Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Wanderson Chaves
A questão negra:
a Fundação Ford e a Guerra Fria (1950-1970)
Wanderson Chaves
ISBN 978-85-537-0002-8
Consultores científicos
Evandro dos Santos (UFRN) Marco Aurélio Ferreira da Silva (UECE)
Fábio da Silva Sousa (UFMS) João Henrique Zanelatto (UNESC)
Leandro Baller (UFGD) Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos (UEG)
Jonas Moreira Vargas (UFPEL) Rodrigo Bragio Bonaldo (USFC):
Alexandre Maccari Ferreira (UNIFRA) Ismael Gonçalves Alves (UNESC)
Rodrigo Santos de Oliveira (FURG) Erick Assis de Araújo (UECE)
1 Agradeço a Felipe Amorim por ter feito gentilmente a revisão final deste livro.
Recursos de bolsas de doutorado e pós-doutorado
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Sumário
(FAPESP) foram fundamentais para desenvolver esta pesquisa,
bastante baseada em fontes primárias e inéditas e dependente do Introdução............................................................................... 17
acesso a arquivos norte-americanos. As arquivistas Idelle Nissila-
Stone, em 2010, no antigo arquivo da Fundação Ford de Nova
Iorque; e Bethany J. Antos, em 2013 e 2014, no Rockefeller Archive Capítulo 1 - A Fundação Ford e o Departamento de Estado
Center, de Sleepy Hollow (NY), foram, como também Vera Lúcia Norte-Americano: a montagem de um modelo de operações
Cóscia, então coordenadora do Fundo Florestan Fernandes, da no pós-guerra.................................................................... 27
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), em 2009, gene-
rosas facilitadoras do trabalho de coleta da documentação. Capítulo 2 - As agendas culturais da Guerra Fria e o “Programa
Este livro se beneficiou também de críticas bem-vindas, Ideológico”: a CIA e a Fundação Ford na atração de elites
especialmente as feitas em 2012 pelos membros da minha banca de intelectuais........................................................................ 67
defesa de doutorado, Michael Hall, Sean Purdy, Francisco Carlos
Teixeira da Silva e Maria Helena Pereira Toledo Machado, que fo- Capítulo 3 - Desenvolvimentismo e transição democrática: o
ram sendo recuperadas nos anos seguintes no esforço de aprimo- Institute of Race Relations e os investimentos da Fundação Ford
ramento. Contribuíram igualmente os pareceristas anônimos das nas questões de raça............................................................... 115
revistas Angelus Novus, da USP, e Crítica Histórica, da Universidade
Federal de Alagoas (UFAL), onde partes preliminares deste traba- Capítulo 4 - A Doutrina Moynihan: o debate sobre a raça e o ne-
lho foram publicadas. A experiência de apresentar trechos do livro gro nas conferências de 1965 da Fundação Ford e da Academia
em construção no IIº Congreso de Historia Intelectual de América Americana de Artes e Ciências.............................................. 173
Latina, em Buenos Aires, em 2014, e no IV Encontro Nacional de
História dos Estados Unidos, em São Paulo, já em 2017, deixou um Capítulo 5 - A integração do negro na sociedade de classes:
impacto que também foi recuperado na redação. Florestan Fernandes em uma história do agendamento intelectual
Este trabalho começou numa conversa interestadual em nos anos 1960............................................................................ 225
um orelhão público, no Distrito Federal, em algum momento de
2007. Neste setembro de 2017, ele espera oferecer ao leitor uma
amostra dos esforços envidados para satisfazer à sua interrogação Apêndices.............................................................................. 273
original: quais, como e por que certas ideias e posturas nos são ofe-
recidas como princípios preferenciais do querer e do agir político.
Bibliografia citada.................................................................. 281
Wanderson Chaves
Santos, 22 de setembro de 2017
Siglas dos arquivos citados
NARA: National Archives and Records Administration, College Park, Maryland, EUA.
