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Genética Médica
(página deixada intencionalmente em branco)
Quarta Edição

Lynn B. Jorde, PhD


Professor
HA. and Edna Benning Presidential Chair
Department of Human Genetics
University of Utah Health Sciences Center
Salt Lake City, Utah

John c. carey, MD, MPH


Professor
Division of Medical Genetics
Department of Pediatrics
University of Utah Health Sciences Center
Salt Lake City, Utah

Michael J. Bamshad, MD
Professor
Division of Genetic Medicine
Department of Pediatrics
University of Washington School of Medicine
Seattle Children's Hospital
Seattle, Washington

\lWliilli
Do original: lvledical Genetics, Fourth Edition.
É¡ 1010, 2006, Ethüã, 22H10, 1995 por Mosby
Tradução autorizadado idioma inglês da edição publicada por Mosby -
um selo editoria¡ Elsevier lnc.
REVISÃO CIENTÍFICA

Bianca Bianco (caps. 12 a 15, Glossário, Respostas e Índice)


Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Isaias Soares de Paiva (caps. 5 a 11)


Mestre em Pediatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Professor Adjunto de Pediatriado Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO)
Professor de Genética Clínica da Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)
Professor Substituto da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

PauloAnnando Motta (caps. 1 a 4)


Ex-Professor Adjuntodo Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Ex-Professor Adjuntodo Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense (UFF)

TRADUÇÃO
Alexandre Aldighieri Soares (Cap. 3)
Residência em Endocrinologia pelo Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (ÍEDE), R]
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Naval Marcílio Dias, R]
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Bárbara de Alencar Leão Martins (Cap. 6)
Médica Oncologista, R]
Cecília Cerqueira Café Mendes (Caps. 1 e 2)
Bióloga
Mestranda em Fisiopatologia Experimental da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo (USP)
Daniel Bonoto Gonçalves (Cap. 7)
Mestre em MicrobiologiaAgrícola pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Graduado em Bioquímica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Edianez Chimello (Caps. IO, 12 e Glossário)
Tradutora, SP
Fernanda Gurgel Zogaib (Caps. 5 e 9)
Graduada em Educação Física e Desportos pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
Especialista em Anatomia Humana pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), R]
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Biologia Humana e Experimental pela Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (UERJ)
w' / HEVISÀU CIENUHGA
Luciane Faria de Souza Pontes (Caps. 13 e 14) (ln Memorian)
Farmacêutica
Doutora em Ciências Biomédicas
Professora do Curso de Especialização em Histocompatibilidadeda UERJ
Monica Farah Pereira (Caps. 4 e 8)
Bióloga
Doutora em Biologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
Raimundo Rodrigues Santos (Cap. 15)
Mestre em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro [UERJ]
Título de Especialista em Neurocimrgia SBN -

Titulo de Especialista em Neurologia CFM -

Tatiana de Almeida Simão (Cap. 1 1)


Doutora em Biologia pela pós graduação em Biociências Nucleares da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ)
Pesquisadora Visitante do Instituto Nacional de Câncer
Tatiana Ferreira Robaina (Índice)
Doutoranda em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Mestre emPatologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
Odontóloga pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)
Dedicado a nossas famílias

Dcbra, Eilccn c ÀÍtun Jordc


Lrslic, Patrick c Andrcw Carrey
Jerry c: Jccannc Bamshad
(página deixada intencionalmente em branco)
PREFÁCIO

J. B. S. Haldane deu o título "Tudo Tem uma História" a uma questão-chave da biologia dos séculos XÍX e ?CC Qual a rela-
antologia de alguns de seLLs artigos mais indigestos e este
_
ção entre evolução e desenvolvimento?
se aplica claramente ao campo da genética médica. Há mais Em 1945, a Universidade de Utah fundou o Laboratório de
de 200 anos cientistas como Button, Lamarck, Goethe e Kiel- Estudos da Hereditariedade e Distúrbios Metabólicos [mais tar-
meyer refletiram sobre como a história do desenvolvimentode de chamado de Laboratório de Caenética Humana). Nele, um
cada organismo se relacionavacom a história da vida na Terra. grupo de importantes cientistas desenvolveu estudos pionei-
Baseada nessas ideias, a disciplina de Biologia nasceu no século rors em fendas labiais e palatinas, djstrofia muscular, albinismo,
XVlll na Europa, atravessou a adolescência como Morfologia surdez, polipose hereditária do cólon (sindrome de Gardner) e
e Anatomia Comparativa no século XIX e atingiu a vida adulta, câncer de mama Familial. Esses antepassados estariam imensa-
no século ?OQ como o campo da Cxenética. Entretanto, a de- mente orgulhosos de seus colaboradores atuais na Universidade
finição do final do século XIX da Genética (hereditariedade) de Utah, cujos estudos bem-sucedidos promoveram o avanço
como a ciência das variações (e suas causas) ainda é válida. no conhecimento de todos os aspectos do campo da genética.

Assim, a Genética Humana é a ciência da variação humana,- a Em seus esÊtJrçtJs para sintetizar a história da genética e suas
Genética Médica, a ciência da variação humana anômala, e aplicações à variabilidadehumana, saúde e doença, desenvol-
a Genética Clínica, o ramo da medicina que cuida dos indivi- vimento e câncer, os autores deste texto foram admiravelmen-
duos e famílias com variações anômalas de estrutura e Função- te bem-sucedidos. Este livro conciso, bem escrito e ilustrado,
No final do século XÍX e início do século XX, a unidade cuidadosamente editado e indexado é altamente recomendado
da ciência baseada na morfologia foi gradualmente substituída para todos os estudantes: universitários, recém-formados, de
por uma visão pluralista da biologia que pulverizava o campo medicina, de consulta genética, de entennagem, e estudantes
em muitas disciplinas diferentes e que Frequentemente se riva- das ciências correlatas à saúde. É importante ressaltar que é
lizavam. Entretanto, graças ã aplicação de novos métodos de também um texto maravilhoso para os médicos (clínicos e es-
Biologia Molecular na análise do desenvolvimento e no en- pecialistas) que desejam Luna introdução abrangente às bases e
tendimento dos elementos da hereditariedade (ie, os genes), princípios da genética moderna aplicada ao desenvolvimento
os vários ramos da biologia estão sendo novamente reunidos. e ã saúde humana. Este livro, na visão de colegas eminentes e

Essa nova disciplina, denominada Morfologia Molecular, pode internacionalmenterespeitados e de amigos que amam a prá-
ser delinida como o estudo da forma, formação, transtonnação tica docente, é Luna satisfação de ser lido em sua expressão de
e maltormação de organismos vivos. De tato, os geneticistas, entusiasmo, e de admiração o que, segundo Aristóteles, era o
-

ignorantes, como talvez Fossem, dos métodos tradicionais de começo de todo o conhecimento.
historiografia, desenvolveram seus próprios métodos, brilhan- Einstein certa vez disse: "A coisa mais incompreensível acer-
tes e altamente efetivos. consequentemente, eles alcançaram ca do mundo e' que ele é compreensível". Quando eu comecei
uma perspectiva extraordinariamente duradoura e mais bem a trabalhar no campo da genética médica, o gene era ampla-
doctunentada do que a dos historiadores. Essa perspectiva mente considerado incompreensível. De tato, alguns cientis-
de quase 4 bilhões de anos une os organismos vivos em Luna tas como Goldschmidt lançaram dúvidas sobre a verdadeira
única rede de vida, relacionando uns aos outros em uma li- existência do gene, embora o grande biólogo americano E. B.
nhagem contínua a partir de um ancestral comum. Isso torna Wilson tenha predjto sua natureza química mais de 100 anos
as perspectivas de desenvolvimento da iilogenética (LL, as re- antes. Neste livro, os genes e suas funções na saúde e na doença
lações genéticas de diferentes espécies umas com as outras) e se tornam compreensiveis de maneira que deve interessar enor-
da ontogenética (Let, as bases genéticas do desenvolvimento memente a todos.
de organismos individuais] não apenas complementares, mas John Opitz, MD
inseparáveis. Assim, hoje e' possivel explorar efetivamente Luna Salt Lake City, Utah
(página deixada intencionalmente em branco)
APRESENTAÇÃO

A genética médica é um campo que vem crescendo rapida- Nesta edição há muitas importantes adições:
mente. Não há nenhum livro que possa permanecer atualizado
0 Todos os capitulos Foram cuidadosamente atualizados, com
por muito tempo,- por isso, tentamos dar ênfase aos principios
centrais da genética e suas aplicações clinicas. Em particular,
atenção especial aos tópicos de rápida evolução, como diag-
nóstico genético, terapia genética, genética do câncer e ge-
este livro integra os desenvolvimentos recentes na genética
nética de outras doenças comuns.
molecular e genômica com a prática clínica.
0 Um novo capítulo, intitulado Cmíiica ::Medicina Personalizada,
Esta nova edição mantém o Formato e a apresentação que
to¡ adicionado.
foram recebidas nas três edições prévias. Os principios bá-
O Mais de 100 novas fotograiias e figuras clinicas foram adi-
sicos da biologia molecular são apresentados no início do
cionadas ou atualizadas.
livro para que possam ser discutidos e aplicados nos capítu-
0 Um índice abrangente inclui todas as citações de texto de
los subsequentes. Ós capitulos sobre doenças autossômicas e
todas m; doenças.
ligadas ao cromossomo X incluem discussões atualizadas em
tópicos como ¡mprintíng genômico, antecipação expansão
e Este livro evoluiu a partir de cursos que administramos
das repetições de trinucleotideos. Ó capitulo sobre citoge- para estudantes de medicina e de enfennagem, estudantes de
nética destaca os importantes avanços nesta área, incluindo aconselhamento genético e estudantes de graduação e pós-
a hibndação genômica comparativa e síndromes de micro- graduação na área da genética humana, que formam o seu
deleção recentemente descritas. O mapeamento e a identi- público-alvo. Também é útil para Funcionários de hospitais,
ficação genética, que constituem o foco da genética médica clínicos e outros profissionais da área da saúde que desejam se
moderna, são detalhados, e os recentes avanços baseados familiarizarcom a genética médica.
nas conclusões do projeto genoma humano são discutidos.
Os capitulos estão incluidos nos crescentes campos da imu-
AGRADECIMENTOS
nogenética e genética do câncer. Dedica-se uma considerá- Muitos dos nossos colegas generosamente doaram seu tem-
vel discussão sobre a genética das doenças adultas comuns,
como doença cardíaca, diabetes, acidente vascular cerebral e
po e conhecimento à leitura e ã inserção de comentários em
t rec h os dese
1 l ivro. E s1en demos nossa sincera nda"o a D ia-
'

hipertensão. O livro e' concluido com capitulos sobre diag- ne Bonner, PhD,- Arthur Brothman, PhD,- Peter Byers, MD,-
nósticos genéticos (mais uma vez dando ênfase a abordagens
William Carroll, MD,- Debbie Dubler, M5,- Ruth Foltz, MS,-
moleculares atuais como a análise de microarranjos), terapia
Ron Gibson, MD, PhD,- Sandra Hasstedt, PhD,- Susan Hodge,
genética, medicina personalizada e genética clinica, e acon-
selhamento genético. PhD,- Rajendra Kumar-Singh, PhD,-_Íames Kushner, MDJean-
Marc Lalouel, MD, DSc, Claire Leonard, MD,- Mark Leppert
Vários apoios pedagógicos estão incorporados neste livro:
PhD,- William McMahon, MD,- James Metherall, PhD,- Dan
0 Quadros de Commtários ÚÍTIÍCDS apresentam uma cobertura Miller, MD, PhD,- Sampath Prahalad, MD,- Shige Saltonju,
detalhada das doenças genéticas mais importantes e forne- PhD,- C-ary Shoenwolf, PhD,- Sarah South, PhD,- Carl Thum-
cem exemplos de uma conduta clínica moderna. mel, PhD,- Thérese Tuohy,PhD¡ Scott Watltins, MSJon Weis,
0 Pequenos resumos, destacados na cor vennelha, estão co- PhD,- H. Joseph Yost, PhD,- Maxine
locados em quase todas as páginas para auxiliar o leitor a
compreender e resumir os conceitos importantes.
0 Perguntas que assistem ao leitor na revisão e na compreen-
são são iomecidas no Final de cada capitulo.
0 Um glossário detalhado está incluido no Final do livro.
0 Tennos-chave são destacados em negrito.
0 Referências importantes são lis-dadas no final de cada capitulo-
ÇÃO
xi¡ _f APRESENTA

Nossos editores na EÍsevier, Kate Dimuck e Andrew Han, tavelmente, aprendemos tanto com nossos alunos quanto eÍes
uFertaram-nos com amplo incentivo e compreensão. aprenderam conosco.
Finalmente, gostaríamos de agradecer us milhares de estu- Lynn B. Jorde
dantes com quem interagimos durante as últimas três
1 cONcEITOS E HISTORIA .....................................
..1

2 BIOLOGIA OELULAR BÁSICA: ESTRUTURAE


FUNÇÃO OOS OENES E cROMOSSOMOS ...... ..
5

3 IIARIAçAO GENÉTICA: SUA ORIGEM E


DETEcçÃO .............................................................
..
26

4 HERANçAS AUTOSSÕMICAS OOMINANTE


E REOESSIIIA _.56
........................................................

5 HEHANÇA GENÉTICA LIGADAAO SEXO E


FORMAS NÃO TRADICIONAISDE HERANÇA
GENÉTICA ..............................................................
..
7B

e cITOOENÉrIcA cLíNIcA: A BASE


cROMOSSOMIcA OA OOENçA HUMANA
(página deixada intencionalmente em branco)
A genética tem desempenhado um papel important:: e crescen-
te na prática da clínica médica. A genética médica, antes conti-
nada a condições relativamente raras consideradas apenas por
poucos especialistas, está tornando-se um componente central
na compreensão da maioria das doenças. lsso inclui não só as

doenças pediátricas, mas também aquelas comuns em adultos,


como doenças do coração, diabetes, vários tipos de câncer e
também diversas doenças psiquiátricas. Uma vez que todos os
componentes do corpo humano são inliuenciados pelos genes,
as doenças genéticas são uma questão importante para todas as

especialidades médicas- Hoje em dia, os profissionais de saúde


devem compreender a ciência da genética médica.

O ÚUE
2 3 Capitulo¡ GENÉTICA MÉDICA
mem r-1
Lista Parcial de Algumas Doenças Genéticas Importantes
Prevalência Aproximada Prevalência Aproxinada
Alterações Cromossômlcas Distúrbios Illulttfatorlals
Sindrome de Down 13700 a 131.000 malformações congênitas
Sindrome de Klinefelter 131.000 homens Lábio Ieporino com ou sem lenda 13500 a 131.000
Trissomia 13 1310.000 palatina
Trissomia 1B 136.000 Pe torto (taiipes equinovarus) 131.000
Sindrome de Turner 132.500 a 1310000 mulheres cardiopatias congênitas 13200 a 13500
Defeitos do tubo neural (espinha 13200 a 131.000
Doenças Monogênlcas offida, anencefalia)
Polipose adenomatosa do colon 136.000 Estenose pilorica 13300
Doença renal policlstica do adulto 131.000
Deficiência da antitripsina-a, 132.500 a 1310000 (brancos)* 9090033 da AÚUÍÍOS
Fibrose cfsti 132.000 a 134.000 (brancos) Alcoolismo 1310 a 1320
Distrofia muscular de Duchenne 133.500 homens Doença de Alzheimer 1310 (americanos acima de 65 anos)
Hipercolesterolemiafamiliar 13500 Dismmio afetivo bipolar 13100 a 13200
Sindrome do X frágil 134.000 homens; 138.000 mulheres Cancer (todos os tipos) 133
Hemocromaiose (hereditária) 13300 brancos são homozigotos; aproxima- Diabetes (tipos 1 e 2) 1310
damente 131.000 a 132.000 são afetados Doença do coração ou infarto 133 a 135
HemofiliaA 135.000 a 1310000 homens Esquizofrenia
Cancer colorretal não polipoide Acima de 13200
hemdnáno Doenças mrtocondriais
- . .

Doença de Huntington 1320000 (brancos) Sindrome de Kaerns-Sarre


Sindrome de Marian 1310.000 a 1320000 NBUIOIIBÍÍB Ótica herüdiláfia
Distrofia miotõnica 137.000 a 1320000 (brancos) de Leber (NOHL)
Neurofibromatose tipo 1 133.000 a 135.000 MÍOIJHÍÍH milüüülidiial, 30011088
Dsteogenese imperfeito 135.000 a 1310000 ¡áiiüã B &DÍSÓÓÍOS “DO aüideme
Feniloetonúria 1310.000 a 1315000 (brancos) vascular cerebral (M ELAS]
Retinoblastoma 1320000 Epilepsia mioclonica com ruptura
Anemia falcifomre 13400 a 13B00_negros* na America; acima das fibras vermelhas anfractuadas
de 1350 na Africa Central ÍMERRF)
Doença de Tay-Sachs 133.000 asquenazes
1350 a 13100 (Sul da Asia e populações
_

Talassemia
mediterrãneas)
*0 termo Trance” se refere ao individuo de descendência Europeia que mora na Europa, Anrenira, Austrália ou algum outro focal. 0 termo 'negro' se refere ao individuo de
descendênciaafricana que mora na Africa na America ou em algum outro focal. Esses termos são usados por con periferias; alguns dos dmaffos na descrição exala das
popufaçrffes humanassão discutidos no Capitulo i4_

o estudo de ações e interações dos genes. Por exemplo,


HJ. Mullerdemonstrou as consequências genéticas daradiação
ionizante sobre a mosca da fruta. Durante esse período, muitas
das bases teóricas da genética de populações se desenvolveram
por três personagens centrais: Ronald Fischer, B. S. Haldane
e Sewall Wright. Além disso, as formas da hereditañedade de
várias doenças genéticas, incluindo a fenilcetonúria, a anemia
falciforme, a doença de Huntington e a fibrose cística, foram
estabelecidas_ Em 1944, Oswald Avery demonstrou que genes
são compostos por ácido desoxlrrlbonucleico (DNA).
Provavelmente, o progresso mais significativo dos anos de
1950 foi a determinação da estrutura do DNA porJames Watson
e Francis Crick em 1953. O seu manuscrito crucial, que tinha

apenas uma página, formou a bmse para o que é conhecido hoje


como genética molecular (o estudo da estrutura e função dos

genes em nível molecular)- Outra descoberta importante naque-


la década foi a determinação correta do número de CTOmDSSü-
HGURA 1-1 mos humanos. Desde meados dos anos de 1920, imaginava-se
GFGQÚÍ Jüllãnll MBnElB-l. que o homem tivesse 48 cromossomos ern cada célula. So-
(De Haven PH, Johnson GB: Biology, 3rded. Srtoufs: Mosbir, 1992.) mente em 1956, o número correto, 46, foi estabelecido.
Conceitos e Historia ,f 3
A habilidadede contar e identificar cromossomos levou a uma ligado ao X_ Essas formas de herança são extensivamente dis-
nova onda de descobertas na citogenética, incluindo a descri- cutidas nos Capítulos 4 e 5. A primeira edição do McKusick
ção da síndrome Down em 1959, causada por uma cópia extra ¡Wmdelian Ínberitanct in Adm!, pubiicado em 1966, listou apenas
do cromossomo 21. 1.368 caracteristicas autossômicas e l 19 ligadas ao X. Hoje, a
Os avanços tecnológicos desde 1960 trouxeram progres- versão online do compêndio de McKusick lista mais de 19.000
sos significativos em uma razão crescente. Os progressos mais entradas, das quais mais de 18.000 são autossômicas, mais de
espetaculares aconteceram no campo da genética molecular. 1.000 são ligadas ao X, 57 são ligadas ao Y e 63 estão no ge-
Miihares de genes têm sido mapeados para uma localização noma mitocondriai. As variações no DNA responsáveis por
específica nos cromossomos_ O Projeto do Genoma Humano, mais de 2.500 destas características, sendo a maioria herdada,
um desafio coletivo que começou em 1990, decifrou a sequên- já foram identificadas-Com avanços contínuos, esses números
cia completa do DNA humano em 2003 [o temio genoma se certamente irão aumentar.
refere a todo o DNA em um organismo). Avanços importantes Apesar de alguns distúrbios genéticos, principalmente os
na computação têm ajudado a decifrar a grande quantidade de monogenicos, serem fortemente determinados pelos genes,
dados gerados por esse projeto e outros relacionados. Além muitos outros são o resultado de múltiplos fatores genéticos
do mapeamento de genes, os geneticistas moleculares vêm e não genéticos. Pode-se imaginar, portanto, que as doenças

determinando as alterações moleculares presentes em diversas genéticas estão presentes em um contínuo (Fig. i-l), como a
doenças genéticas importantes. Essa pesquisa tem contribuído fibrose cística e a distroiia muscular de Duchenne, localizadas
significativamente para a compreensão de como as alterações em Luna extremidade (fortemente determinadas pelos genes)

genéticas podem causar doenças, abrindo caminhos para trata- e condições como rubéola, localizadas em outra extremida-
mentos mais eficazes e curas em potencial. A próxima década de (fortemente deterrninadas pelo ambiente). A maioria das
promete ser uma época de grande atividade e descobertas. doenças mais comuns, incluindo vários distúrbios inatos e
outros comuns como diabetes, hipertensão, doenças do co-
TIPOS DE DOENÇAS GENÉTICAS ração e câncer, está em algum lugar nesse contínuo. Essas doen-
Estima-se que o humano apresente aproximadamente
ser ças são o produto de diversos níveis de influência genética e
20.000 a 25.000 genes. As alterações nesses genes ou em suas ambiental.
combinaçõespodem produzir distúrbiosgenéticos. Essas doen-
ças são classificadas em vários grandes grupos: OS IMPACTOS CLÍNICOS DAS DOENÇAS GEHÉTICAS
0 Distúrbios cromossômicos, nos quais cromossomos in-
As doenças genéticas são algumas vezes tratadas como tão ra-
ras que a média dos proñssionais de saúde raramente as encon-
teiros (ou grandes segmentos deles) estão faltando, estão
trará. Está cada vez mais evidente que isso está longe de ser
duplicados ou de alguma forma alterados. incluem-se aqui verdadeiro à medida que o conhecimento e a tecnologia avan-
doenças como as síndromes de Down e de Turner.
0 Distúrbios nos quais genes únicos estão alterados,- são ge- çam. Há menos de 1 século, doenças com causas não genéticas
ralmente denominados condições menciciiunas, ou doenças (p. ex., aquelas causadas por má nutrição, falta de saneamen-
to e patógenos) representavam a maioria das mortes entre as
monogênicas. Exemplos bem conhecidos incluem a fibrose
cística, anemia falciforme e hemoiilia. crianças. Durante o século XX, entretanto, a saúde pública
melhorou consideravelmente. Como consequência, as doen-
O Distúrbios multifatoriais, que resultam da combinação de
várias causas genéticas e ambientais. Vários defeitos de nas- ças genéticas passaram a representar uma porcentagem cada
vez maior de mortes entre as crianças em países desenvolvi-
cença como Íábio leporino e palato fendido, bem como vá- dos. Por exemplo, o percentual de mortes infantis por causas
rias disfunções em adultos, incluindo doença do coração e a
diabetes, pertencem a essa categoria. genéticas em diversos hospitais no Reino Unido aumentou de
0 Distúrbios mitocondriais, um número relativamente pe- 16,5% em 1914 para 50% em 1976 (Tabela 1-2).
Além de contribuir para o grande aumento das mortes de
queno de doenças causadas por alterações no pequeno cro-
mossomo mitocondrial citoplasmático-
crianças, as doenças genéticas também foram responsáveis
pelo aumento das internações em hospitais pediátricos. por
A Tabela 1-1 apresenta alguns exemplos de cada um desses exemplo, um estudo nos hospitais de Seattle demonstrou que
tipos de doenças. 27% de todas as internações pediátricas tinham como causa
De todas essas classes de doenças, as monogênicas têm re- algum distúrbio genético. E outro estudo sobre internações em
cebido, provavelmente, a maior atenção. Esses distúrbios são um grande hospital pediátrico no México mostrou que 37,8%
classificados de acordo com a forma como são herdados nas envolviam uma doença que era genética ou "parcialmente ge-
famílias: autossômico dominante, autossômico recessivo ou nética".

FIGURA 1-2
Influenza Diabetes Contínuo das usas de doenças.Algumas
sarampo Doença cardíaca doenças (p. ex., ñbrose cística) são fortemente
Doenças lnfeoclosas determinadas pelos genes, enquanto outras
(p. ex., doenças infecciosas) são fortemente
determinadas pelo ambiente.
Ambiental Genética
4 r Capftutoí GENÉTICA MÉDICA
ruim 1-2 amplas variações_ Tendo-se essas variações em mente, nota-se
Porcentagem de Mortes na Infância nos Hospitais do Reino que Luna doença genética reconhecível será diagnosticada em
Unido Atribuidas a Causas Genéticas e não Genéticas 396 a 7% da população em aigum momento- Essa tabulação
não inclui a maioria dons casos das doenças mais comuns em
causa Londres Londres Neumann Ecinbirgo
1914 1954 1m 1976 adultos, como doenças do coração, diabetes e câncer, apesar
de sesaber que elas também apresentam componentes gené-
Não genética' ticos. Se tais doenças Íorem incluidas, o impacto clínico dos
Todas as causas 83,5 distfubios genéticos será certamente considerável.
Genética
Gene único Leituras sugeridas
2O 8,5
Baird PA, Anderson
Cromossõmica - -
2,5
Muliiiaiorial 14,5 25,5 31 ,O
'infecções por exemplo.
Dados obtidos de Himoin Dt., Conto¡ JM PyenizRE, Ken'BH: Emery andHimoins
Principles andPracticeof Medica! Genetics. London: Cnumnitt Livingstone, 2007.

Outra Forma de avaliar a importância das doenças genéticas


é perguntar, "Que fração das pessoas na população apresenta-
rá aigum distúrbio genético?" isso não é tão simples quanto
pode parecer pela pergunta. Uma variedade de Fatores pode
inliuenciar essa resposta. Por exemplo, algumas doenças são
mais Frequentes em determinados grupos étnicos. A Fñbrose
cística é bastante comum dentre os individuos brancos, en-
quanto a anemia falciforme e' comum principalmente dentre
os ahicanos. Algumasdoenças são mais comuns em individuos
idosos. Por exemplo, os cânceres do cólon e de mama e a doen-
ça Alzheimer são causados por genes dominantes em uma
pequena fiação (596 a 10%) dos casos, mas não se manifes-
tam até uma idade mais avançada. A prevalência estimada para
essas doenças será mais alta em Luna população mais idosa.
Variações no diagnóstico e nos registros também podem levar
a uma variação na estimativa das prevalências. Dessa forma, o
retrato da prevalência listado na Tabela 1-3 é apresentado com

ruim 1-3
PrevalênciaAproximada de Doenças Genéticas
na População em Geral
Tipo da Doença Genética Faixa Etária da Prevalência
por 1.000 Pessoas
Autossümico dominante 3-9,5
Autossümico reoessivo 2-2,5
Ligado ao X (15-2
Distúrbio cromossümico 6-9
Malfomiação congênita* 20-50
Total 31 ,5-73
'congênita significa presente no nascimento'.A maioria das mattomtações
congênitas a tida como muttifatoríate assim provavelmenteaorasenta componentes
ganétroos e ambientais.
5 r caprruroz GENÉTICA MÉDICA
cromossomos Nucléolo Membrana Fieticuio
Centriolos Membmna Núcleo nuclear endoplasmátlco
Microfilamentos
agranular Reüculo
endoplasmátloo
granular
Peroxlssomo

cmos
Biologia Celular Básica: Esrrumra a Função dos Garras e cromossomos ,f 7

5P 3.1 dessa forma, ele teria aproximadamente 2 metros de comprimen-


to. Para alocar todo esse DNA dentro de um pequeno núcleo,
ele é helicoidizadoem diversos níveis- Primeiramente, o DNA se
dobra em torno de um centro proteico de historias para formar
o nucleossomo (Fig. 1-4). Aproximadamente 140 a 15O bases
de DNA são enoveladas em torno de cada centro de hiStOnaS, e
então 20 a 60 bases fonnam um espaçamento antes do próximo
Arcabouço complexo de nucleossomos- Esses nucleossomos, em contrapar-
açúcar-fosfato
nm tida, formam um solenoide em hélice,- cada um desses solenoides
inclui cerca de seis nucleossomos. Os solenoides por s¡ só são or-
3.4 ganizados em alças de cromatina, que são presas a um arcabouço
=

hélice de proteinas. Cada uma dessas alças contém aproximadamente


100.000 pares de base (pb), ou 100 quilobases (kb), de DNA. O
da Bases
resultado desse enovelamento e dos giros é que o DNA, em seu
solta estágio máximo de condensação, é somente IÍ 10.000 tão longo
quanto poderia ser se Fosse completamente esticado-
Uma
› O DNá é uma estrutura densamente enovelada. Esse
dubramento ocorre em diversos níveis: o nucleossomo, o
solenoide e as alças de 100 kb.

Replicação do DNA
À medida que as células se dividem para formar cópias de si mes-
mos, cópias idênticas de DNA são pmduzidas e incorporadas
às novas células. lsso é essencial já que o DNA deve límcionar
como o material genético básico. A replicação do DNA começa
à medida que as pontes de hidrogênio entre as bases se quebram,
produzindo uma fita simples de DNA com bases não pareadas.
O pareamento correto da adenina com a timina e da guanina
com a citosina, conhecido como pareamento complementar de
bases, e' a chave para a replicação bem sucedida. O principio
do pareamento complementar das bases diz que Lima base não
pareada irá atrair um nucleotídeo livre somente se o nucleotideo
tiver sua base complementarapropriada. Por exemplo, uma por-
ção de uma Fita simples com a sequência ATTGCT irá ligar-se
a uma série de nucleotídeos livres com as bases TAACGA. A
fita simples é tida como um molde (template) sobre o qual a Hta
Complementar é construída. Quando a replicação está comple-
ta, uma nova lita dupla idêntica à original é fonnada (Fig. 2-5).
Diversas enzimas diferentes estão envolvidas na replicação do
DNA. Uma enzima desenovela a dupla hélice e outra mantém
as fitas separadas. Outra enzima, a DNA polimerase, percorre
a lita simples, adicionando nucleotfdeos livres à extremidade 3'
da nova fita. Os nucleotídeos podem ser adicionados apenas à
extremidade 3' da fita, de Forma que a replicação sempre ocorra
no sentido 5' para 3'. Referindo-se à orientação das sequências
ao longo do gene, a direção 5' é denominada antecedente [ups-
tnam), e a direção 3' é designada como posterior (downstrtam).
Além de adicionar novos nucleotideos, a DNA polimerase de-
FIGURA 2-3 sempenha um procedimento de conferência (pmofrcading), na qual
A dupla hélice do DNA, com um centro de açúcar e fosfato e bases nilrogenams. mn nucleotideo novo adicionado é analisado para se conlinnar

que ele é de fato complementarà base molde. Se não for, o nucleo-


tídeo e' retirado e substituido pela base complementarameta. Esse
Helicoidização do DNA processo aumenta signiiicativamente a exatidão da replicação do
As ilustrações de livros-texto geralmente apresentam o DNA DNA. Quando Lun erro na replicação do DNA não é eficazmente
como uma dupla hélice que se estende por uma linha longa e reta. Conigido,pode resultar em mutação. Como será visto no Capitulo
Entretanto, se o DNA em uma celula fosse realmente esticado 3, muitas dessas mutaçñes geram doençasgenéticas.
a ,I Gapftufoz GENÉTICA MÉDICA
Dupla hélice do DNA

FIGURA 2-4
Padrões de helicnidização do DNA. 0 DNA e helicoidizadnem tomo de histonas para íormar nucleossomos. Eles são organizados em solenoides, que por sm vez
formam as alças da cromatina

A replicação do DNA é bastante dependente do princípio A velocidade do replicação do DNA om hwoanos. outra dc
do pareamento complementar. Isso pennite que uma 40 a 50 nuolcotídcos Por segundo. é comparativamenteloota- Em
única ñta da dupla fita de DNA forme o molde para a bactérias. a velocidade é bom maior. atingindo 500 o 1-000 ou-
síntese de uma fita nova e complementar_ clcotídcos por scgLmdo. Uma vcz que os cromossomos humanos
Biologia Celular Básica' Eslrulura e Função dos Bones e cromossomos ,l 9
FIGURA 2-5
Replicação do DNA. As pontes de hidrogênio
entre as duas fitas originais são quebradas,
Novas fitas de permitindo que as bases de cada liia sejam
DNA em formação
pareadas oorn bases livres. Esse processo, que
ocorre na direção 5' para 3' em cada fila, lorma
Fitas de duas fitas duplas de DNA

apresentam cerca de 250 milhões de nucleotfdeos, a replicação começa em vários pontos diferentes ao longo do cromossomo,
poderia ser um processo que consumiu-ia bastante tempo se ocor- denominados origens de replicação. As várias separações das
resse de forma linear de extremidade a outra do cromosso-
uma fitas de DNA são denominadas bolhas de replicação (Fig. 2-6).
mo: para um cromossomo desse tamanho, uma única etapa de re- Ocorrendo simultaneamente em várias regiões do cromossomo,
plicação levaria em torno de 2 meses. Em vez disso, a replicação o processo de replicação pode acontecer bem mais rápido.

Helice
orIgIna ai
O rlgens de rap¡lc ão

.
O
FIGURA 2-6
Bolhas de replirzção lormadas em
múltiplasregiões ao longo da lita de
DNA, permitindo que a replição
O
aconteçamais rapidamente.
Í

Bolha de replicação

Duplas
hélloes
novas
m ,f Capfmlo? caverna¡ MÉDICA

› As bolhas de replicação pemiitem que a replicação do


DNA aconteça em várias regiões do cromossomo,
acelerandoconsideravelmente este processo.
camente similar ao DNA. Como o DNA, o RNA é composto
de açúcares, gmpos fosfato e bases nitrogenadas. Ele difere do
DNA no açúcar, que é a ribose, em vez da desoxirribose, e em
uma de suas quatro bases, que é a uracila, em vez da timina.
A uracila é estruturalmente similar a timina, portanto, como a
Dos Gene: às Proteínas timina, ele pode parear com a adenina. Outra diferença entre
o RNA e o DNA é que, enquanto o DNA geralmente ocorre
Enquanto o DNA é formado e replicaclo no núcleo da célula,
como uma ñta dupla, o RNA ocorre normalmente como uma
a síntese proteica acontece no citoplasma. A informação con-
tida no DNA deve ser transportada para o citoplasma e então Fita simples.
usada para ditar a composição das proteínas. lsso envolve dois
processos, a transcrição e a tradução. Em suma, o código do As sequências de DNA codificam proteínas por meio
DNA é transcrito em um RNA mensageiro, que deixa o nú- de processos de transcrição e tradução. Ambos os
cleo para ser traduzido em proteinas. Esse processo, resumido processos envolvem o RNA, uma molécula de fita
na Figura 2-7, é discutido por completo mais adiante nesse simples semelhante ao DNA exceto pelo açúcar
capítulo. A transcrição e a tradução são ambas mediadas pelo ribose, no lugar da desoxirribose, e pela uracila, no
ácido ribonucleico (RNA), Lun tipo de ácido nucleico quimi- lugar da timina.

