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FISIOTERAPIA e
PESQUISA
REVISTA DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Filiada à
ISSN: 1809-2950
FISIOTERAPIA e
PESQUISA
REVISTA DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA FACULDADE
DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Editorial
PESQUISA ORIGINAL
ORIGINAL RESEARCH
Comparação dos efeitos da estimulação elétrica nervosa transcutânea e da hidroterapia
na dor, flexibilidade e qualidade de vida de pacientes com fibromialgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Comparison of transcutaneous electrical nerve stimulation and hydrotherapy effects on pain, flexibility and
quality of life on patients with fibromyalgia
Tatiana F. Gomes da Silva, Eneida Yuri Suda, Camila Aparecida Marçulo,
Fábio H. da Silva Paes, Gisele Targino Pinheiro
Impacto do grau de obesidade nos sintomas e na capacidade funcional de mulheres
com osteoartrite de joelhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Impact of the degree of obesity on symptoms and functional capacity of women with knee osteoarthritis
Karina Simone de S. Vasconcelos, João Marcos D. Dias, Rosângela Corrêa Dias
Incidência de lesões na prática do rúgbi amador no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Incidence of injuries in the practice of amateur rugby in Brazil
Luciane Machado Alves, Renato Paranhos Soares, Richard Eloin Liebano
Efeitos da reabilitação aquática na sintomatologia e qualidade de vida de portadoras
de artrite reumatóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Effects of aquatic rehabilitation on symptoms and quality of life in rheumatoid arthritis female patients
Luis Roberto F. Ferreira, Paulo Roberto Pestana, Jussara de Oliveira, Raquel A. Mesquita-Ferrari
Interferência mútua entre atividade visual e atividade motora em jovens e idosos . . . . . . . . . . . 142
Mutual interference between a visual and a motor task in young and elderly subjects
Patrícia P. dos Santos Teixeira, Mariana Callil Voos, Mariane S. Andrade Machado,
Lílian Zanchetta Castelli, Luiz Eduardo R. do Valle, Maria Elisa P. Piemonte
O preparo bioético na graduação de Fisioterapia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Bioethical education in physical therapy undergraduate course
Fernanda Degilio Alves, Aline Bigongiari, Luis Mochizuki, William Saad Hossne, Marcos de Almeida
Atividade eletromiográfica do vasto medial oblíquo em portadoras da síndrome
da dor patelofemoral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
Electromyographyc activity of the vastus medialis oblique muscle in female patients with patellofemoral syndrome
Sâmia Najara F. Bessa, Elielton Pedroza dos Santos, Renata A. Gomes Silveira,
Paulo Henrique B. Maia, Jamilson Simões Brasileiro
Fisioter Pesq.
Fisioter
2008;15(2)
Pesq. 2008;15(2) 117
Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.15, n.2, p.118-24, abr./jun. 2008 ISSN 1809-2950
Estudo desenvolvido na RESUMO: Este estudo visou comparar a eficácia da hidroterapia e da estimulação
Clínica de Fisioterapia do elétrica transcutânea do nervo (TENS) na melhora da sintomatologia de
Unicapital – Centro pacientes com fibromialgia Participaram do estudo 10 sujeitos com fibromialgia
Universitário Capital, São (48,8±9,8 anos) divididos em dois grupos: um tratado com hidroterapia e outro
Paulo, SP, Brasil com TENS. Todos foram avaliados antes e após o tratamento quanto à
1 flexibilidade (pelo índice terceiro dedo-solo), dor (por escala visual-analógica),
Fisioterapeuta da Irmandade qualidade de vida relacionada à saúde (pelos questionários SF-36 e Nottingham
da Santa Casa de Misericórdia, Health Profile – NHP) e tendência à depressão (pelo Inventário de Beck). Os
São Paulo, SP, Brasil
dados foram tratados estatisticamente, com nível de significância fixado em
2
Profa. Ms. do Curso de p<0,05. O grupo TENS obteve melhora estatisticamente significante na
Fisioterapia do Unicapital intensidade da dor, na qualidade de vida medida pelo SF-36 e em alguns
(Centro Universitário Capital, quesitos do NHP, enquanto a hidroterapia promoveu uma melhora na qualidade
São Paulo, SP, Brasil) de vida medida pelo SF-36. Ambos os tratamentos foram assim eficazes ao
melhorar o condicionamento físico, porém a TENS propiciou melhores
3
Graduandos em Fisioterapia no resultados quanto à dor e em maior número das variáveis analisadas do que a
Unicapital, São Paulo, SP, hidroterapia, sugerindo ser mais eficaz no tratamento da fibromialgia.
Brasil
DESCRITORES: Estimulação elétrica transcutânea do nervo; Fibromialgia/
ENDEREÇO PARA reabilitação; Hidroterapia
CORRESPONDÊNCIA
ABSTRACT: The purpose of this study was to compare the effects of hydrotherapy
Eneida Yuri Suda and of transcutaneous electric nerve stimulation (TENS) on symptomology of
R. Masuzo Naniwa 105 apto. patients with fibromyalgia. Ten subjects (aged 48.8±9.8 years) with fibromyalgia
TA84 Mogilar were divided into two groups, one treated with hydrotherapy, the other with
08773-535 Mogi das Cruzes SP TENS. All were evaluated before and after treatment as to flexibility (by means
e-mail: yurisuda@usp.br of the fingertip-to-floor test), pain (by visual analogue scale), health-related
quality of life (by the SF-36 and the Nottingham Health Profile – NHP –
questionnaires) and trend to depression (by the Beck’s Depression Inventory).
Data were statistically analysed, and significance level set at p<0.05. Results
show that patients treated with TENS had significant pain reduction and better
quality of life as measured by the SF-36 and some NHP items, while patients
treated with hydrotherapy showed improvement in SF-36 scores. It may hence
be said that both treatments were efficient in improving physical functioning,
APRESENTAÇÃO but TENS produced better results in relieving pain and in a greater number of
abr. 2007 variables, suggesting that it is more efficient for treating fibromyalgia.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Fibromyalgia/rehabilitation; Transcutaneous electric nerve
abr. 2008 stimulation; Hydrotherapy
118 Fisioter
Fisioter Pesq.
Pesq. 2008;15(2):118-24
2008;15(2)
Silva et al. TENS e hidroterapia na fibromialgia
Tabela 2 Grupo tratado com hidroterapia (n=5): resultados (média±desvio além do tratamento especifico de de-
padrão) da avaliação antes e após o tratamento e valores de p sordens associadas15.
Variável Antes Depois p O grupo tratado com TENS mostrou
Flexibilidade (cm) 14,6±13,5 13,8±12,7 0,345‡ uma tendência à melhora da flexibi-
lidade, embora não estatisticamente
Dor (cm na EVA) 8,0±0,7 6,6±1,5 0,076‡ significante, que pode ter ocorrido
SF-36 (escore total) 70,8±12,2 99,1±16,0* 0,007† devido à redução da sintomatologia
Capacidade funcional 33,0±18,2 37,0±14,4 0,355† dolorosa, que é o principal fator
Aspectos físicos 5,0±11,4 90,0±22,3* 0,002‡ limitante da amplitude de movimen-
Dor 20,6±12,2 53,8±20,5* 0,007† to15. Além disso, os grupos não eram
homogêneos em relação a essa variá-
Estado geral de saúde 30,8±14,8 45,6±14,9 0,084‡ vel antes do início do tratamento, o
Vitalidade 26,0±9,6 55,0±11,7* 0,001† que pode ter influenciado os resulta-
Aspectos sociais 38,2±18,9 62,4±21,6* 0,040‡ dos. Diferentemente do esperado, o
Aspectos emocionais 13,2±18,0 86,6±30,0* 0,005‡ grupo tratado com hidroterapia não
Saúde mental 32,8±21,7 56,0±17,4* 0,050† apresentou melhora da flexibilidade.
Provavelmente essa melhora não foi
NHP (escore total) 24,0±2,6 18,4±6,7 0,060† observada devido a dois aspectos. Em
Nível de energia 2,4±0,8 1,2±1,3 0,064‡ primeiro lugar, o grupo tratado com
Dor 7,0±2,2 5,8±2,2 0,165† hidroterapia já apresentava inicial-
Reações emocionais 4,2±0,8 2,6±1,5* 0,036† mente flexibilidade melhor, quando
Sono 3,4±1,1 3,0±1,5 0,329† comparado ao outro grupo, reduzindo
os possíveis ganhos que a piscina te-
Isolamento social 2,6±2,0 1,6±1,3 0,195‡
rapêutica poderia trazer. Além disso,
Capacidade funcional 4,4±1,1 4,2±1,3 0,401† mesmo após o tratamento o GH apre-
Beck 21,2±2,7 15,8±10,6 0,163† sentou melhor flexibilidade que o gru-
po TENS. Outro fator importante a ser
* Diferença estatisticamente significante; † Teste t independente; ‡Teste U de Mann-Whitney;
EVA = escala visual-analógica; NHP = questionário Nottingham Health Profile; levado em conta é que, no protocolo
Beck = escore no Inventário de depressão de Beck de tratamento utilizado na hidrote-
rapia, não foi feito exercício específi-
Tabela 3 Grupo tratado com TENS (n=5): resultados (média±desvio padrão) da
co que trabalhasse a flexibilidade dos
avaliação antes e após o tratamento e valores de p
grupos musculares avaliados pelo tes-
Variável Antes Depois p te terceiro dedo-solo.
Flexibilidade (cm) 29,8±3,6 24,6±5,9 0,065† Como esperado, houve melhora
Dor (cm na EVA) 7,6±0,9 3,4±2,2* 0,004‡ significante na intensidade da dor no
SF-36 (escore total) 74,6±10,0 99,2±13,7* 0,006 † grupo tratado com estimulação elétri-
Capacidade funcional 25,0±18,0 55,0±21,5* 0,018‡ ca, uma vez que a TENS produz um
efeito analgésico local e imediato.
Aspectos físicos 10,0±13,6 65,0±48,7* 0,038‡
Woolf17 sugere que o uso da TENS po-
Dor 18,2±8,7 64,8±17,9* 0,001† de distorcer o funcionamento do sis-
Estado geral de saúde 34,0±9,61 54,6±17,6 0,087‡ tema nervoso, ao interferir em algum
Vitalidade 35,0±13,6 54,0±24,0 0,082† de seus inputs ou informações, pois a
Aspectos sociais 34,8±16,4 79,8±18,8* 0,002† estimulação das fibras aferentes alfa
Aspectos emocionais 6,6±14,7 79,8±30,0* 0,004‡ e beta de rápida condução podem ini-
Saúde mental 45,6±21,4 51,2±14,8 0,322† bir a entrada do estímulo doloroso
conduzido pelas fibras C, não mielini-
NHP (escore total) 25,2±2,8 14,4±3,4* 0,001†
zadas e de condução mais lenta, an-
Nível de energia 2,2±0,8 0,8±0,4* 0,009‡ tes que o estímulo doloroso transite até
Dor 7,6±0,8 3,8±1,4* 0,004‡ a medula espinhal. Essa melhora da
Reações emocionais 5,6±1,1 2,2±1,7* 0,003† dor não foi observada de forma esta-
Sono 3,6±1,6 2,4±1,5 0,134† tisticamente significante no grupo tra-
Isolamento social 2,6±1,6 1,0±1,7 0,095‡ tado com hidroterapia, mostrando que
Capacidade funcional 3,6±1,1 3,8±1,0 0,392† essa modalidade terapêutica provavel-
mente não age diretamente no meca-
Beck 28,0±8,3 11,6±6,1* 0,004†
nismo de dor.
* Diferença estatisticamente significante; † Teste t independente; ‡Teste U de Mann-Whitney;
EVA = escala visual-analógica; NHP = questionário Nottingham Health Profile; Beck = Houve melhora estatisticamente
escore no Inventário de depressão de Beck significante da qualidade de vida em
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Estudo desenvolvido no RESUMO: As mulheres apresentam risco aumentado para a osteoartrite (OA) de
Programa de Pós-Graduação joelhos e obesidade. Associadas, essas doenças podem gerar dor e prejuízos
em Ciências da Reabilitação funcionais, principalmente em atividades de locomoção. Este estudo visou
da EEFFTO/UFMG – Escola de comparar o impacto do grau de obesidade nos sintomas e capacidade funcional
Educação Física, Fisioterapia e de mulheres com OA de joelhos. Foram selecionadas 13 mulheres obesas (com
Terapia Ocupacional da índice de massa corporal – IMC>30 kg/m 2) e 15 com obesidade mórbida
Universidade Federal de Minas (IMC>40 kg/m2), todas com OA bilateral de joelhos. Os sintomas de dor, rigidez
Gerais, Belo Horizonte, MG, e dificuldades funcionais foram avaliados pelo questionário The Western Ontario
Brasil and McMaster Osteoarthritis Index (Womac). A capacidade funcional foi
1
Fisioterapeuta Ms. verificada por quatro testes de velocidade: marcha usual, marcha rápida, subir
e descer escadas. Os dois grupos apresentaram um impacto moderado da
2
Profs. Drs. Adjuntos do obesidade na OA de joelhos, sem diferença quanto aos sintomas. As obesas se
Programa de Pós-Graduação saíram melhor do que as obesas mórbidas nos testes de marcha usual e subir
em Ciências da Reabilitação escadas, mas não nas atividades de marcha rápida e descer escadas, mais
da EEFFTO/UFMG complexas e estressantes para a articulação do joelho. Conclui-se que o grau
de obesidade não teve impacto nos sintomas de dor, rigidez e dificuldades
ENDEREÇO PARA funcionais associadas à OA de joelhos entre mulheres obesas e obesas mórbidas.
CORRESPONDÊNCIA E, em dois testes de capacidade funcional, as obesas dos dois grupos tiveram
Karina S. S. Vasconcelos desempenho semelhante, sugerindo que outros fatores podem influenciar o
R. Zenite 470 apto. 101 desempenho funcional de obesas com OA de joelhos.
Caiçara
30720-530 Belo Horizonte MG DESCRITORES: Análise e desempenho de tarefas; Obesidade; Obesidade
e-mail: mórbida; Osteoartrite do joelho
karinasimone@hotmail.com
A BSTRACT: Women are at higher risk to knee osteoarthritis (OA) and obesity.
Together, these diseases may ensue pain and functional limitations, mainly
during locomotion. The purpose of this study was to compare the impact of the
degree of obesity in symptoms and functional capacity of women with knee
osteoarthritis. The sample studied was made up by 13 obese women (body mass
index – BMI>30 kg/m2) and 15 morbid obese women (BMI>40 kg/m2), all with
bilateral knee OA. The symptoms of pain, stiffness and functional difficulty
were measured by the questionnaire The Western Ontario and McMaster
Osteoarthritis Index (Womac). Functional capacity was evaluated by four speed
tests: usual gait, fast gait, climbing and descending stairs. Both groups presented
a moderate impact of obesity on knee osteoarthritis, with no differences
between them concerning symptoms. Obese women had better results in the
usual gait and climbing stairs tests than morbid obese ones, but not in fast gait
and descending stairs, which are more complex and stressful tasks for the knee
joint. It may be said that the degree of obesity had no impact on knee OA
symptoms of pain, stiffness and functional difficulty; and, in two functional
capacity tests, both obese women and women with morbid obesity showed
APRESENTAÇÃO similar performances, thus suggesting that other factors may influence functional
jul. 2007 capacity of obese women with knee osteoarthritis.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Obesity; Obesity, morbid; Osteoarthritis, knee; Task performance
abr. 2008 and analysis
os testes, foram instruídas a realizar a Tabela 2 Resultados (média±desvio padrão) dos testes de velocidade segundo
atividade “em um ritmo normal, da os grupos
maneira como tivessem costume de
Velocidade (média±desvio padrão)
fazer no dia-a-dia“, sendo permitido
o uso do corrimão. Também era per- MU (m/s) MR (m/s) SE (degraus/s) DE (degraus/s)
mitido realizar os testes colocando os Grupo I (Obesas) 1,18±0,16 1,60±0,25 64,57±15,93 67,46±18,58
dois pés em cada degrau, ou alternan- Grupo II (Obesas graves) 1,02±0,13 1,44±0,23 51,35±14,94 53,52±22,00
do o apoio com cada pé em um de-
grau. O mesmo padrão quanto ao uso Diferença entre os grupos p=0,009* p=0,097 p=0,032* p=0,084
do corrimão e o tipo de apoio era uti- MU = Marcha usual; MR = Marcha rápida; SE = Subir escadas, em degraus por segundo;
lizado durante todo o teste. As volun- DE = Descer escadas,, em degraus por segundo; * diferença estatisticamente significante
tárias iniciavam os testes ao coman-
crita em termos de distribuição de fre- grupo II. Com o teste de Mann-Whitney,
do “já” do examinador, momento em
qüência. Foi utilizado o teste t para não foi observada diferença estatisti-
que era disparado o cronômetro. A
amostras não-relacionadas para com- camente significante entre a clas-
contagem de tempo era interrompida
parar os grupos I e II em termos de sificação dos dois grupos (p=0,433).
quando era alcançado o último degrau
idade, duração dos sintomas e resul-
com os dois pés, com a voluntária sem- Em relação aos sintomas da OA,
tados nos testes de velocidade. Para
pre olhando para frente. avaliados pelo Womac (onde o esco-
comparar os resultados da classifica-
A ordem dos testes foi aleatorizada ção radiográfica, do questionário re varia de 0, nenhum, a 100, muito
por sorteio e todas as voluntárias fo- Womac e do nível de dor durante a intenso), no grupo I os resultados mé-
ram instruídas a utilizar um calçado realização dos testes de capacidade dios foram: 47,3±17,9 de intensidade
usual, que considerassem confortável funcional, foi utilizado o teste de de dor, 32,7±22,6 de rigidez e
e seguro. Foram realizadas três medi- Mann-Whitney, não-paramétrico. O 32,4±21,6 de dificuldades funcionais.
das para cada teste, com intervalo de nível de significância foi estabeleci- No grupo II, a média da intensidade
15 a 30 segundos entre cada medida do como α=0,05. de dor foi de 41,0±18,9, da rigidez,
e 30 a 60 segundos entre cada tipo de 30,0±33,0 e a de dificuldades funcio-
teste. A coleta de dados foi realizada nais foi de 40,4±18,2. Não houve di-
em uma única sessão, no horário en- RESULTADOS ferença estatisticamente significante
tre as 14 e 17 horas. entre os grupos quanto aos sintomas
Os dois grupos não apresentaram avaliados pelo questionário Womac
diferença quanto à idade ou duração
Análise estatística dos sintomas (Tabela 1).
(p=0,487 para dor, p=0,619 para rigi-
dez e p=0,310 para dificuldades fun-
Foi realizada a análise descritiva Quanto à classificação da OA, a cionais).
da amostra, com medidas de tendên- maioria das mulheres apresentaram
cia central (média) e dispersão (des- O nível de dor durante os testes
nível II ou III na classificação K-L. No
vio padrão) das variáveis idade, dura- também não apresentou diferença es-
grupo I, quatro apresentavam nível II
ção dos sintomas e IMC, além dos sin- tatística entre os grupos. No teste MU,
e cinco, nível III. No grupo II, havia
tomas da OA de joelhos e resultados cinco mulheres com nível II e cinco os níveis médios de dor foram de
nos testes de capacidade funcional. com nível III. Não foi possível obter 25,0±27,0 no grupo I e 11,7±16,0 no
A classificação radiográfica foi des- as radiografias de duas mulheres do grupo II (p=0,196). No teste MR,
34,6±31,5 e 20,0±23,5 para os respec-
Tabela 1 Dados descritivos das participantes (n=28) segundo os grupos tivos grupos (p=0,216). No teste de
Grupo II Diferença subir escadas, os níveis médios de dor
Grupo I foram de 30,8±25,3 (grupo I) e
Variável Valores (Obesas entre os
(Obesas, n=13) graves, n=15) grupos 30,0±19,4 (grupo II), com p=0,941; e,
Mín. 29,5 36,6 no teste de descer escadas, 42,3±31,3
Idade (anos) (grupo I) e 33,3±22,5 (grupo II), com
Máx. 67,1 67,8 p=0,588
p=0,391.
