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Resumo:
Este artigo relata uma experiência de recuperação de estudos, em uma turma do oitavo
ano dos anos finais do Ensino Fundamental de uma escola particular do norte do Paraná.
Para cada um de seus professores, a coordenação dessa escola disponibilizou
formulários (denominados Correção Crítica) contendo alguns questionamentos. Tais
formulários deveriam ser entregues aos alunos junto com as provas escritas corrigidas
para que eles assinalassem por que tinham errado as questões que foram consideradas
incorretas. A intenção é mostrar como o uso da correção crítica pode auxiliar o aluno e
o professor nos processos de ensino e de aprendizagem. Os resultados alcançados
ressaltam a instrumentalidade da correção crítica como um auxílio para o professor
repensar sua prática de sala de aula, retomando conteúdos que ainda não estão claros
para os alunos.
1. Introdução
Para verificar o rendimento dos alunos ou para aferir o próprio trabalho escolar,
o professor precisa avaliar, seja de modo direto/formal ou indireto/informal. Ao iniciar
uma avaliação, o professor tem como alvo diagnosticar as dificuldades e analisá-las, em
seguida, apontar a melhor tarefa a ser desenvolvida com o aluno.
A avaliação escolar, segundo Hadji (1994), além de prestar informações para a
sociedade, serve para:
1
Aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática –
PECEM da Universidade de Londrina - UEL. milenecmatematica@gmail.com
2
Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR. jader_math@yahoo.com.br .
3
Será utilizado o termo correção crítica por se tratar de um instrumento fornecido pela coordenação
pedagógica da escola já com esse nome. Trata-se de uma folha contendo questões que serão mostradas na
Figura 1.
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Educação Matemática com as Escolas da Educação Básica: interfaces entre pesquisas e salas de aula
incumbência do corpo docente em zelar pela aprendizagem dos educandos e estabelecer
estratégias para a recuperação dos alunos com rendimento menor.
Essas estratégias de recuperação podem ser realizadas de muitos modos. Em um
deles, o professor entrega a prova escrita para que os alunos façam uma cópia do que
errou; em seguida, os alunos são orientados a pesquisar no caderno para tentar entender
seu erro e assim refazer a questão. Em outro, o professor entrega a prova escrita
corrigida e, em seguida, passa as respostas no quadro; depois, pede que os alunos se
preparem para outra prova escrita em data posterior. Nos dois casos citados, muitos
professores reclamam por estarem dando muitas chances ao aluno, deixando-o mal-
acostumado. Alegam, ainda, que os alunos não se preparam para a primeira prova
escrita, já esperando a recuperação. Em outras escolas, a recuperação é feita apenas ao
final do semestre ou ao final do ano, para a qual o professor escolhe quantos e quais
conteúdos serão abordados, orientando seus alunos a estudá-los.
Para muitos professores e estabelecimentos de ensino, a preocupação maior é
apenas com a recuperação de nota, e não de conteúdo. O professor muitas vezes não
utiliza a prova escrita para analisar aquilo que o aluno aprendeu ou deixou de aprender,
olha apenas para as questões como certas ou erradas, já interpretando, no erro do aluno,
que ele não sabe aquilo que foi apresentado. Esses encaminhamentos feitos pelos
professores e pelo sistema escolar evidenciam que a avaliação praticada na escola está
centrada
na avaliação somativa cujos resultados, expressos geralmente numa
nota, são usados para decidir se o aluno passa (ou não) para o ano ou
ciclo seguinte, ou para lhe atribuir uma posição relativa que pode
determinar a sua admissão (ou não) em certos estudos superiores
(PONTE, BOAVIDA, GRAÇA, ABRANTES, 1997, p.3).
3. Relato de Experiência
4
Em relação aos cálculos matemáticos e às discussões, neste texto não será possível apresentar todos,
devido às limitações de espaço de um artigo.
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multiplicação ou a divisão), enquanto os alunos que utilizaram uma equação para
resolver a questão se confundiram, ou não prestaram atenção ao enunciado que dizia
que eram três números consecutivos pares. Uma justificativa para esse erro pode estar
no fato de a maioria das tarefas trabalhadas em sala não utilizar a ideia de ser número
par. Isso mostra ao professor a importância de trabalhar novamente esse conteúdo com
os alunos, explicando-lhes melhor. A fim de ilustrar as resoluções dos alunos, a Figura 2
apresenta uma resposta em que foi utilizada uma das operações básicas e a Figura 3,
uma resolução utilizando as equações.
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Ana e André estavam brincando de um jogo de perguntas e respostas. André,
em sua vez de jogar, retirou uma carta com a seguinte questão:
Qual o produto do maior número natural de quatro algarismos
distintos pelo menor número natural de quatro algarismos distintos?
Qual é a resposta à questão da carta retirada por André?
a) 10.120.145
b) 12.186.984
c) 10.103.148
d) 8.756.984
e) 13.103.118
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Fonte: Apostila Sistema Poliedro de Ensino.
Nessa questão, apenas uma aluna, dos dezesseis que realizaram a prova escrita,
resolveu corretamente. Como justificativa do erro, cinco dos demais quinze alunos não
assinalaram nenhuma das opções; seis alunos assinalaram a alternativa “Não consegui
interpretar a questão”; três alunos assinalaram “não entendi o enunciado” e um aluno
escreveu “outro motivo”, sem especificar qual.
Embora a questão fosse objetiva, os alunos tentaram resolvê-la por cálculo, e
não apenas assinalar qualquer resposta. Demonstraram, ainda, em conversas nas aulas
posteriores à entrega da recuperação crítica, que tinham esquecido qual operação efetuar
quando se pedia o produto entre dois números e também que algarismos distintos
deveriam ser diferentes uns dos outros. Com a questão cinco, a professora ficou
preocupada em relação aos conceitos trabalhados em sala. Mesmo sendo eles utilizados
praticamente todo o tempo, os alunos se esqueceram dos mais básicos, mostrando a
necessidade de retomar esse conteúdo.
Quanto às resoluções da questão cinco, mesmo podendo ter pesquisado a
respeito em casa, alguns alunos só olharam para a resposta correta que já estava
assinalada pela professora na prova e tentaram chegar ao resultado, desconsiderando
totalmente o enunciado da questão. Isso pode ser visto na Figura 5. Com relação a isso,
o professor pensa que pode ser falta de interesse do aluno quanto à resolução da
questão. Em outros casos, o aluno apresentou um cálculo em que tenta chegar à resposta
correta. Pode-se também observar, na Figura 6 e na Figura 7, que um aluno percebeu
seu erro e conseguiu resolver corretamente a questão.
Figura 5
Figura 6
Com a correção crítica, a professora percebeu vários conteúdos que ainda não
estavam claros para os alunos e que precisavam ser retomados. Quanto aos alunos que
não assinalaram nenhuma das perguntas sobre a questão, a professora falou em aula de
sua importância para que ela pudesse saber o que teria que retomar de cada um dos
conteúdos abordados na questão.
4. Considerações
5. Referências