadas.
de Aytiruoca a Itanhandú, 21 kms.; dc Poços de E) Pa ra ná : — Em 1916 o Estado do Paraná pos
Caldas a Caldas; dc Rio Casca ao Grama, 13 kms.; suia mais de 6.900 kms. de estradas de rodagem,
de S. Barbara a S. M iguel de Piracicaba; de S. Bento (extensão esta vantajosamente ultrapassada nos dias
a Arassuhy, 87 kms.; dc S. Miguel de Jequitinhonha de hoje) distribuídas da seguinte forma: estradas
a Umcti, 224 kms.. de S. Quitéria á estação do mes construídas: S. Antonio da Platina — Rio Parana-
mo nome, 27 kms.; de Engenheiro Corrêa a S. Gon- panema, 39 kms.; S. José da Boa Vista — Thoma-
çalo do Bação, 9 kms.; de Pedro Leopold!» a Jagua- zina, 66 kms.; Porto do Emygdiâo — Ribeirão Claro,
rá, 16 kms.; de M ello Franco a Piedade de Paraope- 12 kms.; Tibagy - Caeté, 65 kms.; Periquitos —
ba, 12 kms.; dc S. João da Chapada a Cuninatahy, Aterrado Alto, 44 kms.; Rio Branco a S. Cruz, 17
com 44 kms. 770 ms.; de Diamantina ao Serro, kms.; Rio Pegro a Sepultura, 22 kms.; Rio (Una a
50 kms.; de Serro a Conceição; de Bemfica ao Em Campestre, 36 ktns.; Agudos a Bateas, 18 kms.;
barcadouro; de Matipó a Caratinga, 21 kms.; de Campo Largo a Ouro Fino, 20 ktns.; Areia Branca
Vermelho a Matipó, de Mariana a Piranga, com 50 a Doce Fino, 14 kms.; Guarapuana a Catanduvas,
kms.; de Ouro Preto a Catas Altas de Noruega, 45 232 kms.; Rio Preto a Bituva, 42 kms.; diversas es
kms.; de Prados ;i estação do mesmo nome, 10 tradas nas colonias Rio Claro '(196 kms.), Itayopolis
kms.; de Prudente de Moraes a Funil, 18 kms. (42 kms.), Itapará (66 kms.). Agua Clara, 58 kms.,
Foram já feitas concessões para construcção das etc. — Estradas reconstruídas: Graciosa, entre Curi-
seguintes estradas: dc Caldas a Pontalete, de Bote tyba e Antonina, a mais bella do Brasil; ramal do
lhos a Monte-Christo; de Machado a Machadinho; Porto de Cima, 12 kms.; Campo Largo, 33 kms.;
dc Machado a tres Corações com ramal para Volta Castelhanos, 383 kms.; Barreirinha a Tamandaré,
Grande, num total de 300 kms.; de Barbacena a 8 kms.; Paranagua a colonia Pereira, 18 kms.; Pon
Turvo, 100 kms.; de S. Rita da Extrema ao Dist. de ta Grossa a Castro, 57 kms.; Deodoro a Nova T y
S. Catharina, 170 kms.; de Porto Novo a Rio Pardo, rol, 128 kms.; Capital a Bocayuva e Campina Gran-
O O O o O 105 o o
UVRO DE OURO COMMEMORAT/VO IX ) CENTENARIO DA
de, 51 kms.: Rio Branco a Serro Azul, 64 kms.; a Nova Trento; Julio dc Castilhos; Biiarquc de Ma
Palmeira a S. Matheus, 82 kms.; Portão a Lapa, cedo: General Ozorio; Porto Gomes a Soledade;
62 kms.; Lapa a Rio Negro, 46 kms.; Portão a Tietê, Cachoeira a Soledade; Cachoeira a S. Sebastião; Res
48 kms.: União da Victoria a Palmas, 143 kms.; tinga Secca a S. Sepc; Bexiga ao Sobradinho; Rio
Ponta Grossa a Guarapuava. 174 kms.; Rio Negro Pardo a Encruzilhada; Piratiny a Jaguarão; Bagé
a Itayopolfs, 32 kms.; Rio Negro a 'Rio Preto, a Aceguá; Umbií a Santiago do Boqueirão; e Faria
44 kms., alêm de varias outras. Estradas estudadas,
diversas, num total de 631 kms. de extensão. Estra H) M a lto -G ro s s o : — Devido ás suas extensas
das em constructio: Colonia Pereira a Guaratuba, regiões geralmente planas e destituídas de florestas,
12 kms.; Catanduvas a Floriano, 97 kms.; Campão á possue o Estado de Matto-Grosso algumas longas
mina de carvão de, Barra Bonita, 44 kms.; Vallões a estradas de rodagem feitas a casco de cavallo, mas
Richard, 42 kms.; Sepultura a Augusta Victoria, 22 nem por isto deixando de prestar serviços de gran
kms.; Itayopolis a Rio Itajahy, 40 kms.; Catanduvas de monta. Denominam-se essas estradas: Aquidauna,
aos portos Artazá e Sta. Helena, 290 kms. c Sta. Bella Vista, Campo Grande, Coxim, Cuyabá, Diaman
Cruz a Assunguy, 44 kms. tino. Livramento, Matto Grosso, Miranda. Nioac, Po-
F) Santo C a th o rin a — Em Julho de 1921 o Esta coné. Ponta Poran, Porto Murtinho, S. Antonio do
do de S. Catharina contava 2.100 kms. de estradas em Rio Abaixo, S. Luiz de Caceres, V illa do Rosario
trafego, 1.950 em construcção, 1.600 kms. de es Oeste.
tradas municipaes, 1.500 kms. de estradas viceiraes I) Cioyaz: — Além da larga estrada de roda
em trafego e 200 kms. de estradas viceiraes em cons gem de Formosa a üoyaz, com 138 kms. dc extensão,
trucção, perfazendo um total de 7.350 kms. possue este Estado differentes outras servindo a 15
G) R io Cirande d o S u l — Possuía em 1920 o municípios diversos dos 43 com que conta.
Rio Grande do Sul 24 estradas de rodagem, com uma J) E s p irito Santo: — Neste Estado já se acham
extensão total de 1.771 kms., sendo a maior de to cortados por estradas de rodagem os seguintes
das a de Cachoeira a S. Sebastião, com 201 kms. municípios: Alegre, Alfredo Chaves, Cachoeira de
Essas estradas eram as seguintes: Porto Alegre a Itapcmirim, Cariacira, Conceição da Barra, E. San
S. José do Norte; Porto Alegre a Conceição do to, Guarapary, Itapcmirim, Nova Almeida, Pau G i
A rro io ; Taquara a S. Antonio; Taquara a Barra gante, Pereira, Ponte de Itahapoan. Riacho, Rio Novo,
do O uro; Taquara a S. Francisco de Paula; Parobé Rio Pardo, S. Thereza, S. Matheus, S. José da Cal
a Rio Pelotas; Presidente Lucena; Rio Branco; Ca cado, S. Pedro de Itabapoana, Serra, Vianna c Vic-
xias ao Corfe; Caxias a Antonio Prado; S. Marcos
O O O O O 106 o o o o o o
iO E P I N D t X( IA DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
K ) B a hia : - N o Estado da Bahia está sendo aos racaná, Melgaço, M ocajuba, M ojú, M on te A le gre,
poucos executado o excellente plano de viação ela Ureaná, Ourém, S. M ig u e l do Gramá, P artel, G u a ti-
bo rad o no go vern o d o d r. A n to n io M on iz, e que é purú, Salinas, Soure, V ig ia e Vizeu.
o seguinte: uma estrada de 1.» classe, lig a n d o a ca T) Amazonas: — Apenas os m unicípios de B a rre i-
p ita l a Salinas da M arga rid a, da qual p a rtirã o as rin ho , F lo ria n o P e ixoto , Manáus, Manés, P a rin tins e
estradas de penetração que se seguem : 1) a de Paulo poucos m ais são, no Estado do Amazonas, servidos
A ffo n so , lig a n d o A gua C o m p rid a a Jatobá, na m ar por estradas de rodagem .
gem esquerda do S. Francisco; 2) a de C apim G ros
so, com m unicando A lagoinhas a V illa de C apim G ros C om o se vc da rezenha acima sobre as actuaes
so ; 3 ) a da Barra, de S. A n to n io á cidade da Barra; estradas de rodagem brasile ira s, ha ainda m u ita
4) a de C arinhanha, liga nd o S. F e lix a C arinhanha; coisa p o r fazer, mas ha também já , m u ita coisa fe ita.
5) a da C on qu ista, com m unicando P o rto Salinas á O grande im pulso in ic ia l está dado. Esperemos agora
cidade da C o n q u is ta ; 6) a d o litto r a l, de Nazareth pelas suas consequendas.
até ao Estado do E. Santo.
L ) S e rg ipe : — Já são servidos por estradas de
rodagem , neste Estado, os seguintes m un ic ípios : An-
n o p o lis, A racaju, Araná, Buquim , C am po do B rito,
D ivin a Pastora, E s p irito Santo, Itabaianinha, Itapo-
ranga, Lagarto, Laranjeiras, M a ro im , Riachão, Rosa- Assum pto ainda de m a io r relevanda é o da nossa
rio , S. Luzia, S. P aulo, Se riri, Soccorro e V illa C hris- viação fe rrea , c u jo desenvolvim ento e situação actual
estudaremos em lig e ira sum m ula:
M ) A la go as: — Dos m un icípios alagoanos são
cortados p o r estradas de rodagem os seguintes: Agua A o regente do Im p e rio padre D io g o A n to n io
Branca, Anadia, A talaya , B c llo M onte, C u ru rip e , Jun- F e ijó fo i que devemos a L e i n.° 101, de 31 de O u tu
q u e iro , L e op old ina, M aragogy, Palm eiras dos índios, bro de 1835, auto risa nd o o governo a dar a uma
I>ao de Assucar, Paulo A ffo n s o , Parahyba, Penedo, ou mais companhias a concessão de uma estrada de
Piassabussú, P ila r, Piranhas, P o rto de Pedras, Porto fe rro que ligasse a cidade do R io de Jan eiro ás ca
Real do C o lle g io , Sant'A nna do Ipanema, S. Luzia pitães das provincias de M inas-Geraes, R io Grande
do N orte , S. Braz, S. José do Lage, S. L u iz do Q u i- do Sul e Bahia. N ão p e rm ittiu a situação economica
tu nde, S. M ig u e l de Campos, T ra ip ú , T riu m p h o , o sucesso dos esforços governam cntacs em pregados
U niã o, Viçosa e V ic to ria . pela execução dessa le i.
N ) P arahyba: Possuem estradas de rodagem, Em 1839 fo i dada a T liom az C ockrane conces
neste Estado, os seguintes m un ic ípios : Alagoa do são com p riv ile g io exclu sivo para c o n s tru ir uma l i
M o n te iro , Alagoa Nova, B rejo da C ru z, Cajazeiras, nha fe rro v iá ria de accordo com a le i já refe rid a. O r
C am pina Grande, E s p irito Santo, Ingá, Itabaiana, Pa ganizou o concessionário a Im perial C om panhia de
rahyba, Picuhy, Piranhas, Santa R ita, S. João do Estradas de Ferro, com o c ap ital de o ito m il contos.
C a riri, S. João d o R io do Peixe, Soledade, Souza e N ão fru c tific o u , en tretan to, a tentativa que fe z para
a ttra h ir capitaes inglezes. Procurou C ockrane obter
Itaperuá.
O ) R io G rande d o N o rte — Dos 37 m unicípios que se adoptasse no B ra s il o systema de ga ran tia de
que pçssue o Estado, apenas cinco são servidos por juros, que tão be llo s resultados produzia em ou tros
estradas de rodagem : N ata l, N ova C ruz, Papary, paizes. A in d a se lhe fru s tro u esta esperança.
S. A n to n io e S. Gonçalo. Sómente em 1852, após estas e outras te nta
P) C eará: — São os que se seguem os m unicí tivas in fru e tife ra s , p o r parte dos governos central
pios deste Estado que já contam estradas de roda e das provincias de S. P a ulo e R io de Janeiro, fo i que
gem : — A quiraz, Aracoiaba, A ra rip e , A u ro ra, Batu- se chegou á convicção da necessidade de favores mais
rité , Beberibe, C am ocim , Cam pos Salles, Canindé, largos para chamar capitaes, decidindo-se a d o p ta r o
Cascavel, C rathqus, C rato, Fortaleza, G ran ja, Icó, regim en de ga ran tia de juros.
Ig ua tú, Independencia, Ipú, Itapipoca, Lavras, M aran- C onsignou este no vo c rité rio a le i n.° 641, de
guapé, Massapé, Pacatuba, Pedra Branca, Porangaba, 26 de Junho de 1852, g a ran tido o ju r o de 5 o/o
Q uixadá, Redempção, S. Anna de C a riry , S. Rita sobre o capital em pregado em construcções fe rr o
de U beretam a, S. Pedro do C ra to , U m a ry e Varzea viárias e estabelecendo ou tras condições.
Ha a assignalar todavia, que o p rim e iro trecho
A legre.
Q ) P ia u h y : — Apenas 4 m un icípios, dos 37 que de estrada de fe rro que nossa te rra possuiu fo i cons
compõem o Estado, gosam d o b e ne fic io de estradas tru íd o independentem ente desta concessão. Realizou
de rodagem : Am arração, C aste llo, F lo ria n o e S. Ray- ta l em prehendim ento Irin e u Evangelista de Souza,
— o fu tu r o Visconde de Mauá — p o r concessão do
m undo N onato.
R ) M aran hã o: — N o M aranhão contam estra governo da pro vin cia d o R io de Janeiro, datada de
das de rodagem os seguintes m u n ic íp io s : Barra 27 de A b ril de 1852. A 30 de A b ril de 54 inaugu
da C orda , B u rity , Caxias, C od ó, C u ru ru p ú , Flores, rava o visconde de M auá os prim e iro s 14 kms.
G raja hy, Passo d o Sumiar, P in he iro , S. Helena, S. 500 m ts. que sulcaram te rr ito r io nacional, e que
constituíam um trech o da estrada de fe rro e n tre o
Q u ite ria e S. Luiz.
S) P a rá : — Possuem estradas de rodagem, neste p o rto de Mauá e a ra iz da Serra de P e tro p o lis, de
Estado os m un icípios de: Abaeté, Ale m q ue r, Bagres, que tratava aque lla concessão.
Bayão, Belém, Bragança, Cameta, Chaves, Curuçá, A le i de 1852, no entanto, resultou na con struo
Q urupá, Igarapé-assú, Igarap ê-m irim , M a ra p irim , Ma- çào das Estradas de F e rro D . Pedro I I (actu al Cen-
o o o o 107 o o o o o o
LIVRO DE OURO COAIMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
tral do Brasil), Santos a Jundiahy, Recife a Pal Itapura, após um percurso de 436 kms. A estação
mares e Bahia a Alagoinhas; iniciadas com hitola de Baurú, da E. F. Sorocabana, havia sido inaugu
de 1,m60. rada em 1905. Em 31 de Dezembro de 1912 eram
A 10 de Fevereiro de 1852 teve logar a inau entregues ao trafego mais 472 kms. da Noroeste do
guração do primeiro trecho da E. F. Recife a Pal Brasil, que attingia assim Porto Esperança e Cor
mares, e do restante, num total de 124 km. 730, rentes.
em 30 de Novembro de 1862. Da E. de Ferro Bahia Outra grande data da historia de nosso desen
a Alagoinhas inauguravam-sc os 123 kms. 340, que volvimento ferroviário c o dia 29 de Outubro de
representam a sua extensão total, em 13 de Feve 1910, que assignala a terminação definitiva da E.
reiro -de 1863. F. São Paulo Riv) Grande, ficando assim ligadas
O contracto firmado com Thomas Cockrane para por estradas de Ferro as cidades do RiR de Janeiro,
. construcção da E. F. D. Pedro II caducou. Resolveu S. Paulo, Curityba e Porto Alegre.
o governo imperial, para evitar delongas prejudiciaes, Nesse mesmo anno a E. F. Central do Brasil
construir o seu primeiro trecho á custa do thesouro alcançava a estação de Pirapora, ã margem do São
publico. Foi firmado contracto em Londres com Francisco; e a Leopoldina Railway ligava suas l i
Edward Price para a construcção de 37 1/2 milhas nhas á da E F. Sul do Espirito Santo, estabelecen
de ferro-via a partir do Rio de Janeiro. Em 1855 do communicação directa entre Victoria c Rio de
fo i este contracto transferido a uma companhia or
ganizada no Rio de Janeiro, sob a presidência de Não foram assignaladas neste resumo, é claro,
Christiano Benedicto Ottoni, o grande luminar de todas as linhas construídas no Brasil de 1854 para
nossa engenharia. cá. Procurou-se apenas marcar os acontecimentos de
Finalmente, em 28 de Março de 1858 inaugura
vam-se os primeiros 48 kms. da futura E. F. Central Alguns dados estatisticos completarão o escor
do Brasil. Attingiam as linhas em Novembro do mes ço feito. Em 1854 possuíamos 14 k.n. 500 de es
mo 'ftnno a estação de Belém, distante 61 km. 672 trada de ferro em trafego; de 1860 a 1864 elevou-se
do ponto inicial da estrada. Em agosto de 61 che esse total a 109 kms.; de 1865 a 1869, a 498; no
garam os trens á Barra do Pirahy. quinquénio seguinte (70-74), a 744; dahi a 79, a
A E. F. Santos a Jundiahy, iniciada em 1860. 1.800; dc 80 a 84, a 5397; de 85 a 89, a 6.930;
fo i concluida em 1867. de 90 a 94. a 9.973; de 95 a 99, a 12.967; de
Já no anno de 1868 contávamos 718 kilome 1900 a 904, a 15.316: de 905 a 909, a 16.780;
tros de estradas de ferro, sommando-se ás estra de 910 a 914, a 20.466; de 915 a 919, a 26.647 kms.
das referidas as linhas de Recife a Dois Irmãos e No anno de 1920 attingiinos a um total de 26.647
Caxangá c a E. F. de Cantagallo. krus b, fir.almcntc, em 1921 possuíamos 28.556 kms.
Em 1874 elevava-se esse numero a 1.284 k i de estradas de ferro cm trafego.
lometros. A pulsação rithmica do desenvolvimento ferro
Em 1866 fôra dada concessão para construcção viário do Brasil tende a accelcrar-se cada vez mais.
da E. F. Central da Bahia; em 1869, assignou-se o E licito esperar-se para não muito longe a realização
contracto dc que sc originou a E. F. Campos a São de mais formidáveis cmprchcndimcntos, que resol
Sebastião; a de Macahé a Campos foi contractada vam por completo nosso grande problema de inter-
em 1870; a dc Jundiahy a Campinas e a de Porto communicação, por estradas de ferro, de todos os
Alegre a Nova Hamburgo em 1869. Iniciou-se em principaes centros consummidorcs c produetores do
1875 a de Baturité, e em 1870 foi feita a primeira paiz.
tentativa, sem resultado, dc construcção da E. F.
Madeira Maniore.
De 75 a 79 foram extendidos 1.627 kilome Possue o Brasil 9.200 kilometros de costa so
tros de linhas; de 80 a 84, 3.391 kms., c de 85 a bre o Atlantico. Addicionando-se a este numero a
89, 3.281 kms. extensão total das ribanceiras fluviaes do paiz, obte
Novas leis vieram regularizar e incrementar o remos algarismos verdadeiramente phantasticos, re
desenvolvimento dc nosso ainda deficiente systema presentando o espaço em que podem florescer m i
ferroviário. Passaremos sobre ellas para poupar es lhares dc portos c ancoradouros para o fluxo e o
paço. refluxo das riquezas industriaes c naturacs. E gran
De 1870 até o advento da Republica varias li de o numero de nossos portos sobre essas riban
nhas differentes foram construídas, elevando-se a ex ceiras e sobre essa costa. Pequena, porém, é a par
tensão total de nossas ferro-vias a 9.583 kilometros. te dos que dispõem de condições technicas neces
O governo republicano provisorio foi fecundo sarias á sua perfeita utilização.
em planos e projectos, que nem todos deram os Apenas 77 são fiscalisados, (o que importa em
desejados resultados. No decorrer dos primeiros annos verdadeiro reconhecimento official de sua efficien
de Republica profundas modificações foram impostas da) pelo Governo da União: 54 sobre a costa, 19
ao regimen de garantia de juros, sendo resgatadas ás margens dos rios Amazonas, Parnahyba, São Fran
varias das estradas construídas sob esse regimen. cisco, Paraná, Parnahyba, etc., e 4 nas Lagoas dos
Creou-se a politica das grandes empreitadas de cons- Patos e Mirim.
trucções pagas em apólices. «O anno de 1869, diz um historiador, marca a
Em 1910, as fronteiras de Matto Orosso eram época em que os poderes publicos começaram ,'J
alcançadas pela E. F. Noroeste do Brasil, que, par cogitar da realização de obras de melhoramentos dos
tindo de Bauru, attingiu nessa data a estação de nossos portos e de aperfeiçoamento dos serviços
O O o o o o o o o
BRANDÃO & C.“, Lt.“ — Ovar.
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
ilc em barque e desem barque e armazenagem de m er mente os seus trabalhos. A parte realisada das obras
cadorias, de maneira a satisfazer ás necessidades sem em execução era em fin s de 1920 a que segue:
pre crescentes d o com m ercio e da navegação. O p o rto de Santos, entregue á «Companhia D o
F o i então que s u rg iu a le i n. 1746 que aufr.- cas de Santos», dispunha de 4.726 m etros de caes
risou o go vern o a c o n tractar a construcção, nos d if acostáveis em extrem a baixam ar p o r navios de 7 a
fe rentes po rtos do Im pe rio , de docas e armazéns 8 m etros de cala do ; de armazéns ao lon go do caes
para carga e descarga, guarda e conservação das com a area coberta de 48.000 m etros quadrados,
m ercadorias de im portação e exportação, a em pre e de armazéns externos para depositos a lo n g o pra-
sários que submettessem á approvação do governo s o ; de tanques para oleo com bustível e de uma rêde
p ro je cto s de obras a executar». fe rro -v ia ria liga da directam ente aos trilh o s da São
Sómente, porém , em 1888 ficou d e finitiv a m e n Paulo R ailw ay.
te org an iza da a C om panhia «Docas <Je Santos», p ri- , N o porto de Manáos, a Com panhia «Manáos
m eiro fru e to da qu ella le i; c em 1001 fo i de accordo H arbo ur» in s ta llo u m agnificos fluctuantes a que po
com a mesma concedido o p o rto de Manaus á M a dem acostar os m aiores tran satlâ ntico s a qualquer
ndos H a rb o u r C om p. Lmtd». hora, fazendo-se o serviço de descarga por tran spo r
A le i 3314 de 1886 augm entou os favores con tadores aereos m ovidos p o r energia electrica. Os
cedidos pela Ic i de 1860 armazéns construídos comprehendem uma area co
N ão fru c tific a ra m , n o entanto, as concessões berta de 18.371 m etros quadrados.
fe itas em 1800 para a construcção dos po rtos de A «Companhia cessionária das Docas da Ba
Jaraguá, cm Alagoas, c Laguna, em Santa Catharina, hia», que tem a seu cargo o p o rto de S. Salvador,
baseadas nas duas leis. O mesmo resultado deram c o n struiu no m esm o um quebram ar apoiado sobre
o u tro s em prehendim entos. o lito r a l e com 920 m etros de com prim ento, além
Em 1903 apenas as cidades de Santos e Ma- de parte de o u tro quebram ar isola do de te rra ; cons
náus dispunham de p o rto s dotados de condições te- tru iu m ais: 337 m etros de caes de 10 m. em aguas
chnicas necessarias ao serviço de m ercadorias, pas m inim as, 880 m . de caes de 8 m. e 1.200 m . de
sageiros e bagagens. M arca, porém , esse anno o in i caes de saneam ento; fez profundas dragagens e a te r
cio de grande s u rto no desenvolvim ento de nossos ro s ; ergueu 7 armazéns ju n to ao caes p ro fu n d o
p o rto s ; decretaram o s poderes publicos medidas de com um a area coberta de 74.600 m . quadrados; cal
la rg o alcance, fic a n d o estabelecido novo regim en para çou ruas abertas na explanada ganha ao mar, etc.
execução e exploração dos m elhoram entos do po rto, Em V ic to ria , a companhia concessionária cons
creada um a «Caixa Especial dos Portos» e in s ti tr u iu um trecho de caes de cerca de 600 m. de ex
tuída um a repartição central que veiu a ser mais tarde tensão e dra go u um canal de 100 m. de la rg u ra
a In sp ccto ria de P o rtos, R ios e Canaes. através da barra e levantou diques de concentração
F o i o novo regim en applicado em 1903 ao porto da corrente de vasante. Restam ainda m uito s trab a
do R io de Janeiro, c em 1907 ao d o Recife. Para lho s a executar.
a construcção d a qu clle, fo ra m encampadas as con N o p o rto de Belém, até 1914 a Com panhia «P ort
cessões existentes, e m ittid o s em préstim os e firm a do o f Pará» havia construído: 1.260 m etros de caes de
con tracto com a firm a ing leza C. H . W alker, que 9,">24 e 10,m0 dagua sob o zero correspondente ao
se com p ro m ctteu a c o n struir 3.355 m etros de caes, n iv e i m edio dos baixam ares de syzigias e 615 m. de
acostáveis em meia maré p o r embarcações calando caes d o ty p o flu v ia l para pequenas embarcações; vá
até 10 m etros, dra ga r e aterra r os espaços desti rio s armazéns a o lon go do caes p ro fun do com 27.700
nados aos serviços conV a cubação to tal de 7.037.954"” m etros quadrados de área cob erta ; e dois grandes
leva nta r 10 armazéns de 100 m etros de com prim ento entrepostos, de dois pavimentos. Dragara, além disso,
por 35 de largu ra, e ap pa relha r grande parte desse um canal de 150 ms. de largu ra, apparelhára caes e
caes e desses armazéns com guindastes m ovidos por armazéns com guindastes m ovidos p o r energia elec
energia electrica. A te fin s de 1920, as despezas to- tric a, m ontára uma doca fluctua nte para reparações
taes com essas obras, nas quaes foram englobadas as de pequenos navios e erguéra dois tanques para ole o
sommas gastas com a abertura da Avenida R io Branco combustível.
e o u tro s em prehendimentos, e^evavam-se a . . . . O novo p o rto do R io G ran de fo i construído
170.276:3618883. pela «C om pagnic française du P o rt de R io G ran de
As obras d o p o rto de Recife, numerosas e com do Sul» na C orôa do Ladino, a leste do velho po rto,
plexas, fo ra m iniciadas em 1909 pela «Societé de com um caes de 1.543 m. de extensão para 10 m.
C o n stru ctio n du P o rt de Pernambuco», achando-sc de calado cm aguas m ini.nas. F oi este caes devida
grandem ente desenvolvidas. A ttin g e a despeza to ta l m ente apparelhado de guindastes m ovidos a fo rça
ate ag ora effcctuada a 89.867 contos de réis. electrica e de duas series de armazéns dispostos
Em 1906, no entanto, desattento ás vantagens a lo n g o de seu com prim ento. Accrescentem-se 368 m.
num erosas que este novo regim en o ffere cia , re v a li de caes construídos pela C om panhia S w ift no B ra
dou o governo antiga concessão fe ita para o p o rto s il p o r contracto com a concessionária e destinados
de V ic to ria e con lra cto u obras de m elhoram entos dos a • s e rv ir a um grande fr ig o rific o . Realizou ainda a
po rtos de Belcm e do R io Orande, com ga ran tia de companhia notáveis m elhoram entos no velh o po rto,
ju ro s sobre capitaes fixos. que fo i lig a d o ao novo por um canal, e executou
Até o anno de 1914, quando fo ram obrigadas a as obras da b a rra que representam só por si no tá ve l
d im in u ir a sua actividade p o r m otivo de haver es- em prehendim ento.
ta lla d o a grande guerra, as varias empresas conces A ctualm ente assistimos, transpostos como estão
sionárias desses m elhoram entos avançaram sensivel os trem endos óbices da guerra, a um perio do de re-
o O o O o 109 o o o o
LIVRO U t OURO COAlMLMOR ATIVO IX ) CENTENARIO UA
nascimento de actividade nos trabalhos de v a lo ri Finalm ente, ou tros estudos se effectuaram cm
zação dos nossos portos. relação a diversos po rtos ainda não beneficiados por
O p o rto do R io Qrande fo i encampado pelo obras de m elhoram entos, como os dc llhé os (B a h ia ).
governo fe de ra l, e em seguida tra n s fe rid o para o g o Iguapc e Cananéa (S. Pa ulo ), M ossoró, N ith e ro i, etc.
verno do Estado, num a operação vantajosissima para
ambos.
C om o de R ecife também, se procedeu de ma
neira sábia. Pelo D ecreto 14.531, de 1920, ficou
fechado o contracto entre a U nião e o Estado de
Pernambuco para o acabamento das ob ras e explo As nossas pontes nasceram, ou antes, tiveram
ração do po rto, por processos que darão resultados como rudim entares typ os precursores a p in gu éla c
admiráveis. a estiva, ambas form adas dc troncos de arvores lan
Também p o r D ecreto de 1920 fo i contractada çados transversalm ente sobre os rio s e ambos ainda
com uma com panhia franceza o prolongam ento do ho je usados em m uitos pontos dc nosso te rrito rio
caes d o p o rto do R io de Janeiro até á Ponta do não favorecidos de outras especies de pontes.
C aju, numa extensão de 600 m etros, com 'todo o Aos poucos fo ram s urg in do novos typ os de que
apparelham ento necessario. E com a «Companhia Na tratarem os successivamente. A lo n g a rin a , por exem
cional de Construcçõcs» contractou-se ha pouco a plo, c ainda o tron co dc arvore simplesm ente des
construcçâo de 600 m etros lineares de caes de 10 m. bastado. Os esteios, que nas estivas eram cravados
cm aguas m inimas, na Ilha do G overnador, para es desordenadamente, obedecem hoje a um alinham ento
tabelecer-se a zona franca d o R io de Janeiro, auto uniform e nos cavaletes, que em algum as pontes são
rizada na Le i de Despeza do anno de 1921. substituídos p o r pilares de alvenaria.
Os po rtos de Fortaleza, N atal e Parahyha foram As p o n lts em tesoura são também m u ito usadas
novamente estudados, sendo as novas obras pro- entre nós, te ndo s urg id o do prolongam ento das mãos
jcctadas entregues a em preiteiros estrangeiros, cus francesas unidas num pendurai que poderá ser sim
teadas pelas verbas extraordinarias das Obras contra ples ou duplo, conform e o vão a vencer.
as seccas. A fim de preserval-as dos estragos do tem po,
Para as obras de melhoram entos dos portos dc accclerados aqui devido á violência do nosso clim a,
Paranaguá, de S. L u iz do M aranhão e de Corumbá tem-se lem brado o recurso de proteger as pontes de
fo ram feitas concessOcs a longo prazo, sendo con m adeira cobrindo-as com zinco ou telhas; efficacissi-
cessionários os pro p rio s Estados interessados. ma é a m edida, com o o attesta a ponte de S. Anna
o o O o u
PAVILHAO DA INGLATEHKA
O O O O O Í10 O O O O O O
INDEPENDE NCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
sobre o rio Preto, em M inas, a qual já conta mais mamente intro du s id os os apparelhos Siemens, cuja
de um século de existência. producção é sim plesm ente m aravilhosa: 2.000 e mais
A ponte de alvenaria commum ou de cantaria siguaes p o r m in u to !
fo i intru du sid a aqui pelos portuguczes, que se so Acham-se presentemente em trafego m utu o com
corriam da m ão de obra quasi g ra tu ita fornecida o T elegrapho N acional cerca de 30.000 kilom etro s
pelos escravos. M u ltip lic a ra m -s e no Brasil as pontes de linhas telegraphicas de varias estradas de ferro,
desse typ o. O advento das pontes m etallicas e de 18.000 kilo m e tro s de cabos subm arinos da W estern
concreto arm ado veiu sustar essa m ultiplicação, pelas T ele grap h; 2.100 m ilhas da A li Am erica Cables, en
vantagens enorm es que offerecem sobre aquellas. tre Santos e M on tevid eo e entre Santos e Rio, 3.000
Já no Im p e rio elevavam-se a m ilhares as pontes k ilom etro s de cabos sub-fluviaes da Amazon T ele
m etallicas construídas em nosso te rrito rio , sendo que graph, alem do te le gra ph o estadoal do R io Grande
ho je dispom os dos m ais m odernos typos dessa es- d o Sul.
pecie. Bastaria le m b ra r, com o exemplos notáveis, a Cabe neste lo g a r um a referencia especial á g i
ponte da Cabeçuda, com 1.530 m. de extensão e gantesca realização d o heroico general C an did o M a
04 vãos de 13 m. cada um, no Estado de S. C athari- ria no da S ilva R ondon, que através de largos annos
n a ; o viadueto do S ylve stre , da E. F. d o Corcovado, rom peu selvas inexploradas para lig a r p o r uma l i
com 130 ms. de extensão e construído em curva c nha te legraphica estratégica de cerca de 4.000 k i
ram pa de 25 ®/o; os viaduetos de B om jardim , Ta lom etro s os Estados de M atto-G rosso e Amazonas.
quaral c Presidente C arvalh o, na antiga, E. F. do O serviço tele ph on ic» fo i in tro d u z id o no Brasil
Paraná, entre Paranaguá e C urityba . Na Republica, cm 1877. F o i vagaroso o seu desenvolvim ento, não
entre m uitas outras, fo ra m iniciadas as obras das obstante a fo rm ação de varias companhias para ex-
grandes pontes de F lo ria n o p o lis , liga nd o a capital p lo ra l-o na C a p ita l Federal e nos Estados.
catharinensc ao con tine nte, e sobre o rio Paraná, De 1907 em diante, porém , accelerou-se enor-
que terá um k ilo m e tro de extensão. memente o s urto de nosso progresso nesse sentido.
As pontes de concreto arm ado surgiram a menos Em 1914 funccionavam p o r to do o Brasil 39.183 appa
tem po, te ndo já a ttin g id o , porém , a um num ero v u l relhos te lephonicos. Em 1 d e ja n e iro contavam-se já
tuoso. E n tre a> mais notáveis contam-se a de M au por 85.000, devendo te r a ttin g id o a 100.000 nos
ríc io de Nassau, no R ecife, construída em 1917, com dias que vão correndo.
180 ms. de vão to ta l; a de S. A n to n io de Padua, Todas as cidades brasileiras de m aior im portância
n o Estado do R io, com 170 m. de vão ; e a do L i\ dispõem h o je de serviço te le p h o n k o , sendo de notar
m oe iro , também em Pernambuco. que o E s ta d o de S. Paulo possue m agnifica rêde m-
Resta-nos lem bra r po ntes m ix ta s : fe rro c im e n - ter-urbana lig a n d o to das as suas principaes cidades.
ta d o , m adeira e fe rr o , concreto arm ado-m adeira, etc. Também da m axim a importartciia é a grande rêde in-
que têm sido empregadas com successo em alguns ter-urbana que 'tem com o centro a C ap ital Federal, e
pontos dos Estados. extende seus te ntáculos pelos Estados de M inas Ge-
raes, S. P a ulo e R io de Janeiro.
N o que respeita á radio-technica, tem o Brasil
acom panhado o passo ás grandes nações do m undo.
A nossa p rim e ira installaçâo, fe ita na ilh a das Cobras,
O tcleg rap ho e le c tric o fo i o fficia lm e nte inaugu fo i contemporanea das p rim eira s providencias tom a
rad o no B rasil a 11 de M a io de 1852, dia em que das neste sen tid o pelas potências européas. Quasi
p o r m eio de lle se com m unicaram o velho Im perador im m ediatam ente fo ra m nossas bellonaves dotadas de
Pedro II, que se achava na «Q uinta Im perial», com estações rad io-telegraphicas ty p o M arconi, e instal-
o Barão de C apancma e o M in is tro da Justiça Eu ladas as estações de B abylonia, Governador, S. Tho-
sebio de Q u e iro z C o u tin h o M attoso da Camara, que mé, Am ara lin a e Fernando N oronha.
se encontravam no Q u a rte l do Campo». Datavam H o je , de n o rte a S ul do paiz, são numerosas as
apenas de o ito annos as prim eira s experiendas fe i estações existentes.
tas com o te le gra ph o ele c tric o nos Estados Unidos. Com a execução do contracto lavrado entre o
E só q u atro annos depois de nós, is to é, em 1856, governo da R epublica e a C om panhia R adio T ele gra
veiu a França a a d op ta r o m aravilhoso systema de phica B ras ile ira, para installaçâo de estações ultra -
communicação. potentes em nosso paiz, terem os a ttin g id o ao ápice
Lem brem os ainda que já em 1850 tratava o M i do progresso neste assumpto. Também m u ito con
n is tro Eusebio de Q u eiroz , em seu rela to rio , da in- correrá para esta conquista d e fin itiv a a E. F. C en
troducçâo do te le gra ph o no Brasil, referindo-se ao tra l d o Brasil, que pro je cta la rg o systema radio-te-
assentamento de um a lin h a entre o m o rro do Cas legraphico e radio -tele ph onico entre as suas p ríh ci-
te llo e o Q u arte l dos Barbonos. paes estações.
A p rim e ira lin h a telegraphica entregue ao tra
fe g o extendia-se entre o R io de Janeiro e Pe trop olis,
com 50 kilo m e tro s de extensão. A R epublica herdou
da m onarchia 19.000 k ilo m e tro s de linhas e 182 es
tações. Actualm ente a nossa rede telegraphica u ltra A h is to ria do serviço de saneamento das cidades
passa a extensão de 80.000 k ilom etro s e o numero no Brasil pode ser fe ita em poucos traços.
de estações ascende a quasi m il. já n o d o m in io c olo nia l possuímos na C ap ital
Os systemas m ais usados nessas estações são da R epublica a agua canalisada dos chafarizes para
os dos apparelhos M ors e e Baudot, tendo sido u lti- uso p u blico . Em 1750 fo i construído o aquedueto
o O o o o O 111 o o o o o o
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o o o o o o 112 o o o o o o
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o o o O o o 113 o o o o o
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o o o 116 o o O o o o
TÜIMIAO NANIIFACTOIRA de ROUPAS
A. MAIOR. EMPREZA DEROUPAS BRANCAS d a AMERICAd o SUL>
c educacional a servir aos alunos, pareceria facfl, vel nem recolhemos o fruto saboroso e substancial
tudo porem continua sem critério, nem uma idea de sua literatura, que seria regalo e utilidade. Estou
qualquer de principio, discutível embora, a seguir... certo, tanto tem força, ainda contra a rotina, o bom
Do humanismo recebemos o gosto da cultura senso, que, no futuro, em vez de Grego e Latjhn
classica. Só por ela, com as linguas mortas da ci como preparatórios geraes, se estudará a Literatura
vilização, poderíamos penetrar no tradicional san heleno-latina, como humanidade indispensável á cul
tuário heleno-latino, antecedente do nosso espirito tura geral do espirito.
contemporaneo. Orego e Latim estudavam-se, de fac Estudam-se, porém, linguas vivas. Estudam-se
to, longos annos, e erarn a base dos estudos secun mal, também, porque se estudam como se foram mor
dários, indispensáveis e sempre continuados, para a tas, pelo estudo sistemático da gramatica, sem as
aequisição da cultura tradicional. Mas o mundo mo falar nem escrever, traduzindo-as, apenas; estudam-se
derno sobreveio, outra civilização se constituio, mul como se fora a lingua materna, que já se fala e
tiplicada pelos povos da terra, e então se foi impon escreve, pelos seus classicos, como se já sabidas,
do, como contraste de utilidade, a aprendizagem das as fossemos aperfeiçoar. Essa coisa tão simples, —
linguas vivas. A medida que essa evolução se impu que a metodologia será diversa para estudar o Latim,
nha, o Grego e o Latim desapareciam. Minguaram o Francês, o Português... — não entra ainda nas
tanto, que, embora mantidos até hoje nos progra nossas cogitações: estuda-se uma lingua que se deve
mas, já se não estudam mais, nem uma nem outra falar, como lingua morta, que apenas se lê; apren-
dessas linguas, estudo digno desse nome. Ainda quan de-se uma lingua extranha que se não sabe, por classi
do se estudem, não se aprendem, ninguem mais fica cos difíceis, como se fora a propria, na qual busca
sabendo Grego ou Latim, do que aprendeu em pre mos perfeição.
paratórios. Sofre-se pacientemente a disciplina greco- Uma aneedota, autentica, referirá o grande r i
latina durante quatro, tres, dois, ás vezes, um ano... diculo desses nossos processos. Na Exposição Colum
e com isso passa-sc em exame: está tudo o que se biana de Chicago (1893) concorreu á representação
deseja, e se consegue. brasileira grande estado do Norte, com uma farta
A imperiosa necessidade antiga cedeu, a pouco cópia de productos e, deles, bela memoria elucida
e pouco, a essa condescendência ridicula com a tra tiva. Esta, porem, era em Português, e inútil para
dição. A razão é esta: são precisos anos de traba a propaganda no extrangeiro. O comissário fez ver o
lho para compreender a prosa grega, ainda facil, sem caso ao governador,-que prometeu remediar, em uma
o auxilio de um léxico ou uma tradução, diz Rcinach, quinzena: no outro vapor seguiriam as memórias,
um hclenista. Para que se perder esses anos, se ha vertidas em Inglês. Chamado o professor da disciplina
mais que fazer, com o Francês, o Inglês, o Alemão, no ginásio, e ordenada a traducção, c composta e
se essa prosa grega está hoje vulgarizada por ex impressa, á medida que se ultimava. Palavra cumpri
celentes traduções? Renan, ha trinta anos, observava da, folhetos, cm Inglês, enviados. A exposição foi
que a tendenda ia sendo substituir o estudo da lingua um belo successo e as brochuras dariam todas as
latina pelo conhecimento da respectiva literatura. Éssa explicações necessarias. Visitante de marca tornou,
tendencia, a que a tradição se opõe, tem força para porém; tinha procurado ler o livro, para tomar as
vencer, embora contemporizemos, num teimoso apê- taes explicações, necessarias a sua industria c de
go áquclla rotina. O que nos prende ao passado não sígnios comerciaes, mas... não entendera o Inglês...
são essas linguas mortas, que já ninguem sabe falar Uma filha, que estudava letras da Universidade de
nem escrever, que alguns lêem ainda, inteiramente llinois, dissera-lhe que era de facto Inglês, puro e
inúteis á generalidade dos alunos, aos quaes algumas guindado, mas do tempo da rainha Ana... Inglês clas
raizes gregas e latinas, estudadas com a lingua ver sico, arcaico, que americano negociante não enten
nacula, darão tudo o que poderiam adquirir nos tris dia... Era o Inglês que se ensinava no Brasil..
tes anos perdidos, consagrados ainda ao estudo do O caso é autentico, repito, e poderia, e posso
Grego e do Latim. atribuir os nomes a todas as personagens dessa r i
Hoje, só do Latim, moribundo, porque o Gre dicula historia. Tal é o nosso ensino de linguas vi
go já morreu. O estudo, então seriamente feito, vas, que se não falam em aula, mas se estudam por
desses idiomas, deveria ser reservado para as facul gramaticas e traducçôes, como se foram Latim ou
dades de letras, para as escolas normaes superiores, Grego; que se fazem saber através e Shakespeare,
que formam eruditos, letrados, professores, a quem como é por Camões e Vieira que estudamos a nossa,
essas reliquias eruditas de Filologia aproveitam e in para nos aperfeiçoarmos nela, pois que já a sabe
teressam. Á cultura geral o que interessa de Gregos mos. A consequência deplorável e comica é que pro
e Latinos c a historia, são as instituições, é a li fessor que ensina Inglês do tempo de João-Sem-Terra,
teratura principalmente, onde o espirito humano en alunos que aprendem Francês de Ronsard ou de
contrará as raizes de suas ideas actuaes, de suas Monteigne, não sabem prover-se de necessário á
futuras ambições, que são todas contemporaneas des vida, em Londres ou Paris... O método directo, hoje
ses grandes povos da terra, ainda agora legitimo or usado por toda a parte,n ems equer é suspeitado no
gulho da civilização. Ora, o actual estudo do Grego Brasil.
e do Latim isso não traz absolutamente, e talvez in Um argumento sobrevem, quando se fala da
compatibilizem os alunos com Demostenes ou Ta inutilidade desses estudos: eles são educativos... Se
cito os trechinhos penosamente decifrados a dicioná os anos perdidos com o Latim e o Grego, que não
rio ou analisados á gramatica... Resulta que perde dão para se compreender um autor qualquer desses
mos tempo estudando mal, para não aprender nem idiomas, se o Francês ou Inglês não permitem uma
Grego nem Latim, e que dessa antiguidade venera- vantagem usual qualquer em França ou na Inglaterra,
o o o o o 117 o o o o o o
U VR O DE OURO COM ME MORAT !VO PO CENTENARIO DA
não importa, lucram-sc proveitos... educativos. Ci e nâo deveriam saber os rudimentos dessa sciencia
tam-se agora exemplos: tal general da Victoria atribue da criação intellectual dos proprios filhos?
sua concisão de pensamento, nas ordens do dia, á so Falar isto entre nós parece aberração... de novi
briedade, que aprendera em Tacito; o ministro Leon dade. Pois ha colégios e liceus e americanos, em que
Bérard, que defende taes antiguidades, cita, ironica estas materias e outras ainda são humanidades exi
mente, a pergunta celebre: — Você aprendeu violi gidas de curso secundario. Matematica, Fisica, Quí
no; toca, ao menos, como Paganini? mica, Biologia, Anatomia, Fisiologia, Psicologia, Pe
dagogia, Higiene pessoal. Higiene Publica, Sociolo
São razões especiosas: se essas humanidades clas gia, Moral... Nós estaremos longe de uma tal victoria
sicas são realmente educativas, e só por isso ju sti sobre a nossa rotina tradicional, ontem ainda com a
ficáveis, ha humanidades modernas também educati Retórica e o Grego, hoje com o Latim, a maneira
vas e ao demais uteis, tal o estudo das sciencias na- livresca de estudar as linguas vivas e, ainda nomi
turaes, físicas e biologicas. Porque apenas os candi nativa. ou apenas de retentiva pela memória, das no
datos á carreira medica hão de saber as coisas mais menclaturas geográficas e históricas, que por aqui
rudimentares da vida, os fenomenos mais triviaes da se chamam Geografia e Historia...
natureza, e nâo todos os alunos que procuram no Nesses estudos, a metodologia é ainda mais de
ensino secundário uma cultura geral? Não interessa plorável como atraso; os programmas causam deses
acaso a todo o mundo a Fisica, a Química, a Bio pero, e á proporção entre as materias abstractas, a.s
logia, que dão idéa da vida e das utilidades da via? que poderiam ser concretas c experimentaes, e as
Sempre pensei que se poderia, em materia de pausas de repouso ou de exercícios físicos de todo
ensino, fazer alguma exigencia mais seria; que a descuidados, senão pelo arbitrio avessas ás necessi
scicucia que professo num curso superior especiali dades fisiológicas e educativas. De todos os ramos do
zado — a Higiene, a sciencia da saude, nâo devera ensino publico, esse ensino secundario, que deve pre
estar no ultim o ano do curso medico, senão na aula parar as «elites» vitaes da nação, c o mais viciado.
primai ia, e no ensino secundario. Porque só aos me Recrutam-se para ele, não as crianças mais capazes,
dicos interessará a Higiene, quando a guarda e a porém as mais afortunadas; elegem-se nâo os conhe
conservação da saude devem interessar a todos os cimentos mais educativos e ao mesmo passo os mais
homens? Porque também a sciencia pratica da edu uteis, porem aqueles residuos da rotina tradicional,
cação, a Pedagogia, ha de ser um conhecimento pro que o tempo ainda não matou e que nos impõem os
fissional, de professores, nas escolas normaes? Acaso habitos adquiridos; os métodos desse ensino são os
todos os homens e mulheres não serão paes e mães mais arcaicos, empiricos e contraproducentes, pois
O O O O O O 118 o o o o o o
IN D EPE N D E N C E F. DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
que os professores os ensinam sem terem para isso sistematizados para um ensino con jun cto, que fo r
aprendido, são dig n o s dos reform adores, que não mará operários — mestres no seu o fic io e op erá rio s
sabem com o e porque, e para que, fazem as suas mestres de seu ofic io , e o ap elid o que lhe deram , de
reformas... acordo com essas idéas, fo i U nive rsida de de T ra b a
Recentem ente, uma m oda nova e esperançada lho, de C ha rle ro i.
veio a g ita r os m eios inte llcctua es brasileiros... a U n i Umas são catholicas e protestantes o u tra s ; ha
versidade. A idea, m al com preendida ainda, sempre universidades m etrop olita na s e as ha coloniaes. Neste
nos re p u g n o u , ta lve z p o r m odestos. Todos os povos mesmo instante funda-se uma na In do-C hina, em H a
da te rra a possuíam , só nós nos achavamos indignos n o i, cuja composição nos dá m odelo das necessidades
de tam anho fa v o r. Mas c lle fo i creado e, o p ro p rio regionaes a que se ad ap to u; compõe-se de escolas ou
governo que a fez, não sabe o que fez: em regula faculdades, de medicina e fa rin a d a ; de v e te rin a ria ; de
m ento a d m in is tra tiv o , mais uma burocracia, allusâo ag ric u ltu ra e s ilv ic u ltu ra ; de pesca e navegação; de
a ed ifícios, e tu d o continua como era, mas com o não d ire ito e adm in istraçã o; de trabalhos ou engenharia;
deve ser... de com m ercio; de pedagogia ou escola n o rm a l; de
£ preciso po is começar p o r dizer á classe d ir i sciencias aplicadas. Q u e lhe fa lta ? Tem tu d o o ne
gente c ao po v o em g e ra l o que é uma universidade. cessário, o im prescindível, para a In d o -C h in a ; falta-
A d ific u ld a d e de compreensão é obvia, se se lh e apenas o s up erflu o, que poderá lo g ra r um dia,
entende que o nome vem te nd o accepções variadas no mas que, p o r agora, conhecimentos especulativos e
tem po e no espaço, e não é, ho je em dia, a mesma transcendentes, se estudam m elho r talve z em Cam
p o r to da a parte. bridge, ou em P a ris ; tem o que existe p o r to d a a
Da o rig e m etim o ló gica , c desenvolvim ento histo parte onde ha uma universidade digna desse nome
rico, vem qu e s ig n ific a o con jun cto dos corpos do uma organização de ensino destinada a io r m a r
centes, re u n id o s em corporação, com uma le i u n ifo r ou com ple tar a educação nacional to rn a n d o possíveis
me, um sistem a pedagógico, m on o p o lio didactico, pre- to das as satisfações da vida de e s p irito , to rn an do
v ilc g io s reconhecidos dos seus productos, os nela praticas to das as u tilid a d e s da vida real.
fo rm ad os licenciados c doutores.
M as. na mesma França, entre a U niversidade de Uma U nive rsida de tem, pois, a vantagem de
Paris, a m ais velha das institu içõe s d o genero, ao pode r conter tudo, de poder fa lta r-lh e algum a coisa;
tem po com as suas q u atro faculdades — m edicina, exige, porém , que lhe não escasseie nada do que é
d ire ito , artes e sciencias, e teologia —• e a napoleo- indispensável no m eio a que serve. E aí está a p r i
nica u n iversida de de França, que com preendia as tres m eira vantagem da U nive rsida de : na criação d isp er
R variedades de ensino pu b lic o p rim ario , secundá siva dos orgãos de ensino p u blico , não ha com o ela
r io e su p e rio r, vê-se lo g o a diferença essencial de para coordenar os esforços para um sistem a de ensi
sen tido d o vocabulo. U niversidades medievaes co n ti n o pu blico , não ha com o ela para coordenar os Es
nuam, ainda h o je em dia, com o seu vetusto pro gram fo rç o s para um sistema de ensino, em que as ne
ma, O x fo r d ou Salamanca, p o r exem plo, em que os cessidades im prescindíveis sejam representadas: a u n i
estudos classicos e re ligios o s dominam os m ais, sem versidade é um a creação contínua, dessas u tilid ad es
transigências com o e s p irito m od erno ; estes se per d e ntro da ordem , que lhe fa c ilita e x is tirem , e um sis
meiam com o o u tro , num vasto com p le xo que con sti tema em que a harm onia preexistente lhe assegura
tu e a u n ivers ida de com pleta d o nosso tem po, taes sobreviver.
Paris ou B e rlim , onde to do s os conhecimentos hu- As faculdades dispersas, anta gônicas ás vezes,
ihanos têm p o s sibilida de de estudo e de en s ino ; a contrariam os seus esforços assim pe rdido s, com
m aior parte não log ra conseguir a un iversalidade do p re ju ízo para o ensino: a un iversida de os coordena,
conhecim ento, e então adopta, escolhidos, os mais para a m a io r vantagem dele. A q u i m esm o poderem os
m odernos e m ais práticos, e são as quasi todas u n i d a r exem plo: tínham os duas escolas de d ir e ito que
versidades da Europa, da Am erica, em que as possi se contrapunham, e não ta rd aria a hora em que, na
bilida de s locaes fe içoaram a organização de ensino lucta pela sobrevivência, com a atracção pelas m a tri
ás necessidades a s erv ir. P o r transição insensível, as culas, não se vissem coagidas ás concessões que lo
discip lin a s m eram ente especulativas fo ram deixando gram aderentes, em p re ju ízo da d is c ip lin a e da m ora
margem ás te ndências u tilitá ria s de nossa épocha. De lid a d e : a U niversidade conseguiu dar-lhes um a só
sorte que, de seu p rim itiv o e rig id o sig n ific a d o , veio norma, em que a fa lta de concorrência dispensará
o te rm o, de transigência em transigência, até accepção as transigências ob rigadas da vida.
pratica o u pragm ática, que refle cte o mesmo caracter Podemos ju n ta r o u tro exe m plo: d e n tro em pou
do povo, e indica, precisamente, os endereços que ele co, perceberá a U niversidade do R io de J a n e iro que
quer a tin g ir pe lo seu ensino pu blico . Na A m erica d o lhe fa lta uma faculdade de Sciencias, o u tra de Lettras,
N orte , em que o m aior num ero dessas opulentas in s ti se não as fu nd irm os numa só, para as quaes até no
tu ições é de orige m privada, sem intervenção do Es seu p ro p rio seio já possue os elem entos idoneos:
tado, as variedades de tip o são enormes, segundo a estes, o u este novo in s titu to não existe, e é entre
concepção que os seus organizadores e re ito re s t i ta nto indispensável. Porque a U nive rsida de não só
veram. o u vão tendo, d o te rm o un iversida de : nãd prepara para certas profissões, as chamadas profissões
é, pois, pa lavra m orta, senão um nom e vivo, plastico, liberaes, como prepara para a carreira do en sin o . Ora
m ovei, a m p lo , elastico, que póde conter d e n tro de essa c arreira, tã o essencial em quaquer pa rte, por
si e adaptar-se perfeitam ente a eles, os ideaes mais que para ensinar é preciso p rim e iro te r ap ren dido , e
diversos de to do s os dife ren tes povos da te rra. Agora aprendido a ensinar, devendo ser c u lto e sabendo
mesmo, reúnem na Belgica to dos os o fic iò s manuaes c ultiv a r não tem no Brasil, até agora, o m in im o
O o o o O 119 Oo o o o o
U V R O DE OURO COM MEMO RATIVO DO CENTENARIO DA
v estig io dc orgâo, p e lo qual tã o alta e nobre funcção que assim cum pre desenvolver c to rn a r productiva.
se exercite. Mas, ha mais, ha conhecimentos scie n tificos, n o
O s nossos m estres de ensino secundario e su ções indispensáveis dc nossa natureza e d e nossa vida,
p e rio r são auto-didatas, quan do m u ito auto-pedago que ninguem fará p o r nós: nem nos a p ro ve ita rá em
gos. A gente aq ui é pro fesso r de ling ua s e scien- nada a scicncia que houverem fe ito lá com sigo, e de
cias, sem as te r a p ren dido ta lve z, m uitas outras ve si, Francêses, B ritânicos, Tedescos ou Am ericanos.
zes docendo d o cetur, com a pratica do m esm o ensino, A s coisas próprias do Brasil, sua g e olo gia , sua
com as d iffic u ld a d e s , as incertezas, e, não raro, o irre - geografia, sua c lim a tolo gia, flo ra , fauna, etno grafia ,
m oviv el mau e x ito que está em cada um inve nta r por p a rasito lo gia , m edicina, higiene, sociologia... quem as
si um m éto do de ensino que e x is te fe ito , e um m ate ha de estudar, senão, princip alm en te, os B ra sile iro s?
ria l de ensino que poderá te r sido a d q u irid o fa c il De m ais ainda, para interessar ao estra ng eiro, não o
m ente, se houvesse quem lh ’o devesse m in is tra r. A d conseguirem os nunca im ita nd o-o nas suas artes c
m itim o s fa cilm en te que para e n sina r na aula p rim a ria sciencias, que, certo, exercerão com m a io r o r ig in a li
c preciso cursar na escola n o rm a l, mas não attenra- dade e pro v eito , porém nos to rn a n d o interessantes
mos que para ensinar no c o lé g io o u n o gim ná sio não a eles, pe lo contingente de observações e e xp e riê n
basta uma nomeação a um m édico, bacharel ou en cias nossas, com que havemos de en riq ue cer a scicn
ge nh eiro, com o se não fosse a in da m ais d ifíc il ensi cia universal. Andando o te mpo, devassados os p r o
n a r a ensinar, do que en sina r sim plesm ente: não blemas narionaes, a nossa c on tribu içã o alcançará os
póde haver absurdo m aior. E é a U niversidade que problem as geraes. a que não fa lta rã o nem g e n io de
será chamada ao e lim in ar. invenção, nem tendências de altru ísm o .
M ais ainda, se prepara p ro fiss io n a c s para as d i O ra, essa cooperação no progresso scie n tifico ,
versas carreiras, não esquecendo a p rim o rd ia l, do essa organização da sciencia, nacional a prin c ip io , d e
ensino, a U n ive rsida de cum pre-lhe trab alh ar pe lo p ro pois un iversal, será funcção das U niversidades, que
gresso s c ien tifico, m o b iliz a n d o as suas capacidades se não contentam com o seu papel docente, com o um
técnicas disponíveis, organizando-as para as pesquizas exe rcito não são apenas as armas de combate, peões,
scientificas originaes. N ão é m ais possivel a um g ra n a rtilh e iro s , aviadores e cavaleiros, mas o equipam ento,
de povo v iv e r a expensas do s ou tros, mesmo espi a intendência, os arsenaes e, princi palm ente, o es
ritua lm e nte . Ha uma abdicação dc independencia, nes- ta do m aior. T a l cooperação faz-se pelos in s titu to s
Sa servidão inte lle c tu a l. H o je em dia o n ip t d 'o r i r e variadíssim os, dc Q uím ica, de S erologia, de P a to lo
g e ral do m undo é se bastar cada nação a si mesma, gia. de H ig ie n e , de F is io lo g ia , de Genetica aplicada á
ta n to quanto seja isso possivel. a g ric u ltu ra e á criação..., de quantas especialidades
E o pa trio tis m o form a elevada, porque colle c necessarias de desenvolvim ento acertado e rap id o re
tiva, do egoísm o in d iv id u a l. Egoism o que não se clamem as riquezas naturaes d o pais, ou e xija m as
opõe aqui a altru ís m o , quan do ha sobras e excessos urgências de protecção humana e an im a l, con tra o
disponíveis, mas que se op õe nobremente, e d i clim a, o parasitism o, as devastações evitáveis da
gnam ente, a parasitism o ou ex ploração não re trib u íd a saude o uda vida. E ao lado, d e ntro das faculdades
dos bens alheios. O ra , se não queremos v iv er do respectivas, é que taes ins titu to s ving arão , servindo
pão alheio, nem do trabalho alheio, porque havemos a um e o u tro escopo, dos dois endereços que vamos
de aceitar as ideas, as descobertas, as invenções, que delineando d o regim e un iv e rs itá rio .
nos dão todos, sem c o n trib u irm o s também para essa Um terceiro, decorre destes do is fito s , o u te n
comum generosidade- e s p iritu a l? dências. e cumpre não esquccêl-o a U nive rsida de :
Está a G rã-Bretanha, o u tr ’ora só extractiva, é a vulgarização s c ien tifica, d o apren dido de estra
m aritim a , com m ercial, in d u s tria l, roteando os seus nhos, de pesquizas pro prias, fazendno a p rove itad o
campos para pre s c in dir o m ais possivel d o sustento de to da a gente o esforço conseguido dos in s titu to s
estra ng eiro: p o r lhe te r fa lta d o isso, houve um m o s cien tificos ou apenas, até ali, propagado no c ircu lo
m ento trá g ic o da guerra subm arina em que o seu des
estre ito dos cursos sistem atizados. A fó ra as carreiras
tin o vacilou. Ãs restricções á exportação c á im p o rta de program a d e fin id o , que terão os seus cursos nor-
ção determ inam por to da a p a rte as necessidades na-
macs na U niversidade, tantos quantos forem necessá
cionaes d o abastecim ento in te rn o e de cam bio exte
rio s, ella a b rirá á divu lga ção dos conhecim entos ne
rio r, para o e q u ilíb rio d o m ercado entre a producção
cessários á nossa nacionalidade, num a eventualidade
e o consumo, e a balança fina nce ira entre as com
possivel, cursos especializados, cursos de aperfeiçoa
pras e vendas que se trocam p o r valores. A lucta das
m en to ou divulgação, em conferencias, em revistas,
ta rifa s na Am erica e na Europa, para protecção das
liv ro s , jornaes, de tu d o quanto carecer a educação
ind ustrias necessitadas consiste em suma na dispensa nacional.
ao estrangeiro que m an ufa ctu re a nossa m ateria p r i
A N orte-A m erica im p ro v is o u em dois anos um
ma, dando que fazer á m ão de ob ra nacional.
immenso exe rcito para c o rre r a salva r a C ivilizaçã o,
Pareceria que sómente n o campo es p iritu a l tal
que perigava na E u ro pa ; algum as dezenas de m ilhares
egoism o não devendo prevalecer, seria in ú til o rg a n i
de m edicos, sem nenhuma especialização fo ra m cha
zação sem elhanet a esta, d o com m ercio o u da in
mados as file ira s : as U niversidades americanas to
d u stria : resalta lo g o a im o ra lid a d e que haveria em
maram a si to rn ál-os especialistas, em alguns mêses
nos aproveitarm os d o tra b a lh o e d o ge nio alheios,
de cursos especializados, de cursos de ap erfe içoa
sem, em troca, lhe darmos nada do nosso esforço £
m ento, diagnostico dc urgência, p ro nto s soccorros,
da nossa capacidade e s p iritu a l. Além de que, a nossa
pequena e grande c iru rgia... com o que esteve a U n i
capacidade em o u tro s ram os de actividade humana
versidade a altu ra das outras nobres e varo nis v irtu
será consequência dessa nossa capacidade e s p iritu al, des da Nação.
o o o o o 120 o o o o o o
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Não nos esqueça pois, e portanto, — e até com pelo consenso universal dos doutos e capazes dessa
a convicção que lhe atribuiu N apole Xo , um que acção connexa, e, por isso, formidável e onipotente
sabia persuadir e considerava unica figura de retórica acção social.
a repetiçSo — repitamos, para não esquecer: á Uni Sei bem que perco o meu tempo, pois tenho
versidade cumpre preparar para o exercício das car contra mim, ainda por longuíssimos annos, a omnipo
reiras liberaes c preparar para a mais nobre delias, tente rotina. Mas sei que também essas ideas, porque
que c a do ensino; cumpre-lhe promover o progresso têm generosidade c razão, hão de vencer um dia...
scientifico, organizando as pesquizas nos seus insti O Estado ha de cessar de ser indifferente á própria
tutos de investigação original, colateraes á instrucção sorte, e ha de procurar recrutar a sua «élite» nos
didactica; cumpre-lhc, finalmcnte, vulgarizar a scien- mais capazes, fazendo a protecção dos mais aptos. O
eia, além do publico escolar, ou no publico post-esco- ensino secundario, destinado a dar a prévia cultura
lar, nos cursos variados e profusos de aperfeiçoamen geral indispensável a todos os que vão viver a
to, conferencias, revistas, jornaes, de modo a fazer vida social, ou se endereçam á especialização profis
lograr a todo o pais dos esforços de riqueza despen sional, terá um conteúdo moderno, feito de linguas
dida e de talento aproveitado pela nação, na sua vivas, de sciencias da natureza, de sciencia da socie
grande oficina espiritual, que é a Universidade. dade, sadias e educativas, de literatura antiga e mo
Até aqui, é o que a Universidade póde e deve derna, bellas artes e exercícios salutares, que prepa
fazer, e que ninguem ou nenhuma outra organização ram a humanidade para as mais difficeis aequisições
diferente poderia ou deverá fazer melhor que ela. da cultura integral. Esta, como a instrucção profissio
Dir-se-á que isto ou parte disso será, ou foi, reali nal superior, será dada pela Universidade, que en
zado sem ela... Talvez; mal, com esforços dobrados, sina, e ensina a ensinar, que cultiva a sciencia e
penas perdidas, discordâncias, choques, inconveniên collabora no progresso scientifico, cuja congregação,
cias, desânimos, desperdícios, imperfeições. Para usar estado maior da educação nacional, deve d irig ir o
de uma expressão, em voga no momento, só ela rea ensino publico. Os dirigentes assim preparados, pre
liza essa adaptação ao fim almejado, esse menor es pararão os Brasileiros, todos os Brasileiros, pelo
forço para o maximo de rendimento, cuja consciência ensino primário, pelo ensino profissional, pelo ensino
em técnica se chama, hoje em dia, na industria, o humanistico, pela cultura geral do espirito, para todas
«tylorismo : a Universidade é a hierarchia, a disci as vantagens da civilização... Sei bem que o telegra-
plina, a ordem, o sensorio comum das forças e dos pho sem fio e o cinematographico chegarão primeiro
engenhos espirituaes, tão necessarios e indispensáveis aos Nhambiquaras, no fundo de Matto Qrosso, que
á producçâo colectiva, da vida material, como da vida essas idéas á convicção dos governos, nas capitaes...
do espirito. O anarquismo que protesta e o genio talvez, de torno viagem, ellas se imponham então,
que inova serão julgados e talvez atendidos; mas a mas o que nos não deve faltar é a esperança, ain
obra social não se fará com a violência de um, ou a da na decepção...
originalidade do outro, senão apenas assimilada a
critica que corrigiu ou a invenção que modificou. A franio Peix oto .
A SP E C TO S D A S O C IE D A D E B R A S IL E IR A
o o o o o o 122 o o o o o o
CENTENARIO DA IS DEPENDE SC! A f. DA EXPOSIÇÃO
o o o o o o 123 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA T/VO DO CENTENÁRIO
p a triarc ha . Este p re la d o se c on fu nd iu de encontrar lid â o de fida lgo s. A lg u n s desses de ixaram bôa fama
nas m attas da v illa de São Paulo um varão tã o bem nos annaes b ra s ile iro s . A o ausentar-se d o d o m in io ,
in s tru íd o que lh e não fa zia fa lta a creação das c o r com o fez varias vezes, o gra n d e em baraço que- tin h a
tes que Pom peu não tin ‘ha conseguido». Eis ah i o em nom ear um loco-tenente, c o n sistia na d iffic u ld a d c
ty p o e x tra o rd in a rio de que estão Cheias as lendas do de escolher um capitão e n tre os m u ito s q u e eram d i
tem po. N ão se supponha, aliás, que o D r. G u ilh e rm e gnos de s u b s titu il-o n o g o v e rn o da te rra . C am pos
Pom peu de A lm e id a f o i unico em sua epocha. Foi T o u rin h o fez-se acompanhar ig u a lin e n te para P o rto
n o ta b ilis s im o , de v id a assaz s in g u la r, e de vasta Seguro de m uita gente de no bre estirp e, c da hi as
fam a e cele brida de . M as como e lle houve em São grandes tradições que s u b s is tira m até qu asi fin s do
P aulo, d u ra n te o século X V II prin cip a lm c n te , persona- século X V III, e dão te stem u nh o s o b re tu d o da p r o
v e rb ia l piedade e de outras v irtu d e s que se to rn aram
características desta fa m ilia , a p rim e ira a e n tra r na
te rra e a m ostrar-se d ig n a pa ra e stim u lo d o s colo no s
que a seguiram . P o r fim , ° m a is no tá vel e n tre os d o
na tá rio s, o in c ly to D u a rte C o e lh o , era da p rim e ira
nobreza da côrte, is to é, da qu e c o n vivia com o rei
e que tin h a , como h o nra , o d ir e ito de h o m b re a r comi
o soberano, de ser ig u a l ao R ei, e a c u jo la d o po dia
estar, p r iv ile g io que chegou até nós in c a rn a d o no
p a r d o re in o . N ão se ign ora que D ua rte C o e lh o v e io
para Pernam buco traze nd o quasi que só p a ren tes, ta n
to da sua como da fa m ilia da m ulhe r, que era ta m bém
da m ais considerada fid a lg u ia portug ue za e re m o n
tava aos reis de P o rtu g a l. J ero nym o de A lb u q u e r
que, cunhado do p r im e iro sen ho r de P e rn am b uco , to r-
ncu-sc n o n o rte da co lo n ia , o tron co da vasta fa m i
lia dos A lbuquerques, dos C av a lca n tis e d o s M e llo s ,
que é a flô r n o b ilia rc h ic a de to da a q u c lla porção
do d o m in io . E s tra ng eiros d.- grada e stirp e , com o os
Cavalcantis, os Accyo lis, os L in s , os D o ria s , os A d o r
nos e o u tro s , vinham para a A m erica a d is p u ta r m u iio
ufanos a alta ho nra de se a llia re m ao seu nom e,
ainda que pelas lin h a s bastardas da descendencia.
Essas prim eira s plantas é que vêm ca ra c te riz a r a
nossa genealogia h is to ric a cm todas as p ro v in c ia s da
A m erica B rasile ira, c nem se co m p rch e n d e ria o es
p le n d o r de nossas o rig e n s se não fosse assim . Os
nossos fastos são m ais epopéa d o que sim p le s h is to ria .
Para e n trar aqui, como fizera m os po rtugueses, era
preciso que os p rim á rio s da con qu ista possuíssem
clara consciência das suas fu neções e u fa n ia d e re p re
UMA FESTA NA BAHIA NO SÉCULO XVII
sentantes de um a gra nd e nação. N ão p o d ia m tra n s
fe r ir os seus lares para aq ui com o sim p le s a v e n tu re i
gens verd ad eiram en te principescas, que de ixaram d u ro s audazes, sem fé , nem dig n id a d e .
ráveis tradições, e cuja chronica seria ta lvês ainda-
h o je possível com algum esforço re c o n s tru ir.
Ill
o o o o o o 124 o o o o o o
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
queza c m ando. Na verdade, capazes de sacriflicar-so ções de la tifú n d io s com que iniciara a ob ra da colo-
p o r grandes causas só eram as fig u ra s que tinham o nisaçâo, suppondo que assim apressava o povoam en
sentim ento da sua dig nid ad e e a responsabilidade do to do país. Notemos, que, quanto ás colonias de Es
seu papel. H om ens da escoria socia l não v iria m de panha, ha auctores que fazem gra nd e cabedal e até
certo aqui m o r re r com o os do is C ou tinh os, um na se orgulham de se haver desde o s p rin c íp io s fo rm a
Bahia, pela sua tem eridade, e o u tro na V ic to ria , pela do em todas ellas uma nobreza te rr ito r ia l que com o
sua abnegação, ou como F crnão de Sá em lu ta com os te mpo se to rn ou um fa c to r pre ponderante da ordem
Aym oré s sublevados. Sim . N ão fo ra m mais necessa c iv il, e graças á c u jo ascendente m o ra l poude s u rg ir
rio s os gra nd es capitães c os he roe s: a te rra estava na Am erica uma sociedade po litic a m odelada cm tudo
desbravada. M as aq u c llc sangue fic o u : e a nobreza pela da m âi p a tria. Pois bem. E n tre nós, não se po-
heroica, a a risto cra cia da espada passou a ser a
nobreza de salão, a que b rilh a v a nas ceremonias p u
blicas, nos dia s fa ustosos da c olo nia , dando te stem u
nho de si pe la elcgancia com o havia dado o u tr'o ra
pela b ra vu ra . E não fo i só nas capitaes, nos grandes
centros que ficaram as fa m ilia s tradicionaes. Nas po
voações e nas villa s mais h u m ild es, os «homens bons»
faziam questão dos p riv ilé g io s e prero ga tivas, cons-
titu in d o -s e em verdadeira e reconhecida aristocracia.
Quem não fosse fid a lg o , estava in h ib id o ate de exe r
cer a vereança, quanto mais o ffic io s ou cargos de mais
a lta hie ra rchia. Em toda a colo nia , desde o sécu
lo X V II, havia duas classes de população: nobreza e
povo. Para o s conselhos de governo e até para delibe
ração c o n ju n ta com as camaras m unicipaes, chegou-se
a crear, nos logares onde o povo pe lo num ero tomava
im poctancia excepcional, uma especie de trib u n o , si-
m ilh an te, pe la funeção, aos trib u n o s romanos. T inh a o
nom e de m este r, e algures, o de ju iz do po vo ou pro
curador d o povo. Este mester ou ju iz do povo era o
representante le g itim o da o p in iã o geral ju n to da no
breza, e tin h a por obrigação defender a causa de to
dos perante as autoridades ou perante os com icios em
que a nobreza deliberava. T u d o isso se fundava nas
tradições dos prim eiro s tempos, e ninguem estranhava,
nem contra as regalias dos nobres protestava, porque
to dos sentiam que tudo era le g itim o e ju s to , porque
COSTUMES DA BAHIA NO SÉCULO XVIII
assentava nos velhos annacs da terra.
o o o o 125 o o o o o o
I./VRO DE OURO COMMEMORATIVO IX ) CENTENARIO DA
oo 126 o ooooo
IN D EPEN DEN CE F. EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
do século X V II, e com to das as características do ve em que se concretizaram as pequenas porções de solo
lho fe ud alism o europeu, que deste m odo se rep ro d is tribu íd os aos im m igrantes, fo i naquella cpocha o
duzia na Am erica. A s populações da colonia, no sé unico meio de assegurar a grande producçâo, sem a
culo X V II, dividem -se em senhores e servos, gra n qual a. colonia não s ub sistiria , quanto m a is a nação.
des fa m ilia s armadas de p riv ilé g io s , mercês c prcroga- Analysando-se esses processos é que se deixa paten
tivas oriun da s da posição e da riqueza, e a massa te como é que aquclla nobresa p rim itiv a constituiu-se
de espúrios, sem eira nem b e ira . A p ro po sito do g ra n naturalm ente em aristocracia ru ra l, que p rim e iro creou
de p ro p rie tá rio co lo n ia l, escreve um au to r classico, a grande riqueza economica e depois fundou a na
A n to n ii: «O ser no B ra s il senhor de engenho é t i ção. Plebeus da E uropa ainda feudal não seriam
tu lo a que m uito s aspiram , porque tra z comsigo o capazes de a d q u irir funeções tã o altas, que antes
ser servido, obedecido, e respeitado de muitos». Mas de tu do exigiam influ en cia m o ra l e vasto p re stig io
não era só isso. Em regra, o senhor de engenho tinha decorrente da tradição. Desde que se entendam assim
valim en to p o litic o , e era fig u ra no governo da terra,
quer d ize r dispunha de autoridades e fu nccionarios. Na
«sua fazenda, e na redondeza toda de campos e flo
restas que são sem pre com o dilatações do seu p a tri
m onio», m anda elle e im pera sem contraste. Para elle
nos seus dom ínios, pode-se diz e r que não ha a u to ri
dade nem le i su p e rio r ao seu a rb itrio . A sua gente, em
relação a e lle fica em m ais hu m ilhante subalternida
de que a do mais inconsciente sub dito em relação a
seu re i. E ad virta-se que «a sua gente» não quer d i
zer apenas a «sua escravaria», mas comprehende tam
bém a m u ltid ã o de quantos dependem d e lle — aggre-
gados, rendeiros, lavradores de pa rtido , fe itores, cai
xeiros, mestres e op erá rio s da fabrica. Bem se vê que
não ha nada mais curioso na his to ria de todas as
populações americanas talvês do que esse processo de
aristocratização de um solo que começou p o r ser de
to do o m undo, e acabou nas mãos de alguns. Nem é,
aliás, pro váve l que pudesse ser o u tra a fo rm a de
c o n s titu ir a propriedade te rr ito r ia l na res n u lliu s
que os europeus vieram en contrar aqui. Com o observa
um au to r conhecido, to das as sociedades que se in i
ciam com o a nossa sociedade c olo nia l fundando-se
nas relações crcadas pela conquista, e de ntro de
m oldes especiaes p o rtan to , hão de sujeitar-se a essa
fô rm a pa rticu la r da d is trib u iç ã o do solo, analoga ao
que se passa na ordem p o litic a , e caracterisada pela
aristocratização da propriedade te rr ito r ia l succeden
d o a uma fórm a dem ocrática, cuja natureza inconsis COSTUMES DE S. PAULO NO SÉCULO XVIII
tente te ria de m udar desde que se entrasse na phase
d e fin itiv a da integração d o regim e ag rario. Nem seria
pela democratisação do s o lo que se viesse aqui fu n os factos, já não se estranha a frequência com que nas
d a r m iraculosam entc a riqueza: como não é, nem será velhas chronicas não se encontram senão fid a lg o s ,
jam ais, em parte algum a d o g lo b o , pela consciência, m em bros de grandes fa m ilias, typ os de representação,
pela acção e pelo esforço das massas populares que etc. Era assim realm ente. Só homens illu s tre s pelo
se hão de crear institu içõe s p o litic as . T ud o isso vem sangue, pe lo v a lo r ou pela opulência é que andavam
de po is; e ainda aqui, c p rincip alm en te no Brasil, a aqui fazendo a h is to ria . A massa ficava nos lances,
his to ria dos povos que se trasladavam , tinh a de fa nos grandes quadros da vida colo n ia l, com o som bra
zer-se p o r cyclos, que as in te llig e n c ia s mais cultas am orpha. As figu ras que se destacam, as unicas que
hão de reger, mas não desviar ou sup prtm ir. Todos têm papel de fin id o são de fa m ilia s illu s tre s . P o r isso,
estes phenomenos apanhamos nitidam ente, não só no não se nos depara em caso algum , du ran te to d o o
Brasil, mas nas colo nia s americanas, sem exceptuar p e rio do da colonia, fe ito de c u lto , ob ra d ig n a de re
as anglo-saxonias. Q ue fizeram dos seus cabedaes gisto, que se não a ttrib ú a a fid a lg o s , e fid a lg o s da
aquellcs soldados espanhóes a quem n o prim e iro de m elho r nobresa do reino , m u ito conscios de con tinu ar
cennio da conquista se deram terras largam ente onde aq ui a excellencia da geração e a honra dos ante
qu er que as requeressem? Na Am erica do N orte, passados. O s exemplos de C am arão o u de H en riq ue
onde é que se encontram os pequenos lavradores D ias são excepcionalissim os. Supprim a-se isso tu d o
dos p rim itiv o s dias da colonização? É preciso, po rtan dos nossos velhos annaes, e já nada se exp licará dos
to , a d m ittir que fossem aquelles, que se nos figu ram grandes dias em que a raça pareceu, e fo i, com e ffe i-
ho je com o aberrantes de to da justiça , os processos to , mais fo rte do que em épocas subsequentes, qu an
m ais consentaneos, não só com os interesses da so do as v irtud es do sangue como que se dilu íra m na ex
ciedade colo nia l, mas com os da pró pria sociedade tensão ou na am p litu de do organism o, na phrase de
fu tu ra . Incontestavelm ente, a propriedade la tifu n d ia l. um h is to ria d o r.
o o o o o o 127 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMORATIVI DO CENTENARIO DA
o o o o 128 o o o o o o
IN D EPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o O o o o o 129 o o o o o o
LIVRO DE OURO .CQMMEMORATIVt CENTENARIO DA
V III
ti o o 130 o o o o
INDEPENDÊNCIA /: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
tinha, que era fid a lg o de v a lim en to c de b rilh o na riqueza, pela pompa, pe lo lu x o e pelo po de r dos
côrte. Na solicitu d e com que v eio povoar a sua dona- respectivos senhores. P rinc ip alm e nte na c a p ita l se
ta ria im ito u o capitão-general de Pernambuco. Com o accumulavam as grandes fa m ilias, da nd o um esplen
D uarte C oe lho , escolheu cuidadosamente o seu pes d o r excepcional a todas as ceremonias da v ida pu
soal, começando pelos p ro p rio s parentes. A essa blica e a to das as festas locaes, assim religiosa s
circum stancia, m ais ta lvês que ao apoio do C aram urú, como profanas. E desde este no v o surto que tom a
deve a ttrib u lr-s e a 6rdem p e rfeita que reino u na Ba com a creaçãb do G overno G e ra l nunca mais deixou
hia, o riun da p rincip alm en te do respeito com que se
trataram as duas raças. N ão consta que durante cerca
de sete annoS de trab alh o a li tivesse occo rrid o a m i
nima dlssemção entre portugueses e indios. E a prova
de que não é a d o c ilid ad e d o gentio que ha de ex
plica r ta l occurrenda está no facto de te r, lo g o de
pois, T hom é de Souza tid o necessidade de r e p rim ir
com energia excessos de algum as tribu s . É verdade
que passados aquelles prim e iro s tempos sobrevieram
discórdias entre os selvagens e os colonos de C o u ti-
nho. Mas é preciso não esquecer que a conciliação
fe ita nos prim e iro s cincos annos já estava então que
brada. H avia en trad o na Bahia mais gente, tanto
portuguesa como de ou tros paizes da Europa, e
aquella unidade m oral fundada na exce llen da da
estirpe teve, não de desapparecer sem duvida, m as de
disfarçar-se e perder a força dire c triz no amalgama
BRAZAO D’ARMAS DO BARAO
geral. D ahi o desastre de C ou tinh o, e o escarmen DE S. MARCOS
to que p o r instantes fez v a c illa r a coragem d a qu cllcs
fida lgo s, portadores do e s p irito e da c ultu ra curo -
péa no hem ispherio que se desvenda. Logo depois, de ostentar-se na Bahia o p re do m ín io das classes a ris
vem o p rim e iro G o verna do r G eral renovar a solidez to cráticas que se refazem com o ingresso de novos
do p r im itiv o ali'cerce sobre que devia levantar-se a elementos até os fin s do regim ent c olo nia l.
sociedade colo n ia l na te rra do C aram urú. A Thomé
IX
O o o o o 131 o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA
m unificências m aravilhosas da te rra. Enquanto o f i antiga para a nova Ig re ja . Para este acto m arcou-se o
dalgo, o nababo, o senhor arrog an te, recolhia fa b u lo dia 24 de m aio, que amanheceu esplendido, pondo
sas riquezas, os m ise ros que lh e obedecem ficavam es toda a população em alvoroço». Veja-se a m a g n ifi
púrios e viviam quasi fa m in tos, só nu trid o s do cibo cência com que se vae c elebrar esta solem nidade de
escasso que lhe renovasse as fo rças para o tra b a lh o trasladar-se a santa. A s ruas por onde devia passar a
dos socavões. E ai da quelle, n o m eio de cujos m o procissão estavam to das enfeitadas de renques de
lam bos se encontrasse de surpresa um a delgada m i- arvores e arcos, te ndo as ja n ellas das casas fo rr a
das de colchas de damasco, folh agens c flo re s em
profusão, e todas, de um c de o u tro lad o, cheias de
gente que se apinhava numa incontida ansia de m a
ravilhas. P rim e iro , antes de sair a procissão, celebrou-
se a missa p o n tific a l na Ig re ja do R osário, pregando
com deseommunal fe rv o r o reverendo d o u to r Jose de
A ndrade M oraes, o ra d o r sacro de grande fama e
que e d ificou to da a enorm e assistência. Em seguida,
ordenou-se c poz-se em m archa a procissão. «Precedia
ao cortejo uma dança p y rrh ira , form ada de fig u ra n te s
tu rcos ou m om os e christâos, e:n num ero de 32 f i
guras m ilita rm e n te vestidas, uns e ou tros com seus
respectivos im p era do r c alferes, conduzidos em dois
carros de exce llen te p in tu ra e acompanhados de c la
rin s. Seguia-se-lhe o u tra dança de rom eiros ricam ente
vestid os; e depois uma banda de musica. L o g o atrás,
q u atro alle go rias, representando qu atro ven to s; v i
nham a cavallo e com espantosa ostentação de b r i
lho , e vestidos «á tragica». Depois destas desfilavam
DE RIBEIRÃO as figuras mais majestosas de toda a procissão, ta m
bém a cava llo: p rim e iro a Fama, te nd o a fro n te c in
gid a de um diadema ornado de flo re s de diamantes,
galha do m etal pre cio so! A m ajestade que impera
o peito coberto de o u ro e pedrarias, e destacando-se
naquelle m undo tem o lh o s vivos, porque vê pela
to das as jo ia s que ostenta um broche de d ia m a ntes;
m u ltid ã o dos g a lfa rro s que lhe vig ia m a fa in a ! Por
o c ap illa r de sêda branca com flo re s de o u ro ; os fr a l-
isso mesmo, porque os cabedaes m aravilhosos ficam
dões também de sêda, fran jad os de o u ro. T in h a a in
em poucas mãos, é que aque lle tem po se to rn o u o
da a Fama duas azas de pennas brancas1 com o ly rio ,
mais e x tra o rd in a rio do p e rio d o c o lo n ia l como osten
matizadas de flo re s de o u ro. Sustentava na m ão d ir e i
tação de opulência. Nem é possível hoje te r uma
ta uma haste de prata massiça, encimada de uma
vaga noção do que fo i a m agnificência do- grandes,
que eram os C rcsos da sociedade m in eira, e do que
foram as fe stas da re lig iã o e do th ro no naquella
terra p a rtilh a d a e n tre poucas fa m ilia s e abalada no
entanto do tro p e l das m u ltidõ es. A m ais estrondosa
das festividades religiosa s celebrada em V illa Rica,
chamada a côrte da capitania de M inas, fo i a que
se realisou p o r occasião de inaugurar-se em 1733,
uma nova ig reja . Segundo an tigo s docum entos p u b li
cados na R eris/a d o A rrh iv o P u b tiro M in e iro , come
çaram os festejos p o r uma grande mascarada annun-
ciando as solemnidades que iam realizar-se. Notem os
log o que em to das as ceremonias, ta n to de rua como
de ig reja , só tomavam p a rte pessoas da nobresa, ca
bendo á turb a-m ulta só a funcção de fazer echo, apre
ciar e bater palmas como estupefacta e m aravilhada
do que estava assistindo. N o dia 3 de maio daquelle
anno saíam duas bandeiras a p e rc o rre r as ruas, des
pertando cnthusia sm o em to da a v illa e dando-lhe
aspecto de ale gria a lle lu ia l. Eram essas bandeiras
BRAZAO D'ARMAS DO BARAO
conduzidas p o r pessoas ricam ente vestidas, acompa DE BEBERIBE
nhadas de e x tra o rd in a rio seq uito de fie is , po is para a
v illa já havia a fflu id o m uita gente, ta nto da cap ita
nia como do R io de Jan eiro e de S. Paulo, la tras cruz de o u ro, e tendo pendente um estandarte de tela
ladar-se o Sacramento da Ig re ja d o R osario para a branca. O cav a llo era form oso e de m u ito garbo,
nova Ig re ja de N . S. do P ila r. C om gra nd e pompa malhado (de lis ta s negras e brancas), os jaezes b o r
benzeu-se o no vo te m p lo. D epois das ceremonias sa dados e com fra n ja s e borlas de o u ro. Pelas crin a s
cras «houve m uitas danças e mascaradas, e á n o ite largava ao vento laços de fita s de p ra ta e o u ro . Aos
m uitas musicas e lu m iná ria s , que continuaram com lados iam do is pagens, como p in ta de M e rc ú rio a
vasto arru id o até o dia da trasladação da Santa da antiguidade, vestidos de ju s tilh o s brancos d e H o lla n -
o o o o o o 132 o o o o o o
IN D EPE N DE N CE E OA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
da. «Depois da Fama, com to d o o sequito, vinha uma cnthusiasm o cm todos os fe stejos. T ornaram -se n o
a lle go ria do b a irro onde estava situado o novo tem táveis os varios «esplendidissimos» banquetes que o
p lo que ia passar a ser m a triz . Seguia-se a o u tro s g ru delegado real offereceu á nobreza e ao c lero. O que
pos a «p rin cipa l fig u ra do cortejo», a que represen ê m u ito para accentuar-se em relação a M in as é a
tava a v illa de O u ro P reto. Era esta, póde dizer-se, opulência daquclla aristocracia, cim entada de ta n to
to da vestida de o u ro e diamantes. E vêm agora re o u ro, a que se reduziram os antigos fid a lg o s , p o rtu
presentações «dos sete planetas p o r uma ordem » a gueses e espanhóes, que se apoderaram das jazidas
Lua, M arte, M e rc u rio , o Sol, Jup iter, Venus e Sa
tu rn o . «Todas estas fig u ra s dos planetas, explica o
chronista, pela m em oria da D iv in da de que nclla s ado
rava o fin g im e n to da antiga id o la trja , eram glo rio s o
triu m p h o d o E u c ha ris tic o Sacram ento: que, como no
fe liz século da Redem pção humana, fo i alcançado
pe lo mesmo Senhor Sacram entado, agora se via na
m em oria e na fig u ra renovada para e s tim u lo da
pu blica veneração da C hristan da de , e nia io r g lo ria do
mesmo Senhor». Fechava o p ré s tito a fig u ra da nova
M a triz , te ndo uma cauda immensa form ada pelas
«Irm andades com seus guiões, cruzes alçadas, ando
res, etc.» A trá s vinham a nobresa da terra, o clero,
um côro de anfos a espalhar pétalas de flô re s ; e por
fim , debaixo do p a llio , e no m eio de grande pompa e
veneração, o Santíssim o Sacramento». O p a llio era
de seda carm czim com ram os e franjas de o u ro ; e
era levado p o r seis irm ãos, e sustid o p o r varas de
prata. L o go atrás d o Santíssimo, ia o G o verna do r,
C onde das Galvêas, acom panhado de toda a nobreza BRAZAO D'ARMAS DO BARÃO
m ilita r e litte r a ria da v illa e de ou tras partes, c do DA GAMBOA
no bre senado da C am ara. Fechava a procissão a com
panhia de Dragões, governada pe lo seu tenente, e os
a u riferas. Provavelm ente nunca m ais se ha de ver no
soldados das suas tropas, todos em bòa ordem ». Sen
B rasil uma epoca como a q uclla !
te-se que tu do isso é exclusivo, já se vê, da qu clla no
bresa, que parece ag ora mais orgulhosa dos seus ca-
bedaes, que d o p r o p r io sangue. O povo andava em
v o lta em pasmo, estarre cido e deslum brado daquella X
que não parecia scena passada na te rra . Vêm agora as
De passagem, precisamos de fris a r um po nto
que nos interessa para elucidação da nossa these.
N ão ha um u n ico chro nista da colonia que não se re
fir a á gente bòa ou aos «homens bons» da terra.
Eram , com e ffe ito , esses «bons homens» como a flô r
das populações. Querem alguns re d u z ir essa classe
aos que se tornavam poderosos pela riqueza, mas
esquecem que só os fid a lg o s conseguiam enriquecer
e m andar numa colo nia onde o homem do povo não
alcançava nunca s air das suas tris te s condições de
penu ria e desvalim ento que reinavam por uma pe rfei
ta servidão. De m odo que temos de v ê r nossa casta
lo c a l dom inante uma projecçâo de sfigu rad a de a n ti
gas fa m ilia s nobres que se fo ram aperta nd o nos pe
quenos c ircu los da c o lo nia , mas sem renunciar aos
seus p riv ilé g io s . Esse cuidado e z elo com que se de
fendem os d ire ito s de nobresa fundados na tradição,
vêm quasi ate os nossos dias. A in da em p rin c íp io s do
u ltim o século, nas capitanias m ais im p o rta n te s e
BRAZAO D'ARMAS DO BARÃO
DAS PALMEIRAS m ais ricas, não se póde fazer idéa da fo rç a e in te n s i
dade desse o rg u lh o de sangue, que chegou a degene
ra r cm m uito s pontos em preconceito v io le n to e
festas populares, d iz o au to r que nos fornece esta n o c rue l. R efere Southey que, pelos p rin c íp io s do sécu
ticia . H ouve ainda ceremonias religiosas durante tres lo X V II, havia na capital da colo n ia um francez de
dias. Â rio ite do u ltim o d ia , na vasta praça fro n te i c erto es p irito de cultu ra, c que desde m uito s annos
ra á m atriz, fo i queim ado um gra nd io so fo go de a r se entregára ao exercício da m edicina, to rnando-se por
tific io . «Seguiram -se alternadam ente tres dias de ca isso geralm ente estim ado na Bahia. «Este hom em fo i
valhadas á ta rd e ; tres de comedias á no ite , e tres chamado um dia p o r uma viuva, para exam inar a f i
de touradas á tarde». O G o verna do r to m o u parte com lha, joven, b e lla e rica. Teve elle a bòa fo rtu n a , não
OO O o o o 133 o o o o
UVRO IU IRO COMMI MORA, C IRTFNARIO DA
só de curar a doente, mas até dc casar com ella, offerccemos ao le ito r uma relação, dc que, p o r mais
approvando a m ãi plenamcnte um enlace «tão desi incom pleta que seja, se verifica a im p ortâ ncia do mais
gual» que só depois de consummado, souberam delle an tigo c notável subsidio do povoam ento n o sul do
as pessôas da fa m ilia . Ficaram os parentes indigna» pais. Sem seg uir nenhuma ordem, começaremos pela
dissim os: e um fid a lg o , o rg ulho s o e arrogante, que fa m ilia dos Pires, a respeito do qual copiam os no p r i
casara com a irm ã mais velha da noiva, reuniu alguns m eiro daquelles chronistas o seguinte que nos parece
am igos, inve stiu de n o ite a casa do medico, arrom summamente interessante: «Grande variedade, diz
bou as portas e ootn as próprias mitos assassinou, to c lle, encontramos quanto as origens dos P ires da capi
m ando-o pelo m arido , um in fe liz orp hâ o que pro tania de S. Paulo. Segundo umas m em órias fundadas
curava esconder-se. O francez escapou, e obteve da cm tradições, pensam alguns que fo i p ro g e n ito r desta
ju stiça um guarda para sua defesa. M as passava por fa m ilia Salvador Pires, que de P o rtu g a l se diz que
de ta l modo im possível e v ita r o m edico deliberada trouxera dois filho s. Salvador c M an oe l. Mas um
vingança da fa m ilia , que o aoenselharam a' embarcar pouco de esforço, e s obretudo investigações que f i
para P o rtug al, e s o lic ita r lá uma licença do rei para zemos em archivos e c arto rio s, nos levaram a desco
sua m ulhe r poder seguil-o com to dos os haveres. Nem b rir a verdade neste assum pto, e não hesitam os em
a guarda poude deixá-lo um m om ento enquanto o dá-la aqui como p o s itiv o e incontestável. Entre os
navio não se fe z de vela". Não tem m edida, nem s i nobres povoadores da v illa de S. V ice nte (são as
m ile possível, o exaggero desse preconceito em que proprias palavras do a u to r) que a esta ilh a chcgaTant
com o fundador delia o fid a lg o M a rtim A ffo n so de
Souza em princípios do anno 1531 (É engano: deve
lêr-se 1532), vieram João P ires, chamado o Gago,
natural do Po rto, e seu prim o Jorg e P ire s, que eram
cavalleiro fid a lg o , (naquelles tempos era este fô ro
o m elhor) c ujo alvará veio ao nosso poder para o
lermos. Este João P ires trou x e com sigo da cidade
do Porto o filh o Salvador Pires, o qu al se casou
(não se sabe ao certo si cm P o rtu g a l o u em S.
Vicente) com M aria R odrigues, também na tu ra l do
P o rto, c que viera para S. Vicente com seus irm ãos e
filh a de Garcia R odrigues e de Isabel Velho. De
S. Vicente passaram a Santo An dré da Borda do
Campo João Pires, o Gago, e seu filh o Salvador
Pires com sua m ulher M aria R od rig ue s, c ficaram
nessa povoação que fo i acclamada v illa cm 1553 cm
nome do do ua ta rio da capitania M a rtim A ffo n so de
Souza, sendo o dito João Pires, o G a go , o p rim eiro
BRAZAO D’ARMAS DO BARAO
DE UBA ju iz o rd in a rio desta v illa . E, pois, este Salvador P i
res, casado com M aria R odrigues (esta também p o r
tuguesa), o tron co da fa m ília P ires e suas ra m ifica
por fim se falseou o sentim ento de nobresa. E como ções. C onfundem alguns com este um o u tro Salvador
consequenda immediata de s im ilha nte exaggeração seu filh o , e que em S. Vicente casou com uma neta
vieram depois (sobretudo desde pineipios do sécu do patriarcha pre m a rtin ian o A n to nio R odrigues, com
lo X V I11) as lutas das classes privilegiadas com o panheiro de Ramalho. Esta neta dc A n to n io R o d ri
povo, que, como na antiguidade romana, fo i to m an gues, chamada M aria Fernandes (e de a p p e llid o M e-
d o o seu papel activo, e inva din do as esphcras onde se ciaassúj era bisneta de P iq ue ro by, m a io ra l do U ru -
havia fechado o m onopolio da op ulê ncia e do mando. rag. ts te Salvador P ires fo i sogro de B artholom eu
Sob estes varios aspectos do es p irito de casta, e das Bueno de R ibeira (espanhol, na tu ra l de Scvilha ), que
collisôes de classes, e ainda da riva lid ad e aberta entre é pai de Am ador Bueno, o acclamado». A fa m ilia dos
grandes fam ilias, é a de S. Vicente a capitania que Prados, tem conto p ro g e n ito r a João do Prado, na
nos offerece m ais vasto campo de observação, entre tu ra l de O liveriça (A le m te jo ) «de nobresa a li m uito
outras pela razão fundam ental de te r sido a li o ponto conhecida», c que veio para S. Vice nte com M a rtim
do país onde entraram em m aior num ero e prim eiro A ffonso. Com M artim A ffon so veio também Simão
do que em qualquer parte fid a lg o s de alta represen Jorge, tronco da fa m ilia Jorge V e lh o . A n to n io de
tação n o reino. Sem duvida, com M a rtim A ffon s o de O liveira, cavalleiro fid a lg o da casa de e l-re i, é em
B»
Souza, em 1532, só vieram figu ras de fa m ilias conta S. Paulo o p ro ge nito r dos O liv e ira s . N ão veio ent
das em Po rtug al como das mais distinctas, algum as até companhia de M artim Affonso, mas 5 o u 6 annos
que remontavam ás regias estirpes. Vamos, portanto, depois, com o cargo de 1° fe ito r da fazenda real na
esforçar-nos antes de tu do, por dar uma n o tic ia ge capitania. F oi capitão-m ór governador de S. Vicente,
ral daqucllcs prim eiros elementos que entraram na- succedendo á G cnçalo M on teiro. Pertenceu a esta
qn ella epocha e m ostrar o grande num ero de pode fa m ilia , que se to rn ou notável pelo seu o rg ulho de
rosas fa m ilias paulistas que encheram os annaes da' sangue, o famoso coronel A n to n io de O liv e ira L e i
capitania du ran te dois séculos e que têm os respecti tão, fig u ra typica daquella nobresa cavalheiresca, que
vos troncos nos typos illu s tre s que acompanharam o não se queria d is tin g u ir menos pela e stirp e que pelo
p rim e iro chefe colonizador. Quiando-nos, por Pedro v alo r e princip alm en te pelo preconceito, a que já
Taques e Silva Leme, os do is genealogistas da terra. nos referim os, da honra imm aculavel do la r. Segundo
o o 134 o o o o o
INDEPENDE N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONA
o chronista, este hom em «desfructava grandes esti estiveram duas das mais conhecidas fa m ilia s dos
mações por sua qualidade, liberdade e prendas mo tempos coloniaes: os Pires e os Camargos.
raes, sendo m u ito de s tro no m anejo da cavallaria,
brandura de redeas, gentileza da fig u ra , etc. Nas fes
tas executadas em S. Paulo pela acclamação da' cida
de, no anno de 1712, fo i um dos mantenedores da XI
escaramuça a dois fio s ; c no jo g o das sortilha s teve
applausos pela exce llen da das sortes, cuja acclama- Não se pódc fazer uma idéa da im portância da-
ção subiu a to do o auge quando, de um g o lpe , sepa qu clla nobresa paulista, e dos excessos até onde era
ro u com a espada o pescoço de um touro». D o org u capaz de ir o o rg u lh o de fa m ilia naquellcs tempos.
lh o de fa m ília d e ixou este homem a prova num crime Ainda em relação á arrog an tia, ao esp irito de inde
sensacional, que perpe trá ra e pe lo qual fo i condemna- pendência e ao sentim ento de poder e de grandeza,
do a forca, sendo a sentença pela qualidade do réu ha nas chronicas de S. Paulo manancial inexaurível
reform ada para commutar-se o genero da m orte, que para os que desejassem c x plo rá l-o . Um caso pe lo
da ign om inia da forca passou a ser executada em alto menos temos de c itar, porque c typ ico daquella so
cadafalso... O b rig a d e iro José Joaquim Machado de ciedade, cuja psychologia ficará incomprehendida se se
O live ira , homem de guerra, p o litic o e historiador, não destacarem sim ilhantes figuras, de um enlevo
pertencia igu alm cntc a esta illu s tre fa m ilia . O sabio csculptural. ^ s ,l‘ '' oin dos mais estranhos, tanto pelo
H ercules Florence ligou-se com um dos sub-ramos
dos O liveiras. Garcia R odrigues, casado com Isabel
Velho, é também dos mais antigos povoadores de
S. Vicente, e deu com eço á fa m ilia dos Garcias Ve
lhos. das mais d istin ctas da capitania. Com M artim
A ffo n so de Souza vieram para S. Vicente Braz Cubas
e seus irm ãos A n to n io Gonçalo e C atharina, fidalgos
de a lta linhagem , e que, ligando-se a outras da no-
b r r s j. crearam fa m ilia s distinctissim as na capitania.
O u tro colono dos que seguiram M a rtim A ffonso,
que fo i grande am igo do alm ira nte como pessoa de
reconhecida nohresa, fo i H en riq ue da C unha, proge
n ito r de grande fa m ilia . Também fo i dos p rim itiv o s
povoadores da capitania A n to nio Rodrigues de Alva
renga. Teve um irm ão, M anoel R odrigues de Alvaren
ga. que se estabeleceu n o R io de Janeiro. Am bos cons
titu íra m fa m ilia s de le g itim a nobresa. Provavelm en
LEITO E OUTRAS PEÇAS HO TEMPO COLONIAL
te nos escapam algum as das prim eiras fa m ilia s da'
te rra paulista se bem que já é m u ito o que aqui
damos. D epois de M artim A ffon so, continuaram a vu lto que se realça diante de nós, como pela o rig in a
e n tra r na capitania in fin id a d e de homens1illu stre s nelo lida de do contorno e pela feição sing ula r que deu
nascim ento; e te ríam os de encher numerosas paginas á lenda. É o caso do padre José Pompeu de Alm eida,
se os quizessemos indicar todos. Basta re fe rir os de c uja vida nos dá Pedro Taqucs um quadro commo-
m ais conhecidos, e que foram os p rincípios dos Le vente. «Este padre, escreve o chronista. afastou-se
mes, Buenos da R ibe ira. Camargos, Carvoeiros, Ra inteiram ente da urbana c ivilid ad e que praticavam
posos. Góes, Penteados, Pedrosos, C erqueiras. Dias. seus irm ãos. T eve genio desconfiado e a ltiv o ; vivia
Savedras, Gayas, Guedes, Furtados. M oraes. Freitas, na opulência dos bens patrimoniaes, e sempre r e ti
Costas Cabraes, C ubas. Pintos, A rrudas, Botelhos, rado. Neste desconcerto lavrou o seu p rin c ip io , posto
Laras e m u ito s outros. Essas fa m ilia s se entrelaçaram que n e lle mereceu a contricçào para alcançar a divina
quasi todas fo rm an do o estofo da população, uma m isericórdia, como piam ente cremos. Achando-se em
verdadeira aristocracia, cuja in flu en c ia não é possí S. P a ulo o p rim e iro bispo d o R io de Janeiro, D . José
vel desconhecer na civilisação do Brasil. Um dos phe- de Barros de Alarcão, capacitando-se o padre Pom
nomenos mais curiosos, oriun do s desse accumulo de peu que nem ao prelado devia prestar obediência,
gente representando na nova te rra as tradições do até o ponto de rom per no temerário desafogo de que
V e lho M undo, po is a li se encontram quasi todas as S. Aã. não era capaz de o te r por subdito, não accei-
nacionalidades da Europa, é a com petição de pree- to u as suas suaves admoestações, e nem attendeu ás
m incncia em que entraram m uitas dessas grandes rogativas com que o mesmo prelado o chamava ao
fa m ilias. Em S. P a ulo foi tão fo rte o elemento aris seu agrado, quando soube da tenção do padre Pom
to crá tico que fez desapparecer inteiram ente qualquer peu, o qual, desprezando também os repetidos conse
in flu en cia que a massa anonyma pudesse te r exercido. lhos de seus irm ãos Lourenço Castanho e Pedro
Em compensação, se não houve c ollis ão entre as Taques de Alm eida, e mais parentes que trabalhavam
classes dom inantes e o elemento plebeu commum, para afastá-lo da perigosa resolução, resolveu pas
houve lutas de fa m ilia s , como rtn varias capitanias sar-se ás ín dias de Espanha, seguindo a navegação
do norte egualmente se deu. N ão te ria fim esse tr a do r io T ietê até dar ao R io Grande (Paraná) e por
balho si fossemos a re fe rir, sob este aspecto, o que este abaixo até to m ar a barra de o u tro rio , que vai
das velhas chronicas não é d iff ic il c o llig ir . Baste- acabar em terras do e s tre ito do barbaro ge n tio Ca-
nos, p o r isso, lem brar a riva lid ad e trem enda em que v a lle iro (G ua icun ís) e dahi fazer tran sigo para a
O O O o o 135 o o o o o o
LIVRO DL 'JRO COM Ml: MO RA TIVO DO CENTENÁRIO DA
cidade de Paraguai (Assum pção). Levado dos im preconceito fida lgo , depois que saiu do seu m eio e
pulsos da sua arrogancia, preparou canoas, mantimen se viu longe da côrte... A fin a l o que mais nos es
tos, polvora, balas, cães de caça, p ilo to s e práticos panta é, antes de tudo, não a tyran nia , a om nipotência
cia navegação dos rio s pelas difficu lda de s das cachoei dos potentados paulistas, mas essa p a rticularida de , de,
ras que tin h a de passar; e embarcou 'finalm ente na no m eio de uma população onde havia tanta gente
sua fro ta de causas, sem mais amigos, nem parente op ule nta e de influencia, terem conseguido crear,
algum , c só com seus escravos e alguns C arijó s seus e m anter o seu prestigio quasi absoluto p o r tanto
tempo esses déspotas. Como exp licar esse m ila gre
sem a d m ittir aquella superstição da hie ra rchia que
dom inou na sociedade paulista ainda depois que a
antiga nobresa deixou de ex is tir como classe? O u tro
phenomeno que nos impressiona, convem in s is tir nis
to. é o da transformação que s o ffre o caracter da-
quella aristocracia desde que, esmaecida a sua força
p rim itiv a , se fo i encontrando m ais de perto com a
massa das populações. Como é, pergunta-se, que
aquclles mesmos homens, que eram typos cavalheires
cos, e que faziam tim bre de se m ostrar, p e lo ins
tin c to da cortezania, pela elegancia das maneiras, e
até pelo sentim ento da dignidade pessoal, superiores
aos outros homens e até com pretenções a servirem
de m odelo para outras classes, como é que aquclles
homens se convertem, dentro de um século, em fací
CRAVO DO SÉCULO XVIII
noras estúpidos e cruéis ao ponto de parecerem es
quecidos de si mesmos? Quer-nos parecer que sim i-
adm inistrados, que serviam de pilo to s , práticos e re- Ihante caso de regressão m oral só se explica como
meiros. D istan te de S. Paulo uns sessenta dias de phenomeno de metamorphose avessa ou retrograda,
viagem, to m o u uma ilha no R io Orande, em que ha devida á intervenção de urn cocfficie nte im p revisto na
bitam feras, como onças pardas e tigres, posto quq vida das classes p rim itiv a s da população paulista. O
também tem m uita caça, como são: porcos, antas e fid a lg o , vendo crescer em torno gente anonyma que
veados. N e lla se achava quando, por occulta P rovi se levanta pela riqueza, fo i caindo num grande des
dencia D iv in a , se unia a gente de to da aquella com i p e ito ; e sem renunciar ás suas prerogativas de san
tiva em um só voto, e fu giram to dos nas mesmas ca gue e posição, pelo contrario começou a exaggerar
noas, levando os cães, deixando ainda adorm ecido o até o absurdo o prejuízo da sua força, pondo-se assim
padre Pompeu nessa ilha , da qual de nenhum modo em contraste cada vez mais v iv o com a ordem nova
podia sacar-se. C onjectura-se que viveu por m uitos que se creava, e na qual os seus p riv ilé g io s já não
dias tira n d o o sustento das fruetas agrestes de uma entravam de dire ito como dantes. Sc já lhes não
grande arvore de ja to b á ; porque, quando passados reconheciam o ntando, a qualidade do nascimento,
annos, se deu com o log ar de sua m orte e ossos da
quelle cadver, se observou uma quasi valla na superfí
cie da te rra, do com prim ento de quarenta palmos,
que se entendeu form ara o continuo passeio que tinha
o d ito padre por to d o o tempo que lhe durara a triste
vida...» T radições deste genero, em que rcsalta o
o rg ulho que a opulência requentara no sentimento
exagerado da fid a lg u ia antiga, encontram-se profusas
na his to ria paulista. Chega-se a reconhecer um pheno-
tr.eno m u ito curioso, qual o de uma verdadeira de-
generescencia m onstruosa do preconceito da nobresa,
desfigurando-se num perfeito abastardamento de co
rações aos nossos olhos. Como entre déspotas de
outras eras, quando a honra de senhor consistia njo
desvanecimento com que sacrificava os fracos, entre
as grandes fig u ra s da colonia a g lo ria de um nobre,
o renome de uma fa m ilia estava nos excessos de poder
que lhe punham em destaque a extensão da grandeza
MOVEIS IX} TEMPO IX) IMPERIO
e do im perio. Ê assim que a ufania do fid a lg o tomou
proporções taes que se converteu em instincto de
tyrannia, em «vicio de rix a s e contendas». Para osten o poder da fa m ilia, a grandeza heraldica, hão de
ta r a sua prosapia no meio da massa commum, o acceitar-lhes á força e ostentação do im p ério, o abso
grande senhor fazia-se «valente e destemido como os lu tis m o da vontade: tudo exaggerado até a pompa
tigres», e ia, nos abusos da força, até o que podia sacrilega de matar sem crim e, de p u n ir com os mais
haver de inconcebivel na crueldade c na torpeza das horríveis requintes da crueza e da im piedade, as
violências. Na capitania de S. Paulo, conheceram-se sim ples suspeitas de affron ta. H a de ser esta ta lvez
os exem plos m ais typicos dessa transformação do a explicação do phenomeno. Isso aliás, não é novo,
o o o o o o 136 o o o o o o
■NCIA HA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
na h isto ria . Em Roma encontra-se o p rim e iro exem colonias europcas do N ovo M undo, vêm reproduzir-se,
p lo bem acccntuado. P rincip alm e nte depois da obra entre in fin ida de de outras, estas características de
dos germanos c, portan to , na idade media, quando o uma phase historica m u ito na tu ra l e commum a todas
an tig o pa tricia do de struído começou a resuscitar com as raças.
uma vaga consciência do que tinh a sido, vêm-se, p r i
m eiro as mesmas lutas de fa m ilia s c depois, os des
varios do banditism o, em que caíra a aristocracia, re- X II
suscitada em fu ro r no seu grande despeito. «Durante
a q ticllcs te rríve is tempos da Idade M edia, escreve Encerrados os tempos coloniaes, uma nova trans
Faugéres na R evue M ow H ate , o povo de Roma nàc> formação começa a operar-se na sociedade brasileira.
possuia m ais aq uclla cultu ra requintada que fazia o Com a vinda da côrtc, tu d o fo i mudado. O fid a lg o
encanto da sociedade antiga. Conquanto se continue cortezão matou a fid a lg u ia já desfigurada da colo
a viver sob a obsessão de castigos eternos e sob o nia. C) au lico já não tin h a mais o velho in s tin cto he
te rro r do fim do m undo, esse mJUenurismo, um tanto roico. Imagina-se o que v iria a ser a gente daquella
grosseiro, era capaz de im p ed ir as lutas intestinas, geração a modelar-se pela fig u ra de D. João VI.
as riva lid ad es produzidas pelos interesses materiaes. D urante o prim eiro reinado, houve v elleidades de
E ntrincheirados nas ruinas dos velhos castellos, m o rcaeção contra tu do a q u illo que tinha pro du zid o uma
num entos subsistentes da antiga grandeza passada, especie de espasmo da raça. Pedro 1 era um contraste
passavam as grandes fa m ilias a entrar em collisões v io le n to com o pae, c p o r um instante, sacudiu em
umas com as outras. O s Gaetanis chegaram a a rtilha r volta de si outras alm as, á força de desvarios des-
os m uros do tu m u lo m onum ental de C ecilia M etella, affron tad os do falso heroísm o ancestral. Com a Re
na V ia -A p p ia . D a li extorquiam tu do aos peregrinos genda, desappareceii o que nos prim e iro s assomos
christãos, cuja fé os levava a venerar o suprem o pon de çoinedia tinh a fe ito D . Pedro. E, n o segundo
tific e . que veio a ser um dia aquelle famoso B o ni im p erio, depois da sua phase rom antica du ran te a
fa cio V I I I , como p o r um capricho do destino, mem m ocidade do im p era do r, ty p o de be lleza v a ro n il e
b ro daquella mesma fa m ilia de bandidos de alta en m oral, todas as tradições se fo ram apagando: en
vergadura, a ostentar brazões para dar ás façanhas a tram os na confusão universal com as m odas de Paris,
apparencia de nobreza. Os F rangipanis estavam no com as visitas de principes e em baixadores. A socieda
C oliseu, e occuparam o tu rris cartu laria, entre os de brasileira, se não a perdeu de todo, pe lo menos
restos ainda augustos do te m p lo o u tr’ora dedicado começou a ver cada vez m ais desfigurada a sua o r ig i
a Ju p ite r Stator, c consagrado pela grande voz de nalidade. E xtinguiram -se em fim as duas nobresas
C icero, enquanto os C recentis (estes te m iveis C.cn- de sangue: a c o lo nia l c a cortezã. In s titu iu -se outra
cis ), numa no ite de N ata l, se apoderaram da pessoa fôrm a de ser nobre a do esforço pessoal, a da
do papa G re g o rio V II para o esconder nos seus cala in te llig e n c ia , a da responsabilidade, de cada um no
bouços, e ameaçavam a segurança dos cidadãos e drama do m undo. M as ainda neste m om ento em que
dos po ntifice s refugiados n o theatro de M arcello, nos encontramos, não seria d iffic il m o s tra r como sub
nas ruinas visinhas d o P o rtic o de Octavia, de onde sistem vestígios das epochas remotas, em que a
em seguida fo ram desalojados pelos Pierleonis'». Toda ordem social teve de assentar sobre as tradições que
a h isto ria , não só de Roma, com o de todas as repu constituíram nos prim e iro s tempos da colo nia a si
blicas italianas da Idade M edia, está cheia dessa9 tuação excepcionai daquella classe de fa m ilia s que se
proezas e lutas de grandes scelerados e dc fa m ilias, arrojaram o d ire ito de d ir ig ir a massa das popula
cujo im p erio não afundaria nos tempos sem protestos ções e caracterizaram a existência da sociedade aqui
dc sim ilha nte natureza. Devem mesmo tacs obser fundada.
vações extender-se a toda a Europa, no mom ento em
que entre os varios povos passam do regim e a n tig o
Elysio de C arvalho.
para os dias da sociedade moderna. Eis ahi como na
Am erica, não apenas em S. Paulo, mas em quasi
todas as capitanias do Brasil, c até entre todas as Rio de Janeiro, 10 de setembro de 1922.
O O O O O O 137 O O O O O
AS BASES G E N E T IC A S D O NOSSO D IR E IT O C O N S T IT U C IO N A L
E O L IB E R A L IS M O P A T R IO
O O O O O 138 O O O O O
CENTENARIO DA IN D IP P N I >.4 EXPOSIÇÃO
(>) Carie — La Vita del Diritto, 1890, XXXIV. (') Augusto Conte — Systeme de Politique Positif.
(*) Vanni — II Problema de la Filosofia. Del Dir. (*) D'Aguanno — La Genesi e L'cvoluzione del Diritto
1890, pag. 55. Civile. P. Ger. Sec. l.a, Cap. III.
O O O O O O 139 O O O O O
LIVRO DE OURO COMME MORA TIVO IX ) CENTENARIO DA
«Saturno devorando os seus pro p rio s filh o s ; renova cultura, c cuja educação não refle cte, a liá s, as in
ção algum a lhe é possivel sem rom per com o passa fluencias do meio nacional, mas a in flu e n cia de meios
do» ( ') • exoticos» C ).
E te nd o em attenção taes princípios e conside Apenas em parte procede a a ffirm ação do douto
rando que «o organism o ju rid ic o de um povo, como escriptor.
o org an ism o social, nasce em fôrm as modestissimas, Realmente fo i urna m in oria de e lite que, em re
e vem a se desenvolver, gradativam ente, atravéz d’lim a gra, mas nem sem pre de ntro da par, lo g ro u , linda-
len ta e continua superposição de partes, unia inte mente, as m elhores victorias para a form ação do nos
gração e um a differenciação progressiva» ( -), que so libe ia lism o, mas não menos certo se nos antolha
passaremos a ensaiar um ráp id o e summarissim o es que ella fo i, em grande parte, a fix a d o ra de energias e
corço h is to ric o de nossa vida ju ríd ico -con stitucio nal, sentim entos que, diffusamente, porfiava m , na exsu-
ta nto qu an to a pequenez do espaço e a restricção dação dos habitos e tendências atavicas, p o r a d q u iri
to rtu ra n te d o te m po n o l-o perm ittem . rem a fe ição e o s contornos pro prios.
O Brasil pertence ao gru po d ’esscs paizes que
Posada dá, n’este pa rticular, como semelhantes, sob
m uitos aspectos - Hespanha, P o rtug al e, quiçá a
II Ita lia , os quaes, em m eio ás differenças, apresentam
muitas semelhanças, tendo o que se pode chamar
OS ASPECTOS E S IG N IF IC A Ç Ã O DE N OSSO o libe ra lism o m erid io n a l da Europa, lib e ra lism o m o
L IB E R A L IS M O C O N S T IT U C IO N A L derado, antes con structor do que d e struid or, ven
cendo mas respeitando a autoridade. O m ovim ento
libe ra l do scculo X IX se differencia, perfeitam ente,
Quando deparamos com as conquistas liberaes do do scculo X V III, como o accentuava, com fe
d o nosso con stitucionalism o, desde logo nos assalta licidade. Alm eida G a rret havendo sido a revolução
a necessidade de buscarmos suas causas genetico-evo- do século X V III um a fo rte e brusca «detonação ele
ctrica- que se communicava, crescia c crescendo des
O p rim e iro grande m onum ento le g is la tiv o que truía e abrazava; a do p rin c ip io do X I X era uma
tivem os lo g o á alvorada de nossa independência, força magnética, valente, poderosa, sim , mas sere
quando ainda a Nação reccmnata no m undo p o litic o na, que chamava mas não im p e llia , atra hia mas não
autoctonico luetava com as investidas reconquistado- centelhava. T enho por exacta esta comparação. A re
ras da mãe patria, fo i uma C on stituiçã o verdadeira volução das duas Peninsulas era m oderada e pa cifica ;
m ente lib e rrim a para a épocha, im buída dos p rin c í a liberdade trium ph an te propoz aos tyran no s con di
pios m ais essenciaes nos povos cultos, então, des ções honrosas; cedeu para que elles cedessem; fez
cendente bastante p ro xim a dos grandes preceitos pre até sacrifício da justiça para que sacrificassem elles
gados pelos encyclopedistas e já esposados nos E. U. a injustiça... E cm verdade parecia que no b e llo e
da Am erica do N orte, como victorioso s na’ França. doce clim a do M eio-d ia devia nascer esse systema
Essa obra que fo i, em parte, aproveitada pela indulgente, generoso e tole ran te, que até com as
R epublica, em algum as de suas marmoreas colu m fraquezas da humanidade transigia... Liberdade sem
nas, é o m elhor padrão de g lo ria , de que a nossa sangue, igualdade sem desavenças, re lig iã o sem fa
h is to ria pa tria, sob to dos os pontos de vista, pode- natismo, m onarchia sem despotism o, nobreza sem o li-
se o r g u lh a r ; ella reflecte, incontestavelm ente, pen garchia, governo po pu lar sem demagogos».
samos, o esp irito adolescente d ’uma raça em fo rm a As nossas condições clim atéricas, os nossos sys-
ção, é como que o galvanom ctro pelo qual se pode temas orographicos e fluviacs, aquclles, com as suas
ria a fe r ir das suas pulsações, o apparelham ento de grandes m ontanhas, os altos píncaros das serras p ro
perscrutação de emoções, das tendências mentaes ain longadas, na zona montanhosa, configuração, esta,
da que não cultivadas, do temperam ento, enfim , d'uni pro pria, segundo alguns escriptores ( B lu n ts c h ili, M o n
povo. tesquieu, Posada, etc.) para a form ação d o lib e ra lis
Essa nossa magna Carta das liberdades, de que m o ; com os seus caudalosos rio s , os innum eros a f
teremos de dar rapida impressão, seria o p ro d u c to es fluentes, n’lim a rede in fin da e fe rtilis a n te , de quan
té r il e infecundo de m eios esp íritos de e lite , ou, do tm quando se pre cip itan do nos form idá veis s a l
ao invés, o re fle x o d ’um temperam ento ethnico-an- tos para o ahysm o; o m anto imm enso de esmeraldas
th ro p o lo g ic o de raça sob influencias mesologicas? que de sul a n o rte vae costeando a te rra, ora a g i
O b rilh a n te esp irito d ’esse pensador p a trio, que tado, ora tra n q u illo , esse m ar que não poucos es
é O liv e ira Vianna, n’uina d’ essas obras que ficam criptores, como Lom bardi, Posada e o u tro s lem bram
pe lo m u ito que têm de documentação historica e idea que «pela poesia que inspira aos homens, p e lo com
ção, escreve: «Libertam os-nos da m e trop ole ; lib e r mercio e ps industrias a que habitua», tem uma tã o
tamos-nos da escravidão; libertam os-nos da Ig re ja — grande in flu e n c ia ; a grandeza estonteadora da nos
sem effusâo de sangue.. Essas liberdades são, real- sa natureza uberrim a, pro du zin do as m attas espessas,
m ente, apenas comprehendidas e sentidas p o r uma onde os destroços seculares da m orte se accumulatu' e
m in oria de homens excepcionaes pelo ta le nto e pela as crepitações da vida se m u ltip lic a m em syntheses
energeticas assoinbradoras, fo i, to do esse conjuncto,
o o o o o o 140 o o o o o o
MANOEL O UESADA
R I O d '- . J A N tlR Q - jft
mi <v _r
com e ffc ito s bem exlrem am ente menores e por fa tio sentim entalism o africano, tinh a, naturalm ente, a
ctores actuantes dissemelhantes na apparencia, mas, fusão de elementos taes n ’um h a b ita i dc tal ordem,
da mesma cathegoria, na th e o ria da causalidade, o que gerar uma raça cujo tem peram ento devia, ata
que f o i essa porção da te rra, n o extrem o norte do vicamente, possuir um sentim ento d e fin id o da in d i
nosso con tine nte — os Estados U nid os — onde, no vidualidade, fo rte e en rijada aos embates da lucta
d ize r de T o cq u e v ille , tu do é «grave, sério, solemne; com o desconhecido, defendendo ciosamente, porque
dir-se-ia que cila fô ra crcada para se to rn a r o do lyricam ente a am ando, to das as exteriorisações do
m in io da inteligência»'. p ro p rio eu e como consequência d ’esse sentim ento
N ão queremos aqui esposar os exageros da theo da ind ivid ua lid ad e veio a idéa sempre imprecisa da
ria do m e io physico tã o pugnadas por Buckle, que liberdade, como emanação em otiva do que, effecti-
as d iv id iu em q u atro cathegorias ( ') , Bagheot, M on vamente, era - o sentim ento da independendo.
tesquieu e o u tro s , na fixação de suas leis, mas apenas A psychologia d ’ um povo em form ação pode-se
in te g ra r taes factores em outras causas actuantes va comparar, sob certos aspectos, á de um in d ivid u o ;
ria s. C e rto é, porém , que, como fazia sen tir Blun- o superorganism o que é a sociedade, é em seus p r i
ts c h ili «um povo que vem se estabelecer sob um céo m órdios, n o po n to de vista de sua massa collectiva,
no vo se tran sfo rm a lentam cnte no physico e, ta l guiado mais pela consciência a ffe c tiv a do que pela
vez, m ais no m oral» (l ). in te llec tu al e a t ila se applica o que R ib o t conceitua
P o r o u tro lad o o factor-ra ça não póde deixar com relação ao p a rallelism o d ’esses dous typ os de
de ser apreciado, ainda mesmo que se lhe não dê consciência na evolução organico-psychica d o in d i
a im p ortâ ncia que lhe emprestam Freeman, M o tle y , v idu o: «a consciência p rim o rd ia l é puram ente a ffe
Erskine M a y, De G obineau, T ain e, etc. ta n to mais ctiva. Sobre e lla repousa a psychologia inte llectu al
que sc nas antigas cidades gregas, cm que se c i que, pela variedade, a riquesa, a com plexidade de
m entava a unidade nacional pelas representações das suas operações, occulta a outra.
trag éd ias de Eschilo, ou na Roma antiga, onde os es «D’onde essa frequente illu s â o de que ella (a
tra n g e iro s eram o in im ig o não amparado pelo fits consciência in te lle c tu a l) é fu ndam ental e unica exis
c h i l i rom an orum , era fa c il perceber a influencia p r o tente» (Problém es de P sychologie A ffe c tiv e ), te ndo
longada e secular da raça defendida contra as in os psychologos podido com parar a conscienda a ffe cti
flue ncia s externas, hoje, como bem faz s e n tir Po va a uma athm osphera d ifu sa, d iz R ib o t, que ora
sada, d iffic ilm e n te se encontrará um paiz, que, te n densa, o ra ra refe ita, envolve to do s os phenomenos
do «entrado no jo g o da civilisaçâo, possa se con intellectuaes e as attitudes mentaes e só a pouco e
side ra r com o expressão dos sentim entos puros e ca pouco a faculdade cognoscitiva, com o seu desen
racte rísticos d’uma raça qualquer». v olv im en to, tran sfo rm a e alarga o campo da cons
N ão é de esquecer que somos oriun do s de um ciência a ffectiva , suscitando-lhe novas form as asso
po vo cuja civilisaçâo alcançára, então, seu apogeu, ciadas a representações e conceitos.
e cujas fo rças pro pu lso ras eram tão energicas, em M as, a idéa força da liberdade, em seu conceito
suas passadas e g lo rio sas eras, que poude se exceder mais p u ro e elevado, o que é senão a gradativa,
na crescente esphera de sua acção, ainda que, é cer progressiva e h e red itaria transform ação do sentim ento
to , com d u ro s a c rific io de suas reservas e thn olog i- da independencia in d iv id u a l, que, a pouco e pouco,
cas, sa c rific io prepa ra do r da fu tu ra e dem orada sur- vae sendo p o lid o e, a mais e mais, não só enriquecido
m enage; o riu n d o s d ’uma raça ly ric a , contempladora pelos neutralisantes contactos frenadores das acti-
e ousada executadora de ideaes largos, então; e, vidades sociaes civilisa do ra s, como rectifica do , ju s
não só, vindos d ’um povo em que se in filtra ra , pela tamente, p o r «essa m in o ria de hom ens excepcionaes
invasão arabe, a que A ugusto C onte emprestava a pe lo ta le nto e pela cultura», c u jo papel é precisamen
m axim a im portância, um apreciável acervo m ental e te quer o de absorpsores e fixad ore s das idéas que
c iv ilis a d o r, sendo, além do m ais, essa raça a de um pervaguciam imprecisas pelas camadas superiores e
povo com bativo, habituado atavicamente, p o r o u tro não fa cilm en te attin g iv e is d’ uma raça, quer o de
lad o, ao tra to dos grandes m onum entos leg is la tiv os caldeadores das forças universaes da civilisaçâo no
do d ir e ito rom ano, que adoptára, a prin c ip io , para, grande cyclo de sua eterna ronda atravéz dos con
após, re fu n d il-o s e m o d ific a l-o s ; origin ad os de uma tinentes e das raças?
raça habituada ao sentim ento f ix o da p ro p ria in d iv i N ão defendemos aqui a th eo ria exclusivista do
dualid ad e, de seus pendores e de suas iniciativas grande hom em , levada a seus erroneos extremos nos
rcalisad oras c, pois, ciosos seus elementos com po H eroes de C a rly le , quando pretende que «todas as
nentes do resguardo do p ro p rio eu, pelo m u ito que cousas que vemos no m undo não são mais que o
tivera m de executar pe lo m undo em fó ra ; mescla resultado m ate ria l e x te rio r, a realização p ra tica da
dos, parallelam ente, taes elementos ethnicos com o encarnação dos pensamentos que têm v iv id o entre
elem ento selvicola que não conhecia ou tros freio s os grandes hom ens enviados»; pensamos c proclam a
senão os seus p ro p rio s appetites, mas cheios d o a r mos, apenas, a necessidade de se encarar as perso
d o r e bravura d’uma raça inco lum e e que era o nalidades historicas e os grandes expoentes repre
écho te rrív e l da natureza op ule nta , trove jan te e como sentativos da in te llig c n c ia , como o fe liz producto,
que na eterna tempestade de energias in fin d a s ; e, elles mesmos, de causas historicas e contingentes.
bcin assim, mesclados, ainda, com o fo rte e doen- Entregáe os destinos d’ uma nacionalidade nas
horas de agitação e torm en ta á vontade colle ctiva
não capaz de sêr leaderada, e te re is a anarchia e a
dissolução; entregáe-n’os, nas horas rclativam ente
(>) Buckle — History o f Civilisation, Int. cap. II.
**) Bluntschili — Theorie de 1’Êtat, L. Ill, pag. 205. m ais tran qu illa s , mas de francas transform ações, e
o o o o o 141 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATtV t DO CENTENARIO DA
O O O 142 o o o o o
INDE PENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
certo que m uita s das innovações não se adaptavam, fe ita p o r cerca de 1.000 homens, em impeccavel o r
radicalm ente, pela fa lta de preparo do terreno, não dem gu erreira, sob o commando do velho Pedro
podemos d e ix ar de reconhecer que a acção de presen Taques, lentam ente caminhando sobre a cidade de
ça, o poder actuantc e educativo, o contagio mental Santos para desafrontar um parente, provedor da Fa
exerciam sua benefica influ en cia c eram ou tras tan zenda, que fô ra desautorado na defesa do fisco p o r
tas fo rças de actuaçâo d ’umas gerações sohre as ou um pro te g id o de D iog o P into d o Rego, é o sym
tras, pois é certo que, como escrevia, com a a u to ri b o lo d ’uma epocha, como o é, equivalentem ente, o
dade de s ocio log o em inente, H erbert Spencer, a celebre t conhecido episodio da expulsão dos je s u í
le i escripta ou não, fo rm ula a autoridade do m orto tas em S. Paulo.
sobre o vivo. A o po de r que as gerações passadas Mas essa caudilhagem o que é senão a d e ri
exercem sobre as gerações presentes, ás quaes ellas vação psychologica d'esses espíritos agitados, trans-
transm ittem seu caracter, physico e m ental, ao po bordantes de energias possantes hauridas e filh a s d ’um
der que as gerações passadas exercem sobre as pre m eio portentoso energeticamente, e, como fa tal con
sentes pelos habito s privados c as maneiras de viver, sequência, taes ind ivid uo s tendem a dom inar, visto
é preciso aju n ta r o pode r que aquellas sobre as u l que absorpsores, porque fo rtes.
tim as exercem pelos regulam entos de conducta pu F que o phenom eno do caudilhism o entre nós
blica tra n sm ittid o s ora lm é nte ou p o r cscripto» ( ') . fo i, em seus horisontes aliás lim itadíssim os, re la tiva
m ente, e que m u ito longe deixam o vasto cau dilh is
m o p o litic o dos mais paizes sul-am ericanos até ain
da o seat lo passado, apenas uma mera derivação psy
chologica da porção d ’uma raça fe bric itan te de ener
gias, prova-o a facilidade extrem a com que am or
A q u i desde que a nacionalidade se fo i fo rm an teceu de pro m p to quasi log o que fe ita a independên
do, fo ra m , a pouco e pouco, se fixando essas q u ali cia começamos a entrar na ordem le g a l; mas elle
dades de fo rtalez a e resistenda physica e m o ra l e com prova, p o r o u tro lado, deante dos p rincípios já
de virtud es rudes, mas não menos apreciáveis. expostos que a raça herdeira d o sentim ento de in
Na lucta com o desconhecido e nas investidas dependência era uma raça cujas energias vivas e
con tra as d iffic u ld a d e s cyclopicas da natureza aterra activas, umas, latentes, outras, tinham uma noção
dora em sua grandeza infin da , tivem os a prolongada arraigada da pro p ria ind ivid ua lid ad e e eram um cam
e ina ud ita acção d ’ esses bandeirantes, cujas jo rn a po p ro p ic io para que podessem m edrar as sementes
das conquistadoras são uma epopéa dardejante de novas disseminadas pelos espíritos de e lite na sua
ousadia e desternor e áo mesmo te mpo de compres acção caldeadora das civilisações.
são, penetrando pe lo sertão virgem em fó ra e a se
desenrolar n'um a continua formação de caracteres en
rija d o s, que teriam de sêr os antepassados de es
tirp e s combatentes fu tura s na lucta pelo bem estar
in d iv id u a l c social d e ntro de normas não tyrannisa-
doras, e em gestos sem pre anhelantes de liberdade. Deve-se te r em vista que de struído está o pre
A isso se teriam de a llia r, por um correla to phe conceito de que fom os um paíz inicialm ente povoa
nomena de pa ra tlc lis m o e derivação historica, as ma do, em grande parte, p o r degradados. P rim e iro , p o r
nifestações d ’uma caudilhagem , g o tte jan te de sangue que degradado, antigam ente, tin h a uma significação
e tran sbo rd an te de auto rita rism o avassalador, per m u ito diversa, po is na m aior p a rte eram sim ples per
durante de 1600 até o p rin c ip io de 1800; e para seguidos p o r idéas p o liticas ou preconceitos sociaes
fazermos uni calcu lo approxim ado da força de que e nada possuíam, communiente, de ign o m in io so ;
esses caudilhos dispõem, é necessário considerarmos no liv ro V das cruéis O rd. P h ilip in a s a pena <le de
a m aravilhosa capacidade de organização m ilita r por gradação era, a cada m omento, applicada e, como
elles revelada na form ação de seus claros gu e rre i faz s e n tir Pereira Silva ( ') , sendo uma penalidade
ros» ( O liv e ira V ia nn a), mas, no entanto, esses po extendida a mais de 250 casos tornára-se uma pena
te ntados, em S. Paulo, teconhece-o O liv e ira Vian meramente correcional, quasi, applicada até mesmo
na, «são um verdadeiro escól pelas suas origens ao sim ples caso de fazer adivinhações, le r na agua,
aristocráticas, pelà nobreza de seus sentim entos e etc.
pe la sua cultu ra social. Retrincados, viole nta s, o r Accresce que se os donatários das capitanias po
gulhosos embora, são to dos homens entalhados á an- diam para aqui transportar, com o de facto, m uita
tig a , com a severidade, a hom bridade, a dignidade vez, o faziam , degradados, todavia, notava o auto
dos fid a lg o s peninsulares, de que descendem. Na rizado Pereira da Silva, desde meiados do século
sanguinosidade de suas façanhas ha a crueldade da X V II em deante fo i isso prohibido.
epocha; mas, não encontrareis os instinctos da c ri A população do Brasil, quanto ao elem ento po r-
m in alida de vulgar» (*). tugtiez, iniciada particularm ente com expedições m i
Essa dem onstração, te rriv e l e •revolucionaria, mas lita re s e íCasaes para aqui transportados, se desenvol
sig n ifica tiva , pe lo que tem de solidariedade fa m ilia r. veu com a exploração das m inas, como se sábe, e
só cm 1706 p a rtio de Lisboa uma grande fro ta de
97 navios com boiada p o r varios vasos de guerra, fr o o princip e regente e seu grande sequito punham-se,
ta essa que «ia atulhada de emigrantes» e esse m o assim, de velas ao vento, bem lon ge estavam, como
vim ento e m ig ra to rio ta nto se inte nsifico u que a me os nossos patricios, que em se tran spla nta nd o para
tró p o le , re fe re ainda Pereira da Silva, teve de to um continente d’além mar, v iria m p re cip ita r aqui, não,
m ar provid encias para e v ita r o seu despovoamento. apenas, a formação organica d'um a nação de ntro em
Essa população trazia as tradições e os habitos pouco independente, mas, princip alm en te, pre cip itar
do an tig o e lib e ra l regim en m unicipal de Portugal, o rejuvenescimento de altos ideaes democráticos, pela
antes do absolu tism o m onarchico; as eleições muni- força, em parte, d o contagio da m áe-patria, que já
cipaes eram «disputadas com v ig o r c acrim onia », e «a não podendo, então, possuir o te rren o ap rop ria do
campanha de 1707 no Rio de Janeiro fo i das mais para o florescim ento d'uma democracia, fadada, então,
tormentosas», escrevia Pereira da Silva. a fa lh ar e se esboroar pela força dos factores h is to
Esse regim em m unicipal se fo i arraigando no ricos, trouxera, porém, debaixo das espalmadas azas
esp irito nacional, occasionando a formação d’um sen do seu pretendido dom inio, as sementes que encon
tim en to de lib e ra l autonom ia das v illa s e cidades em traram o uberrim o solo virg em a ’ uma nacionalidade
reacção ao poder oppressor e absorvente dos gover cheia de virtudes selvagens e de alguns grandes
nadores das capitanias, acarretando isso, m uita vez, expoentes. N ’essa nova nacionalidade v iria f r u t if i
sérias t graves luctas, que iam estim ulando e crean car e se desenvolver, pela actuação das idéas-forças,
do um caracteristico sentim ento na comprehensâo dos a pouco e pouco, mas a seguros e não anarchiaos
d ire ito s e regalias, bem como de ju rid ic o liberalism o m ovimentos, a frondosa arvo re d’um a democracia res
in icial, con fo rm e teremos occasião de v ê r adeante, peitável.
ao estudarmos o perio do em hriogenetico de nosso O determ inism o his to ric o te ria de se p ro d u zir
d ire ito constitucional. em felizes frue to s; a vinda de D . João V I fô ra ver-
Pode-se dizer, como o faz sen tir esse espirito dadeiramente providencial para os destinos da nova
scin tilla n te e representativo da nossa nova phase l i t e fu tu ra patria.
te ra ria — R onald de C arvalho — contrariando, n'es- Accrescentc-se, ainda, a tu do isso, a circum stan
sa obra de adm iravel synthese sobre nossa littera tura, da im portantíssim a de que a cultu ra das obras re
as erroneas asserções de Buckle, que «aqui, em pou volucionarias d'aq ue lla grande épocha na França e
cos annos, se fo rm o u uma nacionalidade vigorosa, E. U . da Am erica do N o rte se espalhavam, em parte,
composta de homens robustos e in te llig e n te s , cuja no Brazil, como p o r o u tro lado que b ra zile iro s eram
vontade de viv e r independente desde lo g o se m ani e cheios de o rg ulho nacionalista m uitos esp irite s
festou. Assim , quando a M etrop ole s en tio os abalos illu s tre s ; aqui vivia essa fig u ra magestosa e fu lg u ra n
d ’essa energia que despertava inesperadamente, não te de José Bonifacio de A ndrade e Silva, ao lad o de
conseguio mais abafar os seus im pulsos de liberda seus illu stres irm ãos. A n to n io C arlos e M a rtim F ra n
de c autonomia» (■). cisco; o prim eiro , o Patriarcha da nossa independên
Por o u tro lado, e a p a r de tudo, é preciso cia. nascido na cidade de Santos a 13 de Junho de
não esquecer um fa c to r da m aior im portância sob o 17b3, demonstrou, desde a adolescenda, suas la r
ponto de vista da actuação reflexa e poder dynamico gas aspirações e o seu grande es p irito «não era, na
indirecto na psychologia collectiva, que se produz expressiva phrase do Barão Flomem de M e llo (>),
na prim eira década do século X IX — a vinda de para os estreitos lim ite s d ’uma educação colo nia l» ;
D. João V I, aqui se estabelecendo a séde do th ro no depois de se fo rm ar, em C oim bra, em D ire ito C iv il e
e aqui permanecendo quando vinham d’além mar re Sciencias Naturaes, já havendo grangeado renome,
flu ir os e flú vios da mais seria agitação con stitu m al deixára os bancos acadêmicos tivera ingresso na
cional da m etropole. Academia Real de sciencias de Lisboa, p o r quem fôra
Quando o p rincip e regente pa rtind o de P o rtu ao Governo pro po sto para v ia ja r a Europa em estu
gal, n’uma tetrica fu ria deante das hostes invasoras, dos, viagem essa atravéz dos p rind pa es paizes E u ro
a que não dera combate, e com to do o sequito im peus c fe ita trium phantem ente pelos seus trabalhos
perial e seus 15.000 subditos dedicados, que, ple- s cien tificos; n’ essa épocha fe rvia o esp irito m undial
béamente, se acotovelavam pelas náos — n’aquella em meio ás grandes ideas lançadas pela Revolução
noite burle sco-tragica. em que as estrellas eram, na franceza e José Bonifacio se impregnava, assim, do
sua v o lta sobre o horizonte, não apenas os guias es p irito libe ra l d ’esse grande perio do h isto rico para
da rota , mas, também, como que c irio s estendidos a hum anidade; a fin a l resolve-se, em 1819, a v ir em
p o r cima da imagem d’uma pa tria, que, antes glo - busca da patria que lhe fô ra berço p rim e iro e ao
riesa, se c om balira pelo reinado d ’uma beata en- n’o fazer, como se sabe, proclam ava, precursoram ente:
louque'.-da. afin al, e se arrastava no pachorrento co n- <E que paiz, esse, senhores, dizia, para um a nova
m odism o d ’um principe regente, cuja vida se d iv i civilisação e para um novo assento das sciencias?
dia entre os sabores da mesa, os sonhos voluptuosos Que terra para um grande e vasto im perio... de que
da sesta e os sustos e os cuidados pela mãe en mercês precisas? Fom entar e não empecer; basta-
louquecida; quando embarcava ás pressas e alvoro- lhe a segurança pessoal e a liberdade sob ria de
tadamente «ledo, vasando, bocados da nação despeda imprensa, de que J á goza e um a nova educação phy
çada, farrapos, estilhas, aparas, que o secco vento do sica c m oral; o m ais pertence á natureza e ao tempo».
fim disperçára n’essa no ite calada e negra»; quando A q ui vivia, também, esse b ra s ile iro grande ju ris c o n
sulto, philosopho, c rític o e m oralista , que fo i o D r.
O O O O O 144 O O O O
OSCAR MACHADO — Rio de Janeiro.
in d e p e n d e n c e i : d a e x p o s iç ã o i n t e r n a c io n a l
o o o o o o 145 o O O o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENAR/O DA
. Ill nia afim de que fosse feita uma devassa na sua adminis
tração, citados por editaes, ou nominalmente os cidadãos
como testemunhas afim de que o processado fosse remet-
PERIODO EMBRYOOENETICO E FACTORES HISTO tide. á «nctropole, como tudo nol'o refere Pereira da Silva(').
RICOS ACTUANTES Eir meio de seus innumeros poderes, sabiamente eram
os mesmos limitados, em these; assim não podiam prender
por mais de 8 dias e, findo tal prazo, os ouvidores tinham
A organisação político-administrativa do Brasil colo a faculdade de avoccar a jurisdição sobre taes presos afim
nial era de um mcchanicismo todo apropriado á propaga dc ju'gal-os; não podiam ingerir-se em negocios da justiça,
ção e actuação dos interesses da metropole, que, por ella, sustai os processos em andamento, casar com mulher mo
canalisava por além-mar os seus interesses de dominio, radora na capitania, taxar preços aos generos ou fretes,
levando á colonia os orgãos administrativos e de governo etc. Todavia taes limitações eram muitas vezes, praticamcn-
em forma tal a que lhes dando urna certa e relativa auto te, postas de lado e essas entidades assumiam, não raro,
nomia administrativa, os mantivesse porém seccionados, sem um poder absorvente c muita vez tyranico que dava
filiação integradora entre elles e mantendo o cordão um- lugar, de quando em vez, a doloridas representações
helical com a Mãe Patria por meio de instrucçôes fixadas. ao governo da metropole que, com o comtnodismo tão ao
Assim, das 17 capitanias em que, como se sabe, se divi sabor dos monarchas d’essa epocha, em Portugal, não lhe
dia, no século X l\ , a colonia, 10 das quaes principaes e com davam provimento, commummcntc, fal-o sentir o grande
uma maior autonomia e 7 com uma relativa subordinação a historiador ja citado. N’cssa épocha o que mais admira
algumas das primeiras, possuía, cada uma, um governa era a jã tradiccional organisação municipal relativamcntc
dor independente dos demais, cujas prerogatives faculdades desenvolvida, cada povoação a que se concedia o titulo
e funções eram estabelecidas cm instrucçôes; a do Rio dc cidade, ou villa, tinha a sua camara municipal, eleita
de Janeiro tinha o titulo dc vice-rei, (transplantado em 1763 pelos cidadãos inscriptos nos pcllouros c composta dc 4
da Bahia), sendo que os governadores das capitanias prin membros, (officiaes se denominavam) um dos quacs pro
cipaes tinham o titulo de capitães-gcncracs. As capitanias curador, e os demais vereadores, sendo presidida por um
principaes eram todas independentes ao passo que as de Juiz também eleito (eram eleitos 2, mas o mais moço era,
mais eram subordinadas umas a Pernambuco, como Rio apenas. Juiz supplente) competindo-lhes cuidar dc todos
Qrtndc do Norte e Parahyba, outras, como Sergipe á da os interesses peculiares i localidade; eram organizadas, taes
Mahia; Espirito Santo e Sta. Catharina eram subordinadas áo municipalidades, de accordo com as leis geraes do reino,
zice-reinado, ao qual por cxcepçâo também, eram subordi então vigentes.
nadas as capitanias de Minas Qeracs, São Paulo, Matto Póde-sc dizer, escreve Diogo dc Vasconcellos (*) <sem
Grosso, Ooyaz e S. Pedro do Rio Grande do Sul.
Nomeados por praso fixo, eram obrigados ao ter
minar o período governamental, quando outrem investido
das funções, a entregarem o mandato sob pena dc se (') Pereira da Silva — Historia da Fundação do Im
questro dc todos os bens, c bem assim a fazer um rela perio Brasileiro.
(*) Diogo de Vasconcellos — Linhas Geraes da Admi
tório circunstanciado ao seu substituto, como também obri nistração Colonial Rei. á these VI, no Cong. de Hist.
gados á residenda, isto é, forçados a se manter na capita Nacional, cit.. Actas, vol. Ill, pagina 287.
O O O O O
O O 146 O O O O O O
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
grande prejuízo da verdade, que a primeira linha de go nova feição politico-social, precipitando-lhe a evolução fran
verno havido pelo Brazil, foi o municipal em seu sentido ca e decisiva d ’ahi por deante — fôra a sahida de D.
lato». Essa organisaçáo municipal no Brazil lembra o douto João VI fugido de Portugal, sob a pressão compressora c
jurisconsulto Dr. Carvalho Mourào, durante o período invencível de Napoleão.
colonial, operou-se por simples transplantação das institui Aqui se installava o Monarcha, tornando-se a séde do
ções vigentes em Portugal, ao tempo dos primeiros em- Rciro; a influencia dc tal facto, com todas as suai con
prehendimentos de colonização no reinado de I). João III» ( ') ; sequências jurídicas, moraes e materiaes, mas particularmcn-
n'esse periode, com razão faz sentir Carvalho Mourão, o tc moraes, teria que sér, como foi, grande.
municipio, encarado, á luz dos modernos princípios de admi Um acontecimento viria, porém, inevitavelmente, por
nistração publica, se caracteriza por uma «confusão das at- uni determinismo historico, precipitar a natural marcha dos
tribuições administrativas e judiciarias, c ás vezes até mi acontecimentos — é a revolução de 1820 em Portugal.
litares, incumbidas aos mesmos magistrados»; é que aqui, O velho Portugal combalido pela anarchia governamen
como em tudo, essa confusão de funeções e orgãos era tal, solapado pelas invasões francezas c sugado pelo uti-
geral c a olla se applica a sempre verdadeira lei de evo litarista protectorado inglez, tinha, porém, sob a influen
lução, de Spencer, da passagem da homogeneidade inde cia das idéas revolucionarias, que faziam a sua democrática
finida para cterogeneidade definida. ronda pelo mundo, de se entregar ás crises reaccionarias
Tal era o espirito democrático em formação, que es com que almejava praticar a enganadora therapeutica para
sas organizações municipacs tinham já uma conceituaçáo re os seus grandes inales, então, aggravados pelo quasi re
lativamente nitida de sua autonomia, c eram extremamente pudio d'um Rei regente «juc se enamorára musulmanica-
ciosas das suas prerogatives, não admittindo invasões por mente pelas novas terras dc opulência e quietude, para si
part* d->s governadores, tornando-se as luctas intestinas, agasalhadoras, e as quacs a mãe patria se esforçaria, den
d 'lh i oriundas, da maior gravidade; algumas vezes, tal tro cm pouco, por, inhabilmento, agrilhoar em suas for
como aconteceu no Rio de Janeiro c no Maranhão, fir ças incompressiveis dc propulsão.
mavam o principio de que em hypothcsc alguma pode A tremenda revolução hespanhola, que tanto abalára,
ria a Camara ser chamada a conferenciar no Palacio do então, o mundo europeu pelo seu caracter democrático avan
Governador, mas, sim, era este quem se devia apresentar çado, dando logar á formação defensivo-política da Prus
ao Senado da Camara afim de se accordarem os actos e sia, Austria e Russia, rebentando cm 10 dc Janeiro (não
providencias precisas. No Maranhão um precioso documento cm data posterior) c logrando, após combates prolongados,
descoberto por João Francisco Lisboa (*), e que é citado dominar Fernando V II e o fazer jurar a Constituição de
por Pereira da Silva ( ’ ), é bem o espelho d'essa lucta Cadix de 1812, tinha que se reflectir immcdiatamcnte em
permanente, ora aberta c franca, ora apenas dissimulada; Portugal.
assim, proclama-sc n’esse documento, que era uma repre A consequência fatal, já prevista pelo esclarecido es
sentação do Procurador da Camara do Maranhão: ise os pirito do Conde dc Palmeia, foi o revolucionário movi
governadores representam as pessoas reaes, as repub/iras mento constitucionalista, de caracter extremamente demo
(camaras e senados) representam os primeiros governos crático, que sob os reflexos d'essc surto constitucional da
do mundo. Chama o direito ás camaras guardas c vigias da Hcspanha, rebentou em Portugal em 1820 (Agosto); an
lei, por serem republicas formadas dos cidadãos c bons ho tes a regcncia deu ouvidos aos conselhos de Palmeia, ap-
mens que os povos... para em tudo que puderem terem proximou-sc do influente pro-ronsul» inglez General Bc-
por officio melhorarem o serviço de Deus e o de seus resford, conseguindo fazcl-o embarcar c a v ir se avistar
Principes, e o bem communi. Sem as taes guardas e leis com D. João VI, a quem Beresford inspirava muita con
é impossível permanecer uma cousa sem outra. Menos pode fiança, inútil sendo, no entanto, o tardio esforço; a ci
permanecer estado aonde os que haviam de ser guardas dade do Porto tornava-sc o fortissimo centro de preparo
são opprimidos». e secretissima propulsão da revolução, reunindo todos os
Na rudeza do estilo percebe-se o muito que ha de elementos e sendo lida em 5 dc Julho, par Fernandes Tho-
significação historica n'esse pequeno documento e ahi se maz, o projecto dc Constituição, mais adeantado, talvez, do
manifesta, tal como dizíamos, os rudimentos primeiros d'um que a propria de Cadix, mas conservando, com a forma ca
certo espirito democrático. A organização judiciaria tinha racterística das manifestações liberaes na Europa meridio
plena existência, n’uma Justiça autonoma cm suas bases, nal, o Rei e sua dynastia. Conquanto o projecto de F.
apenas com o recurso para as Casas de Supplicaçâo cm Por Thomaz não fosse acceito por ficar assentado respeitar-se
tugal, sendo a magistratura exercida, tal como na metró a tradicçâo da convocação das antigas Cortes ( ') , toda
pole, pelos Ouvidores, Juizes de Fóra, de Orphâos e Or via firma-se a solução revolucionaria, logo após precipi
dinarios, dividido o territorio, a par das jurisdicçôcs de tada pelos actos da regência.
coda entidade, cm duas grandes csphcras jurisdiccionaes Estalando cm Agosto, a revolução se effcctivou fran-
para distribuição dos recursos aos dous tribunaes existen ci-menle pela deposição, em Setembro, da Regencia ahi
tes, um no Rio de Janeiro e outro na Bahia, este composto deixada c alcançou seu franco desenvolvimento com a pro
dc 10 desembargadores. clamação, em Novembro, da Constituição hespanhola de
Essa era, cm rapidissimos traços, a organização politi- Cadix, aquella que fôra na Hespanha, no dizer de Almeida
co-administrativa do Brasil colonial, quando já em franco Garret e Wellington o proclamara, «o mais poderoso ini
desenvolvimento, antes da chegada aqui da familia real. migo dc Bonaparte», pelo alevantamento d'uma immensa
força moral estimulada pelo liberalismo dc instituições e
que foi a barreira a que não poderam resistir nem os
vencedores de Sena, Austerlitz e Marengo». Esse movimen
IV to revolucionário constitucionalista dc Portugal arrastára ás
modificações mais radicaes, cstabelcccndo-se a abolição das
A PARTIDA DE D. JOAO VI PARA O BRASIL. PRECIPI jurisdicções senhoriaes e eclesiásticas, a entrada das pro
priedades das prelaturas, canoninatos, etc., para * o patri
TAÇÃO NA MARCHA DO NOSSO CONSTITUCIONALIS
monio publico, extinção dc varios mosteiros, tributação das
MO. ANTECEDENTES HISTORICOS. LIBERALISMO PO- rendas religiosas, abolição da legislação municipal, judicial
LITICO-OOVERNAMENTAL e fiscal, substituição das camaras municipacs por conselhos
electivos, plena assecuração da liberdade considerada como
«um dos mais preciosos direitos do homem», plena garan
Mas, um acontecimento estava para se dar e o seu
tia da propriedade encarada como «um direito sagrado e in
advento viria emprestar, como emprestou, ao Brasil uma
violável», a fixação dc que «a lei é a vontade dos cida
dãos declarada pelos seus representantes» c que nunca,
í 1) Carvalho Mourão Os Municípios. Sua impor
tância no Brazil-Colonial c no Brazil-Rcino. Rei. á these VII,
no Gong, de Hist., cit. Actas, vol. I l l , pagina 301.
(s) João Francisco Lisboa — Apontamentos para a
Historia do Maranhão. (■) Pereira da Silva — Hist, da Fundação do Imperio
O Pereira da Silva, op. e vol. cits., pag. 179, nota 1. Bras., vol. V, pags. 19-20.
O O O O O O 147 O O O O O O
LIVRO DE OURO COM MEMORATIVO DO CENTENARIO DA
O O O O O O 148 O O O O O O
( S ( / \ ! § ( n ! esas S E M E N T E S
H tF B E S ® C B R B E Í M » i V M C I H C t lllS It F IL M S
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1S5 r m b s j b r b m ^p e a T B ^ o rtug h^
ra, um homem, que, ape/ar cie suas ligações com a Còrtc, pathico a um liberalismo moderado», preferia, antes, ir ao
linha uma visão mais clara e ampla das cousas, vistas encontro dos movimentos reaccionarios para conduzil-os e
atravez d'um espirito mais lucido e senhor dos problemas dclimital-os nas justas medidas. A elle viria se juntar D.
agitados — Palmeia; fôra clle a individualidade, n'essa épo- Pedro I, cujo sangue portuguez mesclado com o hespanhol,
cha, respeitável, pela sua amplitude de vistas, grande tacto lhe dava o typo impulsivo c romântico ao mesmo tempo que
extrema habilidade, força mental para persuasão, preferindo voluntarioso, c que teria, no novo quadro de vida c dean-
tc de perspectivas que esfumadas, quiçá, lhe borboletea
ao liberalismo, mas nunca á anarchia; assemelha-se ao typo vam ao espirito, de desempenhar um importante papel
dos estadistas inglezcv, cujas normas politicas poderá assi historico, preparador c prenunciador de sua actuaçâo futu
milar. Quando, ainda em Inglaterra a Regência manda-lhe ra mais larga ao sêr arrastado a abraçar os ideaes na
pedir conselhos c preparar auxilio a Portugal, Palmeia já cionalistas.
^ A idéa nova adquiria a mais e mais prosélitos, no
negodos internos de Hespanha e Piriugal... e "que
a firmeza exacta, justiça e acertadas e equitativas providen cendo que assumio, inesperadamente, pelo curso natural
cias administrativas lograriam suspender e prevenir tendên das cousas, porém, aliás, uma feição nova, qual a de
cias revolucionarias cm Portugal, devendo-se aproveitar os se batalhar por sêr outorgada ao Brasil uma constituição,
ao lado da dc Portugal, da qual, porém, se não queria
reformar o regiment interno do paiz por meio de cura abdicar previamente, porque se não queria, de nenhuma
radical e não de palliativos insufficientes» (>). forma, ficar cm plano inferior, na conquista das liberda
Aqui chegando a 23 de Dezembro, Palmeia desen des e direitos áquelle em que pairasse a Constituição que
volve logo sua actuaçâo; a elle, depois, se filia o Conde viesse a sêr jurada em Portugal.
Arcos, com cxcepção quanto á Constituição; Palmeia, ini- Foi cm meio a essa atmosphera já carregada de ap-
dára seu tranco trabalho de conversio de D. João, pro- prchcnsôcs que a 17 de Fevereiro aporta o navio porta
curando, cem apreciável elevação, leval-o a um encaminha dor da carta do consul inglez, na Bahia, ao Ministro da
mento mais logico c possível dos acontecimentos. A 2 Inglaterra junto ao throno, trazendo a noticia e o relato
de Janeiro de 1821 o Ministro Palmeia faz um memorial da revolução rebentada na Bahia a 10 do mesmo mcz.
ao Re» e a 5 «lo mesmo mez, um segundo, nos quaes ex Palmeia, na residência do plenipotenciário inglez, recebe,
punha as suas sensatas ideas sobre o momento historico em confiança, essa carta da qual tira uma copia e leva á
que atravessava a Monarchia, e se batendo pelas reformas tremenda nova ao Rei a quem escreve essas doridas pa
liberaes que esposava; a indecisão do Rei, espirito cuja lavras; -com dôr de coração e lagrimas de raiva me vejo
debilidade evidente rcsalta em tudo, se mantinha; Palmeia obrigado, dizia Palmeia, a levar ao conhecimento de V.
Magestade a carta inclusa... O momento é o mais critico
e terrível» ('). Foi a ponte salvadora para Palmeia, que
memoria, onde invocava ao Rei os exemplos da historia vinha prevendo os acontecimentos e prudentemente pugnan
em casos taes, lembrando-lhe os casos de Luiz XVIII, e Fer do pelas medidas precisas; não lhe surprehendia, certo,
nando VII da Hespanha, aquellc se alliando aos justos esse desenlace que, na expressão dc Oliveira Lima, «para
interesses do povo, para lhe outorgar uma constituição, o throno era um aviso, para os liberaes um estimulo, c para
assim evitando a guerra civil, ao passo que o ultimo que o povo um exemplo, a publica adopção de um program-
rendo contrariar o surto do movimento liberal, se encastel-
landc- no seu absolutismo, foi arrastado a acccitar uma cons Os acontecimentos facilitaram a victoria dc Palmeia
tituição demagógica de 1812; Palmeia encontra, porem, que logra obter o historico Dec. datado dc 18 de Feve
a solapar-lhe a acção a influencia neutralisadora do Mi reiro, que, no dizer autorizado do eminente constituciona-
nistro Thomaz Antonio, que temia a queda do throno como lista Ministro Viveiros de Castro, fôra o primeiro pro
consequência das concessões» (Pereira da Silva). jecto governamental dc uma Constituinte nacional, conceito
Entrementes vinha a noticia de que o Pará adherira esse que Oliveira Lima esposa (»). Esse Dec. de 18 de
ao movimento constitucional, e antes já haviam chegado as Fevereiro sómente a 24 foi publicado como o referem Pe
noticias do movimento rcaccionario da Bahia, movimento reira da Silva, Aurclino Leal, Oliveira Lima e outros.
de caracter grave em prol da Constituição. Rebentara, N'essc Dec. dc 18 de Fevereiro, além de se fazer
assim, no solo pátrio o sentimento latente c rustico do li publico a ida do Principe D. Pedro a Portugal, o que,
beralismo, que teria, dentro em pouco, de se desenvolver aliás, não passava d'uma pura simulação conscientemente
cffectivamente no coração do Reino — aqui no Rio de praticada (*), partida essa que se declarava sêr para pro
Janeiro, levando de vencida, calma mas com segurança, porcionar ao Reino o restabelecimento da tranquillidade ge
a passiva resistência do Rei c sua côrte. ral», «estabelecer as reformas e melhoramentos e as leis
O Ministro Palmeia e a figura central, então, do que possam consolidar a Constituição Portugueza», se de
throno, é o espirito esclarecido que buscando entrar em clarava que «não podendo, porem, a Constituição que em
contacto com o espirito brasileiro, sente as suas pulsações consequência dos mencionados Poderes, se ha de estabelecer
e os movimentos que francamente ensaiava por não dei e sanccionar para os Reinos de Portugal e Algarvcs, sêr
xar fugir a opportunidade para alcançar um desenlace fa igualmcntc adaptavel e conveniente em todos os seus ar
vorável do estado de cousas; elle estava ao par do que tigos e pontos csscnciacs á povoação, localidade e inais
lhe transmittiam as autoridades policiacs, do que se pu circumstandas tão poderosas como attendiveis deste Rei
gnava nas lojas maçónicas já fundadas e com ligações com no do Brasil... Hei por conveniente Mandar convocar a
os idênticos centros hispano-americanos que solidariamente esta Côrte os Procuradores que as Camaras das Cidades e
lhes insuflava o espirito novo que tanta guarida encontra Villas prindpaes que tem Juizes Lattrados, tanto do Reino
va nas virtudes latentes e não inexistentes d'uin povo jo do Brasil, como das Ilhas dos Açores, Madeira e Caba
vem, mas já um tanto experimentado nas suas camadas Verde elegerem ', mandando, mais, qua reunidos os eleitos
mais elevadas; o seu «temperamento de conservador, sym- sob a presidência dc pessoa que seria nomeada vnão só
mente examinem e consultem o que dos referidos artigos
fôr adaptavel ao Reino do Brazil, mas também lhe propo
nham as mais reformas, os melhoramentos, os estabelecimen
(■) Pereira da Silva, op. cit., vol. V, pag. 9. tos e quaesquer outras providencias que se entenderem cs
(-) Vide Pereira da Silva, op. cit., vol. V, pags. 04- scnciacs c uteis... E para accelerar estes trabalhos, e pre
60. O liberalismo de Palmeia sc evidencia, ainda quando
em Portugal, pelas cartas confidenciaes, por elle escriptas parar as matérias de que deverão oceupar-se: Sou também
a seu amigo Antonio de Saldanha, e de que dá noticia
Pereira da Silva (op. e vol. cits., pags. 10 e 11); n'uma
d’essas missivas de 0 de março de 1820, escrevia que
qualquer aue fosse o desenlace da revolução, na Hespa 0) Vide Pereira da Silva, op. cit., pag. 73.
nha, em Portugal movimentos analogos sc realizariam e (*) Oliveira Lima, op. cit., pag. 49.
«com El-Rei ou sem clle, sc adoptaria alii um novo sys (’) Oliveira Lima — O Movimento da Independência,
tema de governo que faria vir agua á boca dos portu- pag. 46.
(*) Vide Oliveira Lima, op. cit., pags. 14-15.
O O O O O O 149 O O O O O O
L/VRO HF. OURO c o m m e m o r a t ív o IX ) r r.N ltN A R iO PA
O O O O O
PAVILHÃO DF ITALIA
O O O O O 150 o O O O O
INDEPENDENCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
rando-se n'essc Dccrcto revogatorio que «Havendo Eu dado O Rei que se dispuzera já a partir para a Europa,
todas as providencias para ligar o que se está (arendo em aqui deixaria o Principe D. Pedro como seu Logar-Te-
Lisboa com o que c conveniente ao Braril, e tendo chegado
ao Meu conhecimento que o maior bem que Posso farer Partc do povo começara, já, a se manifestar contra
aos Meus Povos é desde já approvar essa Constituição... o facto de ficar o Principe com poderes discrecionarios,
Hei por bem desde já approvar a Constituição, que alli quando já se havia conseguido fazer a limitação ao po
se está farendo c rccebcl-a no meu Reino do Brasil...» I). der absoluto do Rei; começaram as apreciações, as criticas
Pedro dava mais noticia de que o Ministério havia sido c um ensiio surde de reacção, que teria depois de tomar
demittido. I). Pedro volta a S. Christovâo c incita o pae vulto com o exemplo dado pela Bahia e outros Estados
a apparecer ao povo; I). Joio acquiesce, mas pallido c des
figurado pelos receios, esse timido monarcha, depois de Para contornar as difficuldades e buscar uma solução
sêr carregado pelo povo já satisfeito, apparecc, a chorar calma, a tempo, Silvestre Pinheiro Ferreira «deu razão aos
na janella do Paço e se limita a repetir <«por varias c que assim pensavam» e para evitar que o Rei estivesse
continuadas veres o nome de Constituição» (>). diariamente exposto a semelhantes sobrcsaltos», propoz a
Era a primeira conquista nacional no terreno do cons convocação dos eleitores das parochias (que já se achavam
titucionalismo; verdade é que essa conquista era scllada na Côrte para designar os de comarca, eleitores dos De
pelas baionetas, guardas e garantias das instituições exis putados á Côrte Constituinte de Lisboa), afim de se rea
tentes; verdade, que ficava o c-Vcmplo c é esse mesmo lizar uma especie de Asscmbléa, medida que longe de re
exercito, pouco differenciado, que pouco tempo depois se mover c plano sedicioso, servio de pretexto á sua explo
são», escreve Aurelino Leal (').
após, exige do monarcha brasileiro a dissolução da Consti- h ° arrcmetl° <lc Assembléa, installada a 20 de Abril,
onde Almeida Garret apontando o mesmo vicio atavico de te de mathematicas José do Amaral, o patriota brasileiro
origem em relação ao movimento de 1820 escreve que «por de coração José Clemente Pereira, então Juiz de Fóra,
asse primeiro acto de salutar desobedicncia se julgarão (os no R.o de Janeiro, este um dos secretários da Asscmbléa im
militares) auctorirados a commctter quantos mais lhe pa provisada, compondo-se, porém, cm sua maioria, «da pe
recer, dizendo depois de cada um d'ellcs: •<Salvamos a quena burguezia rural». No desempenho do mandato re
Patria (J) ; mas náo menos certo é que quando as forças cebido de seus compatriotas, ellcs «affrontaram as dcscom-
medidades de longas jornadas, atravez de caminhos dif-
ficeis, e o movimento estonteador da capital. Alguns eram
das leis, passam a sir, com a consciência do sacrificio tão carregados em annos que mal podiam andar, outros tra
que praticam, náo o simples cidadão, que o náo sáo, porque ziam a saúde compromcttida. Todos homens dignos e de
sáo mais alguma cousa, c se investem d'um papel histórico, votados ao bem publico», escrevia Gomes de Carvalho (s).
ett. que as empolgam os destinos da nacionalidade enr seus Como cm toda Assembléa, a psychologia collectiva
unanimes echos, se apresentando, assim, como a synthese d’essa reunião teria de ter imprevistos. Macambóa e Duprat
das energias nacionaes para as profundas modificações insti- penetraram no recinto, apezar de simples espectadores, dan-
do-se logo a perturbação da ordem na Asscmbléa, que,
d irritu da força, mas na força do direito constituendo, dentro em pouco, tornava-sc tumultuosa.
O movimento de 2h de Fevereiro fòra uma d'essas no Foi acclamada a proposta para que fosse feita a ado-
bilitantes syntheses energeticas das vibrações nacionaes, tal pçâo provisória da Constituição de Hespanha, vencendo ahi,
como oito décadas mais tarde seria o da Republica. A clles também, a idéa d'um Conselho ou junta fiscal nomeada
não fòra, quiçá, estranho I>. Pedro, que teria agido por por eleitores, que oontrolasse os actos ministeriaes. A As
detraz das cortinas, sendo essa a corrente de ideas hoje sembléa fòra, assim, apezar da opposição commcdida de al
sustentada por Viveiros de Castro, Oliveira Lima e ou guns, tendo á frente o Conde de Arcos, empolgada pelos
tros; era todavia, o desdobramento da mera actuação da princípios liberaes de reforma ««fosse influencia dos que
logica do sentimento c não do utilitarismo nacional, pois se improvisaram seus leaders, fosse reflexo do estado ge
náo deixa de ter procedência a ponderação autorizada de ral do espirito», escreve Oliveira Lima (3).
Viveiros de Castro (»), quando faz sentir que se o Brasil £ mandada uma delegação a D. João para dar-lhe
constituisse n'essa epocha um todo homogêneo, se os pro conta do deliberado; o Rei, sempre timido, facilmente ac
motores do movimento revolucionário do Rio tivessem uma cede; acontece, norém, que a delegação demora um pouco
larga visão do futuro, este Dec. seria recebido com os a regressar.
mais cnthusiasticos applausos», porque importava uma Consti Essa demora prcoccupa a Assembléa que ia proseguin-
tuinte nacional, além de que lembra ainda o J. C. era de do, ardentemente, pela noite alta em seus trabalhos. Como
nosso interesse quebrar toda solidariedade com as Cõrtcs, é facii se dar nas collectividades, pelos vicios mentaes de
reter o Rei entre nós c tirar d'esse facto todo o lucro psychologia das multidões, essa demora foi interpretada
possível, tal era a politica nacional que o patriotismo es como sendo o prenuncio do secreto embarque de D. João VI
tava impondo». para Portugal; a asscmbléa, na impulsividade collectiva,
O constitucionalismo ia. porém, ganhando terreno. A agindo pela pura logica do sentimento, já, então, ordena,
junta consultiva a -que se referia o Dec. de 18 chcgára a se por emissarios, ás fortalezas impedissem a sahida de qual
reunir, apenas, uma vez c composta por grande numero de quer navio; ao mesmo tempo, sem descanso, proseguem em
brasileiros que vieram1*a se tornar notáveis nas lettras c na sua faina liberalista e resolvem logo eleger a junta fiscal
politica, como Silva Lisboa, Clemente Pereira, etc., se reu ou conselho sobre que havia deliberado, o que fazem. «Pa
nira na propria residência de Palmeia c sob a presidên recia que a asscmbléa não queria dissolver-sc sem haver
cia d’estc (4), havendo Palmeia se batido segundo o au resolvido, escreve Oliveira Lima. todos os problemas da
torizado testemunho do doutíssimo Silva Lisboa a que se vida publica da futura nacionalidade».
refere Oliveira Lima, «pela recepção, pura c simples, da O Rei accedendo aos desejos que lhe foram manifesta
Constituição ingleza», enquanto a maioria votou pela Cons dos assignára o Decreto de 21 de Abril em que se to
tituição que se fizesse em Lisboa. Por Dec. de 28 de Mar rnande cm consideração ««o termo de juramento, que os
ço de 1821 o Rei attende á sollicitaçâo do Estado da Eleitores... prestaram á Constituição Hespanhola»,... se a
Hahia c approva o juramento ahi feito á Constituição. mandava incontinente executar. Entrementes, porém, quan
do a delegação já havia chegado, sob applausos, á Assem
bléa, i trazida ao throno a noticia do que se passava, das
OOO OO O 151 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORA T/VO CENTENÁRIO HA
ordens ás fortalezas, causando tudo muita emoção na Casa Iciros e portuguezes de que sc poderia fazer uma obra
Real, chocado, também , D. Pedro com a precipitação e idéa hartronica c adaptavel ás duas nacionalidades, digamos as
do Conselho, sendo, afinal, após debate, resolvida a dissolu sim, i Metropole e ao Brasil sob a regencia; cêdo as es
ção, á mão armada, da Assembléa, quasi ao romper do dia perar ças se esvaíram, porque cêdo os sentimentos absor-
seguinte. Assim, quando já a Assembléa ia finalisar seus psores c dc opprcssâo das Côrtcs se manifestavam, de
trabalhos recebe a intimação militar, por ordem do so- parte dos representantes portuguezes, em vista das no
ticias idas do Brasil e reveladoras d'uma franca reacçáo
zer a eleição da junta, devido á prorogaçào obtida, as a todo anti-historico movimento de oppressão contra o
tropas, contra a ordem do commandantc, mas obedecen-
brasileiros tiveram de sentir, face á face, a humilhação que
opinião geral arrancadas pelo seu herdeiro» (Oliveira Li- se pretendia para a patria nascente, que nâo renegava a
4na) avançaram contra a Assembléa, dissolvendo-a a pon mSe-patna portadora de tantas glorias passadas, mas que
ta d'armas, ferindo, entre outros ao illustre Clemente Pe se não siibmettia, na predestinada consciência de seu fu
reira, baptisando e coroando, assim, com o sangue a sêde turo papel, ás humilhações que se lhe pretendia impôr; e
de liberdade. Pelo Dec., que traz a data de 22 de Abril, como consequência ás duras e cruas perspectivas d'uma si
D João revogava o Decreto da vespera, sob o fundamento tuação tal, que outro fim não tinha senão o de recoloni-
da que agira n’um falso presuposto de que aquillo sobre que sar o Brasil, Antonio Carlos, Villcla e alguns outros sou
se lhe representava era a emanação dos votos do povo, beram se ccllocar á altura que sua historica missão impu
mas que sc verificara o contrario — «era a representação nha reagindo, negando-se uns a continuar a collaborar
mandada fazer, dizia, por homens mal intencionados, e que na elaboração constitucional, embarcando outros quasi ás
occultas para fugir a qualquer reacçáo e assignando, ou
Esse Decreto de 22 de Abril, evidentemente inspirado tros, revelando certa e imperdoável fraqueza, o texto de
por D. Pedro é a photographia moral do Rei; elle, na finitivo da constituição elaborada, o que, aliás, nâo fõra
realidade, nenhuma modificação lobrigára, modificação, sim, senão a continuação da fraqueza da maioria. Fracassava,
sc dera em si, como sempre, atravez dos acontecimentos; assim, toda a fuzão entre o movimento constitucional por-
era a versatilidade do seu espirito que sc manifestava, .re tuguez c as directives politico-constitucionaes do Brasil,
ceitando de bõa mente aquillo de que, ao dia seguinte, lá manifestadas. Essa irritante, contraproducente e irracio
se despia com a maior facilidade; praticára, talvez em nal attitude das Cortes de Lisboa, iniciada com o Dec. de
verdade, um acto impensado para, ao dia seguinte, agir 24 de Abril de 1821, ê, no emtanto, tanto mais para
não menos irrcflcctidamcnte mandando dissolver a ponta de admirar quanto é certo que fõra a annuenda do Brasil á
baioneta um conclave constitucional installado cm forma Revolução constitucionalista de Portugal que apressára sua
legal, composto, ao contrario do que fazia suppor o mo- evolução c as Cortes mesmo já tinham reconhecido na cele
narcha, de homens dignos e alguns illustres, como vimos, bre proclamação que fizeram aos «habitantes do Brasil» em
e cujos trabalhos já se terminavam. Ao dia seguinte, o ló de Julho de 1821 e que começava dizendo que: «A
Rei na sua proclamação ao povo, em 23 de Abril, ta- heroica resolução que haveis tomado, de seguir a causa
zendo-se melhor inspirar, tivera, entre subterfúgios da patria, e oorrer a sorte de seus valorosos filhos, aca
linguagem, uma invocação sensata, sc é que não escondia bou dc consolidar para sempre o magestoso edifício da li
o machiavelismo dc pendores, quando fazia sentir que a berdade c da independência nacional...» acabando por de
liberdade quando não regulada sob bases solidas «degenera clarar -Brazilciio! Nossos destinos estão ligados; vossos
irmãos nâo se reputarão livres sem que vós os sejaes,
males politicos». também: vivei certos disso...»
Mas, os acontecimentos, aqui, como em Portugal, mais
O movimento constitucional e liberal entre nós era já,
pitavam n'um crescendo incomprcssivel, arrastando o ti então, incompressivel.
mido monarcha a resolver definitivamente sua partida para Iriamos assistir, como assistimos, sob o céo sempre es
Portugal, cuja resolução n’esse mesmo dia novamente ra campo e azul d'esta terra «bem fadada», sob a acção d’uma
tificava por um outro Dec. da mesma data. seixa selvagia, e dos cimos das alcantiladas montanhas,
Partindo D. João para Portugal o nosso scenario po que alguns entendem, como vimos, mais propicias ao libe
litico iria mudar, radicalmente, como mudou, e no fundo ralismo, sob a influencia do meio americano, iríamos assis
d'esse quadro historico, que representa o Brasil nos tres tir, como assistimos, repetimos, ao natural e logico desdo
annos que lhe seguiram, iriamos assistir, como assistimos, bramento evolutivo do nosso liberalismo constitucional.
a fixação definitiva da luz radiosa do nosso liberalismo D. Pedro teria que sêr como foi o espirito voluntario
constitucional. so e irrequieto, impulsivo c nevrotico que escondia dentro
Em Portugal, para onde partira o Rei, a agitação de si um campo d'alma, atavicamente trabalhado em seu
constitucional proseguia e avançava afoitamente a mais e sub-conscientc pelas camadas estratificadas d'urn idealismo
mais; n’essa elaboração iriam, dentro em pouco, como fo a feição hespanhola — pessoal, individualisante c arreba
ram, collaberar os representantes brasileiros, para tal elei tado, mas não menos propicio a soffrer a acluaçâo dos
tos, dc cuja representação sc destacava, como sempre, a grandes brasileiros aos quaes o destino reservára o grande
familia dos Andradas. papel historico de disciplinar, fixar, c polir as virtudes
Os limites e a feição d’este trabalho, destinado, ape e o liberalismo como que ainda selvagem d'uma raça,
nas, á comprovação do processus natural de evolução do os pendores manifestados em forma imprecisa, os senti
nosso liberalismo constitucional, sc nos permittio passar mentos pervagantes que buscavam, apenas, aquillo que não
um relancear d'olhos sobre os precedentes oriundos de Por podiam ainda possuir — o processus de sua fixação lógica,
tugal, para encontrarmos as forças provocadoras do nosso definida e systematica.
surto constitucional, nos não permitte, porém, que já agora, Pode-se dizer que a pouco e pouco c a mais e mais
palmilhadc o movimento nacional, entremos a acompanhar sc ia superpondo as pedras do nosso liberalismo consti
o desdobramento em suas ulteriores phases da elaboração tucional.
constitucional em Portugal, ponto aliás, sobre que Viveiros N’essa épocha depara-se com dous Decretos baixados
ae Castro (A. O.) faz uma synthese perfeita na these por D. Pedro e trazendo a assignatura do seu ministro
a que já nos referimos (') e o mesmo o fizera, após. tam- Conde de Arcos, que comquanto nâo fosse um estadista da
bem, Aurelino Leal (s). envergadura de Palmeia, era uma individualidade d’urn li
Em duas palavras, o que sedeu nas Cortes constituintes beralismo commedido, mas muito equilibrado; referimo-nos
de Lisboa fóra, a principio, a supposição de parte de brasi- aos Decrs. de 21 e 23 de Maio de 1821, que por si
sós honram a uma cpocha e em cujos termos se sente
a manifestação sincera d’urn sentir governamental e nacio
nal e que eram assim, antecipações a que D. Pedro sc
(') A. O. Viveiros de Castro These cit. in Actas do propunha, na sua proclamação de 27 dc Abril de 1821,
Congres. de Hist, cit., vol. Ill, pag. 45 e seg. em tudo que podessem ser «conjugáveis a obediência de
(*) Aurelino Leal, op. cit., pag. 22 e seg. nossas leis».
O O O O 152 o o o o o
S C lE - M C l/ív
;
in d u s t r ia
S O R O S
PHARMACEUTIC^
V A C C IN A S
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L A B O R A T O R IO P A U L IS T A D E B IO L O G IA
S ã o P a u l o
SALA Ot EMPACC
L A B O R A T O R IO P A U L IS T A DE B IO L O G IA
ESCRIPTORIO C E N T R A L T y m b irá s 2 e 4 - F A B R IC A R u a L e o n c io d e C a r v a l h o 61
CENTRO DE C R IAÇ ÃO F a z e n d a S ta .O n d m a ( M u n ic íp io de Mogy d a s C ru z e s )
F IL IA L R ua A s s e m b le s 1* ( R io d e J a n e ir o ) !
T E L E P H O N E , do E s c r i p t o n o C e n t r a l, 4 6 1 8 -C id a d e
ENDEREÇO TELEGRAPHICO: B io lo g ic o - C a ixa P o s ta l 1 3 9 2
O primeiro tivera por fim amparar a propriedade fi 2.", -I." c 8.»), disposição essa ultima cujas expressões fo
xando o principio da desapropriação sob a só razão da ram a base textual quasi da Constituição do Imperio da
utilidade publica; começava esse Dec. dizendo que: Sen Republica, entre nós; considerava-se a propriedade como
do uma das principacs bases do pacto social entre os ho
mens a segurança de seus bens; e constando-me que com cipio da previa indemnização nos casos dc desapropriação
horrenda infracçâo do Sagrado Direito de Propriedade se por utilidade publica; firmava-sc o principio da igualdade
commettem os attentados de tomar-se a pretexto de neces da lei para todos e que esta, a lei, não «será estabele
sidade do Estado, c Real Fazenda, cffeitos de particulares cida sem absoluta necessidade» (arts. 11." c 12"); pre-
contra a vontade d ’estes...», determinava que da data deste ccituava-sc o livre accesso aos cargos publicos, sem ou
em diante, a ninguém possa tomar-sc contra a sua vontade tra distineção senão a dos talentos c virtudes do cida
cousa alguma de que fô r possuidor ou proprietário; sejam dão (art. 13).
quaesquer que forem as necessidades do Estado, sem que
primeiro de commum accordo se ajuste o preço que lhe reditaria, sob a‘ dynastia de Bragança, residindo a sobe
deve por a Real Fazenda sêr pago no momento da entrega...» rania «esscncialmcntc cm a Nação»; os poderes eram di
O outro Dec. de 23 dc Maio de 1821 rcctificado quan vididos em legislativo, executivo e judiciario, o primeiro
to ao prazo para o processo pelo Dec. de 7 de Julho de residindo nas Córtes tendo o Rei apenas o veto suspensivo,
o segundo no Rei e Ministros e o terceiro nos Juizes. O
peito á garantia plena da liberdade individual e foi, in Rei e os Deputados ás Córtes eram invioláveis. Os M i
dubitavelmente, o Decreto que maior influencia teve, d'ahi nistros responsáveis, (sccc. II, arts. 18 a 23, 28 c 31).
Em synthese eram esses os piincipios fundamentaes d'cs-
cessual e penal, sendo uma reacçâo contra o arbitrio a sas Bases . D. Pedro na sua proclamação de 27 de Abril
que davam logar as crudelissimas ordenações do Reino, referindo-se á partida dc seu progenitor, proclamava que
Alvarás, Cartas Regias, etc. Assim, começava o Dec. de ficava encarregado «do cuidado sobre a publica felicidade
23 dc Maio declarando que: 'Vendo que nem a Constitui do Brazil até one de Portugal chegue a Constituição, c
ção da Monarchia Portugueza, em suas disposições expres a consolide».
sas na Ordenação do Reino, nem mesmo a lei da Refor
mação da Justiça dc 1582, com todos os seus Alvarás, Tendo as bases da Constituição chegado ao Brasil c
Cartas Regias, e Decretos dc Meus Augustos Avós tem não sendo juradas, como desejava o povo, começou a se
podido affirm ar de um modo inalterável, como í dc Di excitar o espirito publico cm torno d’esse facto c, afinal a
reito Natural, a segurança das pessoas; e Constando-me que tropa m ilitar portugueza que já havia experimentado o
alguns Governadores, Juizes Criminacs e Magistrados, vio sabor das rebelliões politicas, viciada, assim, no uso do
lande o Sagrado Deposito da Jurisdicção que lhes confiou, inebriante, acabou por se rebellar a 5 de Junho de 1821,
mandam prender por mero arbitrio, e antes de culpa for exigindo o juramento immediato das bases da Constitui
mada, pretextando denuncias em segredo, suspeitas vehe ção, a par dc outras exigências cada qual mais ousada.
mentes c outros motivos horrorosos á humanidade para D. Pedro se curvou ao imperio das circumstancias e
impunemente conservar cm masmorras, vergados com o peso accedendo a todos os desejos dos amotinados o fez, po
dos ferros, homens que se congregaram convidados por rem, após se convocar o Senado da Camara do Rio dc
os bens... o primeiro dos quaes e, sem duvida, a segu Janeiro^ conjunta mente com o qual. no Theatro S. João
rança individual; c sendo do primeiro dever, c desempenho
dc Minha palavra o promover o mais austero respeito á dous officiaes dc cada um dos Regimentos da 1.* e 2.« li
Lei, e antecipar quanta s ir possa os hrnefictos de uma nhas do Exercito, na Cidade, e onde se ratificaram os
Constituirão liberal ... determinava que d'ahi por deante desejos da tropa, conforme tudo consta do termo lavra
nenhuma pessoa livre no Brazil possa jamais sêr presa sem do e n'essc mesmo dia 5 com todas as solemnidadcs e ritos
ordem por escripto do Juiz, ou Magistrado Criminal do religiosos, na varanda do theatro, perante o povo e tropa,
territorio, excepto somente o caso de flagrante delido, em D. Pedro jurava as bases da Constituição protugueza, ape-
que qualquer do povo deve prender o delinquente»; ordenan- zar do seu art. 21 declaral-as não obrigatórias implicita
do-sc mais que nenhum Juiz poderia expedir mandado de pri mente para o Brasil, ate que tal se tornasse expresso pe
são sem que, em culpa formada tres testemunhas (2 das los representantes brasileiros, que, então, não haviam ain
quaes contestes) comprovassem a culpabilidade deante de da chegado a Lisboa, sendo que essas bases, apezar de
lei expressa, como, bem assim que os assim presos ti não cumpridas, na realidade, na inór parte de seus dispo
vessem seu processo iniciado immediatamente, isto é se o sitivos, exerceram, todavia, no desenvolvimento do nosso
iniciando no maximo dentro dc 48 horas, peremptórias, constitucionalismo, como, com razão, faz sentir Viveiros dc
improrogaveis e contadas do momento da prisão (rectifica- Castro (A. O.) quando escreve terem ellas exercido «tan
çâo feita pelo cit. Dec. dc 7 de Julho), fixando a tm- ta influencia na historia nacional».
plitudc dos meios de accusação como de defesa; outrosim. Era assim prestado um juramento sobre cuja vali
revelando um grande espirito dc humanitarismo ahi se dade era de se ter duvidas fundadas, parecendo ter sido
preceituava mais que em nenhum caso fosse alguém lan essa a razão pela qual o ponderado espirito do Conde dc
çado em segredo ou masmorra escura, estreita ou infecta, Arcos talvez houvesse, como sc lhe attribuira, então, se
pois que a prisão, dizia-se, deve só servir para guardar as opposto a esse juramento; o Conde dc Arcos que fôra o
pessoas, e nunca para as adoecer e flagellar; abolia-se, ou mais util e benefico espirito que D. Pedro collocára a seu
trosim, o uso das correntes, algemas, grilhões e ferros lado ia soffrer, como soffreu, as mais tristes humilhações,
quaesquer «inventados para martyrisar homens . sendo di-mittido, preso e deportado para Portugal pela lou
Por essa cpocha chegavam ao Brasil as bases da Cons cura revolucionaria dos rcbellados, que esqueciam os grandes
tituição que se estavam fazendo em Portugal, bases essas serviços que esse typo dc estadista prestára á terra que já
decretadas na Metropole, a 10 de Março de 1821, pela re antes, como Vice-Rei, administrára.
genda. em Nome de El-Rei o Snr. D. João VI, - consubstan O Brasil prosegue, assim, n’essc movimento francamcn-
ciando princípios que se proclamavam no preambulo os te liberal, que cousa alguma poderia mais fazer parar, quan
mais adequados para assegurar os direitos individuaes do do pelo Dec. de 16 de Fevereiro dc 1822 D. Pedro an-
cidadão, c estabelecer a organização e limites dos Po nuindo ás representações de S. Paulo e Minas, particular-
deres Politicos do Estado». mente, resolve crear o Conselho de Estado, isto é o Con
N’essas bases se determinava a protecção á «liber selho de Procuradores Gcraes das Províncias do Brasil,
dade, segurança e propriedade dc todo o cidadão», defi- como representantes interinos dos mesmos, isso porque de
nindo-se a liberdade como a «faculdade que compete a sejava, ellc, D. Pedro, «para utilidade geral do Reino-
cada um de fazer tudo o que a lei não prohibe», determi- Unido c particular do bom Povo do Brazil, ir de antemão
nando-se que nenhum individuo deve jamais sêr preso sem dispondo e arraigando o systema constitucional, que ellc
culpa formada, estipulando-se a liberdade de pensamento merece; e eu jurei dar-lhe, formando desde já um centro
cm qualquer matéria «sem dependencia de censura previa» de meios e dc fins»... devendo esses Procuradores, dizia
e «contanto que haja dc responder pelo abuso d’eSta li mais, o Decreto, serem eleitos pelos eleitores dc parochia,
berdade nos casos c na fôrma que a lei determinar» (arts. I.", tendo esse Conselho por fim aconselhar o Principe toda
o o o o o o 153 o o o o
1
vez que ordenasse, nos negocios importantes, propôr re- foi objecto de deliberação o pedido dc convocação da
Constituinte c foi approvado o se remetter uma represen
Esse Dec. de 16 de Fevereiro era referendado por tação a D. Pedro pedindo a convocação da As-einbléa consti
José Bonifacio, que fòra, justamente, primeiro signatário tuinte, representação traçada n’uma feição elevadíssima e
da representação. que tivera, também, os Ministros a n'clla collaborarem, o
O movimento constitucional nacionalista e liberal, que que torna evidente a feição já alludida.
os maiores brasileiros da épocha encaminhavam, e José Bo N’essa representação se dizia: «Senhor, A Salva
nifacio acariciava, se avolumava, e, a 23 de Maio de 1822. ção publica, a Integridade da Nação, o Decoro d:> Brasil c
faz-se no Senado da Camara do Rio de Janeiro uma Ve a Olcria de V. A. Real instam, urgem, c imperiosamente
reação extraordinaria, ahi se declarando, no respectivo ter commandam que V. A. faça convocar com a maior brevi
mo, que «presente a todos a Representação que o Povo dade possível uma Assemb'éa Geral dc Representantes das
d’esta Cidade dirige á Presença de S. A. Real o Prin Provincias do Brasil. O Brasil tem direitos inauferiveis para
cipe Regente... em que pretende e requer que o mesmo estabelecer o seu Governo, e a sua Independcncia... As
Senhor mande convocar n'esta Côrte uma Asscmbléa Ge Leis, as Constituições, todas as instituições são feitas para
ral das Provincias do Brazil... se accordou que devia sêr os Povos, não os Povos para cilas... O Systema Europeu
apresentada immediatamente a S. A. Real por conter a não póde. pela eterna razão das cousas, sêr o Systema
vontade do Povo», sahindo, então, ao meio dia dos Paços Americano; c sempre que o tentarem será um Estado de
do Conselho o Senado da Camara, os homens bons que
n'elle serviam e muitos cidadãos de todas as classes, in- reacção terrível».
corporando-sc-lhe uma representação do Governo do R!o
Grande do Sul, com o estandarte ã frente. Chegados ao constitucional brasileiro, que sc precipitava, D. Pedro que
Paço, a figura illustre do magistrado e patriota, que era tinha no governo, como seu Ministro, a grande figura de
José Clemente Pereira, brasileiro de coração, faz um dis José Bonifacio, foi por elle, necessariamente, inspirado;
curso apresentando a moção, acabando D. Pedro por de assim, pelo Dec. dc 3 dc Junho dc 1822, sc fazia a con
clarar: «Fico seiente da vontade do Povo do Rio, e tão vocação d'uma «Asscmbléa Geral Constituinte e Legislativa
depressa saiba as das mais provincias, ou pelas Camaras, composta de Deputados das Provincias do Brasil», que inves
ou pelos Procuradores Geraes, então, immediatamente. me tida daquclla porção dc soberania, que esscncialmente reside
conformarei com o voto dos Povos, d ’este grande, fértil no Povo deste grande, e riquíssimo Continente, Constitua as
e riquíssimo Reino». Pouco a seguir, para resolver o as bases sobre que sc devam erigir a sua Independcncia, que a
sumpto c para melhor se justificar, D. Pedro, prudente natureza marcára. c de que já estava dc posses c a sua União
mente, apressa a installação do Conselho creado pelo Dee. com todas as outras partes integrantes da Grande Familia
de 16 de Fevereiro, o que faz a 2 de Junho de 1822; na Portugueza, que cordialmente deseja». Esse Decreto, tendo a
Fala do Throno com que foi o Conselho installado, D. Pe
dro declarou, além do mais, que se permittia fazer um tuia o grande passo definitivo para nossa independcncia
único pedido e era que. advogassem a causa do Brasil politica, pouco a seguir completada, ou antes, aclarada:
ainda que contra elle, D. Pedro, dizia. os acontecimentos conduziam os homens na feliz expres
Reunido o Conselho dos Procuradores com os Ministros, são dc Max Flcuiss, acontecimentos, porém, que não po-
O O O O O 154 O O O O O O
INDEPE, :NC!A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Uem constituir objecto d'este estudo, limitado aos aspe- ã 17 de Abril iniciava suas sessões preparatórias e a
3 dc Maio de 1823, installava-se a Assembléa Geral Consti
Esse Decreto referia-se, é verdade, «a Convocação d'uina tuinte do Brasil, que pelas instrucçóes baixadas na deci
Assembléa Luso-BrasUiensc» o que levou Agenor de Roure, são n.» 57 de 19 de Junho de 1822, acima referidas, de
via se compar de 100 Debutados, até que se organizassem
ellc chama o «eslylo de morcego, mordendo e soprando , Censos mais perfeitos.
o espirito «vacillante, medroso c indeciso» de D. Pedro, Na Falia do Throno, á abertura da Assembléa D. Pe
que «a evolução do sentimento nacionalista era assim re dro, insipirado, certamente, por José Bonifacio que con
gistada e marcada de mistura com hypocritas declarações tinuava seu Ministro, dirige á Assembléa palavras cheias
de União com Portugal» (*). d'uni são patriotismo ( ') : «Ê hoje o dia maior, que o
Mas, não nos parece que o illustre escriptor tenha Brasil tem tido; dia em que elle pela primeira vez começa
razão. Em primeiro logar a própria representação do Se
nado da Camara d ’esta Cidade, presidida pelo grande es
pirito nacionalista, o magistrado illustre José Clemente Pe- mentos que precederam e geraram a Independencia, fazendo
os propagandistas da independência nacional, em pedindo d'esse «systema destruidor», elevado a Reino depois, dera
a convocação da Constituinte além ^dos motivos nacionaes prova de confiança a seus «pseudo-irmãos» quando «gri
tou Constituição Portugueza •, julgando que com esse gesto
evitar que se não rompa a sua União com Portugal- e seria por aquellcs «ajudado a livrar-se dos immensos ver
no requerimento do Conselho dos Procuradores, a que já mes, que lhe roiam suas entranhas, não esperando nunca
sêr enganado», e conquanto para os verdadeiros brasileiros
ao mesmo tempo que se a pedia c.n defesa da autonomia não fosse objectivo sujcitarcm-sc a uma Constituição «em
do Brasil, se declarava que: «O Brasil quer a sua Inde que todos não tivessem parte», «contudo os obstáculos que
pendência, mas firmada sobre a União bem entendida com antes de 26 de Abril de 1821 se oppunham á liberdade1
brasileira, e que depois continuaram a existir sustentados
rer. nos Deputados do Congresso de Lisboa». pela tropa européa, fizeram com que estes povos, temen
Os termos do Decreto estavam talvez não em conso do que não pudessem gozar de uma assembléa sua, fossem
nância, mas ccrtamente era uma consequência l.gica dos pelo amôr da liberdade, arrastados a seguir as infames
termos das representações e não tinha, todavia, quanto i cortes de Portugal», mas, todavia, «a liberdade, que Por
denominação impugnada, senão um caracter politico-interna tugal appeteda dar ao Brasil... se convertia para nós em
cicnal, pois já D. Pedro estava de facto francamente en escravidaão, e faria a nossa ruina total».
volvido na campanha da independencia (a que antes se E após descrever a situação economica do paiz, de
oppuzcra) não por versatilidade, como pretende Agenor de patentear o regiment de severas economias adoptado até
Roure, mas, sim, os naturalissimos sentimentos de affeiçâo mesmo para a Casa Imperial, cujo orçamento era a de
um simples particular», de assignalar a duplicação das
e á Constituição portiigueza, uma vez que se não pretenda rendas obtida, e as obras e acquisiçôes feitas, declara que
fosse D. Pedro um debil mental incapaz de percepções e se vira forçado a tomar «por força das circumstandas» al
emoções, eram, naturalmcnte fortes e, no processus de sua gumas medidas legislativas, todavia «ellas nunca parecerão,
evolução, chocando-se com as idéas e sentimentos brasileiros, que foram tomadas por ambição de legislar, arrogando um
de que a pouco e pouco se impregnava, levam-n’o a apre- poder, em o qual somente devo ter parte; mas sim que
foram tomadas para salvar o Brasil», na ausência do po
essas zonas mentaes fronteiriças entre as idéas de per der legislativo e porque, em consequência da Independên
júrio e adhesão a um movimento reaccionario. cia residiam «os tres poderes no chefe supremo», termi
nando por appellar para o patriotismo da Assembléa, após
m. mentos graves e de crise para as nacionalidades, ilão 0 fazei sentir que jurára defender a patria e «a constitui
ção, se fosse digna do Brazil e de mim», declarava ratifi-
tidas sociaes com que estejam de accord), mas a de dis-
c.plinarem e conduzirem os movimentos, preparando previa- sidade de que a Assembléa o ajudasse «fazendo uma consti
tuição sábia, justa, adequada e executável, dictadn peta ra
nuilada, de modo a que a evolução se processe em fôrma zão, i' não pelo capricho, que tenha em vista sómente a
efficaz e se consume em tempo util, e n'esta epocha soli felicidade geral... para darem uma justa Uberdade aos po
daria era a acção do Principe com. o grande Ministro que o vos, e ioda força necessaria ao poder executivo. Uma
inspirava; Portugal se encarregou de crear as causas de constituição, cm que cs tres poderes sejam bem divididos
incompatibilidade de genio entre o seu governo e o Prin de forma que não possam arrogar direitos, que lhe não
cipe e d'essas causas os grandes espíritos da épocha se compitam, mas que seja de tal modo organizados e harmoni
aproveitaram para preparar-lhes a evolução progressiva. Os zados, que se lhes torne impossível, ainda pelo decurso
termos do Decreto de convocação são, pois, a consequência do tempo, fazerem-se inimigos. Afinal uma constituição que,
explicável e historicamente necessaria d'esse conjuncto de pondo barreiras inaccessiveis ao despotismo, quer real, quer
forças e valores actuantes. democrático, afugente a anarchia, e plante a arvore da-
Mas as forças históricas do nacionalismo imperavam qticlla Uberdade, a cuja sombra deve crescer a união, tran-
já em seus definitivos arrancos e na vereação oxtraordina- quillidadc, e independencia deste Imperio», lembrando que
ria do Senado da Camara d’esta Cidade, a 10 de Junho, as constituições moldadas á maneira das «theoreticas e me-
d'esse anno, resolvia-se significar ao Principe o seu jubilo taphysiras» dc 1791 e 92, não fizeram a felicidade geral,
e do povo e ahi, propositadamente, certo, referia-se á «mas sim, depois de uma licenciosa Uberdade, vemos, que
Assembléa com a denominação, que se lhe dava, de «As em uns paizes já apparcceu, e em outros ainda não tarda
sembléa Geral Brazilica, Constituinte e Legislativa» e nas a apparecer o despotismo>.
duas decisões de José Bonifacio, de ns. 57 e 59 de 19 o Os traços mentaes do grande sabio e estadista que
21 de Junho de 1822 já se fala tão sómente em «As era José Bonifacio ahi se manifestam typicamente, n’um
sembléa Geral Constituinte do Brazil». justo equilíbrio dos conceitos, na comprehensão do que deva
Estava a essa Assembléa destinado o grande papel sêr uma Carta magna para uma nacionalidade, pregando o
de funccionar, como Constituinte nacional, quando já o franco liberalismo, mas o liberalismo sadio e fortalecedor
Brasil independente, de fórma a representar, assim, um e não a licenciosidade anarchica que nada constróe.
magno papel historico. Era sob esses auspícios que se abria a historica As
sembléa. Ella possuia em seu seio alguns homens notáveis
o o o o o o 155 o o o o o o
UMEMORATiVO . i CENTENARIO PA
pelo seu saber e patriotismo c era na mór parte composta perjuro, se o houvesse, que sequer vacillasse, se quer cs-
dc homens que n.ío deshonravam a sua finalidade historica, tremecessc na adhcsâo com seus irmãos» (i).
como vieram a dar provas quando foi do gesto impulsivo A Constituinte resolvera deliberar sobre aquillo que eom-
de D. Pedro dissolvcndo-a. petia ao Imperador prover zelando pela soberania nacional;
Fóra nomeada uma oomtnissâo para elaborar o pro- nomearam uma Commissâo para dar parecer sobre o as-
jecto da constituição, commissâo esta composta de varios sumpto, a qual opinára approvar-sc a attitude do Governo;
parlamentares, que foram: Antonio Carlos Ribeiro de An- Muniz Tavares apresentava, na sessão de 16 de Setembro,
drada. Machado da Silva, José Bonifacio de Andrada c Silva, emendas fixando normas para a acção do governo (*> *
A. L. Pereira da Cunha, M. F. da Camara Bittencourt e Carneiro da Cunha, appoiando o seu collega, dizia: -o
Sá, P. de Araujo e Lima, J. R. da Costa Aguiar de An- chefe da nação dá-nos provas de affecto e de cnthusiasmo
drada, e F. Muniz Tavares, d'entre esses se destacando pela nossa independencia; mas contudo podem lembrar-se
Antonio Carlos como relator da mesma. Essa commissâo que sempre t tratar nm filho com seu par < (J), conceito
trabalhou durante muito tempo procurando fazer um tra- esse revelador, é evidente, d'um velado temor,
balho elevado c sensato tendo mantido um justo equilíbrio o Imperador era um >adoptivo, suspeito de querer
entre as idéas dc liberdade e as de ordem publica como reunir as duas coroas», escrevera o saudoso espirito e nota-
teremos occasiâo de ver adiante. vel escriptor, que fòra Joaquim Nabuco e, aliás, en-
Continuava a constituinte nos seus trabalhos, mantendo tre os papeis do Visconde dc S. Paulo, é sabido que viera
sempre uma posição elevada nos debates evitando luctas a se encontrar uma consulta ao Conselho de Estado sobre
entre o poder imperial e o poder constituinte, como dâo se -oppôc-sc á independencia do Imperador seja Rei de
prova d’isso os annaes da constituinte, sendo certo que Portugal, governando-o do Brasil? No caso dc nâo con-
d'entre todos se impuzera como um verdadeiro leader da vir, como deve sir feita a abdicação c emquem?», con-
asscmbléa a figura de Antonio Carlos que, como bem faz forme se vê na Rev. do Inst. Historico c á qual se re-
sentir o illustre escriptor Rodrigo Octavio, era .dotado ainda porta Joaquim Nabuco.
ao mesmo tempo cauto c conciliador... Os annaes da consti- um tanto irritante, dera logar a que o IX-putado Alencar
tuinte estão cheios dc seu nome, denotando sua acção sem- lembrasse, cm discurso que proferira n'essa ultima sessão,
pre na brécha, nâo fugindo á refrega, mas sem jamais que esses assumptos nâo podiam e nâo deviam sêr tratados
transigir com o sentimento da perfeita dignidade de seu pela Assembléa por serem da competência do poder execu-
mandato, procurando tirar as questões do terreno ás vezes tivo, e nâo era licito chegar a determinar «ao governo o
irritante e perigoso, em que o partidarismo exaltado dc modo por que deve receber esses enviados de Portugal...
certos despeitados as collocavam. nâo nos illudamos: a natural tendenda das Asscmbléas cx-
Homcm dc acção c resolução, quando José Bonifacio traordinarias para influir em todos os negocios é a moles-
c Martim Francisco eram mais homens de gabinete e dc tia. que mais concorre para sua ruina» e lembrando o cs-
estudo, Antonio Carlos foi a grande figura da Consti- pirito absorpsor das Cortes cm Portugal c que a levára
tuinte» (■). â queda, dizia: «tenhamos á vista este exemplo e não cor-
A situação politica, porém, nos ultimos tempos ia se ramos ao precipício (s).
tornando a pouco c pouco tensa, cm consequência da in- Essa feição um tanto pouco esclarecida, nâo descortcz
tervenção pretendida por Portugal junto a D. Pedro para clr.raircntc, mas dando logar a suspeitar-se um estado de
tentar um accordo sobre a independencia do Brasil. duvidas, se revelou cm outros assumptos n'essa époch i.
Havia chegado no dia 7 de Setembro ao porto d'esta Com relação ao proprio projecto da Constituição apresentado
Cidade, o brigue portuguez 13 de Maio, asteando a ban- em I de Setembro e que se deliberara mandar em copia
deira branca e pedindo viveres e agua para 40 dias, que- ao Imperador, muito se discutira sobre se devia sêr lc
rendo a bandeira branca assignalar trazer um parlamentar, vedo por uma Commissâo dc Deputados como era de praxe
que era o Marechal Luiz Paulino Pinto da França, e tra- cor mummcntc. como alguns Deputados o lembravam, quan-
zendo cartas pessoaes de I). Joâo VI para D. Pedro. do se tinha que se communicar em pessoa directamente com
O facto acirrou justamente as paixões dos nacionalis- o Imperador, ou se n'o devia remetter, simplesmente por
tas, que o eram os brasileiros, refleetindo-se, como era um efficio, vencendo este ultimo alvitre, pela especiosa
de prever, na Constituinte, a quem o Ministro da Marinha, razão dc que era um mero projecto de lei, d'uma Com-
iTuma natural deferenda, communicára o facto. Na sessão de missão.
9 de Setembro José Bonifacio proclamava que recebera Cem relação ao movimento reaccionario e revolucionário
cartas particulares em que se lhe participava «que se trata levado a cffeito na Provinda de S. Paulo, a Commissâo
de negociar contra a nossa independencia; portanto cum- dc legislação dando parecer sobre o assumpto e com refe-
pre que esta Assembléa esteja com os olhos abertos...» (*). rencia a um officio do governo, declarava (•) que o g<>-
Sccundava-lhc fratcrnalmentc Martin Francisco, dizendo que: verno tem, no livre exercício de suas attribuições, «ao seu
«ninguem pode duvidar que se trama contra a nossa in- alcance todos os meios» para se oppor ás criminosas per-
dcpendencia, e em papeis publicos se falia das vistas da turbações da ordem publica; levantaram-se duvidas e pela
santa alliança... os guardas da liberdade da nação devem voz autorizada e influente de Antonio Carlos se protestava
mostrar-se dignos da confiança com que os honrou» (■*), en- para que se não usasse «expressões de que possa col
quanto Antonio Carlos, por sua vez, denunciava que o Conde ligir-sc que o governo tem na mão todos os meios; o
de Palmclla, segundo communicações que tinha, pretendia governo não tem senão os que lhe competem... os
envolver a «santa alliança na questão entre o Brasil e Por- mios extraordinarios destroem as regras estabelecidas,
tugal > (*) c pouco a seguir voltava a dizer que «o que e com elles a liberdade civil. En nunca os concederei, e
eu não quero é que se consinta esse brasileiro renegado muito menos cm regra geral» (’). Ma», o grande espi
entre nós... partecipações feitas por taes monstros não se rito avançava muito, pois as medidas extraordinarias em
acccitam» <■'), havendo o Presidente chamado a attençâo c.-.sos revolucionários nâo podem deixar de sêr concedi-
de Antonio Carlos sobre a vehcmencia, respondendo o tri- das, muita vez.
buno eloquente que se não calcava em presumpçòes, mas A boateria, por outro lado, assentava praça no carn
em verdade notoria. Nâo menos vchemente fóra o Deputado po politico e social c os mais nobres e alevantados motivos
Gomide: «Anathema e maldição para sempre ao fraco c patrioticos arrastavam, n'aquella epocha dc apprchensões ma
P) Rodrigo Oclavio — A Constituinte dc 1823 il) Annaes da Ass. Const., tomo V, pag. 63.
These apres. ao Cong, de Hi«t Nac. de 1914 — Actas, (r) Annaes da Ass. Const. Tomo V, pag, 128.
vol. III. pag. 67. (’ ) Annaes cits. Tomo V, pag. 129.
(-) Discurso prof, por José Bonifacio — Ass. Consti (*) Joaquim Nabuco — Um Estadista do Império,
tuinte do Imp. do Brasil, tomo V, pag. 62. vo
vol. I, pag. 28.
Í -1) Annaes da Ass. Const., tomo V, pag. 62. ( 5) Annaes da Const., tomo V, pags. 129-130.
'i Annaes da Ass. Const., tomo V, pag. 63. I") Annaes da Const., tomo V, pag. 123.
(s) Annaes da Ass. Const., tomo V, pag. 64.
O O O o o 156 o o o o o o
ADÃO GASPAR & Cia. — Rio de Janeiro.