Média±dp 51,27 ± 11,76 53,37 ± 8,44
Mín. 1,50 0,66 A Tabela 2 apresenta os resultados
Tempo de OA de cada grupo nos testes de capaci-
Máx. 15 17 p=0,86
(anos) dade funcional, avaliada pela veloci-
Média±dp 6,50 ± 4,56 6,78 ± 3,97
dade desenvolvida. Pode-se observar
Mín. 30,41 41,25 NA que o grupo I obteve melhor desem-
2
IMC (kg/m ) Máx. 37,31 59,83 NA penho nos testes MU e SE, alcançan-
Média±dp 33,39 ± 2,25 47,56 ± 5,76 NA do maior velocidade. Nos outros tes-
Mín.= Mínimo; Máx.= Máximo; dp = Desvio padrão; IMC = Índice de massa corporal; NA = tes, não houve diferença estatistica-
Não se aplica mente significante entre os grupos.
importante do que os efeitos deletéri- contamos com um pequeno número de tégias de tratamento mais específicas
os da OA de joelhos sobre a capaci- participantes. As participantes dos gru- e direcionadas às necessidades e pos-
dade funcional. Dessa forma, mesmo pos apresentavam heterogeneidade sibilidades dos pacientes.
que apresentassem melhor condicio- quanto à idade e tempo de sintomas
namento, as mulheres obesas não con- da OA de joelhos e não houve parea-
seguiriam alcançar melhores resulta- mento por essas variáveis. CONCLUSÃO
dos, como nos testes de marcha usual
e subida de escadas. Os resultados deste estudo demons- Os resultados permitem concluir
tram que as inter-relações entre obe- que o grau de obesidade não teve
O presente estudo analisou a obe- sidade e OA de joelhos são comple- impacto nos sintomas de dor, rigidez
sidade apenas em termos do IMC, uma xas e agem de diferentes formas so- e dificuldades funcionais associadas
medida do excesso de peso para uma bre a capacidade funcional de mulhe- à OA de joelho entre obesas e obesas
determinada altura. Outros fatores res. Estudos explorando a funcionali- mórbidas. No que se refere à capaci-
podem estar associados à obesidade, dade dessa população devem levar dade funcional, o grau de obesidade
influenciando os sintomas e incapa- em conta essas inter-relações e espe- teve influência diversa conforme o
cidades associadas à OA de joelhos, cificidades, a fim de contribuir para a tipo de atividade: nos testes de mar-
como a composição corporal de mas- compreensão dos impactos das doen- cha usual e subir escadas, as obesas
sa gorda e massa magra31,32 e altera- ças crônicas e os mecanismos de adap- mórbidas apresentaram pior desempe-
ções metabólicas ou inflamatórias33,34. tação e reação a seus efeitos. Ainda nho, confirmando a hipótese do estu-
A força muscular também interage há muito a ser explorado neste tema, do. No entanto, nos testes de marcha
com a obesidade, podendo ser consi- com a observação de outras variáveis rápida e descer escadas, atividades
derados os dois fatores mecânicos mais de influência e a ampliação das ma- mais complexas e estressantes para a
importantes na determinação da ca- neiras de se avaliar a capacidade fun- articulação do joelho, os dois grupos
pacidade funcional de indivíduos com cional, incluindo não só a velocida- tiveram desempenhos semelhantes,
OA de joelhos35,36. de, mas outras características. A com- sugerindo que outros fatores, além do
O presente estudo apresenta outras preensão dos impactos das doenças grau de obesidade, podem influenci-
limitações. A escolha da amostra não crônicas sobre a funcionalidade huma- ar o desempenho funcional de obesas
se baseou em cálculo específico e na pode levar à elaboração de estra- com OA de joelhos.
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Estudo desenvolvido no Curso RESUMO: Este estudo visou verificar a incidência de lesões traumáticas na prática
de Fisioterapia do Centro esportiva do rúgbi amador no Brasil. A amostra constituiu-se de 42 praticantes
Universitário São Camilo, São amadores de duas equipes de rúgbi de São Paulo, do sexo masculino, com
Paulo, SP, Brasil idade entre 18 e 30 anos. Foi aplicado a cada jogador um questionário em
1
forma de entrevista para verificar a ocorrência de lesões após cada jogo de
Fisioterapeuta rúgbi disputado pela respectiva equipe durante cinco meses de 2006. Lesão
2
Prof. do Curso de Fisioterapia foi definida como alguma dor ou dano físico sofrido por um jogador durante o
do Centro Universitário São treino e durante ou imediatamente após uma partida de rúgbi. Os dados das
Camilo respostas dos jogadores foram analisados estatisticamente, com nível de
significância estabelecido em p≤0,05. A incidência total de lesões foi de 574,16
3
Prof. Dr. do Programa de por 1.000 horas de jogo. Houve predomínio de lesões nos membros inferiores
Mestrado em Fisioterapia da em ambas as equipes. A manobra conhecida como tackle foi a maior causa de
Universidade Cidade de São lesões. O segundo tempo foi o período do jogo em que a maioria das lesões
Paulo, São Paulo, SP, Brasil ocorreu. Atacantes foram mais freqüentemente lesionados quando comparados
aos defensores. A incidência de lesões traumáticas no rúgbi amador no Brasil
ENDEREÇO PARA mostrou-se extremamente alta, caracterizando uma importante diferença
CORRESPONDÊNCIA quando comparada à incidência de lesões em outros estudos feitos em países
Luciane M. Alves onde o rúgbi é um esporte mais popular.
R. Ângelo Alegro 76
02881-040 São Paulo SP DESCRITORES: Futebol americano; Incidência; Traumatismos em atletas
e-mail:
lucianemalves@hotmail.com ABSTRACT: This study aimed at estimating the incidence of traumatic injuries in
the practice of amateur rugby in Brazil. The sample consisted of 42 male, 18 to
30 year-old rugby amateur athletes from two different São Paulo teams. A
questionnaire (by means of interview) was applied to each player inquiring on
injuries suffered during and/or after every match (and training) his team played
along five months of 2006. An injury was defined as any pain or physical
impairment sustained by a player during or immediately after a rugby match
or training. Data from volunteers’ answers were statistically analysed, and
significance level set at p≤0.05. The total incidence of injuries was 574.16 per
1,000 match hours. Injuries were predominant in lower limbs. Tackling was
the major cause of injuries. The second half was the period when most injuries
occurred. Forwards were more often injured than backs. The incidence of
APRESENTAÇÃO traumatic injuries in rugby in Brazil were extremely high when compared to
set. 2007 the injury incidence found by studies made in countries where rugby is usually
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO practised.
abr. 2008 KEY WORDS: Athletic injuries; Football; Incidence
Análise estatística Tabela 3 Comparação dois a dois (valores de p) entre as regiões anatômicas de
lesão durante os jogos de rúgbi (n de lesões=126)
Os dados obtidos das respostas ao Cabeça e
questionário foram organizados em Região do corpo Tronco MMSS MMII Face
pescoço
tabelas, utilizando os programas SPSS
v11.5®, Minitab 14® e Microsoft Excel MMSS 1,000
XP®. A análise estatística foi realiza- MMII 0,040* 0,040*
da mediante o teste de igualdade de Cabeça e pescoço <0,001* <0,001* <0,001*
duas proporções, um teste não-para- Face <0,001* <0,001* <0,001* 0,554
métrico que verifica se a proporção Outros <0,001* <0,001* <0,001* 0,776 0,758
de respostas de duas determinadas
MMSS = Membros superiores; MMII = Membros inferiores; * valores estatisticamente
variáveis são estatisticamente signifi- significantes
cantes. Para este estudo, foi conside-
rada estatisticamente significante a Tabela 4 Comparação dois a dois entre as situações em que ocorreram lesões
diferença ou correlação tal que p<0,05 (n=126) durante os jogos de rúgbi
(5%). Todos os intervalos de confian-
ça construídos ao longo da análise Situação Tackle Maul Ruck Scrum Corrida Choque Não lembra Outros
foram realizados com 95% de confi- Maul <0,001*
ança estatística. Ruck 0,452 <0,001*
Scrum 0,120 <0,001* 0,419
Corrida <0,001* 0,271 0,002* 0,020*
RESULTADOS Choque
Não
<0,001* 0,250 <0,001* <0,001* 0,031*
0,009* 0,020* 0,060# 0,280 0,198 0,001*
A incidência de lesões no Time A lembra
foi de 626,56 por 1.000 horas de jogo Outros 0,001* 0,079# 0,014* 0,093# 0,494 0,006* 0,541
por posição do jogador e, no Time B, Treino <0,001* 1,000 <0,001* <0,001* 0,271 0,250 0,020* 0,079#
de 434,42 por 1.000 horas. Entretan- * valores de p estatisticamente significantes; # valores de p que, pela proximidade do limite de
to, como o Time B jogou menos parti- aceitação, considera-se que tendem a ser significantes
das, sua exposição a lesões foi de
Tabela 5 Comparação dois a dois entre os períodos em que ocorreram lesões
59,85 horas, contra 159,6 horas do
durante os jogos de rúgbi (n de lesões=126)
Time A (Tabela 2). Além disso, o nú-
mero de jogadores entre as equipes Período 1 tempo 2 tempo Final do jogo Aquecimento
diferiu, sendo 23 voluntários do Time 2 tempo <0,001*
A e 19 do Time B.
Final do Jogo <0,001* <0,001*
Em relação às regiões anatômicas, Aquecimento <0,001* <0,001* 0,701
houve predomínio de lesões em mem-
bros inferiores (MMII), com 36,5% do
Treino <0,001* <0,001* 0,734 0,472
total de lesões, seguida de membros * valores de p estatisticamente significantes
superiores (MMSS) e tronco, com
24,6% das lesões. A Tabela 3 permite pode considerar esse percentual esta- 1o tempo, em que ocorreram 34,9%
ver que o percentual de lesões nos tisticamente diferente (Tabela 4) dos das lesões. A Tabela 5 permite ver que
MMII é significantemente maior do percentuais do ruck (20,6%) e do scrum o percentual do 2o tempo é significa-
que nas demais regiões do corpo. (16,7%). tivamente maior em relação aos de-
mais períodos.
A situação que levou ao maior nú- O período do jogo que levou ao
mero de lesões foi o tackle, em 24,6% maior número de lesões foi o 2o tem- Os atacantes foram mais freqüen-
do total de lesões. No entanto, não se po, com 55,6% do total, seguido do temente lesionados (58,7%) quando
comparados aos defensores (41,3%),
e essa diferença foi estatisticamente
Tabela 2 Exposição e incidência de lesões sofridas (n=126) pelos jogadores significante.
estudados
Equipe Partidas
N sofridas
Lesões
Exposição (h) Incidência*
DISCUSSÃO
Time A 8 100 159,60 626,57 A incidência total de lesões encon-
trada no presente estudo foi 574,16 por
Time B 3 26 59,85 434,42
1.000 horas de jogo (Tabela 2). Pode-
Total 11 126 219,45 574,16 se observar que a incidência de le-
Exposição: E = n de partidas X 15 X 1,33 h; * Incidência expressa em lesões por sões do Time A foi aproximadamente
1.000 horas de jogo 8 = N de lesões sofridas/E X 1000 quatro vezes maior do que a observa-
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Sports Med. 2001;35:157-66. este estudo não teria sido possível.
Estudo desenvolvido no Curso RESUMO : A artrite reumatóide (AR) tem manifestações articulares e extra-
de Fisioterapia da Uniara – articulares, afetando diretamente a qualidade de vida dos pacientes. A
Centro Universitário de hidroterapia é um recurso muito utilizado na reabilitação desses pacientes
Araraquara, Araraquara, SP, devido às propriedades físicas e efeitos fisiológicos da água. O objetivo do
Brasil trabalho foi avaliar o efeito da hidroterapia na sintomatologia e qualidade de
1 vida de portadoras de AR. Participaram do estudo oito voluntárias com média
Fisioterapeutas de idade 56,4±5,2 anos e diagnóstico clínico de AR. Antes e após o tratamento
2
Profa. Ms. do Curso de todas foram submetidas a avaliação fisioterapêutica, que incluiu a aplicação
Fisioterapia da Uniara do Questionário Short-Form 36 (SF-36) e avaliação da rigidez matinal, dor e
qualidade do sono, por escalas analógico-visuais. O protocolo de tratamento
3
Profa. Dra. do Programa de consistiu de 10 sessões de hidroterapia de 45 minutos cada, duas vezes por
Mestrado em Ciências da semana. Os dados coletados foram tratados estatisticamente, com nível de
Reabilitação da Universidade significância fixado em p≤0,05. Após o tratamento foi possível verificar redução
Nove de Julho, São Paulo, SP, da rigidez matinal (p=0,003) e da dor (p=0,004), além da melhora na qualidade
Brasil do sono (p=0,006). Também foi verificada melhora significativa (p≤0,05) na
maioria dos domínios do SF-36 após o tratamento. Conclui-se que o protocolo
ENDEREÇO PARA de hidroterapia proposto possibilitou melhora na qualidade de vida relacionada
CORRESPONDÊNCIA à saúde, redução dos sintomas de dor e rigidez matinal, além de melhora da
Raquel M. Ferrari qualidade do sono de portadoras de AR.
R. Vilela 239 Tatuapé
03068-000 São Paulo SP DESCRITORES: Artrite reumatóide; Hidroterapia; Qualidade de vida
e-mail:
raquel.mesquita@gmail.com ABSTRACT: Rheumatoid arthritis (RA) has both joint and extra-joint manifestations
and may directly affect patients‘ quality of life. Hydrotherapy is a very useful
resource for treating RA due the water physical properties and physiological
effects. The aim of this study was to evaluate the impact of a hydrotherapy
program on RA female patients’ symptoms and health-related quality of life.
Eight volunteers, aged 56,4±5.2 years old, were selected for this study, all
with RA diagnosis. Before and after treatment they were submitted to a physical
therapy evaluation that included application of the Short Form-36 Questionnaire
(SF-36) and assessment of pain, morning stiffness, and quality of sleep, by
means of visual analogue scales. The treatment consisted of ten 45-minute
hydrotherapy sessions, held twice a week. Collected data were statistically
analysed, and significance level set at p≤0.05. At the end of treatment results
showed significant decrease in pain (p=0.004) and morning stiffness (p=0.003),
and improvement in quality of sleep (p=0.006). Also, significant improvement
was detected in most SF-36 domains (p≤0.05). The proposed aquatic therapy
program may be thus said to having improved health-related quality of life,
APRESENTAÇÃO reduced pain and morning stiffness, and improved quality of sleep of women
out. 2007
with RA.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
abr. 2008 KEY WORDS: Arthritis, rheumatoid; Hydrotherapy; Quality of life
90 * *
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Capacidade Aspecto Dor Estado Vitalidade Aspectos Aspecto Saúde
funcional físico geral da sociais emocional mental
saúde
Domínios do SF-36
Grafico 1 Escores (média±desvio padrão) nos domínios do SF-36, antes (pré) e após (pós) tratamento aquático, obtidos
pelas voluntárias com artrite reumatóide (* p≤0,05)
e superiores (submersão de objetos matinal (p=0,003) e dor (p=0,004) e Os escores do SF-36 obtidos ao tér-
freando seu retorno à superfície) com melhora significativa na qualidade do mino do tratamento aquático propos-
auxílio de flutuadores, entre outros; sono (p=0,006) das voluntárias após o to foram significantemente maiores
alongamento – geral e específico para tratamento (Gráfico 2). para os domínios capacidade funcio-
as articulações periféricas – e relaxa- nal, dor, estado geral de saúde, vitali-
mento, como flutuação associada à dade e saúde mental, indicando me-
respiração diafragmática, ocupava os DISCUSSÃO lhora na qualidade de vida após a te-
10 minutos finais da sessão11. rapia proposta. Nos demais domínios,
Há atualmente grande preocupação houve uma tendência à melhora, po-
em determinar possibilidades de tra-
Análise estatística tamento que possam auxiliar portado-
rém não significante. Isso aponta para
o fato de que o exercício regular, além
res de doenças inflamatórias crônicas do incremento na condição física e
As médias e desvios padrões foram
como a AR. Também é crescente a no bem-estar, também influencia fa-
calculados para os escores obtidos nos
preocupação em determinar a eficá- tores emocionais e sociais, uma vez
domínios do SF-36 e para os valores
cia dos tratamentos propostos. A utili- que foi verificada influência direta nos
obtidos pelas EVAs de rigidez, dor e
zação de questionários como o SF-36 domínios que avaliam esses aspectos8.
sono, antes e após o protocolo de
tem sido intensificada na pesquisa cientí-
hidroterapia. O teste t de Student não- Antes da realização do tratamento
fica nos últimos anos em decorrência
pareado (para o SF-36) e pareado (para aquático, os escores obtidos nos do-
do interesse em métodos subjetivos de
as EVAs) foi aplicado aos dados obti- mínios do SF-36 capacidade funcio-
avaliação clínica que valorizam a
dos antes e após o tratamento, para nal, aspecto físico, dor, estado geral
opinião do paciente sobre sua condi-
verificar diferenças significativas, con-
ção de saúde26. de saúde e vitalidade foram maiores
siderando-se significante se p≤0,05. que os encontrados por Talamo27 em
Estudos mostraram que programas mulheres portadoras de AR. Isso signi-
de treinamento físico trazem benefí-
RESULTADOS cios a pacientes com AR, como o au-
fica que as voluntárias do presente
estudo apresentavam qualidade de
mento da força muscular e capacida- vida relacionada à saúde melhor que
Ao término do tratamento foi de aeróbica, redução da dor e infla-
verificada melhora significativa nos as estudadas por esse autor. Wiles28 e
mação, e incremento na função, re- Roux29, que avaliaram por meio desse
domínios capacidade funcional fletindo-se diretamente na qualidade
(p=0,004), dor (p=0,022), vitalidade mesmo questionário pacientes com
de vida e na realização das ativida- AR, porém sem distinguir sexo, encon-
(p=0,015), estado geral de saúde
des diárias dos sujeitos5,8,13. O intuito traram valores diferentes: Roux29 evi-
(p=0,027) e saúde mental (p=0,05) do presente estudo foi avaliar o efeito
(Gráfico 1), além de uma tendência a denciou valores superiores aos de
de um tratamento hidroterapêutico na Wiles28 e aos encontrados no presente
melhores escores em todos os domí- qualidade de vida e sintomatologia de
nios do SF-36. estudo na maioria dos domínios. Isso
portadores de artrite reumatóide por pode ter ocorrido em função da hete-
Além disso, foi possível verificar meio do Questionário SF-36 e de EVAs rogeneidade da amostra quanto à dis-
uma redução significativa da rigidez para rigidez, dor e qualidade do sono. tinção entre sexos. Essa interferência
pôde ser também evidenciada no es-
4,5 tudo de Talamo27 que encontrou esco-
Pré
4 res maiores em seis dos oito domínios
Pós
3,5 * no sexo masculino em comparação
Valor obtido por EVA
*
3 com o sexo feminino, especialmente
* nos domínios dos aspectos sociais,
2,5
emocionais e na saúde mental. Assim,
2 um ponto importante a ser ressaltado
1,5 é o fato de alguns estudos utilizarem
1 amostras de pacientes sem fazer dis-
tinção de sexo, o que pode interferir e
0,5
dificultar a comparação de dados da
0
literatura e dados encontrados em no-
Rigidez matinal Dor Qualidade do sono vos estudos.