FIGURA 2-?
Resumo das etapas que levam do DNA às
proteinas. Replicação e transcrição ocorrem
no núcleo da celula. O mFlNa e então
transportado para o citoplasma onde ocone
a tradução do mHNA em uma sequencia de
aminoácidos para geração de uma proteina.

\ Membrana
nuclear l
Puro nuclear l

Proteína
BÍDÍDÇÍE ÚBÍUÍÉI BÊSÍGES ESÍTUHIÍE 8 FUHÇÊD 003 58H65 i5' ÚFDMÚSSGMDS j' ll

Transcrição determinada pela sequência do promotor, a qual orienta a RNA


A transcrição é o processo pelo qual uma sequência de RNA é polimerase em uma direção específica ao longo da sequência
formada a partir de uma fita molde de DNA (Fig- 2-8). O tipo de DNA. Uma vez que a molécula do mRNA só pode ser sin-
de RNA produzido pelo processo de transcrição é um RNA tetizada na direção 5' a 3', o promotor, ao especificar a direção,
mensageiro (mRNA). Para iniciar a transcrição do mRNA, uma determina qual fita de DNA serve como molde. Essa fita molde
das enzimas RNA polimerase (RNA polimerase Il) se liga a uma de DNA também é conhecida como fita antissentido_ A RNA
região promotora no DNA (um promotor é uma sequência de polimerase se move na direção 3' a 5' ao longo da lita molde de
nucleotideos que está próximo e antecedente ao gene)- A RNA DNA, formando a fita complementar de mRNA no sentido 5' a
polimerase então separa Luna porção das fitas de DNA, expon- 3' (Fig. 2-8)- Em razão da complementariedade no pareamento
do as bases do DNA não pareadas. Uma das duas litas fornece de bases, a sequência de nucleotídeos do mRNA é idêntica à lita
a base para a sequência dos nucleotideos do mRNA. Apesar de de DNA que não serviu como molde a fita com sentido
_ _

qualquer lita do DNA poder em principio servir como molde exceto, obviamente, pela substituição da uracilapela timina.
para a síntese do mRNA, apenas uma é escolhida para sê-lo Logo após o inicio da síntese do RNA, a extremidade 5' da mo-
em uma determinada região do cromossomo_ Essa escolha é lécula de RNA crescente recebe um cap pela adição de uma guani-
na quimicamente modilicada. Esse cap 5' aparentementeprotege a

Fitas de DNA Fitas de mRNA molécula de RNA de degradação durante a síntese e depois auxilia
na indicação da posição de inicio para a tradução da molécula de
5' 3' 5
mRNA em proteína. A transcrição oontinua até que um grupo de

: Cltasina l- "°
bases denominado sequência de término é alcançado_ Próximo a
esse ponto, Lima série de 100 a 200 bases de adenina é adicionada ã
É Uraclla i-I extremidade 3' da molécula de RNA. Essa estmtura conhecida como
¡__¡ ~l: cauda poli-A pode estar relacionada com a estabilizaçãoda molé-
Q_- oula de mRNA de Forma que ela não é degradada quando chega ao
citoplasma A RNA polimerase geralmente continua a transcrever
o DNA em milhares de outras bases adicionais, mas as bases do

.sk
'k mRNA que são adicionadasapós a cauda poli-A são eventualmente
perdidas. Finalmente, as Fitas de DNA e a RNA polimerase se sepa-
ram da fita de RNA, deixando Luna lita simples de RNA transerita.
Essa molécula de RNA é denominada transcrito primário.
Em alguns genes humanos, como o que pode causar a distro-
lia muscular de Duchenne, existem vários promotores diferen-
tes que estão localizados em diferentes partes do gene. Assim, a
transcrição do gene pode começar em diferentes locais, resultan-
do na produção de diversas proteínas. Isso pemiite que a mesma
sequência gênica codifique variações de uma proteína em dife-
rentes tecidos (p.ex., tecido muscular versus tecido enceliálico).

Nesse processo de transcrição, a RNA polimerase II se


liga à região promotora próxima à extremidade 5' de um
gene da fita antissentido e, por meio de um pareamento
complementar, auidlia na produção de uma fita de mRNA
a partir da fita antissentido de DNA.

ã RNA
pollmerase
A Transcrição e a Regulaçãoda Expressão Gênica
Alguns genes são transcritos em todas as células do corpo. Esses
genes de manutenção codilicam produtos que são necessários
Nucleotideos para a manutenção da célula e seu metabolismo. A maioria dos
m do RNA genes, entretanto, é transcrita apenas em tecidos específicos e
em determinados momentos. Além disso, na maioria das células,

apenas; uma pequena tração dos genes é transcrita ativamente.


Fita com H Essa especificidadeexplica por que existe uma grande variedade
sentido :P 1_
Fim¡
ant ssa-ntId o de tipos celulares gerando diferentes produtos proteicos, apesar
3' 5' de quase todas as células terem exatamente a mesma sequência
de DNA. Por exemplo, os genes da globina são transcritos em
FIGURA 2-8
Transcrição do DNA em mRNA. à RNA polimerase II se move ao longo da fita células sanguineas vermelhas genitoras (onde eles ajudam a for-
de DNA na direção 3' para 5', fumando uma fita de mRNA com nuclectideos mar a hemoglobina),e os genes de receptores de lipoproteina
complementares à fita molde de DNA. de baixa densidade são transcritos em células hepáticas.
12 r Capitulo? sentença msmo:
Várias proteínas diferentes participam do processo de dores se ligam a uma segunda classe de fatores de transcrição
transcrição. Algtunas delas são necessárias para a transcrição específicos, conhecidos como coatlvadores, que, por sua vez,
de todos os genes, e esses são denominados fatores gerais de se ligam ao complexo de fatores de transcrição gerais descrito

transcrição. Outros, conhecidos como fatores específicos de anteriormente (Fig. 2-9). Essa cadeia de interações, do intensi-
transcrição, têm papéis mais especializados, ativando apenas ñcador para o ativador, para o coativador, para o complexo de
alguns determinados genes em certos estágios do desenvolvi- fatores de transcrição gerais e, finalmente, para o gene em si,
mento. Um elemento transcricional chave é a RNA polimerase aumenta a transcrição de genes específicos em determinados
Il, descrita anteriormente. Apesar de esta enzima apresentar um momentos_ Enquanto os intensilicadores ajudam a aumentar a
papel crucial no início da transcrição ao se ligar ã região pro- atividade transcricional dos genes, outras sequências de DNA,
motora, ela não consegue localizar a região promotora por si conhecidas como silcnciadores, ajudam a reprimir a transcri-
so. Além disso, ela sozinha é incapaz de produzir quantidades ção gênica por meio de Luna série de interações similares_
significativasde mRNA_ A transcrição efetiva requer a interação Mutações nos intensificadores, nos silenciadores ou nas
de um grande complexo de aproximadamente 50 proteinas di- sequências de promotores, bem como as mutações nos genes
ferentes. lsso inclui fatores gerais (basais) de transcrição, que se que codificam os fatores de transcrição, podem levar a uma
ligam à RNA polimerase e a sequências especificas de DNA na expressão com erros em genes vitais e, consequentemente, ge-
região promotora (sequências como TATA e outras necessárias rar doenças genéticas. Vários exemplos de tais doenças são

para o início da transcrição). Os fatores gerais de transcrição discutidos nos capítulos seguintes.
permitem que a RNA polimerase se ligue ã região promotora de
fonna que ela funcione efetivamente na transcrição (Fig. 2-9)- Os fatores de transcrição são necessafrios para a transcrição
A atividade transcricional de genes específicos pode ser do DNA para o mRNA. Os fatores gerais de transcrição são
aumentada significativamente pela interação com sequências usados por todos os genes, e fatores especificos de
denominadas intensificadores (mlmnccrs), as quais podem es- transcrição auxiliamno inicio da transcrição de genes em
tar localizadas milhares de bases antecedentes ou posteriores tipos celulares detenninados e em momentos específicos.
do gene. Os intensificadores não interagem diretamente com A transcrição também é regulada por sequências de
genes. Em vez disso, eles são ligados por Luna classe de fatores intensiiicadores e silenciadores, que podem estar localizados
de transcrição específicos, denominados ativadores. Os ativa- a milharesde bases de distânciado gene transcrito.

lntensificador

\
Biologia Celular Basica: Estrutura e Função dos 63H35 e cromossomos ,t t3

TABEA2-1
Principais Classes de Domínos de Ligação ao DNA Encontrados nos Fatores de Transcrição
EXBMPIOB (i6 DDGIIÇGS Humanas
HeIioe-giro-helice Duas u-helices estão conectadas por uma cadeia curta de aminoá- Proteínas do homeodomlnio (HDX); mutações
cidos, que constituem uma volta_ A helice carhoxiterminal e uma no HDXDTSe HOXA13 geram simpolidactiliae
hélice de reconhecimento que se liga ao sulco maior do DNA sindrome mão-pé-genitais, respectivamente.
HeIioe-giro-helice Duas a-helices (uma curta e uma longa) estão conectadas por urna mutações no gene MtSTcausa a sindrome de
volta flexível_ Essa volta permite que as duas helices se dobram e Saethre-Chotzen(acrocefalossindactiliatipo III)
interajam uma com a outra. As helices podem ligar-se ao DNA ou a
outra estrutura heIice-voIta-helioe
Zinc finger As moléculas de zinco são usadas para estabilizaras estruturas de BHCA? (gene do cancer de mama); M? (tirmor de
aminoácidos (p. ex., or-DÉIÍGBS, folhas p), com ligação da a-helice ao Wilms); GL 13(gene da sindrome de Greig); gene do
sulco maior do DNA receptor da vitamina D (mutações causam raquitismo)
Ziper de Ieucina Duas a-helices ricas em Ieucina são mantidas juntas por cadeias RB¡ (gene do retinoolastoma); oncogenes de JUN
laterais de aminoácidos. As a-helices ionnam uma estrutura em e F05
fomta de Y cuias cadeias laterais se ligam ao sulco maior do DNA
Folhas (3 Cadeias laterais se estendem a partir da dupla fita da folha beta para FamiliaTBM de genes: IBXS (sindrome de Holt-
fonnar contatos com a helioe do DNA Dram); IBXS (sindromeuInar-mamaria)

O grande número e a complexidadedos Fatores de transcrição A atividade gênica também pode estar relacionada com os
permitem uma regulação tina da expressão gênica. Mas como os padrões de enovelamento da cromatina ou condensação (a
Fatores de transcrição localizam sequências die DNA específicas? cromatina é a combinação do DNA e das proteinas historias
lsso é conseguido pelos domínios de ligação ao DNA: configu- ao redor das quais o DNA está enrolado)- Descondensada, ou

rações na proteína do Fator de ttanscriçãt) que permitem que ele aberta, a região da cromatina denominada eucnomatina é tipi-
se encaixe perfeitamente e de Forma estável em uma região única camente caracterizadapela acetilação das historias, a ligação
da dupla hélice do DNA. Vários exemplos desses domínios de de grupos acetil às unidades de lisina nas l-iistonas. A aceti-
ligação estão listados na Tabela 2-1 e a Figura 2- l O ilustra um do-
,
lação das historias reduz a sua ligação ao DNA, ajudando a
mínio de ligação ao DNA. Cada domínio principal possui diver- descondensar a cromatina de Forma que seja mais acessível aos
sas variações que permitem especificidade na ligação ao DNA. fatores de transcrição. A eucromatina é então transcricional-
Um tipo particular de domínio de ligação ao DNA está mente ativa. Diferentemente, a heterocromatina geralmente
presente em uma classe de proteínas denominada grupo de e' menos acetilada, mais condensada e transcricionalmente
alta mobilidade (HCM, de' lJiglJ-mobílítygroup). Essas proteínas inativa.
são capazes de dobrar o DNA e assim facilitara interação de A expressão gênica também pode ser influenciada pelos
intensilicadores distantes um dos outros com fatores basais microRNAs (miRNA), pequenas moléculas de RNA (17-27
apropriados e promotores (Fig. 2-9). nucleotidetrs) que não são traduzidas em proteinas, mas que,
uma vez que são complementares à sequência de mRNA espe-
Os fatores de transcrição contêm domínios de ligação ao cifica, podem ligar-se e regular negativamente esses mRNAs,
DNA que permitem que eles interajam com sequências reduzindo assim seus niveis de expressão.
de DNA específicas. Em alguns casos, eles dobram o
DNA de forma que sequências de intensificadores A heterocromatina, que é ricamente condensada e
distantes possam interagir com genes-alvo. hipoacetilada,tende a ser transcricionalmente inativa,
enquanto a eucmmatina, que é acetiladae menos
Proteína com héIloe-glro-hélioe condensada, tende a ser transcricionalmenteativa.
Recomposição (Spticing) do Gene
O transcrito primário do RNA é exatamente complementar à
sequência de bases do DNA molde. Em eucariontes', um passo
importante acontece antes de o transcrito de RNA deixar o
núcleo. Regiões do RNA são removidas por enzimas nuclea-
res, e as restantes são unidas para formar o mRNA Funcional
que irá migrar para o citoplasma. As sequências retiradas são
denominadas íntrons e as sequências remanescentes, deixadas
para codilicação de proteinas, são conhecidas como éxons

FIHJRA 2-10 'Eucariontes são organismos que possuem uma deiinição nucleica, os praca-
Dominios de ligaçao ao DNA interagem fortemente com a sequencia de DNA_ ñontcs são o oposto, nos quais falta uma definição nucleica.
i4 i capiruioz GENÉTICA MÉDiCA
Região nações serão possíveis mais do que suficiente para determi-
-

nar cada aminoácido. Provas eonclusivas de que aminoácidos


são determinados por essas trineas de bases, ou códons, foram
obtidas pela elaboração de sequências de nucleotídeos sinté-
ticos e permitindo-se que eles formassem polipeptícicos no la-
Transclito primário do mFINA boratório. A correspondência entre os códons especificos e os
aminoácidos, conhecida como código genético, é mos-mada
na Tabela 2-2.
\/ \/ Dos 64 Códons possiveis, três sinalizam o término do gene
sequências consenso
c são conhecidos como oódons de parada (stop codons). São
eles: UAÀ, UCA e UAC_ Os demais 61 códons especificam
aminoácidos. Isso significa que a maioria dos aminoácidos pode
ser especiiicacia por mais de um códon, como mostra a Tabela
2-2. Assim, o código genético é dito redundante. Apesar de um
detenninado aminoácido: poder ser determinado por mais de
um códon, cada códon pode designar apenas um aminoácido.

C3D
meu 2-2
O Código Genético*

CaPI horizonte de ml-'INA maduro

ncmro
FIGURA 2-11
Spiicing gênico. Os introns são removidos com precisão do transcrito primário É
do mFINA para produzir um transcrito de mRNA maduro. As sequências
oonsenso marcam as regiões nas quais o spiioirig acontece.

(Fig. 2-11). Somente após o término desse rearranjo gênico, U


o transcrito maduro sai do núcleo para o citoplasma. Alguns
C
genes contêm regiões de splicing aitemativo, que permite
que o mesmo transcrito seja rearranjado de diferentes formas, C
produzindo diferentes produtos proteicos a partir do mesmo
gene. Erros no spiícing gênico, como erros de replicação, são
C
formas de mutação que podem levar a doenças genéticas. C ÉÉ Ó 5 2'(É

› Os introns são retirados do transcrito primário do mFlNA


antes de o transcrito maduro deixar o núcleo. Os éxons
contêm o mRNA que especifica as pmteínas.
É
É
cb

tb
É
Ew 3°'. É'

O Código Genético É É B_ Ew 3?' CD


As proteínas são compostas de um ou mais polipeptídcos, os Í) FD É É
quais são compostos por sequências de aminoácidos. O corpo
apresenta 20 tipos diferentes de aminoácidos, e essas sequên- Í) FD É É
cias que compõem os polipeptideos devem ser designados de
Í) FD E É'
alguma forma pelo DNA após a transcrição em mRNA.
Uma vez que existem 20 tipos diferentes de aminoácidos Í) CD
eapenas quatro bases de RNA diferentes, uma única base não *Exempiosr UUG á iradinido em ieircina; UAA é um addon de fim; GGG é nadando
poderia ser específica para cada aminoácido. Da mesma for- como giioiria. Em algumas situaçoes, o :addon UGA pode especiiinar um aminoácido
ma, aminoácidos específicos não poderiam ser definidos por chamado seienecisieina que geralmente é denominam o 2?" aminoácido.
duplas de bases (p. ex., adenina seguida da guanina, ou uracila Ara, aianina; Ary, arginina' Asn, asparagrna; Asp, acido aspartico; Grs, cisterna;
seguida de adenina) uma vez que apenas 16 [4 x 4) duplas di- Gin, glutamina; Giu, acido giuiãmico; Gti', giicira' His, nfstidina; iie, isoieiicfna;
ferentes são possíveis. Se houver um arranjo em trinca de bases Lau, ieuaina' Lis, iisina* iiiiet, metionina;Fan, femiaianina; Pro, proiina; Sei; senna;
Teir, naanina; Tip, iriptoiano; Til: irmsirxa; Vai, iraiina.
para tradução em proteínas, entretanto, 64 [4 x 4 x 4) combi-
Aminoácidos individuais, que compõem as proteínas,
são codificados por unidades de três bases de mRlllA,
denominadas oódons. Existem 64 oódons possíveis e apenas
20 aminoácidos, tomando o código genético redundante.

Uma caracteristica importante do código genético é sua


universalidade: praticamente todos os organismos vivos usam
os mesmos códigos de DNA para especificar aminoácidos.

Uma exceção conhecida a essa regra ocorre nm¡ mttocôndrias,


organelas citoplasmáticas essenciais para a respiração celular
(Fig. 2- 1 A mitocôndria apresenta as suas próprias moléculas
de DNA extracelulares. Diversos códons do DNA mitocon-
drial codilicam aminoácidos diferentes dos mesmos códons
nucleares do DNA.

Tradução
A tradução é o processo pelo quai o mRNA age como molde
para a sintese de um polipeptideo- Entretanto, o mRNA não
pode ligar-se diretamente aos aminoácidos. Em vez disso, ele
interage com as moléculas do ÍUQA transportador (tRNA), que
são litas em Forma de trevo com aproximadamente 80 nucleo-
tídeos. Como a Figura 2-12 ilustra, cada molécula de tRNA
apresenta uma região na extremidade 3' para o acoplamentode
Lun aminoácido espedlico por uma ligação covalente. Na ex-

Sítlo de ligação do aminoácido


, Extremldade 3'
Ç
9
*P*
Extremldade 5' 9:1.?
9;?
9 t'
9' 'F
f** E'
@FC
c/Gg* Mu-e-c-Gç"
,u
A-G-e-c-c” u
\A
I ' r n r G i r r "n I
e ..
15 / Capfmía.? GENÉncA MÉDICA
mRNA

FIQUEM 2-1 3
Tradução do mRNA em aninoãcidos. 0 ribossonro se move ao longo da fita do mHNA na diraáo ?para 3'. gerando uma cadeia polipaptldim GTHSGBIIÍB. Massa
axamplo, a sequência da mRNA GUG AGC AAG GGU UCA transformou cinco aminoácidos (Val, ser, Lis, GI¡ e Ser, respactivamante)em um polipaptidan.
COMENTÁRIOCLÍNICO 2-1
L, I Osteagêtresefmperfeitqunranisnnrçãoüemditáriadocofágam
Como o proprio nome diz, a osteogênese im perfeita e uma doença causada Subtipos de Osteogênese Imperfeita
por defeitos na formação dos ossos. Essa disfunção, tambem conhecida
como doença dos ossos frágeis, atinge aproximadamente um em cada
10.000 indivíduos em todos os grupos étnicos.
Aproximadamente 90% dos casos de osteogênese imperfeita são cau- Fragilidade óssea moderada, escleras azuis, perda da
sados por defeitos do colágeno tipo I, o principal componente dos ossos que audição em 50% dos pacientes; estatura normal ou proxima
a normal, poucas deformidades ósseas, dentinogenese
fornece muito da sua estabilidadeestrutural. A função do colágeno nos os-
sos e análoga ao das barras de aço presentes no concreto reforçado. Essa
imperfeita em alguns casos.
e uma analogia pertinente, porque a força tensional das fibras de colágeno Forma mais grave, com extrema fragilidade óssea, deformi-
e bastante equivalente a dos cabos de aço. dades dos ossos longos, femur comprimido; letal no periodo
Quando o colágeno tipo I e fonnado inapropriadamente, os ossos per- pre-natal [a maioria morre de insuficiência respiratoria)
dem a maior parte da sua força e fraturam facilmente. Os pacientes com
osteogênese imperfeita podem sofrer centenas de fraturas, ou apenas al- Fragilidade óssea grave; estatura muito baixa, escleras
gumas, fazendo com que essa doença seja extremamente variavel na sua azuis variaveis, deformidades ósseas progressivas; a
expressão (as razões para essa variabilidadesão discutidas no Capitulo 4). dentinogênese imperfeita e comum
Alem das fraturas nos ossos, os pacientes podem ter baixa estatura, perda
de audição, desenvolvimento precário dos dentes [denti nogãnese irnperfei- Estatura baixa, escleras normais, defomiidade óssea de leve
ta), escleras azuis e varias defomi idades ósseas. A osteogânese imperfeita a moderada; perda auditiva em alguns pacientes, dentinogenese
era tradicionalmenteclassificada em quatro grandes tipos; tres tipos adicio- imperfeita e comum; fragilidade óssea e variável
nais foram recentemente incluidos. #ainda não existe cura para essa doen-
ça, e o controle consiste primariamente na reparação das fraturas e, em Semelhante ao tipo IV, mas inclui a calcificação das
alguns casos, no uso de suportes osseos internos e externos fp. ex., pinos membranasinterosseas do antebraço, deslocamento
implantados cinirgimmente). Outros tratamentos incluem a administração radial da cabeça e formação de calo hiperplástico
de bisfosfonatos, para diminuir a reabsorção óssea, e de hormônio do cres-
cimento, para auxiliar no desenvolvimento. A reabilitação fisica também e Mais fraturas do que o tipo IV; incluindo fraturas por
um papel importante no tratamento clínico. compressão vertebral; não há dentinogenese imperfeita
Escleras brancas_ deformidades precoces dos membros
inferiores, fraturas congênitas, osteopenia
Gs ttpos HV são causadospelas mutações nos dois genes que ::modificam a oro-
refna colágeno tipo f; os tipos lf- Wi !em sido identificados com base na histologia
óssea distinta.

A, Natimorto com osteogênese imperfeita tipo II (forma perinatal letal). O bebê apresentava a mutação no procolágeno tipo | e membros curtos e ligeiramente torci-
dos. B, Radiografia de urn bebê corn a osteogênese imperfeita tipo II. Note que há fraturas nas costelas, que são obsenráveis como grânulos nas mstelas (setas).

Contihuá
ra x caprmroz GENÉTICA MÉDICA

0 colágeno tipo I e umaproteina (i


tnmérica e., com tres subunidades)
com uma estrutura em tripla hélice. Eia á fomtada apartir de um precursor
proteico, prooolágeno tipo
o 1. Duas das trás subunidades do prooolágeno
tipo1, classificadas como cadeias pro-ai (ij, são codificadas por um gene
BÍDÍDÇÍE ÚEÍUÍÉJ' BÊSÍCES ESÍTUHIÍE 8 FUNÇÃO 00.5' 58H65 E CFDHPGSSGMOS g" 1.9

Sitio de inicio
Regih da transcrição
lntenslflcadora
de regulação
da transcrição Promotor/ Éxon lntron Éxon
Região de
adição poll-A
°"^
Exlremldade 5' Extremldade 3' ¡ ¡ l
(amecedente) Região não Região não (°°*“°"°')
codllloante 5' ocidlflcame 3'
HGURA 2-14
Detalhes da estrutura do gene, mostrando o promotor e as sequências tie regulação anteoeoentes (indutores) e a região de adição poli-A.

como sequências de consenso (assim denominadas por serem Tipos de DNA


comuns em todos os organismos euicariontes), que estão situa- Apesar de a maior ênfase em genética ser dada para o DNA
das adjacentes a cada éxon. que codiFica proteinas, apenas 34 milhões (1%) dos 3 bilhões
Uma vez que a maioria dos genes eucariontes é composta de pares de nucleotideos no genoma humano realmente apre-
principalmente por íntrons, é natural se perguntar se os in- sentam esse papel. Outros 21 milhões de nucleotídeos são
trons podem apresentar alguma Função. Por enquanto, isso transcritos em mRNA que não são traduzidos em proteínas.
ainda é matéria de especulação. Urna hipótese interessante é A maior parte do nosso material genético não apresenta uma
que os íntrons, aumentando os genes, encorajam o embaralha- Função conhecida. Para melhor entender a natureza de todos
mento dos genes quando os cromossomos homólogos trocam os tipos de DNA, revisarnos rapidamente as várias categorias
o material durante a meiose (Ver discussão adiante)- Tem-se em que ele é classilicado (Fig. 2-15)-

sugerido também que os introns evoluíram para modificar a A primeira classe de DNA, e a mais importante, é de-
quantidade de tempo necessária para a transcrição e para a nominada DNA de cópia única. Como o nome diz, as se-
replicação do DNA. quências do DNA de cópia única só são vistas uma vez (ou
possivelmente poucas vezes] no genoma. O DNA de cópia
única forma aproximadamente 45% do genoma e inclui os ge-

› A estrutura íntron-éxon é a característica-chave da


maioria dos genes eucariontes. A função dos íntrons, se
alguma, ainda é desconhecida.
nes codilieantes de proteínas- Entretanto, o DNA codilicante
de proteina representa apenas uma pequena tração de todo o
DNA de copia única, sendo a maioria encontrada em introns
ou em sequências de DNA que estão entre os genes.
Os 5 5% restantes do genoma consistem em DNA repetitivo,
Surpreendentemente, alguns íntrons contêm genes trans- sequências que são repetidas várias e várias 'vezes no genoma,
critos que aparentemente não estão relacionados com o gene geralmente milhares de vezes. Existem duas grandes classes de
no qual os introns estão inseridos. Por exemplo, os introns do DNA repetitivo: DNA !repetitivo disperso e o DNA satélite. As
gene da neuroufibromatose humana tipo 1 (NF i) apresenta três repetições de satélites são agrupadas em determinadas regiões
genes que são transcritos na direção oposta ã do gene NF l em do cromossomo, onde eles (MJDTTCTN En fundou [ie, o início de uma
si. Esses genes parecem não ter uma relação: funcional com o repetição ocorre imediatamente adjacente ao fim de outra). As
gene NFI. lnsertos gênicos semelhantes tem sido encontrados repetições dispersas, como o nome sugere, tendem a estar espa-
dentro do gem: do fator VIII (F8) no cromossomo X humano. lhadas unicamente pelo genoma,- elas não ocorrem em tandem.

FIGURA 2-15
sequências de DNA de cópia simples são
únicas e estao espalhadas pelo genoma. As
DNA de cópia simples (45%)
sequências de DNA satelite são elementos
repetitivos que ooorrem juntos em grupos. As
repetições dispersas são semelhantes uma a
outra, mas não se unem.
DNA repetitivo disperso (45%)

DNA satélite (10%)


20 r caprruroz carecas MÉDICA
O termo satílitz é usado porque essas sequências, em razão da
suacomptrsição,podem ser Facilmenteseparadasporcentrifugação
em um gradiente de densidade de cloreto de césio. O DNA apare-
ce como um satélite, separado do restante do DNA no gradiente.
Esse termo não deve ser coniLmdido com os satélites que podem
ser observados microsoopicamente em detenninados cromosso-
mos (Capitulo 6). O DNA satélite representa aproximadamente
10% do genoma e pode ser subdividido em diversas categorias.
0 DNA satélite-ct (JCUTTEcomo repetições em tandem de uma se-
quência de 171 pb que podem estender-se a milhares de pares de
bases ou mais. Esse tipo de DNA satélite é encontrado próximo
aos centrômenJs dos cromossomos. Os minissatélites são blocos
de repetições em tandem (cada mn de 14 a 500 pb de extensão)
cujo tamanho total e' bem menor, geralmente alguns poucos mi-
lhões de pares de bases. Os micro/satélites, uma categoria final,
são ainda menores: as unidades de repetição tem de 1 a 13 pb de
tamanho, e o tamanho total do arranjo e geralmente menor do
que algumas poucas centenas de pares de bases. Os minissatelites
ou micros-satélites são de interesse especial na genética humana
Luna vez que eles variam em tamanho entre os indivíduos, o que
os toma extremamente úteis para o mapeamento gênioo (Capi-

tulo 8). Um minissatélite ou microssatélite é encontrado em Lun


frequência média de um por !kb no genoma lnunano,juntos, eles
representam em tomo de 3% do genoma.
O DNA repetitivo disperso é responsável por aproximada-
mente 4596 do genoma, e essas repetições caem em diversas
grandes categorias. As duas categorias mais comuns são os ele-
mentos curtos intercalados [sigla em inglês SlNEs) e elementos
longos intercalados (sigla em inglês
Biologia Celular Básloa; Estrutura a Função dos Gorros e cromossomos r .21

em menos de 10 horas. Outras c*e"lLrlas como aquelas do ligado, Durante a anáfase, o próximo estágio mitótico, o centrô-
podem dividir, se cerca de uma vez a cada ano. Alguns tipos ce- mero de cada cromossomo se divide, permitindo que as cro-

lulares, como as células do músculo esqueletico e neurônios, per- mátides se separem. As cromátides são então puxadas pelas
dem significativamentea sua habilidadepara se dividir e replicar fibras do Fuso, primeiro o centrômero, para as direções opostas
em adultos. Apesar de todos os estágios do ciclo celular terem da célula. No lim da anállase, a célula apresenta 92 cromos-
alguma variação da duração, a maioria das variações é decorrente somos separados, metade em uma extremidade da célula e a
de diferençasna duração da fase GI Quando as (sólidas param de
.
outra metade na outra extremidade. Se tudo correr bem_, os
se dividir por um longo período, são consideradas na fase GO. dois grupos de cromossomos são iguais.
Po; células se dividem em resposta a sinais internos e exter- A telófase, o último estágio da mitose, é caracterizada pela
nos. Antes das células entrarem em mitose, por exemplo, a re- Formação de uma nova membrana nuclear em torno dos dois
plicação do DNA deve ser exata e completa e a célula deve ter grupos de 46 cromossomos. Além disso, as libras do luso de-
alcançado o tamanho apropriado. A célula deve responder a saparecem e os cromossomos começam a se descondensar. A
estim ulos extracelulares que requerem aumento ou diminuição citocinese geralmente acontece após a divisão nuclear e resulta
das taxas de divisão. As interações moleculares complexas me- em uma divisão do citoplasma em duas partes quase iguais.
deiam essa regulação. Dentre as moléculas mais importantes Com o tim da telótase, duas células Íilhas diploides, idênticas
envolvidas estão as quinases dependentes de clclina (CDKs), ã célula original, são formadas.
uma Familia de quinauees que Fostorilam outras proteinas regu-
latórias em estágios-chave do ciclo celular. Para executar essas A mitose é um processo pelo qual duas células tilhas
funções, as CDKs devem formar complexos com várias cicli- diploides são formadas a partir de uma única célula
nas, proteinas que são sintetizadas em estágios especificos do diploide.
ciclo celular e que são degradadas quando a ação da CDK não
é mais necessária. As ciclinzu¡ e CDKs, bem como várias pro-
teinas que interagem com elas, são objeto de intenso estudo Melase
em razão do seu papel vital no ciclo celular e porque seu mal Quando um ovócito e um espermatozoide se unem para For-
Funcionamento pode levar ao câncer [Capitulo 1 l ). mar um zigoto, os seus cromossomos são combinadosem urna
única célula. Como os humanos são organismos diploides,
devem conter um mecanismo parareduzir o número de cro-
A duração do ciclo celular varia em diferentes tipos mossomos nos gametas até o estado haploide. De outra forma,
celulares. As CDKs são a chave para a regulação do ciclo o zigott) teria 92, em vez de 46 cromossomos- Õ mecanismo
celular, as quais fosforilam outras proteinas e ciclinas. primário pelo qual os gametas haploides são formados a partir
que formam complexos com as CDKs. Uma regulação de um precursor diploide se chama meiose.
deficiente do ciclo celular pode levar ao câncer. As duas divisões celulares ocorrem durante a meiose. Cada
divisão meiótica toi dividida em estágios com os mesrnos no-
mes dados ã mitose, mas os processos envolvidos em alguns dos

Apesar de a mitose geralmente precisar de apenas l a 2 horas estágios são um pouco diferentes (Fig. 2-18). Durante a meiose
para se completar, essa parte do ciclo celular envolve vários l, geralmente denominada divisão reducional, duas células ha-
processos críticos e complexos. A mitose e' dividida em di- ploides são formadas a partir de uma célula diploide. Essas célu-
versas Fases (Fig. 2-17). Durante a prótese, o primeiro está- las diploides são a ovogônia em Fêmeas e a espermatogônia em
gio mitótico, os cromossomos se tornam visíveis sob luz do
a machos. Após a meiose l, ocorre Luna segunda meiose, a divisão
microscópio à medida que eles condensam e se
se enovelam equacional, durante a qual cada célula haploide é replicada.
(cromossomos não são claramente visíveis durante a intértase). Ó primeiro estágio do ciclo celular meiótico é a intérfase l,
As duas cromátides innãs de cada cromossomo Ficam juntas, durante a qual acontecem processos importantes, como a re-
ligadas por um ponto denominado centrômem. A membrana plicação do DNA cromossõmico. A segunda fase da meiose l,
nuclear, que envolve o núcleo, desaparece durante esse está- a prófase l, e' um pouco complexa e inclui vários dos eventos,

gio. As fibras do fuso começam a se Formar, irradiando dos chave que distinguem a meiose da mitose_ A prótase l se inicia
dois centríolos localizados em lados opostos da célula. As li- com a condensação e helicoidização da cromatina, tornando-as
bras do fuso se ligam ao centrômero de cada cromossomo e visualizãveis como cromossomos. Durante o processo de
puxam as duas cromátides irmãs em direções opostas. sinapse, os cromossomos homólogos se paream, lado a lado,
Os cromossomos atingem o seu estado mais condensado ficando juntos em um perfeito alinhamento (em machos, os cro-
durante a metáfase, o estágio seguinte da mitose. Por eles es- mossomos X e Y, em grande parte não homólogos, se alinham
tarem bastante condensados, são mais facilmentevisualizáveis nas extremidades). Esse pareamento dos cromossomos homô-

microscopicamente durante essa fase. Por essa razão, o diag- logos é uma Fase importante do ciclo celular que não ocorre
nóstico clínico dos distúrbios cromossômicos geralmente é na mitose. À medida que a prótase l continua, as cromãtides
embasado nos cromossomos em metátase. Durante a metátase, dos dois cromossomos se entrelaçam- Cada par de cromos-
as libras do Fuso começam a se contrair e puxar os centrôme- somos homólogos entrelaçados é bivalente (indicando dois

ros dos cromossomos, que estão localizados no meio do tuso cromossomos na unidade) ou tetravalente (indicando quatro

(plano equatorial da célula). cromossomos na unidade).


