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Carlos E.

de Almeida

Bases Físicas de um Programa


da Garantia da Qualidade em IMRT

Rio de Janeiro
CEBIO/UERJ
2012

1
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CB-A

B299 Bases físicas de um programa de garantia da qualidade em IMRT / Editor


científico: Carlos Eduardo de Almeida. – Rio de Janeiro: Centro de
Estudos do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes /UERJ, 2012.
il.; 259 p.

ISBN 978-85-65929-00-4

1. Radioterapia. 2. Radioterapia (Especialidade). 3. Radioterapia de


intensidade modulada. 4. Planejamento da radioterapia assistida por
computador. 5. Radiação – Dosimetria. 6. Almeida, Carlos Eduardo de.

CDD 615.842
CDU 615.849

2
Nota do Editor.

O Editor e os autores não podem ser responsáveis


pelo mau uso ou interpretação das informações
contidas neste documento. A ABFM, o Editor e
autores não endossam nenhum produto, fabricante
ou fornecedores mencionados no texto, portanto
nada deste documento deve ser interpretado desta
forma.

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Autores e Colaboradores:
Alfredo C. Siochi, Ph.D. Delano V. S. Batista, M.Sc., Físico
University of Iowa Instituto Nacional de Câncer
Hospitals and Clinics Serviço de Física Médica
USA Rio de Janeiro

Aluísio de Castro, Físico. Daniel Venencia M. Sc., Físico.


Departamento de Radioterapia Instituto de Radioterapia – Fundación Marie Curie
Hospital Quinta D’Or Córdoba – Argentina
Rio de Janeiro
Edilson Lopes Pelosi, Físico.
Anselmo Mancini, Físico. Radioterapia do Hospital Sírio Libanês
Departamento de Radioterapia Radioterapia do ICAVC
Hospital Sírio-Libanês São Paulo
São Paulo
Felipe Erlich, Médico.
Andre M. Vieira, D.Sc., Físico. Instituto Nacional de Câncer
Hospital Israelita Albert Einstein Departamento de Radioterapia
São Paulo Rio de Janeiro

Arthur Accioly Rosa, Médico. Fernando Freire, Médico.


Médico Assistente dos Serviços de Radioterapia do Hospital Sírio Libanês
Radioterapia do Hospital São Rafael Radioterapia do ICAVC
Hospital Português da Bahia São Paulo

Carlos Eduardo de Almeida, Ph.D. Físico. Helio Salmon, Físico.


Professor Titular em Física Médica Departamento de Radioterapia,
Laboratório de Ciências Radiológicas- LCR – UERJ. COI-Clínicas Oncológicas Integradas.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Guilherme Pavan, Físico.
Carlos Manoel Araújo, D.Sc., Médico. Departamento de Radioterapia,
Instituto Nacional do Câncer COI-Clínicas Oncológicas Integradas.
Departamento de Radioterapia Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Márcio Reisner, D.Sc., Médico.
Cecília Maria Kalil Haddad, Física. Departamento de Radioterapia,
Serviço de Física Médica COI-Clínicas Oncológicas Integradas.
Departamento de Radioterapia do Hospital Sírio Libanês Rio de Janeiro
São Paulo
Ieda N. Fernandes Horst, Física.
Claudio H. Sibata, Ph.D. Hospital Angelina Caron – Clinirad
Director, Physics Quality Control Curitiba
21st Century Oncology
USA
João Luís F. da Silva, Médico.
Departamento de Radioterapia
Cleverson P. Lopes, Físico. Hospital Sírio Libanês
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo
Atualmente na VARIAN
São Paulo
José Carlos Gasparin Pereira, Médico.
Hospital Angelina Caron – Clinirad
Curitiba

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José Carlos da Cruz, D.Sc., Físico Robson Ferrigno, D.Sc., Médico.
Hospital Israelita Albert Einstein Hospital Israelita Albert Einstein,
Oncologia - Radioterapia Instituto do Radium de Campinas e
São Paulo Hospital Nossa Senhora de Lourdes.
São Paulo
Juan Fernando Delgado Viteri, M.Sc. Físico.
Centro de Cáncer Ronaldo Cavalieri, Médico.
Pontificia Universidad Católica de Chile Departamento de Radioterapia,
Chile COI-Clínicas Oncológicas Integradas.
Rio de Janeiro
Laura Natal Rodrigues, D.Sc., Física.
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Silvia Zunino Ph.D., Médica.
Universidade de São Paulo. Instituto de Radioterapia – Fundación Marie Curie
São Paulo Córdoba – Argentina

Pelayo Besa, Médico. Tatiana Midori Martins Telles Alves


Pontificia Universidad Católica de Chile Departamento de Radioterapia
Chile Hospital Sírio-Libanês.
São Paulo
Renato Assenci Ros, D.Sc., Físico.
Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho e Wagner Paniago, Físico.
Centro Paulista de Radioterapia e Oncologia Serviços de Radioterapia do Hospital São Rafael,
São Paulo Hospital Português da Bahia
Salvador
Roberto Sakuraba, Físico.
Hospital Israelita Albert Einstein Wellington F. Pimenta Neves-Junior, Físico.
São Paulo Departamento de Radioterapia
Hospital Sírio-Libanês.
São Paulo
Roberto Salomon de Souza, M. Sc., Físico.
Tecnologista do PQRT- INCA
Instituto Nacional do Câncer Yakov Pipman, D.Sc.,
Rio de Janeiro Emeritus Physicist, Department of Radiation Medicine
North Shore LIJ Health System, New York, USA

Colaboradores:
Antônio Peregrino D.Sc, Ricardo Ochoa M. Sc,
Ivaldo Humberto Ferreira D.Sc

Diagramação:
Azoi Design e Comunicação

Impressão:
Gráfica UERJ

Tiragem:
300 unidades

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Prefácio

Radioterapia por Intensidade Modulada (IMRT) se apresenta como uma modalidade de tratamento moderna
e estabelecida, cujos resultados indicam de forma clara a sua importância na redução da morbidade do
tratamento com reflexos diretos na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. O seu uso envolve uma longa
cadeia de eventos que requer conhecimento, treinamento e manuseio de vários parâmetros físicos além de
uma integração operacional do staff de forma a garantir o sucesso do tratamento.
O sucesso deste método depende da implantação de forma rigorosa e consistente de um programa de
Garantia da Qualidade envolvendo todas as etapas identificadas numa cadeia de eventos. Esta publicação
pretende atender esta necessidade e foi desenvolvida baseada em fontes de informação que acreditamos serem
confiáveis, revistas científicas, manuais produzidos por organizações científicas e livros.
Serão disponibilizadas informações de forma didática com uma base bibliográfica estruturada e atualizada
até esta data, de forma a permitir o acesso às informações mais corretas e estimular uma reflexão sobre o que
estamos nos propondo a fazer.
O Editor agradece aos autores e colaboradores pela dedicação, pronta resposta e em especial a receptividade
às sugestões feitas às suas cuidadosas contribuições e a Presidente da ABFM Cecília Haddad pela confiança
ao nos dar esta tarefa.
Embora tenha sido enviado um roteiro básico para ser seguido para a apresentação dos Casos Clínicos,
cada instituição teve a liberdade de ajustar esta orientação de forma a poder apresentar de forma clara a
metodologia usada em cada Centro. O Editor considerou esta variação como positiva do ponto de vista
didático, permitindo ao leitor avaliar as diferentes metodologias, processos e controles.
Agradecemos desde já aos leitores pela eventual identificação e informação de possíveis equívocos
linguísticos e técnicos de forma a permitir a sua correção na próxima edição.

Carlos E. de Almeida
Editor Científico
Julho 2012

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Mensagem da Presidente da ABFM

A Radioterapia moderna tem seu progresso continuado, de forma sem precedentes, sendo que esta rápida
evolução está relacionada à incorporação de tecnologias na área da Oncologia, principalmente, devido aos
avanços no campo da informática e dos sistemas de imagens.
Equipamentos cada vez mais complexos e sofisticados são necessários não só para a geração de radiações
ionizantes como também para liberar altas doses ao volume alvo buscando preservar os tecidos normais
circunjacentes.
A aceitação e harmonia dos conhecimentos da imagenologia (Tomografia, Ressonância Magnética, PET-
CT), das incertezas associadas ao posicionamento do paciente e ao movimento interno da anatomia, dos
limites de dose dos órgãos de risco, dos algoritmos de otimização, das particularidades envolvidas na entrega
de fluências não uniforme , foram preponderantes para o desenvolvimento desta nova tecnologia.
A radioterapia com intensidade modulada do feixe (IMRT) na verdade acabou se solidificando não como
outro procedimento, mas como um novo processo que depende da interação de radio oncologistas, físicos,
dosimetristas e técnicos, convenientemente treinados para sua implementação.
Não há como negar que apesar de se tratar de uma modalidade de tratamento complexa ela representa o
maior avanço da teleterapia nos últimos 20 anos, e vem se tornando padrão nos grandes hospitais ao redor
do mundo.
No Brasil mais de 30% dos Serviços tem viabilidade para executa-la e a ansiedade dos físicos brasileiros
em se envolver com esta técnica ficou demonstrada em pesquisa entre os associados da Associação Brasileira
de Física Médica – ABFM, na qual a opção preferida foi o estudo sobre a implementação dos procedimentos
em IMRT.
Esta publicação tem por intuito abordar, particularmente para os físicos, os diferentes passos necessários
para a implementação do IMRT, dividida em capítulos, escritos por vários colaboradores. O entusiasmo
transmitido por esta tecnologia torna sua implementação oportuna e necessária no Brasil.
É sabido que devido à natureza emergente e em rápida mudança deste processo, esta publicação não poderá
ser definitiva ou imprescritiva, portanto, seu propósito é orientar e auxiliar os físicos no desenvolvimento e
implementação de um programa IMRT viável e seguro.
Nossos sinceros agradecimentos a todos os autores, revisores e em especial ao editor Dr. Carlos Eduardo de
Almeida, cujo empenho e dedicação definiram a concretização deste documento.

Cecilia Maria Kalil Haddad


Presidente da Associação Brasileira de Fisica Médica

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Sumário

Glossário de Siglas........................................................................................................................................................13

1. Capítulo: Descrição Geral da Técnica de IMRT...........................................................................................15


1.1 Introdução...................................................................................................................................................15
1.2 Considerações iniciais para a implementação de IMRT...........................................................................16
1.3 Planejamentos Inverso e “Forward”.......................................................................................................... 19
1.4 Formas de Utilizar IMRT............................................................................................................................ 24
1.5 Recomendações para a Especificação de Dose e de Volumes................................................................. 30
1.6 Movimento de Órgãos e suas Implicações em IMRT............................................................................... 32
1.7 Referências.................................................................................................................................................. 33

2. Capítulo: Aplicações Clínicas de IMRT........................................................................................................ 35


2.1 Introdução:.................................................................................................................................................. 35
2.2 Definição dos volumes de interesse........................................................................................................... 35
2.3 Indicações específicas................................................................................................................................. 36
2.4 Indicações duvidosas.................................................................................................................................. 43
2.5 Indicações que exigem controle do movimento dos órgãos................................................................... 39
2.6 OARs e seus respectivos “constrains” clínicos........................................................................................... 40
2.7 Etapas práticas do processo de IMRT....................................................................................................... 40
2.8 Anexos......................................................................................................................................................... 41
2.9 Referências.................................................................................................................................................. 42

3. Capítulo: Modelagem Física dos Feixes...................................................................................................... 47


3.1 Introdução a Modelagem Física................................................................................................................. 47
3.2 Recomendações Especiais para o Comissionamento................................................................................ 50
3.3 Validação dos dados do comissionamento............................................................................................... 52
3.4 Referências................................................................................................................................................... 59

4. Capítulo: Aquisição e Fusão de Imagens..................................................................................................... 61


4.1 Introdução:.................................................................................................................................................. 61
4.2 Métodos de arquivo de imagem e suas limitações................................................................................... 62
4.3 Métodos de garantia da qualidade da informação.................................................................................. 62
4.4 Métodos de fusão de imagem.................................................................................................................... 62
4.5 Considerações finais.................................................................................................................................... 70
4.6 Métodos de avaliação de fusão de imagem.............................................................................................. 70
4.7 Referências................................................................................................................................................... 71

5. Capítulo: Bases Físicas do Planejamento de IMRT...................................................................................... 73


5.1 Introdução................................................................................................................................................... 73
5.2 Algoritmos de Planejamento...................................................................................................................... 80
5.3 Seqüenciamento de lâminas e capacidade de administração.................................................................. 88
5.4 Otimização Biológica.................................................................................................................................. 91
5.5 Modelagem do Feixe para IMRT................................................................................................................ 91
5.6 Sistemas de Planejamento de Tratamento Computadorizados............................................................... 94
5.8 Referência.................................................................................................................................................... 96

6. Capítulo: Sistemas de gestão da documentação, registro da informação e segurança............................. 97


6.1 Documentação e Registro de Tratamentos com IMRT em papel............................................................ 97
6.2 Sistemas de Verificação e Registro (V&R)................................................................................................. 99
6.3 Registro, Avaliação e Prevenção de Incidentes....................................................................................... 102
6.4 Aspectos de segurança para aplicação do tratamento........................................................................... 105

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6.5 Transferência de dados: padrão DICOM RT............................................................................................ 108
6.6 Referências................................................................................................................................................. 109

7. Capítulo: Sistemas dosimétricos aplicados a IMRT................................................................................... 111


7.1 Introdução................................................................................................................................................. 112
7.2 Principais características de um sistema de medida............................................................................... 102
7.3 Sistemas de Medidas mais Utilizados...................................................................................................... 114
7.4 Sistemas Adicionais com Potencial de Uso em Programas de Garantia da Qualidade
de Câmaras de Transmisão....................................................................................................................... 136
7.5 Considerações finais.................................................................................................................................. 140
7.6 Referências................................................................................................................................................. 141

8. Capítulo: Dosimetria in vivo em em IMRT……….…….....................………………………................................... 143


8.1 Introdução................................................................................................................................................. 143
8.2 Medidas “In Vivo” em IMRT..................................................................................................................... 145
8.3 Experiência Clínica com medidas “in vivo”............................................................................................. 145
8.4 Conclusão.................................................................................................................................................. 150
8.5 Referências................................................................................................................................................. 151

9a. Capítulo: Considerações Gerais sobre um programa de Garantia da Qualidade me IMRT..................... 153
9a.1 Introdução................................................................................................................................................ 153
9a.2 Radioterapia de Intensidade Modulada................................................................................................. 154
9a.3 Programa Integral de Garantia da Qualidade........................................................................................ 155
9a.4 Controle da Qualidade do Paciente........................................................................................................ 156
9a.5 Conclusões e Recomendações Finais...................................................................................................... 158
9a.6 Referências................................................................................................................................................ 159

9b. Capítulo: Programa de Garantia da Qualidade em IMRT Específico por Paciente.................................. 161
9b.1 Introdução................................................................................................................................................ 161
9b.2 Materiais Necessários para o CQ de IMRT............................................................................................. 162
9b.3 Procedimentos Necessários para Obtenção da Distribuição de Dose Calculada........................... 165
9b.4 Procedimentos Necessários para Obtenção da Distribuição de Dose Medida............................... 171
9b.5 Análise do Resultado do CQ de IMRT................................................................................................. 175
9b.6 Conclusão............................................................................................................................................ 179
9b.7 Referências........................................................................................................................................... 179

9c. Capítulo: Programa de Garantia da Qualidade em IMRT: Exemplos Típicos ......................................... 181
9c.1 Introdução................................................................................................................................................ 181
9c.2 Estudo de casos típicos............................................................................................................................ 181
9c.3 Situações Especiais................................................................................................................................... 195
9c.4 Conclusões e Recomendações................................................................................................................. 198
9c.5 Referências................................................................................................................................................ 198

Casos Clínicos
Caso Clínico 1: IMRT nos Câncer de Antro Maxilar...................................................................................... 199
Caso Clínico 2: IMRT no Cancer da Próstata com Filtros Compensadores Sólidos .................................. 209
Caso Clínico 3: IMRT no Câncer Ginecológico............................................................................................. 219
Caso Clínico 4: IMRT no Câncer do Canal Anal............................................................................................ 225
Caso Clínico 5: IMRT no Tumor de Próstata com MLC................................................................................ 235
Caso Clínico 6: IMRT em Tumores de Orofaringe......................................................................................... 243
Caso Clínico 7: Comparação das técnicas de IMRT Dinâmico e Step&Shoot para um mesmo
Caso Clínico Câncer de Próstata........................................................................................... 251

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Glossário de Siglas:

AAPM – American Association of Physics in Medicine,


AET – Application Entity Title, Título de Entidade de Aplicação,
ASTRO – American Society for Radiation Oncology,
CTV – Clinical tumor volume, volume alvo clínico,
DICOM – Digital Imaging and Communications in Medicine,
DRR – Digitally reconstructed radiograph, radiografia digitalmente reconstruída,
DVH – Dose-Volume Histogram, Histogramas Dose-Volume,
E2ET – End to end test,
FMEA – Failure modes and effects analysis, análise de modos de falha e consequência,
FTA – Fault tree analysis, análise de árvore de erros,
GTV – Gross tumor Volume, volume alvo grosseiro,
ICRU – International Commission on Radiation Units and Measurements,
IGRT – Image guided radiotherapy, radioterapia guiada por imagem,
IMRT – Intensity modulated radiotherapy, radioterapia com intensidade modulada,
ITV – Internal target volume, volume alvo interno ou integrado,
MLC – Multi-leafs colimator, colimador multifolhas,
OAR – Organs at risk, órgãos em risco,
PRV – Planning risk volume, órgãos em risco de planejamento,
PTV – Planning target volume, volume alvo de planejamento,
QUANTEC – Quantitative Analysis of Normal Tissue Effects in the Clinic,
RCA – Root cause analysis, análise de causa raiz,
RFID – Radio-frequency identification, identificação por radiofrequência,
SSD – Source to skin distance, distância foco-pele,
TDS – Treatment delivery system, sistema de entrega de dose (ie.: PrimeView, da Siemens ou o 4D Console,
da Varian),
TMS – Treatment management system, sistema de gerenciamento de tratamento (ie.: Lantis, Aria, MosaIQ etc),
TPS – Treatment planning system, sistema de planejamento de tratamento,
V&R – Verify and Record System, Sistema de Verificação e Registro (ou R&V).

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1

Descrição Geral da Técnica de IMRT


Cecília M. Kalil Haddad e Wellington F. Pimenta Neves-Junior

1.1 Introdução
A radioterapia tridimensional conformada buição de dose com conformidade muito superior e
(3DCRT) tem por objetivo melhorar a eficácia do de acordo com a Figura 1. Esta ferramenta possibili-
tratamento radioterápico utilizando campos de ra- ta a implementação clínica de distribuições de dose
diação cujos formatos são baseados em projeções conformadas em alvos de formato complexo como,
construídas a partir de reconstrução tridimensional por exemplo, regiões côncavas, e assim maximizar
do volume alvo e dos órgãos de risco (OAR). a proteção em tecidos normais adjacentes mostradas
A radioterapia com intensidade modulada (IMRT) na Figura dois. Possibilita também a irradiação con-
acrescenta um refinamento à 3DCRT: a possibilidade comitante de diferentes alvos, com doses diferentes
de variar a intensidade da fluência dentro da área do (técnica Simultaneous Modulated Accelerated Ra-
campo de radiação e, com isso, alcançar uma distri- diotherapy - SMART).

Figura 1. Exemplo ilustrando a diferença entre as técnicas de IMRT e 3DCRT: através da modulação da intensidade, podem ser
produzidas distribuições de isodoses côncavas, alcançando conformidade superior ao alvo (PTV), e maximizando a proteção nos OAR.

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A IMRT representa um paradigma que requer o dose e de otimização, particularidades envolvidas na
conhecimento de imagens de múltiplas modalida- entrega de feixes de intensidade não uniforme entre
des, de incertezas associadas ao posicionamento do outros tópicos. Apesar de ser uma modalidade de
paciente e também ao movimento interno de órgãos, tratamento complexa, ela está sendo cada vezmais
probabilidade de controle tumoral e de complica- aceita, praticada e se tornando padrão nos grandes
ções em tecidos normais, algoritmos de cálculo de hospitais ao redor do mundo [1].

Figura 2. IMRT SMART para irradiação de próstata com dose de 60 Gy e, concomitantemente, toda a pelve com 54 Gy e
linfonodo comprometido (identificado usando PET) com 66 Gy. À esquerda, vista coronal e, à direita, corte sagital, nota-se a concavidade
na isodose produzida, poupando reto e bexiga.

1.2 Considerações iniciais para a implementação de IMRT


A implementação clínica de IMRT requer além de nos esquemas de tratamento. Devem ser considera-
todas as etapas necessárias para execução de 3DCRT, das também mudanças na documentação da pres-
outros passos adicionais ainda mais específicos. crição de dose, dos resultados de planejamentos, dos
Consideração importante deve ser dada para diver- registros diários de tratamento e dos procedimentos
sos pontos como: novos equipamentos (“hardware” de controle de qualidade.
e “software”, i.e.: colimadores multilâminas (MLC), Para alcançar o benefício total da IMRT, to-
algoritmos de otimização e licenças específicas adi- dos os profissionais envolvidos no processo, tais
cionais para o sistema de planejamento e sistema como físicos, radio-oncologistas, dosimetris-
“Verify and Record – V&R” etc), novos instrumen- tas, técnicos, engenheiros e administradores de-
tos de medida e controle de qualidade, espaço físico vem estar treinados de forma adequada, pois a
necessário, recursos humanos, tempo, protocolos e IMRT é um sistema integrado que requer que ca-
procedimentos adicionais de dosimetria e controle da etapa seja tratada com especial atenção [2,3].
de qualidade, treinamento da equipe e alterações

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Para um acelerador já instalado adquirir a fun- a leitura do campo com MLC fechado e a do campo
cionalidade que permita o uso da técnica de IMRT, com MLC aberto. Foi publicado um estudo dosimé-
serão necessárias algumas atualizações e instalação trico de três modelos de MLC disponíveis comercial-
de equipamentos adicionais. A principal delas é a mente, com diferentes valores de transmissão que
instalação de um sistema de modulação de intensi- chegam a ordem de 2% [5].
dade, que pode ser um MLC (terciário, ou substituin- O nível de tolerância das especificações mecâni-
do algum dos colimadores X ou Y, dependendo do cas e dosimétricas também deve ser mais rígido do
fabricante) ou um sistema de blocos compensadores que para os tratamentos convencionais, visto que
(uma opção tecnologicamente mais simples). Em a complexidade da distribuição de dose dos pla-
alguns casos de aceleradores que já possuem MLC, nos de IMRT pode não ser executada corretamente.
mas não com a capacidade de fazer IMRT, normal- Atenção especial deve ser dada para a linearidade
mente são necessárias licenças adicionais e atuali- e repetitividade de dose para irradiações com pou-
zações no sistema de controle do equipamento para cas unidades monitoras (de 4 a 10, principalmente
possibilitar seu uso em modo dinâmico. no caso de IMRT “Step-and-Shoot”) e também para
As características de transmissão do MLC são o controle de qualidade do MLC, verificando cali-
mais importantes para IMRT do que para 3DCRT. bração de posicionamento e controle de velocidade
Com IMRT a dose de tratamento é entregue ao alvo (para o caso de IMRT “Sliding Window”) através de
diariamente por meio de uma combinação de cam- testes específicos [3,4].
pos e subcampos de pequena área, enquanto com Para o planejamento e execução de IMRT são ne-
3DCRT são utilizados campos com o formato do cessários softwares específicos. Os sistemas de pla-
volume alvo. Como resultado, os tratamentos com nejamento (TPS) utilizados para 3DCRT nem sem-
IMRT usando MLC utilizam cerca de 1 a 3 vezes pre oferecem suporte para planejamento de IMRT
mais unidades monitoras que os tratamentos con- e quando oferecem, é necessária a aquisição de um
vencionais, chegando a ser necessário 9 vezes mais conjunto de licenças específicas que possibilitarão
para a modalidade de tomoterapia sequencial. Por- a geração de planos de IMRT. Em muitos casos, es-
tanto, com IMRT as lâminas do MLC protegem uma sas licenças são validas somente para modalidades
maior área do campo por maiores frações de dose do específicas de IMRT (“Step-and-Shoot”, “Sliding
que na 3DCRT, assim é importante caracterizar a ab- Window” etc) e também para modelos específicos de
sorção e transmissão através das lâminas “intraleaf MLC, portanto no processo de compra de um novo
leakage” e também entre lâminas adjacentes (“inter- TPS ou atualização do existente, as licenças e fun-
leaf leakage”), o que pode ser feito utilizando filmes cionalidades devem ser analisadas e discutidas com
radiográficos ou radiocrômicos [1,3]. A transmissão os vendedores com muito cuidado [6]. Além disso,
total do MLC será composto tanto por “intraleaf” devem ser verificados quais os requisitos de “har-
quanto “interleaf leakages” [4]. dware” para a estação de trabalho que será usada
O fator de transmissão da lâmina (“intraleaf le- para planejamento de IMRT, já que os algoritmos
akage”) também pode ser medido utilizando um de- de otimização exigem capacidade de processamento
tector (i.e. câmara de ionização) de tamanho inferior muito maior que a necessária para 3DCRT e também
a largura da lâmina do MLC; posicionando o mesmo o tempo de cálculo de distribuição de dose aumenta
abaixo do centro da uma das lâminas para mini- muito devido à complexidade dos planos.
mizar a influência do vazamento de radiação entre Para execução de IMRT, faz-se indispensável a
lâminas adjacentes e realizando uma irradiação com utilização de um sistema de verificação e registro
o MLC fechado, entregando unidades monitoras su- (“Verify and Record System” – V&R), uma vez que
ficientes para produzir uma leitura significativa no a quantidade de parâmetros enviados à máquina de
detector. O fator de transmissão será a razão entre tratamento que precisam ser verificados em tempo

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real é muito grande, tornando a execução manual radores, por exemplo, tem a capacidade de executar
inviável. Normalmente, os sistemas V&R também planos (campos e segmentos) com unidades moni-
precisam de licenças adicionais específicas para a toras fracionados (resolução de 0,1) e esta caracte-
execução de planos de IMRT, o que deve ser discuti- rística deve ser conFigurada em todos os sistemas
do com o fabricante. para que esta funcionalidade possa ser utilizada.
A integração, conFiguração e compatibilidade Para a integração dos sistemas pode ser necessário
desses diferentes sistemas entre si e com a máqui- incrementar a infraestrutura de redes para permitir a
na de tratamento é algo que deve ser considerado e transferência rápida de arquivos entre os diferentes
avaliado no processo de implementação de IMRT. A programas e a comunicação entre diferentes esta-
máquina de tratamento deve ser conFigurada e mo- ções de trabalho.
delada tanto no TPS quanto no V&R: alguns acele-

t*OTUSVNFOUPTEF.FEJEBF$POUSPMFEB2VBMJEBEF
O comissionamento e controle da qualidade são o controle de cada um dos pacientes que serão tra-
uns dos pontos mais críticos da implementação de tados com IMRT e, portanto, deverão ser adquiridos
IMRT. O fato de serem utilizados múltiplos campos antes mesmo de iniciar o processo de implementa-
pequenos, distribuições de dose complexas e não ção da técnica. O Capítulo 7 apresenta lista de equi-
uniformes e de não ser possível a verificação ma- pamentos mínimos recomendados e uma discussão
nual de unidades monitoras faz com que seja neces- sobre cada tipo suas aplicações e limitações
sária uma instrumentação adicional de dosimetria Durante a fase de comissionamento e aquisição de
e controle de qualidade específica para IMRT, que dados para modelagem do TPS é necessário um siste-
será discutida em detalhe nos capítulos subsequen- ma de varredura de feixe, o qual pode ser terceirizado.
tes deste trabalho. No entanto, recomenda-se ter um sistema semelhante
Todos estes equipamentos serão utilizados para disponível para controle de qualidade periódico.

3FDVSTPT)VNBOPT 5SFJOBNFOUPF$BQBDJEBEFEF"UFOEJNFOUP
Toda a equipe envolvida no processo da radio- durante o processo de planejamento (reduzir dose
terapia deve ser preparada para os novos concei- ou perder cobertura em alvos em favor de órgãos
tos e abordagens técnicas necessárias à execução de em risco, ou aumentar chances de efeito colateral
IMRT: em favor do tratamento). Além disso, devem adap-
t.ÏEJDPT  devem aprimorar a delineação dos tar e desenvolver novos protocolos de tratamento de
alvos e órgãos em risco utilizando inclusive ima- forma a utilizar a técnica o melhor possível.
gens multimodais (RMN, CT, PET-CT, 4D-CT etc) t'ÓTJDPT profissionais que são mais requisitados
uma vez que no processo de otimização do plano tanto na fase de implantação, desenvolvimento da
de IMRT a distribuição de dose será moldada aos técnica, execução e controle da qualidade. Na fase
volumes desenhados reduzindo significativamente o de implantação (comissionamento) existem uma sé-
volume tratado – o que, ao mesmo tempo em que rie de novos conceitos, novos equipamentos, parti-
oferece menor toxicidade potencial, aumenta o risco cularidades e cuidados que devem ser tomados para
de sub-dosagem nos volumes alvo. Os tratamentos a modelagem da máquina de tratamento no TPS, e
de IMRT geralmente são empregados para tratar al- que serão extensamente discutidas neste documento
vos muito próximos a órgãos críticos, desta forma, – esta é uma etapa crítica, pois qualquer erro po-
ambos os tipos de volumes devem ser definidos de de afetar todos os pacientes tratados com a técnica
forma precisa. Os médicos devem também entender até que o mesmo seja corrigido. Uma vez implanta-
as limitações da técnica e as concessões necessárias do, os físicos são responsáveis por garantir que as

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complexas distribuições de dose planejadas sejam, cessárias, no entanto não são suficientes para exe-
de fato, executadas pela máquina, para todos os pa- cução de IMRT, e, portanto, fica clara a necessidade
cientes tratados – o que envolve um conjunto de de treinamento para todos os membros da equipe,
procedimentos de controle da qualidade adicionais o qual deve ser planejado e acontecer com ante-
que devem ser implementados. Portanto, devem ter cedência ao início do processo de implementação
um bom entendimento dos princípios matemáticos da técnica na instituição. Nesta etapa grande parte
de otimização, dos sistemas de entrega de dose con- da responsabilidade é dos fabricantes, que devem
trolados por computador, das questões de dosimetria oferecer diferentes recursos aos consumidores pa-
relacionadas a campos pequenos e complexos, aos ra facilitar ao máximo a implementação. Quanto ao
procedimentos de Garantia da Qualidade (GQ) para método de treinamento, além de aulas e cursos, é
os tratamentos, o conhecimento das incertezas en- muito importante que diferentes membros da equipe
volvidas e o seu impacto no tratamento. façam estágios e vivenciem a experiência de outras
t5ÏDOJDPT  que precisam entender todo o pro- instituições que fazem IMRT. Outro método interes-
cesso e o objetivo do IMRT para estarem engajados sante é requisitar a consultoria de um especialista
na cultura da precisão necessária ao procedimento, com experiência para ajudar no início de processo e
aptos a utilizar os novos sistemas de imobilização nos primeiros casos.
e localização, assim como estar treinados com os Fica claro também que a prática de IMRT signi-
sistemas de verificação e registro (V&R), sabendo fica um incremento na carga de trabalho de toda a
responder a eventos imprevistos (ie.: interrupção de equipe e um aumento no tempo de todos os proce-
tratamento dinâmico, com subseqüente continuação dimentos que envolvem o processo de tratamento
etc). de radioterapia. O tempo de tratamento pode ser
t&OHFOIFJSPT que devem ter um bom entendi- até 50% maior que os convencionais devido às mu-
mento de todos os aspectos do processo de entrega de danças na imobilização do paciente, na localização
dose e dos equipamentos requeridos para execução, do alvo, na entrega da dose e nas verificações do-
inclusive do rigor necessário na calibração do MLC e simétricas. Sendo assim, tanto o número de profis-
o funcionamento de todos os componentes [2]. sionais quanto a capacidade de atendimento devem
ser redimensionados para garantir a qualidade e a
A experiência ganha pela equipe com planeja-
segurança necessárias para este tipo de tecnologia.
mentos e tratamentos com 3DCRT são úteis e ne-

&TQBÎP'ÓTJDPF#BSSFJSBTEF1SPUFÎÍP
A adição de novos equipamentos (dosimetria, Como discutido anteriormente, os tratamentos
GQ, imobilizadores), estações de trabalho (TPS, com IMRT utilizam significativamente mais unidades
V&R, sistema de controle de qualidade etc) e ser- monitoras (1 a 9 vezes, dependendo do sistema), o
vidores de dados, bem como a ampliação da equipe que implica num maior tempo de “beam on” e uma
envolvida pode implicar em grandes modificações necessidade de reavaliar as barreiras de proteção e a
do espaço físico do departamento como um todo, o blindagem da sala de tratamento. No caso de um pro-
que necessita ser planejado para que a rotina seja jeto de nova sala, este impacto deve ser considerado
estabelecida. no cálculo através de metodologias específicas [9].

1MBOFKBNFOUPTi'PSXBSEwF*OWFSTP
Em geral, existem duas formas de gerar planejamen- t1MBOFKBNFOUPi'PSXBSEw
tos de radioterapia com modulação da intensidade do fei- Este método é uma evolução da radioterapia
xe: o método “forward” e o inverso (“inverse planning”).

19
3DCRT: são definidos os campos, ângulos de “gan- ou complementar a dose em regiões descobertas ou
try”, formatos de campos abertos com base na visão ainda proteger algum OAR que esteja naquela dire-
do feixe (“Beam’s Eye View” - BEV) e os pesos de ção de incidência. Uma vez definido o formato do
cada um deles. Uma vez calculada a distribuição de subcampo, basta transferir a ele parte do peso do
dose resultante, são feitos ajustes finos nos pesos, campo aberto original para gerar uma fluência com
ângulos e formatos até que se encontre a melhor 2 níveis de intensidade na incidência em questão
solução possível. A partir daí, no planejamento descrito na Figura 3.
“forward” são aproveitadas as incidências originais O ajuste da proporção dos pesos do campo aber-
e acrescentados subcampos que irradiam parcial- to e subcampo é feito manualmente pelo operador,
mente o alvo, de forma a diminuir pontos quentes num processo interativo até obter o resultado dese-

Figura 3. IMRT Forward. A) BEV de um campo aberto num planejamento com ponto quente no PTV. B) Inclusão de um subcampo
com o objetivo de retirar o ponto quente, cobrindo a região com excesso de dose e distribuição de dose resultante. C) composição
das fluências de campo e subcampo resultando em 2 níveis de intensidade (região de 90% “esfriando” ponto quente).

jado. Dependendo do caso e da habilidade do ope- são necessários altos gradientes. Situações práticas
rador, podem ser utilizados mais de um subcampo de uso são para melhorar a homogeneidade em pla-
numa mesma incidência ou até mesmo subcampos nejamentos de mama, linfomas de Hodgkin, tumo-
em diferentes incidências. res cerebrais Figura 4, etc, inclusive dispensando a
Este tipo de técnica é limitada e altamente de- necessidade do uso de filtros tipo cunha. Esta técni-
pendente da habilidade do operador. Útil apenas em ca pode ser realizada utilizando tanto MLC, quanto
situações com alvos de formatos simples onde não blocos convencionais.

20
Figura 4. Modulação forward em tumor cerebral. À esquerda, plano original de 3DCRT, com região quente em vermelho com dose
superior a 7% da prescrição (60Gy), vista tanto nos cortes quanto no BEV. Ao meio, um subcampo criado na mesma incidência
de um dos campos, porém não irradiando a região quente. À direita, após transferência de parte da contribuição do campo aberto
(primeiro, à esquerda), para o subcampo, melhora-se a homogeneidade do PTV.

t1MBOFKBNFOUP*OWFSTP$MÈTTJDP i*OWFSTF1MBOOJOHw

Para casos de geometria complexa, com alvos de um alvo com concavidade pronunciada (em azul
de formato irregular ou com grandes concavidades, ciano). O método do planejamento inverso utiliza
cercados por muitos órgãos em risco, um planeja- um algoritmo de otimização para determinar o parâ-
mento mais sofisticado como o inverso torna-se metro ótimo de cada um dos feixes que levam a uma
indispensável [10]. distribuição de dose solução mais próximo possível
A Figura 5 mostra uma comparação entre 3DCRT da desejada [11].
IMRT com planejamento inverso para ir radiação

Figura 5. Irradiação de pelve feminina com 45Gy: comparação de IMRT planejamento inverso (linha de cima), versus 3DCRT com 4
campos em box (linha de baixo). Cortes sagitais mostrando PTV em azul claro e bexiga em amarelo e isodoses de acordo com legenda
à direita. Reconstruções 3D mostrando PTV em azul e isodose de prescrição em laranja.

A Figura 6 ilustra todo o processo do planeja- através de pontos no DVH: prescrição de dose no(s)
mento inverso, que tem inicio com definições, por PTV(s) (doses mínimas e máximas pontuais ou em
parte do operador, de parâmetros tais como número frações de volume) e limites de dose para OARs (do-
de campos, ângulos de incidência, energia do fei- ses máximas pontuais e/ou em frações de volume).
xe etc. e também dos objetivos do planejamento A partir daí, o algoritmo constrói uma função obje-

21
tiva com base nos volumes e objetivos de dose defi- de otimização busca minimizar o valor da função
nidos e segmenta (quadricula) cada um dos campos objetiva, através da manipulação da intensidade de
(no BEV) em unidades bidimensionais de fluência cada um dos “beamlets” de cada um dos campos.
(“beamlets”), que inicialmente possuem intensidades Quanto menor o valor da função objetiva, mais pró-
iguais ou uniformes (como na 3DCRT). xima está a distribuição de dose produzida pela flu-
A função objetiva (ou função custo) nada mais é ência atual dos campos em relação àquela definida
que uma medida do quadrado da diferença entre os pelo operador como objetivo do planejamento. A
objetivos de dose (definidos pelo operador) e a dose cada iteração, um novo DVH é apresentado ao ope-
que está sendo produzida pela fluência de cada um rador que pode interagir modificando os objetivos
dos campos é, portanto, uma medida da qualidade ou manipulando o peso (w) de cada um deles (uma
do planejamento: a diferença entre distribuição de forma de artificialmente aumentar a diferença entre
dose desejada e a alcançada com o planejamento. o objetivo de dose e a dose atual) de forma a guiar
o processo na direção de uma solução satisfatória.
Em seguida, num processo iterativo, o algoritmo

Figura 6. Planejamento inverso de IMRT. À esquerda e acima, ponto de partida, onde o operador define parâmetros técnicos e
objetivos do planejamento através de pontos no DVH desejado. A partir daí inicia-se a otimização, que busca minimizar uma fun-
ção objetiva por meio de modulação da fluência dos campos. Encontrada uma solução satisfatória, as fluências ideais obtidas são
convertidas em reais, através do sequenciamento em posições ou movimentos de MLC (ou geometria de bloco compensador) e, ao
final, o cálculo final da distribuição de dose resultante.

Existem diferentes métodos de otimização determinísticos freqüentemente levam a uma rápi-


[11,12], que podem ser classificados em duas cate- da diminuição em direção a um valor mínimo da
gorias: determinísticos e estocásticos [10]. função, entretanto havendo múltiplos mínimos, este
método freqüentemente converge para mínimos lo-
› Os métodos determinísticos (i.e.: gradiente) cais e, portanto, para soluções provavelmente não
movem-se de uma solução proposta para a próxima ótimas. Com métodos estocásticos, há maior chance
somente quando a mudança no planejamento dimi- se ser encontrado o mínimo global da função, porém
nui o valor da função objetiva – este é o método é necessária uma grande quantidade de iterações e
utilizado na maioria dos sistemas. um maior tempo de otimização.
› Nos métodos estocásticos (i.e.: “simulated O processo de otimização é interrompido nas
annealing”) podem ocorrer aumentos na função seguintes situações: i) quando o valor da função
objetiva entre sucessivas iterações. Os algoritmos objetiva não diminui após sucessivas iterações

22
(i.e.: mínimo local ou global), ii) o número de ite- nicas e geométricas do dispositivo colimador (MLC
rações máximas pré-estabelecido é alcançado, iii) ou blocos compensadores). O nível de degradação
o valor da função fica menor que um limite pré- da fluência ideal depende de uma série de fatores
definido (i.e.: distribuição alcançada muito próxi- como: complexidade da fluência ideal (quanto mais
mo da desejada), iv) o operador manualmente in- complexa, mais difícil de ser executada), qualidade
terrompe o processo ou por estar satisfeito com a do algoritmo de segmentação, número de segmen-
resposta (iv-a), ou por julgar que o processo não tos utilizados (no caso de “Step-and-Shoot”, quanto
está evoluindo como esperado (iv-b). As situações mais segmentos, melhor o modelamento da fluência
em que o valor da função não diminui após su- ideal, dependendo do algoritmo utilizado), níveis de
cessivas iterações (i) ou quando a otimização não intensidade (“Step-and-Shoot”), velocidade máxima
converge para a solução esperada (iv-b) em geral, alcançada pela lâmina (“Sliding-Window”), taxa
acontecem com frequência e requerem interação do de dose (“Sliding Window”, quanto menor, maior
operador, que deve modificar pesos ou objetivos de chance de melhor modelar a fluência ideal). Em ge-
forma a conduzir a otimização à direção desejada. ral, melhorar a qualidade da fluência sequenciada
implica em aumentar o tempo de tratamento (utili-
Uma vez que uma solução satisfatória é encon-
zando maior número de segmentos, níveis de inten-
trada, inicia-se o processo de segmentação ou se-
sidade, unidades monitoras etc).
quenciamento conforme Figura 6 [13], no qual as
fluências ideais obtidas para cada campo são con- Terminado o processo de sequenciamento, é ne-
vertidas em movimentos de lâmina, em um conjunto cessário realizar novamente um novo cálculo de
de segmentos estáticos ou em geometria de bloco distribuição de dose, agora com as fluências reais
compensador, dependendo do método de entrega resultantes. Nesta etapa, é importante avaliar o DVH
de dose escolhido (“Sliding Window”, “Step-and- final e compará-lo com aquele obtido ao fim da oti-
-Shoot” etc), que serão discutidos a seguir. Vale notar mização (antes do sequenciamento).
que no processo de segmentação há uma degrada- Caso a diferença seja muito grande, pode ser ne-
ção da fluência ideal em virtude de limitações mecâ- cessário reiniciar o processo de otimização.

t/PWPTNÏUPEPTEF1MBOFKBNFOUP*OWFSTP
Existem ainda novos algoritmos e abordagens cada uma distribuição gaussiana de probabilidades
para o planejamento inverso que vêm se tornando à magnitude do deslocamento (deslocamentos pe-
cada vez mais comuns nos sistemas de planejamen- quenos são mais prováveis, deslocamentos maiores
to. A principal delas é o algoritmo “Direct Apertu- menos prováveis). Feita a alteração no formato de
re Optimization” (DAO) [14,15], também conhecido um dos campos, é então realizado o cálculo da dis-
como “Direct Machine Parameters Optimization” tribuição de dose resultante, e atualização do valor
(DMPO). Neste método, também são definidos os pa- da função objetiva. Caso seja constatada diminui-
râmetros iniciais: número e incidência de campos, ção no valor da função (i.e.: melhor resultado em
energia e, em particular, o número de segmentos de relação ao desejado), a modificação é incorporada
cada campo precisa ser definido, além dos objetivos no planejamento. Caso o valor da função objetiva
do planejamento no DVH (prescrição dos alvos e li- aumente (i.e.: piora no resultado), a modificação é
mites de dose em OAR). Feito isso, os campos tam- aceita com uma probabilidade dada pelo recozimen-
bém são subdivididos (no BEV) em uma matriz de to simulado com resfriamento generalizado Boltz-
“beamlets” e a função objetiva é construída. A dife- mann (“standard Boltzmann simulated annealing
rença está no método de otimização e minimização cooling Schedule”) [14] o que torna o processo de
da função objetiva: neste método, a cada iteração otimização menos susceptível a estabilizar em míni-
um campo é sorteado, a seguir uma das lâminas do mos locais.
MLC deste campo também é sorteada. Terminada a decisão de incorporar ou não a alte-
Feito isso, também é sorteado um valor deslo- ração, inicia-se outra iteração e o processo se repete
camento para esta lâmina, mas, neste caso, é apli- até que alguma das condições citadas anteriormente

23
(i, ii ou iii) sejam alcançadas. tron Oncentra Masterplan® (Direct Step-and-Shoot
Uma particularidade interessante, que dá uma – DSS). O DAO é o principal algoritmo de otimi-
grande vantagem ao DAO, é que após ser sortea- zação que está sendo utilizado no planejamento de
da uma modificação no posicionamento de uma das Terapia Volumétrica com Arcos Modulados (VMAT)
lâminas de MLC e antes de ser recalculado o valor [16,17] e está incorporado, por exemplo, no algorit-
da função objetiva, é feita uma verificação se a po- mo “Progressive Resolution Optimizer” (PRO) do Va-
sição sorteada é possível, de acordo com as limita- rian Eclipse®, utilizado especificamente para VMAT,
ções mecânicas particulares do MLC utilizado (i.e.: e também no Nucletron Oncentra VMAT (DSS).
abertura máxima, capacidade de lâminas vizinhas e Outro método ainda mais recente e muito pro-
opostas se cruzarem, overtravel etc.) e caso não seja missor é a otimização Multi-critério[18], que leva
possível, a alteração é logo descartada e inicia-se em consideração variáveis radiobiológicas como
uma nova interação. Probabilidade de Controle Tumoral (TCP), Probabi-
Sendo assim, as características do MLC estão in- lidade de Complicação em Tecidos Normais (NTCP)
corporadas no processo e as posições são diretamen- e Dose Uniforme Equivalente (EUD) no processo de
te otimizadas. Portanto, não há a fase de sequen- otimização. Em linhas gerais, para cada paciente, é
ciamento, nem a necessidade de criação de fluências construída uma base de dados composta por inú-
ideais, nem degradação do DVH obtido. No DAO as meros planejamentos ótimos (Superfície de Pareto),
iterações são simples e rápidas, no entanto, é ne- variando sequencialmente todos os critérios possí-
cessário um número muito maior de iterações pa- veis. O operador, então, combina e transita entre os
ra alcançar uma solução satisfatória (cerca de 1000 diferentes planejamentos através de um navegador,
vezes mais iterações que no processo tradicional). escolhendo a solução ótima que mais atende ao ob-
No geral, o tempo de otimização é muito parecido jetivo terapêutico. Apesar deste método ainda estar
para ambos os métodos. Exemplos de sistemas que sendo utilizado, basicamente, apenas para pesquisa,
utilizam este tipo de algoritmo são: “Prowess Pan- existe um TPS comercial que traz esta tecnologia, o
ther®” (DAO), ADAC “Pinnacle®” (DMPO), e Nucle- RayStation®, da RaySearch®.

1.4 Formas de Utilizar IMRT.


Existem diferentes técnicas que podem ser utili- ção da intensidade do feixe, que vêm sendo ampla-
zadas para a execução de tratamentos com modula- mente aplicados na prática clínica, dentre eles:

t"UFOVBEPS'ÓTJDP
Este método utiliza um bloco atenuador para ca- cálculo da dose na presença de bloco metálico, que
da ângulo de gantry, que é colocado no plano da pode aumentar significativamente o espalhamento
bandeja, conforme Figura 7. A estrutura tridimen- e endurecer o feixe [1]. É necessário também con-
sional do bloco confere diferentes níveis de intensi- trole de qualidade específico do material utilizado
dade ao feixe. Necessita terceirização da fabricação na confecção dos blocos, de forma a atestar suas
dos blocos, ou aquisição de equipamento de fresa características atenuadoras. Atenção especial deve
computadorizado. Trata-se da forma mais simples ser dada ao mecanismo de encaixe das bandejas.
de execução de IMRT, pois dispensa o uso de MLC e
toda complexidade associada. Existem outras ques-
tões associadas que devem ser consideradas como o

24
Figura 7. Exemplos de blocos compensadores feitos de latão, montados em bandejas. À esquerda, bloco grande para tratamento de
mesontelioma (11,8kg). À direita, bloco típico para tratamento de próstata (1,8 Kg). Imagem reproduzida da publicação de Javedan
K. et al.

t5ÏDOJDBi4UFQBOE4IPPUw
É um dos métodos que utiliza o MLC para mo- O processo consiste em formatar o MLC, entregar
dular a intensidade, também chamado de IMRT seg- uma fração de dose, desligar o feixe e reformatar
mentado. Neste sistema, numa dada posição estática o MLC, entregar outra fração de dose e assim su-
de “gantry”, o formato das laminas de MLC é man- cessivamente. Cada formato de MLC é chamado de
tido constante durante a irradiação, e o formato só sub-campo (ou segmento). O padrão de intensidade
é modificado entre irradiações dos sucessivos seg- desejado é obtido pela soma ponderada dos padrões
mentos, com o feixe desligado conforme a Figura 8. de intensidade dos sub campos.

Figura 8. IMRT Step-and-Shoot. Acima, sucessivos segmentos que compõem um campo. Os gráficos representam, em função do
tempo, o ligamento e desligamento do feixe (em vermelho) e o movimento das lâminas de MLC (em azul), sempre acontecendo em
momentos distintos.

25
É crucial para o método que a precisão de po- UM deve ser verificada para segmentos de diferentes
sicionamento das lâminas seja mantida dentro da UM totais, especialmente aqueles com baixas UM
especificação do fabricante. A constância de dose/ (≤5) [20].

t5ÏDOJDBi4MJEJOH8JOEPXw
Esta técnica também utiliza o MLC para modula- dade onde as lâminas do banco A estacionam e são
ção da intensidade do feixe sendo também conheci- seguidas pelas do banco B, até fechar a janela.
do como IMRT dinâmico. Nesta técnica, as lâminas A velocidade de cada lâmina muda constante-
movem-se continuamente com o feixe de radiação mente, de forma independente umas das outras, fa-
constantemente ligado conforme apresentado na Fi- zendo com que o tamanho da abertura do campo
gura 9. O movimento das lâminas é unidirecional, varie e que cada região da área irradiada receba in-
da esquerda para a direita (de X1 para X2). As lâ- tensidades diferentes de dose. Nesta técnica, a posição
minas do banco A iniciam o movimento (“leading de cada uma das lâminas é verificada a cada 50 ms e,
leafs”), abrindo a janela de radiação, em seguida, as caso alguma esteja fora da posição planejada (dentro
lâminas do banco B iniciam o movimento (“trailing de uma certa tolerância), o sistema desliga momen-
leafs”), seguindo seus pares. O movimento produz taneamente a taxa de dose (“beam hold off”) até que
uma janela de irradiação que varre toda a área irra- a mesma chegue até a posição.
diada sequencialmente, até chegar a outra extremi-

Lâmina A1
Lâmina A1

Figura 9. IMRT Sliding Window. Acima, a representação de quatro momentos do processo de movimentação das lâminas que acon-
tece durante a liberação da dose. Esta característica está representada nos gráficos: a taxa de dose (em vermelho), ligada constante-
mente. Em azul, a variação das velocidades de um par de lâminas (A1 e B1), em função do tempo.

Esta técnica exige um controle minucioso de ve- para isso (i.e.: picket fence dinâmico, moving gaps)
locidade de deslocamento das lâminas, sendo ne- [4,21,22].
cessários testes específicos de controle de qualidade

t5PNPUFSBQJB
Execução de IMRT com rotação do feixe. A forma o sistema Peacock®, Nomos Corp) era a de um co-
mais simples da técnica, a tomoterapia serial (com limador multi-lâminas binário (MIMiC, lâminas de

26
1cm) com abertura de 20cm de largura e 1 a 2cm de moTherapy Inc.) passou a realizar o tratamento de
extensão, colocado em um acelerador convencional forma mais eficiente, movimentando simultanea-
(Figura 10, esquerda). Conforme o gantry se move, o mente o gantry e a mesa. Este equipamento é um
feixe irradia uma estreita fatia do paciente. Durante acelerador linear montado numa estrutura seme-
a rotação, as lâminas se movem para dentro e para lhante à de um tomógrafo de raios-X diagnóstico
fora do feixe (posição binárias, aberta ou fechada), (Figura 10, direita). Também utiliza sistema de co-
sob controle computadorizado, modulando a fração limação binário (lâminas de 0,625cm) com abertura
do tempo no qual cada segmento do feixe está aber- máxima de 40cm, e espessura de fatia de 0,5 a 5cm.
to ou bloqueado. Várias fatias são irradiadas serial- Outra particularidade deste equipamento é o fato
mente até cobrir toda a área a ser tratada – há o de não utilizar filtro aplanador. Este tipo de tecno-
potencial erro de criar pontos quentes ou frios entre logia, além de mais rápida, reduz o potencial erro
as fatias, o que requer controles e testes específicos. dosimétrico relacionado ao movimento da mesa.
Mais recentemente, a tomoterapia helicoidal (To-

Figura 10. Exemplos de sistemas utilizados para tomoterapia e seus respectivos sistemas de colimação (ao centro). À esquerda, o
sistema serial Peacock® (Nomos® Corp.), montado num acelerador convencional (imagem reproduzida de Lee J. et. al [23]). À direita,
um equipamento helicoidal Tomotherapy Hi-Art®.

t$ZCFS,OJGF¥ "DDVSBZ¥

Este sistema consiste em um acelerador de 6MV executar movimentos de translação x, y, z, e rotação


compacto montado em um manipulador robótico “pitch”, ”yaw” e “roll”.
mostrado na Figura 11, que é capaz de irradiar alvos Para IGRT, o sistema utiliza dois geradores de
com precisão estereotáxica, dispensando o uso de raios-X diagnóstico no teto, Figura 11, A3, e de-
“frames” fazendo uso apenas de imagens para ga- tectores do tipo “flat panel a-Si” instalados no piso
rantir a exatidão [24]. Este sistema também é capaz da sala de tratamento, Figura 11, A4, usados para
de movimentar o “gantry” de forma sincronizada aquisição de imagens ortogonais que permitem vi-
com tumores que se movem com a respiração (i.e.: sualizar estruturas ósseas e marcadores fiduciais co-
tumores no pulmão) [25,26]. locados no tumor. O sistema utiliza também câmeras
O braço robótico possui seis graus de liberdade , de infravermelho, Figura 11, A5, refletores e emis-
e pode ser movido com alto grau de controle e preci- sores colocados no tórax do paciente, para detectar
são sub-milimétrica. A mesa robótica (RoboCouch®) o movimento respiratório. De maneira integrada, o
também possui seis graus de liberdade, podendo sistema é capaz de combinar as informações destes

27
dois métodos de imagem e correlacionar o movi- te, o que resulta numa possibilidade de 1200 campos
mento interno do tumor com o ciclo respiratório e, [27]. O diâmetro do campo pode variar de 5 a 60mm
assim, perseguir o tumor em tempo real, movendo o – os cones circulares ficam numa mesa ao lado do
acelerador linear de forma sincronizada [25]. Duran- braço robótico, Figura 11, A6, e a troca pode ser feita
te o tratamento, o sistema compara, repetidamente, de forma automática.
imagens radiográficas com imagens reconstruídas a Mais recentemente, também foi desenvolvido um
partir da CT de planejamento para, em tempo real, colimador em formato de Iris, que pode mover-se,
reposicionar o paciente e localizar o alvo. formatando diferentes diâmetros.
Em teoria, o braço robótico seria capaz de en- Tipicamente, no tratamento de um paciente são
tregar um número arbitrário de feixes ao redor do utilizados de 50 a 250 campos e cada um deles irra-
paciente. Na prática, o robô é programado com um dia parcialmente o alvo com uma determinada dose.
conjunto de pouco mais de 100 posições diferentes A cobertura total do alvo se dá através da soma das
no espaço, nas quais o acelerador linear pode ser diferentes incidências, o que leva em torno de 30 a
posicionado. Em cada posição, o acelerador pode 90 minutos por fração.
então apontar em 12 direções diferentes ao pacien-

Figura 11. Sistema CyberKnife (Accuray). À esquerda (A), ilustração de uma sala de tratamento, e os seguin-
tes componentes: braço robótico com acelerador linear (1), mesa robótica (2), dois tubos de raios-X diagnóstico no te-
to da sala (3) apontados para placas detectoras de imagem no piso (4), câmeras de infravermelho (5) e mesa com con-
junto de cones (6). No centro (B), está representada a entrega de dose realizada por múltiplas incidências de irradiação
parcial do alvo, que se acumulam até cobri-lo totalmente. À direita (C), estão os graus de liberdade do manipulador robótico.

Dentro do universo de 1200 possibilidades, a es- unidades monitoras por incidência, a agressividade
colha das incidências e da contribuição em termos do constraint (nos termos “exact”, “strict” ou “loo-
de dose de cada uma delas se dá através de um pro- se”) bem como outros parâmetros podem ser esco-
cesso de otimização. O programa de planejamento lhidos para obter um resultado desejado.
inverso requer especificação de limites de dose má- O programa de otimização, diferentemente de
xima e mínima para os alvos e doses máximas em outros sistemas, pode utilizar além do método do
estruturas críticas. Além disso, o número máximo de gradiente, também métodos de programação linear

28
o que, eventualmente, pode resultar em uma solução ma situação onde não há solução, o que implica na
que satisfaz os “constraints”, ou possivelmente nu- necessidade de modificação dos “constraints”.

t"SDPT7PMVNÏUSJDPT.PEVMBEPT 7."5

Esta técnica foi inicialmente proposta, com o no- À medida que o espaçamento angular entre dois
me de “Intensity Modulated Arc Therapy” (IMAT), pontos de otimização se torna menor, o otimizador
[28] mas só foi implementada clinicamente em larga passa a considerar a conectividade do formato de
escala mais de 10 anos depois com a adoção do algo- aberturas vizinhas – pois se o deslocamento de al-
ritmo de VMAT [16], pela empresa Varian no produto guma lâmina for muito grande entre pontos de oti-
Rapid Arc™ em 2007. Logo em seguida, a empresa mização vizinhos, pode não haver tempo suficiente
Elekta iniciou a oferta da tecnologia, sob o nome para o posicionamento, uma vez que a velocidade
de VMAT™, e também a Phillips Medical incorpo- do MLC é limitada e, como o deslocamento angular
rou esta opção no software Pinnacle®, chamando de se torna cada vez menor, o tempo para deslocamen-
SmartArc™. Recentemente (2011), a empresa Siemens to também se torna menor.
Medical também apresentou seus primeiros resulta- Os formatos iniciais de aberturas recém-inseridas
dos de implementação desta tecnologia [29], com são interpolados linearmente a partir de seus vizi-
a peculiaridade de entregar a dose de maneira não nhos angulares. Esta forma de amostragem de gros-
contínua, porém numa taxa de dose muito alta (2000 seira para fina é chamada de amostragem progressi-
UM/min), com um feixe de radiação sem filtro apla- va e permite que a otimização convirja rapidamente.
nador. Também recentemente [30] foi relatada uma Uma vez que a conectividade entre os formatos de
extensa revisão sobre este tópico, cobrindo os princí- aberturas é ignorada ao início, nesta etapa é dada ao
pios, tecnologias e implementação clínica de VMAT. otimizador liberdade para produzir uma distribuição
Trata-se de uma nova forma de otimização e en- de dose ótima, e normalmente nas etapas iniciais
trega de IMRT feita a partir da rotação do gantry em devem ser priorizadas a proteção de tecidos normais.
um ou mais arcos, com a radiação continuamente Nas etapas finais, nas quais o otimizador não pode
ligada. Durante a rotação do “gantry”, uma série de causar grandes modificações nas aberturas, deve ser
parâmetros são variados simultaneamente: posições priorizada a cobertura de alvos e homogeneidade de
das lâminas do colimador MLC, taxa de dose, velo- dose – que normalmente dependem de ajustes finos
cidade do “gantry” e orientação do colimador MLC. nos formatos de campo. Portanto, o operador deve
O algoritmo de otimização [16] usa uma amos- entender muito bem como funciona a otimização e as
tragem progressiva de ângulos de “gantry” para particularidades do sistema que está utilizando para
otimizar um grande número (>100) de aberturas de poder conduzir o processo a uma solução aceitável.
MLC[14,15] discutido anteriormente. Inicialmente,
Uma vez que o plano final assegura a conectivi-
um pequeno número de aberturas e seus respectivos
dade entre as aberturas, a execução se torna muito
pesos são otimizados, para determinados ângulos
otimizada, e um arco simples pode ser executado
de “gantry” grosseiramente espaçados (i.e.: arco de
dentro de 2 minutos [30]. Uma particularidade inte-
360º, inicia com campos espaçados a cada 10º), com
ressante do VMAT é que, por ser possível variar a ta-
pequena consideração para a conectividade de aber-
xa de dose e velocidade de “gantry”, o sistema tenta
turas consecutivas (devido à limitação de velocidade
sempre trabalhar nos valores máximos. Caso numa
do MLC, os formatos de aberturas vizinhas deve ser
dada incidência ou segmento do arco seja necessário
tal que as lâminas sejam capazes de percorrer o des-
entregar uma dose maior, o sistema pode desacelerar
locamento necessário, dentro do tempo correspon-
o “gantry” para dar mais tempo de entrega de dose.
dente ao deslocamento angular do “gantry” entre os
Caso contrário, numa determinada incidência há um
pontos consecutivos). Uma vez que a solução con-
órgão de risco que não se quer irradiar, o sistema
verge, ângulos adicionais de “gantry” são inseridos
pode reduzir ou até mesmo zerar a taxa de dose por
entre os ângulos já existentes, e, portanto, o número
um dado intervalo angular.
de aberturas no processo de otimização dobra.

29
Uma vantagem do tempo mais curto de tratamen- uma técnica nova em desenvolvimento, que ainda ne-
to é que se reduz a possibilidade de movimentos in- cessita de melhorias principalmente nos aspectos teó-
tra-fração e também o desconforto do paciente. Esta é ricos [31] e nos métodos e algoritmos de otimização.

3FDPNFOEBÎÜFTQBSBB&TQFDJmDBÎÍPEF%PTFFEF7PMVNFT
As distribuições de dose alcançadas com IMRT ceitos e métricas de especificação e prescrição de
têm características diferentes daquelas alcançadas dose que serão discutidos em maior detalhe nos ca-
convencionalmente com a 3DCRT, principalmente pítulos subsequentes.
no que diz respeito à homogeneidade de dose nos Para isso, é fundamental que sejam seguidas as
volumes alvo, o que implica no uso de novos con- recomendações e padronizações de delineação e no-

Figura 12. Representação dos volumes


alvo definidos pelo ICRU 50 e 62.

menclatura de volumes em imagens 3D das publi- de planejamento, pois a dose não pode ser prescrita,
cações ICRU 50[32], ICRU 62[33] e ICRU 83[34]. A registrada nem reportada sem estas especificações.
definição destes volumes é obrigatória no processo

Dentre as principais definições que serão usadas considerada relevante para o tratamento. Não existe
neste documento, destacamos: consenso sobre o valor da probabilidade de ocorrên-
(57 “Gross Tumor Volume” ou volume tumoral cia, mas tipicamente é assumido um valor maior que
grosseiramente visível: volume de doença palpável 5% como relevante.
ou visível. Em casos pós-operatórios, após ressecção *57 “Internal Target Volume” ou volume alvo
completa, não há GTV a ser definido, somente CTV. interno: definido como o CTV acrescentado de uma
$57 “Clinical Target Volume” ou volume alvo margem que leva em conta incertezas no tamanho,
clínico: volume de tecido que contém o GTV e/ou formato e posição do CTV relativo a pontos ana-
doença sub-clínica não grosseiramente visível, mas tômicos de referência (i.e.: enchimento da bexiga,
com uma determinada probabilidade de ocorrência movimentos de respiração etc). Esta é chamada de
margem interna. O ITV deve ser usado somente em

30
situações clínicas em que a incerteza referente à lo- tribuições de dose geradas com IMRT, para a maioria
calização do CTV domina a incerteza de setup, ou dos órgãos e necessariamente para os alvos, a espe-
quando elas são independentes. cificação da dose absorvida deve ser feita em relação
157 “Planning Target Volume” ou volume alvo a volumes anatômicos irradiados, ao invés de pon-
de planejamento: é um conceito geométrico utiliza- tos únicos – como era feito tradicionalmente com
do para planejamento e avaliação do tratamento. O radioterapia convencional e mesmo com 3DCRT.
formato da distribuição de dose no PTV deve garan- Principalmente para definição dos objetivos de
tir, com probabilidade clinicamente aceitável, que prescrição de dose nos alvos do tratamento, com
todo o CTV recebeu a dose prescrita, levando em IMRT, a dose num ponto (i.e. isocentro) nunca é re-
conta incertezas geométricas tais como movimento presentativa da dose distribuição, uma vez que co-
de órgãos e variações de “setup”. Portanto, acrescen- mo a dose não é homogênea, um dado ponto pode
ta-se ao CTV (ou ao ITV, caso este esteja definido) estar localizado numa região de dose alta (quente)
uma margem devido a estas incertezas geométricas. ou baixa (fria). Portanto, toda dose prescrita deve
0"3 (Organs at Risk ou órgãos em risco): são ser seguida até onde ela deve ser entregue, ex.: em
as estruturas normais críticas na vizinhança do tu- no mínimo 95% do volume do PTV, em 100% do
mor que são irradiados e podem sofrer morbidade volume do CTV, na dose média do PTV etc. Tais re-
significativa. Devem por isto, serem protegidos o comendações serão discutidas e exemplificadas nos
máximo possível durante o planejamento e prescri- capítulos seguintes.
ção de dose. Atualmente, todos os sistemas de planejamento
137 (Planning Risk Volume ou órgão em risco calculam o histograma dose-volume (DVH) possi-
de planejamento): da mesma forma que ocorre no bilitando obter todos os parâmetros de análise das
PTV, incertezas e variações na posição de um OAR distribuições de dose. Um dos principais é a determi-
durante o tratamento devem ser consideradas para nação do valor de cobertura do PTV para uma dose
evitar complicações. Por esta razão, para compensar específica (i.e.: D95%, dose que chega em 95% do
estas incertezas margens devem ser somadas aos OAR, volume). Outros exemplos são doses máximas em
especificamente naqueles que são todo tipo em série. estruturas em série e doses em volume em estrutu-
ras em paralelo. Assim, a informação proveniente
Do ponto de vista de sensibilidade à radiação, os
do DVH possibilita prescrever e reportar a dose no
diferentes órgãos do corpo podem ser classificados
volume do PTV e em OARs e não mais em apenas
como estruturas em série ou paralelo [34]:
pontos de referência. No entanto, os físicos devem
»SHÍPTFN4ÏSJFconsistem de uma cadeia de
garantir a exatidão do cálculo de dose para poder
unidades funcionais, onde todas elas devem ser pre-
confiar nestas informações, principalmente em situ-
servadas para garantir a funcionalidade do tecido.
ações de campos pequenos e heterogeneidades [6].
Nestes, o volume irradiado é, teoricamente, irrele-
Além disso, o resultado final se tornou muito mais
vante e o dano dependerá exclusivamente da dose
dependente de como é feita a delineação de cada uma
pontual máxima na estrutura. Ex.: medula espinhal,
das estruturas, e o DVH pode mudar totalmente com
trato gastrointestinal, nervos etc.
uma pequena mudança num dos volumes. Portanto
 »SHÍPT FN 1BSBMFMP consistem de unidades
os médicos devem garantir a qualidade dos volumes
funcionais agindo independentemente umas das
delineados. A má interpretação das imagens de pla-
outras. Nestes, a funcionalidade só é comprometida
nejamento pode levar não só a um erro de prescrição
se um número relevante de unidades funcionais é
ou análise de DVH, mas também em erros geográ-
danificado e, portanto, o dano depende do volume
ficos “geographic miss”, ou seja, direcionar a dose
irradiado. Ex.: pulmão, parótida etc.
para um local onde não está o alvo real.
Tendo em vista a natureza não uniforme das dis-
O DVH também é a ferramenta principal utilizada

31
no processo de otimização, uma vez que à medida rador tem de julgar se o processo está convergindo
que as iterações acontecem, sua forma muda con- para uma solução clinicamente satisfatória ou não.
tinuamente. É, em geral, a única forma que o ope-

1.6 Movimento de Órgãos e suas Implicações em IMRT


Como as distribuições de dose alcançadas com não é liberado ao mesmo tempo, mas sim por uma
IMRT são extremamente conformadas aos volumes composição de diversos sub-campos definidos pelas
alvo, há certa preocupação com sub-dosagem po- lâminas do MLC em função do tempo de feixe. En-
tencial nas bordas dos volumes devidos as incerte- tão, problemas podem surgir quando ocorre a ação
zas de posicionamento e imobilização do paciente e combinada entre o movimento do órgão e o movi-
também devido ao movimento interno dos órgãos. mento das lâminas, ocasionando distorção na dose
Na terapia com 3DCRT, este problema é levado em entregue em relação à planejada [35].
conta com o conceito de PTV, que conforme cita- A Figura 13 ilustra uma situação hipotética e
do, é o volume tumoral clínico (CTV) acrescentado simples em que um alvo move-se na mesma direção
de uma margem geométrica para levar em conta a das lâminas e é irradiado por um campo de IMRT
margem de “setup”. que poderia ser tanto com técnica “Sliding Window”
Para IMRT, as margens do PTV podem levar em quanto “Step-and-Shoot”. Pela Figura, pode-se no-
conta as incertezas do movimento inter-fração, ou tar que o mesmo ponto (representado por uma es-
seja, a variabilidade de posicionamento do paciente trela), pode receber doses diferentes dependendo do
e dos órgãos dia a dia. Contudo, quando o IMRT é sentido do movimento.
feito com MLCs para entrega da dose, o campo total

Figura 13. Situação hipotética de irradiação de um alvo movendo-se na mesma direção das lâminas de MLC, o que pode gerar
dois resultados: i) à esquerda, o alvo movendo-se no mesmo sentido do MLC e um ponto em particular do alvo (estrela amarela) é
irradiado em ambos os momentos; ii) à direita, o alvo movendo-se em sentido contrário ao MLC e o mesmo ponto do alvo (estrela
preta), não é irradiado em nenhum dos momentos.

