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Eduardo Corassa

CRUlinária Frugal
Receitas do Paraiso

O livro de receitas higienista

Rio de Janeiro
1ª edição | 2011
Editor responsável Eduardo Corassa
Capa e projeto gráfico Carol Patitucci
Fotos Túlio de Paula Vidal
Revisão Luiz Philippe

Foto capa: Couvelícia

Escritos também pelo autor:


O Jejum Higienista – A Cirurgia da Natureza e
Saúde Frugal – O guia do crudivorismo e da Higiene Natural

Termo de isenção de responsabilidade: este livro expressa as opiniões do


autor, mas não substitui o acompanhamento médico-nutricional. A utilização das
informações aqui contidas deve ser precedida da consulta ao seu médico e por ele
acompanhada. O autor não se responsabiliza pelo mal uso delas ou por eventuais
danos que possam causar. A finalidade da presente obra é compartilhar o co-
nhecimento científico criado por renomados autores na área em estudo. Qualquer
mudança de hábitos, dieta ou estilo de vida, repetimos, deve ser supervisionada
por seu médico.

Todos os direitos reservados desta edição à Eduardo Corassa

Impresso no Brasil em abril de 2012


"Os interesses fisiológicos humanos são
verdadeiramente sustentados por aqueles
alimentos vegetais que dispensam qualquer
alteração culinária ou cozimento."
Sylvester Graham,
fisiólogo, um dos pais da Higiene Natural
e da Sociedade Vegetariana Americana.
Agradecimentos
A todos os chefs, gurus e entusiastas da saúde crudívoros
que conheci. Suas vidas, trabalhos e paixão motivaram-me a
seguir cada dia mais este caminho. Inspiraram-me a produzir
as receitas contidas neste livro, que, espero, auxiliará e
incentivará a todos os interessados em adotar uma dieta
crua e frugívora, a higiene natural, em suma: a verdadeira
vida saudável. Sem o seu trabalho prévio e o acúmulo de
conhecimentos por eles gerado, esse livro jamais teria nascido.
Aos meus queridos amigos, colaboradores e magníficos
profissionais: Clarita Maia (tradutora e quem me socorre em
diversas áreas do meu trabalho), Carol Patitucci (minha designer,
criadora da capa de todos os meus livros e quem me ensina e
orienta em outras áreas afins, como a diagramação), Philippe
(companheiro de compras frugais e revisor do livro), Natalia
Chede (nutricionista e professora de yoga) e Wellington Pituca
Lelis. Sem o carinho e dedicação de vocês, meu sonho de
divulgar entre as pessoas os ensinamentos da Saúde Frugal
jamais sairia do papel ou, melhor, do hd do meu computador.
Ao exímio fotógrafo Túlio de Paula Vidal e a sua talentosa
assistente, Luara De Paula. Ambos transformaram minhas
modestíssimas criações em verdadeiras obras de arte
gastronômicas. Sem os dois, esse livro não seria possível.
Que os cinco dias que passamos juntos, fotografando e
degustando as receitas, inspirem-nos a manterem-se comendo
do verdadeiro modo saudável.
E, por derradeiro, aos meus amados pais, Tais e Odônio Corassa.
Os dois não só me geraram, mas estiveram presentes, sempre, em
cada segundo dos meus vinte e oito anos de existência.
A todos, muito, muitíssimo obrigado!
Capítulo 1 – Combinação alimentar
A história da combinação alimentar 13

O que é a combinação alimentar? 13

Indigestão 15

Comer em forma sequencial 18

Combinação alimentar na prática 19

Combinações em uma dieta frugal 20

Combinação alimentar para todos os grupos alimentares 23

Tabela de alimentos 24

Tabela de combinação de alimentos 26

Capítulo 2 – Utensílios apropriados e legendas


Utensílios necessários para criar receitas mais elaboradas na dieta
crua higienista 28

