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Demografia

Apontamentos de: Célia Silva


E-mail: celiamrgsilva@gmail.com
Data: 14/10/2010

Livro: NAZARETH, J. Manuel (2009), Demografia – A ciência da população, Editorial Presença

Nota: Apontamentos baseados no manual e no caderno de apoio – Ano Lectivo 2010/2011

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DEMOGRAFIA
A CIÊNCIA DA POPULAÇÃO

Demografia (tem como objecto de estudo o comportamento do Homem em sociedade)


• Estudo das populações humanas, claramente delimitadas no tempo e no espaço.
• tem por objectivos:
caracterizar, projectar e sistematizar o ordenamento espacial da população
analisar as modificações nas estruturas familiares
identificar as consequências do envelhecimento demográfico, do crescimento da
população e da sua distribuição espacial
avaliar o efeito da dinâmica populacional no ambiente
• tem como objecto de estudo o comportamento do Homem em sociedade, necessitando de
todas as outras ciências sociais

CAP I
A CIÊNCIA DA POPULAÇÃO: a progressiva maturação da complexidade do seu objecto
de estudo

As 1ªs reflexões sobre população


Platão (Perspectiva política e social)
• Defende a existência de um conjunto de medidas que visam proteger a família, assegurar a
transmissão da terra a um único herdeiro, dar aos magistrados o poder de aumentar ou
diminuir o nº de casamentos, consoante o volume da população e as condições económicas e
sociais do momento
• Direito à vida reservado às crianças belas e saudáveis
• Os riscos de diminuição da população combater-se-iam sancionando os casos estéreis, os que
não queriam ter filhos e os celibatários
Aristoteles (Perspectiva política e social)
• Mais realista ao pensar que a preocupação fundamental é a de encontrar um nº estável de
habitantes.
• Ao aperceber-se que a mortalidade e a natalidade fazem variar o volume populacional,
defende o principio da justa dimensão, a fim de evitar que uma população numerosa seja
fonte de pobreza, crimes, violência e agitação social
• Defende, tal como Platão, o recurso ao aborto, infanticídio e ao abandono, como forma de
controlar os nascimentos

Ambos defendem uma população com um crescimento próximo do zero, de forma a tornar
possível a existência de um equilíbrio social, político e económico. Recorrendo para isso ao
aborto, ao infanticídio...
Políbio (Perspectiva social)
• Constata que o país está em decadência devido à deterioração dos costumes (vaidade, amor
pelos bens materiais, recusa do casamento, indiferença pela criança)

ROMANOS (Perspectiva política)


• São militares e juristas que analisam os problemas populacionais numa óptica prática, ao
sabor dos acontecimentos
• Defendem o aumento da população para fazer tropas

IDADE MÉDIA (Perspectiva Teológica e Moral)


3 grandes pensadores:
• Santo Agostinho e São Gregório – defendem que o casamento serve para gerar filhos,
condenando o aborto e o infanticídio, bem como qualquer medida tendente a limitar os
nascimentos
• São Tomás de Aquino – defende a submissão da actividade humana à moral, reforçando a
condenação do infanticídio e do aborto e reconhecendo o valor do celibato religioso

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Com o início dos tempos modernos, estes ideais morais passam par 2º plano e valorizam-se as
preocupaçoes políticas e económicas

MERCANTILISMO (Perspectiva política)


• Acreditam que a existência de um estado forte, implica a existência de um exército numeroso,
que só é possível quando a população é abundante
• Considerada, no seu todo, explicitamente populacionista

Mercantilismo Italiano
• Maquiavel
Não aceita a ideia de que o Estado é forte quando favorece o enriquecimento dos
cidadãos
Contudo, defende uma população numerosa par poder reforçar o poder do príncipe
• Campanela
Acredita que as relações sexuais servem para unir mulheres belas com homens
robustos
• Botero
Acha que uma população numerosa deve ser a 1ª preocupação do estado
Defende o desenvolvimento da agricultura, da indústria e a diversificação dos ofícios
Mercantilismo Francês
• Bodin
Defende um populacionismo intransigente
Acha que uma população numerosa, permite a valorização de um país
• Montchrestien
Defende, igualmente, um populacionismo intransigente
Acha que a grande riqueza da França é inesgotável abundância dos seus homens
• Vauban
Defende um populacionismo mais racional
Chama a atenção para a utilidade dos recenseamentos da população
Considera a falta de população uma desgraça

Mercantilismo Alemão
• Ideia da necessidade de uma população numerosa
• Lutero
Contra o celibato e a favor do casamento, incluindo entre religiosos
• Carl – Defende que um país deve viver dos seus próprios recursos

Mercantilismo Inglês
• Menos homogéneo e evolui ao longo do tempo.
• Não existem apenas factores formais, mas também questões de fundo que deram origem
ao aparecimento de duas correntes distintas:
Inicialmente, a população é vista como uma variável, entre tantas outras, do sistema
social:
 Autores que defendem um equilibrio entre a população e os recursos
o Thomas More – considera as famílias como base das cidades;
atribuiu 3 factores à miséria: luxo da nobreza, existência de
muitos domésticos improdutivos e a extensão das pastagens em
prejuízo das terras cultivadas
o Francis Bacon – preconiza um crescimento da população
dominantemente qualitativo
o Thomas Hobbes – Concentra as suas atenções no equilíbrio entre a
população e os recursos “o homem é lobo do homem”
Posteriormente, a população aparece como interessante em si própria  demografia
científica

A época mercantilista foi dominada pela ideia do crescimento da população ser um bem precioso
a defender

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A questão da população no século XVIII e a emergência da Demografia como ciência
• Os 1º anos do século XVIII são caracterizados por uma diminuição da população na maior
parte dos países europeus
• Na 2ª metade deste século, as condições de existência melhoram e o nº de habitantes
aumenta em quase todos os países europeus.
David Hume
• Opõe-se à tese do despovoamento defendida na França por Montesquieu e na Inglaterra por
Wallace
• Pensa que a população do mundo aumenta naturalmente desde que o governo vele pela
existência de uma prosperidade generalizada
Montesquieu
• Ataca o celibato, é contra o divórcio e a descolonização por despovoar o país
Richard Cantillon
• Defende que os homens se multiplicam como os ratos desde que tenham meios de
subsistência
• Toma em consideração factores a que hoje chamamos de sociológicos, dando atenção ao
modo de vida e aos hábitos sociais.
• Defende ideias fisiocráticas (princípio do interesse e da utilidade), afirmando que o nº de
habitantes depende directamente da vontade e do modo de vida dos proprietários, os quais
servem de modelo às outras classes sociais.
Mirabeau
• É um dos principais representantes da escola fisiocrática.
• Defende que, para que os homens sejam justos e bons, o meio mais seguro é torná-los ricos
• Acha que só o progresso da agricultura permitirá valorizar as terras e aumentar a população
Fase dos Aritméticos Políticos
• Passou a ser importante a procura de uma medição rigorosa daquilo a que chamamos os
movimentos e o estado de uma população.
• William Petty
foi o 1º a inventar o termo, cujo conteúdo procura explicitar logo no prefácio da sua
obra intitulada "Aritmética Politica"
• Edmund Hally
Astrónomo e matemático, foi igualmente um dos 1º cientistas da população. Constrói
tábuas de mortalidade a partir dos arrolamentos das paróquias de Breslau
• Buffon
Matemático e estatístico traduz os trabalhos matemáticos de Newton e, explicita
três leis fundamentais da fecundidade animal:
 A fecundidade é inversamente proporcional à dimensão do animal
 O nº de nascimentos masculinos excede o nº de nascimentos femininos
 E a domesticação das espécies aumenta a fecundidade

A importância do pensamento de Malthus na emergência da ciência da população


Thomas-Rober Malthus
 Se existe miséria, o único remédio é a limitação do crescimento da população e a melhoria da
produtividade na agricultura
 Publica, sem mencionar o nome, um livro intitulado "Ensaio sobre o Principe da População" -
o livro é polémico e faz escândalo devido a uma das suas teses: a assistência aos pobres é
inútil porque não serve senão para os multiplicar sem os consolar
 Estabeleceu o célebre paralelo entre a multiplicação do Homem e a sua subsistência. Essa
teoria baseia-se no facto da população aumentar constantemente, e esse aumento ser mais
rápido do que os meios de subsistência mantido através do controlo do crescimento da
população
 É original pelas análises detalhadas que elabora dos diversos tipos de obstáculos e por ter
explicitado as consequências do princípio da população
 Pensamento demográfico de Malthus: 3 temas:
População e subsistência – 2 leis antagónicas
 Lei da população que cresce em progressão geométrica Quando 1 população não é
controlada
 A subsistência que cresce em progressão aritmética duplica todos os 25
anos

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Explica quais são as três condições para que uma população cresça rapidamente:
 Casamentos são fecundos porque contraídos numa idade precoce
 Quanto maior for o nº de crianças, maior será o nº de casamentos mais tarde
 O intervalo que medeia entre o casamento e a morte tende a aumentar,
devido ao aumento da duração média de vida
Obstáculos ao crescimento da população
 Progressivos ou regressivos – diminuem a vida humana
o Vício
 do celibato – sem respeitar as regras da castidade
 no casamento – adultério, aborto, anticoncepcionais…
o Fomes
o Epidemias
o Miséria
 Englobam um conjunto de factores que levam à morte
prematura
 Preventivos – diminuem a fecundidade
o Casamentos adiados
o Abstinência antes do casamento
o Apelo ao celibato “A miséria deriva do crescimento rápido da
população”
o Obrigação moral
 Entende que se trata do celibato em conjunto com a
castidade prolongada, até ao momento em que se é capaz
de alimentar uma família
Remédios
 Afirma que o único remédio que não prejudica nem a felicidade moral nem a
felicidade material é a obrigação moral
 Entende por "falsos remédios":
o Os sistemas igualitários
o A emigração
o A lei dos pobres
o Crescimento dos meios de subsistência