RAC: Rockefeller Archive Center, Sleepy Hollow, New York, EUA.
FFF: Fundo Florestan Fernandes, Coleções Especiais - Biblioteca Comunitária, Uni-
versidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP.
RMMG: Richard McGee Morse Papers, Sterling Library, Yale University, New Ha-
ven, Connecticut, EUA.
Introdução
A questão negra 17
de Análise e Planejamento (CEBRAP) apesar dos questiona- Como em Três dias do Condor (1975), filme de Sydney Pollack, a
mentos do governo brasileiro e da Central Intelligence Agency exposição levará em conta a relação do trabalho de inteligência e
(CIA), a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos3. contrainteligência de governo em órgãos não-governamentais e
Bell e o consultor para a área de Ciências Sociais do escritório entre atividades de intelectuais6.
da Fundação Ford no Brasil, Frank Bonilla (1967-1972), foram A Fundação Ford participava intensamente em um seg-
os responsáveis por viabilizar o financiamento à proposta do mento dessa rede de investimento na “guerra psicológica”, carac-
Centro encaminhada por Fernando Henrique Cardoso. Falando terístico da Guerra Fria Cultural levada pelo governo norte-a-
ao Estado de São Paulo em setembro de 2012, Bell amarrou essa mericano: o da construção da denominada “esquerda não-comu-
recordação a um clichê: o agente da CIA que uma vez o inter- nista” ou “socialismo democrático”. O sentido dessa intervenção
pelou sobre o CEBRAP em 1969 era parvo, pouco familiarizado era estabelecer ou promover adesão ao ideal do chamado “Centro
com o público-alvo e com os fins da sua organização4. Vital”: a postulação de que o fim dos totalitarismos viria da ex-
O leitor acompanhará, especialmente nos dois primeiros tinção dos pólos políticos de direita e esquerda, através de so-
capítulos deste livro, a construção do modelo de relacionamento luções que favorecessem, convergissem ou se aproximassem das
que mais caracterizou a atuação internacional da Fundação Ford propostas veiculadas pelo “centro liberal”, o principal proponente
nos anos 1950 e 1960: a do dispositivo institucional costurado dessa visão que pretendeu conciliar esforços democratizantes, lu-
entre ela e o governo norte-americano, particularmente em re- tas antitotalitárias e anticomunismo7.
lação ao Departamento de Estado, órgão oficial de política ex- de l’anticommunisme: Le Congrès pour la liberté de la culture à Paris (1950-1975).
terna, e a CIA. A ênfase estará na apresentação desse modelo de Paris: Fayard, 1995. SAUNDERS, Frances, Stornor. Who Paid the Piper? The CIA
and the Cultural Cold War. London: Granta Books, 1999. Para o trabalho de referência
operações que se articulava ao que chamaremos de “Guerra Fria sobre esse mesmo tópico relativo ao Brasil, ver: CANCELLI, Elizabeth. O Brasil e os
Cultural”, uma aguda intervenção nos meios intelectuais desen- outros: o poder das ideias. Porto Alegre: ediPUCRS, 2012, parte II.
volvida como estratégia de agendamento político para estabe- 6 Empregamos “inteligência” e “contrainteligência” segundo os usos de época da
própria comunidade norte-americana de informações. Logo: a) “inteligência”: trabalho
lecer fidelidades e predominância internacional para os EUA5. de coleta, produção e análise de informação; b) “contrainteligência”: ações de “guerra
psicológica”, isto é, atividades de dissuasão e convencimento, realizadas com trabalho
3 Como é de conhecimento geral, o CEBRAP foi criado em 1969 composto por de espionagem, sabotagem e de proteção da comunidade de informações, destinadas
uma maioria de professores aposentados compulsioriamente pela ditadura. Estavam a orientar atitudes, comportamentos e a tomada de decisões políticas. LILLY,
entre os membros-fundadores: Fernando Henrique Cardoso, Boris Fausto, Cândido Edward P. The Development of American Psychological Operations, 1945-1951.