Grafico 2 Escores (média±desvio padrão) nas EVAs de rigidez matinal, dor e A avaliação da rigidez matinal, dor
qualidade do sono, antes (pré) e após (pós) tratamento aquático, obtidos e qualidade do sono antes e após o
pelas voluntárias com artrite reumatóide. Graduação de dor e rigidez tratamento permitiu verificar uma me-
matinal: 1 ausente; 2 fraca; 3 moderada; 4 forte; 5 muito forte; graduação lhora em todos esses aspectos. Com
de qualidade do dono: 1 dorme bem, sem acordar durante a noite; 2 sono relação à rigidez e dor, verificou-se
interrompido, acorda algumas vezes durante a noite; 3 sono interrompido, que antes do tratamento o grau médio
acorda várias vezes durante a noite; 4 insônia (* p≤0,05) obtido foi “moderado a forte” e, ao
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Estudo desenvolvido no ICB/ RESUMO: Como o envelhecimento provoca dificuldade na capacidade de dividir
USP – Instituto de Ciências a atenção, este estudo visou verificar, em jovens e idosos: (1) a eventual
Biomédicas da Universidade interferência entre uma tarefa visual e uma motora; (2) se essa interferência
de São Paulo, São Paulo, SP, (caso exista) ocorre de forma diferente no desempenho de jovens e idosos; (3)
Brasil se as tarefas propostas têm correlação com testes validados, de seqüência
1 alfanumérica (TMT) e de levantar e caminhar cronometrado (TLCC). A tarefa
Fisioterapeutas visual consistiu na verbalização do reconhecimento de duas figuras iguais ou
2
Doutoranda em Neurociências diferentes apresentadas rapidamente. A tarefa motora consistiu na alternância
e Comportamento no Instituto de passos do chão a uma plataforma fixa de 10 cm de altura. As tarefas foram
de Psicologia da USP avaliadas isoladas (tarefa-simples) e associadas (tarefa-dupla) em dois grupos:
10 jovens (23±2,8 anos) e 10 idosos (68,8±8,6 anos). Na tarefa visual, os jovens
3
Prof. Dr. do ICB/USP fizeram menos erros que os idosos (p<0,001); nos dois grupos não houve maior
4
número de erros na tarefa-simples quando comparada à tarefa-dupla. Na tarefa
Profa. Dra. do Depto. de motora, os idosos tiveram pior desempenho na tarefa-dupla em relação à tarefa-
Fisioterapia, Fonoaudiologia e simples (p=0,009). Houve correlação positiva entre o TMT e o número de
Terapia Ocupacional da alternâncias de passos (p<0,05) e correlação negativa entre o número de
Faculdade de Medicina da
alternâncias de passos e o TLCC (p<0,05). A tarefa motora não interferiu na
USP tarefa visual em jovens nem em idosos, mas a tarefa visual diminuiu a
ENDEREÇO PARA velocidade da tarefa motora dos idosos. A proposição das tarefas sem atribuir
CORRESPONDÊNCIA
primariedade a uma ou outra permitiu detectar essas interferências.
Mariana C. Voos DESCRITORES: Análise e desempenho de tarefas; Atividade motora;
Fofito/ FMUSP Envelhecimento; Percepção visual
Rua Cipotânea 51 Cidade
Universitária ABSTRACT: Since aging brings about difficulty in dividing attention, this study
05360-160 São Paulo SP aimed at verifying, in youth and aged: (1) the possible interference between a
e-mail: marivoos@usp.br visual and a motor task; (2) whether such interference varies between young
and elderly subjects; (3) whether there is correlation between the proposed
tasks and the trail making test (TMT) and the timed up-and-go test (TUGT). The
visual task measured the ability to state whether two quickly presented figures
were same or different. The motor task consisted on alternating steps from the
ground to a 10 cm-high platform. Tasks were assessed both as single-task
(isolated) and dual-task (simultaneous) in two groups: 10 young people (aged
23±2.8) and 10 elderly (aged 68.8±8.6). In the visual task, young volunteers
presented less errors than the elderly (p<0.001); in both groups no increase in
the number of errors was detected at dual-task when compared to the single-
task. At the motor task the elderly presented lower speed in dual-task as
compared to the single-task (p=0.009). TMT correlated positively to the number
of alternations of step (p<0.05) and TUGT correlated negatively to the number
of alternations of step (p<0.05). For both young and elderly, the motor task did
not interfere on the visual task; however, the elderly showed lesser speed in
APRESENTAÇÃO the motor task when associated to the visual task. The non-assignment of
out. 2007 primality to either task proved useful to detect these interferences.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO KEY WORDS: Aging; Motor activity; Task performance and analysis; Visual
abr. 2008 perception
po que os voluntários haviam levado nho de jovens e idosos. Também fo- fa-simples (TV) e na tarefa-dupla (Fi-
para realizar a atividade visual. As ram feitos testes de correlação de gura 2).
alternâncias dos passos sobre a plata- Spearman para verificar se o desem-
Quanto à tarefa motora, os idosos
forma foram filmadas e posteriormen- penho na tarefa motora apresentou
apresentaram uma média de 1,06±0,4
te contadas e registradas pelo exami- correlação com o TLCC e se o desem-
passos por segundo e os jovens, 1,47±0,3
nador. penho na tarefa visual apresentou cor-
passos por segundo [F1,18=10,31;
relação com o TMT. O nível de
Todos os voluntários receberam de- p=0,005]. Houve diferença entre os
significância adotado foi de 5%
talhada explicação sobre o experi- testes [F=3,54=9,01; p<0,001]: a com-
(α=0,05).
mento. Foram aplicados então, nesta paração post hoc mostrou que o de-
ordem, 1o o teste TLCC, 2o treino da sempenho no treino da tarefa motora
tarefa visual (TVtr), 3o treino da tarefa
motora (TMtr), 4o TMT–parte A, 5o ta-
RESULTADOS (TMtr) foi pior do que na própria tare-
fa TM (p<0,001), evidenciando apren-
refa visual (TV), 6o tarefa motora (TM), A análise dos resultados na tarefa dizado (Figura 3). O desempenho na
7 o TMT–parte B, 8 o tarefas visual e visual evidenciou que os jovens apre- tarefa-dupla (motora associada à vi-
motora associadas (TD, tarefa-dupla), sentaram menor número de erros sual) também foi pior do que na TM-
9 o MEEM, 10 o repetição da tarefa (6,6±3,5) que os idosos (14,8±4,1) simples (p=0,002). Houve interação
motora (TMrep). [F1,18=56,16; p<0,001]. Houve dife- entre grupos e testes [F3,54=4,47;
rença entre os testes [F2,36=3,89; p=0,007]. A comparação post hoc
Foram alternadas tarefas mais aeró-
p=0,030]: a comparação post hoc mostrou que, entre os jovens, o desem-
bicas (motora e tarefa-dupla) com ta-
mostrou que o resultado no treino da penho no treino da tarefa-simples
refas menos cansativas (tarefa visual,
tarefa visual isolada (TVtr) foi pior (TMtr) foi pior que na última (teste de
TMT partes A e B, MEEM), para maior
(p=0,034) que na tarefa visual associa- fadiga) (p<0,001). Nos idosos, o de-
conforto dos voluntários. Por isso, ape-
da à motora (TD); mas não houve me- sempenho foi melhor na tarefa-simples
sar de a pontuação no MEEM ter sido
nor número de erros na tarefa-simples (TM) quando comparada à tarefa-du-
usada como critério de inclusão, o
quando comparada à tarefa-dupla, pla (p=0,047), e pior na tarefa-dupla
teste foi o nono da seqüência. Se ti-
portanto não ocorreu interferência quando comparada à última realiza-
vesse havido algum voluntário com
negativa da tarefa motora sobre a vi- ção da tarefa motora (TMrep, teste de
pontuação abaixo de 25, teria reali-
sual. Não foi encontrada relação en- fadiga) (p=0,009) (Figura 3). Enquan-
zado todo o experimento normalmen-
tre grupos e testes [F2,36=0,42; to os jovens melhoraram o desempe-
te, mas seus dados seriam descarta-
p=0,660]: os grupos de jovens e de nho na tarefa motora na condição ta-
dos da análise estatística. A tarefa
idosos apresentaram comportamento refa-dupla, os idosos apresentaram
motora foi repetida ao final do expe-
semelhante no treino (TVtr), na tare- menor número de alternâncias de pas-
rimento para avaliar se o cansaço in-
terferiu no desempenho; em caso afir-
mativo, seria observada diminuição do Desempenho de jovens e idosos na tarefa visual
número de alternâncias de passo por 200
segundo.
188
A pressão arterial dos voluntários foi
mensurada em repouso e após as tare-
166
fas motoras e a tarefa dupla. Caso a
pressão arterial de algum dos volun- 144
tários tivesse chegado a 150 x 100
Número de erros
Análise estatística 88
ativadas tanto as estruturas corticais Este estudo teve como terceiro ob- Por terem sido avaliadas nesse es-
como as subcorticais11. Ao ser associa- jetivo verificar se os testes realizados tudo apenas três vezes a tarefa visual,
da à tarefa visual (tarefa-dupla), é pos- tinham correlação com testes valida- contra quatro vezes a tarefa motora,
sível que a tarefa motora tenha solici- dos que avaliam o mesmo comporta- pode-se supor que, se tivesse havido
tado menos das estruturas corticais, mento, como o TMT e o TLCC. Quan- uma quarta etapa visual, talvez fosse
conforme sugerido por Dubost et al.11, to ao TMT, foi observada correlação possível ter observado melhora no
tendo utilizados circuitos subcorticais com a tarefa-dupla: quanto menor o desempenho visual após a realização
para deixar livre maior número de re- impacto da perturbação no TMT (ligar
des neuronais corticais para a tarefa da tarefa-dupla, assim como foi ob-
letras e números na parte B, ao invés
visual. Assim, criaram-se novas estra- servado na tarefa motora. Estudos futu-
de só números na parte A), menor o
tégias e novos esquemas neurais para impacto da perturbação da tarefa vi- ros terão como objetivo investigar essa
lidar com a situação de tarefa-dupla sual sobre a motora (executar apenas questão.
e novas áreas corticais podem ter sido a alternância de passos ou executá-la
ativadas para gerenciar simultanea- simultaneamente à discriminação de
mente as tarefas visual e motora 28 . estímulos visuais). Essa correlação CONCLUSÃO
Portanto, ao realizar novamente a pode ser explicada pelo fato de os dois
tarefa-simples motora, o indivíduo testes exigirem divisão de atenção, A tarefa motora não interferiu no
teria contado com maior número de memória operacional e flexibilidade desempenho da tarefa visual em jo-
estratégias neurais. Isso pode com- cognitiva. vens nem em idosos, mas a tarefa vi-
plementar a explicação de melhor sual diminuiu a velocidade da tarefa
desempenho de jovens e idosos na úl- A alternância de passos corre-
motora entre os idosos; portanto, hou-
tima repetição da tarefa motora sim- lacionou-se ao TLCC pelo fato de am-
bos exigirem fatores em comum, como ve diferença entre o desempenho de
ples, após executá-la na condição ta-
refa-dupla. Embora a diferença de de- velocidade, habilidade de recrutar jovens e idosos. Verificou-se ainda
sempenho na tarefa motora antes e sinergias musculares alternadas e ajus- correlação entre os desempenhos nos
depois da tarefa-dupla não tenha al- tes antecipatórios. Quanto mais rápi- testes de seqüência alfanumérica e
cançado nível significativo, houve do o indivíduo conseguiu completar o levantar e caminhar cronometrado
maior velocidade na última realiza- TLCC, maior foi sua velocidade de (TMT e TLCC) e nas tarefas propostas
ção da tarefa motora. alternância de passos. neste experimento.
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[Nesta versão as alternativas para cada resposta foram ordenadas e está indicado, entre parênteses, se correspondem a
padrões bioéticos, ao Código de Ética, ou se são consideradas não-éticas; também foram omitidas as menções à Terapia
Ocupacional. Para a aplicação aos graduandos essas menções foram mantidas, não havia, claro, as indicações entre
parênteses e a ordem das alternativas era aleatória.]
1 Na graduação você teve aulas de Ética Profissional? ( ) sim ( ) não
2 Você conhece o Código de Ética da sua profissão? ( ) sim ( ) não
3 Quantifique seu conhecimento sobre o Código de Ética: ( ) baixo ( ) médio ( ) alto
As questões seguintes são precedidas dos artigos correspondentes do Código de Ética Profissional de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional, aprovado pela Resolução Coffito (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) n.10
de 3 de julho de 1978.
4 Capítulo II (do exercício profissional); Art. 7º, item V - respeitar o natural pudor e a intimidade do cliente.
Questão: Durante a terapia, ao realizar um determinado manuseio, de grande importância ao tratamento, o
paciente relata estar intimamente desconfortável nessa posição. Você:
explica a importância do mesmo, porém não mais o realiza até que o paciente dê o consentimento
novamente; (Bioética)
pára imediatamente e não o realiza mais, respeitando o pudor do paciente; (Código de É tica)
explica a importância do mesmo e continua a realizá-lo, por considerar que esse manuseio trará benefícios
para ele. (Não-ética)
5 Capítulo II (do exercício profissional); Art. 7º, item VI - respeitar o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa e seu bem-
estar.
Questão: Você variou a conduta rotineira com um paciente usando, numa sessão, um recurso fisioterapêutico de
ótima qualidade para a patologia em questão. Na sessão seguinte, porém, ele lhe diz que não gostaria de usá-lo
novamente, pois não se sentiu bem, apresentando dores durante toda a semana. Diante dessa situação, você:
explica os benefícios, mas dá autonomia ao paciente para decidir por si mesmo o que ele julga melhor;
(Bioética)
não mais utiliza o recurso, respeitando o direito do paciente de decidir sobre seu bem-estar; (Código de É
tica)
explica os benefícios do recurso e combina com o paciente de empregar tal método mais uma vez, para
realmente ter certeza de que o mesmo foi o causador do mal-estar. Sendo a resposta negativa, você
continuará com essa nova forma de tratamento. (Não-ética)
6 Capítulo II (do exercício profissional); Art. 7º, item VII - informar ao cliente quanto ao diagnóstico e prognóstico fisioterápico
(…) e objetivos do tratamento, salvo quando tais informações possam causar-lhe dano.
Questão: Você considera como seu DEVER, informar seu paciente e/ou familiares quanto ao diagnóstico e
prognóstico fisioterapêutico, mesmo que essas informações possam acarretar sérios danos para o paciente?
sim, já que todos têm o direito de saber a verdade a respeito da sua própria vida, independente de trazer
pioras significativas ao quadro; (Bioética)
não, pois estando certo que isso prejudicaria muito o quadro do paciente, a omissão da informação seria
benéfica; (Código de É tica)
não considera um dever, pois estas informações são responsabilidades do médico. (Não-ética)
7 Capítulo II (do exercício profissional); Art. 7º, item VIII - manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em
razão de sua atividade profissional e exigir o mesmo comportamento do pessoal sob sua direção.
Questão: O paciente lhe relata confidencialmente o que ocorreu com ele, para estar requerendo fisioterapia, e
pede para esse fato não ser revelado a ninguém. Você acredita ser seu DEVER manter sigilo ABSOLUTO sobre
o assunto?
só seria permitido quebrar o sigilo se houvesse um imperativo categórico de consciência moral para fazê-lo, ou
se as circunstâncias indicassem uma necessidade inevitável para tal; (Bioética)
sim, pois a confidencialidade, sigilo e fidelidade deve ser mantida no relacionamento fisioterapeuta-
paciente; (Código de É tica)
não, já que revelar essas informações a outras pessoas não irá alterar ou prejudicar o quadro de saúde do
paciente. (Não-ética)
8 Capítulo II (do exercício profissional); Art. 8º, item XXII - desviar, para clínica particular, cliente que tenha atendido em
razão do exercício de cargo, função ou emprego.
Questão: Seu colega de trabalho, atuante com você em uma instituição, pede demissão e convida alguns dos
pacientes dele para acompanhá-lo para seu consultório particular. Do ponto de vista ético, sua opinião é:
só seria adequado eticamente se ele tivesse mais recursos terapêuticos para oferecer; (Bioética)
não julga adequado; (Código de É tica)
julga esse procedimento adequado do ponto de vista ético. (Não-ética)
9 Capítulo II (do exercício profissional); Art. 10º - O fisioterapeuta (…) reprova quem infringe postulado ético ou dispositivo
legal e representa à chefia imediata e à instituição, quando for o caso; em seguida, se necessário, ao Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Questão: Você presencia, de um grande companheiro de trabalho, um delito do ponto de vista ético durante o
expediente. Você:
conversa seriamente com seu colega, aponta seus erros e explica os princípios éticos profissionais
envolvidos, para que o fato não se repita; (Bioética)
informa imediatamente seu superior e/ou encarregado, já que atitudes assim podem causar danos sérios às
pessoas envolvidas; (Código de É tica)
não toma qualquer providência, pois conversar diretamente com ele seria intromissão na sua vida
profissional e informar ao superior seria anti-ético. (Não-ética)
10 Capítulo II (do exercício profissional); Art. 13º - O fisioterapeuta (…), à vista de parecer diagnóstico recebido e após buscar
as informações complementares que julgar convenientes, avalia e decide quanto à necessidade de submeter o cliente à
fisioterapia (…), mesmo quando o tratamento é solicitado por outro profissional.
Questão: Paciente chega ao seu consultório com encaminhamento médico, solicitando tratamento
fisioterapêutico. Ao avaliar o caso, você conclui que esse paciente não necessita de fisioterapia. Você:
entra em contato com o médico, explica as razões pelas quais a fisioterapia não irá funcionar e põe-se à
disposição para informar o paciente; (Bioética)
não atende e explica ao paciente que ele não necessita do tratamento, já que a fisioterapia não irá melhorar
seu problema; (Código de É tica)
atende o paciente mesmo assim, e realiza o tratamento, pois ele possui indicação médica para tal. (Não-
ética)
11 Capítulo IV; Art. 24º - O fisioterapeuta e/ou terapeuta ocupacional que solicita, para cliente sob sua assistência, os serviços
especializados de colega, não indica a este a conduta profissional a observar.
Questão: Você precisa encaminhar seu paciente a um colega de trabalho, já que, no seu local de atuação, falta
um recurso fundamental ao tratamento do mesmo. Ao fazer isso, você:
explica o caso ao fisioterapeuta e sugere uma conduta a ser seguida com o propósito de continuidade da
reabilitação, associada ao recurso em questão; (Bioética)
explica o caso ao fisioterapeuta e deixa que ele mesmo estabeleça a conduta que achar adequada,
associada ao recurso que possui; (Código de É tica)
explica o caso para o fisioterapeuta e estabelece a conduta fisioterapêutica a ser realizada, além do recurso
em questão. (Não-ética)
12 Capítulo IV; Art. 25º - O fisioterapeuta (…) que recebe cliente confiado por colega, em razão de impedimento eventual
deste, reencaminha o cliente ao colega uma vez cessado o impedimento.
Questão: Outro fisioterapeuta lhe encaminha seus pacientes, pois está afastado do trabalho temporariamente.
Você os atende por um certo período de tempo, até que o fisioterapeuta retorna apto a trabalhar novamente.
