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UNIVERSIDADE DO MINHO

Provas Especialmente Adequadas para alunos Maiores de 23 anos

Prova de História

2017

Duração da prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos

Cada pergunta tem a cotação de 5 valores

Responda somente a quatro questões

Existe, todavia, uma autoridade que governa os que têm a mesma origem e os que
são livres. É a esta autoridade que podemos chamar ‘política’ e este é o género de
autoridade que o governante deve começar por aprender, sendo governado, tal como se
aprende a ser comandante de cavalaria servindo sob outro comandante, e a ser general
de infantaria servindo sob outro general como comandante de regimento ou de
companhia. Por isso é boa máxima afirmar que não pode mandar bem quem nunca
obedeceu.

Aristóteles, Política, Livro III, secção 1277b

Caracterize, do ponto de vista político, a sociedade ateniense no século V a. C. e identifique


as principais instituições de governo da cidade.

II

‘Na obscuridade do século X e começos do XI’, o regime dominial havia sido ‘demolido’
pouco a pouco (G. Duby) e tinha dado lugar ao senhorio que, por seu turno, iria
posteriormente sofrer transformações. Existiam várias ‘espécies de senhorios’ e o
termo pode entender-se de diversas formas, visto que cada senhorio teve vários
aspectos. Os dois principais interessam ao historiador da economia: o senhorio é, por
um lado, um grande domínio, herdeiro, quanto ao essencial, da villa nas regiões
carolíngias, sendo a sua base territorial, bem como a daquela, dividida em duas (reserva
e tenures). Por outro lado, ele é também um poder de exploração económica.

G. Fourquin, História Económica do Ocidente Medieval, s. l., Edições 70, 1991, p. 203.

Distinga feudalismo de senhorialismo,definindo cada um dos conceitos.


III

Em Portugal foi António Sérgio quem, em 1919, num ensaio célebre – que, conforme
pretendia o autor, abriu de facto o caminho para uma ‘interpretação não romântica’ da
expansão portuguesa, mas está hoje perfeitamente ultrapassado – esboçou, pela
primeira vez, uma resposta no sentido da primeira hipótese: a iniciativa da tomada de
Ceuta, tradicionalmente considerada o primeiro passo da expansão, partiu da burguesia.
Isso equivale logicamente a afirmar a relação directa, a unidade profunda entre a
expansão portuguesa e a revolução comercial da baixa Idade Média.

Luís Filipe Thomaz, De Ceuta a Timor, Lisboa, Difel,1994, pp. 15-16.

Identifique as condições e motivações que explicam a prioridade portuguesa no


processo de expansão europeia a partir do século XV.

IV

A grande novidade do sistema político moderno é antes a da ‘concentração’ do poder


– ou seja o trânsito de uma concepção (e prática) corporativa da sociedade e do poder
político, em que este estava originariamente distribuído pelos vários corpos sociais, para
uma outra em que o poder se concentra no Estado, dele se esvaziando a sociedade
(agora ‘civil’).

António Manuel Hespanha, Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime, Lisboa,


Fundação Calouste Gulbenkian, 1984, p. 61.

Caracterize, sucintamente, do ponto de vista social e político, a sociedade europeia


do Antigo Regime nos séculos XVII e XVIII.

EM NOME DA SANTÍSSIMA E INDIVISÍVEL TRINDADE

As Cortes Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, intimamente


convencidas de que as desgraças públicas, que tanto a têm oprimido e ainda oprimem,
tiveram sua origem no desprezo dos direitos do cidadão, e no esquecimento das leis
fundamentais da Monarquia; e havendo outrossim considerado que somente pelo
restabelecimento destas leis, ampliadas e reformadas, pode conseguir-se a prosperidade
da mesma Nação e precaver-se que ela não torne a cair no abismo, de que a salvou a
heróica virtude de seus filhos; decretam a seguinte Constituição Política, a fim de segurar
os direitos de cada um, e o bem geral de todos os Portugueses.

Preâmbulo da Constituição Portuguesa de 1822.

Explicite os motivos que levaram à eclosão da Revolução de 1820 em Portugal.

VI

Comecemos com a revolução industrial, isto é, com a Inglaterra. Este, à primeira vista,
é um ponto de partida caprichoso, pois as repercussões desta revolução não se fizeram
sentir de uma maneira óbvia e inconfundível – pelo menos fora da Inglaterra – até bem o
final do nosso período; certamente não antes de 1830, provavelmente não antes de 1840
ou por essa época.

Eric J. Hobsbawm, A Era das Revoluções, Lisboa, Editorial Presença, 1978, p. 36

Explique o pioneirismo britânico no arranque da Revolução Industrial.

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