Procópio Ferreira de Camargo, Carlos Estevam Martins, Elza Berquó, Francisco Washington D.C.: Psychological Strategy Board, December 19, 1951. In: NARA.
Weffort, Francisco de Oliveira, José Arthur Gianotti, José Reginaldo Prandi, Juarez General CIA Records. CREST: 25-Year Program Archive. AMERINGER, Charles
Rubens Brandão Lopes, Leôncio Martins Rodrigues, Luciano Martins, Octavio Ianni, D. U. S. Foreign Intelligence: The Secret Side of American History. Lexington, MA:
Paul Singer e Roberto Schwarz. Lexington Books, 1990, pp. 1-7. O perfil dos envolvidos em esforços de “inteligência” e
4 WERNECK, Felipe e STURM, Heloisa Aruth. Para os EUA, Brasil era campo de “contrainteligência” como os da “Guerra Fria Cultural” é bem conhecido: em agências
batalha na Guerra Fria. O Estado de São Paulo, 16 de setembro de 2012, Nacional, A12. como a CIA, eram fundamentalmente profissionais de artes e humanidades formados
5 Os trabalhos de referência sobre esse tópico de pesquisa, particularmente em no Ivy League. THOMAS, Evan. The Very Best Men: The Daring Early Years of the
relação aos EUA e à Europa são os seguintes: COLEMAN, Peter. The Liberal CIA. New York: Simon & Schuster, 1995.
Conspiracy: The Congress for Cultural Freedom and the Struggle for the Mind of 7 A expressão “Centro Vital” foi cunhada em 1948 por um importante ideólogo das
Postwar Europe. New York: The Free Press, 1989. GRÉMION, Pierre. Intelligence concepções de “centro democrático” e de “fim da história” do pós-guerra: Arthur M.
135 Tradução livre do original: “For thirty-five years, the Bolsheviks have been
engaged in a massive, comprehensive effort to make converts to international
communism, as Communism doctrine is interpreted by them. Throughout this
132 Idem, ibidem, cap. 17. period, they have consistently assumed that progress toward world domination
133 NOBLE, Andrew V. Bullets and Broadcasting: Methods of Subversion and required the co-equal emphasis on three basic factors – the military, the economy,
Subterfuge in the CIA War against the Iron Curtain. Reno, 2008. 150 f. Dissertação and the ideological. This tripartite emphasis follows the pattern of previous national
(Mestrado) – University of Nevada, p. 35-42. expansions – theirs as well as our own – the rifle, the plough, the bible. (…) In
134 Relatório “The Soviet ‘Peace’ Offensive”. Anexo do memorando de Walter our belated efforts to meet this challenge, we have greatly strengthened two of
K. Schwinn [Escritório de Relações Públicas: Departamento de Estado] de 22 de our weapons – the military and the economy – but we have failed to emphasize to
novembro de 1949. Op., cit., p. 3. anything like the same degree the third element – the doctrinal or ideological – which
RAC. Ford Foundation Records. Grant Files. Reel nº. 2629. Grant Number 62-359. 202 A OEA era uma importante área de atuação da Counterintelligence (CI), de
200 Memorando de Melvin J. Fox para Clarence H. Faust e John B. Howard, de 7 James Jesus Angleton, o principal serviço de contra-inteligência da CIA. Relatório
de dezembro de 1961. In: RAC. Ford Foundation Records. Grant Files. Reel nº. 2629. “Progress Report to the National Security Council on Implementation of the
Grant Number 62-359. Relatório de Kalman H. Silvert, “Draft statement of policy Recommendations of the Jackson Committee (NSC Action 866)”, da Coordenadoria
guidelines for social sciences in Latin America”, de 27 de janeiro de 1969. In: RAC. de Operações, 30 de setembro de 1953. Op., cit, anexo A, p. 6.
