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ATIVIDADE SEMANAL 1

SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA – TURMA B

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL – DECiv – UFSCar

Raul Lourenço Milore Scarpa – RA771287

1. Em consulta à internet (artigos, teses, dissertações, ...) ou livros, faça uma


breve análise histórica sobre a evolução dos sistemas de abastecimento de
água no Brasil e no mundo.
R:

Dada a importância essencial da água para o desenvolvimento da vida, este


recurso é um dos pontos chave quando se trata do desenvolvimento urbanístico
humano, o que é evidenciado ao verificarmos que os principais berços civilizatórios
humanos se encontravam em bacias de grandes rios, ou em sua proximidade. Cabe
citar a região definida como Crescente Fértil, que engloba as regiões atuais da
Mesopotâmia e do Egito, ambas bacias de grande extensão, banhadas pelos rios
Tigre e Eufrates, além do Nilo, respectivamente.
No Brasil, isso se torna ainda mais evidente, dada a importância dos recursos
hídricos para o seu desenvolvimento. Assad (2013), comenta que em todas as capitais
nacionais, esses recursos foram elementos chave para seus desenvolvimentos,
embora tenham sido alterados pela ação antrópica. A autora ainda pontua que as
“Cidades nascem abraçadas aos seus rios, mas lhes viram as costas no crescimento”.
Essa necessidade, sempre cotidiana às necessidades humanas, provou ser a
mãe de grandes obras de engenharia, buscando dominar e controlar esses recursos,
desde os pequenos e rudimentares canais mesopotâmicos, até os grandes aquedutos
abastecedores dos centros urbanos no Império Romano, com a relação do acesso à
água e sua relação com a saúde humana já sendo objeto de estudo de médicos na
antiguidade como Hipócrates e Galeno (Gill, 2019), descritos na Teoria dos Humores
e Temperamentos.
Porém, o desenvolvimento de sistemas de abastecimento realmente sanitários,
dentro de um sistema de saneamento, se iniciou apenas com o desenvolvimento da
bacteriologia, como citam Heller et.al. (2018, apud Diaz e Nunes, 2020). A primeira
grande revolução em termos de saneamento veio com o trabalho realizado por Edwin
Chadwick, que em 1843 elaborou um relatório discutindo as condições sanitária da
massa operária das ilhas britânicas, além de fomentar a criação do primeiro comitê de
saúde da Inglaterra (Diaz e Nunes, 2020). A partir daí, diversos países europeus
iniciaram um processo de investimento e desenvolvimento de seus sistemas de
saneamento, como aponta Silva (1998, apud Diaz e Nunes, 2020).
No caso brasileiro, o período pré-colonização é marcado por pouco
desenvolvimento em sistemas de abastecimento e saneamento, dada o modo de vida
dos nativos e a simplificada oferta de recursos (Diaz e Nunes, 2020). Além disso, este
mesmo modo de vida contribui para a saúde dos indigenas e sua qualidade de vida,
como citam Rezende e Heller (2002, apud Diaz e Nunes, 2020). O primeiro
desenvolvimento de um verdadeiro sistema de abastecimento nacional se dá quando
Estácio de Sá, em 1561, propõe a escavação de um poço para o abastecimento da
cidade do Rio de Janeiro (Barros, 2014b, apud Diaz e Nunes, 2020). No entanto, Diaz
e Nunes (2020) argumentam que a maioria das obras de abastecimento e
esgotamento realizadas no período, eram insuficientes.
Uma grande experiência em desenvolvimento e expansão dos sistemas de
saneamento no Brasil se dá com o Planasa (Plano Nacional de Saneamento),
instituido durante a Ditadura Militar e baseado em um sistema de centralização
estadual, com apenas envolvimento do setor público, demonstrou-se eficaz na
ampliação da cobertura desse sistema (Turolla, 2002). Turolla ainda argumenta que
houve expansão da cobertura desse sistema na década de 1990, com um relativo
esforço pela modernização. No cenário atual, Leoneti et. al. (2011) argumentam que
houve uma maior atenção por parte do governo para o setor, o que é identificado pelo
lançamento da Lei 11.445/2007, que define diretrizes nacionais para o saneamento
básico, e a Lei 9.433/1997, que define a Política Nacional de Recursos Hídricos, os
autores ainda argumentam que, embora a cobertura de acesso à água seja
relativamente alta (em torno de 90%), o acesso ao esgotamento sanitário ainda é
precarizado.
O Brasil, embora tenha se desenvolvido muito quanto a esse sistema no últimos
anos, carece de modernização, dado as altas taxas de perdas em distribuição, a
cobertura de acesso à água ainda incompleta, e principalmente, a baixa taxa de
acesso ao esgotamento sanitário e saneamento básico em geral.