Nesta situação, você:
informa os pacientes do retorno do fisioterapeuta e só mantém os que se manifestarem expressamente
desejosos de ficar sob sua assistência; (Bioética)
imediatamente reencaminha os pacientes ao fisioterapeuta responsável; (Código de É tica)
aguarda um contato do fisioterapeuta para fazer o reencaminhamento. (Não-ética)
Análise dos dados Tabela 1 Distribuição (%) das respostas às questões referentes ao relacionamento
terapeuta-paciente pelos alunos das duas universidades
Na análise descritiva calcularam-se
os percentuais de alternativas marcadas Alternativa assinalada (%)
pelos respondentes das duas universi- correspondente a
N. da questão e conceito Grupo
dades. Foram atribuídas às alternativas, Código de
Bioética Não-ética
previamente classificadas segundo seu Ética
significado ético – bioética, ética ou 4 Pudor e intimidade do Uni1 84 6 10
não-ética – respectivamente as pon- paciente Uni2 82 4 14
tuações: três pontos, um ponto e zero.
O escore máximo do questionário é 5 Direito de decidir sobre si Uni1 42 10 48
27. Foi adotado o critério de 70% do mesmo e seu bem- estar Uni2 44 6 50
escore máximo como referente a um 6 Informar o paciente sobre o
bom preparo, por corresponder à avalia-
Uni1 52 38 10
diagnóstico e prognóstico
ção mínima aceita para aprovação nas fisioterapêutico Uni2 67 20 13
disciplinas nas universidades. Foi as-
sumida a seguinte classificação, se- 7 Confidencialidade das Uni1 54 40 6
gundo a pontuação obtida pelo respon- informações Uni2 54 44 2
dente: 8 Beneficência ao paciente X Uni1 38 46 16
preparo bom - resultado acima benefício do terapeuta Uni2 22 62 16
de 70% da pontuação (de 19 até Uni1 = alunos da Universidade 1; Uni2 = alunos da Universidade 2 (que oferece a disciplina Bioética)
27 pontos);
preparo razoável – resultado Quanto ao direito do paciente de de- Relacionamento com colegas
cidir sobre seu bem-estar, cerca de
entre 50 e 70% da pontuação
metade não o respeitariam. No que se
da profissão e outros
(de 14 até 18 pontos);
refere à transmissão de informações profissionais da saúde
preparo ruim – resultado inferi- ao paciente sobre o diagnóstico e
or a 50% (13 pontos ou menos). Como mostra a Tabela 2, há maior
prognóstico fisioterapêutico, mais alu-
concentração de respostas revelando
A análise estatística dessa classifica- nos (67%) da Uni2 (que oferece a dis-
opção pela conduta bioética, exceto
ção foi feita por meio do teste Kruskal- ciplina Bioética), optaram pela alter-
no que se refere à justiça aplicada a
Wallis nos dois agrupamentos de ques- nativa bioética do que os alunos da outro fisioterapeuta, em que 70% dos
tões: relacionamento fisioterapeuta- Uni1 (52%); inversamente, quanto à alunos da Uni1 e 58% da Uni2 opta-
paciente e relacionamento do fisiote- beneficência ao paciente versus be- ram pelo Código de Ética. É de se notar
rapeuta com colegas e outros profissio- nefício do terapeuta, mais alunos da que, sobre o relacionamento do fisio-
nais da saúde. Uni1 optaram pela alternativa bioéti- terapeuta com outros profissionais da
ca, tendo a maioria dos respondentes saúde, ninguém optou pela alternati-
optado pelo Código de Ética. va não-ética nos dois grupos.
RESULTADOS
Tabela 2 Distribuição (%) das respostas às questões referentes ao relacionamento
Sobre o conhecimento do Código
com outros profissionais da saúde pelos alunos das duas universidades
de Ética do fisioterapeuta, na Uni1
48% dos alunos afirmam conhecê-lo Alternativa assinalada (%)
(e 52% não). Na Uni2, 78% dos alu- correspondente a
nos o conhecem. Ninguém quantificou N. da questão e conceito Grupo
Código de
seu conhecimento sobre esse docu- Bioética Não-ética
Ética
mento como alto.
9 Omissão de responsabilidade Uni1 78 6 16
com colegas de profissão Uni2 98 2 0
Relacionamento
10 Relacionamento do Uni1 78 22 2
fisioterapeuta-paciente fisioterapeuta com outros
profissionais da saúde Uni2 80 18 2
Nas respostas referentes ao relaci-
onamento fisioterapeuta-paciente (Ta- 11 Imposição de conduta Uni1 18 70 12
bela 1), nota-se similaridade entre os terapêutica a colega Uni2 32 58 10
alunos das duas universidades. Sobre
12 Justiça aplicada a outro Uni1 92 8 0
o pudor e intimidade do paciente, a
fisioterapeuta Uni2 90 10 0
maior parte dos respondentes dos dois
grupos optou pela alternativa bioética. Uni1 = alunos da Universidade 1; Uni2 = alunos da Universidade 2 (que oferece a disciplina Bioética)
paixão, a honra da confidencialidade que não lhes diz respeito. Tais alunos vel, e bem menos com preparo ruim
e a revelação de informação que en- podem carecer de coragem moral, por na Uni2 (Gráfico 1). Como os alunos
volve riscos15. A confiança e a confi- meio da qual o profissional é capaz da Uni2 têm a disciplina Bioética,
dencialidade estão presentes quando de agir com motivação e segurança sugere-se que o estudo da disciplina
uma pessoa revela uma informação à dentro dos valores humanos para a funcione como um aprimoramento
outra, que promete não a divulgar a promoção do bem-estar de todos os para enfrentar dilemas éticos mais
um terceiro sem permissão16. O terapeu- envolvidos15. Na Uni2, ninguém op- complexos, que o Código de Ética não
ta pode aceitar a quebra de sigilo quan- tou pela conduta não-ética. aborda.
do houver um imperativo categórico
Respeitar a autonomia do colega de Por outro lado, de forma geral os
de consciência moral para fazê-lo, ou trabalho para traçar conduta de trata- escores das duas universidades foram
quando as circunstâncias forem ine- mento mediante encaminhamento de semelhantes. Ambas oferecem prepa-
vitáveis. Os resultados mostram que pacientes é defendido pelo Código13. ro ético aos graduandos de forma si-
mais da metade dos dois grupos ado- Mas a sugestão de linhas de tratamen- milar, independente da diferença
tam a alternativa bioética (Tab.1, q.7), to é benéfica ao paciente para conti- curricular. As noções de Bioética ofe-
assumindo postura reflexiva diante do nuar a evolução clínica. Nessa ques- recidas no conteúdo programático da
fato. Manter a confidencialidade 17 tão (Tab.2, q.11), mais de 3/4 dos alu- disciplina Ética em Filosofia da Uni1
para os fisioterapeutas é um proble- nos de ambas as universidades adota- foram capazes de promover um pre-
ma complexo, pois o ambiente e o sis- riam essa conduta. A justiça com ou- paro básico semelhante ao da Uni2.
tema de trabalho, em hospitais ou am- tro profissional deve ser aplicada em
bulatórios, não favorecem o sigilo das todas as situações, como se vê pelas Entretanto, vale lembrar que, além
informações, tampouco o Código ofe- respostas da grande maioria dos dois dos valores adquiridos ao longo do
rece auxílio nesse tópico. grupos à última questão (Tab.2, q.12), curso, os alunos guardam suas carac-
diante do dilema apresentado. terísticas inviduais no que se refere a
Beneficência ao paciente x benefí-
princípios éticos, valores humanos,
cio do terapeuta: o Código de Ética Relacionamento do fisioterapeuta caráter moral e índole. E, ainda, ou-
postula que desviar paciente de uma com outros profissionais da saúde: O tros fatores, além do próprio pacien-
Instituição em benefício próprio não fisioterapeuta é autônomo para avali- te, são considerados polêmicos na prá-
é adequado nem permitido. Embora ar e decidir a prescrição terapêutica, tica clínica, tais como a equipe de
46% dos alunos da Uni1 e 62% da mesmo que o serviço seja feito por profissionais da saúde, a família e a
Uni2 sigam o instrumento (Tab.1, q.8), outro profissional. A autonomia do fi- sociedade19 .
16% nos dois grupos optaram pela sioterapeuta eleva o status da profis-
conduta não-ética, visando o benefí- são18. A maciça maioria dos alunos de Sobre o relacionamento do fisiote-
cio do fisioterapeuta, revelando estar ambas as universidades escolhem a rapeuta com colegas de profissão ou
na fase imatura de tomadas de deci- conduta bioética (Tab.2, q.10), fator outros profissionais da saúde, foi evi-
sões éticas. No desenvolvimento éti- importante para o crescimento e re- denciado que na Uni2 os escores fo-
co e moral, os indivíduos agem na fase conhecimento da profissão; e ninguém ram mais altos nesse grupo de ques-
inicial priorizando a autoridade ou si optou pela alternativa não-ética, o que tões, sugerindo que esses graduandos
próprios; em estágios mais avançados, mostra que os graduandos agiriam com têm um preparo melhor para o relacio-
interiorizam os princípios universais, veracidade e justiça, sem tirar proveito namento interprofissional. Na grade
o que muda a perspectiva de benefí- ou benefício próprio diante da situação. curricular dessa instituição, nas disci-
cio próprio8. plinas Bioética e História e Fundamen-
Como a maior parte das respostas
tos da Fisioterapia, há um enfoque
optam pela conduta bioética, pode-
A Bioética no relacionamento se ponderar que o Código não parece
importante sobre o relacionamento
interprofissional, abordando-se concei-
interprofissional ser suficiente para guiar os fisiotera-
peutas na complexidade dos dilemas
tos como interdisciplinaridade20, que
oferece base para ação em equipe,
Relacionamento do fisioterapeuta sugeridos, mas que os graduandos in-
respeitosa e solidária. Na Uni1, não
com colegas da profissão: Orientar e corporam valores fundamentais ao re-
constam esses temas no conteúdo pro-
explicar as regras deontológicas que lacionamento com os colegas de pro-
gramático disciplinar, o que justifica-
regem a profissão ao colega que er- fissão e de outras áreas da saúde.
ria o melhor preparo dos graduandos
rou para que o fato não se repita é
da Uni2.
uma atitude de compaixão e respei-
to. Mais de 75% dos alunos de ambas
Diferenças entre universidades Não houve diferença entre os gru-
as universidades concordam com isso Percebe-se uma diferença importan- pos quanto ao relacionamento do fisi-
(Tab.2, q.9). A falta de responsabili- te entre as universidades quanto ao oterapeuta com o paciente. Apesar das
dade do fisioterapeuta diante de uma preparo dos alunos em Bioética. Em- diferenças de formação, os resultados
conduta antiética é vista em 16% dos bora a porcentagem de bem prepara- sugerem que outros mecanismos, for-
graduandos na Uni1, que preferem o dos seja semelhante, encontraram-se mais ou não-formais, contribuem para
não-envolvimento em uma situação bem mais alunos com preparo razoá- a formação bioética do aluno. A se-
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Mundo Saúde. 2006;30(4):673-6. atualidade. Mundo saúde. 2006;30(1):107-16.
Estudo desenvolvido no RESUMO: A síndrome da dor patelofemoral (SDPF) é uma das afecções que mais
Programa de Pós-Graduação acometem a articulação do joelho. Embora sua etiologia não seja
em Fisioterapia da UFRN – completamente conhecida, uma disfunção do músculo vasto medial oblíquo
Universidade Federal do Rio (VMO) tem sido apontada como possível fator desencadeante. Este estudo
Grande do Norte, Natal, RN, visou avaliar, por meio de eletromiografia, se algum exercício, dentre dez
Brasil exercícios resistidos usuais, produz ativação seletiva do VMO, com vistas a
1 sua utilização clínica. Vinte voluntárias do sexo feminino, sendo dez com
Fisioterapeutas
SDPF (24,7±4,35 anos) e dez saudáveis, controle (22,5±1,58 anos), foram
2
Graduandos em Fisioterapia na submetidas à avaliação eletromiográfica dos músculos VMO, vasto lateral
UFRN longo e vasto lateral oblíquo (VLO) durante a realização de 10 exercícios,
incluindo cadeia cinética aberta e fechada, em diferentes angulações do joelho
3
Prof. Dr. do Curso de Pós- e posições do quadril. Os resultados mostram que nenhum dos exercícios se
Graduação em Fisioterapia da revelou seletivo para o VMO, tendo alguns mostrado ativação seletiva do
UFRN VLO. No grupo com SDPF observou-se menor atividade eletromiográfica de
todos os vastos em oito dos dez exercícios propostos, quando comparado ao
ENDEREÇO PARA controle; observou-se ainda, no grupo SDPF, menor relação VMO/VLO (0,63)
CORRESPONDÊNCIA do que no grupo controle (0,82, p<0,05). Embora, dentre os propostos, nenhum
Sâmia N. F. Bessa exercício tenha se mostrado eficaz para promover a ativação seletiva do VMO,
R. Joca Soares 1858 Parque os exercícios de agachamento unipodal com rotação medial e lateral da tíbia
das Colinas mostraram-se mais indicados para sujeitos com SDPF.
59066-070 Natal RN DESCRITORES: Eletromiografia; Exercício; Músculo quadríceps; Síndrome da dor
e-mail: patelofemural
samianajara@yahoo.com.br
ABSTRACT: The patellofemoral pain syndrome (PFPS) is among the most common
knee pathologies. Although its etiology is not fully known, a dysfunction of
the vastus medialis oblique (VMO) muscle has been pointed out as a possible
cause. This study aimed at assessing, by means of electromyography, whether
one or more, among ten usual resisted exercises, might produce VMO selective
activation, in view of its clinic application. Twenty female volunteers, ten
with PFPS (aged 24.7±4.35) and ten healthy ones (aged 22.5±1.58) were
submitted to electromyographic evaluation of VMO, vastus lateralis longus
and vastus lateralis oblique (VLO) muscles during ten exercises, including
open and closed kinetic chain, at different degrees of knee flexion and of hip
positions. None of the exercises showed to be selective for VMO activation,
but some showed selective activation of the VLO. In the PFPS group all vastii
showed lesser electromyographic activity than control group, in eight of the
ten exercises; the VMO/VLO ratio was also lower (0.63) in PFPS group than in
control (0.82, p<0.05). Although none of the proposed exercises showed efficient
APRESENTAÇÃO to promote VMO selective activation, squatting on one foot, with medial and
dez. 2007 lateral tibia rotation, seemed appropriate for treating PFPS.
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO K EY WORDS : Electromyography; Exercise; Quadriceps muscle; Patellofemoral
abr. 2008 pain syndrome
estudo foi aprovado pelo Comitê de Antes da avaliação eletromiográfica 6 Extensão isocinética de joelho
Ética em Pesquisa do Hospital Univer- as voluntárias foram submetidas à pre- dos últimos 90º em CCA com tí-
sitário Onofre Lopes, da UFRN. paração da pele com tricotomização bia em rotação neutra;
e limpeza da área com álcool a 70%. 7 Agachamento unipodal (sobre o
Instrumentos Os eletrodos foram untados com gel
condutor e fixados sobre os pontos
membro a ser testado) apoiado
na bola-suíça até 45º de flexão
Foi utilizado um módulo condicio- motores do VMO, VLO e VLL com fita do joelho, com tíbia em rotação
nador de sinais de 4 canais (EMG adesiva e reforçados com tiras de neutra;
System do Brasil Ltda.) interfaceado velcro, para evitar seu deslocamento
com um microcomputador, que rece- durante a realização dos procedimen- 8 Agachamento unipodal (sobre o
beu o sinal eletromiográfico e o arma- tos. Os eletrodos para o VMO e para membro a ser testado) apoiado
o VLL foram posicionados segundo os na bola-suíça até 45º de flexão
zenou em arquivo, além do software
critérios do Seniam *22. O posiciona- do joelho, com rotação medial
AqDados® (v. 5.0) para análise digital
mento dos eletrodos no VLO foi o de tíbia;
de sinais. Foram utilizados, para a
captação da atividade elétrica dos mesmo utilizado por Bevilaqua-Grossi 9 Agachamento unipodal (sobre o
músculos, eletrodos ativos de superfí- et al.11, a 2,2 cm do epicôndilo lateral membro a ser testado) apoiado
cie diferencial simples (EMG System do fêmur entre o início e meio do ven- na bola-suíça até 45º de flexão
do Brasil Ltda.), compostos por duas bar- tre muscular do VLO, com uma incli- do joelho, com rotação lateral
ras paralelas retangulares de Ag/AgCl, e nação de 50º. O eletrodo de referên- de tíbia;
um eletrodo de referência tipo garra. cia, também untado com gel condu-
10 Agachamento com bola-suíça
O ganho foi de 1000 vezes, sendo 20 tor, foi posicionado sobre o maléolo
sustentado até 45º de flexão do
no eletrodo ativo e 50 no conversor medial do membro contralateral.
joelho, posição neutra, com
A/D. A taxa de aquisição do sinal foi As voluntárias realizaram cada adução isométrica contra resis-
de 1000 Hz, sendo passado um filtro exercício uma única vez, para evitar tência de uma bola.
entre 20-500 Hz. Um goniômetro uni- os efeitos de fadiga e/ou aprendiza-
versal foi utilizado para monitorar a O sinal eletromiográfico foi norma-
gem motora, sendo a posição mantida
amplitude da articulação do joelho lizado em cadeia cinética aberta pela
por cinco segundos, com um interva-
em todos os exercícios propostos no contração voluntária máxima (CVM),
lo de um minuto entre os exercícios.
estudo. Um dinamômetro isocinético com o joelho da participante posicio-
Foram desprezados o primeiro e o úl-
nado a 60º de flexão (considerando-
(Medisa ®, Espanha) foi utilizado na timo segundo de coleta visando me-
se zero a extensão completa), já que
realização dos exercícios de cadeia lhor análise do sinal com a respectiva esse ângulo tem demonstrado gerar o
cinética aberta (CCA). atividade elétrica. Os exercícios pro- maior torque isométrico do joelho23.
postos foram:
Procedimentos 1 Extensão isométrica voluntária
Após ampla revisão da literatura, os
exercícios foram selecionados e con-
máxima com o joelho a 60º, tí- frontados com a prática clínica, sen-
Todas as voluntárias foram subme-
bia em rotação neutra; do avaliados como os mais usados
tidas a uma avaliação clínica prévia,
considerando os critérios de inclusão. 2 Extensão isocinética de joelho para se obter uma ativação seletiva
O estudo consistiu em propor à volun- dos últimos 30º em CCA, com do VMO em sujeitos com SDFP. A or-
tária um exercício uma vez, solicitar- tíbia em rotação neutra; dem destes foi aleatória para cada
lhe que mantivesse a posição em con- voluntária, com o intuito de não gerar
3 Extensão isocinética de joelho
tração voluntária máxima durante 5 fadiga nem aprendizado motor, sendo
dos últimos 30º em CCA, com
os exercícios em CCA realizados no
segundos e medir a atividade ele- rotação medial de tíbia;
dinamômetro isocinético (a 30º/s); as
tromiográfica dos músculos VMO, 4 Extensão isocinética de joelho voluntárias foram estabilizadas na
VLO e VLL nessa posição. dos últimos 30º em CCA, com cadeira por meio de cintos de velcro
Antes da realização dos exercícios rotação lateral de tíbia; nas regiões torácica e pélvica. Os
as voluntárias foram submetidas a 5 Extensão isocinética de joelho exercícios de agachamento foram rea-
aquecimento em bicicleta estacionária dos últimos 60º em CCA, com lizados com auxílio da bola-suíça, vi-
por cinco minutos, com selim posicio- tíbia em rotação neutra; sando aumentar a instabilidade e fa-
nado na altura do trocânter maior do cilitar o deslizamento do sujeito até a
fêmur e sem resistência; em seguida angulação desejada, o que aumenta
foi realizado alongamento passivo do * Seniam, ou Surface electromyography for
o nível de atividade muscular nos
quadríceps femoral, isquiotibiais, tríceps the non-invasive assessment of muscles membros inferiores.
sural e adutores (duas séries de alon- (Eletromiografia de superfície para
avaliação não-invasiva de músculos), é um
Todas as voluntárias foram instruí-
gamentos sustentados por 30 segundos, projeto da União Européia para das sobre a forma de realizar cada
com intervalo entre as séries de um padronização da metodologia de utilização exercício e receberam um comando
minuto). de eletromiografia. para iniciar a contração logo após o
60
60 Para a análise estatística foi utili-
zado o software SPSS® 14.0. A norma-
lização dos dados foi verificada pelos
40 procedimentos da estatística descriti-
va utilizando-se o teste de Shapiro-
Wilks. A relação VMO/VLO expressa
20
a média entre os valores obtidos em
todos os exercícios avaliados; foi cal-
0 culada para cada grupo. A análise foi
Ex 1 Ex 2 Ex 3 Ex 4 Ex 5 Ex 6 Ex 7 Ex 8 Ex 9 Ex10 realizada por testes paramétricos. A
diferença entre os vastos foi calcula-
Gráfico 1 Atividade eletromiográfica dos músculos VMO, VLL e VLO no grupo da utilizando-se uma ANOVA com o
controle durante os exercícios propostos (*p<0,05). valor de RMS normalizado, seguido
CVM = Contração voluntária máxima; Ex = Exercício; pelo teste de Tukey, quando indicado.