Diferentes métodos têm sido propostos para cal- A direção de movimento do alvo pode ser paralela
cular o impacto do movimento do alvo em relação (i.e.: tratamentos de mama) ou perpendicular (i.e.:
ao movimento das lâminas na dose absorvida [36]. tratamentos de pulmão). O maior impacto na mu-

32
dança da distribuição de dose ocorre nas bordas dos muito significativa, dependendo do caso.
alvos, onde o gradiente é mais intenso e este efeito é Em vista do que foi apresentado, a aplicação
proporcional à amplitude do movimento. de IMRT em alvos móveis acrescenta grandes in-
O efeito da distorção da dose planejada é muito certezas, distorcendo a distribuição de dose final e,
pronunciado quando se considera apenas uma única portanto, têm seu uso e utilidade muito restritas.
fração, mas, no entanto, ao considerar que os trata- Métodos de avaliação do resultado do planejamento
mentos são geralmente feitos em 30 ou mais frações, considerando movimentação envolvem uso de to-
o resultado final será uma média da distribuição de mografias 4D e métodos de simulação que não estão
dose estática por toda a trajetória de movimenta- comercialmente disponíveis.
ção do alvo, similar a um “borrão”, dependente da As técnicas de “gating” e “tracking” podem ser
amplitude de movimento. Portanto, ao fim do tra- utilizadas para minimizar, corrigir e considerar a
tamento, o erro cumulativo de várias frações será movimentação nos planejamentos.
menor que em uma fração única [36], mas ainda sim

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34
2

Aplicações Clínicas de IMRT


Robson Ferrigno, Carlos Manoel Mendonça de Araújo
e João Luis Fernandes da Silva

2.1 Introdução
A radioterapia de intensidade modulada (IMRT) cia, redução da toxicidade ao tratamento.
é definida como uma técnica de liberação de do- Mesmo com o desenvolvimento da radioterapia
se que modula a intensidade do feixe de radiação conformada (3DCRT), onde os arranjos de campos
em diferentes pontos de sua trajetória, através de são planejados de acordo com a anatomia do alvo,
diferentes formatos de subcampos (colocação de al- mas sem modulação do feixe de radiação, muitas
guma forma de filtro na frente do feixe), levando-se situações clínicas permaneceram com dificuldade de
em consideração as estruturas anatômicas que es- se entregar uma dose de radiação suficientemente
se feixe vai atravessar. Com isso, uma considerável concentrada e segura, principalmente em áreas on-
otimização do índice terapêutico é obtido através de o volume alvo é irregular e próximo a estruturas
da maximização da cobertura do volume alvo e normais e sensíveis à radiação.
melhor proteção dos tecidos normais adjacentes.
Atualmente, várias situações clínicas se benefi-
Busca-se, com a IMRT, utilizar alta dose de radiação
ciam com o emprego da IMRT, com vantagens não
no tumor alvo, enquanto se espera diminuir as doses
só dosimétricas, mas também em relação à diminui-
nos tecidos normais circundantes e, por consequê-
ção da toxicidade de tratamento.

%FmOJÎÍPEPTWPMVNFTEFJOUFSFTTF
Só é possível se conhecer a quantidade de ra- No entanto, pelas definições do ICRU, apresen-
diação por volume de uma determinada região, seja tadas claramente no Capitulo 1, o tumor primário
essa um volume alvo, ou órgão de risco, quando identificado pela sigla GTV “Gross Tumor Volume”,
delineamos essa região no exame de imagem usada o leito de um tumor ressecado, suas margens ou
para o planejamento. Para tanto, é necessária que drenagens linfáticas são definidas pela sigla CTV
as mesmas sejam definidas durante o processo de “Clinical Target Volume” e que, em IMRT, pode ha-
planejamento técnico. ver várias dessas regiões para prescrição de dose. É
Em geral, o tumor primário ou seu leito após res- frequente, principalmente em cabeça e pescoço, a
secção cirúrgica, suas margens e as respectivas dre- prescrição de diferentes níveis de dose por fração
nagens linfáticas, são considerados volumes alvos. em cada CTV, Figura 1. O volume que engloba as
Portanto, a prescrição de dose é realizada para essas margens de segurança designadas para cada GTV
regiões. Essas regiões podem ser definidas com qual- ou CTV é definido pela sigla PTV “Planning Target
quer nome, desde que saibamos o que estamos tratando. Volume” e, essa margem, vai depender de cada si-
tuação clínica.

35
Parótida esquerda

Tumor (GTV 1): 30 x 2,2 - 66 Gy

Gânglio (GTV 2): 30 x 2,2 - 66 Gy

Drenagem (CTV) 30 x 1,8 - 54 Gy

Figura 1. Distribuição de dose em um caso de tumor de orofaringe com diferentes níveis de dose por dia, cuja estratégia é conhe-
cida como “simultaneous integrated boost” (SIB). O tumor primário (GTV 1) e o gânglio cervical adjacente comprometido (GTV 2)
recebem dose final de 66 Gy em 30 frações de 2,2 Gy, enquanto as drenagens linfáticas não comprometidas (CTV) recebem dose
final de 54 Gy em 30 frações diárias de 1,8 Gy. As doses mais altas contornam a região das parótidas.

Para cada região, é necessária a definição de cada Em algumas situações, para melhorar a proteção
volume de tecido normal que deve ser protegido. Com dos tecidos normais, designa-se uma margem em
essa ferramenta, podemos atribuir pesos diferentes torno do mesmo, conhecida pela sigla PRV “Plan-
de valorização para estruturas em risco, conhecidos ning Risk Volume”. O exemplo mais frequente do
pela sigla OAR “Organs At Risk”. Nessa situação, o uso de PRV é o utilizado para medula espinhal,
software de planejamento cria uma série de padrões quando é definido um volume que engloba todo ca-
de modulação em que cada feixe de ângulo empenha- nal medular e mais cinco mm de margens ao redor.
-se em alcançar as doses prescritas pelo médico. Este Para essa estrutura, se criam restrições de dose para
processo é conhecido como planejamento inverso. assegurar que a medula não receba dose excessiva.

*OEJDBÎÜFTFTQFDÓmDBT
Vários estudos mostram as vantagens dosimétri- duvidosas. Ainda não há relatos na literatura de
cas da IMRT em comparação com outras técnicas de maior chance de cura de algum tipo de tumor com
liberação de dose, como a convencional e a confor- o emprego de IMRT, quando comparado com ou-
mada. Se essa vantagem dosimétrica é refletida em tra técnica de liberação dose. Entretanto, os estudos
vantagens clínicas para o paciente é uma questão publicados até então mostram apenas diminuição
ainda em aberto e objeto de estudos. da toxicidade [1]. Portanto, as indicações específi-
Algumas situações clínicas possuem claro bene- cas atualmente são realizadas quando há compro-
fício com o emprego de IMRT com relação à dimi- vação de menor toxicidade, chamadas de indica-
nuição de toxicidade, enquanto outras permanecem ções específicas.

36
t$ÉODFSEFDBCFÎBFQFTDPÎP
Devido ao fato da anatomia desta região pos- tomia, complicação esta que afeta a qualidade de
suir muitos tecidos normais e vários volumes alvos vida dos pacientes curados. Os tumores de seios da
muito próximos, o emprego da IMRT é claramente face são particularmente candidatos a serem trata-
benéfico do ponto de vista de distribuição de dose. dos com IMRT devido à proximidade com estruturas
Nenhuma outra técnica consegue conformar a dose normais, tais como, olhos, ouvidos, nervos ópticos,
de radiação ao redor de um tecido normal como a base de crânio, medula espinhal, tronco cerebral, e
IMRT, Figura 1. glândulas salivares. Dois estudos demonstraram di-
Vários estudos clínicos retrospectivos [2-9] e minuição de toxicidade ocular e auditiva quando do
dois prospectivos e randomizados [10,11] evidencia- emprego da IMRT [12,13] e um estudo recente, mos-
ram grande vantagem clínica da IMRT em tumores trou não só menor toxicidade aguda e crônica, como
de cabeça e pescoço com a diminuição da xeros- também melhor sobrevida livre de doença [14].

t$ÉODFSEFQSØTUBUB
Com o desenvolvimento da radioterapia confor- Mesmo com o avanço da radioterapia confor-
mada em três dimensões, foi observado substancial mada, próstatas mais volumosas, geralmente acima
avanço no tratamento do câncer de próstata com de 50 cc, causam dificuldade para realização de um
radioterapia. Foi possível escalonar a dose de ra- plano de radioterapia que respeite as limitações de
diação na próstata e os estudos clínicos mostraram dose “constrains” em reto e bexiga, principalmente
com isso, melhor controle local e bioquímico com quando é prescrita dose esta acima de 72 Gy. Nessas
doses acima de 70 Gy. Entretanto, os estudos ainda situações, o emprego da IMRT possui a capacida-
não mostraram aumento da sobrevida global, pro- de de concentrar a dose na próstata e nas vesículas
vavelmente porque os pacientes que falharam após seminais melhor do que a conformada, permitindo
dose baixa, foram resgatados com hormonoterapia maior facilidade na obtenção de um bom plano de
ou outro tratamento e tiveram o tempo de vida pro- distribuição de dose e respeito aos “constrains” con-
longado. No entanto, esse resgate afeta a qualidade forme a Figura 2.
de vida do paciente.

Figura 2. Gráficos de histograma dose volume (DVH) para o reto, comparando três planos de tratamento para uma dose programada
de 76 Gy numa próstata volumosa, ou seja, maior que 50 cc.

37
Nesta Figura, as curvas vermelhas representam campos e três e cinco campos, respectivamente.
dois planos de radioterapia conformada (CRT), am- Um estudo retrospectivo do Memorial Sloan-
bas em duas fases, para liberação de 50 Gy nas ve- -Kettering Cancer Center [14]. mostrou que pacien-
sículas seminais e de 76 Gy na próstata. Um dos tes tratados com doses a partir de 81 Gy, através
planos utilizou três campos na primeira fase e cin- de IMRT, na próstata e vesículas seminais, tiveram
co campos na segunda e o outro plano utilizou três menos chance de sangramento retal do que os pa-
campos na primeira fase e seis na segunda. A cur- cientes tratados com dose menor e com técnica con-
va cor de rosa representa o plano de IMRT em fase formada. Vários outros estudos mostraram diminui-
única, para liberação de dose de 76 Gy em prós- ção das complicações gastrointestinais, incluindo
tata e vesículas seminais. Mesmo em fase única, sangramento retal, quando do emprego da IMRT,
o plano de IMRT liberou dose mediana no reto de em comparação com outras técnicas [16-20] e dois
3.396,3 cGy, enquanto que os planos de conforma- mostraram melhor função sexual após tratamento
da, de 5.170,4 cGy e 5.414,8 cGy para três e seis com IMRT [20,21].

t5VNPSFTQÏMWJDPTFBCEPNJOBJT
Tumores localizados na região pélvica, tais como ração de dose de radiação nesta região através de
ginecológicos, reto e canal anal e de bexiga, estão IMRT permite uma melhor conformidade ao redor
próximos a estruturas normais, tais como, intesti- do alvo, poupando esses tecidos normais adjacentes,
no delgado, bexiga, reto e medula óssea. A libe- Figura 3.

Figura 3. Distribuição de dose em um caso de câncer de reto para radioterapia pré-operatória. Com IMRT é possível liberar dose por
dia diferente em volumes alvos distintos e, ao mesmo tempo, diminuir substancialmente a dose em intestino delgado. Nesse caso
foi utilizada dose de 50 Gy (área alaranjada) no tumor primário em 25 frações de 2 Gy e nas drenagens linfáticas pélvicas de 45 Gy
(área azulada) em 25 frações de 1,8 Gy (SIB).

Estudos clínicos que utilizaram IMRT nesses ti- veis à radiação como rins, fígado, medula óssea e
pos de tumores reportam diminuição de toxicida- intestino delgado. A IMRT permite uma distribuição
de gastrointestinal, gênito-urinária e hematológica melhor de dose no volume alvo e maior proteção
[22-32]. dos tecidos normais.
Os tumores localizados na região abdominal, co-
mo de estômago, pâncreas, fígado e vias biliares,
também estão muito próximos a estruturas sensí-

38
t5VNPSFTDFSFCSBJTEm várias ocasiões, a área cerebral a ser irradiada para tratar um tumor presente ou
o seu leito cirúrgico, está muito próxima de regiões críticas, tais como vias ópticas, hipófise, hipotálamo,
tronco cerebral, aparato auditivo e outras [33]. Nessas situações, o emprego da IMRT permite que a distri-
buição de dose não ultrapasse a dose limite dessas regiões, evitando assim, sequelas graves da radioterapia.
Um exemplo dessa vantagem é a diminuição de toxicidade auditiva grave, incluindo surdez, quando do
emprego da IMRT para tratamento de meduloblastoma [34,35].

*OEJDBÎÜFTEVWJEPTBT
Em algumas situações clínicas o emprego da dade devido à localização ou mesmo porque a dis-
IMRT não traz o benefício da diminuição da toxici- tribuição de dose com outras técnicas não é inferior.

t$ÉODFSEFNBNB
O emprego de campos tangentes promove na mento, conhecido como “forward planning”, é mais
maioria das vezes uma grande variação de dose na simples de ser realizado do que o planejamento in-
mama, principalmente nas volumosas, mesmo com verso, o qual além de ser mais complexo exige con-
colocação de filtros fixos ou dinâmicos. O emprego trole da qualidade mais sofisticado.
da IMRT promove uma distribuição menos heterogê- Por outro lado, dois estudos aleatorizados [36,37]
nea, com pontos quentes menores que 10% a mais. e outras duas séries retrospectivas [38,39] mostraram
Uma boa distribuição de dose é possível através menor toxicidade aguda cutânea quando a IMRT foi
de IMRT com planejamento de subcampos (“field- utilizada, em comparação com a técnica de simples
-in-field”) nas áreas de menor dose, poupando as campos tangentes.
região mais quentes (doses elevadas). Esse planeja-

t$ÉODFSEFQVMNÍPFNFEJBTUJOP
Devido à sensibilidade do parênquima pulmonar à situações, a técnica de “field-in-field”, como descrita
radiação, se o volume de radiação for grande, a dis- para mama, pode ser utilizada sem a necessidade de
tribuição de doses mais baixas de radiação com IMRT planejamento inverso. Tudo depende da localização e
compromete os “constrains” definidos para pulmão. Is- da dimensão do volume alvo.
so ocorre devido ao maior espalhamento de dose com Estudo realizado no M.D. Anderson Hospital [40]
IMRT quando comparado com campos conformados. mostrou menor incidência de pneumonite grau três ou
No tratamento do mediastino, a melhor forma de maior, com o emprego de IMRT, quando comparado
distribuição de dose para proteger os pulmões é atra- com séries históricas de pacientes tratados com técnica
vés de campos paralelos e opostos com incidências conformada (8% versus 32%; p=0,002) (40). No entan-
anteriores e posteriores. Qualquer tentativa de colo- to, sendo um estudo retrospectivo a avaliação indivi-
cação de campos por outra incidência piora a rela- dual de cada paciente é que pode determinar quando a
ção de dose por volume do pulmão. Na maioria das IMRT é melhor opção do que outras técnicas.

t4BSDPNBTEFQBSUFTNPMFT
Os sarcomas de retroperitônio, devido à locali- nica conformada é suficiente para se obter uma boa
zação próxima a estruturas normais, possuem alto distribuição de dose.
potencial de benefício com o emprego de IMRT. Já
para os tumores localizados em membros, não há
qualquer indicação para IMRT, uma vez que a téc-

39
t5VNPSFTQFEJÈUSJDPT
Devido ao maior espalhamento de doses bai- à radiação, a técnica IMRT pode ser altamente be-
xas e maior dose monitor com consequente maior néfica e deve ser considerada [34,35]. Para tumores
exposição à radiação, se especula que a IMRT em que exigem doses baixas, como o Tumor de Wilms,
crianças poderia aumentar as chances de segundo ou em localização segura, como membros, não há
tumor primário. Como em outras situações, a ava- motivo para o emprego da IMRT. Protocolos de tra-
liação individual de cada paciente deve ser levada tamento em Serviços que dispõem de IMRT devem
em consideração. ser elaborados levando as características individuais
Tumores que exigem doses altas de radiação, co- de cada criança.
mo os sarcomas e tumores cerebrais e que estejam
localizados próximos a estruturas normais sensíveis

*OEJDBÎÜFTRVFFYJHFNDPOUSPMFEPNPWJNFOUPEPTØSHÍPT
Quando o volume alvo possui movimentação in- que a respiração causa movimentação expressiva e
terna seja pela respiração ou por compressão mecâ- potencial perda da distribuição de dose planejada.
nica, é altamente indicado o controle dessa movi- Esses casos incluem tumores do lobo inferior do
mentação. Para tanto, é necessário que o Serviço de pulmão, de pâncreas e de fígado e vias biliares.
Radioterapia possua recursos de imagem para esse A técnica IMRT pode ser utilizada para a libe-
controle (IGRT). ração de dose quando do emprego de radioterapia
Exemplos dessa necessidade incluem o câncer de estereotática corpórea (SBRT). Como a SBRT é indi-
próstata, que dependendo da dieta e características cada para tumores de pulmão, fígado, vias biliares,
do paciente, podem apresentar mobilidade expres- pâncreas, rins e próstata, deve-se sempre utilizar um
siva devido à compressão mecânica provocada por recurso de IGRT para acompanhamento da movi-
gazes no reto. Outros exemplos incluem todo volu- mentação do volume alvo.
me alvo que estiver próximo ao diafragma, uma vez

0"3TFTFVTSFTQFDUJWPTiDPOTUSBJOTwDMÓOJDPT
Para a otimização da técnica IMRT, é fundamen- computadorizados de planejamento e, assim, ser es-
tal o conhecimento das doses de tolerância por volu- tabelecida a relação entre a incidência de determi-
me de tecido irradiado denominado de “constrains”. nada complicação e a dose por volume de radiação
O preenchimento na tábua de otimização das varia- do tecido em questão. Os relatos da literatura que
ções de doses e prioridades é a base para obtenção auxiliam a definição desses “constrains” são basea-
de um bom plano de IMRT. O sucesso de um bom dos em análises retrospectivas, portanto com nível
plano está na capacidade do profissional envolvido de evidência limitada e, com frequência, se observa
no planejamento de preencher essas informações. mudanças nesses limites.
A dose de radiação por volume, conhecida pe- Em 2010, como forma de se tentar padronizar os
la palavra inglesa “constrain”, vem sendo definida “constrains” para cada tecido normal, foi publicada
para cada OAR, DPNPBEPTFMJNJUBOUFQBSBPDPS uma edição especial inteira na revista vermelha (In-
SÐODJB EF DPNQMJDBÎÜFT DSÙOJDBT EFTTFT UFDJEPT ternational Journal of Radiation Oncology, Biology
Tais definições foram criadas através da experiência and Physics) sobre a criação de uma padronização
clínica acumulada com o advento da radioterapia de “constrains”, chamada QUANTEC (“Quantitative
em três dimensões, a partir da qual se tornou pos- Analysis of Normal Tissue Effects in the Clinic”)
sível a determinação dessa informação nos sistemas [41]. Esse trabalho foi realizado por numerosos in-

40
vestigadores, autores, revisores e profissionais de As tabelas que se encontram no anexo desse capí-
suporte. Uma edição, cuja leitura se torna obrigató- tulo, resumem as principais definições de constrains,
ria por todos os profissionais envolvidos com plane- de acordo com a região anatômica e tecido normal,
jamento de IMRT. para fracionamento convencional, ou seja, 1,8 a 2,0
Gy por dia, para índices aceitáveis de complicações.

&UBQBTQSÈUJDBTEPQSPDFTTPEF*.35
Na prática clínica, a aplicação da IMRT requer t%FMJOFBNFOUPEBTFTUSVUVSBT É necessário um
vários passos, tanto para o planejamento como para delineamento cuidadoso do alvo e dos órgãos próxi-
a execução do procedimento: mos, com o auxilio dos exames de imagens.
t"RVJTJÎÍP EF JNBHFOT É necessário adquirir t"USJCVJÎÍPEFSFTUSJÎÜFTFQFSNJTTÜFT Deter-
as imagens (tomografia computadorizada com ou minam-se estruturas anatômicas a serem valoriza-
sem ressonância magnética ou PET-CT, dependen- dos positivamente ou menos intensamente e deter-
do da situação clínica) da área a ser irradiada, na minam-se as doses de prescrição e de restrição.
mesma posição em que o paciente irá realizar o tra- t1MBOFKBNFOUP GÓTJDP Elabora-se um plano de
tamento, com todos os sistemas de posicionamento tratamento personalizado para que se respeitem re-
utilizados para sua imobilização. Cortes seriados da quisitos pré-determinados no volume de interesse.
área a ser irradiada são tomados, com espessura fi-
t"DFJUF EP QMBOP EF USBUBNFOUP DBMDVMBEP
na, pré-determinada pelo médico e critérios de re-
Após a finalização dos cálculos o plano deverá ser
pleção de órgãos com luz contidos no volume a ser
avaliado pelo médico que, se de acordo, libera o tra-
irradiado. Estes cuidados devem ser orientados ao
tamento. Para tanto, deve ser realizada a avaliação
paciente antes da tomada das imagens. O aparelho
qualitativa que é a verificação do plano corte a corte
para aquisição das imagens deverá ser dedicado pa-
com a distribuição de dose e a avaliação quantita-
ra radioterapia ou, caso se opte por realização do
tiva que é a análise dos gráficos de dose-volume
exame em aparelho não dedicado, uma prancha re-
-histograma (DVH).
tificadora de apoio de decúbito deverá ser utilizada
t5SBOTGFSÐODJB EF EBEPT QBSB P BQBSFMIP O
para garantir a reprodutibilidade do posicionamento
plano liberado pelo médico será transferido para o
durante a aquisição das imagens, similar ao do mo-
aparelho em que o paciente irá realizar o tratamento.
mento do tratamento.
t7FSJmDBÎÍPEFQPTJDJPOBNFOUPEPQBDJFOUFF
t5SBOTGFSÐODJBEBTJNBHFOTApós a aquisição
EBT QSFTDSJÎÜFT SFBMJ[BEBT Após posicionamento
das imagens, elas são transferidas para o sistema de
do paciente no aparelho, são feitas verificações de
planejamento computadorizado (TPS) que irá reali-
localização e do plano a ser tratado. Confirmados
zar os cálculos de tratamento.
todos os parâmentros, o tratamento é iniciado.

41
 "OFYPT
Tabelas com restrições de dose por volume de tecido normal consideradas para probabilidades aceitáveis de
complicações dos órgãos normais, de acordo com a região anatômica.

Tabela 1. Região do Crânio


»SHÍP %PTFQPSWPMVNFPVEPTFQPOUVBMNÈYJNB %NÈY

Nervos ópticos Dmáx < 55 Gy


Aparelho auditivo Dose média ≤ 45 Gy Dmáx: 54 Gy
Retina (olhos) Dmáx: 54 Gy
Cristalino Dmáx: 10 Gy
Cérebro Dmáx: 60 – 72 Gy
Quiasma óptico Dmáx: 55 Gy
Hipófise Dmáx: 55 Gy
Tronco cerebral Dmáx: 54 Gy
Medula espinhal (C1 – C2) Dmáx: 50 Gy
Medual espinhal (C3 e abaixo) Dmáx: 45 Gy

5BCFMB3FHJÍPEF$BCFÎBF1FTDPÎP
»SHÍP %PTFQPSWPMVNFPVEPTFQPOUVBMNÈYJNB %NÈY

Parótidas sem PTV 26 Gy (V26): ≤ 50% 45 Gy (V45): ≤ 25%


Dose média: 25 – 39 Gy
Articulação têmporo mandibular 60 Gy (V60): 66% 65 Gy (V65): ≤30% Dmáx: 70 Gy
Faringe Dose média: 50 Gy
Laringe 50 Gy (V50): 27% Dose media: 44–50 Gy Dmáx: 66 Gy
Plexo braquial Dmáx: 54 Gy

5BCFMB3FHJÍPEP5ØSBY
»SHÍP %PTFQPSWPMVNFPVEPTFQPOUVBMNÈYJNB %NÈY

Pulmões sem PTV 20 Gy (V20): 30% 5 Gy (V5): 42 a 52%


Dose média: 13 a 18 Gy
Esôfago 35 Gy (V35): 50% 50 Gy (V50): 40%
70 Gy (V70): < 20% Dose média: 34 Gy
Coração 30 Gy (V30): 46% 25 Gy (V25): 10%
Dose média: 26 Gy
Medula espinhal Dmáx: 50 Gy

42
Tabela 4. Região Abdominal
»SHÍP %PTFQPSWPMVNFPVEPTFQPOUVBMNÈYJNB %NÈY

Fígado 30 Gy (V30): 60% 50 Gy (V50): 30%


Dose media (fígado saudável): 32 Gy
Dose média (fígado doente): < 28 Gy
Intestino Delgado 50 Gy (V50): ≤ 33% 15 Gy (V15): < 120 cc
45 Gy (V45): < 195 cc Dmáx: 60 Gy
Rim 12 Gy (V12): 55% 20 Gy (V20): 32%
28 Gy (V28): 20% Dose média: 15 – 18 Gy
Estômago Dmáx: 45 Gy

5BCFMB3FHJÍP1ÏMWJDB
»SHÍP %PTFQPSWPMVNFPVEPTFQPOUVBMNÈYJNB %NÈY

Reto 50 Gy (V50): 50% 60 Gy (V60): 35%


65 Gy (V65): 25% 70 Gy (V70): 20%
75 Gy (V75): 15% Dmáx: 82 Gy
Bexiga 65 Gy (V65): 50% 70 Gy (V70): 35%
75 Gy (V75): 25% 80 Gy (V80): 15% (câncer de próstata)
Dmáx: 65 Gy (câncer de bexiga)
Cabeça de fêmur Dmáx: 50 Gy
Bulbo peniano 50 Gy (V50): 90% 70 Gy (V70): 60 – 70%
Dose média: 35 Gy

3FGFSÐODJBT
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45
46
3

.PEFMBHFN'ÓTJDBEPT'FJYFT
Anselmo Mancini e Edilson Pelosi

3.1 Introdução a Modelagem Física


Para determinar a distribuição de dose em um acelerador linear, Figura 1. Isso geralmente é reali-
paciente, é necessário que o algoritmo de cálculo zado através de um modelo para a fluência de ener-
leve em conta tanto as características anatômicas do gia primária dos fótons emergentes do acelerador
paciente quanto as do feixe de tratamento. Portanto, linear e é obtido com base em dados de dose medida
antes do processo de absorção de energia ser consi- na água para campos simples. O objetivo da mo-
derado, é necessário modelar a fluência de energia delagem do feixe é reproduzir as características da
da radiação de saída do equipamento de tratamento unidade de tratamento para os cálculos de dose. Este
considerado, conhecido como o espaço de fase do processo é realizado durante o comissionamento.

Figura 1. Ilustração dos principais componentes do cabeçote de um acelerador


linear no modo de feixe de fótons para um tratamento de região pélvica.

47
O feixe de radiação emitido por um acelerador partes de um acelerador linear podem ser tratadas
linear é composto de uma mistura complexa de fó- como se fossem geradas por fontes distintas, já que
tons primários, fótons espalhados e elétrons. O es- possuem diferentes valores de energia e distribuição
pectro de energia das partículas e sua distribuição espacial, enquanto que as partículas procedentes do
devem ser conhecidos para o cálculo acurado da do- mesmo componente do acelerador linear têm carac-
se. A aproximação mais simples deste espaço de fase terísticas semelhantes. Normalmente, a geometria da
é fornecida por uma modelagem da fluência efetiva fonte do feixe primário deve ser tratada como uma
de fótons primários com base em alguns parâmetros combinação de distribuição gaussiana de duas fon-
que são obtidos por medições simples. tes conforme a Figura 2.
Um modelo de feixe deve ser simples de imple- A primeira fonte tem a largura total à meia altura
mentar, e possuir um pequeno número de parâme- de alguns milímetros e leva em conta a produção
tros livres que possam ser determinados através de direta de fótons no alvo. Uma fonte secundária de bai-
medidas concretas. Porém, ao mesmo tempo precisa xa intensidade considera o espalhamento no colima-
ser sofisticado o suficiente para validar todas as medi- dor primário e no filtro aplanador. Para uma maior
das clinicamente relevantes, em conformidade com os sofisticação no algoritmo de cálculo da dose, devem-
requisitos de precisão e exatidão de uma medida [1]. -se incluir os efeitos de retro espalhamento na câmara
Para descrever este conjunto de propriedades monitora do acelerador, o espalhamento no colimador,
complexas, um modelo de fonte única e simples, a fuga através do colimador, a interação com o volume
localizada no alvo do acelerador, é insuficiente. de ar e a contaminação por partículas carregadas.
Ao considerar os processos físicos que ocorrem no Basicamente, existem dois métodos principais
cabeçote do equipamento de tratamento, modelos para obtenção dos espectros de energia usados na
que consideram múltiplas fontes [2,3] descrevem prática clínica e ambos necessitam de diferentes me-
explicitamente os principais componentes de espa- didas de dose na água [4].
lhamento. As partículas provenientes de diferentes

Figura 2. Representação geométrica para um modelo com duas fontes de fótons [4].

48
Uma possível abordagem para o cálculo do es- obter um espectro de energia dos respectivos fótons
paço de fase do feixe de fótons primários emergen- e elétrons.
tes é por simulação de Monte Carlo[6,7]. Através de Outro método consiste em realizar uma compa-
princípios físicos fundamentais, são modelados os ração direta de dose em profundidade entre os dados
fótons gerados a partir de um feixe estreito de elé- medidos e curvas pré-calculadas [5,8]. Cada pacote
trons, que incidem sobre o alvo do acelerador linear, de energia Ei contribui com um valor de dose D (Ei,
e os processos de atenuação e espalhamento no ca- z) na profundidade z para os valores de dose medi-
beçote do equipamento. Conhecendo-se a localiza- dos D (z) de um campo de radiação usado
espectro
ção geométrica e as propriedades físicas de todos os para o tratamento.
componentes relevantes no cabeçote do equipamen-
As curvas de dose em profundidade monoener-
to, tais cálculos dependem apenas de alguns parâ-
géticas D (Ei, z) são, por exemplo, obtidas por simu-
metros que caracterizam o feixe de elétrons inicial
lações de Monte Carlo e os fatores de ponderação ai
do acelerador linear. O espaço de fase completo das
são selecionados de forma que:
partículas primárias pode então ser utilizado para

DFTQFDUSP [
òBi % &i [

permitindo a geração de um espectro de energia
que possa reproduz os dados medidos mostrados de
forma comparativa na Figura 3.

'JHVSB Espectro de energia para feixes de fótons de 6 e 15


MV de uma acelerador Siemens-Primus [5].

Os parâmetros necessários para caracterizar a Este último derivado de medidas de espalhamento


qualidade do feixe de fótons dependem do sistema no cabeçote do acelerador e de medidas na água que
de planejamento e também do algoritmo que será são usados para obter o espectro de energia e os pa-
utilizado para o cálculo da dose. O fabricante de- râmetros de contaminação por partículas carregadas;
ve fornecer documentação descrevendo os procedi-
› Perfis de dose ao longo dos eixos principais
mentos e os dados necessários.
para definir a forma e o tamanho efetivo da fonte e
Geralmente, as medidas compreendem: também para avaliar os resultados da modelagem;
› Varredura de dose na profundidade no eixo › Perfis de dose diagonais e fatores de espalha-
central e parâmetro de espalhamento no fantoma. mento no cabeçote para determinar a distribuição

49
lateral da fluência de energia; processados são armazenados no banco de dados do
Medida da grandeza dose absorvida de forma sistema de planejamento para serem utilizados no
absoluta. Após a caracterização completa, os dados cálculo de distribuição de dose.

 3FDPNFOEBÎÜFT&TQFDJBJTQBSBP$PNJTTJPOBNFOUP
O uso da técnica de Radioterapia com Intensida- do se o equipamento entregue pelo fabricante esta
de Modulada do Feixe (IMRT) implica numa maior de acordo com as especificações definidas quando
dependência dos sistemas de planejamento para ob- da sua aquisição, inicia-se o processo de comissio-
terem um bom plano de tratamento. Desta forma, é namento que deve ser ajustado às técnicas que serão
necessário que eles representem com alto grau de utilizadas, como por exemplo, a técnica de IMRT.
exatidão as características dos equipamentos para O processo de comissionamento representa pa-
todos os arranjos possíveis de campos. ra os físicos médicos um desafio, pois além da ne-
O comissionamento de todos os sistemas envolvi- cessidade de precisão e exatidão dos dados, existe
dos, desde os equipamentos com suas características uma variedade de métodos de testes e pouco tempo
e acessórios, passando pelo sistema de planejamento disponível para sua execução. Por ser a última par-
e os sistemas de controle de qualidade específico dos te do processo antes da liberação para uso clínico,
tratamentos com IMRT são abordados neste capítulo os atrasos ocorridos em todas as etapas anteriores,
e estão baseados no documento TG-106 da AAPM [9]. como preparação da sala, instalação de sistema de
As primeiras medidas realizadas nos aceleradores refrigeração e de ar condicionado, entrega e mon-
lineares como parte do processo inicial de aceitação tagem do aparelho pode influenciar na cobrança de
do equipamento, são feitas com simuladores de te- prazos mínimos de forma a permitir o inicio dos tra-
cido fornecidos pelos fabricantes que são acoplados tamentos.
ao “gantry” do acelerador e que têm dimensões res- Por esta razão, um bom entendimento com a
tritas, não oferecendo, portanto as condições ideais administração da instituição se faz importante no
para modelar o feixe do equipamento. sentido de entenderem a delicadeza do processo de
Após o processo de aceitação, onde será verifica- comissionamento.

*OTUSVNFOUBÎÍPF&RVJQBNFOUPT
Os simuladores de tecido utilizados para o co- mante são recomendados, pois oferecem boa resolu-
missionamento são os sistemas de varreduras au- ção espacial com relativo ganho de sinal por ruído
tomáticos com grandes dimensões, capazes de me- em relação à microcâmaras de ionização. Porém, de-
dir os campos de 40 x 40cm2 com margens para ve ser realizado um teste de dependência energética
penumbra e profundidade de 40 cm. Outros simu- para diodos. Isto é avaliado através de uma medida
ladores sólidos podem ser utilizados para algumas de dose profunda utilizando o feixe de fótons de
medidas pontuais ou serem utilizados para medidas menor energia disponível e tamanho de campo má-
com filmes. ximo e repetindo a medida utilizando uma câmara
Os detectores do tipo câmara de ionização, dio- de ionização com volume grande (por ex. 0.6 cm3).
dos e diamantes são utilizados para as medidas, dos Se a curva com o diodo, após a profundidade de do-
quais as câmaras de ionização são mais comumente se máxima, não acompanhar a queda da curva com
utilizadas, devido a sua grande disponibilidade, cus- a câmara, é sinal que o diodo apresenta dependência
to, variedade de tamanhos, acurácia e facilidade de energética [10,12].
uso. Maiores informações sobre as características de O uso de câmaras de referência é extremamente
cada sistema serão apresentadas no Capitulo 7. recomendado para todas as medidas de varredura a
Para medidas de perfis do feixe, com tamanho serem realizadas para retirar possíveis flutuações no
de campo pequeno, os detectores de diodo e de dia- feixe. Para medidas de tamanhos de campos peque-

50
nos, onde a câmara de referência pode atrapalhar a da sala previamente calibrado. Como ocorre evapo-
medida provocando atenuação e/ou espalhamento, ração da água no tanque, o nível da água deve ser
as medidas podem ser feitas utilizando o método de verificado a cada seis horas. Dependendo do tipo e
passo a passo onde o eletrômetro integra a carga no volume da câmara e do protocolo utilizado, o deslo-
tempo de um segundo para cada ponto de medida. camento do ponto efetivo de medida vai ser diferen-
Cuidados especiais devem ser observados, por te e deve ser verificado [13,15].
exemplo: o detector deve estar nivelado com a su- A maioria dos sistemas de medidas tem um mé-
perfície da água nos quatro cantos do tanque ga- todo de orientação para definir a relação da posição
rantindo o alinhamento de todo o sistema. Deve ser do tanque com o eixo do gantry do acelerador. Nor-
verificado o alinhamento do eixo de medida de pro- malmente, o eixo Y coincide com o eixo canhão-al-
fundidade, que deve ser paralelo com o eixo central vo e o eixo X o plano cruzado. Independente do sis-
do feixe. Isto pode ser feito pelo uso de nível de tema de coordenadas escolhido verifique as direções
chumbo alinhado com o eixo do colimador ou pelo dos movimentos e sua orientação. O alinhamento
uso de um campo estreito junto à câmara. Neste úl- do tanque pode ser feito com a ajuda do sistema
timo método, observa-se a sombra da câmara na luz de laser da sala e ou com os eixos dos colimadores
de campo a diferentes profundidades. Alguns siste- usando a luz de campo. O ângulo do gantry deve ser
mas de medida oferecem métodos automáticos para verificado com a ajuda de um nível de precisão, pois
este alinhamento. as medidas no plano transverso podem apresentar
O ajuste da distância foco superfície pode ser fei- assimetria se o gantry não estiver paralelo com o
ta com a escala e com a ajuda do sistema de laser plano de medida.

1BSÉNFUSPT'ÓTJDPTB4FSFN"ERVJSJEPT
Doses Relativas em Profundidade (PDP) – As tomado de modo a obter a medida no eixo de menor
medidas de PDP normalmente são adquiridas com volume.
distância foco superfície de 100 cm e devem ser to- t%BEPTEP$PMJNBEPS.VMUJ-ÉNJOBTo0DPMJ-
madas começando na direção do fundo do tanque mador multi lâminas é parte integrante dos acelera-
para a superfície. A dose na superfície merece uma dores atuais e possuem vários tamanhos (regulares,
medida a parte, se possível utilizando câmaras de minis e micros) que são desenvolvidos para diferen-
extrapolação. Como os serviços geralmente não dis- tes usos. A estabilidade mecânica e as especificações
põem de tais câmaras, câmaras de placas paralelas devem ser conhecidas e verificadas durante a aceita-
podem ser utilizadas tomando-se o cuidado com o ção para todos os feixes disponíveis no equipamento
efeito polaridade, correção que deve ser feita me- e no mínimo para quatro ângulos de gantry (0º, 90º,
dindo as doses nas duas polaridades e calculando 180º, 270º) para examinar o efeito da gravidade no
o valor médio. Outros detectores podem ser usados movimento das lâminas. A coincidência da luz de
como diodos de pequeno volume, MOSFET ou filme campo com a radiação, fuga intra e entre lâminas,
radiocrômico. efeito de lingueta e ranhura, além da penumbra são
t1FSmTEPGFJYFo"FTDPMIBEPEFUFDUPSFTVB os parâmetros a serem verificados. Exceto a penum-
orientação é crucial para medidas de perfil para bra, que deve ser medida com câmaras, os outros
campos pequenos em regiões de alto gradiente (pe- itens podem ser verificados com ajuda de filmes ou
numbra). Detectores de pequeno volume são prefe- do equipamento de imagem eletrônica do acelera-
ridos e como precisamos de medidas nos dois eixos, dor, ambos calibrados.
transverso e sagital, nas diagonais principais, uma t.FEJEBTEFFTQBMIBNFOUPUPUBMo"TNFEJEBT
vez que alguns sistemas, solicitam medidas nas dia- de espalhamento total ou fator campo são realizadas
gonais a cada 10 graus, conhecidas como estrelas, na água em um ponto de referência, normalmente a
cuidado com a orientação dos detectores deve ser 10cm ou na profundidade de dose máxima, com dis-

51
tância foco superfície de 100 cm. Para IMRT, deve- t$VJEBEPTOPQSPDFTTBNFOUPEPTEBEPTo$PNP
-se estar atento aos tamanhos de campo pequenos e todas as medidas apresentam certo grau de ruído,
com os cuidados a serem observados com o volume ferramentas dos sistemas de aquisição são utilizadas
da câmara a ser utilizada. Esta deve ser menor que para suavizar os dados coletados. Neste momento,
pelo menos 0,5 cm em qualquer direção ao compa- deve-se tomar cuidado para que o formato básico
rada com o tamanho do campo. É importante que o da curva não seja alterado. Se houver uma flutua-
efeito haste deve seja avaliado para estas câmaras ção grande na medida, é preferível fazer uma nova
de menor volume. medida alterando algum dos parâmetros, como a
t .FEJEBT EF FTQBMIBNFOUP OP DBCFÎPUF  "T velocidade de varredura da câmara de campo, por
medidas de espalhamento no cabeçote são realiza- exemplo, ao invés de tentar usar mais de uma vez o
das no ar a uma distância foco câmara de 100cm. artifício matemático de suavização, pois isso altera
Usualmente é utilizada capa de equilíbrio eletrônico o formato original da curva obtida. Outro método
sendo a seleção desta importante, pois caso a espes- geralmente utilizado é a simetrização dos dados.
sura seja pequena, não haverá meio suficiente para Contudo, se a quantidade de assimetria removida
gerar elétrons entrando no volume sensível, além de for grande, por exemplo, maior que 0,5% no feixe
não remover os elétrons de contaminação gerados aberto, o mesmo vai acontecer para as medidas com
no ar e na cabeça do aparelho, portanto a medida filtros e nesta situação não será possível usar tal
apresentará erros. artifício. Então, o melhor é repetir o posicionamento
inicial e refazer as medidas.

7BMJEBÎÍPEPTEBEPTEPDPNJTTJPOBNFOUP
Após o processo de modelagem do feixe, a con- tificação dos feixes; dispositivos externos; opções
sistência entre os dados de entrada e calculados deve padrões; convenção e intervalo de escala.
ser verificada para um número limitado de campos. Outros dados, relacionados às características do
Para sistemas de planejamento 3D-CRT existem vá- feixe, são fundamentais para o cálculo da dose e
rios documentos publicados que apresentam infor- devem representar os valores do acelerador linear
mações práticas para verificação e garantia do seu em questão. O primeiro requisito para um sistema de
correto funcionamento [16,20]. Para a técnica de planejamento é obter uma boa concordância entre
IMRT, a situação é diferente, já que não existem di- as medidas que foram usadas para modelar o feixe
retrizes e critérios específicos para essa tecnologia. e o próprio modelo. Portanto, os valores medidos
Entretanto, em muitas situações, os testes elabora- que formaram a base do modelo do feixe devem ser
dos para aceitação e comissionamento de sistemas confrontados com os calculados pelo sistema de pla-
de planejamento 3D-CRT podem ser aplicados de nejamento.
forma análoga para IMRT, servindo de bom ponto
de partida para o seu comissionamento. Estes testes
01SPDFTTPEFBOÈMJTF<>
devem verificar se os dados básicos foram introdu-
zidos corretamente no sistema de planejamento, se Deve-se considerar:
os parâmetros de modelagem foram definidos de t$ÈMDVMP EBT DVSWBT EF EPTF FN QSPGVOEJEBEF
forma adequada e se essas informações são manipu- para os tamanhos de campo utilizados e compara-
ladas pelo programa como esperado. ção com os dados de entrada;
Alguns desses parâmetros são usados apenas t$PNQBSBÎÍPFOUSFPTQFSmTEFEPTFVTBEPTDP-
como opções preferenciais e não tem qualquer in- mo dados de entrada e os calculados.
fluência sobre o cálculo da dose e devem ser verifi- Nesta avaliação, é preciso verificar o nível de
cados pelo usuário quanto à correta introdução no concordância entre os dados, uma vez que é espe-
sistema de planejamento. Exemplos são: limitações rado que os cálculos não devessem reproduzir exa-
de tamanho de campo; nome do acelerador; iden- tamente os dados de entrada. A exatidão com que o

52
modelo consegue reproduzir os dados pode ser bas- proximidade das interfaces (área de alto gradiente
tante variável. Com isso, é necessário definir uma de dose);
maneira para expressar os desvios entre as medidas δ3: Para pontos dentro do campo (por exemplo,
e os cálculos, além de estabelecer os critérios que dentro de 80% do feixe geométrico), mas fora do
devem ser cumpridos. eixo central (área de baixo gradiente de dose);
Em princípio, todos os testes dosimétricos são δ4: Para pontos fora do raio geométrico ou abai-
comparações ponto-a-ponto. Esta análise é ade- xo de blocos de proteção, dos colimadores, onde a
quada em áreas de baixo gradiente de dose, porém dose for inferior a, por exemplo, 7% da dose no eixo
não é a melhor abordagem para regiões com alto central na mesma profundidade (área de baixo gra-
gradiente, onde o desvio espacial também deve ser diente de dose).
considerado. Além disso, é bem reconhecido que a
Duas outras quantidades também são propostas:
exatidão no cálculo de dose depende da região do
RW50: a largura radiológica, definida como o ta-
feixe. Portanto, geralmente, diferentes critérios de
manho do perfil medido na metade da sua altura em
aceitação são considerados para distintas regiões do
relação ao valor no raio central;
feixe [21]:
δ50- 90: a distância entre os pontos de 50% e de
δ1: Para pontos ao longo do eixo central do feixe
90% (em relação ao máximo do perfil) na penumbra.
e além da profundidade de dose máxima (área de
baixo gradiente dose); A Figura 4 apresenta comparações nessas regiões
para curvas de dose na profundidade, Figura 4a e
δ2: Para áreas de crescimento de dose e de pe-
para perfil de dose Figura 4b.
numbra. Estas regiões também incluem pontos na

Figura 4. Representa a divisão do feixe de fótons em diferentes regiões para facilitar a sua análise [21].

É necessário ser claro quanto à definição do pon- sugere que isto pode levar a uma exigência branda
to de normalização, uma vez que as tolerâncias são em áreas de baixa dose e recomenda que a diferença
dadas em porcentagem. O TG-53[16] recomenda que entre os valores calculados e medidos seja expressa
todos os critérios sejam relativos à dose no eixo cen- como uma porcentagem da dose medida localmente,
tral, embora a publicação de Venselaar et al. [21] de acordo com:

δ % %medida
%medida
DBMDVMBEB

53
Nas áreas de baixo gradiente, é conveniente ava- podem ser muito brandas para aplicações de IMRT.
liar a diferença de dose, enquanto que em regiões Muitas vezes, uma parte considerável da dose é de-
com gradiente elevado, o método de “distância para corrente de contribuições de fora da área do campo.
acordo” (DTA) é o melhor parâmetro para expressar Deve-se examinar com atenção a exatidão acurácia
os desvios entre as medidas e os cálculos. DTA é a do cálculo nessa parte do feixe para a técnica de
distância entre o ponto medido e o ponto mais pró- IMRT.
ximo na distribuição calculada que possui o mesmo Um resumo dos valores de tolerância propostos
valor de dose. é apresentado na Tabela 1. Os desvios, δ, referem-se
As recomendações para δ4 (fora das bordas do a comparações individuais entre pontos calculados
feixe na região de baixa dose e baixo gradiente) e medidos [21].

5BCFMB$SJUÏSJPTEFBDFJUBÎÍPQBSBDÈMDVMPTFOWPMWFOEPGFJYFTEFGØUPOT<>

Tolerân (FPNFUSJBTJN (FPNFUSJBDPNQMFYB (FPNFUSJBTNBJT


DJB QMFT IPNPHÐOFP IFUFSPHFOFJEBEF  DPNQMFYBT DPNCJOBÎÜFT
BTTJNFUSJB
EF 

δ1 2% 3% 4%
δ2 2 mm ou 10% 3 mm 3 mm ou 15%
δ3 3% 3% 4%
δ4 30% 40% 50%
RW50 2 mm ou 1% 2 mm ou 1% 2 mm ou 1%
δ50-90 2 mm 3 mm 3 mm

Outro método para comparar distribuições de tribuições de dose comparadas.


dose é o índice γ [22], que combina critérios de Usando uma soma quadrática, todos os pontos
diferença de dose e de DTA. O índice γ é uma re- de cálculo irão receber um valor dado por:
presentação do grau de equivalência entre as dis-

54
rme rc são as posições dos pontos da dose
Uma vez que o conjunto de valores de é de-

medida e calculada, respectivamente. D( rm) e D(rc) terminado para todos os pontos rc, o mínimo pode
são os valores de dose absorvida nos locais rm e
ser encontrado e atribuído ao resultado do índice γ,

rc rm e rc . Os critérios de aceitação são denotados no ponto rm.


por ∆dM para DTA e ∆DM para diferença de dose.

Os critérios de sucesso ou falha indicados são: térios de aceitação especificados.


γ ≤ 1, o ponto avaliado está dentro dos critérios A Figura 5 representa de forma esquemática a
de aceitação especificados; análise γ para uma distribuição unidimensional.
γ > 1, o ponto avaliado não está dentro dos cri-

Figura 5. Modelo de representação da análise do índice γ em uma dimensão.

Esta abordagem também pode ser aplicada para mento tem incorporado o índice γ para comparação
comparação de distribuições em duas e três dimen- entre os dados medidos e modelados conforme as
sões. Um grande número de sistemas de planeja- Figuras 5 e 6 e 7.

55
Figura 6. Análise γ entre perfis de dose medido e modelado para o sistema de planejamento
Oncentra MaterPlan. Critério utilizado na avaliação do índice γ de 1% e 3mm.

'JHVSBHistograma do índice γ entre os dados medidos e modelados para o sistema de planejamento Eclipse. Resultados
agrupados em função das regiões dos feixes. Critério utilizado na avaliação do índice γ de 1% e 3mm.

56
Quando um estudo com perfis e curvas de dose na tisfatório. Para avaliar tal situação, foi introduzido o
profundidade é realizado, muitos dados são avalia- conceito de limite de confiança (∆) [21]. Seu valor é
dos. Alguns desses pontos podem exceder os critérios baseado no desvio médio entre os pontos calculados
estipulados, mas ainda o resultado geral pode ser sa- e medidos, e o respectivo desvio-padrão (σ).

ð]EFTWJPNÏEJP]  σ

Na comparação entre sete sistemas de planeja- documentos já mencionados. Porém, à medida que
mento, constatou-se que a tolerância de 3% pode o planejamento dos tratamentos se torna mais so-
ser utilizada para a maioria das geometrias, com fisticado, a gama de testes de dosimetria deve ser
exceção de algumas mais complexas, onde 4% ge- expandida. Ao calcular uma distribuição de dose de
ralmente é aceitável [21]. Os valores de tolerância IMRT, uma série de fatores, tais como a dosimetria
definidos na tabela 1 podem ser aplicados ao limite de pequenos campos e a modelagem do colimador
de confiança ∆ ao invés de pontos individuais. Além multifolhas torna-se mais importante do que em
disso, o conceito de limite de confiança pode ser tratamentos convencionais.
expandido para o índice γ. Um conjunto de dados pode ultrapassar a tole-
Após a verificação dos dados básicos do siste- rância se: o desvio médio de todos os pontos é mui-
ma de planejamento, a avaliação deve se estender to grande; e/ou quando alguns pontos apresentam
para cálculos mais sofisticados, incluindo campos grandes desvios e, então, σ é muito grande. Embora
alongados, diferentes SSDs, modificadores do feixe, muitas vezes um intervalo de confiança de 95% seja
colimador assimétrico, diferentes formas de campos utilizado (1,96 σ), pode-se escolher um fator de 1.5
com MLC, fantomas não homogêneo, etc. O conjun- σ [21]. Um valor maior que 1,5 estaria enfatizando
to completo de testes para verificação dos sistemas erros aleatórios, enquanto que um fator menor real-
de planejamento 3D-CRT pode ser encontrado nos çaria os erros sistemáticos.

Figura 8. Exemplos de padrões de intensidade para o comissionamento da técnica de IMRT.

Portanto, o fato do sistema de planejamento pro- Deve-se iniciar pelas fluências mais simples, onde
duzir resultados adequados nas condições descritas os resultados são de fácil interpretação, e progredir
anteriormente, não é garantia de que os cálculos pa- gradativamente para as situações mais complexas,
ra IMRT serão satisfatórios. O documento da AAPM que trazem informações do grau de exatidão espera-
[23] traz alguns exemplos de padrões de intensidade do para situações clínicas. Além disso, a última eta-
que podem ser criados no sistema de planejamento pa antes do uso clínico do sistema de planejamento
para um fantoma homogêneo e comparados à res- consiste na avaliação da incerteza global de todas as
pectiva medida com filme ou matriz de detectores etapas de um tratamento. Para isso, o processo que
realizada no acelerador linear, Figura 8. compreende o planejamento e a execução

57
da técnica de IMRT é verificado de forma conjunta, e alvo em forma de “C”, o documento AAPM TG-119
sem a realização de testes específicos para cada fase [24] estabeleceu limites de confiança para avaliar
do curso. Através de um conjunto de ensaios que a adequação da dosimetria de comissionamento de
simulam tratamentos de próstata, cabeça e pescoço sistemas de IMRT.

5BCFMB3FTVNPEBTNFEJEBTSFBMJ[BEBTFPMJNJUFEFDPOmBOÎBBTTPDJBEP<>

Medida Formalismo -JNJUFEF$POmBOÎB


Câmara de ionização (região ∆ = |(desvio médio)| + 1,96 σ; 0,045
de alta dose) desvio = [(dose medida) - (dose
Câmara de ionização (região calculada)] / dose de prescrição 0,047
de baixa dose)
Filme (todos os campos) ∆ = [100% - (porcentagem média 12,4 (87,6% de pontos aprovados)
Matriz de detectores (cam- de pontos aprovados pelo índice 7,0 (93% de pontos aprovados)
pos separados) γ)] + 1,96 σ;
critério γ: 3% / 3mm

Utilizando fantomas retangulares, diferentes pla- simples (próstata, por exemplo) raramente se apro-
nejamentos foram calculados, irradiados, medidos e ximem deste limite, enquanto que para casos mais
analisados por nove instituições. As medidas foram complexos, com modulação mais acentuada, esses
realizadas com câmara de ionização, matriz de detec- valores talvez sejam ultrapassados.
tores e filme. A distribuição planar da dose foi ava- As diferenças entre a medida e a previsão calcu-
liada usando o índice γ com critério de 3% e 3 mm. lada são difíceis de interpretar, já que as incertezas
Com isso, quantificou-se o grau de concordância das medições, erros de entrada de dados, definição
que deve ser esperado entre a medida e o cálculo, dos parâmetros de modelagem, o algoritmo de cál-
utilizando o conceito de limite de confiança. A ta- culo e várias outras incertezas estão incorporadas
bela 2 resume os resultados encontrados. nos resultados. Embora estes testes complexos sejam
As medidas dos testes de IMRT devem ser execu- fundamentais para avaliar a acurácia global do sis-
tadas em condições que simulem os casos que serão tema, a sua utilidade em explicar as discrepâncias é
encontrados na prática. Para utilizar estes dados de limitada.
referência, uma instituição deve realizar um con- Adicionalmente, este tipo de análise para o co-
junto semelhante de medidas, determinar a variação missionamento de IMRT fornece uma linha de base
local sistemática e aleatória dos valores esperados, valiosa para a verificação dosimétrica de planeja-
calcular o limite de confiança local, e verificar se ele mento por paciente, que também é parte importante
é semelhante ao apresentado. O limite de confiança da implementação da técnica de IMRT.
local deve ser da mesma ordem ou inferior ao deste Por último, é fundamental garantir que as carac-
grupo. Um valor muito maior indica que o sistema terísticas do acelerador linear não se afastem de seus
de IMRT local não está comissionado adequadamente. valores de referência obtidos durante o comissiona-
Nesta formulação, baseada na estatística de uma mento e introduzidos no sistema de planejamento.
distribuição normal, é esperado que cerca de 95% Isso deve ser efetuado através da elaboração de um
dos resultados estejam dentro do limite de confiança criterioso programa de controle de qualidade.
apresentado na Tabela 7. Projeta-se que situações

58
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60
4

"RVJTJÎÍPF'VTÍPEF*NBHFOT
Renato Ros

4.1 Introdução
Em radioterapia, o sistema de planejamento de terminação do volume tumoral e dos órgãos de risco.
tratamento utiliza as imagens de Tomografia Com-
As aplicações típicas da fusão de imagens são para:
putadorizada (CT) do paciente, devido às suas carac-
terísticas de grande precisão geométrica. As imagens tDPNQMFNFOUBSBTJOGPSNBÎÜFTEFVNQBDJFOUF
são construídas a partir de uma escala de atenuação por outra modalidade de imagem;
em que os extremos são o ar, que aparece escuro tTPCSFQPTJÎÍPEFVNBUMBTEFBOBUPNJBOBTJNB-
(mínimo valor de atenuação) e o tecido ósseo (má- gens de CT de um paciente;
ximo de atenuação), que aparece branco. Ou seja, tWFSJmDBSPQPTJDJPOBNFOUPEPQBDJFOUFFNUSB-
diferentes tecidos possuem diferentes coeficientes de tamentos guiados por imagem;
atenuação. tNPOJUPSBSBTBMUFSBÎÜFTBOBUÙNJDBTEPQBDJFO-
As imagens de Ressonância Magnética (MR) per- te durante as frações subsequentes do tratamento.
mitem uma melhor visualização e diferenciação dos A fusão das informações contidas nas imagens
tecidos, mas não é ideal para estruturas ósseas, pois pode ser realizada em imagens de diferentes dimen-
o osso e o ar não produzem sinal à MR e, portanto, sões. No método bidimensional (2D), as imagens ou
aparecem pretos em todas as imagens. os cortes de CT, provenientes de registros diferentes,
A imagem da Tomografia por Emissão de Pósi- são alinhadas assumindo que foram obtidas exa-
trons (PET) é formada pela localização da emissão tamente no mesmo plano relativo ao paciente. Os
dos pósitrons pelos radionuclídeos fixados nos ór- métodos tridimensionais (3D) consideram uma ima-
gãos do paciente. A PET é um método de obter ima- gem tomográfica não como um conjunto de cortes
gens que informam acerca do estado funcional dos individuais, mas como um conjunto de dados vo-
órgãos e não tanto do seu estado morfológico, como lumétricos, com os quais uma fusão pode ser feita
a TC e MR. com outras imagens (2D ou 3D). Os métodos podem
A fusão de imagens é o processo de superposição incluir o tempo como uma dimensão extra, com o
de dois conjuntos de imagens de diferentes modali- qual a fusão de uma série temporal de imagens 2D
dades em um único conjunto com apenas um siste- torna-se um método 3D e a fusão de uma série tem-
ma de coordenadas. A fusão de imagens permite que poral de imagens 3D torna-se um método 4D.
as informações das diferentes modalidades de ima-
gens contribuam para aprimorar a precisão da de-

61
.ÏUPEPTEFBSRVJWPEFJNBHFNFTVBTMJNJUBÎÜFT
A comunicação de imagens digitais em medicina deve-se prestar atenção na orientação das imagens,
(DICOM - Digital Imaging Communications in Me- pois sérios incidentes podem ser causados com a in-
dicine) é um conjunto de normas para armazena- versão do lado esquerdo pelo direito do paciente. Os
mento, conversão e transmissão de informações e exames realizados com orientação para os pés po-
de imagens médicas, estruturado em um protocolo dem originar orientações reversas em alguns equi-
que permite o compartilhamento de dados entre os pamentos e programas de imagem. Além disso, se
equipamentos de diagnóstico geradores de imagens, o número de identificação do paciente for digitado
computadores e hospitais. Foi criado com a finali- incorretamente, o tratamento pode ser feito baseado
dade de padronizar a formatação das imagens diag- em imagens de outro paciente.
nósticas e estabelece uma linguagem comum entre Para incorporar as informações de um planeja-
os equipamentos de marcas diferentes, que geral- mento de radioterapia foi criada a extensão RT. O
mente não são compatíveis, e entre os equipamentos DICOM-RT incorpora os contornos das estruturas
de imagem e os computadores. anatômicas, imagens DRR e dados dos campos de
O protocolo DICOM assegura que os dados sejam tratamento, dos colimadores multilaminas e da dis-
transmitidos para a rede sem corrupção. No entanto, tribuição de dose.

.ÏUPEPTEFHBSBOUJBEBRVBMJEBEFEBJOGPSNBÎÍP
A análise de imagens de diferentes modalidades Apesar do desenvolvimento dos algoritmos de
se tornou um tópico importante de pesquisas pelas fusão de imagens, todo método de alinhamento de
vantagens da complementaridade de informações. A imagens automático deve ser verificado manual-
fusão de imagens promove melhores diagnósticos, mente antes de iniciar o planejamento do tratamen-
planejamentos cirúrgicos e radioterápicos, mas é to. Vários fatores podem influenciar no resultado
uma tarefa complexa, pois cada modalidade de ima- final, como alterações anatômicas decorrentes da
gem tem sua própria natureza, formada por princí- data de aquisição de cada modalidade de imagem,
pios físicos diferentes. Uma região anatômica pode mudanças no posicionamento do paciente e nos pa-
apresentar um valor alto de intensidade em uma râmetros de aquisição de imagem, como a utilização
modalidade e um valor baixo na outra, ao passo que de contraste para realçar a região a ser analisada.
outros tecidos apresentam valores similares.

.ÏUPEPTEFGVTÍPEFJNBHFN
O processo de alinhamento consiste em encon- O grau de elasticidade da transformação de co-
trar a transformação (rotação, translação, deforma- ordenadas das imagens pode ser rígido, semelhante,
ção) que relaciona melhor um conjunto de imagens em perspectiva ou curvado, Figura 1. Essas catego-
com o outro. O domínio da transformação pode ser rias mostram uma clara distinção em suas proprie-
classificado como global ou local. Um método de dades geométricas. Uma transformação é chamada
transformação é chamado de global quando uma de rígida se a distância entre dois pontos quaisquer
mudança em qualquer parâmetro influencia a trans- na primeira imagem é preservada na segunda ima-
formação da imagem como um todo. No método gem. As transformações rígidas podem ser decom-
de transformação local, uma mudança afeta ape- postas em translação, rotação e reflexão (espelho).
nas parte da imagem e cada subseção da imagem Uma transformação é chamada de semelhante quan-
pode ter sua própria transformação [1]. Para o ali- do quaisquer linhas retas na primeira imagem são
nhamento de imagens médicas utiliza-se somente a relacionadas com linhas retas na segunda imagem,
transformação global. preservando o paralelismo. Na transformação pers-

62
pectiva, uma linha em uma imagem é relacio- primeira imagem se transforma em uma curva na
nada com outra linha na segunda imagem, sen- segunda imagem.
do que na transformação curvada, uma linha na

'JHVSB Exemplos de transformações de imagens combinadas em categorias de domínio


(global ou local) e de elasticidade (rígida, semelhante, perspectiva ou curvada).

Portanto, o método de transformação de coorde- to em uma única posição de observação e orientação


nadas utilizado para a fusão de imagens médicas é o espacial, gerando imagens com mais atributos por
global e de corpo rígido. A técnica de fusão de ima- pixel, Figuras 3 e 4. A imagem original é menciona-
gens correlaciona dois conjuntos de imagens de na- da como imagem de referência e a segunda imagem
turezas físicas diferentes e apresenta o mesmo obje- é a imagem flutuante.

63
A B
Figura 2. Volume das imagens antes do alinhamento. a) coordenadas da imagem flutuante. b) imagem de referência. Os
pontos 1 a 8 são os vértices do volume do conjunto de imagens, relativos aos eixos x, y e z.