2. Quais são os benefícios do abastecimento de água à saúde pública? Cite


possíveis doenças de veiculação hídrica e possíveis doenças ocasionadas
pela falta de higiene pessoal.
R:
O acesso à água de qualidade promove benefícios para a saúde física dos
indivíduos, como garantir uma alimentação segura e de qualidade, atuar bloqueado
cadeias de contaminação humana, dessa forma prevenindo doenças perigosas e de
alto potencial de contágio. No entanto, esses benefícios podem se estender a saúde
mental, bem-estar social e produtividade de uma comunidade, já que a água se trata
de um elemento muito presente na vida humana. Um ponto de importante discussão
é o fato de o acesso à água de qualidade impactar sobre a mortalidade infantil, já que
dificulta a disseminação de infecções como desinteria e verminoses.
Doenças de veículação hídrica podem ocorrer por diversos meios de contágio,
cabendo citar os principais:
 Ingestão de água contaminada: doenças como coléra, febre tifóide,
doenças diarréicas agudas e Hepatite A;
 Contato da pele ou mucosas com água contaminada: doenças como
verminoses em geral, em especial a esquistossomose e a leptospirose
(bacteriana);
 Falta de água/esgoto e más práticas de higiene pessoal: doenças como
tracoma, piolhos, ascaridíase, barriga d’água etc.;
 Por vetores que se desenvolvem na água: doenças como febre amarela,
dengue, icterícia etc.

3. Considerando a moeda financeira praticada em nosso país, qual é o retorno


financeiro que o governo pode ter (devido a economia com gastos na área
da saúde e desenvolvimento econômico) para cada unidade monetária (1
real) aplicada na área de saneamento?
R:
Algumas estimativas propõem que a cada 1 real investido em saneamento
básico, economizamos cerca de 4 a 9 reais em saúde, segundo a ABES (Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Enquanto outras propõe um retorno
de cerca de 29 reais, segundo a BRK Ambiental.

REFERÊNCIAS

ASSAD, Leonor. Cidades nascem abraçadas a seus rios, mas lhes viram as costas no
crescimento. Ciência e Cultura online. Vol. 65 nº 2. São Paulo. Disponível em:< 
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252013000200003>
Acesso em: 15 de jun. 2022.

ABES. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Disponível em: < 


https://lojaabes.abes-sp.org.br/br/saneamento/456-quanto-vale-cada-real-investido-em-
saneamento-no-brasil.html>. Acesso em: 15 de jun. 2022.

BRKAmbiental. Quanto vale cada real investido em saneamento no Brasil? Disponível em:< 
https://www.brkambiental.com.br/quanto-vale-cada-real-investido-em-saneamento-no-
brasil#:~:text=Cada%20R%24%201%20investido%20no,vida%20e%20melhores%20condiç
ões%20socioeconômicas>. Acesso em: 15 de jun. 2022.

DIAZ, Rafhael R.; NUNES, Larissa R. A Evolução do Saneamento Básico na História e o


Debate de sua Privatização no Brasil. Revista de Direito da Faculdade Guanambi. v. 7, n.
02, 2020. Disponível em:< 
http://revistas.faculdadeguanambi.edu.br/index.php/Revistadedireito/article/view/292>.
Acesso em: 15 de jun. 2022.

Funasa. Fundação de Nacional de Saúde. Saneamento para a Promoção da Saúde. 2020.


Disponível em: < http://www.funasa.gov.br/saneamento-para-promocao-da-saude>. Acesso
em: 15 de jun. 2022.

GILL, N.S. Hippocratic Method and The Four Humours. ThoughtCo. Disponível em:
<https://www.thoughtco.com/four-humors-112072>. Acesso em: 15 de jun. 2022.

LEONETI, et. al. Saneamento Básico no Brasil: considerações sobre investimentos e


sustentabilidade para o Séc. XXI. Revista de Administração Pública, v. 45, 2011.
Disponível:
<https://www.scielo.br/j/rap/a/KCkSKLRdQVCm5CwJLY5s9DS/abstract/?lang=pt>. Acesso
em: 15 de jun. 2022.

SES-SP. Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Doenças Relacionadas a Água ou


de Transmissão Hídrica – Perguntas e Respostas e Dados Estatísiticos. Informe Técnico.
S.d. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-
epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-
alimentos/doc/2009/2009dta_pergunta_resposta.pdf>. Acesso em: 15 de jun. 2022.

TUROLLA, Frederico A. Política de Saneamento Básico: Avanços Recentes e Opções


Futuras de Políticas Públicas. Texto para Discussão. Brasília, 2002. Disponível em:
<https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=4155>.
Acesso em: 15 de jun. 2022.

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