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MONÓLOGO DE PÁSCOA Ep02 - O TEMPLO

Eu ... Eu não posso negar. Eu o vi. Um dia enquanto orava eu tive uma revelação, e
algo sobrenatural me foi revelado. Eu fui visitado pelo Espírito Santo de Deus que
trouxe algo bem claro ao meu coração, eu, Simeão, veria o Messias antes da morte. O
Filho de Deus, o salvador do mundo, eu o veria. Eu o teria em meus braços, aquele que
iria consolar o meu povo, e o que eu poderia fazer? Apenas orar, apenas continuar
orando. Minha maior expectativa realmente era a chegada do auxílio divino a Israel, eu
esperava a consolação e me foi prometido o próprio Cristo. Eu o veria. Eu recebi a
revelação. Um dia, eu fui acordado pelo espírito, que me levou ao templo em Jerusalém,
eu não sentia como quem caminhava, na verdade... Eu sentia como... Eu sentia como
sendo levado por Ele, guiado pelo Espírito, nas asas do Espírito, havia ali alguns pais
com seus filhos cumprindo os ritos cerimoniais da lei de Moisés.
"- Todo menino primogênito será consagrado a Deus."
E foi então... E foi então que eu o vi. Eu vi aquela mulher agraciada, trazendo em seus
braços o filho do próprio Deus, o soberano. Os meus olhos viram a salvação,
contemplaram a luz da aurora, a revelação de Deus, a glória de Israel. Em meus braços
o menino que para muitos, eu sei, marcaria o fracasso, mas que para tantos outros será
motivo de júbilo e graça. Ele será mal compreendido, ele será alvo de contradição, mas
a rejeição revelará quem de fato possui integridade. Os meus olhos viram o senhor, eu
posso ir em paz, porque os meus olhos viram o Senhor.
MONÓLOGO DE PÁSCOA Ep01 - A FESTA

Eu me lembro de ter vindo a Galiléia ainda novo. E eu a conheci na festa das cabanas,
me apaixonei na mesma hora em que eu a vi, eu quis me casar com ela. Falei aos meus
pais... Nós não tínhamos muito dinheiro, não havia condições para uma festa grande. O
gado havia morrido, mas parece que o amor falou mais alto, sabe? Eu conversei com os
meus pais. Eles viram realidade em nós. Então resolvemos nos casar... Em Caná, na
Galiléia. Um pouco antes da Páscoa. E tudo pareceu caminhar... Tudo pareceu caminhar
e a se resolver como se fosse um milagre, sabe? Um milagre. Meus pais conheciam José
e Maria de há muito... E o filho deles. O maravilhoso filho deles. Nós convidamos eles e
os amigos do filho. Eles se divertiam, casamento, festa. Ele parecia celebrar o amor, ele
nos olhava com um olhar diferente como se fosse da família, mas não havia muito
dinheiro e aquilo me preocupava, até que o pior aconteceu... Acabou o vinho. No meio
da festa. Eu não o conhecia bem, eu... Eu não sabia bem quem era aquele homem, eu
não o conhecia no íntimo. Me preparava para ser motivo de escárnio, de zombaria. Um
casamento sem vinho? Não haveria alegria naquela união. Mas quando dei por mim...
Maria conversava com os serviçais. Jesus estava ali. Jesus estava ali. Eles trouxeram
então alguns potes de pedra desses usados pelos judeus nas purificações cerimoniais. E
Jesus mandou que enchessem os potes com água. (RISOS) Que loucura ele iria fazer? O
encarregado da festa me chamou... E eu lembro bem das palavras dele: "Todas as
pessoas começam servindo os vinhos melhores e, quando todos já beberam bastante,
servem os inferiores. Mas você deixou o melhor pro final." O primeiro sinal dele foi no
meu casamento. Os potes de purificação com água, agora tem vinho. Eu ouvi dizer as
multidões: " A minha carne é verdadeira comida, o meu sangue é verdadeira bebida." O
sangue. O vinho. A água. Os potes de purificação agora tem vinho. A purificação agora
viria pelo sangue. O sangue de Jesus.
MONÓLOGO DE PÁSCOA Ep03 - O POÇO