Malthusianismo, Neomalthusianismo e as reacções ao pensamento Malthusiano


MALTHUSINISMO
• Essencialmente conservadora, na medida em que defendia explicitamente o ponto de vista que
os poderes públicos e a sociedade não eram responsáveis pela miséria existente nas classes
trabalhadoras
• Paralelo entre a multiplicação do homem e a sua subsistência
• Considera que os poderes públicos e a sociedade não eram responsáveis pela miséria, mas sim
o próprio Homem
NEOMALTHUSIANISMO
• Preferência por um crescimento lento da população
• Aposta na limitação dos nascimentos
• Say
A população de um país deve ser proporcional aos recursos e os homens não são
suficientemente previdentes
Substitui a noção de meios de subsistência por meios de existência (alimentação,
vestuário, habitação, etc)
• Maistre
Recurso ao celibato como forma de controlar a população
• Stuart Mill
Acha que o progresso económico produz resultados contraditórios
 Favorece a população diminuindo o custo dos objectos manufacturados
mas
 exerce um travão na medida em que a expansão demográfica faz subir o
custo de produção dos produtos do solo
Acha que a generalização do trabalho feminino originará o declínio da natalidade

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ANTIMALTHUSIANISMO
• Relaciona o nrº de habitantes com os “meios de existência”
• A. Dumont
Constata a existência de uma oposição entre o crescimento da população e o
desenvolvimento do individuo, porque os recursos limitados ou servem para o
consumo individual ou para o consumo familiar.
• Emile Durkheim
um dos fundadores da sociologia científica
a expansão da população é acompanhada por uma mudança qualitativa da sociedade.
O aumento do volume e da densidade da população traduzem-se, geralmente, na
extensão das cidades favorecendo-se assim a divisão do trabalho  Solidariedade
Orgânica
• Marx
Critica Malthus por ter concebido a sua lei da população no contexto de uma
sociedade natural, composta por seres humanos isolados, entregues à livre
concorrência e ignorando o facto de os fenómenos populacionais e sociais, estarem
submetidos à evolução histórica.
Acha que cada período da história obedece a uma lei específica da população
• Sauvy
Desenvolve o tema “óptimo da população” - Qual deve ser o nº óptimo de habitantes
de um dado território para que o nível de vida seja o mais elevado possível?
Acha que existem países que têm gente a mais e outros que têm gente a menos
Lança o dilema “crescer ou envelhecer?”

A transição demográfica
• Significa a passagem de um estado de equilíbrio, em que a mortalidade e a fecundidade têm
elevados níveis, para um outro estado de equilíbrio, em que a mortalidade e a fecundidade
apresentam baixos níveis, na sequência ou paralelamente a um processo de modernização
• Durante a transição, o crescimento da população é muito rápido devido, essencialmente, ao
declínio da mortalidade ocorrer antes do declínio da fecundidade
• 4 fases de evolução que os paises já passaram, ou terão de passar
1º Fase - do «quase-equilibrio» antigo ou de «pré-transição» caracterizada pela
existência de uma mortalidade elevada e uma fecundidade igualmente elevada –
crescimento população reduzido
2º Fase - do declínio da mortalidade como consequência de uma melhoria
generalizada das condições de higiene e de saúde
3ª Fase - do declínio da fecundidade como consequência de uma nova atitude face à
vida apoiada por meios modernos de intervenção na fecundidade
4ª Fase - do «quase-equilibrio» moderno entre uma mortalidade com baixos níveis
e uma fecundidade igualmente baixa; o crescimento natural da população tende para
zero
• A ideia central desta teoria, é a de provar a existência dos efeitos da modernização nos
comportamentos demográficos

O objecto de estudo da Demografia

Demografia: Estudo das populações humanas, claramente delimitadas no tempo e no espaço

• Achille Guillard – definição de demografia


«Em sentido amplo abrange a história natural e social da espécie humana; em
sentido restrito, abrange o conhecimento matemático das populações, dos seus
movimentos gerais, do seu estado físico, intelectual e moral»
• Landry
Demografia Quantitativa
 Estudo dos movimentos que se produzem numa população
Demografia Qualitativa
 Qualidade dos seres humanos; genética demográfica; biologia das
populações
• Uma definição aprofundada de Demografia comporta 5 elementos fundamentais:

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1º Lugar – análise de conjuntos de pessoas delimitadas espacialmente e com um
significado social. Esta análise é feita observando, medindo e descrevendo a dimensão
(significa o volume da população), a estrutura (significa a sua repartição por
subconjuntos específicos) e distribuição (diz respeito à sua repartição no espaço)
2º Lugar - este estudo científico preocupa-se em descrever o estado da população num
determinado momento no tempo (aspecto estático), mas também em saber quais as
mudanças ocorridas e qual será a intensidade e a direcção dessas mudanças
3º Lugar - analisa os factores, ou as variáveis demográficas que são responsáveis
pelas variações ocorridas no estado da população (natalidade, mortalidade e
migrações (emigração, imigração e migrações internas)). O estado da população tem
uma determinada dimensão, estrutura e distribuição espacial, porque nesse conjunto de
pessoas acontecem nascimentos, óbitos e migrações.
4º Lugar - a Demografia também se ocupa dos efeitos que cada uma das variáveis
demográficas tem nos aspectos globais e estruturais da população, bem como dos
efeitos inversos
5º Lugar - a demografia também se preocupa com questões relacionadas com as
determinantes dos comportamentos demográficos e com as consequências da evolução
do estado da população.

Unidade e diversidade da Demografia


• Existe uma Demografia Formal ou Análise Demográfica, onde se analisam apenas as
variáveis dependentes (macro-demográficas) - volume, estrutura e distribuição espacial - e as
variáveis independentes (micro-demográficas) - natalidade, mortalidade e migrações.
• Análise demográfica
Estuda os fenómenos demográficos observados em populações concretas
• Teorias demográficas
Analisa a sistematização dos fundamentos teóricos da ciência da população, dando
especial relevo ao pensamento demográfico
• Ramos da Demografia
Demografia Histórica
 Estudo retrospectivo das populações numa determinada época pertencente ao
passado, e cujos dados disponíveis não foram produzidos com fins
demográficos
 Define-se a partir das fontes que utiliza e da metodologia que desenvolve para
investigar o passado
 A sua originalidade reside no seguinte:
o Não ter estatísticas feitas
o As fontes que utiliza não terem sido elaboradas com objectivos
demográficos
o O tratamento dessas fontes ter dado origem ao aparecimento de novos
métodos e de novas técnicas
DIFERENTE DE
História da população – Procura refletir sobre os dados existentes acerca do estado e
dos movimentos das populações do passado
 A Paleodemografia é uma ramo da Demografia Histórica e distingue-se da
mesma através das fontes e dos métodos que utiliza (material antropológico e
arqueológico)
 Método de Henry – reconstituição das famílias – o seu sucesso deve-se a 3
factores
o Ao caminho traçado pelo método – os dividendos são grandes e o
risco é bastante limitado
o À estandardização do métodos e dos materiais que utilizam –
garantindo a qualidade e a comparaçao dos resultados
o À organização da investigação – permitiu ultrapassar as querelas
pessoais
Demografia Social
 Estudo das relações entre o estado das populações ou movimento da população
e a vivência das sociedades. Trata do sistema demográfico de uma forma
abrangente, interligando-o com os outros sistemas (economia, política, saúde,
etc)

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 Os factores não demográficos são utilizados para explicar os problemas
demográficos:
o Influência dos níveis de rendimento ou dos estilos de vida, no nível da
fecundidade
o Influência do tabagismo e da situação profissional no nível da
esperança de vida
 Podem também ser variáveis independentes
o Explicar a influência da estrutura por idades na votação partidária ou
nos hábitos de consumo
o O efeito do aumento da duração média de vida no aumento do nº de
pensionistas
 Contudo, com o passar dos anos, a noção de família é cada vez mais
complexa, fluída e multiforme (técnicas de procriação artificial, etc)
 Algumas das grandes preocupações da Demografia Social, são
o Causas e consequências do declínio da natalidade
o Efeitos das migrações internas e externas
o Consequências demográficas e sociais da luta contra a morte
o Desigualdade sexual, social e espacial face à morte
o Efeitos do progresso científico no equilíbrio demográfico
o Desigualdades regionais e ordenamento do território
o Consequências do envelhecimento demográfico
o Demografia face ao processo de urbanização
Políticas demográficas
 Actuam sobre os modelos tendo em conta determinados objectivos económicos
e sociais
 São a consequência da evolução da natalidade, da mortalidade e dos
movimentos migratórios
 Neomalthusianos entendem que o controlo da população é um factor essencial
para um processo de desenvolvimento
 Os Antimalthusianos acham que primeiro tem de haver um desenvolvimento e
só depois se regulam as questões relacionadas com a população
Ecologia Humana
 Acualmente é definida como “o estudo das relações, em tempo e em espaço,
entre a espécie humana e as outras componentes e processos do ecossistema de
que é parte integrante
 Ocupa-se do estudo das relações dos seres vivos com o seu meio com vista ao
equilíbrio entre ambos
 Tem como objectivo conhecer a forma como as populações humanas
concebem, usam e afectam o ambiente, bem como o tipo de respostas existentes
às mudanças ocorridas no ambiente biológico, social e cultural
 Considera que existe o “sistema Homem” (recebe e descodifica a informação) e
o “sistema ambiente” (elabora uma acção de resposta)
 Há 3 ramos da Ecologia:
o Vegetal
o Animal
o Humana
 Existem 2 divisões na Ecologia - Shroter
o Auto-ecologia
 Designa a parte da ecologia que estuda a influencia dos
factores externos sobre os seres vivos.
o Sineecologia
 Estudo das relações existentes entre uma comunidade e o
ambiente em que se insere, especialmente no que respeita à
sucessão ecológica.
 Moran
o Classifica as relações Homem/ambiente de imperfeitas e
incorrectas (poluição, mistura de uso e conservação, crimes,
doenças sociais, etc)
 Na ecologia humana intervêm todos os factores bióticos e abióticos que
interferem na ecologia das plantas e dos animais. No entanto as dualidades