22 / Capfmioá' GENÉHCA MÉDICA

Membrana
nuclear
Membrana

lntàrlasa citoplasma

Fbras do
fuso bholares

Gentrõmero

Células !ilhas Pólos do fuso

Promotáfasa

Mlcrotúbulo
Cromátlde

FIGURA 2-1 7
Os estágios da mítose, durante os quais duas células diploidas idênticas são formadas a partir de uma celula diploide original.

Uma segunda característica-chave da prófase l é a formação Além disso, como discutido no Capítulo 8, esse fenômeno é
de quiasmas, estruturas em forma de X que marcam o acopla- bastante importante ao inferir a ordem dos genes ao longo dos
mento entre cromossomos homólogos (Fig. 2-19). Cada quias- cromossomos. Ao final da prófase l, os bivalentes começam a se
ma indica um ponto no qual os cromossomos homólogos trocam mover para o plano equatorial, o aparato do fuso começa a se
material genético. Esse processo, conhecido como Crossing- formar no citoplasma e a membrananuclear se dissipa.
over, produz cromossomos que consistem em combinações de A metáfase I é o próximo estágio. Como na metáfase mi-
partes dos cromossomos originais. Essa troca cromossômica é tótica, esse estágio é caracterizado pela finalização do fuso e
importante porque aumenta significativamente a possibilidade pelo alinhamento dos bivalentes, que ainda estao ligados em
de combinações de genes em cada gameta e, assim, aumenta o quiasmas, no plano equatorial. Os dois centrômeros de cada
número de combinações possiveis nas características humanas. bivalente permanecem em lados opostos do plano equatorial.
Biologia Celular Básica' .Estrutura e Função dos Bones e cromossomos ,f 23
naum2-18
Estágios da meiose, durante a qual os gametas
haploides são formados a partir de uma celula
diploide. Por quesmo de síntese, a protase II a a
telófase II não são mostradas. Observe a relação
entre a meiose e a espermatogenese
ea ovocitogênese.
Matata» l

Talófasa l

Ovócfto e glóbulospolares
Espermárfdes de
tamanho semelhante

DLrrante a anáfase I, os quiasmas desapareceu¡ e os cromos- somos se deselicoidizam ligeiramente, e uma nova mem-
somos homólogos são puxados pelas Fibras do luso em direção brana nuclear começa a se formar. Cada célula Filha contém
aos pólos opostos da célula. A característica-chave dessa Fase um número haploide de cromossomos, e cada cromossomo
é que, diferentemente da Fase correspondente na mitose, os apresenta duas cromátides irmãs. Em humanos, a citocinese
centrômeros não se duplicam e dividem, de Penna que apenas também ocorre durante essa fase. O citoplasma é dividido
metade do número inicial de cromossomos migra para cada de forma quase igual entre as duas células ñlhas nos gametas
pólo. Os cromossomos que migram para cada pólo consistem formados em machos. Naqueles formados em fêmeas, apro-
em um membro de cada par de autossomos e um dos cromos- ximadamente todo o citoplasma vai para Luna única célula
somos sexuais. Hlha, que depois formará o ovócito. A outra célula filha se
A próxima etapa, a telófase l, começa quando o cromos- torna um glóbulo polar, uma célula pequena e não funcional
somo atinge os lados opostos de cada célula. Os cromos- que se degenera.
24 r caprruroz GENÉTICA MÉDICA
cromossomos homólogos

Materno Paterno
\ Centrõmero

Cromátides Cromátides
irmãs irmãs

Crossing-overentre
os cromossomos
homólogos
Qulasma

Resultado do
Crossing-over
Bioiogia Ceiuiar Básica: Estrutura e Função dos Gentes e cromossomos r .25

tecundadr) por um espennatozoide- Se isso ocorrer, Lun óvulo Na ovocitogênese, o óvulo haploide e três corpúsculos
maduro contendo o citoplasma e outro glóbulo polar haploi- polares são produzidos por meiose a partir de uma
de são produzidos. Os glóbulos polares podem desintegrar-se. ovogõnia diploide. Diferentemente da espermatogênese,
Cerca de uma hora após a fecundação, o núcleo do espennato- que continua pela vida do macho adulto, a primeira fase
zoide e do óvulo se fundem, formando um zigoto diploide. O da ovocitogênese é completada antes de a fêmea nascer;
zigoto então começa o seu desenvolvimento em um embrião a ovocitogênese é então interrompida até que ocorra a
por meio de divisões mitóticas em série. ovulação.

Questões para Estudo

1. Considere a seguinte sequência de DNA bifilamentar: apenas 1096 do DNA codificante oodifica proteínas
ativamente. Explique essas asscttivas.
5'- CAC AAG AAA ATT AAC ATC- TAA-B'
4. Quais as principais diferenças entre a mitose e a
3'- CTC TTC TTT TAA TTC TAC ATT-5'
meiose?
Se o filamentodc baixo servir como molde, qual é a
5. O corpo humano contém aproximadamente
sequência do mRNA produzida pela transcrição dessa 10" células. Iniciando-se com um zigoto de uma
sequência de DNA? Qual e a sequência de aminoácidos única célula, quantas divisões mitóticas, em média,
produzida pela tradução da sequência de mRNA? seriam necessárias para produzir esse número de
2. Orden: os seguintes termos de acordo com a sua células?
relação hierárquica: genes, cromossomos, exons, 6. Quantos espermatozoides maduros serão formados
códons, nucleotideos, genoma. a partir de 100 espermatócitos primários? Quantos
3. Menos de 5% do DNA humano codjlica proteinas. óvulos maduros serão formados a partir de 100
Além disso, em um determinado tipo celular, ovócitos primários?

Leituras sugeridas Lemon B, Tjian R. Orchestrated response: A symphony


Alherts B, Johnson A, Lewis), et al. Molecular Biology of the ot transcription factors tor gene control. Cenes Dev
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n

.
-F
'h
I
VARIAÇÃO GENÉT|CA: SUAVR
r

Os humanos exibem uma quantidade substancial de va-


seres um locus podem mascarar aqueles de um outro alelo no mes-
riação genética. lsso se reHete em traços como altura_, pressão mo lotrus. Ele realizou cruzamentos (reproduções) entre pés de

sanguínea e cor da pele- incluídos no espectro da variação ervilha bomozigotos para um alelo "alto"
genética estão estados patológicos, como a fibrose cística ou
a neurotibromatose do tipo l (Capítulo 4). Este aspecto da

variação genética constitui o toco da genética médica.


Toda a variação genética se origina em um processo conhe-
cido como mutação, que é deiinido como uma alteração da
sequência de DNA. As mutações podem afetar ou as células da
linhagem germinativa (células que produzem gametasí) ou as
células somáticas (todas as células outras que não as da linha-
gem genninativa). As mutações das células somáticas podem
levar ao câncer, sendo, portanto, motivo de grande preocu-
pação. No entanto, este capítulo é principalmente dirigido às
mutações da linhagem germinativa, uma vez que estas podem
ser transmitidas de Luna geração para a seguinte.
Como resultado das mutações, LI.|T1 gene pode diferir entre
os individuos ern termos de sequência de DNA. As sequências

divergentes também são denominadasalelos. A localização de


um gene em um cromossomo é denominada locus (termo em
Latim que significa "local"). Por exemplo, pode-se dizer que
urna pessoa possui um certo alelo no locus da B-globina no

cromossomo I l. Se uma pessoa possuir o mesmo alelo em am-


bos os membros do par cromossômico, ela será denominada
homozigota. Se os alelos diierirem na sequência de DNA, a
pessoa será heterozigota- Ús alelos que estão presentes em um
dado locus constituem o genótipo do indivíduo.
Em genética humana, o termo tarifação foi Frequentemente
reservado para alterações de sequências de DNA que provocam
doenças genéticas e que, consequentemente, são relativamente
raras. As variantes da sequência de DNA mais comuns nas po-

pulações (í. e. nas quais dois ou mais alelos em um locus apresen-


,

tam_, cada um, frequências que excedem 1%) são denominadas


polimórficas Úmuitas iormasTl. Estes Joc¡ (plural de locus) são
denominados polimorlismos, embora atualmente os alelos que
apresentam uma frequência de menos de 1% sejam, com fre-
quência, da mesma Íonna denominados polimorlisrnos. Muitos
polimorliismos são atualmente conhecidos por intiluenciarem os
riscos de doenças complexas, comuns, como diabetes e doença
cardíaca (Capitulo: I 2], de modo que a distinção entre mutação
e polimorlismt) se tomou cada vez mais imprecisa.
Uma das importantes contribuições de Gregor Nlendel
para a genética toi demonstrar que os efeitos de um alelo em
Variação Genérica: sua Origem e Berman ,f .27

Genltor e constituem a matéria do Capitulo 6. Aqui, o foco está nas mu-


tações que afetam apenas genes únicos e que não são microscopi-
camente observáveis. A maior parte da nossa discussão se centra
em mutações que ocorrem na codificação do DNA ou nas sequ-
ências regulatõnas, uma vez que as mutações que ocorrem em
outras partes do genoma não possuem consequências clínicas.
Um importante tipo de mutação de gene único é a subs-
titujção de pares de bases, na qual um par de bases é substi-
tuído por um outro*. Isso pode resultar em uma alteração da

Genitor sequência de aminoácidos. Contudo, devido à redundância


do código genético, muitas dessas mutações não alteram a se-
quência de aminoácidos, não tendo, portanto, consequência.
Essas mutações são denominadas substituições silenciosas. As
substituições de pares de bases que alteram os aminoácidos
consistem em dois tipos básicos: mutações em sentido incor-
FIGURA 3-2 reto, que produzem uma alteração em um único aminoácido, e
Quadrado de Punnett ilustrando o cruzamento entre dois heterozigotos Hh. mutações sem sentido, que produzem um dos três códons de
parada (UAA, UAG, ou UCA) no RNA mensageiro (mRNA)
Neste capítulo, nós examinaremos a mutação como fon- (Fig- 3-3)- Uma vez que os códons de parada finalizam a tra-
te de variação genética. Discutiremos os tipos de mutação, as dução do mRNA, as mutações sem sentido resultam em um
causas e consequências da mutação e as técnicas bioquímicas ténnino prematuro da cadeia polipeptídica. inversamente, se
e moleculares que são atualmente empregadas para detectar a um cõdon de parada For alterado, de modo que ele venha a

variação genética em populações humanas. codificar um aminoácido, um polipeptídio anormalmente


alongado pode ser produzido_ As alterações das sequências
MUTAÇÃO: A FONTE DA VARIAÇÃO GENÉTICA
Tlpns de Mutação *Em genética molecular, as substituições de pares de bases também são deno-
Algumas mutações consistem em uma alteração no número ou na minadas mutações de punto. No entanto, "mutação de ponto" foi a expressão
estrutura dos cromossomos em Luna célula. Essas principais ano- empregada em genética clássica para denotar qualquer mutação pequena o
suficiente para não ser observáI-'el ao microscópio.
malias cromossôrmicas podem ser observadas microscopicamente

Dlutnonrnl) Dmtnonnel)

mmilltnonml) mnmtnnrmel)

É?! j?) 4,1¡ m¡ 4,21


Pollpepíídoo Ala lIa Ser Tlr Fer¡ Polpaptldon Ala Ile ser TIr Fan

"massa i “Ê umaÇ a
053d: A C
T por G
tv

DNA DHÀ

mRNA
mRNA

Pollpeptldon Ala lIa ser Tlr Fan


Polpaptldon Ala Ile Ser (códon de r

A parada)
B
FIGURA3-3
Substituição de pares de bases. As mutações de sentido incorreto (A) produzem a adoração de um único aminoácido, enquanto as mutações em sentido
(B) produzem um codon de parada no mHNA Ds codons de parada finalizam a tradução do polipeptrdio.
23 r caprruroa GENÉTICA MÉDICA
de aminoácidos podem ter profundas consequências, e muitas 1,5 milhão de pb em uma cópia do cromossomo 17_ Como
das graves doenças genéticas discutidas mais adiante resultam resultado, eles possuem três, eI11 vez de duas, cópias dos genes
dessas alterações. dessa região. Um desses genes, o PMP22, codi fica um compo-
Um segundo importante tipo de mutação consiste nas dele- nente da mielina periférica. A quantidade aumentada do pro-
çõcs ou inserções de um ou mais pares de bases. Essas mutações, duto genético contribui para a desmielinizaçãt) característica
que podem resultar em aminoácidos excedentes ou ausentes em dessa Fomia do distúrbio. Curiosamente, a deleção dessa mes-
uma proteína, frequentemente são prejudiciais. Um exemplo ma região produz uma doença distinta, a neuropatia hereditá-
desse tipo de mutação é a deleção de 3 pb que e' encontrada na ria, com suscetibilidade à paralisia por pressão- Uma vez que
maior parte das pessoas com fibrose cística (Capitulo 4). As de- uma redução (até 50%) ou um aumento (até 150%] do produto
leções e inserções tendem a ser especialmente nocivas quando genético produzem a doença, diz-se que este gene exibe sen-
o número de pares ausentes ou excedentes não e' Lun múltiplo sibilidadeà dosagem- As mutações do próprio PMP22 podem
de tres. Uma vez que os códons consistem em grupos de três produzir ainda uma outra doença: a sindrome de Dejerine-
pares de bases, estas inserções ou deleções podem alterar todos Sottas, que se caracterizapor fraqueza muscular distal, alterações
os códons subsequentes. Esta é uma mutação da matriz de lei- sensor¡ ais, atrolia muscular e raízes nervosas aLurientadas.
tura, ou franreshift (Fig. 3-4). Por exemplo, a inserção de uma Outros tipos de mutação podem alterar a regulação da
única base (Luna A no segundo códon] converte a sequência transcrição ou da tradução. Uma mutação do promotor pode
de DNA lida como SÍACT CAT TCC CTT-B' para 5'-ACT reduzir a afinidade da RNA polimerase para um sítio promo-
CAA TTC CCT-B'. isso altera a sequência de aminoácidos de tor, l-Tequentemente resultando na redução da produção de
Tre-Asp-Cis-Valpara Tre-Clu-Leu-Arg.Muitas vezes, uma mu- mRNA, diminuindo, assim, a produção de uma proteína. As
tação frameslnrjft produz um códon de parada abaixo da inserção mutações dos genes dos fatores de transcrição ou de sequên-
ou da deleção, resultando em mn polipeptídio truncado. cias intensificadoras podem ter resultados semelhantes.
Em uma escala maior, as duplicações de genes inteiros tam- As mutações também podem interferir na recomposição
bém podem levar a uma doença genética- Um bom exemplo é de Íntrons à medida que o mRNA maduro é formado a partir
a doença de Charcot-Marie-Tooth.Este distúrbio, que recebeu do transcrito primário do mRNA. As mutações nos sítios de
o nome dos três médicos que o descreveram há um século, é recomposição, aquelas que ocorrem nos limites intron-éxon,
Luna doença do sistema nervoso periférico que leva à atroiia alteram o sinal de junção necessário para a correta excisão de
progressiva dos músculos distais dos membros. Ele afeta apro- um fntron. As mutações nos sítios de junção podem ocorrer na
ximadamente Luna em cada 2.500 pessoas e existe em várias mesma sequência CT que deline o sítio de junção 5' (o sítio
Fomias diferentes. Cerca de 70% dos pacientes que apresen- doador) ou na sequência AC que define o sitio de junção 3'
tam a fomia mais comum (tipo IA] exibem uma duplicação de (o sítio aceptor). Elas também podem ocorrer nas sequências
que se situam nas proximidades dos sitios doador e aceptor.
Quando tais mutações (Jcorrem, a excisão muitas vezes e feita
no interior do éxon seguinte, em um sítio de junção localiza-
do no éxon. Esses sitios de junção, cujas sequências de DNA
DNA (normal)
diferem ligeiramente daquelas dos sitios de junção normais,
normalmente não são utilizados, permanecendo escondidos
dentro do exon. Desse modo, eles são denominados sítios de
junção ocultos. Ó uso de um sitio oculto para a junção resulta
mRHA (normal) na deleção parcial de um éxon ou, em outros casos, na dele-

ção de um éxon inteiro. Como a Figura 3-5 mostra, as muta-


ções dos sítios de junção também podem resultar na inclusão
Pollpnptídeo Ala Ile Ser Tlr Fan anormal de parte ou de todo um fntron no mRNA maduro_
A C Inserido
Finalmente, Luna mutação pode ocorrer em um sitio de junção
Mutação
fmmsshm T
e
G oculto, Fazendo com que ele pareça um sitio de junção normal,
j competindo, assim, com o sitio de junção normal_
Diversos tipos de sequências de DNA são capazes de pro-
pagar cópias de si mesmas,- essas cópias são, então, inseridas em
outras localizações nos cromossomos (os exemplos incluem as
repetições LINE eAIu, discutidas no Capítulo 2). Estas inserções
podem provocar mutações frameslarjft. A inserção de elementos
móveis demonstrou provocar casos isolados de neurolibroma-
tose do tipo 1, distroiia muscular de Ducbenne, B-talassemia,
câncer de mama familial, polipose familial (câncer de cólon) e
w @ça 4;¡ #ça ;.11
Pollpnptídeo Ala Ile Gln Ala Tra bemoliliaA e B (distúrbios da coagulação) em seres bLunanos.
O tipo final de mutação a ser considerado aqui afeta as
HGURA 3-4
As mutações frameshffrümudançade matrizde leitura) resultam da adição ou sequências de DNA repetidas em tandem (Capitulo 2) que
da delação de um numero de bases que não e um múltiplo de tres. Isso altera ocorrem no interior ou próximo a certos genes relacicmados
todos os códons subsequentes a partir do sítio da inserção ou da delação. a doenças. As unidades repetidas geralmente são de 3 pb de
Variação Genética- sua Origem e Detecção / 29

naum3-5
Junção A, Junção normal. B, Mutação no sitio de junção.
normal A sequencia doadora, GT, e substituída por AT.
Éxont lntroni Éxon2 Íntron2 Éxon 3 Isso resulta em uma junção incorreta que deixa
lãlâ í_m parte do lntton no transcrito maduro do mRNA.
Em um outro exemplo de mutação do sitio de junção
(c), um segundo sitio doador GT e criado no interior
do primeiro Intron, resultando em uma combinação

-
de produtos mHNA anormal e normalmente unidos.
[ÉJED

ltiítií-í
l
l<1l|3 í-m

10155) GTTGGGHA _ _-

A sequência pode
C ou não se unlr aqui

comprimento, de modo que um exemplo típico seria CAC.- Consequências moleculares da Mutação
CAG-CAG. Uma pessoa normal possui um número relativa- É útil pensar nas mutações em termos dos seus efeitos sobre o
mente pequeno dessas repetições em tandem (p. ex., IO a 30 produto proteico. Em linhas gerais, as mutações podem pro-
elementos CAC consecutivos) em uma localização cromos- duzir um ganho de função ou uma perda de função do pro-
sômica especifica. Ocasionalmente, o número de repetições duto proteico (Fig- 3-6). As mutações com ganho de função
aumenta durante a meiose ou possivelmente durante o desen- ocasionalmente resultam em um produto proteico completa-
volvimento fetal precoce, de modo que um neonato poderá mente novo. Mais comumente, elas resultam no excesso de
ter centenas ou mesmo milhares de repetições em tandem. A expressão do produto ou na sua expressão inadequada (i. e-, no
ocorrência disso em certas regiões do genoma provoca doença tecido errado ou no estágio errado do desenvolvimento)- As
genética. Assim como em outras mutações, essas repetições mutações com ganho de função produzem distúrbios domi-
expandidas podem ser transmitidas para a prole do paciente. nantes. A doença de Charcot-Marie-Tooth pode resultar do
Mais de uma dúzia de doenças genéticas são reconhecidamen- excesso de expressão do produto proteico, sendo considerada
te provocadas por repetições expandidas (Capitulo 4). Luna mutação corn ganho de função. A doença de Huntington,
discutida no Capitulo 4, é um outro exemplo.
As mutações são a fonte definitiva da variação genética. As mutações com perda de função são frequentemente ob-
Algumas mutações resultam em doença genética, mas servadas nas doenças recessivas. Nessas doenças, a mutação
a maioria não tem efeitos físicos. Os principais tipos de resulta na perda de 5096 do produto proteico (p. ex., uma en-
mutação são as de sentido incometo, as sem sentido, as zima metabólica), mas os 50% que restam são suficientes para
mudanças de matriz de leitura, as mutações do promotor a função normal. Desse modo, o heterozigoto não é afetado,
e dos sitios de junção. As mutações também podem ser mas o homozigoto, possuindo pouco ou nenhum produto pro-
provocadas pela inserção aleatória de elementos móveis, teico, é afetado. Em alguns casos, contudo, 50% do produ-
e algumas doenças genéticas são reconhecidamente to proteico do gene não são suficientes para a função normal
provocadas por repetições expandidas. (haploinsuñciência) e um distúrbio dominante pode resultar.
3o r Capitulo 3 GENÉTICA MÉDICA
HGURA 3-6
A, As mutações com ganho de função produzem um novo produto
proteico ou um aumentoda quantidade do produto proteico.
B, As mutações com perda de funçao reduzem a quantidade do
produto proteico. G, As mutações negativas dominantes produzem
uma proteina anormal que interfere no produto proteico, que de
outro modo seria nonnal, do aleio nonnai em um heterozigoto.
A mutação com ganho de função produz
um produto proteico novo ou em excesso

Aieio 1

Aieio 2

A mutação com perda de função reduz


ou elimina o produto proteico

Aieio f

Aieio 2

A mutação negativa dominante (ale-Io 2) produz


um produto proteico anormal que interfere no
C produto proteico normal produzido pelo aielo 1

A haploinsuticiência é observada, por exemplo, no distúrbio Consequências Clínicas da Mutação:


autossômico dominante conhecido como hipercolesterole- Os distúrbios da Hemogioitlna
mia familial (Capítulo i2). Nessa doença, uma única cópia da Os distúrbios genéticos da hemoglobina humana constituem
mutação (heterozigose) reduz o número de receptores para as o grupo mais comum de distúrbios de gene único. Estima-se

iipoproteinas de baixa densidade (LDL) em 50%. Os niveis de que 7% da população mundial seja portadora de uma ou mais
colesterol nos heterozigotos são aproximadamenteo dobro da- mutações dos genes envolvidos na síntese da hemoglobina.
queies dos homozigotos normais, resultando em Lun aLunento Uma vez que quase todos os tipos de mutações descritas nes-
substancial do risco de doença cardíaca. Assim como na maior te Capítulo foram observados nos distúrbios da hemoglobina,
parte dos distúrbios envolvendo haploinsuficiência, a doença é estes SCH/CTT]como uma importante exempiificação das conse-
mais grave nos homozigotos afetados [que possuem poucos ou quências clinicas da mutação.
nenhum receptor LDL funcional) do que nos heterozigotos. A molécula de hemoglobinaé um tetrãtnero composto por
Uma mutação dominante negativa resulta em um produ- quatro cadeias poiipeptídicas, duas classificadascomo ot e duas
to proteico que não somente não é Funcional como também classificadascomo
inibe a Função da proteína produzida pelo alelo normal no
heterozigoto. ilipicamente, as mutações dominantes negativas
são (JITISCTVBdBS em genes que codilicam proteínas multiméri-
cas (í. e., proteínas compostas por duas ou mais subunidades).
O colágeno do tipo 1 (Capitulo 2), que é composto por três
unidades heiicoidais, é um exemplo desse tipo de proteina.
Uma hélice anormal criada por uma única mutação pode se
combinar com outras hélices, distorcendo-as e produzindo
uma proteína de tripla-hélice gravemente comprometida.

As mutações podem resultar em um ganho de função


ou na perda de função do produto proteico. As mutações
com ganho de função algumas vezes são observadas
nas doenças dominantes. A perda de função é observada
nas doenças recessivas e nas doenças que envolvem
haploinsuficiência, nas quais 50% do produto genético
são insuficientes para a função nonnai. Nas mutações
negativas dominantes, o produto proteico anonnai
interfere no produto proteico normal.
Variação Genérica: sua Origem e Detecção / 31

e Gr Ar wii õ i3 rum 3-1


píTl' 'irrrrrrr rr' s- Resumo dos Principais Distúrbios da Hemoglobina

Aglomerado da
Doença Tipo de Mutação Principais caracteris-
Lows ticas da Doença
da região i5"0b¡"a
decontrole Anemia Mutação de sentido Anemia, infartos residuais,
falciforme incorreto da ls-globina infecções
É '12 '11 Doença HbH Deleção ou anomalia de Anemia moderadamente

se'
,mas Aglomeradocla Hidropisia
tres dos quatro genes da
a-glohina
Deleção ou anomalia de
grave, esplenomegalia

Anemia grave ou
fetal (Hb todos os quatro genes da hipoxemia, insuficiência
de controle Bans) a-glohina rdlaca congestiva;
FIGURA 3-? natimorto ou õbito neonatal
O aglomerado do gene da a-globinano cromossomo 16 e o aglomerado do gene [sli-talassemia Geralmente mutações sem Anemia severa,
da B-globinano cromossomo 11. O aglomerado da B-globina inclui o gene sentido, frameshfft ou do esplenomegalia, anomalias
da e-globina,que oodiiica a globinaembrionária, e os genes da y-globina, sitio doador ou aceptor; esqueleticas; infecções;
que codiiicam a globinafetal. O gene rpa não e expresso. O aglomerado nenhuma B-globinae frequentemente fatal
da a-glcbinainclui o gene da -glohina, que oodifica a a-glohina produzida durante a primeira decada
se não tratada
produzida após o nascimento (normalmente, a produção da ca- Butalassemia Geralmente mutações Caracterlstis semelhantes
deia o¡ cessa e a produção da cadeia B se inicia por ocasião do em sentido incorreto, aquelas da led-talassemia,
parto). A PHHF não provoca doença, mas, em vez disso, pode regulatórios ou em mas frequentemente mais
sequencia de consenso brandas
compensar uma carência de hemoglobinaadulta normal. no sitio dejunção, ou
Um grande conjunto de diferentes distúrbios da hemoglo- mutações ocultas no sitio de
binafoi identificado. A discussão que se segue é uma apresenta- função; pequena quantidade
ção muito simplificada das principais formas desses distúrbios. de ls-glohrna e produzida
Ós distúrbios da hemoglobina, as mutações que os provocam
e as suas principais causas estão resumidas na Tabela 3- I . infecções bacterianas recorrentes [especialmente pneumo-
nia) que são comumente observadas em pessoas com anemia
Anemia Falciforme falciforme, comumente provocando a morte- Na América do
A anemia falciforme, que resulta de Luna anomalia da estrutura da Norte, estima-se que expectativa de vida das pessoas com a
a
hemoglobina, é observada em, aproximadamente, um em 400 a anemia falcifomie seja reduzida em cerca de 30 anos.
mn em 600 afro-americanos nascidos_ Ela é ainda mais comum
em regiões da África, onde pode afetar até um em cada 50 nas-
A doença das células falciformes, que provoca anemia,
cimentos, sendo também ocasionalmente observada er11 popu- infartos teciduais e infecções múltiplas, é o resultado de
lações mediterrãneas e do Oriente Médio- A anemia falcifonne uma única mutação em sentido contrário que produz a
é tipicamente provocada por uma mutação de sentido incorreto
substituição de um aminoácido na cadeia da B-globina.
que efetua a substituição de ácido glutâmicopor valina na posição
6 da cadeia polipeptfdica da B-glcibina. Nos homozigotos, esta
substituição de aminoácidos altera a estrutura das moléculas de Talassemia
hemoglobina de tal modo que elas formam agregados, fazendo O termo talassemia é derivado da palavra grega thalassa ("mar"),-
com que os eritrócitos assumam mn caracterisücr) aspecto de foi- a talassemia foi primeiramente descrita nas populações que
ce sob condições de baixa tensão de oxigênio (Fig. B-SA). Essas vivem próximas ao Mar Mediterrâneo, embora ela também seja
condições são experimentadas nos capilares, os minúsculos vasos comum em partes da África, Oriente Médio, Índia e Sudeste
cujo diâmetro é menor do que o do eritrúcito. Ós eritrócitos nor- Asiático. Ao contrário da anemia falciforme, na qual uma muta-
mais (Fig- B-BB) podem espremer-se através dos capilares, mas os ção altera a estrutura da molécula de hemoglobina, a mutação
eritrócitos afoiçados são menos Hexíveis e incapazes de fazê-lo. que provoca a talassemia reduz a quantidade da Ot-globina ou
Além disso, os eritrócitos anormais tendem a aderir ao endotélio da B-giobina. A talassemia pode ser dividida em dois principais
vascular (o revestimento mais interno dos vasos sanguíneos). grupos, a (ir-talassemia e a B-taiassemia, dependendo da cadeia
A (Jbstruçãr) vascular resultante produz hipoxemia (carên- de globinaque tem a sua quantidade reduzida. Quando LllTl tipo
cia de oxigênio) localizada, crises falcêmicasdolorosas e infar- de cadeia tem o seu número diminuído, o outro tipo de cadeia,
tos de diversos tecidos, incluindo osso, baço, rins e pulmões incapaz de participar da formação normal do tetrâmero, tende
(um infarto é a morte tecidual devida à hipoxemia). A destrui- a formar moléculas constituídas, somente, pelas quatro cadeias
ção prematura dos eritrócitos afoiçados reduz o número de do tipo em excesso. Estas são denominadas homotetrâmeros,
eritrócitos circulantes e o nivel de hemoglobina,produzindo em contraposição aos hetemtetrâmeros normalmente forma-
anemia. O baço se torna aumentado (esplenomegalia), mas dos pelas cadeias ot e
os infartos eventualmente destroem este órgão, produzindo

algum grau de perda da função imune. Isso contribui para as


.32 / Capfmios oENÉncA MÉDICA

FIHIRA3-8
A, Os eritrócitos de paciemescom anemia falciforme assumem um formato iaracteristicosob condições de baixa tensão de oxigênio. l, Compare com os eritrócitos
normais.

homotetrâmeros que possuem uma capacidade de ligação com nominada anemia de Cooley), ou uma condição menos grave,
o oxigênio grandemente reduzida, produzindo hipoxemia. Na a B-talassemia intermédia. A B-globina pode estar completa-
B-talassemia, o excesso de cadeias a forma homotetrâmeros que mente ausente ( 'l-talassemia),ou ela pode estar reduzida para
se precipitam e lesionam as membranascelulares dos precurso- cerca de 10% a 30% da quantidade normal (Bütalassemia).
res dos eritrócitos (í. c., as células que formam eritrócitos). Isso Tipicamente, a EP-talassemia produz um fenótipo patológico
leva a uma destruição prematura dos eritrócitos e à anemia. mais grave, mas porque as caracteristicas da doença são pro-
A maior parte dos casos de a-talassemia é provocada por de- vocadas por um excesso de cadeias de or-globina, os pacientes
leções dos genes da or-globina. A perda de um ou dois desses com [iP-talassemia são menos gravemente afetados quando
genes não tem efeitos clínicos. A perda ou anomalia de três dos também apresentam mutações na or-globina que reduzem a
genes o: produz anemia moderadamente grave e esplenomegalia quantidade de cadeias de oL-globina.
(doençaHbH)- A perda de todos os quatro genes a, Luna condi- A B-globinanão é produzida até após o parto, de modo que
ção observada primariamenteentre habitantes do sudeste asiáti- os efeitos da B-talassemia maior não são clinicamenteobserva-

co, produz hipoxemia no Feto e bídmpisía_fetal (uma condição na dos até os 2 a 6 mesesde idade. Esses pacientes desenvolvem
qual ocorre um acúmulo maciço de líquido). A hidropisia fetal anemia grave. Se a condição for deixada sem tratamento, pode
grave frequentemente provoca a morte fetal ou neonatal. ocorrer um substancial retardo do crescimento- A anemia pro-
voca expansão da medula óssea, que, por sua vez, produz al-
terações esqueléticas, incluindo protuberância da maxilae dos
zigomáticos e af-ilamentodos ossos longos (tornando-ossusce-
tíveis à Fratura). A esplenomegalia (Fig. 3-9) e as infecções são
comuns, e os pacientes com B-talassemia maior frequentemen-
te faleoem durante a primeira década de vida. A B-talassemia
As pessoas com uma mutação da B-globina em uma cópia pode variar consideravelmente em gravidade, dependendo da
do cromossomo l 1 (heterozigotos) são denominadas portado- natureza precisa da mutação responsável.
ras de B-talassemia minor, uma condição que envolve pouca ou Em contraposição com a a-talassemia, as deleções gené-
nenhuma anemia e que normalmente não exige tratamento eli'- ticas são relativamente raras na B-talassemia. Em vez disso,
nico. Naquelas em que ambas as cópias portam uma mutação a maior parte dos casos é provocada por mutações de bases
da B-globina desenvolvem a B-talassemia major (também de- simples. As mutações sem sentido, que resultam no término
Variação Genérica: sua Origem a Detecção / 33