IN DEPENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O O 157 O O O O O O
LIVRO DE OURO COM MEMORATIVO IX ) CENTENARIO DA
notável...» * após descrever rapidamente o movimento de N’cssc momento os debates se interrompem porque se
tropas c a situafâo apresentou uma indicação propondo que annunciára a chegada de um officio recommendado, ao Offi
a Assemble.! se declarasse em sessão permanente, que se cial jsortador, pelo monarcha, sér entregue cm mão do Se
manifestasse ao Imperador solicitando-lhe communicasse á cretario.
assembléa os motivos dos estranhos movimentos militares O officio communicava que «os officiaes da guarni
que perturbam a tranquillidade d’esta capital» e que fosse ção d'esta côrte vieram no dia de hontem representar su
escolhida uma commissio que se pu/esse cm communicaçio bmissamente a Sua Magcstadc Imperial os insultos que têm
soffrido no que diz respeito ã sua honra em particular,
Montezuma n'uma oração serena mas enérgica apoia e mórmente sobre a falta do alto decóro que é devido á
a indicaçio de Antonio Carlos, fazendo sentir que •<cm to augusta pessoa do mesmo senhor, sendo origem de tudo
dos os semblantes tenho visto hoje pintada a inquietação certos redactorcs de periodicos, e seu incendiario partido.
que sobresalta os habitantes d'esta capital, em que í geral Sua Magestade Imperial tendo-lhes res|x>ndido que a tropa
a consternação e o susto... e encarando os seus males, é inteiramente passiva, e que não deve ter influencia alguma
posto que grandes, nâo me acobardo; tenho o coração assis nos negocios politicos, querendo, comtudo, evitar qualquer
corajoso, a alma bastante energica, para no meio das des desordem que pudesse acontecer, deliberou, e sahio com
graças publicas procurar remedial-as, c embaraçar a ruina a mesma para fóra da cidade c se acha aquartelada *io
da patria... devemos aqui permanecer para debater as me campo de S. Christovão» e após fazer sentir a subordina
didas que lembrarem, para olhar e acudir a todos os la ção das tropas, sua adhcsâo ao regiment constitucional, de
dos... Nenhum outro partido pode tomar a Assembléa nas clarava esperar que a Assembléa tomasse o assumpto em
actuaes circumstancias e procurando nâo destruir a confian consideração ('). Nomeou-se uma Commissã» para dar pa
ça no Imperador ellc fazia sentir, n'uma attitude digfta recer sobre o assumpto, commissão de que fazia parte José
e sobria, que «nenhum de nós se interessa pela causa da Bonifácio.
nação como o seu chefe... Portanto, senhores, não hesite Enquanto a Commissão trabalhava a Assembléa sere
mos um só momento cm mandar uma deputação a Sua Ma- namente discutia os arts. 22 c 23 do projecto de Consti
gesti.dC' ('). tuição. sendo no ultimo, que foi approvado, preceituado
O Deputado Alencar pretende, então, que a Asscm- que: «Os e.'scriptos nâo são sujeitos A censura, nem
bléa estava sendo arrastada a dar passos precipitados» e que antes nem depois de impressos, e ninguem f responsável
da energia á precipitação não ha mais que um passo- (-*>, pelo que tiver escripto ou publicado, salvo nos casos e
ao que Martim Francisco promptamente lhe responde que p tlo modo que a lei apontar ». Como que cm meio í agita
«a precipitação c um defeito, mas a frouxidão também nâo ção e ã pressão que as tro|>as queriam estabelecer sobre a
deixa de o sêr... Nâo devemos, pois, separar-nos d'aqui imprensa, e se refleetindo na Assembléa, esta timbrava, com
enquanto a tranquillidade publica nâo estiver recuperada». aquclla serenidade do grande espirito de (ialileu, cm pro
clamar a liberdade, como que a dizer, também, ed ella si
O O O O O
O O O O O O 158 O O O O O O
INDEPENDÊNCIA l DA EXPOSIÇÃO INTERNACION,
muova; bent eerto era que já se caminhava para o terrena Jose Bonifacio pedia dispensa da Commissão por sêr
cm que na imprensa se busca essa desastrosa c anarchic a con um dos apontados, e fazendo a mesma estranhesa de Car
fusio da liberdade com a licença c por isso o Deputado neiro da Cunha, com relação aos outros jornaes adversos,
Rodrigues, ainda que tentando trazer confusi) aos acon dizia que «na pequena parte que me coube, só disse o que
tecimentos, dizia, quiçá, exagerando um pouco: «Eu nâo a minha consciência me dictou» perguntando «como é que
leio «Sentincllas, Tamoyos c outros que tacs, porque d'cllcs
só tiro afflicçõcs c tormentos». Todavia, mantinha-se a *«?» (i). ** '* '* * COnheC“ nen*° d* “ “
Assemhléa no seu proposito c, assim, deliberou que se nâo As 3 horas e 45 minutos a Commissão volta ao re
omarcasse já os casos de responsabilidade por abuso de cinto das sessões com o seu parecer, em que se faz sen
liberdade de imprensa». tir que a Assembléa nâo desconhece a crise, que deante
As tres horas da tarde foi lido o parecer da Commis- da subordinação das tropas affirmada pelo governo não
sâo nomeada para os fins referidos, parecer mui habil c ha o que sobre isso deliberar, e propõe que se vote a lei
ponderadamente traçado, cm que se tomando conhecimento sobre liberdade de imprensa, para conter os excessos (*;.
do officio do Ministro do Imperio «muito se lisongêa do Antonio Carlos diverge do parecer, achando-n'o «manco»
e nâo satisfatório e após declarar-se satisfeito que a Com
de S. M. Imperial», mas ao mesmo tempo declarava nâo missão houvesse desprezado, «como devia, insinuações es
poder conceituar cabalmcntc os motivos verdadeiros e es- candalosas» c de declarar que nunca tivera «influencia em
pcciaes que occasionaráo aqucllc triste acontecimento pela semelhantes papeis referidos no officio do ministro» e após
generalidade com que vêm enunciados... qual o partido in proclamar que pede-se a sua «cabeça, c a de outros de
cendiario, sua força e objecto», concluindo por sêr de putados!» e que «a Assembléa está coacta, que não pode
parecer que ao governo cabia providenciar, com «os meios mos deliberar assim, porque nunca se delibera debaixo
que cabem em suas attribuições > e lembrar as medidas «le de punhacs de assassinos», pedia que se perguntasse ao
gislativas e extraordinarias que julgar necessarias» ( '). Re governo quaes os fins verdadeiros do movimento de tro
solvera, otitrosim, a Commissio que a Assemhléa permane pas, que se lhe fizesse sentir que, ao contrario, as tropas
cesse em sessão permanente até que houvesse recebido as pareciam sediciosas c que deante de tudo isso a Assem
informações do governo, o que tudo foi approvado. Em bléa nâo se achava em liberdade para poder deliberar,
officio remettido, •immediatamente, ao governo consubstan esperando «que o governo dê o preciso remedio, removendo
ciava-se fielmente tudo que fôra decidido a respeito do as tropas para maior distancia» (»).
assumpto <*). Carneiro da Cunha apoiando Antonio Carlos propõe,
Enquanto tacs debates e deliberações se tomavam, os porém, remover-se a Assembléa para outro ponto do paiz.
acontecimentos se precipitavam lá fóra e a noite vinha em Tinha-se, assim, a coragem de, no momento supremo, col-
seu grande manto cobrir a Assembléa, como que a esta limar as medidas mais avançadas («); Martim Francisco c
belecer o glorioso pallio negro de sua existência tinal. Montezuma apoiam as medidas propostas por Antonio Car
A I hora da madrugada já do dia 12 chegava á los e Carneiro da Cunha (*), accresccntando o affastamento
Assembléa o officio, datado de I I , em nome do Impe immediato das tropas para 6 ou 10 léguas, sendo essas
rador remettido pelo Ministro F. Villela Barbosa, em que emendas apoiadas pela Assembléa (‘ ).
o Imperador accusando o recebimento do officio da As O Deputado Vergueiro propõe e é, também, unanime
sembléa, estranhava que esta «desconheça a presente crise, mente aprovado que se chame o Ministro para, em pes
em que se acha esta capital, crise que até se manifestou soa, prestar informações á Assembléa, expedindo-se logo
nesse augusto recinto a ponto de suspender hontem a mes o officio em que se cotnmunicava que a Assembléa o es
ma Assembléa os seus trabalhos extemporaneamente», de perava em sessão permanente.
clarando que tudo isso junto á representação dos officiaes Rompia, assim, aquellc grande punhado de dignissimos
determinara a retirada das tropas e que os jornacs a que representantes da patria, a manhã do dia 12, em vigilia
essa representação se refere eram Sentinella da Praia Gran nâo de simulado, mas de verdadeiro civismo, não será
de e o Tamoyo, attribuindo-se na mesma representação, demais lembral-o.
dizia, aos Deputados Antonio Carlos, Martim Francisco c As I I horas da manhã do mesmo dia 12 chega i As
José Bonifacio «a influencia naquelle e a redacção deste, sembléa o Ministro Villela Barbosa, que entrando de espada
sendo a consequência de suas doutrinas produzir partidos á cinta é sobre tal observado pela commissão que o fôra
incendiários, de que o governo não póde calcular a força receber, ao que elle responde: «Esta espada é para de-
que têm, c poderão adquirir», lembrando que mais acer feneter a minha patria, e nâo para offender os membros
tado seria que da Assembléa partissem as medidas legis d'esta augusta assembléa; portanto posso entrar com ell.n.
lativas (»). O Presidente diz-lhe sobre o objecto do chamado do
O governo, sob a pressão djis tropas e a influencia dos Ministro; este começa a falar sentado, mas observado le-
elementos já referidos, buscava o pretexto desejado na exis vanta-se. Historia o que se estava passando, mas como os
tência de dous jornacs incendiarios, incendiarios, porém, esclarecimentos nâo fossem precisos, Antonio Carlos lembra
porque tinham a coragem de estigmatisar as occultas ten que se obedecesse ao questionário previamente fixado, o
dências do preparo d'uma politica de união entre Portu que se faz.
gal e Brasil, quando, como lembrava o Deputado Carneiro «O Snr. Presidente: Queira V. Ex.» dizer se os o f fi
da Cunha, o Diario do Governo, publicara tantas «doutri ciaes fizeram a representação de viva voz ou por escripto».
nas perturbadoras» que atacavam a todo momento o cor Ministro: «Sua Magestade disse-me que fôra de viva
po legislativo», sem que o governo tomasse «a mesma ener-
gix» e m io se emba:açou com isso» (*). Presidente: «Qual foi a materia da representação? E
O officio é mandado á Commissão. A madrugada avan além da queixa dos ultrages pedio-se o exterminio de al
çava, o Deputado Alencar reflectindo a fadiga de alguns, guns cidadãos ?»
naturalmente, pedia que se suspendesse a sessão até que Ministro: «Segundo ouvi á Sua Magestade, forâo mo
a Commissão opinasse lembrando que aquella sessão per tivos da representação os insultos feitos aos officiaes em
manente já se estava tornando «incompatível com as for alguns periodicos, e cspecialmcnte á sua augusta pessoa,
ças humanas» ao que se nâo attende no hercúleo esforço chegando até a sêr ameaçada a sua existência physica
patriotico que o Deputado Montezuma synthctisava com o e politica no Tamoyo, e pedia-sc que sendo redactores des
dizer que «se morrermos, acabamos desempenhando os nos tes os illustres deputados os Snrs. Andradas, fossem ex-
sos deveres ■ <*).
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/.IVRO Oh Of IRO CÒMMEMORATIVO OO CENTENARIO OA
pulsos cia Assembléa; o que Sua Magcstade declarou logo clemento portuguez, produzio, no entanto, um grande abalo
inadmissível» (*). no elemento brasileiro e enquanto os portuguezes festoa
A outras perguntas sobre como se conciliava o es vam c acontecimento, os brasileiros, em sua maioria, fe
pirito de subordinação com a concentração das tropas e chavam á noite, seus lares em signal de contristamento,
sobre se foram chamadas tropas de outros pontos do Im sentindo D. Pedro logo os cffcitos de seu acto violento,
perio, responde o Ministro que a fôrma da concentração que teria, d’ahi por deante, de o divorciar dos elemen
assegura a subordinação e deixa transparecer que, de facto, tos nacionalistas que eram a totalidade dos brasileiros.
outras tropas estavam chegando. A agitação e insubordinação militares talvez viessem,
Por ultimo o Ministro avança, deante de certas per infelizmente, a enfraquecer a resistência moral de grande
guntas, que havia uma certa semelhança entre a situação parte da Assembléa; a dissolução fel-a cahir de pé, occa-
que Portugal atravessára e a do Brasil e como Deputa sionando sua queda um grande ruido no civismo nacional,
dos percebessem a hypothese da dissolução c ainda que, de modo que como bem concluc Aurelino Leal ('), «a dis
habilmente contornando, deixassem transparecer quão diver solução politica evitou a dissolução moral do memorável
sa era a situação, o Ministro fugia a precisar o pensa corpo».
mento, como era natural, limitando-se, entre outras respos Apezar de trancado o porto do Rio de Janeiro afim
tas vagas, a fazer sentir: .iEu não sei advinhar futuros. de evitar que a noticia da dissolução chegasse ás Provin
Vejo a assembléa amotinada levantar extemporaneamente a cias antes das providencias que o Governo tomaria, den
sessão. Os militares queixarem-se..., as tropas marcharem tre as quacs a partida dos presos exilados, a agitação cêdo
para S. Christovâo, e a assembléa todo dia e noite cm explodio no norte, a principio na Bahia, ainda que com
sessão permanente; ora, cousas semelhantes eu as vi em caracter passageiro e iniciada pela noticia que lhe levára
Portugal- contudo não posso affirmar qual será o final os Deputados Calmon, e, a seguir, com um caracter grave
resultado». e serio com que se apresentára ao irromper mais uma vez
O Presidente da Assembléa, afinal, permitte ao Mi- em Pernambuco e ao se reflectir em outros Estados do
Discute-se sobre se devia se chamar o Ministro da D. Pedro sentio, aliás, desde logo a necessidade de
Ouerra para completar as informações, o que é afinal re- acalmar o espirito publico fazendo proclamações em que,
a pouco e pouco, ia attenuando seu primeiro juizo ex
A seguir se delibera ouvir a mesma Commissão no ternado sobre a Assembléa e, bem assim, logo nomeou
meada, isso por prudência, como lembravam Montezuma um Conselho de 10 membros, de cujo numero faziam par
te os Ministros, com o fim de apressar a confecção do
Mas, n'essa occasião, poucos momentos haviam pas
projecto de Constituição que promettera, o qual, realmen
sado, quando se annunciou que a tropa marchava em di
te, em 15 dias de trabalho era terminado e por decisão
recção a Assembléa. A altivez e serenidade estoicas da
de 17 de Dezembro de 1823, o projecto fôra remettido
Assembléa se comprovam mais uma vez. N'aquellcs ins
ás Camaras para que estas conforme fôra estabelecido pelo
tantes ultimos, rapidos como relâmpagos a illuminar ainda
Dec. de 13 de Novembro, fizessem as observações que
os escuros horizontes da borrasca, cujo ruido proximo já
lhes parecessem justas.
se ouvia, não permittia delongas nem discursos. Rapido,
Montezuma propõe se mande uma deputação ao encontro O projecto fôra, incontestavelmente, calcado no elabo
rado pela Commissão da Assembléa Constituinte. O movi
das tropas, saber de seus desejos; Martim Francisco n'lima
phrase rapida, e fixadora se oppõe e aponta a Assem mento de adhesão a esse projecto, que era, quiçá, esti
bléa- eSnr. Presidente, o nosso logar é este. Se Sua Ma- mulado pelo Governo imperial, foi se generalisando no
sul do paiz, pugnando-se em grande parte das representa
gestade quer alguma cousa de nós, mande aqui, e a as
sembléa deliberará». ções, a começar pela do Rio de Janeiro, fosse o projecto
O Presidente, como que n'uina invocação angelical c considerado definitivo, outorgando-n'o o Imperador e dis
serena, deante da torrente que se despedaçava, proclamava: pensando a approvação da nova Assembléa, que se temia
«O que me dá grande satisfação no meio de tudo é vêr viesse a demorar ou procrastinar o assumpto, considerado,
a tranquillidade da assembléa». com razão, da maior urgência.
Mas. a seguir, instantes após anunciou-se a chegada Em edital de 20 de Dezembro o Senado da Camara
de um official da parte do Imperador e portador d'um De do Rio de Janeiro communicava ao povo ler examinado o
creto; era o Decreto da dissolução da Assembléa, que projecto e não encontrar nenhuma reflexão a fazer, n'ellc
vinha, assim, espetado na |ionta das espadas como uma deparando uma prova do liberalismo, dizia, do Imperador.
fiamula de guerra, que era, ao espirito do liberalismo cons Dous livros foram postos á disposição do povo, um para
titucional que seria, apenas, amordaçado pela força, mas as assignaturas dos que opinassem pelo juramento imme-
diato c outro para os que desejassem a approvação da
Declarava o Dec. de dissolução que a constituinte havia Constituinte; o ultimo ficou vasio e o outro livro sc encheo
«perjurado ao tão solemnc juramento que prestou á nação de assignaturas. As mais cidades acompanhavam o mesmo
de defender a integridade do imperio, sua independên
cia, c a minha dynastia» e declarava que seria convocada Pernambuco, porém, onde já gloriosamente rehentára
outra Assembléa á qual seria submettido o projecto de o movimento revolucionário, de que se tornou o centro
constituição «duplicadamente mais liberal» que o governo e iquc foi iniciado, em fins de 1823, como é sabido, pelo
elaboraria (2). movimento reaccionario contra a eleição dos procuradores
A dissolução foi logo obedecida, como cumpria, e da Camara ao Conselho, não eleição decidida, unanimente,
n’uma atmosphcra de circumspccção e dignidade; á 1 hora pelo Senado da Camara, porque os Deputados á Consti
da tarde, conforme rezam os Annaes da Constituinte, sahi- tuinte não haviam faltado aos deveres do mandato e, por
ram todos os Deputados e se dissolveu a Assembléa. tanto, o novo acto de eleição era «contrario á dignidade
Diz-se de Antonio Carlos que ao sahir, juntamente e decoro» da Província, tornou tal reacçâo, ousadamente,
com outros deputados, e ao passar deante d’um dos ca definida, cm 1824, apezar da tenaz resistência do governo
nhões proximo assestados, tirára, sarcasticamente, o cha- imperial, na Conferencia do Equador, proclamada a 2 de
pèo, dizendo: «Respeito muito o seu poder». Julho por Manoel de Carvalho. Esse heroico movimento,
que foi coroado pelo cruel sacrificio de um punhado de
AGITAÇÃO QUE SE SEOUIO A DISSOLUÇÃO DA abnegados patriotas, sinceros ainda que visionários, eol-
CONSTITUINTE. SENTIMENTO JURIDICO limava, mais uma vez, no mesmo berço do de 1817, e com
ramificações em outras Provincias, a formação da Confe
A dissolução da Assembléa Constituinte, com o seu
deração do Equador, cujo regimem constitucional seria o
cortejo de perseguições aos Andradas, se fez rejubilar o systema constitucional norte-americano.
O que ha de mais notavelmente interessante n'esse mo seího de Estado era calcado no pro je cto da C o n sti
vimento é que elle rcflcctira, f • ••.as causas, unia alta c
nobilissima eoinprehcnsão do lib .aiismo juridico-constitucio- tuinte, comquanto aquclle houvesse sido, de facto,
nnl, sómente se n’o sentindo juridica c humanamente at mais m ethodico e lib e ra l; era, aliás, natural que, sob
tendee! e acceitavel quando o producto do sentimento na- alguns aspectos, o p ro je cto do Conselho se avanta
ciional tramfundido e filtrado nacutorga, f.c os seus reprcs.n- jasse ao da Assembléa C on stituin te, pois o d’esta
fôra a base inicial, cuja discussão apenas se come
vlciada; nota-se, como far sentir, o brilhante espirito cheio çara a fazer e cuja elaboração em plenário parára
de irradiação de Levy Carneiro, «o mesmo impressionante no art. 23.
e provavelmente sincero — cscrupulo de legitimidade, As linhas geraes do regiment n’ um e n ’o u tro
cram as mesmas.
gemio esforço de imitação dos paires mais adeantados" (').
i'roclainíra-se, pela vór d’esse 'illustre varão catholico e Na im possibilidade de fazermos um com pleto con
denodado cidadão, que foi o carmelita Frei Joaquim do fro n to entre um e o u tro , dados os lim ites d’este es
Amor Divino Caneca, dever-se, antes de tudo, oppôr ao im tudo. seja-nos lic ito aqui apontar, apenas, alguns as
perial projecto de Constituição uma cOccepção de incom pectos m ais importantes.
petência», pois o Imperador «não é nação, não tem sobe O poder m oderador, introduzido na C onstituição
rania, nem commissãn da nação brasileira para arranjar es
boços de Constituição, c aprcscntal-os». do Im pei io não existia no projecto da C o n stitu in te
no qual o tit. I l l , art. 39 reconhecia, apenas, tres po
Esse movimento tão cheio de ideologia juridica c deres: o leg isla tivo, executivo e ju d ic ia rio e no t it. IV
politica, foi, afinal, vencido e os seus pro-homens, como cap. I considerava como do poder executivo todas
Frei Caneca, seu centro espiritual e figura evangelisadora as a t t r ib u t e s quasi que passaram para o poder m o
c symbolics, foram atados ao marco glorificador do sacri
derador.
ficio e cruel morte. Como escreve Lcvi Carneiro, n’urn
periodo forrado de emoção, quando se extinguio a com- As a t t r ib u t e s do poder leg isla tivo n ’um e n’o u
missãs- militar, cujos trabalhos não se declaravam findos, tro p ro je c to eram as mesmas, salvo pequenas m o d ifi
«a sangreira marcára aquellcs meres com um sacrificio ines cações que lhe não alteravam o caracter, apenas te n
quecível- sagrara o episodio; accentu ira a rivalidade entre do o p ro je cto da Assembléa C onstituinte tomado a
o governo central e o espirito de autonomia local» (*).
O constitucionalismo liberal e a sua comprchcnsão, precaução dc ou to rg ar á Assembléa a faculdade de
sob c prisma d’um sentimento juridico c.n desabrocho, mas m udar para outra parte do paiz a sua séde em v ir
ja hem definido, se patenteava aos olhos do governo c ia tude de peste, invasão inim ig a ou «falta de lib e r
se impregnando, a pouco c pouco, na nacionalidade cm dade-> (a rt. 41 n.° V I I I ) e, bem assim, o poder ex
formação. p e dir cartas de convocação da futura Assembléa se o
Indcpcndcntcmcntc. porém, d'esse movimento, isto é,
ape/ar d'clle, o governo imperial lográra estimular e con- Im pe ra do r o não fizesse de ntro de dous mezes.
du/ir no sul do pair gestos de solidariedade franca com As a t t r ib u t e s 110 poder executivo, salvo as que
o projecto e de applauso á sua obra, tornando-se a mais c passaram a c on s titu ir o poder m oderador e que são
tnais, gcncralisad) o appello para que fosse a Carta consti as do a rt. 142 n."‘ I, I I I , V I II e X I I I (este m o d ifi
tucional outorgada e jurada independente de approvaçâo cado) d o projecto da Ass. C on stituin te, são per
qualquer da Assembléa a se constituir, c isso vinha tão
ao encontro dos occultos desejos imperiaes j.i transpare feitam ente semelhantes n’ um e n’o u tro projecto, não
cidos vcladamcnte no seu acto do governo mandando sus se lhe havendo dado no projecto da Assembléa o
pender a eleição dos novos representantes á Constituinte, poder de dissolução d’esta.
que o Imperador veio, afinal, a doccmcnte c rdrr ao im O C onselho de Estado era pelo p ro je cto da As
pério dos instantes appcllos sullcnscs, acabando por farer sembléa dem issivel a l nu tu m , enquanto pe lo do C o n
publicar o Dec. de II dc Março de 1824, designando o
dia 2 i d'esse mesmo mer afiai dc que tivesse logar o so- selho de Estado era v italício .
lemne juramento da Constituição, cm consequência de já A responsabilidade m in is te ria l a mesma em seus
formarem <maioria do povo brasileiros as representações fundamentos, conquanto accrescida no p ro je cto do
das Camaras municipacs. C onselho dc Estado.
Realmente, no dia designado, era, na Imperial Capella, Os d ireito s individuaes, os princípios de lib e r
solemnemente jurada, peio Imperador, a Constituição, soie-
mnidade a que se seguio o juramento no Senado da Camara dade e igualdade, a garantia da propriedade, a hu-
do Rio de Janeiro, tal como se deveria dar cm todo o manisaçâo das penas, eram princípios em que o C on
Brasil, conforme o estabelecido nas decisões imperiaes. selho dc Estado, no p ro je cto tornado a C o n s titu i
ção, se inspirara no projecto da Assembléa, fazendo
m odificações, porém, de certa importância m aior, como
V
se pôde ver pelo c o n fro n to entre o tit. I I cap. I I do
S Y S T E M A C O N S T IT U C IO N A L pro j. da Ass. e o t it. V IU da Const, do Im perio.
D O IM P E R IO No ponto de vista da descentralização, a C o n sti
tuição, pro je cto do C onselho, fô ra mais adeantada
SUA COORDENAÇÃO ORGANICA. LIBERALISMO c certo d o que o p ro je cto da Assembléa.
E CRISES DE CRESCIMENTO Pelo p ro j. da Assembléa a suspensão de garan
tias constitucionaes sómente se podia dar pela As
A C on stituiçã o do Im perio, jurad a em 23 de sembléa, ao passo que pelo projecto do C onselho,
M arço de 182-1, fo i, como vimos, oSra da Conselho mais consentaneamente, se n'a pe rm ittia ao G overno
de Estado. se não reunida a Assembléa.
O projecto de Constituição organizado pe'.o Con
o o o o o o 161 o o o
LIVRO DE OURO COMME MOR ATIVO DO CENTENARIO DA
PAVILHÃO DA DINAMARCA
O O O 162 o o o o o ô
IN lit. RENDE NCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Q uanto ao preceito con tid o no item n, a C onsti organização perdurado entre nós até a L e i de I I de
tu ição d o Im pe rio considerava to dos os poderes como O utubro de 1831, le i essa que merece um a menção
simples delegações da soberania nacional. Era um especial dada a ousada e grande reform a que exe
postulado da mais alta significação po litica, c, de cutou, aliás, após, tã o com batida e pela qual se
clarando-o em fo rm a expressa, a C onstituição es fixan do a organização do T he zou ro Nacional, se de
clarecia o seu p ro p rio systema e, parallelam entc, exer term inou, no art. Ql, passar a sêr exercida pelos
cia um m in is te rio educativo na fo rm ação nacional. Juizes te rritoriae s a jurisdicção contenciosa até, en
P e lo item con tido na le ttra b, vê-se que os po tão, exercida pelo C onselho da Fazenda.
deres nacionacs o rig in á rio s fo ram div id id os pelos seus Tratava-se d’ uraa refo rm a da mais capital im
orgãos classicos. portaticia para as idéas e preconceitos predominan
A o le g isla tiv o sc ou to rg ou , em toda a plenitude, tes na épocha, não só entre nós como na m aior parte
o poder de le g isla r, sendo, assim, o unico orgão o ri- dos escriptores extrangeiros do m om ento; o que era
ginariam ente creador do d ire ito , como da machina ad posto em cheque era a chamada liberdade de acção
m in istrativa e dos recursos patrim oniaes para a vida da adm inistração publica em todos os seus m u ltiplo s
do Estado aspectos, que se pretendia poder sêr radicalmente
Essa funeção leg isla tiva era exercida por in i enervada pela intervenção d ’um o u tro poder estra
ciativa de cada uma das Camaras form adoras da As- nho. O Visconde de U ru gu ay com a autoridade que
scinhléa G e ra l (Cam ara dos Deputados e Senado), lhe emprestavam os seus alto s m eritos, além de aba-
cabendo, porem, á priv a tiv a in ic ia tiv a das Camaras lisado escriptor, autoridade maxim a no regim em pas
dos Deputados alguns assumptos, d ’entre os quaes sado em d ire ito adm in istrativo , escrevia, imbuído
os que diziam resp eito aos im postos ou tributações d’essas cerceadoras idéas, que havíamos com essa re
0, bem assim, a não menos im portante funeção de vi- fo rm a retrogradado para os tempos anteriores a 1761
g ila n ria nacional, qual a de sêr quem declarava sêr e diz sêr isso m ais um exem plo do es p irito nivela
ou não procedente a accusação contra os M in istros dor dos tempos cm que «sómente se preoccupava dos
(ou m em bros do C onselho de E stado). O dúplice interesses c d ire ito s do ind ivid uo » e que fora do po
beneplacito de ambas as Camaras era uma necessi der ju d ic ia rio não via «nem garantias nem justiça»(>);
dade absoluta, e isso era um grande e rro com etti- é que calcando-se nas do utrin as de P o rta lis e H enrion
do p o r tã o liberaes legisladores; assim, se uma C a de Pansay, o provecto e s criptor c homem publico sus
mara recusava, o p ro je cto de le i estava illid id o ; se tentava que «para não se cahir na confusão c na anar-
emendava, a o u tra Camara ou acceitava as emendas cltia é indispensável que os actos ad m inistrativos, isto
o u as regeitava e, n ’estc caso sc considerava de u ti c que os actos que emanam da autoridade adm inis
lidade o p ro je c to podia s o llic ita r o funccionamento trativa sobre assumptos ad m inistrativos, não fiquem,
•w nju ncto de ambas as Camaras para se resolver, por m odo algum , dependentes d ’o u tro poder», pois
em d e fin itiv o . «movendo-se d e ntro d’ esse c irc u lo pódc fe rir um d i
Era um systema um tanto perigoso, maximé reito, c produz-se como vim os, dizia, uma questão
dado o caracter in stitu cion al do Senado. O Poder adm inistrativa contenciosa» (•).
le g is la tiv o era composto electivamente, vindo, po Infclizm ente, porém, a verdade é que a m agis
rém , o terço e le ito dos Senadores n ’uma lista triplice, tratura, de um lado, não estava, n ’aquella epocha, apta,
que era subm ettida á escolha do Im perador. cm geral, a ap plica r a grande e revolucionadora re
A o poder executivo fo ram dadas as funeções p ro fo rm a e a adm inistração publica, p o r o u tro lado, tão
prias de executor da vontade nacional, expressa pelos pouco, possuía fundas reservas jurid ic a s que lhe occa-
seus orgãos pro prios, provendo á adm inistração p u bli sionasse uma rap id a adaptação ao novo estado de
ca sob seus m u ltip lo s aspectos. cousas, de fo rm a que tã o grande fo i o num ero
A o poder ju d ic ia rio foram com m ettidas as fune de condemnações da Fazenda Publica que a As-
ções de ap plica do r do d ire ito no c o n flic ta dos in te scmbléa G eral fo i arrastada, apaixonadamente, ao não
resses e relações privadas dos ind ivid uo s particula menos revo lu cion ário acto de para p ô r uma barreira
res entre s i; estavam, im plicitam ente, affastados, m o á avalanche invasora pra ticar o attentado de a p p li
mentaneamente, os c o n flictos entre os cidadãos e o car contra o poder ju d ic ia rio a disposição contida no
Estado ou entre os orgãos d ’este, dada a organiza art. 31 da Carta de 24 de O u tub ro de 1832, que
ção perdurante com relação ao contencioso adm inis dispunha não sêr paga d iv id a «por m o tiv o de guerra
tra tiv o . Para comprehensâo d ’ essa explicável anoma externa ou interna, sem a autorização da Assembléa
lia , convem vermos suas causas tanto quanto suas Geral», o que, com o bem fazia sen tir o Visconde
transform ações. Com e ffe ito no regim em ante de U ruguay, o do uto p u blicista do Im perio, era pra
r io r á independência, quando P o rtug al M onarchia ab ticar um attentado. procurando-se o rem edio para um
soluta, não havia contencioso adm in istrativo , pois mal na «violação flag ran te da independencia de ou
o poder absoluto enfeichava em si to dos os outros, tro poder».
lem bra-n’o o Visconde de U ru gu ay ( ') , mas sob a Vê-se, assim, que o leg isla do r, ao invés de dar
influ en cia do M arquez de Pombal, se deu em Por ao in s titu to do contencioso ad m in is tra tiv o a fle x i
tu ga l a 22 de Dezembro de 1761 a creaçâo do Con bilidade conveniente, de m odo a ir preparando a ad
selho da Fazenda encarregada da jurisdicção adm i m inistração c a ju s tiç a com o novo regim em libe ra l
n istra tiva «voluntaria e contenciosa», havendo essa
O O O O O O 163 O O O O O
LIVRO D L OURO COAIM L MORATIVO DO CF.NTLNARIO DA
que nobremente se collitnava, passava, ao contrario, Quando o Dec. de 12 de A b ril de 1832 convo
d ’uni extrem o ao o u tro , sc.n attender á peculiaridade cara os eleitores a conferirem aos deputados p o ie re s
das nossas condições nacionaes. para a reform a constitucional, que depois se fizera,
N obres eram esses ideaes e salutar esse m ovi na indicação dos pontos de reform a fô ra inclu ída a
m ento, em que peze a op iniã o contraria que expen suppressâo do Poder M oderador, s up prim in do -se to
dia, acompanhando a do u trin a de Portalis, H en rio n de das as suas funcções ou se n’ as inte gra nd o g lo ba l
Pansay, M açarei, R om agnosi, etc., o ju rista, Viscon ou parcialmente com o Po de r executivo; a lib e r
de de U ruguay, pois a doutrina verdadeira sempre ta ria idéa, mais de fôrm a, em g ra n d ; pa rte, após
esteve com a lib e ra l Inglaterra , onde o C onselho dehates e pressões, não fo i approvada pela Assem-
p rivad o (P riv y C o n c il), nunca teve um caracter ju bléa.
ris d ic tio n a l em m atéria contenciosa, predominando O Im perador pela C on stituiçã o nomeava e de-
n’ essa grande Nação o p rin c ip io de que a liberdade m ittia , livremente, os M in is tro s de Estado, mas essas
in d ivid u a l, mesmo deante da administração publica, funcções ligadas ás do Poder m oderador de disso l
é a suprem a le x , de sorte que ou o cidadão acquies ver a Camara, deram lo g a r a que se fosse in tro d u z in
ce o u sómente se lhe pode actuar com o acto admi do, fó ra de qualquer te x to expresso da C o n s titu i
nis tra tiv o um a vez que isso seja por uma decisão ção, o regimem parlam entar, regim em, esse, porém,
ju d ic ia l propriam ente dita . que. por ser uma adaptação forçada, era evidentem en
A generosa e avançada reform a da Le i de 1831, te falseado.
entre nós, acompanhava, assim, ò verdadeiro princi O Im perador escolhia um M in iste rio org an iza do
p io seguido pela Inglaterra , Am erica do N o rte e com elementos de u.n dos pa rtid o s ; se esse p a rtid o
pela Belgica, na sua C on stituiçã o do mesmo anno era o da m aioria da Camara estava tu do m u ito bem :
de 1831, certo como é que a theoria contraria á se, ao invés, tinha m in oria a consequência sabida e
«o frueto, no dizer do eminente Lorenzo M euci, ou por to dos já espeiada era a dissolução da Cam ara,
de incom pleto desenvolvim ento his to ric o dos Estados, para que se fizesse... a consulta á Nação a qu al p o r
o u d o systema d is p otic o em assumpto de governo» / as ou p o r nefas era levada a fo rm ar a m a ioria m i
e fatalm entc cahe com a civilisação e «maximé com nisterial.
os princípios d o d ire ito po pu lar e representativo ( ') O Im perador como que fazia a rotação dos p a rti
ou como escreve o do uto M in is tro V iveiros de Cas dos, quiçá no occulto e secreto desejo de monarcha
tr o : «Sómente o poder ju d ic ia rio deve ju lg a r - - que, se vangloriando com o titu lo d ; sabio e de
una le x una fu ris d itio » (s). chefe d’uma democracia im p e ria l, buscava fazer a
A funeção con trola do ra ou sedativa, para a bôa educação po litica reflexa da Nação c de apparentor
harm onia entre os poderes e contenção d’ estes na o r a existência d’um regimen in s titu c ion al, ta lvez, mas
bita constitucional era exercida pelo Poder M odera não expressamente constitucio nal. O facto c, porém,
do r. O art. 98 da C onstituição do Im perio assim o que a po litic a e o regim em ou pratica parlam entar na
conceituava: «O Poder M oderador he a chave de monarchia residia no poder pessoa! do Im pe ra do :.
to da organização p o litic a , e he delegado p rva tivam en - O monarcha reinava e governava em anteposiçâo.
tc ao Im perador, como Chefe Supre no da N a,ão e s u t assim, á tã o debatida do utrin a por que ta n to se
P rim e iro Representante, para que incessantemente vele batera T hiers, em 1830, na França, e ião de accordo,
sobre a manutenção da lndependencia, e q u ilíb rio e har em grande parte, conquanto não em absoluto, r o n a
m onia dos m ais po de res'. Instituição, c o n o se sabe, antiga tradicção histórica da Inglaterra . A liás, esse
propugnada na França, por Benjamin Constant, so prin c ip io fô ra m uito com batido pelo Visconde de U ru
mente aqui no Brasil e na Carta C onstitucional de
guay, cujas idéas exerciam, incontestavelm ente, dada
P o rtug al, após, (a rt. 71), n’esta como n ’aquella sob
sua autoridade, uma decisiva influencia so cia l; U ru
a acção de D . Pedro I, fo i ta l poder p o litic o prees guay escrevia que a maxima — o Rei reina e não g o
tabelecido em fórm a expressa (em fó rm a, pode-se verna — «he completamente vasia de sen tido para
dizer, institu cion al nenhuma Nação, na épocha, o
nós, pela nossa C onstituição. O Im perador exerce as
dispensara, e h iã o ). A e lle se re'ferindo, escrevia P i
attribuições que a C on stituiçã o lhe confere, e essas
menta Bueno, sêr «a mais elevada força social, o
não podem sér entendidas e lim itadas p o r u n a m a
org ão p o lític o o mais activo, o mais influ en te de to
xima estrangeira». Se a m axim a não encerra to da sua
das as instituições fundamentaes da Nação» (3). Pelo
verdade logica interpretada á luz da d o u trin a exa
art. 101 da C on stituiçã o im perial era exercido pelo
gerada, quiçá, de T hie rs a quem tanto se oppunha
Im perador: nomeando os Senadores eleitos na lista
Q u izo t, sua verdade como systema, desde que se
trip lic e (a rt. 4 3 ); convocando a Assembles extra or
o s u je ite a uma sã conceituação con stitu cio na l, é
dinariam ente; sanccionando as resoluções le g is la ti
in d ub itáve l; mas... na pratica era verdadeira a asser
vas; approvando e suspendendo as resoluções pro-
ção de U ruguay perante a C onstituição, que, no en
vinciaes; prorogando ou adiando a Assembles e n’ a
tanto, e ahi é que estava o falseamento, a tradicção
dissolvendo; suspendendo os m agistrados; perdoando
nacional buscara adaptar ao regim em parlam entar.
e m oderando as penas; concedendo am nistia em ca
Para se sentir, n’esse regim em, ou, antes, n’ essa
racter urgente.
pratica parlamentar, qual era o poder pessoal do m o
narcha, basta lem brarm os um de seus incidentes mais
typicos em uma das agudas crises, que, pode-se dizer,
(:) L. Meuci — Institution: di Dir. Amminist. —
Turim — 1909, pag. 61. fo i o in ic io do abalo nos alicerces da M onarchia.
(s) A. O Viveiros de Castro — Dir. Adm. 2.» edic Fazia-se a guerra contra o Paraguay, á qual D.
pag. 583. Pedro I I emprestava to dos os desvellos de seu gra n
P) Pimenta Bueno — Direito Publico — § 265. de patriotism o. A fig u ra form idável de Zacharias d i-
o o o o o 164 o o o o
r ~ . J M A T O Z IM H O S ^ .S
**
LOPES». e©ilUhl©
H a t o z im h o s — P o p l t o ------- P o rtu g a l
sita r em sua pessoa confiança e buscasse lhe d iff i- da ilk g itim id a d e do G abinete ( ’ ). vcimento
cu lta r os m eios. D entro da objectividade externa da C onstituição
Deante d isso, Zacharias, a ffirm an do serem ah- o poder pessoal do Im perador se revelará á eviden-
solutam ente infundadas as suspeitas d o grande cabo c ia ; a investidura dos Gabinetes eta curta o seu
de guerra, cm quem o Im perador assentava, então, titu lo precario, — enquanto agradasem o M onarcha:
como homem de sua confiança, o seu pre stigio e es- em taes condições só havia um m eio de governar
peranças, apresenta o pedido de demissão do Ga- era por-se ao lado da p o litic a que traçava o Impera-
b .ucte ; a questão no C onselho de Estado tornára-se d o r...; o Senado e o C onselho de Estado viviam de
m elindrosa, dada a form a da consulta fe ita pelo l.n- seu fa vor, da sua graça. Nenhum chefe qu i/era sêr
perador sobre o que seria m enor m at. •/ demissão incompatível... elle form a a c orrente da adm in istra
te» G eneral ou a d o M i n i s t é r i o o que dá logar a ção, ora n’um sentido, ora em o u tro ; só elle sabe
um embate in tim o em cada C onselheiro entre a ne- o verdadeiro destino da navegação , escrevia o b ri-
cessidade m ilita r, e pois. patria, e os principias de Ihante esp irito do saudoso Joaquim Nabuco <«).
independência e de reacçâo contra qualquer usurpa- Cabe aqui lig a r ao assumpto o item d, para,
ção ou perigosa invasão d > poder m ilita r, torn an - após, passarmos ao p rin c ip io fix a d o no item
do-se a discussão ah i havida verdadeirmente memora- O Poder M od erador era, n ’essa funcçâo seda-
vel d e n tro da augusta serenidade e singeleza das Uva ou de eon r ô lc . assistido por um o rg ã o consti-
opir.iõcs. d e n tro os votos se destacando o d> illu í- lueional, a p rincip io , que veio, porém, perder pos-
trad o M arquez de S. Vicente, conservador, am igo de teriorm ente. esse caracter u ltim o ; esse org ão de com-
Caxias, que, «pronuncia-se contra este por am or posição necessariamente select a era o C onselho de
dc um grande p rin c ip io », escrevia o saudoso Joaquim Estado.
N aboco; venceu, a fin al, darem-se amplas explicações Não houve na M onarchia institu ição que fosse
ta lm e nle Pl‘ *° dilema im p erial . A crise, porem, se ras décadas após a independência; ora constituída e
affasta, apenas, p o r momentos, para logo após rebentar m antida, ora suppressa, era p o r uns defendida apai-
quando fo i da escolha do C onselheiro Salles Torres xonadamente, p o r ou tros combatida ardorosamente.
Hom em para Senador e ao que se oppunha Zaclia- Com o já fizem os sen tir fô ra , antes da Indepen-
rias, que acaba p o r p e dir a demissão definitivam ente. dcncia, solicitada sua in s titu iç ão pelas Provincias de
A attitu d e do grande estadista e parlam entar Na- S. Paulo, M inas e R io de Janeiro. A C on stituiçã o ju -
buco de A ra ú jo assume, então, os aspectos d ’lim aeon- rada por I) . Pedro I accedeu a taes desejos e,
tecim ento, deante da escolha d ’um no vo m in istério, no tit. V cap. V II, arts. 137 a 144, creou o Conselho
m otivada, tão sómente, pela actuaçâo predominante de Estado, sendo com posto de 10 m embros v ita li-
da vontade d o Im perador na gestão do governo. cios e lhe cabendo aconselhar e esclarecer o Impe-
Nabuco de A ra u jo pronuncia, deante do novo rador sempre que este entendesse conveniente, prin-
m in iste rio , o celebre discurso de combate, que é cipalmeute to da vez que tivesse de exercer qualquer
quasi como que um toque de reunir contra o poder funcçâo de Poder M oderador, sobre negocios extran-
pessoal do monarcha, que subvertia as normas da geiros, declaração dc guerra ou negociações da paz,
ethica no regim em parlam entar, que a tradicção in- conflictos de jurisdicções entre os orgãos adm inistra-
tro d u /ira nas instituições, e seu discurso passa á tivos e jud iciá rio s. Era org ão meramente consulta-
his to ria como o discurso do sorites, para fazer um tiv o e faculta tivo. F oi sup prim id o pelo art. 32 do
protesto não sobre a legalidade do m in is tério actual. A n o A d d itio n a l á C on stituiçã o, a titu lo «de uma
porque em verdade a Corôa tem o d ire ito de nomear garantia á liberdade» o que redundou, ponderava,
livre m e nte os seus m in istros, mas sobre sua le g iti- com razão, Pimenta Bucno (•’ ) , n ’um máo, pois se
midade» e após m ostrar com a sua athica cloquen- mantendo o poder m oderador deixou-se de se lhe
cia que o m in is te rio que cahira assentava justam en- dar um correctivo, um sedativo para os seus erros e
te iTuma m aioria libe ra l constituída pela vontade excessos. A le i o rd in aria n ." 234 dc 23 de Novem-
n n cion al; uma m aioria tão legitim a... como podem bro de 1841, em virtu d e de o haver proposto e
sêr to das as m aiorias, que hão de v ir enquanto não
tiverm os libe rd ad e dc eleição» e que o m in is tério que
cahira representava, justamente, essa p o litic a não de
cadente, mas, sim, tendente «a um grande desenvol- 1'* Joaquim Nabuco Um Estadista do Imperio,
vimento» e que, portanto, o regimem representativo ' ol' } }} ' !’a8* ' . 12', ® I25‘ ,,
_• • , . (’> Joaquim Nabuco — Um Estadista do Imperio, vol.
exigia, pelo menos, que o m in is terio successor fosse paR 553 e
tira d o da mesma corrente po litica c não d’uma adver- (3) Pimenta Bucno — Direito Publico, pag. 285.
O O O O 165 O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENÁRIO DA
sul licitado o imperador D. Pedro II, na Fala do ções legislativas após o placet da Assembléa Geral
Throno de 3 de Maio de 1841, o instituio novamen (ar!. 85).
te, nâo sem grande debate, pois entendiam alguns, O Acto Addicional, com a intelligencia que se
como o Senador Vergueiro, que a lei era dispensável lhe deu, veio trazer, porém, grandes modificações a
e que o Imperador o podia crear independentemen esse regimem embriogenetico da autonomia provin
te, ao que se oppunha o Senador Bernardo de Vas- cial, realizando uma franca evolução, conquanto ainda
concellos entendendo que «uma instituição de ta nâo definitiva, mas constituindo, certo, um grande
manha transcendência na ordem social», devia repou passo para o regimem federativo franco que se veio
sar «sobre princípios fixos», enquanto o Senador a propugnar aos ultimos tempos da Monarchia e que
Paulo e Souza sustentava a sua inconstitucionali- constituio a clava mais forte, talvez, para o advento
dade á vista da sua suppressâo pelo Acto Addicional. rapido e feliz da Republica. No art. 1 ° o Acto Addi
cional creou as Assembléas legislativas provinciaes;
Manteve-se o caracter de vitaliciedade, o que era suas attribuições legislativas foram enumeradas, sendo
em extremo combatido sob o fundamento de que era essa especificação fundada, em parte, nas attribuições
incongruente, pois era obrigar o Imperador a se dadas aos preopinantes Conselhos Geraes das Provin
aconselhar sempre com as mesmas pessoas, ainda cias, cabendo-lhes legislar: sobre interesses peculiares
que estas se houvessem divorciado do espirito da ás respectivas Provincias, taes como divisão civil,
Nação ou não acompanhado mais a sua marcha pro judiciaria e eclesiástica; instrucção publica, nâo eom-
gressiva. prchendida a superior official; sobre policia e econo
Item c. O quinto principio central da Constitui mia municipal, precedendo proposta das respectivas Ca
ção de 1824 consistio em, por uma forma diffusa, maras; sobre fixação de despezas e impostos, contan
lançar o primeiro nucleo embriogenetico da futura to que não prejudicassem as imposições geraes taxa
federação. O art. 71 da Constituição reconhecia a das pelo Imperio; sobre contribuições directas dos
todo cidadão o direito de intervir nos negocios pe municípios e sobre fixação de forças policiaes provin
culiares de sua provincia, direito esse exercido pelas ciaes. Cabia mais ás provincias exercer cumulativa
Camaras de districto e Conselhos, que com o titulo mente com o Governo geral a funcçâo de decretador
de «Conselho Oeral da Provincia» deviam se es do estado de sitio, na forma e condições previstas
tabelecer em cada Provincia, (art. 72), sendo seus pela Constituição (art 179 n.° 35 da Const, e
membros electivos (arl. 74) e tendo por fim legislar art. 11 § 8 do Acto Add.). Essas attribuições eram
sobre os peculiares interesses provinciaes, (art. 81), exercidas sem mais dependenda da ratificação da As
mas sómente se tornando executáveis essas proposi sembléa Geral, apenas havendo uma acção contro-
lad ora po ste rio r, pois competia ao Presidente da dynamico geral. Como consequência os grandes vul-
Provin cia rem etter copias authenticas das Leis pro- /o s do paiz, no centro, se preoccupam c são assal
vinciaes á Assembléa e G overno geraes, afim de ta dos pe lo temor deante de uma tantas consequên
se exam inar se offendiam á C onstituição, impostos cias desastrosas. Dada a im p ossib ilida de o u d if-
geraes, etc., is to c aos interesses institucionaes e ficuldade d'uma nova reform a constitucional, pro
geraes da Nação (a rt. 20 do Acto A d d.), casos unicos cura-se a tangente d ’uma le i de interpretação, que
em que se podia dar a revogação da le i provincial. surge em 1840, le i essa pela qual se fix a n d o qual
C) p ro je cto de le i votado pela Asscmbléa Provincial a interpretação a dar aos te xtos constitucionaes, leva
devia te r a sancçâo do Presidente da Provincia, mas a organização politico-ad m in istra tiva das provincias
essa sancçâo não era forçosa para a sua effectivaçio, a fundas modificações, cerceando a actividade das
com o se dava no G overno Geral (art. 6." da Const.), Assembléas Provinciaes n’a q u illo que tinham de mais
po is o regim em fô ra m ais liberal, visto que se o Pre fundam ental, como fosse a organização de funeções,
sidente nega sancçâo a Asscmbléa podia m anter o isto é, natureza c attrihuiçfies do fu nccionalism o pro
p ro je c to de le i por dons terços de seus votos, e em vincial, po licia l em geral, organização
caso negativo não se podia renoval-o na mesma Sessão, Referindo-se a essa refo rm a e n’ a apoiando fran
o que con stitu ía o antecedente ao regimem legiferante camente O liv e ira Vianna escreve, com a form a incisiva
da R ep ub lica ; a isto se abria uma cxcepçâo em be que lhe é peculiar, que essa interpretação «inspira-se
n e fic io geral e da soberania nacional, c era quando a n 'uin esp irito vigorosamente centralista e é uma
v e to entendia p re ju dica r o projecto ás outras pro vin criação genial de Bernardo de Vasconcellos e do
cias o u a tratados, caso em que era o projecto rc- velho U ruguay... Realizando a mais adm iravel obra
m e ttid o á Assembléa Geral para decidir sobre o de centralisação de nossa h isto ria , matam o provin-
ve to (art. 16 A c to Ad d.). cialism o — e salvam a Nação» ( ') e m ais adeante,
Era a descentralização que começava, a qual fo r com satisfação, proclam a: «Ê uma compressão pode
ma aproxim adam ente com pleta já havia tomado com rosa c systematica, contra que não ha cau dilh o local
as grandes reform as trazidas pelo C od igo de P ro ou olygarca provincial que se levante... E ntre nós,
cesso C rim in a l de 12 de Agosto de 1832, Le i de 8 essa paz inte rio r, esse im p erio do d ire ito , essa ordem
de O u tu b ro de 1834 relativa ao novo R egimento dos publica m antida e diffu n d id a por to do o paiz c a
Presidentes de Provincia. obra excellente e suprema d o II Im perio» (*).
Esse m ovim ento de descentralisação que se in De facto uma ta l descentralisação fô ra exage
te g ro u com a trip lic e actuação do C od. de Proe. C ri rada, apenas, então, pensamos, pela precocidade d'um
m in a l, A cto A d d ic io n a l e Le i de 1834 fôra ao seu tão la rgo surto em ancipador, quando a Nação não es
te m p o m ui com batido, maxime pelo douto Visconde tava devidamente preparada para isso, mas o que
de U ru gu ay em c ujo testemunho ainda hoje o b ri é certo, também, se nos antolha, é que a rcacção não
lh a n te esp irito de O liv e ira Vianna se calca para de fo i menos exagerada e esse grande ro lo compressor,
m on stra r a sua nocividade para um paiz com o o nosso que passou a sêr o poder central, esquecia que essa
n ’ aquella épocha e do que adeante tratarem os. trituraçã o dos grupamentos cellulares d o organism o
O Senador V ergueiro, em sessão do Senado de podia redundar na paz, mas essa paz era não o
12 de Julh o de 1841, proclamava que as agitações que indice d ’um desenvolvim ento synergico de energias
s o ffria , então, o paiz, advinham de «havermos ante organicas em perfeito eq u ilíb rio dynam ico, mas, sim,
cipado a nossa organização política á social» e na o symptoma do am ortecimento de energias vivas que
mesma Sessão Bernardo de Vasconcellos abundava m al começavam a s u .g ir nos movim entos naturalm en
nas mesmas ideas; as agitações nos Estados se da te não harmonicos d ’um superorganismo, que se t i
vam e o poder central se enfraquecia, um ta n to ; alem nha de subm etter a leis de adaptação e sclccção; do
do mais, os nossos homens, escrevia o Visconde de U ru que havia necessidade, era, sim , de leis de transição
guay, não conheciam nem haviam estudado esse sys para a passagem do centralism o absoluto para uma
tema de descentralisação trazido por tacs re fo rtn a s ('); descentralisação, que se deveria i r praticando, pro
succedia vencer as eleições uma das parcialidades em gressivamente, a bem, particularm ente, d o fu tu ro na
que estavam divid id as as nossas provincias. A m aioria cional.
da Assembléa P rovin cial era sua. Pois bem, montava No ponto de vista da centralisação c m ister
o seu partido ... Am ontoava obstáculos para que o descentralisação, que se deveria i r praticando, pro-
la d o con trario, para o fu turo , não pudesse governar. lisação adm inistrativa; aquella é indispensável, m axi-
Fazia juizes de paz seus e camaras municipaes suas... mé nas democracias, porque desempenha um papel
Edificavam , assim, um castello inexpugnável, não só conveniente para a form ação da unidade nacional,
para o lad o c on trario, como para o governo cen quer elaborando o d ire ito , exercendo as funeções
tra l (-). magestaticas da soberania nacional, como estabelecen
C om o to d o organism o em formação, a synnergia do as bases alicerçares para a form ação do grande
das funeções organicas tinha que s o ffre r os naturaes p a trim o nio m oral e inte llectu al da Nação, thezouro
abalos e por fa lta de cultura conveniente e dada a sem o qual as Nações não se rejuvenescem nem pe
inexperiencia tinha que acarretar a hyperthrophia netram no seio da posteridade ao desempenho de sua
funccional de uns orgâos cm detrim ento do eq u ilíb rio missão humana; mas, ao invés, tu do a q u illo que diz
(') Vide Visconde de Uruguay — Dir. Administ., (<) Oliveira Vianna Populações Meridionals do
vol. II, pag. 163. Brasil — pag. 232.
(-) Visconde de Uruguay — op. cit., vol. II. (r) Oliveira Vianna — op. cit., pag. 235.
o o o o o o 167 o o o o o o
LIVRO E OI i RO COMME MORAL/VO CENTENARIO DA
respeito á gestão da cousa publica, á sua administra na educação e na direcção na formação organico-psy-
ção e consequentes necessidades complexas para o chica dos sires humanos arrastará, futuramente, ao
desempenho de funcções organicas especificas, na sa automatismo, mas nunca ao florecimento das indivi-
tisfação de solicitações e causas peculiares á cada dualidades fortes no self-governm ent. Aqui, como
ramo da administração, deve, ao contrario, sêr o cm tudo, a virtude está no meio termo — centra-
mais breve possível entregue aos seus naturaes de lisação governamental, no sentido proprio d’ este ter
positarios, ainda mesmo que se soffrendo as conse mo, para a formação e manutenção da unidade mo
quências abaladoras duma tal outorga, pois taes aba ral e nacionalisadora, descentralisação administrativa
los são passageiros e representam, apenas, crises no sentido amplo d’essa expressão, para o livre de
de crescimento, reacções meramente symptomaticas, senvolvimento organico das unidades e em cujo uso
muita vez, d’um natural processus de adaptação pre sc terá as fataes crises do crescimento, que não de
paradora unica da ideal consecução d’uma finalidade vem s ir confundidas com as crises da decadência
historica na teologica formaçã > dos attributos conve ou da dissolução.
nientes a uma democracia organica e expontânea; Esse mero quadro historico de linhas rapidas,
agir em forma contraria é improvisar, apenas, a paz não nes permitte, porem, infelizmente, nos demo
apparente dos organismos anemisados, que produz o rar no assumpto, ao qual maior desenvolvimento de
engano le d o c re g o do presente, mas, nunca, desem mos por haver sido o problema politico-constitucio-
penhar o destino historico que as circumstandas hajam nal central do Imperio.
traçado.
Aliás, essas ideas de cuja verdade sempre esti no grande scenario das liberdades politicas e indivi
vemos convictos, vemol-as defendidas já pelo notá duais; diz respeito á inviolabilidade dos representan
vel espirito e eminente pensador, autor do estudo tes do povo nr. Parlamento nacional; preceituava o
sobre a Democracia na America do Norte. A cen- art. 26 da Constituição: os membros de cada una
tralisação administrativa, escrevia Tocquevillc ('), lo das Camaras são invioláveis pelas opiniões que pro
gra, é verdade, reunir n'uma dada época e n’um cer ferirem no exercício de suas funeções». A essa dis
to logar, todas as forças disponíveis da Nação, mas posição se unia o preceito do art. 27 impeditivo da
ella pre ju dica á reproducção Jas forças. Ella fez prisão dos representantes nacioonaes durante o exer
triumphar o dia d o com ba’.e, mas dim inuo, para sem cício do mandato.
pre , seu poder. Poderá, ella, concorrer admiravel O primeiro d’csscs dispositivos c a reproducçâo
mente para a passageira grandeza d’um homem, não do art. 25 das bases da Constituição portugueza
para a prosperidade d’um povo» e mais, «consegue... de 1821; do art. 27, fonte provável fôra o art. l. \
manter a sociedade n’um s:atu q u o que não é, pro sec. VII n." I da Const, dos E. U. da America do
priamente, nem decadência nem progresso; alimentar Norte, que preceituando a inviolabilidade dos repre
no corpo social uma especic de somnolencia adminis sentantes da Nação, estabelece correlatamcnte que;
trativa que os administradores se acostumam a cha em todos os casos, excepto os de trahissão, de fe
m ar bôa ordem e tranquillidade publica. Ella logra, lonia i dc perturbação á paz publica, elles (os repre
em uma palavra im p ed ir, não re a liza r » e se referin sentantes) não poderão sêr presos quer durante sua
do aos males e abusos na direcção das nações, pro presença na sessão, quer para ahi se dirigindo ou re-
clama o grande escriptor, com sua incontestável auto
ridade: uma democracia sem instituições provinciaes
não possue nenhuma garantia contra semelhantes ma Esses disposições, das constituições americanas
les... Como resistir á tyrannia n’ um paiz onde cada e do Imperio, s> encontram, também, semclhantemen-
individuo é fraco, e onde os individuos não são te na lei constitucional franceza de 16 de Julho de
unidos por nenhum interesse commum? Aquelles que 1875. art. I I § 1." c Const, da Argentina (art. 61
temem a licença, e aquelles que se arreceiam doi poder e 62 ), n’esta ultima com mais technica e fórma asse-
absoluto, devem, portanio, desejar o desenvolvimento guratoria, e havendo, por isso mesmo, sido quasi re
gradual das liberdades provinciaes». produzida no art. 20 da nossa Constituição republi
Não se deve esquecer, particularmente, o teleo- cana, salvo a exigência de dous terços de votos para
gismo historico que devem ter as instituições poli a licença com relação ao processo e que o legislador
ticas nas nacionalidades em formação, devendo, como patrio na Republica entendeu, bem, não exigir.
devem, constituir valores de duplo effeito: de asse- São medidas sabias que o liberalismo constitucio
guradores da ordem e do bem estar presente, e, pa- nal brasileiro entendera por bem esposar, pois consti
rallclamente, de propulsores do progresso ethico — tuem uma das valvulas dc segurança, entre outras,
politico, e esta ultima, é a grande finalidade historica existentes no funccionamento do mechanismo consti
das instituições nacionaes em paizes novos. O su- tucional patrio; não foi uma innovação, não é um
perorganismo é. ahi, como o organismo humano no privilegio, o que teria caracter odioso, mas, sim, um
periodo de formação; coarctae-lhe todos os movimen preceito s i ne qua non para o exercício do regimem
tos expontâneos, fazei a assistência continuada, pro- representativo e para seu livre desempenho.
curae tudo dirig ir e tereis certo a egoistica calma e O sétimo ponto central da nossa systemasição diz
tranquillidade de que nenhum acidente lhe advirá, respeito á declaração e enumeração expressa dos di
mas, também, certo podeis estar que esse simplismo reitos individuaes ou do cidadão, quer em relação aos
fundamentaes princípios da liberdade e igualdade,
com restricção quanto á religião, quer quanto á ga
(I) A. Tocqueville — De I. Democratic cn Amcri.uie, rantia dos direitos primordiaes e asseguração do
vol. I, pags. 144, 150 e scg. repouso ou estabilidade nas relações juridicas, tudo
O O O 168 o o o o o o
COMPANHIA NACIONAL DE RENDAS — Rio de Janeiro.
iN D F .P i:\i> n \c iA A F X POSIÇÃO INTFRNAC.
isso dc par com humanisação dos princípios referentes a liberdade, a segurança individual e a proprieda
ás penalidades. de, é garantida pela Constituição do Imperio, pela
O conjuncto d’esses grandes princípios forma o maneira seguinte . Eram, assim, affastados os es
titulo V III da Constituição do Imperio de 1824; trangeiros. Seguem-se as demais disposições seguin
c elle, esse titulo V III, o grande foco de radiosa luz tes, cuja ordem deixaremos para grupal-as pela sua
que envolve a nacionalidade nascente. maior ou menor proximidade.
Na epocha, nem a Constituição norte-americana, Quanto á liberdade ahi se preceituava: que ne
«Tm seu art. 1.® secção Q.° e emendas se avantajava; nhum ciJadâo podia sêr obrigado a fazer ou não
bem, ao invés, falta á Constituição americana, essa é alguma cousa senão em virtude de le i; a liberdade
a verdade, n’ esse ponto, uma exposição methodica e de pensamento fôra estatuída pela forma seguinte:
uma forma organica systematica, e, se affastarmos o todos podem communicar os seus pensamentos por
que diz respeito á religião, a Constituição imperial palavras, escriptos e publical-os pela imprensa, sem
era na declaração dos direitos individuaes, sob taes dependência de censura, contanto que haja de res
aspectos dc methodo e systema, bem mais avança ponder pelos abusos que commetterem no exercício
da, dizemol-o sem nenhum exagero, e sim com a d’esse- direito, hos casos e pela forma que a lei de
tranquilla consciência scientifiea de quem observa á terminar ; garantidas eram a liberdade de locomo
luz unica da verdade historica. ção, para dentro ou para fóra do territorio nacional,
A Revolução franceza, porém, havia já firmado, a liberdade corporea, estatuindo-se não poder nin
por outro lado, os grandes princípios de irradia guem permanecer em prisão sem culpa formada, só
ção universal na celebre «D e c la ra tion des d ro its ie podendo o cidadão sêr preso em virtude de fla
"h om m c et du t i * ;yem. constante da Constituição grante delicto ou ordem judiciaria, e se admittindo,
de 1784), em seus básicos arts. I, 2» e 4> e onde em dados casos, a fiança idonea; fixava-sc a impossi
se proclamava os postulados por demais conhecidos, bilidade de se sêr sentenciado senão cm virtude de
taes como «os homens nascem e permanecem livres lei anterior, por autoridade competente e na fórma
e eguaes em direitos. As distineções sociaes não po prescripta; garantia-se a liberdade de trabalho, desde
dem sêr fundadas senão sobre a utilidade com.num ; que a isso se não oppuzesse a moral, sendo, outro-
«o fim de toda associação politica é a conservação sim, declaradas abolidas as corporações de officio;
dos direitos naturaes e imprescriptiveis do homem. estava, também, assegurado o sigillo de correspon-
Esses direitos são: a liberdade, a propriedade, a se
gurança e a resistência á oppressão-; posteriormente Como se vê, além dos demais princípios que
a Constituição dc 1703 fixava em que consistia a vamos expôr, são esses grandes preceitos que fo
igualdade perante a lei, considerada, então, o direito ram mais directa.ncnte influenciar e servir de fonte
fundamental (arts. 2 c 3). para o nosso estatuto fundamental na Republica.
Era debaixo d’ esse ambiente de cultura universal A liberdade individual, que é o direito funda
a que não era estranha a parte cultivada da Nação, mental por excellenda, pois que encerra a propria
em geral, áquella epocha, no Brasil, onde a notável dignidade <ia vida e sem ella a personalidade hu
e ampla obra, sobre Constituição Moral, do eminen mana desapparece em seus attributos moraes, era na
te Silva Lisboa, já espalhava os virtuosos princí Monarchia, considerada pelo escriptor que, ao lado
pios d’uma larga e sã philosophia e ethica politico- de Uruguay, maior influencia veio a exercer sobre a
social, como atraz referimos, que tiveram de agir ns formação do direito publico, qual fora Pimenta Bue
formadores e constructores do nosso liberalismo cons no, como sendo «a condição essencial do gozo de
titucional, n’aquella memorável épocha historica. sua intelligeneia e vontade, o meio de perfazer os
O esclarecido bom senso de D. Pedro I, essa seus destinos» (*).
individualidade que apezar do seu sabido tempera Mas, esse liberalismo peccava por uma unica
mento voluntarioso e autoritário, mas não visceral falha, qual á referente á liberdade religiosa; de facto,
mente dominador, era um espirito aberto e accessivel a Constituição de 1824 reconhecia e proclamava que:
a todas as generosas idéas, sabendo resistir quando lia Religião Catholica Apostólica Romana continuará
preciso, mas cedendo e abdicando quando nociva, em a sêr a Religião do Imperio» e estatuia admittir, tão
definitivo, ou improfícua a acção, poude, assim, re sómente, a pratica toda privada, sem nenhum culto
ceber a larga influencia do projecto da Constituinte, externo, dentro do lar, de qualquer outra religião;
para o que preparado, inicialmente, fôra pela acção todavia no tit. V III, de que tratamos, se estatuia que
do grande pensador e scientista que foi José Bonifa ninguém poderia sêr perseguido por motivos de cren
cio, já, então, porem, fóra do governo e exilado. ças religiosas.
O largo projecto de Constituição de 30 de Agos A liberdade individual, era, assim, affectada em
to de 1823 elaborado pela Commissão da Constituin utn de seus aspectos mais delicados e respeitáveis.
te, sob a influencia, de Antonio Carlos de Andrade O texto definitivo da Constituição fôra n’esse, como
M. e Silva, relator, e seu irmão José Bonifacio, mem em quasi todos os outros pontos, como já fizemos
bro da Commissão, havia já no cap. II do titu lo II, sentir, calcado no projecto da Constituinte, relata
composto de 22 artigos, só esse capitulo, fixado do por Antonio Carlos de Andrade e Silva e sob a
todos os princípios, quasi, que, retocados, serviram actuação de seu irmão José Bonifacio, no qual se
para formar o titulo V III da Constituição elabo estipulava no art. 14 que «a liberdade religiosa no
rada pelo Conselho de Estado. Brasil só se estende ás communhões christãs» e no
Abria o titulo V III o art. 17Q em que se de
clarava que «a inviolabilidade dos direitos civis e po
liticos dos cidadãos brasileiros, que têm por base (>) Pimenta Bueno Direito Publico — pag. 392.
o o o o o o 169 o o o o o o
LIVRO D t OURO COM Ml: MORATIVO IX ) CENTENÁRIO DA
no art. 15 que as mais religiões «são apenas tolera a não retroactividade das leis. A Constituição norte-
das, e a sua profissão inhibe o exercicio dos direi americana em seu art. 1", secc. 9." n.° 3 já estabe
tos politicos», proclamando-se no art. 16 do mes lecia que «nenhum b it d 'a ttain de r nem lei retroactiva
mo projecto, identicamente ao que ficou no texto de r x post facto podem ser decretadas». Era um prin
finitivo, que «a religião catholica apostólica romana cipio de alta importanda para uma sociedade; sem
é a religião do estado por excellenda, e unica man- elle não pode haver organização juridica possível, pois
teúda por elle». A esse respeito a Constituição repu sua ausência accarreta a intranquillidade, o desasso-
blicana abrio novos e largos horisontes. cego permanente com relação á validez dos actos ju
Quanto ao principio da igualdade, a Constituição, ridicos perfeitos.
no mesmo capitulo V III, estabelecia: a igualdade de Outro grande característico d’essa declaração dos
todos perante a le i; a accessibilidade dos cargos pu direitos da Constituição foi o movimento de hu.nani-
blicos, sem outras distincções senão os seus mereci sação penologica que ella impoz; até, então, estáva
mentos. Essas disposições não se viam no projecto mos sujeitos ao imperio das Ordenações portugue-
da Constituinte; revelam ellas grandes princípios que zas, cujo livro V gottejava sangue e crueldade pro
constituíram a pedra angular do movimento revolu pria da épocha remota que o gerou.
cionário e constitucional da França, a cujas consti O movimento de humanisaçâo já havia sido ini
tuições se abeberaram os collaboradores do texto ciado em quasi todos os paizes civilisados, sob a
constitucional. emoção do grito de dôr e protesto que a pequena,
A garantia dos direitos fundamentaes, como a mas eterna obra de Beccaria havia lançado, cheio de
inviolabilidade do domicilio e o direito pleno da pro nobreza e elevação, no campo da penologia. Influen
priedade estavam asseguradas, sendo que quanto á ciada nobremente por esse movimento a Constituição
propriedade fo i regulada a desapropriação por utilida abolio «todas as penas cruéis», taes como as enume
de publica, submettida á garantia da indemnisação, radas de açoites, tortura, marca de ferro quente ou
sendo que, quanto a esta, o projecto da Commissão outras quaesquer de natureza equivalente; determi
da Constituinte fôra além, estabelecendo a indemni nava que nenhuma pena passasse da pessoa do de
sação pelo valôr intrinseco ou venal, como pelo es linquente, e exigindo que as cadeias fossem «limpas
timativo (arts. 20 e 21 do proj. cit.). O preceito e arejadas», fazia a grande promessa de que se orga
da Constituição do Império foi esposado pela Consti nizaria <quanto antes um Codigo C ivil e Criminal
tuição republicana, como se sabe. fundado nas solidas bases da ju s tiça e equidades.
A estabilidade nas relações juridicas fôra, tam O oitavo ponto cardeal da Constituição do Impe
bém, regulada por esse titulo V III, preceituando-se rio, acima fixado, dizia respeito á suspensão das ga-
o o o o o
PAVILHÃO IX ) MEXICt
o o o o 170 o o o o o o
INDE PEN DU \'< >A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
rantias constitucionaes, e era previsto no mesmo t i Com o systema de governo, poré.n, não podia
tu lo V I I I . mais satisfazer ás aspirações do paiz, cujas p ro v in
Assim, preceituava a C on stituiçã o que as g a cias definhavam sob o ro lo com pressor do poder
rantias constitucionaes não podiam sêr suspensas, sal cen tral; aspiravam, uns, abertamente, a Republica,
vo no caso de rc b e lliâ o ou invasão inim ig a do te rr i outros a federação d e ntro do regim em monarchic©,
to rio nacional, sendo essa suspensão, porém , feita pela regiment este u ltim o , se nos antolha, mui d iffic il-
Assrm bléa le g isla tiva, salvo n o caso de se achar fecha m in te applicavel nas condições do nosso paiz, dado
da, hypothese em que podia sêr decretada a suspensão sêr bem mais com p le xo e delicado d o que a re
pelo poder executivo, devendo, porem, o governo publica federativa que viem os a adoptar. A feição
conimunicar á Assembles, lo g o á sua abertura, as d’este estudo e os seus lim ite s não nos pe rm itte,
medidas tomadas. Ficavam, por essa fôrma, plena- porem, é de vêr, e n tra r n’ esse la rgo e vasto campo
mente asseguradas as garantias constitucionaes ou das causas que arrastaram á queda da M onarchia
to rgadas, pois sua suspensão estava sujeita a c on di c, consequentemente, do regim em constitucional, até,
ções e form as prefixas. tn tã o , adoptado, queda fa ta l e necessaria, producto
incluctavel do de te rm inism o his to ric o que envolve a
todos os povos c que veio nos a b rir novos h o ri
zontes para realizações maiores na apreciação das
C O N C LU SÃO quaes, porém, nós da geração nova republicana, não
podemos esquecer, p o r princípios de consciência na
cional, justam ente, o log ic o pre pa ro do terreno an-
Vê-se, assim, p o r to do o exposto, em que, ra terierm ente realizado, no desdobramento fe liz d’uma
pidam ente, procurám os traçar as linhas gera es da suave e gradativa evolução historica.
C on stituiçã o im p erial, que era ella um pacto fu nda Que as gerações actuacs e as vindouras tendo
m ental que honrava o nosso paiz e que podia nos bem a consciência de que a obra do nosso actual
desvanecer, com o fizemos, anteriorm ente, se n tir; ti libe ra lism o lhes não pertence exclusivamente, mas,
nha defeitos, e era natural, pois que para ta l bastava sim, que ella é um g lo rio s o acervo da raça e um the-
que fosse uma obra humana, mas suas maiores fa zeuro h is to ric o a mais c mais enriquecido, na defesa
lhas decorriam do p ro p rio regiment po litic o adopta- do qual não poucas vidas fo ra m dadas em seu ho-
do, que o u tro , porem , não podia sêr, é de vêr, na Iccausto e para c u jo engrandecim ento deram o me
épocha h isto rica em que nos achavamos e dadas as lh o r de suas energias grandes cidadãos á a ltu ra do
condições do paiz. m om ento que encarnavam e de que emanavam, sai
F o i, porem , é incontestável, a cartilha pela qual bam respeitar esse acervo e, religiosam ente, enrique-
se fo rm ou o grande esp irito de libe ra lism o que nos cel-o ainda, estendendo-n’o como um grande p a llio
caracteriza, o p a llio sob o qual cresceu c entrou na sob o qual tra n q u illa m e n tc possa se realizar a alm e
adolescência uma nacionalidade de finid a, preparando, jada g lo ria da gra nd e Nação fu tura .
assim, o na tu ra l advento da Republica, cuja C o n s titu i
Rio, Setembro de 1922
ção abrindo-nos novos e grandes horizontes, poude,
sem deslise se abeberar de grande parte dos pos
tu la do s que já nos abrigavam. C hrysolito de G usmXo .
o o o o o 171 o o o o
C O M O O BR A SIL E N T R O U PARA O C O N C E R T O
DAS NACOES
o o o o o o 172
)
JOSÉ PEREIRA DACQSBUC* LDA
C a sn t u iu J a d a em l ó é jj^ ^ Ê
tXPOHTAOOR,ES OE V IN H O S
G aya P o rto
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ESCRIPT0RIO5 ! R uu S .J Ó 60
t e l e g r a m a s ; c o s t ir m à c
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r< TtLEFOHEsI ESCRIPTORÍOS 2 2 5 4 -
I Í G e h s n c i a . 2199 J L M B & +
1 t *
o o O o o 173 o o
LIVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENTENARIO DA
tencias européas, alguns já identificados com os bas ao seu aspecto dynastico. Vienna e Paris não cogita
tidores das chancellarias do Velho Mundo, logo co vam saber si do outro lado do Atlantico se levantara
meçaram a desenvolver um trabalho habil e tenaz e emancipara uma vasta porção de terra, com um solo
para o fim de preencherem promptamente os fins riquíssimo e dotado das mais largas possibilidades
de suas missões. econômicas; o que lhes interessava era antes saber
Mas o reconhecimento do Brasil não encontrou, que o principe D. Pedro se sublevara contra seu
da parte das Potências européas, o bom acolhimento pae, aqui fundando um novo Estado, amoldando-o
que éra para desejar. ás formas de um liberalismo atenuado e assentando-o
A Inglaterra, que desde logo encarou o movi numa Constituição que as cortes absolutas da Europa
mento separatista do Brasil, sinâo como um facto de taxavam de quasi revolucionaria.
todo consumado, ao menos como um acontecimento Essas duas correntes, a corrente liberal, repre
inevitável, revelando embora suas sympathias pela ccu- sentada pela Inglaterra, e a corrente conservadora,
sa de D. Pedro, não quiz, todavia, acceitá-la sem um ou melhor, absolutista, representada pela Santa A llian
I indispensável accordo com Portugal. Nação essencial ça, marcharam assim em campos diametralmente op-
mente utilitária, ella abandonou desde logo a ques postos na questão do reconhecimento da independen
tão de forma, para se deter apenas na questão pura cia brasileira. Emquanto que a primeira, guiada pela
mente economica. Sob esse ponto de vista o seu in mão de George Canning, comprehendendo a justa
teresse estava justamente em agradar ao Bra'sil, de razão dos brasileiros, procurou, usando de toda sua
cujos mercados necessitava, e não desgostar a Por influencia, dissuadir Portugal do empenho que fazia
tugal, cuja alliança fazia empenho em conservar es por annullar a independencia do Brasil, a outra cor
treita e inalterável. E nessa conformidade ella sahiu rente, sob as inspirações do principe de Mettemich,
promptamente a campo, com o fim de fazer com- moveu-se com delongas e tergiversações, rodeou-se de
prehender a Portugal a necessidade de encontrar um escrúpulos e, encarando a questão apenas sob o lado
meio qualquer que lhe permittisse acceitar digna- dynastico, levantou toda especie de duvidas sobre a
mente o novo estado de coisas inaugurado no Brasil. «legitimidade' do governo de D. Pedro, ao mesmo
Âs Potências que então chefiavam a Santa Allian tempo que se erguia assustada deante do liberalismo
ça, isto é a Austria e a França, a independencia do da Assembléa legislativa.
Brasil apresentou-se de maneira differente Para ellas, Na diplomacia, o que vence, não é sempre aquel-
a questão se revestiu desde logo de um caracter le que marcha por atalhos tortuosos, mas antes o
purameute politico; desprezando o seu lado econo- que se dirige logo pelos caminhos largos e seguros.
mico, ellas se detiveram sómente no que dizia respeito E justamente nessa questão do Brasil fo i o Gabinete
o o o o o 174 O o o o o
INDEfiF.N Dr.KCIA r. PA FXPOS/ÇAO /NTF VACIO NAI
o o o o o o 175 o o o o o o
A D IP L O M A C IA DA IN D E P E N D E N C E A
D IP L O M A C IA puramente bra sile ira sur Parece ho je demonstrado que o illu s tr e A ndra-
g iu em data a n te rio r á que se consagrou da sempre fo i adverso ás idéas dem ocráticas e, p ó r
como ponto de partida da emancipação isto mesmo, opposto ao g ru p o lib e ra l de Ledo, a
p o litic a nacional. quem moveu te rriv e l perseguição.
Já havia então regressado a P ortugal o rei Dom Em 10 de Agosto de 1822, escrevia o barão
João V I, cuja autoridade se annullara quase por com de Marcschal para Vienna que José B o nifa cio «lucta
p le to sob o ju g o despotico das C ortes convocadas contra a revolução». Esta significava, então, o m o
pelos revolucionários portugueses de 1820. vimento separatista, ao qual o p ro p rio D . P e ífo só
As ineptas resoluções, com que a assembléa tu adheriu forçado pelas circum standas.
m ultu aria de Lisboa p re ten dia leg is la r sobre o Brasil, Era o mesmo encarregado de negocios da Aus
cada vez m ais favoreciam , deste lado do A tla n tic o , o tria (M areschal) quem ainda mandava dizer p.rra a
surto das idéas nacionalistas. sua C ôrtc que José Bonifacio considerava prem atura
Um m ovim ento p o p u la r tinh a já levado o p rin e até m al arranjada a solução que aqui se ia! dar
cipe regente a desobedecer á ordem im perativa de ao dissidio surgido entre as duas porções do Reino
v o lta r á m etropole. quando novas medidas de h o s tili U nido.
dade con tra a regencia b ra sile ira vieram determ inar Dias depois do Sete de Setembro, e quando José
um estado como que de franca hostilidade entre as Clemente Pereira e Gonçalves Ledo se esforçavam
duas partes do R ein-' U nid o, caracterizada pelo de por fazer proclam ar D . Pedro im p era do r do Brasil,
creto de 1 de Agosto de 1822, em virtud e do qual o grande paulista — a quem deve a Nação incontes
se declaravam inim ig as quaesquer tropas portuguesas táveis serviços, de alta valia, mas que se não póde
que, contra a vontade do governo do Rio, pretendes dizer tenha sido o patriarcha da independencia —
sem desembarcar no Brasil. ainda se declarava alheio áquellas p a triotica s in te n
Entretanto, a rebellião do principe regente e do ções, embora já visse com satisfação a elevação do
seu m in is terio não era propriam ente contra a m etro princip e á dignidade de im perador. D is to há, pe lo
pole, mas apenas contra a sujeição ás Côrtes, que menos, um testemunho d ig no de créd ito. Ê o do co
haviam usurpado o poder soberano. ronel M aler, encarregado de negocios da França, o
A idéa que ainda predominava aqui entre os h o qual, em o ffic io de 24 de Setembro de 1822 ao v is
mens de governo era a de uma simples autonomia ad conde de Montmorency, assim se e x p rim ia : «Je sais
m in is tra tiv a para o B ras il, ou, quando m uito , a de d’une manière positive que M r. d'A n drad a a d it le
uma união pessoal com Portugal. Esse pensamento samedi 21 à un de ses m e llle u rs amis et confidens
está, aliás, bem patente no sobredito decreto de 1 qu i lu i représentait 1 'in u tilité et les dangers de cette
de Agosto e nos dois manifestos do mesmo mês. innovation, L e M in is tre de S. A. R. ne pre n d pas de
José Bonifacio, que re d ig iu o u ltim o desses do p a rt active à cet évhnem enl; i t laisse fa ire m ais i l
cumentos (m anifesto de 6 de A g osto), ainda se ex verra avec satisfaction Véléva lio n d u P rince à la
p rim iria no mesmo sentido, na c icula r d ir ig id i no d ig n iic d ’tm p e re u r». E accrescentava, aliás no mes
corpo d ip lom átic o estrangeiro, em 14 de Agosto. m o sentido em que Mareschal escrevia para Vienna,
Sabe-se, ao demais, que o grande m in is tro de aperar de em con trário á lenda que entre nós se
Pedro I, nada obstante o titu lo com que o chrismaram fo rm ou com relação á princesa L e o p o ld in a : «Je sais
de 'patriarcha da independencia, não fo i favoravel ao encore d’une manière in d u b itab le que la Princesse
m ovim ento de com pleta emancipação po litica, do qual, Rcyale est très peinée et très sensiblem ent affectée de
em 1822, Joaquim Gonçalves Ledo e alguns amigos cechangement etqu’ elle n’ ose m anifester son opinion».
se tizeram denodados paladinos. M u ito instructiva também, para o exacto conheci
Não é puerilidade, nem perversidade, como pre m ento dos verdadeiros sentim entos nu trid o s por José
tende eminente his to ria d o r patricio , declarar José Bo Bonifácio naquella época, é a declaração que fe z a
n ifa cio estranho á direcção daquelle movim ento. Os M a le r na noite de 11 de O u tu b ro de 1822, na vespera,
testemunhos da época e o do p ro p rio m in is tro de portanto, da acclamação de D . Pedro como im p era
Estado deixam o caso perfeitam ente esclarecido c, d o r: ... «se S. M . Fidelissim a v o lta r ao B rasil será
de certo, fazem mais fé d o que affirm ações graciosas, recebido de braços abertos». ( O ffic io de 13 de O u tu
apoiadas simplesmente numa tradição sem base firme. bro de 1822, ao visconde de M on tm o ren cy).
o o o o o 176 Oo o o o o
Centro Commercial de Conservas — Lisboa.
CENTENARIO DA INDEPENDENC/A E DA EXPOSIÇÃO
o o o o 177 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
reformas administrativas, que desejaria applicada-s ao datadas de 5 de Abril de 1823, que «a doutrina da
Soberania Nacional, bem que se não possa attacar de
Brasil. Essa preoccupaçâo nota-se frequentemente na
sua correspondência para o governo brasileiro, aliás frente, ficará em silencio, quanto fôr possível, como
méra questão doutrinal c ocioza», e que o Imperador
quase sempre mui interessante.
Alguns meses antes da ida de üameiro para terá o veto absoluto, ou couza que o valha». Res
Londres e da designação de Borges de Barros para tava. porém, a questão de le g itim ida de , e, para a
Paris, fôra o antigo camarista de D. Pedro, commen- contornar, Tclles da Silva esforçou-se por convencer
dadcr Antonio Telles da Silva Caminha e Menezes, Metternich de que o reconhecimento do Império se
mais tarde visconde e marquês de Rezende, despa impunha, para salvação da unica realeza da America.
chado como enviado extraordinario, para servir junto Valendo-se habilmente dos serviços de Gentz,
a S. M. o Imperador da Austria, sogro do monarcha em quem logo descobriu a sacra fames a u ri, o di
brasileiro. plomata brasileiro sempre obtinha e mandava para o
Chegando a Vienna em 24 de Julho de 1823, governo do Rio de Janeiro, no seu pittoresco es-
Telles da Silva teve acolhimento polido da parte de tylo, curiosas informações, e. aos poucos, ia criando
Metternich, que, com a sua proverbial duplicidade, iim ambiente favoravel ao nascente imperio, na Côrte
procurava meios e inodos de enganar o agente bra de S. M. Imperial, Real e Apostólica. Ainda custaria,
sileiro. Mas, logo aí) primeiro contacto com este, o comtudo, a conseguir o principal objectivo que o
famoso chanceller não conseguiu occultar o despra levara a Vienna.
zer que ao seu espirito reaccionario causara a convo
cação da primeira assembléa constituinte brasileira, Em Agosto de 1822. cxactamcnte na mesma
nem o seu preconceito legitimista, em virtude do qual época cm que decidira a nomeação de agentes diplo
o reconhecimento da independência do Brasil não máticos para servirem nas Cortes de Londres e Paris,
poderia ser feito sem previa renuncia, por parte do resolvera o governo brasileiro despachar para Wash
rei fidelissimo, dos seus direitos de soberania sobre o ington, com idêntica missão, o official da Secretaria
reino ultramarino, isto é, sem que D. João VI ce de Estado dos Negocios Estrangeiros, Luis Moutti-
desse ao filho taes direitos. nho Lima Alvares e Silva. Não chegou este, porém,
José Bonifacio, ou porque presentisse as oh- a partir, por terem sido considerados mais uteis os
jecções do absolutismo austríaco contra o regimen seus serviços naquclla repartição.
constitucional que se pretendia estabelecer no Bra A José Silvestre Rebello coube substitui-lo cm
sil, ou porque realmente fôsse esta a sua propria tal missão, sendo para esse fim nomeado por decre
opinião, escrevera nas instrucções a Telles da Silva, to de 21 de Janeiro de 1824.
o o o o <
o o o o 178 o o o o o
IN n e w s D ESC I A F. DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 179 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO
o o o o 180 o o o
CASA FUNDADA EH IM 9 ANTIGA f XDOOTACA0 EZEQIll^
fAB»"»*;*®' ' XDOO’ «ÇA0 (3PECIAUDAC.es fM
FERRAGENSE FtKRAHCHTAS HACHADOS MACHADINHAS
NAR.TELLOS ENXADAS
B R A S IL E. A F R IC A fCCMADUOAS
C o d ig o ' R IB E IR O "
A cnd.TfUuPOPULAR
BBrSSSSJHIB!
o o o o o o 181 O O O O O O
I.IVRO DE OURO COMMEMORATIO CENTENARIO OA
o o o o o o 182 o o o
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
em côro, em poeirados e emmagrecidos, vindos de es alh eio e se ficava com elle , exig ind o que quem t i
caldantes e lon gin qu os sertões, quando, descidos os
vesse a faca a puzesse de noite, para não se enver
u ltim o s «tombadores» da serra do A raripe , avistam a gonhar, ao pé duma cerca de caiçára, ju n to a uns pés
to rre da eg reja do H o rto , os te lhados do Joazeiro, e de açoita-cavallo e de jurem a branca, p o r t r a í da
ouvem o estra le ja r do fo g u e to rio com que sâo fe sti casa onde se hospedára o parahybano.
vamente recebidos:
A noite, disse a este que, ao rom per do dia, a lli
fôsse buscar a sua arma.
Viva! Viva o Joazeiro, O homem fo i e achou-a Logo sahio espalhando
que era m ila gre e os m aldosos enxergaram n o facto
uma traça s u b til do padre. Nada disso. O que elle
Por um só Deus verdadeiro!
Visito como romeiro unicam ente pretendeu fo i re s titu ir o ob jecto roubado,
sem desvendar o culpado arrependido. Realizou seu
pro p o s ito christão, mas o facto transform ou-se na
A Nova Jerusalem
E vou dar meu parabém m entalidade p o pu lar em p e rfeito m ilagre. T od o ser
Ao grande Evangelista ta n e jo está certo que o padre fez a faca apparecer m i
Padre Cícero Romão Baptista, lagrosamente.
Para todo sempre, Amcn! Assim, ha outros m ilagres. C ontam -n’os os devo
tos em form a de pequenos relatos e a sua reunião
daria urna verdadeira «Lenda Dourada*». M u ito can
A Nova Jerusalem !... Ao governo b ra s ile iro cabe
ta do r m atuto os canta em versos curiosos, verbi g ra tia :
o inadiavel dever de crear nos sertões as Jerusalcns
da In du stria , como a Fabrica da Pedra de D elm iro
Gouvêa, as Jerusalcns do Respeito á Lei, da Instrucção,
do Traba lho e do Progresso, afim de evita r as do Em setembro deste anno.
Num domingo, dia três.
Fanatism o, da Ig ncran cia e do Abandono, como Ca Perante muitos romeiros
nudos c o Joazeiro, em bora estejamos crentes que a Meu padrinho entao fez
centralização de energias levada a e ffe ito pe lo padre Falar um menino que
C icero, apezar de defeituosa, é preferível á anarchia Tinha nascido ha um mez!
com pleta a que o descaso dos poderes publicos ha
m ais dum século votou o sertão.
Falou o menino, então,
Numa linguagem tão bclla
A in flu e n c ia m oral e es p iritu a l do padre C icero Um parenthesis: o m ila gre não é novo. O fo lk
Romão Baptista dom ina to do o va lle do C a riry e as lore nordestino empresta ao padre um m ila gre re a li
regiões circiim visin ltas, estendendo-se mesmo a para zado noutras eras, por ou tros santos, cujo rastrea-
gens mais distantes. E lla vem ate os rincões já a l m ento atravez dos séculos t|ualquer Saintyves póde fa
cilm e nte fazer. A curiosa appellação «meu padrinho»
cançados pela estrada de fe rro. E lia vae alé as en
costas em degraus, ou «tombadores», do A raripe , lá vem d o facto de to do o m un do o considerar padrinho.
on de se erguem o A lto do Juiz e o A lto Dourado, N enhum sertanejo o chama de outra maneira.
lá onde a vegetação hamadryadica, os fosseis e os
residuos de conchas m arinhas demonstram que aquella
immensa ribanceira fo i em remotas eras um litto ra l. Devido ás grandes virtudes
Do padre Cicero Romão
Essa in flu e n c ia crêa em to rn o da fig u ra respeitá Muitos lhe têm inveja
vel dp padre, «á son insu», grande quantidade de Por intriga c ambição:
lendas de m ila gres, que, com o tempo, as repetições Muitos porque conhecem
de bôea em bôea e os accrcscimos de cada narra Que ccmo elle não são.
d o r se vão dia a dia adulterando. Um exem plo:
Um fazendeiro parahybano, que fo i em romagem
ao Joazeiro, perdeu em cam inho uma faca de prata', de De accordo quanto á inveja e am bição de m uitos,
grande estim ação, lembrança de fa m ilia , com o seu mas não quanto ás suas causas. Estas não são as v ir
nome gravado no cabo. Procurou-a p o r onde suspei tu des do padre, sim o seu pre stigio p o litic o e a sua
tava tê l-a p e rdido e nada encontrou. Lastimou-se em in flu en c ia ele itoral.
presença d o padre, dizendo te r quasi certeza que al Prosegue o cantador:
guém a tinh a achado e ficado com c ila . O sacerdote
disse-lhe, com confiança:
— F iqu e socegado, meu filh o , Deus ha de fazêl-a Para todo o que descrer
apparecer, quando menos esperar! Não poderá ter perdão
Das cousas do Joazeiro
Ao o u tro dia, na egreja, o padre C icero fez uma Do Deus Padre Verdadeiro.
lig e ira predica sobre o peccado de fu rta r desta ou da- — Ide ao mundo dizer isto,
qu ella fo rm a, mesmo quando se encontrava um objecto Que de Deus sou mensageiro!
O O O O O O 183 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA
o o o o o o 184 o o o o o
U s a iS a b á o ^ r e i 5 com
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HYGIENE. ^ S A U D E B E.LLELZ A
M a n o e l L u is G a r c i a . lA B O FA T O R IO C E N T R A L
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Lnconhra-sen a s m e lh o r e s Vendc-senas casas I
Pharmacies eDrogarias/ yArm arinhos e B arh earias vSÍSsj><£
O O O O O 185 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO D /
ír ic n ta T a Jesus Christo,
Dos padres sêrem contrarios, Quanto mais qualquer ministro
Vigários contra vigários. Que não tem igual pureza,
Ministro contra ministro... Que i como luz accc/a
E assim levaram Christo Que segue o vento contrario!
A cruz do Monte Calvario. E se apaga a luminaria,
Como Pilatos apagou,
Quando Christo condemnou
Não ha poesia p o pu lar sem m ote jo. A satira é o À cruz do Mente Calvario.
grande consolador das afflicções e desgostos da arraia'-
m iu da . E os seus poetas não a esquecem, mesmo nas
Na producçâo rimada deste rude poeta, que goza
tirad as beatas como esta poesia sobre a grande egreja
de relativa instrucção e herdou de seus maiores rudi
do H o rto , no Joazeiro.
mentos de versificação antiga, ha cousas verdadeira-
mente bellas pela sua expontaneidade. Por exemplo,
Pilatos foi obrigado essa comparação do peccador com a luz acceza, que
Ao Christo dar a sentença
segue a direcção do vento, para mostrar como a alma
Dcantc do povo em demcncia,
Soberbo e obstinado. fraca sc curva ao sôpro forte das tentações.
O O O O
O O O O O O 186 O O O O O O
IN DEPEN DF. N C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Os barbaros mandatarios
Viram morrer cruclmcntc Mas nSo navego de encontro
Aqiicllc pobre innocente A cruz do Mente Calvario.
G ustavo BARROSO.
(João do N orte ).
o o o o o O 187 o o o o
A E V O L U Ç Ã O E C O N O M IC A DO B R A S IL
DO ESTADO COLONIAL A INDE.PENDENCIA Uma velha lei de 1773, ainda no começo do sé
culo X IX , exigia a ida a S. T hom é para resolver
certos lilig io s com m erciacs! M u ito s rio s não pode
riam ser navegados por causa dos diam antes e o u ro
B â O y tf’ H O M E M é p o r to da a parte subm ettido
de suas areias! O s tabacos da Bahia só poderiam
T á influencia do m eio. T ud o que v ive é
sahir depois de 20 de Janeiro, porque só assim os
julgavam , em boas condições! N ão havia estradas
lh o r é também p o r to da a parte m ovi
para m uitas partes, por pro h ib iç ã o expressa.
do p o r idéas, por do utrin as, p e lo ideal. As fo rças in-
N o fim do perio do colo n ia l, o preconceito con
tellectuaes que dispensaram o progresso orgânico
para o m elhoram ento da especie, tratam de crear tra o trab alh o braçal era trem endo. C) Desem bargador
novas attitud es, para aperfe içoa r as condições da João R odrigues de B rito escrevia em 1807: A pre-
lu ta peia existência. octupaçâo nacional, exclue dos em pregos to d o aq uclle
A colonização fo i fe ita no B razil sob as idéas que por si, seus pais ou avós, tiv e r exe rcid o arte
da escola m ercantilista, e Pom bal e seus seguidores mecanica, is to é, que tiv e r c on tribu ído com o seu
accentuaram bem as idéas de intervenção e direcção. trabalho para a m ultip lic a ç ã o das riquezas. U m es
F oi o nosso C olb ert. crivão da mais insig nifican te Cam ara não póde encos
C om o C o lb e rt, queria tu d o regulam entar, e por tar-se na propriedade de seu o ffic io , sem p ro v a r ver
isso o regim en co lo n ia l, no fim do século X V III, foi dadeiram ente ou falsam ente, a perpetua inação de
sob m uitos pontos de vista, m ais severo do que no seus braços c dos seus pais e avós. De s orte que
século X V I. os netos de Pedro Grande, Im pe ra do r da Russia, não
O s chronistas ingenuos, que não procuraram co poderiam entre nós conseguir os cargos de Estado
te ja r as do utrin as ad m in istrativa s da m etrop ole com p o r te r aquellc heróc manchado suas mãos quando
o m ovim ento de idéas na Europa, attrib u ira m tu d o ao no T c x a l pegou na enxada e n o machado».
despotism o que não te ria razão de ser, porque todos A p o litic a de intervenção determ inara o ju r o
os docum entos faliam da necessidade de attender ao m in im o para os em préstim os. N ing ue m , po rta n to , em
bem publico. prestava em acto publico, sobre certos bens, porque
N o fim do século X V III e no p rin c ip io do sécu o din h e iro era mais caro do que o ju r o o ffic ia l estabe-
lo X I X os governadores e os governos do re i procura
vam tu d o determ inar para pro teg er. Com o to do o pro- Os lavradores não tinham assim fa cilid ad es de
teccionism o, esse prejudicava a uns, a m a io r parte o b te r din h e iro emprestado, e não poderiam m ovim en
para enriquecer alguns, mas o trabalho geral ficava ta r a sua exploração. N ão havia re g is tro de h y p o
assim preso e dispersivo. theca que os garantisse. Leis de ga ran tia excluíam
Em m uitas partes do paiz, como no Reconcavo os engenhos de penhora, o que prejudicava o d i
bahiano, eram ob rigados os lavradores a pla n ta r ^qui re ito de em préstimo, porque com esse p r iv ile g io de
nhentas covas de mandioca p o r cada escravo de ser amortização os senhores de engenho po deriam p ro
viço que empregarem e aos negociantes de escrava te la r pagamentos.
tu ra a c u ltiv a r quanto baste para o gasto de seus ser As sejes c as bestas não poderiam ta mbém ser
viços». penhoradas cm m uitas capitanias.
Na Bahia, os lavradores não poderiam cria r As leis de aposentadorias eram ou tras conse
gado nas dez léguas de beira-m ar. quências da p o litic a interven cio nista . T od os os re
Para o estabelecim ento de fabricas, alambiques, presentantes dos poderes pú blic o s poderiam re q u is i
armações de pescar e engenho de assucar eram nc- ta r as casas que entendiam , e depois esse d ir e ito fo i
diosas, certos requisitos e fo rm alidades dispendio- extendido p o r delegações, e assim para p ro te g e r car
niceiros ou certos m on op olistas, c, governadores e
N ão era lic ito cada um vender o seu producto capitães-mores reclamavam essa pre ro ga tiva, p re ju
onde desejasse, e sim onde o fisco determ inava. dicando os p ro prieta rio s e com m erciantes livre s.
Para pro teg er o com m ercio estabelecido nos grandes A le i das industrias dava preferencia aos m aiores
po rtos, era p ro hibid a a venda de productos a via ja n Credores e a dos fa llid o s p e rm ittia aos que fa lia m
te d o commercio, a conimissarios volantes. fic a r com 8 por cento da massa.
o o o o o o 188 o o O o O
A-MI ©IU IRÃO &C
Miudeza^ porAtacado
/Ã \ ) D } /T l Caixa P ooled 4 15
\\ y / r ~ ilL r C / C 1 Oodiçof:hhum
Cod,ao, f/ifi/D.Ittbtrj
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Parita/larvc.
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o o o o 189 o o o
UVRO DE OURO COM ME MORAT/VO PO CENTENARIO PA
pos da colonia em 1789, possuia 2.300.000 habitan sua decima parte fo i recebida, sendo in s ta lla d o com
tes, sendo 800.000 brancos b ra z ile iro s e europeus 120:0008000. Estabeleceram-se duas caixas filiae s,
e 1.500.000 negros livres e escravos. A população uma na Bahia e o u tra em S. Paulo.
escrava era m uito m a io r do que a liv re e nas duas Os orçamentos publicos não tinh am , porem, a
classes mestiças, m ulatos, mamelucos, cafusos. Balbi, segurança necessaria para m anter o e q u ilíb rio , e o
citado por O liv e ira M artins, calculou em 1810 a Banco não fu nccionou com a devida prudência.
população do B razil cm 3.617.900 almas, sendo . . . Em 1812 o seu capital ainda era de 126:0008000
843.000 b ra zile iro s e europeus, 426.000 mestiços l i e para que os accionistas não tivessem prejuízos fo
vres 202.000 mestiços escravos, 159.500 negros l i ram creados impostos para sua garan tia.
vres e 1.828.000 escravos negros e 259.400 ind ige Esses impostos c as entradas do T hcso uro eleva
nas. Pela côr, a população era d iv id id a em 834.000 ram o capital a 3.000:0008000. Assim as tendências
brancos, 259.400 vermelhos, 1.888:500 pretos e ... liberaes se manifestaram na creação d o Banco: mas
628.000 mestiços. Nesse num ero não está incluída, o seu insuccesso fez com que os d irig e n te s recorres
é claro, a população aborígene, selvagem. Só estão sem ás ideas de protecção. As emissões foram subin
os ín dios assim ilados e incorporados á civilização do. para attender aos commerciantes relacionados e
fundada pelos colonizadores. aos Governos com apuros, e assim e.n 1829, depois
A In glaterra e o paiz de G a lle s tinham então da independencia, com uma circulação de 21.574:9208,
10 m ilhões dc habitantes, a Escossia, 1.805.000; a um fu nd o m etallico dc 1.315:4398 e unia carteira de
Irlan da 6.000.000. Isto prova, com o o Brazil, já era, 3.702:7308000 fo i considerado fa llid o , tendo por
naquelle tempo, um elemento dem ographies im p orta n iei de 23 de Setembro dc 1829 entrado em liquidação
te. O seu progresso que espantara a setenta annos e começou o G overno a se responsabilizar por suas
antes um esp irito observador como o de Adam Smith notas, c u jo curso forçado decretou e em cujo res
era con firm a do p o r todos os indices. Se a extraeção gate p rinc ip io u a se empenhar. C ahio, assim, a p r i
do ou ro desorganizara o trab alh o de algumas regiões, meira tentativa de um banco de emissão.
em ou tras a actividade tomava no vo im pulso e a vida A nova po litic a deu grande desenvolvim ento ao
recomeçara com m aior actividade. commercio externo, que de 22.000 contos antes de
A carta de le i de 12 de O u tu b ro de 1808 creou 1808, subio a 80.000 contos em 1812, 198.214 con
no R io de Janeiro um banco de emissão, deposito e tos em 1880.
descontos com o capital n o m in al de 1.200:0008000 A divisão da população pelas provincias era
d iv id id o cm 1.200 acções de 1:0008000 cada uma. mais ou menos a seg uin te: nos p rin cíp io s d o sécu
A subscripção do capital fo i d if f ic il já em 1809 a lo X I X ; Rio dc Janeiro, 500.000; Bahia, 850.000;
o o o o
o o o o o 190 o o o o o o
ERENDENCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Pernambuco, 550.000; M in as 480.000; S. Paulo ... A im portação no mesmo perio do fo i assim cal
253.000; R io (ira n d e d o Sul, 90.000; M atto Grosso, culada:
60.000; C eará, 150.000; R io G rande do N orle, ....
23.000; M aranhão, 180.000; Pará, 260.000. 1 7 Q 6 ......................... 6.982:3568248
Vê-se com o a evolução fo i m odificando essa 1797 8.525:7808096
relação. A p rin c ip io , no no rte, se concentrava a maior 1798 ......................... 10.668:1778385
parte da população escrava para o c ultiv o da canna 1799 ......................... 15.800:9388555
e do a lg o d ã o ; depois houve o deslocamento pela 1800 9.432:1568624
1801 10.680:1598775
attracção da descoberta do o u ro e de pedras precio 1802 ......................... 10.151:6608235
sas e pela fa c ilid a d e da c ultu ra n o centro e da cria 1805 8.505:3008000
ção no sul. 1806 8.415:8008000
As rendas publicas ainda não attingiam a seis
m il contos p o r anno, e as necessidades da C ôrte e O m ovim ento to ta l do mesmo periodo assim se
de todos os seus parasitas só faziam crescer. resume:
A opposição s u rg io então por toda a parte.
A elevação d o B razil á categoria de R eino U n i 1796 18.458:2208183
do ao de P o rtug al e A lgarve, (1 6 de Dezembro de 1797 12.784:6038569
1798 21.484:7388413
1815) já encontrou a m aior parte da e lite desen 1799 28. 185: I I
cantada e desejosa de uma evolução mais rapida. 1800 21.960:2488180
O B razil não pode ria v o lta r ao Estado de colonia 1801 25.456:9668324
e o R io não poderia perder a sua supremacia. 1802 20.504:9058166
1805 22.454:0008000
A creaçâo da imprensa, de cursos, de escolas, de 1806 22.571:3008000
academias e centros de sciencia e arte desenvolvera
o gosto pelas cousas publicas, e a op in iã o publica
que já e xistia nos grandes nucleos de população, N o quad rie nn io de 1812 a 1817 o m ovim ento
conheceu a sua fo rm a e começou a se im p ôr p o r meio com m ercial com o e x te rio r assim se div id iu :
dos jornaes e dos pam phlctos.
Exportação:
1812 ......................... 3.987:6878000
1813 4.792:7898000
O COMMERCIO EM 1822 1816 9.663:6428640
1817 8.708:9378508
OOO o o 191 o Oo o Oo
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO DA
de escravos negros e o resto de extrangeiros e mes Nos mais velhos documentos do B ra sil falla-se
tiços. H o je , a população d o paiz é de cerca de do seu fu tu ro portentoso. Já temos qu atro séculos
30.600.000 habitantes. As importações osciliavam en de progresso e civilização, um século de Completa
tre o ito a dez m il contos de din h e iro fo rte de então independencia; já realizámos o que resum im os p a lli-
e as exportações pelas mesmas quantias. H oje, as im damente acima e ainda temos fé n o fu tu ro e todos
portações oscillam de 1.800:000 contos a 2.200:000 que nos visitam no accenam com o p o rv ir.
contos e as exportações giram em to rn a desses alga É o destino dos gigantes. Crescem, estão em
rism os. Na época da independencia, o to ta l da nosso plena juventude, já ultrapassaram m uito s outros, mas
com m ercio e x te rio r era de cerca de 20 m il contos; quem os defronta, vendo que ainda vão crescer, não
agora é de p e rto de qu atro milhões. póde esconder um g r ito de adm iração pelo que serão,
N aq ue lle te mpo, já cultivávam os café, algodão, embora já sejam tã o grandes.
cacáo, fu m o exportávam os esses productos, madeiras, O Brasil já é o que é, já é o que o resumo
pelles, couros, diamantes e ouro. que acabamos de fazer dem onstra: uma potência p o
H o je a nossa fo rtu n a se consolidou e a nossa litic a na sociedade das nações, um leader da c iv iliz a
m entalidade se firm o u . Se os nossos jornaes não têm ção americana, uma fo rç a economica do m undo. En
a tiragem dos de Buenos Aires, somos dos paizes tretanto, apezar de sua força e de seu posto de
da Am erica Latina o que publica mais liv ro s sobre direcção, to dos dizem em 1922, com o em 1822, como
to dos os assumptos. em 1700 ou em 1600: — Que fu tu r o gra n d io so !
A nossa litte ra tu ra é v ida e em m ovim ento. Os As nossas perspectivas e po ssibilida de s são ta
nossos m edicos crearam uma pharm acologia que já manhas que, te ndo realizado tanto, ainda somos tr a
se espalhou pe lo m undo e suas observações appare- tados como força do fu tu ro , não que já não sejamos
cem em tratados celebres da Europa. Os nossos ju ferça agora porque a do fu tu ro será a m aior de
ristas são classicos em toda a Am erica e o nosso
T eixe ira de F reitas não fo i só o pai do nosso codigo O que o Brasil já fez é uma m aravilha , já é
como do da Arge ntin a. o assombro do m undo novo e a n tig o , mas não será
C om Bartholo m eu de Gusmão, o B rasil indicou nada em relação ao que mais ta rd e fará o deslum
a po ssibilida de de navegar nos ares, e com Santos bramento dos povos.
D um on t d e fin io e creoii o d irig ív e l e o avião. As nossas riquezas latentes são fo rm idá veis, o
A nossa engenharia dem onstrou sua perícia na nosso desenvolvimento in in te rru p to e crescente.
construcção d iff ic il e accidentada das nossas estra O patrim onio que os grandes proceres da in
das de fe rro . dependencia, que ho je festejamos, nos legaram , não
Se não temos escolas prim aria s em proporção a fo i sómente de uma pa tria liv re , liv re e emancipada
população em idade escolar, a frequência augmenta de preconceitos entre as mais livre s, mas o de urna
por toda a parte e o que fizem os nos ultim o s annos riqueza sem par.
é considerável. O ensino p ro fissio na l e technico co A responsabilidade do p a trim o n io incomparável,
meça a dar os seus prim eiro s resultados, e nas nossas desse te rrito rio que é n o m undo o m a io r sob a ju -
escolas superiores e nos colle gios secundarios que risdicção directa e sem interrupção de um só G overno,
nos vieram d o Im pe rio ou se fundaram na Republica só deve ser m o tiv o de org ulho , porque seremos sem
altos espíritos mantêm a tradição do nosso ensino. pre dignos delle como o foram os nossos m aiores.
A q ui, nos prim eiro s tempos do im p erio, vieram
aprender os jovens das m elhores fa m ilias do Prata.
Somos os m aiores produetores de café do m undo;
PRODUCÇÂO AGRÍCOLA
os segundos de m ilh o , os da ine lh o r borracha, os
terceiros do cacáo, os prim eiro s da herva-matte, sere
mos com te mpo os prim eiro s do algodão; temos o O Brasil é grande pelo seu te rr ito r io , por seu
te rce iro rebanho b o vino d o m undo, os mais variados ideal, por sua h isto ria , pela sua riqueza, p o r seu in
fruetos para oleo. As nossas reservas florestaes são separável amor ao d ire ito e á ju s tiça que fez com
incomparáveis, os nossos rebanhos de gado ovino que as suas próprias guerras fossem com o foram
caprino c cavallar grandes e em desenvolvimento. intervenções a fa vor da ordem ju rid ic a internacional.
Produzim os e exportamos assucar, arroz, fe ijã o, cou O Brasil trabalha cada vez mais, e é com sa
ros, pelles, manganez, mica, mandioca, carnaúba, fu mo, tisfação que podemos reg is tra r o desenvolvim ento de
frutas para mesa. todas as nossas fo rças econômicas.
A nossa in d us tria m a n u fa c tu re d é a prim eira Damos abaixo os calculos da nossa p rincip al
da Am erica La tina e occupa o 20» lu g a r do mundo. producçâo comparada com as de o u tro s paizes segun
N o con fron to da exportação de to dos os paizes do a nossa D ire c toria de Estatística do M in is te rio
da terra, occupamos o 15.° lugar, sendo dos mais da Ag ricu ltura:
jovens.
Assim , o B rasil já fe z m u ito èm tres séculos
de creação e desenvolvim ento e em um século de vida
po litic a independente.
Já realizamos tu do isso, e queremos mais. A 1 - BRASIL 1019-20 788.188
consciência da nossa força é uma velha tradição en 2 — Colombia 1017-18 75.000
tre nós, da força fecunda da producçâo e do d ire ito 1918-19 54.479
e não da brutalidade que esmaga, da força que crêa e 1917-18 45.782
não da força que destróe. 1917-18 32.500
1917-18 23.989
O O O O O 192
J. CIMA & Cia.
Industriaes de Herva-Matte
Trigo
1 — Costa do Ouro . . . 921 133.909
2 -B R A S IL 919-20 66.883
3 — E q u a d o r .................... 1 - Estados Unidos 1918 24.959.794
921 41.080
4 — T rin d a d e .................... 921 31.813 2 — India . . . 1918 10.325.070
921 29.276 1918 6.143.548
0 — Republicas Dominicana; 921 2S.700 1918 5.145.875
7 — Vene/ue a .................... 921 22.000 5 — Argcn ina . 1918- 195.015.000
921 20.000 6 — Ita ia . . . 1918 4.988.500
0 Fernando Pó 7 — Hespanha . . 1918 3.693.430
921 5.200
10 — G ra n a d a .................... 8 — Grã Bretanna e 1918 2.535.026
921 4.441
9 — Allemanha 1918 2.458.418
10 — BRASIL . . 1919- 2087.181
Algodão (em rama)
o o o o o o 193 o o o o o
LIVRO DE OURO COJHMEMOk/TIVO DO CENJENAR/O DA
Raizes
3.575.451
Ovinos
3.430.296
1 — A u s tr a lia ....................................... 84.065.012
2 — Russia Européa (63 governos) . 65.16 Í.60I
3 — Estados Unidos (continente) . . 48.866.000
4 — A rgentina....................................... 43.676.603 4.954.000
lidos (continente)
5 — India 1.096 800
6 — União da Africa do Sul . . 20.014.035 1.865.259
7 — Turquia Européa e Asiatica . 27.001.678
1.766.510
8 - O r â Bretanha e Irlanda . . . 27.004.678
1.445.905
0 — Nova Z e la nd ia............................. 26.538.302
825.226
1 0 — B R A S IL ....................................... 7.933.437
638.875
Equinos 508.233
452.703
1 — Russia Européa (63 governos) . 23.476065
450960
2 — Estados Unidos (continente) . 21.482.000
ü — Russia Asiatica (27 governos e
9.613.678
4 - A rgentina............................. 8.323.815
5.253.600 MARINHA MERCANTE
5 — B R A S IL ...................
3.609.257 Segundo as estatísticas do Lloyd Register Boock,
7 - A lle m a n h a .................................. 1.141.624 as tonelagens das marinhas mercantes da America do
8 — A u s tra lia ....................................... 2.408.040
2.232 030 Sul, em 1922-1923, são as seguintes:
0 — F rança............................................
10 — O rt Bretanha e irianUa . . . . 2.213.272 1 B r a s i l .................... 390 492.571
2 Argentina . . . . 216 131.555
Caprinos 126 131.401
1 — India (provincias britannicas) . . 33.165.506 4 Peru . ................... 64 101.209
2 — Turquia Européa e Asiatica . . . 20.278.740 5 Uruguay . . . . 53 76.311
3 i - União da Africa do Sul . . . . 8.018.871 6 C u b a .................... 65 62.677
4 — BRASIL 5.086.655 933 1.045.724
5 — Argentina....................................... 4.325.280
6 — Hespanha....................................... 4.181.912
Essa tonelagem se subdivide da seguinte fórma
7 — Protect, da Africa Oriental Bri
tannica .................................. para as grandes companhias brazileiras de navega
8 —A l g e r i a ....................................... ção:
o o
o o o O o 194 O o o o o
IK DEPEN DENC!A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Com panhia de Navegação L lo y d Brasileiro, 34 T endo de reparar uma grande crise e dispondò
navios e 206.500 toneladas. assim de menores recursos no exterior, as nossas
Com panhia de Navegação C osteira, 22 navios e compras dim inuíram .
32.125 toneladas. O quadro abaixo o mostra:
C om panhia C om m ercio e Navegação, 18 navios Im portação:
e 32.512 toneladas.
O s navios da C om panhia de Navegação Lloyd
B rasile iro estão assim classificados:
30 vapores transatlânticos com 106.830 to nela 5.922.306
das. 2.779.850
31 vapores cabotciros com 58.170 toneladas. 920 3.275.850
<»2i 2.578.210
10 vapores fluvia es com 6.567 toneladas. 922 3.263.523
3 veleiros fluvia es com 6.567 toneladas.
1 vele iro com 801 toneladas.
A dim inuição da quantidade é proveniente em
parte da reducção das entradas de carvão.
A nossa exportação dem onstra que trabalhamos O v alo r correspondente fo i assim registrado:
cada vez mais, que o B rasil esforça-se para reparar
as crises anteriores e entrar num largo periodo de
prosperidade.
913 1.007.495
O nosso m al provém de que ainda não sabemos 918 1.334.259
vender e com prar . Vendemos o que nos querem 919 2.090.633
com prar, e compramos o que nos querem vender. 920 1.689.839
Precisamos «vender» o que produzim os, em boas con 921 1.673.909
dições, e com prar o que necessitamos e que seja o
m elho r e o mais barato do genero.
C on vertido em moeda ingleza, esse m ovim ento
se trad uz nos algarism os a seguir:
O COMMERCIO EXTERIOR
, I V I J .................................. Oí.lOO.UUU
A exportação de 1922 fo i um «record» quanto ]Q18 78.177.000
á quantidade. O quadro abaixo o dem onstra: 1920.................................. 125.005.000
Exportação por quantidade: 1921 60.468.000
1922 49.192.000
O o o O o ó 195 0 0 0 0 0 0
LIVRO DL OURO COMA ■MORATIVO PO CL N IL S 'ARIO
tim os a etnprezas, viagens, seguros, fretes, remessas de zero em 1913 e dc 12.734, em 1922, a de oleos
de fundos de antigos im m igrantes, etc., montam a vegetaes dc 84 em 1913 e de 2.369 em 1922.
ou tros 15 m ilhões de libras . O to ta l das nossas ne Dos nossos grandes productos só accusam d im i
cessidades eleva-se, po rtan to a 30 m ilhões de libras nuição as pelles, por um m o tiv o de ordem acciden
esterlinas e isso explica, porque com a balança m er ta l, a borracha em virtud e da crise universal e o a l
can til que vamos tendo e o cam bio baixo que vanos godão. cuja exportação em 1913, crescera em con
s o ffre n d o temos tid o necessidade de recorrer a em sequência d o retrahim ento do consumo in te rn o , mas
préstim os, não conseguindo assim mesmo restabele cujas safras são ho je m uitos m aiores, havendo cm
cer a perfeita norm alidade. São Paulo novos e grandes produetores. Assim , a
Os dados do com m ercio ex te rio r demonstram, capacidade de producção do pa iz augm entou.
en tretan to, que a capacidade de trabalho do paiz Q uanto ao valor da exportação podemos estabe
augm entnu dc uma m aneira auspiciosa e promissora. lecer o seguinte confron to :
De facto, em 1913, antes da guerra, a nossa ex
portação fo i de 1.382.072 toneladas. Em 1922, en
tre ta n to , enviamos para fó ra do paiz productos com 1913 1921 1922
um peso to ta l de 2.121.602 toneladas, mais 739.530 H,nh» 29 39.889 3.801
toneladas do que antes da guerra. Carne cm conserva . 200 2 351 1.63'
Cnrnes ('n nprhflaí 200 60.305 33.300
Em 1913, a exportação de banha fo i de 23 to Couros ........................ •IS. 1SO 52.415 71.726
L I ............................. 2.M 3 13.164 1 1.244
neladas, em 1922 dc 1.966; em 1913 a de carnes
1‘cllcs ........................ 12.512 22.536 33.310
cm conserva de 223 e em 1922 de 74 5; a de carnes 200 4 121 2.688
congeladas de zero e em 1922 de 32.308, a de cou 22 6.284 754
ros de 21.292 e em 1922 dc 47.990; a de lâ de 2.953 M anganc/................... 2.T2I 22.917 22.269
em 1913 e dc 3.561 em 1922; a de pelles de 3.584 Algodão em rama 34.hl 5 45.911 103.663
A r r o z ........................ 24 32.617 22.506
em 1913 e de 3.303 em 1922; a de sebo dc zero
Aguçar 974 94.169 115.249
em 1913 e de 2.528 em 1922; a de xarque dc 21 Bananas ................... 155.631 35.901 48.760
em 1913 c de 3.730 em 1922; a de manganez de Cac.’o ........................ 23.904 47.547 68.281
122.700 em1913 c de 340.706 em 1922; a de al C a fé ............................ 611.690 : 019.065 .504.166
godão em rama de 37.424 cm 1913 e de 33.947 em Cêra de Carnaúba . . 6.593 10.395 14.138
1922; a de assucar de 5.371 em 1913 e dc 252.111 em Farinha de mandioca . 703 5.046 3.710
F e i.â o .................... 2 181 92
1922; a de borracha dc 36.232 cm 1913 e de 19.855 Frutas dc me a . . . 2.497 5.136 9.570
cm 1922; a de cacáo de 29.759 cm 1913 c dc 45.279 Frutas para oleo . 6.228 39.202 60.428
em 1922, a do café de 12.268.000 saccas em 1913 e de Fumo . . 34.739 55.110 4S.I 15
12.673.000 cm 1922; a da cera de carnaúba dc 3.862 Hcrva Matte . 35.570 43.: 36 5 1.579
toneladas em 1913 c d c 5.005 cm 1922; a de it- M a d e ira s ................... 2.021 17.977 22.177
M i l h o ........................ 200 7.181 2.629
rinha de mandioca de 4.876 em 1913; e de 12.867 em O l e o s ........................ 180 7.833 3.522
1922; a de fe ijã o de 7 em 1922 e de 162 cm 1922;
a de frutas de mesa de 29.238, em 1913 e de 55.215
cm 1922; a de f ructas para ole o de 54.394 em 1913 A nossa producção c assim cada ve m aior.
e de 92.039 em 1922; a de fum o de 29.793 em 1913 depende apenas dc organização o im pulso d e fin itiv o
e de 44.708 cm 1922; a de herva-matte de 65.843 para a grande prosperidade que to-Jos alm ejam os.
em 1913 e de 82.346 cm 1922; a de madeiras de
20.310 em 1913 e de 130.956 em 1922, a de m ilho, V ictor V ia n a .
O o O o o 196 0 o o o o
A M £ N fò(
V ID A fina nce ira do Bi si 1, principalm cn- p rio , o recu > fa lla z com que este era resgatado;
fflà te no regim e republic io , tem-se desen- e gerava ass i a funesta tra n q u illid a d e que nos fa-
|^ 7 v o lv id o quasi alheia 1 dos princípios m iliarisava c I um m al que parecia tã o fa c il de ser
e sem attender elim in ad o, c indo apenas era s ub stitu ído p o r um
aos conselhos dos mais esclarecidosi orientadores da m al m aior. assim nos fomos encerrando, cada vez
o p iniã o p u blica , ta lvez porque, os nosoos hahi- mais, neste c
to s de p ro diga lid ad e e a noss ipiente experien- o d e fic it; o
cia, confiam os exageradamente nossos tã o apre- serva ainda, m uita razão, o illu s tre fina ncista
goados recursos naturacs, que residem ainda em ser que, sob a constância de ta l phenomeno se fo rm o u
no sólo e no sub-súlo da te rra, á espera de que se entre nós um a m entalidade sing ula r, e sobrem aneira
jam tran sfo rm ad os em valores activos. Balanceando fu nesta, emancipada de todas as noções classicas da
o activo e o passivo da nação, desde a abertura sciencia a d m in istrativa , e que é causa m oto ra da
dos nossos po rtos ao com m ercio do m undo, até este desordem financeira em que tem v iv id o o paiz. Num
m em ento de ju b ilo un iversal, verificarem os que o es p e rio do de 96 annos, os orçamentos só registam sal
fo rço , o tra b a lh o e o progresso realisado foram enor dos 19 vezes, em quanto accusam deficits 77 vezes,
mes, mas ta.nbem assignalarem os que innum eros erros o u ltim o decennio te ndo ultrapassado to dos os o u
e desatinos, alguns irreparáveis, fo ram com m ettidos. tro s no d e lirio das despezas. N o perio do de 1910
Basta ver que, com um século de autonom ia e mais a 1920, os de fic its annuaes sommam 2.289:271:000#,
de trin ta annos de republica, ainda não demos so dando, nesse perio do, um d e fic it m édio de . . .
lução aoá problem as fundam entaes da nacionalidade 229.000:000.«. Nos exercícios financeiros de 1916 a
no se n tid o de sua independencia economica-financeira, 1922, o d e fic it apurado, em cada anno, se exprim e
condição basica de nossa grandeza p o litica. pelos seguintes algarismos. iv e rtid a a parte i
Seja como fò r, aqui cabem referencias ás fin a n
ças pu blica s do Brasil, com o in tu ito tã o sóm ente de 208.341:350«
ind icar, com exacçâo e sem com m entarios im p ertin en 275.246:462«
tes, a situação do paiz no m om ento em que comme 222.427:9158
m ora o p rim e iro centenario de sua emancipação poli- 1919 . . . . 312.974:0188
1920 . . . . 254.504:0988
1921 (e-tima'.n 424.515:3188
An te s de tudo, notarem os este facto de ordem
1.698.009:1618
g e ra l: as rendas publicas crescem cada vez mais de
anno para anno, cm desproporção com o augmento
algarism os estes que resultam da seguinte dem onstra
v e rtig in o s o das despezas. accusando os orçamentos an-
nuaes de fic its vultuosos, que passam de um exercí ção:
cio para o u tro . «A persistência e o crescimento do Exercício de 1916: Ouro Papel
desnível entre os encargos do Thesouro e os recur Receita . . . . 61.272:9538243 339.174:7668240
sos de que este dispõe, d iz ia ainda recentemente o Dcspe/a . . . 84.133:3358989 496.080:2498134
sr. Francisco Sá, então senador, caracterisa uma de Deficits . . . 22.860:3878746 156,905:4888924
sordem ta nto mais grave, quanto a vontade de resis Deficit eurc, convertido em papel
tir-lh e parece abolida, como se houvéssemos p e rd i moeda ao cambio de 12 . 51.435:8618178
do a consciência do m al, o u a esperança de usal-o. O Deficit do e x e rcício.................... 208.341:3508102
ha b ito da pro diga lid ad e, creado pelas emissões to r-
renciaes de papel moeda, para os quaes a gu erra fo i
mais um pretexto, do que uma necessidade, lançou
a adm inistração publica na vertigem das despezas,
sem m edida. C om o se para a elevação expontânea Deficits . . . 47.115:4198682 175.470:1388671
destas já não bastasse a in flu en c ia daquella causa, Deficit curo, convertido em papel
ao cambio médio de 12 3/4 . 99.776:3248260
determ inando a alta de to do s os preços. Mas o papel
que creava, ou aggravava o d e fic it, fo rnecia elle pro - Deficit do a x e rc ic io .................... 275.546:4628931
O O O O O O O O O O O <
I.IVRO OURO COMMUMOR ATIVO CENTENARIO
35.902:421*191 232.193:570*495
Deficit oure, convertido em papel,
ao cambio médio de 12 . 80.780:447*679 Saldo curo . . 62.496:037*609
Deficit p a p e l .............................
Deficit do ex e rc íc io.................... 112.97 1:01S*17 I Saldo curo, convertido a papel
ao cambio médio dc 16 d. 105.462:063*465
Deficit geral do 1J» >105.191*118 l
Exercido de 1911.
198.842:690*460
Papet
o o o o 198 o o o o o o
INDEPENDESCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
c) dc 1920.
Juros, aincrtisaçâo c commissòes da di
100.000:000*000 vida e x t e r n a ........................................ 219.804:933*
Emissão de papel-moeda . . . . Juros de a p ó lic e s............................................ 72.335:844*
Emissão em apólices.................... 65.937:300*000
45.100:000*000 Juros de obrigações do Thesouro a 7 •/. 8.938:650*
Emissão de bilhetes do Thesouro
Juros de debito á Caixa Eeonomica . . 6.425:000*
210.037:300*000 307.504:4278
O O O O O 199 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO
1897 . 754.958:6068500
A progressão da div id a publica federal tem sido 779.965:4238000
esta: 733.727:1538000
1900 . 699.631:7198000
Libras Francos Dollars Total em 680.451:0588000
1902 . 675.536:7848000
llb. 1903 . 674.978:9428000
1897 34.697.300 34.697.300 1904 . 673.739:9088000
1898 35.731.289 35.731.289 1905 . 669.492:6088750
1900 38.693.291 38.693.291 1906 . 664.792:9608500
1910 77.331.000 240.000.000 86.847.256 1907 . 643.531 :7 278000
1913 91.857.360 297.885.000 103.668.819 1908 . 634.682:8528000
1914 94.591.748 297.249.500 106,378.008 1909 . 628.452:7328000
1915 96.739.458 297.249.500 108.525.718 1910 . 621.005:255*500
1916 100.442.988 297.249.500 112.229.248 1911 . 612.519:6268000
1917 99.318.818 322.249.500 112.096.355 1912 . 607.025:525*000
1918 103.542.294 322.249.500 116.319.831 1913 . 601.488:3038500
1919 103.392.034 322.249.500 116.169.571 1914 . 822.496:0188500
1920 103.035.534 322.249.500 115.813.071 1915 . 982.089:5278500
1921 102.930.854 322.249.500 49.403.500 125.873.700 1.122.559:761*500
1922 102.832.334 322.249.500 68.491.833 129.702.840 1917 . 1.389.414:967*000
1918 . 1.679.176:058*500
1919 . 1.729.061 :52 1*000
O m ovim ento de emissões de apólice da divida 1920 . 1.730.000:000*000
in te rn nestes u ltim o s tempos é representado nos 1921 . 1.880.104:329*000
1922 . 2.065.424:8868000
seguintes algarism os:
915 25.619:251*464
916 Amoedado 58.847:1258249
313.518 Londres
918 . . . . 356.232 ( £ 8135.434) 1.203:860*664
919 . . . . 391.590 542* 85.670:237*377
920 . . . . 402.730 0008 Em notas c o n v e rs ív e is ......................... 3.459:964*130
921 (estimativa) 600.000 000*
922 cerca de 900.000 0008 89.130:201*507
O O O O O 200 O O O O O
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COMPANHIA DE SEGUROS MARITIMOS E TERRESTRES
FUnDRDR EM 1872
O utras r e s e r v a s 1.700:3858600
.
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D IR E C T O R IA
J o ã o A lv e s A ffo n s o J u n io r Presidente
J o s é C a rlo s N eve s Q o nza ga - Director
ROEMCIR em S. PRULO
y M. DE CRRVRLHO & C. - - Rua do Rosario, 11 1.» andar
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 201 o o o o o o
LIVRO D L OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
[ o o 202 o o o o o
INDEPENDENCE HA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
T al é, em rap id os traços c sem com m entarios pro diga lid ad e dos gastos, a facilidade das continuas
im iteis, a actual situação Tinanccira do Brasil. Não emissões de papel inconversivel e o abuso dos em
ha que nos illu d irm o s acerca da fra g ilid a d e de nos préstim os externos. Sobretudo, á proporção que se
sas perspectivas financeiras, e razão tinh a o pre appro xim a o vencimento do nosso segundo fu n d in g ,
sidente E p itacio Pessoa, quando em sua mensagem mais opprcssiva e torva nos im pressiona a rea lid a
de IQ1Q, e m ittiu estes conceitos, que valem por uma de financeira, porque, abreviada no te m p o a dista n
lição de a lto p a trio tis m o : T od os os bra sile iro s devem cia, que ainda p e rm itte illusões de optica, cessam as
fazer do bom nome do B rasil u.na questão dei honra m ira g tn s , somem-se os a rtifíc io s , de ixan do espaço
nacional. As nações que, para m anter ou augmentar a unica perspectiva nacional, traduzida pela ameaça da
despezas, a que não correspondem os recursos das nossa insolvência. A nossa tarefa, pois, exige o sacri
suas rendas, se empenham em compromissos que não fic io de to das as nossas despezas excessivas, até
podem satisfazer, prepararam um fu tu ro de appre- mesmo de algum as necessarias, com heroica d e te rm i
hensòes c de duvidas, prenhe de perigos, sobre o seu nação, e em term os que assegurem o e q u ilíb rio orça
destino. Os dispêndios excessivos a que nos entregá m en tario e o restabelecimento do serviço exig id o
mos cm exercícios seguidos, a p rin c ip io p o r causa pela nossa divid a externa, e, na csphera economica,
das graves perturbações de ordem publica que se o augm ento de capacidade produ ctiva d o paiz e a
seguiram á im plantação da R epublica, e depois por conversão em valores economicos da variedade e abun
não quererm os parar numa serie de concessões one da nd a de nossas riquezas em potência, phenomeno
rosas e de creações consecutivas de serviços novos, este que está em relação directa com o saneamento
coni augm ento colossal do fu nccionalis.no, levaram- de nosso estado financeiro. Esses dous postulados
nos duas vezes a suspender o s pagamentos, em moe constituem o fundam ento não de um program m a de
da, dos ju ro s e am ortizações da divid a publica ex partidos, mas da pro p ria vida da nação, e envolvem
terna que tiveram de ser substitu ído s por omissões de questões assaz com plexas que não podemos de r e
títulos gravados com a garantia da renda das nossas lance inculcar ao c rité rio c á ponderação dos nossos
alfandegas. Esses titu lo s , quasi to dos em mãos do homens de governo. A sua solução im m ediata é a
estrangeiro, ainda não fo ra m resgatados; e em vez fin a lida de da po lític a nacional, porque, sem o con
de economisarmos, para liv ra r a Nação de empenho curso desses coefficientes, não seria possível evi-
tão grave, te mos con tinu ad o a m anter o desequilí tar-so a crise que nos ameaça. N ão ha como sairm os
b rio dos orçam entos sem m edida e sem fre io . Não deste dile m m a: ou consolidamos de finitiva m e nte o
ha nação que possa con tin u a r p o r esse cam inho sem nosso cred ito ou entrarem os no r ó i dos paizes va-
cahir em embaraços de que nã o sei co.no possa sahir. sallos financeiram ente, e. portanto, politicam ente, do
Estamos neste m om ento em uma situação que nos estrangeiro.
adverte de sem elhante pe rig o -. D e s fa rte , nunca como
agora, as finanças publicas exigem , m aiores cuidados,
mais efficie n te vigilâ n c ia e m ais energia dos dirge n-
Elysio de C ar v alh o .
tes, se não se perdeu de to d o a consciência da e x
tensão da gravidade que acarretaram o ha b ito da (Presidente da S. Monitor Mercantil).
O O O 203 o o o o o o
A IM P R E N S A N A IN D E P E N D E N C E
I Brasil,
ES D E o s inícios observa-se, em nossa his- de D . João V I. O Sr. O live ira Lim a, regis
p o litic a , a actuação efficiente dos tran do a «ancia reform ista que revelaram esses e le i
entos populares. O ataque dc Le to res, considera o facto tanto m ais s in g u la r quanto
c ao R io de Janeiro, a terrível a compunha especialmente gente da roça, entre a
guerra contra os hollandeses documentam a efficie n qual são geralm ente mais enraizados o : instinctos
d a da população b ra sile ira , capaz de a g ir por si só, conservadores».
sobrepondo-se aos governos, esquecendo-os ou substi V is to que essas classes é que dom inavam o
tuindo-os. Com a fa lta de communicaçSes, com a paiz, não seria para estranhar que a im prensa exer
debilidade das forças da m ilic ia , com a ausência de cesse sobre ellas influencia sensível e poderosa. En
p re s tigio m oral da autoridade, coniprehende-se por tretanto, só recentemente o jo rn a lism o appareceu,
que a iniciativa in d iv id u a l havia de tê r influencia vencendo d ifficu lda de s de toda ordem , m ateriaes e
decisiva. Cada qu al contava com sigo mesmo, pre espirituaes. Para fa lla r com exactidão, ate o sécu
m id o pela necessidade de a g ir sem demora e sem lo X IX não tivem os typographias permanentes. A
a u x ilio contra perigos im m ediatos. respeito observou A lfre d o de C arvalho o nosso atrazo
Certamente, esse «povo» que agia e por alguma rclativam ente a ou tros paizes da Am erica. Assim é
fo rm a governava na realidade o paiz, a m u ito pon que em 1530 o allem ão C rom berg insta llava no M e
to pouco se resumia. Ainda n o tem po da Indepen x ico a prim eira typ og ra ph ia que fu nccion ou no novo
dência não se encontrava pro priam en te «povo». O m undo, em 1583 introduziu-^e a im prensa no Perú
Sr. O liv e ira Lim a, que recorda a semelhança do phe- e, em 1630, nos Estados-Unidos. Tod avia , parece
noineno com o que se passou na Am erica Espanho que ainda assim nos antecipamos ao U ru g u a y e só
la, cita o conceito d o encarregado de negocios da nos atrazamos, quanto á Argentina, em 7 annos,
A ustria, M areschal: O «povo» «se compunha na sua pois o p rim e iro pe rió dica desse paiz data de 1801 (')■
to talida de de fazendeiros e não havia a ralé». É certo que tivem os uma imprenoa em 1706,
O conceito é incom pleto. Os elementos que con aproxim adam ente, apparecida em Pernambuco, outra
correram para os m ovim entos da independencia abran que surgio no R io de Janeiro sob a direcção do
gem m uitas outras classes sociaes. Além da nobreza Isido ro da Fonseca (»), no annu de 1747, o ainda
ru ra l «assentada sobre a base de grandes la tifú n uma te rceira que eifi 1807 o padre Viegas de M e
dios, numerosa, rica, orgulhosa, esclarecida pelas idéas nezes fundou em V illa-R ica , M inas Q eraes; mas fo
novas, que revolucionam os centros cultos do Rio ram supprim idas p o r ordem do G overno português.
e de Pernambuco, ha também uma aristocracia in Já nessa época, observa José V erissim o, os gover
tellectual, graduada na sua m aioria pelas universi nos absolutos, que eram todos, desconfiavam da im
dades européas, especialmente a universidade de prensa e embora o jo rn a lis m o apenas balbuciasse em
C oim bra, e que resume ifão apenas a alta cultura P o rtug al no n o tic iá rio anodyno ou nos a rtig o s ino-
da colonia, mas mesmo a alta cultura da m etrópo cuos da Gazeta de Lisbõa, o governo português ve
le» ( ') • Não deve sêr esquecido o clero, tã o num e lava, cioso que a Mia colonia não possuísse um meio
roso e tã o esforçado na defesa das idéas democrá de manifestação e propagação de pensam ento, que
ticas e até mesmo revo lu cion arias; nem a burguezia se lhe an to lh aria já damnoso ao seu dom in io».
commerciante, na qual, se era apoucado o sentimento Essa fa lta de imprensa nem a todos parecia lo u
libe ra l, sobrava, entretanto, o o d io nativista contra o vável. R eferindo a sua conversação com o estudante
português p re fe rid o e cum ulado de regalias. Va José Joaquim da M aia, Jefferson, em correspondên
mos encontrar ainda uma u ltim a repercussão dessas cia para a Am erica do N orte, apontava os obsta-
idéas, mais ou menos libe rta ria s, até naquella pe
quena burguezia ru ra l que se reu nio em assembled
convocada nos u ltim o s mezes da permanência, no (') Vide Alfredo de Carvalho, Oenese e progressos
dn imprensa brasileira, pagina 3 e Dardo Estrada, His
toria da t a Imprenia en Montevidéu.
(s) Essá foi a typographia que chegou a trabalhar
O Oliveira Vianna — O mais, publicando algumas obras, emquanto as outras se
lu(io . haviam limitado a letras de cambio e a orações.
O O O O O O 204 O O O O O O
— —j C T
culos que lh>e pareciam d iffic u lta r a independencia dou-se a expensas da maçonaria, afim de a u x ilia r a
do B rasil, e dizia então que iIO B ra s il não ha im- campanha autonom ista, mas o seu d ire c to r não teve,
prensa -. Era assim que pensai a ttm estadista emi- n j batalha, a mesma in fle x ív e l intre pide z de Lèdo.
ne nte; o u tro s estadistas de te m po s menos elevados D ois jornaes, antes da independencia, m elhor
não concorda:n possivelm ente cc>m elle . Também não d o que to dos, fizeram sen tir a sua repercussão.
podemos levair a nossa exigem :ia ao po nto de pre I'm fo i o R everbero C o n s tituc io na l F lum inense, de
tender que to dos sejam Jeffert Januario da C unha Barbosa, c Joaquim Gonçalves
Pouco arites da invasão trance sa, I) . João havia Lèdo, e o u tro o C o rre io do R io de J an eiro, do p o r
cncommendad o um a imprensa na In g la te rra e mal tuguês José Soares Lisboa. Com esses elementos se
chegara esse m ate ria l, e se acha>ca ainda encaixo- despertou e mant eve a agitação p o pu lar que fo i um
ta do, quando o prin c ip e portuguê:s fu g io dc Lisboa dos fa rtores dorninantes dos ;icontecim entos.
para aqui. T irouxe com stgo essi:• m a te ria l e eon elle De facto, qii em acompanha os dias tu m ultuosos
fundou a Ini prensa R égia, ena dlecreto datado de da independencia., tem a impres;são dc um drama a
13 de M aio de 1808. Taes pr elos; trabalharam afa- que não fa lta nittnca um córo enorm e, agitad o e
nosaniente. Em 1822 as p u b li caçi >es que delle Ita- mais apaixonado do que os p ro p rio s actores. En-
viam sabido alcançavam a 1.15 1. L:ram princip.d.nen- contra-se sempre, atraz das fig u ra s salientes, a turba
te actos o f fiiciaes de varias a idades e fo lh etos que applaude, ou pateia. D ahi, ta lvez, para os acon
a serviço das; convicções regias 1) essas offic in a s nos tecim entos da Independencia, certa cspectaculosidade
veio, desde 10 de Setembro de- 1808, o p rim e iro a que não éra infensa a natureza do galã, o Sr. D . Pe
jo rn a l appar ecido no B rasil A Gazeta do Ri:> dro. A petição da Camara do Senado e que provocou
de Janeiro. C om quanto se di ssei;se não o fficia l . directúm entc o F ic o, levava 8.000 ascignaturas. De
tanto se app roxim ava do gover no que fo i tid a justa- volta de M in as, ao anntin ciar no th ea tro a pacifica
mente como offic io s a — mod elo que ulte rio rm e nte ção da provincia, Pedro I recebeu manifestações es
p ro life ra ria t:om abttndancia e m u ito dispendio. En- trondosas. que se repetiram quando e lle fo i a uma
tre ta n to , por v ir com semelha nte fe ição não exer- das sacadas do Paço a ffirm a r que <Pernam buco é
ceu nenhuma , ou quasi nenhunia i nflu en cia sobre os nosso A ida do p rincip e á casa de José B o nifa
ncgocios do Brasil. A rm itag e tem sobre esse perio - cio para o fazer v o lta r ao G overno, em novem bro
dico in c o lo r uma phrase e xce llen te: A julgar-se de 22, teve toda a fe ição de um acontecim ento po
do B ra s il pe lo seu unico p e rio d ic o, devia sêr consi- pular. Era enorme a turba deante da casa de José
derado com o um paraizo terr •e, onde nunca se B onifacio. Já em o u tra fe ita, a m u ltid ã o havia assus
tinh a expres sado nenhum que ixum e . tado D . Joã > V I com uma ho.nenagem dessas, m u i
A agitação da indeperidencia favorecia na tural- to acima das tendências e da tim id e z reaec. E o
mente <> desenvolvim ento da im prensa. Os embaraços facto culm inante desse interesse geral pelos acon
aqui valia m to m o estorvo de ta l ordem que o orgão tecim entos fo i a improvização. no C am po de Sant’
do m ovim en to appareceu fó ra do paiz - fo i o C or Anna, de uma tropa de 10.000 homens para re sistir
re io B ra silien se, editad o em Londres de 1808 a 1822 contra as ameaças da divisão portuguesa que A vile z
c d irig id o d u ran te esse tem po p o r H v p o lito José da conduzira para o m o rro do C astello.
C osta. A in flu e n c ia desse jo rn a l é n o to ria . Liam-no Esse am biente explica e ju s tific a a ascendência
e apreciavam -no os homens m ais c u lto ; d o paiz e a do jorna lism o , na actuação que exerceu sobre essa
sua repercussão a ta l po nto se accentuou, que fo i m in oria attenta c corajosa, d is cip lin ad a nas lojas
perseguido pelo governo português. D o «C orreio maçónicas em que se e n rija v a n as convicções par-
B rasiliense escreveu m u ito bem o barão Ho.netn tidaria s. Nos acontecimentos da época os traços do
de M e llo : - - «Póde-se dizer, com segurança, que a R everbero C o n s tituc io na l revelam o seu p re s tig io de
educação p o litic a da geração que no B rasil preparou cisivo ( ') . C om batendo o decreto das C ôrtes de 29
e rcalisou a independência fo i fe ita pe lo C o rreio de Setembro de 1821, elle que ia sêr um dos leaders
Brasiliense». do 12 de Janeiro, p le ite ia ardorosam ente a permanên
M as sóm ente com a abolição da censura prévia, cia de D . Pedro n o Brasil, aconselhando os b ra si
ordenada em decreto de 28 de A g os to de 1821, leiros a que obstassem a sua p a rtid a ; depois do F ico,
ganhou a im prensa as fa cilid ad es de que precisa. P ro consciente do desdobramento na tu ra l dos factos, cla
life ro u então abundantem ente e s u rd io nessa epoea, ma pela independencia. dizendo que a emancipação
no R io de Janeiro, um crescido nu m ero de fo lhas das colonias seguia uma m archa natural e irre s is tí
po litica s, ephemeras, v iv en do algum as apenas u.n nu vel, que jam ais fo rças humanas podiam fazer re tro
m ero, todas votadas, na defesa e no ataque, aos ne gradar . A creação do conselho de procuradores das
gócios público s, á discussão das questões que aqui se provincias, acto de tanta significação na m archa da
levantavam entre as aspirações nacionacs e as pre unidade p o litic a do paiz, deve-se princip alm en te ao
terições portuguesas». N o p e rio do que antecede a gru po avançado de Lèdo, Januario, N obrega e José
independencia destacam-se, to davia, com o centros de C lem ente Pereira. D il-o R io Branco, que ta nto sabia
agitação, a M alag ue ta , dc M ay, o R e g u la to r brasi os pormenores de nossa h is to ria . E o Sr. O live ira
le iro , de F re i Sampaio, o E sp elh o, de F erreira G u i Lim a, que tem pela actuação de José B o nifa cio a
marães, este appro xim a do dos Andradas. D irig ia a sim pathia que e lla merece, confessa que fo i o R ever
M a lag ue ta Lu iz A. N ay, in d iv id u o ta nto ou quan bero que, perfilh an do -a, poz a idéa na circulação
to excêntrico. «Não passou — d il- o o Sr. B a s ilio
de M agalhães — de um org âo de agitação irre g u
lar, nem sempre u t il á causa da independencia nacio ( ') Blak»- assevera que foi Ledo o principal inspi
nal . O R eg ula do r B ra s ile iro , de F re i Sampaio, fu n rador de todos os movimentos populares de 1821-1822».
O O O O O O 205 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
jornalística». Na representação de 23 de M aio, re internos. Mas pouco a pouco os dois interesses, o
d ig ida p o r Lêdo, a opposiçâ > a P o rtu g a l attin g ia os nosso e o d clle , se foram a ttricta n d o e resultou
ú ltim o s extremos, p o r certo, que interpretando o um estado de exaltação fa vorave l a uma m edida
radicalism o da gente flum ine nse . O requerim ento radical. Ã imprensa coube actuação preponderante.
concluía com um u ltim a tu m : «Tu já conheces os bens E lla to rn ou possíveis os encontros de idéas e, pois,
e os males que te esperam e á tua posteridade as divergências; ella m u ltip lic o u os a ttrictos, as in
Queres? ou não queres? Resolve, Senhor!» com patibilidades e as antipa th ia s; ella manteve essa
Para o vigo ro so pa m ph le ta rio , a independencia atmosphera calorosa de exaltação em que amadure-
já se collocava acima de to das as outras preaccupa-
ções e até mesmo da fid e lid a d e á dinastia reinante. da que, usando o irresistível am avio do dythiram bo ,
Mas dom inando a sua paixão de liberdade, lê d o arrastou Pedro I para esse papel de prin cip e libe ra l
quer que Pedro seja o o rg ã o do m ovim ento, a f i e generoso e protector que já estava na ambição de
gu ra que o ha de p re s tig ia r e de o firm a r d e fin iti
vamente e o seduz com o titu lo de <•D efensor Per A im piensa, pois, agio nos factos da independencia
petuo», prêm io da convocação da p rim e ira constituinte como um de seus artifices mais poderosos. A pala
bra sile ira . F oi ainda Lêdo quem re d ig io o decreto vra de Jefferson ecôa ainda, como um a verdade:
de convocação, como também fo i e lle quem escreveu sem a imprensa, a independencia não te ria sido possí
o m anifesto de Agosto, no qual se contem a «dou vel, nem tã o cedo, nem tã o facilm en te . E p o r isso
trin a d o rom pim ento». os fa ctos, que desde m u ito se haviam esboçado, to
Nessa época, a independencia já estava fe ita. O maram su b ito increm ento desde que a abolição da
Brasil se largara m u ito no cam inho da emancipação,
para que ainda houvesse po ssibilidade de regresso;
e Pedro I de ta l modo se solid ariza ra com to dos os
actos, effectuados to dos com a sua saneção, que tam
bém elle não podia retroceder. O 7 de Setembro
resultou, sem m aiores constrangim entos, de toda essa
serie de fa ctos combinados. Realizada a indepcndenci:a e esmor*teidos os en-
A p rin c ip io , não se tinh a idéa clara de inde thusia:smos que o movimento provocara, continuou a
pendencia como separação e sim apenas como au to se fazer sen tir a influencia d:as fo rças iiinpulsionadas
nomia adm in istrativa . Pleiteava-se re s trin g ir a in te r pela i:ampanha.O s elementos radicaes, t ommandados
ferência excessiva de P o rtu g a l em nossos negocios por L êdo, haviam pouco e p n ico reduzi do o p re stigio
o o ô o. o 206 o o o o o o
do conserv au tism o qiu! José B o nifa cio orientava. Este midez e resolvia ceder aos m ilita re s, aconselhado
começou a en con trar iembaraços no go verno e succe- por Lo rd Cochrane. Os Andradas fo ram presos e
<U*ii, como é no rm a l, que a resistenc ia fez reaccio- deportados com varios ou tros constituintes. E nesse
■•-•rio o c<jnservador. C om m ettcu José Bonifacio ex- mesmo mez de N ovem bro, o governo mandava a b rir
cessos lantentáveis c d iffic e is de conipreender num devassa sobre as occurrendas dos dias 10, 11 e
h<-mem tã.) sabio, se iião o conhecesse mos a u to ritá rio 12 e considerava como corpo de d e lic to não só «os
c prepotente e se não víssemos que pouco vale a in- horrorosos factos: , mas ainda os periodicos Tam oyo,
te llig en cia deante das paixões despóticas. Pcrscguio S eniinella da' Liberdade, A B e ira -M a r da P raia G ran
adversarios c im p e d io a libe rd ad e de imprensa. O u n i de e quaesquer ou tros escriptos incendiarios».
co jo rn a lis ta que o atacou fo i chamado á po licia e A esses tem pos de jo rn a lis m o v iole nto succe-
intim ado a cessar a publicação de sua gazeta e a deu um perio do de tra n q u illid a d e e ind iffere nça . A
sahir d o im p e rio pe lo p rim e iro vapor. Tratava-se do deportação dos Andradas asphyxiou a revolta. O s es
português José Soares Lisboa, d ire c to r do C orreio criptos p o liticos d o Visconde C ayrú e os artigos do
do R io d e J an eiro ( ') . «D ia rio Flum inense» e d o Spectador, constituíam os
T an to s excessos desacreditaram José Bonifácio unicos meios de inform ação p o litica. Mas o «D ia rio
e o p ro je cto M o n iz Tavares, autorizando a expulsão F lum inense» e o Spectador se precatavam com a
dos portugueses suspeitos á causa do im p ério, fa m aior moderação e se circunscreviam a um n o ticiário
c ilito u a queda dos Andradas, um dos quaes, A n to nio anodyno, entrada e sabida de vapores, novas da
C arlos, re vo lu c io n á rio irre d u c tiv e l, se batera na C ons Espanha c T u rq u ia c artig os sisudos sobre os h o r
titu in te pelas ideas extremadas. A 17 de Julho de rores da dem agogia de que escapara o paiz, p o r um
1823 su b stitu ía a José Bo nifa cio o M in is te rio C ar m omento em pe rig o diante da a ttitu d e facciosa» dos
ne iro de Cam pos. Andradas. A rm itag e nos diz que esse D ia rio F lu m i
N ova m etam orphose, egualm cnte n a tu ra l; o re- nense m ui raras vezes condescendia em illu s tra r o
accionario fez-se dem agogo na opposição, publicando entendim ento de seus leitores».
o T am oyo , jo rn a l de radicalism o desenfreado e vi F oi cm ta l atm osphera que surgiram as R efle
sando, desde o titu lo , com bater ferozm ente os por xões» irreverentes do francês C hapuis, a respeito
tugueses. Então se vê que os princípios livre s ou, da carta de le i de Pedro I e nellas destacava, sob
para m e lh o r d iz e r, dem ocráticos, que advogavam, con uma analyse fo rte , tu do que havia de ligação ainda
trastavam sin g ula rm en te com aqucllcs que seguiram entre P ortugal e Brasil. Esse homem fo i um p io ne iro
durante o te m p o de seu M in is te rio ». Quem observa do 7 de A b ril e os seus raciocínios e argum entos
e denuncia a contradicção é A rm itag c . As mais desor renasceram, rcpctin do -se e desenvolvendo-se na cam
denadas paixões na tivistas encontraram éco e defesa panha u lte rio r. Chapuis realçava que em caso de
nos Andradas. mais perig osos ainda, pela sup eriorida guerra de .P o rtu g a l, o B rasil seria h o stilizad o e
de in te lle ctu a l que os destacava de seus contcm po- condemnava como damnosa ao nosso paiz a reunião
U m in cid en te jo rn a lís tic o pre c ip ito u os factos. Essas palavras provocaram la rg o escandalo, de
Estam pou .-1 S e n iin e lla um a rtig o em desabono de que ficaram testem unho nos com m entarios conster-
m ilita re s portugueses engajados no e xe rcito brasi nadissimos e revoltados do D ia rio F lum inense e do
le iro c D a vid Pamplona, sup po sto autor do ataque, Spi d a d o r. F rei Sampaio recebeu a commissão de
so ffre u a aggressão de do is officiaes, que quasi o rebater as R eflexões c o fez com abundanda. O
deixaram m o rto . E stim ula do pela enorm e rcacção po resultado de tu d o isso fo i a deportação de Chapuis,
p u lar que o fa c to despertara, Pamplona reclamou jus considerada pe lo barão do R io Branco, como o caso
tiça da Cam ara dos Deputados. O Tam oyo e A Sen- unico de expulsão de jo rn a lis ta estrangeiro, em nosso
tin e lla ap oiaram -no com denodo e os debates na paiz. Entretanto, ainda se poderia ap ontar a de Soa
Camara reveiaram -se facciosos. A tropa lusitana m ar res Lisboa no tempo dos Andradas e a de Oarcia
chou para S. C hristova m e o Im pe ra do r resolveu to de Abrantes, no Maranhão.
mar m edidas radicacs. nom eando desde log o o m i Varios factores tornaram singularm ente d iffic il
nis té rio V illc la Barbosa, p o r seu caracter mais enér toda essa quadra histórica. Perdendo a sua popula
gico. Os m ilita re s exig iam satisfações com pletas, que ridade, Pedro I cerca-se de portugueses e augmenta
rendo que se cohibissc a libe rd ad e de im prensa e que aquellas divergências entre lusitanos e bra sile iro s —
fossem exp ulso s os Andradas com o «redactores do ponto nuclear de todas as lutas pa rtida ria s d o tempo.
Tam oyo e collaboradores de .-I S e n iin e lla ». Nesse C ioso das pre ro ga tivas reaes e desamparado pela
po nto a Asscm bléa se c o n s titu io em sessão permanen opiniã o publica, que elle p ro p rio chamava a «rainha
te c assim se passou a no ite de 11 de Novem bro, do mundo», vê-se na contingência de pre stig ia r a
cognom inada a «noite de agonia», em que os depu acção das commissõcs m ilita re s. Accresça-se a tu do
tados permaneceram firm e s nos seus postos, tendo isso a vida privada d o rei, na qual se destacavam,
dia nte dos olh os a recordação d o massacre da Praça no seu relevo antipathico, a M arqueza de Santos, e
do C om m ercio, ao tempo de D . João V I. A rm itag e aqucllc Chalaça que fo i exem plo e m odelo de eor-
louva-lhes o heroism o e d iz que «ao raiar d o dia tezâo.
seguinte, nenhum se havia retirado». No m eio desses descontentamentos, que se avo
Nesse entretem po, Pe dro I te rm ina va a sua breve lumavam, s u rg io a A u ro ra F lum inense, a 1 de De
hesitação, que F e ijó , mais tarde, classificaria de <-ti- zembro de 1827, sob a direcção de E va risto Ferrei
ra da Veiga. Antes, em 1826, A n to n io José d o Am a
ral, e José Joaquim V ie ira Souto haviam fu ndado
(') Rio Branco (Ephemerides — I ‘te Julho) a A slrõa que desde o in ic io de sua publicação alcan-
o O O O O O 207 o o o o o o
LIVRO DH OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
çou vigorosa in flu e n c ia . Mas a E v a ris to é que ia re ira contra as oppressors do gov»:rno , cm 1828 .
o paiz, o apoio
caber o papel p rin c ip a l, no grande m ovim ento na ti- Ê que sentia crescei e firm ar-s:e, n
vista. E lle fô ra um autodidacta e o seu tempera nen- da o p in iã o publica.
co concentrado p e rm ittia que estivesse a cavalleiro Nas provin cias a agitação encontrava éco em
dos factos c não a elles subordinaJ> pelas forças jo rmacs de grande i ii fluência oorno, em São Paulo,
da sugestão. Apparcceu, não como um escrav > Jos O p /ia ro l P a uli s i an a ‘I» 1' viv c l i de 7 ele Fevereiro
acontecim entos, mas co.no um senhor, capaz de os de 1827 a 1832, elir ig id o por Jlosé da C osta Carva-
estim u la r, ou de com batcl-os cfficaz.nentc. Era a pe liu », e o Observador C o n s titu a .■mal. que L ib e ro Ba-
dra fo rte que podia desviar a corrente, ou form ar da ró fu ndara cm 18 20; em M inias ( ieraes T h e o p h ilo
< >tio n i, de v o lta da Escola M ili estreiava no jo r-
as catadupas.
A Nação, como no te mpo da Independcncia. se na lism o com o Semfin e i ia do !Serro . ap pa rccid o e.n
d iv id ia cm duas facções: um a realista, affeiçnada á Selem bro d.- 1830 ■c que- Blak e su speita te r vivid o
at»• 1833; na Bahia o H aitiano inic iava. no período
desconfiança não dissim ulada e te m endo por isso de 1828 a 1831, as\ tradições da fa m ilia Reboliças,
a am pliação de seus poderes. Esta u ltim a se to rn ou a i dos quaes, Au to Ilio Pereira Reboliças, o d ir ig ia ;
i Pernambuco sali< na co rre n te lib e ra l, o
corrente po pu lar, aquella que se fa z enorm e e irr e
, ,in s titu c io n a l e o ,"o p o la r em que se bateu, contra
sistíve l, ta nta a v io lê ncia com que se despenha. Já
cm meiados de 1828 o p a rtid o lib e ra l se considerava „ A m ino do P ovo c O C ruz. ir: i, Fr ei M ig u e l do Sa-
incom patível coat o im perador e os seus m em bros cr:umento Lopes tia:ma. t i t i do s m;1lores jo rn a lista s
recusavam pactas m in isle ria es, co.no Costa C arvalho dr> seu tem po, esp:■cie d.- Joaquim Serra, e.n meio
e Vasconcellos, este chefe da c orrente lib e ra l na C a de■ tuna sociedade de cultura infer■ior.
mara. A c orrente lib i-ral d om iti:n a com pleta mente a
Corn a sua fe içã o assignalada.ncntc pessoal. E va o p iniã o. A rm itage. que ennumera os jorna cs existen
ris to evito u uma e o u tra facção. Mas a orientação tes na qu cll ■ tem po, orça-os cm 53 para to d o o im
sup erior do seu op po siclun bm o im pressionou os es pé rio , dos quaes apenas I I pugnavam pelos p r in
p írito s , desde que elle a sustentava sem os exage cípios retrogrados .
ros do n a tivism o exaltado e respeitando sempre, co.no Sob o pe-zo dessa op iniã > publica, D . Pedro 1
uns homem o rd e iro que nunca deixou de o ser, o fez, desde- os inicios de 1830, g randes e sign ifica tiva s
p rin c ip io da autoridade. O seu jo rn a l não se lim ita va ccnccssõe s. E lle m ando u proces:sar aque lla sociedade
a d is c u tir os acontecim entos da epo?a: elle fazia obra secreta p criianibucana - C o lu ‘r>na d o T h ro n o e do
de educador e estampava constantem ente trechos e A ltar cicada para a propaga nda c defeza d o abso-
conceitos de grandes publicistas estrangeiros. Q uan lu tis m o ; elle dem itte. com um con stran gim en to que
to ás a ttitud es do paiz, as palavras d o grande jo r chegou :i:s raias do sacrific io , <:■ indispensável C hala-
nalista revelavam aquella s uperior faculdade de pre ça. E na fa lla do T hror to de 3 de M aio ele-sse mesmo
visão que H y p p o lito José da Costa possuía no mesmo sumi» im p o rt;iiitc- conip r r m is s o : Serei
gráo. Eva risto manifesta-se sensatamente sobre a fie l á m inha palavra, dada ;í A;tsembléa, de não co.n-
grave situação fina nce ira e condemna um dos seus prom ettei• a tra n q u illid a d e e in teresses do B ra sil em
factores culm inantes: a desastrada guerra platina. consequenda dos nego.cios de Portugal .
‘ Assim, diz elle, assim esta dura licção que hoje re Nad;i disso appla coti a i rritação p o p u la r e o
cebemos nos ap rove ite para afastar longe de nós a opposicioiitismo naciona 1. A Ca m ara, e le ita e.n 1830,
m ania das conquistas e fazer-nos conhecer que na se compunha de- num erosos iindividuos do p a rtid o
paz, na economia e no trabalho é que reside a ven exaltado e a desconfi:inça se fizera em to dos con-
tu ra dos Estado». Este m otivo s u p e rio r o levava a vicção in ahalavcl. As nL-velações: de Barbacena vieram
condem nar a intervenção do Brasil na politica por robustece:l-a, assim com o o nu.iteroso arm am ento, que
tuguesa, desde que da hi poderia resultar, com a v ic to C lem ente Pereira encommcndara sem au torização da
ria de D . M ig u e l, a rccolonizaçâo, e aquelle brasi Camara, e que só chegou ao R io em m eiados de
le iro g e nia l reprovava o im perialism o, viesse da am 1830. - Q ue nos resta, perguntava E varisto, de nossos
bição ou resultasse do quixotism o. dispêndios e gra nd io so emprego de c-pita es? A r tilh a
Se o paiz gozasse de prosperidade, tudo se te ria ria velha, fragatas inu tiliza da s e uma cò rte que, co.n o
explicado e d e fe n d id o ; mas a crise financeira valia seu esplendor, insulta a m iseria publica. P oró.n a re fo r
com o um argum ento con trario á capacidade do go ma c in e v itá v e l; e essas dez .n il armas que se fizeram
verno. Não deixava isso de ser uma causa ao lado v ir da In glaterra , sabe Deus para que fim , não. che
dos ou tros factores, já de si mesmos tão preponde- gam ainda para se m an ter a continuação dos abusos
que têm a fflig id o o Brasil, e contra os quaes, até
Crcscera de ta l modo a animosidade po pu lar con h o je in u tilm e nte , se tem e rg uido a voz dos depu
tra o governo, que os seus m in is té rio s logo se con- tados e escriptores livres».
demnavam á im p opularidade. F oi o que aconteceu, Nesse tem po, assim fa lava o jo rn a lis ta m odera
p o r exem plo, ao p ro p rio José C lem ente Pereira, que do. A linguagem dos exaltadas traçava-se co.n in
o Im pe ra do r se v io na contingência de sacrificar, quan crível v iru lên cia e á fren te de todos vinh a o Repu
do se organizou, em Dezembro de 1820, o segundo b lic o , de Borges da Fonseca, que le va ria depois o
m in is té rio V illela-B a rbo za. Observe-se o ambiente po seu jo rn a l, ent 1832, para Parahyba e, no mesmo
p u lar atravez da evolução da p ro p ria Camara, que anno, para Pernambuco. Ao lado delle, com a mesma
A rm itag e, numa agua forte, classifica de fraca e cricntação, destacavam-se, no R io, o T rib u n o do
vacillan te em 1826. inquieta em 1827, exigente e.n Povo e o B ra s ile iro Im p a rc ia l, c u jo a rd im e nto seve-
1828, e fin a lm e n te aventurando-se a oppo r uma bar- ram ente censuravam os jornacs m in istcria lista s.
O O o o 208 o o o o o
E. SALATHÉ & Cia. — Rio de Janeiro.
INOEPEI FS C l A E t)A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
sem poucos os factores elle poucos dias depois. Cresce a onda revolucionaria,
? todo esse excitaiiiento, v organizada em conspiração. Desesperado, Pedro I
ainda rcflcctir-t 'luçâo francesa de 1830. I recorre á panacea de sua confiança — o ministerio
houve manifestações de regosijo, Villela Barbosa. Era o coup tic grace na sua propria
nambtico, na Bahia, e.n S. Paulo. < causa e a revolta alastrava-se, tornava-se invencível,
speranças dos liberaes e o temor i contando com as tropas e com as centurias de vo
iram das, escreve Armitage, e estas sensações
luntários que os chefes dos partidos exaltados pre
spalharam por ilodo o Imper io, por meio dos
pararam. A 7 de Abril ainda pensou o imperador
iodicos». De uma penna tão i alma cono a de E salvar-se, mandando chamar Vergueiro para organizar
isto surgiam esses conceitos ministerio; mas Vergueiro não foi encontrado e o im
Carlos X deixou de reinar; o imesmo a lodo perador procurou os seus elementos, a tropa de sua
quelle monarcha que. trahind * ju ra maior confiança e não encontrou ninguem. Mal se
destri nstituiçòe chamaria revolução: era antes uma debandada, de
Eoi no meio dos festejos com que se recebeu a que só se encontra exemplo em nossa propria his
noticia da revolução francesa, que succumbio, assassi toria, no 15 de Novembro que havia de sêr, por esses
nado, Libero Badaró, a '20 de Novembro de 1830. mesmos traços, uma reedição do 7 de Ahril.
Desapparecia com elle um dos melhores combaten Entretanto, não havia plano fixo para uma in
tes do liberalismo — o O h s e rv a io r C o n stitucio na l , surreição popular; a revolução foi quasi exclusiva
que elle fundara c dirigira com intelligcncia e cri mente operada por militares; ou, por outras palavras,
tério educador. O facto impressionou profundamen nada mais foi do que uma scdicção militar». Assim
te a toda a gente, commoveu e indignou a nação. pensa Armitagc e a razão é dclle, apezar de que para
Quando Pedro I visitou Minas, em Dezembro desse esse levantamento do campo concorreram, com enor
mesmo anno, receberam-no não com os repiques fes me influencia, o estado da opinião publica c as cor
tivos do anuo da Independência, mas com os dobres rentes de paixões populares. A grande arma da cam
funerarios das exequias de Badaró... panha foi o resentimento nacional, que arrastou a
O primeiro imperador teria motivos para, oom multidão c seduzio o exercito. Por isso Nabuco, que
esses factos, ver na Imprensa um adversario constan sabe encontrar as palavras precisas, define o 7 de
te de sua pessoa. E elle realmente assim o julgou. Abril como um «desquite amigavel entre o Impe
No seu governo reiteraram-se leis sobre a materia; rador e a Nação». «Havia, de parte a parte, diz
nas suas proclamações e falias, nota-se insistente o elle ainda, uma perfeita incapacidade de se com
reclamo de medidas repressivas do jornalismo e, ain preenderem». E completando o quadro descreve: «A
da na proclamação de Ourei Preto, elle atacava ris- força motora do 7 de Abril, a que deu impulso ao
pidamente os que procurava I «iIludir» o povo com elemento m ilitar, foi o resentimento nacional. Em
invectivas e attribuia ess: attitudes a sentimen- certo sentido, o 7 de A bril é uma repetição, uma
tos de egoísmo inferior. consolidação do 7 de Setembro».
As palavras imperiaes resultaram contraprodu Qual a causa que poz em acção esse resenti
centes, aggravando a indisposição que em Ioda a mento nacional e despertou as paixões nativistas a
parte contra eHe se formara e que o monarcha inu que se entregaram povo e exercito? A imprensa. A
tilmente procurou desfazer. Elle ainda tentou re actividade parlamentar foi subordinada, secundaria e
conciliar-se com o povo. por meio do Ministerio appareceu depois que o jornalismo, creando a men
('arneiro de Campos, mas era já muito tarde, e em talidade exaltada, submetteu os deputados á contin
vez de attrahir o povo para o rei, o ministerio de gência de adherir á revolta, ou de arrostar com uma
si proprio o apartou, só com o acceitar participação aspera impopularidade. O grande factor de 7 de
no governo. Quando chega a esse ponto, a impo Abril encontramol-o, sem duvida, na imprensa, que
pularidade é contagiosa e fatal. Ella pouco a pouco explorou um sentimento popular, latente e pode-
se creara dos receios e temores nativistas e os lu
sitanos, desejando provar ao imperador a sua de E foi assim que com o 7 de Abril se encerrou
dicação, mais ainda concorriam para affastar os bra o cyclo dos movimentos populares na capital, até
sileiros. A celebre noite das g a rra /a la s accusa o pon que a campanha abolicionista os viesse provocar, no
to extremo do dissidio, depois do qual as paixões re lusco-fusco do segundo reinado.
volucionarias se assenhorearam dos espíritos mais
sensatos. É a phase da conspiração em que figuram B arbosa L im a Sobr in ho .
Vergueiro e Evaristo como directores e a que adhe-
rem os chefes militares de maior prestigio. A re
presentação popular a Pedro I, redige-a Evaristo da
Veiga, que pede a desafronta dos brios nacionaes
com uma linguagem energica e precisa: «os ultrages
crescem, a nacionalidade soffrc e nenhum povo to A IMPRENSA
lera, sem resistir, que o estrangeiro venha impor-
lhe no seu proprio paiz um jugo ignominioso». Con-
clue com uma ameaça clara: se não fô r attendida a í OM o fim de completar a impressão que sobre a
reclamação, tudo está em perigo: a ordem publica, o imprensa brasileira nos dá o sr. Dr. Barbosa
Lima Sobrinho* nos capítulos procedentes, resumimos e
rc|x>uso do Estado, o «throno mesmo . adaptamos, nas linhas abaixo, a excellente monogra-
Pedro I resiste, mal ferido no seu orgulho: phia sobre os primeiros cem annos de nossa impren
Tudo para o povo, nada porem pelo povo», dirá sa, devida á penna brilhante de Azevedo Amaral e
O O O O O 209 o o o o o o
LIVRO ÜE OURO COMMEMORA DO CENTENARIO DA
publicada no numero especial do grande diario porte- brasileiro, começando por Evaristo da Veiga, o pa
no La N acion em homenagem ao Brasil. triarcha da imprensa no Brasil.
Este resumo, que damos apenas em caracter in Impossível traçar-lhe um retrato perfeito, dadas
formativo, muito embora mantenha estricta fidelida as difficuldades que se oppõem ao conhecimento da
de ás grandes linhas do trabalho de Azevedo Ama mentalidade de todos os iniciadores.
ral, nâo deixa perceber o fulgor de que se reveste Evaristo da Veiga nâo era um profissional uo
aquclla monographia, traçada com a mais rara com sentido rigoroso da palavra: era commerciante, tini
petência c com o enthusiasmo artístico que tão alta livreiro a quem a absorvente preoccupaçào politica,
mente define a individualidade jornalística e literá levada á incandescência pelo caracter dominante dos
ria de seu autor problemas nací
mas nacionaes que se deliileavam. fas-
cinadoriesP ou’ ICiimeaçadores, convt•rteu rnaior jor-
do seu tempo. Evaristo não foi
imprens»a por possuir temperamlente> de jornalista;
foi um . ) no mais alto sentido da palavra, um
Se nos ultimos cento e tantos annos nenhum verdadeiro estadista i
paiz realizou qualquer grande transformação em suas encaminhavam para o jornalis
instituições ou cm sua estructura social sem que para vida politi
isso se fizesse sentir de modo decisivo a acção do que seu caracter de homem de Estado o levava a
jornalismo, esse phenomeno universal alcançou na representar.
evolução da nacionalidade brasileira extensão tão Entre o patriarcha da nossa imprensa e o appa-
importante, que bem se pode dizer que os homens da recimento do primeiro completo e verdadeiro jorna
imprensa foram, nos ultimos cem annos, os unicos lista no Brasil, passam-se quasi 40 annos.
factores de valor efficiente na orientação dos desti Foi no decennio de 70 que surgiu o primeiro
nos do Brasil. grande Mestre do moderno jornalismo brasileiro:
Nos dias agitados em que se criavam, na indeci Ferreira de Araújo, que fundou e dirigiu durante
são da aurora politica da nacionalidade, as institui perto de 30 annos a Gazeta dc S o ;iria s A historia
ções do Brasil imperial, o jornalismo surge como uma da imprensa brasileira nâo apresenta outra organiza
força capaz de orientar os que dirigem a nação e ção de jornalista mais completa perfeita do que a
como unico orgâo verdadeiramente representativo das sua Foi o primeiro brasileiro que comprehendet! o
aspirações das massas populares, desde então mo jornal diario na plenitude dc suas funeções de orgam
vidas pelo espirito liberal, que tem sido sempre o complexo da opinião publica muna sociedade moder
traço mais característico do pensamento politico de na. Com o apparecimento da Gazela de N oticias
nosso povo. começou o verdadeiro jornalismo brasileiro. Nas mãos
Falta-nos espaço para uma analyse detida do do grande mestre, o diario se converteu no vehiculo
papel da imprensa nos primeiros cem annos de nossa vibrante de tudo o que se tratava de insinuar na
independência. Assim, passamos a esboçar os perfis alma das multidões. Se Ferreira de Araujo não hou
dos grandes homens representativos do jornalismo vesse realizado na imprensa a revolução que lhe deu
ta »
o o o o o o 210 o o o o o o
/ Vr< I. AO I N I /
o O O O o o 211 o o o c
A C A D E M IA B R A S IL E IR A D E LE T R A S
OOo o o 212 o o o o o o
e»»
T tN A M O HA IN D U F .N Ü tN C IA /: HA tXI-OSIÇAO
ESTATUTOS
DISCURSO IM NARUCO.
213 O O O O O O
LIVRO Oh OURO COMMEMORA TIVO IX ) CENTENARIO
INDI: / ‘UN U t MCI A I. >A I: X POSIÇÃO INTERNACIONAL
Iradicçôcs, emulação. c cm torno de nm o interesse, a fisca geração. Cedi também «leve dizer-vos. á necessidade que
lização da opinião, a consagração do successo, é que a sente de actividadc, dc renovação um espirito muito tempo
escolha poderá parecer um plebiscito literário. Nós de facto çccupado na politica e que de boa fé acredita ter voltado
constituímos apenas um primeiro eleitorado. as letras. Na Academia estamos certos de não encontrar
As Academias, como tantas outras coisas, precisam de a politica. Eu sei bem que a política, ou tomando-a em
antiguidade, lona Academia nova é como uma religião sem sua forma a mais pura, o espirito publico, é inseparável dc
mysteries; falta-lhe st-lcinnidade. A nossa principal funeçá < "das as grandes obras: a politica dos l>haraós reflecte-se
não poderá ser preen-.hida senão muito tempo depois de nós. nas pyramides tanto quanto a politica athcnicnsc no Par
na terceira ou ouarta dynastia dos nossos successores. Não thenon- o genio catholico da Idade Média está na Divina
lendo antiguidade, tivemos que imital-a, c escolhemos os Comedit, como o genio protestante do Protectorado está
tu ssos antepassados, Escoihemol-os por motivo, cada um ilc m Paraíso Perdido, como o genio da França monarchica
nós. pessoal, sem querer:no». cu acredito, significar qm- . está ua literatura e no estvlo dos séculos XVII e XVIII.
Nos não pretendemos matar no literat i, no artista, o
Iras. fo i assim, pelo men is. i|eu eu escolhi a Maciel Mon patriota, porque sem a patria, sem a nação, não ha escri
teiro. Nesse mixto de medico poeta, de orador diplomata, d ptor. e com cila ha forçosamente o politico. Alé hoje, ape-
dandy que vem a morrer de amor. elegi o pernambucano. ' /ar do christianismo, que trouxe o sentimento dc uma çom-
lista das nossa' escolhas ha de ser analvsada c.-vm-i um immháo mais vasta, o genio nada fez fóra da patria ou.
curioso documento auto-bographico; está ahi ■> sentido da Pelo menos, contra a patria. A patria e a religiã" são em
minha. Entretanto, como nenhum de mis prcoccupoii sc de . certo sentidr captivcirns irresgataveis para a imaginação,
escolher a maior figura de nossas letras, pódc ser pi • algu condições do /0 1
1intellectual. Oimprehendeis o artista grego
mas delias não figurem nesse quadro. Teremos meio de re que em replica a Eschyl.i esculpisse o Persa? Ou -> poeta
parar essa falta c >m homenagens especiaes. Restam ape franccz que depois de Sedan cantasse o Allcmáo? \ po
nas cinco cadeiras: j-i não ha logar para entrarem juntos litica, isto é. o sentimento do perigo c da gloria, da gran
Alexandre «le (iiismà •>, Antonio J-isé, Santa Rita Durão. deza ou da qiiétla do paiz, é uma fonte de inspiração de
São Carlos, Monte Alvcrne. José da Silva I ishoa. Por* . ijue sc resettle em caela povo a literatura toda ele uma
Alegre, Salles Torres Homem. José Honifacio. o n ó e o época, ma. para a politica pertencer á literatura e entrar
neto, Antonio Carlos. J. J. da Rocha. Oelorico Mendes. na Academia e preciso que ella não seja o seu proprio oh-
Ferreira de Menezes. jecto: que desappareça na creaçâo que produziu, conto o
Hasta essa curta historia de nossa formação para se ver
que não podemos fazer •> mal attribuido ás Academias pelos seriamos um parlamento.
que não querem na literatura sombra da mais leve tutela, do Disse-vos, porém, que vim seduzido pelo contacto, eu
mais frouxo vinculo, do mais insignificante compromisso, f quizera que se- pudesse dizer o contagio, dos moços. Como
um anachroni&mo recetar hoje para as Academias o papel as differentes idades da vida se comprehendent mal uma
que cilas tiveram em nitros tempos, mas se aquellc papel á outra! é a observação que vou fazendo á medida que
fosse ainda possível, nós teríamos sido organizados para caminho. Asseguro-vos que não suspeitava do que é a vista
não o podermos exercer. Se percorrerdes a nossa lista, vereis da mocidade tomada da outra margem da vida... Os que
nclla a reunião de todos os temperamentos literários conhe envelhecem não comprchc-ndem mais o valor das illusões
cidos. Em qualquer genero de cultura somos um Mexico que perderam; os pneus não dão valor a experiência que
intellectual: temos a Ur era raiien'r. a tirrra trmnladt v a ainda não têm. Ha dois climas na vida, o passado e o
tirrra /rUi... Já tivemos a Academia dos Felizes: não se
remos a dos Incompatíveis, mas na maior parle das coisas villa dividida em casa dc verão e em casa de inverno.
não nos entendemos. Eu confio que sentiremos tod > o prazer Podeis habitar uma ou outra, conforme o vento soprar. Eu
ile concordarmos im discordar: essa desintelligencia essen direi sómente a todos os novos espíritos ambiciosos de
cial é a condição de nossa utilidade, o que nos preservará da abrir caminho para a gloria: não receiem a concurrenda
uniformidade academira . Mas o desaccordo tem tamhem o dos mais velhos; sejam jovens e hão de romper tão natu
seu limite, sem :> que começaríamos logo por u na dissidên ralmente, como os rebentos da primavera rompem a casca
cia. A melhor garantia da liberdade e independência intel da arx-ore rugosa. Basta a mocidade, sc fô r verdadeiramen-
lectual é estarem unidos m. mesmo espirito de tolerância os te a vossa própria mocidade que expressardes, para vos
tpie veem as cousas d ’arte e poesia de pontos de vista op-
pi>stos. Para não podermos fazer nenhum mal hasta isso; O escriptor que chegou á madureza é, só por isso, o
para fazermos algum bem ó preciso que tenhamos algum representante dc um estado do espirito que preencheu o seu
•■bjcctivo comnitim. Não haverá nada communi entre nós? fim. Não ha mocidade perpetua, o vosso privilegio está ga
Ha uma coisa: é a nossa própria evolução: partimos de rantido... Quando se fala da mocidade perpetua de um rs-
pontos oppostos para pontos -ppoxtos. mas como astros que criptor, como Molière, por exemplo, não se quer dizer que
nascessem uns n leste e outro- a neste, temos que percorrer não envelheceu, mas que o fundo de verdade humana que
o mesmo circulo, somente cm sentido inverso. Ha assim de ellc n colheu e exprimiu contimia a ser sempre verdadeiro.
commum para nós o cvclo, o meio social que curva os mais Não é que o escriptor ou a obra guardasse a sua deliciosa
rebeldes e funde os mais refractarios; ha os intersticios do frescura: é que a humanidade sempre joven, se reconhe
papel, da característica, d» oru m e filiação literária, de cada ceu a si mesma sob os traços dc outra época c acha cm
um; ha a boa fé invencível do verdadeiro talento. A utili vel-os o mesmo prazer, sc não maior! - do que em sua
dade desta companhia será. a meu ver. tanto maior quanto imagem actual. Eu leio em Elisée Reclus: Acima da sua
fô r um resultado da approximaçâo. ou melhor, do encontro grande queda o São Francisco possue fôrmas particulares
em direcção opposta. desses idcacs contrários, a trégua de de peixes inteiramente diversas das que vivem a baixo: o
prevenções reciprocas em nome de uma admiração comnuim. invencível precipício separou as duas faunas.» Não tenhais
e até. c preciso esperal-o, de um apreço mutuo. medo da concurrenda... estais acima da grande quéda.
Porque, senhores, qual é o principio vital literário que Uma advertência, porém. As vezes não são as gerações
precisamos crear por meio desta Academia, como se com sómenlc que envelhecem uma após outra; sente-se também
pile a materia organica c-n laboratorios de chimica? É a envelhecer a raça. A manhan torna-se então incrivelmente
responsabilidade do cscrintor, a consciência dos seus deve curta, como nos tropicos, e o perfume da mocidade cada vez
res para com sua intclligcncia o dever superior da per mais inaprehcnsivel ao calor do sol que sc levanta. Não
feição. o desprezo da reputação pela obra. Acreditais que ha que apressar nas coisas eternas.» éuma dessas admi
um tal principio limite em nada a espontaneidade do ge ráveis frases do grande mystico inglez. Não vos apresseis
mo? Não. o que faz. é sómente impòr maiores obrigaçães ao em compor a obra que ha de conservar para vós mesmos a
talento. A responsahilidadr não póde ameaçar nenhuma csscncia dc vossa mocidade.
independência, coarctar nenhuma cusadia- c delia, pelo con Eu li ha pouco umas paginas, na fíih/iolrra de Buenos
trario. que saem todas as nobres audacias, todas as gran Aires, assignadas pelo general Milre. a quem sinceramente
des rebeldias. Em França a Academia reina pelo pres admiro; a idea c que a literatura hispano-americana não
tigio de sua ti adição: exerce sua influencia nela escolha produziu ainda um livro. Que livro, diz ellc. se tomaria para
pela convivência e nelo tom; mantém um estvl-i acadrnt’ro. uma viagem, eu acrescentarei, para o exilio? Senhores,
como toda a arte franceza. convencional, acabado, perfeito, hoje nenhum dc nós se contentaria com um livro : um livro
e que xó- poderia parecer estreito a um genio do Norte, como em poucos dias está lido e não gostamos de reler ; para
Shakespeare. Mas ná i é do destino da Franca produzir Sha- uma viagem de dias precisamos levar uma bibliotheca...
kespeares... Nós não temos por missão produzir esse estvlo. Numa pagina seduetora. Émile Oebhart pintava ultimamen
o qual, como toda concepção intellectual, escapa á vontade te Cicero, condemnati.> á morte, fazendo esperar a liteira cm
e ao proposito nóde ser guarda-lo e cultivado, mas não que se podia salvar, por não saber que livro levasse comsi-
pódc serlcreado. obedece a leis de crvstalizaçâo de cada idio go para os longos instantes da proscripçâo... Nós podemos
ma. á svmctria de cada gmie nacional, Nós pretendemos so comprehender-nos na sentença de Mitre: não tivemos ainda
mente defender as fontes d t gênio, da poesia e da arte. o nosso livro racional, ainda que eu pense que a alma bra
que estão tiuasi todas no prestigio, ou antes na dignidade da sileira está definida, limitada e expressa nas obras de seus
profissão litoraria... Nãr- tenhamos tanto ciúme do genio. cscriptorcs; sómente não está toda em um livro Esse livro,
o genio ha de revelar-se de qualquer modo; ellc faz a um extractor habil podia, porém, tiral-o dc nossa litera
sua propria lei. cria o seu proprio berço, esconde o seu tura... O uue é essencial está na nossa poesia e no nosso
nascimento, c m o Jupiter infante, no meio dos seus kory- romance. O livro não podemos fazer, porque o livro é
uma vida; cm um livro deve estar o homem todo. ? nós
Alcm da deferência devida á companhia a que me fa não sabemos mais fu ndir o caracter na obra, sem o que não
ziam pertencer, confesso-vos que aceitei a honra que me pódc haver creaçâo. Em um certo sentido toda creação é.
foi feita, attraido pelo prazer de me sentir ao lado da nova sinâo um suicídio, uma larga e generosa transfusão do pro-
O O O O O O 2t 5 O O O O
IJVKO DI. CHIRO COM M I MORATIVO DO C IS T IS ARIO
L Actaaes:
O O O O O O 216
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bw-íuto 'moro '
S tG U R g * jt G U R 0 5
o o o o o o 217 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORATIVO DO CENTENARIO
R epublica fo i proclamada, havia apenas 0,884 k ilo as concentrações das actividades estaduaes. Sobre a
m etros de viação ferrea, n o Brasil, o que era detna- consecução deste program m a, escrevia o Sr. Pires do
siadaniente resum ido, para 36 annos de trabalhos. Rio, m in istro da Viação e Obras Publicas, na in-
Com o advento do novo regim e, a necessidade de pro troducção do seu rela to rio de 1919: A pa triotica
p u lsion ar to das as forças vivas da nação, a febre de aspiração de se ligarem entre si p o r estradas de
progresso que anim ou o paiz in te iro , a viação fe r ferro, do sul ao norte, todas as capitaes das u n ida
rea to m o u extra o rd in a rio increm ento. O Governo Pro- des da federação nacional, ha de realizar-se conforme-
viso rio encarou decisivamente o assumpto e mandou as linhas de m enor resistência econom ica; prim eira-
organizar uni plano geral de viação-ferrea, te ndo pe mente, form ando-se rêdes fe rro -v ia ria s isoladas, que
los decretos n.<> 862, de 16 de O u tu b ro de 1800 e ii.° depois serão reunidas, ao passo que se ponham em
COO de 26 de O u tu b ro do mesmo anuo, fe ito num ero contacto as suas estremidades. Por estrada de ferro
sas concessões, com garantia de ju ro s 6 “/o. Dahi já se ligam a da Republica seis capitaes de estados
por diante, o s u rto de construcçSes tem sempre tuna do sul, e os trilh o s approxim am-se de Goyaz e não
linha ascencional, até que a guerra européa retardou se acham m uito distantes de F lo ria n o p o lis e Cuyabá.
esse desenvolvim ento, retomado nos ultim o s annos, De um lado. a linha tronco da C e n tra l d o Brasil pro-
em proporções animadoras. A escala das construcções loi.ga-se para Trem endal, precisam ente o po nto fixa
fe rro-v iarias , no Brasil, p o r deccenios, tem sido a do, no contracto da Viação Bahiana, para té rm ino
seguinte em k ilo m e tro s : 1855, 14,500; 1865, 498,393: da linha de Condeúba, cuja eonstrucção. c on tinu a; de
1875, 1,800,895; 1885, 6,930,285; 1895, 12,967,098; o u tro lado. o decreto de 24 de A g osto de 1920, que
1905, 16,780,842; 1915, 26,649,955. Em 1922, como ápprovou o contracto da «Great W e ste rn ), im poz a
veremos depois, esse to ta l é de 28,827,710. companhia o dever de levar os trilh o s que vêm de
D epois da Republica, como se observa, o des Maceió até a margem do r io S. Francisco, aonde
envolvim ento fe rro -v ia rio do B rasil ganhou uma in chega a estrada de fe rro que passa em Aracaju, es
tensidade m u ito m aior, merecendo o problem a a ma tação da rêde bahiana.
xim a attenção dos nossos governos, todavia incertos, «No extrem o nordeste, as q u a tro capitaes
até <i presente, na adopçâo de uma po litica mais Maceió, Recife, Parahyha, N ata l — communicam-sc
firm e no attine nte ao assumpto. Isso, aliás, é ex por via-ferrea; já fo i iniciada a eonstrucção da Linha
plicá vel pelas difficu lda de s de eonstrucção, que exi Lavras, estação da ferro-via de B a tu rité , que sae de
gem a m aior garantia ao capital ne lla investido. Fortaleza e deve ir ao C rato, para Cajazeiras, no a lto
O systema fe rro -v ia rio b ra s ile iro procura, por sertão da Parahyba; de o u tro lad o é obrigação con
estradas de penetração, lig a r entre si os maiores tractual da «Great W estern c o n s tru ir o ram al de
centros economicos do paiz e os do in te rio r co.n os Alagoa Grande até Cajazeiras.
portos, que são os, escoadourosi naturaes da producção. - Não está para m uito tarde conclue o m in is
Além disso, ha ;i tendenda, que já é programma tro o m om ento de nossa h is to ria economica e
de estabelecer a unidade de viação, liga nd o os sys politica, em que veremos, unidas pelos trilh o s de
temas do n o rte c:om os do sn i e entre si. todas a- uma estrada de m ais de 1.500 k ilo m e tro s, as capi
capitaes b ra s ilc in is. que são os pontos directores i taes da Bahia, do Maranhão c do Piauhy, situadas
o o o o o 218 O O O O
INDEPENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
numa recta de rum o sudoeste, que encurte o cami 932,494, sendo sua receita bruta kilom etrica, de
nho entre as florestas das montanhas do sul e as 3:396*923. A B a tu rité está sendo prolongada até C ra -
mattas da planície do e xtre m o no rte, separadas pela to, que deve ser seu ponto te rm ina l, de sorte que
região das seccas, atravcz da qual, em mais de dois fique liga do o sertão do C a riry , porventura a zona
terços de sua extensão, c orre a lin h a fe rrea que sahe mais fé rtil do estado, á capital.
ila Bahia, passa em Therezina c chega a S. Luiz. N o R io G ran de do N orte inicia-se por assim d i
Mais tarde, os trilh o s da E. F. Bragança entronca zer um o u tro systema via rio , que liga N ata l a
rão nos da S. Lu iz-T h erczina -B ah ia e teremos rea Maceió, atravessando o in te rio r o R io Cirande do
lizado m ais cedo, d o que se pensa, a ligação fe rro N orte, a Parahyha, Pernambuco e Alagoas, arren
viária de Belém -R i.) de Janeiro, desejo dos que acon dado á C om panhia ( ir col W estern o f B ra s il Railway»,
selham a construcçâo dispendiosissim a, atravez de pelo G overno Federal. Consta a rêde de 10 estra
sertos d iffic ilm e n te povoáveis, da estrada Pirapóra- das, num to ta l de 1.617,017 klm s. Antes de fa la r
Bclém». mos nessa réde, referirem os, no Rio Grande d o N o r
Eis a synthese g e ral do program m a viario do te a Estia da de F e iro C en tra! d o R. Q . do N orte ,
Brasil, que passarem.is a estudar mais detalhadamen de N atal a C aicó, com 147,358 klm s., percorrendo
te, pelas diversas rêdcs que do Pará ao extrem o sul, o estado de leste a oeste, até Angicos, descendo
ligam o paiz. e p5e.it em communicação as regiões depois para C aicó acompanhando, paralella.ncntc ao
de m aior desenvolvim ento agricola, ou ind ustrial. Para Rio Assu. Ha ainda no mesmo estado a Estrada de
ligação d o nordeste, está em construcçâo a £ F. M o sso ni, com 37 klms. de P o rto Franco a M ossoró.
Petrolina a T herezina, que com pleta a ligação entre Vejamos, agora, a rêde arrendada a Great W estern,
S Luiz. que h o je já se communica com Therezina, que atravessa o Rio G rande do N orte, e.n 323,329
pela /:". £ . .S. Lu iz a Therezina, çom a Bahia, pois k lm s .; a Parahyha, em 328,822; Pernambuco, em
o té rm ino daquella estrada será em Petrolina, de 832,448; e Alagoas, em 326,801. As suas linhas são
fron te de Joazeiro, que está liga do á Bahia pela as seguintes:
/:. F. Bahia ao São Francisco. Isso fe ito, hasta que
se prolongue a F . F . de Bragança, no Pará, até en
troncar na São Luiz-T h erezin a, para se com pletar Klms.
a réde Belém -R io. Essa ligação é projectada também, Natal a Independência, com 164,620
pela linh a Pirapóra-Belém , através do nosso inte r-la nd, Conde d 'E u .................................. 194,631
que desbravaria como uma nova e form idável Ban Recife a Limoeiro e Timbaúba . 270,465
Central dc Pernambuco . . . . 269,263
deira. Essa estrada seria d iv id id a em 3 secções: Pi Recife a São Francisco . . . . 130,961
rapóra a Palma, no p la n a lto de Q oyaz; Palma a Ca- Sul de Pernambuco........................ 193,903
lorina, nos lim ite s de Q oyaz com o M aranhão; e Ribeirão a B o n ito ........................ 28,657
C arolina a Belém. O seu custo elevadíssimo e as Ribeirão a B a rre iro s................... 55,300
Central de Alagoas........................ 191,069
difficu lda de s m ateriaes de construcçâo é que têm Paulo A ffo n a ^ ................................ 115,136
aguado m u ito o entusiasm o de seus maiores defen-
T o t a l .............................................1.617,017
Vamos dar a organização das nossas vias-ferreas,
de sorte a com pletar o quadro, cujas linhas geraes
indicamos, nesse ráp id o escorço sobre o assumpto. A Great W estern é a oita va das nossas rêdes
As estradas do norte do paiz, não inclu in do a F . F. fe rro-viarias, atravessando zonas riquíssim as e pros
M a d i ira -M a n w rc , que construímos por determinação peras, o que lhe p e rm itte receitas vantajosas e sal
do T rata do de P e trop olis , celebrado com a Bolivia, dos fa voráveis, mas que, ainda assim, não perm ittem a
em compensação á annexaçâo do Acre, e que vae m elhoria das condições technicas das linhas, que dei
de P o rto-V e lh o, no Amazonas, a Q u a ja rá -M irim , em xam um ta nto a desejar, quer quanto ao m aterial fixo ,
M atto G rosso, numa extensão de 364,260 klms., dos quer quanto ao rodante. Em 1920, a sua receita
quaes 8,281, naquellc estado, são as seguintes: E. F. fo i dc 20.307:9418 e a despeza, de 15.979:9098, per-
Bragança, n o Pará, com 315,752 klm s. de trafego m ittin d o uma receita liq u id a , de 4.328:0328 e um sal
na lin h a p rin c ip a l de Belém a Bragança e ramaes, do de 1.381:8298. H a ainda a citar, em Pernambuco,
e a F . F . T ocantins, com 82,430 klm s. em tra a estrada de R ecife o Be be rib e, com 9,335 klm s.
fego, de Cam etá a S. João de Araguaya, margean que não pertence á rêde da G. Western.
do as suas linh as o rio T ocantin s. N o M aranhão, fo O o u tro grande systema de viação é o das estra
ram unificad as as duas estradas existentes: S. Luiz das de fe rro da Bahia, Sergipe e norte de M inas, cujas
a C axias e C axias a Cajazeiras, numa só com a de linhas federaes estão arrendadas á Com panhia Fer-
nominação de F . F. Sâo Lu iz a Therezina, com 451 ro-Y ia tia E ste B ra s ile iro (C om pagnie des Chemins
klins., lig a n d o as capitaes do M aranhão com a do de Fer Fédéraux de 1’ Est B re s ilie n ), empresa fra n
Piauhy, embora ainda não esteja concluída a pon cesa. com grandes interesses no Brasil, e ligada ao
te sobre o canal dos M osq uito s e rio Parnahyba, g ru p o fina nce iro R aille-La fon t. Compõe-se das se
que ob rig a os passageiros á baldeação. No Piauhy, a guinte s linh as: 1) E. de F . de Bahia ao S. F run-
unica estia da existente, é a E. F . C e n tra l :1o pia uh y , c is to , com 1.175,389 klm s., sendo a linha tronco de
com 26 klm s. abertos ao trafeg o em 1020, de Am ar S. Salvador a Joazeiro, no lim ite com Pernambuco,
ração a C am po Cirande, já estando iniciada a cons á margem d ire ita do S. Francisco e em cuja frente
trucçâo da linha Therezina-C am po M aior. Com o v i se acha P e trolina , té rm ino da fu tu ra estrada There
mos, purm enorisadam ente, está em construcçâo a Thc- zina a P e trolina . O s seus ramaes são Agua C o m p ri
re zin a -P e lro iin a , que será a grande rêde do nordes da a B uranhem ; Alagoinhas a Prop riá , em Sergipe,
te e a communicação d o n o rte com o sul do paiz. passando p o r Aracaju, numa extensão de 429 klm s.;
Ha ainda o p ro je c to de lig a r Therezina a Amarante. M urta a C ap ella, B om fim a Cahen e Itin g a a Cam I
Vè-se, pois, que a viação dessa parte do paiz, con po Formoso. 2) E . de F . C en tral da Bahia, com
quanto ainda não resolvida totalm ente, procura uma 315,943 klm s., sendo a lin h a princip al de S. F e lix
solução log ica e pratica, liga nd o as redes do Pará, a Machado P o rte lla e ramaes de S. F e lix a Feira
M aranhão e Piauhy, á Viação Cearense, que se com de S. Anna e Queim adinhas a Bandeira de M e llo .
põe de duas estradas: B a tu rité , com 559,001 klms., 3) E de F. Bahia a .Minas, de Ponta da A reia a
percorrendo o estado de norte a sul, de Fortaleza a Ladainha, com 441,735 klm s. A s linhas em cons
Macapá, tendo a lin h a tronco, 513,235; Sobral, com trucçâo destas estradas são, approxim adamente, no
373,493 klms.. de C am ocim a Crateus. Está também to ta l de 1.482,295 klms. Pelo plano dessas novas
em construcçâo o ram al de Itapipóca, da Estrada de construcções, como de outras já approvadas e que só
Baturité, destinado a lig a r as duas estradas. A Rêde se farão quando o governo entender conveniente,
de Viação Cearense tem a extensão to tal de klm s. se com pletará o quadro g e ral da viação bahiana, li-
o o o o o o 219 o o o o o o
LIVRO D l. IRO COMM/:MOR I I \ '<I ' e n aARIO DA
gando a C en tral da Bahia, com a E. de F . de Na- N o D is tric to Federal faz o serviço dos suburbios
zureth, e pro lo ng an do esta até encontrar a Baliia- e da zona -rural, não só na linha d o centro até Deo-
M in as, de sorte a u n ific a r a viação do estado, do doro, bem como nos ramaes de Santa C ruz, Para-
norte, do cen tro e do sul, entroncando com a de camby e M a ritim a . O governo está inician do as obras
M in as Cieraes. A E. de F . de N azareth, d o governo de electrificação das linhas de suburb io s, da linha
do estado, lig a N azareth, p o rto do reconcavo, so C entro até Barra do P irah y e dos ramaes de Santa
bre o r io Jaguarip e, a Jaguaquara, com 194,929 klms. C ruz, Paracamby, M aritim a e S. P aulo, m elhoram en
e o ramal de Am argosa, com 26,755. Esta estrada to esse de tã o alta m onta, que não é preciso es
serve a uma zona m u ito prospera, productora de fu forço para encarecer seu m erito excepcional. O m o
m o, café e m anganez e atravessa as florescentes ci vim ento do trafeg o, sobretudo na zona dos subur
dades de Santo A n to n io de Jesus, Areia, e Am ar bios desta c a p ita l, exig iu-o imperiosamente, pois a
gosa. As suas linhas, como vimos, deverão em fu tracção a vapor não mais satisfaz ás exigências do
tu ro se entroncar com a Bahia M inas, que se d irig e a trafego. Basta v e r que a média d ia ria dos trens de
T h to p h ilo O tto n i, nesse estado. Ha ainda a citar, suburbio, de b ito la larga, a ttin g iu a 286, o que dá
no sul da Bahia, a Ilhé us a C onquista, e ramaes, o in le rv a llo m éd io de cinco m in u to s entre dois trens.
com 82,750 klm s., e a de Santo Am aro, com 93,245, E, no entretanto, não é possivel atten de r, com regu
servindo esse m u n icípio, que é a zona assucareira da laridade e c o n fo rto, o num ero d e passageiros que
Bahia. Vê-se, pois, que com pleto esse systema de procuram os trens suburbanos. Só a electrificação
m ais de 5,000 k ilom etro s de vias ferreas, não só resolverá efficientem ente o problem a.
todos os centros de v italid ad e da Bahia, Sergipe e A (.e n tra ! d o B ra s il, não só pela eonstrueçao
n o rte de M in as estarão fígados, como se com pletará de suas linhas, d e uma perfeição adm iravel, através
a un ião d o M aranhão a M inas, através dos nossos das m u ltipla s d ifficu lda de s tcchnicas, resolvidas nes
sertões e do reconcavo hahiano a esse mesmo estado sas sumptuosas obras de arte, e n tre as quaes são
central, pela Estrada de Nazareth, dignas ac menção as do trecho de Barra a Belém, de
N o Estado do Esp irito -S an to, a viação ferrea, 28 m ilhas e uma differença do n iv e l de 1.100 pes,
com 609,37 klm s., é fe ita pela E . de F . V ic to ria -M i- galgando a Serra do M ar, com 16 tú neis, dos quaes
nas, que atravessa o seu te rr ito r io em 206,400 klm s.; o m aior é o T un el Orande. Não é preciso mais do
pela linh a de V ic to ria á divisa com M inas-Qeraes, na que o lh a r o traçado da estrada para ver o p ro d ig io
extensão de 206,400 klm s. e pelas linhas da Leo de engenharia, que representa, e que ta nto honra
p o ld in a R ailw ay, no to ta l de 402,976 klms., que vão os nossos profissionaes, pois a C e n tra l é ob ra ex-
dos lim ite s flum inenses, em Santo Eduardo, até V i clusivamente brasileira. A sua organisaçáo é também
ctoria, com um ram al para o sul de M inas Oeraes. m odelar, quer pela pontualidade, inte nsidade de circu
N a cidade do R io de Jan eiro têm po nto inicial lação, etc. È bastante, para com provar o asserto, c i
as duas m aiores estradas de fe rro do paiz, a Es tar os seguintes algarismos, extraídos do re la to rio
trad a de F e rro C en tral d o B ra s il e a Lcopotaina do Sr. D ire ctor. Em 1920 fo ram form ados 276,114
R ailw ay, aquella da lin .5 > e esta de uma companhia trens, sendo 754 a média d ia ria , contra 680, em
inglesa que tem a sua denominação. A E. ie I . 1919, ou seja m ais 10,8 "o . Destes cum priram os seus
C en tra! do B ra s il, a c ujo h is to ric o já tivem os en horários 97 ®o dos trens de carga, 89 »u, dos m ix
sejo de fazer lig e ira referencia, conquanto seja, em tos, 98,2 «i. dos de suburbios e pequeno percurso;
num ero de k ilom etro s , in fe rio r á Le op old !na, é a 87 >•„ dos rap id os e expressos de S. Paulo e linh a do
estrada mais im p orta nte do paiz, de cuja viação fe i- C entro e 80 ®i> dos expressos de linha A u x ilia r. O
rea representa 8,5 “ o, sendo sua extensão de klms. percurso to ta l dos trens fo i de 14.102.34b klm s.,
2,438,518. Da Praça da R epublica, onde tem sua contra 13.045.103, em 1919, ou seja o accrescim o de
estação central, partem as duas linhas principaes; 7,4 <>«. O num ero de suas locom otivas é de 531 e de
Linha do C e n tro , que vae até Pirapóra, em M inas- seus vagões de 5.374. O percurso to ta l de carros e
Cieraes, e a L in h a de S. P a ulo , que lig a o Rio a vagões fo i, em 1920, de 260.084.700 klm s., contra
S. Paulo. Estas duas linhas correm indivisas até 246.194.401 em 1919 ou seja o co n ju n cto de 5,6 «o.
Barra do P irah y, onde se separam, indo a do C en A sua receita bruta k ilo m e tric a é de 23 :8 3 1 *0 9 0 rs.,
tr o para a d ire ita e a de S. Paulo, para a esquer fig u ra n d o em 3.° log ar entre as estradas nacionaes.
da. Ambas estas linhas troncos se esgalham em vá Taes são os indices da potência dessa grande estrada,
rio s ramaes, sobretudo a do C entro, ind o um delles, que liga os m aiores centros do Brasil e que, em
com b ito la larga, a B e llo -H o rizo nte . A extensão ele fu tu ro , quiçá não rem oto, levará a Belem do Pará
suas linhas p e lo D is tric to Federal e estados percor as linhas, ju s tific a n d o plenamente a sua denom ina
ridos, se discrim in a desta fó rm a: ção.
Leopoldina R ailw ay, que é a m aior estrada de
isims. fe rro do Brasil, estendendo suas lin h a s p o r 2.945,825
106,726 kilom etro s, servindo os Estados d o Rio de Janeiro, Es
735,1 10
São Pau i tP
Minas-Oeraes . .
': 290,110
p irito Santo e M in as Oeraes, além do D is tric to Fe
deral, onde a m aior parte delias tê m inicio. Esta gra n
1.306.512
de estrada é explorada pela The L e op old ina R ailw ay
2.438,518 C om pany, L im it eu, fundada em 6 de Dezem bro de
1897, encampando os serviços da E. de F. Leopoldina,
Q uanto á natureza das suas linhas, classificam-se: E de I . Macahé a Campos, E. d e F. do N o rte e E.
de F. Campos a C arangola e pequenos ramaes. É uma
Klms. poderosa companhia inglêsa, c ujo s capitaes se to ta
Principaes 1.561,796 lizam em mais de L 15.000.000. send ) a m aior das
Ramaes . 865,320
Circulares empresas viarias extrangeiras d:> Brasil. Serve a uma
11,402 grande zona dos citados estados, fazendo transporte
2.438,518 sobretudo de café, além de cereaes e ou tros productos
naturaes das grandes circunscripções que atravessa. As
As b ito la s são: suas linhas são concedidas pe lo G o verno F ederal, com
e sem garantia de ju ro s e pelos estados do R io de
Janeiro e de M inas-Qeraes, da fó rm a seguinte:
1.1 10.001 Klms.
1.264,740 I Com garantia 183,322
63,774 .006,552.
o do "río8"™ " * 991,612
2.438,518 762,339
*
O O O 220
-"FABRICA P.K LOUÇA SAETA CATEIA M MAX
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IM A ..ÍM rjR E r,E A . ® - J L < 3 P iL B S E A ÍtffiA
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O o o o o o 221 o o o o o o
LIVRO DE IRO COMMI MORA TIV CENTENARIO DA
o o O
o o o o o o 222 o o o o o o
alg u n s vão a M in as e outros fazem a couimunicaçáo
de M orretes a A ntonina, numa extensão to ta l de
com a zona üa P a ulis ta , em eujas linhas as de Alo- 407,001 klms., em que se encontram innumeras obras
gyana entroncam . As suas receitas são fo rtes , com de arte, que constituem um m o tiv o de ju s to o rg u lh o
saldos compensadores, sendo o serviço da C om pa da engenharia bra sile ira , e a E. P. N o rte do paraná,
nhia m u ito aperfeiçoado. C on ta em breve trazer a de C urityba a R io Branco, com 43,397 klms.
Santos suas linhas, num ram al que desça de M o g y -M i- Em Sanla C ath arina , afóra a São P a ulo -R io G ran
rim . As suas o ftic in a s em C am pinas são modelares d i , com seu im p orta nte ramal de São Francisco a
P o rto U nião, ha a P. p. Santa C ath arina , com klm s.
fe riores aos extrangeiros. 69,700, e a E. P. Thereza C h ris tin a , com 118,096
A qu arta grande estrada paulista c a Sorocabana, klms., de Ib itub a a Lauro M ü lle r, de T ubarão a Ara-
que, p a rtin d o da cap ital, se d irig e para o oeste dó ranguá e o ram al de Laguna, servindo! á zona carboní
estado, ind o sua linh a para a fro n te ira de M a tto - fera desse estado, no valle do Tubarão, o que im
(iro sso, em P o rto T ib iriç a , c a o u tra para a fro n porta em lhe a u g u ra r o m aior e m ais prospero fu turo ,
teira d o Paraná, em S. Pedro de Itararé, e uma outra lo g o que a exploração do nosso carvão tenha a ttin-
até Bauru, po nto in ic ia l da N b r oeste do B ras il. Ser g id o ao desenvolvim ento para que tende e que é l i
vindo uma. grande zona do estado e communicando-o c ito esperar.
com os estados visinhos do sul e do oeste, a Soro N o R io G ran de do Sul, o systema via rio é re
ri,bana se extende por 1.709,083 klm s. de extensão, presentado por um a rede de viação, de 2.252,791
cm linh as tron cos e ramacs. Destas são de concessão klm s., que era até 1920, explorada p o r concessão fe
federal, 775,037, sendo de concessão paulista 933,426. deral, fe ita á C om pagnie A u xiU a ire de Chemins de
Suas linh as entroncam nas de S. P a ulo -R io Grande. Per au B té s il, te ndo sido nesse anno encampada e
Ha ainda a m encionar em S. Paulo as seguintes transferida sua exploração ao governo do Estado do
estradas: t . p . N o rte de S. P a ulo (A raraq ua ra ), com R io Grande d o Sul. Compõe-se de tres linhas prin-
229,139 klm s. de Araraquara a S. José do Rio P reto; cipaes e vários ramaes, liga nd o os grandes centros do
í . P. D o u ra d o , com 273,368 klm s. com as linh as R i norte, do oeste e do sul do estado, através de suas
beirão B o n ito -B a riry e R ibeirão B o n ito -lb itin g a e o m aiores cidades A rêde é form ada pelas seguintes l i
ramal de T a b a tin g a -lta p o lis ; E. p . Itatibe nse , de Lou- nhas: Linha tro n c o de P o rto -A le g re a U ruguayana,
reira a Ita tib a , com 20,097 k lm s .; t . F . Punilense, na fro n te ira argentina, passando por Santo Am aro,
prolongam ento de C arlos B otelho a A rth u r N ogueira, R io Pardo, Cachoeira, Santa M aria, Cacequi, A le
com 94,263 klm s .; f . P. C am pin eira, de Campinas grete e find an do em U ruguayana; R am al de paredão
a C ab ra l c ram al, com 41,444 klm s .; t . P. Santo e linh a de ligação á margem do T aq ua ry; L in h a de
A n to nio de Jur/u id, de Santos-Juquiá, com 159,482 N ra s ta dt a T aq ua ra ; l.in lr , de M on ten eg ro a Caxias,
klm s.; tra m w a y C an tare ira , com 43,000 klm s .; Ele- passando por G a rib a ld i e Bento G onçalves; R io / ‘a r
c triro de Santo Am aro, com 13,160 klm s .; M e lh n a do a Santa C ru z ; Santa M a ria a t ru g iin y , lin h a que
men to s d o M o n te A lto . com 18,000 k lm s .; E. P. se dirig e ao norte, até a fro n te ira de Santa C atharina,
Pcrús-P irap oru , com 16,000 k lm s .; E. p . pasenda onde encontra as linhas da São P aulo-R io Grande,
D um on t, de R ibe irão a D um ont, com 24,000 k lin s .; passando por C ru z A lta e Passo F un do ; Cacequy ao
P. P. Jabot n a b a l, de Jaboticabal-Lusitana, com 27,200 R io Grande e ramaes, liga nd o a zona sul do estado,
klm s.; /. p . Cam pos do Jordão, de Pindamonhangaba possivelmente a m ais rica e prospera, através das ci
a V illa Jaguaribe, com 45,820 k ln W , e a Sul Paulista, dades de São G a briel, Bagé, Pelotas e Rio Grande,
de V illa Lco po ldin a a Jequitibá, com 15,820 klms. qne é o escoadouro do estado; Entroncam ento a Santa
Por fim , re fe rirem o s as estradas São P a u lo -à o y a z , com Anna do L ivram e nto , passando p o r D . P e d rito e indo
146,000 k lm s .; a /;. P. São P a ulo a M in as, de Bento até a fio n te ira com a R epublica O rie n ta l d o U ru
D u irin o a São Sebastião do Paraíso, com 136,600 guay. C om pletam o systema gaúcho, as seguintes es
klm s.; c a p . N oroeste d o B ra s il, que é um a das tradas, independentes, porém , da rêde que acabamos
nossas grandes redes de penetração, com 1.272,236 de re fe rir: Quarahim a Ita q u i, coifi 175,597 klm s.;
klms., pa rtind o de Baurií pe rcorre o te rr ito r io paulista ,1
lin q u i S. B oi /a . com 123,870; C ru z A lta n S.
até Jupiá, ii i rio Paraná, numa extensão de 462,424 Angelo, com 75,500 klm s., to das no oeste do estado,
klms., c entrando depois no Estado de M atto-G rosso, com fins estratégicos, fin s que aliás têm também as
vae a P o rto Esperança, nas barrancas do rio Paraguay, demais estradas d o estado, cuja posição o torna de
depois de pe rcorre r seu te rr ito r io cm 837 klm s. £, grande im p ortâ ncia na defesa n a c io n a l; C arlos Bar
puis, uma das estradas de m aior alcance «no desen bosa a A lfre d o Chaves, com 22,000 klm s .; Taquara
vo lvim e n to do sertão de S. Paulo e dos campos do ao C anella, com 40,000 k lm s .; e P o rto -A le g re a Tris-
sul de M a tto G rosso, como também destinada ao ser lesa. com 11,980.
viço fu tu ro de uma vasta região do Brasil central, Falta-nos sómente cita r as estradas de Goyaz,
do n o rte puraguayo c do este b o liv ia n o ', para citar para com pletar esse rap id o escorço, ind ic a tivo ape
ainda palavras do m in is tro P ires do R io. Esta estrada nas. da viação ferrea no Brasil. Nesse estado, ha
é adm in istrad a pe lo go vern o federal. 181,179 klm s. de estrada de fe rro E. P. de Goyaz
De São P aulo, nos lim ite s com o Paraná, parte a da fro n te ira de M inas a Roncador, e de G oyandira
/: / São P a ulo -R io Grande, que atravessa o Paraná a Catalão.
e Santa C nth arina , de n o rte a sul, indo encontrar Por essa enumeração dos systemas e das estradas
suas linh as as da viação g e ral sul riograndense, de fe rro-viarias do Brasil, suas intenções e p o s sib ilid a
pois de um percurso de 883,206 klm s. de linh a tronco. des, bem com o pelas indicações dos quadros que acom
A to ra esta, a São P a ulo -R io Grande tem as seguin panham esse estudo, vemos que o desenvolvim ento das
tes lin h a s: Serrinha a N ova Restiga, no Paraná, com estradas de fe rro , quer para as construcções, quer para
44,980 k lm s .; RumaI de Paranapanem a, de Jaguariahv- a conservação e prosperidade, é funeção da economia
va a C o lo n ia M in eira, com 32,960 klm s. e a São regional. São Paulo, que representa cerca de dois
P ia ne isro a P o rto U niã o, em Santa C atharina, com terços d o v a lo r economico nacional, tem a m aior,
162,288 klms., representando essa u ltim a linha um mais perfeita e lucrativa das nossas rêdes viarias. A
fa ctor ponderável e im p orta ntíssim o na economia ca- nossa p o litic a , no attinente ao assumpto, não é inú
th arinense. Tem , pois, essa estrada 1.444,434 klms., t il rep etir, tem sido incerta e variavel, aggravando
representando não só um grande v eh iculo economico, as demais d ifíie uld ad es dessa exploração. O systema
hem como estratégico, pois é a unica communicaçâo de concessões não parece o m elhor. Tanto assim, que
pela qual se póde ir do R io de Janeiro ao extre m o sul. fo i o governo, ultim am ente, o b rig a d o a fazer varias
No Paraná ha ainda a P. P. do Paraná, de Pa encampações, como as da rede do R io G. do Sul, da
ranaguá a Ponta Grossa, passando por C u rity b a , e Su l-M ine ira , da São L u iz a C axias, da N orte do
com um ram al a Serrinha e R io N eg ro e outro Brasil, da de G oyaz c da Theresopolis, a fim de at-
o o o o o 223 O o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
tender aos reclam os das zonas que m al serviam e aos Tramway dc S. Amaro . .
interesses narionaes que assim o exigiam . É lic ito , E. dc r . Campos d.i joulào 45,820
iguahnente, levar a conta de taes irregularidades, a » » Monte Alto . . . 18.000
Jahoticahal . . . 27,200
crise fina nce ira p o r que tiveram de atravessar nossas
estradas de fe rro , devido á guerra, e que teve uma
intensidade sem precedentes. Não é aqui, porem , o
logar para d is c u tir o assumpto. Quizem os, apenas,
m ostrar que o nosso esforço, no sen tido de appare-
llia r o paiz com um systema fe rro -v ia rio que satisfaça
ãs necessidades de sua economia e defesa, tem sido
constante, s o b retu do depois que a R epublica iin p ri Rede Viação Ferrea 2.252,701
E. de F. Quarahim a
m iu um s urto novo na vida bra sile ira , já a aspiração a S. Horja . . 200.11,7
de lig a r o sul ao norte do paiz está em via de pró E. dc F. Cruz Alla a
xim a realização, podendo esse facto c o n stitu ir um
dos m ais fo rte s attestados de nossa capacidade cons-
tructora, para apresentarmos ao m undo, na grande,
na glo rio s a contm einoraçâo que celebramos.
llil"h :
1.60 1.615,661
1.44 22.160
RELAÇAO GERAI. DAS ESTRADAS DE FERRO Loo • 9,335
25.784,91 I
1X7 BRASIL 723,117
8,000
631,976
Mixta 78,342
II) 1,260
82,130 D iscrim inação das estradas de fe rro , por k ilo
115,752 metros em trafego, pelos estados:
151,001)
26,000
932,401
I 47,358
37,690
E. de I Recife ; 1.617,017
9,335
llhéos
Itabapoana a Bom Jc, 14,200
do Corcovado . . . 3,824
» Thcrcsopolis Bahia
M a r i c á ................... 33,820
Rede da Companhia Lcopaldina 130,427 Districto Fedei aI
2.935,825 Rio de Janeiro
38,810 Minas Geraes
2.438,518 São Paulo . .