Legendas 29

Capítulo 3 – Receitas
Vitaminas (Smoothies) 30

Vitaminas Verdes (Green Smoothies) 35

Leites vegetais 39

Drinques 41

Molhos para salada 46

Saladas 57

Salpicão vegetal 62

6
Receitas étnicas (Salsas, Gaspachos e Guacamoles) 67

Sopas 71

Macarronada crudívora 75

Doces e sobremesas 76

Saladas de frutas 84

Capítulo 4 – Curiosidades e informações sobre frutas e vegetais


Frutas 88

Vegetais e frutas vegetais 98

Tabela Sazonal 101

O valor nutritivo e o gosto dos alimentos 103

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Introdução
Escrevemos este livro para compartilharmos com o maior
número de pessoas informações úteis sobre a prática de
uma dieta higienista. Essa dieta possui três aspectos a
sabermos: é crudívora, por constituir-se, exclusivamente, de
alimentos crus; vegana, por rejeitar alimentos que, direta ou
indiretamente, possuam origem animal e hipo-lipídica, por
seu baixo teor de gordura.
Quisemos também demonstrar que a prática do
higienismo pode ser divertida e atraente. Para tanto,
incentivamos os leitores a incorporarem, em seu cotidiano,
maiores quantidades de alimentos realmente saudáveis e a
compreenderem quão mais fácil e saboroso é comer uma
dieta crua, composta, primariamente, de frutas e vegetais.
Assim, não somente obteremos mais saúde, mas
perderemos menos tempo na cozinha, além de produzirmos
pratos extremamente atrativos aos olhos, já que todas as
receitas de frutas e vegetais são um arco-íris de cores. Cada
alimento contém uma textura e sabor único, em contraste à
pastosa, insossa e incolor comida cozida, geralmente apenas
em tons escuros. Frutas e vegetais são saborosos, saudáveis
e suculentos, as principais características que buscamos em
nossos alimentos.
Adão e Eva não tinham fogão no paraíso. Também
a humanidade, durante quase oito milhões de anos de
existência, não contava com fogões, fornos, micro-ondas,
churrasqueiras, panelas e demais apetrechos para queimar
sua comida, tornando possível a digestão. Por isso, se
possuíssemos receitas por aquela época, com certeza, elas
se assemelhariam às aqui descritas.
Felizmente, nas páginas a seguir, apresentamos a
verdadeira crulinária saudável, porque cozimento saudável
realmente não existe. Ao ficarmos cientes dos danos à saúde,

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cientificamente comprovados, causados pelo cozimento, a
sugestão de que qualquer tipo de culinária cozida venha
a dar-se em prol da saúde não passa de um oximoro
engraçado.
Jamais poderemos associar à saúde o ato de queimar, de
fritar, de degradar e de temperar com substâncias nocivas
os alimentos. Mas ao envelhecimento precoce e acelerado
de nossas células, à diminuição de nossa qualidade de vida
e à promoção, a médio e longo prazo, de todo o tipo de
patologia abominosa.

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Prefácio
As receitas apresentadas no presente livro são rápidas
e fáceis de preparar. Os ingredientes são encontrados em
qualquer supermercado, feira ou hortifruti. São baratos e
considerados por todos, de leigos a médicos e cientistas
nutricionais, os verdadeiros alimentos saudáveis. Como não
bastasse, visamos sempre à praticidade. Por isso, focamos
aquelas receitas frugívoras do dia a dia, declinando das
mais complicadas e geralmente eventuais: as tortas, crepes,
crackers, brigadeirinhos ou outras do gênero. Essas exigem
algumas horas de preparo e sofisticados aparelhos, longe
do que almejávamos.
Como veremos, esse livro se baseia exclusivamente em
alimentos crus, já que é cientificamente comprovado que
alimentos cozidos são inferiores em termos nutricionais
e prejudiciais à saúde humana. As receitas aqui expostas
são todas compostas nos parâmetros da dieta crudívoro-
higienista, a dieta natural, para a qual são os seres humanos
biologicamente adaptados, isto é: frutas, vegetais, sementes
e nozes, frescos e crus.
O livro foi feito de modo a permitir-nos a prática da dieta
crua, sem que nos seja exigido algum tipo de especialização
ou curso, sem nada caro, dispendioso ou laborioso. Basta
adquirirmos frutas e vegetais, prepará-los em casa com
pouquíssimos utensílios, sem desperdiçarmos horas e horas
na cozinha ou, o que é comum na culinária convencional,
obrigarmo-nos a iniciar o preparo dos alimentos com um ou
mais dias de antecedência. Nada disso.
Apesar de exigirem pouco tempo em seu preparo e serem
feitas sem maior dificuldade, não são menos atrativas à
vista ou ao paladar que as refeições cozidas Podem ser
tão fascinantes e complexas como muitas destas ou até
mesmo imitar várias das receitas tradicionais. As admiráveis
criações da culinária crua atraem até mesmo o gosto e