Ford Foundation Records. Reports. N.º 008774. 203 Memorando para arquivamento “Specific Operational and Other Features of the
201 Conforme Melvin J. Fox, vice-diretor da divisão da Fundação Ford que Project”, de [Melvin J.] Fox, de junho de 1962. Op., cit.
concentrava o trabalho de intercâmbio e de bolsas internacionais, a International 204 McCloy era então também membro do conselho-diretor do Chase Manhattan
Training and Research (ITR). Memorando para arquivamento “Specific Operational Bank e da Fundação Rockefeller, tendo sido, anteriormente, presidente do Banco
and Other Features of the Project”, de [Melvin J.] Fox, de junho de 1962. In: RAC. Ford Mundial (1947-1949) e secretário-executivo do Alto Comissariado Americano para a
Foundation Records. Grant Files. Reel nº. 2629. Grant Number 62-359. A USAID Alemanha Ocupada (1949-1953).
substituiu a International Cooperation Administration (ICA), extinta em 1960. 205 Para a informação: carta de John K. Weiss [secretaria-geral: Fundação Ford] para
219 COHN, Deborah. The Latin American Literary Boom and the U.S.
Nationalism during the Cold War. Nashville, TN: Vanderbilt University Press, 2012,
especialmente “Introduction” e cap. 4.
220 Era este o diagnóstico de Joseph E. Slater em 1967, quando ele dirigiu o
programa de Relações Internacionais da Divisão Internacional da Fundação Ford.
Carta de Joseph E. Slater para Harry E. Wilheim [chefe de programas da Fundação
Ford para a América Latina e o Caribe], de 23 de outubro de 1967. In: RAC. Ford
Foundation Records. Joseph. E. Slater Papers. Box 1.
Desenvolvimentismo e transição
democrática: o Institute of Race Relations
e os investimentos da Fundação Ford nas
questões de raça
271 MASON, Philip. Prospects and Progress in the Federation of Rhodesia and
Nyasaland. Op., cit. 274 Idem, ibidem, p. 328-9.
272 A Federação Centro-Africana existiu como protetorado semi-independente da 275 O livro foi publicado pela Editions du Seuil. Aqui, utilizamos a quarta reimpressão
Grã-Bretanha entre 1953 e 1963, quando foi extinta dando a origem a três países (1968) da segunda edição (1964) da tradução para o inglês publicada nos EUA.
independentes nos anos seguintes: Malawi e Zâmbia em 1964, e República da Rodésia MANNONI, Octave. Prospero and Caliban: The Psychology of Colonization. 4th
(depois Zimbábue, a partir de 1980) em 1965. printing. New York and Washington: Frederick A. Praeger, 1968. A primeira edição
273 MASON, Philip. The Revolt against Western Values. Daedalus, Cambridge, dessa tradução é de 1956 e contava com prefácio de Philip Mason, reproduzido em todas
MA; v. 96, n. 2, 1967. as edições e reimpressões em língua inglesa posteriores, exceto a mais recente, de 1991.
67, n. 266, 1968. 327 HUNTER, Guy. Independence and Development: Some Comparisons between
325 HUNTER, Guy. Education in the New Africa. African Affairs, Oxford, v. 66, Tropical Africa and South-East Asia. International Affairs, London, v. 40, n. 1, 1964.
n. 263, 1967. 328 Comunicação de Philip Mason para a Conferência de Kuala Lumpur, “Race as
326 KINGSLEY, J. Donald. The Ford Foundation and Education in Africa. Op., cit., p. 2. an Obstacle to Progress”, de 17 de dezembro de 1963. Op. cit., p. 7.
329 Programa da “Vail Conference”, de 27-30 de julho de 1967. In: RAC. Ford 332 Notas de Joseph E. Slater para a conferência “Racial Images Abroad and Making
Foundation Records. Joseph E. Slater Papers. Box 25. U.S. Policy”. Anexo do memorando para Frank Sutton, de 19 de julho de 1967, p. 3-4.