127,676 Paraná . . . .
Oeste de Mini 1.920.657
til-Mii» Santa Catharinn .
de F. Lorcna a Itajiibá 1.374,023 Rio Grande do ;
Morro Velho . 20,000 Malto Gross) . .
8,000
234,461
Paulo^ ifaílway . 1.921.385
247,3
1.283,097 Marcha progressiva de construcçâo desde 1854,
Noroeste do Bia 1.709,OS I data do seu inicio, até 1921.
» Dourado . . . 1.273. ISO
São Paulo-Goya? 273,368
Funilense 146,000
” » São Paulo-Minas 94,263 Em trafego Aug.nento
» Itatibcnse . . . . . 136,600
Norte de S. Paulo (A ranqiúraj Kilnts. Mis. Kilm t.
» ' Santos a Jiiquiá
Ramal Ferreo Campineiro 1854 14 — 500
1855 . II 501)
1856 . 16 — 190
O O O o o 224 o o o o o
CONSTRUCTORES ( i CARPIN TARIA
: C IV IS v»
Fa br ic an Te s de M o veis SERRARIA «VAPOR'
Ity lG O J -y V o p i/C O J - EXPORTADORES
C a s a F u n d a d a e m 1861 inltSBOA , PoKTC
1/33 TRAV BENJAMIN CONSTANT J tI jalho I ahanhão .
B R A S IL
EEKEIKA.
~ r r lir r -
I
IIIIIIIIIIIII! i
■PENDE.NCIA h DA FXPOSIÇAO IN TFRNACIONAI.
ISsl'ÍISBlÍãSSSS5sS3S*iS3ãs5gg§ f s|
s5SS53SSIs“5Sg=IIl!!ilsga=Íll!? 1
100 A N N O S D E C O M M E R C IO E X T E R IO R
M jly P B R A Z IL nestcs cem annos de vida in- N o p rim e iro decennio da nossa independência,
dependente deu ao m undo uma pros .1 is to é. no periodo de 1821 a 1830, accumtilavamos um
] el oquent e da capacidade de seus filhos. v alô r de 213 m il cantos para a exportação e de
tira n d o do seu p re vile giad o sóla os re 265 m il contos correspondentes ás nossas compras
cursos inesgottaveis com que a natureza o dotou. no e x te rio r, totaes esses que, convertidos cm ouro
Esse juiz o form ulam os não nor sim ples suppozi- £ produziram as sommas de 38.997.000 C para a
çâo c sim pela demonstração que nos deixa a leitura exportação e de -12.506.000 C para a im portação.
dos seus algarism os dc com m ercio e x te rio r nestes Fsse b rilh a n te resultado, o b tid o lo g o na p r i
cem annos, c dos quaes vamos nos occupar. fazendo m eira decada da nossa emancipação, pro veio do facto
uma analyse d o que os mesmos nos dizem. de te r logo o nosso G overno procurado inte nsifica r
Antecedendo ao anno da nossa independência as nossas transacçòes com m ercial's celebrando um tra
isto é em 1821 já o nosso Paiz fazia uma expor tado dc com m ercio com a França em 26 de Janei
tação c u jo valôr excedia a 25 m il con to s; accuzando ro de 1826; o u tro com a Prussia, realizado em 9
a importação um to ta l um pouco acima do da ex de Julho de 1827; conseguindo também em 12 de
portação. O café figurava com 105.38b saccas de Dezembro de 1828 celebrar um tratad o com os Es
5 arrobas e o v a lo r de 6025 reis cada uma. tados U nidos e fin a lm c iitc refo rm a r em 17 d e Agos-
O O O o o
O O O O O 226 O O O O O O
' t AiAHIO DA IN U EPE N DtNC IA L DA EXPOSIÇÃO
o o o o O 227 O o o o o
LIVRO DE OURO C( IME/UOR/TIVO OO CENTENARIO DA
É preciso lem brar-se que to dos esses phenome- Chegamos finalm ente ao u ltim o decennio do re
ik >s occorridos e n tre 61 a 70 nSo soffrerain siquer gim en monarchic©, o qual jun tam e nte com os ante
as consequendas que seriam naluraes, decorrentes rio res, vae-se prestar mais a b aixo para um con fron to
do nosso estado d e guerra com o Paraguay, operan com o nosso periodo republicano até o anno de
do-se justam ente nesse espaço de tempo a m aior 1921.
expansão até então verificada na nossa balança com N o decennio 1881-90 já o nosso algodão não se
mercial. apresentou com o mesmo desenvolvim ento na sua
Talvez que seja esse um facto unico nos an- exportação, tendo havido uma baixa de 154.658 to ne
nacs dos grandes acontecimentos mundiaes. ladas em comparação com as sahidas do decennio an
No decennio acima re fe rid o a nossa exportação te rio r
em detalhe accuzou as seguintes quantidades e va- Os couros e pelles c ujo augm ento se operava de
decennio em decennio, soffreram tamhem entre 1881-
90, uma sensivel reducçâo. Felizm ente que o assu
car, café, borracha, fum o e cacáo compensaram larga-
Toneladas los de reis mente a baixa verificada nos productos acima, dan
Algodâo 288.Oi') 282.392 do ensejo a que a nossa exportação pudesse a ttin g ir
Assucar . . . 1.112.762 185.151 a summa de 2.411.006 contos de reis, obtendo-se um
Cacáo . . 33.735 14.182 saldo dc 309.709 contos de reis sobre a im portação
Ccuros e p rlli 212.394 ' 92.382 que fò ra de 2.102.297 contos de reis.
126.539 46.949
Os productos exportados nesse decennio accuz.a-
Matte 96.169 19.078
dcrracha 36.166 48.943 rain os seguintes algarismos:
Café . 28.847 695.352
Diversos ----- 152.746
O o o 228 o o o o o o
REIS, FILHOS, U da. — Porto.
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
O O O o o 229 o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORAT IVO DO CENTENARIO DA
Grã-Bretanha 10.709
Portugal
Allemanha
Estados Unidos 15.462
13.299
877
9.082
Htspanha . . 7.407
Argentina . . 396
Suécia Noruega 027
Belgica . . .
Reportando-se a im portação verifica-se que. nos
Hespanha 726 annos de 1839-40. a (irã -B re ta n h a occupava o 1.»
Dinamarca 550 lugar com um v a lô r sup erior a 300 <*« do 2.° co llo -
Hollanda cado. Nesse p e rio do a sua exportação para o B razil
elevou-se a 25.902 contos de reis. vin d o a França
I oram taes as alterações que se m anifestaram log o a seguir com um m ovim ento de 7.173 contos
entre 1829 e 1921 que a G râ-Bretanha passou ao de reis: P ortugal e possessões com 4.092 contos de
5.° lu g a r ind o os Estados U nidos occupar o 1.° re is . Estados U nidos com o v a lô r de 3.901 contos
posto devido á e x tra ordin aria exportação de café que de reis; a Arge ntin a corn 2.618 contos de re is ; a
passou a ser fe ita para esse Paiz. Allem anha com uma exportação de 2.524 contos de
A situação de cada um dos paizes nossos com reis e finalm ente a Hespanha com 1.228 contos de
pradores era em 1921 a seguinte:
Essa posição em face do nosso m ovim ento de
im portação soffrett grandes alterações em 1913 isto
é, o anno do nosso m aior m ovim ento com m ercial
externo e também ao que antecedeu ao da guerra.
Estados U n id o s ...................................... 627.914
f r a n ç a ..................................................... 170.812 Apenas a G rã-Bretanha con tinu ou collocada em 1 •
Allem anha................................. 165.049 lugar.
!a >
O O O O O O 230
INDEPENOENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O O O O 231 o o O O O o
C) E X E R C I T O B R A S IL E IR O (*)
E S B O Ç O H IS T O R IC O E O R G A N IS A Ç Â O A C T U A L P E LO C O R O N E L O E E N G E N H A R IA
J O A Q U IM M A R Q U E S D A C U N H A
o o 232 o o O o o
Casa G arcia
A. G A R C IA & COMP.
IM P O R T A Ç Ã O D IR E C T A
D E V ID R O S P A R A V ID R A Ç A S
V IT R A U X P A R A IO R EJAS
TUDO O QUE D IZ RESPEITO
LAVORES EM VIDROS.
continua a representar um papel ele elevada ponde Bahia de T odos os Santos em 26 de M arço de 1540
ração, por vezes decisivo, verdade é que na orga- fo rtifico u-se em terra e assentou os fundamentos
nisacão dos Exercitos m odernos o lu n a r oceupado de .S'. Salvador, prim eira capital do Brasil. Ao tempo
pelos elementos materiaes c ulm ino u n ’ utna ascendên de Thomé de Sousa principiam de ser organisadas
cia jamais a ttin g id a e talve z sonhada. C) armamento, as m ilícias, de onde se orig in o u a força m ilita r do
os explosivos, os gazes toxicos, os diversos enge Brasil. No seu liv ro H is to ria M ilita r d o B ra s il es
nhos de combate, carros de assalto, aviões, toda a creve I ) José de M ira le s : De 600 soldados e 400
vasta serie de machinas, utensílios, orgâos de lig a degradados e ou tros m uitos m oradores casados e al
rão, transporte e locomoção, constituem os meios de guns crcados d ’ EI-R cy se compunha o corpo de tro
que lançam m ão os exercitos m odernos para a obten- pas com que no anno de 1540 teve p rin c ip io n’esta
çáo dc seus; o b jectivo s. A gu cr ■idial que se dc capital o louvável serviço c m ilita r exercício, com-
scticadcou cMn 1614. pre ái-dida de u. li fe b ril e large mandado por Thomé de Sousa, illu s tre por nascimen
perio do dc paz. armada nias grandes potências to, com <> titu lo de G overnador e C ap itão General
péas, pôz «.-ui clara evidemeia .as pr. •fu ndas re de to d o o Estado; heroe em quem se achava tão
do factor nlecanico e da techni iderna, tan vinculado o vaior e identificada a prudência e m i
bre a tact ica, como até irlesmo sobre■ a venera1vel cs lita r discip lin a que parece que elle só bastava para
trategia. O es p irito gu cr reiro transform ou-se. inten a saber insp ira r e exercitar . Com esses elementos
sificou-se, c:om os aperfe içoam entos de ordem mate veio também o regim ento d’ EI-Rei. de 1548, que
ria l que o engenho hum;m o t i •m po sto á sua dispo C on stitue a prim eira le i organica da força armada
sição. O xal á esse d u ro aspeciei das exigências be lli no Brasil.
cosas do t i ■rnpo presente possai ser i•m breve .contra N o reinado de D . Sebastião, em 1570, surge
balançado por um a nova orieintaçâo das in fli ■enciai um com plem ento aos prolegouienos de organisação
intellectual'!>, po litic a s c m orai:s no m undo inteiro.. m ilita r pela institu ição da ob rig atoried ade do ser
viço para a defesa communi.
A criação das chamadas ordenanças soldados
ou gente de guerra dada e paga pelas camaras e
O EXERCITO HO BRASIL conselhos data dos prim eiros tempos da Monarchia
Portugueza. T an to em P ortugal como no Brasil, eram
fo rm adas de terços commandados por C apitães-M ores
C om o as demais nações, o Brasil não podia dei e constavam dc companhias compostas de um Capitão,
xa r de cuidar de sua organisação m ilita r, parallela- um Alfe re s, um sargento, 10 cabos de esquadra e
mente ao desenvolvim ento de sua in d ustria, de seu 250 soldados. Podemos a ffirm a r que da confluên
com m ercio, de sua agricu ltura , de to das as m odalida cia de duas correntes, uma que se orig in o u dos 600
des. enifim . de sua vida social e economica. A m igo da soldados portuguezes, de que fa lia D . José de M i
paz, sem es p irito de aggressào ou violência, perfei- rales. os quaes vieram da m etrop ole com Thomé
ta n u n te inte gra do na comunhão de vistas da fam ilia de Sousa, e a outra oriunda das m ilícias que se
sul-americana, o B rasil c u ltiva e n tretan to o a lto senso organisaram em terras brasileiras, é que nasceu o
da defeza de seu vasto te rrito rio , da guarda e con organism o da força m ilita r do Brasil.
servação d ’esse s o lid o p a trim o nio legado pelo ingen
te labor dos antepassados. Ê fó ra de qu alq ue r contes
tação que todos os sacrifícios pela defeza nacional
são sempre ju stific a d o s . Com o org ão essencial d’ essa A ACÇAO DAS MILÍCIAS
defeza. sempre atten to e v ig ilan te , o E x e rc ito não é
uma entidade abstracta, mas um o rg an ism o v ivo e
animado, ao mesmo te m p o uma escola de coragem, A pro po sito da in s titu iç ão das m ilícias discorre
desinteresse, temperança, justiça e p a triotism o. Em von M a rtiu s : <A influencia d ’ essas m ilícia s é gran
rapida synthese, vejam os como elle nasceu e evo- de e im portante: p o r um lado ellas fortaleciam e
lu io cm plagas brasileiras. conservavam o es p irito de emprezas aventureiras, via
Após a descoberta em 1300 e p rim eira s explora gens de descobrim entos, e extensão d o d o m in io por-
ções, as terras do Brasil constituíram constante arena tu gu ez; p o r o u tro favoreciam o desenvolvim ento de
da universal p ira ta ria de francezes, hespanhoes. hol- instituições municipaes liv re s e de uma certa tu rb ulê n
landczes e o u tro s povos. Varios annos de abandono cia e até desenfreamento de cidadãos, capazes de pe
e esquecimento constituem ate 1320 o que João R i gar em armas em opposição as autoridades governa
b e iro denom inou o perio do m ystico da his to ria do tivas e poderosas ordens religiosas. Além de que acha
Brasil. O problem a da colonisação impoz-se de uma mos também n ’ isso a causa dos successos das armas
m aneira categórica ao tempo de D . João I I I (1521- portuguezas contra diversos invasores, os francezes no
1 557) A frequência com que desde 1504 os arma M aranhão e R io de Janeiro, os hollandezes cm uma
dores francezes expediam navios para o Brasil, che grande parte da costa orien ta l ».
gando a estabelecer fe itorias , levou aque lle monar- Já desde os prim eiro s annos de sua formação
cha a e xp ed ir ordens aos commandantcs de suas es prenunciava a força m ilita r bra sile ira o que viria a
quadras para que destruíssem o u capturassem os na ser com o correr dos tempos, resultando a sua in
v io s francezes que encontrassem nos dom inios da contestável e m e ritoria funeção civica da intim a co
corôa. A p rim eira divisã o naval mandada com esse m unhão de seus sentim entos com a alma nacional.
fim ao B rasil teve por Chefe C h ris to v ã o Jacques e O notável pensador S y lv io Romero diz no seu liv ro
p a rtio de I isboa em 1526. Em sua viagem entrou na D o u trin a contra D o u trin a : Desde os prodomos de
Bahia de T odos os Santos, encontrando ah i tres na nossa independencia a força armada no Brasil tem
vios francezes. com os auaes travo u combate. Dous sido poderoso a u x ilia r em nossas aspirações de l i
d ’ tsses navios fo ram m ettid os a piq ue e o te rce iro to berdade e dc progresso».
mado. fican do p rision eiros trezentos francezes. Esse D urante o século X V II a situação do Brasil, sob
combate naval fo i o prim e iro travado entre euro o po nto de vista m ilita r, traduz o cháos c completa
peus na Am erica. A pós a expedição de M a rtim A ffon - confusão que reinavam na po litica e na adm inis
so de Sousa c sua estadia no B rasil até 1533. re tração da colonia. Um certo num ero de corpos disse
solveu a m etrop ole em pregar os m aiores esforços e minados, esparsos no litto ra l das capitanias, sem a r ti
un i trabalho svstematico para c olo nisa r o naiz. re culação, provenientes das antigas ordenanças e m ilí
partindo o te r r ito r o em canitanias hereditarias. cias. sob denominações varias, taes como. Reginten-
Essas capitanias fo ram grupadas em to rn o de tos das N obrezas. Vo lun tarios Rears de Pernambuco,
um governo central creado em 1546. sendo Thomé R egim ento dos H en riq ue s, Regim ento dos Caçado
de Sousa o p rim e iro G overnador G eral. C hegando á res da praça de Sanlos, Tears C uyabanos, e outro».
o o o o o o 233 o o o o o
'JVRO DE OURO COMME MORATIVO PO CENTENARIO DA
eram os elementos da defeza armada do paiz com pati* Institue-se depois a classe dos cadetes, a cujo
vel com o estado de sua p o litic a. O dom inio hespa- pro po sito escreve o éonde de Azam buja em 4 de
nh ol destruirá o u paralysara a continuidade d o in Agosto de 1766: N ’esta te rra ha vários homens de
flu x o org an isa do r d o m allog ra do monarcha D om Se bem. dos quaes in u ito s fogem de se rvir nas tropas,
bastião. Porém , com a restauração po litic a de 1640 porque queriam fazel-o com distincçâo. A mim lem
vo lta de novo a corôa portugueza a desvelar-se na brou me a este respeito p ô r em pratica a le i dos
obra c ivilisa do ra da defeza m ilita r. São do M a jo r cadetes, por me parecer havia aqui te r bom effeito».
C hristovã o A yres de Magalhães Sepulveda, em sua
H is to ria d o E x e rc ito Portuguez, as seguintes pala
vras: «O rganisou-se então a infa ntaria em te rços com
A OROANISAÇAO DE NOVOS CORPOS
dez companhias, e a cavallaria que se reunio em u n i
dades mais fo rte s ; a a rtilh a ria , que se havia de levan
ta r mais tarde, com o conde de L ip pe , á categoria de
arma scien tifica, começa a ins tru ir-s e e a organisar-se A organisação da força m ilita r no Brasil recebeu
p o r fó rm a á pre star excellentes serviços durante a notável im p ulso com as providencias tomadas em 20
g u e rra ; fina lm e nte inaugurou-se com o a u x ilio do es de Junho de 1767 pe lo conde de O eiras. Novos co r
tra n g e iro , m andado v ir expressamente, a Escola de pos fo ram fo rm ados, inclusive um trem de artilh a ria
engenharia m ilita r em Portugal». de campanha, e nomeados C om m andante em Chefe de
todas as tropas o tenente-coronel João H en riq ue de
A instrucção technica m ilita r no Brasil teve o Boehm e Chefe do C orpo de engenheiros e artilh a ria
seu in ic io com a creação de uma aui la de fo rtific a - o briga de iro Jacques Funck. Foram esses generaes a
ção no R io de laneiro, p o r carta r■egia de 15 de alma das tnstrucçõcs do C onde d c L ip p e nas plagas
Janeiro de 16QÔ, sendo um dos p rin brasileiras. Apezar de nessa data entender o Vice-
res o sargento-m ó r de a rtilh a ria José Fernandes Pin- Rei que os soldados das novas unidades devessem ser
to d ’ A lp o im . F o i d ’ esse p rim e iro rudim ento do ensino de Portugal e não do Brasil, po rqu e os nam ra-s não
m ilita r no B rasil que su rg io mais tarde, em 1738, tem actividade nem to rça para a v i i a m ilita r, le m
a Academia M ilita r , que p o r sua vez deu lug ar á brava poucos annos depois, em 14 de Janeiro de
organisação da Academia R eal M ilita r pelo C onde de 1775, M artinh o d e M e llo e C a stro ao governador
Linhares, então m in is tro da G uerra, em 1810. e capitão general da capitania de S. P aulo:
A carta regia de 14 de Junho de 1710 dispõe As principaes fo rças que hão dc defender o
sobre a exis'encia de uma com panhia chamada dos Brasil são as do mesmo Brasil. C o n ellas fo ram os
p rivile gia do s, c ogitando da classe dos nobres. A um H ollandczes lançados fo ra da capitania de Pernam
ta l respeito d iz outra Carta regia de 10 de N o buco: com ellas se defendeu a Bahia dos mesmos
vem bro de 1711: A companhia dos privilegiados H ollandezes: com ellas foram os Francezcs obrigados
andará aggregada ao regim ento das ordenanças, ten a sahir precipitadam ente do R io de Janeiro: e com
do-se. porém, com ella m aior attenção, por ser da ellas emfim destruíram os Paulistas as Missões do
prin c ip a l gente da terra>'. Paraguay, fizeram passar os Jesuítas com os ín dios
O o o O o 234 o o o o o
IH IJE PPN O tN C IA 'A I X POSIÇÃO IN IN A/
A ACÇAO DE D. JOAO VI
o o o o o o 235 o o o o o o
liv r o l)i. ot'R o c o m m e mor ativo CENTENARIO DA
te rrito rio nacional e tinham a sua parada nas pro constituído de sete m em bros; e pelo C onselho Su
vincias c na C órte . O to ta l da infa n ta ria n’cssa epo- premo M ilita r , o m ais a lto trib u n a l m ilita r do paiz.
cha pôde ser avaliado em p e rto de 23.000 homens. Foi cieado p o r alvará de l. ° de A b ril de 1808 com
Para a cavallaria existia m : o 1.» Regimento, creado as mesmas attrib uiçô es do C onselho de O uerra ,
p o r decreto de 13 de M aio de 1808, vigorando em C onselho do A lm ira n ta d o de P o rtug al.
1824 a remodelação que havia s o ffrid o em 1810; No dia 7 de A b ril de 1831 teve fim o prim e iro
o 2.0 regim ento form ou-se do regim ento de cavalla im perio, tendo D . Pe dro I abdicado e sendo sub sti
ria de linha de M in as Geraes; o 3.« organisou-se tu ído no governo pela regencia p ro visó ria , composta
com o esquadrão de cavallaria de S. P aulo; os res do general Lim a e S ilva, senador V e rgueiro e mar
tantes, 4.0, 5.0, 6." e 7.0 existiam no Rio Grande quez de Caravellas.
do Sul, estacionados na cidade d o Rio Grande, na O papel representado pelo exercito nessa emer
fro n te ira das Missões, na de Jaguarão e outras lo genda, allian do -se ao povo e re tira n d o o seu apoio
calidades. Para a artilh a ria , fo ra m constituídos 12 ao governo do monarcha, tem s ido diversam ente j u l
corpos de a rtilh a ria de posição com séde no Rio gado, p o r uns condemnando, p o r ou tros exaltando
de Janeiro, S. Paulo, praça de M ontevideo, Santa E ntretanto, o p ro p rio Joaquim Nabuco, que tem pa
C atharina, Bahia, Pernambuco, etc.; 5 corpos de lavras de severidade para a força armada, nessa occa
a rtilh a ria montada, provenientes quasi to dos das an siâo, escreve o seg uin te: A força m otora do 7 de
tig a s unidades existentes. A b ril, a que deu im p ulso ao elem ento m ilita r, foi <>
Além das forças da I.* linh a, existia grande nu resentim ento nacional. Em certo sentido o 7 de
m ero de batalhões da 2.» linha, tendo como com - A b ril é uma repetição, uma consolidação do 7 de
mandantes e ajudantes, o fficia es da I.» linha. Setembro. O Im perador era um a d o p tivo , suspeito
O to ta l das forças que constituíam o Exercito de querer re u n ir as duas coròas, dc P o rtug al e B ra
permanente d o I / Im pe rio póde ser computado em sil... A reacção contra a ordem de cousas que o g o
cerca de 30.000 homens, sendo que nem sempre as verno de Pedro I creara, encarna-se na pessoa de
diversas unidades apresentavam os seus effectivos Evaristo da Veiga, o m aior dos nossos an tigo s es-
com pletos. Os batalhões com postos de estrangeiros, criptores da im prensa; mas, como bem accentuou
em num ero de quatro, foram dissolvidos por Decreto Ruy Barbosa, «o despotism o de Pedro I não teria
de 20 de Dezembro de 1830, v is to haverem se to r cahido em 7 de A b ril de 1831, se o soldado b ra
nado perigosos á ordem e tra n q u illid a d e publicas. s ileiro , n'aq ue lla revolução, se considerasse obrigado
Realmente, praticaram uma serie de actos de in d is a defender o Im perador contra o povo».
cip lin a . sahindo em dias do mez de Junho de 1828
de seus quartéis, armados e am otinados. Travou-se
lu ta nas ruas do R io de Janeiro, entre os batalhões
b ra sile iro s e os batalhões revoltados, em que pe A ACÇAO DA REGENCIA
receram 2 6 irlandezes e ficaram fe rid os 50.
A o ffic ia lid a d e do Exe rcito b ra s ile iro oonstituio-
se com os o fficia es do e xe rcito colonial, em sua
m aioria portuguezes, sobretudo nos postos elevados, F oi um dos prim e iro s actos da Regencia reduzir
e com alguns estrangeiros contractados, que em sua e rcorganisar as trop as de p rim eira linha, baseando-se
quasi to talida de foram elim inados das file ira s em no que determ inava o a rtig o 2." da le i de 24 de
1831. Novem bro de 1830. C om e ffe ito , o D ecreto de 4
de M aio de 18 31 deu a seguinte com posição ao E x e r
c ito : In la n ia ria 16 Batalhões de caçadores; Ca-
vallat ta 4 C o rp o s ; A rtilh a ria 5 corpos de p o
O RECRUTAMENTO sição e um a cavai lo. As fo rças de M atto-G rosso
constituíram uma Le giã o das tres annas, composta de
um batalhão de caçadores, 2 com panhias de cavalla
Guando se proclam ou a independência vigorava ria e 2 companhias de a rtilh a ria dc posição. O to ta l
sobre o recrutam ento para as file ira s do Exercito o das fo rças arregim entadas ficara red uzido a 14.342
Decreto de 13 de M aio de 1808, que estabelecia o homens, entre offic ia e s e praças. Em 18 de Agosto
serviço por o ito annos, com excepção dos corpos da de 1831 a Regencia sanccionava a lei creando os
C ó rte em que o tempo de serviço era apenas de tres Guardas Xaciona- s e e x tin g u in d o os corpos de m i
annos, a p a rtir do estabelecido pelo Decreto de 30 lícias, guardas m unicipaes e ordenanças. A Guarda
de Janeiro dc 1822. M ais tarde, em 1828, decretou- N acional, com quanto tivesse em suas attribuiçôes au
se o serviço por quatro annos para os alistados v o x ilia r o exe rcito de linha na defesa das fro n te ira s e
l* ia * luntariam ente nas file ira s do E xercito, porém sendo costas, fic o u sob a dependenda do M in is te rio da Jus
lo g o no anno seguinte restabelecidas as disposições tiça, d’onde passou para a alçada d o M in is te rio da
do Decreto de 13 de M aio de 1808. G uerra sómente nestes u ltim o s annos. Aos 6 de
As fo rças de guarnição nas diversas pro v in c ias M arço de 1832, p o r Decreto d'essa data, refo rm a a
do Im pe rio ficavam subordinadas aos commandan Regencia a Academia M ilita r , levando a cabo a in
t s ou governadores de armas, mas não existia p r o corporação da Academia dos Guardas M a rin h a á re
priam ente um Regulamento para as administrações fe rida Academia M ilita r , fa zendo pu b lica r o Regu
m ilita re s nas provincias. O governo limitava-se a ex lam ento para a Academia M ilita r e de M arinh a da
p e dir instrucções a determ inados, servindo essas ins- C órte do Im pério do Brasil.
trucções para governo e guia dos demais. Cada pro Porém , mais tarde, separarn-se as duas Acade
vincia tinh a o seu governador ou oommandante de m ias: e a Academia M ilita r é depois rcorganisada,
armas, que era a segunda autoridade da provincia, surgindo assim a Escola M ilita r da C ó rte , de g lo
te ndo a provisão do C onselho Supremo M ilita r de riosas tradições, e que por largos annos funccionou
17 de Novem bro de 1825 fix a d o as relaç3es de au na P raia Vermelha.
to rid ad e entre os presidentes de província e os go Em Agosto de 1832 remodelava-se a organisa
vernadores das armas.
ção de 1831, extinguindo-se a Legião das tres ar
A justiça m ilita r era adm inistrada pelos Conse mas em M atto-G rosso e creando-se o C o rp o de L i
lho s de investigação, para pesquiza de faltas, sem geiros n’essa provincia, hem como duas companhias
p ro fe rir sentença; pelos conselhos de disciplina, para
de Lig e iro s no M aranhão e uma divisã o de Pedes
fa lta s leves, ou para servir de base nos conselhos
tres no Esp irito -S an to. Com a lei de 3 de Setem
de guerra, p o r crim e de deserção; pelos conselhos de b ro de 1833 a fo rç a m ilita r do B ra sil se reveste
g u erra re g i men toes, tribu na l creado occasionalmen- de ou tras fôrm as, tom ando o corpo de u.n systema
te para ju lg a r os m ilita re s nos crim es m ilita re s e
so ffriv e lm e n te delineado. São os seguintes <is cle-
o o o o o 236 o o
G ^ a n d e -s l< n p c * H a c lo r» e a dsz O r*ocf<is « P p c x Íllc ío s C K u tix o o s
(^p< C£<z&Jacfe$ptuzrrriaceutòccus '7ln<UJ^rrurL£^i«tSa/rwtr^sJ^rr.^
2
o o o o o 237 o o o o o
LIVRO O I OURO IMMEMORATI LM) CENTENARIO DA
g ra fia da Campanha de IS H -Y 2 , da Secção H is to ric a orçando por uns 211.000 homens approxim adam ente.
da E stad o-M a ior A rg e n tin o : «Luiz Alves de Lim a u O eminente general M anoel Marques de Sousa, de
Silva, conde e depois marquez e duque de Caxias, pois conde de P o rto A le gre, oommandava a 1.» d i
era uma d’aquellas personalidades de quem qualquer visão d o exe rcito b ra s ile iro , que occupava o centro
exercito tem o d ire ito de orgulhar-se». Ao penetrar da ordem de batalha.
no dia 4 de Setembro de 1851 em te rr ito r io O rien N ’essa epocha já e x is tia no exercito b ra sile iro
ta l C axias fez pu blica r uma ordem do dia de grande unia especie de E s tad o-M a ior c on stitu ído idas duas
elevação, da qual extrahim os os seguintes trechos: Repartições do A ju da nte -G en eral e Q u a rte l M estre
S oldados! Ides com bater a par de bravos e ames Genera/, âccrescidas de um Secretario M ilita r . As
trad os nos com bates; esses bravos são nossos am i suas funcções estavam perfeitam ente de fin id a s e co r
gos, são nossos irm ãos de armas. A mais perfeita e respondiam ás que actualm ente se acham d is trib u í
fraterna l união deveis, pois, com elles manter. Que das pelas diversas secções do Estad o-M a ior. As fo r
nenhum o u tro sentim ento em vós se m anifeste, alem ças nacionaes com prehendiam : O E x e rc ito de ! . • l i
do desejo de excedel-os, a ser possível, nas virtudes nha c a Guarda N acional. Os claros nas trop as de
do verd ad eiro soldado. Não tendes no Estado O rie n l.a linha preenchiam-se p o r m eio de vo lu n ta rio s, com
ta l o u tro s inim ig os , senão os soldados do general prêmio, engajados e recrutados, sendo a m ateria re
D M an oe l O rib? . e esses mesmos em quanto illu d i- gida p o r le i de exclusiva competência da Cam ara dos
dos, empunharem armas contra os interesses de sua Deputados. O E xe rcito de I.* linha d ivid ia -se em
P a tria ; desarmados, ou vencidos, são Am ericanos, são corpos m oveis e corpos de guarnição. A infa n ta ria
vossos irm ãos, como taes os deveis tratar. A verda compunha-se de batalhões de fu s ile iro s e de caça
de ira bravura d o soldado é nobre, generosa e res dores, cuja com posição era analoga. In stm ia -se pelo
pe itad ora dos princípios da humanidade». Systema de Instrucção do C o ro n e l Bernardo A n to nio
Zagalo, d o Exe rcito portuguez. A cava llaria , com
posta de quatro regim entos de 1.* linh a, cada um
com q u atro esquadrões, estava armada de lança, es
DEPOIS DE CASEROS pada, p isto la c clavina, sendo porém a lança a sua
arma p rincip al, com o acontecia em to da cava llaria da
America do Sul. A a rtilh a ria estava d iv id id a em ar
Finda a campanha com a batalha de Montc-Casc- tilh a ria a cavallo e a rtilh a ria a pé. A p rim e ira cons
ros (3 de Fevereiro de 1852), a tyrannia de Rosas ruc tava de um unico regim ento, a segunda de q u atro ba
por te rra e os exercitos alliad os de C axias e Llrquiza talhões. T odos os canhões eram de alma lisa. atirando
veem realisados os nobres desígnios do tratad o de pro je ctis csphericos com a polvora negra. Já possuía
alliança negociado em M ontevideo, aos 20 de Maio mos um corpo de o fficia es de engenharia, varias ve
de 1851, entre o Brasil, a R epublica O rie n ta l e os zes remodelado, e c ujo preparo, quer th eo rico , quer
governos de Entre-R ios e C orrientes. O to ta l das pratico, obedecia aos excellentes program m as de en
fo rças brasileiras organisadas n ’essa occasiâo compu sino m in istrad o na Escola M ilita r. N ão existia , po
nha-se de qu atro divisões, div id id as em brigadas e rém, a frop a da arma, pois sómente em 15 de Julho
O O o o
O O O O O 238 O O O O
IN OF PH ENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNAC
o o o o o o 239 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT!V( CENTENARIO DA
ze annos d o Im p e rio v igo ro u, com simples retoques, vos em S. Paulo». 1F. Olavoi B jlac, em sua confe-
o R egulam ento p ro m u lga do p o r D ecreto de 17 de rencia do C lu b M ilita r em N<ivem bro de 1915, excla-
Janeiro de 1874. m a: V i que t.-ssas eispadas, recusando a sua força
P o r esse R egulam ento a instrucçâo m ilita r theo e o seu b rilh o á gana ncia dos mercadores de homens.
ries e pratica era prestada ás pragas do Exercito e defendendo a ia dos t■scravisados, apoiaram a
nos D e p osito s tie In strucçâ o, nas Escolas Regimen- dedicação dos abobei.ou istas e apressaram a victoria
taes, na Escola P re p ara tória e na Escola M ilita r. A da sagrada campanha...»
Escola M ilita r possuía um curso com pleto de Enge A R epublica fo i fe ita, não p o r um sim ples p ro
nharia, d iv id id o em curso s u p e rio r e preparatório, nunciamento de q u arte l, mas como a sequência natu
fo rm an do um In tern ato . E x istia também no Rio Ciran ral de uma serie de factos e accidentes que a v i
de do Sul uma organisação de ensino m ilita r desde nham preparando, desde os p rim ó rd io s da form ação
1851, que apenas com prehcndia um curso de infantaria de nossa nacionalidade. O rganisado o governo pro-
e ca v a lla ria ; a p a r tir de 1881 passou a ter m aior vis o rio , sob a chefia do general D eo do ro da Fon
desenvolvim ento com a denom inação de Escola M i seca, fo i o elemento c iv il que pre do m in ou p o r seus
lita r da Provin cia do R io Cirande d o Sul. O u ltim o conselhos, decisões e opiniões, representado nas egre
plano de reorganisaçâo do ensino m ilita r no passa gias pessoas de Q u in tin o Bocayuva, Ruy Barbosa,
do regim ent, data d o Decreto de 9 de M arço de 1889, Campos Salles. A ris tid e s Lobo, D e m e trio R ibeiro,
sendo m in is tro da gu erra o c onselheiro Thontaz Coe
lho Por esse pla no era reorganisada a Escola M il i
ta r tia C o rte , rem odelada a do R io Grande do Sul
e creada a Escola M ilita r do C eará, com sede em
Fortaleza. UMA NOVA OKOANISAÇAO
A o mesmo tem po era creado o C olle g io M ilita r,
com o o b je c tiv o de pro p o rc io n a r aos filh o s dos m i
litares, ou aos que desejem s eg uir a carreira das Um ntez após a institu ição d o go vern o re p u b li
armas, os nieios dc receberem instrucçâo que em cano tratava-se de dar nova organisaçâo ás forças
poucos annos lhes abra as po rtas das Escolas M ili armadas, pe lo D ecreto de 14 de D ezem bro de 1889.
tares. R enrganisado o ensino dado nas Escolas M i Elevava-se o num ero de batalhões de infa n ta ria a
litares, entendeu o governo dever estabelecer uma 36, o de regim entos dc a rtilh a ria a 5, o de bata
ts c o la S u p e rio r de G uerra, destinada a dar instrucçâo lhões de a rtilh a i ia de posição a 5, o de regim en
theorica e pratica aos offic ia e s que, por se have tos de cavallaria a 12. Elevava-se o num ero de pra
rem mais d is tin g u id o n ’aquellas Escolas, tiverem sido ças de pret, em pé dc paz, a 24.877, assim d is trib u í
propostos para estudarem os cursos superiores. das pelas d ifferen te s armas:
o o o o o o 240 o o o o o o
Y HERVATARIA g u a r a n t y
EUGENI O LA M A I S O I N
M arcas R egistradas: CECY. PERY. CABURÉ,IMPERIAL.GUARANy
Q \ O l i E G R - iltST^ ^ -... / I
mez c anno. Compunha-si- esse E stad o-M a ior dc uni mais arma de oppressão ou aventuras equivocas nas
G abinete e 4 Secções, com as suas incumbências per mãos de quem quer que seja. A liás, elle, que repre
fe itam ente discrim inadas. .4 In te n d e n d a Gera! da senta a nação em armas, filh o do povo, não podia
G uerra fo i organisada em v irtu d e da mesma lei que d e ix a r de p a rtic ip a r de to dos os a ttrib u to s que ca-
creou o E stado-M aior, fo i regulam entada em 12 de racterisam a nossa raça, que ind ivid ua lisa m a nossa
Janeiro de 1899, te ndo p o r fim assegurar aos corpos gente. N o Congresso Scie ntifico Am ericano, aqui
de tropas, ás fortalezas e aos dem ais estabelecimen realisado, o barão do R io Branco, nosso ge ne ral da
tos m ilita re s o forn ecim en to do m ate ria l necessario paz, assim se exp rim ia n ’uma referencia aos delega
á subsistência e accomodaçâo do pessoal d o exer dos dos paizes do c ontinente: Elles dirão, sem du
cito, to d o fa rdam ento, equipam ento, arreiam ento, cor- vida, que viram uma bella terra, habitada p o r um
reiame, armamento, m unição c dem ais m aterial de bom povo; te rra generosa e farta, povo lab orioso e
guerra e de tran spo rte, hem assim a necessaria ca m anso, como as colmeias em que sobra o m el. N ão
valhada. Conipunha-sc d t 1 (ia b in e te e 4 Secções. ha aqui quem alim ente invejas contra os povos v iz i
Em 1899 fo ram também regulam entadas a D i nhos, porque tu do esperamos do fu tu ro ; nem odios,
recção G e ra l de E n ge nh aria, incum bida de todos os porque nada soffrem os no passado. Um grande senti
trab alh os de engenharia m ilita r, ta nto na paz como m en to nos anima, o de pro gred ir rapidam ente sem
na g u e rra ; a D irecção G e ra I de A rtilh a ria , incumbida quebra das nossas tradições dc libe ra lism o e sem
do estudo e preparação d o m ate ria l de a rtilha ria , offensa dos d ireito s alheios». H oje , como hontem,
das munições de gu erra e de to d o o arm am ento ne em todas as phases da evolução de nossa P atria, l i
cessario ao Exercito. vre e soberana, o Exe rcito aspira unicam ente cum
C om a creação do E stado-M aior do Exercito, p r ir a sua elevada missão social, fortalecendo a Na
da D irecção de Engenharia, da de A r tilh a ria e da ção e garantindo-lhe a integridade.
Intendência U eral da O u c rra fo ra m extin cta s as Re
partições de Aju da nte G eneral, D ire c to ria de Obras
M ilita re s , C om m ando G e ra l de A r tilh a ria , Commis-
são Technica M ilita r C o n sultiva e Repartição do
Q u arte l-M estre G eneral, até essa data existentes. A II
D irecção Gera! de Sau l - e a D irecção G e ra l de C on
ta b ilid a d e da G uerra receberam nova Regulamentação, ORGANISAÇÂO ACTUAL
bem assim a Eabrica de C artuchos e A rtefactos de
G u erra , as Eabrieas e D ep osito s de P o lv o ra , os Ar-
senaes de G uerra e l.ab ora torios.
A organisaçâo do Exe rcito B rasileiro, nos m ol
des actuaes, promana da reform a fe ita pelo Marechal
Herm es R odrigues da Fonseca, quando M in is tro da
OS DISTRICTOS MILITARES G uerra na Presidência A ffon s o Penna, pela Lei nu
m ero 18b0 de 4 de Janeiro de 1908; remodelada
pe lo general José Caetano de Faria, M in is tro da
G uerra na Presidência Wenceslau Braz, pelo Decre
O te rr ito r io da R epublica fo i d iv id id o cm sete to n.° 11.497 dc 23 de Fevereiro de 1913; retocada
d istricto s m ilita re s , commandados cada um por um pelo general A lb e rto Cardoso de A g uia r, M in is tro
o ffic ia l general. Os d is tric to s m ilita re s p o r sua vez da G uerra na Presidência D elfim M oreira, pelos De
achavam-se sub divid id os em commandos de guarni cretos ns. 13.651, 13.652 e 13.653, de 18 de Junho
ções e estes em commandos de fron te iras . de 1919, e D r. João Pandiá Calogeras, M in is tro da
As promoções no E xe rcito eram reguladas pelo G uerra na Presidência actual D r. E p itacio Pessoa,
D ecreto de 7 dc Fevereiro de 1891, e posteriores pelos Decretos ns. 13.916, de 11 de Dezem bro de
resoluções legislativas de diversas datas. A reform a 1919 e 14.397 de 9 de O u tub ro de 1920, e actos
vo lu n ta ria e com pulsória fo i estabelecida no Exer posteriores, inclusive o Decreto n ." 15.235, de 31
cito em 30 de Janeiro de 1890. cuja tabella, lig e i de Dezembro de 1921. Estes ultim o s obedeceram em
ram ente m odificada, mantem-se na organisaçâo actual. parte á orientação dos ensinamentos da M issão M i
( j>m relação ao ensino m ilita r devemos dizer lita r Franeeza. Na fó rm a do a rtig o 14 da C o n s titu i
que a Escola de E s tad o-M a ior, destinada á instrucçâo ção Federal, o Exe rcito é uma in s titu iç ão nacional
m ilita r superior h a b ilita n d o para o serviço do Estado- permanente, destinada á defesa da Patria no exterior
M a io r no E xercito, fo i pela prim eira vez instituida e á manutenção das leis no in te rio r. Essencialm en
entre nós na reform a que su rg io com o Decreto de te obediente, de ntro dos lim ite s da le i, aos seus
2 de O u tub ro de 1905. Novos Regulamentos de superiores hicrarchicos, é obrig ada a sustentar as
ensino foram successivamente appareccndo, em 1913, instituições constitucionacs. Sua organisaçâo baseia-
em 1918, em 1919, notando-se em to dos elles a nor se no serviço m ilita r ob rig a to rio e pessoal e na iden
ma que institu e na Escola M ilita r os cursos div e r tida de da constituição de suas forças cm te mpo de
sificados para cada arma combatente, precedidos de paz com as que deve te r no caso de- gu e rra ; j:
um ctfrso fundam ental commum. As diversas te nta ti com prehende: a) O C om m ando; b) As Forças.
vas dc reorganisaçâo do E xercito, que precederam o
actual estado de cousas, e que mais de perto consul
taram os interesses da defesa nacional, foram reali-
sadas quando se achavam a testa d o M in is té rio da SERVIÇO MILITAR
(iu e rra o M arechal João Nepomuceno de Medeiros
M a lle t (1898-1902), o M arechal H erm es Rodrigues
da Fonseca (1906-1908) e o G eneral de D ivisão O brig ato rie da de do serviço. — T od o bra sile iro
José Caetano de Faria (1914-1918). E lias continham é o b rig ad o ao serviço m ilita r, em defeza da Patria
os principaes elementos necessarios á renovação do e da C on stituiçã o, na fórm a das leis federaes ( a r ti
organism o m ilita r e os germens geradores da orga- g o 86 da C o n s tituiç ã o). A duração da obrigatoriedade
nisação actual, accrescidos ho je dos numerosos e do serviço no E x e rc ito é: l.o — Dos 21 aos 30
im portantes dados que a exp erien da da guerra m un annos de idade no Exe rcito de 1." lin h a o u nos cen
d ia l pôz em evidencia e tem sido p o r todas as na tro s preparadores de reservistas de 2.a categoria ( t i
ções aproveitados. N o fundo, é o mesmo Exercito, ros de guerra, associações e estabelecimentos de
com pletamente id e ntific a do com os superiores dicta ensino ; 2.» — Dos 30 aos 44 annos de idade no
ntes da defesa nacional, nunca apartado das inspi E xe rcito de 2.» linh a. Em caso de gu erra, a pa rtir
rações de civism o e libe rd ad e do po vo brasileiro, já- da idade de 44 annos até um lim ite determ inado
o o o O O o 241 o O O O
I.IVRO OI HO (AT/vn no IARIO HA
17 e '21 annos lod o b ra s ile iro poderá ser chamado O tempo de serviço no E x e rcito activo tem a
a pi estar serviços no Exe rcito de 1.» ou 2.» linha. seguinte duração: de um a d o is annos de instrucção
/ ; x ercito de I . 3 linha. — O Exe rcito de I.» l i para voluntarios e sorteados; de mais de do is annos
nha subdivide-se cm duas partes: E xe rcitu activo ou pura engajadois c rcengajadios; de qu atro mezes de
permanente e Reserva de /.« linh a. A q uc lle eonsti- instri Hçâo int.rnsiva para os v olu nta rio s e sorteados
tue-se dos o fficia es effectivos e pessoal dos serviços em ( idições especia es ; e de deseseis mezes
auxiliares, dos aspirantes, dos graduados (sargen para voluntari os ou sorteade>s também e.n certos ca-
tos, cabos c anspeçadas), dos alumnos praça- das sos cspcciacs. O s reservista s d o E xe rcito de l.« li-
Escolas M ilita re s e dos soldados v oluntarios e sor nha pertenceua ás seguintes categorias:
teados. A Reserva compõe-se dos officiaes. aspiran
tes e graduados da reserva de l.« linha, recrutados
na fôrm a do respectivo Regulamento, e dos demais 1.» Fortnada pelos cidadãos licenciados do
cidadãos de 21 a 30 annos e dos reservistas de me serviço no E inclu sive Escola M ilita r
com a cadern.eta de reservis ta s;
nos de 21 annos.
O s o fficia es da reserva de I.* linha provêm : 2.-- C onstituída pelos cidadãos instruídos uii-
dos o fficia es reform ados do Exercito permanente, litarm en te nos C olleg ios M ilita re s , T iro s de Guerra.
v olu nta ria ou com pulsoriam ente, exceptuando-se os Associações e Estabelecim entos de ensino, varios re
que forem julg ad os incapazes em inspecçã.» de samb servistas e praças licenciadas do serviço n o Exercito
ou que tiverem a ttin g id o ás seguintes idades: 35
annos para os subalternos. 63 para os officiaes su 3.» C onstituída pelos dem ais cidadãos de 21
perio res e 72 para os generacs; b) dos o fficia es re a 30 annos de idade.
crutados entre os dem issionários d.» Exe rcito acti
vo, até 30 annos de idade; entre os estudantes das
Eaculda-U s superiores; entre os titu la do s das mes
mas Faculdades e os professores no rm a listas; entre çâo m ilita r iios Tiros de G u erra , nas Associações e
os ex-alum nos dos C ollc g io s M ilita re s ; entre os sar estabelecimentos de ensino, existe a D ire c to ria Gera!
gentos effectivos do Exe rcito ; entre certos volunta- d o T iro de G uerra (D . T .), com séde na C ap ital
da Republica.
C nnstituem forças auxiliares do Exe rcito de 1 -1
lin h a : a P o lic ia M ilita r e C orpo de Bom beiros da Exe rcito de 2.» Unha - F c on stitu ído pela G uar
C ap ital Federal, bem como as fo rças policiacs dos da N acional e sua reserva.- A ttin g id a a idade de
Estados, que tenham contracto com a U niã > na fô r 30 annos o cidadão passará a pertencer á Guarda
ma da Lei de 3 d:- Janeiro de 1017. Para este fim . N acional durante sete annos e em seguida á reserva
estas fo rças dos Estados deverão te r organisaçâo e f fi desta durante ou tros sete annos. O E xe rcito de 2.-’
ciente a ju iz o do Estado-Maior do Exercito, podendo lin h a é destinado a reforçar o de I.» linha e a de
ser incorporadas ao Exercito em caso de mobilisação sempenhar certas missões e serviços que interessam
deste e durante as manobras. á defeza geral do Paiz.
o o o o o o 242 o o o o o o
I X I l lP I NM.XC i a /. I,.\ XroSIÇAO IN lh lW M lO N M
O O O O O O '243 O O o O
/I V RO D t OI'RO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO
O o o o o o 244 o o O
PAVILHÃO DL HONRA PORTUCi UEZ TRECHO DA SALA «THOMAZ ANNUNCIAÇÀOx
'AVILHAO DAS INDUSTRIAS DE PORTUGAL
'N D hP E N D E N dA / EXPOSIÇÃO /V i IO SAE
b) D os officiaes e praças das q u a tro armas com Na realidade esses num eros não existem , pois
batentes; não são provisoriam ente organisados na In fa n ta ria :
c) D os officia es e praças dos diversos Serviços: iim R I., tres batalhões de infa n ta ria m ontada e qua
d ) D o pessoal dos contingentes especiaes. tr o Q . G . de brigada; na C a v a lla ria : um Q . G . de
D ivisão, dois Q . G . de briga da e qu atro deposito;-,
de rem onta; na A rtilh a ria : um R. A. M , tres R.
As unidades de tro p a s io d is tribu íd as em b D i A. P. do Exe rcito , tres G A. C., tres G . A M :,
visões de In fa n ta ria , 3 D ivisões de C ava lla ria . 1 B ri os terceiros grupos de A. M ., os segundos e te r
gada M ix ta c unidades independentes. ceiros dos R. A. P. div is io n á rio s , e tres Q . ü . de
A D iv is ã o de In fa m a ria ( D . I.) com prehende: 2 brigada; na Engenharia: um B. E. e um esquadrão
brigadas de in fa n ta ria : 1 briga da de a rtilh a ria ; I Re de transmissões.
g im en to de c ava llaria d iv is io n á ria ; I batalhão de Os Serviços são /o rm ad os com elementos com
engenh aria, 1 esquadrilha de observação. batentes ou não que se grupam conform e a na
A D iv is ã o de ( 'a v a lia ria (D . C .) comprehende: tureza do concurso que devem prestar na preparação
2 brigadas de c a v a lla ria ; 2 gru po s de a rtilh a ria a ca das providencias necessarias ás decisões de comman
vai lo ; I batalhão de in fa n ta ria m on tad a; I esqua do ou dos recursos de que devem prover as forças
drã o de transm issões; 1 esquadrilha de observação. para satisfação das suas necessidades.
.1 B rig a d a M i M a com prehende: 3 batalhões de Os Serviços são os seguintes:
caçadores; 2 R egim entos de cavallaria independente;
1 R egim ento de a rtilh a ria m ix ta ; I B atalhão de en
ge n h a ria ; I esquadrilha m ixta de aviação.
A In fa n ta ria com prehende: 12 Regimentos de j lações do command i
In fa n ta ria , 2*1 Batalhões de caçadores, 3 Batalhões
de In fa n ta ria M ontada. 2 Com panhias de Estabele
cim ento.
O R egim ento de In fa n ta ria compõe-se de '3 ba
talhões de infa n ta ria e 1 companhia de m etralhadoras
pezadas; o batalhão inc orporado, de 3 companhias
de in fa n ta ria (-4 em m obilisaçâo) e 1 pelotão de í que se referem á re
m etralhadoras leves; a companhia de m etralhadoras • pressão dos crimes e
I delictas e í prepara-
pezadas de 3 secções de M . P. e 1 secção de pe 1 çio dos actos civis.
trechos de acompanhamento. O B atalhão de Caça
dores comprehende 3 companhias de infa ntaria (4
em m ob ilisaçâ o) e I de m etralhadoras m ixtas O
B atalhão de In fa n ta ria m ontada com prehende 3 com (JUADRO IX » OFFICIAES
panhias e I com panhia de m etralhadoras pezadas.
A cava lla ria com prehende: 15 R egim entos de
ca va llaria independente e 5 regim entos de cavallaria
divisio n á ria . A Brigada de cavallaria com prehende o Os offic ia e s generaes dos d ifferen te s postos cons
Q - O . e 2 R egim entos de cavallaria independente; o tituem o Q uadro do E stad o- M a io r ge n e ra l; os o f fi-
R. C . compõe-se de 4 esquadrões e 1 pe lotã o de tiaes dos d ifferen te s postos, de cada arma, constituem
m etralh ad oras leves. A a rtilh a ria com prehende: 10 o respectivo Quadros dos O fficia es da Arm a. Esses
R egim entos de a rtilh a ria m ontada (a 3 gru po s de quadros compõem-se cada um de duas partes: Q u a
3 ba te ria s), 8 Regimentos de a rtilh a ria pesada, 1 Re dro o rd in a rio , Quadro S u pp lem en tar. Para os serviços
g im e n to de a rtilh a ria m ixta, 5 grupos de a rtilha ria auxiliares existem mais os seguintes quadros:
de m ontanha, 6 gru p o s de a rtilh a ria a cavallo e 8
baterias isoladas de a rtilh a ria de costa. Q uadro dos officiaes do Serviço i e Saúde,
A Engenharia com prehende: b Batalhões de en Q uudro dos officiaes do Serv!ço t e In te n d e n d a ;
genharia (a I com panhia de sapadores m ineiros, I Q uadro dos officiaes do Serviço te A d m in istra -
com panhia de ponton eiros e 1 com panhia de trans
m issõ es); I batalhão fe rro -v ia rio ; 1 companhia fe rro
viá ria isolada. 1 com panhia de aviação e 3 esqua
drões de transmissões. E mais, por m otivos excepcionaes, os tres se
C o n stitu e Tropa especial, unidades constituídas guintes quadros tra n s ito rio s : Q u a tro Q destinado
p o r o fficia e s de to das as armas e com prehendendo aos offic ia e s pertencentes ao m agisterio v ita líc io ;
12 esquadrilhas de aviação (5 esquadrilhas de obser Quudro Q E. destinado a o fficia es que. depois de
vação d ivis io n á ria , 3 esquadrilhas de caça, 3 esqua reform ados, reverteram á actividade. em virtu d e do
drilh a s de bom bardeio e 1 esquadrilha m ix ta em decreto de 3 de O u tu b ro de 1919; e Q uadro Q. t .
M a tto G rosso) e 1 com panhia de carros de assalto. destinado aos offic ia e s que tomaram parte na revo
lução de 1893.
Officiaes Praças
G arantia s As patentes e os postos são ga
rantidos em toda a sua p le nitu de (a rtig o 74 da
Infantaria C on stituiçã o da R epublica). Os officiaes do E x e r
Cavallaria cito e da Armada só perderão suas patentes por
Artilharia c condemnação em m ais de do is annos de prisão, pas
sada em ju lg a d o nos tribu na es competentes ( a r ti
Esquadrilhas de aviaçã > go 76). O s m ilita re s de te rra e m ar tem fô ro es
Companhias de carros de pecial nos delictos m ilita re s , fô ro que se compõe
Contingentes especiaes 1.645
de um Suprem o T rib u n a I M ilita r e dos Conselhos
73.938 necessários para a form ação da culpa e julg am en
to dos crim es (a rtig o 77 ).
o o o 245 o o o O o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT!VO DO CENTENARIO DA
RECRUTAMENTO E PROMOÇÃO
POSTOS Soldo Gratificação
TABELLA DE VENCIMENTOS
Coronel . .
Tenente-coronel
O O O O
o o o o o o 246 o o o o o o
INDEPENDENCIA A F.X.POSIÇAQ IN TERSAC/ONj
o Oo o o o 247 O O O O O O
LIVRO Ob OURO COM M t MORA 11VO IH I CENTENARIO DA
ESTABELECIMENTOS FABRIS
O o O o o 248 o o o o o
Na d ir , Figueiredo «.e
Os alum nus da E scola M ilita r tem o seu uni raram, por actos e palavras. O nosso im m ortal Oso
fo rm e especial, bem como as praças pertencentes ao rio , a bravura legendária, dizia «que o seu m aior
corpo de aviadores. desgosto era ver sua Patria cm luta, e achar-se em
um campo de batalha: e a sua data mais fe liz seria
aquella em que lhe dessem a n o ticia que os povos
festejavam a sua confraternisação queim ando os seus
Arsenaes . Benjam in Constant, o insigne patriarcha
CONCLUSÃO
da Republica, declarava em notável discurso, pouco
te mpo após a queda do throno, «que o dia de seu
m aior prazer seria aquelle em que o regimem indus
A traços largos, ta l é a organisação actual do tria l, profundam ente assentado e realm ente triu m p h a n
E xe rcito b ra s ile iro , após a evolução que na prim eira te, dispensasse a cooperação do Exercito, de modo
parte deixam os sum m ariam ente assignalada. A o com que fossem recolhidos ao Museu da H is to ria as ar
ple tar <> p rim e iro centenario de sua emancipação po mas em que se empregam, como elementos de des
litica, aspira o B ra s il m anifestar-se como uma Na truição, os metaes que a natureza fornece ao ho
ção organisada. pre m u nid a de todos os elementos de mem para que pela ind ustria pro lo ng ue a v ida e
vida indispensáveis para a sua inte grida de e desen conquiste o bem-estar da liberdade e do progresso' .
volvim en to. E n tre esses elementos não seria possivel A o ra ia r o p rim e iro clarão de uma data tão
de ixar de lad o o que se refere a um certo preparo cara ao coração bra s ile iro , fazemos sinceros votos
m ilita r, sem envolve r preconcebidos planos de aggres- pelo estabelecim ento da concordia entre to dos os
são a quem qu er que seja, nem absurdos sonhos de povos do Planeta, especialmente entre os que ha
bellicosa hegem onia. N ing ue m , por certo, terá o d i bitam as abençoadas plagas sul-americanas. Q ue a
reito de p ô r em d u vida o s entim ento de paz e fra guerra seja para to dos, progressivamente, uma sim
ternidade d o povo b ra s ile iro , depois de tantos exem ples hypothese anorm al, um recurso extre m o de de-
plos de seu passado h isto rico , c dos preceitos em feza. infrequente, apenas para g a ra n tir e reinteg ra r o
pro l d o arb itra m e n to inte rna cio na l, que fo i o p r i d ire ito .
m eiro a inscrever em sua .nagna Lei republicana. Volvam os, pois, as mais carinhosas vistas para o
Reconhecemos na nobre Nação argentina, como tam la rgo descortino da Paz, não como a simples cessa
bém em ou tras do continente, os mesmos generosos ção empyrie;* da guerra, precaria e adiaphora, porém
esforços para de b e lla r de to do as acrim onias e m al Paz fo rte e humana, baseada na vontade de to dos os
entendidos que p o r vezes atravancam o bom caminho homens livre s, solidam ente alicerçada nesse supre
das relações internacionaes. Os seus grandes homens mo ideal de Justiça, unico capaz de assegurar a l i
de Estado, de M itre c Sarm iento, a Roca e Saenz berdade dos povos e a soberania das Nações.
Pciia. tiv c ia m Ir.dos a supervisão d e uma larga con-
fraternisação am ericana, para c u jo fim m uito labo }0 ó — 1922.
0-0 0 O O 249 O O o o o o
S Y N T H E S E H IS T O R IC A D A M A R IN H A D E ü U E R R A B R A S IL E IR A
tres periodos d istin ctos se d iv id e a origem lusitana, naturalisados bra sile iro s, enchiam o
histo ria da m arinha de guerra brasi- quadro de officia es do corpo da armada nacional.
E o periodo - an gio -iu so-brasileiro.
O p rim e iro começa em 1821 com O segundo perio do distingue-se accentuadamentc
o —- Fico — de D . Pedro c acaba do an te rio r pelo desapparecim ento do m ercenarism o,
em 1631 com a abdicação ao scetro im p erial em favor ficando com tudo bem caracterisado o caldcam cnto
de seu filh o D. Pedro de Alcantara. luso-brasileiro, com Barroso, Tam andaré e Inhaúma.
O segundo abrange to d o o reinado de D . Pedro Por fim , o perio do republicano em que pre
de Alcantara até a proclamação da Republica1 em dom ina o es p irito genuinamente b ra sile iro , com A r
15 de novem bro de 1889 th ur Jaccguay, E duardo W andenkolk. C u sto dio de
F inalm entc, o te rce iro é o que se poderá deno M e llo , Saldanha da Gama, Ju lio de N oronha. A le
m in ar - periodo rep ub lica no . — x andrino de Alencar. Gomes Pereira e outros.
' O p rim eiro perio do caractcrisa-se pelo esp irito A historia da m arinha b ra sile ira no l . “ periodo
m ercenario que dom inava a marinha, com Lo rd T ho em que a divid im os, começa com a lucta g lo rio sa
mas Cochrane, João T a y lo r, G re n fe ll, Thompson, pela Independência, na manhã de 1 de m aio de
N orto n. Jevvet e m uito s ou tros de nacionalidade in- 1823, quando a esquadra anglo -lu so-brasileira. com-
gleza, que. com R od rig o Lô bo e alguns mais de mandada pelo A lm ira n te Lo rd C ochrane, avisto u na
O O o O <
o o o o o o 250 o o o o o o
IPI: PI. \ / ) l A I.X P O S IÇ M )
altura do C abo S a nto-A n ton io, a armada portuguesa', F inalm ente, no dia 2 de Julh o de 1823, pelas
sob o am im a n d o do C hefe de D iv is ã o João f e li x I I horas da m arhã, a en oim c esquadra luzita na fa-
Pereira de Campos. zia-se ao m ar, fo rte de 80 velas, abandonando aos
brasileiros o actual Estado da Bahia, ü que fo i a
Lig e ira refreg a, pelas 10 horas da manhã d'a- peiseguiçào da esquadra luzitana pelas fo rças navaes
qu elle dia e n tre alguns navios, p rincip alm en te com de (xH-hranc, o espaço tão re s tric to de que disp o
o Y p ira ng a, que ardentem ente se qu eria bater, abrindo mos, não p e rm itte descreve-la. M as, é justam ente
u fo go de suas peças, deu in ic io ao combate. durante essa perseguição que a h is to ria da m arinha
C om prehendéra desde log o L o rd Cochrane que no Brazil, vai encontrar a fig u ra do ga lha rd o, in
a esquadra in im ig a não tinha cohesâo e que os seus temerato e bravo aim m andante T a y lo r com a fragata
m ovim entos m u ito len tos e hesitantes, não p a rtici N ic the ro i, fic a n d o a retaguarda da esquadra luzitana
pavam da h a b ilida de que era m is ter para m anter uma fu g itiv a , até ás aista s de P o rtu g a l! De facto, era
linha de bata lh a compacta, e, im m ediatam ente a»n- de vêr como o bravo T a y lo r proseguia na sua ina u
cehe o p la n o de corta r parte da esquadra inim iga, dita empreza! Sem dar tregõas ao in im ig o pouco an
batcudo-a cm detalhe, p o r um ataque á retaguarda, tes cruel e arrogante e agora tã o amesquinhado,
sem dar te m p o que os navios da vanguarda viessem T a y lo r não trepidava um instante em ataca-lo, ora
cm soccorro. In ic ia nd o com a intre pide z habitual de pela retaguarda, ora desfilan do a contra-bordo da
seu tem peram ento fogoso o m ovim ento para cortar enorme esquadra luz ita na ! Sómente em 12 de Se
a linha adversaria, C ochrane teve o seu in te n to re- tembro, depois de m ostrar, desfraldado ao vento,
ta rdauo pela bravura da charrua inim ig a Prlnceza o pavilhão b ra z ile iro nas costas portuguesas, v o l
U i ai que, o ra orçando, ora arriba nd o, procurava em tara a legendária N ic th e ro i, desfazendo o cam inho
b a rga i-lhe o caminho. A nau Pedro I , capitanea de glo rio s o que percorrera na esteira fu g itiv a da esqua
Cochrane, a b rin do fo g o v iole nto , avançando sempre, dra luzitana.
corta a pròa d o navio lusita no , atacando pelo bordo F oi então que encontrou T a y lo r um in im ig o
opposto, em quanto a Ip ira n g a continua a castiga-lo digno do seu a rro jo : trem endo te m p oral que o o b ri
pela alheta de BB. O bravo commandante Bcaurepaire gou a picar o m astro da mesena e a tira r ao m ar a l
da corveta M a ria da G lo ria , bate-se com denodo em guns canhões, fez penosa e demorada a viagem, che
tenaz perseguição á charrua C alypso. Desenrolava-se gando sómente em h de Novem bro á Bahia a he
assim a pugna, ind iscutive lm en te favoravel á esqua roica fragata.
dra de C ochrane, quando este bravo alm ira nte per Ainda não havíamos consolidado perfeitam ente
cebe que nem todos os navios da sua fo rça se ba a nossa liidepeudencia, apezar dos grandes revezes,
tia m ! E ffe c tivamente, o brigu e R êal Pe dro não se que a esquadra de Cochrane in flig ir a ás fo rças por
bate p o r te r a guarnição quasi toda luzitana, apezar tuguesas, em varias provincias do Brasil, e já t i
dos esforços da o ffic ia lid a d e : Portugueses não se nha o p rim e iro im p erio de arcar em 1824 e 1825
batem con tra portugueses gritavam os m arujos do com os graves acontecimentos que se desenrolaram
brigue. no R io da Prata.
Na corveta Lib e ra l e no brigu e ü u a ra n y também Perdidas as esperanças de P o rtug al rehaver a
a revo lta era idêntica e esses navios assistiam im sua m aior e m ais im p orta nte colo n ia — o B ra zil —
passíveis e silenciosos ao combate. Por sua vez, era m ister aos sentim entos portugueses de p ro fun do
quando se ia de cidir da vic to ria e a nau in im ig a despeito e o d io, que a província da C is p la tin a não
I) . João V I e os demais navios da colum na prin c i continuasse a pertencer ao Brazil. C om esse p ro p o
pal, vira nd o de bordo, começavam a v ir em soccorro sito, o general D . Á lv a ro de Macedo, vendo a im
da retaguarda luzitana atacada e envolvida, a guar possibilidade de conservar a C is platin a sob as baione
nição da C ap itan ea de Cochrane, a nau D . Pedro /, tas das suas tropas, en trou em negociações com o
estim ulada pe lo exem plo d'aquelles espectadores iner governo das Províncias U nidas do R io da Prata, no
tes da pugna, recusou-se também a fazer fogo. sentido de lh ’a ceder, antes que te -la de entreg ar
O fie l d ’a rtilh a ria , o escoteiro e um cabo de es ao Brazil.
quadra, aprisio na m os carregadores de m unição, fe O governo argentino, que sempre tinha olhos
cham os paióes, declarando: D 'a t/u i não mais sairá cupidos voltados avidam ente para o to rrã o o rie n ta l,
p o lvora para a tir a r a portugueses. ha pouco desmembrado d o an tig o Vice-reinado do
M as, a bravura do capitão-tenente João üren- Prata, sentiu-sc animado com a quasi certeza de po
le ll salvou a situação: indignado diante de tama der, afin al, dar corp o aos seus sonhos de grandeza
nha ousadia, désce aos paióes, arroja-se sobre os e vassalagem sobre aquella tã o cobiçada e bella pro-
am otinados, dom ina-os, e os leva ao convez, onde
são postos a ferros. Era m in is tro do E x te rio r das Províncias U n i
Seria inom inável im prudência c inepta te m eri das do Rio da Prata, B e rnardino R ivadavia, o p rin
dade, em face da situação m oral que aquelles factos cipal instrum ento de in trig a e in s tig a d o r dos orien -
patenteavam, con tinu ar o A lm ira n te Cochrane o com taes contra os brazileiros, além de ser o tnais fe r
bate. H ab ilm en te , pois, resolve ir pouco a pouco re voroso adepto da reoonstituição do a n tig o Vice-rei
tirando-se d o campo de batalha, o que fo i fe ito com nado do Prata, cuja capital seria a cidade de Bucnos-
m uita calma e naturalidade pe rm ittid as pela m ani Aires. Em 1 de A b ril de 1823 o S yndico de M on te
festa covardia da esquadra luzitana, esmagadoramen video, lançou um m anifesto ao povo, pedindo que
te sup erior á bra sile ira . se manifestasse livrem ente sobre si desejava a inde
Seguindo para o M o rro de São Paulo, nas pro pendência ou si queria con tinu ar u n id o ao Im pe rio
xim idades d o p o rto de São Salvador da Bahia, C o do Brazil.
chrane to m o u desde lo g o as mais justas e en érgi O ple biscito fo i quasi unanime a fa v o r da in
cas u iid id a s , a fim le afastar novos perigos de suble corporação da C is p la tin a ao B razil e com isso mais
vação, estabelecendo a lli a sua base de operações e accirrados ficaram os argentinos n o seu od io ao Bra
inician do o b lo q u e io da Bahia com absoluto successo zil, alim entado com calor e p e rfid ia pelos agentes
F oi d u ran te esse blo qu eio m em orável, que surgio de P o rtug al, manejados sem escrúpulos pelo general
entre os h e rois dos herois, o typ o e x tra o rd in a rio de D. A lv a ro de Macedo.
João das Botas, o pescador do Reconcavo baiano, Por m il processos de intriga s e subornos, os
o m arin h e iro arro ja d o como Sourcouf, que tantas argentinos e D . A lvaro, conseguiram fraccionar o
proesas p ra ticou , como no ataque de 22 de M aio C ab ild o e o b tid o isto, R ivadavia envia im m ediatam en
de 1823 :í f lo t ilha luzitana, em fre n te a O laria, e te ao R io de Janeiro o agente José Va len tim G o
por cu jo successo ina ud ito fo i pro m o vido p o r Lord mes, com o fim de tra ta r da recuperação da C ispla-
Cochrane ao p o sto de capitão-tenente da Armada.
O O O O O O 251 o o o o o o
LIVRO OE o n I tM ME MORA i "E N TE SARtO OA
Felizm ente, porém , as disposições do p a triotico O segundo pe rii do, sem duvida m ais fecundo
e sabio governo de José Bonifacio, C unha M o re ira e proveitoso ao progresso das nossas forças navaes
e M a rtim Francisco, eram inabalaveis no p ro po sito do que o an te rio r, exig ia desde os seus prodomos
de fazer s ah ir de M on tevid éo as tropas portug ue que o governo im p erial cuidasse com carinho de
sas, que a lii pareciam perpetuar-se. A 17 de M ar augm entar o nosso poder naval, base unica sobre a
ço as trop as fie is ao im p ério davam-lhes a p r i qual se devia assentar a grandeza do B ra sil, a sua
m eira e rude lição em Puntas de T ole do e no tra n q u illid a d e e segurança no continente sul-am eri
dia seguinte as repelliam victoriosam ente em Las cano, principalm ente depois do com prom isso que assu
Piedras. A 12 de A g osto pa rtia para as aguas do m íram os de g a ra n tir a independencia da R epublica
Prata a refo rça r o blo qu eio o brigue C acique; a O rie n ta l do U ruguay. Para uma p o litic a activa, v ig i
14 a corveta L ib e ra l; a 16 o brigue G u arani e mais lante e preponderante no Rio da Prata a que nos
as escunas L e op old ina e Seis de F evereiro. conduzio a fa talidade historica, de que é in ú til que
Apezar de tudo, entretanto, em 20 de O u tu b ro rer fu g ir, m ister se fazia que pudéssemos m anter
o C a b ild o de M ontevideo declarava n u llos os actos nas soas aguas uma estação naval considerável.
que annexaram a C isplatin a ao Brazil. Varios encon E ffe c tivamente, o segundo im p erio compreheu-
tro s navaes se fe riram defronte de M ontevidéo, em deu sempre a necessidade de increm entar os serviços
que os navios bra zile iro s sahiram sempre victoriosos, navaes, accrescendo de con tinu o as forças com que
até que em 18 de Novembro, D . A lva ro de M acedo tinha ainda de enfren ta r grandes e graves aconteci
assignava um a convenção, pela qual se obrigava a m entos, sobretudo, para contrabalançar o estado de
p a rtir para P ortugal com os seus regim entos. Mas, penuria em que nos u ltim o s annos de governo de
a cizania cujo germeni havia semeado aquelle general D . Pedro I, ficára a esquadra brazileira.
luzita no entre orientaes e brasileiros, m edrara com Foi em 183-1 que o alarm a d o nosso enfraque-
espantosa fe rtilid a d e a respeito da annexaçâo da Ban cim ento iiiiv a l, ■encontrou um éco retum bante atra-
da O rie n ta l, como provincia b ra zile ira da C isplatin a \ és do rei a to iio de R otirigu c s I\ rres, então m in is-
Por seu tu rn o, o governo argentino não de tr o da ma rinha Dessa época en1 dia nte a marinha
sanimava e insuflado, prom ettendo e alim entando a brazileira começou a ser object o de grandes pre-
vaidade, a ignorância e a avidez de m ando do coro occupações dos estadistas do im p erio, e apezar de
nel o rien ta l João A n to n io Lavalleja, expulso do exer tudo. de 1835 a 18-15, durante os dez annos de
cito b ra z ile iro , por in d iscip lin ad o, architecta o plano revolução na pr ovincia do R i.t ( irande do Sul, que
de, em se aproveitando desse caudilho, c o n flag rar a se alastrm i até o p o rto da Laguna em Santa C atha-
pro vin cia C isplatin a. rina, não fo i pequeno o contingente de força naval
La valle ja c um p riu a sua missão, e, na n o ite de que a sua repressão e x ig io e não m enor o papel
18 de A b ril de 1825. com tr in ta e tres obscuros com representado pela m arinha de guerra, nas operações
parsas, embarca em do is lanchões na costa de São m ilitares.
Isidro em demanda da margem opposta, onde chega De 1847 a 1850 o progresso na construcção
no dia seguinte pisando te rra ás proxim idades do naval indigena acrentuou-se de maneira notável, e
a rro io Agraciada. no Arsenal de M arinha do R io de Janeiro, nessa
Estava conflagrada a C is platin a e este pé rfido epoca, o governo im p erial fazia co n stru ir, sob o mu-
acontecim ento in su flad o pelo governo argentino, le d e llo do I) . A f/o n s o , construído na In g la te rra em
vou o B ra z il a declarar a gu erra ás Provincias U n i 1847, tres navios a vapor que foram baptisados com
das do R io da Prata, em nota de 13 de Dezem bro os nomes de Pedro I I . Paraense e R ecife.
de 1825 - Iniciava-se assim a glo rio sa campanha Em 1850, pela p rim eira vez no Brasil, fo r
conhecida pelo nome de C.a-npanha da C is p la tin a , mulou-se um program m a naval de novas construcções,
com o blo qu eio rig oro so e effectivo que a 21 de ideado pe lo então m in is tro da m arinha V ie ira Tosta,
Dezembro era n o tific ad o aos commandantes das fo r barão de M u ritib a , infe liz m e n te fa lle c id o ha dias
ças estrangeiras nas aguas platinas. a bo rdo d o vapor b ra z ile iro B a gc, quando pretendia
v o lta r ao Brazil para assistir aos festejos d o cente
Tres annos in in te rru p to s durára a rude cam n a rio da nossa independencia p o litica . E ra um vasto
panha, em que a m arinha bra zile ira se cob rira de e rico program m a naval, que, em p a rte não poude
g lo ria s , apezar dos grandes erros com m ettidos na ser concluído porque nesse in te rim fo i o governo
direcção superior, que, p o r nossa infelicidade, veio im perial forçado a declarar gu erra ao dicta d o r Rosas,
recair ás mãos inhabeis do alm irante R od rig o Lôbo, de Buenos-Aires, alliando-se ás P rovincias platinas
de quem dizia Brant Pontes em carta a José B o n i sublevadas contra elle pe lo general U rq uisa . Para
fa cio s er: o mais ign oran te , covarde e im m o ra l, den essa campanha, da qual sobresai o fe ito memorável
tre os ofticiaes da m arinha portuguesa ao serviço do do forçam ento do passo de T on ele ro , em 17 de D e
Brazil. zembro de 1851, pela divisão naval b ra sile ira , com-
Não fosse, porém, a supremacia m oral que o mandada em chefe pelo alm ira n te G re n fe ll, fo i m is
Brazil poude desde o p rin c ip io g a ra n tir com a força te r grande esforço do go vern o im p erial para m oh ili-
dos seus u rx io s e o resulta do dessa campanha não sar a esquadra brasileira, que deveria fornecer 17
te ria s ido a independencia da Banda O rie n ta l, mas navios com 203 canhões, além dos 4.000 homens
sim a sua incorporação ás Provincias U nidas do R io de tropa, conform e a alliança de 21 de Novem bro
da Prata, e quiçá, o restabelecimento do Vice-reinado de 1851 e artigos addicionaes de 25 do mesmo mez
d o Prata ou mais modernamente, como nos diz Sar- e anno, que o Brazil. U ru gu ay, E n tre-R io s e C orrie n-
m iento, na sua celebre A rg y ro p o lis — E stad osU nid os tes, haviam assignado.
da Am erica do Sul. Nessa época a força naval b ra sile ira era repre
E n tre alguns revezes parciaes que soffrem os no sentada p o r 40 unidades, sendo 10 a vapor.
m ar peia acção resoluta, a bravura de B row n, Ro Mas, si o segundo im p e rio m u ito se interessou
sales e Espora, alliad os aos graves erros accumu- pelo desenvolvim ento das nossas fo rças navaes. com-
lados p o r nós durante a campanha e aos vícios o r tudo, os seus progressos fo ra m lentam ente se ta-
ganicos da nossa força naval, moldada nas vetustas zendo s en tir, pois, basta d ize r que sóm ente em 1865,
instituições m aritim as de Portugal, m uitos e g lo rio sob a premencia da gu erra c on tra o Paraguay» é que
sos fe ito s dos nossos bravos officiaes e m arinheiros fo ram incorporados á esquadra navios encouraçados,
enchem a chronica dessa campanha memorável, de quando desde 1855, dez annos atraz, a m arinha en-
que saímos indiscutivelm ente victoriosos. couraçada via o seu s urto g lo rio s o no ataque a Kim-
C om a term inação da campanha da C isplatin a, hurn.
fechou-se o ciclo do prim eiro periodo da his to ria Quando, portan to , tivem o s de e n fre n ta r o Pa
da m arinha de guerra brazileira. raguay as forças navaes b ra sile ira s não se achavam
o o o o o o 252 o o o o
Pa v i l h ã o das in d u s t r ia s de p o r t u c í/ SECÇÃO DE CERAMIC/
PAVILH V ' DAS INDUSTRIAS DE PORTUGAL VISTA INTERIOR
cm estado de e ffic ie n d a be llica capax de superar ficientes nas suas tropas para esmagar os exercitos
os im m ensos ob stá culos que a cada passo Lopez ia de Lopez, sobretudo, tendo elle dispersado os seus
semeando ao lo n g o do r io Paraguay. regim entos em busca de objectivos secundarios como
F oram precisos sacrifício s ina ud itos, esforços g i os que o levaram a in v a d ir e occupar M atto-Q rosso ;
gantescos para com successo levarm os de vencida mas, porque ao exercito fa lto u fib ra á direcção su
C uruzú . C u ru p a iti, H um ay tá e T im b ó. pe rio r do commando em chefe, e porque á esquadra
Para chegar-se a esses resultados, uma actividade durante mais de dois annos faltaram os elementos
fe b ril fo i desenvolvida pela energia d o illu s tre m in is de fo rça adequados ás operações contra fo rtifica çõe s
tr o da m arinha de então o C on selh eiro P in to Lima. poderosas que obstruíam a navegação do r io Para
que soube com prehender a gravidade d o m omento! guay. c a marcha offen siva pelo te rr ito r io in im i
fa zendo com que o A rsen al de M arinha da C ap ital go, podendo-se paraphrasear o que a respeito do
e os estaleiros da Ponta da Areia, trabalhassem com b lo qu eio dos Estados Confederados, dizia o A lm i
celeridade na construcção de tres encouraçados. que rante P orter, is to é, com meia duzia de m onitores
receberam os nomes de Tam andaré, B arroso e Rio couraçados de to rres, a ousadia de Lopez te ria sido
d c J a n e iro , além de algum as canhoneiras, baptisadas esm agada em germ em.
com os nomes de H e n riq u e M a rtin s e G reenhalght M as, com a estupenda vic to ria do Riachuelo, em
De um salto , com o p o r encanto, da apathia e ma I I de Junho dc 1865. desde lo g o o v alo r e a p ro
rasmo em que v iv ia a m arinha bra sile ira , c ujo mate ficiência da nossa m arinha se patentearam. Com as
ria l o b s o le to era aque lle que o m in is tro Araúj. operações do rio Paraguay, em C uruzú , C u ru p a ity.
Brusque, em 1864, apresentava á Assem bica Legis H um aytá, Angostura, T im b ó e etc., evidenciou-se a
lativa , passou-se, com enthusiastica actividade ao tra perícia com que os offic ia e s souberam m anobrar e
halho reg enerador, que nos p e rm ittio m anter inta n u tilis a r as modernas unidades de gu erra que lhes
gível o d o m in io ab solu to dos mares c rio s, asphi- haviam sido confiadas no decorrer da lucta, sem que
xian do p e lo b lo q u e io o Paraguay. tivessem tid o antes experiencia algum a do seu ma-
A o con selh eiro P in to Lima succedeu. na pasta
da m arinh a o con selh eiro S ilv eira Lobo, a quem cou C oncluida a guerra contra o Paraguay, o governo
be p o r m ais de um anno, de 1865 a 1866, dar in im p erial teve que m anter ainda poderosa estação na
crem ento e activid ad e aos preparativos iniciados. Mas. val nas aguas dos rio s Paraguay e do Prata, até a
quem m e lh o r soube u tilis a r os ensinamentos a d q u iri term inação d o ajuste d e fin itiv o de paz entre os a llia
dos e a experiencia dos seus competentes a u x ilia dos e a republica vencida.
res, fo i o con selh eiro A ffo n s o Celso, successor do Em 1871 a nossa força naval era representada
con selh eiro S ilv e ira Lobo, o qual com adm irave! tini» por 16 couraçados e o Brasil reputado a prim e ira
a d m in is tra tiv o fe z c o n s tru ir com prestesa seis m oni potência m aritim a nas tres Americas e a quinta do
tores encouraçados, encocnmendando qu atro canho m undo in te iro - Até 1880 era ind iscutíve l a su
neiras aos estaleiros Forges et C hantiers. em França, premacia m aritim a do Brasil no continente sul-am e
alem de alguns tran spo rtes e grande num ero de e n- ricano, e os propositos da nossa po litic a desde a
barcações a vap or. C om esses elementos, o conse Independência, eram os dc conservar inta ng íve l essa
lh e iro A ffo n s o C elso, deu ás operações da esqua supremacia. Mas, quando o C hile a d q u irira dois en
dra o ne rvo v ita l que lhe p e rm ittio descm pcnhar-sc couraçados de oceano o A lm ira n te C ochrane e o
de sua m issão na gu erra contra Solano Lopez. Blanco Encalado e a A rgentina os m on itores Andes
A g u erra d o Paraguay fo i a repetição em m enor e l a P la ta, além do encouraçado A lm ira n te Brow n ,
escala da m onum ental campanha da Seccessão A m e ri c ujo nome suggestivo fazia lem brar a épica campanha
cana, que te rm in o u quando ia começar aquella. da C isplatin a, c comprava grande copia de m ate
C o m o esta, a guerra contra o Paraguay tinha ria l to rpedico, artilhava poderosamente M a rtim G a r
que ser essencialm entc flu v ia l. A lli. fo i m is ter que a cia. chave da navegação do U ru gu ay e do Paraná,
m arinha expugnasse e dom inasse o curso do M ississi- consequentemente, do seu p rinc ip al afflu e n te o Pa
pc; a q u i o curso do Paraguay. raguay. contratando também para os serviços navaes
N um a e no u tra , os exercitos que se enfrentavam o fficia es estrangeiros de reconhecida competência. ->
com he roísm o e que supportaram tantos sacrifícios, governo im perial m ui sabiamente, en trou a se pre -
si ccdheram copiosa mésse de glo ria s em batalhas occupar com o estado de deperecim ento da m a ri
m em oráveis, com o a de T u y u ty . em 24 de M a io de nha brasileira, em face dos poderosos arm am entos
1866, Lom as V alentinas e Perabebuhy. com tudo, a argentinos, cujo ob jc c tiv o m anifesto era pe lo menos
parte essencial, pre ponderante e decisiva coube ás nos disp uta r a hegemonia naval que até então des-
fo rças navaes. N o p rin c ip io da campanha, não fosse fruetavamos sem com petição. Nesse p ro po sito, pois,
o successo de B a rroso, em R iachuelo, que deu logo o governo im p erial mandou c o n s tru ir na Inglaterra ,
aos a llia d o s o d o m in io do Paraná, a invasão pelo sob a fiscalisação do A lm ira n te Barão do Lada rio e
Passo da P a tria seria im possível. D epois, quando o do constructor naval T ra ja n o A ugusto de C arvalh o,
e xe rcito fracassou no p rim e iro ataque a C u ru p a ity e dois hellos encouraçados dc oceano superiores aos
que se deteve p o r mais de um anno d e fro n te de argentinos, os quaes fo ra m baptisados com os nomes
H um aytá, fo i a esquadra, bom bardeando con tinu a de R iachuelo e A q u i dabam. Sómente com esses do is
mente as suas fo rtific a ç õ e s c p o r fim transpondo-as. m odernos e poderosos encouraçados, que a c la rivid ê n
que p e rm ittio aos exe rcitos alliados a m archa victo cia dos estadistas do im p erio indicava como necessi
riosa sobre a capitai paraguaya. C om o a esquadri dade ine lud ive l ao papel que cabia ao B rasil re
lha de D avid P o rte r, a quem o general O ran t, nas presentar no concerto das nações poderosas e res
suas M e m ó ria s , rende o m ais alto p re ito pela rele peitadas. a nossa suprem acia naval con tinu ou a se
vante collaboração n o ataque a Vicksb urgh . na cam a ffirm a r com b rilh o inexcedivel.
panha da Seccessão Am ericana, onde confessa que:
a não ser etta, não se p o da ria leva r ao cabo a cam-
ru n ha , a in da com o do bro da gente que a con c lu i o. Assim, entramos n o perio do republicano, em que
accresçentando que: P e lo m odo como c tia se ef/er- a pouco e pouco fo m os perdendo a nossa posição
lu o ii, não havia m eio de acaba-la victoriosam ente, de p rim o in te r pares na Am erica do Sul, com os
sem esse con curso ; assim também, sem a collabo- form idá veis armamentos que a R epublica A rge ntin a,
raçâo da esquadra b ra s ile ira os exercitos alliados em 1893, adquiria na Ita lia , com os 4 esplendidos
con tra o Paraguay não teriam conseguido a vfetoda cruzadores-cooraçados de 7.000 to neladas — Belgra-
depois de cinco annos de d u ro pelejar. no, P u yrre do n, G a rib a ld i e San M a r tin , com os
A gu erra do Paraguay fo i excessivamente lo n quaes nos arrancava a supremacia naval que até então
ga, não po rqu e faltassem aos a lliad os e ffec tiv o s suf havíamos m antido inta ng ív e l Dessa data até 190Q.
O O O O O o 253 O o o o O O
LIVRO D t OURO COM M L MORA TIVt J : \ r iS A R I O DA
fo ra m inúteis aos ou vido s dos estadistas republi paro para a gu erra exige, is to é, um arsenal per
canos os clam ores da o p in iã o publica e a agonia feitam en te apparelhado e as bases de operações hem
progressiva da m arinha de guerra, continuam ente pro localisadas ao lo n g o da nossa costa e preparadas
clamada pelos m in is tro s da m arinha que se succe- de m olde a attender com presteza ás necessidades
diam e pela penna brilh a n te dos mais competentes dos navios empenhados em qualquer campanha naval.
pu blicista s navaes. Sem que se com penetrem os nossos d irig e n te s de
A fin a l, em 1909 começou uma nova vida para que assini é premente e in e lud iv e l, a m arinha será
a m arinha bra s ile ira , tão cheia de ti*ádições g lo rio no B rasil um sonho para os quê a querem com
sas, com a incorporação aos seus parcos effectivos, sinceridade e a comprehendent como entendidos. En
dos navios do program m a naval de 190Õ-1907, co tretan to, da synthese histo rica da M a rin h a bra sile ira ,
nhecido pelo nome de program m a Alexandrino que aqui deixam os esboçada em largos traços, resalta
de Alencar - então m in is tro da M arinha Infeliz- como a luz m eridiana o papel proem inente, quasi
m ente, não du rou m u ito para o Brasil a g lo ria de sempre decisivo representado p o r ella em to dos os
se co llo car novam ente á vanguarda das nações sul- grandes acontecim entos que envolvem a vida do B ra
americanas, recuperando a sua perdida hegemonia sil de 1822 a 1922.
naval Em 1912 respondia a R epublica A rgentin a, Nas luctas pela independência, fo i a m arinha
com a encotnmcnda nos Estados-Unidos de dois en- que p e rm ittio to rn a r realidade o g r ito im m o rta l do
couraçados m aiores e mais poderosos do que o M i
nas Ueraes e o São Paulo, os quaes incorporados á Na campanha da C is p la tin a fo i ta mbem a m a ri
sua esquadra, novam ente e até ho je deram -lhe a su nha que im p ed iu a incorporação da Banda O rie n ta l
premacia navai na Am erica do Sul. Pouco depois ás P rovincias U nid as do Rio da Prata.
era o C h ile que também ad quiria na In glaterra dois Na campanha con tra Rosas, fo i ainda a m arinha
encouraçados e alguns subm arinos nos E stados-l'n i que fa c ilito u arrancar do continente sul-am ericano
dos, de modo que a posição d o B rasil como potência a nodoa cancerosa de uma tvran uia abom inável c
naval baixou log o ao terceiro log ar. P o r outro lado. nefanda.
a fa lta de arsenaes bem aparelhados, de depositos Na rep rissã . d o tra fic o de africanos, fo i tambem
de com bustíveis e de sobresalentes ao longo das a m arinha o unico agente leal e pre stim o so que en
1300 legoas de costa, ainda concorre sobremaneira con trou o governo, quando em prchendeti resoluta
para patentear a penúria de m eios lo g isticos indispen mente a obra benfazeja de e x tirp a r a h o rrip ila n te im
sáveis á m obilisação e deslocamento das f.>rças ita- portação de carne humana.
vaes, e evidencia o estado de defficiencia m ilita r em Nas grandes commoções intestinas que irro m
que se encontra a m arinha de guerra brasileira, que peram violentas em varias provincias d o Im pério,
já conta um século de tão gloriosa existência. coube ainda ;i m arinha restabelecer a ordem e a
E esse estado de impotência bellica naval, é o le i subvertidas. P o r fim . na guerra con tra o Para
pro du c to da im previdência dos que têm d irig id o os guay, si não fosse o d o m in io dos tre s rio s que a
seus destinos, deixando sempre para depois a re nossa esquadra conquistara, a tarefa g lo rio s a dos
solução do problem a mais im portante que o pre exercitos alliad os te ria sido im possível Foi a
o o o o o
o o o o o 254 o o o ò o o
/ V/ ) / /*/ M>/
\ / XPOSIÇÃO IX I F R \ A< ION Al.
O O O O O 255 O O O O O
EM 1822...
o o o o o 256 o o o o o
ANTONIO JOSÉ DA SILVA & Ca. — Porto.
: >«■
CENTENARIO KA INOEPE KA EXPOSIÇÃO
para, fechando um olh o e collocando no o u tro um com o successo alcançado pela Academia do M exico,
poderoso o cu lo de alcance, pro c u ra r ver o que ha cem m anifestou, em uma conversa com o Senhor de H u m
annos se passava. b o ld t, o desejo de que se fundasse uma Escola
l ‘ ois fo i, m inhas senhoras, o que eu fiz. de Bellas A rtes no Brasil. O assumpto dessa conversa
entre M arialva e H u m b o ld t, fo i retom ado em 1815
p o r Lu B ruton , am igo e confide nte de M a rialva e
que ao te m po era o Secretario P e rp etuo do In s titu
to . D epois de rapidas confabulações, em 1816, quan
do m orreu Ü . M a ria I, mãe de D. João V I, chegava
ao R io de Janeiro a M issão Franceza de Bellas A r
tes, chefiada por L u B ru to n e composta de n o ta b ili
dades e especialistas, a quem devemos os prim eiro s
passos firm es, para o m oroso desenvolvim ento da
volta i que i
elhcci EEv< poti I que Compunha-se a M issão dos artistas — João Bap
reviver mu pouco tio passado da nossa terra, lis ta D ub re t, p in to r histo rico , os dois Taunay, um
encanto m a io r de nosso e s p irito : a vida torna-se mais paysagista e m em bro do In s titu to , o u tro esculptor,
harmoniosa, o presente é suportado sem azedume e O ran d le a n de M o n tig n y , architecto, 1‘ ru d ie r, agua-
é com um "bom s o rris o que pensamos no futuro... fo rtis ta , Newuomu, com positor e O vidu, professor
Evocar é arrum ar, uma ao lado da outra, todas as
saudades dispersas em nossa m em ória. É a volúpia Esse gru p o de hom ens illu s tre s , espalhou péla
gost i de I nossa te rra um sop ro novo de vida in te llec tu al e a r
tís tic a ; não se re s trin g in d o á cidade de São Sebas
tiã o do R io de Janeiro, viajaram pe lo paiz, obser
varo M o re yra esgarçou na i icvoa linda deste vando, estudando e ensinando. A in da h o je ahi estão
como documentos de sua valia s u p erior, os livro s
de D ub re t, as faciiadas elegantes de G ran d le a n de
vivendo M o n tig n y , notadamente a do ed ifíc io da antiga Aca
demia de Bellas Artes, ho je sédc do M in is te rio da
O°rvelhosande" lãnte 'annos !** ■> penhoras
da Vida! a Vida passa, e vos retendo Fazenda, os quadros de Taunay, e in u ita cousa mais
que p o r ahi anda espalhada c abandonada, mas que
a Vida que passou... Can não deixa de m erecer o c u lto de quem procura nas
plangendas nos ouvidos... vão correndo cousas do passado os bons ensinamentos.
vultos aos vossos olhos, i,'ão correndo Gonzaga D uque, o saudoso e encantador critic o
e de auroras. e artista, — cuja recordação em m im evoca tempos
que também começam a se afastar, quando eu me
Rcsurreiçâo em todos os sientidos... nin o curioso, ouvia as lind as conversas d e lle com
melodias... e aròtnas... e payzagens... M a rio Pederneiras e Lim a Campos, á p o rta de nossa
beijos sorvidos... casa do Flam engo — escreveu em seu liv ro A A rte
B rasile ira, paginas interessantes e im m orredouras so
bre a influ en cia da missão artística franceza no Brasil.
as transfigurações da prof £ ‘í s £ . A nossa litte ra tu ra , observa o meu q u erido Ro
na ld de C arvalh o, sóm ente n o século X IX , p o r va
rias razões entrou na sua phase verdadeiram ente na
Que a emoção sentida cional. «Os acontecim entos que prepararam a inde
prefacio ás palavras que vo:Sdvo u edizVerrSOS> pendencia, não deixaram de m ovim en tar a grande
horda de intellectuaes da época — A o lad o de José
Bonifacio, M o n t’A lv c rn e e José da S ilva Lisbôa, sur
gem c se agitam num erosos homens de talento, que
deram grande actividade e im p uls o á evolução do
nosso pensamento, na poesia, na h is to ria , na eloquên
cia profana c sagrada, nas sciencias e nas artes».
A vida bra s ile ira , em 1822, e os acontecimen «Na poesia, (synthetisa R on ald na sua grande
to s que nesse anno se reg istra ra m , eram o reflexo, Pequena H is to ria da L itte ra tu ra B ra s ile ira ), sentia-se
eram a consequência na tu ra l da vida agitada e im p re ainda o in flu x o dos arcades portuguezes, cuja obra
a U niversidade de C oim bra, onde estudavam os nos
vista, que a vinda das cortes naturalm ente creára.
sos maiores esp íritos, se honrava de continuar. O
Expulsa pelos francezes em 1808, a C ôrte Por-
tu^ueza insta llou -se no R io de Janeiro, onde em arendismo lige iram e nte m od ifica do p e lo m ovim ento
de Rousseau e dos encyclopedistas, tinh a os mais
1815 resolveu fixar-se d e finitiv a m e nte, creando o
fervorosos e m elhores cultores. O sainete da es
th ro n o do R eino U n id o de P o rtug al, B rasil e A l
cola de F ilin to E ly s io perdurava nos versos dos
ga rves. nossos poetas; os Am ores, as Venus, os Thetis,
H ouve então como que uma necessidade natu os Neptunos e os Bacchos frequentavam com as
ra l, de harm onisar os negocios publicos com o p ro
settas aceradas e os louros cabellos rebrilhantes,
gresso do paiz. O governo procurou trazer para a os pesados sceptros e as rondas de menades ebrias,
te rra moça d o B ras il, o que a civilisação Europca
to dos os poemas do momento- A lição da escola m i
tinh a p ro d u zid o de mais elevado, nas industrias, nas neira não se apagara de to d o ; antes, proseguia re
sciencias e nas artes. petida com m u ito menos personalidade, apezar da
O a rtista francez, João Baptista D ebret, em seu
grande quantidade de versejadores atrazados, sem
m aravilho so liv ro Voyage p ittores q ue c t a rtis tiq u e graça, nem elegancia e s obretudo sem a cultu ra dos
nu B ré sil, sem duvida o m ais rico e interessante; re C lau dio e dos Alvarenga» (*).
p o s ito rio dos habitos c costumes b ra sile iro s da época A hi fic a pela penna deste grande escriptor o
que transcorreu e n tre 1816 e 1830, justam ente a ttin - quadro litte r a rio da época. N atu ralm en te a indepen-
gid a pelas luta s da nossa Independencia e dos re
sultados que delia advieram , escreveu na carta que
d ir ig iu aos M em bros da Academia de Bella s A rtes
d o In s titu to de França, que o Senhor de M a ria lv a , (*) Ronald de Carvalho — Pequena Historia da Li
Em baixador de P o rtu g a l em Paris, im pressionado teratura Brasileira, pags. 1Q6-107.
o o o o o o 257 o o o o o o
U VKO DE OURO COMMEMORAT WO DO CENTENARIO DA
o o o o o o 258
MDEPENDENCtA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 259 o o o o O
LIVRO D li OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
Jules Ferrario
vol. pag. 37.
(*) Dcbrct — Vol. II, pag. 44 e estampa 9.
O O O O O O 260 O O O O O O
PAVILHAO DAS INDUSTRIAS DE PORTUGAL VINHOS DE J. PEREIRA DA COSTA (V C.« Ltda.
PAVILHAO DAS INDUSTRIAS DF. P O R T ldA I. COM INI As P O k H <i l USAS
fNDFPCNDFNCIA F. DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
(*) Ver Debret — Ob. cit., vol. II, e lampa 5. (*) Debret — Op. cit., vol. II, pags. 51 e 53.
o o o o 261 o o o o o o
LIVRO DL OURO COMMEMORA T/VO DO CENTENARIO
o o 262 O o o o o
O B R A S IL D E H O JE
E P O IS das largas sinthescs elaboradas Com a Guyana H o llan dcsa : lin h a que, pa rtin d o
pelos collaboradores especiacs desta da nascente do r io C orentyne, segue pelos m ais a l
obra, sobre nossa h isto ria , nosso es tos terrenos da serra de Tum ucum aque até a ttin g ir
p irito . nossa capacidade de realização a nascente do r io M a ro n i.
du ran te o p rim e iro século de independencia po litic a C om a Guyana Francesa: serra de Tum ucum a
da p a tria, faz-se im prescindível ráp id o balanço d o que, desde a nascente d o r io M a ro n i á do r io Oyapock
que no dia de ho je representam os como nação o rg a c por este até á sua fo z no Oceano A tlâ n tic o , a
nizada em face do m undo. Procurarem os dar nas l i O. d o cabo Orange.
nhas que se seguem os traços mais geraes da phy- C om o U ru g u a y : a rro io C hu y, desde a sua
sionom ia physica, cconomica c m oral do B rasil con barra no A tla n tic o , até o a rro io dc S. M ig u e l, se
te m poraneo. O s algarism os numerosos s up prirão a g u ind o p o r este até en con trar a lagoa M ir im , c o n ti
deficiente eloquência do resumo. nua pelo m eio da mesma, passando entre as ilhas
Taquary até d e fro n ta r a ponta do Fanfa, na margem
bra sile ira , e a Po nta M un iz, na margem uruguaya,
PO S IÇ Ã O . dahi apanhando a fo z d o r io Jaguarão, seguindo pelo
th a lw e g d o mesmo até á barra do Jaguarão C hico,
O B ra sil acha-se com prchendido quasi to d o no continuando pela m argem d ire ita deste até o a rro io
hem ispherio austrai da T erra, sobrando apenas para o da M in a c depois p o r este a rro io até ás suas nas
hem ispherio s eptentrional pequena porção do seu centes; da hi. uma recta que passa pela serra do
immenso te rr ito r io . Desenvolve-se cm sua m a io r ex Aceguá, ind o en con trar o r io N e g ro no po nto em
tensão na zona trop ical, penetrando na zona te m p e que este recebe o a rro io S. Luiz, e s eg uin do por
rada da cidade de S. Paulo para o Sul. Occupa, fi- este até a sua nascente; prosegue pela lin h a dc
nalm cnte, a parte centro-orien ta l do continente sul- cumiadas que passa pelo m onte do C e m ite rio e pelas
am ericano. C ochillas S e rrilhada, Sant’ Anna e H aedo, até en
con trar o a rro io da Invernada, seguindo p o r este
até a sua barra n o Q uarah im e p o r este u ltim o até
L IM IT E S . a sua fo z no r io U ru g u a y .
Com a A rg e n tin a : trech o do r io U ru g u a y, des
L im ita-se o B rasil ao N . com a R epublica da de a fo z do Q uarahim á do Pepery-Guassú, e por
Venezuela c as Guyanas Inglesa, H ollan dcsa e Fran este até a sua nascente p rin c ip a l, passando, em se
cesa; a N E . e SE. com o A tla n tic o ; ao S. com a guida, pe lo serro de Santo A n to n io até encontrar
R epublica O rie n ta l do U ru g u a y ; a SO. com as Re as nascentes do r io do mesm o nome pe lo qual segue
publicas A rg e n tin a e do Paraguay; a O . com as Re até a sua fo z no Iguassú, c on tinu an do por este u l
publicas da B o liv ia e do P e rú ; e a N O . com a Re tim o até a sua barra n o Paraná.
pu blica da C olom bia. Com o Paraguay: trech o d o r io Paraná desde a
As actuaes linhas divis ó ria s entre o Brasil e esses fo z do Iguassú até ao S a lto das Sete Quedas, con
diffe re n te s países são, segundo Veiga C ab ra l, as se tinu an do pelo m ais a lto das serras de M araca jú e
g u inte s: Caaguaçú ate encontrar as cabeceiras d o ria cho Es
C om a Venezuela: linh a convencional que, par tre lla , no serra d o Am am bahy, seguindo p o r esse
tin d o da fo z do M acapury n o rio N egro, c orta a até sua fo z no A p a ; prosegue p e lo Apa até a sua
grande ilh a flu v ia l Pedro II, ind o até o s a lto dc fo z na margem esquerda do Paraguay, pe lo q u a l sobe
H uá, no r io M aturacá. e dahi até o c erro C up i, con até o desaguadouro da lagôa Bahia N egra, no
tinu an do pe lo mais a lto dos terrenos até as serras mesmo. ~ !^ |
de Im ery, Tapirapecó e U rucusciro, e dahi pelas C om a B o liv ia : r io Paraguay, desde o desagua
serras Parim a e M a rc h iá li, donde segue para L. douro da lagôa Bahia N egra até o po nto de sua
con tinu an do pelas serras Im enearis. Paracaima e Hu- margem d ire ita dis ta n te 9 k ilo m e tro s do fo rte de
m irid a , até encontrar a cabeceira do r io C o tin g o , no C oim bra e dahi p o r um a linh a geodesica até a ttin g ir
m onte R oraim a. o ponto que fica a 4 k ilo m e tro s a N E . do fu n d o da
C om a Guayana Inglesa: linha que, pa rtin d o Bahia N e g ra ; em seguida continua a lin h a até 19°2’
da cabeceira do r io C otin go , no m onte R oraim a, se da la titu d e nordeste c depois nara le s te até en contrar
gue para L. pelos mais altos cumes, até ás nascentes o riacho Conceição, p e lo qual segue até á lagoa de
do r io Ire n g ou Mahú. no monte Y a nk o tipú . des Caceres, cortando em seguida as lagoas M an d io ré e
cendo pe lo mesmo até á sua fo z na margem d ire ita Guahyba, até alcançar o r io Pando, e continua p o r
do r io Tacu tú , subindo depois por este até ás suas este até atravessar a lag oa U be ra ba ; da hi segue até
nascentes e, passando pelos mais altos terrenos, se o extre m o m e ridion al da C o rix a G rande e, rum ando
gue pelas serras M assary c Acarahy até a nascente de S. para N . cm lin h a recta, passa pelas corixas de
d o r io C orentyne. S. M athias e Peinado até en contrar o m o rro da
O o o o o 263 o o o O o O
LIVRO DE OVRO COM M T MOR AT IV I CENTENARIO DA
o o o o o o 264 o o o o o o
DA VEIGA & Cia. — Curityba - Paraná.
iDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O o O O 265 o o o o o O
UVRO D t OURO COM MEMORAT N O DO CENTENARIO OA
O o o O 266 o o o o o o
IN l i t PENDENCh DA EXPOS/ÇAO INTERNACIONAL
o o o o O o 267 o o o o
LIVRO D t OURO COMMEMORATIVO CENTENÁRIO DA
O o O Oo 268 o o o o o o
A. Nicolau d’Almeida & C.‘ L.a* — Porto.
IN DEPENDENCIA t DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o O O 269 o o o o o o
LIVRO DL OURO COMMEMORA TIVO .7 A7/ .V tIRIO DA
O o o o o 270 o o o o o o
INDEPENDÊNCIA DA EXPOSIÇÃO INTERS INA/.
Kims,
8,281
181,520
150,652 Estatística dos serviços te legraphico
26,000 legraphico em 1018, 1910 e 1920:
919,558
323,329
328,822
Pernamhuuo 812,448 Hum. de le/eg. S'in
Alagoas . 326,801 1918 5.358.464 98.306.375
298,923 1919
1.818,852 5.629.571 112.115.697
1920 6.555.730 127.023 890
611,353
District 173,896
Rio d< Jar 2.625,175
Minas 6.751,352
SSo Paulo 6.694,041
Paraná 1.110,267
Santa Catharir 1.074,118
Rio Grande di 2.735,238 Renda e despeza dos T elegraphos federaes em
Matto Grosso 1.167,036 1920:
Goyaz . . 203,779
22.951:15!S249
Ha, ainda, em coiistrucção 2,273.046 e em pro 24.757:4358072
jecto 7.729,047 de vias-ferreas.
2 ) C orreios:
1— Rio de Janeiro 2.517.423 1.228.313 O m ovim ento de receita e despesa geraes da Re
2— Santos . . 1.452.336 1.473.936
3— Recife 310.958 232.381 publica nos exercícios de 1918, 1919 e 1920, exclui-
4— Bahia . . 222.672 229.650 • operações de c re d ito e a liquidação da conta
5—Porto Alegi 125.799 117.393 de depositos, fo i 0 seguinte:
6— Belém . 100.917 85.339
7— Fortaleza 27.998 53.015
8—Rio Gran 89.511 49.511 >) ex e rc id o de 1918:
w—i arauagua 115.552 45!138 Ouro Papel
1—Livramento 75.793 39.203
-Maceió . 33.902 33.536 Receita ........................ 105.724:751*770 390.993:119*752
Pelotas . . 33.652 27.626 Despesa 80.002:089*568 692.602:764*158
■ -S. Francisco 46.312 21.259
5— S. Luiz . . 23.349 19.673 Saldo ....................... 25.722:662*202
6— Cabedello 13.131 14.704 Deficit 301.609:6448406
7—Uruguavana . 23.291 13.855
° Ilha db Caj 9.718 13.160
23.377 11.914 C onvertido 0 saldo ouro ao cam bio m édio an
20— Florianopolis 9.256 8.638 nual de 12 7/8 d., dá 53.942:4 22 *26 9.
21— Natal . . 5.781 6.781
22— Corumbá Deduzindo-se esta quantia do d e fic it papel, fica
5.719 6.275
23— Foz do Igua 12.969 5.516 este reduzido a 247.667:222*137.
24— Quarahv . . 5.226 4.075
25— Itaqui .. 7.043 2.159
26— Araraiií . . 1.831 2.385
27— Parnahyba . 2.205 1.913 2) ex e rc id o de 1919:
Ouro Pape!
TELEG RAPHO S E C O R R EIO S . ........................ 86.372:191*000 446.693:741*882
....................... 122.274:990*923 676.758:267*331
As cifras abaixo dizem o que foram e o que ^ Deficit .................... 35.902:799*923 231.064:525*449
valiam no anno de 1920 os nossos serviços de T e
legraphos e C orreios.
C onvertido 0 d e fic it ouro, ao cam bio annual
médio de 14 7/32 d. 30 .948:213*533 q u e . addicio-
!) Telegraphos nados ao de fic it papel elevam-no a 262.012:738*982.
O O O O O O 271 0000
UVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENTENARIO
bancaria.
ÜÜÜSSSS
ii 175 615:580*000
O O O O O O 272 o o o o o o
J. M. DA FONSECA, SUCS. — Lisboa.
PARTE II
A V O Z D A IM P R E N S A
A grande data do primeiro centenario de nossa eman de lavrar a terra que se offerecia tão cheia de riquezas
cipação politica foi commemorada pela imprensa brasileira
de modo altamente candigno. Quasi todos os jornacs e re O Brasil prosperou, plantando canna e exportando as-
sucar, e explorando também o páo-Brasil, resinas e gom-
vistas da Capital da Republica, como dos differentes Es mas, o fumo, o algodão e mais tarde o café e outros
tados, publicaram no dia 7 de Setembro grandes edições productos.
cspeciaes. Constitue verdadeiro e inapreciável thesouro o Nas revoltas de Beckman, na guerra dos mascates e
acervo dos longos estudos estampados nâo só nessas edi dos emboabas, como nas lutas entre os jesuítas e os pau
listas destemidos, se creou e desenvolveu o espirito nacional
ções cspeciaes mas durante todo o período das comme- que animou os combatentes que expulsaram os Hollande/es,
morações, balanceando nossa vida de nação livre em todos os Francezes e todos os piratas que bordejavam a nossa
os ramos de actividade nos cem annos de esforço decor costa immensa e em dons séculos inteiramente occupada
ridos. oom a maior parte do grande territorio que hoje constitue
o Brasil e o justo orgulho dos Brasileiros.
Na patente impossibilidade de enfeixar por inteiro As capitanias foram sendo substituídas pelo poder cen
nestas paginas esse magnifico thesouro, damos, a seguir, tral absorvedor, á proporção que as proprias ideas poli
resumos c extractos de alguns artigos mais importantes, ticas iam evoluindo na Europa. Com Pombal, tivemos todo
para o que pedimos a devida venia aos seus illustres auctores o vigor do systema mercantil, com os seus erros e as van
tagens que na época offerecia.
e aos brilhantes orgãos da imprensa patrícia. Depois os patriotas protestaram contra o regimen op
Servirão ainda taes extractos e resumos para supprir pressor dos monopolios, o regimen que prohibia a fabri
possíveis deficiendas do balanço por nossa vez organizado, cação de certos tecidos c artefactos, da cultura de certas
e que offereccmos aos leitores na primeira parte do Livro plantas e centralizava na metropole quasi todo o commercio
do Brasil.
Com todos esses processos de protecção e por causa
delles mesmo, o Brasil prosperou, porque se differençou.
Fazer differente é tornar-se necessário.
O regimen prctcccionista dos tempos coloniaes nos es
pecializou na producção de artigos tropicaes e matérias
primas, e fo i um bem.
SETE DE SETEMBRO Quando o Principe regente veio para o Brasil en
controu o que pouco antes os Vice-Reis ainda nâo tinham
deparado: uma mentalidade nova.
O Jornal do Commenio de 7 de Setembro, referindo- O movimento libertador que sacudira a Europa e a
se á data de nossa independência politica publica longo e America do Norte contagiára as classes lettradas do Brasil.
minucioso artigo sobre os factos mais ligados a esse acon A leitura dos mesmos livros produzira uma mentali-
tecimento, não só os que antecederam a elle como até os uade idêntica, e o exemplo das revoluções suggeria a ap-
mais recentes. Trata successivamente das nossas possibili plicaçâo immediata das novas idéas.
dades de progresso preditas por D. Pedro I e confir Os compêndios que dão a carta régia de 28 de Ja
madas pouco a pouco pelo tempo, da nossa riqueza, do neiro de 1808, abrindo os portos do Brasil ás nações
desenvolvimento do nosso commercio e da nossa industria amigas, fazem sem o querer um symbolo: o symbolo ver
e principalmente dos acontecimentos que nos predispuzeram dadeiro da mentalidade nova do Brasil dirigindo os an
ao 7 de Setembro e dos que resultaram delle. Assim conclue tigos soberanos. D. João e D. Pedro, Principes de Por
o articulista esse topico: tugal, foram desde então os instrumentos da intelligcncia
brasileira despertada pela renovação intellectual do mundo.
«O progresso do Brasil, em tres séculos, da primeira E foi nessa atmosphera de vida nova, que os dous Prin
colonização á independencia, fo i notável, uma obra-prima cipes portuguezes, com superioridade de espirito e com-
de colonização, que honra os Portuguezes e que enthu- prehensão perfeita da fundação de um grande Imperio,
siasmou Adam Smith na sua obra classica escripta nos presidiram a elevação do Brasil a Reino, apenas unido
meados do século X V III; e em um século de independencia a Portugal, á independencia e finalmente a completa se
tomou um impulso que se veio accelerando, num esplendor paração politica da velha metropole.
crescente, até aos nossos dias. E é por isso que podemos D. João VI, vindo para o Brasil, abrindo os portos,
dar com orgulho o balanço do que fizemos como nação abolindo os monopolios de producção e de commercio de
nesta grande commemoração do primeiro centenario da nossa Portugal, extinguiu o regimen colonial.»
independencia c separação de Portugal.» A nossa situação nos fins do século X V III era supe
Em seguida, refcrindo-sc «aos que fizeram o Brasil», rior incomparavelmente á das colonias livres da America
mostra como a fascinação das viagens' e a ansia de descobrir do Norte, diz o Jornal do Commercio. Entretanto outros
novas terras, era innata nos portugueses. Mostra ainda o factores apressaram mais tarde o progresso dos Estados
que foi a evolução colonial do Brasil. . Unidos: «recursos naturaes á mão, hulha, gaz expontâneo,
«A colonização do Brasil foi tacteante a principio mas petroleo, proximidade de uma metropole mais populosa,
depois se systematizou. Houve consciência da creaçâo de instituições livres, influencia immediata das ideias dos eco
um grande paiz, e os colonos portuguezes, transportando nomistas.» A verdade porém é que desde o XV II século
sementes e gado adaptaveis, tiveram a previdência da nossa revelávamos uma consciência nacional ainda inexistente nos
grandeza — a especialização desses productos. povos americanos. Simultaneamente o nosso progresso ma
As entradas e as bandeiras e depois o trafego dos terial se desenvolvia de uma maneira verdadeiramente as
negros eram os meios para obter a mão de obra capaz sombrosa. Quando os Estados Unidos proclamaram a sua
o o o o o o 273 o o o o o o
LIVRO n u OURO COMMEMORATIVO PO CENTENARIO D ,
Independência éramos já os maiores produclorcs de assucar O Brasil já é o que é, já é o que o resumo que
do mundo. acabamos de fazer d emonstra: uma potência politica na
«O proprio desenvolvimento dispersou os núcleos de sociedade das nações. um leader da civilização americana.
io mundo. Entretanto, apezar de sua
povoamento, que se foram espalhando e assegurando, sem dc direcção, todos dizem em 1Q22,
o querer, a posse do maior patrimonio territorial que sem »m 1700 ou cm 1600: - Que futuro
interrupção pertence a uma só nação.
Os Portuguezes e os Brasileiros começaram, ainda no g r * " a s *0nossas perspectivas e possibilidades são tamanhas
teculc XVI, a cultivar e a extrahir o que a Europa pre- cue tendo realizado tanto, ainda somos tratados como força
cizava e já não era possível ir buscar mais na India. do 'futuro, não que já sejamos força agora porque a do
da :
çio < futuro será a maior de todas!
mundial a India longinqua e sem organização.
A Europa preci/ava de assucar, de café,
de pedras preciosas, de madeiras, de resinas, '
O Oriente não os poderia ina!" *—---------- "
a America que fo i succedendo á i todo o Oriente.
Dahi o nosso rapido progresso. A GLORIA DOS LIBERTADORES
No fim do nosso periodo colonial, quando D. João
veio para o Brasil, a nossa cultura de assucar não era
mais a primeira do mundo, mas florescia e exportava;
as do fumo, do café, do agodão, esltavam prosperas, umas A ephemeride dc hoje nos conduz insensivelmente á
porque a guerra da independencia americana separara os contemplação agradecida e religiosa do; grandes vultos que
mercados europeus de suas concurrentes; outras, porque construiram c consolidaram o Brasil livre.
só no Brasil encontravam terras vcrdadciramcntc apropria Surge logo, antecedendose a todos o Primeiro Pedro,
das. A extracção do ouro era ainda abundante e productiva; intelligencia aquilina mas inculta, a que realçam elevados
e assim o paiz inteiro já contribuía para o consumo uni- dotes artísticos, cheio dc grandes rasgos generosos, planta
silvestre nascida sem cultura liberal»; activo, voluhel e
A abertura dos portos deu um impulso novo, embora um tanto vaidoso e bastante franco» obedecendo ás insti
as complicações na Europa diminuissem depois a sua capa gações de real amor á gloria, bravo como leão, a quem
cidade de absorpção de productos americanos.» primeiro deveu o Brasil a independencia e Portugal a li-
O articulista descreve cm seguida a proclamação da
nossa Independencia e a evolução da nacionalidade brasi
leira durante o Imperio. Mostra como a Republica não que
brou essa evolução natural importando uma constituição
politica extrangeira. .
«A continuidade do Imperio na Republica está na pro
pria Constituição republicana. O codigo de 24 de Feve
reiro não é mais do que o enxerto das ideas predominantes
do espirito constitucional norte-americano, na esplendida
obra-prima de factura e de tcchnica — na solida procla
mação de direitos individuaes da Constituição do Imperio.
Não houve cópia dos Estados Unidos; houve remodelação
da Constituição imperial, de accòrdo com a evolução poli-
Toda a belleza dc fórma, toda a simplicidade, todo
o rigor de technics, todo o methodo maravilhoso da Consti
tuição da Republica são calcados na Constituição imperial;
cila é, portanto, uma adaptação, uma continuação, uma
tradição, c não a cópia de um codigo extrangeiro.
O Brasil desenvolveu-sc com a nova liberdade. Assim,
um século depois da proclamação da independencia c sepa
ração de Portugal, podemos olhar com orgulho para o
passado, com alegria o presente e com segurança o futuro.
O Brasil de hoje é bem digno do dos nossos maiores
e as gerações futuras só terão motivo dc honra ao estudar
o que vamos realizando.»
Faz em seguida uma serie de considerações sobre a
nossa situação actual encarando com optimismo o nosso
«Hoje a nossa fortuna se consolidou e a nossa men
talidade se firmou. Se os nossos jornacs não tem a tiragem
dos dc Buenos Aires, somos dos paizes da America Latina
> que publica mais livros sobre todos os assumptos.
i litteratura i . Os r
apparecem
celebres da Europa. Os nossos juristas são classicos ei
toda a America c o nosso Teixeira de Freitas não foi
só o pai do nosso oodigo como do da Argentina.
Com Bartholomcu de Gusmão, o Brasil indicou a pos-
-sibilidade de navegar nos ares, e oom Santos Dumont
definio e creou o dirigivdl e o avião.
A nossa engenharia demonstrou sua perícia na cons- uc painoias iiiusircs. os cneies uo musimc-mo '
trucção diffic il e accidentada das nossas estradas de ferro. que promt a cu n I ico Jnse Joaquim da Rocha, intel-
Se não temos escolas primarias em proporção á po liccmia brilliant.-, homem dc .ihucuacãn. apaixonado da inde
pulação em idade escolar, a frequcncia augmenta por toda pendência Frei Sampaio no qual se concrctisava. perfei-
a parte e o que fizemos nos ultimos annos é considerável. tamente. o alto e esclarecido patriotismo do clero brasileiro
O ensino profissional e technico começa a dar os seus na época >. eloquente como raros, verdadeiro inspirador
primeiros resultados, e nas nossas escolas superiores e
nos collegios secundarios que nos vieram do Império ou Januario da Cunha Barbosa, intelligencia não menos
se fundaram na Republica altos espíritos mantém a tradição dúctil realçada pela cultura, homem de palavra facil e
do nosso ensino.
Aqui, nos primeiros tempos do Imperio, vieram apren portuguez que apaixonadamente amou o Brasil, desde a
der os jovens das melhores familias do Prata. transmigração ás nossas terras, coração generoso, cabeça
Somos os maiores produetores de café do mundo; os formosa, caracter feito dc lealdade e philantropia: Luiz
segundos de milho, os da melhor borracha, os terceiros do Pereira da Nobrega. ardoro.o. enérgico, apaixonado, inculto
cacáo, os primeiros da herva-matte, seremos com tempo mas clarividente; Domingos Alves Branco Muniz Barreto,
os primeiros do algodão; temos o terceiro rebanho bovino cheio de ideas generosas, illustrado c sincero
do mundo, os mais variados fruetos para oleo. As nossas Cxteriorisando a firme directriz da mentalidade bra
reservas florestaes são incomparáveis, os nossos rebanhos sileira sequiosa de dcsaggrcgação lusitana surgem-nos Hip
de gado ovino, caprino e cavallar grandes c em desenvolvi polyto da Costa, patriarcha da imprensa, refugiado cm
mento. Produzimos e exportamos assucar, arroz, feijão, Londres a inspirar os ideacs da liberdade aos seus patrí
couros, pelles, manganez, mica, mandioca, carnaiiba, fu cios e ao mundo lusitano cm geral
mo, frutas para mesa. Nicolau Vergueiro, outro portuguez para quem a patria
A nossa industria manufactureira é a primeira da Ame era a nossa, defendendo-a ardorosa e eloquentemente no
rica Latina e occupa o 20o lugar no mundo. plenário das Córtes de Lisboa; Cypriano Barata, singular
No oonfronto da exportação de todos os paizes da personagem, montanhez da Revolução franccza cstramalhado
terra, occupamos o 15° lugar, sendo dos mais jovens. pelo Brasil, patriota arrouhadissimo. cheio dc tanta intelli-
O O O O 274 O O o O O O
INDEPENDENCE t DA EXPOSIÇÃO INTERNA ~!ON,
O O O O O O 275 O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA
Gabriel. Pedro Antonio Nunes, officiacs gcneracs de terra e jantes. foiçavam a humanidade dominada a confessar seu
mar cujos (eitos forcam a divisão portugueza de d. Alyaro assombro e a rogar a misericórdia dos céos
de Souza de Macedo a capitular c a abandonar a província Foi esse o inicio das religiões, em que. mais tarde
brasileira. „ ., se apoiaram o direito, as leis c o sentimento civilisados
Não (oi com proclamações e manifestos que o Maranhão dos povos, sahidos da contemplação alarmada para o tra
e o Piauhy se tornaram brasileiros, sabem-no os que da balho consciente da sua adaptação integral ás normas pre-
historia do Brasil conhecem um pouco mais que os rudi sentidas de um destino, que embora silencioso, não poderia
mentos- Effusão de sangue abundante custou a posse destas ser deslembrado
duas províncias, sangue de centenas de martyres da inde Nessa incrustação do ideal nas peripécias triviaes da
pendência brasileira cuja memória deve ser hoje. mais do vida. com suas alegrias e seus pezares. seus anccios e suas
que nunca, recordada ás gerações presentes.
Chefes do movimento libertador figuram em seu pri movimentos humanos, as nações supremas guiadoras da busca
meiro plano Manoel de Souza Martins, futuro visconde de da felicidade sonhada c nutrizes da acti\ idade progressista;
Parnahyba. Joaquim de Souza Martins e Manoel P- de nclla se retrata, como num candor de alvoradas, o ímpeto
Miranda Osorio, do governo provisorio de Ociras: João ascencionado que nos leva das planicies aos cimos, cm cuja
Candido de Deus e Silva. Simplicio Dias da Silva, os cabe eminencia augusta os olhos curiosos divisam linhas sem
ças do movimento de Parnahyba; Salvador Cardoso de termo de horizontes novos que o pensamento devassa, na
Oliveira, João da Costa Alecrim. Luiz Rodrigues Chaves, ficção, na esperança, no amor
l-rancisco Ignacio da Costa. Alexandre Ncry Pereira Nereu, Todas essas phases differentes da asccnção do espirito
os bravos vencidos do combate sangrento de Gempapo. humano das contingências do existir terreno para uma ideo
em que armados de chuço c machados atacam os nossos logia prestigiosa cm que seus anhelos se condensam, cor-
patriotas. 1.600 homens de linha e onze canhões. Jose Pereira porificam e acabam por constituir o fundo da mentalidade
Filgueiras c Tristâo Gonçalves de Alencar Araripe que tra basica. de que derivam os caracteres proprios do meio
zem o soccorro cearense aos soldados da Independência social, no ponto de vista da psychologia dos povos, se
e acabam forçando Fidié á capitulação de 31 de julho acham natiiralmcnte vinculados, umas ás outras, por certo
de 1823. em Caxias. traçado de independências incluctavcis. amarradas, á tra
Não esqueçamos ainda os arautos da libertação brasi dição do passado pela tenacidade da memória commum;
leira fóra do paiz. estes deputados ás Cortes que se não mas. também, dessa recordação indelével cilas emigram, nas
tiveram o destaque de Antonio Carlos. Vergueiro. Lino Cou- azas do pensamento c nas arpagens do desejo, para a
tinho nem por isto foram menos dedicados á causa nacional previsão da posteridade, formada, segundo a variavcl fan
como o douto padre Francisco Agostinho Gomes, as bellas tasia que se solidou na crença ou se engastou na espe
intclligcncias de José Ricardo da Costa. Aguiar de Andrade. rança. pelos m il matizes da tinta ideal que a palheta do
Antonio Manoel da Silva Bueno, o revolucionário pernam Destino amassou nas suas perspectivas de grandeza
bucano de 17. padre Muniz Tavares, o padre José Martiniano Presa ao que foi. e. votada ao que ha de ser. a alma
de Alencar. Manoel do Nascimento Castro e Silva. Fclippe dos povos percorre as regiões encantadas do sonho, levando
Alberto Patroni, o intclligentissimo procer do movimento comsigo essa ideologia magestosa. que se lhe tornou substan
constitudonalista no Pará e no Brasil. . . cial e encastoou na mesma urdidura da sua essencia. na
A quantos brasileiros cheios de serviços eminentes esta mesma forma peculiar do seu viver . .
remos a fazer a injustiça involuntaria de lhes não recordar Não ha despegal-a da sua casa espiritual, onde ella é
o nome c relembrar a divida de gratidão que para com elles amada, como no templo do Senhor, em verdade*, e ado
contraiu a Patria! Nesta simples resenha, acima de tudo rada pelo scintillante poder de arrastamento que exerce,
dcsprctenciosa. pretendemos apenas ao correr da penna, c e crcsccntcmentc se patenteia como directriz quasi divina
sob a instigação da memoria immediata, recordar que. num das vontades, e impulsora instinctiva dos sacrifícios- Por
sentimento unanime de intensidade e sinceridade, todos se sobre as vicissitudes soffridas. ou temidas ainda, essa ideo
equipararam, os grandes proceres, e os mais obscuros patrio logia fluctüa. egual ao espirito occulto da protecção e da
tas. desde o Imperador até o mais humilde e bisonho dos bondade, que pairava sobre as aguas, para annunciar a exccl-
soldados da libertação o do amor ao Brasil inspirador das situde das vocações
maiores dedicações, dos maiores sacrifícios Da familia para a patria, da patria para a humani
Independência ou morte! bradou d- Pedro I do alto dade. é continuamente essa a luz que clareia o roteiro das
do Ypiranga e ao grito despertador da nação milhares de civilisações Cada progresso conseguido, cada passo effcctuado
brasileiros acudiram offerecendo a vida para que ella vivesse na estrada que nos conduz á promettida terra da ventura
livre e do dulcissimo repouso, representa uma quota de dores,
honra sobretudo ou uma parcella de sentimento, que a precariedade do
presente vae trocando pelo summo bem-estar porvindouro.
balouçando na macia nuvem dourada que serve de leito ás
aspirações da nossa alma
Por isso. a noção de Patria não se concretisa somente
no culto dos antepassados, na historia dos seus feitos, na
veneração que inspiram as suas virtudes, no orgulho dos
seus heroísmos: mas rompe, indomável, as paredes desse
Campo Santo para ampliar-sc nas regiões do além. onde
(O Jornal) 7-9-22) esvoaçam, como solicitações do destino, a felicidade dos
posteros e a magnificência das nações
O CENTENARIO Não se sabe. até. qual dos dous impulsos, o retrospe
ctivo e o da vida de amanhã, prevalece com peso maior
na balança em que se medem as forças dos grandes movi
mentos sociacs. frustrados ou victoriosos: porque uma ener
Cem annos na vida de uma nação é um curto periodo gia avassaladora, a se agitar incessantcmcntc nas dobras
de existência. As formas do progresso, que puderam ser do sub-conscientc. que é imperativo, transpõe as raias dos
realizadas nesse decurso de tempo, assignalam a direcção raciocínios da prudência e. esporeando o corsel das aven
do esforço collectivo para o ajustamento fatal das civilisa- turas sagradas, salta do outro lado das margens, entre
ções parciacs com o cschcma universal da marcha para a as quaes serpeia o rio caudaloso das grandes ambições
; ym * frente, a que nenhum grupo humano, de espirito aberto ás generosas.
scducçõcs do ideal conseguiu jamais fugir. Assim se explicam as crises da civilisaçâo que inopina
A evolução social da cspecie partiu sempre do assombro damente estouram no remanso da vida morna nacional, cm
e sempre se desiinou á visão das esperanças- que vagos indícios de um idealismo soberano luziam com
A natureza, propica ou rude. niysteriosamente inflexível pal da claridade, como fogos indecisos, para attestar a reali
no desenho das suas leis e na manifestação do seu poderio, dade de uma * scintilla comtempta . desprezada por fugaz,
contra o qual o interesse nascente da approximação dos mas. subsistente signal de braza nas cinzas dos movimentos
homens teve que lutar para submetter-se ou vencer, tra reivindicadores assiin se explica o surto da Inconlldencia
duziu. na sua exterioridade imponente, o complexo de forças que por entre poesias e martyrios augurou para a historia
estranhas i vontade dos lutadore» e a multidão de elemen dos cem annos, cujo implemento o Brasil commemora hoje.
tos de dominio, que pareciam dcsccr das alturas. o nascimento de uma nacionalidade nova. dominada pelo
Cada um desses elementos era figurado, na imaginação hausto da liberdade, que foi o perfume do seu alento,
exaltada dos seres fracos sobre que agiam, como expres é o sangue das suas veias, c será o fulcro dc sua grandeza-
sões de uma autoridade supcr.or. que exigia homenagem
e impunha o temor, ou como revelações de um mundo outro,
onde o poder soberano de entes invisíveis despedia do seu
seio incommcnsuravel as ordens de vida que cnlciavain os Tudo demonstra que os prodromos da nossa indepen
espaços, liluminados pelo despertar rutilante dos sócs ou dência se geraram no intimo do sentimento popular, cobi
atfagados pela serenidade impressionadora das noites çoso dc páramos mais largos e mais nitentes, que os abertos
Os montes, as florestas, os rios; o immenso mar sussur pelo estado colonial, attenuado embora pelo rotulo do Brasil-
rante: as vozes desconhecidas que povoavam de sonoridades
cnigmat.cas o estupendo concerto da crcação; as catastrophes, As chronicas da epoca. a critica dos acontecimentos
que s.mulavam cóleras, os soífrimentos. que indicavam cas que se precipitavam como nunciativos da posição de um
tigos. as existências. que definiam combates. — todo o pro- grave problema de solução urgente; as queixas que aqui
dig.oso encadeamento dos successos que se desenrolavam e alli explodiam como brados de protestos contra uma
por cima das cabeças attonitas, e dentro dos peitos arque dominação talvez por demais severa, mas. na melhor hypo-
O O O 276 o o o o o o
Sociedade Vinícola Portuguesa, Ltda. — Lisboa.
INnEPENHENCIA F. DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
o o o o o o 277 o o o o o o
LIVRO DF. OURO COMMFMORATIVO DO CENTENARIO DA
O O O O O 278 O O O O O O
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O Príncipe D. Pedro foi posto de nosso lado, como filha das felizes núpcias de Cionçalo de Medeiros e de
nosso protector, e quasi conseguimos assim a nossa autono D. Maria de Quiteria de Jesus Medeiros, ambos portu-
mia com a regularidade com que os individuos, nos regi guezes dc nascimento, mas que não hostilizaram as justas
mens legaes, alcancam. na época propria, a sua emancipação aspirações brasileiras. Oonçalo de Medeiros era uni por-
civil, pacificamente, sem hostilidades aos seus maiores tuguez culto e generoso, de sorte que lhe não mere
Esse. foi, claramente, o ponto de vista de José Boni ceram applausos as villanias e os desatinos, praticados,
fácio. até hoje ainda mal comprehendido por muitos de friamente, por aquelles que não escolhiam meios para
seus commcntadores- obstar a independência do Brasil, sua indole cavalheiresca
Tiradentes. o inconfidente heroico, sonhara uma Repu e o seu coração generoso não lhe permittiam endossar
blica organisada apenas com o concurso de tres provincias as indignidades que as tropas de Madeira de Mello com-
Minas Oeraes. S. Paulo c Rio de Janeiro. mettiam.
Os agitadores de 1822. mais tarde inimigos de José
Bonifacio, patriotas exaltados, cujo ardõr aliás, em deter
minados momentos produziu optimos frutos, se houvessem Certa tarde, quando lhe narravam o desacato ao con
logrado apoderar-se do governo aqui no centro, provo vento da Lapa. elle lamentou não ter um filho para au
cariam com sua vehemencia e com suas medidas radicaes. xiliar as tropas brasileiras, uma vez que a sua saude
rcaccòes que talvez redundassem em desmembramentos dolo combalida lhe não permittia alistar-se nas fileiras, que obe
rosos. compromettendo para sempre a unidade brasileira. deciam ás instrucções de Labatut.
O Patriarcha visou, acima de tudo. a união do novo Anna Quiteria de Jesus ouviu-lhe os lamentos, e. pos
grande Imperio, solidarisando na sua obra vasta, todos os suída daquelle heroísmo spartano. decide-sc a combater
elementos aproveitáveis, entre elles o Principe, cuja adhesão pela emancipação politica da terra, onde. alegremente, viviam
era a garantia de cumplicidade de grande parte das tro
pas portuguezas Seu pae. embora orgulhoso do gesto da filha, não
O tempo trouxe, com a fatalidade da sua justiça infal- a quiz alistada nos batalhões patrioticos; reprehende-lhe.
livel. a approvação necessaria a todos os actos desse incom severamente, em lhe dizendo que a mulher não deve
parável estadista, hoje. com razão, denominado o Patriarcha afastar-se do lar.
de nossa Independcncia. Anna Quiteria não o contrariou; retirou-se para sua
Volvidos cem annos sobre a obra delle e de seus com alcova, onde, fervorosamente, orou a Maria Santissima.
panheiros. nós agora, cheios de gratidão pelo que fizeram pedindo-lhe a victoria das armas brasileiras. Na manhã
as gerações passadas, vibramos de jubilo, em 1922, na cer seguinte, porém, reconfortada pelas preces que dirigira á
teza da consolidação definitiva dos laços que hoje estrei Maria Santissima. em cujo seio encontram allivio e perdão
tam as actuaes unidades da nossa federação republicana, os que padecem. Anna Quiteria. em se aproveitando da
como nacionalidade independente, autonoma. e dignamente ausência paterna, trocou blusa e anagua pelo uniforme do
respeitada no convivio dos povos cultos. batalhão dos periquitos ( assim denominado pelo collete
Simples colonia européa. cm 1822, sem liberdade, sem verde que usavam os soldados I e assentou praça no ba
prestigio algum, vegetando na America do Sul. como região talhão dos voluntarios.
quasi ignorada, sem cultura e sem imprensa. ( pois até a Seu velho pae foi buscal-a; ella. porém, desobedeceu
installaçâo de typographias era prohibida ). o Brasil foi aos pedidos paternos, e. só regressou ao lar. depois da
rapidamente, depois de sua emancipação politica, percor estrondosa victoria do dia 2 de Julho de 1823. Suãs
rendo as etapas necessarias de sua gloriosa trajectoria. façanhas não podem ser esquecidas, exactamente. no dia
até chegar á situação de prosperidade que ahi está aos em que se commemora o primeiro centenario da nossa in
olhos de toda gente. dependência politica, mesmo porque mereceu cila de D.
Aspirando a fraternidade universal, tendo falado em Pedro I as maiores distineções e honrarias, em conse
Haya. em 1908. pelo verbo poderoso de Ruy Barbosa, quência dos elogios do bravo Qencral Labatut. que se
na defesa do principio sagrado da igualdade dos direitos não esqueceu de recommendal-a. nos seus relatórios, ao
politicos das nações, nós hoje podemos receber nesta ca apreço dos brasileiros.
pital. com animo satisfeito, as visitas dos paizes amigos, O Imperador fel-a alferes de linha, com direito a
representados pelas embaixadas que nos honram com o soldo, pago na respectiva provincia. «em virtude da in
carinho de sua presença, e lhes abrimos com franqueza formação verbal, que lhe prestára do seu decidido valor
o seio de nossa hospitalidade, reaffirmando-lhes a segu e intrepidez, o commandante em chefe do Exercito paci
rança tradicional de que o Brasil terá sempre os braços ficador da provincia da Bahia». Mais tarde a grande he
abertos para a acolhida generosa de todas as amizades roina veiu ao Rio de Janeiro para saudar o Imperador
e de todas as relações dignas e sinceras. c communicar-lhe a grande victoria obtida pelo Exercito
Na alegria desta hora de expansões tão justas, diri legalista. Quando o Imperador se viu junto da excelsa
gimos um appello ao patriotismo de nossos conterrâneos bahiana. que se expuzera a grandes riscos para prestigiar
e ao mesmo tempo uma palavra de gratidão aos nossos o seu acto. não poude sopitar o seu enthusiasmo. e col-
locou-lhe no peito as insignias da <Ordem do Cruzeiro».
Aos nacionaes. lhes chamamos a attenção para a gran que elle reservava para galardoar grandes feitos. Anna
deza da obra feita pelas gerações passadas, de que somos Quiteria de Jesus, que naquella época se tornou alvo pre-
os herdeiros, e de que devemos ser os infatigáveis conti- dilecto das honrarias e dos louvores dos seus patrícios, é
nuadores. combatendo a todo transe os pessimismos dis hoje uma personalidade esquecida.
solventes. improprios de uma nacionalidade nova e com
tantos titulos á estima e ao respeito geraes.
Poderão outros actualmcnte ufanar-se de fortuna mais
prospera, mas nenhum outro paiz poderá desvanecer-se de
haver conseguido em igual periodo dc autonomia, um mais Anna Quiteria dc Jesus pode ser cgualada ás he
roinas que illustram os capitulos da historia universal,
Com fé nas innegaveis energias creadoras de nossa chamem-se ellas Jonna D’Arc. que nos acostumamos a res
raça. com absoluta confiança nos destinos historicos desfa peitar quando começamos a estudar historia. Zenobia, a
grande e maravilhosa nação, trabalhemos por transmittir intrepida rainha de Palmyra, que substituiu seu marido.
ao Futuro, augmentada por nós. a Herança do Passado, Odenato. nas lutas contra os romanos. Isabel, a Catho
essa preciosa herança que nos deu tudo quanto temos, lica, que. montada cm fogoso corsel. enthusiasmava os
tudo quanto nos dilata de orgulho, neste instante, o co bravos, que Oonçalo dc Cordova commandava no famoso
ração agradecido ! pela imaginação quente dos poetas e prosadores, mas, cuja
Aos estrangeiros, aos filhos de outras terras, para existência constitue um eloquente exemplo de civismo.
aqui enviados por seus governos, em missão official, ou
trazidos simplesmente por attracção dc sympathia, a elles. Anna Quiteria de Jesus é merecedora de uma herma
neste inesquecível dia do nosso primeiro Centenario de na Capital do Brasil, que recorde a todos a sua coope
nação livre, o nosso reconhecimento collectivo ! ração proficua para as victorias que firmaram na Bahia
O povo brasileiro, generoso por indole, os acolhe com a autoridade dc I). Pedro I. o grande e inesquecível
amor. na esperança de que a vida de todos os seus res constructor do respeitado Imperio que evitou a fragmen
pectivos paizes se assignale sempre em festas como esta tação do nosso querido Brasil. Esquecel-a nesse dia em
nossa, na communhão da paz internacional, na glorificação que o coração brasileiro estremece de justo jubilo equi
da Liberdade, da Ordem, da Independenda. e do Tra vale a um crime horrendo, porque a ingratidão é um
balho ! dos peores symptomas da decadência de uma nacionalidade;
<Gazeta de Noticias, 7--9—221 recordal-a, com carinho, é uma obrigação daquelles que
não desconhecem o seu valor, as suas virtudes civicas,
a sua coragem indomita e os seus relevantes serviços á
causa dos brasileiros.
o o o o o o 279 o o o o
LIVRO DE OURO C OM M I MORA TIVO DO CENTENÁRIO DA
O O O O O O 280 O O O O
CtremiceArHst
o o o o o o 281 o o o o o o
L/VRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA
Como dizem as chronicas do tempo, nâo c possível Não era demais que passasse a delirar todo aquelle
nem ao menos suggerir uma vaga idéa do que se passa setembro, desde o dia 14. que hoje commcmoramos.
aqui desde aquella noite de 14 para 15. E commemoramos com fervor de culto, c com a sa
Ninguem podia contar com aquelle subito successo. grada jucundia de quem sente ainda nos ares. através de
Por mais confiantes que todos esperassem pela volta do um século, alguma cousa do encanto daquelles dias.
principe, e mais anciosa a cspectaçâo geral na cidade, Setembro é o nosso mez jubilar.
não havia calculo ou previsão possível para semelhante
prodigio.
Quando clle penetrou no parque, e as guardas bra R
ocaP
h o
mbo.
daram armas e soaram os clarins, foi como se um pc
de vento puzesse em tormenta a atmosphera daquclle am IA Noite. 1 4 -0 -2 2 )
biente ». Conta-se que D. Leopoldina o recebera em gritos,
chorando convulsamente de alegria; e que o paço inteiro
se encheu de rumor e de loucura.
Como instantaneamente, a nova esperada correu pela
cidade: os ministros, magistrados, funccionarios. militares
c civis, affluiram a S. Christovâo: e a população tumul-
tuariamente invadiu jardins e immediações em verdadeiro
delirio. A FIOURA QUE SE RELEVA NA SCENA BRASILEIRA
Era a noite de 14 de setembro de 1822 esta fazendo JOAO CAETANO
neste momento um século !
Mas não deixemos ainda aquelles paços, que estre O Theatro Nacional não é uma providencia dos par
mecem com a vibração daquellas almas, sem referir um in lamentos. mas um lento c natural effeito dos tempos. Te
cidente que veiu nellas encontrar uma reserva de enthu- remos o nosso Theatro, quando tivermos a nossa Arte.
siasmo. que se diria quasi arroubo religioso. a nossa Esthetica. a nossa Cultura, a nossa Sociedade, a
Durante a maior parte daquella noite viu-se D. Pedro nossa Intelligcncia. a nossa Civilisaçâo. cm resumo.
forçado a receber todas as pessoas de distineção que lhe Estou a sentir daqui, arregalado sobre mim. o olho
foram levar as suas homenagens. Os salões estavam re formidável do primeiro patriota indignado, que interroga
pletos ; c cm torno do prindpe e da princeza. o semi furioso contra o pobre do jornal que lhe caiu nas mãos
circulo dos visitantes, que a muito custo se continham. Pois qué ? ! Então, o Brasil ainda não tem nada
Sempre que Dom Pedro se encontrava com alguma das disso? Que tremenda barbaridade!
grandes figuras, seus comparsas no drama, parecia es Socegue o patriota irritadiço, que cu também sou pa
quecer-se de tudo para. em vez de dar-lhe a mão. abraçal-a. triota. mas de visão clara e animo sereno.
estreitando-a longamcnte ao peito com estremecimento. Nâo ha duvida alguma: o Brasil j i possue uma ctvi-
Instante houve em que entrou em alvoroços um homem, lisação mais ou menos espontânea A sua evidencia, como
expansivo e respeitoso, que se dirigiu ao príncipe fa nacionalidade em face do mundo, é uma evidencia de força,
zendo-lhe. ao beijar-lhe. tremulo, as mãos. um cumprimento que se impõe, que se destaca e que reflecte sobre o século
que fez correr pela assistenda uma centelha a inflammar em resonandas dynamicas.
ainda mais aquellas almas. O exemplo vivo dessa verdade é a hora justa que
Era Vaseoncellos de Drummond, que pela primeira vez estamos vivendo nas commemorações consagradoras da nossa
dava a D. Pedro o tratamento de — maiestade. data nadonal.
Aquilio commoveu os presentes de tal modo que pro- Ninguem ousa duvidar de uma civilisaçâo que ahi está
romperam em acclamações — ao nosso grande e amado im predominante cm fôrmas de movimento e rythmo.
perador! — emquanto D. Pedro e D. Leopoldina abraçavam As variadíssimas influencias européas que a trouxeram
aquelle moço. tão digno pelo devotamento com que ser- acorrentada ao negativismo do sentimento nacional, essas
servira a causa da patria. mesmas como que se esbatem e esfumam na obra enve
Antes de passar adeante. é preciso não perder o en lhecida dos ultimos abenccrragens de uma geração já mu
sejo de notar como não fizemos ainda á memoria da mificada.
excelsa princeza nenhuma demonstração da nossa justiça, A literatura actual do Brasil é o proprio indicio de
nem mesmo talvez da nossa piedade. uma autonomia mental que vem proxima.
D. Leopoldina foi com effeito, pela sinceridade com Por isso mesmo é que o Theatro Nadonal sómente
que esposou a nossa causa, uma das notas mais tocantes agora poderá começar a sua consolidação, porque o theatro
entre tudo que se registou de bello e de grande naquelles é o ideal das artes nadonacs e a synthese da civilisaçâo
Eis porque o nosso theatro nâo podia surgir, como nâo
surgiu, antes do phenomeno da nossa autonomia intellectual,
que só agora esboça os seus primeiros symptomas.
A noite que hoje rememoramos passou a cidade em
festas. * inundada de jub ilo -. No dia seguinte (1 5 ). e
quasi que se póde dizer dahi até a acclamação official (a O nosso theatro do periodo colonial é uma utopia
12 de outubro) não cessaram as manifestações de alegria. de historiadores visionários e nunca surgiu.
Os proprios grupos e facções, que até então se hosti- As primeiras linhas indedsas do debuxo datam do
lisavam. agora se congraçam e fraternizam. emulando em nosso período de transformação litcraria. cm plena inde
provas de affecto e dedicação a D. Pedro. pendência politica e mental.
Na noite daquclle dia 15. tocou ao auge o enthusiasmo Dessa época, em que surgiram a primeira tragédia e
quando os príncipes se encaminharam para o theatro, tendo a primeira comedia, um nome só tomou vulto e ficou per
de vencer a massa de povo que tomava as ruas e praças petuado na sua obra: Luiz Carlos Martins Penna que toi
desde S. Christovâo até a cidade, e que cm ondas os en uma deifnitiva organisaçâo de cscriptor de theatro, desde
volvera durante o trajecto. o estylo até a idéa.
Não havia mais uma pessoa (entre homens e mulheres' Mas. a própria obra de Martins Pcnna. obra que foi
que não trouxesse o distinctivo nacional creado l i no hem volumosa, relativamente á curta duração da sua vida.
Ypiranga. é menos uma expressão de arte do que uma intenção frí
Ao entrarem os principes no theatro, cercados do m i vola de motivos jocosos.
nisterio e da cõrte. foram cobertos de flores: e os vivas No seu theatro nâo ha muitas idéas e falta qualquer
que estrugiram em toda a praça fronteira, e se propagaram espirito de critica profunda.
vastamente pelas circumvizinhanças. davam a impressão de Outros nomes, como o de José de Alencar. Pinheiro
uma tempestade que se perdia em longo e profundo sus Guimarães. Gonçalves Dias. Varnhagen. tentam a alta ex
surro ao longe.
O theatro S. João (hoje S. Pedro) estava sumptuosa- pressão do theatro quer na tragédia, quer no drama. Fal
mente engalanado. Quando os prindpes. tendo ao braço tava-lhes. porém, o que sobrava a Martins Penna: espon
a legenda — Independendo ou morte! — appareceram no taneidade no dialogo c as qualidades de observação in
camarote real. a explosão de delirio encheu por mais de dispensáveis ao escriptor da scena.
quinze minutos o amplo recinto. França Junior, que é recordado a meudo pelos nossos
chronistas de hoje. nâo ultrapassou a mediocridade cm
No outro dia vieram D. Pedro e D. Leopoldina para qut desapparcceu a obra de muitos outros de seus con
o paço da cidade. Houve ali a cerimonia do beija-mâo; temporâneos.
t o dia todo. e a noite esteve o largo do Paço litcralmentc E Macedo, o proprio austero Macedo, nâo fez excepçâo
instante ' instante rompia cm a essa regra geral.
ovações.
Aquellas almas i como electrisadas. Todavia, nâo se deve negar as qualidades caracterís
E não era para _____ ticas de alguns desses escriptorcs. destacadamente Martins
O abalo era grande demais. Tudo era pouco para Penna. Macedo. Guimarães e Alencar, nem desconhecer que
expressar a felicidade com que aquella geração encerrava outro teria sido o fruto de seus talentos se tivessem agido
dentro de uma organisaçâo social mais propicia que a de
■ entrar afoitamente na sua sey tempo, sem nenhum requinte intellectual, sem nenhuma
O O O O O O 282 O O O O O O
IN DEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 283 o o o o o o
LIVRO DF. OURO COM MEMOR ATIVO DO CENTENÁRIO DA
Mas, trabalhemos, creemos. com fé. com amor. com portados aqui são typos tradicionaes dc outros paizes. de
ideal e, sobretudo, com harmonia, olhos e corações vol monstrando. por si. o contraste da sua disparidade em re
tados para a bellcza. que não é mais do que o reflexo lação ao novo meio. e indicando a necessidade de adaptál-os
da propria harmonia dos espaços — da Ordem em todo modificando-os radicalmente ou nacionalisando-os.
o Universo. Rara este fim haverá que extrahir a maioria da ma
téria prima do rico filão tradicional, onde se encontrará,
Renato Vianna. no meio da ganga mincralifera das pujantes jazidas bra
sileiras. a humilde -arte colonial», rustico alicerce dc uma
IA Nolle, 8 - 9 - 2 2 ) obra derruída, mas entre cujos restos se descobrirão as
aureas pepitas ou os fulgidos diamantes para a obra prima
Desta pesquiza archcologica resulta a architectura co
lonial como um vasto jazigo dc productiva exploração.
Ha portanto, que procurar a revivescência de toda essa
arte do passado que tem em si a chave da tradição
DA ARCHITECTURA COLONIAL NO BRASIL nacional: mas a obra é de uma extensão desconhecida no
proprio paiz. c tão vasta, que requer uma longa cam
Archeologia e Arle panha dc perseverança, de propaganda e de trabalho de
Facilita-a agora a exposição do centenário cuja fes
tiva architectura reconstitue as velhas formas coloniaes.
O aspecto actual de qualquer grupo urbano dos mais dando-lhes um novo colorido c uma nova expressão. Este
importantes e dos mais modernos do Brasil confirma a renascimento que será o successo artistico do certamen
impressão geral de que em materia de architectura, ou nacional será também o primeiro exemplo duma archite
o passado se apagou por completo, ou as origens desta ctura brasileira.
nobre arte social são aqui de data muito recente.
Torna-se preciso visitar os bairros secundarios e esque
cidos dos velhos emporios do litoral ou penetrar pelas ci
dades do interior — centros provinciaes que foram an- Para exemplificar, analyscmos rapidamente algumas
antigos nucleos de expansão colonial — para encontrar os fôrmas typicas, começando pela casa de categoria me
primeiros padrões da architectura brasileira, os restos ar- diana. que se compõe dc um vasto portico ou vestibulo
chcologicos da civilisaçâo que foi o alicerce da actual era e de uma «sala de estar», para a qual dão as camaras
de progresso da grande potência sul-americana. de habitação; ao fundo as secções de serviço. E a dis
Com effeito. este aspecto é do mais vario eclcctismo. tribuição é feita sem perda dc espaço, preparada para a
porque não se descortina no quadro da moderna edificação vida patriarchal da familia, em uma sala commum. como
publica ou privada um só typo característico que repre nas casas de lavoura em torno da lareira.
sente uma tradição nacional ou que obedeça ás condições Nos exemplares de maior volume, em perímetros su
locaes do proprio meio. burbanos. *• mais amplo terreno, permanece cm plano o
typo da casa portugueza que provem por sua vez do
modelo classico pompeiano. E assim temos primeiro a va
Pretendeu-se criar, de uma feita, um paiz novo. es randa. correspondente ao protyrum» ou o pretorio, abrindo
posando os moldes de outros paizes como centros opu para o exterior; a sala de recepção, «tablinum» ou «exedra»,
lentos e deslumbrantes de civilisaçâo. E neste deslumbra a sala de comer ou «triclinum*. voltada para o pateo
mento. transportaram-se as artes maiores c menores que central, que representa o pcristilum» ou «impluvium . depois
eram em moda por essas outras terras, consoante o gosto os quartos e alcovas, («thalamus»', as cozinhas («culina
viageiro de cada um .perdido ou adormentado o instincto e «fornax»), accommodaçòes de serviçaes e por fim o pateo
do quadro original com a sua tradição, que é o Caracter, exterior ou quintal que os romanos chamaram -platea.
e com os seus encantos naturaes que são a bellcza e a Com este se funde por vezes o primeiro pateo. conser
verdade na Arte- vando. porém, a casa interna suas partes fundamentaes.
Nas casas de sobrado c nos solares de nobres ou ricos-
homens. este plano é accrcscido com um andar, augmen-
Entretanto. a própria historia da arte nos ensina que tando o numero de salas de recepção, de aposentos, c
cm cada paiz as diversas modalidades ou estylos archi ampliando-se o «átrio» com a sua escadaria nobre, sempre
tectonicos. assim como outras manifestações de arte. se bem posta, offcrecendo-se commodamcntc a um facil ac
originaram em um conjunto de condições mczologicas. que cesso. e apresentando-se com certa imponência decorativa.
rodeiam o homem dentro do seu habitat*, presas por um E este typo repete-se caracleristicamente. tomando na
lado ao meio physico, e por outro ao meio social, c em sua architectura exterior disposições a formas que. póde
cuja genese se traduz esse mysterioso espirito procriador, affirmar-se. constituem um estylo brasileiro de habitação,
que é o genio. a «psyché humana, integral transccdcnte apartando-se. pelo seu perfeito ajustamento ao local, da
que abrange ama série infinita através de um infinito pas- origem portugueza. cada vez mais distante.
E. cm cada paiz. i Predomina nestas casas o alpendre ou varanda ri simples
que uma continuidade __ ________ __ _ produzidos por pilares ou columnas toscanas. lambem cm arca..». - _
•cimentos, bresác o telhado de largos beiraes. cm panos ligeiramente
influencias internas de impulso local ou externas **« w ,,- curvos, cortados por gateiras ou aguas-furtadas, com as
tagio universal; novações sequentes do passado, cm plena pontas dos espigões recurvadas á maneira diineza. As porta
transformação, evoluindo, ora em progresso, ora em de — — fachada „„ .....
cadência. Estas manifestações de arte social, nas suas mul riadissima. desde o marco rectilinio de grossos prismas
tiformes modalidades, tomaram sempre cm cada naciona- de pau. até ás chambranas de cantaria do mais fantasiado
Iidade constituída um caracter synthetico e especifico que baroco. e era alguns casos realisam uma interessante cara
mes e proprio, que define essas nações c as distingue das cterística regional, fechadas com os seus caixilhos de pi-
estrangeiras; a esse caracter dominante é a expressão da
raça. da tradição, da alma da nacionalidade. nelados ou em rotula. Nos typos urbanos os balcões têm
Ora o Brasil tem no seu paiz admiravel, na sua gente para-peitos de madeira com espessos almofadados, appli-
e no seu passado historico, o meio physico, social e tra caçoes dc rotula ou de torneados, que são por vezes
dicional para a sua arte.
— ------- —•••” *••■! »«■■«» 01111« aries ensaiou com guarnecidos de gelosias completas, como as «addafas» arabes
brilhante successo a orientação nacionalista.
nacionalista, deveria também ou os «mucharabiehs’ cgypcios. que constituem j>or si um
tci-a ampliado até á sua architectura. Esta ttem. passado motivo característico, em corpo saliente, formando um todo
uma phase de reproducçâo e dc interpretação
in te rr-" * - 1- das formulas
' architectonico de cntablamcnto recto ou arqueado, com en
estheticas consagradas, surprchendidas .j _ ^ tempo feites de madeira torneada ou vasada. Este conjunto, exa
' espaço: mas desta sorte resultaram ____ __ . minado no seu plano interior c na sua architectura externa,
variegada combinação < i lado do estravagante rcalisa urna solução perfeita de moradia, apropriada a um
pricho modernista, se alinha o românico prim clima tropical, de muito calor e de muita luz. como não
nascimento classico, o barõco, o mourisco, e o gothico se mirará melhor cm qualquer compendio moderno de
vero dos paizes nordioos. Serão obras de indiscutível bcl- hyi_. . — habitação.
leza cm que se procurou rcalisar thcoricamente «arte pura Todos os elementos architectonicos, que são julgados
ilistmctivos desta arte colonial, representam series com va
™ S»m
ao hi!^!!eCem
ambiente Cmi SUa maioria completamente estranhas
nacional. riações pittorescas c não são casos unicos; os forragea-
A architectura tem. acima das mais. a sua funccão üores destas velharias têm ahi basta mésse de cabcdacs.
social, e para conseguir este objectivo requer não só a ç os artistas muitos lct-motivs > para a fantasia das suas
transformação daquellas formulas typicas, como também a inspirações. Os beiraes. por exemplo, na sua largueza abri
sua perfeita adaptação aos materiaes. ao quadro local, ao ndo™ c hospitaleira, como as copas frondosas do arvo-
r:í!üa' „ a° fn5 ! ° . socjal c á organisação funccional do edi- , ? I sa,lcn,am-se sobre fileiras sobrepostas de telhas in
ficio. que tem igualmcnte a sua psychologia; esta segunda vertidas. como urna colmeia de ninhos dc andorinhas, ou
friso de pendentes c estalactites á maneira arabe; outras
fahratfe nacional».
«arte ndacinnáf “ Ef™ ' QUe, Se, VaC csb°Mndo. concluirá pela
a natural consequenda do espirito de vezes essas abas do telhado assentam na caibradura appa
nacionalisação que está dominando todos os povos e uue rente. ora a vista, ora forrada dc madeira, ou suppor-
S<L n0,a na sua poliHca de defesa c de expansão’ tada por cachorrada com ornamentação de telha. Em oulros casos
como também nas proprias artes. Muitos dos modelos im- o beiral é de grandes tclhòes. sobre a cornija de madeira
moldurada ou de cantaria, que são também de faiança
O O O O O 28-1 O O O O O
CAFÉ DA SERRA — São Paulo.
IN D £PEN DE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
esmaltada a branco c azul com relevos ou estampilhados rido um cunho particular que dá por vezes uma nota
original de regionalismo.
C **Não entraremos cm outras minudosidades constructivas,
une não vêm a proposito deste simples artigo de iornal. mando um caracter proprio, como lhe havia já suecedido
para proseguirmos tão somente pondo em evidencia ca
racteres genéricos; bastará findar este paragrapho, no com o platercsco» e churrigueresco . cm" Portugal com
tando que esta singela architectura civil demonstra uma o baroco jesuítico c a modalidade do tempo de d. João V.
harmonia de proporções, uma propriedade de composição. Em verdade, no Brasil, a arte do mestre Valcntim
„,ie por completo se perdeu nas construccôes posteriores e de «Alcijadinho» deu ao baroco portuguez um novo ca
ao século XVIII racter que o distingue de todas as matrizes européas; e
A Architectura do templo acompanha a mesma evo resulta este novo aspecto ou estylo de uma sincera ada
lução da casa. porque foi também nas suas origens a ptação artística ás condições locaes. moraes e materiaes.
singela moradia do santo patrono, não se differencando. do quadro «brasileiro». Como deixaram de ser cumpridas
a humilde ermida do culto tradicional, de qualquer chou
pana. senão pela cruz que encimava o seu frontão. Mas um periodo de decadência, no campo do tradicionalismo.
o primitivo povoado vac crescendo, e proporcionalmente hiato de dormente esquecimento, cujo despertar é ainda
as dimensões da capella: o frontão c ampliado c toma tardio, quando pelos outros paizes amanhece uma nova
proporções architectonicas; lateralmente ergue-se a torre, renascença nacionalista, com o apostolado da tradição, de
mas a singela fachada não tem ainda caracter religioso. uma arte que realise a architectura da raça na sua es
Ao re/ do chão uma ou tres portas, no andar tres ja- sência tradicional, que espelhe o paiz com a sua natureza
nellas. a seguir o frontão triangular, terminando na cruz esplcndente. que seja uma crystallisação da propria patria.
com uma pequena rosacea no tympano. A torre é qua
drada. com telhado em pyramide, tendo no vertice a grimpa
de ferro com a esphcra armillar. o gallo ou outra especic R io
de catavento. Assim se constitue o typo primitivo da egreja
christan. que sc vac ampliando e aperfeiçoando até compor
a matriz de uma grande villa ou cidade. (O Estado de S. Paulo, 7—9—22»
Apparcccm então as duas torres symetricas. terminando
em zimborio forrado de azulejos esmaltados de branco,
azul c amarello; a architectura externa enriquece-se com
elementos decorativos de erudição c de estylo. em can
taria lavrada, e os frontões tomam curvaturas graciosas
que são aqui uma originalidade, conscrvando-sc porém o
esqueleto typico do primeiro templo, não obstante as al A EGREJA NO BRASIL
terações successivas que vão até ás egrejas notáveis de
Ouro Preto e S. João d'EI-Rei.
È claro que o. estylo architectonico dos edifícios le Empenhado em manter-me dentro das nonnas pres-
vantados na colonia acompanhou a sua época, séculos XVII criptas ao cscriptor imparcial, pondo todo o cuidado, em
e XVIII. me não afastar, ao menos de má fé ou propositadamente,
Na Metropole dominava o renascimento na sua phase da verdade dos acontecimentos historicos, condição indis
baroca. tendo passado nos meios coloniaes pela transpo pensável e absolutamente necessaria para o valor do que
sição dos interpretantes jesuitas. que lhe transmittiram um diga ou refira quem quer que escreva, acredito poder ela
cunho especial. O estylo baroco italiano correspondeu na borar conceitos e emittir juizo sobre a acção do catholi
Europa a um periodo celebre na historia do catholicismo. cismo no Brasil, conceitos e juizo. quanto possível, exactos,
durante o qual o cspectaculoso cerimonial da nova li sem que se me possa acoimar de parcial - ou menos fiel
turgia adquiriu a mais esplendorosa sumptuosidade. O re
nascimento classico não sc adaptava a este culto luxuoso; Attentõ aos dados historicos, lendo e consultando grande
modificou-o o «baroco» pela mão de mestres, como Bernini copia dos historiographos, que espccialmente escreveram
c outras mais celebridades, que na Italia levaram ao apogeu sobre a historia do Brasil, e levando-me não raro pelo
esta arte de preciosismo e ostentação. E pelo seu caracter que affirmam aquelles menos favoráveis á Egreja Catho
civil, estendeu-se largamente á architectura dos palacios c lica. para não dizer abertamente seus adversarios, assiste-mc
edifícios publicos, tornando-se o estylo mais popular c o direito de poder affirmar. com segurança, ter sido bri
universal da época, pela liberdade da sua composição e lhante o papel representado pela Egreja neste immenso paiz.
pela mallcabilidadc da sua adaptação a todos os casos archi o maior da America do Sul.
tectonicos. Chega-se á evidencia mais uma vez de quaes sejam
por natureza os intuitos do catholicismo. qual sua razão
A riqueza da architectura externa correspondeu a opu de ser. a missão que lhe cabe desempenhar no meio dos
lência interior dos templos e palacios que sc reflictiu povos. Aqui. como em toda parte, segundo a lição da
também entre nós; assim é que não são raros os tectos historia, a attitude assumida pela Egreja em face dos
abobadados ou em masseira, corn artezonados c caixotões acontecimentos é dc nos encher a todos das mais santas
pintados a oleo e tempera, com decorações coloridas e
douradas os quaes attingem uma realisação luxuosa na
sacristia do Carmo c na Matriz da Bahia; posteriormente, De posse da verdade, impregnada do espirito de abne
nos começos do século passado, apparecem os tectos de gação e caridade de Jesus Christo, seu divino fundador,
estuque lavrado, em que foram habilissimos os «trolhas» a Egreja, entre nós. como em toda parte, tem-se mostrado
do Norte de Portugal. A riqueza desta ornamentação in digna e merecedora dos nossos applausos, feito jus ao
terior applica-se também ás paredes das naves em alizares nosso respeito c veneração, lançando raizes profundas no
de madeira csculpturada. requintando nos altares dos grandes scio da familia; porquanto, tendo presidido á formação da
templos em motivos de flores, frutos, aves. pennachos de sociedade brasileira, não se lhe aponta mesmo um deslisc.
avestruz, anjos r symbolos religiosos, enchendo todos os tal a maneira altamente digna e superior, porque sc hou
vazios, enrolando-se pelas columnas torsas e apilarados. vera na defesa da liberdade dos selvicolas e dos direitos
cobrindo todos os painéis e tympanos. com uma supera constitutivos da familia. Assistindo á organização do povo
bundância que está de accòrdo com a profusão dos dou brasileiro, acompanhando-o desde seus primórdios, cila tomou
rados e das imagens de viva encarnação. Encontram-se a peito defender-nos e garantir-nos cm nossa liberdade
espccimcns de delicada modelação nos cadeiraes dos coros contra a sordida avidez do colono e suas ruins paixões.
das ordens ricas, nas grades dos absides e altares do cru Assim pois. cuidando da intclligcncia. sem deixar cm ol
zeiro. nas sédes episcopais c seus baldaquinos. nas mi- vido o coração, a Egreja põe mãos á obra de nossa
sulas e parapeitos dos pulpitos. formação.
A par desta decoração, e afinando com o seu estylo.
foram applicados também no interior das naves, nas sa
cristias. nos corredores, átrios e claustros, os alizares de
azulejos, em painéis polychromicos. figurando quadros ^reli- K porém, para notar que. sc dc passo firme c seguro
caminhára a Egreja. diffundindo o thesouro das verdades
Lsta arte applicada exigiria um só capitulo pela sua reveladas, encaminhando os povos divididos em tantas tribus
profusão no Brasil em egrejas e casas nobres, figurando como para a civilisação por meio da catechese, esse trabalho so
um motivo architectural, que faz parte integrante da fa bremodo penoso e prenhe de perigos, foi talvez lento e
brica do cdificio nos seus minimos detalhes. E represen tal se manteve até á proclamação da Republica. Não nos
tado por material de importação, portuguez c hollandcz, cause admiração que assim haja suecedido.
pois não consta de alguma fabrica nacional desta especia As empresas de ordem religiosa são as mais difficeis.
lidade; outro tanto não acontece com outras artes da con- as que topam com os maiores obstáculos, quiçá intran-
strucção que tiveram aqui uma «élite» de mesteiraes: al-
vcncis, canteiros, trolhas, cntalhadorcs. imaginarios, encar- Sc os postulados de Euclydes. já disse nolavel escriptor.
nadores. etc. Para completar o quadro desta arte deco sc oppuzesscm ás paixões do homem, certamentc delles não
rativa teríamos que accrcsccntar a arte do mobiliário, da
indumentária, da cinzeladura. joalheria. etc., cm que Pre
domina também a sumptuosidade do baroco do secuto X V III;
e se. de facto, uma parte destes elementos artísticos é dc Lenta embora, foi mui proficua entre nós a acção
importação, outra representa obra nacional, tendo adqui do catholicismo; taes e tantas as crcdenciaes de tamanho
O O O O O 285 o o o o o o
LIVRO D t OURO COMME MORAT!VO DO CENTENÁRIO DA
o o o o o o 286 O O O o o o
CEN TEN ARIO DA INDEI'ENDENCIA E DA PXPOSIÇ/
brando dia a dia os esforços por offerecer. ao seu rebanho patentearam a attitude correctissima dos mesmos.
o excellente pabulo, que é a doutrina do Senhor, a dou Discernindo a união da Egreja com o Estado da subser
trina da Egreja Catholica, a lé sem desfallecimcntos nos viência daquella a esse. com os princípios do direito publico
dogmas e o respeito á autoridade de Pedro, chefe supremo, ecclesiastico, evidenciaram que o sr. D. Vital e o seu
visivel do christianismo, e a seus successores, e. noutra' companheiro agiram como de dever, applicando um di
esphera. aos demais poderes legitimamente constituídos; agora, reito que lhes competia em materia que escapáva á com
preso na Côrte do Império, sujeito a um processo, cujos petenda do poder civil. Estavam em seu direito os se
juizes eram quasi todos seus inimigos, pois eram filiados nhores bispos lançando interdicto em confrarias maçoni-
á maçonaria, e ainda, para augmento das difficuldades da sadas; e o poder civil de modo nenhum poderia relaxar
situação, sem as sympathias do representante da Santa Sé; esse acto da autoridade ecclesiastica. Perorando em uma
e sem plena confiança no Bispo diocesano, embora sabio linguagem vibrante de enthusiasmo. o senador Candido
e justo ; quem sabe se não é chegado o instante Mendes arranca palmas do auditorio, que se precipita aos
em que. com fragor e no meio do maior ridiculo, vae pés de D. Vital, disputando a honra de lhe beijar as
cahir e sepultar-se para todo o sempre na valia commum
dos degenerados, impulsivos e impostores, o jovem Bispo Quebrando o silencio, a sisudez e a indifferença que
de Olinda, que até então havia terçado pela causa dos sempre manteve. D. Vital, depois de abraçar os bispos
direitos da Egreja? Não se deixará possuir de desanimo que o acompanharam ao Tribunal e os illustres advogados,
em face das difficuldades que crescem desmesuradamente? aceita as homenagens da multidão, que o acclama trium-
Quem estará com elle. quem lhe abraça a causa, defendendo-lhe phador. confessor e martyr da fé pela condemnação a
a attitude altiva e sobranceira contra o proprio governo da quatro annos de prisão com trabalhos. Voltando á prisão,
Côrte : contra a verdade expressa do proprio Impe foi mais tarde amnistiado com o sr. D. Macedo Costa.
rador? Pouco importa que o abandonem; que não conte
com a adhesâo expressa de todo o episcopado brasileiro:
que cheguem mesmo a censural-o e essas censuras partam
do alto clero, como em carta lhe communicára um ministro,
membro do governo. Dirigindo-se a Poma. logo que lá chegou, tratou de
O Bispo de Olinda está compenetrado do seu dever, ser recebido pelo S. S. Padre, que infelizmente não es
tem consciência do que está fazendo, sabe perfeitamente que tava informado da situação exacta da questão religiosa
não foi levado a tal situação por um capricho ou vai e muito menos do papel brilhante, que elle venha des
dade de sua parte: não. absolutamente não; elle em tudo empenhando.
quanto tem feito nessa causa, se tem guiado pela recta Com que dignidade, sabedoria, prodencia c tino se
consciência, e no desempenho de sua nobilissima e salutar houve em tal circumstanda S. Ex. Revma. para informar
missão de Bispo: tem agido no intuito de salvar as almas, ao S.S. Padre como as cousas religiosas se achavam entre
salva-guardando o thesouro da fé. não permittindo mescla nós. o que emfim elle havia feito, com que espirito c
nem confusão do erro com a verdade, do vicio com a v ir qual a opinião publica a respeito!
tude, da maçonaria com a Egreja que a condemnou Depois de alguns dissabores, esperando encontrar me
Não é um homem cahido perante sua consciência . . . lhores disposiçõescm Pio IX. a cuja palavra e ensina
mentos. de bom grado, sempre sujeitára seus actos em
toda essa questão das irmandades; consrio de estar apoiado
nos cânones da Santa Egreja. cuja dignididade e doutrina
havia defendido a todopreço, privando-se de todas as
De uma educação finissima. com um tino admiravel commodidades e regalias e expondo-se a ver diminuído o
de homem de governo, de pose de um bello e grande seu prestigio, ridicularisado o seu nome. collocando acima
thesouro scientifico nas letras sagradas e profanas, affei- de todas as conveniendas a pureza e integridade de nossa
çoado ao trabalho, bom e simples, mas de uma vontade fé. a autoridade do Papa nas cousas puramente ecclesias
energica ao serviço de uma boa e sã consciência, compe ticas. reivindicando as prerogativas da Egreja. que teriam
netrando do valor destas palavras: Omnia possum in eo de ser desprezadas, senão fõra a energica e heroica atti
qui me confortat*; tendo aprendido que as grandes almas, tude. que assumira na questão dos interdictos perante as
os grandes corações neste mundo se nutrem espccialmente autoridades leigas, inclusive o Supremo Tribunal, immensa
de contrariedades, desgostos, desprezos. vexames e perse Toi a dòr. profunda a decepção que experimentou,
guições. é de crer que pouco se lhe dava. não lhe faria não encontrando aquelle acolhimento paternal de benepla
mossa, em nada lhe diminuía o ardor da luta. o ver-se cito da parte de Pio IX. o Santo. São altissimos os de
quasi sosinho na arena do combate, tendo de enfrentar ini sígnios da Providenda!
migos tão audazes, poderosos e sagazes, dispondo elles Mais uma vez chega-se á evidencia de que as provações
dos innumeros recursos, que os homens lhes poderiam for quanto mais fortes, mais retemperam os heróes de cujo
necer. como effectivamente forneceram. patrimonio hão de fazer parte as grandes virtudes. Re
Assim, preso, encarcerado numa fortaleza na ilha das colhido a uma cella entre os seus irmãos capuchinhos na
Cobras, onde recebeu tratamento proprio de presos, tem cidade de Roma. D. Frei Vital, sem desanimar, tenta outra
de esperar corra o processo seus tramites; e. se até aqui audienda junto a Pio IX. persuadido de que. após a ex
foi grande e imponente sua figura pela cortezia. sobran posição que iria fazer de seu modo de agir na questão
ceria respeitosa e mansidão evangélica, agora sobe de ponto dos interdictos, o S.S. Padre só teria que applaudir em
e se ostenta magcstatica em todo o brilho e esplendor nome do Senhor, cuja gloria, elle. D. Frei Vital, havia
de um espirito de eleição, de um peito de Bispo catholico, procurado e não a sua propria. Não se enganara S. Ex.
de um Bispo apostolico. que faz reconhecer os Basilios, Revma. Effectivamente. levado ao conhecimento exacto da
os Hilários, e os Athanasios, como por antonomasia é situação da Egreja no Brasil com a questão religiosa, e
hoje conhecido entre nós. a sabedoria e prudência com que o Bispo de Olinda se
Houve-se de tal maneira o senhor D. Frei Vital pe houvera nos varios e difficeis encontros com os maçons das
rante o tribunal; foi tão correcta sua attitude; revelára irmandades e do Ooverno. o S.S. Padre estreitou-o entre
tamanha dignidade; mostrára-se tão a cavalleiro dos crimes os braços e agradecido pelo immenso e notabilissimo ser
que lhe imputaram, e bem compenetrado, senhor do papel viço. que prestara á causa sagrada da fé no Senhor com
que vinha desempenhando em face da christandade. tão aquella brandura e superioridade que recordavam os maiores
convicto da nobreza, sublimidade, verdade e justiça da athletas do christianismo, os grandes vultos como S. Atha-
causa que vinha defendendo que. em certa occasião. de- nasio, exclamou Pio IX com a voz embargada pelo en-
vemlo. em obediência á lei. dizer ou fallar aos juizes,
se limitou a ter procedimento semelhante ao do Mestre O senhor é um verdadeiro apostolo da Santa Egreja!
diante de Pilatos; contentou-sc com escrever nos autos
estas palavras simples mas muito expressivas: <Jesus autem
tacebat». Essa attitude reflectida do jovem Bispo, attitude
indicativa da tempera apostólica de seu grande e pere ABOLIÇAO DA ESCRAVIDÃO
grino espirito, que. no cumprimento de seu dever, não
conhecia obstáculos, quaesquer que elles fossem, vinha de
molde a irritar ainda mais os ânimos dos seus muitos adver Pelos fins do 2.° c ultimo reinado, pouco antes da
sarios e o proprio governo, que ao envés de interpre quéda do throno, a 13 de maio de 1887 referendára a
tarem essa attitude como um effeito, um consectario, um Princeza Regente D. Isabel. Condessa d’Eu. a lei que ex
signal por demais evidente do cumprimento de um dever tinguia a escravidão no Brasil, libertando sem condição
sagrado e o maior de todos, qual o da defesa da fé. alguma todos os escravos. Para essa lei aurea, como lhe
e.m Christo, interpretaram como se fóra mais um gesto chamamos todos, contribuirá poderosamente o espirito reli
de desprezo e desconsideração á justiça, da qual eram gioso da Princeza Regente. E’ um facto que em todas
elles supremos representantes: tomaram por um insulto ao as provincias do vasto Imperio do Brasil o clero. se.
alto cargo que vinham desempenhando. como era de seu dever, se mantinha respeitador das leis
que garantiam, infelizmente, a propriedade escrava, nem
por isso desdenhava dos augustos ensinamentos da fé. en
sinamentos deante dos quaes nenhum homem é escravo.
Levado com o Sr. D. Macedo Costa, que o imitára no Assim, ao norte c ao sul. cm todo o paiz. o clero punha
Hará. perante o Supremo Tribunal, ahi os Conselheiros todo o seu prestigio ao serviço de tão nobre e alevan-
bandido Mendes e Zacharias de Goes mostraram a sem- tada causa, a da liberdade e redempção dos captivos.
razão. a injustiça do Ooverno para com os bispos, e com Não mais escravos, sejamos todos um povo livre, eis
argumentos valiosos e em um estylo ás vezes arrebatador o ideal dos representantes da Egreja Catholica, E para
o o o o o 287 o o o o o
LfVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO DA
testemunho de quanto crescera na estima e respeito para o Brasil distinguido e enaltecido com o cardinalato na
com a Santa Egreja a Sra. D. Isabel, referendando a lei pessoa deste humilde, austero, puro. notável e santo eccle
de 13 de maio, pela qual ficara immediatamente. sem ne siastico. que é o Sr. D. Joaquim Arcoverde. Arcebispo
nhuma condição, extincta em todo o immenso imperio a desta Archidioccse de S. Sebastião do Rio de Janeiro,
escravidão, e consequentemente como fôra do agrado da cujos serviços inestimáveis í Egreja em todo este immensõ
Santa Egreja esse bellissimo gesto, com que ella, para paiz, prestados de boa vontade, com a maior prudência e
salvar uma raça inteira e libertar de uma nodoa depri abnegação, mui justamente lhe deram direito a ser tido
mente uma civilisação. jogára com o futuro de um throno, e havido como o centro da vida religiosa nesta patria tão
cujos alicerces dalli para deante começaram a vacillar. amada e o propulsor principal, intelligente. deste mui no
ahi esta a ceremonia pomposissima, que. aqui, nesta ci tável desenvolvimento da religião entre nós. sempre cres
dade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, se realizíra com cente e que em uma das mais solemnes manifestações da
a entrega da «Rosa de Ouro», mimo preciosíssimo, com fé se mostrará por occasiâo do Congresso Eucharistico
que o^ santo e sábio Pontifice Leão X III houve por bem a realizar-se sob os auspícios dos Céos entre as festas do
primeiro Centenario do nossa Independencia. Com a creação
Esse gesto de munificência de Leão X III era o bene do Cardinalato. na pessoa do Sr. dom Joaquim Arco
placito aos esforços que o episcopado e o clero vinham verde. ninguem se julgou preterido, tamanhas as suas vir-
desenvolvendo pela abolição do captiveiro, como bem deixam
vêr as pastoraes do Primaz Arcebispo da Bahia, dos Srs. Basta Acredito que este pequenino esboço historico seja
Bispos do Rio de Janeiro. Diamantina. Marianna. Matto por demais sufficiente para justificar sem favor ajustar-se
Cirosso. S. Paulo e das demais dioceses, em que se di á Egreja Catholica neste vastíssimo paiz. o Brasil, patria
vidia o te rritorio nacional, quando todos se empenharam minha muito amada, a verdade do meu humilde e despre-
junto ao clero e fieis para que extinguissem a escravidão tencioso artigo, synthetizado nas bellissimas palavras de
mesmo em homenagem do mais subido apreço ao S.S.
Padre que festejava seu jubileu. La chiesa che solo amore e luce a per confine.
Assim entre as manifestações mui merecidas que á
Augusta Princeza foram feitas em signal de alegria c re
conhecimento. mesmo aquellas em que os maiores aboli
cionistas. com o encanto da palavra, procuraram exaltar Monsenhor F ernando R anoel.
o gesto magnanimo de S. Alteza, nenhuma excedeu em
brilho, magestade e significação á que o clero, pela auto
ridade suprema de Leão X III. fizera, dando-lhe a «Rosa <Jorna! do Brasil, 9 -9 -2 2 »
de Ouro».
Se. por vezes, inimigos da fé. adversarios desleaes do
nosso credo e da nossa Egreja. têm procurado lançar
o desprestigio sobre a santa religião de Jesus Christo,
negando-lhe os feitos de maior alcance para o engrande
cimento da nossa nacionalidade, cobrindo-a de cpithctos
que de modo nenhum se podem ajustar ao seu feitio, ás
suas doutrinas e ao seu ideal, que é. sem contestação, UM SÉCULO DE ELOQUÊNCIA SACRA
o mais elevado para o individuo, a familia e os povos;
emprestando-lhe intuitos que jamais, em tempo algum, cm
circumstanda nenhuma póde ter. por incompatíveis com o
seu codigo. com a carta magna, que ella vem. por dons i Independencia começou « i todo
mil annos, defendendo á custa do sangue de seus filhos 0 fulgor do pulpito nacional.
"'ais caros e mais valorosos, basta um momento de re Logo ao alvorecer se nos depara . chamada «Escola
flexão. de analyse desapaixonada dos factos, do modo Brasilico-Scraphico». que deu á tribuna sacra os tres vultos
por que se tem havido entre nós. desde o descobrimento de Francisco de S. Carlos. Thereza de Jesus Sampaio e
do paiz até agora, para que se lhe não regateiem, nem Francisco de Mont’ Alvernc. Analysando-sc a obra oral desta
neguem os mais fortes direitos a este culto de respeito, trindade de gigante, não se sabe. ao certo, qual delles
veneração e reconhecimento, que felizmente, na maioria, nós foi o maior, o mais brilhante, o mais genial. Se o pri
lhe rendemos. Até aqui não se nos depara na vida do meiro mereceu de D. João VI o elogio de orador incom
pai/, phase alguma de certo renome, de certo valor e parável. o segundo, com a irradiação portentosa do seu
importância, em que se não veja a Egreja catholica mi talento, logra fazer chegar a sua fama até o estrangeiro,
litando na vanguarda dos mais estrenuos e denodados conseguindo da universidade de «Munich- o titulo raro de
campeões. Pela verdade, pela justiça, pelo bem e pelo ) benemerito. Francisco de Mont’Alverne não lhes fica
bello e que vive a Santa Egreja. Irmão de habito e irmão na eloquenda, os
seus oitenta sermões podem, com vantagem, fundar a gloria
de oitenta oradores. Cégo no apogeu da sua carreira, volta
ao pulpito para o canto do cysne da sua oratoria, no
sermão immortal de S. Pedro de Alcantara e desce sa
O CARDIN AL ATO grado pelo imperador com a aureola de magestade. de rei
da palavra, dessa palavra, a maior de todas, que soava
no silendo dos templos, como bronze de lei.
Proclamada a Republica, embora em seus primeiroí . 1856 emudeceu a -Escola Seraphica > Ella datava
actos o Governo Provisorio visasse ferir-nos a nós do clero de 1822. precisamente. Com a morte de Mont’ Alverne. o
excluindo-nos do numero dos cidadãos, negando-nos os di campeonato (a expressão é moderna) do pulpito deslocou-se
reitos da cidadania, é um facto incontestável, tangível, ac do clero regular para as mãos. ou antes, para os lábios
alcance de todos, que extraordinario tem sido o descnvol do clero secular. E’ que chegava de Paris o grande Padre
vunento e o progresso da religião em nosso paiz. brasileiro Antonio de Macedo Costa, destinado a ser o
I or toda a parte, em todas as direcções, de norte sagrada° ^ Amazonia- e ° maior expoente da tribuna
a sul de leste a oeste, o espirito religioso se ostenta Já em Paris, no pulpito aristocrático de S. Sulpicio,
“ ° do sop ro divino: e para corresponder a este surte como estudante elle recebeu a pranchada classica, que o
de vida religiosa, que sobremodo nos enaltece, dando-no' armava cavalleiro da santa cruzada do «ministerium verbi».
com real direito um logar entre os povos mais digno;
do mundo. a S. Sé. tão sobria e prudente, que sempre age . 9ue. as finas senhoras catholicas e os literatos pari
com muita sabedoria, não duvidou dividir e subdividir ai sienses já accudiam pressurosos a ouvir «le jeune bresilien».
circumscnpções ecclesiasticas, multiplicando as dioceses que 1 ejpóuencia de Macedo Costa era eminentemente dia
se na Monarchia não passaram de 12. sendo 11 bispado- lectica. Elle foi o polemista do pulpito.
e um arcebispado, hoje vão para mais de ciencoenta. dis O poder da sua palavra, que era rigorosamente ver
nacula e fortemente erudita, chegou até á «Cidade Eterna»,
V"n Va-‘* s ,prov‘ nc' as ecclesiasticas. além de muitai tmde, no Concilio de Vaticano, rutilou entre clarões e
prelazias e quasi outras tantas prefeituras apostólicas. Assiir
o exigem as circumstancias religiosas do paiz. que err ctiammas. na presença de oitocentos prelados de toda a
quasi todos os Estados conta algum santuario de grande í.hristandade.
As orações de Macedo Costa andam esparsas nas
Lre?havel d DVOC/ ° Nossa Senhora de Na nossas selectas e Anthologias, como exemplares de elo
zareth. no Pará: Nossa Senhora da Apparecida. em Sàc
quência e de purismo, pois que elle sabia alliar o dizer
- v™ * * ■ J' ■ * “ certo ao dizer formoso.
Cresceu, subiu tanto de importância o nosso paiz sot
o aspecto religioso, avantajou-se tanto não só nesta oorcàc
do continente que é a America do Sul. mas em toda »
America Latina, que em 1905 Pio X. um dos maiore Vem a Republica. Privado o pulpito daquelle orna-
e mais piedosos pontifices, que tem ’ tido a Cathedra mento. que lhe emprestava a Côrte nas solemnidades da
Romana, querendo distinguir a America Latina com o car Fatria e da Religião comtudo não decahiu do seu brilho,
mnalato. a maior honra, a que pode attingir um eccle nem desmereceu do seu fulgor. E’ que os regimens passam,
siastico. nao teve difficuldade em dar suas preTcrencas mas a eloquência fica. E" assim que. no novo regimen,
ao clero brasileiro. E. assim, entre os seus irmãos continuaram a surgir, aqui e alli. os grandes oradores sa
entre paizes possuidores de um clero á altura da missão grados. Seria impossível enumerar aqui toda a immensa
divina que lhe cabe em razão mesmo do sacerdoífo v?u4e gloriosa galeria. Na Capital do paiz. destacam-se dons
; rivaes do império
O O O O
Im p o rtad o res de machinas e accessorios. —
O leo s, Tintas e Vernizes - A rtigos de lo n a
e b o rrach a — Oachetas — M angueiras p ara
In cêndio — M aterial p ara Estradas de ferro .
WÊÊÊM ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■
CASTRO D’ALMEIDA & Cia. — Rio de Janeiro.
• •
IN M I-E N D E N C IA E DA EXhOSIÇM) INTERN ACIONAI.
senhor Britto e o Padre Dr. Julio Maria. Este ultimo No fim de cada mez. tinham os estudantes de apre
fallecido ha pouco, encerrou com chavc de ouro. a cen sentar uma dissertação por escripto sobre um ponto esco
turia famosa, que ora commcmoramos, da eloquenda sa- lhido entre as licções dadas.
Krada. O alvorecer do segundo seculo do Brasil-nação offe- O art. 18. da lei de 14 de Junho de 1831, criou o
rece ao historiador futuro uma brilhante misse dc expo concurso para provimento das cadeiras dos cursos ju ri
entes da oratoria dos templos. dicos. concurso regulado pelo decreto de 19 de Agosto
do mesmo anno, firmado pela Regencia.
A 7 de Novembro ainda de 1831. approvou a As
sembléa Qeral os estatutos definitivos que pouco alteravam
os do Visconde da Cachoeira, e que vigoraram até 28
Mf
m o
r .
ia de Abril nde 1854. data em que se adoptaram outros.
Os cursos jurídicos passaram a denominar-se Faculdades
de Direito; criou-se no 1» anno a cadeira de Institutos de
IJorna! do Brasil, 8—0—22) Justiniano e ordenou-se que no 5° anno se ensinasse o
direito administrativo, havendo onze cathedraticos e seis
substitutos.
Com differenças sem relevanda, o regimen das aulas
continuou o mesmo, só as prelecções. reduzidas a uma
hora. não mais se cingiram a compêndios approvados, e
attenuou-sc o rigor de certas disposições, excepto quanto
NOVENTA E CINCO ANNOS DE CURSOS JURIDICOS ao não comparecimento do estudante ás sabbatinas, o qual,
não justificado, equivalia a quatro faltas.
Os estatutos de 1854 foram completados pelo decreto
de 4 de Fevereiro dc 1855.
O decreto de 14 de Janeiro de 1871 instituiu a prova
escripta para todos os annos e o de 22 dc Outubro,
Pela lei dc I I dc Agosto dc 1827 criaram-se os cursos também de 1871, aboliu o prazo de 24 horas que mediava
juridicos c sociaes dc S. Paulo c Olinda, installados em entre a tiragem do ponto e a realização da prova oral.
Por mais de meio seculo viveram as Faculdades de
Determinou essa lei que as matérias dc ensino se di Direito sob o regimen que acima fica esboçado.
vidissem em nove cadeiras c cm cinco annos, dc con Alterou-o completamente o decreto de 19 de Abril de
formidade com o seguinte plano: no 1“ anno, uma ca 1899. que declarou completamente livre o ensino superior
deira única, em que professassem o direita natural, o em todo o Império, salvo a necessaria inspccção para
direito publico, a analyse da Constituição do Império, o garantir as condições de moralidade e hygiene.
direito das Oentcs e a diplomacia; no 2° anno, a con Permittiu o citado decreto a associação de particu
tinuação das materias do primeiro anno, em uma ca lares para a fundação de cursos, onde fossem ensinadas
deira. cm outra o direito publico ecclesiastico; no 3°. duas as materias constituídas dos programmas dos cursos ofíi-
cadeiras, igualmcntc. Icccionando-se na primeira o direito ciaes. sem que o Ooverno interviesse na organização de
civil patrio, na segunda o direito criminal, inclusive a taes associações.
theoria do respectivo processo: no -Io. a continuação do Preenchidas certas clausulas, os cursos particulares po
direito civil patrio, na primeira cadeira, c na segunda, deriam obter o titu lo de Faculdade Livre, com todos os
o direito mercantil e maritimo; finalmente, no 5°. a eco privilégios e garantias das Faculdades officiaes. depen
nomia politica e a theoria do processo, havendo uma ca dente. porém, a concessão do placet do Poder Legislativo.
deira para cada materia. As Faculdades de Direito foram divididas em duas
Eram nove os lentes cathcdraticos e cinco os substi secções: a dc Sdencia Juridicas e a de Sciencias Sociaes.
tutos. a todos os quaes a lei facultava a escolha de Ficaram estabelecidas 20 cadeiras e criados 10 logares
compêndios, desde que as doutrinas ensinadas não offcn- de lentes substitutos.
dessem o systema politico jurado pela Nação. O Grau de bacharel em sciencias sociaes habilitava
O curso conferia o grau de bacharel e de doutor e para os logares de addido dc legação, de praticante e de
só aquelles que obtinham este ultimo podiam ser no amanuense das Secretarias de Estado e mais repartições
meados lentes, sendo que as primeiras nomeações se foram publicas: o de bacharel em sciencias juridicas para a advo
fazendo á proporção das necessidades do ensino, sem cacia e a magistratura.
dependencia de concurso. Além dos preparatórios até então necessários para ma
Prescreveu ainda a lei que se applicassem aos cursos trícula. exigiam-se o italiano e o allemão.
dc São Paulo e Olinda os estatutos organizados pelo Vis Pelo decreto de 17 de Janeiro de 1885. novas modifi
conde da Cachoeira, em Março dc 1825. e que eram o cações se fizeram no plano dc estudos dos institutos jurí
projecto de regulamento ao decreto inexecutado de 9 de dicos admittiu-se o exame cm qualquer epoca do anno
Janeiro de 1825. que criou um curso juridico na cidade c a differença de epoca para os trabalhos da Faculdade
do Rio de Janeiro. de Recife e da de São Paulo; aboliu-se a possibilidade de
Os estatutos do Visconde de Cachoeira, que deviam Faculdades livres; aiigmentou-sc o numero de cadeiras.
ser observados cm tudo quanto não contrariassem a lei Este decreto foi revogado pelo de 28 de Novembro
de 11 de Agosto, e até que as Congregações redigissem do mesmo anno.
estatutos completos, sujeitos á approvação da Assembléa Depois do advento da Republica, expediu o Governo
Oeral do Império, encerram sábias ponderações e excellentes Provisorio o decreto de 2 de Janeiro de 1891. contendo
conselhos, sobretudo na exposição preliminar. os estatutos denominados de Benjamin Constant, nome do
Cogitavam, não de quantidade, mas sim de qualidade ministro que os referendou.
dos bacharéis, sem -as relaxadas praticas dos que supera- Cada Faculdade começou a ter tres cursos: o de sci
bundavam em Portugal». encias juridicas, o de sciencias sociaes e o de notariado,
Cumpria não sobrecarregar o ensino de antigualhas e composto este ultimo de quatro cadeiras, das quaes tres
subtilezas imprestáveis na vida publica, em menoscabo de destinadas i explicação succinta dos diversos ramos do
cousas essenciaes. direito patrio e a quarta á pratica forense: obrigou-se
Era obrigatória a frequência dos alumnos que. por os substitutos a fazerem cursos complementares sobre as
15 faltas sem causa, ou por 40 ainda que justificadas, materias designadas pelo director; acceitou-se a possibi
perdiam o direito dc prestar exame no fim do anno lec lidade de nomeação de professores sem concurso; de tres
tivo. exame exclusivamente oral. tirado o ponto 24 em tres annos, um lente cathedratico ou substituto devia
horas antes, excepto no 5" anno, em que se dobrava o ir ao estrangeiro estudar os estabOecimentos mais notáveis;
No fim do anno lectivo, a Congregação distribuía a alumnos distinctos; facilitou-se a fundação de Faculdades
dois estudantes dc cada anno prémios consistentes em 50800(1 estaduaes ou livres particulares; admittiram-se exames extra
para cada um dos galardoados. ordinarios. etc. . .
Recommcndavam muito os estatutos que os lentes fossem
breves e claros na sua exposição, não ostentando erudição A 7 de Fevereiro do dito anno dc 1891. modificou o
por vaidade, mas aproveitando o tempo com licções uteis. Governo Provisorio a reforma Benjamin Constant.
trabalhando quanto possível por concluir a explanação das A I de Dezembro de 1892. approvou-se o Codigo das
materias do compendio. disposições communs ás instituições de ensino superior, re-
Os lentes tinham honras de desembargadores, com or formando-se em pontos pouco importantes o regimen pre-
denado igual ao destes.
Um dos lentes substitutos era encarregado do officio A lei de 30 de Outubro de 1895 reorganizou o en
de Secretario, com a gratificação mensal de 208000. sino das Faculdades de Direito, restabelecendo a divizão
Os compêndios, depois de approvados pela assembléa do curso Oeral emcinco annos, supprimindo a separação
Kcral. imprimiam-se por conta do Ooverno. cabendo aos em sciencias sociaes e juridicas, e o curso de notariado,
autores privilegio exclusivo sobre a obra. por 10 annos. prohibindo que os alumnos galgassem annos; volveu-se ao
As licções deveriam durar hora e meia. destinando-se ensiino de frequencia obrigatoria, etc.
meia hora á audição dos estudantes c o resto a expli Dc 1895 para cá. passaram as Faculdades de Direito
cação do compendio. por terem grandes reformas a saber: — A de I o de
Aos sabbados. seis estudantes sorteados arguiam e seis Janeiro de 1901. ifrmada pelo S. Epitacio Pessoa: deno
defendiam a matéria explicada, indicada na vespera pelo minada — Codigo dos institutos officiaes de ensino superior
O O O O O
LIVRO D t OURO COMMEMORATJVO DO CENTENÁRIO DA
o o o o o o 390 o o o o o
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
sc encontrão as ditas remittentes nervosas, erisipelas, ca- Que se verifica quanto nelle sc propõe, devendo con-
tharros etc., ainda que tudo mais enfurecido, nos meres sidcrar-se da maior importância, que o centro, e as partes
quentes e húmidos, isto é. de Outubro até Marco. adjacentes sejam gradualmentc mais elevadas, que as extre
A respeito do ar. nota-se aqui. que ordinariamente midades: razão porque em muitas partes deverá ser o
influem muito pouco nas enfermidades as mudanças de es terreno rebaixado por lhes não competir tanta altura a
tacões. porque estas se confundam, e nunca se podem respeito dc outras mais centraes. Ao quarto satisfaço, di
dizer fixamciite estabelecidas: existe porém uma continua zendo que sim a tudo, e só accrescento que. não podendo
variação de temperatura atmosphcrica. de sorte que em evitar-se o damno, que provém de ficar a cidade abafada
poucas horas sobe. e desce o thcrmometrn, oito ou dez. pelas montanhas destas, comtudo se póde tirar algum par
gráos. c não abaixando de sessenta no mais intenso frio: tido. fazendo que sejão cobertas de arvoredos, o qual
daqui se pode inferir quanto padecerão os corpos por tran mostra a experienda quanto ahi prospera.
spirações repercutidas, espasmos, suscitados por uma per Para se decidir o que toca ao sexto, era necessario
petua mudança de estado, e rotura do equilibrio da eco um escrupuloso nivelamento. Para satisfazer ao sétimo, nas
nomia animal, regulando-nos pela segunda parte do App.. 1 ponderações preliminares, apontei algumas causas diete
da SecC- 3 de Hip. «Tempestatum anni mutationes potissimum ticas. que me parecem mais genericas. Sendo inútil a in
morbos pariunt. ctein ipsis anni temestatibus magnae mu- dagação dos males, quando sc não applicâo os remedios
eu me adianto a propôr alguns, os quaes eu faço consistir,
hunc modum». pelo que pertence ao physico: 1. exteriormente em elevar,
Usta origem de enfermidade inevitável só se poderia e abaixar o terreno nos diversos togares, como fôr con
emendar, ou para melhor dizer só viria a ser illudida. veniente para evitar o estagno das aguas: interiormente,
oppondo-se-lhe uma bem acertada educação physica, por cm examinar, se as casas se achâo com os seus canos
meio da qual os corpos delia zombassem. desembaraçados para a expedição das aguas das chuvas,
A esta causa universal de insalubridade se aggregâo admoestando os habitantes (vista a impossibilidade de co-
muitas mais particulares, proprias a aggravar o defeito da acçâo a este respeito) para que não lancem outras im
atmosphera como I. a direcção de algumas ruas dispostas a puras nas suas pequenas áreas, pelo damno, que lhes re
estorvar que transitem livremente pelas casas o terral, sultará de semelhante desatino: 2. em providendar ao des
unicos corrcctivos do vicio do ar: 2. a mal entendida pejo da cidade, de sorte que se evite a fazer-se ao longo
construcçâo de casas com pequena frente, e grande fundo, das praias, de onde não havendo sahida pela fraca acção
própria a dim inuir os pontos de contacto do ar externo da maré, em taes sitios se exhala o mais pestifero cheiro,
com o interno: e sendo assim i. o terreno naturalmente que todos experimentão. e menos nos diversos esterqui-
húmido sobre que assentâo as ditas casas, feito de peior hnios. que a miseria e a indolência continuadamcnte fa-
condição pelas muitas aguas sujas indiscretamentc lançadas
nas chamadas áreas das casas, ás quaes não obstante serem Esta desordem é remediável por meios dispendiosos, pois
descobertas, mal chega algum raio do sol perpendicular, seria crueldade empregar a força sem facilitar o recurso.
e menos alguma particula do ar livre; 4. o dcsaceio das Já tem sido lembrado o arbitrio das barcas, que. recebendo
praças proveniente dos despejos cujos cffluvios voltâo para os despejos por pontes as mais extensas, que possível
a cidade envoltos com os ventos, e os podem fazer
fôr,pesti
na hora da vasante. sejão conduzidas a reboque até
feros: as Egrejas loucamente recheadas de cadaveres por fóra da barra, onde por valvulas se desonerem: este meio
uma indiscrceta devoção: a valia, o cano. a cadeia, os ester- é dispendioso pois requer ao menos a construcçâo de dez
quilinios vagos, emfim. tantos depositos de emmundicies. barcas, c dc embarcações para o reboque, concertos, paga
que ha bastante motivo a suscitar-se uma interessante questão: mento de dez negros para o serviço de cada uma com
a saber: porque da reunião de tantas e tão poderosas seus guardiães: o publico podia concorrer pagando os pro
causas de corrupção, esta se não levanta em um gráo prietarios dos edifícios conforme as braças da sua tes
tada : este peso se suavisaria com outra commodidade ima
E assim seria, a meu vér. se não fosse correcta pela ginável: a saber: os negros alugados para o serviço das
saudavcl exhalaçào dos grandes meios visinhos á cidade, barcas, nas horas vagas, dirigidos pelos seus guardiães,
que são uma officina de ar vital, conforme as recentes obser dever-se-hiam empregar em conduzir uma tina de despejo
vações feitas sobre os vegetaes; donde se deve concluir dc cada casa indistinctamente. nos districtos certos por
a importanda da conservação e propagação de arvoredos distribuição; os pobres desta sorte por um pequeno au
dentro e nas visinhanças das povoações taes como o Rio gmento de aluguel das casas, virião a desfructar uma
de Janeiro. commodidade que lhes custa muito mais na roda do anno:
Não é menos attendivel no exame das enfermidades os mesmos negros poderiâo fazer o despejo quotidiano da
o artigo da dieta em que se adoptão erros enormissimos: cadeia, cujo cano devia ser entulhado: da mesma sorte a
enfraquecidos os corpos, e arruinados pela influencia do respeito dos hospitaes. Não deve esquecer a reforma e
ar viciado, acabão de o ser pelos mal escolhidos alimentos, concerto da valla e cano. de sorte que deixem de ser
entre os quaes mostra a experienda, que é muito nocivo um deposito infernal de immundicies. Pelo que pertence
o uso do peixe, fadlimo a corromper-se. e das misturas ao moral, ganhar-se-hia muito em uma policia exacta em
estimulantes, com que pretendem excitar a voracidade, e conservar occupados os individuos de ambos os sexos, acau
o appetite desvaneddo pela debilidade natural: daqui re telando que se não demorem dentro da cidade numerosas
sulta novo fermento para gerar acrimonias, que unidas a familias, que gemem debaixo da maior indignidade, api-
frouxidão predominante, produzem, ou doenças agudas de nhoadas em pequenas casas, onde comem mal. dormem
pessimo caracter, ou mais oidinariamente desafião a força peor. e respirão pessimamente em uma atmosphera pouco
da vida a promover a sua expulsão por meio de erisipelas, menos que sepulchral, dando-sc-lhes destino, que os obri
e de todo o genero de etupções agudas, ou chronicas, gasse ao trabalho campestre: até as mesmas mulheres fi-
conforme a idiosyacrasia do sujeito. carião de melhor fortuna, e a cidade mais descarregada.
A falta de emprego para numerosos individuos de ambos Resposta que deu o Dr. Bernardino Antonio Gomes,
os sexos, mais principalmente feminino, também aggrava ao programma da Camara desta cidade, que vem no n.
todas as causas, estragando a constituição physica e moral. 1. pag. 58:
Depois deste pequeno numero de prévias ponderações,
passo a responder em breve ao primeiro quesito. 1." Segundo a observação de quasi dous annos, que
Que segundo a mais estreita definição de doenças ende conto dc residência no Rio dc Janeiro, tenho por molestias
micas. não achamos no Rio de Janeiro doença, que se endemicas desta cidade, sarna, erysipelas, empigens, boubas,
não encontre em outros paizes debaixo de differentes climas morphéa. elephantiasis, formigueiro, o bicho dos pés. edemas
e diversas temperaturas, muito principalmente nos que se das pernas, hydrocele, sarbocele. lombrigas, hernias, leu-
acham em circumstandas eguacs ás deste: mas é certo chorréa, dysmcnorrhéa. hemorroides, dispepsia, varios aflecto»
que algumas enfermidades, vulgares em outras partes, aqui convulsivos, hepatites, e differentes sortes de febres inter
reluzem com symptomas particulares no modo da invasão, mittentes e remittentes.
duração e maneira de terminar, de sorte que estas mesmas Não se observa no Rio de Janeiro o que na Costa
quasi sc podem reputar endemicas em sentido rigoroso, d’Africa chamam carneiradas, isto é. certas molestias epi
e consistem principalmente em febres remittentes, inchações demicas. que grassam regularmente em certos tempos do
chronicas, sendo algumas de genero particular, a que eu anno, mas as febres intermittentes e remittentes, aliás en
daria o nome de crescimento vicioso, ou engrossamento demicas frequentemente se encontram assás epidemicas, prin-
sobrenatural de fibras: em ataques de peito, de que provém cipalmcnte na estação chuvosa, que de verão. Demais vê-se
a phtysica rapidisissimamente confirmada, concluindo-se os aqui. como em todas as partes do mundo, epidemicas es
doentes sem que p.issem pelos estados ordinários em outros porádicas. ou extraordinarias, tal foi a das bexigas podres
paizes, ou passando-os sempre atropeladamente; em em do anno passado, que foi fatal a milhares de crianças.
baraços de figado promptissimo a occupar-se. e que neste Também me persuado que as revoluções, ou affecções pa
estado, interessando com celeridade o bofe, produz fre ralyticas reinâo ás vezes aqui epidemicamente; no mesmo
quentemente a doença conhecida pelo povo. com o insigni anno passado, antes da epidemia bexigosa, houverão muitas
ficante nome de tubérculo, quasi sempre irremediável, sendo destas molestias. Do que acabo de referir, e da raridade
aquj perceptível o intimo consenso das duas entranhas, bofe com que aqui se encontrão doenças verdadeiramente inflam
e .figado. pois que os phtysicos acabão a sua rapida car matorias. creio poder asseverar em geral, que as molestias,
reira sempre obstructos do figado. e os tuberculosos também tanto endemicas, como epidemicas, desta cidade, são doenças
perecem em breve espaço com grandes suffocações: e por de atonia, e que por consequência sc devem classificar
tim concluo, que as doenças endemicas se confundem com na ordem das suas causas tudo o que tende a enervar a
as epidemicas, até ás mesmas bexigas, que reinâo em todas constituição physica dos habitantes, e a produzir os miasmas,
as estações, e quasi nunca cessão. Ao segundo quesito que hoje sc reconhecem por causa das febres intermittentes
respondo .affirmando o que nelle se contém. Ao terceiro. e remittentes, e em geral das epidemicas.
o o o o o o 291 o o o o o o
l/V R O DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
O O O O O O 292 O O O O O O
MACEDO SERRA & Cia. — Rio de Janeiro.