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Homem/animal e cultura/natureza defrontam-se com o facto de o Homem
não ser apenas um indivíduo biológico ou psicossocial, mas a totalidade
«bio-psico- social».
 Quinn
o Acha que uma estrutura ecológica é a comunidade com uma
determinada distribuição no espaço e com uma divisão funcional de
trabalho
 Hawley
o Acha que a ecologia humana é uma abordagem holística (realidade
como um todo) da organização, ao nível macro do estudo das
organizações humanas.
o Parte do pressuposto darwiniano da «luta pela existência», da
necessidade de adaptação ao meio – luta colectiva e não individual
o Faz do conceito comunidade o conceito chave
 A ecologia humana assenta em três vectores fundamentais operativos:
o A adaptação
o O crescimento
o A evolução.
 Não existe Ecologia Humana sem população, dado que a adaptação se realiza
mediante uma organização, e nesta o que conta são as propriedades de
grupo. A importância da organização pode ser considerada em duas
perspectivas:
o Estática - conjunto de funções e relações
o Dinâmica - processo de adaptação a um meio ambiente
 Ducan
o O conceito mais importante da ecologia humana é o ecossistema,
que é constituído por quatro elementos:
 População
 Meio ambiente
 Tecnologia
 Organização.
o Define Ecologia Humana como o estudo das inter relações entre
as populações humanas e os «ambientes», por meio de uma
tecnologia regulada pela organização social.

A metodologia da Demografia
• A demografia tem como objecto fundamental o estudo científico da população tendo em conta
os cinco
parâmetros de análise explicitados anteriormente:
Estuda conjuntos de pessoas em vez de pessoas isoladas
Preocupa-se com os aspectos estáticos mas também com os dinâmicos Análise
Analisa os factores responsáveis pelas mudanças ocorridas no estado da população
Demográfica
Estuda as ligações existentes entre as diversas variáveis demográficas

Preocupa-se com as causas e com as consequências da evolução do sistema


demográfico

Demografia Social
Demografia Histórica
Políticas Demográficas
Ecologia Humana

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CAP II
A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA – Um velho problema com novas dimensões

A população antes do aparecimento da escrita


• Um aspecto essencial para se compreender o complexo processo da hominização é a
consciência de que o Homem tem duas memórias:
A biológica - que se inscreve na dupla espiral do código genético
A cultural - que distingue de todos os outros animais
• O Homem verdadeiramente Homem começa com a consciência da duração através da morte
• Há uma dispersão do Homem no período paleolítico devido, principalmente, ao clima
• As migrações sucedem-se, bem como o aumento da capacidade do Homem de se adaptar e
superar as intempéries climáticas
• Perseguição da caça para zonas mais aprazíveis e invenção de novas armas
• Dedicação à caça, pastorícia, agricultura e pesca
• Aparecimento da linguagem e desenvolvimento cerebral
• A grande revolução do Neolítico consistiu, fundamentalmente, em «fabricar homens»,
reprogramar a memoria cultural e conservar o homem vivo tanto tempo quanto possível (1ª lei
da Demografia: o crescimento)
• A memória cultural atinge o seu pleno, e o Homem domina o ambiente que o cerca
(domesticando animais e plantas)

Os primeiros dados numéricos de interesse demográfico


• As primeiras civilizações (Egipto e Mesopotâmia) acerca das quais dispomos de algumas
informações escritas respeitantes à população, revelam-nos a existência de uma dinâmica
populacional pouco conhecida, complexa e diversificada.
• Apesar da sua diversidade, existem alguns elementos comuns: guerra, crises de mortalidade
motivadas pela fome, conhecimentos de contracepção, a existência de grandes migrações.
• É uma demografia de povos imigrantes cuja errância ritma a História, misturando populações,
costumes e civilizações.

A Antiguidade: do crescimento ao primeiro «mundo cheio»


• A população começou a diminuir significativamente a partir do século III da nossa era devido
ao efeito combinado de vários factores (Chaunu 1990):
As crises de mortalidade - peste autonina
As fomes
As limitações dos nascimentos
A importância dos escravos e o regime particular a que se encontravam submetidos -
não lhes era permitido o casamento e a reprodução
Emigrações
Abortos e abandonos

O nascimento do Ocidente Medieval e o declínio da população


• As invasões bárbaras acabam por desmantelar o já frágil mundo da Antiguidade, dando
progressivamente origem ao aparecimento do Ocidente Medieval  originando Migrações
• Consequências deste processo:
Redes de comunicação, organização monetária e comercial foram totalmente
destruidas
Campos foram abandonados
A diminuição do espaço agrícola, acidentes metereológicos e o aparecimento de
novas invasões, aceleram a descontinuidade na ocupação do espaço e várias regiões
ficam praticamente despovoadas
Fuga das populações provocaram escassez de mão-de-obra
Pestes – aceleram mais o declínio demográfico

A recuperação demográfica do Ocidente Medieval e o aparecimento de um segundo


«mundo cheio»
• O século VII marca o ponto mais baixo do declínio demográfico europeu

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• A ocorrência de alguns acontecimentos importantes vão dar origem a um lento processo de
recuperação:
A inter penetração entre o Mediterrâneo e o mundo bárbaro tem como resultado
uma melhor alimentação
Os Germanos, têm uma agricultura muito itinerante, com grandes rotações e com a
utilização dos terrenos incultos vão proporcionar as condições que permitem reforçar a
melhoria da alimentação
O aparecimento da charrua medieval e da rotação trienal das culturas difundem-se
rapidamente e em todo o mundo cristão
A existência de uma oscilação climática favorável
Contracepção e o aborto (difundidos pelos Romanos) eram de reduzida utilização
O casamento é pubertório (adolescentes), o infanticídio condenado e o abandono de
crianças (à porta da igreja) tolerado
• Contudo à medida que nos aproximamos do século XII, começa a consolidar-se uma nova
situação que tem como características fundamentais os seguintes aspectos:
O celibato vai-se alargando progressivamente a todos os sacerdotes
O casamento deixa de ser dominantemente pubertário para passar a ser
progressivamente pós-pubertário (18 anos)
De acordo com a moral do casal, as relações sexuais devem ser no interior do
casamento. Todos tem direito ao casamento mesmo os mais humildes. O casal deve
evitar práticas que afastam o casamento da sua função procriadora
Um lar matrimonial só se funda em substituição de outro lar desfeito pela morte

A peste negra
• Esta nova peste vem da Ásia, em particular da China.
• A peste tem como origem a fome, devido à alterações climáticas que põe em risco a produção
agrícola, originando más colheitas
• Podemos afirmar que o século XIV e a primeira metade do século XV foram épocas de claro
declínio populacional.
• A possibilidade da dinâmica populacional voltar a ser de sinal positivo ficou severamente
afectada.
• Porém, depois destas vagas epidémicas se atenuarem, a população reconstitui-se lentamente.
• O modelo demográfico do Antigo Regime mostrou, assim, a eficácia do seu funcionamento.

O modelo demográfico do Antigo Regime


• Três traços essenciais caracterizam a evolução global da população do continente europeu
durante o Antigo Regime:
O crescimento moderado da população de 70 milhões no inicio do século XIV para
111 milhões em meados do século XVIII
As quebras de crescimento populacional ocasionado pelas crises de mortalidade
As crises de subsistência
• As crises de mortalidade têm duas fases:
A fase da peste - embora iniciada no século XIV é particularmente intensa nos
séculos XV e XVI
A fase das epidemias sociais - que se estende até ao inicio da época contemporânea.
• A mortalidade era um factor regulador e um factor destruidor das populações desta época
(alguns historiadores acharam que a morte era o verdadeiro elemento regulador, mas esta
teoria foi muito criticada)
• Existem três aspectos fundamentais, caracterizadores do casamento nas sociedades de Antigo
Regime:
Não existem relações sexuais fora do casamento
Não existe coabitação de casais
Não existe casamento sem casa (os jovens casam-se apenas aquando da morte dos
pais, poi8s não tinham meios de subsistência)
• Nas estruturas económicas e sociais do Antigo Regime, o nº de explorações variava muito
lentamente:
Uma grande parte das terras era alugada nas mãos da nobreza e do clero - esta
concentração assegurava aos proprietários rendimento, tranquilidade e segurança
A grande maioria dos camponeses era proprietária de terras minúsculas constituídas

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por uma casa e um pequeno terreno muito difíceis de dividir
A construção de uma nova casa não estava ao alcance de um assalariado e as terras
disponíveis eram poucas
• A sociedade rural do antigo Regime tinha, assim, uma tendência a produzir, através do
mecanismo auto-regulador, cinco consequências importantes:
Criadagem
Celibato forçado É ao nível dos agregados familiares que este mecanismo
Errância auto-regulador, funciona
Mendicidade
Emigração.