Figura 3. Volumes das imagens após o alinhamento.


Os pontos 1’ a 8’ são utilizados para especificar as co-
ordenadas da transformação.

Os algoritmos desenvolvidos para o alinhamen- iterativa, em que uma estimativa inicial da transfor-
to e fusão de imagens devem utilizar características mação é gradualmente refinada por tentativa e erro.
em comum em ambas as modalidades de imagem Em uma otimização, o algoritmo leva uma série de
para compará-las e executar a rotina de cálculo pro- suposições a partir de um ponto de partida inicial e
gramada. Alguns métodos de registro utilizam al- calcula a função de custo ou medida de similaridade
goritmos para calcular diretamente a transformação relativa à forma como as imagens correspondem.
entre os conjuntos de imagens, enquanto outros exi- Os métodos presentes nos sistemas de planejamen-
gem um processo de otimização. A maioria das téc- to e de simulação virtual podem ser divididos em: in-
nicas de fusão de imagens requer uma abordagem terativo, pontos de referência, superfície e volume.

t"MJOIBNFOUP*OUFSBUJWP
O método interativo ou manual permite ao usu- manuseio intuitivo, apresenta rapidamente o resul-
ário obter um controle total sobre o processo de ali- tado e não necessita de tempo de processamento.
nhamento. Um conjunto de imagens pode ser trans- Porém depende da avaliação subjetiva do usuário
ladado ou girado em relação ao outro, criando uma na correlação entre as estruturas anatômicas, tem
transformação de coordenadas entre os dois conjun- pouca reprodutibidade e não há uma função custo
tos. Este alinhamento interativo é fácil de usar, de que indica a qualidade da fusão.

64
t"MJOIBNFOUPQPS1POUPTEF3FGFSÐODJB
O método de alinhamento por pontos de referên- tagem de requerer um procedimento invasivo para
cia utiliza a identificação de alvos correspondentes sua colocação. Outro inconveniente deste método é
nas duas modalidades de imagens para determinar a sua característica prospectiva, que requer a coloca-
transformação espacial entre os pontos emparelha- ção de marcadores externamente ao paciente antes
dos. Nesse método de fusão de imagens podem ser da aquisição das imagens.
utilizados marcadores externos ou internos. Os marcadores internos são pontos anatômicos,
Os marcadores externos são objetos introduzi- presentes em ambas as modalidades de imagens,
dos no paciente e precisam ser visíveis em ambas as que devem ser localizados e identificados interati-
modalidades [2] [3]. Dessa maneira, o alinhamento vamente pelo usuário, que é um profissional espe-
das imagens é automático e rápido, sem a necessi- cializado na anatomia da região em estudo. Após a
dade de algoritmos complexos de otimização. Esse identificação dos pontos, o algoritmo de fusão de
método é um padrão de referência para avaliar a imagens calcula a transformação geométrica das co-
precisão da fusão de imagens de todos os métodos ordenadas pela minimização da função custo, que
automáticos. Os pontos fiduciais presentes no frame representa a distância entre as coordenadas desses
estereotáxico, o qual é preso firmemente no crânio pontos. A precisão do alinhamento das imagens
do paciente para aplicação em radiocirurgia, são por marcadores não invasivos geralmente aumenta
exemplos de marcadores externos, com a desvan- quanto mais pontos anatômicos forem identificados.

t"MJOIBNFOUPQPS4VQFSGÓDJe
O alinhamento de imagens baseado em superfície mentação da superfície da pele do crânio pode ser
utiliza os contornos superficiais marcados nos dois realizada em CT, MR e PET, embora as superfícies
conjuntos de imagens para determinar a transfor- não sejam facilmente identificadas em modalidades
mação espacial entre esses contornos, que são obti- funcionais, como o PET. O alinhamento de imagens
dos da superfície externa da anatomia do paciente por segmentação pode ser aplicado para muitas re-
por meio de imagens 3D. Esse método é similar ao giões do corpo, como a pélvis e pulmão. Esse méto-
de pontos anatômicos, exceto que a superfície re- do não é computacionalmente complexo e pode ser
presenta mais pontos internos da anatomia. A seg- rápido e automático.

t"MJOIBNFOUPQPS7PMVNF
O método de alinhamento por volume se dife- das mais simples de similaridade são obtidas com a
rencia dos outros por utilizar diretamente os valores comparação dos valores de intensidade entre duas
de intensidade de níveis de cinza das imagens sem imagens, voxel por voxel, para a fusão de imagens
a interação do usuário. Esse método depende dire- de uma mesma modalidade, como CT-CT [4]. A van-
tamente do número de pixel se do número de cor- tagem principal é que a comparação dos voxels é
te (voxels) dos dois conjuntos de imagens e requer direta, de maneira que a precisão do método não é
computadores com muita memória e grande capaci- limitada pelos erros de segmentação, como no mé-
dade de processamento. Esse método pode ser divi- todo por superfície.
dido em alinhamento por intensidade, por variância Para conjuntos de imagens de diferentes moda-
mínima e por informação mútua. lidades é preciso utilizar outras medidas de simila-
O método de alinhamento por intensidade mede ridade, como a variância mínima e a informação
a similaridade de dois conjuntos de imagens pela mútua. A medida da variância mínima se baseia no
distribuição estatística de duas variáveis randômi- conceito de que uma imagem consiste de regiões
cas, e realizando a otimização dessa distribuição por uniformes que diferem substancialmente (grande
ajustes nos parâmetros de transformação. As medi- variância) de outras. Se duas imagens estão correta-

65
mente alinhadas, a região uniforme de uma imagem laridade entre eles. A otimização do algoritmo parte
irá corresponder a uma região uniforme na outra de uma posição inicial e faz uma nova aproximação,
imagem, mesmo que os valores de intensidade não recalculando a medida de similaridade. O melhor ali-
estejam relacionados. nhamento de duas imagens ocorre quando a quan-
O método por Informação Mútua (IM) é o mais tidade de informações que elas contêm uma sobre a
utilizado atualmente para imagens multimodalida- outra é máxima, ou seja, o método de alinhamento
des. Esse método assume que há uma correlação entre busca pela maximização da Informação Mútua.
os voxels das duas imagens e busca pontos de simi-

t*OGPSNBÎÍP.ÞUVB *.

O método de alinhamento por IM se baseia nas agrupamento de pontos dos conjuntos de imagens.
informações contidas nas imagens. A medida da O uso da entropia como medida do alinhamento
informação armazenada em uma imagem pode ser das imagens, pois ela possibilita a medida da disper-
obtida pelo valor de sua entropia cuja considera a são da distribuição de probabilidade [8 e 9]. Ela tem
informação contida em um resultado e a probabili- valor baixo quando a distribuição tem alguns picos
dade daquele resultado ocorrer. bem definidos e é máxima quando todos os resulta-
A entropia de Shannon pode ser aplicada em uma dos têm uma chance igual de ocorrer. Um histogra-
imagem para o cálculo da probabilidade de uma de- ma conjugado de duas imagens pode ser utilizado
terminada distribuição de valores de níveis de cinza pra estimar a distribuição de probabilidade conjuga-
ocorrer. Esta probabilidade pode ser estimada pela da de seus valores de intensidade de níveis de cinza
contagem do número de vezes que cada intensidade dividindo cada entrada no histograma pelo número
de nível de cinza ocorre na imagem e dividir esses total de entradas.
valores pelo número total de ocorrências. Uma ima- Para o alinhamento das imagens, a função de trans-
gem que apresenta uma pequena variação de inten- formação deve deslocar as coordenadas de uma das ima-
sidade tem um valor pequeno de entropia. Um valor gens de maneira a minimizar a entropia conjugada. O
alto de entropia pode ser obtido em uma imagem histograma conjugado se altera de acordo com o alinha-
que contém muita informação, ou seja, uma imagem mento das imagens. Se as imagens estiverem perfeita-
que possui um número similar de pixels com inten- mente alinhadas, as estruturas anatômicas corresponden-
sidades diferentes. tes se sobrepõem e aparecem agrupamentos de pontos no
A introdução de um sistema de medidas para o histograma. Se as imagens estiverem desalinhadas, as re-
alinhamento de imagens de diferentes modalida- giões anatômicas de uma imagem não se sobrepõem com
des, [5] assumiu que regiões similares do tecido em suas contrapartes na segunda imagem, p.ex., um voxel
uma imagem, que apresentam valores semelhantes da pele em uma imagem coincide com um voxel do ar na
de níveis de cinza, correspondem a regiões na outra outra imagem. Portanto, a intensidade dos agrupamentos
imagem que também possuem valores de níveis de de pontos correspondentes às estruturas anatômicas di-
cinza parecidos, mas provavelmente diferentes aos minui e aparecem novas combinações de pares de níveis
da primeira imagem. de cinza, dispersando o agrupamento.
Em seguida foi proposto [7] uma adaptação ao Na Figura 4, são mostrados os histogramas con-
sistema de medidas de Woods, construindo um espa- jugados correspondentes ao alinhamento de du-
ço característico (ou histograma conjugado), que é as imagens iguais de MR, porém foi aplicada uma
um gráfico bidimensional que apresenta a combina- transformação de rotação de uma das imagens em
ção dos valores de níveis de cinza de cada voxel das torno do eixo x com ângulos de 2, 5 e 10 graus
imagens de cada modalidade. A diferença deste no- [10]. No histograma conjugado de imagens idênticas
vo método é que ao invés de definir as localizações (mesmas propriedades físicas), os valores de níveis
de tecidos similares em cada imagem, essas regiões de cinza de uma imagem são relacionados aos mes-
são definidas no espaço característico, baseadas no mos valores de níveis de cinza da outra imagem.

66
Intensidade de MR

0º (H = 3,82) 2º (H = 6,79) 5º (H = 6,98) 10º (H = 7,15)


Intensidade de MR. Intensidade de MR. Intensidade de MR. Intensidade de MR.

Figura 4. Histograma conjugado do alinhamento de duas imagens de MR iguais, mas com diferentes ângulos entre si.
Quanto maior o ângulo de rotação, maior é a dispersão do histograma conjugado, aumentando o valor da entropia H.

Portanto, o valor da entropia (H) é baixo e o histo- A entropia tem três interpretações: quantidade
grama conjugado é preenchido por pontos com uma de informação, medida da incerteza e dispersão da
distribuição diagonal e simétrica. Com a rotação de distribuição de probabilidades. Após a introdução
uma das imagens, nota-se que há um aumento da da entropia para o alinhamento das imagens mé-
dispersão dos pontos do histograma conjugado. Esta dicas de diferentes modalidades, foram idas outras
dispersão aumenta quanto maior for o ângulo de medidas a serem aplicadas para o alinhamento rígi-
rotação entre as imagens e, portanto, o desalinha- do: a informação mútua (IM)[11 e 12].
mento entre elas. O método de alinhamento utiliza A definição de IM de duas imagens é relacionada
o histograma conjugado para medir a dispersão da com a entropia conjugada:
distribuição de probabilidade conjugada.

IM(A,B) = H(A) + H(B) – H(A,B)

sendo que H(A) é a entropia da imagem A, H(B) é minimização da entropia conjugada, que pode ser
a entropia da imagem B eH(A,B) é a entropia con- expressa por:
jugada. A maximização da IM é relacionada com a

H(A,B) = H(A) + H(B|A)


H(A,B) = H(B) + H(A|B)

Para duas imagens de modalidades A e B, o dia- as entropias condicionais H(A|B) e H(B|A) e a infor-
grama da Figura 6 estabelece as relações entre as mação mútua IM(A,B).
entropias H(A) e H(B), a entropia conjugada H(A,B),

67
Figura 5. Diagrama da relação entre as entropias das
imagens das modalidades A e B.

A vantagem da utilização da IM para o método h(A,B) é uma matriz bidimensional da seguinte forma:
de alinhamento em relação à entropia conjugada Os valores de intensidade de níveis de cinza dos
é que a IM(A,B) inclui as entropias marginais das voxels variam de 0 a M-1 na modalidade de ima-
imagens H(A) e H(B) separadamente, que apresen- gem A e de 0 a N-1 na modalidade B. A variação de
tam valores baixos para regiões sem tecido (ar) e intensidade dos voxels M e N são características de
valores altos para estruturas anatômicas. Essas en- cada modalidade e da resolução das imagens.
tropias marginais auxiliam a ponderação da medida
Considerando os valores de intensidades a e b de
da IM por meio de penalidades nas transformações,
um par de voxels correspondentes nas imagens A e
diminuindo o valor da IM das imagens se estiverem
B, as estimativas das distribuições de probabilidade
desalinhadas.
conjugada pA,B(a,b) e marginais pA(a) e pB(b) podem
A IM mede a similaridade de um par de ima- ser obtidas pela determinação do histogramas con-
gens utilizando o conceito do histograma conjugado jugado das partes sobrepostas de ambas as imagens.
h(A,B), que é definido como uma função de duas A função de distribuição de probabilidade conjuga-
variáveis: a intensidade de níveis de cinza a da ima- da, utilizada no cálculo da IM de um par de imagens
gem flutuante A e a intensidade de níveis de cinza é descrita por:
b da imagem de referência B. O histograma conjugado

O valor h(A,B) é o número de pares de pixels que níveis de cinza correlacionados dividido pelo núme-
possuem o valor de intensidade a na primeira ima- ro total de pares de pixels das imagens. As funções
gem e o valor de intensidade b na segunda imagem. de distribuição de probabilidades marginais pA(a) e
Portanto, a probabilidade pA,B (a,b) é o número de pa- pB(b) e de distribuição de probabilidades condicio-
res de pixels que possuem valores de intensidade de nais pA|B(a|b) e pB|A(b|a) são representadas por:

68
A complexidade computacional do critério por O critério de maximização da IM está ilustrado
IM é proporcional ao número de amostras obtidas com um exemplo de imagens de crânio de um pa-
da imagem flutuante para inserir no histograma ciente em CT, Figura 5a e em MR, Figura 5b , com a
conjugado [13]. O método de maximização da IM apresentação do histograma conjugado dos valores
mede a dependência estatística entre os valores dos de intensidade das imagens antes do alinhamento,
voxels correspondentes nas duas séries de imagens, Figura 5c e após o alinhamento, Figura 5d.
que deve ser máxima quando as imagens estão ali-
nhadas geometricamente.

CT MR

A B
Antes do alinhamento Após o alinhamento
Intensidade de MR

C D
Figura 6. Imagens de crânio de um paciente em CT (a) e em MR (b). Histograma conjugado antes do ali-
nhamento (c) com IM(CT,MR) = 0,52 e após o alinhamento (d) com IM(CT,MR) = 0,86.

69
Nesta posição de melhor alinhamento, os valores de de CT. Isto ocorre porque as imagens de MRapre-
de grande intensidade nas imagens de CT, prove- sentam uma grande diferenciação para tecidos moles,
nientes dos voxels do osso do crânio, correspondem ao contrário de CT, que diferencia ar, pulmão, tecido
aos valores de baixa intensidade na imagem de MR, e osso. Quando as imagens estão desalinhadas, ocorre
resultando em um pico no histograma conjugado na uma dispersão da concentração de pontos no histo-
região 3 da Figura 7d, o que não ocorria antes do grama conjugado (Figura 7c). A informação mútua
alinhamento correto das imagens. A concentração entre ambas as imagens é, portanto, maior para o ca-
de pontos na região 1 corresponde ao ar, tanto em so de alinhamento, com valor de IM(CT,MR) = 0,86 do
CT com em MR. Pode-se notar que a região 3, refe- que desalinhadas IM(CT,MR) = 0,52.
rente aos valores altos de intensidade das estruturas O método de maximização da IM procura por um
ósseas em CT, tem os mesmos valores de intensidade máximo global em um espaço de seis dimensões,
que o ar em MR. com três graus de liberdade para a rotação e três
A maior parte dos valores correspondentes das graus para translação, utilizando o modelo de corpo
duas modalidades de imagens no histograma conju- rígido. Quando as duas imagens estão alinhadas, a
gado se concentra na região 2, que se apresenta como distribuição de probabilidade conjugada é um pico
uma faixa extensa de valores de intensidade de MR, estreito, resultando em um valor de IM alto.
mas como uma faixa estreita de valores de intensida-

4.5 Considerações finais


OsTJTUFNBTEFQMBOFKBNFOUPEFUSBUBNFOUPVUJ iniciar o procedimento de otimização. O método de
MJ[BEPTDPNFSDJBMNFOUFQPTTVFNNÏUPEPTEFGVTÍP alinhamento automático é a meta de todo sistema de
EFJNBHFOTDPNEJGFSFOUFTOÓWFJTEFJOUFSBÎÍPEP planejamento, embora seja difícil ter uma conver-
VTVÈSJP NBOVBM TFNJBVUPNÈUJDPFBVUPNÈUJDP
F gência rápida do alinhamento sem um alinhamento
GFSSBNFOUBTEFBWBMJBÎÍPRVBMJUBUJWB manual prévio.
O método de alinhamento manual apresenta ca- Após o processo de fusão de imagens, as ferra-
da conjunto de imagem com uma cor diferente e a mentas de avaliação permitem que uma janela da
área de correlação aparece branca para o usuário. O imagem de referência se mova para mostrar a coin-
método de alinhamento semiautomático requer que cidência das estruturas na outra imagem. Apresen-
o usuário faça uma aproximação inicial por pontos tação das imagens em formato de tabuleiro de xa-
de referencia anatômicos ou por superfície antes de drez também é útil para avaliar o resultado da fusão.

4.6 Métodos de avaliação de fusão de imagem


A aproximação de precisão mais aceitável é a inspeção visual é fundamental para avaliar o con-
avaliação visual dos resultados da fusão de imagens trole de qualidade da fusão de imagens.
antes de serem utilizadas para aplicação clínica [14]. Uma estratégia de validação comum é comparar
A inspeção visual das imagens registradas deve os resultados da fusão de imagens com um padrão
ser feita utilizando sobreposições de diferenças de de referência (gold standard), que é um sistema cuja
imagens e dos contornos de estruturas conhecidas, precisão é conhecida. Os padrões de referência po-
como órbitas e nervos ópticos. A solução da fusão dem ser imagens de objetos simuladores ou pontos
pode ser classificada como um sucesso ou fracas- de referências externos, como os pontos fiduciais
so, dependendo se a precisão é considerada acima estereotáxicos.
ou abaixo do valor necessário para o tratamento. A

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71
72
5

#BTFT'ÓTJDBTEP1MBOFKBNFOUPEF*.35
Andre M. Vieira, José Carlos Cruz e Cleverson P. Lopes

5.1 Introdução
A técnica de IMRT ainda representa o avanço implementação clínica.
tecnológico mais significativo na radioterapia desde Diversas recomendações de como implementar
a introdução dos aceleradores lineares clínicos e não corretamente IMRT em cada instituição foram da-
deve ser considerada com um adendo ao processo das, desde o seu aparecimento, tanto pelos fabrican-
convencional da radioterapia e sim, como um no- tes como também na literatura.
vo paradigma, com implicações clínicas relevantes.
Nesse capítulo serão descritas, de modo geral,
IMRT, como uma extensão da radioterapia confor-
as base físicas do planejamento de IMRT, ressaltan-
mada tridimensional - 3DCRT, usa feixes de radia-
do os passos adicionais às técnicas convencionais;
ção de fluência não uniforme, determinadas por téc-
algumas características das diferentes técnicas de
nicas de otimização computacionais [1].
administração de IMRT atualmente existentes; e as-
O seu caráter complexo produz diversos desa- pectos dos algoritmos de cálculo de dose e de oti-
fios nos diferentes campos de estudo, com contí- mização utilizados nos sistemas de planejamento de
nuo desenvolvimento das várias etapas e da sua tratamento para IMRT.

t5ÏDOJDBTEFBENJOJTUSBÎÍPEF*.35
As técnicas disponíveis de tratamento com IMRT gulos de “gantry” fixos e atenuadores físicos para
variam significativamente conforme os acessórios atingir a modulação desejada. Outra classe de téc-
ou equipamentos empregados sendo necessária uma nicas permite a movimentação do “gantry” durante
abordagem específica de comissionamento, planeja- a irradiação, indexando a forma do colimador e o
mento e controle da qualidade clínico e periódico. ângulo de “gantry” à dose administrada.
Em IMRT a modulação dos feixes de radiação bus- Cada técnica de administração possui caracte-
ca objetivos dosimétricos mais complexos que aque- rísticas únicas que levam a diferentes considerações
les conseguidos com o uso de filtros físicos (cunhas) quanto ao comissionamento e Garantia de Qualidade.
ou compensadores de tecido, como por exemplo, a Os principais métodos de administração de IMRT
criação de distribuições de dose côncavas[2] foram sumarizados em diversas publicações, em es-
Diversos métodos para provocar essa modulação pecial as de grupos de trabalho [1,3] e mais recen-
foram propostos e aplicados na prática clínica. Uma temente pela ICRU Report 83 [4], e estão descritos
classe de técnicas mantém a direção do feixe cons- abaixo na Tabela 8, incluindo o tipo de modulação
tante durante a irradiação e usa porções abertas e de intensidade e o método de otimização predomi-
fechadas dos feixes, com diferentes proporções de nante em cada caso.
unidades monitoras – UMs. Outra técnica usa ân-

73
5BCFMB.ÏUPEPTEF*.35 "EBQUBEPEP*$363FQPSU

5JQPEFUÏDOJDB .ÏUPEPEFNPEVMBÎÍPEBJOUFOTJEBEF .ÏUPEPEFPUJNJ[BÎÍP


Compensadores Um filtro físico desenhado para fornecer Otimização de “beamlet”
um padrão de intensidade específico do
paciente, projetado num procedimento de
otimização
MLC Segmentado (“step Múltiplos segmentos de MLC administrados DAO – otimização de ab-
and shoot”) em cada direção de tratamento ertura direta
MLC Dinâmico (“sliding Lâminas do MLC deslizam sobre o campo Otimização de “beamlet”
window”) com diferentes velocidades
“Intensity-modulated arc Lâminas do MLC se movem enquanto o DAO – otimização de ab-
therapy” (IMAT) “gantry” gira. Pode requerer múltiplos arcos ertura direta
de rotação
“Volumetric modulated Lâminas do MLC se movem enquanto o DAO – otimização de ab-
arc therapy” (VMAT) “gantry” gira com velocidade variável e ertura direta
taxa de dose variável
Tomoterapia Serial “Gantry” gira em torno do paciente com Otimização de “beamlet”
a mesa fixa. Lâminas binárias modulam o
feixe em leque (“fan”). Após completar cada
rotação, a mesa avança um passo.
Tomoterapia Helicoidal “Gantry” e mesa se movem sincronizada- Otimização de “beamlet”
mente. Lâminas binárias modulam o feixe
em leque (“fan”).
Radioterapia robótica Multiplos “pencil beams” não-coplanares Otimização de “beamlet”
são administrados por meio de um braço
robótico.

t5ÏDOJDBTDPN(BOUSZ'JYP 'JMUSPT$PNQFOTBEPSFT

A técnica de IMRT realizada com compensadores Cada bloco compensador, como o da Figura 1, é
[5] é uma alternativa viável simples, devido a nature- construído para uma determinada posição de “gan-
za estática da administração, eliminando problemas try” e colocado diante do feixe em cada tratamento.
intrínsecos dos Colimadores Multilaminas – MLCs Os problemas de comissionar e manter um MLC são
(do inglês Multi Leaf Collimator), tais como exatidão substituídos por temas relacionados à escolha do
no posicionamento das lâminas, fuga entre lâminas e material, exatidão da máquina e exatidão no posi-
transmissão intra-lâminas, efeitos da borda arredon- cionamento dos blocos atenuadores.
dada e efeito tongue-and-groove. Os compensadores Os sistemas de planejamento em geral não con-
podem ser confeccionados utilizando modernas fre- sideram compensadores construídos com fresas não
sas mecânicas que moldam diferentes materiais tais divergentes e nem levam em conta a dimensão da
como cerrobend, chumbo, estanho, cobre e compos- ponta da furadeira e tais aproximações são eviden-
tos de tungstênio-epoxi com base no mapa de inten- ciadas no controle da qualidade de IMRT.
sidades construído pelo sistema de planejamento.

74
Figura 1. Modelo de
bloco compensador
para IMRT.

As principais desvantagens no emprego dos com- na. Pequenas variações são mais pronunciadas por
pensadores se devem a óbvia falta de automação, encontrar-se mais distante do isocentro. Além disso,
aumentando o tempo de tratamento e o risco da es- há outros problemas associados com o cálculo de
colha incorreta de blocos pelo técnico. Deve-se con- dose na presença de um filtro metálico complexo,
siderar possíveis falhas na confecção dos atenuado- como o endurecimento do feixe e o espalhamento
res tal como a montagem dos blocos precisamente do compensador, que precisam ser encarados ade-
centralizados e alinhados ao campo de tratamento e quadamente.
também a folga no encaixe das bandejas na máqui-

t5ÏDOJDBEFHBOUSZmYP$PMJNBEPSFT.VMUJMBNJOBT .-$

Os colimadores de múltiplas folhas ou multi- Mantendo a nomenclatura do CWG (“Intensity


laminas foram desenvolvidos com a finalidade de Modulated Radiation Therapy Collaborative Working
colimação das estruturas internas, servindo para Group”. [1], usamos o termo SMLC-IMRT para IMRT
o ajuste irregular da forma de campo. Entretanto, segmentado, quando a conFiguração do colimador
a versatilidade, segurança e automação dos coli- é constante durante a irradiação e se modifica entre
madores popularizaram o seu uso, passando a ser irradiações. Alguns sinônimos são “step-and-shoot”
empregados também na criação de subcampos pa- e “stop-and-shoot”. Na irradiação de cada campo o
ra melhorar a homogeneidade de dose ou reduzir a “gantry” é mantido fixo. Cada conFiguração de co-
dose em órgãos de risco. Esse procedimento formava limador é um subcampo ou segmento de campo. O
uma maneira rudimentar de IMRT onde campos de padrão de intensidade final é obtido somando-se os
mesma incidência e com variações da intensidade padrões de intensidade dos subcampos.
produziam distribuições de dose não uniformes nas
regiões irradiadas.

75
t$BSBDUFSÓTUJDBT'ÓTJDBTEP.-$
São construídos com material de alta densida- ou possuir bordas arredondadas para produzir uma
de, em geral tungstênio, e possuem espessura sufi- penumbra aproximadamente constante ao longo do
cientes para proporcionar uma baixa transmissão de sentido do movimento da lâmina.
cerca de 2%. O desenho e movimento da lâminas Na Figura 2, a seguir, encontra-se um diagrama
varia significativamente entre os diferentes fabri- de uma lâmina e a denominação das suas especifica-
cantes podendo ser divergentes com relação ao feixe ções em base ao relatório 72 do TG50 da AAPM [6]:

Figura 2. Esquema genérico de uma lâmina que forma parte de um sistema MLC e a
denominação das suas especificações (adaptado do relatório 72 do TG50 da AAPM).

Na caracterização de um MLC, os seguintes parâ- Os lados das lâminas, de todo sistema de MLC,
metros são importantes: são projetados para ter uma espécie de encaixe en-
- número de pares de lâminas; tre elas [7],. Este projeto é conhecido como lingueta
– vão (do inglês “tongue and groove”) sendo feito
- largura das lâminas (geralmente referenciadas
para minimizar a radiação transmitida entre lâmi-
ao valor projetado no isocentro);
nas adjacentes. Alguns exemplos de projeto “tongue
- tamanho de campo máximo;
and groove” de MLCs disponíveis estão ilustrados na
- distância de extensão máxima com relação ao Figura 3, a seguir.
eixo central.

76
Figura 3. Esquema de MLCs comerciais com o respectivo projeto de encaixe tongue and groo-
ve (vista frontal fora de escala).

A transmissão característica do MLC é mais im- intra lâminas. A penumbra das bordas na direção de
portante em IMRT que em 3DCRT, porque as lâmi- movimento das lâminas deve ser medida com um de-
nas bloqueiam a área de tratamento em uma fração tector de alta resolução como filme ou diodo para
grande das unidades monitoras – UMs totais admi- modelar adequadamente a penumbra no sistema de
nistradas. A transmissão através das lâminas é im- planejamento. Já no sentido perpendicular ao movi-
portante, assim como a quantidade e consistência da mento das lâminas, a penumbra é tratada como um
fuga entre lâminas. A maioria dos sistemas de plane- problema irrelevante, uma vez que a maioria dos sis-
jamento requer um valor médio de transmissão, que temas de planejamento não modela as bordas laterais
deve ser medida adequadamente para representar as das lâminas do MLC, ignorando os efeitos de inter-
componentes de fuga entrelâminas e a transmissão digitação e “tongue-and-groove” no cálculo de dose.

t&YBUJEÍPOPQPTJDJPOBNFOUPEBTMÉNJOBTEP.-$
Em terapia 3DCRT convencional, o MLC define Um ponto chave em IMRT é a localização da bor-
a abertura externa da forma do feixe. Uma incer- da do campo de radiação com relação à localização
teza de 1 a 2 mm na localização das lâminas pode nominal da borda das lâminas do MLC. Para MLCs
ser inconsequente no fator de tamanho de campo, com bordas arredondadas há um deslocamento en-
mas para campos tão pequenos quanto 1 cm x 1cm, tre a borda do feixe definida pela luz de campo e a
como os usados nos segmentos do SMLC pode cau- definida pela linha de 50% do campo de radiação.
sar incerteza percentual significativa na dose. Além O valor típico desse deslocamento varia de 0.4 a 1.1
disso, as lâminas frequentemente deslizam por so- mm dependendo do tipo de MLC, da energia do feixe
bre a área tratada, por isso suas localizações devem e da localização com relação ao eixo central. Mes-
ser conhecidas com alta precisão de modo que as mo para os MLCs duplamente focalizados também
contribuições sejam somadas adequadamente. A pode haver um deslocamento, que ocorre se há al-
exatidão recomendada no posicionamento é sub- gum desvio do MLC no movimento do arco esférico
-milimétrica, que não pode ser observada usando os desejado. Os sistemas permitem que os usuários op-
testes de garantia de qualidade – GQ convencionais tem por calibrar seu MLC tal que a posição nominal
para MLCs estáticos. corresponda à borda do campo luminoso ou à do
campo radioativo, Figura 4.

77
Campo Luminoso vs. Campo de Radiação

Figura 4. Esquema genérico de lâmina com borda arredondada e a diferença entre campo luminoso e de
radiação. A luz de campo subestima o campo de radiação em 0.4 a 1.1 mm por lado.

t$POUSPMBEPSEP.-$
Independente de se um sistema de MLC usa um › como atuar se a verificação de GQ mostra
controlador dedicado ou não, o usuário deve conhecer: que a calibração está desalinhada
› como o MLC é calibrado, › como o sistema se recupera nas interrup-
ções de administração.
› como a posição das lâminas do MLC é in
-dexada as UMs e se é possível usar frações
Cada fabricante tem diferentes especificações pa-
de UM.
ra a extensão máxima das lâminas, passagem pelo
› como e com que precisão a posição das lâ- eixo central, etc., que afetam a área de tratamen-
minas do MLC é medida to disponível. O usuário precisa conhecer as espe-
› que tolerância se aplica à posição das lâmi- cificações de modo a testar e aceitar o sistema de
nas do MLC e se pode ser controlada, administração e o sistema de planejamento e lidar
corretamente com as suas limitações.
› que verificações são usadas para estabelecer
O problema da transmissão das bordas é um
se a posição das lâminas do MLC é correta,
exemplo de como o desenho do MLC pode influen-
› que registros de verificação ou “logs” são ciar significativamente na administração de IMRT.
criados pelo sistema de controle,

t1PTJDJPOBNFOUP WFMPDJEBEFFDPOUSPMFEBTMÉNJOBTQBSB%.-$
Para IMRT com MLC do tipo dinâmico DMLC- velocidades independentes. Nesse caso há interação
-IMRT, utilizando o termo recomendado pelo CWG, entre a posição das lâminas, suas velocidades, UMs
a conFiguração do colimador se modifica durante administradas e taxas de dose.
a irradiação. Um sinônimo é “sliding window”. O No método DMLC-IMRT, as regiões irradiadas
“gantry” é mantido fixo durante a irradiação. Cada permanecem bloqueadas por lâminas a maior par-
par de lâminas do MLC, que definem uma lacuna, te do tempo, por isso a dose administrada é muito
ou “gap”, se movem em um sentido apenas, com sensível à transmissão do MLC e através das bordas

78
arredondadas, da fuga entre lâminas e da magnitu- opostas para prevenir colisões durante o movimen-
de da radiação extra-focal de espalhamento do ca- to. Por exemplo, para as unidades Varian pode-se
beçote; todos são temas de menor importância no utilizar uma separação mínima de 0.5 mm enquanto
método SMLC de administração de IMRT. Assim, os as lâminas estão se movendo. Essa separação mí-
requisitos para a exatidão posicional das lâminas do nima afeta a dose mínima que pode ser adminis-
MLC são ainda mais rigorosos em DMLC-IMRT. trada durante um tratamento e limita a quantidade
O sistema de controle do DMLC muitas vezes de proteção a tecidos que pode ser alcançada com
tem uma distância mínima entre pares de lâminas DMLC-IMRT.

t(BOUSZPVGFJYFSPUBUØSJP

› -JOBDDPN.$-
A arcoterapia de intensidade modulada – IMAT e em que também é possível usar múltiplos arcos para
a arco terapia modulada volumétrica – VMAT usam atingir mais níveis de modulação da intensidade.
um MLC convencional que se move continuamente Os métodos IMAT e VMAT apresentam diversas
com a rotação do “gantry”. A técnica de IMAT re- vantagens em potencial ao serem capazes de libe-
quer diversas rotações de arcos, cada uma com dife- rar radiação em 360º, possibilitando distribuições
rentes padrões de irradiação. Isso porque um único de dose mais conformadas que as conseguidas com
arco fornece apenas um passo no padrão de intensi- IMRT de gantry estático. A otimização do plano se
dades (aberto ou fechado), enquanto múltiplos arcos torna mais simples, uma vez que evita questões de
permitem mais níveis de intensidade. número de campos e suas direções. Permitem admi-
Mais recentemente, foi mostrado que com um nistrar tratamentos com alta eficiência, em termos
controle sobre a variação da taxa de dose durante de tempo de tratamento e unidades monitoras. Ou-
a rotação do “gantry” pode-se atingir a modulação tro fator importante é que podem ser implementados
de intensidade do feixe mesmo para uma única ro- em aceleradores lineares clínicos comuns, requeren-
tação [8] Esse é o conceito usado na técnica VMAT, do apenas algumas funcionalidades adicionais.

t5PNPUFSBQJB
A tomoterapia é uma forma de IMRT rotacional › i/PNPT1FBDPDLw
que usa um colimador multilaminas binário para O primeiro sistema comercial de IMRT (MIMiC)
modular um feixe estreito do tipo “fan” (como o da usava o processo da tomoterapia serial em que o
tomografia computadorizada). Tipicamente, as taxas feixe girava em torno do paciente com a mesa fixa
de dose e rotação são mantidas constantes durante a [2]. Em seguida a mesa movia em passos sucessivos
irradiação. O sistema de planejamento de tratamen- e giros subsequentes do “gantry” eram compostos
to otimiza a fluência em cada direção de feixe e a para completar o tratamento.
sequência de lâminas é programada para produzir a
O colimador consistia de dois bancos opostos
fluência não-uniforme otimizada.
de 20 lâminas que operavam independentemente.
As lâminas operam de forma binária e são ti- As lâminas subentendiam tipicamente “beamlets”
picamente abertas e fechadas pneumaticamente. Os de 0.84 x 1.0cm2 (projetado no isocentro) ou 1.7 x
tempos de trânsito das lâminas são rápidos (<100 1.0cm2 (dependendo da programação mecânica das
ms). Um “beamlet” é modulado ao abrir a lâmina na paradas) para administrar a dose em duas regiões
fração de ângulo de “gantry” correspondente com cilíndricas de 0.84 cm de espessura cada.
relação à fração relativa da fluência necessária na
Devido a que a dose era administrada a uma re-
direção específica. A intensidade administrada por
gião relativamente estreita (1.68 cm na direção pa-
cada “beamlet” é determinada pelo tempo em que a
ralela ao eixo de rotação do “gantry”), a maioria dos
lâmina correspondente permanece aberta.
tumores requeria a utilização de mais de uma junção

79
de arco (o chamado índice). A penumbra do feixe digital, para fornecer uma exatidão no movimento
para essa colimação terciária era muito grande. Para da mesa de 0.2 mm. Como a junção entre índices
feixes de 6 MV a penumbra na direção do índice não era perfeita, uma pequena divergência nas bor-
medida foi de 20%mm-1. Assim, era necessário um das do campo causava algumas heterogeneidades de
movimento muito exato do paciente para obter uma dose. O valor da heterogeneidade era uma função da
dose com exatidão adequada na região da junção. O distância e posição fora do eixo, do ângulo de rota-
fabricante produziu o acessório CRANE que podia ção total do “gantry” e do tamanho de campo (0.84
ser fixado rigidamente na mesa de tratamento. O cm ou 1.70 cm das lâminas).
CRANE era operado manualmente, com uma leitura

t5PNPUIFSBQZ *OD
A unidade construída por “Tomotherapy Inc.” relação ao paciente. Isso reduz os efeitos de erros
usa um acelerador linear de 6 MV montado num de posicionamento na junção na dose administra-
“gantry” de CT comercial. Um único banco de lâ- da. Adicionalmente, a unidade de tomoterapia tem
minas colima dinamicamente o feixe enquanto o um banco de detectores de radiação opostos ao MLC
“gantry” gira. Ao contrário do sistema “Peacock”, dinâmico para capturar a fluência transmitida, que
a mesa se move continuamente durante a irradia- pode ser usada para reconstruir um CT de megavol-
ção, possibilitando uma administração helicoidal em tagem do paciente durante o tratamento.

4FNiHBOUSZwmYP
ti$ZCFSLOJGFw
O Cyberknife é um sistema de radioterapia robó- uma técnica de administração de IMRT..
tico, inicialmente projetado para radiocirurgia, que A radiação pode ser colimada usando cones de
usa pequenos feixes colimados, administrados em tungstênio para produzir campos de radiação circu-
várias direções, em tratamentos isocêntricos ou mais lares. Em 2007 a empresa disponibilizou um colima-
comumente os não isocêntricos. A montagem robó- dor de abertura variável que usa dois bancos de seg-
tica permite reposicionamento rápido do feixe, em mentos prismáticos de tungstênio para formar um
muitas direções diferentes. A liberação de diversos campo dodecágono regular de tamanho variável, o
feixes em múltiplas direções não-coplanares, quan- que elimina a necessidade de substituir os colimado-
do planejada com técnicas de otimização, também é res fixos durante o tratamento.

"MHPSJUNPTEF1MBOFKBNFOUP

1SPDFTTPEF0UJNJ[BÎÍP
No processo chamado planejamento inverso, um mesmo um DVH completo, podendo incluir também
método de otimização poderia, em princípio, estabe- a uniformidade de dose no PTV. Esses descritores
lecer as direções de feixe e os padrões de intensidade de restrições geralmente podem ser modificados no
que resultem numa distribuição de dose ideal, mas processo de otimização, guiados pela análise dos
que dificilmente seria alcançada na prática. Fre- DVH e/ou da distribuição de dose para alguns volu-
quentemente, o planificador especifica as direções mes do paciente, como os PTVs e OARs. Os algorit-
de feixe, ou ângulos de arco, os objetivos de dose mos computacionais devem, ainda, incluir restrições
no alvo e as restrições de dose para as estruturas invioláveis, como a eliminação de “beamlets” de in-
sensíveis. Os objetivos específicos são criados usan- tensidade negativa e restrições quanto ao tamanho
do os descritores físicos, como os valores únicos de e direção do feixe.
dose – volume, alguns pontos de dose–volume, ou t 0 TJTUFNB EF QMBOFKBNFOUP BQMJDB FTTFT PCKF-

80
tivos e restrições numa função objetiva, cujo valor É importante considerar que o “planejamento in-
representa a qualidade do plano de tratamento. A verso” e a “otimização” não garantem uma solução
otimização do plano de tratamento, em termos ma- global ótima e, consequentemente, não pode garan-
temáticos, correspondente a uma pesquisa do míni- tir a otimização clínica. Em geral, o usuário precisa
mo (preferencialmente) ou do máximo dessa função, diversas tentativas até encontrar uma solução acei-
fornecendo os padrões de intensidade que melhor tável e pode ser difícil direcionar o sistema até a
produzem a distribuição de dose e restrições solici- solução desejada.
tadas [9].

'VOÎÍP0CKFUJWB
A função objetiva pode ser bem complexa e con- tempo realista, com isso se aceita um mínimo lo-
ter muitos parâmetros, podendo entrar num modo cal. Na verdade diferentes mínimos podem ser en-
não-linear e, com isso, impossibilitando a solução contrados. A solução pode, ainda, incluir diversas
na forma fechada (Oelfke, U.). Nesse caso são usa- direções e números de feixes, cada qual com suas
dos algoritmos sofisticados, como o do gradiente intensidades de “beamlet” específicas. Em tomotera-
descendente, o “simulated annealing” (recozimento pia, por exemplo, direções não coplanares não são
simulado), ou algoritmos genéticos para encontrar permitidas, portanto não são parâmetros de otimi-
uma solução aceitável. O espaço de soluções dos zação. Ao contrário, em outras técnicas de IMRT as
métodos mais sofisticados pode ser tão grande que direções de feixes não coplanares podem ser usadas
dificilmente se estabelece o mínimo global num e otimizadas.

t&YFNQMPTEFVNB'VOÎÍP0CKFUJWBF1SPDFTTPEF0UJNJ[BÎÍP*OWFSTB
As funções objetivas usadas em IMRT geralmen- tanto em PTV como nos tecidos normais. Os fatores
te se baseiam nos descritores físicos de restrição e de ponderação que refletem a importância relativa
usam a minimização por mínimos quadrados, que (ou penalidade) de um tipo de tecido deveriam ser
tende a forçar a homogeneidade de dose dentro do normalizados ao número de “voxels” que compõem
PTV e reduzir a dose nas estruturas normais. A idéia esse tecido, de modo que estruturas pequenas não
central é minimizar uma função objetiva escalar que sejam sub-representadas. Uma função objetiva sim-
é a soma ponderada, sobre todos os tecidos indi- ples , para um PTV e PRV únicos pode ser
cados, das diferenças quadradas entre a dose cal- minimizada para atingir o conjunto de “beamlets”
culada e a dose de restrição definida pelo usuário, ou pesos dos segmentos como a seguir: (1)

Onde IPTV é a importância relativa do PTV e TPTV o número de “voxels” contidos dentro do PTV.
Similarmente, IPRV e TPRV são a importância relativa e o número de “voxels” do órgão de risco de plane-
jamento - PRV, respectivamente. As somas na equação são sobre apenas aqueles “voxels” (rotulados i)
que estão contidos dentro do PTV ou do PRV. A quantidade é a dose mínima de restrição no PTV.
Enquanto é a dose máxima de restrição para o PRV. Os termos e são colocados em zero
quando um “voxel” atinge a restrição ou um, em caso contrário. Ou seja:

(2) (3)

81
Tipicamente, poderia ser aplicado um de do- no entanto isso tende a criar um gradiente de do-
se mais baixa que a dose de complicação, já que um se alto nessa região. Essa equação é um exemplo
valor não baixo o suficiente pode permitir uma dose bastante simplificado, possui termos que podem ser
maior na estrutura crítica. Com isso, recomenda-se invocados quando a dose no PTV é muito baixa,
usar um mais baixo e um IPRV mais alto durante mas sem termos especiais que limitem doses muito
a otimização. Um valor alto de IPRV tende a reduzir a altas no PTV.
dose em todos os seus “voxels”, mas pode compro- Os métodos de otimização para IMRT ainda são
meter a homogeneidade de dose no PTV. É possível dependentes da experiência do planificador em sen-
que um mesmo “voxel” esteja localizado dentro do tir como um determinado parâmetro de restrição
PTV e do PRV, o que causa conflito na otimização, afeta a distribuição de dose.

1SPDFTTP*UFSBUJWPEF0UJNJ[BÎÍP
A busca pelo padrão de intensidade ótimo come- padrões de fluência gerados por diferentes condi-
ça ao inicializar a intensidade para cada conFigura- ções iniciais podem ser diferentes, apesar de as dis-
ção possível de feixe ou “beamlets”. tribuições de dose permanecerem muito similares.
Os dois métodos mais comuns de inicialização Independente da formulação, a solução do problema
atribuem a mesma intensidade a todos os “beamlets” de otimização é encontrada na busca iterativa do
que passam por um volume alvo ou atribuem zero mínimo da função objetiva.
de intensidade a todos os “beamlets”. Idealmente a Os algoritmos de otimização usados para minimi-
condição inicial não deveria influenciar o resulta- zar a função objetiva podem ser classificados em duas
do. No entanto, isso não ocorre na prática, pois os grandes categorias: determinísticos e estocásticos [9].

t.ÏUPEPT%FUFSNJOÓTUJDPT
Os algoritmos determinísticos, como o do méto- quadrática padrão pode calcular a melhor solução
do do gradiente, em geral são aplicados a problemas de forma muito rápida e, por isso, esses algoritmos
de otimização em que as funções objetivas são con- são usados atualmente na maioria dos sistemas de
vexas, com a existência, em princípio, de apenas um planejamento de tratamento de IMRT disponíveis
mínimo global, sem a presença de mínimos locais comercialmente.
[10]. A minimização iterativa da função objetiva

t(SBEJFOUF%FTDFOEFOUF
Este método é usado principalmente para encon- a cada passo de iteração i. Esta busca iterativa pode
trar o mínimo global de uma função objetiva con- ser visualizada como uma bola rolando ladeira abai-
vexa Fobj(x), onde x representa o conjunto de pa- xo em direção a um vale através da direção mais
râmetros variáveis de tratamento que precisam ser íngreme, quando o mínimo é atingido. A Figura 5.a,
ajustados ao seu valor ideal. Um papel fundamental a seguir, mostra o exemplo de uma função objeti-
na otimização é executado pela primeira derivada va unidimensional e a abordagem pelo método do
desta função ou a sua generalização para N-dimen- gradiente descendente, em que a partir de um ponto
sões, o gradiente de Fobj(x). O gradiente de Fobj(x) inicial x0 são selecionados novos pontos em cada
determina o sentido mais íngreme ao longo da su- iteração (x1, x2, x3,...) onde a função é avaliada, até
perfície da função objetiva. Encontrar o mínimo de que se atinja o mínimo global da função no ponto
Fobj(x), através de um método iterativo requer que correspondente a xf. Um problema com o método do
os valores das intensidades de x sejam atualizados gradiente é que muitos passos pequenos na direção

82
calculada são executados, mesmo que a direção ao determinação do tamanho do passo. Para o método
mínimo tenha forma quadrática perfeita. Os diferen- do gradiente descendente esse passo tem um valor
tes métodos de gradiente diferem principalmente na fixo, independente da posição de iteração.

t .ÏUPEPEF/FXUPO
Os métodos de Newton levam em conta as de- deve-se calcular a inversão completa Hessiana da
rivadas de segunda ordem da função objetiva pa- derivada de segunda ordem, resultando num pro-
ra a determinação do tamanho de passo (fator de cesso complexo e demorado. Uma alternativa é usar
amortecimento), que diferentemente do método do aproximações para o inverso hessiano da função
gradiente descendente pode ser variável, controlan- objetiva, acelerando o processo de iteração, nesse
do, com isso, a velocidade e o sucesso da otimiza- caso tais métodos são chamados de “Quasi Newton”.
ção [ver comparação para o caso unidimensional da Um exemplo de método “Quasi Newton” para a oti-
Figura 5]. O processo utiliza a inversão da função mização de padrões de fluência é o usado no sistema
objetiva usando o método hessiano. Um problema de planejamento de tratamento Konrad da Siemens.
na abordagem de Newton é que, para cada iteração

t.ÏUPEPEP(SBEJFOUF$POKVHBEP
O problema com o gradiente descendente ou os em cada iteração e pode ser demonstrado que esta
métodos de Newton é que as direções dos movimen- versão do método “gradiente conjugado” encontra
tos na busca do mínimo desconhecido, em duas ite- o mínimo global após N iterações, onde N é o nú-
rações sucessivas, não são ortogonais entre si, ou mero de parâmetros de otimização x. Contudo, uma
seja, o ganho de se aproximar do valor mínimo de vez que a Hessiana nem sempre pode ser calculada
(x) obtida em uma iteração pode ficar parcialmente em uma quantidade razoável de tempo, uma abor-
perdido na próxima etapa. Este não é o caso para dagem alternativa é utilizada com mais frequência
o método do “gradiente conjugado”. Matematica- para aplicações em radioterapia.
mente, há dois métodos diferentes para determinar A partir de um ponto arbitrário x0 a função ob-
o mínimo global da função objetiva com essa abor- jetiva é avaliada em diferentes posições ao longo
dagem. A primeira abordagem calcula a Hessiana da linha que sai do ponto de partida x0 em direção

Figura 5. Exemplo de função objetiva unidimensional com-


parando os principais métodos determinísticos de otimização:
a) Método do gradiente descendente, b) Método de Newton,
c) Método do gradiente conjugado. Em todos os casos parte-
-se de um ponto inicial x0 e determina-se o passo e direção
seguintes utilizando um dos métodos em cada iteração, onde
se avalia o valor da função objetiva. O processo se repete até
encontrar a posição do mínimo global xf.

83
do “descendente mais íngreme” encontrado. Nas se- zadas simultaneamente.
guintes iterações o gradiente indica a direção em A principal diferença entre os algoritmos deter-
que o próximo mínimo xi será abordado. O exemplo minísticos é a forma de abordagem do passo e di-
unidimensional é mostrado na Figura 5c. Um exem- reção da próxima iteração, onde a função objetiva é
plo de aplicação do método do gradiente conjugado avaliada. Um problema em potencial com esses al-
no planejamento inverso de IMRT é o usado no sis- goritmos é que o processo iterativo pode ficar preso
tema de planejamento de tratamento da Varian. em um mínimo local, de forma que o mínimo global
Em IMRT a função objetiva pode ser visualiza- nunca seja descoberto. No exemplo unidimensional
da como uma extrapolação desse caso simples para da Figura 5 o aprisionamento ao mínimo local po-
uma superfície multidimensional em termos das co- deria ocorrer ao partir do ponto inicial x’0, à direita
ordenadas x, que podem ser, por exemplo, as ampli- da curva.
tudes de centenas de subcampos, variadas e otimi-

t.ÏUPEPT&TUPDÈTUJDos
Os métodos estocásticos, como o “simulated ocorrem mudanças em direções não favoráveis, às
annealing” ou os algoritmos genéticos têm a van- vezes é possível escapar do mínimo local. Tais mé-
tagem de que, mesmo para as funções objetivas todos são mais lentos, já que o processo gasta tempo
não-convexas baseadas em objetivos biológicos ou em avaliar e rejeitar movimentos aleatórios. Porém,
nas restrições de DVH, o mínimo global pode ser em princípio, os métodos estocásticos são capazes
encontrado, mesmo se existirem mínimos locais [6, de encontrar o mínimo global se há tempo ilimitado
7] Eles passam de uma solução proposta à seguinte para a busca dos parâmetros adequados. O algorit-
mudando as intensidades dos “beamlets” aleatoria- mo “simulated annealing” usa uma dessas técnicas
mente seguindo um determinado esquema. Como estocásticas, adaptada ao problema de IMRT.

ti4JNVMBUFE"OOFBMJOHw
Existem basicamente duas estratégias de como o refa é, portanto, minimizar |V-Vpoço|. Consequen-
método de “simulated annealing” escapa da arma- temente, ele caminha na direção da descida mais
dilha de mínimos locais - ‘escalada’ e ‘tunelamento’. íngreme, até que encontra um vale. Infelizmente, o
Ambos os métodos foram ilustrados por Webb com andarilho pode ver apenas o entorno mais próximo,
uma boa analogia como exemplo [9,10]. devido a alguns nevoeiros e, portanto, ele não sabe
Imagine que um andarilho é encarregado de en- se o vale é o mínimo local ou o global. A única
contrar um poço em uma paisagem montanhosa. O maneira de descobrir é andar para cima, ou escalar,
poço se encontra no ponto mais baixo da paisagem durante algum tempo e continuar a explorar toda a
e, portanto, coincide com o mínimo global. Desde paisagem.
que o andarilho não tem um conhecimento a priori Em termos matemáticos, o algoritmo de “simu-
sobre onde ir, ele começa a sua tarefa a pé, para lated annealing” proporciona alguma probabilidade
baixo. Usando a energia potencial (V) como função de buscar na “direção para cima”, para que a busca
objetiva, é claro que Vpoço < Vmontanha. Sua ta- de um mínimo global continue, mesmo se um mí-

84
Figura 6. Exemplo de função objetiva unidi-
mensional e as técnicas para escapar do mínimo
local usando o algoritmo “simulated annealing”.
Para um processo preso num mínimo local (x0),
as setas indicam a distribuição de possíveis pas-
sos e direções da próxima iteração. O algoritmo
permite usar as técnicas de escalada e tunela-
mento para escapar do mínimo e prosseguir com
a otimização.

nimo local é encontrado. Essa situação está repre- A aplicação desse processo na otimização matemáti-
sentada no gráfico da Figura 6, para uma função ca e busca do mínimo das funções objetivas usa uma
objetiva unidimensional, em que a distribuição de distribuição de probabilidades de deslocamento P(i),
possíveis passos e direções a partir do mínimo local entre iterações, ajustada dinamicamente em função
pode conter a solução dada pela técnica da escalada, de um parâmetro que equivale à temperatura T(i) de
o ponto xe, de onde seguirão as iterações em busca cada iteração. P(i) é usada para avaliar se os passos
do mínimo global. têm sido dados na direção adequada, e é uma função
Outra alternativa para escapar da armadilha é o do tipo exp [7] A solução ótima do problema tende
andarilho ampliar seu tamanho de passo tão enor- a aparecer com a queda da temperatura a níveis su-
memente que ele deixa o vale em apenas um passo. ficientemente baixos.
Este processo é equivalente a um “túnel” através das Dois métodos derivados dessa técnica são o
paredes do vale e também está ilustrado na Figura 6, “Boltzmann Annealing” e o “Fast Simulated Annea-
para a escolha do ponto xt. ling”, a principal diferença entre eles é que as distri-
O processo de “simulated annealing” (recozimen- buições de deslocamentos são tomadas, no primeiro
to simulado) é um conceito retirado da física do es- caso, de uma distribuição gaussiana e no segundo,
tado sólido em que um metal é aquecido até lique- de uma distribuição de Cauchy.
fazer e em seguida é resfriado lentamente, o que em Um exemplo de aplicação do algoritmo “Fast
alguns casos é interessante, por exemplo, para faci- Simulated Annealing” no planejamento inverso de
litar a sua usinagem. O procedimento faz com que se IMRT é o usado no sistema de planejamento Corvus
forme uma estrutura cristalina regular, garantindo da BestNomos.
que a energia interna do sólido seja minimizada.

t"MHPSJUNPT(FOÏUJDPT
Algoritmos Genéticos emulam os princípios bá- grande, e também, se os algoritmos tradicionais de
sicos encontrados na evolução dos sistemas biológi- escalada, como o simulated annealing, enfrentam
cos para identificar o “sobrevivente mais provável” dificuldades.
em um determinado conjunto de soluções poten- Em primeiro lugar, o problema de otimização
ciais. Isto é feito através da aplicação de princípios original tem que ser formulado de tal forma que
como a herança genética, mutação, recombinação e os processos responsáveis pela evolução genética
seleção natural. Os algoritmos genéticos são usados possam ser matematicamente simulados. Uma das
normalmente se o espaço de busca é complexo e tarefas mais importantes é o de encontrar uma boa

85
representação do espaço de solução, a “Codificação”. lo. Em caso de IMRT, uma solução é descrita pelos
A decodificação simplesmente denota o processo de pesos dos beamlets da otimização, ou pelas formas
reversão das soluções de volta para a representação do MLC.
original. Em seguida, é preciso criar um “conjunto O próximo passo é avaliar e classificar as solu-
de primeira geração” de soluções. Estas soluções são ções de acordo com suas afinidades, com a ajuda
criadas com a ajuda de um conhecimento prévio, ou da função objetiva. Novas soluções, não disponíveis
assumindo uma distribuição aleatória num interva- na primeira geração, podem ser criadas por meio de

Figura 7. Exemplo de função objetiva unidimensional contendo as gerações de soluções em cada passo, para um caso simples
de 4 gerações, usando algoritmos genéticos. O conjunto da 4ª geração, nesse caso particular, contém o ponto de mínimo global.

processos como o “crossover” (cruzamento) e “mu- pende da forma da função objetiva. Os objetivos de
tação”. Após a aplicação desses processos o conjunto dose–volume, a otimização do número e ângulos de
final de soluções é avaliado novamente. feixe, ou as restrições usando modelos biológicos
Quando a convergência desejada do algoritmo podem provocar o aparecimento de mínimos locais
é alcançada a solução final é decodificada de vol- na função objetiva, com isso diferentes distribuições
ta para o espaço de parâmetros do tratamento. Um de dose podem resultar nas mesmas probabilidades
exemplo é mostrado na Figura 7, a seguir: de complicações ou controles.
Os tempos gastos pelos algoritmos de otimização O critério de parada do processo iterativo é ou-
estocásticos são significativamente mais elevados tro ponto difícil de ser estabelecido. Alguns métodos
que os dos métodos determinísticos. Porém, quan- automáticos param o processo de busca quando se
do são utilizadas as funções objetivas não convexas torna lento, outros permitem ao planificador inter-
complexas, com mínimos locais, não há alternativa rompê-lo manualmente. Geralmente um gráfico da
senão utilizar algoritmos estocásticos. Na prática, os função objetiva é mostrado para ajudar na escolha
métodos estocásticos e métodos de gradiente des- da parada. [8] Uma revisão dos métodos de otimiza-
cendente podem ser combinados. ção foi publicada recentemente [8].
A possível existência de um mínimo local de-

86
0UJNJ[BÎÍPEFi#FBNMFUwF0UJNJ[BÎÍP#BTFBEBFN"CFSUVSB
Seja para a estratégia estocástica quanto para a Na otimização de “beamlet”, cada campo é dis-
determinística, há dois cenários gerais possíveis pa- cretizado numa matriz de subcampos ou “beamlets”,
ra o problema da otimização em IMRT: a otimização cada qual caracterizado por uma intensidade dis-
de “beamlet” e a otimização baseada em abertura tinta, modificada em cada iteração. Um exemplo
[9]. Um exemplo simplificado de um campo com simples é mostrado na Figura 8a para um suposto
três níveis de intensidade e sua fluência resultante é campo de IMRT, otimizado com três níveis de inten-
mostrado, em cada caso, na Figura 8, a seguir: sidade em cada um dos 4 x 4 “beamlets”, que pro-

Figura 8. Campo de IMRT de 4x4 “beamlets” com três níveis de intensidade gerando o mesmo padrão de fluência a partir dos
dois métodos de otimização. a) Otimização de “beamlet”, em que a intensidade de cada “beamlet” é otimizada individualmente
e b) Otimização baseada em abertura, na qual se definem as intensidades dos segmentos de campo.

duzem uma fluência não uniforme. O método da oti- serial e é ideal para a tomoterapia, braço robótico e
mização de “beamlet” foi pioneiro para tomoterapia para o desenho dos compensadores, sendo também
serial e é ideal para a tomoterapia, braço robótico e um bom método para o método de administração de
para o desenho dos compensadores, sendo também DMLC, em que é possível atribuir padrões de inten-
um bom método para o método de administração de sidade altamente modulados.
DMLC, em que é possível atribuir padrões de inten- A otimização baseada em abertura evita o pas-
sidade altamente modulados. so de sequenciamento de lâminas, podendo ainda,
Na otimização de “beamlet”, cada campo é dis- levar em conta as limitações dos MLCs durante ca-
cretizado numa matriz de sub-campos ou “beam- da passo da otimização. Ao invés disso, o melhor
lets”, cada qual caracterizado por uma intensidade conjunto de aberturas (e seus pesos relativos) é
distinta, modificada em cada iteração. Um exemplo encontrado sem a necessidade de discretizar expli-
simples é mostrado na Figura 8a para um suposto citamente o campo numa matriz de “beamlets”. A
campo de IMRT, otimizado com três níveis de inten- Figura 8b mostra os três segmentos de campo com
sidade em cada um dos 4 x 4 “beamlets”, que pro- intensidade uniforme, que resulta na mesma fluên-
duzem uma fluência não uniforme. O método da oti- cia não uniforme gerada pelo método de “beamlet”.
mização de “beamlet” foi pioneiro para tomoterapia A técnica foi projetada para reduzir a complexidade

87
dos planos de tratamento de intensidade modulada Optimization”). A otimização da abertura direta é
e facilitar a aplicação de IMRT na prática clínica. aplicada na arcoterapia de intensidade modulada
Em suma, isso é conseguido evitando a otimização (IMAT) e na arcoterapia volumétrica de intensidade
dos mapas de intensidade, em vez disso, o proces- modulada (VMAT) [8].
so de planejamento é baseado em um pré-conjunto Uma das principais vantagens da otimização de
pequeno de aberturas (conFigurações de MLC) por abertura em comparação com otimização baseada
direção de feixe. A otimização é então, limitada a em beamlet é que muitos problemas que estão re-
calcular pesos ótimos dessas aberturas pré-definidas lacionados com a sequência das lâminas podem ser
(que podem, por exemplo, serem derivadas da ana- evitados. Os campos estabelecidos consistem de um
tomia do paciente), ou a otimização simultânea das pequeno número de segmentos por feixe, mais pa-
formas e pesos das aberturas. A primeira abordagem recidos aos campos convencionais e, portanto, mais
é chamada de otimização da abertura baseada em fáceis de verificar.
contorno, enquanto a segunda é chamada de oti-
mização de abertura direta (DAO – “Direct Aperture

5.3 Sequenciamento de lâminas e capacidade de administração


A busca do mapa de intensidades “ideal”, não Esta etapa envolve um reagrupamento dos beam-
considera a conversão desse mapa em padrões de lets elementares, administráveis na prática, que ge-
sequências de lâminas, que é o próximo passo para ralmente leva a uma perda na qualidade do plano
a administração dos campos de tratamento de IMRT. de tratamento. Para IMRT administrado com MLCs,

Figura 9. Quatro possíveis sequências de lâminas para o caso do campo simples da Figura 8.
O MLC simplificado utiliza quatro pares de lâminas em bancos opostos, A e B. Nesse exemplo,
se supõe que cada segmento contribui com o mesmo nível de intensidade em cada “beamlet”
exposto e todas as sequências resultam no mesmo padrão de fluência.

após a otimização usando métodos baseados em


“beamlets”, são necessários algoritmos de sequen- Em geral, há muitas sequencias possíveis que
ciamento de lâminas para traduzir os padrões de in- podem produzir um determinado padrão de inten-
tensidade produzidos pelo sistema de planejamento sidade/fluência. A Figura 9, mostra quatro possíveis
em instruções de como as lâminas devem se mover. sequências de lâminas para o caso do campo simples

88
de três níveis de intensidade da Figura 8. que, somadas às limitações físicas do movimento,
A procura de sequências eficientes é um tema afetam a dose administrada, diferente daquela suge-
de pesquisa constante. Por exemplo, há algoritmos rida pelo plano otimizado. Essa diferença é chamada
que minimizam o número de segmentos, o número “erro de convergência”.
de UMs, o percurso das lâminas ou o tempo de ad- Os padrões de intensidade idealizados podem in-
ministração. clusive ser impossíveis de administrar, porque, por
Considerações adicionais incluem a suavização exemplo, a transmissão das lâminas define um limi-
das distribuições de intensidade, os incrementos de te mínimo de intensidade administrável.
níveis de intensidade e a resolução espacial do mapa Alguns sistemas incorporam cálculos completos
de intensidades. Em geral, o número de subcampos de dose para cada sequência de lâminas proposta,
calculados pelo algoritmo aumenta com o aumen- em todas ou em algumas das iterações de otimiza-
to da complexidade do padrão de intensidade, que ção, garantindo assim que o que foi planejado pode
por sua vez, influencia fortemente a exatidão total ser administrado, ao custo do aumento no tempo
da administração de IMRT. Assim, é importante que de cálculo. Por isso, é mais comum que os cálculos
os algoritmos de sequenciamento de lâminas mini- de dose durante as iterações do planejamento in-
mizem o número de segmentos sem comprometer a verso sejam feitos para “beamlets” idealizados. Sub-
conformidade de dose. Além disso, os algoritmos de- sequentemente, um algoritmo de sequenciamento
vem levar em conta as limitações mecânicas do MLC de lâminas é usado para incorporar as correções de
e reduzir os problemas dosimétricos como o efeito transmissão, penumbra, etc., tal que a dose adminis-
“tongue-and-groove” e a transmissão das lâminas trada acerca-se ao padrão original.

t"MHPSJUNPTEFTFRVFODJBNFOUPQBSBi4MJEJOHXJOEPXw
No sequenciamento de lâminas para a técnica de representa o tempo de exposição direta da radiação.
“sliding window” [1,2], os pares de lâminas se mo- A inclinação de máxima da lâmina. Quanto
vem de um mesmo lado ao outro extremo, sobre a menor a inclinação maior será a velocidade
área de tratamento. Conceitualmente, cada par de das lâminas e menor o tempo total de irradiação, T.
lâminas é considerado separadamente na constru- Nesse modo de tratamento, além da posição e
ção do padrão de movimentos. O exemplo da Figura velocidade das lâminas, pode-se variar as unidades
10 mostra o padrão de irradiação em que o par de monitoras e a taxa de dose administrada para alcan-
lâminas, A e B, se move da esquerda para a direi- çar o padrão de intensidade desejado.
ta formando o perfil de intensidade da linha contí-
nua. As linhas pontilhadas representam os tempos
de irradiação em termos de unidades monitoras em
função das posições das lâminas. Em cada ponto, o
intervalo de tempo entre as duas linhas pontilhadas

89
Figura 10. Variação do tempo de irradiação, em termos de unidades monitoras - UM, em função da posição do par de lâminas A-B
(linhas pontilhadas), em modo dinâmico, para produzir um padrão de intensidade modulada (linha contínua).