IN D t PEN DE NCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
chamão endemicas. são. as erisipelas. ; doenças da pelle. 4. Pelas experiences physicas sabemos, que. quando
as obstriicções do fígado. cm que. qu •. _ _ r ... interessa
sempre,
o pulmão, conhecidas no paiz debaixo do nome <ie tuber- não ha circulação e expedição no ar. de maneira, que este
culosc: e finalmente as affecções hemorrhoidacs. não se renove por meio do ingresso de outro ar mais
pelas, a ninguem, nem mesmo aos recemnascidos. como puro. e menos philogisticado. ha de haver calor. Logo e
eu tenho observado. _ potipâo. Rarissimas são as pessoas embaraço, que fazem á entrada dos quotidianos ventos
marítimos ou terraes. que soprão da parte do Nordeste.
desta cidade, que nào soffrão insultos erisipellatosos; e Norto. e Noroeste, os seis morros, que correm de S. Bento
por isso os naturaes do paiz ja não reputão enfermidades até S. Diogo, iia direcção de Lest-Nordeste, e a dos ves
a erisipella. Curão-se com os seus remedios domesticos pertinos. ou virações, mais fortes que os primeiros, con
sem o auxilio da arte; tão vulgar se tem feito esta doença! stantes da parte do Sueste. Sul. e Sudoeste, os morros
Mas a falta de methodo curativo, e a pouca regularidade do Castello. Santo Antonio, e Fernando Dias parallelos
e dieta, que os enfermos tem nos seus insultos, derâo aos ^primeiros, de sorte, que fica a cidade sepultada entre
origem a outra moléstia, que ainda se faz mais sensível
aos que habitâo este recinto da cidade; fallo das inchações recçâo das ruas, que além de serem muito estreitas e
das pernas e dos testiculos. E’no Rio de Janeiro,compridas,
que eu o sol penetra os edifícios de manhã, e á tarde,
não sem grande magoa dos meus compatriotas, vim observar fazem a cidade pouco arejada dos ventos, abafadiça, en
até que ponto se pódc distender o tecido cellular pela demica. epidemica, e incapaz de se poder viver nella. Está
frouxidão das partes. em problema, qual das cidades é mais doentia, se o Rio
Vê-se logo que a erisipella no paiz é por todos os de Janeiro, ou Angola. Muitos, que viverão nesta sempre
titulos temível, tanto porque freqüentes vezes termina pela sadios, vierão acabar os seus dias miseravelmente no Rio
gangrena, e morte, como eu muitos vezes rapidamente tenho de Janeiro, cheios de mil enfermidades chronicas. A estas
observado, como porque, quasi sempre deixa deformidades urgentissimas causas ainda accresce: 1. a immundicia, que
nas partes affcctadas. As molestias de pelle hoje são tio se encontra no interior da cidade: 2, as aguas estagnadas,
vulgares no paiz que. com razão podemos affirmar. que que apodrecendo pelo grande calor exhalão os mais pes
são endemicas. As sarnas, as empigens. o escorbuto, e tiferos vapores. Sómente os effluvios. que dimanão das
mosmo as elephantiasis, raras vezes se deixão de encontrar aguas enxarcadas. que perennemente existem dentro da
nas casas de familias do Rio de Janeiro; principalmente cidade, os vapores, que lanção as immundicias amontoadas
as mulheres são mais sujeitas a affectar-se de enfermidades nos largos e praças, e o grande fedor, que vem de
cutaneas c do escorbuto. uma grande valia, que se abrio para dar escoante ás aguas,
Os tubérculos do paiz roubão muita gente do Rio de mas que serve para despejo dos moradores circumvisinhos.
Janeiro. Póde asseverar-se que a terça parte do povo pe bastariào para fazer o Rio de Janeiro endemico, quanto
rece de tuberculose. Lu tenho observado na minha pratica, mais concorrendo outra causa mais poderosa, que as pri
que quando entrão a reluzir symptomas de liquido extra meiras. O ar húmido e quente, que combinando-se com
vasado na cavidade do peito, os enfermos morrem, apezar effluvios das immundicias fica mais alterado, mais cor
em pratica os mais heroicos medicamentos, rupto. mais degenerado, e mais capaz de produzir enfer
que os celebresi práticos apontâo nos seus Annaes de Me- midades.
Os frades procurâo sitios mais elevados para fundar
As affecções hemorrhoidaes fazem um grande estrago os seus conventos. Os Jesuítas no morro mais arejado,
entre os habitantes do Rio de Janeiro. Os extraordinarios e mais prejudicial á cidade, denominado morro do Castello,
symptomas. que eu encontrava nos práticos, quando estava ahi fizerão a sua habitação. Os frades de Santo Antonio
na universidade, sempre me parecerão fabulosos, emquanto situarão-se em outro monte, que é menos nocivo, que o
mais de perto nào os vim observar. primeiro. Os monges Benedictinos fundarão o seu mos
Não sei. que influencia tem o ar. ou os alimentos teiro sobre outro morro parallelo ao do Castello, que
sobre os vasos hemorrhoidaes. que ainda os meninos expe- não é tão prejudicial á cidade, como os dous primeiros.
rimentão o mal. que as hcmorrhoidas causão na economia Os Carmelitas, não sei porque destino, ficarão em um
lugar plano e mais ao abrigo das virações. Entretanto,
2. Ao certo nào se podem determinar as molestias, não se esquecerão do sitio mais bello, que tem a cidade
que nas diversas estações do anno, c nos differentes annos para construírem o seuconvento. Ficão em um grande
reinão no paiz. Os grandes práticos do norte ficarião largo junto ao palacio. Por isso naquella sociedade de
confundidos, se viessem ao Rio de Janeiro. Não sómente homens não se observão tantas enfermidades chronicas, e
encontrarião invertidas as estações, e os morbos estacio vivem uma idade mais dilatada.
nários. como acharião enfermidades extravagantes. Se eu 5. As causas moraes e dieteticas influem assás para
não me visse obrigado a limitar o meu discurso ás per as molestias do paiz. Os antigos affirm ão. que as phtysicas.
guntas. que o Senado pede. era boa occasiâo para eu hoje tão freqüentes no Rio de Janeiro, rarissimas vezes
traçar uma larga memoria sobre as diversas enfermidades se observavão. assim como as doenças de pelle. Ora. se
methodo curativo, que durante o meu exercido Nós cavarmos mais ao fundo a origem destas enfermidades,
medico tenho observac nesta capitania. Este trabalho ficará.
enho observado acharemos, que quasi todas são complicadas com o vicio
. ando eu tiver mais pratica e mais commodidade. venereo. A opulência desta respeitável cidade fez intro
Agora, não devendo aberrar do meu objecto, direi só duzir o luxo. e o luxo a depravação dos costumes, de
mente. que no outomno, e verão, reinão as febres biliosas, maneira, que dentro da cidade, não faltão casas publicas,
^."ysenterias. e as bexigas. No inverno e primavera as onde a mocidade vai estragar a sua saude. e corromper
os costumes de uma boa educação, contrahindo novas en
defluxõcs as febres catharraes. as hemoptizes. os rheuma fermidades. c ' dando causa para outras tantas.
tismos. e os estupores. Nas crianças appareceu o anno Accresce a vida sedentaria e debochada dos habitantes
passado a cacoluxe. ou tosse convulsiva, pela primeira do paiz; as mulheres vivem encarceradas dentro em casa.
vez. desconhecida até agora no Brasil. e não fazem o minimo exercício. Os homens, ainda os
3. A principal causa das molestias endemicas, e dos europeus, ficão preguiçosos, assim que se estabelecem nesta
maos successos das epidemicas, sem duvida provem da in terra. Bem se vê logo. que o vicio celtico. os continuados
fluencia do clima sobre os nossos corpos. «Hyppocrates», deboches de comidas e bebidas, a que são muito entregues
nos seus aphorismos, secção 3a. já conheceu isso mesmo, os habitantes do paiz. e a vida frouxa sem algum exercido,
quando nosi: patentea as diversas e gravissimas enfermidades juntamente com as outras causas acima ponderadas, por
que nascem das differentes combinações da atmosphera. O certo hão de causar tantas enfermidades chronicas, que
Rio de Janeiro, uma das mais bellas cidades da America
I Ortugnera. « ainda de Portugal, tanto pela sua população, 6. Sobre os meios de obstar a estas causas. Uma
como pelo extraordinario commercio e riqueza, que maneja, das molestias endemicas, que quando reina no paiz, rouba
se faz inhabitavel pelo pestifero ar, que respira o mi ao Estado milhares de habitantes, é sem duvida a das
serável povo. húmido, e quente. Ainda em os mezes de bexigas. Quasi sempre se communica pelo contagio dos
inverno, nunca o ar é frio e secco. antes sempre húmido. escravos recem-trazidos da Africa. O anno passado foi o
Us antigos lembrarão-se de dizer que as molestias endemicas virus varioloso tão pestifero, que. apezar das mais sabias
do Rio de Janeiro erâo devidas á agua. que se bebe. vigilandas dos grandes medicos, que temos nesta terra,
o que é falso, pelas posteriores experiendas, que no tempo e manejando o seu tratamento, segundo prescrevem os
do vice-rei Vasconcellos. se fizerão debaixo da direcção maiores práticos nas epidemias de bexigas, morrerão, fa
dos mais hábeis philosophos e medicos. zendo o calculo muito favoravel. dous terços dos enfermos
Quaes serão pois as causas da humidade e da de- variolosos. E quanto não perdeu o Estado, não sómente
P.ravaçã° do ar? São muitas, e as principaes vêm annun- com a diminuição da população, como da agricultura ?
çiadas neste mesmo programma, ao qual eu me refiro; £ para lamentar a fadiga de um pobre lavrador, que á
!• a summa baixeza do pavimento da cidade relativamente custa de seu suor ajunta uma avultada somma de dinheiro,
a superficie do mar. que a cerca pelos tres lados de com que compra um escravo para o ajudar, e passados
Lest-Sueste. Nordeste, e Nor-Nordeste: 2. a pouca expe dias o vê expirar de bexigas, por dólo e malícia do ven
dição. que têm as aguas da chuva extraordinarias no estio. dedor, que o enganou, dizendo, quando o ajustou, que
> sol. r já a tivera em pequeno na sua terra. Um hospital de
cipalmente inoculação estabelecido com o mesmo regulamento, que o
desde i de Lisboa, que. além das pessoas inoculadas, fossem também
Santa !... os escravos obrigados com pena de serem confiscados, para
edifícios da cidade muito itas relativamentc ao a fazenda real os que dolosamente fossem vendidos antes
grande comprim para o campo, onde da inoculação, seria o meio mais seguro de se poupar ao
ttendiveis causas da humidade e Estado tantos milhares de habitantes que morrem de bexigas.
depravação * d° Quanto ás molestias endemicas, sómente a mão poderosa da
o o o o o o 293 o o o o o o
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO i ) A
nossa augusta soberana, poderia de uma vez arrancar as biente viciado pela moeda fiduciaria, que começou sob o
principal’s causas das enfermidades endemicas do Rio de systema da unidade de emissão bancaria, passando, depois,
Janeiro. O calor, e humidade da atmosphera; 1. orde numa sequencia de rapidas mutações, ao da emissão do
nando. que se arrazasse o morro do Castello, e o de Thcsouro e da pluralidade da emissão bancaria, nova-
Santo Antonio, ficando por muita equidade somente intacto mente ao da unidade c ainda ao da pluralidade, até que
o lugar do convento. Por este meio se entulhariâo os foi cassado o direito de em ittir a todos os bancos, sendo
charcos, e lugarees baixos, que ficão da rua da Valia, restabelecida a circulação exclusiva do papel do Thesouro.
para o Campo de S. Domingos, e o ar circularia mais E apezar dessas varias experientias feitas durante o
facilmente pelo interior da cidade, n io havendo mais aquclles regimen monarchic©, o governo republicano não conseguiu
dous obstáculos, dando aos habitantes mais bella viração, ainda, nem mesmo firmar orientação para banir inteira-
para equilibrar o excessivo calôr. que faz nos mezes de mente a origem dos maiores tropeços á estabilidade do
estio. Bem vejo. que se lançava por terra o hospital militar, nosso equilíbrio financeiro, tendo mesmo revigorado o prin
e alguns outros editicios insignificantes: porém S. Magcs- cipio da pluralidade d r emissão bancaria que foi substituído
tade podia supprir esta falta, servindo-sc para occommodar pelo da unidade até 1896. desde que foi adoptado o systema
a sua tropa de um soberbo hospital, que a vaidade dos actual da emissão exclusiva do Thesouro.
Irmãos confrades de Santo Antonio fez levantar para estar O proprio padrão monetario ha sido modificado, pois
vasio e sem doentes. Talvez a nossa imperante ficasse tendo sido estabelecido na base de 67/12. baixou a 43 1/2
mais bem servida por ficar este hospital mais ao abrigo c mais tarde, a 27 dinheiros por mil réis.
dos ventos, c mais perto da agua e do açougue; 2. man Principiou, pois. a vida financeira nacional cm plena
dando. que se intime ao povo. por parte do Senado que confusão do meio circulante e sensivelmente desequilibrada,
ninguem para o futuro construa casas, sem que o enge devido aos damnosos expedientes utilizados ante aperturas
nheiro. que a Camara tiver convidado, tenha examinado que recrudesciam nos ultimos tempos coloniaes. Demais éramos,
o risco, e regulado a altura do pavimento: 3. que se então, compellidos a dispêndios extraordinarios exigidos
consinta haver no interior da cidade mais praças espa pela necessidade da organização immediata de novos ser
çosas. para que o ar mais facilmente se torne dephlogis- viços administrativos e pela segurança da paz interna e
ticado. e ventile pelas ruas; e que estas i proporção da integridade do paiz. Dois empréstimos na importantia
sejào mais largas. nominal de L. 3.486.800, foram logo realizados na
E preciso que da parte dos almotaceis haja uma grande Europa cm 1824. e o producto dessas operações foi quasi
vigilanda, para que dentro da cidade não consintâo immun- integralmente absorvido pelos serviços externos, havendo fi
dicias. principalmente nas praças publicas, c nos lugares, cado ainda o Thesouro brasileiro obrigado pelo prêmio e
que ainda se achão devolutos, sem casas, onde os mora amortização relativos á convenção secreta do tratado por-
dores visinhos fazem a diaria limpeza: 5. é da primeira tuguez de 1823.
necessidade, que se dêm as ultimass providendas, para se Em 1827. ao ser votado pela Asscmbléa Geral Legis
seccar. não somente as aguas da chuva, que se achão lativa o primeiro orçamento do Império, a nossa divida
reprezadas dentro da cidade, e sem expedição para o interna e externa subia ao total de 49.356:426*000. A
mar. como as aguas estagnadas pelas grandes marés nos receita do anno seguinte foi. então, estimada em 6.880:0008.
arrabaldes da cidade. Porquanto, não sómente resultaria tende sido a despe/a fixada em 9.525:000«. a saber
ao povo a destruição de uma causa constante e poderosa das
enfermidades do paiz. como diz o grande Cullen, a respeito
dos lugares pantanosos, fermento de febres podres e inter Casa Im p e ria l................................. 1.031 0008000
mittentes: senão que aproveitaria mais esse terreno in Ministerio do Imperio ................... 570:000*000
culto c sem valia, quer para as casas, quer para a la Ministerio da Marinha ................... 2.061 000*000
voura : o povo vai crescendo consideravelmente, e entre Ministerio da Guerra ................... 2.358.000*000
tanto não tem a cidade lugar para onde se estenda, que Ministerio da Justiça ...................... 107 000*000
não seja pantanoso. Um particular não pode com as des- Ministerio dos Negocios Estrangeiros 110 000*000
pezas de uma propriedade de casas levantadas nestes sitios Ministerio da Fazenda ................... 3.288 000*000
pelo grande aterro, que precisa fazer, o que não acon
teceria. se o publico, cujas iorcas são demasiadamente supe
riores ás dos particulares, tivesse de antemão feito enxugar, Não ha informações estatísticas officiaes sobre o nosso
c aterrar todos estes lugares; 6. é da primeira impor commercio internacional daquelle tempo, mas segundo os
tanda. que o Senado desta cidade tenha o maior cuidado dados colhidos pelo operoso e competente director da Esta
sobre o gado que mata. É impossível, que multiplicados tística Commercial, sr. Léo da Affonscca Junior, em 1827
animacs presos dentro de um pequeno curral, expostos a exportação brasileira sommoii 24.919 e a importação
ao grande calor do sol. privados inteiramente de comer 31.840 contos.
e beber por espaço de sete dias. que no fim deste tempo De tal modo continuou aggravando-sc a situação fi
não estejão quasi damnados. Por isso os habitantes fogem nanceira. pelas razões enunciadas, que em 1829 o Poder
á carne, que não póde deixar de ser nodva á saude. pelas Legislativo era convocado extraordinariamente para resolver
razões acima expendidas: procurão remediar este mal, ali providencias urgentes no sentido de serem debelladas as
mentando-se do peixe, que ainda é mais prejudicial, não prementes difficuklades que se verificavam e deliberou at-
sómente pelo excessivo uso. que fazem delle. como porque, tribuir ao Thesouro a responsabilidade do papel bancario
cm geral, a comida do peixe predispõe aos que usão delle. em circulação.
para serem atacados de enfermidades cutaneas e do escor Cresciam, porém, ainda as exigências de maiores re
buto. segundo a opinião dos melhores práticos. Um pasto cursos. em vista da serie de perturbações que irromperam,
destinado para o gado que se houvesse de matar aquelle em 1831. nesta cidade, e seguidamente em varios outros
mez. donde viessem diariamente para o curral do açougue pontos do Imperio, notadamente no Pará. Maranhão. Per
as cabecas. que servissem para o consumo do povo, era nambuco. Alagoas e Rio Cirande do Sul. onde só em 1845
a melhor providencia, que a Camara podia dar. para haver poude ser a ordem publica restabelecida, surgindo depois,
boa vacca no Rio de Janeiro, e talvez para livrar aos em 1848, na provincia de Pernambuco, com grave reper
habitantes de algumas febres, que se gerâo da carne infec- cussão na de Parahyba. a rebellião praieira».
cionada. que se compra nos açougues publicos da cidade. Chegaram, por isto. a tornar-se angustiosas as condições
A rmpreza parecerá ardua e difficultosa. porém, nada é financeiras do paiz. pois a escassez de recursos era cada
impossível aos homens, principalmente, quando são con
duzidos por conselho sabio e prudente. vez mais intensa, não sendo possível comprimir a des
pesa. que ao contrario, era o governo forçado a manter
Rio de Janeiro. 3 de Dezembro de 1708. em progressivo augmento para defender a ordem consti
tucional ; nem seriam praticáveis as medidas imprescindíveis
ao fortalecimento da renda pelo temor de que servissem
de pretexto a explorações contra os poderes publicos, quando
Dr. Ma
rioS. Fe
rre
ir.
a a opinião popular se achava violentamente excitada pelos
movimentos politicos que se succediam.
Dahi a rapida elevação do passivo nacional, que em
<•Jornal do Brasil* 10—9—22) 1850 subira a 112.273:133*.
Succedeu. entretanto, á victoria da legalidade nas di
versas rebelliões oceorridas. um periodo de cerca de tres
lustros de trabalho e prosperidade, durante o qual apenas
entorpeceram o nosso continuo florescimento economico ó*
prejuisos advindos ao movimento mercantil da grande crise
internacional de 1857.
UM SÉCULO DE FINANÇAS F.m 1864 graves revezes tivemos de defrontar. A fal
lentia de importantes casas bancarias desta praça abalou
profundamente a nossa vida commercial, e sobreveiu também
a guerra com o Paraguay, que terminou em 1870 pelo
Quando se tornou independente, o Brasil estava one triumpho completo de nossas armas.
rado com a divida passiva de 9.870:918*. e as rendas Seiscentos m il contos foi a somma dispendida com
publicas eram. então, insufficientes até mesmo para os a longa campanha, que tanto deprimiu a economia e fi
gastos officiaes ordinários. Além disto, cm virtude dos em nanças do Imperio.
baraços pecuniarios da mctropolc. nascera defeituosa a nossa A divida interna c externa subiu a 347.384 889*000.
politica monctaria e não pudera ser logo radicalmente cu Data do fim daquelle glorioso feito m ilitar o inicio
rada. tendo, assim, florescido o meio circulante num am de nova phase de progresso. Melhoramentos materiaes im-
OO O OO O 294 O O O O O
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
portantes começaram a ser executados com excellentes re Os maiores embaraços financeiros foram vencidos, com
sultados para o desenvolvimento das forças productivas do os accordos dos «fundings loans» celebrados em 1898 e
pair e os «déficits» orçamentários, apesar de haver assim e 1914: merecendo serem destacados dentre os actos de
augmentado a despesa, que algumas veres foi sensivelmente maior alcance financeiro, o que determinou a cobrança de
aggravada por circumstandas extraordinarias, conforme se parte dos direitos aduaneiros em ouro. afim de não ser
viu em 1877. em virtude de pavorosa secca em varias pro o governo forçado a concorrer como tomador de cambiaes
vincias do Norte; os .déficits» orçamentários, diria, des para o custeio da despesa externa: o da encampação das
ceram. e no exercicio de 1888 chegámos a registrar o estradas dc ferro que gosavam da garantia de juros c
saldo de 3.429:640*000. das operações de credito externas.
E deve ser assignalado. que nesse periodo se operou A regularisaçâo da contabilidade é também um tran
a importantíssima transformação da nossa organização eco scendente problema que teve definitiva solução, havendo
nômica. motivada pela extincçâo da escravatura, que se sido votado o anno passado o Codigo de Contabilidade da
fer entre applausos e festas populares. Republica, que entrará este anno em pleno vigor.
Começava a ser executado o vasto programma eco Temos. pois. trabalhado e progredido.
nomic» e financeiro do saudoso visconde de Ouro Preto, Não se justificam as apprehensôcs de alguns espíritos
presidente do ultimo gabinete imperial, quando foi pro que vislumbram ruinas nas crises transitorias que constituem
clamada a Republica. incidentes da historia _financeira de todos os povos. Desde
Conforme a exposição do senador Ruy Barbosa, então o periodo imperial vêm sendo ellas. ás vezes, exageradas,
ministro da Fazenda, dc 28 de dezembro de 1889. a divida até mesmo por homens de altas responsabilidades, sem
publica total era naquella época dc 885.228:662*000. A que entretanto a expansão da riqueza do Brasil jamais
receita annual estava estimada em 147.200:000*. c a des- deixasse dc se operar com maior ou menor intensidade,
peza fixada cm réis 153.148:4440*. a saber: havendo alcançado notável Idiesenvolvimento e esta phase
de alentadoras esperanças em que nos achamos.
Si temos compromissos a solver, si temos carecido
Ministerio do Im p e rio .................... 9.228:321*000 utilisar o credito nacional, cuja firmeza é, aliás, um at-
Idem da Marinha .......................... 11.313 618*000 trstado eloquente da nobreza dos nossos desígnios, ahi
Idem da Guerra ............................. 15.031 706*000 estão, patenteando a intelligencia c honestidade com que
Idem da Justiça ............................ 7.680 612*000 ha sido applicado o dinheiro publico, milhares de kilo
Idem dos Negocios Estrangeiros. 771:706*000 metros de estradas dc ferro e linhas telegraphicas. os
Idem da Agricultura. Commercio e melhoramentos dc outros meios dc communicações terrestres
Obras Publicas ...................... 46.873:576*000 e maritimas, varios portos importantes construídos, a ci
Idem da Fazenda .......................... 62 248 900*000 dade do Rio de Janeiro transformada numa das mais bellas
do mundo, a Marinha e Exercito nacionaes engrandecidos,
e. finalmente a nossa considerável capitalisação material
O commercio internacional daquelle anno fôra de. . . . c intellectual, que excede fartamente ao total dos encargos
259.095 contos, o de exportação, e de 217.800 o de im financeiros a serem remidos.
portação.
Examinemos a situação economica e financeira do Brasil, João L yra.
A 31 de dezembro do anno passado, a divida publica
federal sommava réis. 4.605.705:486*. sendo:
(Rio Jornal, 8—9—22)
Externa . ................. 1.118.865 237*000
Interna, inclusive réis .............
2.070.924:848*. de papel-
moeda em circ u la ç ã o .... 3-486.840 248*000
CEM ANNOS NA ECONOMIA DO BRASIL
A receita para este exercicio. isto é. para o anno
do primeiro centenario da nossa emancipação politica, está
orçada em 92.276 320*. ouro. c 727.673:000*. papel, isto
é. no total papel de 1.039.105 580*. feita a conversão da
parte em ouro. ao cambio de 8 d. ; e a despeza é fixada Qual a nossa situação como produetores e exportadores,
cm 85.931 211*. ouro. e 831.193 762*. papel, assim dis quando Pedro I rompeu as cadeias que nos prendiam
tribuída: e subordinavam ao governo de Lisboa ?
Não era. sabidamente, muito brilhante. E nisso não
ha nada de extraordinario.
Em uma época como a que precedeu de poucos annos
a declaração da nossa independencia. não podia a nossa
Ministerio do Interior 3.101 020í U00 94.809 04280011 incipiente civilização rural cuidar seriamente, fecundamente,
Ministerio da Marinha 4.100 000*000 84.073 707*000 do trabalho dos seus campos e das suas fazendas. Como.
Ministerio da Guerra 1.708 000*000 128.175 730*000 em regra, o nosso pequeno chefe politico é sempre o fa
Ministerio do Exterior 5.363:053*000 2.496 220*000 zendeiro. o senhor de engenho, o plantador de café e
Ministerio da Agricultura 382:680*000 49.173 704*000 dc algodão, naquella época o productor nacional achava-se
Ministerio da Viação 10.473 742*000 275.069 997*000 inteiramente occupado com a conspiração e com os tra
Ministerio da Fazenda 60.702 714*000 197.395 360*000 balhos preparatórios da emancipação nacional. No norte,
apesar do malogro da revolução pernambucana, continuava,
vibrante e intensa, a agitação em torno do grande idéal.
O commercio internacional, em 1921. elevou-se a . . . . No sul. no Rio e em S. Paulo, os patriotas não repou
1.709.722 contos o de exportação, e a 1.689.839 o dc savam. intensificando a sua actividade depois da revo
importação. lução liberal portugueza de que resultou, no Brasil, a
Dos numeros citados evidencia-se que, se ascenderam organização das juntas governativas de 1821. Não era
notavelmente a despeza c a divida publicas, cresceram em possível que os chefes nacionaes. cm um tal período, cheio
proporções superiores as rendas e as forças econômicas dc tantos trabalhos, dc tantos perigos, conciliassem c har
do paiz. A receita orçamentaria de 1827. segundo está monizassem a actividade civica com a actividade economica.
demonstrado, correspondia apenas a 14. e cm 1889 a 16.5. Ora. todo o reinado dc D. Pedro I não passou dc uma
equivalendo actualmcnte a 22 °,o do passivo da União, agitação quasi generalizada. A resistência da Bahia, do
sem que. entretanto, esteja, hoje relativamente mais one Maranhão c outras provincias, as luctas com o Prata, triste
rado o gyro mercantil, pois a receita publica representava legado do ambicioso imperialismo dc Carlota Joaquina.
em 1889. 30 ®/o. e agora representa apenas 28 °/o do valor absorveram quasi completamente a attenção do primeiro
global do commercio internacional. imperador, cuja inconstância, no dizer de Martim Francisco,
Si é certo que não existem apenas os impostos federaes. foi uma das causas da esterilidade do seu governo.
sendo aos Estados e municípios facultada a creação de Os dias da regenda não foram nem podiam ser mais
encargos pecuniários aos contribuintes, acontece também que felizes, do ponto de vista da economia nacional. O padre
não está computado no gyro mercantil o valor do nosso Feijó. que foi a grande, a immortal figura desse periodo
commercio dc cabotagem, cuja proporção tornaria inques tremendo da nossa historia, niciou o seu governo, que
tionavelmente ainda mais favoravel a conclusão que pre realmente começou em 1831, defendendo a sua autoridade
tendemos attingir. c não teve tempo, emquanto serviu como ministro e como
Em summa: durante a Republica, embora versem os regente, senão para consolidar a obra de sete de setembro
dados referidos exclusivamente sobre a economia e finanças e a unidade nadonal. gravemente ameaçada pela revolução
tederaes. cujo campo de acção, no terreno economico. foi republicana e separatista do Rio Grande do Sul. que durou
restringido em virtude da autonomia dos Estados: e apesar dez annos.
das yacillaçòes próprias aos que ainda se vem fazendo Foi exactamente no começo desse infeliz movimento
estadistas e das perturbações politicas havidas, principal que o grande regente assignou o decreto n. 101. de 31
mente a revolta da Armada, o movimento revolucionário dc outubro de 1835, autorizando o governo a «conceder
do RU, Grande do Sul em 1893 e os acontecimentos de a uma ou mais companhias, que fizerem uma estrada de
Canudos em 1897. temos alcançado animadora evolução. ferro da capital do Rio de Janeiro para as de Minas Geraes.
o O o o o 295 o O O O O
LIVRO D t OURO COM MEMORAT IVO DO CENTENARIO DA
Rio Grande do Sul e Bahia, carta de privilegio exclusivo Vejamos, agora, a situação, cm 1913. no ultimo anno
por espaço de 40 annos, para o uso de carros para o da par e da normalidade do mundo; algodão exportado
transporte de generos e passageiros». Ninguem ignora que 37.423.b l 6 kilos: café 796.046.840 kilos; borracha
esse decreto nâo produziu o menor resultado, nâo se or 36.231.550; assucar 5.367.137; cacáo 29.758.595; coúrós
ganizando nenhuma companhia para explorar a concessio. 35.074.875; fumo 29.387.835: e matte 65.414.526.
Estranhavel ? Revela isso falta de confiança nos recursos Em 1921. que foi um anno de crise para a nossa
naturaes da região mais rica do Brasil? Nâo! Revela apenas exportação, as nossas vendas para o exterior cifram-sc no
que o capital sempre foi muito intelligcntc e cauteloso, c seguinte; algodão 19.607 toneladas; assucar 172.084 tone
só assenta o seu largo pé em terreno solido e seguro. ladas: borracha 12.439; cacão 42.883; café 12.369000
Ora. a revolução riograndensc foi um movimento tão saccas: couros 42.443: fumo 32.920 c matte 71.899.
sério que poz o governo central em cheque durante dez Além desses, ha os productos revelados pela giierra
annos, podendo muito bem trazer como consequência a ou cuja exportação começou a ser feita ha poucos annos,
desaggrcgacào do paiz. como aconteceu com outras revo como. entre outros, o manganez. de que mandámos para’
luções occorridas annos antes na propria America do Sul. o estrangeiro 275.649 toneladas, o arroz com o peso de
Demonstrada a quasi impossibilidade do geverno manter ^6.605 toneladas (menos de metade da exportação do anno
a ordem no paiz. que. de resto ainda era pouco conhecido,
nâo houve na Europa quem quizesse empenhar o seu dinheiro Os algarismos re la tiv e .__ _____ agricolas de 1890-91
na organização de emprezas que aqui viessem aproveitar 894-95 são simples avaliações, porque - desorganização
os favores da concessão Feijó para a construcçâo de uma desse período nâo- ,permittia
----------- a elaboração
estrada de ferro que. além do mais. deveria ter o seu de estatísticas, da Directoria de Industria c Com-
ponto terminal exactamentc na provinda conflagrada pelos de 1918. 9* serie.
dezembro).
Dezenove annos tiveram, assim, que decorrer para que.
suffocados todos os movimentos revoludonarios. pacificada
inteiramente a Nação, se construissc o primeiro caminho
de ferro brasileiro, partindo do Rio de Janeiro e indo ter Na resenha que acabo de fazer, nâo figura o trigo
minar cm M aui, com a extensão de 14 kilometros c meio. entre os productos de exportação do Brasil.
O corajoso exemplo de Irineu Evangelista de Souza, Entretanto, a acreditar em escriptores do valor de
depois visconde de Mauá. levando a effeito essa construcçâo. Assis Brasil. Gomes Carmo c outros, nós já fomos grandes
frutificou animadoramente, surgindo logo depois caminhos produetores dese riquíssimo cereal, que chegava para o
de ferro em Pernambuco. Bahia. S. Paulo e outras pro- nosso consumo, para parte do consumo da metropolc c
parr. uma pequena exportação, que se fazia para o Uruguay
Mas a construcçâo da Estrada de Ferro Central do e para a Republica Argentina.
Brasil, cujo primeiro trecho foi inaugurado a 29 de março Para a Republica Argentina, que é hoje a nossa grande
de 1858. é que marca verdadeiramente o inicio da nossa fornecedora de trigo em grão e em farinha! . . .
grandeza cconomica. cuja marcha, infelizmente, nâo se vai
operando com a rapidez que era de esperar dos immensos
recursos naturaes do paiz.
Álvaro Paes.
No exercício de 1833-1834. a nossa importação foi de
36.237 0008. contra uma exportação de 33.011:0008. . Deifcit»
— 3.226:0008. Dez annos depois, em 1843-1844. a im (O Pai*. 7—9—22)
portação era de 55.289 0008. a exportação subia a .........
43.300:0008. sommando o «deficit. 11.489 0008000. No
periodo de 1853-1854. era de 85.838:7538 a importação
e de 76.839:4928 a exportação. O .déficit» ainda ia a
8.999:2618000.
Em 1863-1864. começaram a apparcccr os saldos no
nosso commercio exterior. A exportação foi de 131.151:0828. O ESCOTISMO NO BRASIL
sendo a importação apenas de 125.685:0758000. Em 1873-
1874 a importação cifrou-se em 166.541:8258 e a expor
tação em 189.893 6068; em 1883-1884. a exportação foi
de 217.072:8188 e a importação de 202.530:8988: em 1803
tivemos uma exportação de 606.052:5568 e uma impor
tação de 328.489 7658: em 1903 uma exportação de... Como nasceu o Escotismo ?
742.632 2788 c uma importação de 486.488 9448; em 1913. O General inglez Robert Baden Powell, foi. em 1899.
uma exportação de 981.767:0478 e uma importação de a Trans vali quando esta miniscula pirção de terra
1.007 495 4008: e finalmente, cm 1921. uma exportação sul-afric a rebellando-se contra a Inglaterra, pretendeu
dc 1.709.722:381$ c uma importação de 1.689.839 4408000 is algemas, que a jungiam á metropolc.
Quaes os productos que mais tem avultado na nossa szc «-omnium accordo com lord Cedi. teve de sus
exportação neses diffreentes periodos da nossa historia tentar um cerco na cidade aberta de Mafiking. cuja defesa,
commercial ? havia elle assegurado com o auxilio de trincheiras e fortes
Por discriminação de mercadorias exportadas, a nossa improvisados, observando então nesta occasião o valor e
estatística nâo começa senão cm 1839-1840. quando expor tenacidade das crianças e adolescentes.
támos 10.253.414 kilogrammas de algodão. 81.396.908 de Posteriormente os valorosos «boers» empregaram também
assucar. 417.667 de borracha. 2.965.958 kilogrs. de cacio. os seus meninos, para agirem da forma e com as attribuições
82 975.532 kilogrs. de café. 8.856.468 dc couros. 4.347.755 I escoteiros, tendo causado assombro a maneira
de fumo e 2.446.222 de matte.
Dez annos depois, cm 1849-1850. a exportação já era ■ punham elles de rastro para obser-
a seguinte: 17.299.135 kilogrs. de algodão. 116.404.688 signaes. ------ —; encarregavam . k . . am do transporte de despachos
dc assucar. 879.488 de borracha. 4.137.239 de cacáo . .. e doutras arduas commissòes.
87.748.861 kilogrs. de café 16.059.257 de couros. . .
5.134.053 dc fumo e 5.631.373 de matte *°‘ ‘"^Pirado neste salutar exemplo, que Baden Powell
O decennio seguinte foi a idade de ouro do nosso i instituição dos escoteiros, presentemente de universal
algodão, por causa da guerra da secessão dos Estados ■«■m h s c inabalavel prestigio.
Unidos, que. por esse motivo, ficaram privados de cultivar in.elez *>«■*» de um invejável physico de
e exportar na mesma escala a sua riquíssima fibra. Quasi oombatente. moralmente equilibrado, profundo conhecedor
todas as nossas outras mercadorias tiveram também a sua “ ? A r r í 1* uma conectividade cohesa. professando idéas
exportação grandemente augmentada. Essa magnifica si “ ucado cm Pr|ncipios básicos, inquebravelmente ho-
tuação prolongou-se até o exercido de 1873-1874. quando ' Puros, pautando todos os seus actos pelos dictames
exportámos 56.022.231 kilogrammas dc algodão. 155.252.987 aa nonni e do dever, reconheceu, dc prompto, quanto
de aMuajr. 6.892.370 de borracha. 4.612.076 de cacáo. podiam ser aproveitáveis as aptidões de seus pequenos
168.623.808 kilogrs. de café. 33.610.428 de couros patrícios, uma vez que fossem ellas captadas, regularmente
13.963.749 de fumo c 14.756.807 de matte. Nos innos encaminhadas e postas sob uma severa. mas tolerante
disciplina.
seguintes houve quéda na exportação de certos productos
augmento na de outros, como se vê dos seguintes dados, Comprehcndeu também Baden Powell o que podia fazer
relativo A“/ ,c?la de . 1883-1884: algodão 32.683.055; dessas crianças, muitas delias vivendo ao léo. sem uma
329.374.965 (a maior da nossa historia e que coercitiva, que refreiasse incontklos máos actos, os
" a?uele te m p o nos rendeu apenas 39.131 599$); borracha L ._ vado* a Pratica, não por uma falha de indole
9.152.122 kilos; cacao 4.206.557; café 318.978026 kilos ou de caracter, n ' i falta de um racional e proveitoso
.couros 10.661.571; fumo 17.091 852 c matte 5 606 151 encaminhamento.
Dez annos mais tarde, em 1903-1904. a posição dos Y i‘U ainda B.aden Powell o e...i que pouc.ii
aquellas minusculas forças dispersas, quando
poderia utilisar
productos exportados era a seguinte algodão 28 236 151 servir-se-ia
«»ru.r-c-.. delias
. . . . ... mejo de congregal-as. subjugal-as
kilos; assucar 21.888.998 kilos; borracha 31.716.603; cacáo e educal-as.
K!!?:™l/ mÍ S s ’o»7»*"2: <— Começou ideando como um «frek» i maravilhoso <
digo. cujos doze preceitos são:
o o o o 296 o o o o o
AUGUSTO RODRIGUES & Cia. — São Paulo.
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 297 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
A Associação dc Escoteiros Catholicos do Brasil tem Já cm 1825 tres annos depois da independência, o go
tambcm o seu orgão official «O Escoteiro», que já conta verno tratava de melhorar a raça cavallar. importando
cerca dc 40 numeros, apparecendo mensalmentc. animaes que na coudelaria da Cachoeira, deram bons pro
Para attestar, cmfim. de forma irrefutável, o alto valor ductos. Infelizmcnte os encarregados da direcção daqucllc
do Escotismo e a marcha victoriosa da benemérita insti estabelecimento dc criação ou por negligencia, ou por igno
tuição. aqui deixamos estampado o substitutivo ao pro rância. deixaram que o excellente haras em 1827 começasse
jecto ha tempos apresentado á Camara pelos deputados a dccahir e desde então nenhuma noticia ha dos productos
Amaral Carvalho c Joaquim Osorio, ora submettido á apre ncllc criados.
ciação da commissâo de Marinha c Guerra pelo Deputado Já por essa época havia festas hippicas que não pas
Americano do Brasil, e que c o seguinte. savam dc cavalhadas em que os jovens da cpoca luziam
O Congresso Nacional decreta: as suas qualidades de ginetarios. c segundo rezam as chro
nicas. o nosso primeiro Imperador não se desdenhava cm
Art. Io — O Governo federal creará duas escolas de tomar parte nesses torneios dc agilidade cm que tanto
Inslructores de Escoteiros, uma cm São Paulo e outra se distinguiram os Marialvas.
na capital do paiz. Só mais tarde já no segundo reinado se começou a
Art. 2° — Os estabelecimentos dc instrucçâo civil, pensar cm corridas. O Major Guilherme dc Suckow era
onde seja obrigada a instruecão militar, poderão, mediante um apaixonado por corridas de cavallos c mcttcu-se-llic
licenca do Ministerio da Guerra, substituir os batalhões na cabeça, organizar uma sociedade que patrocinasse a
escolares por agrupamentos dc escoteiros com os instructores sua idéa fixa.
fornecidos pelo governo federal. Grandemente relacionado, conseguiu reunir um grupo
Art. 3° — Nos collegios c institutos civis de educação de homens dc alta posição c cora clles fundou, cm 1848.
profissional c technica. mantidos pela União, será adoptada 0 Jockey Club Fluminense, cm S. Francisco Xavier nos
a instruecão expontanca do escoteirismo para os alumnos terrenos onde está o actual Jockey Club. A’ presidência da
menores dc 16 annos. novel sociedade foi elevado o então Conde de Caxias,
Art. 4» — Nos collegios c institutos civis acima, bem c no dia 12 dc Junho dc 1851. realizou-se a primeira corrida
como nos particulares que tiverem cm exercícios substituirão O Imperador, a Imperatriz, os Principes e as Princezas.
a instruecão m ilitar para os menores de 16 annos desde toda a còrtc. cmfim. honraram com a sua presença a
que tacs exercícios sejam fiscalizados nos estabelecimentos primeira corrida, regularmente organizada, que se realizava
particulares, pelo Governo federal. no Brasil. Foi um grande successo c os seus promotores
Art. 4o — Somente poderão pela lei do ensino federal rejubilaram.
os institutos secundarios que. annexa, mantiveram a es Trcz mezes depois rcalizava-sc a segunda corrida.
cola de escoteirismo, para os menores dc 16 annos. Não havendo porém, receita, pois naqucllc tempo não
Art. 5o — O Governo Federal entrará cm accordo havia ainda o «pari-mutucl». o sacrificio dos directores da
com os governos dos Estados e municípios, bem como nova sociedade era grande e todos desistiram da luta.
com os directores de collegios. de modo que as escolas A semente, porem estava lançada e devia fructificar.
e collegios estadoaes. municipaes e particulares adoptem o Em 1858 o Marquez dc Olinda então Ministro do Im
escoteirismo. pério. enviou o Conde dc Herzbcrg á Allcmanha com o
Art. 6° — Como prêmio aos collegios publicos c parti encargo de adquirir doze cavallos hamburguezes ou meklem-
culares e ás sociedades que adoptarem o escoteirismo. o burguezes. para virem melhorar as raças no Brasil.
Governo Federal fornecerá os instructores, mediante pe Para a acquisiçâo dos animaes mandou dar-lhe 3.000
didos dos directores desses estabelecimentos. libras esterlinas, recebendo também o Conde de Herzbcrg
Art. 7® — O Governo poderá conceder transporte gra 1 0508000 para se transportar á Allcmanha.
tuito nas vias ferreas, maritimas ou fluviaes para os grupos O titular allemão desemepenhou a contento do governo
de escoteiros em excursão de instruecão. a sua missão, e os animaes aqui chegados foram distri
Art. 8o — Fica o Poder executivo autorisado a isentar buídos por diversos criadores.
dc impostos os artigos de escoteirismo importados pela Não se póde dizer que todos elles tivessem sido bem
Associação Brasileira de Escoteiros e suas congeneres, re aproveitados.
conhecidas pelo Ministerio da Guerra, sempre que este a Em todo o caso. alguns delles deram bons productos
a isso dér seu assentimento. que mais tarde appareceram em corridas e até numa expo
Art- 9o — O Poder Executivo fica autorisado a instituir sição realizada cm 1866 o criador Mariano Procopio Ferreira
e distribuir aos escoteiros medalhas commcmorativas de Lagc apresentou tres productos mestiços, dous por Napoluo.
suas formaturas e de suas evoluções, principalmente das meklen.burguez. e o filho dc um cavallo do Cabo. além
que realizarem por occasião das grandes datas nadonacs. de outros onze mestiços dc berbere e normando.
Art. 10» — Fica o Poder Executivo autorizado a abrir Por essa epoca havia aqui no Rio um homem que riva-
os creditos necessarios para a execução da presente lei. lisava com o Major Suckow no seu amor pelo cavallo.
que deverá ser regulamentada com a possível brevidade. Era Luiz Jacome de Abreu e Souza que em Novembro
Art. 11® — Revogam-se as disposições em contrario. — dc 1865. conseguiu realizar no Campo de S. Christovão.
Salas das Commissões. Agosto de 1922». uma corrida de obstáculos, que teve enorme concurrenda.
Isso o animou a fundar o Club Jacome para promover o
Ahi está pois. em rapido bosquejo, sem dados estatís melhoramento da raça cavallar.
ticos uma pallida resenha do que se tem feito no Brasil, Infclizmentc a nova sociedade não chegou a funccionar.
pelo Escotismo desde a época da fundação da Associação Dous annos depois, cm 1857. fundou-se em Petropolis.
Brasileira de Escoteiros, até a presente data. o Jockey Club que deu algumas corridas. Ignora-se. no
Que fique como summula do que deixamos estampado, emtanto quaes os cavallos que nellas tomaram parte. A
uma incontestável verdade: — o Escotismo em nosso paiz sociedade morreu como vivera, quasi ignorada. Foi seu
não é hoje simples promessa, mas, uma categórica e pu presidente o D r. José Thomaz da Porduncula.
jante realidade; é uma Instituição já arraigada, a que se Logo a seguir fundou-se um prado de corridas na
devem inestimáveis serviços e apta para prestar tantos serra de Petropolis. no logar denominado Fragoso, na
outros, quantos precise e delia exijam o bem estar e a fazenda do Coronel Albino José dc Siqueira. Tinha uma
integridade de nossa Patria. pista de 1.600 metros c as notidas das victorias eram
enviadas pelo tclcgrapho para esta Capital. O novo prado
deu algumas corridas, mas por fim. cm consequência da
Aureliano Amaral. difficuldadc de transporte, suspenderam as reuniões c nunca
mais se fallou no prado do Fragoso.
A seguir, o articulista passa a tratar dos differentes
clubs de corridas aue existiam ou ainda existem no Rio dc
Horna/ do Brasil. 8—9—22) Janeiro, historiando pormenonsadamente a vida c os suc
cessos dc cada um. Procuraremos resumir esta parte do ma
gnifico trabalho sobre o nosso Turf.
O Jockey Club deve a sua fundação aos esforços in
cansáveis do sr. Major Guilherme Suchow, apaixonado im
penitente deste sport.
A 16 de Maio de 1869 realizava-sc no prado da nova
O TURF NO BRASIL aggremiação a primeira corrida, sendo disputados nove
parcos. Foi um dia de festa na cidade. Toda a familia
imperial compareceu á corrida c isso attrahiu numeroso
publico.
realidade só nos ultimos annos é que tem havido
algum progresso c ainda assim com intermittcncias. Agora, á 11 de Julho de 1875 correu-se pela primeira
porém, parece ter entrado num i phase de crescente pros- vez. o Grande Prêmio Jockey que é hoje a prova mais
peridade. sobretudo desde que o governo, a começar de gloriosa do nosso turf.
1918. iniciou a distribuição di prêmios de animação á Dahi para cá o Jockey Club tem atravessado phases dc
criação nacional, não sò nesta Capital como nos Estados decadência, phases dc prosperidades, mas sempre se man
criadores. teve. sempre deu corridas, nunca cessou de animar a
Em bem da verdade deve-se dizer que i turf no criação nacional, quer por meio de prêmios, conforme lhe
Brasil não tem cem annos de existência, permittiam as condições dos seus cofres, quer por meio
criação nacional é quasi centenaria. dc exposições.
O O O O O O 298 O O O O O O
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O o o o 299 o o o o o o
LIVRO D t OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DÁ
O O O O O O 300 O O O O Ó
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IN DEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
NO AMAZONAS
NO RIO GRANDE DO SUL
Ha cerca de 20 annos fundou-se em Manáos o Hip
podromo Amazonense.
Era uma sociedade por acções e o prado tinha uma do Rio e de S. Paulo, é
raia de 800 metros. «turf» está mais adiantado,
Alguns ousados turfmen importaram animaes de preço Estado criador, tendo * e os mais adiantados cria-
para disputar prêmios de 300* e 400*. e grandes prêmios dores do paiz homens cor.. _ _____ _ D_r. ____
Assis ___
Brasilf.
de 1 0008000. Macedo Couto. Zeferino Costa Filho. Armando de Alencar
Desses animaes um veio para o Rio c aqui obteve e. Octavio do Amaral Peixoto, para não fallar em outros
tão importantes como estes, era natural que as corridas
Foi o Le Menilet, que está hoje no Rio Grande do tivessem grande desenvolvimento.
Sul. num haras de criação. Em 1877 fundou-sc o Hippodromo Portoalegrense e
O Hippodromo Amazonense morreu porque lhe faltou logo a seguir com alguns intervallos dc tempo, o Boa
o homem que durante dous annos o dirigiu com grande Vista, o dos Navegantes e o Independencia- Houve uma
energia e sacrificio. época em que todos funccionavam e a luta que se esta
belecia prejudicou o «turf».
Em 1899 fundiram-se todos sob a denominação dc
Derby Club. dando a primeira corrida no Hippodromo
NO PARA. NO CEARA E NA BAHIA da Independencia a 1 dc Outubro desse anno.
Em 1907 fundou-se o T urf Club que pouco durou
Nos primeiros annos da Republica houve em varios surgindo depois a Protcctora do Turf. que se póde con
Estados do Norte uma febre de corridas. siderar uma instituição benemérita. A brilhante sociedade
No Pará fundou-se uma sociedade, ou antes, o Sport muito deve ao coronel Antonio Pedro Caminha, que foi
Club. nos terrenos da sua séde. fez um prado. um trabalhador incansável, a quem a Protcctora do T urf
Importaram animaes do Rio de Janeiro, como D’ Ar- deve tudo e cujos serviços nâo pagou com a herma que
tagnan: Saint Jacques e outros e deram corridas que a lhe erigiu á entrada do Hippodromo da Independencia.
principio tiveram grande affluencia. mas depois ninguém o melhor de Porto Alegre.
quiz saber do tu rf. e o Sport Club deixou de dar corridas. Grandes serviços têm prestado também ao «turf» no
No Ceará houve também por essa época um prado de Rio Grande os Srs. Leonel de Faro. Washington Martins.
corridas na Fortaleza. Corriam quasi que exclusivamente Jorge de Carvalho e Cunha Rasgado, além de outros.
animaes pel ludos e as suas corridas nenhuma influencia Em Pelotas existe um prado dc corridas onde ás vezes
tiveram no melhoramento da raça cavallar. se realizam corridas, mas nâo tem a importância do da
Na Bahia o enthusiasmo foi maior. Protcctora do Turf. embora os seus directores façam os
De dous prados temos conhecimento. maiores esforços para desenvolver o gosto pelas corridas,
Um delles. o melhor era no Rio Vermelho. Durante o que certamente conseguirão, tal é a acção que tem des
algum tempo o publico favoreceu os dous hippodromos, envolvido para tal fim-
mas por fim. como em todo o norte, abandonou os prados
que fedtaram os seus portões.
Ultimamente tentaram explorar o Hippodromo do Rio
Vermelho, mas parece que nâo passou de tentativa.
Eis. em largos traços, um ligeiro resumo da historia do
«turf». no Brasil.
Faltam os dados para se fazer um trabalho completo
EM PERNAMBUCO a tal respeito, e só com muito esforço e trabalho sc obtêm
informações sempre deficientes.
Valha este singelo trabalho por um incentivo para que
outros, com mais tempo e melhores elementos façam uma
O turf no Recife teve um tempo aureo, em 1888. historia completa do «turf» no Brasil.
O hippodromo de Pernambuco deu numerosas c fre
quentadas corridas, mas aos poucos o publico selecto foi-se
afastando delle. dc sorte que ficou entregue a um grupo E. S
d imõ
esFe
rre
ir*.
perigoso e numeroso que dominava os proprietarios sérios
aquelles cujo maior prazer era ganhar corridas.
Do Rio foram para Pernambuco muitos animaes que
la fizeram brilhantes figuras, mas quando começou a era <Jornal do Brasil. 9—9—22)
dc decadência, cada parco dava ensejo a um conflicto
em que a faca e o revolver representavam papel saliente,
cnegando mesmo a haver mortes.
O importante capitalista Delmiro de Gouvêa quiz re
erguer o tu rf no Recife e fundou o Derby Club nuns
bellos terrenos que possuía ás portas da cidade e deu
muitas corridas importantes.
Infelizmente por motivos aliás estranhos ao turf. o O BRASIL DE HA CEM ANNOS
Derby viu-se ebrigado a suspender as suas reuniões e tudo
dcsappareceu. corridas, pista e archibancadas. Synthese Chronologira do Imperio e da Republica
Ha uns quinze annos, porém, vários turfmen e cria
dores resolveram fundar o Hippodromo Pernambucano, no
Lucas, no Bairro da Magdalena, e desde então mais ou
menos regularmente tem havido corridas sobretudo nestes 1808 - Chega a familia real portugueza. installando-se
ultimos tempos. E tão bem dirigido tem sido o Hippodromo Rio.
que a Commissâo Central dos Criadores de Cavallo Puro ___ — Brasil occupa a Guyana Franceza. em res
Sangue concedeu-lhe varios prêmios officiaes que tem ,sido posta á invasão de Soult em Portugal.
disputados com grande empenho e lisura. 1810 - Massena invade Portugal. As provincias do
Entre os criadores de Pernambuoo devemos notar o Sr. Fre Porto proclamam sua independencia. Estabclecc-se uma linha
derico Lundgren que adquiriu um garanhão, o Pericles. de paquetes entre a Inglaterra e o Brasil.
Por 6.000 libras esterlinas c deu ao nosso tu rf bom nu- 1811 — Intervenção do Brasil no Uruguay.
jnero dc parelheiros entre os quaes se destacou o Cangu- 1812 — Crêa-se a Relação do Maranhão. Dá-se auto
leiro. o D r. Davino Pontual e outros. nomia ao E. Santo.
o o o o o o 301 oo o
LIVRO DE OURO COM ME MORA TIVO DO CENTENARIO DA
O O O O o O 302 o o o o o
A E X P O S IÇ Ã O IN T E R N A C IO N A L
O O O O O O 303 O O O O O O
UVRO DE OURO COM ME MORATIV O DO CENTENARIO DA
O O O O O O 304 O O O O O O
DOriINGOS JOAQüPlDASILVAôrO
GRANDE SERRARIA A VAPOR
DE JANEIRO?
o o o o o o 305 o o o o o o
UM RO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
civos c plantas parasitarias. Plantas hortículas. Arvores, ar Papelaria. Cutcllaria. Escovas, objectos de palha. etc.
bustos. plantas c tlorcs dc ornamentação. Sementes c mudas Objectos dc viajen e dc acampamento. Trabalho manual
da horticultura. Material e processos das explorações c in da mulher.
dustrias florcstaes. Productos das explorações c industrias
florestacs. Armas de caça. Productos da caça. Apparelhos. ALAOOAS
instrumentos e productos da pesca. Material e processo das
industrias alimentares. Productos farinaceos e seus derivados. Ensino agronomico. Ensino industrial e commercial.
Productos dc padaria c dc pastelaria. Assucarcs e productos Typographia e impressões diversas. Medicina c Cirurgia
de confeitaria. Vinhos e aguardentes de vinho. Xaropes Modelos, planos c projectos de obras publicas. Productos
e licores, bebidas espirituosas, alcoocs industriacs. Bebidas agricolas alimentares. Productos agricolas não alimentares.
diversas. Exploração dc minas, jazidas c pedreiras. Grande Productos das explorações c industrias florcstaes. Uten
metallurgia. Pequena metallurgia. Decoração fixa dos edi sílios, instrumentos e productos das colheitas. Productos
fícios. Moveis. Tapetes, tapeçarias. Decoração movei e obras da caça. Productos farinaceos e seus derivados. Assucarcs
de estofador. Ceramics. Vidros. Apparelhos e processos dc e productos de confeitaria. Xaropes c licores, bebidas espi
aquecimento c de ventilação. Apparelhos e processos de rituosas. alcoocs industriacs. Explorações de minas, jazidas
illuminação não electrica. Material e processos de fiação, e pedreiras. Fios e tecidos de algodão. Fios e tecidos de
material e processos de fabricação de cordas. Fios c tecidos linho, canhamo. productos da industria de cordas. Rendas,
dc algodão. Fios e tecidos de linho, canhamo .etc.; pro bordados e passamanaria. Industrias diversas do vestuário.
ductos da industria de cordas. Fios c tecidos dc lã. Rendas, Artes chimicas c Pharmacia. Perfumaria. Tabacos, phosphoros.
bordados e passamanaria. Industria dc confecção c costura Joalhcria e bijutaria. Escovas, trabalhos de palha. etc.
para homens, senhoras e crianças. Industrias diversas do
vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Fabricação do papel.
Couros c pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Pape SERQIPE
laria. Cutcllaria. Ourivesaria. Joalhcria e bijutaria. Relo
joaria. Bronzes, trabalhos artísticos cm ferro fundido ou Ensino commercial e industrial. Productos agricolas
forjado, metaes cm relevo. Escovas, trabalhos de palha, alimentares. Productos agricolas não alimentares. Productos
etc. Objectos de viajen e acampamento. Brinquedos. Hy das explorações c das industrias florcstaes. Assucares e
giene. Trabalho manual da mulher. Estatística cconomica. productos de confeitaria. Xaropes c licores, bebidas espiri
Serviços administrativos. Equipamentos para jogos c sports. tuosas. alcoocs industriacs. Bebidas diversas. Exploração das
minas, jazidas e pedreiras. Pequena metallurgia. Ceramica.
Fios e tecidos de algodão. Industrias diversas do vestuário.
RIO O. DO NORTE Artes chimicas c Pharmacia. Couros e pelles. Tabacos,
phosphoros.
Material c processos das explorações ruraes. Productos BAHIA
agricolas alimentares. Productos agricolas não alimentares.
Productos das explorações e das industrias florestacs. Uten Educação da criança, ensino primário, ensino de adultos.
sílios. instrumentos c productos das colheitas. Material e Ensino secundário. Ensino agronomico. Ensino industrial c
processos das industrias alimentares. Productos farinaceos commercial. Typographia. impressões diversas. Photographia.
c seus derivados. Assucarcs e productos de confeitaria, con Medicina e cirurgia. Instrumentos de musica. Machinas a
dimentos c estimulantes. Xaropes c licores, bebidas espi vapor. Machinas motrizes diversas Matcriaes e processos
rituosas. Exploração de minas, jazidas c pedreiras. Moveis. da engenharia civil. Carros c carroças, automoveis c cyclos.
Ceramica. Fios c tecidos de linho, canhamo. etc.; pro Sellaria c corrcaria. Material da navegação dc commercio.
ductos da industria dc cordas. Rendas, bordados e passama
naria. Industrias diversas do vestuário. Artes chimicas c Aeronáutica. Material c processos das explorações ruraes.
Pharmacia. Couros c pelles. Tabacos. Escovas, objectos de Productos agricolas alimentares. Productos agricolas não
palha. etc. alimentares. Insectos uteis e seus productos, insectos no
civos c vegetaes parasitarios. Plantas hortículas. Arvores fru
ctiferas c fructas. Arvores, arbustos, plantas e flores dc
PARAHYBA ornamentação. Material e processos das explorações e in
dustrias florcstaes. Productos das explorações e industrias
Livraria, encadernação, jornaes. Instrumentos de mu florcstaes. Utensílios, instrumentos e productos das colheitas.
sica. Telegraphia c telephonia. Sellaria c corrcaria. Material Armas dc caça. Productos da caça- Productos farinaceos
e processos das explorações ruraes. Productos agricolas e seus derivados. Conservas dc carnes, peixes, legumes e
alimentares. Productos agricolas não alimentares. Insectos fructas. Assucarcs c productos de confeitaria, coudimentos
uteis e seus productos, insectos nocivos, vegetaes parasi e estimulantes. Xaropes c licores, bebidas espirituosas, alcooes
tarios. Material e processos das explorações e das industrias industriacs. Bebidas diversas. Exploração de minas, jazidas
florcstaes. Productos das explorações e das industrias flo c pedreiras. Pequena metallurgia. Moveis. Ceramica. Material
rcstaes. Utensílios, instrumentos e productos das colheitas. e processos de coser e confeccionar roupas. Fios c tecidos
Armas de caça. Apparelhos. instrumentos e productos da dc algodão. Rendas, bordados e passamanaria. Industria
pcsca. Productos farinaceos e seus derivados. Assucares e da confecção e costura para homens, senhoras e crianças.
productos dc confeitaria. Aguardentes de vinho. Xaropes Industria diversas do vestuário. Artes chimicas e Phar
e licores, bebidas espirituosas, alcoocs industriacs. Bebidas macia. Couros e pelles. Tabaco, phosphoros. Papelaria. Ou
diversas. Exploração dc minas, jazidas c pedreiras. Grande rivesaria. Joalheria e bijutaria. Escovas, obras de entalhe,
metallurgia. Pequena metallurgia. Moveis. Decoração movei objectos dc palha. etc. Objectos dc viajen e de acampamento.
c obras dc estofador. Ceramica. Fios e tecidos dc algodão. Hygiene. Trabalho manual da mulher.
Fios c tecidos de lã. Rendas, bordados e passamanaria. Con
fecção e costura para homens, senhoras c crianças. Industrias
diversas do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Couros ESPIR ITO-SANTO
e pelles. Perfumaria. Tabacos e phosphoros. Cutcllaria. Es
covas. trabalhos de palha. etc. Objectos de viajen c de Educação da criança, ensino primario. Ensino secun
acampamento. Aprendizagem, protecção á infancia operaria. dario. Ensino commercial e industrial. Typographia. im
pressões diversas. Photographia. Cartas e apparelhos de
geographia e de cosmographia. Instrumentos de musica.
PERNAMBUCO Matcriaes e processos da engenharia civil. Sellaria c cor
rcaria. Material da navegação de commercio. Productos agri
colas alimentares. Prsoductos agricolas não alimentares. In
Ensino industrial c commercial. Typographia. impressões sectos uteis e seus productos, insectos nocivos, vegetaes
diversas. Photographia. Livraria, edições musicacs. enca parasitarios. Plantas hortículas. Arvores, arbustos, plantas
dernação. jornaes. Medicina c Cirurgia. Instrumentos de e flores dc ornamentação. Productos das explorações e
musica. Matcriaes e processos da engenharia civil. Material industrias florestacs. Armas de caça. Apparelhos. instru
e processos das explorações ruraes. Productos agricolas mentos c productos da pcsca. Productos farinaceos e seus
alimentares. Productos agricolas não alimentares. Insectos derivados. Assucarcs e productos de confeitaria. Xaropes
uteis e seus productos, insectos nocivos c vegetaes parasi c licores, bebidas esprituosas. alcooes industriacs. Bebidas
tarios. Arvores fructiferas e fructos. Productos das explo diversas. Explorações de minas, jazidas c pedreiras. Orande
rações e das industriacs florestacs. Utensílios, instrumentos metallurgia. Pequena metallurgia. Moveis. Ceramica. Vidros
c productos das colheitas. Armas dc caça. Productos da e crystacs. Fios e tecidos de algodão. Rendas, bordados
caça. Apparelhos. instrumentos c productos da pesca. Pro e passamanaria. Industrias diversas do vestuário. Artes
ductos farinaceos e seus derivados. Productos de padaria chimicas e Pharmacia. Perfumaria. Cutellaria. Ourivesaria.
c de pastelaria. Assucares e productos de confeitaria, condi Joalheria e bijutaria. Escovas, objectos de palha, etc.
mentos, estimulantes. Vinhos c aguardentes dc vinho. Xa Objectos de viajen e de acapamcnto. Associações coope
ropes e licores, bebidas espirituosas, alcoocs industriacs. rativas de producção ou de credito. Hygiene. Trabalho
Bebidas diversas. Exploração de minas, jazidas e pedreiras. manual da mulher.
Grande metallurgia. Pequena metallurgia. Moveis baratos
c dc luxo. Ceramica. Vidros e crystacs. Fios c tecidos de al
godão. Fios e tecidos dc linho, canhamo, etc.: productos ESTADO DO RIO DE JANEIRO
da industria de cordas. Rendas, bordados e passamanaria.
Industrias diversas do vestuário. Artes chimicas e Phar Ensino agronomico. Ensino industrial c commercial.
macia. Couros c pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Typographia. impressões diversas. Livraria, encadernação.
o o o o 306 o o o o o
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
etc. Medicina e Cirurgia Producçâo e utilização mccanica c estimulantes. Vinhos c aguardentes de vinho. Xaropes
da electricidade. Material e procesos da engenharia civil. licores, bebidas espirituosas, alcoocs industriaes. Bebidas
Sellaria e correaria. Material de navegação de commercio. diversas. Exploração de minas, jazidas c pedreiras. Grande
Material e processos das explorações ruraes. Productos metallurgia. Pequena metallurgia. Decoração fixa dos edi
agricolas alimentares. Productos agricolas não alimentares. fícios publicos e das habitações. Moveis baratos c de
Insectos uteis e seus productos, insectos nocivos. Plantas luxo. Decoração movei e obras de estofador. Ceramica.
hortícolas. Arvores fructiferas e fructos. Productos das ex Vidros e crystaes. Fios c tecidos de algodão. Fios e tecidos
plorações c das industrias florestaes. Armas de caça. Ma dc linho, canhamo. e tc .; productos da industria de cordas.
terial e processos das industrias alimentares. Productos fa Sedas c tecidos de seda. Industrias diversas do vestuário.
rinaceos e seus derivados. Conservas de carnes, peixes, Artes chimicas e Pharmacia. Fabricação de papel. Couros e
legumefe c fructas. Assucares c productos de confeitaria, con pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Papelaria. Escovas,
dimentos e estimulantes. Xaropes e licores, bebidas espiri objectos de marroquim, obras dc entalhe e trabalhos de
tuosas. alcooes industries. Bebidas diversas. Exploração das palha. Objectos de viajen c de acampamento. Brinquedos.
minas, jazidas e pedreiras. Pequena metallurgia. Moveis ba Instituições de previdência. Hygiene. Trabalho manual da
ratos e de luxo. Ceramica. Vidros e crystaes. Fios e te mulher. Equipamentos para jogos c sports.
cidos de algodão. Fios e tecidos de lã. Sedas e tecidos
de seda. Rendas, bordados e passamanaria. Industrias da
confecção c costura para homens, senhoras e crianças. In
dustrias diversas do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. S. CATHARIN A
Couros e pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Pape
laria. Escovas, objecto de palha. etc. Objectos de viajen e Educação da criança, ensino primario. Ensino secun
de acampamento. Hygiene. Estatística intellectual e moral. dario. Ensino commercial e industrial. Typographia. im
pressões diversas. Photographia. Livraria, encadernação, etc.
Medicina e cirurgia. Instrumentos dc musica. Apparelhos
diversos de mecanica geral. Materiaes e processos da en
SAO PAULO genharia civil. Carros e carroças. Sellaria e correaria. Ma
terial c processos das explorações ruraes. Productos agri
colas alimentares. Productos agrícolas não alimentares. In
Educação da criança, ensino primário, ensino dos adultos. sectos uteis c seus productos, insectos nocivos. Productos da
Ensino secundário. Ensino superior, instituições scientificas. exploração e das industrias florestaes. Utensilios. instru
Ensino especial artístico. Ensino industrial e commercial. mentos c productos das colheitas. Productos da caça. Appa
Typographia, impressões diversas. Photographia. Livraria, rclhos. instrumentos e productos da pesca. Productos fari
edições musicaes. encadernação, etc. Instrumentos de pre- naceos e seus derivados. Conservas de carnes, peixes, le
Xcisâo. Medicina e cirurgia Instrumentos de musica. Ma gumes e fructas. Assucares c productos de confeitaria. Vinhos
chinas motrizes diversas. Apparclhos diversos da mecanica e aguardentes de vinho. Xaropes e licores, bebidas espiri
geral. Machinas de fabricação. Producçâo e utilização me tuosas. alcooes industriaes. Bebidas diversas. Exploração de
canica da electricidade. Elcctro-chimica. Illuminação electrica. minas, jazidas e pedreiras. Grande metallurgia. Pequena
Applicaçôes diversas da electricidade. Materiaes c processos metallurgia. Decoração fixa dos edificios. Moveis baratos
da engenharia civil. Carros, carroças, automóveis e cyclos. e de luxo. Decoração movei. Ceramica. Apparelhos e pro
Sellaria e correaria. Material ferro-viario. Matcial da na cessos dc illuminação não electrica. Fios e tecidos de al
vegação de commercio. Material c processos das explorações godão. Fios c tecidos de lã. Seda e tecidos de seda. Rendas,
ruraes. Agronomia, estatística agricola. Productos agricolas bordados e passamanaria. Industrias diversas do vestuário.
alimentares. Productos agricolas não alimentares. Insectos Artes chimicas c pharmacia. Fabricação de papel- Couros
uteis e seus productos, insectos nocivos, vegetações para e pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Papelaria. Es
sitarias. Arvores fructiferas e fructos. Material e processo covas. objectos dc palha. etc. Objectos de viajen e de acam
das explorações e industrias florestaes. Utensílios, instru pamento. Brinquedos. Credito agricola. Trabalho manual da
mentos e productos das colheitas. Armas de caça. Productos mulher. Equipamentos para jogos e sports.
da caça. Material c processos das industrias alimentares.
Productos farinaceos e seus derivados. Conservas de carnes,
peixes, legumes c fructas. Assucares e productos de con RIO GRANDE DO SUL
feitaria. Vinhos e aguardentes de vinho. Xaropes e licores,
bebidas espirituosas, alcoocs industrial's. Bebidas diversas. Educação da criança, ensino primario, ensino dos adultos.
Exploração de minas, jazidas e pedreiras. Orande metal Ensino agronomico. Ensino commercial e industrial. Typo
lurgia. Pequena metallurgia Decoração fixa dos edifícios. graphia. impressões diversas. Photographia. Livraria, edições
Vitraes. Papeis pintados. Moveis baratos e de luxo. Tapetes, musicaes. encadernação, etc. Instrumentos de precisão. Me
tapeçarias. Decoração movei e obras de estofador. Ceramica. dicina e cirurgia. Instrumentos de musica. Material e acces
Vidros e crystaes. Apparclhos e processos de aquecimento sorios da arte theatra). Machinas motrizes diversas. Appa
c ventilação. Apparelhos e processos de illuminação não relhos diversos da mecanica geral. Machinas de fabricação.
electrica. Material e processos da fabricação de tecidos. Materiaes e processos da engenharia civil. Sellaria e cor
Material e processos de alvejamento. tingidura. impressão rearia. Material de navegação de commercio. Aeronáutica.
e preparo das materias texteis. Material e processos de Material e processos das explorações ruraes. Material e
coser e confeccionar roupas. Fios e tecidos de algodão. processos da viticultura. Productos agricolas alimentares.
Fios e tecidos de linho, canhamo. etc.: productos da in Productos agricolas não alimentares. Insectos uteis e seus
dustria de cordas. Fios e tecidos de lã. Sedas e tecidos productos, insectos nocivos e vegetaes parasitarios. Arvores
de seda. Rendas, bordados e passamaria. Industria da con fructiferas e fructas. Productos das explorações e das in
fecção e costura para homens, senhoras e crianças. In dustrias florestaes. Utensilios. instrumentos e productos das
dustrias diversas do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. colheitas. Apparclhos. instrumentos e productos da pesca.
Fabricação do papel. Couros c pelles. Perfumaria. Tabacos, Material e processos das industrias alimentares. Productos
phosphoros. Papelaria. Clitellaria. Ourivesaria. Joalheria c farinaceos e seus derivados. Productos de padaria e de
bijutaria. Relojoaria. Escovas, obras de entalhe, objectos pastelaria Conservas de carnes, peixes, legumes e fructas.
de palha. Industria da borracha e da guta-percha: objectos Assucares c productos de confeitaria, condimentos, estimu
de viajen e de acmpamento. Brinquedos. Associações coope lantes. Vinhos e aguardentes dc vinho. Xaropçs c licores,
rativas de producçâo ou de credito. Habitações operarias. bebidas espirituosas, alcoocs industriaes. Bebidas diversas.
Hygiene. Trabalho manual da mulher. Desenvolvimento Exploração das minas, jazidas e pedreiras. Grande metal
economico. Serviços administrativos. Equipamentos para jogos lurgia. Pequena metallurgia. Decoração fixa dos edificios.
Moveis baratos e de luxo. Tapetes, tapeçarias, etc. Ceramica.
Vidros e crystaes. Apparelhos e processos de aquecimento
e ventilação. Material e processos de coser c confeccionar
PARANA roupas. Fios e tecidos de algodão. Fios e tecidos de linho,
canhamo. etc. : productos da industria de cordas. Fios e
Ensino superior. Ensino agronomico. Ensino especial tecidos de lã. Sedas e tecidos dc seda. Industria da con
industrial e commercial. Typographia, impressões diversas. fecção c costura para homens, senhoras c crianças. In
Photographia. Livraria, edições musicaes. encadernação, dústrias diversas do vestuário. Artes chimicas e pharmacia.
jornaes. Cartas c apparclhos de geographia e de cosmo Couros e pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros. Cutel-
graphia. Instrumentos de precisão, moedas e medalhas. Me laria. Escovas, trabalhos dc palha. etc. Objectos de viajen
dicina c cirurgia. Instrumentos de musica (inclusive pianos'. e dc acampamento. Brinquedos. Trabalho manual da mulher.
Apparelhos diversos da mecanica geral. Modelos, planos e
projectos de obras publicas. Carros <• carroças, automóveis M IN AS-GERAES
e cyclos. Sellaria e correaria. Material e processos das
explorações ruraes. Productos agricolas alimentares. Pro
ductos agricolas não alimentares. Insectos uteis e seus Educação da criança, ensino primario. Ensino secun
productos, insectos nocivos e vegetaes parasitarios. Plantas dário. Ensino especial artístico. Ensino agronomico. Ensino
hortículas. Arvores fructiferas e fructos. Productos das ex industrial e commercial. Typographia. impressões diversas.
plorações e das industrias florestaes. Utensílios, instru Livraria, encadernação, etc. Cartas c apparelhos dc geo
mentos e productos das colheitas. Productos da caça. graphia e de cosmographia, topographia. Medicina e ci
Productos farinaceos c seus derivados. Productos de pa rurgia. Instrumentos de musica. Apparelhos diversos dc me
daria e de pastelaria. Conservas de carnes, peixes, legumes canica geral. Machinas de fabricação. Producçâo c utilização
e fructas. Assucares c productos de confeitaria, condimentos mccanica da electricidade. Electro-chimica. Applicaçôes di-
O O O O 307 O O O O O
LIVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENTENÁRIO DA
versas da electricidade. Modelos, planos c projectos de obras Director oosiçüo de llcllas-Artes Prof. João
publicas. Sellaria e corrcaria. Material de navegação de com Baptista da 1
mercio. Material e processos das explorações ruracs. Pro architectura —
ductos agricolas alimentares. Productos agricolas não ali D r. Octavio" Tcllcs Rocha
mentares. Insectos uteis c scus productos, insectos nocivos
c vegetaes parasitarios. Material c processos da horticultura Superintendente gerat dos serviços de instaltações in
c da arboricultura. Plantas hortículas. Arvores fructiferas ternas Engenheiro Coronel João Fulgendo de Lima
e fructos. Arvores, arbustos c plantas de ornamentação. Mindcllo.
Material c processos da exploração c das industrias florestaes Auxiliares Evaristo Veiga. Arthur Cunha e Apol-
Productos das explorações c das industrias florcstacs. Uten
sílios. instrumentos c productos das colheitas. Armas de
caça. Productos da caça. Apparclhos. instrumentos e pro
ductos da pesca. Material e processos das industrias ali
mentares. Productos farinaceos e seus derivados. Productos
de padaria e de pastelaria. Conservas de carnes, peixes, O S M O N U M E N T O S E P A V IL H Õ E S
legumes e fructas. Assucares e productos de confeitaria, B R A S IL E IR O S
condimentos, estimulantes. Vinhos e aguardentes de vinho
Xaropes c licores, bebidas espirituosas, alcooes industrial's.
Bebidas diversas. Exploração de minas, jazidas c pedreiras.
Grande mctallurgia. Pequena mctallurgia. Moveis baratos Procuremos esboçar cm traços rapidos a dcscripção dos
c de luxo. Tapetes, tapeçarias, etc. Ceramica. Vidros c monumentos c pavilhões brasileiros da grande feira com-
crystaes. Material c processos de fiação; material e pro
cessos de fabricação de cordas. Fios e tecidos de algodão.
Fios e tecidos de lã. Sedas c tecidos de seda. Rendas,
bordados c passamanaria. Industria da confeecçâo e cos AS PORTAS MONUMENTAES
tura para homens, senhoras c crianças. Industrias diversas
do vestuário. Artes chimicas e Pharmacia. Fabricação do
papel. Couros e pelles. Perfumaria. Tabacos, phosphoros.
Papelaria. Clitellaria. Ourivesaria. Joalheria c bijutaria. Es r fica fronteiro. Tem
covas. objectos de palha. etc. Objectos de viajen e de
acampamento. Hygiene. Trabalho manual da mulher. Usos 33 i ctros.
c costumes do commercio de importação. Serviços adminis i de I I alturi II ' lar
trativos. gura e 9.50 de profundidade.
Foram autores do projecto os architectos Edgard Vianna
ÜOYAZ c Mario Fortim.
fi imponente o aspecto desse portão monumental, cujas
decorações de profundo sentido allcgorico lhe fazem re
Ensino industrial c commercial. Livraria, encadernação, alçar soberanamente a belleza.
etc. Productos agricolas alimentares. Productos das explo A porta norte, construída em cstylo colonial na outra
rações e industriacs florcstacs. Assucares e productos de extremidade do certamen, junto ao incrcado municipal, foi
confeitaria, condimentos, estimulantes, aropes e licores, be projectada pelo architecto Raphael Galvâo. que soube unir
bidas espirituosas, alcooes industriacs. Bebidas diversas. Ex á graça c .1 simplicidade das linhas o encanto superior
ploração das minas, jazidas c pedreiras. Pequena mctal da nossa architectura tradiccional. Consiste cm dois grandes
lurgia. Ceramica. Artes chimicas e Pharmacia. Fabricação pilões decorados, ladeando o motivo architectonico central
do papel. Couros e pelles. Tabacos, phosphoros. Ourivesaria. . de
Escovas c trabalhos de palha. Trabalho manual da mulher. trada dircctamcntc
Serviços administrativos.
PALACIO MONROE
MATTO-GROSSO
O Palacio Monroe c a reproducção definitiva do pavilhão
Ensino industrial c commercial. Machinas de fabricação. brasileiro na exposição de S. Luiz. de 1901. — o mais
Sellaria e corrcaria. Productos agricolas alimentares. Pro bello e vasto dos pavilhões estrangeiros daquclle certamen,
ductos agricolas não alimentares. Productos das explorações no dizer cnthusiastico da imprensa americana. K um mo
e industrias florcstacs. Utensílios, instrumentos e productos numento de graça c de harmonia, maravilhosamente loca
das colheitas. Armas de caça. Productos da caça. Productos lizado na conjuncçào das Avenidas Rio Branco c Beira-
farinaceos c seus derivados. Conservas de carnes, peixes, Mar. Foi onde fiinccionou o 2.» Congresso Pan-Americano,
legumes e fructos. Assucares e productos de confeitaria, c durante muitos annos a Camara dos Deputados teve
condimentos, estimulantes. Xaropes c licores, bebidas espi ncllc a sua séde.
rituosas. alcooes industriacs. Exploração das minas, jazidas, Incorporado ao recinto da Exposição, foram os seus
pedreiras. Pequena metallurgia. Ceramica. Fios e tecidos tres elegantissimos pavimentos occupados com os serviços
de algodão. Industria da confecção c costura para homens, officiacs do certamen. No andar terreo installou-se o Bureau
senhoras c crianças. Artes chimicas e Pharmacia. Perfu ollicial d r inlormacões. admiravelmente organizado de ma
maria. Tabacos, phosphoros. Escovas e objectos de palha. neira a poder attender as mais differentes solicitações que lhe
Hygiene. Estudos economicos dos principacs productos. fossem dirigidas. No primeiro pavimento ficam os cscri-
ptorios da commissâo Executiva da Exposição. No se
gundo. os salões de festas e recepções.
O Palacio Monrüc abre a serie dos monumentos archi
tectonicos que. numa só linha de belleza. se extendem
A C O M M IS S Â O O R G A N IZ A D O R A pela Avenida das Nações até a explanada do Mercado.
DO C ER T A M E N
PALACIO DAS FESTAS
Foi a seguinte a commissâo organizadora da Exposição O Palacio das Festas, construcçâo monumental, das
Internacional do Centenario, ao esforço, á intclligcncia e mais faustosas e deslumbrantes do certamen, foi ideado
á dedicação de cujos membros devemos o ter podido apre c construído pelos architectos Memoria c Cuchct. cm cstylo
sentar ao mundo esse testemunho de nosso adiantamento Luiz XVI moderno.
moral c material, não obstante a premencia de tempo c as Desenvolve-se a fachada numa frente de cem metros,
difficuldades innumeras que havia a vencer c que foram destacando-se o grandioso motivo architectonico central, la
triumphalmcntc dominadas: deado por elegantes columnatas que vão terminar cm torreões
Commissâo executiva Ministro da Justiça c Ne extremos de audaciosas linhas.
gócios interiores Ur. José Joaquim Ferreira Chaves; prefeito Comprehende o edifício uma grande sala central cir
do Districto Federal Ur. Carlos Cesar de Oliveira Sampaio cular, tendo cm torno duas galerias sobrepostas. Imponente
c Ministro da Agricultura, industria e commercio Ur. José cupola, de maravilhoso cffcito. aberta com 10 metros de
Pires do Rio. diametro, cobre esta sala central, transmittindo ao con
Commissoria Geral D r. Carlos Cesar de Oliveira juncto uma impressão dominadora.
Sampaio. Incubiram-sc das decorações exteriores c internas alguns
Delegado Oeral — Dr. Francisco Ferreira Ramos. dos nossos mais notáveis artistas da palheta c do cinzel.
Director Oeral da Representação estrangeira - D r. Al Rodolpho c Carlos Chambclland desenharam c pintaram o
fredo Conrado Nicmeycr. tecto, em allegorias de larga inspiração, sendo o trabalho
Secretario Geral da Commissâo Executiva — Dr. João dos dois pintores irmãos digno de todos os louvores.
Baptista de Mello e Souza. Francisco de Andrade c Modestino Kanto esculpiram cm
T/tesoureiro Dr. Manoel de Alencar Guimarães. alto relevo as duas imponentes frisas da fachada, represen
Vice-presidentes da Commissâo Organizadora do Cer tando a da esquerda a evolução politica, c a da direita
tamen — Dr. Antonio Olyntho dos Santos Pires e Dr. An a evolução economica do Brasil. Um grupo monumental,
tonio Assis de Padua Rezende. admirável allegoria da Independência, levanta-se sobre a
Secretario Geral - - Dr. Delfim Carlos da Silva. porta unica, completando a harmonia cstructural do Palacio.
O O O O O O
PAVILHAO DAS INDUSTRIAS DE PORTIJQAL SECÇÃO D t TAPETES
PAVILHÀO IM S INDUSTRIAS DE PORTUGAL - VISTA INTERIOR
IN DE PEN D E NCIA I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O O O O 309 O O O O O O
LIVRO OF- OURO COAIM FMORATIVO PO CFNTFNAR/O OA
Palacio das Industrias, rcstaurando-os inteiramcntc e con- Compõe-se de um corpo central, encimado por elegante
vcrtendo-os cm magnifico monumento architectonico, dc es- lanternim. e dois torreões lateracs. desenvolvidos em tres
tylo néo-colonial. «> mais vasto c um dos mais bellos pavimentos. A fachada, cujas ornamentações são do mais
do certamen. fino gosto, c para a bellcza da qual concorrem ainda as
De linhas simples c harmoniosas, no Palacio das In nossas telhas esmaltadas c azulejos, extcndc-sc numa frente
dustrias se consorciam á leveza e i graça a imponência c de 60 metros.
a sumptuosidade. Ladrilhos, azulejos, telhas, bem como Dispõe este pavilhão das seguintes areas aproveitáveis:
todos os pormenores do cdificio. obedeceram rigorosamente Primeiro pavimento: duas varandas com 16.",63 cada uma;
aos planos primitivos, alterados apenas internamente, em duas galerias com 106"” 00 cada uma; uma sala com
partes não essenciaes. para melhor exposição de certos 472.m,0 0 : e uma semi-corôa com 108.",00.
productos. Segundo pavimento: duas varandas com 16.m,00 cada
CompOe-sc o edifício, ora dc dois. ora dc tres andares. uma; duas galerias com I06.m,00 cada uma: uma sala
Na extremidade do velho forte do Calabouço, foi er com 472.'";00: uma semi-corôa com 108.m,00.
guida uma torre de 35 mts. dc altura, mirante geral da Terceiro pavimento: duas galerias com 106.".00 cada
exposição. Contorna a torre elegantíssima uma pequena uma: duas salas com 146.™,00 cada uma; um salão com
galeria aberta em columnata, de encantador cffeito. Entre 12!."” 00: uma semi-corôa com 108.'"-'(IO; uma passagem
a torre e o corpo principal do Palacio lica um terraço ajar com 37.",24: e dois terraços com 16,",63 cada um.
dinado. ao qual se tem accesso por escadarias pittorcscas Area total do edificio: 2.454 metros quadrados.
e admiravelmente trabalhadas. Primitivamente destinado á exposição de viação e obras
É notável a bcllcza da decoração de gosto nacional, publicas, foi este formoso palacio aproveitado depois para
caracterizada pelos azulejos c outros trabalhos de ceramica os mostruários da nossa industria de tecidos.
brasileira, rcsaltando a bclleza das telhas esmaltadas. A variedade e a perfeição dos productos expostos
Merecem referencia ainda os grandes pateos internos, mostra que. neste assumpto, como cm outros, pouco temos
num dos quaes, dc 60 mets. quadrados, se reflectent todas a aprender dos mais adiantados paiscs estrangeiros.
as arcadas do cdificio. graças a uma enorme piscina dc Nos dois pavimentos superiores do Palacio dos fios c
aguas adormecidas. tecidos o mais exigente conhecedor da matéria se deixará
No intuito de distender as áreas aproveitáveis, foi con deslumbrar diante dos mostruários magnificos, onde são
struído. em ligação com o Palacio das Industrias, um edifício apresentadas todas as qualidades de tecidos trabalhados
annexo, dc tres pavimentos, também em cstylo néo-colonial. corn surprehendente esmero. As matérias primas empregadas,
O grande Palacio dispõe do seguinte espaço: o linho, o algodão, a seda. a lã e outras são cm grande
Andar terreo: uma sala com 59ms,: outra com 193m,; parte produzidas na Brasil, o que maior realce dá á
outra com 272"',: outra com 117"” ; outra com 275">s : industria. Desde o simples tecido de phantasia, ou das fa
outra com 606m í; outra com 439m !; outra com 165“ , ; zendas estampadas e dos reps, até ao brim e ás mais lu
outra com •18™.; outra com 130m, : outra com 152“ *: xuosas sêdas e cascmiras. todas as variedades se encontram
outra com 187'",: outra com 92"',: outra com 107"f ; nesses mostruários, numa escala dc numerosas gradações,
outra com 138m, : e finalmente a ultima com 42.™, perfa passando pelos atoalhados, flanellas. zcphircs. voiles,
zendo um total para todo o andar terro. de 3.136 metros morins, etc.
quadrados. Chamam também immcdiatamcnte a attençâo os mos
Primeiro andar: 17 salas differntes. tendo respectiva- truários dc roupas feitas, industria esta cm que não tememos
mente as seguintes áreas: 59. 193. 272. 117. 275. 600. rivaes. Camisas, ceroulas, pyjamcs e outras peças do ves
439. 165. 48. 130. 152. 187. 92. 107. 138. 114 e 42 tuário interno, trabalhadas cm linho. sida. zcphir c outros
metros quadrados, num total de 3.136“ *. tecidos, revelam pelo bem acabado da confecção o adianta
Segundo andar: ima sala com 272"-’ . mento das nossas grandes fabricas do genero.
Area total r’ ~ ’alado das Industrias: 6.544 metros São dc primeira ordem os bordados e rendas expostos,
quadrados. assim como os cabos, cordas c barbantes feitos das fibras
O cdificio annexo dispõe dc: mais diversas.
Primeiro pavimento: salão dc 93.",52: outro No sub-solo do cdificio pode ser admirada uma grande
60,mj8 3 : outro dc 62.">,4I: c um ultimo com 67."’ 32 machina dc fiação, inteiramcntc montada.
' ác"*' d ,r' avimento um salão com 93.",52; outro c
120.", m 67,".32.
Terceiro i avimento: salão com 93.",52; outro c PALACIO DAS PEQUENAS INDUSTRIAS
153.m,6 0 outro com 67.",J2.
Area total do annexo 880 metros quadrados. O Pavilhão das pequenas industrias, cujos planos foram
No andar terreo do Palacio das Industrias organizou-sc
a exposição de productos alimentares, dispostos com fino desenhados pelos architectos Nestor de Figueiredo c San
gosto em grande galeria de nichos, havendo installações Juan. é uma linda e harmoniosa construcção cm cstylo co
de firmas particulares verdadeiramente deslumbrantes. lonial brasileiro com decorações barrocas, entrando nestas
Acham-se nessa galeria representados os nossos vinhos, li alguns elementos da nossa flora e da nossa fauna. Consta
cores. xaropes, cervejas, aguas mineracs. farinhas, productos de dois pavimentos, medindo a fachada principal 60 metros
dc pastelaria c padaria, conservas dc carnes, peixes, legumes dc frente. São de admiravel cffeito os dois torreões lateracs.
e fruetas. assucares c productos de confeitaria, etc. Nas e de grande bellcza a parte central da fachada, em que
demais galerias do pavimento figuram as machinas pesadas, se nota um conjuncto decorativo cm azulejos azues e
assentes directamente sobre o solo, c os productos va brancos, formosa allegoria das pequenas industrias bra-
riados da nossa mctallurgia.
No segundo pavimento do edificio estabeleceu o Mi A área aproveitável do edificio é a seguinte: pavimento
nisterio da Guerra um Museu M ilitar occupando 2 salas em terreo. 408.",24; pavimento superior 36 0.",2 0; total .....
que se admiram peças históricas de inestimável valor; numa 768.",44.
terceira sala foi installada a exposição do Estado Maior No primeiro pavimento deste Palacio encontram-se os
do Exercito. Nos demais compartimentos desse andar acham-se mostruários dc artigos desportivos e de gymnastica, brin
expostos os mostruários dc nossas industrias agricolas e quedos. malas e objectos dc viajen. guarda-chuvas, ben-
extractives Uma galeria inteira é occupada pelo café de
S. Paulo. Pelas outras se distribuem differentes productos Sâo varias as fabricas dc brinquedos que expõem os
do solo brasileiro — algodão, borracha, matte, ccreaes. seus productos, manufacturados com extremo carinho, po
etc. Também a industria do mobiliário e a arte decorativa dendo fazer frente aos mais aperfeiçoados similares estran
brasileiras são apresentadas nesse pavimento cm salas es- geiros. O mesmo se poderia dizer dos artigos para viajen.
ptciaes. concorrendo immensamente para accentuar-lhes o todos de optima qualidade.
fino lavor e gosto a feliz disposição cm que foram os O pavimento superior foi consagrado ás industrias do
objectos distribuídos. mesticas. sobresahindo os mostruários de rendas do Ceará,
Na parte superior da forre installou-se o serviço meteoro producto tão precioso quanto as rendas manualmente tra
lógico. e na parte inferior, abrangendo os terraços, uma balhadas pelas mulheres belgas ou da ilha de Madeira.
casa dc chá. da qual se descortina o panorama maravilhoso A sala em que se encontram esses mostruários recebeu
da bahia circumdada de montanhas. o nome dc Sra. Epitacio Pessoa, homenagem expressamente
No pavimento terreo do edificio annexo estão expostos solicitada pelos proprios expositores cearenses.
productos mineracs de todo o pais.surprchcndcndo a va Nas demais salas encontram-se. em lindos mostruários,
riedade e riqueza das grandes collecçõcs expostas, mor- rendas, bordados, almofadas, trabalhos cm crochet, execu
mente as de minério de ferro, representado por amostras tados no Instituto Orphanologico Benjamin Constant: joias
dc alta porcentagem. Os couros e calçados occupam o e artigos dc metal prateado, grandes relogios dc salão, tra
segundo pavimento, achando-se ahi representadas todas as balhos cm madeira, earioaturas a fio dc ouro; bronzes da
unidades da Republica, excepção feita do Districto Federal, Fundição Indigena; trabalhos a penna, osso. chiffre. flores
que. com os seus couros c calçados, occupa o andar immc- dc panno, etc.
diatamcntc superior. E também neste que se faz a exposição Ha numa das salas curioso bordado a mão represen
viva de calçados, onde caixeirinhas e modelos provam c tando a estatua equestre dc D. Pedro I na Capital Federal.
mostram nos proprios pés os generos expostos
PALACIO DO DISTRICTO FEDERAL
PAVILHÃO DOS FIOS E TECIDOS
E das menores construcções da parte nacional da Expo
sição. destacando-se. no entanto, entre as mais graciosas.
O autor do projecto, snr. Silvio Rabecchi. inspirando-sc no
o o o o o o 310 o o o o o o
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
cslylo Luiz XVI, soube tirar magnifico partido da combi Tres estaleiros nacionaes expõem photographias c ma-
nação harmoniosa dos varios elementos desse cstylo. As quettes de suas installaçõcs.
pequenas proporções do edifício dão-lhe leveza c graça, No pavimento superior acha-se representada a nossa
produzindo o conjuncto architectonico a mais agradaveí fauna por numerosos especimens empalhados c couros cur
impressão. tidos. sendo notável a collecção enthomologica exposta por
Compõe-se de dois pavimentos o palacio. sendo de collcccionadorcs «particulares.
6-12 metros quadrados a sua área aproveitável. Seu pri De grande interesse são os aquarios installados no
mitivo destino era servir para a administração do certamen. pavimento terreo do pavilhão da esquerda, onde se veri
Tendo o governo resolvido incluir o Palacio Monrõe no fica o adiantamento da pissicultura no Brasil.
recinto da exposição, installando nellc os serviços admi
nistrativos. foi o pequeno c gracioso Palacio occupado pelos
mostruários do Districto Federal.
No pavimento superior encontram-se os seguintes com- PAVILHÃO DAS EXPOSIÇÕES PARTICULARES
Sala do Instituto Profissional Orsina da Fonseca, com
mostruários de lindos trabalhos executados por alumnas- O Palacio das exposições particulares nasceu da feliz
bordados, flores, almofadas, enxovaes infantis. transformação da ala do Mercado Municipal fronteira ao
Sala da Escola Profissional Feminina Paulo de Frontin: recinto da Exposição. Fizeram a adaptação architectonica os
bordados, chapéos, almofadas, flores, desenhos. architectos Nestor de Figueiredo e Armando de Oliveira,
Sala da Escola Profissional Rivadavia Correia: admi que da inexpressiva armação de ferro do Mercado criaram
ráveis reproducçõcs de peixes e fruetas cm materia dúctil, motivos artísticos de superior bcllrza. O estylo adoptado
desenhos, trabalhos, culinarios (licores, compotas, etc.), cn- na transformação foi o barroco dominante na Bohemia.
Consta o edifício dc uma parte central, cm que se abre
Sala da Escola profissional Visconde de Cayrú: Trabalhos o portico imponente, e duas alas lateraes terminando em
cm madeira, modelos geometricos, csculptura cm madeira pavilhões ricamente decorados. E de 1.208 metros a área
c em gesso, desenhos, quadro demonstrativo do processo aproveitável para os expositores.
dc polimento c empalhação de moveis, etc. Foi este pavilhão destinado a Casas de Commercio
Sala da Escola Souza Aguiar: mostruário de madeiras ou firmas cspecialmcntc constituídas, que desejassem com-
nacionaes empregadas na officina dc marcenaria da Escola: mcrciar no recinto do certamen. Num dos seus comparti
mobiliário artístico, trabalhos de agulha. mentos. no entanto, foi installada a exposição da Estrada
No pavimento terreo ficam as seguintes: dc Ferro Central do Brasil, que apresenta, alem de nume
Sala do Instituto João Alfredo: mobiliário dc madeira rosas plantas da sua futura e soberba estação central, cu
c palha, objectos de madeira, moveis dc madeira c ferro, riosas maquettes de pontes e viaductos. alêm de interes
productos de cutelaria e latoaria, artigos de electricidade sante mostruário de trabalhos metallurgies executados na
(dynamos, campainhas, ventiladores), artigos de siderurgia, Escola de aprendizes do Engenho de Dentro.
artigos de couro, csculptura em madeira, etc. São verdadei
ramente surprehendentes os resultados do ensino nesta
Sala da Escola Visconde dc Mauá: modelos geometricos PARQUE DAS DIVERSÕES
em madeira, quadro demonstrativo do ensino nas officinas
de ferreiro, torneiro e ajustador, c objectos nas mesmas . O Parque das Diversões foi construído segundo pro
fabricados pelos alumnos, esculptura cm madeira, desenhos, ject? do snr. Morales de los Rios Filho. E das mais vastas
etc. Nesta sala merece particularissimo relevo um torno edificações da exposição: occupa uma área de 20.000 mts.
mecânico, obra admiravelmente acabada, fabricado por dois quadrados e sua fachada se extende por 300 metros, em
alumnos do estabelecimento: arcadas dc grande luxo e pittorcsco.
Sala do Archivo Municipal, contendo differentes obras Imaginou-o o architecto cm forma de aroplano, o que
publicadas pelo governo da cidade e um mappa vivo do lhe da uma estructura bizarra c original. Representam as
Districto Federal. decorações da entrada papagaios, macacos, periquitos, gralhas
As tres ultimas salas são occupadas pelas Inspectorias dc c outros animaes bulhentos dc nossa fauna, numa suggestão
Mattas e Jardins c Caça c Pesca. Na primeira cncontram-sc flagrante de alegria e bom humor. As grandes portas
plantas numerosas dos jardins c parques publicos do Rio são emmoldnradas por guirlandas dc mascaras symbolicas.
dc Janeiro, assim como os diplomas de honra obtidos em dc admiravel effeito. Quabirús e cegonhas constituem a
varias exposições estrangeiras pela Inspectoria dc Mattas e ornamentação da parte de sahida do edifício, significando a
Jardins. Na segunda ha varios mostruários com especimens tristeza dos que o deixam.
empalhados da fauna do Districto. Na terceira, finalmente, No Parque das Diversões foram installadas diversões de
são expostos especimens dc peixes conservados cm álcool toda especie: aeroplanos, carrousscl, as ondas de aço. casa
c differentes modelos de apparelhos de pesca. de doidos, a montanha russa, theatros. cafés, concertos, cine-
matographos e dioramas, grandes salões de baile, bicyclctas.
do Districto Federal é o avanço notável do ensino pro balões captivos, apparelhos dc gymnastica, «skating-rink >.
fissional na Capital da Republica. Ha trabalhos executados funiculares, photographias. etc. alêm de excellentes ser
por alumnos, mormente no dominio da siderurgia, da electri viços dc chá, bars c restaurants.
cidade e da cutelaria, que parecem haver sahido dc mãos O proposito do artista que trabalhou a fachada do
de mestre. Percebe-se que a orientação seguida é das Parque de Diversões, escreve um jornalista, foi executar
melhores: attestam-no os prodigiosos resultados obtidos. uma obra architectonica de linhas muito puras, mas de
corada dc modo complctamentc novo. sahindo do padrão
das architecturas classicas, onde se repetem até á saciedade
PAVILHÃO DE CAÇA E PESCA os modelos grcco-romanos dos leões, gorgonas e outros
cansados themas decorativos, os quaes foram desta fachada
O Pavilhão dc Caça e Pesca, cujos planos são da au affastados, sendo substituídos por modelos inspirados na
toria do snr. Armando de Oliveira, consiste cm dois pa flora c na fauna tropicaes.
vilhões construídos sobre estacas e ligados por uma ponte, A descripçâo pormenorizada do Parque das Diversões
directamcntc sobre as aguas da bahia. As suas grandes não caberia nestas paginas, tão complexa e variada em
linhas são de cstylo colonial, na sua feição característica suas differentes partes é a enorme construcção- Basta dizer
do norte do pais. Cada pavilhão consta de dois pavi que o Parque tem sido. principalmcente para o mundo in
mentos. um terraço e uma torre. fantil. um dos maiores encantos do certamen.
E indescriptivel a impressão de leveza, graça c pit-
toresco que se desprende da harmoniosa construcção. Re
presenta cila uma suggcstáo viva das maravilhas que em PAVILHÃO DE MUSICA
architectura poderemos obter com o aproveitamento dos
elementos tradicionacs. reveladores de nossa alma dc povo
c de nossa capacidade de criação original. Tres artistas diversos trabalharam na creação do es
A área do Pavilhão de Caça c Pesca é a seguinte, belto c gracioso pavilhão de musica, talhado cm linhas de
dcscriminadamente: belleza grega e apresentando o aspecto estructural de um
Pavimento terreo: duas salas com 54,ro,l 5 cada uma; templo: o architecto Nestor de Figueiredo, que lhe traçou
duas salas de 16.™!87 cada uma; duas o plano: salas de18.'n,57
o csculptor paranaense João Zaco Paraná, de
cada uma; duas salas dc 34.">’ 78 cada tentor dcuma:varias medalhas duas salas de Paris, que es
dos salões
dc 36."1-80 cada uma. Total do pavimento: 322,m*52. culpiu os dois grupos que dominam a entrada de cada
Primeiro andar: duas salas de 39,**18 cada uma; duas uma das alas do edifício e que. na expressão de um jor
salas de 13.m»38 cada uma : duas salas de I3.mi88 nalista. lembram, «não só pela concepção como pela propria
cada uma; duas salas de 48,">!74; duas belleza superior,
salas as obras de
semelhantes
36,m!89. do divino Miguel
Total do primeiro andar: 304.i"Jl4. Angelo»; e finalmente o pintor Marques Junior, que fez
Area total do pavilhão: 626,"',66. com mão de mestre os admiráveis desenhos decorativos
No Pavilhão de Caça e Pesca estão expostos nume do tecto.
rosos modelos de barcos dc pesca, escaleres, galeras, lanchas O pavilhão de musica é um dos mais finos ornamentos
e outras embarcações construídas em estaleiros nacionaes do certamen. Ao lado do pavilhão de estatística, e sobre-
assim como de redes, anzóes c numerosos apparelhos dc saindo num fundo dc painel formado pelas aguas verdes
pesca, representando alguns engenhosos inventos de pa da bahia. crguc-sc ellc como uma visão antiga da Héllade
tricios nossos, patenteados aqui c no estrangeiro.
O O O O O 311 O O O O O O
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
Em frente extendc-sc a pequena praça ajardinada da dativos dos trabalhos dc exeavações c poços artesianos execu
secção brasileira do certamen, também admiravcl pelo seu tados no Nordeste brasileiro.
traçado harmonioso c pela felicidade de concepção. No pavilhão particular da General Electric Co são
apresentados os productos da fabrica Mazda de lampadas
electricas. Numa serie dc nichos foram collocadas as ma
chinas diversas que servem ãs successivas etapas da fa
PAVILHAO DE ESTATÍSTICA bricação de lampadas. Os productos expostos são de su
perior qualidade, concorrendo altivamente com o similar
estrangeiro. R cu-iosa uma pequena collccção archeologica
Projecto do architecto Gastâo Bahiana. o pavilhão de exposta no pavilhão, representando a evolução da lam
Estatística é uma construcção definitiva, cm cstylo Luiz pada desde a modesta candeia dc barro usada nos tempos
XVI. Consta de dois pavimentos, coroados por um zim- biblicos até as poderosas lampadas electricas actuaes. A
borio central de agradavel cffeito- companhia apresenta também algumas excellentes machinas
No primeiro pavimento encontn J frigorificas e fogões electricos de sua fabricação.
62.m,54 cada uma c uma I 139,a>*24 de superficie. A Companhia Nacional dc Navegação Costeira também
Compõe-sC o segundo pavimento m se faz representar no certamen por um pavilhão particular,
62.m*54 cada uma. sendo de 389.*s40 área total do em que expõe exemplares de possantes machinas de tri
pavilhão. plice expansão, fabricadas em suas officinas, guinchos para
A exposição estatística, installada nos mostruários nu 3 toneladas, modelos dc navios c dc helices construídos cm
merosos do elegante cdificio. comprehende publicações com suas officinas, modelos dc cabines dc luxo adoptados nos
estudos numéricos relativos a assumptos de natureza po navios da sua frota e uma curiosa maquette da Ilha do
litica. social c economical quadros com resumos de di Vianna. onde se acham installados os grandes estaleiros da
versas estatísticas, estabelecendo não só comparações re Companhia.
trospectivas. do Brasil, como também confrontos entre o Construíram ainda pavilhões particulares as seguintes
nosso e outros paiscs: mappas, dia grammas c cartogrammas. firmas c empresas: Martins Barros ft Cia. (S. Paulo), fa
lineares, figurados e de outras especies. brica de machinas para lavoura c industria: Industrias
Subdividcm-sc as estatísticas expostas cm estatística ter Reunidas Matarazzo f t ia. (sal. tecidos, construcçõcs navaes.
ritorial. dcmographica. economica. intellectual c moral. moinhos, etc.); Haupt Co; Hirschfcd ft Comp.: Associação
Estallslica territorial - 1) Topographia: latitude, lon do Salitre do C hile; Sohner f t C ia; -- Companhia
--------- Nestle.
gitude. altitude c superficie: 2) Climatologia: estações me
teorológicas. observações; 3) Geologia: terrenos, riqueza mi
neral: 4> Fauna: ordens, generos, especies; 5* Flora: plantas
alimentares, industriaes c forrageiras; 6) Divisões tcrritoriacs: O RESTAURANTE PRINCIPAL E OS BARS DA
politica, administrativa, judiciaria e eleitoral (por Estados. EXPOSIÇÃO
Districtos. Municípios. Comarcas. Termos, etc): 7) Admi
nistração federal, cstadoal c municipal: 8) Núcleos coloniaes: O restaurante principal da Exposição, projcctado pelo
federaes c dos Estados; <)i Segurança Publica: policia civil, architecto Andrade Lima. é uma linda construcção cm cs
corpo de bombeiros c policia m ilita r; 10) Defesa nacional: tylo Luiz XVI. com 322 metros quadrados de área apro
Exercito. Marinha.
Estatística demographies — 1) Recenseamento de 1920. veitável. ,. . . . .
por estado civil. sexo. nacionalidade, côr. profissão, in- Foi erguido ao fim da Avenida das Nações, no an
strucção. etc.; 2) Movimento de registro civil: nascimentos, gulo externo de curvatura, fazendo frente á torre do Ca
casamentos, obitos. por sexo. filiação, estado civil, idade, labouço.
ctc.; 3) Movimento social tno proprio Brasil c internacional) Os serviços dc restaurante são executados com luxo
emigratorio e immigratorio. por sexo. nacionalidade, pro c clegancia. casando-se harmoniosamente com a graça e
cedenda e destinos. o brilho das decorações.
Estatística economica - 1) Agricultura: estabelecimentos Entre este Restaurante e o Parque das Diversões ficam
ruracs. salarios; 2) Industria: estabelecimentos fabris, sa os bars da Brahma, da Hanscatica e da Antartica. cm
larios: 3) Commercio: mercadorias (commcrdo interior e pittorescos pavilhões proprios.
exterior), barcos (nadonacs e estrangeiros), cotações de ti Junto ao Palacio do Districto Federal crguc-sc o Bar
tulos: 4) Viação: transportes (terrestres, maritimos c flu- Mourisco, de elegante construcção. c no começo da Avenida
viaes). communicaçôcs (correios, telegraphos. telephones); das Nações encontra-se o Bar Independência.
Previdência: seguros (de vida. terrestres c maritimos), caixas Na torre do Palacio das Industrias foi ricamente m-
econômicas (federaes c dos Estados); 6) Serviços publicos: stall.nl.i uma casa dc chá. E no Parque das Diversões, no
illuminação. esgotos sanitários, abastccimccnto de agua. ma Pavilhão das Exposições particulares c outros pontos do
tadouros; 7) Finanças: federaes. estadoaes. municipaes (re certamen encontram-se numerosos bars c restaurants-
ceita. despeza e divida);
Estatística intellectual e morai 1) O ensino dvil:
primario e secundario, publico e particular, profissional e
c sperior (no Districto Federal e nos Estados, por escolas, OS P A L A C IO S E S T R A N G E IR O S
pessoal docente, matricula, etc., ecclesiastico, pedagógico,
esthctico. commerdal. agronomico. náutico, industrial c sci-
entifico): o ensino m ilitar: do Exerdto. da Armada; Des Fizcram-sc representar na Exposição Internacional do
pesas com o ensino (federaes. estadoaes. municipaes); 2) Centenario, construindo sumptuosos palacios ou pittorescos pa
Instituições subsidiarias de cultura intellectual: bibliothecas, vilhões para abrigo dos mostruários riquíssimos, quatorze
museus, theatros, exposições artísticas, imprensa (producção nações estrangeiras differentes. A Republica Argentina, os
bibliographic.-! e jornalismo) associações literarias e artís Estados Unidos. Portugal. Inglaterra. Bélgica. França. No
ticas; 3) Justiça: organização processual, eivei e criminal: ruega, Mexico. Dinamarca. Italia. Suécia, Uruguay. Teche-
suicídios c tentativas de suicidio; organização judiciaria coslovaquia c Japão.
federal c local; 4) Instituições de assistência, de auxilios Portugal erigiu dois palacios diversos na Avenida das
mutuos e beneficência, de assistência a enfermos, asylos c Nações: o Palacio de Honra e o das suas industrias. Dos
recolhimentos: 5) Estatística dos cultos religiosos: judaísmo, restantes paizes. construíram pavilhões complementares na
catholicismo romano, catholicismo orthodoxo, protestantismo, secção externa do certamen, á praça Mauá. além dos res
positivismo, diversos. pectivos pavilhões dc honra da Avenida das Nações,
a França, os Estados Unidos, a Argentina e a Belgica,
com a qual figura conjunctamcntc o Grão-Ducado de Lu
PAVILHÕES PARTICULARES xemburgo.
Assim, são cm numero de 15 os monumentos estrangeiros
erguidos no recinto principal do certamen, contando-se 2
O municipio de Campinas construiu um pavilhão es para a illustre patria luzitana. Estes quinze Palacios repre
pecial na ala direita da Avenida das Nações, entre o Parque sentam ccrtamentc altíssima homenagem dc que nos po
das Diversões c o Palacio das industrias portuguèsas. R demos orgulhar. Não houve sacrifício poupado da parte
modesto e simples o edifido. mas encerra entre suas pa das nações amigas que por esta forma concretizaram os
redes ricos e variados mostruários, demonstrando o pro seus sentimentos para com o nosso pais.
gresso inilludivel daquella famosa região paulista. Nas dif Parlamentos c governos ultrapassaram os limites da
ferentes salas do pequenino pavilhão encontram-se amostras cortczia internacional. Na solicitude gentilissima com que
de café. principal riqueza do municipio, tecidos elásticos, attenderam ao convite do governo brasileiro, com que vo
fitas e gravatas de sêda, tintas, couros, productos de sellaria, taram verbas avultadas, com que moveram forças numerosas
fumo. milho, algodão, tecidos diversos, objectos de ci no sentido de dar maior esplendor ao concurso que em
rurgia. artefactos de cimento, vidraçaria decorativa, arroz, prestaram ás commcmorações do nossso centenario politico,
bebidas, camas de ferro, perfumaria, pregos, giz de cores, ha muito mais do que simples gestos diplomáticos: ha uma
licores, calçados, chapéus, artefactos de ferro, brinquedos, prova de consideração para com o nosso espirito, de con
productos chimicos e pharmaceuticos, botões, ladrilhos c fiança cm nosso destino de povo. de reconhecimento es
mosaicos, etc. Varios mappas c graphicos, demonstrativos clarecido da importância que assumimos perante as nações
do desenvolvimento da região, pendem das paredes. No ves do globo.
tibulo do pavilhão encontra-se curiosa maquette do mo Houve tambem da parte desses governos estrangeiros
numento do Ypiranga trabalhada em madeira. nitida comprchcnsão da significação pratica do seu con
Também em pavilhão especial, a Inspcctoria Foderal curso á Exposição do centenário. Não só os laços moraes
dc Obras contra as Seccas expõe differentes mappas eluci c de amizade tém a lucrar com este concurso: tambem
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Estabelecimentos U. JONCKER — Rio de Janeiro.
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
as relações commcrciaes scntir-lhc-ão o cffcito immediato suítico». constituindo a base fundamental da architectura co
no alargamento dos mercados e na intensificação da troca lonial brasileira.
de productos. Os inventores do projecto do pavilhão — os Srs. As
Os palacios e pavilhões dos nossos amigos estrangeiros sumpção Santos e Rebello dc Andrade — acompanharam
deram ao grande certamen do centenario um brilho indes- o movimento nacionai de renascença das artes portuguezas;
criptivel O que representa cada um delles individualmente, e bem andaram projectando para a representação de Por
cm riqueza.' cm trabalho, cm esplendor, poderão ver os tugal no centenário brasileiro um especimen monumental
leitores, que acaso não os tenham visitado, pela resumida dc architectura nossa, do tempo em que brilhou no velho
descripção que fazemos a seguir. reino a opulência do ouro e das pedrarias do Brasil-
Constitue. com effcito. um edifício de aspecto gran
dioso. occupando uma superficie dc 4.000 metros qua
drados. com 80 metros de fachada, sobre a avenida das
PORTUQAL
— Foi talvez devido á grandeza do pavilhão que se
retardaram a sua construcção e abertura?
A Republica Portuguesa, á qual nos unem os laços — Em parte, talvez; mas o atraso é de origem, e
mais profundos que se possam estabelecer entre dois povos, pode dizer-se que foi geral em toda a exposição; todos
construiu na Avenida das Nações dois pavilhões differentes. começaram tarde.
O primeiro, o Pavilhão de Honra. Icvanta-sc entre o A falta, desde o começo, de uma organização defi
Palacio das Festas c o da Bélgica; tem 25 metros dc nitiva. orientadora e methodica, prejudicou em muito a
fachada. O segundo, o das industrias, ergue-se na ala di festa brasileira do centenário, que estava destinada, pela
reita da Avenida, fronteiro ao Pavilhão da Italia; tem imponência theatral do seu quadro, a um successo sem
60 metros dc fachada por 50 de fundo. par. Assim é que apenas em meados de abril foram inau
São ambos de estylo D. João V. profundamente cara- gurados o palacio da industria nacional e o admiravel museu
ractcristico da patria portuguesa, c foram trabalhados por rondoniano. Muitas das outras representações enfermaram
diversos architectos lusitanos premiados em concurso cs- do mesmo mal. e nem sempre primeiro chegaram as mais
pccialmcntc aberto pelo governo de Portugal. proximas.
O Pavilhão de Honra, mimo dc graça architectonica, Portugal quiz ainda apresentar-sc na consagração da
comprehende dois andares c se compõe de tres corpos, independência brasileira, ostentando as mais pomposas galas;
sendo o central mais elevado que os lateraes. A sua talvez que recordando, embora modestamente, as maravi
decoração interior c exterior é um alto indice de bom lhosas embaixadas do século XVI. Foi. de resto, um gesto
gosto e dc arte. O conjuncto c uma festa para os olhos, fidalgo, da mais nobre diplomacia do coração.
tanto c o esplendor e a graça que irradia. Veiu com duas vastas e ricas tendas: o pavilhão de
Nos salões espaçosos e elegantes corredores do pequeno honra e o das industrias. A sua montagem, porém, de
Palacio admiravel fulgura o espirito português representado complexa armadura metalica. tinha que ser de execução
por grandes trabalhos dc pintura, csculptura e dc ourive- demorada, e ainda mais a sua architectura carregada de
ornamentações: e como foram lentas não só a longa viagem
Portentosas telas dc Columcbano. Ribeiro Junior. Con- como o seu preparo, retardou a chegada c a sua apre
deixa. Antonio Carneiro e outros pintores de illustre no sentação. Entretanto, chegou a tempo de evidenciar com
meada : csculpturas em gesso c bronzes de Teixeira Lopes, todo o brilho o seu intento e o alcance da sua sincera
Souza Caldas. Julio Vaz Junior. Pinto do Couto. Tomas da participação, trazendo aqui as mais lidimas expressões da
Costa. etc.; c numerosas peças de ourivesaria da Casa alma portugueza. a fundir-se na congratulação intima da
Reis. inspiradas c executadas sobre motivos architectonicos e Nação Brasileira pela sua independencia e pelo seu pro-
assumptos historicos portugueses, illuminam o ambiente re
colhido do Palacio com a irradiação de uma belleza su- Repetirei o que em publico disse no Rio de Janeiro,
a este respeito:
Ha a notar ainda: os magnificos exemplares de rendas «Fomos os ultimos. Ha. porém, um juizo occulto nos
de Peniche, executados pelos originaes da fallccida ar designios dos Fados. Não c sempre a razão dos homens,
tista D. Maria Augusta Bordallo Pinheiro; os tapêtes de de illusoria claridade, que rege os actos collectivos dos
Arrayolos e Val-dc-Moinhos (Viseu); os moveis artísticos do povos. Portugal, em verdade, não tinha que ser o primeiro;
Porto: c o painel dc azulejo e o vitral allusivos ao raid basta que haja comparecido ao final. £ elle o embaixador,
aereo Sacadura-Gago. ambos dc grande formosura. de hicratica categoria que tem de sellar a acta solemne desta
Todavia, dc todas as obras d’artc expostas, a peça commcmoração com o sinete heráldico da Genealogia, da
para nós brasileiros mais commovcdora c a deslumbrante Tradição, da Historia.
copia do quadro de Nuno Gonçalves (Sec. XV) conhecido Portugal não partiu da metropote. em rapida travessia
pelo nome dc O painel do Infante, feita pelo prof- Luciano transatlantics, na pressa de chegar antes que os demais.
Freire, c offcrccida pelo governo português ao brasileiro. Vem de muito mais longe, dc uma viagem demorada e pe
Sobre a maravilha artística que representa o original do nosa. cujo roteiro tem a extensão de muitos séculos e
painel nada precisaremos accrescentar ao que todos sabem perde-se na vastidão do passado. Mas. veiu; e chegou a
A respeito do grande Pavilhão das Industrias deixa tempo, trazendo á gente brasileira, na arca sacrosanta —
remos falar o seu illustre constructor Dr. Ricardo Severo, que c a alma da nossa raça — a Bulla Patriarchal que
dc quem obteve O Estado de S. Paulo a interessante foi cscripta em caracteres symbolicos por gerações an-
entrevista que. com a devida venia, transcrevemos: cestraes da grei lusitancnsc.
Que o Brasil a receba, interprete e sinta tal como
foi ditada pelo coração de Portugal.
Solicitámos primeiramente do doutor Ricardo Severo — Mas os portuguezes devem estar orgulhosos com a
alguns dados sobre a Architectura do pavilhão portuguez-, sua exposição: consta que foi um successo a abertura do
promptificando-se amavelmente este distincto architecto, que pavilhão, e lhes tem sido prestada toda a justiça.
desde logo começou a dar-nos interessantes informes sobre — Sim; foi de facto um successo publico, dos maiores
as razões de estylo a que obedeceu o projecto do pavilhão: a que ultimamente assisti. Começou pela presença de S. Ex.
— Representa uma obra de arte tradicionalista, uma o presidente da Republica (na vespera ainda recolhido por
inspiração feliz sobre motivos do estylo sumptuoso que doença), de sua Exma. esposa e de todo o ministério,
dominou o reinado luxuoso de D. João V. e que deu que prestaram á solemnidade a imponência do seu presti
a Portugal, monumentos dc pomposa architectura «barôca» gioso apoio: em compensação o chefe da nação brasileira
em conventos, basilicas e palacios fidalgos, como o Mosteiro recebeu da multidão, na maioria portugueza. uma signifi
de Mafra. a Basilica da Estrella, o Paço Real dc Queluz. cativa e enthusiastica manifestação, tanto mais expressiva
Corresponde a uma éra de renascimento, após a libertação pela sua sinceridade quanto se passou sob a cupola tradi
dc 16-10; e firmou-se desde os celebres Paços da Ribeira, cional de um nobre solar da familia portugueza.
com a sua -Casa da India', acompanhando a evolução Quanto ao successo entre os patrícios, este era de
pittorcsca desta renascença barôca. que marcou a archi esperar, e immenso. Foi tuna romaria, como aquellas que
tectura. o mobiliário, a indumentária c a joalheria do tempo no paiz natal o povo fa : em festa aos santuários mais
que decorreu desde os fins do século X V II até ás idades milagrosos. E continuará por muitos dias.
modernas da arte. O patriotismo fetichista do portuguez é uma feição
Este estylo representa em Portugal, em relação ao do seu caracter ethnico. O pavilhão é um sacrario; lá
nascimento classico, o mesmo que a opulenta decoração dentro está a patria, corporizada em imagens como numa
quinhentista dentro do gothico com os seus motivos orientals igreja. E a peregrinação não finda emquanto todos não
e maritimos: creou igualmcntc um typo característico, dis passarem a cumprir a sua devoção.
tinguindo-se do barôco italiano, que foi o padrão da época O Leal da Camara trouxe, num pequeno cofre, cm
no mundo das artes. fôrma de coração, um pouco do torrão de Portugal, do
Passou ao imperio colonial portuguez. levado pelos castello de Guimarães (alcacer do fundador da monarchia)
pioneiros do grande periodo colonizador, e instalou-se no e de Sagres, do cabo extremo de Portugal, donde partiu o
Brasil, acompanhando o desenvolvimento deste immenso paiz ideal da epopéa marítima dos -Lusíadas». E collocou o
sul-americano, desde o seu primeiro nucleo urbano. precioso cofre no centro de um pavilhão, em uma peanha.
E aqui creou o typo da casa rustica, da villa, do palacio a modo de ara antiga. Pois tem sido a mais commovedora
e do templo, com um caracter local inconfundível. romagem a este relicário da terra portugueza; o pequeno
Como a Companhia dc Jesus foi a empreza catholica altar está coberto de flôres e de votos como uma reliquia
monopolizadora da exploração colonial e da própria po santa do mais prodigioso milagre: é o proprio coração
litica metropolitana, chamou-se este estylo de -barôco je de Portugal!
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LIVRO DL OURO COM MEMORAT tVO DO CENTENARIO DA
E desta sorte se manifesta c se expande o espirito viessem também algo incompletas, devido ao praso diminuto
leal e amoroso desta grei antiga, andante por terras es dc colheita e organização dos mostruários.
tranhas. enlevada no lyrico encantamento da sua eterna - Consta-nos que a secção colonial é notável pela
saudade. variedade c riqueza dos productos expostos?
— Entcrncccdor o que nos conta, e era de esperar — Com cffeito assim é. Occupa toda a ala direita
da boa gente de Portugal, que deve estar desvanecida do edifício, e aprcscnta-sc com espccimens dignos de nota.
com este successo. Diga-nos mais da architectura e dispo não só sob o ponto dc vista cthnographico, como cm re
sitivos do pavilhão que possa interessar ao nosso publico. lação á importanda economics do vasto dominio colonial
— O plano do edifício foi riscado de maneira a con- portuguez.
formar-sc com o cstylo. Tem um aspecto conventual com Foi organizada esta galeria pelo visconde dc Pcdralva.
os seus pateos internos ajardinados, como os grandes mos deputado c antigo governador dc Angola, que é autoridade
teiros ou palacios solarengos, do século XVII. Compõe-se na matéria; c a disposição feliz que deu á sua secção é
de tres corpos principacs separados por dois claustros, dc molde a impressionar o publico. Ahi se verifica que
ligados na frente por alpcmlradas sobre columnatas, e aos 0 Portugal ultramarino, exclusive Madeira e Açores, re
fundos por galerias fechadas. O corpo central compre presenta um te rritorio de mais de 2.000.000 kilometros
hende um amplo vestibulo a que se segue a grande nave quadrados, com cerca dc 11.000.000 habitantes, c cujas
principal, circumdada por dois andares de glcrias sobre riquezas mincraes c agricolas são dc uma variedade in
archivoltas c columnas de alto fuste. É nesta nave. com esgotável. Como sempre, as suas costas tém os mais im
appparencia de alta basilica, que está suspenso por fios de portantes portos de mar. os «intcrlands» os melhores climas
aço. na posição de voar. o hydro-avião «Vera-Cru», que c os mais productivos planaltos, e são regados pelos maiores
foi pilotado até aqui pelos famosos heróes do ar. Cabral rios dos respectivos continentes. E é notável, de facto, esta
e Coutinho. exposição pela variedade c qualidade dos seus multiplos
Sobre o vestibulo ha um grande salão, destinado á productos dc exportação: cacáo. café. borracha, ccrcacs. le
exposição da orivesaria. prataria, esmaltes, filigrannas. etc. gumes. frutas, cera. resina, matérias corantes, oleos. couros,
Ladeando o corpo central estão as duas naves secun assttcar. álcool, coconotc. amendoim, etc.
darias que terminam cm quatro torreões: cm uma delias Além dc quadros estatísticos, esta secção apresenta uma
foi instalada a secção colonial c escolas industriacs; na collecção dc «fac-similes» dc velha cartographia. interessan
outra intercalou-se um cinema, com capacidade para 500 tíssima na parte americana e especialmcnte no que respeita
pessoas, que constitue um elegante theatrinho de graciosas 1 Terra dc Santa Cruz.
proporções. Os dois pateos são circumdados por ramadas de Não insisto cm minúcias para não despertar a mal
videiras e glicínias, ostentando os seus cachos de flores querença dos seus leitores; teríamos que fazer uma vi
c uvas. simile das parreiras e dóceis floridos que abrigam as sita mais demorada a toda a exposição, c não se trata
lareiras da terra portugueza. Ê a lembrança de uma velha agora senão de explanar impressões geraes.
tradição, que tem em si a inspirada poesia de um saudoso Sem perder o fio ao seu assumpto, poderá dizer-nos
bucolismo. também alguma coisa sobre a arte do azulejo, que se diz
Um destes clausros, com a respectiva alpcndrada. é estar bem representada na exposição portugueza?
occupado por um bar, servido por uma adega recheada Não me esqueceria de apontar este elemento deco
de muitos milheiros de garrafas dos mais capitosos vinhos rativo. porque, de facto, está bem representado. Na fachada
dc Portugal. principal do pavilhão sobresaem os quatro grandes quadros
É ali o pousio dos patriotas cpicuristas. matando a dc Jorge Colaço, artista muito conhecido no Brasil: «Ou-
saudade e levando o coração, no seu culto aos penates rique». representando a celebre batalha ganha por Affonso
c á terra mãi. Henriques, com o milagre da cruz synthctizando o «cyclo
A exposição estende-se por todas as naves c suas da reconquista»; a «Ala dos namorados», que é um feito
galerias com a seguinte distribuição: no centro, c no pa da celebre batalha de Aljubarrota c domina o «cyclo dc
vimento terreo, productos agrícolas, como vinhos, azeites, Nun'Alvares»; «Sagres», no naco meridional da Peninsula,
conservas, cortiças, a que se seguem, nas galerias, as in com uma allegoria ao «cyclo das descobertas»; «Santa Cruz-,
dustrias dc tecelagem, em linho, algodão, lã c sêda. tape que é uma bclla evocação do cruzeiro do sul c do roteiro
çarias. cordoarias, industrias accessorias de metaes. dc bor dc Alvares C abral: é o inicio do «cyclo do Brasil». Além
racha. por ultimo as indústrias officiacs da guerra e a casa destes, tem Jorge Colaço duas grandes instalações dc es
da moeda. Aos lados, as colonias, com a sua rica pro- pecialidades. com quadros de bellissimo cffeito.
ducção. cthnographia. cartographia c estatística: as escolas Um outro pintor ceramista se apresenta com azulejos,
officiacs dc artes, industrias e profissões; cm secções dis cm alizares, no grande vestibulo; é Silva Pinto, com oito
tinctas. as artes ccramicas. do vidro c crystal, artes deco painéis, representando industrias agrícolas: a lavoura, a
rativas dos metaes. do mobiliário, e as artes menores, rega. a cortiça, o vinho, a cal. a olaria, a pesca, os cestos.
como das rendas, bordados, confecções, vestuário, etc. E são notáveis estes azulejos, não só pelo processo do es
— Pelo que diz. Portugal mandou uma exposição com malte e pintura; como pelo seu caracter tradicional: espe-
pleta de todas as suas artes e industrias? cialmente a cercadura architectural dos quadros, é de um
— Não. A exposição portugueza é neste particular desenho e tonalidades que representam uma perfeita re
assás incompleta c deficiente. Faltam as grandes industrias vivescência dos velhos padrões da faiança pintada. Como
da metalurgia, da fiação, tecelagem, estamparia, etc. c saberá, chegou-se hoje á conclusão de que esta arte é essen-
falta a representação mineralógica e agrícola da terra por cialmcnte portugueza. c que foram ceramistas portuguezes
tugueza. assim como a sua arte. sob o ponto de vista ar- os mestres c antecessores da notável industria flamenga ou
chcologico. cthnographico. c também ornamental c de ap- hollandcza. Podem collocar-sc ao lado dos nossos notáveis
plicação ou industrial. barristas. que povoaram os presépios e passos christãos
Da grande arte apenas ha uma amostra, embora valiosa, dos nossos santuários de maior devoção.
na pavilhão dc honra. O azulejo é pois uma nota decorativa dc carecter pro
Percebe-se que não foi este o ponto de vista. Por priamente tradicional.
tugal não desejou apresentar um vasto «hangar» com uma Alguma coisa tenho ainda que dizer ao seu bom publico
exposição industrial c commercial; concorreu apenas com c que é um dever dc consciência. Cumpre-mc fazer uma
«coisas portuguezas». enfeitando o seu vasto solar da Avenida p r e n d a aos meus distinctos collaboradorcs na direcção
Internacional, com productos da terra e da gente portu tcchmca c artística do pavilhão das industrias portuguezas
gueza que firmem a impressão do cunho caracteristico. e e respectivas instalações, alguns dos quaes tém já cm Por
da feição orientadora das suas novas artes c industrias, nas tugal nome consagrado.
quacs se manifesta uma notável renascença nacionalista. Mencionarei em primeiro logar Costa Motta Sobrinho
Todos os espccimens estão no interior do pavilhão como e seu tio. ambos esculptorcs illustres, que modelaram e
elementos decorativos, mais do que como mercadorias para executaram toda a architectura decorativa e a estatuaria
commercio. E é esk: o aspecto geral que se procurou dos dois pavilhões portuguezes: o primeiro foi mais ainda
dar ao pavilhão portuguez. um «mestre geral» de elevado saber, aptidão c devota
Os «stands» dos expositores têm por igual esse ca mento. a quem se deveu a rapida execução do Pavilhão
racter. começando no «barco rabello» do rio Douro, que de lionra e a perfeita interpretação do cstylo dos pro-
transporta os productos dos preciosos vinhedos, até ás jectos Leal da Camara, o decorador de notoria orig i
parreiras do vinho Madeira, as garridas decorações de nalidade. que pintou as barras decorativas dos quatro torreões
azulejos, c o proprio mobiliário de páo preto e couro c das tres galenas dc arte applicada. c ornamentou os dois
lavrado, assim como as tapeçarias e a decoração pintada pateos. Jose Maior, que foi o habitai modelador de dc-
de algumas galerias. talncs architectonicos. Almeida Moreira, artista e archcologo.
A embaixada portugueza perante a festa da indepen que dirigiu as exposições dc pintura das industrias e es-
dência brasileira tomou uma orientação de tradicional sen colas otficiaes. O visconde de Pedralva. representante do
timentalismo. que deverá merecer-lhe a sympathia geral pela Ministerio das Colonias, que se encarregou da secção co
sua modestia e sinceridade, pela sugestão da sua cara lonial e da representação da Sociedade de Geographia dc
cterística originalidade E esta impressão deve-a despertar Lisboa. Alberto Dufncr. que arcou com a penosa missão
mais entre brasileiros do que propriamente em portuguezes administrativa do expediente K(ia l e classificação do» p»o-
Aquelles se dedica esta manifestação da antiga metro- duetos. ao lado dc Pinto da Silva, o devotado chefe da
pole, que não pretendeu ostentar aqui as riquezas das suas contabilidade c o grave detentor da thesouraria.
colonias, de seu sólo e das suas grandes industrias, mas ■Muitos mais teria que citar, se não me limitasse por
apenas revelar o novo Portugal, caracteristicamcntc por agora aos chefes das secções tcchnicas e artísticas. Além
tuguez. co mas suas artes c industrias tradicionalistas, a destes, outros ha que distinguir entre o pessoal da con-
sua energia dc renascimento e progresso. Pena é que estas strucçâo e entre os funccionarios superiores do commis-
sartado; mas a respeito de alguns poderei ser taxado dc
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IN D EPE N D E N C E F EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O o 315 o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENTENAR/O DA
O primeiro pavimento é inteiramente destinado a cx- tuição. Prende a curiosidade do visitante um mappa em
hibições. No segundo foram luxuosamente installados um relevo destinado a mostrar a^acçâo complexa e rapida
salão de recepção e salas de descanço, vestiario, toilette,
e tc . destinadas aos visitantes americanos da exposição. Ha ainda no Pavilhão de Honra, alêm de outras, a
£ bem de ver que o primeiro pavimento não poderia secção de Educação c Ensino publicos, occupando duas
comportar, por si só. os mostruários numerosissimos da salas em que se constata o maravilhoso desenvolvimento
surprehendente industria americana c as cxhibições officiacs dos Estados Unidos neste sentido.
do grande país do norte- Para supprir a esta deficiência, O edificio provisorio. construído como prolongamento
fo i construído nos fundos do Pavilhão de honra um edi para os fundos do Pavilhão de Honra, consta de dois
fício temporario de vastas dimensões, além de Pavilhão pavimentos. O primeiro destes é um salão de grandes
das Grandes Industrias erguido á Praça Mauá. e de que proporções, occiipado pelos mostruários referentes a minas,
falaremos adiante- usinas, serviço gcologico. engenharia, etc. Destacam-se nelle
A parte leste do Edifício Temporario contem importan um grande mappa em relevo do canal de Panamá, um
tíssimos mostruários, ao passo que na parte oeste foi mon modelo da maior draga jamais construída para a pesquisa
tado um cinematographo que funcciona diariamente, exhi- de ouro. amostras de carvão e outros mineracs extrahidos
bindo films referentes ás industrias, á natureza, á activi- das minas americanas, escalas de padrões mineracs official-
dade commercial, ás artes c ás sciendas da America do
de todos os outros do edificio. nítidas photographias de
O Pavilhão das Grandes Industrias, contiguo ás Docas deslumbrantes monumentos architectonicos do paiz.
do Porto, consta de um só andar com 160 pés de fa No Pavimento -Superior encontram-se a sala do Depar
chada. Foi todo construído em aço. e nelle se encontram tamento de Navegação e o vasto salão dos serviços ruraes
restaurantes, salas de recepção e innumeros compartimentos
em que são exhibidos os productos da formidável in As grandes industrias particulares acham-se represen
dustria americana. tadas no pavilhão do caes Mauá. Seria difficil tentar fazer
A Exposição dos Estados Unidos está sob a gerencia uma relação dos artigos variados a lli expostos, desde as
do Commissario Geral snr. Col David C. Collier e dos possantes locomotivas modernas até aos mais humildes ar
cinco commissarios seguintes: John L. Kirby: Snra. Hen tigos de perfumaria. E completa a demonstração da gran-
rietta W. Livermore. J. Butler W rig h t; W . O. Stevens e desa da industria americana, cujo assombroso desenvolvi
D r. Richard P. Momscn. mento. aliás, todos no Brasil conhecem c admiram.
O Pavilhão das Grandes Industrias é dirigido directa-
mente pela Corporação norte-americana de productos de
zxhibição de Nova-York e é financeiramente sustentada por
capitaes privados.
Em bella oração pronunciada por occasião da ceri
monia do lançamento da pedra fundamental do Pavilhão Entre os pavilhões da Dinamarca e da Tchecoslovaquia.
de Honra. M r. Packard, autor dos planos do edifício, assim na Avenida das Nações, levanta-sc o do Mexico, de estylo
se expressou: nitidamente colonial, resultado de factores diversos, cada
«Como edifício da Embaixada, este sobresahirá por qual architectonicamcnte mais interessante, e que consti
haver sido o primeiro que os Estados Unidos constróem tuíram uma modalidade typica da dominação hespanhola
para tal fim. Ademais, será. do ponto de vista archite no territorio mexicano. E esse estylo bello, bizarro e pit-
ctonico. de estylo apropriado ao clima do Brasil, espe toresco pela audacia c formosura de suas grandes linhas.
rando-se que em desenho c colorido esteja cm harmonia O pavilhão está disposto cm dois andares. O rez-do-chão
com o ambiente variavel. característico e attrahente, sem salas e
prejuízo, comtudo. da expressão que deverá representar de galerias. O andar superior contén
nossas próprias idéas sobre construcçòes- O esforço em posição em torno dc um terraço.
pregado por nosso governo traduz uma manifestação po O aspecto externo do edificio é rico de ornamentações,
sitiva do anhelo de todo o nosso povo no sentido de destacando-se a fachada principal pelo seu alto refinamento
perpetuar e estreitar cada vez mais as relações de ami artístico. As fachadas latcraes são sóbrias e elegantes. O
zade existente entre os países septentrionaes c meridionaes pateo é uma formosa construcção. composta de arcadas
do hemispherio occidental, e de corresponder ás manifes que oceupam tres dos seus lados, vendo-se ao fundo,
tações de bom companheirismo». em harmonioso conjuncto, uma grande fonte c duas es
A surprehendente demonstração de progresso vertigi os. as quaes eondusem ao terraço-
noso em todos os sentidos que os mostruários de serviços polychroma e foi csplcndidamente dis-
officiaes do Pavilhão de Honra e as grandes machinas e tribuida ior iodos os compartimentos do edificio. É dc
artefactos industriaes da secção do caes do porto nos mosaico a pavimentação, imitando o ladrilho dc barro dc
dão. aponta os Estados Unidos da America do Norte como Guadalajara. Em toda a construcção imitam-se admiravel
um dos paises leaders do Universo, destinado talvez á mente os materiaes na época empregados: cantaria, azulejo,
supremacia mundial cm futuro não remoto. ladrilho e «tezoutle». pedra esta dura c leve. fundo ma
No Pavilhão de honra a distribuição dos mostruários gnifico para fazer resaltar os lavores da cantaria e o
é resumidamente a seguinte: brilhe dos azulejos.
Nas duas primeiras salas á direita de quem entra pela Constitue o pavilhão mexicano algo de novo e sin
porta principal foi installada a exposição official do M i gular. pois apresenta, tanto nos pormenores como no con-
nistério da Guerra. Vêm-se ahi os ultimos modelos de me juncto^ toda essa decoração mixta de estylo hespanhol e
tralhadoras. carabinas e outras armas, caminhões tran
sportes. projcctorcs electricos, apparelhos de radiophonia. 0 empenho decidido de fazer obra rica e sumptuosa.
modelos de pontes de ligação usadas pela engenharia do O Mexico, sempre cavalheiresco e fidalgo, foi das pri
exercito americano, de açudes, navios guindastes, farda meiras nações a attender ao convite do governo brasileiro
mentos. munições, maceas e apparelhos para o transporte para se fazer representar na Exposição do Centenário.
dos feridos e tudo mais que diz respeito ao movimento A Secretaria dc Estado de Industria. Commercio e
das tropas cm campanha. A nota mais curiosa da secção é 1 rabalhq abriu immcdiatamcntc concurso para a construcção
um mappa em relevo da Escola M ilita r dos Estado3 Unidos, do pavilhão, tendo apresentado projectos os jovens archi
com todos os pormenores topographicos. tectos Carlos Obregon Santacilia e Carlos Tarditi, que me
A esquerda de quem entra fica a sala da Marinha receram a approvação do juiz classificador.
de Guerra americana, com modelos dos grandes couraçados Foi nomeada uma missão diplomática, designando-se
modernos c das antigas fragatas cahidas cm desuso. para o cargo dc Embaixador Especial o Exmo. Snr. D.
Ha quatro salas conjunctas occupadas pelos mostruários Jose Vasconcellos. Secretario dc Estado dc Educação Pu
dos serviços de Hygiene e Saúde publica na grande nação blica. uma das mais vigorosas mentalidades daquelle pais
do norte. Na primeira delias encontram-se modelos de irmão, verdadeiro representante intellectual da presente ge
tanques, peneiras, filtros, etc. destinados á purificação dos ração mexicana. Os demais membros da missão foram os
exgotos e desinfecção da agua. Cartazes de grande poder seguintes D. Julio Torri, secretario, e general Manuel
suggcstivo pendem das paredes, com desenhos e legendas I crez Trevino, chcfc do Estado-maior presidencial, addido
males que attingem homem phy- m ilitar e chefe dos cadetes da Escola M ilitar, á qual
sico. Uma collccçâo de mascara. __ ..... _____________„
• perigos foram aggregadas a Banda do Estado Maior e a Orchestra
da syphilis e das doenças venéreas. Na segunda destas salas Typica Torreblanca.
faz-se por meio de bonecos, modelos, cartases e varios Alêm da alludida missão foi organizada uma delegação
microsoopios contendo preparações, uma demonstração viva commercial, da qual participaram os snrs: Engenheiro José
do modo por que se disseminam as molestias contagiosas Vasquez Schiaffino. commissario geral; Engenheiro Enrique
e transmissíveis. A terceira sala é dedicada ao estudo da F remont. chefe da construcção do pavilhão: architectos
malaria, da lepra e da peste bubonica e da variola. Vêm-se Carlos Obregón Santasilia c Carlos H . Tarditi. autores do
ahi differentes modelos de casas á prova de pernilongos, projecto premiado; Engenheiro Angel Berea, constructor;
com as lanellas guarnecidas de redes de arame- Interes csculptor Manoel Ccnturión. encarregado da obra dc es-
santes moldagens em cêra mostram as vantagens e conve culptura e modelado: José Benjamin Jimenez, ajudante;
niencias da vaccina contra a variola. A
mente contem indicações referentes á p .„„. Roberto Montenegro, encarregado da decoração artística;
berculose e á hygiene infantil (alimentação. \ Gabriel Fernandez Ledesma, ajudante; Engenheiro Gustavo
Duron Gonzalez, encarregado da cxhibição de productos
r - C0"* '* '1* a *stas a sala da Cruz Vermeihã' Ame- agricolas c industrias connexas; Rodolfo Ramirez, encar
r cana, repleta de quadros, mappas e dioramas demon regado da exhibição commercial; J. Mario Gutierrez, agente
strando os formidáveis serviços prestados pela grande insti commercial
----------- - j<- a America do Sul. e actualmente
O O o o o 316 o o o o o o
BORGES & IRMÃO, L.DA — Porto.
IN DEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
commissario geral do pavilhão: José Martinez Ceballos, No intuito dc que o cdificio fosse uma evocação intei-
agente de compras: e Lamberto Espinosa Pácz. secretario ramente característica da arte francesa, decidiu-se que seria,
particular do commissario geral. exteriormente, uma repetição fiel do Petit Trianon de Vcr-
A delegação commercial editou antes de . edificado em 1776 pelo celebre architecto Gabriel.
do Mexico um bello volume cm que. de man a suecinta.
mas eloquente, se dão a conhecer os dive: foram feitas no cstylo da mesma
da situação actuaj politica, econômica, ediu " cepçâo.
dustrial. commere**1’• .i*
»«<•'- *1
«i«”> no*,
~a.p. Palacio de Honra,
' re P°vo irmão. Esse vo- compõe-se de um gran vestibulo dc entrada, de uma
lume. profusame....- d
.....-...
lustrado de magnificas photogravuras. sala dc exposição, dc i
foi largamentc distribuído grande salão e de dois outros
salões menores.
ariedade e importance Contém o Palacio. em primeiro lugar, a collccçôcs
os productos expostos na secção quae emprestadas pelas Manufacturas Nacionacs de S
namente representam a riqueza « Oobelinos, o Gardc-Mcuble Nacional, a Imprer >a Nacional
1 resumido apanhado < c a Administração das Moedas e Medalhas.
Da Manufactura de Sèvres figuram no Palacio os admi-
/ Fios e tecidos, chapéus modernos c cara- r »VCIi. grupos de «Pygmaliâo c Galathéa». de Falconnct.
PS. roupa branca de sêda original do país. meias sApollo c as Musas». «O Amor c a Nympha», a peça
s de seda. casemtras. couros e pelles, calçados, central do «Surtout» dos Peixeiros, de Boizot. e o «Surtont»
ura de couro, botões, etc. da caça de Blondeau. segundo Oudry- São todas peças do
2 lOrandes industrias) — Objectos de bronze, século X V III. figurando ao lado delias peças modernas,
ferroviários, barras de aço para construcçõcs. ci- como os grandes vasos de crystalizaçôcs cambiantes, as
tintas. vernizes, variadissimo mostruário de espe- peças em vermelho de cobre, os biscuits e gres. etc.
mincraes. armas brancas, phosphoros. artigos de A manufactura dos gobelinos está representada por tres
(capas, pneumáticos, etc.), material sanitario. pe bellos painéis de Baudry.
ru e todos os seus derivados (a maior riqueza do O Mobilier National emprestou uma peça extraordi
— •—;- l de guerra (de fabricação ......... naria. que é a celebre tapeçaria -A Batalha d’Arbelles .
.ystaes.
------ papel d que faz parte da valiosa collecção dc tapeçarias represen
e embrulho, collecção i moeda circulant tando a vida dc Alexandre, trabalho de Lebrun.
cobre, nickel). etc. Além das obras cedidas pelas administrações nacionaes.
Sala 3 Vinhos ' ‘ surprchendentcs mobiliários, objectos de arte. gravuras c
rvas alinii estampas foram emprestados graciosamente por varios e
erfumanas. productos chimicos conhecidos colleccionadorcs franceses.
rmaccuticos injrctavcis ou não. fibras texteis (mais Na grande sala da Exposição estão grupados princi-
0 variedades existentes no Mexico, destacando-se as palmcntc os trabalhos provenientes das manufacturas na-
inadas: Pita caxaca abutillon. henequen. raunè. za-
malvabisco. majahura. zanote. sansenicra. No grande Salão estão reunidos moveis e objectos de
ite i. vanos vitraes. dos quaes alguns esmaltados a fogo. arte da epoca fim Luiz XV até ao meio da epoca Luiz XVI.
de maravilhoso cffeito. doces e chocolates, industrias da Notam-sc ahi entre outros: uma escrevaninha do fim da
céra de abelha e do leite preparado. epoca Luiz X V ; uma bellissima mesa em madeira escul
Sala 4 Grande variedade de grãos (feijão. 250 pida c dourada, da epoca Luiz X V I; uma mobilia de salão
qualidades, café. arroz, «garbauzó. etc.) artigos de palha em tapeçaria real de Aubusson. cujos assentos representam
(cestas, chapéusI. vassouras e escovas, cordas e laços, bandas, fabulas de La Fontaine: um maravilhoso Gobelino. do mais
objectos de vime c palha, chapéus de fibra, quadro des puro Luiz XV. segundo os cartões de V icii: dois retratos
envolvendo a tcchnologia do algodão, technologia do trigo de tamanho natural representando as duas irmãs dc Maria
e do linho, pimentas, sementes oleaginosas c respectivos Antonicta; quatro garrafas de crystal chincz. de grande
productos, sabões, milhos, saccos de pita e de fibras, assu- clegancia, com trabalhos de bronze dourado, século X V III:
cares c compotas, quadro official de bacteriologia. um busto em mármore de Voltaire c uma Diana, ambos
de las cantiones (com admiráveis decorações de do cinzel dc Houdon: um lindo rclogio em porcellana
Montei egro) Esporas, freios c outros accessorios de mon- azul. da manufactura de Sèvres. epoca Luiz XV I: dois
rabalhados em aço imitação Toledo, artigos dc tar candelabros dc bronze dourado, da mesma epoca. etc.
taruga. filigramas de ouro e prata, bronze decorativos an ^ No pequeno salão, firmou-se o cstylo Luiz XVI c fim
tigos c modernos, trabalhos dc madeira com incrustações
dc tartaruga c osso. retratos em miniatura do pintor Fazem-se notar nclle: um admiravcl cofre de joias,
Juan hoyos. vestes características de Yucaztcca. rendas c offerecido por Maria Antonicta a uma dama de honra de
bordados (trabalho manual), trabalhos manuacs escolares, sua corte; delicioso consolo em forma de meia lua. de
velha arca colonial. vinhatico, trabalho dc Weisweiller c Ricsener; duas pei.uenas
Sala cta ccramica — productos variadíssimos da cerâ commodas egualmentc em forma de meia lua. assignadas
mica mexicana, das mais bellas e características do mundo: por Victor Lacroix: magnifico consolo em madeira escul
vasos estatuetas, louças, etc., das seguintes procedências: pida e dourada e pequena escrevaninha. devida ao mestre
Tonala, Jalisco. Tlaqucpaguc. Aguas Calientes. etc: louça marceneiro Lemarchand da epoca Luiz X V I: afóra ma
vidrada de Oaxaca, roupas velhas do Departamento Anthro- ravilhoso conjuncto dc outros objectos de arte.
pologico (exemplares únicos), reproducçôes. cm céra. de O terceiro salão contem uma mobilia em laqué ver
fruetas e hortaliças mexicanas. melho. coberta de uma tapeçaria feita a agulha, assumpto
Sala circular Chailcs característicos de Saltillo. Aguas dc Téniers. de encantadora originalidade: quatro bellos
Callentes e Chiapas, artigos dc onix. trabalhos de mis- painéis em tapeçaria de Aubusson: delicioso retrato de
sanga e de penna, roupas características de china Poblana homem por Dronais. e diversos objectos representando os
e^ Teguana. bustos cm terracota, rendas, trabalhos em differentes ramos da Arte dessa epoca surprchendente que
foi o scculo dezoito, cm França.
Sala III Louça typica de Talancra. louça comrnum. O Palacio acaba dc ser doado, com todas as riquezas
photographias em crystal, trabalhos graphicos, destacando-se artísticas que encerra, á Academia Brasileira dc Letras,
notáveis edições de luxo dc obras classicas gregas tradu- cumprindo-se assim o generoso c gentilissimo voto do nobre
sidas em hespanhol. lithographia. trichromia, etc.
Oaleria photographica Photographias de edifícios co
lonies. typos mexicanos, aspectos variados do paiz. ruinas: O Pavilhão
telas a oleo dc alumnos da Escola de Bellas Artes: moveis
artísticos.
Galerias inferiores - Hervas mcdicinacs, ccramica de Penetra-sc no palacio por um grande portico estylo
corativa (admiraveis exemplares), photographias dc ruinas, Luiz XIV. que precede o salão de honra. Sob este portico,
marmores, especimens da fauna empalhados, madeiras, etc- differentes baixo-relevos do cscnlptor Qucff representam o
Vestibulo Maquettc da Cidade Archeologica: repro- commercio, a agricultura, as artes, o trabalho.
ducçâo em maquettc da fachada da Egrcja de Acolman; ma- Comprehende o palacio doze salas c uma galeria, em
quette do Templo dc Quctzalcoatl: e um maravilhoso mo que são harmoniosamente expostos os productos franceses.
saico trabalhado cm penna c marfim. A sala A é destinada ás industrias das Modas. Pelles.
Confecção, tecidos dc lã. algodão c linho. Pouparia. Rendas,
Musica A sala B é particularmentc reservada ás sedas
FRANÇA dc Paris c Lyão. Contem a sala C artigos de Paris, artigos
dc precisão, armas parisienses e apparelhos photographicos.
A sala D comprehende os couros e pelles, as differentes
A participação da França na exposição do Centenário industrias do couro, e a industria do vidro. Reservou-se
comprehende duas partes differentes a primeira representada a sala E á alimentação solida e liquida, abrangendo os
Pelo seu Palacio dc Honra, maravilha architectonica er vinhos c licores franceses e as industrias de conservas.
guida á Avenida das Nações, e a segunda pelo «Pavilhão A sala E comprehende a exposição das companhias fran
dos expositores», que se levanta na secção externa do cer cesas de navegação que ligam a França ao Brasil e o
tamen. na avenida do Caes do Porto. stand das companhias francesas dc Caminhos de Ferro e
O Palacio de Honra, por disposição do Parlamento os das Companhias dc Construcções Maritimas. Em torno
trances e com o fim dc ser offerecido ao Brasil uma vez desta sala figuram as exposições graphicas dos Trabalhos
terminada a exposição, foi construído com materiaes dc- Publicos. A sala N foi destinada ao automovel. com uma
hnitivos c cm terreno adquirido pela França. secção referente á aviação. Para a clecricidadc rescrvou-sc
O O O O O 317 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
O O o 318 o o o o o o
IN D E P E N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
posição do Centenario, diz ein sua introducção. estas pa (i. A. Harvey G Co - Metaes perfumados, arame en
lavras que prazeirosamente reproduzimos: trançado. accessorios para moinhos de arroz, fabricas de
«Esta espontânea demonstração de amisade para com biscoito, minas, etc.
o Brasil não £ de estranhar, tendo-se em vista os lacos W. T. Henley’s Telegraph Works Co — Todos os
historicos que unem os dois povos. Muito antes da inde typos de cabos e arames para electricidade.
pendência do Brasil, o Imperio Britannico acompanhava William Hunt G Sons Birmingham — Instrumentos
com carinho o progresso desse pais e esse carinho tra cortantes, enxadas, machados, picaretas, etc.
duzia-se em auxlios cfficazcs. Foi em uma vaso britannico. M. Jacoby G Co Nothingham — Toda especie de
escoltado por uma esquadra inglesa, que D. João VI, o rendas finas de algodão, rendas dc sêda artificial, etc.
Regente do Portugal, demandou o Brasil em 1807, quando VF G R. Jacob — Dublin — Fabricantes de biscoitos
a invasão da peninsula pelos exercitos de Napolcão se c bolos.
tornára imminente e o govrno português via-se obrigado Jones Textilaties Ltd. — Manchester — Accessorios
a transferir a corte de Lisboa para o Rio de Janeiro. para machinas de tecidos, requisitos para teares, etc.
Foi um marinheiro Britannico que teve a honra de ser The Leeds Forge Company Ltd. — Vagões para es
o primeiro almirante da Marinha brasileira. Pode-se mesmo trada de ferro, rodas de aço solido forjado, etc.
dizer que Lord Cochrane foi o fundador da Marinha bra ( has. Macintosh G Co Manchester — Pneumaticos,
sileira. a qual contribuiu decisivamente na luta pela inde pannos impermeáveis, generos desportivos, etc.
pendência. ha cem annos. Mather G Platt - Fabricantes de machinas para al
vejar. tingir, estampar, bombas de turbinas e centrifugas,
installações electricas de todo genero.
McConnel G Co — Fios de algodão simples e duplos.
A cordialidade existente entre a Qrã Bretanha e o Metropolitan Vickers Electricat Company, Ltd.
Brasil, tanto na paz como na guerra, deu motivo a que The Royal M ail Steam Packet, Co.
fosse o Reino Unido a primeira potência a reconhecer The Pad tic Steam Navigation Co.
a inde pendenda do Brasil em 1822. Siémens Brothers G Co — Apparelhos telegraphicos, etc.
É motivo de orgulho para ambos paises o facto de
ter sido coroada a ininterrupta amisade reciproca durante
cem annos, pela declaração do Brasil em favor dos alliados
contra os Impérios Centraes em 2 de Junho de 1917 ITALIA
e pela collaboração activa que lhes prestou. Não se pode
exaggerar o effeito moral produzido por esta prova ae O Palacio da Italia, que se erige na Avenida das
sympathia á causa dos alliados. e sua significação para Nações entre os da Inglaterra e Dinamarca, é um monu
os ingleses, cspecialmente quanto ao auxilio prestados aos mento soberbo de architectura, de linhas caracteristicamente
navios britannicos. que foram abastecidos e reparados em italianas. Occupa uma área de 88 metros de frente por
portos brasileiros. 20 de fundo. Seu arcabouço é todo de aço. e foi mon
Quando o governo brasileiro decidiu dar á sua inter tado com prodigiosa rapidez por operarios vindos especial
venção na grande guerra uma forma mais activa, foi á mente da laltia.
Grã Bretanha que destinou clle o seu primeiro contingente A representação desse país na exposição do Cente
militar. A primeira missão que partiu do Rio de Janeiro nario affecta particularmente nossa sensibilidade de bra
para o theatro da guerra, foi a missão de aviadores navaes. sileiros. Ao concurso do braço italiano devemos grande
a qual seviu incorporada á marinha do Império Britannico. parte da grandeza actual do Estado de S. Paulo, sem
fallar da sua cooperação no progresso crescente do Rio
Grande do Sul c do Paraná.
A escassez do tempo nâo permittiu que fosse integral
O Commissariado Geral da secção inglêsa no grande essa representação. Muitas das provincias italianas não pu
certamen foi assim organizado: deram figurar com a sua arte. as suas indusrias. as suas
Tenente-Coronel H. W. G. Cole. Commissario Geral. tradicçôcs no magestoso Palacio. Nem por isto deixou este
Major A. A. Lougden. vicc-commissario geral. de ser uma affirmaçâo magnifica do espirito italiano e
J. A. Stirling. Secretario Geral. do surto surprchcndente de progresso a que se elevou a
John W. Simpson c Maxwell Ayrton, architectos. Italia principalmente nestes ultimos quinze annos.
Tenente Coronel E. Beswick, representante. O Palacio. pela sua esplendida physionomia externa,
dc simples e austeros traços, e pela sua sóbria c elegante
decoração interior, é uma festa maravilhosa para os olhos,
e dignamente representa a obra do heroico povo da pe
E grandemente elevado o numero de expositores, re ninsula.
presentando as maiores firmas e a variedade immensa de Na parte central destaca-se o corpo saliente do edi
productos de primeira ordem da poderosa industria inglesa. fício. com a porta monumental de entrada, e entre as
Citaremos apenas as principaes: duas desenvolvidas alas lateraes. Rematando o conjuncto,
ao alto. sobre a porta, vê-se a loba romana, reproduzida
Alien O- Hanburys LU ., Londres. — Leites preparados, em todo o seu esplendor symbolico por mãos finíssimas
matte, biscoutos. farinhas, drogas, extractos e productos de artista.
chimicos. etc. No interior do Palacio. subdividido em dois andares
Anglo-Mexican Petroleum Co. ligados entre si io r escadarias admiráveis, acham-se harmo
W. Armstrong Whitworth G- Co. — Constructores de niosamente dispostas as differentes secções em que figuram
navios, fabricantes de aço. constructores de locomotivas, os mais variados productos da arte e da industria italianas.
engenheiros civis e geraes. Ao lado dos crystaes e rendas de Veneza, dos bronzes,
Claudius Ash, Sons & Co. Dentes artificiaes. cadeiras dos marmores e das terracõtas florentinas. das sêdas e
para dentista e todos os accessorios referentes i odontologia. damascos de Milão, destacam-se as industrias de tecidos de
The Associated Portland Cement Manufacturers Ltd., algodão, dc automóveis, de material electrico, os trabalhos
Londres. — conhecidas marcas de cimento. de cartographia. dos pneumaticos, a industria dos aero
Babcock & Wilcox Londres. — Fabricas de caldeiras planos. dos vinhos e licôrcs. etc.
a vapor, tubos de agua. etc. Os artigos da secção italiana foram divididos em 24
Baiss Brothers & Co. Productos chimicos. drogas, grupos e 121 classes.
preparações pharmaceuticas, etc. Descriminam-se os grupos principaes pela seguinte forma:
Arthur Balfour G Co Sheffield — Fracturas de ferro,
ferramentas de aço para uso de engenheiros, etc. Grupo I I Instrumentos e processos geraes das letras,
Reginald Bell Trabalhos artísticos em vidro colo sciendas e artes, comprehendendo as seguintes classes :
rido com desenhos decorativos. typographia: photographia; livraria: edições musicacs. etc:
Blundell, Spence G Co — H ull e Londres — Fabri Instrumentos de precisão, moedas e medalhas: Medicina e
cantes de tintas, vernizes, esmaltes, etc. C irurgia: e instrumentos musicaes.
The Booth Steamship Co — Liverpool. Grupo I I I — Materiaes e processos geraes da mecâ
Brunner, Moud G Co — Productos chimicos. nica. comprehendendo machinas motrizes diversas.
The Calico Printers' Association — Manchester — Pro- Grupo IV — Electricidade: abrange as classes: pro-
ductora dc toda especie de tecidos estampados. ducção c utilização mecanica da electricidade: elcctro-chi-
Callender's Cable G Construction Co. - Fabricação mica: illuminação electrica: tclegraphia e telephonia.
é installação de fios e cabos electricos para todos os fins. Grupo V Engenharia civil e meios de transporte.
David C olville G Sons - Artigos de ferro. aço. etc. Comprehende: Materiaes de construcção; automóveis, moto-
IF. A. Oranage G Co - Exportadores de toda classe cyeletas. bicycletas. accessorios: navegação commercial: ae-
de generos.
C ritta/I Freeman Bro. ' Grupo VI Agricultura: machinas agricolas: productos
The Crown Perfumery Perfumes, sabões i alimentícios de origem vegetal.
parados para toucador. Grupo V III — Florestas, abrangendo os productos da
William Denny G Brothers Estaleiros navaes. industria florestal.
The Erasmic Co - Londres c Paris —■ artigos dc Grupo X / — Alimentos: industria dos alimentos; fari
perfumaria, loções para toilette, artigos de luxo. etc. naceos c derivados; conservas: confeitaria; vinhos, xaropes
Earquhar G GUI Fabricantes de tintas, esmaltes, etc.
Joseph Freeman, Sons & Co — Tintas permamentes Grupo X II Minas, mctallurgia: productos mineiros,
Para cimento. marmores; grande mctallurgia: pequena metallurgia.
O O O o o 319 o o o o o o
LIVRO D E OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
Grupo X I II — Decoração e mobiliário para casai par Ha razões especiaes para que nós. os noruegueses re
ticulares e editicios publicos: decorações fixas para edi sidentes no Brasil, nos adaptemos com singular facilidade
ticios publicos e habitações; vilracs artísticos: moveis ar ás condições locacs: as paisagens deste pais. as montanhas
tísticos ; tapetes, tapeçarias e outros tecidos dc ornamen e o mar muito se assemelham aos de nossa querida No
tação ceramica: crystacs e vidros; aquecimento e ven ruega. Esta semelhança não é das menores aqui na Bahia
tilação; apparelhos de illuminaçâo não electrica. do Rio de Janeiro, onde as montanhas se elevam orgu
Grupo XIV — Fiação, tecidos, roupas: machinas para lhosas. rectas e escarpadas, do fundo do m ar: o Corco
a industria tê x til; tecidos de algodão: seda e tecidos de vado. a Tijuca. os picos dos Órgãos recordam nosso litoral,
seda: recantos; industrias diversaes do vestuário. protegido dc rochedos e nossas magestosas muralhas dc
Grupo ATF Industrias chimicas: chimica e Phar montanhas. Ha certos pontos desta Guanabara, cujas bel-
macia: perfumaria. lezas não sabemos expressar, que nos conduzem em es
Grupo X V I Industrias diversas: fabricas dc chapéo, pirite a nossa patria, a nosso querido Kristianiafjord.
ourivesaria, bronzes e outros trabalhos artísticos em Ror isso hoje. contemplando esta maravilhosa bahia.
metal. ctc. temos a sensação dc contemplar nossa patria, e nos en
Grupo X X III - Estatística economica. tregamos de todo coração á solcmnidadc deste acto da
Grupo XX IV — Exercito c Marinha. collocaçào da pedra fundamental da Casa da Noruega, que
Destacam-se entre os principaes expositores: deverá levantar-se ás margens da Guanabara'.
C olletriva di seultura in marmo bronzo ed alabastro — Completando o testemunho fornecido pelos ricos mos
Florença. truários do pavilhão, o governo norueguês editou em varias
G. B. Borsalino fu Lazzaro & C. — Chapéus — Ale linguas, inclusive a portuguesa, pequeno, mas conciso e
xandria. elegante volume sobre «O país mais septentrional do mundo
Officine Colorai — Motores industriacs — Manlna. civilizado:', a heroica Noruega, cm que se podem beber
G. Ceirano — Automóveis para passeio — Turim. exactas informações a respeito da historia c da situação
Sociedade Anonyma Cinzano — Vinhos — Turim. actual daquelle povo. Termina o volume transcrevendo o
Comp. Generale d i Elettricitá — Milão. seguinte trecho, do conhecido escriptor americano Sr. H.
Instituto Geográfico de Agostini — Carta Geographica Leach, profundo observador dc coisas da Noruega: iOs
do Brasil — Novara. norueguêses "m uma individualidade mais pronunciada
La Filotecnica — Milão. distinguem-se pela sua independencia dc
Fabbrica Italiana di Pianaíorti — Turim. to e de sentimento, vão por seus proprios ca-
Oancia — Vinhos - Canelli. ' dão-se suas próprias respostas sobre as muitas
Fiat — Automóveis — Turim, xistencia. c isto forma personalidades fortes e
j. Angello Janetti — Instrumentos cirúrgicos, etc. — . um povo de individualidades'.
_ s expostos no pittoresco pavilhão cspccificam-sc.
Isotta Fraschini Automóveis — Milão. segundo o catálogo official, da seguinte maneira aguar
Lloyd Sabatído — Genova. dente. aguas mineraes. alcatrão, aluminio, anzóes. artigos
Fabbrica Autom. Lancia — Turim. de alumnio. apparelhos electricos para aquecimento, appu-
M artini ft Rossi — Vermuths - - Turim. relhos telephonicos. ardósia, arenque, artefactos de esmalte
Societá An. Marelli — Motores — Milão. e de prata, azeite de peixe, azeite medicinal dc figado de
^ M illu l f t C. — Esculptura e objectos de arte — bacalháo. bacalháo. bombas, cabos electricos, carbureto de
calcio, cellulose, centraes telephonicas. cervejas, cimento,
Cristalleria Murano — Vidraria — Murano. colla de peixe, conservas, couro dourado, correias, con
Metallum — Lampadas electricas, ctc. Veneza. certo de navios, construcção naval, clcctrometros. emprezas
O. L. M. — Motores Volpi — Milão. de navegação, explosivos, ferro-chromo. fcrrosiíicio. fun
Societá An. Bonatti — Chocolate — Milão. dição de bronze, granito, guano de peixe, licores, machinas
P irelli — Commas — Milão. , machinas para bordo, madeiras, motores a oleo.
Societá An. Ing. Nicola Romeo — Compressores, etc. motores i propulsão de navios, motores electricos, moveis,
- Milão. cartão, pasta mecanica dc madeira, pedra na
E. N . I. T. — Iii st Nacional dc Turismo — Roma. tural. pedra para calçamento de ruas. peixe pau. pregos,
An. Librcria Italiana — Turim. productos dc madeiras, suecos de fructas. telcgrapho co
Romanelli Fratelli — Esculptura artística — Florença. piador. turbinas.
Societá An. Venchi — Caramellos — Turim. O numero de expositores é crescido.
Soc. Idrollcttrica Alta Italia — Milão. Nas salas dc exposição e de conferencia e no jardim
Colletiva Piemontcse per 1'arrcdamento casa — Turim veem-se pinturas e esculpturas dos mestres noruegueses.
Instituto Geographico Militare — Florença. A «Associação das Senhoras Norueguesas-' demonstra i>or
w / Giuseppe Moneta — Artigos de ferro e mobiliário — ) dc modelos dum sanatorio e varios quadros estatis-
S. N. I. A. - Fiaçãc sultado da luta <
F igli Cantagalli Giuseppe -
Cotonificio Valli di Lanzo -
Colletiva di Fotografia ed Ottica — Turim. SUÉCIA
Stabilimenti Toscani l.avori in Cemento — Florença.
Carlo Valsccchi — Cosinha economica — Milão.
Antoncllo ft Orlandi — Panificio c pastelaria electrica — O pavilhão sueco foi desenhado pelo architecto Tarbcn
Grut, autor do plano do grande stadio de Stockolmo. De
Bisleri f t C. — Licores — Milão. puro estylo Gustaviano em suas linhas architectonicas e
Sasso f t F. — Azeite de Oliveira — Oneglia. suas decorações, é esse pavilhão um dos edifícios mais
La Vittoria Arduino — Machinas dc café — Turim. característicos de quantos se erguem na Avenida das Nações,
Zambelletti f t C, — Productos pharmaceuticos — Milão onde representa um marco da amizade que sempre existiu
lug. O livetti ft C. — Machinas de escrever — Irrea entre os dois povos: o sueco e o brasileiro. Suécia e
Cotonificio de Angeli — Milão. nrasil de ha muito vêm permutando seus productos: a
Catonificio Cantoni — Milão. distancia que entre ambos se interpõe não impediu que
Cotonificio Crespi — Milão. st' estreitassem os laços dos mutuos interesses, o que deu
Subinaghi f t C. — Soc. An. dc oleos essenciaes — uma significação toda especial ao convite que ao governo
sueco dirigiu o brasileiro para que se fizesse representar
Fcli Branca — Licores — Milão. no grande certamen commemorativo de nossa independencia.
bem debates de nenhuma especie concedeu o Riksdag
° L . " , ,OS neSessanos ,Par“ essa representação, e sua Ma-
gestade o rei Gustavo V nomeou immcdiatamcntc uma cont-
NORUEGA imssao para tratar do assumpto.
O pavilhão foi totalmente construído na Suécia, com
matena1 sueco e em navio sueco transportado para o
O pavilhão da Noruega, dc estylo puramente norueguê' nrasii. Comprehende. no primeiro andar, a grande sala
com as ligeiras modificações exigidas pelo clima bras to.i«,X,rr iCJo- Vma unk" sala destinada aos serviços de admi
iu n °'t com,’f c‘“ de dois vastos andares, encimados po nistração e informações e outra pequena sala dc visitas,
alta torre de linhas harmoniosas e arrojadas. Ê uma da ornamentada e mobiliada á maneira sueca.
mais pittorescas construcções do grandioso certamen d Constituíam a commissáo nomeada pelo rei Gustavo
independência, e exprime eloquentemente o desvelo que pô representantes proeminentes das espheras económicas e in-
o governo daquelle país amigo em mostrar-nos a solid rn n II A a SFinanças.
^ c,a' presididos pelo sr. Venncrstcn. antigo
amizade que vota ao nosso povo ministro das
.r ..— > de sv-miiissario
commissario gerai
geral ioi
foi designam
designado o sr.
p a v i b.
pjvithao, l h txcia.
ã o 'o aliSr.
Cam« ' ° da ^Oade
Ministro dra fundamental
pronunciou d.
al Capitão Enk Bernstrocm. cabendo a secretaria do c
gumas palavras profundamente significativas, que tomamo sanado ao sr. Cari Bacckstrocm.
a liberdade de reproduzir aqui: .Não são de origem receto i L,0.,1‘>- " 1 »eito catálogo distribuído entre os visitantes
o intercâmbio commercial nem as relações amistosas entr no*iStV,c!lk0 SUCc* destaca-se a parte inicial, contendo larga
a Noruega e o Brasil: datam do começo dos cem anno noticia sobre a Suécia de nossos dias. Os progressos admi
r e '61? do pequeno povo, quer nas industrias como no com-
am <í1' Sassar' c ainda 08 velhos archivos. tant, 2 2 ? ° : T *‘ rucC*o. letras, artes. etc., são postos em relevo
daqui como da Noruega, mostram que essas relações sâi
de origem muito mais remota....... reiaçoes sã. nessa notiaa. que lindas photogravuras. representando pai
sagens e instituições buecas. agradavelmente illuminam.
O o o o o o 320 o o o o o o
MÜLLER & Cia. — Rio de Janeiro.
*
" ■
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
A segunda parte dessa publicação é que constitue pro G Ç. Scavenius. do Ministerio dos Negocios Estrangeiros;
priamente o catálogo, subdividido nas secções seguintes: Axel Schmidt, negociante;
I Instituições ol/iciaes. comprehendendo I — Minis Fr. Rüse. commissario geral da Exposição; c
terio do Commercio e Industria, que expõe um diagramma I. Egebjerg, secretario do commissariado.
sobre o commercio externo da Suécia, publicações estatís
ticas e commerciacs. vistas das cidades, campos, fabricas O lindo catálogo distribuído no pavilhão contem os
etc., e mappas da Suecia. 2 — Direcção geral dos ca retratos dos soberanos dinamarquezes. numerosas vistas e
minhos de Ferro, expondo mappas, quadros estatisticos. excellente mappa da Dinamarca, alêm de optimo texto sub
photographies dos caminhos de ferro suecos. 3 - Direcção dividido cm varias partes. Nas seis primeiras encontramos
geral dos Telegraphos. mappas e diagrammas do serviço pormenorizado estudo sobre a Dinamarca actual, suas con
telegraphico e telcphonico. I — Direcção Qeral da Explo dições geographicas, sua historia, agricultura, commercio,
ração das quedas de agua. mappas, diagramas e photo- industria, portos, etc. Logo a seguir vem um capitulo es-
graphias das installaçõcs hydraulicas: 5 — Federação das picial sobre os trabalhos dos sábios Lund e Warming no
Associações de Gymnastica Sueca, expondo o modelo de Brasil, encerrando a serie magnifico artigo de considerações
uma sala de gymnastica sueca; 6 - Associação da In sobre a maneira de desenvolver mais intensamente as re
dustria Caseira Sueca, artigos seleceionados. Termina esta lações commcrciaes entre os dois povos amigos.
secção com algumas informações sobre a Exposição Com- Setenta e tres expositores diversos apresentaram seus
memorativa de Gotemburgo, que se realizará de 8 de Maio productos á admiração geral no elegante pavilhão dina
a 30 de Setembro de 1923. marquez. Entre os artigos expostos figuram objectos de
II — Portos, contendo ampla noticia sobre os portos ouro. artefactos de bronze patinado, obras de estanho, por-
de Stockolmo e Gotemburgo, dos quaes figuram photo- cellanas. cimento, lithographias artísticas, gravuras em ma
graphias na grande sala do pavilhão. deira. prensas excêntricas de fricção c de tiragem, papel
III — Exposições collectivas. Descrimina esta secção de forrar, lacticimos. licores, presuntos, ferramentas e uten
as fabricas e firmas que se fiseram representar por inter sílios. biscoutos. automóveis, coalhos e corantes, faianças,
medio das associações de que fazem parte e que são: — motores, joalhcna. pilhas electricas, sementes, productos chi-
I — a Associação dos fabricantes de papel, abrangendo micos. apparelhos para gymnastica, turbinas, machinas, etc.
16 firmas proprietárias de numerosas fabricas por todo
o te rritorio sueco; 2 — a Associação dos fabricantes de
celulose e Associação dos fabricantes de pasta de ma
deira. comprehendendo ambas grande numero de fabricas;
3 — Federação dos fabricantes de ferro, que abrange.' REPUBLICA TCHECOSLOVACA
entre outras, tres grandes firmas produetoras de ferro,
aço, etc. :
IV — Outros expositores. São englobadas nesta secção A Republica Tchecoslovaca. de velhas tradicções glo-
as firmas que se fizeram representar isoladamente, attin- riosas e organização recente, foi um dos primeiros pafses a
gindo o elevado numero de 47. e que significam o mais adherir aos festejos commemorativos do centenário da In
alto indice do progresso industrial da Succia. Produzem dependência do Brasil. Levanta-se seu pavilhão, no gran
as fabricas de que são proprietárias os artigos mais cus dioso certamen, entre o do Mexico e o da Noruega, na
tosos e variados, como sejam, entre muitos outros: gera Avenida das Nações: e uma construcção de linhas simples
dores electricos, transformadores, motores, locomotivas, appa- mas elegantíssimas, offerecendo a harmonia do conjuncto
relhos telephonicos e telegraphicos. tintas, instrumentos cor deliciosa impressão. Caracteriza-se. sobretudo, este pavilhão,
tantes. polvora sem fumo. caldeiras, fogões, utensílios para pela sua porta unica c pela coberta, que é toda envidra
cosinlia. estufas, apparelhos de illuminaçâo electrica, vidros, çada. De ambos os lados da porta, destacam-se lindos nichos
crystacs. papel c polpa de madeira, oleos. aço. cimento, decorativos, de admiravel effeito ornamental. O plano do
cutelaria, machinas de prensar, esmaltar e laminar, frigo edifício é obra dos architectos tchecoslovacos Jos. Pytlik
rificos. elevadores, guindastes, navalhas, machados, arinas .■ Paulo Janák. este professor da Academia de Bellas Artes,
de caça. machinas de costura, bicicletas, mobiliários, artigos de Praga.
íaltados. gesso, artigos de granito, fogões de petroleo. O commissario do governo tchecostovaco na Exposição
cabos electricos. do centenário é o sr. D r. Ladislav Turnovsky.
A commissâo preparativa da representação da joven
Republica no certamen foi a seguinte:
Octavio Paranaguá, consul do Brasil em Praga;
Eng. Prokes, secretario do Ministerio da Agricultura da
Tchecoslovaquia:
Dr. Cermák. Conselheiro do Ministerio da Saúde Publica;
Emcrich Cech. inspector do Ministerio da Viação:
A Dinamarca vem mantendo ha dezenas de annos re Er. Stech. conselheiro do Ministerio da Instrucção
lações commerciacs directas com o Krasil. tendo impor Publica;
tado em 1920 mercadorias brasileiras no valor de 34 milhões Jan Potucek. do Ministerio das Relações Exteriores: e
ue coroas dinamarquezas e exportado para nossa terra ar ^ Dr. Ladislav Turnovsky. Secretario do Ministerio do
tigos no valor de 3 1/2 milhões. Não são. porém, apenas
desta natureza os laços que nos unem ao admiravel pe Compuseram a commissâo executiva os seguintes
quenino reino de cultura antiquissima e que papel tão im- membros:
partante tem exercido na historia da velha Europa. Foi Dr. Francisco X. Hodac, Secretario Geral da União
da longínqua Dinamarca, de que era filho, que um dia dos Industriaes Tchecoslovacos;
aportou a nossas terras o sábio palcontologo D r. Lund. Dr. Samek. Secretario da Camara de Commercio c
cujo tumulo se ergue hoje nas proximidades da Lagoa Industria de Praga;
banta. logar celebre nos fastos da scicncia. Também ao Josef Oplatek. Director Geral da Sociedade Anonyma
botanico dinamarquez Dr. Eugenios Warming devemos tra
balhos de capital importância sobre a nossa flora. Mas Karel Bacher. Industrial
estes factos são bastante conhecidos de todos, dispensando-nos Dr. Jan Trebicky, Industrial
de insistir sobre elles. Jaroslav Pronza. Industrial
A cooperação da Dinamarca, pois. nas commemoracões Eng. Josef Hájek. Director da Casa Melichar-Umrath.
do nosso centenário politico assume um aspecto, menos de Korncl Stodola. Industrial e Presidente da Camara de
simples cortezia internacional, do que de verdadeiro gesto Commercio de Bratislava;
de fraternal amizade entre os dois povos. Alfred Mallmam. director da casa I. Giuzkev, Maf-
Na Avenida das Nações, o pavilhão da Dinamarca, ex fersdorf.
pressão concreta desse sentimento affectivo c da grandeza A. Tamchyna. Director Geral de uma sociedade ano-
da nobre nação que por meio delle nos homenageia, ergue-se
entre o da Italia c o do Mexico. R todo de madeira e Camil Schwalb. Director Geral da Sociedade Anonyma
tela. com uma grande torre no centro, c seu estylo foi
inspirado pelas construcções de madeira de Upsal. reve Dr. Anders, secretario da Federação Economica de Fa
ladoras da originalidade e do mais fino gosto dinamarquez. bricas dc porcellana.
Compuseram a commissâo organizadora da represen
tação da Dinamarca na Exposição do Centenário os snrs :
A representação foi organizada sob o patrocinio de
S. Excias, os srs. Drs. Edvard Benes, presidente do Con
O. Mohr. Ministro t selho e Ministro das Relações Exteriores e Ladislav Novák,
*»• Dcssan. vice-prei Ministro do Commercio da Republica Tchecoslovaca.
em Copenhague: Foi distribuído no pavilhão interessantíssimo catálogo,
C. Brummer. Architecto; contendo, alem das i nformações acima e da lista de ex
O. Busck-Nielsen, do Ministerio do Commercio: positores e productos expostos, longa parte de descripção
Ir . Dalgas. Director da Fabrica Real de porcelana » geral da Republica, abrangendo dados geographicos, his
toricos. economicos, financeiros e artísticos, etc. Nume
rosas illustrações. representando paisagens e cidades tchc-
coslovacas. dão a essa publicação elegante e harmonioso
aspecto.
Os artigos expostos comprehendent as seguintes especies:
o o o o o o 321 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MO RAT IVO DO CENTENARIO DA
o o o o o o 322 o o o o o o
AS ORANDES FESTAS
As grandes festas cominemorativas do primeiro cente No pavilhão central do Campo de S. Christovam viam-se
nario de nossa independcncia politica revestiram-se de um o sr. Presidente da Republica, os Ministros de Estado,
esplendor jamais attingido no Brasil cm solemnidadcs deste as embaixadas estrangeiras e o corpo diplomático. Na ala
direita do pavilhão encontravam-se as delegações militares
Tiveram inicio na vespera do magno dia. A 6 de dos paizes amigos.
Setembro realizou-se no Palacio do Cattete a cerimonia De um lado c de outro das archibancadas. levantavam-se
u r entrega de credcnciacs ao sr. Presidente da Republica as tribunas provisórias, ornamentadas de flores, bandeiras e
por parte dos embaixadores e ministros plenipotenciários festões. Em torno tumultuava a massa popular, palpitanto
em missão especial dos governos estrangeiros nas com- e formidável.
memorações do centenário. As tropas se extendiam numa linha de cerca de oito
Teve logar a solcmnidadc no salão de honra do pa kilometros, desde a Avenida Rio Branco, pelo Cáes do
lacio. havendo sido recebidos, antes dos mais. pelo chefe porto, até a Avenida do Mangue e ruas de S. Christovam
da Nação, os embaixadores, e em seguida os ministros ple e Escobar. Após haver o sr. Presidente da Republica pas
nipotenciários e encarregados de negocios. acompanhados sado revista ás mesmas, começou o desfile triumphal, entre
pelas respectivas embaixadas e missões. o fremito e as acclamaçõcs da multidão. Eis como des
Com o sr. Presidente da Republica achavam-se todos creveu esse desfile um dos mais importantes orgâos de
os Ministros d'Estado e os membros das casas civil e nossa imprensa:
m ilitar da presidência. Logo que a companhia de Carros de assalto entrou
De accordo com o novo protocollo não foram pro no Campo, garbosa e impressionante com os seus dose
feridos discursos, sendo apenas feita a entrega das cre- «tanks'- e seus duzentos homens, a multidão fremiu de en
denciaes c trocadas palavras de cortezia, em seguida ao thusiasmo. c as palmas c acclamaçõcs reboaram, cada vez
que se retiraram as embaixadas c missões. mais fortes e sonoras, á proporção que desfilaram os ma-
As continências devidas ás embaixadas foram prestadas -trangeiros — guapa massa de solidos homens, todos
pelo 2.0 Batalhão do 3.° Regimento de Infanteria do Exercito, dc bra i frente marchav te-americanos.
postado cm uniforme de gala. á frente do palacio do impressionando < e todos os britannico.. : desfilaram
com a firmeza e _i disciplina
___ ____ __________
tradiccionacs _______
e
Após a recepção official das embaixadas c missões cs- dores dc Trafalgar c da Jutland ia. e os alumnos i
pcciaes teve logar nova recepção em Palacio. offerecida urugayos. que se escoaram sympathicamente ao som da
pela Senhora do Sr. Presidente da Republica ás senhoras canção do soldado paulista.
dos referidos embaixadores, chefes de missão especial e Da nossa brigada dc marinha sobresaiu. como sempre,
membros do corpo diplomático. Foi uma festa de cor o batalhão naval, verdadeiramente impcccavcl assim como
dialidade e bcllcza e da mais alta eleganda espiritual. o destacamento da policia m ilitar, que foi o derradeiro a
A profusa illuminação dos amplos salões abertos davam passar, mas. dentre todas as forças, aquella que prepon
ao Palacio da Presidência da Republica deslumbrante aspecto. derou pela imponência, pelo armamento e até pelo uniforme
Na cidade, durante o dia todo. o movimento foi extra serio — o kaki de guerra, com que atravessou a eclypse
ordinario. A alegria do céu illuminado c do maravilhoso em meio da apotheose de applausos, fo i inegavelmente o
scenario da bahia e da urbs palpitante, juntava-se o en
cantamento de alma que em todos produzia a magna data.
de tão profunda significação em nosso destino de povo.
dos generaes Ribeiro da Costa e Menna Barreto: i
panhia dc Metralhadoras Pesadas do Capitão Daltro apre
sentou-se sem uma falha: as forças dc artilheria do ge
neral Chrispim Ferreira estiveram magnificas, pois podia-se
A ALVORADA RADIOSA applicar uma regua aos canhões de 75 que. nos seus regi
mentos de artilheria montada, trotavam a par. tal a pre
cisão do alinhamento, e igual applicação podia ser feita,
Pode-se dizer que a população, em sua totalidade, man- com o mesmo exito, ás baterias de 105 c de 155 do
tcve-sc em vigilia até o rompimento da alvorada radiosa grupo dc artilheria pesada, que arrancou aos officiaes Ja
de 7 de Setembro. Queriam todos assistir á passagem poneses calorosas palmas, á maneira do batalhão de En
do minuto solemne que marcaria com precisão o fim do genharia. cujas companhias de sapadores de transmissão
nosso primeiro século de independcncia. e dc pontonciros attrahiram sobremodo a attcnccão. esta
A meia noite em ponto os corações, transbordando de ultima carregando o material com que se lançam sobre
enthusiasmo indescriptivel. acceleraram a pulsação ao rithmo pontes dc barcos. Principalmente quando as
das salvas triumphaes com que saudavam a aurora gloriosa fanfar ; dos ivallarií
as fortalezas e navios de guerra nacionaes c estrangeiros rasgando o espaço com a linda estridência dos clarins,
surtos no porto. Ergueu-se neste momento para a altura o a alegria de todo mundo attingiu ao delirio.
grito formidável da Cidade, feito de todas as vozes e
partido de milhares de gargantas, fremente de arrebata hypnotizada até então pelo desfilar inccessante dos in
mento c commoção fantes. dos metralhadores c dos artilheiros ficou empol
O dia rompeu luminoso, encontrando a urbs transfigu gada á passagem dos robustos cavalleiros dos coronéis
rada. Desde as primeiras horas da manhã o movimento Santa Cruz e Pessoa, os quaes encerraram comi o seu
se foi tornando cada vez mais intenso, mormente na di milhar dc lanças, encimadas de bandeirolas flamantes, a
recção do Campo de S. Christovam. onde se realizaria a parada da I.» divisão do Exercito, cila só montando a
grande parada do centenario. cerca de 22.000 homens que é quasi o effectivo de paz
do exercito argentino!
Por tudo isso. a grande marcha m ilitar da indepen
dência consagrou o triumpho do exercito, triumpho ma
A GRANDE PARADA M ILITAR terial sobre a inefficacia em que jazia, triumpho moral
pelo alto espirito de ordem, de resolução e de energia,
que emanava das companhias, as quaes, formadas por bra
Esta foi. na realidade, uma verdadeira apotheose, que sileiros robustos c na flor dos annos, passaram em con
coroou, não apenas a data excepcional, mas também o tinência por diante da tribuna presidencial. E o povo com-
nosso glorioso exercito, pelo brilho siirprchendcnte com prehendeu admiravelmente essa significação, ficou arrebatado
que se apresentou. pela alma poderosa do exercito quando, terminado o ma-
o o o o o 323 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
O O O o 324 o o o o o o
Eduardo de Moura Simões — Villa Nova de Gaya.
i
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 325 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORA T/VO DO CENTENARIO DA
O O O O O O 326 o o o o o o
IN DEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 327 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
O cortejo passou entre < publicidade o grande Livro de Ouro do Centenario, conti
tando armas em continência, nuaram as manifestações de júbilo pela passagem do pri
port li sues. meiro século da independência politica do Brasil, multi-
O Dr. Antonio José de Almeida agradecia com um sor- plicando-sc em homenagens aos vultos inesquecíveis de nossa
de bondade c o gesto largo de mão. visivelmente com- historia e a datas complementares daquclla data maior.
movido deante da massa popular que o acclamava. enchendo Entre os memoráveis festejos do centenário destaca-se.
toda a extensão da Avenida c ladeando o carro, quasi par realizada já em 1923, a commemoraçâo de tres datas das
tindo o cordão de isolamento da policia. mais gloriosas dessas datas. — o 2 de Julho, o 28 de
O povo brasileiro rendeu a mais enthusiastica c Julho c o 15 de Agosto, que assignalam respectivamente
sincera homenagem ao grande estadista luso. o centenário da independência dos Estados da Bahia. Ma
Passando pelas ruas cheias de sol e apinhadas de gente, ranhão e Pará. ultimos baluartes que. ao impeto do pa
no deslumbramento da manhã lindíssima, o presidente de triotismo brasileiro, a Metropole perdeu.
Portugal, até chegar ao Ouanabara. foi inintcrriiptamcnlc co
berto de acclamações.
As 14 horas o Sr. Epitacio Pessoa recebeu, no palacio
do Catettc, a visita do presidente da Republica Portuguesa. A DATA DE 2 DE JULHO
Muito antes dessa hora já uma grande massa popular
estacionava na praca fronteira ao palacio. onde formára.
para prestar as continências devidas ao presidente de Por No Rio de Janeiro, na primeira daqucllas datas, teve
tugal. o 52.» batalhão de caçadores. logar. entre outras cerimonias commcmorativas. a sessão so-
Aquclla hora precisamcntc chegava ao Cattettc em auto lemnc do Instituto Historico e Geographico, a que com
móvel do Estado o Sr. Antonio José de Almeida acompa pareceu pessoalmentc o sr. Dr- Arthur Bcrnardcs. Presidente
nhado do embaixador Sr. Cardoso de Oliveira, do general da Republica. E-nos grato reproduzir aqui as palavras de
Alexandre Leal c do capitão de mar e guerra Oitahy de saudação dirigidas por S. Excia- aos gloriosos filhos da
Alcncastro.
Outros automóveis conduziam o senhor Barbosa Ma- «Recordando a quebra da resistência do general Ma
alhães. ministro do exterior de Portugal; o embaixador
f >r. Duarte Leite e demais membros da embaixada
deira pela pressão da coragem heroica dos defensores de
nossa independência, a data de 2 de Julho, tão justamente
O Sr. Antonio José de Almeida foi recebido á entrada cara á Bahia, é uma das mais bellas de nossa historia e
pelos commandantes Nobrega Moreira e Cunha Pitta, aju fala ao coração dos brasileiros como gloriosa e decisiva
dantes de ordens da presidência, no patamar da escadaria affirmativa dos nossos brios patrioticos. Que os descen
dentes dos bravos dessa jornada saibam sempre amar o
" " i _ ___________ ______ _ Brasil com a mesma dedicação e espirito de sacrificio re
Pessoa, acompanhado dos c h e fe s ................ . velados pelos combatentes de 1823. Tal deve ser o nosso
militar, sub-chcfc e officiaes de gabinete. voto constante e especialmente opportuno de hoje. neste
Conduzido ao salão de honra, foi o Sr. Antonio José momento cm que a Patria reclama de seu filhos a maior
de Almeida apresentado á Sra. Epitacio Pessoa e a todos subordinação dos egoísmos á preponderância necessaria dos
os ministros de Estado, que ali se achavam, demorando-se o interesse da collcctividade».
presidente de Portugal cerca de 15 minutos em amistosa Do mais vivo esplendor e mais intensa vibração po
palestra com os presentes, após o que se retirou com as pular se revestiram as festas realizadas na cidade do Sal
mesmas fornjalidadcs com que fôra recebido. vador. capital da Bahia heroica.
A seguir foram recebidos pelo Sr. presidente da Repu Prolongaram-sc as festas durante varios dias. execu
blica o Sr. Barbosa de Magalhães, que apresentou a S. Ex. tando-se magistral programma cm meio do crescente cn-
as suas credcnciaes de embaixador em missão especi il e após thusiasmo da população.
os demais membros da embaixada. Na tradicional basílica de S. Salvador, na noite de
As 14 1/2 horas retiravam-se todos de palacio. obser I para 2 de Julho, realizou-se a vigília do Santíssimo Sacra
vadas as formalidades protocolares. mento. um voto contricto pela grandeza do Brasil. Dezenas
Tanto á sua chegada como i sua saida do Cattete. o de pessoas se consagraram á piedosa tarefa, permanecendo
Sr- Antomo José de Almeida foi muito acclamado pela no templo a noite inteira.
Dos numeros desse programma admirave! de festejos
destacam-se. pelo delirante cnthusiasmo com que foram aco
O DIA DO CHILE lhidos. a chegada da esquadrilha dos nossos aviadores
navaes. realizando temeroso raid, a abertura da grande
IS de Setembro foi o dia do Chile, por ter sido a exposição de productos bahianos c a inauguração do pa
lacio do Thesouro cstadoal.
*11*2 ann'VerSarÍa *** SUa emancipaçSo Poülica. oceorrida havia A multidão que assistiu á terminação do raid dos
Varias homenagens foram prestadas nesse dia á gloriosa aviadores navaes fez aos nossos heroicos marinheiros aéreos
naçao chilena, na pessoa de seus illustres representantes uma verdadeira apotheose de acclamações. A profundissima
então presentes no Rio de Janeiro. commoção que delia se apoderou pela homenagem de ca
As portas do hotel Sete de Setembro, onde se achavam rinho que a victoriosa tentativa representava, juntou-se o
hospedadas as delegações municipacs de Santiago e de nobre sentimento de orgulho pela capacidade dos jovens
Valparaiso, a banda do corpo de Bombeiros tocou al officiaes de nossa esquadrilha naval, solemncmcnte affir-
vorada. executando o hymno nacional do Chile. mada no feito admirável.
Na Escola de Aviação Naval realizaram-se outras si A exposição dos productos bahianos foi uma demons
gnificativas homenagens ao querido povo irmão. Numerosos tração completa da riqueza formidável do progresso do
aviões ergueram voo pelo céu limpo da bahia. executando grande Estado brasileiro. Os deslumbrantes mostruários de
acrobacias arriscadas e encantando os illustres convidados. madeiras, fibras, oleos vegetaes e mincracs. fumo e outros
Houve depois um lauto almoço na séde da Escola, cm productos do solo. como os de artigos produzidos pelas
que tomaram parte o director, vice-director, officiaes e differentes industrias bahianas não deixaram duvida alguma
alumnos do estabelecimento, além dos visitantes chilenos, sobre o crescente desenvolvimento do poderoso Estado
trocando-se por essa occasião amistosos brindes.
Indepcndcn temente das homenagens ao Chile, cffectua- Na ala esquerda do Palacio Rio Branco foi localisada a
ram-se nesse dia outras solcmnidades significativas. As 16 1/2 exposição de Estatística, grandemente admirada pela sua
horas em frente a Camara dos Deputados e Theatro Mu modelar organização. Compunham-na quadros graphicos, ste-
nicipal realizou-se a bella e tocante homenagem da en reogrammas c mappas estatísticos relativos á agricultura,
trega da rica bandeira de seda. offertad» pelos funecionarios industria, commercio, vias de communicação c transportes,
-------i Congresso, aos garbosos cadetes-mexicanos. finanças, instrucçâo. pecuaria, estatística demographo-sani-
Falou, • -offere i bandeira, o dr. Raphael Pinheiro. taria. etc., além de numerosos quadros comparativos demons
e respondeu agradecendo. I eloquente diseurso.
J’~ ) cadete trando o maravilhoso desenvolvimento do Estado nos pri-
Juan Benistan.
As bandas militares executaram após o hymno mexicano. me n ? ?nnos de *u* independencia.
. foi
que *„! cantado pela senhoril Fanny Anjtúa „ qua, ao . U f alacio do Thezouro Estadoal. inaugurado no pe
ríodo das_festas, é dos mais bellos e magestosos da capital
bahiana. Sua construcção obedeceu ao estylo Renascimento
vermelhos e avenças, formando as côres do Mexico. a Luiz X V ; comprehende a fachada tres partes distinctas;
3 le?c" dai alma sonora e heroica do México». a central, com a grande porta de entrada, e as duas la-
A tarde, no Palacio das Festas da Exposição do Cen teraes. terminando a lateral direita por um torreão en
tenário, teve logar a manifestação promovida pelos estu cimado de elegante zimborio.
dantes brasileiros aos seus collegas estrangeiros que tinham A parte central ostenta uma grande arcada ladeada
vindo tomar parte nas commcmorações da nossa independência. por columnas corynthias geminadas, encimada esta parte por
uma cupola em cimento armado, revestida c ornamentada
a rigor, impondo-se pela justa concepção c harmonia de
todos os seus elementos.
A SUCCESSAO DAS ORANDES FESTAS O exterior do edifício é revestido e ornamentado de
aceordo com as mais graciosas regras da architectura e
ias. nas semanas, no apresenta o aspecto das grandes edificações das capitaes
todo adiantadas.
1922 7 ™," prehc"did<> • «K oeiemoro oe Pelo lado da rua Ruy Barbosa offerece o Palacio
7 de Setembro de 1923. após o qual lançamos S
uma impressão de grandeza, dada a altura dos seus cinco
O O O O 328 O O O O O
u xm $ e rt
'EGA1TA
Sxi&vnele.
S ã o P a u l o ( S a c c w v a f/ R io d e J a n e . i r .0 f ^ c r y y t o r w G n l r a t l iA B R IC A
&scnptono. kmÇtúr6no]boca^Ma25-V Run Gmae/hiiro Saroiva 10-I'Andar-End* Telegr“ NEGRITA Rxifldo $€fiüdo244.Riod(J*NtiR0
pavimentos c o revestimento de suas paredes a granito Em 1811, é o Maranhão separado do Piauhy. que
cinzento. passa a constituir Capitania independente, tempo em que
As communicações internas se fazem por escadas de ci o dirigia o Almirante Paulo José da Silva Gomes. Barão
mento armado e de peroba rosa. de Bagé.
A escada principal é uma magnifica obra de enge Em 1819. teve o Maranhão seu ultimo Capitão-General
nharia c uma obra de arte cm marmore de Carrara, sendo Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, que foi também
os chapins revestidos de marmore artificial. o primeiro Governador provisorio acclamado pelo povo a
O archivo, que fica no segundo pavimento, do lado da 6 de Abril de 1821. Seu Governo foi repleto de benefícios
rua Ruy Barbosa, é absolutamente incombustível, sendo todo ao Maranhão, de onde. sendo, em 1822. installada a Junta
de cimento armadd e as paredes de alvenaria de pedra reves Governativa, retirou-se levando as bênçãos dos maranhenses,
tidas a estuque lustroso. o sui reconhecimento, a sua estima.
O salão nobre de cstylo arte nova. o gabinete do sccre- As Cortes haviam estabelecido novo systema de go
i deemais secções ( salõcs verno para o Brasiil e a Junta do Maranhão era constituída
apropriados, amplos e hygieni luz I dilação pelo Bjspo D. Joaquim de Nazareth. Presidente: o briga
em abundancia. deiro Sebastião Gomes da Silva Belfort, secretario: o chefe
No quinto ito pila rua Ruy Barbosa, tercei de esquadra Felippe de Barros e Vasconcellos. o Desembar
Thczouro. está confortavelmente ir gador João Francisco Leal. Thomaz Tavares da Silva, the-
tallado o Tribunal de Contas __ ___ soiirciro aposentado da Fazenda real. o Coronel de Milícias
cinto das sessões foi provido dos mai Antonio Rodrigues dos Santos e o Tenente de Milicias Cae
realçando uma mesa semi-circular toda tano José de Souza.
entalhada. Era essa a junta que governava no periodo da agitação
A illuminação exterma do edifício, _ caracter perma- do paiz. no sentido de sua independencia.
nente. offerccc um aspecto deslumbram Nesta cidade, e cm S. Paulo e Minas, o movimento
do arco central representa as armas conquistava todos os elementos para a victoria. O Ministerio
tando condignamente a ornamentação i de 16 de Janeiro, de que era inspirador José Bonifacio,
trabalhava com afinco e a tudo attendia. A campanha teve
o seu admiravel epílogo no 7 de Setembro de 1822. com
as adhesões c applausos vibrantes de todo o sul. Cumpria
O 28 DE JULHO ao Governo fazer a independencia nas Provincias do norte.
A Lord Cockrane deu a gloriosa incumbência que elle
desempenhou, fazendo a 28 de Julho em S. Luiz. sem a
Também o 28 de Julho, que marcou no anno de 1923 menor resistência por parte dos que seguiam as Cortes
a passagem do primeiro centenário da libertação maranhense,
foi commemoratio entre as mais vivas expansões de enthu- Mas. senhores, não sou ousado em affirtnar — que
siasmo e patriotismo. far-se-ia a independencia no Maranhão sem a ida do pri
Na Camara dos Deputados eloquentes vozes se ergueram meiro Almirante. O povo brasileiro daquella região, todo
em commovida homenagem á grande data. Da formosa elle. unido em pensamento ao do sul. vibrava pela grandiosa
oração pronunciada pelo sr. José Banifacio destacamos os idéa. Por toda a terra maranhense o sentimento era um
trechos que se seguem: só e ainda não havia vingado inteiramente por circum
‘ Fazem hoje precisamente cem annos que aportou ás standas varias que o tempo teria de remover.
plagas maranhenses, fundeando defronte a ilha de Carapicú. A Junta, obediente ás Cortes, vence todos os embaraços,
pouco adeante do Boqueirão, a náo ..Pedro I . sob o com mas o povo. por todas as cidades e villas, em todos os
inando do Primeiro Almirante Alexandre Thomaz Cockrane. recantos, se expandia pela idéa da liberdade politica e se
chamado o Lord Cockrane cuia missão dada por J. Boni movimentava pela propaganda c pelas armas.
facio era de proclamar a independencia nas provincias do Bastou cffectivamente que se erguesse o primeiro brado
norte. E o Primeiro Almirante o fizera na Bahia, e a 28 para que repercutisse, ateando o fogo por toda a parte, pelas
de Julho, após haver a 27 recebido a bordo a visita da 1 pelos valles de quebrada em quebrada, pelas casas
Junta Governativa, fez. representado pelo Tenente João ---- -■ pelas choupanas c
Paschoal ü ricofoll arriar a bandeira portuguc/a. e içar a Não é possível, senhores. _____ ívimento pela
brasileira que havia sido derrotada a 18 de Setembro, independencia no Maranhão do que ! : fazia no Piauhy e
proclamando a independencia em meio de vivas acclamações Ceará. Toda ella se liga e prende c mo os élos de uma
e applausos enthusiasticos. . . ---- —......- , . -oco e leal. generoso
Senhores, é justa essa homenagem ao Maranhão, e agra- c alevantado. que a apopéa de emancipação politica terminou
davel aos nossos corações de brasileiros relembrar, em com brilho, coroada pela unidade da Patria.
synthese ligeira, a historia dessa antiga provincia. historia A revolta contra o dominio das Cortes e em favor da
que não a deslustra, antes a enaltece, em realçado destaque, causa nacional partiu da Villa de São João de Parnahyba.
no seio de federação republicana. chefiada pelo D r. João Candido de Deus e Silva e o
Rememorar os seus antecedentes historicos, em analyse Coronel Simplicio Dias da Silva.
retrospectiva, é prestar culto aos seus servidores, deixando A Junta do Maranhão apressou-se em d irig ir a pro-
patente aos da geração de hoje que o Maranhão se impõe á calamação de 17 de Novembro concitando o povo a manter
sympathia cohcsa de todo o Brasil pela collaboração leal e fidelidade á metrópole.
nobre que tem exercido cm bem do progresso nacional. Contra os princípios da proclamação estiveram em ar
Foram os francezes que primeiro se estabeleceram no dorosa propaganda os bacharéis Joaquim Vieira da Silva e
Maranhão para colonisal-o. Em 1593. Jacques Diffaut. Charles Souza. José Mariano Ferreira. Francisco Corrêa Leal. Leo-
Dcs Vam. depois Daniel de la Touche. Emile Rovily. c cadio Ferreira de Gouveia. Pimentel Bcllcza. João Braulio
Charles Harley, extasiados fáeante da excellenda da terra Muniz e José Francisco Belfort Leal.
que dies visitaram, resolveram emprehender o trabalho
util e proveitoso. A 8 de Setembro de 1612. já com De idéas sãs. generosas c elevadas, esforçaram-se por
uma missão colonisadora. foram lançados os fundamentos demonstrar a necessidade da independencia para que a pro
da cidade de S. Luiz. cujo nome é homenagem a Luiz X II víncia não ficasse reduzida á condição de possessão portu-
0 Infante. gueza da Africa. E accrescentavam esses paladinos da grande
Mas são os francezes expulsos em 1615 por Alexandre causa que a provincia seria invadida pelas forças inde
Moura, sendo nomeado primeiro Capitão-Mór Jeronymo de pendentes do Piauhy e Ceará, convindo fazer o movimento
Albuquerque, um dos mais dedicados paladinos do movimento. da capital para o interior; senão, o interior ditaria leis
Em 1624, fundou-se o Estado do Maranhão, constituido
das Capitanias do Pari e Maranhão sendo Governador Fran A Junta dominava, preparando-se contra os indepen
cisco de Albuquerque Coelho de Carvalho. Mais tarde, dentes. mas o povo sc aprestava para sacudir o jugo. na
em 1641. no Governo de Bento Maciel Peixoto, dá-se a inspiração de movimento já triumphante no sul.
invasão dos hollandezes. que em 1644. são expulsos pelos Demais, as providencias do centro ainda o estimulavam.
esforços de Antonio Muniz Barreiros e Antonio Teixeira O Ministro José Bonifacio se dirige á Junta — lhe faz
de Mello. appello civico para que attenda aos sentimentos justos do
Em 1682, inicia-se o Governo de D. Francisco de Sá povo que dirige e concorra para a segurança e prosperidade
1 Menezes, durante o qual. em 1684. deu-se o movimento re do reino, unindo-se fraternalmentc ás outras provincias já
volucionário de Manuel Bechman. Thomaz Bechman e Jorge decididas a favor da causa commum.
Sampaio, de protesto contra o monopolio decretado em E ao governo do Piauhy egualmente. em phrases con
favor de Companhias Commerciaes. Suffocada a revolta por vincentes, se dirigia o Patriarcha seguindo a sua formosa
Gomes Freire de Andrade. Bechman é executado a 2 de orientação do Brasil unido e integro.
Novembro de 1685. dizendo do alto do patíbulo — «Pelo Grande foi a agitação em consequência de taes factos.
Maranhão eu morro contente». Ao ter conhecimento da sublevação de Parnahyba. o gover
Em 1772. é o Maranhão erigido em Governo indepen nador do Piauhy. João José da Cunha Fidié. deixa Oeiras,
dente com a Capitania do Piauhy. mas separado do Pará. que era a capital, e para lá seguiu, occupando a villa,
tomando posse como primeiro Oovernador e Capitão-General, depois de guarnecer varios pontos.
o Dr. Joaquim de Mello Povoas, que foi o verdadeiro A sua sahida. porém, a infanteria e a cavallaria m ili
fundador da Capitania, com serviços que tornaram bene- cianas proclamaram a independencia. Fidié regressa na pre-
merito o seu nome. o que faz lembrar a magnifica e oceupação de conter os animos. Seus esforços foram tenazes,
linda carta que lhe dirigiu, cheia dos mais prudentes e avi mas em defesa da causa todas as consciências se deixaram
sados conselhos, o genial estadista que foi Sebastião José empolgar, dominando os espirito; a obsessão da independencia.
de Carvalho c Mello, o Marquez de Pombal. A Junta do Maranhão, aterrada com o movimento que
o o o o o o 329 o o o
1
LIVRO D t OURO COMME MORATIVO DO CENTENARIO DA
O O O O 330 O O O O O
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
filhos cm movimentos ardorosos c passadas audazes para veria entrar arrastado pelas mesmas forças, levado pelos
a conquista da liberdade, de sorte que o commandants do mesmos idcacs e sentimentos, que conduziram as demais
brigue «Maranhão» encontrou em Belém uma atmosphcra provincias do Brasil a declararem a sua maioridade e a
onde a sua palavra de ordem, mal disfarçada como a de conquistar o direito de se governarem ao seu alvedrio fóra
um representante do chefe supremo de numerosas esquadras de tutclagcm de outros povos.
fundeadas fóra da barra, teve éco enthusiastico. vibrando Não foi menor a gloria dos que foram palmo a palmo
todas as almas animadas pelos mesmos sentimentos de amor conquistando o terreno em que um dia poude ser arvo
i nova e grande patria. rado o pendão da nossa nacionalidade.
A leitura da deseri pç3o dos factos dados cm Belém t- bom que saibamos celebrar esses actos, que ficaram
de I I a 15 de agosto de 1823 nSo deixa no espirito de escriptos em caracteres de ouro que o tempo não é capaz
quem a faz a minima duvida acerca do rumo que iam de delir e também os nomes daqucllcs que por suas
tomando os negocios políticos do Pará. t3o perto que leva obras valcrosas se fôram da lei da morte libertando, para
á conclusão a que só é dado chegar de que a indepen redizer o pensamento do poeta maximo».
dência no Pará see faria sem que lá fosse ter o brigue Na Camara dos Deputados, falou sobre a data ines-
que commandava o capitão-tenente John Bascoc Grcnfcld. quccivel o sr. José Bonifacio.
Já nesse tempo iam caminho de Lisboa, mettidos no Depois de se referir a varios factos importantes do
porãc da Galera «Andorinha do Tejo», as numerosas vi Pará. o orador estudou a situação econômica, financeira
ctimas. que tinham sido os vencidos dos movimentos insur- c administrativa do Estado mostrando as riquezas que elle
rcccionacs de 14 de abril c 28 de maio. escapados de possuc e que lhe asseguram um futuro de grande prospe
uma sentença que os condcmnara á morte, para serem re ridade. Mostrou a contribuição ao Brasil por occasião da
colhidos aos 15 de setembro á prisão da «Torre de S. Juliâo guerra do Paraguay lembrando a acção heroica do general
da Barra», cm Lisboa, onde os esperavam padecimentos H ilá rio Gurjão cm Tuyuty, Grão-Chaco e Itororó.
c martyrios como castigo dos seus sentimentos patrioticos Alludiu ainda o Sr. José Bonifacio ás duas excelsas
que os haviam conduzido ás acções, cm que se tinham figuras contemporaneas da Independencia, o Arcebispo Ro-
empenhado para libertar a Patria opprimida. mualdo Antonio de Seixas, marquez de Santa Cruz e Ber
E ao reivindicar para a terra paraense os titulos que nardo de Souza Franco aos quaes teceu calorosos elogios,
lhe valem para que nesta data se possa bem orgulhar, não e evocando os manes dos fundadores da nacionalidade, ou
esqueçamos que foi no Pará que teve o seu primeiro éco vindo-os no seu julgamento favoravcl ao Pará. o Sr.
na America portiigueza a revolução liberal, que explodira no José Bonifacio convidou a Camara para saudar, num forte,
Porto, aos 24 de agosto c em Lisboa aos 15 de se affectuoso e amplo abraço de solidariedade ao querido irmão
tembro de 1820. do norte, ao Pará glorioso.
Uma das mais bellas festas do dia foi a sessão litero-
musical realizada no salão nobre do centro paulista em
commcmoração á data. c promovida pelos snrs. Senador
Na pregação das novas idéas liberacs andara empe Lauro Sodré. D r. Lyra Castro, senador Justo Chermont.
nhado o celebre Felippe Patroni, cujo nome ficou para todo D r. Dionysio Bentes. D r Prado Lopes, senador Indio do
o sempre ligado a essa época de lutas gloriosas nas quaes do Brasil. D r. Eurico Valle. Dr. Arthur Lemos. Dr. Pedro
deixou evidente o seu entranhado amor ao pedaço de terra Chermont de Miranda, D r. Bento Miranda, senador Sylverio
brasileira, que lhe fõra berço. Nery. senador Barbosa Lima. senador Lopes Gonçalves. Dr.
Narra Varnhagem a acção que coube ao ousado e ar Aarão Reis. D r. José Agostinho dos Reis. Dr. Bernardino
doroso patriota: Paiva. Dr. Joaquim Catramby. Dr. Carlos Scidl. D r. Bruno
«A cidade de Belém do Pará foi a primeira do Brasil Lobo. João Gomes do Rego.
a proclamar as instituições constitucionaes. e veio a ser Essa sessão commcmorativa obedeceu ao seguinte pro
a ultima a adhcrir á independência e a proclamar o imperio. gramma.