O crescimento da população na Europa Ocidental e o terceiro «mundo cheio»


• O crescimento da população, na segunda metade do século XVIII, é um fenómeno europeu que
ultrapassa o quadro das regiões industrializadas e que não pode ser explicado por uma
revolução agrícola
• A esperança de vida aumenta, a mortalidade infantil diminui, a mortalidade estival das
crianças também diminui
• Substituição de casais mais velhos por mais novos
• Fecundidade aumenta (baby-boom prolongado)
• O arranque demográfico da Europa Ocidental, segundo Dupâquier, tem 4 etapas:
1º Etapa (1650-1750) - as populações submetidas a crises periódicas de
mortalidade põem a funcionar em pleno o mecanismo auto-regulador
2º Etapa (segunda metade do século XVIII) - os acidentes, sendo menos frequentes,
associados a um certo progresso técnico da medicina, diminuem a mortalidade e a população
aumenta
3º Etapa (primeira metade do século XIX) - a industrialização, ao permitir fazer
baixar a idade do casamento, relança o crescimento demográfico - a emigração para
o outro lado do Atlântico vai-se tornando cada vez mais importante
4º Etapa (segunda metade do século XIX) - o recuo da mortalidade, associado a um
grande progresso da medicina e das condições de higiene e saúde, acaba de vez com
o mecanismo auto- regulador
• Resumindo, a grande mutação não resultou de um modelo simplista, que apenas considera os
efeitos directos e indirectos das condições de saúde (modelo simplista), mas de um modelo
mais complexo que integra diversas componentes (modelo de Dupâquier)

• A revolução industrial, a consequente destruição do mecanismo auto-regulador das sociedades


do Antigo Regime demográfico, a melhoria das probabilidades de sobrevivência, vão criar
condições para a existência de um grande crescimento demográfico na Europa.

A evolução da população nas restantes partes do mundo


• O crescimento e a variação da população (variação dos efectivos) constituem o aspecto

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central da Demografia
• Duas características interessam particularmente para compreender a dinâmica demográfica:
Sexo
Idade das populações
• Os países africanos, na sua maioria, ainda mantêm níveis de fecundidade altos, assim como
alguns países asiáticos
• A taxa bruta da natalidade revela o impacto dos nascimentos no crescimento de uma
população, mas não se refere ao nrº de filhos das mulheres  Para isso necessitamos de
analisar o índice sintético de fecundidade
• Os países em desenvolvimento são caracterizados por elevadas taxas de fecundidade,
observando em simultâneo um crescimento demográfico extremamente rápido
• A transição demográfica (declínio da mortalidade seguido do da fecundidade), está mais ou
menos avançada consoante as zonas ou os grupos de países considerados
Exemplo: contexto africano
 Desigualdades importantes entre meios de habitat; grupos sociais e nível
de instrução
 Resultado deste rápido crescimento demográfico:
 Extrema juventude das populações
 Grandes densidades populacionais em certas regiões
• 4 grandes componentes conduzem à dinâmica de todo o sistema demográfico:
Mortalidade
Migrações
Nupcialidade
Fecundidade  variável responsável por uma parte do processo e evolução das
populações. Varia no tempo e no espaço
• Países MENOS desenvolvidos
Mulheres têm muitos filhos, devido à elevada taxa de mortalidade infantil
Os filhos são uma fonte de riqueza (mão-de-obra)
São vistos pelos pais como uma “segurança para a velhice”
São um símbolo de status
O sistema de valores e a cultura das sociedades também decidem o nrº de filhos
• Países desenvolvidos
Redução acentuada no nrº de filhos por casal (entrada da mulher no mercado de
trabalho, avanços da ciência em contracepção etc)
Em muitos países o crescimento da população é quase nulo, levando a que alguns
países adoptassem políticas de natalidade

A explosão demográfica: um fenómeno novo ou um velho problema com novas


características?
• A preocupação com o “excessivo nrº de habitantes” não é um fenómeno exlusivo da nossa
época, nem a explosão demográfica, nos dias que correm, um fenómeno inteiramente novo
• A humanidade encontra-se dividida em 2 blocos:
Países em desenvolvimento
 80% da população mundial
 Mortalidade infantil elevada
 Elevada percentagem de jovens
 Baixa percentagem de idosos
 Fracas condições económicas e de saúde
Países desenvolvidos
• 20% da população mundial
• Crescimento natural quase nulo
• Mortalidade infantil reduzida
• Baixa percentagem de jovens
• Elevada percentagem de idosos
• Boas condições económicas e de saúde

Resposta à pergunta inicial: É um velho problema com novas características, devido à divisão do
mundo em 2 blocos

13
CAP III
Aspectos iniciais de uma investigação em análise demográfica: os ritmos de
crescimento e a análise das estruturas demográficas.

Introdução
• O desenvolvimento da Demografia, enquanto Ciência da População, está fundamentalmente
ligado à diversidade dos seus métodos e técnicas específicas para cada uma das variáveis que
integram o movimento da população - mortalidade, natalidade e movimentos migratórios.
• Técnicas essas que variam consoante a natureza dos dados (serem de boa ou má qualidade)
e a perspectiva de análise (longitudinal ou transversal)
• As estatísticas usadas para manusear os dados, são em geral:
Taxas
 Instrumento de medida mais usado em análise demográfica
 Mede a frequência de um fenómeno numa população, durante um período
de tempo determinado
 Uma taxa é qualquer nrº dividido por qualquer outro nrº
 No estabelecimento do balanço demográfico anual, utiliza-se a taxa bruta
(mede a frequência anual)
Razões
 O numerador da razão é o número de acontecimentos (nascimentos,
óbitos) que ocorrem num determinado período de tempo
 As razões em demografia são usadas, a maior parte das vezes, por períodos
de 1 ano
Proporções
 Tipo especial de taxa onde o numerador está incluído no denominador
(Proporção=(x/x+y)  Exemplo: proporção do sexo feminino=nrº de
mulheres/pela soma de homens e mulheres em conjunto
Tipos de população
• Tipo Progressivo
Apresenta um nrº crescente de nascimentos ano a ano
• Tipo Regressivo
Apresenta um nrº decrescente de nascimentos ano a ano
• Tipo Estável
Apresenta leis invariáveis de mortalidade e fecundidade, segundo a idade, o que
traduz uma taxa de nascimento constante e uma estrutura por idades invariável
• Tipo Estacionário
Apresenta uma taxa de crescimento nulo
• Populaçao FECHADA
Quando a estrutura é mantida ou alterada apenas pelos nascimentos e óbitos, ou seja,
não afectada por migrações exteriores. As modificações são de 3 tipos:
 Aumento através dos nascimentos
 Diminuição através dos óbitos
 Envelhecimento de todos os sobreviventes
• Populaçao ABERTA
Sujeita a fenómenos migratórios. As modificações são de 4 tipos:
 Aumento através dos nascimentos
 Diminuição através dos óbitos
 Envelhecimento de todos os sobreviventes
 Entradas de individuos de diferentes idades
 Saídas de individuos de diferentes idades

Volumes, ritmos de crescimento de uma população e densidade


• Volume populacional
Número de pessoas que estão presentes num determinado espaço populacional
A população evolui em diferentes ritmos:
 Crescimento positivo  População a aumentar
 Crescimento negativo  População a diminuir
 Crescimento zero  População estagnada

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A alteração do volume populacional está dependente do efeito combinado de 2
factores:
 Saldo Natural  diferença entre nascimentos e mortes
 Saldo Migratório  Diferença entre o nrº de pessoas que saíram e os que
entraram
• Quando dispomos de diversas informações acerca do volume de uma população, a primeira
análise que normalmente se executa é a do cálculo do ritmo de crescimento.
• Esse ritmo de crescimento deve proporcionar um resultado anual médio, de forma a se poder
comparar períodos de diferente amplitude
• Para medir o Ritmo de crescimento, existem 3 processos:
Contínuo
Aritmético
Geométrico
• Densidade populacional
Consiste no nrº de habitantes por km2
Conveniente dividir o território em zonas mais pequenas
A população também se pode distribuir por:
 Aglomerados Urbanos  com 10.000 ou mais habitantes
 Aglomerados Rurais  com menos de 10.000 habitantes

As estruturas demográficas
• Os efectivos de uma população são o nrº de indivíduos que compõe essa população 
identificados nos recenseamentos
Os recenseamentos dão a conhecer o estado de uma população num determinado
momento do tempo
• Existem vários tipos de estruturas, mas as seguintes são as mais importantes:
Sexo
 Homens e mulheres desempenham diferentes funções na sociedade
idade (ou estrutura etária)
 Necessidade de analisar os efeitos específicos de cada idade.
 Com o aumento da idade muitos comportamentos e capacidades vão-se
modificando  Efeito Idade
 Necessidade de comparar determinados aspectos nas fases fundamentais da
vida - início da socialização, ensino básico, puberdade, entrada na
universidade,... - em pessoas com diferentes idades  Efeito Geração
• A melhor forma de analisarmos a distribuição de uma população por sexos e idades é
através da:
Pirâmide de idades
 São gráficos que permitem ter uma visão de conjunto da repartição da
população por sexos e idades.
 As idades são representadas no eixo vertical.
 Os efectivos são representados em dois semi-eixos horizontais - o da
esquerda é reservado aos efectivos masculinos e o da direita é reservado aos
efectivos femininos.
 Quanto ao seu processo de construção, existem dois tipos fundamentais:
 As pirâmides por idades
 Os efectivos do sexo masculino ficam à esquerda do eixo.
Os efectivos do sexo feminino ficam à direita do eixo
 Faz uma análise rigorosa da estrutura de uma população,
num determinado momento no tempo
 Deve-se complementar com o cálculo das relações de
masculinidade por grupos de idade
 Para se comparar 2 pirâmides de idades ou 2 populações
deve-se:
 Comparar no tempo
 Comparar no espaço
 As pirâmides por grupos de idades
 Faz comparações no tempo e no espaço

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 Existem 3 grande tipos de pirâmides de idades
 Pirâmides em Acento Circunflexo
 É uma pirâmide típica dos países em vias de
desenvolvimento, com uma forte natalidade e
mortalidade. Tem uma base larga que diminui
rapidamente conforme se avança para idades mais
avançadas