Eu já contei essa história tantas vezes que todos de Sicar já sabe sobre ele. Eu me
lembro como se fosse hoje, nem parece que já passaram dois anos, fui buscar água no
poço de Jacó, como de costume. O calor escaldante... Eu sempre vou depois das outras
mulheres porque não gosto de ouvi-las falando sobre mim. Ainda que isso me exija
mais trabalho, porque o nível de água abaixa. Eu prefiro estar longe. Mas naquele dia,
havia alguém ali. Ele estava sozinho, o que era estranho. Estava assentado como que
procurando... Procurando uma sombra. Em plena hora sexta! Todos sabem que não há
refrigério essa hora, em que o sol está mais alto. Mas ele estava lá. No lugar errado, na
hora errada. Dava pra perceber que ele vinha de longe. Suas roupas, a poeira que o
cobria. Devia ser Judeu. Estava na cara de que era Judeu. E os Judeus não falam com os
samaritanos. Mas... Ele falou comigo. Me pediu água. Eu fiquei confusa, ele não
poderia falar comigo. Então ele disse que... Se eu o conhecesse, e se conhecesse o dom
de Deus, eu pediria água e ele me daria água viva. Água viva. Quem bebesse água
daquele poço, voltaria a ter sede, mas quem bebesse da água que aquele judeu tinha, da
água que Jesus tinha, jamais teria sede outra vez, porque se tornaria uma fonte a jorrar
para a vida eterna. Então eu pedi. Eu pedi daquela água. Foi então que... Foi então que
ele me disse pra chamar meu marido. Eu disse que não tinha marido. E antes que eu
pudesse me justificar, ele já sabia de tudo. Ele me conhecia. Eu tive cinco maridos, e o
homem com quem eu estava não era meu marido. Finalmente um profeta! Depois de
400 anos sem nenhum, eis que estava ali na minha frente. Um profeta! Nós, mulheres
samaritanas, não tínhamos acesso aos mestres e eu tinha muitas dúvidas. Perguntei a ele
sobre adoração, sobre templo, tradição, sobre o lugar para se adorar. Ele me falou sobre
a adoração verdadeira. Diferente de tudo que eu já tinha ouvido, que chegaria a hora. E
que na verdade já havia chegado. Em que os verdadeiros adoradores adorariam ao pai
em espírito e em verdade. E é isso que importa. Ele me foi revelado. "Eu sou o
Messias", ele disse. " Sou eu quem falo contigo." Eu não pude me conter. Eu corri!
Corri! Eu gritava pra todo mundo que o Messias havia chegado. Meus irmãos, os
vizinhos, pessoas da cidade. Eles o viram. E todos nós cremos que ele é realmente o
filho de Deus. O Messias, o salvador do mundo! Mas hoje... Mas hoje ele foi. O
salvador do mundo foi. Os judeus estavam em festa. Como manda a tradição. Como
permitiriam que matasse alguém assim em plena celebração de páscoa? Se houve
crucificação... Então o império tem participação nisso. Mas o que ele fez de tão grave
pra ser levado pra cruz? Eu tenho certeza, ele era o Messias! Só poderia ser ele! Ele é
realmente o filho de Deus. O salvador do mundo. Esse não pode ser o fim.
MONOLOGO DE PÁSCOA EP04 - O BARCO