Um paraense chamado Felippe Alberto Patroni Martins Abertura — Palavras, do senador Lauro Sodré; Dis
Maciel Parente, que concluiu cm Coimbra o quarto anno curso do orador official. D r. Eurico Valle: Poesia, pelo
de leis. assistindo á proclamação da Constituição em todo autor. Oswaldo Orico; Discurso, pelo Dr. Hermeto Lima.
o Portugal, resolveu-se á empresa de fomentar a transmissão c Poesia, pelo autor. Dr. Flexa Ribeiro-
dessas idéas em sua Patria». 2. » parte — Concerto.
1-: bem de ver que no seio de uma sociedade assim appa- N. 1 — a) Grieg — Quadro poetico n- 1; b) Orieg —
rclhada em terreno onde a idéa da liberdade vingava mal Scena de Carnaval — Senhorita Eunice Corrêa.
a semearam, facil havia de ser fazer que os espíritos fossem N. 2 — a) Carlos Gomes. «Schiavo»: b) Lizst. Oh!
abertos ás novas doutrinas, cujos cffcitos eram já manifes Quand dors — Senhorita Marietta Bezerra.
tados em outros pontos do paiz. N. 3 — Chopin Preludio n- 15 — Menina Maria de
Não caberia dentro das raias das cousas possíveis que Lourdes Regueira.
a simples presença de um navio que se dizia destacado N. 4 — a) Beriot. Concerto n- 9. tempo 1°: b) Wie-
de uma divisão naval por um effcito que na ordem politica niawsky. Mazurka Menina Jacy Maria Bacellar.
seria comparável ao que exerce nos phenomenos chimicos N. 5 — Victor Massé. Les noces de Jeannette — Air
a força cataléptica determinasse a transformação que se du Rossignol — Senhorita Celeste Sá Pereira.
operou, deixando no logar das autoridades, que incarnavam N. 6 — Chopin. Ballade n. 1 — Senhorita Adelaide
o velho regimen realengo de Portugal os novos represen Cavalcanti.
tantes do Imperio, que vinha nascendo. N. 7 — Alberto Costa — Cysnes — Senhorita Irene
Nem acertam os que para explicar os phenomenos his Baptista.
toricos andam a buscar c rebuscar individualidades que N. 8 — a) Wjeniawsky. Legende; b) Ncvin-Kreisler.
figurem como autores unicos e causas singulares de suc- Rosario: c> Drcdla. Serenata Professor Marcos Salles.
cessões. em que não entram muita vez senão como instru N. 9 - Gottschalk - Fantasia sobre o Hymno Na
mentos necessarios das massas anonymas. cional — Senhorita Zelia da Oraça Autran.
Sabeis a lição de Guizot apontando o terceiro estado Os acompanhamentos foram feitos pelas Exmas. Sras-
como a mais poderosa de todas as forças que presidiram Julieta Oomes de Menezes. Nelia Ponte e Souza. Mamede
da Costa. D r. Alberto Costa e professor Anthero Campos.
a civilisação franceza. 3. * parte — Danças.
Todas as grandes revoluções foram na origem movi
mentos de proletários. Essa palavra é de um escriptor de
nota. escripta em paginas em que se condemna o chamado
methodo biographico. que não poderia achar logar na his
toria scientificamentc interpretada e consistindo em resumir O CENTENARIO DE GONÇALVES DIAS
cm alguns homens todos os factos sociaes.
o o o o o o 331 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENARIO DA
rentes commemoraçõcs de nossa independência. Participaram e recordando, percorro os jardins maravilhosos da poesia
delia todas as instituições artísticas, scicntificas c literárias colhendo aqui c ali as flores que no momento mais me'
do paiz. a imprensa c o povo dos varios Estados c attrahem. sem curar muito de saber quem foi o jardineiro.
da Capital-Federal. Comtudo. a prcoccupação da medida permanece, e não
No Rio de Janeiro, culminou a semana Ooncah-laa ha extirpal-a. E a pergunta se repete sempre, c sempre
com as homenagens cffcctuadas no dia mesmo do nasci se ha de repetir: quem é o maior poeta brasileiro?
mento do poeta. Eu de mim não saberia dizel-o. Mas confesso que.
Nesse dia glorioso. — 10 de Agosto. — cm todas as se como juiz seria muito difficil decidir no pleito, já não
escolas municipacs. por deliberação do inspector geral da seria tão embaraçoso defender a causa de Gonçalves Dias
instrucçâo. um professor explicou aos educandos a historia como advogado. Poderia faltar eloquência, mas não fal
de Gonçalves Dias e a significação patriotica das home tariam argumentos. Tanto menos faltariam, quanto é certo
nagens prestadas á sua memoria. Na Escola «Gonçalves que a superioridade de Gonçalves Dias tem sido já sus
Dias- varios alumnos recitaram poesias c cantaram a «Canção tentada. com larga copia de razões de peso. por muitos
do Exilio», que a sagração popular immortalizou na lite espiritos de polpa.
ratura brasileira. Em primeiro logar. quando consideramos attentamente
As 4 horas da tarde, a mocidade brasileira, junto á os apcctos geraes da nossa historia litcraria. o poeta de
herma do poeta, no Passeio Publico, realizou a celebração «.Minha terra» dá-nos logo a impressão de um vulto grande
civica da grande ephemeride. Deu começo aos festejos a c revolto, de feições e proporções estranhas, surgindo, nâo
«Protophonia do Guarany». pela banda da Policia Militar. se sabe como no meio de um povo uniforme c
Falaram a seguir os Srs. Hilton Fortuna, presidente da pacato. Antes dcllc tivemos a escola mineira, mas
commissão do centenário, professor Albuquerque Gondim. a escola mineira. apesar do muito que produziu
pelo Centro dos Professores das Escolas Nocturnas. Reis c apesar do relevo que assumiram algumas de suas
Perdigão. Moacyr de Almeida e Walfredo Machado. Reci figuras, não fez senão bater em velhos moldes ideologicos
taram versos, além do Sr. Odorico de Mattos, as senhoritas e formacs. cheios de sabor ultramarino. Os poetas que se
Silvia Motta e Ruth Mascarenhas. Um contingente dos lhe seguiram, embora deixassem entrever ás vezes um pouco
Escoteiros cariocas c outro de alumnos do Externato Pedro das personalidades abafadas, annunciando timidamente a re
II. prestaram guarda de honra ao monumento gonçalvino. volta romântica, não alcançaram comtudo o destaque dos
que fòra ornamentado pela Inspcctoria de Mattas c Jardins maiores epigonos daquclla chamada escola — um Pitta
e casas «Flora». «Jaardim» c Floricultura Pctropolitana». um Durão, um Gonzaga. O Brasil continuava a ser uma
que também qiiizcrani contribuir para o realce das com- colonia intellectual, submissa aos modelos expedidos da
mcmoraçôcs. mctropolc. Magalhães e Porto Alegre iniciaram a rcbcllião.
Durante o festival tocaram as bandas de musica dos Alas Gonçalves Dias foi o primeiro que surgiu cum phy-
Marinheiros Nacionacs c Policia M ilitar. sionomia bem nova. bem forte c bem brasileira. Pcrcc-
As 9 horas da noite no Instituto Historico houve uma beram-no logo os contemporaneos: c nunca poeta algum
sessão especial presidida pelo Sr. conde de Affonso Celso, foi saudado com maior côro de sympathias e admirações.
na qual o Sr. Mario Barreto leu uma conferencia sobre O influxo inedito de sua arte percorreu toda a camada
Gonçalves Dias. que pertenceu ao Instituto, como o seu pensante do paiz como uma electricidade favorecida por
mais respeitável c illustre consocio. Nesta occasião. o ge optimos conductores. Percebeu-o lambem, immcdiatamentc.
neral Alexandre Leal entregou preciosos manuscriptos, livros Alexandre Herculano, que registrou a insubordinação do
e objectos de uso do grande poeta, objectos esses que maranhense com relação ás influencias dominantes cm
eram religiosamente guardados por seu pai. o illustre bio- Portugal.
grapho maranhense. Dr. Antonio Henrique Leal- Elle nâo foi brasileiro apenas pelo carinho novo e
A Academia fírasileira de Letras, a quem competia ingênuo que deu á nossa natureza, nem pelo amor en
naturalmcnte papel de realce na glorificação do grande tranhado que votou ao nosso selvagem. — e digo entra
vate. realizara a sua sessão commcmorativa no dia an nhado porque esse amor. nelle, nâo foi uma simples attitude
terior. 9 de Agosto, tendo varios illustres acadêmicos tra litcraria. foi uma tendcncia viva do seu coração de mes
tado da vida c da obra de Gonçalves Dias. tiço dc tres raças, longamcnte amimada desde seus tempos
Da brilhante pagina lida pelo sr. Amadeu Amaral na de estudante, cm Coimbra, na intimidade dos seus senhos
sessão da Academia, sobre «O cantor dos Tymbiras». pode-se ç projectos. Elle foi brasileiro por tudo quanto havia de
dizer sem favor que foi um dos mais interessantes c ori- inconsciente c profundo cm sua pessoa. Assim, a sua
ginacs estudos apparecidos ultimamente sobre o poeta. Com sensibilidade suspirosa c dulçorosa que. despertada talvez
o mais vivo prazer reproduzimol-a na integra: para a poesia pelo influxo do romantismo, nem por isso
«Qual é o maior poeta do Brasil?» — eis uma pergunta deixou de ser caractcristicamente nacional. Um critico inglez.
que sempre se fez. que se ouve a cada passo, e provavel contemporâneo do poeta, estranhou essa espccie dc pie
mente continuará sendo repetida pelo tempo afóra. . . Em guice. que lhe pareceu pouco v iril. Essa pieguice, ou que
matéria de arte c literatura, o que mais interessa a grande nome tenha, está no fundo da alma brasileira, toda feita
numero de espiritos c a medida comparativa dos homens dc sentimentalismos, toda inclinada a queixumes assuca-
c das obras. Os autores, para elles. não fazem senão exe rados e melancolias superficiaes. toda aberta ás suggestões
cutar. na grande corrida da gloria, um pareo sensacional. verbaes de ternura e dc piedade, e visivelmente pobre
Não se contentam cmquanto não sabem quem venceu. dessas qualidades robustas que inspiram as attitudes re-
Entretanto, nada mais d iffid i do que taes comparações. concentradas c corajosas diante da vida. Como quer que
Num concurso literário, como os jogos floraes. forncce-sc seja. essa sensibilidade, derramada pelas suas paginas sub
um thema, estabclecem-sc prazos, impõcm-sc condições aos jectivas. confere ao nosso poeta não só um caracter fla
concorrentes. Ainda assim, o julgamento pode falhar. Dados grante de brasiieirismo nativo, como também lhe dá o
todos aquellcs elementos communs. que facilitam o cotejo, grande encanto c o agudo interesse da sinceridade e da
sempre resta uma porção de quantidades variaveis: o tem naturalidade, attributos preciosos entre todos em poetas
peramento. as tendências, a maneira, c todo esse conjunto c nâo encontrado em tanta abundancia antes dclle.
de pequenas cousas fugitivas e imponderáveis, que entre Depois dc tudo isso. é preciso considerar tres qualidades
tanto, perfazem como uma auréola a imagem de cada autor que no seu tempo foram do mais forte relevo c ainda
ou completam indifinivelmente a caractcrisação de cada obra. hoje nâo o perderam: as suas habilidades dc mctrificador.
Considere-se agora quantos serão os escolhos a vingar, a sua mestria de composição e o seu dominio sobre o
quando se trata de comparar a producção inteira de varios idioma. Sua metrica revolucionou os cançados moldes em
poetas notáveis de épocas, de escolas, de educação c de voga. pela variedade dos typos c pela melodia flexível e
idealidades diversas. suave dos versos. Sua composição, fóra dos preceitos clas
A menos que haja uma differença formidável, que por sicos. tinha, entretanto, destes a unidade, a proporção, o
si mesma se imponha, como. por exemplo, a que existe encadeamento. O idioma, esse era em Oonçalves Dias. á
entre Dante ou Shakespeare e outros poetas, embora il parte algumas nugas, extrahido aos melhores filões da boa
lustres. todo individuo de juizo são ha de por força tactear e velha vcrnaculidadc. E o qul; é curioso é que o poeta mara
numa floresta de embaraços terríveis, arriscando-se a perder nhense. longe de se sentir constrangido pelos rigores que im
Demais, porque essa mania de comparações ? Desde que punha a sua syntaxe, ao seu vocabulário, á sua phraseologia.
um poeta me fala á alma e me faz vibrar ao mysteuoso como que ficava mais á vontade sob o jugo de taes preoecupaçõcs.
prestigio de seus accentos. desde que me dilata o espirito Em regra, o escriptor que se enreda em cuidados de purismo
e me ergue, numa levitação maravilhosa, ás alturas do c de correcçâo. usando uma linguagem que nâo é bem
pensamento feito sonho, feito musica e feito bcllcza. a a <lo seu tempo nem a do seu meio. dá a impressão de
mim que me importa indagar se elle é maior ou menor alguém que está aprisionado numa armadura pesada e in
do que qualquer outro? Essa questão é tão profundamente flexível. Gonçalves Dias conseguiu que essa armadura se
estranha ao meu sentimento de poesia, como a de saber, lhe transformasse num tecido fino e transparente, sob o
no alto do Pão de Assucar. quando me descubro diante qual se accusam todos os relevos do corpo, sem excluir
do incomparável panorama, se o Pão de Assucar é maior sequer as veias latejantes.
ou menor do que o Corcovado ou do que o Mònte Branco. Tudo isso. porém, ainda pouco seria, se o poeta nâo
Todos os grandes poetas são «maiores». Não ha nenhum tivesse, afinal, produzido cousas realmente bellas, de forte
que tanja todas as cordas do immensuravcl instrumento da e perdurável bcllcza; se nâo tivesse feito obra que por
nossa alma. Este dá-me o extase. ou o assombro, aquclle si mesma se mantivesse de pé. Mas fez. Para não me
dá-me a doçura, ou a pacificação. Este me enternece, estender mais do que convém, numa hora como esta. em
aquelle me faz pensar, aquclle outro me diverte, ainda um que falar pouco é uma obrigação para com o selecto
outro me tortura, e todos me deleitam, cada um por sua auditorio e uma cortezia para com os que. com mais
vez. E sorrindo, c chorando, c meditando, e aprendendo. autoridade e mais scienda, também têm de falar sobre o
mesmo assumpto, limitar-me-ei a citar-vos «Y-Juca-Pirama».
O O O O O O 332 O O O O O O
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O O O O 333 O O O o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
Foi solomnissima a sessão realizada á noite nela tra exerceu tres vezes a presidência do Conselho de Ministros-
dicional instituição. occupou o cargo de Conselheiro de Estado, Conselheiro
Abertos os trabalhos ás 21 horas, teve a palavra o da Guerra, Senador do Império; commandou em dicfc
2." secretario Dr. Agenor de Rmirc, para ler, das Ephe numerosas forças'de terra c de mar, entre as tjuacs uruguayas
merides Brasileiras do Barão do Rio Branco, as que sc
referiam á data. £is alguns capítulos da sua extensa biographia plu-
A seguir o Sr. Conde de Affonso Celso disse que a tarchiana, cumprindo accrcscentar, para lustre do Instituto
sessão do dia era consagrada á memoria de um dos mais que foi seu socio honorario.
altos e nobres vultos de soldado e de cidadão que o Brasil No pedistal das centenas de estatuas de George Was
e a America ainda engendraram, o qual ascendeu a todos hington. nos Estados Unidos, lê-se esta inscripção: Pri
os possíveis postos militares e civis de nossa terra, gran- meiro na paz, primeiro na guerra, primeiro no coração
giando supremas distinoções, algumas só a clic conferidas. dos seus compatriotas. De Caxias poder-se-ia dizer cousa
«Tendo recebido o baptismo de fogo na guerra da
independência, pacificou cinco das antigas provincias, hoje
Estados: Maranhão, Piauhy, S. Paulo, Minas Oeraes c Em seguida, encerrando a solemn idade, tomou a pa
Rio Cirande do Sul; venceu cm tres guerras externas, con lavra o Sr. Ministro Agenor ds Rourc, que leu brilhante
tra tres tyramnias, a de Oribe, a de Rosas c a de Lopez: Conferencia sobre a vida do Duque de Caxias.
CONGRESSOS E CONFERENCIAS
Durante as festas commemorativas do Centenário da come um ex-voto do nosso paiz. consagrando-o á invocaçãu
Independência, realizaram-se na Capital da Republica os divina, a cujo fulgor vive. desde que os portugueses de
seguintes congressos e conferencias: 1500 elevaram, na Coróa Vermelha, da Bahia Cabralia.
A 7 de Setembro, o Congresso Internacional de His a Cruz que lhe deu o nome. A religião catholica no
toria da America, convocado pelo Instituto Historico c Brasil, sc ainda houvesse mistér de manifestar a sua gran
Geographico Brasileiro, sendo presidente da respectiva Com deza. teria tido no Congresso Eucharistico a mais formi
missio Executiva, o Dr. B F. Ramiz Oalvão. dável demonstração, na eloquência de seus membros, na
De 20 a 30 de Agosto, o XX." Congresso Internacional força de seu esplendor, na magnificência de suas luzes
de Amcricanistas. por fim. na imponente procissão que atravessou a nossa
De 17 a 30 de Setembro. 2.° Congresso Ferro-viario cidade, acompanhada por muitos milhares de pessoas, le
Sul Americano. vando em triumpho a Eucharistia, cujo carro era con
A 10 de Setembro, duzido exclusivamentcpor officiaes do exercito e da ma
dario e Superior, sob os rinha. num symbolo grandioso.Como bem justificou o
Rio de Janeiro. Presidente do Congresso, é necessário reintegrar a nossa
De 16 a 31 de Outubro, o Congresso Juridico pro vida nos princípios austeros da probidade christã. fazendo
movido pelo Instituto da Ordem dos Advogados Brasi «desapparcccr de nossa gente a obccssâo grosseira dos
leiros. sendo presidente o Dr. João M. de Carvalho Mourão. interesses do eu c o consequente menosprezo das ideali
De 27 de Agosto a 5 de Setembro, o primeiro Con dades immortaes da Moral c da Patria». Agora, que assis
gresso Brasileiro de Protecção á Infancia sob a presi- timos no mundo inteiro uma renovação espiritualista e que
dcncia do Dr. Moncorvo Filho. vae avultando no nosso paiz. sobretudo na nova geração,
De 27 de Agosto a 5 de Setembro, o Terceiro Con em espectáculo formoso e incisivo, o Congresso Eucha
gresso Americano da Criança, sob a presidência do Dr. ristico tem um alto significado. Não foi um congresso
Aloysio de Castro. ecclesiastico, nem uma reunião episcopal, mas a larga as-
De 5 a 10 de Novembro, o 2.» Congresso Nacional scmbléa da nação religiosa, através de seus nomes mais
de Estradas de Rodagem, sob os auspícios do Automovcl representativos, nas letras, na scicncia. no parlamento, na
Club Brasileiro. judicatura, na imprensa, no magisterio, emfim. cm todas as
Em Setembro, o 1.» Congresso Nacional dos Práticos, manifestações do espirito nacional, erguido num frémito de
sob os auspicios da Sociedade de Medicina e Cirurgia do fí. A reunião Eucharistica é uma das nossas fôrmas de
Rio de Janeiro. expressão do sentimento christão c innumeros têm sido
O Congresso Internacional de Engenharia. os diocesanos, regionaes e nacionaes, já sc tendo realizado
2 Ç?n«rcsso Nacional de Agricultura e Pecuaria- 25 intcrnacionacs. dos quaes os mais celebres foram os
O 2.0 Congresso Americano de ExpansãoEconomica de Friburgo, de Paris, Jerusalém. Reims, Londres. Colonia.
c Ensino Commercial.
A Conferencia Internacional Algodoeira. Montreal. Vienna. Madrid c Roma. Na Allcmanha foi tão
O 1.» Congresso de Inspectores Agricolas. empolgante o Congresso que o proprio Imperador protes
O Congresso de Chimica. tante sc julgou obrigado a mandar aos congressistas uma
O Congresso de carvão e outros attcnciosa mensagem de cumprimentos. Nos Congressos Eu-
O Congresso Internacional de febre aphtosa. charisticos de Vienna c Madrid, os soberanos compare
O Congresso Internacional dos estudantes. ceram pessoalmcntc ás cerimonias e assembléas, nellas to
O 1.0 Congresso Brasileiro de Pharmacia mando parte.
O l.o Congresso das Associações Commcrciacs do Brasil. No Canadá, unica região americana honrada por um
. Congresso Nacional de Operários em Fabricas Congresso Eucharistico Internacional, ao lado de cento e
de tecidos do Brasil. vinte bispos, tres mil sacerdotes e uma multidão calculada
A Conferencia Americana da Lepra. em quinhentas m il pessoas, tendo á frente o Governo Fe.
O Congresso dos Estudantes das Escolas Secudarias dcral. acompanharam a procissão pelas ruas de Montreal.
do Brasil. Entre nós, por mingua de tempo, o Congresso não poude
O 17.0 Congresso Espirita Internacional. ser internacional, o que lhe não tirou o fu lgor e o brilho,
O Congresso Regional Evangélico. pois a nação inteira, num estimulo magnifico, de fé c
O Congresso Eucharistico. edificação, exaltou-se numa prece collectiva. Num paiz. como
A começar por este ultimo, procuraremos dar nas 0 nosso, onde a religião tem sido, desde a catechese. uma
torça de organização c disciplina, que. ainda na ultima
impressSo * eral <*o nue signi- guerra, foi a primeira voz a sc levantar confortando e
animando o Espirito nacional, acontecimentos da ordem
da magna data nacional. desse grande certamen devem muito nos alegrar. Nenhum
povo f«> grande sem fé — é a lição inconteste da historia —
c a melhor das confirmações do valor da religião como
elemento disciplinador nos dá a reconciliado do Estado
CONGRESSO EUCHARISTICO leigo com a Egreja. da França e de Portugal. No Brasil,
onde a separação foi um preito da liberdade, mas não
attectou o sentimento nacional, vemos todos o espectáculo
confortador de um povo que tem crença, não fixada pelos
Com grande magestade c pompa, a Egreja Brasilei textos de lei, mas vinda do coração, onde busca as ine-
sob o alto patrocínio de D. Joaquim Arcoverde de A lt taveis energias de sua gloria e de sua grandeza. S.S. o
querque Cavalcanti, cardeal presbytero da Egreja Romat 1apa I io XI saudou c abençoou o Congresso, nestas pa
dCDS' a ®°ni?acio * Aleixo. arcebispo d i lavras ;
Sebastião do Rio de Janeiro, e sob a presidência de
Rio* d e ° tane,? ^ arCCb,SP° da Pl' ^ l u e coadjutor , Ao dilecto lilho nosso — Joaquim Arcoverde de Al
2!? COT f T 0rOU ° c' n<'"ario. realizando buquerque Cavalcanti. Cardeal Presbytero da Santa Igreja
I rimeiro Congresso Eucharistico, não só para agradec
as mercês e bênçãos que cobrem o Brasil, mas tambe Romana, dos Titulos dos SS. Bonifacio e Aleixo. Arce
bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro, e aos demais
o o o o o o 334 O O O O O O
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 335 o o o o o o
LIVRO DF. OURO COMMFMORAT/VO DO CENTENÁRIO DA
3." commissio (ensino medico) — Dr. AuKusto Brandio. seu magistério provido pela mesma fórma observada nos
D r. Abelardo Alves de Barros, D r Alfredo Octavio de outros cursos superiores, evitando-se o provimento provi-
Andrade. D r. Augusto Cesar Vianna. D r Augusto Paulino sorio por meio de contratos, sem qualquer prova official
Soares de Souza. Dr. Bruno Lobo. Dr- Candido de Moura dc habilitação.
Campos. D r. Carlos Pinheiro Chagas. Dr Eduardo Borges N. 3. da 3.» commissâo. relatado pelo Dr. F. Esposei,
da Costa. D r. Nascimento Ourgcl. D r. Oscar Frederico de opinando que os candidatos aos cursos dc Pharmacia c odon
Souza. D r. Paula Estcves. Dr. Victor Ferreira do Amaral, tologia devem ser obrigados ao exame de historia do Brasil.
doutor Henrique de Araújo, D r. João C. Ferreira do N. 3. da 2.'* commissâo. relatado pelo Dr. Figueira
Amaral; secretario. Dr. Bento Theodoro da Rocha, thesou- de Mello, approvando as seguintes conclusões:
rciro da Escola Polytcchnica do Rio de Janeiro. 1. » A autonomia didactica é o traço característico das
-I.-' commissio (ensino de engenharia) — Dr. José universidades modernas e do ensino superior, em geral,
Agostinho dos Reis. Dr. Américo Furtado Simas. Dr- Ar e constitue o regimen mais adequado para o impulsiona-
chimedes de Siqueira Gonçalves. D r. A. Cowuley Slater, mento da sciencia. facultando aos professores formular li
D r. Epaminondas dos Santos Torres. D r Everardo Adolpho vremente os programmas e adoptar as theorias e os me
Backcuser. Dr. Francisco Bhcring, Dr- Henrique Cesar de thodos que julgarem mais convenientes;
Oliveira Costa, doutor Julio Koeler. Dr. Luiz Osini de 2. * A autonomia didactica deve ser praticada com o
Castro. D r. Lysimacho Ferreira da Costa. Dr- Manoel An intuito de provocar nos estudantes a formação do pensar
tonio de Moraes Rego, D r. Mario Brito, doutor Miguel jurídico, habilitando-os não só para o provecto cumpri
Calmon du Pin e Almeida; secretario, engenheiro João mento dos deveres da profissão, como ainda para. por
Cancio Povoas, secretario da Escola Polytechnica da Uni sua vez. se tornarem factores do desenvolvimento da sciencia;
versidade do Rio de Janeiro. 3. * A autonomia didactica já se acha consegrada na
5.-' commissâo (ensino secundário) — D r Carlos dc legislação brasileira c sendo, como é. condição do flo
Laet. D r. Antenor Nascentes. Dr. Fernando Raja Gabaglia. rescimento do ensino juridico, deve ser cscrupulosamentc
Dr. Floriano de Brito. Dr. Henrique de Toledo Dodsworth. mantida pelo legislador.
D r. Honorio de Souza Silvestre. D r João de Oliveira N. 4. da 2 * commissâo. relatado pelo Dr. Eugênio
Franco. Dr. Joaquim Mafra de Laet. D r Joaquim da .Silva dc Barros. concluindo que »o ensino da theoria do pro
Gomes, professor José Botelho Reis. Dr. José Piragibc. cesso deve preceder ao da pratica-.
professor Julio Nogueira, professor João de Camargo, doutor I . ‘ commissâo — N. 6. relatado pelo Dr. José Augusto,
Lysimacho Ferreira da Costa. Dr. Pedro Uchóa Cavalcanti; approvando um appello a todos os brasileiros c estran
secretario. Sr. Octacilio Alvares Pereira, secretario do Col geiros aqui domiciliados, afim dc conjugarem os seus es
legio Pedro II. forços no combate ao analphabetismn:
Relator dos trabalhos referentes ao ensino superior. N. 9. relatado pelo Dr Roquctte Pinto, com um ad-
Dr. Julio Afranio Peixoto: relator geral dos trabalhos re ditivo do D r. Freitas Valle, approvado pela commissâo.
ferentes ao ensino secundário. D r. José Philadelphio de sobre uma proposta para a representação, no Conselho
Barros Azevedo. Superior de Ensino, dos institutos equiparados aos con
O programma dos trabalhos foi o seguinte: generes officiaes;
*1. 10. relatado pelo Dr Toledo Dodsworth. aceitando
a indicação do D r. Sussekind de Mendonça, sobre a re
Mez de setembro: presentação da Escola Nacional dc Bcllas-Artcs no Con
Dia 17 —- Sessão inaugural no palacio das festas da selho Superior de Ensino;
Exposição Internacional. N. 14. relatado pelo D r Freitas Vallc. resolvendo que
Dia 18 — Trabalhos das commissões no edifício da em qualquer seriaçâo dc estudos não deve ser concedido
Escola Polythechnica do Rio de Janeiro. ao candidato prestar cm uma época maior numero de
Dia 19 — Excursão ao Pão de Assucar. is 8 horas,
partindo os congressistas do edificio da Escola Polytc N. 15. relatado pelo D r Tavares Cavalcanti, resol
chnica. ás 7 horas. vendo sobre as normas que devem ser adoptadas nos insti
Trabalhos das commissões: tutos dc ensino secundários estadoacs equiparados, quer quanto
Dia 20 — Primeira sessão plena, is I I horas, no a seriaçâo. programmas. etc., quer quanto ao corpo docente
salão dc honra da Escola Polytechnica do Rio dc Janeiro. 3.* commissâo (ensino secundário) — N 17. relatado pelo
Dia 21 — Trabalhos das commissões no edificio da Dr. Gabaglia. sobre a restauração do ensino da literatura:
Escola Polytechnica do Rio de Janeiro. N. 22. com o mesmo relator, rejeitando uma indi
Dia 22 — Segunda sessão plena, ás 14 horas, no cação do D r. Colombo de Almeida sobre a simultaneidade
mesmo local.
Dia 23 — Trabalhos das commissões no mesmo edi das provas cscriptas de cada disciplina.
ficio. Visita ao Collegio M ilitar do Rio dc Janeiro, ás
13 horas. Os differentes numeros do programma de trabalhos não se
Dia 25 — Terceira sessão plena, ás 14 horas, no realizaram precisamente nos dias designados, devido a ligeiro
mesmo local. retardamento na abertura do Congresso. A sessão de en
Dia 26 — Visita ao Instituto Manguinhos. ás 9 horas, cerramento teve logar a 15 de Outubro de 1922. no Pa
partindo todos os congressistas do edificio da Escola Poly- lacio das Festas da Exposição Internacional, sendo o dis
tcchnica ás 8 horas. Trabalhos das commissões. curso dc abertura pronunciado pelo sr. dr Ferreira Chaves,
Dia 27 — Quarta sessão plena, ás 14 horas, no então Ministro da Justiça c Ncgocios Interiores. Segui-
mesmo local. ram-sc com a palavra o orador official prof. Annibal
Dia 28 — Visita á Faculdade de Medicina do Rio de Freire e o sr. Conde de Affonso Celso, presidente do
Janeiro, ás 10 horas, partindo todos os congressistas da Congresso.
Escola Polytechnica do Rio dc Janeiro, ás 9 1/2 horas. A cffiricncia do congresso, nas questões submettidas
Dia 29 — Quinta sessão plena, ás 14 horas, no a debate, póde ser avaliada pelo grande numero das con
mesmo local. clusões adoptadas, que solucionaram problemas até então
Dia 30 — Trabalhos das commissões. envoltos nas mais divergentes opiniões.
Mez de outubro: Convem assignalar que, no regimen republicano, é o
Dia 2 --- Sexta c ultima sessão plena, ás 14 horas, primeiro congresso dc ensino organizado sob os auspícios
no mesmo local. do governo federal.
Dia 3 — Almoço, offcrecido aos congressistas no Hotel Os trabalhos foram dirigidos, desde o inicio, pelo
Sete de Setembro, ao meio-dia. Sessão solcmne de encerra conde Affonso Celso, reitor da Universidade do Rio de
mento, ás 16 horas, no palacio das festas da Exposição Janeiro, que teve a secundai-o. como secretario geral do
Internacional. congresso, o doutor J. B Paranhos da Silva, do Conselho
Superior do Ensino.
Entre as numerosas theses e parcccreres approvados A actividade do secretario geral foi enorme durante
pelo Congresso de Ensino Secundario e Superior figuram todo o período dc duração do conselho, desempenhando-se.
os que vêm abaixo relacionados, c que destacamos pela im assim, com applausos geraes da missão que lhe fôra con
portância que assumem em face de nosso problema edu- fiada pelo illustre Dr. Ramiz Galvâo. presidente do Conselho-
O Dr. Paranhos da Silva organizou todo o regula
mento do congresso, imprimindo-lhe desde logo um caracter
N. 1, da 1.» commissâo. relatado pelo D r. Freitas pratico e efficiente, pelo que os trabalhos transcorreram
Valle, resolvendo que «a União deve promover e estimular na melhor ordem.
o ensino primario, secundario c profissional em todo o
Brasil, mediante aceordos com os governos cstaduacs e
subsídios a escolas fundadas por particulares ou asso- 3.0 CONGRESSO NACIONAL DE AGRICULTURA
ciaçõcsv.
N. 14. da 5.» commissâo. relatado pelo Dr. Antenor E PECUARIA
Nascentes, resolvendo que o methodo directo no ensino
das linguas vivas não prescinde a cooperação da theoria. O 3.0 Congresso Nacional de Agricultura e Pe
N. 1. da 3 * commissâo. relatado pelo Dr. Esposei, cuaria realizou sua sessão de abertura a 24 de Setembro,
resolvendo sobre uma memória do cirurgião dentista Ar- no Palacio das Festas da Exposição Internacional.
gcmiro Pinto, que é inconveniente a desannexação do curso Enviaram representantes os governos de todos os Es
de odontologia da Faculdade de Medicina e que o re tados. do Districto Federal c do te rritorio do Acre. som-
ferido curso deve ser ampliado e posto dc accordo com mando 68 municípios e 107 sociedades agricolas, commcr-
> estado actual da sciencia < i odontologica. sendo ciacs. industriacs e bancarias, sendo superior a mil o nu-
O O O O O 336 o o o o o o
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mero de adhesôcs recebidas, c montamh Argemiro de Oliveira. Ccsar Dalbrieux. Charles Conreurs.
as memórias submettidas ao exame do
As commissôcs espcciaes do congre __ ___ _ Epaminondas Alves de Souza. Henrique Freitas. Jorge de Sá
formadas: Earp. José Mariano de Campos. Moacyr Alves de Souza.
1 ' secção (café c cacáo) — Srs Augusfo Ramos. Bento Octavio Dupont. Onofre Wcrnack Genofre. Paulo Par
reiras Horta, Rouget Peres e Taylor Ribeiro de Mello.
de Abreu Sampaio Vidal, conde Ciciliano. Creso Braga, I I a secção (ensino agricola, zootechnico e veterinario)
Christiano Hamam. Custodio Souza Pinto. Edmundo Na ; Srs. A. Monleiro de Souza. A. Carneiro Leão. Ame
varro de Andrade. Ervidio de Souza Velho. Francisco de ricano do Brasil. Artidonio Pamplona. Arthur Duprat. Ben-
Paula Rodrigues Alves. Francisco Leite Alves Costa. Fran jamin Hunnicutt. Cassiano Gomes. Creso Braga. Egydio
cisco Xavier de Paiva. Filogonio Peixoto. Hannibal Porto. Hervé. Francisco Tito de Souza Reis. Gilberto Amado, Her-
J. Arthaud Berthct. Joâo Mangabeira. José Monteiro Ri mcnegildo Britto Firmeza. F. Feliciano da Rocha. João
beiro Junqueira. José Oomes Pinheiro Junior. José Rezende Simplicio. Luiz Silveira. Manoel Silvino Monjardim. Mar-
da Silva. José Coelho Messeder. Luiz A. Pinto. Lconcio ccllino Rodrigues Machado. Maurício de Medeiros. Paulo
(lalráo. Seraphim Leme da Silva. S. de Morcorve e Victor Parreiras Horta. Sergio de Carvalho. Verissimo de Mello
e Victor Leivas.
2. » secção (canna de assucar e industria assucarcira) 12a secção (associações, credito) — Senhores Adolpho
Srs. Arruda Beltrão. Arthur Nogueira. Antonio Pestana. Konder. Arthur Obino. Aristoteles Barbosa. Carlos de M i
Apollonio Peres. Francisco Mario Azarrat. Geraldo Vianna. randa Jordão. Carlos Correia. Domingos Sergio de Car
Gonçalo Rollcmberg. Guido Maestrello. José da Rocha Ca valho. Evaristo Teixeira do Amaral. Euzebio de Andrade.
valcanti. J. Vasconcellos. Luiz Correia de Britto. Luiz Gua Eduardo da Fonseca Coching. Egydio Hervé. Fernando
raná. Miguel Calmou. Raymundo Fernandes e Silva e Rav- de Barros Franco. Gustavo Lebon Regis. Henrique Eboli,
mundo de Magalhães. Ildefonso Simões Lopes. João Cabral. João Lyra Tavares.
3. » secção (borracha, herva-matte) — Senhores AntonioJosé Maria Whitacker. José Maria Magalhães de Almeida.
Ferrari. Alberto Moreira Junior. Ascendino Cunha. Af- Joaquim Luiz Ozorio. Jeronymo Monteiro. Luiz Bartho-
fonso Camargo. Alberto Moraes Aguiar. Bento de Miranda. lomcti de Souza c Silva. Octavio Carneiro. Placido de
Bruno Lobo. David Carneiro. Dyonisio Bentes. Geminiano Mello. Sylvio Penteado. Tavares Cavalcanti. Thomaz Pompeu
Lyra Castro. Honorio Alves das Neves. Hannibal Porto. c Pinto Accioly.
Joaquim Carneiro da Motta, João Celestino. João Gui 13a secção (fabricação do álcool industrial, industria do
lherme Guimarães. Jayma Ballão. Justo Chermont. Luiz frio. industria da fecula, panificação) — Srs. Antonio Padua
Bartholomeu. Lindolpho Pessoa. Miguel Calmon. Mendes de Rezende. Alfredo de Andrade. Arthur Neiva. Bernardo
Gonçalves. Raymundo Montenegro e Romário Martins. M orclli. Carlos Leoncio Magalhães. Carlos Botelho. H.
A* secção (cercacs c grãos legumiferos. mandioca, ba Kronenber. José Gomes de Faria. J. Sanchez Gongora.
tatas e outros tuberculo!, c raizes tuberosas) — Srs. Antonio . Motta Vasconcellos. Gomes Carmo. J. Simão da Costa.
Pacheco Leão. Aristides Caire. Alexandre Monteiro Patto. Íuiz Goaraná. Miguel Calmon. Menezes Sobrinho e So
Benjamin Hunnicutt. conde S. Mamede. Cesar Augusto Pa crates Bittencourt.
litares. Francisco Dias Martins. Generaldo Machado. Hcrme- 14a secção (tarifas aduaneiras, convénios commerciaes.
ncgildo Britto Firmeza, Joâo Baptista de Camargo. José serviço de previsões ou estimativa da producção e de in
Fonsecca Ferreira. José Alvarenga Co;ta. Jacintho de Mattos. formações. exposições e feiras, assumptos que interessam á
Luiz Gomes de Freitas. Lourival Sobral. Miguel Guedes propriedade territorial e á legislação rural, trabalhadores
Nogueira c Stephan Morcow. ruraes. pontos c estradas de rodagem, legislação social,
5 a secção (sementes e fruetos oleaginosos: coco. cas fretes maritimos e terrestres) — Srs. Alberto Maranhão.
tanha. fruetas. hortaliças, flores, plantas medicinaes e in- Afranio de Mello Franco. Affonso Vizeu. Affonso Ban
dustriaes. florcstaes e madeiras, fibras) — D. Alda Pereira deira de Mello. Camillo Prates. Carlos Maximiliano Pe
da Fonseca e Srs. Alfredo Antonio de Andrade. Antonio reira de Souza. Carlos Barbosa Gonçalves. Chysanto Freire
Arruda Camara. Diogenes Caldas. Edmundo Navarro de de Britto. Domingos Mascarenhas. Dulphe Pinheiro Ma
Andrade. Enéas Calandrini Pinheiro. Eurico Santos. Fer chado. Elyzeu Guilherme da Silva. Francisco da Cunha
nando Barros Franco. Franklin Viegas. Ildefonso Dutra. Machado, Georgino Avelino. Heitor Beltrão. Ivo Arruda.
João Baptista de Castro. Joâo A. Rodrigues Caldas. José José Gomes Pinheiro Junior. José Euzebio de Carvalho
Ravnal. Julio Eduardo Silva Araujo. J. Simões da Costa. Oliveira. José G. Lemos Britto. José Luiz Sayão de Bulhões
Luiz F. Sampaio Vianna. Pio Dutra. Plinio Costa. Paulo Carvalho. José Carlos de Carvalho. José Mattoso Sampaio
Ferreira de Souza, Raul Serra c Trajano de Medeiros. Correia. Juvenal Lamartine de Faria. Léo de Affonseca.
b.-> secção (mccanocultura. machinas agrícolas, irrigação, Olcgario Pinto. Olyntho de Magalhães. Oscar Soares. Pedro
adubação. estações experimentaes. selecçâo das sementes, me da Costa Rego e Theodureto Nascimento.
teorologia agricola, defesa agricola' - Srs. Arthur Torres Ser-nos-ia impossível, no curto espaço de que dis
Filho. Ascendino Cunha. Angelo Moreira da Costa Lima. pomos. dar um resumo que fosse das preciosas conclusões
Alberto Pimenta. Benedicto Raymundo da Silva. Carlos votadas por este Congresso. Basta accentuarmos o caracter
Botelho. Carlos Moreira. Egydio Hervé. Eloy de Souza. de patente utilidade e efficacia de que se revestiram os
Flavio Ribeiro de Castro. Francisco Iglesias. Francisco Dias seus trabalhos.
Martins. Garibaldi Dantas. José Waltze. João Thomé de No conceituoso discurso com que declarou iniciados
Saboya e Silva. Joâo Vieira de Oliveira. Juvenal Lamar os trabalhos do 3» Congresso, o D r. Pires do Rio. ti
tine de Faria. J. Arthaud Berthet. Leon F. Clerot. La tular interino da pasta da agricultura naquella época,
fayette Rodrigues Pereira. Raphael Duarte. Sampaio Ferraz abordou os problemas esscnciaes da nossa economia e da
e T R. Day. nossa legislação industrial, emittindo as mais fundamen
7.a secção (a pecuaria no Brasil, forragens, bovinos, tadas opiniões sobre os problemas que constituem a base
equinos, muares e asininos) — Senhores Arthur do Rego
Lins. Annibal de Toledo. Alfredo Gonçalves Moreira. Al Descrevendo a nossa situação actual e a caracterís
cides de Miranda. Astrogildo Machado. Alaor Prata. An tica economica do Brasil, teve S. Ex. a seguinte expressão:
tonio Pacheco Leão. conde de S. Mamede. Carlos Botelho. «Emquanto reduzida for a nossa exportação de mi-
Carlos Leoncio de Magalhães. Carlos Oarcia. Carlos Correia. neraes. effeito de condições geológicas e geographicas, e
Caldeire Junior, Domingos Mascarcnhas, Fernando Ruffier, for elevado o custo de nossa producção fabril, effeito do
Felisberto Freire. Fidelis Reis. Henrique Silva. Julio Cesar trabalho caro da machina importada, que está longe de
Luttcrbach. Joaquim Augusto de Assumpção. Joaquim Luiz s6 se mover com electricidade e depende ainda do carvão,
Ozorio. Jorge Epitz. Justianiano Simões Lopes. Léo ds- do petroleo ou da gazolina. o Brasil, tal como acontece
teves. Landulpho Alves de Almeida. Mario Maldonado. Manoel a todos os outros paizes. que não a Inglateerra. a Alle-
Luiz Ozorio. Nabuco de Gouveia. Paulo de Moraes Barros. ntanha, a Belgica, a França e. na America, os Estados
Paulino Cavalcanti. Regulo Valderato e Theophilo Barreto. llnidos. tem a base da sua riqueza na agricultura prin
8.* secção (ovinos, caprinos, suínos, avicultura, api cipalmente». — confirmando, assim, com solidos funda
cultura e sericicultura) — Srs. Benjamin Hunnicutt. Carlos mentos technicos, a decantada e tradicional verdade do
Lconcio Magalhães. Christino Cruz. Donato de Andrade. paiz essencialmente agricola», tão descurada, até ha bem
Emilio Schenk. Feliciano de Moraes. Gomes Carmo. Julio pouco tempo.
Cesar Lutterbach. João Baptista de Castro. Juvenal Lamar Por outro lado. attendendo a nossa situação economica
tine. Luiz Pinheiro. Miguel Calmon Vianna. Manoel Mendes. no futuro, o Dr. Pires do Rio accrescentou: «Como a
Octavio Silva Jorge. Paschoal de Moraes. Paulino Caval grande maioria das nações contemporaneas, o Brasil é um
canti e Plinio Costa.
secção (leites derivados, carnes, banhas, couros e nestes quarenta annos de uma constante politica proteccio-
pcTles e sub-productos da industria pastoril) — D. Beatriz nista tem obtido resultado cada vez mais animador, ao
Gonçalves Ferreira e os Srs. Antonio Padua de Rezende. passo que as applicações elcctro-tcchnicas lhe permittem
Antonio Pinto Rezende. Aleixo de Vasconcellos. Antonio esperar o advento de uma relativa igualdade de condições
Ozorio de Almeida. Alpheu Braga. Alberto Diniz Jun na lucta mundial, quando os paizes ricos de energia hy
queira. A. F. da Costa Junior. Carlos Maria da Motta draulica tiverem vantagens comparáveis ás que hoje têm
Rezende. Carlos Botelho. Fidelis de Andrade. Oermano Cour- os ricos de jazidas de bom combustível, matéria prima de
rege, Joaquim de Lima Pires. Jorge Sá Earp. José Mon maior valor na fabricação das machinas motoras e ope-
teiro Ribeiro Junqueira, João Evangelista de Campos. Julio
de Souza Meirelles. Leopoldo Plant, Pedro Breda. Rodolpho Em seguida, o Sr. ministro da viação e também da
F. Lahmeyer. Raul Leite. Salvio Azevedo. Socrates Abreu agricultura assignalou o facto notável de sermos um dos
e Thelio de Moraes. paizes mais adiantados e cultos da zona tropical em que
10» secção (medicina veterinaria) — Senhores Armando nos encontramos, rendendo preito á nossa legislação li
Alves da Rocha. Américo de Souza Braga. Arthur Moses. beral. que jámais foi tropeço para qualquer progresso
O O O O O 337 o o o o o o
L/VKtO DE OURO COMME MORATfVO DO CENTENARIO DA
moral do adiantamento material, e ás tres racas que França Representante official do governo francez,
com poem a massa geral e trabalhadora da população que M r. Victor Cayla: Syndicat Général de I'lndustrie Co-
desbravou, defendeu, colonizou e ergueu o paiz á situação tonnicre Française. M r. Camille Lion.
actual em que «nenhum outro povo nessa região vastíssima Japão Delegado official do governo japonez: Dr.
(zona-tropical) logrou melhor constituição política nem mais Akira Manabe: Japan Cotton Spinners Association. Sr. J.
vigorosa economia social». Iwaki. .
No substancioso discurso a que alludimos. o Dr. I ires Allcmanha Representantes officiaes do governo al-
do Rio mostrou que. longe de se dever á indolência, provem lemão: Sr. Q. Plehn. D r. Menshausen e Sr. Oscar G. Mors;
de factores naturacs o atrazo relativo dos nossos processos Bremer Baumweliboersce. Sr. W. Krenke.
agricolas, mostrando que só cm 1842 se gcncrali/ou nos China — Representante official do governo da China:
Estados Unidos o uso do arado singelo c só cm 1870 o Sr. Toung Dckien. .
do arado mecânico. S. Ex. assignala o augmento da im Uruguay Representante official do governo uruguayo:
portação de machinas agricolas, alludiu aos esforços do Sr. Dionisio Ramos Montero.
governo fomentando dircctamcntc a riqueza nacional pelos Chile — Representante official do governo chileno ■
diversos departamentos do Ministerio da Agrcultiira. louvou D r. Guilherme Medina Labra.
a acção do Dr. Simões Lopes nessa pasta e defendeu o Venezuela Representante official do governo da Ve
protcccionismo agrario que permitte o surto das industrias nezuela Sr. Diego Carboncll.
da canna de assucar e do algodão. «No extremo sul. essa Guatemala Representante o ffida l do governo da
politica de protecção á industria nacional reservou para Guatemala D r. Carlos Augusto Faller.
o xarque e outros productos da pecuaria um grande mer Cuba — Representante official do governo cubano :
cado que consome tres quartos da producçâo rio-gran- D r. Enrique Peres Cisneros.
Perii — Delegados officiacs do governo do Peril: Drs.
«Na defesa do mercado de café. accrcsccntou o ministro, Othon Leonardos Junior e Antonio A. de Araujo Franco.
impropriamente chamada de valorização, acaba de dar o Paraguay — Representante official do governo para-
governo, repetindo com decisão o que duas vezes se fi guayo; Dr. Modesto Guggiari: Banco Agricola del Paraguay:
zera. com excellente resultado, uma prova de patriotismo Dr. Modesto Guggiari.
e de intclligcncia administrativa, que considero o acto de Belgica — Delegado da Association Cotonnicre Beige:
maior bencmerancia do actual chefe do Estado, a cujo conde Adrien van der Burch: industria algodoeira da Bel
espirito superior se impoz uma acção de defesa contra o gica conde Adrien Van dcr Burch.
aviltamento dos preços do café. facilitado pela quéda do Portugal — Representante official do governo por-
cambio, baixa que attingiu todos os paizes cuja expor tuguez Sr. Henrique Taveira; delegado da Associação In
tação tinha crescido com a guerra e se reduzira com a dustrial Portugucza: Sr. Henrique Taveira; Camara do
paz. precisamente o contrario do que se deu com as im Commercio Portugucza; Dr. A. A. Lisboa de Lima, e In
portações». stituto Superior de Agronomia: D r. D. A. Tavares da
Continuando a tratar da acção do governo na eco Silva.
nomia nacional. S. Ex. referiu-se á defesa permanente do Italia - Delegado da Associazionc Cotoniera Italiana:
café. á crcaçâo da carteira de redesconto, ao resurgimento Sr. Dino Crespi.
da Caixa de Conversão, «factos de politica economica e Todos os Estados brasileiros sc fizeram representar offi-
financeira por si bastantes para evidenciar a boa von cialmente. assim como innumeras agremiações e Institutos
tade. a clarividência e o patriotismo com que o governo industriaes. commerciacs c de ensino de nossa terra.
acode ás necessidades da agricultura, cujos interesses, como As commissões ficaram organizadas pela forma seguinte;
sabeis, formam alicerces e paredes mestras do edificio eco 1. * secção Comprehendendo as partes do pro
n o m ic da nossa sociedade». gramma I.» — O olgadão no Brasil. Inquérito geral
O Dr. Pires do Rio terminou o seu magnifico e sobre a sua cultura nos diversos Estados c no estrangeiro,
meditado discurso mostrando a importância e a grandeza c 2.» — Aperfeiçoamento da cultura do algodão no Brasil.
da producçâo agrícola para a vida nacional. Arno Pearsc. presidente; Ascendino Cunha, vice-presi
dente: Thomaz Coelho Filho. I o secretario: Garibaldi
Dantas. 2." secretario: doutor Emilio Castello. Trajano de
Medeiros. Eduardo Qreen. Carlos de Miranda. Octavio
Carneiro. João Mauricio de Medeiros, loungbloo. H. Ro
CONFERENCIA IN TERNACIONAL ALGODOEIRA berts Thomas. Cecil Hilton. Domingos Sampaio Ferraz.
Fidelis Reis. Oscar G. Moris. Julião Ribeiro de Castro.
Gratulino Mello. Manavc. Victor Cayla. Toung Dekien. Gui-
A 15 de Outubro de 1022. no salão nobre da Asso Ihcim t Medina. José da Rocha Cavalcanti c T . R. Day.
ciação dos Empregados no Commercio do Rio de Janeiro, 2. » secção — Abrangendo a parte 3.» — Doenças e
com a presença dos srs. Presidente da Republica, ministros pragas do algodão. Serviço de defesa:
d’ Estado. senadores, deputados e altas autoridades da Re Carlos Moreira, presidente; A. C. da Costa Lima, vice-
publica. realizou-se a sessão inaugural da Conferencia In prcsidente : Eugenio Rangel. I." secretario : Francisco
ternacional Algodoeira, promovida pela Sociedade Nacional Iglcsias. '!.•< secretario: Carlos Botelho. Faustino Silvella.
de Agricultura. Sergio de Carvalho. Em ilio Castelo. William Wilson Coelho
Foi um emprehendimento da mais alta relevanda para de Souza. Antonio Pacheco Leão. Luiz Azevedo Marques.
o nosso paiz esse que aquella sociedade resolveu incluir Feliciano da Rocha e Diogenes Caldas.
entre os que levou a effcito para maior brilho da com- 3. » secção — Comprehendendo as partes:
moração do centenário da nossa independencia. algodão do nordeste, e 5.r “Beneficiamento
*' do algodão
Foram os seguintes os representantes estrangeiros junto e dos seus sub-productos:
á Conferencia Internacional Algodoeira: Juvenal Lamartine, presidente: P. W . Kroenchc. vice-
prcsidente : Antonio Guerra. !.*> secretario: Djalma Eloy
Inglaterra — Delegado official do governo inglez. Mr. Hees. 2.» secretario: Bcrtino de Carvalho. Trajano de Me
Henbloch: representante da International Federation of deiros. Edward Green. Arno Pearsc. Sampaio Correia. Cecil
Master Cotton Spinner’s and Manufacturer’s Associatins Mr. Hilton. F. Holroyd. Domingos Gonçalves. Oscar Piquet.
F. Holroyd. vice-prcsidente e M r. Arno Pcarse; The English Alfredo de Andrade. Alcides Franco. J. E. Storey. H . Arckcl.
Master Cotton Spinner’s and Manufacturer’s Associations Mr. H. Kroncmbcrg. Brandão Cavalcanti. F loro Bartholomeu
F. Holroyd. presidente; M r. J. M. Thomas; The Liverpool da Costa e Luiz de Brito Passos.
Cotton Association; Mr. J. E. C legg; The Manchester 4« secção — Abrangendo a parte (>•' — Intensificação
Cotton Association. M r. Arthur M orris; The Cotton Spin da cultura do algodão. Serviço federal do algodão:
ner’s (V Manufacturer’s Association de Manchester M r. Henry William W ilson Coelho de Souza, presidente: J. M.
Roberts: Oldham Cotton Spinner’ s Association. Mr. Cedi Thomaz. vice-prcsidente; Roberto Rodrigues. l.° secretario;
H ilto n : The Testile Institute de Manchester. M r. Mark H eitor Tavares. 2.» secretario; Geraldo Vianna. Daniel
Button; Morris & Wilson, de Manchester; M r. Morr Al Moura. Sampaio Vidal, Carlos Miranda, José Augusto. Jose
brecht f t Co., de Liverpool. M r. E. Leonard; Williams Freire Bento de Miranda. Plinio Marques. Justo de Oliveira.
Palmer & Co.. M r. J. Palmer. João Seixas c T . R. Day.
Estados Unidos — Representantes do governo ame 5.1 secção — Comprehendendo a 7.» parte — Classi
ricano — Dr. Joungblood c M r. Irving Bullard: New York ficação do algodão e formação dos typos commerciacs da
Cotton Exchange. M r. Thomaz Hale e Mr. Tressler: Asso fibra c scus sub-productos. Commercio do algodão:
ciação de Banqueiros Americanos, M r. W. Irving Bullard; T. H. Clegg, presidente: A. Moris, vice-presidente:
The National Association of Cotton Manufacturer’s. Boston. J. M Fernandes. l.« secretario; Arthur V. Filho. 2.° se
M r. M. C. Maccrve. c Mr. Donald Tressler. cretario: Luiz Guimarães. Edward Green. Eloy de Souza.
Suissa — Representantes offidacs do governo suisso: D. Modesto Guggiari. Araujo Franco. H eitor Tavares. Tra
M r. Albert Gcrstch e Sr. Jacques Muller Merian: Asso jano V. Medeiros. Carlos Raulino. Gustavo Joppcrt. Felix
ciação Suissa de Tecelões: M r. Albert Gertsch. Guisard. Mark Sutton. Ildefonso Dutra. Frank Albrecht.
Hespanha — Representantes officiacs do governo he9- E. Leonard. José C. Messeder. W. Irw ing Bullard. An
panhol — Sr. A. Benito c D r. Carlos Miranda: The Inter tonio Vieira Pereira. Oscar Thompson. Mario Azevedo.
national Cotton Master Spinner's Association, isecção hes- Abelardo Marques. Ricardo Ropal, Alberto Souza da Silva,
panhola). A. Benitez; Camara de Commercio Hespanhola. Raul Antonio da Rocha. A. Brendechc e Henrique Ebole.
Sr. Faustino Silvela: Associação Algodoeira de Barcelona. 6.» secção - Comprehendendo a parte 8.* — As fa
A. Benitez e Dr. Carlos Miranda. bricas de fiação c tecelagem e o consumo interno do al
Hollanda — Representante official do governo hol- godão. Exportação de tecidos:
landez. M r. H. Pleyte. Tood Holroy. presidente: P. A. Robert, vice-presi-
O O O O O O 338 O O O O O O
IN D E P E N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
dente; J. Costa Pinto. 1.® secretario; Carlos Galiez. 2.® se desenvolvimento da producçâo algodoeira no Brasil, doenças
cretario; I. Iwaki. Jorge Street. Henrique Taveira. Jacques e pragas do algodão, selecçâo. beneficiamento. classifi
Muller Mark Sutton. Rodolpho Crespi. José Elias Correia cação. enfardaincnto, transporte, direitos fiscaes, commercio
Pacheco. Oeraldo Vianna. H. Irving Bullard. D. K. Tressler. intcrestadoal e internacional desse producto e dos seus
A. J. Pinto Osorio. Carvalho de Brito, Luiz Correia de derivados: industria de fiação c tecelagem, estabelecimentos
Brito e Lemos Brito. de credito, cooperativas c bolsas de algodão; examinando,
7.“ seccâo — Abrangendo as partes 9.' — Defesa eco finalmente, sob os mais variados aspectos, o problema da
nomics do algodão, e 10* — Exportação do algodão c producçâo e do commercio do algodão.
dos seus sub-productos. Impostos e fretes; Numerosas conclusões de inestimável valor, discutidas
João Thomé Saboya c Silva, presidente; Raphael Fer c votadas pelas commissôes. subiram depois ao plenario,
nandes. vice-presidente; Fidelis Reis. I.® secretario; C. Mors. onde. novamente submettidas á discussão e votação, foram
2.» secretario: Hannibal Porto. Carlos Jordão. Ruy Nunes approvadas com pequenas modificações algumas, e sem mo-
da Rocha. Othon Leonardos. Edmundo Monte. Jacques
Muller. Bento Dias Pereira. Jose Freire. Osorio de Al Realizaram-se tres sessões plenas, em cada uma das
meida. Lourival Souto. Henrique Couto Fernandes. Faus- quaes reinou, da parte de todos os conferencistas, o maior
tino Silvell. Sampaio Ferraz. Augusto Ramos, Heitor Beltrão. interesse pela adopção de medidas proficuas relativamente
Affonso Vizeu. Miguel Calmon. Asccndino Cunha, João ao motivo da conferencia.
Soares Brandão. Toung Deken. William Kronke, Luiz Gui Não ha negar; a Conferencia Internacional Algodoeira,
marães. Alvaro Teixeira. H. Drendeche. João Celestino e que hoje encerra os seus trabalhos, conseguiu o mais feliz
Victor Kondcr. exito, graças ao reconhecido valor dos conferencistas es
Na primeira sessão plenaria da Conferencia, que foi trangeiros e nacionaes. que lhe trouxeram o concurso das
muito concorrida, foram votadas, após uma longa discussão,
dez conclusões formuladas pela 1.® commissão da confe E. decerto, a demonstração pratica dessa verdade não
rencia. a que fôra commettido o estudo das questões atti tardará».
nentes ao aperfeiçoamento da cultura do algodoeiro nos Falaram após varios oradores.
diversos Estados do Brasil e no estrangeiro, tomando parte Commettimento de extraordinaria relevanda, dada a
saliente no debate os Srs. Fred. Holroyd, Irving Bullard. posição excepcional em que o Brasil se collocou como pro
Thomas. Arno Pearse. Miguel Calmon. Jorge Street, Simão ductor de algodão, materia prima de consumo crescente
da Costa. Robert Schaclders, Domingos Sampaio Ferraz em todo o mundo, a conferenda teve uma larga reper
c Osorio de Almeida. cussão cm todo o paiz e no estrangeiro, de onde nos
Culminou a disposição na parte referente ao voto, vein a collaboraçâo valiosa de 20 nações produetoras e
pelo qual se propunha que tendo em vista a escassez consumidoras desse artigo, inclusive, dentre estas, os Es
mundial do algodão, que tende a perdurar ou augmentjr, tados Unidos, que pela primeira vez tomaram parte em
deveria a conferencia, com representantes de vinte nações, um certamen dessa natureza, que ha-de se tornar memo
exprimir a opinião unanime de que todos os paizes do rável pela proficuidadc dos seus resultados.
mundo, que possuírem as condições essenciaes á cultura do
algodão, deverão empregar todos os meios ao seu alcance
para iniciar e desenvolver essa lavoura, estando certos de
que será muito remuneradora. A esse voto. por proposta 1.® CONGRESSO DE ASSOCIAÇÕES COMMERCIAES DO
do Sr. Jorge Street, foi dado um complemento em fôrma BRASIL
de conclusão, assim concebido;
«A conferencia julga que o Brasil, que j A produz todo
o algodão requerido pelas suas necessidades, deve prepa
rar-se para tomar posição nos grandes mercados compra Inaugurou este Congresso seus trabalhos a 16 de Ou
dores do mundo, tornando-se seu fornecedor constante e tubro do anno do centenario, na séde da Federação das
Associações Commcrciaes do Brasil.
Encerrou-se a Conferencia Algodoeira a 20 de Ou Entre outras, fizeram-se representar no congresso as
tubro, no salão nobre da Associação dos Empregados no Associações Commerciaes das seguintes localidades brasi-
Commercio.
Transcrevemos a seguir o rclatorio dos trabalhos lido De Ijuhy, pelo Sr. Seraphim Valandro: de Cachoeira,
pelo sr. Emilio Castellp nessa seccâo de encerramento: pelo Sr. Affonso Viner; de Jaguarão. pelo D r. Carlos Bar
cA Conferencia Internacional Algodoeira foi instalada bosa. de S. João Nepomuceno. pelo Sr. Jacob Renner;
jo dia 15 do corrente, e trabalhou até a presente data. de Jaguarão. pelo Dr. Carlos Barbosa Gonçalves; de S.
Durante seis dias de labor intenso, foram ventiladas Gabriel, pelo Sr. Lauro Monteiro; de Carasinho. pelo Sr.
as mais palpitantes questões a respeito do algodão c dos Antonio Xavier; de Passo-Fundo, pelo Sr. Seraphim Va
seus sub-productos. landro; de S. Borja. pelo D r. Heitor Beltrão; de Porto
Vinte nações estrangeiras deram-nos a honra de se Alegre, pelo Sr. Aristóteles Barbosa; de Santa Maria, pelo
fazer representar na conferencia; Inglaterra. Belgica. Suissa. Sr. Mario Petreci: de Rio Grande, pelo D r. James Darcy;
Allcmanha. Hollanda. Italia, Estados Unidos da America dc Pelotas, pelo Sr. Affonso Vizeu; de Florianópolis, pelo
do Norte. Mexico. Chile. Uruguay. Venezuela. Guatemala. Dr. Adolpho Konder; de Joinville, pelo Sr. Augusto Fa-
Cuba. Perii, Paraguay. Japão e China. voret; de Blumenau, pelo deputado Celso Bayma; de Co-
Distinguiram-nos também com a sua valiosa collaho- ritiba. pelo senhor Joaquim Guilherme G u im a rã esd e Co
raçâo eminentes delegados e instituições. associaç>s, firmas rumbá (Goyaz). pelo Sr. F. Bulcão: de Corumbá (Matto
commcrciaes estrangeiras, de alto renome, interessados no Grosso), pelo Sr. Ivo Arruda; dc Cuyabá (Matto Grosso)
problema algodoeiro, taes como; The International Fede pelo Sr. Affonso Vizeu; dc Santos, pelo Sr. Affonso Vizeu;
ration o f Master Cotton Spinner’s an M anufacturers As de Casa Branca, pelo Sr. F. Bulcão: de Nictheroy. pelo
sociation. The Liverpool Cotton Association. English Fe Sr. Jonathas Botelho; de Campos, pelo Dr. Luiz Guaraná:
deration o f Master Cotton Spinner’s Association Ltd.. Im de Padua, pelo Dr. Luiz Guanará; de Friburgo. pelo Sr.
perial Institute London. Bolsa de Algodão de Liverpool. Antonio Amclio; de Macahé. pelo D r. Alvaro Maia; de
Bolsa do Algodão de Manchester. Manchester Cotton As Minas Geraes. pelo D r. Sampaio C orreia: de Januaria,
sociation, The Cotton Spiners & Manufacturers Association- pelos Srs. Afranio de Mello Franco e Camillo Prates;
Manchester. Associação Industrial Portugueza. Associação de Juiz de Fóra. pelo Sr. Affonso Vizeu: de Itabuna.
Commercial de Lisboa. Industria Algodoeira da Belgica. pelo D r. João Mangabeira; de S. Salvador (Bahia), pelos
Camara de Commercio da Hespanha. Instituto Internacional Srs José Coelho Messedor e Filogonio Peixoto; de llhcos.
de Agricultura de Roma. Associação Algodoeira de Bar Associação Commercial do Rio de Janeiro: de Aracaju,
celona. Association Cotonnière Beige. Associação Suissa de pelo coronel Francisco Andrade Mello e pelo Sr. Ma
Tecelles. Syndicát General de I’ lndustric Cotonière Fran- ximino José C. Pinheiro; de Jaraguá. pelo Sr. José Duque
Caise. Museu Agricola da Sociedade Rural Argentina. Ca de Amorim; dc Recife, pelo Sr. Affonso Vizeu; de Mos-
mara de Commercio Portugueza. Bremen Beumwollboerse. soró. pelo Sr. Antonio Bandeira do Monte Rocha; dc
The International Cotton Marter’s Spinner’s Federation Camocim. pelo D r. Espiridião de Carvalho; de Crathéos.
(seccâo hespanhola), Associazione Cotonière Italiana. Asso pelo D r. Heitor Beltrão; de Sobral, pelos senhores Drs.
ciação dos Fiadores e Manufactureiros da Suécia. Instituto João Thomé e Francisco Sá; de Parnahyba. pelo D r. João
Superior de Agronomia de Lisboa. Norwcigian Cotton Mills Cabral. dc Therezina. pelo Dr. João Cabral; de Ama
Associations. The Japan Cotton Spinner’s Associat'on. Indian rante pelo Dr. João Cabral; de Floriano. pelo Dr. João
Central Committee. New York Cotton Exchange. Associação Cabral; do Maranhão (S. Luiz), pelo D r. Milton Cruz:
Commercial de Banqueiros Americanos. Banco Agricula del dc Picos, pelo deputado Magalhães Almeida; de Caxias,
Paraguay e The National Association of Cotton Manufa pelo deputado Marcellino Machado: de Belem, pelo Dr.
cturer’s Boston. Hannibal Porto; de Óbidos, pelo Dr. Dionysio Bentes:
Representantes dos Estados do Brasil, de 71 insti dc Manáos. pelo coronel Francisco Carneiro da Motta;
tuições, sociedades agricolas c industriaes. emprezas de de Taquaritinga. pela Associação Commercial do Rio de
fiação e tecelagem, companhias de transporte, estabeleci Janeiro; de Tieté. pela Associação Commercial do Rio de
mentos de credito; commerciantes. agricultores e industriaes Janeiro, de S. Paulo. Capetininga. Lages e Taubaté.
dos mais importantes centros de lavoura, commercio e in Entre as numerosas conclusões approvadas encontram-se
dustria do algodão no paiz trouxeram i conferencia o as que abaixo mencionamos;
«Impostos interestadoaes — O Congresso exprime o
seu apreciavel concurso. voto de que. cm futuro breve, estejam extinctos quacsquer
Funccionaram sete commissõcs. que em demoradas impostos interestadoaes, que constituem o mais perigoso
reuniões diarias se dedicaram, com o mais vivo empenho, entreve á livre circulação commercial em todo o paiz.
ao estudo de assumptos de maior relevância, acerca do
são susceptíveis de determinar represálias nos orçamentos os auspícios da Federação das Associações Commerciaes do
dos Estados — attentatorias ou prohibitivas do desenvol Brasil e da Associação Commercial do Rio de Janeiro
vimento da riqueza cconomica de uns em favor de outros, a' Organizar a regulamentação do regimen arbitral nas
gerando discordias e conflictos, que poderiam chegar a praças do Brasil, nos termos das 2.* 3.a. 6.a 7.a, 8 * e
destruir a Federação, cuja base essencial é a união das 12.» resoluções, fazendo opportunamcnte discutir o pro
antigas provincias que a compoem. jecto e assignar o accordo por delegados autorizados de
Quanto aos de importação, existentes ainda, apesar de todas as instituições interessadas.
muitas vezes declarada a sua inconstitucionalidade pelo Su b) Obter dos poderes publicos as providencias con
premo Tribunal Federal, sugere sejam desde já abolidos, tidas nas resoluções ns. 4. 5, 9 c 10.
qualquer que possa ser a fôrma disfarçada com que ainda c ' Fazer e reiterar o appello constante da 1.« resolução.
consigam vingar, a começar pela designação adoptada. c 13. Que a commissão referida no artigo precedente
quer recaiam directamente sobre as mercadorias, quer sobre na organização do regimen arbitral, se regule, tanto quanto
as pessoas que exerçam, principal ou auxiliarmente. a pro possivel. pelas bases estabelecidas pelo «Esboço» apresen
fissão de commerciante. tado no capitulo X da monographia offerccida pelo Dr.
Quanto aos de exportação, a respeito de cuja consti- Heitor Beltrão.
tucionalidade tem variado a jurisprudência, mas que não «X commissão — Uniformização dos typos dos pro
são menos anti-economicos do que os primeiros, recom- ductos do paiz — O l.o Congresso das Associações Com
menda a sua gradual extineção. na medida em que for mcrciaes do Brasil, resolve:
possível, sem abalos e perturbações da vida financeira dos «Indica ncia
Estados». nissões que. conjuntamente com os interessados, estudem a
«XII commissão — Arbitramentos commcrciaes — O uniformização dos typos dos productos do paiz. orgjni-
l.° Congresso das Associações Commerciaes do Brasil re- zando typos definidos e fixos officiaes. para todos os pro
commenda: ductos exportáveis do paiz. não só com relação á propria
mercadoria, como lambem aos envolucros. volumes, pesos
I.® Que as associações c instituições do commercio e e medidas».
da industria façam, por todos os meios, a propaganda «Tribunaes mixtos — O 1." Congresso das Associações
intensiva, por palavras e por actos, do regimen arbitrai, Commerciaes do Brasil, recommenda:
para solução facil. cconomica c satisfatória dos litígios ori 1. " Que urge tornar a distribuição da justiça, maximé
ginados pelos ncgocios commcrciaes. industriaes c industrio- nas questões commerciaes. o menos onerosa c o mais prompta
commerciaes. possivel. ao mesmo tempo que perfeitamente adaptavrl ao
2.0 Que o arbitramento commercial, como regimen sys- ambiente dos interesses mercantis:
tematizado expedito, imparcial e economico. por árbitros, 2. " Que, portanto, os poderes competentes estudem a
das divergências entre commerciantcs. como as soluções possibilidade e a maneira mais consentanea de se organi
equitativas por amigaveis conciliadoras, e. ainda, as peri zarem. para a justiça ordinaria no Brasil, os tribunaes
pécias c as vistorias technicas por louvados. mixtos, compostos de magistrados togados c commerciantes
3.0 Que as clausulas arbitraes se assignem normal- e industriaes».
mente entre commerciantes que contratem: entre instituições Rccommendando a substituição do imposto sobre renda
representativas de praças differentes de um mesmo Es pelo sobre as vendas, e emquanto isso não fô r conseguido.
tado. entre as instituições principaes (cabeças de fede
rações) de capitaes de Estados differentes para valerem actuaes impostos que gravam os generos de primeira ne
nas relações commerciaes interestadoaes; entre a Federação cessidade c para que seja facilitada a sua cobrança:
das Associações Commerciaes do Brasil e as instituições Aconselhando o ensino de esperanto nas escolas:
congeneres dos paizes estrangeiros, para os effeitos do Aconselhando medidas attinentes a reprim ir o contra
intercâmbio mercantil internacional». bando nas fronteiras:
4.0 Que se faça nd Brasil a instituição legal c exequível Aconselhando o estudo de melhoria do apparelhamento
do regímen arbitral, isto é. como efficacia e saneção, das
decisões arbitraes. nos moldes e com a força das sen Aconselhando a revisão da consolidação das leis das
tenças judiciaes. ficando estabelecido: a) validade, obriga alfandegas e a maior simplificação dos regulamentos a
toriedade c irrevogabilidade da clausula de arbritamento serem observados nos serviços dos portos:
(compromisso arbitrai) nos contratos commcrciaes cscriptos. Recommendando a obtenção de uma reducção grada
tiva das taxas cobradas nesses pertos c um completo apro
se admittindo exccpçòes para os casos cm que. juridica veitamento das 8 horas dc trabalho ahi estabelecidas:
mente. os contratos são nullos ou annullaveis. (Pódem. na Fazendo votos pelo rapido andamento do projecto do
cspccic. ser contribuição valiosa os termos da lei de 19 deputado Amaral Carvalho, com relação aos caixeiros via
de abril de 1920 do Estado de Nova York. Estados Unidos jantes. com alteração da reducção do preço das passagens,
da America do Norte': bl homologação obrigatória, por dc 30 para 50 °/o ;
parte dos tribunaes, a simples requerimento de qualquer Apreciando a influencia que julga nulla, da especu
das partes, e a titulo de mero registro, das sentenças de lação^ cambial bancaria e particular sobre a economia na-
arbitramento, sem entrarem aquelles no mérito do julgado
e apenas admittindo allegações de erros de calculo ou de Rccommcndando ás classes productoras a vantagem de
omissão de formalidades essenciaes, allegações que. aceitas, se qualificarem eleitores, os seus membros, e frizando a
terham como effeito unico, baixarem os autos á instancia conveniência do estabelecimento da obrigatoriedade de voto.
arbitral; que deverá ser secreto:
e! consequente execução judicial das sentenças arbitraes. Rccommendando a conveniência de. na revisão da ta
5.0 Que se uniformize em todos os Estados do Brasil rifa da Alfândega, ser reduzido o numero de artigos e
o processo arbitrai. especificações e estabelecidas razors mais exactas e a creação
b." Que seja instituído, entre as associações commerciaes. de um conselho superior das alfandegas. composto de re
um Tribunal de Recurso, com séde na praça do Rio de presentantes da fazenda nacional, do Ministerio do Com
Janeiro (Associação Commercial) e jurisdição em toda a mercio. da Associação Commercial e demais associações
Federação, funccionando como juizo arbitrai de segunda
instancia, para o julgamento final de qualquer penclencia Exprimindo o voto pela permanência, em nossas leis.
entregue ao arbitramento. do paragrapho 4.». da lei n. 171 A. de 15 de setembro
7.» Que seja sempre permittido. nos compromissos ar dc 1893. que permitte, para as sociedades dc credito hypo
bitraes. as partes desistirem, declaradamente, do recurso thecario. estradas de ferro, navegação, etc., a emissão de
de appellação. debentures por valor superior ao capital da sociedade:
8.0 Que. além da saneção legal das sentenças arbitraes. Recommendando o augmento da capacidade do trafego
sejam aggravadas. para os insubmissos aos effeitos das das vias ferreas existentes, o estabelecimento de novas e
clausulas de arbtramento. as penalidades já previstas nos construcçâo de estradas de rodagem;
convénios vigentes e nos estatutos de quasi todas as as Rccommendando a necessidade da uniformização dc in
sociações commerciaes do Brasil. terpretação das formulas empregadas usualmente nos con
9.0 Que o Congresso Nacional amplie o conceito do tractos de compra e venda mercantil;
art. 1 da introducção do Codigo C ivil Brasileiro, tor Rccommendando a reducção das taxas postacs: a adopção
nando também exequíveis no Brasil as sentenças estran de determinado padrão para correspondência, facturas, notas
geiras de juizo arbitrai. Icgalmentc instituído. de credito, etc.; a adopção pelas casas commerciaes de
10. Que o governo da Republica conclua tratados, com etiquetas de côr. colladas aos enveloppes dc correspondência,
as nações amigas, nos quaes, não só se propague a ne adoptando-sc uma côr official, para cada Estado: solicitando
cessidade. se suscite a conveniência e se facilite a reali a adopção obrigatória, dc abreviaturas para os nomes dos
zação da assignatura de convénios internacionaes de ar Estados, na corresporfdencia:
bitramento entre praças do Brasil c estrangeiras, como Aconselhado: a modificação da medida de volume —
ainda se promova a uniformidade da legislação substan 100 pés cubicos — usada para medida de arqueação das
tiva e. tanto quanto possivel. da processual áccrca dos embarcações: a substituição, na lei de imposto de con
arbitramentos commerciaes. sumo. da classificação arbitraria de garrafa e mera gar
11. Que cada instituição filiada ao futuro accordo ar rafa. pela de 75 e 37 1/2. sendo o litro a unidade para
bitrai interestadoal reserve, em sua séde. sala e material medição dos liquidos: a adopção do kilo para medição
indispensáveis ao funccionamento normal e permanente dos dc solidos e do metro para as medidas lineares: a adopção
tribunaes arbitraes. de 100 kilos ou 100 litros, para as cotações: a unificação
12. Que ficou nomeada, sem sessão plenaria do pre dos methodos para cubagem de madeiras: a obrigatorie
sente congresso, uma commissão com poderes para. sob dade da marcação do vasilhame, do peso ou medida do
O O O O 340 O O O O O
Sociedade Mercantil Luso-Brasileira — Oinjal — Almada.
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 341 o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORAT/VO DO CENTENARIO DA
342 o o
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
sklo dada a palavra ao professor Fernando Terra. Este gusto Linhares: Rio Grande do Norte. Dr. Varella San
notável clinico, com a sua vasta pratica, relatou ter usado, tiago. Parahyba, deputado Octacilio de Albuquerque: Per
ha longos annos, diversos tratamentos, desde o chaulmoogra nambuco, Dr. Edgard Altino: Alagoas. Dr. P. Rodrigues
primitivo á nastina, que lhe dera tantas doces esperanças, de Vasconcellos; Sergipe. Dr. Eleyson Cardoso; Bahia, pro
e até ao moderno ether de chaulmoogra e ao mais mo- fessores Clcmentino Fraga e Alfredo de Andrade; Es
pirito Santo. Dr. Lellis Horta; Rio de Janeiro. Dr. Mo
def S. S. apresentou dois doentes, tratados por injecções desto Guimarães; S. Paulo, deputado Palmeira Ripper: Pa
endovenosas de tartaro estibiado. apresentando reaes me raná, deputado Plinio Marques; Santa Catharina. Dr. Elyseu
lhoras das lesões, sem exame, entretanto, de laboratorio, Guilherme; Rio Grande do Sul. deputado Alvaro Baptista;
por ser recente o tratamento. O rclatorio a respeito contém :putado Zoroastro de Alvarenga; Goyaz.
o resultado do tratamento pelos etheres ethylicos do oleo D r. jovii lastro; Matto Grosso, D r. Clovis Correia
de chaulmoogra. mostrando o seu effeito nJo só pelo da
lado clinico, como pela ausência de bacillo cm alguns Representantes das Faculdades de Medicina do Brasil:
doentes. Considera como melhor tratamento dentre os que Professor Augusto Brandão Filho. Faculdade de Me
têm sido empregados ate hoje. devendo, entretanto, haver dicina do Rio de Janeiro; professor Alfredo Magalhães.
muita reserva sobre as possíveis occurrendas ulteriores. Faculdade de Medicina da Bahia ; professor Nogueira Flores.
Entende que o tratamento por si só nào serve de base Faculdade de Medicina de Porto Alegre: professor Victor
para a prophylaxia. sendo o isolamento o unico meio do Amaral. Faculdade de Medicina do Paraná; professor
acertado. Rezende Puech. Faculdade de Medicina de S. Paulo; pro
Depois, o Dr. Souza Araujo referiu resultados obtidos fessor Eurico Villela. Faculdade de Medicina de Bello
no Pará pelo chaulmoogra. empregado pelo processo antigo. Horizonte.
Usou ainda da palavra o Dr. Emlio Qomes. que falou Representantes das associações medicas nacionaes:
sobre a positividade do muco nasal. Depois, foi dada a Drs. Oliveira Motta. Arthur Moses e Julio Novaes,
palavra ao Dr. Werneck Machado, que relatou diversos pela Academia Nacional de Medicina; Dr. Fernando Vaz.
resultados por elle obtidos na clinica civil. pela Sociedade de Obstetricia e Gynccologia do Brasil;
Falou, em seguida, o Dr. Oswaldo Dennef, represen D r. Alvaro Tourinho. pela Sociedade Medico Cirúrgica M i
tante da America do Norte. Refere que os etheres de lita r: Dr. Mcira de Vasconcellos. pela Sociedade Brasi
chaulmoogra. ensaiados, cm primeiro logar. em seu paiz leira de Ophtalmologia e Oto-rhino laryngologia; Dr. José
e. em seguida, preconizado em todo o mundo, não deu Mastrangioli. pela Sociedade Medica dos Hospitaes do Rio
ali os resultados esperados, possivelmente por serem dif de Janeiro; professor F. Esposei e Dr. Ulysses Vianna. pela
ferentes os productos chimicos usados. Sociedade Brasileira de Psychiatria. Neurologia e Medicina
Logo depois, foi lido um rclatorio apresentado pelo Legal: Dr. Oscar Silva Araujo, pela Sociedade Brasileira
Dr. Garcia Medina, da Columbia, referindo varios trata de Dermatologia c Syphiligraphia; Dr. Alvaro Reis. pela
mentos c resultados obtidos naquclla Republica. Foi lido. Sociedade Brasileira de Pediatria; D r. Orlando Góes. pela
a seguir, um trabalho do Dr. Kraus, do instituto de Bu- Sociedade Scientifica Protectora da Infancia; Drs. Pedro
tantan. de S. Paulo, sobre o tratamento da iepra por Paulo c Furtado Belleza. pela Sociedade Medico-Cirurgica
meio de uma vaccina polyvalcntc. terminando por propor da Assistência Publica; Dr. Edgard Altino, pela Escola
a creação de um instituto da lepra no Brasil, analogo de Medicina de Pernambuco: Drs. professores Pacifico Pe
aos institutos do cancer. reira e Augusto Vianna. pela Sociedade de Medicina da
Bahia; professor D r. Clcmentino Fraga, pela Sociedade
Medica dos Hospitaes da Bahia: Drs. Pereira Nunes. Bastos
Tavares. Sylvio Tavares e Decio Parreiras, pela Sociedade
Fluminense de Medicina e Cirurgia de Campos; Dr. Dario
CONGRESSO NACIONAL DOS PRÁTICOS Callado. pela Associação Medica Cirúrgica Fluminense, de
Nitheroy; Dr. Rezende Puech. pela Sociedade de Medi
cina de S. Paulo; Dr. João Candido Ferreira, pela So
Teve logar no dia 30 de Setembro de 1922, ás 21 ciedade de Medicina do Paraná; professor Ulysses No-
horas, no salão de festas da exposição, a sessão solemne nohay. pela Sociedade de Medicina de Porto Alegre; pro
em que se inauguraram os trabalhos do Congresso Nacional fessor David Rabello, i>ela Sociedade de Medicina de
dos Práticos, o interessante certamen de pratica profissional Bello Horizonte; Dr. Vieira Lima. pela Sociedade de Me
medica, assumptos de hygiene e saude publica, questões dicina de Juiz de Fóra: Dr. Athayde Pereira, pela So
mcdico-sociaes e tudo mais que diz respeito ao impor ciedade de Medicina de Santos: Associação Amazonense de
tante problema do ensino medico entre nós. Medicina (adhesâo) e Centro Medico Alagoano (adhesão).
Organizado sob os auspícios da Sociedade de Medi O programma do Congresso obedeceu aos seguintes
cina e Cirurgia desta capital, composta só de medicos numeros:
brasileiros, o Congresso dos Práticos iniciou em nosso
meio uma era nova em terreno pouco explorado ainda, e de Setembro — sessão inaugural. Sessões ordi-
que tanto merece ser desbravado para bem da causa pu ’oliclinica do Rio de Janeiro, nos dias 2. 3.
blica e do proprio interesse da ciasse medica do Brasil. e outubro.
Foi este congresso organizado pela seguinte forma: - Visita ao hospital dos Lazaros e ao hospital
Commissão executiva: Presidente, professor Fer soccorro. ás 10 horas.
nando Magalhães: secretario geral. D r. Arnaldo de Moraes; - Visita aos serviços de prophylaxia do D. N.
1.» secretario, ü r . Theophilo de Almeida; thesoureiro. Dr.
Custodio Fernandes; orador. D r. Oscar Silva Araujo, sendo - Exhibição cinematographica ácerca dos ser-
que os 2.0 e 3.° secretários doutores Joaquim Motta e ophylaxia rural, venerea, infantil e anti-tuber-
Bonifácio Costa passaram a secretariar, respectivamente, as
seccões de ensino medico e pratica profissional. Dia 7 — Sessão de encerramento, ás 21 horas, na
Foram presidentes honorários do Congresso Nacional Sociedade de Medicina e Cirurgia.
dos Práticos o senhor presidente da Republica e o conse Dia 8 — Almoço do restaurant da exposição, ás
lheiro Catta Pretta. decano dos práticos nacionaes. falle-
cido após esta escolha, e vice-presidentes honorarios os Houve ainda uma visita á Casa de Santa Ignez e
senhores ministro do interior, prefeito do Districto Fe ao Instituto Oswaldo Cruz. onde o Dr. Carlos Chagas
deral. governadores e presidentes de Estados, presidentes realizou uma conferencia sobre a «Moléstia de Chagas»,
de associações de medicina do Brasil, chefe do corpo de apresentando doentes mandados buscar especialmente em
saude do exercito e da armada, e das brigadas policiacs Minas para documentar a exposição.
dos Estados, directores dos serviços de assistência pu
blica e particular. A commissão executiva será composta
da mesa da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro.
Secção de Assistência Publica Presidente, professor l.o CONGRESSO BRASILEIRO DE PHARMACIA
Luiz Barbosa: vice-presidente. Dr. Adalberto Ferreira da
Silva; secretario. D r. Carlos de Sá.
Secção de Saude Publica — Presidente, professor Carlos
Chagas: vice-presidente, Dr. J. F. Sampaio Vianna; se Os trabalhos do 1.» Congresso Brasileiro de Phar
cretario. Dr. Gustavo de Sá Lessa. macia obedeceram ao seguinte programma:
Secção de medicina social Presidente. Dr. Cardoso Dia 12 de Outubro de 1922 — Sessão solemne de
Conte. vice-presidente. D r. Leal Junior; secretario. Dr. J. inauguração, e as 7 3/4 espectáculo no Theatro Trianon.
P Fontenellc. Dia 13 — As 9 horas, visita ao Jardim Botanico e
Secção de pratica prolissional Presidente, professor Instituto de Chimica: sessão seccional e conferencia do
Ernesto Nascimento Silva: vice-presidente, professor H. pharmaceutico Vcnancio Machado.
I anner de Abreu: secretario. Dr. Bonifacio Costa. Dia 11 — Sessão seccional e conferencia do pharma
Secção de ensino medico — Presidente, professor Miguel ceutico Rodolpho Albino Dias da Silva.
couto: vice-presidente, professor Ozorio de Almeida: se Dia 15 — As 6 horas, excursão ás represas do Rio
cretario. Dr. Joaquim Motta. do Ouro.
As varias unidades da Federação fizeram-se representar Dia 16 — As 8 horas visita ao Instituto Oswaldo Cruz,
Pela forma seguinte: sessão seccional c conferencia do Dr. Souza Martins.
Amazonas, deputado Figueiredo Rodrigues: Pará. de Dia 17 — As 8 horas, visita ao museu do professor
putado Dionysio Bentes: Maranhão. Dr. Clarindo San Diniz. sessão seccional e conferencia do pharmaceutico Paulo
tiago, Piaiihy, Dr. José Furtado Belleza: Ceará, Dr. Au
o o o o o o 343 o o o o o
EIVRO DE OURO COM ME MOR ATIVO DO CENTENARIO DA
Dia 18 Sessão seccional c conferencia elo Dr. Souza 2.» O legislador brasileiro andou muito acertada-
Martins mente incluindo a molestia profissional entre os accidentes
Dia 19 — As 9 horas, passeio ao Pâo ele Assucar. do trabalho.
sessão plenaria e conferencia do D r. Julio Eduardo Silva 3. ® — Nas condições actuaes do Brasil, é preferível
Arauio. que a indemnização, no caso de incapacidade permanente.
Dia 20 — As 7 horas, visita aos laboratories Silva
Araujo, sessão plenaria e conferencia do capitão pharma 1 A 'emenda do D r. Castro Rebello, estabelecendo o
ceutico Benevenuto Lima. principio das pensões vitalicias. foi rejeitada. Quanto 4
Dia 21 — As 8 horas, visita ao Museu Nacional, sessão 2.» these, deliberou-se:
plenaria e conferencia do professor Diniz. 1.0 — Que o seguro obrigatono não se adaptaria
Dia 22 — Sessão solemne de encerramento e espectá facilmente ao nosso meio industrial. Sendo preferível o
culo no theatro S. Pedro. seguro 'facultativo;
Realizou-se a sessão inaugural na sala da Academia 2.0 — Que o executivo não exorbitou, estabelecendo
Nacional de Medicina, no Syllogeo, com a presença do providencias sobre os aludidos seguros:
Dr. Carlos Chagas. Director do Departamento Nacional 3.0 Que ainda se faz precisa a acção do legislativo,
para corrigir alguns senões da lei, que a pratica tem
congressistas. revelado e consagrar disposições que são da sua exclusiva
A mesa esteve composta dos Srs. : Julio da Silva
Araújo, presidente, que pronunciou o discurso official ; Quanto á these referente ás patentes de invenção, foram
Paulo Seabra. 1.® secretario e Venancio Machado. 2.° sc- firmados estes principios: o uso exclusivo da invenção in
dustrial. durante um certo prazo, não tem nada de odioso,
Dada a palavra ao pharmaceutico Venancio Machado, sendo considerado uma medida indispensável ao desenvol
após rapida allocuçâo da mesa. pronunciou este uma oração vimento industrial: o registro internacional das patentes
subordinada ao thema: «Da Independência do pharmaceu seria de grande utilidade, mas é muito difficil a sua reali
tico no Brasil*, que mereceu os mais francos elogios de zação.
quantos a ouviram. A conclusão exigindo o exame prévio para a con
Os resultados cio 1." Congresso Brasileiro de Phar- secução das patentes de invenção, tendo empatado a vo
tação. foi adiada para outro Congresso.
da Pharmacia brasileira. Sobre as marcas de fabricas, foram approvadas estas
conclusões: declarando que. na protecção concedida pela
lei ás marcas de industria e commercio não se trata de
CONGRESSO JURIDICO recompensar um espirito inventivo, mas impedir uma desleal
concurrcncia commercial; considerando de natureza essen-
cialmentc federal o serviço de registro de marcas de fa
A sessão inaugural do Congresso Juridico Commemo- bricas. não devendo ser confiado ás autoridades dos Es
rativo do Centenario da Independencia. e promovido pelo tados : asseverando que a pluralidade dos registros, em
Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, teve logar juntas complctamentc independentes umas das outras, é
a 16 de Outubro de 1922. ás 21 horas, no salão do muito prejudicial ao interesse publico, e facilita as ma
Palacio das Festas da Exposição Internacional. nobras fraudulentas dos exploradores do trabalho alheio:
Na ausência do D r. Ferreira Chaves, ministro da jus considerando de urgente necessidade a creação da Dire
tiça. que se encontrava enfermo, o D r. Carvalho Mourâo. ctoria Geral da Propriedade Industrial, que unifique o ser
presidente daquelle instituto, declarou aberta a sessão e viço. dando-lhe o necessario desenvolvimento: reconhecendo
pronunciou notável discurso sobre a razão de ser do con a necessidade de serem as leis de patentes e de marcas re
gresso. extendendo-se n'um estudo detalhado sobre a ma tocadas : aconselhando a revisão das convenções interna-
teria que ia ser objecto das diversas secções em que se cionaes. de modo a fazer com que prevaleça em favor do
subdividiu o congresso. Brasil o principio da reciprocidade que serviu de base
O orador refcriu-sc. longamentc. á reorganização ju a esses dois accordos. O Congresso reconheceu ainda, que
diciaria. reportando-se. |ior vezes, a commentarios feitos a á Junta Commercial cabe. presentemente, a faculdade de
respeito, cm épocas anteriores, e concluiu que agora como negar deposito ás marcas dos Estados. A respeito da questão
então, se encontra no mesmo terreno, sustentando as mesmas operaria foram firmados estes principios: O Estado é a
idéas. unica força, capaz de assegurar a paz social: o Codigo
O seu discurso foi uma peça de notável lição juridica de Trabalho deve estabelecer as regras, segundo as
para os que se iniciam na aprendizagem desse ramo da quacs devem ser celebrados os contratos de trabalho pre
venindo conflictos, e evitando clausulas immoraes c in
Em seguida, o Dr. Arnaldo Medeiros da Fonseca leu justas ; aos Estados cabe legislar sobre a materia mera-
o programma dos trabalhos e a lista das adhesões bem mente processual.
como os nomes dos membros das diversas secções e dos Sobre o salario foram approvadas estas conclusões:
representantes do governo, ministros de Estado, poderes O salario é um meio normal de se pagar o aluguel da
estadoaes. etc. força-trabalho: o salario deve ser pago em periodos curtos
Seguiu-se com a palavra o Dr. Eugenio de Barros e em moeda corrente, prohibindo-sc nos contratos de tra
Falcão de Lacerda, orador official do Instituto, que expôz balho quaesquer clausulas tendentes a obrigar os operarios
aos congressistas o programma que lhes cabia cumprir. a comprarem em determinados armazéns ou localidades.
Os trabalhos do Congresso foram divididos pelas se Actualmente. não é aconselhável substituir o salario pela
guintes secções: participação dos lucros. Mas. não ha inconveniente cm se
conceder ao operário, além do seu salario fixo. uma gra
Secção de direito constitucional — Presidente. Dr. tificação pela producção. além da média estabelecida, ou
Carlos Maximiliano. proporcional ás economias que realizar no seu trabalho.
Secção de direito civil — Presidente D r. Paulo de Quanto á 7.« these, firmaram-se estes principios: é dc
absoluta necessidade a creação de juntas industriaes e
Secção de direito commercial — Presidente. D r. Car agrícolas, formadas dc operários a patrões para prevenir
valho Mendonça. c resolver os conflictos entre o capital e o trabalho: es
Secção de direito penal — Presidente. D r. Carvalho tabelecendo as attribuições concedidas a essas juntas. As
conclusões do relator sobre a 8.-« these foram approvadas
Secção de direito penal militar — Presidente. Dr. Es com um additivo do Sr. Sá Filho, declarando de urgente
meraldino Bandeira. necessidade a creação em todos os centros industriaes e
Secção de direito judiciario — Presidente, ministro agricolas importantes de orgãos permanentes de conci
Moniz Barreto. liação entre operários e patrões, opinando-se também fa
Secção de direito internacional publico Presidente. voravelmente pela creação de tribunaes industriaes e agri-
Dr. Sá Vianna.
Secção de direito internacional privado — Presidente. Sobre a 9.» these, relativa á falta de trabalho, foram
Dr. Rodrigo Octavio. approvados estes principios: que é dever do Estado pre-
Secção de direito industrial — Presidente, ministro occtipar-se com o problema da falta de trabalho: que a
Viveiros de Castro. execução de obras publicas, como meio de fornecer tra
Secção de direito administrativo e sciencia da admi balho aos desoccupados. é uma medida de que o governo
nistração — Presidente, D r. Didimo Agapito da Veiga. deve lançar mão muito cautelosamente, reservando-a para
É immenso o cabedal de princípios de Directo e mo os casos de calamidade publica: convém a fundação de
dalidades interpretativas firmados pelo congresso no de agencias de collocaçâo c informações em todas as loca-
curso dos seus trabalhos altamente proficuos. Em todas as
secções foram debatidos os mais complexos assumptos, con sociaçòes de soccorros mutuos: que o Codigo de Trabalho
stituindo as actas das reuniões cffectuadas verdadeiros e deve consagrar a innovaçâo-liccnça operaria — ficando ga
inesgotáveis repositories de saber jurídico. rantido o emprego do operário que. por motivo de mo
Entre innumeras outras, foram approvadas, na secção léstia. não compareça ao serviço.
de Direito Industrial e Legislação Operaria, as seguintes Mas não será justo fazer pesar exclusivamente sobre o
conclusões da 1.» these, sobre o risco profissional: patrão o onus do pagamento do salario do operario que
não póde trabalhar. Esse salario deve ser pago pelas
I " — O direito do operário a ser indemnizado, no companhias de seguros, pelas associações operarias. Abor
caso de accidente do trabalho, tem como fundamento exclu dou-se depois o problema do trabalho feminino, sendo es
sivo a doutrina do risco profissional. tabelecido que o legislador deve proceder com muita caii-
O O O O 344 o o o o o o
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N° 8 3
G ra n d e M a n u fa c tu ra
de PENTES, BOTOES ADUBOS para LAVOURA.etc.
INDEPENDENCEA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
tela, quando tiver que regulamentar o trabalho das mu Pela iiclusòc
lheres: que o nosso Codigo de Trabalho deve garantir
o emprego das operarias que n io comparecerem ao ser U — A immunidade parlamentar é ininterrupta: abrange
viço no ultimo m el da gravidei, e até seis semanas depois a publicação dos discursos proferidos cm quaesquer das
do parto, ou em consequência de molestia resultante da casas do Congresso Nacional;
gravidei ou do parto, sendo os respectivos salarios pagos 21 — Têm direito a ella os deputados c senadores
pelas companhias de seguro ou pelas associações operarias estadoaes. dentro do Estado que representam, contra prisões
de auxílios mutuos, umas e outras subvencionadas c fisca- ordenadas por autoridades locacs ou federaes:
liiadas seriamente pelo Estado; que o Estado, como medida 3l — O direito de veto admitte excepções. porém,
dc providencia social da mais alta importância, deve esta não fse enquadram entre cilas as^ leis annuaes — de fixação
belecer nos bairros operarios ou nas proximidades dos
grandes estabelecimentos industriaes. consultorios medicos,
que dêem gratuitamciite ás operarii
hygi feminina
das
1)cliberou-se ai ....
trato de trabalho dos menores, para garantir o seu di hiladelpho Pelo !
reito dc frequentar a escola primaria e impedir prejuiios subtra
á saude dos mesmos: c que o Estado deve auxiliar as . provação de resoluções das asscmbléas
companhias que se propuierem a rcali/ar seguros operarios. locais sobre desmembramento ou incorporação dos Estados;
O resultado dos trabalhos da secção de Direito con 2.". adiamento ou prorogação das sessões do Congresso
stitucional e Politico podem ser resumidos pela seguinte Nacional: 3.” . reforma constitucional.
Quanto ás conclusões da 6.-' these, o congresso en
Quanto á primeira these, o congresso resolveu, por tendei; que a electividade dos conselhos e do executivo
unanimidade, que a divisão dos poderes constitutional's é miinicipaes foi uma conquista da democracia brasileeira. in
temperada pela necessidade da harmonia entre elles: e nem compatível com a autonomia assegurada pelo art. 68 do
sob o imperio, nem sob o regimen republicano, se en estatuto básico, a nomeação do prefeito municipal pelo
tendeu exigir a theoria que um ramo dc autoridade fe governador do Estado.
deral retivesse todo o poder executivo.' outro, todo o le Em votarão as conclusões da 7.-’ these, o congresso
gislativo. e o terceiro, a integra do judiciario. approvou que: A Constituição admitte o poder de policia:
Em votação a segunda parte, o congresso deliberou permitte restricçõcs ao direito de petição, de propriedade,
não serem os estados obrigados, pelo art. 63 do esta reunião, associação e livre entrada no paiz; a liberdade
tuto básico, a adoptar a divisão de poderes regionacs, de vultos, commercio e transito; a inviolabilidade de do
nos moldes do art. 15 da Constituição da Republica. micilio. e a prerogativa federal dc regular a navegação
Quanto á segunda these, o congresso resolveu fluvial c maritima: limitações á liberdade profissional.
| i — O direito de tributar, em todo o Brasil, é Na secção de Direito Internacional Publico, foi ap
restringido pelo dever de respeitar o principio da igual provada a seguinte conclusão relativa á 1 These e apre
dade c o da limitação te rrito ria l; sentada pelo sr. Presidente da secção:
2) Comprehendem-se na competenda federal os im As proposições enunciadas na mensagem presidencial
postos sobre navios, e importação, de artigos de proce norte-americana, de 2 de dezembro de 1823, que constituem
dência estrangeira, bem como as taxas de serviços cus o que vulgarmente é chamado — Doutrina de Monroe atten
teados pela União. A competência regional abrange os deram então aos interesses dos Estados da America La
impostos de exportação para o exterior ou para outros tina e não affectaram o principio da soberania desses
pontos do paii. o territorial, o predial ou dc décimas Estados ainda em formação. O Congresso em seguida,
urbanas, o dc transmissão de propriedade c o dc in approvou o seguinte additivo do D r. Jorge Latour: As
dustrias c profissões. declarações enunciadas, posteriormente á mensagem presi
A asscmbléa deliberou, porém, que o imposto sobre a dencial norte-americana «te 2 dc dezembro de 1823. affir-
renda não é dc competenda cumulativa da União e dos madas. interpretadas, applicadas c desvirtuadas pela nação
autora, da origem ao desenvolvimento final, são pela his
Approvou-se tambem toria. elasticidade e exclusivismo perigosas á America La
com uma emenda d o I tina e nocivas aos seus interesses, affectando o principio
vital da soberania desses Estados, por ser uma imposição,
o b ií in idem só é tolerável quando expressamente auto quer beneficiem quer não, pois crêam restricções que o
rizado pela Constituição local, respeitados os principio! direito internacional não sancciona. Foi tambem aceito um
fundamentaes do estatuto supremo. Um poder federal, «s additivo do Dr. Castro Rabello. no sentido de que os
tadoal ou municipal, não pódc tributar os bens. nem oi interesses da paz universal e particularmente da paz ame
• de quaesquer dos outros dois. nem directa, neir ricana exigem a repulsa das falsas applicaçõees daquella
:nte. norma, qualquer que seja o sentido que se tem pretendido
rimeira parte das conclusões da 3.^ propagar. A seguir, o Congresso firmou, acompanhando o
thtse. o congresso entendeu que se concede ..habeas-corpus > Sr. presidente, os seguintes princípios correspondentes ás
ao individuo preso illcgalmente. ou ameaçado de prisão theses 2 .\ 3 . \ 4.-'> e 5.“ .
arbitraria e ao réo pronunciado, ou condemnado a> se A Convenção II dc 18 de outubro de 1907. emanada
o juiz era incompetente para decidir, no caso rjmcreto; da 2.a Conferência Internacional «"
b) se o processo era evidentemente nullo: cl sc o facto i não vençâo
imputado não constitua crime; d l se a sentença defini cítivos para a cobrança de dividas contratuaes.
tiva já foi cumprida c o paciente requereu, em vão. man Os princípios tantas vezes affirmados pelos Estados
dado de soltura: e) no caso de prescripçâo neste ultimo Latino-Americanos, no periodo da sua independencia e pos
caso. por emenda, d o desembargador Vieira Cavalcanti. teriormente. pela quasi totalidade delles e o grão de cul
Foi rejeitada a conclusão de que o «habeas-corpus tura juridica a que chegaram, não permittem justificar o
constitua meio habil para assegurar o exercido dc cargos chamado direito de conquista. A arbitragem internacional
puhlicos, electivos ou não, quando o direito invocado seja par.-: concorrer efficazmcnte deverá ser permanente, ampla
certo liquido, induscutivel. superior a duvidas razoaveis e. c obrigatória. O novo direito internacional, em relação aos
para o restabelecer a tempo, não haja outro remedio ju rios inUrnacionaes. chamados continuos, deve adoptar o
ridico sufficiente. regimen de ampla liberdade com o limite unico e natural,
Posta em votação a 4.’ these, foram approvadas as fundado no direito de justa defesa dos Estados, que elles
seguintes conclusões:
1° — Aos poderes da União cabe a supremacia sobre Posta o votos a 6.1 these — o Congresso respondeu
os estadoaes. dentro dos limites da lei-. sá suas indagações, aprovando as conclusões do presidente:
2.0 — A intervenção federal é remedio para forçar au A Liga das Nações, creada pelo Tratado de Paz. de
toridades regionacs: ai a respeitarem as decisões dos tri- Versailles, dc 28 de junho de 1919, pela sua ampla com-
bunaes da União: b) a se não manterem em armas contra prchensão e pelo modo dc sua organização, apresenta um
o seu proprio paiz. ou contra outro Estado: c) a cum tal. não exclue
prirem leis nacionaes: d l e não crearem embaraços a . parece excluir tualmente a possibilidade da creação
_____ es Americanas, com os fins. senão
completamentc iguaes. ao menos semelhantes aos daquella.
O congresso resolveu, porém, que não constitue case pois de outro modo resultaria a reducção de suas funeções
de intervenção a falta de pagamento de divida estadoal. e a extensão geographica do seu poder quer na ordem
reconhecida por sentença federal. politica quer na ordem juridica, quer na ordem admi
Em seguida, o congresso, por grande maioria, ap- nistrativa. quer na ordem economica.
provou uma emenda, entendendo que em face da Consti «Se. entretanto, os Estados Latinos Americanos: a> não
tuição Federal não é prohibido ás mulheres o exercício se incorporarem á Liga das Nações por não aceitarem a
dos direitos politicos. Quanto á indagação da opportuni- fórma da sua constituição e os seus fins. ou delia se se
dade do exercício desses direitos, que se achava incluida pararem pela negação, pela deficiente e falsa applicação dos
na conclusão, o congresso respondeu tambem affirmatíva- princípios de direito, de origem americana cm que se
mente. A ultima parte das conclusões desta these ficou funde o novo direito internacional — ou se encontrem
assim approvada pelo congresso. O Estado póde e deve americanos, é possível a formação de uma Liga nas con-
regular o trabalho das mulheres casadas, e o «las sol dições propostas, visto que a das Nações perdeu o ca
turas de menor idade. racter dc universal que lhe é attribuido.
o o o o o o 345 o o o o o o
LIVRO DE OURO CO M M E M O RA TIO DO CENTENARIO DA
Em taes casos a Liga Americana na applicação ilas como o provam as respectivas disposições do Codigo Civil
regras juridico-internacionaes dará a estas, sempre o ca c do Codigo Penal. que. todavia, precisam de reforma.
racter universal». 0 Congresso aconselha á União Federal a adopçâo.
Na secção de Direito Judiciario foram, entre muitas com o caracter geral, das seguintes medidas que entende
outras, approvadas as conclusões que se seguem: se acham dentro de suas attribuições constitucionaes:
Relativas ás theses VI e V II a) util. sem duvida, 1 — Conceituação do que deva ser considerado menor
como elemento de prova da capacidade judiciaria dos can abandonado, moral ou materialmente, tendo sempre em at-
didatos a cargo da judicatura, o concurso não é. entre teiiçâo. na formulação dos preceitos legaes. o caracter alta
tanto. essencial a essa prova: b) O critério adoptado pelos c amplamente preventivo que deve ter a legislação a esse
art. 14. paragraphos 2.® e 4." e art. 15. paragraph*» 2., respeito, de fórma a evitar, cohibir e tolher a actuação
do deer. n. 9.263, de 28 de dezembro de 1911. satisfaz, c desenvolvimento de toda e qualquer causa inhibidora
á vista dos bons resultados que tem produzido e delle ou perturbadora da educação e formação moral e mental
decorre a necessidade da investidura vitalícia, para melhor do menor, a sua perversão directa ou indirecta, mediata
assegurar, desde logo. a independência do juiz. Quanto á ou immediata, tendo sempre como objectivo fundamental
these V II: a) As íuneções de juiz devem ser especializadas o amparo tutelar do menor e a punição dos respectivos
em ordem successiva, de modo que ao attingir cllc o mais pais (ou responsáveis) pela sua negligencia no desempenho
alto gráo da hierarchia judiciaria esteja complctamcntc fa dc seu alto ministerio familiar e social, podendo ser to
miliarizado com todos os ramos da judicatura; b) O decr. madas como base do projecto, de modo a soffrcr as mo
n. 9.263. de 28 de dezembro de 1911. que reorganizou dificações convenientes, as disposições contidas no art. 3.®.
a justiça do Districto Federal, comprehendeu bem essa paragraphos 1.® a 15.® e 22.° da autorização legislativa
necessidade e dispoz de modo a satisfazcl-a. contida na lei n. 4.242. de 3 de janeiro de 1921.
Da these III. relativa á criação de tribunacs regionaes: II — A adopçâo. como base de projecto, com refe
a' A Constituição da Republica não permitte a crcaçâo rencia aos menores delinqüentes das medidas de prevenção
de tribunaes de segunda instancia. na justiça federal; unico penologica cm substituição ao critcrio actual de repressão,
tribunal dc segunda instancia é o Supremo Tribunal Federal. e contidas nessa autorização legislativa, paragraphos 16 a
b) O principio da alçada é consentaneo com o verda 28 e 31 a 36. de modo que o menor de 14 annos in
deiro sentido do art. 59. n. li. da Constituição. digitado autor de crime ou contravenção não seja sub-
Ainda foram approvadas as seguintes conclusões: mettido a processo penal e o maior de 14 e menor de
18 annos seja submettido cm regra geral, ao processo
Quanto á these 1.»: especial de menores delinquentes, de maneira que. em um
a) A uniformização do direito processual, embora não caso como em outro, á autoridade judiciaria privativa seja
possa ser considerada propriamente como elemento indis outorgada ampla faculdade de acção de technica de ap
pensável de conservação da unidade nacional, auxilia, sem plicação das medidas preventivas que cada caso exigir.
duvida, o fortalecimento dessa unidade. III A presença dos pais ou tutores, como elemento
b! A vista dos notivos expostos, urge que a União e esclarecedor e dc assistência moral e como objecto dc
os Estados se concertem para realizar e manter a uni actuação penologica. será sempre coercitivamente obriga
formização pelo modo acima indicado. tória. nos actos do processo penal, e passível sua violação
Quanto á these 2.» : das convenientes seneções legaes.
a) O critério fundado nas fórmulas — «decisorium litis IV. O processo a que forem submettidos os meno.-es
e ordinatorium litis», faz discriminar com exactidão a com delinqüentes, será sempre secreto, em locacs proprios c
petência da União da competência dos Estados, para le nos Estados em que os não houver em horas diversas do
gislar sobre a acção judicial. serviço judiciario commum. permittida. porém, a assistência
b) Além do instituto da fallenda, ha outros institutos dos representantes das sociedades quaesquer de patronato
juridicos em que a materia de direito adjectivo é inse de menores, além das pessoas indicadas na conclusão an
parável da matéria de direito substantivo, competindo, por terior. constituindo coacçâo illegal a infracçâo dc qualquer
tanto. á União legislar também sobre aquelle. dispositivo a isso attinente c considerada essa violação de
c) Não é meramente suppritiva. mas privativa, com licto funccional de perversão de menores.
as restricçõcs indicadas, a attribuição conferida pela Con V. A internação dos menores delinquentes c abando
stituição da Republica aos Estados para regular o direito nados será sempre a reformatorios especiaes. no primeiro
processual de suas justiças. caso e a escolas premunitorias de preservação, no segundo,
Quanto á these IV: tendo como cscôpo funccional, ambos, a reeducação e edu
a) O incremento da vida judidaria e a necessidade de cação preservadora, debaixo do ponto de vista da pre
solução rapida de certas situações de anormalidade, apre venção c nunca dc repressão, sendo fixado um prazo
ciáveis de plano pelos tribunaes e incabíveis no remedio proprio para a applicação do preceito aos Estados.
do «habeas-corpus». exijem a creaçâo de um instituto pro VI. A expressa prohibição do emprego de menores de
cessual capaz de reintegrar o direito violado; b) As con 16 annos em botequins ou tavernas ou em qualquer esta
dições para sua admissibilidade e o complexo dc actos belecimento destinado á fabricação ou venda de bebidas
que devem constituir sua fórma. são assim delineados. alcoólicas, bem como a permanência ou estadia de me
Quanto á these V: nores dessa idade a qualquer titulo, em taes locaes. e
a) A questão prejudicial, antecendente logico — juridico bem assim entregarem-se a occupações que se exerçam na
de um delicto — não deve suspender a instancia criminal via publica.
até que a jurisdicção civil se pronuncie definitivamente Outrosim, o Congresso faz votos para que a União
sobre essa questão: b) Harmoniza-se melhor com a na adopte no Districto Federal e os Estados lhe sigam o
tureza e o fim politico e jurídico da justiça repressiva exemplo, a instituição norte-americana dos «probations of
commetter toda a matéria de defesa, qualquer que ella ficers» (delegados de prova e perquirição tutelar) como
seja. a essa justiça; c) Havendo, porém, «caso julgado» elemento auxiliar indispensável do juizo privativo de me-
no civil, anterior ao pronunciamento definitivo do tri
bunal de repressão, e versando aquelle sobre questão re E quanto i 4.* these: — 1.® São necessarias e urgentes,
lativa ao «estado da pessoa» ou i «priedade». deve ser no Brasil, reformas na legislação em vigor sobre a re
recebido como verdade. pressão da vagabundagem e da improba mendicidade.
Na secção de Direito Penal foram approvadas as se 2. ® Devem ellas consistir:
guintes conclusões, além de algumas emendas additivas: a' por parte da União, em definir, como contravenção,
Quanto á 1.» these: 1.» — É incompatível com as sómente o facto de viver, habitualmente, sem ter occupação
necessidades da defesa social a abolição, levada a effeito honesta (vadiagem) ou mendigar habitualmentc. podendo
na legislação brasileira, de todas as penas eliminatórias. trabalhar:
2.» — Aos grandes criminosos, presumidamente incor b) por parte da União, na instituição da pena de in
rigíveis. devem ser applicadas penas de segregação por ternação. por tempo interminado dentro de um maximo
tempo absolutamente indeterminado fixando-se, porém, como e dc um minimo, em estabelecimentos exclusivamente des
minimo e maximo da pena comminada para o delicto. tinados a mendigos c vadios adultos c profissionaes;
Quanto á 2.» these: 1.» — Póde ser adoptada no c) por parte dos Estados, na instituição de normas pro-
Codigo Penal Brasileiro a pena relativamente indetermi ccssuaes adequadas e na creaçâo dos estabelecimentos acima
nada. para os criminosos corrompidos e corrigíveis, como indicados;
medida geral applicavel cm todo o paiz. comtanto que a d) por meio de um accordo entre a União e os
sua applicação seja subordinada á existência de determi Estados, na creaçâo de um archivo central de informações
nadas instituições na legislação do Estado. sobre os vagabundos e mendigos, a cargo do Ministerio
2.“ — A adopçâo da pena relativamente indeterminada da Justiça.
para tal classe de criminosos, na legislação federal, deve 3. ® Nos institutos disciplinares é obrigatória a in-
revestir a fórma de uma faculdade, concedida ao juiz de strucçâo moral e civica. Aos internados serão facultadas
decretar, ao envés da pena prefixa, a internação do con- as praticas da religião de cada um. compatíveis com o
demnado em reformatorios organizados sob o systema pro regimen escolar, o ensino da respectiva doutrina minis
gressivo. por um tempo não inferior ao minimo, nem ex trado sem caracter official.
cedente ao maximo da pena legal, desde que a legislação Todas as demais theses foram adiadas para serem
do Estado haja creado tribunaes especiaes para a revisão votadas em outro congresso juridico pela falta absoluta de
periodica da sentença condemnatoria e organizado o pro
cesso destes julgamentos. F: com pezar que nos limitamos a estes poucos subsídios
Quanto á 3.* these — A competenda constitucional para a relação completa dos princípios firmados pelo Con
dos Estados não obsta á adopçâo de uma lei uniforme de gresso Juridico do Centenário. A angustia de tempo não
protecção á infancia. moralmcnte abandonada ou delinquente. nos permittiu demorada consulta ás actas das reuniões.
o o o 346 o o o o
INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
unico meio de effectivar o desideratum que tínhamos cm empenho de produzir obra u til. E. por isso mesmo, o
vista, uma vez que a imprensa não poude registrar senão Primeiro Congresso Brasileiro de Carvão e outros com
parte minima das conclusões linaes do congresso. No que bustiveis nacionacs logrou o mais feliz exito, assignalando
ahi fica, todavia, demonstra-sc a efficacia da admiravcl as- o inicio de uma nova phase de animadoras esperanças para
sembléa cuja reunião devemos ao Instituto da Ordem dos a industria nacional.
Advogados. Teve^ depois a palavra o Dr. Gonzaga de Campos.
o o o o o o 347 o o o o o
LIVRO DE OURO COMAIEAIORATIVO DO CENTEXARIO DA
directa, sc c que esses typos podem subsistir, adoptados neficos effcitos desta reunião, que não termina com a sau
os mais cconomicos typos de geradores da energia; bene dosa despedida.
ficiados os carvões cm meio da agua. do ar comprimido ou Porque nada esquecestes, não sómente na technics dos
rarefeito.'o u sob a acção dos fluidos eleetrostaticos. ou combustíveis, defendendo os de origem mineral c seus
pelo cffcito da sua propria energia calorifica nos appa- productos, os vegetaes cm todas as suas modalidades, da
relhos de distilação. ha de desdobrar-se nos elementos lenha c do carvão da madeira: e ainda insistindo sobre
mais apropriados aos melhores processos da metalurgia e a palpitante e momentosa applicaçáo dos que resultam da
da fabricação do cimento. fermentação, do trabalho dos infinitamente pequenos, mas
A unica distineção que subsiste é o accidente communi, de alcance infinitamente grande para a economia dos nossos
o pcceado original de se ter formado, de ter nascido geradores de energia, do álcool industrial que foi objecto
aqui ou ali. que o obriga a contribuir no máximo para constante dos nossos desvelos.
o bem patrio, reservando a extensão geral ao hem da Em compensação parece que temos sobejos motivos
humanidade para segundo plano, no caso em que o raio para congratular-nos comvosco pelo feliz exito dos tra
de acção lhe permitta essas viagens bemfazcjas. balhos desta associação, de cultura de amisade intima,
E eis ahi por que agora vimos agradecer aos pro- que nos proporcionou o Ministerio da Agricultura.
motores deste Congresso, onde acabamos de aprender e de
verificar todo este acervo da verdade scicntifica e in
dustrial. nas memorias c orações de uma plêiade de moços
illuminados de conhecimentos profundos, c promptos a cm-
prcgal-os com toda a sua energia nas pesquizas e estudos 2.® CONGRESSO INTERNACIONAL DE FEBRE APHTOSA
cxperimcntacs para o aproveitamento dos combustíveis bra-
{■'. por isso que não nos cansaremos de bcmdizcr todos O 2.® Congresso Internacional de febre aphtosa inau
aquelles que nessa grande obra contribuiram: e me pçr- gurou seus trabalhos cm 21 de Outubro de IQ22. reali
mittireis succinta enumeração, desculpando ommissõcs in zando-se a solcmnrJade inaugural na sede da Sociedade
voluntarias. Ao vulto superior de Rodrigues Alves, c a Nacional de Agricultura.
actividadc pertinaz c patriotica de seu minisro. engenheiro Fizeram-se representar neste congresso os paizes. insti
Lauro M uller, muito devemos pela vinda da missão VX'hite. tuições. Estados. repartições e associações seguintes: Suécia,
cujos beneficos cffcitos ainda hoje perduram. pelo ministro Johan Theodor Paiics Cuba. pelo ministro
Ao venerando estadista Affonso Penna. secundado pelo Enrique Pérez Cisneros: Grã-Bretanha, pelo secretario de
incansável lidador, engenheiro Miguel Calmou, que no embaixada Ernest Hamblock: Estados Unidos da America
actual certamen nos guia á luz brilhante do impreterrito do Norte, pelo commandantc F. E. Sellers: Costa Rica.
civismo, nossos louvores pela crcaçâo do Serviço Oco- Sr. Oalvão Bueno. Polonia. Chile. Guatemala. Noruega.
Em épocas mais proximas devemos muita gratidão Hespanha. China. França. Ministerio da Agricultura, da
pelos favores cspcciaes á industria carvoeira, á adminis Inglaterra. Sir. Douglas Newton: Estado do Pará. Dr. O.
tração do eminente brasileiro Wenccsláo Braz. auxiliado de Lyra Castro: Ceará. Dr. Thomaz Pompeu Filho: Rio
pela energia, operosidade do engenheiro Pereira Lima, que Cirande do Norte. D r. Rapacl Fernandes Gurjão: Parayba.
muita honra e brilho vein trazer com a sua presença, e Dr. Octavio de Albuquerque: Alagoas, doutor Mendonça
conselhos de reconhecido tino aos trabalhos do Con Martins: Sergipe, doutor Gilberto Amado; Santa Catharina,
gresso do Carvão. D r Adolpho Konder. Rio Grande do Sul. D r. Ildcfonso
Nem podemos esquecer o influxo benefico, que sobre Simões Lopes: Goyaz. Dr. Joviano Alves de Castro: se
todos esses actos teve a grande associação, que hoje nos cretaria da agricultura de S. Paulo. Dr. Luiz Picollo:
acolhe com o amistoso agasalho, quotidianamente prcstjdo Escola de Agronomia e Veterinaria do Pará. doutor Lyra
ás boas ideas. O Club de Engenharia foi sempre o grande Castro c Sociedade Brasileira de Medicina e Veterinaria,
propugnador das concepções alcvantadas. Não podia deixar doutor Heitor de Assumpção Santiago. D r. Ruy Pereira
de ser o do nosso assumpto. Ahi está ao nosso lado um
dos maiores luminares. Osorio de Almeida, que desde
1894. cm concludentes expericncias na Central do Brasil, Presidente benemérito. D r. Epitacio da Silva Pessoa,
demonstrara as vantagens do emprego do carvão nacional. presidente da Republica: presidente de honra, doutor losé
A commissào de carvão crcada nesta casa desempe Manoel de Azevedo Marques, ministro das relações exte
nhou-se da sua tarefa do modo mais brilhante, tendo á
frente a operosidade vibrante do grande cidadão almirante riores: Dr. J. Pires do Rio. ministro da agricultura; Dr.
Jpsé Carlos^ de Carvalho, de companhia com o pranteado Hdefonso Simões Lopes, ex-ministro da agricultura: Dr.
Miguel Calmon du Pin c Almeida, presidente da Sociedade
Por essa occasiáo actuaram grandemente no adiantado Nacional de Agricultura e da sub-coinmissão de congressos
passo na economia dos combustíveis a adopçáo do carvão do centenário e os representantes de paizes estrangeiros,
pulverizado pela Central do Brasil. — do engenheiro dos vice-presidente de honra. Dr. Carlos Chagas, director geral
mais distinctos, cujos meritos de administradores ficaram do Departamento Nacional de Saude Publica: D r. Antonio
bem gravados na consciência do paiz: Arrojado Lisboa e Assis Pacheco Leão. vice-presidente da sub-commissão de con
gressos do centenario e os representantes de instituições
c associações estrangeiras e nacionaes; presidente effectivo.
Nos ultimos annos, ao crepusculo do primeiro século Dr. Alcides de Miranda, director do serviço de industria
da nossa independência politica, orientando o paiz com mão pastoril; vice-presidente, Dr. Aleixo de Vasconcellos, Dr.
firme e segura ao rumo da independência cconomica. vemos Henrique Marques Lisboa e Dr. Armando Rocha; secre
o actual presidente da Republica prestar decidido apoio á tario geral. Dr. Epaminondas Alves de Souza: l.° secre
industria dos combustíveis cm muitos actos successivos, tario. Dr. Jorge Sá Earp: 2.° secretario. D r. Mariano de
dentre os quaes destacaremos dois: fundar a estação ex Lampos, J.° secretario. Dr. Taylor de Mello e 4.° secre
perimental ele combustíveis e mincreos c ordenar a missão tario. Dr. Moacyr Alves de Souza.
Maury da Rocha, com o fim especial de verificar a pos Foram constituídas as seguintes commissôes : I.® —
sibilidade de obter dos nossos carvões o coke mctallurgico. etiologia: 2.0 anatomia pathologica; 3.° — prophylaxis;
indispensável á grande siderurgia brasileira. 4.0 — therapeutica.
Os frutos de tacs actos vos foram presentes no de Figuraram entre theses discutidas
curso das nossas reuniões c estudos. Por clles vistes, e bem
alto proclamastes taes conquistas no dominio da technics Anatomia pathologica da febre aphtosa». pelo Dr.
c seu alcance para a vida do paiz.
Não ha portanto titulos que mais possam recommcndar Carlos Pinheiro Chagas: Concentração do soro anti-aphtoso.
o preclaro cidadão aos justos applausos nossos. pelo Dr. José Baeta Vianna; .A prophylaxis da febre
Culminando temos de considerar a acção perenne e aphtosa pela sorothcrapia preventiva», pelo D r. Henrique
immorrcdoura do nosso presidente, engenheiro Simões Lopes, Marques Lisboa: «Relatório», do Sr. Annibal Duarte; «Meios
ainda ha pouco sagrado benemérito patricio na gestão dos therapeuticos c prophylaticos». pelo doutor Luiz Piccolo,
públicos ncgocios. e <I ratamento da febre aphtosa». pelo D r. O. Magalhães.
De longa data vinha clle propugnando na Camara ralando na sessão de encerramento do Congresso, o
dos Deputados por quebrar essas cadeias da dependência sr. Ur. Aleixo de Vasconcellos teve as seguintes palavras,
estrangeira, com o projecto de auxilios para incentivo da que dão bem a significação de que se revestiu o im
industria carvoeira. Sugeria depois a instituição do Con portantíssimo certamen promovido pelo Ministerio da Agri
cultura:
gresso do Carvão. Eis ahi uma prova de quanta perti
nacia da dedicação ás coisas patrias é necessário para Encerramos hoje o 2.® Congresso Internacional de
chegar ao dia de vcl-as resolvidas. r core Aphtosa. satisfeitos com os seus resultados. Ninguem
No alevantado proposito, não podemos esquecer o pretendeu affirmar. neste certamen, a resolução da pro
,mr: de
Ho Cincinato
r,nem ,.o R . . . . - talento c „ n|ma nacjona|
Braga, phylaxis dessa molestia, que ha tantos annos, e em varios
sempre rejuvcnecidos. sempr a apontar e a defender a paizes do mundo, nos assola periodicamente, produzindo
tao senos prejuízos. Náo foi também intenção dos scien-
rapido progresso de enrique- tistas que muito têm cuidado de esmerilhar os segredos
cimento do Brasil. ' P
E agora só me resta agradecer a > Snrs. congressistas V “ » ii ” *0. impôr as suas idéas. os seus princípios
o esforço ininterrupto em prol da i . „ „ „ a scicntiticos ou os seus methodos de pesquizas. á sanção
portancia e valia ahi estão estereotypadas nas excellentes superior da grande assembléa.
• ricos de dados c algarismos con- Iodas as nações estão, evidentemente, empenhadas no
esclarecimento dos enigmas relativos á etiologia, á epi-
largo prazo os be- drmiologia c á prophylaxia de tão terrivel molestia, por
o o o o o o 348 o o o o o o
C O M P A
£ s ta C o m p an h ia a d q u in u as m a rc a s , a rm a zé n s e v in h e d o s d a s seg u in tes e m p re z a s :
V I UVA GOP1ES (a p rin c ip a l casa de C alares)
COMPANHIA V IN ÍC O L A (ieCOLARES L?a; ’
iO S E MARIA da FONSECA.Sucessor,L ^ iA m n z ens V ila PeretraJ
_____ easbem conh e cid a s marcas de-vmho
IHAM e WELSH, q u e ner
conjunto ocupam o primeiro loqar na ej
vinhos d a M ad eira.
O O o o o 349 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MOR ATIVO DO CENTENÁRIO DA
Bahia. Escola de Engenharia de P. Alegre. Faculdade de preparatórios, dc commercio e dc philosophia, esse con
Medicina de Porto Alegre. Instituto de Chimica de Porto gresso teve um programma bem organizado:
Alegre. Instituto de Chimica do Ministerio da Agricultura, Além da discussão de theses, foram os seguintes os
Instituto Oswaldo Cruz. Instituto de Chimica Industrial da seus fins: a) reforma do programma dc ensino com au
Escola de Engenharia de Bello Horizonte. Instituto Agro- x ilio dc professores: b> esforçar-se por conseguir do go
nomico de Campinas. Instituto de Chimica Industrial do verno federal a fundação de escolas modelo em Belém c
Pará. Sociedade Nacional de Agricultura. Museu Nacional. Recife. Bahia c Rio. S. Paulo c Porto Alegre; c) promover
Escola Normal de Nicthcroy. Escola Superior do Com conferencias publicas: d> organisar a revista de estudantes:
mercio. Academia do Commercio do Rio de Janeiro. Liga c> fundar a bibliotheca c livraria.
do Commercio. Companhia Brasileira de Productos Chi- As theses foram divididas em varias secções, inscrc-
micos. Laboratorio Bromatologico da Saude Publica. La- vendo-se. entre outros, os seguintes congressistas.
boratorio de analyses do Estado de Minas Qcraes. Labora Pholosophia — Milton Barbosa e Celso Octavio.
torio Chimico Pharmaceutico M ilitar. Fabrica de Polvora literatura — Ernani Reis. Celso Kelly. Annibal Ar
dc Piquete. Laboratorio Technico Analytico da Armada. robas. M ilton Barbosa c Roberto da Motta Macedo.
Laboratorio do Corpo de Bombeiros. Laboratorio do Ser Linguística — Archimedes Mariano de Azevedo. Er
viço Gcologico e Mineralógico. Estacão Experimental de nani Reis. Cavalcanti Proença. Annibal Arrobas c Selso
Cosbustivccis e Minérios, e Laboratorio da Inspectoria de Kelly.
Fiscalização do Leite. Historia — Francisco P. da Silva Chaves. Hilton Jesus
Foram submettidas á apreciação do congresso 71 theses Qadret. Annibal Arrobas. Celso Kelly. Milton Barbosa. Ro
e memorias que foram attentamente examinadas c discu berto da Motta Maccda e Arthur da Motta Macedo Junior.
tidas no seio das commissõcs c no plenário, dando origem Ocographia Hugo Auler e Helcio Aulcr.
a numerosas conclusões. Artes — Celso Kelly. Luiz Guimarães c M ilton Barbosa.
Funcckmaram 5 commissões especiacs. constituídas por Mathematicas — Archimedes M. Azevedo, Oswaldo Ribas
142 congressistas. Realizaram-se diariamente sessões parciaes Leitão. Paulo Bandeira de Mello c Ernani Figueiredo.
ou das commissões e quatro sessões plenas. Scicncias physico-naturacs — Alberto Americano Freire.
O empenho verdadeiramente notável, demonstrado por Danilo Rangel Brigido. Paulo Bandeira de Mello. Ernani
todos os Srs. congressistas cm contribuírem com as suas Figueiredo e Arthur da Motta Macedo Junior.
luzes para a melhor solução das questões propostas ao Pedagogia — Celso Octavio c Ernani Figueiredo.
congresso, o valor dos trabalhos apresentados, os animados Houve também trabalhos dc literatura, nos quaes se
debates travados assim nas commissõcs cspeciacs. como em inscreveram os Srs. Hugo Aulcr, Cavalcanti Proença. Milton
plenário c a importância das conclusões adoptadas. cor Barbosa. Ernani Reis. Celso Kelly. Archimedes M. de Aze
responderam perfeitamente aos altos desígnios dos que vedo. Borman Borges c outros.
promoveram c organizaram o certamen. O congresso teve como seu representante dirigente um
conselho superior composto dos professores Pedro do
Coutto. Mario Barreto. Silva Ramos. Daltro Santos. Oliveira
de Menezes. Raja Gabaglia. Mendes Aguiar. Honorio Syl-
CONORESSO DOS ESTUDANTES DAS ESCOLAS vestre. Nunes Ferreira e Euclydes Roxo.
SECUNDARIAS DO BRASIL Foram considerados socios honorarios os Srs. barão
dc Ramiz Galvão. conde de Affonso Celso. Carlos de Laet,
Agliberto Xavier. Prado Kelly. Benedicto Raymundo da
Composto dc estudantes dos Collcgios Pedro II e Silva. Mauro Alves de Aguiar Campel lo c T ito Livio de
M ilitar. Escola Normal, collcgios particulares, cursos dc Sant'Anna.
HOMENAGENS ESTRANGEIRAS
Dc todas as grandes nações do globo recebeu o Brasil, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA DO NORTE
por occasiâo do primeiro centenário dc sua independência
politica, as mais inequívocas manifestações dc apreço, admi
ração e carinho fraternal. Não foi. apenas, o concurso Srs. Charles Evans Hughes, secretario de Estado e
brilhantíssimo de grande numero delias ao grandioso cer embaixador extraordinario e plenipotenciário: O. Stephen O.
tamen em que demonstramos nosso admiravel progresso Portei, presidente da commissão dos negocios estrangeires
cm todos os sentidos: foram também as embaixadas e da (.amara dos Deputados, enviado extraordinario: almi
missões especiaes. composta de nomes illustres, universal- rante H illa ry P. Jones, enviado extraordinario: major ge
mente venerados alguns, na politica, na scicncia. nas artes neral Robert Bullard, enviado extraordinario: Edward R.
e nas letras: foram ainda outras m il provas dc gentileza rich , enviado extraordinario: contra-almirante G. VI'. W il
que nos fizeram transbordar de commoção o coração agra liams. chefe do estado maior: contra almirante G. T. Vo-
decido. Na resenha incompleta que damos a seguir das gclgesang. ajudante de campo, especial, do secretario de
homenagens prestadas ao nosso pais pelos povos amigos Estado: capitão de corveta. J. James, ajudante de campo
fica patenteada a alta consideração em que somos tidos do almirante Jones: capitão V/. M. Cafee. ajudante de campo
nos dias de hoje pelo mundo. Teve nosso esforço pela do general Bullard: Goodwillic e Hugh M illard , secretários.
grandeza cada vez maior da patria a sua regia recom
pensa. Ao sentimento de justo orgulho que tacs mani
festações em nosso espirito despertam, saibamos comtudo PORTUOAL
unir o nosso profundo reconhecimento pelo que houve de
espontâneo e generoso no gesto amavel desses povos, cuio Dr. Duarte Leite Pereira da Silva, embaixador extra
exemplo nos tem sido atravez dc nossa vida dc nação ordinario e plenipotenciário; Sr. A. Oago Coutinho. en
independente o mais forte estimulo na conquista do fu viado extraordinario: Dr. Joaquim IVdroso. conselheiro de
turo grandioso. legação; capitão de fragata. Joio Augusto de Oliveira
Muzanty. addido extraordinario: capitão dc fragata Arthur
Freire de Sacadura Cabral, addido extraordinario; Dr. João
de Lebre Lima. segundo secretario: Dr. Manoel de Antas
dc Oliveira. 2.» secretario.
EMBAIXADAS E MISSÕES
ORA BRETANHA
Fioravanti e conde Stanislau Catcrini. guardas nobres: Fra Sir John Tilley, embaixador extraordinario: Sr. Walter
cisco Rossi Mockalper. protonatario apostolico, primeiro con Annesley Stewart, conselheiro de embaixada; general H-
selheiro: Francisco Maria Vagni. camareiro secreto da Santa K Bcthcle. addido m ilitar representante do exercito bri-
Sé. segundo conselheiro,: Tosti, secretario. tannico; capitão de mar c guerra Sidney R. Bailey, addido
naval; tenente-coronel H. \V . C. Cole, conselheiro com-
O O O O O 350 O O O O O
IN D E P E N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
C H ILE BOLIV IA
Sr. Guillerme Subcrcaseaux. embaixador extraordinario Sr. Juan Manuel Sainz. embaixador extraordinario e
c plenipotenciário: Sr. Guillermo Bahados. senador da Re plenipotenciário; Sr. Julio Tellez Reyes, chefe do proto
publica ; Sr. Oustavo Silva, deputado; Sr. José Maza. de colo do Ministerio dos Negocios Estrangeiros da Bolivia.
putado : general de divisão Luis Brieba: contra-almirante l.° secretario da embaixada, e Sr. Roberto Paravicini. 2.°
Agustin Fontaine; Sr. Alejandro Erzbazuriz. conselheiro de secretario da embaixada.
embaixada; Sr. Eduardo Allcssandri. secretario da embai
xada : Sr. George Savedra. Sr. Abel Savedra. e Herman
Cuevas, addidos á embaixada; capitão de corveta Agustin PERO
Pratt, ajudante de campo do almirante Fontaine: capitão
Arturo Morino. ajudante de campo do general Brieba. Dr. Juan de Dios Salazar y Oyarzabal. embaixador;
Sr. Cesar A. Elguera. enviado extraordinario, em missão
especial: D r. Marcial Pastor. 1 ° secretario; Sr. Sebastian
Salinas Cossio. 2.° secretario: D r. Eudoro Aguilar y Oliva.
IT ALIA 2.» secretario; D r. Edgardo Rebagliati. 3.° secretario; Srs-
German P. Miranda. Manuel E. Sanchez Concha. Carlos
General Prico Caviglia. senador, embaixador extraor J. Salas Perales e Luis Cuneo Harrison, addidos i em
dinario: Dr. Mario Lombardi, secretario: tenente Mario baixada ; tenente-coronel Enrique V. Gomez, addido m ilitar,
de Andreis, secretario. e commandantc Juan Pabio Santivancz. addido m ilitar.
HESPANHA
EQUADOR
Sr. Antonio Benitez, embaixador extraordinario: Sr.
Carlos Miranda y Quartin. secretario: commandante do Sr. Rafael Maria Arizaga. embaixador especial: Sr.
estado maior Julian Chacel Norma. Cczar Chiriboga Gangotena. 1.» secretario, e Sr. Tomas
Vega Toral. 2.» secretario da embaixada.
C H IN A CUBA
Embaixador especial Shia Yi-Ding: secretários. On Tsin-
Shmng. Toung-Dekien e Liou Nai-Tchiun. Dr. Enrique Perez Cisneros, enviado extraordinario e
ministro plenipotenciário, em missio especial, e D r. José
Gomez Garriga. I.° secretario de legatio.
JAPAO
NORUEGA
Sr. Kumaichi Horigoutchi. embaixador extraordinario:
“ J*- «yoji Noda. I.° secretario de embaixada: Sr. Yashicchi
Uhtam. 2.0 secretario; capitio de Fragata Togo Kawano. Sr. F. Herman Gade. enviado extraordinario e ministro
addido naval; capitio Yasusaburo Nakayma. addido militar. plenipotenciário: Sr. E. Friis Baastad, antigo encarregado
dc negocios e secretario da m issio; Sr. Carl F. Sandberg,
conselheiro commercial, commissario geral da exposição;
COLOMBIA Sr. Per Larssen. director da sectio commercial do Minis
terio dos Negocios Estrangeiros, perito commercial] da missio,
conselheiro de leg atio : capitão de artilheria Carl Rustad.
General Carlos Cuevo Marquez, embaixador; Dr. Al antigo addido militar da legatio, addido technico da missão,
fredo Carreno. l.o secretario. secretario de leg atio ; Sr. Ocivind Loreten. representante da
marinha mercante noruegueza. secretario de leg atio ; Sr.
Nordskog. representante do commercio norueguez, secre
TCHECOSLOVAQUIA tario de legatio.
Sr. Adalbert Masthy. embaixador extraordinario; Sr. SUÉCIA
Miroslaw. J. Schubert, secretario.
Sr. John Theodor Panes, enviado extraordinario e mi
nistro plenipotenciário: Sr. Erick Bernstroin. commissario
URUGUAY geral junto á expositio, c Sr. Arcndt Holmbcrg. vice-consul.
O O O O O O 351 o o o o
UVRO D t OURO COMME MORAT N O DO CENTENARIO DA
DINAMARCA
Sr. O. Mohr, enviado em missão especial; Sr. Fred Nasceu Antonio José de Almeida em 1866, na pro
Ruse, conselheiro de legado, conselheiro technico da missão vincia da Beira, concelho de Pcnacova. Estudou prepara
especial, e Sr. K. Kruse, secretario da missio especial. tórios no lyccu annexo da Universidade de Coimbra, ma
triculando-se na Faculdade de Medicina da mesma Univer
sidade em 1889.
BULGARIA No anno de 1890. um artigo intitulado — Bragaufa,
o ultimo e referente á questão com a Inglaterra, valeu-lhe
tres meses de prisão, do que resultaram comícios de pro
Sr. Itoyan Oniartchewslcy. enviado extraordinario em testo por parte de seus collegas, vendo-se o governo for
missão especial: Sr. Dr. Mamilos. 1.° secretario, e Dr. cado a lançar mão de medidas enérgicas para restabelecer
Stamolwsliy. 2.» secretario.
Tomou parte na conspiração de 31 de Janeiro de
189). e em 1896. j:i medico, escreve um biographo. .em
NICARAGUA barcou para a Africa, onde. na ilha de S. Thomé. fundou
com varios amigos a Associação Pró-Patria. destinada a
Sr. R. J. Kinsman Benjamin, consul geral, encarregado prestar, a todos os portugueses invalidos, serviço de soc-
de ncgocios. corro e assistência hospitalar. O Hospital 1‘rtí-Patria, crcado
com todos os requisitos da scicncia. foi. desde a fundação,
o melhor estabelecimento do seu genero em todo o con
GUATEMALA E HONDURAS tinente africano».
Nessa colonia conscrvou-sc o sr. Dr. Antonio José de
Sr. Maximo Solo Hall. delegado Almeida até 1903. .De volta, nesse anno, a Lisboa, logo
entrou para o partido republicano como um de seus membros
mais influentes, não pelo prestigio pessoal, ainda não fir
SAO SALVADOR mado nas massas populares da capital, mas pela acção
desenvolvida em arduos trabalhos de propaganda».
Sr. Gustavo A. Ruiz. delegado. Em Fevereiro de 1905. o povo de Lisboa enviou-o
Acompanhavam as embaixadas e missões os seguintes como seu deputado ás Cortes, onde a politica dominante
officiat-s e civis brasileiros a cilas addidos: lhe rasgou o diploma. No anno immediato, em Janeiro,
A de Santa Sé. os Srs. Dr. Amilcar Marchesini e major o mesmo acontecia: cm agosto, porém, remodelada a po
Gomes Ferraz: á dos Estados Unidos, os Srs. capitão de litica. pela quéda successiva de diversos gabinetes transi
fragata Raddler de Aiiuino. capitães de corveta Nogueira torios, era o republicano recebido, cmfim. no Parlamento.
da Gama e Vieira P. Mello. 1.® tenente Hugo Pontes, co Subia então ao governo o ministério João Franco: inau-
ronel João Lopes de Oliveira Lyrio e capitão Souza Pinto: gtirava-se cm Portugal um novo. derradeiro, periodo de
á de Portugal, os senhores capitão de fragata Adalberto rcaccâo ntonarchica. rigoroso-.
Nunes, capitão-tenente Belfort Guimarães c capitão Silvio Iniciaram-se as conspirações, alimentadas pela dedicação
Po rtilla : á da Franca, o capitão Souza Reis; á da In de Alexandre Braga. Affonso Costa. João Chagas. Miguel
glaterra. os capitães de corveta Gaston Laviguc e Américo Bombarda e outros.
Pimentel e 1.® tenente Fonseca Costa: á da Belgica, o Deveria rebentar a revolução a 28 de Janeiro de
major Correia do Lago: á do Mexico, os Srs. capitão 1008. Nesse mesmo dia era Antonio José de Almeida
de fragata Amphiloquio Reis, capitão-tenente Franco Vellozo. preso, pois o governo fóra de quasi tudo instruído. E
coronel José Ribeiro Gomes e capitão Isauro Requeira: a I de Fevereiro, dia seguinte áquctlc em que o governo
á do Chile, os senhores capitão Leitão de Carvalho e ca de João Franco quisera commcmorar o anniversario da
pitão-tenente Soares de Pinna: á do Japão, os senhores revolta do Porto, decretando a proscripção em massa de
capitães de corveta Freire de Carvalho e A/evedo Milanez todos os republicanos presos, dava-se o regicídio.
e capitães Genscrico Vasconccllos e Sylvio Noronha: á do Houve uma pequena interrupção no movimento revo
Uruguay. Srs. major Galvâo Bueno e capitão tenente R. lucionário. Antonio José de Almeida c seus companheiros
Giiillobel ;i d o Paraguay, o tenente-coronel Franco Fer foram soltos, mas de forma alguma quiseram valer-se da
reira: ;i da Argentina. Srs. Armando Duval e capitão de situação crcada pelo regicídio, a que foram estranhos.
corveta Lemos Lcssa: á da Bolivia, o major Pires de An Só dois annos depois, se repetiu a tentativa revoju-
drade: :í do Peru, o capitão Bertholdo Kluger: i do cionaria. implantado-se a Re|>ublica ao fim de tres dias
Equador, o capitão Pedro Cavalcanti: á de Cuba. o Dr. de luta. entrando Antonio José de Almeida para a pasta
Octavio Brito: á da Noruega, o Sr. Francisco Guimarães; do Interior, antigo Ministerio do Reino.
á da Suécia, o senhor Galvão Bueno; á da Suissa. o capitão Parece que esse logar era appctccido pelo grande eco
Villcmon Machado e consul Camillo Pereira; :í dos Paizes- nomista sr. Ba/ilio Teles, a quem deram a Fazenda. Teria
linixos. o Sr. Jorge Olyntho: :í da Dinamarca, o Dr. Amilcar
Marchesini: á da Bulgaria, o Sr. João Ruy Barbosa: á
da Nicaragua, o Sr. Joaquim Eulalio.
A VISITA DO PRESIDENTE DE PORTUGAL Foi Antonio José de Almeida quem fundou o <Par-
tido Evolucionista».
Como parlamentar c orador, são celebres alguns dos
A homenagem que a Republica Portugucza. prestou á seus ardorosos discursos, pronunciados quasi sempre em
nossa patria, enviando o seu magistrado supremo, como
embaixador especial ás festas do nosso primeiro cente blica. quando a palavra inflammada do tributo repercutia
nario politico, assumiu perante o mundo uma significação fundamente no espirito do povo. Uma dessas orações é
particular. Prova mais alta do seu carinho, de sua admi famosa nos annacs parlamentares de Portugal.
ração, de seu affecto para com o povo brasileiro não po Na Camara dos Deputados do Reino entrara cm dis
deria Portugal offerecer-nos. No vulto illustre de seu Pre cussão certo projecto contra o qual se rebelavam os re
sidente Antonio José de Almeida, concretizou a patria lu- publicanos. apoiados aliás pela maioria da população por
zitana de hoje os mais puros e elevados sentimentos que tugucza. O Dr. Affonso Costa, o mais vchementc par
• Pmn grande terra que o heroísmo português accres lamentar que Portugal talvez jámais teve, ergue-sc na
c i mundo e a que deu o melhor do seu sanguc bancada e. em resposta ás informações que acabava ele
». uv, Kd esforço criador. dar um dos membros do gabinete ministerial, referiu-se a
O Brasil comprchendcu a nobre significação desse gesto, personalidade constitucionalmente digna do maior acata
e soube, por isto. manifestar o seu reconhecimento, rece mento, dizendo que .por muito menos rolara a cabeça de
bendo o illustre filho de Portugal com a deslumbrante Luiz XVI..
apotheose que as chronicas do Centenário registam. O presidente da Camara, scrcn
O sr. d r. Antonio José de Almeida e sua illustre multo que logo se estabelecera, conv então o dejintado
comitiva deveriam ter chegado ao Rio de Jancii a retirar as expressões empregadas.
i. porei
retardara nancira que só a 17 desse __ Mas zel-o.
aa o grande embaixador de Por- aggraval-as-hi
tugal entrar as I Guanabara. Foi esse o motivo dizendo
por que entre os nomes de embaixadores especiaes que a — J ardego tribuno pronunciou r
0 de Setembro, na memorável recepção do Cattete. apre- ahsolutamentc desagradaveis aos mon;
— --------------»—
sentaram crcdenc i---------- - ■» •• . da Repllb| ica n ío
figuravam as de S. Excia. — Retire as expressões!
•s membros de sua
comitiva. sua expulsão do
Em outro capitulo desta obra damos ligeira impressão —^Se as não retira, ordenarei
£P»»ão do sr. Presidente de Portugal E quem me expulsará?
A tropa de guarda á Camara!
— Que venha a tropa!
E as tropas vieram, penetraram pela sala das sessões,
de baioneta calada nas espingardas, sob o commando de
o o o o o o 352 o o o o
B R U N E T T O C IO N I & C ia. (F a b rica de chapéus de p alha) — São Paulo.
I
IN D EPE N D E N C E t DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
un> sargento- As galerias, de pé. vociferavam: de pé. os lidade. emigração e intercâmbio artístico e litterario, con
deputados trocavam doestos e injurias. cluídos para robustecer ainda mais as relações entre os
Foi nesse momento que Antonio José de Almeida, tre dous paizes. regulando e protegendo o trabalho e a acti-
pado sobre a carteira, pronunciou o celebre improviso — vidade dos cidadãos das nações irmãs e removendo certas
.Soldados meus irmãos! Com essas bayonetas e a minha difficuldadcs oriundas da dupla nacionalidade e serviço mi
voz. pelas ruas fóra. a caminho do Paço. implantaremos litar no Brasil e em Portugal. A assignatura dos tres
a Republica !• tratados revestiu um caracter de solemne cordialidade,
sendo as altas partes contractantes representadas pelos seus
ministros do Exterior, como plenipotenciários especiaes. os
Como Presidente da Republica Portuguesa, o illustre senhores doutores José Maria Vilhena Barbosa de Magalhães,
estadista firmou seu prestigio de homem realizador e de de Portugal, e J. M. de Azevedo Marques, do Brasil.
enérgica decisio. A cerimonia se realizou no Palacio do Itamaraty. na mesa
I)c sua clara intelligencia e da elevado de sua alma da sala do imperio, tendo os dous titulares, antes de
tivemos as mais patentes provas nas admiráveis pecas ora referendarem os tratados, trocado saudações muito expres
torias que pronunciou no Brasil, por occasião da honrosa sivas. reaffirinando. em termos cordiaes. os altos intentos
visita que nos fez. O sr. D r. Antonio José de Almeida de approximação luso-brasileira. Damos a seguir os textos
deixou em nossa terra a adm iratio profunda e dura das convenções de 26 de Setembro de 1922:
doura que só os espíritos de escól sabem conquistar de
modo definitivo.
O O O O O O 353 O O O O O O
LIVRO DF. OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
AS DIVISÕES NAVAES
a! tenha feito serviço m ilit
ou ar do Brasil ou que tenha Na grande revista naval de 8 de Setembro, espectá
de instrucçâo militar, naval i culo grandioso no scenario surprehendente da Guanabara
isento do serviço m ilitar em I irtugal; cmmoldurada de montanhas, tomaram parte hellovanes de
•nha sete nações amigas. Inglaterra. Estados Unidos. Portugal.
ciado á nacionalidade portuguez... accôrdo ; leis Argentina. Mexico. Uruguay e o longinquo Japão quiseram
respectivas, perderá para todos os cffcitos aquella nacio dar-nos mais esta mostra de cordialidade profunda, fa-
nalidade. zendo-se representar em nossas aguas, no dia glorioso cm
Art. 2.° Qualquer cidadão portuguez que. por ter nas que se commcmorava um século de nossa independcncia.
cido no Brasil, tenha também a nacionalidade brasileira, pelas poderosas machinas de guerra que são o Symbolo
ficará isento do serviço militar no Brasil desde que: vivo de sua pujança e de sua força.
ai tenha feito o serviço m ilitar nas forças de terra, Compunha-se a divisão naval americana dos formidáveis
mar ou ar de Portugal ou tenha concluido alli um curso •dreadnoughts Nevada, Maryland e Iwate; a inglesa com-
prehendia os «dreadnoughts- Hood c Repulse; represen
bl tendo mais de 21 annos de idade, perdfcr a sua tavam o heroico Portugal, os cruzadores Republica e Car
ionalidade brasileira, na fôrma da Constituição Federal. valho Araújo; Republica Argentina fizera-se presente por
art. p7 l. S ^2". intermedio do seu grande couraçado Moreno; o cavalheiresco
Para os cffeitos da letra Mexico enviára-nos o Nicola Bravo; o Uruguay, tornando
mais significativa ainda a fraternal homenagem, fizera fundear
c portugueza competente, será equivali em nossa bahia a possante bcllonavc que traz o seu nome.
nacionalidade brasileira para todos •
As salvas das unidades brasileiras mais de uma vez
sitos dos ^artigos anteriores, atravessado os mares, alguns cm longuíssimo percurso, para
será ratificado pelas altas nos vir traser a carinhosa mensagem de saudação dos
partes contratantes de accôrdi com as respectivas leis. paizes amigos, cuja alma symbolisavam.
aa cidade do Rio de Ja-
neiro o mais ceilo possível continuará em vigor até Setimbro de 1023 foi verdadeiramente excepcional. Nunca
tantes communicado ; mais se apagará da memoria dos que o assistiram a lem
sua intenção de o terminar. brança do espectáculo admiravel.
Em testemunho c ; respectivos plenipotenciários
assiganaram o prese lho appondo nelle os seus
Feito cm duplicata, na lingua portugueza. no Rio de OS CONTINGENTES FSTRANOEIROS NA GRANDE
Janeiro, aos vinte e seis do mez de Setembro de mil
novecentos e vinte e dois. — José Maria Vilhena Bar- PARADA
boia de Magalhães. — J. M. de Azevedo Marques-
Não foi só para o maior brilho da revista naval que
concorreram as divisões estrangeiras que nos visitaram.
CONVENÇÃO DE EMIGRAÇÃO E TRABALHO Também a grande parada de forças de terra e mar, rea
lizada em 7 de Setembro, teve a realçar-lhe a magnifi
cência o concurso de contingentes estrangeiros desembar
cados das bellonaves acima nomeadas. Foram os seguintes
ios Estados Unidos do esses contingentes, distribuídos por nações:
tírasil e o presidente da Republica de Portugal concor Argentina — 5 officiaes. 130 marinheiros e banda de
daram celebrar uma convenção para estabelecer a igual musica com 30 figuras.
dade de tratamento entre os cidadãos das duas nações, Uruguay 2 officiaes. 70 aspirantes e banda de mu
no que se refere aos bencficios das leis sobre os infor sica com 32 figuras.
túnios do trabalho e adoptar as medidas necessarias para Estados-Unidos 10 officiaes. 900 marinheiros divi
facilitar tanto quanto possível o movimento da emigração didos cm tres batalhões cada um com musica, 8 officiaes
e o tratamento dos trabalhadores immigrantes. a mais. 300 soldados de infanteria de marinha com banda
Para esse fim nomearam os seus plenipotenciários: o de musica de 50 figuras.
presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, Portugal — 3 officiaes e 80 praças.
o Sr. Dr. José Manoel de Azevedo Marques, ministro de Inglaterra — 8 officiaes. 200 soldados de infanteria
Estado das Relações Exteriores: e o presidente da Re c banda de musica com 30 figuras.
publica de Portugal, o Sr. Dr. José Maria Vilhena Bar
bosa de Magalhães, ministro dos Ncgocios Estrangeiros,
os quaes, depois de trocarem os respectivos plenos poderes OS VETERANOS URUOUAYOS DA GUERRA DO PA
achados em bôa ordem e devida fôrma convieram nos
RAGUAY
Art. 1." Õs benefícios i
eidos pela legislação relativa aalho. Lima das notas mais profundamente commoventes das
trabalhadores, á previdência festas do centenário foi. certamente, a vinda ao Brasil,
á liberdade de reunião, de em homenagem especial, da commissão de guerreiros uru-
associação e de organização profissional, serão concedidos guyos, veteranos da guerra do Paraguay, chefiada pelo
cm cada um dos paizes aos emigrantes nacionaes do outro, heroico general Robido.
e ás suas familias, exactamente nos mesmos termos e con Na manhã de I I de Setembro de 1922. a commissão
dições em que o são os seus nacionaes. collocou no tumulo de Rio Branco uma corôa de flores
Art. 2.° Os emigrantes portuguezes e brasileiros gozam, naturaes. com expressivos dizeres.
respectivamente, no Brasil e em Portugal dos mesmos be- Estiveram presentes varias altas patentes do nosso
Exercito.
nacionaes de A oração pronunciada pelo general Robido foi um
qualquer pai: verdadeiro hymno de saudade ao nosso grande morto.
Art. 3.0 Nesse mesmo dia. a commissão collocou no pedestal
c execução t da estatua do general Ozorio. á praça 15 de Novembro.
O O OOO O 354 O O O O
IN D EPEN DEN CE t DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
O O 356 O O O O O O
Sociedade VIEITAS Lt.d“ — Lisboa.
IN D EPE N D E N C E E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
nxeu ao seu irmão brasileiro, como penhor da inquen- mente ficasse associado no pensamento dos nossos amigos
bnntavel affeiçio que lhe dedica. com a fiel avaliação dos nossos idéaes e aspirações norte-
O local em que dentro em breve se erguerá, em sua
e>tractura magestosa. esse monumento que será dos mais Vós. meus conterraneos dos Estados Unidos, bem sabeis
vultuosos c admiráveis de toda a America, foi demarcado com que sinceridade nós desejamos a independencia. a in
na Avenida das Nações, em frente ao Palacio da America tacta soberania e integridade politica, e a prosperidade
do Norte na Exposição do Centenario. sirrpre crescente dos povos do America Latina. Temos os
Fallaratn por occasiã'- da cerimonia o sr. Edwin Morgan, nossos problemas domesticos, inherentes á expansão da
embaixador americano, o illustre sr. Charles Hughes, se vida de um povo livre, mas não ha entre nós sentimentos
cretario de Estado dos Estados Unidos e o sr. dr. Fer- imperialisticos. para lançar siquer uma sombra sobre o
rtiia Ramos, que em nome da cidade agradeceu a offerta. .riiho do nosso progresso. Não ambicionamos territorio,
A oraçio do sr. Charles Hughes, preciosa pelos altos não procuramos conquista a liberdade pela qual anhe-
conceitos de que se entretesseu. foi a Seguinte lamos para nós. desejamos para os outros e não susten
■Sr. Embaixador, minhas senhoras, meus senhores — tamos direitos para nós que não accordemos aos outros.
Considero-me feliz pela opportunidadc que se me offerece Dtse íamos sinceramente ver atravez deste hemispherio uma
de ter uma parte na inaugurado deste local para o mo paz permanente, o regímen da justiça e a diffusão das
r.umento american > do Centenario e especiatmente pela bênçãos de uma cooperação benefica. P. este o desejo que
cccasiic de cumprimentar os meus conterraneos e os amigos fôrma a base do» sentimentos Pan Americanos.
do Brasil e dos Estados Unidos que aqui se reuniram. Neste momento auspicioso estamos agradavelmente im
Desejava poder transmittir-vos de uma fôrma signi pressionados com a actual extensão dessa corporação. As
ficativa as agradaseis impressões que eu tenho recebido varies organizações que aqui se encontram presentes re
durante a minha curta visita, de como aprecio as incom- cordam-nos que a sciencia não tem fronteiras- Estão aqui
paraseis belle/as desta scena. que trazem um encanto du presentes aquelles que reúnem os resultados das mais cui
rável. desta prospera Capital em que os recursos da sciencia dadosas pesquizas archeologicas: aquelles que trazem os
tem sido dispostos sob uma efficiente direcção para at- seus estudos historicos em papeis para fruição, que for
tender ás sempre crescentes necessidades da vida civil, marão uma narrativa historica exacta e cuidadosa, baseádl
das incontestáveis manifestações de genial disposição e cm fontes originaes. Reunimos também aqui os engenheiros,
grandeza que caracterizam o povo brasileiro, e. sobretudo, por cujos conhecimentos exactos e trenadas mãos muito tem
da generosa hospitalidade corn a qual tenho sido favo a esperar a natureza. E. como eu não possa mencionar
recido por esse povo de coração quente, cujas cordiaes todas as corporações que ora se acham representadas nesta
boas-vindas e constantes considerações e provas de amizade capital para essa celebração centenaria, não faltarei de
converteram uma occasião de prís-ilegio official em iimi fallar dos philantropos que sr devotam ao bem-estar das
de rara satisfação pessoal. crianças e protecção da humanidade.
L-tes bellos dias será- sempre lembrados da forma Permitti também que eu vos recorde, como uma
illustração de cooperação beneficente, a obra que alguns
É muito apropriado que este monumento deva ser erecto dos nossos conterrâneos tém executado no Brasil e em
como uma commemoratio da historica amizade entre o outras partes da America Latina, combatendo as mais te
Brasil e os Estados Unidos. O nosso governo foi o míveis fôrmas de molestias, emquanto que na variada vida
primeiro a reconhecer a independencia do Brasil e desse vegetal desse grande paiz encontramos meios de saúde
momento em diante os laços de estima e amizade jamais
se quebraram. O grito do Ypiranga «Independencia ou Não me detive a respeito do desenvolvimento do com
Morte- não pode deixar de relembrar-nos as memoráveis mercio entre os nossos prizes Creio que as gratas es
palavras do nosso proprio Patrick Henry Dae-me liber tatísticas são conhecidas de vós todos. Porém, ainda mais
dade ou dae-mc a morte-, e por meio de todas as vicissi- importante que o intercâmbio de productos é o do senti
mento inspirado por comprehensio mutua, que tem sempre
apreciaçâo de uma communhão de idéaes e de interesse, logar pela presença em cada paiz dc representantes do
que abmçoou ambos os povos com o sentido de pacificas
c mutuamente beneficentes relações F. especialmente agradavel a acção de largas vistas
Porém, esta cerimonia é ainda mais significativa. Ella do Oovemo Brasileiro provendo os estudos graduados no
não sr attesfa a nossa duradoura amizade mas expressa exterior para os melhores estudantes das escolas de agri
a admiração do poso da Republica do Norte pelas vastas cultura e treno industrial, desenvolvendo assim ura corpo
excepções da sua irmã do Sul e por tudo quanto aqui dt homens technicos altamente trenados- Ousi que ha c.-rca
foi feito para o desenvolvimento de um grande povo. de :iO jovens brasileiros estudando actualmente nas in
A celebração deste Centenario traz reminiscências do stituições educativas dos Estados Unidos e tenho certeza
passado dos primeiros intrepidos viajantes: dos bandei qtn muitos dos nossos estudantes norte-americanos enca
rantes. entranhando-se no interior r obtendo um !ampeio minhar-se-ão para aqui e para outros paizes da America
dos extraordinarios recursos e potencialidade desta terra Latina dc fôrma a obterem o beneficio da observação
da promissão da primitiva organização colonial, que deu pessoal e dt» estudo das instituições e vida ecooomica.
as primeiras bases de instituições ãs activ idades que tinham O povo dos Estados Unidos e o povo do Brasil
que civilizar um continente do estabelecimento aqui d ; são devotados egualmentr aos idéaes da paz Porém,
sede de autoridade da mãi patria de mevitavel affir- paz tem <o seu methodo, tal
maçio de uma vida nacional independente do longo c da paz é o do mais perfeito e__
benefico remado daquelle liberalissimo administrador dr
elevado espirito, sabio c estadista D. Pedro II do espirito relativo das obrigações, do recurso ■
de liberdade òo povo brasileiro quebrando a escravatura dades aos processos da razão na reunião c _ ___
c^lavantando mstitukõcs republicaras e mais recentemente bilidade c força do paiz nos interesses da paz com o
desejo sincero e intenso de encontrar solução amigavel
da liberdade em si e. como esperamos, poz um termo em vez de causas de desavenças e inimizade.
para todos cs tempos ás pretensões da força bruta Semente a disposição para a paz é que pode asse
Eu Knbo prazer em rememorar que Th «ias Jefferson, gurar a paz. Nós deste hemispherio somos felizes dc
o nnmeiro secretario de Estado norte-americano, instruiu estar livres de qualquer ameaça de aggressio. Muitas das
em 1791 a David Humphrevs Ministro em Portugal, quz mais importantes controvérsias foram solvidas ou estão em
■os obtivesse todas as informações possíveis sobre a força, vias de solução.
riqueza, recurso e disposições do Brasil. Porque não deveremos ter paz durável e os bene
Aouelles de nós. que cora rapidez e fícios de cooperação? Temos instituições dedicadas á li
berdade e desejamos não s
poder, poréns, a independi
pu i to prex alescente da Justiça- Temi tradição
differentes, porém, afagas
mesmos anhelos peia libe
esperança» do Brasil realizem abúndautemente A mais viva e tocante das prosas de affekão que.
seriamos também felizes em saber que este mono- tão numerous, recebemos da Republica .Mexicana por oc-
O O O OO O 357 O O O O O O
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO DO CENTENARIO DA
O O O o o 358 O O O O O 0
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o 359 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMF. MORATIVO 1)0 CENTENARIO DA
Hon. Herbert F. Gunnison, de Nova York e Hon. W AS SAUDAÇÕES DOS CHEFES DE ESTADO
J. W. Rabb. da cidade de Nova Y o rk: Pennsylvania —
Dr. W. P Wilson de Philadelphia e senhora: e Sr Louis
Clark, de Philadelphia: Vermont - Hon. Clarence Morgan, pendenda, o Sr. presidente da Republica recebeu, entre
de Shelburne: Virginia — Hon. E. E. Holland, de Suffolk
e senhora: e Sr. W. A. Cox, de N o rfo lk ; Nebraska muitos outros, os seguintes telegrammas de chefes de
Hon. Adam Breede. de Hastings. Estado:
BALMORAL CASTLE (Escossia), 8 Desejo apre
sentar a V. Ex.. ao governo e ao povo do Brasil as
mais cordiacs congratulações e votos ^por occasião da aher-
A ED1ÇAO ESPECIAL I)A -LEIPZIG ILLUSTRIRTE
ZEITUNÜ» lações anglo-brasileiras. verifica-se que todas as questões
de interesse reciproco das nossas duas nações foram s.-mpre
reguladas por completo accordo. e se o Brasil ainda se
A lllu s irin e Zeitung, que se edita consecutivamente lembra do nome de lord Cochrane, a Grã-Bretanha nunca
prig. Berlin. Vienna e Budapest, é uma das mai se esquecerá de que o povo brasileiro fez causa commum
mais importante^ publicações periodicas do mundo com ella e seus alliados na grande guerra. A lucta está
i edição especial, pois. na data do nosso primeiro finda, mas os problemas da paz ahi estão diante de nós.
e este paiz. juntamente com o resto do mundo, não de
menagens prestadas ao Brasil occasião. seja melhor lemma tf o que o inscripto pelo Brasil cm
sua bandeira: «Ordem e Progresso». Que o segundo cen
pecial um conjuncto admirave! de estudos sobre nosso es- tenário de sua existência independente, no qual entra agora,
irito e nossas cousas, firmados por grandes nomes do seja para o Brasil de inteira prosperidade — George. R. I.
B rasil e da Allemanha. Os artigos são todos escriptos
cm allemâo. vindo, oomtudo. a traducçâo dos mesmos na WASHINGTON. 7 Além dos protestos de amisade
nossa lingua em supplemento annexo.Destacam-se entre e cordialidade que. em nome do governo e do povo dos
elles «A Allemanha e o Brasil., por Oliveira Uma; «O Estados Unidos, encarreguei a missão especial americana
desenvolvimento historico do Brasil», pelo Professor Or. de vos transmittir. desejo apresentar-vos as minhas congra-
Hermann Walien, de Karlsruhe: «A estructura geographica gutulaçôes pessoaes e os meus melhores votos nesta me
do Brasil», pelo Or. R. Brandi Das terras e do .povo morável occasião. e manifestar-vos o grande prazer que.
brasileiro», pelo sr. Carlos. Schuler «O Brasil intellectual., pessoalmente, me é dado em constatar o esplendido pro
pelo Or. Pontes Miranda; «A colonização allcmã no Brasil», gresso e os feitos do Brasil durante um século de inde
pclo Or. AUredo Tunke; «O desenvolvimento economico pendência. Os solidos laços de amisade e de fraternal
do Brasil», pelo sr. Henrique Schuler; A industrial textil entendimento que. de manira tão notável, têm caracteri
no Brasil», por Maria Kahle; «O sport, os jogos e a zado as relações dos nossos dois paizes. durante as suas
dansa entre os indios do norte do Brasil», pclo Professor existências como nações independentes, foram reaflirmaJos
Dr. Theodoro Koch-Oruenherg, director do Museu de ethno- e fortalecidos com o correr dos annos e. recentemente,
logia de Stuttgart. foram ainda mais accentuadamentc cimentados pela coope
bella ração itando ração cm uma causa commum em beneficio da huma
itrada da bahia < dif- nidade. £ meu vivo desejo e ardente esperança que. com
avel effeito: «O a continuação de sábios e hem orientados governos, possa
randes cidades
alados. eente prosperidade e felicidade. Rogo-vos aceitar os meus
larcllas úgnadas K. Schiet calorosos votos de constante boa saude e prosperidade —
Warren G. Harding.
dois trechos abaixo con:
Schuler sobre as terra ROMA.
«O Rio de Janeiro brasileiro, qi
ração do seu visitante _ . independência.. ___ r ____ _________ ____ _____
que alguém se affasta da «Rainha da Luz». O brasileiro rosos italianos, tivemos a felicidade de cooperar para o
apelidou a capital do seu paiz a «Rainha de Luz» porque altíssimo gráo ^de^civilizaçáo e de progresso a que at-
ella. como nenhuma outra cidade á noite, deslumbra com
a sua estupenda illuminação electrica. Não ha espectáculo pcla fraternal hospitalidade por nós recebida, bem como
mais deslumbrante do que á noite, do alto do «Pão de pclo auxilio que prestastes aos alliados na hora do perigo.
Assucar», onde um italiano montou um restaurant, assistir Certo de interpretar os sentimentos de todos os italianos,
a transformação num oceano de luz. de todo o porto e faço neste dia faustissimo os mais ardentes votos pela
cidade. Ao longo do caes. como se fosse um collar de gloria do Brasil e pela felicidade pessoal de V. Ex.. de cuja
pérolas, as grandes lampadas de arco voltaico reflectem delicada visita a Roma guardamos a mais grata recor
suas luzes nas aguas da Guanabara. Ate o cume dos dação — Vittorio Emmanuele.
morros, as casas, as praças, os parques, emfim tudo está
submerso naquelle mar de luz, e para completar esfe VARSÓVIA. 7 Tenho um prazer muito especial em
quadro, que mais parece um sonho, vêm-se no porto os exprimir a V. Ex. os votos mais calorosos que formulo,
hoje. com toda a Polonia, pela felicidade e prosperidade
ancorados. Cobrindo este estupendo espectáculo está o céu. do Brasil, e de testemunhar-vos a parte sincera que a
na sua treva nocturna, com o seu esplendoroso e reluzente nação poloncza toma no glorios centenario celebrado pela
Cruzeiro do Sul». vossa grande e nobre Nação — Pilsudski. presidente da
O O O O O O 360 O O O O O
JOÃO CALHEIROS U d . — Villa Nova de Gaya — Portugal
INHERE n DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O O O 361 O O O O OO
UVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO i)A
N O T A S V A R IA S
PELO ENGRANDECIMENTO E PELA OLORIA DO Evoquemos, pois, a memória de todos quantos concor
BRASIL reram, de qualquer modo, para a realização dessa grande
obra. Seria erro compor um rói, porque poderia haver
ingratidões. Ainda não li um só, onde não houvesse esque
Na sessão de 7 de Setembro de 1922, commemorativa cimentos c até enganos.
de nossa independência, a Camara dos Deputados approvou Nunca as revoluções são obra exc u.iva de determina
a seguinte moção de congratulações, a que atraz fizemos das pessoas. Elias se vêm gerando de longe, cono as tem
referencia e agora reproduzimos na integra: pestades, pela accumulaçáo dc electricidades contrarias, em
camadas da atmosphcra, distantes dos pontos onde se vão
A Camara dos Deputados da Republica dos Estados produzir os seus cffeitos. Elias preparam-se no mundo
Unidos do Brasil, reunida em sessão extraordinaria para das consciências pela agitação das ideas, obras dos pen-
isso especialmente convocada, á 1 hora da tarde do dia sadoies de todo genero, que um dia encontra o elemento
7 de Setembro de 1922, em sua séde provisória, installa- decisivo do homem de acção, em torno dc quem se con
da no Palacio da Bibliotheca Nacional, situado á Avenida gregam as forças dispersas para desferir o golpe final.
Rio Branco, na cidade do Rio de Janeiro, Capital Federal E d iffic il dizer quem é maior, se uns se outros. Para
da Republica — do mais intimo da alma de cada um elos não c ria r, unamos a todos no mesmo reconhecimento, na
seus membros, cujos corações palpitam commovidos e emo licismo, com os seus santos; elevemos altares a todos os
cionados por intenso jubilo patriotico e por justificado or heroes de ha um século c dentre elles, conforme os nos
gulhe civico, deante da grandeza do paiz de que ::ào sos sentimentos, elejamos o da nossa devoção. Mas no
legitimos representantes nesta casa do Congresso Nacional
congratula-se com a heroica Nação Brasileira pela passa- dia de hoje, não personifiquemos cm ninguém o grande
cm desta gloriosa data, que recorda o marco primeiro feito que coiiimcmoramos.
S a nossa Indcpendtncia Politica, ha cem annos plantado ás Para honrar todos os bravos, que deram a vida pela
margens do rpiranga e desde então para sempre gravado Patria e pela civilização na grande guerra, as nações al-
na historia dos povos livres com as suggestivas palavras do liadas tomaram por acaso, nos cemitérios, os restos de
hrado immorrcdouro — Independencia ou Morte» — ain um soldado desconhecido, e erigira:n-no em symbolo de
da hoje vibrante de enthusiasmo e palpitante de verdade, victorias c elevaram-no aos pantheons. Essas cinzas fica
onde quer que esteja um brasileiro vivo. ram representando o esforço commum dc cada povo, pelo
Com essas congratulações, profundamente sinceras que triumpho final.
em honra do Brasil, neste momento, formulamos perante a No chão dc Pirajá nada já resta dos que caíram para
nação que tão generosamente nos elegeu para represíntal-a abater o reducto mais forte da ultima resistência á nossa
na sua elevada funeção dc decretar as suas leis, deixamos liberdade politica. Qualquer delles representaria a wm-
consignados, nos Annaes da Camara dos Deputados, os ar ma dos esforços communs, a força anonyma e ihysteriòsa
dentes votos, que fazemos. do povo, que queria e logrou a independencia.
Pela paz, pela harmonia, pela solidariedade inquebran Tomemos, pois, o povo. toda a geração de vinte e
tável de todos os brasileiros: dois, com seus cscriptorcs • c estadistas, os seus tribunos
Pela união perpetua e indissolúvel de todos os Esta e poetas, os seus soldados e heroes, as suas multidões
dos da nossa Federação: ^ | , . apaixonadas c a todo ellc rendamos o preito^do nosso re
vos, cspecialmente os do contingente americano; legou a independencia do Brasil com a unidade nacional.
Pela integridade absoluta do nosso vasto e riquíssimo Nesse sentido, Sr. presidente, apresento a seguinte
territorio, cujas fronteiras a clarividência de nossos go moção, a que espero, não falte nenhuma assignatura dos
vernos tornou incontestáveis e o patriotismo de nossos pa Srs. senadores, para que a possamos votar por unanime
tricios manterá inexpugnáveis; acdamacSo.
Pela prosperidade crescente, pelo desenvolvimento, pelo «O Scr.ado congratula-sc com o povo brasileiro pela
engrandecimento perenne, pela gloria brilhante e immarces- ccmnicmoração do centenário da independencia do Brasil, c
civel do Brasil, patria nossa muito amada, patria adorada, acredita interpretar os Seus sentimentos patrioticos, renden
extremecida, patria grandiosa e idolatrada, a cujos pés do preito de profundo reconhecimento e veneração á mc-
depomos exultantes, na grande solemnidade do Centenario nrorid daquêlles que o promoveram e realizaram, salva
dc sua Independencia, o penhor sagrado e irresgatavcl de guardando a unidade nacional.»
todo o nosso amor, de todos os nossos melhores pensa
mentos, dc nossa dedicação inteira, sem medir sacrifícios Muitas palmas abafaram as ultimas palavras do ora
do sangue nosso até o ultimo gotejar, de nossa vida até dor. A moção foi enviada á mesa e lida, de novo, pelo
o alento extremo! presidente. Este, ao pol-a em votação, convidou os se
Sala das sessões da Camara dos Deputados, aos 7 de nadores a approvarcm a mesma, conservando-se de pé.
setembro de 1922». E o Senado inteiro, levantando-se, bateu palmas. As
sim, foi approvada a moção apresentada pelo seu orador
c subscripta pelos seguintes senadores: A. Azeredo, Cunha
Pediosa, Alexandrino de Alencar, Olegario Pinto, Sampaio
A MOÇAO DO SENADO BRASILEIRO Correia, Justo Chrrmont, Eloy dc Souza, Venaticio Neiva.
Antonio Massa, Laurc. Sodré, A. Indio do Brasil, Vidal
Na sessão dc I I de setembro de 1922, do Senado, o Ramos, Lopes Gonçalves, Euzchio de Andrade, Araujo Góes.
Sr. Tobias Monteiro pronunciou o seguinte discurso: João Lyra. José Éuzebio, Manoel Borba, Graccho Cardo
so, Adolpho Gordo, Bernardino Monteiro, Alfredo Ellis,
>Sr. presidente. Os individuos interpretam os aconte Carlos Cavalcanti. Generoso Marques, Miguel R. de Car
cimentos da historia conforme os proprios sentimentos, e valho, Rosa e Silva, Luiz Adolpho. Soares dos Santos,
distribuem os papeis áquclles que acreditam terem sido os Vespucio de Abreu, João Thomé, Benjamin Barroso, Costa
agentes principacs ou decisivos dos grandes feitos. Rodrigues, Herir.encgildo de Moraes, Moniz Sodré, Tobias
Vemos desse modo attribuir factos capitaes da evolu Monteiro, José Murtinho, Antonio Freire, Alvaro dc Car
ção politica dos povos a determinados heroes, que ás ve valho e Felix Pacheco.
zes a critica faz descer do pedestal ún-nerecido, onde os
tinham erguido a parcialidade dos contemporaneos e a illu-
são dos pósteros.
Seria arbitrario fazer crer que a independencia fosse A MOÇAO DO SUPREMO TRIBUNAL .
obra de um homem. Factos dessa natureza são resultado
de uma cadeia historica, cujos élos vêm de longe ligar-se ao
élo jque a fecha de vez. », na sessão de 13 de Sc-
Para elles concorrem até os que acreditam crear-lhes tembro de 1922, pedindo palavra pela ordem, disse
obices, quando, com inútil resistência, vêm apressal-os, au- que, sendo essa a primeira ;ão do Supremo Tribunal Fe-
gmentando as energias já em acção e despertando outras, deral depois da passagem i memoravel data da indepen-
quiçá mais proficuas. ----- _______ a capital c cm todo o paiz,
Se as cortes portuguezas não tivessem pretendido re- com as mais eloquentes provas de regosijo c enthusiasmo,
colonizar o Brasil e chamar a Lisboa o principe regente, julgava opportuno que o egregio tribunal também se as
talvez a independencia tivesse demorado, ou pelo menos, sociasse as demonstrações geraes que tão glorioso facto
tivesse custado mais sangue do que custou na Bahia e no desperta em todos os corações patriotas. . .
Pará. Para o fazer, parecia-lhe que uma fórmula synthetica
Se íos élos da cadeia histórica vêm de longe, seria melhor expressaria o sentimento dessa elevada corporação,
ingratidão não lembrar nestes dias os martyres que sacrifi c, assim sendo, requeria que ficasse lançada em acta a
caram -a. propria vida- pela independencia, muito antes delia seguinte moção, previamente approvada, por estar assigna-
poder vingar. da por todos os ministros presentes:
o o o O, o o 362 o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
<0 Supremo Tribunal Feder immenso Em seguida, estancámos o trafico africano. Cicatrizada
u centenario da 1n< rpen- essa chaga, surgiu a campanha abolicionista, victoriosa com
dencia i . __ i Brasil, n de preito á memoria imt a libertação dos nascituros, a alforria dos sexagenarios c
vel dos ivultos heroicos qiu
. concorreram .para 1 — logo depois a abolição completa da escravidão. Ganha essa
nto da Patria, e evoca, com profunda
do maior acontecimento campanha, batemo-nos, então, pela federação e pela Repu
veneração, as figuras s ' blica. Proclamada esta, plantámos na Constituição a ar
que se finaram durante vore da Paz, exigindo em termos imperativos o arbitra
vivmo e de integridade. mento como solução primordial das nossas pendendas in.
Hio de Janeiro, 13 de setembro de 1922 Herminio
do Espirito Santo, presidente — André Cavalcanti, vice- Eis alii, em rapidas linhas, a nossa orientação poli
presidente — Guimarães Natal Gcdofredo Cunha — tica. Conseguimos fincar na Historia estes marcos da li
Leoni Ramos - Moniz Barreto Pedro Mibiclli — Vi berdade e justiça, sem luctas sanguinolentas, sem profun
veiros de Castro A. Pires e Albuquerque Hcrmcne- dos abalos, evolvendo naturalmente pela propaganda e pela
gildo de Barros — Pedro dos Santos Alfredo Pinto.» peisuasio.
Si o progresso intellectual e material corresponde ou
não a etssa evolução politica c o que desejamos justa-
mente^ apurar agora e podeis verificar comnosco. Sempre
A PALAVRA DE RUY BARBOSA Ihòcs de habitantes, que o valor da nossa balança commer
cial cresceu na proporção de vinte mil para um milhão
c hoje se expressa cm quatro milhões de contos; que a
A carta que abaixo transcrevemos, dirigida pelo Sr. extensão das nossas linhas ferreas é de trinta mil kilo
Conselheiro Ruy Barbosa ao Sr. Epitacio Pessoa, em res metros; que excede de cincocnta milhões a tonelagem dos
posta ao convite que lhe fizera o Chefe da Nação para navios que sulcam as aguas dos nossos portos; que conta-
assistir, officialmente, a seu lado, ás cotnmcmorações do mes perto de sessenta mil kilometros de linha tclephonica;
centenário, é, hoje que o grande brasileiro desappareccu m il c quinhentos kilometros de carris urbanos, talvez mais
do scenario da vida, um dos mais commovedores docu de um milhão de objectos dc correspondência postal; cerca
mentos do seu alto espirito. Quasi ás portas da morte, de cincocnta mil kilometros de linhas telegraphicas; que
já bastante enfermo, ainda lhe vibravam intensamente as o valor dos nossos estabelecimentos ruracs excede de dez.
fibras do amor pela terra sagrada que lhe dera o berço milhões e quinhentas mil contos; que na pecuaria occupa-
e n qual offercccra cm holocausto todo o esforço de sua mos o terceiro ou quarto logar m mundo; que para a
renda geral de quatro mil contos cm 1822 temos agora
a receita de quasi um milhão de contos de réis só para
Rio, 7 0 22 —134, Ruv Barbosa. Illmo. e Exmo. Sr. a União, sem incluir a dos Estados; que da instrucção
I)r. Epitacio Pessoa, digno Presidente da Republica Do temos cuidado com o possível desvelo; de 1907 a 1920,
fundo do meu humilde leito receba V. Ex. com os meus o augmento dos cursos elevou-st de 72 "oi c de alumnos dc
85 »,•>• o que revela o esforço do paiz, nos ultimos annos,
seu lado ás solemnidades commemorati vas dò Centenario, pelo incremento da sua instrucção; os resultados desse es
a minha homenagem por esta antevisão do Brasil futuro, forço se farão sentir em breve ainda mais animadores,
que V. Ex. realiza tão nobremente, c que eu náo vejo, quando a União Federal dc accordo cone a recente autoriza
mas a que assisto presente cm espirito c de coração. ção legislativa, collaborar na diffusáo do ensino primario;
Praza ■no Altíssimo Pai e Senhor de todas as cousas, das dir-vos-ei ainda que contamos cerca de dois mil quatrocen
Republicas como dos Impérios, que quando o sol rasgar tos jornaes c revistas, seiscentas e cincocnta associações
a pertinaz nuhlação, que ha tanto nos envolve, o mundo hclccimcntos de assistência, muitos milhares de sociedades
não veja neste quadro, senão o que vós quizestes fazer: dc auxilio mutuo e caridade e que a nossa ultima organizai
a reunião dos povos civilizados, laboriosos e livres cm ção sanitaria, talhada nos moldes mais adiantados prepara
torno do lar de uma nação que se deconstróe; nem se a olhos vistos o fortalecimento da raça e o augmento da
cseuUm neste immenso oceano de vagas humanas senão os sua capacidade productora. Do Rio de Janeiro de 1822,
rumores da nossa unisona adhcsão ao Evangelho dos bons. fizemos durante o imperio e principalmcntc na Republica,
Deiis vos abençoe para celebrardes com autoridade no al a cidade moderna que actuaIntente se honra de hospedara
tar das cs|x-ranças do scculo o Officio Divino do culto, vos, sem as epidemias dizimadoras que eram com r.YZ.ão
que lida por substituir ao carcomido nume do Estado ar- o terror do estrangeiro. A hygiene e o emhcllezamento
chi|iotente a aspiração, cujo dia se approxima, do Estado dos centros populosos constituem neste momento a preoc-
recto, limitado e justos. cupação generalizada no paiz inteiro.
Digo-vos. isto, senhores, apenas para que vejaes que
não temos ficado estacionários; que o Brasil compenetrado
da missão que lhe cabe na sccna internacional, tem prestado
O QUE FEZ O BRASIL devotadaniente o seu concurso á obra da civilização cn|
que viets empenhados e é digno da consideração com
que o hontaes neste momento, vós que dc certo reconhe
Outro documento valioso é a oração com que o Sr. cereis no esforço pertinaz da nossa adolescente naciona
Dr. Epitacio Pessoa, como Presidente da Republica, res lidade a promessa dc uma larga politica dc realizações, ca
pondeu ás saudações dos embaixadores cspeciacs enviados paz de corresponder, na vida material da Nação aos gran
ao Brasjl pelas nações amigas, por occasião do centenário. des idéacs que a guiaram na transformação inaugurada cm
Representam as palavras de S. Excia. uma synthese admi 7 de setembro dc 1822.
rável do que fez nossa patria nos primeiros cem annos Ao meu coração dc brasileiro nada podia ser mais
de sua independência. F. pelo accent» de f í que nellas grato do que vêr aqui reunidos os representantes das na
vibra, merecem ficar registadas nestas paginas que são tam ções amigas, que, cm missão de paz, vêm trazer-nos a
bém um culto á grandeza do Brasil: animação do seu applauso pelo que temos feito e o esti
(Quiz o destino que a mim coubesse a honra de rc- mulo do seu apoio e solidariedade ao que de nobre e alc-
cehcr-vos, em nome dos meus compatriotas, na data do vantado venhamos ainda fazer.
rimeiro Centenário da Independência politica do Brasil. Senhores embaixadores e chefes de missão. É com a
r “O calor do nosso affecto e da sinceridade de nossa gra
tidão, por terdes vindo festejar comnosco essa data me
mais sincera e agradecida cordialidade que levanto a minha
taça pela felicidade pessoal dc cada um de vós e pela
prosperidade e bem estar dos povos e dos governos que
morável, já deveis ter segura prova nas espontâneas mani aqui tão dignamente representaes.»
festações de sympathia que rebentam e se expandem a
cada passo, onde quer que a vossa presença seja notada.
Os congressos seientifieps, historicos, artísticos c econo-
muxs, a que ides assistir do mesmo modo que a Exposi A FUTURA CAPITAL IX ) BRASIL
ção cm que procurámos resumir alguns aspectos da nossa
cultura intellectual e da producção das nossas terras c
fabricas, naturalmente não poderá» dar aos representantes A 7 de setembro dc 1922 realisoti-se a cerimonia do
uas civilizações mais antigas c adeantadas, uma impressão lançatr.cnlo da pedra fundamental da futura capital brasi
de sorpreza: mas. estou certo, bastarão para convencer-vos leira no planalto central de Ooyaz, conforme determina a
de que alguma coisa temos feit > e muito poderemos ain- Constituição da Republica.
'realizar, fazer para o futuro, depois deste passo tão Constou a cerimonia da crccçâo, no local já demar
difficil do primeiro Centenario da vida cmancioada. cado. de uma pyramide dc 33 pedras, symbolizandó a
A vida das nações conta-se por séculos. Vencemos a idade da Republica, com uma placa de bronze, contendo a
primeira etapa, com tropeços, í verdade, mas, com honra seguinte inscripção; Em cumprimento do disposto no de
c altivez. creto n. 4.491. dc 18 de janeiro dc 1922, foi aqui col-
As boas causas da liberdade e da justiça sempre prcoc- locada em 7 de setembro de 1922, ao meio dia, a pedra
cuparam os nossos homens politicos. Na ordem politica, fundamental da futura Capital Federal da Republica dos
feita a independência, tivemos que a consolidar. Para isso Estados Unidos do Brasil». Essa solemnidadc foi assistida
[Oi mister afastar do Brasil o fundador do Imperio. Rea por muitas pessoas c pelos representantes designados pelo
lizada a consolidação e garantida a unidade patria, trata Governo Federal p r a esse fim.
mos da autonomia das provincias, outorgando-lhes uma pru O teor do decreto n. 4.494, de 18 de janeiro de
dente descentralização. 1922, é o seguinte:
O O O O 363 O O O O O
LIVRO DL OURO COM Ml: MOR ATIVO DO CENTENÁRIO DA
OOO O O O 364 O O O O O O
;.T»
n a c ie ir a &o , 1 » \,> n A d C A B*GISTADA ■'*-'/f .
D e l ic io s o A p e r it iv o
ram mandados rea- Do extremo norte ao extremo sul aonde ainda vivem
20 dc julho de indios h-asileiros, encontram-se representadas as principacs
grande brilho, Rodolpho Ber- tribus. Em seguida acha-se a sala Ferreira Penna, de Pa
nardclli, que em o ue oczcmbro partiu para Roma, onde leontologia brasileira. Do material brasileiro a ultima parte
estudou a sua arte com o grande esculptor italiano Monte comprehende as collecções da sala Euclydes da Cunha, or-
Verde. Como /.eferino, fo i também auxiliado pelo govern» ganisada com material de uso do Mexico e corrente dos
durante o seu pensionato, sabendo sempre corresponder sertanejos, pescadores, seringueiros, vaqueiros, emfim das
a lacs auxilios, pois não só cumpriu com as suas obrigações, populações ruraes do Brasil de hoje. Além de todo este
material brasileiro fazem parte desta secção, collecções de
nivei* artístico. Regressando ao Rio, foi nomeado professor etl-nogranhia das outras partes do mundo e um bello repo
dc csculptura e director da Escola, a que sempre prest iu sitorio de antiguidades orientacs que o Museu deve aos
serviços dignos dc nota. £ o primeiro dos nossos escul- dois Impei adores Pedro I e Pedro II.
ntoits e cs seus trabalhos, que são em numero avultado,
nos honram.
Em 1879, conquistou o prémio Rodolpho Amoedo, c
cm 1890 foi resolvido aproveitar a verba do prémio de
viagem da antiga Academia das Bellas Artes, enviando A Secção de Zoologia, occupa, quasi todo o segundo
como persionista da Escola o pintor Oscar Pereira da Silva, andar do edifício.
c o architecto Ludovico M. Berna, e ao mesmo tempo con As salas Rodrigues Ferreira, Correia de Lacerda, Spix,
siderar como pensionista Manoel Lopes Rodrigues, que já Burmcister, Schreiner e Linncu são destinadas ás collecções
se achava na Europa. Amoedo í o pintor applaudido c
considerado, que todos conhecemos. Oscar Pe As salas Marograv, Walace e Latreille sã»
real. i S. Pau Bern ; parti das aos insectos. Na sala Agassiz acham-se o
corpo docente da Escola dc Bellas Lopes Ro- Nas salas Fritz Muller, Wied c Natterer, encont
drigues, fallecido ha pou
desconhecido no Rio. Fort os pensionistas da ve- Na sala Lamarck encontram-se os mulluscos; na sala
lha Academia das Bellas Anes. Blainville, es vermes e os phytozoairos. A sala Cuvier é
Os pensionistas que, depois da Republica, foram man consagrada aos reptis e aos batrachios e a sa'a Aristoteles
tidos na Europa, pelo governo, depois do curso regular da aos esqueletos.
Escola, são: Elisêo d ’Angelo Visconti. 1892; Raphael Fre
derico, 1893; Bento Barbosa, 1891; José Fiúza Guimarães,
1893; Antonie, de Soma Vianna. 1896; Theodoro Jos' da
Silva Braga, 1899: Jiilicta dc França, 1930; Lucilio dc Al-
huquerque, 1906; Hcnorio da Cunha e Mello, 1908; Raul formando ■> herbario c outra distribuída em varias col-
Lessa de Saldanha da Gama, 1910; August- Bracet, 1911; lecções, nas suas tres salas de exposição.
Armando Magalhães Corrêa, 1912; Dinorah Carolina de
Azevedo, 1913; Augusto José Marques Junior, 1916; Anto piares na sua maioria de especies da flora brasileira muitas
nio Edgard dc Souza Pitanga, 1917; Henrique Campos Ca- delias colleccionadas pelos mais notáveis naturalistas que
vallcrio, 1018; Samuel Chaves Martins Ribeiro, 1922. O tem estudado as nossas plantas. £ uma das maiores col
Sr. Fernando Nereu de Sampai». havendo tirado o pré lccçõcs existentes de plantas do Brasil e por este motivo
mio em 1920, perdeu o direito de gozal-o, por não ter frequentemente prccurada pelos estudiosos para identifica
emprehendido a viagem no praso legal. Os Srs. Raphael ções e outros estudos.
Frederico e Bento Barbosa, abandonaram a arte, e Anto Entre as «nai* notáveis collecções em exposição são
nio lie Souza Vianna, morreu tuberculoso, ben como sua
esposa e seu filho, em Sahara. Na sala Freire Allemão colleção Carpologica consti-
Conquistaram o prémio dc viagem, nas exposições ge-
raes de Bellas Artes: cm 1894, João Baptista da Costa, ção dc caules anotnalos, apresentada sobre a forma de
actual director da Escola; em 1898, Augusto Luiz de secções transversaes, a de exemplares e fructos de palmei
. ___ , do ras, a de Fetos, de Orchideas, etc.
monumento a Bairoso, em 1900, Joâ< i Ara ripe Macedo, Na saia Martius figura a collecçâo systematica, onde
que abandonou a arte. transformando estão representadas todas as familias phanerogamicas da
funcck nario da repai ição dc estatística; en 1901, Joaquim flora brasileira, e collecçâo de especies curiosas e uteis, dc
em 1902, Eugênio Latour; em 1903, madeiras, de fibras, oleas e outros productos.
Helios Seelinger; em 1901, Aluisio Carlos de Almeida Sta- Na sala Conceição Velloso estão distribuídas as col-
lembrechtr, já tallecido; em 1903, Rodolpho Chambellan J ; lecções de fructos comestíveis, Orchideas, Lentibulariaceas,
em 1006, Eduardo Bevilaqua, que abandonou a arte. tendo Cactacias. Balanophoraceas e plantas aquáticas.
desistido do prémio, aproveitado, no mesmo anno, por Nesta mesma sala acha-se exposto um mappa photo-
Arthur Thimotheo da Costa; em 1907. Carlos Chambeland; graphico do Brasil, com a distribuição das principaes for
cm 1908, Joaquim Rodrigues Moreira Junior; em 1909, mações vegrtativas (mattas, campos, cerrados, catingas, etc.).
Adalberto Mattos; cm 1911, Gaspar Puga Garcia, morto an
tes da viagem; em 1912, Levino Fanzeres; em 1913, An
gelina Agostini: em 1911, Antonio Mattos; en 1913. João
Baptista Bordom, fallecido na Hespanha; en 1916, José A Secção de Mineralogia está disposta do modo se
Ferreira Dias Junior, iá fallecido; em 1917, Ravmundo guinte; Sala José Bonifácio, collecçâo geral dc Mineralo-
Brandão Cela; em 1918, Modestini Kanto; en 1919, Pe ia; sala Escwcge. rochas; salas Hartt, Lund e Lyel, geo-
dro Bruno; em 1921, Guttmann Bicho; em 1922, Luiz E>gia e paleontologia do Brasil.
Fernandes de Almeida Junior. Na sala Derby, encontra-se uma collec.â» destinada a
mostrar cspccialmchte as características das jazidas mineraes
o o 365 o o
LIVRO D k OURO COM Mt: MORA TIVO DO CENTENARIO OA
O posto Zootechnico de Pinheiro enviou 28 animae* tenciario o tiaiadn. O Archivo Diplomático da Independeu-
de differentes raças. cia, além da documentação, já em parte divulgada, sobre
A exposição de gado fo i o reflexo vivo do trabalho essa negociação, publicará as actas das respectivas confe
realizado cm fazenda* modelares, não só aqui como no in- rencias c o diario inedito e mesmo até agora ignorado de
Luiz Moutinho Lima Alvares e Silva, official maior da
A exccMeneia dos animaes de raça, nascidos no Bra Secretaria de Estado que, como assessor dos negociadores
sil, torna-se evidente, pelo crescido numero de admiráveis brasileiros e secretario para as conferencias, poudé fazer
specimens apresentados. ? detalhada desses trabalhos dipío-
O zebú, que representou papel importante no inicio nâo pon i de chiste. A realização
da nossa industria pastoril, ao contrario das outras expo foi confiada aos Srs. Mario de Vasconcellos
sições, figurou em numero relativamente pequeno. Zacharias Góes de Carvalho, Oswaldo Corrêa, Hildebrandò
O gado caracú apresentou-se em estado de perfeito Accioly e Heitor Lyra, funecionarios do Itamaratjv c que vão
com o maior carinho e zelo levando a termo esse notá
um grão elevado de correcção. Nas exposições passadas, vel trabalho, que será subsidio do mais alto valor biblio-
essa raça deixou muito a desejar, pois os indivíduos apresen graphico da historia patria.
tados não satisfizeram as a . •■ ik .U n - •» ron.
ição, o que felizmente
Além dos bovinos, figi i exposição bellos equi
PORTUGUESA
O O O O 366 O O O O O
IS DP PEN DE S C I A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
a resptito com grandes applausos e elogios. Como manan O MONUMENTO A CHRISTO REDEMPTOR
cial de documentação, esta obra adquire a mais indiscutí
vel ç transcendente importância para o estudo da historia
do Brasil.1»
No alto do Corcovado se erguerá em breve o ma-
gestoso monumento a Christo Redemptor, cuja pedra fun
damental foi lançada por occasião dos festejos do ccn-
CURSO DE LITERATURA BRASILEIRA
O O O 367 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
bido dignificar a marinha de guerra, a começar p->r Co- çada do monumento. No topo do franco esquerdo o Gua-
ckrane. Taylor e outros, 03 factores essenciacs da cruzada rany — o indio de Alencar idealizado por Brizzolara —
acaba dc lançar a flecha contra Gonzales. No outro flanco
Continuando o seu discurso, o almirante Oliveira Sam Salvador Rosa faz menção de atirar o punhal, sy.mbolizaiido
paio referiu-se á acção da nossa marinha ainda por muito no gesto o seu desprezo. Nos extremos, dois grandes gru
tempo depois da independencia; alludiu aos heroes do Ria- pos limitam o ambito abrangido pelo monumento: uma
çhuelo c de Humaytá na campanha do Paraguay c terminou bellissima mulher representa a Republica dos Estados Uni
dos do Brasil, empunha a bandeira nacional que o Povo.
reclinado, beija: a Italia, que apoia a mão sobre a celebre
monumento concreto do nosso novo renascimento naval. Victoria dc Samothracia, sustentada pelo genio das Bellas
Artes. Junto a estes grupos representativos das duas na
ções irmãs, erguem-se dois altos mastros dc bronze, onde
tremularão as bandeiras italiana e brasileira.
MONUMENTO A FRANCISCO MANOEL As estatuas e cs grupos do monumento são de bronze,
excepto os da Musica e da Poesia, talhados em marmore
de Carrara. O proprio granito provem todo da Italia.
A Escola de Musica Arcangelo Corelli» coube a ini
ciativa de erigir um monumento á memoria de Francisco
Manoel, autor do Hymno Naciona', essa pagina fremente
de cnthusiasmo e vibração, em cujos aceordes fulge o MONUMENTO A D. PEDRO I
idealismo tropical de nossa gente».
A concretização dessa idéa generosa será um dos mais
nobres gestos do povo brasileiro para com os seus gran
des representativos, e ficará como um dos numeros mais Em 7 de Setembro de 1923, finalmente, foi inaugu
significativos das commemoraçôes do centenário. rado, na escadaria monumental do Museu Paulista, na
Francisco Manoel não foi apenas o autor do Hymno rutilante capital do Estado de São Paulo, a estatua dc D.
Nacional Foi tambe.m o fundador do Conservatoriò de Pedro I. que ficou occupando o grande nicho central da-
Musica do Rio de Janeira e o verdadeiro criador da nossa quellc rico vestibulo.
cultura musical. Ao seu profundo sentimento artístico, ao f. um bronze de quasi tres metros dc altura, obra
seu esforço perseverante e ao seu illuminado patriotismo do prof. Rodolpho Bcrnardelli, representando o principe,
devemes inicialmentc o que hoje podemos apresentar ao de cabeça descoberta, no momento em que depois de ha
mundo no dominio da arte soberana. ver lançado o hrado Independencia ou Morte» veiu
Francisco Manoel da Silva nasceu no Rio de Janeiro ao encontro-dos batedores da sua escolta, parados á mar
em 21 de Fevereiro de 1795 e falleceu e.tf 18 de De gem do Ypiranga, e lhes gritou: Estamos livres».
zembro de 1865, aos 70 annos de idade, sendo seu corpo
sepultado no cemitorio de S. Francisco de Paula.
OS MONUMENTOS DE CORITIBA
O MONUMENTO A CARLOS GOMES, EM S. PAULO
A culta c clara capital ná, a cidade de Cori-
.. Centenário, inaugurou,
__ pA uléa dc um grande monument i a Carlos numa de suas grandi praças publicas, as hermas dos
1909, rs maiores poetas paranaenses mortos: Emiliano Pernetta,
Luiz Chiaffarelli e v
a mmissào incumbida
fiSSTS.'"
. _
irgamzaran uma
consagração ao
milio de Menezes e Domingos Nascimento, e lançou a
•dra fundamental dc dois grandes monumentos offertados
compositor brasileiro. Quando iam em eio do trabalho cidade respectivamente pelas colonias italiana c polone/a.
de angariar cs donativos para realizar o n As tres hermas, formosas e puras obras d'arte, fo-
nia italiana de S. Paulo, num gesto de irofunda bellcza. m modeladas pelo- csculptorcs paranaenses João Turim
tom >11 a si a consccusâo da obra, que seria o seu Zaco Paraná, artistas dc sangue, que durante longos
ficc presente ao Brasil, na festa do Centenário. Um. ..... mos fizeram seus estudos em Paris e Bruxcllas, haven-
missão composta dos Srs. Cav. Luigi Chiaffarelli, conde ) ambos conquistado varias medalhas nos Salons» de
f rancisco Mattarazzo, conde Alexandre Sicilano, que se fez
representar pelo Sr. Braz Alticri, commendadir Nicolas A João Turim confiou a colonia italiana do Paraná
Puglisi, Cav. Vincenzo Frontini, como representante do execuçâc do grande monumento a Tira dentes. que será
Banco Francez e Italiano; Cav. Humberto Lombroso, como ntro em p >uco inaugurado cm Coritiba.
representante do Banco Ítalo-Belga, e Ur. Mario Polacco, Zaco recebeu da colonia poloneza, de que descende,
tomou a si a direcção da homenagem, que se realizou a encargo de modelar a estatua do Semeador . symbolo
12 de outubro, na data duplamente gloriosa pelo centenario > trabalho fecundo, com que manifestará essa colonia sua
da acclamação de D. Pedrol e pela descoberta da Ame- ratidão pela acolhida fraternal que encontraram seus mem
rica. O monumento entregue á cidade de S. Paulo, pri- os naquclle Estado brasileiro.
moioso trabalho do illustre esculptor italiano Luigi Briz
zolara, está collocado na esplanada do Theatro Municipal,
oescendo pela encosta da Anhangabahú. A parte superior
do monumento é constituído por uma exedra de granito
vermelho pedido, de Carrara. Na parte central da éxedra. O PANTHEON DOS ANDRADAS
ergue-se a estátua em bronze de Carlos Gomes, com tres
metros e vinte centimetros dc altura.
A estatua do grande compositor — contrastando com a > Ranth, .... .....v nAnd
.........
radas foi
existente em Campinas, da autoria de Bcrnardelli — não tem intos em 7 de Setembro
a attitude cncrgica que dava ao autor do Guaranv o ar 'rojcctado para fazer part.: do bello c historico Con-
leonino e triumphante, a que nos acostumámos, evocando do Ca..__ „ . .......i „ „ eve a sua fachada estudada
a sua gloriosa figura. Na obra de Brizzolara a força genial ' destacasse respectiva entrada,
do maestro se revela numa outra expressão dc grandeza entrada um massiço e rrico portal f
— a força do pensamento, titânico, formidavet, arrancando a finamente lavrada, sendo a porta, I
do fundo das meditações a maravilha estupenda d >s poem; ades das janellas. cn ferro forjado
que o ----- ---- i do
: da alma o, segundo desenho também seiscentista,
, não .•ipal, lê-se, ao alto. a seguinte dedica-
momentos g .. ......... irmãos Andradas», cujas letras, dc bron-
as imm-irtaes. Toda a tragédia que encer- dourado, estão gravadas na cantaria.
O interior do Pantheon, encaixado no antigo claustro
bt-rbas harmonias, a poesia profunda e se- Convento, e de forma rectangular, com uma área de
larga e suggestiva, — ambas representadas 1 metros quadrados. Ê esse rcctangulo dividido cm duas
s lados do maestro, — revelam-se na phv- tes: o vestibulo c o Pantheon propriamente dito.
de Carlos Gomes. A parte superior do mo- O vestibulo, dc pequenas ilia u-niW -> fer-to 1
plctada por dois colossaes candelabros de para bóa proporção a
' metros de altura e 2.500 kilos de peso. mármore c as paredes re», obedecendo a
m. No plano inferior, itro da piscina, tres architectura a linhas
marinhos lançam jorr iniosamente suavi-
------------ sobre o dorso um globo c a pelo estylo colonial.
a legenda Ordem
Progresso». De pé, sobre o globo, ; Gloria. A direita
lesse conjunto, erguc-se o «Schiavo», p _ apunhal.
...... .
e, pouco além tombada na extremidade do balaustre 1 As dimensões propositadamente reduzidas desse portico
escadaria, contorcendo-se fazem accentuar a grandeza da sala, que se depara, a
A^esquerda do grupo central, Maria Tudor sê’ ergue' golpe dc vista, sumptuosa, dando a impressão de occu-
par área muito maior do que a realmente occupada.
O aspecto dessa sala maravilha não tanto pela sua
part» grandiosidade, pela nobresa, pelo admiravel effeito esthe-
O O 368 O O O
Museu do Ypiranga, commcmorativo da indepen- Ypiranga, local era que D. Pedro I soltou o grito
dencia, erguido na collina e ás margens do rio do dc Independencia ou Morte!»
tico, mas pela sua sobriedade, pela arte com que foi exe- ma dos mais relevantes acontecimentos desses cem annos
decorridos, «d, portanto, como se diz na introducção des
Ao piso que é, também, de mármore de differentes co se numero especial, uma documentação palpitante, sincera e
res, com ricos desenheis, se sobrepõem as paredes revestidas espontânea, porque não foi feita para nós, da geração actual,
até certa altura de mármore verde no qual são cavados e por isto se torna ainda mais significativa, pittoresca e in
os tres nichos em que foram depositados os despojos sa teressante. E o proprio testemunho dos homens do pas-
grados de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriar
cha, e do seu irmão Martim Francisco Ribeiro de An Servimo-nos ainda de palavras da referida introducção
drada. O terceiro nicho é destinado a receber os restos para dar idea do que foi o ousado commottimcnto:
do terceiro Andrada — Antonio Carlos, sepultado no Mos , 0 Jornal do Commercio, que sahiu á publicidade
teiro de S. Bento, no Rio de Janeiro. cinco annos depois da independência, que no inicio de sua
Ao alto do paramento de mármore acha-se incrus própria existência cooperou com os que tinham fundado
tada num friso decorativo a divisa da venerável trindade, o Império, delles recebeu o influxo e as vibrações pa
em bronze. trioticas; o Jornal do Commereto, que registrou, a 7 de
Acima do friso c do bronze continuam as paredes, Abril, a regência, a maioridade, o acto additional, o parla
então claras, revestidas de simili-pierre», e ricamente or mentarismo, as guerras do Prata, a do Paraguay, a aboli
namentadas. ção e a Republica, que acompanhou a evolução econômica
A illuminaçâo se faz pelo alto, por vitrail, dando ao e financeira do paiz, o seu progresso agrícola, commercial
ambiente uma luz de alto effeito emotivo. e industrial, a transformação dos costumes, a evolução das
Sobre o vestibulo foi reservado espaço para uma ga idéas, as lutas politicas, guarda nas suas collecções de
leria, destinada aos espectadores, nas festas civicas que noventa e cinco annos todos os influxos directos e todos
ali se realizarem. os écos e todas as polemicas da historia do Brasil. Todos
No Pantheon figuram diversos quadros era bronze, c,s acontecimentos, de toda especie e ordem, foram consigna
cujos motivos sâo os seguintes: o desembarque de Antonio dos ou recordados nas nossas columnas. Por isso, os nos
Carlos na Bahia entre os republicanos da Revolução ven sos destinos sempre estiveram vinculados aos destinos na-
cida de Pernamubco (Maio de 1817). - A visita de José cionaes, e através das nossas collecções é possível re-
Bonifacio no acampamento dos patriotas em frente da divisão ccnslitiiir toda a historia do Brasil.
portuguêsa de Jorge de Avilez, insurgida (Janeiro de 1822). Direclamente, o Jornal do Commercio reflecte nas suas
— Proclamação do governo provisorio de Sâo Paulo por collecções, cm todas as suas secções, o desenvolvimento
José Bonifacio (Junho de 1821). — José Bonifacio com do Brasil, e nos artigos de polemica, na parte editorial e
batendo em uma guerrilha os francéscs (1808). — Embar na parte ineditorial accusa todas as discussões em torno
que dos Andradas para o exilio (Novembro de 1828). — dos homens e dos acontecimentos.
Conferencia dos tres irmãos com o embaixador inglês so
bre a extineção do trafico (Maio de 1823). — José Boni As collecções do Jornal do Commercio, com a vasta
fácio entrega a carta que determina a scena de 7 de Se documentação que recolheram, são um museu histórico, uma
tembro, no Ypiranga (Agosto de 1822). Coroação de encyclopedia, uma bibliotheca sobre o Brasil. Lendo-se es
D. Pedro II (Junho de 18-11). sas collecções sabe-se de tudo. Tudo está nellas consigna
do. Os acontecimentos anteriores, nos tres séculos do Bra
sil sem Jornal do Commercio, estão recordados, analysados,
criticados nos artigos de commcmoraçâo, de polemica, de
OUTROS MONUMENTOS reconstituição, de justificação. Os depoimentos historicos,
authenticos, feitos pelos personagens que tomaram parte
nes grandes episodios da nossa vida politica, abundam nas
As obras d'artc glorificadoras, de que fazemos aci nossas collecções, fornecendo uma documentação segura e
ma ligeira referencia, não esgotam a lista dos monumentos
inaugurados cu de que apenas foi lançada a pedra fu n Nas 3-1.845 edições passadas do Jornal do Commercio
damental, em commcmoraçâo do centenario. a historia é bem a resurrelçio de que falava Michelet.
Do grande Monumento ria Independência, erguido na A sociedade apparece com os seus traços característicos,
collina gloriosa do Ypiranga e entregue ao povo em 7 os homens com as suas idéas, os seus partidos, os seus
de Setembro de 1923. damos em separado a nitida photo- temperamentos, as suas paixões, os costumes com o seu pit-
giavura que lhe mostra o magnifico esplendor: é uma das torcsco e a sua fantasia. Ahi tudo é directo, vivido, real,
mais imponentes e grandiosas obras de arte commemorati- feito pelos homens, cuja vida queremos reconstituir. O
vas de todo o continente americano. que fizeram está escripto por elles mesmos ou por seus
Na Capital Federal, tres grandes genios universaes contemporanços.
receberão, dentro em pouco, a homenagem do respeito e Ê a historia que vive, pela resurreição dos que a fi
da veneração de nosso povo: Camões. Dante, Pasteur. zeram, não recordando, mas realizando o que se quer re
A estatua de Camões será erguida num dos logradou cordar.
ros centraes da cidade.