 Pirâmide de Urna
 É uma pirâmide típica dos países desenvolvidos, onde se
assiste a uma progressiva quebra de fecundidade. Os níveis
de natalidade e mortalidade são muito baixos, o que implica
a existência de uma pirâmide de idades com uma base
muito reduzida (elevadas proporções de jovens), e um topo
bastante empolado (elevadas proporções de pessoas idosas).
Existe muita população a meio da pirâmide

 Em Ás de Espadas
 A parte mais larga da pirâmide corresponde às idades
intermédias. Diminuição da fecundidade  diminuição da
natalidade  aumento dos idosos  base da pirâmide
diminui  Envelhecimento na base da pirâmide
 Por outro lado: mortalidade baixa  alongamento das classes
correspondentes aos idosos  Envelhecimento no topo da
pirâmide

As relações de masculinidades
• As pirâmides de idades nunca são simétricas:
Nascem mais rapazes do que raparigas  fazendo com que a base de uma pirâmide
de idades seja maior do lado masculino do que do lado feminino
A mortalidade - que é o factor mais relevante na explicação da redução dos
efectivos, é sempre mais precoce no sexo masculino do que no sexo feminino

Pode ser perturbado pelas migrações, devido a incidirem em determinados grupos


etários
• As relações de masculinidade completam as informações obtidas pelas pirâmides de
idades
Basta dividir em cada idade (ou grupos de idades), os efectivos masculinos pelos
efectivos femininos, multiplicar o resultado por 100 e representá-los graficamente
Estes gráficos mostram como os efectivos existentes num determinado grupo de
idades são partilhados entre o sexo masculino e o sexo feminino

16
Os grupos funcionais e os índices-resumo
• Em análise demográfica, quando se quer ter uma visão rápida da evolução ou da diversidade
das estruturas populacionais, opta-se por compactar a informação segundo determinados
critérios.
• Grupos Funcionais
Visão rápida da evolução ou diversidade das estruturas populacionais, compactando
a informação segundo 1 grupo específico  idade
A população total, em vez de aparecer dividida em grupos de idades anuais ou
quinquenais, passa a estar dividida em três grandes grupos: 0-14 anos; 15-64 anos e
65+anos ou 0-19anos; 20-59 anos e 60+anos.
• Índices-Resumo
Agrupam a informação respeitante à população potencialmente activa
Aprofundam a análise do processo de envelhecimento
Procuram proceder a estimativas indirectas de determinados parâmetros demográficos
Na sua construção tanto faz utilizar o critério de agrupamento 0-14 anos/65+anos,
como o critério 0-19 anos/60+anos.
Porém , é aconselhável a sua utilização do 1º critério para facilitar as comparações.

O envelhecimento demográfico
• A partir da segunda metade do século XX, um novo fenómeno surgiu nas sociedades
desenvolvidas - envelhecimento demográfico
• Em termos demográficos, existem dois tipos de envelhecimento:
Envelhecimento na base
 Ocorre quando a percentagem de jovens começa a diminuir de tal forma
que a base da pirâmide de idades fica bastante reduzida
 Quando 1 país recebe activos de fora, há um envelhecimento na base (jovens
diminuem) e um rejuvenescimento no topo (idosos também diminuem) 
população pode, simultaneamente, envelhecer e rejuvenescer
Envelhecimento no topo
 Ocorre quando a percentagem de idosos aumenta, fazendo assim com que a
parte superior da pirâmide de idades comece a alargar, em vez de se
alongar, como acontece nas sociedades típicas dos países em vias de
desenvolvimento.
• Estes dois tipos de envelhecimento estão ligados entre si:
A diminuição percentual do grupo dos jovens implica um aumento proporcional dos
outros dois grupos de idades, em particular no grupo de pessoas com idades mais
avançadas
Diferenças relativas entre sexos é outro factor de envelhecimento (mais mortes
masculinas)
• O principal factor natural responsável pelo envelhecimento demográfico foi o declínio da
natalidade
• Quando os países começam a chegar a níveis de não renovação das gerações, o efeito da
melhoria das condições gerais de saúde reforça o processo de envelhecimento.
• As migrações podem reforçar ou atenuar a tendência natural da evolução do processo de
envelhecimento.

CAP IV
Os sistemas de informação demográfica e a análise da qualidade dos dados

Elementos brutos da Demografia


• Dados recolhidos nos censos
• Dados recolhidos em estudos
• Dados recolhidos nos registos de vários sistemas

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• Podem ser apresentados de 2 maneiras:
Censos
 Registo das pessoas num dado momento (tamanho, estrutura)
Registo de diferentes sistemas
 Registo de acontecimentos durante um determinado intervalo de tempo (1
ano). São dinâmicos pois fornecem informações no decorrer do tempo
Dados não recolhidos para fins demográficos, mas aproveitados para
tal

Principais sistemas de informação utilizados pela Demografia


• Recenseamento da população
• Estatísticas Demográficas do Estado Civil
• Estatísticas da saúde e anuários estatísticos
• Estatísticas das Nações Unidas
• Estatísticas do “Population Reference Bureau”
• Estatísticas do Eurostat e Conselho da Europa
• Inquéritos e ficheiros permanentes
• Os principais sites de informação demográfica

Os Sistemas de Informação Demográfica


Os recenseamentos da população
• Conjunto de operações que consiste em recolher, agrupar e publicar, os dados respeitantes ao
estado da população
• Permite conhecer todo (universalidade) o efectivo populacional de um território numa data
precisa (simultaneidade), com detalhe sobre a repartição dessa população por unidades
administrativas, e segundo um número de características:
Informações sobre a localização
Informações demográficas
Informações socioculturais
Informações sociais e económicas
Informações sobre a habitação
• Respeitam uma determinada periodicidade (10 em 10 anos – Portugal)
• Ajudam o planeamento, aprovisionamento e regulamentação dos serviços básicos (águas, vias
de comunicação, etc)
• Características dos recenseamentos:
A simultaneidade da recolha
 Devem ser realizados num determinado ano e por referência a um
determinado dia do mês.
Exaustividade
 É sempre o total da população que se procura conhecer e caracterizar.
• Diferenças entre Censo e Inquérito
Censo
 É um registo global do total da população dentro de uma determinada área
geográfica, levada a cabo de uma só vez num dado país. Envolve:
 Formulação de 1 questionário
 Planeamento e organização de uma equipa
 Processamento e análise dos dados e divulgação dos resultados
 Cada pessoa é enumerada separadamente (não envolve amostragem)
 Não é um exercício voluntário e tem de ter uma base legal
 È obrigatório ser relacionado com um dado momento no tempo e não um
período
 A maior preocupação logística dos censos é a minimização dos erros na
recolha de informação
• Principais erros dos Censos
Cobertura não completa da população (crianças, sem abrigo, etc)
Quantidade em detrimento da qualidade

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As estatísticas demográficas de estado civil
• Outra fonte fundamental da Demografia são as Estatísticas Demográficas de Estado Civil, se
bem que a sua finalidade científica nem sempre seja evidente
• São um conjunto de informações sobre nascimentos, óbitos, casamentos, divórcios e
separações judiciais, saídas ou entradas, ocorridas num território dentro de um determinado
período, baseadas nos boletins de registo civil, por unidade administrativa e segundo um
número, mais ou menos vasto de características
• O tratamento estatístico dos registos de estado civil permite seguir anualmente a evolução da
natalidade, da mortalidade e todos os outros acontecimentos demográficos
• Baseiam-se no princípio da declaração.
• Tem o mesmo carácter exaustivo, obrigatório e de localização espacial.
• A qualidade dos dados depende da eficiência dos serviços encarregues da recolha e da
veracidade das informações prestadas
• Nos países em desenvolvimento são incompletos e têm finalidade administrativa e não
demográfica

Outras fontes demográficas


• Inquéritos por amostragem
Recolha de informações com base numa amostra representativa do universo da
população em análise, tendo como finalidade aprofundar o estudo sobre a questão
demográfica particular (questionário sobre contraceptivos, nr filhos desejado, etc)
O aspecto principal é que envolve uma amostra da população
Essa amostra reduz o esforço referido e o custo, quando comparado com um censo
completo
Vantagens
 Mais económicos
 Organizados e executados de forma mais rápida
 Podem recolher mais dados que um Censo
Desvantagem
 Introdução de erros de amostragem
 São necessários bastantes para produzir resultados fiáveis
Tipos de inquérito por amostragem
 Informações dos Censos tipo
 Produzem informação de população existente em determinado
momento no tempo
 Inquéritos retrospectivos
 Fazem perguntas em relação a acontecimentos do passado
 Técnicas indirectas sofisticadas
 Recolha de dados sobre questões específicas, que são formuladas
com o objectivo e grau de precisão que se quer obter

A relação de masculinidade dos nascimentos


• Testa a qualidade das estatísticas de estado civil
• Revelou-se um bom indicador da qualidade global dos dados estatísticos demográficos
• Este indicador relaciona o número de nascimentos masculinos por cada 100 nascimentos
femininos, ou seja:
R.M.N.(relação masculinidade nascimentos) = (nascimentos masculinos /
nascimentos femininos) X 100
É um índice frequentemente utilizado para apreciar a qualidade do registo dos
nascimentos por sexo
Permite ver se existem, ou não, erros ao nível de registos dos nascimentos
Os métodos para testar dados incompletos e incorrectos estão divididos em duas
categorias:
 Índice de irregularidade das idades
 Serve para provar se existe, ou não, concentração em determinadas
idades. Trabalha-se com sexos separados
 Índice de Wipple
 Tem como objectivo analisar a qualidade dos recenseamentos
 Procura demonstrar se existe ou não determinado tipo de

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distorções, frequentemente observadas em países (ou épocas) com
estatísticas de má qualidade: a atracção pelos números terminados
em 0 e 5.
 O cálculo do Índice de Whipple processa-se da seguinte forma:
 Somam-se as pessoas recenseadas entre 23 e 62 anos
(inclusive)
 Somam-se as pessoas que, no intervalo considerado, têm
idades que terminam em 0 e 5
 O índice é obtido fazendo a relação entre esta segunda
soma e 1/5 da primeira soma (ou multiplica-se a segunda
soma por 5 e divide-se pelo total da primeira; nos dois casos
multiplica-se, em geral, o resultado obtido por 100

O Índice de Irregularidade
• Em vez de termos um índice global que mede a atracção pelos números terminados em 0 e 5,
torna-se agora possível medir todo o tipo de atracções: pelos números pares, impares, de 0 e
5 em separado, pelos terminados em 7, ou outros números.