330 HUNTER, Guy. The New Societies of Tropical Africa. Op., cit., cap. XII. In: RAC. Ford Foundation Records. Joseph E. Slater Papers. Box 25. Folder 275.
331 Vide, para a proposta da agenda: projeto “Social Science Research on Race and 333 Joseph Slater se referia à comunicação de Philip Mason ao evento: “Race
Poverty”, anexo da carta de John R. Coleman para McGeorge Bundy, de 21 de janeiro Relations and Human Rights”. Vide: memorando de Joseph E. Slater para Frank
de 1967. In: RAC. Ford Foundation Records. Grant Files. Reel Number 2489. Grant Sutton, de 19 de julho de 1967. In: RAC. Ford Foundation Records. Joseph E. Slater
Number 68-141. Papers. Box 25. Folder 275.
370 Ou seja, nos termos do projeto de 1967, já citado: “Social Science Research on
367 Idem, ibidem, cap. 2 e 4. Race and Poverty”, anexo da carta de John R. Coleman para McGeorge Bundy, de 21
368 Conference on Race and Color. de janeiro de 1967. Op., cit.
369 S.R.G. [Stephen R. Graubard]. Preface to the Issue ‘Color and Race. Idem, 371 Carta de Stephen R. Graubard para Florestan Fernandes, de 21 de julho de
ibidem, p. ix-x. 1965. In: FFF. Série Vida Acadêmica. Correspondências.
André Béteille. Sociólogo. Universidade de Deli, Índia. Julian Pitt-Rivers. Antropólogo. Universidades de Sorbonne
e Chicago.
Leon Carl Brown. Diplomata, especialista em Oriente
Médio. Universidade Princeton. Ahmed Bouhdiba. Sociólogo. Centro de Estudos e
Pesquisas Econômicas e Sociais da Universidade de Túnis.
Robert K. A. Gardiner. Diplomata de Gana. Secretário-
executivo da Comissão Econômica para a África, da ONU. Henri Collomb. Psiquiatra. Faculdade de Medicina da
Universidade de Dakar, Senegal.
Kenneth J. Gergen. Psicólogo. Universidade de Harvard.
E. U. Essien-Udon. Cientista Político. Universidade de
C. Eric Lincoln. Sociólogo e pastor metodista.
Ibadan, Nigéria.
Universidade de Brown.
Solange Faladé. Psicanalista. Faculdade de Medicina da
Kenneth L. Little. Antropólogo. Universidade de
Universidade de Paris VII.
Edimburgo, Escócia.
Fernando Henriques. Sociólogo. Universidade de Sussex.
François H. M. Raveau. Neuropsiquiatra. Universidade
de Paris VII. Tarzie Vittachi. Jornalista. Diretor da divisão asiática do
International Press Institute.
Edward Shills. Sociólogo e membro do CCF. Universidade
de Chicago. Clarence Clyde Ferguson Jr. Diplomata. Decano da Escola
de Direito da Universidade Howard.
Hiroshi Wagatsuma. Psicólogo. Universidade da Califórnia,
Per Wästberg. Escritor e jornalista. Fundador da seção sue-
372 Carta de Stephen R. Graubard para Florestan Fernandes, de 13 de abril de 1965, ca da Anistia Internacional.
p. 2-4. In: FFF. Série Vida Acadêmica. Correspondências.
373 Notes on Contributors. Daedalus, Cambridge, MA; v. 96, n. 2, Color and Race, Franklin Williams. Advogado e ativista da NAACP.
(Spring, 1967), p. 627-8.