Os lindos jardins da praia de Botafogo acolherão o •O Estado de S. Paulo's, edições de
busto de Dante, e á frente do palado da Faculdade de 7 de Setembro e dias consecutivos.
Medicina será collocado o busto de Pasteur.
Ainda na Capital Federal será levantado o monumento Não menos importante e valiosa foi a contribuição
á Republica, de grandes proporções, reunindo numa mes do grande diario paulistano O Estado de São Paulo nas
ma glorificação os vultos maiores da implantação do regi- ec mmcn.oraçôes da magna data. Na impossibilidade de es
tampar num só numero a copia enorme de profundos es
O feito imrnorredouro de nossa historia, que foi a tudos sobre todas as nossas manifestações culturaes com
heroica Retirada da Laguna, terá, para mantel-o vivo na S ue concorreu para a glorificação do Centenario, O Estado
lembrança e no amor de nosso povo, um monumento glo- e São Paulo publicou-os em diversas edições, apparecidas
nficador. a 7 de Setembro de 1923 e dias consecutivos.
A estatua do criador da aviação, o grande Santos Du De entre esses estudos, que se distinguem todos pela
mont cuio nome se eternizou nos factos das maiores con- rigorosa honestidade e grande brilho com que foram tra
uistas humanas, será em breve erguida junto ao morro çados, destacamos os seguintes: .Explorações scientificas
a Viuva, á margem da bahia incomparável. no século da independência», por Theodoro Sampaio; «Um
Ua mais, a notar, o formoso monumento que a ci século de cultura sanitaria», por Afranio Peixoto; «Edu
dade de S. Paulo ergueu á gloria de Bilac. poeta e apos cação e ensino; instrucção publica», por Sud Menucci; «A
tolo admiravel. evolução da Medicina no Brasil», por Oscar Freire; «Es
Não fica, ainda assim, completa esta resenha, na qual boço histórico sobre a Botanica e a Zoologia no Brasil»,
mais de uma deficienda será talvez notada. Os leitores por Arthur Neiva; A Engenharia no Brasil — 1822-1922»,-
nol-o perdoarão em nome do accumulo de factos os mais por Octulio das Neves; «Um século nas relações interna-
diversos que tivemos a registar fazendo o historico das cionaes», por Oliveira Lima: .Um século de musica brasi
c.mmu-moiações do centenário. leira», por R. Barbosa; Literatura e nacionalidade», por
Amadeu Amaral: «As artes plasticas no Brasil», de Ro
nald de Carvalho; etc., etc.
AS GRANDES PUBLICAÇÕES DO CENTENARIO
«America Brasileira”, edição do cen-
•.Jornal do Commercio», edição de
J de Setembro.
Basta lançar os olhos para o brilhantíssimo summario
D< cumento valiosissimo e profundamente original foi do numero cr-mmcmorativo desta victoriosa publicação para
a grande edição do Jornai do Commercio do Rio de Ja ter-se uma idéa do que foi o precioso contingente com que
neiro publicada em 7 de Setembro de 1922. contribuiu para a consagração gloriosa: «O phenomeno bra
O velho orgam-leader da imprensa brasileira, em seu sileiro» (Redacção); «Raizes de idealismo», Graça Aranha;
numero especial de mais de 400 paginas, procurou reconsti A figura de Pedro 1», Rocha Pombo; Espirito de Re
tuir a historia dos nossos primeiros cem annos de vida volta», Celso Vieira; El Libertador y el Empeador», Diego
independente aproveitando-se do proprio material archivado Cnibouell; <Rio de Janeiro», Jan Havlasa; «A Minha sau
em suas preciosas collecções. dação», Fidelino de Figueiredo; «Un précurseur de 1'india-
Assim, transcreve topicos dos artigos, crônicas e noti nisme», G. Le Gentil; «Um século de pensamento», Ronald
cias estampados nas suas próprias paginas na occasiâo mes de Carvalho; «A inclyta Trindade», Elysio de Carvalho;
o o o o o o 369 o o o o o o
LIVRO Db OURO c o m M e M o r a t i Vo d o c è n t e n a Ri o dá
«bases da Sociologia brasileira», Victor Vianna; «A musica senta o Mundo Literário uma edição magnifica, que muito
no Brasil no século XIX», Kenato Almeida; «A independência honra os seus Directores. Entre os artigos, salientamos os
e o papel da Bahia», Lemos Britto; «O regente Feijó», devidos á pena de Rocha Pombo («Confronto de duas
Ribas Carneiro; Scienda jurídica», Pontes de Miranda; épocas: 1882-1922»); Ronald de Carvalho («O Romance
• Historia da Colonização portuguesa». Celso Vieira; «José Brasileiro»); padre Assis Memoria («O Pulpito Nacional»);
Bcnifacio, o Moço», Feijó Bittencourt; O espirito nacio Renato Almeida ( O Movimento Philosophico»); Francisco
nalista na pintura brasileira», Carlos Rubens; A diplo Prisco t I>om Silverio»); Goulart de Andrade («Oil Vi
macia da independencia», lldcbrando Accioly; <Os falsos cente»); Carlos Rubens ( Pintura Brasileira»), e I». Amelia
precursores de Cabral», Elysio de Carvalho; Um século Beviláqua («Reminiscência»),
de Sciencia», Francisco Venancio Filho; «Integração conti
nental americana», Jorge Latour; «A engenharia no Brasil», iFon-Fon!”, de 7 de Setembro de 1922
Soter de Araujo, etc., além de extensa chronica do cente
nario, com minuciosas informações, c esplendidas gravuras A edição deliciosa do Fon-Fon! commcmorativa do nos
a illuminarem todas as suas paginas. so centenário, foi uma das mais admiráveis publicações do
centenário, pela originalidade da collaboração, das íllustra-
ções e das gravuras. Incumbindo a um escriptor novo de
cada Estado de escrever a pagina referente á sua terra,
ornada com motivos locacs. Fon-Fon! nos deu um bello
Dirigida, como a publicação a que acima nos referimos, attestado da mentalidade moderna do paiz, nessas paginas
de emoção, de saudade, ou de paisagem. Entre os colíabo-
por Elysio de Carvalho, o Monitor Mercantil, cm seu nu radores desse numero citaremos os Srs. Claudio Ganns, que
mero especial do centenario, nos dá uma synthese mara escreveu uma linda pagina de abertura, num symbolismo
vilhosa da potencialidade economica do Brasil de hoje. Abre vivo e ardente; Ronald de Carvalho, que louvou o velho
este numero especial vasto e brilhante estudo, da autoria Rio, cvocando-o com delicioso lirismo a velha capital, /e-
de seu director, sobre A Realidade Brasileira, subdividido itxmentr remodelada...; Tasso da Silveira, que fez uma
nos seguintes paragraphos; o progresso brasileiro — Po mancha interessantíssima de Curityba; Luz Pinto, numa
tencialidade commercial — O valor da industria fabril — saudação a Joinville; Gustavo Barroso, que contou a his
Fomento agrícola — Brasil, celeiro do mundo — Potencia toria de um «soviet» no Ceará; Renato Almc.da, que es
lidade da nossa agricultura — As nossas riquezas cm ferro creveu sobre a admiravel Bahia; Oswaldo Orico, Alcino
e carvão - - A pecuaria e a industria frigorifica — Appa- Sodré e muitos outros, que emprestaram o brilho de suas
relhamcnto economico — O commercio segue o pavilhão pennas a esse numero magnifico do Fon-Fon!
— A nossa orgnaização bancaria — As finanças publicas —
Completas estatísticas sobre todo o movimento eco
nomico do Brasil de nossos dias enche o resto do texto. «Jornal do Commercio . de Reci/e,
Vale essa edição do M onitor Mercantil, assim como foi edição de 7 de Setembro.
organizada, pelo mais precioso archivo de informações so
bre os problemas que fundamente interessam a vitalidade O numero commemorativo do Jornal do Commercio,
nacional. de Recite, é uma prova do adiantamento da imprensa do
grande Estado nortista, adiantamento material e intellectual,
«O Raiz-, edição de 7 de Setem revelando o quanto está apparelhada ali a industria typo-
bro de 1922. graphica c a que altura chegou a expressão de cultura de
Pernambuco.
Não foi das menores a contribuição de - O Paiz Pode-se avaliar o valor da edição com que o Jornal do
para brilho da commvmoração jornalística á data da nossa Commercio cotr.memorou o nosso Centenario pelo seu nu
emancipação politica. Foi, sim, das mais brilhantes pelos mero avultado de paginas, c isso já seria um louvor; mas
trabalhos artísticos c literários inseridos e pelo vultuoso a edição do jornal pernambucano vale lambem pelos tra
numero de paginas — em que reviveu a historia brasileira balhos que publicou, de pennas illustres daqui c de lá,
nas suas manifestações fertes de civismo e de intelligcncia. cada um escriptor evocando uma pagina da historia bra
Não se contentando com o seu esplendido trabalho sileira ou dizendo particularmente do heroísmo e da gran
Uma syntb.rse do Brasil actual, dá-nos ainda Independen deza do povo do Leão do Norte. C assim que publica
cia e vida. de Gilberto Amado, Cem annos de economia trabalhos de Felix Pacheco. Hermes Fontes, Affonso Cel
do Brasil, de Alvaro Paes, O Oenio de Wagner, Casa his so, Agenor de Rottre, Rocha Pombo, Ulysses Pernambuco,
torica e pintores illustres, de Mendes Ribeiro, Cem annos Erasmo de Macedo, Edwiges de Sá Pere'ira, Zeferino Gal-
de progresso, sobre a nossa Exposição, além de outros tra vão, Julio Novaes, Araujo Filho e varios outros.
balhos de valor.
•A Federação», e o seu numero do
«Jornal do Brasil’', edição do Cen- Centenario.
O O O O O 370 O O O O O O
IN DEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
OIfida t tie Alagoas lambem festejou o Centenario. Traz Foi um emprchcndimcnto que como nenhum outro di
os retratos de todos os Presidentes da Republica, do Sr. gnificou nossa capacidade realizadora no dominio das artes
Fernandes Lima e de seus auxiliares, o Hymno estadual, graphicas.
lettra do saudoso pocla Luiz Mesquita e musica do inesque "Correio Paulistano*, edição do Cen
cível maestro Benedicto Silva, o Hymno Nacional e varios tenario.
trabalhos de valor.
L'ma edição que honra a imprensa alagoana e muito K simplesmente admiravel que, além da maravilhosa edi-
contribuiu para o brilho com que Alagoas festejou a data ção de O Estado de S. Paulo, nos tenha dado a grande
da nossa indepcndcncia. capital dos Randcirantes o brilhantíssimo numero especial
do Correio PauHste que commemorou o centenário
rOazcta do Povos, edição do Ceii- de i i independência politu
i edição especial um acervo precioso de Fon-
Dentrc os jornacs que nos Estados deram edições com- gos estudos sobre o Brasil e especialmente sobre o Es
memorativas do Centenário é de justiça salientar a Gazeta tado de São Paulo, sendo de destacar as paginas de Fer
do Povo, de Curityba, editada pela Empreza Graphica Pa nando de Azevedo sobre O Ensino em São Paulo, do Dr.
ranaense de Placido e Silva IV C. Ltda. Eugênio Egas sobre O dia do centenario (Episodio maxi
Organizado pelo Sr. Acir Guimarães, seu redactor- mo — A cidade e provincia de São Paulo — José Boni
chefe — A Gazeta deu-nos um numero magnifico de 90 facio e D. Pedro)., e de outros escriptores sobre os
paginas - com um retrospecto da vida industrial, com Theatres da PauUcfa (da Opera de 1822 ao Municipal
mercial, artística e litteraria do Paraná, uma resenha admi de hoje), O governo paulista no centenario, Aerostaçâo e
rável da potencialidade do prospero Estado sulista em to aviação (apontamentos para a historia da navegação aérea
das as suas expressões de grandeza. A redacção do popu- em S. Paulo). ( I Estado de S. Paulo (Sua riqueza — sua
espertinu e a seguinte: rcdactor-chefe, Acir Guimarães; populaçãa actual — Suas estralas de ferro e de rodagem),
A capitai dos Bandeirantes no anno do centenario, O
Sport em S. Pauto, etc., etc.
Esplendidas photogravuras ornam todas as paginas e
dão relevo aos artigos desta formosa edição especial de
O Correio Paulistano.
*Jornal de Alagoas*.
• A Republica», de Corltlba, edição
O O O O O O-
LIVRO DH OURO COM ME MOR/TIVO DO CF.Nf ENAR/O DA
A cxcelkncia e variedade extrema dos productos apre K. O. do Norte — Diario O fficial de 19—9—23.
sentados extenderam longamente as listas dos expositores Paratiyba — Diario O fficial de 23—8—23.
que obtiveram uma ou outra das recompensas acima enu Pernambuco — Diario O fficial de 7—9—23.
meradas. Não dispondo do espaço necessário para repro Alagoas — Diario O fficial de 10—8—23.
duzir, r.a integra, essas 1'stas, limitamo-nos a assignalar Sergipe — Diario O fficial de 25—9—23.
acs interessados as edições do Diário Official em que Bahia - Diario O fficial de 10—8—23.
foram ellas publicadas, pela ordem das varias unidades da E. Santo — Diarh OfficiaI de 19—8—23.
Federação. Rio de Janeiro — Diario O fficial de 21—9—23.
Districto Federal — Diario O fficial dos dias 19 e 21 S. Paulo — Diario Officiat de 23—9—23.
de Agosto de 1923. Paraná — Diario O fficial de 7—9—23.
Amazonas — Diario O fficial de 10—8—23. S. Catharina Diario O fficiaI de 22—9—23.
Pará — Diario Officia/ de 22—8—23. R. G. do Sul — Diario Officia! de 19—9—23.
Maranhão — Diario O fficial de 19—8—23. Minas Geraes — Diário O fficial de 21—8—23.
Piauhy — Diario Officia! de 7—9—23. Ooyaz — Diario Officia! de 19—8—23.
Ceará — Diario O fficial de 17—8—23. Matto Grosso Diario Officiat de 1 9 - 8 - 2 3 .
(7 DE SETEMBRO DE 1923)
o o o 372 o o o o o o
Fm b p j c a .d e Feculas e Moagem d e Cereaes
.PECULAS AUMENTARES E PARA FIN S INDUSTRIES
ic ie d a d e tfn c m in ia .
o o o o o 373 o o o o o
UVRO D t OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
Assumiu o commando geral das tropas, o gene senta uma novidade para esta cap ital, ga ra n tiria o
ral C andido José Pamplona, commandante da 4.a B ri cnthusiasm o da população. Mas o u tro elemento, bem
gada de In fantaria. m ais ponderável, concorreu para esse resu ltad o Foi
Os elementos da M arinha de G uerra ficaram sob a u n iform e capacidade de m ovim entação c de abso
o commando do capitão de m ar e guerra Oscar Gi- lu ta destresa de toda a trop a Especialm ente, o exer
tahy de Alencastro. comprehendendo uma brigada c ito sc fez notar, m ostrando-se á a ltu ra dessa u n i
de desembarque. form idade. Cabem-lhe, na infa n ta ria , na cavallaria e
C om m aiidou os elementos do exercito o coro na a rtilh a ria , pelos nrogressos realisados em um anno
nel 1 u iz Franco Ferreira. apenas, as honras d o bra vo a que fez jú s e que, de
Estes corpos foram constituídos de: to da alma, lhe fo i dado V im ol-o, ainda ha um anno,
ta nto ou quanto in c e rto , cm p e rio do de adaptação.
2 esquadrões de C avallaria (do 3 ° R. C . D .) ; V im o l-o agora. O contraste, que lh e notáram os com
1 regim ento de infa ntaria (con stituído de ele a p o lic ia d o Estado, com posta p o r engajam ento, aliás,
m entos dos corpos da 4.-1 Brigada I.) ; de um pessoal que annos e annos se adextra, de-
1 g ru p o de artilh a ria montada (d o 4.° R. A. sappareceu de todo. O s brioso s conscriptos — pra
M .) ) ; ças evcntuacs e cidadãos conscientes e cultos, flô r
1 secção de a rtilha ria pesada (d o 2.« Q . I. da mocidade b ra s ile ira em curtos mezes se pu-
A. P ) ; zeram em adm irável pé de firm eza, de resistência, de
1 secção de a rtilha ria montada (do 2 ° G . A, adestramento. Sem um a fa lh a, na cavallaria e na
M th .) ; artilh a ria , com especialidade, po is que são as armas
A Força Publica, sob o commando do coronel mais exigentes, as suas m anobras cnthusiasmaram».
O. O O O o o 374 o o o o o o
/N DE PEN DESCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O mesmo jo rn a l descreve pela seguinte fo rm a gravados na m em oria dos populares. «Braz R odri*
o be llissim o d e sfile dos escoteiros, com que se ini- gues Alzâo», «Sebastião P in h e iro Raposo», «D om in-
ciaram na cidade de São Paulo as festas de 7 de cisco Pedroso Xavier», «Luiz Dias Leme», «Valen-
Setembro: tim de Barros», «A ntonio de A lm eida Lara», «A ntonio
«Seis ou sete m il crianças, uniform isadas, dis Raposo Tavares», «Bartholom eu Paes de Abreu», «João
postas cm fila s m u ito regulares, desfilaram garbosa- A m aro M aciel Parente», D io g o C ou tinh o de M ello»,
mente pelas ruas d o T ria n g u lo , arrancando ao povo, Sim ão Pedroso», «Gaspar de G o do y C ollaço», Bar-
que as esperava em massa ao lon go das calçadas, pal th olom e u Bueno do Prado», «Manuel de Cam pos
mas calorosas de adm iração enthusiastica. À medida Bicudo», «hrancisco D ias Velho», «Sebastião de B rito
que as palmas estrugiam , compenetrados do seu papel G uerra», «A nton io Pires de Campos», «M anuel Ro
e agradecidos pelo carinhoso acolhim ento, s orrindo drigu es Thomaz», «M anuel D ias da Silva», «Pas-
alegrem ente os escoteiros avançavam, a b rin do a la i. choal Paes de Araújo», «André Fernandes», «D io go
Nem as acclamações do povo, nem os im pecilhos que da C osta Tavares», Lourenço C astanho Tacques»,
os populares lhes criavam nas agglomerações que, .B artholom eu Bueno de Siqueira», «Estevam Raposo
anciosos p o r vel-os bem de perto, form avam aqui e Boccaro», «Luiz Pedroso de Barros», «D om ingos Bar
a lli, d istra h ia na marcha os discipulos de Baden bosa C alheiros» e «Sebastião Preto».
P ow el. C erto s de que era condição essencial do exito As bandeiras reuniram -se ás 9 horas na praça
de sua collaboraçâo nas festas obedecer com precisão da Republica, perfeitam ente equipadas, com suas ban
ao to que dos clarins e tambores, elles tinham ou vi das de musica. A voz do commando puzeram-se em
dos apenas para esses instrum entos. Os applausos m archa e to maram rum o d o p ré dio em que funcciona
com m oviam -nos; mas era preciso obedecer, e elles a dire c to ria g e ral da lnstrucçào Publica. N a sacada
obedeciam, m archando sempre... estavam os srs. dr. A la ric o S ilveira, secretario do
De quando em quando o batalhão apresentava In te r io r ; professor G u ilh erm e Kulhm ann, dire cto r da
um in te rva llo . Era um a bandeira que passava e o u lnstrucçào e o professor Eusebio de Paula Marcondes,
tra que a seguia. O nome da prim eira , impresso n-a delegado da prim e ira reg iã o do ensino, os quacs. assis
flam m ula que um escoteiro erguia com .orgulho, já tira m ao de sfile, recebendo as continências a que
andava de bocca em bocca: «Fernào Paes de Barros». tinham direito .
E le g o o da o u tra se ouvia, m urm urado aq ui e a lli, D a lli seguiram as bandeiras pela rua V in te e
pela m u ltid ã o : «João Paes F lorido». Eram nomes Q u a tro de M aio. dobrando a C on selh eiro C hrispinia -
ate ha pouco conhecidos de um ou o u tro amante da no, para prestar homenagens ás altas auto ridades do
histo ria das nossas bandeiras, que desbastaram ps exercito. As jan ellas do e d ifíc io do qu arte l general
da segunda região m ilita r estavam apinhadas de o ffi-
gos de B r ito Peixoto», «José de Anchieta», «Fran-
sertões; nomes de bandeirantes, cuja ob ra esquecida ciacs. A passagem dos escoteiros fo i então assi-
será da qu i p o r m ais algum te m po sabida de todos. gnalada por uma enthusiastica salva de palmas e
Foram assim passando, m ostrados pelas crianças e pelas continências de rig or.
o o -o o o o 375 o o o o
LIVRO D t OURO COMMEMORAT W O IX ) CENTENARIO
Por fim , c depois de uma verdadeira consagração E para com p le ta r o fu lg o r da celebração so-
publica do seu ga rbo e d iscip lin a em todas as ruas lemne, não nos fa ltaram as provas de fra te rn a l ami
zade dos povos estrangeiros com os quaes mantemos
intim as relações.
N a R epublica A rge ntin a, o anniversario da pro
clamação da independência do Brasil fo i comme-
m orado com varias cerim onias, tendo to da a im
prensa pu blica do artig os, recordando a data g lo rio
sa que o nosso paiz celebrou, fazendo as mais ca
rinhosas referencias ao Brasil e ao seu governo.
F o i dado o nom e de «Brasil» a um a das es
colas de Buenos A ire s e a «Escola para Crianças
Fracas» passou a denominar-se «Escola Sete de Se*
lem bro , realisando-se em ambas, com grande so-
leunidade, cerim onias com m em orativas da festa na
cional brasileira.
Em S antiago d o C hile, to dos os jornaes publi
caram extensos a rtig o s sobre a data da independên
cia do Brasil, que fo i commemorada com grandes
fe stejos.
Em homenagem ao Brasii o dia 7 de Setembro
fo i fe ria d o em todas as escolas.
Também em M ontevideo todos os jornaes sau
daram affcctuosamentc- o B rasil pelo an nive rsa rio da
que atravessaram, as bandeiras de escoteiros foram sua independência po litica.
te r ao palacio do governo, afim de apresentar con La Manana» publicou um num ero extra ordin ario,
tinências ao presidente do Estado. F e ito isso, d iri realçando os progressos realisados pelo paiz em to
giram-se para o la rgo do Paysandú, onde, cerca das dos os ramos da actividade humana.
11 horas, se dissolveram». «E l D ia rio del Piata» e «La Democracia » consa
Às 20 horas, teve log ar no Palacio dos Campos graram tres columnas de suas paginas á data brasi-
Elyseos, o banquete offerecido pe lo sr. Presidente leira e «La Razon» e «El Siglo» saudaram o Bra
do Estado ás fo rças de te rra e m ar que tomaram s il em sueltos, referindo-se também, em term os m uito
parte na parada e as missões in s tr u c to r s da Força carinhosos, á acção do representante do U ru gu ay no
Publica e da M arinha Nacional.
Em Santos foram grandiosas as festas realisadas
em commemora çâo á data de 7 de Setembro.
Desde pela manhan começaram a d e s filar pelas
ruas da cidade as forças dos T iro s ns. 11 e 598
e os batalhões de coüegiaes.
Às 10 horas, cerca de tres m il crianças das es
colas locaes, inclusive varios batalhões de escoteiros
fo ra m depositar flo re s e coroas no Pantheon dos
Andradas e no grande monum ento da praça da In
dependência.
Às T i horas realizou-se no Paço M un ic ip al a
recepção o ffic ia l offerecida pela Camara em comme-
moração á data.
Ás 14 horas, perante os representantes dos srs.
presidente da R epublica e do Estado; deputados A n
to n io C arlos, E p hig en io Salles, D ion y s io Bentes, Eu
rico Valle, D om ingos Barbosa, José Augusto, Oscar
Soares, Costa Rego, G e ntil Tavares, César Vergueiro
e senador Pires R abello; autoridades locaes e grande
massa popular, fo i inaugurado o Pantheon dos An
dradas, no C onvento dos Andradas.
Os tu m ulos dos grandes patriotas ficaram atape-
ta dos de flores.
Em B e llo H orizon te, S. Salvador, Recife, C u ri- Brasil, o m in is tro Ramos M o n te iro , em p ro l da cres
tyba, P. Ale gre, etc. houve brilha nte s commemorações. cente cordialidade entre os dois paizes.
O o o o o o 376 o o Oo o o
3 1,Praça da R e p u b lic a -S ã o PAULO.T,i:cioAot5029
JOSE B O N IF A C IO D E A N D R A D A E SU V A O
P atriarcha da Independcncia, natural de Santos.
C h e fio u o m ov im en to de 1821. D irig iu , como
m in is tro de I) . Pedro, a revolução da Indepen
dencia. D isso lv id a a C o n s ttiu in tc . fo i deportado
ct/in seus do is irm ãos, estando n o e x ilio desde
182'J a 1829. Em 1831, o Im perador nomeou-o
tu to r de seus filh o s . D e m ittid o pela reacção
em 1833, re tiro u -s e para Paquetá onde m o r D. PE D R O I — O fund ad or do Im pé rio
reu em 1838.
O O O O O 37 6-A o o o O O o
/ IV RO n r (HlRO COMMEMORAT/Vn n o ( I N, UNARIO />A
M A R E C H A L F L O R IA N O . — Assumiu o governo
como vice-presidente, em 1891. Reagiu contra a
situação deixada por Deodoro. Teve de suffo- I>R. P R U D E N T E D E M O R AES . (Q ua trie nn io
car, além de varias sedições e tum ultos, a re de 1894-1898) N orm alizou a ordem p o litica,
volução federalista do sul e a revolta da es e x tin gu ind o o nucleo de fanaticos hostis de Ca
quadra na bahia do Rio. nudos, e pacificando o sul.
C O N S E L H E IR O R O D R IG U E S ALVE S. (1 9 0 2 -
19<><>) Deu increm ento a obras de que de
pendia a expansão da nossa economia interna.
Renovou a capital da rep ub lica ; e com o con
curso do Barão d;» R io Branco (m in is tro d o ex
D R . C A M P O S SALES. (1898-1902)) Recons te rio r) resolveu, além de outras, a mais d iffi-
tru iu as finanças publicas, perturbadas por mais cil das nossas questões externas (a de lim ites
de 8 annos de complicações da politica interna. com a B o liv ia ).
o o o 376 B O o o o o
M A R E C H A L H ER M E S D A FONSECA. (1910-
1914) D uran te este qü a trie n n io , teve a na DR. W E N C E S L A U BR AZ. (1914-1918) - Fez
ção a infe lic id a d e de perder o seu grande filh o , uni go vern o discreto de paz e uma a d m in istra
o Barão do R io BranCo, fa lle c id o a 10 de Fe ção de expediente, só alterada pela declaração
v e re iro de 1912. de guerra á A llcinanha.
o o O 376-C O O o
UVRO OF. o r RO COMME MORA TIVO IX ) CENTENARIO DA
O O O O O 376-D O O O O O O
S O C I E D A D E . C M C O M M A N D IT A P O R A C Ç O C S
S E D E : R U O d o T h e s o u r o . 9 -I I
LA BORATORIÓS R u a d o C a r m a 5 7 - E 3 T A B .IN D U S T R IA L R u a C y p ria n o B » r a t a S 9
FILIAL: R I O d e J A N E I R O ^
______ R u a B u a n o / A y rc /,1 0 4 . ► - §
PREFEITOS
O O O O O 376-E o o o o o o
A C ID A D E DO R IO DE J A N E IR O
o o o o o 376-F o o o o o o
CENTENARIO DA INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO
Quanto ao calçamento, a capital brasileira, até nicipalidade executou, no mais c u rto espaço de tem
1871, só o possuiu de pedra bruta, defeituosissinio e po, o mais vasto program m a de m elhoram entos d«i
deficiente. Sómente nesta data obteve a Camara M u que ha noticia. Começou pelo ala rg am e nto das ruas,
nicipal autorização para fazcl-o de outra maneira e prom ulgando leis reguladoras da construcção, quan
destnvolvel-o, assim com o para arborisar e aform o* to ao numero de andares c até quanto ao aspecto
sear o C am po de S ant'A nna das fachadas. Prolongaram -se ruas para a b rir cami
J;i em 1853 se cogitava de tran sfo rm ar a topo nho directo entre varias zonas, e uma grande area
graphia da p a rte te n tra l da cidade, projectando se fo i calçada a asphalto até mesmo n o ; arrabaldes.
arrazamento de m o rro s e entulhando se baixadas. O Novas avenidas foram abertas, lig a n d o o centro aos
prim eiro m o rro ameaçado fo i o de Santo A ntonio, arrabaldes, e o canal d o M angue, pro lo ng ad o e des
cujo patrono como que o te.n pro teg ido até o dia obstruído até ao mar, fo i ladeado de duas avenidas
de hoje. M enos fe lize s fo ram o do Senado, que magnificas. O serviço de limpeza pu blica melhorou
teve de ceder lug ar á fo rm osa explanada onde agora consideravelmente, passando a fazer-se pelos pro:es-
se erguem alguns dos m ais bellos edifícios cario sos mais aperfeiçoados. Grande parte do lito ra l, do
cas, c o d o C as te llo, que vae ruind o aos poucos ti centro da cidade para o S , fo i aformoscada com a;
acção da picareta progressista. construcção das avenidas Beira-m ar e A tla ntica , aquel-
I)e 1872, porém , é que datam as principaes trans la ajardinada em toda a sua extensão e semeada de
formações da cidade, com a installaçâo de varias li estatuas e m onumentos de arte. Surgiram jardins
nhas dc bondes en» differen te s direcções. Já em por toda parte em unia profusão ta l que o R io veiu
1878 contava a cidade cerca de 12 companhias de a merecer o no ne de cidade dos jardin s . O. caes do
carris urbanos. Taes linhas, congregando os subúr Pharoux transform ou-se em um d o ; m ais encantado
bios, liga nd o ba irro s, dim in u in d o distancias, perm itti- res desses jardins e deu-se-lhe um m a g nific o para
ram redobrada velocidade ao progresso da urbs. Com- peito. inte rro m p ido por escadas dando accesso para
tudo, só após o advento da Republica atting ira m o m ar. O mercado que o afeiava fo i tra n s fe rid o para
esses progressos á culm inância que fez do R io de um s itio p ro xim o e insta llad o em am p lo e d ifício m o
Janeiro a m aravilhosa m etrop ole de hoje. derno. Com o por encanto, a gente suspeita e desa
Está cla ro que as radicaes transform ações por gradável, que o frequentava, desappareceu ou, pelo
que passou a cidade na R epublica não foram operadas menos, adaptou-se também á transform ação, adqui
rin d o m elhor aspecto.
por um g o lp e m agico lo g o a seguir ao grande acon
tecim ento p o litic o . O s prim eiro s annos do novo re Operou-se um verdadeiro m ila g re e, sob a in
gimen fo ra m em pregados em tremendos esforços de fluencia dessa transformação, o u tra se deu, a dos
consolidação do mesmo. Em 1902 conservava ainda costumes, assumindo outra physionom ia a vida da
o R io dc Janeiro a physionom ia com que o v iu pela cidade. Appareccram os automóveis, cujo num ero se
u ltim a vez o velho Im pe ra do r partindo para o exilio . calcula ho je em cerca de 4.000. A cidade, cm fim , co
meçou a viver outra vida adequada ao n o ; j scenario
Nessa data, porém , começou a radical tran sfo r
onde se enquadrava.
mação. E em q u atro annos de surprehendente esfor
ço, operou-se a m aravilha da criação da nova C api Ein o u tro ramo a d m in istrativo não menos im
tal, surgida dos escombros da antiga ao im p ulso trans- portante, o u tro homem de actividade .operava effi-
fig u ra d o r de uma ad m ira vcl energia. caznicnte, prestando relevantes serviços á cidade e
promovendo a p ro pria im m o rta lid ad e: o dr. Oswal-
D o is elem entos capitaes, escreve um historia-
do Cruz. Coube-lhe a parte de saneamento, p o r me
riador, determ inaram a reform a to pographica da ci
didas enérgicas de pro p h y la x ia e de hygiene que,
dade: a avenida R io Branco e as obras do porto.
si a prin c ip io encontram a resistência de espíritos a tra
Todos os m ais v iérain como consequências destes sados, log o depois receberam aplausos calorosos,
e, ainda mais. tivera m o e ffe ito m oral dc tra n s fo r deante dos seus resultados contra a febre am arclla
mar a má csthctica de construcção. A avenida Rio que assoberbava a cidade perio dicam ente, fazendo
Branco, cortando o coração da cidade, pól-a em com- innumeras victimas e ou tras epidemias, resultados
municaçâo im m ediata com o s itio destinado ao cáes então eloquentemente expressos no decrescim ento dos
do p o rto : c este veiu attender a uma necessidade coefficientcs de m ortalidade. O serviço de hygiene
inadiavel, com o desembarque de passageiros e des m odelar estabelecido lim p ou a cidade, cuja fama de
carga de m ercadorias directam ente para te rra f i r salubridade é ho je m un dial, co.no também, nos cen
me, quando, antes, os vapores ancoravam ao largo tros scientificos, a d o celebre hyg ien ista brasileiro.
do lito r a l da cidade, desembarcando e descarregando
em botes, lanchas, saveiros c barcaças. Uma e outra Acompanhando a transform ação da cidade e a
suggestão dos palacio» que o go vern o levantava para
obras fo ra m imaginadas pe lo dr. Lauro M iille r, m i
a installaçâo de m uito s dos seus serviços, a cons
nistro da Viação do governo R odrigues Alves. A
trucção c iv il fez prodígios, em e d ifíc io ; publicos como
ctm strucção do p o rto fo i confiada á firm a ingleza
W alker fk C om p., e a abertura da avenida R io Bran já em residendas particulares e n a ; casas para o
commercio. Tornou-se como po nto de honra que cada
co collocada sob a direcção do engenheiro b ra sile iro
commerciante fizesse a sua insta llaçâ o á a ltu ra de
dr. Paulo de F ro n tin . O caes do po rto, desenvolven
sua importância. O rap id o desenvolvim ento da c i
do-se numa extensão de 3.500 metros, do Arsenal de
dade é demonstrado pelo facto de que, só durante
M arinha a S. C hristova m , saneou e em bellezou a
o anno de 1911, nada menos d.' 2.615 casas novas
Saúde; e a Avenida R io Branco derrubou quartei
fo ram construídas. Na p rim eira m etade de 1912, os
rões in te iro s de construcção colonial. Em 1911 fo i
impostos de transferencia de propriedade renderam
reso lvid o o prolo ng am e nto do cáes até á Ponta do
mais de 1.500:0008 e o im posto pre dial cêrca dc
C ajú. T u d o , na nova arteria, fo i objecto de cuida
dos especiae», desde o calçamento á construcção de 7.300:0008, o que representa um augm ento de 12 “ o
prédios, para cujas fachadas se fez um concurso. em comparação com o mesmo p e rio do de 1910. A
M u ltip lica ra m se em helleza de architectura as ca receita to ta l para o p rim eiro semestre de 1912 mos
sas de seis e sete andares de que o velh o Rio só tra um augmento de 24,2 "... C om o m edida com ple
tinha um exem plar, apontado como ra rid a d e ... na m entar, a illum inação publica fo i consideravelmente
m a Gonçalves D ias. O contraste do b e llo e do fe io . augmentada, sendo o gaz a u x ilia d o pela electricidade
da agitação c da estagnação fez o resto. de que ha lampadas já installadas e.n uma enorm e
Secundando os esforços do governo fe deral, o zona da cidade. A installaçâo ainda não abrange todo
governo m un ic ip al entrou em actividade. T endo á o perim etro urbano, mas já o R io de Janeiro passa
frente um a d m in is tra d o r enérgico e notável enge p o r ser a cidade mais bem illu m in a d a do mundo».
nheiro, o dr Francisco Pereira Passos, a que o O autor destas notas, que figu ram na excellen
R io deu o nome de refo rm a do r da cidade, a m u te Encyclopedia e D ic c io m rio In te rn a c io n a l editado
O O O O O O 376-G o o o o
LIVRO Ot: OURO COMMEMORA T I VO OO CENT E SARIO
i ’«r'K »V5Td!!S, r * £ s r
o o o o 376-H o o o o o o
Azeite Portuguez GUEDES — Lisboa.
PARTE IV
D IS T R IC T O FEDERAL
O O O o o o 377 o o o o o o
LIVRO DU OURO COMMUMORATtVO DO C t N í UNARIO
o o o o o o 378 o o o o o o
ALAGOAS — PALACIO DO GOVERNO
ESTADO DE ALAGOAS
B rilh a n te pa rla m en tar c b rilha nte jo r O solo é de um a fe rtilid a d e sim plesm ente m ara
na lis ta , de decisiva a tuação na nossa p o li v ilh o s a ; produz excellentes m adeiras dc ca rp in ta ria
tica e na nossa im prensa, o sr. D r. Costa c construcção (v in há tico, aroeira, angico, cedro, ca-
R ego era-nos na 'u ra lm e nte indicado para d i nclla, jacarandá, peroba, páo d ’arco, páo fe rro , em-
zer d o E sta l o de Alagoas. Procuram ol-o no bira, etc.), enorm e variedade de plantas medicinaes,
Palacio da B ib lio th e c a N acional, onde actuai- fm etiferas e de tin tu ra ria , algodão, café, canna de
m ente fttn c rio n a a q ue lle ram o do Congresso. assucar, mandioca, arroz, a ip im , m ilh o , inham e, ba
Recebeu-nos S. E x t ia. com a fid a lg u ia de tatas. carnaúba, piassava, fu m o , borracha, sementes
tra to que a to do s sabe dispensar. E do oleaginosas, etc.
que nos dis s e ent dem orada e benevolente Entre as riquezas m ineracs contam-se o petrole o,
palestra , conseguim os re g is tra r em nosso que está sendo ob jecto das p rim eira s explorações, o
m odesto carnet o que vem abaixo re p ro d u carvão de pedra, o fe rro , o cobre, o sa litre , o m ar
z id o , sem o b rilh o e a força de s ug ge s tio m ore, a mica. etc.
da p a lav ra de S. Excia. A canna de assucar e o algodão constituem as
principaes lavouras de Alagoas, sendo que o assu
car occupa o prim e iro Io ga r na lista das e xp orta
ções. Além de 17 grandes usinas, existem espalha
S I AC iO AS é lim ita d o ao N . pelo Estado dos p o r to do o te rrito rio do Estado para mais de m il
de P ernam buco; a L. pelo A tla n tic o ; engenhos, sendo a producção to ta l de assucar p o r
ao S. p o r S e rg ipe ; e a O . pela Ba- anno calculada em um m ilh ã o dc sacas de 60 kilos
cada uma. A producção de aguardente attin g e a inais
------- - - hia.
As linh as d iv is ó ria s com Pernam buco dependem de 1.500 pipas de 480 litro s p o r an no ; a de álcool
de solução d e fin itiv a , sendo que em caracter p ro v i- é pouca coisa in fe rio r.
s orio são acceitas as seguintes: trecho do n o M o- D o algodão fo ram exportados, no exercício dc
xo tó . serras de P ariconia e de Santa M aria, linh a 1020-21. cerca de 20.000 fa rd os de 75 kilogram m as,
convencional até a serra da B arriga, serras do <-a- afóra 12.770 saccos de sementes, também de 75 kigs.
pim . Bois, P ilõe s e Taquara e rio s Taquara, Jacuhi- cada um , e os productos das fabricas dc fiaçã o e te
cidos de algodão, dc que se exportaram no mesmo
pe e Persinunga. , . p e rio do 2.402 caixas e 15.061 fardos com 1.525.827
De S e rg ipe c Bahia é o Estado separado pelo
kilogram m as.
r io S. Francisco. Alagoas dispõe dc vastos campos de criação,
Sua área é de 58.-101 k ilo m e tro s quadrados e sua
m orm ente nas regiões affastadas do litto r a l, o que
população a ttin g irá em breve a um m ilhão de h a b i
fa z da ind ustria pa s to ril um a das m ais im portantes
tantes.
o o o o o 379 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM M E MORAT !VO DO CENTENÁRIO DA
do Estado. O recenseamento geral de 1920 lhe a ttr i E bastante activo o com m ercio de Alagoas, fazen-
bue a riqueza em gado expressa pelos seguintes a l do-se pelo p o rto de M aceió to d o o m ovim ento de en
garism os: trada e sahida de m ercadorias. Em 1921, á exportação
de assucar, algodão, couros, pelles, tecidos, semen
te de algodão, m ilh o , á lco ol, óle o de rícino , aguar
B o v in o s ................................... 388.371 dente c ou tros productos a ttin g iu o va lo r de . . .
E q u in o s ................................... 84.998
Asininos e muares . . . 14.105 28.487:870*236.
O v in o s ...................................... 164.210
C a p rin o s .................................. 219.081
S u in o s ...................................... 86.869
o o o o
V a v i l h a o d a s in d u s t r ia s d e p o r t u o a l secção de fa r d a m e n to s
E EQUIPAMENTOS m i l it a r e s
i HIWIVF.SARIA
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO 'ERN ACIONAI.
verno Federal mantem e n M aceió o Lyceu de Artes nicip al, o palacio da Justiça, o Thesouro do Esta
c O fficio s. do, etc.
M aceió é lim a cidade florescente e grandemen A segunda cidade do Estado pela sua popula
te pittoresca, «m uitíssim o graciosa», na phrase que ção c im portância commercial c Penedo, á margem
sobre cila escreveu E lisce Reclus. Tem h o je 75.000 esquerda do S. Francisco. Merecem destaque ainda
habitantes, occupando neste assumpto o decimo lo- as cidades de P ila r. Sã > M gu cl de Campos, P ira
gar entre as capitaes dos Estados brasileiros. Seus nhas, Pã ) de assucar, Alagoas, Palm eira dos Indiós,
qu atro ba irro s d istin c tos , Maceió, Jaraguá, Levada e Atalaia e outras.
Jacutinga, s â j liga do s entre si p o r extensa linha
de bondes electricos e dão-lhe um aspecto eminen-
ternente característico. Ê illu m in a d a a lu z electrica e
dispõe de o p tim o serviço de abastecimento de agua.
São numerosas as suas ruas e praças excellentemen-
te calçadas e arborizadas. Relativam ente, Maceió é,
no B rasil, a cidade que m aior num ero possue de
m onum entos consagrados á m em oria de grandes vul
to s: na praça D eo do ro , ergue-se a estatua do fu n
dador da Republica, o M arechal D eodoro da Fon
seca; na dos m a rty rio s , a do marechal F lorian o Pei
x o to ; na do L ivram e nto , a herma de D . Rosa da
Fonseca, a mãe heróica, sendo que todas essas tres
grandes personagens da his to ria patria tiveram o
seu berço natal cm A la go as; na praça da cathedral
encontra-se o m onum ento em m ármore levantado em
m em ória de D . Pedro I I ; na do M onte P io , a estatua
de B ra u lio C a va lc a n ti; e na do Visconde Sinimbu,
a berma deste v u lto illu s tre do segundo Imperio.
São também notáveis m uitos dos edifícios da
cidade, c entre elles o Palacio do G overno, de es-
ty lo italia no , a cathedral, o In s titu to Alagoano, a
Santa Casa, o Lyceu, a M aternidade, o The atro Mu-
o o o o o o 381 o o o o o
ESTADO DO AM AZONAS
D o illu s tre representante do Estado do o g ra n ito das terras altas do R io N egro, as minas
Amazonas na Camara F ederal, D r. A ris ti de carvão de pedra na fro n te ira com1o Peru, as areias
des Rocha, obtivemos a promessa de longo e arg illa s d o r io M atuma.
e com pleto trabalho sobre a maravilhosa
te rra amazonense, cujo esplendor e riqueza
tem fe ito a admiração de m uitos sábios via-
fames. S. Excia. accumulou as notas neces
sarias ao cum prim ento da ta re fa que a nosso
pedido tã o gentilm ente se impuzera. In fe-
lizmente, porem , não lhe perm ittiram as
preoccupaçòes politicas e os affazeres do
Congresso c on cluir a tempo o m agnifico es
tu do a que sua inte llig en cia experimentada
cenamente daria o m aior b rilh o e am plitu
de. Assim , vemo-nos forçados a reproduzir
aqui apenas algumas suggestões apanhadas
em lig e ira palestra com S. Excia., nos cor
redores da Camara, completando-as, como
nol-o perm itiem as circum standas, com mais
extensos dados bebidos em obras referentes
ao grande Estado do extrem o norte.
Oo o Oo O 382 O O
CFN1 EN ARIO DA IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO
o o o o o o 383 o o o o o o
BAHIA - PALACIO DO GOVERNO
ESTADO DA B A H IA
São das mais preciosas, pela sua co O Pico c ulm ina nte da Bahia é o de Alm as com
pia v exactitlã o , as notas que abaixo estam 1.500 m etros dc a ltitu de .
pamos sobre o Estado da Hahia. Obtive-
mol-as d o sr. D eputado P a m p hilo de C ar
valho, o illu s tre parlam entar que tão alta-
mente ho nra a po litic a hah ana e a Cama
PO R T O S
ra em que tem assento. S. Excia. é pro
fu nd o conhecedor dos assumptos re fe r entes
ao Estado que em bôa hora o elegeu para
seu representante. E á fo rte c u ltu ra in te l O P o rto p rin c ip a l do Estado é o de sua capital,
lectual que armazenou em constantes vigi na bahia de Todos os San‘ os, desooberta pelos Por-
lias de estudo, reutte a severa compostura tuguezes no dia 1 de N ovem bro de 1501 (donde o
de um pensamento honesto, que se sabe seu nom e) e com um a area de 752 k ilom .*, maior
ob rig ad o para com a pa tria e pa rticular pois, que a de Guanabara que, segundo o Barão
mente para com o povo de cuja confiança Homem de M e llo , mede 410 kms.*.
e o f ie l depositario. N o G overno R odrigues Alves, fo i iniciada a
O sr. D r. Pam philo de C arvalho i construcçSo de seu P o rto , já estando em exp lora
uni tra b a lh a d o r infa tigá vel. .Is notas abai rão algumas centenas de m etros de caes com novç
xo reprodusidas, que nos fo ram p o r S. armazéns.
E u ia. gentilm en te fornecidas, representam N o in te rio r dessa hahia existem varias ensea
os mais rig oro sos e mais recentes dados so das, peninsulas e ilhas, destacando-se entre essas
bre o grande Estado d o Norte. a de Itaparica, cujo nome está liga do aos oombates
da Indepcndcncia bahiana (2 de J u lh o ) e que do
extremo norte ao extre m o sul tem uma extensão de
sete legoas (4 2 k ilo m e tro s ).
B A H IA tem unia sup erficie de 575.876 N o quadro dos nossos principaes po rtos de ex
kms.! , sendo assim o sexto Esta:!o da portação o da Bahia fig u ra em 3.» lag ar lo g o após
Federarão e o de m aior costa (1.080 o de Santos e R io de Janeiro com m ovim ento de
kilom .«s). 174.722:000^000, convindo no ta r que, em 1913, o
C onfina-se ao N orte com os Estados de Sergi seu lo g a r era o 5.°.
pe, Alagoas, Pernambuco c Piauhy; ao Sul, com as Pelo decret. 16.019 de 25 de a b ril de 1923, foi
terras de M inas e E. Santo; a Leste, lim ita-se com concedida autorização para a construcção do Porto
Sergipe e o oceano atla ntico ; a Oeste com Goyaz e de Ilhéos, no Sul do Estado, fadado a ser o es
M inas. coadouro de to do o cacáo d o Estado.
o o o O 384 o o o o o
E T R O -5
VARIADO SO R TIM EN TO EM
CONFEITOS, BOLACHAS
: TMA! CHOCOLATES t BISCOUTOS
Além desses, m uito s são os po rtos do Estado, dragagem, prestará serviços inestimáveis á zona ca-
aptos a receberem a v is ita de navios do m aior cala- caueira do Sul do Estado.
PO P U LA Ç Ã O
Recenseamento de
|)r. J. J. Seabra Oovcrnad.ir da Bahia 1872 1.379.610 habitantes.
1890 1.919.802
do, taes como C am am ii, P o rto Seguro (onde aportou 1900 — 2.117.956
Pedro Alvares C a b ra l), C aravellas (po nto inicial da 1920 3.334.466
Est. de E. Bahia a M in as) Alcobaça e ainda, Belmon
te, Barra d o R io de Contas, M arahú, etc.
Esses são os dados o ffic ia ls , porém um calculo
criterioso perm itte dar ao Estado uma população de
R IO S
4.000.000 de almas.
Possue a Bahia 27 rio s, alguns navegáveis, e E o terceiro Estado em população, vind o depois
outros merecedores de obras de desobstrucção. O de Minas e São Paulo.
Possue 140 m unicípios, m uito s delles, co.no o
de llheos, Bom fim , Santo Am aro, Feira de Sant'-
mais extenso é o magestoso S. Francisco, com cerca Anna, Cachoeira, São F elix, Serrinha, Alagoinhas,
de 3.200 kilom etro s de curso; seguindo-se o Je Joazeiro, Conquista, Nazareth, etc., etc. assáz adean-
qu itinh on ha , que uma vez fe ito s os trabalhos de tados.
O o o O o O 385 o o o o o o
UVRO OF OURO COM M F MORATIVO PO CFNTFNARtO PA
O O 0 O O O 386 O O
IN D EPE N DE N CE h DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o o 387 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MORAT!VO DO CENTENARIO DA
AS SU C AR
FUMO
O O O O O 388 O O O O O
COUROS PERMANENTE
E MAIS ARTIGOS PARA
FABRICAÇÃO De CALÇADO^
C A S A M A T R IZ b u h l.* » 5 .P a u lo
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R I O deJANEIRO SÃO P A U L O
CAFÉ ASSUCAR
o O O O O O o o
ESTADO DO CEARA
to s delles subsiste. In felizm en te não s u rtiu e ffe ito O u tro s seriam os resultados se m ais dissemina
a intensa propaganda desenvolvida por espíritos escla dos estivessem or- processos aperfeiçoados de exp lo
recidos, no sentido de que fossem liquidadas todas ração das riquezas naturaes. N ão obstante, m uita
as questões de lim ites entre as unidades da Fede coisa s ign ific am os fruetos assim mesmo colhidos,
ração antes de commemorarmos o prim e iro centenario como suggerein os algarism os da seguinte ta be lla dé
de nossa independencia politica.
exportação, cm 1921, dos productos cearenses:
O o O O O 390 O o O O O
CENT EN ARIO DA INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO
O OO OO o 391 o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO
letras, attestain as fa culdades creadoras d o filh o do balho escravo teve com o fa c to r mais energioo e
Ceará. Povo in te llig e n te , valoroso, fo rte , em cuja alma decisivo a acção do povo cearense. E m qu an to que
a esperança tenaz resiste a to dos os revezes, c alenta o Poder P u blic o hesitava ainda e a propaganda li-
as m ais poderosas vocações, coube-lhe sempre, em beral proseguia, ora vivaz, ora desfallecente, o Ceará
to das as phases decisivas de nossa histo ria , grande interpunha, na evolução, para acceleral-a, actos irre
parte d o m a rty rio e do triu m p h o . De um e de o u tro , vogáveis. P o r sim ples de liberação p o p u la r começou
cm nenhuma das paginas mais bellas deixa de cor em suas cidades e em suas v illa s a redem pção to tal
responder-lhe la rg o espaço. dos captivos. Deu-se a p rim e ira cm Acarape, a 10
N os m ovim entos que precederam e nos que se de Janeiro de 1883. N o mesmo anno fo ra m libe rto s
seguiram de p e rto á independência, assignalam-sc to dos os escravos de Fortaleza. E no anno seguin
lutas arduas e g lo rio s as no Ceará, desde Fortaleza te, a 23 de M arço de 1884. e xtin gu iu-se total-
até o C ra to . mente a escravatura na p ro v in c ia, q u a tro annos an
D urante o Segundo Im pério, na G uerra do Para tes de ser abolida a m anum issão no B ra sil por
guay, o soldado cearense se cobriu de g lo ria p o r sua saneção leg isla tiva. D ahi veiu a o Ceará o tit u lo im m o r
bravura e p o r seu e s p irito de sacrificio, e os nomes tal com que o condecorou a o p in iã o n a cion al: T erra
dos generaes Sampaio e T ib u rc io figu ram entre os da Luz Signal eterno d o lum ino so destino que a D i
m aiores heróes daquella campanha.
vina P rovidencia lhe traçou desde os p rim e iro s pas
A mais fo rm osa das reform as sociaes que em sos; garantia do fu tu ro g ra nd io s o que lhe está re
nosso pa iz se tenham realizado — a abolição do tra - servado;' .
O O O O O O 392 O O O O
INTERIOR
VISTA INTERIOR
OO o o O o 393 o o o o o o
L/VRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO
A producçâo do assucar, c ujo v a lo r o ffic ia l em augm entará m u ito a exportação desse pro du cto, de
1020 fo i de 515:5048100, está recebendo fo rte im que as praias do Estado são, sem duvida, o m aior
pulso, graças á activid ad c da grande usina de Pai deposito do m undo.
neiras, cuja capacidade é sup erior a 80.000 seccas A producçâo dc ccreaes, sc bem que em despro
e ás usinas de Cascata c Jabaquara. porção com a aptidã o das te rras e a capacidade la
boriosa do povo, tem sido considerável, concorrendo
o arroz, o fe ijã o, o m ilh o , a m andioca com valioso
contingente para fo rm a r a massa g e ra l da exportação
cstadoal.
M u ito s ou tros productos offere ceram á ac tiv i
dadc e ao capital um cam po p ro veito so de applica-
çâo rem unerada. A producçâo d o cacáo é um a das
grandes esperanças econômicas d o Estado.
A capacidade in d u s tria l d o Estado não pode scr
in fe rid a sómente dc seu p ro v e ito actual.
As fa bricas de tecidos de V ic to ria e dc C achoeira
dc Ita p e m irim ; as fabricas de cim ento e papel desta
u ltim a cidade; a grande usina dc Palm eiras, com
capacidade pro du eto ra de m il saccos dc assucar dia-
ria s ; os engenhos dc assucar de Jabaquara e Cas
cata e os estabelecim entos de a rroz disseminados
p o r to d o o E s tad o; as grandes serrarias, não são
senão os começos da grande ob ra in d u s tria l que uni
fu tu ro bem p ro x im o ha dc deparar-nos.
As ind ustrias agricola, p a s to ril, cxtractiva , manu-
fa c turc ira , fa b r il, em sinthesc, to da s as in d ustrias,
terão, em dias que não estão longe, sua expansão
com pleta, quando a m u ltiplicaçã o dos braços, o en
sino technico, p ro fis s io na l, a im p orta ção de capitaes,
a intensificação d o trab alh o e o advento de novos
m eios de tra n s p o rte hajam exercido a sua acção
benefica e constructora.
Dr. Heitor de Sousa — Deputado pelo Para o seu grande desenvolvim ento in d u s tria l
Espirito Santo fu tu ro conta o Estado do E s p irito Santo com um
elem ento de te rm ina nte : a fo rm id á ve l po tencialidade
de suas num erosas quedas d'agua.
A exportação dc areias monaziticas alcançou o E vasta a difu são do ensino p u b lic o n o Estado,
va lo r o ffic ia l de 322:5128000 e é de crer que, de- -- um dos m elhores serviços que a população e sp jrito -
sapparecidos os obstáculos resultantes da guerra. santense deve a seus dirige nte s.
o o o o o o 394 o o o o o o
ESTADO D EQ O YA Z
\ ' a m ais nova geração p o litic a d e nossa Ha a lem bra r ainda as plantas lactife ras, entre
te rr a , a fig u ra d o sr. Am ericano do fíra s il ô as quaes se contam em G oyaz a m angabeira, a massa-
ta lve z a que m ais vivo interesse possa des randuba, a ga m elleira, a atraca e outras.
p e rta r no an im o dos que observam a evo N o reino m in e ra l, as principaes riquezas do sub
luçã o d o nosso e s p irito . M u ito jove n ain s o lo goyano são as seguintes: o o u ro , abundante
d a , S. Excia. tro u x e para a Camara dos m ente colh id o o u tr’ora e ainda h o je m u ito explorado,
D ep uta do s um exem plo v ivo da in te llig e n - o s diamantes, encontrados com frequência nos rios
te com prehensào de nossas necessidades, de C aiapó, C la ro , S. Marcos, V e rissim o e G arças; o
apaixo na do em husiasm o pe io progresso bra m inereo de fe rro , cujas m inas mais ric a s -estã o s i
s ile iro em to d o s os sentidos e de incan- tuadas em C atalão, em Form osa c nos A n gico s; as
s a v tl actividade constructora a serviço da a rg illa s , de que existem no Estado tres especies: a
qu a! pós seus p ro fun do s conhecimentos e
sua ad m ira vel cultura.
As paginas que abaixo estampamos so
bre G oyaz são um resum o de trabalho de
m a io r fo le g o ta mbém devido á penna de
S. Excia. Resumo em bora, representam estas
paginas preciosas inform ações, em que p o
d e rã o os leito re s a d m ira r a disc ip lin a es
p ir itu a l do jo v e n e brilha ntíssim o parlam en
ta r b ra s ile iro , assim como a justeza e con
cisão de sua linguagem.
Oo O O O O 395 o o o o o o
LIVRO ÜE RO COMME MORAT IVO OO CENTENARIO
Em g e ra l, o clim a de O oyaz é saudavel, tempe «interland» goyano, fix a a população bovina do Es
rad o e secco. H a duas estações: a chuvosa e a secca, ta d o em m ais de seis m ilhões de cabeças. A esta
durando approxim adam ente seis mezes cada uma. tística o ffic ia l de 1916 dá um num ero m u ito in fe rio r;
Nâo possue o Estado nenhuma enferm idade par e o recenseamento g e ral da R epublica realizado em
tic u la r, e sua p a th olog ia é idêntica, se não mais 1920 a ttrib u e a O o yaz a seguinte existência das d iffe
redusida que a dos paises intertropicaes. rentes especies de gado:
T o d o este vasto te rrito rio , de tantas p o s s ib ili
dades econômicas, de tã o p u ro clima, offerecendo 3 020.769 cabeças
grandes p ro ba bilid ad es de um próspero fu turo , é ape 485.390 »
nas povoado p o r pouco mais de 500.000 habitantes, 259 486
Asinino e ninai 45.574
segundo as estatísticas, o que dá 0.7 habitantes p o r 41.574
k ilo m e tro quadrado. O problem a do augmento da
população é, pois, o mais grave de quantos tenham
a resolver a adm inistração d o Estado e os governos
Só pela Estrada de F erro de O oyaz e pelos p o r
do Brasil. to s do Paranahyba se exp orta uma m edia annual de
100.000 cabeças de gado, sem contar o contrabando
e o ga do exp orta do pelo norte.
Os ine ios de rom municaçâo são ainda in s ig n ifi
cantes, relativam ente ás necessidades e po ssib ilid a
des do Estado.
A Estrada de F e rro de O oyaz desenvolve-se
num a extensão de 610 kilom etro s, dos quaes apenas
220 correspondem ao te rr ito r io goyano. Da estação
de O o ia nd ira p a rte um ramal com direção a Catalão,
já te ndo alcançado a estação de O u v id o r, numa ex
tensão de 41 k ilo m e tro s .
Actualm ente, acha-se te rm inada a con strucção da
ponte sobre o r io C orum bá, servindo á lin h a fe r
rea em construcçâo, de R oncador a Tavares, já es
ta nd o inaugurada a Estação de Topiocanga a 33 k i
lom etros do R io. Existem ou tros p ro je cto s de vias-
ferreas, cuja construcçâo ainda não fo i iniciada.
A deficiência das estradas de fe rro fo rço u a
criação das linhas de automóveis, d iff ic il e caro meio
de transporte. T o d o o sul do Estado está cortado
de linhas de autom óveis, que, não obstante o que
fic o u dito , favorecem extra ordin ariam en te os meios
d- rom municaçâo. Cnntam -sc mais de vinte iinhas
de grande im p ortâ ncia , exploradas p o r com panhias e
empresas de avu ltad os recursos, e s ervind o a pontos
capitaes d o im m enso te rr ito r io go van o. Q uan to á
navegação flu v ia l, ainda se acha em’ p le n o in ic io de
desenvolvim ento.
A a g ricu ltura , em Ooyaz, não obstante os ve A instrucçâo publica está regularm ente desenvol
lho s e barbaros processos ainda usados, tem diante v ida em Ooyaz. A p rim aria é m in istrad a em es
de si largo s horizontes, dada a inegualavel f e r t ili colas m antidas pe lo Estado, pelos m un icip i is e por
dade do solo. Todos os cereaes são cultivados com particulares, iegendo-se touas pelos re g ulam e nta i uo
pro veito , e os productos de to dos os climas do B ra governo do Estado.
s il e climas estrangeiros c ujo p la ntio fo i tentado Foram excellentes os resultados da u ltim a re
fru ctific a ra m nestas terras ubérrimas. O m ilh o, o fo rm a do ensino p rim á rio em Ooyaz, du ran te o go
arroz, a canna de assucar, o tabacco são de c u ltiv o verno Alves de C astro . Basta exam inar a estatística
o b rig a to rio e os de maiores proventos. Ooyaz, que seguinte:
já im p orto u café, exporta hoje grande quantidade
dessa valiosa rubiácea, após haver satisfeito todo o 1917
consumo inte rno . 1913
1919
O a rroz cons'titue uma das maiores tom es de 1920
renda, alcançando sua exportação a cerca de 1922
12.000.000 de litro s .
Com o p ro d u c to r de m ilh o , Ooyaz occupa na es R eunindo numa só c ifra a assistência ás escolas
tatística de 1918. entre os Estados do Brasil, o sexto do Estado, ás dos m un icípios e ás particulares, io
lo g a r; mas é necessario fazer notar que apenas 23 num ero to ta l de alumnos de ambos os sexos alcança a
m un icípios dos 49 que form am o Estado concorre m ais de 10.000.
ram ao certame da quarta exposição nacional de O g ru p o escolar da capital, fu nd ad o em 1919,
m ilh o .
é o m elho r de todos os estabelecim entos prim ario s
O tabaco de Ooyaz, cultivado em grande escala de Ooyaz.
varia de qualidades, e apezar disso goza de renome O ensino secundario é dado n o Lyceu de Ooyaz,
em to dos os mercados consumidores.
ún ico estabelecim ento equiparado do Estado, e em
O trig o , em épocas anteriores cultiva do em C a varios collegios particulares, alguns dos quaes cus
valcanti, Santa Luzia c Pyrenopolis, quasi não se teados pe lo e rá rio estadoal.
cu ltiv a hoje. Ooyaz, no entanto, em 1860, exportava M erece menção, p o r sua antigu ida de e pela ex
m ais de 700 alqueires, e nos tempos do conde Palma
cellenda da instrucçâo que propo rcio na aos seus
chegou a exportação a quantidade m u ito m aior. A in - alumnos, o hoje denom inado C o lle g io Campinense.
d» h o ,í h . la v o u ra , de trig o , m a. em pequena e .- E x is le também na c ap ital uma excellente escola de
caia, em C atalão, Santa Luzia e Cavalcanti.
Aprendizes de A rte s e O ffic io s , m antida pe lo governo
A pecuaria é a prin c ip a l occupação dos filh o s federal.
de Ooyaz. Actualm ente, a opiniã o de um dos maiores
O ensino s u p e rio r é representado p o r duas Fa
conhecedores das riquezas dos campos e de to do o
culdades de D ire ito e uma de Pharmacia.
O o o o o o 396 o o o o o o
F a b r ic a de M e ia s “ L A P A ,, — S Ã O PAULO .
b
ESTADO DO MAKANHAO
D o sr. D eputado D om ingos Barbosa ob Pelas medias th crm om etrica e barom étrica, o seu
tivem os m u ito mais d o que solicitáramos. clima é quente e hú m id o. Vem a pê llo, porém, assi-
A o invés da en trevista lig e ira , que nem sem g n ala r que si, nas proxim idades do mar, sobe ás
p re o «reportem pode com fide lida de repro- vezes a temperatura a 30.° durante os mezes mais
d u s ir, brindou-nos S. Excia. com a m ag nifi quentes, ahi mesmo m u ito se ameniza, pela passa
ca pagina que sobre o M aranhão publicamos, gem dos ventos aliseos, que sopram francos durante
e que tra z a marca da clareza, da eleganda, a segunda metade do anno. E ha no a lto sertão, mais
do b rilh o e da honestidade do seu espi- de uma localidade c.n que, no período de M aio a
Julho, desce cila á m inim a de 10.°
Maranhen.se illu s tre e parlam entar dos
m ais prestigiosos no nosso Congresso, o
Sr. D om ing os Barbosa é uma ind ivid ua lid ad e
de viva irra diaçã o de sym pathia e bondade.
S. Excia. não é apenas um representante
p o litic o d o M aranhão na Camara Federai.
I também um representante do e s p irito ca
valheiresco c das tradiefôes intellectuaes do
ad m ira vel Estado. F olgam os em pode r offe-
recer aos le ito re s as paginas que seguem e
que merecem, p o r to dos os m otivos, a mais
attenta e carinhosa leitura.
o o o o o o 397 o o o o o o
LIVRO DE OURO COJHMEMORATIVO PO CENTER ARIO DA
Principiem os pelo que mais avulta, — o algodão, Feita, assini succintam cnte, nos dados supra, re
sobre cujas qualidades cxcepcionaes de extensão, re lativos sómente aos trez productos que sahem em
sistência, alvura e b r ilh o da fib ra é de to do des m aior escala, uma idéa da exportação, estudemos,
necessário in s is tir. E despresemos mesmo o que é num pequeno quadro com parativo, a marcha ascen
consummido pelas 10 fabricas de tecidos, de fios, sional da receita arrecadada em varios annos pelo
e de algodão h y d ro p h ilo que ha no Estado. erá rio cstadoal, convindo notar ser o Maranhão uma
Em alguns dos mais recentes annos civis e exer das unidades federativas que teem sido mais pru»
cícios financeiros ( ju lh o a ju n h o ) tem sido este o dentes na elevação de im postos:
algodão exportado, p o r k ilo g rs .:
O O O o o 398 o o o o o O
I \ U t l-ENDENCIA E DA EXhOSIÇAO I S T E RS ACIONAI.
e histo rio g ra p h o , e Benedicto Leite, o abnegado po da limpeza, selecção, classificação, prensagem e en-
litic o e estad ista; a colum na com m em orativa do sup fardam ento do algodão, são problem as em que a alta
p lic io d o B e qu im à o, o precursor da nossa independên capacidade m ental, as superiores qualidades de tra
cia, - • e os bustos de O d o ric o Mendes, o poeta e balho, a insuspeitavel honradez, o ex tré nu o p a trio
he leftist a; de S ilv a M aya, o m edico e p o litic o ; de tism o e o grande p re s tigio pessoal e p o litic o do
Gomes de C astro , o p o litic o e parlam entar; de Lu iz Presidente G o do fred o Vianna estão fo rtem en te em
D om ingties, o dem ocrata e trib u n o , e de A n to n io penhados.
Lo bo , o o ra d o r e po lygrap ho .
Séde do go v e rn o e d o arcebispado, com intensa Por tu d o isso e pelo apoio e applauso de que
vida com m ercial e fa b ril, entra agora S. Lu iz numa o cerca a opinião- publica, é de crer que m u ito breve
phase salutar de remodelações, que não podem de i estejam concluídos esses inadiaveis m elhoram entos.
xar de in flu ir beneficam ente em todas as m odali E o que todos alm ejam e esperam, com a m aior
dades da sua vid a , inclu sive a intellectiva. « a mais ju s tific a d a confiança.
A conclusão d o serviço de esgotos, paralyzado
ha annos, a re fo rm a com pleta do de aguas, o esta
belecim ento da traeção electrica, a m elhoria da illu -
minação ig u alm en te electrica, e o aperfeiçoamento D ominoos B arbosa .
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lí f r M
O O O O O O 399 O O O O O
E STA D O D E M A T T O G RO SSO
Sobre o r ic o e vastissim o Estado de a diversidade dos c linias, abre á a g ric u ltu ra perspecti
M atto-G rosso ouvim os o sr. dr. A n n ib a l de vas in fin ita s . In fe liz m c n tc , aq uclla de ficie n d a de b ra
Toledo, leader da bancada matto-grossense ços e a fa lta de vias de com m unicaçâo não pe rm itti-
na Camara dos D eputados. Accedeu S. Excia. ra in até agora o desenvolvim ento a g rico la que fará de
amavelmente cm tran s m ittir-n o s as inform a- M atto G rosso, m ais para diante, u.n dos Estados po
fòes que abaixo rep ro du sim o s sobre M atto- litic a e econom icam ente m ais im p orta nte s da Fede-
Grosso. N ão nos f o i possível an notar em
nosso carnet lu d o o que nos disse S. Excia.
M as o que fic o u reg istad o é de v a lo r ines
tim áve l, visto que representa o que de mais
certo e fu s to se poderá a ffirm a r hoje do
grande Estado C entral.
o o o o o o 400 o o o o o
Viuva Manoel de Macedo Leão Junior & Cia. — Batel — Corityba.
Engenho Santa Graça — Ponta Grossa — Corityba.
IN D EPEN DEN CE I: DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
seu m aior s u rto , como acontece e m . relação ú ag ri dos com os methodos didacticos adoptados pelo Es
cultura, do augm ento da população e de mais exten tado de Sâo Paulo na sua instrucção p rim a ria o f f i
sas vias de communicaçâo. cial, levaram a adm inistração m atto-grossense a con
A fó ra um a grande usina de assucar e seis fa b ri tr a d a r professores c technicos paulistas, que adapta
cas menores a vapor, conta a ind ustria assucareira ram com o m a io r e x ito aquelles m ethodos ao ensino
cm M a tto O rosso v arios engenhos, que produzem pu blico em M a tto Qrosso.
também álco ol e aguardente. A instrucção p rim aria é dada em varios grupos
A extracção da borracha, da herva-matte e do escolares c cerca de 200 escolas isoladas, calculan
ouro, fe ita p o r com panhias poderosas, constitue ele do-se a frequência média em mais de cinco m il alu
mento p rin c ip a l da econom ia d o Estado. Em 1921, a mnos. A secundaria é m inistrada no Lyceu C uyaba-
exportação de herva-m atte a ttin g iu a cerca de . no, em diversos estabelecimentos particulares e na
8.000.00(1 de kilog ra m m os que ultrapassou em 1922. Escola N orm al da capital, de onde sáem os professo
Também im p o rta n te é a exportação de ipecacuanha, res para o ensino p rim ário .
planta m ed icin al das inais procuradas nos mercados Resultado ainda daquella lam entável deficiência
mundiaes. de população, rclativam ente á grandeza te rr ito r ia l do
O u tra fo n te preciosa de vida para M atto-Q rosso Estado, é o pequeno num ero de cidades, — quinze
é a pecuaria, largam ente desenvolvida nos vastos apenas—, que possue M atto-Qrosso. Este facto é
campos de cr.ação de que dispõe o Estado, c u ja r i em grande parte compensado pe lo v iv o florescim ento
queza p a s to ril é representada p o r mais de tres m i de quasi todas ellas, algumas de fundação recente
lhões de cabeças assim d is tribu íd as por especies: mas em caminho de grandioso fu tu ro .
A capital. Cuyabá, possue ho je cerca de 35.000
habitantes, varias ruas e praças de excellente as
Bovinos . . . . 2.831.667 pecto, e m uito s e d ificios im portantes, como o palacio
168.690 do governo, a Casa da M isericordia, o Lyceu Cuyaba-
lu in M * ‘ ' 108.4-18
no. a pittoresca ig re ja de S. O onçalo, a C ath ed ral,
I .1pMHO' . . . . 9.374 a Camara dos Deputados, o Thesouro, o asylo Santa
Asininos e muares 8.907 R itta, o C o lle g io dos Salesianos, etc. Leva-lhe a
T o t a l .................................... 3.167.337 palma, porém, em progresso m ate ria l, a cidade de
C orum bá, que se tem desenvolvido surprehendente-
m ente. As demais cidades m atto-grossenses são as
São estes os dados, referentes a M atto-Q rosso, seguintes: S. L u iz de Cáceres, Sant’ Anna do Parna-
do recenseamento g e ra l da R epublica effectuado em hvba, Campo Grande, Tres Lagoas, Poconé, M iranda,
1920. Ponta Porã, Santo A n to nio do Madeira, B ella Vista,
O problem a da instrucção publica em M atto- R osário Oeste, D iam antino, Aquidauana e Entre R io ;.
Qrosso tem sido o b je c to de preoccupação constünte Ha ainda diversas v illa s c povoações de im p o r
dos u ltim o s governos. O s excellentes resultados o b ti tâ ncia secundaria.
O O O O O 401 O O O O O O
E STA D O D E M IN A S G ER AES
A pen na illu s tre d o sr. D eputado D r. Alterações recentissim as nas fro n te ira s de M i
N elson de Senna devem os leito re s o ma nas com os Estados lim itro p h e s m odificaram , entre
g is tra l estudo que estampamos sobre o ad ta nto , alguns desses dados como decerto o hão de
m irá vel Estado que S. Excia . representa na pro var os trab alh os ora em prchcndidos para o de
Cantara. fin itiv o levantam ento da «Carta G e ra l de M in as >,
Revela-se neste estudo a consciência cla accrescida de um pedaço de te rrito rio a Leste e des
ra d o homem pu b lic o com penetrado de seus falcada de pequenas resgas te rrito ria e s no Nordeste e
deveres. S. Excia. c rea lm e nte um a das mais Sudeste, nas d e fin itiv a s liquidações de pendências
completas ind iv id ua lid ad es d o parlam ento d ivisó rias com os vizinhos Estados do E s p irito San
bra sile iro . O rad or que sabe em polgar, es- to , Bahia e R io de Janeiro.
c rip to r elegante, e incansável estudioso de — Parece m esm o que a Natureza fe z da T erra
nossas coisas, o D r. N elso n de Senna con M in e ira , pela sua situação physica, o verdadeiro «co
solid ou como poucos a sua a lta reputação ração do Brasil», o n u cleo poderoso o n de se con
p o litic a , in te llec tu al e social firm a nd o tra serva, com m ais v ig o r, o sentim ento da nacionali
balhos de inestim ável valia e desenvolven dade. D en tro da te rra b ra sile ira cabe a M inas Ge
d o na trib u n a da C am ara a mais nobre das raes, no expressivo liv ro de Réclus, o ap p e llid o de
actividades. Estado «chave da abobada».
As paginas que seguem são grande- O Professor G o rc e ix já de uma fe ita (em Paris,
mente preciosas. N ellas vasou S. Excia., com 1890) d e fin iu M in a s Geraes como <de cocu r du Bré-
a au to rid ad e que th e sobra, seu pro fun do s il, c ’est-á-dire, u n coeur d ’o r duns une p o itrin c de
conhecimento do Estado de M in as Geraes, fe r» ; e setenta annos antes, já o seu com patriota, o
íran sm ittin do -no s um a clara impressão de viaja nte S a in t-H ila ire , dizia que M in as era le beau
c on jun cto d o que ho je representa este no pays q u i p o u rra it se passer d u m onde entier...
seio da Federação.
o o o o o o 402 o o o o
CENT UN ARIO DA IN DEPENDE NCI A DA EXPOSIÇÃO
o O o o o o 403 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMME MORA TIVO DO CENTENARIO DA
trio ta , o p ro ficie nte Engenheiro H en riq ue G erber Setembro de 1915), len do tocado ao E s p irito Santo
(1863) elevou esse algarism o a 20.000 léguas (sendo 1/16 da superficie contestada, is to é, 278 kms.2 (Vide
a legua correspondente a 1/20 d o g rá o do Equador), pag. 331 do v o l. V I do « A nn ua rio de M inas» para
de modo que, avaliadas, á razão de 105 kilom etros 1918).
o gráo as v in te m il léguas quadradas do calculo de — O «Mappa da C ap itan ia de M inas» (de 1814)
G erber dão, no seu M appa do anno de 1862, exacta- c a «Carta C horographica da P rovin cia de Minas»
mente 578.232 kilo m e tro s quadrados para a superficie (de 1855), p o r Fred. W agn er, não trouxeram deter
da antiga e então Provincia M in e ira , hoje Estado m inação, em legenda, da area te r r ito r ia l; e a grande
Federado da U niã o Brasileira (desde 1889). «Carla do Estado de Minas», do E ngenheiro C rockatt
de Sá (18 96 ) tem linhas lim itro p h e s m u ito arb itra
ria s, o que acarretaria para o te r r ito r io m in e iro su
Sunrrfide esti pe rficie m u ito s uperior ao com puto m e d io estabeleci
mada oara M i do entre os calculos de Eschwege e de G erber. Será
nai ( ir rat's
Klms.1 interessante re p ro d u z ir aqui a d is trib u içã o das areas
Mappa do Estado dc Minas, dc Crockatt de Si parcialm ente calculadas p o r G e rb er, nas pro prieda
(segundo calculo feito pelo D r. Benedicto des te rrito ria e s e na repartição das bacias fluviaes
Santos, tomando o gráo de 111 k. X 105 k., de M in as, m eio a que esse provecto Engenheiro da
em 25 de Setembro de 1 0 1 8 ).................... 631.555
Avaliação, em 1907, do Engenhein Josaphat nossa an tiga Provincia recorreu para co n clu ir pela
Bello (sobre o dito Mappa do Estado dc existência de uma sup erficie m in eira correspondente
Minas, por Crockatt de S á ) .................... 632.717 a 20.000 legoas quadradas.
Algarismo citado por Themistocles Sávio (no C om pu to em pro pried ad e la tifu n d ia ria :
seu seu Compendio d- Chorographia do
llrasil e adoptado por Veiga Cabral) 630.000
Avaliação feita, em 1890, pela Repartição de Leg. quadr.
Esiatistica (poi areas dos municípios englo
badas nas 7 bacias fluviacs de Minas) . 629 005 a) «Datas» concedidas dos fins do sec. XV II
Calculo constante do nosse trabalho Reforma até a crcaçãc da Capitania Mineira (1720) . 2.500
do Systema Tributario: (1919). no cit. Dis b) <Sesmarias» concedidas durante o regimen co
curso' a proposito do Imposto Territorial e.n lonial mineiro (de 1720 a 1821) . . . . 5.911
612.811 rl Posses no deminio particular nor titulo le
Algarismo verificado a planimctro no Manpa de gitimo até a lei de terras n. 601. do anno
Minas, do Engenheiro Benedicto Santos (que de 1850, cu legitimáveis até o seu Regula
a nosso pedida fez a revisão da area de mento n. 1.318, dc 1851 .............................. 9.000
sua Carta, em 25 de Set. de 1918) . . 608.770 d) -Terras devolutas- evistentes na então Pro
Calculo referido no citado Esiudo do Professor vincia dc Minas ate 1863 (anno em que Ger
jesuita Aug. Padtberg (em 1907) . . 600.000
Algarismo adoptado no Alias do Barão Homem ber fazia o seu c a lc u lo ) .............................. 2.589
de M ello'(pag. 57 da ed. Briguiet, de 1909) 588.517
Arc.', constante do Comoend-o de Geog. de M i Superficie total do te rritorio de Minas . 20.000
nns (1916), de Lent/ de Araujo . . . . 582.477
Calculo sobre a Carta de Minas (1862) de H.
G e r b e r ........................................................... 578.232 C om pu to por bacias fluvia es:
Calculo da Carta de Minas (1909), por Theo
doro S am paio................................................ 576.010 Leg. quadr.
Algarismo adoptado pela Chorogr. do Brasil
(1896) de R. Villa-Lobos c acccito pelo Na bacia (do Rio São Francisco......................... 8.800
cAnnuario de Minas» (desde a 1.» edição. b> >• » G r a n d e .................................... 4.900
575000 • Parahyba do Sul. . . . 700
Calculo official da Cartã Geral 'do Brasil (dê dl » » » Ita ba po an a............................... 80
1873), sendo esta a area de Minas acceita e) » » » • D o c e ......................................... 2.300
por varios geographos patricios (Pompco, /; São Mathcus (antigo Cricarc) 100
Lacerda. Moreira-Pinto e Pinheiro Bitten g) » M u c u r y .................... 100
court) ............................................................ 571.855 hi > Jequitinhonha.......... 2,200
Calculo attribuido a Eug. L e t o t ................... 558.517 / ) Nos valles intermedios entre o Mucurv e o
Informação dada pelo Commandantc Thiers Fle Jequitinhonha (rios Pardo, Burnhaén e Alco-
ming (á pag. 106 do seu livro «Limites e b a ç a ) ..................................................... 100
Superficie do Brasil e seus Estados» — f ) Na bacia do Rio Pardo (ou Patipe) . . . 120
ed. de 1918), baseada num calculo erroneo
ao mesmo fornecido por uma repartição of Area (total do territorio mineiro . . 20.000
ficial ............................................................... 190.121
— Sobre este u ltim o calculo, dado pe lo Enge N o anno de 1890, a R epartição de Estatística
n h eiro naval D r. T hie rs Flem ing, com o de procedên rep artio un i tanto arb itra ria m e nte os te rritó rio s dos
cia o ffic ia l (baseando-se em uma inform ação ema 123 m un icípios m in eiros então existentes pelas sete
nada dc consulta fe ita a urna repartição do Estado, bacias principaes do systema hyd ro g ra p h ico m in eiro,
a 20 de Dezem bro de 1917, sobre ser a area do por esta fô rm a:
Estado, calculada pelo Mappa orgariisado pela D i Klnes.3
rectoria de Viáção dc Minas, approxim adam ente de a) Na vast» bacia Franciscana c seus valles,
490.421 kilo m e tro s quadrados), já referim os acima havia 25 municípios, com uma área corres
que o au to risa do e competente Engenheiro Benedicto pondente a ...................................................... 260.813
Santos desfez esse engano, prim eiram ente, quando, b) Na bacia dc Paraná (Rios Grande, Parna-
liyba c valles tributarios) eram 54 os mu
a nosso pedido, a 25 de Setembro de 1918, calculou nicípios, com territórios correspondentes a . 165.058
em 635.555 kms.2 (tom ando o grá o de 111 k . x 105 k.) c) Na bacia do Jequitinhonha, os seos então 6
a area da «Carta d o Estado de Minas», de Q rockatt municípios, com 80.878
de Sá; e, lo g o depois, com a area ck> seu p ro p rio d ) Na bacia do Rio Doce, os seos 18 municí
pios de então, c o m ........................................ 57.951
M appa de 1910, rigorosam ente revista a planim etro, e) Na bacia do Mucurv. o unico municipio nel-
n e lle achou a superficie exacta de 608.770 kilom etros la existente (Theopbilo O tt o n i) .................... 27.309
quadrados. f i Na bacia do Parahyba. 18 municípios da
/(■na do Matta, naqiiella época (1890) . . 25.579
— C um pre ainda accrescentar que, pela irre corri-
g l Na bacia septentrional do Rio Pardo, o
vel sentença arb itra i de 30 de N ovem bro de 1914, da tir-icc municipio de seo nome, com . 11.417
area da até então chamada zona contestada de :..
4.349 km s.8, entre os te rritó rio s m in eiro e espirito- Total da área do E s t a d o .................... 629.005
santense, vieram a caber a M inas 4.071 kms.2 (que
o ra fazem parte da nossa comarca de Aymorés. consti Esse algarism o já o m encionámos, no quadro em
tu in d o a m a io r parte do novo term o e m unicipio m i que ante riorm ente fic o u assignalada a divergência
n e iro de M utu m , creados pela le i n. 663, de 18 de de calculos sobre a superficie dc Minas.
O O O O O O 404 O O O O O
> H -c 0 ^ rrS m© O ? o -- m c o —sc © >. ©
o o o o o o 405 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMU MORA TIVO OO CENTENÁRIO DA
Pedra de A m o la r o u A lto da ju re m a ; deste po nto Francisco), depois de pacientes estudos e valiosas pes-
correrão as divisas pelo con traforte que separa as quizas, dem onstrou cabalm ente que «deveriam perten
bacias dos rio s Q aviâo e Pardo, até a ttin g ir o V a llo - cer a M inas as cabeceiras do r io Jucurucú e Itanhaén,
F un do ; deste po n to em lin h a recta até a barra do até as grandes cachoeiras, devendo a lin h a d ivisó ria
M osq uito , afflu e n te da margem d ire ita do r io P a rd o ; passar p o r to das as grandes cachoeiras de to dos os
da barra do M os q uito , também em linh a recta, até rio s que vão te r ao litto r a l bahiano».
o log ar denom inado Páo-de-Cópa, no div is o r das Lim ites Orientaes — C om o Estado do E sp irito
aguas do C an tinh o, a fflue nte do M osq uito , e do M a Santo, a nossa fro n te ira o rie n ta l m in eira fioou re
m oe iro , a fflu e n te do P ardo; dahi pelo d iv is o r das solvida pelo laudo d e fin itiv o de 30 de Novem bro de
bacias dos rio s Pardos e Jequitinhonha até ás nas 1911, em v irtu d e d o qual õs á rb itro s escolhidos pelos
centes do rib e irã o do Salto ou dos Cunhas, a fflu e n dous G overnos, nas bases d o C on ven io de B cllo H o
te da m argem esquerda do Jequitinhonha, até a ca rizonte, de 18 de ju lh o de 1911, approvadas pelas
choeira d o S a lto Grande, que será cortada em toda Assembléas L e gisla tivas dos dous Estados, publicaram
a sua extensão pela lin h a d iv is ó ria; dahi tom ará esta a 3 de D ezem bro de 1914, no salão nobre do Su
a direcção g e ral N orte-S ul pela chamada Serra dos premo T rib u n a l F ederal, a re fe rid a sentença arb itra i,
Aym orés, até os lim ite s do Estado do E s p irito San que conclue deste m odo:
to , e será assignalada pelas prim eiras grandes ca Assim , em v is ta d o exposto e attendendo ao mais
choeiras, nos rio s que nesse trecho transpõem a serra, que consta das M em orias e documentos, o T rib u n a l
e passará pela estação de Aymorés, na Estrada de A rb itra i resolve e decide que os lim ite s entre os
F erro Bahia e M inas, e pela cachoeira de Santa C lara Estados de M in as Geraes e do E s p irito correm :
n o rio M u e u ry ; a povoação do Salto Cirande (margem Ao N o rte do R io D oce : pela linha de cumiadas
d ire ita do Jequitinhonha) é reconhecida m ineira, e da Serra do Souza ou dos Aym orés, preenchidas por
bahiana é reconhecida a povoação de Santa C lara, no linhas rectas as soluções de c on tinu ida de ;
M ue ury . Para execução deste C on v e iiio proverá o Ao S ul do R io Lioce: pe lo d iv is o r de aguas entre
G overno Federal ao reconhecimento te chnico das os rios G u andu e M anhuassú, passando a linha pelo
grandes cachoeiras, por onde deverá passar a linha ponto m ais elevado do espigão que se acha entre os
d ivisó ria 'n a Serra dos Aym orés sendo essa d ilig e n mesmos rio s, na sua entrada d o R io Doce, até o
cia acompanhada p o r um Engenheiro de cada Estado ponto correspondente ao das u ltim a s vertentes do
interessado; verificadas as cachoeiras da confinação, Guandu, da hi pe lo p a ra lle lo ao R io José Pedro, e
a sua força e a sua capacidade de aproveitam ento em seguida p o r este até as suas nascentes.
in d u s tria l, os dois engenheiros (bahiano e m in e iro ) Rio de J aneiro, 30 de N ovem bro de 1915. (A ssi
pro po rã o aos respectivos G overnos a e q uita tiv a d is gnados) — C a n u to José S araiva, presidente. — P ru
trib u iç ã o delias pelos Estados confinantes, para que, dente de M orae s F ilh o , re la to r. —- A n to n io José P i
sendo possível, fiq u e cada uma sob a ju ris d ic ç ã o e x res de C arvalh o e A lb uq ue rq ue».
clusiva de um Estado; e os G overnos interessados D os 4.349 k ilo m e tro s quadrados dessa região
resolverão como lhes parecer mais ju s to e convenien do nosso C ontestado de Leste vieram , pois, a caber
te. E, p o r assim terem convencionado, reduzem a arbitralm ente a M in as Geraes 4.071 kilom etro s qua
escripto o presente accordo, que será tira d o em tres drados; e desse te rr ito r io está assim na posse legal
vias, todas assignadas, uma para cada G o verno in te e d e fin itiv a o Estado de M inas, que lá creou a co
ressado, e a terceira para ser rem ettida ao Exm o. marca ju d ic ia ria de Aym oré s (cuja séde é na an
Sr. Presidente da C onferencia de L im ite s lnteresta- tiga povoação de N ativid ad e ou Barra do M anhuassú),
doaes. — (Assignados) — D r. Braz H c m e ne gildo com os dous term os forenses e m un icípios a d m in istra
do Am ara l - J u lio Bueno Brandão - A n to nio .4«- tivos de A ym orés (cidade) e São M anoel do M utum
gusto de L im a F. M endes P im en tel». (v illa ), pela le i m in eira n. 663, de 18 de Setembro
de 1915.
— A pro p o s ito do p rim itiv o C onvenio de lim i C onfinações a Suleste e S u l — C om o Estado
tes, celebrado a 23 de Agosto de 191 d entre M in as do R io de J an eiro assignou M inas, a 9 de Julh o de
e Bahia, a que fa z referencia inte rp re ta tiv a o accordo 1920, o seguinte e d e fin itiv o T E R M O D E A C C O R
supra, de 5 de Julho de 1920, lem brava um e d ito DO:
r ia l do semanario O M ue ury (da cidade norte-m in ei
ra de T h e o p h ilo O tto n i), sob a epigraphe — L im ite s «Aos nove dias do mez de J u lh o do anno de
com a Bahia — que «Pela tradição, pela F listoria, m il novecentos e vinte, em a sala dos despachos do
p o r docum entos incontestáveis e por valiosos estudos M in is te rio da Justiça e N egocios do In te rio r, na Ca
fe ito s antiga e recentemente sobre as nossas divisas p ita l Federal dos Estados U n id o s d o Brasil, os se
com o v iz inh o Estado da Bahia, as linh as divisórias nhores J u lio Bueno B randão, Francisco Mendes Pi
entre os dois Estados fo ram sempre as seguintes: O mentel e A n to n io A u gu sto de Lim a, Delegados do
r io Carinhanha, desde as suas nascentes até a sua Estado de M inas G eraes; João A n to nio de O liv e i
fo z n o r io São Francisco; dahi, subindo, até a em ra Guim arães, José M attoso M a ia F orte e Francisoo
bocadura d o r io Verde G rande; por este até encontrar de Souza Lim a, D elegados do Estado do R io de
o Verde Pequeno; e por este até as suas nascentes-, Janeiro, to dos m unidos de plenos poderes outorgados
dahi, um a lin h a recta passando pelo « M o rro do Cha- pelos respectivos Governos, acoordaram em que os
péo», « M o rro da Condeúba», «Malhada Limpa», «Bar lim ites entre aquelles do is Estados, na parte até
ra do Furado», Barra da Vereda», no r io Pardo, e agora contestada, serão os seguintes: — a linha d i
dahi, sempre em linha recta, até a «Pedra dos Ita lia visória p a rtirá da fo z do r io Pirap etin ga e seguirá
nos», no S alto-G rande d o Jequitinhonha. Deste pon por este acima até a cachoeira do Peitudo, que se
to a lin h a d iv is ó ria fo i sempre a Serra dos Aym orés, encontra pouco abaixo da fazenda de São B ento;
passando pela Estação deste nome, da E . de E. Ba dessa cachoeira seguirá pe lo espigão que lhe ficar
hia e M in as, até a Cachoeira do rio M ucu rv, pouoo mais pro x im o , até á serra da Pedra B o n ita ; pela
abaixo d o log ar denom inado «Santa Clara». cumiada desta serra até á confluência dos ribeirões
Estes lim ite s sempre prevaleceram em statu quo Bom Jardim e Eva, e p o r este u ltim o até a sua con
como incontestáveis, d e ntro delles exercendo o G o fluência com o r io P o m b a ; atravessando ahi o rio
verno d o Estado de M inas actos de d o m in io e de Pomba, seguirá pelo d iv is o r das aguas entre este
adm inistração, nunca impugnados pela Bahia. E se rio e o correg o do R e tiro , em direcção ao Norte,
algum a duvida existia sobre esses lim ite s, no jo g o das até ás nascentes do curso d ’agua que flu e para o
provas e das manifestações das opiniões e desejos corrego do Desengano e que passa pe lo s itio da
das populações das fronteiras, para M inas pendia sem T o ld a ; e descendo p o r aq ue lle curso d’agua até a
pre o fie l da balança. E ainda recentemente, o Revmo sua foz, no corrego d,> Desengano, ahi atravessará
Frei Samuel T e tte ro (re lig io s o da O rdem de São este u ltim o correg o e seguirá pe lo d iv is o r de aguas
o o o o o o 406 o o o o o o
INDE'PENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO 'E RN ACIONAI.
entre os corrcgos Desengano e Serra, de uni lado, Epitacio Pessoa, Presidente da Republica, ao q u a l in
e o correg o d o Inham al, de d u tr o lado, até o pon cumbiram dc traçar a linha c o n fina to ria e n tre os
tã o Santo A n to n io , dahi pela serra da D ivisa e pelo dous Estados.
Serrote até o po n to em que este í cortado pelo «Até 31 de D ezembro do corrente anno, cada um
pa rallelo de 21° (v in te c um gráos) de latitu d e S u i; dos Estados com prom ittentes apresentará ao a rb itro ,
deste ponto, em linh a recta, a confluência d o cor com a fundação que ju lg a r necessaria, o traça do da
rego V ive iro s no rib e irã o da Perdição, e p o r este linha extremadora p o r elle proposta, a q u a l deverá
até de no vo en contrar a lin h a divis ó ria figu rad a no c o rre r p o r accident rs geographicos reconhecíveis, e,
mappa org an isa do em 1005 ( m il novecentos e cinco) p o r e x p rim ir solução concilia dora, não poderá abran
pelos Engenheiros commissionados pelos Governos ger cidade, v illa ou séde de dis tric to de paz sob a
flum inense e m in e iro , em execução do accordo de ju risdicção d o o u tro E s tad o; as. compensações te rri-
10 (de /cno ve) de N ovem bro de 1001 (m il nove toriaes resultantes deste c rité rio de transaeção obe
centos e q u a tro ) ; dahi pela refe rid a linha divisória, decerão aos titu lo s dc d ire ito em que se apoie o
ta l como está traçada no d ito mappa de 1005 (m il Estado que os a lv itrar. A o a rb itro é fa culta do o p ta r
novecentos e c n co ). até en contrar os lim ite s i! > Es p o r uma das linhas divisó rias apresentadas, ou d e cid ir
tado d o E s p irito Santo. — A o Estado de M inas Ge- uue os lim ite s corram por uma terceira, para cujo
racs é reconhecida jurisdicção exclusiva sobre a ca traçado o a rb itro se inspirará no c rité rio acim a de
choeira de T om bo s do C arangola. cm toda' a extensão term inado para os que devem ser propostos pelos Es
de suas quédas c sobre as installações in d u s tria ls tados com prom ittentes. A de cisfo a rb itra i será exe
ali existentes actualm cnte. em virtu d e de concessões cutada depois de approvada pelos Congressos Esta-
do m esm o Estado. — Fica entendido que a nomen duaes e pelo N acional. Do presente accordo são t i
clatura usada neste term o é a que se encontra no radas qu atro copias authenticas, uma para cada G o
re fe rid o m appa de m il novecentos e cinco (1005). verno interessado, uma para ser entregue ao a rb i
assignalando os diversos accidentes geographicos e tr o escolhido e uma para ser rem ettida á C onferencia
as propriedades particulares de lle constantes; e sem de Lim ites Inter-estaduaes. (Assignados) — p ru d e n
pre que a lin h a c n n fina to ria s eguir p o r serras, en te ,/, M oraes F ilh o J o io P e dro C erdoso J u llo
tende-se que é pela cumiada, e quando s eg uir os Bueno B randão A n to n io Augusto de U m a - F.
cursos d ’agua é p e lo thalw eg. E por assim terem M endes p im e n te h .
convencionado reduziram a escripto o accordo, em
qu atro vias assignadas. uma para cada G overno in lim ite s de Oeste Com o Estado de Govaz,
teressado. a te rce ira para a C onferencia de Lim ites a entestar com c ujo te rrito rio corre a nossa extensa
Intcrestaduaes e a quarta para ser rem ettida ao Ar divisa Occidental, ficou o G overno de M in as a u to ri-
chivo P u b lico N acional. (Assignados) J n ''o Bue- sado, pelo a rtig o 11 da lei estadual n. 709. de 22
no Bran dã o — F . M endes P im r n 'r l A n to nio Au de Setembro de 1017. do seu respectivo Congresso
gusto d c U m a João An(on to de O 'iv d ra Guintn- Legislativo, a prom over um accordo, m ediante deci
rães Josâ M a 'to s o M aia F o rte F rane isro de são a rb itra i de fin itiv a , e nos term os dos a rtig o s 34,
Souza U m a *. n. 10 e 65, n. 1, da C on stituiçã o da R epublica B ra
sileira. para se regularem de vez os nossos lim ite s,
Ficou assim pacificam ente regulada a nossa l i principaím ente os da velha pretensão goyana a uma
nha d iv is ó ria ao Sul e Sulcste de M inas com o visi- larga fa ixa d c te rr ito r io sob a ju risdicção m in e ira , a
nho te rr ito r io flu m ine nse ; e. em cum prim ento ao pre Léste d o r io São M arcos (na nossa comarca de Pa-
ceito da C o n stitu iç ã o Federal (arts. 34. n. 10. 10
n. 16 e 65. n. 1). foram os accordos já m encionados O Atlas B ra s ile iro do Barão Hom em d c M e llo
entre M in as e os Estados da Bahia e R io de Janeiro assignala que a linha d ivisó ria entre M inas c Ooyaz
subm ettid os á approvaçâo não só dos resnectivos corre pelo R io Paranahyha desde a fo z do Aporé
Poderes Le g isla tiv o s desses Estados como d o (io v e rn o até o rib eirão Jacaré e por este até e n c on trar a
da U niã o c C ongresso N acional. O Congresso Le Serra dos P ilões e em seguida pelas Serras T iriric a ,
g is la tiv o M in e iro , nos dous annos constitucionacs Araras, Arrependidos, D ivisões e Santa M a ria até
necessarios, apnrovou. nelas le is n. 780. dc 16 de Se a cabeceira do rio Carinhanha», sendo litig io s a a
tem bro de 1020 e n. 802. de 22 de Setembro de 1021. nesga de te rra comp'-ehendida entre o r io São M a r
esses accordos para fixação d e fin itiv a dos nossos l i cos e a Serra dos P ilões (pag. 144 do c ita d o liv ro
m ites com os te rrito rio s bahiano c fhim incnsc. de T hie rs Flem ing. Lim ites e S uperficie do B ra
D iv is a A u s ira ! e de Sudoeste Com o Fstado sil e seus Estados-, cd. de 1918).
de São P auto, e encerrando de vez a nossa secular Toda a zona m in eira á esquerda do r io Para-
controversia de lim ite s, pela banda m e ridion al m in ei nahyba c contornada pe lo Rio Grande (c o n s titu in d o a
ra. fo i firm a d o , a 5 de J u lh o d“ 1020, perante a m aior porção do chamado T ria n g u lo M in e iro e de
C onferencia de Lim ites Interestaduaes. reunida na unia pequena parte do extrem o Oeste de M in a s) es
sua 4-1 Sessão O rdin aria, na cidade d o R io de Ja teve. a p a rtir de 1776, sob a ju risdicção p ro v isó ria
neiro. sob a presidência do Sr. M in is tro do In te rio r da C apitania dc G oyaz até quando - - em consequên
da R epublica f D ia rio O flir ia t. de 8 dc J ulh o de' 1020) cia do p rim e iro m ovim ento reintegrador, p a rtid o da
o seguinte, solemne c irre tra cta vel docum ento entre Camara da V illa de São Bento do T am anduá (ho ie
as duas m ais poderosas unidades da Federação B ra Itapecerica), cm C arta de 20 de J ulh o dc 1793, d i
sile ira : rig id a á Rainha M aria 1. então soberana d c Po rtug al
— fo i se avolum ando ju n to ao G overno R e g io a cor
rente defensora dos direitos historicos de M inas
« A C C O R D O SÃO P A U L O -M IN A S O E R A E S áqiiella reg iã o; e a fin a l coube ao G overno de Dom
João V I reparar a injustiça reinco rpo ra nd o á ju ris
«Aos cinco dias do mez de Julho de 1020. no dicção m ineira, por Decreto de 4 de A b ril de 1816
ed ific io da B ibliotheca N acional, na C a p ital Federal (já no século X IX ) . a bella região pastoril, agricola e
dos Estados U nid os do B ra s il, presentes os Drs. m ineral, que ora se conhece, geographicam ente, por
Prudente de M oraes F ilh o e João Pedro C ardoso, re T ria n g u lo M in eiro» , compondo-se h o je de 17 m uni
presentante do Estado de São Paulo, e os Srs. Julio cípios prosperos, entre os valles dos rios O rande e
Bueno Brandão, c Drs. A n to n io Augusto de Lim a e Paranahyha. IX iran te m eio século (1766-1816) o então
Francisco M endes Pim entel, representantes de M i vastissim o te rr ito r io da Comarca do Paracatú Jul
nas Qeraes. e to dos investidos de plenos poderes gados do A raxá e Desemboque, e Sertão da «Farinha-
pelos respectivos G overnos para resolverem as ques Pòdre (actual região de Uberaba) esteve inco rp ora
tões de lim ite s entre as duas unidades da Federação, do. sem razão plausível, á C apitania G oyana, sob a
accordaram cm nom ear a rb itro unico o Exm o. Sr. D r. jurisdicção p rin c ip a l da Comarca da M eia-Ponte e ou-
o o o O o 407 o o O O o o
U VKO O f OUt COMMfMORATIVO IK ) CENTENA
Iras; e dahi a pretenção do v is inh o Estado áquella § I." N o caso de, ser ju lg a d o v a lid o o a tro de
faixa citada da zona litig io s a no r io São Marcos, a /5 de O utubro de 1800, serão considerados como
qual é m in eira, com os m elhores titu lo s histo rico s e lim ite s entre o s dous Estados os que nclle se de
adm inistrativos pelo nosso lado. marcam.
— Mas os dotis Estados Centraes chegaram a fi § 2.» N o caso de ser de clarado sem valor, pre
nal a um accordo, celebrado no R io de Janeiro, a valecerão os lim ite s pe io r io P arana/iyba. ribeirão
1« de Setembro de 1010, entre os Delegados goyanos Jacaré, serras d o Andréquicé, T irir ic a , .Araras e Pa-
srs. A lm ira n te José C arlos de C arvalho, M a jo r do ranân.
Exercito H en riq ue S ilva e Senador federal O leg ario IV . Os G o vernos confiantes, num ou noutro
P into, de um ladoj, c o D elegado m in e iro sr. deputado caso, nomearão uma com m issão m ix ta de technicos,
federal d r A n to n io A u gu sto de Lim a de o u tro lad o; para proceder a execução deste accôrdo.
e em v irtu d e desse Pacto solcm ne ficou assentado Assim te rm ino u e fic o u assentado, do que tu do se
submetter-se ao laudo a rb itra l do sr. Presidente Epi- lavrou a presente acta, que vae assignada pelos dele
tacio Pessoa a decisão d e fin itiv a da velha con tro gados de G oyaz e de M in as, e de que se remette-
vérsia de fro n te ira s entre M inas e Qoyaz, conforme rão cópias aos Presidentes aq ui representados, ao
se evidencia dos term os do C ongresso de Geographia, em B e llo H orizon te, a
>i ' M l M V V>íí 1 Lig a da Defesa N acional, á Sociedade de Geographia
e ao In s titu to H is to ric o e G eog ra ph ico Brasileiro.
A C C O R D O G O Y A Z -M IN A S CiERAES
E eu, A n to n io A ugusto de Lim a ,um dos dele
«Ao p rim e iro de Setembro de m il novecentos c gados, incum bido dc lavrar esta acta, assigno jun ta
dezenove, na Secretaria da Sociedade de G eographia m ente com os delegados de G oyaz. — José C arlos
do R io de Janeiro, presentes os D elegados Srs. A l de C arvalho, C on tra A lm ira n te . — O le g a rio pin to .
m irante José C arlos de C arvalho, C ap itão H enrique H en riq ue S ilva. — A n to n io A u g u sto de Limar..
Silva e o deputado O le g a rio P in to, p o r narte de D ec iar aç Ao apresentada p o r cscrip to , á Mesa
Goyaz, e o deputado A n to n io A ugusto de Lima. da C onferencia, acerca das negociações entre as de
p o r parte de M inas Geraes, incum bidos pelos res legações de M in as Geraes e G oyaz. p e lo Sr. D r. Au
pectivos Presidentes de estudar as questões de l i gusto de L im a:
m ites entre os dous Estados e de pro pô r as bases O D eputado A u gu sto de L im a, delegado de M i
para um Accordo, que, convertid o em le i de cada nas Geraes, In fo rm o u te r estado n o Palacio do C atte-
um dos Estados, seja approvado pelo Congresso Na te juntam ente com o D eputado O le g a rio P in to, de
cion al; depois de conferenciarem entre si, resolve legado de Goyaz. on de obtiveram um a audiência do
ram o seguinte: sr. Presidente da R epublica D r. E p ita cio Pessoa.
C onsiderando que os delegados não tem perm is Pelo D r. O le g a rio P in to fo i exposto o accôrdo
são seriâo para chegar a um Accordo, que ta l fo i o a que tinham chegado os Estados de M in as e Goyaz,
objecto exclusivo d o m andato que receberam, in s p i sobre os seos lim ite s e. depois dc m ostrar que a
rado pe lo p a triotico sentim ento de c ontribuírem para unica divergência consistia na inte rp re ta çã o do an,o
a perfeita união dos Estados d o Brasil, d irim in d o de 1800, pedio a S. E x „ em seo e no nome do
as questões de seos lim ite s n o C entenario de sua delegado de M in as, se dignasse acceitar a missão de
independencia; in te rp ó r a sua autoridade ju rid ic a naquelle documen
C onsiderando que para esse accordo é lic ito aos to, segundo os p rincípios de d ire ito , e que a opiniã o
delegados recorrer a to dos os meios de in fo rm a de S. Ex. trad uziria o accôrdo dos dous Estados. S.
ção e de esclarecimento de facto c de d ir e ito e, Ex. o Sr. Presidente da R epublica declarou aos de
entre elles, á autoridade de um Varão, cujo laudo, legados que. em bora assoberbado de trabalhos do
solic ita d o e acceito pelas partes, prevalecerá como seo alto cargo, não podia recusar os seos bons o f fi
expressão d e finitiva d o accordo que se pretende; cios aos dous Estados, cuja confiança agradecia e
C onsiderando que esse accordo depende da in procuraria honrar, fazendo votos para que do seo
terpretação ju ríd ic a d e fin itiv a do auto de J.° de parecer de ju ris ta não resultassem resentim entos da
O utubro de 1800, em execução da Provisão Régia parte que se julgasse vencida. A essa ponderação os
de 25 de A b ril de 1790, o qual demarca os lim ite s delegados responderam ratific a nd o, em nome dos Pre
do te rm o de Paracatú. confinante da C apitania de sidentes dc M in as e Goyaz, as clausulas estipuladas
Goyaz, po n to este unico sobre que versam as du na acta que haviam assignado. C on fere . R io, I de
vidas; Setembro de t<)l<). J. R . M e llo e Sousa, Secre
C onsiderando que a Conferencia dos Delegados ta rio».
resolveo, p o r m aioria dos seos membros, com os v o F pelo La ud o A rb itra i de 16 de Julh o de 1922,
to s dos delegados de Goyaz e de M inas Geraes, o sr. Presidente da R epublica D r. E p ita cio Pessoa
que as questões que não pudessem ser d irim id as por decidio: «que o A u to de demarcação de 1 5 d c Ou
accordo directo dos delegados, fossem subm ettidas tu b ro de 1800 não tem validade ju rid ic a , desde que
amistosamente, sem fórm a de juizo . ao prudente a r não fo i con firm a do pelo S oberano, nem p o r acro
b itr io do Sr. Presidente da Republica, D r. Epitacio directo, nem, indircctarpente, p e lo A lva rá de ! 7 de
Pessoa, em cuja opiniã o e lição ju rid ic a se louvariam , M a io de 1 8 /0 ; e, p o r consequenda, os lim ite s nelle
como a expressão d e fin itiv a e irre tra tá vel de seo traçados não são de fin itiv o s nem o b rig a lo rio s para
accordo e base para as resoluções legislativas, na o Estado de G oyaz.. C on c luio o a rb itro seo Laudo,
fó rm a da Cons’titu iç ã o 'da R epublica: I. decidindo que, tendo o accordo de 1° de Setembro
disposto que, no caso de ser declarado sem valo r o
I. Accordam os delegados de M inas e de Goyaz A u to de 15 de O u tu b ro dc 1800, os lim ite s entre os
em que sejam solicitados os bons offic io s do Sr. P re dous Estados serão pe lo r io Paranahyba, rib eirão Ja
sidente da Republica, D r. Epitacio Pessoa, para que caré, Serras Andréquicé, T iriric a , Aráras c Paranãn,
fiq u e resolvida a questão sobre a validade ou ne taes lim ites devem ser p o r e’lle s observados, á vista
nhum e ffe ito leg a l d o auto de /5 de O utubro de do com promisso assignado p o r M in as e Goyaz, e
1800 . de accordo com os documentos apresentados. sem haver tn is tér inve stiga r si são ou não os lim i
II. Para o exame e decisão desta materia, sâo tes legaes» essas divisas assentadas e n tre os dous
dispensadas quaesquer form alidades ou esclarecimen Estados.
tos, além dos que forem julgados necessarios pelo D irim id a s assim to das as questões divisórias
Sr. Presidente da Republica. entre M inas e seos Estados lim itro p h e s , póde-se v ir
I I I . P ro fe rid o o laudo, ou parecer, com promet- tualm ente dizer que, em d e fin itiv o , a nós M ineiros
tem-se os delegados, que assignam esta acta, a accei- não nos preoccupam mais de fu tu ro essas irritantes
ta l-o como a expressão do seu accordo. questões de lim ite s com Estados irm ãos c visinhos,
o o o 408 o o o o o o
TR A N S P O R TE S M A R IT IM O S D O E S TA D O PO R TU G U Ê S .
!K DEPEN OENC!A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
e as quaes não raro deixavam o resaibo de injustas — O Estado ^ossu e hoje 178 m unicípios
represálias entre as populações fron te iriças, pelos mas, a divisão adm inistrativa, ora em elaboração no
constantes con flicto s de jurisdicçâo entre autoridades C ongresso L e gis la tiv o d o Estado, créa mais 23 m u
jud icia ria s, policiaes c adm in istrativa s; quando não nicípios, pelo que o Estado passará a te r 201, em
era também o ag uilh ão do fisco de dous Estados d i vez dos 178 m unicípios, em que presentemente se
versos fe rin d o a bolsa dos contribuintes residentes divide.
nas zonas de in ce rto d o m in io de um e o u tro Estado.
Com o desapparecim cnto de taes contendas te rrito -
riaes c certo que os vinculos da Brasilidade se aper A C A P IT A L D E M IN A S : C ID A D E D E
tam numa fra te rn a l affirm ação do alto sentim ento
da unidade da P atria. B E L L O H O R IZ O N T E
o o O o O 409 o o O o o o
LIVRO DE OUHO COMMEMORA T/VO CENTENARIO DA
A n to nio de Salles (18 98 ). A m crico W erneck (in te tó r io do dr. Aarão R eis. apresentado em 1893, ao
rin o ) e Bernardo P in to M o n te iro (1899 a 19021. C o G overno dc M in as).
ronel Francisco Bressane de Azevedo (1002 a 1005), D ista da C a p ita l da U niã o ( R io de Janeiro)
drs. A n to n io C arlos R ib e iro dc Andrade (1005 a 640 kilo m e tro s (m ais ou meno? cerca dc 107 lc-
1006) Benjam in Jacob (1006 ate 10081. Beniamin goas b ra sile ira s), qu e.se vencem cm 16 horas de via
F ranklin S ilv in n o Brandão (1000 a 1010), O ly n th o gem de trem de fe rro , pela b ito la larga da F . de. F.
Deodato dos Reis M e irelles (1010 a 1013). C o rn e lio C e n tra l do B ra s il. Da Estação de General C arneiro
Vaz de M e llo (1014 a 1018). A ffon s o Vaz dc M e llo (na lin h a do centro) ha também um ramal de b ito la
(1018 a 1922) e F la v io Fernandes dos Santos (recem- estreita de 14 k ilom etro s , para B e llo .H o riz o n te ;
nomcado para o q u atrie nn io ad m in istrativo de 1022 e, pela b ito la estreita a distancia- de B e ll» H o riz o n
a 1026). Foram também Prefeito s interinos os srs. te ao R io d c Janeiro é de 101 legoas ou 606 kms.
drs. W enccslau Braz. C icero F erreira e D e lp h :m M o A cidade é banhada pe lo A rrudas (rib eirã o
reira da C osta R ibe iro. afflu e n te do R io das Velhas e p o r vario? corregos:
-— D e n tro d o te rr ito r io do m un. da C a p ita l e xis M angabeiras, Leitão, Acaba-M undo, Cercado, Serra,
tem varios ba irro s e povoados: G eneral-C arneiro. etc.
F re ita s. M arzag ão , C a'afatc. Cardoso. Bom-Successo. Scos serviços dc esgotos, insta Ilações sanitarias
En ecn ho -N o gu cira . Pa atp u t ha. P it ■•Iras. M en-zes. la- e redes dc abastecim ento dc agua p o tá vel, são dos
tohn. B a rre iro . C c ’ c a 'o . C crcadinho. Taq u a rii. O 'hos- m elhores no m undo. Suas avenidas e ruas largas e
d ’Apua. G a m e lle ira . G o rd 'fa s . T ejuco. P rado. B a rro rectas, suas praças bellissim as, o Parque M unicipal,
P rc io . C o rre g o -d a M a iia . C o lo ria s Am-ric o W emeek, jardin s , casas particulares e ed ifícios publicos, são
Bias F orres. C arlos Prates. Adalberto Ferraz r A ffo n illu m in ad os á luz electrica, sendo ta m bém m ovidos á
so P c n ra . Vesuvio. Ba:rro M ili'a r , C a r6ca'A. Pa stinh o. electricidade os carris urbanos (30 kilom etro s de
C orrego-do-N ado. Onca Borges, la g o in h a . F loresta , linhas no percurso to ta l da C a p ita l e linhas subur
C orreg o--’o - ' r i ã o VU’a -B r static. Pedreira-Prado-Lo- banas).
p rs. H o n o -B o ta n ic o H a r-ti-a . C aixa d ’ Agun. Arrudas. A numeração das casas é por svstema engenhoso
M a ta d o u ro . Pos*o V e t-rin a rio . O ffic ira s da C -n 'r a l. e unico no B rasil pela distancia a um po nto de
C aixa d 'Areia , além de ou tros arrabaldes e subúr referencia na extensa Avenida C irc u la r ( Avenida 17
bios. de Dezembro»), que envolve to da a cidade; dc modo
A u lt. R cf. de div. adm inistr. d o Estado cm' 1011 que cada p ré dio accusa, na sua numeração, a distan
(le i n. 556. art. 6.°, n. X ) , quando tra n s fe rio a sede cia delle. em metros, para a Avenida de C ontorno.
do d is tric to de paz de Venda N ova nara o pov. de — Im prensa d ia ria , revistas scientificas e de
Campanhãm (do actual m u n ic ip io de Conta<rem). an- arte c letra s ; serviço dc assistência publica e hos
nexou o velho a rraia l de V e d a Nova ao m un. de p ita la r; te legrapho, telephones, th ea tro. ■clubs, cine
B e llo H o rizon te, estando liga do á C apital es«e novo mas. asylos. orphanatos. dispensários, c o lle g io s; so
suburbio p o r uma estrada de rodagem de 12 km?, de ciedades pias. beneficentes, recreativas e sportivas
distancia. ( tir o e c o rrid a s ); ins titu to s leigo? c religiosos, tem
O m u n ic ip io da C a p ital só se compõe d o dis plos catholicos e protestantes; academias, escolas e
tric to de B e llo H o riz o n te : porém , a comarca ahranee bib lio th eca s; bo te is pensões. botequins, padarias, ar
o m u n ic ip 'o visinh o da V illa de Santa O n ite ria . desde mazéns. fabricas, o fficin as, m atadouro, açougues; po
1903. C on fina , pois a comarca de BePo H orizon te liciam ento. quartéis, prisões, etc .; são outros tantos
com as comarcas de Sabará. Rio-das-Velhas Se*e-' a- elementos de progresso, que já possue a moderna
goas. Pará. B o m fim e O u ro Preto, cujos te rrito rio ? C ap ital M in eira, a qual pouco m ais de um q u arto de
a rodeiam . século de existência conta, presentemente.
A área p rim itiv a do d is tric to da C an ital. demar Na população da cidade ha grande elemenfo cx-
cada em 1895. era de 33 746 185 m s.*: h o je. no- trangeiro. predom inando neste a eolen'a italia na (mais
rém. a sup erficie do mun. de B e llo H o riz on te é bem de 8 .00 0); por isso. ah i residem representantes con
m aior, com os te rritó rio s desmembrados dos m unicí sulares dc Po rtug al, Ita lia , Belgica. Hespanha, In
pios de Sahara e de Sta. O u ite ria e de Sta. Lusia glaterra. Argentina, França. A u stria . Russia e .Mies
pelas reform as adm inistrativas de 1901 (le i n. 319) manha. As citadas colonias A m érico Werneck. Çar-
e de 1911 (le i n. 556). ios Prates. Bias F o rte s , A d alb erto Ferraz, A ffoaso
In clu ind o as tres zonas urbana Í8 815 3 8 2 m s .0 . Penna. rodeiam a cidade é a abastecem de generos;
suburbana (24.930.803 ms.?) e de «itios e colonias ficando no seo d is tric to os antigo s N úcleos coloniaes
(17.474 610 m s.:), o d is tric to de B ello H orizon te do B a rre iro e Vargem Grande.
tem^ h o je quasi 52 kilom etro s quadrado? de área te rri- São edifícios m ais notáveis da C a p ita l de M in as;
o magestoso Palacio Presidencial, as Secretarias de
— Fica a m c tropo le m ineira bem ao c en tro do Estado (os Palacios d o In te rio r. A g ric u ltu ra e Fazen
Estado, situada na encosta occidental do v a lle do da). o Palacio da Justiça (T rib u n a l da Relação e
Rio das Velhas, quasi no p la na lto div is o r das aguas F o ru m ), a Imprensa O ffic ia l (fundada pela le i n 8,
desse r io e do Paraopeba, confluentes ambos do rio de 6 de N ovem bro de 1 8 91 ); as Faculdades de D i
São Francisco. re ito e de M edicina, as Escolas de Engenharia, de
C ollocada a 920 metros sobre o nivel d o mar. Pharmacia e O d o n tolo gia, a Escola de Agronom ia e
está a C a n ita l a 19«.55’ 22” de Lat. Sul e a 1° 10’ 6 " Veterinaria, os In s titu to s de Radium e de N curo-
de Long. Oeste (ne lo m eridiano do antigo M o rro do Psychiatria, o In s titu to João P in h e iro (de a g ricu l
C astello, no Rio de Janeiro). D om ina ella, em esplen tu ra ). o Gym nasio O ffic ia l do Estado, a Escola N o r
did o e lo n g iq u o ho rizo nte (dahi o sco nome) «a m aior m al F em inina, o In s titu to de C him ica In d u stria l, os
parte d o chapadão. que se extende para o N orte , e tem C o llc g io s Santa M aria A rna ldo . Coração de Jesus,
a bella fô rm a de um vasto c am p lo am phitheatro. aber e Isabella H en drix , o In s titu to -O s w a ld o Cruz-> ( F i
to para o O riente, encostando-se. ao Sul. á Serra do lia l ao de M anguinhos do R :o ) ; a D ire ctoria d e H y
C urral, que a protege contra os ventos frio s e húmi giene, a C hefatura d c Policia, a Camara c Senado,
dos. que nersa direcção, atravessam as Serras do O uro as imponentes Estações da C e n tra l e Oeste, a D is
Branco e da Moéda. e ao N orte , á Serra da C onta trib u id o ra de Electricidade, o O u arte l Federal do
gem. que attenúa os effeito s dos ventos caüdos que 12.° Regimento, o Q u a rte l da Brigada M ilita r ; as
sopram das margens do rio São Francisco. Esse hello suas Egrejas catholicas, como a Sé C athedral da
am phitheatro offcrece. sob a fórm a dc un i dodeca- Bõa Viagem, a d o Rosário, a dc Santa Ephigcnia dos
gono. superficie superior a 1.900 hectares e é bem M ilita re s , a do Coração de Jesus, a Basilica de L o u r
sufficiente, portanto nara que a cidade com porte, no des, a grande c artística M a triz de São José, dc
fu turo , uma população de 190 m il habitantes, á ra im ponente construcção. as Egrejas de São Sebastião
zão de 103 m etros quadrados p o r habitante . (R e la do Barro Prêto c dos ba irro s do Calafate, da La-
INDCPLNDENCIA t DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
O O O O O O 411 O O O O o o
i.IVHO OI: OURO COMMEMORA TIVO OO CENTENÁRIO O,
Dos seos 39.884 habitantes, eram 38.347 ca- O serviço te lc p ho nic o tem nada menos de 100
cholicos, 55 atheos, 1 m ate ria lista, 91 espiritas, 386 k ilo m e tro s de linhas, eo.n m ais de 1.000 apparelhos
protestantes e 10 liv re s pensadores; e contava a instbllados, em tres C en tros urbanos, ao Sul, ao Cen
cidade 76 advogados, 37 medicos, 1.444 a g ric u lto tro e ao N o rte da C a p ital.
res, 781 cozinheiros, 179 alfaiates, 817 funccionarios O b e llo e vasto Barque 'P ub lico da cidade tem
públicos, 20 padres, 19 doceiras, 40 «chauffeurs* uma área de 62 hectares (cerca de 572.400 ms.*),
(cin esiphoros). 159 costureiras, 150 pintores, 9 par quasi to da arborisada c aja rd ina da , com form osos ta-
teiras, 131 sapateiros, etc. A colonia extrangeira era b o leiros dc relva, lagos, cascatas, repuxos, viveiros
representada (em 1911) p o r 2.963 italianos, 334 hes- dc plantas e aves, etc.
panhócs, 325 portuguezes, 208 tu rcos, 118 allemães, Cerca de 12 m il arvores ( m a g n o lia s, g re v i!has,
c alguns africanos, inglezes, belgas, francezes, norte- acacias, eucalyptus, o itis , ja m bo lan os , m angueiras, p a l
americanos, syrios, japonezes, etc. m eiras), vestem as ruas e as avenidas da cidade,
Seguindo a regra traçada p o r M au ríc io Block, dando som bra aos passeios lateraes e belleza á
e que consiste em a ju n ta r á população apurada no perspectiva das grandes vias urbanas.
u ltim o censo os excessos das entradas soOre as sa B e ll o H o riz o n te se to rn o u desde a sua cons-
bidas e dos nascimentos sobre os o b itos, calculou trucção, iniciada em l . “ de M arço de 1894, e a
a D ire c toria de H ygie ne do Estado que era de p a rtir de sua inauguração o ffic ia l, cm 12 de O u
40.256 habs. a população da C a p ita l M in eira, no tu bro de 1897, a great a ttra c tio n , o po n to forçado
anno de 1912; e o seo calculo assim fo i fe ito : dos vis ita n te s illu s tre s de to do s os pontos do Bra
s il e até do ex te rio r da R epublica.
F igu ra s de Extra ng eiros notáveis, com o o coro
População recenseada em 31-XII-19I1 39.435 habitantes nel C ha rle s Page Bryan (e x -m in is tro americano no
Excesso dos nascimentos f 1.242) sobre B r a s il) ; o barão A lb e ric F a llo n (a n tig o diplom ata
os obitos (713), em 1912 . . . 529 » e actual em baixador B e lg a ); o C onde dc Arco Valley
Excesso de entradas (111.180) soore as
sahidas (110.435), pela E. de F. (a n tig o m in is tro da A lle .n a n h a ); G aston D onnet (re
CentraI do B r a s il......................... 745 » dactor do F ig a ro , de P a ris ) ; o d r. W . V a len tim (re
dactor d o B e rlin e r T a g le b a tt); o co.nde P ie tro An-
to n c lli (a n tig o m in is tro ple n ip o te n c iá rio ita lia n o ) ; os
drs. E. Hussack c O r v ille D e ro y (g e o lo g o s america
Diffcrença a tirar entre os que chega
ram (9.039) e os que sahiram no s ); M . D e Kuczinscky (en táo representante da
(8.586), pela E. de F. Olste de A u s tria ); Paul D oum cr (notável estadista francez);
M in a s ................................................ 453 » o Barão A . de La B arre (a n tig o m in is tro hespanhol);
Pcpulação effectiva, em 3I-XII-1912 . 40.256 » o conselheiro C am ello Lam preia (a n tig o plenipoten
c iário de P o rtug al, no R io dc J a n e iro )); o bispo ame
ricano rev. T u k e r; o barão d ’ A n th ou ard (qu e fo i m i
Serviços m uniclpacs da cidade — 1’ ara o abas n is tro fra n c e z ); C ha rle s W ie n e r e Clem enccau (o
tecim ento d'anu a p o tá v e l ha e.Tt B e llo H orizon te 3 p rim e iro notável d ip lom ata , o segundo estadista ac
grandes reservatórios, com a capacidade to ta l de 3 renome, ambos fran ceze s); G u g lie lm o F e rre ro (o emi
m ilhões de litro s , e, actualm ente, o consumo do pre nente h is to ria d o r ita lia n o ); C ha rle s M o re l (redactor
cioso liq u id o é de cerca de 13.092.200 litro s por 24 da E to ile du H u d ); C a rio F ab rica tore (fa lle c id o jo r
horas, ou 545,712 litro s p o r hora, sendo a media nalista ita lia n o ) ; o barão Sughim ura (en tão m in istro
de consumo de 388 litro s (m in im o ) por cabeça, e japonez, no B ra s il); a Baroneza de W ils o n (escripto-
1.300 livro s (m a xim o ) para cada habitante, cm 24 ra h c s p a n h c la ); K n ijjh t B a rrin g to n (ba n q u e iro e advo
horas. O consumo d ia rio da carne fresca a tting ia , na gado in g lc z ) ; o G eneral G a m e lim (che fe da Missão
área urbana, a 1.470 kilogram m as (ha vinte annos); M ilita r Franceza n o B r a s il) ; o P rofessor Georges
e, presentemente, a matança dia ria de rêzes é de Dumas (da Sorbonnc, de P a ris ) ; S ir C ecil Baring
40 cabeças e 12 suinos, com o peso .nédio to ta l de (grande banqueiro in g le z ); o Abbadc M u r ri (afamado
10 m il kilo s dc carne. parlam entar ita lia n o ); o Barão Erne sto Hesse-W al-
Os meios de locomoção mais usados na cidade te gg (gco grap ho e e s c riptor a lle m â o ); a Sra. Anna
de B e llo H o rizon te, são os bonds electricos, automó de C astro O so rio (conhecida educadora po rtugueza);
veis, carros de praça, carruagens diversas, biçycletas Paul Adam (notável es c rip to r fra n c e z ); os geo'.ogos
e animaes. americanos W asdw o rth e W a rd e ; os N uncios Apos
Fabricas a vapor já existem diversas; de chitas, tó lico s monsenhores J u lio T o n ti e A n ge lo Scapar-
pannos de algodão, meias e tecidos de malha, cer d in i; a Sra. G ino Lom broso ( filh a do grande crim i-
vejas e bebidas artificiae s, velas stearicas, banha, fu n no log o ita lia n o Cesare L o m b ro s o ); o C om m issario
dições dc fe rro e outros metaes, typographias, rou norte-am ericano C oron el D avid C ha rle s C o llie r ; o
pas fe itas, calçados, drogas, sabão c perfumes, con em baixador Alexandre C o n ty (da F ra n ça ); o escriptor
servas, doces, licores, xaropes, vaccinas e sôros di belga p ro f. C harles S aròlea; e, fina lm e nte, Suas Ma-
versos e o u tro s productos chimicos, massas alim en gestades o Rei A lb e rto I e a R ainha Elisabeth (da
tícias, moveis, etc. Uma bôa tecelagem (M arzagão), B e lg ic a ); foram unanimes em pro cla m ar as adm irá
a 6 k ilom etro s da C a p ita l e á margem da E. de F erro veis bellezas e o encanto desta «cidade sem egual
C e n tra l do B ra s il, uma Fabrica dc Tecidos de Malha no Brasil».
e uma de C alçados, no sub urb io do C alafate, e a B rasile iros illu s tre s a têm egualm ente visitado,
grande Fabrica de C hitas da «Companhia Industrial gabando-lhe as bellezas, o clim a , a paisagem , a a rc h -
B e llo H orizonte», com 400 teares, na Praça da Es te ctura, o plano da sua construcção. Basta-nos citar
tação, representam o expoente da ind ustria fa b ril, estes visitantes nacionaes: os Presidentes da Repu
na C apital. b lica : Campos Salles, R odrigues Alves, Marechal
As offic in a s «C hristiano O ttoni», annexas ao Herm es e Epitacio Pcsxca; o C on selh eiro Ruy B j i -
C urso techn ico -Ind ustrial da Escola de Engenharia, bosa e o General P in h e iro M achado; os presidentes
têm grandes machinas e installações para a fa b ri Lu iz Vianna e José M a rc e llin o (da B a h ia ); Justiniano
cação de quaesquer peças de fe rro e bronze. Serpa (do Ceará), N estor G om es (d o E s p irito San
— O cem ite rio pu blico abrange u na área murada to ), e H e rc ilio Luz (de Sta. C a th a rin a ); os m in is tro i
de 171.400 m etros quadrados, m enor ainda que a do de Estado: Lauro M u lle r, Severiano V ie ira , M iguel
M atadouro, que possúe uma superficie de 500 m il C alm ou, e J. J. Scabra; o em baixador Joaquim Na-
ms.*, toda cercada de arame farpado, com ricas pas buco. C o e lh o N etto, E ngenheiro T e ix e ira Soares, Olavo
tagens para o gado, bôa aguada e varias dependên Bilac, (to n d e Paulo de F ro n tin , José V erissim o, Bispo
cias para o pessoal a lli empregado na matança diaria Dom João Nery, arcebispo D om D ua rte Leopoldo,
do gado consum ido na alimentação publica. padre dr. João G u albe rto, C onde de A ffo n s o Celso,
o o o o o o 412 o o o o
PAVI 111AO SULCO — VISTA INTERIOR
O O o o o o 413 o o O O o
LIVRO DE OURO COMMEMORA T/VO DO CENTENARIO O A
a arrecadação, porém , subira a 4.063:587*141, de i 1 o/o sobre transm issão em linh a recta ; 3 contos so
xando um saldo de 58 0:58 7*1 41 , proveniente da bre im p osto de heranças e legados de pessoas resi
((excepcional abundancia da safra do café, p rinc ip al dentes fó ra d o p a iz ; 20 contos de im p o sto sobre con
genero da nossa producção a g rico la > (como se e x p ri tractos e novação de contractos de construcçâo de
m ia a f a l a de 4 de J ulh o de 1880, d irig id a pe lo P re Estradas de F erro e Engenhos C en trae s; 4 contos
sidente de M in as á Assembléa P ro vin cial M in e ira ). O de renda e x tra o rd in a ria ; 200 m il ré is de juros de
exercício de 1887 tra n s m ittira ao de 1888 um saldo apólices pertencentes ao p a trim o n io p ro vin cia l. Eram
de 8 1 2:07 7*7 22 e o exercício de 1888 passou esse ass'im 22 taxações, im postos, rendas e trib u to s, que
saldo a n te rio r e o s ald o propriam en te do anno de figu rava m nas fo nte s da receita p ro v in c ia l, no anno
1888 (is to é, os já refe rid os 58 0:58 7*1 41 ) ao exer de 1889; e, du ran te o actual regim en republicano,
c id o de 1880, nu m sald o to ta l de 1.170:3708375, s o ffre o uma tran sfo rm açã o o nosso systema trib u ta
sendo 846:36 58 83 6 em d in h e iro e 324:0048530 em r i o : I o, com a creaçao 'd e novos im p ostos sobre fo n
poder de diversos. De m odo que eram bastante fo l tes da receita ainda não tribu tad as ( p o r ex., o im
gadas as condições do Thesouro de M inas, no u ltim o p o s to t e r r ito r ia l) ; 2», com a suppressão de alguns
anno do regim en m onarchico, quando a lei p ro v in c ia l im p ostos inconstitucionaes (pe dá gio, taxas itin e ra
n. 3.560. de 25 de A g osto de 1888, orçara em .... ria s ), ou de rendas que passaram á U niã o (o sello
3.607:5008 a receita e fix a ra em egual quan tia a de patentes da G uarda N a c io n a l); 3.°, com a aggra-
despesa da p ro vin cia de M inas para o exercício de vação das taxas sobre outras fo n te s de receita já
1880 (u ltim o anno do Im p é rio ): e, to m ando por tribu tad as (o café, as heranças, a siza, os Novos e
base a m édia dos 3 u ltim o s exercícios provinciaes V elhos D ire ito s , e tc .) ; além de o u tra s m odificações
d e finitiva m e nte liq u id a d o s (1886 a 1888). a F a'a facilm en te percebidas, a uma sim p les inspecção e co
c it. de 4 de Junho de 1880 assim propunha o o r te jo dos nossos orçam entos, no Estado e no reg i
çamento da receita e despesa da pro vin cia parai o exer m en a n te rio r da adm in istraçã o pro vin cia l.
cício de 1800: R eceita, 3.678:7628000 e Despesa
Recursos fina nc e iro s d o F.s'ado — Actualm ente
4.000 contos (redo nd os), com um de fic it orçam en
(1 9 2 2 ), bem o u tro s são o s recursos da situação eco-
tá rio de 321:2388000 (le i p ro v. n. 3.7144. de 13
no m ico-financeira do Estado de M in a s Geraes, con
de A g osto de 1880).
fo rm e estes dados estatísticos rig e o s a m e n te aoura-
T i ’u lo s da D iv id a Pu blica — De M a io de 1886
do s: - a u ltim a receita de 1921, orçada em 42.412
a 24 de A b ril de 1880 a P rovin cia de M in as havia
contos, apresentou um s u p era vit de 21 m il contos,
e m ittid o 2.807 apólices, no v a lo r nom inal de 2.307
na e ffectiva arrecadação d o e x e rc ício ; a divid a fu n
con to s; mas a emissão to ta l de anolices provin ciaes.
dada externa de M in as é h o je de 133 m ilhões de
até o anno de 1880, já m ontava a 6.317:0008000,
francos, possuindo o T he sou ro do Estado (até 7 de
divid a essa que passou ao Estado, ao proclam ar-se a
Setembro de 1922) recursos d isp on íveis, n o valor
publica.
to ta l dc cerca de 9.600 contos em d in h e iro , quer em
— A d iv id a fu nd ad a da pro vin cia de M inas, até bancos bra s ile iro s , quer n o e x tra n g e iro com os ban-
Junho de 1880, era de 8.011:7178210, proveniente oueiros do Estado, em Paris. s 's . R a t- r M arshal
de despesas realisadas com pagam ento de iu ro s g a E- C om p., e em ou tros bancos de França, como o
rantidos a Estradas 1c F e rro e ao Engenho C e n tra l C o m p to ir N a tio n a l d ’Escom pte e a casa bancaria
de R io Branco. F to ttiu g e r E- C ia .; - a d iv id a fu n d a d a inte rna é.
— A 23 de M arço de 1880, a pro vin cia contra- exactamentc, de 60.141:2008000. representada r o r
h ira com os banqueiros portuguezes H e n ry Burnav apólices e tiiu to s pú b lic o s e m ittid o s pe lo Estado e
tV C. (de Lisb oa ) um em préstim o externo de . resgatáveis em dete rm inados n e rio d o s ; e a divid a
1.125.000 lib ra s esterlinas (um m ilh ão cento e v in te
flu c tu a n te é constitu ída p o r 21 m il contos dc de-
e cinco m il lib ra s ), sendo aquella firm a bancaria re p o s i'o s de d ifferen te s o r :gens, con fiad os aos cofres
presentada pelo com m endador José da S ilv a Lo yo
d o Estado, c de ntre os quaes a v u lta o num erario da
J u n io r (de Pernam buco e genro d o ex-Presidente de fo rtu n a p a rtic u la r de positado nas C a :xas Economiras
M in as, sr. conselheiro d r. A n to n io Gonçalves F e rrei
d o Estado (cerca de 14.500 c on to s), além das fia n
ra, circumstancia essa que fo i causa de viva discussão
ças. das caucões. dos bens dc ausentes, depositos do
partida ria , em M in as, entre liberaes e conservadores,
e x tin cto C o fre de O rph ão s. etc. A d iv id a ac'iva do
naquella ép oca ); e, alguns mezes depois, quasi nas
Estado, ao encerrar-se o exercício de 1921. im p or
vesperas do advento da R epublica, o G overno P ro v in
tava em 68 m il con to s: e o p a trim o n io d o F.s'ado,
cial contractava, a 4 de N ovem bro de 1880, um novo
titu lo s , te rras e bens de raiz, e d ifícios, moveis, es
em préstim o de sete m il contos com o Banco A llia n -
tradas. colonias, estancias de aguas mineraes, etc.,
ça d o P o rto , sendo inte rm e d iá rio da operação o
Banco do Brasil. está avaliado em cerca de 186 m il contos. A receita
g lo ba l de M in as, n o q u inq ue nn io de 1916 a 1920.
a ttin g io a 220 m il e 738 contos offectivam ente arre
S Y S T E M A T R IB U T A R IO — A trib u la ç ã o m i cadados pe lo T he sou ro d o Estado.
neira era então representada p o r estes algarism os
constantes do u ltim o orçam ento do regim en p ro v in B A N C O S — Das in s titu iç õ e s bancarias relacio
c ia l: 180 contos (d ire ito s de 3 o/o sobre os generos nadas com o Estado bastará cita r que só as ooerações
exportados da p ro v in c ia ): 1.300 contos de d ireito s do 'R a nc o d'- C re db o R -a ! d - M in a s G erais» an
de 4 o/o sobre o café e xp orta do ; 365 contos de d i daram p o r 250 m il contos e as d o <>Rawo Fivnnfhe-
reito s de 6 o/o sobre os generos de producção e c ria cario e A g ric o la do Estado de M in a s Gerais» se
ção; 204 contos de im posto sobre industrias e p ro elevaram a cerca de 309 m il con to s; donde se vê
fissões; 100 contos de im posto p re d ia l; 180 contos que, só n o anno de 1921, esses dous Bancos fo r
de s e llo de heranças e legados; 140 contos de Novos neceram c re d ito ao com m ercio, a lavoura e ás in
e Velhos D ire ito s ; 32 contos de em olum entos per dustrias de M inas, em im p ortâ ncia de quasi 559
cebidos pelas Secretarias d o G o verno ; 811 contos m il contos de réis.
das ta x a s itine ra ria s (tra n s ito , portagem, pedágio, E o Banco do C om m ercio e In d u stria , as Fi-
etc.) ; 5 contos de sellos de patentes da G uarda N a liaes do Banco Pelotense. as agencias d o Banco do
c io n a l; 14 contos do im posto sobre o ou ro e xtra hid o B rasil espalhadas pe lo te rr ito r io m in eiro, também
e referente a m ãos de engenhos, nas minas auriferas operam com elevadas transacções (m a is dc 300 m il
em exploraçã o; 62 contos de im posto sobre o sal: contos p o r anno).
4:5008000 de pe dá gio ; 85 contos de im posto de pas
sagem em vias ferreas particulare s: 9 contos de m u l E S T A B E L E C IM E N T O S IN D U S T R !AE S E C O M
tas p o r infraeção de leis, regulam entos e contractos: M E R C IA E S Até o anno de 1919, as estatísti
7:5008 de reposições e restituições: 20 contos de cas da fiscalisação fe de ra l dos im p ostos de consumo
cobrança da d iv id a activa: 60 contos de im p osto de com provaram e x is tir, no te rr ito r io m in e iro , 7.126 es-
o o o o o o 414 o o o o o
/.v h e Pu n di ; N a a l>A EXIOStÇAO INTERNACIONAL
o o o o o o 415 o o o o o o
IJVRO m s OURO tMAUSMORAIfVO IH ) C L N i EN ARIO !h
Possuem to dos estes m elhoram entos, e m ais os os C on selh eiro s A ffo n s o C e ls o , M a n in h o Campos e
serviços de linhas de bondes (p o r tracção a n im a l), L a fa y ette, (desde o 1° ao 2° reina do ), todos na
as cidades de Além -Parahyba, Ubá, C ataguazes c pasta da Fazenda; — o M arqu ez de Valença, os
T h e op hilo O tto n i, e se acham também apparelhadas C onselheiros L u c io Soares de Gouvêa e J. da Silva
de modernas insta llaçõ es electricas para força e luz M a ia , os M arquezes do Paraná e do Sapucahy, o
as cidades e v illa s de Baependy, T res Corações, V a r- Visconde de Abaeté, o senador B e rn ard o de Vas-
ginha, Alfenas, M achado, C am po B e llo , P ita n g u y , conceUos, o Visconde de Jag ua ry, os C onselheiros
Ponte Nova, S ylvestre Ferraz. Jaguary, A raxá, Saba- F ernandes T o rre s , L u iz Ba rb osa , Francisco D iogo,
rá, Queluz, Santa Lusia do R io das Velhas, Sâo Do L a fa y ette, A ffo n s o p e n n a , Joaquim D e lfin o e Can
m ingos d o Prata. Viçosa, São G onçalo do Sapucahy, d id o de O liv e ira (du ra nte o 1" reinado, p e rio do Re-
V illa s Nepom uceno e Perdoes, C arangola, Ita bira gencial e 2» re in a d o ), to do s na pasta da Justiça;
de M atto D en tro, C aracol, Peçanha, Conceição, Serro, o C on s e lh e iro Joaquim A n rã o, o Visconde de A b i. -
Sâo Sebastião de C orrentes, B o m fim , etc. (V id e C a té , os C on selh eiro s S ilv e ira L o bo e Joaquim D e lfin o ,
p itu lo a n te rio r sobre <>Installaçôes electricas, neste os Viscondes de O u ro p re to e L im a D u a rte (duran
Estador, á pag. desta obra). te o 2« re in a d o ), to dos na pasta da M a rin h a : — o
M arquez de Sabará, os C on selh eiro s A ffo n so Pcnna,
R E N D A S M U N IC iP A E S — Em 1889, p o r exem C arlos A ffo n s o , C an did o de O liv e ira e Joaquim D e l
p lo , as 12 Camaras M u n icip ae s de m aior ren dim en fin o (d o 1° ao 2° re in a d o ), to dos na pasta da G u erra ;
to annual, existentes na Provin cia de M inas, eram o .Marquez de Q ueluz, o Visconde de Abaeté, o
estas: J uiz de F óra (8 0 con to s). Além Parahyba (46 M arqu ez d o Paraná e o C o n s e lh e iro M atta Macha
contos) O u ro P reto (38 contos), L c o po ldin a (3 7 con do (du ra nte o im p e rio ), todos na pasta dos Negó
to s), São João d ’ E l-R ey (29 contos), M a r de Hes- cios E x tra n g e iro s ; — o Visconde de A 'a xá, os C on
panha (2 8 contos), Uberaba (2 0 con to s), Barbacena selh eiros Joa qu im Antão e A ffo n s o Penna (durante
(20 contos), M uriahé, (2 0 c on to s), D iam an tina (17 o 2 " re ina do ), to dos na pasta da A g ric u ltu ra . N a v i
contos), Pomba (15 c on to s), e Ponte N ova (14 con gente regim en re p ub lica no (desde 1889 aos nossos
to s). d ia s ), teem s ido M in is tro s do G overno da U nião
Ao passo que, h o je, sóm ente o m u n ic ip io de os seguintes M in e iro s : da pasta da Justiça e Negó
B e llo H o riz o n ::' arrecada i.òOO contos p o r anno, cios do In te rio r, o G eneral d r. C esa rio A 'v im , os
isto é, uma renda s u p e rio r á de to das as 7 8 m u n i drs. F erna nd o L o b o , Sabino B a rro so , A lfre d o p in to
cipalidades m ineiras do ar.no de 1889, epoca e.n e Joã o L u iz A lv e s ; — da pasta da fa zenda, os drs.
algumas Camaras m in eiras chegavam a te r receita Sabino B a rro s o, D a v i I C am pista , F rancisco Salies,
bem in fe rio r a 2 contos (co.n o era o caso das de Partdiá C alo ge ra s e A n to n io C a rlo s ; — da pasta
Bambuhy, T rem edal, Salinas, Abaeté e Lim a D u a rte ). de E x te rio r, os rs. C o n s ta n tin o P a letta e O iyntho
Vanragens do reg im e n fe d e ra tiv o pa ra o p ro de M ag a lh ã e s ; — da pasta da Viação, os drs. A n to nio
gresso d e M in as — O c o n fro n to desses dados é a r O ly n th o , F rancisco Sá e A fra n io de M e llo F ranco ;
gum ento decisivo para op po rm o s aos que sustentam da pasta da M arinh a, os drs. R a u l Soares de M ou
independer do regim en p o litic o a nossa evo luçã o; ra e / . P. Veiga M ira n d a ; - da pasta da Guerra,
pois. si o lapso de te m p o de corrido fosse su ffic ie n te o d r. J . Pa nd iá C alogeras. Destes M in is tro s citad o,,
para p ro var que, fatalm ente, te ria a nossa te rra de não nasceram em M inas, mas nella fo i onde fizeram
p ro gred ir, sob o Im p e rio ou sob a R epublica, ainda carreira p o litic a , o Visconde de Abaeté. (L im p o de
assim acreditamos que, com a centralisaçâo m onar- A b re u ), o C on selh eiro Francisco de Paula Silveira
chica, tão accentuado desenvolvim ento m a te ria l não Lo bo , o dr. A lfre d o P in to V ie ira de M e llo e o dr.
se te ria m anifestado, em M inas, e que devemos em João Pandiá Calogeras.
grandíssima parte ao regim en dem ocrático fe d e ra tiv o C om o Presidentes da R epublica já a Nação Bra
o beneficio m axim o da nossa auto no m ia ; com estas s ile ira elegeo, em diffe re n te s períodos, os seguintes
suas fecundas consequências: — de m aior expansão M in e iro s : D rs. A ffo n s o A u gu sto M o re ira Penna, Wen-
governam ental e alargam ento da esphera a d m in is tra ceslau Braz Pe re ira Gomes e A r th u r da S ilva Ber-
tiva do E stad o; — d o m a io r destaque p o litic o de nardes, te n d o exercido te m p orariam e nte a Presidên
M inas e do seo v e rtig in o s o crescim ento m ate ria l, cia do B ra s il o D r. D e lfim M o re ira da Costa R ibe i
nas riquezas exploradas, nas ind ustrias estabelecidas r o ; e teem s ido e le itos V ice-P rcsidentes da R e p u b li
e no tra b a lh o organ isa do ; — do c on tinu o e evolu ca os drs. A ffo n s o Penna, F rancisco S ilvian o de A l
tiv o desdobrar de tantas forças sociaes poderosas m eida B ran dã o, Wenceslau B raz, D e lfim M o re ira ,
(vida m un ic ip al, iniciativa s locaes, ensino pu blico , Francisco A lv a ro e B ueno de Paiva. O qu atrie nn io
in stitu to s de educação e assistência, empresas e asso presidencial, in iciad o no presente anno d o Centenario
ciações, colonisaçâo e com m ercio, in d us trias e fo (15 de N ov. de 1922), coube ao em inente Sr. D r. A R
mento econom ico, etc.). T H U R B E R N A R D E S , que, chronologicam ente, veio
Os M in e iro s no G o verno N acional, durante o a ser o q u arto filh o de M in as Geraes, á fren te da
Im p e rio e a R epublica — Para rem atarmos a rese Suprema M a g is tra tu ra da R epublica, (depois dos Pre
nha a n te rio r, em que temos estudado o destaque e sidentes P cnna, Wenceslau e D c /p h im ).
acção de M in as Geraes, na m archa da C iv ilis a ç ã o B ra
sileira , lem brarem os ainda que. nestes cem annos da S Y N T H E S E O N O M Á S T IC A D O S M IN E I
sua v ida independente (18 22-1922), a P a tria sempre ROS IL L U S T R E S E X T IN C T O S (na s tres épocas
chamou os filh o s deste Estado e antiga Provin cia aos historicas: da C o lo n ia , Im p e rio e R e p ub lica).
altos conselhos da adm inistração e aos m ais d iffic e is A H is to ria P a tria guarda, no escrinio de suas
postos po litic o s do O o verno N acional, num e n o u tro g lo ria s , os nomes de varões notáveis, nascidos em M i
regim en. Assim é que, entre os M in is tro s de Estado, nas Geraes, e que m u ito serviram ao B rasil, nos d i
durante a monarchia, fig u ra ra m estes illu s tre s M i versos departam entos do serviço p u blico , assi.n na
neiros: M arquezes de Q ueluz, de Valença e de B a r carreira das armas, como na p o litic a , m agistratura e
bacena (durante o 1" reinado, de 1822 a 1831), q ar adm inistração. E nem só nas altas posições do Estado
Visconde de Abaeré, o Senador Bernardo de Vascon- e funeções o fficia es, d e ntro e fó ra do paiz. se sa
cellos, o M arquez de Sapucahy, o Visconde de Ja lientaram dezenas de filh o s de M inas. Também nas
guary e o C on selh eiro Fernandes Torres (du ra nte a letras, scicncias e artes conta a P a tria um fo rte
Regencia, de 1831 a 1840, e durante o 2 " reina do ), contigente de M in eiros.
todos na pasta dos Negocias do Im p e rio ; — os M a r A E g re ja, o E x e rc ito , a Arm ada, a D iplom acia,
quezes de Baependy, de Q ueluz, de Barbacena e a Finança, a P o litic a , a L ite ra tu ra inscrevem os nomes
do Sapucahy, o senador Be rn ard o de Vas-oncèllos, de um a pleiade b rilh a n te de B rasile iros, naturaes da
o Visconde de Abaeté, os C onselheiros Fernandes te rra m ontanheza. N o Pantheon dos m ortos illu s
7 orres e D ias de C arvalh o, o M arquez de Paraná, tres, que em vida se devotaram á grandeza e ao pro-
o o o o o 416 o o o o o o
Companhia Central Vinicola de Portugal — Lisboa.
VDEPENDF.NCtA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O OO O O 417 O o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO
S ip o lis . Alessandro d 'A tr i, Pe dro M a ld o lli e F ilip p o porque fo rm a sin g u la r e fe liz o homem que a habita
G ro ss i; — ainda pelos b rita n n ic o s : H enw ood (18 71 ), in flu íd o e m odelado p o r seo am biente a ffe ito á
W illiam son (18 67 ), K n ig h t B a riin g to n e C ecil Ba- lucta, ao trab alh o, ao honesto exercício das v irtu
r in g (1 8 9 9 ); — e pelo irla n d e z O x e n fo rd ; e pelo des v iris , são de corp o, sim ples de alma, sobrio,
belga p ro f. Charles Sa ro léa ; e pelos p la tin o s : M a crente, habitu ad o a v iv er com respeito sua vida e à
no el Bernardes (urug ua yo) c p ro f. Leon Suarez e c um p rir com decoro seos deveres sociaes c politicos
E. Loza (a rg e n tin o s ); pelas escriptoras Baroncza de se encontra apparelhado para servir, em proveito
W ilson (hespanhola), M is s M a ry R obinson (in gle za), da sua te rra, a nobres destinos de civilisaçáo e de
Anna de C astro O sorio (portugueza) e CUna Lom - humanidade».
broso (ita lia n a ); etc. Em to dos esses autores se M inas, que é «o c o m p le to com pendio vivo da
encontrarão paginas e palavras do inais insuspeito nossa H is to ria , celebrando pe lo oo nfro nto do Pas
e lo g io aos habitantes e ao te rr ito r io de M IN A S U E - sado e do Presente, o a lto v a lo r do trab alh o da
RAES. nossa raça» (O la v o B ila c , em 1908), é u.n Estado
In s tru in d o a seo irm ã o, o O e ncral José A n to n io que «resume em seo p ro p rio s olo as bellas qu a li
F re ire d e Andrade, para bem g o vern ar a C apitania dades d o s o lo da P a tria , e em seo p ro p rio povo as
das M inas Ueraes, já escrevia o C onde de B obadella do Povo B ra s ile iro : capaz dos grandes ideaes, porque
( (domes F re ire ), em 1752: que, na te rra m ineira, a re lig io s o ; fa c il em e v o lu ir como d iff ic il em retrog ra
p rim eira base de um bom go vern o é amar a justiça, dar, porque liv re ; a ltiv o e paciente, porque ju s to na
isto c, d a r a cada um o q u d é seo, sem o u tro interesse avaliação da rela tiv id a d e humana» (Joã o p in h e iro ,
que a utilid a d e , que se tira na g lo ria e na bôa fama»; em seo m em orável M a n ife s to de 1906). Verdadeira
pois que, «emquanto os povos das M in as virem que mente, c M in as, na C a rta Physica do Brasil, o Estado
só a razão, a justiça, a prudência, a piedade, a in <«chave da abobada» ( E t is ie R ec tu s); e assim, por
teireza, a im parcialidade, e o desinteresse governam, e ffe ito de sua form ação ethnica c por h a u rir d o seo
não só hão de viver contentes, com o hão de csthnar- p ro p rio ha b ita i o senso das suas realidades e a
noção dos seos problem as, M inas, por uma im periosa
De facto, estes M in eiros, que, no conceito de exigência de sua p ro p ria existência, pelo h o rro r ao
F e rdin an d D enis (ern 1837), constituem por assim isolam ento que lhe seria m orte, tem de ap rim o ra r em
dizer um povo á parte entre a população do Brasil, sentim ento a idéa de u n ida de nacional, que é para
distinguindo-se por sua sagacidade na tu ra l, franqueza c ila condição mesma de v id a ; e, assim, por instincto
e costumes hospitaleiros, alliad os a um ju iz o são e de conservação e de defesa p ro p ria , tem de ser —
a uma perspicacia pouco vulgar», sem pre foram ciosos sinceramente, fu ndanientalm ente, incondicionalm ente
de bôas adm inistrações, esclarecidas, liberaes, probas pela effectiva federalisaçâo dos Estados e, por
e justiceiras. F. M inas a te rra do Brasil <já o dizia tanto e para tanto, pela p e rfeita egualdade dos Es
Aug. de S a in i-H ila irc , em 1821) cujos habitantes tados da U n iã o B ra s ile ira ( M agalhães D ru m o n d ,
d iffe re n t menos entre si e entendem m elhor os in em 1921).
teresses nacionaes». resultando dahi o facto de que, E por tu do is to que ««a p o litic a m in eira merece
p o r isso mesmo, M inas Cieraes não póde d e ix ar de a confiança do paiz, porque traduz as ideas de uma
te r grande influencia sobre to das as outras partes grande população id e n tific a d a com os princípios re
da Nação. Em 1830, o viaja nte ing le z W alsh opinava publicanos, a qual, no diz e r de S a in t-H i/a ire , m elhor
que tu d o se póde esperar da im aginação impetuosa, que a de qu alq ue r o u tra provincia, entende os in te
do e s p irito activo, que caractcrisa os M in e iro s ;, c ujo resses nacionaes; po rqu e prefere executar a demo
«senso pratico e realisador» P a u l W alle proclam ara cracia no seo te rr ito r io a ir pregal-a além de suas
(em 1912) ; emquanto o seo com p atriota G eorge D u fro n te ira s ; porque não com prehende a vida publica
m as, na mesma epoca, accentuava: O M in e iro é senão como uma escola de dig n id a d e ; porque não
quasi um Provençal. A mesma cordealidade insinuan disputa hegemonias, não conhece regionalism o e p ro
te, a mesma vivacidade in tc llig c n tc , a mesma fin u ra fessa que a lin h a de lim ite de Estados B rasileiros
de esp irito ... R eunindo os tres fa ctores essenciaes não divid e o corpo e m u ito incnofi a alma da Patria»
da grandeza de um paiz, is to é, a extensão te rr i (Presidente R aul Soares de M ou ra , palavras finaes
to ria l, a riqueza do s olo e a população, M in as ü e - do seo M an ifes to P o litic o , de 21 de Janeiro de 1922,
raes é, de facto, o mais ric o dos Estados brasileiros» apresentando ao P ovo M in e iro a sua Plataform a,
(escrevia a fo lh a lon drina E ve nin g Standard, em Se como candidato ao Q o v erno do Estado, n o quadriennio
tembro de 19 12 ); reunindo-se a estas m agnificas de 1922-1926).
condições materiaes» um a população sufficientem ente Essas, p o r conseguinte, as d ircctrizcs fttndamen-
densa e form ada por um povo ac tiv o c in te llig c n tc » ; taes da acção p o litic s de M inas, no seio da Republica,
pois, «segundo unanime declaração dos extrangeiros pregando e executando d e ntro de seo te rr ito r io o
que têm residido no Brasil, a população de M inas m ais v ivo dos cultos ao B R A S IL uno, poderoso e
Oeraes encerra um dos ramos mais energicos, mais respeitado, pela con tinu ida de de adm inistrações es
honestos e mais in te llig en te s da raça brasileira»; e clarecidas, honestas e realisadoras, que façam sempre
dahi a razão de serem os M in e iro s conhecidos em da Liberdade e da Justiça um escudo p ro tector da
todo o paiz, como gente trabalhadora e merecedora riqueza, do trabalho e da in d us tria do seo povo.
de confiança». Em 1914, um dip lo m a ta p la tino , o
sr M anuel Bernardez, externava sobre o grande Es
ta do central da R epublica este ju iz o : «Tal é a terra Rio, Julho de 1923.
predilecta e venturosa, da qual poude dizer com ver
dade S t. H i la i te que, s ’i l existe un pays que iámais
puísse sc passer dii reste du m onde, ce sera it. cer- N elson de Senna .
tain em e nt, M in as Geraes. E havemos de ir vendo
deputado federal por Minas Oeraes.
O O O O 418 O O
E STA DO D O PARA
A extrem a gentileza com que nos re e Maranhão, p o r uma recta até ás cabeceiras do r io
cebeu o sr. D r. E u ric o F reitas V a lle deve G um py, descendo pelo seu «thal\veg?> até sua foz
mos as excellentes notas que abaixo damos
sobre o Estado do Fará. S. E xcia., que é
b rilh a n te homem de letras e denodado jo r
na lis ta , exerceu em sua te rra, antes de v ir
para a Cam ara F ederal, varios cargos de
re le v o , sendo no tá vel a actuação da sua
in te llig e n c ia e das suas do utrin as sobre a
m entalidade paraense. A lê m do m ais, é ju
rista de renom e firm a d o : na cathedra de
P h ilo so p h ia do D ire ito da Faculdade dc
D ire ito do P ará, que conquistou aos 20
annos de ida de , m ostrou aguda visão e
rara com petenda pedagógica. Seu pensa
m ento ju rid ic o , de ad m ira vel orientação, tem
illu s ira d o , não só aquella cáthedra, como
ta m bém as paginas da R evista de D ire ito
da mesma faculdade, da qua', é um dos mais
acatados collaboradores. N inguem m elhor de
S. E xcia poderia, com p ro fun do conhecimen
to d o assum pto, responder aos nossos que
sitos sobre o progressista E s ta lo d o pará.
F oram as seguintes as notas que nos
d ito u o foven pa rlam entar:
O o o o Oo 419 o o o o o o
LIVRO D l: OURO COM MT. MORA TIVO DO CENTENARIO DA
A arca to ta l do Estado é de 1.350.498 k ilo fazem dc seu clim a um dos mais agradaveis d o globo.
m etros e 805 hectometres quadrados. Se houvesse eu ju lg a d o sim plesm ente o clim a do Pará
o o o o o 420 o o o o o
'B o l a c h a s .B is c o u To S ( ín o p flm C tlc tO rÉ w jnqum fsJrK
^jJGviAtittos,Amm>oAS, Conii ASSUCM k tF m b O m P t,m u O u tfiu u
W GocoiArípuToayQMLioms, Massas Aumcn T/u a s ,
D o ces Fin o j
j© B ,G B CORRÊA & c
R ua-Pa q u Camaiho 6aI6 Ca ix a P o st al .2 0 6
o o o o o 421 o o o o o o
UVRO DE O IR O COMM EMORAT/VO 1)0 C H S ! ER ARIO
tes para to dos os m isteres. As especies são variadíssi põe de e x tra ordin arias condições para a criação de
mas, de cores m u ito bellas, como não existem em gado em grandes proporções. T o d o o Estado se
nenhuma outra parte do m undo. Em to d o o Estado abastece exclusivam ente de sua producção de gado
ha montadas grandes serrarias, carpintarias e fa b r i vaccum, in s u ffic ie n te ha annos atraz. Pode-se com
cas de moveis, e já se vem fa zendo, de alguns annos p u ta r a população bovina d o Estado em 800.000 ca
a esta parte, reg ular exportação para os po rtos do beças e a cava llar em cerca de 30.000.
B rasil e também para os da Europa, Am erica do A in d u s tria fa b ril, ainda nascente, conta no
N o rte e Arge ntin a. enta nto com estabelecim entos de artes graphicas, fa
bricas de biscoutos, moveis, cordas, chapéus, calça
dos, cigarros, chocolate, ge lo, m alas, artefactos de
cim ento, pe rfum aria, con fe itaria, botões, ceramica, as
sucar, álcool, beneficiam ento de arroz, algodão, etc.
Belem , a capital do Estado, tem um a área total
de 40.5 15.868 m etros quadrados, sendo até agora de
24.031.972 m etros quadrados a area edificada, e de
16.513.986 a área ainda pouco construída. A cidade
dista d o oceano 138 kilo m e tro s e 2.142 m ilhas do
R io de Janeiro.
Belem , em p o rio com m ercial d o v a lle do Ama
zonas, é uma das mais bellas e im p o rta n te s cidades
da Am erica do Sul. Sua população a ttin g e a 236.402
habitantes. E um a cidade m oderna, hyg ien ica e sã,
com ruas e avenidas amplas, form osos ja rd in s e par
ques, abundante arborização, lind as construcções, bel
los ed ifíc io s publicos, m uito s estabelecim entos de
instrucçâo, serviços com pletos de bondes, automóveis
e telephones, grandes e m odernos hospitaes, casas
de beneficencia, boa illum inaçâo electrica, hotéis m ui
to confortáveis, theatros, im p orta nte im prensa, m uito
m ovim en to e grande commercio.
Pará — Beleni Instituto Gentil Bittencourt
o o o o o 422 o o o o o o
■ v •. '*►
PARAHYHA DO NORTE — PR. VENANCIO NEIVA PALACIO DO OOVERNO
E S TA D O DA P A R A H Y B A D O N O R T E
OO O o o o 423 O o o o o O
LIVRO DE OURO COMMEMORA 1)0 CENTENARIO DA
vendo m ais de dusentas d is t illa t e s de á lco ol. Fa disposição reservas de num erario na emergencia das
bricas de tecidos, mosaicos, azeites e oleos, bebidas crises.
diversas, vinhos de fn ic ta s , sabão, barbante, cordas,
cigarros e charutos, etc., ipsta llad os em differentes
pontos do Estado, vão já alcançando resultados com
pensadores.
O lito r a l parahybano é ric o de pedra calcárea
de excellente form ação, o que assegura para fu tu ro
p ro xim o a creação da in d u s tria do cim ento na Pa
rahyba. Uma prim e ira te nta tiva, de annos atrás, fra
cassou p o r deficiência de recursos financeiros. Neste
m om ento, porém , um g ru p o de industriaes france
ses trabalha activam cnte neste sentido, já tendo o b ti
do im p orta nte s concessões da parte do governo.
Abundam no Estado ou tras riquezas mineraes,
ainda inexploradas, mas de existência comprovada
com a m axim a segurança: fe rro , carvão de pedra,
cobre, p e trole o, estanho, s a litre , ouro, prata e pe Parahyba do Norte — Vista geral
dras preciosas. Destas, o fe rro e o petroleo p rin c i
palmente garantem á Parahyba do N o rte uma pros
peridade assombrosa para os tempos vindouros, dado A Parahyba não tem divid as no exte rio r. Reco
que são dos a rtig o s m ais necessarios á vida d j ho nhecia, com tudo, titu lo s de diversas emissões e uma
mem e mais procurados pela in d us tria m undial. d iv id a fluctua nte origin ad a do atra so no pagamento
dos otdeitados e contas da adm inistração. T u d o isto
fo i cancellado, c- h o je o pequeno, mas prospero Es
ta do, nada deve. Seus serviços se fazem co.n a m aior
regularidade. O s funccionarios e as contas da adm i
nistração sãu pagos pontualm ente. O pa trim o n io pu
b lic o fo i consideravelm ente augm entado com a aequi-
sição e construcção de grande n u m ero de imm oveis
necessarios ao re g u la r fu nccionam ento dos serviços
publicos.
As receitas annuaes do Estado sobem a quasi
cinco m il contos e as despesas são calculadas sem
pre dc m aneira que resultem infe rio re s a esta som-
ma. Os saldos, quando não são empregados em u r
gentes necessidades collectivas, são depositados em
Bancos, á disposição do governo.
A instrucçâo publica na Parahyba tem sido pau-
latinam ente rem odelada pela acção v ig ila n te d o jjo -
verno, que não descura m eios n o sen tido de to rnal-a
pro fic ie n te e disseminada o m ais possível. O ensino
p rim a rio é .im piam ente d iffu n d id o n o E stad o; com
prehende escolas rudim entares, ele nentares e com
plementares, isoladas ou agrupadas, conform e o per
m ittem as circum standas.
N o Lyceu Parahybano, excellentem ente o rg a n i
zado, m inistra-se o ensino de sciencias e letras, na
Escola N orm al do Estado form am -se os professores
Dr. Tavares Cavalcanti — Deputado pela destinados ao ensino publico p rim á rio . Am bos estes
Parahyba do Norte estabelecimentos dispõem de be llo s e confortáveis
ed ifícios c de to das as condições pedagógicas ne
cessarias. Em C ajaseiras existe o C o lle g io Padre Ro-
litn equiparado á Escola N orm al da capital.
Pelos portos de C ab ed ello e Parahyba exporta o
Estado seus productos para varias regiões do paiz
e para o estrangeiro. O algodão constitue o p rin c i
pal a rtig o de exportação, a ttin g in d o annualmente as
remessas do mesmo para fó ra d o Estado a 15.000.0(H)
de kilog ra m m os. O assucar, o tabaco, as pelles e os
couros são também exportados em quantidades apre
ciáveis.
D urante largos annos, a Parahyba soffreu accen
tuado de seq uilíb rio entre seus recursos e seus gas
tos, dando log ar a sensíveis d é fic it em seus orçamen
tos. Devia-se isto, principalm ente, á irre gu la rid ad e
das estações e á existência periódica das secas, que
desorganizavam as fontes de renda e assim desmen
tiam as mais seguras previsões.
A p a rtir dc 1005, os G overnos se convenceram
da necessidade d í p ô r fim a semelhante estado de
coisas m ediante um regim en severo de economia e
moderação nos gastos. Começou então a no rm a li
zar-se a vida financeira do Estado.
Parahyba do Norte Porlo
A par de um augm ento considerável da arreca
dação, observou-se m ethodica restricção das despe-
zas. Logrou-se por esta form a uma série de saldos O ensino p ro fissio na l é representado p o r uma
annuaes que sempre perm ittem ao governo te r á sua Escola de C om m ercio e outra de Agrim ensura fun-
o o o o o 424 o o o o o o
VILLA DE PARIS — Rio de Janeiro.
INDERENDENCIA E DA EXROS/ÇAO INTERNACIONAL
O OO OO O 425 o o o o o
Li v r o d e o u r o c o m m e m o r a t iv o no c e n t e n á r io
f. precise não perder de vista que as cifras a li to s dessa consciente obra, a nossa g ra tid ã o ao egre
arroladas são relativas ao exercício encerrado em g io conterraneo m erece que em to d o lo g a r a cul
31 de m arçc u ltim o . tivem os e proclam em os. D e id ê ntica m aneira, o as
O anno fin a n c e iro corren te, porém , se nos aus pecto m oral da sua in flu e n c ia é d ig n o de a lto c u lto
picia pro m isso r. A arrecadação vem sendo fe ita com e de eneom io perante a ju s tiç a dos nossos sentim en
regularida de , excedendo, de m u ito , as previsões o r tos. Se e lle dá ho nra ao Estado fó ra do Estado, onde
çam entarias; e, posto que tenham os a pesar sobre c um hem para nós que o nosso nom e se eleve, aq ui
e lle , em despesas, c augm ento de vencim entos d o nas cousas internas a s u p eriorida de de sua actuaçâo
fu nccion alism o pu blico estadual, rea lisa do na con se retrata nesse am b ie nte de libe rd ad e em que as
fo rm ida de da autorisação consignada na alínea V I I I , facções par tid a ria s, fa vorecidas em sua m ovim en
do a rtig o 3U, da le i num ero 550, de 7 de novem tação, m elhoram cada dia em seus costumes. Assim ,
b ro de 1922, espero, o encerrarem os com um «supe é com a sensação de fa lta p ro fu n d a que vos fa lo
ravit» capaz de c o b rir gra nd e parte das despesas daquella renuncia, em bora ella não s ig n ifiq u e a per
realisadas com os serviços de esgoto e abasteci da p o r nossa p a rte de um elem ento, de um pulso,
m en to de agua a esta cap ital. de um defensor, c u jo p a trio tis m o nunca o deixará,
A liá s , não preciso occultar-vos o desejo que com vida., estranho ao serviço e ao affe cto da Pa
sempre n u tri de rea lisa r aquelles serviços d e ntro rahyba. Para s u b s titu il-o na direcçã o do p a rtid o do
das fo rça s orçam entaria s do Estado. m inante, escolheram seus c o rre lig io n á rio s o cidadão
O I o sem estre d o corren te exercício apresentou que ora occupa a presidência do Estacão, sem que
a renda b ru ta de 5.114:4058309, havendo o The- para isso nem uma das p a rcellas de in flu en cia de
souro e n tre 'deposito, fornecim entos p o r em p ré s ti correntes do a lto posto acaso se movessem, m o
m o ás Obras C o n tra ás Seccas e adiantam ento ás vendo-se sim , todas ellas, pe la continuação da chefia
obras do esgoto, p o r conta do Em pré stim o P o pu lar d o D r. E p itacio Pessoa ou p o r um a solução com
da Parahvba, em econom ia realisada, a im portância o u tro nome de seu p a rtido .
de 2.103:4698768. Venho, porém , a ffirm a r á Assembléa que, se
C o n tinu arei, pois, no regim e de restricções que aceitei a resolução vencedora, fo i com o firm e p ro
me te n h o im posto, gastando, com m edida, em cou p o s ito de gu ard ar a boa o rie n ta çã o do D r. E p itacio
sas ute is e indispensáveis, con sulta nd o em to d o o Pessoa, de m anter-m e isen to da preferencia pa rtid a ria
caso as possibilidades fina nce ira s d o e x e rc id o e o s nas questões em que estivesse em jo g o o interesse
interesses superiores do Estado». ad m in is trativ o , e de resp eita r, fosse qu al fosse a
Sobre a po lític a do Estado escreveu o sr. D r. s orte da m inha aggrem iação, a o p in iã o do povo, as
Solon de Lucena as linhas que seguem: leis do Estado e os p rin c íp io s d o regim e rep ub li-
« D irig ind o-m e a uma assembléa p o litic a , consi
'X t s r * o o o o o o 426 o o o o o o
E STA D O D O PARAN A
So bre este b e llo Estado s ulin o, cujo C u rity b a é servida p o r num erosos h o té is de p r i
lu tu r o é certam ente dos mais grandiosos m eira o rd e m ; possuc uma b ib lio th eca pu blica , um
p e las suas imm ensas riquezas naturaes, fa museu de a n th ro p o lo g ia e his to ria n a tu ra l, um In s ti
lo u -n o s o sr. D r. L in d o lp h o Pessoa, o mais tu to h is to ric o e geographia», um con serva torio de
jo ve n e u m dos seus mais pre stigioso s re m usica e uma escola de Bella s Arte s, além de ou tras
presentantes na Cam ara F ederal. S. F.xcia. instituições de a lta cultura.
respondeu am avelm ente aos nossos quesitos
p e la seg uin te fo rm a :
o o O o o o 427 o o O
LIVRO D t OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
g ra dis. P o r toda parte, a mesma graça joven, a N o re ino m in e ra l o Estado do Paraná possue
mesma impressão de virg em puberdade, que é o traço m inas de o u ro, fe rr o e m anganez nos m un icípios de
m ais característico de C o ritib a . E, coroando o con A n to nina , M o rre te s e S. José dos P inhaes; de dia
ju n cto , o c laro ceu s u lin o, a lto e lim p id o , algum as mantes, n o m u n ic íp io de T ib a g y ; de cobre, no de
Curityba Prefeitura
ção desses productos, com duas terças partes do gado dc to da classe, com 3.6 3 3 :6 0 0 *0 0 0 ; o café,
to ta l correspondente á R epublica. Na exportação da com 3.4 6 2 :6 2 7 *0 0 0 ; e o u tro s productos diversos, com
m adeira ha a in c lu ir as m elhores variedades de cons- 6.24 0:6 70 *0 00 , fo rm a n d o um to ta l d e .......................
trucção que se conhecem. 66.7 09:998*500».
o o o o o o 428 o o o o o o
rlFERRAN'
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Responderei resumidam ente aos demais quesitos A U niversidade do Paraná m in is tra o ensino
fo rm ulados. superit r. Sobre este estabelecimento, honra e g lo
O Paraná possue uma rêde de 8.000 kilom etro s ria não só do Estado, mas do e s p irito b ra s ile iro de
de estradas de rodagem, lig a n d o to dos os m unicípios iniciativa, m uito haveria a dizer.
do Estado. D ispõe de varias linhas ferreas, que A U niversidade do Paraná, fu ndada ha coisa
percorrem regiões riquíssim as c as põem em com de dez o u doze annos atraz, conseguiu, neste c urto
m uni cação com o n o rte e o sul do paiz. O seu com lapso de tempo, firm ar-se como um estabelecimento
m ercio, m uito intenso, é fe ito pelos portos de Pa m odelar de ensino scientifico. Funcciona hoje no
ranaguá, A n to nina , Quarakcssaba e Guaratuba, pelas seu gigantesco palacio proprio, ainda não te rm ina
do, mas em vias de conclusão, e que será dentro em
pouco ta lvez o ed ifício escolar de m ais vastas p ro
porções d o Brasil inte iro .
Comprehende a U niversidade as Faculdades dc
D ire ito , de M edicina e dc Engenharia. A de D i
re ito se desdobra num Curso C om m ercia l; a de
Medicina abrange os seguintes ram os: M edicina, P har
macia, O d on tolo gia c O b s tetric ia; a de Engenharia
comprehende to dos os ramos em que geralm ente se
divid e este curso.
E preciso accentuar que todos estes ramos dis
põem dos elementos necessários para um estudo per
fe ito e com pleto: gabinetes de physica, chim ica e
his to ria natural, que illu s tres professores cariocas
consideram os mais bem installados do B ra s il; am
phitheatro de anatomia, gabinete de eonstrucção ci
v il, observatorio m eteorologico, etc.
Curityba — Universidade e Associação Commercial O s alumnos do curso m edico dispõem de uma
ala in te ira do H o s p ita l dc C aridade para seus es
estradas de rodagem e pelas Estradas de Ferro, tudos práticos. Os do curso de obste tricia p ra ti
das quaes se destaca a que lig a C u rity b a a Parana cam na M aternidade do Paraná, liga da por laços
guá e An to nina como um a rro jo épico de engenharia intim os á U niversidade; o estudo de o d o n to lo g ia
e pe lo esplendor da natureza que atravessa. é com pletado pela pratica em gabinete de ntario ad
A p rin c ip a l in d us tria do Estado c a da ex- m iravelm ente in s ta lla d o ; os estudantes de D ire ito ,
tracção e bcn eficia m e nto da herva-matte, seguindo- ao a tting ircm o te rce iro anno, são m atriculados na
se-lhe dc p e rto a de extracçSo de madeiras, ambas Assistência Judiciaria da Universidade, onde, sob a
representando riqueza enorm e, dada a extensão das direcção de um lente, funccionam como advogados
prodigiosas flore s tas paranaenses. da gente sem recurso.
A in d u stria p a s to ril é exercida tambe.n larga D ispõe ainda a U niversidade de uma vasta b i
mente no Paraná. Pelo recenseamento de 1920, pos bliotheca, sala de esgrima, herbanarios, etc.
suía o Estado a seguinte riqueza cm gado: A m entalidade paranaense não é das menos co
nhecidas na C a p ita l da Republica. Desde o tem po
539.765 do famoso Cenaculo de C o ritiba , agrupam ento cons
190.138 titu íd o p o r D ario V ellozo, S ilv e ira N etto, J u lio Per-
56.265
44.254 netta e A n to nio Braga, to dos poetas e prosadores
Asininos < 43.969 de m erecimento, começou C o ritib a a attra h ir a atten-
Uma das m aiores esperanças paranaenses c a ção do Brasil pela sua activid ad c inte llectu al.
já notável in d u s tria fa b r il do Estado. Funccionam Os embaixadores do es p irito paranaense no R io
de Janeiro m u ito têm fe ito pelo renome de sua
no Paraná m uita s fabricas im portantes de diversos
te rra nas lides da intelligencia. F o i d o Paraná que
artigos, sendo de destacar^ pelo relevo que assumem
na economia cstadoal, a grande fabrica de machinas
de M u e lle r Pr Irm ãos, as fabricas de phosphorus,
de tecidos de algodão e seda, de moveis, ladrilhos,
te lhas c tijo llo s , de louças, vidros, pregos, chapéus,
calçaoos, Velas, sabonetes, chocolate, espartilhos, ins
trum entos musicaes, etc.
Em C o ritib a trabalha a grande fahriea de pianos
Essen/elder, cujos m aravilhosos productos provoca
ram a adm iração dos visitantes da Exxposição do
centenario e estão te ndo a m elho r acceitação no
Brasil e nos países visinhos da America do Sul.
No lito r a l funccionam dois m oinhos de trigo ,
abastecidos de m ateria prim a puram ente paranaen
se, alem de um im p orta nte estabelecim ento de be
neficiar ta nn in o para ser utiliz a d o nos cortumes.
A instnicçâo publica, de alguns annos para cá,
tem-se desenvolvido animadoramente.
A p rim a ria é m in istrad a em 20 grupos esco Curityba Praça
lares e 003 escolas isoladas m antidas pelo go ver
no, existindo ainda cerca de 00 particulares.
O gym nasio Paranaense (in te rn a to e externa vieram Rocha Pombo, o nosso g lo rio s o h is to ria d o r;
to )) , a Escola N orm al, o In s titu to de C astro c 11 N estor Victo r, o psychologo illu s tre , cuja obra é
estabelecimentos particulares m inistram a instrucçâo um attestado adm iravel da agudeza de nossa visão
secundaria. e s p iritu a l; Silveira N etto, o poeta acclamado de Luar
O ensino pro fis s io n a l c representado pela Es dc H inve rn o c Ronda C repuscular; Moysés M a r
cola de Aprendizes A rtific e s , pela Escola A g ro n ô condes, Leoneio C orreiá, Euzebio M otta, e tantos
mica do Paraná, ambas em C o ritib a , pela Escola de outros, sem fa la r nos novos, alguns dos quaes fo
Aprendizes M a rinh eiro s , em Paranaguá, c p o r ou ram collocados pela eritica á fren te do m ovim ento
tros estabelecimentos. novo d o pensamento no Brasil.
o o O o o o 429 O o o o o o
ESTA DO DE P ER N A M B U C O
O sr. D r. S o lid o n io L e ite não é ape pacs exportadores, com o fim de reg u la risa r e de
nas o m estre, que to do s aratam , da ling ua fender esse p ro du cto, c uja c u ltu ra se tem desenvol
que ta lam os. Seus conhecimentos abrangem v id o u ltim am e nte de m od o considerável. Para bene-
esphera mais vasta, podendo-se dizer que fic ia l-o existem seis usinas, e duas prensas aperfei
á sua c u ltiva da in te llig e n c ia não é estranho çoadas.
nenhum dos assum ptos que projundam ente
dizem resp eito á vida brasileira.
C om o representante de Pernam buco na
Camara dos D ep uta do s, S. Excia. occupa
lo g a r de destaque n o seio da bancada. A
attenção respeitosa que de to dos te m me
recido sua in d iv id u a lid a d e p r o v im d o es
pontâneo sentim ento de adm iração que suas
altas virtudes mentaes e de caracter pro-
E R N A M B U C O com um a superficie de
128.395 k ilom etro s quadrados, e uma
população que ascende a 2.154.835 ha
bitantes está collocado em im portância
po litic a e economica Io ga depois dos Estados de M i-
nas-Geraes, São Paulo e Bahia.
O s olo divide-se em varias zonas, sendo as prin-
cipaes a da mata que se estende de 70 ou 80 k ilo
m etros, m ais ou menos, para o in te rio r, e se presta
a todo o genero de c u ltu ra ; a do agreste, e a do
sertão, que offerece op tim as pastagens para a indus
tr ia pa sto ril. D r. Sergio Loreto — Governador
de Pernambuco
A região agreste, composta de terrenos acciden-
tados, presta-se á c u ltu ra d o algodão.
O assucar e algodão constituem as duas maiores C onstituem ta m bém a rtig o s de exportação o á l
fontes de riqueza para o Estado, podendo-se dizer cool, a aguardente, a cera de carnaúba, cacáo, couros,
que a in d us tria assucareira em Pernam buco já vae pelles, borracha de m aniçoba, fruetas, etc. O café,
assumindo proporções extra ordin arias. São em n u os cereaes e ou tros productos são c ultiva do s em m u i
m ero de 56 as grandes usinas modernas de assucar, to m enor quantidade, attendendo co.ntudo ás neces
m agnificam ente apparelhadas, afóra mais de 2.400 sidades de algum as regiões pernambucanas. A A l
pequenos engenhos de ty p o colonial. Só o grande fândega de Pernam buco, é a 3.-> d o B rasil. Quanto
engenho Catende, no m u n ic ip io de Palmares, produz ao m ov im en to de exportação, o p o rto do R ecife f i
diariam ente 1.250 toneladas deste artig o. gurou, em 1922, lo g o depois de Santos, R io c Ba
O algodão também é pro du zid o em grande escala h ia ; occupando, porém , o 3." lug ar, p o tocante á
— fnais de 160.000 saccos annualmente, pesando cada im portação pois fig u ro u com 99.449 contos, (R io
um 75 kilogram m as. Duas terças partes desta pro- 739.955 e Santos 471.142 — Bahia 64.378).
ducção são absorvidas pela industria de fabricação A renda das Docas s ub iu a 1.597.620.500 no
de tecidos, que conta no Estado sete fabricas com perio do d e corrido de 1 de D ezem bro de 1922 a 31
sete m il operarios. O restante, — cerca de . . . de A b ril de 1923; quan tia da qual deduzida a des-
6.000.000 de kilogram m as — é enviado para o ex peza — 630.589:700, fic o u urn saldo liq u id o de .
te rio r e para diversos pontos do paiz. 967.030.800.
C reado ultim am e nte o serviço estadoal do a l E n tre as riquezas naturaes do Estado destacam-
godão, fo i confiado a profissionaes competentes, e se, no re in o m in e ra l, o o u ro , o fe rro , o cobre, o
prom ovida a creação dè uma associação dos princi- am iantho, o k a o lim , a a rg illa , o g ra n ito , etc. E no
o o O o o 430 o o o o o o
CENTENARIO DA INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO
reino vegetal, m adeiras de construcção e de marce Recife propriam ente d ito . os d is tric to s de S. A n to nio
naria, plantas te xteis c m cdicinacs, sementes oleagi e de S. José e o quarteirão da Boa Vista. Estes d is
nosas, palm eiras c grande variedade de arvores frueti» tric to s , são ligados entre si p o r bellissim as pontes
feras. que dão á cidade um aspecto unico no Brasil.
N ão c descurada cm Pernambuco a industria O Recife propriam ente d ito , cen tro da activi-
p a sto ril. Segundo o recenseamento de 1920, existiam dade commercial, onde se acham os bancos, c as
no Estado, nesse anno, 745.217 bovinos, 189.856 mais im portantes casas commerciacs, é onde também
equinos, 73.092 asininos c muares, 419.872 ovinos, mais fo rte c n itid a se tem a im pressão de um a gra n
855.638 caprinos c 226.181 suinos. de cidade moderna. As avenidas que a lli se a b ri
D o de sen volvim en to da ind ustria fa b ril m u ito ram ,os altos edifícios que nellas se erguem triu m
dizem as grandes usinas do assucar c as fabricas de phantes, mostram bem que o e s p irito de progresso
te cidos já citadas, alem das quaes se encontram no que em tu do se vem m anifestando e nelles claram en
Estado num erosos ou tros estabelecimentos fa bris pro- te se attesta. fa rá de ntro em pouco da c a p ital de
ductores de a rtig o s de excellente qualidade: sabão, Pernambuco uma das mais bellas cidades d o m undo.
velas, bebidas, papel, cigarros, charutos, fe rro fun No d is tric to de Santo A n to n io , an tiga cidade
did o, etc. M auricia, fica o Palacio do G o verna do r, situa do no
A instrucçâo publica em Pernambuco é das mais m eio de um grande parque, precisamente no local
adiantadas. T a n to o ensino prim ario, como o te chni occupado durante o d o m in io ho llan de z pe lo palacio
co, o secundario e s u p e rio r são m inistrados cm es do princip e M au rício de Nassau. A pouca distancia
tabelecim entos d irig id o s p o r a lto esp irito pedagógico ficam o T he atro c o Lyceu de A rte s e O fficio s.
e que exercem p ro fu n d o in flu x o educacional e cultu ral N o o u tro lado d o rio se vêm, o an tig o e b e llo
sobre grande massa da população. e d ifíc io da Assembles P rovin cial, o do G ym nasio,
e do Saneamento; e pouco depois a Escola N orm al
e a f aculdade de D ire ito , que se ostenta, elegante e
im ponente, no meio de enorm e praça, onde se vê
a estatua de M artins J un ior. Em ou tras se erguem a
de R io Branco c Nabuco.
Quanto aos serviços de aguas e exg ottos de Re
c ife e o de Santos são os m ais perfeito s d o Brasil.
N o 2.o v o l., p. 40, do seu tra b a lh o — S A N E A
M E N T O D E R E C IF E , diz o D r. S a tu rn in o de B ri
to : «Os serviços de Santos e de R ecife têm m erecido
a attenção de varios engenheiros; alguns pedem typos
e detalhes de obras; outros os têm v isitad o, colhen
d o as informações que desejam».
No que respeita a hygiene, da qual sempre se
cuidou em Pernambuco, rem odelada ultim am ente, ten-
do-se creado o Departam ento de Saúde e Assistên
cia, installado em e d ifíc io p ro p rio de v a lo r excedente
de m il contos de réis, onde ficam centralisados todos
os serviços, inclusive o In s titu to vaccinogenico, o
Laboratorio B acteriologico e vae ser também insta l-
lada a escola correcional.
São varias as bib lio th eca s da cidade: a de Re
cife, com mais de 40.000 volum es, a d o In s titu to
Archcologico e G eographico, a do G abinete Portuguez
de Leitura, a da Faculdade de D ire ito e outras.
O porto, dotado pelo G o v erno Federal dos mais
modernos aperfeiçoamentos, é um dos p rim eiro s da
D r. Solidonio Leite — Deputado America do Sul.
por Pernambuco
Alem de Recife possue o Estado mais 58 ci
dades, entre as quaes se destacam O lin d a , a 6 k i
O ensino s u p e rio r é representado pela Faculdade lom etros da capital, sendo-lhe, portan to , uma especie
de D ire ito , fundada cm 1828 pelo governa central do de suburbio, Jaboatâo, Goyana, Pesqueira, V icto ria ,
Brasil, e pelas Escolas de Engenharia, M edicina, Nazareth, C aruaru, Floresta, Cabo, Escada, Bezerro,
Pharmacia e O d o n to lo g ia . Garanhuns, Bom -Jardim , B o nito , C anhotinho, Lim o e i
N o G ym na sio Pernambucano e em varios col- ro, Flores e T riu m p h o , nos lim ite s com a Parahyba,
legios p a rticulare s p o r c lle modelados m inistra-se a com 1.100 m etros de a ltitu d e , e clim a salubérrim o,
instrucçâo secundaria. fr io e seco.
O ensino te chnico e profissional é dado nas Ligada pe lo T elegrapho N acional e diversas ré-
Escolas N orm aes, na Escola de aprendizes artifice s des das estradas de fe rro aos vários pontos d o in te
c cm o u tro s fundados e d irig id o s pelo Estado. rio r e dos Estados visinhos, R ecifé está em contactei
A instrucçâo p rim a ria , largamente diffu n d id a , é com o e x te rio r pelos cabos subm arinos de diversas
m in istrad a em to d o o te rr ito r io pernambucano por emprezas. Funcciona em Fernando de N oronha po
m il c tantas escolas isoladas e numerosos grupos derosa estação radiotelegraphica, que se communica
escolares. com os transatlânticos e com O lin d a , tendo um al
U ltim a m cn tc fo i crcada um a colonia correcional cance de 1,609 kilm s.
para os menores vagabundos. Ainda não se acham de finitiva m e nte assentadas
R ecife c em população, sem contar a C ap ital as linhas d ivisó rias de Pernam buco com os Estados
da R epublica, a te rce ira cidade do Brasil c uma das vizinhos de Alagoas, Bahia e Ceará. E claro que
mais be llas do m undo. Sobe ho je o num ero de seus não se têm poupado esforços no sentido de solu cio
habitantes a 240.000, c ifra esta que daria á p ro nar estas diffe re n te s questões de lim ite s , pela sua
gressista ca p ita l pernambucana d ire ito ao titu lo de pró pria natureza tã o d iffic e is de resolver. Um bom
grande cidade mesmo nos Estados U nidos ou na esp irito dc fraternida de anima os contendores, de m a
Inglaterra. neira que é fa c il de prever a liq u id açã o amistosa
C om prehende a V E N E Z A B R A S IL E IR A quatro das divergências levantadas, ta nto mais que se accentúa
partes d istin ctas separadas umas das outras pelos ca- a tendencia nacional para resolver taes questões
nacs form ados pelos rio s Beberibe c C ap ibe ribe : p o r accordos amigaveis.
o o o o o o 431 o o o o o o
E S T A D O D E P IA U H Y
N inguem m elho r que o sr. D eputado comarcas de Viçosa (C e ará) e P arnahyba (P iau hy),
João C a b ra l poderia a lg o dizer-nos sobre o na serra, e no v a lle do T im o nh a.
Estado do Piauhy. ( irn /i/is s im a m e n íe re O d is s id io com o M aran hã o está na determ ina
cebidos p o r .S'. E xcia., gozamos o pra zer de ção das verdadeiras nascentes d o Parnahyba e do
um a lo n g a e ins tru e!iv a palestra , em que o braço da sua fo z p o r onde devetn co rre r os extremos
illu s tr e representante piauhyense na Cama da lin h a d iv is ó ria , a qu a l, com o vim os, acompanha o
r a F ed eral mais a in da nos convenceu dos . talw eg» desse caudaloso rio . O P ia uh y reclama,
recursos adm iráveis de sua in te llig e n c ia e fu nd ad o na tra d iç ã o e antiga posse, que se tenham
de sua cultura. Lim itám o -n os, todavia, a como nascentes d o P arnahyba as do Parnahybinha,
au no ta r em nosso carnet o que d e mais um dos seus extre m o s con flue ntes, p o r cu jo le ito
intim am e nte interessava o nosso po nto de corram os lim ite s . O M aran hã o q u e r que se busquem
vista: o Piauhy actual, seus lim ite s , super essas nascentes m ais ao S u l, com o a ffirm a tel-as en
fic ie , população, suas condições econôm i contrado o e n g e nh eiro D r. G ustavo D o d t, além da
cas, sua instrucção p u blica , etc. confluência do Boi P in ta d o , no lo g a r p e lo mesmo
/lo s nossos quesitos S. E x c ia , respon engenheiro de nom inado Pao-C heiroso.
deu pela seguinte fo rm a: Na em bocadura a questão é m ais im portante,
po is o rio fo rm a um gra nd e estuá rio , desembocando
no occeano p o r seis barras, onde vão te r vários
braços, fo rm an do tr in ta e tantas ilha s. A parte l i t i
giosa fica e n tre as barras de T u to y a e das Canarias,
m ed in do quinze léguas de com p rim e n to n o litto ra l, e
I B ^ - f r q E R G D N T A M E o Sm. se os lim ite s do Pi- s ub ind o até á Ilh a do Poção. Q u e r o Piauhy, ainda
IjáMamÕK? auhy estão d e finitiva m e nte fix ad os , c fundado na tra d iç ã o e nos m ais an tigo s documentos,
v fs r| se houve grandes diffic u ld a d e s atrans- que a divisa corra p e lo braço m áis se p te ntrion al até
“3 p ô r para chegar-se ao actual estado de á barra de T u to y a , pe rtencendo-lhe to d o o chamado
coisas, neste assumpto... A resposta é fa c il em vista delta d o Parnahyba.
d o que èe tem publicado ultim am ente, depois do pa O M aranhão exig e que se pro cure o braço p rin
tr io tic o m ovim ento iniciado pe lo esforçado e c la ri cipal do estuário, ind ican do como ta l o que desa
vide nte Com m andante T hie rs Flem ing, d o In s titu to gua entre as ilhas das C anarias e a Ilh a Grande, f i
H is to ric o e G eographico B ras ile iro, e apoiado pelo cando apenas esta pertencente ao Piauhy.
saudoso m in is tro A lfre d o P in to. Em p ró l de uma e o u tra dessas theses hão sido
Os lim ite s do Piauhy correm , com o M aranhão, publicados tra b a lh o s valiosos, destacando-se o volu
pe lo rio Parnahyba, e com Goyaz, Bahia, P ernam bu me «Lim ites d o Piauhy» e d itad o p o r um a commissão
co e Ceará, peia divis ó ria das aguas das serras da p o p u la r 'do m esm o ’Estado e as m em orias d o D r.
Tabatinga, Verm elha, Dous Irm ãos, C a riris e Ibiapa- Justo Jansen F e rre ira (p e lo M aranhão) e d o D r. A n
ba. Na sua grande extensão, excepto as nascentes e to n in o F reire da S ilv a (p e lo P ia u h y).
a fo z, o le ito do Parnahyba não s o ffre contestação, N o C ongresso de L im ite s inter-estadoaes reu
assim como, po sto que não demarcada, a linh a das nid o no R io de Jan eiro a c o n v ite do G o verno Federal,
serras, até á zona m arítim a da Ibiapaba. fo ram assignados accordos para a solução de todas
Os lim ite s com o Ceará fo ram determ inados, essas questões, m ediante estudos geographicos que
nos u ltim o s tempos do Im pe rio , pelo Dec. L e gisla tivo já fo ram iniciad os. Praza aos céos dêem satisfacto
n. 3012, de 22 de O u tub ro de 1880, em v irtu d e do r y resultados.
qual a Comarca piauhyense do P rin c ip e Im pe ria l
fo i annexada ao Ceará, e a freguesia cearense (m a Vamos agora aos demais quesitos.
ritim a ) de Am arração ao Piauhy. Mas, na in te rp re A população d o P ia uh y passa h o je de 600.000
tação e localização dos lim ite s mandados observar habitantes: segundo o censo de 1920; c a sua su
p o r esse Decreto, não tem havido acaordo entre os pe rfic ie anda p o r 300.000 k ilo m e tro s quadrados. Sen
dous Estados, nem trabalhos práticos para uma f i do o seu s o lo quasi to d o ha bita vel, a densidade
xação d e finitiv a . dessa população é ainda m u ito fra ca : 2 habitantes
Na o p in iã o dos piauhyense, o Ceará occupa in p o r k ilo m e tro quadrado. Mas é preciso no ta r que se
devidamente um a parte do te rrito rio aquetn da linha trata de uma das m ais novas capitanias, quasi fechada
lim itro p h e , que deve passar, segundo o re fe rid o D e ao com m ercio m a ritim o , a p rin c ip io , e que entrou
creto, pelo d iv o rc io das aguas, até ás nascentes do para o Im p e rio , com o p ro v in c ia, contando apenas
r io T im onha, e p o r este até ao M ar. cerca de 90.000 alm as ( M e m o ria Estatística d o Im
A ffirm a n t os cearenses que o Dec. n. 3012, es p é rio d o B ra s il, in Rev. d o H is t., tom o L V Ill.'v o l. 91,
tabelecendo com o divisa as vertentes occidentaes da pag. 91). A R epublica v eio en contral-a com 267.609,
Serra Grande ou Ibiapaba, apenas se refere ao l i segundo o ccnso de 1890. Tem os, pois, que a p o
m ite com a Comarca do P rincip e Im pe ria l, sem ir pulação d o Estado aiig m e nto u m ais de 100 °/o cm
alé m ; e 'disputam a posse dos te rritó rio s entre as trin ta annos de regim e fe de ra tivo.
o o o o o 432 O o o o o
O H I AO HA I XINISK. AO DAS ORANDIS INDUSTRIAS
NA PRAÇA MAUA
OO O o O o 433 o o o o
LIVRO DE ê tIR O COMMEMORATIVE) DO CENTENÁRIO
men, petroleo, etc.) não tem s id o posta em pratica, do Brasil, em de po sito a prazo fix o , 1.000 contos
apczar das affirm ações de B ranner e de ou tros scien- de reis.
tistas, de que a zona permeana do N o rte bra sile iro , Sobre a instrucção pu blica em meu Estado te
rica em petroleo, atravessa o sul do Piauhy. nho pouco a d iz e r: È ainda d e ffic ien tissim a . Os ser
Sem p o rto s ufficie ntem en te apparelhado, c sem tanejo s, dissem inados em pequenos agrupam entos p , r
transportes fáceis e baratos, o com m ercio piauhyense to d o o extenso te r r ito r io piauhyense, sem meios de
tem, entretanto, luta do e prosperado consideravel communicação, acham-se na im p o s sib ilid a d e m aterial
mente. de receber a instrucção. Esta beneficia, e assim mes
Com resp eito á im portação a ffirm o u o relato- m o em m u ito reduzida escala, as populações dos
r io do m in is tro da Fazenda, D r. R ivadavia C orreia, centros urbanos.
re la tivo ao anno de 1914, que a do Piauhy, no pe O Estado ap p lic a a este ram o d o serviço publi
rio d o de 1901 a 1913, augmentára num a proporção cn apenas 10 ®/o da sua renda.
de 500 o/o. O ensino p rim á rio é m in is tra d o em 3 grupos
Q uanto á exportação, fez o D r. Lim a R ebello escolares, uma ei.-.oia-modelo, e cerca de 80 escolas
o seguinte calculo: isoladas, m an tido s pelo governo estadoal além de
A exportação to ta l do B rasil fo i, em m édia no varias escolas p a rticulare s e m unicipaes.
O secundário é dado no Lyccu Piauhyense, na
Quinquénio de 1853 a 1857 ................... 90.039:477» Escola N orm al e em alguns estabelecim entos p a rti
Idem de 1903 a 1907 ............................. 519.659:2258 culares, de ntre os quaes se destacam o C o lle g io 24
Idem de 1910 a 1 9 1 4 ................... 1.930.727:000« de Fevereiro, em F lorian o, o C o lle g io B aptista e o
In s titu to A g ric o la e In d u s tria l de O jrre n te , e o Pa
Cresce, pois, 1.144 °/o. tro n a to A g ric o la de S. R aym undo N on na to. Funccio-
A d o Piauhy, 11.600 o/o, ou seja dez vezes mais na ainda em T he re zina uma Escola de Aprendizes
que o resto do Brasil. A rtific e s m antida p e lo governo fe deral.
E continua: H a na c a p ital urna Academia de Le ttra s e um
Ve rifiq ue m o s ainda que, se 8.000.000 de k ilo In s titu to H is to ric o e G eographico.
m etros quadrados exportaram 1.930.727 contos de A ind ustria fa b ril, ainda nascente no Piauhy,
réis naquelle u ltim o quinquénio, a cada k ilo m e tro vac todavia to m a nd o im p u ls o anim ador. Existem no
quadrado deveria corresponder uma m édia de .... Estado: uma fa b ric a de tecidos de algodão, na capital,
208384. Com o o Piauhy tem 300.000 k ilo m e tro s qua usinas de assucar, d is tilla ria s , fundições, fa bricas de
drados, naturalm ente deveria ex p orta r apenas . bebidas e de massas, saboarias, um a grande usina
6.115.2008000; e, com tu do, exp orto u 27.200.0008. para a extracção do o le o de coco babassú e fa brico
Segundo se lê na Mensagem u ltim a d o governa do sabão fin o do mesmo, p e rto de Parnahyba, e
do r, é francam ente anim adora a actual situação fina n um a fa brica de la c tic in io s nas Fazendas Nacionaes,
ceira d o Estado. Orçada a receita publica para o u l no m u n ic ip io de 'Oeiras.
tim o exercício, que decorreu de Janeiro a Dezembro T erm inando, exclamou o D r. João C ab ra l: —
de 1922, em Rs. 1.877.9008000, a ttin g iu a receita A te rra é bôa, cheia de riquezas naturaes incompará
arrecadada no mesmo p e rio do a Rs. 2.871.0218778. veis; o povo é cora jo so e in te llig e n te , im pressionan
Houve, portanto, uma differen ça para m ais, na arre do a qualquer ob servador a inventiva, a tenção in
cadação, de "Rs. 993.1218778. D o c o n fro n to da . re te lle ctua l, o g o s to e os habitos de estudo, princi-
ceita arrecadada em 1921 com a realizada de 1922, palm entc litte ra rio s dos jovens piauhyenses (e neste
resulta uma differença para m ais, em fa v o r deste u l sentido ali os velhos são sem pre jo ve ns). «Dêem azas
tim o perio do, de Rs. 769.2608451. ao Brasil»: — costuma-se d ize r actualm ente. São azas,
A epoca da Mensagem ( l . ° de Julh o de 1923) o só, d ig o eu, de que os piauhyenses precisam : — Ins-
Thesouro tin h a em co fre 170.0008000 e no Banco trucção e m eios d c transportes.
o o o o o 434 o o o o o
E STA D O D O R IO D E JA N E IR O
O sr. deputado Man.net Reis é o mais dade de sua superficie, que soluções infelizes de
m odesto dos representantes d o povo brasi taes contendas poderiam d im in u ir ainda mais.
le ir o na Cantara dos Deputados. Sob pre Na realidade, com seus 69.000 k ilom etro s qua
te x to de incom petência, q u iz ,5 E x c it, fu drados, o R io de Janeiro é das menos vastas u n id a
g ir att pe did o que I f f jazíamos. Insistim os,
po rém , e a fin a l obtivem os que nos fo rn e-
cesse as notas abaixo — bastante preciosas,
certamente, para desm entirem a obscuridade
e s p iritu a l que S. Excia. a s i mesmo se
attrib u e .
Os leito re s serão gratos ao sr. M a
n o e l Reis peta lucidez com que lhes trans
m itte as concisas inform ações que se seguem.
ta O O O O 435 O o O o o
I.IVRO DE OURO COMME MORATIVO DO CENT EN ARIO DA
r ilo Santo c M inas Geracs, tem 60.000 habitantes. exp orta ção as excellentes fru c ta s produzidas no Es
Vem em terceiro lu g a r P e trop olis , a elegante re s i tado.
dência de verão das classes ricas da C a p ita l Federal O de sen volvim en to in d u s tria l d o R io de Janeiro
e do corpo dip lom ático , com 40.000 habitantes. As a ttin g iu a um grá o altam ente anim a do r. Basta dizer
a canna dc assucar, o algodão, o tabacco, o fe ijã o, de fiaç ã o de tecidos é exp lorad a em 28 fabricas
o m ilh o , o arroz e ou tros cereaes, a mandioca, as ba diversas, cujos productos têm tid o p o r to da parte a
tatas, etc. As arvores fru c tife ra s são cultivadas com m ais la rga acceitaçâo; fabricam -se, n o Estado do Rio,
o m a io r carinho, constituindo já im p orta nte a rtig o de tecidos dc sêde, lã, algodão, lin h o , etc.
o o o o 436 o o o o o o
/ \ Ü t I'ENDENCIA E DA EXIOSIÇAO INTERNACIONAL
Sâo num erosas as d is tilla ria s dc álcool e aguar Com o diz o Ü r. Raul Fernandes, «o Estado sa
dente, e as fa bricas de chapéus, phosphoros, cigarros, tisfaz as suas proprias necessidades de alim entação
charutos, la cticin io s, cervejas e ou tras bebidas, mas e vestuário, c ainda exporta mercadorias que fig u ra m
sas c conservas alim en tícias, etc. ent num ero sup erior a 150 nos reg is tro s dc sahida».
As salinas da lagoa de Araruam a sâo de extraor
dinaria riqueza; o p e rio do mais inte nso da cxtracçSo
do sal é que vae d c N ovem bro a M arço, attingin(ilo
nesse lapso d c te m po a producção a 40.000.000 de
kilogram m os. A extracçâo d o cal e do cacáo leni pro
gre dido satis facto ria m cn tc.
Da im p ortâ ncia da in d us tria pa sto ril no Estado
falam eloquentem ente os algarism os do u ltim o censo
geral da R epublica (1 9 2 0 ), que attribuent ao Rio de
Janeiro um rebanho de 581.203 bovinos, 512.882
suinos, 118.270 equinos, 41.580 caprinos, 40.498 asi
ninos e muares e 33.130 ovinos. As excellentes pas
tagens de que dispõe o Estado e os modernos pro
cessos de criação e sclecção que estão sendo intro du -
sidos com e x ito anim ador, perm ittent esperar-se para
fu tu ro pouco rem oto m u ito mais la rgo desenvolvi
m ento da pecuaria flum inense.
O avanço da in d us tria fa b ril no Estado do Rio
de Janeiro é d e vid o em boa parte ao aproveitam ento
de poderosas quedas dagua. J.í excede de 65.0011 Os Reis da Bélgica cm visita ao
k ilo w a ts a producção to ta l das usinas hydro-electricas Estado do Rio
flum inenses, que fornecem energia não só a todas as
fabricas d o Estado, com o para a profusa illuminaçào
E S Excia. ainda que nos fornece a seguinte lis ta
dos 20 principaes productos constantes cios quadros
de exportação do Estado cm 1920, com as q u a n ti
dades exportadas:
Mercadorias Quantidade
Café ( k i l o ) ...................................................... 53.985.228
Assuror ( k i l o ) ................................................. 75.706.080
Aguardente (litro) ....................................... 10.940.440
Álcool ( l i t r o ) ............................................ 6.005-547
Ca uros ( k i l o ) .................................................. 7.182 579
Carvão vegetal ( k il o ) ....................................... 12.583.809
Ccreaes ( I d l e ) ................................................. 30.136.230
Fructos ( k i l o ) ................................................. 26.121 074
( lallii-has c entras aves domesticas (kilo) . 1.593.812
Ovos ( k i l o ) ...................................................... 19 043.623
Lenha ( k il o ) ...................................................... 16.353.847
Sal (sacca, 70 k . ) ............................................ 608.933
l.eitc ( l i t r o ) ...................................................... 5 392.822
Cal (s a c c o )...................................................... 113.740
Calçado ( p a r ) .................................................. 121.111
Tecidos diversos (de seda, mixtos, lã, algo
dão, malha) ( k i l o ) ................................... 27.717.085
Telhas ( k il o ) ..................................................... 11 988.023
Phosphore s ( la t a ) ............................................ 210.195
Papel ( k i l o ) ...................................................... I 152.868
Toucinho ( k i l o ) ................................................. 1.665 203
electrica das cidades c v illa s . No salto do R ibeirão
das Lages é que se acha installada a usina principal
da fo rm id á ve l com panhia canadense que serve de O v alo r oTficial da producção exportada em 1918
bonds electricos, luz e força a C a p ita l Federal. attin g iu a 427.211:238*390.
o o o o O O 437 o o o O O
E S T A D O D O R IO G R A N D E D O N O R T E
N a Cam a/a dos D ep uta tlos, como cm te de sua po pulação; suas te rra s são adm iravelmente
sua te rra n a ta l, o sr. U r. José A ugusto é apropriadas á producção deste a rtig o . Sabendo-se que
o incansavcl ap ostolo da instrucçào p o pu a humanidade tem cada vez m ais necessidade de a l
la r. Já th e d e w o pais in te iro grandes ser godão, e que não são m uito s os po ntos do planeta
viços neste sentido. N unca .perdeu S. Excia. em que c possível p ro d u z il-o em quantidade e qua
a fé n o seu a p ostolad o: e este só fa c to bas lidade reclamadas pelas necessidades do consumo,
ta ria pa ra m os trar no illu s tr e representante fa c il é avaliar a riqueza que representa para o Rio
d o R io G rande do N o rte um a das in te l- G rande do N o rte poder p ro d u z il-o excellente e abun-
Ugencias m ais puras e esclarecidas da jo -
ven p o litic a nacional.
A decisiva influ en cia d e S. Excia. entre
os seus pares n o congresso b ra s ile iro m ui
to tem con c o rrid o para a solução fe liz de
alguns problem as relativ o s á instru cçâo po
p u la r n o B r a s il; que c on tinu e a fazer-se sen
t i r esta in flu e n c ia , e possa o b rilh a n te e
jove n p o litic o desenvolver to do o seu m a
g n ific o program m a de refo rm a educacional.
O tra b a lh o que abaixo estampamos fo i
traçado rap id am e nte. numa das poucas fo l
gas que lhe concede sua ad m irá vel activida-
d c na Cam ara Federal.
OO O O O O 438 o o o o o
CFNTFNARIO DA IN OF PE H DENCIA t DA EXPOSIÇÃO
o o o o o o 439 o o o o
L/VRO DE OURO COMME MORAT/VO DO CENTENARIO
P rim e iro anno: arithm etica, português, cultura inglês, p u e ric ultu ra, m edicina pratica e chim ica dos
physica, costura, musica, caligraphia, cosinha, h is to alim entos.
ria do Brasil, geographia e francês ou inglês. A gora, para te rm ina r, duas palavras sobre Na
ta l, a capital do Estado: é uma cidade ainda peque
Segundo anno: algebra, português, c u ltu ra phy na, mas florescente, com 31.000 habitantes, intenso
sica, costura, m usica, caligraphia, cosinha, historia m ovim ento com m ercial, possuindo varias ruas, aveni
universal, a g ricu ltura , leite ria , francês ou inglês, ana das e praças de m u ita fo rm osu ra, im p orta nte s ed ifí
to m ia e physiolo gia. cios e m onum entos. E ntre estes ultim o s merecem re
T erceiro anno: algebra, português, c u ltu ra phy levo o m onum ento aos m arty res de 1817, e rg uido á
sica, costura, musica, cosinha, criança, ja rdin aria, praça A n dré de A lb uq ue rq ue , e os palacios do go
francês o u inglês, hygiene e lavanderia. verno, da Assembléa L e gis la tiv a, da Escola Domes
Q u a rto anno: contabilidade, português, cultura tica de N a ta l, o th e a tro C a rlo s Gomes, a Associação
physica, costura, musica, educação social, cosinha ar C om m ercia l, o In s titu to H is to ric o , o H o sp ita l de
tística, ine tho do log ia , economia domestica, francês ou C aridade, o Atheneu do R io G rande d o N orte, etc.
o o o o o o 440 o o o o o o
c o o ig o s : r ib e ir o e p a r t ic u l a r
FILI A E S
Minns («eracs s— Nulltldade, Kljruelrn, Pcdrn Corrida, Nark e Ei
Espirito Santo ; — KstnçAo de l.airr.
ESTRADA DE FERRO VICTORIA A MINAS
SOCIOS SOLIDÁRIOS:
José Koiuoulda Marrra JoAo Mnffrn Sobrinho
iqulni do l ’aula Maffra Pedro Albano Matfra
E S TA D O D O R IO O R A N D E D O SUL
P de 280.000 km. quadrados e 2.500 m il um entendim ento pré vio para o seu estudo, tendo o
habitantes, approxim adamente, é repre dr. Protasio Alves, Secretario dos Negocios do In
sentado na carta geographica por um te rio r e E xterio r, apresentado a respeito ao Presiden
uja s diagonaes se norteiam em sentidos te do Estado, dr. Borges de M edeiros, lo n g o e
N . S. e L. O., com prehendi das, nos seus extremos, erudito m em orial.
entre os gráos 27 e 33 de la titu d e e 48 e 57 de lo n Escrevendo sobre a situação geographica e lim i
gitu d e O . de G reenw ich. tes do Estado, o illu s tre d r. Francisco R o d o lfo Simch,
São os seguintes os lim ite s do Estado: ao N. director do Serviço M ineralogia» e G e olog ico do Es
com o Estado de Santa C a th a rin a ; ao N . O . e O. tado, retraça com as seguintes palavras o seu aspecto
oom a R epublica A rg e n tin a ; ao S. O. e S. com a Physico:
R epublica do U ru g u a y ; toda a linha orien ta l é ba «O lim ite o rie n ta l é dado p o r uma lin h a só, sem
nhada pe lo A tla n tic o . recortes, sem bahias ou surg id ou ros á excepçâo da
Ê esta a linh a div is ó ria com Santa C atharina: Barra do R io G rande (o unico p o rto m a ritim o d o
o r io M am pitu ba , desde a sua fo z n o A tla ntic o até Estado) e a enseada de T orres, onde se construirá
a sua confluência com o r io V erde; dahi, o rio Sertão futuramente o segundo e quiçá o mais im portante.