Nós não tínhamos pescado nada naquela noite. Era uma daquelas noites para ser
esquecida. O dia amanheceu e nós limpamos as redes. Uma multidão vinha em nossa
direção. Eu não entendi. Mas a frente deles vinha um homem diferente, eu o vi. Ele
entrou no meu barco e pediu pra eu afastá-lo da areia. As palavras dele tinham
autoridade, mas elas traziam um conforto que eu não conseguia entender. Ele era
diferente. "Vá para mais fundo, lance as redes ali". Nós já havíamos pescado a noite
inteira e não tínhamos pegado nada. Mas... As palavras dele tinha autoridade. Nós
lançamos as redes. Olha, eu conheço meus instrumentos de trabalho. Sabia que aquela
rede era forte, mas elas quase arrebentaram. Nunca tínhamos pescado tanto peixe como
naquele dia. Nós voltamos para a praia com o barco cheio. Eu sabia que havia algo de
divino nele. Eu queria que ele se afastasse, eu não podia lidar com isso. Eu sou um
pecador! Eu sou um pescador! "Ah, Simão Pedro, não tenha medo, você será pescador
de homens." Ele falava do reino, da missão. Fazia maravilhas, pessoas eram curadas,
perdoadas, pessoas mortas ressuscitavam. Nos víamos a manifestação do seu poder. Ele
era o próprio Deus. Um dia, pode parecer loucura, ele nos enviou a Genesaré, onde iria
nos encontrar. Nós fomos de barco, mas parece que ele resolveu ir andando. Sobre as
águas. Era um vulto, um fantasma. Eu queria ter certeza que era realmente ele. Ele
disse: "Vem". Eu desci do barco e andei sobre as águas. Eu caminhei na direção dele.
Mas imagina que loucura. As ondas, as águas... Eu olhei para tudo aquilo a minha volta
e eu senti medo. Eu senti medo. Logo eu. Eu afundei. No meio dos meus medo eu
afundei, da minha ansiedade, da minha impossibilidade humana eu afundei. Eu sou
humano! Mas ele é Deus! Ele me pegou pela mão. Eu jamais vou esquecer desse dia. Eu
não vou me esquecer de muitas coisas. "Tu espera, sobre ti edificarei minha igreja." Ele
falava de sofrimento, injustiça, dor, morte, traição. Eu não podia aceitar isso. Um dia
antes da festa de páscoa ele pediu para eu e João prepararmos a ceia. E ali mais uma vez
ele falou de traição. Seria a última ceia dele, sua morte estava próxima. Eu morreria
com ele! Eu entregaria a minha vida por ele, mas eu... Mas eu o neguei. Eu tive medo
mais uma... Mais uma vez. Nós fomos orar com ele no jardim, como sempre fazíamos.
Eu lembro da chama das tochas dos soldados por entre as árvores. A luz reluzente. O
medo veio sobre nós, os soldados o levaram. Eu tentei apartá-los, eu tentei feri-los. Mas
Jesus era médico. Estava calmo, curou aqueles que faziam mal a ele. Eles o levaram.
Ele foi julgado, foi condenado, e foi morto, e morte de cruz. Dias depois de sua morte,
nos sentíamos medo. Estávamos reunidos, com as portas trancadas. Com medo,
assustados com as notícias. Enclausurados, portas fechadas. Mas mesmo com tudo
fechado, Jesus entrou! "Paz seja com vocês." Ele disse. Não há impossibilidade pra ele.
Eu... Eu voltei a pescar. Eu queria esquecer aquilo, esquecer aquilo tudo, eu queria
voltar pra minha vida. Eu tive medo mais uma vez. Abandonei tudo. Voltei para aquilo
que eu fazia antes, voltei a fazer aquilo que eu era especialista. E mais uma vez em cima
do barco, lançando as redes e não pegando nada, ele aparece. "Lance as redes para o
outro lado." Ele mandou. Nos obedecemos. Nós somos totalmente dependentes dele. A
ordem que ele nos deu foi ir, fazer discípulos, pregar a sua palavra. Ele nos prometeu
um consolador. Subiria aos céus e retornaria ao seu pai. Mas prometeu que voltaria. Eu
vivi tudo isso com ele. Eu vi o Senhor. Ele ressuscitou. Ele está vivo. Ele vai voltar. Eu
vi Jesus.

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