Ex 1= Extensão isométrica máxima com joelho a 60º; Em todas as análises foi adotado o ní-
Exs 2,3 e 4 = Extensão isocinética de joelho dos últimos 30º, com vel de significância p=0,05.
tíbia em rotação neutra, medial e lateral; Exs 5 e 6 = Extensão
isocinética de joelho dos últimos 60º e 90º, tíbia neutra;
Exs 7, 8 e 9 = Agachamento unipodal com tíbia em rotação neutra, RESULTADOS
medial e lateral; Ex 10 = Agachamento com adução isométrica.
O estudo mostrou que a atividade
eletromiográfica dos músculos VMO
140
140 Grupo controle VMO
VLL
e VLO é menor no grupo com SDPF
VLO em oito dos dez exercícios avaliados
*
** (Gráfico 1), quando comparada à do
120
120 grupo controle (Gráfico 2).
100
Observando-se os gráficos, perce-
be-se que não foi encontrado, em qual-
quer dos exercícios avaliados, um que
Percentual da CVM
Percentual da CVM
0,7
0,7
Relação VMO/VLO
0,6
0,6 Bevilaqua-Grossi et al.11, ao avaliar
sujeitos saudáveis, encontraram uma
0,5
0,5
maior ativação do VMO e VLO quan-
0,4
0,4 do comparados ao VLL durante exer-
0,3
0,3 cício resistido, dado este que apóia o
0,2
0,2 presente estudo, onde foi encontrada
0,1 a mesma relação nos sujeitos saudá-
0,1
veis. Porém, em portadores da SDPF,
00
Controle Com SDPF
a ativação do VMO é próxima à do
VLL; e a do VLO encontra-se estatisti-
Gráfico 3 Relação VMO/VLO (média entre os valores obtidos em todos os camente mais elevada. Isso reforça a
exercícios) no grupo controle e no grupo com síndrome da dor idéia do VLO como estabilizador la-
patelofemoral (SDPF) (**p<0,01) teral da patela, em virtude de sua
maior atividade quando comparado às
demais porções dos vastos em pesso-
DISCUSSÃO com rotação medial e lateral da tíbia
– coincidem com os de Mirzabeigi et as com SDPF, sendo responsável pelo
al.17 e de Bevilaqua-Grossi et al.11, se- o mau alinhamento patelar.
Segundo Sperandei 24 , a ativação
seletiva do VMO é entendida como gundo os quais os últimos graus de O presente estudo também sugere
uma maior solicitação desse músculo extensão não promovem a ativação que, mesmo em sujeitos assintomáti-
em relação ao vasto lateral durante a seletiva do VMO, o que contribui para cos, a relação VMO/VLO é menor que
execução de um dado exercício. Neste um mau alinhamento patelar – o que, um (0,82), apresentando-se uma rela-
estudo, não foi encontrado exercício no presente estudo, foi acentuado pela ção ainda menor (0,69) nos portado-
algum, dentre os propostos, que pro- maior ativação do VLO. Assim, refor- res da SDPF. Sugerimos que novos es-
porcionasse ativação seletiva do ça-se a idéia de que os exercícios de tudos sejam realizados, com uma
VMO. Esse achado coincide com o de extensão do joelho nos últimos graus, amostra maior, para verificar o valor
Ribeiro et al.25 que, ao utilizarem exer- por promoverem maior ativação do da relação VMO/VLO em diversas ati-
cícios resistidos de extensão de joe- VLO, não devam ser utilizados no tra- vidades, de modo a se poder estabe-
lho em diferentes velocidades, não tamento de pacientes com SDFP. lecer a real relação entre esses mús-
encontraram maior ativação do VMO Observaram-se ainda valores mais culos na dinâmica normal de estabili-
em caso algum. baixos da relação VMO/VLO no gru- zação patelar.
po experimental, o que é reforçado por
No presente estudo foi observada,
outros estudos segundo os quais o dese-
em alguns exercícios, ativação sele-
quilíbrio muscular entre os estabi- CONCLUSÃO
tiva do VLO (no grupo controle os exer-
lizadores dinâmicos da patela poderiam O presente estudo mostrou não ha-
cícios 2 e 10 e, no experimental, os
predispor à SDPF26-30. Nos exercícios 8 e ver exercício seletivo para o VMO
exercícios 3 e 4). Com relação à maior 9 – de agachamento com rotação medial
ativação do VLO no exercício 10, há dentre os avaliados. No entanto, enfa-
e lateral da tíbia –, a relação VMO/ tizou a ação do VLO como antagonis-
uma discordância com os achados de VLO nas voluntárias com SDPF foi
Coqueiro et al.18, que também avalia- ta do VMO na estabilização da pate-
próxima àquela encontrada nas sau-
ram mulheres com a síndrome e en- la, sendo este um importante fator no
dáveis, mostrando esses exercícios
contraram maior ativação do VMO surgimento da SDPF. Assim, para o tra-
com melhor relação VMO/VLO (levan-
e VLL durante realização do mesmo tamento da SDPF o que se deve pro-
do-se em consideração a média de
exercício, comparado ao agachamen- curar não é o exercício em que o VMO
0,81 como normal) serem os mais in-
to sem adução. É provável que essa apresente maior amplitude de ativa-
dicados para o tratamento de pacien-
diferença se deva ao posicionamento ção e sim aquele que ofereça uma
tes com SDFP.
dos eletrodos no VMO e VLL ou, ain- razão VMO/VLO mais próxima de um,
A diferença entre os valores encon- com conseqüente maior estabilidade
da, pelo fato de o referido estudo não
trados para os dois grupos sugere que ativa da patela. Dessa forma, dentre
ter avaliado a atividade eletromiográ-
não há validade em aplicar conheci- os exercícios propostos, os de agacha-
fica do VLO.
mentos retirados de pesquisas com mento unipodal com rotação medial
No presente estudo em portadoras sujeitos saudáveis em portadores da e lateral da tíbia foram os que mais se
da síndrome, o achado de exercícios SDPF. Isso ocorre devido à diferença aproximaram dessa relação, sugerin-
que priorizaram o recrutamento do de comportamento de ativação mus- do que sejam os mais recomendados
VLO – 3 e 4, de extensão do joelho cular: um exercício que pareceria ser para o tratamento da SDPF.
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Estudo desenvolvido no RESUMO: O objetivo deste estudo foi traduzir e adaptar culturalmente o Functional
Instituto de Ortopedia e Measure for Amputees Questionnaire (FMA) para a população brasileira e
Traumatologia do Hospital das analisar sua validade e eficácia quando aplicado em pacientes amputados de
Clínicas da FMUSP – membro inferior. O procedimento seguiu as etapas de tradução, retro-tradução,
Faculdade de Medicina da análise das versões português e inglês por um comitê multidisciplinar, e pré-
Universidade de São Paulo, teste. O questionário traduzido foi aplicado em 44 pacientes (39 homens e 5
São Paulo, SP, Brasil mulheres) com amputação em nível transtibial (N=27) e transfemoral (N=17),
1 com idade média de 47,5±17,2 anos. No estudo da confiabilidade, em média,
Fisioterapeutas Ms. do Instituto
de Ortopedia e Traumatologia os coeficientes Kappa foram superiores a 0,80; e 25% deles foram iguais a 1,0,
da FMUSP indicando haver excelente concordância inter e intra-entrevistadores. Na
análise da consistência interna, o valor do coeficiente para a questão sobre o
2
Graduanda na Faculdade de Índice de Capacidade Locomotora foi igual a 0,79, demonstrando haver
Medicina do ABC, Santo consistência no bloco de questões relacionadas à mobilidade. A adaptação
André, SP, Brasil transcultural foi satisfatória; algumas modificações foram necessárias, porém
sem implicar mudança na estrutura ou no conteúdo do questionário original.
3
Profa. Dra. do Depto. de Os resultados sugerem que a versão brasileira do FMA, MFA – questionário de
Fisioterapia, Fonoaudiologia e Medida Funcional para Amputados pode ser um instrumento confiável para
Terapia Ocupacional da medir o resultado funcional de pacientes brasileiros reabilitados após
FMUSP amputação de membro inferior.
4
Prof. Dr. do Instituto de DESCRITORES: Amputação/reabilitação; Estudos de validação; Questionários
Ortopedia e Traumatologia da
FMUSP ABSTRACT: The aim of this study was to translate into Brazilian-Portuguese and
5
culturally adapt the Functional Measure for Amputees Questionnaire (FMA),
Prof. Titular do Instituto de also testing its reliability and validity for assessing lower-limb amputees
Ortopedia e Traumatologia da functional capacity. The FMA was translated, back-translated, evaluated by a
FMUSP multidisciplinary committee, and pre-tested. The final version was submitted
to field test on a group made up of 44 subjects (39 men and 5 women) with
ENDEREÇO PARA transtibial (N= 27) and transfemoral (N=17) amputation level. The inter- and
CORRESPONDÊNCIA
intra-examiner test showed high reliability; Kappa mean values were higher
Eneida R. O. Kageyama
than 0.80; and in 25% of the items values reached 1.0, thus suggesting excellent
R Ovídio Pires de Campos, 333
Cerqueira César examiner agreement. Question 2 (which determines the Locomotor Capabilities
05403-010 São Paulo SP Index) internal consistency value found was 0.79, showing consistency as to
e-mail: mobility assessment. The FMA cultural adaptation was satisfactory; a few
eneidaono@yahoo.com.br; changes were needed, without altering the original structure or content. Results
ledasyogi@hotmail.com suggest that the FMA Brazilian-Portuguese version is a reliable instrument to
measure functional outcomes of Brazilian lower limb amputees having
Esta é uma versão abreviada undergone rehabilitation.
da dissertação da autora 1, KEY WORDS: Amputation/rehabilitation; Questionnaires; Validation studies
apresentada à FMUSP para
obtenção do título de Mestre
em Ciências, sob orientação
do autor 5.
APRESENTAÇÃO
fev. 2008
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
maio 2008
capaz de mensurar resultados, não foi dades que requerem uso da perna: o ori- 42 pontos), foi considerada adequada
encontrado consenso sobre a melhor ginal cita os exemplos de atividade para análise da consistência interna,
maneira de avaliar os fatores que in- gardening, walking the dog, golfing, obtendo-se coeficiente igual a 0,79 –
terferem no uso ou desuso da prótese bowling, riding, racket sports, curling*, demonstrando haver consistência in-
pelos pacientes quando desligados da não comuns no Brasil, muito menos terna. Esse resultado indica que é pos-
reabilitação 11 . na população atendida pela institui- sível avaliar a mobilidade dos paci-
ção. Os exemplos, considerados ina- entes que usam prótese por meio do
Além do FMA – Functional Measure
dequados, foram excluídos. Após o pré- Índice da Capacidade Locomotora.
for Amputees, os questionários como
teste e avaliação, observou-se que Na amostra, todos os participantes
Prosthetic Profile of the Amputee (PPA)
ocorreu grande heterogeneidade nas usavam a prótese regularmente e o
e Prosthesis Evaluation Questionnaire
respostas à questão nas três entrevis- resultado foi acima de 40 pontos, con-
(PEQ) foram criados especificamente
tas, possivelmente por dificuldade de siderado um bom índice de mobilida-
para pacientes amputados, mas ne- compreensão. Após reformulação, a de, assim como encontrado por
nhum foi validado para a língua portu- questão foi testada em outros 10 paci- Franchignoni et al.14.
guesa. Para a escolha de uma escala a entes e o resultado mostrou-se aplicá-
ser traduzida e utilizada em nosso meio, Nas questões 5, 7, 11 e 12, consti-
vel, porém a amostra deve ser ampli-
considerou-se a facilidade de aplica- tuídas de vários itens de possíveis res-
ada para sua confirmação. As respos-
ção, rapidez e avaliação de aspectos postas para o não-uso da prótese, hou-
tas não foram coerentes com o estado
relevantes referentes ao uso da prótese. ve um reduzido número de respostas,
funcional, por exemplo: alguns respon-
O questionário FMA apresentava as pois todos a utilizavam, situação tam-
deram que tinham abandonado todas
características ideais, enquanto o PPA bém observada por Callaghan et al.1.
as atividades habituais após a ampu-
foi excluído por ser muito extenso e o tação mas, ao mesmo tempo, eram Os instrumentos descritos na litera-
PEQ foi descartado principalmente pela totalmente independentes com a tura, inclusive o questionário original
utilização de respostas baseadas em prótese e realizavam todas as ativi- FMA, são auto-aplicáveis e em geral
escala visual analógica, não muito bem dades da vida diária. No questionário enviados pelo correio1,14,15. Consideran-
compreendida em nossa população – original, os próprios autores sugerem do que a população usuária do siste-
dadas as características de baixa esco- a reestruturação da questão 13 com ma de saúde pública em nosso país
laridade e nível socioeconômico – po- um índice similar ao da Capacidade apresenta baixo nível socioeconômico
dendo levar a respostas contraditórias. Locomotora, que representaria a ex- e educacional, além de freqüente
Traduzir simplesmente o original tensão com que as atividades e os in- mudança de endereço, optamos pela
inglês para outra língua não é adequa- teresses dos amputados foram afeta- entrevista, garantindo não só a com-
do devido às diferenças lingüísticas e dos pela amputação e uso da prótese1. preensão das perguntas como a obten-
culturais. A adaptação transcultural ção das respostas.
Quanto à reprodutibilidade, em
inclui tradução, ajustamento das pa- média os coeficientes Kappa foram Este estudo limitou-se a pacientes
lavras, do idioma e do contexto, pos- superiores a 0,80; e 75% dos coefici- do Hospital das Clínicas. É importan-
sivelmente envolvendo uma comple- entes calculados foram superiores a te salientar a necessidade de conti-
ta transformação de alguns itens, de 0,67; e 25% foram igual a 1, indican- nuidade desta pesquisa, aplicando o
maneira a manter o mesmo concei- do concordância perfeita intra e inter- questionário em uma amostra mais
to12. Muitos questionários traduzidos entrevistador. Houve um período de ampla, buscando identificar melhor os
apresentam erros devido à tradução até 30 dias entre as avaliações, po- fatores que interferem no resultado
inadequada de frases coloquiais, jar- dendo ter-se alterado nesse entre- funcional desses pacientes. Expandir
gões, expressões idiomáticas comu- tempo a capacidade funcional do pa- o conhecimentos na área da reabili-
mente usadas em inglês, que pode ciente, tanto positivamente, pela me- tação de amputados poderá contribuir
afetar sua validade 13 . Foram então lhora da capacidade no uso da prótese, para analisar o custo e benefício da
necessárias modificações nos enunci- quanto negativamente, por alguma protetização, bem como possibilitar a
ados de algumas questões, substituin- complicação no estado geral. Dessa diminuição do ônus social e financei-
do-se termos e situações mais comu- forma, o resultado da concordância ro do sistema de saúde e do próprio
mente utilizados e vivenciados pela intra-entrevistador pode ter sofrido in- paciente.
população alvo. Algumas palavras, fluência das alterações nas respostas.
como na questão 1, artificial leg e O intervalo entre avaliações deu-se
supervision from another person, tra- principalmente devido à dificuldade CONCLUSÃO
duzidos literalmente por perna artifi- dos pacientes em comparecer ao hos-
Os resultados sugerem que a ver-
cial e supervisão de outra pessoa, fo- pital num curto período de tempo; al-
são brasileira do FMA, Medida Funci-
ram substituídas por “prótese” e “ou- guns trabalhavam, outros dependiam
onal de Amputados, aqui proposta,
tra pessoa orientando”. de transporte ou de acompanhantes.
pode ser um instrumento confiável para
A modificação mais relevante feita A questão 2 (que gera o Índice da medir o resultado funcional, após a
no questionário foi referente à questão Capacidade Locomotora), única a reabilitação, de pacientes brasileiros
13, sobre o interesse nas diversas ativi- apresentar um índice ou escore (0 a com amputação de membro inferior.
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13 (Reformulada)
Nas suas atividades do dia-a-dia, dentro e fora de casa, qual a resposta que melhor
descreve o grau de dificuldade que você apresenta depois da amputação?
a Eu não era uma pessoa muito ativa antes da minha perna ser amputada.
b Eu deixei de fazer a maioria das minhas atividades após a amputação da minha perna.
c Eu só consigo realizar as atividades dentro de casa.
d Eu faço todas as atividades dentro de casa e só consigo fazer algumas fora de casa.
e Eu retornei às minhas atividades exatamente como antes da amputação.
Estudo desenvolvido na RESUMO: O câncer de mama é a neoplasia que mais afeta as mulheres e a
Clínica de Fisioterapia do cirurgia tem sido o tratamento de escolha, que pode assumir vários graus, até
Unicapital – Centro mastectomia radical modificada e alargada. Após a cirurgia, podem surgir
Universitário Capital, São seqüelas como alterações na amplitude articular do ombro homolateral,
Paulo, SP, Brasil diminuição da força muscular, linfedema e aderências. O objetivo deste estudo
1 foi avaliar a amplitude de movimento e força muscular da cintura escapular
Fisioterapeutas em mulheres submetidas à mastectomia radical modificada em pós-operatório
2
Prof. Especialista do Curso de tardio. Foram avaliadas nove mulheres, em pós-operatório de 2 a 7 anos, com
Fisioterapia do Unicapital média de idade de 53,22±6,5 anos. A amplitude de movimento e força muscular
do lado da cirurgia foram avaliadas em relação ao membro contralateral,
ENDEREÇO PARA tomado como parâmetro normal. Os dados foram tratados estatisticamente e o
CORRESPONDÊNCIA nível de signifcância fixado em p<0,05. Os resultados mostraram redução
Priscila F. Gouveia significativa na amplitude de movimento do ombro acometido em todas as
R. Prof. Jorge Meyer 25 Vila pacientes, principalmente nos movimentos de flexão e abdução ativas e
Graciosa passivas, bem como na força muscular, principalmente nos músculos trapézio
03160-090 São Paulo SP médio e supra-espinhal, em comparação com o membro saudável. Isso enfatiza
e-mail: pfgouveia@hotmail.com a necessidade da intervenção fisioterapêutica desde o primeiro dia pós-
operatório, para minimizar essas possíveis seqüelas e melhorar a qualidade de
vida das pacientes.