O Índice Combinado das Nações Unidas


• Procura medir a qualidade global de um recenseamento.
• É um índice que combina dois indicadores de regularidade das idades (um para cada sexo) e um
indicador de regularidade dos sexos.
• Calcula-se da seguinte forma:
Preparam-se os dados de modo a termos uma distribuição da população por sexos e
grupos de idades quinquenais (não mais de 80 anos)
Calculam-se as relações de masculinidade em cada grupo de idades, dividindo os
efectivos masculinos pelos femininos e multiplicando o resultado por 100. Fazem-se as
diferenças sucessivas entre as diversas relações de masculinidade obtidas, somam-se
em módulo e calcula-se a diferença média para se obter o índice de regularidade dos
sexos
Para cada sexo calcula-se um índice de regularidade das idades
O ICNU obtém-se dando um coeficiente 3 ao obter o índice de regularidade dos
sexos e um coeficiente de 1 aos dois índices de regularidade das idades
• A grelha classificativa é a seguinte:
< 20 – BOM
20-40 – MAU
> 40 – MUITO MAU

A Equação de Concordância
• Procura verificar se existe ou não uma concordância entre os diversos sistemas de informação
disponíveis.
• O princípio que preside à sua construção é bastante simples: durante um determinado
período (normalmente entre dois recenseamentos) a população de uma região aumenta ou
diminui devido a nela existirem dois tipos de movimentos - o natural e o migratório.

O ajustamento dos dados imperfeitos


• O reconhecimento da existência de dados com má qualidade teve como consequência o
aparecimento de um conjunto de técnicas de análise destinadas à correcção dos mesmos.

O método das médias móveis


• É um método muito utilizado para ajustar a informação por idades não só quando os dados são
imperfeitos, mas quando apresentam grandes flutuações aleatórias devido à existência de
pequenos números, como acontece quando analisamos certos concelhos em Portugal, ou
ainda, quando levamos a nossa análise até ao nível da freguesia.

20
CAP V
Os princípios de análise demográfica

Introdução
• A demografia, ao analisar fenómenos e ao recolher acontecimentos pode ser redefinida como a
ciência que estuda determinados fenómenos - natalidade, mortalidade, migrações - a
partir de acontecimentos - nascimentos, óbitos, migrantes.
• Princípios de Análise Demográfica
Conjunto de regras fundamentais a que deve obedecer qualquer trabalho de
investigação em Demografia. Eles são 6:
 “Estado puro”
 “Estado perturbado”
 Acontecimentos renováveis
 Acontecimentos não renováveis
 Análise longitudinal
 Análise transversal

“Estado Puro” e “Estado Perturbado”


• Um dos princípios gerais da análise demográfica é a possibilidade de analisar os fenómenos
demográficos tendo em conta dois tipos de efeitos ou interferências:
«estado puro»
 Só o acontecimento aliado do resto  Ex: a mortalidade isolada dos outros
fenómenos
«estado perturbado»
 Combina as variáveis mortalidade/migrações
• Acontecimentos Fenómenos
 Nascimentos  Nascimentos
 Óbitos  Mortalidade
 Migrações/Migrantes  Movimentos migratórios
 Casamentos  Nupcialidade

Acontecimentos renováveis e acontecimentos não renováveis


• Acontecimentos renováveis
São os que podem ocorrer mais do que uma vez  natalidade, nupcialidade, divórcio,
migrações
Podem transformar-se em não-renováveis  Ex.: casamento – 1º casamento / nascimentos
 1º filho
• Acontecimentos não renováveis
Podem ocorrer uma só vez  Ex.: Morte
• Efectivos
Número de indivíduos que fazem parte de um mesmo acontecimento
Podem ocorrer uma só vez  Ex.: Morte
• Coortes
Conjunto de indivíduos submetidos ao mesmo acontecimento de origem durante um
mesmo período de tempo
Uma geração é uma coorte de nascimentos  conjunto de pessoas que nasceram no
mesmo período
Uma coorte de casamentos é uma promoção

Análise transversal e análise longitudinal


• Análise longitudinal ou por coortes
Se tivermos uma coorte, acompanha-se durante um longo período, apanhando vários
momentos do tempo
Observa os acontecimentos ao longo da vida dos indivíduos  ao longo de vários
anos
• Princípios da Análise Longitudinal
A distribuição é através de duas medidas fundamentais que não são mais do que dois
parâmetros de distribuição dos acontecimentos o longo do tempo:

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• A intensidade  mede o nº médio de acontecimentos.
• O calendário  mede-nos a repartição desses acontecimentos ao longo do
tempo.
Os dois indicadores podem ser calculados de uma outra forma: em vez de nos
servirmos das frequências absolutas, podemos utilizar as frequências relativas
Estes novos índices têm o nome de acontecimentos reduzidos por reduzirem o nº de
acontecimentos com a duração X à população inicial.
Numa perspectiva longitudinal, a análise demográfica parte dos actos individuais
(nascimento, morte, migração) para os processos ocorridos nas coortes
(fecundidade, mortalidade, migrações) que são normalmente classificados e
analisados em função da duração ocorrida a partir do acontecimento origem.
O resultado da ocorrência destes processos pode ser visualizado num determinado
momento do tempo quando observamos, em transversal, o conjunto das coortes, ou
seja, o volume e a estrutura de uma população
• Análise transversal ou análise do momento
Um período/momento do tempo (normalmente 1 ano civil).
Caracteriza-se um momento do tempo que contém múltiplas coortes
• Idade exacta e anos completos
Unidades de tempo e em fracções  Ex.: 26 anos, 1 mês e 3 dias
Uma criança que tem 3 anos e 6 meses  esdtá entre 3 e 4 anos exactos
• Princípios da Análise Transversal
Esta análise preocupa-se com o volume e a estrutura da população num determinado
momento do tempo - bem como com as mudanças ocorridas ao longo do tempo - e não
com as coortes.
Mas, para se compreender a existência de uma determinada estrutura populacional
tem de se ter em conta que os acontecimentos que integram a dinâmica
populacional são resultantes da interacção entre as estruturas e os fenómenos
demográficos.
Procura avaliar a intensidade e o calendário dos diferentes processos que ocorrem nas
coortes.
O objectivo da análise demográfica será, separar o impacto na dinâmica
populacional, que é devido à estrutura populacional, do impacto que é devido às
frequências (taxas, acontecimentos reduzidos) ou modelos dos fenómenos
demográficos, conhecido por:
ESTANDARDIZAÇÃO (mantém constante o efeito das estruturas):
 Quando os acontecimentos estão disponíveis nas estatísticas de estado civil
por idades e as estruturas populacionais são conhecidas, podemos recorrer
aos seguintes métodos:
 O método estandardização directa ou método da população-
tipo  Consiste em calcular as taxas em cada duração x nas
diversas populações a comparar e multiplicar essas taxas por uma
«população modelo» ou uma «população-tipo»
 Médias de frequência  Consiste em comparar directamente as
médias das frequências sem se recorrer a uma população tipo; a
média mais empregue é a média aritmética
 Análise por componentes principais aplica-se as frequências
 Quando os acontecimentos não estão disponíveis no estado civil, mas as
estruturas populacionais são conhecidas, podemos recorrer:
 Método da estandardização indirecta ou método das taxas-tipo
 quando dos dados não nos permitem calcular as frequências nas
diferentes idades.
 O método consiste em escolher uma série de taxas como modelo
ou como tipo e aplicar-lhe as diversas estruturas das populações
que se querem comparar.
Procura, também, medir a intensidade e o calendário. Conhecido por:
TRANSLAÇÃO
 Procura responder a duas importantes questões:
 Será possível deduzir a intensidade e o calendário do fenómeno
em análise a partir das frequências calculadas num determinado
período de tempo?

22
 Será possível transformar as medidas transversais em medidas
longitudinais?
 A resposta é positiva.
 O método da coorte fictícia consiste justamente em transpor os
fenómenos que se observam em transversal para uma coorte
imaginária.
 Semelhante artifício permite-nos calcular, tal como na análise
longitudinal, a intensidade, o calendário, os acontecimentos
reduzidos, as taxas e os quocientes.