14-15, 1965. Idem, ibidem, p. 291, 300-1, 313-4, 400-2. 424 Para Moynihan e Glazer, não se podia entender “cadinho” por “mistura”. Glazer,
419 Sociólogo, Hughes era professor da Universidade Brandeis (1961-1967) e ex- que aprofundou essa reflexão, disse que definições neste sentido eram incorretas
presidente (1963) da American Sociological Association (ASA). histórica e etimologicamente. O princípio do cadinho corresponderia à tradição norte-
420 Diretor-executivo (1956-1972) da seção de Chicago da National Urban League. americana de ser um local de “fusão” onde oportunidades para novos “ligamentos”, isto
421 Sociólogo, Hauser era professor da Universidade de Chicago, fundador e é, para novos laços sociais e alianças, estariam sempre abertas. Glazer frisava as origens
diretor (1947-1979) do Population Research Center, vinculado à universidade. Era do termo na Química, dizendo que o produto do “cadinho” não era uma diluição, mas
membro e conselheiro (1960-1972) da Comissão Técnica e Consultiva de Estatística a síntese que a Química definia como “amálgama”. GLAZER, Nathan. A New Look
Populacional do U. S. Census Bureau. at the Melting Pot. The Public Interest, New York, n. 16, Summer 1969.
422 Transcript of the American Academy Conference on the Negro American: May 425 Transcript of the American Academy Conference on the Negro American: May
14-15, 1965. Idem, ibidem, p. 321-3, 402-4, 406, 437-440. 14-15, 1965. Idem, ibidem, p. 401-4.
423 O livro foi um dos laureados, em 1964, com o Anisfield-Wolf Book Awards. 426 Cf.: GLAZER, Nathan. Op., cit., passim.
453 Para este ponto de vista: JOHNSON, Cedric. Harold Cruse and Harry Haywood 455 CRUSE, Harold W. Rebellion or Revolution? Minneapolis and London:
Debate Class Struggle and the “Negro Question”, 1962-8. Historical Materialism, Minnesota University Press, 2009 [1968], p. 74-96.
London, v. 24, n. 2, 2016. 456 Para essa análise da aposta de Harold W. Cruse nas chamadas “revoluções
454 A Studies on the Left era uma revista acadêmica de discussão de temas socialistas. burguesas”, ver: HAYWOOD, Harry & HALL, Gwendolyn Midlo. Is the Black
Editada em Nova Iorque de 1959 à 1967, a publicação ajudou a sistematizar o debate Bourgeoisie the Leader of the Black Liberation Movement? Soulbook: The Quarterly
de temas daquilo o que passou a ser chamado de “Nova Esquerda”. Journal of Revolutionary Afroamerica, Berkeley, CA; n. 5, Summer 1966.
478 Como definida em: BLANCO, Alejandro. Ciências Sociais no Cone Sul e a
gênese de uma elite intelectual (1940-1965). Tempo Social: revista de sociologia da
USP, São Paulo, v. 19, n. 1, junho de 2007, p. 104.
479 Comunicação “Padrão e ritmo de desenvolvimento na América Latina”. CEPAL/
World: The Rise of Africa and the Negro American. Daedalus, Cambridge, MA; v. 94, nº. 489 MEIER, August A. Negro Thought in America, 1880-1915: Racial Ideologies in
4, The Negro American (Fall, 1965), p. 1055-6; 1081, nota 2; 1084, nota 27. the Age of Booker T. Washington. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1964, passim.
488 Idem, ibidem, p. 1078 e ss. 490 EMERSON, Rupert and KILSON, Martin. Op., cit.
América do Sul. MONTGOMERY, Evelyn Ina. The Negro in Brazilian Society, by 551 RENSHAW, J. Park. The Negro in Brazilian Society, by Florestan Fernandes.
Florestan Fernandes. American Sociological Review, Washington DC, v. 35, n.6 Hispanic American Historical Review; Durham, NC; v. 50, n. 2 (May, 1970).
(Dec., 1970). Review. Review. GLASGOW, Roy A. The Negro in Brazilian Society, by Florestan Fernandes.
548 PETERSEN, William. The Negro in Brazilian Society, by Florestan Fernandes. Political Science Quarterly, New York, v. 87, n. 2 ( Jun., 1972). Review.