DESCRITORES: Amplitude de movimento articular; Força muscular; Mastectomia/
reabilitação; Ombro
Três pacientes relataram não terem incidência de escápulas aladas em brecarga emocional, segundo vários
recebido tratamento fisioterapêutico pacientes que sofreram o esvaziamen- estudos citados por Manaia et al. 17.
no pós-operatório imediato, duas tive- to axilar na mastectomia radical mo- Segundo Box et al.4 , a fisioterapia é
ram-no até oito meses, duas até qua- dificada. Nas cirurgias oncológicas, muito eficaz, principalmente até os
tro meses e duas logo após a cirurgia. além da retirada do tumor, é necessá- dois anos de pós-operatório, quanto ao
Questionadas acerca de doenças as- ria a ressecção de nódulos e vasos lin- ganho de ADM; esses autores sugerem
sociadas, as pacientes indicaram que fáticos para a definição do estádio da que o fisioterapeuta deva estar inseri-
quatro eram hipertensas, das quais uma doença e o tratamento pós-operatório. No do nos hospitais logo no primeiro dia
era diabética e duas apresentavam entanto, essas ressecções constituem obs- pós-mastectomia.
disfunção hormonal (hipertireoidismo táculos à circulação linfática local, cul-
Com relação ao tratamento fisiote-
e/ou hipotireoidismo); as demais não minando em linfedema6-9. Neste estu-
rapêutico no pós-operatório, o grupo
referiram doenças associadas. do, quatro pacientes apresentavam o
não foi homogêneo. Seis pacientes
membro edemaciado, porém não foi
As Tabelas 1 e 2 apresentam des- relataram ter tido acompanhamento
objetivo avaliar o linfedema.
critivamente os resultados (média ± fisioterapêutico, porém não se sabe
desvio padrão) da mensuração da am- Os resultados em relação à ADM quais os tipos de exercícios realiza-
plitude de movimento e força muscu- concordam parcialmente com os dos, sua intensidade, e se receberam
lar, da cintura escapular contralateral achados de Baraúna et al.19, que ava- ou não alta da fisioterapia. Além dis-
e homolateral à mastectomia. Os va- liaram quantitativamente a ADM do so, dado o reduzido tamanho da amos-
lores médios da amplitude de todos ombro nos movimentos de flexão, ex- tra, não foi possível fazer compara-
os movimentos avaliados foram infe- tensão e abdução em mulheres mastec- ções quanto ao tratamento fisiote-
riores no ombro homolateral à cirur- tomizadas, comparando-o com o lado rapêutico.
gia, mas a diferença em relação ao contralateral à cirurgia e, nas 29 pa-
Segundo Henscher 9, o tratamento
ombro contralateral só foi significati- cientes avaliadas por biofotogrametria
cuidadoso durante o pós-operatório
va nos movimentos de flexão e abdu- computadorizada, encontraram dife-
imediato, até o limite da dor, assim
ção, tanto no movimento ativo quanto renças significantes nos movimentos
como sua continuação dosada duran-
passivo. de flexão do ombro 19; neste estudo,
te a rádio e quimioterapia, aumentam
além da flexão, foi encontrada limi-
Quanto à força muscular, de forma a mobilidade articular, favorecem o
tação significativa também na abdu-
semelhante, os valores médios de to- sistema imunológico e reduzem os
ção do ombro.
dos os músculos avaliados foram infe- efeitos colaterais do tratamento mé-
riores no ombro homolateral à cirurgia, A mastectomia radical modificada dico. Além disso, o treinamento mo-
mas a diferença em relação ao ombro é uma cirurgia invasiva; conseqüen- derado a regular do condicionamento
contralateral só foi significativa nos temente as pacientes avaliadas apre- físico reduz a fadiga, melhora a mo-
músculos trapézio médio e supra-espi- sentaram, além da redução de ampli- bilidade articular, combate as restri-
nhal. tude do movimento do membro supe- ções motoras, melhora a percepção do
rior, comprometimento da força dos próprio corpo, aumenta a capacidade
músculos do lado acometido. Desta- de relaxamento e favorece uma atitu-
DISCUSSÃO ca-se aqui a necessidade de estudos de positiva diante da vida9.
sobre a força muscular de pacientes
As mulheres com história de cân- Estudo prospectivo20 realizado no
submetidas à mastectomia, visto que
cer de mama em familiares de primeiro Setor de Oncomastologia do Hospital
são escassos na área fisioterapêutica,
grau (mãe e irmã) apresentam risco São Paulo da Universidade Federal de
o que limita a presente discussão.
relativo aproximadamente duas vezes São Paulo, cujos objetivos eram veri-
maior para câncer de mama, em rela- Na paciente submetida ao trata- ficar a adesão de mulheres mastecto-
ção às que não têm antecedentes 8 . mento cirúrgico do câncer de mama, mizadas ao início precoce de um pro-
Neste estudo, quatro das nove pacien- o estigma da doença, a mutilação, a grama de reabilitação da amplitude
tes mastectomizadas tinham história de estética, a limitação das atividades da de movimento do ombro homolateral
câncer em parentes de primeiro grau. vida diária após a cirurgia, a rotina à cirurgia e identificar as dificulda-
Uma das pacientes é etilista e, segun- de exames, os tratamentos (quimiote- des na realização de exercícios e das
rapia, radioterapia) e as seqüelas de atividades de vida diária, contou com
do a literatura, há uma forte associa-
curto e médio prazo não são os úni- 28 mulheres que participaram do pro-
ção entre consumo de álcool e cân-
cos problemas apresentados. A ausên- grama de reabilitação desde a alta
cer de mama8.
cia ou alteração da mama traz efeitos hospitalar até o primeiro retorno
Na avaliação postural da cintura físicos, psicossociais, sexuais e emocio- ambulatorial. As pacientes receberam
escapular quatro pacientes apresenta- nais que irão afetar diretamente sua um folheto explicativo com orienta-
ram escápulas abduzidas e apenas uma qualidade de vida. Tais alterações su- ções de exercícios que deveriam fa-
alada, bilateralmente, contradizendo peram o marco individual e estendem- zer três vezes ao dia. Das 28 partici-
os achados de Campos e Vilela18, cuja se aos familiares, amigos e às rela- pantes, 82% referiram dificuldade para
revisão bibliográfica mostrou maior ções profissionais, o que implica so- execução dos exercícios, principal-
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submetidas a um programa de exercícios de Agradecimentos: À equipe do Hospital Ipiranga,
alongamentos musculares. Fisioter Bras. 2006;7(1):30-5. representada pela assistente social Maria Elci da
12 Alcântara PSM, Pereira CMA, Vieira EORY. Cunha e pela psicóloga Rose Hernandes Katz, por
Avaliação de protocolo de fisioterapia aplicada a terem gentilmente cedido informações sobre as
pacientes mastectomizadas a Madden. Rev Bras pacientes mastectomizadas, bem como à Profa.
Cancerol. 2005;51(2):143-8. Magali Alves Zanini pelo auxílio.
Estudo desenvolvido pela RESUMO: Este estudo visou investigar o perfil dos fisioterapeutas que atuam nas
Assobrafir – Associação unidades de terapia intensiva (UTIs) no Brasil, focalizando a direção do serviço,
Brasileira de Fisioterapia técnicas fisioterapêuticas empregadas e nível de autonomia em relação à
Respiratória e Terapia ventilação mecânica invasiva e não-invasiva. Questionários foram enviados
Intensiva, São Paulo, SP, Brasil aos chefes dos serviços de fisioterapia de 1.192 hospitais registrados na
1 Associação Médica de Terapia Intensiva, com retorno de 461 (39%) UTIs. Em
Fisioterapeutas Dras. do Serviço
de Fisioterapia do Instituto do 88% destas, os serviços são chefiados por fisioterapeutas; em 78%, compostos
Coração do Hospital das por até oito fisioterapeutas; 44,4% dos fisioterapeutas trabalham em regime
Clínicas da Faculdade de de 30 horas semanais e 46,1% têm contrato de trabalho. Há assistência
Medicina da Universidade de fisioterapêutica durante 24 horas em 33,6% das UTIs; 88% delas mantêm
São Paulo, São Paulo, SP, Brasil assistência nos finais de semana. Quanto às técnicas fisioterapêuticas, todos
realizam mobilização, posicionamento e aspiração; 91,5% atuam na ventilação
2
Fisioterapeuta do Hospital N.S. não-invasiva, sendo que 43% trabalham com total autonomia. Em relação à
de Lourdes, São Paulo, SP, Brasil ventilação mecânica invasiva, 80% realizam extubação; 79,2% realizam
3 regulagem e desmame do ventilador; entretanto, só 22% têm total autonomia
Prof. Dr. do Depto. de (78% necessitam de protocolo ou opinião da equipe médica). Os fisioterapeutas
Fisioterapia da Universidade
Metodista de São Paulo, São brasileiros atuam, em sua maioria, em instituições privadas e assistenciais,
Bernardo do Campo, SP, Brasil cujos serviços são chefiados por fisioterapeutas. Têm relativa autonomia quanto
às técnicas fisioterapêuticas e o manuseio da ventilação mecânica não-invasiva
4
Prof. Dr. do Programa de Pós- mas, no caso da invasiva, atuam sob diretiva da equipe médica.
graduação em Fisioterapia da DESCRITORES: Serviço hospitalar de fisioterapia/estatística & dados numéricos;
Universidade Metodista de Unidades de terapia intensiva
Piracicaba, Piracicaba, SP, Brasil
5 ABSTRACT: The purpose of this study was to outline a profile of physical therapists
Presidente do Conselho Federal who work in intensive care units (ICU) in Brazil, focusing on service
de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional, Brasília, DF, Brasil management, techniques used, and the degree of therapists’ autonomy regarding
invasive and non-invasive mechanical ventilation. Questionnaires were sent
ENDEREÇO PARA to the heads of physical therapy (PT) services of 1,192 hospitals registered at
CORRESPONDÊNCIA the Brazilian Intensive Care Medicine Association and 461 (39%) ICUs replied.
Dra. Emilia Nozawa In 88% of these, PT services are headed by physical therapists and up to eight
Av. Enéas de Carvalho Aguiar therapists work in 78% of the ICUs. Therapists work 30 hours a week in 44.4%
44 2o andar of the units; 46.1% are formally hired. PT 24-hour assistance is available in
05403-000 São Paulo SP 32.8% of the ICUs and on weekends, in 88%. Concerning PT techniques, all
e-mail: fis_emilia@incor.usp.br therapists perform mobilization, positioning, and aspiration; 91.5% play an
active role in non-invasive ventilation, with 42.5% working with full autonomy.
Pesquisa elaborada pela As to invasive mechanical ventilation, 80% perform extubation, 79.2%
Assobrafir com apoio do adjusting and weaning; however, only 22% have full autonomy (the others
Conselho Federal de Fisioterapia
e Terapia Ocupacional requiring physicians’ protocol). Brazilian physical therapists work mostly in
Uma versão deste estudo foi private institution ICUs, in services headed by physiotherapists, and have
apresentada ao 17th European relative autonomy in handling PT techniques and non-invasive mechanical
Respiratory Society Annual ventilation; as to invasive mechanical ventilation, most depend on protocols
Congress, Estocolmo, Suécia, or discussions with a physician.
set 2007. KEY WORDS: Intensive care units; Physical therapy department, hospital/
statistics & numerical data
APRESENTAÇÃO
ago. 2007
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
maio 2008
Tabela 1 Distribuição das UTIs (%) que 60% dos fisioterapeutas estão A atuação fisioterapêutica caracte-
segundo características e alocados nas UTIs e o restante atua riza-se predominantemente pela apli-
especialidade possivelmente em unidades de inter- cação de técnicas de remoção de se-
nação geral e ambulatório. O número creção brônquica e de reexpansão
Característica % de fisioterapeutas que trabalham ex- pulmonar (99,3%); a preocupação
Números de leitos no hospital clusivamente em UTI varia de acordo com a mobilização do paciente é tão
50 8,3 com a dimensão do hospital: em qua- importante quanto as técnicas de te-
51-150 30,1 se metade dos casos trabalham entre rapia respiratória (91,5%). A utiliza-
151 – 300 39,5 um e três fisioterapeutas, como mos- ção de dispositivos instrumentais como
> 300 22,1 tra a Tabela 2; e em apenas 13 casos incentivador inspiratório, exercício
Especialidade da UTI as UTIs comportavam mais de 30 pro- com pressão positiva e flutter têm
Adulto geral 64,9 fissionais. menor aplicação, como pode ser ob-
Adulto cirúrgico 54,4 servado na Tabela 3. A tomada de
As funções exercidas pelos fisiote-
Adulto neurológico 29,5 decisão sobre os procedimentos
rapeutas que atuam nas UTIs são pre-
Pediátrica 34,4 fisioterapêuticos é de responsabilida-
dominantemente (52,4%) de assistên-
Neonatal 29,1 de do profissional fisioterapeuta de
cia (Tabela 2). Para a maioria (64,4%),
Coronariana 25,4 forma preponderante em mais de 90%
a jornada de trabalho é de 30 horas
Queimados 8,2 dos casos. Quanto aos procedimentos
semanais; a jornada de 20 horas e com
Oncológica 2,8 de assistência ventilatória, cerca de
plantões de 12 horas por 60 horas de
Outros 11,1 80% dos fisioterapeutas realizam os
descanso aparecem ocasionalmente.
Número de leitos na UTI procedimentos de extubação, regula-
Os Serviços estão organizados a pres-
gem dos parâmetros ventilatórios e as
1-5 7,2 tar assistência durante 24 horas somen-
etapas do desmame, como mostra a
6-10 41,3 te em 1/3 das UTIs, porém, a maioria
Tabela 3.
11-15 22,3 (88,8%) apresenta cobertura nos finais
16-20 12,7 de semana (Tabela 2). Em relação à ventilação não-
21-30 11,6 invasiva (VNI), 42,5% deles têm total
Os fisioterapeutas estão se aprimo-
>31 5,0 autonomia em sua indicação e apli-
rando cada vez mais nessa área: veri-
cação e 49% realizam esse procedi-
UTI = unidade de terapia intensiva ficou-se que 71% dos fisioterapeutas
mento com base em protocolo discu-
atuantes possuem curso de especiali-
etiopatogenia variada (64,5%), segui- tido com a equipe médica; são raros
zação em Fisioterapia Cardiorrespira-
do de UTIs de caráter cirúrgico os fisioterapeutas que não têm auto-
tória ou em terapia intensiva; 67%
(54,4%), de pediatria (34,4%), nomia, como mostra o Gráfico 1.
responderam que seguiram programas
neonatal (29,1%) e coronariana Quanto aos procedimentos de venti-
de treinamento e desenvolvimento.
(25,4%).
De acordo com as informações re- Tabela 2 Distribuição (%) dos Serviços de Fisioterapia segundo características
cebidas, constata-se que a organiza- administrativas
ção da atuação dos fisioterapeutas é Funções exercidas % Atendimento nos finais de semana %
exercida por uma estrutura administra- Assistência 52,4 Sim 88,8
tiva denominada de Serviço (70,9%), Assistência e ensino 28,5 Não 7,2
seguida de Setor (21,2%), Unidade Assistência e pesquisa 5,7 Raramente 4,
(2,6%) ou outras (5,4%). Para unifor- Assistência, ensino e pesquisa 13,4
mizar a terminologia e com base nes-
N. de Fts que compõem o Serviço N. de Fts exclusivos na UTI
sa informação, tal estrutura é aqui re-
1-3 1,0 1a3 45,0
ferida como Serviço de Fisioterapia.
Esta estrutura administrativa é lidera- 4-8 29,9 4a8 33,6
da por fisioterapeuta em 91,9% dos 6-10 21,0 9 a 12 13,2
casos, embora outros profissionais exer- 11-20 20,3 13 a 20 5,9
çam o cargo de chefia, entre eles um 21-30 10,7 21 a 30 2,0
médico (5,6%), psicólogo (1,1%) ou 31-40 10,2 + de 30 0,3
outros profissionais (1,4%). O vínculo >40 6,9
que os fisioterapeutas mantêm com os Horário de atendimento Jornada de trabalho
Serviços é trabalhista (contratado) em Raramente 3,3 20 horas 5,2
46,1% dos casos; terceirizado, 29,9%; < 12 horas 22,9 30 horas 64,4
profissional autônomo, 26,2%; e em 12 horas 34,2 40 horas 17,6
cooperativas, 3,7%. 18 horas 5,8 12 x 60 horas 7,8
Em relação à força de trabalho no 24 horas 33,6 Mediante solicitação médica 5,0
Serviço de Fisioterapia, verificou-se UTI = unidade de terapia intensiva; Fts = fisioterapeutas
folha de pagamento; c) a limitação siva. Marques et al., em 199810, reali- relação das diferentes equipes que tra-
do número de atendimentos por pacien- zaram uma pesquisa sobre o perfil e balham na UTI. Gestões que incenti-
te, imposta pelos prestadores de saú- as expectativas dos fisioterapeutas do vem essa comunicação e intercâmbio
de, independente das condições da Complexo Hospital das Clinicas da de habilidades e competências devem
fisioterapia, cria um sistema que en- Faculdade de Medicina da Universi- ser propostas no âmbito local de tra-
foca atendimentos somente diurnos, dade de São Paulo e verificaram que balho, como também entre as insti-
deixando esses pacientes muitas ve- 98% dos fisioterapeutas demonstravam tuições de representatividade dessas
zes com um longo período sem inter- interesse em participar de eventos cientí- categorias.
venção. ficos, sugerindo que programas de
atualização e reciclagem encontram O grau de autonomia do fisioterapeu-
Na caracterização da ação tera- um público constante. ta aumenta na VNI: no Brasil, 43,8%
pêutica junto aos pacientes críticos, dos fisioterapeutas têm total autonomia
há total concordância no emprego de A área concernente à ventilação em relação à indicação e execução do
técnicas de remoção de secreção mecânica invasiva, nos procedimen- procedimento. Estudos que mostram
brônquica e de reexpansão pulmonar tos de manuseio, regulagem e inter- essa realidade enfatizam a necessida-
realizada de forma manual. O dispo- rupção, merece atenção especial. de de treinamento apropriado e expe-
sitivo mecânico para tais fins vem Nota-se que essas práticas são riência para se obter sucesso com a
secundariamente e pode ser devido ao exercidas amplamente por fisiotera- técnica 14,15.
custo adicional desses recursos. Este peutas, seja nos pacientes intubados
estudo não objetivou conhecer as téc- ou com suporte ventilatório não- Os achados deste estudo mostram
nicas mais empregadas, dada a gran- invasivo. No entanto, a tomada de que os pacientes de terapia intensiva
de variedade de técnicas existentes e decisão que envolve iniciar, alterar e no Brasil recebem cuidados de fisio-
a relação de seu uso com o treinamen- interromper a ventilação mecânica terapia de forma rotineira por fisiote-
to recebido. Nos últimos anos foram invasiva é realizada sob protocolo rapeutas, organizados e treinados para
desenvolvidas novas técnicas manuais8, (62%) ou sob ordem médica (16%). As esse fim. A reflexão sobre esses resul-
porém ainda sem ampla divulgação e instituições estão cada vez mais ado- tados por parte de nossos órgãos e pe-
treinamento. O importante é que os tando protocolos preestabelecidos pe- los próprios fisioterapeutas poderá ge-
fisioterapeutas brasileiros desenvol- los membros da equipe multipro- rar diretrizes e metas que propiciem
vem, em seus locais de trabalho, fissional que atua nas UTIs, com base recomendações de ações terapêuticas,
ações de remoção de secreções brôn- nas condições clínicas dos pacientes normatização da estrutura administrati-
quicas, reexpansão pulmonar, posicio- e nas recomendações adotadas mun- va, treinamentos técnicos e gerenciais,
namento e mobilização. Essas são as dialmente. Estudos randomizados de- definições das relações de trabalho,
principais ações necessárias aos pa- monstram que protocolos bem estru- efetividade no custo-saúde e remune-
cientes críticos, conforme o Consen- turados para descontinuar a ventilação ração qualificada, com resultados mais
so Europeu de Fisioterapia de Pacien- mecânica realizados por fisioterapeu- eficientes junto à população de pacien-
tes Críticos da European Respiratory tas adequadamente habilitados não tes críticos.