Na prática, as limitações do MLC requerem mo- lado das lâminas e seus encaixes, ou degraus do tipo
dificações para levar em conta as interações com “tongue-and-groove”. A largura do degrau é peque-
as lâminas vizinhas. O método de “sliding window” na, geralmente da ordem de 1 mm, e é ignorada no
pode ser construído de modo a acomodar as res- planejamento de campos fixos.
trições de extensão das lâminas, inter-digitação No entanto, isso pode causar um problema quan-
e “tongue-and-groove”. A inter-digitação ocorre do o MLC é usado para IMRT ou para bloquear parte
quando uma lâmina se estende além da borda da lâ- do campo. Ao incorporar tais restrições o movimen-
mina adjacente oposta, como no exemplo da Figura to se complica, no entanto, os algoritmos de “sli-
9, terceiro segmento da sequência 1, em que ocorre ding window” em geral minimizam efetivamente o
inter digitação das lâminas A1 e B2. Para alguns número de UMs necessárias ao tratamento ao custo
modelos de MLC a inter digitação provocaria coli- de aumentar o número de segmentos, ou pontos de
são entre as lâminas. O efeito “tongue-and-groove” controle para o DMLC. Na prática, esses algoritmos
se refere à sub-dosagem que ocorre na região de podem ser mais eficientes para os sistemas de admi-
junção entre lâminas vizinhas, quando a lingueta de nistração que podem mover-se rapidamente e nos
uma lâmina se estende mais que o vão da vizinha quais o tempo tratamento é limitado pelo movimen-
e depois ocorre a situação inversa. Isto se deve ao to físico da lâmina.

t"MHPSJUNPTEFTFRVFODJBNFOUPSFEVUPSFT
Algoritmos redutores permitem o movimento lâminas tende a aumentar a ocorrência da inter digi-
bidirecional e consideram o padrão de intensidade tação entre lâminas e do efeito “tongue-and-groove”.
completo de cada linha independentemente. Nesse ti- Adicionando restrições de movimento entre lâminas
po de algoritmo se busca minimizar o número de seg- para lidar com esses efeitos aumenta o número de
mentos necessários, em contrapartida há o aumento segmentos em cerca de 20% a 35%.
das UMs. No entanto, o movimento bidirecional das

0UJNJ[BÎÍP#JPMØHJDB
Atualmente, a maioria dos sistemas de otimiza- ção usa os descritores físicos de dose na formulação

90
das funções objetivas.. Em IMRT, a dose absorvida aumentando adicionalmente a razão terapêutica.
recebida pelos órgãos e tecidos normais é mais baixa Modelos biológicos que incorporam o efeito da
que a recebida pelo alvo, além disso, se distribui he- dose no tumor e tecidos normais devem ser desen-
terogeneamente dentro dos volumes. Por exemplo, volvidos no futuro para otimizar explicitamente os
num plano típico de IMRT de cabeça e pescoço, a compromissos entre o controle do tumor e proteção
dose absorvida por fração na medula espinhal pode contra danos nos tecidos normais.
ser 30 % a 60 % da dose prescrita no volume alvo,
O conceito de dose equivalente uniforme – EUD
quando comparado a 60 % a 80 % da dose prescrita
(do inglês “Equivalent Uniform Dose”) foi original-
num plano convencional paralelo-oposto. Uma re-
mente definido como a dose absorvida que se fosse
dução similar ou ainda maior pode ser obtida para
dada uniformemente levaria a mesma morte celular
a glândula parótida contralateral em tratamentos de
causada pela distribuição de dose não uniforme ori-
cabeça e pescoço.
ginal [4]. A definição atual de EUD é uma dose ab-
Cálculos baseados no modelo de resposta line- sorvida media generalizada. O método da EUD, em
arquadrática e na experiência clínica mostram que princípio, forneceria uma melhor proteção das es-
para uma dose absorvida total similar, diminuindo a truturas críticas e uma distribuição de dose no PTV
dose por fração reduziria o efeito biológico, enquan- similar ou levemente melhor que aquela obtida da
to aumentando a dose por fração aumenta o efeito. otimização baseada apenas no modelo físico. A con-
Ao contrário de muitos tipos de tumor, que tem alta fiabilidade do conceito de EUD, no entanto, depende
relação alta, os tecidos normais de resposta tardia criticamente dos valores de diferentes parâmetros
frequentemente têm uma relação baixa, tornando- usados para ajustar o efeito dose–volume.
os mais sensíveis a esse fenômeno.
Atualmente, uma recomendação do ICRU 83[4]
Em essência, uma dose mais baixa por fração é que o uso de EUD para otimização e avaliação do
nos tecidos normais aumentaria a razão terapêutica. plano deveria ser considerado apenas como pesqui-
Somando-se a isso, mantendo-se a mesma dose nos sa, pois os modelos radiobiológicos ainda não estão
tecidos normais, com IMRT é possível aumentar a totalmente validados, e podem até não classificar
dose no tumor (realizar o escalonamento de dose), corretamente os planos de um caso específico.

5.5.PEFMBHFNEP'FJYFQBSB*.35
A busca iterativa utilizada na fase de otimização tratamento ser executado. Há duas classes gerais de
sugere a introdução de aproximações para tornar algoritmos para cálculo de dose: baseados em cor-
os cálculos de IMRT mais rápidos. No entanto, é ne- reção e baseados em modelo [8].O problema do cál-
cessário um cálculo com maior exatidão antes de o culo de dose está esquematizado na Figura 11[12].

91
Figura 11. Representação esquemática do cabeçote de um acelerador linear e o problema de cálculo de dose em radioterapia. O
cálculo baseado em correções faz uma parametrização dos valores medidos em água e os transfere ao paciente com as devidas
correções, enquanto no cálculo baseado em modelo se usam métodos mais sofisticados como os do princípio de convolução e
superposição ou o método de Monte Carlo.

O método tradicional de cálculo de dose usa al- em conta efetivamente as variações na dose absor-
goritmos baseados em correções, fazendo a trans- vida devido às variações nas geometrias dos cam-
ferência dos valores medidos em água ao paciente, pos e nas heterogeneidades de tecidos estimularam
aplicando as devidas correções. A dose absorvida a introdução de algoritmos mais novos, baseados
num objeto simulador de água devida a campos re- em modelos. Esses algoritmos são baseados nos mé-
tangulares, de incidência normal na superfície da todos de convolução ou superposição, nos quais o
água, é medida e parametrizada em distribuições de “kernel” de transporte é gerado numa simulação de
dose absorvida como uma função da distância entre Monte Carlo, outro método baseado em modelo uti-
fonte e superfície, tamanho do campo, profundidade liza a simulação direta do transporte de radiação no
e posição lateral. São usadas, por exemplo, as cur- paciente usando técnica de Monte Carlo. Os méto-
vas de PDD, perfis de dose em profundidade, fatores dos baseados em modelos calculam diretamente no
de campo e fatores para os modificadores do feixe. paciente a dose absorvida por fluência de energia.
A parametrização é, então, corrigida para as pertur- Num método baseado em modelo, as medidas de
bações específicas do plano, considerando o desvio distribuição de dose para uma variedade de situa-
da situação ideal. Corrige-se pela presença de blocos, ções são usadas para desenvolver parâmetros de um
filtros físicos ou compensadores e, adicionalmente, modelo que descreva a atenuação do feixe inciden-
pela superfície e não equivalência dos tecidos a água. te e a produção de radiação secundária. O modelo
Apesar de aproximado, o método pode considerar a deve ser sofisticado o suficiente para validar todas
variação da absorção causada pela diferença de ate- as medidas de referência clinicamente relevantes de
nuação, como resultado da passagem do feixe através acordo aos requisitos de exatidão. O modelo de feixe
de tecidos heterogêneos até o ponto de cálculo. mais simples possível é uma fonte pontual localiza-
As limitações no método tradicional para levar da no alvo do feixe. Esse método fornece implicita-

92
mente correções da lei do inverso do quadrado da primária do feixe determinam a largura do feixe e a
distância de acordo aos deslocamentos de distância sua penumbra. Refinamentos avançados nos algo-
fonte-superfície e foi a base da maioria dos sistemas ritmos de cálculo de dose devem incluir os efeitos
de planejamento primordiais em que o cálculo de de retro-espalhamento nas câmaras monitoras, es-
dose era baseado numa biblioteca de dados medidos. palhamento nos colimadores, fuga dos colimadores
O modelo simples de fonte única é insuficiente e contaminação de partículas carregadas.
para incluir propriedades mais complexas, como as Códigos de Monte Carlo permitem simulações
variações dos fatores de campo, mudanças no perfil detalhadas do cabeçote de tratamento. O resultado
de dose, variações de penumbra, etc. Assim, mode- de tais simulações é tipicamente um “espaço de fa-
los de múltiplas fontes foram desenvolvidos para ses,” isto é, um conjunto de dados com a listagem da
considerar as múltiplas fontes de fótons, como o es- energia e direção de milhões de partículas emitidas,
palhamento do filtro aplanador e o bloqueio parcial reproduzindo a distribuição angular e o espectro de
das fontes estendidas. Tipicamente, a fonte primária energia da máquina. Adicionalmente pode-se utili-
é tratada como uma distribuição gaussiana de duas zar a simulação direta do transporte de radiação no
fontes. A primeira fonte tem uma largura à meia paciente usando a técnica de Monte Carlo.
altura (FWHM) de poucos milímetros para levar em Os dados medidos servirão tanto para uma pa-
conta a produção de fótons diretos no alvo e a fon- rametrização da fonte, como para uma verificação
te secundária de baixa intensidade com um FWHM dos modelos de Monte Carlo, ou uma combinação
igual ao filtro aplanador, leva em conta o espalha- de ambos. Em vez de derivar modelos de feixe para
mento do colimador primário e filtro aplanador. cada máquina individual um método mais conve-
A forma, e assim, a atenuação causada pelo filtro niente é ter uma parametrização completa para ca-
aplanador determina as variações de fluência e ren- da tipo de máquina de um dado fabricante. Alguns
dimento ao longo da extensão do filtro. Os cálculos fabricantes fornecem medidas de comissionamento
de dose de IMRT podem ser simplificados se o filtro ótimas e se comprometem a manter as característi-
aplanador for removido, produzindo menos espa- cas do feixe dentro de uma precisão especificada em
lhamento. A localização e natureza da colimação um contrato de manutenção.

5.5.1&TQBMIBNFOUPEPDBCFÎPUF QFOVNCSBFUSBOTNJTTÍP
As doses de IMRT são calculadas ao dividir os tensidades dos “beamlets” são variadas com o mo-
feixes em pequenas seções, os “beamlets”, com in- vimento das lâminas do MLC através do campo ir-
tensidades variadas. Como as dimensões dos “bea- radiado; assim, o modelamento exato da penumbra
mlets” podem ser muito pequenas para estabelecer e a transmissão das lâminas do MLC são críticos.
o equilíbrio eletrônico dentro dessas seções, os cál- Por exemplo, um tratamento típico de próstata, com
culos baseados em correções, utilizando dados de 5 campos, planejado com IMRT bloqueia um ponto
feixes largos, não são suficientes. Deve ser usado dentro da próstata em mais de 60% das UMs, en-
algum método de integração de “pencil beam” ou de quanto a transmissão contribui tipicamente com 4%
“kernel” de dose (princípios de convolução e super- da dose total.
posição), ou mesmo técnicas de Monte Carlo. As pe- Uma vez que os campos de IMRT têm múltiplas
quenas aberturas do colimador tornam importante o bordas de campo dentro do volume alvo, a exatidão
modelamento exato do espalhamento do cabeçote. dosimétrica do plano é dependente da fidelidade da
Para a administração de IMRT com MLCs, as in- representação da penumbra.

5.5.2"MHPSJUNPTEF$ÈMDVMPEF%PTF
A busca iterativa utilizada na fase de otimização os cálculos de IMRT mais rápidos. No entanto, é ne-
sugere a introdução de aproximações para tornar cessário um cálculo com maior exatidão antes de o

93
tratamento ser executado. todos de convolução ou superposição, nos quais o
O método tradicional de cálculo de dose usa al- “kernel” de transporte é gerado numa simulação de
goritmos baseados em correções. Apesar de aproxi- Monte Carlo, outro método baseado em modelo uti-
mado, o método pode considerar a variação da ab- liza a simulação direta do transporte de radiação no
sorção causada pela diferença de atenuação, como paciente usando técnica de Monte Carlo. Os méto-
resultado da passagem do feixe através de tecidos dos baseados em modelos calculam diretamente no
heterogêneos até o ponto de cálculo. paciente a dose absorvida por fluência de energia.
As limitações no método tradicional para levar As pesquisas têm demonstrado que os algorit-
em conta efetivamente as variações na dose absor- mos que consideram mudanças no espalhamento
vida devido às variações nas geometrias dos cam- de fótons e no transporte de elétrons são melhores
pos e nas heterogeneidades de tecidos estimularam quando são comparáveis a modelos de Monte Carlo,
a introdução de algoritmos mais novos, baseados especialmente para regiões heterogêneas de tecido.
em modelos. Esses algoritmos são baseados nos mé-

$PSSFÎÜFTQPS)FUFSPHFOFJEBEFT
As correções por heterogeneidades podem ser nas quais as correções são claramente necessárias
mais importante em IMRT que para os tratamentos para fornecer resultados com boa exatidão.
convencionais por diversas razões. Já em 2001 [1] recomendava-se que fossem usa-
a) os tratamentos de IMRT frequentemente in- das correções por heterogeneidade; no entanto é
corporam mais e diferentes direções de feixe que provável que sejam mais necessárias em tratamen-
as usadas convencionalmente, então a experiência tos de pulmão e menos em tratamentos de próstata
clínica prévia com doses não corrigidas não podem e, inclusive indesejáveis quando materiais de con-
ser bem traduzidas. As heterogeneidades que afetam traste ou gás retal causam artefatos. Com isso o usu-
alguns “beamlets” mais que outros resultam em di- ário deve definir a necessidade da correção.
ferenças de dose localizadas que são diferentes da Em 2004, o TG65 [12] deu diversas recomenda-
experiência convencional. ções foram feitas sobre a utilização e implementa-
b) IMRT é usado para escalonar doses em alvos ção das correções por heterogeneidades para feixes
e/ou reduzir doses em órgãos críticos. Os DVHs são de fótons, ressaltando sua importância nos trata-
usados para avaliar e frequentemente para pres- mentos complexos.
crever tratamentos. A confiabilidade da experiên- Em 2010, o ICRU 83 [4] recomenda o uso das
cia clínica, ao usar as prescrições e resultados com correções por heterogeneidade de tecidos em IMRT,
DVHs, estará significativamente comprometida se ressaltando a melhora na homogeneidade da dose
não forem usadas correções por heterogeneidade, no volume alvo.
em particular, para regiões do corpo como pulmão

5.6 SJTUFNBTEF1MBOFKBNFOUPEF5SBUBNFOUP$PNQVUBEPSJ[BEPT
Um sumário contendo as especificações, quan- tratamento computadorizados – SPTC comerciais
to a métodos de otimização e cálculo de dose, de usados no planejamento inverso de IMRT são des-
alguns dos principais sistemas de planejamento de critas a seguir na Tabela 2.

94
Tabela 2. Métodos de otimização e cálculo de dose dos principais SPTC para IMRT
Empresa SPTC IMRT 0UJNJ[BÎÍP3FTUSJÎÜFT $ÈMDVMPEF%PTF
Accuray Inc. MultiPlan CyberKnife. Isocêntrica otimização com múltiplos Monte Carlo ou “ray-
ou não; cones ou objetivos, pode ser realizada com tracing”
colimador de abertura Monte Carlo.
variável (íris)
Best Nomos CORVUS tomoterapia serial e simulated annealing, “Pencil Beam” com
MLC gradiente descendente ou correções ou Monte
otimização das UM. Carlo (Peregrine)
BrainLab iPlan “step & shoot” ou baseada em beamlet Clarkson, “Pencil
“sliding window” com Beam” e Monte Carlo
MLC.
Dosisoft ISOgray baseado em “Beamlet” método do gradiente conjugado Superposição de
‘kernel’ pontual
Elekta CMS Ergo ++ VMAT e “step & shoot” Simulated Annealing; restrições “Pencil Beam” com
Software físicas de dose e DVH correções
Elekta CMS Monaco “step & shoot” com MLC restrições físicas de dose “Pencil beam”, XVMC
Software e biológicas Monte Carlo
Elekta CMS XiO baseado em “Beamlet” algoritmo do gradiente Clarkson, convolução
Software descendente; ângulos de e superposição
feixe e tamanhos de campo
Mevis CAT3D IMRT com compensa- restrições físicas de dose ‘Pencil Beam” com
dores/MLC correções
NUCLEMED Win PLT 3D IMRT com compensa- baseado em beamlet; restrições Convolução/
dores/MLC físicas de dose e biológicas (EUD) Superposição;

Nucletron Oncentra VMAT e IMRT com MLC otimização interativa com DVH, “Pencil beam” e “Col-
Função Objetiva de Bortfeld lapsed Cone”
Philips Health- Pinnacle3/ “sliding window” e otimização com DVH. Algoritmo Convolução/
care P3IMRT VMAT DMPO (Direct Machine Superposição
Parameter Optimization)
PerMedics Odyssey IMRT com compensa- baseado em beamlet; restrições ‘Pencil Beam’ com
dores/MLC físicas de dose e biológicas (EUD) correções
Prowess Panther IMRT com MLC, com- DAO com simulated annealing “Collapsed cone”;
pensadores e “Jaws- avançado, redução no número de Convolução/
only”. segmentos & MUs; Superposição

Siemens Medical KonRad IMRT com compensa- método de convergência do gradi- “Multi-Kernel Pencil
Solutions dores/MLC ente, restrições de dose & dose- Beam’
volume
TomoTherapy TomoTherapy, IMRT Helicoidal algoritmo de convolução/super- Convolução/
Inc. TomoDirect & posição. Otimização multicritério, Superposição
STAT RT especificação por DVH
Varian Medical Eclipse IMRT (“step &-shoot” restrições físicas ou biológicas; ‘Pencil Beam Convo-
Systems ou “sliding window”) otimização baseada em beamlet lution”; AAA – “ani-
e RapidArc (VMAT) e em DAO sotropic analytical
algorithm”; Acuros

95
3FGFSÐODJBT
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96
6

4JTUFNBTEFHFTUÍPEBEPDVNFOUBÎÍP 
SFHJTUSPEBJOGPSNBÎÍPFTFHVSBOÎB
Wellington F. Pimenta Neves-Junior e Ramon Alfredo C. Siochi

%PDVNFOUBÎÍPF3FHJTUSPEF5SBUBNFOUPTDPN*.35FNQBQFM
Documentação e registro de tratamentos com relacionadas à prescrição de dose em volumes e
IMRT têm particularidades que são especialmente também dos parâmetros técnicos dos tratamentos
importantes uma vez que as distribuições de dose radioterápicos deve ser considerado como requisito
alcançadas com esta técnica praticamente confor- mínimo, principalmente para instituições que estão
mam-se ao formato dos volumes alvo com peque- iniciando a implementação clínica de IMRT.
nas margens – o que aumenta o risco de recorrência A documentação e registro de resultados de pla-
marginal à região tratada[1]. Como consequência, nejamentos com IMRT, principalmente no que diz
pode levar algumas vezes à necessidade de re-irra- respeito à prescrição de dose, difere substancialmen-
diar a área, utilizando, inclusive, a própria técnica te da radioterapia convencional ou conformacional.
de IMRT para isso.
Após décadas sem haver consenso em literatura
O sucesso da re-irradiação depende da habilidade quanto à documentação e arquivamento de resulta-
do radioterapeuta e do físico-médico em reconstruir dos de IMRT, atualmente existem duas publicações
corretamente a distribuição de dose do primeiro tra- fundamentais trazendo um conjunto completo de
tamento e considerá-la no processo de replaneja- recomendações a serem seguidas e que serão utili-
mento para assim avaliar o risco da reirradiação de zadas como base para o presente trabalho: a primei-
estruturas adjacentes. ra, publicada em 2009, pela ASTRO[1] e a segunda,
Tal processo, que é relativamente simples para publicada em 2010, pelo ICRU, Report 83[3]. Esta
tratamentos convencionais e conformacionais, é última define três níveis de prescrição e documen-
mais complexo em se tratando de planejamentos tação com diferentes recomendações e, dentre eles,
com IMRT. Portanto, a avaliação de padrões de re- o nível 2 é considerado como mínimo recomendado
corrência e incidência de efeitos colaterais em médio para a prática com IMRT.
e longo prazo decorrentes de tratamentos com IMRT Como requisito básico, discutido no Capitulo 1,
e da viabilidade de re-irradiação são impossíveis devem ser delineadas as estruturas de acordo com
de serem analisadas sem documentação e registros os padrões definidos nas publicações ICRU 50[4] e
adequados, que devem incluir, entre outros detalhes, 62[5]: volume alvo grosseiro (GTV), volume alvo clí-
as imagens e distribuições de dose do planejamento, nico (CTV), volume alvo interno ou integrado (ITV),
uma vez que a prescrição por si só, não é capaz de volume alvo de planejamento (PTV), órgãos em ris-
descrever uma distribuição de dose heterogênea, que co (OAR) e órgãos em risco de planejamento (PRV).
é característica do IMRT.
Praticamente todas as recomendações para pres-
Existem fortes tendências na área de saúde para crição e documentação baseiam-se em informações
o uso de registros eletrônicos e fluxos de trabalho de dose absorvida e volumes obtidos através dos
“paperless” ou “sem papel”[1,2]. Histogramas Dose-Volume (DVH) cumulativos e se-
Entretanto o registro em papel das informações rão resumidas nas seções a seguir:

97
3FDPNFOEBÎÜFTQBSB%PDVNFOUBÎÍPEF%PTFTFN7PMVNFT"MWP
Recomenda-se que as prescrições de dose sejam A Tabela 1 resume as recomendações tanto da
feitas em termos de EPTFTNÓOJNBTFNGSBÎÜFTEF ASTRO[1] quanto do ICRU Report 83[3] para os pa-
UFSNJOBEBTEFWPMVNF ao invés do tradicional mé- râmetros que devem ser utilizados na especificação
todo de prescrição de doses em pontos. de doses em CTV e PTV:

Tabela 1. Recomendações da ASTRO e do ICRU (Report 83) quanto aos descritores de dose-volume que
devem ser utilizados para especificação e documentação de dose em estruturas do tipo PTV e CTV:
%FTDSJUPS ASTRO ICRU Report 83
Prescrição de Dose - Dose prescrita (pretendida) seguida do - D50% (dose mediana) ou um dado DV
volume da estrutura à qual está sendo feita a (como, por exemplo, o D95% ou D98%);
prescrição (detalhando fracionamento);
Cobertura - D95%, Dose Média e V100% - D95% e Dose Média
Dose Mínima - D100% (dose mínima pontual) - D98%
Dose Máxima - Dose máxima pontual - D2%

Onde: DV% é a dose mínima recebida por V% do mento que será realizado no paciente que, em grande
volume total da estrutura em questão; e VD% é a parte das vezes, difere da intenção de tratamento ini-
porcentagem de volume da estrutura que recebe D cial, uma vez que muitos casos apresentam objetivos
% da dose de prescrição pretendida. conflitantes impossíveis de serem alcançados simul-
É importante notar que todos esses parâmetros taneamente e que implicarão em perda de cobertura
irão expressar a prescrição final de dose do trata- de alvos ou comprometimento de órgãos de risco.

3FDPNFOEBÎÜFTQBSB&TQFDJmDBÎÍPEF%PTFTFN»SHÍPTFN3JTDP 0"3

Para órgãos do tipo paralelo (nos quais o dano sário observar também que descritores do tipo VD
está relacionado com a dose e a extensão de volume ou DV dependem da extensão de volume delineado
de órgão irradiado, ex: pulmões e fígado), recomen- e, ao adotar um limite indicado pela literatura, deve
da-se documentar a dose média e um descritor na -se observar em detalhe como deve ser delineado
forma de porcentagem do volume que recebe um o órgão em questão, seguindo protocolos (exemplo:
determinado nível de dose (VD) que tenha relevân- em geral, o reto é delineado desde a borda anal até
cia clínica demonstrada em literatura (como o V20Gy a transição com o sigmóide).
para pulmão, que deve ser menor que 20%). Para ór- Embora a literatura não seja consistente no rela-
gãos do tipo série (nos quais o dano está relacionado to de porcentagens de volume (V%) para alguns ór-
somente com um valor de dose limite, independente gãos como o reto, eles devem ser reportados também
da extensão do volume que recebe a dose, ex: me- em termos de volume absoluto (em cc), uma vez que
dula espinhal, olho e nervo óptico), recomenda-se a V% neste caso depende do volume total de reto
documentar a dose máxima e o D2% (dose recebida desenhado pelo radioterapeuta. Neste caso e no caso
por 2% do volume). da bexiga, seria mais importante definir a parede do
Na prática, a maioria dos órgãos não é claramen- reto e bexiga.
te do tipo série ou paralelo e, nestes casos, que se É importante que as recomendações dos itens a) e
recomenda é documentar, ao menos, a dose média, b) anteriores devam estar organizados em formulá-
o descritor D2%, e um terceiro parâmetro do tipo rios por sítio anatômico, protocolo de tratamento ou
VD, que deve ser clinicamente relevante e específico região de tratamento (i.e.: próstata, cabeça e pesco-
para cada OAR, indicado pela literatura. Uma boa ço, abdômen inferior, abdômen superior, protocolos
referência para limites de dose é o conjunto de revi- de hipofracionamento etc) de tal forma a serem uti-
sões de literatura QUANTEC (Quantitative Analysis lizados como guia para aprovação de planejamentos
of Normal Tissue Effects in the Clinic)[6]. É neces- e documentação de resultados.

98
6'JDIB5ÏDOJDB1BSÉNFUSPT5ÏDOJDPTF3FHJTUSPEF"QMJDBÎÜFT
Uma vez finalizado e aprovado o planejamen- Todos esses dados devem compor a ficha técni-
to, recomenda-se a documentação de uma série de ca, que deve também ter espaço para registro diário
informações que devem ser impressas utilizando o de aplicações, problemas, interrupções e assinatura
sistema de planejamento: de técnicos, físicos e médicos presentes na aplica-
- Posição de Isocentro (especificada através de ção. Mesmo para os serviços que utilizam sistema
coordenadas 3D e par de DRRs anterior e lateral). eletrônico de verificação e registro (V&R), é impor-
tante que o registro em papel na ficha técnica seja
- Relatório de Campos de Tratamento (Treatment
adotado como nível de redundância, bem como a
Printout): que deve conter informações técnicas de-
checagem manual e diária por parte do técnico, dos
talhadas para cada campo tais como nome do ace-
parâmetros técnicos que estão sendo executados pe-
lerador, energia, ângulos de “gantry”, colimador e
lo acelerador linear.
mesa, posição dos colimadores primários, número
de segmentos e respectivas unidades monitoras (se Todo conjunto de informações deve ser cons-
IMRT Step-and-Shoot), total de unidades monito- tantemente confrontado com o V&R para inclusi-
ras, distância foco-pele (SSD). Deve incluir também ve verificar a integridade da transferência de dados
versão do sistema de planejamento, algoritmo de oriundas do sistema de planejamento – ou seja, con-
cálculo e otimização utilizados, informação sobre firmar visualmente que as informações em ambos os
correção de heterogeneidade. sistemas são idênticas[2].
- Curvas de isodose nos principais cortes axiais Vale ainda ressaltar que a ficha técnica deve con-
englobando cada um dos alvos (caso seja mais de ter informações detalhadas para o posicionamento
um) e órgãos de risco críticos e também nos planos e imobilização do paciente (preferencialmente com
sagital e coronal. fotos da simulação). Além disso, ela deve também
trazer detalhes do protocolo de verificação de posi-
- Representação 3D do paciente e geometria dis-
cionamento (online ou off-line, periodicidade, limites
tribuição de campos.
de ação, principais estruturas de referência para cor-
- DVH cumulativo e estatístico de doses em es-
reção etc), e também o histórico de registro de des-
truturas (incluindo dose média, mediana, desvio pa-
vios e erros encontrados a partir de portal filmes ou
drão, máxima, mínima etc).
sistemas de radioterapia guiada por imagem (IGRT).

4JTUFNBTEF7FSJmDBÎÍPF3FHJTUSP 7&3

O termo “Record and Verify” têm sido usado pa- de Sistemas de Gerenciamento de Tratamento (TMS
ra descrever sistemas que recebem informações do – Treatment Management Systems). Atualmente não
sistema de planejamento (TPS) e que interagem di- mais existem sistemas com V&R somente, mas este
retamente com o console de comando do acelerador ainda é o papel e a função mais crítica dos TMS e,
linear de forma a gerenciar a execução do trata- portanto, será o foco de discussão deste documento.
mento [7]. Esses sistemas são imprescindíveis para Os sistemas de V&R têm um importante papel no
a execução de tratamentos com IMRT em virtude da gerenciamento de informação num departamento de
complexidade e da grande quantidade de parâmetros radioterapia. A Figura 1 mostra as funcionalidades,
que precisam ser controlados e checados sistemati- fluxo e tipo de informações que passam por estes
camente num curto espaço de tempo. Exemplos de sistemas. A cadeia principal (destacada em cinza)
sistemas deste tipo, dentre outros que estão comer- será discutida em maior detalhe e diz respeito ao
cialmente disponíveis são: Lantis (Siemens/IMPAC), “Record and Verify” propriamente dito. A maioria
MosaIQ (Elekta/IMPAC), Aria (Varian) e Puma (Pro- dos sistemas também oferece suporte ou mesmo
wess). Na verdade, o V&R é apenas parte da função engloba parte das funcionalidades que compõem
desempenhada por tais sistemas, que são chamados sistemas de IGRT (como por exemplo, visualização,

99
revisão e registro de imagens, protocolos de execu- informações clínicas como estadiamento, medica-
ção etc). Além disso, a maioria dos sistemas V&R mentos, resultados de exames etc) e também fun-
também oferece as funcionalidades típicas de siste- ções gerais de apoio administrativo, com diversos
mas de informação da área médica como cadastro relatórios estatísticos, guias de cobrança etc.
e agendamento e prontuário eletrônico (entrada de

Figura 1. Funcionalidades e fluxo de informa-


ções que caracterizam um sistema de verificação
e registro (V&R). Em cinza está destacada a fun-
ção principal do sistema: fazer a ponte entre o
planejamento e tratamento.

Tendo em vista apresentar as características, fun- trabalho para a execução um tratamento com IMRT
cionalidades e cuidados quanto ao uso deste tipo de relacionadas com os sistemas V&R.
sistema, serão apresentadas as etapas do fluxo de

6.2.1 Entrada de Dados


Uma vez aprovado um planejamento com IMRT, que eventualmente podem acontecer durante o cur-
os dados técnicos são transferidos do TPS para o so do tratamento[8]. Portanto, é necessário adotar
sistema V&R via algum protocolo de comunicação, uma política de garantia da qualidade voltada para
como por ex.: DICOM RT ou RTPConnect. A entrada a verificação da integridade dos dados nos sistemas
de dados por via manual é inviável quando se utiliza de V&R[9].
colimadores Multi-Leafs (MLC) para IMRT. Durante a rotina clínica, para todo novo pla-
Esta é uma das etapas mais críticas do proces- nejamento introduzido no sistema de V&R faz-se
so, pois qualquer erro que aconteça na entrada de necessária a verificação item a item, de todos os
dados nos sistemas V&R pode afetar sistematica- parâmetros técnicos exportados do TPS utilizando,
mente todas as frações de tratamento e, portanto, por exemplo, o relatório de campos de tratamento
terá conseqüências mais graves que erros aleatórios gerados pelo TPS.

$BSSFHBNFOUPEFEBEPTFTFUVQBTTJTUJEPQPSDPNQVUBEPS
Os sistemas V&R, em geral, fazem a comunica- xilia muito os técnicos de radioterapia e acelera a
ção com o acelerador linear através de um sistema rotina de tratamento. No momento do carregamen-
de entrega de dose (ou treatment delivery system – to, antes de dar início à aplicação, é importante que
TDS) – uma estação de trabalho ao lado do console os técnicos de radioterapia verifiquem diariamente
de comando do acelerador linear (como é o caso do a consistência dos parâmetros mostrados no con-
PrimeView, da Siemens ou o 4D Console, da Varian). sole do acelerador linear, comparando com a ficha
Nesses sistemas, os dados técnicos do planejamento técnica e acompanhando todo o tratamento que, em
do paciente são carregados no momento da aplica- geral, pode ser executado de forma automática.
ção e enviados para o acelerador linear, o que au-

100
7FSJmDBÎÍPEFQBSÉNFUSPTUÏDOJDPT
Uma vez enviados os dados do planejamento pa- MLC, maior a chance de acontecerem “beam holds”.
ra o acelerador linear, este se conFigura de acordo Durante a fase de sequenciamento da fluência
com o programado. Neste momento, o sistema V&R ideal – quando são gerados os movimentos de lâ-
realiza uma verificação completa de todos os pa- mina – existem dois parâmetros particularmente
râmetros técnicos do acelerador linear, comparando importantes, que irão influenciar diretamente na
com os dados programados. Os parâmetros checa- frequência de “beam holds”: a taxa de dose e a to-
dos são: energia, modalidade (fótons ou elétrons), lerância de desvio na posição das lâminas. A taxa
tipo de tratamento (estático, dinâmico, arco etc), de dose geralmente é fixada no TPS, mas, para al-
dose (unidades monitoras), taxa de dose, colimador guns sistemas, é possível aumentá-la ou diminuí-
(X1,X2,Y1,Y2 e ângulo), ângulo de “gantry”, posi- -la diretamente no TDS ou no V&R. Nos casos de
ção de mesa (lateral, longitudinal, vertical, ângulo diminuição não há problema, pois o MLC deverá
isocêntrico e de pedestal), as posições de todas as ser desacelerado e mover-se mais lentamente para
lâminas do MLC e presença de acessórios ou filtros. entregar a mesma fluência de dose programada. Já
Cada um desses parâmetros deve estar de acordo nos casos em que se aumenta a taxa de dose no
com o programado dentro de uma margem de to- momento da entrega, as lâminas do MLC passam
lerância definida pelas “tabelas de tolerância” que a se movimentar mais rapidamente e, dependendo
devem ser conFiguradas para cada modalidade de da complexidade inicial, muitas delas teriam que
tratamento (fótons, elétrons, emergência etc), caso mover-se a velocidades maiores que a máxima pos-
contrário o V&R deve impedir o ligamento do feixe. sível – o que causa o desvio da posição programada,
Uma vez iniciada a aplicação, o V&R segue veri- e, por consequência, os “beam holds”. A tolerância
ficando todos os parâmetros, segmento a segmento, de posicionamento das lâminas também é um pa-
no caso de IMRT “Step-and-Shoot” ou em interva- râmetro configurável tanto no TPS quanto no TDS
los de tempo pré-determinados, no caso de IMRT ou V&R. No TPS quanto maior a tolerância defini-
dinâmico ou “SlidingWindow” (aproximadamente à da, mais complexo o seqüenciamento (acelerações e
cada 50ms) – neste caso, durante o movimento das desacelerações bruscas de lâminas), e melhor será a
lâminas do MLC e entrega de dose, se alguma delas modelagem da fluência de dose ideal otimizada, po-
se desvia da posição programada (valor maior que rém será mais difícil de executar. Já no TDS e V&R
a tolerância) o sistema suspende o feixe (beam hold a tolerância de posicionamento de lâminas será uti-
off), e re-liga imediatamente após a mesma chegar lizada no processo de verificação, e quanto menor
na posição; é importante destacar que ocorrência o valor, maior controle da entrega de dose, mas por
excessiva de “beam holds” pode degradar a fluência outro lado maior a chance de acontecerem “beam
de dose e, portanto, é algo a ser observado na rotina holds”, o que pode degradar a fluência de dose pla-
de tratamento. nejada. Idealmente, ambos os parâmetros devem ser
A ocorrência de “beam holds” pode estar relacio- definidos da mesma forma tanto no TPS quanto no
nada a causas mecânicas (i.e. motores do MLC em fi- V&R, ou seja, utilizar no tratamento a mesma taxa
nal de vida útil), além disso, quanto mais complexo o de dose definida no planejamento e fixar o mesmo
planejamento em termos de movimento de lâminas de nível de tolerância em ambos os sistemas.

3FHJTUSPEFBQMJDBÎÜFT
Para cada campo ou mesmo segmento tratado, o cada campo ou segmento e, ao término da aplicação,
sistema V&R registra todos os parâmetros técnicos atualiza o número de frações tratadas; impedindo
conFigurados no acelerador linear durante a exe- que dose prescrita total e diária sejam ultrapassa-
cução, bem como interrupções e possíveis “overri- das ou que o mesmo campo seja tratado mais de
des” (quando o operador autoriza a execução de um uma vez no dia. É possível também registrar os da-
campo com algum parâmetro fora da tolerância). O dos do técnico de radioterapia responsável por cada
sistema também acumula a contribuição de dose de uma das aplicações. Portanto, o sistema mantém um

101
histórico completo do tratamento, mas, mesmo as- da, os sistemas podem registrar de forma incorreta a
sim, é importante manter um registro paralelo em dose acumulada[9], e, nestes casos, faz-se necessário
ficha técnica para garantir redundância no controle verificar e corrigir o histórico de tratamento para
e evolução da entrega de dose. Em casos de inter- posterior compensação.
rupção em que uma fração não pode ser completa-

7FSJmDBÎÍPEFQPTJDJPOBNFOUPEPQBDJFOUF
Os sistemas V&R desempenham um papel im- Atualmente, muitos sistemas integram soluções de
portante na rotina de verificação do posicionamento IGRT, possibilitando o registro automático e manual
do paciente, possibilitando agendar os dias de ve- da imagem adquirida com a imagem utilizada no
rificação, criar protocolos de aquisição de imagem planejamento, calculando novas coordenadas de
(exposição única, exposição dupla, campos ortogo- mesa necessárias para corrigir o posicionamento e
nais etc) sendo possível também controlar a dose arquivando imagens e resultados.
acumulada decorrente das aquisições de imagem.

6.2.6 Administração de um sistema V&R


Um aspecto importante da administração de um prescrições, enquanto os usuários do grupo “mé-
sistema é definir o “Gerente” para o sistema V&R, dicos” podem aprovar prescrições, mas não alterar
profissional que deve ter familiaridade com com- campos de tratamento ou conFigurações específicas
putadores e com o sistema [8] sendo escolhido de do sistema, já os usuários do grupo “técnicos”, em
preferencia um dos físicos médicos do departamento geral mais restritos, devem ser capazes de visualizar
[7]. Esta pessoa deve ser treinada e capaz de cus- e executar planejamentos, mas não editá-los ou re-
tomizar o sistema de acordo com as preferências e alizar “override” em parâmetros fora de tolerância.
necessidades do departamento e promover o melhor O gerente do sistema também deve definir políti-
aproveitamento das capacidades do mesmo. cas de senhas de acesso, procedimentos de “backup”
O “Gerente” deve definir a hierarquia de grupos (cópias de segurança), “archive” (remoção de dados
de usuários, com diferentes níveis de acesso a fun- - em geral pacientes antigos - do banco de dados
cionalidades do sistema, como por exemplo, gru- utilizado no dia-a-dia para um arquivo separado,
pos “físicos”, “médicos”, “técnicos” etc. Os usuários porém acessível) e testes de resiliência do sistema
pertencentes ao grupo “físicos” podem ter direito a (testes de recuperação de “backup”)[8].
modificar e aprovar planos de tratamento, mas não

3FHJTUSP "WBMJBÎÍPF1SFWFOÎÍPEF*ODJEFOUFT
O relato de incidentes é uma atividade importan- forma manter um nível aumentado da segurança
te tanto em níveis locais como nacionais. Localmen- para o paciente.
te, guardar um livro de relato de incidentes, ou de Para que um relato de incidente seja útil, devem ser
desvios de processos clínicos, permite a analisar as incluídos detalhes suficientes para que possa ser reali-
causas do erro e posteriormente modificar processos zada uma análise de causa raiz (Root Cause Analysis).
para mitigar o risco.
Geralmente, um erro de tratamento é conseqüên-
Nacionalmente, os incidentes informados por al- cia de múltiplos desvios no processo. A análise de
gumas clínicas podem tornar-se um aviso para ou- causa raiz irá então se ramificar em várias direções,
tras clínicas com processos, máquinas de tratamento criando uma árvore de falhas (fault tree).
ou sistemas semelhantes. Tais relatórios permitem
A Figura 2 mostra um exemplo de uma árvore de
aos profissionais permanecerem vigilantes, e dessa
falhas para um caso de super dosagem com um tra-

102
tamento com IMRT, resultante da ausência de forma- ciente, 6) respostas aos desvios e anomalias dos itens
tos de MLC. A árvore de falhas é baseada no relatório 3,4 e 5, 7) ambiente físico e psicológico, 8) como o
do incidente publicado no jornal NY Times[10]. erro foi descoberto, e 9) a natureza e severidade dos
O relatório incluía: 1) narrativa dos eventos, com efeitos no paciente. Adicionalmente, também deve
cronologia, 2) as pessoas envolvidas no evento e seus ser considerado 10) a natureza e severidade dos efei-
respectivos papéis no processo, 3) desvios de proce- tos na equipe, uma vez que relatórios de incidentes
dimento, 4) anomalias no funcionamento de equipa- devem ser usados para tornar os processos clínicos
mentos, 5) desvios do comportamento típico do pa- mais seguros para todos, não só para os pacientes.

Figura 2. Exemplo de uma árvore de falhas.

103
Incluir o nome das pessoas no relato de incidente corrigida usando um filtro com ângulo menor nas
em nível local proporciona ao analista dos eventos frações restantes).
contatos que podem fornecer mais detalhes sobre o Enquanto tendemos a focar em erros que atin-
incidente. Além disso, especificar números de séries gem diretamente aos pacientes, não devemos subes-
e modelos dos dispositivos e softwares possibilita timar desvios de processo que não têm consequên-
aos analistas realizar testes para tentar reproduzir o cias nos pacientes. Devemos também registrar estes
erro num fantoma. Finalmente, quando o incidente eventos para analisar como evitar tais desvios. Da
for resolvido, o relatório deve explicar a análise re- mesma forma, eventos que acontecem em outras clí-
alizada e as ações corretivas. nicas tendem a parecer fora de nosso contexto, com
Assim que o incidente acontecer, a pessoa que o senso comum de que não é nosso problema, mas
preencher o relatório deve notificar o físico médi- sim dos outros. Estarmos atentos a estes incidentes
co, que deve conduzir a investigação do incidente pode significar uma oportunidade para estudá-los e
e analisar os eventos. A análise requer uma visão para aprimorar nossos próprios processos. Embora
global do fluxo de trabalho na clínica (mapas de atualmente não haja um sistema nacional de regis-
processo[11]) um conhecimento de como o dado é tro de incidentes, devemos encontrar outras formas
transferido e interpretado entre as aplicações em de aprender sobre tais incidentes. Fóruns ou grupos
software, uma compreensão de como os dispositivos de discussão, listas eletrônicas de email, sistemas de
de tratamento e sistemas de planejamento funcio- registro de segurança do paciente[13] ou sistemas de
nam, e um método sistemático para identificar cau- gerenciamento de revogação de produtos médicos
sas raiz (eventos básicos) que levaram ao incidente. como o RASMAS[14] são algumas alternativas.
Uma vez que esses eventos são identificados, o físi- Tendo sido informado de um incidente, deve-se
co, juntamente com uma equipe de aprimoramento realizar uma análise sistemática das causas. Análi-
de processos composta de especialistas apropriados, se de causa raiz (Root Cause Analysis – RCA) parte
precisam determinar métodos efetivos para preve- da seguinte pergunta: “por que este incidente ocor-
nir tais eventos. Além do físico, a equipe deve ser reu?”. A primeira resposta, R1, normalmente não é
composta de um ou mais dos seguintes profissio- a causa raiz. Então, deve-se perguntar “por que R1
nais: médico, técnico, dosimetrista, enfermeiro, ad- aconteceu?”, e responder com R2. Deve-se pergun-
ministrador, profissionais ligados ao agendamento tar “por quê?” repetidas vezes até chegar à causa
e cobrança. raiz (A “regra dos 5 porquês”[15]). Esta abordagem,
Embora a equipe de aprimoramento de proces- no entanto, não leva em consideração a interação
sos seja um pequeno subconjunto da equipe clínica, dos processos dentro de um sistema. Na realidade,
o gerenciamento e registro de incidentes somente a resposta a “por que este incidente ocorreu” deve
será efetivo se uma cultura de segurança for pro- ser uma combinação das respostas R1, R2, R3..., etc.
movida no âmbito de todo o departamento. Todos Em análise de árvore de erros (Fault Tree Analysis
os membros da equipe devem sentir-se livres para – FTA), estas respostas são referidas como eventos
reportar incidentes sem medo de punição. A atitu- intermediários. Se continuarmos o processo de per-
de do departamento como um todo deve ser a de guntar o porquê várias vezes para cada evento in-
relatar incidentes com o objetivo de aprimorar os termediário, terminaremos com uma estrutura rami-
processos clínicos e não especificamente atribuir ficada, como a apresentada na Figura 3. O incidente
culpa a determinados indivíduos[12]. Todos têm que no topo refere-se à super dosagem recebida pelo
reconhecer que cometem erros. Uma atmosfera des- paciente. Ele recebeu 7 vezes mais que a dose pres-
te tipo encoraja as pessoas a relatar incidentes as- crita. Por que? A resposta está no segundo nível da
sim que eles acontecem, possivelmente prevenindo Figura. Tratamentos complexos com IMRT requerem
que erros aconteçam com outras pessoas, e também um alto número de unidades monitoras. No entanto,
possivelmente dando tempo para corrigir os erros as lâminas do MLC tipicamente formam pequenas
em alguns casos (e.g.: colocação errada de um fil- aberturas que se distribuem por toda a área de trata-
tro com angulo maior em algumas frações pode ser mento. As lâminas do MLC estavam totalmente re-

104
traídas em todos os segmentos, entregando campos enquanto as menos efetivas dependem de inter-
40 x 40 cm² em cada segmento (ramo da esquerda venção humana [16,17]. Automação podem levar
do segundo nível). Infelizmente, o ramo da direita a resultados imediatos seguintes à implementação,
do segundo nível indica que ninguém percebeu a enquanto educação e treinamento levam tempo. Um
falta de formatos de MLC, então ninguém corrigiu exemplo de ação forçada num sistema V&R seria a
o problema. Estes dois eventos tiveram que aconte- de um “interlock” que preveni o inicio do tratamen-
cer simultaneamente para que o incidente ocorresse to caso as posições do acelerador linear não corres-
por isso eles estão conectados como entradas numa pondam às posições programadas no sistema V&R.
porta lógica do tipo “E”, cuja saída é a “super dosa- Pela Figura 2, poder-se-ia prevenir o evento básico
gem”. Se continuarmos seguindo o ramo esquerdo, dos técnicos por estarem preocupados com a con-
encontraremos razões para as lâminas de MLC es- dição do paciente, educando-os da importância de
tarem totalmente retraídas. Uma delas é o fato de o verificar o console de tratamento. Isto depende da
controle da qualidade do IMRT não ter sido feito a memória dos técnicos e na habilidade de focar ape-
tempo. “Por que ele não foi feito a tempo?”. Temos sar de distrações, a seria muito menos efetivo do que
agora duas possíveis razões como entradas numa ter no console de tratamento um aviso obrigando o
porta lógica do tipo “OU” para indicar que qualquer técnico a revisar o campo e aprovar seu uso antes do
uma das razões é suficiente para atrasar o contro- tratamento. A aprovação final poderia servir como
le de qualidade do IMRT. Na parte mais inferior da “interlock”. Nestes casos, no entanto, depende-se do
Figura, quando paramos de perguntar “por quê?”, é vendedor em prover a solução, e uma mitigação me-
quando encontramos várias causas raiz (também co- nos efetiva que está sob o controle da clínica seria
nhecidas como eventos básicos em FTA), indicadas preferível do que não ter nenhuma mitigação. Além
por círculos na Figura. Num sistema com processos disso, lidar com todos os eventos básicos, diminuir-se-ia
designados para evitar tais eventos básicos, um aci- a probabilidade do incidente ocorrer. Neste caso, falhas
dente acontece quando os procedimentos não são em múltiplas mitigações de perigo devem acontecer
seguidos. Se pelo menos um dos técnicos estivesse para o incidente ocorrer. Isto também constrói um
assistindo o console, ele teria visto os campos anor- nível de redundância, onde múltiplas checagens no
mais e parado o tratamento. Erros também ocorrem processo compõem um sistema tolerante a falhas, no
quando os procedimentos são mal feitos. Neste caso qual falhas menores podem acontecer sem necessa-
o físico seguiu a antiquada regra de checar o pla- riamente comprometer o processo.
no até a terceira fração, realizando o controle de Existem muitos metodos de análise para preven-
qualidade somente na terceira fração de tratamento; ção de incidentes, e vários autores descreveram o
quando já era tarde demais para corrigir o problema. uso de FTA[18], diagramas tipo espinha de peixe
Embora a antiga regra funcionasse para tratamentos [19], e análise de modos de falha e conseqüência
simples com campos únicos por ângulo de “gantry”, (failure modes and effects analysis – FMEA [11,20])
isto não é apropriado para IMRT. aplicados à radioterapia. Independente da ferramen-
Prevenir incidentes requer prevenir eventos bá- ta que se decida empregar, ela ajudará a organizar
sicos que causam o incidente. Tais medidas preven- as idéias e pensamentos sobre o incidente [21]. O
tivas são referidas como mitigações de risco e va- que importa é que uma abordagem metodológica
riam em efetividade, desde treinamento e educação, seja adotada na prevenção de incidentes. Isto deve
importante porem menos efetivo, até o emprego de começar com a criação de mapas de processo e ter-
ações forçadas que podem ser mais efetivas[16]. As minar com a implementação de modificações nos
mitigações mais efetivas dependem de automação, processos, dispositivos e suas documentações.

"TQFDUPTEFTFHVSBOÎBQBSBBQMJDBÎÍPEPUSBUBNFOUP
IMRT não deve ser praticado sem um sistema enquanto o V&R pode reduzir os erros associados
V&R, devido a quantidade de informação que de- à transferência de dados, ele pode introduzir novos
ve ser programada para o tratamento. No entanto, erros[19]. A natureza destes erros varia de centro, de

105
acordo com suas rotinas e dependem da interação de MLC, ainda assim devem-se realizar medidas de
entre sistemas automatizados e processos humanos. controle da qualidade de IMRT ou cálculos indepen-
Para reduzir estes erros, deve-se adotar, por exem- dentes de distribuição de dose para verificar que o
plo, as recomendações do grupo de trabalho 201 da modelo de cálculo do sistema de planejamento está
AAPM (TG 201)[9] para estabelecer fluxos de traba- funcionando corretamente.
lho clínico robustos, com pontos de checagem nas A automatização do processo de entrega de trata-
etapas críticas, onde os dados são trocados. mento automatizado por computador pode propor-
Um exemplo de fluxo robusto num departamento cionar uma falsa sensação de segurança, culminan-
com documentos digitais (paperless)[2], inclui a ve- do num relaxamento, por parte dos profissionais,
rificação redundante da transferência de parâmetros das típicas salvaguardas utilizadas antes da era do
técnicos do planejamento para o sistema V&R. Os V&R. Devemos reconhecer que embora um item
físicos comparam os dados de cada campo no sis- possa estar indicado num campo no sistema V&R
tema V&R com seu correspondente no sistema de (e.g.: “bólus”), não há garantia de que este item será
planejamento para assegurar que eles correspondem automaticamente verificado. Os técnicos são os res-
exatamente. Um subconjunto desses parâmetros ponsáveis por garantir que todos os modificadores
também é verificado pelo técnico. Estes parâmetros de feixe estão propriamente posicionados. Os erros
incluem ângulos de “gantry”, colimador e mesa, mais comuns que acontecem em departamentos que
energia, posições de colimadores e de lâminas de usam sistemas V&R envolvem a colocação manual
MLC, além de vários outros itens definidos numa ou posicionamento tanto do paciente ou modifica-
tabela publicada recentemente[2]. Este trabalho re- dores de feixe[19].
lata a automatização da maioria dos itens de forma É interessante observar que o segundo maior
comparativa, usando uma aplicação em software número de erros reguistrados pelo Pennsylvania
para ler as fontes de dados e realizar a compara- Patient Safety Advisory[22] é decorrente do uso de
ção. Entretanto, existem vários parâmetros, como sistemas V&R e.g. paciente ser tratado com dados
“bólus”, códigos de blocos e blocos de elétrons que de outro paciente, no caso pela falha dos técnicos
precisam ser verificados manualmente. Para clíni- em identificar corretamente a pessoa sendo tratada.
cas sem a expertise para automatizar a comparação, Este tipo de erro e outros podem ser resolvidos pela
os parâmetros de tratamento podem ser impressos introdução da tecnologia RFID na radioterapia (Xe-
no TPS e no sistema V&R, sendo que todos menos can e CIVCO), onde o paciente é identificado passi-
as posições de lâminas de MLC, podem ser checa- vamente pelo uso de um dispositivo RFID. Compen-
dos numericamente através de correspondência um sadores, “bolus”, cones de radiocirurgia podem ser
a um. Para checar as posições de lâminas do MLC, identificados por um dispositivo RFID e automatica-
DRRs de cada feixe podem ser exportados do TPS, mente verificados pelo sistema.
para o sistema V&R, e a posição das lâminas do
Outro potencial erro pode surgir da má compre-
V&R pode ser mostrada sobreposta às posições de
ensão do conceito de tabelas de tolerância. Quando
lamina do DRR, com cores diferentes. A posição das
uma verificação ocorre, o sistema V&R requer que
lâminas do TPS deve estar diretamente coinciden-
o acelerador mova várias partes, e o mesmo infor-
te com aquelas do V&R para uma correspondência
ma ao sistema V&R para onde se moveu. Então o
exata. Com IMRT, no entanto, não é possível realizar
sistema V&R retorna uma mensagem ao acelerador
esta checagem para a modalidade dinâmica e, mes-
linear, permitindo o início do tratamento se as di-
mo para “step-and-shoot” pode ser difícil realizar a
ferenças entre as posições atuais do acelerador e as
checagem para cada segmento, uma vez que impor-
posições requeridas estiverem dentro de dados li-
tar tantas DRRs é impraticável. Uma alternativa é
mites definidos na tabela de tolerância. Se valores
comparar os mapas de fluência de dose exportados
muito grandes forem utilizados na tabela de tole-
pelo TPS com medidas em filme ou arranjos de de-
rância, então erros sérios podem acontecer sem se-
tectores. Mesmo se a clínica tem condições de au-
rem detectados. Físicos devem checar se os limites
tomatizar a comparação para posições de lâminas
definidos nas tabelas de tolerância são apropriados

106
para o tratamento antes da primeira fração. Note dificado de forma não intencional (e.g. migração
que as tabelas de tolerância se aplicam somente de banco de dados necessários em atualizações de
quando comparando posições da máquina de trata- software ou hardware). Vefificações semanais de
mento versus posições planejadas no sistema V&R; fichas podem encontrar tais inconsistências, mas
elas não se aplicam a comparações entre os parâme- testes adicionais devem ser realizados quando um
tros vindos do TPS versus parâmetros do V&R, que software e/ou hardware são atualizados. Imediata-
devem corresponder de forma exata. mente após grandes mudanças e antes de qualquer
Além de verificar que os parâmetros do planeja- tratamento de paciente, os parâmetros técnicos de
mento correspondem aos do sistema V&R, a consis- tratamento do V&R devem ser comparados com os
tência lógica entre os dados deve ser verificada[9] valores planejados no TPS para todos os pacientes
Por exemplo, se a prescrição médica requer que o em tratamento. Em casos onde modificações ocor-
paciente seja tratado com fótons de energia 6 MV, reram devido a corrupção de dados, deve-se ter um
todos os campos de tratamento dentro desta pres- sistema “backup” para onde a clínica pode transferir
crição devem ter uma energia de 6 MV. Para alguns sua operação.
planos que usam o IMRT do tipo “Field-in-Field”, Quanto há corrupção nos dados, na maioria das
pode haver uma combinação de feixes de 6 e 10 vezes a base de dados pára de funcionar correta-
MV. Uma falha de comunicação entre o físico (ou mente, ou o tamanho do arquivo muda sem a intro-
dosimetrista) e o médico pode levar a uma prescri- dução de novos dados. O “checksum” também pode
ção documentada incorretamente. Outros exemplos mudar, e existem softwares gratuitos disponíveis na
de inconsistência lógica incluem o agendamento de internet para realizar este tipo de cálculo (i.e.: MD5).
um paciente para um tratamento com fótons de 10 No entanto, é difícil usar o “checksum” ou o tama-
MV numa máquina com fótons de 18 MV (se a má- nho do arquivo para avaliar a integridade, porque a
quina de 10 MV estiver em manutenção e a única base de dados muda constantemente durante a roti-
outra máquina tem 18 MV, o paciente precisará de na de trabalho.
um novo plano para 18 MV), e parâmetros de pla- Além disso, para evitar problemas relacionados
nejamento fora de padrão (e.g.: prescrição de um a bancos de dados muito grandes (e.g. acesso lento
planejamento de mama de 2,0 Gy em 52 frações não aos dados), bancos de dados com pacientes que es-
é típica, e o médico provavelmente pretendia dizer tão inativos devem ser gerenciados de tal forma que
25 frações). exista um arquivo para onde esses pacientes devem
É importante também verificar que os dados que ser enviados e removidos do banco de dados ativo.
serão utilizados para localizar pacientes usando sis- Estas ações requerem cooperação entre a equipe de
temas de radioterapia guiada por imagem (IGRT) são Tecnologia de Informação (TI) do hospital e os físi-
transferidos corretamente. A informação relativa cos médicos. Tipicamente, a equipe de TI não está
à IGRT pode estar distribuída entre o V&R e uma familiarizada com banco de dados de tratamento e
variedade de aplicações de imagem na unidade de precisam de orientação dos físicos para ajudá-los a
tratamento. Dados como coordenadas de isocentro, entender que o banco de dados é um dispositivo de
contorno de alvos e volumes de interesse (que devem tratamento que precisa ser tratado com um cuidado
ser evitados ou que servirão para ajudar no processo muito maior que aqueles bancos de dados que eles
de registro/fusão), imagens DRR e imagens de CT costumam lidar. As responsabilidades destes dife-
podem ser enviadas do TPS para o sistema de IGRT rentes grupos estão descritas por Siochi et AL[7].
e/ou sistema V&R. É crítico que todos estes dados Além dos testes após modificações, existem tes-
sejam comparados para assegurar que a informação tes que devem ser feitos no comissionamento dos
usada no posicionamento do paciente corresponda sistemas. O primeiro passo é fazer uma validação
com a contida no TPS. inicial da comunicação entre o TPS e o V&R, ainda
Embora os testes anteriores possam detectar er- no processo de implementação do sistema antes do
ros de entrada de dados ou transferência, existem uso clínico. A validação deve ser feita com cam-
ocasiões em que o banco de dados pode ser mo- pos simples construídos no TPS e enviados para o

107
V&R, que simulem todas as situações possíveis e um fantoma (que tenha meios heterogêneos conhe-
extremas (exemplos: giros máximos de colimador, cidos), que são introduzidos no sistema de planeja-
aberturas máximas, “overtravel máximo de colima- mento (TPS), onde um plano de tratamento é criado
dores e MLC, etc”), visando verificar a consistência pelo dosimetrista ou físico. Em seguida, um segundo
na transferência de informação. cheque de cálculo deve ser feito de forma indepen-
É importante também verificar qual o padrão de dente e então o plano transferido para o sistema
escalas (exemplo: IEC 1217 e escalas nativas dos fa- V&R. Durante o planejamento a tabela de correção
bricantes) adotados no TPS, V&R e na máquina de de heterogeneidades é checada. O fantoma é tratado
tratamento e, havendo diferenças, se a conversão como se fosse um paciente e a distribuição de dose
acontece corretamente (outra potencial fonte de er- medida deve ser verificada em comparação à distri-
ros sistemáticos). buição de dose planejada. Este teste é aconselhado
para desvendar problemas internos de consistência
Uma vez validada a comunicação entre os sis-
dos dados e da cadeia de eventos clínicos.
temas, devem ser realizados testes simulando casos
reais, verificando mais uma vez a consistência da Outro processo, que está sendo utilizado clini-
transferência de dados, mas também executando camente [23], faz uso do EPID para mensurações
medidas planares de fluência (filmes, arranjos 2D de diárias da fluência de dose transmitida através do
detectores) que devem ser comparadas com planeja- paciente, como uma medida “in-vivo”. Este processo
mento. O conjunto de planejamentos gerados para vem sendo utilizado nos últimos dois anos em quase
os testes de validação devem ser arquivados e uti- todos os pacientes tratados na instituição 21st Cen-
lizados como referência para controle de qualidade tury Oncology (Fort Myers, FL, USA). A fluência de
periódico da transferência de dados e toda vez que dose é medida no primeiro dia de tratamento e com-
for feita alguma manutenção ou atualização dos sis- parada subseqüentemente nos próximos 5 tratamen-
temas [9]. tos. Após os cinco primeiros tratamentos, uma média
é estabelecida e comparada diariamente. Este proces-
Outro método efetivo de verificação é realizar
so tem identificado erros que o sistema de V&R não
um teste “End to End” (E2ET), onde toda a cadeia de
reportou durante o tratamento, mas que são demons-
tratamento é verificada na implementação clínica e
trados pelas imagens da aplicação efetuada.
anualmente. Esta cadeia envolve adquirir uma CT de

5SBOTGFSÐODJBEFEBEPTQBESÍP%*$0.35
DICOM (Digital Imaging and Communications in (“tag” – o que o elemento significa), o valor repre-
Medicine) é um padrão para transferência de dados. sentado (o tipo de dado, e.g. inteiro ou “string”), o
DICOM baseia-se na existência de uma infraestru- comprimento do valor (número de “bytes” usados) e
tura TCP/IP. Cada computador DICOM na rede tem o valor (o dado em si). O dado pode ser tanto trans-
uma aplicação que pode participar em comunica- ferido entre AETs via TCP/IP, ou a aplicação pode
ções via DICOM. A aplicação é conFigurada com seu escrever um fluxo de elementos de dado num arqui-
Título de Entidade de Aplicação (Application Enti- vo que pode ser importado por outra aplicação.
ty Title - AET ou AE-Title), um endereço IP e uma DICOM-RT contem extensões para lidar com a
porta (normalmente a 104). Todas as aplicações em transferência de dados de radioterapia. Existem mó-
todos os computadores numa rede DICOM precisam dulos descrevendo planos de tratamento com pres-
conhecer as conFigurações uns dos outros para po- crições, feixes, tabelas de tolerância, esquemas de
derem se comunicar. Mais informação está descrita fracionamento, “set-ups” de paciente, pontos de in-
por Pianykh [24]. teresse (e.g. isocentro de tratamento) e distribuições
DICOM descreve não só um protocolo de trans- de dose. Existem também módulos descrevendo tra-
ferência, mas também um formato para o dado. O tamentos já executados. Alguns módulos (e.g. aque-
dado é transferido com um fluxo de elementos. Ca- les que contêm contornos de volumes de interes-
da elemento tem quatro componentes: um marcador se) normalmente referem-se a outro objeto DICOM

108
(e.g. as imagens que foram usadas para desenhar os transferências baseiam-se na convenção de escalas
contornos). A mudança de informação em objetos e coordenadas IEC 1217, na qual o campo anterior
que estão referenciados pode quebrar a referência, tem um ângulo de “gantry” 0. Outras grandes dife-
fazendo com que aplicações que delas dependem, renças entre o IEC 1217 e o sistema de coordenadas
deixem de funcionar. nativo de aceleradores lineares incluem: posições
Embora planos de tratamento possam ser trans- de colimadores e lâminas MLC, rótulo de colimado-
feridos do TPS para o sistema V&R via DICOM-RT, res e lâminas de MLC, posições e ângulos de mesa.
deve-se ter em mente algumas questões. Alguns TPS Portanto, no comissionamento de um TPS e sistema
não coletam nem geram vários tipos de elementos V&R, todos os parâmetros que se baseiam em siste-
de dados e, portanto, eles não serão transferidos. Um mas de coordenadas devem ser testados de forma a
exemplo disto é a prescrição de tratamento, a qual, determinar se nenhum erro sistemático acontecerá
para alguns sistemas de planejamento, requer ser devido a conFiguração incorreta de máquinas. Além
introduzida manualmente no sistema V&R. Além disso, as limitações das transferências DICOM-RT
disso, a conFiguração das máquinas de tratamento devem ser bem caracterizadas para que os proces-
no TPS e no V&R é crítica, uma vez que um dado sos sejam desenvolvidos de forma a assegurar que
devidamente transferido pode ser mal interpretado. dados não transferidos sejam introduzidos manual-
Por exemplo, alguns aceleradores lineares definem mente. No caso de dados que são introduzidos ma-
o ângulo de ”gantry” 180 como um feixe anterior nualmente, um processo específico para verificação
num paciente na posição supina. Para DICOM-RT, as destes é imprescindível.

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tions in medicine (dicom) : A practical introduction
and survival guide. Berlin: Springer; 2008.

110


4JTUFNBT%PTJNÏUSJDPT"QMJDBEPTB*.35
Carlos E. de Almeida

7.1 Introdução
Radioterapia por intensidade modulada (IMRT) recebeu uma dose máxima superior a 10% da dose
vem assumindo um papel importante dentre as op- prescrita e 63 % receberam doses inferiores a 10%
ções de indicação de tratamento. A sua implantação da dose prescrita. Nos cinco centros, os tumores de
requer cuidados especiais desde o comissionamento próstata obtiveram a menor variação e os tumores de
do equipamento, do sistema de planejamento e sua cabeça e pescoço as maiores. Por outro lado estudo
validação, do treinamento do pessoal e de um progra- do RPC relatado por Ibott [2] observa que a dosime-
ma de garantia da qualidade multidisciplinar. tria clínica para novas modalidades de tratamento
Esta consideração preliminar é reforçada pelos da- ainda precisa de rápidos progressos que garantam
dos existentes relatados por Das [1], que revelam uma uma melhor exatidão.
variação importante entre os valores de dose prescrita O conceito piramidal introduzido recentemente
e administrados. Este estudo envolve 803 pacientes propõe uma correlação entre vários níveis de ação e
com câncer de cinco centros de radioterapia dos quais procedimentos dosimétricos como parte integrante de
12% são tumores cérebro, 26% de cabeça e pescoço um programa de GQ em IMRT [3,4].
e 62 % próstata. Como resultado, 46% dos pacientes

Figura 1. Cada nível está baseado na estabilidade do nível mais abaixo sendo sugerido o procedimento
associado [3,4].