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olhar de pessoas não acostumadas com uma dieta natural,
com alimentos crus ou frutas e vegetais.
Sabemos que, ao cozinharmos alimentos, perdemos
nutrientes e produzimos, em nosso organismo, toxinas
indesejáveis. Mas, ainda assim, os cozinhamos, a fim de
tornar aceitáveis ao nosso paladar alimentos que, crus,
naturalmente repeliríamos, porque incompatíveis com nossa
fisiologia. Entretanto, os mais gostosos, puros e sadios
sabores estão nos alimentos naturais e ideais à raça humana:
frutas, vegetais, sementes e nozes. Utilizando as receitas cá
descritas, descobriremos que as frutas são as verdadeiras
sobremesas da natureza!
Aquilo que é a dieta higienista, nos três aspectos aqui
superficialmente abordados: dieta crudívora, vegana e hipo-
lipídica, pode ser aprofundadamente estudado em nosso
livro “Saúde Frugal – O guia ao crudivorismo e a Higiene
Natural”, o qual, com vistas ao melhor entendimento, desde
já a todos recomendamos.

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Capítulo 1
Combinação Alimentar
“Não cozinhe, nem misture muitos alimentos, a menos que você queira
que seus intestinos transformem-se em um pântano”.
Edmund Szekeley, tradutor do “Evangelho Essênio da Paz.”

A história da combinação alimentar


Tudo começou com o fisiólogo russo Ivan Pavlov, ganhador, em 1904,
do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, por seus trabalhos sobre o
funcionamento da fisiologia digestiva de mamíferos. Pavlov foi pioneiro
na área e quem deu início aos estudos que originaram o que chamamos
hoje de combinação alimentar.
Já em 1907, William Howard Hay, médico norte-americano, à beira
da morte, em razão de problemas com sua saúde, aderiu a uma dieta
natural, sem alimentos refinados, curando-se totalmente. Ele avançou
nas pesquisas iniciadas por Pavlov, desenvolvendo uma aplicação prática
do que os fisiólogos haviam descoberto em laboratórios.
Anos depois, o notável higienista, Dr. Herbert Shelton, após anos
de experiências alimentando seus milhares de pacientes e estudando o
assunto, promoveu a classificação de cada tipo de alimento por grupos.
Definiu, então, de maneira simples, mas engenhosa, os parâmetros da
combinação alimentar, divulgando suas ideias em um livro entitulado
“Food combining made easy”. A partir daí, o conceito foi popularizado
por higienistas e ganhou reconhecimento no movimento de saúde.
Provado cientificamente, revela-se de extrema eficácia para qualquer
indivíduo que o venha aplicar.

O que é a combinação alimentar


“Qual a importância da quantidade de nutrientes que introduzimos

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em nossos corpos, se nós os ingerimos de tal forma que corrompemos
e sobrecarregamos o processo digestivo? Assim, comprometemos a
digestão, porque falhamos em extrair os nutrientes do que comemos.”
T.C Fry, higienista.

O termo combinação alimentar refere-se aos alimentos compatíveis


entre si na sua química digestiva. Fisiologistas reconhecem, há mais de
um século, que a eficiência da digestão e a nutrição de um organismo
dependem, em grande medida, dos tipos de alimentos combinados em
uma refeição. A combinação equivocada afeta adversamente a digestão,
absorção e assimilação dos nutrientes.
Assim, as proteínas precisam de um meio ácido para serem digeridas,
já os carboidratos, de um meio alcalino. Quando os dois são misturados,
a digestão é consideravelmente atrasada e comprometida: putrefam-se
as proteínas e fermentam-se os carboidratos encontrados nos alimentos
ingeridos. Consequentemente, inúmeros subprodutos tóxicos entram na
corrente sanguínea e contaminam o corpo. Abrem-se os caminhos para
as doenças. Qualquer pessoa que já teve aulas de química aprendeu o
que acontece quando uma substância ácida e outra alcalina entram em
contato. Elas se neutralizam.
Apesar de amplamente conhecida dos fisiólogos a importância de
respeitar o correto funcionamento da nossa fisiologia digestiva, tal
conhecimento jamais foi aplicado à cozinha e aos hábitos alimentares da
humanidade. O fato de misturarem-se, de modo errôneo, os alimentos nas
refeições, com o absurdo assentimento da ciência fisiológica dominante,
contraria nossos hábitos naturais e é, certamente, uma das causas de
nossas enfermidades.
Os problemas digestivos jamais foram relacionados à imperfeição com
que se combinam os alimentos. Como a esmagadora maioria das pessoas
possuem hábitos alimentares similares - todas misturam seus alimentos
sem qualquer discriminação, comem as mesmas misturas erradas -,
sociedade e os próprios fisiólogos, que fazem parte dela, acordam com
tal promiscuidade. Embora o erro seja norma, não podemos qualificá-lo
como normal Por hoje, o que é muito triste, a humanidade não aceita
que nossos hábitos não naturais sejam nocivos e a verdadeira causa
de nossas doenças.