O Diagrama de Lexis
• Instrumento de trabalho imprescindível em análise demográfica
• Permite repartir os acontecimentos demográficos por anos de observação e geração
• Permite visualizar os acontecimentos e os efectivos
• Constitui-se do seguinte modo:
Eixo das idades
 Em ordenada
Eixo do tempo
 Em abcissa (anos de observação)
Eixo das gerações
 Em digonal (linhas da vida)
Superfícies
 Onde devem ser inscritos os acontecimentos (quadrados e triângulos)
Linhas
 Onde devem ser inscritos os efectivos observados num dado momento
Momentos de observação
 No cruzamento dos 3 (instantânea, contínua, retrospectiva)
• Trata-se de um diagrama onde no eixo OX (abcissas) se marcam os anos civis (1940, 1930,
etc) e no eixo OY (ordenadas) se marcam as idades dos indivíduos.
• No eixo OX, traçam-se linhas verticais, paralelas ao eixo OY, que marcam simultaneamente o
fim de um ano civil e o inicio do próximo - são as rectas do 31 de Dezembro ou do 1º de
Janeiro.
• No eixo OY, traçam-se linhas horizontais, paralelas ao eixo OX  são as rectas das idades
exactas (0 – nascimento)
• A escala escolhida para marcar a amplitude entre as rectas do 31 de Dezembro é a mesma das
rectas que marcam as idades exactas permitindo assim o aparecimento de um conjunto de
quadrados.

23
24
• Existem diversos tipos de taxas:
Taxas brutas –
 É uma medida grosseira que relaciona o total de acontecimentos observados
num determinado período (normalmente um ano) com a população nesse
mesmo período
 Vantagens
 Rapidez de cálculo e necessitar de muitos poucos dados
 O grande inconveniente resulta de ser um índice muito grosseiro e
inadequado para distinguir a influência das frequências e das estruturas na
mudança do volume populacional
 Deve-se evitar: populações estimadas e trabalhar com um só ano
Taxas definidas em função das idades ou dos grupos de idades
 Aplica-se exactamente o mesmo raciocínio das taxas brutas, com as
mesmas precauções
 Apenas se diferenciam no facto de serem calculadas por idades ou por grupos
Taxas definidas em função da população de referência
 Calculam-se as taxas por idades, ou grupos de idades, onde os numeradores
são os mesmos do caso anterior
 No denominador, ou se coloca a população média ou o efectivo, submetido a
um mesmo acontecimento de origem.

Capitulo VI
Análise da mortalidade

Introdução
• As investigações sobre a mortalidade enquanto fenómeno social gravitam em torno de três
eixos fundamentais:
Caracterização do declínio observado na época contemporânea
 Não se observou em todos os países ao mesmos tempo, nem com a mesma
velocidade
Estudo dos factores responsáveis por esse declínio
 Factores educacionais
 Factores sanitários
 Factores médicos
 Factores económicos
 Factores sociais
Identificação das diferenças observadas entre determinados grupos
 A mortalidade não é democrática
 Existe uma enorme desigualdade perante a morte
 Tem havido um declínio da mortalidade infantil

As taxas brutas da mortalidade enquanto medidas elementares da mortalidade geral


• O processo mais simples que existe para medirmos o nível da mortalidade geral consiste em
dividir o total de óbitos observados num determinado período pela população média (Ex.: 9076
óbitos : 1.428.082 habitantes = 6,36%)
• A TBM (taxa bruta da mortalidade) não tem em conta a estrutura etária da população
• Os 2 factores intervenientes nas taxas brutas são:
Modelo
 A variação entre modelos significa a existência de diferentes riscos de
mortalidade
Estruturas
 Diferenças entre estruturas (maior ou menor envelhecimento demográfico)
são alheias à análise da mortalidade
• A taxa bruta é a soma de produtos das estruturas relativas de cada idade pelas taxas nessas
mesmas idades
• A mortalidade tem um modelo único que tem a forma de um «U»
• A mortalidade por idades e por grupos de idades

25
Dividem-se os acontecimentos observados entre as idades exactas, pela população
média existente entre essas mesmas idades

A Taxa da Mortalidade Infantil Clássica


• Está relacionada com os óbitos com menos de 1 ano de vida
• Bom indicador da saúde das populações
Óbitos médios com menos de 1 ano de idade (1990 + 1991/2)
-----------------------------------------------------------------------------* 1000 = T.M.I.C. 90/91
Nascimentos médios (1990 + 1991/2)

• Causas que originaram a Mortalidade Infantil


Endógenas
 São as consequências de deformações congénitas (que nascem com o
individuo), de taras hereditárias ou de traumatismos causados pelo parto.
 Estes óbitos ocorrem normalmente durante o primeiro mês, em particular nos
primeiros dias
 A Taxa de Mortalidade Infantil Endógena  obtém-se dividindo o total
de óbitos endógenos pelos nascimentos.
Exógenas
 Estão ligados a causas exteriores (doenças infecciosas, subalimentação,
cuidados hospitalares insuficientes e acidentes diversos)
 Estes óbitos ocorrem após o 1º mês
 A Taxa de Mortalidade Infantil Exógena  obtém-se dividindo o total de
óbitos exógenos pelos nascimentos
A TMIC (taxa de mortalidade infantil clássica) é igual à TMIE (taxa de mortalidade
infantil endógena) + a TMIE (taxa de mortalidade infantil exógena)
• Existem outros tipos de taxa que são muito utilizados como indicadores do estado sanitário
de uma população:
Taxa de Mortalidade Neonatal
 Obtém-se dividindo os óbitos de crianças com menos de 28 dias de vida
pelos nados-vivos.
Taxa de Mortalidade Neonatal Precoce e a Taxa de Mortalidade Neonatal
Taxa de Mortalidade Pós-Neonatal
 Obtém-se dividindo os óbitos com 28-365 dias pelos nascimentos.
Taxa de Mortalidade Fetal Tardia ou Mortinatalidade
 Obtém-se dividindo o nº de fetos-mortos com 28 ou mais semanas de
gestação pelos nascimentos
Taxa de Mortalidade Pré-Natal
 Obtém-se dividindo os óbitos pré-natais (óbitos fetais tardios e óbitos
neonatais precoces) pelos nascimentos
Taxa de Mortalidade Feto-Infantil
 Otém-se dividindo os óbitos fetais tardios mais os óbitos com menos de um
ano pelos nascimentos.
• Mortalidade por meses
Existem vários métodos:
 O método das proporções (ou percentagens)
 O método das taxas mensais.
 O método dos nº proporcionais
• Mortalidade por causas de morte
No estudo da mortalidade por causas podem utilizar-se os mesmos indicadores da
mortalidade geral:
 Taxas brutas
 Taxas por idades
 Taxas estandardizadas
Em geral, os resultados são apresentados multiplicando os resultados obtidos por
cem mil ou por dez mil para dar mais visibilidade aos resultados obtidos.

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O Princípio da estandardização: O método da população-tipo
• Para se aplicar o princípio da estandardização podemos socorrer-nos de vários métodos, sendo o
principal a
Estandardização directa
 A sua aplicação implica um correcto cálculo de taxas por idades (ou grupos
de idade) entre idades exactas.
 Devemos fazer coincidir, sempre que possível, a população média com a
população de um recenseamento e evitar trabalhar com um único ano de
forma a eliminar as flutuações aleatórias e os erros

Tábua de Mortalidade A Esperança de Vida


• A esperança de vida à nascença é um indicador importante da mortalidade
• Se as condições de saúde se alterarem , a esperança de vida não coincide com a esperança de vida
numa determinada idade ou mortalidade média
• Diz respeito a um determinado momento no tempo, mas respeitante ao futuro
• É a partir da Tábua de Mortalidade que se encontra a esperança de vida

O Princípio da Translação: A construção das Tábuas da Mortalidade


• Com este princípio procura-se estimar a intensidade (mede o nrº de acontecimentos por
pessoa)e o calendário (mede a repartição dos acontecimentos no tempo) a partir das
frequências calculadas em transversal
• O ponto de partida de uma Tábua de Mortalidade é o cálculo das taxas de mortalidade por
grupos etários e sexos separados
• É necessária a informação sobre óbitos por grupos etários, efectivos por sexos separados
• As funções de uma Tábua da Mortalidade são as seguintes:
1ª coluna  é a das idades
2ª coluna  estão as taxas de mortalidade entre idade xc e x + n
3ª coluna  probabilidade de morte (nqx), entre a idade exacta n e a idade exacta x
+ n, onde n é a amplitude dos grupos de idade
4ª coluna  probabilidade de sobrevivência entre as idades exactas x e x + n e que é
igual a nPx = 1-nqx
5ª coluna  Os sobreviventes em cada idade exacta x (1x)
6ª coluna  distribuição dos óbitos por idades ou grupos de idades
7ª coluna  nrº de anos vividos pelos sobreviventes 1x entre duas idades ou
sobreviventes em anos completos
8ª coluna  probabilidade de sobrevivência entre 2 anos completos ou entre 2
grupos de anos completos
9ª coluna  Total de anos vividos pela coorte (fictícia) depois da idade x
10ª coluna  Esperança de vida

Métodos indirectos de medida da mortalidade - O caso específico das tábuas - Tipo de mortalidade
• Um dos métodos indirectos mais utilizados no estudo da mortalidade é o das tabuas-tipo de
mortalidade.
• Os quatro modelos de mortalidade mais utilizados são os seguintes:
As tábua-tipo de mortalidade das Nações Unidas
As tábuas-tipo de Ledermann
As tabuas-tipo de Brass
As tabuas-tipo de Princeton (3 versões) - têm dois parâmetros. São constituídas por
quatro modelos regionais de mortalidade, identificados com uma zona geográfica
precisa:
 Modelo norte - aplicam-se aos países com elevados níveis sanitários.
 Modelo sul - aplicam-se aos países com muito boas condições sanitárias.
 Modelo este -
 Modelo oeste - aplica-se a todos os países em vias de desenvolvimento
 A utilização prática das tábuas é feita da seguinte maneira:
 Escolhe-se a família que mais se aproxima do modelo de
mortalidade da população a estudar
 No seio da família seleccionada escolhe-se o nível de mortalidade
que melhor corresponde ao observado nessa mesma população

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 O diagnóstico é feito com base na taxa de Mortalidade Infantil e na
eo

Conclusão
• Quando analisamos o fenómeno da mortalidade, a primeira coisa em que temos de pensar é
que as probabilidades de morte de cada indivíduo dependem das suas características biológicas
e das condições em que ocorre a sua existência, ou seja, do seu modo de vida.
• Numa probabilidade de morte existem factores intrínsecos e factores derivados do meio.