Mais de 300 tipos diferentes de mutações da B-globina fo-


ram descritos. Consequentemente, a maior parte dos pacientes
com B-talassemia não é homozigota no sentido estrito: eles
geralmente possuem uma diferente mutação da B-globina em
cada cópia do cromossomo II, sendo, então, denominados
heterozigotos compostos (Fig. 3- 10). Embora as mutações
difiram, cada um dos dois genes da B-globina está alterado,
produzindo um estado patolôgico. É comum aplicar o tenno
homozigota imprecisamente para os heterozigotos compostos-
Os pacientes com anemia falciforme ou com B-talaussemia
major as vezes são tratados com transfusões sanguíneas e com
agentes quelantes que removem o excesso de ferro introduzido
pelas transfusões. A administração profilática de antibióticos e
de vacinaantipneumocócica ajuda a prevenir as infecções bacte-
rianas nos pacientes com anemia falciforme, e os analgésicos são
administrados para o alívio da dor durante as crises falcémicas.
O transplante de medula óssea, que fornece células-tronco do
doador que produz eritrócitos geneticamente nonnais, foi reali-
zada em pacientes com B-talassemia ou anemia falciforme gra-
ve- No entanto, é muitas vezes impossível encontrar um doador

adequadamente compatível e a taxa de mortalidade desse pro-


cedimento ainda é bastante alto (aproximadamente 5% a 30%,
HGURA 3-9 dependendo da gravidade da doença e da idade do paciente). A
Uma criança com p-talassemia maior que apresenta grave asplenomegalia. ausênciada B-globina adulta normal pode ser compensada por
meio da reativação dos genes que codificam a |3-globinafetal
prematuro da tradução da cadeia de B-globina, geralmente (os genes da 'y-globina, previamente discutidos). Agentes como
produzem B“-talassemia. As mutações framsbíjft (mudança de a hidroxiureia e o butirato podem reativar esses genes e estão

matriz de leitura) tipicamente também produzem a fonna B”. sendo investigados. Além disso, os distúrbios da hemoglobina
Além das mutações no próprio gene da B-globina, alterações são possíveis candidatos para a terapia genética [Capítulo 13).
dans sequências regulatorias frequentemente são observadas. A
transcrição da I3-globina é regulada por um promotor, dois Causas da Mutação
intensificadores e uma região antecedente conhecida como Um grande número de agentes reconhecidamente provoca mu-
região de controle do focus (RCL) (Fig- 3-7)- As mutações tações induzidas. Essas mutações, que são atribuídas a causas
dessas regiões regulatórias geralmente resultam na síntese re- ambientais conhecidas, podem ser Conti-apostas às mutações
duzida de mRNA e em uma redução da B-globina(Bütalas- espontâneas, que se originam naturalmente durante o proces-
semia), mas não na ausência completa desta. Diversos tipos so de replicação do DNA. Os agentes que provocam mutações
de mutações do sítio de junção também foram observados. Se induzidas são coletivamente conhecidos como mutágenos. Os
uma mutação de ponto ocorrer em um sítio doador ou acep- estudos em animais demonstraram que a radiação constitui uma
tor, a junção normal é completamente destruída, produzindo importante classe de mutágenos (Comentário Clínico 3-1). A
|3“-talassemia. As mutações nas sequências do consenso cir- radiação ionizante, tal como aquela pnoduzida pelos raios x ou
cundantes geralmente produzem Bñtalassemia. As mutações pela precipitação radioativa, pode ejetar elétrons dos átomos,
também ocorrem nos sítios de junção ocultos encontrados em formado íons eletricamente carregados. Quando esses íons estão
íntrons ou éxons do gene da B-globina, fazendo com que es- situados no interior ou próximos da molécula de DNA, eles po-
ses sítios estejam disponíveis para o mecanismo de junção. dem promover reações químicas que alteram as bases de DNA.
Esses sítios adicionais de junção competem com os sítios A radiação ionizante também pode romper as ligações do duplo
normais de junção produzindo algumas cadeias de B-globi- filamento do DNA. Esta forma de radiação pode alcançar as cé-
na normais e algumas anormais. O resultado geralmente é a lulas do corpo, incluindo as células da linhagem genninativa.
Bütalassemia. A radiação não ionizante não forma íons carregados, mas
pode mover elétrons de órbitas internas para órbitas externas
dentro de um átomo. O átomo se toma quimicamente instável.
Muitos diferentes tipos de mutações podem produzir A radiação ultravioleta (UV), que ocorre naturalmente na luz
condições para a ¡Es-talassemia. Mutações sem sentido, solar, é um exemplo de radiação não ionizante. A radiação UV
#ame-shift e dos sítios de junção doadores e aceptores provoca a formação de ligações covalentes entre bases pirimi-
tendem a produzir uma doença mais grave. As mutações dínicas adjacentes (í. e-, citosina ou timina). Esses dímeros de
regulaiórias e aquelas que envolvem sequências de pirimidina (um dímero é Luna molécula que possui duas subuni-
consenso do sítio de junção e dos sítios de junção dades] são incapazes de se parear corretamente com m: purinas
ocultos tendem a produzir uma doença menos grave. durante a replicação do DNA,- isso resulta em uma substituição
34 i capttuio3 GENETiGA MÉDICA

Homozlgoto
verdadeiro

Heterozlgoto
composto

FIGURA 3-10
A, Os homozigotos verdadeiros possuem dois alelos, que são idênticos, na sequencia de DNA Aqui o homozigoto possui duas copias de uma mutação de base
úni, mostrada pelo asterisco na mesma posição na sequência do DNA. Ambas as mutações (alelos 1 e 2) apresentam um efeito de perda de função, dando
origem a uma doença recessiva. It, O mesmo efeito e observado em um heterozigoto composto, que possui duas mutações diferentes (estaríamos) em duas
Iotizações diferentes na sequência de DNA do gene. Cada aIeIo apresenta um efeito de perda de função, novamente provocando uma doença recessiva.

Conto a mutação e um evento raro, que ocorre em menos de uma vez por os efeitos da exposição radioativa nas linhagens germinativas dos indivíduos,
10.000 genes por geração, e dificilmed¡-Ia diretamente em seres os cientistas compararam a prole daqueles que sofreram uma exposição
humanos. A relação entre exposição a radiação e mutação e semelhante- substancial a radiação com a descendência dos que não ltaviam sofrido esta
mente dificil de avaliar. Para uma pessoa que vive em um pais desenvolvi- exposição. conquanto seja dificil estabelecer as doses de radiação com pre-
do, a exposição tipica a radiação ionizante ao longo da vida e de cerca de cisão, não ha dúvida de que, em geral. aqueles que estavam situados mais
6 a F rem.* Acredita-se que cerca de um terço a metade dessa quantidade prúurimos as eaqulosões sofreram niveis de exposição muito mais elevados.
seja originada de procedimentos radiológicos medicos e dentários. Estima-se que o grrpo exposto recebeu, grosso modo. 30 a 60 rem de radia-
Surgiram situações infelizes nas quais as populações humanas especí- ção, muitas vezes a media de exposição media ao longo da vida.
ficas receberam doses muito maiores de radiação_ A população mais me- Em uma serie de mais de 76.000 descendentes desses sobreviventes,
ticulosamente estudada submetida a uma dessas situações que foi a dos os pesquisadores avaliaram um grande número de fatores, incluindo nati-
sobreviventes dos bombardeios atõmioos que ocorreram em Hiroshima e mortos, anomalias cromossõmicas, defeitos de rtascimerfto, câncer antes
Nagasald, no Japão, aofinal da II Guena Mundial. Muitos daqueles que foram dos 20 anos de idade. óbito antes dos 26 anos de idade e civersas medidas
expostos a altas doses de radiação morreram de doença de radiação. Outros do crescimento e do desenvolvimento (p. ex., quociente de inteligencia). Não
sobreviveram, e muitos dos sobreviventes produziram descendentes. houve diferenças estatisticas significantes entre a prole de pessoas que fo-
Para estudar os efeitos da exposição a radiação nesta população, uma ram expostas a radiação e a daqueles que não foram expostos. Alem disso,
grande equipe de cientistas americanos e japoneses conduziu investigações estudos genéticos diretos das mutações foram realizadosutilizandopolimor-
clinicas e genéticas em alguns dos sobreviventes. Llm significante número fismo de minissatelites e eletroforese de proteinas. uma técnica que detecta
desenvolveu cãnoeres e anomalias cromossõmlcas nas suas celulas somáti- mutações que acarretam alterações de aminoácidos (discutidas em outra
cas, provavelmente como consequencia da exposição à rariação. Para avaliar parte desse capitulo). Os genitores e a prole foram comparados para deter-
minar se haviaocorrido mutações na linhagemgerminativa em diversos ioci.
'REM e uma unidade padrão para rrredir a exposição da radiação. isto e, aproximadamente 0 número de mutações detectadas nos grupos exposto e não exposto foram
igual a 0, m jouie de energia absorvida por quitograrrta de tecido. estatisticamente equivalentes.
Mais recentemente, estudos daqueles que foram expostos à radiação do dos poderiam não ter sido incluídos nesses estudos. Alem disso, uma vez que
acidente corn a usina nuclear de Chemobvl demonstraram um significante au- as taxas de mutação da linhagem gemiinativa são muito pequenas, mesmo
mento dos cânceres de tireoide entre as crianças expostas a radiação. Isso re- as relativamente grandes amostras de pessoas expostas à radiação podem
liete os efeitos das mutações somaticas. A evidenciade aumento da frequencia ser insuficientes para detectar aumentos das taxas de mutação. E possivel
de mutações de linhagem germinativa no DNA codificador de proteinas, contu- também que o reparo do DNA compensa algum tipo de dano induzido pela
do, pemranece obscura. Uma serie de mtros estudos dos efeitos da radiação radiação na linhagem gerrninativa.
sobre seres humanosfoi divulgada, incluindo investigações daqueles que vivem Esses resultados demonstram que a exposição ã radiação, que esta cla-
nas proximidades de usinas nucleares. As doses de radiação recebidas por ramente associada a mutações somãticas, não deve ser negligenoiada. Tes-
estas pessoas são substancialmente menores do que aquelas das populações tes nucleares acima do solo no Sudoeste Americano produziram aumento
previamente discutidas, e os resultados desses estudos são duvidosos. das taxas de leucemia e de câncer de tireoide em um segmento da popula-
E espantoso que embora haja evidências substanciais para os efeitos da ção. O radñnio, um gas radioativo que e pmduzido pelo decaimento do urâ-
radiação sobre as celulas somãticas nos estudos de Hiroshima e Nagasaki, nio de ocorrência natural, pode ser encontrado em niveis perigosamente
nenhum efeito detectãvel pudesse ser obsenrado nas celulas genrrinetivas. altos em alguns lares e apresenta um risco para o câncer de pulmão. Dual-
D que poderia ser responsavel por isso? Uma vez que as grandes doses de quer exposição desnecessária a radiação, particularmente das gõnadas ou
radiação são letais, muitos daqueles que teriam sido mais fortemente afeta- de fBtIJS em desenvolvimento, deve ser evitada.

de um par de bases (Fig. 3-1 1]. Urna vez que a radiação UV é O análogo não é exatamente a mesma coisa que a base que ele
absorvida pela pele, ela não alcança a linhagem germinativa, substitui, de modo que ele pode provocar eiTos de pareamento
mas pode provocar câncer de pele (Comentário Clinico 3-2). durante as replicações subsequentes. Outros mutágenos quimi-
Uma variedade de agentes químicos também pode induzir cos, como os corantes acridina, podem fisicamente inserir-se
mutações, algumas vezes em razão da sua semelhança clínica entre as bases existentes, djstorcendt) a hélice de DNA e pro-
com as bases de DNA. Em virtude dessa semelhança, esses aná- vocando mutações franresbift. Outros mutâgenos podem, ainda,
logos de bases, tais como o S-bromomacil,podem ser substi- alterar diretamente as bases de DNA, provocando erros de repli-
tuídos por uma verdadeira base de DNA durante a replicação. cação. Um exemplo deste último é o ácido nitroso, que remove

,p \ 15' COMENTÁRIOCLÍNICO 3-2


Xemdemrañgmenñusmünanoençadenepamnefeínmodomu
¡)- .

Uma consequencia inevitável da radiação UV e a fomiação de dímeros D REN é somente um dos tipos de reparo do DNA. A tabela a seguir
potencialmente perigosos de pirimidina no DNA das celulas cutâneas. Fe- oferece exemplos de uma série de outras doenças que resultam de defeitos
lizmente, o altamente eficiente sistema de reparo por excisão de nucleoti- em diversos tipos de mecanismos de reparo do DNA.
deo (RDJ) remove esses dímeros nas pessoas normais. Naqueles afetados
com a rara doença autossômica recessiva denominada xerodenna pig-
mentoso (XP), adequadamente,
esse sistema não funciona e os resultan-
tes erros dereplicação substituições
do DNA levam a de pares de bases
gravidade,
nas celulas cutâneas. 0 XP varia substancialmente em mas os
sintomas iniciaisgeralmente primeiros
são observados nos 2 anos de vida.
Os pacientes desenvolvem uma pele seca descamativa (xeroderma) junta-
mente com sardas extensas e pigmentação [pigmento-
cutânea anormal
podem
so). Os tumores cutâneos, que ser numerosos, surgem tipicamente
por volta dos 10 anos de idade. Estima-se que o risco de tumores cutâne-
os em pessoas com XP seja aproximadamente,
elevado ern, 1.000 vezes.
Esses cânceres estão primariamente corporais
concentrados nas partes
expostas ao sol. Ds pacientes são aconselhados a evitar as fontes de luz
UV (p. ex.. luzsolar), cirurgicamente
e os crescimentos oancerosos são
removidos. As anomalias neurológicas são observadas em cerca de 30%
das pessoas com XP. Malignidades potencialmente
graves e podem
fatais
ocorrer antes dos 20 anos de idade.
O sistema FtEN e codificado por, pelo menos, 28 genes diferentes, e
mutações hereditarias em qualquer um desses sete genes pode dar origem
ao XP. Esses genes codificam helicases que desenrolam a hélice de duplo
filamentodo DNA, uma endonuclease que corta o DNA no sítio do dímero,
uma exonuclease que remove o dimem e os nucleotídeos proximos, urna
polimerase que preenche a lacuna com bases de DNA [utilizandoo filamento
complementar de DNA como molde) e uma Iigase que reúne a porção corri-
gida do DNA ao filamento original_
Deve ser enfatizadoque a expressão do XP exige mutações hereditárias da
linhagem gemiinativa dos genes Hl-Jrl, assim como mutações somaticas sub-
sequentes não corrigidas nos genes cutâneos. Algumas dessas mutações se
maticas podem afetar genes que promovem câncer [Capítulo 11), resultando
na formação tumoral. As mutações das células cutâneas são, elas mesmas, Xerodenna pigmentoso. A pele deste paciente apresenta múltiplas lesões hiperpig-
somãticas e, desse modo, não são transmitidas para futuras gerações. montadas, e ostumores cutâneos na fronte foram marcados paraexcisão.

Continua
36 f Capitulo.? oENÉrroA MÉDICA

Exemplos de Doenças que São causadas por um Defeito no Reparo do DNA


Tipo de Defeito do Reparo
xeroderma pig rnentoso Tumores cutâneos,fotossensibilidade,catarata, anomalias Defeitos do reparo da excisão de nucleotldeos, incluindo
neurológicas mutações na helise e nos genes da endonuclease
Sindrome de Cockayne Eslatura reduzida, anomalias esqueleticas, atrofia optica, Reparo defeituoso do dano induzido pelo UV no DNA
surdez, fotossensibilidade, retardo mental transcricionalmenteativo; considerável superposição
etiologi e sintomatica com o xeroderma pigmentoso e
com a tricotiodistrofia
Anemia de Fanconi Anemia; suscetibilidadea leucemia; malformações dos Ate oito genes diferentes podem estar envolvidos, nas o seu
membros, rim e coração; instabilidadecromossõmica papel exato no reparo do DNA ainda não e conhecido
Sindrome de Bloom Déficitde crescimento_ imunodeficiência, instabilidade mutações na familiada reqü helicase
cromossõmica_ incidenciaaumentadade cãnoer
Sindrome de Werner Catarata_ osteoporose_ aterosclerose, perda da elasticidade Mutações na familiada reqü helicase
cutânea, baixa estatura, diabetes, incidencia aumentadade
cancer; algumas vezes descrita como 'envelhecimento
prematuro”
Ataxia-telangiectasia Ataxia cerebelar, telangiectasias* deficiencia imune, aumento 0 produto genético normal provavelmente esta envolvido na
da incidenciade câncer, instabilidadecromossõmica interrupção do ciclo celular depois da ocorrência do dano do DNA
Gãnoer colorretal hereditária Tumores intestinais proirimais, aumentoda suscetibilidadea mutações em qualquer dos seis genes de reparo de erros de
não relacionadoa polipose diversos outros tipos de cancer pareamento do DNA
*As relangieorasiassão lesões vasculares promcaoaspela dilatação dos pequenos rasos sangumeos. isso tipicamente produz a desaceleração da pelo.

FIGURA 3-11
A, Os dimeros de pirimidina se originam quando se formam ligações
oovalentes entre bases pirimidlnicas (citosinaelimina) adjacentes.
Isso deforma o DNA, interferindo no pareamento nomial de bases.
B, O defeito e reparado por meio da remoção e substituição do
dimero e das bases ern da um dos seus lados, oorn o filamento
complementar de DNA sendo usado como molde.

Dlmero
É
de tlmlna

Cí)
ISHKQEEKE-;IED

um grupo amino Cla citosina, convertendo-a em uracil- Embora alquilantes, o formaldeido, o nitrito de sódio e a sacarina. Al-
a uraeila seja normalmenteencontrada no RNA, ela imita a ação guns desses agentes químicos são mutágenos muito mais po-
de pareamento da timina no DNA. Desse modo, forma um par tentes do que outros. A mostarda nitrogenada, por exemplo, e'
com a adenina, em vez da guanina, como a citosina original teria um poderoso mutágeno, enquanto a sacarina é um mutágeno
leito. O resultado final é uma substituição de par de bases. relativamente fraco. Embora alguns agentes químicos muta-
Centenas; de agentes químicos são atualmente reconheci- gênictls sejam de produção humana, muitos ocorrem natural-
dos como mutagênieos em animais de laboratório. Entre esses mente no meio ambiente (p. ex., aflatoxina Bl, um contami-
estão a mostarda nitrogenada, o Cloreto de vinil, os agentes nante comum de alimentos).
Variação Genérica: sua Origem e Detecção / 37

Muitas substâncias no meio ambiente são conhecidas Taxas de Mutação


por serem mutagênicas, incluindo a radiação ionizante e Com que frequência ocorrem as taxas de mutação espontânea?
não ionizante e centenas de agentes químicos diferentes. No âmbito dos nucleotídeos, a taxa de mutação é estimada em
Esses mutágenos são capazes de provocar substituições cerca de 10'” por par de bases por divisão celular [este número
de bases, deleções e mudanças de matriz de leitura representa as mutações que escaparam do processo de reparo
(ñameshiflsj. A radiação ionizante pode induzir rupturas do DNA)- No âmbito do gene, a taxa de mutação e' bastante
no duplo lilamento do DNA. Alguns mutágenos ocorrem variável, oscilando entre 10"' a 10'7 por locus por divisão ce-
naturalmente e outros são criações humanas. lular. Existem pelo menos dois motivos para esta ampla faixa
de variação: o tamanho do gene e a suscetibilidade de certas
sequências de nucleotídeos-
Reparo do DNA Em primeiro lugar, os genes variam enormemente de tama-
Considerando que 3 bilhõesde pares de bases de DNA devem nho. O gene da somatostatina, por exemplo, e' bem pequeno,
ser replicados em cada divisão celular, e considerando o grande
contendo 1.480 pb. Em contraposição, o gene responsável
número de mutágenos aos quais nós somos expostos, a replica-
pela djstrotia muscular de Duchenne (DMD) se estende por
ção do DNA é surpreendentemente precisa. Um motivo pri- mais de 2 milhões de pb- Como seria de se supor, os genes
mário para essa precisão é o processo de reparo do DNA, que
maiores oferecem maiores alvos para a mutação e geralmente
ocorre em todas as células norTnais dos organismos superiores.
experimentam mutação mais Frequentemente do que os genes
Várias dúzias de enzimas estão envolvidas no reparo do DNA
menores. O gene da Dil/ID, assim como os genes responsáveis
danificado. Elas coletivamente identilicam uma base alterada,
excisam-na cortando o filamentodo DNA, substituem-na pela
pela Hemofilia A e a neurotibromatose do tipo I, são todos
muito grandes e apresentam elevadas taxas de mutação.
base correta (detenninadapelo filamento complementar) e se- Em segundo lugar, está bem estabelecido que certas sequên-
lam novamente o DNA- Estima-se que esses mecanismos de
cias de nucleotídeos são especialmente suscetíveis à mutação.
reparo corrijam pelo menos 99% dos erros iniciais. Essas são denominadas pontos quentes de mutação. O exemplo
Uma vez que o reparo do DNA é essencial para a sua re-
mais conhecido é a sequência de duas bases (dinucleotídeo)
plicação precisa, os defeitos dos sistemas de reparo do DNA CG. Em mamíferos, cerca de 80% dos dinucleotideos CC são
podem levar a muitos tipos de doenças. Por exemplo, as muta- metilados: Um grupo metil é anexado à base citosina. Uma
ções hereditárias nos genes responsáveis pelo reparo dc erm citosina metilada, a 5-metilcitosina, Facilmente perde o gru-
de pareamento do DNA resultam na persistência de células
po amino, convertendo-se em timina. Ó resultado final e' uma
com erros de replicação (f. c., erros de pareamento), podendo
mutação da citosina para timina (Fig. 3-12). Pesquisas sobre
acarretar alguns tipos de câncer (Capítulo l 1)- Urna diminui-
mutações em doenças genéticas humanas demonstraram que
ção na capacidade de reparo das rupturas do duplo filamento a taxa de mutação dos dinucleotídeos CG é cerca de 12
de DNA pode levar a um câncer cwariano efou de mama. O
vezes maior do que em outras sequências de djnucleotídeos.
reparo por excisão de nucleotideo é necessário para a remo- Os pontos quentes de mutação, na turma de dinucleotideos
ção de grandes alterações da hélice de DNA (p. ex., dimeros CG, foram identificados em uma série de importantes genes
de pirimidina), defeitos no reparo de excisão acarretam Luna
série de doenças, das quais o xeroderma pigmentoso constitui
patolõgicos humanos, incluindo os genes do pró-colágeno
responsáveis pela osteogênese imperieita Capítulo 2). Outros
um importante exemplo (Comentário Clinico 3-2).
exemplos de doenças são discutidos nos Capítulos 4 e 5.
As taxas de mutação também variam consideravelmente com
O reparo do DNA ajuda a assegurar a exatidão da a idade do genitor. Algumas anomalias cromossômicas aumentam
sequência de DNA por meio da correção dos erros de marcantemente corn a idade materna [Capitulo 6). Alem disso,
replicação (erros de pareamento), do reparo das rupturas mutações de gene único podem aumentar com a idade paterna-
do duplo ñlamento de DNA e da excisão dos nucleotídeos Este aLunento é observado em diversos distúrbios de gene úni-
danificados. co, incluindo a sindrome de Marian e a acondroplasia. Como a

H NHg CH3 NH¡ cr-g o

\C C/ \C C/ \C C/
// \\5 3
/5 \\ a
// 5 a
\\
[m m
H_
c\ /
4

a 2
1m
Mediação
H_c4
\ 3 2
m

Desaminação
H_c4 ¡N_H
33 x caprinos GENÉTICA MÉDICA
Figura 3-13 demonstra, o risco de produzir uma criança com a Alguns estão envolvidos na determinação da possibilidadede
síndrome de Marfan é, aproximadamente, cinco vezes mais alto uma pessoa receber uma transfusão de sangue de um doador
para um pai com mais de 40 3.1105 do que para aquele na casa dos específico. Uma vez que os indivíduos diferem amplamente
20 anos. Esse efeito da idade paterna geralmente e' atribuído ao em termos de grupos sanguíneos, esses sistemas ofereceram um
fato d.e que as células-tronco que dão origem aos espermatozoi- importante meio precoce de avaliação da variação genética.
des continuam a se dividir ao longo da vida, permitindo o desen- Cada um dos sistemas de grupo sanguíneo é determinado
volvimento progressivo de erros de replicação do DNA. por um diferente gene ou conjunto de genes. Os diversos an-
tígenos que podem ser expressadas dentro de um sistema são
Os genes grandes, em razão do seu tamanho, geralmente o resultado das diferentes sequências de DNA nesses genes.
são mais propensos a experimentar mutações do que Dois sistemas de grupo sanguíneo que possuem especial sig-
os genes pequenos. Os pontos quentes de mutação, nificânciaclínica os sistemas ABO e Rh
_ serão discutidos
-

parlicuiannente os dinucleotídeos meiilados CG, aqui. Os sistemas ABO e Rh são ambos de importância funda-
experimentam elevadastaxas de mutação. Para alguns mental na determinação da compatibilidadedas transfusões de
distúrbios de gene único, existe um aumento substancial sangue e de enxertos teciduais. Algumas combinações desses
do risco de mutação com o avanço da idade patema. sistemas podem produzir incompatibilidadematerno-fetal, al-
gumas vezes com sérios resultados para o feto. Essas questões
DETEOÇÃO E MEDIDA DA VARIAÇÃO GENÉTICA serão discutidas com detalhes no Capítulo 9.
Por séculos, os seres humanos têm ficado intrigados com as
diferenças que podem ser (Jbservadas entre os indivíduos_ Por O Grupo sanguíneo ABO
muito tempo a atenção se voltou a diferenças observãveis, As transfusões de sangue humano foram realizadas desde os
tais como a cor da pele ou o fonnato e o tamanho corporais. remotos 1818, mas eram frequentemente malsucedidas. Após
Somente no século XX tomou-se possível examinar a variação a transfusão, alguns receptores sofriam uma reação hemolítica
dos genes, a consequência de mutações acumuladas ao Ion- maciça, algumas vezes fatal. Em 1900, Karl Landsteiner desco-
go do tempo. A avaliação e a mensuração dessa variação em briu que essa reação era provocada pelos antígenos ABO locali-
populações e famílias são importantes para o mapeamento de zados nas superfícies eritrocitãñas. O sistema ABO consiste em
genes localizações específicas nos cromossomos, uma eta-
em dois principais antígenos, classificados como A e B. Uma pessoa
pa fundamental na determinação da função genética (Capítulo pode possuir um dos quatro principais tipos sanguíneos: Pessoas
8]- A avaliação da variação genética também fornece a base com o tipo sanguíneo A são portadoras do antígeno A nos seus
para grande parte do diagnóstico genético, sendo altamente eritrócitos,- aquelas com o tipo B são portadoras do antígeno B,-
útil em medicina legal. Nesta seção, diversas abordagens fun- aquelas com o tipo AB são portadoras tanto de A quanto de B,
damentais para a detecção da variação genética em seres hu- e as do tipo O não são portadoras de nenhum dos antígenos.
manos, serão discutidas em uma sequência histórica. Cada indivíduo possui anticorpos que reagem contra quaisquer
Grupos sanguíneos antígenos que não sejam encontrados nas superfícies celulares
Vários sistemas de grupos sanguíneos foram identificados com das suas próprias hemácias. Por exemplo, uma pessoa com tipo
base nos antígenos localizados nas superfícies dos eritrócitos. sanguíneo A possui anticorpos anti-B, e a transfusão de sangue
do tipo B para esta pessoa provocará Luna grave reação dos an-
ticorpos. É simples determinar o tipo sanguíneo ABO no labo-
ratório por meio da mistura de Luna pequena amostra do sangue
-0- Sindrome de Apart de uma pessoa com soluções contendo os diferentes anticorpos,
-I- Neuroflbromatose
5 -n- Aoondroplasla observando-se que combinações provocam a aglutinação que é
-o- Sindrome de Marian característica de uma interação antígeno-anticorpo.
O sistema ABO, que e' codificado por um único gene no
relativ cromossomo 9, consiste em três alelos primários, denominados
IA_ IB e IO. (Também existem subtipos tanto do alelo IA quanto

Incidê a GJ do l”, mas eles não serão abordados aqui.) As pessoas com o
alelo P¡ possuem o antígeno A nas suas superfícies er¡ trocitãrias
(tipo sanguíneo A), e aquela; corn Í" apresentam o antígeno B
nas suas superfícies celulares [tipo sanguíneo B). Aquelas com
ambos os alelos expressam os dois antígenos (tipo sanguíneo
AB), e aquelas com duas cópias do alelo f” não possuem ne-
Média populacional nhum dos antígenos (tipo sanguíneo O). Uma vez que o alelo
I” não produz antígenos, as pessoas que são Iieterozigotas P” I”
<25 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 ›49 ou I" f” apresentam os tipos sanguíneos A e B, respectivamente

Idade (Tabela 3-2).


HGURA 3-13 Urna vez que populações variam substancialmente em
as

Efeito da idade patema Para alguns distúrbiosde gene único, o risco de produzir termos da frequência com que os alelos ABO ocorrem, o
uma criança com a condição (eixoy) aumenta com a idade paterna [eixo n. locus ABO foi o primeiro sistema de grupo sanguíneo a ser
Variação Genetics: sua Origem e Detecção / 39

1mm 3-2 Extrato de tecido na


Relação entre o Genótipo ABO e o Tipo sanguíneo tenda de amostra

Gonúiipo Tipo sanguíneo Anticorpos Presentes


i* r* A Anti-B
i* rã A Anti-B
ee B Anti-A
F i0 B Anti-A
t* i5 Nenhum
Anti-A e Anti-B

extensivamente utilizado em estudos de variação genética en-


tre indivíduos e populações. Por exemplo, os estudos iniciais
demonstraram que o antígeno A é relativamente comum nas
populações da Europa Ocidental e que o antígeno B e' espe-
cialmente comum entre os asiáticos. Nenhum antígeno é co-
mLun entre as populações sul-americanas nativas, cuja maioria

apresenta o tipo sanguíneo O.