(que é o m esm o M am pitu ba ) até ás suas nascentes Examinando as modalidades do relevo, tã o im
na Serra do M a r ; dahi por uma recta, ainda indeter portante para o bom conhecimento das condiçOes in
m inada, até o p a ralelo da prin c ip a l nascente do Pe ternas duma legião, ha que fazer, de log o, uma d i
lotas, e deste rio para baixo até o Canoas, acompa visão no te rrito rio do Estado; paralélamente á costa
nhando o curso deste até o U ruguay e p o r este até existe uma fa ix a arenosa, desde T orres, extremo; N . E.,
a barra do Pcpery-Guassú. até o Chuy. Ê a zona das lagunas e grandes lagos
A lin h a div is ó ria com a A rgentina é toda fe i internos, a n tig o le ito do Atla ntico , conquistado ao
ta pe lo curso do r io U ru gu ay, desde a fo z do Pe oceano no ev o lu ir m ille n a rio do continente sul-am e
pcry-Guassú, até a barra dó Quarahv. ricano. O restante, o in te rio r, consta de duas partes
A que separa o Estado da Republica do U ru- sensivelmente cguaes em extensão e differen te s em
Kuay é a se g uin te: pelo r io Quarahy, até encontrar a ltitu de :o s eptentrional um alto-plano, a m eridional
o a rro io da Invernada e pe lo curso deste até as suas um plano-baixo: aquella, o term o fin a l do grande
nascentes; dahi. pe lo cim o da coxilha do Haedo, planalto b ra s ile iro ; esta, o extrem o norte, ou o in i
passando ju n to á cidade do Livram ento, e depois cio da depredação pampeana.
pelo a lto da coxilh a de Sant’ Anna, passando pelo O Rio Grande do S ul é como que a zona de
cerro d o C e m ité rio e pela Serrilhada, até encontrar transição entre estes do is grandes accidentes ge o
as nascentes do a rro io S. Luiz, pe lo qual segue até a graphicos cisandinos.
sua foz n o r io N e g ro ; deste ponto continua em linha O p la na lto r io grandense é denom inado g e ra l
recta, passando pe lo Aceguá, até as nascentes do arroio m ente Serra e o plano-baixo Campanha. C um pre, to
da M ina e p o r este até a sua barra no rio Jaguarâo- davia, assignalar outras particularidades de cada um
C hico (o u dn C on cordia ), descendo p o r este, á meia delles, pois tèm facies d ifferen te s ; cada qual apre-
O O O O 441 o O OO o
LIVRO DE OURO COM ME MORA T/VO DO CENTENÁRIO DA
O O O O O O 442 o o o o o o
/N DE PE'NDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o O O 443 O O O O O O
U VRO-. d e OURO COMMt: MORA TWO DO CENTENARIO DA
As correntezas sobre a b a rra são guiadas por ta do tinh a uma extensão to ta l de 2.172 kilom etros,
dois m olhes que se prolongam por q u a tro kilom e con stitu ída pelas seguintes linh as:
tros a d e ntro do m ar, p ro lo ng ad o ainda cada um delles
por 300 m etros de m olhes subm arinos. Klms.
Na construcção destes m olhes, que têm onze
m etros de largu ra na c rista fo ra m em pregados Linha tronco de Porto Alegre a Uruguayana . 161,316
3.500.000 toneladas de enrocamento de gra nito . x d< Ncustadt a Taquara 40
O cáes d o novo p o rto mede 1.500 m etros l i de Montenegro a C a x ia s ........................... 116,533
neares, o que p e rm itte um tra fe g o annual de 750.000 » de Rio Pardo a Santa Cruz . . . . 30,403
toneladas de m ercadorias. >• de Santa Maria ao U ru g u a y .................... 539,738
Proseguem com to da a norm alid ade as grandes » de Caccquy ae Rio G r a n d e ..................... 490
obras ordenadas pelo go vern o do Estado para per- v do entroncamento a Livramento . . . . 136
m it tir a navegação flu v ia l, por navios calando seis Ramal do P a re d ã o ............................................. 3,652
m etros, entre R io Orande e P o rto A le gre. » de Ligação á Margem do Taquary . .
O caes do p o rto da C a p ita l, cuja construcção x da Costa do Mar 18,600
vae rm íito adeantada, compôr-se-á de tres secções: r do Porto de P e lo ta s .............................. 4
cáes m a rítim o , cáes de cabotagem e cáes flu v ia l. O
cáes m a ritim o terá seis m etros de pro fu n d id a d e ; o
cáes de cabotagem quatro, e dous o flu v ia l, para Além destas estradas existem ainda as de Ta
pequenas embarcações que fazem a navegação dos quara ao C a n c lla , de construcção p a rticular, recente
afflue nte s do Guahyba. mente encampada pe lo Estado, a de C arlos Barbos i a
A execução destas obras é fe ita pelos m ais aper A lfre d o Chaves, de construcção d o Estado, e a dc
feiçoados processos da engenharia hyd rau lica , e o U ruguayana a S. B o rja , pertencente a um a compa
aspecto do p o rto é um dos m ais b e llos, sinão o nhia ingleza.
m ais b e llo , da Am erica do Sul. Ent 1921, a despeza do Estado com a cons cr
Proseguem também no rm alm ente as obras do vação de 1.917 km . de estradas de rodagem ascendeu
canal de P o rto A le gre a T o rre s , d iv id id o s em tres a 4 5 1 :4 0 2 *5 0 2 ; a de reparações de pontes a . .
secções correspondentes ás vertentes do r io G ua 52 :1 55 *66 8, e a de construcção a 46 8:55 1*1 52 .
hyba, das lagoas inte rio res e d o r io M am pituba. Também os m un icípios inve rtem grandes quan
D o plano de viação g e ral d o Estado, publicado tias na construcção c conservação dc estradas dc
no dec. n. 2.062, de 6 de fe vereiro de 1014, faz rodagem c cam inhos vicinaes, podendo se d ize r, sem
parte também a conservação e o aperfeiçoam ento receio de exagero, que o R io G ran de do S u l é um
dos rio s navegáveis, nom eadamente dos seguintes: dos Estados dc m elho res e mais num erosos cami
G uahyba, Jacuhy, T aquary, C ah y, Gamaquam, S. Lou- nhos carroçáveis. Destaca-se entre todas a estrada
renço. Sinos, Gravatahy, Ib ic u hy , bem com o o cor . Julio de C a s tilh o s :, que atravessa as zonas colo
dão de lagoas entre as v illa s de C onceição d o A rro io niaes a lle m â e ita lia n a e lança já a sua plonta sep
te n trio n a l para d e n tro d o m u n ic ip io dc Vaccaria.
A viaçâo-fcrrea acaba de e n trar cm nova phase F esta um a estrada m acadamisada e arborisada em
e num fecundo periodo de remodelação, decorrente bõa parte, que não teme o c o n fro n to com as me
do arrendamento fe ito pe lo governo do Estado das lhores <■chaussées» da Europa.
linhas ferreas exploradas pela an tig a C om pagnie Au-
x ilia ire .
A pro p o s ito desse arrendam ento assim se ex COMMERCIO E INDUSTRIAS
prim e o dr. Borges de M ed eiros na sua mensagem
de 1920:
Assignala o sr João P in to da S ilva, em inte
ressante estudo que faz parte da volum osa obra O
A transferencia ao Estado das oh ras da barra
R io G rande do S u l, org an isa do pe lo d r. A lfred o
e d o p o rto do R io G rande exigia, como com plem en
Rodrigues da C osta, que o crescim ento d o commer
to lo g ic o , a encampação da Viação-Férrea, por isso
cio riograndense «tem s ido continuo e log ico, como
que os grandes benefícios da p rim eira dessas in i
a provar que é pro du zid o pe lo desdobram ento de
ciativas não se poderiam fazer s e n tir em toda a
sua plenitude, emquanto os serviços de transporte forças permanentes c não p o r phenomenos passa
geiros, de sign ificaçã o e influ en cia relativa s, sujei
fe rro -v ia rio continuassem na com pleta desorganisa-
ção a que os havia conduzido a C om pagnie Anxi- tas como não pódera d e ix ar d c estar á duração das
causas excepcionaes que as determinam».
P o r p rin c ip io , apoiado na experiencia trium phan «E claro — continua o m esm o escrip to r que
te dos estudos m ais adeantados do occidente, o Rio para o enorme accrescim o de sproporcionado n o va
G rande republicano fo i sem pre c o n tra rio á explo lo r dos productos concorreu excepcionalm cnte a si
ração desses serviços vitaes da collectividade, como tuação creada pela g u erra universal.
os po rtos e as estradas de fe rro, p o r emprezas par O augm ento do peso das m ercadorias exporta
tic u la : es ou m ercantis. Nesse sentido, nunca deixá das, en tretan to, é bastante s ig n ific a tiv o c sufficicn
mos de nos pronunciar desassombradamente». te para m ostrar o constante desenvolvim ento da nossa
capacidade de producção.
Em 1914. in ic io da guerra, as estatísticas accu
E o secretario das O bras Publicas, dr. Ilde- sam um a queda da exportação, m otiva da naturalmente,
fo nso Soares P in to, no seu re la to rio de 1920, com além d o m ais, pelo fechamento s u b ito de alguns dos
m enta: nossos m elhores mercados consum idores, como o
eram os da Allem anha. N o exercício im m ediato, po
«Esses dous com m ettim entos, que se com ple rém, apesar de já estapem em v ig o r as m edidas acau
tam, integram o R io Grande d o Sul na posse efe si teladoras pe lo governo do Estado, no tocante á
mesmo, assegurando-lhe a direcção dos seus p ro sahida de certos generos de p rim e ira necessidade, a
prio s destinos, como é da essencia do regim en fe de nossa exportação retom ou quasi a sua posição na
rativ o , n a q u illo de que depende visceralmente o seu escala com m ercial, para to rn a r a cahir em 1916, reer-
desenvolvim ento economioo». guendo-sc, p o r fim , em 1917, com um to ta l, em to
neladas, m uitíssim o s u p erior, ao do anno transacto
Eis o quadro da exportação g e ral d o Estado,
Em 1920, quando entregue offic ia lm e n te ao g o nos u ltim o s doze annos o ffic ia lm e n te recenseados
verno d o Estado, a rêde fe rro -v ia ria fe de ra l no Es e publicados:
O O O O O 444 0 0 0 0 0 0
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL.
O O O O O 445 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORA TIVO DO CENTENÁRIO DA
nio, nâo obstante representarem ainda o s seus to - trucção pu blica no R io O ran de do Sul, dizendo que
taes, na exportação, log ar de grande destaque. o diagram m a ascensional d o desenvolvim ento esco
O to ta l da producçâo, que em 1912 .chegara a la r, no regim en rep ub lica no , é a m e lh o r affirm ação
60.57-1.26$ k ilo s , num v alo r de 31 .5 4 0 :l191$200, t i de inte llig e n c ia , de capacidade, de elevação m oral e
nha decrescido em 1921, a 34.590.534 k ilos, num civica, com que se têm revelado os seus preclaros
valor de 41.514:8044900. adm inistradores.
A exportação de gado em pé teve, em 1921, o O ensino te chn icp -profissio nal é autonom n, l i
seu v a lo r representado por 3.196:109*000. vre de peias o ffic ia es , e é m in is tra d o , na sua m aior
parte, pela Escola de Engenharia de .P o rto Alegre
MOV1MENO BANCARIO
Activo rm
/
31 - X II 1921
Nacionaes . . 1.384.212:712*000 91.228:047*000
Extrangeiroi . . 147.219:045*000 22.352:977*0.0
Somma . . 1.531.451:757*000 113.581:024*000
Casas bancarias. 25.783:594*000 2.345:877*000
Total. . . . 1.557.215:351*000 115.92b :901*(HMI Dr. Ltndolfo C ollor — lleputado
pelo Rio Grande do Sul
Saldo da Caixa Economics Federal 18.278:827*464
Caixa de Depositos Particulares do Estado 26.214:756*298
Este estabelecim ento que é, n o genero, unico
n o paiz e um dos m elho res e m ais com p le to * da
INSTRUCÇAO PUBLICA, PROFISSIONAL E SUPERIOR Am erica do Sul, nasceu de um a modesta iniciativa
(articula r, em 1896. C o m p le to estabelecim ento po-
1O O O O O O 446 O O O O
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
çSo, em Bento Gonçalves, C achoeira c Santa Rosa; tid o no R io Grande d o Sul a responsabilidade dos
Estações de Zoo te chn ia , em Bagé, A legrete e Julio negocios publicos, basta fazer a comparação d o p r i
de C astilhos. m eiro orçam ento estadoal com o do corrente exer
cício fina nce iro . Lo go após a proclamação da Repu
O In s titu to Borges de M ed eiros tem a sua sede blica, em 1890, o orçam ento da receita votado no
na Estrada de M a tio Grosso, que liga a C apital R io Grande não attin g ia a um to ta l sup erior a 2.621
á histo rica v illa de Viam ão. Está insta llad o num am- contos, contra uma despeza dc 3.367 contos. Era o
pio ed ifíc io p rin c ip a l c varios complementares, de regimen de d e fic it, que lhe vinha legado das adm i
edificação aprop ria da , obedecendo a um plano deter nistrações provinciaes e contra o qual in u tilm e nte bra
m inado de m od o a satisfazer a to das as necessidades davam todos os adm inistradores e m embros da As-
dos cursos que deve m anter: agronom ia, veterinaria, sembléa Provin cial. Na sua prim eira mensagem á
m icro b io lo g ia vegetal c animal. O s seus serviços são Assemblca dos representantes, affirm ava J u lio de Cas
d istribu íd os p o r secções, que não servem apenas ao tilh o s que o d e fic it, nas adm inistrações republicanas,
ensino, mas tambem a fin s productivos. É a se cederia o log ar ao e q uilíb rio , s in ã o 'a o saldo orça
guinte a divisã o dessas secções: — lab oratorio de mentário. E evoluindo da mediocre posição de uma
b io lo g ia , para fabricação de sôros e vaccinas, estu das provincias mais atrazadas do Im pe rio para o pla
do e combate das doenças vegetaes e animacs. etc., no de b rilh a n te destaque na Federação, o R io Grande
secção de zootechnia e veterinaria, para estudo das do Sul nunca sahiu das seguras- normas do e q u ilí
raças, problem as de alim entação, etc.; lab oratorio b rio orçam entário. O orçamento do exe rcid o vigente
de z o o lo g ia ; secção de la tic ín io s ; secção de v itic u l c dc 80.211:000*000, na receita, e d e .......................
tura e en ologia, para o p la n tio racional da vinha, com 79.576:616*547, na nespeza.
estudos experim entaes, enxertos, etc. e fabricação Os adm inistradores que têm estado, depois de
de vinh o e inais productos da uva ; culturas lenhosas, Julio de C astilhos, á testa do governo riograndense,
para estudo da fru c tic u ltu ra , flo ric u ltu ra , essencias e entre estes especialmente Borges de M edeiros,
florcstaes, etc.; cultu ras herbaceas (m ilh o , fe ijã o, man vêm seguindo á risca o program m a cconom ico d o
dioca, fo rragens, e tc .) ; lab o ra to rio de physica do pa rtido republicano, cujos resultados auspiciosos estão
so lo ; secção dc ap ic u ltu ra ; secção de chimica. ao mesmo te mpo, na prosperidade economica Uo
T odas estas secções dispõem de bôas installaçõcs Estado e no seu desafogo financeiro.
e m ate ria l, d e accordo com o e x ig id o pelas mais m o O caracter restricto desta publicação não per
dernos progressos s cicntifico s e práticos. E este, sob m itte m aiores detalhes sobre este assumpto de rele
to dos os aspectos, um estabelecimento que faz honra vante im portância, río qual o R io G rande do Sul
á cu ltu ra d o paiz. occupa posição sui-generis de fruetos oomprovados
O ensino secundario c m in istrad o p o r varios c, p o r conseguinte, de in ú til discussão. M u ito have
gym nasios cm P o rto Alegre, Pelotas, R io Grande, ria tambem a dizer sobre os aspectos sociologicos do
Bagé e ou tras cidades. Estado e sobre as características actuaes da sua vida
A s escolas superiores além do In s titu to de En m ental, expressas pela imprensa, p o r sociedades seien-
genharia já m encionado, são as seguintes: Faculdade tificas, literárias e artísticas. Is to nos conduziria, en
Livre de D ire ito c Escola Su pe rio r de Com m ercio tretanto, a excessivas delongas e nos afastaria ainda,
(P o rto A le g re ) ; Escola dc D ire ito c Escola de C om provavelm ente, dos lim ite s práticos da presente en-
m ercio ( P e lo ta s ); Faculdade dc M edicina c Phar quêíe, a que procurei responder tã o succintam entc
macia e Escola M ed ico -C irurgica (P o rto A le g re ); Es quanto possível, para dar uma rapida ideia d o que
cola de Pharm acia c O d on tolo gia (P e lo ta s ); Lyceu é o R io Grande do Sul dos nossos dias, com o colla-
de A g ro n o m ia (P elotas). horador indefesso na grandeza e na prosperidade
da Patria.
O O O O 447 o o o o o o
E S T A D O D E S A N T A C A T H A R IN A
f p o r demais conhecida de io d o o país também larga m cntc exportadas, as arvores fru c tife
a b rilha nte in d iv id u a lid a d e do sr. dr. Celso ras, as plantas medicinaes e oleaginosas, etc.
B a y ma. N a Cam ara F ed eral S. Exeia. tem N o reino m in e ra l merecem relevo especial as
s id o , através de longos annos, não sá o minas de chum bo, que são as m ais im portantes do
guard iã o f ie l dos sagrados interesses do Es
ta do que rep re sen ta, como um a das mais
claras in fe llig c n c ia s a serviço dos grandes
problem as naeionaes que se têm debatido
naquella casa do Congresso.
O uvim os S. Exeia. durante duas cur
tas horas, na «Sala dos jornaes E da pa
lestra com que nos encantou, pudemos co
lh e r as notas ab aixo , resum o p a llid o d o que
nos disse sob re' o a d m ira v -l E s ta lo de San
ta C atharina o sr. d r. C elso Bay ma.
o o O o o o
Companhia de Loterias Nacionaes do Brasil
LOTERIA
'CAPITAL FEDERAL*-
Rua Rua
Primeiro Visconde
de de
Março Itaborahy
88 45
RIO RIO
Extracções diarias com os prêmios de 20. 50. 100. 200. 500 e 1.000 contos.
CtN TEN AR IO DA IN DEPEN DESCI A E DA EXPOSIÇÃO
dos, cerveja, phosphoros, moveis, calcados, manteiga, de 21.728 em 1920, de 23.671 em 1921, de 25.502
velas, sabão, louças, la d rilho s , fundições de fe rro’ em 1922.
refinarias de assucar, etc.
Dispõe o Estado de excellentes portos, entre
os quaes os mais im p orta nte s sâo os de S. Francisco,
um dos m elhores do Brasil, Itajahy, Tijucas, F lo
rianópolis e Laguna. F o r elles se faz to do o Com
mercio e x te rio r de Santa C atharina, tambem vantajo-
samente de sen volvid o; são numerosos os artig os cons
tantes da lis ta das exportações, notando-se entre os
que representam m a io r v a lo r os que seguem: matte,
banha de porco, m adeiras, tecidos, fa rin ha de man
dioca, m anteiga, arroz, tabaco, rendas, bordados, en
tremeios, ponto-russo, gado, couros e solas, assucar,
pregos, productos porcinos, p o lv ilh o e tapioca, velas,
farinha de trig o , m ilh o, phosphoros e queijos.
A im portação consta de innumeros artigos vindos
directam ente da Europa, dos Estados U nid os e de
outros Estados brasileiros.
O O O O O O 449 o o o O o
E S T A D O D E SAO P A U L O
O illu s tr e leader da bancada paulista D iscorre o sr. P a ulo R angel Pestana: Do pon
na Camara dos D eputados, dr. C arlos de to de vista dcm n grap hico , o Estado de São Paulo se
Cam pos, recebeu com o mais am avcl dos o rg ulha dc ser uma das regiões americanas que mais
s orrisos o nosso pedido de unta entrevista têm pro g re d id o . Em um século sua população se m u l
ou de um tra b a lh o o rig in a l sobre São Pau tip lic o u v in te vezes, em vigo ro sa m archa progressiva,
lo de hoje. conform e sc pode observar pela seg uin te compara
— U m a en tre v is ta ? ( E S. Excia. me ção das estatísticas registadas pelos diversos censos
d ito u algum te m p o ). Alas num a entrevista desde 1622.
não sc pode diz e r quasi nada. E tã o com
p le x a a m a te ria ! População Augmento
— .Ainda m elho r. D r. V. Excia. nos
dará então um estudo m inucioso... 219.24(1
269.615 50.369
— Alas, a fa lta de te m p o? A ndo occu- 564.372 294.757
padissimo... 837.354 272.982
O sr. D r. C arlos de Cam pos c , porém , 1.384.753 547 401
2.279.608 894 855
a gentileza em pessoa. Com um novo s o rri 2.800.424 520 816
so resolveu o problem a pela seguinte fo rm a: 4.592.188 I 791.764
— Pois bem : eu lhe d a rei os elemen
to s necessários. A q u i está a u ltim a men
sagem d a P residente W ashington Luiz. E Os dados correspondentes a 1QI0 são approxi-
um docum ento com pleto, do qu a! poderá mados, porque no d ito anno não se v e rific o u o censo.
e x tra h ir os dados mais recentes e mais in Os ou tros dados são to mados aos censos officiacs».
teressantes. O que fa lta r a h i, encontrará N ão nos sobra espaço para re p ro d u z ir aqui, na
no be llo tra b a lh o de meu am igo pa uto R an integra, o c a p itu lo sobre a «evolução agricola», do
g e l Pestana sobre o Estado de S. Paulo e excellente tra b a lh o do d r. R angei Pestana. L im ita
publicado n o num ero especial de La Nacion m o-nos aos seus u ltim o s paragraphos, dc palpitante
em homenagem ao centenario de nossa in e p ro fu n d o interesse:
dependência. «Faça» a entrevista á sua von «No u ltim o anno ag rico la, 1420-21, a producção
tade, servindo-se destes elementos. Será fo i a seguinte, valorizada cm m il reis papel:
com o se cu mesmo tivesse falado.
N ão havia du v ida : era um a solução... Quantidades Valores
Café (saccas) . . . . 10.246.200 610.675:5208000
Algodão em rama (ar
robas) 5.756.506 53.247:6808500
O N F IN A o Estado de São Paulo ao N. Assucar (saccas) 566.897 23.496:0918600
e a N E. com M inas Qeraes; a L „ com Aguardente c álcool (he-
c t c l i t r o s ) .................... 986.523 51.692:2968000
o R io de J an eiro; ao S. com o A tla n Tabaco em rolos (arrob.) 207.699 7.269:4658000
tic o e o Paraná; e a O . com M a tto 3.851.727 67.405:222*500
Grosso. Feijão (saccas) . . . . 1.755.150 48.266:6258000
Sua população é de pouco menos de 4.600.000 M ilho (saccas) . . . . 17.630.400 185.119:2008000
habitantes. T o t a l ......................... 1.047.172:7308600
O O O o o 450 o o o o o o
CENTENARIO IK DE PE N DENCIA E DA EXPOSIÇÃO
O OO O OO 451 O o o o o O
I IV RO DE OURO COMMEMORATtVO DO CENTENÁRIO DA
dos trib u to s , taxas e contribuições fo i realizada, em sacca — sobre-taxa com de stino especial — que,
alguns delles, p o r preços a b aixo dos m áxim os f i reduzida ao nosso cambio, deu o va lo r m édio d ç
xados nas le is em v ig o r, como notadamente se fez 5*154, ainda mesmo que se sommem essas q u a n ti
com o im posto sobre a dxportaçâo do café, uma dades heterogeneas, para ver quanto carregam ellas
das mais volumosas fontes financeiras do Estado. na exportação de café, ainda assim a percentagem de
Assim , a receita, segundo a lei orçamentaria de sua cobrança ficaria em 5,8 o/o, in fe r io r em m ais
1921, fo i pre vista em 152.391:300*723, tendo, en de 30 o/o ao >quantum legal. F o i sempre assim
tretan to, pro du zid o a quantia de 157.019:198*553, desde 1919, mas requintou no exercício que relato,
o u mais 4.627:897*830. como se vê d o quadro abaixo, levantado pela Rece
Todas as fontes de receita, em num ero de trin ta bedoria de Santos:
e nove, se conduziram bem, po is que a m aior parte,
em num ero de v in te e quatro, deu mais d o que o
previsto, e apenas a m enor parte, quinze, concorreu
com menos do que se esperava. Anno* m
1919. . 68*200 l 3*780
1920. . 66*750 3*780
1921. . 77*320 3*780
1922. . 118*396 í 3*780
o o o o o o 452 o o o o o
IN D EPEN DEN CE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Kilos
Algodão cm rama . . 8.871.751 30.163:004*500
Tecidos de algodão e ou
tros ............................... 4.167.218 36.670:410*000
rentes resfriadas e pre com o capital dc 106.1S 8:000*000 e 17.823 operá
paradas ......................... 17.268.241 20.322:120*000 rio s ; 4 dc tecidos de ju ta , com o capital de .
Kks diversos, linhas e bar 11.800:000*000 e 4.540 o p e ra rio s ; 10 de te cidos
bantes .......................... 1.419.175 10.800:340*000
Saccos dc aniagem, nos dc lã, com o capital dc 8.97 0:0 00 *0 00 c 1.25« ope
quaes não se consideram rários: 10 de tecidos de fita s dc seda, com o capital
as saídas por estrada de de 5.138:000*000 e 1.478 o p e rá rio s ; 44 dc tecidos
13.603:558*000 dc malha c meias, a im o c a p ita l de 7 .08 1:0 00 * c
B e bid as............................. 0.352.561 7.482:010*000
P a p e la ria .......................... 37.388.301 8.100:800*000 2.022 o p erá rio s; 2 de rendas e bordados, com o
Arroz, sacco s................... 24.646 887:256*000 capital de 530:000* c 76 o p e ra rio s ; 6 de te cidos
Teijão, saccos................... 15.583 467:400*000 diversos, com o capital de 3 2 3 :00 0*0 00 c 138 ope
O l e e s ............................... 2.024.740 3.037:124*000 rarios; c 6 de fiações de estopa, com o c a p ital de
B a n h a ............................... 302.686 1.808:000*000 c 617 operarios.
Itrogas e productos chi-
micos ................................... 1.432.671 2.865:342*000 As fabricas dc tecidos dc algodão, produziram
Lcuças t.063.616 2.300:534*000 197.784.698 m etros de tecidos crús, brancos, tintos
Chapfos . 243.855 4.877:100*000 c estampados, no v alo r de 320.361:204*900, em 1921.
Bananas............................. 2.014.610 5.820:220*000
Abacaxis e laranjas . . 524.031 230:370*000
Karcllo dc algodão . 16.454.228 3.200:845*000
Farello dc trigo . . 4.043.456 768:256*000 Kilos emnmfT^ ‘íos cm
Couros c r ú s .................... 2.016.706 8.428:502*000
(lado em p 6 .................... 600 450*000 1922 1921
1.106.306:440*400 1.432.671 991.566
Teremos — Total. —
Bananas, cachos 2.914.610 2.204.610
234.855 108.348
3.738.301 2.883 476
São d o m ais absoluto interesse os informes da
mensagem sobre a producção ind ustrial de S. Paulo:
EXT’ :
Saccos dc aniagens . . . .
9.352.561 7.113449
A in d ustria m anufactureira no Estado continua
a prosperar. A producção ind ustrial se avoluma de
modo sensível. A de 1921. cuja estatística ficou con estão em franco desenvolvim ento.
cluída no anno fin d o , denuncia lis on ge iro augmento As carnes frig o rific a d a s e banha, que já OCCU-
no seu v a lo r de producção global, conform e se v eri param o segundo logar da nossa exportação, perde
fica d o seg uin te c o n fro n to com a dos annos ante ram essa posição princip alm en te p o r causa da peste
riores. bovina em 1921, que im pediu a matança nesse anno
O O O O O O 453 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATtVO DO CENTENARIO
fazendo com que ellas desapparecessem do mercado C om o demonstração do nosso progresso ind us
durante algum tem po. Os qu atro frig o rific o s paulis tria l, é digna de assignalar-se a crescente exportação
tas tivera m que d im in u ir consideravelm ente a sua dos nossos tecidos de algodão para o R io da Prata.
actividade, chegando o m a io r delles. «Arm our», a As remessas desse a rtig o subiram de 96 0:89 4*0 00 ,
suspender os seus trabalhos em 1922. No começo em 1921, a 2.318:315*000, em 1922.
de 1923, «Arm our» rcencetou a matança e todos os Em g lo b o , o intercâm bio pe lo p o rto de Santos
q u atro estão em plena actividade, sendo certo que deixou-nos, no anno find o, um sald o de 19.986.000
em breve retom arão a posição anterior. libras esterlinas».
A lg un s generos, porém, como o arroz e o fe i A mensagem fina liz a com! o c a p itu lo da instrucçâo
jão , que só tivera m saida p o r causa da guerra e publica prim aria , que é ho je , talvez, a mais central
durante a guerra, soffreram quéda brusca, presagian- preoccupação do governo do grande Estado bra si
do a im p ossib ilida de de volta ao esplendor ephemero.» le iro . Sobre este m agno assum pto assim se e xp rim e
D esenvolvendo longas informações sobre o com o presidente p a ulis ta:
m ercio inte rna cio na l pelo p o rto de Santos, diz o <A o e n trar agora no seu te rc e iro anno a lei que
D r. W ashin gto n Lu iz : reform ou o ensino em S. Paulo, cabe-m t a satisfação
N aturalm ente os algarism os não podem coincidir de com m unicar-vos que ella está em plena execução
com os seus correspondentes, quando tratam os, em em to do o te rr ito r io do Estado.
o u tro log ar, d o m ovim ento economico do Estado C om o vereis a seguir, a m a tricula geral de 1922
de S. Paulo. N aquelle só cuidamos dos productos fo i grandem ente anim adora. A in ic ia l deste annn,
paulistas enviados para os ou tros Estados c para o principalm entc de analphabetos, é p o r egual satis
estrangeiro, da producção e consumo da riqueza pau fa tó ria , segundo communicant as auto ridades esoo-
lista.
Essa situação, que já se apresenta tã o fa voravel,
A q ui vamos observar a saida dos productos de
m elhorará ainda este anno com o com m issionamento.
S. Paulo e dos ou tros Estados que se servem do
em novas classes ou escolas prim arias, de cerca de
p o rto de Santos, como M inas, Paraná, G oyaz c M atto
600 professores provin dos d o curso m édio. Esse dis
Grosso, enviados só para o estrangeiro. As baixas
p o sitivo da Reforma já está executado na quasi to
de cambio continuaram a in flu ir desfavoravelmente,
talidade dos m unicípios.
quer na exportação, quer na importação.
T endo concluído o curso, em dezembro do anno
C onsiderado cm libras esterlinas, o commercio
fin d o , as crianças de 7 c 8 annos que haviam sido
do p o rto de Santos com os paizes estrangeiros pouco
conservadas cm 1921, poude te r rigorosa observância
se elevou no anno find o, em relação ao antecedente.
a prescripçâo legal que fix a em 9 e 10 annos a
Alcançou apenas o to tal de 47.700.000 libras ester
edade escolar. C im o consequência, também está sendo
linas em 1922, contra 47.000.000 em 1921. O cam
rigorosam ente executada a obrig atoried ade de m a
b io . que chegou a taxas m inim as, m u ito concorreu
tric u la e frequência.
para esse resultado, d e prim in do a importação e des
Num erosas têm sido as suspensões de funccio-
valorizando, em o u ro, a exportação.
namento e as transferencias de escolas, para m e lh o r
A im portação, em 1922, continuando a decrescer, aproveitam ento do tra b a lh o do professor. D o mesmo
fo i de réis 471.141:9919000, papel, equivalente a modo, m uitas têm sido as escolas, p rincip alm en te iso
13.876.123 lib ra s esterlinas. A do anno an te rio r mos ladas, que passaram a funccionar em do is periodos,
trou-se m a io r: 508.567:951*000, ou 18.323.757 l i pela grande a fflu e n d a de alumnos.
bras. Em quasi todas as classes ha reducçâo no valor A fiscalização d o ensino, já c ffica z desde os u l
das m ercadorias, o que denuncia dim inu içã o sensível tim os dois annos, tende a aperfeiçoar-se cada vez
em o nosso poder acquisitive. Nota-se isto, principal- mais. E lla é exercida, como sabeis, pelos 15 delegados
mente, no que d iz respeito ao ferrt» e ao aço em e 35 inspectores creados pela Reforma. A u xilia m -no s
b ru to c m anufacturado e ás machinas, utensílios e nesse serviço cerca de 400 directores de estabeleci
fe rram entas, indispensáveis ao nosso desenvolvim ento mentos.
economico. A o reverso, augm entou para os generos A o encerrar-se o anno lectivo de 1922, era este
alim entícios, sedas, productos chim icos e drogas. o estado do ensino p rim a rio e m édio nas escolas
A exp orta ção de 1922 a ttin g iu , em papel, a mantidas pe lo Estado:
1.150.574:281*000, superando a de 1921, que não
passou de 841.016:881*000. Em lib ra s esterlinas, po
rém, não excedeu, respectivamente, de 33.362.857 G R U P O S ES CO LA RE S Funccionaram com
e 28.771.553, p o r m otivo da desvalorização da nossa toda a regularidade os 198 gru po s escolares existen
moeda. tes nas quinze regiões de ensino em que o Estado
Na exportação, como sempre, destaca-se o café, está div id id o .
cuja saida para o exterior, em 1922, fo i de 8.329.729 N um ero de classes — N o curso p rim á rio havia,
saccas, com o v a lo r real, a bordo, de 1.071.741:464*. no fim d o anno, 1.865 classes e no curão m e d io 709,
Em 1921 exportamos 8.770.042 saccas, valendo . . perfazendo o to tal de 2.574 classes.
761.327:301*. Uma sacca que, em 1921, teve, a bor M a tric u la g e ral — N o c o rre r d o anno, fo ra m
do, o v alo r m éd io annual de 86*810, ou duas libras ad m ittido s á m atricula 118.212 alumnos, sendo . .
e 18 s h illin g s , passou a valer em 1922, 128*665, ou 87.797 no curso p rim a rio e 25.415 n o curso m édio.
3 libras e 15 shilling s.
A carne congelada, que, nos u ltim o s annos, havia ES CO LA S R E U N ID A S — Em 31 de dezembro
conquistado o segundo log ar no quadro da exp orta de 1921, funccionavam 148 escolas reunidas com 667
ção, acha-se em decadência, em virtud e da crise rei classes. N o anno passado foram creadas ou tras es
nante nos mercados mundiaes. Em 1922 exportámos colas desse ty p o, tendo funccionado 222 com 1.000
apenas 17.816.041 k ilos, n o v a lo r de 19.046:268*000. classes do curso p rim a rio e 78 d o m édio. Actualm en-
M u ito mais vendemos em 1921, quando mandámos te estão funccionando 261 escolas reunidas oom 1.195
ao estrangeiro 244.673.330 k ilo s , valendo . . . . classes dos dois cursos, incluídas as nocturnas, em
29.9 43:463*000. num ero de 21 com 88 classes. C om o se vê de p u b li
Escasseando o algodão nos principaes paizes pro- cações offic ia e s anteriorm ente fe itas, o n u m ero de
duetores, na u ltim a safra, a nossa exportação desse escolas reunidas, em 1920, era de 52, com 249 classes.
tê x til reanimou-sc bastante. Expedimos, em 1922, D aquella data para a presente houve, pois, um aug
8.553.147 kilo s em rama, valendo 29.3 79:532*000. m ento de 209 escolas e 946 classes.
contra 4.736.081 kilos, no v alo r de réis 13.252:666* M a tric u la geral — A m a tricula nas escolas reu
em 1921. Esse facto gerou a escassez de algodãoi em nidas a ttin g iu a 53.178 alumnos, dos quaes 50.852
nosso Estado, onde a producção fo i pequena. no curso p rim a rio e '2.326, no curso m édio.
o o o o o 454 o o o o o
« U K K M W /K M £ D<4 « « « „
ES CO LA S IS O L A D A S — Funccionaram , nas
Matricula de analphabelos
quinze regiões escolares do Estado 1.486, sendo 387
urbanas e 1.000 m ra es e distrietaes.
M a tricula geral D u ra n te o anno, foram ma
triculados nas escolas isoladas 74.788 alumnos. Nos grupos escolares, nas escolas reunidas e nas
escolas isoladas . ............................................. 135.033
o o o o o o 455 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT/VO PO CENTENARIO
Foram visitados 9.512 estabelecimentos e 19.487 escotismo, o governo executou o disp o sitivo do ar-
classes. Fizeram-se 68 syndicancias e processos. A ttin- tig o 13 da le i n. 1.750, de 8 de dezem bro de 1920,
g iu a 157:434^350 a im p ortâ ncia de dia ria s e con- e ao a rtig o 466 do decreto nu m ero 3.356, de 31 de
ducções a delegados regionaes e inspectores. m aio de 1921».
o o o o o 456 o o o o o o
E S TA D O D E S E R G IP E
O N F IN A o Estado de Sergipe ao N . e
a N O . com Alagoas; a L. com o Atlan-
tic o ; ao S. e ao O . com a Bahia. Sua
su p e rfic ie é de 39.000 k ilom etro s qua
drados, e sua população, em numeros redondos, de
500.000 habitantes. Ê a m enor das unidades da Fe
deração; mas, com o escreveu ha algum tempo o actual
presidente de S ergipe, exm. sr. d r. ü ra ccho C a r
doso, <is to não impede que seja m aior do que a nossa civilização». E S. Excia. c ita «S ylvio Romero,
H o lla n d a e que constitua um dos centros intellectuaes philosopho, c ritic o lite rá rio e po lem ista; seu ante
do B rasil, ou, p e lo menos, que esteja representado cessor em doutrina e em orientação T obias Barreto
o o o o o o 457 o o o o o o
L/VRO OF OURO COMMEMORATIVO Ce n t e n a r io oa
de Menezes, juris c on s ulto , poeta, professor, philoso A criação de gado nos campos sergipanos ó
pho e h is to ria d o r; Fausto C ardoso, e s p irito b rilh a n bastante desenvolvida. Segundo o recenseamento de
te e ousado; João R ibe iro, p h ilos o ph o e his to ria d o r; 1920, Sergipe possue ho je 311.239 bovinos, 132.294
Q iunersindo Bessa e outros...» caprinos, 123.708 ovinos, 51.855 suínos, 47.724 equi
nos e 12.995 asininos e muares.
O o o o o o o
IN DE PEN Of. NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O O O 459 o o o O o o
T E R R IT O R IO DO ACRE
o o o o o o 460 O o o O o o
CENTENARIO DA INDEPENDI- N C b E DA EXPOSIÇÃO
o O o O O O 461 O OO Oo o
O BRASIL U M SO
h N T R E os quesitos quo fo rm ulá m o s sobre os A obra, rcalisada cm scie annos, 6 rclativamcntc gran
Estados bra sile iro s e a respeito dos quaes de, como veremos adeante; o que resta a consolidar c a
tão gentilm en te accedcram « n d isco rre r os snrs. de fa/cr, tendo-se em vista a opp->rtunidade c as possibilida
des, no momento presente, tenho esperanças de que o será
putados cujos nomes illu s tre s firm a m o s estudos e com pleno exito. Na regularisaçâo das fronteiras do Es
entrevistas nesta ob ra publicados, fig u ra v a em p r i tado de Minas com os Estados vizinhos, o presidente mineiro
m e iro log ar o que segue: Acham-se d e finitiv a m e n de então mostrou em actos a sua patriotica dircctriz e hoje,
te fix a d o s os lim ite s do Estado que V. Excia. repre como chefe da Nação, promette agir de modo analogo para
o bem geral da familia brasileira, assegurando-lhe a sua
senta na Camara? Em caso a ffirm a tiv o : houve lutas união e solidariedade. Este importante assumpto será tra
ou d ifficu lda de s a vencer para chegar-se a esse re tado pelo Ministério do Interior a cuja disposição estou
sultado?» para auxiliai-o em tudo que puder neste assumpto. Com
A pro p ria natureza do qu esito está indicando grande prazer recebi esta commissão, não só por ser
vir, sob as ordens do actual ministro, como também por
a im portância maxim a que a ttrib u im o s á questão. ser um rerviço patriotico prestado ao Brasil, sem interesse
N a realidade, nenhum problem a affectará mais in ti material, e sem afastar-me de minha profissão, pois, dedico
mamente a nossa vida de povo e nossa tra n q u illi- meus cstudxs e cuidados á siderurgia, tendo em vista a fa
bricação de material bellico, de accordo com o programma
dade e s p iritu al do que o referente á fixação d e fi do Sr. ministro almirante Alexandrino de Alencar, traçado
n itiv a das linhas d ivisó rias entre as varias unidades cm seu notável rclatorio rccem-publicado, onde S. Ex. pro
brasileiras, dado que só nesta poderem os assentar mette accrcscentar c utras aos grandes serviços já presta
os solid os fundam entos de uma indefectível unidade dos ao nosso paiz.
Vejamos, agora, o estado actual das questões de li
nacional e de um progresso crescente em todos os mites. conforme as informações que pude colligir, esperan
sentidos. do dos que se dedicam a este assumpto a bondade de
As questões de lim ite s fo ra m sempre fo n te de fornecer-me as que julgarem uteis c necessarias ao seu
graves perturbações, e, se quando se estabelecem bom andamento.
entre povos diversos representam o pe rig o da guerra
de struidora, entre unidades de uma mesma patria
ACCORDOS DIRECTOS
significam a ferm entação de o d io execrável entre
irm ãos e podem trazer a luta fra tric id a , a desaggrc
gação d o todo, a m orte dos mais pu ros ideáes de <l> Hahiu-üoyat Foi approvado duis vezes na as
patriotism o. Quando menos, a in tra n q u illid a d e geral scmbléa legislativa da Bahia e uma na de Ooyaz, creio cu.
Approvado pela segunda vez em Oovaz, deverá ser bom >
que produzem, mesmo que não attin ja m ao seu pe legado pelo Congresso Nacional.
rio d o agudo, 6 m otivo de profunda desorganização ( II) Hohia-Piuuhy — Fci approvado duas vetes na as-
econômica e até mesmo m oral: não atiçam taes ques scmbléa legislativa da Bahia c uma na do Piauhy, que o
tões a violência das paixões m esquinhas c não dão ngre
remetteu logo ao Congresso Nacional. Necessita, entretant >
ser approvado
a segunda _
na _______................................
asscmbléa legislativa do
margem ás explorações de toda ordem ? Piauht
iy para ser homologado pelo >elo Congresso Nacional.
_______
Assim , quando inscrevemos aq u c lle quesito no (111) Rio dc Janeiro-F.spirito Santo - Foi approvado
fo rm u la rio d irig id o aos srs. representantes dos Esta
dos na Gamara Federal, era nosso in tu ito de ixar re scmhléa legislativa «ío Rio de Janeiro, deverá ser homo
gistadas nas paginas do L iv r o de O u ro as mais la r logado pelo Congresso Nacional.
gas informações sobre o que Sté agora se “ tem fe ito (IV) / ’arahyba-Rio Orande do Norte — Foi appro-
e conseguido no sentido de solu cion ar o problem a. yado uma vez nas assemblvas legislativas dos dous Estados,
Em algumas das respostas que obtivem os encontra ignorando se já foi segunda vez, afim dc ser homologado
pelo Congresso Nacional.
rão os leito re s ampla satisfação á sua pa trio tic a e (V) Minai-Hahia —• Fci approvado duas vezes nas as
le g itim a curiosidade. Gircum stancias particulares fize sembles legislativas de Minas e Bahia, necessitando apenas
ram , to davia, com que um ou o u tro dos entrevistados ser homologado pelo Congresso Nacional.
não tenha podido responder largam cnte ao quesito, (VI) _ Mn.as-Rio de Janeiro — Foi approvado duas vc-
de fo rm a que e.n relação a vários Estados a de
ficie n d a c patente. Para s up prir a esta fa lta , rep ro
duzimos abaixo, com a devida venia, parte da in te
ressantíssima entrevista obtida, sobre o assumpto, dous Estados, urge ultimal-o com toda brevidade.
(VII) Parnhyita-Crarú - Foi approvado uma vez na
do sr. Commandantc T hie rs F lem m in g e estampada asscmbléa legislativa da Parahyha, ignorando se já foi se
n i edição de 19 de Setembro d o conhecido vesper gunda vez neste Estado e alguma vez no Ceará.
tin o A N oite . O que o illu s tre soldado de nossa ( V II» Pernambuco-Parahyha — Foi approvado uma vez
nas assembléas legislativas dos dous Estados, ignorando se
m arinha de guerra diz nessa entrevista attende ao iá foi segunda vez, afim de ser homologado pelo Congresso
desejo mais exigente de completa e segura in fo r Nacional.
mação: (IX ) S. Paulo-Rio de Janeiro - Foi approvado duas
vezes na asscmbléa legislativa de S. Paulo e uma vez
na do Rio de Janeiro. Já foi feito todo o trabalho dc
demarcação da fronteira. Necessita ser approvado segunda
vez na asscmbléa legislativa do Rio de Janeiro e homolo
gado pelo Congresso Nacional para seu pleno valimento,
sobretudo na percepção dc impostos.
O O O O O 462 O O O O O O
e O n C M A H O DA INDEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO
(I) Paraná-São Paulo O laudo proferido pelo pre (I) Sana Caiharina-Rio Grande do Sul c (II) Bahia-
sidente passado fo i approvado duas vezes nas assemoléa; I rrnambucu - tstSo convenientemente estudadas pelas duas
legislativas dos dous Estados c homologado pelo Congresso partes, necessitando serem encaminhadas para um meio qual-
Nacional, conforme o decreto legislativo n. -1.616, de I I
de dezembro de 1922.
( II) Goyax-Malio Grosso - O laudo proferido pelo
drscmpatadrr foi approvado duas vezes na assembles le QUESTOES ENCERRADAS
gislativa de Matto (irosso. O Estado de Ooyaz nio appro-
vou o laudo. O Estado de Matto Qrosso, por intermedio
do seu advogado Sr. Dr. Astolpho Rezende, recorreu ao Estio definitivamente tcsolvidas as seguintes questões
Supremo Tribunal Federal, pedindo manutenção de posse de limites, tendo sido satisfeitas todas as formalidades le-
gacs: (I) Main, Grosso-Paraná. ( II) Parand-Sinta Calhar,no
( III) Mmas-Goyai - O governo passado proferiu o (t.oiM stado); (III) Paraná-São Paulo, c (IV) Rio Grand,-
st u laudo. Os Estados de Minas e Ooyaz, por inter.neJio do Nortr-Crará
dos seus presidentes, prometteram acatar a decisi > que foi
favcravcl a ( ioyaz. Resta a approvação do laudo, duas vezes, Nunca é demais repetir que a Republica herdou do
nas asstmbléas legislativas dos dous Estados e a homolo regímen passado trinta questões de limites inter-estaduaes.
gação pelo Congresso Nacional. A demarcação da fronteira, f-ci pena nio ter o governo provisorio feito uma nova di
de accordo com o convênio, liquidará, a meu ver, a ques visio administrativa, dirhnindo-as. Hoje em dia para re-
tio levantada por causa da Carta do Centenário. solvet-as, sio enormes as difficuldades, tio arraigado está,
(IV) Minas-Sào Paulo — O presidente passado ainela infclizmentc, ainda entre muitos, o sentimento condemna-
nio proferiu o seu laudo. O facto de ter deixado .-> exer vel de pequena patria dentro da grande patria, explorado
r politiqueiros, jornalistas e advogados, sem descortino.
cício do cargo de presidente da Republica nio me parece
determinar ii cassação dos poderes que lhe foram outorga K is resolvido o caso mais d iffic il, o do iC»ntestado»,
do.. Lembro-me ter ouvido do Dr. Alfredo Pinto que S. todos os outros hio de ser forçosamente para o bem
Ex. já havia estudado o caso, lendo-lhe até parte do seu da unidade moral do Brasil; basta para isto a acção fir
trabalho. Oxalá n io seja perdido o convênio celebrado cm me. continua c patriotica dos poderes executivos federal e
termos tio elevados e dignos de especial registo. dos Estados, v
(V) HUt d r Janriro-Distririo f rderat Foi entregue
ao presidente passado como arbitro unico, para proferir
set! laudo. Mas o Sr. U r. Raul Veiga, enti > presidente do
Estado da Ri > de Janeiro, nio apresentou os documentos,
tendo o arbitro restituído, por este motivo, os do Distri
cto Federal que se achavam e.n seu poder.
(VI) Gayar-Pará Entregue ao Tribunal Arbitrai:
ministro Alfredo Pinto (juiz desempatador), deputado Afra O BRASIL D E H O JE
nio Mello Flanco e Ur. Rodrigo Octavio. Tendo, infeliz-
mente, fallecido o Sr. ministro Alfredo Pinto, parece-me
que ainda n io fo i escolhido o seu substituto.
(V II) Prrnamburo-Alagóas - O Sr. deputado Pruden (Continuação da pagina 272)
te de Moraes Filho, como soube, já tem estudado o as-
senipio, necessitando apenas de informações fornecidas por
cngcnhciios para que possa proferir seu laudo. N acionars Estrangriros Total
(V III) Piauhy-Crará E arbitro unico o Sr. Dr. 100.691 15.202 335.893
Washington Luis. Em julho do anno vindouro, espera o T50.942 508.240 859.182
Sr. tenente-coronel E. M. Renato Rodrigues Pereira ler 6115.143 295.394 930.537
os elementos necessários para permittir o laudo arbitrai ser
preferido. 6.237.578 5.065.026 11.302.604
(IX) Buhia-Espirito Sanw Entregue ao Trihunal Ar
bitrai: Ur. Borges de Medeiros (juiz desempatador), de
putado Afranio de Mello Franco e Ur. Braz do Ama
ral. O Congresso do Espirito Santo j í approval 2 ) Valores do passivo, em contos de réis papel:
o O o o O O 463 o O o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MOR ATIVO DO CENTENARIO
mos a seguir alguns ciados estatísticos referentes a Exportação dos prin c ip a l's productos cm 1921:
épocas diversas da histo ria de nosso com m ercio
exte rio r: Quantidade Valor
12.368.602 sac. 1.019.064:7558
172.093.876 kilo; 94.168:8148
Anno de 1850: 61.934.398 » 65.305:3828
1.383.000 » 2.353:0008
32.160.808 » 52.925:2258
76.000 contoi 42.442.560 52.515:470«
42.883.235 » 47.549:1758
19.606.560 45.943:6478
71.898.862 43.436:5018
Anno d r 1890: 110.674.169 » 44.337:6668
I 7.138.830 35.903:2838
56.6 >91 32.617:0328
Mangancz 275.6' . . 22.917:1363
Exortação . . Pelles . . 2.911.294 kilos 22.535:9328
Madeiras 100.498.775 » 17.977:1738
Cèra . . 3.905.650 » 10.394:6278
Banha . . 5.198.055 » 9.730:7948
Anno d e 1919: Milho . . 35.967.000 » 7.183:0008
Xorque 4.335.340 » 6.283:8738
15.048.154 5.045:9608
Im p o rta ç ã o ..............................1.334.000 contos 390.384 » 182:7438
E x p o rta ç ã o ........................ 2.118.000 « 3.232.877 » 13.163:5598
o o o o o o 464 O O O O O O
IN O I /T .V /i/ Vi A / XPOSIÇAO I N I IN N ACIONAI.
hem installada, no seu genero, no B ra s il; e a Escola Gym nasio O ’ Gram bery (J. Fóra).
Superior dc C om m ercio do R io dc Janeiro, reconhe S. A n to nio (S. J. d ’ EI-R ey).
cida pel» governo fe de ra l, e cuja organização é vcr- In s titu to Evangélico de Lavras.
dadciram cnle m odelar. G ym nasio de O u ro Preto.
Além d o C o lle g io P e d ro II (in te rn a to e externa de Viçosa.
to ), com séde no R io dc Janeiro e m antido pelo In s titu to Propedêutico dc Ponte Nova.
(io vern o da R epublica, existem no pair, mais os se G ym nasio S. José (U b á).
guintes in stitu to s de ensino secundario equiparados de Cataguazes.
ao mesmo: Leopoldincnse.
I). São José (Pouso A legre).
Q ym nasio da C a p ita l dc S. Paulo, Inst. M od . de Educ, e Ensino (S. R ita).
de Cam pinas, C o lle g io Brasil (O uro F ino ).
ele R ib e irã o Preto. G ym nasio S Joâo (Campanha).
Lyceu de H um anidades ele Campos. N . S. A u x ilia do ra (Bagé).
( ivm nasio da Bahia. S. M aria (S. M aria da B. do M on te).
Espirito-Santense
ly c e u Parahybano.
( iym n asio de Barhaccua. Q uanto á instrucção publica p rim aria no D is tric to
de Pernambuco. Federal e nos Estados, sua situação real em 1920
M in e iro (B . H oriz on te). era a patenteada no quadro dem onstrativo que se
Paes de C arvalho. *egue.
Lyceu Maranhense. Assim como o D is tric to Federal, to dos os Es
Ciymnasio Paranaense. tados dispõem de Escolas Normaes destinadas ao
Lyceu Piauhyense. preparo technico do professorado. Sobe a m ais de
Atheneu Sergipense. 25 o num ero destas Escolas cm to do o país.
Lyceu do Ceará. Quanto ao ensino technico, fo ram grandes os
<iym nasio C ath arinensc. seus progressos após o advento jla R epublica. Es-
I yceu Alagoano. tabeleceu-se no D is tric to Federal e nas demais un i
de Goyaz. dades da Federação o ensino in d u s tria l, ag ron om i-
Ciymnasio Amazonense. co, com m ercial e artístico em todas as suas form as.
Lyceu Cuyabano. Cabe m encionar aqui espccialmente o p la no ela
Atheneu N o rte R io Qrandcnsc. borado e começado a executar durante o go vern o do
<iym nasio Lemos Junior. D r. N ilo Peçanha em t9 IO , que fundou os p rim e i
Clvmnasio Pclotensc. ros estabelecimentos de ensino pro fissio na l nos Es
tados, as Escolas dc aprendizes artifices», susten
tadas pela U nião, e que continuam a prosperar com
In numeros, porêtn, são por to do o p a ir os estabe os m elhores êxitos.
lecim elltos de iiistrucção secundaria ainJa não a rro Nestes ultim os annos a preoccupação g e ral se
lados na lista dos equiparados. E n tre elles oStive- volto u para o ensino agronom ia» qu.‘ se tem d iffu n -
ram em 1022 hancas exam inadoras officiaes os se dido, preparando em differentes instituições enge
guintes: nheiros agronomos e medicos veterinários que por
sua vez transmittent o ensino pratico em escolas
medias e instruem os agricultores nos diversos pos
C o lle g io Salesiano S. Rosa (N ite ró i). tos c estações experimentaes.
C o lle g io Luso B ra s ile iro de P etropolis. O ensino m ilita r fo i estudado no pa ragraphs re
Ciymnasio S. Joaquim (Lorena). ferente ao nosso Exercito.
S. L u iz (Jaboticabal). Mencionando-se ainda os varios In s titu ta s de
Diocesano S. < . de Jesu; (Uberaba). ensino a rtístico da C ap ital Federal e dos Estados
Lyceu M un ic ip a l dc M uzainbillho. (Escola de Bellas A rtes e In s titu to N acional de
1
I
- *7
i '
São P a u lo ......................... 1.816 423 1:120 4.502.: 88 765 364 137.484:0005 23.218:000$ 16 0 0
:: =« 1.157.873 192 979 67 042:842$ 11.081:120$ 17 0 0
Minas ( l e r ã o .................... t ID l.SOO 5.888.174 981.362 1 56 189:056$
Hio (irande do Sul - . 1 9 2.182.713 363.785 . 34.300:000$ 4.097:614$ 12 0 0
Kallia . . 185 143 3.334.405 066 744 29.361.500$ 1.450:000$ 5 0 0
Pernam buco........................ 259Í895 21471:11*1$ 2 403:094$ 11 0 0
Hio do Janeiro _ SO 453
2 38 554 35 53 ' 685Í711 114 285 11.917:184$ 1 326:589$ i i o o
503.160 «0.527 9.595:000$ 1.001:400$ io o o
24 25 128
455 70 108 668.743 111.457 7.158:000$ 20 0 0
— 9 1*»S 160.184 ! 6.722:569$ 680:000$ 10 0/0
878.748 163.124 6.497:465$ 509:116$
aS S Í"" * ""’ 1.310.228 219.871 5.898:178$ 1.052:590$ 17 0/0
f.f r K 'ir 2 22
1 spirito Santo 457.328 io.221 5.406:500$ 532:468$ 19 0 0
Maranhão . . — 10 loo 874.337 145.726 5.302:480$ 448:570$
o o o o o o 465 •> o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENARIO DA
Musica, no R io d c Janeiro, a grande Escola de Nos dispensários do D . Federal ina tria ila ram -se
Musica de S. Paulo, a Escola de Bellas A rtes e o até 30 de Junho de 1022, 25.708 doentes, tendo
In stitu to de M usica do Paraná, etc.) e mais alguns sido praticadas 36.495 injecções de neo-salvarsan,
estabelecimentos que ficaram fó ra dos quadros apre 181.217 injecções de m ercurio e fe ito s 84.799 cura
sentados (Lyceu de A rtes e O ffic io s e as varias tivos. . i
escolas profissionacs do R io 'de Janeiro, a Escola Já f o i fe ito accordo com as corporações arma
Domestica de N atal, a Escola A lva ro Penteado, dc das para estabelecim ento da campanha anti-venerea
S. Paulo, etc.), ter-se-á quasi inteiram ente exgotado entre os m ilita re s .
o assumpto de magna im p o rta n d a deste capitulo. Já se acha organizado um corpo de enferm eiras
habilitadas, que visitam não só os doentes que aban
donam o tratam ento, como também as prostitutas,
entre os quaes já é elevado o nu m ero das que se
SAUDE PUBLICA tratam nos dispensários.
T en do s ido legada, cm verba testam entaria, pelos
m illio n a rio s b ra s ile iro s srs. C an d id o G a ffré e Eduar
Os assumptos attinentes á saúde publica, no do O u in le , avultada quantia para a u x ilia r o _governo
Brasil, são superintendidos pelo D epartam ento Na na lu ta con tra as doenças venereas, disporá em breve
cional de Saude Publica, creado em 15 de Setem a inspectoria no D is tric to Federal de varios dispen
bro de 1020, c comprehendendo diversas inspectorias sários m odelos e de um grande hospital. Desses no
com fin s especializados. vos dispensários já alguns estão sendo construídos,
Uma das mais im portantes é a In spectoria de devendo-se in ic ia r breve a construcçâo dos restantes
P rophylaxia da Lepra e das Doenças Venereas». No e do h o spita l projectado. C om o a u x ilio da fundação
D is tric to Federal, os serviços são directam ente exe G a ffré -G u in le , que pretende dispendor só com as
cutados pela inspectoria, que nos Estados os dirige installações cerca de cinco m il contos de réis, poderá
e executa m ediante accordo com os respectivos go d is p or o D . Federal de uma das m ais com pletas o r
vernos, extendendo-se actualm ente taes serviços a ganizações de p ro ph yla xia venerea de to do o m undo.
17 unidades oa federação. A D ire c toria de Saneamento e P ro p h yla xia R u
A legislação adoptada, quanto á prim eira parte ral tem jurisdicção em 15 Estados que estabeleceram
destas attribuições, se basêa na notificação obrigató accordo com a união, c on tribu in do com a quóta para
ria da lepra e no isolam ento nosocom ial, de preferen os serviços de saneamento que são fe ito s não só
cia cm colonias agricolas. O isolam ento do m ic iliá rio na zona ru ra l, como na urbana. A D ire cto ria tem
só é p e rm ittid o quando possivel assidua vigilân cia e installados actualm ente pelos Estados on de mantem
quando o d im ic ilio não é casa de habitação collectiva commissões, 98 postos sanitários, 4 postos itin e ra n
ou de com m ercio. tes, 33 sub-postos, 11 dispensários para prophylaxia
O D is tric to Federal não dispõe ainda de colo anti-venerea, 5 lab oratories bacte rio lo gico s e 5 hos
nias de leprosos, de m odo que os doentes que se pitaes regionacs.
conseguiram is o la r foram internados n o H osp ital dos Os serviços tem-se inte nsifica do cada vez mais,
Lazaros, m antido por uma ordem religiosa , e no H os com os tnaiores benefícios para as mais distantes
pita l de S. Sebastião, no qual foram adaptados tres regiões do pais.
pavilhões para esse fim . O governo já adquiriu, po O u tro im portantíssim o ram o do D epartam ento
rem, nas proxim idades da capital, extensa area de é a Inspectoria de P rop hyla xia da T uberculose, que
te rreno, on de breve se in ic ia rá a construcçâo de se orie n to u nos mais m odernos exem plos concernen
grande lep ro sario. Será esta installação m odelar pro tes ao papel do governo na campanha anti-tubercu-
vida dos mais com pletos e m odernos requisitos. losa, regulam entou as medidas de combate dire cto ao
C uida-se também da construcçâo de varios 1e- escarro, estabeleceu o systema intensivo de propa
prosarios nos Estados, attendendo-se em prim eiro ganda e educação. Creou no B rasil o isolam ento do
lug ar áquelles em que c m aior o num ero de doentes. m ic ilia r pelas enferm eiras de hygiene, a b riu dispensá
N o D is tric to Federal e nos Estados, tanto os rio s de tuberculose e trabalha pela abertura de pre-
doentes isolados em h o spita l como o s que se acham ven lorios e hospitaes para indigentes com tuberculose
em d o m ic ilio sob vigilân cia, estão sendo subniettidos avançada.
ao tratam en to pelos etheres etílicos d o ole o de chaul- De Janeiro a Setembro de 1921 fo ra m feitas
m oogra, podendo-se considerar bastante animadores 70.871 publicações de conselhos aos tuberculosos e
os resultados até agora obtidos. aos sãos e 395 palestras e conferências. De O u tub ro
A pro p h y la x ia das doenças venereas é baseada de 1921 a Julho de 22, distribu ira m -se 59.310 p u b li
no tratam en to p ro p h y la tic o dos doentes em hospi- cações educativas, foram a ffixad os 13.748 cartazes e
taes o u dispensários a este fim especialmente des realizadas 42 conferencias em grandes collectivida-
tinados e em um a campanha de propaganda e edu des. De Janeiro de 21 a Junho de 22 fizeram-se
cação hygienica visando principalm ente apontar os 30.922 visitas de vigilância pro ph yla tica, 1.000 visi
perigos daquellas doenças e d iffu n d ir conhecimentos tas a habitações collectivas, fo ra m distrib u íd o s 6.326
sobre os m eios e processos de evital-a. litro s de desinfectantes e 2.021 escarradeiras. Encon
C om o as da lepra, os serviços de prophylaxia traram as visitadoras no mesmo periodo 2.651 novos
das doenças venereas são executados na capital da casos e recolheram 2.100 amostras de escarro. Nos
R epublica directam ente pela Inspectoria, e nos Es dispensários fo ra m feitos 10.937 exames de escarro,
tados m ediante accordo com os respectivos gover- dos quaes 3.561 resultaram positivos.
N ão data de m uito tempo, o Departamen
Os dispensários estão a cargo da pro pria ins to N acional de Saude Publica inaugurou uma Es
pectoria o u annexados a polyclinicas, maternidades c cola M od elo de Enferm eiras, n o genero a p r i
hospitaes idoneos e conceituados, mas p o r ella sub meira installada na Am erica d o Sul. Funcciona a
vencionados, orientados e fiscalizados. A prophyla escola no novo H ospital São Francisco de Assis, e o
xia da s y p h ilis he red itaria é feita nas maternidades, seu curso com pleto é de dois annos e q u atro meses.
asylos, etc., onde existem dispensários a esse fim As alumnas terão m oradia gra tu ita na Escola, alêm de
destinados. uma subvenção mensal. D irigem -na experientes pro-
A inspectoria conta h o je, no D is tric to Federal, um fissionaes norte-americanos, sendo o seu corpo do
la b o ra to rio C entral, 12 dispensários e um posto de cente co n s titu íd o por especialistas nacionaes.
desinfecção. Nos Estados já existem dispensários, não A Secção de H ygiene In fa n til já org an izo u» o
só nas capitaes, como cm outras cidades im portantes. seu regulam ento, que está s u je ito á approvação supe-
o o o o o 466 o o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
o o o o o 467 o o o o o o
'IV HO DE OVRO COMME MORATIVO DO CENTENÁRIO DA
con struir a sua séde. N ão sendo fa rto s os recursos, assistência d o m ic ilia ria . Presta soccorros medicos,
apenas pôde ser levantado um pavilhão provisorio , pharmaceuticos e alimentação.
onde sc in s ta llo u a In stituiçã o, entrando mais am pla A C a s i Santa Ig n c z é um p rc v v n to rio fundado
mente no te rren o p ra tico de suas realizações: a Es pela cxma. sra. E p itacio Pessoa e um gru po de se
cola de Enferm eiras passou a te r annexo um dispen nhoras, com o fim de receber c tra ta r conveniente-
sário m cdico-ciru rgico, com 3 gabinetes de consul mente as moças solteiras, baldas de recursos, que ne
tas, 1 la b o ra to rio , uma sala de raio X, uma enferm a cessitem de repouso e tratam ento analcptico.
ria de 20 leitos, 4 quartos para operados, uma Sala In iciada com recursos modestos, a Casa Santa
de csterilisação, uma sala de operações asepticas, Igncz encontrou ta l acceitação que a sua directoria
alêm das dependendas da Escola, como sejam o pôde a d q u irir uma grande propriedade na Gavea,
am phitheatro de aulas, o vestia rio dc alumnas, a onde fe z co n s tru ir um grande ed ifício que ho je se
secretaria, as dependencias das enferm eiras residen ergue numa adm iravel orientação, ba tido de luz, p ro
tes, e’tc. te gido dos ventos, cercado de florestas e com uma
Actualm ente a C ru z Vermelha Brasileira tem cm linda vista para a cidade. C onstruído para uma lotação
fim de construcção um magestoso ed ifício, onde ins- de 150 internadas, este num ero será a ttin g id o g ra
ta lla rá a sua Escola de Enferm eiras, que será m o dativamente, já se elevando a 60.
delar. te ndo tu do o que se faz m is ter para a mais F ina lin c ntc , a P o ly c lin ic a d • H ola fog o attende a
perfeita e ffic ie nd a do ensino de enfermagem, alêm dc lo n g o tempo aos pobres de Botafogo, com grande
m elho rar no novo estabelecimento os seus serviços efficiencia.
de assistência m cdico-cirurgica, já ex traordinariam en C onta a C a p ita l Fedvral os seguintes hospitacs:
te desenvolvidos. Desde sua fundação até J ulh o de
1922, o m ovim ento do serviço m edico g ra tu ito da H osp ital da S. Casa da M isericórdia.
C . V. B. fo i o seguinte: doentes m atriculados, 16.716: H ospício de N . S. da Saúde.
doentes internados. 59 6; grandes intervenções, 106; H o s p ita l de S. Joã.» Baptista da Lagoa.
consultas. 139.387; e curativos, 146.397. H o s p ita l O sw ald o C ruz.
N . S. das Dores,
O In s titu to </e Protecção r Assistência ã In fin - das C rianças, da S. Casa.
cia do R io de Janeiro c uma in s titu iç ão ph ilan tro pica D . Pedro II ( I) . N S. P ).
destinada a pro teg er as mães e crianças pobres, para S. Francisco de Assis.
isso fu ndando dispensários, creches, gotas de leite, da M aternidade do R. de Janeiro.
ja rd in s da infancia, asylos de m aternidade, hospi- P ró-M atrc.
P o lyclin ica G e ra l do R. de Janeiro.
tacs in fa ntis, escolas elementares, escolas profissio-
naes, escolas ao ar liv re , colonias dc fé rias, escalas H o s p ita l S. Sebastião.
para anormaes, asylos. serviços de puericultu ra intra do C arm o.
e extra-uterina, de exame c attestação das amas de S. Francisco de Paula,
dos Lazaros.
le ite , etc.
C en tral da Marinha.
O d r. A rth u r M oncorvo F ilh o inaugurou a sua
grande obra in sta llan do em 14 dc Julho de 1901 o Hahncmanniann.
D ispensário M on corvo. Os serviços que o In s titu to C en tral do Exercito,
tem prestado até 31 de Dezem bro de 1921 podem de Bcnefiecncia Portugueza.
ser avaliados pelos seguintes dados estatísticos: in dos Ingleses,
divid uo s protegidos com assistência medica, cirú rgica, da Penitencia.
etc.: 85.057; pensionistas dc vestes, calçados, a li
m entos. etc.; 6.919,
Acham-se em conclusão as obras do fu tu ro grande EXERCITO
palacio do In s titu to .
O e ffectivo do nosso exercito em tempo de paz
A Assis'cnciu a alienados no D is tric to Federal é o seguinte, d is trib u íd o por armas:
compôe-sc dos seguintes departam entos: 1) H o s p i
ta l N acional, fundado em 1841, re fo n n d o em 1904:
2) C lin ic a psychiatrica, fundada em 1883; 3) C olo nia
de homens fu ndada em 1890 na ilh a do Governador,
fran sfe rida para Jacarepaguá cm 1922; 4) C olo nia
de M ulheres E. D en tro, fundada em 1911; 5) mani Artilharia ile campanha . . .
Anilharia de c u s t a ...................
côm io Jud iciario , fundado em 1921. Engenhari:....................................
O H o s p ita l N acional compõe-se de 4 grandes Esquadrilhas de aviação . . .
áecçôes, 2 pavilhões para epilepticos. 2 pavilhões para Companhias de carros dc assalto .
doenças intercurrentes. 2 pavilhões para alienados Contingentes cspeciacs . . . .
tuberculosos, 2 para leprosos. 1 grande p a v ilh ã o com Total .’.'ISO 73.938
Escola para crianças atrazadas mentaes, e 2 pa vi
lhões para serviço am bulatorio, vizando a p ro ph yla xis
das doenças mentaes sendo um cspccialmente para a (3 arm am ento empregado assim se descrim ina:
pro ph vla xia da s y p h ilis cerebro-espinhal. É alêm disso
p ro v id o de numerosos outros serviços que o tornam In fa n ta ria F us il Mauser, com sabre-punhal,
de m axim a efficiencia. fu s il m etralhadora Madsen, m etralhadora pesada M a-
A clinica psychiatrica compõe-se de cinco pavi
lhões. A colonia dc alienados de Jacarepaguá com C avalfaria Carabina Mauser, lança, sabre, re
porta 600 homens em pavilhões separados. A colo v o lve r Nagant.
nia dc m ulheres do Engenho de D e n tro com porta A rtilh e ria de campanha Canhões longos T. R.
500 alienados. K rup p, cal. 7,5, L. 58 para campanha, canhões pe
quenos T . R. K rup p. cal. 7,5 L. 114 para montanha ;
A L ig a B ra s ile ira contra a Tuberculose, fundada obuses K ru p p cal. 10,5, carabinas Mauser, espada,
em 1900, custeada por particulares c subvencionada revolver Nagant
pela P refeitu ra do D. Federal e pelo G overno da A r tilh a ria d c costa — Canhões dc varios sis
U nião, mantem dois dispensários e um serviço de temas. m odelos e calibres, fu s il Mauser
o o o o o o 468 o o o o o o
/.V/> //•/,V/)/
OSlÇAO I X I I R X AC'/O X Al.
O O O O O 469 o o o O o
P O R T U G A L E BRASIL
C
S PAES, e cspccialm cntc as m ãe s ,v iv em
cia vida dos filh o s ta nto ou mais que as genealógicas arvores b ra s ile ira s ; mas.
j da sua p ro pria. A alegria e a fe licidade se a sua copa é d’ A lé m -A tla n tico , sc
proveem-lhes, menos da satisfarão dos os seus ram os são am ericanos, se as
seus egoísmos, m elho r ou pe or disfarçados, que do sur.s pernadas são de Santa C ruz, a raiz c genu.-
espectáculo desinteressado da ventura e bem-estar namente portuguêsa, quando os tron cos o não são
daquelles seres em que.n se reproduziram e cuja tam bém !
existência continua a ser, affectiva e esp iritu alm en Quem de nós, da rib e ira do M in h o ás praia;
te, aos seus olhos, rcFlexo e emanação da sua exis algarvias, da fro n te ira de H espanha ás ondas salsas
tência. do A tla n tic o , não conta parentes na B ra s il? I. p e -
c o rre r os m in uciosos arò o la rio s qu inh en tistas, v o l
ver as paginas das lusas n o biliarchia s, pre scru tar as
Nas raras naç3es que tivera m o p riv ile g io da gerações das casas solarengas ou plebeias e não
maternidade póde observar-se egual phcno.neno. O raro toparemos o em igrado para o B ra s il! Em igrado
seu egocentrism o necessario perde a rig id e z e atte- p o r esp irito de aventura, p o r necessidade, po- cum
núa-se em p ro v e ito de um sentim ento novo, m u ito prim en to do devêr.
m ais b e llo e exaltador da im p erfe ita natureza huma
na, a que dá, porque não dizel-o, e n x erto d ivin o.
O sangue português reg ou o só lo b ra s ile iro e
quantas vêses não alim en tou os habitantes d o m ar
Repare-se, p o r exem plo, como P o rtug al e os que banha as silas costas!
Portugueses s t regosijam e o rg u lh a m ; na razão d i M isturado com o dos aborígenes e n tro u em cir
recta da sua cultu ra de coração c e s p irito , a cada culação; conservado p u ro aclim ou-se e prosperou.
p ro grtss o, a cada e x ito do Brasil na sua marcha Nos n o b iliá rio s de P o rtug al, em to das as l i
ascendente de povo moço, na sua edade dito sa em nhagens posteriores a 1500, se depara alguém que
que só se olh a para cima e para diante. Repare-se do tron co comum se destacou para ir enxertar-se em
como ainda agora dois Portugueses, oa m aiores ou troncos longínquos, abandonando d 'esta rte a patria
entre os m aiores do seu tem po, arriscaram calmamen- mãe pela patria-irm â.
te a vida, não só para reso lve r um proble.na de n o .a São representantes p o r varonia, de bons costa
seiencia, mas s obretudo e cusenciaknente para das do s; homens m u ito h o n ra d a ; e de linhagem honra
ao B rasil uma prova de a ffecto em que ninguem d a ; valentes cavaleiros com as suas m oradias e res
podesse excedcl-os e para inscrever, na h is to ria luso pectivos alqueires de cevada; ricos-homens e védo
b ra sile ira do século X X , um fe ito d ig n o de te r sido res; grãos justa do res; amos de p rincip es; sisudos f i
encorporado. qu atro séculos antes, ao evangelho da lhos d'alg o, v irtu o s o ; e d iscretos; m ordom os-m óres
raça lusita na que são os «LU S ÍA D A S ». Repare-se de princip es; copeiros-m óres; cam areiros-m óres; to
como a preoccupaçâo p o litic a portuguesa, na cons- dos directa ou indirectam ente podem te r de ixa d o ge
trucção do Brasil, fo i assegurar-lhe a unidade, isto ração nas te rras de Santa C ru z!
é, a m e lh o r pro pu lso ra da sua independencia e a
m a io r caução d o seu fu tu ro . P o rtug al não d iv id iu nun Quantas vezes, despachados com fortalezas, ten-
ca, para mais commodamente governar. E fa lta ainda do-sc d is tin g u id o nas jornadas e idas de A fric a , ca
perspectiva (qu e só o tem po dará), para se apreciar, pitães de gente em tomadas de cidades, te nd o via
em toda a grandeza das suas consequências, a ge-. gens da C hin a o u de M aluco , m uito valid os e m u ito
n ia l inspiração que p e rm ittiu fu nd ar na Am erica, ufanos de suas pessoas, tendo fe ito grandes e n tra
como urna compensação ao de seq uilíb rio luso-caste das de m uita honra e.n te rra de in fié is , o u tom ado
lhano na Ib eria europeia, uma unica e colossal Lu castelos por fo rç a de armas, quantas vêses, nã o m or
sitania ao lado de v in te fragm entadas Hespanhas. reram em náos que deram á costa b ra sile ira sem
d ’ elles se saber parte I
Espingardadas, pclouradas, lançadas ou arcabu
A g lo ria c preponderância crescentes do Brasií zadas, tu do con tribu ía para tira,- a vida aos arro
in te rpreta rão um dia, condignamente, essa in ic ia tiv a jados e destem idos nautas lusos.
historica, que honra p o r egual Portugueses e Bra Para a sua m em ória pois, as nossas hom ena
sile iro s : pois que, se aquclles a conceberam, fora.n, gens e para aqueles onde corre — na p a tria -irm ã d j-
são e serão estes que delia souberam c saberão ex- o seu generoso sangue as nossas m ais vivas e
tra h ir, com vigila n te consciência, os fru to s e p ro enthusiasticas saudações!
veito s inesgotáveis.
Torre do Tombo — 11 dc julho de 1922.
Buenos Aires, 1922.
A i .bf.rto o ’O l iv e ir a . A n t ó n io B a i Xo .
o o o o o o 470 o o o o o o
c e h if n a k o da in d f p f x d f x c i a t da e x p o s iç ã o
A
« América. »
vite, que acabo dc receber, para cola
bo rar dalgum m odo na secção do «Li
vro de O u ro do C entenário da Inde Não s t tendo, porem, m an tido esta concordân
pendência», que o «A nuário do Brasil» está organi cia, como revelam vários artig os inseridos na men
zando, destinada a arq u iv a r as saudações de P o rtu cionada Revista de Lingua Portuguesa, havendo re
gal, e qualquer concurso sugerido para o estreita clamado contra o seu p ró p rio voto sôbre alguns
m ento das relações luso-brasileiras, com a m aior de pontos não poucos dos que tinham aprovado na
voção e jú b ilo , em bora sumáriamente, como no mo Academia do R io de Janeiro a reform a da de Lisboa,
m en to se me oferece, satisfaço á honrosa s olicita já nesta eu lem brei, que delegados das duas e com os
ção. bons ofícios dos respectivos govêrnos constituissem
Para saudar êsse glo rio s o país, que pela trans uma comissão, que estudando de novo o assunto,
form ação dum grande im p ério constitue uma das assentassem num regim e o rto g rá fic o , que se tornasse
ntais florescentes repúblicas do m undo, relevar-se- autorisado c seguido em cada u n dos dois paises.
me-á. que eu para aqui traslade, gosôso novamente A êsse a lv itre , que aqui re p ito , acrescentarei,
de o dizer, o que escrevêra na oração proferida na conform e aquela situação, quanto a m im , ju s tifica e
Academia das Sciências de Lisboa, quando em sessão reclama, mais êstes ou tros para igu al fim da confra
especial ela se associara ao ju b ile u lite rá rio do seu ternização luso -b rasilcira:
o o O o o 471 o o o o
L/VRO n t OURO C O M M tM O R A T/VO IX ) CENTLNARIO OA
U)
d ire ito s dos nacionais;
C riação dum do m ínio p ú b lic o pagante por
m eio dum im posto sobre a reproducçâo das
obras nesse d o m ínio caídas, a c o n s titu ir um
fu nd o de assistência a he rdeiros indigentes
A taram da ingerên cia portuguesa o des
tin o p o lític o da grande nação brazilei-
ra. não constituem de m odo algum nem
m o tiv o de ressentim entos m útu os nem ob stá culo a
aproxim ações e entendim entos, insp ira do s tanto na
de autores glo rio s o s conform e o reconheci consciência da raça e cm im p ulso s afectivo s de ir
m ento e a deliberação das Academias res mãos com o na noção da u tilid a d e com um. Esta ú lti
pectivas; ma decorre logicam ente da situação geog ráfica de
c) — A dição ao quadro das cadeiras d o ensino d*: P o rtu g a l, guarda avançada da Europa sòhre o A tlâ n
D ire ito em cada um dos do is paises duma, a tico, e, por essa razão, pela ascendenda étnica e
professar 110 ú ltim o ano do curso, de estu pela lín g u a , o m e lh o r in te rm e d iá rio - n a tu ra l entre o
do comparado das diferenças da legislação V e lh o C o n tin e n te e o Brazil.
d o o u tro em m atéria c iv il, com ercial, fiscal, Este e P o rtu g a l, oriun do s duma mesma árvore
de processo, ctc ; genealógica, serão d is tin to s in d iv íd u o s p o litico s, mas
Permissão e regula mentaçáo do d ire ito dos com com unidade da aspirações, de in s tin to s e
cidadãos dmn dos t istados residentes no oti- porque não dize lo ? de defeitos, que o paren
tr o poderei! i neste ser recenseados e votar tesco lhe s deixou no plasma g e rm in a tiv o e que ex
nas eleições política:s para as camaras legis- p lica rã o o p a ralelism o das o rb ita s descritas pelas
la tiva s do sieu pa ís; duas h isto ria s.
Concessão ■cm cada Estado aos cidadãos do T en ho nos destinas d o B ra z il um a fé que não
o u tro , lá residentes ao* cabo de determ inada é m enor d o que a que. co.no pa trio ta sciente das
tem po, de capacidade e le ito ra l, de ele itores e virtu a lid a d e s da alm a lusa. gu ard o inabalavelm ente
elegíveis, para as corporações adm inistrativas pelos do meu tã o experim entado P o rtu g a l.
Na ho ra incerta que a Europa, gasta e intra nq tii-
la. está vivendo, te nh o ines.no a im pressão de que o
Brasil, i- nto de tantas'd essas preocupações que são o
Lisboa. 15 de julha de 1922. pesadelo dos governos europeus, ou devendo até enca
ra r os factos dem ográficos e sociaes du.n m odo radi-
V isconde de C arnaxid e . calm ente divers . é u n excelente cam po de cultu ra,
novo, sadio e fé r t il para as virtu d e s rácicas que tão
m aravilho sa flora ção tiveram no utra s eras e que fe
V in d o publicadas no C o rre io da M anhã de hoje lizm ente fa ctos recentes atestam não se haverem ex-
tres estrofes minhas, propositadam ente, como 3S dos
Lusíadas, em oitava rim a, con fo rm e sçriam as que os t K i i k i i S \ to . do coração c i i inte ligê ncia
continuassem com a narração do pro d ig io s o feito, pe lo p o r v i f e pela g ló ria da nação bra zilcira . co n s
que 'nu m om ento concentra a ateuçã > e o entusias pela sólid a amizade entre ela e P o rtug al.
m o de bra sile iro s c de portugueses, a d ito este artig o
repredusindo-as aqui pela sua oportunidade.
A. A. M endes C orsèa .
São as seguintes: Hrc fessar da Universidade do Porto.
o o o o 472 o o o o o o
IS O t I t S DE NCIA t DA l \ fOSIÇAU 1STI R \ ACIONA
jjo n a l. E#tc po vo tin h a , pois, nascido para dcsem •vindo o sussurro destas aguas largas do
penhar um papel em inente nas relações comerciais eje as treze naus de Pedro Alvares Ca-
,1 to do <' m undo. Mas ta mhem , contem plando a singrando c.npavcsadas.
Mi.mdeza das m ontanhas e dos po rtos de mar. n
vastidão dos sertões c a espessura das florestas, era
íaeil com prehender q u e o povo cria d o no m eio dessa Ai berto P im entei .
i niilenta natureza, c uja vegetação dific ilm e n te se dei
varia dom inar pela m ão do hom em , seria uni p >v >
liuapaz de so fre r lo n g o s e pesados jugos, seria um o o o
p,.vo cioso de sua libe rd ad e e independência, um
povo que não pre s c in d iria de possuir politicam ente
um país que geographicam ente já era seu . R O R TU üA L-B R A S IL
Agora, que passa justam ente o centenario da AUDAR o B rasil no dia em que elle
S
Independência do B ra s il, tem a H is to ria o irre fra festeja o centenario da sua m aioridade
gavcl d ire ito de pe rgu nta r a essa grande nação ame p o litica, representa para os p o rtug ue
ricana. onde se fa la a lin g u a portuguesa, qual fo i ses dc hoje mais algum a coisa que uma
<■ uso que fez da sua independência durante o curso demonstração de amizade fra te rn a l; é a consagração
de um século. d ’um d ire ito leg itim a do por cem annos de h is to ria ,
A resposta será triun fan te m e nte categórica: durante os quaes algumas das mais nobres q u alid a
P rog red i, engrandeci-me acompanhando a m ar des da Raça se affirm aram com a decisão e a ga
cha da civiliza ção m un dial. D ila te i o comercio, am lhardia que as patrias novas, como homens moços,
pliei a in d u stria , m e lh o re i a instrução, fiz c ultiv a r sempre encontram na sua lc adm iravel.
.i- sciencias e flo re s c e r as letra s, entrei no concerto Através do Oceano, campo-santo de heroes e
das nações in a is adiantadas, a u x ilie i a causa da l i m artyres, que mais approxim a do que separa as duas
berdade dos povos con tra o cesarismo alemão, adoptei patrias lusitanas, Po rtug al tem vis to com am or e
as normas de um a democracia calma e jústa que, o rg u lh o fortificar-se. crescer dia a dia, a arvore g ra n
aplaudindo os vencedores de hoje, não esqueça nem diosa que brotou, como na g lo ria d*um m ila gre b í
denigra os vencidos de ontem , porque as nações blico, da vigorosa raiz que Pedro Alvares C abral
briosas são com o as l>oas fn n ilia s : prezam-se de te r ha quatro séculos fo i desentranhar do generoso solo
antepassados conhecidos e pergaminhos limpos. portuguez para com ella prender as ancoras da sua
náu bem fadada.
O la ria ao B ras il, proclam ará a H is to ria , de
É p o r isso que agora to dos nós, os que fica
bruçando-se' respeitosa, sobre a tribu na dos séculos,
mos na velha te rra hereditaria, sentimos necessidade
donde ela p ro fe re seus ctcrno 3 decretos para ser
de agradecer ao Brasil a perseverança com que con
escutada de to das as gerações n o imundo todo.
seguiu realizar, e por certo exceder, o sonho mara
vilho so que ao alvo-ccer do século X V I enlevou os
nossos navegadores, c devemos esforçar-nos para que
C onquanto eu não possua altíssim os e b rilh a n a esse sonho, já attin g id o , "se sobreponha o u tro cuja
tes m éritos para ser conhecido em paiscs estranhos, realisaçáo innatu- com pletamente, na festa d o se
ouso fa la r co n fia n te ao Brasil, porque é a segunda gundo centenario, os netos dos b ra sile iro s e portu-
patna do coração a fectivo dos portugueses, e por guezes dc h o je: a confederação das duas patrias
que me honra sobrem odo o diplom a de socio do irmãs, soldadas de modo que o Brasil te nha uma
In s titu to h is to ric o <• ge ographico, que me dá pelo casa na Europa e P ortugal uni palacio na America.
menos a ga ra n tia de não ser absolutam cnte ign ora O palacio será talvez demasiado vasto para o irm ão
do dos meus consocios. europeu, enfraquecido pelos annos e pelos in fo rtú
Sim, ou so fa la r con fian te ao Brasil de que me nios; mas a casa não parecerá estreita ao joven e
m ig o mais p e rto d e po is que Sacadura e C outinho gigantesco irm ão americano, porque acima do tecto
lá chegaram voa nd o ouso fa la r sem embaraço hospitaleiro elle encontrará, ainda de pé, a velha
para que todos os b ra sile iro s possam o u v ir as cor to rre senhorial tão alta que d o seu eirad o se
deais saudações que entu siasticam ente lhes envio, na avistaram to dos os continentes e todos os mares
data glo rio sa do centenário nacional, com os olhos do mundo - tão larga que d e n tro d ’ella coube a
postos na to rre de Belem , que tenho quasi defronte alma de Nunalvares e o ge nio de Camões.
Lisbca. julho 1922.
C) A corte de I ) Pedro IV . 2.* ediçí J, Lisboa, 191 I. D. JoXo de C astro .
“ J o rn a l do B r a s il”
OJornal doBrasil começou a ser publi Também esta phase não durou muito e o
cado no mez de abril de 1891, sendo seu jo rn al passou ás mãos do ConselheiroRuy
Conselheiro Ro-
prim eiro Redactor Chefe o Barbosa, que em 1893 teve de suspender as
dolpho Epiphania deSouza Dantas, Minis publicações devido á revolta.
tro durante o imperio. Em 30 de outubro de 1894 o jo rn a l fo i
Pouco tempo depois o jornal passou a ou adquirido pela firm a Mendes & C.», iniciando
tros proprieta ios, sendo Redactor Chefe o D r. novamente suas publicações em 15 de Novem
Ulysses MachadoPereiraVianna, antigo de bro de 1894, tendo como Redactor Chefe o
putado durnte o im perio e successivamente Dr. Fernando Mendes de Almeida, mais ta r
advogado. de Senador.
o o o o o o 474 o o o o
CENTENARIO DA INDE FENDENCIA I: >A EXPOSIÇÃO
o o o o o o 175 -o o o o o o
OURO COM MIA RATIVO n n CRN T ! MARIO
LIVRO
O O o o 476 'o o o o o o
“O PAIZ
EDIFÍCIO l ) t O PAIZ
u
A 1 de outubro dc 1884, do prédio nu réis e a assignatura para <Còrte e provincias»
mero (>3 da rua do O uvidor, saia o prim eiro custava 205000.
numero do P A IZ . C) artigo de apresentação marcava firm e
Fundado pelo conde S. Salvador de mente a orientação mantida até hoje. Porque
Mattosiuhos, portuguez de nascimento, ho o jornal se propunha, em todas as causas que
mem de alta intclligencia, que pela aetividadc defendesse, jamais ir de encontro aos inte
commercial conseguira já boa situação dc fo r resses geraes da nação, como também não col-
tuna, o jo rn a l declarava, no cabeçalho, o nome locar nunca aspirações de partidos e grupos
daquelle, como seu proprietario João José acima do bem communi. Q uanto aes metho
dos Reis Junior. dos de acção, o artigo a ilu d id o proclamava,
Tinha o jo rn al quatro paginas, era mui com a maior elevação: .Buscaremos lembrar-
to bem impresso e o seu agradabilíssim o as nos sempre de que o jornalismo, por isso mes
pecto material não d iffc rin essencialmente do mo que c uma exigente escola de critica,
de hoje. O numero avulso era vendido a UI ha dc er uma escrupulosa escola de respeito».
o o o o o o 47< o o o o o o
LIVRO DE OURO COM MEMORAT IVO DO CENTENARIO DA
O jornal era muito noticioso, tinha ex Entre os principaes redactores dessa
cellente serviço telegraphico nacional e estran phase longinqua, é possivel citar nomes como
geiro, parte commercial muito cuidada e a col- os de Joaquim Serra, Jovino Ayres, João Bar
laboração dos escriptores mais eminentes do bosa, Augusto Fabregas, Arthur Azevedo,
Brasil e de Portugal. Qastão Bousquet, Urbano I3uarte. Entre os
O seu primeiro redactor-chefe foi oi gran dos collaboradcres brasileiras, Joaquim Na-
de Ruy Barbosa e o seu primeiro secreta buco e Ferreira Vianna.
rio o cultissimo e experimentado jornalista Quintino, além de redactor-chefe, foi
que se chamou Antonio Leitão. também director. E na linhagem dos directo
Admiravelmente bem aceito pelo publico, res é possivel citar: Manoel Cotta, Bellarmino
o seu successo foi dos mais rapidos. Com tres Carneiro, Rodolpho Abreu, Zeferino Candi
tnezes de existência, chegava ao fim do anno do, Pedro de Almeida Qodinho. A partir do
da sua fundação com uma tiragem, verdadei anno de 1902, a preponderância na direcção
ramente formidável para a época, ftc 14.000 passou a caber ao actual presidente da em-
exemplares! preza organizada em sociedade anonyma, o
Naquelle tempo Ruy Barbosa attendia ás Sr. João de Souza Lage.
pessoas que o procuravam, na redacção, das Entre os jornalistas do mais glorioso re
13 ás 15 horas, diariamente. nome que, depois de Quintino Bccayuva, o
Resolvendo afastar-se do logar de reda iniciador da sua grande tradição, o P A IZ tem
ctor-chefe, a esse posto ascendeu Quintino tido como redactores-chefes, deve-se citar Al-
Bocayuva, justamente chamado o patriarcha cindo üuanabara, Nuno de Andrade e Eduar
da Republica. Foi Quintino quem definitiva do Salamonde.
mente marcou a importância .politica do jornal, A mais longa ,acçãoçde direcção que o jor
lançando-o, com impeto magnifico e victorio nal tem tido, como se vê pelo que ficou dito,
so, nas campanhas que fizeram a abolição e a é a do Sr. João Lage. Organização das mais
Republica, sendo que a sua actuação foi igual brilhantes e completas de jornalistas, na épo
mente das mais vivas e efficientes durante a ca em que, com o governo Rodrigues Alves,
famosa questão militar. a cidade foi remodelada, João Lage conse—
o o o o o 478 b o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
Proclamada a Republica, era natural que, aos outros e a si mesmo. Discute, examina,
dentro delia, o orgão maxim o da sua propa critica, ataca, é vehemente, mas sempre em
ganda se tornasse conservador. Desse conser- linguagem educada, sempre,dentro das melho
vantismo lo gico e intelligente jámais O P A IZ res normas de ethica profissional. E, se tem
se afastou. E, como ha 40 annos, põe o fo r experimentado, por vezes, a necessidade de
responder a aggressões no mesmo tom em
midável prestigio politico e popular que con
quistou ao serviço dos interesses superiores do que foram feitas, delle é possível dizer que
jámais aggrediu. A não ser em legitima de
Brasil e á defesa.dos princípios sobre cs quaes
fesa, não se encontrará nas edições do P A IZ
repousam as instituições.
Para se fazer uma idéa do q.ue esseé> qualquer coisa qe possa ser acoimada de ex
cessiva. Também' é geral e modernamente con-
prestigio basta dizer que O P A IZ , em tantos
o o o o o o 479 o o o
'I W T fV A P in
siderado com » o jo rn a l mais bem feito, in- A o la d o do Sr. Joào Lagc, director-pre-
tellectualmente mais cuidado de toda im pren sidente, acham-se, como directores, o D r. V il-
sa brasileira. lela Santos e o Sr. jarbas de Carvalho, sen
A sua coliaboração continua a ser das do que este, um dos mais antigos e prestigio
mais variadas e brilhantes. C) jo rn a l, segundo sos redactorcs do jo rn a l, tem a superintendên
praxe rigorosamente mantida, não se immis- cia da sua redacção.
cue nas opiniões dadas em artigos assignados. A parte adm inistrativa é d irig id a pelo
E a sua redacção é considerada .orno uma Sr. A lvaro Campos, que também esteve na re
verdadeira escola tie jornalistas. dacção.
o o o o o o 480 o o o o o o
r
“0 Correio da Manhã
T raçar a historia do Correio da sára, para se consagrar exclusivamentc á
Manhã» é registrar uma série brilhantís actividade jornalística, o Correio da M a
sima de trium phos inesquecíveis, que lhe nhã» logo se im po/ á estima publica, pa
o o o o o 481 o o o o o
IJVRO Dl: OI i RO CENTENARIO DA
o o o o o o 482 o o o o o o
IN O tl ENDENCIA E DA EXfOSIÇ AO INTERNACIONAL
Correio da M anhã
A Confertncia do Partido Trabalhista Inglez recusou a adltesâo dos «immistas
UM H U S r t ü t ILLUSTKE
0ata de Julio Dantas e sua recepção Itoutem, a
oa Academia Brasileira de Letras
o o o o o o 483 o o o o o o
LIVRO Dl. OURO COMMEMORATIVO OO CENTENARIO
o o o o o o
“O IMPARCIAL
O Imparcial — Directoria
prensa, onde victoriosamente terçara ar- nliciro Machado, que contava com o apoio
mas, eram de todos conhecidos, appareceu incondicional do presidente da Republica,
em uma epoca de grandes agitações po- marechal Hermes da Fonseca, e os que
o o o o o o -185 o o o o o
LIVRO DE J RO COMME MORATIVO DO CENTENARIO DA
combatiam a directrix que o senador gaú Intransigente nos princípios, que ad
cho emprimia dominadoramente á p o li vogava, OImparcial fez-se em breve tem
tica e á alta administração. po, um jo rn a l de larga circulação, desper
OImparcial, sob a intelligente d i
tando as sympathias do povo, para que,
recção de Macedo Soares, entrou elegan além do seu fe itio politico, se desdobrou,
temente na arena onde a lucta ia acesa,
procurando servir a todas as attenções,
e soube desde então, manter uma linha
pelo noticiário em geral, pelas reporta
de impeccavel honestidade, procurando
gens interessantes e variadas, por seu
defender os interesses fundamentaes do
povo atravez de todas as questões, de completo serviço telegraphico e pelo de
quaesquer naturezas trazidas á tela da senvolvim ento dado a todas as secções,
discussão. notadamente ás que se occupam dos des-
>
í
o o o o o 486 o o o o o o
innr.its ■NCIA I: PA I-XPOSIÇA IN IliRNACIONAL
o o o o o o 487 o o
o
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o
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ESTABELECIMENTOS
MESTRE & BLATGÉ, S. A. SOC. ANONYMA
B a nco Escandinavo
Br azileir o
o o o o o o 489 o o o o o o
I
LIVRO Ob OURO COM MF MORATIVO DO CENTENARIO
o o o o o 490 o o o o
/N DF. PENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI.
C re d it F oncier du B résil
et de TA m érique du Sud
o o o o o o 491 o o o o o o
/j v r o nr: .1AVO
Em 31 de Dezembro de 1921,
o total dos empréstimos cle-
vava-sc a .................................Frs. 9h.508.9tib,2)
e cm Jl de Dezembro de 1922, a Frs. 105.972.902,70
accusando portanto, um augmen
to de ............................ Frs. 9.463.936,3
1921 1922
Empréstimos e operações hy
pothecarias ...................... 52.655.704,07 54.257.530,61
Empréstimos a Estados c Mu
nicípios e sobre creditos
do Thczouro Federal . 18.330.707,48 30.250.050,68
Empréstimos sobre cauções . 19.067.214,08 19.714.271,51
Emp. sobre mercadorias 6.455.340,60 1.751.049,90
96.508.966,23 105.972.902,70
o o o o o 492 o o o o o
INDEPENDENCIA n .\ EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
mui de a u x ilia r cffica zin en tc a nossa economia, ria - a im portância dos depositos e acceites eleva-se a
lisando cm presliino s na im portância de Frs perto de Frs. 50.000.000, - o que denota com bas
105.972.002,73, dando sobre os em préstimos rcalisa- tante clareza a confiança que sempre inspiraram as
dos em 1021 mna differen ça a mais de Frs operações desse estabelecimento. Fecharemos as nos
0.463.936,50 em 1022. sas conclusões pelo balanço que encerra-se- com o
Passando vista no balanço de 1022 observamos to ta l de Frs. 216.609.007,10, sendo levado a con
no A ctivo que o c a p itu lo T ítu lo s em Carteira ta de Lucros e Perdas>. a im p ortâ ncia de F rs.......
accusa a im portância de Frs. 32.087.870,96 e o de 6.412.000,30, sendo o m e lh o r attestado de seu pro
Participações financeiras Frs. 9.212.122,69, c o n fir gresso. prosperidade e fu turo .
mando a solide/, e os grandes elementos deste esta R io ele Janeiro — Av. R io Branco, 44 - São
belecim ento de credito. N o Passivo verificam os que Paulo R. S. Bento, 24.
o o o o o o 493 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMFMORATIVO DO CENTENÁRIO DA
H O T E L G L O R I A
o m a io r e m a is
lu x u o s o da
A m e r ic a do S u l.
250 a p p a r t a m e n to s com
banho e t e le p h o n e
O Hall
G r a n d e s s a lõ e s p a r a ja n
t a r , le it u r a , m u s ic a e G r il l
ro o m .
B a a r, C o if f e u r e tc .
Preços communs
O Restaurante
E n d e re ç o T e / e g r a p h ic o
G loriahotel
Rio
o o o o © © 494
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIONAI
I
() que esta granüe firm a representa metallurgia. No seu poderoso estabeleci
na economia do nosso systema ferrovia- mento, são fabricados vagões para es
P rio e no quadro geral da aetividade bra tradas de ferro e tramways com a per
o o o o o 495 o o o o o o
LIVRO OR OURO COM MEMOR ATIVO DO CENTENARIO DA
Jp
o o o o o o 496 o o o o o o
INDHMíNDf.NC.IA E DA EXPOSIÇÃO IM E ,
o o o o o 497 o o o o o
LIVRO DE OlIRO COMMEMORATIVE) DO CENTENARIO
R io de J a n e ir o
O O O O O O 498 o o o o o o
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IN D t PE NOE NCI A E DA CXPOSIÇAO INTERNACIONAL
,@ @ @ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
D A V I D . C O M R .
Fab rica nte s e Im po rtad ores de Papeis Pintados.
Approvados pela Saude Publica. Medalha de Ouro S Luiz. Grande Prémio Centenario.
F abricantes de C o n fe tti e S e rp en tina s em gra nd e Escala.
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Rio de Janeiro
00000000000000000000
o o o o o o 499 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORAT fV< HO CENTENARIO
,© © © © © © © © © © © © © © © © © © © Q Q Q O Q O O Q O Q Q O O O Q O Q Q O Q Q í
m i uno &11111
o o o o o - o 500 o o o o o
IN D t PENDf.HC!A t DA PXPOSIÇAO IN TtR N AC IO N AL
QOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOt
D O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O 1
o o o o o 501 o o o o
UVRO DE COMME MO RATIVO DO CENTENA
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o o o O O O 502 o o o o o o
IN DEPENDE NCI A E DA EXPOSIÇÃO IN TERN ACIONAI.
N 5o se comprehende que não fosse Não queremos fin a liza r estas linhas
assim. Para urna firm a que papel de tão sem fazer notar que o credito illim ita d o
relevante im portanda representa na gran de que a Companhia goza na Praça do
deza economica do Brasil, fazia-se mis-* R io de Janeiro e em todo o paiz é o re
te r condigna representação na Capital Fe sultado m agnifico da in telligencia e da
deral. honestidade profunda com que são con
duzidos os seus destinos.
Todas as secções do vasto estabele
cim ento são ligadas entre si por uma Representa apenas esse credito o re
completa installaçâo telephonica, com- conhecimento sincero da form idável ca
municando-se a mesa de ligação com o pacidade de acção constructora dos ho
e xte rior pelo apparelho n.<> 4052. mens de luta que constituem a firm a.
o o o o o o 503 o o o o o o
LIVRO OE OURO COM M L MO RAATIVO PO CENTENÁRIO DA
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Banco Hollandez da America do Sul
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Casa M atriz: AMSTERDAM
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% f ili aes na Americ a do Sul:
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% R io d e J a n e ir o — S . P a u lo —
S a n to s — B u e n o s A ir e s —
Y S a n tia g o d o C h ile — V a lp a -
Y
Ú Na A lle m a n h a H a m b u rg o
Vj
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Capital autorisado FIs. 35.080.000,00
x
Capital em ittido. FIs. 11580.000,00
Reserva . . . FIs. 5.100.000,00
1 11-13,Telephones
Rua Buenos Aires, 11-13
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%
%
1 %
: Norte 5356, 5357 e 5358 K
X
%
X %
o o o o o o 504 o o o o o o
IN DEPEN DENCI A E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
€ > © © © © © © © © © © © © © © © © 3 9 9 3 9 9 9 9 9 9 © © © © © © ® © © © ® ® ® ® « )® © ® ® ® ® © ® ® © © ® © © © © © ® © © © ®
€©©©8©©©©©©©©©©©©©©©©«)©©©©«)©©©©©©©©©©©©e©©©©©®®®fi9999999999999999
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electricos, te/ephonicos
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São Paulo
o o o 505 o o o o o
INDEPENDENCE E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
>000000«000000000000000000000000000000000
L O
A firm a V iuva Silveira & Filho é composta dos socios Exma. Snra. D. Am elia
Revault da S ilveira e Pharm aceutico Gervasio Revault da Silveira, succes
sores do Pharmaceutico Chim ico João da Silva S ilveira, que estudou,
0 0 0 2 0 0 !
da Silva S ilveira, entregue dia e noite aos seus que ho je funcciona a Fabrica do agora celebre
hum anitários áffazeres procedeu aos prim eiro s depurativo.
estudos e levou a cabo a invenção daquella
fo rm ula genial. Pode-se dizer que este Palacio encerra hoje
O novo m edicamento, que vinha em soc- um lab oratorio surprehendente pelas suas adm i
corro de grande parte da humanidade s offre- ráveis iristallações. M achinas electricas m oder
dora, m ostrou desde log o as suas m aravilhosas nissimas attendem aos m ais com plexos servi
virtud es como depurativo inegualavel. Sua car ços criados pela in d us tria da fa bricação do E lix ir :
reira fo i verdadeiramente trium ph al. T an to que lavam os vidros, seccam, enchem, arrolham , ca
eirt poucos annos sua fama se propagava e seu psulam e rotu lam , tu do p o r electricidade, com
consummo se extendia a quasi todos os paizes uma producção de 4 m il vidros p o r hora.
d o Novo C ontinente.
F allecid o o sabio inventor, c ontinuou o A vencedora firm a , nascida na cidade de
E lix ir de N og ue ira cada vez mais procurado. Pelotas, conquistou na C a p ital B rasile ira um
A firm a que ho je o fabrica viu-se, assim, na logar de destaque pela sua prosperidade assom-
contingência de m udar o seu centro de acção bresa e pela sua indom ável energia de traba
para a C ap ital da Republica, afim de m elho r lho. E o fu tu ro d o grande d e pu rativo que é o
attender ás exigências da fabricação e d is tr i E lix ir de N og ue ira está, deste m odo, ga ran tido
buição do E lix ir. de sobejo.
«0000000000000000000000000000000000000000®
O O 506 o o o
INDCPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
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LEE & V I L L E L A
Consignações e Representações
de Citas e faltiras de
p tiie ita ordem
* * *
São Paulo
Caixa Postal, 420
S. Sua Florendo de M n . S
Santos
Caixa Postal, 48
Bahia
Caixa Postal 121
®s s ® s ® « ® ® í ® í s «® ® ® «® «««® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ®
o o o o o 507 o o o o
LIVRO DE OUI COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA
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g O O G Q C H S G Q O G Q O O O Q Q O O Q eO O Q G Q Q C O G O O O Q Q O Q O O O eg
H ia iil
Capital 1o.ooo:ooo$ooo
I m p o r t a d o r e s d e
F A B R IC A D E O L E O S V E G E T A E S K S A B Õ E S
G R A N D E S E R R A R IA A V A P O R C O N S T R U C T O R E S E E M P R E I T E IR O S
G G O G G G O G G G G G O O G G O O O G 00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
O O O O O O 508 o o o o o o
INDEPENDÊNCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
3lc1o1o1c1o1o1c1cic1^o1o1c1o1o1c1iiio1c1c1vio1c1c1c1c1c1c1c1c1c1iic1o1c1c1. U U k f k lk M k f k jk f k f l
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N e w Y o rk “ S t r a y lin e "
S a n to s I “ S t r a y li n e ''
R io \ ‘ N o r lin e
B u e n o s A y re s “ S t r a y li n e "
C odes:
f t B. C. 5th Ed. — Scott’ 10th Ed. - Watkins Jniv. Shipping t Teleg. & Appendix.
Bentley’s Complete Phrase
o o o o o 509 o o o o o o
1
LIVRO U t OU! COM MEMO RAi 1)0 C tX 'T E N AM O I)A
C om panhia L u z S te a rica
o o o o 510 o o o o o
Àftfl
INDEPENDÊNCIA r DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
O O O O O 511 O O O O O
n o n o o o u o o o M x x x x x x x x
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PORTUGAL C/IS/J DA CUROPA
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* Barbjza Pinto & C. Ltda. * PORTO
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End. Telegraphico: CALF-PORTO
g Codigos: A.B.C. S.a Ed. e Ribeiro g CASA DO BRASIL
x 235, Rua do Bomjardim. 237 Porto-Portugal í
X SOCIETÁRIOS DA X P a rq u e S o u za S o a re s
Fabrica de Capachos. Tapetes e Passadeiias de ^
x C a m ilo R o d rig u e s & C., L td a . x PELOTAS
X Representantes e fornecedores de botões em co- X
JJ rozo de diversas fabricas e especiaIntente da: COM- S FundaJa em 1874 pelo Visconde de Souza Soa
5 PANHIA INDUSTRIAS REUNIDAS e FABRICA POR- O res. Grandiosos La boratories Hotnceopathicos,
X TUENSE DE BOTOES, Ld. X * os mais im portantes d o m undo.
X Seus representantes no Brazil c Argentina: £
Pereira Prista & cia. Possuidora de Especialidades Pharmaceuticas de
fama universal, como o P e ito ra l de Cambará.
I 173. RUA D O RO SARIO - R IO DE JANEIRO 8 Pastilhas da Vida, Luesol, Específicos da Nova
X xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxcxxxxxxxxxxxxxX Medicina Souza Soares, etc.
GGGGGGGGGOGGGGGGGGOQGGOGGGGGGGGC
ANTONIO ^
DA ROCHA LEÃO
N P O R T O y
M A R C A DE F O G O
REG IS TR A D A
GGGGGGGGGGGQGGGGGGGGGGGGGGG
o o o o o o 512 o o o o o o
D O M IN G O S D U A R TE& G S ucf
QsvUoa. C o xia et«^ D
J ogo Ferreira D ias Guimarães & Duarfe
O b fa s d í P aikcki Rija da fabrica
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■ lecidadesde , cujos chefes principaes sào
1911 'Emtodos os ramosdeactividade, organi-
portuguesesnatos, equemuitotêmconcorrido saram-secasas, cuja actual prosperidade, ape-
paraodesenvolvimentodanossaagricultura zar da formidável crise occasionada pelo san
poisquenegociaemlargaescalacomosnos grentoconflicto que enlutou o inundo inteiro,
sosprincipaes productos, taescomo: caféeal confirma a formidável pujança deste mercado
£3 godão, semfalarmos nos demais generos do queresistiugalhardamenteaoseffcitos dcum a
£3 paizquerecebedecontapropriaeaconsigna situaçãoqueferiu dolorosamcitcoutros merca
ção. dosapezar dasuaaparentesolidez.
Ocommercioportuguês estabelecidoneste Essavitalidade, essa força de resistência
Estadotemsabidoconservar aprimaziaqueha do mercado de S. Paulo, é, setn\ contestação
■ longos annos evidenciou emcertos ramos da possível, umdos phenomenos mais admiráveis
£3 actividadecommercial, devido tãosóinente aos quenos foi dadopresenciar eestudar durante
a a a u c 3E333S3:3;2£3E3í:3E3S3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3E3!3S3í3!i!
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ESTADO DE SAO PAULO
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ESTADO DE SAO PAULO
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M ilã ii, 1900 Rio, (H y g ie n e ) 1909 G ran.lcs prê m io s nas Exposições do R io, 1908
e de T u rn n , 1911
C a ix d P o s t a l, 169
São Paulo
O O O I.XXII o o o o o o
M. Silveira Successor de M. Silveira & Cia — São Paulo.
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COMPANHIA ANTARCTICA PAULISTA
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ESI ADO
litros de álcool, dois alambiques ilc 2.000 litros cada um. enfermaria. ' is serviços medicos, inteiramcnte
além dc outro» menores; trcr caldeiras dc cobre, <lc 1.000 aos operarios, sâo prestados por dois clinicos
litros cada uma, para a preparação dc xaropes, além dc desempenham dessa tarefa tanto
outros apparclhos. A aqui usada na fabricação de lico no consiiltorio installadu na fabrica, como ent visitas do-
res c distillada, de pureza absoluta, c o assucar. • da miciliares. Além disso, oito
ito facultativos cuntractados pela
ANTARCTICA, cada um na sua especialidade (olhos, gar-
ganta, ouvidos, nariz. etc.).
seus respectivos consultorios. ................ ,, como se vê, a
ANTARCTICA presta ao seu pessoal u serviço absoluta-
mente completo de assistência medica.
IJcve-se notar ainda, conto prova do zelo que a AN-
IA RCTIC A dispensa á saúde de seus auxiliares, - que
nenhum operário é adiniltido a trabalhar sem que previa-
niente seja submettido a uma rigorosa inspecçâo medica,
c.itardo-se assim a entrada para o convivio do opera
riado dc indivíduos portadores dc quaesqiicr molestias con-
Além dc fabricar excellentes productos que rapidamente
triumpharam da preferencia do publico, a COMPANHIA AN-
IAlv<. UCA soube também conquistar-lhe a sympathia, pe
la» importantes iniciativas com que procurou' beneficiar a
capital paulista.
I ntre cila» citaremos, como de maior vulto, a instal-
l-rçà; do soberbo PARQUE ANTARCTICA', na Agua
Branca, um dos mais bellos e pittorcscos pontos de passeio
que Sá-- Paulo offcrccc aos seus visitantes, l-imccionatn
alii varios divertimentos, sendo o ingresso ao Parque gra
us ,r publico. Citaremos ainda o Theatro CASINO AN
TARCTICA , de elegante construcçào c vastas proporções,
situado em ponto bastante central, com excellentes condi
ções de acustica c grande conforto..
Dignos dc menção, também, sâo: o PARQUE YPI-
RANQA», delicioso recreio situado bem junto do monu
mento da collina historica e o artístico Pavilhão onde a
ANTARCTICA vende os seus productos no Jardim da I.uz,
o mais velho dos logradouros paulistas, etc.
Os dados ate aqui enumerados dão, como sc vê, uma
perfeita idea da importância da grande industria paulista,
c nada mais seria preciso accrescentar-sc para justificar
Conde Asdrubal do Nascimento a invejável posição que a COMPANHIA ANTARCTICA
Presidente da Companhia Antarctica Paulista desfrueta nos meios industriaes do pair.
Mas, não obstante, desejamos completar aqucllas in
melhor qualidade que se produz no Brasil. A fabrica dispõe formações com algumas outras não menos importantes, re-
sempre de um stock de 250.000 litros de licores prepa lativamentc ao vulto do seu gasto annual, por exemplo;
rados, o» quaes se acham depositados em 60 tonéis de grande Em materias primas cerca de Rs. 6.000:000*000
capacidade. Nenhuma hebida é entregue ao consumo sent c muitos outros materiacs, como: rolhas metallicas, caixas,
ter, no minimo, um anno de deposito. palhôcs, garrafas, forragens para 600 muares, gazolina
Para a producçâo dc suas varias qualidades de bebi para os seus autos de carga, etc., etc.
das, posstic a ANTARCTICA nos terrenos da fabrica Hl Finalmente, aos Cofres da União a Companhia Antar
Poços Artczianos de mais de 100 metros de profundidade ctica tem levado ultimaincnte em SELLOS DO IMPOSTO
cada um, com a capacidade total de 2.800.000 litros dc DE CONSUMO por anno a importância de:
agua purissima em cada 24 horas. Rs. . . . 7MOO.OOOSOOO
Os transporte» da ANTARCTICA sâo feitos por meio Estas cifras valem pelo que exprimem, e. bem poucas
dc numerosos e possantes auto-caminhôcs, além de dezenas são as industrias brasileiras, cujo movimento financeiro pos
dc carros a tracção animal. para o que a Companhia sa apresentar um quadro semelhante no computo das suas
dispõe de cerca dc 600 muares. des|tc/as geraes e na parte que toca ao erano publico, —
Varios depositos, situados em pontos differentes da mesmo sem levar ent conta os dentais impostos federars.
cidade, auxiliam o serviço de entrega de bebidas e gelo, nuinicipacs e estadoae» com que é taxada.
de modo a permittir a rapida execução de quacsquer en- Rematando estas rapidas informações, diremos que a
con mtndas. Companhia Antarctica posstic unta importante F ilial em
Desejando dar a mais completa assistência ao seu nume Ribeirão Preto, para o fabrico de cerveja, além de duas
roso e dedicado pessoal, a COMPANHIA ANTARCTICA fabricas de gelo. uma em Santfts c outra na Capital da
mantem, para esse fim, uma bem montada Pharmacia e Bahia.
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o o o o LXXXIV o o o o o
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exerce a sua adm iravel actividade.
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ESTADO DE SAO PAULO
o o o o o o LXXXVII o o o o o
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o o o o o XC o o o o
1ST M X ) DE SJO PAULO
racter, pelo fu lg o r do engenho, pelo b ri logico que a tivesse. Mas revelando, des
lho da actividade. de menino, notável força de vontade, sêde
São justos os termos deste elogio. de independencia, desejo de saber, nobres
O enthusiasmo do biographo se apoia em aspirações em fim , em vez de repousar do
vivas realidades, como são todas as a ffir- arduo trabalho diurno, frequentava á noi
mações da capacidade criadora do grande te a escola, onde recebeu os prim eiros en
industrial. Mas não interrom pamos a voz sinamentos. Aos 14 annos, já adiantado,
que com tanta sympathia vínhamos es veiu para esta C apital (S. P aulo), onde
cutando. Prosegue cila : se empregou na casa Ferreira Junior &
o o o o o XCI o o o o o
esi Ann SAO
© © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © © 0© © © © © © 0© © © © © © C
Transferiu-se para Botucatú, onde mon gocio de Botucatú, a fazer a prim eira ex
tava um grande armazém de comestíveis, perienda industrial em Boituva, com um
de ferragens e de quinquilharias. Os re pequeno estabelecimento de descaroçar
sultados, comquanto notáveis, não o sa- algodão. O successo ultrapassou todas as
tisfaziam. O horizonte apparecia-lhe mais suas espectativas. Iniciava então sua car
amplo. A sua visão abrangia relações reira no grande mundo, posto que nelle
commerciaes intensas. Isso levou-o a es já houvesse revelado aptidões para no
tudar meticulosamente as nossas possi- táveis emprehendimentos.
bilidades agricolas, entre as quaes avul Já então era um dos mais im por
tava a do algodão. Formou a respeito tantes e hábeis negociantes de algodão.
um plano claro e, com o seu espirito de Surgiram assim, por obra sua, as fa b ri
decisão, que é o principal requisito para cas de Conchas e de Tatuhy. Em 1903,
o trium pho, pol-o immediatamente em organisou a firm a Pereira Ignacio &
pratica. E eil-o, em 1899, vendido o ne- Comp., com o seu particular amigo Comm.
o o o o o XCI1 o o o o o o
e si ado nr: sao p a v i o
lO O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O ç
solveu uma viagem aos Estados Unidos tinturaria. Os algarismos abaixo dão a
da America do Norte, que lhe proporcio medida deste emprehendimento:
nou uma importante somnia de observa
ções pessoaes. A lli adquiriu novos ma Area da fabrica, 10.77Qm .
chinismos para a mesma industria a Fuzos, 11.344.
primeira do Brasil no seu genero além Teares, 304.
de machinas para algodão e arroz. O Força, 837 H . P.
fundamento, porém, de sua operosidade Producção annual, 4.600.000 mts.
teve sempre por base a cultura e o com Operarios, 750.
mercio de algodão, sob os seus varios as
pectos. Pode-se chamal-o, já o dissemos, Tecidos de sua fabricação: Brins d i
o Rei do Algodão do Estado de S. versos, Xadrez, Riscado, Zephir e algo
Paulo». dões diversos. Todos os operarios desta
Não podemos acompanhar o biogra- fabrica acham-se segurados na Compa
pho em toda a extensão de seus inte nhia Brasileira de Seguros.
ressantes commentarios. Falta-nos o es
paço necessario. Terminaremos, pois, esta Fabrica Paulistana, da Companhia
nota, descrevendo ligeiramente os im por Fabril Paulistana, sociedade anonyma dc
tantes estabelecimentos industriaes que que a firm a Pereira Ignacio Pi Comp. é
D C X D O O C X X X X X X )O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O C
o o o o o XCI1I o o o o o o
ESTADO DE SAO P A V IO
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Fabrica brins diversos, Xadrez, Ris cação de cimento, cal hydraulica, vidros
cado e algodões diversos, l odos os ope
rarios acham-se segurados.
DagrandefabricaVotorantinfalare
mos adiante.
Cayeiras dc Unpararanga, situadas
na estação de Itupararanga, a 13 kilom e
tros de Sorocaba. Funccionam nellas
actualmente 7 forno s continuos systema
H offm ann e 2 de Barranco, para coke
— hoje adaptados para lenha. Devemos accrescentar que a rêde te-
lephonica Sul Paulista, que mais tarde
deu origem á Bragantina, fo i também um
As pedreiras de calcareo ahi exis producto dessa poderosa manifestação de
tentes são intermináveis, havendo grande vontade. A Usina de Força e Luz de P i-
o o o o o o X C IV o o o o o o
ESTADO DF. SAO PAULO
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o o o o o o XCV o o o o o
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F a b ric a V o to r a n tin
S. Paulo
De todos os emprehendinieiitos de em que ha form idáveis cascatas, que fo r
que o principal elemento propulsor é a necem força m otriz á fabrica. Ê uma ver
firm a Pereira Ignacio f t Comp., a F a dadeira cidade, dotada de todos os re
brica Votorantin destaca-se como um dos cursos urbanos.
mais importantes. Delia são accionistas a firm a Pe
Acha-se instailada a 7 kilometros de reira Ignacio f t Comp, e individualm ente
Sorocaba e ligada a esta pela Via Ferrea o sr. A nto nio Pereira Ignacio.
oooooooooooco ooooooooooooooooooooooooooooc
o o o o o XCVI o o o o o o
AO PAULO
o o o o o XCV1I o o o o o o
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S3
*:• d o r intemerato, que, da mais obscura hu O scenario paulista, em que se S3
•:* mildade, ascendeu ás mais luminosas po $3
desenvolve essa maravilhosa actividade,
•:* 13
sições da vida de actividade em nossa é dign o de um esforço material, intelle
terra. ctual e moral como o que nos apresentam *
♦:*
Poderíamos repetir aqui as palavras o sr. A ntonio Pereira Ignacio e a firm a S3
daquelle seu intelligente biographo: Não de que elle é o principal elemento. S3
S3
•:* ha decerto, no mundo industrial contem O Estado de S. Pa’u lo é a Terra do S3
«:• poraneo, uma individualidade de tão po Trabalho. Do Trabalho fecundo e cons
«:•
derosos recursos para o trium pho como tructor, do trabalho que faz a riqueza •3
•:•
a que se concretisa na figura altamente das nações e a dignidade dos homens. S3
S3 S3
S3 sympathica do sr. Antonio Pereira Igna Tendo erguido as differentes fa b ri ♦3
cio, a quem o Brasil deve, sem duvida cas que verdadeiramente criou em pontos S3
*:• S3
alguma, o desenvolvimento de um de diversos do te rrito rio paulista, a todos *3
*
seus mais vastos e amplos organismos: elles presentou o illu stre industrial com ♦3
form idáveis elementos de progresso. S3
•:* a industria do algodão.» S3
13
S3
S Fabiica üc Cimento Rodovalho, que e itf prodiiiindo 80(1 toneladas de Cimento e Cal hydraulica por m i/. p j
S3 D
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o o o o o o XCVIII o o o o o o
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o o o o o CVIII o o o o o
INDICE DAS M A T E R IA S
O O O O O O CIX O O O O O O
IN D IC E DAS MATERIAS
PARTE IV PARTE V
O O O O O O cx o o o o o o
ÍNDICE DOS AUTORES
A. A. Mendes C orria — ( Saudação ao Brasil») 4' Honorio da Cunha e Mello — (Entrevista sobre
A. Austregesilo ( A Escola medica brasileira») < a Escola de Bellas Artes) . . . . . . . .
A. Morales de los Rios — (..Evolução da Ar Jackson de Figueiredo — («Organisaçâo reli
chitectura no Brasil»)). . . . . . . . . 1 giosa») ...........................................................
A/fonso Celso - ( Noventa e cinco annos de João Cabral (Deputado) ( Estado do Piau-
cursos juridicos») ................................................. 2! hy») .................................................................
Afranio Peixoto — («O Ensino Publico no Bra João Lvru — ( Um século de finanças») . . . 294
sil») .................................................................I Joaquim Marques da Cunha (Coronel) — («O
Alberto d'O liveira (Saudação ao Brasil) . .4' Exercito Brasileiro») . . . . . . . .
Alberto Pimentel — (Saudação ao Brasil) . . . 4' José Augusto (Deputado) — ( «Estado do Rio
Aleixo de Vaseoncellos (Or.) (Discurso no Grande do Norte») . . ....................
encerramento do Congresso de Febre Aphto- José Bonifácio (Deputado) — (Discurso sobre
o 28 de Julho) . . . . . . . . .
Al/redo Balthazar da Silveira — < Úmà heroina José de Vasccncellos (D.) — (O monumento de
da Independência») .......................2 Cuauhtemoc)) ..................................................
Alvaro Paes — ( Cem annos na economia do Julio C.armo (Pae) — («A propaganda republi-
Brasil») ................................................................2
Amadeu Amaral — ( O cantor dos Tymhiras.) 3 Jjiuro Sodri (Senador) — (Discurso sobre o 15
Americano do Brasil (Deputado) — ( Estado de ^ de Agosto) .......................................................
Lindolpho Collar (Deputado) — («Estado do
Annibal de Toledo (Deputado) — («Estado de Rio Grande do Sul») . . . . . . .
Lindolpho Pessoa (Deputado) — («O Estado do
Antonín Baião — (««Saudação ao Brasil ) I
Aristides Rocha (Deputado) ( Estado do Ama Lucio d 'Azevedo — (Saudação ao Brasil) . . .
zonas») ................................................................2 Manoel Reis (Deputado) — (««Estado do Rio de
Assis Memoria (Padre) — ( A Egrcja no Bra Janeiro») . . . ; -
sil») Mario de Vasconcellos — («Confins Tcrritoriaes
Aureliano Amaral — ( O escotismo no Brasil;) .
Barbosa Lima Sobrinho — ( A imprensa na uide- Mario S. Ferreira — («Á medicina e a hygiene
ha cem annos») .........................................
Capistrano de Abreu — ( Vaz de Caminha e a Nelson de Senna . (Deputado) — (« Estado de
Minas Ger.ies') . . . . . . . . . .
Carlos de Campos (Deputado) - ( «Estado de Nestor Victor — («A evolução religiosa no Bra-
São Paulo») ...................................................... 4
Carlos Schuler — (A terra e o novo brasileiros) ó Pamphilo de Carvalho (Deputado) — ( Estado
Carvalho Netto (Deputado) — ( Estado de Ser- da Bahia») . ..............................................
Perillo Gomes — ( Organização religiosa») . .
Celso Ima (Deputado) — («Estado de Santa Pio X I (Papa) — (Saudação e benção ao Con
C ath arina»)...........................................................- gresso Eucharistico) ........................................
Celso Vieira — («A geração da independência») ’. Pires do Rio (Dr.) — (Discurso na cerimonia
Charles Hughes (Embaixador) (Discurso) . . inaugural do Congresso de Agricultura e Pe-
— (Discurso na cerimonia do lançamento da pe
dra fundamental do monumento da Amizade) Raul Pederneiras — ( A caricatura no Brasil
Chrysolito de Gusmão — ( As bases geneticas de 1822 a 1022») ........................................
do nosso Direito Constitucional») . Raul Tavares (Capitão ^dc Fragata) — («Syn-
Conly (Embaixador) — (Discurso na cerimonia
de inauguração da E xposição).........................
Costa Rego (Deputado) — ( Estado de Alagoas») Renato Almeida — ( Ensaio sobre a musica bra
Domingos Barbosa (Deputado) — («Estado do sileira») ...........................................................
Maranhãc») . . . , . — (««O pensamento philosophico no Brasil») .
D. João de Castro — ( «Saudação ao Brasil») ■ Renato Vianna — ( A figura que se releva na
Ed. Simões Ferreira — ( «O tu rf no Brasil») . scena brasileira») .............................................
Elysio de Carvalho — ( Aspectos da Sociedade Ricardo Severo — («Da architectura colonial no
brasileira») . . . .............................. Brasil»)
— («Finanças do Brasil») . . . . . . . . Robido (General) - (Discurso junto á estatua
Enrique Loudet — (O monumento argentino ao
Brasil) ........................................................... Rocha Pombo — ( Noticia historica») . . . .
Epitacio Pessoa — (Discurso de saudação aos — («O nosso inez jubilar») . . . . . . . .
embaixadores) . . . Rodrigo Octavio Filho — (« Em 1822...») . . .
Eurico Valle (Deputado) — («Estado do Pará») Ronald de Carvalho — («A Literatura Brasi-
Georges Bodin — (Discurso na inauguração do
monumento a Santos Dumont) . . . . . — («As artes plasticas») ........................................
Gonzaga de Campos (Dr.) — (Discurso na ce Ray Barbosa — (Carta ao sr. Presidente da
rimonia de encerramento do congresso de Republica) . . . . . . . . . . . .
carvão) . . . . . . . .................... Solidonio Leite (Deputado) — («Estado de Per
Gustavo Barroso — («O padre Cicero e o folk- nambuco») .......................................................
Tavares Cavalcanti (Deputado) («Estado da
Heitor de Souza (Deputado) — («Estado do Parahyba do Norte») . . . . . . . .
E. Santo) . . . . . . . .................... Thiers Flemming (Commandante) — («O Brasil
Heitor Lyra — (««Corno o Brasil entrou para o
concerto das nações») . . . . . . . . Tobias Monteiro (Senador) — (Discurso na sessão
Hermen, gildo Firmeza (Dep.) ( Estado do de 11 de Setembro de 1922) . . . . . .
C e a rá » ) .................................. , • Victor Viana — ( A evolução economica do
Hi/dcbrando Accioly — ( A diplomacia da In Brasil») ............................................................
dependência») Visconde de Carnaxide —( Saudação ao Brasil»)
O O O O CXl O O O O O O
ÍNDICE DAS NOTABILID AD ES COMMERC1AES
O O O O O CXII O O O O O O
IN D IC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIAES
ALVES NOGUEIRA ft C.
/ens de estivas e miude/a . Vendas p
varejo. Fabrica de pilar a
AMADEU BARBEDO ft C. (Tabacaria Mattos)
I'PaniI — Grande fabrica de fumos
Sto fun
Banco Brazileiro de Depositos e Descontos
° m XV Rua da A lfan d eg a n. 5 0
AMERICAN MERCANTILE BANK OF BRASIL INC.
— (R e cife)................................................. XLVIII Caixa Postal 2495—Telegr. ‘ Bancobraz-
AMORIM CAMPOS ft C. (Recife) Fabrica
de olcos vegetaes . . . . . . . . XLVI Teleph. N orte 4735
ANNUARIO DO BRASIL — Riu de la m iro Casa
editora R. D. Manoel, t>2 . XXXVIII RIO DE JAN EIR O
ANTENOR GUIMARAES ft C. Victoria) Agen
tes de vapores, estivadores, transportes terrestres,
ptchciros, lanchas, rebocadores, etc. . XXVI DIRECTORIA
ANTONIO BRACONI ft C. (Victoria) Agen
tes commcrciaes. Commissòcs e representações de Snr. DR. MAURÍCIO DE MEDEIROS, Presidente
casas nacionaes e estrangeiras. Recebem directamen-
tc xarque, assucar, banha, sabão e ccrcacs XXIV .. DR. ARTHUR DO PRADO
ANTONIO FERNANDES DE SOUSA ft C ( Por » G. L. FAVRE, Director-Gerente
to ) . . . 517
ANTONIO FRANCO ft C. (Loja Mattos) f Bahia)
— Alfaiataria c casa de modas . . . XIV
ANTONIO JOAQUIM RIBEIRO (Usm BANCO COMMERCIAL IX ) PARA (Pará) —
(Pará) Bcncficiamcnto de arroz. Primeiro Banco nacional fundado cm Belém em
“ '■"xixi 1 de Julho de I860 . . . . . . . XXXV
ANTONIO JOSÉ DA SILVA ft C. BANCO COMMERCIAL DO PORTO (Porto) —
das afamadas Quintas Negocios bancarios nos seus variados ramos. Cor
, Orgue outras respondentes nas praças mais importantes de In
Drill sadas i Bras: glaterra, França. Italia, Hespanha e Allemanha 516
Lisboa c Washington. BANCO DA BAHIA — (Bahia) — Estabelecimento
gir.a a r tís tic a ................................... 256-A de depositos c descontos. Faz todas as operações
ANTONIO MACIEL ft C. V. Villa de Paris. bancarias X III
ANTONIO ROCHA LEAO (Porto) Vinhos do BANCO DE ALAGOAS - (Maceió) — Director-Pre-
Porto, os mais saborosos, melhor escolhidos nas sidente, Francisco de Amorim Leão, Gerente Fran
mais afamadas e melhores proveniendas das re cisco Polito . . . ................................... I
giões do Alto D o u r o .............................. 512 BANCO DE S E R G IP E ................................... CVII
ANTONIO VICENTE ft C. (Recife) - Molhados BANCO DO COMMERCIO EINDUSTRIA DE S
e estivas . . . . . . . . . . . XL III PAULO ........................................................... C
AO PREÇO FIXO (Santos) Grande armarem BANCO DC) PARA — (Pará) — Expede saques e
de modas . . . . . . . . . . . . LIX ordens tclcgraphicas para todas as cidades do Bra
APHRODISIO THOMAZ DE OLIVEIRA (There- sil. Acceita cobranças cm todos os Estados do
z i n a ) ...................................... LI Brasil ................................... . . . XXXIV
ARCHER PINTO ft C. — (Manaus) Commissòes, BANCO IX ) R E C IF E ................................... XL III
Consignações c Representações.................... XII BANCO ECONOMICO DA BAHIA (Bahia) —
ARMARINHO SAO PAULO — (Timhaiiha) - Fer Capital autorisado 5.000:0008, rcalisado, . . .
ragens. miudezas, etc. L 1.000:0008. reservas 687:980S830 . . . XV
ARMAZÉNS GERAES BELGAS (Santos) Com BANCO ESCANDINAVO BRASILEIRO — (Rio de
panhia ensaccadora c rebenefieiadora de café LIX Janeiro) Um dos mais prestigiosos estabele
ARMAZÉNS ROSAS- V. J. O. de Araújo. cimentos de credito, organisado por poderoso syn-
ARMINDO DE BARROS (Manaus) Agente e re dicato de trinta e dois dos melhores bancos no
presentante do Lloyd Paraense. Recebe borracha ruegueses. Faz todas as operações bancarias —
e outros gêneros do interior . . . . . XII R. da Alfandega. 32 (2 gravuras) . . 189
AR M IN IX) MARTINS (Au Louvre) Casa especia BANCO HOLLANDEZ DA AMERICA DO SUL —
lista cm artigos finos para homens. Perfumaria, Fundado pela Rottcrdamsche Bankvcrccniging —
malas, objectos para viagem. Alfaiataria XIII Amsterdam Rotterdam — Haya — Succursal no
ARSENIO FORTES (Maceió) Commissõcs, Con Rio de Janeiro, R. Buenos Aires, 11 c 13 — 504
signações, agentes e conta propria . . . IV S. Paulo . . . . . . . . . . LX XX II
ARTHUR LUNDOREN (A Pernambucana) (Forta BANCO NACIONAL DO COMMERCIO — (Join
leza) — Fazendas cm grosso e a varejo, importa ville, ................................... LIV
ção directa da Europa e America do Norte XVIII BANCO NACIONAL ULTRAMARINO — . . 518
AUGESTO RODRIGUES ft C. — (São Paulo) - (Bahia) ........................................................... XV
Importadores de tecidos, manufactura de roupas, (Parahwba do N o rte ).............................. XXXIX
deposito de tecidos nacionaes Rua S. Bento, (Recife) . . . . . . . XLVII
13, 15, 17 e 19, Caixa Postal, 164 — Pagina ar (S. Paulo) .............................. LVI
tística . . . 296-A c C l BANCO PORTUGUÊS E BRASILEIRO (Filial do)
AU LOUVRE — V. Arm indo Martins. — (Porto) — Operações bancarias, depositos a
AUTOMÓVEIS UNIC - ( Puteau-Paris) Uma das ordem e a prazo cm moeda nacional c estrangeira
melhores marcas francezas . . . . . . 517 I’.igm.. artística . . . . . . . 513
AZEITE PORTUQUEZ GUEDES — (Lisboa) - Azei BARBOSA GUEDES ft C. tf. Azeite Portuguez
te puro de Oliveira cuidadosamente escolhido para Guedes (Pagina artistica).
consumo, exportação de vinhos c generos alimen BARBOSA PINTO ft C. Ltda. — (Porto) — Expor
tícios. Especialidade em fructas — Pagina artistica tadores de productos portugueses . . . 512
............................. 367-1 BARBOSA VIANNA f t C. — (Recife) - Importa
AZEVEDO, AMADO ft C. — (Aracaju) — Fiação, dores e exportadores ................................... XLII
tecelagem . . . . . . . . . . . . CVI BAZAR AMERICANO (Santos) . . . LX XX III
AZEVEDO BASTOS ft C. (Chapelaria Universal) — BELLARMINO DE SOUZA RODRIGUES — (Reci
(Parahyba do Norte) — Grandes variedades de fe ) ........................................................... XLVIII
chapéus para homens c crianças. Especialidade cm BE L LO-HORIZONTE ■> - V. Pedro Francisco de
artigos para presentes . . . . . . XXXIX Mattos.
AZEVEDO ft C. (Camisaria Paraense) —- (Pani) - BENJAMIN FERNANDES f t C. (Parahyba do
Fabrica e deposito de roupas brancas. Especialidade Norte) - Armazém de estivas, louças, vidros c
cm enxovaes para noivas c collcgiaes. Fabricação exportação de assucar . . . . . . . XL
especial de Pejamcs sob medida . . . XXXVI BORDALLO ft C. V. Companhia Calcado Bor-
dalto — Pagina artistica.
BORGES ft IRMÃO — Secção bancaria, secção pa
peis de credito, secção de câmbios, secção mari
tima, secção de loterias, secção de tabacos, secção
B de vinhos — Lisbóa, L. de S. Juliâo, 1 a 7;
P. do Municipio. 35 a 38; Porto, R. do Bom-
jardim. 64 a 77; R. de Sá da Bandeira, 57 a 59;
Rio de Janeiro, R. da Alfandega, 24 . 514
B. 'LEVY ft C. (Manaus/ Commissõcs c consigna BORGES ft IRMÃO (Porto) — Vinhos de re
ções. Navegação para o rio Madeira. Armazéns de putação firmada cm todos os mercados consumi
fazendas, miudezas, estivas c ferragens. Importado dores do mundo Pagina artistica . . 316-A
res e exportadores . . . . . . . . IX Pavilhão da Exposição.......................... 260-A
o o o o o o CXIII o o o o o o
IN D IC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIALS
BOTELHO ft C. Ltda. (Grandes Armazéns do Bon CASSSIA VIRQINICA» — (Recife) — Remedio ve
Marché») — (Pará) — Fabricas de roupas c cha getal. tonico-calmante-anti-febril e diurético. Cura
péus de sol. secções de modas, miudezas, camisa- garantida da crysipela c febres em geral XXXIX
na, chapelaria c alfaiataria . . . . . XXXVI CASTRO D’ALMEIDA ft C. — (Rio de Janeiro) —
BRANDÃO & C., Ltda. — (Ovar) — Fabricas a Importadores de machinas e accessorios, oleos, tin
\anor de conservas alimentícias, azeite Lili» e <Va tas, vernizes, artigos de lona e borracha, gache-
rina», pickles, massa de tomate — Pagina Mtis- tas. material para estradas de ferro. Rua Buenos
Aires. 86. Tel. N. 1151 Pagina art. . 288-A
'INII «1 O . ’ tSãn Pauto) — Fabrica CENTRO COMMERCIAL DE CONSERVAS — (Lis
boa) Conservas de todas as qualidades, afa
estabelecida em todos os mercados, pela sua gran madas nos mercados mundiaes pela sua excellente
de distincçào e eleganda — Pagina artística 352-A preparação. Rua Arco da Bandeira. 18 Pagina
BY I NOTON ft COMP. — (São Paulo c Santos) artística . . . . . . . . . . . . 176-A
CENTRO DE FERRAGENS (O) — V. / . Patricio
CHAPELARIA UNIVERSAL — V. Azevedo, Bastos
P C.
CHAPÉU MANGUEIRA - V. Fernandes Brapa & C.
CHARcÍeURíT REUNIS» - V. Companhias aSud-
Atiantiquc e «Chargeurs Réunis' — Pagina artis-
CHARI.ES BONAVITA — (Rio de Janeiro) — Gran
C. MESIANO — (E — Relojoaria, joalherii de Fabrica de Estamparia de zinco, tecidos dc
optica. Casa fundi '870. iado ---- arame, serralheria artistica, moveis dc jardim, lam
to de joias. relogios e objectos sentes XXI brequins, tectos, telhas, molduras, etc.. Rua 6. Ai
C. XAVIER ft C. - ( Recife) res, 266, Tel. N. 566 Pagina artistica 120-A
.... ................................................... XLVI CHARLES KANIEFSKY (São Paulo) — Unico
CAFE DA SERRA (São Paulo) Vende-se em depositario para todo o Brasil do Emplastro Phenix,
toda a parte. E o melhor cm São Paulo. Crescen para constipações dõres nas costas c no peito,
te consummo em todo o territorio nacional — Pa lumbago, rheumatismo, asma - Pag. art. 38-l-A
gina artística . . . . . . . . . . 284-A CHAVES ft C. — V. Crédito Mutuo Predial.
CALÇAIX) ADÃO NETO — V. Adão Gaspar P C. CHOCOLATE FALCHI V. Falchi. Papini & C.
CALÇAIX) ATLAS — V. Companhia Industrial e lm- COMPANHIA ALAGOANA DE FIAÇÃO E TECI
DOS — S. A. por acções — ( Maceió) — Fiação,
CALÇADCa COOK — ^ " c o m p * '( “alçado Bordallo. tecelagem, fabrico dc algodões lisos e grossos, mo-
CALÇADO POLAR — (Rio de la m iro ) A grande cassas, fustões, bramantes, lenços
marca de calçado nacional, obteve a mais alta dis- lhas III
tincçâo na Exposição Internacional do Centenario. COMPANHIA ALLIANÇA DA BAHIA — (Bahia) -
R. S. Christovam. 552, Tel. V. 5901 — Pagina Seguros maritimos, fluviaes, contra fogo, ferro
a r t í s t i c a ....................................... 32-A viários. 207 agencias em todos os Estados do Bra
CALÇADO ROCHA — V. Companhia Caipado Rocha sil e cm Montevideo . . . . . . . XIV
— Pagina artística. COMPANHIA ANTARCTICA PAULISTA — (S. Pau
CALÇADO SOUTO — V. Ferreira Souto C- C. lo) ........................................ LXXIV e LXXV
CALDAS DE GUSMÃO & C. — (Parahyba do Norte) COMPANHIA BRASILEIRA DE CAFÉ — ( Santos)
— Commissões e consignações. Compram de conta - LIX
propna algodão, caroço de algodão couros de boi, COMPANHIA BRASIILEIRA DE METALLURGIA —
pelles de cobra, assucar. etc. . . . . XX XIX S. Paulo) LXXVI c LXXVII
CAMELLO ft IRMÃOS (Fabrica Minerva) — (Ma COMPANHIA CALÇADO BORDALLO — (Rio de
naus i —- Manufactura de tabaco, cigarros e café Janeiro) A maior e melhor productora de cal
— IX çados do Brasil. Producção diaria 2.500 pares.
CAMISARIA BÁRROS (S. Paulo) LX XX III Fabrica filia l em São Paulo. Rua José Maurício.
CAMISARIA PARAENSE V. Azevedo C- Companhia. 55 a 61 — Pagina artistica . . . 56-A
CANDIDO RIBEIRO C- C. — (Maranhão) — Pro COMPANHIA CALÇADO ROCHA — (São Paulo)
prietários das Fabricas «São Luiz» c «Santa Amé Fabricado em novas machinas, é hoje o me
lia». de fiação e tecelagem de algodão. Bi lhor calçado do Brasil. Quatro filiaes em S. Paulo,
fre» uma em Santos e uma em J. de Fóra. Rua 15 de
CARLOS B. P. DE LYRA - V. Trapiche Noi Novembro. 16. Tel. 54 Pagina artistica 160-A
Usinas Serra Grande e Apollinario. COMPANHIA CENTRAL DE ARMAZÉNS GERAES
CARLOS CONTEVILLE C- C. — V. Casa Couteville. (S a n to s )................................... LXXVIII
CARLOS DA SILVA ARAUJO ft C. — V. Laboratorio COMPANHIA CENTRAL VINÍCOLA DE PORTU
CARVALHO'bASTO * ft C. —g'(ParahyhJC*do Norte) GAL — (Lisboa) — Grande exportadora de vinhos
— Grande armazem de miudezas c perfumarias. licorosos e de mesa. verdes e maduros, vinho fino
Importadores de mercadorias nacionaes e estran Mondego, Moscatel velho Quinado. Malvasia. Lac
geiras ...................................................... XX XVIII D'Or. Rua Ivens, 21 - Pagina artistica 416-A
CASA AMERICANA — V. Souza. Gentil & C. COMPANHIA CERVEJARIA PERNAMBUCANA —
CASA CAMARINHA — V. Alberto Taveira & C. (R e c ife ).............................. XLVI II
CASA CARIOCA — V. J. E Steves Dias P C. COMPANHIA COMMERCIO E NAVEGAÇÃO — V.
CASA CARVALHAES — V. Pinto da Costa C- C. Pereira Carneiro P C. Limitada.
CASA CONTEVILLE — (Rio de Janeiro) Fabrica COMPANHIA DF. LOTERIAS NACIONAES DO BRA
nacional de balanças, exportação, automoveis, ma SIL — (R io de Janeiro) — Agencias cm todos os
chinas, ferragens, etc.. R. da Alfandega, 94, 96, estados e principaes cidades do Brasil. Extracções
97. 98 e 100. Tel. N. 1870 - Pagina art. 12-A diarias com os prémios de 20, 50, 100, 200,
CASA DAS SEMENTES - - (Porto) - Fundada em 500 e 1000 contos. Rua 1« de Março, 88. Rua
1839, grande variedade de sementes de flores c V. de Itaborahv. 45, Tel. N. 2154 — Pagina
de horta. Rua S. João, 111 Pagina art. 148-A artistica .................................... 448-A
CASA GARCIA — V. A. Garcia P C. — Pagina COMPANHIA DE NAVEGAÇÃO LLOYD BRASILEI
RO — V. Lloyd Brasileiro.
CASA GÃRRAUX — (São Paulo) — Livraria, pape C. DE SEGUROS PREVIDENTE» V. Previdente.
laria. typographia. encadernação, douração. pauta- COMPANHIA DE VINHOS E AZEITES DE POR
ção, artigos para bilhares, escriptorio, desenho, pin TUGAL — Proprietario dos melhores vinhos e
tura, engenh., gymn., vinhos dc Bordeaux, etc., azeites portuguezes — Actual Agencia no Rio dc
Rua 15 dc Novembro, Tel. C. 153 — Pagina Janeiro, R. 1» dc Março, 31-1° — Pagina ar
artistica ...................................................... 28-A tística . . . . . . . 348-A
CASA GRECCHI ft C. (São Paulo) - Grande COMPANHIA ENSACCADORA E REBENEFICIA-
fabrica de caramellos, bonbons finos, balas, variado DORA D E 'CAFÉ - (Santns) . . . LIX
COMPANHIA FIAÇÃO E TECIDOS — (Recife)
coutos. Rua do Gazometro, 37, Tel. 785 Braz, . XL III
— - Pagina artistica . . . . . . . 384-A COMPANHIA INDUSTRIAL E IMPORTADORA
CASA LEITÃO — V. João de Souza Leitão. ATLAS — (Rio de Janeiro) — Grande fabrica de
CASA RIBEIRÃO - (Santos) - Calçados de luxo. calçados acreditadissimos. vendidos em numerosas
meias, etc. ...................................................... CV acencias da Companhia. Rua Figueira dc Mello, 313,
CASA SAPHIRA — V. Tavares Barbosa Irmão. Tel. V. 3098 Pagina artistica . . . 72-A
CASA VILLAR — V. / . Millar ft C. COMPANHIA INDUSTRIAL SILVEIRA MACHADO
CASEMIRO DUARTE — (Maceió) — Importação c SA (Rio de Janeiro) — Barbantes, cordas, ca
exportação, commissões, consignações e represen bos, fios de algodão, aniagem, saccos, cordoalha,
tações ..................................................................... IV papeis pintados. Medalhas de ouro c grande pre-
O O o o o CXIV o o o o
IN D IC E DAS NOTABILIDADES COMMERCIALS
O O O O O O C XV O O O O O O
IN D /C F DAS NOTABILIDADES COM M l RC!AES
o o o o o o CXVI o o o o o o
in d ic i: das n o t ab i u da p e s c o m me r c i ae s
H
H. DANTAS
HERCULANO
B rlrm ) — (Pará) — Grande deposito de Drogas.
Productos chimicos c Pharmaceuticos. Laboratorio
dc afamados preparados . . . . . XXXII
HERVATARIA GUARANY - (Rio Negro) — Gran
de prr duetora das conhecidas marcas de herva-
matte: Cecy, Perv. Caburé. Imperial. Ouarany. —
Pagina artística ............................................. 2 10-A
HILDEBRAND ft BRESSANE - V. Casa Garraux
Pagina artística.
HIME ft C. — (Rio dc Janeiro) — Industriacs c
Importadores. Fabricas Laminadorcs de ferro e fun
dição, rebites, pregos para trilhos, ferros de en-
Prédio onde funccionam os escriplorios gcinmar, fundição de metaes, louça fundida c es
de Guimarães ft C. tanhada. balanças, canos de chumbo, ferraduras c
pontas dc Paris. Importadores de ferro e outros
metaes, cimento, correias, agua-raz, ferragens, tin
Nacar 1v Filho, il l qual fa/ia parle como GzretiU- o Oom- tas, etc.. Rua Theophilo Ottoni, 52, Tel. N. 537,
mendador Joâo Guilherme Guimarães, que em 1881. pas- Paginas artisticas (2) . . . . . 48-B
-..III á firnta 1iuimaráes IV Cia., fa/endn parte desta, o Sr. HOTEL CENTRAL V. Ribeiro ft C.
Major Cla-o Amcticn Guhnará-.-s. qu.- rclrou-s? em IQU). e HOTEL GLORIA — (Rio de Janeiro) — O maior
Guilherme Guimarães, como Commanditario. Arcesio Guimarães c mais luxuoso da America do Sul. 250 apparta-
mentos com banho c telephone. Grandes salões para
jantar, leitura, musica, etc....................... 494
HOTEL 15 DE NOVEMBRO (Therezina) L II
o o o o o o CXVI1 o o o o o o
VOICE MS SOT A M U D ADES COMME RC!AES
o o o o o o CXVIIl o o o o o o
IN DICE DAS NOTABILIDADES COMMERCIAES
L. RUFFIER — V. Geladeira «Huffier» — Pagina exportação. Rua Buenos Aires, 152, Tel. N. 1232
Paginaa r tis tic a ...................................... 292-A
LABORATORIO ARAGÃO — V. Contratasse — Pa MACIEIRA ft C., Lda. — (Lisboa) Exportadores
gina artistica.
LABORATORIO CLIN IC O SILVA ARAUJO — (Rio o oual realizaram o maior contracto até hoje f i r
de Janeiro) — Analyses clinicas para elucidação mado em Portugal. A marca portuguesa mais es
dc diagnosticos, Vaccinas de W right, Sôros thera palhada no mundo — Rua Ivens, 47 —i Pagina
peuticos, productos apotherapicos. Rua 1" de Mar artística 364-A
co, 13 e Rua Zeferino, 201 (Todos os Santos), MAFFRA ft IRMÃOS (Victoria,, — Commercio
Tel. N. 5303 Pagina artistica . . 02-A em grosso de café, madeiras, cereacs, etc.. Impor
LABORATORIO PAULISTA DE BIOLOGIA - (São tação de tecidos, ferragens, armarinho, arame far
Paulo) — Fabrica: Rua Leoncio dc Carvalho, 61; pado, cimento, trigo, kerozenc, oleos, sal, phospho-
Centro de Criação: Faz. Sta. Ondina (Municipio ros, etc. R. do Commercio, 78, C. Postal 3777
de Mogy das Cruzes); Filial: R. Assembléa, 14 — Pagina artística . . . . 440-A
(Rio de Janeiro); Escriptorio Central: Rua Tytn- MAIA ft C. (Mercearia Maia) — (Parahyba do Nor-
biras, 2 e .4, Tei. 4618 Cid. — Pagina artís te) — Comestíveis de primeira ordem. Recebe cons
tica . . ................................................. 152-A tantemente dos principaes mercados do mundo ge
LARA, LIMA f t C. ~ (S. Paulo) . . . . LV neros de todas as qualidades . . . . . XL
LEAO R C. (Maceió) - Unicos vendedores do MAKMOARIA BRASILEIRA — V. A. Gomes Pereira.
assucar c álcool da Usina Leão . . . . IV MANOEL DE MACEDO — (Corityba e P. Gros
LEAO JUNIOR ft C. — (Corifiba) - Fabricante e sa) — Fabricante e exportador de herva-matte,
exportador de Herva Matte, grandes marcas de aniagem e saccos; Correspondente de diversos ban
consumo intenso. Exportação de Madeiras. Grande cos nacionaes e estrangeiros, Caixa Postal, 125, —
Serraria - Pagina artistica . . . . . 400-A Pagina artistica .................... . 400-A
LEE ft VILI ELA — Consignações c representações MANOEL EVARISTO PESSOA ft C. — (Victoria)
I.» orden — XXIV
R. Visi Inhairm; Paulo, R. Flo- MANOEL F. PONTE ( Phalena») — (Fortaleza) —
Artigos para homens, senhoras c creanças. Fazen-
Hahia, R. 12; P. Atra gcuas"".1' . * ' per u anas nacionais e x x a(||
fandega. 3 . . .
MANOEL FRANCISCO DA SILVA — (Porto) 517
LEITE ft ALVES (Gr le manufactura de fumos e MANOEL LU IS GARCIA — V. Sabão Russo —
cigarros Marca Lcât (Bahia) Fabrica (an-
...... ..... „ ,. Calçada do Bomfim, 326; MANOEL QUESÀDA — (Rio de Janeiro) — Fa
Deposito: R. das Princezas. 11 . X III brica dc artctactos de Metal, nickelagem, galva
LEITE BASTOS ft C. - (Recife) . XLVIII nism:). arandellas para Cinema ou Banco, lustres
LICH TI f t MATHIESON, Lts. — ( Santos) — fre dc toda classe, armações para vitrines, etc., Rua
tadores de navios ........................................ LX II do Riachuclo, 172, Tel. C. 3144 Pagina ar
LISANDRO NICOLETTI ft C. (Fabrica Victoria) — tística 140-A
(Victoria) - Fabrica de fiação e tecidos e Ma- MANOEL VICENTE CARIOCA — (Manaus) — Com-
-•íiifactura
--------- Jde
- ---------
roupas . . . . XXIV missões, consignações e conta própria. Embarcações
LIVRARIA LOUREIRO — V. Lour • Maior & Ç . proprias. Aviamentos para seringaes de sua pro
LLOYD BRASILEIRO (Rio priedade X II
Companhia de Navegação America do Sul. Linhas MARCELLINO GOMES DE ALMEID A ft C. —
serviços regulares de passageiros (Lloyd Maranhense) - ( Maranhão) — Empreza
; portos do Brasil. Av. Rio Bran de Navegação fluvial, estabelecida em 28 de Ou
co, n e io , i cl. N. 4046 — Pag. art. 68-A tubro dc 1916. Cinco vapores e Trese barcas XXX
LLOYD INDUSTRIAL SUL AMERICANO — (Rio MARQUES DIAS ft COMPANHIA — (Fortaleza)
de Janeiro, Companhia de Seguros contra Acci Armazém de tecidos, ferragens e miudezas. Ven
dentes dc Trabalho, capital 3.000:0008000. Av. Rio das em grosso. Adquirem os artigos dos seus ra
Branco, 47-2.-. Tcl. N. 5350 — Pag. art. 216-A mos de commercio directamente . . . . XXI
LLOYD MARANHENSE V. Marcellino Gomes de MARQUES PINTO ft C. Lda. (Porto) — Secção
Almeida C- C. dc navegação, carreiras de navios a vella para o
LLOYD SUL AMERICANO — (Rio de Janeiro) — Norte do Brasil e outros portos. Secção de vi
Companhia dc Seguros Maritimos e Terrestres, ca nhos do porto, vinhos brancos, verdes e maduros.
pitai de 4.000:0008000. Av. Rio Branco, 47-2.» Rua Candido dos Reis, 121. 131 — Pagina ar
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A EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
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'.1 T2
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3U
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o o o o o CXXII o o o o o o
IN m e t: IM S ONAVI'KAS
o o o o o o CXXIII o o O o o o
,
L IV R O DE OURO
CO M M EM OR ATIVO
DO CENTENARIO DA IN D E P E N D E N C E
DO BRASIL
E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
DO RIO DE JANEIRO
1822 a 1 9 2 2 -2 3
LIVRO DE OURO
C O M M E M O R A T IV O
C E N T E N A R IO DA IN D E P E N D E N C E
DO B R A S IL
E X P O S IÇ Ã O IN T E R N A C IO N A L
DO R IO DE J A N E IR O
7 IJ E S E T E M B R O D E 1822
E D IÇ Ã O no
A N N U A R IO DO B R A S IL
(A LM A N A K LA E M M E R T)
RIO DE JANEIRO
1
L IV R O DE OURO
O AN N U A R ! O D O B R A S IL
(ALMANAK LAEMMEHT).
IN D IC E DAS M A T E R IA S
O O O O O O □ o a o o o
IS DIC E DAS MATE MAS
«
PARTE V
PARTE IV
A. A. Mendes C arrla - (Saudada <o Brasil») 472 Honorio de Cmnha e Mello — (Enlrcvlsla sobro
A. Amstregesllo ( A Evola medica brasileira») *33 a Eacola de Bellas Arles) . . . 364
A, Morales d r lo t Rios — (.EvoluoJo da A t- JaclsoH de Flgarirrdn — ( Organ liaçJo rei i-
chiteclura no Brasil»)) . . 07 giosas) . . . . . . . . . . . 76
A/fonso Celso (Noveni» r clnco annm de Joio Cal.rai (Dcpulado) (.F ita d o do Piau-
C ilrlol Juridicos») . 780 hv») . . . . 432
A/mnici Pi I moIo — («O Ensino Publico no Bra Joio Lyra — (.U m roeu lo de finanças.) . . 294
sil») .................................................................IIS Inaqulm Marques da Cnnha (Cotcnel) — («O
Alberto d'O/lvalra (Saudaçla «o Brasil) . -170 Exercito Brasileiro») . . . . . . . . 232
Alberto Pimenul (Saudaçlo ao H ,..il) . 472 Josi Augusto (Deputado) («Estado do Rio
A le iro de Vaseoircellos ( lir .) (Discurso no Cirande do N o r le » ) .................................... 438
encerramento do C fm jrM in de Febre Aphto- lo s t Bentlad o (Deputado) (Discurso sobre
sa) . . . ................................... 348 o 28 de J u lh o ) .................................................. 329
Alfredo BeHhawar Ha iillrrlra — («Uma heroina Josi de Vasccncetlas (D .) — (O monumento de
da Inde penden eta) 270 Cuauhtemoc)) 358
Alvaro Paes - («Con an nos ná economia do /u llo Carmo (Pie) — («A propaganda republi
Brasil.) . . . ........................................ 205 cana») . . . . . . . 25
Amadeu Amaral («O cantor dot Tyntbiraa.) 332 Lauro Sodrt (Senador) (Discurso sobro o 15
Aaiericano de Brasil (Deputado) — (-.Estado de de Agoatc) . . . 330
Oojáz») .............................................................395 Lli.delpho C ollar (Deputado) — («Eitado do
Annlbel da Toledo (Deputado) — (.Estado de Rio Orande do Sul») . . . . . . 441
M . Qroaso») . . . . . . . 400 Llndalphc Pessoa (Deputado) ( .O Eitado do
Antonio Balia — («Saudaçlo ao Brasil») . 470 Paraná») ................................................................. « 7
Aristides Roeha (Deputado) (.Estado do Ama- Lario d' Are cr da - (Saudaçlo ao Brasil) . 471
2onasa) . . . .........................................382 MenorI Reis (Deputado) — (-E itad o do Rio dc
Asais Memoria (Padre) — («A Egreja no Bra Janeiro») . . . 435
tila) ..................................................................285 Mario de Vaseoncellos («Confins Tcrritoriaes
Aureliano Amaral (.O escotismo no Braslla) . 29b do Brasil») . . . 7
Barbosa Ume Sobrinho - (.A imprensa ua inde Mario S. Ferreira (.A medicina e » hygiene
pendência») . . . 204 ha cem annos») . . . 290
Capistrano de Abreu — («Vaz de Caminha c a Nrlsnn de Senna • (Deputado) - («Estado de
sua carta») 1 Minas Oeraes») 402
Carlos d t Campos (Deputado) (.Estado de Nestor V id or — («A evoluçlo religiosa no Bra
Slo Paulo.) ...............................450 sil») ........................................................................71
Carlos Schuler — (A terra e o povo brasileiros) 3M Pamphilo de Carvalho (Deputada) — («Eitado
Carvalho Nelto (De pula do) (-Estado de Ser- da Rabia»)............................................................ 384
ippe») 457 Perillo Qomes— (-Organizaçlo religiosa») 76
Celso Berma (Deputado) — (.Estado de Santa Pio X I (Papa) (Saudaçlo e brn çlo uo Cou-
Cadiarina») . . . 448 greaso Euchanstioo) . ......................334
Celsa Vieira — («A gerado da independência») 2Bn Pires do Rio (D r.) (Discurso na cerimonia
Charles Hughes (Embaixador) (Discurso) . 326 inaugural do Congresso de Agricultura e Pe
- (Discurso na cerimonia do lançamento da nr- cuaria) . . . . . . . 337
dra fandamenla! do monumento da Antuaoe) 357 Reel Pederneiras («A caricatura no Brasil
Chryse!Uo d* Qusmic («Al bases geneticas de 1822 ■ 1922») . ......................... 51
do nosso Direita Constitucional.) . . . . 13B Raul Tavert s (Capit* o de Fragata) — («Syn
C only (Embaixador) jD iscurso na cerimonia these historica da Marinha de guerra bra
dr im ugijraçlo da E ip o a iç la ) .................... 324 sileira») . . . . . . . ..........................250
Cosia Rege (Deputado) — (-E itcdo de Alagoan) 379 Renato Almeida — («Ensaio «obre a music» bra-
Doemagat Barbosa (Deputado) — (.Estado do ■ilcirai) . . . . . . . 54
Maranhlc») . . . . . . . . . . 397 — («O pensamento phitoanphicono Brasil») 83
D . iodo de Castro — («Saudado ao Brasili) 473 Remain Vienna — («A figura que se releva n*
Ed. &lmóes' Ferreira — («O turf no Braail.) . 298 acena brasileira») . . . 282
Elysia dr Carvalho — («Aspecto» d» Sociedade Ricardo Sevem — («Da architectura colonial no
brasileiras) . . . .......................... 122 B r a a il» ) .................................................................284
(.Finanças do Braslla) 197 Robldo (Oeneial) (Discurso junto i estatua
Earique Laudet - (O monumento argentino ao de Otorto) . . . ............................... 355
Braail) . . . ........................................ 355 Rocha Pombo ( Noticia histórica.) . . . 15
E pilaria Pessoa (Diicurao de aaudaçla sos — («cO noaso m ei ju b ila r» )........................................ 2SI
embaixadores) . . . 363 Rodrigo Octavio Filho (»Enr 1B2Z..») . . . 256
Entire Vatia (Deputado) — (.Eitado do Paria) 419 RouaJd de Carvalha — («A Literatura Braai-
Oeorges Bndln — (Dlacurao na InaugUriçlo do keira») .................... 38
monumento a Santos Dumonl) 356 — («As artes plaalicas») . 46
Oarnaga da Campos (D r.) — (Discurso na ce- Rny Barbosa (Carta ao ar. Presidente da
nmonla de encerramento do congresso de Republica) ............................................................ 363
c a r v f a ) ....................................... 347 Solidoalo Leite (Deputado) («Eitado de Per
Onsfavo Barroso — («O padre Cicero e o folk nambuco») 430
lore») . . . . . . . 181 Fauares Cavalcanti (Depulado) — («Eatado da
Heitor da Soara (Deputado) — (.Estado do Paratayba do Norte»). . . . . . . . 423
E. Santa) 393 Thiers Flemming (Commandant*) — («O Brasil
H eitor Lyra — (.Como o Brasil entrou para o um sd») . . . 462
concerto dai naçAes») . . . . . . . 172 Tobias Monteiro (Senador) (EH acuran na aeailo
Harmemr glide Firmata (Dep.) (.Eitado do de 11 de Setembro de1922) . . . . . . 369
C e a r i a ) .................................. 390 Victor Via ma — («A evoluçAo economic» do
Hiliabraado Arrloly — ( .A diplomada da in Braail») 188
dependência j . . . 1^* Visconde de Caraaiide—(■Saudaçlo ao Braail») 471
O O O O CX1 Q O O O Q Q
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CXI1 o O Q O o o
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O O O O O O Q O Q O O Q
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Q O O O O O CXXI o o o o o o
i\i* < i ,,M \u n h tn h n r \
VIUVA f t ik v n a i n M i M< i r
i1
L J
V AZ DE :: a m in h a e SUA CARTA
o O O O O o O O O O O O
LIVRO OF OURO C.OMMFMORAT/VO 1)0 CF NTFS'ARIO DA
p o r afom tosear nem afeiar ha-ja de p ô r mais que g a io pardo que aqui o capitão I r n ; iom ara m -no log o
a q u illo que v i e me pareceu , assegura ao real amo, na m ío c acenaram para te rra como que os havia hi
c cum p riu a promessa. M ostra ram-lhes um carneiro; não fizeram de lle men
A ffon so Lopes, incum bido de sondar a hahia ção. M ostram -lhes uma g a llin lia : -quasi haviam medo
desejada, apanhou do is indigenas em uma aim adia d e lia c n io lhe queriam p ô r a m ão e depois a to
e levou-os com escuro á capitanea, onde Caminha m aram como espantados. M a io r interesse sentiram
os viu e desde lo g o desenhou em traços vivos. pair contas de rosário t objectos m e ta llico s, mas o
«A fe içã o de lles é serem pardos, maneira dc té d io p o r fim superou, «e então atiraram -se assi dc
avermelhados, de boos ro6tos e boos narize6, hem anstas na alcatifa a do rm ir, sem te r nem uma m a
fe ito s ; andam nús sem mesmo uma cobertura, nem ne ira dc cobrirem suas vergonhas. . O capitão lhes
estim am nem um a cousa c o b rir nem m ostrar suas m andou pôr á cahcça senhos coxins e o da cdIk -I-
vergonhas, e estão a cerca em ta nttf im iocencia como le ira procurava assaz pola não quebrar, c lançaram -
tê em m ostrar o ro s tro ; traziam am bolos beiços de lhes um manto em cima e d ie s consentiram e jo u -
b a ixo fu ra do s e m etidos p o r d ie s senhos ossos de vera ill r dorm iram .
osso branco... os cahellos seus são corred ios e an Sahbado, 25, depois de fundeada ir fro ta . C a
davam tosquiados d c tosquia alta m iis que se subre m in ha fo i á te rra em com panhia dc N ico lá .i C oelho
pentem, dc boa grandura c rapados te p o r baixo O s naturaes continuam a prender-lhe a curiosidade.
da sulapa, de fo n te a fo n te para detraz, uma ma Andavam a lli m uitos delles o il quasi a m aior parte,
neira de cahelleira de pennas d'ave am arella, que que I«k!os traziam nqnelles bicos de osso nos beiços;...
seria da com pridão de um couto m u i hasta e m ui e andavam ahi ou tros quaTtejados dc cores, saber
çarada que lhe cob ria o to ntu ço e u orelhas, a qual de lles a m etade de sua pro p ria còr, e a metade de
andava pegada nos cahellos penna e penna, com uma tin tu ra negra m aneira de zulaJa, e ou tros esquarte
oonfecção branda como a cera e não n o era, de jados d1escaques A lli andavam e n tre cllcs tres 011
m aneira que andava mm redonda e m ui basta e m ui q u atro moças, bem moças c bem g e ntis, c*>m cahel-
igu al que não fazia m ingua m ;is lavagem para a k is m u ito pretos com pridos, pelas espaduas... tin i
levantar.: era já dc dias e andav: par louçainha cheio dc* pennas
Neste p rim e iro encontro, em que o s gestos f i pegadas pelo corpo que parecia esseleado como São
zeram de unica linguagem , succedcratn-se os q u ip ro Sebastião; ou tros traziam carapuças de pennas ama-
quós. O s indígenas pnrlaram -se em g e ral ind iffe re n rc lla s , e o u tro s de vermelhas e ou tros de verdes, e
tes, re pugnaram-lhes as comidas e v inh o e com maior uma daqiicllas moças era toda tin ta de fu n d o acima
razão a agua de bordo. - M o s i ravam-lhes um papa da qiic lla tintura".
O o o o o
O O O O O O 2 o 0 0 0 0
/NUEPENDENCIA E DA t X POSIÇÃO INTERNACIONAL
D om ingo, 2fi, a missa üa Paschocla, p rim eira cotio atado com um pano não sei de que aos peitos,
d ita no Brasil, num ilhéu da vasla- bahia, não o que lhe não pareciam se não as perninhas, mas as
absorve a pontn de fazer-lhe esquecer os na tu ra ls pernas da m ãi e o al não traziam nem um pano»,
da terra, cujos m ovim entos na p ra ia fro n te ira nola O u tro desembarque á segunda-feira, 27, serve
durante o sacrificio incrue nto e a pregação dc Fr, a precisar m ais as prim eira s impressões: «Neste dia
H enrique. os vimos de mais perto e mais a nossa vonta'Je, por
Andava h i um que fa lla vc m u ito aos ou tros que andarmos to dos quasi m isturados, e a li delle andavam
se afastassem;... este que o s assi andava afastando daqucllas tinturas quartejaiios, outros de metades, ou
trazia seu arc;> e setas, e ..miava tin to de tin tu ra ver tro s de tanta feição como em panos de armar, e
m elha polos peitos c espaduas c p o lo s quadris, coxa's todos com os beiços fu rados, e m uito s com os ossos
e pernas ate abaixo, e os vasios com a barriga e es nelles, e de lles sem ossos. T ra 2iam alguns delles
tômago eram dc sua pro p ria còr, e a tin tu ra era uns ouriço s verdes d ’ arvores que na côr queriam pa
assi vermelha que a agua não lha comia nem desfa recer castanheiros, senão quanto eram mai9 e mais
zia, antes quando d ’agua era m ais vermelha pequenos, e aquclles eram cheios de uns grãos ver
D epois da missa vieram to do los capitães a m elhos pequenos que esmagando-os entre os dedos
esta n.-íu por mandado do capitão-m ór, com os quaes fazia tin tu ra m u ito vermelha da- que elles andavam
se c llc afastou e eu na companhia-, e perguntou as tintas , e quanto se mais molhavam m ais vermelhos
sim a lodos se nos parecia ser bem m andar a nova ficavam. T odos andam rapados até acima das orelhas
do achamcnln desta te rra a vossa Alteza pe lo navio e assi as sobrancelhas e pestanas; trazem to dos as
dos m antim entos para a m e lh o r mandar descob rir c testas de fo nte a fo n te tintas da tin tu ra preta que
saber delia mais do que nós agora podíamos saber, parece uma fita preta ancha de dous dedos-'.
por irm os de nossa viagem ; entre m uitas fa lia s que A a ttc n ç io prestada á gente conserva a mesma
n o caso lhe fizeram , fo i p o r to dos ou a m aior par intensidade applicada aos artefactos, e para comple-
te d ito que seria m u ito bom c n is to concrudiram.» tar-se v o lta mais de uma vez an assumpto. Assim a
Desta conclusão procedeu a carta dc Caminha, 2*1 menciona «ossos de osso branco da com pridão
e procederiam a dc C nhral e as de seus companheiros de uma mão travessa e grossura de um fuso dc al
si n te mpo as poupasse com o a d o m odesto escrivão godão c agudo na ponta como fu ra d o r; melem-nos
de fe ito ria que e6crcveu p o r p ro p ria gosto, sen res jx ila parte de dentro do beiço, c o que lhe fica
ponsabilidade o ffic ia l, e p o r isso ta nto nos deleita anlre o beiça c os dentes i fe ito com o roque de en-
hoje, e afina pelas nossas predilecções e curiosida xadrez, e cm ta l m aneira o travem a li encaixado
des. De passagem note-se que o nome de Paschoal que lhe nân dá paixão, nem lhe to rv a a fa lta, nem
dado ao p rim e iro monte en trevisto e o de te rra dc oomer, nem beber» A 25 recorda: «todos traziam
Vera C ruz parecem datar desta- dom inga e não dc aquclles bicos dc osso e alguns que andavam sem
quarta-feira, 22. O fa cto de figu rarem desde a p r i elles traziam os beiços fu ra do s e nos buracos tra
meira linha da m issiva m ostraria apenas como o ba ziam uns espelhos de páu que pareciam espelhos dc
ptism o era recente. A denom inação de Paschoal ex borracha, c alguns delles traziam tres daquclles bicos,
plica-se pelo descobrim ento no o ita v a rio da Paschoa, saber, um na melade e os dous nos cabos . A 26:
a da te rra pela bandeira de C h ris to , entregue p o r D. «trazia este velho o beiço tã o furado que lhe ca
M anoel ao capitão-m ór, antes da- despedida em Be beria pelo fu ra do um g rã o dedo polegar, e trazia
lém. Sente-se em tu d o is to a influ e n c ia de F r. Hen m etido no fu ra do uma pedra verde ruim que çarava
rique, guardião dos franciecanos. « A lli era com o p o r fo ra aquelle buraco, e o cap itão (P ed r’ Alva'res)
capitão a bandeira dc C h ris to com que sahio de Be lha fez tira r, e elle não sei que diabo fa la va e ia
lum, a qual esteve sempre alta á parte d o Evangelho. oom ella para a boca do capitão para lha m ete r; es
Acabada a missa desvestio-se o padre e poz-se em tivem os sobre isso um pouco rin do e então enfadou-
uma cadeira alta, e nós to dos lançados p o r essa areia se o capitão c deixou-o».
e pregou uma aolemnc e proveitosa pregação da his A aim adia tomada por A ffonso Lopes a 24 v o l
to ria do Evangelho, e em fim delia tratou de nossa ta-lhe á m em ória no dia 26, á vista de uma- jangada:
vinda e do achamenio desta terra-, conform ando se «e alguns delles sc meteram em almadias, duas ou
oom o signal da cruz sob cuja obediência vimos, a Ires que ah i tinham, as quaes não são fella's como
qual veio m u ito a p re po sito e causou m uita devação». as que eu já v i; sómente são tres traves atadas jun
A histo ria das duvidas d c Thom e, lid a naquella so- tas». A o lad o das carapuças variegadas menciona «um
lem njdadc, prestava-se a m uito s desenvolvim entos op- pano dc pennas de m uitas córes, maneira de tecido
poitunos. assaz form oso Q uanto aos aveos «são pretos e cum
O desembarque á tarde, depois do conselho de pridos, e as settas compridas e os ferro9 delias de
capitães, forneceu ensejo a novas observações: «Ali cannas aparadas .
verieis galantes pintados to dos d c preto e verm elho Preso á praia próxim a, interrogava 09 que po-
quartejados assi pelos corpos como pelas pernas deram penetrar nas aldeias. A 27: «Foram bem uma
que cerlo pareciam assi bem ; também andavam entre legua c meia a uma povoação de casas, em que
ellcs quatro ou cinco m ulheres moças assi nuas que hnvena nove ou dez casas, as quaes diziam que eram
não pareciam m al, an lrc as quaes uma com um a coxa Iã o com pridas cada uma com o esta náu capitanea e
do g io lh o atá o q u a d ril e a nadega toda tin ia da- eram de madeiras e das ilhargas de taboas e cober
qu ella tin tu ra preta e o al lo d o da sua p ro p ria c ôr; tas de palha, de rasoada altu ra, e todos em uma só
o u tra trazia am bolos gio lho s com as curvas assi tin casa, sem nem um rep artim e nto; tinham de dentro
tas e também os colos dos pés; também andava hi m u ito s esteios, e de esteio a esteio uma rede atada
o u tra m ulher moça com um m enino o u m enina no polos cabos em cada esteio, altas em que dorm iram ;
O O O O O O 3 o O o o o o
U VR P O f O i'K H C OM M ! VORATIVO /X ) CENT t S A R M DA
O O O O O O
ICMTÍ4102
O de e ffe tio ro p id e
m n n a toss&a b r u n e h ite s . o a IK ít u is f l
■ c o q tu iu c íu .^ n p p c . c o ru ü fx iç d e s . j H
■ in & o fr .ru n a n e r v o s o ^ u u ru ü r,
l i t r ü ia m /n a ç ^ x ia d a g t u ^ u n i a ,
U d o n e s a o p e d o e rin s .c 's ia s e l c ^ H
dü Vnz d c C n m in lu : o sol ardent", n lnar, as constcl- N i m Cam inha era secretario de C ab ra l, nem des
laçOc* no ras , 15o diversas das do hemispherio septen embarcou só a 26 dc a b ril, nem dem orou apenas cinco
tr io n a l, uSo lhe arram am referenda liquer. A dias, mas isto pouco im porta. S i o p ilo to p o rtu g iicz
stia ig n o ra it cl a de singradur:.* e m arinh in as se ex- pai sou lige iro p e los dias de P o rto Seguro, e xp lica-
le n d e ria a'is plicn ou ie llo s astronómicos? Eli I retail to se is to pelo fa c to dc oc.xipar-sc da v ia g e n in te ira
esias questões interessaram pelo mentis os p ilo t is de 1‘ c d r’ Alvarcs. A in ip orla nc ia dns successos dn
da I ro t a, e m estre João, hacharel de acte, e medicina, India, as perdas de navios, o s tq u c da fe ito ria , <>
transui i i tin o eco enfraquecido dos debates. bom bardeio dc (Galeent, ele., obsLXireceram o id y lio
A carta de il i esi re João. lambem dataJa d I de b ra s ileirti. l o d o o essencial da carta: dc C am inha
m aio c descoberta por Varnhagcn, deu a/.» a Joaquim apparece na rei a vão anonym a, ás vezes em term os
N o rb e r io para levantar o problem!, da casualidade quasi idênticos, c sua chro no lo gia tem tanto d c r i
ou p r o p o à io no descobrim ento do Brasil. Explicou-n gorosa como a do p ilo to de inexaela, o que, aliás,
m a is ta rd e, com s iu bonom ia resign;..la e s n i ironia não merece reparo especial, pois um escrevia ao
lig e ira m e n te itu -lam a lie .i a quem isto escrevi: apenas compasso do succcsso, o o u tro narrou-o mais dc um
q u iz semear d u v id a i. Estas duvidas m além-mar Irans- anuo depois, O p ilo to , sem co lo rid o em bora, mas
fo rm a ra m -s t, |K ir assim dizer, e n certe/ns c ho je com precisão incontestável, abunda em pot-men ir e s
é q u asi dogm a a l i i e mesmo aqui qn o descobri nento que s o lo podia conoccrsc después de una residência
d o B ra s il não f o i fo rtu ito , em m uros (ermos fo i fin en aqucl país d e s c i no e id o . M estre João não p o dia
g id o ; pensam ale alguns que o verdadeiro desc.ihri- d. il-o s , todo em bebido em astrolábios e m appa-.niindi.
tU .r irliairinva- sc D uarte 1[’ i.vheco, o A c h ille s lusitano e, além d is s i, dia n te de una pycrna que te iig o m ui
1f iam in ha d i. nem ui ri mo.to s iifira ga esta1 these: m ala que de una cosadura se mu ha fecho uno chaga
a de 1 r. He iiriq tic c >nveikeu-o c .liais dc uma vez m ayor que la pa lm a dc la m ano . D e resto, o o r i
eui l i id 1vê .1 ui ào divina . Os p.iirlid arios d o dcscohri- g in a l cm papel e caracter do tem po, conserva-se ainda
tllienli ) p i opt 1dt.lll devia.lii pesar helll as occurre li-'ias na T o rre do T om bo , sem jam ais te r despertado m i
(It * co il selim d<;* «•Pi»*'L-s rei ui idos a 26 de a h ril. nim a d m ida em quantos o manuseara n . E m fiin, q u a l
l*i« Ir' Alvares 1-erg iin t.iii assim ;I to dos sc ii.is parc- qu er dip lom a fa bricad o visa sempre unir. dem onstra
ci. cr hem rna iu l.ir a u. iva d» aichamviito desta ler a ção o u ii.ii interesse. Q ue demonstração se pode encon
a V-ii« a A lie Z.I pelo na r io dos riie .itim enlos pera a tr a r na cnrla d v ia ja n te e que interesse d c l l i d e
u i clh o r mand descobri)■ c sabe:r d e lla mais do que d u z ir?
a g r . i nos podia<iios saber, p .ir irm os de nossr. via- A 2 dc M a io partira m os onze navios, lo g o
ge .it c antre m uita s fa lia s q u : m c ír o s : fizera,n fo i reduzidos a qita«i inc lu d e p o r uma tempest:.Jo na
p o r to d o s o u a m aior p a rle d ito que seria m uito bem passagem dc Htia Esperança, donde aproara n a Ca-
v nisto c o n rn id ira in . T ão p.nieo fundam ento assiste Iccut. A 12 d c D ezembro fo i a lli assaltai):, a fe i
aos pane gyrista s d. D ua rte I'ccheco: só a leitu ra des- to ria c m ortos quasi lod os os po rtiiguczcs n e lla en
a tlc n la d o /.'.sn u m ! lo p re m illc tra n s fe rir pnra.aqitem contrados.
d :i e q uiii icial viagens e descobri.nciitos realizados nas Pero Vaz d c C am inha fo i um dc llc s q u içá; em
alta s latitu de s do hcm isphi-rio do N orte. A dicho to d o caso, m o rre u na India, em serviço d c l-K c i, sc
t o m y salta aos olhos. gu ild» uma c arta re g ia dc 3 de Dezembro de 1501.
O u tra a p p lic a v lo não menus curiosa deu um i l Is to força-nos a retroceder.
lu s tre h is to ria d o r arg en tino á lenga-lenga confusa de Quando C am inha to m o u a penna na bahia de
m ostre João. L u iz L. Dom inguez servio-se de lia para Porto-Seguro, sabia ap pro x im a du nc ntc o que ia d i
de clarar a p x v y p h a c carta de C am inha, em um ar zer c com to da a precisão o que ia pe dir. «E pois
tig o pu blica do por l.n B ib lio teca , Buenos Aires, 1897. que, Senhor, C certo que assim neste cargo que levo
i,ü ,3 Portugueses (d iria m elho r os Brasile iros, com o cm o u tro qu alq ue r o u tra cousa que dc vosso
a quem taca m ais de pe rto ), iniran con ruspet.> «aera serviço fo r, Vossa A lte z a ha dc ser da num m u i hem
m enta I la carta dela liada y p ro li ja dc Pedro Vaz de servido, a c ila peço que p o r s ing ula r mercê mando
C am inha, secretorio de C ah r;.l, en que da al rey m in u v ir da ilha d e S. T hom e Jorge d ’O souro, m eu genro,
ciosos porm enores d c la lie rra y de los ind ios re o que delia receberei e.n m uita mcrcê-i tacs suas u l
co j id o s en los c im o :liis que a lli se de .nora ran. tim as linhas.
E l desembarco tu v o lug ar e l 2b de a b r il; la A explicação é patente: Jorge d ’O s o tiro fò ra de
carta cs de l I de m ayo de 1501). P rob ah lcm ciite fuc gradado para c ilh a de S. Thomé, c o sog ro pedia
escrita m iichos aiios despue- dc esta fecha; y esle para c lle in d u lto real. Os documentos p u blica do s por
ju ic io se LXinfir.ua I even do la descri pcian autêntica Souza V ite rb o tornam m u ito provável a conclusão.
dc este via je , escrita p o r un p ilo to português y pu Cerca dc 1491, Jorge d ’O souro fo i juntam ente com
blica da por la Acade.nia de Ciências de l.isho a en o u tro s apossar-sc á força dc uma ig reje , erradam en
la onlcccióii de N o tic ia s IH tra-m ar'u as , tom o 2, y te «uiside ra da rag a, e acctisani-no de te r roubado
la carta de i c in irja n o c s p -ilo l de la c x p cd ición de pão, vinh o c ga llin h a s c outras cousas que poderiam
C a b ra l, Johannes Ei neu clans, publicada p o r Varnlia- v ale r m il c trezentos rcaes. Pelo mesmo tc.n p o deu
fe rid a s cm um clé rig o «scilicet, uma pela cabeça,
gen.
La sc ncilcz y rudeza dc estas cartas de tcstig as c o u tra p o r um braço e outra pe lo pescoço c tres
y aclo rcs contrasta con el e s tilo li.nado y la1 nar- fe rid a s pcqiicr.as pelas costas >. P o r estes crim es aii-
ración llc n a de pormenores que s olo podian cono- dou hom isia do cinco ou scis annos ate que, desis
verse despues de una residência un aqucl pais des- tin d o as partes, D . M an oe l perdoou-o a 16 e 17 de
ja n e iro dc 1496. T alve z o casamento cam a filh a de
cniiocido».
P e ro Vaz seguisse a estes perdões.
o o o o o o o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVO DO CENTENÁRIO
O O O O O
O O O o o o 6 o o o o o o
C O N F IN S T E R R IT O R IA E S 1 )0 BRASIL
M dos elementos que actuaram mais be O in lu ito m anifesto dn C apitão-m ór, an ordenar
lief i eam ente na formação cie nosso ra- a N ito lá o C oelho que fosse, em navio pequeno, pro
raclcr tie povo, no convivio inte rna cio curar ancoradouro seguro ao longo da costa, avis
nal, fo i n te rrito rio , p o r sua co n fig u ra tada a seis m ilhas dc sua nau, c, depois, ao vele
ção, grandeza e situação de nucleo d o continente sul. ja r e llc mesmo, seguido de seus capitães, em busca da
A confiança no fiiiiir o prospero, que as riq ue fo z d c um rio que, pareceu, ab rig aria toda a esquadra,
zas da te rra nos preparavam, deu log o, á nossa fo i d a r in ic io aos reconhecimentos que, de então
p o lilie a externa, serenidade e rcctidãn notáveis, que p o r deatite, iria m assign alando, a pouco e poucq
só os povos hein s atis feito - tie seu passado c con o con to rn o litto ra n e o dessas terras, a que davam con
fiantes na m agnitude de seus destinos conseguem figu raçã o insular.
ter. N ão se le ria d e lido o C apitão-m ór em busca
A s causas determ inantes dessa grandeza e a fo r de re fu g io c desembarcadouro, s i jii não tivesse pre-
ça dos elementos que d ila taram ta nto os confins do sentim ento bem fo rte das possibilidades de explo
B rasil merecem, portanto, algum estudo. ração fructuosa p o r ahi.
A conquista e exploração das terras brasileiras A cerca de dez léguas dessa foz, a esquadra al
fo i, sem duvida, a m aior empresa que coube aos cançou um ah rig o, a que se acolheram logo seus na
portuguezes rcalisarcin, mas não bastaria to da a sua vios menores. A ffon so Lopes, p o r ser »homem vivo
notável audacia pertinaz, para levar a fe liz te rm o tão e de stro para isso» teve, então, ordem de ir a remo
grande fe ito . por esse p o rlo a dentro, a snndal-n cautelosamente
O e x p lorad or assignalava os lim ite s da conquis e, quando de v olta , já n o ite fechada, elle apresentou
ta singelam ente, p o r cruzetas meuzas na' rocha tosca ao C apitão-m ór dous indígenas, certamcnlc Pedr’ AI-
c nos vetustos cortices da m a tla ria o u p o r mostras vares, com lodos os seus, ficou bem sorpreso e des
um pouco m ais patentes de desvirginarnento das te r crente da fo rlu n a que a calm aria pô tlrc das costas
ras conquistadas; era pouco para m arcar os confins africanas parecia te r-lhe assegurado, ao achar essas
de tão vasto te rr ito r io e de configuração ainda m ui
to incerta. N o m axim o, fix a v a u n i ponto, o extre A nudez dos indigenas, o menosprezo que esses
m o de um a exploração line ar. M a io r fosse o num ero dous jovens selvicolas mostravam p o r joia s c pedra
desses pontos c ainda não seriam bastantes para rias raras ao disputar, indifferentem ente, aljô fares e
desenhar o pe rim e tro das posses portuguezas n o con gorras dc lã, m im os de ou ro dc le i e alcatifas, pa
tinente. ten Içaram lo g o a to da at gente da esquadra a indigên
H ouve, na verdade, elementos estranhos e m ul cia d o s itio , de todas aquellas terras, incultas c po
tip lo s que fa c ilita ra m m uito a conservação dessas pos bres de m ais para seduzirem quem ia despachado para
ses e o m a io r de iles f o i o menosprezo de tã o gran o re in o de C alicut.
de blo co te rr ito r ia l por quantos aventureiros dc Cas Um raio de esperança cuhiçosa ainda veio, no
te lla faziam , avidamente, a descoberta e a explora emtanto, a b rilh a r nos ólhos daquella gente, quando
ção das regiões em torno. os indigenas deram m oslras dc conhecer o m eta l do
As condições rudim entares dc viv e r do auto custoso c o lla r de ou ro de lei de Pedr’ Alvares e o
chtone do Brasil, cm c o n fro n lo com a c u ltu ra e r i das arandelas c do candelabro de prata m artelada da
queza d c ou tros povos do continente, que já eram praça d ’ armas da nau capitanca.
boa preza dos hespanhoes, ora tornaram defezas, ora Sorrisos d c satisfação alegraram toda a compa
desdenháveis as terras centraes da1 Am erica m eridional. nhia c lo g o os homens da tripulação, m ais hábeis em
in mi iça, trataram dc o b te r dos dous selvicolas alguma
confirm ação de que nessas terras havia1 daquelles ricos
metacs. E, então, o u tivessem os indígenas entendido
C o n ta d o s passageiros com a costa do B rasil não m al to da a m im ica da' gente d c bordo ou essa inter
tinham despertado o interesse do fe liz -acham cnloi pretado erradam ente a resposta1 dos dous jovens, o
dc C ab ra l, que, tomando posse do s olo que pisava, certo c que todos chegaram á confortadora conclusão
deu lo g o á gente dc sua nação o d ire ito exclusivo de d c que havia naqucllas paragens o u ro c prata, em
exp lo ra r essas paragens. natureza ainda nu em obra, mas avaranicnte escondida.
o o o o o o 7 o o o o o o
LtVR p DE OL'RO COMMEMORATIVE) IX ) CENT ES ARK) DA
N o dia seguinte, Pcdr’A lva rcs aprcsstni-sc cm des o po n to dc convergência de todas as empresas dc
pachar N icoláo C oe lho e Bartolomeu D ias, com I’ cro exploração, que partiam da costa ao sul d o mar
Vaz, a esc illa rcm os dons indigenas, que d ie s de i das Am ilhas c desciam á fe ição da cordilheira.
xariam na praia, cercados d c prescnles hem vistosos c O s mappas da época deform avam m uito o con
cru companhia dc A tfon s o Coelho, um dos degrada tine nte sul n o sentido transversal, afastando cxaggc-
dos da esquadra, escolhido para fic a r cm terra, a radamente o litto r a l do Brasil das terras altas d.» Pa
aprender a lin g u a do paiz c desvendar, em fim. o cifico. Era dc desanimar os mais ir.idazcs a ve n tu r.-i-
m ysU-rio das riipiezas d a qiic llc solo, qtic, então, já ros um a penetração até ás regiões incaicas, a p.ir-
parecia prenhe d c sorpresas scducloras. t i r da costa d o Atlântico.
O s dons sclvicolas tin ham, sem querer, desper
ta do naqiicllcs homens, t3n anci.«os p o r alcançar a
reg iã o fascinante da cosia dc M -.la h ir, o desejo de
se apossarem das terras achadas c cniprehendcreni O u tro factor, ig u a liiic iile fo rtu ito , do delinea
lo g o alguma exploração, que lhes revelasse o real m ento das te rras do Brasil com ta l am plitude fo i o
\a lo r dessas posses. desejo, que o castelhano ainda m antinha, dc- ene n i
An ciavam to do s achar provas de que havia ouro tra r, para o lad .i do occidente, err nin ho para as re
c outras riquezas naquellas incutias paragens. m otas Índias, eid a v e / mais fascinantes.
O A lm ira n te mandou, então. A ffon s.i C oelho <1 estorvo das terras da Am erica lrva o n iv e g i-
acompanhar, de novo, os indígenas, mas esse volto u •h ir de H es pau ha a exp lorar ;.\s costas do sul do con
lo g o , dizendo te r ido ate u.nas rhonpaninhas de r;.ma tine nte, a b aixo do ponto e.n que a linha de T o rd e sil-
verde N .) d ia seguinte, teve ordem dc internar-se, las marcava o c x lrcm o das pnssvs p.iriuguezas. E llc
com mais dous degradados, e D iog o D ias .por ser tem esperança de achar p i r r.4ii ca,ninho aberto para
homem ledo etm i quem os indigenais n iq ito folgavam. n O riente, f. então que S olis vem a «lese ih r ir O es
Andaram c'sses bem legua c imeia. até alcançar tu á rio d> P u ta . que C hrisíovâo J a rq u --, a serviço
um aldeamentoi, mas nem ahi em-ontrnram vestigio de P o rtug al, alcança m c/vs ep ís , a velejar para o sul
de qualquer m etal.
. N e ll a até ag iro não pudemeis saber que haja Dez annos depois cm 152t>, f'a b o t s >be por
ouro. nu prata, nem nenhuma cousa dc m etal, nem abi, chega á foz do U ruguay c nianJn Ramon g a l
dc fe rro lhe vim os . P e ro Vaz p a rticip .n l, então, a g a r o rio , mas seu companheiro lo g o m iiln g a no
E l Rey e nessa dc» iladora duvida fic o u l a t i a gente S alto Orande. C nh ol prnsegue até á f.iz do Oavea-
dc C ahral até a paTlida. ranha. ergue ahi um fo rte c v a j alem. passa a con
Alem dos degradados escolhidos para fic a r em fluê ncia do Paraguay Na volta , sobe mais de trin ta
terra, mais dons homens da esquadra ahi ficaram léguas n Paraguay clcançando as piragens on le está
ta m lirm , mas por querer. A ciihiça levara-os, talvez,
Assumpção Tratara bem os indigenas c começa a
a internarem-se de mais a procura das riquezas do
te r noticias dc a lg u n ou ro e m uita prata lá para
paiz Qnand-i v o lta ra n á praia, já ia lon ge a esqua
as handas d o norte.
dra c ahi «ne intraram, a chorar, os dous degradados.
O estuário não é o caminho das lnJias, me 5 ah i
Nem se sabe o nome desses audazes, os p ri n i-
chegam aguas dc rio s caudr.fosos que vem d : cima,
m s e> .loradores das terras da b ra s il. Ambos mere-
ta lvez do re ino dos lucas, que n aventureiro hespa-
nhol ainda procura ancii sa'.ncntc.
A marcha dos exploradores de P ortugal e Hes-
panha começa, então, a orientar-se no continente sul.
C hristnvão Jacques, partindo dc Todos ns S in
tos, ergue um fo rte a 10 léguas n o inte rio r d o paiz.
D M anuel apressou-se cm p a rticip ar esse Feliz M u ito m ais para o sul, Ramnlhn, com alguns com
achamcnl1 e, log o n o anno seguinte, mandou ex panheiros, já tinh a conseguido fazer lig a c cruza
pedição ás novas terras, mas seu in tu ito fo i m ais de m ento com os indigenas e internar-se.
firm a r titu lo s dc posse, que de e x p lo ra r a conquista. Uns, procuram estender assim suas posses para
O successo não fõ ra dc a lvo ro ta r os cubiçosns o occidente; outros, tentam dilatai-as seguindo a l i
audazes do R eino, já então indifferentes ao descobri nha da cordilheira. O hcspanhnl dn c s liia rio sobe
m ento de ilhas incultas pelo oceano a fó ra c mais os cursos d'agua dc nascente m ais se p te n trio n a l; o
empenhados na oh tenção nu na pilhagem provável d o equador segue para o sid. Am lios orien ta m suas
de certas mercancias d c boa rendagem na ro ta do marchas para Cuzco, situada num recesso dos Andes
O estada p rim itiv o de todos os povos do Bra
Dessa prim eira expedição só dous homens fo s il continua a ser prova bastante da penuria dc suas
ram cm te rra. O C a p itio esperou-os sete dias-, ne terras e, assim, um fa ctor da invio la b ilid a d e do nu
nhum voltou. cleo te rrito ria l do continente sul.
A segunda, que v eio dous annos depois, parece
que cuidou m ais de percorrer a linha dc con to rn o ma
r itim o da cilha-, achada por Pedr’A Ivares, para ga l
gar a Asia pe lo sul.
Riquezas fahulosas levavam ás ludias o portu- Em 1335, chega Mendoza á banda m eridion al
guez: an g o lfo do M exico ou á costa dc mais facil do estuário c fu nda Buenos A ires, mas, atacado pe
accesso para a região dc Cuzco, o castelhano. los indigenas, abandona o sitio c passa a chefia da
A situação geographica da capital dos I neas era c x p e d iç io a Ayola, que vac rio acima1.
Adriano Ramos Pinto & Irmão, L.da — Porto.
IN Itr.P I.N tU .XC lA I DA l.XPOSIÇA') IN TI: RNM UON Al.
ci O O o 9 o o o o o o
LIVRO P E OURO COMMEMORATIVO IX ) CENTENÁRIO DA
O o
o o o o O 10 O O O O o
IN D EPE N DE N CE E DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIO NAI
O O O O O O 11 o o o o o o
I.IVRO DF OVRO COM MIMORATIVO IX ) CF.N1 UNARU) DA
oooooo12 oooooo
CASA CONTEV1LLE — Rio de Janeiro.
IS'HF.M NDtlh’C/A t DA t X POSIÇÃO IN I l:R N ACIONAI.
I ' rança, G rã-H rclailha c I Its pan ha. Esse trata do re-
As lulas que sc seguiram, p o r m uito s annos ain
v iKora « ile P ardo; a p a rtilh a volta a ser regulada da, occasion ando frequentes invasões, fo ra m lim ita n
p e lo I ralado de U trecht.
do, ao sul, as terras hrasilcirau pela m argem septen
O s cnm m issaríoi de Hespanlia apressa.n-se e:n trion al do Quarahim c do Jaguarão, que offcrccia ni
r e s titu ir a C o lo nia aos d c Po rtug al, mas o i ta s lc lh i- m elhor defeza aos povos do R io Orande.
nos, que tinham , durante a guerra entre os dons rei A sorte nessas lutas fo i varia. O Esta\lo C ispla-
nos. subido até a lagòa dos Paios, reduzem ao m i tin o esteve reunido ao B rasil durante sete ânuos.
n im o as restituições, sem respeitar o ante M ia m N o acto dc incorporação, em 1821, fo i declarado que
estaheleeido pe lo tratado. esses rio s ca ractc r i sariam a fro n te ira c com o ta l eram
Po rtug al contemporisa. mas continila a lu la no considerados desde o começo da revolução.
su l. V ir tiz , governador de Buenos Aires, vem c;n au
x ilio dos seus, que procuram manter-se no R io Ciran
de Os portngiiezes atacam, mas com fn rlu na incer
ta. Tom am , por fim . a região fortificada do R io Ciran
de, mr.rrham para o norte, dcsalnjain os castelhanos
d o fo rte dc bauta Tecla e ab re u caminho para os O Trata do dc 1750 lin h a traçado os confins das
famosos sete p nos das missões do rio U ruguay. posses portiiguezas desde a foz do Ihicu hv, no U ru
O governo dc M a d rid acode á sua gente do es guay. até o extre m o n o rte das posses hcspanhnlas,
tu á rio creando então o Vice-Rcinado de Buenos A i na guvana brasileira. O dc 1777 manteve-os da foz
res c dando-o a C ehallos, que log o parte com uma do P c p iry para cima. O dc 1801 a n niilloti-o$ , mas
duzia de nav i >s de guerra c uns <1.000 homens dc o traçado geral da linha lim itro p h e , segundo o T r a
desunha rqnc em m ais de cem transportes, ram o dc tado de 1750, v eio a s ub s is tir com algum as infle
Santa CJaiharina-, onde < ahrera, Cahcsa dc Vaca e xõe«. que procuraram, tambem , resp eita r a1* conquis
tantos outros castelhanos tinham arribado, a pro tas dos dons reinos no continente, separando-as pe
cura <lo caminho de Assumpção, h u ia ma>is de dons las vias de penetração m ais frequent..Jas c que j i
■cculn*. marcavam os con fins das terras que a gente do Bra
O excessivo poder m ilita r da expedição reduz sil pretendia.
a conquista da ilh a a ttma simples occnpação. i'c h a l- Durante a lu ta que precedeu o T rata do de S.
los segue para o sul, a to m ar as posições fo rtific a Ildefonso, essa gcnle tinha-se fo rtific a d o no a lto Pa
das das costas portugiiczas entre C astilhos Cirande, raguay. no G uaporc e e.n ou tros pontos da linha f i
extre m o m eridional da linha dc fro n te ira segundo o xada em 1730
tratad o de 1750, c. para o norte, a harra do Chuy. N o anno an te rio r ao T rata do d c 1750, M atto-
■nas o s ventos levam-no m ais para1 o sul e c lle vac Clrosso fo ra elevado a c ap itan ia; os paulistas liiih am
atacar a C olonia, que c, p o r fim , arrazada b ru tal- ahi fundado Cuyabá, cm 1726.
mente. A linha desse tratado veio a s o ffrc r, na região
A paz entre os dons reinos dá origem , cm 1777. mais occidental do Brasil, tre s in fle xõe s bem sensí
ao T rata do de S. Ildefonso, que ti3o passou dc pre veis, mas todas respeitando o c rité rio d a p a rtilh a des
lim in a r. sas terras segundo as leg itim a s posses dc cada lin -
P o r esse tratado, im p osto a Portugal, □ lin h a de deiro.
fro n te ira traçada cm 1750 permaneceria desde o ex A prim eira fo i na passagem do curso do Pava-
trem o n o rte ate a fo z do P cp iri-giiassii, na margem g lia y para o do Guaporc cm que a lin h a teve dc
d ire ita do U ruguay. D ahi para o sul, a l i n l n de fro n procurar a nascente do Verde c d c descer p o r esse até
te ira seguiria terras altas, deixando á H espanlia o o G uaporc, para liv ra r, cu trc nutras, as rondas pnr-
rio U ru gu ay e toda a sua grande bacia, alcançaria tiiguezas dc Gacimha c Ramada.
o n o rte da lagoa M irim , cujas aguas ficariam a P o r A segunda a m a io r — fo i entre o Madeira
tu ga l, t iria até á fo z do Chuy. c o Javary. que eram liga do s p o r unia' linha se
A gente d j B rasil perderia, assim, os sele po gundo a p a ra lle lo de um po nto equidistante da con
io s das Missões, toda a ha cia d o U ruguay, aha i xo fluê ncia do M am ou1 com o G uaporc c dn M adeira
do P c q iiiri, c todas as terras do Chuy para1 o sul. com o Amazonas.
inclusive a C olonia. Essa lin h a fo i, p rim eiro , deslocada para haix.o,
Apczar disso, tiveram lo g o in ic io os trab alh os coitscrvando-sc recta c pa rtind o da confluência do
de demarcação, mas rar.m icntc os com missa rios conse H tn i no M em ore para a nascente d o Javary. Rcccn-
guiram estar dc accordo. tcm cnlc, essa lin h a fo i m odificada, tamhcm para sal
var posses brasileiras. Subiu para a confluência do
Nesse in ie rim , a p o litic a eurnpca arrasta, de no M adeira com o A hiinan. continua p o r esse até a
ta , P o rtug al a uma luta , que fo i rematada pe lo T ra nascente c, sempre para sudoeste, procura a nascen
ta do de Badajoz. Esse acto an iu illa o p ro v is o rio de te p rinc ip al d o arroyo Bahia, sohc p o r esse até o
1777, pois mantém os portuguezes cm suas posses Acre, p o r onde continua para u occidente alé as nas
quo, então, abrangiam os sete povos das Missões, a c i ntes e dahi sobe, procurando alcançar, a noroeste,
ui urgem esquerda do U ru gu ay c as terras do Jagua- a nascente do Javary.
rão tomadas durante a guerra. A terceira in fle xão sensível que a linh a de 1750
O Tratada de S. Ilde fo nso desenhara, no em tan soffreu fo i mo I iva da p o r uma p a rtilh a am igavel de
to. o extrem o m eridion al dos confins tc rrito ria c s do terras, pois seria cxccssivam cntc vantajosa para □
Brasil pelas aguas do C h u y c da la g ô i M ir im e dahi B rasil essa divisão segundo as le g itim a s posses.
nunca mais desceram. Em 1802, o Vice-R cinado dc Lim a tinh a ganho
o o o o o o 13 o o o o o o
LIVRO n u O t'R O C O M M tMORATIVO 1)0 CENTENARIO
as ViissõM dc M ay nas, que abrangiam as terras en C, assim, os confins te rrilo ria e s do Brasil fo
tre o Japurá e o Amazonas. Quando o Peru, cm ram-se desenhando sempre, segundo legitim as pos-
1651, firm o u lim ite s com o Brasil, fo i liga da a foz seB. provindas de explorações e conquistas, p rinci-
do Javary. no Amazonas, á do A papons, no Japurá, palm cnlc depois do T ra ta d o de 1750, que, prim eiro ,
p o r uma recta e abandonada, assim, a linh a dc 1750, teve o ob jectivo de isola r o nucleo te rrito ria l das
que contornava as terras ao orien te dessa linha geo posses portuguezas, descrcvendo-lhe o perim etro, mas,
désica, entre o Amazonas e o Japurá. na verdade, a vastidão quasi intransponível das te r
A linha desse tratado subia o Japurá c passava ras desse nuclou fo i a m ais fo rm idá vel garantia da
para ou tros rio s no rumo do no rte, até o alto das grandeza te rrito ria l do Brasil.
terras que separam as aguas do U renoco das do
Amazonas e p o r ahi além Sctcmhro dc 1922.
T ratados e laudos a rh itra c s d e finiram , depois,
essa re g iío , procurando, sem pre, defender a inte ri-
dade te rrito ria l da guyana brasileira. IVWmo V asconcei.los .
o o o o o
o o o o o o 1<
1 o o o o o o
SecçJoJ. Navegação J Í S e c ç Ã o de V i n h o s
C u n i M l d i l l AVIOS k V IL L A ' I VIN H O S0 0P O R T O .
PARA ■ MORTE do R R * Z IL . ItflNHOS ■ R AHCO S^UfllSiM JIlU W a
• OUTROS PO R TO U [ PARA EXPORTAÇÃO
IM PO RTAÇÃO C ARM AZÉNS
jX P O I jT A Ç Ã Q I£ CIBO, PORTO I GAIA
Rua Cândido du Reis.131
PORTO
O O O O O O 15 o o o o o o
/.IV RO t i OURO COMMI MORAI l \ O W> CJ.KIt.KARK) />1
alguns i trazendo gente (jiic se devia V isita os nucleos que sc iiavian i fu ndado no sul, to
tahcl paiz rnando providencias sobre a defesa da te rra, e t:«bre
Sai de Lisboa essa fro ta pelos fins de I H I I V i quanto mais interessava á situação dos c.donos.
sita varios pontos do litto r a l. Estacionando na àia- Estabeleceu Thome de Souza a adm inistração
hia de Guanabara, daqui expede M. A ffou s o nlguu- o ffic ia l do paiz; e c só de agora em dia nte que
hoincns para o in te rio r: os quaes, passados uns dois s r começa doeisivmnente o serviço do povoaincnio.
Inezes, voltaram acompanhados de in iiilo s indios, e pois, este m .hrc capitão o fund ad or da ordem
dando escassas noticias da terra. p o litic a c c iv il na colonia.
F o i cm seguida fazer nova estação em Cananéa,
onde encontrou alguns p n rtiig iic z c s que desde m uito IV . O problema
a li v i viam. luçAo mais penosa pa os colonizadores era sem
D a q u e llc ponto mandou lambem para os sertões vida o das relações i I as populações indigenas
uma expedição gob o cominando de Pero Lobo, com encontro dos advciilic
esperanças de recolh er lo g o m uito ouro, conforme sabe, doloroso cm lo ja a America, sobretudo na p o r
lhe p ro m e tlia um daquellcs exilados. Esta expedição, ção orie n ta l do continente, onde lia» ia m ais funda
no enitanto, soube-se depuis. massacrada pelos regressão da cultura nativa.
selvagens nos: campos de C m O s ín dios aqui sc achavam em p e rfeito cstaJo de
Proseguiindo paia o sul. »ii 1. chegou ate o estuário nomndia, vivendo da caça e da pesca, procurando cada
do Prata, por onde fe.z entrar alguns bergantins que Irih u assenhoreai-se das paragens onJe m ais fáceis
exploraram aqtiellas paragens. c abundante.-s eram os recursos de que v iv iiim . Au-
’Reconhecendo que ali já estava fora da ju ris davam, por isso. em COntin uas luctas urnas iLV,,n m i-
dição pnrtugiiezd (regulada pelo tratado d c Tordc-
silla s ) retrocedeu M a rtin i A ffon so para o norte, c leiii|)o linha •se gerado cm todas um fun-
veio e n tra r na h a liia dc S. Vicente. Desembarcando gu erreiro «■ m u v iv .i preconcoitf ) de fa-
na ilh a do mesmo nome a gente que trazia, a li fundou m ilia , dando lud o isso como fn ic lo os iiia io r c * e x
o cap itão a p rim eira v ilia em lerras da America cessos dc nJio e de vingança entre u nas e oulras.
L ra iu as prim eiras v iriu d c * do iu d io a c irageiu
ii n guerra, levada a in concebíveis (e.neridudc;; o sen
II I . Rcconhcccii-sc de prom pto a iu s iiffic ic n cia < tim en to da honra da trib u c n amor da g lo ria ; o
in u tilid a d e de semelhante m edida: isto c, de u:n sim desprezo do inim igo, e o fu ro r com que. victo rio so .
ples e unico nucleo dc colonos para povoar lãc
grande cx icnsão de te rras; e sentiu-se que era preiso eido, sabia alfrc.ntar hero icaniente s. morte.
e ing en te adoptar um processo mais cffícaz de povoa- Esse caracter do sclv•agem to rn ou para <:is po rtn-
mento guezes ainda mais grave o trabalh > de sub:ncvtel-o
Já havia o p ro p rio governo portiig uez applicado Superiores pela sua cultu ra e pelas sua ; armas.
em aigun ias ilhas um systema que provar a bem; c tinham os colonos de ini pôr aos ii seu do-
resolveu então a m p lia r a experiência no i.a s lo con- m inio. Recebendo, assim que ehc<ravam d America.
lin e n ic qi ic sc tra ta de colonizar. vastos prazos de terra, precisavam de braço»i que as
I HI i he io n , pois, a eôrtc d iv id ir o extenso paiz viram que o recurso mais [iratico era
porções, cuja adm inistração fo i confiada, como m er irahalho dos in co las; c como estes sc
cê, a vaxsallos que se haviam distin gu ido no serviço sqiiivus á escravidão, dahi se o rig in a
d o Rei. ram as rudes competições em que, desde p rin c ip io ,
Foram ninas dez ou doze as dm ialarias adjudica sc p ii/ir a m colonos r indios.
das, sendo p rin c ip le s as dc S. Vicente, de Pernam A in te ríirc n c in dos Jesuítas pareceu p ro d u zir no
buco e da Rabia, cujos donatários fizeram alguma começo algum bem.
coisa dc v alo r, p a ri icul arm ente o de Pernambuco, C om o prim eiro G overnador Geral vieram log o
D uarte Coelho. alguns padres. Cheios de to do o enthusiasm!) da O r
Os eapitãies aquinhoados, na m aioria, ou iià dem nascente, encetaram esses poucos apnsiolos o
d isp iuilia m de recursos hastaute s para ta refa tã o cu: seu trab alh o com grandes proveitos, ta n to para o
tosu. ou des an iniarain com o mai log ro das priineirz gentio como para as colonos.