111
Os dois níveis inferiores podem fazer parte dos permanecem estacionários durante cada exposição.
procedimentos de GQ periódicos do equipamento uti- Desta forma a caracterização física do feixe é bem
lizado para o planejamento e o tratamento. Para o mais simples e pode ser realizada com câmaras de
GQ de uma nova proposta clínica com IMRT, deve- ionização fazendo varreduras ao longo do feixe po-
-se começar no topo, aplicando uma verificação 3D dendo-se atribuir valores aos espaços entre os pontos
dosimétrica de um planejamento completo, e em se- de medida através de uma interpolação simples.
guida a níveis mais baixos, no caso da verificação Como IMRT é uma técnica dinâmica onde a in-
dosimétrica revelar discrepâncias inaceitáveis com o tensidade da fluência incidente e a forma do feixe
planejamento do tratamento. Este processo deve ser podem ambos variar concomitantemente durante o
conduzido em todos os níveis até que o erro seja en- tratamento, sistemas de varredura podem se tornar
contrado. um problema pratico para a realização da medida.
Neste capitulo trataremos de descrever e discutir Por esta razão as medidas de dose em IMRT devem
os princípios, aplicações, características e limitações usar técnicas dosimétricas que integrem o sinal.
dos sistemas dosimétricos disponíveis no momento. Sistemas absolutos de medida são definidos como
A formas complexas das distribuições de dose (3D) capazes de medir a grandeza dose absorvido sem ne-
presentes em IMRT que podem incluir regiões de alto cessidade de normalizações, além dos componentes
gradiente de dose mesmo no volume alvo, associados bem estabelecidos nos protocolos de calibração. Fato-
a diferentes estratégias de tratamento requerem uma res como não uniformidade, dependência energética
revisão dos métodos de medida usados por exemplo e baixa estabilidade de resposta são excludentes para
nas técnicas conformal e de filtros dinâmicos. uso na dosimetria.
Entender as limitações e aplicações do uso de um A variabilidade de sistemas de medida disponí-
determinado sistema de medida é fundamental para veis no mercado, cada um com suas particularidades,
a segurança do tratamento. O uso de IMRT envol- pontos fortes e fracos, a complexidade dos campos
ve formas complexas de distribuição de dose mui- de radiação e a natureza temporal da entrega da dose
tas vezes ocasionando gradientes de dose importante exigem uma analise cuidadosa quando da sua aqui-
próximo a regiões ou estruturas criticas. Observar as sição, uso e em especial na interpretação dos resul-
doses cumulativas em vez de segmentos individuais tados, de forma a obter-se a maior exatidão possível
deve ser um dos parâmetros do programa de Garantia nos valores das grandezas medidas.
da Qualidade. Medidas de dose devem incluir regis- Quando tratamos de sistemas de medidas, é fun-
tros quantitativos confiáveis que permitam validar a damental que sejam consideradas suas propriedades
localização espacial dos gradientes de dose. básicas de forma a garantir a confiabilidade das me-
Nos procedimentos com a técnica conformal, co- didas e sua rastreabilidade aos padrões metrologicos
mo os feixes de radiação são estáticos significa que o nacionais.
“gantry” mesa, colimadores e modificadores do feixe

 1SJODJQBJTDBSBDUFSÓTUJDBTEFVNTJTUFNBEFNFEJEB
t-JOFBSJEBEFEFSFTQPTUBEPTJTUFNBSFTVMUBEPEB brio eletrônico lateral.
correlação entre a medida da grandeza de interesse e a t%FQFOEÐODJBEBSFTQPTUBDPNBFOFSHJB BWBSJB-
sua exposição a um campo de radiação deve ser melhor ção da resposta do detector com relação à energia de-
que 1%. nominada de dependência energética, esta relacionada
t%FQFOEÐODJBEBSFTQPTUBDPNPUBNBOIPEFDBN- às caraterísticas dos materiais usados na sua composi-
po, relação entre o tamanho do campo e o tamanho do ção, a fluência de energia do feixe e aos processos de
detector deve ser observada de forma a garantir que o interação. O seu valor máximo deve ser inferior a 2%.
detector esteja visualizando todo o campo de radiação t%FQFOEÐODJBEBSFTQPTUBDPNBUBYBEFEPTF B
e que não haja perda de informação por falta de equilí- exceção da câmara de ionização que pode ser mini-

112
mizada ajustando-se a tensão aplicada, quase todos os ras de placas paralelas em geral podem apresentar va-
detectores podem apresentar uma dependência. O valor lores numéricos importantes.
recomendado deve ser inferior a 1 % na faixa sendo t3FQFUJUJWJEBEF NVJUBTWF[FTEFOPNJOBEBEFQSF-
medida; cisão, está relacionada ao grau de concordância entre
t%FQFOEÐODJB EJSFDJPOBM  FTUÈ SFMBDJPOBEB GPSUF- os resultados de medições sucessivas de um mesmo
mente a dimensão, espessura, forma do detector e seu mensurando, efetuadas sob as mesmas condições de
posicionamento com relação ao eixo do feixe de ra- medição. Pode ser expressa quantitativamente em fun-
diação. Embora não exista um limite, a sua magnitude ção das características de dispersão dos resultados, ou
deve ser mensurada e seu valor deve ser pequeno o seja, do desvio padrão das medidas e deve ser melhor
suficiente e corrigível para não interferir na qualidade do que 0,5%.
do resultado final da medida. t3FQSPEVUJCJMJEBEF  FTUB SFMBDJPOBEB BP HSBV EF
t%FQFOEÐODJBDPNPIJTUØSJDPEFEPTF FTUBSFMB- concordância entre os resultados das medições de uma
cionada com os danos causados pela radiação na es- mesma grandeza, efetuadas sob condições modificadas
trutura material do detector. Este efeito pode ser for- de medição. Pode ser expressa quantitativamente em
temente observável nos detectores de estado sólido e função das características de dispersão dos resultados,
deve ser acompanhado, pois a sensibilidade do detector ou seja, do desvio padrão das medidas. Não deve ser
pode modificar ao longo do tempo. superior a 1 %.
t4FOTJCJMJEBEF FNHFSBMBTTPDJBEBËEJNFOTÍPEP t*ODFSUF[BT"JODFSUF[BEPSFTVMUBEPEFVNBNF-
detector, ou seja, quanto maior sua dimensão, maior o dida reflete a falta de conhecimento integral do mesu-
sinal. O limite em geral fica estabelecido pela relação rando.
sinal com a fuga do sistema de medida. De qualquer t&MBTTÍPSFQSFTFOUBEBTDPNPJODFSUF[BTSFMBUJWBTF
forma o sinal deve ser bem maior do que a fuga. são classificadas como dos Tipos A e Tipo B.
t%JNFOTÍPGÓTJDB FNHFSBMFTUBÏMJNJUBEBQFMPWB- - Tipo A: são avaliadas através da uma análise
lor da relação sinal/fuga. A fuga deve ser pelo menos estatística de uma série de medidas representadas pelo
duas ordens de grandeza menor que o sinal. seu desvio padrão. Por exemplo, numa série de medidas
t3FTPMVÎÍP ÏEFmOJEBDPNPBDBQBDJEBEFEFVN de temperatura, pressão ou de corrente em um feixe de
observador de separar por exemplo, dois objetos ou du- radiação com um dado detector, a dispersão estatística
as imagens ou de um detector de medir dois sinais es- das medidas que representa também a sua repetitivida-
pacialmente contíguos. Seu valor numérico depende do de, caracteriza-se como uma incerteza do Tipo A.
que esta sendo medido, mas espera-se que a resolução - Tipo B: são avaliadas de outras formas que não
seja alta em especial em regiões alto gradiente de dose. através de análise estatística ou de dados obtidos de
t&TUBCJMJEBEFFNMPOHPQSB[P ÏSFQSFTFOUBEBQFMP referencias. Por exemplo, o coeficiente de calibração de
grau de uniformidade ao longo de um dado período uma câmara fornecido por um laboratório de calibração
quando as medidas são realizadas em condições idênti- deve ser tratado pelo usuário como do Tipo B, embora
cas. Espera-se que sua variação não supere 1% em um ele tenha sido resultado de uma combinação quadrática
ano; dos Tipo A e B. Outros exemplos; a secção de choque
t&GFJUPEPDBCP RVFQPEFSFTVMUBSFNGVHBTFMÏ- usada no Método Monte Carlo, os coeficientes de ca-
tricas causadas por materiais de baixa qualidade uti- libração de um termômetro, barômetro e higrômetro.
lizados para sua construção ou por falta de cuidado (Ambas empregam conceitos bem conhecidos de
no manuseio do cabo. Este efeito deve ter um valor probabilidade na sua interpretação)
numérico desprezível. t&SSP  SFQSFTFOUB P EFTWJP EP WBMPS NFEJEP DPN
t&GFJUP QPMBSJEBEF  QSFEPNJOBOUFNFOUF JOEV[JEP relação ao valor verdadeiro
pela distorção do campo elétrico entre o eletrodo de t&YBUJEÍP SFQSFTFOUBPRVÍPQSØYJNPPWBMPSNF-
guarda e o coletor, depende do tipo de projeto, tipo de dido está do valor verdadeiro.
feixe e material do eletrodo. Este efeito embora possa
ser corrigido deve ser em geral muito pequeno. Câma-

113
7.3 Sistemas de Medidas mais Utilizados

$POTJEFSBÎÜFTHFSBJTTPCSFPDPOKVOUPEFNFEJEBFMFUSÙNFUSPDBCPDÉNBSB
Os requisitos básicos necessários ao eletrômetro modernos disponíveis no mercado usados aqui a titu-
para garantir um alto grau de confiabilidade metro- lo indicativo. Como característica básica (dados for-
lógica são: exatidão, linearidade, estabilidade, sensi- necidos pelo fabricante) a fuga destes eletrômetros é
bilidade, alta impedância e baixa fuga. muito menor do que modelos mais antigos e compa-
A Tabela 1, lista três exemplos de eletrômetros tíveis com a fuga das melhores câmaras [5].

Tabela 1. Sumario de algumas características de eletrômetros disponíveis no mercado


'BCSJDBOUF Modelo &YBUJEÍP 
Linearidade Estabilidade %JTQMBZ Carga Carga Fuga

BOP
EÓHJUPT .ÓOJNB .ÓOJNB A
Q$
Q$

CNMC K 602 0.1 0.1 0.1 0.01 0.01 0.001 <5


PTW Unidos 0.5 0.5 0.5 0.01 0.01 0.001 -
Wellhofer Dose 1 0.2 0.25 0.1 Digital 0.1 0.1 < 10

O desempenho de um eletrômetro passa a ser sultante do cabo e eletrômetro é inversamente pro-


mais critico quando se trabalha com câmaras com porcional a carga coletada pela câmara e proporcio-
volume pequeno que produz sinais menores. Neste nal ao tempo necessário para a medida.
caso a fração da carga integrada devido a fuga re-

Figura 2. Componentes de um sistema


completo dosimétrico incluindo câmaras,
conectores, eletrômetro e cabos.

O valor da fuga de um conjunto câmara-cabo- A contribuição da fuga na carga coletada pode


-eletrômetro Figura 2, deve ser verificado antes de ser aproximada em função do volume da câmara,
cada sessão de medida, devendo ser avaliado de da dose integrada e o tempo de integração poden-
acordo com os seguintes valores: do ser estimado o erro relativo conforme o seguinte
Excelente (10-15 A); Médio (10-14 A) e Ruim ( 10-13 A) [6]. formalismo:

& $ *JU
$
Onde: E é o erro relativo da medida, C é a carga a 200 cGy necessitar de um período de 10 min de du-
devido a ionização na câmara e Ii á corrente de fuga ração, usando uma câmara de 0.009 cc com valores
e t é o tempo de integração da medida. de fuga típicos de 10-15 A, 5x10-15 A e 10-13 A, os erros
Por exemplo, se uma medida de dose, equivalente na medidas serão de 1%, 5% e 10 % respectivamente.

114
$ÉNBSBTEF*POJ[BÎÍPDPOWFODJPOBM
Câmaras de ionização preenchidas com ar são um feixe deve-se estar atento à perturbação devida
instrumentos bem conhecidos e utilizados na medi- a dose media no volume.
da da dose absorvida na água. O seu princípio en- Com relação a dependência energética das câma-
volve a produção de íons na sua cavidade e como ras, em geral elas são bastante planas para feixe de
resultado da tensão aplicada entre a parede e o ele- alta energia embora câmaras muito pequenas usem
trodo estas cargas são separadas, uma delas coletada eletrodos de material atômico alto para aumentar o
pelo eletrodo, e um pulso de corrente registrado por sinal cujo resultado pode influencia a sua resposta.
um eletrômetro. Por exemplo, as câmaras PTW PintPoint e a CC01 da
A dose depositada na cavidade de ar pode ser Wellhofer usam eletrodo de aço. Esta escolha pode
calculada de acordo com a teoria da cavidade, uma resultar numa sobre resposta dos fótons espalhados
vez que a energia média necessária para produzir que numericamente são significativos em campos
um par de íons é conhecida W/e = 33.937 J/C. Co- grandes ou em áreas com blocos são utilizadas. Cui-
mo a cavidade é preenchida com ar e a câmara está dados devem ser observados com relação ao uso
em equilíbrio com o ambiente, a massa de ar varia destas câmaras e embora este problema não seja es-
com a temperatura e a pressão ambiente devendo pecifico para IMRT a caracterização da variação de
ser corrigida para as condições de referência em que sensibilidade com fluência de fótons espalhados em
a câmara foi calibrada. IMRT é mais critica.
Câmaras de ionização calibradas de acordo com No caso do efeito haste da câmara, uma vez que o
um protocolo dosimétrico bem estabelecido, como sinal é pequeno em câmaras pequenas o efeito relati-
os protocolos IAEA [7] são geralmente considerados vo do da fuga e como consequência do valor da car-
como padrão-ouro dentre as várias técnicas de me- ga medida pode ser mais significante embora ainda
dida usadas na dosimetria de feixes de radiação. Es- não se encontre valores publicados sobre este efeito.
sa observação pode ser feita com confiança, graças Alguns parâmetros devem ser observados quan-
ao conhecimento dos mecanismos físicos envolvidos do do aceite de câmaras de ionização dentre eles:
no processo da medida, da quantificação dos fatores radiografar a câmara para verificar sua compatibili-
de perturbação, da excelente estabilidade, resposta dade com o projeto; fuga deve ser medida de forma
linear com a dose pequena, dependência direcional a estabelecer a faixa de uso; microfonia devido ao
e resposta quasi independente com a qualidade do movimento de flexão dos cabos; comunicação com
feixe, características que sem dúvida asseguram um as condições ambientais de forma a garantir a apli-
alto grau de confiabilidade e exatidão aos resul- cação da correção devido a variação da massa de ar
tados. Entretanto, estudos com relação a sua res- na cavidade com a temperatura e pressão ambiente;
posta com relação a incidência obliqua ainda não efeito polaridade que deve ser menor que 0.3%; efi-
são conclusivos e quando da medida de feixes não ciência de coleção dos íons e uma possível depen-
coplanares deve-se determinar a sua sensitividade dência direcional.
para esta geometria.
Sob condições geométricas e físicas consideradas
As câmaras de ionização exibem algum tipo de como de referência, a incerteza global estimada para
efeito de volume uma vez que os íons são gerados os padrões em uso para a determinação da dose ab-
em todo o volume da câmara e pode causar pertur- sorvida em um feixe de raios-X de alta energia é de
bações na medida em especial nas regiões com alto cerca de 1,5%. Para condições de medida definidas
gradiente, em junção de campos e regiões de penum- como de não referência, por ex. na determinação
bra. Estas perturbações podem ser significativas em de fatores de rendimento ou distribuições de dose
câmaras de volume grande como a tipo Farmer de em profundidade na água, os valores de incertezas
0.6 cc (6 mm de diâmetro e 23 mm de comprimento) típicos são maiores e dependem também do tipo de
cujos valores podem exceder a 10%. Para medidas feixe, fótons ou elétrons.
de dose total a câmara deve ser posicionada num
Quando câmaras de ionização são usadas para
região homogênea de dose e ao se medir o perfil de

115
medidas em campos típicos de IMRT, as diferenças eixo com relação à forma do feixe. Para um feixe de
entre os dados obtidos para condições de referência raios-x com energia nominal de 6 MV, as medidas
são mais dominantes quando comparadas a dados realizadas com uma microcâmara podem gerar dife-
semelhantes com campos convencionais. Estas dife- renças de até 3% quando forem utilizados diferentes
renças podem ser resultado, dentre outros, de varia- campos de radiação definidos por MLC com a técni-
ções na razão dos coeficientes e poderes de frena- ca de IMRT [9]. Diferenças podem ser ainda maiores,
gem água/ar, de fatores de perturbação associados Figura 3, e alcançar até 9% com relação à dose es-
ao detector e seus materiais constituintes bem co- pecificada, caso a microcâmara seja posicionada nu-
mo do meio de medida. Os resultados relatados por ma zona de penumbra, logo abaixo do MLC ou se o
Sánchez-Doblado [8] mostraram que os poderes de tamanho do segmento do campo for comparável ao
frenagem calculados para feixes com espectro de tamanho da câmara. Estas observações foram con-
radiação simulados com colimadores multi-laminas firmadas usando uma câmara de ionização do tipo
(MLC), o nível de concordância é da ordem 0,3% Farmer e filme radiocrômico tanto para IMRT usan-
com relação aos valores de referência de Sw.air para do as técnicas “step-and-shoot” e “sliding-window”.
um feixe de raios-X de 6 MV, ou seja, as incertezas Os resultados relatados demonstraram que para uma
são comparáveis. A contribuição de outros fatores câmara tipo Farmer, a correção em um único campo
à incerteza global depende do espectro do feixe, do usando “sliding - window” pode chegar a até 10%.
tipo de câmara de ionização e da orientação do seu

"#$%&'

Figura 3. A, B e C. Dose/arco obtida com IMRT tomográfico medidas com câmaras de 0,6 cc, 0,1245 cc
e 0,009 cc. D, E e F. Dose/campo obtida com IMRT “step-and-shoot” para as mesmas câmaras. Barras
sólidas e vazias representam resultados não corrigidos e corrigidos para fuga, respectivamente [10].

Entretanto, quando a microcâmara é utilizada na vendo alguns casos clínicos, tipos de detectores e
medida da dose num ponto do PTV ou OAR para o técnicas IMRT [11,12,13]. Foram realizadas medidas
tratamento completo, em geral este valor situa-se dosimétricas e cálculos por Monte Carlo usando cin-
abaixo de 3% relativos à dose especificada [9,10]. co detectores diferentes para um número de casos
Como os erros também estão associados à pertur- atípicos de IMRT tanto para a técnica “step-and-
bação da fluência do feixe, recomenda-se o uso de -shoot” como para “sliding-window”.
câmaras de ionização de pequeno volume. Entretan- A dose foi medida no centro do fantoma cilíndri-
to, ao usar estas câmaras, pode ocorrer a necessidade co considerado como o ponto de verificação, usando
de correções importantes devido à corrente de fuga três tipos de câmaras de ionização do mesmo fabri-
do sistema de medida conforme já demonstrado[10]. cante (PTW-Freiburg- Alemanha) foram seleciona-
Para fornecer informação quantitativa sobre a dos: 30013 (0.6cc), 31010 (0.125cc) e 31014 (0.015cc).
incerteza adicional, estudos foram realizados envol-

116
Essas câmaras possuem volumes e dimensões um diodo, foram empregados. Baseado num grande
substancialmente diferentes, mas utilizam o mes- número de casos clínicos tratados com IMRT, 13 ca-
mo material de parede (PMMA e grafite) e a mes- sos típicos foram selecionados de forma a representar
ma composição interna de elétrodo (alumínio). Uma uma variedade de locais de tumores e técnicas de
diferença de resposta entre essas câmaras em cam- tratamento. O isocentro foi selecionado como pon-
pos IMRT pode estar associada somente ao efeito de to de medida. Observou-se, conforme Figura 4, uma
perturbação média da fluência. Adicionalmente dois tendência para subestimar com software Eclipse (2%
detectores de estado sólido, um diamante natural e em média).

Figura 4. Diferenças relativas entre os va-


lores de dose medidos com vários detecto-
res e os cálculos realizados com dois tipos
de TPS. Casos 1-7 foram irradiados com
técnicas “step-and-shoot”, enquanto os
casos 8-13 representam tratamentos IMRT
de “sliding-window” [13].

Os resultados apresentados demonstram que, para trico parcial do feixe são responsáveis pela queda
alguns casos, a câmara tipo Farmer produziu valores rápida do “output” do feixe com a diminuição do
consideravelmente diferentes comparado às outras. tamanho do campo.
Estudos adicionais demonstraram que essas diferen- I. Em principio, a fluência de fótons tem duas
ças não poderiam ser atribuídas às incertezas na po- componentes: o feixe direto que se origina no “fo-
sição do detector e sim que as câmaras tipo Farmer cal-spot”, e a espalhada nas estruturas próximas ou
não são apropriadas para este tipo de medida. abaixo do alvo como, por exemplo, os colimadores
Alguns exemplos relacionados à posição do de- primários, filtro aplanador, colimadores secundários
tector na região da penumbra mostram que a câma- e câmara de ionização. Para um feixe de 6 MV, a ra-
ra de ionização pode fornecer indicação mais alta diação secundária total no feixe é da ordem de 8 %
ou mais baixa do que previsto pelo TPS, devido à sendo sua origem maior no filtro compensador. Des-
falta de equilíbrio lateral de partículas carregadas ta forma à medida que o tamanho de campo dimi-
para as condições geométricas da medida. Este de- nui, o filtro vai ficando obstruído geometricamente
sequilíbrio ocorre em feixes de alta energia ou em e a radiação espalhada se torna menos importante
campos pequenos quando o raio do campo é menor na determinação da dose. Por outro lado, na medida
do que o alcance máximo dos elétrons secundários. em que a fonte começa a ficar bloqueada o numero
Como este alcance aumenta com a energia primaria de fótons primários que alcançam o isocentro di-
do feixe , o tamanho do campo para que isto ocor- minui, sendo menor para um feixe com foco maior
ra também aumenta. Este fenômeno pode interferir conforme demonstrado na Figura 5. Assim sendo,
bastante na medida do perfil de feixe e na medida o efeito da oclusão da fonte na fluência se torna
da dose absorvida no eixo central. importante em especial para campos da ordem de 5
A falta de equilíbrio lateral e o bloqueio geomé- mm de diâmetro.

117
Full view of extended direct beam source Partial view of extended direct beam source

penumbra penumbra
penumbra penumbra

Figura 5. Descrição sucinta proposta para os dois efeitos, falta de equilíbrio lateral e bloqueio parcial da fonte [1].

A falta de equilíbrio lateral rel é um fenômeno que Por exemplo, em alguns desses sistemas, o formato
se deve considerar com muita atenção. Uma regra bá- do MLC e a transmissão por folha foram modelados
sica pode ser útil: o limite encontra-se quando o di- de maneira aproximada, enquanto em alguns ou-
âmetro do feixe for pelo menos igual a duas vezes o tros sistemas os cálculos das doses são baseados nos
percurso lateral dos elétrons primários, por exemplo: mapas de fluência e não nos segmentos individuais
. para fótons com energia nominal de que são dados.
6 MV, r el = 1,3 g/cm 2; Desses estudos, as seguintes observações devem
ser feitas durante a verificação de IMRT.
. para 10 MV, rel = 1,7 g/cm2.
t&YJTUF VNB UFOEÐODJB QBSB BT DÉNBSBT EF JP-
Para outros feixes pode-se calcular usando a relação: nização tipo Farmer apresentar um desvio maior da
rel (g/cm2) = 5,973(TPR20/10) - 2,688 dose efetivamente dada por um tratamento IMRT
que para câmaras menores. Esse desvio está clara-
Em tais casos, uma verificação baseada na po-
mente correlacionado com o volume maior, sendo o
sição relativa de segmento do MLC com respeito à
efeito mais significativo para “step-and-shoot” do
câmara de ionização pode ajudar a compreender a
que para tratamentos por “sliding-window” e geral-
resposta do detector [13].
mente é devido a um efeito melhor de composição
Para campos pequenos, dois problemas adicio- na penumbra. Por consequente, câmaras de ioni-
nais devem ser considerados: primeiro, o posiciona- zação possuindo volume pequeno são mais apro-
mento milimétrico do detector pode acrescentar uma priadas para verificação de IMRT que câmaras com
incerteza adicional que influenciará em especial as grande volume, como as do tipo Farmer.
medidas de perfil de campo; segundo a dimensão
t0VTPEFEFUFDUPSFTEFFTUBEPTØMJEPJOUSPEV[
e a orientação do detector com relação ao eixo do
incertezas adicionais, em especial quando a técnica
campo na medida dos fatores “output” pode causar
“sliding-window” é usada. Essa discrepância pode
discrepâncias de cerca de 15% nos valores extremos
ser causada pela dependência energética na sua res-
dos fatores, de acordo com a Figura 6.
posta, bem como pelo efeito da taxa da dose.
Deve-se observar que, apesar dessa incerteza
t$POTJEFSBOEPTF TPNFOUF DÉNBSBT EF JPOJ[B-
adicional, a exatidão das medidas de dose usando
ção com pequeno volume ativo, as incertezas adi-
câmaras de ionização, ainda está num nível bastante
cionais são da ordem de 1,0 a 1,5%.
mais alto que a maioria dos cálculos de doses execu-
tados por sistemas de planejamento de tratamentos. Por último, com relação às câmaras de ioni-
zação, deve-se estar atento para uma das carac-

118
Figura 6. Variação das medidas realizadas com diferentes tipos de detectores comparadas com o a
curva calculada por Monte Carlo [1].

terísticas já mencionadas que é a dependência de kVp-CT, a dependência energética não deve ser
energética. Em geral este parâmetro passa ao lar- desprezada, pois conforme mostrado na Figura 7, a
go das considerações uma vez que as qualidades dose medida resultante para a energia efetiva equi-
dos feixes medidos possuem energias elevadas e valente ao feixe considerado será subavaliada com
encontram-se numa região onde este parâmetro é implicações, em especial se esta for considerada
mais plano. Entretanto, quando estas câmara são aditivamente a dose no tumor.
usadas para medir os feixes de raios-X resultante

Figura 7. Curva de dependência energética típica de uma câmara tipo Farmer, sendo destacada
a região aproximada de medida correspondente ao kVp-CT.

119
t$ÉNBSBEF*POJ[BÎÍP-ÓRVJEB
Os líquidos isolantes propostos para uso em câ- Por outro lado, quando medidas são realizadas
maras de ionização, pois eles possuem algumas van- em meio como a água, os efeitos de perturbação são
tagens sobre as câmaras preenchidas com ar. A alta desprezíveis quando comparados aos valores típicos
densidade dos líquidos comparados com o ar resul- de uma câmara com ar imersa na água ou num meio
ta numa densidade de ionização cerca de 300 vezes sólido. Adicionalmente, para certos líquidos isolan-
maior que o ar, embora com uma mobilidade dos íons tes como o isooctano, a média dos poderes de frena-
6 000 vezes menor. Ainda assim é possível a constru- do restritos água-líquido apresentam uma variação
ção de câmaras com volumes bem pequenos, da or- menor que 1% para a faixa de energia de elétrons
dem de 0,002, capazes de gerar sinais elevados, além entre 1 e 20 MeV usados na radioterapia.
de uma resolução espacial significativa.
Stopping power ratio (SP)

Electron energy (MeV)

Figura 8. Gráfico típico de variação da razão SP com a energia de elétrons para diversos meios.

Nesta faixa de energia, este mesmo coeficiente tem de uma resolução espacial elevada. Estas câma-
pode variar de até 16% para a razão entre a água e ras operam com uma tensão alta, da ordem de 800
o ar, Figura 8, resultando numa dependência ener- volts, alimentada por uma fonte de tensão adicional
gética pequena para este tipo de detector [15,16,17]. aos eletrômetros normalmente usados.
Um dos exemplos a ser destacado é a câmara lí- Outra aplicação recente disponível se apresenta
quida modelo “microLion” da PTW, projetada para como um sistema array com microcâmaras usando
medir perfis de feixes e curvas de dose que necessi- líquidos.

120
Figura 9. À esquerda, desenho esquemático da câmara líquida desenvolvida por Wieckman [15] com
uma camada líquida com diâmetro do volume sensível de 2,5mm, corpo de Rexolite, elétrodos de
carbono, líquido composto de isooctano (60%) e TMS (40%) e o conjunto à prova d’água. À direita,
foto de uma das câmaras disponíveis no mercado, fabricada pela PTW.

Como vantagens: ra monitora de um Linac;


t7PMVNFQFRVFOP BMUPTJOBMFBMUBSFTPMVÎÍPFTQBDJBM t0QFSBFNUFNQFSBUVSBBCBJYPEF$
t3B[ÍPEPTQPEFSFTEFGSFOBEPNFOPTTFOTÓWFMB t$PSSFÎÍPQPSSFDPNCJOBÎÍPQPEFTFSHSBOEFF
variações da energia; mais difícil de ser determinada, pois não alcançam
t1PEFTFSVTBEBDPNPNFTNPFMFUSÙNFUSPVTB- saturação total.
do com câmaras convencionais; Estudos continuam, no sentido de definir melhor
t#BJYBDPSSFOUFEFGVHB BMUBFTUBCJMJEBEFFSF- os procedimentos para determinação da recombina-
petitividade das leituras. ção, dependência com a temperatura, determinação
dos valores de Kq para feixe de fótons e elétrons
Como desvantagens:
e comparação com cálculos realizados por Monte
t3FRVFS VNB GPOUF BEJDJPOBM EF UFOTÍP FOUSF
Carlo. Apesar de todos os atrativos a sua utilização
500 e 1000 V;
ainda é limitada, em especial devido ao seu custo de
t1PEF OÍP UPMFSBS BMUBT EPTFT DVNVMBUJWBT  comercialização.
poucos kGy), por exemplo, não serviria como câma-

$POTJEFSBÎÜFT'JOBJT
t$ÉNBSBT EF JPOJ[BÎÍP EFWFN TFS GBCSJDBEBT t/ÍPEFWFNTFSVTBEBTQBSBNFEJEBTEFQFSmM
com eletrodo composto de material de baixo Z e de feixe em regiões de penumbra para uso na mode-
caso usem alto Z devem ser “cross-calibrated” nas lagem de IMRT e quando a fuga for maior que 5%
condições que minimizem diferenças devido ao do que o valor esperado devido a carga induzida
espectro do feixe; devem ser usadas em regiões pela radiação.
de dose homogênea, para verificar a câmara mo- t2VBOEPVTBEBTQBSBWBMJEBSEPTFTQPOUVBJTFN
nitora do acelerador (o tamanho do campo deve IMRT, a câmara deve ser colocada numa região de
ser pelo menos 1.5 cm maior que o comprimento dose onde a heterogeneidade esperada seja inferior
efetivo da câmara). Para medir doses em estruturas a 10% e 5% sobre o volume da câmara e se a hete-
críticas as dimensões devem ser suficientemente rogeneidade for inferior a 10% ao longo de 2 mm da
pequenas para evitar que a heterogeneidade sobre posição esperada da câmara.
o seu volume ativo seja superior a 5% se compara-
t&NCPSBPT514QPTTBNDPNQBSBSEPTFTQPOUV-
das à dose pontuais.
ais, as doses medidas devem comparadas com as do-

121
ses calculadas resultantes da media no volume ativo rencia, em geral do tipo Farmer deve ser realizada
da câmara. sempre, antes de uma medida com IMRT e periodi-
t1BSBNFEJEBTQPOUVBJTEFEPTFÏEFTFKÈWFMRVF camente de forma a garantir a estabilidade de sua
as câmaras sejam construídas de material equivalente resposta.
ao tecido ou ao ar de forma a minimizar os efeitos de t0TFVVTPQBSBNFEJEBTEFGBUPSiPVUQVUwEFWF
dependência da resposta com a energia do feixe. ser conduzida com câmaras de pequeno volume des-
t"QSFQBSBÎÍPQBSBBTNFEJEBTEFWFNQFSNJUJS de que o campo de radiação seja maior que 1.5 cm
que o sistema de medida alcance o equilíbrio com a do comprimento ativo da câmara. Métodos de de-
temperatura da sala além da correta orientação do convolução podem ser usados para melhorar a exa-
detector com relação ao plano do feixe. Posiciona- tidão dos valores, entretanto as medidas devem ser
mento da ordem de 1 mm com relação ao eixo do repetidas com outros sistemas de medida e.g. filme
feixe é perfeitamente possível. radiocrômico, diodos ou com detector de diamante
se disponível.
t$BMJCSBÎÜFTDSV[BEBTDPNPBDÉNBSBEFSFGF-

'JMNF3BEJPHSÈmDP
Filmes radiográficos são de uso relativamente to o EDR2 (Eastman Kodak, Rochester, N.Y., EUA)
fácil, rápido e barato, utilizado frequentemente em exibem uma dependência de resposta considerável
muitas aplicações na radioterapia devido a sua al- com a energia para feixes de 6 MV.
ta resolução e possibilidade de manter um registro Embora o filme radiográfico seja amplamente
permanente da distribuição de dose 2-D no plano de utilizado como dosímetro, sua validade continua
irradiação. Existem muitos parâmetros que influen- controversa nas publicações em especial devido a
ciam sua utilização, tais como o seu processamento, dados conflitantes relatados. O ponto essencial é
posicionamento, fading e dependência energética, que, como a composição do filme radiográfico não é
que devem ser considerados na análise dos dados equivalente à água, a sua resposta para baixas ener-
de forma a maximizar a exatidão do resultado fi- gias é maior, tornando sua sensibilidade dependente
nal. Várias recomendações feitas para cada um dos da profundidade no meio, do tamanho do campo,
passos exigidos para a dosimetria em filme foram bem como do tamanho do fantoma.
recentemente publicadas no relatório AAPM TG-
Outro ponto a ser controlado está relacionado à
69, [18]. Além de fornecer os princípios básicos e
variabilidade entre os lotes de filmes em combina-
características de filmes, processadores e scanners,
ção com as variações do processo de revelação quí-
algumas aplicações clínicas de dosimetria por filme,
mica. Esse efeito pode ser controlado com um pro-
inclusive seu uso para a verificação de IMRT, são
cedimento de calibração rigoroso envolvendo o uso
discutidos com detalhes.
de uma curva sensitométrica clássica, ou somente
em um ou dois valores de dose. A orientação do
A caracterização de um feixe de IMRT pode ser plano do filme durante a calibração deve ser simi-
feita num plano perpendicular à direção do feixe lar à orientação durante o processo de verificação e
primário, o que torna o filme um método ideal 2 deve-se respeitar um intervalo de tempo de proces-
D. A dosimetria por filme neste caso é geralmente samento para assegurar que filmes EDR2 alcancem
considerada como sendo razoavelmente exata, tanto um valor estável de densidade óptica (OD) a exem-
para doses altas quanto para baixas. Vale observar plo da Figura 10.
que, como já relatado [19], tanto o filme XV2 quan-

122
Figura 10. Esquema que deve ser observado para se determinar a sensibilidade do filme com relação
a dose e energia de um dado feixe e sua correção com os valores absolutos de dose [21].

Numa comparação interinstitucional sobre a ve- interpretar os valores das doses de maneira absolu-
rificação de IMRT, o grupo europeu QUASIMODO ta, i.e., sem normalização e usando uma medida com
usou um fantoma pélvico contendo sete filmes do câmara de ionização. Entretanto, devido aos proble-
tipo EDR2 que foram orientados em paralelo aos ei- mas acima, os dados do QUASIMODO necessitavam
xos dos raios, conforme pode ser visto na Figura converter a “dose filme” de cada filme, a fim de ob-
11. Dessa maneira, a dose num dado órgão de risco ter a verdadeira dose comparada à água.
pôde ser avaliada, embora a intenção inicial fosse de

Figura 11. a) Vista transversal completa e sagital de uma fatia do fantoma de poliestireno QUASIMODO (CarPet) concebida para a
verificação dosimétrica de IMRT, neste caso de um câncer de próstata. Pode-se observar o volume alvo planejado (em vermelho) em
torno de um órgão em risco (em amarelo). A vista sagital representa a inclinação na direção Z (longitudinal). Os sete filmes estão
localizados nas profundidades Z=60mm, Z=40mm, Z=20mm, Z=0mm, Z= -20mm, Z= -40mm, Z= -60mm. b) Fatia central obtida
com CT com os contornos de OAR e PTV, e um sistema de coordenada aplicada [19].

123
A Figura 12, apresenta um exemplo da avaliação de uma medida feita com um filme de verificação que
revela um valor superestimado sistemático de 4-5% pelo TPS com relação à dose dada ao paciente.

Figura 12. Esquerda: Diagrama gama na fatia Z= -40mm com linhas de isodose que representam a distribuição da dose computada
superpostas. Direita: perfis de doses computadas e medidas por filme ao longo do plano pontilhada no painel da esquerda. A dose
medida mostra dois picos nas duas depressões que servem de marcas de referência [20].

Neste caso foi observado que isso se devia a uma do uma (pequena) câmara de ionização é necessária
acumulação de erros entre eles; uma diferença de para eliminar possíveis erros introduzidos durante a
1,5% na calibração do acelerador linear feita no dia medição dos filmes.
da medida, e um valor de Kernel menos favorável Outras aplicações úteis do filme podem ser des-
ou seja inferior ao utilizado no sistema do planeja- tacadas no processo de controle da qualidade peri-
mento do tratamento. ódico não só de parâmetros do acelerador como do
A normalização da distribuição relativa da dose sistema de planejamento conforme apresentados nas
obtida de medidas com filme à dose absoluta usan- Figuras 13 e 14.

Dynamic MLC
Measurements:
Linear array of diodes Film Íon Chamber

Figura 13. Medidas de perfis de campo realizadas com filme e comparadas com “linear array” de diodos,
câmara de ionização e valores calculados. Foram observados desvios máximos menores de 3% [21].

124
Para tratamentos com IMRT a exatidão dosimé- Pode-se concluir que o filme radiográfico é um
trica fora do PTV pode ser tão importante quanto a método útil, com um grau de exatidão aceitável pa-
exatidão dentro do PTV. Entretanto, até agora o fil- ra se verificar distribuições de dose em IMRT, desde
me é raramente usado para verificar a dose fora do que uma curva de calibração (sensitométrica) esteja
PTV e a interpretação da resposta do filme é geral- disponível e o manuseio de filme e seu processa-
mente confinada às áreas de alto gradiente de dose. mento seja executado de uma maneira cuidadosa.

'JMNF3BEJPDSÙNJDP
Apesar do filme convencional que utiliza haletos cuidados que devem ser considerados dentre eles, o
de prata na sua constituição ser um sistema bem manuseio do filme, as variações de resposta de um
estabelecido, uma das suas limitações se relaciona para outro e a baixa sensibilidade às doses de radia-
a sua dependência com a distribuição espectral do ção ionizantes usadas tipicamente na radioterapia.
campo de radiação no plano da medida, função tan- Os filmes radiocrômicos descritos são constituídos
to do tamanho do campo de radiação (influenciado de uma camada sensível à radiação (geralmente um
pelo espalhamento na cabeça do aparelho) como da monômero diacetílico), organizado em micro cris-
profundidade de medida ( influenciado pelo espa- tais embebido numa gelatina aglutinante. A radia-
lhamento no meio). ção ao produzir uma polimerização o filme se torna
Recentemente surgiu um novo filme denomina- progressivamente com maior reposta de emissão na
do de radiocrômico, com potencial de uso na ra- região do azul conforme mostra a Figura 15.
dioterapia confirmado, entretanto existem alguns

Figura 15. Espectro de absorbância típico do filme Gafchromic EBT2.

125
O filme radiocrômico Gafchromic EBT foi de- TIFF (Tagged Image File Format) e exportados pa-
senvolvido recentemente para superar algumas das ra um software comercial padrão usado para filme
limitações de uso na radioterapia em especial a sua dosimétrico ou processado adiante para outras pla-
melhor sensibilidade. Este filme consiste de duas ca- taformas de pesquisa de software, por ex., MATLAB.
madas ativas (espessura total 34µm) separadas por Outros aspectos relativos à exatidão dosimétrica
uma camada superficial (6µm) colocadas numa base global devem ser considerados tais como a homoge-
de poliéster (97µm de cada lado). neidade de resposta do scanner e a reprodutibilidade
A sua composição atômica definida como (42,3% do posicionamento do filme. O posicionamento do
C; 39,7% H; 16,2% O; 1,1% N; 0,3% Li e 0,3% C1) filme é crítico uma vez que os filmes EBT radiocrô-
inclui o número atômico do cloro (Z=17), de forma micos exibem efeitos de polarização de tal forma
a elevar o Zeff ao valor de 6,98, com o objetivo de que as curvas de calibração obtidas em sentido “lan-
minimizar sua dependência energética. dscape” ou “portrait” podem ser diferentes.
Este filme além de oferecer alta sensibilidade, Assim sendo, deve-se realizar a irradiação com
baixa dependência com a energia, alta resolução fins de calibração do filme bem como a sua leitura
espacial, pode ser manuseado à luz ambiente, não sempre no mesmo sentido. A utilização do filme ra-
exige processamento químico (como outros tipos de diocrômico pode ser útil na fase de pré-tratamento
filme radiocrômicos) e sua leitura pode ser feita num para simular o plano de tratamento num fantoma
período inferior a 2 horas após a sua irradiação. antropomórfico com um ou mais filmes.
Este filme é fornecido em folhas de 8x10 pole- Para ilustrar o procedimento, um exemplo de ve-
gadas sendo recomendado para uso numa faixa de rificação dosimétrica pré-tratamento é descrito em
doses entre 2-800 cGy. Sua leitura é realizada por seguida para um tratamento por IMRT com 5 arcos
“scanners” do tipo “flatbed” a cores, alternativa eco- de um tumor alongado adjacente à parede do tórax
nômica, quando comparados aos scanners a laser poupando o máximo de tecido pulmonar cujo fan-
(hélio-neônio), que operam num comprimento de toma é mostrado na Figura 16. Foi proposto utilizar
onda próximo ao pico do espectro de absorção do um feixe de radiação misto 6MV (na forma de 2
filme radiocrômico. As imagens escaneadas podem arcos) e 18 MV (na forma de 3 arcos).
ser salvas em formato padrão para arquivo, como

Figura 16. Fantoma QUASIMODO CarPet com o


filme Gafcrômico EBT após um tratamento de 5
arcos de um tumor alongado adjacente à parede
torácica [14].

126
A distribuição de dose 3D foi calculada usan- fantoma, Figura 17, sendo o filme pré-cortado usan-
do o TPS Pinnacle. Foi colocado um filme EBT no do uma fresa com controle numérico para evitar que
fantoma e irradiado simulando o tratamento, com parte do filme fique fora do fantoma.
distribuição de dose localizada próxima à borda do

Figura 17. Comparação entre a distribuição da dose a) dose computada e b) dose medida usando filme radiocrômico no plano
transverso ao isocentro. O quadro c mostra a distribuição de valores gama (3%, 3 mm) sobre as quais as curvas de isodose foram
superpostas. O quadro d mostra a dose medida com filme subtraído da dose computada no quadro a) expressa como porcentagem
da dose referência (200cGy) [14].

Como o filme é higroscópico, cuidado especial em sentido “portrait”, usar as mesmas especificações
deve se ter durante o seu corte, de forma a não es- antes e depois da irradiação, usar a densidade ótica
gaçar suas pontas e bordas evitando a criação de ar- juntamente com o documento transparente, fazer a
tefatos na imagem. A dosimetria com filme envolve correção para 48 bits e selecionar resolução de 150
três componentes básicos que são responsáveis pela d.p.i. Após a irradiação, esperar no mínimo 1 hora
sua exatidão global: o tipo de filme, o scanner e o até escanear os filmes selecionando o canal na cor
protocolo de leitura. vermelha, e usar o software tipo MatLab para obter e
Adicionalmente, várias recomendações devem processar os valores-pixel medidos, inclusive a cor-
ser seguidas dentre elas: usar luvas para manusear e reção 2D para heterogeneidades.
posicionar os filmes, envelopar os filmes com mate-
rial à prova de luz e durante o escaneamento, execu-
tar no mínimo 5 escaneamentos, cortar os pedaços
de filme no mínimo um dia antes da irradiação, des-
ligar o escaneador entre as medições, usar os filmes

127
$POTJEFSBÎÜFTmOBJT
t0mMNFSBEJPHSÈmDPEFWFTFSVTBEPQBSBNFEJEBT t0TmMNFTSBEJPDSÙNJDPTQPEFNTFSVTBEPTQBSB
relativas de distribuição de doses em IMRT, em medida medidas de distribuição relativa da dose incluindo
de perfil necessárias para a modelagem da região da a região de penumbra e medidas relativas do fator
penumbra e medidas relativas do fator “output”. “output” para campos pequenos.
t0TmMNFTEPUJQP97F&%3OÍPEFWFNTFS t/ÍPEFWFNTFSVTBEPTQBSBNFEJEBTBCTPMVUBT
usados para medir dose maiores que 10 cGy e 500 ou para verificar o “output” da câmara monitora
cGy respectivamente. t0mMNF&#5 OPNPNFOUPÏPmMNFRVFSFÞOF
t"TDVSWBTTFOTJUPNÏUSJDBEFWFNTFSBWBMJBEBT as melhores características de uso para dosimetria
para cada tipo e lote de filmes e feixe. em IMRT. A sua curva sensitométrica deve ser de-
t0NBOVTFJPEFWFTFSDVJEBEPTP DPNMVWBTFWJ- terminada para cada para cada lote de filme, deve-
tando também puxa-lo ou torce-lo. -se esperar cerca de 1 hora após a irradiação para
realizar sua leitura. A orientação do filme no scaner
t1BSBPmMNF&%3 BQØTBJSSBEJBÎÍP FTQFSBSP
durante a realização da curva sensitométrica deve
tempo recomendado pelo fabricante antes de pro-
ser a mesma da usada durante a sua leitura, após a
cessa-lo.
irradiação.
Por outro lado:

3BEJPHSBmB$PNQVUBEPSJ[BEB
Após a transição do filme comercial para ima- discutidas [22]. Entretanto, como esta técnica está
gens digitais ou digitalização de filme radiográfico, sendo desativada pelos fabricantes ela não será dis-
placas radiográficas computadorizadas (CR) foram cutida aqui.
consideradas para dosimetria 2D e amplamente

%FUFDUPSFT4FNJDPOEVUPSFT
Diodos pequenos onde a presença de fótons de alta energia
Este sistema é sem duvida o mais utilizado dentre é predominante. Mesmo assim, os novos projetos já
os detectores semicondutores disponíveis. Conside- incorporam filtros diferentes em função da faixa de
rando o amplo uso destes detectores para medidas energia para compensar este efeito, denominado de
“in-vivo” em sistemas bidimensionais e sistemas de “energy compensated diodes” apresentados na Fi-
aquisição de dados, como serão descritos a seguir, gura 18. Como resultado, observa-se uma boa resposta
serão feitas algumas observações sobre suas carac- com a energia nas regiões dentro do campo de radiação
terísticas físicas, muitas sem dúvida atraentes bem embora seu uso “off-axis” ainda necessite de validação.
como algumas das suas limitações quando empre- Quando usados para medidas absolutas, alguns
gados na radioterapia [23]. cuidados devem ser tomados como as variações que
Embora dois tipos de diodos estejam disponíveis sofrem devido aos danos pela radiação que afeta
(n–Si ou p–Si) o do tipo p-Si (densidade eletrônica sua sensibilidade, embora os fabricantes tenham
18 000 vezes maior que o ar) tem sido mais usado na feito um enorme esforço para reduzir este efeito. Por
radioterapia em função da sua resistência aos danos exemplo, já se consegue variações inferiores a 3%
sofridos pela radiação, suas dimensões (0,64 mm3 ao longo do período de um ano. Normalmente eles
a 0,0019cc), sua alta sensibilidade pode ser 20-100 são construídos de forma a serem usados imersos na
vezes maior que uma câmara de ionização. Embora água, o que permite o uso em fantoma de água e são
o uso de material de alto número atômico na sua especialmente úteis nas medidas em regiões de alto
constituição o torna mais sensível a fótons de bai- gradiente de dose. A sua calibração pode ser realiza-
xa energia, seu uso pode ser limitado em campos da em um campo de 10 x 10cm2 colocando o diodo

128
em uma profundidade onde a dose seja conhecida a “array” e transferi-lo individualmente para cada um
exemplo da geometria apresentada na Figura 18. A dos outros detectores.
partir deste exemplo, pode-se estabelecer um coefi-
ciente de calibração para o detector central de um

Figura 18. A Figura à esquerda mostra vários diodos fabricados pela Mimator, identificados de acordo com a
faixa de energia i.e. : branco para energia > 16 MV, amarelo para energia entre 8 e 16 MV, verde para energia
entre 4 e 8 MV e azul para elétrons e feixes de raios gama do Co-60. À direita, um típico arranjo experimental
com um fantoma usado para a calibração dos diodos.

Projetados para medir dose em regiões de alto de calibração com frequência, devido a sua variação
gradiente, situações típicas encontradas em trata- de sensibilidade causada por danos da radiação na
mentos com IMRT, sua resolução espacial pode ser sua estrutura física, e outros efeitos com temperatu-
superior à câmaras de ionização.. ra, taxa de dose e variações da fluência energética.
Ao serem usados para medidas “in-vivo”, deve-se Em geral os diodos exibem uma dependência di-
colocar a capa de “build-up” apropriada para cada recional da ordem de 3% para uma orientação per-
qualidade de feixe, que serve também para protegê-los pendicular e 15% em orientação axial.
de danos físicos. Deve-se investigar da necessidade
t%FUFDUPSEF%JBNBOUF
O diamante que compõe o detector é composto for proveniente de algum elemento metaloide, o dia-
basicamente do elemento Carbono, com cubículos mante terá a tonalidade azul, se for nitrogênio, será
de cristais em sua face central, chamados de “grade amarelo, embora existam alguns outros tipos nas
de diamante”. O diamante, material dos mais duros, cores, verde, roxa, rosa e laranja devido à estrutura
tem propriedades e algumas características únicas em forma de “grade”. Possui densidade de 1,13 g/
em termos de condutividade e propriedades ópticas. cm3. As impurezas e defeitos fazem desses diaman-
As suas moléculas têm comportamento especial de- tes sistemas semicondutores, podendo ser usados
vido às impurezas, sendo de aparência basicamente como detectores de radiação [24].
clara e incolor. Entretanto, se a impureza dopada

129
Outro fato a ser observado é que, como o cristal usado em qualquer tamanho de campo. A maioria
pode ser fisicamente reduzido a um micro-cristal, dos diamantes usados como detectores devem re-
tornando o seu uso extremamente atraente para ceber uma pré-dose de pelo menos 5 Gy antes de
medidas em pequenos campo de radiação, especial- iniciar as medições, conforme recomendação do fa-
mente os usados na radiocirurgia, além de poder ser bricante, Figura 19.

Figura 19. Foto de um dos detectores de diamante


disponível no mercado, este fabricado pela PTW.

Devido ao seu tamanho, em torno de 10 micra, com posição espacial, razão sinal ruído muito boa em-
espessura típica de 0.3mm, volume entre 1 e 6mm3, bora a dependência com a taxa de dose deva ser
algumas características físicas merecem ser destaca- estimada para ser usado para medir a dose em pro-
das como: dependência angular na água melhor do fundidade.
que 2% entre 0º e 170º, boa equivalência a tecido, A dificuldade maior que ainda se apresenta para
resposta linear dentro de 2 % na faixa de energia a sua popularização está basicamente relacionada
entre 80 keV e 20 MV, resposta independente da sua ao seu custo de fabricação e de comercialização.

t$POTJEFSBÎÜFT'JOBJT
- Diodos devem ser usados para medidas relati- medidas de perfil.
vas particularmente na região de penumbra em fei- - Os diodos com características para uso para
xes com MLC usadas para modelar os TPS e para medidas “in-vivo” não devem ser usados para medi-
medidas pontuais em complemento a câmaras de das em fantoma. A sua dependência direcional deve
ionização. ser avaliada antes do seu uso.
- Diodos não devem ser usados para medidas ab-
solutas; não devem ser o único detector usado para

t%FUFDUPSFT5FSNPMVNJOFTDFOUFT 5-%

Este detector muito conhecido funciona de for- sua calibração ser feita no feixe a ser usado. Obter
ma integradora da informação e se apresenta de um sistema consistente e reprodutível requer um
varias formas físicas: pó, chips e cilindros. Possui controle de processo bastante elaborado e cuidadoso
uma composição atômica (Z=8.1) densidade típica incluindo o manuseio, boa seleção do protocolo de
de 2.6 gm/cm3 tornando-o “quasi” tecido equiva- aquecimento e um bom GQ do sistema de leitura e
lente. Pode exibir uma resposta não linear com a forno. Desta forma pode-se obter repetitividade até
dose dependendo da faixa de dose, uma dependên- inferiores a 2% [25].
cia com a energia bem acentuada devendo, portanto Na dosimetria de campos pequenos (TLD) tem si-

130
do usado com frequência.

t$POTJEFSBÎÜFT'JOBJT
- TLD´s devem ser usados quando a geometria - TLD´s não devem ser usados para medidas ab-
da medida em fantoma não permite o uso de câma- solutas se a repetitividade for superior a 2%.
ras de ionização ou quando sejam necessários varias - Cuidado especial deve-se ter quanto ao correto
medidas simultâneas. De preferência, TLD com com- posicionamento do detector no fantoma de forma
posição incluindo materiais de baixo Z devem ser a garantir a qualidade da medida e da comparação
selecionados. com valores calculados.

t%FUFDUPSFT.04'&5
A definição deste tipo de detector começa com mente atraente para uso em dosimetria “in-vivo”,
a identificação do acrônimo MOSFET (Metal-Oxide podendo também ser usado na água e em medidas
Semicondutor Field Effect Transistor) um transistor intracavitárias, desde que colocados em cateteres,
miniatura (300x50)µm, com excelente resolução es- Figura 20. A sua dimensão típica total é de 0.2 mm
pacial da ordem de 3%, que atenua de forma quase de largura, 0.2 mm de comprimento e cerca de 0.1
desprezível o feixe incidente, tornando-o particular- mm de espessura na região mais espessa.

Figura 20. Apresenta dois modelos de MOSFET disponíveis no mercado pela Best. À esquerda, um sistema portátil com dois canais
que permite medidas simultâneas. À direita, o fantoma para IMRT que objetiva medida de dose simultaneamente com filme e MOS-
FET em planos ortogonais.

Este tipo de dosímetro baseia-se na medida da Algumas caraterísticas físicas devem ficar muito
sua tensão limiar que varia linearmente com a do- claras antes do seu uso por exemplo; a exatidão es-
se. A radiação ao penetrar o meio óxido metálico perada nos sistemas atuais quando usados para me-
produz uma carga que fica permanentemente ar- didas na região de equilíbrio completo pode ser me-
mazenada que causa uma variação da sua tensão lhor que 0,8% quando a uniformidade entre vários
limiar. Os valores de tensão medidos antes e depois sistemas for inferior a 1.7% e a dependência com a
da irradiação são armazenados no EPROM que tem taxa de dose e temperatura devem ser conhecidas
a capacidade de cerca de 1 Kb, suficiente para arma- antes do uso.
zenar as calibrações, valores de tensão e dose [26].

131
Uma das vantagens é que a dose integrada po- Uma das suas limitações relaciona-se à perda
de ser medida em tempo real ou após a irradiação de linearidade com a dose acumulada, embora para
através de uma tensão aplicada durante a irradiação. a sua vida média isto não seja motivo de grande
Embora um único detector possa ser usado numa preocupação. Deve-se destacar também que podem
larga faixa de energia de fótons e elétrons, deve-se ocorrer variações nos valores das “bias voltage” e
investigar uma possível dependência de resposta com pequenas fugas no sinal após a irradiação.
a qualidade do feixe. Para feixes de alta energia, em Sistemas com transmissão de sinal em tempo
geral não é necessária correção e uma única calibra- real via “wireless” já se encontram disponíveis no
ção pode ser usada. mercado. A maior desvantagem, entretanto, rela-
Devido a sua pequena dimensão, exibe uma pe- ciona-se ao custo inicial e à vida média esperada
quena anisotropia axial (±2% para 360º), não requer ainda relativamente baixa, quando comparada a
correção devido a taxa de dose e a sua dependên- outros detectores.
cia com a temperatura terem sido compensada pela
construção de um detector de camada dupla.

t%JTQPTJUJWPT#JEJNFOTJPOBJT
Medidas dosimétricas simultâneas em mais de um resposta com o tempo, além da linearidade e da
ponto têm se tornado uma necessidade para garantir estabilidade com a dose e a dose por pulso. Esta
a rapidez e a qualidade dos procedimentos usados última característica é especialmente importante
na radioterapia moderna. Com o número crescente para IMRT, porque as alterações na fluência duran-
de pacientes utilizando a técnica IMRT, torna-se im- te IMRT podem variar de uma ordem de grandeza.
portante o uso de sistemas de medida com respostas Os dispositivos disponíveis apresentam peque-
mais rápidas. Por estas razões, filmes radiocrômicos, nas diferenças quanto ao tipo de detector, número
que não necessitam de revelação, se impõem cada de detectores, espaçamento entre eles, formato de
dia mais como uma alternativa a filmes radiográfi- detectores, ponto efetivo de medida, material usa-
cos convencionais, embora seu custo seja elevado. do para permitir a sua equivalência a água, camada
A alternativa de uso dos sistemas de medidas com- de material usada para permitir um retro espalha-
postos de varias detectores tipo câmeras de ionização mento adequado e dimensões suficientes para per-
ou diodos chamados de “array” permitem a obtenção mitir o seu uso em grandes campos de radiação [27,
de um conjunto de dados num dado plano com uma 28,29,30].
só irradiação apresentando-se como uma ferramenta A questão do espaçamento entre os detectores,
de grande eficiência em especial após a sua calibra- assim como a resolução, têm algumas implicações
ção. O maior benefício dos dispositivos dosimétricos práticas, por exemplo, na verificação da calibra-
é o seu manuseio, facilidade de conexão a um PC ção das multifolhas. Os dispositivos comerciais no
e sua disponibilidade de informações “on-line” que formato 2D associados a um software de avaliação,
permitem a verificação da fluência planar além da permitem importar as distribuições de doses calcu-
distribuição de dose. Desta forma erros podem ser ladas por um sistema de planejamento e executar a
identificados rapidamente como deslocamento da análise dosimétrica de perfis ou a avaliação gama
penumbra, modificações no fator “ouput” do cam- 2D. A sua limitação ainda é o número limitado de
po e posicionamento de laminas do colimador ML. detectores, que compromete medições em regiões de
Como tipo de detectores, as câmaras de ionização alto gradiente de dose e em campos pequenos. A uti-
em geral são mais fáceis de calibrar, possuem tem- lidade da avaliação gama, baseada em informação
po morto desprezível, o que facilita a medida em dosimétrica com uma resolução é limitada.
tempo real, e não sofre nenhum dano causado pela
radiação, o que significa uma constância maior de

t4JTUFNB.BUSJ99&WPMVUJPO

132
O sistema MatriXX, Figura 21, foi desenvolvido as câmaras com tempo morto desprezível. Este sis-
para ser utilizado em técnicas de terapia rotacional, tema opera com o auxílio de um software OmniPro-
possuem 1020 câmaras de ionização abertas de alta I’m RT de fácil utilização, útil para aplicar ao plano
resolução espacial com uma área ativa de 24x24 cm² completo de verificação e GQ de IMRT, IGRT bem
associado a um sistema de leitura paralela de todas como em tratamentos rotacionais.

Figura 21. Ilustração do sistema Matrix XX inserido num fantoma e ao lado uma comparação entre os valores calculados pelo TPS
e a distribuição planar da dose medida mostrando os resultados da análise gama e da concordância do perfil de dose.

t4FWFO
O sistema PTW 2D-ARRAY Seven29, apresen- mazenados através do software chamado Multi-Check.
tado na Figura 22 possui 729 câmaras de ioniza- Em principio, o Seven29 foi desenvolvido para ser
ção abertas, distribuídas numa matriz regular de usado na posição perpendicular ao feixe de radia-
27x27cm2 (com espaços de 5mm entre as câmaras). ção e se a incidência for obliqua, a concordância
Os dados do paciente são transmitidos para veri- entre os valores calculados e medidos dependerá do
ficação do IMRT. Os campos individuais são irradia- algoritmo de cálculo de cada TPS. Por exemplo, os
dos na posição do gantry de 0º. Estes sistemas podem algoritmos Anistropic Analytical Algorithm, eMC e
ser também usados para verificar parâmetros do ace- Collapsed Cone resultam numa concordância me-
lerador, como desvio de dose no eixo central, planu- lhor para campos oblíquos do que o “pencil beam”.
ra e simetria do feixe, assim como a concordância en-
tre os campos de luz e radiação, sendo os dados ar-

Figura 22. Ilustração do sistema Seven29 inserido entre placas de água solida do fantoma Octavius (imagem à esquerda); à
direita um exemplo de tela do programa VeriSoft comparando as distribuições de doses do Octavius Detector 729 e do sistema
de planejamento de tratamento através do método de analise 2D do índice Gamm.

133
t4JTUFNB0$5"7*64%FUFDUPS434
Este sistema utiliza uma matriz de câmaras de pequenos. Na área central de 5.5cm x 5.5cm, a dis-
ionização líquidas, Figura 24. O pequeno tamanho tância do detector de centro a centro é de 2.5mm,
dos detectores, de somente 2mm x 2mm x 0.4mm e na área externa de 11cm x 11cm a distância do
pode vir a se transformar num sistema ideal para detector de centro a centro é de 5mm. Sobre o eixo
dosimetria de campos pequenos além da verificação principal a distância do detector é 2.5mm e nas dia-
do plano de tratamento do paciente em radio cirur- gonais 3.5mm.
gia estereotática e garantia da qualidade de campos

Figura 23. Apresenta o sistema de “array” 2D com micro-camaras de ionização liquidas.

A interessante distribuição espacial das câmaras ser obtida através de filme. O OCTAVIUS Detector
de ionização liquida assegura uma cobertura com- 1000SRS pode ser usado com um fantoma de placas
pleta do campo que de outra forma somente poderia ou o fantoma OCTAVIUS.

t04JTUFNB0DUBWJVT%
O Octavius 4D é um sistema que expande o con- em 3D no cilindro inteiro usando um algoritmo que
ceito do OCTAVIUS Detector 729 para uso dentro não requer correção angular ou procedimentos de
de um fantoma cilíndrico de material equivalente à calibração complexos para medições independentes
água e que segue a movimentação do gantry de for- do ângulo. A verificação é feita com o software Ve-
ma a manter a sua perpendicularidade com relação riSoft em qualquer das técnicas como IMRT, IMAT,
ao feixe com a ajuda de um inclinômetro, Figura RapidArc® e VMAT.
24. Este sistema, permite a reconstrução das doses

134
Figura 24. Ilustração do sistema Octavius 4D in-
serido num fantoma de água solida do fantoma.

t4JTUFNB.BQ$)&$,
O sistema Sun Nuclear MAPCHECK 2 fabricado positivamente sua resolução importante em especial
pela Sun Nuclear, Figura 25, utiliza 1536 diodos com quando medidas na região da penumbra ou campos
características físicas atraentes, ou seja, 7mm de es- altamente modulados são realizadas.
paçamento entre eles, resposta imediata “up-dates” A calibração relativa entre os detectores é reali-
dos dados em tempo real a cada 50ms, pequena di- zada através de várias irradiações em campos está-
mensão 0.8x0.8mm2, boa performance em termos de ticos sendo os detectores girados de acordo com as
estabilidade de estabilidade a longo prazo, volume ativo recomendações do fabricante de forma que se pos-
de cada detector de 0,000019cm3, podendo ser usado sa identificar a resposta relativa individual. A sua
num campo máximo de até 32x26cm2. calibração é feita com um campo 10x10cm2 a uma
A dependência energética que tinha sido um profundidade onde a dose seja conhecida. O diodo
problema constante neste tipo de detector foi mini- central é calibrado e em seguida todos os outros são
mizada e sua pequena dimensão resulta numa dose calibrados de forma relativa ao diodo central.
média sobre a área do detector menor, influenciando

.
Figura 25. Apresenta o sistema MapCHECK.

135
O conjunto de detectores que o compõe pode ser diente de dose, necessárias para assegurar uma alta
capaz de identificar erros no comissionamento dos qualidade nos tratamentos com IMRT. Filmes, tradi-
sistemas de planejamento realizados previamente a cionalmente usados para medir a dose na região de
partir de dados coletados com câmaras de ioniza- penumbra, apresentam desempenhos comparáveis
ção. Este sistema tem um desempenho importante aos dos diodos [31].
quando usado para medidas em regiões de alto gra-

t$POTJEFSBÎÜFT'JOBJT
- O uso em rotina de um programa de GQ deve plo, é pratica corrente se aceitar que 90% dos pontos
ser feito com sistema de alta resolução. avaliados estejam dentro de 3mm DTA distance-to-
- Para a calibração do sistema de medida a taxa -agreement e 3% dentro do critério de diferença de
de dose deve ser a mesma usada clinicamente. dose respectivamente.
- O sistema “array” deve ser verificado mensalmente. - A dependência angular deve ser verificada.
- Cada instituição deve definir os critérios de
aceitação entre a variação das medidas, por exem-

4JTUFNBT"EJDJPOBJTDPN1PUFODJBMEF6TPFN1SPHSBNBTEF(BSBOUJBEB2VBMJEBEF
de Câmaras de Transmissão
Recentemente, foram desenvolvidas câmaras de dos no porta bandeja e conectados a um eletrômetro
ionização do tipo transmissão baseadas no principio multicanal (David, PTW) apresentado na Figura 26.
do “multi-wire” ou “multi-strip”, a serem posiciona-

Figura 26. Visão frontal do sistema de câmaras de transmissão modelo David


fabricada pela PTW, e ao lado, o sistema colocado no porta-bandeja do acelerador.