Society 9 . requerem a presença do médico, po-
dendo inclusive reduzir a duração da
O estudo mostra ainda que 71% dos ventilação mecânica e melhorar os re- CONCLUSÃO
fisioterapeutas em ação foram treina- sultados11-13. Norremberg et al. 1 rela-
dos por meio de cursos de especiali- tam que na Europa Ocidental o ajuste Pode-se concluir que o perfil dos
zação em fisioterapia cardiorrespira- e desmame da ventilação mecânica fisioterapeutas brasileiros em unidades
tória ou em terapia intensiva, vincula- realizado por fisioterapeutas difere de de terapia intensiva caracteriza-se por
dos à ação desenvolvida. Embora a país para país: enquanto na Bélgica profissionais qualificados, que aplicam
dimensão geográfica do Brasil cause 57% dos fisioterapeutas realizam pro- técnicas fisioterapêuticas especializa-
problemas quanto à uniformidade e cedimentos de ventilação mecânica, das com autonomia e estão envolvi-
acessibilidade aos programas de edu- na Suécia estes raramente são reali- dos em ventilação mecânica invasiva
cação continuada, percebe-se clara- zados. Portanto, é possível ampliar a e não-invasiva. A estrutura adminis-
mente a preocupação de tornar mais participação do fisioterapeuta na ven- trativa está relativamente bem orga-
específica a formação do fisioterapeu- tilação mecânica invasiva, dependen- nizada e promissora para o processo
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Tabela 2 Distribuição dos voluntários do sexo masculino (%) segundo a centagem de indivíduos universitári-
presença ou não de cefaléia e de DTM, e classificação de Fonseca os portadores de DTM concordam com
da DTM os obtidos por Garcia et al.16, que ava-
liaram 200 estudantes universitários
Homens Com cefaléia (%) Sem cefaléia (%) Total (%) com idades entre 17 e 25 anos, por
DTM leve 21,25 25,00 46,25 meio do questionário de Fonseca15 e
DTM moderada 5,00 2,50 7,50 pela medida da amplitude de movi-
mento mandibular; os autores encon-
DTM grave 1,25 0,00 1,25
traram que 61% dos indivíduos apre-
Total com DTM 27,50 27,50 55,00 sentavam algum grau de DTM. No
Sem DTM 21,25 38,75 45,00 presente estudo, 61,9% dos indivídu-
Total 33,75 66,25 100,00 os foram assim classificados. Com re-
lação à gravidade da disfunção, os
resultados obtidos pelos autores tam-
não de cefaléia e de gravidade da DTM dois sexos segundo tivessem ou não bém são semelhantes, tendo sido en-
segundo o índice anamnésico de Fon- cefaléia. Pode-se observar que há uma contrada prevalência da DTM leve
seca nas voluntárias do sexo femini- relação direta entre DTM e cefaléia sobre as DTM moderada e grave.
no. É possível observar, naquelas com apenas no sexo feminino.
cefaléia, que não há relação direta Nossos dados também foram seme-
Com a aplicação do teste qui- lhantes aos obtidos por Tomacheski et
com os níveis de disfunção, mas en-
quadrado, foi possível observar que al.4 que, avaliando estudantes, encon-
tre as que não têm cefaléia, pode ser
há uma relação direta entre as variá- traram 46,1% portadores de DTM leve,
estabelecida uma relação linear inver-
veis estudadas (DTM X presença ou 4,4% de moderada, nenhum apresen-
sa com o grau de severidade da DTM.
ausência de cefaléia), com um alto tou DTM grave; e 48,7% não eram
Na Tabela 2 são apresentados os poder significativo em ambos os se- portadores de DTM (sic); respectiva-
dados relativos à correlação entre xos (feminino: 0,0008; masculino: mente, os achados do presente estudo
cefaléia e gravidade da DTM nos vo- 0,003), ou seja, os indivíduos com foram 42,5%, 14,4%, 5,0%; e 38,1%
luntários do sexo masculino. Também DTM leve e sem DTM (segundo a clas- não eram portadores de DTM.
nesse caso há uma relação linear in- sificação do índice clinico de Fonse-
versa entre o grau de disfunção em ca) não apresentam cefaléia. A prevalência de DTM no sexo fe-
indivíduos sem cefaléia e, naqueles minino, aqui encontrada, também
com cefaléia, não há relação direta coincide com os dados da literatura
desta com os níveis de disfunção. DISCUSSÃO segundo os quais a DTM é mais co-
mum entre mulheres2,4,17-19. A variação
Do total de participantes, 74 (46,3%) O índice clínico de Fonseca foi es- em relação às porcentagens encontra-
relataram cefaléia e 99 (55% do to- colhido para este estudo por ter sido das nos diferentes estudos está ligada
tal, sendo 55 mulheres e 44 homens,) idealizado para a população brasilei- a diferentes tipos de populações e a
foram classificados como portadores ra e ser sensível na determinação da variações de metodologia e de leitu-
de DTM. O Gráfico 1 representa a dis- gravidade de portadores de DTM 15. ra de resultados20-22.
tribuição dos portadores de DTM nos Nossos resultados com relação à por- Segundo Okeson8, a prevalência de
DTM no sexo feminino pode estar re-
50%
lacionada a uma maior flacidez dos
45% Mulheres tecidos nas mulheres, relacionada ao
Homens aumento do nível de estrógeno. As
40%
articulações das mulheres são geral-
35% mente mais flexíveis e menos densas
30% que as dos homens. Gage et al.23 en-
contraram nas mulheres aproximada-
25% mente o dobro de colágeno tipo III no
20% ligamento posterior da ATM, indican-
do que, nelas, esses tecidos são menos
15% capazes de suportar pressão funcional.
10% Para Rieder et al.24, a mulher é mais
freqüentemente acometida por estresse
5%
que o homem e apresenta maior índi-
0% ce de doenças com envolvimento psi-
Com cefaléia Sem cefaléia cossomático. A soma dos fatores ana-
tômicos e psicossomáticos poderia ex-
Gráfico 1 Distribuição percentual, dentre os portadores de DTM, dos que plicar a maior prevalência de DTM no
apresentam ou não cefaléia, segundo o sexo gênero feminino. No presente estudo,
REFERÊNCIAS
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fonoaudiológicas. Carapicuíba: Pró-Fono; 2000.
Agradecimentos: aos alunos Paula Mendes, Kelly
21 Svensson P. Muscle pain in the head: overlap Ikeda, Amanda Sapienza, Thiago Vasconcelos e
between temporomandibular disorders and tension- Marília Bernardi, que colaboraram na coleta de
type headaches. Curr Opin Neurol. 2007;20:320–5. dados.
Estudo desenvolvido no Depto. RESUMO: Visou-se identificar o perfil psicomotor de crianças de baixo nível
de Fisioterapia da UFSCar – socioeconômico e verificar o efeito nelas de um programa de intervenção
Universidade Federal de São psicomotora. Participaram do estudo seis crianças do sexo masculino, na faixa
Carlos, São Carlos, SP, Brasil de 10 a 12 anos (11,5±0,92). Os participantes foram avaliados utilizando-se
1
uma bateria psicomotora que avalia sete fatores psicomotores: tonicidade,
Fisioterapeuta; mestranda no equilibração, lateralização, noção do corpo, estruturação espaço-temporal,
Programa de PG-FT – Pós- praxia global e fina; de acordo com o desempenho da criança, os fatores são
Graduação em Fisioterapia da
pontuados de 1 a 4; o escore 1 refere-se ao perfil apráxico, 2 ao dispráxico, 3
UFSCar
ao eupráxico e 4 ao hiperpráxico. Com base nas dificuldades detectadas foi
2
Fisioterapeuta; aprimorando elaborado um programa de intervenção psicomotora, aplicado durante três
em Ortopedia e Traumatologia meses, em 16 sessões de uma hora de duração, duas vezes por semana. Ao
no Hospital das Clínicas da término da intervenção os participantes foram reavaliados. Pela avaliação
Faculdade de Medicina de inicial, o perfil dos participantes foi predominantemente eupráxico nos fatores
Ribeirão Preto/USP, Ribeirão equilibração, lateralização, noção do corpo, praxia global e praxia fina; nos
Preto, SP, Brasil fatores tonicidade e estruturação espaço-temporal o perfil foi
3
predominantemente dispráxico. Após o programa de intervenção houve
Profa. Dra. do Curso de aumento estatisticamente significativo (p<0.05) na pontuação nos fatores
Fisioterapia do Centro tonicidade, equilibração, estruturação espaço-temporal, praxia global e praxia
Universitário de Araraquara, fina, sugerindo que o programa de intervenção psicomotora aplicado beneficiou
Araraquara, SP, Brasil o desempenho psicomotor de crianças de baixo nível socioeconômico.
4
Profas. Dras. do Programa de DESCRITORES: Criança; Desempenho psicomotor; Fatores socioeconômicos
PG-FT da UFSCar
A BSTRACT : This study aimed at outlining the psychomotor profile of
ENDEREÇO PARA socioeconomically disadvantaged children and at verifying the effect on them
CORRESPONDÊNCIA of an assessment-based psychomotor training program. Participants were six
Ana Carolina de Campos 10-to-12 year-old children (mean age 11.5±0.92), who were evaluated before
R. Dona Alexandrina 1106 Centro and after the program by means of a psychomotor battery which assesses seven
13566-290 São Carlos SP categories: tonus, equilibrium, lateralisation, body perception, time-space
e-mail: orientation, gross and fine praxis; scores range from 1 to 4, determining the
campos.anacarol@gmail.com following profiles: 1, apraxic; 2, dyspraxic; 3, eupraxic; 4, hyperpraxic. By
drawing on children’s difficulties, a psychomotor playing program was applied
Este estudo teve apoio de Bolsa during 3 months, in 16 one-hour sessions, twice a week. The initial evaluation
de Iniciação Científica da
showed participants profile to be predominantly eupraxic in equilibrium,
Fapesp – Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo. lateralisation, body perception, gross and fine praxis; profile was mostly
dyspraxic as to tonus and time-space orientation. After the program, scores
Trabalho apresentado no XIII significantly improved in tonus, equilibration, time-space orientation, gross,
Congresso de Iniciação and fine praxis (p<0.05), thus suggesting that the program applied was able to
Científica da UFSCar e no XIII benefit psychomotor performance of low socioeconomic status children.
Simpósio de Fisioterapia da KEY WORDS: Child; Psychomotor performance; Socioeconomic factors
UFSCar, com publicação de
resumo.
APRESENTAÇÃO
jan. 2008
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO
maio 2008
100
% * * Dispráxico
Eupráxico
DISCUSSÃO
90 Hiperpráxico
O presente estudo buscou verificar
80 o efeito de intervenção psicomotora
70 * * *
em crianças de baixo nível socioeco-
60 nômico, constatando diferenças no per-
50 fil após a intervenção. Na avaliação
40 inicial, predominou o perfil eupráxico
30 na maioria dos fatores, exceto toni-
20 cidade e estruturação espaço-temporal,
10 em que as crianças apresentaram per-
0 fil dispráxico, ou seja, abaixo do es-
A R A R A R A R A R A R A R perado para a faixa etária. No estudo
de Pereira16, o perfil psicomotor euprá-
T E L NC EET PG PF
xico predominou em crianças saudáveis
Perfil constatato nos fatores psicomotores de 7 anos de idade, freqüentadoras da
rede particular de ensino. Assim, seria
Gráfico 1 Distribuição (em %) dos perfis psicomotores observados nos esperado que na faixa de 10 a 12 anos
participantes na avaliação e reavaliação psicomotora. A: avaliação; houvesse predomínio do perfil hiper-
R: reavaliação; T: tonicidade; E: equilibração; L: lateralização; NC: práxico, ou que, ao menos, crianças
noção do corpo; EET: estruturação espaço-temporal; PG: praxia nessa idade estivessem passando por
global; PF: praxia fina; * diferença estatisticamente significativa uma transição do perfil eupráxico para
o hiperpráxico.
cido eupráxico, nenhum participante (p=0,05), praxia global (p=0,0006) e
revelou perfil dispráxico, e outros pas- praxia fina (p=0,03). Na reavaliação, manteve-se o pre-
saram a apresentar perfil hiperpráxico domínio do perfil eupráxico na maio-
O perfil psicomotor geral (escore
(33%). Quanto aos fatores tonicidade ria dos fatores, porém já delineando
correspondente à soma das pontuações
e estruturação espaço-temporal, a uma transição para o perfil hiperprá-
nos sete fatores) foi significativamen-
xico, visto que nos fatores equilibra-
reavaliação permitiu constatar que to- te diferente após o programa de inter-
ção e praxia fina houve participantes
dos os participantes atingiram o perfil venção psicomotora (t=7,52, gl=6,
p<0,001), conforme se observa no Grá- que passaram a apresentar perfil
eupráxico. O Gráfico 1 sumariza os
fico 2. A média da pontuação antes hiperpráxico e, no fator praxia global,
resultados da avaliação inicial e da
da intervenção psicomotora foi 19,46 passou a haver predomínio do perfil
reavaliação.
pontos (±1,7), classificando o perfil hiperpráxico. No fator tonicidade to-
As diferenças de pontuação foram geral como normal e, após o progra- dos os participantes passaram a apre-
estatisticamente significativas nos fato- ma de intervenção psicomotora, foi sentar perfil eupráxico, o que pode
res tonicidade (p=0,008), equilibração 22,83 pontos (±1,1), classificando o proporcionar uma base estável para o
(p=0,01), estruturação espaço-temporal perfil geral como bom. desempenho psicomotor nos outros
fatores, uma vez que a organização
* tônica é um suporte para toda a ativi-
25
dade motora 1 . Da mesma forma, o
24 aprimoramento da equilibração favo-
23 rece que o indivíduo possa realizar
Pontuação média na BPM
REFERÊNCIAS
Estudo desenvolvido no RESUMO: O objetivo foi avaliar o perfil fisiológico do músculo sóleo na fase
Programa de Pós-Graduação aguda da imobilização articular na posição de 90o. Ratos Wistar foram divididos
em Fisioterapia da Unimep – em 4 grupos (n=6 cada): controle (C), imobilizado por 1 (Im1), 2 (Im2) e 3 dias
Universidade Metodista de (Im3). Após o período experimental, o músculo sóleo foi retirado e foram
Piracicaba, Piracicaba, SP, mensurados: o peso muscular, o índice de hidratação, a concentração de
Brasil glicogênio e a concentração de DNA/proteínas totais. Os dados foram
1
Fisioterapeutas Ms. submetidos a análise estatística, com nível de significância fixado em p<0,05.
No primeiro dia não houve alterações nas reservas glicogênicas, sendo
2
Prof. Dr. do Programa de Pós- observada redução progressiva das reservas: 53% no segundo dia e 65% no
Graduação em Fisioterapia da terceiro dia de imobilização. O peso muscular sofreu redução de 28,57% apenas
Unimep no terceiro dia; o índice de hidratação aumentou 6,44% no segundo e 8,58%
no terceiro dia. As concentrações de DNA tiveram elevação de 43,18% no
ENDEREÇO PARA primeiro dia, 59,09% no segundo e 75% no terceiro. Quanto à concentração
CORRESPONDÊNCIA de proteínas totais, houve elevação de 45,9% no primeiro dia, 32,25% no
Luciano J. Chingui segundo e 58,95% no terceiro dia. Os resultados sugerem que a hipotrofia
R. São Sebastião 125 Vila muscular é um processo desencadeado precocemente, envolvendo alterações
Monteiro quimiofisiológicas que são deflagradas na fase aguda da imobilização.
13418-485 Piracicaba SP DESCRITORES: Atrofia muscular; Imobilização; Músculo esquelético/metabolismo
e-mail:
ljchingui@yahoo.com.br
ABSTRACT: The purpose of this study was to outline a physiological profile of the
Este estudo contou com apoio soleus muscle during the acute phase of joint immobilization at a 90º position.
financeiro da Capes – Male Wistar rats were divided into four groups (n=6): Control (C), immobilised
Coordenação de for 1 (Im1), 2 (Im2), and 3 (Im3) days. After the experimental period, the soleus
Aperfeiçoamento de Pessoal de muscle was obtained in order to assess: glycogen content, muscle weight,
Nível Superior. hydration index, and protein-DNA interactions. Data were statistically analysed
and significance level set at p<0.05. On the first day, no changes were observed
on glycogen content, but progressive reduction was witnessed along the
following days –53% on the second day and 65% on the third day of
immobilization. Muscle weight suffered a reduction of 28.57% only on the
third day, while hydration index increased 6.44% on the second day and 8.58%
on the third day. Concentrations of DNA raised 43.18% on the first day, 59.09%
on the second, and 75% on the third day. Protein concentrations also increased,
reaching values of 45.9% on the first day, 32.25% on the second day, and
APRESENTAÇÃO 58.95% on the third day. These results suggest that muscular hypotrophy is an
set. 2007 early-developing process, involving chemical-physiological alterations that
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO are launched during the acute phase of immobilization.
jun. 2008 KEY WORDS: Immobilisation; Muscle, skeletal/metabolism; Muscular atrophy
40 80
Hidratação muscular (%)
35 *
Peso muscular (mg)
78 *
30
76
25
20 74
15 *
72
10
5 70
0 68
C Im1 Im2 Im3 C Im1 Im2 Im3
Grupos experimentais Grupos experimentais
Gráfico 2 Peso muscular (mg) nos grupos controle (C) e Gráfico 3 Índice de hidratação muscular (%) nos grupos
imobilizados um dia (Im1), dois dias (Im2) e três controle (C) e imobilizados um dia (Im1), dois dias
dias (Im3); valores em média±epm; n=5; *p<0,05 (Im2) e três dias (Im3); valores em média±epm;
comparado ao controle (C) n=5; *p<0,05 comparado ao controle (C)
0,1 10
* *
0,08 * 8 *
*
DNA muscular
Proteínas totais
*
(mg/100mg)
(mg/100mg)
0,06 6
0,04 4
0,02 2
0 0
C Im1 Im2 Im3 C Im1 Im2 Im3
Grupos experimentais Grupos experimentais
Gráfico 4 Concentração de DNA muscular (mg/100mg) Gráfico 5 Concentração de proteína total muscular (mg/
nos grupos controle (C) e imobilizados um dia 100mg) nos grupos controle (C) e imobilizados um
(Im1), dois dias (Im2) e três dias (Im3); valores dia (Im1), dois dias (Im2) e três dias (Im3); valores
em média±epm; n=5; *p<0,05 comparado ao em média±epm; n=5; *p<0,05 comparado ao
controle (C) controle (C)
to de 6,44% no segundo dia (C, No presente estudo iniciou-se avali- Após evidenciar a perda de massa
71,42±0,42 e Im2, 76,02±1%, p<0,05); ando o conteúdo glicogênico muscular, muscular, avaliou-se a concentração
de 8,58% no terceiro dia (C, 71,42±0,35 uma vez que esta reserva é marcadora de DNA e proteína total, sendo obser-
e Im3, 77,55±0,38%, p<0,05). tanto das condições energéticas quanto vado que os músculos apresentaram
da condição de performance do múscu- elevação progressiva nas concentra-
A avaliação das concentrações de
lo esquelético27. Ao avaliar as reservas ções. Alguns pontos a esse respeito
DNA (Gráfico 4) mostra elevação de
de glicogênio, observa-se que, no pri- merecem destaque, como por exem-
43,18% (C, 0,044±0,0017 e Im1,
meiro dia de desuso, não houve alte- plo o fato de que as medidas de prote-
0,063±0,0061 mg/100mg, p<0,05) no
ração significativa; mas na progressão ína e DNA têm sido muito utilizadas
primeiro dia; de 59,09% no segundo dia
da análise, observou-se redução no em diferentes estudos para indicar ta-
(C, 0,44±0,0017 e Im2, 0,070±0,0047
conteúdo, que foi intensificada no se- manho e número de células em um
mg/100mg, p<0,05); e 75% no terceiro
gundo e terceiro dias. tecido 35.