O Sistema Rh
Assim como o sistema ABO, o sistema Rh é definido com base
nos antígenos que estão presentes nas superfícies eritrocitárias. As faixas coradas exibem
Este sistema recebeu o seu nome devido ao macaco Rhesus, o a posição da enzima
animal experimental no quai ele foi primeiramente isolado por
Landsteiner no final da década de 1930. Ele e tipado no labo-
ratório por meio de um procedimento semelhante ao descrito
para o sistema ABO. O sistema Rh varia consideravelmente Caixa de
entre os indivíduos e populações, tendo se constituído, por- coloração
tanto, em uma outra ferramenta altamente útil para avaliação
da variação genética. As bases moleculares para zu; variação do
sistema ABO e do sistema Rh foram elueidadas (para detalhes
adicionais, veja as leituras sugeridas no Final deste capítulo).
Os grupos sanguíneos, dos quais os sistemas ABO e Solução com
substrato e sai
Rh são exemplos, forneceram meios importantes para
o estudo da variação genética humana. A variação do
grupo sanguíneo é o resultado de antígenos que ocorrem Doença das células
na superfície dos eritrócitos. falciformes HbS HbS

Eletrotorese de Proteínas
conquanto os sistem as de grupos sanguíneos tenham se mostra- Heterozigoto
HbA HbS
do instrLunentos úteis para a mensuração da variação genética,
o seu nfunero é bastante limitado. A eletroforese de proteínas, B i+) mí] (-)
primeiramente desenvolvida na decada de 1930 e aplicada am- FIGURA 3-14
plamente em seres hLunanos nas décadas de 1950 e 1960, au- O promo da eletroforese de proteinas. A, Uma amostra de tecido e carregada
mentou consideravelmente o número de sistemas polimórficos na tenda no topo do gel e uma corrente eletrica e passada atraves deste. Apos
detectáveis. Esta técnica se utiliza do fato de que a diferença a migração, bandas distintas, representando moléculas com cargas eieiriras
diieremes e, por conseguinte, com diferentes sequências de aminoácidos, são
de um único aminoácido em uma proteina (o resultado de Luna visíveis. B, Os homozigotos HbA exibem uma únita banda mais proxima do polo
mutação na sequência de DNA contspondente) pode provo- positivo, enquanto os homozigotos HbS exibem uma única banda mais proxima
car uma leve diferença na carga elétrica da proteina. do polo negativo. Os heterozigotos, possuindo dois alelos, exibem duas bandas.
Um exemplo é a mutação comum da anemia falcifonne an-
teriomtente descrita. A substituição de um ácido glutâmicopor pessoa apresenta uma hemoglobina nomial (HbA) ou a mu-
valina na cadeia da B-globinaproduz Luna diferença na carga tação que provoca anemia falciforme (HbS). A hemoglobina
elétrica da proteína uma vez que o ácido glutâmicopossui dois é colocada em um gel eletricamente carregado comprostt) de
grupos carboxila, enquanto a valina só possui LllTl grupo car- amido, agarose ou poliacrilamida(Fig. 3- l 41K). A leve diferença
boxila. A eletroforese pode ser usada para determinar se uma de carga resultante da diferença de aminoácidos faz com que as
40 z Capítulo.? GENÉTICA MÉDICA
Fonrras HbA e a HbS mi grem em velocidades diferentes através a bactéria intestinal Escherichia cola' produz uma enzima de res-
do gel. Permite-se que as moléculas de proteina migrem por trição, denominada EcoRI, que identifica a sequência de DNA
várias horas e sejam, então, coradas com soluções químicas de GAATTC. Cada vez que essa sequência é encontrada, ela e' cli-
modo que as suas posições possam ser observadas (Fig. 3-143). vada pela enzima entre a G e a A (Fig. 3-15). Uma digestão de
Do padrão resultante pode ser determinado se a pessoa é um restrição do DNA humano, utilizando esta enzima, produzirá
homozigoto HbA, um homozigoto HbS ou LllTl heterozigoto, mais de um milhãode Fragmentos(Fragmentos de restrição). Es-
possuindo HbA em uma cópia Lromossõmica e HbS na outra. ses Fragmentos são, então, submetidos à eletroForese por gel, na
A eletroForese proteica Foi LLsada para detectar variações de qual os menores migram mais rapidamente através do gel do que
aminoácidos em centenas de proteínas humanas. Contudo, as os maiores (Fig. 3-16). O DNA é desmaturado (f. e., convertido

substituições silenciosas, que não alteram os aminoácidos, não de uma Forma de duplo lilamento para Luna de Filamento único)
podem ser detectadas por meio dessa abordagem- Além disso, por meio da exposição a soluções químicas alcalinas. Para Fixar
algumas substituições de aminoácidos não alteram a carga elé- as suas posições permanentemente, os Fragmentos de DNA são
trica da molécula de proteina- Por estes motivos, estima-se que transFeñdos do gel para uma membrana sólida, como a nitrooelu-
a eletroforese de proteínas só detecte cerca de um terço das lose (esta e' uma transferência de Southern, nomeada em home-
mutações que ocorrem na codificação do DNA. Além disso, nagem ao inventor do processo em meados dos anos de 1970).
substituições de uma única base em DNA não codiFicante ge- Neste ponto, a membrana sólida, Frequentemente denominada
ralmente não são detectadas pela eletroforese de proteínas. mancha de Southern, contém muitos milhares de Fragmentos
dispostos de acordo com o seu tamanho. Em razão do seu gran de
A eletroforese de proteínas detecta variações nos genes número, os Fragmentos são indjstinguíveis uns dos (Jutros.
que oodificam certas proteínas séricas. Essas variações Para visualizar somente os fragmentos que correspondem a
são observáveis porque as proteínas com leves diferenças Luna região específica do DNA, Luna sonda, constituída de um
na sua sequência de aminoácidos migram em taxas
pequeno pedaço de DNA hLunano de filamento único (alguns
diferentes através de géis eletricamente carregados. quilobases [kb] dc extensão), é construida utilizando-sctécnicas
de DNA recombinante (Quadro 3- l
Detectando a Variação au Nivel do DMA
Estima-se que a variação no DNA humano ocorra em uma mé-
dia de um em cada 300 a 500 pb. Desse modo, existem aproxi-
madamente 10 milhões de polimorfismos entre os 3 bilhõesde
pares de bases que compõem o genoma humano. Uma vez que
só existem mais ou menos 100 grupos sanguíneos e polimorFis-
mos eletroioréticos, essas abordagens só detectaram uma pe-

quenfssima Fração da variação do DNA humano, apesar dessa


avaliação ser critica para o mapeamento e para o diagnóstico
genético (Capítulos 8 e 13). Felizmente, as técnicas molecu-
lares desenvolvidas desde a década de 1980 permitiram a de-
tecção de milhões de novos polimorFismos ao nivel do DNA.
Essas técnicas, que revolucionaram tanto a prática quanto o
potencial da genética médica, são discutidas a seguir.
Transferênciade Southern e Análise dos Fragmentos
de Restrição
A abordagem inicial da deteoção da variação genética envolven-
do o DNA tirou vantagem da existência de enzimas bacterianas
conhecidas como endonucleases de restrição, ou enzimas de
restrição. Essas enzimas clivam o DNA hLunano em sequên-
cias especíFicas, denominadas sítios de restrição. Por exemplo,

sonda

a
HGURA 3-15
Amostras de sangue

W Extração de DNA e
digestão com uma
enzima de restrição


IIII Os fragmentos de

unmu I I I
DNA são separados,
de acordo com o
tamanho, por de
eletroforese com gel

III
42 f Capfruio3 GENÉTICA MÉDICA

QUADRO 3-1
EngenhariaGenética, DNA Recombinamaea Clonagem
Nas últimas2 décadas, a maior parte do públicoleigo adquiriu, no mini- Para inserir o DNA humano no plasmideo, precisamos de mn
mo, uma familiaridademssageira com asexpressões "DNA recombinan- modo de cortar o DNA em pedaços de modo que este possa ser ma-
te", "clonagem"e "engenharia genética". De fato, erasas técnicas se situam nipulado. As enzimas de restrição anteriormente discutidas no texto
no oeme daquilo que é frequentemente denominado "nova genética". realizam esta Função eñcientemente. A sequência de DNA identifica-
Engenharia genética se refere à alteração laboratorial de genes. da pela enzima de restrição EroRl, CAATTC, tem como conveniente
Uma alteração que é de especial importância na genética médica é propriedade o fato de que a sua sequência complementar, CTTAAC,
a criação de clones. Resumidamente, um clone é uma cópia idên- é a mesma sequência, só que de trás para frente. Estas sequências são
tica de uma sequência de DNA. A seguinte descrição delineia uma denominadas palíndromos. Quando um plasmídeo ou um DNA hu-
abordagem para a clonagem de genes humanos. mano é clivado com a EcoRl, os fragmentos resultantes apresentam
Nosso objetivo é inserir uma sequência de DNA humano em um extremidades adesivas. Se o DNA humano e o DNA do plasmideo
organismo de reprodução rápida de modo que as cópias (clones) do forem ambos cortados com esta enzima, os dois tipos de fragmentos
DNA possam ser feitas rapidamente. Um sistema comumente em- de DNA contarão extremidades expostas que podem ser submetidas
pregado para este propósito é o plasmídeo,que é uma peça pequena, a um pareamento de bases complementares uma com a outra Então,
circular, autorreplicante de DNA que reside em muitas bactérias. Os quando o DNA humano e o do plasmídeo forem mesclados, eles se
plasmideos podem ser removidos da bactéria e inseridos nelas sem recombinarão(de onde o termo DNA recombinante). Os plasmfdeos
interromper seriamente o Crescimento ou a reprodução bacteriana. resultantes contêm inserções de DNA humano. Os plasmfdeos são

1 ]_¡,,,,,,,,_ m,
Tecnologia de DNA recombinante. O
DNA humano e o circular do plasmideo
são ambos clivados por uma enzima
de restrição, produzindo extremidades
adesivas (1-5). Isso permite que o DNA
,calma humano se helicoidize e se recombine
com o DNA do plasmideo. Inserido no

mka:restrição DNA do plasmideo, o DNA humano


agora será replioado quando o
G Sitio de plasmldeofor inserido na bacteria
Escherichia col¡ (4).

,me
É
Extremidades complementares de DNA
de filamentoúnico

Replicaçàoñ f? Repllcação


Í

Ôxxxslnserldo na E. cor¡

Sitio de restrição

GANHO

CTTAAG CTTAAG
Variação Genética: sua Origem e Detecção / 43

inseridos de volta na bactéria, onde eles se reproduzem rapidamente A clonagem pode ser usada para criar as milhares de cópias de
por meio da divisão celular normal. A sequência de DNA hmnano, que DNA humano necessárias para a transferência de Southern e outras
é reproduzida juntamente com o outro DNA do plasmideo, é, então aplicações experimentais. Além disso, esta abordagem é atualmente
clonado. utilizadapara produzir produtos terapêuticos geneticamenteproje-
O plasmídeoé chamado de vetor. Diversos outros tipos de veto- tados, como a insulina, o interferon, hormônio do crescimento,
res também podem ser usados como veículos de clonagem, incluindo fator VIII de coagulação (empregado no tratamento da hemofilia
bacberiófagos(virus que iniectam bactérias),cosmídeos (híbridos de A, um distúrbio da coagulação) e ativador do plasminogénio teci-
lagos e plasmfdeos capazes de transport): inserções relativamente dual (uma proteína dissolvente de coagulos que ajuda a prevenir in-
grandes de DNA), crommos artiñciais de leveduras (YACs, yr- fartos e acidentes isquémicos encetãlicos). Quando esses genes são
ast emitia¡ clrromossomes; vetores que são inseridos em células de leve- clonados em bactérias ou outros organismos, o organismo produz
duras e que se comportam de modo muito semelhante aos cromosso- o produto genético humano juntamente com os seus próprios pro-
mos comuns destas), cromossomos artificiais bacterianas (CABs) e dutos genéticos. No passado, esses produtos eram obtidos a partir
cromossomos artificiais humanos [Capítulos 8 e 13). Conquanto os do sangue de doadores ou de outros animais. Os processos para
plasmídeos e os bacteriófagos só possam acomodar inserções relati- a sua obtenção e purificação eram lentos e cLLstosos e resultavam
vamente pequenas (cerca de 10 e IOkb, respectivamente), os cosmf- em produtos que, algumas vezes, continham contaminantes. Os
deos podem transportar inserções de, aproximadamente, Sükb e os produtos genéticos geneticamente projetados estão rapidamente se
YACs podem portar inserções de até 1.000 kb de comprimento. tor-nando uma alternativa mais barata, mais pura e mais eficiente.

sequências de DNA Funcional, podem provocar doenças here-


ditárias, embora a maior parte seja inofensiva. Cada vez mais,
eles estão sendo detectados por métodos de microarranjtrs,
que serão posteriormente discutidos neste capitulo.
Variantes de Número de Cópias
Foi demonstrado que um outro tipo de var¡ ação de DNÀ ocorre
com Frequência substancial no genoma humano. As variantes
de número de cópias [VNCsJ que consistem em segmentos
de DNA com mais de 1.000 pares de bases, estão presentes em
algumas pessoas, mas ausentes em outras_ Elas também podem
estar presentes em mais de uma cópia em uma pessoa. Estima-se
que as VNCs sejam responsáveis por, pelo menos, 4 milhões
de pares de bases de diferença, em média, entre seres humanos
individuais. Desse modo, elas são responsáveis por um pouco
mais da variação total das sequências de DNA humano do que
os PNUs. Demonstrou-se que algumas VNCs estão associadas

FIGURA 3-17 a doenças hereditárias. A Figura 3-20 destaca as diferençasen-


Um autorradiograma, exibindo as posições de uma banda de 4,1 kb e de uma tre os PCFK-s, as repetições em tandem, os PNUs e as VNCs.
banda de 3,3 kb. Dada coluna representa o DNA de um individuo na familia
cujo heredograma e mostrado acima do autorradiograma As PNUs constituem o tipo mais comum de variação no
genoma humano. VNCs consistem em diferençasno número
de sequências repebdas de DNA maiores do que 1.000 pb.
M31' l! Ms! H Ma! f!
_1,1 kb- _ 0.2 kb-

Pro Glu Glu Pro Giu Glu Pro Glu Giu

Mai' f¡ Ms!"
1 3 kb
Anemia
falciforme
Pro Glu Glu Pro Val Glu Pra Glu Giu
HGURA 3-18
clivagem do DNA da B-globinapela enzima de restrição Msflf. Ds individuos normais possuem um ácido glutâmico na posição 6 no polipeptldio da p-globina.
O ácido glutâmicoe codificado pela sequencia de DNA GAG. A mutação da anemia falciforme resulta em urna sequencia GTG neste sltio, em vez de BAG, fazendo
com que a valina substitua o acido glutâmico.A enzima de restrição Mstff identifica a sequencia de DNA CCTNAGG (o N significa que a enzima reconhecem
qualquer base de DNA, incluindo G, nesta posição). Dessa forma, a Ms!!! identifi e oliva a sequencia de DNA do cromossomo normal neste sltio assim como os
sitios de restrição em cada um dos seus lados. A mutação da anemia falciforme remove um sltio de identificação Mstll, produzindo um fragmento mais longo, de
1,3 kb. A sequencia normal de DNA inclui o sitio de restrição (i. e., a sequencia CCTGAC, em vez de CCGTG), de modo que um fragmento mais curto, de 1,1 kb, e
produzido. Por conseguinte, no autorradiograrrla,os homozigotos para anemia falciforme apresentam uma única banda de 1,3 kb, os homozigotos normais
apresentam uma úni banda de 1,1 ld: e os heterozigotos possuem tanto a banda de 1,1 kb quanto a de 1,3 kb. Uma vez que os fragmentos mais curtos migram
mais longe em um gel, os dois tamanhos de fragmentos podem ser facilmentedistinguidos apos a hibridização da mancha com uma sonda contendo DNA do
gene da p-globina. Observe que este padrão de bandas, com base em diferenças de sequências de DNA, se assemelha ao padrão exibido na Figura 3-14, que se
baseia em sequências de aminoácidos da globina detectadas por eleboforese de proteinas.
44 r caprruro 3 GENÉTICA MÉDICA
ñ
i l Fragmento
A Aleio1
Variação Genérica: sua Origem e Berman ,f 45

Uma questão fundamental é se Luna outra pessoa na população podem fornecer evidências médico-legais altamente úteis. Os perlis
em geral pode apresentar os mesmos alelos que o suspeito. Poderia de DNA são atualmente empregados em muitos milhares de casos
o perfil de DNA, então, implicar Íalsamente a pessoa errada? Nos em tribunais criminais a cada ano-
casos criminais, a probabilidade de obtenção de um alelo igual ao Embora tendamos a pensar nessas evidências em termos de iden-
de um membm aleatório da população foi calculada. tificação da parte culpada, deve-se manter em mente que quando
Em virtude do elevado graude variação alélica nas KrNVs e STRPs, uma combinação não é obtida, um suspeito pode ser exonerado.
esta probabilidadegeralmente é muito pequena. Um conjunto de Além disso, os testes de DNA pós-condenaçãoresultaram na libera-
somente quatro lnci RTNV tipicamente fornece probabilidades de ção de centenas de pessoas que foram erroneamente presas. Desse
combinação aleatória de cerca de uma em l milhão. O uso de 13 modo, os perfis de DNA também podem beneficiaro inocente-
ÉrRPs, que atualmente é prática comum, produz uma combinação
aleatória de algo em torno de uma em 1 trilhão ou mais probabili-
dades- Desde que um número grande o suficiente de loci seja usado mesmo as imprmões dígitos moradas na cena de um crime pode algums vezes,
em condições laboratoriais bem controladas, e contanto que os da- conter DNA suficiente para armirfcagaapela PCH e para gire seja traçado o perfil de
dos sejam coletados e avaliados cuidadosamente, os perfis de DNA DNA.

GAATTC GAATTC GAATTC FIGURA 3-20


A, Ds polimorfismos de comprimento de fragmento de
A A A restrição (FGFRs) resultam de diferenças de sequências
PC FR de DNA que ocorrem em sitios de restrição no genoma
GAATTC GACTTC GAATTC humano. As localizações desses sitios são identificadas
por meio de fragmentos de restrição de hihridização com
A A A sondas cionadas. B_ As repetições em tendem consistem
em fragmentos curtos de DNA (microssaieiiies), ou em
segmentos um pouco maiores (minissateiifes cujos
comprimentos podem ser de 14 a 500 pb) que são
STFiPs (repetições de repetidos muitas vezes, em tandem. c_ As variantes
microssatéiites) ou RTNV de números de copias (VNCs) representam diferenças
(repetições de minissatélites) no número de segmentos repetidos de DNA maiores
(:› 1.000 pb até 2 milhões de pb). IJ_ Polimoriismos de
nucleoifdeo único [PNusi são variações de base única no
genoma.
sequências repetidas › 1.000 pb

VNC

PNU

cadeia de polimerase (PCR, do inglês polymrrasr chain reaction),


Ampiificação do DNA Utilizandoa Reação em Cadeia Foi desenvolvida em meados dos anos de 1980 e tornou um
de Polimerase
meio muito mais eficiente de detecção da variação genética
Urna vez que molécula de DNA é muito pequena, não é
a
envolvendo o DNA_ Essencialmente, a PCR é um meio artifi-
possível visualizar a variação do DNA (variação em pares de cial de replicar uma curta e especifica sequência de DNA [al-
bases) diretamente. Todos os métodos de avaliação da varia- guns kb ou menos) muito rapidamente, de modo que milhões
ção do DNA envolvem avaliação indireta, como na utilização de cópias da sequência sejam Feitas.
de sondas rotuladas que se ligam a regiões específicas do DNA O processo de PCR, resumido na Figura 3-21, exige quatro
no Southern blotting.
componentes:
Quase todos os métodos de visualização da variação do
DNA exigem a rotulação indireta do DNA. Para (Jbservar os 0 Dois primers, cada um consistindo em i5 a 20 bases de
rótulos, múltiplas cópias devem ser feitas. Por exemplo, bac- DNA- Essas pequenas sequências de DNA são denominadas
térias podem ser usadas para fazer milhares de cópias clona- oligonucleotídeos [oiigo significa "poucos"). Os primers cor-
das das sondas rotuladas usadas na transferência de Southern. respondem às sequências de DNA imediatamente adjacentes
Todavia, este processo (Quadro 3-1) é demorado, exigindo à sequência de interesse (tal como a sequência que contém
muitas vezes vários dias ou mais, e tipicamente requer Luna um polimorlismo com repetição em tandem ou uma mutação

quantidade relativamente grande de DNA do indivíduo (vá- que provoca a doença)- Os primers dos (Jligonucleitídeos são
rios microgramas)- Um processo alternativo, a reação em sintetizados utilizando um instumento de laboratório.
45r mwmma mmowmmmmm
Segmento-alvo do DNA
5! 3¡
3¡ 5¡
a Aqueoer a 95°C
Desnam ão elo calor
5' 3'
31-1-11-III-III-III-5'
U
Resfrlar a 55°C

5' Hellcoldlzaião amar


do
3
3'
5'
Firme: '
5' Pri' 1 ,
3' 5
Trazer a temperatura para 72°C ü-
Extensão do mer
5'
s'
3;
5
Novo DNA
Novo DNA-P
5
e s

s s e 5

Ciclo n° 2

5¡ I
5! 3!
a* 5' a' 5' 3' 5' s'

Ciclo nos

5' 3' 5' 3' s' a' s' 3'


3' 5'3' 5'33" 5'3 5'3 5'3 5' 5'3 5'

5' 3'5' 3' 5' 3'5' 3'5 3'5 3/5 3'5' 3'

20-40 ciclos

HGURÀ 3-21
O processo da reação em deia de polimerase (PGR). 0 DNA genõmico e
primeiramente aquecido e desnaturado para fomtar filamentosúnicos. Na
fase de helicoidização, o DNA e resfriado, permitindo a hihridização com as
sequências do primerque flanqueiam a região de interesse. Então, a reação
e aquecida ate a temperatura intermediária de extensão do primer, na qual a
DNA polimerase agrega bases livres na direção S' ao longo de cada filamento
único, começando no printer São fonnados fragmentos de DNA de extremida-
de romhuda que servem de molde para o proximo ciclo de aquecimento e
resfriamento. Os ciclos repetidos produzem um grande número de fragmentos
de DNA, ligados em cada extremidade pela sequência do printer
0 DNA polimerase. Uma Forma termicamente estável dessa
enzima, inicialmente derivada da bactéria Hamas aquáticas,
realiza o processo vital de replicação do DNA (aqui deno-
minado extensão do primer).
0 Um grande número de nucleotídeos livres de DNA.
I DNA genômica de mn indivíduo.Devido à extrema sensibilida-
de da PCR, a quantidade
Variação Genérica: sua Origem a Detecção / 47

mação da sequência estiver disponível, outras técnicas terão de da PCR_ Em qualquer posição dada, um nucleotídeo comum ou
ser usadas. Em segundo lugar, a extrema sensibilidade da PCR o didesoxinucleotideo podem ser incorporados na cadeia,- este é

a toma suscetível à contaminação no laboratório. Uma série de Lun processo aleatório. Todavia, uma vez que o didesoxinucleo-

precauções é comLu11ente tomada para proteger contra a con- tídeo esteja incorporado, a cadeia é terminada. Desse modo,
taminação. Finalmente, uma vez que pode ser dificil aplicar a o procedimento produz fragmentos de DNA de comprimento

PCR asequências maiores do que alguns quilobases, ela não é variável, cada um terminando no mesmo didestrxinucleotídevo.
tipicamente útil na detecção de deleções maiores (í. t., é difícilou Os fragmentos do DNA podem ser separados de acordo
impossivel amplificara sequência mais longa, normal). A transfe- com a sua extensão através da eletroforese, con forme anterior-
rência de Southem ou outras técnicas são usadas em seu lugar. mente discutido. Quatro reações de sequenciamento¡ diferen-
Por ser a PCR uma técnica tão poderosa e versátil, ela é atu- tes são realizadas, uma para cada base. Os fragmentos obtidos
almente utilizada extensivamente no diagnóstico de doenças de cada reação são submetidos ã eletroforese lado a larlo no
genéticas, medicina legal e genética evolutiva. Ela suplantou mesmo gel, de modo que a posição de cada fragmento possa
a técnica de transferência de Southern em muitas aplicações e ser comparada. Uma vez que cada banda corresponde a uma
atualmente é utilizadapara analisar PCFRs e RTNVs- A PCR é cadeia de DNA que termina com uma base única_, a sequência
tão sensível que foi utilizada para analisar o DNA de múmias de DNA pode ser lida por meio da observação da ordem das
antigas e até de mais de uma dúzia de amostras de Neandertais bandas no gel após a autorradiografia ou outros métodos de
de mais de 30.000 anos de idade. A análise dessas amostras detecção (em um autorradiograma,um marcador radioativo fi-
demonstrou que os humanos modernos são geneticamente xado ao primer indica a posição do fragmento no filme). Várias
bastante distintos dos Neandertais e que, desse modo, é im- centenas de pares de bases nonn alrnente podem ser sequencia-
provável que tenham descendido diretamente deles. das em uma série de reações.

O PCR oferece um meio conveniente e eficiente de fazer


milhões de cópias de uma sequência curta de DNA. Os O sequenciamento do DNA pode ser realizado utilizando
o método didesoxi. Este método depende do fato de que
ciclos de aquecimento e resfriamento são usados para
os didesoxinucleotídeos se comportam de um modo
desnaturar o DNA e, então, fazer novas cópias de uma
semelhante aos desoxinucleolídeos comuns, exceto pelo
sequência especifica ligada ao primer. Devido à sua fato de que, uma vez que estejam incorporados à cadeia
velocidade e facilidadede uso, esta técnica atualmente
é amplamente empregada para avaliação da variação de DNA, afinalizam. Eles marcam, assim, as posições de
bases especificas.
genética, para o diagnóstico de doenças genéticas e em
investigações médico-legais.
Deve estar claro que este método de sequenciamento do DNA
sequenciamento do DNA é LlTTl processo relativamente lento, trabalhoso e propenso a e1ros.
Em muitos estudos genéticos, um objetivo primário é determi- Mais recentemente, estratégias para um sequenciamento auto-
nar o verdadeiro arranjo de pares de bases de DNA que com- matizado do DNA utilizandosistemas de detecção fluorescente,
põe Luri gene ou parte de um gene. Esta sequência de DNA quimiluminescente ou colorimétrico foram desenvolvidos. O
pode indicar muito acerca da natureza de uma mutação espe- emprego de primers ou didesoxinucleotideos marcados com fluo-
cífica, da função de um gene e do grau de semelhança genética rocromo se tomou o método mais popular, parcialmente porque
com outros genes conhecidos- Nós discutiremos em primeiro ele pode ser facilmenteadaptado para rápida automação.
lugar a técnica que foi amplamente Lisada para determinar as Tipicamente, o molde de DNA é sequenciado utilizando-se
sequências de DNA. um método semelhante à etapa de extensão do primer da PCR.
O método didesóxi de sequenciamento de DNA, inventado Cada Lu11 dos quatro nucleotídeos diferentes pode ser rotulado
por Frederick Sanger, utiliza uma cadeia de didesoxinucleoti- com um Huorocromt) que emite um espectro lmninost) diferente.
deus terminais. Estes são quimicamente bastante semelhantes Os produtos da reação marcada com Huorocromo são subme-
aos desoxinucleotídeos comuns, exceto por lhes faltar um gru- tidons à eletroforese por meio de um gel muito lino de poliacri-
po hidroxila_ Ísso impede a subsequente formação de ligações lamida¡ ã medida que eles migram para além de uma janela, são
fosfodiéster com outras bases livres de DNA. Assim, embora excitadns pelo feixe de luz de um laser. A luz emitida é capturada
os didesoxinucleotidetrs possam ser incorporados em uma he'- por uma câmera digital para tradução em um sinal eletrônico e
lice de DNA em crescimento, nenhum nucleotideo adicional uma imagem de gel composto é gerada. Esta imagem em gel é

pode ser adicionado uma vez que eles estejam incluidos. analisada para produzir um gráfico no qual cada um dos quatro
Quatro didesoxinucleotídeosdiferentes são usados, cada um nucleotídeos diferentes é representado por um diferente pico
correspondendo a um dos quatro nucleotídeos (A, C, C- e T). O colorido (Fig. 3-23). Ós sequenciadores automatizadostambém
DNA de filamento único cuja sequência nós desejamos detenni- podem ser adaptados para analisar STRPs,polimorfismo de nu-
nar é mistmado aos pornos rotulados, a DNA polimerase, nucleo- cleotídeo único e outros tipos de polimorfisrnos.
tídeos comuns e Lu11 tipo de didesoxinucleotideo (Fig. 3-22). Em uma outra abordagem para o sequenciamento automa-
O primer hibridiza com a posição complementar apropriada no tizado, as amostras de DNA são submetidas ã eletroforese em
DNA de filamento único e a DNA polimerase adiciona bases finos tubos de vidro [capilares] em vez de géis de poliacrila-
livres ã moiécula de DNA em crescimento, como no processo mida. Uma vez que esses tubos são muito finos, relativamente
43 r caprruro 3 GENÉTICA MÉDICA
FIGURA 3-22
DNA palma”
O sequenciamento do DNA pelo rrietodo
do didesexi (Sanger). D primer mardo
e adicionado ao DNA de filamento unico
tarja sequencia e desconhecida. A DNA 'Wma' gg:: S: Mmturas
polimerase agrega bases livres ao de reação
filamento único, utilizandoo 3. 5.
pareamento de bases complementares_
QLIHÍIO TBQÇÕBS ÚÍÍBTBHÍBS SãO TBHlÍZHÚHS, DNA de “lamento Úmco de
correspondendo aos quatro sequêwa dewmhecm
didesoxinucleotldeos (ddATP, ddGTP, usado como molde
ddGTP e doTlP). Cada um desses
termina a sequencia de DNA sempre
quee incorporado no lugar de um
desoxinucleotldeo normal (dATP, dCTP,
dGTP, dlTP, correspondendo as bases A,
C, G e T, respectivamente). 0 processo
resulta em fragmentos de comprimento
variável, que podem ser separados por
eletroforese. A posição de cada
fragmento é indida pela emissão
de particulas radioativas a partir do
marcador, o que permite que a sequencia
de DNA seja lida diretamente.
Gel de eletroforese

Fragmerrbos
pequenos
T A
É C
I
'r

f Gamma' C
$ Filmede ratos x
g Para a T
A sequencia do
ê ÊÊQUÊHHCÍE É novo
é
filamento c
Variação Genetics: sua Origem e Detecção / 49

rancor 3-3
Métodos de Detecção de Mutação

Southern blotting Digestão do DNA sob análise com enzima de restrição; resolução dos Detecção de inserções, deleções, reananjos;
fragmentos com eletroforese com gel de agarose; transferencia do ordenamento dos fragmentos de DNA em um mapa
DNA para membrana de nãilon e hibridização da sonda marcada com fisico
fragmentos de DNA
Análise do tamanho do Ds produtos da PCR são ordenados por tamanho com a utilização da Detecção de pequenas inserções e deleções e
produto da PCR eletroforese em um gel de agarose ou poliacrilamida expansões repetidas de trincas
Sequenciamento direto do Determinação da ordem linear dos nucleotideos do DNA sob analise; Detecção de inserções, deleções, mutações de
DNA nucleotideos especificos são detectados por clivagem quimi, cadeia ponto, reananjos
didesoxi terminal ou corante de fluorocrorno
clivagem de Hibridizaçãode uma sonda marcada com o DNA sob analise; clivagem Detecção de pequenas inserções ou deleções,
incompatibilidadede DNA do DNA no sitio de incompatibilidadede pareamento de bases mutações pontuais
Hibridizaçãode oligonucleo- Hibridizaçãopreferencial da sonda marcada ao DNA sob analise Detecção de alelos de composição conhecida
tideo alem-especifico (DAE) exclusivamente por composição de bases complementares
Ligação multiplex Ligação de fragmentos de DNA apos a hibridização de sondas Detecção de deleções e duplicações de exons ou de
dependente de sondas de especificas para uma região genes inteiros
amplificação [LM DSA)
Espectometria de massa Detecção de massa fls¡ de filamentos no sentido coneto e contrario do Detecção de pequenas inserções ou deleções,
DNA de teste mutações de ponto
Hibridizaçãopor Hibridizaçãodo DNA sob analise em arranjos de oligonucleotideos Detecção de PNUs, VNCs, diferenças de expressão
microarranjo de DNA ordenados sobre um chip de siliconeou uma lâmina de vidro
Trunmento proteico D DNA sob análise e usado para formar DNA complementar (cDNA) por Detecção de irameshift, sitio de junção ou mutações
TR-PCR com 5'primer contendo o promotor Ti; o cDNA e traduzido e o sem sentido que truncam o produto proteico
produto, separado por SDS-PAGE
TR-PCR, irarrscriptase reversa- reação em cadeia de palitos-tese; SDS-PAGE eletroforese em get de poiracrilamida-dodecil sulfato de sódio.

de como um gene provoca Luna doença especifica- Novos me- individuo. Os microarranjos também são utilizadospara exami-
todos moleculares geraram uma série de técnicas para detecção nar as variantes de nfmrem de cópias, os padrões de metilação
de variações na sequência do DNA. Muitas técnicas resumidas no genoma de uma pessoa e a variação genética em diversos
na Tabela 3-3 podem oferecer Luna triagem rápida e eficiente organismos patogênicos. Uma diferença Fundamental entre os
para a presença de mutações. Esses métodos podem indicar in- microarranjtys e os métodos resumidos no parágrafo precedente
diretamente a existência de uma mutação, após o que a região é que os microarranjos tipicamente pesquisam mutações conhe-
indicada do DNA poderá ser sequenciada a fim de identilicar cidas que são incorporadas nas sondas dos oligonucleotíderos.
a mutação especr'tica. O sequenciamento direto do DNA é um Uma mutação rara, previamente não identificada, não pode ser
meio útil e preciso para detecção die mutações e e' considerado detectada por meio dos microarranjos convencionais.
o método definitivo de identificação e verificação das mutações. Ainda Luna outra aplicação para os microarranjos de DNA é
A medida que se torna menos custoso, o sequenciamento direto determinar quais genes estão sendo expressos (i. e., transcritos)
do DNA vem sendo usado com Frequência crescente. em uma dada amostra de tecido (p. ex., de Lnn tumor). Ú mRNA
Um grande progresso Fo¡ Feito na Fabricação de miubarran- do tecido é extraídoe usado como molde para formar uma sequ-
jos de DNA (também conhecidos como chips dc DNA) ç_- no ência complementar de DNA que é, então, hibridizadana lâmina
seu uso para detecção de mutações (Fig. 3-24). Para Fazer um oom oligxrnucleotideos que representam muitos genes diferentes.

microarranjo de DNA, robôs colocam oligionucleotideos de Fila- O padrão dos sinais de hibridizaçãt) positiva indicam que genes
mento único em uma pequena lâmina dx: vidro. Uma única lâmi- são expressos na amostra de tecido. A abordagem por microar-
na (l em!) pode conter milhões de diferentes oligonucleotfdeos. ranjo do DNA oferece a extraordinária velocidade, a miniaturi-
Esses oligonucleotideos consistem em sequências normais de zação e a precisão de uma análise baseada em computador. Testes
DNA, assim como sequências de DNA que contêm mutações para mutações especificas, um importante aspecto do diagnósti-
reconhecidamente causadoras de doenças. O DNA de filamen- oo genético, serão discutidos em detalhe no Capitulo 13.

to único, Huorescentemente marcado, de Lun individuo é híbri-


dizado com os oligonucleotideos na lâmina para determinar se Muitas técnicas podem ser usadas para detectar
o DNA se híbridiza com os oligonucleotideos normais ou com mutações ao nível da sequência de DNA, como o Southem
aqueles que contêm mutações, e o padrão dos sinais de hibridi- biotting, o sequenciamento direto do DNA e a análise
de microananjos. Os microarranjos são usados para a
_

zação é analisado por um computador. Com a tecnologia atual,


sondas sulicientes podem ser colocadas em um único microar- detecção de mutações, análise da expressão genética e
ranjo para analisar a variação de um milhão de PNUs em um em uma ampla variedade de outras aplicações.
5o
Variação Genérica: sua Origem e Detecção / 51

através das gerações e ajuda a explicar e analisar a variação ge- cionar as respectivas probabilidadesemconjunto. Por exemplo,
nética nas populações. Ela também ajuda na avaliação de risco, a probabilidadede obter duas caras em uma série é de 1/2 x 1!2,
uma importante parte da genética médica. Por exemplo, o me- ou U4, e a probabilidade de obter duas coroas em uma série e'

dico, ou o consultor genético, comumente informa os casais a mesma. A probabilidade de obter duas caras ou duas coroas
acerca do seu risco de produzir uma criança com um distúrbio em um total de dois lançamentos e' a soma das probabilidades:

genético. Uma probabilidadeé definida como a proporção de H4 + 134 H2. Como um outro exemplo, imagine que um casal
:

vezes com que um resultado específico ocorre em uma série de planeje ter três Filhos e eles tenham uma Forte aversão ã ideia
eventos. Assim, podemos Falar da probabilidade de se obter de ter tres crianças todas do mesmo sexo. Eles podem ser um
um 4 quando um dado é lançado, ou da probabilidadede que um pouco tranquilizadosse souberem que a probabilidade de pro-
casal venha a produzir um filho, em vez de uma Filha. Uma vez duzirem três meninas ou três meninos é de U8 + 1.38, ou U4. A
que as probabilidades são proporções, elas se situam entre O e probabilidadede que eles venham a ter alguma combinaçãode
1, inclusive. meninos e meninas e' de 3M, uma vez que a soma das probabili-
Durante a meiose, um membro de um par de cromossomos dades de todos os resultados possiveis deve ser igual a l.
é transmitido para cada espermatozoide ou ovócito. A proba-
bilidade de que Lun dado membro do par seja transmitido é A probabilidadebásica nos permite compreender e
de U2 e a probabilidadede que o outro membro do par seja estimar os riscos genéticos e a compreender a variação
transmitido também é de U2. (Observe que as probabilidades genética entre as populações. A regra de multiplicação é
de todos os eventos possiveis devem somar 1 para qualquer usada para estimar a probabilidadede que dois eventos
experimento determinado.) Uma vez que essa situação e' di- venham a ocorrer ao mesmo tempo. A regra de adição é
retamente análoga ã de lançar Luna moeda, na qual as pro- usada para estimar a probabilidadede que um evento ou
babilidadesde se obter cara ou coroa são, cada uma, de 1/2, outro ocorra.
usaremos o cara-ou-coroa como nosso exemplo ilustrativo.
Quando Luna moeda e lançada repetidamente, o resultado Frequências Génlcas e Genutlplcas
de cada lançamento não tem efeito sobre os lançamentos sub- A prevalência de muitas doenças genéticas varia consideravel-
sequentes. Cada evento (lançamento) é dito ser independente. mente de uma população para outra. Os conceitos de frequência
Àinda que obtivéssemos 10 caras em Luna série, a probabilidade genotípica e frequência gênica nos ajudam a medire a compreen-
de obtermos cara ou coroa no próximo lançamento permane- der a variação populacional na incidência da doença genética.
ceria U2. De modo semelhante, a probabilidade de que um imagine que tivéssemos tipado 200 pessoas em urna po-
genitor venha a transmitir LlI'|'| dos dois alelos em Lun locus é pulação para o grupo sanguíneo MN- Este gmpo sanguíneo,
independente de um evento reprodutivo para o próximo. que é codilicado por um locus no cromossomo 2, possui dois
O princípio da independência nos permite deduzir dois con- principais alelos, denominados 1X4 e N. No sistema JVÍN, os
ceitos Fundamentais de probabilidade, a regra da multiplicação eleitos de ambos os alelos podem ser observados no hetero-
e a regra da adição. A regra da multiplicação afirma que, se duas zigoto. Diz-se que o JH e o N são, consequentemente, Codo-
tentativas forem independentes, então a probabilidadede se ob- minantes: 0 heterozigoto pode ser diferenciado de ambos os
ter um dado resultado em ambas as tentativas é o produto das homozigotos. Qualquer individuo na população só pode ter
probabilidadesde cada resultado. Por exemplo, podemos querer três genótipos possiveis [lembre-se que o genótipo é a cons-
saber a probabilidadede obter cara em ambos os lançamentosde tituição genética de alguém em um locus): Ele ou ela pode ser
uma moeda sem vícios. Uma vez que os lançamentossão eventos homozigoto[a] para M (genótipo MM), heterozigvotolla] (MIN)
independentes, esta probabilidadeé dada pelo produto das pro- ou homozigotcilía] para N
babilidadesde obtenção de cara em cada lançamentoindividual:
la"2x H2 U4. De modo semelhante, a probabilidade de obter
=

duas coroas em uma série é de i1") x 1/2: 1X4.