Os fios são colocados entre duas janelas de poli- a uma medida de referência para evitar o efeito de
carbonato com espessura total de 14mm, submetidas “cross-talk”, devido ao fato do volume entre os fios
a uma diferença de potencial de 400V. ser aberto.
Durante a irradiação, diferentes comprimentos Sem dúvida uma opção interessante, pois fica co-
dos fios são expostos e os pares de íons são coletados locado no feixe durante todo o dia e não interfere de
pelos fios O principio é similar ao de uma câmara forma significativa no feixe, embora seja necessário
de ionização com um eletrodo central longo. O sinal avaliar as diferenças no fator de transmissão (um fa-
é interpretado como “dose length product” relativo tor bandeja pode ser considerado), no perfil do feixe

136
e na dose na superfície e na profundidade de dmax. pesquisa. Podemos esperar novidades e uma maior
O uso de tais detectores requer o conhecimento quantidade de informações sobre esses sistemas num
prévio das suas características, inclusive de suas pos- futuro próximo, bem como uma redução no preço. Os
síveis influências nos procedimentos de GQ globais e resultados de testes pré-clínico e outras informações
logísticos [32]. sobre lançamentos comerciais estão geralmente dis-
poníveis na “homepage” dos fabricantes de equipa-
O desenvolvimento de dispositivos 2D para veri-
mento dosimétrico.
ficação IMRT são atualmente um campo dinâmico de

t4JTUFNB1PSUBMEF*NBHFOT &1*%T

Sistemas de imagens de portal (EPIDs) a exemplo rísticas mecânicas com as dosimétricas da unidade
da Figura 27, têm sido desenvolvidos para adqui- de tratamento.
rir imagens com feixes de megavoltagem durante o - Realizar medidas “in-vivo” ainda em fase final
tratamento do paciente [33] para verificar a posição de desenvolvimento.
do paciente.
Mais recentemente, o uso de imagens obtidas
As imagens obtidas em forma digital são usadas em painel plano baseados em Silício amorfo está
para, confirmar, identificar erros de posicionamento se tornando mais popular e o seu uso para fins de
e conhecer a dose num dado plano. Os EPIDs podem dosimetria requer o conhecimento de suas caracte-
ainda servir para diversas finalidades durante o pro- rísticas físicas básicas, como por exemplo, a curva
cesso de verificação de IMRT: de dose-resposta, a reprodutibilidade do sinal, sua
- Verificar a posição das lâminas do MLC, duran- dependência com a temperatura, a taxa de dose e
te técnicas estáticas “step-and-shoot” ou MLC dinâ- a dependência direcional. Os resultados dessas me-
mico “sliding-window”; didas mostram que sistemas baseados em vídeo são
- Confirmar a transferência correta do arquivo velozes e possuem boa resposta linear, embora pre-
das sequências das laminas a máquina de tratamento; cisem de uma correção relativamente frequente para
compensar a dispersão de luz no detector, que é de-
- Medir o desempenho combinado das caracte-
pendente da posição.

Figura 27. Uma visão integrada do sistema EPID em posição o monitor de


visualização e imagem final resultado de ajustes com o software.

137
A maioria dos novos aceleradores está sendo correções dos dados brutos, estimar, e vale a pena
equipada com um EPID usando detectores do tipo afirmar estimar, as doses no plano normal ao fei-
a-SI, podendo-se esperar que o uso desses sistemas xe num meio homogêneo. Os desafios envolvidos
para a verificação de IMRT aumente no futuro, em- no comissionamento e na validação destes sistemas
bora existam ainda algumas questões relacionadas devem ser observados cuidadosamente usando pa-
ao seu uso para fins de dosimetria. Por exemplo, drões bem estabelecidos para comparar, Figura 28.
como lidar com o “ghosting”, i.e., o sinal adicio- Em recente trabalho, foram estudados 28 casos clí-
nal ainda gerado após a interrupção da irradiação; nicos que geraram um total de 188 campos e 26 207
a dependência energética de sua resposta causada pontos de comparação com uma taxa de aceitação
pela presença de materiais de alto-Z, que como re- de 84,6% para um critério de 1mm/1% e 99,7% para
sultado exibem uma sobre-resposta para fótons de 3mm/5% [35].
baixa energia e as variações de sensibilidade com Existe um esforço grande no sentido de desen-
o tamanho do campo e com a profundidade, caso volver métodos para transformar as imagens EPID
posicionado em um fantoma similar ao usado na em mapas de fluência de dose em 2D que possam ser
dosimetria com filme [34]. utilizadas como “input” para os TPS e recalcular as
Os EPIDs foram projetados para formar imagem, distribuições da dose usando os dados de CT obtidos
uma vez que basicamente eles não medem dose de um fantoma ou de um paciente, de forma a serem
num meio equivalente a tecido, entretanto, já exis- capazes de reconstruir a distribuição da dose em 3D.
tem modelos disponíveis que podem, após pequenas

Figura 28. Sequencia de dados de imagem obtidos por um EPID convertidos em dose num plano. O painel A ilustra
a escala geométrica da posição do EPID para o plano onde se deseja obter a dose. O painel B mostra a escala de cada
pixel no mapa em 2 D derivado dos dados segmentados do MLC (tamanho, forma etc.). O painel C mostra como a
convolução com a dose foi feita para emular a distribuição num fantoma de água na profundidade de interesse. O
painel D ilustra a conversão dos valores absolutos de dose usando o mapa de dose para um campo grande.

138
Os resultados de dose reconstruídos usando vá- EPID e o número máximo de segmentos a ser veri-
rios tipos de dosímetros podem ser obtidos com uma ficado pode ser ilimitado, dependendo somente da
resolução de 1mm na região do isocentro em medi- velocidade de aquisição da imagem. Níveis de ação
das feitas em fantoma. Em geral, a concordância é devem ser estabelecidos de forma a facilitar o seu
boa, indicando que essa metodologia pode prever uso e o processo decisório.
com exatidão a dose num plano do fantoma e even- O uso de EPID para a realização de medidas “in-
tualmente vir a substituir a dosimetria com filme vivo” tem sido área de grande interesse para a radio-
para validação do pré-tratamento IMRT em 2D. Co- terapia e esta sendo discutido no Capitulo 8.
mo modelo, as imagens separadas adquiridas pelo

t%PTÓNFUSPEF(FM
A maioria dos sistemas de dosimetria apresen- tratamentos por IMRT e radio-cirurgia, além de se-
tados até agora, permite a verificação das distribui- rem radiologicamente equivalentes ao tecido mole.
ções das doses para IMRT num ponto, (câmaras de A distribuição da dose pode ser visualizada usando
ionização), ao longo de uma linha (detectores line- equipamentos do tipo ressonância magnética (MRI),
ares) ou num plano (filmes e dispositivos bidimen- tomografia computadorizada ótica (optical-CT),
sionais). Uma maneira mais direta de verificar as tomografia por raios-X e ultrassom [33].
distribuições de doses 3D é usar a dosimetria de gel, O gel é potencialmente o dosímetro ideal que po-
na qual o hidrogênio, que faz parte da composição de integrar a distribuição espacial 3D da dose du-
do gel, registra a distribuição da dose 3D, que é lida rante uma sessão de IMRT. Este dosímetro é equiva-
por um equipamento de ressonância magnética de lente à água e pode ser construído na forma de um
imagem (MRI) [36] ou tomografia computada otica- fantoma antropomórfico, evitando efeitos externos
mente [37]. perturbadores da dose. Para uma dosimetria relativa,
Dosímetros de gel geralmente são sistemas feitos obtém-se uma exatidão da ordem de 3% (1SD) com
de duas formas: uma resolução espacial “in-slice” de 1,5mm e uma
t4PMVÎÍPRVÓNJDB DPNPBTPMVÎÍP'SJDLF POEF espessura de fatia de 5mm.
os íons de sulfato ferroso são dispersos na gelatina, O uso de dosimetria com gel pode ser realizado
agarose ou numa matriz de PVA e como resultado com sucesso para a validação da terapia em inten-
os íons ferrosos são transformados em íons férricos sidade modulada (IMAT), método de IMRT mais exi-
o que resulta numa mudança das propriedades para- gente em termos de desempenho de equipamento.
magnéticas, medida numa maquina de MRI através Um dos desafios do uso de dosimetria em gel nessa
do tempo de relaxação ou através de processos óti- situação é o grande volume de gel incorporado ao
cos. A maior limitação desta técnica está relaciona- fantoma híbrido. A dosimetria 3D com gel permi-
da à difusão dos íons após a irradiação, resultando te ainda a construção de histogramas dose-volume
numa perda de qualidade de imagem. (DVHs), que são comparáveis aos calculados.
t1PMÓNFSPT  QPS FY  i#"/( HFMw  TFOTÓWFJT Ë Neste momento, a dosimetria com gel se encon-
radiação que sofrem um processo de polimerização tra em fase de pesquisa e ainda não é aceita co-
em função da dose recebida, que resulta numa ma- mo um método de dosimetria para a validação de
triz 3D de polímeros que pode ser avaliada por um pré-tratamento, em especial devido à complexidade
sistema NMR, CT, tomografia ótica, espectroscopia envolvida no preparo e custo de produção do gel
vibracional ou ultrassom. polímero e o acesso limitado a “scanners” por MRI,
Este registro e armazenamento de distribuições além da inexistência de protocolos quantitativos.
de dose em 3D possuem vantagens interessantes so- Devido às limitações com relação ao uso de equi-
bre outros detectores como as câmaras de ioniza- pamentos de MRI, o escaneamento por CT ótico foi
ção e detectores bidimensionais incluindo o filme. proposto como alternativa [37]. Esse método tam-
Estas vantagens são importantes em especial nas bém possui suas imperfeições, como por exemplo, a
regiões de alto gradiente de dose encontradas nos introdução de artefatos de dispersão na borda. Por

139
estas e outras razões, a pesquisa continua, de forma superar essas limitações.
a desenvolver um sistema dosimétrico 3D que possa

$POTJEFSBÎÜFTmOBJT
A variedade de opções disponíveis no mercado e de forma complementar. Em muitas situações, mais
a não clareza com relação aos pontos fortes e fracos de um sistema deve ser empregado de forma que o
de cada sistema, em especial das suas indicações e principio da redundância deva ser empregado para
limitações com relação às características dos feixes garantir uma maior confiabilidade aos resultados
de radiação (energia, taxa de dose, dano pela ra- das medidas.
diação e tamanho de campo, dentre outras), torna Assim sendo, cabe ao usuário assegurar de que as
necessário uma criteriosa seleção dos sistemas, de características indicadas pelos fabricantes nos “da-
forma a garantir a qualidade do processo de medida. ta sheets”, bem como as comparações entre diversos
Como não existe um sistema ideal e completo, sistemas, não sejam apenas fruto de meros exercícios
cada sistema com suas características próprias deve de marketing comparativo, mas de dados concretos e
ser avaliado de acordo com a aplicação desejada e mensuráveis de forma repetitiva e acurada.

"OFYP-JTUBEFFRVJQBNFOUPTNÓOJNPQBSBBSFBMJ[BÎÍPEFSBEJPUFSBQJBQPS*.35

A. Equipamento Básico: (com controle da qualidade adequada) e scanner


específico para dosimetria (i.e.: Vidar Dosimetry
t&MFUSÙNFUSPEF EÓHJUPTDPNWBSJBÎÍPEFUFOTÍP
Pro Advantage, Microtek i900 etc.);
t$BCPEFCBJYPSVÓEPTFNFNFOEBTPVFYUFOTÜFT
t'JMNFTSBEJPDSÙNJDPTFTDBOOFSBEFRVBEP JF
t EVBT
$ÉNBSBTEFSFGFSFODJBUJQP'BSNFSDD Epson 10000 XL, Lumisys, Vidar Dosimetry Pro
parede e eletrodo de grafite RED etc.);
t'POUFEFSFGFSFODJBEF90Sr ou 137Cs
t"SSBOKP CJEJNFOTJPOBM EF EFUFDUPSFT UJQP
t$ÉNBSB EF QMBDBT QBSBMFMBT UJQP .BSLVT
câmara de ionização (i.e.: MatriXX/IBA, Octavius/
ou similar
PTW) ou diodos (i.e.: MapCheck/Sun Nuclear,
t#BSÙNFUSPDPNBMUBSFTPMVÎÍP Delta4 etc.);
t5FSNÙNFUSPEJHJUBMDPNSFTPMVÎÍPEFHSBV t&MFDUSPOJD 1PSUBM *NBHFS %FWJDFT &1*%
 DPN
t)JHSÙNFUSP capacidade para dosimetria.
t'BOUPNBYYDN3 t'BOUPNBTJNVMBEPSEFUFDJEP QSFGFSFODJBM
mente água sólida) constituído por placas e com
inserção própria para câmara de ionização de
B. A instrumentação adicional mínima necessá-
pequeno volume. É desejável que haja opção
ria à quem já tem implementada a radioterapia con-
para uso de heterogeneidades como alguma
formacional 3D, e pretende também realizar IMRT
forma de validação de algoritmos.
envolve:
t4PGUXBSFQBSBBOÈMJTFFDPNQBSBÎÍPEFEJTUSJ
t1BSBEPTJNFUSJBBCTPMVUBDÉNBSBEFJPOJ[BÎÍP
buições de dose bi-dimensionais medida e calcu-
cilíndrica de pequeno volume (<0.125cm³),
lada, preferencialmente através do método de
t1BSBEPTJNFUSJBSFMBUJWBTJTUFNBEFEPTJNFUSJB
função gama (i.e.: RIT113/RIT, OmniPro/IBA,
bi-dimensional:
DoseLab/SunNuclear, VeriSoft/PTW etc.).
Como mínimo, deve-se escolher um dos sistemas
t1BSBUFTUFTFTQFDÓmDPTEFDPOUSPMFEBRVBMJEBEF
abaixo:
do MLC em modo dinâmico (Sliding Window
t'JMNFT SBEJPHSÈmDPT  QSPDFTTBEPSB EF mMNFT ou Step-and-Shoot):

140
t'JMNFTSBEJPHSÈmDPTDPNBDFTTPBQSPDFTTBEP
C. Equipamentos adicionais que podem ser úteis: ra bem controlada e scanner
- Acesso periódico a fantoma de água com siste- t'JMNFTSBEJPDSÙNJDPTFTDBOOFS
ma de varredura 3D t4JTUFNBEFWFSJmDBÎÍPEJÈSJBDPNQFMPNFOPT
- Detector tipo diamante 5 detectores do tipo câmara de ionização ou
diodos.
- Câmara de ionização com cavidade preenchida
com líquido t4JTUFNBEFEFUFDÎÍPCJEJNFOTJPOBMUJQPBSSBZ
(com câmara ou diodos) e software de análise
- Acesso a dosímetros TLD e/ou Alanina (podem
de dados.
ser úteis para estudos especiais
Tipo, RIT113/RIT ou OmniPro/IBA ou DoseLab/
Sun Nuclear ou Verisoft/PTW ou similar
Equipamento adicional:
PS: Lista preparada com a colaboração de
t$ÉNBSB EF JPOJ[BÎÍP EF QFRVFOP WPMVNF
Wellington Pimenta e Roberto Sakuraba
0.125 cc ou menor

3FGFSÐODJBT
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cations. Med. Phys 33: 1005-015, 2006a.
28. Poppe B, Thieke C, Beyer D, Kollhoff R, Djougue-
la A, Ruhmann A, Willborn KC and Harder D. DAVID - a
translucent multi-wire transmission ionization chamber
for in vivo verification of IMRT and conformal irradia-
tion techniques. Phys. Med. Biol. 51: 1237-248, 2006 b.
29. Häring P, Rhein B, DKFZ Heidelberg Hochauflö-
sende 3D IMRT Verifikation mit einem Ionisationskam-
merarray;, DKFZ Heidelberg Medizinische Physik.
Jahrestagung der Deutschen Gesellschaft für Medizinis-
che Physik, 37 2006
30. Létourneau D, Gulam M, Yan D, Oldham M,
Wong JW. Evaluation of a 2D diode array for IMRT qua-
lity assurance. Radiother Oncol. 7:199-206 2004

142
8

%PTJNFUSJBiJOWJWPwFN*.35
Laura Natal Rodrigues e Claudio H Sibata

8.1 Introdução
O Comitê Internacional de Unidades e Medidas reduzir (ou pelo menos prever) tais efeitos.
de Radiação – ICRU, estabeleceu em 1976 que “to- Nesta publicação, também são especificados
dos os procedimentos envolvidos no planejamento e quais são os parâmetros que a dosimetria “in vivo”
na execução da radioterapia podem contribuir para deve incluir: medidas de dose de entrada, medidas
uma incerteza significativa na dose liberada no pa- de dose de saída, medidas de transmissão e medidas
ciente...um teste definitivo do tratamento atual dado de dose intracavitária. Geralmente, a maioria da do-
só pode ser feito pela utilização da dosimetria “in simetria “in vivo” é limitada a medidas na superfície
vivo”. Tal prerrogativa torna-se imprescindível atu- do paciente, conseguindo-se realizar os três primei-
almente tendo em vista o aumento crescente de téc- ros objetivos citados anteriormente. No entanto, é
nicas de tratamento com altas complexidade e so- possível obter informação relativa à dose no tumor
fisticação, tais como a técnica de filtros dinâmicos, ou em estruturas críticas também por medidas intra-
terapia com feixe de intensidade modulada (IMRT) cavitárias ou então utilizando a informação combi-
e assim por diante. Desta forma, a verificação do nada das medidas de dose de entrada e de saída para
tratamento torna-se mandatória como uma rotina uma estimativa da dose absorvida no tumor [2].
de controle da qualidade. A avaliação individual das
O impacto da dosimetria “in vivo” na prática
doses nos pacientes aumentou consideravelmente
clínica tem sido demonstrado em vários estudos
devido aos seguintes fatores:
[3,4,5,6], assim como as vantagens e melhorias no
t&RVJQBNFOUPNBJTDPNQMFYP/BEVQMBNPEB- tratamento para um paciente individual [7].
lidade de um acelerador linear (feixes de fótons e
tCMJOEBHFNFCØMVTQPEFNTFSBMUFSBEPT
elétrons) um número maior de fatores pode falhar
tFTQBÎBNFOUPEPDBNQPFÉOHVMPTEFJODJEÐO-
comparativamente aos de uma unidade de Cobal-
cia podem ser ajustados;
to-60;
tEFUFSNJOBÎÍPEBEPTFiCPPTUw DPNQMFNFOUBS

t5ÏDOJDBT NBJT EJGÓDFJT "T EJTUSJCVJÎÜFT USJEJ-
mensionais de dose são mais difíceis de serem pre- Além disto, os resultados da dosimetria “in vivo”
vistas do que a radioterapia convencional. Além também podem ter um impacto geral:
disto, o uso da terapia conformacional com as suas tUÏDOJDBTEFUSBUBNFOUPRVFMFWBSBNËQSPCMF-
margens próximas ao tumor, requer uma verificação mas repetidos durante a verificação da dose podem
maior do tratamento; ser alteradas;
t%PTFNFOPSOPTUFDJEPTOPSNBJT$PNPDSFT- tEBEPTVTBEPTOPQMBOFKBNFOUPQPEFNTFSSFWJTUPT
cente acompanhamento dos pacientes de radiote- tBEPTJNFUSJBiJOWJWPwQPEFTFUPSOBSVNQSP-
rapia e com as taxas de sobrevida aumentadas, os cedimento padrão em certas técnicas de tratamento.
efeitos colaterais da radioterapia tornam-se mais
visíveis. A dosimetria in vivo pode contribuir para

143
Os custos da dosimetria “in vivo” podem variar geral o de ±5%. Para se determinar dose com uma
de acordo com o sistema dosimétrico adotado (siste- incerteza de ±5% é necessário determinar a resposta
ma de diodo, dosímetro termo luminescente) apesar do diodo semicondutor a diversos parâmetros físi-
destes custos serem baixos com o benefício de ve- cos. A resposta em função da distancia de tratamen-
rificar e registrar o fato de que um tratamento foi to é um dos mais importantes, devido a influencia
realizado de acordo com o planejado. da radiação espalhada na resposta do diodo [6]. Nes-
Embora vários dosímetros possam ser utilizados te estudo, foi verificado que a maioria das medidas
em dosimetria “in vivo” , diodos têm substituído do- “in vivo” pode ser determinadas dentro de ±5%, mas
símetros termoluminescentes devido a sua facilidade ainda assim algumas medidas podem ter desvios de
de uso, resposta em tempo real, custo e conveniência. até ±10% conforme demonstrado na Figura 1. Nes-
Outros dosímetros mais modernos estão agora substi- te estudo, a resposta dos diodos com relação a dis-
tuindo os diodos semicondutores como, por exemplo, tancia de tratamento, filtros em cunha utilizados,
o MOSFET e sendo o mais recente deles o dosímetro tamanho de campo e bandejas de tratamento foram
luminescente de estimulo cóptico (OSLD) [8]. determinados, quando os diodos foram calibrados
para uma distancia de tratamento de 100cm, campo
Na utilização de dosimetria in vivo é comum se
1010cm2, sendo a resposta do diodo semicondutor
determinar um intervalo de aceite de resposta com-
comparada com a dose na profundidade máxima
parada com a dose prevista com valor típico em
nas condições de calibração.
Desvio Relativo

Número de Campos
Figura 1. Medidas “in vivo” em pacientes avaliados com diodos semicondutores calibrados e corrigidos
com relação a distância de tratamento, filtros em cunha, tamanho de campo e bandejas de tratamento.

A resposta do diodo varia com estas condições do semicondutor é trabalhoso, a calibração do dio-
devido ao espalhamento que é diferente quando do semicondutor pode ser feita a uma distancia de
um filtro em cunha está é presente ou quando a 90 cm ao invés de 100 cm, que é mais próximo as
distancia de tratamento é menor do que 100 cm, que medidas sendo feitas clinicamente. Ainda assim, é
é normalmente a maioria dos casos. necessário avaliar a resposta com relação aos filtros
Como um estudo completo da resposta do dio- em cunha e bandejas de tratamento.

144
.FEJEBTiJOWJWPwFN*.35
Embora a dosimetria “in vivo” com diodos ou sentido de dose. A diferença de dose pode ser devido
outros dosímetros seja um bom indicador da dose a um erro no posicionamento do detector em relação
dada ao paciente, ela é avaliada somente em um aos feixes de tratamento.
ponto. Uma determinação da dose num plano de sa- Recentemente, um detector de transmissão [19,20]
ída é possível utilizando se filmes [9] e mais recen- mostrado na Figura 2, tem sido utilizado em medidas
temente com EPIDs [10,11,12,13,14]. de transmissão em tratamentos de IMRT. Neste caso,
Dosimetria intracavitária com diodos [14], TLDs o detector é posicionado na posição da bandeja acele-
[15], ESR/alanina [16] e mesmo câmaras de ioniza- rador linear, mesma posição dos acessórios utilizados
ção [17] tem sido feita para técnicas de IMRT. Me- clinicamente. Este detector é uma câmara de ionização
dida in vivo com MOSFETs [18] na superfície foi de múltiplos fios (multi-wire) translucido. Cada fio é
também utilizado com técnicas de IMRT. Um pro- ajustado exatamente ao longo do meio do par de fo-
blema comum em medidas “in vivo” em ponto é a lhas que está associado a ele. Desta forma, a leitura
determinação da posição do detector com exatidão da câmara de ionização para aquela posição está as-
para que uma comparação direta entre as doses faça sociada ao par de folhas.

Figura 2. Câmara de transmissão multifios (David) PTW.

&YQFSJÐODJBDMJOJDBDPNNFEJEBTiJOWJWPwEFTBÓEBVUJMJ[BOEP&1*%T
Medidas da dose de saída no paciente “in vivo” pesquisa de medidas “dose” de saída, especificamen-
utilizando o EPID é o método de medida ideal a ser te para tratamentos com IMRT, nas clinicas da 21st
utilizado diariamente, pois que ela verifica em tem- Century Oncology nos EUA [21] esta técnica está
po real a dose dada (delivered) é a que foi planejada. sendo utilizada na maioria dos pacientes tratados
Qualquer variação com relação ao planejamento fei- nas 96 clinicas desde 2006. Somente os pacientes
to é determinada em relação a dose esperada. tratados com Cyberknife e aceleradores lineares sem
Embora o uso de EPIDs tenha sido utilizado em EPIDs não são avaliados diariamente em termos de

145
medidas de dose de saída. No caso da Tomoterapia, verificado pessoalmente pelo radioterapeuta sendo
é possível de se utilizar os detectores internos da a imagem cuidadosamente verificada e comparada
unidade e medir a dose. com o DRR (radiografia reconstruída digitalmente)
Além deste projeto, o único existente clinica- determinada pelo sistema de planejamento para o
mente é o do Departamento de Radio Oncologia do campo de radiação que está sendo tratado. Esta ima-
Netherlands Cancer Institute-Hospital Antoni van gem então aceita pelo radioterapeuta será utiliza-
Leeuwenhoek Hospital em Amsterdam [13]. da na comparação com as imagens diárias obtidas.
Uma média de cinco imagens em geral utilizada
A Figura 3 mostra o esquema utilizado nas medi-
para fins de comparação.
das “in vivo” com o EPID nas clinicas da 21st Cen-
tury Oncology. Um dos problemas com esta técnica Esta comparação é efetuada pelo dosimetrista
é que os sistemas de planejamento não calculam a utilizando o conceito de Função Gama, com 3% de
dose de saída. Para evitar este problema, no esquema dose e 3 mm DTA para no mínimo 95% de pontos.
de tratamento do paciente, o primeiro tratamento é Quando a comparação falha, o Físico compara cada
imagem e determina qual o motivo da falha.

A Figura 3 apresenta exemplo de fluxo relativo às medidas


“in-vivo”.

146
A Figura 4 - Identificação das possíveis falhas

147
Por exemplo, o EPID pode estar descalibrado ou na Figura 5, resultado de problemas de resposta com
desalinhado. Um exemplo desta falha é apresentado uma banda de detectores que exigiu uma re-calibração.

Figura 5. Problemas com o EPID refere-se a uma banda dos detectores com problemas de resposta.

As possíveis causas da falha estão listadas na colunas 2 e 3 da Figura 4, as ações do Físico e Ra-
coluna a direita da Figura 4, embora outras causas dioterapeuta são registrados. A Tabela 1 mostra em
não estão listadas possam contribuir para a falha geral quais os motivos de falha registrados em uma
e no caso são documentados nos comentários. Nas clínica.

Tabela 1. Causas de falha em Medidas de dose de saída com EPID.


t#BSSBTEFTVQPSUFEBNFTBEFUSBUBNFOUP iDBS devido ao posicionamento da superfície da
CPOmCFSw
pele ou “flash”.
› Na entrada e/ou saída do feixe. › Ocorre mais frequentemente com campos
com interfaces entre ae e tecido.
› Mais comum com próstatas, supraclav. e PAB
› Ombro na saída do feixe em campos de
› Tipicamente para “gantry” a 180° ou 0°.
cabeça e pescoço.
t5SJMIPTEB.FTBEFUSBUBNFOUP NFUBM

› Posicionamento do braço e axila no caso de
› Na entrada e/ou saída do feixe.
mama e parede torácicas.
› Mais comum em modelos mais antigos. t7BSJBÎÍPBOBUÙNJDBJOUFSOB
t1PTJDJPOBNFOUPEP1BDJFOUF
› Gás no intestino.
› Mais comum em mama e parede torácica
› Posição anatômica óssea.

148
Uma das falhas detectadas é o erro de correção resultando num erro de posicionamento para aquela
devido ao IGRT apresentado na Figura 6. Neste ca- fração de tratamento.
so, a posição da paciente foi feita na direção errada,

Figura 6. Erro de IGRT, correção feita na direção errada.

Outro exemplo seria o aparecimento dos trilhos de Neste caso, o tratamento em si está correto, mas os
suporte da mesa de tratamento, especialmente em uni- trilhos causam falha na analise das imagens.
dades de terapia mais antigas conforme a Figura 7.

Figura 7. Trilhos da mesa de tratamento na saída do feixe.

Com relação ao erro de posicionamento, ela rante o tratamento Figura 8, e no caso de cabeça e
aparece frequentemente em casos de tratamento de pescoço quando o ombro aparece na saída do feixe
mama ou parede torácica em que o “flash” varia du- de tratamento Figura 9.

149
Figura 8. Diferenças em “flash” e posicionamento do pulmão

Figura 9. Ombro no feixe de tratamento da laringe.

$PODMVTÍP
Medidas “in vivo” realizadas num ponto de me- ciente, em caso de variação de dose no campo como
dida é possível de ser realizada com uma incerte- no caso de IMRT é necessário medir a dose em um
za da ordem de ±5% desde que fatores de correção plano de tratamento. Medidas de dose de saída uti-
sejam determinados de forma adequada. A Inter- lizando um EPID podem ser utilizadas nestes casos.
pretação das medidas é importante, uma vez que, Medida de dose “in vivo” com o EPID é possível
dependendo do dosímetro utilizado, medidas perto de ser feita em grande escala tal como o projeto da
da superfície e na profundidade de máximo podem 21st Century Oncology se conFigurando como um
ser obtidas. método de grande futuro para garantir a qualidade
Embora medidas “in vivo” em um ponto de me- dos tratamento utilizando tecno0logias complexas
dida sejam um bom indicador da dose dada ao pa- como IMRT.

150
8.5. Referências

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gorithm for 3D in vivo EPID dosimetry of IMRT treat-
ments. Med Phys. 36:3310-21.2009

151
152
9a

1SPHSBNBEF(BSBOUJBEB2VBMJEBEF
FN*.35$POTJEFSBÎÜFT(FSBJT
Roberto Salomon de Souza

9a.1 Introdução

Segundo a ISO [1], garantia da qualidade são to- exigências de qualidade são atendidas e para ajustar
das aquelas ações sistemáticas e planejadas neces- e corrigir o desempenho em caso contrário.
sárias a fornecer a confiança adequada de que um Ainda segundo a IAEA [3] toda instituição deve
produto ou um serviço irão satisfazer as exigências passar por uma Auditoria da Qualidade, realizada
para a qualidade. Em radioterapia, garantia da qua- por profissionais não pertencentes à instituição, que
lidade são todos os procedimentos que asseguram consiste em uma avaliação do programa interno de
a consistência da prescrição médica e a realização garantia da qualidade, ou parte dele, verificando a
segura dessa prescrição, com respeito à dose no vo- adequação dos dados que a instituição utiliza na
lume alvo, junto com mínima dose nos tecidos nor- determinação da dose dada aos pacientes, poden-
mais, exposição mínima dos trabalhadores e moni- do estender-se até verificações de procedimentos
toração adequada do paciente [2]. clínicos, de planejamento, etc. Estas auditorias po-
Segundo a IAEA [3], a responsabilidade do de- dem ser realizadas utilizando-se diferentes mecanis-
senvolvimento de um Programa de Garantia da mos: intercomparações postais, visitas aos centros
Qualidade em Radioterapia é da própria instituição, de radioterapia, etc. No Brasil, a ANVISA (Agência
devendo ter meios para garantir que a qualidade dos Nacional de Vigilância Sanitária) determina que as
serviços oferecidos se mantém dentro dos limites instituições passem por uma avaliação externa de
admitidos internacionalmente e dispondo de meca- qualidade a cada quatro anos [4]. No caso de verifi-
nismos necessários para corrigir desvios que possam cação de resultados dos processos de medida e Con-
resultar em detrimento do paciente. Tal programa trole da Qualidade, deve-se utilizar instrumentos de
deverá ser escrito como um Manual de Garantia medida e metodologia independentes daqueles que
da Qualidade e detalhar o Controle da Qualidade, se usa na instituição [3].
incluindo os testes, procedimentos, frequência de Para a OMS [5], cinco áreas principais podem ser
realização destes testes, critérios de ação, documen- identificadas relativas aos aspectos técnicos e físicos
tação requerida e a especificação detalhada das pes- do controle de qualidade em radioterapia. São elas:
soas responsáveis por cada ação. aspectos mecânicos e geométricos dos equipamen-
Neste contexto o Controle da Qualidade em Ra- tos de teleterapia e simuladores, dosimetria, siste-
dioterapia é o processo regulador com que o real mas de planejamento do tratamento, braquiterapia
desempenho da qualidade é medido, comparado e segurança. Ela fornece também uma lista de testes
com os padrões existentes e as ações necessárias a serem efetuados e as respectivas tolerâncias reco-
para manter ou recuperar a conformidade com os mendadas. Nesse sentido, há vários protocolos que
padrões [2]. É relacionado com as técnicas opera- podem formar a base de um programa de garantia
cionais e as atividades usadas para verificar se as da qualidade [3,6,7,8,9,10,11,12,13,14], publicados

153
por organizações nacionais e internacionais. No en- devem ser realizados para os parâmetros relaciona-
tanto, ainda não há um consenso sobre quais testes dos à IMRT [15].

Figura1. Documentos típicos publicados sobre o tema.

B"3BEJPUFSBQJBEF*OUFOTJEBEF.PEVMBEB *.35

A IMRT é uma técnica de tratamento que re- comissionamento e controle de qualidade dos equi-
quer consideráveis recursos financeiros e humanos pamentos de IMRT [16,17].
altamente qualificados dentre eles; físicos, radio- A importância deste tipo de programa de verifica-
terapeutas, técnicos de radioterapia e engenheiros. ção foi demonstrada a partir da avaliação indepen-
Além disso, o uso na rotina clínica dessa modalida- dente de dose feita pelo RPC (Radiological Physics
de complexa de tratamento requer um extensivo e Center) nas instituições que desejavam participar do
demorado programa de teste de aceitação, comissio- protocolo de IMRT do RTOG (Radiation Therapy On-
namento e garantia da qualidade. cology Group), onde 1/3 de todas as irradiações rea-
O estado da arte da IMRT por volta de 2003 co- lizadas pelas 128 instituições participantes falharam
bria numerosos aspectos técnicos, físicos e clínicos no critério de 7% de desvio da dose prescrita e 4 mm
e os trabalhos enfatizavam a importância da reali- no DTA (dose-to-agreement) na região de alta dose
zação de um programa global de testes de aceitação, próxima aos órgãos de risco [15].

154
9a.3 Programa Integral de Garantia da Qualidade em IMRT
Em principio um Programa Integral de Garantia lidade dos parâmetros de tratamento da máquina;
da Qualidade deve incluir testes nas três fases dis- 3. Validação específica de planos de tratamento e
tintas do processo de planejamento e deposição da posicionamento para cada paciente;
dose no paciente tratado com IMRT [16,18]:
Quando essas três fases do processo são estabe-
1. Testes de aceite e comissionamento dos siste- lecidas como parte de um procedimento uniforme,
mas de planejamento do tratamento e de distribui- estável e executadas conforme este procedimento,
ção de dose; pode-se ter a garantia de que as distribuições de do-
2. Processo contínuo (rotina) de controle da qua- se planejadas serão entregues conforme planejadas.

B5FTUFTEF"DFJUFF$PNJTTJPOBNFOUP
Como é feito em todos os equipamentos e novas magnitude dos testes necessários, tanto das questões
técnicas implantadas em radioterapia, antes de seu específicas de aspectos de IMRT e de não-IMRT, a
uso clínico é necessário realizar os testes de acei- coordenação dessas atividades com o fabricante é
te do equipamento e/ou do “software” bem como o extremamente importante [15].
seu comissionamento. Devido à complexidade e a

9a.3.2 Controle da Qualidade de Rotina em IMRT


O controle da qualidade em IMRT não envolve e que requerem testes e tolerâncias diferentes dos
somente os parâmetros diretamente ligados à mo- recomendados para as máquinas que realizam trata-
dulação da intensidade do feixe como a variação na mentos convencionais.
taxa de dose e os aspectos relacionados ao posicio- Segundo as orientações práticas para IMRT do
namento das lâminas do MLC (multileaf collimator), American College of Radiology - American Society
mas também os parâmetros gerais da máquina como for Radiation Oncology [20], uma diferença funda-
linearidade das câmaras monitoras, constância da mental na deposição da dose com IMRT em relação
taxa de dose, alinhamento dos lasers, isocentros de à terapia convencional esta relacionada a precisão
radiação, tamanhos de campo etc. mecânica do MLC. A precisão da dose administrada
O Report nº 142 da AAPM [14], traz uma lista depende da precisão da posição da folha individual
completa dos testes que devem ser realizados nos e da abertura das folhas do MLC. Desta forma, é es-
aceleradores clínicos, levando em consideração as sencial incorporar o controle da qualidade de rotina
especificidades de cada fabricante bem como o tipo do MLC no programa de garantia da qualidade da
de tratamento realizado (TBI, IMRT, SRS, SBRT, etc.) instituição.

9a.3.2.1 Controle da Qualidade do MLC


A radioterapia de intensidade modulada é ho- MLC que têm a ponta das lâminas arredondadas. No
je realizada, nos aceleradores lineares de elétrons, entanto, a precisão do posicionamento das lâminas
utilizando-se vários campos estáticos moldados por e a transmissão do feixe entre e através dessas lâ-
colimadores multifolhas (SMLC - segmented MLC ou minas, são testes que não podem ser excluídos do
step-and-shoot) ou através da distribuição de dose programa de controle de qualidade dos MLC [17].
em campos dinâmicos conformados também pelos Independentemente do tipo de IMRT realizado
colimadores multifolhas (DMLC – dynamic MLC ou no equipamento, o MLC é muito exigido, particular-
sliding window). A particularidade de cada equipa- mente no que diz respeito aos motores das lâminas,
mento influencia nos testes de controle de qualidade que têm uma maior importância quando se trata de
que devem ser realizados, como, por exemplo, os IMRT dinâmica, já que não só o posicionamento

155
das lâminas importa, mas também a velocidade de alização de um subconjunto dos testes de comissio-
movimento e o efeito de aceleração e desaceleração namento regularmente (Podgorsak, 2005).
dessas lâminas. Uma boa abordagem pode ser a re-

B0$POUSPMFEB2VBMJEBEFEP1BDJFOUF
Uma parte importante e largamente utilizada na se pode assegurar que durante todas as frações do
garantia da qualidade do tratamento com IMRT é o tratamento, que por vezes duram mais de um mês,
controle de qualidade específico para cada pacien- a distribuição de doses será reprodutível pelo ace-
te, embora considerado desperdício de tempo e de lerador, bem como não preveniu a falha de 1/3 de
recursos por uma corrente de físicos médicos [21]. todas as irradiações realizadas pelas 128 instituições
Essa corrente considera que, para os tratamentos no processo de credenciamento do RTOG usando os
conformacionais 3D também não há recomenda- fantomas do RPC [15].
ções de controle de qualidade específico para cada O controle da qualidade específico para cada
paciente e que, igualmente, pode falhar com con- paciente é feito através da dosimetria de cada um
sequências fatais. Considera também que, mesmo dos campos de tratamento irradiados com a inclina-
com as medidas específicas para cada paciente, não ção do “gantry” a zero grau.

Figura 2. Arranjo experimental para o controle da qualidade em IMRT nos primeiros


anos de implementação.

Nos primeiros anos de implementação da IMRT, A comparação entre a distribuição de dose pla-
se utilizava-se basicamente uma câmara de ioniza- nejada e a depositada no filme era feita pelo ob-
ção cilíndrica de 0,6cm3 de volume sensível (para servador e só mais tarde surgiram os softwares de
determinação da dose absorvida) e um filme radio- comparação de dose que utilizam o “gamma index”
gráfico dosimétrico (para determinação da distribui- como parâmetro de comparação entre as distribui-
ção relativa da dose) inseridos em um fantoma de ções de dose. Os filmes possuem uma excelente ca-
placas de água sólida. racterística para o controle de qualidade em IMRT

156
que é a resolução espacial. Com o surgimento dos tuindo os filmes e os “scanners” no controle de qua-
filmes radiocrômicos acrescentou-se a vantagem de lidade em IMRT. Embora tenham um impacto inicial
não se necessitar mais de revelação, o que repre- maior no orçamento das clínicas de radioterapia
sentou a substituição dos filmes radiográficos, mas em relação aos filmes radiocrômicos, têm a vanta-
não dos “scanners”, que também necessitam de um gem de poderem ser utilizados não só no controle
controle de qualidade. A principal desvantagem da de qualidade em IMRT, como também no controle
dosimetria com filmes é o cuidado que o físico mé- de qualidade diário dos feixes de radiação do ace-
dico deve ter nos procedimentos se o objetivo é for a lerador. Medem não só parâmetros relativos como
determinação absoluta e não relativa da dose. também a dose absorvida no eixo central e fora dele
Recentemente os “arrays” (matrizes de detetores) e não possuem prazo de validade para utilização,
de câmaras de ionização ou de diodos vêm substi- como os filmes.

Figura 3. Comparação entre as distribuições


de dose do sistema de planejamento e do
filme de controle da qualidade em software
de análise.

Os “arrays” apresentam excelentes características Há um grupo de físicos médicos cuja preferên-


em termos de linearidade, repetitividade e indepen- cia pelas matrizes de diodos se baseia na resolução
dência da resposta com a taxa de dose, mas, devi- espacial ser muito próxima à do filme e a precisão
do ao número limitado de detectores, apresentam da região de penumbra, que é devido ao pequeno
pior resolução espacial em relação aos filmes [22]. volume dos diodos em relação às câmaras de ioniza-
Assim, os fabricantes inicialmente concentraram ção. Entretanto, os dois tipos de “arrays” vêm apre-
seus esforços no sentido de aumentar a densidade sentando excelentes resultados quando comparados
de detectores na matriz, aumentando a quantida- com a distribuição planar de dose calculada pelos
de e diminuindo o espaço entre os mesmos. Porém, sistemas de planejamento do tratamento.
verificou-se que o aumento do número de detectores Embora os estudos tenham encontrado bom de-
melhorava a resolução espacial somente até certo sempenho desses equipamentos, as instituições que
ponto, além do qual saturava de informação sem os utilizam para o controle de qualidade específico
trazer melhoras na resolução espacial [23,24]. do paciente devem validá-los antes do uso clínico e
A discussão hoje se concentra em que tipo de incluí-los no programa de controle de qualidade dos
“arrays”, os de câmaras de ionização ou os de dio- instrumentos de medição, para monitorar periodica-
dos, traz vantagens para a avaliação das distribui- mente o seu desempenho.
ções de dose em IMRT [25].

157
Figura 4. Mapas de dose produzidos com “array” de câmaras, EPID e de diodos.

Outra forma de se realizar o controle da quali- mo dispositivos de imagem e não como dosímetros,
dade específico para o paciente é utilizar os EPID existem “softwares” no mercado desenhados para
(Electronic Portal Imaging Devices), que possuem usá-los como instrumento de controle da qualidade
grande área ativa, densidade de dados de alta re- em IMRT. Cabe lembrar que também é necessário a
solução e eficiência. Embora sejam concebidos co- sua validação para uso clínico [26,27,28].

B$PODMVTÜFTF3FDPNFOEBÎÜFT'JOBJT
Independente do cenário existente na instituição alizar os testes após o equilíbrio térmico e elétrico dos
que pretende implementar a técnica de IMRT, não se mesmos, em momento adequado e sem pressa, quando
deve perder de vista a implementação simultânea de o acelerador linear estiver liberado para essa tarefa.
um Programa de Garantia da Qualidade, com a elabo- Independentemente da instrumentação disponível
ração do Manual de Garantia da Qualidade, onde de- na instituição, os equipamentos de medida sempre
vem estar detalhadas as três fases do processo: 1) aceite devem ser alocados em ambiente de baixa humida-
e comissionamento; 2) controle de qualidade de rotina de e temperatura e constantemente devem ser testados
e; 3) validação específica dos planos de tratamento e quanto à constância do fator de calibração, linearidade
posicionamento para cada paciente. É preciso prever da resposta e fuga, quando for o caso.
também a realização de auditorias externas de quali- Os erros encontrados durante o processo de con-
dade, para imprimir maior confiabilidade ao processo. trole da qualidade, nunca devem ser escondidos e após
Deve-se ter em mente que novas tecnologias sem- corrigidos, devem servir como elemento de reeducação
pre requerem um maior controle da qualidade. Ao não dos profissionais envolvidos.
se seguir as recomendações contidas nos guias e pro- Portanto, deve-se conhecer profundamente seus
tocolos nacionais e internacionais, corre-se o risco de equipamentos, seus instrumentos de medida e as re-
aumentar a incidência de erros em radioterapia, culmi- comendações de controle da qualidade para cada um
nando em acidentes [28, 29]. deles. Afinal de contas, tudo isso é feito com o único
Para o controle da qualidade deve-se sempre obser- objetivo, que nunca deve ser esquecido, que é oferecer
var a adequação do equipamento à medida que se pre- o melhor tratamento ao paciente.
tende efetuar, (ver anexo 1, capítulo 7) procurando re-

158
9a.6 Referências

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160
C

1SPHSBNBEF(BSBOUJBEB2VBMJEBEFFN
*.35&TQFDÓmDPQPS1BDJFOUF
Tatiana Midori M. Telles Alves e Wellington F. Pimenta Neves Junior

9b.1 INTRODUÇÃO
Os planos de radioterapia com intensidade mo- particularidades de cada caso. A Figura 1 apresenta
dulada do feixe (IMRT) são construídos através de o fluxograma para o controle da qualidade de IMRT
um processo de planejamento inverso, e utilizam específico por paciente, cujas etapas serão descritas
fluências não uniformes para gerar distribuições de a seguir:
dose altamente conformadas nos volumes-alvo e
poupar tecidos normais e órgãos em risco [1]. Es-
ses planejamentos demandam controle da qualidade
(CQ) extremamente rigoroso e específico, principal-
mente porque:
› o planejamento inverso é um processo de
cálculo automatizado que gera distribuições
de dose muito complexas;
› a existência de altos gradientes de dose pró-
ximos a órgãos em risco torna crítico qual
quer erro;
› a dose em um ponto não caracteriza a com
posição final da distribuição;
› é preciso checar se o acelerador linear é ca-
paz de realizar corretamente a entrega da
dose, no local certo com a distribuição de
dose planejada. Figura 1. Fluxograma do controle de qualidade de IMRT es-
O CQ de planejamentos específico por paciente é pecífico por paciente.
um processo fundamental para a segurança dos tra-
tamentos com IMRT, pois envolve todas as etapas,
desde o cálculo até a entrega da dose, incluindo as

161
C.BUFSJBJT/FDFTTÈSJPTQBSBP$2EF*.35
Vários materiais podem ser utilizados para realizar ou outro material equivalente à água, como polimetil-
o controle de qualidade de IMRT específico por pacien- metacrilato (PMMA, acrílico), e deve permitir medidas
te [2], e envolvem principalmente o uso de filmes com centrais pontuais com câmara de ionização e medidas
câmara de ionização ou de um arranjo bidimensional planares com filme em plano coronal como padrão, ou
de detectores (ver Anexo 1 Cap.7). ainda oferecer a opção de utilizar os planos sagital e
Os fantomas para realizar o controle da qualidade axial (Figura 2). A câmara de ionização deve possuir
de IMRT com filme e câmara de ionização devem ser volume sensível menores ou iguais a 0,125cm3 [3], ade-
compostos preferencialmente por placas de água sólida quadas para realizar medidas nos altos gradientes de
dose gerados por planejamentos com IMRT.

Figura 2. Exemplos de fantomas para controle de qualidade de IMRT com filme e câmara de ionização compostos
por (a) placas de água sólida e (b) placas de polimetilmetacrilato.

O filme utilizado para obter a distribuição de des associadas à revelação dos filmes radiográficos
dose planar pode ser radiográfico ou radiocrômico. e os problemas com a homogeneidade dos filmes
Apesar de possuírem excelente resolução espacial radiocrômicos e sua dependência com a energia do
– característica apropriada para registrar os altos feixe [4]. Além disso, para que o filme irradiado se-
gradientes de dose gerados por planejamentos com ja convertido em um plano de distribuição de dose,
IMRT –, os filmes podem apresentar desvantagens também serão necessários um filme de calibração e
tais como a não equivalência à água, as dificulda- um scanner adequado (Figura 3).

Figura 3. Exemplos de filmes (a) radiográficos, (b) radiocrômicos e exemplos de scanners utilizados para obtenção
da distribuição de dose: (c) Vidar Dosimetry Pro Advantage e (d) Epson Expression 10000XL.

162
Os arranjos bidimensionais de detectores represen- na realização desse processo na rotina clínica.
tam uma alternativa para substituir o uso de filmes e Várias opções de arranjos bidimensionais de de-
câmara de ionização única no controle da qualidade de tectores são atualmente oferecidos no mercado, tanto
IMRT específico por paciente, com a intenção de eli- compostos por câmaras de ionização quanto por diodos
minar as dificuldades associadas ao uso dos filmes e em diversos números e conFigurações, conforme ilus-
diminuir o tempo gasto pelos profissionais envolvidos tram os exemplos da Figura 4.

Figura 4. Exemplos de arranjos bidimensionais de detectores para controle de qualidade de IMRT específico por paciente.

Os arranjos bidimensionais de detectores apre- dimensionais de detectores no controle de qualidade


sentam a clara desvantagem da menor resolução es- de IMRT, no entanto, estas têm como desvantagem
pacial em relação aos filmes, além de dependência o fato de se ter uma montagem mais complicada
angular [5]. e menos reprodutível. Como opção, os fabricantes
As placas de água sólida ou polimetilmetacrilato, desses arranjos oferecem fantomas específicos para
convencionalmente usadas com filmes, também po- cada um deles, conforme ilustram os exemplos da
dem ser empregadas em conjunto com arranjos bi- Figura 5.

Figura 5. Exemplos de fantomas especiais para o uso com arranjos bidimensionais de detectores.

163
Deve-se ter em mente que o arranjo experimen- com filmes ou com um arranjo bidimensional de de-
tal utilizado deve ser prático de montar, fácil de ali- tectores e também para posterior comparação destas
nhar e cujo posicionamento seja reprodutível entre com as distribuições de dose calculadas, é necessário
a tomografia e as irradiações. o uso de um software apropriado. A Figura 6 apre-
Para obtenção da distribuição de dose medida senta alguns exemplos comercialmente disponíveis.

a) Verisoft (PTW)

b) OmniPro

164
c) Sun Nuclear

Figura 6. Exemplos de softwares comercialmente disponíveis para obtenção e comparação das distri-
buições de dose (a) VeriSoft (PTW), (b) OmniPro I’mRT (IBA Dosimetry) e (c) SNC Patient (Sun Nuclear).

C1SPDFEJNFOUPT/FDFTTÈSJPTQBSB0CUFOÎÍPEB%JTUSJCVJÎÍPEF%PTF$BMDVMBEB
Uma vez escolhido o fantoma, é recomendável rigor, devendo ser de aproximadamente 1-2 mm, no
obter imagens de tomografia computadorizada para máximo. Além disso, a espessura de corte determi-
modelar o melhor possível todos os detalhes do sis- nará a resolução longitudinal da matriz de cálculo
tema de medida, Figura 7. Todavia, existem sistemas da distribuição de dose, uma vez que a maioria dos
que podem ser artificialmente modelados no sistema sistemas de planejamento não permite interpolação.
de planejamento e outros que geram muitos artefa- Caso seja utilizada uma única câmara de ioniza-
tos na imagem de tomografia – portanto é necessá- ção, a tomografia é realizada com esta em posição,
rio avaliar qual a melhor opção a ser seguida. inserida no fantoma, para que seu volume sensível
Para obtenção das imagens, o fantoma deve estar possa ser delineado posteriormente. Caso a câma-
bem alinhado e marcadores radiopacos podem ser ra seja também uma fonte de artefatos de imagem
utilizados, Figura 8, para facilitar a posterior identi- muito grande, pode ser considerado realizar a to-
ficação do centro de referência do detector (câmara mografia sem a mesma inserida na cavidade – no
de ionização ou arranjo bidimensional de detecto- entanto, no momento da delineação, levar em conta
res). A espessura e espaçamento dos cortes tomo- todos os detalhes da geometria do detector, mode-
gráficos devem ser pequenos o suficiente para que o lando o mais próximo possível do real.
volume sensível do detector seja caracterizado com

165
Figura 7. Arranjo bidimensional de câmaras de ionização Ma-
triXX Evolution no fantoma próprio MULTICube alinhado para
obtenção das imagens de tomografia computadorizada.

As imagens de tomografia computadorizada são lineados, tais como o contorno externo e o volume
enviadas para o sistema de planejamento, onde o sensível da câmara de ionização – que deve ser cor-
centro do detector é identificado e os volumes de- roborado com o volume sensível nominal da câmara.

Figura 8a. Imagens de tomografia do fantoma de placas de água sólida com câmara de ionização com destaque para os
marcadores radiopacos que indicam o centro da câmara.

166
Figura 8b. Imagens de tomografia do fantoma MULTICube com o arranjo bidimensional de câmaras de ionização MatriXX
Evolution, cujo centro é indicado pela cruz verde.

O planejamento apresentado a seguir como ding window, com energia de 6 MV, doses de 54 e 70
exemplo é o do caso clínico 6: planejamento de oro- Gy em 33 frações. A distribuição de dose do plane-
faringe composto por sete campos com IMRT tipo sli- jamento aprovado encontra-se na Figura 9.

Figura 9. Distribuição
de dose do planeja-
mento de orofaringe
cujas prescrições são 54
e 70 Gy em 33 frações,
composto por sete
campos com IMRT tipo
sliding window, com
energia de 6 MV.

167
O planejamento do paciente (com respectivos ferido para a tomografia ou modelo do fantoma,
ângulos de gantry, colimador e mesa, mesmos mo- Figura 10, onde a nova distribuição de dose é cal-
vimentos de lâminas e unidades monitoras) é trans- culada.

Figura 10. Transferência do planejamento do paciente para a tomografia do fantoma, com respectivos ângulos de gantry,
colimador e mesa, mesmos movimentos de lâminas e unidades monitoras.

Nessa transferência, alguns aspectos podem va- - com os ângulos de gantry, colimador e mesa iguais
riar de serviço para serviço, pois o CQ de IMRT es- aos do planejamento do paciente ou zerados.
pecífico por paciente pode ser feito, por exemplo: As opções de exportação estão também exem-
- para cada incidência de campo separadamente ou plificadas na Figura 11.
para o plano composto por todos os campos;

Figura 11. Exemplos de opções durante a transferência do planejamento do paciente para a tomografia do fantoma (sis-
tema de planejamento Varian Eclipse®).

168
A opção por fazer o CQ individual de cada cam- das lâminas do MLC com o efeito da gravidade (que
po, ou composta (todos os campos juntos) depende depende do ângulo de gantry), todas as demais in-
da rotina de cada serviço. A primeira opção tem como certezas mecânicas (isocentro de gantry, colimador,
desvantagens o fato de ser mais trabalhosa e deve-se etc) e possíveis variações dosimétricas que podem
atentar para situações em que a dose do campo é muito ocorrer em função do ângulo de gantry. Já ao utili-
baixa, o que pode gerar problemas na relação sinal/ru- zar a segunda opção, tem-se como vantagem o fa-
ído; esta opção, porém, possibilita isolar melhor o pro- to de evitar problemas de dependência angular dos
blema e analisar o comportamento de entrega de dose detectores utilizados (principalmente no caso dos
com maior detalhe e rigor. A opção do CQ composto é arranjos 2D), além de ser uma opção mais prática
mais prática e mais próxima da situação da irradia- e rápida.
ção do paciente (principalmente quando são usados No fantoma de placas de água sólida com uma
os ângulos nativos), mas tem como desvantagem única câmara de ionização, o isocentro do planeja-
principal o fato de que pequenos erros podem ser mento é inicialmente localizado no centro do volu-
diluídos na distribuição de dose final e, além disso, me sensível da câmara, indicada pelos marcadores
em caso de resultado ruim, a forma de investigar o radiopacos na tomografia, e a distribuição de dose
problema é, geralmente, realizar a análise individual calculada. Porém, é preciso reconsiderar esse posi-
campo a campo. cionamento caso o volume sensível da câmara se
Conforme já citado, há também a opção entre encontre em uma região de alto gradiente de dose,
fazer o CQ dos planejamentos de IMRT com os cam- pois assim se aumenta as incertezas tanto no cálcu-
pos nos ângulos nativos de gantry (aqueles que se- lo da dose quanto na subsequente medida (Figura
rão utilizados no tratamento de fato) ou com todos 12(a)). Nesse caso, o isocentro deve ser reposicio-
os campos a zero grau. Na primeira opção (ângulos nado no fantoma de modo que o volume sensível
nativos), o resultado reflete exatamente o que se- da câmara fique em região de dose homogênea –
rá executado no tratamento do paciente: incluindo geralmente a região do volume-alvo de maior dose
tanto os erros de posicionamento e deslocamento (Figura 12(b)).

a)

169
c)

Figura 12. (a) Distribuição de dose calculada no fantoma de placas de água sólida com volume sensível da câmara de
ionização localizado em região de alto gradiente de dose e (b) isocentro reposicionado para que o volume sensível da
câmara de ionização se encontre em região homogênea correspondente ao volume-alvo de maior dose do planejamento.

Deslocamentos de isocentro para fora do centro do é significativo para a dosimetria, por exemplo, se ele
fantoma são raramente necessárias quando se utiliza intercepta o volume-alvo de maior dose.
um arranjo bidimensional de detectores, uma vez que A Figura 13 exemplifica o cálculo da distribuição
se têm muitos detectores ao longo de um plano. É pre- de dose no fantoma com o arranjo bidimensional de
ciso somente avaliar se o plano medido pelo arranjo detectores.

Figura 13. Distribuição


de dose calculada no
fantoma MULTICube
com o arranjo bidi-
mensional de câmaras
de ionização MatriXX
Evolution.

170
C1SPDFEJNFOUPT/FDFTTÈSJPTQBSB0CUFOÎÍPEB%JTUSJCVJÎÍPEF%PTF.FEJEB
Conforme citado anteriormente, a dosimetria te calibrado (geralmente fornecido com o scanner),
com filmes demanda um filme de calibração irra- e, em seguida, uma segunda curva de calibração que
diado com doses conhecidas – previamente medidas converte DO em dose (usando o filme de calibração
com câmara de ionização ou calculadas manual- propriamente dito). (ii) utilizar uma curva de cali-
mente (em caso de geometria de irradiação simples), bração que associa diretamente sinal ADC em dose,
por exemplo. Com este filme, foi obtida uma curva usando o filme de calibração.
de calibração, utilizada para transformar as densi- Para filmes radiográficos, deve-se levantar uma
dades óticas do filme irradiado em distribuições de curva de calibração para cada revelação, pois as
dose, Figura 14. condições da reveladora podem variar ao longo dos
Existem dois cenários possíveis: (i) utilizar pri- dias; e para filmes radiocrômicos, deve-se levantar
meiramente uma curva de calibração que associa si- uma curva de calibração para cada lote de filmes.
nal ADC (analogue-to-digital converter, ou níveis de Além disso, cada energia de feixe de radiação exige
cinza do scanner) com DO (densidade ótica), obtida um filme de calibração diferente.
com o uso de um filme de sensitometria devidamen-

Figura 14. Curva de calibração ADC-Dose para um feixe de


6 MV e filme radiocrômico.

171
Ao irradiar o fantoma de placas de água sólida alinhar o filme e fazer marcações de referência que
com filme e câmara de ionização, deve-se escolher facilitem a identificação de seu centro, Figura 15.
um plano significativo para a dosimetria (que inter- O conjunto dosimétrico deve se apresentar estável
cepte o volume-alvo de maior dose, por exemplo), e aquecido.

Figura 15. Irradiação do fantoma de placas de água sólida com filme radiocrômico e
câmara de ionização.

Depois de irradiado, o filme é digitalizado com preferência a baixa resolução, da ordem de 70 dpi,
scanner e, aplicando a curva de calibração apropria- para melhorar o ruído). Quanto a resolução de ní-
da, obtém-se a distribuição de dose medida, Figura veis de cinza (número de bits da imagem), sempre
16. Na dosimetria com filmes radiocrômicos, é fun- utilizar a maior possível (preferencialmente 16 bits
damental estabelecer um protocolo de procedimen- por canal).
tos a ser reproduzido para todos os lotes e filmes
c.2) Escanear os filmes sempre na mesma orientação
utilizados. Algumas observações práticas importan-
e direção, uma vez que há efeito de polarização da
tes que devem ser previstas neste protocolo são dis-
luz (e.g.: definir paisagem ou retrato e canto marca-
cutidas abaixo:
do com picote na mesma posição).
a) Sempre utilizar luvas para evitar marcar os filmes
c.3) Escanear o filme sempre na mesma posição na
no manuseio, evitar expor as películas à luz.
janela no scanner, tanto para equipamentos flat-
b) Fixar um tempo mínimo entre a irradiação e es- bed (de mesa) ou modelos Vidar. Preferencialmente,
caneamento (>8 horas) e, para o caso de dosimetria utilizar o centro da área de escaneamento a fim de
absoluta, reproduzir o mesmo intervalo entre irra- minimizar o efeito da não uniformidade da luz do
diação e escaneamento daquele utilizado para o fil- scanner (mais escura nas bordas ou laterais, e mais
me de calibração (e.g.: 24 horas [6]). intensa no centro). Verificar se o software do scanner
oferece alguma ferramenta para correção de artefatos
c) Padronizar o procedimento de escaneamento:
de uniformidade de luz e, caso ofereça, estabelecer um
c.1) Utilizar sempre a mesma resolução espacial (dar padrão para seu uso.

172
c.4) Se o scanner gerar uma imagem do tipo RGB te quando se usa scanners que não geram imagens
(3 canais, vermelho, verde e azul), tradicionalmente RGB (caso dos modelos Vidar, cujas imagens são
utiliza-se o canal vermelho em todo o processo (des- tons de cinza 16 bits), com boa sensibilidade e sinal
de a calibração até os procedimentos de dosimetria) até doses de 25 Gy [6]. Trabalhos recentes [8], [9]
para doses até 8 Gy, caso necessite medir doses ain- têm mostrado vantagens na utilização de uma com-
da maiores, utilizar o canal verde ou uma somatória binação da informação dos 3 canais sobre apenas
dos 3 canais [7]. Contudo, também é possível uti- o canal vermelho, tornando possível alcançar uma
lizar uma combinação dos 3 canais, principalmen- boa sensibilidade até doses da ordem de 100 Gy.

Figura 16. Sequência para obtenção da distribuição de dose a partir do filme irradiado.

d) Procurar evitar ao máximo realizar operações parâmetro Measure Area Square Side, que deve ser
geométricas de correção de imagem (giros, inver- aumentado para ~ 1mm). Outra estratégia possível é
sões, reflexões etc), pois estes podem causar dis- a aplicação de algoritmos de suavização, mas estes
torções nas mesmas. Sempre testar os algoritmos podem trazer problemas, principalmente em regi-
disponíveis nos softwares antes de utilizá-los. ões de penumbra, e devem ser muito bem testados e
É preciso notar também que os filmes radiocrô- compreendidos antes de aplicados.
micos, em geral, apresentam ruído devido a não No caso de filme radiográfico, o filme de cali-
homogeneidade da película. Este problema pode bração e os filmes específicos das dosimetrias rea-
ser minimizado utilizando as recomendações cita- lizadas devem ser revelados ao mesmo tempo, uma
das acima e também testando os parâmetros exis- vez que tanto a processadora quanto os materiais
tentes no scanner utilizado na dosimetria a fim de químicos utilizados na revelação variam ao longo
encontrar valores ideais (e.g. para o Vidar, existe o do tempo, influenciando no procedimento.

173
A medida com arranjos bidimensionais de detec- exemplifica a obtenção de um fator de calibração
tores demanda a prévia determinação de um fator de com o software OmniPro I’mRT (IBA Dosimetry),
calibração para cada feixe de radiação, que associa- quando basta irradiar o arranjo de detectores
rá o sinal do detector à dose entregue. A Figura 17 MatriXX Evolution com uma dose conhecida.

Figura 17. Obtenção do fator de cali-


bração de um feixe de fótons de 6 MV
para o arranjo bidimensional de detec-
tores MatriXX Evolution com o softwa-
re OmniPro I’mRT (IBA Dosimetry).

Ao irradiar o arranjo bi-dimensional de detecto- Na prática, não somente as recomendações do fa-


res, um fator de calibração é selecionado antes de bricante do sistema devem ser testadas, mas todas as
realizar a medida e a dose é integrada ao longo do opções oferecidas pelos softwares devem ser muito
tempo, Figura 18. No uso dos arranjos bidimensio- bem compreendidas, comparadas e validades. A ins-
nais de detectores, atenção especial deve ser dada tituição deve encontrar o padrão de uso que resulte
a como os softwares lidam com o tamanho e geo- numa maior sensibilidade e que também possibilite
metria de cada um dos detectores (sejam câmaras comparação de resultados com demais instituições.
de ionização ou diodos). Algumas questões devem
Conforme já citado, este tipo de detector, em ge-
ser avaliadas: cada ponto da matriz de dose resul-
ral, apresenta grande dependência angular [5]. A
tante da medida representa um único detector ou o
maioria deles, atualmente, oferecem opções para
sistema faz uma interpolação para comparar com
compensar ou corrigir tal dependência – tais como
a matriz calculada (cuja resolução é maior). Como
suportes para acoplar o detector ao gantry, dispo-
lidar com a comparação de matrizes que possuem
sitivos que medem o ângulo de gantry e aplicam
resoluções diferentes. Os diferentes softwares exis-
fatores de correção em função deste, ou ainda fan-
tentes lidam com estas situações de formas distin-
tomas que giram o detector de forma a acompanhar
tas e é responsabilidade do usuário avaliar qual a
o ângulo do gantry. Independentemente de qual seja
melhor forma de utilizar as opções disponíveis. Nos
a situação do detector disponível, devem ser realiza-
resultados apresentados neste capítulo, Figura 18,
dos testes específicos com o sistema de forma a con-
não está sendo utilizada nenhuma interpolação na
cluir se é possível usá-lo na dosimetria com cam-
matriz de dose medida, e cada ponto da distribuição
pos com incidência oblíqua ao plano de detecção.
representa a leitura de um dos detectores.

174
Figura 18. Irradiação do fantoma MULTICube com MatriXX Evolution e software OmniPro I’mRT (IBA Dosimetry).
Cada um dos pontos da matriz de dose representa uma câmara de ionização do MatriXX.

C"OÈMJTFEP3FTVMUBEPEP$2EF*.35
Toda comparação de matrizes de distribuição de síveis problemas de alinhamento entre as matrizes.
dose medida e calculada deve ser iniciada com o uso Pequenos deslocamentos podem ser necessários, vis-
de ferramentas simples a fim de verificar a consis- to que a marcação do centro da medida depende da
tência do resultado. Através da avaliação de perfis espessura e alinhamento dos lasers da sala. A Figura
de dose em ambos os eixos podem ser verificadas a 19 exemplifica uma comparação entre matrizes de
concordância entre picos e vales e detectados pos- dose utilizando perfis nos eixos X e Y.

Figura 19. Comparação


das distribuições de do-
se calculada (à esquer-
da acima) e medida (à
esquerda abaixo) atra-
vés de perfis de dose (à
direita) nos eixos X e Y
(curva verde represen-
ta a medida com um
arranjo bi-dimensional
de detectores, curva
vermelha o cálculo do
TPS).