dia (C, 0,044±0,0017 e Im3, 0,077±0,011
mg/100mg, p<0,05). O músculo sóleo é composto por O desenvolvimento de hipotrofia
84% de fibras tipo I. Por essa razão, a observado nos resultados tem relação
Quanto ao conteúdo de proteínas
redução no conteúdo glicogênico direta com o balanço entre a taxa de
totais, foi observada no primeiro dia
pode dever-se ao fato de os músculos síntese e degradação das proteínas36.
elevação de 45,90% (C, 5,058±0,26
vermelhos apresentarem uma maior Por outro lado, por haver elevação no
e Im1, 7,38±0,27 mg/100mg, p<0,05);
população de receptores de insulina; índice de hidratação, é sugestivo o fato
de 32,25%, no segundo (C, 5,58±0,26
dessa maneira, esse trabalho ratifica de neste estudo ter se verificado com-
e Im2, 7,38±0,78 mg/100mg, p<0,05);
estudos que sugerem que, entre a ter- prometimento de outros sistemas
e de 58,95% no terceiro dia (C,
ceira e oitava hora após a imobiliza- ativados, concomitante à elevação na
5,058±0,26 e Im3, 8,04±0,7 mg/100mg,
ção, já há significante redução na po- permeabilidade capilar, como por
p<0,05), como mostra o Gráfico 5.
pulação dos receptores insulínicos, exemplo a elevação no extravasa-
comprometendo a cascata sinaliza- mento de proteínas plasmáticas. Le-
DISCUSSÃO dora da insulina, principalmente no
que se refere às vias citosólicas liga-
vanta-se aqui uma hipótese explicati-
va. De acordo com observações de
Desde a década de 1970, não se das à síntese de glicogênio, predispon- Durigan37, o modelo de órtese aqui uti-
obtém um consenso frente às altera- do ao quadro de resistência à insulina lizado geraria redução na deambulação
ções histo-quimiofisiológicas induzi- e concomitante redução nas reservas logo no primeiro dia do desuso. Assim,
das pelo desuso muscular, sendo ob- glicogênicas 28-30. sincronicamente à imobilização tam-
servados resultados contraditórios, que Quanto ao comportamento do peso bém ocorre edema leve, contribuindo
descrevem graus diferenciados de sus- muscular, foi observado que somente ainda mais para a redução na movimen-
ceptibilidade à atrofia e relações fun- no terceiro dia de imobilização o peso tação exploratória. Possivelmente, os re-
cionais diferenciadas de acordo com mostrou-se reduzido, fato que pode ter sultados da mensuração da concentra-
o tipo da fibra muscular e o local em relações com a redução na síntese ção de DNA e proteínas totais podem
que esta se encontra19-22. proteica simultânea à elevação na representar um somatório do conteúdo
proteólise26,31-33. pertencente às fibras musculares in situ
Alguns estudos sugeriram que as e do proveniente de outros fatores de-
alterações mais evidentes da atrofia Optou-se por também avaliar o índi-
correntes do maior índice de hidrata-
ocorrem nos dias iniciais do desuso, ce de hidratação, sendo verificado que
ção, como um possível infiltrado de
indicando a possibilidade de haver no segundo e terceiro dia da imobiliza-
células do sistema imunológico e/ou
certa temporização nas alterações da ção a hidratação foi significativamente
de outras estruturas.
homeostasia das fibras musculares maior. Esse aumento da hidratação pode
quando submetidas à imobilização23,24. ser reflexo da liberação local de subs-
Nesse sentido, entende-se que os maio-
res comprometimentos homeostásicos
tâncias vasoativas na tentativa de me-
lhorar a perfusão tecidual e assim mo-
CONCLUSÃO
ocorram na fase inicial do desuso, de dificar o padrão de oferecimento de Durante a imobilização, uma diver-
modo que, à medida que a situação de substratos ou oxigênio34. Assim, a redu- sidade de fatores compromete a
desuso torna-se crônica, o declínio das ção no peso observado no terceiro dia homeostasia do tecido muscular de-
funções metabólicas ocorre de forma de desuso é resultante de um processo sencadeando hipotrofia. Tais fatores
mais rápida25, como evidenciado em de proteólise que ocorre simultaneamen- são ativados logo nos primeiros três
trabalho recente26. te à elevação no índice de hidratação. dias do desuso.
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ficientes, ou fraco controle muscular10. suas disfunções em episódios de lom- e crônicas44. McDonald et al.45 ques-
Instabilidade pode ser definida como balgia, sugere-se focar a atenção nes- tionam a falta de evidências da co-
diminuição na capacidade de estabi- ses músculos8. O desenvolvimento de contração do TA e do ML durante ati-
lizar os sistemas da coluna para man- testes e exercícios reprodutíveis na vidades abdominais.
ter as zonas neutras dentro de limites clínica estabeleceu a ESL como práti-
fisiológicos, sem deformidade, sem ca no tratamento de disfunções lomba-
deficit neurológico ou sem dor incapa-
citante.
res37. O treino de estabilização local tem EXERCÍCIOS
A instabilidade lombar tem sido
sido aplicado também na reabilitação
do ombro por meio de exercícios para
ESTABILIZADORES
sugerida como causa de desordens os músculos da bainha rotatória e Em virtude das diferenças funcionais
funcionais e tensões, assim como dor. escápula 39 , bem como dos flexores entre os músculos locais e globais, os
A força de deformação dos ligamen- profundos do pescoço40. exercícios devem ser feitos de formas
tos e dos discos induzida por cargas
passivas da coluna dessensibiliza os O papel dos estabilizadores seg- diferentes quando se objetiva o trata-
mecanoceptores teciduais, diminuin- mentares consiste em fornecer prote- mento das disfunções e das dores. Há
do ou eliminando a força estabiliza- ção e suporte às articulações por meio pacientes em que os globais mais ati-
dora muscular reflexa no ML34. Panjabi do controle fisiológico e translacional vos predominam nos exercícios gerais.
propôs que a disfunção muscular ao excessivo do movimento 41. Os mús- É difícil detectar se a ativação dos
longo do tempo pode levar à lom- culos globais atuam encurtando-se ou locais ocorre durante esses exercícios.
balgia crônica via lesão adicional de alongando-se e gerando torque e mo- Por isso, são propostos exercícios es-
mecanoceptores e inflamação do te- vimento às articulações. Os locais li- pecíficos que isolam os músculos lo-
cido neural35. gam-se de vértebra a vértebra e são cais dos globais. A ESL não coloca a
responsáveis pela manutenção da po- estrutura lesada em risco, principal-
Exercícios específicos para os sição dos segmentos lombares durante mente no início da reabilitação, re-
movimentos funcionais. Essas deman- duzindo a carga externa e mantendo
estabilizadores lombares das indicam que exercícios isométricos a coluna em posição neutra. Os exer-
Há evidências de que os exercícios são mais benéficos por atuarem na re- cícios são sutis, específicos e preci-
tradicionais prescritos para a lombalgia educação dos músculos profundos. Em sos, reduzindo a chance de dor ou re-
tenham um importante componente um estágio mais avançado de treino, flexo de inibição. Para um máximo
lesivo 34. Um exemplo é a realização a isometria pode ser combinada com benefício, precisam ser repetidos tan-
de retroversão da pelve durante exer- exercícios dinâmicos para outras par- tas vezes quantas forem necessárias8.
cícios para a coluna lombar, que au- tes do corpo8. A progressão pode ser realizada em
menta o risco de lesão por comprimir inúmeros estágios. As séries podem ser
as articulações e aumentar a carga nas A co-contração e a estabilidade progredidas de cargas baixas com peso
estruturas passivas. McGill6 concluiu mínimo até posições mais funcionais
que exercícios em série para a lom- A co-contração é outro mecanismo
com aumento gradual de carga.
bar, realizados em aparelhos com car- que pode fornecer rigidez por meio de
ga, podem produzir herniações. músculos antagonistas e, assim, man- Para pacientes com disfunção local,
ter a estabilidade na presença de car- o isolamento do ML e TA não é uma
Músculos mais fortes parecem não gas externas e internas nas articula- tarefa fácil. Em virtude disso, Richardson
ter valor profilático na redução de pro- ções42. e Jull8 desenvolveram estratégias in-
blemas lombares. Os músculos de re-
Há posições em que a co-contra- cluindo palpação, observação de mu-
sistência (endurance) têm sido eviden-
ção dos músculos profundos pode ser danças na forma do corpo e retroali-
ciados como protetores. Maior mobi-
realizada enquanto se mantêm os glo- mentação (biofeedback).
lidade da coluna lombar, ao contrário
bais relaxados e a coluna em posição
do que se pensava, aumenta as chan- Comerford e Mottram46 propuseram
neutra8. A co-ativação pode ser alcan-
ces de problemas no segmento 36 . um guia clínico para o re-treino dos
çada pela inibição ativa dos interneu-
McGill 6 sugeriu que o mais seguro estabilizadores. Segundo eles, a pal-
rônios em vias recíprocas43. A co-con-
modelo de estabilização lombar não pação deve estimular a correta ativa-
tração dos antagonistas do tronco é
seria o exercício de força, mas sim o ção. É necessário observar o padrão
necessária para manter o equilíbrio
de resistência, que manteria a coluna de controle correto e o recrutamento
mecânico estável4. O controle do equi-
em uma posição neutra, enquanto tônico das fibras, sem que se note fa-
líbrio e estabilidade mecânica requer
encorajaria o paciente a co-contrações diga. O paciente não deve sentir dor
recrutamento muscular apropriado e tem-
dos estabilizadores.
po ótimo de recrutamento muscular e a respiração deve ser normal. A con-
Em virtude das evidências da im- (timing). Disfunção muscular e erros no tração deve se manter por 10 segun-
portância dos músculos locais TA, ML controle motor têm sido sugeridos como dos e ser repetida 10 vezes.
a b c
Figura 3 Ponte lateral avançada: após a manutenção da ponte lateral (a), girar de um cotovelo a outro (b, c) com o
abdome em contração, mantendo a estabilidade da pelve e da caixa torácica
palpada medialmente à espinha ilíaca
ântero-superior e inferiormente à cica-
a b
triz umbilical.
Treinamento do quadrado lombar: a
ponte lateral é a técnica escolhida para
ativação do estabilizador lateral, qua-
drado lombar, em virtude de otimizar
a ativação e de minimizar a sobrecar-
ga na coluna lombar (Figura 2). Na
Figura 4 Co-contração dos multífidos e do transverso do abdome: em a, nota-se a ponte inicial, o apoio inferior é reali-
parede abdominal relaxada; em b, observa-se a co-contração zado com o joelho, evoluindo para os
pés. Em um exercício mais avançado, mantém por 10 segundos. Repete-se pode ser palpada medialmente à es-
ponte lateral avançada (Figura 3), o 10 vezes. O terapeuta deve sentir com pinha ilíaca ântero-superior (Figura 4).
paciente começa da posição lateral da seus polegares a contração no local
ponte, isto é, com apoio inferior dos
pés e gira sobre os cotovelos enquanto
palpado e verificar a capacidade de
execução de uma contração simétri-
CONCLUSÃO
o abdome realiza o suporte segmentar ca e bilateral por parte do paciente, A revisão permitiu constatar a efi-
“travando” a pelve e a caixa torácica. assim como a intensidade e a capaci- cácia da estabilização segmentar nas
dade da manutenção de forma homo- lombalgias e, principalmente, na pre-
Exercícios para o multífido lombar: venção de sua recidiva, por atuar dire-
gênea, sem compensações 47.
deita-se em prono, com os joelhos es- tamente no controle motor, devolven-
tendidos e os braços ao longo do cor- A co-contração dos músculos TA e do a função protetora dos músculos pro-
po. O terapeuta toca com seus pole- ML começa preferencialmente nas fundos. Os exercícios propostos, por se-
gares os ML adjacentes ao processo posições em pé e sentada. Em ambas, rem sutis, específicos e em posição
espinhoso. Solicita então que o paci- o paciente realiza exatamente os mes- neutra, são adequados para o início da
ente realize uma contração leve como mos exercícios para o TA e o ML ao terapia, por submeterem as estruturas
se quisesse empurrar os dedos, e a mesmo tempo. A contração do TA articulares lesadas a sobrecarga leve.
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Estudo desenvolvido no RESUMO: O linfedema representa uma das principais seqüelas do câncer de mama.
DEMQS/Ensp/Fiocruz – Depto. Esta revisão da literatura visou discutir os principais fatores associados ao
de Epidemiologia e Métodos linfedema após o tratamento do câncer de mama. Foram selecionados 26 artigos
Quantitativos em Saúde, publicados entre janeiro de 2000 e março de 2008 nas bases Medline e Lilacs,
Escola Nacional de Saúde utilizando os descritores breast neoplasms, lymphedema, upper extremity, arm
Pública, Fundação Oswaldo e risk factors. Sua revisão permitiu discutir os fatores relacionados ao linfedema,
Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil quanto a: clínica e paciente (tabagismo, escolaridade, etnia, comorbidades,
1 hipertensão arterial, diabetes melito, menopausa, idade, peso corporal, índice
Fisioterapeuta Dra. do Grupo
de Pesquisa em Fisioterapia do de massa corporal, atividade física, membro dominante, restrição articular,
Unisuam – Centro infecção, seroma e trauma no membro superior); tratamento do câncer de
Universitário Augusto Motta, mama (cirurgia, reconstrução mamária, número de linfonodos retirados, nível
Rio de Janeiro, RJ, Brasil da linfadenectomia axilar, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tempo
transcorrido após o tratamento); tumor (tamanho, grau, localização,
2 comprometimento dos linfonodos axilares e estadiamento). A revisão feita
Profas. Dras. do DEMQS/Ensp/
Fiocruz indica que a linfadenectomia axilar, a radioterapia em cadeias de drenagem
e a obesidade são fatores preponderantes do risco para desenvolvimento do
ENDEREÇO PARA linfedema.
CORRESPONDÊNCIA DESCRITORES: Fatores de risco; Linfedema; Neoplasias da mama/complicações
Anke Bergmann
Seção de Fisioterapia / HC III ABSTRACT: Arm lymphedema is one of the most frequent sequelae of breast cancer
R. Visconde de Santa Izabel 274 treatment. The purpose of this literature review was to discuss main risk factors
20560-120 Rio de Janeiro RJ of lymphedema after breast cancer treatment. The search in Medline and Lilacs
e-mail: abergmann@inca.gov.br
databases, by means of key words breast neoplasms, lymphedema, upper
extremity, arm, and risk factors, allowed selecting 26 studies published between
January, 2000, and March, 2008. This review discusses factors linked to: clinic
and the patient (smoking, education level, race/ethnicity, comorbidity,
hypertension, diabetes, menopause, age, weight, body mass index, physical
activity, handedness, impaired range of motion, infection, seroma and arm
injuries); breast cancer treatment (type of surgery, breast reconstruction, number
of axillary lymph nodes removed, level of axillary surgery, radiotherapy,
chemotherapy, tamoxifen treatment, and time-span after axillary lymph node
APRESENTAÇÃO dissection); tumour (size, grade, location, node status, number of positive nodes
out. 2006 and stage of the tumour). This review shows that the axillary surgery, axillary
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO radiotherapy and obesity are important risk factors of lymphedema.
abr. 2008 KEY WORDS: Breast neoplasms/complications; Lymphedema; Risk factors
209
Quadro 1 Principais características dos estudos de prevalência (continuação)
População Tempo Variáveis estudadas e resultados
Autoria, data, país N Diagnóstico do linfedema
* médio** Fatores associados ao linfedema Fatores não associados ao linfedema
Veen et al. 2004 25 Idade, tabagismo, lado e tipo de cirurgia, no de LFN
Menopausa, IMC >25, Dominância,
LA, NB III 245 S/info. Perimetria (>2,5 cm) retirados e positivos, RXT mama ou plastrão, Dose
Bélgica Trauma, RXT axila, Status LFN
RXT, QT, tamanho e local do tumor
Mathew et al. 200626 Mínimo 2
CC e RXT 504 anos Perimetria (> 2,0 cm) Tipo de cirurgia axilar
Inglaterra
Tempo após PO, RXT, Escolaridade, Idade, tamanho do tumor, status dos linfonodos, QT,
Bani et al. 2007 27
ñ/ espec 1123 4,3 anos Relato de edema (subjetivo) Dor na mama, plastrão, axila ou braço, HMT, tipo de cirurgia, menopausa, estado civil,
Alemanha
Restrição articular, Parestesia no braço ocupação
Etnia, história familiar, menopausa, uso de CO,
Meeske et al. 200828 Idade, HAS, Obesidade (IMC>30), 10 diabetes, artrite, cefaléia, flebite, etilismo, atividade
ñ/ espec 494 50 meses Relato de edema (subjetivo)
EUA ou + LFN retirados física, tipo de cirurgia, reconstrução imediata, No de
LFN positivos, RXT, QT, HMT
Quadro 2 Principais características dos estudos de incidência
População Tempo Variáveis estudadas e resultados
Autoria, data, país N Diagnóstico do linfedema
* médio ** Fatores associados ao linfedema Fatores não associados ao linfedema
Duff et al. 200131 Vol. opto-eletrônica Tipo de cirurgia, nº de LFN retirados, infecção da FO,
LA 100 1 ano Nenhum
Irlanda (> 200 ml) seroma, status LFN
Heard-Smith et Nº LFN retirados (>30) RXT em Idade, menopausa, tratamento, QT, status dos
ñ/ espec 1278 56 meses Perimetria (> 5%)
al.200132 Itália cadeias de drenagem linfonodos, tamanho do tumor, estadiamento
Coen et al.2003 33 CC com RXT cadeias drenagem, LA NB I e Idade, nível da LA, QT, TMX, nº LFN positivos,
727 72 meses Perimetria (>2,0 cm)
EUA RXT II + RXT axilar tamanho tumor
Silberman et al. 2004 1 a 14 Perimetria (>2,0 cm) Idade, IMC, Tipo de cirurgia, nº LFN retirados, RXT axilar,
34 ñ/ espec 94 Nenhum
EUA anos Subjetivo QT, HMT, nº LFN positivos, tamanho do tumor, tempo PO
Hinrichs et al. Idade, IMC, nº LFN retirados, infecção, nº dias com
Dose total RXT > 60 Gy, boost
200435 MRM dreno, RXT FSC, dose FSC, RXT mamária int., boost em
105 741 dias Anotação prontuário axilar, RXT antes de 1999, Reforço
com RXT plastrão, dose em plastrão, tangência parede torácica,
EUA RXT
QT, TMX, status dos LFN, estadiamento
Clark et al.2005 36 IMC >26, Mastectomia c/ LA NB II,
ñ/ espec 188 3 anos Vol. indireto (>5%) Idade, dominância, RXT, status LFN
Inglaterra Punção MS afetado
210
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