Annals of the American Academy of Political and Social Science; Philadelphia, PA; 552 HENRIQUES, Fernando. The Negro in Brazilian Society, by Florestan
v. 382 (Nov., 1970). Review. Fernandes. International Affairs, London, v. 46, n. 4 (Oct., 1970). Review. FOSSUM,
549 Renshaw era sociólogo e pastor metodista. Havia tido recente experiência Egil. The Negro in Brazilian Society, by Florestan Fernandes. Acta Sociologica, Oslo,
profissional e missionária no Brasil. Antes de vir para o Brasil, teve um discreto v. 14, n. 4 (1971). Review.
histórico de ativismo em direitos civis no sul dos EUA. 553 Em 1967, Thomas E. Skidmore publicou o clássico Politics in Brazil (1930-64):
550 Glasgow era historiador especialista no mundo português. À época, seu foco An Experiment in Democracy e em 1969 a tradução para o português, Brasil: De Getúlio
eram as relações atlânticas e a política externa brasileira para a África. Tornou-se a Castello (1930-64). Robert E. Conrad se tornou um especialista na escravidão e
célebre em 1978 pela publicação de Queen Nzingha and the Mbundo Resistence to the na história do processo de abolição da escravatura no Brasil. Ele lançou em 1972 o
Portuguese Slave Trade. primeiro livro dessa série temática: The Destruction of Brazilian Slavery, 1850-1888.
561 Silvert era cientista político. Foi membro-fundador e primeiro presidente (1966-
559 Acompanhamos, neste ponto, a leitura de Sociedade de classes e subdesenvolvimento 1968) da Latin American Studies Association (LASA), professor do Dartmouth College
de: OLIVEIRA, Giuliano Contento de, e VAZQUEZ, Daniel Arias. Florestan (1962-1966) e da New York University (1967-1976) e de 1967 até seu falecimento em
Fernandes e o capitalismo dependente: elementos para a interpretação do Brasil. 1976, foi consultor em ciências sociais (1967-1970, 1972) e assessor de programas (1971,
Oikos, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, 2010. 1973-1975) da divisão de América Latina e Caribe da Fundação Ford.
560 Vide a comunicação de Florestan Fernandes “Além da pobreza: o negro e o 562 Vide: RAC. Ford Foundation Records. Grant Files. Grant nº. 67-85. Reel nº.
mulato no Brasil”, apresentada no seminário “Minorias raciais na América Latina 0726. Section 4, especialmente a correspondência de 1965. Agradeço a Júlio Cattai
e nos EUA” em 5 de dezembro de 1969, na cidade de Corning, em Nova Iorque. por ceder gentilmente a documentação de microfilme do RAC sobre o Projeto
FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. Idem, ibidem, cap. 3. Marginalidade citada neste capítulo.
609 Vide, para as informações desta seção: Relatórios anuais da Fundação Ford, 1958-
CARTER, William E. (editors). Brazil, Anthropological Perspectives: Essays in 1975. Disponíveis em: <https://www.fordfoundation.org/library/?filter=Annual%20
Honor of Charles Wagley. New York: Columbia University Press, 1979. Report> Acesso em: 24 jan. 2017.
Robert T. McLaughlin (1972-1975) AMERINGER, Charles D. U. S. Foreign Intelligence: The Secret Side of American
History. Lexington, Massachusetts: Lexington Books, 1990.
[ANONYMOUS]. Harry Hodson (22 May 1966-27 March 1999). Round Table,
Consultores London, n. 351, Jul. 1999.
ARONOVA, Elena. Studies of Science before “Science Studies”: Cold War and the
Henry P. Adams (1968)
Politics of Science in the U.S.,U.K., and U.S.S.R., 1950s-1970s. San Diego, 2012.
330f. Tese (Doutorado) - University of California.
Werner Baer (1968-1972)
BALIBAR, Étienne. Racism Revisited: Sources, Relevance, and Aporias of a Modern
Concept. PMLA, New York, vol. 123, n. 15, Special Topic: Comparative Racialization
Frank Bonilla (1968-1972) (Oct., 2008).