175
Outra ferramenta interessante é a sobreposição malizar (rotular de 100% cada um desses pontos), a
2D das isodoses das distribuições. Através desta fer- diferença de 5% existente é anulada – e, neste caso,
ramenta, pode-se facilmente identificar regiões de o cálculo da função gamma é realizado de forma re-
discordância tanto em alta dose quanto baixa dose, lativa. No entanto, é possível aplicar o mesmo fator
localização de pontos quentes, problemas de alinha- de normalização a ambas as distribuições (exemplo
mento e rotação entre as matrizes, Figura 20, à di- 100% = 200 cGy), e neste caso, os pontos de máxi-
reita e acima. mo das distribuições calculada e medida ficariam,
Métodos mais complexos de comparação de dis- respectivamente, 100% e 105% – e o cálculo da fun-
tribuições de dose calculada e medida têm como re- ção gamma é realizado de forma absoluta (incluindo
sultado um mapa do grau de concordância entre as a diferença absoluta existente entre as matrizes) – o
matrizes, utilizando diferentes métricas. Para isto, as que seria equivalente a utilizar valores absolutos de
ferramentas mais utilizadas são: dose na comparação, caso haja esta opção. Portanto,
faz-se necessário compreender como cada software
- Diferença de dose: diferença entre a dose medida e
funciona e também determinar o método de análise
a dose calculada no ponto, cuja importância é des-
mais adequado à rotina de CQ.
tacada para regiões com baixo gradiente de dose;
Outra característica importante e específica que
- Distância-para-concordância (DTA): distância en- depende da implementação da análise gamma é a
tre o ponto medido e o ponto mais próximo da dis- forma como é aplicado o critério de diferença de
tribuição de dose calculada que apresenta o mesmo dose (∆D, e.g. 3%), uma vez que o artigo original de
valor de dose, cuja importância é destacada para re- Low et. al. [10] não especifica esta questão. A maio-
giões com alto gradiente de dose. ria das implementações aplica o critério de diferença
- Função gamma: distribuições de dose geradas por de dose à dose de normalização, resultando em algo
IMRT apresentam regiões com baixo e alto gradiente como ∆D = 3% x 200 cGy = 6 cGy. Neste cenário,
de dose, simultaneamente. Sendo assim, a função em regiões de baixa dose, e.g. 50 cGy, qualquer va-
gamma é a ferramenta mais indicada para esse tipo riação percentualmente grande, e.g. 10% ou 55 cGy,
de análise, pois ela fornece uma análise quantitativa quando comparada ao critério de 6 cGy, se torna
do grau de concordância entre as distribuições de aceitável (pois 5 cGy ≤ 6 cGy). Isto torna a função
dose planejada e medida, avaliando simultaneamen- gamma uma ferramenta pouco sensível à erros em
te a diferença de dose e a DTA [10], conforme des- regiões de baixa dose, que, geralmente, são clini-
crito no Capítulo 3 – Modelagem Física dos Feixes. camente menos críticas. Entretanto, deve-se ficar
atento em casos envolvendo órgãos em risco sensí-
Utilizando-se portanto os critérios de aceitação
veis (como o cristalino), e, idealmente, toda análise
de 3% de diferença de dose, 3 mm de DTA e igno-
de GQ de IMRT deve ser feita com mais de uma fer-
rando sinais < 10% da dose de normalização das
ramenta além da função gamma.
matrizes. A dose de normalização das matrizes pode
ser escolhida como sendo a dose máxima ou, prefe- Existem softwares e implementações menos fre-
rencialmente, a dose média numa região de interesse quentes e pouco utilizadas que possibilitam realizar
(ROI) representativa do alvo de tratamento. Atenção a aplicação do critério de diferença de dose ponto a
especial deve ser dada ao processo de normalização, ponto. Nesta forma de cálculo, uma região de baixa
uma vez que ao normalizar ambas as distribuições dose de 50cGy, quando comparada a sua correspon-
por seus respectivos máximos globais ou na dose dente em outra matriz, cujo valor é 55 cGy, resulta
média de uma determinada região, pode-se anular em desaprovação, uma vez que a diferença local de
as diferenças existentes na dose absoluta entre as 10% é maior que um critério de 3%. Contudo, esta
distribuições. Por exemplo: o ponto de dose máxima opção de cálculo sistematicamente leva a resultados
da distribuição calculada é 200 cGy, e o correspon- muito piores de função gamma, uma vez que o er-
dente da distribuição medida é 210 cGy e, ao nor- ro nas regiões de baixa dose é obviamente grande,
tanto do ponto de vista de cálculo (modelamento

176
de transmissão de MLC e espalhamento de dose), mesmo fator de normalização (100% = 212,28 cGy,
quanto do ponto de vista de dosimetria (baixo si- resultante da dose média na ROI na distribuição cal-
nal, medidas de dose espalhada e transmitida pelos culada, definida em torno da região de maior dose
colimadores). de prescrição), e, portanto, a analise gamma está
Esta aparente ambiguidade de análise pode ser sendo feita de forma absoluta. No segundo exemplo
resolvida traçando um paralelo à quando compa- (dosimetria com matriz 2D), cada uma das distribui-
ramos um perfil transversal de dose num campo ções foi normalizada de acordo com sua respectiva
quadrado aberto calculado por um TPS com um dose média na ROI (100% = 203,8 cGy para a matriz
perfil medido com câmara de ionização. Em geral, calculada, e 100% = 195,8 cGy para a medida com
as diferenças dentro do campo são pequenas (~2%), a Matriz 2D), e regiões cuja a diferença de dose era
enquanto à medida que nos afastamos das bordas 4%, estão sendo “igualadas” para efeito de análise
do campo, as diferenças percentuais locais se tor- gamma relativa – e, caso fosse feita uma compa-
nam muito grandes (~10%) e as comparações são ração absoluta, o resultado seria significativamente
realizadas normalizando pelo valor de dose do eixo pior.
central. Vale notar também, que o primeiro exemplo (fil-
Os resultados obtidos com filme radiocrômico e me EBT2) é resultado de uma dosimetria num acele-
matriz bi-dimensional de detectores para o exemplo rador Varian/BrainLab Novalis Tx, e IMRT realizado
em questão encontram-se na Figura 20. Nos resulta- com técnica “sliding window”, enquanto o segundo
dos abaixo, para ilustrar, foram realizados diferen- exemplo (MatriXX) é resultado de uma dosimetria
tes métodos de normalização. No primeiro exemplo num acelerador Siemens Primus, realizado com téc-
(dosimetria utilizando filme EBT2), foi aplicado o nica “step-and-shoot”.

177
Figura 20. Resultados obtidos para o controle de qualidade de IMRT específico por paciente utilizando (a) filme radiocrô-
mico e câmara de ionização e (b) arranjo bidimensional de câmaras de ionização MatriXX Evolution.

Conforme recomendado pelo TG119 [11] e dis- incluindo medir novamente o caso,
cutido no Capítulo 3, os limites de confiança es-
c) Verificar se o problema é sistemático (mais casos
tabelecidos durante o comissionamento da técnica
sendo reprovados) ou se é específico e particular ao
de IMRT podem ser a base para estabelecer critérios
caso em questão:
de ação adequados para o controle de qualidade es-
pecífico por paciente em cada instituição. No caso c.1) Se for sistemático, devem ser verificadas os
de um resultado ser reprovado por esses critérios, parâmetros dosimétricos do acelerador (calibração,
uma investigação deverá ser feita a fim de identi- planura, simetria, linearidade etc) e também mecâ-
ficar possíveis fontes de erro, tais como o sistema nicos (alinhamento do MLC), em conjunto com os
de planejamento, o acelerador linear ou o próprio engenheiros responsáveis pela manutenção do equi-
processo de controle de qualidade. O processo de in- pamento.
vestigação de casos reprovados no controle de qua- c.2) Se for específico do caso, o primeiro passo é
lidade envolve: tentar simplificar a segmentação - o que é possível
a) Revisão do procedimento de preparação da matriz no caso de IMRT “step-and-shoot”, diminuindo os
de dose calculada, irradiação do detector e análise níveis de intensidade, ou diminuindo o número de
do resultado por um segundo físico, segmentos. A segunda opção é re-planejar o caso,
visando buscar uma solução clinicamente aceitável,
b) Caso o problema não seja encontrado, o segundo
mas com fluências menos complexas (gradientes
físico deve repetir todo o processo desde o início,

178
menores, forçando os parâmetros de suavização). de IMRT é a recomendação da execução de um cál-
Em último caso, deve-se discutir com o radiotera- culo paralelo de unidades monitoras ou de distribui-
peuta uma opção de tratamento menos complexa, ção de dose por um sistema secundário. Isto pode
como a redução da dose de prescrição, ou aceitar ser feito através de sistemas desenvolvidos dentro
uma dose um pouco maior em algum órgão de risco dos próprios serviços de radioterapia, por um segun-
que esteja limitando a otimização. do sistema de planejamento ou ainda por sistemas
específicos disponíveis comercialmente (exemplo:
Por fim, outro aspecto importante do CQ de planos
RadCalc, MUcalc, Diamond PTW, MUCheck etc).

C$PODMVTÍP
A metodologia adotada pelo serviço de radiotera- mas o avanço da tecnologia exige controle da quali-
pia deve ser capaz de detectar falhas relevantes, que dade adequado e cada vez mais rigoroso. A execução
podem ser propositalmente simuladas em testes para cuidadosa do controle da qualidade de IMRT específi-
avaliar a confiabilidade do processo. co para cada paciente nos permite tratar os pacientes
IMRT é uma ferramenta poderosa de tratamento com segurança.

C3FGFSÐODJBT
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179
180
9c

1SPHSBNBEF(BSBOUJBEB2VBMJEBEFFN*.35
&YFNQMPT5ÓQJDPT
Aluísio de Castro

D*/530%6±¬0
Atualmente, existem diversas soluções comer- efeito da gravidade na posição do MLC, colimador
ciais ou mesmo desenvolvidas localmente pelos e gantry e não são analisados e consequentemen-
departamentos de física médica para controle da te o impacto do efeito na entrega e distribuição de
qualidade em IMRT. Cada solução tem suas peculia- dose. Portanto, o efeito da gravidade sobre o MLC,
ridades e limitações que devem ser bem conhecidas colimador e gantry deve ser previamente avaliado
pelos responsáveis para que o processo de controle e considerado quando escolhida tal metodologia.
de qualidade atinja seus objetivos. Outra crítica a essa abordagem é a não correspon-
Nesta seção serão ilustrados alguns casos típicos dência total com o tratamento que será executado
de controle da qualidade de planejamentos IMRT no paciente já que parâmetros de tratamento como
para uma solução específica ou seja, cada campo ângulos de gantry, colimador e mesa são artificial-
modulado do planejamento sendo avaliado separa- mente alterados para a realização do tratamento.
damente, com posições de colimador, gantry e mesa Tais desvantagens podem ser contornadas pelo uso
artificialmente posicionados a 0º, através do Sunu- do suporte que prende o array ao gantry, permitindo
clear Mapcheck2 (array de 1527 diodos espaçados a a execução do tratamento utilizando os parâmetros
cada 7mm). Essa abordagem tem como vantagem a usados no paciente (exceto a mesa que deve ser re-
análise de cada campo em separado, possibilitando batida para evitar colisão do conjunto array e su-
a identificação de problemas específicos de um cam- porte com a mesa).
po modulado. A desvantagem desse método é que o

D&TUVEPEFDBTPTUÓQJDPT
Os planejamentos analisados nesta seção foram rea- do isocentro para análise da distribuição de dose co-
lizados pelo sistema de planejamento Varian Eclipse 8.9 ronal e a profundidade de análise das distribuições de
para um acelerador linear Varian Clinac iX com MLC dose de 7cm. Como a distância entre a superfície e o
120 Millennium em feixe de 6MV. plano de detecção do array é de 1.2 cm, e o array tem
O fantoma para o qual os planejamentos são impor- um build-up inerente de 2cm equivalente de água, no
tados e recalculados foi criado artificialmente no siste- setup de medição foram colocados 5 cm de água sólida
ma de planejamento com densidade homogênea de 0 colocados sobre o array num total de 7cm. O esquema
HU (equivalente a água) e dimensões 30x40x15cm3 com a geometria do fantoma e o arranjo de medição
(largura x comprimento x altura). Escolheu-se o plano são apresentados na Figura 1 abaixo.

181
A B
7cm

SAD 100cm

Figura 1: A) setup do Mapcheck com as placas de água solida sob o acelerador linear. O plano de detecção é posicionado
na altura do isocentro. Cinco centímetros de água solida são colocadas sobre o array que somados aos 2 centímetros
equivalentes (1,2cm físicos) inerente do array totalizam 7 cm de profundidade do array. B) no sistema de planejamento o
fantoma criado deve ter 7cm de profundidade, ser radiologicamente equivalente a água e ter dimensões semelhantes ao
setup utilizado (largura, comprimento e quantidade de placas de água sólida.

As comparações entre as distribuições de dose iii. Cabeça e pescoço com 7 campos (gantry 210º,
planejada e medida de cada campo de um planeja- 260º, 310º, 0º, 50º, 100º e 150º) entregando níveis de
mento IMRT foram feitas através da função gama dose de 54 à 63 Gy em 30 frações, Figuras 18 a 25.
com parâmetros 3mm e 3%, exceto quando diferen- A seguir são apresentados os testes dos sete cam-
temente indicado. pos individualmente. Em cada Figura, onde A re-
Abaixo serão apresentados três casos: presenta a distribuição de dose medida pelo array,
B a distribuição de dose calculada pelo sistema de
i. Próstata com 7 campos (gantry 210º, 260º, 310º, 0º,
planejamento, C a sobreposição das duas distribui-
50º, 100º e 150º) entregando 70 Gy em 35 frações,
ção de dose e o relatório da análise gama e D os
Figuras 2 a 9.
perfis das duas distribuições na altura da linha verde
ii. Reto com 7 campos (gantry 210º, 260º, 310º, 0º, indicada em A e B.
50º, 100º e 150º) entregando entregando níveis de
dose de 45 à 50 Gy em 25 frações, Figuras 10 a 17.

182
i) Caso Teste: GQ de Próstata

A B

C D

Figura 2: Campo gantry 210º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

A B

C D

Figura 3: Campo gantry 260º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

183
A B

C D

Figura 4: Campo gantry 310º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

A B

C D

Figura 5: Campo gantry 0º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de planeja-
mento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

184
A B

C D

Figura 6: Campo gantry 50º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

A B

C D

Figura 7: Campo gantry 100º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

185
A B

C D

Figura 8: Campo gantry 150º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

Figura 9: Relatório com o resumo da % de aprovação pela função gama com o critério de 3%/3mm. Os sete campos
tiveram aprovação variando entre 98,2% e 100,0%.

186
JJ
$BTP5FTUF(2EF3FUP

A B

C D

Figura 10: Campo gantry 0º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

A B

C D

Figura 11: Campo gantry 50º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

187
A B

C D

Figura 12: Campo gantry 100º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

A B

C D

Figura 13: Campo gantry 150º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

188
A B

C D

Figura 14: Campo gantry 210º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

A B

C D

Figura 15: Campo gantry 260º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

189
A B

C D

Figura 16: Campo gantry 310º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

Figura 17: Relatório com o resumo da % de aprovação pela função gama com o critério de 3%/3mm. Os sete campos
tiveram aprovação variando entre 98,5% e 99,9%.

190
JJJ
$BTP5FTUF$BCFÎBF1FTDPÎP

A B

C D

Figura 18: Campo gantry 210º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

A B

C D

Figura 19: Campo gantry 260º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

191
A B

C D

Figura 20: Campo gantry 310º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

A B

C D

Figura 21: Campo gantry 0º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de planeja-
mento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

192
A B

C D

Figura 22: Campo gantry 50º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de plane-
jamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta) na
altura da linha verde.

A B

C D

Figura 23: Campo gantry 100º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

193
A B

C D

Figura 24: Campo gantry 150º: A) medição com o Mapcheck. B) Dicom RT Dose do campo gerado pelo sistema de pla-
nejamento. C) sobreposição das curvas de isodose. D) perfis de dose sobrepostos de A (pontos amarelos) e B (linha preta)
na altura da linha verde.

Figura 25: Relatório com o resumo da % de aprovação pela função gama com o critério de 3%/3mm. Os sete campos
tiveram aprovação variando entre 96,7% e 99,7%.

194
D4JUVBÎÜFT&TQFDJBJT

$POTFRVÐODJBTEFFSSPTEFQPTJDJPOBNFOUPEPBSSBZ

O exemplo descrito abaixo, mostra didaticamen- rentemente muito parecidas o deslocamento espacial
te uma comparação de distribuição de doses na qual entre elas se torna evidente quando se subtrai uma
o array foi propositadamente deslocado 1 mm lon- pela outra. As regiões de maior gradiente de dose
gitudinalmente. A intenção é identificar o padrão da apresentam as maiores diferenças. Deslocamentos
diferença de dose (C) que se obtêm quando esse tipo longitudinais tendem a ser enfatizados por padrões
de erro de posicionamento é anotado. Na Figura 26 , horizontais no mapa diferença (padrões azulados na
temos no quadrante A a distribuição de dose de um Figura 26 C) enquanto deslocamentos laterais ten-
campo modulado medida com o array, no quadrante dem a evidenciar padrões verticais. Deslocamento
B a distribuição de dose o calculada pelo sistema de vertical do array (erros de posicionamento da dis-
planejamento; o quadrante C a diferença entre as tancia fonte-superfície) manifesta-se sob a forma de
duas distribuições A e B, e no quadrante D, o perfil escalonamento do valor de dose da distribuição me-
de dose das duas distribuições na altura da linha dida (positivo se o array foi posicionado mais pró-
verde nelas apontada. ximo a fonte e negativo quando posicionado mais
Apesar das duas distribuições de dose serem apa- distante que o planejado).

A B

C D

Figura 26: Comparação de distribuições de dose com o array propositadamente deslocado 1mm longitudinalmente. As
regiões de maior gradiente de dose no sentido longitundinal apresentam as maiores diferenças (em azul em C).

195
A B

C D

Figura 27: Comparação de distribuições de dose com o array propositadamente deslocado 1mm lateralmente. As regiões
de maior gradiente de dose no sentido lateral apresentam as maiores diferenças sendo denunciadas por padrões verticais
(em azul em C).

$POTFRVÐODJBTEBJOJDJBMJ[BÎÍPEP.-$
Após a utilização intensiva do MLC, especial- de CQ do mesmo tratamento (reto em 7 campos) em
mente para realização de muitos tratamentos de dois momentos diferentes: a primeira, realizado no
IMRT, a calibração do MLC pode tornar-se sub- fim de um dia de trabalho em que não houve rei-
-ótima, podendo afetar o resultado do controle de nicialização do MLC e a segunda, feito logo após a
qualidade de IMRT assim como o tratamento de pa- reinicialização do MLC.
cientes. A Figura 28 mostra o resultado dos testes

Figura 28: Relatórios com o resumo da % de aprovação pela função gama com o critério de 3%/3mm para o caso do
teste realizado no fim de um dia de trabalho, onde o MLC foi inicializado apenas no início das operações pela ma-
nhã (parte superior da tabela), e com o teste realizado logo após a reinicialização do MLC (parte inferior da tabela).

Os sete campos tiveram aprovação variando entre Testes de controle de qualidade específicos devem
91,3% e 98,5% para o primeiro caso e entre 92,1% ser executados com a periodicidade adequada, assim
para 99,5% e de uma maneira geral, os resultados como a calibração e manutenção. Inúmeros testes e
dos testes melhoram após reinicialização do MLC. protocolos de controle de qualidade foram propos-
O exemplo acima ilustra a necessidade do usuá- tos para cada tipo de MLC [5].
rio conhecer e acompanhar o desempenho do MLC.

196
$POTFRàÐODJBTEBBUVBMJ[BÎÍPSFHVMBSEPCBDLHSPVOEEPBSSBZ

O Mapcheck2 ajusta a leitura dos diodos invi- segundos. No caso de uso intensivo do Mapcheck2,
dualmente pela subratação de uma leitura de back- sem intervalo suficiente entre as coletas de back-
ground que é obrigatóriamente adquirida na inicia- ground as leituras podem sofrer deterioração. O
lização do instrumento. A aquisição da leitura de exemplo abaixo (Figuras 29 e 30) mostra as conse-
background ocorre também quando o equipamento qüências da não atualização regular do background
não o equipamento não está executando nenhuma do array.
leitura desde que o tempo de aquisição supere 30

Figura 29: Comparação de distribuições de dose com o array com o background coletado 45min antes da leitura. A por-
centagem de pontos de leitura que passam pelo critério gama de 3mm/3% foi de 95,3%.

Figura 30: Comparação de distribuições de dose com o array com o background coletado imediatamente antes da leitura.
A porcentagem de pontos de leitura que passam pelo critério gama de 3mm/3% foi de 98,1%.

197
Comparado aos 95,1% da Figura 29, com o back- maticamente quando o array estiver em uso intenso
groung coletado 45min antes das leituras, a degra- que não permita a aquisição automática pelo sis-
dação da leitura fica evidente, indicando que o ba- tema. Essa procedimento permite ao usuário obter
ckground deve ser coletado periodicamente durante resultados com maior acurácia e consequentemente
o uso do Mapcheck2. de melhor qualidade.
É recomendável readquirir o background siste-

D$PODMVTÜFTF3FDPNFOEBÎÜFT
Os exemplos mostrados nessa seção ilustram ca- processo como um todo e devem ser independemen-
sos típicos encontrados na rotina de um serviço de te monitorados como a dosimetria do feixe, calibra-
radioterapia que executa IMRT. Embora cada centro ção do MLC e colimadores, linearidade de unidades
tenha suas peculiaridades em termos de protocolos monitoras, efeitos gravitacionais, alinhamento de
clínicos, sistemas de planejamento, equipamentos laseres, integridade da transmissão de dados, cali-
de entrega e de aparato de dosimetria, índices mí- bração, linearidade e reprodutibilidade de equipa-
nimos de controle de qualidade devem ser obtidos. mentos dosiméticos, etc.
Valores de referencia podem ser encontrandos nas No caso específico do uso de arrays de diodos, a
referencias abaixo e complementados com os apre- calibração dosimétrica do sistema de medida, a co-
sentados nessa seção. leta periódica do background e o criterioso posicio-
Os testes descritos nessa seção atuam como um namento devem ser considerados em cada medição.
ponto de checagem da técnica de IMRT antes de sua
execução clínica no paciente. Vários elos compõe o

D3FGFSÐODJBT

1. Alber M. et al. Guidelines for the Verification of Palta J.R., Ramsey C.R., Salter B.J., Shi J., Xia P.,
IMRT. ESTRO, Brussels, Belgium, 2008. Yue N.J., and Xiao Y. IMRT commissioning: multiple
institution planning and dosimetry comparisions, a
2. Low D.A., Moran J.M., Dempsey J. F., Dong L.,
report from AAPM Task Group 119. Medical Physics,
e Oldham M. Dosimetry tools and techniques for
36: 5359-73, 2009.
IMRT, Medical Physics, vol. 38, n. 3, p. 1313, 2011.
5. Task Group 142 report: Quality assurance of me-
3. Low D.A. et al. A technique for the quan-
dical accelerators. Med. Phys. 35: 4197-4212, 2009.
titative evaluation of dose distributions. Med
Phys.25(5):656-661, 1998.
4. Ezzell G.A., Burmeister J.W., Dogan N., LoSas-
so T.J., Mechalakos J.G., Mihailidis D., Molineu A.,

198
$BTP$MÓOJDP
*.35OP$ÉODFSEF"OUSP.BYJMBS
Robson Ferrigno e Roberto Sakuraba

%FTDSJÎÍPEP$BTP$MÓOJDP
História: paciente do sexo feminino, 85 anos, lesão sólida e infiltrativa, envolvendo o teto e as
iniciais C.M.H., que em Fevereiro de 2008 começou paredes anterior e posterior do seio maxilar direito,
a apresentar parestesia de hemiface direita e dimi- com extensão para o ducto nasolacrimal, trabecu-
nuição da acuidade auditiva desse lado, mesmo com lado etmoidal, espaço extra-conal no assoalho da
aparelho para surdez. Como queria fazer implante órbita direita, para a gordura retro maxilar do es-
de dentes em arcada superior, foi submetida à to- paço bucal e para a fossa ptérigo palatina ipsilate-
mografia de face em 16/06/2008, que revelou lesão rais. A lesão deslocava superiormente os músculos
inespecífica em seio maxilar direito. Em 24/06/2008 reto inferior e oblíquo inferior direito, Figura 1. Foi
foi submetida à biópsia da lesão, cujo anátomo feita radiografia de tórax, que estava normal. Foi
patológico revelou carcinoma epidermóide mode- então encaminhada ao Serviço de Radioterapia do
radamente diferenciado. Foi realizada ressonância Hospital Israelita Albert Einstein para avaliação de
magnética das órbitas em 24/06/2008 que revelou tratamento com radioterapia

Figura 1. Ressonância Magnética mostrando a lesão.

199
Compareceu em consulta na radioterapia no dia região da cabeça e pescoço apresentava apenas li-
26/06/2008 com queixa de parestesia da hemiface geira exoftalmia direita. Não havia lesões em cavi-
direita e diminuição das acuidades auditiva e ocular. dade oral e orofaringe e apresentava dentes residu-
De antecedentes pessoais relata retirada de ca- ais em bom estado de conservação.
tarata em 2004. Teve oito filhos, oito partos e ne- Não havia gânglios linfáticos palpáveis no pes-
nhum aborto. Nega enfermidade anterior e nunca coço ou em outras regiões do corpo.
fumou. Os exames neurológico, torácico, abdominal e de
De antecedentes familiares, pai teve câncer de membros não apresentavam anormalidades.
língua, porém, era tabagista e alcoólatra. Irmão teve Estava com pressão arterial de 110/70 e pulso de
câncer de estômago. 72 batimentos por minuto.
Nega alergia e fazia uso de amoxil e nexium. Resumo: paciente do sexo feminino, 85 anos,
Exame físico: se apresentou em bom estado ge- portadora de carcinoma epidermóide de seio maxi-
ral, índice de Karnofsky de 100%, corada, hidratada, lar direito, estádio T3N0M0, com invasão de fossa
acianótica, anictérica, afebril e eupneica. ptérigo palatina direita.
A pele não apresentava alterações, o exame da

2. Imagens
Os recursos das imagens são muito importantes amento dos contornos, a informação da densidade
na etapa do processo de planejamento. A utilização eletrônica, que é necessária para o cálculo da dose
de diferentes métodos diagnósticos como a Resso- de radiação.
nância Magnética, o PET e outros são utilizados pa- Neste Caso Clínico foi utilizado somente a To-
ra o delineamento dos volumes alvos e também dos mografia Computadorizada, uma vez que neste
órgãos de risco. O principal recurso de imagem é a caso, a Ressonância Magnética não acrescentou
tomografia computadorizada que é absolutamente informações para o delineamento dos alvos e dos
necessária, pois serão extraídos dela além do deline- órgãos de risco.

%FmOJÎÍPEPT7PMVNFTEF5SBUBNFOUP
Foram delineados dois volumes alvos com suas margens (Nervos ópticos + 2mm)
GTV = Tumor primário Quiasma e PRV (quiasma + 2mm)
GTV + 3mm = CTV com dose total de 66 Gy em Hipófise e PRV (hipófise + 2mm)
30 frações de 2,2 Gy Tronco Cerebral
CTV + 3mm = PTV com dose total de 60 Gy em Cristalinos direito, esquerdo e PRV (cristalinos+2mm)
30 frações de 2 Gy Medula e PRV (medula + 2mm)
Foram delineados os órgãos de risco com suas margens Corpo (contorno externo)
Orbita direita e esquerda Hemisfério cerebral
Nervos óptico esquerdo e direito e PRV Retina

200
1MBOFKBNFOUP'ÓTJDP
Foi confeccionado um imobilizador, Figura 2, do um abridor de boca para a paciente desta forma
utilizando uma máscara termoplástica com reforço conseguimos separar e proteger ao mestempo a lín-
na testa e no queixo para imobilização da paciente. gua e a maxilar inferior, Figura 3.
E com o mesmo material termoplástico foi molda-

Figura 2. Máscara termoplástica de IMRT.

Figura 3. DRR com abertura de boca.

201
A técnica de tratamento escolhida foi a Radiote- ofereceu a vantagem de fazer o SMART (Simulta-
rapia de Intensidade Modulada (IMRT), pois o volu- neous Modulated Accelerated Radiotherapy) que da-
me alvo se encontrava entre os olhos e próximo ao va doses diferentes em alvos diferentes com uma
trato óptico. A técnica de IMRT oferecia a oportu- eficiência biológica melhor, e em um menor número
nidade de conseguir uma conformidade da dose no de frações de tratamento, um alvo receberia 60 Gy
alvo, além de diminuir a dose nos órgãos de risco. com 2 Gy /dia (Figura 4) e o outro 66 Gy com 2 Gy/
A Radioterapia de Intensidade Modulada ainda dia, Figura 5, durante 30 frações.

Figura 4. Alvo tumoral


recebendo 60 Gy.

Figura 5. Alvo tumoral


recebendo 66 Gy.

202
A Otimização Inversa foi realizada, utilizando 3 de 6MV conforme a Figura 6, e a distribuição de
campos anteriores e 3 campos laterais, com energia dose do planejamento final é mostrado na Figura 7.

Figura 6. Mostra a entrada de campos Figura 7. Distribuição de dose final

O cálculo da distribuição de dose foi realizado com a dose de 61,32Gy e 56,80 Gy no alvo com me-
utilizando o algoritmo Pencil Beam Convolution, e nor dose e 66,18 Gy e 65,73 Gy no alvo com maior
com correção de heterogeneidade do tecido. A co- dose. A dose máxima foi de 71,05 Gy, e este ponto
bertura de 95% e 99% dos dois volumes alvos foram quente se localizava dentro dos PTVs.

7BMJEBÎÍPEPTJNÏUSJDB
O tratamento de um paciente com a técnica de análise Função Gama utilizando como critério um
IMRT exige a verificação dosimétrica do caso clíni- valor de 3% e 2mm. Na Figura 10 os valores da %
co, pois as lâminas se movem gerando um campo de que passaram pela Função Gama foram preenchidos
radiação com diferentes intensidades de dose. na tabela e também o valor do Gama máximo na
análise da fluência total do campo de IMRT.
Os campos de radiação do caso clínico foram ex-
portados (Figura 8) no próprio Sistema de Planeja- As medidas com câmara de ionização foram re-
mento Computadorizado para um objeto simulador, alizadas e anotadas na planilha. Para validação é
que contém uma câmara de ionização com volume necessário que a diferença da dose total medida e
de 0,007cc. calculada esteja abaixo de 5%, e que a diferença
da dose medida e calculada por campo de radiação
O Sistema de Planejamento Computadorizado
esteja abaixo de 7%.
calcula a dose no objeto simulador e esta dose é
transferida para uma planilha, com a contribuição Conforme a planilha (Figura 10) do caso clínico
de dose de cada campo no objeto simulador. aprovada. Na avaliação com Portal Dosímetro, 99%
(0,99) dos pontos passaram na avaliação gama e a
Para a avaliação da fluência total, foram medidos
diferença de dose na câmara de ionização ficou em
os campos do Paciente utilizando o Portal Dosimetry
apenas -1,3%.
(Portal Vision ASi 1000) (Figura 9), a avaliação é fei-
ta para que 95% dos pontos analisados passem pela

203
Figura 8. Calculo da dose no objeto simulador.

Figura 9. Análise da função Gamma.

204
Figura 10. Avaliação quantitativa EPID e câmara de ionização.

"RVJTJÎÍPEBTJNBHFOT 4JTUFNBEF(FSFODJBNFOUPF5SBUBNFOUPOP"DFMFSBEPS-JOFBS
O paciente foi tratado no Acelerador Linear Figura 12 e imagens semanais Volumétricas (Cone
23EX com colimador de 120 lâminas e com equi- Beam CT), Figura 13, e realizados os deslocamen-
pamento de Sistema de Radioterapia Guiada por tos necessários para o tratamento na posição cor-
Imagens (OBI), Figura 11. reta, fazendo o registro com a radiografia recons-
Para verificação do posicionamento foi utilizada truída digitalmente (DRR) ou com a tomografia
a Radioterapia Guiada por Imagens (IGRT). Foram de planejamento.
realizadas imagens diárias Planares (imagens KV),

Figura 11. Acelerador Varian 23EX e OBI

205
Figura 12. Acelerador Varian 23EX e OBI. Figura 13. Imagem obtidas com KV lateral.

O Sistema de Gerenciamento da Radioterapia (ARIA – Varian) disponibiliza todos os campos de forma


sequencial e automática e, além disso, registra os dados de cada campo de radiação tratados. O ARIA gerencia
desde o planejamento, controle qualidade e as imagens de IGRT ficando armazenadas em um banco de dados
que pode ser consultado quando necessário.

$PNFOUÈSJPTmOBJT
Apesar da preocupação com a alta dose na superfície, a pele da paciente tolerou bem o tratamento, confor
me a Figura 14, que mostra a foto do último dia de aplicação. Houve pouca reação na pele da região tratada.

Figura 14. Foto no último dia aplicação. Figura 15. Restrições do histograma dose volume.

206
Nos tratamentos com radioterapia, a preocupa- Após dois anos do tratamento, e apesar das res-
ção é sempre deixarmos a dose no órgão de risco trições da dose ultrapassarem os limites da rotina de
dentro das restrições para evitar complicações. tratamento, a paciente não teve complicações rela-
Este caso devido à difícil localização do tumor, cionadas com as doses excedidas nos órgãos.
no planejamento quanto as restrições Figura 15, foi Quanto ao controle do tumor, a paciente tem
ultrapassado o limite da dose para o nervo óptico realizado exames de Ressonância Magnética, e no
direito, cristalino direito, cristalino esquerdo e da último exame de imagem, realizado em 02/12/2010,
órbita direita. O tratamento foi liberado após análi- Figura 17, não há evidência da lesão tratada, con-
se do risco e do benefício que a paciente teria com forme as imagens de Ressonância Magnética pré-
o tratamento. tratamento Figura 16.

25/12/2008

Figura 16. Imagem pré-tratamento.

207
02/12/2010

Figura 17. Imagem de controle.

208
$BTP$MÓOJDP
*.35OP$ÉODFSEB1SØTUBUBDPN
'JMUSPT$PNQFOTBEPSFT4ØMJEPT
José Carlos Gasparian e Yeda Horst

%FTDSJÎÍPEPDBTPDMÓOJDP
Paciente W.S; masculino, 62 anos de idade, natu- próstata aumentada de volume, móvel, sem nódulos,
ral de Curitiba, PR, empresário. fibroelástica, sulco mediano sem anormalidades, li-
mites bem definidos.
Queixa Principal: aumento do PSA
Exames Complementares: Ultrassonografia da
História doença atual: paciente refere que em
próstata: Glândula prostática apresenta textura ho-
exames de rotina, houve aumento do PSA para 4,15.
mogênea e contornos bem definidos. Próstata com
Foi orientado pelo médico a fazer biópsia cujo resul-
dimensões de (38,5 x 42,3 x 41,2) mm. Volume pros-
tado demonstrou adenocarcinoma prostático, padrão
tático de 34,9cm3 e peso estimado de 36,8g. Cinti-
acinar usual, Gleason 7 (3+4), comprometendo 40%
lografia óssea sem sinais sugestivos de metástases
do fragmento da região medial esquerda e adenocar-
ósseas.
cinoma prostático, padrão acinar usual, Gleason 7
(3+4) comprometendo 60% do fragmento da região Ressonância Magnética e espectroscopia de pró-
inferior esquerda. Infiltração perineural ausente, in- tons da próstata com bobina endoretal: sinais de hi-
filtração angiolinfática ausente, extensão extracap- perplasia prostática com área suspeita de natureza
sular não avaliável. No momento, assintomático. neoplásica na zona periférica médio-basal esquerda,
sem sinais de comprometimento macroscópico extra
Sem comorbidades, história familiar: nega his-
capsular.
tória de câncer na família, hábitos de vida: nega
etilismo, nega alcoolismo. Estadiamento TNM – 6ª edição T1cN0M0 : Está-
dio clínico II - Classificado como Risco Intermediário
Ao exame: Bom estado geral, lúcido e orientado
em tempo e espaço, corado, eupneico, afebril, anic- Conduta: Radioterapia de intensidade modulada do
térico. Zubrod: 0 e Karnopfsky: 100% feixe (IMRT) com dois níveis de dose ou SMART (si-
multaneous modulated accelerated radiation therapy)
Aparelho ganglionar: não foram palpados linfo-
curativa associada à hormonoterapia durante 6 meses.
nodomegalia cervical, axilar e inguinal. Toque retal:

1MBOFKBNFOUPEF3BEJPUFSBQJB
Descrição do sistema de imobilização: Paciente a realização de uretrografia retrógada. Tomógrafo
deitado em decúbito dorsal com apoio para pernas; G&E®, Light Speed, de 64 canais com superfície
mãos sobre o peito segurando uma argola para man- da mesa horizontalizada e rígida foi utilizado para
ter a posição das mesmas. O procedimento de pré-si- a aquisição das imagens segundo o protocolo em
mulação foi realizado no Simulador (Therasim 750®) uso. Foram tomados cortes axiais equidistantes de
de forma a posicionar o isocentro inicial, incluindo 3mm, com 3mm de espessura de toda a pelve, desde

209
a crista ilíaca até os trocânteres menores dos fêmu- a evitar distensão intestinal por acúmulo de gases
res. Foram administrados 80 ml de contraste endo- e fezes. Ingestão de três copos de água também foi
venoso com aquisição tardia das imagens. Preparo orientado, uma hora antes da realização do exame,
intestinal prévio foi orientado ao paciente de forma para distender a bexiga.

%FmOJÎÍPEPTWPMVNFTEFUSBUBNFOUP
Após aquisição, as imagens tomográficas foram PTV próstata e PTV vvss. Margens no sentido an-
transferidas para o sistema de planejamento CA- teroposterior, látero-lateral e súpero-inferior foram
T3D® (Mevis) e as estruturas, delimitadas de acordo de 10mm.
com ICRU Report #50: Prescribing, Recording, and Bexiga: foi delimitada a borda externa da muco-
Reporting Photon Beam Therapy. sa da bexiga em toda sua extensão desde a base até
GTV: definido pelo médico inclui toda a região o ápice. O contraste endovenoso tardio auxilia na
com tumor delimitado pela tomografia pélvica, ure- definição adequada do volume da bexiga.
trografia retrógrada e informações do exame físico. Reto: foi delimitada a parede externa do reto por
Neste caso, foram delimitadas a próstata (GTV prós- toda sua extensão desde o ânus (até a transição re-
tata) e as vesículas seminais (GTV vvss) conforme tossigmóide).
visualizado na tomografia pélvica. Alças intestinais: foram delimitadas em todos os
CTV: é o GTV com as áreas de possível doença cortes da pelve e inclui a parede externa das mesmas.
microscópica, delineado pelo médico. Neste caso a Cabeça de fêmur: foram delimitadas as cabeças
próstata (CTV próstata) e as vesículas seminais (CTV de ambos os fêmures conforme visualização na to-
vvss) são definidas como CTV, ou seja, GTV=CTV. mografia pélvica até os trocânteres maiores.
PTV: é a adição de margens ao redor do CTV para Estudo de levantamento de “set up” em anda-
compensar as variações de posicionamento (erros de mento neste serviço, demonstrou um erro médio de
set-up) e mobilidade interna dos órgãos. Neste caso, 4mm. Assim as margens empregadas mostraram-se
as margens foram expandidas de forma tridimen- adequadas para esta modalidade terapêutica.
sional e isotropicamente para ambos os volumes,

1MBOFKBNFOUP'ÓTJDP
Órgãos de risco como reto, bexiga e cabeças de Foi analisado o histograma de dose-volume
fêmur foram expandidos isotropicamente com mar- (DVH) e o processo de otimização foi retomado até
gem de 3mm (PRV : Planning Organ at Risk Volume) a obtenção de cobertura adequada dos volumes alvo
e foram denominados respectivamente, PRV reto, e observação dos limites de dose aos órgãos de ris-
PRV bexiga e PRV cabeça dos fêmures. A otimiza- co conforme “constraints”1 adotados pelo Serviço,
ção foi feita sobre os volumes expandidos (PRVs). descritos abaixo:
O Sistema de Planejamento Físico utilizado foi Cobertura do alvo:
o CAT3D®. t1FMPNFOPTEP157EFWFSFDFCFSEB
As doses de prescrição foram: 78 Gy ao volume dose de prescrição.
prostático (PTV próstata) e 70,2 Gy ao volume de tEPWPMVNFEFWFSFDFCFSQFMPNFOPT
vesículas seminais (PTV vesículas seminais). da dose de prescrição.
Dose por fração: 2 Gy/dia no PTV próstata e 1,80 t" EPTF NÈYJNB BP 157 OÍP EFWF FYDFEFS B
Gy/dia no PTV vesículas seminais. dose prescrita em mais de 7%.
Unidade de tratamento: Mevatron® Siemens t0QPOUPEFEPTFNÈYJNBOÍPEFWFFTUBSMPDBMJ-
6-15MV. zado sobre um órgão de risco e sim no interior do PTV.

210
Reto: #FYJHB
tEPWPMVNFú(Z tEPWPMVNFú(Z
tEPWPMVNFú(Z tEPWPMVNFú(Z
tEPWPMVNFú(Z tEPWPMVNFú(Z
tEPWPMVNFú(Z tEPWPMVNFú(Z
t$BCFÎBTEF'ÐNVS%PTFNÈYJNB QVOUVBM
ú(Z

3FTVMUBEPTPCUJEPTQBSBPQMBOFKBNFOUP

Reto: #FYJHB
tEPWPMVNFSFDFCFV (Z tEPWPMVNFSFDFCFV (Z
tEPWPMVNFSFDFCFV (Z tEPWPMVNFSFDFCFV (Z
tEPWPMVNFSFDFCFV (Z tEPWPMVNFSFDFCFV (Z
tEPWPMVNFSFDFCFV (Z tEPWPMVNFSFDFCFV (Z

$BCFÎBTEF'ÐNVS %JSFJUBF&TRVFSEB

t%PTFNÈYJNB QPOUVBM
FOUSFHVF (Z157(Z
t$VSWBEFQSFTDSJÎÍP t% (Z
t% (Z t% (Z

157 (Z
t$VSWBEFQSFTDSJÎÍP
t% (Z

O ponto de máxima dose recebeu 83,0Gy equiva- mo as dos órgãos de risco foram analisadas através
lente a 7,17% de gradiente e ficou localizado dentro de Histogramas de Dose-Volume; as curvas de iso-
do volume da próstata. dose também foram analisadas corte a corte na vista
Foi proposto arranjo de cinco campos, 700, 2200. axial. Após aprovação do plano de tratamento pelo
1400, 00 e 2900, escala IEC; o feixe utilizado foi Radioterapeuta, os compensadores sólidos gerados
de 6MV de fótons; a técnica utilizada foi o modo pelo sistema foram exportados e enviados em ar-
inverso de planejamento (Inverse Planning Mode); quivo eletrônico para confecção; os compensadores
não foi utilizada correção para heterogeneidade em sólidos foram confeccionados em chumbo de alta
função do sítio anatômico (pelve)2,3 pureza (validação através de certificado do fornece-
dor), e então submetidos a um software responsável
Foi utilizado o conceito de OHT (Overall Health
por traduzir em coordenadas xyz o sólido corres-
Tissue) como ferramenta de controle da entrega de
pondente à nuvem de pontos gerada pelo TPS.
dose ao tecido sadio e penalizações para os órgãos
“de risco expandidos (PRVs). Um Centro de Usinagem CNC Rome® - mode-
lo Discovery 400 (Computer Numeric Control) ou
As doses de cobertura dos volumes alvo bem co-

211
Comando Numérico Computadorizado procedeu à As doses de cobertura dos volumes alvo bem como
usinagem dos compensadores sólidos. Os referidos as dos órgãos de risco foram analisadas através de
compensadores sólidos foram então identificados Histogramas de Dose-Volume; as curvas de isodo-
um a um e fixados em bandejas próprias, em posi- se também foram analisadas corte a corte na vista
ção correspondente ao definido pelo TPS para serem axial. Após aprovação do plano de tratamento pelo
submetidos ao Controle de Qualidade individual e Radioterapeuta, os compensadores sólidos gerados
posteriormente em conjunto. A posição em que os pelo sistema foram exportados e enviados em ar-
mesmos foram assentados nas bandejas respectivas quivo eletrônico para confecção; os compensadores
obedeceu à definição do centro do feixe de radiação sólidos foram confeccionados em chumbo de alta
devidamente testado. pureza (validação através de certificado do fornece-
O software MapCHECK identifica eventuais des- dor), e então submetidos a um software responsável
locamentos milimétricos (shifts) dos compensadores; por traduzir em coordenadas xyz o sólido corres-
isto também é avaliado no momento do controle de pondente à nuvem de pontos gerada pelo TPS.
qualidade. Um Centro de Usinagem CNC Rome® - mode-
O ponto de máxima dose recebeu 83,0Gy equiva- lo Discovery 400 (Computer Numeric Control) ou
lente a 7,17% de gradiente e ficou localizado dentro Comando Numérico Computadorizado procedeu à
do volume da próstata. usinagem dos compensadores sólidos. Os referidos
compensadores sólidos foram então identificados
Foi proposto arranjo de cinco campos, 700, 2200.
um a um e fixados em bandejas próprias, em posi-
1400, 00 e 2900, escala IEC; o feixe utilizado foi
ção correspondente ao definido pelo TPS para serem
de 6MV de fótons; a técnica utilizada foi o modo
submetidos ao Controle de Qualidade individual e
inverso de planejamento (Inverse Planning Mode);
posteriormente em conjunto. A posição em que os
não foi utilizada correção para heterogeneidade em
mesmos foram assentados nas bandejas respectivas
função do sítio anatômico (pelve)2,3
obedeceu à definição do centro do feixe de radiação
Foi utilizado o conceito de OHT (Overall Health
devidamente testado.
Tissue) como ferramenta de controle da entrega de
O software MapCHECK identifica eventuais des-
dose ao tecido sadio e penalizações para os órgãos
locamentos milimétricos (shifts) dos compensadores;
“de risco expandidos (PRVs).
isto também é avaliado no momento do controle de
qualidade.

212
Figura 1. Corte Axial ao nível do Isocentro com as Isodoses:
70% (magenta), 97% (verde), 100% (amarelo) e 102% (vermelho).

213
Figura 2. Vista Coronal ao nível do
Isocentro com as isodoses:
70% (magenta), 97% (verde), 100%
(amarelo) e 102% (vermelho).

Figura 3. Vista Sagital ao nível do


Isocentro as isodoses:
70% (magenta), 97% (verde), 100%
(amarelo) e 102% (vermelho).

214
Figura 4. Histograma de Dose Volume.

7BMJEBÎÍP%PTJNÏUSJDB
O comissionamento do material utilizado na do a 5,0 cm de profundidade; todos os campos, in-
confecção dos compensadores sólidos (chumbo) foi dividualmente, foram posicionados a 0º (ângulo de
exaustivamente testado quanto ao grau de pureza “gantry”) para serem posteriormente avaliados nesta
de forma a garantir matéria prima sem bolhas e/ou posição; no Acelerador Linear o MapCHECK foi po-
impurezas que alterassem a atenuação dos compen- sicionado sobre a mesa de tratamento obedecendo
sadores ao longo de toda a peça; todo o material foi as condições iniciais de calibração; o “MapCHECK”
adquirido com certificação de pureza emitido pelo faz uma leitura de BG (“background”), e posterior-
fornecedor. mente a calibração original é inserida no sistema; o
Antes da liberação do tratamento todos os com- bloco compensador é posicionado no cabeçote do
pensadores sólidos foram individualmente aferidos e Acelerador Linear; um feixe de radiação é progra-
num segundo tempo, em conjunto, de forma a veri- mado com o número de MUs gerado no protocolo
ficar a soma de todos os campos do tratamento no de tratamento; Ao ser liberado o feixe de radiação, o
que se refere à entrega de dose por fração. MapCHECK faz a leitura da fluência e posteriormen-
te compara a dose medida com a dose planejada. O
O processo de GQ consistiu em transferir o pla-
critério gama utilizado foi de 3%/3 mm ( y ≤ 1).
no de tratamento para um fantoma de água virtual,
criado pelo próprio TPS; com o isocentro posiciona-

215
Figura 5. Histogramas de análise gamma para dose relativa, utilizando o software MapCHECK.

Figura 6. Histogramas de análise gamma para dose absoluta, utilizando o software MapCHECK.

Das análises de dose relativa e dose absoluta fluência de feixe de tratamento próxima da ideal,
obteve-se como resultados 100% para dose relativa o que implica diretamente em excelentes resultados
e de 98,7% para dose absoluta na média dos cinco dosimétricos. Os resultados obtidos para este caso
campos. obedeceram aos limites estabelecidos com facilidade
Os limites aceitos foram de 95% dos detectores e, na média, os limites de aceitação citados têm se
em concordância com o critério gama para dose re- mostrado coerentes considerando todos os casos en-
lativa e 95% para dose absoluta (casos de IMRT de volvidos na prática clínica da Instituição.
próstata). Estes critérios foram estabelecidos pelo
fato dos compensadores sólidos apresentarem uma

216
1SPDFEJNFOUPTEF$POUSPMFEB2VBMJEBEF
O processo completo de controle da qualidade in- digitais geradas a partir do sistema de planejamento
clui a unidade de tratamento Siemens Mevatron®, os (Digital Reconstructed Radiography, DRR) nas angu-
compensadores sólidos e o set-up diário do paciente. lações 00, 2700 e 900, escala IEC, correspondendo
Unidade de tratamento: A unidade de tratamen- às imagens anterior, lateral direita e lateral esquerda
to Siemens Mevatron® inclui periodicamente, entre do paciente.
outros, a aferição do posicionamento do sistema de No dia seguinte, o paciente foi levado à Unidade
laser e aferição da dose de referência através do Pro- de Tratamento (Mevatron 6MV – Siemens®) e novas
filer Sun Nuclear® (arranjo de diodos para checar, radiografias do isocentro de tratamento foram rea-
além da dose, o tamanho de campo, simetria e pla- lizadas com filme oncológico, e novamente compa-
nura do campo de radiação). A faixa de tolerância radas às DRRs. As angulações foram as mesmas do
aceita é de 2% para tamanho de campo e 3% para dia anterior, realizadas no Simulador.
planura e simetria do feixe.. Uma vez que todos os portais analisados foram
A parte mecânica da unidade de tratamento tam- liberados pelo médico e físico responsáveis, o pa-
bém é verificada periodicamente, segundo o progra- ciente iniciou o tratamento. Foram feitos portais se-
ma estabelecido no Serviço. manais do isocentro, repetindo-se sempre as mesmas
O tampo da mesa de tratamento teve sua superfí- angulações iniciais. A realização de novos portais a
cie retificada de forma a torná-la plana e rígida o que qualquer momento, durante o curso do tratamento,
proporcionou melhor reprodutibilidade do “set up” tem a finalidade de verificação aleatória.
diário (o paciente não foi tratado sobre o “mailer”). O paciente foi orientado a apresentar-se para
Paciente: Antes de iniciar o tratamento, o pa- tratamento diário com a bexiga cheia como no dia
ciente foi levado ao simulador para posicionamento da tomografia para planejamento, ou seja, imedia-
do isocentro de tratamento; a confirmação da nova tamente após esvaziar a bexiga, ingerir 3 copos de
posição foi feita por meio de radiografias ortogonais água 1 hora antes da aplicação.
simples, as quais foram comparadas às radiografias

$PNFOUÈSJPT'JOBJT
Dentre as vantagens desta técnica, destacam-se cos mais complexos como os de cabeça e pescoço.
o baixo número de unidades monitoras (MU), menor A obtenção de altos índices de modulação é uma
dose de radiação espalhada mais rápido em função característica do IMRT com compensadores sólidos,
do tratamento diário e melhor reprodutibilidade. também conhecidos como Solid IMRT.
Outro ponto que merece destaque é a possibili- Uma desvantagem do uso de compensadores só-
dade de implementação do IMRT em qualquer acele- lidos em relação ao MLC (multileaf Collimator) inclui
rador linear, desde que, devidamente comissionado. o tempo de confecção desses compensadores sólidos
Vale lembrar que não se faz necessária a mudança (média de 24 horas), principalmente quando se faz
de cálculo de blindagem mesmo que essa técnica necessário replanejar durante o curso do tratamen-
não tenha sido considerada no projeto inicial em to; por outro lado o fato do tecnólogo ter que entrar
função de não aumentar a radiação de fuga do ca- na sala de tratamento a cada mudança de campo é
beçote da unidade de tratamento. compensado pelo baixo número de MUs, facilitando
A fluência de tratamento se mostra mais próxima igualmente a verificação do posicionamento do pa-
da ideal, comprovado dosimetricamente, com exce- ciente durante a fração diária do tratamento.
lentes índices de aprovação mesmo em casos clíni-

217
218
$BTP$MÓOJDP
*.35OP$ÉODFS(JOFDPMØHJDP
Arthur Accioly Rosa e Wagner Paniago de Souza

%FTDSJÎÍPEP$BTP$MÓOJDP
Paciente 64 anos, sexo feminino com históri- t%PYPSSVCJDJOB-JQPTTPNBMYQPSNFTFT OP
co de neoplasia de endométrio diagnosticada ha 3 vamente com Resposta Completa (CR)
anos. Na ocasião foi submetida a histerectomia total Durante cerca de 8 meses de seguimento, embora
abdominal com salpingo-ooforectomia bilateral e mantivesse assintomática, foi observada novamente
no transoperatório identificado envolvimento linfo- progressão de marcadores e recorrência em linfono-
nodal macroscópico para-aórtico, até a emergência dos pélvicos e para-aórticos.
das artérias renais. Como a doença era “alta“, foi Pelo contexto clinico e intervalo menor de reci-
contraindicado pelo cirurgião a realização de linfa- diva, além de menor expectativa de resposta com
denectomia alargada. O laudo histopatológico mos- outras linhas de quimioterapia foi reconsiderado,
trou ADENOCARCINOMA GII endometrióide, com pela relativa boa resposta e indolência da doença,
comprometimento de 2/3 do miométrio, além de um tratamento local mais objetivo. Novamente a ci-
metástase para ovário esquerdo. Estádio pT3aN2M1 rurgia contraindicou a abordagem tendo sido pon-
(IVb) com cirurgia R2. No contexto clinico de doen- derada indicação de radioterapia.
ça sistêmica foi deliberado por quimioterapia palia- Na avaliação da radioterapia a paciente se en-
tiva, tendo a paciente recebido o seguinte esquema: contrava com leve e eventual desconforto em dorso.
t$BSCPQMBUJOBF5BYPMYDPN3FTQPTUB$PNQMF KPS 100%, corada e hidratada, sem linfnodomega-
ta (CR) laboratorial (marcadores) e radiológica. lias palpáveis.
Após 1 ano de seguimento foi observada recidiva Abdomen: flácido e indolor, sem massas palpáveis.
laboratorial e radiológica, assintomática. Conduzido Nada a acrescentar de comorbidades clinicas re-
novo esquema de quimioterapia com detalhes a seguir: levante.

2*NQSFTTÍP$MÓOJDB
Paciente com doença para-aórtica, com padrão dioterapia de dose radical, pelas características de
de sensibilidade a tratamento citotóxico e relativa evolução já apresentadas. Como o volume de tra-
indolência, considerando os 3 anos de evolução. tamento é extenso, e existe heterogeneidade na in-
Foi submetida a PET-CT que mostrou doença loco- dicação de dose para os volumes-alvo, propusemos
-regional, com maior captação para-aórtica e ilíaca IMRT como técnica mais adequada.
direita, passiveis de tratamento paliativo, com ra-

219
*NBHFOTVTBEBTOPQMBOFKBNFOUP
O tratamento de IMRT pressupõe heterogenei- - Alças intestinais: desenhado volume peritone-
dade de dose dentro dos volumes envolvidos no al, excluindo-se as vísceras sólidas, contemplando
tratamento. Dessa forma, quanto melhor essas es- todas as estruturas infradiafragmáticas até o limi-
truturas forem definidas, melhor será a segurança te inferior da pequena pelve. Excluímos volume de
na distribuição de dose, com menos tecidos sadios intersecção com CTV e PTV. Constraint proposto:
irradiados. Foi decidido por usar PET-CT (tomogra- Dmax<50 Gy; V36<40 Gy
fia de emissão de pósitrons, fundida a matriz de to- - Bexiga: desenhada toda sua estrutura ana-
mografia anatômica), tanto para definição de volu- tômica identificada na TC. Constraints propostos:
mes, quanto para matriz de cálculo. Usamos cortes Dmax<50 Gy; V36<45 Gy. Os “Constrainst” utiliza-
axiais de 3mm na tomografia computadorizada do dos para planejamento de neoplasia de próstata são
PET, com posicionamento em mesa plana, indexada, maiores, porém no contexto dos volumes, sustenta-
usando suporte tipo vac-lock em decúbito dorsal, mos limites mais restritos.
com braços elevados apoiados em suporte ”T” espe-
- Reto: desenhada sua estrutura anatômica iden-
cífico. Não foi administrado contraste venoso pelo
tificada na TC da margem anal até a deflexão pe-
contexto satisfatório das informações geradas pela
ritoneal. “Constraints” propostos: Dmax<50 Gy;
imagem metabólica do PET.
V60<30 Gy. O mesmo comentário dos limites de be-
Volumes Envolvidos no Planejamento. xiga se reproduz com o volume do reto.
OAR (Organs at Risk) - Medula Óssea: existe alguma controvérsia em
- Fígado: desenhada toda sua estrutura anatô- como definir esse volume. Algumas séries incluem
mica com base nas imagens da tomografia de pla- todo o osso ilíaco, outras envolvem o também sacro,
nejamento. “Constraints” propostos: V100<25Gy; enquanto algumas somente a parte chata do ilíaco.
V50<32Gy Nesse planejamento definimos medula óssea como
- Rins: desenhados ambos os órgãos em toda sua o osso ilíaco. “Constraints” propostos: V90<10Gy;
estrutura anatômica identificada na TC, em volumes V50<30Gy; V36<40Gy
individuais, esquerdo e direito. Excluída pelve renal GTV (Gross Tumor Volume)
dos volumes. Constraints propostos: V50<18 Gy; Definido com a combinação das imagens ana-
V36<10 Gy tômicas de aumento de volume de linfonodos em
- Medula vertebral: desenhada toda sua estru- cadeias para-aórticas, ilíaca comum e ilíaca externa,
tura anatômica no volume da tomografia. Apesar essas últimas a direita. Adaptados volumes às ima-
do limite inferior ser a cauda equina, na projeção gens hipermetabólicas do PET, identificadas nestas
axial da transição dos corpos vertebrais de L2/L3, topografias. Proposta dose de 6000 cGy com fra-
projetamos volume até L5. “Constraint” proposto: ção/dia de 2,4 Gy, em 25 sessões.
Dmax<45Gy; BED10= 74 Gy; BED3= 108 Gy.

220
Figura 1. Imagens hipermetabólicas usadas na definição do GTV.

$57 $MJOJDBM5BSHFU7PMVNF
157 1MBOOFE5BSHFU7PMVNF

Definido com a margem de 7 mm para doença Foram definidos dois volumes de PTV. O primeiro
microscópica, envolvendo os GTVs, que é a margem sendo o PTV 60 Gy, correspondente a margem de 12
usada em neoplasias de linhagem epitelial. Foi inclu- mm expandida sobre o GTV (7 mm para doença mi-
ído neste volume o leito cirúrgico da histerectomia croscópica de CTV e 5mm de erro de setup). O PTV 45
prévia. Apesar do cenário de tratamento ser palia- Gy então, correspondente a margem de 5 mm expan-
tivo, dada a indolência da doença, foi decidido por dida sobre o CTV. Essas margens foram consideradas
tratamento das áreas de risco para doença microscó- para determinação de erros de setup e, portanto fica-
pica. Esse tratamento só foi possível pala utilização ram restritas. Isso se deveu ao fato de, considerando
da técnica de IMRT. Prescrita dose de 4500 cGy com que boa parte dos volumes é retro-peritoneal, conse-
fração/dia de 1,8 Gy, também em 25 sessões. quentemente a mobilidade seria reduzida.

Figura 2. Projeção volumétrica das estruturas envolvidas.

221
5BCFMB7BMPSFTEFi$POTUSBJOUTwVUJMJ[BEB
Dmax V90 V60 V50 V36
Fígado <32Gy
Rins (cada) <18Gy <10Gy
Medula Vertebral 45Gy
Medula óssea <10Gy <30Gy <40Gy
Alças intestinais 52Gy <40Gy
Bexiga 50Gy <45Gy
Reto 50Gy <30Gy

1MBOFKBNFOUP'ÓTJDP
Realizado planejamento utilizando Sistema de foi escolhida de modo que 99% do PTV45 e PTV60
Planejamento (TPS) com o algoritimo AAA (Aniso- fossem englobados por 100% das respectivas doses
tropic Analytical Algorithm) com correção de hete- prescritas. O plano apresentou gradiente máximo de
rogeneidade. O método para a entrega da dose foi 8% acima da dose para o PTV60. Os “contraints”,
o Dinâmico. A distribuição angular dos campos de usados no processo de optimização do planejamen-
tratamento foi 180, 135, 100, 50, 10, 300, 260, 227 to, estão resumidos no quadro acima. Para garantir-
graus. A escolha destes ângulos foi baseada na dis- mos uma boa uniformidade de dose no PTV45, foi
posição dos volumes alvo, relativos aos órgãos de criada uma estrutura de optimização (PTV60 subtra-
risco objetivando poupá-los. A curva de prescrição ído do PTV45).

7BMJEBÎÍPEPTJNÏUSJDBF$POUSPMFEB2VBMJEBEFEPUSBUBNFOUP
A dosimetria para validação do plano foi realiza- os ângulos de “gantry”, reposicionados em 0 grau.
da usando um sistema planar contendo 729 câma- Para maior precisão e facilidade no posicionamento,
ras de ionização, distribuídas em uma matriz 27x27 usamos um sistema extereotáxico extra craneano de
cm e posicionado entre dois conjuntos de placas câmeras infravermelhas. A Figura abaixo mostra a
PMMA. Os centros destas câmaras distam de 1 cm distribuição da dose calculada nas condições acima
entre si. Este sistema foi tomografado e os campos descritas.
de tratamento exportados e recalculados com todos

222
Figura 3. Imagens da dosimetria obtida como parte do processo de validação

A análise comparativa entre as curvas de isodose, calculadas pelo sistema de planejamento, e as medidas,
foi feita utilizando um software comercial. A ferramenta matemática usada para tal comparação foi a Função
Gama com tolerância de variação de 5% e 3mm. Abaixo estão mostrados alguns perfis e o quadro de resumo
da Análise Gama.

Figura 4. Resultados da análise gama

223
Avaliamos quantitativamente a comparação de vários perfis das isodoses medidas e calculadas pelo TPS.
Vide Figuras abaixo.

Figura 5.
Distribuição “cross plane.”

Figura 6.
Distribuição In plane.

O controle da qualidade de posicionamento e posicionamento assistido pelo sistema infraverme-


localização foi conduzido através de radiografias lho. Todas as variações registradas em qualquer dos
ortogonais nos três primeiros dias de tratamento e eixos foram inferiores a 3mm, não havendo desta
posteriormente uma vez por semana, mesmo com o forma necessidade de correção.

$POTJEFSBÎÜFTmOBJT
A tecnologia de intensidade modulada é uma nas estruturas descritas. Outra preocupação do caso
ferramenta importante no tratamento de patologias foi a dose integral na medula óssea, uma vez que a
ginecológicas, pois essas sistematicamente impõem paciente já havia recebido 2 linhas de quimioterapia
volumes heterogêneos e de doses particularizadas. com leucopenia como efeito colateral.
No caso em questão não seria possível a realização O desenvolvimento tecnológico e a pouca varia-
do tratamento sem o IMRT. O grande desafio neste ção encontrada nos dados de controle de qualidade
caso foi o controle de dose nos rins, que estavam não diminuem a importância dos mesmos. Enten-
muito próximos de um dos volumes de GTV. As inci- demos com imperativo para um bom resultado, a
dências dos feixes modulados foram personalizadas, realização sistemática e criteriosa destes testes.
para minimizar ainda mais a contribuição de dose

224
$BTP$MÓOJDP
*.35OP$ÉODFSEP$BOBM"OBM
Felipe Erlich e Delano Batista

%FTDSJÎÍPEPDBTPDMÓOJDP
Paciente feminina, 60 anos, com história de san- central na parede posterior do canal anal medindo
gramento nas fezes e constipação há cerca de quatro aproximadamente 3,0 cm. A RM de pelve, Figura 1,
meses. Procurou auxílio médico, identificando-se, à mostrou espessamento parietal lobulado do canal anal
anuscopia, lesão vegetante, infiltrativa, iniciando-se e reto inferior, sobretudo das paredes posterior e lateral
acima da margem anal, semi-circunferencial, ocu- direita, medindo cerca de 4,7 x 4,6 x 4,0 cm (L x AP
pando a porção posterior do canal anal. Não havia x T), determinando redução luminal, além de linfo-
linfonodos inguinais palpáveis ao exame físico. Foi nodo peri-retal à esquerda. O PET-CT mostrou au-
submetida à retosigmoscopia, que mostrou lesão mento do metabolismo da glicose apenas na referida
elevada de limites mal definidos com ulceração rasa lesão conforme a Figura 2.

Figura 1.
Imagem de RM mostrando
a lesão em canal anal.

Figura 2.
Imagem obtida com PET-CT
mostrando aumento do me-
tabolismo de glicose na lesão.

225
A paciente foi estadiada clinicamente como T3 fim de reduzir a dose aos tecidos normais adjacen-
N1 e encaminhada para tratamento combinado de tes, especialmente vulva, bexiga e alças intestinais,
rádio e quimioterapia. Foi optado pelo tratamento ao mesmo tempo tratando os volumes-alvo com a
com radioterapia de intensidade modulada (IMRT), a dose prescrita.

4JNVMBÎÍPEP1BDJFOUF
A fim de minimizar a variabilidade de “setup”, exame. As imagens foram importadas no sistema de
a paciente foi posicionada em posição supina, com planejamento (Eclipse v8.6, Varian Medical Systems,
braços elevados e imobilizada com um dispositivo Palo Alto, CA), onde procedeu-se o delineamento
individualizado a vácuo (vacuum-lock). Três lasers dos alvos.
foram utilizados para alinhar a paciente e foram Delineamento dos Órgãos e Tecidos Alvo
feitas marcações na pele e no colchão a vácuo, pa-
As imagens da TC de planejamento, PET e RM fo-
ra facilitar a reprodutibilidade diária. Três adesivos
ram importadas no sistema de planejamento e feito
com marcadores rádio-opacos (um na linha média
o registro (fusão) entre elas, Figura 3. Dois volumes-
anterior e dois laterais) foram posicionados na pe-
-alvo de planejamento (PTVs) foram delineados: um
le. Utilizou-se para planejamento exame de PET-CT,
PTV para a doença macroscópica grosseira (PTV:54),
(Somatom Sensation 2, Siemens, Palo Alto, CA), do
que recebeu 54 Gy em 30 frações, com 180 cGy por
vértex craniano à raiz de coxa, com cortes de 3 mm,
fração e um PTV nodal eletivo (PTV:45), que recebeu
tampo de mesa plano e contraste oral. Foi solicitado
45 Gy em 30 frações, com 150 cGy por fração.
que a paciente esvaziasse a bexiga e o reto antes do

Figura 3. Fusão das imagens obtidas com TC de planejamento, PET e RM.

