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1.

(ENEM 2ª Aplicação 2016) Anoitecer


A Dolores
É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo.
[...]
É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz — morte — mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.
Hora de delicadeza,
agasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.
ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2005 (fragmento)

Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povo revela
desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a)

a) defesa da esperança como forma de superação das atrocidades da guerra.


b) desejo de resistência às formas de opressão e medo produzidas pela guerra.
c) olhar pessimista das instituições humanas e sociais submetidas ao conflito armado.
d) exortação à solidariedade para a reconstrução dos espaços urbanos bombardeados.
e) espírito de contestação capaz de subverter a condição de vítima dos povos afetados.

2. (SIMULADO ENEM SAS 2013) Os sertões

Decididamente era indispensável que a campanha de canudos tivesse objetivo superior à


função estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo
mais sério a combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um
crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma
propaganda tenaz, contínua e persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à
nossa existência aqueles rudes compatriotas retardatários. [...]
Canudos não se rendeu.
Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento
completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao
entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro
apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente
5 mil soldados.
Os sertões, de Euclides da Cunha, São paulo: Círculo do Livro, 1975. Disponível em: . Acesso em: 05 abr. 2013.
O romance de Euclides da Cunha tem como ponto de partida um fato da história nacional, a
Guerra de Canudos. Nesse fragmento, a relação entre texto literário e contexto histórico indica
que a produção literária é sempre uma recriação da realidade, mesmo quando faz referência a
um fato histórico determinado. No romance de Euclides da Cunha, a recriação se concretiza
por meio

a) da recusa do autor de inserir na passagem final o desfecho histórico da Guerra de Canudos:


a derrota, a prisão e a morte de Antônio Conselheiro.
b) do distanciamento entre o tempo da escrita e o da Guerra de Canudos, que, questionada no
âmbito ficcional, alcança sua dimensão histórica mais profunda.
c) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à realidade, foi atribuído ao fato histórico
pelo autor a fim de exaltar o heroísmo dos sertanejos de Canudos Inconfidentes.
d) da narração da ocorrência do próprio fato, que, recriado, passa a existir como forma
narrativa associada à história nacional.
e) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histórico, transformado em batalha épica que
exalta a força dos ideais dos guerreiros de Canudos.

3. (PUC - GO 2017 2017/2) A sociedade atual evidencia vários tipos diferentes de desgraças
coletivas, tais como pobreza, fome e guerras, entre outras. Contudo, a desgraça a que se
refere o poema é individual. Assinale a opção que a revela:

a) É o dinheiro que seduz o enunciador, mas ele não o possui, pois refere-se a ele como o “sol”
que ilumina o mundo.
b) É ser pródigo em criatividade literária, sem, contudo, poder manter-se financeiramente com
seus textos.
c) É ser solitário e vazio de amor, pois não há nem nunca houve ecos desse sentimento em
seu ser, quando outras pessoas o têm em abundância.
d) É viver insatisfeito em um mundo que o poeta não tem dúvida em reconhecer como “um
lodaçal perdido”.

4. (ACAFE 2017 Vestibular de Inverno - Outros cursos)

Texto 1: Afinal, o que é o fascismo?


Além de movimento , o fascismo tornou-se poder na Itália e na Alemanha no período
entre guerras, sendo assim uma forma específica de regime político do Estado capitalista.
Não qualquer regime, não qualquer ditadura, mas uma ditadura contrarrevolucionária com
características bastante específicas, diferente, por exemplo, tanto de ditaduras oligárquicas,
quanto da de Porfírio Diaz no México anterior à Revolução, quanto das ditaduras militares
encontradas na América do Sul nos anos 1960-1980. Deste modo, chamar qualquer regime
político ditatorial de “fascista” pode ser legítimo no plano da retórica política de seus
opositores, mas do ponto de vista analítico denota desconhecimento.
Surgido das contradições oriundas da eclosão da Primeira Grande Guerra e do desafio da
Revolução Russa de 1917, o fascismo constitui-se como um movimento contrarrevolucionário,
formado por uma base social na pequena burguesia, especialmente pela massa de ex-
combatentes, que em países da Europa central foram recrutados pelas classes proprietárias
que os financiaram para formarem grupos de bate-paus contra o movimento operário e a
esquerda em geral. Enquanto movimento, o fascismo representou historicamente um oponente
violento das organizações da esquerda, da classe operária e dos subalternos sociais, bancado
pelas classes dominantes para eliminar, inclusive fisicamente, qualquer coisa que pudesse ser
associada à ameaça de “contagio vermelho”. E por isso o sucesso dos movimentos fascistas
associava-se também à capacidade desses movimentos convencerem amplos setores sociais
de que o conjunto das esquerdas poderia ser enquadrado como “comunista” e, por
conseguinte, “antipatriótico”. Assim, dos revolucionários anarquistas até os social-democratas
mais reformistas, passando naturalmente pelos próprios comunistas, as esquerdas em geral
foram alvo desses movimentos contrarrevolucionários.
Em suma, não é de hoje esse uso generalizado do termo “fascista” para se referir aos
opositores políticos da esquerda, e nesse caso deveria ser um truísmo afirmar que, se
chamamos tudo de “fascista”, esse termo perde sua força explicativa. Se é para de fato
levarmos o fascismo a sério, esse caminho generalizante não ajuda.
Desde as Jornadas de Junho de 2013, no âmbito da esquerda [brasileira] mais uma vez o
uso do termo fascista é abusivamente adotado para se referir, por exemplo, aos governos
estaduais, à instituição Polícia Militar e mesmo ao governo federal. E como não lembrar do
infeliz comentário da filósofa Marilena Chauí, diante de uma plateia da Academia da Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro, em fins de agosto de 2013, quando caracterizou os
“black blocs” como “inspirados no fascismo”?
MELO, Demian. Sobre o fascismo e o fascismo no Brasil de hoje. Disponível em: http://blogjunho.com.br/sobre-ofascismo-e-o-fascismo-no-brasil-de-

hoje/.

Acesso em: 10 de mai. de 2017. Fragmento adaptado.

Considere o texto 1 e assinale a alternativa correta.

a) Usar o termo “fascista” para qualquer regime ditatorial, seja ele de esquerda, seja ele de
direita, é incorreto.
b) O fascismo é um regime de governo de base marxista, semelhante ao regime adotado na
Rússia após a Revolução de 1917.
c) As Jornadas de Junho de 2013, lideradas pelos “black blocs”, tinham como principal objetivo
combater as instituições fascistas no Brasil.
d) O governo do presidente mexicano Porfírio Diaz caracterizou-se, em um certo período,
como uma ditadura fascista semelhante ao fascismo italiano.
Gabarito
1. C
Explicação: C

2. D
Explicação: D

3. B
Explicação: B

4. A
Explicação: A

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