A regra da multiplicação pode ser estendida para qualquer
número de tentativas. Suponha que um casal deseje saber a
probabilidade de que todos os seLLs Filhos planejados sejam
meninas. Uma vez que a probabilidade de produzir uma me-
nina é, aproximadamente, 1/2 e uma vez que os eventos re-
produtivos são independentes um do outro, a probabilidade
de produzir três meninas é de 1f2 x H2 x U2 1X8- Todavia, se
=

o casal já tiver produzido duas meninas e então quiser saber a

probabilidade de produzir uma terceira menina, ela simples-


mente será de U2_ lsso ocorre porque os dois eventos prévios
não são mais probabilidades,-eles realmente aconteceram. Em
razão da independência, esses eventos passados não têm efeito
sobre o resultado do terceiro evento.
A regra da adição afirma que se quisermos saber a probabi-
lidade de um resultado ou outro, podemos simplesmente adi-
52 x Capftuio3 GENÉTICA MÉDICA
alelos). Para obter a frequência de M, nós dividimos o níunero de
alelos M pelo número total de alelos naquele locus: 248/400 0,62.
=

Do mesmo modo, a Frequência dx: N é de 1513.5400, ou 0,38- A


soma das duas Frequências deve ser igual a I.

As frequênciasgênicas e genotípicas especificam as


proporções de cada alelo em cada genótipo, respectivamente,
em urna população. Sob condições simples, essas
frequências podem ser estimadas por contagem direta.
D Prlnclplu de Hardy-Welnberg
O exemplo dado para o locus !UN apresenta Luna situação ideal
para a Frequência gênica, uma vez que, devido
estimativa da
ã codominância, os três genótipos podem ser Facilmente di-
ierenciados e contados. 0 que acontece quando mn dos ho-
mozigotos é indistinguivel do heterozigoto (í. e., quando há
dominânciaÍi? Aqui, os conceitos básicos de probabilidadepo-
dem ser usados para especificar uma relação previsível entre
Frequências genéticas e frequências genotípicas.
imagine um locus que possua dois alelos, denominados A e
a. Suponha que, em Luna população, nós saibamos a frequência
do alelo À, que chamaremos de p, e a frequência do alelo a, que
chamaremos de q. A partir desses dados, desejamos determinar
as frequências populacionais esperadas de cada genótipo, AA,
Aa e aa. Partiremos do principio de que os individuos na popu-
lação se acasalam ao acaso no que diz respeito ao seu genótipo
nesse locus (o acasalamento aleatório também é denominado

panmixia). Desse modo, o genótipo não tem eleito sobre a


seleção do parceiro- Se homens e mulheres se acasalarem ale-
atoriamente, então a suposição de independência é satisfeita.
lsso nos permite aplicar as regras de adição e multiplicação
para avaliar as frequências genotipicas.
Suponha que a Frequência de p, o alelo A na nossa popula-
ção, seja de 0,7. lsso signilica que 70% dos espermatozoides
na população devem conter o alelo A, assim como 70% dos
ovócitos. Uma vez que a soma das frequências de p e q deve ser
t, 30% dos ovócitos e espermatozoides devem ser portadores
do alelo a (i- e., q=0,30). Sob pan-mixia, a probabilidade de
que LllTl espemiatozoide portador de A se una a um UVÕ-Citt)
contendo Á e dada pelo produto das lrequências genéticas:
p x p p' 0,49 [regra da multiplicação). Esta é a probabilidade
= :

de produzir uma prole com o genótipo AA. Utilizandoo mes-


mo raciocinio, a probabilidade de produzir Luna prole com o

genótipo aa é dada por q xq q* 0,09.


= =

E a Frequência de heterozigotos na população? Existem dois


modos pelos quais um hetemzigoto pode ser formado. Óu um
espermatozoide contendo Lun A pode se unir a um ovócito con-
tendo a, ou um espemiatozoide portador de a pode ser unir a
um ovócito que contenha A. A probabilidadede cada um desses
dois resultados é dada pelo produto das frequências gênicas, pq.
Uma vez que queremos saber a probabilidadeglobal de obter
um heterozigoto
Variação Genetics: sua Origem e Detecção / 53

FIGURA 3-26
Correspondência entre a frequencia do alelo
íalcemico e a distribuição da malária pelo
Plasmodiumfalcxpamm.

I 1095-2024.
I seu-mv..
I 1°/a-5%

Frequência do gana Distribuição da malárl


da anemia falciforme pelo fntcfparum

produzirão Luna prole com maior chance de sobrevivência) e A deriva genética é uma força que pode fazer com
outra
diminui a frequência de variantes que são desfavoráveis em um que os genes patológicos variem em frequência entre as po-
dado ambiente (i. c., os portadores do gene produzem uma me- pulações- Para compreender o processo de deriva genético,
nor prole sobrevivente). 'lipicamentqmutações causadorasde considere LLITI exercicio de lançamento de moeda no qual 10
doenças são continuamente introduzidas em uma população moedas sejam lançadas. Uma vez que cara e coroa são igual-
pelos processos de erno descritos anteriormente. At) mesmo mente prováveis, o número esperado de caras e coroas neste
tempo, a seleção natural remove essas mutações. exercício seria de 5 para cada Todavia, e intuitivamente claro
Certos ambientes, porém, podem conferir uma vantagem se- que, pelo acaso, um afastamento dessa expectativa poderia ser
letiva para Lnna mutação patológica. A doença anemia falciforme observado. Não seria surpreendente obsenrar sete caras e tres
novamente nos fornece um exemplo. Conforme anteriormente coroas em i0 lançamentos, por exemplo. Contudo, se 1.000
discutido, as pessoas que são homozigotas para a mutação falcê- moedas forem lançadas, o grau de afastamento da proporção
mica tem uma probabilidademuito maior de falecer precocemen- esperada de 50% de caras e 50% de coroas é muito menor. Um
te. Os heterozigotos geralmente não possuem nenhuma vanta- resultado razoável de 1.000 lançamentos poderia ser de 470
gem ou desvantagem particular. Todavia, foi demonstrado que os caras e 530 coroas, mas seria bastante improvável obter 700
heterozigotcis para a anemia falciforme possuem uma vantagem caras e 300 coroas. consequentemente, existe menos flutua-
de sobrevivênciadistinta nos meios ambientes nos quais a malária ção aleatória em amostras maiores.
pelo Plasmodium:falciparum é comLnn (p. ex., África oeste-central) Ó mesmo principio: se aplica as frequências gênicas nas po-
(Fig. 3-26)- Urna vez que o parasita da malária não sobrevive bem pulações. Em uma população muito pequena, uma frequência
nos eritrócitos dos heterozigotos falcemicos, essas pessoas estão gênica pode se desviar substancialmente de Luna geração para
menos propensas a sucmnbir à malária do que os homozigotos a seguinte, mas improvável em uma grande população.
isso é
nonnais, conferindo uma vantagem seletiva à mutação falcêmica Desse modo, a deriva genética e maior em populações meno-
neste meio ambiente. Embora haja Luna seleção Contra a mutação res. Como resultado, as doenças genéticas que são de outro
nos liomozigotos para a anemia falciforme, existe uma seleção para modo raras podem ser observadas bastante frequentemente em
a mutação nos heterozigotos. O resultado é que a mutação cau- uma pequena população. Por exemplo, a sindrome de Ellis-van
sadora da doença persiste em uma frequência relativamente alta Creveld, um raro distúrbio que envolve estatura reduzida, po-
em muitas populações africanas e mediterrâneas. Em ambientes lidactilia[dedos supranulnerários) e defeitos cardíacos conge-
não maláricos (p. ex., norte da Europa), a mutação falciêmica não nitos, é observada com uma frequência grandemente elevada
possui vantagem, de modo que a seleção natural age fortemente entre a população Old Order Amisb da Pensilvânia. A popu-
contra ela por meio da eliminação dos homozigotos. Este exem- lação Amisb foi fundada nos Estados Unidos por cerca de 50
plo ilustra o conceito de que a variação da incidência de doenças casais. Devido a esse pequeno tamanho populacional, houve
genéticas entre as populações pode ser usada pela seleção natural, um grande potencial para a deriva genética, resultando em fre-
operando diferenciadamentenos diferentes meios ambientes. quências aumentadasde certos alelos causadores de doenças.
É comum observar o efeito da deriva genética em pequenas
A seleção natural é o processo evolutivo no qual os alelos populações isoladas por todo o mundo. Mesmo populações rela-
tivamente grandes podem ter experimentado os eleitos da deriva
que conferem vantagens de sobrevivência ou reprodutivos
em um ambiente específico são positivamente selecionados em um passado recente se foram submetidas a severos gargalos

para aumentar em frequência e os alelos que conferem populacionaisou se foram estabelecidas por Lun pequeno núme-
uma sobrevivência menor ou ro de fundadores (efeito do fundador). Por exemplo, mais de
desvantagens reprodutivas
são selecionados negativamente, de modo que eles 30 doenças genéticas d.e outro modo raras são encontradas com
diminuem em frequência. frequência elevada na população Finlandesa, que supostamente
54 x Capítulo.? GENÉTICA MÉDICA
foi primariamente por um pequeno número de indivíduos cerca vez mutação introduz uma nova cópia do alelo da doen-
que a
de 100 gerações atrás. A fenilcetonifrria e a librose cística, que ça dominante em uma população, a seleção natural a elimina.
são comuns em outras populações do Oeste Europeu, são rela- Neste caso, p, a frequência gênica do alelo letal na população, é
tivamente raras na Finlândia, ilustrando o Fato de que o desvio igual a u., a taxa de mutação (p u). Agora, suponlra que aqueles
=

genético tanto pode aumentar quanto diminuir a frequência dos que lrerdam o alelo possam sobreviver nos anos de sua idade re-
genes patológicos. Diversas doenças genéticas (p. ex., distonia produtiva, mas, em média, produzam 30% menos lillios do que
de torção, doença de Tay-Sachs e doença de Gaucher) oconem aqueles que não lierdaram o alelo. Esta redução da prole repre-
com Frequência aumentada na população dos judeus asquenazes senta o coeficiente de seleção, 5, do alelo. Nesse caso, s =0,30.
[Capítulo 7),- isso pode ser o resultado de gargalos populacio- Quando o alelo é completamente letal, s 1 (i. e., nenlituii filho
=

nais que ocorreram na história dessa população. é produzido). Podemos, agora, estimar a Frequência gênica para
este alelo como p =

0 desvio genético é um processo evolutivo aleatório


que produz grandes alterações nas frequênciasgênicas
em populações menores. O efeito do fundador, no qua]
pequenas populações fundadores podem experimentar
grandes alterações na frequênciagênica devido ao seu
pequeno tamanho, é um caso especial de deriva genética.

O fluxo gênica ocorre quando as populações perTnutam


migrantes que se acasalam uns com os outros. Através do
tempo, o Huxo gênico entre as populações tende a torná-las
geneticamente mais similares uma a outra. Um motivo pelo
quai a anemia é menos comum entre os afro-americanos do
que em muitas populações africanas é o liuxo gênica entre os
abri-americanos e os euro-americanos (é provável que este
mesmo processo tenha aumentado a Frequência de Fibrose cís-
tica na população ano-americana)- Além disso, uma vez que
a malária pelo P. _Íalcípamm não é encontrada na América do
Norte, a seleção natural não favorece a mutação Falcêmica.
As Forças da mutação, da seleção natural, da deriva genética e
do Huxo gênico interagem de modos complexos e algumas vezes
inesperados para influenciar a distribuição e a prevalência de
doenças genéticas na população. A interação entre a mutação, que
constantemente introduz novas variantes, e a seleção natural,
que Frequentemente as elimina_, constitui um exemplo importan-
te e clinicamenterelevante dessa interação. Uma análise simples
da relação entre mutação e seleção nos ajuda a compreender a
variação das Frequências gênicas- Considere, por exemplo, uma
doença dominante que resulte em morte antes que a pessoa
possa reproduzir-se. Esta é denominada mutação genética letal
porque_, embora o indivíduo possa sobreviver por algum tem-
po, ele não contribui com genes para a próxima geração. Cada
4. Destaque as principais diferenças entre PNUs,
RTNVs e STRPs. Quais desses três tipos de
polimorñsmo está representado no autorradiograma
da Figura 3-27.

20o pb
w
3

i.

*~
4-
\
'

HERANÇAS AUTOSSÕMICL D
..

Várias doenças genéticas importantes e bem compreendidas pais são misturados na prole_ Em contrapartida, o princípio de
são o resultado de Luna mutação em um único gene. A edição segregação diz que os genes permanecem intactos e distintos.
online de 2009 de McKusiclCs Àrírnxlelírzn Íuberitantrr in ñrlan (httpJ/ Um alelo para semente de lionna "lisa" pode ser transmitido para
svww.nebi.nlm.nih.gov:"(.)mimr")lista mais de 19.000 caracteñs- a prole na próxima geração, o qual pode, por sua vez_. transmitir
ticas de um único gene, ou monogênicas, definidas até hoje em o mesmo alelo mira a sua própria prole. Se, em vez de perrnane-
humanos_ Destas, mais de 1 8.000 estão localizadas nos cromos- cerem distintos, os genes fossem, de alguma tonna, misturados

somos autossômicos, não mais do que 1.000 estão localizadas na prole, seria impossível rastrear a herança genética de Luna

no cromossomo X e 5 7 estão localizadas no cromossomo Y. As geração para a seguinte. Assim, o princípio da segregação foi a
caracteristicasmonogênicas têm sido o toco de pesquisas feitas chave para o desenvolvimento da genética moderna.
ate' agora na genética médica- Em vários casos, esses genes fo- O principio da segregação independente de Mendel foi sua
ram mapeados para localizações específicas nos cromossomos, segunda grande contribuição para a genética. Esse principio diz
clonados e sequenciados. Essas pesquisas têm levado a novos que genes em loca' diferentes são transmitidos independentemen-
e excitantes conhecimentos não somente na área de genética te. Considere os dois lou' mencionados anteriomiente. Um lDCHS
como também na fisiopatologia básica da doença. pode ter tanto o alelo "liso" quanto o "rugoso", e o outro pode ter
Neste capitulo, são focadas as desordens de um único gene tanto o alelo "alto" quanto o "baixo". Em um evento reprodutivo,
causadas por mutações nos cromossomos autossrãmicos. (De- Lun genitor transmite um alelo de cada locus para a sua prole. Õ
sordens de um único gene causadas por mutações nos cromos- princípio da segregação independente dita que a transmissão de
somos sexuais são o assunto do Capítulo 5 ÍI. São discutidos os Lun alelo especiFico em um locus ("liso" ou 'urugosoÚ não tem efei-

padrões de herança destas doenças em Famílias, assim como os to em qual alelo é transmitido no outro locus ("alto" ou "haixtfti.
Fatores que complicam esses padrões. Quando apropriado, o O principio da segregação descreve o comportamento dos
mecanismo molecular que causa a doença genética e abordado. cromossomos na meiose. Õs genes nos cromossomos segregam
São discutidos também os riscos da transmissão das doenças durante a meiose, e eles são transmitidos como entidades distin-
de um único gene para a sua prole, porque esta é geralmente tas de uma geração para a seguinte. Quando Mendel realizou seus
uma preocupação importante para casais de risco. experimentos cñticos, ele não tinha conhecimento direto sobre
cromossomos, meiose ou genes
CÚNCEÍTOS BÁSÍCÚS DE GENÉTÍCÀ FOHMÀL
Contribuições de Gregor Mendel
Características monogênicas também são conhecidas como
caracteristicasmendelianas, devido a Gregor Mendel, o monge
austríaco do século XlX que deduziu vários princípios genéti-
cos importantes a partir de seus experimentos bem projetados

com ervilhas de jardim. Mendel estudou sete características

nas ervilhas, cada qual determinada por um único gene. Essas


caracteristicas incluíram atributos como altura (plantas altas
ütfSuS baixas) e forma da semente f_ lisas versus mgosas). A varia-

ção em cada uma dessas caracteristicasc'- causada pela presença


de diferentes alelos em loc¡ individuais.
Dois princípios centrais surgiram a partir do trabalho de
Mendel. Õ primeiro é o principio de segregação, o qual diz
que organismos sexualmente reprodutíveis possuem genes que
ocorrem aos pares e que somente um membro deste par é trans-

mitido ã prole (ii. E., ele segrega). O pensamento prevalente du-


rante a época de Nlendel era que os Fatores hereditários de dois
L .

Clínico 4-1), uma condição autossômica recessiva na qua¡ somen- metabólitcis tóxioos. Esse processo é altamente destrutivo para o
te o homozigottr recessivo e' afetado. Por outro lado, o mesmo sistema nervoso central e eventualmente produz retardo mental
genótipo pode produzir diferentes tenótipos em diferentes am- severo. Foi estimado que bebês com PKU não tratada percam, em
bientes. Um exemplo é a doença. recessiva feniloetonrfuia (PKU, média, um a dois pontos no QI por semana durante o primeiro
do ingiês pbenjizrtonuría), a quai é (ibscrvada aproximadamente ano de vida- Assim, o genótipo para PKU pode gerar mn fenótipo

em Lun a cada 10.000 nascimentos europeus. Às mutações no iocus severo da doença. Entretanto, é importante detectar a PKU no

que codifica a enzima metabólica fenilalaninahidmxilase deixam nascimento (Capitulo 13), e o retardo mental pode ser evitado
o homozigtott) incapaz de metabolizar o aminoácido Íeniiaiani- iniciando Luna dieta pobre em fenilalaninano primeiro mês após
na Embora bebês com PKU sejam nomiais no nascimento, sua o nascimento. A criança ainda possui o genótipo para PKU, mas o
deficiência metabólica produz acfunulo de fenilalanina e seus tenótipo Foi pnriímdamcntealterado peia modificação ambiental.

I' ox f'
í COMENTÁRIOcLíNIco 4-1

z
A fibrose cística (FC) ê uma das desordens mais comuns de um único gene passadas. 0 tempo mêdio de sobrevivência atualmente ê proximo de 40
na América do Norte, afetando aproximadamente de um em cada 2.000 a anos. Esta doença possui alta expressão variável, com alguns pacientes
um em cada 4.000 americanos nascidos na Europa. Ela e menos comum apresentando somente leves dificuldades respiratórias e uma sobrevivência
em outras populações. A prevalência entre afro-americanos ê cerca de um próxima do normal. Outros apresentam problemas respiratórios mais seve-
em cada 15.000 nascimentos, e ê menos de 1 em 30.000 entre americanos ros e podem sobreviver por menos de 2 décadas.
asiáticos. Aproximadamente 30.000 americanos sofrem desta doença. A FC ê causada por mutações em um gene, o CFFRã que codifica o re-
A FC foi primeiramente identificada como uma doença distinta em 1938 gulador de condutãnciatransmembranarda fibrose cística [do inglês, cystír:
e foi denominada "fibmse cística do pâncreas'. Isto se refere a lesões fibroti- ribrcsis transmembranarconductance reguíator). O CFE? codifica canais ¡ê-
cas que se desenvolviam no pâncreas. um dos principais órgãos afetados por nicos de cloreto regulados por AMP cíclico que atravessam a membranade
esta desordem. Aproximadamente 85% dos pacientes de FC têm insuficien- celulas epiteliais especializadas, tais como aquelas que alinham o intestino e
cia pancreática (í. e., o pâncreas e incapaz de secretar enzimas digestivas, o pulmão. Alem disso, o CFE? esta envolvido na regulação do transporte de
contribuindo para a ma absorção crônica dos nutrientes). O trato intestinal íons sódio atraves das membranas das celulas epiteliais. 0 papel do CFFH
tambem e afetado. e aproximadamente 15% a 20% dos recem-nascidos no transporte de sódio e cloreto nos ajuda a entender os múltiplos efeitos
com FC possuem neo meconial (materia intestinal espessa e obstrutiva). As das mutações no locus da FC. O transporte deficiente de íons resulta no
glândulas sudoríparas dos pacientes com FC são anormais, resultando em desequilíbrio de sais, esvaziando a quantidade de água das vias aereas e
altos niveis de cloreto no suor. Esta e a base para o teste do suor, comumente produzindo as secreções espessas e obsfnitivasobservadas nos pulmões. 0
utilizadono diagnostico desta doença. Mais de 95% dos homens com FC são pâncreastambeme destruído por secreções escamas, levando a insuficiên-
estéreis em razão da ausênciaou obstrução dos vasos deferentes. cia fibrosa e pancreática. A deficiencia no transporte de íons cloreto explica
A principal causa de morbidade e mortalidade em pacientes com FC ê a a alta concentração anormal deste íon nas secreções do suor de pacientes
doençapulmonar. Pacientes com FC possuem intensa irflamação das vias as» com FC: O cloreto não pode ser reabsonrido da luz dos ductos de suor.
reas inferiores e infecção bronquial cronica, progredindc a um estagio tenninal As análises da sequencia de DNA revelaram mais de 1.500 mutações
de doença pulmonar caracterizado por um dano extensivo das vias aereas e diferentes nc locus CHF. A mais comum é um delação de três bases que
fibrose no tecido pulmonar. Pensou-se que a obstrução das vias aereas e o dano resulta na perda de uma fenilalaninana posição 508 da proteina CFlR Essa
ao pulmão fossem causados por uma superfície aerea desidratacla e Inalação mutação e marcada com AFSOB (í. e., deleção da fenilalanina na posição
reduzida. resultando em LITI muco espesso das vias aereas. Isto esta associado 508). A AFEOB refere-se a aproximadamente 70% de todas as mutações
a infecções por bactérias. tais como Staphylococcus aureus e Pseudomonas de FC. Esta mutação. junto com diversas outras relativamente comuns, e
atingiram A combinação da obstrução das vias aereas, inflamaçãoe 'nfecção analisada no diagnósticogenético da FC [Capítulo 13).
levaa destruiào das vias aereas e do tecido pulmonar, resultando eventualmen A identificação de uma ou mais mutações específicas que são responsaveis
te em morte por doença pulmonar em mais de 90% dos pacientes com FC. pela FC em um paciente pode ajudar a presumi a severidade da doença Por
Como resultado da melhora da nutriào, de tecnicas de liberação redu- exemplo, a maioria das clmes severas de mutações (das quais aAFEOBe um
zida das vias aereas e da terapia com antibióticos, a taxa de sobrevivência exemplo; veja figura a seguir) resulta em urna ausênciacompleta da produção
de pacientes com FC aumentou consideravelmente durante as 3 décadas do canal de íon cloreto ou em canais que não possam migrar para a membrana

A. Pâncreas normal. B, Pêncreas de um paciente com fibrose cística, mostrando a infiltração de gordura e lesões fibniticas.

Continua
M”
r
HEIENJÇES ÀUÍGSSÕMÍCES DümillâíilâE' HECESSÍVH / 5.9

celular. Pacientes homozigoms para essas mutações quase sempre apresentam A capacidade de identificar as mutações do Q-'mtem levado a solxeviirência
insirficiêrtcia panoreatica Por outro lado, outras mutações ip. ex., R117H, muta- de pessoas que possuem uma (heterozigotoi ou duas (itomozigoto) mrnações deste
ção de sentido trocado] resultam em canais iõnicos que seguem para a marrom- gene, mas nm apresentam fibrose cística_ Elas tem aumentadoos riscos para va-
na celular, mas respondem fracamente ao AMP cíclico e consequentemente não rias condiçoes de doenças, incluindo CBAVD, broncpiestasia (dilataçãocronica dos
permanecem abertos o tanto quanto deveriam. O fenótipo e então mais brando: bronquios e produção anomtai de muco] e pancreatite anitamaçãopancreática).
Pacientes que possuem essa mutação são menos suscetíveis a apresentar insu- Em razão do aumento do nosso conhecimento da fisiopatologia da FC, a
ficiencia pancreática. Pacientes com outras mutações brandas do CFB? (geral- identificação do gene CFM abriu a possibilidade de novos tratamentos para
mente, classes N e V) tendem a apresentar doenças pulmonares menos severas esta doença. Um exemplo e a administração de fannaoos, como a gente-
e menores taxas de mortalidade. Algms homens com mutações brandasdo me micina, que causa a leitura através de oódons de parada prematuros dos
possuem somente ausenciabilateral congênita dos vasos deferentes (CBAVD, do ribossomos que acometem aproximadamente 7% das mutações me. Outros
ingles, ::congenital bilateralabsencedote vas deforma), porem pouca, ou nenhu- fannacos podem aumentara atividade de canais de cloreto em pacientes com
ma, doença pulmonar ou gastrointestinal. A consome entre genótipo e feruittro mutações de classes III ou N. A terapia gênica, na qual o gene CH?? nonnal é
esta longe da perfeição, entretanto, indica que os m' modificadores ou fatores inserido em vetores virais ou outros vetores e são posteriormente introduzidos
ambientais podem também influenciar a supressão da doença (ver texto). Em nas vias aereas do paciente (Capitulo 13), tambem está sendo investigada

isa- ím
geral, ha uma conotação razoavelmente boa entre genótipo e função pancreatica ativameme. Esta estrategia, entretanto, tem encontrado dificuldades porque
e uma relação mais variável entre genótipo e função pulmonar. os vetores virais frequentemente induzem uma resposta imune inflamatória_

'Comerrcionaimenfig o simbolo para um gene, tai como [Ti-TR, e mostrado em itálico, e


o simbolo para o produto (premios), não.

Este exemplo mostra que o lenótipo e' o resultado da intera- Fêmea nomtai
ção do genótipo e dos fatores ambientais. Deve ser enlzatizado Macho nomtai
que o "ambiente"pode incluir o ambiente genético (i. t., genes
em outro loci cujos produtos podem interagir com Lun gene
Sexo não especificado
específico ou seu produto).
Barras únicas indicam acasalamento
O fenótipo, qual é fisicamente observável, resulta
› partir o
da interação do genótipo do ambiente. e
a
Pais normais e prole normal, duas
meninas e um menino, na ordem
de nascimento indicado por números;
A estrutura básica do heredograma l e II indicam gerações
O heredograma é Luna das ferramentas mais comumente utili-
zadas na genética médica- Ele ilustra as relações entre os mem- Único parente como apresentado
bros da família e mostra quais membros desta são afetados, ou significa que o parceiro é normal ou
não, por uma doença genética. 'lipicamentq uma seta denota sem significância para a análise
o probando, a primeira pessoa em quem a doença é diagnos-
ticada no heredograma. O probandt) também é referido às ve- Barras duplas significam um casamento
consanguineo (casamento entre
zes como o caso-índice ou propósito [propósita para fêmeas).
parentes proximos)
A Figura 4-1 descreve as características de uma notação de
heredograma. O Ei Irmaos fraternais (não idênticos)
Quando se discute parentesco em Familias, geralmente se
refere a graus de parentesLo. Os parentes em primeiro grau
Gémeos idênticos
são aqueles que são relacionados à prole-genitores ou irmãos
(irmão e irmã). Os parentes em segundo grau são aqueles re-
movidos por uma etapa de geração adicional (p. ex., avós e
seus netos, tios ou tias e suas sobñnhas e sobrinhos). Seguindo
esta lógica, os parentes em terceiro grau devem incluir, por
exemplo, os primos innãos, bisnetos, e assim por diante.
C63 IE] individuos múltiplos de cada sexo

Quadrado ou circulo escuro


individuos afetados; seta (quando
significam
presente) Indica que o individuo afetado
HERÀNÇÀ ÀUTOSSOMÍCÀ DÚMÍNÂNTE é o proposito iprobando)
Características de herança autossümloa dominante
Doenças autossômicas dominantes são observadas em apro- G Portador nao necessariamente
-

manifastara a doença
ximadamente um a cada 200 individuos (Tabela 1-3 no Capí-
tulo 1). Contudo, individualmente, cada doença autossômica
dominante é rara nas populações, as mais comuns possuem
8' e Z Morto

Frequências gênica; em cerca de 0,001. Por esta razão, são in- Q Natimorto com 29 semanas de gestação
comuns as reproduções entre dois individuos em que ambos NM
são afetados pela mesma doença autossômica dominante. Na 29 semanas
maioria das vezes, as proles afetadas são produzidas pela união FIGURA JH
de um parental não afetado com um heterozigoto afetado. O Natação bas¡ do heredograma
Quadrado de Punnett na Figura 4-2 ilustra tal reprodução. Para maiores detalhes, ver Bennetter ai: J Gene! Counset 2008; 1.7:424-433.
eo x caprmro 4 savana-lMÉDICA
Genltor não afetado
Aa aa

aa aa Aa aa

Aa aa Aa

afet do
aa aa aa

FIGURA 4-4
Heredograma ilustrando o padrão de herança da polidactiliapos-axial, uma
Genitor desordem autossomicadominante. individuos afetados são apresentados pelo
sombreado.

drão de transmissão vertical, no qual o fenótipo da doença e


normalmente observado em uma geração após a outra. Além
HGURA 4-2
Quadrado de Punnett ilustrando o casamento de individuos não afetados (aa) disso, se nenhum genitor possui a característica, nenhuma
oom um individuo heterozigoto para um gene de uma doença autossümi das crianças a terá. Em terceiro lugar, a transmissão de pai
dominante (Aa). 0 genótipo da prole afetada está sombreado. para filho do gene da doença é observada. Embora essa trans-
missão pai para lilho não seja requerida para estabelecer uma
O parental afetado pode passar tanto o gene da doença quan- herança autossômica dominante, sua presença em um here-
to o gene normal para seus descendentes. Cada evento tem dograma exclui algumas outras maneiras de herança (particu-
probabilidadede 0,5. Assim, em média, a metade das crianças larmente herançaligada ao X,- Capftulo 5). Finalmente, como
será heterozigota e irã desenvolver a doença, e metade será já vimos, um heterozigoto afetado transmite a caracteristica
homozigota não afetada- para aproximadamente metade dos seus Filhos. Entretanto, a
A polidactiliapós-axial, presença de um dedo extra ao lado transmissão gamética, tal como no jogo de' moeda, está sujei-
do quinto dedo (Fig. 4-3), pode ser herdada como uma ca- ta a Hutuações de chance, e é possível que todas ou nenhuma
racterística autossômica dominante. Digamos que o A simbo- das crianças de um genitor afetado tenham a característica.
lize o alelo para a polidactiliae a simbolize o alelo normal. Quando vários cruzamentos deste tipo são estudados, a pro-
Um heredograma idealizado para esta doença está ilustrado porção de crianças afetadas se aproxima de 1D..
na Figura 4-4. Este heredograma mostra várias caracteristi-
cas importantes de uma herança autossômica dominante. Em A herança autossõmica dominante é caracterizadapor
primeiro lugar, ambos os sexos possuem a característica em transmissão vertical do fenótipo da doença, ausência
proporções aproximadamente iguais, e os homens e mulheres de salto de gerações e números aprmdmadamente
podem igualmente transmitir a característica para a sua prole. iguais de homens e mulheres afetados. A transmissão
lsso porque a polidactiliapos-axial é urna doença autossômica de pai para filho pode ser observada.
(o oposto de Luna doença causada pela mutação no cromos-
somo X, na qual essas proporções diferem tipicamente). Em
segundo lugar, não há saltos de gerações: Se um indivíduo tem Riscos de Recnrréncla
polidactilia,um parente tamMm deve tê-la. lsso leva a Lun pa- Os genitores com risco de gerar crianças com uma doença
genética estão frequentemente preocupados com a questão:
Qual e' a chance de nossos Futuros filhos terem esta doença?
A probabilidadede que uma prole individual seja afetada pela
doença em questão é denominada risco de recorrência. Se
um genitor é afetado por Luna doença autossômica dominante

(heterozigoto) e o outro é nonnal, o risco de recorrência para


cada criança é de U2. E importante ter em mente que cada
nascimento é um evento independente, assim como nos exem-
plos de jogo de moeda. Desse modo, mesmo se os genitores já
tiverem uma criança com a doença, o seu risco de reconência
permanece 1X2. Mesmo se eles tiverem várias crianças, todas
afetadas (ou todas não afetadas] pela doença, a lei da inde-
pendência dita que a probabilidadede seu próximo filho ter a
doença ainda é de U2. Embora este conceito pareça intuitiva-
mente óbviio, não é comumente compreendidopela população

FIGURA 4-3 lei ga- Óutros aspectos de comunicação de riscos a Famílias são
Polidactiliapos-axial. Um dedo extra esta localizado ao lado do quinto dígito. discutidos no Capitulo 15.
HerançasAutossômicxas Dominante e Recessiva / 6'i

0 risco de recorrência para uma desordem autossõmica


dominante é de 50%. Por causa da independência, este
risco pennanece constante não importando quantos
films, afetados ou não, tenham nascido.