Para obtenção do PTV:54 utlizou-se a informa- a 2,5cm, incluindo os tecidos adjacentes ao canal
ção do exame clínico, colonoscopia, RM e a área anal, bem como o plexo linfático da mucosa retal,
hipermetabólica ao PET. Com isso, é gerado inicial- para a obtenção do CTV:54. Esse CTV pode ser edi-
mente o GTV. Esse GTV recebe uma margem de 2,0 tado para a exclusão dos ossos e ar. Finalmente, o

226
CTV:54 é expandido simetricamente em 1,0 cm, pa- caudal à junção safeno-femoral. Após a marcação
ra a obtenção do PTV:54, exceto na pele não aco- dessas regiões nodais de risco, recomenda-se adi-
metida, onde o sistema de planejamento requer uma cionar uma margem de 7 a 10mm para a obtenção
margem de 2,0 a 5,0mm, Figura 4. do CTV:45, excetuando-se ossos, estruturas gênito-
O PTV:45 inclui os linfonodos inguinais; ilíacos -urinárias, músculos e alças intestinais. Finalmente,
comuns, internos e externos; obturadores e pré-sa- adiciona-se uma margem simétrica de 1,0cm para a
crais. O limite superior geralmente coincide com a obtenção do PTV:45, excetuando-se a pele, onde o
bifurcação da artéria ilíaca comum ou o espaço en- sistema de planejamento requer uma margem de 4 a
tre L4 e L5, enquanto que o inferior situa-se 2,0 cm 5mm, Figura 5.

Figura 4.
Delineamento Clinico
do GTV, CTV:54 e
PTV:54.

Figura 5.
Delineamento Clínico do
CTV:45 e PTV:45.

227
Os tecidos normais críticos delineados foram a do, crista ilíaca e cabeça de fêmur.
genitália externa, bexiga, intestino grosso e delga-

1MBOFKBNFOUPEF5SBUBNFOUP
Para o posicionamento do isocentro geralmente gradiente de dose possível. Nesse paciente foram
escolhe-se uma posição anatômica de fácil visua- utilizados sete campos coplanares, com ângulos de
lização durante as imagens portais de verificação. gantry de 36°, 80°, 115°, 180°, 245°, 280° e 324°
Procura-se também um ponto próximo ao centro da graus conforme a Figura 5. O planejamento inicia-se
soma dos PTV´s para evitar a divisão de campos em tentando-se utilizar apenas 05 campos, que normal-
diversos subcampos devido às limitações do movi- mente apresenta uma distribuição de dose inferior
mento dos carros de lâminas do MLC. Além disso, ao planejamento com sete. O uso de nove ou mais
é preferível que as lâminas de colimação de menor campos geralmente mostra pouco benefício, estando
espessura e maior resolução estejam mais próximas reservado a volumes extensos de doença e muito
dos volumes-alvo, a fim de proporcionar uma con- próximos à estruturas críticas. Na escolha dos ân-
formação mais precisa. gulos deve-se evitar campos opostos e optar por ân-
O número de campos é determinado a fim de se gulos em que os tecidos sadios fiquem poupados da
produzir o plano mais conformado e com menor radiação. A energia de todos os feixes foi de raios-x
de 6 MV.

Figura 6.
Distribuição dos campos de tratamento.

não é utilizada de rotina, havendo preferência pelo


Alguns sistemas de planejamento oferecem fer- uso de campos já descritos na literatura, amplamen-
ramentas de otimização do ângulo do feixe. Através te aceitos e validados em diversos centros.
dela, pode-se controlar diversas variáveis, como nú- As restrições de dose para os tecidos críticos sa-
mero mínimo e máximo de campos, angulação mí- dios são descritas na Tabela 1, apesar de que seus
nima entre eles, rotação do colimador, uso de cam- valores possam ser mudados durante o processo de
pos não coplanares, entre outros. Essa ferramenta otimização visando uma melhor convergência dos

228
resultados. Volumes abaixadores de dose também não delineadas num primeiro momento. As curvas
foram introduzidos após a primeira rodada de otimi- de isodose são mostradas na Figura 7, enquanto que
zação para a correção de pontos quentes em regiões o histograma-dose volume é mostrado na Figura 8.

5BCFMB3FTUSJÎÜFTEFEPTFQBSBPTUFDJEPTDSÓUJDPT
Cabeça de Fêmur Intestino Grosso
50% < 30 Gy 200 cc < 30 Gy
35% < 40 Gy 150 cc < 35 Gy
5% < 50 Gy 20 cc < 45 Gy
$SJTUB*MÓBDB #FYJHB
50% < 30 Gy 50% < 40 Gy
5% < 50 Gy 35% < 50 Gy
5% < 50 Gy
Intestino Delgado (FOJUÈMJB&YUFSOB
200 cc < 30 Gy 50% < 20 Gy
150 cc < 35 Gy 35% < 30 Gy
Nada acima de 50 Gy 5% < 40 Gy

Figura 7. Distribuição das curvas de isodose.

229
Figura 8. Histograma dose-volume.

4. Parâmetros de Tratamento e Controle da Qualidade


A paciente foi tratada com IMRT em modo dinâ- ções e também semanalmente, com filmes de veri-
mico (“sliding-window”) utilizando-se um acelera- ficação ânteroposterior e laterais, comparados com
dor linear Clinac 2300 CD (Varian Medical Systems, as radiografias digitais (DRR) geradas no sistema de
Palo Alto, CA), com um colimador multilâminas de planejamento, Figura 9. O tempo diário de posicio-
52 lâminas. A acurácia do setup e a posição do iso- namento variou de 3 a 5 minutos, enquanto que o
centro foram verificadas nas três primeiras aplica- de tratamento variou de 12 a 15 minutos.

Figura 9. Radiografias digitais para verificação do isocentro.

A verificação pré-tratamento é uma etapa pri- aliza este procedimento com o equipamento PTW
mordial no tratamento com IMRT, pois não há meios Array seven29, composto de 729 câmaras de ioni-
práticos de se verificar manualmente a unidade de zação de placas paralelas dispostas numa área de
monitoração dos campos de tratamento gerados pe- 27x27cm2. Esta matriz de detectores foi inicialmen-
lo sistema de planejamento. Atualmente, o INCA re- te posicionada entre duas placas de água sólida de

230
espessura 5cm e tomografada, Figura 10, em cortes a origem do sistema de coordenadas das imagens
de 3mm em toda área de detecção. O contorno ex- posicionada no ponto efetivo da câmara central.
terno do conjunto foi delineado para cálculo, sendo

Figura 10. Posicionamento do array entre duas


placas de água sólida para obtenção de imagem
para a verificação pré-tratamento.

0TQSPDFEJNFOUPTEBWFSJmDBÎÍPQSÏUSBUBNFOUPTFHVJSBNPTQBTTPTMJTUBEPTBCBJYP

t"QSPWBÎÍP EP QMBOFKBNFOUP QFMP SBEJPUFSB- t$ÈMDVlo da distribuição de dose na imagem do


peuta e físico médico responsáveis pelo caso; fantoma usando as mesmas fluências e unidades de
t$SJBÎÍPEFVNQMBOPEFWFSJmDBÎÍPBUSBWÏTEB monitoração do planejamento da paciente, Figura 11;
exportação dos campos de tratamento; t"QSPWBÎÍPFFYQPSUBÎÍPEPTDBNQPTEFWFSJm-
t3FQPTJDJPOBNFOUP EPT DBNQPT OP TJTUFNB EF cação para o sistema de gerenciamento;
planejamento conforme a irradiação que será re- t&YQPSUBÎÍPEPQMBOPEFEPTFDPSPOBMBPMPOHP
alizada. Isto inclui colocação de todos os ângulos dos pontos efetivos das câmaras do detector;
(gantry, colimador e mesa) em 0o, posicionamento t1PTJDJPOBNFOUPEPEFUFDUPSOBNFTBEPBDFMF-
do isocentro na origem da imagem ou, em casos de rador linear com alinhamento conforme planejado.
campos muito assimétricos, num ponto que permita Em irradiações com MLC com lâminas de largura de
o enquadramento de todo o campo na área útil do 1cm projetada no isocentro, há o cuidado adicio-
detector; nal de evitar a colocação das câmaras nas direções
inter-lâminas;

231
Figura 11. Tela do Sistema de Planejamento Varian Eclipse 8.6 com a distribuição de dose calculada nos três planos
principais do fantoma de verificação. O plano coronal (janela inferior esquerda) é exportado para comparação.

t*SSBEJBÎÍPEPEFUFDUPSDPNVNDBNQPEFSFGF- dose local, 3mm para margem de concordância em


rência 10x10cm2 para avaliação do fator de calibra- distância. São analisados os pontos com dose acima
ção do acelerador; de 20% da dose máxima, pois na faixa abaixo desta
t*SSBEJBÎÍPEPEFUFDUPSDPNPTDBNQPTEF*.35 a importância clínica é pequena e o sistema de pla-
Os campos relacionados a um mesmo ângulo de tra- nejamento possui intrinsecamente uma menor pre-
tamento têm as suas distribuições de dose registra- cisão nesta região na qual a transmissão pelo MLC e
das em um único arquivo; pelos colimadores tem um papel considerável. Para
aceitação do campo é necessária uma aprovação su-
t0T BSRVJWPT EPT DBNQPT JSSBEJBEPT F DBMDVMB-
perior a 90% dos pontos analisados. Nesta paciente
dos pelo sistema de planejamento são importados
os sete campos ficaram com aprovação na faixa de
para o programa PTW Verisoft 4.0 e comparados
95%, conforme o exemplo do campo oblíquo ante-
usando a função índice gamma, Figura 12. Os crité-
rior esquerdo (“gantry 36º”) mostrado na Figura 12.
rios de aceitação de pontos são: 3% de diferença em

232
Figura 12. Tela do programa Verisoft comparando as distribuições de dose do detector array seven29
(janela superior esquerda) e do sistema de planejamento (janela inferior direita).

Além da verificação pré-tratamento e dos con- do paciente e que futuramente será implementado
troles de qualidade usuais do acelerador linear, o na instituição.
posicionamento das lâminas do MLC e seu movi- Um outro controle a qualidade possível é a do-
mento no modo dinâmico são analisados diariamen- simetria “in-vivo”. Nesta paciente, para avaliação
te. Neste último caso é utilizado para análise dos de uma reação diferenciada na vulva foi feita uma
erros de movimento o software Dynalog Viewer for- dosimetria com detector termoluminescente (TLD)
necido pela Varian, Figura 13. Este mesmo software e o resultado indicou uma concordância em 3%
permite nas versões mais modernas do MLC da Va- com o calculado.
rian a avaliação de todos os campos de tratamento

233
Figura 13. Histograma do Dynalog Viewer indicando uma lâmina com erro de movimentação acima da tolerância.

3FTVMUBEP$MÓOJDP
O tratamento foi tolerado extremamente bem e damente 1800 cGy. A reação de pele foi tratada so-
todo o curso de radioterapia e quimioterapia conco- mente com agentes tópicos e se resolveu após cerca
mitantes foi completado sem interrupção. A paciente de seis semanas do término do tratamento. Após 18
apresentou resposta clínica completa após cerca de meses de seguimento a paciente encontra-se bem,
40 dias. Desenvolveu toxicidade moderada de pele em resposta completa, sem nenhuma evidência de
(descamação e úlcera rasa na vulva) após aproxima- toxicidade crônica.

234
$BTP$MÓOJDP
*.35OP5VNPSEF1SØTUBUBDPN.-$
Ronaldo Cavalieri, Hélio Salmon, Guilherme Pavan e Marcio Reisner

%FTDSJÎÍPEP$BTP$MÓOJDP
Paciente do sexo masculino, 70 anos, branco, na- atípicos altamente suspeitos de adenocarcinoma.
tural do Rio de Janeiro, engenheiro, casado. Avaliado pela primeira vez na Radioterapia no
Apresentou durante exames de rotina, em janei- mesmo mês, quando não apresentava qualquer
ro de 2009, PSA de 0.6 ng/ml, dentro dos níveis queixa, ou sintomas clínicos.
normais. Realizou mesmo exame em setembro de Em história patológica pregressa era referida
2009, quando foi detectado aumento significativo apenas hipertensão arterial controlada com anti-hi-
dos valores, para 2.83 ng/ml, tendo sido indicada pertensivos habituais, cirurgias prévias para glau-
biópsia da próstata. Tempo de dobra do PSA: 12.51 coma no olho esquerdo, e para correção de hérnia
meses. Não referia qualquer sinal ou sintoma clínico inguinal à direita. Sem história de tabagismo ou eti-
na ocasião. lismo. Não era evidenciada qualquer alteração ao
A biópsia foi realizada em julho de 2010 e re- exame clínico, o toque retal era normal e “perfor-
velou: Próstata, base direita: Adenocarcinoma- mace status” era de zero.
gleason6 (3 + 3), comprometendo focalmente (3.0 Ressonância magnética da pelve foi solicitada,
mm) um fragmento de 11.0 mm num total de três que mostrou próstata medindo cerca de 4.0 x 3.2 x
fragmentos. 4.0cm³, com peso estimado em 26.6 gramas, além de
Próstata, terço médio direito: Proliferação de ausência de linfonodomegalias pélvicas.
pequenos ácinos atípicos altamente suspeitos de O paciente apresentou aumento maior que 2ng/
adenocarcinoma comprometendo um de quatro ml no valor do PSA em menos de 1 ano, o que de
fragmentos. acordo com publicação de D’Amico e colaboradores
Próstata, base direita, estudo imunohistoquími- (JAMA, 2005) traduz pior prognóstico.
co: Pesquisa imuno-histoquímica da anticitoque- Foi indicado tratamento com Radioterapia com
ratina 34BE12 revelou negatividade nos ácinos intensidade modulada / Radioterapia guiada por
suspeitos corroborando o diagnóstico de adenocar- imagem, com dose de 54 Gy em 27 frações em prós-
cinoma acinar usual. tata e vesículas seminais na primeira fase, e 24 Gy
Próstata terço médio direito, estudo imunohisto- em 12 frações na segunda fase somente sobre a
químico: Na realização do estudo imunohistoquími- glândula, com dose total de prescrição de 78 Gy.
co não houve representação do foco suspeito, não Foram colocados fiduciais de ouro na glândula
sendo possível esclarecimento do diagnóstico. Man- QSPTUÈUJDBQBSBBVNFOUPEBFYBUJEÍPOBSFBMJ[BÎÍP
tido diagnóstico de proliferação de pequenos ácinos da Radioterapia guiada por imagem. Esse procedi-

235
mento foi realizado em nível ambulatorial sem qual- inferiores apoiados em suporte e segurando argo-
quer intercorrência, sendo implantados três fiduciais la plástica com as mãos sobre o tórax. Utilizamos
por via transretal: 2 em lobo direito, 1 em lobo es- preparo específico com objetivo de reproduzir as
querdo, separados por 1cm, em diferentes planos. condições de reto vazio e bexiga confortavelmente
Posicionamento do paciente e aquisição de imagem: cheia, com objetivo de diminuir a variação de posi-
cionamento da próstata.
Dez dias após o implante foi realizado uma to-
mografia computadorizada de planejamento, em to- A aquisição se estendeu do nível da quarta vértebra
mógrafo dedicado ao departamento. O paciente foi lombar até abaixo da porção inferior da tuberosidade
posicionado em decúbito dorsal com os membros isquiática, com espessura de corte de 3mm.

%FMJOFBNFOUPEPTWPMVNFTEFUSBUBNFOUP
O delineamento da próstata, vesículas seminais da para determinar com maior precisão a extensão
e órgãos em risco, incluindo reto em toda sua cir- do volume da próstata e vesículas seminais na to-
cunferência, bexiga, alças intestinais, cabeças dos mografia computadorizada de planejamento, entre-
fêmures e bulbo peniano foram realizados. tanto não houve fusão das duas imagens, pois elas
foram obtidas em condições diferentes em relação a
Foi utilizado como auxílio de exames de imagem
posicionamento e preparo intestinal e vesical.
prévios, como a RNM realizada. A RNM foi utiliza-

%FmOJÎÍPEPTWPMVNFTBMWP
O volume-alvo clínico CTV foi definido como 27 aplicações de 2.0 Gy / dia.
toda a próstata. Não foi determinado um volume tu- PTVpróstata: Incluiu toda a prósta-
moral grosseiro (GTV) nesse caso. Um segundo CTV ta e recebeu 39 aplicações de 2.0 Gy / dia.
foi definido abrangendo toda a extensão das vesí- Definição dos órgãos em risco:
culas seminais. Definição do reto: Superiormente – Flexura do
Foram gerados dois volumes-alvo de planeja- reto-sigmóide, inferiormente – Ao nível ou Inferior a
mento (PTV). O primeiro ao redor da próstata e o tuberosidade isquiática (11-12 cm de comprimento).
segundo das vesículas seminais. Em ambos os casos, Fêmur: Até o nível do trocanter maior.
a expansão tridimensional foi de 1cm em todas as Alças intestinais até 1 cm do PTV são delineadas,
direções. Entretanto no PTVpróstata, a margem pos- ou se estiverem dentro do campo.
terior, na interface com o reto foi de reduzida para
Estimativa da posição da uretra prostática: 1cm
0.7cm.
na região central da próstata.
PTVvvss: Incluiu as vesículas seminais e recebeu

236
Figura 1.
Reconstrução Digital
da Radiografia.

Figura 2.
Reconstrução em 3
Dimensões. (DRR).

237
»SHÍP/PSNBM /ÍPNBJTRVF /ÍPNBJTRVF /ÍPNBJTRVF /ÍPNBJTRVF
Limite EPWPMVNFSFDF EPWPMVNFSFDF EPWPMVNFSFDF EPWPMVNFSFDF
bendo... bendo... bendo... bendo...

Restrições Bexiga 80 Gy 75 Gy 70 Gy 65 Gy
Restrições Reto 75 Gy 70 Gy 65 Gy 60 Gy
Bulbo Peniano Dose média Menor ou = a 52.5 Gy
Não mais que 05% do Não mais que 15% do
volume recebendo... volume recebendo
Fêmur 50 Gy 45 Gy

1BSBP1MBOFKBNFOUP'ÓTJDP

Dmínima (Gy) Dmáxima (Gy) D96% (Gy) Dmédia(Gy)


PTVpróstata 6595 8330 7598 8142
PTVvvss 4937 8330 5654 7351

% (Z
% (Z
% (Z
% (Z
%(Z
%PTFNÏEJB
Reto 66,8 58,1 51,2 41,6
Bexiga 69,1 53,1 40,7 29,4
Fêmur Direito 45,2 43,5
Fêmur Esquerdo 45,1 42,6
Bulbo 48,9

Foram utilizadas as seguintes referências para Planejamento Físico:


classificação da cobertura de dose (RTOG): Para esse paciente foi utilizado o Sistema de pla-
Sem variação: Isodose de prescrição englobando nejamento da Prowess, que utiliza um algoritmo de
98% do volume do PTV e 100% do volume do CTV. cálculo conhecido como DAO (DirectApertureOpti-
Variação menor: Isodose de prescrição engloban- mization). Com ele podemos definir o número de
do 95 a 98% do volume do PTV e 100% do volume segmentos antes de iniciarmos a otimização e para
do CTV. esse caso definimos 6 segmentos para cada uma das
7 entradas de campo na primeira fase ( 205°,255°,
Variação maior: Isodose de prescrição engloban-
306°,0°,51°,102°,153°) com um total de 395 Unida-
do menos que 95% do volume do PTV e menos que
des Monitoras e 6 segmentos para cada um dos 5
100% do volume do CTV.
campos estabelecidos na segunda fase (180°, 260°,
Heterogeneidade da dose (RTOG):
325°, 35°, 100°) totalizando 408 UM.
Dose máxima em um volume menor ou igual a
2% não deve exceder a dose prescrita em mais que
7% (Sem variação)

Variação menor: entre 7 e 10%

Variação maior: Acima de 10%

238
Figura 3. Imagens Tomográficas (Axial, Sagital e Coronal)

4. Controle da Qualidade
Após a aprovação do planejamento realizamos o sobre os detectores para podermos comparar a dose
controle da qualidade de IMRT, para isso utilizamos absoluta do sistema de planejamento e a medida em
um equipamento da IBA Dosimetry, o Matrixx é um um ponto, utilizamos uma câmera de ionização da
conjunto de detectores com 1024 câmaras de ionização PTW Type 31010 com volume de 0,125cm3. Transfe-
composto também pelo software OmniPro-Imrt 1.7. rimos o planejamento do paciente para o fantoma,
Com a Tomografia do conjunto dosimétrico, escolhemos um plano coronal e exportamos os da-
composto por 5 placas de 1cm de água sólida abaixo dos para o OmniPro onde comparamos com a distri-
do Matrix e 10 placas iguais acima, posicionamos a buição das curvas obtidas pelo Matrix.
câmera de ionização em uma das placas que estão

Figura 4. Matrix
(Controle da Qualidade IMRT)

239
Para verificar se o plano de tratamento e a en- com o Gantry nas posições originais de tratamento,
trega da dose estavam dentro dos parâmetros acei- com isso levamos em conta todas as diferenças me-
táveis, nos utilizamos para todos os pacientes 3% da cânicas do equipamento como isocentro, colimador,
diferença da dose e 3mm de intervalo entre os pon- calibração das lâminas ou também absorção do fei-
tos. Após a análise da função Gama95% dos pontos xe pela mesa, etc.
estiverem dentro das condições estabelecidas o pa- Na Primeira fase do tratamento 97,52% dos pon-
ciente poderá agendar o início do tratamento. Para tos ficaram dentro das condições de 3% da diferença
aumentar a realidade das medidas fazemos todas da dose e 3mm entre os pontos, conforme a Figura 6.

Figura 5.
Controle da Qualidade 1ª Fase

Na Segunda fase do tratamento 96,73% dos pontos respeitaram as mesmas condições estabelecidas para o
GQ da primeira fase, Figura 7.

240
Figura 6.
Controle da Qualidade, 2ª Fase
do Tratamento

7FSJmDBÎÍPEF1PTJDJPOBNFOUP
Nesse caso em especial, realizamos IGRT Cone- A Figura 7 abaixo apresenta a variação da posi-
Beam usando 3 UMs/dia e todas as correções foram ção do isocentro no sentido lateral, vertical e hori-
feitas imediatamente antes da aplicação (Online). zontal.

241
Figura 7. Variações de Posicionamento

$POTJEFSBÎÜFTmOBJT
O paciente foi tratado em dias consecutivos, sem meiro valor, três meses após foi de 1.2 ng/ml, segui-
interrupções. Realizamos consultas semanais para do de 0.51 ng/ml.
revisão dos sintomas e exame clínico. Durante es- Durante o período até o momento de seguimen-
sas consultas registramos as possíveis toxicidades to, ou seja, 8 meses após o término, o paciente não
agudas relacionadas ao tratamento. O paciente não apresenta qualquer toxicidade tardia relacionada ao
apresentou qualquer efeito adverso relacionado à tratamento.
Radioterapia.
No primeiro ano após o tratamento, realizamos
dosagens do PSA com intervalo de três meses. O pri-

242
$BTP$MÓOJDP
*.35OP5VNPSEF0SPGBSJOHF
Fernando Freire de Arruda e Anselmo Mancini

%FTDSJÎÍPEP$BTP$MÓOJDP
Paciente MPS, masculino, 55 anos, ex-tabagista 23/07/10 – Tomografia do tórax: sem evidência
(parou há 15 anos) 40 maços-ano por 25 anos, eti- de metástases.
lista cinco doses uísque por dia. Bom estado geral. 24/07/10 – Nasofibroscopia: Lesão nacarada na
Jun/10 – Notou aumento volume amígdala direita, parede lateral direita da orofaringe entendendo-se
associado à moderada dificuldade / dor a deglutição. até próximo da base de língua. Epiglote e valécu-
21/07/10 – Tomografia de face: Lesão sólida na las sem lesões. Edema das estruturas da laringe com
tonsila palatina direita, que se estende para a base mobilidade normal das pregas vocais e aritenóides,
da língua ipsilateral. Apresenta componente exofí- sem lesões. Seios piriformes e subglote sem lesões
tico na base da língua, obliterando a valécula desse até onde foram observados.
lado. Há contato da lesão com a porção medial da Exame Físico – Exame da cabeça e pescoço: Le-
glândula submandibular direita. O espaço parafarín- são vegetante em orofaringe a direita que encosta
geo direito está deslocado lateralmente pela lesão. na úvula obliterando o espaço deste lado. Ao toque
Espaço mastigatório direito preservado; linfonodo- não se palpa extensão tumoral para língua, a le-
megalia com centro liquefeito medindo 1,1cm de di- são tem aproximadamente 5cm de tamanho. Nódulo
âmetro, que está em contato com a artéria carótida cervical direito alto palpável com 2cm de diâmetro
interna; linfonodomegalias com centro liquefeito endurecido e não doloroso. Sem outras alterações
nos níveis II A, II B e III à direita. relevantes de exame físico.
22/07/10 – Observada lesão úlcero-vegetante em Impressão Diagnóstica: Carcinoma Espinocelular
amigdala direita estendendo-se próximo a região do de Orofaringe (Tonsila direita). Estadio T3N2BM0.
palato mole e base da língua. Biópsia de lesão em Conduta: Radioterapia e Quimioterapia concomi-
amigdala direita, cujo anátomo-patológico mostrou tantes com intenção radical.
carcinoma epidermóide.

1PTJDJPOBNFOUPEP1BDJFOUFF"RVJTJÎÍPEB*NBHFN
O paciente, em posição supina, foi imobilizado por via intravenosa. A aquisição estendeu-se do
através de máscara termoplástica e sistema para topo da cabeça até abaixo da junção esternoclavi-
abaixamento de ombros. As imagens para o pla- cular com espessura de corte de 3 mm e resolução
nejamento foram obtidas no tomógrafo Siemens de 512 x 512 pixels.
Somaton Emotion com administração de contraste

243
3. Delineamento dos Volumes de Tratamento
Definição dos volumes-alvo: bral as margens foram diminuídas.
O GTV foi definido como toda doença detectável Segue abaixo uma descrição dos PTVs estabele-
nos cortes de tomografia, palpável no exame clíni- cidos para o caso em análise.
co e visualizada no exame endoscópico. Linfonodos a) PTV70 Primário Volume que recebeu 33 fra-
foram definidos como GTV quando maiores que 1 ções de 2.12Gy / dia. Incluiu todo tumor primário
cm de diâmetro e /ou quando apresentaram centro identificado na tomografia de simulação. As impres-
necrótico. As extensões do tumor primário foram sões do exame clínico (extensão mucosa e submuco-
analisadas em conjunto com o radiologista. sa palpáveis do tumor), e as informações da endos-
O GTV foi definido como o GTV acrescido da copia foram incorporadas no processo de definição
região que potencialmente poderia abrigar doença do volume desenhado.
microscópica. Baseado na quantidade de doença e b)PTV70 Linfonodal Volume que também rece-
na necessidade de dose para controle da mesma, três beu 33 frações de 2.12Gy / dia. Incluiu dois linfono-
alvos diferentes foram definidos para o paciente em dos cervicais metastáticos à direita, um deles nível II
discussão: aquele que envolve o tumor primário; um e outro nível III.
segundo que abrange os linfonodos visivelmente
c) PTV54 Volume que recebeu 33 frações de
acometidos pela doença e identificados na tomogra-
1.64Gy / dia. Incluiu duas áreas distintas que foram
fia de planejamento; e um terceiro que inclui todos
desenhadas como um volume-alvo único.
os linfonodos regionais cervicais sob risco de conter
A primeira é a região envolvendo o tumor primá-
doença microscópica.
rio. Ela abrangeu a fossa tonsilar direita; a mucosa
Por fim, o PTV incluiu uma margem geométrica
bucal adjacente; o palato e a base da língua; parte
ao redor dos CTVs para compensar as variações de
do osso mandibular; o músculo pterigoide direito; o
posição do paciente ao longo do tratamento. A mag-
espaço para faringeo; e a nasofaringe.
nitude da margem utilizada foi de 3 mm em todas as
A segunda compreende os linfonodos cervicais
direções, seguindo os dados de um estudo realizado
regionais sob risco de doença subclínica. Ela incluiu
no Hospital Sírio Libanês. Extensões para fora do
os níveis linfonodais IB a V bilateralmente, bem co-
volume de contorno do paciente foram excluídas e
mo os linfonodos retrofaringeos desenhados bilate-
desenhadas junto à pele. Situações onde o CTV ficou
ralmente até a base do crânio.
adjacente a estruturas como medula ou tronco cere-

%FmOJÎÍPEPT»SHÍPTEF3JTDP
Medula: desenhada do topo de C1 (logo abaixo acima da medula) até o nível do topo da clinóide
do tronco cerebral) até aproximadamente o nível de posterior. Cavidade oral: abrange da metade a 2/3 da
T3 (logo abaixo do último corte que contém PTV). língua oral e assoalho bucal , mucosa bucal e palato.
Para a medula, definimos um volume de risco pa- Foram excluídas porções do volume superpostas aos
ra planejamento (PRV) acrescentando uma margem PTVs. Glândulas parótidas, esôfago cervical, laringe,
uniforme de 3 mm em todas as direções. mandíbula, cócleas, encéfalo: Desenhados baseado
Tronco cerebral: desenhado do topo de C1 (logo na tomografia de simulação. A Figura 1 apresenta
as principais estruturas delineadas.

244
Figura 1. Representação tridimensional de volumes delineados. Algumas estruturas foram omitidas para melhor visualização.

&TQFDJmDBÎÜFTEF%PTF
A prescrição de dose foi feita na curva que com- Dose nas estruturas Críticas:
preende pelo menos 95% dos PTVs. Toda tentativa A escolha do planejamento foi baseada na aná-
foi feita para que não mais que 20% dos PTVs re- lise dos histogramas de dose volume dos órgãos de
cebessem mais que 110% das doses prescritas; e não risco e alvos. As restrições de dose usadas para essa
mais que 1% recebesse menos que 93% das doses escolha foram as seguintes:
prescritas.

Medula Dose máxima < 50Gy Tronco cerebral Dose máxima < 54Gy
Encéfalo Dose máxima < 54Gy Cavidade oral Dose média < 36Gy
Parótidas Dose média < 26Gy Laringe Dose média < 50Gy
Cócleas Dose média < 50Gy Mandíbula Dose máxima < 70Gy

Prioridades do Planejamento:
As prioridades na definição do plano ideal seguiram a seguinte ordem:
1) Medula, Tronco Cerebral, Encéfalo; 2) PTVs; 3) Parótidas e Cavidade Oral; 4) demais estruturas.

245
1MBOFKBNFOUP'ÓTJDP
Neste paciente, parte dos PTVs associados com as por volumes auxiliares. Esses alvos auxiliares foram
cadeias linfonodais do pescoço e com o alvo primá- criados copiando-se os originais e excluindo-se os
rio estendeu-se até a superfície da pele. Neste local, primeiros 5 mm próximos à pele, valor que de acor-
região de build-up do feixe, a maioria dos algorit- do com nossa prática, é suficiente para lidar com a
mos de cálculo não é capaz de calcular a dose com restrição descrita acima. Vale destacar que essa es-
precisão, o que pode gerar erros quando usados para tratégia foi adotada pois considerou-se clinicamente
otimização em tais locais. Além disso, o algoritmo aceitável uma subdosagem nas regiões de PTV adja-
de otimização pode tentar aumentar a dose nes- centes à pele. Caso contrário, a melhor opção seria a
sas regiões criando picos de intensidade nos feixes utilização de bolus.
com direções favoráveis. Isso, muitas vezes, leva à Outro volume acessório gerado, utilizado como
inaceitável heterogeneidade de dose e com regiões órgão de risco, compreende a parte posterior do
de superdosagem. Com o objetivo de contornar es- pescoço e teve como finalidade limitar a dose nesta
sa limitação, para fins de otimização, os PTVs que região, tornando a distribuição mais conforme ao
apresentavam tal característica foram substituídos tumor (Figura 2).

Figura 2.
Volumes auxiliares gerados para
otimização no planejamento inverso.

O planejamento inverso de IMRT foi realizado no O tumor primário e todo o pescoço foram trata-
programa Siemens KonRad. Sua otimização é base- dos com a técnica de IMRT usando sete campos co-
ada no método de busca pelo gradiente. O sistema planares de 6 MV e com ângulos de gantry de 180,
usa o algoritmo pencil beam durante o processo de 130, 80, 30, 330, 280 e 230 graus. A dose de 70 Gy
otimização e também para o cálculo final da dose em 33 frações foi prescrita para o PTV70 Primário
e foi utilizado correção de heterogeneidade dos di- e para o PTV70 Linfonodal. A região de drenagem
ferentes tecidos. Como parâmetros de entrada, são recebeu 54 Gy.
definidas para cada volume, a dose desejada e sua As principais metas durante a otimização foram
respectiva importância, além das prioridades nas re- atingir a dose de prescrição em pelo menos 95% de
giões de intersecção.

246
cada PTV e não ultrapassar as restrições dos prin- através da conformidade da dose de prescrição aos
cipais órgãos de risco que, neste caso, consistiram alvos e da localização de regiões de super e subdosa-
em medula, tronco cerebral e parótida esquerda. O gem, e quantitativamente, por meio dos histogramas
cumprimento da tolerância na parótida direita não de dose-volume (DVHs) para PTVs e OARs. A Figura
foi considerado prioritário, já que acarretaria em 3 apresenta a distribuição de dose obtida em três
subdosagem no alvo primário, devido à proximida- cortes tomográficos. A tabela 1 exibe a estatística
de e intersecção entre esses volumes. As glândulas de dose para as principais estruturas envolvidas. Os
submandibulares foram desconsideradas durante a valores entre parênteses representam metas durante
otimização, pois eram completamente englobadas a otimização. Já a Figura 4 mostra o histograma de
pelos PTVs. As restrições de dose para outras es- dose-volume para os principais volumes envolvidos
truturas normais não comprometeram a cobertura no planejamento.
dos alvos. Uma subdosagem foi aceita nas regiões de O planejamento foi executado no acelerador Sie-
PTV adjacentes à pele (região de build-up). mens Primus com colimador multifolhas de espessura
Avaliou-se o planejamento qualitativamente, de 1cm e técnica de entrega de dose “step-and-shoot”.

Figura 3. Distribuição de dose obtida nos cortes axial, sagital e coronal.

247
Tabela 1. Estatística de dose para as principais estruturas envolvidas.
Os valores entre parênteses representam metas durante a otimização.

Dmínima D98% Dmáxima D2% D95% Dmédia V100%


Estrutura Outros
(Gy) (Gy) (Gy) (Gy) (Gy) (Gy) (%)
PTV70 Primário 65,8 69,6 79,1 78,0 71,3 (≥70) 75,4 98
PTV70 Linfonodal 66,2 67,9 77,8 77,0 69,4 (≥70) 73,9 93,5
PTV54 47,9 52,6 76,0 72,2 53,9 (≥54) 60,2 94,7
Tronco 46,3 (54)
Medula 47,6
PRV Medula 49,0 (50)
Cavidade Oral 67,7 32,5 (≤36)
Parótida Esq 50,0 21,6 (≤26)
Parótida Dir 71,1 35,7 (≤26)
Cóclea Dir 24,4 21,1 (≤50)
Cóclea Esq 21,1 18,6 (≤50)
Esôfago 63,5 32,3 (≤40-50) V?=32% (≤50)
Laringe 60,9 52,2 (≤50)

Figura 14. Histograma de dose-volume.

7. Controle da Qualidade
O controle da qualidade do planejamento de O planejamento completo do paciente (segmentos,
IMRT foi realizado utilizando o dispositivo Matrixx unidades monitoras e ângulos de gantry) foi trans-
Evolution, arranjo com 1020 câmaras de ionização ferido à imagem tomográfica do conjunto Matrixx/
inserido no fantoma Multicube (IBA Dosimetry). Multicube. A distribuição de dose para essa nova ge-
ometria foi calculada pelo sistema de planejamento.

248
Figura 5. Fantoma posicionado na mesa de
tratamento do acelerador para medida de
distribuição de dose.

Com o fantoma posicionado, Figura 5, a simula- valores de dose absoluta calculado e medido pelas
ção do tratamento foi executada e a distribuição de câmaras de ionização do sistema Matrixx, com uma
dose medida pela matriz de detectores sendo então diferença obtida de 3%. Foram considerados na
comparada à prevista pelo sistema de planejamento. análise γ apenas os pontos com dose superior a 10%
Para isso foi utilizado o índice γ através do progra- do valor de normalização para exclusão de radiação
ma OmniPro-I’mRT. O valor usado para normalizar espalhada e “background”. Nesta situação, 94% dos
as distribuições de dose foi escolhido de maneira que pontos analisados respeitaram os critérios de 3% de
fosse representativo da dose de prescrição e estives- diferença de dose e 3mm de distância para concor-
se posicionado em região homogênea de dose. Nessa dância conforme a Figura 6.
região de normalização, também foi comparado os

Figura 6. Análise gama: (a)


distribuição de dose no plano
dos detectores do fantoma cal-
culada pelo sistema de plane-
jamento; (b) medida realizada;
(c) resultado do índice gama;
(d) histograma dos valores de
gama obtidos.

249
8. Entrega do Tratamento
O tratamento foi realizado uma vez por dia, cin- provenientes do sistema de planejamento. A análise
co frações por semana sendo todos os alvos trata- das imagens foi feita off-line pelo médico e o erro
dos simultaneamente. sistemático encontrado no posicionamento do iso-
Durante as três primeiras frações, o paciente foi centro resultante das três primeiras aplicações foi
submetido a verificação de posicionamento com o corrigido a partir da quarta fração. Em seguida, as
objetivo de reduzir erros sistemáticos. Utilizando o imagens de verificação foram adquiridas semanal-
equipamento de portal eletrônico acoplado ao ace- mente. A Figura 7 apresenta a variação da posição
lerador, foram geradas imagens ortogonais e com- do isocentro de tratamento.
paradas às radiografias reconstruídas digitalmente,

Figura 7. Variação da posição do isocentro ao longo do tratamento.

$POTJEFSBÎÜFT'JOBJT
O paciente terminou o tratamento com boa to-
lerância e sem interrupção. Apresentou toxicidade
aguda moderada cursando com mucosite grau 3,
xerostomia grau 2, dermatite grau 2, disfagia grau
2 e perda ponderal <10% do peso inicial. Atualmen-
te encontra-se em seguimento clínico 6 meses após
término da radio quimioterapia com PET/CT sem
evidência de doença.

250
$BTP$MÓOJDP

$PNQBSBÎÍPEBT5ÏDOJDBTEF*.35EJOÉNJDP
Fi4UFQBOE4IPPUwQBSBVNNFTNP
$BTP$MJOJDP$ÉODFSEF1SØTUBUB
D. Venencia, J. Delgado, S. Zunino, P. Besa, Y. Pipman

%FTDSJÎÍPEP$BTP$MÓOJDP
Historia da doença atual: Idade: 75 anos ,des- do novamente PSA= 15. 21 ng/ml; continuando em
de 2005 começou com disúria, polaciúria e disfun- observação.
ção sexual. Solicitaram PSA= 8.85 ng/ml. Ecografia Em 2010: PSA 18. 4 ng/ml. Solicitado ecogra-
vesico-prostática: próstata aumentada de tamanho fia prostática transretal em 19/07/2010: peso 98 g,
peso aproximado 47 g, ficou em observação. diâmetro máximo 62 mm. Descreveu-se formação
Em 2008, nova ecografia vesico-prostática visu- predominante em zona de transição determinando
alizou aumento do peso glandular 59 g. com forma- o crescimento do lóbulo médio e leve compressão
ção heterogênea em zona de transição. da bexiga. Fez-se biopsia randomizada ecoguiada,
Em 2009 realizou-se uma biópsia por punção com 12 amostras. Resultado final, adenocarcinoma
com resultado negativo para malignidade. Realiza- envolvendo os dois lóbulos e a zona transicional
Gleason 6 (3+3) T2C.

&TUBEJBNFOUP*OJDJBM
Cintilografia óssea normal. TAC de abdômen e t$571SØTUBUBo$57%(Z
pelve mostrou um aumento de tamanho da próstata t1571SØTUBUBo157%(Z
e vesículas seminais normais. Não se observam gân- t$577FTÓDVMBT4FNJOBJTo$57%(Z
glios ilíacos nem retro peritoneais. t1577FTÓDVMBT4FNJOBJTo157%(Z
Diagnóstico: Adenocarcinoma de próstata de risco t3FUP EFTFOIBEPEFTEFNBSHFNEPÉOVTBUÏB
intermediário alto: PSA > 15 ng/ml, T2C Gleason 6 junção reto-sigmóidea): V75Gy<15%, V65Gy< 20%
Indicou-se hormônio terapia com Bicalutamida e V40Gy < 50%
150 mg por dia, neoadjuvante, por 3 meses e conco- t#FYJHB7(Z
mitante a radioterapia por dois meses, duração total
t3FUP1PTUFSJPS QPSÎÍPQPTUFSJPSEFSFUP
(Z
do tratamento 5 meses.
t$BCFÎBTGFNPSBJT%(Z
Decidiu-se irradiar próstata e 2 cm de vesículas
seminais t5FDJEPTFSÏUFJTTØQBSBmOTEFJOGPSNBÎÍPOÍP
são OAR
Plano de tratamento (41 frações)
t3FTUSJOHFTFBPDPSSÐODJBEFQPOUPTEFBMUBEP-

251
se Dmax < 83 Gy em Região uretra, PRV Reto (ex- 8ª. Semana: retite G1.
tensão de 0,5 mm de reto) e interseção PTV Próstata Finalização do IMRT e Bicalutamida em
e PRV reto. 01/02/2011.
Controle pós-tratamento
Evolução durante a radioterapia
07/ 04/2011: persistem sintomas de retite G1. 60
3ª. Semana: uretrite G1 melhorou com medicação. dias após: PSA= 0,52 ng/ml.
5ª. Semana: dor retal associado à inflamação do
plexo hemorroidal. Melhora com medicação local
com corticoides

4JNVMBÎÍPWJSUVBM
O paciente foi colocado em posição supina, com A partir de operações lógicas obtiveram-se os se-
as pernas sobre plano inclinado e com os pés juntos. guintes contornos de planejamento:
Orientações médicas prévias à simulação, objetiva- t1571SØTUBUBFYUFOTÍPEBQSØTUBUBNNFN
ram esvaziar o reto e encher a bexiga, para isto não todas as direções exceto margem posterior de 5 mm
é utilizado enemas, laxantes nem sonda retal. em contato com a parede retal
Realiza-se uma tomografia computadorizada t1577FTÓDVMBT4FNJOBJTFYUFOTÍPEBTWFTÓDV-
(TAC Somaton Spirit) do paciente em posição de tra- las seminais 9 mm em toda direção exceto margem
tamento com aquisição sequencial e cortes de 3 mm posterior de 8 mm em contato com parede retal e 12
com 130 kV e 200 mA em cada um deles. Após, mm em contato com a bexiga
mantendo o paciente na mesma posição, adminis- t3FUPBOUFSJPSNFUBEFBOUFSJPSEPWPMVNFSFUBM
tra-se contraste e 5 minutos depois faz-se uma nova t3FUPQPTUFSJPSNFUBEFQPTUFSJPSEPWPMVNFSFUBM
TAC do mesmo volume com FOV ampliado. Ambas
t3FUPFTUFOEJEPFYUFOTÍPEFNNEPWPMVNFSFUBM
as imagens adquiridas são enviadas ao sistema de
planejamento, onde serão fusionadas (imagens sem t1BSFEF3&503FUPoSFUSBÎÍPFNNNEF3FUP
contraste e com contraste) t157oSFUPFTUFOEJEP 1573&50&95
JOUFS-
Desenharam-se os seguintes contornos: secção do PTV da próstata e reto estendido. Volume
para planejamento para evitar pontos quentes.
t$57
O conjunto de imagens e os arquivos de estru-
› 1SØTUBUB turas foram exportados para dois sistemas de pla-
› 7FTÓDVMBTTFNJOBJT nejamento (TPS). Em ambos simulou-se o mesmo
t0"3 plano de tratamento com o objeto de cumprir com o
pré-plano de tratamento estabelecido anteriormen-
› Reto te. O planejamento considerou a irradiação do volu-
› #FYJHB me prostático e vesículas seminais ao mesmo tempo
com uma diferenciação de dose em um total de 41
› $BCFÎBTGFNPSBJT
frações.
› 5FDJEPT FSÏUFJT TÍP EFTFOIBEPT QBSB TBCFS O plano de tratamento contemplou a utilização
BEPTFRVFSFDFCFSÍP QPSÏNOÍPTÍPDPOTJEFSBEPT de 7 feixes de irradiação com ângulos de “gantry”
OAR. de 135º, 100º, 70º, 0º, 290º, 260º e 225º. O colimador
t$POUPSOPFYUFSOP PCUJEPEFGPSNBBVUPNÈUJDB foi angulado a 20º para os campos direitos e 340º
t$POUPSOPTEFQMBOFKBNFOUP nos esquerdos priorizando a proteção do reto a par-
o Região uretra (REG-URETRA). Desenha-se uma tir do movimento das lâminas:
região medial na próstata para evitar pontos quentes
que coincidam com a uretra.

252
1MBOFKBNFOUP*.354UFQ&4IPPU 1SJNVT ,PO3BE

O planejamento com a técnica ”Sep&Shoot (S&S) culo de dose utiliza uma matriz de 1mm × 1mm ×
foi realizada em um TPS KonRad v2.2 para um fei- 2.5mm.
xe de fótons com energia de 6 MV produzido em No planejamento inverso do KonRAD se utiliza o
um acelerador linear Primus (taxa de dose 250 UM/ conceito de prioridade de superposição que corres-
min), Siemens com um MLC Optifocus com lâminas ponde à ordem de prioridade que se atribui a cada
de 1cm de largura. O tamanho do beamlet utilizado estrutura. Os volumes de tratamento têm restrições
no planejamento foi de 1 cm x 0,5 cm e o número em dose máxima, mínima e diferentes ponderações,
mínimo de UM por segmentos foi de 3 UM. O cál- conforme Figura 1.

Figura 1. Valores representativos utilizados para as restrições dose volume em volumes de tratamento.

Os volumes de REG-URETRA e PTV-RETO_EXT Atribuiu-se 2mm de margem a todos os vo-


são os únicos com ponderação de dose máxima, já lumes de tratamento no processo de planejamento
que pertencem ao volume de tratamento, porém é inverso.
necessário restringir a ocorrência de pontos quentes Todos os órgãos de risco têm restrições em dose
de dose nestes volumes. máxima e no caso de reto e bexiga foram acrescen-
tadas restrições dose volume, Figura 2.

253
Figura 2. Restrições dose volume em OAR.

A quantidade de iterações utilizada foi a máxi- A distribuição de dose obtida está baseada em
ma estabelecida pelo sistema, a qual esta baseada fluências ótimas de campos as quais devem ser
na variação da função objetivo gerada pelas restri- transformadas em fluências reais, baseado na esco-
ções dose volume. O tempo de otimização inversa lha do número de níveis de intensidade e aplicação
e cálculo de dose utilizando o algoritmo de “pencil de um filtro de homogeneizador.
beam” e correção por heterogeneidade foi de 220 O número de níveis de intensidade escolhidos tem
segundos. uma influencia direta no número total de segmentos,
UM e consequentemente no tempo de tratamento.

254
5BCFMB/ÓWFJTEF*OUFOTJEBEF&TDPMIJEPT

Tempo TOTAL de tratamento


(taxa de dose 250 MU/min)

Níveis de intensidade Segmentos totais UM [s] [min] Variação tempo

5 44 527 387 6:27 -

7 60 522 431 7:11 11%

10 84 518 475 7:55 23%

15 116 508 531 8:51 37%

A mudança no número de níveis de intensidade de intensidade gera um aumento no número total


gera uma variação no número de níveis de cinza nas de segmentos correspondendo a um maior tempo de
fluências dos campos de tratamento, como mostra- tratamento devido ao movimento de lâminas sem
do na Figura 3. O acréscimo do número de níveis irradiação.

Figura 3. Variação das fluências dos campos com o número máximo de níveis de intensidade.

Em seguida pode-se observar as distribuições de O aumento do número de níveis de intensidade


dose axiais e superposição de curvas de isodose em gera uma melhor cobertura dos volumes de trata-
plano sagital e coronal correspondentes aos 5º, 7º, 10o. mento e proteção semelhante dos órgãos de risco
e 15º níveis de intensidade, conforme Figura 4 e 5. para todos os planos, conforme a Figura 7.

255
Figura 4. Variação da distribuição de dose em um plano axial
com a escolha do número máximo de níveis de intensidade.

Figura 5. Superposição de curvas de isodose em plano sagital e coronal para distintos níveis de intensidade.

Considerando a qualidade do plano, medido co- de dose foi exportada a um TPS PCRT3D v6.0 para
mo homogeneidade no volume de tratamento e sua comparação e análise e após, o plano de tratamen-
melhor cobertura, é que se utiliza o sequenciador to planejado foi exportado ao sistema de registro e
de movimento de lâminas utilizando 15 níveis de verificação LANTIS. Todos os campos foram agrupa-
intensidade. O cálculo de dose foi realizado com o dos para entregar o plano completo de tratamento
algoritmo de pencil beam com correção por hetero- de forma automática.
geneidade. O plano de tratamento com sua matriz

256
Figura 6. Superposição de DVH para distintos níveis de intensidade.

1MBOFKBNFOUP*.35%JOÉNJDB $M&Y &DMJQTFE.-$

O planejamento com técnica IMRT dinâmica sículas Seminais” e “acc_PTV Próstata”. Para isso,
(dMLC) foi realizado em um TPS Eclipse v8.0 para copiaram-se os dois últimos cortes para cima e para
um feixe de 6 MV de um acelerador linear Clinac baixo dos respectivos PTVs. Na continuação, usou-
21EX (taxa de dose 300 UM/min), Varian com MLC -se a ferramenta de corte para extrair do “acc_PTV
Millenium com laminas de 0,5 cm de largura nos Vesículas Seminais” a parte de volume inclusa no
20 cm centrais e de 1cm as externas. Para o volume “acc_PTV Próstata”, com uma margem adicional
de tratamento planejado utilizaram-se as lâminas de 0,6 cm. Isto significa, que entre o “acc_PTV Ve-
centrais de 0,5cm. O tamanho de “beamlet” foi de sículas Seminais” e o “acc_PTV Próstata” existem
0,5cm × 0,2cm. O cálculo de dose utiliza uma matriz 0,6 cm de distancia nos 3 eixos. No planejamento
cúbica de 0,25cm de lado. inverso introduziram-se as restrições dose volume,
Para se alcançaro objetivo do plano, foram cria- mostrado na Figura 7 e 8.
das as seguintes estruturas acessórias: “acc_PTV Ve-

257
Figura 7. Restrições dose volume e prioridades em modulo de planificação inversa de Eclipse (Helios).

Figura 8. Gráficos representando os valores de restrições dose para OAR.

258
A dose na região de uretra e intersecção de PTV- do monitorando a função objetivo até que a mesma
-Reto EXT foi limitada com o objetivo de não ul- obtivesse num mínimo adequado (é necessário um
trapassar a dose máxima, evitando a ocorrência de monitoramento geral da função objetivo para alcan-
pontos quentes de dose nesta região. As restrições çar um mínimo adequado da mesma). Para o plano
definidas como baixas (lower) no Eclipse definem o dMLC foram utilizadas 115 interações num tempo
ombro do histograma dose volume. Usou-se como total de 275 segundos. Depois da otimização, usou-
estratégia de planejamento para obter melhor cober- -se o sequenciador de movimento de lâminas LMC
tura dosimétrica nas estruturas acessórias do PTV, (“Leaf motion calculador”) que utiliza 70 níveis de
definir valores mais altos que as doses de prescrição intensidade em modo normal e 320 segmentos co-
e com alta prioridade. Não houve restrições de míni- mo máximo. O cálculo de dose foi realizado com o
mo de dose (lower), nem na próstata (CTV) nem nas algoritmo AAA com correção por heterogeneidade.
vesículas seminais (CTV), o processo de otimização O plano de tratamento com sua matriz de dose foi
aumentou a dose de forma concêntrica ao interior exportada a um TPS PCRT3D v6.0 (Técnicas Radio-
de “acc_PTV Próstata” e “acc_PTV Vesículas Semi- físicas, Espanha) para comparação e análise e após,
nais” respectivamente. o plano de tratamento planificado foi exportado ao
O processo de planejamento inverso foi inicia- sistema de registro e verificação ARIA.

$PNQBSBÎÍP%PTJNÏUSJDBFOUSF*.354UFQ&4IPPU 1SJNVT ,PO3BE


F
E.-$ $M&9 &DMJQTF

A comparação de distribuições de dose em plano curvas de isodose mostram degraus. Isso gera uma
axial, coronal e sagital para ambas as modalidades perda de conformação na parte superior (bexiga) e
de tratamento pode ser visto na, Figura 9. As distri- inferior do campo. A superposição de curvas de iso-
buições de dose mostram o efeito do maior tama- dose em planos axiais, coronais e sagitais pode ser
nho de beamlet utilizado pela técnica S&S, onde as vista na, Figura 10.

259
Figura 9. Comparação de distribuições de dose para técnica IMRT S&S e dMLC em plano axial, coronal e sagital.

Figura 11. Superposição de HDV para técnica IMRT S&S e dMLC em plano coronal e sagital.

260
Depois podemos ver a superposição dos DVHs nais (verde), reto (verde escuro), bexiga (azul), teci-
para ambas as técnicas de tratamento, Figura 11. dos eréteis (azul claro) e cabeça do fêmur (marrom).
A linha de pontos corresponde aos DVH da técnica A comparação entre os tempos necessário para a
dMLC e a linha contínua à técnica S&S. No primeiro execução do planejamento inverso, cálculo de movi-
gráfico podemos apreciar os DVHs correspondentes mento de lâminas e cálculo de dose podem ser vistos
aos PTV da próstata (amarelo), PTV vesículas semi- na abaixo.

5BCFMB5FNQPEFQMBOFKBNFOUPJOWFSTP DÈMDVMPEFNPWJNFOUP
EFMÉNJOBTFDÈMDVMPEFEPTF

Tempos S&S (s) dMLC(s)

Planejamento inverso - 275

Cálculo de movimento de laminas - 17

Cálculo de dose - 70

TOTAL 220 362

Tabela 3. Tempos de tratamento.

Tempo Irradiação [s]

Gantry IMRT S&S IMRT dMLC

135º 63 16

100º 57 18

70º 65 20

0º 65 17

290º 55 19

260º 52 20

225º 59 15

Plano Total  NJOT


 NJOT

Considerando o tempo de irradiação de cada dMLC igual a 146s, a comparação das UM por cam-
campo e do plano total podemos obter o tempo de po e total pode visto na Tabela 4.
movimento do gantry em S&S igual a 115s e em

261
5BCFMB5FNQPEFNPWJNFOUPEPi(BOUSZw

UM de Monitor

Gantry IMRT S&S IMRT dMLC

135º 72 74

100º 77 83

70º 76 96

0º 72 78

290º 76 86

260º 67 89

225º 68 71

TOTAL  577

O número de unidades monitor é levemente tratamento e compara–lo com o empregado no tra-


maior com dMLC, existindo uma diferença maior tamento. A diferença máxima foi de 1,70 segundos e
nos campos laterais (gantry 70º, 100 º, 290º e 260º), a mínima de 0,40 segundos. A média das diferenças
que se reflete também nas distribuições de dose, on- para os 7 campos de tratamento foi de 1,30 ± 0,47
de as curvas de isodose se estendem lateralmente. [s]. Estas variações se associam as diferenças na ve-
A partir do valor da taxa de dose nominal do locidade das lâminas e flutuações na taxa de dose
tratamento com dMLC e do número de unidades durante a irradiação.
monitor (UM) calculada, pode-se estimar o tempo de

7. Controle da Qualidade
O controle da qualidade do plano de tratamento 3. Comparação de distribuição de dose de cam-
inclui os seguintes itens e suas respectivas tolerâncias: pos individuais calculado versus medida (Filmes
1. Comparação entre a dose calculada e medida XOmat-V e EDR2, KODAK)
(câmara de ionização tipo Farmer) para o plano total. t5PMFSÉODJB "OÈMJTFHBNBDPNEJGFSFOÎBEFEP-
t5PMFSÉODJB se 5% e DTA 3mm)
0 < 3% plano OK 3% - 5% plano deve ser 0 < 5% de pixels com gama maior que 1
revisado 4. Cálculo independente de dose (somente dMLC
0 > 5% plano rejeitado – MUCheck)
2. Comparação de distribuição de dose do plano t5PMFSÉODJB
total calculado versus medido (Filmes EDR2, KO- 0 < 5% cálculo OK > 5% cálculo deve ser revisado
DAK) em dois planos axiais. Para a verificação da dose do plano total, o plano
t5PMFSÉODJB "OÈMJTF HBNB DPN EJGFSFODJB EF de tratamento é exportado através de um fantoma
dose 3% e DTA 3mm) onde se calcula a dose média no volume que repre-
0 < 5% de pixels com gama maior que 1 senta a câmara de ionização. O mesmo fantoma foi

262
colocado sobre a mesa de tratamento e a dose total tados para ambas as modalidades podem ser vistos
foi medida com uma câmara de ionização. Os resul- na Tabela 5.

Tabela 5. Dose do plano total

Step&4IPPU dMLC

PLANO Dose calculada Dose Dose calculada Dose


Variação Variação
TOTAL TPS Medida TPS Medida

cGy           

Para a verificação da distribuição da dose do pla- os filmes radiográficos são escaneados. Ambas as
no total, o mesmo é exportado sobre um fantoma distribuições de dose são comparadas (RIT v5.02) e
onde se calcula a distribuição da dose em planos os resultados expressos no número de pixels com
axiais. No equipamento de tratamento se coloca Gamma>1. O registro entre distribuições de dose é
o fantoma e a distribuição de dose é medida me- realizado mediante uma ferramenta de registro au-
diante filmes radiográficos. A distribuição de do- tomático do sistema de análise RIT, Figuras 12 e 13.
se calculada é registrada em um arquivo DICOM e

Figura 12. Comparação das distribuições de dose medida e calculada para S&S e dMLC
com critério de tolerância 2%-2mm.

263
Figura 13. Resultado da comparação distribuição de dose medida e
calculada para S&S e dMLC com critério de tolerância 2%-2 mm.

O resultado final da comparação de distribuições de dose totais pode ser visto na Tabela 6.

Tabela 6. Comparação da distribuição de dose total

PLANO TOTAL Step&Shoot dMLC

% gamma >1 % gamma >1 % gamma >1 % gamma >1

Plano [cm] (3%-3mm) (2%-2mm) (3%-3mm) (2%-2mm)

-10 0,2 4,5 1,44 10,97

0 1,4 8,6 0,87 10,63

+10        

Para a verificação da distribuição da dose dos ção da dose em um plano coronal, conforme a Fi-
campos de tratamento, cada um deles é exportado gura 14.
através de um fantoma onde se calcula a distribui-

264
Figura 14. Comparação e resultados da comparação entre distribuição
de dose medida e calculada para campos individuais com S&S e dMLC.

No equipamento de tratamento coloca-se o fan- pixels com Gamma>1. O registro entre distribuições
toma na posição de tratamento sendo a distribuição de dose para S&S é realizado de forma manual me-
de dose medida com filmes radiográficos. A distri- diante a colocação de pontos nas bordas do campo.
buição de dose calculada é registrada em um arqui- Para dMLC o registro realizado através da irradiação
vo DICOM e os filmes radiográficos são escaneados. de marcas nas bordas dos filmes.
Ambas as distribuições de dose são comparadas (RIT
v 5.02) e os resultados expressados no número de

8. Discussão e Conclusão
Ambas as modalidades de IMRT podem ser utili- cobertura do mesmo. Existe um aumento nas UM
zadas corretamente e eficientemente para o planeja- com técnica de IMRT dMLC em campos laterais (70º,
mento de tratamento do câncer de próstata. 100º, 260º e 290º) o que produz uma maior extensão
As estratégias de planejamento, utilização de es- das curvas de isodose em sentido lateral comparado
truturas auxiliares e restrições de dose volume são à técnica de S&S.
altamente dependentes da técnica de IMRT utilizada, O tempo total de tratamento, irradiação de cam-
da maquina de tratamento e em especial do desenho pos mais movimento de “gantry” é 50% menor com
do MLC. dMLC. Se considerarmos que o tempo de posiciona-
Os planos resultantes de ambas as técnicas en- mento e a verificação de um paciente com câncer de
tregam UM similares por campo embora menores próstata é de 5 minutos, a diferença se reduz a 30%.
quantidades de UM podem ser obtidas com S&S, di- Cabe destacar que com a técnica S&S foi utilizado
minuindo o número de níveis de intensidade que, um equipamento de tratamento com taxa de dose de
como vimos, diminui levemente a qualidade do 250 UM/min, menor que os 300 UM/min do equipa-
plano final, especialmente no que se refere à ho- mento para dMLC.
mogeneidade de dose nos volumes de tratamento e Ambas as técnicas de tratamento geram distri-

265
buições de dose e conformação similares. O maior Em relação à proteção dos órgãos de risco para o
tamanho de beamlet com S&S pode se refletir na reto, a técnica de dMLC produz uma leve diminuição
superposição de curvas de isodose no plano sagital (aproximadamente 1%) nos parâmetros dosimétricos
na direção da bexiga e nos tecidos eréteis onde se de V40Gy, V65Gy e V75Gy com um comportamento
produz um escalonamento na forma das curvas de dosimétrico geral (gráfico do DVH) similar. O mesmo
isodose. Para obter uma mesma cobertura de dose se comportamento observa-se na dose medida nos te-
gera um aumento na irradiação dos OAR no sentido cidos eréteis. Na comparação dos DVHs das cabeças
céfalo-caudal, o que se reflete nos DVH. Lembrando femorais podemos ver que ambas têm um compor-
que o tamanho do beamlet neste eixo é de 10mm tamento similar com uma dose levemente inferior
para S&S e 5mm para dMLC, esta diferença é gerada para dMLC.
pela variação na largura das lâminas do MLC. No caso da bexiga, o DVH do dMLC esta abai-
A rotação de colimador prioriza a proteção do xo do DVH do S&S com uma diferença porcentual
reto devido ao aumento do número de laminas no aproximada de 3% para V50Gy e V65Gy.
eixo maior desta estrutura, com uma diferença no Para a região que representa a uretra, a maior di-
tamanho de beamlet menor do que no eixo perpen- ferenciação dosimétrica com a técnica de S&S pro-
dicular (5mm para S&S e 2,5m para dMLC). duz uma diferencia de 1 Gy na dose medida.
A técnica de IMRT dMLC produz um aumento Os resultados do controle de qualidade com am-
concêntrico da dose devido ao fato de que este plano bas as técnicas estão dentro dos valores de tolerân-
não possui estruturas côncavas de alta prioridade que cia aceitos internacionalmente. A variação da dose
possam ser moduladas. Esta situação é típica em ou- na medição do plano total é menor do que 1%.
tras localizações como cabeça e pescoço, onde o TPS
Para a obtenção de distribuições de dose se utili-
tende a criar zonas de alta dose, mais heterogêneas.
zaram filmes radiográficos, onde cabe destacar que
Ambas as técnicas produzem uma mesma cober- o resultado do controle de qualidade pode apresen-
tura dos CTVs e não há diferença entre as dose mí- tar erros devido à variação na curva de calibração
nimas e máximas. A técnica de dMLC produz uma e/ou na concentração de químicos da reveladora,
diminuição da dose nas bordas do PTVs, o que se a acurácia dos resultados depende estritamente da
traduz em uma diminuição da dose mínima e um qualidade do processo de revelação.
maior ombro nos DVHs. Por tal motivo devem-se
Os campos dMLC têm uma queda de dose menor
gerar estruturas acessórias de PTV adicionando cor-
nas bordas comparado aos campos de S&S. Esta re-
tes nas estruturas originais. A técnica de S&S pro-
gião de alto gradiente é a zona de maior variação
duz uma maior diferenciação entre os diferentes ní-
dosimétrica entre as distribuições de dose medidas e
veis de dose.
calculadas o que gera um aumento do número de pi-
xels com gama>1 na técnica de S&S, principalmente
nas bordas do campo.

266
$PODMVTÜFT

t$BEB $FOUSP EFWF UFS TFV QSØQSJP EFTFOWPMWJ- › 6UJMJ[BÎÍPEFFTUSVUVSBTBVYJMJBSFT


mento de determinação de volumes, planejamento e
› 3FTUSJÎÜFTEPTFWPMVNF
avaliação de planos baseado na tecnologia disponível.
› .BRVJOBEFUSBUBNFOUP .-$

› .FEJDJOBCBTFBEBOBFWJEÐODJBFQFSTPOBMJ
zada. › Resultados dos planos
t/ÍPÏQPTTÓWFMUSBOTQPSUBSDPODFJUPEFiDPOT t"T6.UPUBJTEF*.35TÍPNFOPSFTDPN4&S
traints” para reto e bexiga diretamente da lite- t0UFNQPEFUSBUBNFOUPEF*.35ÏNFOPSDPN
ratura. dMLC (40%) ou outras técnicas dinâmicas
› ²OFDFTTÈSJPEFmOJSMJNJUFTEFEPTFQSØQSJPT › 5FNQPDPN4&4EFQFOEFEPOÞNFSPEFOÓ
t*NQSFTDJOEÓWFMUSBCBMIPDPOKVOUP'ÓTJDP.ÏEJ  WFJTEFJOUFOTJEBEF
co + Radioncologista. t"TEJTUSJCVJÎÜFTEFEPTFmOBJTTÍPTJNJMBSFT
t5PEBTBTNPEBMJEBEFTEF*.35FTUVEBEBTQP › 6NBBOÈMJTFRVBOUJUBUJWBÏOFDFTTÈSJB
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mente
(V ou D) pode resultar insuficiente. Compara-
t1BSÉNFUSPTFTQFDÓmDPTEFDPNJTTJPOBNFOUPTÍP ções baseadas em EUD poderiam ser utilizadas.
necessários para cada técnica de IMRT
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