Capitulo VII
Análise da natalidade, fecundidade e nupcialidade

Introdução
• A principal característica da natalidade no século XX é o seu declínio, declínio esse que é, em
geral, posterior ao da mortalidade.
• Se a diminuição dos níveis de mortalidade na maior parte dos países desenvolvidos é anterior
ao nosso século, o mesmo não acontece com a natalidade, cujo declínio ocorre praticamente
no século XX.
• Na maior parte dos países africanos, o declínio ainda não ocorreu
• As causas deste declínio são várias: factores biológicos, relações sexuais, leis e costumes, viuvez
e abstinência, aborto, contracepção, etc
• A natalidade e a fecundidade aparecem muitas vezes empregues como sendo palavras
sinónimas, quando têm um significado completamente diferente:
Natalidade
 Mede a frequência dos nascimentos que ocorrem no conjunto da população
total de um pais.
Fecundidade
 Mede a frequência dos nascimentos que ocorrem num subconjunto
específico - as mulheres em idade de procriar
 Existem determinantes directos e indirectos que influem na fecundidade:
 Indirectos  educação/escolaridade
 Directos  métodos contraceptivos

As taxas brutas enquanto medidas elementares de análise da natalidade e da


fecundidade
• O processo mais simples que existe para medirmos o nível da natalidade consiste em dividir o
total de nascimentos num determinado período pela população média existente nesse mesmo
período
• A Taxa Bruta de Natalidade (T.B.N.)é um instrumento de análise muito grosseiro que isola
muito rudimentarmente os efeitos de estrutura:
Nascimentos
TBN = --------------------------------- * 1000
População total (média)
• Existe a necessidade de se recorrer a outros métodos que isolem numa forma menos elementar o
verdadeiro modelo da natalidade.
• Há que relacionar os nascimentos directamente com a parte da população em que eles ocorrem:
a população feminina no período fértil (por convenção, dos 15 aos 49 anos).
Podemos redefinir as Taxas de Fecundidade Geral (T.F.G.) como sendo uma
soma dos produtos das estruturas relativas em cada grupo de idades do período
fértil das mulheres, pelas taxas nesses mesmos grupos de idades:
Nascimentos
 T.F.G. = --------------------------- * 1000
Mulheres 15-49
• Tanto na TBN como na T.F.G., devemos ter sempre em conta as mesmas precauções:
Fazer coincidir a população média com o recenceamento
Calcular as taxas em números pares de anos
• As Taxas de Mortalidade possuem um modelo em forma de “U”. As de Fecundidade possuem

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um modelo único que tem a forma de um «chapéu»:
Os valores partem de 0 no grupo 0-15 anos de idade
A partir dos 15 anos, a fecundidade é crescente até atingir um máximo entre os 20 e
os 35 anos
A partir deste máximo, a fecundidade diminui até atingir de novo o valor 0 por volta
dos 50 anos.

• A representação gráfica é muito importante neste tipo de análises, mas nem sempre é
suficiente.
• Esta informação deve ser completa com o cálculo do calendário, ou a Idade Média da
Fecundidade (IMF) e com a Variância das Taxas de Fecundidade (VTF).
• Taxa Bruta de Reprodução (TBR)
Consiste no nrº médio de filhas
• Taxa Líquida de Reprodução (TBR)
Consiste na multiplicação das taxas de fecundidade geral pelas probabilidades de
sobrevivência

Tipos particulares de Natalidade e Fecundidade


• A fecundidade por idades e por grupos de idades -
• A fecundidade dentro do casamento
• A fecundidade fora do casamento
• A natalidade por meses

O Princípio da Estandardização
• Com este princípio procura-se manter o efeito das estruturas constantes
• Separaremos os dois princípios fundamentais de análise:
O método da população-tipo ao estudo da fecundidade  é o mais utilizado
 No caso especifico da natalidade e da fecundidade, uma aplicação particular
do método das taxas-tipo é muito utilizada, não só em Demografia Histórica,
como em todos os casos em que os dados são escassos
Os índices de Coale  as taxas das mulheres Hutterite  necessitam de poucos
dados, apenas do total de nascimentos no interior do casamento e fora do casamento,
bem como das estruturas da população por idades, sexo e estado civil.
 Foi fundamentalmente devido ao facto de não necessitarem do
conhecimento dos nascimentos por grupos de idades, que estes índices
tiveram um grande sucesso. Apresenta três índices:
 O 1º é o Im  um indicador de nupcialidade
 O 2º é o Ig  um indicador de fecundidade no interior do
casamento (antiga fecundidade legitima).

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 O 3º é o Im  im indicador de fecundidade do casamento (antiga
fecundidade ilegítima).

O Princípio da Translação
• Com este princípio procura-se estimar a intensidade e o calendário a partir das frequências
calculadas em transversal. Aplica-se o método da coorte fictícia, que consiste em transpor os
fenómenos que se observam num determinado momento do tempo para uma coorte imaginária

Análise da Nupcialidade e do divórcio: as taxas brutas enquanto medidas elementares


de análise
• A nupcialidade não é uma variável demográfica autêntica, na medida em que o seu aumento
ou a sua diminuição não afectam directamente a dinâmica populacional.
• É uma variável que apenas intervém na dinâmica populacional indirectamente através da
fecundidade, se bem que, neste inicio de século, é cada vez mais acentuada e generalizada a
tendência, em particular nos países desenvolvidos, para a separação entre os comportamentos
da nupcialidade e da fecundidade
• O seu método consiste em dividir o total de casamentos observados pela população média
Exemplo:
Casamentos: 72330 População total média: 9 675 573

T.B.Nup. = 72330/9675573 * 1000 = 7,48%


• Outras taxas de Nupcialidade
Taxa de Nupcialidade geral
Taxa de Nupcialidade geral dos solteiros
Taxa de Nupcialidade por idades ou grupos de idades e sexos
Taxa de Nupcialidade por ordem
Taxa de segundos casamentos
Taxa Bruta de Divórcio
Taxa Bruta de Viuvez

Conclusão
• Tal como acontece com a mortalidade, a existência de diferentes níveis de fecundidade nas
populações humanas é o resultado da confluência de um diversificado nº de factores da mais
diversa natureza.
• As etapas mais importantes do ciclo de vida familiar, segundo Vinuesa, são as seguintes:
Fase da criação  começa com o casamento e acaba com o nascimento do 1º filho
Fase da expansão  desde o nascimento do 1º filho até ao nascimento do último
Fase da estabilidade  desde o nascimento do último filho até à saída do 1º filho
de casa
Fase do declínio  desde a saída do 1º filho de casa até à saída do ultimo filho
Fase do lar vazio  desde a saída do ultimo filho até à morte de um membro do
casal
Fase da extinção  desde a morte do 1º membro até à morte do último

Capitulo VIII
Análise dos movimentos migratórios

Introdução
• Os movimentos migratórios são de natureza diferente e integram a outra componente do
crescimento total de uma população, a qual, em conjunto com o crescimento natural,
determina a dinâmica de crescimento de um país ou de uma região
• Migrações
Conjunto de deslocações no espaço físico de indivíduos, seja qual for a duração e a
distância entre as deslocações
• O crescimento migratório abrange três situações distintas:
A emigração  saída da unidade espacial de observação para um país diferente.

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A imigração  entrada na unidade espacial de observação de pessoas de um país
diferente.
As migrações internas  entrada e saída na unidade espacial de observação,
provenientes de outras unidades espaciais de um mesmo país
• As suas variações no tempo e no espaço dependem de factores sócio-económicos complexos
internos e externos
• Estes movimentos são difíceis de controlar
A mobilidade espacial é a capacidade de as pessoas se deslocarem no espaço, as migrações implicam a
mudança do lugar de residência.
• Se a população apenas evoluísse com os que nascem e morrem, essa evolução seria muito
lenta
• O saldo natural ou dinâmica natural, é um indicador da taxa de crescimento que só entra
em consideração com estas duas variáveis

A dinâmica populacional
• Considerando também os movimentos migratórios, temos:
Dinámica Total (dinâmica natural + dinâmica migratória)
Taxa de Crescimento anual médio total/global

Taxas de crescimento
• Taxa de Crescimento Anual Média
Taxa de Crescimento Anual Médio Natural (saldo natural) + Taxa de
Crescimento Anual Médio Migratória (saldo migratório)

Diferença entre as saídas e as entradas (emigração/imigração)


• Taxa de Crescimento Migratório
Imigração – Emigração
• Taxa de Crescimento Anual Médio Total
Taxa de Crescimento Anual Médio Natural + Taxa de Crescimento Migratório

Os Métodos Directos de Análise dos Movimentos Migratórios


• Estes métodos, como o próprio nome indica, são os que utilizam directamente os dados
disponíveis  Utilizam as Taxas Brutas
T. Bruta Emigração = Emigração / População * 1000
T. Bruta Imigração = Imigrantes / População * 1000
T. B. Migração Total = (Emigrantes + Imigrantes) / População * 1000
• O problema dos movimentos migratórios são os dados estatísticos que são muito incompletos

Os Métodos Indirectos de Análise dos Movimentos Migratórios


• Os métodos indirectos, como o próprio nome indica, servem para estimar a intensidade e a
direcção dos movimentos migratórios quando estes não são passíveis de ser medidos
directamente
• Os mais conhecidos são:
Método da equação de concordância
O método da população esperada
 Comparar os grupos de idades dos efectivos recenseados em dois momentos
do tempo, t e t + n

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