HERANÇA AUTOSSÔMICA RECESSIVA


Do mesmo modo que as doenças autossômicas dominantes,
as doenças autossômicas reeessivas são relativamente raras nas
populações. Como visto anteriormente, portadores heterozi-
gotos para alelos de doençasrecessivas são muito mais com uns
do que homozigotos afetados. consequentemente, ambos os
pais de individuos afetados com doencas autossômicas recessi-
vas são geralmente portadores heterozigottrs. Como demons-
tra o quadrado de Punnett na Figura 4-5 um quarto da pro- ,

le de dois heterozigotcrs será de homozigotos não afetados,


metade será de portadores heterozigotos Fenotipicamente não
afetados e um quarto será de homozigcrtos afetados com a
doença (em média).
Características de Herança Autossõmlca Renesslva
A Figura 4-6 é Ll.I'|'I heredograma mostrando o padrão de herança
de uma forma autossfrmica recessiva de albinismo que resulta a FIGURA 4-6
partir de mutações no gene que ctrdiliiea a tirosinase, enzima que Heredograma mostrando o padrão de herança de albinismotirosinase negativo,
metaboliza a tirosinaÍ A deficiência resultante da tirosinase cria uma doença autossümica reoessiva. A oonsanguinidade neste heredograma e
indida por uma barra dupla conectando os pais dos individuosafetados.
um bloqueio na via metabólica que normalmente leva à sinte-
se do pigmento melanina. Consequentemente, a pessoa afetada

tem pouco pigmento na pele, cabelos e olhos (Fig. 4-7). Pelo fato
de a melanina também ser necessária para o desenvolvimento
nonnal das fibras ópticas, os albinos podem também apresentar
nistagmos [movimento rápido incontrolado dos olhos), estrabis-
mo (desvio dos olhos do seu eixo normal) e acuidade visual redu-

Parental portador

portador
Parental
FIGURA +5
Quadrado de Punnett ilustrandoo casamentode dois heterozigotos portadores de
um gene autossomieo reeessivo. O genótipo da prole afetada esta sombrdo.

FIGURA 4-?
“Esta Forma dealbinismo, denominada alhinísmo oculocutâneo tirosiorasc nega- Urna mulher africana com aloinismo oculoeutaneo, ilustrando a falta de
tiva (ÚCAV do inglês tjrmsinast-rarjqatioc ocuiocuhmtoru albimim), é distinguida de
uma segunda For-rua, mais branda, denominada alhinismo oculocutâneo tiros¡-
pigmentação no cabelo e na pele. Ela parece afastada da wmera porque seus
olhos são mais sensíveis a luz do que os das pessoas dom a pigmentação
MSI' #0515011 'ÍÍ-_JCAÊÍI_ (JCA: é tipicamente causada por mutações no gene do
normal da retina.
cromossomo i5 (o gene vp") cuja proteina supostamente está envolvida no
transporte e processamento da tirosinase. (Cortesia do Dr Pari Fischer; Mayo Clinic.)
52 r Capitulo 4 GENÉTICA MÉDICA
1mm 4-1
Urna Comparação dos Principais Atributos dos Padrões de
Herança Autossômica Dominante e Autossômica Recessiva
Atributo Autossômica Autosaõmica
Dominanta Roonssirra
Risco de recorrencia 50% 25%
usual
Padrão de Vertical, o fenótipo O tenotipo da doença pode
transmissão da doença e ser observado em múltiplos
observado geração irmãos, mas geralmente não
apos geração e observado em gerações
anteriores
Proporção de sexo Números iguais de Numeros iguais de homens
homens e mulheres e mulheres afetados
afetados (geralmente) (geralmente)
Ê possivel a Consanguinidadee observada
transmissão de pa¡ às vezes_ especialmente para
para filho do gene da doenças recessivas raras
doença
zida. Ú heredograma demonstra a maioria dos importantes crité-
rios para distinguir a herança autossômica recessiva abela 4- 1
FIGURA 4-8
ÀCOHOÍODÍHSÍB. ESÍB menina apresenta PEQUENOS membros COITI relação E10
comprimento O0 ÍTOHCD. Ela também tem atesta DÍOBMÍHBHÍE, a D336 nasal
pequena B OODTHS ÍEOLIHOHHÍBS da pele FIOS DFBÇOS B nas pernas.

ra autossõmica recessiva em (mtro- A deficiência do hormônio de


crescimento isolado familiar (ÍGHD, do inglêsfmmÍiaÍ isolated _qro-
urtia bomwnc dditimcy), outra desordem que causa estatura reduzida,
é uma
54 r Capítulo 4 GENÉTICA MÉDICA
(rbservados de várias doenças autossômicas dominantes é resul- Embrlão
tado de novm; mutações. Por exemplo, é estimado que ?ÍS de
todos os casos de acondroplasia sejam causados por mutações
novas, e somente IJ' 8 seja herdado de um genitor afetado. lsto
se dá principalmente porque a doença tende a limitar o poten-

cial para reprodução. Para Fornecer a estimativa acurada do ris-


co, é essencial saber se a doença de um paciente é devida a Luna
mutação herdada ou a Luna mutação nova. Ísso pode ser feito
somente se um histórico familiar adequado toi (Jbsenradio.

Mutações novas são causas comuns do aparecimento


(s:
de uma doença genética em uma pessoa sem
histórico familiar prévio da desordem. O risco de
recorrência para os irmãos desta pompa é muito
baixo, mas o risco de recorrência para a prole desta
deve ser substancialmente aumentado.

Mosalclsmo de Linhagem Germlnatlva


Ocasionalmente, duas ou mais proles apresentam uma doença
autossômica dominante ou ligada ao X quando não há históri-
co Familiar desta doença- Já que a mutação e Lmi evento raro, é

improvável que isto deva ocorrer devido a novas mutações múl-


tiplas na mesma família. 0 mecanismo mais provavelmente res-
ponsável é denominado mosaicismo de linhagem gcrminativa
(mosaicismo descreve a presença de mais de uma linhagem celu-
lar geneticamente distinta no organismo). Durante o desenvolvi-
mento embrionário de Lrr11 dos genitores, uma mutação ocorreu
e afetou todas ou parte da linhagem germinativa, porém atingiu

poucas ou nenhLuna das celulas somáticas do embrião (Fig. 4-9).


Assim, os pais carregam a mutação na sua linhagem germinativa,
mas não expressam efetivamente a doença, porque a mutação
está ausente em outras células do organismo. Como resultado,
o genitor pode transmitir a mutação para Várias proles. Embora

este fenômeno seja relativamente raro, ele pode ter efeitos signi-
ficativos nos riscos de recomência quando ele ocorrer.
O mosaicismo de linhagem germinativa tem sido estudado
extensivamente na Forma perinatal letal de osteogênese imper-
ieita (Oi tipo li, Capitulo 2), a qual é causada por mutações no
tipo 1 de genes pró-colágeno. 0 fato de parentais não afetados
as vezes produzirem múltiplasproles afetadas com esta doença
leva à conclusão de que o tipo li de OI era uma caracteristica
autossômica recessiva. lsso Foi contestado por estudos nos quais
a técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) foi utilizada

para ampliticar o DNA do esperma do pai de duas crianças com


o tipo il da Ól. Este DNA Foi comparado com o DNA extraído
d.e suas células somáticas (libroblastos epiteliais). Embora as mu-
tações do prú-rxilágeno não tenham sido detectadas no DNA
dos Fibroblastos, elas Foram encontradas em aproximadamente
tuna em cada oito células de esperma. lsso foi uma demonstração
direta de mosaicismo de linhagem germinativa neste homem.
Embora o mosaicismo de linhagem germinativa tenha sido de-
monstrado para o tipo ll da OI, para a maioria dos casos não
herdadas (aproximadamente 95%), pensou-se ser causado por
novas mutações. Alguns casos de herança autossômica recessiva
verdadeira também foram doctmientados, além de dois genes di-
ferentes, cada um podendo causar a Oi autossômica recessiva-
Outras doenças nas quais o mosaicismo de linhagem gemii-
nativa tem sido observado incluem a acondroplastia,neurolibro-
Herança::Autossômlcas Domrnante e Recessrva ,f B5

está ilustrado na Figura 4-10. O estudo de famílias mostrou que A penetrância reduzida descreve a situação na qual pessoas
cerca de 10% dos portadores obrigatórios de uma mutação que apresentam o genótipo causador da doença não desenvorl-
causadora de retinoblastoma (í. c., aqueles que possuem um pa- vem o seu fenótipo.
rental afetado e uma criança afetada e, portanto, devem carregar
a mutação) não apresentam a doença. Diz-se que a penetrância Penetrânela Dependente da Idade
do genótipo causador da dcrença e' de 90%. As taxas de pene- Embora algumas doenças genéticas sejam expressas no nas-
trância são geralmente estimadas pela investigação de um grande cimento ou logo após, várias outras não se tornam aparentes
níunercr de famílias e determinação do percentual de portadores até a vida adulta. Um atraso na idade do início de uma
(Jbrigattíños (ou homozigotos obrigatórios, no caso de desor- doença genética é conhecido como penetrância dependente
dens recessivas) que desenvolvem o fenótipo da doença. da idade_

O retinoblastomae o tumor de olho mais comum na infância, afetando aprcr etapa em qualquer celula da retina e não desenvolvem o retinoblastoma.A
ximadamente uma em cada 20.000 crianças. O tumor se inicia tipicamente condição para uma segunda etapa explica, assim, a penetrãncia reduzida
dentro de 3 meses apos a concepção e aos 4 anos de idade, quando as observada nesta desordem.
celulas da retina estão dividindo-se e proliferando ativamente. Ele sempre se O gene retinoblastoma, RB?, coditica uma proteína, pRb, que tem sido
apresenta clinicamente perto dos 5 anos de idade. estudada extensivamente. A principal função da pFlb, quando hipofosfori-
Aproximadamente 60% dos casos de retinoblastoma são causados por Ieda, e ligar, se e inativar membros da famnia de fatores de transcrição
mutações somáticas que ocorrem no desenvolvimento prematum e, portan- nuclear E2F. A celula requer E2F ativado pera prosseguir da fase G1 para
to, não são transmitidas aos individuos afetados da prole. Os outros 40% são a S da mitose. Por meio da inativação do E2F, a pHb exerce uma pausa no
causados por mutações herdadas: Cerca de 3M destas (30% do total de ca- ciclo celular. Quando se requer uma divisão celular, pRb e fosforilada por
sos) ão resultado de novas mutações, a maioria frequentemente transmitida complexos cinases dependentes de ciclinas (Capitulo 2).consequentemente
pelo pai. Os outros 1/4 de casos herdadas (10% do total) são herdadas de E2F e liberado por pRb e ativado. Uma mutação que gera perda de função
um genitor que canega a mutação causadora do retinoblastomaem todas as na pRb pode causar a perda pennanente da capacidade de ligação ao E2F. A
suas celulas. Cerca de 10% destes que apresentam a mutação que causa a celula, que perdeu a sua pausa, se submete a mitoses repetidas e incontro-
doença herdada nunca desenvolvem um tumor [penetrãncia reduzida). Iadas, levando a um tumor potencial. Por causa de seu efeito de controle no
A analise de mudanças no DNA dentro ou proxima ao gene causadorda ciclo celular, o gene Rb pertence a uma classe de genes conhecidos como
doença, RB?, finalmente emlicou o mecanismo responsável pera a pene- supressores de tumor [Capitulo 11].
trãncia reduzida. Presumidamente, um indivíduo que apresenta uma mutação Se não tratados, os retinoblastomas podem crescer a um tamanho
herdada do RB? a carrega em todas as celulas do seu organismo. Entretan- considerável e podem levar á metastase para o sistema nervoso central
to, isso não é suficiente para causar a formação do tumor (se fosse, cada ou outros sistemas de orgãos. Felizmente, esses tumores são geralmente
celula do organismo deveria gerar o tumor). Em qualquer celula, a presença detectados atualmente e tratados antes que eles cresçam. Se encontrados
de um alelo RB? normal à suficiente para prevenir a formação do tumor. suficientemente cedo por exames oftalmoldgicos, o tumor pode ser tratado
Para iniciar um tumor em uma celula da retina em desenvolvimento, deve com sucesso com crioterapia (congelamento) ou fotocoagulação a laser Em
ocorrer um segundo evento somática que incapacita o outro, o alelo RBf casos mais avançados, radiação, quimioterapia ou enucleação(remoção) do
nonnal (esse processo em dois passos é discutido adiante no Capitulo 11). olho pode ser necessaria. Atualmente, a taxa de sobrevivência de 5 anos
O segundo evento, o qual pode ser considerado uma mutação somática, tem para pacientes com retinoblastoma nos Estados Unidos e próxima a 95%.
baixa probabilidade relativa de ocorrer em qualquer celula. Entretanto, exis- Já que pessoas com retinoblastoma na familia possuem mutação herdada
tem pelo menos 1 milhão de células da retina no feto em desenvolvimento, do RB? em todas as celulas do seu organismo, elas tambemestão suscetí-
cada uma representando um alvo potencial para o evento. Geralmente, um veis a outros tipos de câncer ao longo da vida. Em particular, cerca de 15%
indivíduo que tem mutação causadora de doença herdada passará por uma daqueles que herdam a mutação tardiamente desenvolvem osteoasarco-
segunda mutação somática em várias celulas diferentes da retina, gerando mas (tumores malignos dos ossos). Outros cânceres secundários comuns
vários tumores. O retinoblastoma herdado e geralmente multifocal [consis- incluem sarcomas teciduais e melanoma cuãneo. 0 monitoramento carida-
tindo ern vários focos de tumores) e bilateral (afetando ambos os olhos). .lá doso para tumores subsequentes e evitar os agentes que podem produzir
que as segundas etapas são eventos aleatórios, uma pequena fração de uma segunda mutação (p. ex., raios X) são, portanto, aspectos importantes
pessoas que herdam o alelo da doença nunca desenvolve esta segunda da administração para o paciente com o retinoblastomaherdado.

A, Um reflexo branco (Ieucocoria) pode ser observado no olho direito deste individuo em um exame oftalmológica. B, Retinoblastoma bilateral, mostrando a
presença de tecido neoplasioo.
(De Rosa¡ J: Aokermants Surgical' Pathology, 8a ed St. Louis: llrfosby, ? 996.)
Um dos exemplos mais bem conhecidos é a doença Hunting-
ton, uma desordem neurológica cujas principais características
são demência progressiva e movimentos crescentes incontrolá-
veis dos membros (Comentário Clinico 4-3). A última caracte-
rísüca é conhecida como Coreia [da palavra grega para "dança",
labor-eia), e a doença rf- às vezes chamada coreia de Huntington.
Essa desordem autossômioa dominante tem esta denominação
devido ao Dr. (Seorge Huntington, quem primeiramente des-
creveu a doença em 1872. Os sintomas não são geralmente
observados até os 30 anos ou mais (Fig. 4-1 I ). Assim, aqueles
que desenvoiveram a doença Frequentemente têm filhos antes
de tomar ciência de que possuem o alelo causador da doença.
Se a doença estivesse presente no nascimento, provavelmente
todas as pessoas afetadas morreriam antes de alcançarem a idade
reprodutiva, e a Frequência da doença na população seria muito
menor. O atraso da idade no inicio da doença reduz assim a
Aa aa Aa aa Aa Aa
seleção natural contra o alelo causador da doença, aumentando
FIGURA 4-10 sua frequência em uma população. A penetrância dependente
Heredograma ilustrando o padrão de herança do retinoblastoma, uma da idade pode causar dificuldades na dedução do modo de he-
desordem com penetrãnoia reduzida. O portador obrigatorio não afetado_
indicado com um ponto, tem o mesmo genótipo dos membros afetados do rança de uma doença porque não é prtssivel determinar ao longo
heradograma. da vida se uma pessoa possui a mutação causadora da doença.

A doença de Huntington (DH) afeta aproximadamente um em cada 20.000


pemoas descendentes de eumpeus. Ela e substancialmente menos comum
entre os japoneses e os africanos. Esta desordem geralmente se manifesta
entre 30 e 5D anos de idade, embora tenha sido observada antes de um 1
ano de idade e apos os 8D anos de idade.
A DH e caracterizadapor uma perda progressiva do controle motor, de-
mência e desordens psiquiatricas. Há uma perda substancial de neurônios
no cerebro, a qual e detectada por tecnicas de imagens, como a imagem
por ressonância magnética (IBM). O decréscimo da captação de glicose
no cerebro, um sinal inicial desta desordem, pode ser detectado por uma
tomografia por emissão de pósitron (Fl-P). Embora várias partes do cerebro
sejam afetadas. a área que sofre maior dano e o corpo estriado. Em alguns
pacientes, a doença leva a perda de 25% ou mais do peso total do cerebro.
0 curso clínico da DH e prolongado.Tipicamente. o intervalo do diagnóstico
ate a morte e de 15 a 20 anos. Assim como em variasdesordens neurológicas,
pacientes com DH apresentam dificuldades no ato de deglutir; a pneumonia
aspiraliva e a principal causa de morte. A falência cardiorrespiratória e hema-
toma subdural (devido ao trauma na cabeça) são outras causas frequentes
de morte. A taxa de suicídios entre pacientes com DH e de cinco a 1D vezes
maior do que na população em geral. 0 tratamento inclui fármacos, como
benzediazepinas para ajudar a controlar os movimentos coreicos. Distúrbios
afetivos. que são observados em aproximadamentemetade dos pacientes, são
controlados as vezes com fãmiaoos antipsiooticos e antidepressivos tricíclicos.
Embora esses fármacos ajudem a controlar alguns dos sintomas da DH, atual-
mente não há maneiras de alterar o efeito da doença.
A DH e distinta por ser a primeira doençagenética mapeada para um cro-
mossomo especifico utilzando um marcador HFLP, em 1983. A consequente
clonagem e o sequenciamento do gene causadorda doença mostraram que a
mutação e uma repetição expandida da sequencia CAG (Capitulo 3) localizada
no errou 1. Em 90% a 95% dos casos. a mutação e herdada de um genitor
afetado. D número normal de repetições varia de 1D a 26. As pessoas com
27 a 35 repetições não são afetadas. porem são mais passíveis de transmitir
um grande número destas para a sua prole. A herança de 36 ou mais copias
da repetição pode desenvolver a doença, embora a penetrãncia incompleta do Duas secções transversais de um adulto com doença de Huntington,
fenotpo da doençaseja observado naqueles individuos que apresentam de 3B ilustrando a atrofia caudada severa e os ventrículos laterais alargados.
a 40 repetições. Assim como em várias desordens causadas pela expansão (Cortesia do Dr. Thomas Bird, University of Washington.)
Herança::Autcssômicas Domrnanre e Hacessiva ,f 67

repetida de trinucleotídeos, um grande número de repetições esta correlaciona- secretárias oelulares. Alem do mais, ha evidências de que a huntingtina seja
do com a iniciação precoce da doença Cerca de 60% a 70% da variação da necessária para a produção nonnal do fator neurotroficoderivado do cerebro. A
idade de iniciação da DH pode ser prevista pela repetição numerada. Ha uma expansão de repetições CAG produz sedes alongadas de glutaminasprorximas a
tendencia para grandes expansões de repetição quando o pai, em vez da mãe, região aminoterminal da huntingtina Embora o papel preciso destas series alon-
transmite a mutaào, a qual ajuda a explicar a diferençano ano de iniciação da gadas de glutamina na causa da doença seja obscuro, elas estão conelaciona-
doença transmitida patemalmente ou matemalmente, como observado na Figu- das com a construção de agregados proteicos tóxicos dentro e próximo do nú-
ra 4-11_ Particularmente, 80% dos casos com iniciação antes dos 20 anos de cieoneuronal_Pensa-se que esses agregadossejamtdxicoseesteiam associados
idade [doença de Huntington juvenil) são devidos a transmissão paterna, e estes a morte neuronal precoce. A DH e caracteristicajá que homozigotos afetados
casos são caracterizados especialmente por um grande númem de errpensões parecem mostrar um curso clinioo bastante similar aos heterozigotos (ao contrá-
repetidas_ Ainda deve ser determinado por que o grau de instabilidadede repe- rio da maioria das desordens dominantes, nas qrrais homozigotcs são afetados
tições no gene da DH é maior na transmissão paterna do que na materna mais severamente). Este atributo, e o fato de que modelos de camundongos nos
A clonagem do gene da DH levou rapidamente ã identifirago do seu produ- quais uma copia do gene a inativada geram animais normais, stporta a hipotese
to, a huntingtina. Essa proteina esta emrolvida no transporte de vesículas nas vias de que a mutação causa um ganho de fmção prejudicial [Capitulo 3).

ê
de ferro (Capítulo 7)¡ doença Alzheimer familiar (Capitulo 12)¡
e vários outros cânceres herdadas, incluindo o câncer de mama
m)

acumltivo
autossômico dominante'

UIO › A penetrância dependente da idade é observada


em várias doenças genéticas. Ela complica a

Frequência :

:
Prole de:
Pais afetados
Mães afetadas
interpretação de padrões de herança nas famílias.
Expresslvldade Variável
Penehância e expressividade são entidades diferentes. A pene-
trância é um fenômeno de tudo ou nada: o fenótipo da doença
01020304050607080 é expresso ou não. A expressividade variável se refere ao grau
Idade de Inicio de severidade do fenótipo da doença.
FIGURA 4-11 A severidade de expressão de várias doenças genéticas pode
Distribuição da idade de inicio para a doença de Huntington. A idade de inicio variar muito. Um exemplo bem estudado de expressividade
tende a ser um pouco anterior quando o parente afetado e o pai. variável em uma doença autossômica dominante é a neuro-
(Dados de Connie-atariPM: Huntingron disease: Genetics and epidemioiogjc Am Hbromatose tipo I, ou doença von Recklinghausen (médico
J Hum Gene! 1984;3ó':520.) alemão que descreveu a desordem em 1882)- O Comentário
Clínico 4-4 fornece uma discussão adicional sobre essa desor-
Uma pessoa cujo genitor tem a doença de Huntington apre- dem. Um parental com expressão branda da doença tão _

senta uma chance de 50% de ter herdado o alelo desta doença. branda que eles não sabem que a têm podem transmitir o
_

Até recentemente, essa pessoa seria confrontada com uma ques- alelo causador da doença para uma criança, que pode ter Luna
tão torturante: eu devo ter' filhos, sabendo que há uma chance de expressividade severa- Assim como a penetrância reduzida, a
50% de possuir essa mutação e passa-la para metade dos meus expressividade variável proporciona um mecanismo para que
filhos? Com a identificação da mutação responsável pela doença esses alelos sobrevivem em altas frequências na população.
de Huntington, agora é possível para pessoas de risco saberem Vários fatores podem afetar a expressividade de uma doença
com alto grau de certeza se possuem o alelo causador da doença.
Como mencionado anteriormente, várias doenças genéticas
*Estradas epidemiológicos indicam qu: cerca d: 5% dos casos da: câncer d:
importantes possuem penetrância dependente da idade. Estas mama nos Estados Unidos são causdns por genes herdadas dr: maneira autos-
incluem hemocromatose, uma desordem recessiva da reserva sõtmia dominante. Ver Capítulos I I e 11 para discussão adicional.

-.A

A neurofilrromatose tipo 1 (liIF1) é uma das desordens autossõmicasdomi- neurcfibromas plexiformes,gliomas da via ótica (tumores benignos do nervo
nantes mais oomuns, afetando aproximadamente um em cada 3.000 indivi- optico), deticiências de aprendizado, hipertensão, escoliose (curvatura Iate-
duos am todas as populações. Ela iomece um bom exemplo de expressão ral da coluna vertebral) e neoplasias_ Felizmente, cerca de dois terços dos
variavel em uma doença genética. Alguns pacientes só apresentam marcas pacientes apresentam somente uma complicação cirtãnea branda. Aproxi-
cafe-com-Ieite, descrevendo a cor da pele hiperpigmentada), nódulos de madamente 10% desenvolvem tumores malignos da bainha dos nervos
Lisch (crescimento benigno na iris) e alguns neurcfibromas (tumores pente- perifericos (MPNSTs, do ingles, malignantperipheral name stream primers),
ricos nervosos não malignos). Essas pessoas frequentemente não sabem os quais tipicamente surgem dos neurofibmmas plexiionnes. A expressão
que tem esta condição. Outros pacientes possuem uma expressão muito pode variar significativamente dentro da mesma famiia Um parental leve-
mais severa da desordem, incluindo centenas a milhares de neurcfibromas, mente afetado pode produzir uma prole severamente afetada

Continua
as r captura 4 GENÉTICA MÉDICA

u#

J-*Í

Uma série padrão de critérios de diagnósticos para a NF1 foi desenvolvida. -

Duas ou mais das seguintes condições devem estar presentes:


1. Seis ou mais marcas cafe-com-Ieite maiores que 5mm de diâmetro em O '
t

pacientes pre-pubertais e maiores que 15mm em pacientes pos-puber- ~


'

tais
P.”Sardas nas axilas ou virflhas
Dois ou mais neurofibrcmasde qualquer theou um neurofixcmaplexifotme
(i. e., um crescimento extenso que ooone ao longo de uma bainha nervosa)
@WP-
Dois ou mais nódulos de Lisch
Glioma optico
Lesões distintas dos ossos, particulannente um osso esfenoide formado
anormalmente ou pseudoartrose tibial*
2'. Uma relação em primeiro grau com a neurofibromatcse diagnosticada
utilizando os seis criterios anteriores
Embora a NF1 apresente alta expressão variavel, e penetrancia das mu-
tações causadores das doenças a de quase 100%. O gene NF1 possui uma
das mais altas taxas de mutações conhecidas, cerca de um em cada 10.000
por geração. Aproximadamente 50% dos pacientes com NF1 apresentam a
condição por causa de novas mutações. 0 gene NF1 a grande, comando
aproximadamente 350kb do DNA. Seu grande tamanho, o qual apresenta um
alvo bastante extenso para mutação, pode ajudar a influenciarna alta taxa de
mutação. O produto do gene, a neurofibromina, age como um supressor de
tumor (Capitulo 11 para mais detalhes). As mutações em M51 podem ser de-
tectadas em aproximadamente 90% dos casos, utilizandouma combinaçãode
métodos de detecção, incluindo sequenciamento de DNA, artalise citcgenética
e analise de produtos ancmtais (lruncados). As pessoas nas quais todo o gene
no51 está deletado tendem a ser severamente afetadas, com grandes quanti-
dades de neurofibromase um risco aumentadode desenvolver MPNSTs.
A mutação no gene NF1 que ocorre durante o desenvolvimento em-
brionário afetará algumas celulas do individuo, resultando em mosaicismo
somática_ Neste caso, as caracteiisticas da doença devem ser restritas a
somente pane do organismo (neurofibromatosesegmentar).
A neurofibmmatose tipo 2 [MP2] e muito mais rara do que a NF1 e e ca-
racterizadapor schwannomasvestibulares (tumores que surgem nas celulas
de Schwann e afetam o oitavo nervo craniano) e, ocasionalmente, marcas
cafe-com-leitie. Pacientes que desenvolvem a MP2, entretanto, não apresen-
tam neurofibromasverdadeiros, assim o termo 'neumfibromafiosetipo 2' e
inadequado. O gene NF?, o qual foi mapeado no cromossc 22, codifica uma
proteína supressora de tumor chamada merlin ou schwanncmina.
Casos brandas de neurolibtomatoses podem requerer pouca administra-
ção. Entretanto, a cinirgia pode ser necessária se neoplasias se desenvol-
verem ou se tumores benignos interferirem na função normal. A escoliose,
pseudoarfmse tibial efou cunramento da tibia, observados em menos de 5%
dos casos, podem precisar de um gerenciamento ortopedioo. A hipertensão
pode se desenvolver e e frequentemente secundária a em teeerenteeitema Neumfihromatose tipo 1(f-lF1). A, Neurofibromas múltiplos em um adulto
eu uma estenose (estreitamente) da artéria renal. Os Problemas etíniees mais com a neurofibromastnse tipo1 e, Nodulos de Lisch (hamartomasbenig-
oernens em Criansas são as detieiênoias ne aprendizado(observadas em 50%
.

nos daíris)
visíveis em um exame de lâmpada de fenda da um indivíduo
das pessoas oorn NF1), baixa estatura e gliomasópticos [os quais podem levar mm neumñbmmatose um 1_
a perda da visãol¡Qaeetneantrarnenteminuciosodede atiedar a detectar estes m de Habit r, campbaiu, Chapman M, etai.: em Disease: Diagnose
problemas e minimizar seus efeitos. As experiencias clinicas recentes foram and ;mammh 2nd 9d_ 5¡ Lama Mmby_ 2005¡ 3 da _bags KL. Smms
desenvolvidas para redizir ou eliminar os tumores observados em pacientes
gamgnüame pamms o¡ Human Wmmmh 3m m_ ph¡¡ada¡ph¡a_.
a

*Pode ocorrer pseudoaitrose quando um osso longo, como a tibia, passa por perda
MostH/F
mm
2006.
1 a pr _

m"" &Sparança para malha* @ções de Human")-


de córtex ósseo, que leva a enfraquecimento e fratura. A fomtação de um (ralo anomtal
provoca uma articulação falsa no osso, que leva ao uso do termo (aIÍIOdIIÍÍCUIHÇÉD).

genética. Estes incluem inHuências ambientais (i. e., não gcné- vcridadc diminuída ou não (p- cx-, a diminuição da cxprtssão
ticas), como dieta, exercício ou exposição a agentes prcjudi- dc PKU cm uma dieta com baixa quantidade dc fcnilaianina).
ciais, como a fumaça do tabaco. Na ausência dc certos Fatores Outro pcissívcl fator é a intcraçãt) dr: outros gtncs, chamados
ambientais, o gcnc causador da doença está expresso com sc- loci modificados, com o gtnc causadorda doença. Finalmente,
HEIEHJÇES ÂUÍDSSÕMÍEBS DümiriâíilâE HE-CESSÍVH / 5.9

a expressividade variável pode resultar de diferentes tipos de COL1A1


mutações (i. e., diferentes alelos) no mesmo locus da doença.
lsto se chama heterogeneidade alélica. Frequentemente são a1
a1
feitos esforços para estabelecer as correlações genótipo-
a2
genótipo para melhor predizer a severidade de uma doença
genética, dado o genótipo do paciente. Em alguns casos, as COL1 A2
doenças clinicamente distintas podem ser o resultado de uma FIGURA 4-12
heterogeneidade alélica, como nas mutações da globinaque Estrutura da tripla hélice da proteina colágeno tipo 1. As duas cadeias a, são
podem causar tanto a anemia falciforme quanto várias formas codificadas por um gene no cromossomo 1?, e as cadeias a2 são codificadas
de B-talassemia. por um gene no cromossomo í'.
A fibrose cística, discutida Comentário Clinico 4-1,
no
ilustra as maneiras com que estes fatores podem influenciar
na severidade da doença. As mutações do CFTR que resultam mossomo 4 (PHD). Ambos os genes codificam glicoproteínas
em uma ausência completa de canais de cloreto nas superfi- que atravessam membrana e interagem umas com as outras,
a
cies celulares tendem a produzir doenças mais severas do que além de estarem envolvidas na sinalização celular. (Quando
mutações que resultam em canais de íon cloreto parcialmente a sinalização ocorre de maneira incorreta, pensa-se que a re-
ativos (heterogeneidade alélica). Algumas das variações na gulação do crescimento celular está comprometida, resultan-
severidade da doença de pulmão entre os pacientes com FC do na formação do cisto). Em uma família, a doença pode ser
com genótipos CFTR idênticos podem ser explicadas pela causada por mutação no PKD 1, porém em outra família pode
variação no gene TGFBI (fator de crescimento transforman- ocorrer uma mutação em PKDZ. Ós estados da doença produ-
te B, do inglês trunsfonnínggromtbfactor B), um locus modifica- zidos pelas mutações nesses dois genes podem ser clinicamen-
dor. Pacientes com FC que sofreram de infecções bacterianas te indistinguíveis-
mais frequentes e severas, um fator não genético (ambiental) A osteogênese imperfeita é considerada um
segundo exem-
vivenciado acelerou os danos ao pulmão_ Assim a doença plo de heterogeneidade de locus. Recorde do Capitulo 2 que as
proporciona exemplos das três principais causas de expres- subunidades da tripla hélice do pró-colágeno são codificadas
sividade variável: heterogeneidade alélica, loci modificador e por dois genes, um no cromossomo 17 e outro no cromosso-
fatores ambientais. mo 7 (Fig. 4-12). Uma mutação que ocorre em ambos os genes
_lã que muitos fatores podem influenciara expressão de Luna pode alterar a estrutura normal da tripla hélice, resultando na
doença genética, esta deveria ser tão aparente que o termo co- osteogênese imperfeita. A Tabela 4-2 lista alguns exemplos
mLunente usado "doença de um único gene" se toma uma sim- adicionais de doenças nas quais há heterogeneidade dx: locus.
plificação. Embora uma mutação em um único gene possa ser
suficiente para causar tal doença, a sua severidade sempre

D Diz-se que uma doença que pode ser causada por


-

uma preocupação importante para os clínicos é tipicamente


mutações nos diferentes toc¡ em diferentes famílias
_

influenciadapor vários fatores genéticos e não genéticos.


apresenta heterogeneidade de focus.
A expressividade variável de uma doença genética
pode ser causada por efeitos ambientais, toc¡
modificadores ou heterogeneidade aiélica. Plelotropla
Cenes que possuem mais de um efeito perceptível no orga-
nismo chamam-se pleiotrópicos. Um bom exemplo de genes
com efeitos pleiotrópicrzrs e' dado pela sindrome de Marian.