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O sabor de um alimento não é fonte apenas de prazer, mas
importante elemento no processo de digestão. O organismo produz
diferentes secreções gástricas em dependência daquilo que ingerimos.
Ao colocarmos um alimento na boca, nosso cérebro reconhece a sua
natureza logo assim que começamos a mastigá-lo. Indica ao intestino
quais os sucos gástricos que ele deve secretar para digerir aquele
alimento. Em suma, o cérebro humano, sensível ao sabor, percebe se o
alimento é um carboidrato simples (fruta), complexo (amido) ou proteína,
executando o processo específico para digeri-lo.
Porém, ao misturarmos diversos alimentos em uma mesma refeição,
contrariando a natureza de nossa fisiologia digestiva - nenhum animal
faz um sanduíche -, a digestão é comprometida por promovermos a
mescla simultânea de sucos gástricos incompatíveis. Isso leva o alimento
a permanecer por longo período no trato intestinal, ocasião em que
bactérias fermentativas e putrefativas decompõem o alimento, prejudicando
a absorção de nutrientes. Essa combinação nunca ocorreria em nosso
habitat natural, repudiada que seria por nossa fisiologia digestiva.
A simplicidade em cada refeição proposta pelos higienistas é
facilmente observada na natureza. Ainda que a grande maioria dos
animais comam ampla variedade de alimentos, eles o fazem, comendo
um apenas por refeição, até estarem saciados. Mesmo os animais
onívoros, que se alimentam literalmente de tudo, jamais misturam os
que pertencem a diferentes grupos na mesma refeição. As disparatadas
recomendações dietéticas atuais contrastam com os hábitos naturais. No
entanto, podemos comprovar que mesmo inúmeras civilizações primitivas
ou rurais se alimentam ainda de forma bem simples, reduzindo-se as
suas refeições ao máximo de três ou quatro ingredientes.
Não somos o que comemos, mas o que digerimos e assimilamos, ou
seja: aquilo de que nos nutrimos. Gases e indigestão são claros sintomas
de que não estaríamos retirando todos os benefícios (nutrientes) que os
alimentos contêm e podem fornecer.

Indigestão
“Os subprodutos da putrefação são altamente nocivos. Eles incluem
metano, sulfeto de hidrogênio e mercaptanos (os quais fornecem o
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odor de ovo podre, quando excretados com o gás metano), cadaverina,
putrescina, amônia, indol, escatol e vários outros gases e substâncias
tóxicas e cancerígenas. Assim como o sulfeto de hidrogênio decompõe
canos de esgoto de concreto, metal e aço, ele irritará e destruirá a
carne dentro dos seus intestinos e cólon.” Dr. Dave Klein, higienista.

Uma das mais comuns reclamações que ouvimos hoje refere-se à


indigestão. Os bilhões anualmente ganhos pela indústria de remédios
para problemas digestivos comprovam a necessidade da aplicação das
regras da combinação alimentar e da mudança de hábitos da raça
humana. São prova de que a prática atual da grande maioria da
população produz problemas digestivos.
Frequentemente, as pessoas queixam-se de que seu estômago não se
dá bem com esse ou aquele tipo de alimento. Trata-se, na verdade, da
incompatibilidade da combinação com que se oferecem tais alimentos
ao nosso organismo. Definitivamente, não é o estômago o culpado, mas
sim nossas práticas não naturais e nosso estado de saúde debilitado
que diminuem a capacidade digestiva.
Ao invés de estabelecermos imposições a nossa fisiologia, deveríamos
adequarmo-nos àquilo para o que ela é adaptada a digerir. O estômago
pode apenas fazer a digestão de alimentos compatíveis com nossa
fisiologia, sem que esqueçamos que ele requer sangue e impulsos
nervosos para executar sua função. Se nossa saúde estiver debilitada, o
mesmo ocorrerá com o processo digestivo.

Causas principais da indigestão

» comida em excesso. Isto é, mais calorias que as necessárias ou que


o intestino pode digerir em determinada refeição;
» má combinação alimentar e extravagância na variedade de alimentos
por refeição;
» incompatibilidade dos alimentos ingeridos com nossa fisiologia digestiva;
» enfraquecimento do sistema digestivo. Quando nosso organismo
não está saudável, todo o processo nutritivo é prejudicado;
» alienação do ato de nos alimentarmos. Ou seja, comermos sem
fome real, sem a necessidade fisiológica de alimentos, como forma

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