BALIBAR, Etienne and WALLERSTEIN, Immanuel. Race, Nation, Class: Ambig-
Jose Hernandez-Alvarez (1968) uous Identities. Translation by Chris Turner. London: Verso, 1992 [1988].
BANTON, Michael. Sociology and Race Relations. Race: The Journal of the Institute
Julian H. Lauchner (1968) of Race Relations, London, v. 1, n.1, 1959.
BANTON, Michael. Race Relations. London: Tavistock Publications, 1967.
G. Edward Schuh (1968-1972)
BARBOSA, Maria José Somerlate. “As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como
lá?”: as abordagens raciais no Brasil e nos EUA. Afro-Hispanic Review, New York, v.
Otto R. Emig (1969-1972) 29, n. 2, Fall 2010.
BARNISHEL, Greg. Cold War Modernists: Art, Literature, & American Cultural
Brian F. Head (1969-1972) Diplomacy. New York: Columbia University Press, 2015.
BASTIDE, Roger. Variations on Negritude. Presence Africaine: Cultural Review of
Richard S. Sharpe (1970-1971) the Negro World, English Edition, New York, v. 8, nº. 36, 1961.
BASTIDE, Roger. The Development of Race Relations in Brazil. In: HUNTER, Guy
Robert T. McLaughlin (1971) (ed.). Industrialization and Race Relations: A Symposium.
FERGUSON, Karen J. Caught in “No Man’s Land”: The Negro Cooperative Demon- FOSSUM, Egil. The Negro in Brazilian Society, by Florestan Fernandes. Acta Socio-
stration Service and the Ideology of Booker T. Washington, 1900-1918. Agricultural logica, Oslo, v. 14, n. 4 (1971). Review.
History, Winter Park, FL; v. 72, nº. 1 (Winter, 1998).
ISAACS, Harold R. Group Identity and Political Change: The Role of Color and LUCAS, Scott. Campaigns of Truth: The Psychological Strategy Board and Ameri-
Physical Characteristics. Daedalus; Cambridge, MA; v. 96, n. 2, Color and Race, can Ideology, 1951-1953. The International History Review, Milton/UK, v. 18, n. 2
(Spring, 1967). (May, 1996).
JEFFRIES, Hasan Kwane. SNCC, Black Power, and the Independent Political Party LUCAS, Scott. Culture, Ideology, and History. Global Dialogue, v. 3, n. 4, 2001.
Organizing in Alabama, 1964-1966. The Journal of African American History, Wa-
MACEY, David. Frantz Fanon: A Biography. London and New York: Verso, 2012 [2000].
shington DC, v. 91, nº. 2 (Spring, 2006).
JOHNSON, Cedric. Harold Cruse and Harry Haywood Debate Class Struggle and MACDONALD, Dwight. The Ford Foundation: The Men and the Millions. New
the “Negro Question”, 1962-8. Historical Materialism, London, v. 24, n. 2, 2016. York: Reynal & Company, 1956.
RENSHAW, J. Park. The Negro in Brazilian Society, by Florestan Fernandes. His- STREET, Joe. Reconstructing Education from the Bottom Up: SNCC’s 1964 Missis-
panic American Historical Review; Durham, NC; v. 50, n. 2 (May, 1970). Review. sippi Summer Project and African American Culture. Journal of American Studies,
Cambridge, UK; v. 38, nº. 2, (Aug., 2004).
RODRIGUES, Lidiane Soares. Entre a academia e o partido: a obra de Florestan
Fernandes (1969-1983). São Paulo, 2006. 197 f. Dissertação (Mestrado em História SUTTON, Francis X. The Ford Foundation’s Development Program in Africa. Afri-
Social) - Departamento de História, FFLCH-USP. can Studies Bulletin, Cambridge/UK, v. 3, n. 4, (Dec., 1960).