Sentiu-se cnlán que sem a acção maravilhosa da
A in da por• ou tros incoiivenientes que a c x pe ric i adm irável m ilícia não se poderia fazer coisa algii.na
cia deu lun slru u, o systema n:io satisfez tã o coit ii i terra.
pl clameintc coino nos Açores. F un da i am os prim eiro s m issionários na Bahia
Ent endcii, pois, a cõrte a vista disso q u e devi o seu núcleo inicial de catechese; e d a li fo ra m ex
c o rrig ir c s dc:feitos desse regiiiticii in s titu in d o um tendendo p o r outras capitanias ns seus esforços.
autoridade su p e rio r com juris d iç ã o sobre Io das as Em seguida vieram ou tros catccliistas. entre os
do ii atari as. qiiac-s o noviço José de Anchieta, que tã o celebre se
Cremi-se um (In v e rn o Cier.il para a possessão. fez depois.
Esta h cl cc cu-se a sede desse Governo na Hahia, Iiicsiim nvcis serviços prestaram estes homens,
onde o respectivo denial ar io tinh a fe ito já n lg iiin ser- cujo concurso teve im p o rta n d a incalculável na ohr.i
da civilização du paiz.
Vcm como p rim e iro G overnador Geral, em 1540, Em S. Vicente entraram os catechistas desde
T lio nié de Souza. Funda este a cidade que devia ser «quclli- mesmo anilo (1 5 1 0 ); c C.ll 1554 já fu n d a
a ca p ital do d o m in io ate I 70J (cidade do Salvador) vam no p la na lto de P ira tin iu g a o c o lle g io de S Paulo.
O IA
INIJEPt.NDENCIA r DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
que sc to rnou o eentro de todo o m ovim e/ito de ca E em toda parte contaram os colonos cQm O valor
te ehesc no sul.
dos indigenas paraa repulsade là o temerosos inim igos.
Passados, porém, aquelles prim eiro s dias, cm
que us abnegados apostolos, com a sua palavra e V. Além de a esse fla g e llo da fiibustagem , es
exem plos edificantes, l.i.n preparando os nalurats teve a colonia, c;n toda a vastidão da sua zona m a
p.ira uma possível conciliação curti os conquistadores ritim a , exposta a repetidas e obstinadas Icntativ.as üe
começam a sob revir diffic u ld a d e s com que se não usurpação.
liavia eontade para a obra hum anilaíia . to ru m , prim eiro , em 15 55 , os francezes. Sob o
Já fo rlcs pe lo num ero, foram os o nlonos dispen commando de V illc ga gn on , entraram estes na .b nh ia
snmln a ir iIlilL n c ia dos padres, e cuidara ni dc reduzir o
de Guanabara, até então inteirainenle abandonada
selvagem pe la fo rça. pelos portiiguczes.
E as:« puzeram-se cm con flictu, ta nto com o Hem acolhidos pelos ind ios da litto r a l, câta-
gentm cottio com os seus protectores.
belercrani-sc numa pequena ilh a fS e rtgi/tt•), onde le
Dura nte o século X V II travaram-S'c em todas as
vantaram o forte a que deram o nome do chefe Cal
capitanias , mas príncipa Imcnte nas du extre m o nor- vin isi a em França (C o líg n y ).
tc c mr su l, luctas tremendas entre Jiisnitas e loIo -
D uran te alguns annns aqui estiveram os franec-
lios: 1li -1a s que a m c tiu p o lc , cm vez di:• evitar ou re-
zcs pe rfe iia in c n le tra n q u illo s c livre s de incommodos
pn m ir, ai, les accendia com as medidas contradictorias por parte dos senhores da (erra ; puis o Uover.nador
< ii incongruentes, que tomava em relação aos índios. G e ra l D uarte da Custa, em grandes difficuldades ua
Pnr liin , cansados c desillu did os do seu intento Bahia, c. não dispondo de recursos m ilita re s, nada
nas condições em que n levavam, foram òs padres in ponde fazer contra d ie s ,
ternando-se cada vez mais nos sertões de loeste, c E, no emtanto. os francezes, em n a is de cinco
estabelecendo as suas rettucções em pontos onde fi annos de permanência aqui, nada tinham fe ilo no
cassem isolados de c on vivio com os colonos. sentido de colonizar ao menos regularm ente estas
f, então que se in s titu e fo rm alm cnte a escravizaparagens. Nem siquer haviam sahidu da Sua ilha.
ção do seU icola, indo os lulo no s buscal-o á força lá O successor de D uarte da. Costa é que traz
mesmo do fu nd o das florestas. Para isso organizavam- o encargo especial de c x p c llir daqui a q ud lcs intrusos.
se e xpedições que revestiam caracter m ilita r (n o sul Em 1560, vem o p ro p rio Mem de Sá d irig in d o a p ri-
handeir,os; no ncirte m ontarias J que inv:rdiam u von- eira expedição contra os francezes. Inve stidos estes,
linente a rrebianhando ind ios c ir1massa, c Irazendo-.is i cabo de alguiua resistência fu giram da ilh a para o
para os mere,□dos do litto r a l, o ndc eram vendidos em illin e n ti. Com metten o G overnador o grande erro
leilão. : regressar pai•a a H a liij sem deixar nri Guanabara
E iassim que se priv o u do concursu dos Jesuítas quer uma pequena guarnição.
a obra da caitechtfse, a de mais alcance social entre Disso se aproveitaram os francezes para volver
quantas aqui se im puzeram alos conquistadores da reoccupar a siituação, depois de haveirem insufla-
terra. do uma 'insurreição geral dos Tam oias cantra os co
O rccurt>o da im portação de a fric a ilos attem iou lonos de S Vicente, e do E s p irito Santa. Travaram -
até certo po nto a perseguição e caça aos indíos; se luctas em to da p a rte ; e só graças á intercessão
nunca im p ed iu, no erntanta, até fin s do pe ríodo co dos Jesuítas N obrcga e Anchieta c que foram salvos
lonial, que se continuasse con tra estes a exercer a <>s esiabclccimentos porluguezes das duas capitanias.
prepotência das colonos. R econstruindo as suas fortificações na bahia,
Ainda assim, mesmo desamparado quasi sem to rnaram -se agora os calvinistas mais f írte» e amea
pre tiu sentim ento christào c da ju s tiç a das a u to ri çadores, em tianca allian ça corn os iudias.
dades, fo i o indio em to da parte um poderoso au xi le v e Mem de Sá de organizar nova expedição
lia r da p ro p ria conquista, não só to mando p a rle nas contra d ie s , cm 1567.
próprias expedições que se levavam ao in te rio r, como 1 iiih a já volta do da Europa, cam a incumbência
form ando ao lad o dos colonos na defesa da te rra con de exp ulsa r de uma vez os intrusos, um sobrinha do
tra aggressôcs de exlran ge iro s. T ornou-se mesmo em G o verna do r (Esta do de Sá), trazendo aigu.is navios
ta cs casos um elem ento de ta l im portância que não c gente de guerra. C om o concurso dos padres e
se sabe como é que. sem c llc , se haveria fe ito na colonos de S. Vicente, vem Es taci o de Sá, p o r p rin
America a obra do povoam ento, e se te ria in s ta i lado cípios dc 1565, desembarcar numa praia ju n to ao
a nova ordem po litic a e a civiliza ção histórica. m o rro C ara de Cão.
Sabe-se que naquclles tempos se renovara em A li fundou a cidade dc São Sebastião do R io de
to des os mares, e p a rlicu la rm e nle no A tla n tic o , a J an eiro; e como as suas forças não eram su fficie n
pirataria de profissão, tal qual e x is tira entre os a n ti tes para um ataque decisivo a C o líg n y , lim ito u-se,
gos. Desde fin s do século X V I até meiados d o X V III, du rante quasi dois annos, a ir mantendo a posição
soffrêram m uitas das povoações m aritim as da America cccupada até que lhe chegassem scccorros.
os mais te rríve is c funestos ataques de corsárias, cm Em vez dc os m andar, v eio o pro p rio Governador
grande incontinência da sua insania depredadora, E com c s soccorros s o lic ita d o s ; e no dia seguinte ao da
não fo i o B ra z il a menos alvejada entre as colonias chegada (2 0 dc Janeiro de 1567) deu ataque geral
expostas ao fu ro r das quadri'has que varejavam o aos francezes, ob rigando-os a deixar a bahia, agora
oceano. defiuitivam ente.
Princip alm e nlc Santas, R io de Janeiro, Bahia e A p ro v e ito u M em de Sá a ensejo de fazer trasla
Pernambuco tiveram de rebater m uitas vezes ataques dar a sede da cidade para n a lto do m orro S. Ja
de taes bandidos. n u a rio (C a ste llo actua l).
i O O O O 17 O O G O O O
LIVRO OF OURO COMMEMORAT tVO ÍX ) CENTONARIO O A
Frustrada a te ntativa de intrusão na Guanabara, Eram agora os hollandczcs, n a q iie llc momento
procura ram os francezes apossar-se de uma situação m u ito ufanos de haverem sacudido n ju g o hespanhol,
na costa do extrem o norte, até princípios do sécu e tenazes e a ltiv o s a a ffron tar a sua antiga m etropole
lo X V II tamhem com p let am ente despovoada de e u ro fazendo-lhe gu erra de m orte, p rin rip a lm e n te no vas
peus, e entregue an do m in io de selvagens hostis. to e desamparado im perín u ltra m a rin o, ao qual um
Bem m unid os de recursos de toda ordem , sobre 15Ü1 se ju n ta ra ainda o Brazil, por se haver extin cto
tu d o de força m ílila r, e irazendn logo uma turm a de n dynaslia dc A viz.
religioso s para a catechese, entraram p o r esse te mpo P rocurando tira r partido daqiicile eclipse da so
no M aranhão, e insla lla ra m -se na ilha a que deram berania porln gu cza, apressa ram-se os flam engos a
o nome de S. Luiz. planear investidas contra o patrim o nio do velho <-
A li pu7eram-se de eslreita alliança com as trib u s decahido reine, que calculavam não guardasse a Hus-
vizinhas, e faziam , em plena segurança, la rgo tra partha com» coisa sua propria e de fin itiva .
fico em toda a extensão do Iiilo ra l, causando g ra n Em 1621, uma grande expedição ht.llaudcza sur-
des m ales aos portiiguezes, que linharn ate então preheilde a Bahia, c apudera-sc da cidade, quasi in-
levado apenas até o R io Orande a sua avatnçada para leiram ente desguarnecida. A m aior parte da po pu la
o n o rte ção leve de fu g ir para » inte rio r. ( Is hahianos, porém,
não demoram a refazer-se do susto, e cuidam dc
V I, M u ito custou agora ex p e llir d a li aqucllcs reparar o desastre. ()rgallizando-sc inilita rm e n te , si
te im osos concurrentes. Grandes e reiterados e sfor liam aos intru sos, u os põem log«i ern aperio, e em
ços se fizeram com esse fim ; ate que em 1615 conse ta l extrem idade que lhes fo i im possível a resistên
gu i.i Jeronim o de A lb uquerque levar um a expedição cia quando chegou, no anito seguinte, uma esquadra
c ffica z contra elles. Expulsos dn Maranhão os france- dc soccorrn luso-hcspnnhola.
zes, aproveitou-se o ensejo de liqu id ar o dom ínio por- Mas aquelle heroísmo predatório continuou a
tuguez em Io da aquella costa até o Amazonas, tendo fa re ja r grande parte das nossas costas, ancius» de
o cap itão C aste llo Branco fu ndado no litto r a l do presa excellente.
Tocantins o fo rte do Prt-sepio, que serviu dc centro Não escarmentados do m a llo g ro na Bahia, uns
de v ig ilâ n c ia em todo o estuário, e veio a ser origem cinco annos mais tarde vieram os Im llandezes atacar
da cidade de Hctem. a capitania de Pernambuco (1630).
M al se haviam as populações da colonia desas F oi agora m uito mais grave o perigo para a
som brado dc tacs inim ig os, e tinham Ioga de rebater colonia.
uma nova acommettida. A gente da terra não dispunha de recursos tie
O O O O O
I X IU S N .V I INTFRNACIONAI IX) MIO l it JANI UN.) rV T H A Itt PHIN> ll'A I I PA IA CIO UOXUi.lt
o o o o o o 18 o o o o o o
iN iih n iN n r .N c iA /. d a i: x p o s / ç a o in t e r n a c i o s a i .
defesa, e não ponde evitar o g o lpe Os assaltantes V lll. O g n vr-n o do rei, no em tanto, não sc
loniíiram log o O linda e em seguida o R ecife; e com apercebia dn situação em que ia ficando a colonia.
algum tra b a lh o mais em poucos annos, occuparam, Seguro do seu im pério, só cuidava d o B ra z il como
nilo só toda a capitania de' Pernambuco, mas ainda as quem cuida d< explorar sofregamente a sua fo rtun a.
da Parali sha, e do Rio Grande do N orte ; e mais Em vez dc considerar o paiz e a gente como
tarde foram ate o M aranhão, c para a sul ate Ser- uma extensão da sua vida c da sua força, pre feria
gtpe.
crcar aqui um regimen dc cxcepção, c torn an do para
Cl:immandados por M athias dc Albuquerque re-
isso a sua autoridade cada vez mais detestada por
sistiraiT i os colonos heroicamente, e por m uito tem po
absoluta e oppressive
não de ixaram descanso aos usurpadores.
Tir.haocolonnenfrentadocomoseu valor a
Só durante o g r verno do príncipe M nunciio de
naturezavirgemdaAmerica. Tinha, como sacrifi
Nassau (de 1637 a 1644) é que amaine-,ii i i m ,lantn
ciodasuafazenda cdn seusangue, defendidoa
a acção1defensiva por parte dos pernambucanos.
terra, cquasi sempredesajudadodametrópole. Ti
Asisim que se re li rou o princip e (iem Mailn dc
nha, cxchisivamenle pelo seu esforço, ampliadons
1644) rom peu a insu m eiçio geral que andava sendo
proporções do domínio, fazendo-lhe duas oil tres
preparada pela propria gente da terra, e quasi sem vezesmaior oterritorio; ehaviaenriquecidoamo
audi cm:ia da m etropolc (jd o u tra vez P nrtugal, que
narchia, qiic chegtira no século XVIII a ser da»
havia cm 164(1 restaurado a sua sohcran ia).
Começa c n tlo um periodo de luctas tremendas
maisopulentasdaEurnps.
E no cm lanin. cm vez dc estima, de solicitude,
entro os pa triota s pernambucanos e aquelles intrusos ao menos de justiça, não linh a o colono maia que
que já sc julgavam senhores das seis rapitanias do m enospreço, que into lerância, e que o rig o r dos p ro
norte, o seguros de am p lia r ainda as suas conquis cessos coin que se obstinava a m etropolc cm m anter
tas na America. integral a dura condição a que o eondemndra.
D u ra n te c irc a dc dez annos de abnegações ç Eoi o pro prio regimen colo nia l, pois. que n o
sacrifícios, i I lustraram-se, pelo seu valor e firm eza, Brazil, como cm to da a Am erica, pnz o colono em
m uitos capitães, como Fernandes Vieira, An dre V i ríspid o antagonuim o com a m ãi-patr ia. Des dos p n -
dal dc N egreiros, o negro H enrique Gias, o Índio m eirns tempos. sentiu clle que os unicos tropeços
Camarão, e ta ntos c tantos outros. Esta alliança. na oppnstns á sua vida e bem-estar lhe vinham da côrtc.
obra de gu ard ar a terra, das tres raças naturaes que E á m edida qu c o seu esforço, a sua coragem c
rnais largam entc estão entrando na formação da raça o novo espirito que o fortalece vão desbravando a
histo rica , c um dos phenomonos mai6 curiosos e ca terra c conquistando a riqueza, vai também natural-
racterísticos da nossa his to ria dc povo. mente crescendo a sua aversão áqucllas instituições
que O pêam c humilham
o o o o o o 19 o o o o o
IJVRO n i l O l’ RO C O M M I MORATIVO /V ) CENTEX ARiO DA
Nunes Vianu a, fig u ra crim e ffc iio interessem ie, que d iam, eram scinprc isolados, c p o r isso fa cilm en te
em certo mmmento lo i senhor suprem o naqi icllas re reprim íveis.
giões, c que nem por isso fo i m al v is to na c õrte F icou isso bem claro nos levantes do M aranhão
de Lishóa, Tão ve he ui ente se fe z o clam or dos < K i8-l), de Pernambuco (1 7 1 0 ), de M in as (1 7 0 8 ), c
buavfis. e tã o decisivos c im periosos os seus protestos o u tro s ensaios de protesto fo rm a l contra os m ales que
que fora tu at<é a fran qu cira de declarar que pi eferiria m
trasladar-se i:om os seu:s bens para os dontin io s de A in d a em 1789, devido á circunstancia indicada,
H cspantia a renunciar ãquella com petição pe rfeita - frustrem-se cm M inas Geraes um pla no de subleva
in ente le g itim i com os pan I is las. ção, que parecia perfeitam ente viável c seguro si cm
Só an cabo de hietas po rfiad as e sangrentas outras condições pudesse te r sido executado.
i que conseguiram afin al as ó u to rid a Jes conter os Trnm ára-sc a li, entre as mais altas fig u ra s drv ca
dcsahrim enlos da quel las hostes, c em pregando m ais p ita nia , o desígnio de fazer a independência com a
prudência c conselho dn que armas. proclamação da republica Chegaram os conspiradores,
NSo se e x tin g u ira p-K a li, no cm tanto, 13o d e como ha ra/ã o para presum ir-se, a contar com apoio
pressa o germen das dissençõe*. M o tiv o s de analoga de- valiosos elementos, ta nto no Rio como em S io
natureza continuaram n dar ensejo a reclamos e exi Pauto.
gências, a sedições e motins, que 9ó esmoreceram em Aguardava-se, no cm lanto, o dia convencionado
1720 com o sacrifício de Felippe dos Santos. para ei rom pim ento do levante, quando fo i a c o n ju ra
Quasi pelo mesmo tempo occorriam cm Per- ção denunciada, c presos o s conjurados de mais im
namhiico, entre b ra z ilciros c portllgiiCZCS, as luctas portância.
que to maram em nossa histo ria o nome de guerra Siihm e llido s ao juizo de uma alçada, foram d o /i
rios mascates. da alcunha que os m oradores de O lin dos conspiradores condem natio- ã pena cap ital, sendo
da, por menospreçn, davam aos negociantes p o rtu porem , apenas executada a sentença no mais ardoroso
gueses do Recife. c im penitente de to dos, n T iradentes , enforcado numa
Sempre amparados pela m etrópole, procuravam praça publica do Rio de Janeiro, em 1792. O s o u
estes, p o r todos os meios, a u fe rir os mais exage tros tiveram , quasi todos, a pena conim ulada cm de
rados lucros do commercio que m onopolizavam E gre do perpetuo para vários pontos da Africa.
quando qnizeram separar da camara m unicipal de
O lin d a a adm inistração local, revoltaram -se os olin -
dcnsc-s, to mando log o franca offen siva arm ada contra X I. Enganava-se, nn cm tanto. a soberania alarm a
os portiiguczes, investindo o Recife, e depondo n G o da. suppondo que os excessos de rig o r seriam os
vernador, Sebastião de C astro Caldas, e obrigando-o m eios mais cfficazcs para m anter aqui o svstcm a de
a fu g ir para a Bahia. medidas com que suffocava im pulsos desde m u ito la
Ficaram os revoltosos senhores da capitania, e tentes na alma das populações
Cllidnram de preparar-se d e ris ivamenle para sustentar A chegada (em 18Í18) dn fa m ilia real, corrida
as resoluções que tinham tomado. de Lisboa pelas armas francczas, não m udou g ra n
L (piando sentiram que sobre a te rra não ta r de coisa na colonia.
daria a c ah ir a severidade das leis, chegaram ale a Passadas as emoções que o facto im p re visto p ro
pensar no recurs-) extremo de uma com pleta eman duzira no prim eir > m om ento, romcçnn-se a sen tir,
cipação. conslituindo-sc em republica. em todas as capitanias, que em vez de m e lho rar,
Vem, no cm tanto, simulando in tu ito s de conci antes parece que se aggravára a condição da terra,
liação, e parecendo querer in s p ira r confiança a to priiicip alrncn tc no que dizia respeito A economia g e
dos. um n o \o Governador; e os m ais prudentes ral.
suggerem c fazem vencer o bom aviso de reconhe- Na propria ordem c isil m u ito pouco se alte rara a
cel-o. sorte dos colonos Os Governadores e os capitães-
N ão se aplacaram, porem, nem assim, os dissí m óres continuaram a ser o s mesmos desabusados
dios e tu m u lto s , sinSo alguns annos depois (171-0. pro consules, em cujas mãos se concentravam to dos
os poderes quando o soberano estava longe
Q u an to a m elhoram entos materiaes só aproveitou
X. O pensamento de sacudir aq ue lle pesado algum a coisa, com a presença dn re i, a cidade do
ju g o e lib e rta r a colonia vinha, pois, tornando-se im R io de Janeiro: e isso na tu ra l men te , porque era
perioso á m edida que o dom ínio p o rliig u c z se punha s id e da côrtc. Era preciso fa zer aqui, ou arrem edar
em contraste, cada vez mais irrita n te , com os in te quanto possível, o que havia lã cm Lisboa.
resses, a libe rd ad e c o es p irito das populações. Tornou-se, pois, o Rio o centro de to da a vida
O que, porem , a estas fa ltava não eram apenas do paiz. Para aqui vinham todos os recursos que
os indispensav eis recursos materiae s de guerra para se arrecadavam nas provincias, deixando-se cm to
fazer fre n te áis guarnições da colo nia. das cilas a m ingua de meios as necessidades m ais u r-
M u ito ma is do que isso, o qtl e favorecia o jm - gcnles.
p e rio da m elroipolc era, sobretudo, a circunstancia de P o r isso mesmo com a presença da c òrte n5o
ser o pa iz m ui to vasto, e de sii: acharem m uito se fez menos do que to rn ar m ais viole nta s cm toda
distanciados nris dos outros os grandes nucleos onde parle as velhas prevenções c rivalidades entre filh o s
era mais fo rte a opinião c o sent im ento de pa ina . da te rra e partuguezes reinócs.
N ão haverido, portanto, colicsár» imm ediata entre E ta nto assim que mesmo durante a perm anen
esses núcleos, o que se havia de dar fatalm cnte é d a de D. João no Brazil, nem por isso fo ram menos
q u e os m o vim entos, que se tentavsim ou emprchen- evidentes e formaes as manifestações d o e s p irita que
cpk'PKnhia: nácíonãLdeTabacqs
M /^ U F A C T U R A deF U M O S C i G A R R O S eCHARUT^OS
}, - V VR.IO.DE JANEIRO’"! / z J
í ® 11"
X II. Nem esses acontecimentos do no rte, no X I II. Eiuquantn se cuidava de chamar ao grem io
cinianlri, scrvira.u de aviso aos homens de D . João VI. da nação aqucllas provin cias esquivas, apressaram-sc
Não cuidavam e lle s de certo que pudessem íân aqui, na capital do novo im p erio, os trabalhos de o r
cedo sob revir complicações c perigos ainda de mais ganizar o Estado.
gravidade, e a que não teriam torças para resistir. Havia-sc já, mesmo antes do lance do Ipiranga,
Eniquaiito se celebravam aqui, com lod o appara- convocado unia assembléa constituinte.
lo, as festas da coroação, lã no velho re ino se conspi Esse congresso rcuniu-sc com c ffc ilo e;n M aio
rava contra aquella ordem de coisas, que sú cm P o r de 1822, c começou a d is c u tir o projecto de C onsti
tugal se ob s tin a i a o irre d iic tiv c l e im penitente rc- tu içã o que se havia elaborado.
galismo em m anter n o meio da E uropa sacudida do la aquella assembléa exercendo m u ito regular
esp irito novo, e a rceo nsli tu ir-se sob o in flu x o das mente as suas funeções. quandi o imperador, mal avi
novas ideas, que lavram como incêndio. sado, e cedendo a suggestõcs dc uma facção pessoal
Em 1820 rompe na cidade do P o rto a revolução a que se confiara, não trepidou em dissolvel-a, com
constitucio na lista, e lo g o trium ph a em to do o reino. grande apparato de força m ilita r, c com ostentações
A repercussão d o successo vem levantar o ani- de quem não tinh a pe rfe ita in lu içã o do papel que lhe
mn geral nas províncias do B r a z il; e cm quasi todas cabe num regim en como o que sc planeara.
ellas organizam-se Juntas Provisórias de governo ad Desde esse m om ento fo i o im perador perdendo
herentes ás C ortes constituintes que em seguida se a ruidosa popularidade dos dias recentes, c acabou
reuniram em Lisboa incom patibilizando-sc com a nação.
Dcslocára-se assim , de um m om ento pa ra outro, O acto d c fo rça contra a con stitu in te provocou
o eixo da velha soberania: a m ajestade posta em che cm toda parte as mais vivas suspeitas contra a ín
que jã não impera em tada a monarchia convulsio do le d o príncipe, que só agora se mostrava tã o eiva
nada. d o da atmosphera da velha realeza onde se educára,
O rei aq ui e us seus estremeciam, im m obilizados e que parecia tão extranho ao esp irito dos novos
de susto ante os acontecimentos com que os surpre- tempos.
hende o destino. E viu-se D . João cm taes embaraços, Em m uita s provincias fo ram form aes c energícos
e tã o assohcrhadn de perigos; sentiu a sua autoridade os protestos com que sc rebateu e condem non aquella
tã o dim inuída que a fin a l o unico expediente que
se lhe impnz fo i a vo lta para a antiga séde da cõrtc, Nem fa lto u mesmo o revide das armas, tendo-se
deixando, porém dir-se-ia como de pro po sito a pro vin cia de Pernam buco in s u rg id o (em 1824) e
o p rincip e real com o seu lo rn -tc n e n tc n o governo proclam ado a republica da C onfederarão do E q ua
do Brazil. d o r, own adhesão de outras provincias do norte.
Alcançou lo g o I) . Pedro a situação que esses N a q u c llc m omento de tantas e<tãn graves com
acontecimentos lhe preparavam. plicações, que faziam recear p e la sorte do paiz, ain
Desde algum tem po, aliás, que n u tria elle as da Sc un ira m exe rcito e m arinha a estadistas dc acção
mais le g itim a s ambições neste vasto th ea tro da Ame para c o n ju ra t aquelle perigo.
rica; c tinh a mesmo creade, entre os b ra z ile iro s mais D. Pedro, pnrém, nunca m ais se reconciliou com
illu stre s daquclla geração, o seu grande partido. os b ra z ile iro s ; e o seu d e spre stigio fo i crescendo até
o o o o o o 21 o o o o o o
LIVRO DE OURO COMMEMORATIVE) DO CENTENÁRIO DA
que o surprehendcii naquclla c inju nctu ra d>’ 1811, tiveram os riagrandenses de fazer a paz com o im
em qui sc viu assohcrbado tie embaraços que o le pe rio , mais que pelas armas vencidos dos in tu ilo s pa
varam á abdicação (7 de A b ril). trio tic o s e conciliadores do barão (de po is conde, niar-
£ que D. Pedro não buba a fo rtu n a de com ple- quez, e duque) de Caxias, n pacificador .
tar por uma certa capacidade po litic a ao menos, ou t i n 18111 (a 21 de J ulh o) fo i o im perador [3.
p o r algumas virtudes dc príncipe d o s<cu tempo, Pedro II, por uma revolução parlam entar, declarado
aq li cl las exc<lle n tc s qualidades e aquellc culin is ias- m aior (com pouco menos de 15 annos) e entrou
m o com que tomára c defendera a causa que era no exercício da sua alta m agistratura.
ta n to do Bra zil « im o sua n o transe da separação. üepois da m aioridade, occurreram ainda algum as
revoltas, nas provincias de S Paulo c dc Minas
em 1812, c na de Pernambuco em 1818. N ão foram
X IV . Com a sabida h rusca do soberano abdican
eslas, no cm tanlo, m u ito m ais que sim ples m ovim en
te, installa-sc o governo da Regência, que sc Consti tos de partidos, sem caracter de causas políticas n u de
tu e em nome de O. Pedro li, ainda menor. defesa de ideas.
F oi este, de mais de nove annos, o período inais
d i f f ir i l da nossa historia . T an to na cõrle, como em
quasi todas as provincias, houve constantes motins c XV. D ahi em d ia nle í que sc norm aliza a
tum ultoík que fo i necessário re p rim ir pela força. Os ordem inicrna.
mais graves deram-se na Bahia, em Pernambuco, cm Para isso em grande parte concorrem as Conipli-
Alagoas, e nas do extremo no rte; e o mais teme caçâes da po litic a pla tina , cm que o governo im p e
roso de todos, no Rio G rande do Sul, onde uma rial fo i forçado a envolver-se.
verdadeira revolução, durante p e rto de dez annos Atacada cm 1813 pelos exercitos de Rosas (dic-
(de Selem bro de 1835 a M arço de 18-15) fez g ra n ta dor dc Buenos Aires) pediu a R epublica O rien tal
des males á p n vincia, c chegou a ameaçar seriamente o socco ro d o im perio quando v iu M ontevideo s i
a ordem geral no império. Os revolucionários p ro tiad a por O ribc , preposlo do dictador.
clamaram a republica em P ira tiu im , elegeram pre s i Por mais de uma razão, cada qual mais le g iti
dente o chefe da revolução. Bento Gonçalves, c cnn- ma imperiosa, teve o Brazil, por fim de enviar (cm
1851) um exe rcito dc protecção ao povo a.nigo.
Tentaram os republican^is extender o m ovimen Esse exe rcito (sob o commando de C axias) a
to para o norte, ma? inutilm ente. que se alliaram tropas uruguaias e argentinas (eslas
A fin a l, sem o concurso das demais provincias, da provincia de Entre-Rios, cujo G overnador sc de-
O o o O O
0 0 0 0 0 2 2 o o o o o o
i n d e p e n d f. n c ia e ha e x p o s iç ã o i n t e r n a c io n a l
clarára contra Rosas) o b rig ou O rih a render-se, au p é rio ) poude logo rcconstiuiir-se das devastações da-
cabo de pertn dc dez annos de porfiadas refregas q u ella tnrm cnla. E sá agora c que se póde dizer que
vo lta dai praça annargurada. en trou elle na sua verdadeira independencia, con jura
Ass im que se libe rta ra Minntevideo, levaram das aquellas tres impias tvrannias de mais de m eie
alliadns as suas armas contra Rosas ind o investi século; liv re das quaes poude iniciar uma phase de r e
na .sua pro pria c apitai. paração, de existência normal e de progresso.
Sahiii o despnta a encontro dos aggressores; Term inada a guerra, que fo i o u ltim o c o n flic to
mas cstes, na halalha de Caserns lhe desbarataram externo do segundo reinado, começou-se nn im perio
o exerciln em que purcra a sua ultim a confiança, e o um grande movimento de reformas, tanto sociacs
forçaram a fu g ir para a In glaterra , onde viveu ainda como politicas, desde m uito reclamadas pela nação.
A o mesmo tempo que renascia vigoroso o esp i
Estava, pois. a R epublica Arge ntin a i»or sua vez r ito geral, e tomava largo incremento a economia
livre da qu clla sacrílega tvrannia. in te rna , ia-se também fortalecendo a opinião publica,
M al sncegára algum tempo O governo imperial, retemperando o sem im ento nacional, e pondo fra n
e já cuidava de aprovcirar aquelle mom ento de paz camente em exame e discussão a po litic a dos velhos
para encam inhar a administração do pa'iz, quando leve partidos, e a propria fô rm a de governo.
de levar para alem das fron te iras , ainda no extremo O que neutralizou, no cm tanto, até certo ponto,
sul, uma nova guerra, agora contra Aguirre, presi a propaganda repuhlicana por algum tempo, fo i prin-
dente do Estado O rien tai, instigado pelo úictador do cipalm cnte a questão do elemento servil.
Paraguai Esse problema fo i segiiraincntc o que, desde
Com o A g u irre se obstinou a cm tosam ente em não 1870, mais agitou o sentim ento nacional.
□ttender a reclamações que o im perio lhe fazia con C um quant > a lei 1‘ aranhos (d e 28 de Setembro
tra a sua p o litic a em relação a b ra z ilc iro s habitantes de 1871) tivesse estancado a fonte da escravatura
da campanha o rie n ta l, não houve o u tro recurso si- declaiando que os nascituros de m ulher escrava, da
não constrangel-o a isso pelas armas. data dessa le i em diante, seriam livres — continuou o
Vencido A g u irre , levanta-se Francisco Solano Lo e s p irito pu blico a clam ar contra tã o odioso espolio
pez bruscam ente, não sá con tra o im perio, mas con do passado, c num ta l crcscendn de vehemencia que
tra os seus demais vizinhos do A tlâ n tic o , invadindo- não fo i mais possivel a d iar a solução radical que se
lhes de im p roviso, c sem deciaraçio de guerra, os te m ia ; e a abolição leve de ser decretada quasi rc-
respectivos te rritó rio s . vnlucinnariam enic a 13 de M aio de 1888.
Fizeram então os tres povos — uruguaio, argen E então póde-sc dizer que as instituições po liticas
tin o c h ra z ile iro um tratado de ailiança offensiva entraram na phase aguda de uma crise que desde
c defensiva c on tra o am bicioso caudilho que sem m u ito s annos vinha abalando os fundamentos do regi-
nenhuma razão de ordem po litic a se atrevia a per
tu rb a r a paz na America d o Sul. O que mais concorreu para com prumetie r os
D epois de haverem rechassado das províncias destinos da monarchia naqucllc momento fo i sem
invadidas as tropas do dic ta d o r in im ig a , e de ha duvida a exagerada confiança dos seus grandes esta
ver-lhe a esquadra im p e ria l annullado o poder naval distas na e ffic ie n d a do systema, e cm contraste com
na m em orável batalha do Ríachuelo, tomaram os allia- a a ltitu d e de franca antipathia e repulsa que contra
dns energica offen siva contra López. c lie tomaram a fin al as forças armadas, m u ito seguras
T ornou-se lo g o im possível a resistenda do ag de que no sentim ento popular não encontrariam fo r-
gressor lá no p ro p rio te rr ito r io , apesar dos conside maes resistências.
ráveis recursos de gu erra que tinh a accumulado. Não ta rdou que sobreviesse a crise daquella
Em quanto levavam os alliad ns d c vencida, os que sc chamára questi a m ilita r, e que. explorada ha
exercitos do dicta do r em continuos encontros (dos bilm ente pelos republicanos, devia pro du zir o re s u l
quaes o mais fo rm id á v e l f o i o de T u y u ty , a 24 de ta do que seria fa cil prever á vista dos m u ltip lo s fa cto
M aio dc 1866) forçava a nossa esquadra heroicamen res que se vinham preparando desde m u ilo : quando
te, no r io Paraguai, os passos de C uruzú, de C uru- menos apercebidas andariam as provincias (onde não
p a ity. e da temerosa hiumaytá, obrigando-se assim havia m u ito mais que vagas aspirações de pequenas,
Sc lano López a ir de recúo em recuo para o no rte, e em m uitas até de insignificantes m in orias) dão-se
e a fin a l a m etter-se com o restante da sua gente na n o R io de Janeiro, com todas as apparendas de uma
região das C ordilheiras. surpresa, os acontecimentos de 15 dc N ovem bro de
A li fo i atacado; e teve de andar, ind om ito e 1889.
cruel (e m ais cruel com o p ro p rio po vo que s a c rifi A fre n te das tropas da guarnição, perfeitam ente
cava do que com os exercitos que o perseguiam ) m u unidas, e de accôrdo com as forças da marinha, p ro c la
dando de acampamento quasi to dos os dias, im pondo ma o marechal De o d oro da Fonseca, na manha da
aos m iseros que lhe obedecem o castigo de acabar q u elle dia (n o lendário Campo de Sant’ Anna) a des
com elle. titu iç ã o do m in is tério Ouro-P reto, e em seguida a
L e lle só acabou quando desbaratado e m orto deposição do p ro p rio imperador, e a in stitu içã o da
(em C e rro C orá, a 1 dc M arço de 1870).
N ão houve siquer signaes de protestos de nenhum
dos dois p a ri idos m ilita nte s , nem d c nenhuma classe:
XVI C om a m orte de López acabou a guerra. a rep ub lica fo i saudada, p o r uns como um grande so
O povo paraguaio (am parado pelos vencedores nh o que se realiza pondo em d e lirio o son ha do r; e
daquelle fe ro z despotism o, e principalm ente pe lo im p o r ou tros como uma nova ordem de coisas que não
o o o o o o 23 o o o o o o
LIVRO HE o r RO COM AtEMORATIVO /X ) CENTENARIO
sc previra, mas que logo se v iu que podia ser tão lhe seguiu (d o marechal F lo ria n o P e ixo to ), foram
bem explorada como a o u ira . m uito agitados.
N o p rim e iro m om ento huuvc um como silencio Desde, porém , a prim eira presidência civ il (a
de pasmo. D ir-se-ia que a nação accordára naqiivlla d o Ur. Prudente de Moraes) começou a norm alizar-
manhã lom ada de um susto que a im m o hiliza : mas se n nova ordem po litic a , tendo s ido apenas mais d if
f i d i de fixaT-se a situação em algumas das antigas
N o fu n d o de Iodas as consciências o que é ver províncias con stitu ída s cm Estados
dade t que o facto andaria sentido ta l como era- a Logo que sc sentiram conjuradas as difficu Id ad es
republica vinha a fin a l cnmo uma solução m u ito lo g i dos prim eiro s tempos, fo i o pa iz entrando seguro
ca da nossa propria h is to ria , pois a m onarchia' não numa phase nova de v italidade e de reeonslrucção,
linh a raizes nn sentim ento dos brazileiros. Adopt.ida tanto na sua v id a interna cnmo nas suas relações com
cm 1922 como fô rm a de transição qne os acontecimen todas as nações do mundo.
to s im piizcram , pôde-se d ize r que clia só viveu, de
18 11' em d ia iilf, do pre stigio pessoal de D. Pedro II A ti commem ora r agora o seu p rim e iro centenário
como nação,. prospero c pacifico, sente o B razil que
tem o seu grande papel nn convívio internacional, c
X V II. Teve a republica, nos seus prim eiro s dias vai para o (m u ro m u ito conscio dus seus destinos, c
de vencer alguns embaraços, que eram m u ito naturaes largam cnlc in sp ira do nos sentimentos de pe rfe ita so
desde que se ensaiava um regim en novo, em eoniras- lidariedade m o ra l com lodos os povos americanos.
te com tradições de p e rlo de setenta annos.
d govern do marechal D eodoro, e o que sc K(x:ha Pombo.
O O O O O O 24 o o o o
am
o o o o 25 o o o o o o
LIVRO n E OURO COMMEMORATtVO DO C EN T tN AR K> HA
ricana e já O pensamento republicano, inspirado pela racá, os padres A n to n io Pereira c Pedro de Souza
liberdade da Patria, surgia illu m in a n d o a consciên T cnorío, o C oron el A m aro Gomes C outinho, os rc-
cia dos naturaes com essa epopea que fo i a m allo- neiilc:-i'< iro ne ís S ilv eira e Peregrin.» de C arvalho,
grada — Inconfidência M in eira, c u jo insuccesso, fr u os Capitdes T hco to nío Jorge c Barros Lima o
to de v il traição, não conseguiu abater n ju s to ideal Leão Coroado, — o T c n c n lc A n to n io José H en riq ue
dos que aspiravam uma patria liv re da opprcs&áo. c Ignacio Lccipoido de A lbuquerque Maranhão.
O baraço que estrangulou S ilv a X avier O Em 1821, no R io dc Janeiro, o A lm ira n te Ro
Tiradentes, n io fo i bastante para d e struir as as d rig o P in to Guedes, o b riga de iro G e iic lii, o ju iz da
pirações de independência, com a fo rm a de governo A lfam lcga T a rg in i. Lu iz José dc C arvalho, Isidro
rep ub lica no ; e, tã o pouco, a ga le perpetua, a que Francisco Guim arães, João Severiano, M aciel Costa
fo i condem nado José M artins Borges, avilta do pelos c o u iro s patriotas, tiveram que se occultar para evi
açoites na praça publica, d im in u irá o v ig o r das con ta r sorte egual á daqucllcs heroicos e grandes vul
vicções. to s que pagaram com o su p p lic io da forca uns, c
Em 17Q8, surge de novo a idea da independên com o degredo outros, o grande crim e de haver n
cia nacional, ainda uma vez m allng ra da pela dela cogitado da libertação da pa tria que a uns v ira nas
ção. Além do supplicio da força in flin g íd o a G onçal cer e a ou tros acolhera como filho s.
ves das V irgens, Lu iz Dantas, J o io de Deus, Luiz
Pires e F austino Lyra, o C o n lin c n te N egro, recebe Com o rcsalia, ames que cm 7 dc Setembro dc
como degradados onde succum liem , os conjurados 1822 fosse estabelecida a M onarchia lio B rasil nada
C yp ria n o Barata c M arce)ino A n to nio. menos dc qu atro pronunciam entos sérios, diversos mo
D e no v o em 1817 na Bahia e Pernambuco sur tin s dc m enor im portaticia se opcrara.n, cm p ró l da
ge o m ovim ento pela emancipação da patria. independência, todos elles sob o caracter re p u b li
F o i organizado um ü o verno p ro v isorio que des cano. Vem a m olde, com o prova da aspiração repu
ce ás ruas armado com o povo a dar combate tis blicans d o e s p írito po pu lar, as palavras dc José C le
hostes do governo da m etrnp ole , que, trium phando, mente Pereira, a 9 de Janeiro desse mesmo anno,
faz encarcerar deshumanamente quatrocentos e tantos quando concirava ao Princípc Pedro, filh o de Jnão V I,
brasileiros e portuguezes que com m ctterain o fe ia a desobedecer ás ordens das côrtes da m etrop oiu
crim e dc aspirar uma patria liv re . que o intim avam a regressar á mãe patria.
Taram então fuzilados os a istin ctos padres R o «Será possível, ( d i2ia C lem ente Pereira ao p rin
ma e M ig ue l ino. c D om ingos José M artins e José cípc Pedro), que V. A. Real ign ore que um p a rtid o
L u iz de Mendonça e enforcados o v ig á rio dc Itama- republicano, m ais ou menos fo rte , existe semeado
, 1
*1 S
I S
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* 1C.
i imi m m nr um
j ta a r m m ü» fP " | J k
J IR T m # ! ! í i| i8 i :
INDEPENDKNCIA f i f>Â EXPOSIÇÃO INTERNACJONAI.
.aqui e a li, crn m u iia s P rovíncias dn Brasil para nân Em 1835 o D eputado A n to n io Ferreira França
dizer cm todas?D apresentou ao Parlam ento um projecto de lei no
p. fe ita a emancipação po litic a do Brasil a 7 sentido do cessar o governo do Brasil dc ser p a tri
de Setem bro dc 1822, mas essa emancipação não m onio do uma fam ilia, devendo o Imperador D, Pe
conseguiu desraigar da C on scien tia nacional as sym dro 11 e suas irmãs ceder os seus p rivilé gio s, re
pathias convictas pela democracia pura. cebendo p o r uma só vez um subsidio nara com pleta
A l í o dia da proclam ação da nossa emancipação rem sua educação e fic a r a nação governada, desde
po litico-social, o povo, (com o m uito he.n disse Lo lo g o , por um presidente nomeado dc dois cm dois
pes Trovão, em im p o rta n te pam phleto), deslum brado annos pelos eleitores das provincias.
pelo especlaculo grandioso que lhe o ffc rc c ia a quasi A 23 de Julho de 1840 era conferida a m a io ri
totalidade das nações já libertas da Am erica, ama dade de D . Pedra I I, ru a n d o elle não havia ainda
va a R epublica simplesm ente pela R epublica; dahi atting id o aos 15 annos de edadel N o emtanto o c i
cm diante, porem , começou a es(remecrl-a ainda mais dadão só aos 25 annos podia eycrcer o elementar
pelo o d io que lhe inspiravam as lihertinagene, os d ire ito do voto!
desatinos, as violências, os crim es, pu blico s e p r i Estavam o s destinos de uma nação a se fo r
vados d o p rim eiro Im perador e do c o rrilh o passivo m ar cniiegueB a um a crcança!
e subserviente dc que ellc se acercara para exercer Não commentam is. o nosso nbjectivo não c ara-
com m ais segurança os seus hrutaes e grosseiros ins ly s ar c tão sómente rep ro du zir apontamentos sobre
tinctos despolicos. a propaganda republicana.
A consequenda fo i o 1831 na B ahia; o 182Ç Em 1835 irro m p era a revolução no Rio G ra n
em Pernam buco; o 182-1 que fu n d iu as Provincias de d o Sul, com o fim de fundar a Republica de
da Parahyba, Ceará, Rio Cirande do N orte c Per Piratin im .
nambuco cm um só Estado sob a denominação de O governo lançou mão de lodos os recursos
«Confederação d o E q u a d o r', e fitiaInte nte o 7 de para auniquilar e vencer o brio s o e valente povo
A b ril em que o lira n e le fo i daqui e x p c llid o pela gaúcho, form ado p o r essa leg iã o sublim e dos filh o s
cólera popular. dos pampas. As levas de homens armados se sue-
E xp ulso Pedro I o oaiz en trou no período re- cediam umas ás outras, sem resultado aproveitável.
gcncial. fo ra m nove a m ios de lutas sem tréguas, pelo Aggrava-sv a situação com a attitud e da Cama-
p a rtid o nionarchico. já d iv id id o em duas partes ir- mara M un ic ip a l d c Sorocaba, que proclama a revo
i« con ciliá veis; uma qu eria a restauração do prim e iro lução na Provincia de S. Paulo, cm 1842. Também
im perador de po rla do , outra sustentava a reg rn cia; M inas Geraes rcvoluciona-se na mesma epoca. A!a-
uma procurava espaçar o regímen rcgcn cia l emquan- g o a . em 1844 increm enta a crise cue assoberba o
lo que a nutra reunia lodos os esforços para cn lre g a r Im perio.
o governo da nação a o he rde iro pre sum ntivo da corõa, E doloroso dizer-se mas o p re s tigio das ar
um m enino e n v olv id o ainda nas faixas c o n s titu tio mas dos nossos valentes c dedicadoa soldados, pas
nal's da m enoridade. sou a valer menos que o d in he iro !...
A s consequentias dessas lutas foram as sanguei- Surgiram os im itadores de Joaquim S ilverio dos
ras d o generoso po vo, as quaes em 1831 inundaram Reis, ( o de lactor da Inconfidência M in eira), e os
por duas vezes as provincias de Pernambuco, Pará gcncracs regressaram de Alagoas, Minas Geraes, S.
e M aranhão e uma vez o Ceará c a cidade do R io P a ulo e R io ü ra n d e do Sul, com as laureas de
de Ja n e iro ; em 1832 na p ro vin cia de M in as Geraes triu m p h o bem pouco edificantes.
e também nas ruas do R io dc J an eiro; cm 1833, Em 1848 Pernam buco insurreccionoii-se de no
mais uma vez n o Pará e R io d c J an eiro; cm 1831 cm vo C bateu-se desesperada e valentemente em san
M a ito G rosso ; cm 1833, mais uma vez no Pará c gre nta campanha, que term ino u dc modo opprobrioso
no K io Grande do S u l; em 1837 na Provincia da para o Im perio.
Bahia; cm 1838 ainda uma vez no Maranhão. C o n fian te em promessas de amnistia, o pae de
Pedro Iv o , um dos chefes da revolta, entrega o f i
lh o ao governo que, deslcalmente, o mandou encar
cerar, carregado de fe rro s , em um calabouço da F o r
Ill taleza de Santa C ru z. Pouco tempo depois desappa-
rccia sem que se saiba até h o je, como c nem para
O pensamento rep ub lica no não se e x tin gu iu, es Para o povo. Pe dro Ivo fõ ra cobardemenle as
tava apenas am ortecido N o em tanto jornaes desse sassinado no m y s te rio do seu cárcere e com elle,
tempo pregavam a supressão da monarchia, confor como m u ito hem disse d is tin c to escriptor, a d ig n i
me a ffirm a o his to ria d o r im p erialis ta A rn iriag e. Essa dade nacional que, nos u ltim o s movim entos de Per
idea conquistou ta l preponderância nessa occasião, nambuco, M inas Geraes e R io Grande do Sul, re
sobre a consciência publica, que houve uma p ro presentaram uma grande força aue succumbe lu -
posta pedindo a federalisação d o paiz e o u tra dan
do autonomia ás provincias com constituição pro p ria O paiz, mal fe rid o , to lh id o nos seus justos asso
e ainda a 10 de J ulh o de 1831 um p ro je c to deter mos de independência e hom bridade, cahiu vencido
m inando a v italicied ad e do governo na pessoa dc nas mãos d o Soberano.
D. Pedro II, sendo que, depois dc sua m orte, o Annos se succederam e com elles graves e serios
governo passaria a ser tem p orário, na pessoa dc um acontecimentos, dos quaes os dois partidos p o liticos.
presidente das pro vin cias Confederadas. L ib e ra l c C onservador, — quando no ostracis
es o o o O o 27 o o o o o o
UVRO a t: 'RO COM M L MORA TLVO /X ) C ENJt.NARIO DA
mo, sc- aproveitavam para ferir ns adversarios, en que tão fortemente impressu non a população do nos
volvendo nos sens ataques o Imperador e assim des so vasto paiz c que levou o assombro- ç o panlco aos
prestigiando a forma de governo. que vihhant dominando disereccinnariaineiilc.
( ) ideal republicano não fòra axtincto, a des No emtanto, para que a geração actual tome
peito do silencio imposto cm torno delle, depois que conhecimento dos signatários desse importante e pa
a metropol< c o Império se cevaram fartamente em triotico documento, admiravcl c conscienciosa .nente
innumeras victimas, desde Felippc dos Santos até bem redigido, damos a seguir, os seus nones:
Pedro Ivo
Joaquim Saldanha Marinho, Aristides Ja Silvei
ra Lobo, Christiano Runcdiclo Oltoni, Flavio Far
IIesc, Pvdrii Antonio Ferreira Vianna. Lai avelle Ro
IV drigues Pereira, Bernardino Pamplona, João dc Al
meida, Pedro Bandeira dc (loiivèa, Francisco Ran
gel Pestana, Ft enrique Limpo de Abreu, Augusto
Em 1865 estala a guerra com o Paraguay, en Cesar de Miranda Azevedo, Elias Antonio Freire,
contrando-sr : Brasil com a sua defeza nu 1lificada. Joaquim Garcia Pire-s dc Almeida. Joaquim Maurí
O inimigo invade as Provincias de Mailu Ciros- cio Abreu, (Quintino B.icavuva, Miguel Vieira Fer
so e Rio Orande da Sul. quasi que sem encontrar reira, Luiz Vieira Ferreira.’ Pedro Rodrigues Snare's
elementos dc resistência. As pequenas guarnições das dc Meirelies, Juli.. Cesar Freitas Coitinha, Alfredo
fronteiras são sacrificadas A bravura dos nosjos sol- Moreira Pinto, Carlos Americano Freire, Jcrouvirin
dados não foi bastante para impedir a invasão do Simões, José Teixeira Leilão, João Vicente de Bri
inimigo, que desde muito se preparava, c.nquanto to (ialvão, José Maria de Albuquerque Mello, Ga
que os governos do Imperio, sempre imprevidentes, briel José dc Freitas, Joaquim Helcodoru Gomes,
a despeito dc reiterados avisos deixaram que che Francisco Antonio Castnrino dc Faria, José Caeta
gássemos á deplorável situação de fraqueza, que, no de Moraes e Castro, Octaviano Hudson. Luiz dc
se não fôra a dedicação do nosso povo, form and r Souza Araujo. João Baptista La per, Antonio da Sil
levas de milhares dc voluntários, feriamos que su va Nulo. Antonio Jom dc Oliveira Filho, Fran
portar o dominio do diclador Solano Lopez, que cisco Peregrino Viriato d j MeJeiros, Antonio de Sou
era lioinetn de valor m ilitar e de grande descortino, za Campos, Manuel Marques da Silva Acanau. Ma
como bem n demonstrou, suslent ando por cinco an riano Antonio da Silva. Francisco Leite Billencoun
nos- essa guerra, que Ião caro nos custou, com o Sampaio, Salvador dc Mcnd inça, Eduardo Baptista
sacrifício de dezenas de milhares de patrícios nos Roquet i Franco, Man ci B.micio Font nelli, Tclles
sos que la se finaram varrid s pela metralha e pe José da Costa e Souza, Paulo Emilio dos Santos
las molestias, além dos cxhorhilantcs dispendio; que Lobo, José L.npes da Silva Trovão, Antonin Panli-
tanto aggravaram a fortuna nacional no Limpo dc Abreu, MaccJ.i Sodré, Alfredo Gumes
Antes mesmo dc terminada a -guerra, o ideal Braga. Franciisco <: dc Hoizia, Mamli cl Marques de
republicano começou, c certo que muito limn damen Freitas. Tlionné Ignacio Boi.cílio, Eduardo Carneiro
te, a dar signa! de vida. A mocidade das Escolas dc de Mendonça, Julio V. (Juti ierrez, Ciandida Luiz de
curso superior, ora fra cameu te, ora com- certa ener Andrade, Jost:. Jorge Paranha>s da Sil va, Emilio Raii-
gia, iniciou a campanha que só terminou cm 15 dc gel Peslana e Antonio Nunies Galv'3.1.
Novembro de I88Q
Não só na mocidade das Eícolas, também na
tropa que regressãra da gtierra, onde com tanto sa-
crificib conquistara os touros da victoria, f.rram en
contrados elementos dc valor que não mais sc confor V
mavam com a fôrma de governo implaniada a 7 dc
Setembro de 1822.
Os republicanos alcançaram as vantagens que Alravcz de revoluções e motins, que agitaram
os elementos militares poderiam trazer á propagan o paiz do extremo Norte ao extremo Sul. a idea
da. com clles confraternizaram r, assim, o pensa republicana, desde os tempos coloniacs, co.no já de
mento republicano rosurge pujante, ostensivamente, monstramos, vinha se affirmando A sua propagan
corporificado em um punhado de cidadãos, que fat da. porem, tomou nova orientação mais intclligentc
iaram ao paiz por meio dc ti.n manifesto hem de c methodica e assim mais generalisada pelas cama
monstrativo de que a monarchia, mesmo constitucio das populares desde 1870 em deante, apoz a pu
nal,. era incompatível co.n a verdadeira democracia. blicação do documento a que acima nos referimos
Este notável documento- publicado em 1870 foi c do jornal' «A Republica., cujo primeiro 'mimem
o bradó que repercutiu em todo o Brasil; chamando saiu a 13 de Dezembro dc 1810.
a postos os compatriotas que Souberam resistir á A propaganda seguia um curso muito cansa
corrupção do regimen imperial tivo, movimentado por Quintino Bncaviiva, Miguel
Dc todos os pontos surgiram francas adhesões, c Luiz Vieira Ferreira, Aristides da Silveira Lobo,
principal mente das províncias de S. Paulo, Minas Saldanha Marinho, Salvador de Mendonça, Flavio
Oeraes, Rio Orande do Sul, Bahia, Pernambuco e Forms. e ou tios inlellectuacs, cmquanti que desen
Rio de Janeiro. volviam a maior dedicação o proprietario da typo-
Lamentamos não dispor do espaço necessario graphia João Aranha e o paginador Lino Cardoso
para reproduzir na integra o importante manifesto de Oliveira Guimarães
o o o o o o 28 o o o o o
H IL D E B R A N D BR ES5AN E>
SAO PAULO
5AO PAULO
£ ^ T- - Garr<u,-3.Pa,llú Cwlwl 1 5 3 B P
o o o o o o 29 o o o o o o
uvro dis n i'R U c o m m e m o r a t w o n o c e n t e n a r io d a
Todos os domingos, a palavra desses propagan tes na volumosa collecçâo daqnelle jornal que, in
distas. verdadeiros missionários, se fazia ouvir em contestavelmente. foi um elemento poderoso que ope
um 1lie atro desla cidade e, assim, pouco a pouco se rou a profunda mudança nos costumes do povo, na
foi Firmando unia forle corrente de opinião contra parte relativa á leitura de jornaes.
a monarchia, prlncipalmcnte na camada popular Até Iquella data, o operario brasileiro, com ra
Nessa época a «Gazeta de Noticias», fundada rissimas excupçôes, não lia, porque era-lhe penoso
por Ferreira de Araujo e Manuel Carneiro, exercia dar preço exagerado por um numero do Jornal do
hencfica influencia popular. Estes cscriptores compre Commercio---.
henderam as vantagens do jornalismo moderno, dis Jornal de orientação democrática, rotulado com
cutindo com elevação de vistas c imparcialidade os o titulo de neutro — deu golpes profundus nos costu
assumptos dc interesse publico. mes do tempo, pliatographaiido pelo lado ridículo
Em documentos que temos á mão diz um escriptor o que havia de absurdo nas instituições juradas .
daqucllc tempo cm referencia a este jornal: Assim é, que, algum te.npo depois da sua crca-
Ção, a traquitana e papos de tucano imperiaes, não
faziam mais o effcito da primitiva quando O povo
<Pódc-se dizer que á época do seu apparecimcn- embasbacado ia esperar o ex-m marcha por occasião
tc», poucos eram os individuos que liam jnrnaes Este da abertura do parlamento
facto era devido ao preço excessivo do Jornal do 1‘ouco a pouco, e, naturalmente, rnmo SC ti-
Commercio» que monopolisava o jornalismo ftiimi- vesse: um plano toiçado e do qual não se iir rodasse
ttenae. uma linha, conseguin 3 «Gazeta de Noticias i dnmcs-
O estabelecimento de vendagem avulsa inicin- ticar a rebeldia do povo, cibrigando-tt, por .assim di-
do pelo Jornal de Noticias que não conseguiu do zer, a estabelecer paralcllos entre os d:HiS parlidos
mar a indifferença das classes profundas da socieda mon:irchicos que se gladiavam; a reflcciir sobre a
de. desenvolveu-se por ta! fôrma com o apparci inten falta de patriotismio dos homens publieos que, nn
to da «Gazeia de Noticias-; que em breve tempo, ostracismo construi am progranimas sohcrhos c que
conheceu o Jornal do Commercio» ter a sua fren tnna vez no poder, esqueciam-nos seen escmpiilos.
te um adversario digno de respeito
Ferreira dc Aranjn, Henrique Chaves. José do
Patrocinio, Ferreira de Menezes e tantos outros cs- Ile facto, Ferreira de Araujo, imprimiu ao seu
criptorcs notavei-, quer em artigos de fundo, roda jornal uma feição toda especial dcmocralisanJo a im
pés au chronicas ligeiras, deixaram paginas brilhan prensa, não só na capital, mas dc todo o paiz, que,
OO o o o
30 o o o o
IN DEPEN DEN C I A C DA EXPOSIÇÃO INTERN ACIO NAI
mais tarei.-, preparou essa força que fez a insurrei ordens, não consentiria que proseguisse, rumo do
ção por causa do ..imposto do vintém que fez a Paço (aluis guardado por forças das Ires armas),
abolição e a Republica. quer o orador, quer qualquer outra pessoa.
O então moço e valoroso tribuno, em phrases
causticantcs contra o governo, pediu ao povo que,
VII com elle se retirasse, deixando, porém, compruvada
a fal6a comprehensãu que a Monarchia possuia do
direito de representação.
A despeito do retrahimenlo dos chefes do par Já a massa popular, que rumava para o centro
tido republicano, grupos esparsos procuraram man da cidade, se encontrava nas proximidades do antigo
ter o fogo sagrado, reencetando, é certo quo mm Matadouro, hoje praça da Bandeira, quando á toda
lentidão, o movimento da propaganda 3 brida, mensageiro do Paço dirige-se a Lopes Tro
C.rcaram-sc clubs, na apparcricia literários, mas vão, declarando que o Imperador o receheria e a
que no fundo eram prirnmetite republicanos. uma commissâo, ao que lhe responde o tribuno:
Os Clubs Popular, Tiradeiilcs e S. Christovâo Ide e dizei a S. M. o Imperador e vosso amo,
prestaram reacs serviços, até que os chufes, ainda que um povo digno coino esle que ahi vedes, não
pruderies ou vacillantes, reorganisaram o partido, volia nunca, sobretudo quando o escorraçam como
procurando concentrar forças disseminadas, forman turba de lacaios e desordeiros! Idei Dizei ao Im
do a commissâo directura no municipio neutro e em perador que eniquaiito eu estiver á testa da multi
Nictheroy. dão, como seu director, me esforçarei por demonstrar-
Resurgia mais uma vez o ideal republicano Ihc que a soberania nacional reside no povo e não
t feila a lentaliva da fundação de um jornal
francamente partidário. O Ur. Antonio da Silva Net- E aunuticiado novo «meeting» para o largo do
In e outros muito se esforçam para levar a cffeito Paço. Alguns chefes do partido republicano, apavo
essa idea que fracassou. ram-se e procuram dissuadir o tribuno popular a se
Em I87Q Lopes Trovão assume a redacção da guir no seu proposito; elle, porém, compromettido
■..Gazeta da Noite . fundada a esforços do distincto com o po\o, cumpriu a sua palavra.
medico Dr Ferreira Leal e Tenenlc Joaquim Pedro A 1. de Janeiro dc 1880 (dia de gala e cor
da Costa, veterano da guerra do Paraguay. tejo no Paço Imperial), ás 12 horas precisas, Lo
Com o concurso deste vespertino e com as con pes Trovão chega ao local designado, bem proximo
ferencias dominicaes nos theairos e clubs, foi se for ao palacio, sendo recebido por uma estrondosa ova
mando, mais uma vez, vultuosa corrente, a favor ção, onde cerca de dez m il pessoas o acclamavam.
da Republica. Documento que temos diante dos olhos, refe
Surge a decretação do imposto de vinte reis rindo-se ao caso, assim o descreve:
em cada uma passagem de bond, o ..imposto do
vintém , como o povo o denominou. Lopes Trovão approximou-se do chafa
Lopes Trovão e José do Patrocínio o comba riz que ajuda hoje existe naquelle largo,
tem na imprensa. Tomam conta da questão c irma venceu facilmente a parede da bacia do mo
nados pelo mesmo objective, vão á tribuna popular numento e dahi, dominando a multidão, agi
a profligal-o tada como o Oceana revolto, atirou a pa
C convocado uin «meeting no então Campo lavra com que precedia sempre os seus dis-
de S. Christovâo, hoje praça Üeodoro da Fonseca,
proximo ao Palacio Imperial, aclualmente Museu Na «Cidadãos Nesse momento as ondas
cional. populares acalmaram-se como por encanto
A ooncurrencia ascendeu a mais de oito mil e o silencio profundo fez-se em toda aqucl-
pessoas de todas as camadas sociaes, da mais ele la enorme massa de povo, onde batia an-
vada á mais modesta. O orador foi Lopes Trovão, cioso o coração da patria.
lendo junto de si José do Patrocinio, Almeida Per «Foi um discurso eloquente, atraves
nambuco, Vicente dc Souza, Alberto de Carvalho, sado pela logica terrível dos factas e mo
Ferro Cardoso, Placido de Ahrcu, Francisco da Sil vido pelo grande amor patriotico que en
veira Lobo, Cabral Noya e grande numero de ra volvia toda a alma do moço tribuno, o que
pazes das escolas superiores, onde eram vistos mui naquelle instante produzia o seu verbo tn-
tos da Escola M ilitar da Praia Vermelha, fardados flammado.
uns e á paisana outros.
Lopes Trovão, depois de um curto, mas vi «O povo, moços c velhos, oriundos deste paiz
brante discurso, cortado, de instante a instante, por ou filhos da velha Europa, a principio ouvia-o com
freneticos applausos da considerável assistência, leu toda a calma, mas, pouco a pouca, animando-se, sen
uma representação que devia ser levada au Monar- tindo-se tocado pela corrente electrica da eloquên
cha Os applausos explodiam sem cessar, hem como cia bem dirigida, começou de exaltar-se acclamando
os vivas á Republica. a propria soberania e irrompendo em enthusiasticos
Quando o povo, tendo como guião o orador, vivas á Republica.
se encaminhava para a Palacio Imperial, o Delega «A exaltação popular chegou a tal ponto que
do de Policia, bacharel Felix da Costa, capitanean não sendo mais posEivel contel-a nos limites da pru
do numerosa força de policia m ilitar e civil, embar dência, estendeu-se como um vagalhão enorme por
ga-lhe o passo, declarando que, em cumprimento de todo o seio da cidade.
o o o o o o 31 o o o o o o
LIVRO l ) t OURO COMMEMORATH O DO CENTENARIO DA
A lula entre a poliria e o povo toma caracter Era n premir cio da desordem promovida e d i
muito sério c grave. A cidade entra cm franca re rigida pela suprema auioridade policial.
volução A tropa deixa os quartos cm marcha ace A massa popular reage. Vivas ao orador c á
lerada ao rufiar dos tambores O povo forma harri- Republica estrugem, sem cessar.
cadas. Os pelotões avançam para cilas e põ” mais Lopes Trovão cruza os braços, emquanto que
de mna ve/ sâo repellidos, ate que triumpharo a briza revolve a sua cabei leira, nesse tempo ru
Houve morins, feridos e grande numero de pri bra como a cauda do rclarnpago em negra c Ivmpcs-
sões que alapetaram as estações policiacs c a Casa tuosa rtoite e calmo, altivo c energiCO iexclama;
de Detenção. Canalhas!
Eram novas viiclimas que vinham augmentar o Esla simples palavra vihra de tal mod) que
grande numer.i da« que, desde ns tempos coloniacs, da ma)isn popular explodem delirant es vivas :i Re
se deixavam nnitar por uma forma de governo que publica o ao orador.
lhos parecia nin is consentanea com a dignidade hu- A turba avança e o Chefe dc Pol íeia moicla-
SC GOIti cila. com vila irmana-se, co L-lla se .COil-
tra a cieirna hlísloria das lutas, sempre etn prol funde e ainda com cila tenta appro: tr-se da tri-
dc ideacs que raramente se corpori ficam, mas pelos buna.
i sua ingenuidade, se deixa im- C) povo reage; forma uma massa mpacia, uilla
baliir c sacrific‘a r" ' mural hn humana, sem temor aos cacetes manobr;idos
Poli CO leinpn depois dos graves acontccimcn- por pcissantes braços e ás navalhas c punhaes que
tos que vimoí< dc referir, dcsappareccu a -Gazeta icfiilgem aui caçadorameli 1C.
da Noite c surge o O Combate, fundado por A esforços t a solicitações rciti:radas dos seus
Lopes Trovão. dc parceria com alguns operarios, amigos o irador deixa a tribuna para evit.ir a 1•ffu-
(compositores). derure ns quaes o velho republicano são dc sangue, tomando a direcção da Rua do Es-
Joaquim Augusto de Castri Miranda, que prestou pirito Santo.
os mais relevantes serviços á causa da democracia, A corja nefanda o numerosa dc alariados; se-
sempre disinieressadanientc. gue-o sempre a corcovear e a proferir phrases de
baixo calão encorajada pelo chefe que, ao eitvcz de
garantir a ordem, promovia a desordem.
Houve, porém, a reacção e a corja maldita teve
V III
rtcuai para voltar de noVo, com novos reforços
Estabelece-sií a lula aié á esquina da travessa
Em 1S81 c apresentado pelo senador Saraiva Barreiras, o:nde existia ii Café Lucinda e onde
o projecto de reforma eleitoral Os republicanos, republicanos se entrinchciiraram.
em consequência do censo elevado e anli-democralico, Depois de quasi uma hora de luta a turba re
resolveram combatcl-u até na praça publica. tira-se ao tempo quv um casal f rance/, sciente de
Annuncia-se uni >meeting e a polida move- tudo. residente proximo ao local da acção, acolhe
se. Os rcpiihlicanos sâo avisados lie que o governo o tribuno e alguns amigos, ao som da Marselhc2a
assentara impedir de qualquer forma essa manifesta A desordem, isto é, os representantes do cri
ção de pensamento me tomam conta da cidade e ao anoitecer, com ar
Ha uma reunião de republicanos no escriplorio chotes incendiados percorrem diversas ruas estabe
do I)r Almeida Pernambuco; discute-se o casa; al lecendo o pânico até que se dirigem á rua de S
guns opinam que se adie o meeting , ha divergên Pedro, onde destroem o material do «O Corsarior
cias, acalnra-se a discussão, quando, em dado mo jornal que além da parle condemnavel c n que tra
mento, Lopes Trovão, que até então guardara silen tava da vida privada da Sociedade fluminense, lan
cio, diz com energia: çava frcqueniemcnle artigos admiravelmente bem tra
' Não discutam mais este assumpto; ellc está çados de crilica política.
por mim resolvido desde que aniiuncici o comi cio
no Largo do Rocio. Estou onmprumctlido com o povo, Tamhem o empastclamcntn da «Gazela da Tar
não faharei ao meu compromisso!•; d o , jornal de Ferreira de Menezes, que mantinha
Meia hora depois, povo e policia se enfrenta as gloriosas tradições da «Gazeta da Noite e do
vam na actual Praça Tiradcnles. «O Combato estava destinada a mesma sorte do
\ policia, reforçada pela escoria da nossa so «O Corsário ; mas Ferreira de Menezes havia to
ciedade, aguardava o momento de acção. O chefe mado precauções, armazenando em sua redacção, alem
de policia, desembargador Trigo de Loureiro, tra 'de alguns saccos de cal, muitas latas de insccticida
zendo na cabeça enorme chapéu desabado, enipunhan- e armas de fogo, de modo que, quando o Desembar
dn respeitável bengalão, postou-se na escada do Ho gador Trigo de Loureiro apresentou-se para of te
tel Portugal, emquantn que os republicanos, junto recer as garantias da policia, o Dr. Ferreira de
da csiutiia de Pedro I improvisaram u.na tribuna Menezes agradeceu, dispensando-as, mostrando-lhe,
que é galgada pelo popular tribuno soh delirantes porém, os elementos de defesa, ao que o Chefe um
acclamaçõcs de milhares de ouvintes, que, se.n ces tanto desconcertado, disse:
sar, dãn vivas á Republica. «Os senhores realmente estão hem prepara-
Lopes Trovão profere algumas palavras, quando
ilo grupo chefiado pelo proprio chefe de polícia, a Dias depois eram deportad.» alguns rapazes por-
um aceno que faz, dcscncadea-sc infernal vozerio tuguezes, dentre ns quaes Julio dc Vasconccllos que
de vivas á Monarchia. tomara parle saliente na revolução do imposto do
o o o o o o 3'2 o o o o o o
Calçado POLAR — Rio de Janeiro.
IKUEPENDENCIA E DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
vintém Todos esses rapazes tinham posição defi re, com habilidade e talento, propinam lcntamenle oa
nida e residência antiga no Brasil, ideaes aos seus alumnos. Na Polytechnics Manuel
Jii lio Favilla Nunes e o aulor deslas linhas Timotheo, Ennes de Souza, Joaquim e José Murtinho
fundam o «Jornal da Noite francamcntc a.nparado pontificam do mesmo modo que os seus collegas da
pelo publico que esgota as suas edições. Escola de Medicina, emquanto que a gloriosa Escola
A parle intellectual fôra confiada a Lopes Tro M ilitar da Praia Vermelha dá exemplos fecundos
vão, Ubaldino do Amaral, Fontoura Xavier, Aristides de civismo
l.obo, José Maria do Amaral e outros. Quintino Bocayuva, com a ponderação que lhe
A policia, além do suborno dc alguns vende era peculiar e Aristides Lobo, com a vehemencia
dores, mandou que agentes espancassem c prendes propria d o seu feitio, nas columnas do «O Paizi e
sem os que resistissem á corrupção, a despeito dos Gazeta Nacional-, desferem profundos golpes nas
protestos, na Chefalura de Policia, por parte dos instituições, com tanta convicção e vigor que deses
Deputados Anlonio Pinto de Mendonça e José Ma peram os adversarios
riano, ambos inonarchislas, mas revoltados pelo pro 1 anthem Ferreira dc Araujo pelas columnas da
cesso de abafar a liberdade do pensamento -Gazeta de Noticias-», coopera, directa e indirectam en
Curta foi. portanto, a vida do Jornal da te para incrementar o movimento republicano.
N oite-. São organizados os Clubs das Escolas dc M r
dicina e Polytcchnica.
Ferreira Vianna affirma que «o Imperador es
IX tragou todas as forças vitaes da Nação ; Cotcgipe
diz que «o doente desesperado mudou üe cabeceira
e que não c muito que o cidadão, ferido em seus di
Pouco tempo depois, Lopes Trovão parle para reitos faça o mesmo» ; Silveira Martins grita que
a turopa como correspondente do .O Globo», dia- «somos um rebanho de ovelhas ; Affonso Celso, diz
rio que linha como redactor em chefe Q uintino Bn que no Brasil já nem se salvam as apparentias- :
ca>m-a e a tribuna popular silenciou inteiramente Martinhn dc Campos deixa partir o brado dc cons
até que de novo desperta, não para propagar as ideas ciência de que ase envergonhava de ser monarchis-
i epublicanas, mas para dar vigoroso combate á es- ta>»; Souza Danlas, affirma que em «politica só re
ci avidão. presenta a sua individualidade , etc.
Surge José do Patrocinio na arena. A lula toma Taes -sentenças proferidas por homens que bem
tremenda feição, nella tambe.n toma parle um grupo conheciam as cousas do Imperio são aproveitadas
ik- republicanos; confraternisados republicanos c nto- pelos republicanos para convencerem á Nação de que
narchistas lulaiii heroicamente, ale que a 13 de Maio cila níu tinha servidores leaes c dc que os partidos
dc 1888 a campanha tem glorioso ter.no, extinguindo nionarchicos eram compostos de ambiciosos vulga-
a escravidão no Brasil, graças aos titânicos esforços
dos abolicionistas e á attitude digna, nobre c ele Era esta a situação da patria ctimmuan quando
vada do Exerci lo, que se negou á captura de escra fui feita a abolição, um dos mais grandiosos acon
vos fugidos. tecimentos que têm glorificado o Brasil.
A campanha abolicionista enfraquecera a pro Desde I8S7 o partido republicano já então re
paganda republicana, no emtanto c preciso salicniar- organizado, começou a desenvolver-se notavelmente,
se que alguns republicanos do antigo Municipio Neu ■ecebendo francas e notáveis adhesões
tro e provincia do Rio de Janeiro, entre os quacs Nos mais importantes centros das provincias dc
Saldanha Marinho, Q uinlino Bocayuva, Aristides Lo S. Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Geraes, Rio
bo, Ubaldino do Amaral, Almeida Pernambuco, Pe de Janeiro, Pernambuco, Santa Catharína, Espirito
dro Ferreira Vianna, José Maria da Amaral, Jero- Santo, Pará e Paraná, são inaugurados clubs de pro
nymo Simões, Mathias Carvalho, Dr. Silva Netto, paganda. Ao lado destes apparcccm jornaes que lam
Rodolpho dc Abreu, Barata Ribeiro, Erico Coelho, bem levam a propaganda a todos os pontos do Im
Domingos Freire, Ennes de Souza, Luiz Leitão, Pe perio.
dro lavares, Luiz Mural, Esteves Junior, Manuel T i A 11 de Janeiro dc 1888 surge a famosa pro
motheo da Costa, Timotheo Antunes, Fideles de Le posta dc consulta da Camara Municipal de S. Borja.
mos, Magalhães Castro, João Baptista Laper, Padre Outras municipalidades a imitam.
Antonio Maria da Trindade, Pessoa de Rarros, A l A propaganda desenvolve-se, desce ás camadas
meida Fagundes, Teixeira de Souza c outros, na sociacs, as mais profundas; quebra resistências que
imprensa e uma ou outra vez nos clubs, agiam cm encontra na sua passagem; estabelece deserções nas
pról da Republica, mas de modo muito restricto, a forças inimigas e caminha para a Republica.
despeito dos trabalhos dc arregimentação que vi A tribuna popular refulge em toda a parte pas
nham sendo feilos desde 1885. sando dc umr para outra provincia.
Em 1887 inslalla-sc o Congresso Republicano Quintino Bocayuva, Silva Jardim, Ubaldino do
com delegados de todas as antigas províncias. Amaral, Pedro Tavares, Nilo Peçanha, Erico Coe
Já então os Clubs de S. Christo vã o, Tiradcnles lho, Julio de Castilhos, Barros Cassai, Ramiro Bar
e Fluminense assemclhain-se ás sentinellas avança cellos, Demelrio Ribeiro, Bruno Chaves, Assis Bra
das vigiando o acampamento e o movimenlo das sil, Coelho Lisboa, Quirino dos Santos, Maciel Pi
hostes monarchic as. nheiro, Cyro de Azevedo, Luiz Murat, Campos Sal
Na Escola dc Medicina, Barata Ribeiro, Erico les, Rangel Pestana, Alfredo Ellis, Francisco Gly-
Coelho, Souza Lima, Joio Gabiso e Domingos Frei ccrio, Prudenle de Moraes, Alexandre Stocler, Jusln
O O Q O O O 33 Q Q Q Q Q O
LIVRO Ol'R O COMMI MORATIVO DO CENTER ARIO f>4
Chermont, Fonseca Hermes, Alberto Torres, Xavier ncs, Estcvcs Junior e seus filhos Annihal e Itusbides,
da Silveira Junior, Domingos dos Santos (o Radical), Evar isto da Costa e muitos outros, cspccialmcnte
Alfredo Madureira, Martins junior, Annibal Falcão, rapazes do commercio que accorreram a formar cm
V irg ilio Damasio, Cancio de Freitas, João Polycar- torno do centro que trazia o nome do popular tri
carpo (u Cidadão) e tantos outros, pontificam sem buno, então ausente cm estrangeiro paiz.
cessar Nessa mesma occasiãn na cidade de Campos
NSo só nas capitaes; nas demais cidades, vil organiza-se um club que entra, desde logo, em franco
las e arraiaes por onde passam, onde tocam dei moMmenlo de propaganda cm toda a provincia to
xam signaes evidentes da conquista de adeptos. mando saliente attitude os repuh li canos Francisco
Os monarchistas sem coragem para, de fronte er Porlella, N ilo Peçanha, Pedro Tavares, Galvào Ba
guida, antepor á propaganda a defesa da Monarchia ptista, Thomaz de Sá Freire, Heinetcrio Martins,
lançam mâo da calumnia, declarando que tudo que J. Feydil e outros, que na peregrinação por cida
se ia passando, não era mais que o — -movimento des e villas, por mais de uma vez, correram o risco
dos negreiros despeitadoslr de perder a vida, como siicccdeu com N ilo Peça
A «Guarda Negra de nefanda memoria, come nha, no proprio municipio de Campos.
ça a mover-se impulsionada por perversos indivíduos A 8 il t Agosto de 1888, Silva Jardim faz uma
que procuram estabelecer no Brasil o odio da raça. Conferencia publica em um theatro de Nictherm.
Us republicanos prosegnem. Além dos dubs já com franco successo A dl dr» mesmo mcz aiiiiun-
organizados, fundam o Centro Republicano Lopes riava e leva a effeito, nesta cidade, um comício no
Trovão onde trabalham activamenlc Thomaz Uelfinu, theairo Lucinda.
Favilla Nunes, Almeida Pernambuco, Emilio Ribeiro, O theatro estava radíealmcnlc chein de repre
Martínho de Moraes, João Gonçalves da Silva, o sentantes de todas as camadas snciaes, notando-se
bello trio formado por tres meninos, tres irresponsá grande numero de senhoras.
veis crianças, Pedro do Couto, Alberto de Faria e Discursava o orador, recebendo sempre calo-
Mario Cardoso, que sempre estivei pontos rosos applausus. tdo os monarchistas, represen-
Moraes, lados por um gr ! numero de desordeiros, ehe-
Dias Jacaré, Deocleciann Martyr, Pessoa de Barros, fiados por agente ! policia, tentam interrompel-o,
Antonio Cardoso, Cabral Noya, Rodolpho d c Abnu, fazendo infernal berreiro, queimando cartas de bi
Guilherme Pires, Rodolpho Rodrigues, Ca pi tão Sou- chas chinczas e ;arremessando pedras.
za Barros, Drumond Franklin, Amorim Lir na, Cae- A principio cslabe!cccu-«e a confusão, mas as
tano Rcgazoli e seu filho, u velho Timntt ■o Anlu- senhoras que, seim temor, a11i se achavam, deixam
o o O O o
o o o o o o 34 o o o o o
IN OF PEN DCN a A F DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
os camarotes c cnllocam-se no palcn ao ladn dn ora zia a seu bordo o fogoso tribuno. Para o caea Pha-
dor, affinntandn os promotores da desordem que fo roux affliiiram milhares de pessoas. O navio cami
ram corridos pelo auditorio, terminando Silva ja r nha knlam ente até enfrentar com a fortaleza de
dim a sua conferencia soh estrondosas acclamaçõcs. Santa Cruz. Ao seu encontro parte uma flotilha dc
Apparecem i luz da publicidade os periodicos lanchas, que ao passar proximo das fortalezas e da
republicanos Intransigente , Atirador Franci» e i.Re Escola de Marinha recebe saudações, sendo agita
publicano». dos por marinheiros e alumnos lenços e barretinas.
Ao mesmo tempo os diários, especialmcnte o As 18 horas, depois dc emeiente exilio, de novo
O Paiz , com frequencia. publicam telegrammas das punha ns pcs cm terra brasileira um dos maiores
provincias e transcrevem noticias de nomerosas adhe propagandistas, pela palavra faüada, o intemerato
sfles. republicano que tudo sacrificou por seus ideaes.
A iro n ica phrase do Conselheiro João Alfredo O povo, o nosso bom povo, hem infeliz £ cer
«Cresçam c ap pareçam - os republicanos cor to, mas sempre digno, generoso e justo, recebeu, em
respond iam de modo hem positivado. delirio, o popular tribuno também um dos mais abne
Cresce, axnluma-sc c caminha de tal modo a gados paladinos das publicas liberdades, aproveitan
propaganda que impressiona aos mnnarchistas mais do-se tio momento para demonstrar-lhe que os an
ponderados, dentre os quaes Sebastião Mascarcnhas, nos de prolongada ausência não tiveram força bas
Deputado por Minas Gcraes, que cm pleno Parla tante para tornal-o esquecido.
mento assim se manifestava no trecho do seu dis Continuam os republicanos em franca activida-
curso que transcrevemos: de a cavar fundo os alicerces das instituições. Alguns
monarchi*»as começam i imprcssionar-se c denlre es
O cnthusiasmo com que as ideas republicanas tes Joaquim Nabucn que, cm plena Camara, tentou
são abraçadas na minha provincia, não provem do vibrar golpe dc morte na propaganda.
despeito por causa da abolição, como entendem al Ao seu encontro sahiu o sempre intemerato Sil
guns senhores deputados e o Govern o («Apoiados-). va Jardim que, em conferencia publica, batc-o com-
Ha outras causas mais poderosas que influem para pletamente.
esse movimento. (<Apoiados>). Esta conferencia realizada no salão da Socie
-Para provar o erro em que se acham os no dade Franceza de Gymnastica, fo i perturbada pela
bres deputados c o Governo, basta dizer que a maior cGuarda Negra que investiu por diversas vezes, não
parte dos republicanos £ residente nas cidades e conseguindo, porem, assaltal-o graças á energies at
villas. Eram abolicionistas; muitos ou a maior parte titude de Sampaio Ferraz e Luiz Pires que de revól
delles. entendiam, com razão, que a escravidão era ver em punho, auxiliados por muitos populares, rea
a -base tnais solida sobre que descançava a Mo giram cfficientcmcntc.
narchia'. ( Apoiados;»). Do Morro de Santo Antonio, o Ministro da Jus
tiça, de binoculn em punho, tudo assistia, retirando-
Abolida a escravidão, ficava ao partido republi se muito contrariado pelo insuccesso dus aggresso
cano estrada franca e larga pela qual marchraria des res.
assombrado para a conquista de suas idéas Apparece o «Correio do Povo», diário-fundado
e mantido por Sampaio Ferraz, Chagas Lobato e Al
fredo Madurcira, orgà.i genuinamente de propagan
da, uma especie de sentinella avançada do partido.
X A redacção do «O Paiz» mantem uma secção
puramente republicana e o «Diário de Noticias» ce
dia, mediante contrato com o Centro Republicano Lo
A 2 de Novembro de 1888 a cnmmissão reor pes Trovão, espaço, onde Arislides Lobo, polemista
ganizado ra dn partido reune-se para tratar de as sem rival, quasi que diariamente desferia golpes tre
sumpto urgente e importante Nessa mesma data, mendos nas instituições monarchicas.
grande numero de cnmmerciantes da praça do Rio O celebre .auxilio á lavoura» foi reduzido âs
de Janeiro, chefiados pelo sempre incansável Ro- suas justas proporções de manejo eleitoral.
dolpho de Abreu, fazia profissão de fc repuhlica- Em referencia ao plano financeiro do ultimo
na, promptificando-sc para coadjuvar no que pudes Ministro da Fazenda do Imperio, tamhem Aristides
se os trabalhos de propaganda, em todos os terrenos Lobo desferiu tremendo golpe como a questão m ili
inclusive na parte monetaria. tar foi por ellc brilhantemente tratada.
Já não eram só as camadas profundas da so
ciedade que vinham an encontro do movimento repu
blicano, eram também as classes conservadoras, que
se desagregavam do regimen monarchico XI
Emqiianln o partido recebia essa importante
aâhesão, consequenti dc muito esforço, de muito tra
balho de Rodolpho de Abreu, todos os Clubs e Cen No dia I I de Junho de 1889, o ministerio pre
tros republicanos se preparavam para receber Lopes sidido pelo Visconde dc Ouro Preto apresentou-se
Trovão, que, depois de longo exilio, regressava á Pa á Camara dos Deputados
tria. no dia seguinte. O povo enchia as galerias, os corredores e as
As 4 horas da tarde, o Castello annunria que tribunas como invadiu o recinto, difficultando a pas
do porto $c approxima o «Ville de Santos» que tra sagem de um para nutro lado.
o o o o o o 35 0 0 0 0 0 0
i-tvRO DE OURO COMMEMORATtVO DO CENTENARIO
Nas proximidades do edifício agg Iam crava-se Era a «cisão no seio do partido, mas, esse tks-
enorme tmillidão. lisc não causou nenhum enfraquecimento na propa
O Visconde de Ouro Preto faz a apresentação ganda que, cada vez c mais sc avolumava.
do ministério. O Conde d ’Eu resolve fazer uma excursã.- ao
f.esario Alvim, deputado por Minas Gera es, pede norte do paiz. Silva Jardim, sein vacillar to.na pas
a palavra t faz profissão de fc republicana, recebendo sagem no mesmo paquete acompanhado d Luiz Nu
applausos das galerias nes Pires, seu infatigável companheiro, operosi c
Logo após, também pede a palavra o Padre João dedicadíssimo republicano.
Manuel, deputado pelo Riu Cirande do Norte que Os monarchistas atacaram violentamcntc o in
profere um discurso violentissimo, terminando com temerato propagandista que, com essa attitude. mai9
as seguintes phrases: sc elevou no conceito dos seus correligionários, como
conquistou novas adhesõcs.
■Não tardará muito que, neste vastissimo ter Nessa mesma occasiào o ahastccimcnto d’agiu
ritorio, no meio das ruinas das instituições que se á pnpulaçAn era insuffjciente a despieito dos graindes
desmoronam, se faça ouvir una voz naseida espon dispêndios feitos pelo governo c os republic!anos
tânea do coração do povo brasileiro, repercutindo em aproveitai arrt-sc d<> clamor publico cm favor da pro
todos os ângulos deste grande paiz, penetrando mes pagaitda
mo no seio das florestas virgens, hradando enérgica, Lopes Trovão toma a si a questão, mt ia
patriótica c unanimemente: Viva a Republica! e realiza -nnectings lendo com i cornpanheir ::vr«.
d: Azevedo, Coelho Lisboa c Gero lano Hassloirli cr.
N lu é possível descrever-se o affeito destas phra Em imii dns .-meetings realiza do no 1argo do
ses O tumulto campeia francamente no recinto e Paço. forni,iram uma procissão, com grande acmnpa-
nas galerias. uh amen to, levando paines com os seguintes dizeres:
C) povo invade todos os recantos do edifício
da Camara, applaudindo a attitude do Padre jo io Agua , Soccorro Hygiene , Desinfectante ,
Manuel, representante do Rio Grande do Norte. -Limpeza-, etc., etc.
Deputados apavorados uns, indignados outros,
levantam-se a gesticular e abandonam o recinto. O Dc tudo se aproveitavam os republicanos habil
Presidente faz soar os tympanos e ameaça fazer eva mente para a propaganda dos seus ideáes.
cuar as galerias, mas só depois de alguns minutos Desde que fora feita a abolição, sentia-sc que
a ordem fo i restabelecida. o regimen mnnarchista tinha os seus di.19 contados
O Visconde de Ouro Preto, manda a verdade Era preciso um grande esforç.» e muita habilida
que se diga, esteve na altura do momento de para manter uma instituição se.n base como era
Quando o Padre deputado concluiu o seu dis a realeza brasileira, amparada por uma aristocracia
curso, o Presidente do Conselho, pallido, cmacio- de Icntejoulas.
iiadu, altivo e porque não dizer, cam dignidade, bra A reorganização da Guarda Nacional, a derra
da: Viva a Republica!- N iu ! Viva o Imperio! ma dc titulos e condecorações c outras medidas go-
Alguns deputados e alguns populares o applau- vernamcntacs, crearam a desconfiança nas forças ar
deir, mas a massa não correspondeu a esse esforço, madas, que desde annos vinham se sentido melindra
ao contrario, sem cessar acclamava os próceres do das
partido e a Rcpiihlica. Em todas as unidades, especialmcntc nas da
O discurso do Padre deputado João Manuel foi Córte, existiam republicanos, como bem o affirma
um verdadeiro cscandalo. Com esse discurso «lie le va o comparecimcnlo dc officiaes que de perto, e com
vava da praça publica para o recinto da Camara a interesse acompanharam a propaganda, assistindo aos
propaganda que vinha sendo feita e que com elle '-meetings- c frequentando os clubs
recebia impulso mais forte que uma série de con Muitos moços das Escolas M ilita r c de Guer
ferencias c i meetings-. ra, formavam uma espccíc de bloco em pról do mo
Os jorna cs por muitos dias bordaram o caso em vimento.
todos os tons, cmquarto que os republicanos dellc Nas conferencias de Lopes Trovão c Silva Jar
se aproveitavam para tirar vantagens em prol da dim ellc.s eram a vanguarda dos que lutavam e re
propaganda. presentavam o Exercito já então senhor de sua cons
No interior do paiz e até em extranhas terras ciência, como bem demonstrou quando sc negou ao
as palavras do Padre deputado produziram profunda degradante papel dc pega escravos fugidos, mere
cendo por isso applausos de seus chefes taes com-v
Dcodoro, Severiano, Pelotas, Madurcira e outros que
não se prestavam facilmente aos caprichos de mi
nistros.
X II Estava, pois, cm '880 em franca effervssccncia
a propaganda republicana.
Aporta á hahia de Guanabara bella e possante
Reune-sc em S. Paulo o Congresso Republica
no! e entrega a Quintino Bncayiiva a chefia suprema Governo e povo não pouparam provas de cari
do partido, ao que Silva Jardim se oppõc, declaran nho á distincta guarnição. Por onde passavam, onde
do o Congresso sem competência para sc nelhante chegavam, eram dclirantcmcnle saudados os represen
resolução. tantes da Republica andina.
Perfumaria NANCY — Rio de Janeiro.
IS D IiP tN n tK C IA l i DA L X POSIÇÃO IN I t.RN AVION AL
Dentre as mais expressivas hnmenagens desla- des martyres Felippe dos Santos e Silva Xavier
cou-sc Cl hailc da lliia hi seal, offcrccido d offieiali- <) Tirudcntes.
dade chilena. Duzentos e tantos amios de propaganda, quasi
A iIlia tinha inn aspecto deslumbrante A illn- Ires séculos de lutas, rtim tantos sacrifícios, com
minaçân transformou-a de modo tal que a tornou fee tantas victimas e □ liberdade sempre enganosa, sem
pre problemática!
o o o o o o 37 O O p o o o
A L IT E R A T U R A B R A S IL E IR A
0 0 0 0 0 0 38 O O O O o O
C tN T tN A R K i l i A IN U t PT-NDENUA t UA EXPOSIÇÃO
olivar-sc a um genero in ais alto que o comminuente Anlonio de Sá, apeII idado pelos e«n temporaneos o
usado nas epistolas apologéticas oil nos autos dc C /iryso slom o p o rtu g a -z
indole religiosa, escriptos para enlretcn i mento c edu Entre os poetas podem mencionar-se Bernardo
cação dos sclvicolas. Vivendo num meio, cuja pompa Vieira Ravasco, Domingos Barbosa, üonçalo Soares
e opulência Fernão Cardini, na sua N arrativa tip is - da Franca, Manoel Botelho dc Oliveira, Gregorio de
tn /a r. descreveu cut re extasiado e rabo jento, Bento Mattos, José Borges de Barros, Gonçalo Ravasco
leixeira I’inlo quiz deixar do fidalgo que mais re Cavalcante de Albuquerque e João dc Brito Lima,
levo lhe deu, testemunho condigno. Eis ahi a razão todos pertencentes n denominada escola bahiana, Dc
da sua rro s o p o p c ia , poema epien composto em lou todos dies, porém, com excepção de Gregorio dc
vor de Jorge dc Albuquerque Coelho, onde, é bom Mattos c Botelho de Oliveira, restam apenas pro-
ponderar, só o valor dn intenção tem valimento. As ducçOes somenos.
musas desabrocharam mofinas no Brasil. Não foram Manoel Botelho de Oliveira, nos sonetos, ma
os prosistas porventura rnais notáveis. Suas obras, drigais e canções de que se compõe a sua M usa
porem, têm mais preço porquanto dizem do nosso tio Parnaso, em quatro rtiro s dc rim as portuguezas,
torrão e dos seus primeiros colonisadorcs e habi castelhanas, ita lia n a s c latinas com seu descante co
tantes São, assim, repositórios onde o historiador m ico reduzido em duas comedias, é poeta seguram ente
foi encontrar, mais tarde, os elementos indispen menos importanti' e pomposo que 1 titulo da sua
sáveis ao conhecimento do nosso paiz. Entre esses ohra. I de regra, entretanto, salvar-se de todos os
iscriplorcs do seciiln XVI. sãn dignos de nota e re seus versos imitados de Go 11gora r Marino, o poe
ferencia Pero de Magalhães Gandavo, o primeiro meto descriptivo .1 Ilh a da A la n1, onde se mostra
homem que se occupoii das nossas cousas, escrevendo um altento admirador das nossas frutas e dos nossos
a H is to ria tia P rovin cia lie Santa C ru z; Gabriel ecreacs. Pode-se dizer que a ilh a 'ta M a rt1 é um
Soarc# de Souza, cujo Tratado Dc ■criptivo ■to B rasil poema heroico inspirado nos productus uaturaes do
vem cheio de informações preciosas sobre chorogra uberrimo sólo brasileiro Não c dc espantar, con
phia, topographia, phytologia, zoologia c muitas ou sequentemente, que n materia da poesia se revele
tras relativas ao clima e .1 natureza do Brasil: 0 prosaica De Gregorio de Maltos, todavia, já não
padre jesuíta Fernão Gardim. autor da já Citada é licito üffirm .11 o mesmo, sem grave erro nu má
Narrativa E p is to la r, c Pero Lopes de Souza, que fé Fm ellc, em verdade, a figura mais alia da nossa
manejava com igual mestria a penna e n trahiico, poesia até os arcades do século XVIII, e, porven
a semelhança de quasi todos os gentishomens nave tura. como satyrico, um dos melhores exemplares
gadores de Portugal. do genero no Brasil. Em que pese ás suas muitas
O século X V II é, sem duvida, já pelo lado fraquezas, ás sua# paraphrases dc Qiiexedo e n ou
social c politico, já sob o aspecto intellectual, muito tros tantos defeitos facilmente explicáveis. Grego no
mais importante que o precedente. O sentimento na de Mattos é uma figura varonil, de linhas accen-
cional, raro e vacillante no scculn anterior, revigora- tuada# e características. José Verissimo foi injusto
se nas lutas contra os conquistadores estrangeiros; quando, levado não sei por que extremos, lhe re
a riqueza augmenta progressivamente, a agricultura baixou a phvsionomia dc modo tão áspero. Foi in
floresce nas villas c nas cidades litorâneas; a pecuaria justo, porquanto só teve olhos para as suas mise
se desenvolve nalgumas zonas do interior: e as han- rias, esquecendo-se do homem e das circumstandas
dciras começam, por valles e montes, florestas c eni que o mesmo viveu, e ainda por que o consi
descampados, a obra formidável do desbravamento derou exclusivamcnte como um truão. um individuo
do nosso sólo, que, então, se vai dilatando das re sempre prompto a fazer peditórios derramados aos
giões praieiras em direcção do planalto central. figurões da epnea. Gregorio de Mattos não foi ape
As letras gosavam. com especialidade na Bahia, nas 11m satyrico despejado, mostrou-se. igualmente,
que herdara dc Pernambuco o prestigio intellectual, lirista sensível e moralista imaginoso e discreto,
de grande estimação Os poetas do Renascimento quando n sangue lhe corria mais calmo nas veias.
italiano, hespanhol c porttigucz. como Tasso, Gon Sua obra é um espelho dn tempo. Elia reflecte
go ra, Quevedo, Lope dc Vega, Gabriel de Castro os ridiculos c os vícios da gente que nos gover
e outros mais. cram lidos, comment ados e imitados. nava dc bota e espora, c de quem o poeta soffreu
Como nos de Portugal de D, Francisco Manoel tanto. El la nos evidencia, ainda, uma alma cheia1 dc
de Mello, predominava entre os nossos letrados, quasi notas delicadas, capaz de sentimentos finos e ele
todos educados em Coimbra, a influencia dc Marino vados. Se, cm dia aziago, Gregorio despejou a bile
c seus discipulos. Havia por esse tempo muitos cul contra certos mazombos atrevidos, não é menos ver
tores da boa latinidade. Os chronistas e historia dade que, muita vez, deixou n coração cantar livre
dores classicos eram meditados c conhecidos, for mente cousas mais subtis c polidas que a invectiva
necendo, não raro. grande copia de motivos á elo irritada. E llc representa na historia das nossas letras
quência sacra. Enlrc os prosadores da época, sohre- a revolta do hotn senso popular contra as ninharia#
sahirani Fr. Vicente do Salvador, o maior delles, ridiculas da fidalguia reino!; a bravura do julga*-
celebrado anlor da H is to ria da C usto dia do R ra sii, niento desassombrado, muitas vezes perigosa, con
obra das mais consideráveis que nos legou a lite tra a covardia dos aulicos, sempre caroavel aos man
ratura colonial, Manoel de Moraes, cujos livros são dões ; a nobreza do caracter contra a nobreza do
conhecidos 1111icamcnle pelos gabos de certos escri- sangue, a força da intelligcncia contra a sinuosa
ptores, como João L acl; Diogo Gomes Carneiro, intriga escorrega d iça.
Fr. Chrístovam da Madre de Deus Luz, Eusebio de O século X V III, durante o qual os caminhos
Mattos, que deixou fama de orador consumado, e de penetração para o interior tanto se dilataram,
O O O O O O 39 o OOOO
i. IV RO H L OURO COMMEMORAT W O DO CENT CNARK) DA
sob o in flu x o das bandeiras e do descobrim ento bém um poema heroico, e de Gonzaga, que, segundo
das minas de ou ro e diamantes, apresenta uma novi to das as probabilidades, escreveu um poema saly-
dade no ponto de vista literário. Data dos seus p ri
m órdios o apparecim enfo das Academias Literárias Pcla o rig in alidade do éstro e do fe itio , assim
em nosso paiz. Em 1724, funda-se a Academia Bra como pela força da expressão, n U ru gu ay, dc H asilin
sileira dos Esquecidos, na Bahia, Sob o patrocinio da Gama, é o mais perfeito e m elho r poema sur
do prnprin G overnador, seguindo-se mais tarde, a g id o no Brasil em to do o periodo colo n ia l; Santa
do* Felizes e a dos Renascidos, a q u tlla no Rio de R ita Durão ainda era um camoniano, e C láu dio um
Janeiro, e esta ern S. Salvador. Dos acadêmicos, d is c ip ulo fide líssim o da escola arca dica fran.eza c
entretanto, restam poucas c esparsas noticias. Foram ita liana, como os demais poetas do seu grupo. D is
file s os poetas c prosistas do tempo. Se a obra tingue-os um sentim ento m uito cuidado da fôrm a,
«Idles v geralm enle desconhecida, salvaram-se, ao me uma graça dc factura e um comedimento de expres
nos do o lv id o alguns nomes, comn os dc: Scbaslião são já singulares. Elles preparam, como notou com
da Rocha P itta , Britei Lima, Gunçalo Soares da acerto S ilv io Romero, o advento do romantismo,
Franca, J o io de M e llo, Lins Cancdo de N oronha, Ma lião pelo que a sua poesia tivesse de commum com
noel José de Chcrem, José Pires de C arvalho e A l o esp irito rom ântico, mas porque, educados sobre
buquerque, Fr M anoel Rodrigues C orreia de- La tu d o nos princípios dos enciclopedistas, alargaram
cerda, e os irm ãos R artholom cll Loiirenço e A le os horizontes da nossa cultura, indo buscar fó ra
xandre de Gusmão. São esses, posta de lado a f i da M e trop ole os seus modelos. À sombra da pleiade
gura de A lexandre dc Gusmão, celebre pelas suas
cartas ponteadas dc ironia, os poetas do momento. taiicia, como sejam, na poesia satirica, A n to nio M e n
Nem um , entretanto, merece especial reg isto, por des BordaiI i, João Pereira d,i Silva. Costa Gadelha,
quanto todos, m ais ou menos, cultivaram o genem Josc Joaquim da Silva e Francisco de M ello Franco,
desgracioso c postiço predominante entre os ver este mais considerável como scivnlista ; na poesia de
sejadores dc‘ então. amor. D om ingos Vidal Barbosa, Bento de F ig u e i
Sómenle Fr. M anoel de Santa M aria 1tapanca redo T enreiro Aranha c D om ingos Galdas Barbosa,
poderá ser apontado entre tantos poeta st ros. apesar o mais afortunado e famoso dc todos.
d o tom enfadonho do sen poema H ustachithr . onde
o mau gosto corre parelhas com a in upia do enge Não teve a prosa, em to do o suculo X V IEl. o
nho A H ha d c P aparica salvou-o do to tal esqueci- relevo apresentado pela poesia. Faltava-nos, ainda-,
memo em que os demais juslamen te ficaram. E outro para ta nto, um scenario mais am plo, que, SÓ no
nâo poderiam ter indiv iduos que se interess avam scculo X IX , sirrg io aos olhos dos nossos escnptorcs.
majs pelo b o le io das phr ases castigadas e pelos -epi- Pedro Ia qu es de Alm eida Paes Leme, Fr. Gaspar
grammas subtis e altisnnantes , segundo conlFissão da Madre dc Deus, A n to nio José V ie tnrino Borges
dc umi delles, que pela verdadeira poesia. Nãio ha da Fonseca e Fr. A n to nio de Santa M aria Jahoati»
como negar, entretanto, que taes Academias Litc- continuaram a tradição dos Rocha Pitta, escrevendo
ranas eram seguro indiicio de que se eslava ope- chronicas e genealogias, comn o Movo Or h r Sera
rando uma transform ação lenta no curso do nosso p h im B rasílico , a SoMUarehia P aulistana, e outras
pensarnento. ainda que as correntes porlugiicz.is cnn- obras dc igual jaez, onde as velhas teclas usadas na
tinuas:sem a actuar predommantcmcn te aqui. Ja havia H is to ria da A m erita Portugueza, repetidamente b a
um certo o rg u lh o em se r brasileiro, em m ostra r que tem. ora com mais, ora com menos vigor. O pensa
possui amos, tambern, c com voz p ropria, uma lite- mento dos nossos homens ou não podia expandir-
ratura Rcflectin do esse bizarro si?ntim ento, appa- se, sob os freios dos Vice-Reis solertes da M etrop ole ,
rocem alguns trabalhos accenliiadamente bra silleiros, ou não tinha ainda a força necessaria para a reali-
cnmo O Peregrino da America, dc Nu no M a rqile^ sação de obras de m aior folego, unicamente com pa
Pereira. a H is to ria M ilita r do B ras il, de José de tíve is com um estado social mais desenvolvido e
M i rales, a H is to ria da America Portugucza, dc Rocha mais livre. Mathias Aires, autor das Reflexões sobre
P itta, e o poema B ra s ília , de Soares da Franca Os a Vaidade dos Homens, fo i <> unico escriptor consi
prosadores, pois, sobrelevam os poetas. Basta citar derável da segunda metade do scculo X V III no Brasil.
a obra interessante dc Rocha P itta para ver c o n fir Somente no scculo X IX , p o r varias razões de
mado esse jllis o . C om A n to nin José, por alcunha ordem moral e politica é que a literatura b ra sile ira
o Judeu, que, aliás, nada in flu i» nas letras patrias entrou na sua phase verdade ira m ente nacional. A
por ter v iv id o e m orrid o cm Portugal, são esses os elevação do Hr.isil a Reino, a transladação da côrte
typos mais representativos, na prim eira m etade do porhigueza para o Rio de Janeiro, a abertura dos
scculo X V IM . da nossa literatura. nossos p o r lo.-, anlcs frequentados exclusivam cnte
() segundo período da nossa histo ria literária pelos navios da M etropole, ao com m ercio universal,
começa com a escola m ineira e acaba no dealbar do o apparecimentn dos prim eiros jorna cs, como O Pa
Romantismo, isto é, vai de 1750, approxim adamenle, trio ta , onde colla hora ram, entre outros. Silva A lv a
a 1830. Seis poetas constituem a chamada escola renga e Manuel Ferreira de A ra u jo Guimarães, a
m ineira. São e lle s: Santa Rita D urão, B a s iiio da institu ição da Im prensa R egia, hoje Imprensa N a
Gama, C lá u d io M a n oe l da Cosia, Ignacio José de cional, e, fina l mente, a proclamação da Independência,
Alvarenga P e ixolo, A n to nio Gonzaga e M anoel Igna com todas as luctas que, então, se accenderam, e
cio da Silva A lvarenga. Os dois prim eiro s •cultivaram onde se firm o u definitivam ente o caracter da nova
o genero epico, os o u lro s foram principalm cnte lí raça, conl ri buíram para form ar o esp irito nacional,
ricos, com excepção de C laudio, que nos legou tam dando v ig o r e alento ás tim idas vozes de autonom ia,
yFabrica e Deposito
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M l V fL L A 1 55 J fl
O O O o o O 41 o o o o o o
LIVRO n t O f RO f'O VM FM O R ATIVO n o C LS ILR A R K ) OA
mortalidade da alma, a existent ia de Dais, a per dc Azevedo á mais alia imensidade, servindo-se pira
feição da Igreja, c nutras divagações quejandas, isso de um estilo cheio de Ions velados, c daquellas
muito estimadas do autor dos Canticos Funebres e meias-tintas tão do agrado dos satanistas. como Bau
dos seus epígonos. Ê como poeta da natureza que dclaire c Rnllinat, aos quaes, diga-se de passagem,
Gonçalves Dias deve ser estudado, sem o que nâo nada ficou devendo o nosso poeta. Etnulos dc Alvares
conseguiremos apanhar-lhe a phvsioncwnia interior. G de Azevedo foram Latirindo Hahcllo, o p o d a /<rgor-
indiaiiismo não foi mais que um resultado dos seus rix a , Junqueira Freire, Casimiro de Abreu, um dos
pendores, pois clle sc aproveitou da vida selvagem mais populares líricos do Brasil e Fagundes Varella,
para poder mostrar, em toda a sua pujança, a luxu um dos nossos melhores poetas descriptivos, de larga
riante e colorida terra brasileira. Com Alvares de e variada inspiração. Castro Alves encontrou na cam
Azevedo, tomou a nossa poesia rumo differente e panha abolicionista a finalidade da sua ardorosa poe
matizes novos A sua / era dos V in te Annos trouxe sia, elle possuia, alOm de um admiravel poder ver-
ás nossas letras o amargor immeo de Bvron, a me hal, emoção agudíssima e fina sensibilidade. Juntava,
lancolia de Musset, a inquietação de Shelley e Spron- assim, as duas forças motrizes da alta poesia, isio c,
ceda e o pessimismo imaginativo de Leopardi. Os a eloquentia, que pertence á imaginação, e a doçura,
aspectos ruins da vida, os vícios de toda especie, que c fruto do sentimento. Nâo jxjdia deixar de ser,
a attração pela carne, o desejo lubrico e desvai pois, como realmente o foi, u,n dos maiores crcado-
rado irromperam de Iodos os carmes, como se a res de symholos, nâo só da nossa, senão ainda das
nossa poesia estivesse entregue, momentaneamente, letras porliigiiezas, muito embora lhe sahisse por ve
a angustiosos histéricos. Concorria para aggravar o zes impura a dicção e abusasse constant emente das
mal, não só a novidade sediictora dos cantos mas chamadas .licenças poeticas.', que são o visgo onde
lambem a morbidez ingenita dos cantores. Uns, por a sua larga aza se dospliima inutilmente. Vihra.n-lhe
doenças physicas, outros por soffrimentos moraes, nos poemas, cordas ignoradas dc paixão e ternura,
o certo e que todos os imitadores de Alvares de Aze uma onda de perfumes sc desprende dos seus versos
vedo, mostraram-se fracos e desalentados em face de amor, onde reponta um sainete de fatalidade, pro
da vida, sem energias para o rude combate do mundo, prio das raças mestiças, voluptuosis o ardentes. Quan
em constante conflict i com o ambiente em que vive do deixava falar o coração, simplesmente, de si para
ram, reagindo apenas cotn imprecações e ameaças, si, Iodas as arestas duras. Iodas as angulosidades
sorrisos e suspiros, contra a onda temerosa que os e todo o barulho do seu condoreirismo exaltado
arrastava no sen torvelinho. A poesia da duvida, ao fundiam-se numa perspectiva suavissimi, feita de tons
mesmo tempo dolorosa e irônica, elevou-a Alvares camhianies, de macias sombras e odoriferos vergeis.
O O o O l»
o o o o o o 42 o o o o o o
ts i> t I't- v u t s< /.i / I I X POSIÇÃO I.V IP ffX ACIONAI.
grita. A linha objectiva deveria preocciipar mais os nebulosa; Joaquim Nabuco, historiador elegante, ora
naturalistas que os thesouros fallaciosos do mundo dor dc grande relevo; Arthur Orlando, Alcindo Guana
subjectivo. A exemplo daquella Be /leza immovel de hara, um dos nossos mais completos jornalistas, Ro
Baudelaire, sua arlc não deveria chorar nem rir. Tudo cha Lima, Eduardo Prado, publicista variado e vi
porém seriam maravalhas, enganos da novidade. Os goroso, o sr. Capistrano de Abreu, notável sabedor
parnasianos não deserlaram as fontes do nosso li da nossa historia, principalmente dos tempos colo-
rismo. Guiados, a principio, por Machado de Assis, niaes, e o sr. Ruy Barhosa, cuja fecundo actividadc
Luiz Guimarães Junior e Gonçalves Crespo, dissiden como orador, jurisconsultu e jornalista, e cujo pres
tes do puro romantismo, os nossos chamados parna tigio universal honram a nacionalidade brasileira. No
sianos foram procurar os seus modelos principalmen theatro naturalis ta, são dignus de regis tro A rthur Azc-
te na poesia franceza, em Lecomle de Lisle, Heredia, vedo, Valenlim Magalhães c Moreira 1 Sampaio, que
G autier e S ully Prudhomme. í.ahe a Raimundo Cor se esforçaram, ri primeiro ma is que li >dos, por conti
reia, Olavo Bilac e ao sr. Alberto de Oliveira um n.ia, a ,radi(2„ dos Martins Penna c dos França Ju-
prim ordial logar entre os representames dessa corren
te. Raymundo Correia é o mais profundo, o mais O movime nli) sVitlbolisl a que, ,ao declinar do
arguto e penetrante dos tres, Hilac é o mais amo naturalismo, se esboçou aqui , não tui,'c maior reper-
roso, o mais liricn e perfeito, o sr. Alberto de Oli eussão. Â sua scinibra, entrela nlo, app;iroecram alguns
veira, o mais nacional, aquelle que mais intimamenn- typos interessarites, dentre osi quaVs, Cruz e Souza é
soube traduzir os encantos da nossa terra. sem duvida n inais curioso ,.• signifi.•ativo. Sem ser
Não se mostraram |x>rventura mais impassíveis um puro symbolist só pela lechnica dos seus
que os poetas os prosadores du naturalismo A his versos senão pelos is que canton, Cruz e Souza
toria do romance naturalista, aqui, está feita na obra é a figura central facção espiritualista opera-
de quatro escriptores: Machado de Assis, Aiuizio de da, entre nós. pelos Jeiros annos do svculo XIX
Azevedo, Julio Ribeiro e Raul Pompeia. Machado de
Assis é o psycho logo, sobreleva a todos pela pro sentimentos ideas que caracterisam a «ihra de
fundeza da visão, pelo apuro da linguagem, pela so ficção de um forte corrente da literatura contem-
briedade da forma e pela ironia subtil que o appro pnranea. Â s melhança do romantismo, fo i o sym
xima da linhagem dos Slerne e dos S w ifft, na Ingla bol ismo um claro movimento espiritualista, provoca
terra, dos Anatole, na França, e dos João Paulo, na do pela desillusão scientifica dos últimos quartéis do
Allemanha. Da sua obra se desprende um sentimento século findo, como aquelle já o fôra pelos excessos
de constante preoccupação pela bclleza ou pela mi do raeionalismo encyclopedists. Ambos são rebeldias
séria terrena, e uma rara comprehensão da triste inu individualistas, ambos eullocam o indivjduo ao cen
tilidade a que as contingências quotidianas reduziram tro do Universo, ambos fazem do cu o eixo do mun
o coração e a intelligencia do homem. Em seus ro do. O individualismo dos symbol istas, porém, differe
mances, o docum ento humano não obedece a um do romântico, por isso que, imquanto este sc com
plano preconcebido, a um postulado primordial, a praz em assignalar as pequeninas tragédias de cada
uma le i qualquer scienlifica ou literaria. Rcílecte-se sêr na communhão social, aquclle apparece como um
nelles apenas um espirito indagador, que, a lodo ponto de referencia da dor universal, uma encruzi
instante se observa a si mesmo, através os outros, c lhada onde se v io encontrar as queixas dispersas de
vai corrigindo, com o sorriso e a lagrima, a imagem todos os homens que sofffrem a melancolia irreme
que a vida lhe põe deante dos olhos. Machado de diável da vida. Confundem-se na expressão da sua
Assis é, sem favor, sob variados aspectos, o iruis magua immensa, todas as duvidas que abrolham do
significativo dos escriptores de ficção da lingua pnr- fundo inconsciente da nossa personalidade, e que a
tugueza, e, especial men te entre nós, ficará como exem razão, incerta, não sabe nem póde resolver. O symbo-
plo de discreção, graça de estilo e finura de percep
ção. A iuizio de Azevedo c um impressionista, tem viver, que, segundo parece, fo i o sopro divino conu
a vis3o m óbil e rapida, o sensu do colorido, é um' que o Creador animou a sua creatura. Ha em Cruz
retratista admiravcl, seguro e alerta. Os flagrantes c Souza, apesar das suas insufficiencias, os signaes
que desenhou são de uma leveza de tuque espantosa. evidentes desse mal, que clle, áti vezes, consegue tra
J ulio Ribeiro, é um voluptuoso, cheio de requinte c in erg ia e vibração. Ha mes.no a figura de
artificialismo, mas possuidor de uma aguda imagina 11 precursor. Eli- i Irodiizio em nossas letras aquelle
ção. Raul Pompeia é um inquieto, um insatisfeito, irror da jó rm a t creta, de que já o grande Goc-
um poela com movi do ante o espectáculo do mundo c a fim do XIX século. Toda a poe-
fuga perenne das cousas sia contemporanea, no Brasil, ao menos
Entre os crilicos historiadores e publicistas, que, nal e característica, revela uma sensível influencia
dc 1670 para cá se notabilisaram, estão Tobias Bar do autor dos Vlti/rnos Sojteios. Entre os epígonos de
reto, chefe applaudido da chamada Escola de Recife, Cruz e Souza, merecem lembrança B. Lopes, poela
engenho versátil, cultor fecundo da poesia, da ju ris de cu rio folego, mas elegante e colorido, e Mario
prudência, da ethnographia, da philosophia c da his Pederneiras, cuja simplicidade é digna de ficar como
toriograph ia, polemista e orador de fama; Sylvio Ro exemplo a imitar.
mero, critico abundante, autor da primeira historia Depois dos naturalistas c dessas primeiras es
syslemalisada da nossa literatura, folklonsta, socio- caramuças symbolistas, isto é, de 1890 até hoje, não
logo e professor de philosophia; José Verissimo, o houve propriamente um movimento seguro e conti
mais equilibrado e sensato dos nossos criticos literá nuado, uma escola, na linguagem dos criticos. Pode
rios; Araripe Junior, espirito subtil mas escriptor ríamos acaso notar uma reacçio regionalista, que a
O o o o o o 44 o O o o o o
Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal — Porto.
/ N DUPUN f i l l N C I A r DA tXPOSIÇ AO IN TER S ACIONAI.
o o o o o o 45 o o o o o o
AS ARTES PLASTICAS
HISTORIA das aries pia nu Hrasil vendo ruim meio benigno. que lhes proporcionava
pode ser dividida em periodos. todas as facilidades, tlão retemperai am a fibra do
Apresenta-nos o prime caracter nos fravores e tias lutas da adversidade. Es
tares testemunhos da ta\a-lhes tinlo ao alcance da mão O fruiu, a rai/,
nemos, no segundo, os a caça e o peixe para o» repast* harr mile
elementos cstheticos que pai a aqui trouxeram os des- destina do ao fabrico dos objectos c
cohndcres lusitanos; vereme s, no terceiro como, soh e taqu aras com que se aprestam
o influxo da disciplina eu opea, se desenvolveu c halanar«. a pluma das a
ganhou accento particular o genio artístico da nossa : as iLangataras,
coloridas para os; adornos i
puis, 1 a, não pu-
’ERinno deram polir aqucllas virliides in' , apanagio
da cspccie humana. Não construíram villas nem mes
Os povos autochtones das florestas brasileiras mo simples arraiaes, mas húmidas labas de aspeclo
nada criaram que mereça maior consideração. Vi revesso. feitas de cahildas de pau e palha, onde
o o o o o
o o o o o o 46 o o o o o o
Ct'NTCN AHIO HA IN fJC P E N M K C IA T DA 1:XPOSH;AO
sc resguardavam das intemperies, cm natural primus- bem as missões religiosas, que iriam tão fundamente
in flu ir na formação tin nossa nacionalidade.
T iitln tielles reflecte a improvisação, o ephe- Do Sectllo XVI aos primórdios do X IX o, tirante
tttcro, o provisor k». Ã semelhança de certos rins as espuradicas manifestações csthcticas que a fidal
das regiões tropica cs, mudavam suhilainctile dc rum-», guia rt-inol, c. depois, a corte de Nassau poderiam
ao sahor das Fatalidade-, ill esol og icas, dos temporaes, offcrcccr cm Pernambuco, o factor de mais subida
das epidemias ou da* prolongadas csiiageus. Assen- valia no progrediincnto das nossas arlcs foi o que
tavam-se aqni, para Se eslaheleeerem. mais tarde, lé nos trouxeram os sábios e avisados padres da Com
guas além. Não lhes conseruia a imaginação nnihil panhia de Jesus. Jii nn dealbar do século XVII
e impiicta, favorecida pelas condições do prnprio vão appareccndu as matrizes opulentas e os con
h u b ’l l a ! , a necessaria ponderação para se fixatt-iu num ventos amplos Transformam-se os aldciamentns em
pouso firme e invar lavei. Impcluosos c lascivos, cor- centros activos e rumorosos Ucsenvolvem-se rapida
I ia-lhes as veias um sangue aghado e ardenli Fm mente as propriedades ruraes, e os senhores dc en
cada pastor mi caçador havia, por igual, um guer genho, rodeados de numerosa escravaria, lavram e
reiro prompto e audaz na pugna, ágil no manejo agricultam, cada vez com maiores proventos, as terras
das armas, felino nas traças da emboscada e na es das immensas fazendas e sesmarias.
tratégia das surpresas. Era a tribu, ao mesmo tempo, Sub o influxo do catholicismo, e em virtude da
a familia e o excrcilo, a fortaleza e o lar. relativa abastança que vinha coroar os esforços da
Não é de admirar, portanto, sejam despiciendos nossa gente, entram a desenhar-se os primeiros si-
os productos d.i sua arte. Nem um monumento dei gnaes e vestígios do gosto artist ico entre nós. Em
xaram, cm architectura ou csculptiira, digno de re bora pesadas e grosseiras, as casas de moradia1 os
gistro. Couln de Magalhães cita apenas um fortim tentam inslallações apparatosas, m tiilo superiores
circular de terra batida, encontrado na ilha de Ma aq Liell.ns cahau as e palhoças dos alongados tempos.
rajó. E é tudo, segundo a palavra erudita daqtiellc As familias de cabedal importam da Europa sedas,
anlhinpulugo e.ninenle Revelaram, entretanio, algum gorgorões, chamalnlrs, vclludos e damascos finissi-
pendor para as aries menores. Sua indumentária d il mos, sem esquecer as joias t ioda sorte de custoso!
utes) ica, festiva ou bellicosa merece referencia espe objectos com que deslumbravam o populacho. Au
cial. I oram, por sem duvida, oleiros e decoradores gm ent, com as facilidades da pecunia, o culto das
cheios de fantasia. As armas, os instrumentos mu bellas cousas, normaliza-se a vida social, c sáe, do
sicacs, a> joias barbaras, i is utensílios caseiros, tildo antigo aventureiro empreheudedur e lenaz, o arti
quanto, neste passo, nos legaram, rnostra que os fice espontâneo e ingenuo.
sclvicollas náo «ram destitu idos do geniio da oriianien-
tação e que o praticaram com singula r mestria. Pre-
feriam. por via de regra, os brilhos 1vivos, os desc-
llhos li tiearcs singelos, as fôrmas graiciusas, tacs as OS PINTORES
que no:s deparam os arcus trabalhados e os machados
de pcdr.i dos nossos sambaquis Foi, assim, pouco
menos que mofina a contribuição dos nossos indios Não c provável que a estadia, no Recife, dos
nas artes plasticas, porquanto, correspondia a sua artistas vindos no sequito de Nassau, <is Franz Post,
civilização ;í tia idade da pedra polida, que não os Zacharias Wagner, os Ekhout e os Pieter, haja
haviam ainda ultrapassado, quando aqui aportaram produzido effeitos immediatos c seguros. Admirado
os navegadores portugueses. res certam en I e os liveram aqucllcs pintores e archi
tectos hollandezes, mas discipulos mui seguramente
que nào. Antes dc chegar ao Rio a missão Lebrclon,
isto c, ate 1816, os pintores que mais snbrcsairam,
S E lil’NIX' PERIOIX) (1500-1610) no Brasil, foram: Antonio, Lucinda, Veronica e Lu
ci an a dc Sepulveda, em Pernambuco, Eusebio de
Mattos Guerra c José Joaquim da Rocha, na Bahia;
b'nirando em coutado com os tcrriiorios des Fr. Ricardo do Pilar, José de Oliveira, Manoel da
cobertos. n primeiro cuidado dos colonizadores foi Cunha, Leandro Joaquim c Francisco Solano, no Rio
estabelecer no liloral pequenas feitorias, onde lhes de Janeiro; e José Joaquim Vicgas dc Menezes, cm
fosse possível abrigarem-se das tormentas, sem in Minas.
correr no perigo dc assaltos por parle do gentio. Dos Scpiílteda, pai e filhas, pouco ha que dizer,
Os edifícios que. dc inicio, elevaram no solo rccen- assim como de Eusebio dc Mattos, mais celebre
I eme ti te conquistado se revestiram de um feitio pura pelos gabos do padre Vieira e pelo parentesco fra
mente m ilitar. Deveria o administrador desdobrar ternal com Gregorio de Mattos, que por seus qua
se no homem d’ armas e a sua residência mim re dros, de ignorado paradeiro ou pelos sermões, quasi
ducto. Quando, porém, no decorrer do século XVI, desconhecidos. José Joaquim da Rocha, inculcado por
o governo da melrupok se decidiu a enviar para fundador da .esoola bahiana", tem merecimento, sobre
o Brasil, sobre soldados c capitães, agricultores, ope tudo como decorador. Educou-sc em Portugal, pas
rarios e mecânicos de toda casla, começaram a surgir, sando-se tiovainentc para a sua provincia, onde rea
ao longo das nossas cosias e paragens mais acces lizou obras de tomo, a exemplo dns painéis que
si veis, modestos villarejos, á laia dos que em Africa pintou para as cupolas das matrizes de Nossa Se
e na Asia iam levantando os marinheiros de Por nhora da (Conceição da Praia, c dc S. Pedro, em
tugal. Com os immigraiites do Reino, vieram lam S. Salvador. Formou alguns aprendizes, entre os
o o o o o o 47 o o o o o o
f./VRO DE OURO COMMEMORATIVE) IX ) CENTEXARtO DA
quaes Josú Thcophiln <lc Jesus e Aulonio Joaquim Chagas o Cabra —, na Bahia: Antonio Francisco
Francisco Velasco, decoradores apreciáveis, especial- Lisboa, o Alcijadinho , cm Minas; e Valcnlirn
mente n iillim o, que hrilhou no século XIX. da Fonseca e Silva, o mestre Valcnlirn , no
Revelou-se lambem Fr. Ricardo do Pilar, á guisa Rio
de Joaquim da Rocha, pain dista distincto Deixou Chagas, cuja hiographia c obscura, conquistou,
varios trabalhos, todos inspirados em assumptos re pelas obras que deixou cm S. Salvador, merecido
ligiosos, no moslcirn de S. Bento, a cuja ordem renome Citam-se dentre cilas o grupo de N ossa
pertencia. Da sua obra, que soffrcii criielmetite as Ser-ho rn i/as H o n s , S. João r M ag ;/a tcna . na Ordem
injurias do tempo, restam alguns apagados leste- Icrccira d< Carmo e o .S R c h tiic to . da matriz de
mimhos.
José de Oliveira mostrou aptidões variadas. Fm Antonio Francisco Lisboa, o Alcijadinho
decorador excellente para a sua epoca; pintou di foi o maior esciilplor e architecto das Minas (ieraes.
versos quadros para as nossas igrejas, a sala de au Ouro Preto, Sahara, Marianna. S. João d’EI-Rev e
diências do Palaeio dos Vice-Reis e a praça d’armas outras localidades mineiras, attesiarn-llie os d ites in
da fortaleza da Conceição. vulgares, sobretudo se levarmos cm conta que Lisboa
Manoel da ('unha c o arlisia mais apurado do não recebera, se não do pai, mestre d'nbras por
seu momentr Os estudos que fez em Lisboa muito tuguês, rudimentos do officio. Pertence-lhe o risco
contribuíram para a segurança que demonstrou sem da igreja de S. Francisco, em Ouro Preto, assim como
pre nas galas do colorido e na fantasia das conce as decorações e os grupos esculptoricos de outras
pções A semelhança dos antecessores, tomou dos i.rdens religiosas da sua provincia natal.
Evangelhos motivos para as suas telas, e firmou Caben a mestre Valemtim, entretanto, as maiores
além disso, renome dc retratista. glorias F*.iatua rio, architecto, desenhista, imaginario,
Seu melhor alumno, Leandro Joaquim, de origem ourives t gravador, legou-nos o conterrâneo do Alci-
humilde qual a do professor, chegou, sob a pro- jadniho uni sem numero de documentos comproba-
tecção de L i lis de Vasr ,n cellos, a uma certa notoric- lories do seu engenho fértil e versátil. Orgulham-se
dude, partic iilarmente no re tra iu . Francisco Solano alguns templos do Rio de Janeiro, a exemplo dos
foi linbil o m amenta dor. Merecer.am-lhe as produc dc S. Francisco de Paula, da Cruz dos Militares c
çfles a esiiiTia dos contemporâneo;s Ainda sobrariam da Ordem Terceira do Carmo, de possuir obras so
porventura cMil ros nomes, porém. os que abi ficam lidas, bem modeladas c concebidas do mestiço admi
sãv> os de imaior relevo durante o período que se rável, A madeira, o bronze, a prata e o ouro não
conduc com o advento dos Taimay1e dos Debrct. linliani segredos para as espenas mãos de mestre
Valentim, que se saía das suas emprezas com tal
peritia, que lhe era escasso o tempo livre para at-
OS ARCHITECTOS E ESCULPTORES tender aos iunumcraveis pedidos dc moldes, proje
ctos e debuxos, vindos de toda parte. Aprom piou
mestre VaU-nlim varios discipulos, dos quaes valem
A imitação dos portugueses, exlremaratn-so os recordados José da Conceição e Simãu da Cunha,
nossos architectos nos pormenores e minucias da or ambos decoradores interessantes.
namentação. Suas plantas não offercceiu particula
ridade'; típicas, suas massas não têm movimento, nem
eleganda ou delicadeza a linha geral dos prédios que TERCEIRO PERÍODO ( 19 1fi-1022)
edificaram. Run ham elles nos acahamentos toda a
A PINTURA
scienda que lhes era propria. As obras de talha que
aprompiaram são, em verdade, sumptuosas. Basta re
ferir as da igreja do Carmo, no Rio dc Janeiro, e C n a vinda, e.n 1816, da missão francesa, con
as do Omvento de S. Francisco c da Cathedral dos tratada pelo benemérito Conde da Barca, receberam
Jesuilas, na Bahia, para formarmos juízo lisoiigciro as nossas artes considerável impulso. Passavamos a
a respeito dos nossos artistas. ter, aqui, uma escola nossa, onde professavam mes
Fora dos templos, comiudo, não encontraremos tres de incoiiteste saber e experiencia. Começávamos,
monumentos de vulto, no curso dos séculos X V II c pois, a constituir e lançar as bases de uma tradição
X V III. Nas cidades nascenles, o casario irregular c nacional, que antes, mercê da irregularidade dos es
caprichoso estava indicando perfeitamente que, ao tudos ar lis ticos, não conseguíramos assentar. Já não
bom gosto, sobrelevavam as razões da commodidadc. era mais nas sachristias c nas pen umbrosas naves de
Queriam-se largas frontarias, rasgadas de janelas em igrejas t calhcdraes que iriam trabalhar os nossos
fileira symctrica, amplos dormitorios c salas espa pintores, e sculptores c gravadores. Aprendemos com
çosas, onde coubesse a parentela barulhenta dos nos os franec7cs a observar melhor o mundo e os ho
sos senhores patriarca es. O luxo estava, porventura, mens. Fomos procurar, fora dos Evangelhos c apar
nas roliças columnas que sustentavam os alpendres tados da disciplina jesuítica, outros thcuias de inspi
c as varandas floridas de trepadeiras silvestres. ração nos fastos da historia universal, novas fontes
Se, na architectura, não attingimus um nivel su dc energia na vida amhicnlc. Principiamos a ter es
perior, já nos não mostramos tão carecidos dc ar tilo, a ver a obra de arte por si mesma, pelo or
tistas na csculptiira c na tnrcutica. Celebrizaram* gulho que cila insufla no animo de quem a cria
se, no segundo periodo da historia das nossas artes
plasticas, tres homens, que devem ser considerados Jcan-Haptisic Dt-brel, Nicolau Antonin e Emilio
como fundadores da esculptura no Brasil. São elles: Taiinay, n primeiro espccialmente, espalharam o amor
O O o O O O 48 o o o o o o
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L a m in a d o r e s de de F e r r o e o u í r o s
F e rro e F u n d iç ã o 52*. R*j.a (ofieapftií© (D ttoui., 52_ m e fa o j, cim ento,
R-e b ile s , P re tfo a correias, a g ^ a -ra z
P ara T r ilh o s Í í c „
, ^ o r f c d a s Moves.
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E nd. T o le d r - C a íx ã do C o r r e ia m a l * r ia l R x o a
N ic lh e r o jr F e r r o s
“ rE R R Ò * rs ; 5 9 3 ro d a n te p e ra
d e E .n jí o tn m f lr ,
E s t r a d a e d e fe r r o
Fundiçãode M etaes
m a c h in a s pnra
Louça F u n d id a
l a v o u r a e
e E s la n h a d a .
b a la n ç a s . C anos e a la be le c im e nta s
i n d u s í r i a e s . eta .. .
d o C h u m b o ate..
Bita do ts f> irJ o S a riío 4 0 o lflo a . v e r n iz e s
F e rra d u ra s e c o a l h o , m t c _____
P o n ie s d e P a ris. JK T
R u a C o m n e l R d u eiro
do K r l l o — N *?Q3
0 0 0 0 0 0 49 o o o o o o
L/VRO DE O f RO C O M M t MORA71VO IX ) CE N I E MARIO
Dos esculptores que se distinguiram antes deste zerea, Marques Junior, Eugemo Latour, Roberto Men
século, no Brasil, merecem referencia Francisco Ma des, os irmãos Chambelland, Edgar Parreiras, H
noel Chaves Pinheiro, autor dos doze apostolos de Cavalleiro, Pedro Bruno, Prcsciliano Silva, J. Car
madeira da igreja de S. Francisco de Paula, no Rio, los, J. W Rodrigues, T u llio Miignaini, Domingos
e da estatua de João Caetano; Rodolfo Bcrnardclli, de lo lrd o Piza, e ainda inencionariainos outros va-
Caetano de Almeida Reis e Hortencio de Cordoville. rins figiirisias, decoradores, desenhistas c paisagistas
De todos elles o mais notável é Rodolfo Bernax- dignos dc relevo, se fizéssemos resenha mais desen
d e lii, em cujas obras está o que de melhor pro- volvida. Destacam-se na esculptura: Correia Lima,
duzio a nossa escutplura passada. Basta citar C h ris to Hihiano Silva, Armando Magalhães Correia, Antonio
e a m u lh e r a d u lte ra , grupo esculptorico pertencente Mattos, Modestino Canto. Leopoldo Silva, Nicolina
á nossa Escola Nacional de Bellas Artes, para se Vaz, A. Pitanga e poucos mais. São dignos de re
ajuizar das qualidades admiráveis de Bernardelli. ferencia, tia gravura, Oirardet e Adalberto Mattos,
e na agua forte Carlos Oswald. Conta a archite
ctura alguns representantes de nota, a exemplo de
Heitor dc Mello, Morales de los Rios, V. Licinio Car
SÉCULO XX. CONCLUSÃO doso e A. Memória.
Entre os mais novos apontaremos, na pintura.
Zina Aita, Annita Malfati, Mario Tullio, Di Caval
Apesar dc varias causas moraes e materiacs que canti, Alberto Martins Ribeiro, Vicente do Rego Mon
muito contribuem para o lento evolver das nossas teiro, Alberto Cavalcanti; e, na esculptura, Leão Vel-
artes, da ausência de museus e galerias de valor, loso e Victor Brecheret. o mais forte e pessoal de
do descaso dos dirigentes no tocante aos problemas tudos os jovens artistas brasileiros.
esthcticos, e da indifícrença com que o povo olha Tudo isso está indicando que, em futuro pro
as exposições officiaes ou particulares, vamos pro xiino, removidas aquellas causas que deixamos acima
duzindo artistas de hnm quilate Entre os pintores registadas, e educado o gosto do povo. teremos uma
nomearemos: Lucilio de Alhuqiierque, Helios See- arte vcrdadeiramcnte nacional.
linger, os irmãos Arthur e João Thimoteo, Navarro
díi Costa, Carlos Oswald, Leopoldo (inttuzzo, (ienr-
gina de Albuquerque, Modesto Broctis, Lcvino Fail- R. n r C.
o o o o o o 50 oo o o o o
A C A R IC A T U R A NO BRASIL DC 1822 a H)22
o o o o o o 51 o o o o o o
U V ftf) t ) t U t’ fto C tJM M tM O R ATIVO IX ) C .tN T tS A R K ) DA
com m u ito e s p irito a «charge", revelado no Rata .Ta ga re lla », chegou, v iu c venceu; tem cstvlo p ro
plan , n o jo â o M in hoca» e nos jurnaes dia nos cm p rio , é perseverante, dedicado á arte e seu nom e
evid en cia; c u ltiv a n d o ainda h o je o genero faceto nas está fe ito na honestidade do trab alh o, que n3o o
horas em que a palheta lhe dá Iréguas. T eixe ira da faz esm orecer nunca. A. S to rn i, que veiu do R io
Kocha, M a u ríc io J u b im , H ila riâ o T eixe ira e A rth u r G ran de c que sc m anifestou p rim itiva m e nte em cs
Lucas (B a m b in o ) pertenceram a uma época de fe plendidas charges pessoaes. abordando h o je o s as
lizes in ic ia tiv a s na caricatura c o lo rid a ; os dous p r i sum ptos p o litic o s ; Am aro Am ara l, ha pouco fa ile d -
m eiros cederam o la p is ao pin cel que cultivam com do , que deu o p tim o c o n ting en te á caricatura, ua Rc
esm era, quando o p ro fesso ra do lhes dá fo lg a ; H ila - visla da Semana». no J ornal do B ra sil » e F igu ra s c
riã o rc tra h iii-s c , e n fron ha do na burocracia > Bam Figurões» (2 * phase, a p rim e ira fo i obra dc C a lix to
bino-., de po is dc p e rlu s tra ! no <M equetrcfe*, na M as e Raphael P in h e iro ); Scth, desenhista de consciência,
cara , na - Revista da Semana», no .Tagarela e no aperfeiçoado nos m oldes norte-am ericanos, cujo s p ro
jo r n a l d o B ra s il-, v o lto u a dedicar-se com e x ilo á cessos agora adopta, tc n lo ii ao la d o de Vasco Lim a,
pin tu ra , de que deu uni excellente recado na exposi- o u tro lapis d e valor, um jo rn a l de cscól, «O G a to ,
çâo dc Bella s Arte s. A ro tin a da lilh o g ra p h ia , p ro que pouco re s is tiu á ind iffe re n ç a desta aldêa g ra n
cesso o p tim o , mas le n to e fatigante, fo i ahrogada d e ; é dc Selh a his to ria de «João Pestana , que se
p o r j u i ião M achado, esse b e llo ta le nto portuguez vi-m popularisando pelos seus m oldes de ser ins
que rem odelou e n tre nós a fe itu ra das revistas iIlu s truct iva e ui i I ainda brincando. D e C a lix to C o rd e iro
tradas. nada direm os, p o r suspeitos, ha um a inim iza de fig a
A n te rior.T cn te o grande Bn rd alo P in h e iro aqui dal entre nós ambos, que s u rg im o s jun tos c até ho je
estivera, com a mesma g a lha rd ia, n o <Psit! , no >He- vivem os separados . pelas residências. Casanova, o u
zoiiTo-, mas adoptando os processos lith o g ra p h icos tro v ad io de talento, que po dia d a r m elhor con ia do
de então. A J u lilo M achado deve-se o processo da reca do; A. C ru z , A lb e rto D e lp in o , sempre fe liz nas
gra ph ia nas revistas iIlus tra da s , fo i elle quem in tr o charges» pessoaes: A rios to , Lo u re iro , Y o yfl, V o lto lm o
duziu entre nós a m aneira m oderna europea e in s i e Belm onte cm S. P a ulo . A u g u sto Rocha, lam bem
nuou a grande refo rm a , C e ls o H erm in io, o u tro po r- fo rte na m usica; H c n rv P iirs e g u r (Hyh>). o u tro he-
iiig u c z de ta le rfio aqui se reve lo u exim io nas ..charges róe d o saudos > Tagarela , ho je n o desenho icch n i-
pessoaes, m orre nd o quando mais se esperava d o seu cu da armada n a cion al; G e rm an o Neves, Sá R nriz.
ro h u s io talento. P elèu; f ritz , o n iro ind ole nte que precisa ser chamado
V ie ra m , depois, com inte rm itte nd as , para os ao bom cam inho; Jefferson, R ig n le lt-i. M aia, P e rd i-
arraiaes da caricatura Iz a ltin o Barbosa, h o je preso gãu, H e ito r c m uitos incip ie ntes que surgem p ro
ao professorado c Be nto Barbosa que teve uma épo m issores. Em ISfW aqui esteve H astoy, excellente a r
ca fu lg u ra n te aqui e cm S Paulo. Santos F a ls ta ff tista que pouco se dem orou, deixando-nos excellentes
p o r esse te m p o s u rg iu nas lides do «crayon» e fo i humoradas, m órnicn te sociaes. A po lítica in te rn a cio
o p rim e iro a lançar a revista illn s tra d a sem exclu si nal sug gcriu m uilas charges - dc Placido Isaai, que
vidades. O T ;:garcla assim s u rg iu , í uma Jo p a r um lo n g o tempo m ilito u nas paginas iIlustradas d o J o r
g ru p o de culto res d o lap is que, além da adoravel so nal d o B rasil c ho je se acha cm Buenos Aires.
ciedade dc arte, a b riu cam inho para a m aior p a rte dos E m ilio Ayres, que se in ic iá ra cm Londres, apre
caricaturistas que h o je se apresentam. G astào Alves, sentou-se, n o Rio, como exce llen te reira tista e m e
o u tro lap is adestrado, lentara a mesmo systema nu lh o r t-chargisla , de que d e ixou um album o rig in a l,
«M ercúrio», o jo rn a l ún ico em todas as cinco partes onde se encontram as e ffig ie s das nossas p rin c ip ie s
do m undo, po is era um vesp ertin o d ia rio lith o g ra - figu ras dc destaque. E rico C a s te llo (C h in ) appa-
phadu a trc ii córe s; afriea que nunca sc conseguiu rcccu com seu C slylo m odernista, dando-nos provas
nos demais paizes; n c ll trabalharam Julião, Bambino, decorativas que tèm sidn hem apreciadas. C arlos L e
Dom ieuse, P o rto A le g re c deram os prim e iro s passos n o ir ( G il) c G ilc c n o Braga ( G il 2o) também fizeram
C a lix to e o a u to r destas linhas. época, sendo mais fo rte o p rim e iro nas p e rfis. Roma
no, um novo, é hoje um especialista no genero cha r
ge pessoal c entre os que agora se revelam citam -sc
C om a form ação do M alho e d o T ag arella », F o x (T rin a s ), D jalm a, Santiago, M anulo, Acquarone,
aprostntaram -se as phalanges organisada.i da c a ri J e tfcrson c alguns mais, com apreciáveis qualidades de
catura, lendo á testa, na p rim e ira das revistas ciladas, traço.
C h ris p im do A m ara l, que v ie ra da Europa, onde al
cançara ju s tific a d a fama pela graça d c seu tra ç o c
pelos assumptos que com m entoii, m uitos dos quaes Nesse la rg o perio do de cem annos não fo i pe
lhe trou xeram perseguições, p o r serem inspirados na quena a phalange de caricaturistas e o fa d o mais
in trin c a d a p o litic a do v e lh o continente. d ig n o de n o ta é a situação da imprensa illu e tra d a
Na época contem poranea é grande o num ero de no Im pé rio e na Republica. Discute-se ainda o p r o
caricaturistas fo rte s e é reduzidíssim o o g ru p o dos je c to regulam entar da imprensa, om inoso em e x tre
fracos. A variedade dos estylo s e a fórm a de in te r m o, neste p e rio d o dc conquistas democráticas que o
pretação apresentam pelos jornaes e pelas revistas regim en, p o r seu titu lo deveria favorecer. E n treta n
ho diernas um encantador aspecta que altrá e e em to, desde que se fez a R epublica, a libe rd ad e (nã o
polga. a licença, entenda-se) de e x p r im ir o pensam ento pelo
C item os aqui L u iz P e ixoto , a intuição em corno la p is tem s o ffriu o o arrocho das autoridades e Jcu
de gente, sem consciência do que vale, p a r ser um pa rtid o s apaixonados. G uem m anusear as collecções
vadio de marca m a io r ; J. C arlos, p o r nós lançado no dos jornaes de antanho, a n te rio re s ao regim en actual,
O O O O O O 52 o o o o o o
Annuario do Brasil
F U N D A D O E M 1844 (8 0 A n n o s d e E x i s t ê n c i a )
I
ças V e n e re a s : a educação popular e o tra lioso serviço.
A S D O E N Ç A S V E N E R E A S
ESTÃO D E S T R U IN D O
A S A U D E do N O S S O P O V O
E COM PRO M ETTENOO
A P U J A N Ç A da N O S S A R A Ç A
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T o d o s P o d e m , D e v e m A i \ 1 L! . .
A " '.S A U D E H U E ! ! I C A "
N A L U T A C O N T R A L S ^ L 1 IN 1M 1 G É1
Inspectoria da Prophylaxia da Lepra e das Doenças Venereas
Rio de Janeiro.
IN nh P h N D I.N C IA r flA t XPOSIÇAO IN T /iR H ACIO NAI
verificará a ampla liberdade dos caricaturistas cm vciilaram o noli me tangere como entrave ás ma
suas criticas insontes largamente espalhadas em nu nifestações do peiisamcnlo. Nem os desenhos nem ,is
merosas paginas. <»>ncm ignora as ironias c as pi legendas têm mais o desembaraço das expressões, rum
lhérias de que fui alvo o segundo mnnarcha, que as responsabilidades decorrentes da autoria; ha uma
muitas veies a irreverentia do lapis desenhou com n censura prévia no ar. que dá saudades dos temp >s
pe-rf11 de uma castanha de cajii, schema fc lii do de oiitr’ora em que o alvo da irreverência era o
contorno dessa linda cabeça de velho? primeiro a rír com as allusoes que lhe tocavam.
Qinm ignora que Agostini, por exemplo, repre T de esperar, porém, que a situação se modifi
sentava niiiila ver a figura do Presidente do M i que: a caricatura, como todas as manifestações de
nisterio ou do Parlamento com o corpo de outro arte (abolida, está claro, a materia licenciosa e ag-
animal adequado ac commentario? Não era isso um gicssiva), deve ser como a idea, na phrase de Fa
insulin, era uma figura de rhetorica executada pelo gundes Varcl la, -uão tem marcos ne.n barreiras, não
era)nil ■ e. com isso, nunca se molestaram at preten conhece compêndios .
sas victimas da ironia dos artistas.
Hoje, as conquistas escancaradas da democracia
com as regras de um regime ti chamado liberal, in- Ru L P fiifr n fu m s .
o o o o o O S3 o o o o o o
E N S A IO SOBRE A M E S IC A BRA SlLE iK A
Z xu
W ll l l O t l i V k W il M I M V IS Í4 I N I I irtikU
o o o o o o 54 o o o o
C.ENtESARtO DA IS D rP rX D E S C I A / DA L.XPOSIÇAO
o o o o o o 55 o o o o o o
u v fto n t: n i'R o c o m m e m o r a t/v u rx> c k n j i .k a k i o ha
rufos dos vatapis. Não é muito o quo se conhcce. um batuque caballistico, dansado com desenvoltura,
dessa musica, e, posto os primeiros chronislas re fi ao som cadenciado dc lundus, com nolas muito vi
ram os pendores dos índios para a musica, princi- brantes e uma grande riqueza dc rythmos, que per
palmenlc dos tupitiambás e dos tamoyos, dizendo os duram na nossa musica popular c ainda hoje pode
compositores originacs, nâo foi possível conhecer com mos rasircal-as
precisão a obra musical da gente autochtone do Bra Com esses elementos, sem esquecer tanihem uma
sil. Do pouco que chegou até nós, ponde verificar-se certa influencia hespanhola. das tyrannas e dos fan
que a musica selvagem era interessante e viva, gostan dangos c, posle norm ente, italiana, através dc Portu
do dc imitar a natureza, as suas vozes e os seus gal, se cnnsiitiiiii o canto brasileiro, dc que a fôrma
cantos, como que buscando uma fusão surpreendente mais expressiva é a modinha. Vinda de Portugal, p iis
com o scenario maravilhoso. Opinam outros que essa segundo muitos é uma prolação das serrati ilhas portu
musica era apenas uma expressão collectiva de ale guesas, ou, segundo outros, é a canção romantica
gria nu pezar, das horas da guerra ou dos cerimo- iransporiando-sc de Portugal para o Hrasil com o
niaes funebres, o que parece menos exacto, tendo em titulo de m odinha nome derivado dc m ote ou moda, ,
vista o depoimento dos nossos chromstas como Jean opinião partilhada pelo sr. Thcophilo Braga, o certo
de Lery. Spix, Martius, Sant’Anna Nery e varios é que soffrcu no Brasil a influencia forte do meio,
outros, que referem danças e Testas indigenas de tornando-se essencialmente nossa, a ponto de Por
muitas outras fôrmas. O cant > do indio era uma me- tugal assim a reconhecer quando, no reinado dc
lopéa magoada, filha do seu abatimenio de erradio e D. Mana I, v olto u á sua terra primitiva. Não é con
nnmade, ou simples imitação da natureza, como a testável que a modinha tivesse tido a origem portu
dança dos animaes dos Pariqnys, em que os cantos guesa, nas canções dos trovadores do século XVI. ou
e os gestos reproduziam os gritos o o andar de nas serranilhas gallezianas. mas no Brasil, aprovei
todos os bichos. De muitos icmns ouvido palavras de tando os motivos da lerra. nas comparações e ima
deslumbramento sobre a musica dos indios. como lim gens, e tornando-se languida, se transformou niitiia
pedaço da natureza rude, mas de pura emoção, e canção propria, cuja fonte, qualquer que tenha sido,
com um perfume de terra fresca e virginal. Até certo não lhe prejudicou n caracter proprio c inconfundível.
ponto, eis a verdadeira arte. a elevação do homem A sua melodia , scniimcriial c ;ipaivonada. em ger.it
diante do universo procurando expressai-o numa fôr no modo menor. acompanhada pela viola ou pelo
ma superior c ideal, que domine a materia. Ha licita cavaquinho, esllã no coração da gente, comei uma voz
uma fonte dc inspiração c quando nos animaremos a de magna ou nostalgia, uma « infissâo da vida, sin-
beber a Sua agua clara e maravilhosa? cera e humilde . Em todo o paiz: se can Iam modinhas,
O s portugueses que vieram povoar a terra nova, mima fusão ir lima com o seen:«rio. que se completa
fossem d ies fidalgos de alta prosapia, capitães do com as suas nolas mrlancoolicais e co mm o cidas.
melhor valor, ou simples immigrantes plebeus, atraí Mas persiste n desequilíbrio entre o homem
dos todos pelo delírio das riquezas, do oiro, dos mc- e a terra. Ha um resaiho da natureza dominadora,
tacs raros, das pedrarias, das madeiras preciosas, que se confunde com o destino impassível, provindo
sentiram-se desapontados com a hostilidade do meio dalii uni amargor constante, que se in filtra nas suas
A natureza americana era npulenla, mas agreste e coplas ingenuas e deliciosas. Ellas nos dizem os en
n3o havia como dcccpal-a sem um tributo rigoroso. cantos das maltas, os iniirm iirios dos rios, os quebran
O curopéo sentiu, desde logo. a luta gigantesca que tos do luar, os mysterios das cstrcllas, os enganos
precisaria vencer contra o ambiente, ora hrutal, ora da sorte e as inccrlczas do amor. A emoção das mo
esquivo; era esmagando com a soaiheira; ora defen- dinhas nas serenatas, madrugadas st fóra, acompa
dendo-se com a seixa, com o pantano escondido entre nhadas pela viola, pelo cavaquinho c pela flauta, é
o cipoal ou sob a herva rasteira c humida; ora amea funda e imperecível.
çando c barrando o caminho com as montanhas es A modinha porém não ficou só no sein do povo.
carpadas, cheias de despenhadeiros a pique c lapas Vein para o salão, onde, aliás, nâo tem logar. Acom
obscuras e terríveis; ora atacando com o bote da panhada a principio pelo cravo e depois pelo piano
féra bravia, ou apiradiira das serpentes insidiosas. teve o maior succcsso na nossa sociedade ate me iados
O português, mais senhor do mar do que da terra, do século passado, quando a cultura musical se foi
ao embate dessa formidável tragédia, trazendo já aprimorando c exigindo flores menos agrestes. Em
a nostalgia do navegante, na solidão da terra brasí Portugal, no lempo de D Maria I, a modinha teve
lica, ficou preso de indefinível tristeza. O temor se os maiores favores, devido sobretudo a I), Marianna
juntava á melancolia c seu canto foi languido e sau Victoria e ao Duque de Lafõcs. que eram excellentes
doso, de um isolado nesse mundo novo. Trouxe a musicistas. Nesse ambiente, porem, a modinha perde
serram lha e suas variantes, com as aria's sentimentaes o seu sabor, pois fo i criada para ser cantada ao ar
c commcvedoras, que depois haveríamos de transfor livre, em perfeita communi cação com a natureza, como
mar, na modinha brasileira. uma voz no seu concerto majestoso A modinha é
O africano, que vein cscravisado e foi vendido do caboclo, do m o lr q u r do norte, que lhe sabe Irans-
aos golpes de chihata dns capitães negreiros, bronco n iittir todo o langor, todo o enfeitiçado de sua alma
e rude, mas com uma larga sensibilidade, apurada de mestiço. Dentre as composições populares, ao
num continuo snffr/mentn, quando cantava, desforra- lado dos lundus, dos fandangos, dos sambas e ou
va-se um pouco e na susi imaginativa acranhada accen- tras mais, a modinha c a tnais característica c sua
diam-se os brilhos quenlles das suas teiTas primeiras. melodia longa, nas serenatas, ou nas noites de luar,
Nos ra n d o h !é s , festa cni que celebravai a chegada á parece um som da própria terra, que se perde no vago
patria dos que tinham rrn r ri do captivosi, contava com indefinível de nossa emoção. A sua fôrma simples, a
o o o o o o 56 o o o o o o
COMPANHIA CALÇADO BORDALLO
CAPITAL INTEGRALISADO 5,000 OOOJOOO RS,
sua singrloza *-* <• profundo 9entimcnto das coisas a vita, inconstanti- c aligero. Nesse genero as compo
tornam uma das mais sinceras vozes do coração quei sições do sr. Ernesto Nazareth são muito expressi
xoso da yen te do povo. As modinhas de Claudio Ma vas, bem como as do sr. Marcello Tupinambá. Nel-
noel da Costa, Ignacio Alvarenga Peixoto, Thomaz las repontam, com uma riqueza prodigiosa de rythmos,
Antonii Gonzaga, João Leal, Frei Telles, João dos CS eararleristicos incertos da alma popular, humilde,
Reis c Dona Marianna, entre muitas outras, ganha atrevida, voluptuosa, ardente e rústica, mima musica
ram celebridade. Carlos Gomes lambem compoz al cheia de brilhos e suggeslões. Procurando nas coi
gumas modinhas, das quaes a de maior fama foi sas, nesse vago permeio entre ellas e nossa imagina
r , " lo iifif de m im d ista nte Mas, as mc hores sâo
tiva, que compõe a natureza, o sentido da expressão,
(a vez as nonymas, nascidas não st sabe onde, nem conseguem nos dar todo o pittoresco e Ioda a poe
quando, n m como, vindas da alma popu ar, brotan- sia popular, traduzindo, apenas, sem deformar pela
tlr como hrrva dos raminhos, ou como agua das interpretação.
ro 'has. pc o milagre da natureza gc ratiora e fecunda. Dois são os característicos que podemos apurar
bs sas tias em dos corações rudes. na co ntempi ação nessa musica popular, dentre outras impressões for
da s coisas mysieriosas que os cer< am e inquietam ; tes -- a melancolia e a lascivia. O amor ou é tris-
SLl rgi-m <•<m um eco das vozes m iltip la da tc‘rra, tonhej ou violento, recolhido ou desabusado. Como
ir ninpcnd ) do fundo do peito hu mano; imitam os
passaros c traduzem os sons deseonformes da har
vimos, sobres,íe na parte africana o ardor e nosso
mestiço alliando-o a uma imaginação tropical c li
monia tlo> l í t n , bidinosa, deu-lhe mais volúpia ainda. Essa nota pre
As trovas cantadas ao som dns violas, reflectin- domina, sobretudo, no maxixe do Carnaval. O Car
d<> os sentidos locaes. são motivos profundos de naval, prinvipalmente o do Rio de Jaaneiro, é a
arte popular, nos quacs, porém, o tanto é uma sim festa mais empolgante da terra, cujo espirito melan
ples m odulado para o acompanhamento. Os lundiis, cólica se desforra nesses dias, num delino de alegria
que são uma variante das modinhas, mais intercala e vibração. É um estonteamento dos sentidos. Ha a
fascinação d:i côr c do som. Nas multidões frementes
ti veram cis melhores cultores. Hasta referir Laurindo a polycromia é uni deslumbramento das cores quentes
Ha hei lo. que os improvisava com deliciosa malicia, e primarias, dos vermelhões, dos verdes, dos ama
Xisto Hahta, um troveim excellente, pela naturalida rei los, dos azites, nas fantasias espalhafatosas, nas
de de sen cantn. repassado de um lirism o nostálgico fitas das serpentinas que se entrccruzam e baralham
e vi\o. Francisco Cardoso, José Bruno Serra, entre e nos confetti que bailam no ar. Animando o quadro,
outros, muitos outros troveiros, cujas vozes melan ha cantos lascivos, vozes atordoantes, gritos estriden
cólicas ou chistosas, cheias de conceitos avisados ou tes. chocalhos e pandeiros, clarins agudos e falsetes
remoques subtis, são di uma emoção rude e doce, caprichosos, e o hater grave e soturno dos bombos,
entn instincto agudo e languido sentimento Também na cadencia ruidosa dos Zé Pereira. E essas m ulti
os fandangos, os sambas, as tyrannas, os cuicumhys, dões inquietas, doidas e extasiadas de prazer, são
as cheganças, os reisados, os congos, os aboiados, voluptuosas e reflectem, nos seus cantos, esse fremi-
são eivados de urna grande sinccr dade, ora longoro-
sos. ora sensuacs . predominando essa nota nos de
9
to in sopitavel do desejo. As canções são fe ila para
serem clansadas e suas musicas s lo os m axixes lan-
origem africana. com os baluquc rythmados c vio- gnidos, requebrados, picantes e maliciosos... Nem a
lentos Ha ainda os bailes paslor s, do Natal e Anno letra, nem a musica valem muito, mas o rythmn 6
Horn, com suas eõas em louvor do Deus Menino, por vezes delicioso.
os Ranchos de R i, os Hum has mcu hoi c m il e uma É uma nova hachanal, de Imictira e ebriez com
manifestações da alma popular. jiara* expressar sua municativas, pelo Hu ido da côr e do som, que se
alegria c sua magna, a voz mysteriosa do sub-cons- combinam num mesmo desvario tumultuoso e m ulti
ciente instinctivo e barbaro. Não 6 licito esquecer os plo. Não ha mais aqttelle recato em que vive recolhido
benditos, que são cantos religiose s, de nosso interior, o nosso espirito, mas Iransbordamentn, excitação,
as implorações ac Céo. feitas em tom humilde e fer delirio. Nas notas quentes dos m axixes, nos seus
yoroso, com m uit > lirismo e não rar o certa vivacida- compassos agitados e febris, movem-se desejos, ardo
de a contrastar om a expressão solcmne da musica res e vibrações, e as dansas, meneiadas com desen
sacra. Ê preciso referir também, desde que não pode- voltura, acompanham n capricho do batuque, nesse
mos nos limites deste rapido ensaio, analysar as di- ambiente pagão e desregrado. Essa musica constitue-
versas fôrmas da nossa musica popular, as valsas, as se de motivos puramenlc brasileiros, sentindo-se a in
polkas, os tangos, a musica de salão enfim, mas bra fluencia africana que predomina, pois o m a x ix e é
sileira, genuinamente nacional, com seus mulivos lan um derivativo dns calundus e dos samhas, mais leve
guidos, suas melodias lentas e encurvadas, de um
colorido e b rilh o inconfundíveis. Nas suas linhas, ora Falta A musica popular brasileira os seus des
piltorcscas, ora lascivas, movendo-se vagarosas ou bravadores. Vez por outra, já o têm tentado, sendo
animadas, repontam o queixume, a graça, o desejo c que Alberto Nepomuceno com grande brilho, sobre
a alegria descuidosas de nossa gente franca e me tudo na Série B ra s ile ira e em varias canções, em'
lancólica, A originalidade da nossa musica de dsrnsa, que os molivos nacionaes ganham o fu lg o r de seu alto
algumas lentas, em curvas extensas e languidas, ou espirito. Mas ainda não tivemos, para mal da nossa
tras saltitantes e coloridas, que hrilham, como o refle arte, um Schubert, ou um Thopin que soubesse se em-
xo de cristaes e fogem como inquietas borboletas, é hriagar nessa fonlc ínexgotavel de inspiração, como
deliciosa, refleetindo a doçura e o calor do nosso lambem têm feito os russos, traduzindo os pendores
espirito, esses dois polos, em torno dos quaes gra c anseios da alma popular. Ate esse dia ficará mys-
O O O O O O 57 o o o o o o
LIVRO I: O f: RO CO.HM! M O R AI H O DO CENT l SARIO HA
lerinsa a psyche brasileira, recolhida nas suas vozes fuga e tristissima de infortunio, a independência raiou
in (imas e profundas, que tins elevam e evlasiain. indomável e victoriosa. A Patria, que se fizera com o
descobri meu lo e se consolidara nos (iiiarárápcs, se
impunha gloriosam ente ao mundo.
Nessa hum de renovação do paiz, com o advento
O l-ADHt JC'Si MAl'RIC IO l: O SCI I I M i’l l
do principe regente, as artes n lo fõrain esquecidas e,
como v in is, por influencia do Ccn.lc d i Barca. IVtiii
A vinda de I). João VI foi inn a predestinação na Joãi VI, cujos aclos tinham sempre paternidade
nossa historia. Transplanlando para a' colonia anie- alheia, mandou cuiitraelar a ini«são Le Breton, com
licana a cõrie bra gnu tin a. nilo «> abriu m m ép -ca artisins insignes, alguns dos quaes, como (irandjeaii
<te floresci men lo para o Hra-il. hem como apressou n de M o iilig li), deixaram traços assignalados de sua
im m inent' independente, enjo ansem Ilie arfava no passagem. A musica, si não teve as mesmas mercês,
peilo j ven. Dtstlc :i eart.i regia de 28 de Janeiro não f' i contndu descurada, tendo-lhe o principe es
de 1808. seis dins depois da ell egad a a Bahia, e feita pecial piidilecção, fosse suggcsliva apenas, oil por
por inspiração do grande visconde de Cayrii. IV que llu locasse • coração infeliz. No período colonial
Ji.ãi V I. sc revelou inn henemeriti menos, aliás, quasi unda temos a referir digno de menção e o
pela sna acção direela, do que pelas con sequências qm home, nliíra as manifestações interessanles da
irremissíveis do ino.nento historico As sna* criações music.i p ipnlai. foram trabalius d - musica sacra,
visavam todos os ramos da a c tiiidade iiacion.Tl, esta entre u-s quaes se saliciila a l‘i i \ r i r/c fV iro /o . tio
belecendo os primeiros cursos, fundando Banco do Padre Manoel da Silxa Rosa. No começo el’> século
Brasil, a imprensa nacional, a bibliotheca, o jardim XIX é que apparere a figura empolgante do Padre
botânico, remo ciando a cidade e contrariando na Jc sé M aiirii i Nunes (iarcia (I7(»7-I8 3(l) que e uma
l ança unia missão de artislas illustres, sob a chefia lias mais altas glorias do espirito national. Esse mes
de Joaquim l.e Breton, secretario da Academia de tiço nascido no Rio de Janeiro, de mele nunca saiu,
He lias-Artes, do In s liliilo de frança. Era uma reno realizou uma obra profunda e admirável, cuia filia
vação na terra americana c, si nem sempre os fruios ção se prende aos graiieles mestres allcmãcs, a Hach,
« rres ponderam ã espeetativa, c innegavei que fo i be a Mozarl, a Hnyiln e a Heelh ven Deixou perlo de
nefico esse surto, a meu os tomo uma revelação e '21Ml a mi posições, dentre a^ quaes sobrc-uiem as se
um aviso para os brasileiros. Mais tarde, quando as guintes: .lli.eta tii' fíc tftn c it, pagina immortal, pela
Cones portuguesas quiseram recoIonizar o Brasil, que grandeza interior, a força e a profundidade da ex
abrigara a côroa bragainiua numa' hora vergonhosa de pressão, o sentimento vivo e indizível, que se eleva.
O O O O O
O O O O O O O O O O O O
t \ h t /■/ M U A ( ! A /1.1 I Xf'OSItmAO t \ / I R \'A ( IO .\A t
ii.-is vo/t's lançadas in C io pela criatura supplice i vou r. H y m n o tio independencia , com letra dc Eva-
feivorosa, na ari|>nslin e na miseria, no Icsiimimim ila lisio da Veiga, que ainda hoje é official. Se a obra
sua fraqnc/a, qm a nr.irtc repele initmto a minut. iln musico se perdeu, no principe valeram as inlcn-
M /ssa cm ,v< in -m o t; S in fo n ia tn n c h re . I .--D e an <• ções, pois lim it > beneficiou o (.‘onscrvalorio cie Santa
M u fin a s. O run /h HA i e C re tin lo D t ’g o l.fn e n lo fa n / e ao desenvolvimento do estudo da musica no
tie Sòn J m iij Ha p i is m , além d f Hina opera i t D m Brasil.
(itu n c /ic , escrila a pedido de I) J->5n Vi, cuja par Fsse período encerra-se com José Maurício. Só
titura su perdeu. vllc e digno de referencia, porque os demais nunca
A arte de José Maurici ; (falamos da religiosa, apparere riam si o meio não fosse tàn acanhado e es-
por dusnalheeeniios a profana) é ungida dc unci emo- I ril Houve, porém. um movimento de animação c
(5<> pirfitiidu e arrebatadora, feita com uma grande’ iiic ita iiic n io pel-, estudo musical, mercê das predi
frescura c irilerisa exaltarão nnslica, qualidades que lecções de D Joã-i Vi continuadas por D. Pedro I,
r> ii Ilocam entre os maiores com postiores sacros. uiibora mais irrcgiihirineiite. Essa época poderíamos
Sua musica é extaliea, nào pel > jogo forcado de re d i/ ' i da icculidaçã".
cursos liric , mas pela inspirarão ardente e fervo
rosa, que se elevava e transfigurava, 11 , cauto reve
lador Dnhi a grande/a e sinceridade f‘arn elle, a
O P F K in lM ) H O M AN T ItU
musica era uma \ o / de liberdade que llle eoiuiniiiii-
cttva o espirilo com Deus, numa fusão invxtcríosn e
in dei iu n cl. N ão era um cxaltüd >. que pretendesse Depois da pers--nalidade eiiipolgainv de José
uiat nut amhi elite rcligio v. pela di iraçlo poaqirisa M aiiiuio, dc- euja gl- ria devemos ser orgulhosos,
c stig-ispva. como cm geial acontece com os oradores p< u t‘ i' são os nspi-etos da musica na Hindi, alé mais
'ticios. que multiplicam as imagens, r .rçam as corn- «v metade do iccul i XIX. S.i então apparcceii (àirlos
paiaçoe-. aguam os in-itivos de elnqueneia, de sorte
ipie a apparentia possa suprir . que faltai n:r intensi-
1.1
(ionics, mu dos p erosos artista- do nos» > p ii/.
Ci m original ida .le de e-str > e inspiração opulenta e
d.uii intenoi Ao reves desse processo. José Matlri- varia, criou uma - lira c*n que, por vezes, a expressão
uo era mna aili-i.i interior cuja fé sobrenatural ira^ lun iiiii.i violência imprevista e admiravel, qiiand i
dtt/ia na musica, com uma larga sensibilidade, que se siam as notas exuberantes da terrn americana. Na
in filira no caiação e deixa a inlelligencia advinhar o i peca brasileira, p- sto delia se tenham occiipado
iin slciin peiliirbad u A obra que nos legou e que. quasi li.titis os nossos music is tas, (.arlos (io.nes
para mal de nós. e.ii grande parte se perJen, nos vn- (1830-1 s»9(i) é o mais consagrado compositor, pos
chc de crença no esplrit brasileiro, cuja genialidade suindo sua musica riqiie/a e h rilli . de timbres, ao
alUsla li 11ii I claiào fulgente. mesmo temp que inti.i melodia larga, fluindo das fon
L ra i:io grande que ultrapassava de limit > o meio. te.- mnis puras do n-.sso lirismo. Estava Carlos (io
não tend nor isso deixado discípulos, embora divul nics talhado para ser > criador da musica brasileira
gasse minto gosto pela musica, ensinando-a com um e poderia ter lido papel similliantc ao de José de
devoianicnl ; religioso. Depois del If. s.i alguns lus Alencai, na liieratura, affirmando a indepeiidcncia
tres mais larilc haveria de apparecer um grande mu musical do Brasil. A- revés desse esforço, acccitou
sico, prrqiiv Eraueiscu Manoel ( I 7<)ã-1 titiã) ern um tranquillo as indicações estrangeiras, esquecendo-se
artista menor D.n sua obra sal vou-se apenas H vm - de que o traiam. N i ( in ar an? pretendeu criar o in
» o X t/ti.v ia f fíra s ite t/o , em cujos sons quentes lia dianisiiK- na musica, a guiza d Alencar e (innçalvcs
alguma coisa do nosso entusiasmo e da nossa ima Dias, dtsptrlando a terra, na evocação do autochto
ginação frementes. Deixou varias composites, inclu ne, assim tornado, posto em falso, o symbolo da
sive um T c - lin im e um H y m n o tia ind ep en dê ncia, nessa gente. Prejudicou-lhe, porém, a escola dc opera
penei conhecidos. A sua gloria vem do H y m n o \ ’a- italiana, fazendo-o desprezar as vozes do seu meio,
lio n a l, que lhe immortalizoil O nome, sem esquecer ou comp rim il-as nos modelos da tarte-, sacrifican
o papel prepritidtra ille que teve no desenvolvimento do a in ic tição á fôrma. An invés dc seguir os pendo
do ensino musical no Brasil, de que foi um dos p ri res de sen espírito e, como Alencar, no romance, ler
meiros a cuidar o com o mais amoroso intento. list riu d. , sobre- motivos nacionaes, a opera brasi
E justo referir, pela influencia que teve, o com leira, dcixou-sc influenciar pela musica italiana, so^
positor português Marcos Portugal, que reformou o hrctudo a dc Verdi, e-iti franco successa, e fez uma
Conservatório de Santa Cruz, escola dc musica que obra em que a graça, r» frescor c o interesse estão
os jesuítas funda ram, e que tanto relevo teve no cc.niprcirietlidos pelo preconceito da escola. Ãs ve
eu1li vi i da grande arte, sendo que liei la se for zes o espirito brasileiro se rebella contra a hu
mou Jose Al ati ri cio. Invejoso e intrigant.', suas milhação e irrompe, quente e vivo, cm notas violen
v iitudes se desmereeem coai a lembrança do mal tas e cambiantes, que lhe revelam a origem maravi
que fez a José Maurício, cuja superioridade o ir r i lhosa. Mas, em geral, procura uma solução preconce
tava, a Francisco Manoel c a Scgismiimlo Neu- bida, quando tudo, cm arte, deve ser surpreza e ma
komanu, discipulo predilecto de Havdu, que aqui es ravilha. Além do (iu a ra n y , a sua ebra de maior exito,
teve- com a missão Le Hrclon. Ta. uh em era musi escreveu I n s ta , Salvad or Rasa, M a ria T tu tor. Sc/iia-
ci sta, o principe regente, depois D. Pedro I, que lo i o , C on do r e um oratorio profano C olo m b o , afóra
cava vários instrumentos e compunha, deixando entre coin posições para piano e canto, com que enriqueceu
i.utros traha lhos, uma opera, cuja abertura foi levada a nossa literatura musical, a partitura incompleta tie
em Paris em 1832, musicas sacras, uma sinfonia para nina opera M o re n a c uni fragmento du C an tieo dou
orchestra e varios hymnos, sendo que destes se sal Cânticos.
o o o o o o 59 oooo
IJVRO DF. OURO COMMI:.MORATIVO OO CFNTF-NARIO DA
Carlos Comes, no genero quc adoptou, pos jectoria rapida e vibrante. O vôo de um novo Eu
to aquelle em que a emoção espiritual mais cede phorioti... A S érie B ra s ile ira , para orchestra, e uma
ao langor dos sentidos, construiu uma obra invul partitura de meritu invulgar; o T ango B ra s ile iro , ou
gar, com physionomia propria e certo caracter, em al as Variações sobre um thema b ra s ile iro (Vem eá
gumas de suas composições Ha paginas interessan b itú f são tratados cum emoção sincera e ardente, uma
tes, sobretudo as que se desprendem da cscravisação certa melancolia nesta pagina, de um sabor delicioso
formalistica e a inspiração brasileira domina, num A serie Schum annia n a , para piano, é de urna poesia
fremito exuberante e joven. Se nãu creoti uma ohra interior profunda, em que o coração é o maior advi-
nova t independente, prendendo sua emoção no con nho da vida Ama as coisas silenciosamente, mas com
vencionalismo de genero, e de genero vulgar, e se uma tortura dc infinito, que é ansia c nostalgia
a sua composição é, em geral, pouco solida, deixou na Sua musica, onde. por vezes, perpassa tambem uma
musica um pauco do lirismo ardente e característico certa influencia de Beethoven, quer a sinfónica, quer
dessa magia imaginosa e indefinível da alma hrasi a de piano e camara, c feita com grande frescura e
leira. Sem tortura da realidade, contentava-se Com a sinceridade, uno musique d'aveu , poderíamos dizer
apparenda do mundo, fosse de brilho ou de melan sem exagero. O romantismo não era um desespero,
colia, deixando essas impressões passarem cm sua antes buscava, por sobre o fundo pertinaz de melanco
obra, para deleite das sentidos, sem outras prcoccupa- lia, as notas rutilas e brilhantes, as orche strações sub
ções para a inielligencia. Com certa cmphase e uma tis c esmeradas, os coloridos vários e empolgantes
nota elegíaca constante, a sua imaginação flue com A sua musiea. composta com mestria e firmeza
frescura e calor, dcsdobrando-se na melodia facil e technic,-i, ficara cm nossa arte como um sonho maravi
communicativa, em que se espirita adejava, satisfa lhoso. Mais uma vez o artista leve a surte da illusão.
zer do-sc em ver as coisas e sem se inquietar com te in, quando alçava o vôo...
possuil-as...
Ao contrario de Carlos Gomes, fo i Leopoldo
Miguez (1850-1902) um influenciado pela musica alk-
mã, de Liszt e Wagner, de que se tornou discípulo
brilhante, com certo caracter, mas sem grande origi- no seculi XIX, afóra aquellas que, vindas delle. en
ginalidadt Foi, por excellencia, um sinfonista. A sua cheram de maior fu lg ir a época contemporanea, que
orchestraçâo c rica c m ultipla, com notas empolgan os reclama Muitos outros nomes poderíamos citar,
tes e expressivas, desdobrando-sc a imaginação em dc compositores sacros, de opera, dc smfonistas, de
torno dos motivos, numa fantasia intensa e singular, bandas de musica, de operetas, de musica popular, dc
na qual, á& vezes, ha repetições, mas sempre solidez
e corrccção O poema synfonico Ave L ib e rta s ! . por quaes com qualidades apreciáveis. Excede, porém, os
exemplo, é de uma grande emoção, e o seu calor limites deste rapido ensaio, onde indicamos apenas as
muito revê do temperamentu nacional, no lirism o e na tendências e affirmações geraes do espiritu musical
exuberância. Os motivos se transformam em allegorias brasileiro, cuja grandeza e perfeição se aeecntuam,
e criam a sujggestão urnamenlal, que avulta para sup- 1 numa magnifica ascensão
prir as deficiendas intimas. Os seus poemas sinfóni
cos, dentre os quaes P rom e the u , Ave Lib erta s, Pa-
ris in a , O de a V ie to r H u g o , Ode fú n e b re a B enjam in TENDÊNCIAS HA MUSICA BRASILEIRA
C on stara , são paginas de grande brilho e enver
gadura na nossa musica de programma, que teve
em Migucz a mais alta expressão sinfónica. Afóra O esforço para uma expressão musical brasileira,
as paginas para orchestra, escreveu o H y m n o da no reflexn da terra e do homem, eoubc á geração que
P roclam ação da R ep ub lica , o poema dramatico Peto se aífirmun de 1890 a esta parte, e de que Alberto
am or, acção do Sr. Coelho Netto, e Oi S a ld u n e .. Nipomueeno (1864-1020) foi a mais alta figura.
também letra do Sr. Coelho Netto, representado pela Effeclivamenlc, ninguém combateu com animo mais
primeira vez a 20 de Setembro de IQ01, no Theatro decidido as imitações estrangeiras em nossa arte e,
Lyrico do Rio de Janeiro. A factura de Miguez é so
lida, manejando a orchestra com segurança e profi enquadrar no regionalismo, mas nascida no ambiente
ciência. O seu colorido quente e o ajuste dos valores magnifico de nossa natureza e com aquelle tom me
sinfomcos lhe permittem obter os melhores effeitos lancólico. que è o residuo da fusão mysteriosa das
descritivos, mantendo uma exaltação continua e ma raças, dv que promana o brasileiro. O meio européo,
jestosa, ainda que, por vezes, declamatoria. onde formou o espirito, e a cultura musical lhe não
Também sinfonista era Alexandre Levy (1864- estancaram a veia natural da inspiração, vibrante e
1802), que cedo se revelou um alto engenho musical, colorida A sua obra refoge ás adaptações constan
mas cuja vida, cortada aos vinte e oito annus, não tes, a que se sujeitavam os artistas brasileiros, c surge
lhe permittiu a realização, que delle era licito esperar. com um calor estranho, em estilo original e dc deli
A sua obra hão vale só pelo que representa, mas c ciosa frescura, t a manifestação de uma persona-
despertar que revela, cheio de calor e emoção, com 1 idade ardente e inquieta, que não atlingiu á suprema
unia certa melancolia, talvez o presentimento da mor energia criadora da arte ■lacio nal, nessa' synthese ad-
te que rondava. Não só na sinfonia, mas como, com 1
nuravel ern que o artista é li m predestinado, mas foi
positor de musica de camara, de literatura de piano, ii m prccui-sor, deixando c a obra a genesis desse
folk-lurista, c ainda no p u lp ito de maestro ou no esforço oiisado e trágico, que já sentimos vingar. A
piano, Alexandre Levy fo i um revelado, numa tra- sun obra lem calo r e vibi ação, o sentido da natureza
VALENTE, COSTA & C . \ U ." — Porto.
IN D EPE N liE N C IA r. DA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL
exorbitante, que mclancoliza o homem. Ê original coada, tamizada e diffusa tem jogos singulares. O
sem ser preciosa nem loquaz, qualidades porventura sr. Oswald c um artista fino, que procura a perfei
raras nos nossos artistas. Talvez a nota pictural do ção; nós, brasileiros, somos ainda violentos a des
mine mais do que a psychologica, mas essa repon medidos, que procuramos a emoção cm sua i tensi-
ta por vezes, na sentimentalidade de muitas musicas, dade brutal. A sua inspiração não é fausto' , nem
como nessas magnificas canções que, ao ouvil-as, se procura resolvel-a em largos desenhos, contentando-se,
nos acorda na memoria esse vago e luminoso espirito ao contrario, com os motivos singelos e as tenues
da terra, na fantasia dos motivos. Sentiu a natureza indicações. E ie g ia , l i N e ig e , B êbê s ’e n d o rt, P ie rro t
como uma inspiração ardente e no preludio de Ciara. se m e a r/ são, dentre outros, pequenos poemas deli
In ia , por exemplo, freme um pantheismo amigo das ciosos, feitos com uma finura de toque, uma lim pi
coisas, mais para amai-as do que pa'ra decifral-as. O dez e uma graça, que só sabem ter os artistas de ea-
poder emotivo póde não resolver o segredo do mun cól. A sua musica dc camara, de que c mestre in
do, mas sc ct.mmo\e diante dulle Na S erie B ra s ile iro , contestável, os qua/unrs, os q u inte tto s, os trio s , as
para orchestra, mostra esse espirito proximo da na peças para violino e violoncello, e as composições
tureza, como o que domina a poesia do sr. Alberto para canto e para piano s io paginas magnificas, de
de Oliveira, e fulge nessas paginas cheias de luz e grande poesia, nas quaes, para usar expressões do
de claridade, nas suas expressões vibrantes e mar sr. Rodrigues Barbosa, a proposito do Q u in te tto ,
cadas, ora num colorido intenso, ora na leve' anno- a idéa melódica é sempre original sem ser to rtu
lação de um motivo popular, repontando na harmonia rada e jorra com ahimdancta deliciando pela sua
do conjunto. O Samba final iem um rythmo bar frescura e limpidez; o trabalho de composição é
baro de aspecto muito singular, todo elle baseado sempre novo, variado e pessoa!
cm motivos africanos. Das suas canções citaremos, Com grande maleabilidade, a musica do sr Hen
entre outras. Tu és sol, Atuo-'c m uito . Am or ini/e- rique Oswald se desenvolve numa suggestio conti
t is v , 7 a rq u e m , S u m a concha. Olha-me e as U tir a s , nua c nos segreda todo um mundo de maravilhas, não
para solo de soprano e coro de vozes femininas, so pelas imagens — que não í rica a sua imagetica —
bre uma lenda do Rio Negro. A graça tem por vezes mas pelo proprio rythmo, que nos emociona e com
melancolia, í o lirismo, é a suave e magica nos move. Porque, escrevendo sobre o sr. Oswald, mc
talgia brasileira, de que Nepomuceno foi um dos cáe da penna do nome de Samain?
poetas mais commovidos.
A sua obra de que só referimos por enquanto O sr. Francisco Braga c um sinfonista de grandes
a parte brasileira, c das mais admiráveis que possuí recursos, com uma larga tcchnica, procurando, por
mos, refleclindo sempre o artista poderoso e emotivo, vezes, a inspiração nativista, em certas lendas e epi >
de inspiração opulenia e vibrante, servido por uma sódios, como no poema sinfonico M arabá, na opera
tcchnica segura. A opera Ab ut c uma partitura vi J up y ra, extraída de uma novella de Bernardo Guima
gorosa, dc largas proporções e m érito inrnnteslavel, rães c o C on tracta do r de D iam an tes, sobre a peça ad
posto o lib re to lhe comprometia a dramatic idade e miravel de Affnnso Arinos A sua nota predominante é
portanto o seu destino de opera. A sua producção é a riqueza de timbres e a magnifica orchestração,
copiosa, citando-se a musica de sccna file r ,r a , feita conduzindo a sinfonia com calor e energia, faltando,
em fôrma classica; o episodio lirico A rte m is , l i embora, o imprevisto. Sem ser um emotivo, nem pos
breto do sr. Coelho Nctto; a Sin onin em s o l m aior, suindo qualidades extraordinarias de imaginação, s
que e uma obra de grande envergadura, e o admiravel musica do sr. Francisco Braga e vigorosa e colori
T r io em jà m en or , para piano, v iolino e cello. Na da, por vezes opulenta. Envolve com brilho o mo
nossa musica, Nepomuceno Icm um logar do mais tivo mclodico e. numa roupagem fulgurante, lhe dá
a lio relevo e foi a primeira expressão da harmonia um prestigia inconfundível. Os poemas sinfônicos são
entre o meio e a cultura, do que ha-de resultar a as mais características de suas producções e Oração
grande arte brasileira. Sondou, entre os primeiros, á P a tria , Pay sage, C au ch-m ar. E p is o d io Sym phonico
essa nebulosa expressão dc nossa musica, cujo des e p ró -P a tria (grande marcha) são hellos exemplns-
tino magnifico transparece na harmonia deslumbrante A influencia wagneriana é sensível na sua factura,
1
da natureza, que na arte terá a mais divina revelação. cujos processos denunciam os moldes do tneslre de
Sentiu a magia dessa deusa dos tropicos, sensual, Bevreuth. Tem paginas de muita graça e finuna para
exiatira c melancólica, c foi seu fie l enamorado.. piano e can Io, como as Virgens M o rta s, de Bilac,
O sr. Henrique Oswald dos menos brasilei a que soiibe transmittir urna emoção suave e pene-
ros dos nossos compositores— trouxe á musica nacio Irante. E, além de compositor, um dos nosso;! ma is
nal a sentido do equilíbrio e da medida, contrastando esi ima veis regentes e professa a cadeira de com-
com as expressões líricas do temperamento indigena. posição n'o Instituto Nacional die Musica.
Artista primoroso e subtil, de uma sensibilidade mui Procurando, também, fascr musica brasileira, pelo
V
to fina e reagindo, por vezes, contra a eloquência, o que se approxima das tendências de Nepomuceno,
sr. Oswald c o amigo das meias-tintas, dos enlre-tans está o Sr. Barroso Netto, cujas composições tém,
suaves c das simples indicações, que mais suggerem por veses, deliciosa frescura e singeleza. C a n tig a ,
do que commentam A sua musica de uma sim plici Adeus, S r eu m orresse am anhã, D o rm e , Valsa Len
dade requintada, c uma admiravel flo r de cultura, de ta , são paginaas feitas com graça espontânea e sen
um civilizada eurnpco, volvido antes para si mesmo sível. Seu estilo claro e simples revê a influencia dos
do que para as coisas. Evitou o prestido da natureza mestres allcmâcs c de Grieg. E um virtuosi de me
rito e professor de piano do Instituto Nacional de
bienics discretos e nas doces intimidades, onde a luz MusiCa.
o o o o 61 o o o o o o
LIVRO DE OURO COM ME MOR ATIVO OO CENTENÁRIO !)A
O O O O O O 62 o O O O O O
VDHPLNDKSCIA h DA EXPOSIÇÃO IN T tlR N AVION At.
musica ttrã de vir do ambiente sonoro que nos cer sobre a peça de Meaterlinck, com o primeiro acto
ca, porque cada lagar tem uma onda de som que a Findo e o segundo esboçado.
envolve num ruido intermittente. Façamos como os ülauco Velasquez morreu aos trinta annos, mima
russos, que, desprezando a musica estrangeira, cria magnifica aurora, deixando o traço rutilo da nossa
ram sua arte maravilhosa, com a poesia do povo, os arte, em que foi um criador de belleza e de emo
coloridos do oiiente, a vaga melancolia com que ção Um dos mais altos engenhos musicacs do Brasil.
a terra immensa apavora o homem. Façamos uma
musica que seja a liberdade de nosso espirito, ain
da cercado de preconceitos, atemorizado diante de
civilizações mais velhas o com uma desconfiança cons
tante cm seu genio criador. () que nos falta, j nos No sr. Heitor Villa Lobos a personalidade é ex-
brasileiros, c a crença itn nosso espirito. Será, por horbitante. Domina a a rte e se recusa a acceitar
ventura, o indio que se desforra dos novos donos da as fórmulas, as mesmas que cria1, pelo anseio cons
terra, transniittindo-lhes ,, seu desconfiado temor?
<1 certo c que perdura cm nós qualquer traço per
tante dc sensações novas, onde seu espirito se sinta
cada vez mais livre, para se elevar no mais pum
turbador de humilhação, que as gerações modernas subjectivismo. E desconcertante, porventura, nessa va
mais oniscientes do destino nacional, tèm o dever riação, onde só ha a constante do rythmo pessoal,
de apagar. Exigc-o a nossa' grandeza iiicontraslavel mas transfigurando-se na infinda e múltipla fantasia
dessa musica, que não é simplesmente ornamental,
A musica brasileira deve surgir desse pheno- mas de grande intensidade psychologica. É interes
meno moderno de liberdade, pcnnittindo uma exhu- sante notar que, salvo o caso remoto de José Mau
beranci.i rythmica, que a tonalidade classica impe ricio e, em parte, o de Glauco Velasquez, o sr. Villa
dia, nos limites do seu form alismo. Nossos musicos Lobos é uma excepçâo na nossa musica, onde nunca
hàu-dc ser livres e desabusados, donos da sua arte, a imclligcncia reage, dominada- pelo sentimento c
dominando as convvçõcs c exaltando o som na pro pelo instinclo, in fiam mados na imaginação. O sr. Villa
digiosa sinfonia da terra. Foi assim que o sentiu Lobos não procura aprender as coisas pelo seu as
<ilauixi Velasquez (1884-iq)4) um verdadeiro cria pecto sensível ou impressionante, mas pelo substracto
dor na musica brasileira, abandonando os canones c da realidade intima, descentV) — segundo um con
as leis, e fazendo musica pura, de uma- suggcstão ceito de Baudelaire — »ao recesso do desconhecido
infinita, seguindo um systema, c certo, mas pessoal para encontrar alguma coisa nova'). A sua arte c,
e independente. Com um forte temperamento artís pois, do mais transcendente subjectivismo, muitas ve
tico, accentu ados pendores para a pintura e a es zes através dc motivos singelos c ingenuos, cuja ma
cultura, era uma sensibilidade requintada, c a sua teria transforma numa emoção exaltada e vibrante.
musica se desenvolve entre o symbol ismo e o impres Fazendo musica pura, o sr. V illa Lobos c um cria
sionismo. em meias-imagens, que se completam em dor de ambientes sonoros, para despertar esta'dns dc
nosso espirito, graças á sua intensa emotividade. alma, onde sc permitte o mais perfeito gosu esthe
Kc accio ii ario c livre, abandonou a‘ tradicção e ser- tic». É que não pretende impor a inspiração e seus
vindo-se de elementos proprios, com um rico chro motivos, mas deixar que a suggeslâo acorde cm nos
matism» e rythmos novos, Cilaucn nos deixou uma
obra admiravel, de forte influencia romanlica, com
1
sos c-spiritos toda a sentimentalidade, cocnu uma vi
bração intensa e prolongada.
uma nota apaixonada dc coração ferido, que reponta A musica do sr. V illa Lobos é profundamcnie in
sempre em magoa e inquietação, através da fanta telligent c, não que seja construída pela vontade, imi
sia m ultipla do artista, na' sua magia interior de tati va, fria, mas por ter a razão como base e delia
um prolundo subjectivismo. Glauco Velasquez foi um promanar toda a inspiração, a que o instincto e o
criador singular e, posto influenciado pur Wagner, sentimento dão maior fulgor. A melancolia da intel-
sobretudo pelo T rin tão e /s o ld o , Cesar Frank e Vin- ligcncia c o fundo do seu temperamento, e a re
cend d'lndy, I cm nmn personalidade inconfundivcl. solve, seja por um lirismo vago c tristonho, como
A sua musica de camara' c dc um grande vigor, sen- no T c d iu da A lv o ra d a ; seja por um h u m ou r que
do não só producto dc uma sensibilidade violenta, se vinga das ínstifficiencias humanas; como no Seherto
mas de forte in te llig e n t a, que era uni dos traços Terceiro Q uarlctto ou no A te g re tlo do Quarlett» Sym-
característicos dessa physionomia artística e pelo qual bolico; seja por unia tranquilla postura diante da vida,
dominava as coisas, para nos revelar o segredo da resignada e contemplativo, ante o transcorrer do /lu
expressão maravilhosa, acima da realidade das ap m en rerum , como em S e re nid ad e; seja pela singe
parendas Os trios, as sonata's, sobretudo a sonata leza dos accentos pueris, transfigurados em symbo-
para violino e piano, as fantasias são paginas dc los, como na P ro le d o Bebé. Eis algumas formas ape
m érito invulgar, pela vibração, pelo rylhmo, pelo fres nas ™ que a variedade espiritual do sr. V illa Lobos
cor, pela riqueza polifoiiica, pela independência joven se evola, na ansia de sua criação. O espectáculo da
e audaz e, sobretudo, por um grande sentimento do vida o absorve e sua tortura é a da intelligencia
vago, em que as ideas, incorporeas e livres, buscam desencantada, que se sente mesquinha em face do
se completar na nossa emoção. As suas musicas para Universo, não o pôde dominar e encontra na me
1
canto são muito significativas, a exemplo da tétrica lancolia o prémio engnador do esforço mallogrado.
1
T'atia \v g r a , dc Anther.) de Quciital, cm que a dôr Essa impressão vem muitas vezes pelo contraste, a
tem qualquer coisa de ironico e sarcástico; do Padre nota dolorosa se choca com o riso amargurado, a
1
A'o sso, de extrema exaltação, ou da sombria F aia litá . ironia sentimental, como na Quart et to Symbnljcn. Ê
Deixou incompleto um drama lirico Soeur B e a trix , o sarcasmo das coisas que zomba' das noGsas fracas
O O O OO o 63 O o o o o O
UVRO DE OURO COM M E MORAT !VO DO CENTENARIO
tentativas, as fracas tentativas do homem, era busca tatua do nosso idéal, que será perpetua, imperecível
do além inattingivel. e perfeita.
O sr. V illa Lobos, criando musica pura e inte Entre os novos ha ainda a citar os srs. Oswaldo
rior, na qual, com» observou com felicidade o sr. Ouerra, que é um compositor moderno « de uma
Mario de Andrade, não é possível estabelecer linea grande emoção, a julgar, aliás, pelo pouco que delle
mentos para o desenho melodico, é profundamente bra se conhece; Luciano Cjallet, cujas obras são muito
sileiro. Si precisássemos de uma viva e fulgurante estimáveis, revelando um espirito inquieto e subtil;
demonstração pelo que vimos insistindo neste en e N iniiiha VcUoso Ouerra, que não só era composi
saio, sobre a influencia d» meio na obra! de arte, tora deveras interessante, mas principal mente uma
a musica do sr. V illa Lobos nos daria a mais absoluta. interprete adtniravel dos modernos, sobretudo de De
Sem ser um simples paisagista, que copiasse a natu bussy, em cuja obra sua sensibilidade criava novas
reza nem um folk-lorista, que vivesse aproveitando emoções e se revelava do mais alto subjectivisitio. Se
os motivos populares para estillisaçôes, sendo antes não podemos citar outros nomes, não significa isso
de uma personalidade exorbitante, o sr. Villa Lobos que a musica moderna no Brasil não esteja penetrando
tem a animar sua a'rte o espirito da terra, no fulgor com uma crescente imensidade, livrando nosso espiri
da natureza, na melancolia do homem, enfim na in to dos entraves classicos c pcrmittinJo-lhe os mais
certa psyche brasileira, a um tempo audaciosa « tí audazes e fulgurantes vôos.
mida, violenta e retraída. A riqueza dos seus rythmos,
as dissonâncias, o colorido violenlo e caprichoso, a
POR FIM...
imagetica fecunda, a ironia amarga e sardónica, um
accent» elegiaco que apparcce sempre sob m il fô r
mas, accentuam os característicos da alma brasileira, O desenvolvimento e o crescimento da nossa
que freme nessa musica, alteando-se ás mais transcen musica, alravés de todas as incertezas, nos convence
dentes concepções de uma idealidade inquieta. A sua dc que lemos uma alta sensibilidade musical e de
obra, que já é copiosissima, mais de duzentas com que havemos de criar unia musica brasileira, que
posições, operas, musica sacra, sinfónica!, de camara seja livre e maravilhosa, filha do nosso ambiente,
1
e literatura de piano e canto, não poderia ser analy- reflexo da variavel e multipla psyche national. Ne
cessario, porém, c nos livrarmos das escolas, dos
sada sob um só critério e seria longo apontar todos
os aspectos dn physionomia do artista-, que preferi preconceitos estrangeiros, das copias e das imitações
mos indicar dc um modo geral, na synthese dos seus e sentirmos por nós mesmos, com toda a força dc
valores. A sua poesia interior, por vezes subtil e vaga, nosso temperamento joven, neste mundo joven que
como na segunda sonata para violino e piano, obra hahilamus. Que a cultura não seja uma densa cerra
pri.na de inoomparave! belleza, é uma' simples sug ção para escurecer o brilho de n.isso estro, antes
gests» dc ambientes, que seria impossível explicar. um meio de levelal-a mais fulgido c poderoso, mais
Os pendores que vimos notando para uma mu bello e intenso. Façamos mna arte nossa e indepen
sica brasileira têm no sr. V illa Lobos uma magnifica dente, aproveitando essa riqueza formidável dc ry
aftirmação. A sua fanta-sia se desenvolve através das thmos, essn abundanda prodigiosa dc côr, essa exu
impressões do meio, que resurge nessa arte, como berância da natureza magnifica. Tenhamos fé na as
uma suggestSo profunda da natureza' maravilhosa. Ê censão do nosso espirito e no aperfeiçiamentu de
um exemplo fecundo dc tudo o que podemos fazer suas forças criadoras, para fazer uma grande arte,
sempre que, fiados em nós mesmos, livres e inde que seja universal e perpetua. Tenhamos o coração
pendentes, repcllindo as imitações estrangeiras, criar puro c as mãos livres.
mos na materia prodigiosa que nos offerece o des
tino Nella as nossas mãos rudes modelarão a es 1 R en a t o A lm eiu .v
o o o o o o 64 o o o o o o
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.ALÇADOoOLTO
D* iodo» o <n*Du»'\
O RANDE espirito classificador de Sylvin priada sem duvida alguma á alma simples
Romero dividiu □ evolução do lhealro ra do homem primitivo do Brasil.
brasileiro ims seguintes períodos: Foram varios os autos representados, e ainda
no século XVI plaléas mais felizes de differentes
I Primeiros gennens dramáticos Sob a forma pontos de nossa terra puderam assistir a espectáculos
de autos, consagrados á vida dos santos, Feitos pelos menus rudimentares, com a enscenaçâo de comedias
jesuítas no decorrer do século XVI. e dramas importados da Europa.
II Período verdadeiramente inicial sob o as •Passado esse primeiro período dos autos de
pe elo literário, no século X V II. Anchieta, diz Octavio Quintiliano, tompu o theatro
II I A comedia e a tragi-comedia, ao gosto do maior impulso com a creação da Casa da Opera, do
que se fazia em Portugal, no século X V III. Padre Ventura, no largo do Capim, e anteriormente
IV A t raged in an gosto classico, com Alvaren com a Opera d o j vivas, de que quasi não ha noticia.
ga Pcixuiu e muros em fin s do século X V III e co Nân foi, porém, feliz, a Casa da O pera, que se incen
meços do X IX . diou. e a que succsdeii a A'o va Opera, de proprie
V Primeiro momento de creaçào romântica. dade de Manoel Luiz, dansarino e tocador de fagote,
(1838-1856), com José Gonçalves de Magalhães. Mar onde trabalhou . ítão panhia
tins Penna, Porto Alegre, Oonçalves Dias e outros. tislas brasileiros estrangeiros, de cujo repertorio
VI Segundo momento dc creaçiu romantica, faziam parte as c ledias de Molière. Eram primeiras
(1850-187(1 e annos proximos), com Joaquim Manoel entre outros, Joaquim da Lapa,
de Macedo, José de Alencar, Agrario de Menezes, Malliilde Joaquin José Ignacio da Costa. í iapacho ,
Quintino Rotayuva, Machado de Assis c innumeros que n de a ir era poeta e major, do Regimen-
outros. to dos pardos.
V II Terceiro momento de creaçào romantica Ampaiado pelos poderes publicos lorescia o
c inicio de algumas tentativas naturalistas (1870- th cairo a mais e ma ilé que agitaçdci internas fi-
ldOO), com Oliveira Sobrinho, França Junior, A r zeram com que em 177!
thur Napoleão, A lilizio Azevedo, etc. theatro de Manoel Luiz.
V III Rcacçán idealislico-symholista, dc Coelho Escoou-se então umn longo período
para a nossa scena, ! i revigorada man
Net to, com varios ensaios.
1818 ) . com a chegada i i Rio da côrte pnrtugllèsa de
I). João vi".
A cslcs periodos que Sylvio Romero admiravel Esse nolavcl facto dc nossa historia determinou
mente descriminou, accrescenta Octavio Quintiliano, a constmcçâo do R eal T he atra i r São João, no largo
em foi-moao trabalho de que tomamos quasi todas as da Sé Nova, pois a permanência da cõrte no Rio de
notas informativas do presente resumo, nas tentati Janeiro exigia outro esplendnr de vida. O primeiro
vas do moderno theatro de psychologia levados a espectáculo no movo theatro reali zou-se a 12 de Ou-
effeito entre nós por Paulo Barreto, Roberto Gomes, tnbro dc 18 13. cni homenagem ao anniversariodo Rei,
Coelho Netto, Pinto da Rocha, Claudio de Sousa, trabalhando uma companhia lyrii:a italiana e outra
Abbudic Faria Rosa. Renalo Vianna e tantos outros dramatics.
auctores modernos '. P rociarnada a independencia do Brasil, o lhe i
Foi em 1565 que Anchicia fez representar, sohre tro de 5. João continuou a ser a grande casa de
um tablado enfeitado de folhagens e peranie uma espec ta ci ilos do Rio de Janeiro- A 25 de Março de
assistência de selvicolas, o auto da .Pregação Uni 1824, portm, patoroso incêndio o destruiu quasi to-
versal", fundando assim o theatro no Brasil. talmcnte, quando mal havia terminado □ espectáculo
A nota mais característica desses primeiros tim i de gala com que sc solemmzára o juramennto da
dos, inconscientes ensaios de theatro, que significavanl constituição do Imperio por I). Pedro I.
os autos rudimeiitarniente enscenados pelo evange '■«Foi desde logo, informa o escriptor que vimos
lizador de nossas selvas, é uma deliciosa ingenuida resumindo, tentada a reconstrucção do theatro, que
de que hoje nos faz sorrir piednsamente, mas apro teve prime iram ente preparado no salão principal um
o o o - o o o 6S o o o o o o
IIV R O M i OI IRO CO M M t.M O RA li n o C f.N 1 £N ARIO
theairinho com 2-1 camarotes em duas ordens c t Ml do Colo vello edificou o Iheatro da Praia I). Manoel
cadeiras, que, prompto em tres mezee, teve realiza que foi inaugurado a 2 de Agosto de 183-1. dia do
do o seu prim eiro espectáculo com a opera de Rossini anniversario da princcza d. Franeisca. com o drama
— aO engano feliz», —• em espectáculo commcmora- M vsan ihropia c Arrependimento Esla casa de es
tivo do anniversario, sagração e coroação do I). Pe pectáculos, por lorça do contraio, passou tres annos
dro I. Esse theatrinho fo i então chamado Theatro e seis mezes depois a ser propriedade do Estado, re
Constitucional". cebendo em 1838 a denominação de Theatro S. Ja
E o ex-S. João, já enlâo denominado em 182-1 nuario' . Estavamns já. então, na epoea da Regencia.
Theatro S. Pedro de Alcantara, nome que ainda hoje que teve o seu primeiro espectáculo em I I dc maio
conserva, reconstruído, era franqueado ar* publico a de 1831, no theairinho da rua dos Arcos.
22 de Janeiro de 1826, cantando-se nessa noite a A 2 de dezembro desse mesmo anno entrava em
opera Tancrcdo. em espectáculo de gala por motivo actividade novamente o Theatro Constitucional, onde
do anniversario natalicio da princeza Maria Leopol- se estreava uma companhia com os actores que es
dina. O ^Constitucional passou entân a ser sala de tavam na Praia Grande, representando o drama A
concertos. reconciliação das duas iribus .
Por essa occasião existia também um theairinho A essa companhia incorporara-se o genial actor
particular na praça da Constituição, entre as ruas João Caetano, que havia feito successo ruidoso em
do Cano e a do Piolho, o Theatro do Placido . Itaborahv, no papel dc Carlos do drama Pedro,
de propriedade de uma associação e frequentado pela o Grande . sendo por isso saudado na noite daquella
primeira sociedade daquclle tempo, onde não tinham estria por Porto Alegre e Joaquim Manoel de Ma
entrada senão pessoas conhecidas e de reputação re cedo.
conhecidamente ilibada . E iniciava-se para o iheatro brasileiro o período
Motivou o desapparecimento do Theatro do Pla- áureo, que empallideceu com a morie de Joio i.aelano,
cido um capricho do Imperador, para vingar um in trinta e dois annus mais tarde, em 1863.
2
sulto feito á Marque a de Santos. Em 1832 foi edificado o Theatro do Vallon
go ■ para João Caetano, que delle se passou mais tar
i 7 de Abril de 1831, em consequência dos motins de para o S. Januario , tendo lambem trabalhado
sangrentos provocados pela abdicação. com a sua companhia, em Nictheroy em 1833. Tam-
Dissolvida, havia muilo, a companhia do S, Pe hem em 1832 um francez. ao que parece. M. Segond.
dro, um grupo foi trabalhar em Nictheroy, então edificou na rua de S. Francisco um theatro para ex
Praia Grande, e outro adquirindo um terreno á rua ploração de companhias francezas.
o o o o o o 66 o o o o o o
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o o o o o o 67 0 o Q o o o
L iv tt o ot o t 'ftc t c u m .u i n o H A /iv n n o c i.\iiK A M O i >a
Martina Pena começa e prosegiie com a coinedia. Alencar, que tinha muito menus graça c veia
Ingenuamente, desartificiosamcnle, com observação comica que Pena e Macedo, escreveu lambem puras
sem profundeza, mesmo banal tnas exacta e sincera, comedias de costumes.
traz para o theatro pela primeira vez, note-se, por O periodo da maior actividade dc Alencar e Mace
que n seu successo explica-o a so novidade do seu do, como escriptores dramalicos, vac de meados do de-
feitio, a nossa vida popular c hurgueza c quoti decenio dc 50 aos fins do século 70. Ê esse também o
diana do tempo. Evidentemente não tem presumpções dc mais vida do nosso theatro, quer como espectáculo,
nem propositos literários como tem Magalhães; apenas quer como literaiiira dramaiica. Com estes dois escrip
vê claro, observa com attençãn e reproduz fielmcnic, tores concorreram, além de alguns dos já citados (Q uin
com a naturalidade em que se revela o escriptor de tino Bocavuva. AgTarin de Menezes. Pinheiro Guima
thealro. Do autor dramático possuc, em gráii de rães e outros somenos) Augusto dc Castro, Aquillcs
que sc nâo antolha outro exemplo em nossa litera Varejáo, Fiança Junior, que sem notável mérito lite
tura, as qualidades cssenciaes an officio, e ainda certos rário, tiveram enlicianto relativo c nâo de lodo ini-
dons que as realçam: sabe imaginar ou arranjar uma mt ree ido successo no palco.
peça, combinar as scenas. dispor os effeitos, tramar o Agrario de Menezes, bahiano (1834-1863), gosa
dialogo, e tem essa especie de observação faril, ele de uma reputação exagerada que a leitura da sua
mentar, coniqucira c superficial, mas no caso precio obra abíolulamcntc não justifica. O seu C ala ba r, tão
sa, que c um das talentos do genero Nâo raro tem gabado quão pouco conhecido, como aqui muito fre
o traço psychologico do caricaturista, e o geito dc quentemente succede, nâo lhe ahona nem a imagi
apanhar o rasgo significativo de um typo, de uma nação criadora, nem n estro poetico Gomo escriptores
situação, de um vezo. Possuc veia comica nativa, es de theatro mais valor tem Pinheiro Guimarães e Fran
pontânea e ainda abundante, infelizmente, porem, (de ça Junior. Aqutlle como dramaturgo, que principal
feito desta mesma virtude) com facilidade de se des- mente foi, tem os mesmos defeitos dc Macedo e Alen
car. com menos espontaneidade que o primeiro e peor
O exemplo de Magalhães e Martins Pena frueti- cstylo que o segundo. França Junior, com muito da
f içou. Dos românticos Ja m in.eira nora. os princ-i- veia comica popular de Martins Pena, a mesma obser
pacs. Norbcrto, Teixeira e Souza, Porto Alegre. Gon vação superficial dos typos e ridiculos socia es, a
çalves Dias, Macedo e ate Varnhagcn, com fortuna c mesma graça um pouco \u lg a r no apresenlal-OS, ca
Slice:ss< diverso, em geral mediocre, escreveram tam rece da ingenuidade que realça o engenho de Pena.
bém theatro. Alguns, além de Macedo, conseguiram No Ihcairo de França Junior, sente-se o trato com o
ver-se representados. S io porem muitos os autores theatro comico franccz. Em ledo caso, c cxxti Martins
de peças de theatro de todo o genero escriptas ou Pena c Macedo um dos nossos autores dramáticos
representadas nessa phase de nossa literatura e na ainda por ventura representáveis
que imniediatamente se lhe segue. Desses apenas Producto do romantismo, o tlieatro brasileiro fi
um ou outro nome nâo eslá de todo esquecido. Taes nou-se com elle. Parece-me verdade (é Verissimo quem
são os de Carlos Cordeiro, Castro Lopes, Luiz Bur- fala) que não deixou de si nenhum documento equi
gain. Pinheiro Guimarães, Agrario de Menezes, Quin valente aos que nos legou o romantismo no romance
tino Bocavuva, cujo theatro e de 1850 a 1670. Esses ou na poesia. A literatura dramaiica brasileira nada
mesmos são apenas uma recordação cada dia mais conta, a meu ver, que valha o (ju a ra n y ou a Ira ce
apagada, pois não concorre para avival-a a sua nhra ma. a M o re n in h a ou as M em orias d c um sargento
dramaiica que não mais se representa e ninguém lè. tie m iiieios. a Inocência ou B r az C ubas, os C antos
Nesse momento, que corresponde á segunda phase de Gonçalves Dias ou os poemas da segunda geração
do romantismo, as duas principaes figuras do nosso romântica.
theatro foram José de Alencar e Macedo. São dois O modernismo, ultima phase de nossa evolução
talentos diversos, dois engenhos quasi oppostos. Ha literaria, nenhum documento notável deixou de si
mais .íne. mais gravidade, maior sentimento e res no nosso theatro ou na nossa literatura dramaiica
peito da literatura no primeiro que no segundo Mas O seu advento coincidiu com a inteira decadência de
também menos espontaneidade, menos naturalidade, amhos pelos motivos apontados. O naturalismo, a
menor vts ( ."n ic a e somenos dons de autor de thea feição do modernismo que poderia ter influído nesse
tro Macedo é o legitim o continuador da Martins genero de literatura, lambem não produziu nada dc
Pena, com melhorias de composição e mais largo distincto nclla. Com excellentes intenções e incon
engenho dramático E. sobretudo, prircipalmcnle com testável engenho para o theatro, Arthur Azevedo
parado com Alencar, um autor hurguez e para a hur- (1856-1008) nâo conseguiu senão tornar mais pa
guezia, sc é lic ito o uso de taes expressões aqui. tente o esgotamento do nosso, pela de.scor relação
Alencar, natureza literariamente mais fina que entre a sua boa vontade e a sua pratica de autor
Macedo, ao envés deste leva para a literatura vistas dramatico. Vencidos pelas condições em que o en-
de artista e dc pensador, aponta mais alto. O seu conirnram. c que não tiveram energia 9ufficientc para
theatro não quer ser, como o de Pena mi o de Ma conirastar, Arthur Azevedo e os moços seus contem
cedo, a simples representação elementar da vida na porâneos e companheiros no empenho dc a reforma
cional. Representando-a como melhor lhe permitte o rem (Valtntim Magalhães, Urbano Duarte, Moreira
seu congênito idealismo, pretende também educar. Sampaio, Figueiredo Coimbra, Orlando Teixeira e
Para Alencar, o theatro. segundo o conceito no seu outros) sem maior difficiildade trocaram as suas boas
tempo incontestado, é uma escola. Cahc-lhc a honra intenções de fazer literatura dramatics (e alguns se
de haver trazido para a scena brasileira o que depois riam capazes de fazel-a) pela resolução dc fabricar
se chamou o theatro de idéas. com ingredientes proprios ou alheios, o theatro que
o o o o o o 680 00000
LLOYD BRASILEIRO — Rio de Janeiro.
IN IJ r.P F N IJ fiU a A I / i A KXMJSIÇAO IN ItR N ACIONAI.
achava f reguezes.’ revista» de annn, a rre g lo s, adapta teresses e paixões que servem de thema ao drama
ções, parodias nu também traducçócs de peças estran moderno. Carece lambem ainda de estyln proprio nas
geiras. Intervindo n amor dn ganhn, a que os ro maneiras e na linguagem. Tendo perdido no arre
mântico* tinham romanticamente ficado de todo es medo contrafeito do estrangeiro, isto é do francez,
tranhos. haivou o nosso theatro em proporções nunca o seu caracter particular, que OS românticos pude
vistas, e. pur uma ironia das coisaa, justamente no ram representar no seu theatro comico, não adqui
momento cm que Arthur A/evetlo e ns seus cita riu ainda feições peculiares que lhe facultem a ex
dos companheiros lhe pregavam a regeneração nos pressão theatral Quanto á literaria, esta é no nosso
joriiaes onde escreviam. Uma ou outra peça de valor theatro, e foi sempre, ainda mais defeituosa e in
literário ou theatral que estes autores fizeram não sufficient'' do que no nosso rnmance
bastou pur.i levantai-o () publico se desinteressava Com crassa ignorância ou estolido menosprezio
e continua a desinlcressar-se, pelo que se chama thea da nossa historia literaria, estio agora mesmo tentan
tro nacional. E como só acudisse áquelle theatro do criar uni theatro nacional ah ovo. como se
de fancaria, de a rreg los , revistas de anno e parodias, nada houvesse feito antes As amostras até agora
esses eseriptores pouco escrupulosos tiveram de ser apresentadas desta tentativa não autorizam ainda,
vir esse publico consoante o seu grosseiro paladar acho eu. alguma esperança no seu bom successo.