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"Especialmente pérfido"
Ainda é um aspecto menos conhecido do terror nazista que Sachsenhausen,
Dachau e até Auschwitz incluíam bordéis e que prisioneiras de campo de
concentração foram forçadas à prostituição. O acadêmico de Berlim Robert
Sommer, 34, estudou arquivos e memoriais de campos de concentração no
mundo todo e fez diversas entrevistas com testemunhas históricas nos últimos
nove anos. Seu estudo, que será publicado neste mês, fornece a primeira
pesquisa ampla e científica desta "forma especialmente pérfida de violência
nos campos de concentração". Sua pesquisa serviu de base para a mostra
viajante "Bordéis de campos - o sexo forçado nos campos de concentração
nazistas", que viajará por diversos memoriais no ano que vem.
Sommer fornece inúmeras evidências para combater a lenda que os nazistas
proibiam resolutamente e lutaram contra a prostituição. De fato, o regime tinha
uma fiscalização total da prostituição, tanto na Alemanha quanto nos territórios
ocupados -especialmente depois do início da guerra. A rede ampla de bordéis
controlados pelo Estado cobriu metade da Europa, e consistia de "bordéis civis
e militares assim como os de trabalhadores forçados e ao mesmo tempo eram
parte dos campos de concentração", segundo Sommer.
A combatente da resistência austríaca Antônia Bruha, que sobreviveu ao
campo de Ravensbrück, informou anos atrás que: "As mais bonitas iam para o
bordel da SS, as menos bonitas para o dos soldados".
O resto terminava no bordel do campo de concentração. No campo de
Mauthausen, na Áustria, nos dez pequenos quartos do "Alojamento 1", o
primeiro bordel de campo começou suas operações com janelas fechadas em
junho de 1942. Naquela altura, havia cerca de 5.500 prisioneiros do campo de
trabalho forçado de Mauthausen, quebrando granito para as construções
nazistas. No final de 1944, mais de 70.000 trabalhadores forçados moravam no
complexo do campo.
A SS tinha recrutado dez mulheres para Mauthausen, seguindo as instruções
da agência de segurança do governo para erguer bordéis nos campos de
trabalho forçado. Isso significava entre 300 a 500 homens por prostituta.
Cerca de 200 mulheres compartilharam o destino dos prisioneiros de
Mauthausen nos bordéis do campo. Prisioneiras saudáveis e de boa aparência
de 17 e 35 atraíam atenção dos recrutadores da SS. Mais de 60% delas eram
alemãs, mas polonesas, soviéticas e uma holandesa foram transferidas para "a
força-tarefa especial". Os nazistas não permitiam mulheres judias por razões
de "higiene racial". Primeiro, as mulheres eram enviadas para o hospital do
campo, onde recebiam injeções de cálcio, banhos desinfetantes, alimentos e
um banho de luz.