Heterogeneldade de locus Primeiramente descrita em 1896 por Antoine Marfan, um pe-


ComLunente, o fenótipo de urna única doença é causado por diatra francês, esta desordem autossõmica dominante afeta
mutações em diferentes locí nas diferentes famílias, o qual é os olhos, o esqueleto e o sistema cardiovascular [Ctrmentário

chamado heterogeneidade de locus (compare com a hetero- Clinico 4-5). A maior parte das características observada; nos
geneidade alélica, discutida na sessão anterior, na qual dife- casos da sindrome de Marian é causada por um tecido con-
rentes mutações são observadas dentro do mesmo locus). Um juntivo extraordinariamente esücável. A grande maioria dos
born exemplo é a doença do rim policistict) adulto (APKD, do casos de sindrome de Marfan e' causada por mutações no gene

inglês, adult polycjrstícleídncjr disease), uma desordem autossômica que codifica a fibrilina, um componente do tecido conjunti-
dominante na qual Lun acúmulo progressivo de cistos renais e' vo que está expresso na maioria dos tecidos e órgãos afetados

observado. Os pacientes também podem desenvolver cistos por esta sindrome (Comentário Clinico 4-5)- Já discutimos
hepáticos, hipertensão, aneurismas cerebrais e falhas nas vál- várias outras doenças de Lun único gene nas quais a pleiotropia
vulas cardíacas. Com ocorrência de uma em cada I .O00 pesso- é observada, incluindo a fibrose cística, na qual as glândulas
as de descendência europeia, esta desordem é responsável por sudorfparas, pulmões e o pâncreas podem ser afetados,- a osteo-
8% a 10% da doença renal em estágio terminal na América gênese imperfeita, na qual os trssos, dentes e a esclera podem
do Norte. A APKD pode ser causada por mutações em genes ser afetados,- e o albinisrno, no qual o desenvolvimento de pig-
localizados tanto no cromossomo 16 ÍPKD!) quanto nu cm. mentaçãtr e as fibras ópticas são afetados.
TABEA4-2
Alguns Exemplos de Doenças nas Quais Há Heterogeneidade de Locus

Retinite pigmentosa Retinopatia progressiva e perda da visão (Capitulo B) Mais de 20 regiões cromossomis identificadas
Osteogenese imperteita Doença que fragiliza os ossos T_ t?
Doença de Charcot-Marie-Tooth tleuropatia periférica 1,5, 8,10, 11, 17,19,X
Doença de Almeimer familiar Demência progressiva t, 1D,12,14, 19,21
Melanoma familiar Melanoma autossômico dominante (câncer de pele) 1_ 9
Câncer colorretal não polipose hereditária Cancer colorretal autossümicodominante 2p, 2o, 3, 7
Câncer de mama autossomico dominante Fredisposição ao desenvolvimento prematuro para 13,1?
câncer de mama e de ovário
Esclerose tuherosa Ataques, angiotibromasfacial, maculas hipopigmenta- 9,16
das, retardo mental, hamartomas múltiplos
Doença do rim policlstico adulto Acúmulo de cistos renais provocando falência dos rins 4,15

i4_'f' *Q
A síndrome de Marian é uma condiçãoatrliossômica dominante observada
aproximadamente em um a cada 10.000 norte-americanos. Ela e caracteriza-
da por falhas em ires sistemasprincipais:
ocular, esqueletioo
e cardiovascular.
As falhasoculares incluam miopia, qual
a está presente na maioria dos pacien-
tes com a sindrome da Marian, e deslocamento dos cristalinas (ectopra ienes),
o qual e observado em cerca da metade dos pacientes
com essa síndrome. As
deficiências esqreleticas incluem dolioostertomelia [membros extraordinaria-
mente longos e finos), pectus axcavawm ("peitooco"], pectus carfnatum ("pei-
to da pombo?, escoliose e aracnodactilia[literalmente "dedos de aranha",
denotando os dedos caracteristicamente longos e finos). Os pacientes com a
síndmme de Marian tambem exibem tipica hipennobilidadedas articulações.
As principais deliciencias que ameaçam a vida de um paciente são as
do sistema cardiovascular. A maior parte dos pacientes com a síndmme de
lvlarfan desenvolve um prolapso da valvula mitral na qual as cúspides desta
se projetam para cima do átrio esquerdo durante a sistole. Isso pode resultar
na regurgitação mitral (escapamento de sangue de volta ao amo esquerdo
a partir do ventrículo esquerdo). D prolapso da válvula mitral, entretanto, e
observado em 1% a 3% da população em geral e nonnalmente tem peque-
nas consequencias. Uma complicação mais seria e a dilatação (ampliação)
da aorta ascendente, a qual e observada em 90% dos pacientes oorn a
síndrome_ A medida que a dilatação aumenta, a aorta se torna suscetível
a disseoção ou ruptura, particularmente uando o debito cardíaco e alto
[como em exercício pesado ou gravidez). medida que a aorta se alarga,
o ventrículo esquerdo aumenta, e ocorre a cardiomiopatia (dano ao músculo
cardíaco). D resultado final e uma falência congestiva do coração, uma causa
de morte comum entre os pacientes com a síndmme de Marian.
A maior parte dos casos de sindrome de Marian e causada por mutações
em um gene, FBN1, que e expresso na aorta, no periosteo e ligamento sus-
pensório das lentes. Ja que o FBN? codifica uma proteina do tecido conjun-
tivo, a fibrilina, a mutação deste gene altera a estrutura do tecido conjuntivo.
Isto ajuda a explicar algumas das caracteristicascardiovasculares e ocula- A, Um homem jovem com a sindrome de Marian, mostrando os membros
res desta desordem. Centenas de mutações diferentes do FBN1 tem sido longos e face estreita caracteristicas.
identificadas nos pacientes corn síndrome de Martan. A maioria destas são (De Jones Ki: SmithsRecognizable Patterns of Human Malfomuatrbn, 6th ed,
mutações de sentido trocado, porem as mudanças de matrizde leitura e sem pp 549. Philadelphia: Saunders, 2006.)
B, Aracnodactiliaem uma menina de 8 anos de idade oom a sindrome de
Marian. Obsenre a projeção do polegar bem acimada borda da palma da mão
(sinal do polegar de Steinbergi.
(De Jones Ki.: SmithsRecognfzabiePattems of Human Malfonnatrbn, 6th ed.
Philadelphia:Mosby, 2006.,l
sentido produzindo uma fibrilinatruncada tambem são observadas. Em vários
casos, as mutações de sentido trocado produzam um fenótipo mais severo da
doença por causa do efeito dominante negativo lr'. e., as fibrilinasanormais se
ligam e incapacitam várias das fibrilinasnormais sintetizadas pelo alelo normal
em um heterozigoto). Uma fonna neonatal severa da doença e produzida por
mutações nos exons 24 a 32. Pelo menos um composto heterozigoto da sin-
dmme de Marfan foi relatado. Esta criança, que herdou um alelo causador da
doença de cada um de seus pais heterozigotos afetados, apresentou falência
oongestiva do coração e morreu de parada cardíaca aos 4 meses de idade.
mutações especificas no FEM podem causar aracnodactiliafamiliar[sem
outros sintomas da síndrome de lvlarfan), enquanto outras podem causar ec-
topía lentis. Uma doença chamada aracnodactíffacontratam¡ congênita apre-
senta varias das caracteristicas esqueléticas da síndrome de Marfan, mas
não envolve deficiências oculares ou cardíacas. Esta doença e causada por
mutações em um segundo gene, FBN2, que oodifica outra fomra de fibrilina.

› Genes que exercem eleitos em múltiplos aspectos de


fisiologia ou anatomia são pleiotrópicos. A pleiotmpia
é uma caracteristica comum de genes humanos.

CONSANGUINIDADE EM POPULAÇÕES HUMANAS


Embora a consanguinidade seja relativamente rara nas popula-
ções ocidentais, ela é comum em várias populações do mundo.
Por exemplo, a união entre primos-irmãos são trbsenradas e111
20% a50% dios matrimônios em vários paises do Meio-Óeste,
e casamentos entre tio e sobrinha e primos-irmãos são comuns
em algumas partes da ln dia. _lá que parentes partilham genes que
causam doenças herdadas de um ancestral em comum com mais
Frequência, as uniões consanguineas são mais suscetíveis de ge-
rar uma prole afetada por desordens autossômicas recessivaus- E
possível quantificar o percentual de genes compartilhados por
um par de parentes pela estimativa de um coeHciente de pa-
rentesco (Quadro 4-1)- A estimativa desta quantidade mostra,
por exemplo, que inrrãos partilham H2 de sum¡ sequências de
DNA, em média, porque eles compartilham dois genitores.
Tros e sobrinhas partilham 1X4 de suas sequências de DNA por
causa da ancestralidade comLun, primos-irmãos partilham 1X8,-
primos genrrantvs, uma vez removidos, partilham Ir' 16,- primos
em segundo grau partilham N32, e assim por diante'

*Primus-irmãos são a prole de dtris irmãos e assim partilham uma


F2' f Cepttuto 4 GENÉTICA MÉDICA

QUADRO 4-1
Medição de Consanguinidade: O Coeñciente de Relação

A, Hcrcdograma para um cruzamento de primos-irmãos. B, O lrcrcdogrunm está condensado para mostrar somente os indivíduos que são
relacionadoscom ambos os primos-irmãos.

Para determinar as possiveis consequências de um cruzamento con- produto de todas as quatro probabilidades_Já que cada uma dessas
sanguineo, é útil conhecer qual porcentagem de genes são compar- probabilidadesé de Ita, o resultado é(1f2)'=1¡'16.
tilhados por dois indivíduos relacionados- O coeficiente de relação Se individuos A e E partilham somente tun avô ou avó, o coeli-
é uma medição deste percentual_ Evidentemente, individuos proxi- ciente de parentesco deve ser Iflõ. Mas, assim como a maioria dos
mamente relacionados devem compartilhar uma grande porcenta- primos-irmãos, eles partilham um avô e uma avó em comum_ Assim,
gem de seus genes. Para começar com um exemplo simples, um há duas vias através das quais o gene da doença poderia ter passado_
indivíduo recebe metade de seus genes de cada parental. Assim, o Para obter a probabilidadede que o gene tenha passado através da
coeficiente de relação entre um parental e a prole é 1/2. lsso tam- segunda via, nos utilizamos o mesmo procedimento do parágrafo
bém significa que a probabilidade de um parental e a sua prole par- anterior e obtemos uma probabilidade de ltl 6. Agora precisamos
tilharemde um dado gene (p. ex., um alelo de doença) é U2- estimar a probabilidade que o gene atravessou tanto na primeira ou
Para continuar com mn exemplo mais complexo, suponha que se na segunda via (i. e., através do avô ou da avó)- A regra de adição
sabe que um homem seja um heterozigoto portador para galactose- diz que nós podemos somar essas duas probabilidades para obter
mia, uma desordem metabólica autossômica recessiva relativamente a probabilidadegeral da partilha do gene da doença entre A e E:
rara. Se ele se reproduzir com sua prima-irmã, qual é a probabilidade 1f16+lfI6=lfB.A probabilidade de que o primo portador parti-
de que ela também possua um gene de doença? Sabemos que esta lhe o alelo de sua doença, como resultado de seus descendentes
probabilidade deve ser maior do que a da população geral, porque de avós em comum, é de lfB. Esse é o coeficiente de parentesco de
primos-irmãos partilham os avós. Há então a possibilidadede que o primos-irmãos*
avô ou avó que transmitiuo gene da galactosemiapara o portador co- Deve-se reconhecer que tun individuo E pode herdar também
nhecido também o transmita para o primo portador. O coeficientede um alelo de doença de um ancestral não incluido em nenhuma des-
relação especifica a probabilidade. O heredograma de um czuamento sas vias- Entretanto, para alelos de doenças que são relativamente
de primos-irtnãos é mostrado anteriormente na Figura A à esquerda. raras nas populações, esta probabilidade é pequena e pode geral-
O homem portador é classificado como A, e sua prima é classificada mente ser desconsiderada.
E. Já que estamos interessados somente nos membros da familia que As regras para calcular o coeficiente de parentesco podem ser resu-
são relacionados tanto ao homem quanto a sua prima, o heredogta- midas como a seguir:
ma é condensado, na Figura B a direita, para incluir somente aqueles
individuos que formam uma via entre o homem e sua prima_ 1_ Cada individuo pode aparecer em uma rota somente uma vez.
Para estimar o coeficiente de parentesco, começamos com o 2_ Sempre comece com um indivíduo, siga para cima no heredo-
portador e subimos no heredograma- Nós sabemos que há a proba- grama para um ancestral em comum, depois desça o heredogra-
ma para outro individuo.
bilidadede ¡f! de que o portador conhecido tenha herdado o gene
do parental na via (classificadoB). Há também a probabilidade de 3_ O coeficiente de parentesco para uma rota é dado por (IÍ2)"",
¡f! de que ele tenha herdado o gene de seu outro parental, que não onde n é o número de individuos na rota
é relacionado com sua prima e assim não é incluído no diagrama-
4_ Se há múltiplas rotas (t. c., múltiplos ancestrais em comum), as
Por raciocinio semelhante, a probabilidade de que um indivíduo B probabilidadesestimadas para cada rota são adicionadas.
tenha herdado o gene da doença de seu parental, o indivíduo C,
também é 112. A probabilidade de que o individuo C por sua vez 'Unte quantidade relacionada, frequentemente elitizada na população, é o ennllclnntn
passe o gene da doença para sua pmle, D, é Sá, e a probabilidadede da andogamla. Este coeficiente e a probabilidadede que um tndivmm seia homo-
que D passe o gene da doença para E também é de U2. Assim, para zigoto em um tocus como (BSHÍÍEIIÍD de consangxrtnideoe de seus genrtores. Para un?
E partilhar o gene da doença com A, cada um desses quatro eventos dado tipo de casamento, o coeficienteoe reprodução de mn indivíduosempre se iguala
deve acontecer. A regra da multiplicação diz que, para encontrar a eo coeficiente de parentesco dos pais nmttipttcado por 1X2 (p. ex., o coeficiente de
probabilidadede que todos os quatro eventos ocorram, pegamos o reprooirgãa para a prole de un? casamento de odores-irmos e de 1x76).

A consanguinidade aumenta a chance de que ambas consequencias da consangulnldade à Saúde


as pessoas de um casal carreguem a mesma mutação Foi estimado que cada pessoa possui o equivalent:: de uma a
causadora da doença. É mais frequentemente cinco mutações recessivas que devem ser letais para a prole se
observada em heredogramas que envolvem doenças comparada com outra cópia da mutação
recessivas raras do que naquelas envolvendo doenças
recessivas mais comuns.
HarançasAurossômfcxas Dommanra e Rarassrva / 73

TABEA4-3
Níveis de Mortalidade entre Pri mos e Casamentos-Controlede Pessoas não Relacionadas em Populações Humanas
Selecionadas
População Tiro da Primo 1.0 Primo 2.0 Não Relacionado
"°""“°°'° 'i6 ri 96 u 96 N % u
Amish (Ordem antiga) Pré-reprodutiva 14,4 1.218' - -
13,3 8.064 8,2 17.200
Bombain (Índia) Perinatal 4,8 8.309 2,8 176 0 30 2,8 35.520
França [Loir-el-Cher] Pre-reprodutiva 17,? 282 5,7 105 11,7 240 8,6 1.117
Fukuoka, .Japão 0 a 6 anos 10,0 3.442 8,3 1.048 9,2 1.066 6,4 5.224
Hirado, Japão Pre-reprodutiva 18,9 2.301 15,3 764 14,? 1.209 14,3 23.559
Kerala, Índia Pre-reprodutiva
Funjab, Paquistão Pre-reprodutiva 22,1 3.532 22,9 1.114 20,1 57 16,4 4.731
Suecia Pre-reprodutiva 14,1 135 13,7 227 11,4 79 8,5 525
Mormuns de Utah Pre-reprodutiva 22,4 1.048 15,3 517 12,2 1.129 13,2 302.454
'Primos germanos
"meios-m primos 1.5
Marmoraria de Jards Et ¡nbreedihg in human population. Em: BarbeariaFl (ed): Encyclopedia ofHuman Biology: vo! 5 hiaw York Academia Press, 1997, pp 1- i3_

genéticas. De tato, a maioria dos estudos empíricos mostra que cam que a traçar) de prole anormal produzida por casamento
as de mortalidade entre a pTülC de casamentos entre pri-
taxas incestuoso é muito alta: entre H4 e U2. O retardo mental e'
mos-irmãos são substancialmente maiores do que os da popula- particulannente comum entre essas proles. Por causa de pe-
ção geral (Tabela 4-3). Similarmente, a prevalência de doença quenas amostras destes estudos, e' difícil separar os eleitos da
genética é aproximadamente duas vezes maior entre as proles genética daqueles subnfveis ambientais. É provável que os pro-
de casamentos entre primos-irmãos como entre proles de pes- blemas ocorridos com a prole de casamentos incestuosos sejam
soas não relacionadas. Os casamentos entre primos-irmãos são causados tanto por inlluências genéticas quanto ambientais.
ilegais na maior parte dos estados dos Estados Unidos. Casa-
mentos entre parentes próximos (exceto primos-irmãos duplos,
que partilham ambos os avwós) são proibidos em todo o Estados
Em nível de população, a consanguinidade aumenta a
Unidos. frequência de uma doença genética e a mortalidade.
Há muitos poucos dados para casamentos entre irmãos ou Quanto mais próximo 0 grau de consanguinidade,
pais e prole [definido como incesto). Os dados limitados indi- maior é o aumento.

Questões para Estudo

1 Um homem que tem aeondroplasiase casa com uma


.
4. Um homem tem neurofibromatosetipo 1. Sua
mulher fenotipicamente normal. Se eles tiverem mãe também apresenta essa condição. Qual é a
quatro filhos, qual é a probabilidadede nenhum probabilidadede sua irma também apresentar esta
deles ser afetado com essa desordem? Qual e a doença? Na ausência de conhecimento do fenótipo
probabilidadede que todos eles sejam afetados? da irma, qual é a probabilidadede a filha de sua irma
ter a neurolibromatosetipol?
2. A penetrância estimada para o retinoblastoma
familiaré de aproximadamente 9096. Se um homem 5. Considere uma mulher que é uma portadora
teve c retinoblastoma Familiare se relaciona com uma heterozigota conhecida de uma mutaçao que
mulher que nao tem a mutação para esta doença, qual causa a PKU (autossômica recessiva). Qual e a
o risco de a sua prole desenvolver o retinoblastoma? probabilidadede suas duas netas, que são primas-
3. Urna mulher de 3D anos de idade tinha uma irmã que irmas, serem portadoras heterozigotas do alelo
causador da PKU? Em vez disso, suponha que a
morreu da doença infantil de Tay-Sachs, uma desordem mulher seja afetada com a PKU. Agora qual é a
autossômica recessiva que é fatal até os 6 anos de
idade. Qual é a probabilidadede esta mulher ser mna probabilidadede ambas as netas possuírem o alelo
causador da doença?
portadora heterozigota da mutação de Tay-Sachs?
Continua
74 x Capítulo 4 GENÉTICA MÉDICA

Questões para Estudo continuação


-

B. Dois indivíduos casados, chamados A e B na Figura 7. Um suspeito de Lll11 caso de estupro foi tipado para
4-13, partilham um único bisavô. Qual é o coeficiente três loci STR (pequenas repetições em tandem, do
de relação destes? Suponha que um membro deste inglês, short :andem repeat). Seus alelos se comparam
casal seja um portador heterozigoto para a PKU. aqueles da amostra evidência (sêmen coletado da
Qual é a probabilidadede este casal gerar uma vítima de estupro) para cada locus. Ele é hetemzigoto
criança afetada com PKU? para os dois primeiros loci e homozigoto para o
terceiro. As frequências alélicas para o locus l na
população geral são 0,05 e 0,10- Para o locus 2 são
0,07 e 0,02. Para o locus 3, a fmquência alélica na
O população geral é de 0,08. Qual é a probabilidade

90 @QO
de Lll11 indivíduo aleatório da população geral se
comparar com a amostra evidência?
3. Um homem envolvido com um pedido de
paternidade teve o seu DNA testado para estabelecer
se ele é ou não pai de um bebê. Quatro loci STR
deste homem foram testados, a mãe e o bebê. Os
alelos do bebê e do homem combinam para os quatro
loci. As frequências destes alelos na população geral
FIGURA 4-13 são 0,05, 0,01, 0,01 e 0,02. Qual é a probabilidadede
Diagrama para a Questão para Estudo 6. alguém da população geral ser o pai do bebê?

Leituras sugeridas
Balmer A, Zografos L, Munier F. Diagnosis and current mana- Nadeau JH. Modiiier genes in mice and hLunans. Nature Rev
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contém Íinlzs para outras páginas úteis sobre Fibrouse cística) nih.goi/hi¡sordersfhuntingtonfhuntíngtomhtm
httpJfwwxungenetsickkidspn.cafcftrf
Fundação Nacional Mattar¡ (inlzonnação básica sobre a sin-
Rede de Câncer de Olho: Retintrhlastoma (descrições, foto- drome de Martan, com links para outras páginas] httpuVwww.
grafias e Ítalo úteis) httpJ/'wwmteyecancer',comÍPatientÍCondi- marfanorgf
tion.aspx?nlD:5Bzszcategory: Retinal+TumorsScCondition R :

etinoblastoma Fundação Nacional Neurofibromatose [vários links úteis para


Fontes online) l1ttp:›"'¡'www.ctÍ.org/'
Centro Nacional para Informação: de Biotecnologia: Cenes
e Doença (resumos de várias doenças genéticas discutidas

nesse texttl) http:Í/wwwmcbi.nlm.gov.boolcsz'bv.fcgi?call:bu


View.-Sl1owTÓC&ricl: gndTÓckdepth 2 =
ii

,
à.
.a


HERANÇA GENÉTICA ue imã*
NÃO TRADICIONAIS o - RANÇA i EICA
.
a
Í

O capitulo anterior lidou com os genes localizados nos 22 cro- (Zip. ex., niveis enzimãticos] codificados pela maior parte destes
mossomos autossômicos, a forma de herança destes genes foi genes. Ó que poderia explicar isto?
elucidada por Gregor Nlendel. Neste capitulo, serão discutidas No inicio dos anos de 1960, uma pesquisadora chamada
as mutações causadoras de doenças que são herdadas de um lvlary Lyon apresentou a hipótese de que cada célula somática
modo que eram desconhecidas por ivlendel e que, por esta ra- feminina teria um cromossomo X inativo. isto resultaria em

zão, algumas vezes são denominadas de não mendelianas. uma compensação de dosagem, ou seja, uma equalização da
As primeiras mutações a serem discutidas serão as variações quantidade de produtos dos genes ligados ao X em indivíduos
no DNA dos cromossomos sexuais (X e Y), conhecidas como do sexo masculino e do sexo feminino. A hipótese de Lyon
mutações ligadas ao sexo. Ú cromossomo X humano é um cro- estabelece que a inativação do X ocorre precocemente no de-
mossomo grande, que contém cerca de 5% do DNA do genoma senvolvimento embriológict) das fêmeas, e que o cromossomo
nuclear (aproximadamente 155 milhões de pares de bases [155 X oriundo do pai (É inativado em algumas células, ao passo que
megabases, 155 hábil. Quase 1.100 genes já Foram localizados o cromossomo X oriundo da mãe é inativado em outras células.

no cromossomo X. As doenças causadas pelos genes contidos Em cada célula, um dos cromossomos X é escolhido aleatoria-
neste cromossomo são conhecidas como doençasligadas ao X. mente para sofrer inativação, de modo que os cromossomos X
Ao contrário do cromossomo X, o cromossomo Y é relativa- derivados do pa¡ e da mãe são inativados em aproximadamen-
mente pequeno (60 Évib] e contém somente algumas dezenas te metade das celulas do embrião. Então, a inativação, assim
de genes, não existindo, portanto, doenças ligadas ao Y. como a transmissão de gametas_, é análoga a um experimento
O próximo grupo de mutações causadoras de doenças de cara-ou-coroa. Uma vez que um cromossomo X é inativado
localiza-se no genoma mitocondrial, que é herdado exclusiva- em uma célula, ele permanecerá inativo em todos os descen-
mente através da mãe. Desta Forma, as doenças mitocondriais dentes desta célula. Desta maneira, a inativação do X é um
exibem um padrão único de herança nas familias-Análises ex- processo detenninado randomicamente, embora seja fixo (ou
tensivas líou detalhadas) revelaram um número crescente de permanente). Como um resultado da inativação do X, todas
mutações causadoras de doenças no genoma mitocondrial. as Fêmeas normais apresentam duas populações distintas de

Posteriormente, serão discutidos dois processos que foram células: uma população tem um cromossomo X ativo derivado
elucidados somente nas 2 ou 3 décadas passadas: antecipação e do pai, outra população tem um cromossomo X ativo deriva-
impressão (impnitting). A antecipação refere-se ã idade precoce do da mãe (À Fig. 5-1 mostra um resumo deste processo). As
de aparecimento de algumas doenças genéticas em gerações 'fêmeas são consideradas como "mosaicos" para a atividade do
Familiares mais recentes. A impressão refere-se ao tato de que cromossomo X, porque elas têm duas populações de células

alguns genes são expressos somente em cromossomos trans- (Capítult)


mitidos pelo pai, enquanto outros são expressos somente em
cromossomos transmitidos pela mãe. Nosso entendimento a

respeito destes dois


processos descobertos recentemente tem
melhorado muito graças às análises moleculares detalhadas de
humanos e de outros modelos de organismos.

ÍNATÍVÂÇÃÚ DO X
Õ cromossomo X contem importantes genes codiFicadores
de proteínas,- há bastante tempo, já sabemos que as Fêmeas da
raça humana têm dois cromossomos X e que os machos têm
somente um cromossomo X. Sendo assim, as Fêmeas têm duas
copias de cada gene ligado ao X, enquanto os machos têm
somente uma cópia. Entretanto, machos e fêmeas não são di-
ferentes no que concerne ã quantidade de produtos proteicos
Herança Genética Ligado ao Serro e Formas .nao Irao'.*"'o›.rra.'s de crença Genetic:
73 x Capftuioã GENÉTICA MÉDICA
A hipótese de Lyon baseia-se em evidências A inativação do X é randõmica, fixa e incompleta. O
citogenéticas: corpúsculos de Barr, que são úitimo fator ajuda a explicar por que, independente
cmmossomos X inativos, são observados somente em da inativação do X, muitas pessoas com números
células com dois ou mais cromossomos X. Esta hipótese anormais de cromossomos sexuais apresentam um
também se baseia em estudos bioquímicose em fenótipo de doença.
experimentos com animais, que revelam mosaicismo O centro de inativação do X contém um gene, o XÍST, que
dos traços ligados ao X em fêmeas heterozigóticas.
e transcrito somente no cromossomo X inativado,- suas trans-
Out-ros estudos ver¡ ficaram amplamente a hipótese de crições de mRNA de I7ltb podem ser detectadas em mulheres
Lyon. O mRNÀ e transcrito a partir de um único cromosso- normais, mas não em homens normais. Entretanto, a transcri-
mo X em cada uma das células somãticas de uma fêmea nor- ção do RNA não é traduzida em urna proteína. Em vez disso,
mal. O processo de inativação tem início aproximadamente o RNA continua no núcleo e cobre o cromossomo X inativo.

7 a IO dias após a Fertilização,quando a massa celular interna Este processo de cobertura poderia agir como um sinal que
do embrião contém não mais do que algumas dezenas de cé- levaria a outros aspectos da inativação, incluindo replicação
lulas. A inativação é iniciada em uma região única de I Mb tardia e condensação do cromossomo X inativo.
no braço longo do cromossomo X, o centro de inativação do A metilação e a desacetilação da histona são caracteristicas
X, estendendo-se em seguida ao longo de todo o cromosso- adicionais do cromossomo X inativo. Muitos djnucleotideosCC
mo. Embora a inativação seja randômica entre as células que nas regiões 5' dos genes no X inativo são pesadamente metila-
constituem o embrião propriamente dito, somente o cromos- dos, e a administração de agentes que produzem a desmetilação
somo X derivado patemalmente é inativado nas células que como azacitidina-S pode reativar parcialmente um cromossomo
farão parte do tecido extraembrionário (p. ex., a placenta). A X inativo in vitro. Contudo, a metilação não parece estar envol-
inativação do X e' permanente para todas as células somáticas vida na propagação do sinal de inativação a partir do centro de
na fêmea, mas o cromossomo X inativo deve voltar a ser ativo inativação para o restante do cromossomo X. A metilaçãt)parece
posteriormente na linhagem gemiinativa da fêmea, de modo ser responsável pela manutenção da inativação de um cromosso-

que cada uma de suas células-ovo receberá uma cópia ativa mo X específico em uma célula e todas as suas descendentes.
do cromossomo X.
Uma implicação importante da hipótese de Lyon é que o O gene XISTIocaIiza-se no centro de inativação do
número de corpúscultrs de Bart' em células somáticas é sempre X, sendo necessário para a inativação do mesmo.
Luna unidade menor com relação ao número de cromossomos Este gene codifica um produto FINA que recobre o
X. Fêmeas nomiais apresentam um corpúsculo de Barr em cada cromossomo X inativo. A inativação do X também está
célula somática, e machos normais não o possuem. Mulheres associada à metilação do cromossomo X inativo, um
que apresentam a síndrome de Turner [Capítulo 6) têm somente processo que pode ajudar a manter a estabilidadeda
Lll11 cromossomo X e não possuem corpúscultrs de Barr. Homens inativação em longo prazo.
que apresentam a sindrome de Klinefelter (dois cromossomos
X e um cromossomo Y) têm um corpúsculo de Barr em suas HERANÇA LIGADAA0 SEXO
células somática, e mulheres que têm três cromossomos X por Genes ligados ao sexo são aqueles que se localizam nos cro-
célula possuem dois corpúsculos de Barr em cada célula somá- mossomos X e Y. Considerando que somente algLu11as dúzias
tica. Este padrão leva a outra questão: se os cromossomos X de genes encontram-se localizadas no cromossomo Y humano,
inativados, por que motivo as pessoas com
extras encontram-se as doenças ligadas ao X serão nosso enfoque principal. Estas

cromossomos X extras (ou faltando) não são fenotipicamente doenças têm sido tradicionalmenteagrupadas nas categorias de
normais? doenças recessivas ligadas ao X e doenças dominantes ligadas
A resposta para esta questão é que a inativação do X é incom- ao X, estas categorias serão utilizadas aqui para que estejam de

pleta. Algumas regiões do cromossomo X permanecem ativas acordo com as demais literaturas. Entretanto, por causa da ex-
em todas as cópias. Por exemplo, as extremidades do braço pressão variável, da penetrância incompleta e dos efeitos da ina-
curto e do braço longo do cromossomo X não passam pelo tivaçãt) do X, a distinção entre a herança dominante ligada ao X
processo de inativação. A extremidade do braço curto do cro- e a herança rccessiva ligada ao X algumas vezes é ambfgua.

mossomo X é homóloga à região distal braço curto do cromos-


somo Y (denominada região pseudoautossômica) (Capítulo 6). Herança Reeesslva Llgada ao X
No total, cerca de 15% dos genes no cromossomo X escapam Diversas doenças bem conhecidas e vários traços de doenças
da inativação, e, relativamente mais genes no braço curto es- são causados por genes recessivos ligados ao X. Tais doenças
capam da inativação em relação ao braço longo. Alguns dos incluem a hemofilia A (Comentário Clinico 5-1), a distrofia
genes ligados ao X que permanecem ativos em ambas as cópias muscular de Duchenne [Ctrmentáritr Clinico 5-2) e a incapaci-
do cromossomo X (nas fêmeas) têm homólogos no cromosso- dade de enxergar as cores vermelha e verde [Quadro 5-1 ). Adi-
mo Y, preservando uma dosagem gênica igual em machos e cionalmente, outras doençasligadas ao X encontram-se listadas
fêmeas. Desta forma, a presença de cópias extras [ou cópias na Tabela 5-1. Os padrões de herança e riscos de recorrência

faltando) de porções ativas do cromossomo X contribui para a para as doenças recessivas ligadas ao X diferem substancial-
anormalidade fenontípica. mente das doenças causadas por genes autossômicos.
Herança Genetics Ligado ao Sexo e Formas não Tradicionaisde Herança Genetics ,f .79

._ aquí.

A hemcfiliaA e causada por mutações no gene que oodifica o fator VIII da causas de morte. A atividade plaquetãria e normal nos hemofnicos, de modo
coagulação, afetando aproximadamente um em 5.000 a um em 10.000 que pequenas Iaceraçües e abrasões, geralmente, não são suficientes para
indivíduos do sexo masculino em todo o mundo. Este e o distúrbio mais co- levar ao sangramento excessivo.
mum dentre aqueles que causam sangramento severo e vem sendo reco- A severidade da hemcfilia A varia consideravelmente, e esta variação
nhecido como uma desordem familia] há séculos. O Talmude (registro das esta diretamente relacionada com o nivel do fator VIII. Cerca de metade dos
discussões rabinicas que pertencem a lei, a etica, aos costumes e historia pacientesportadores de hemcfiliaA esta na categoria severa, com niveis de
do judaismo) estabelece que os meninos cujos innãos ou primos tenham fator VIII que são menores que 1% do normal. Estes pacientes experimen-
sangrado ate a morte durante a circuncisão ficam isentos deste procedi- tam episodios de sangramento relativamente frequentes, normalmeme vã-
mento (este pode ter sido um dos primeiros exemplos de registros sobre rios por mes_ Pacientes com hemcfiliamoderada (1 'lã-Sta do fator VIII nor-
aconselhamento genético). mal] geralmente apresentam episodios de sangramento após traumas
A rainha tñctoria carregava uma mutação do fator VIII que transmitiu suaves e apresentam um a varios episodios severos por ano_ Pessoas com
para um filho e para duas filhas portadoras do gene. Desta forma, os filhos hemcfilia leve possuem de 5% a 30% do nivel normal de fator VIII; geral-

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hepatite B, o que quase elimina a ameaça de infecção. consequentemente,
a mortalidade por NDS entre os pacientes portadores da hemofiliaA dimi-
nuiu marcadamente desde 1995_
A clonagem e o sequenciamemo do gene do fator VIII levaram a outras
observações. Pacientes com mutações consenso ou frameshm (mutações
que destroem completamente a funcionalidadede uma proteina), geralmen-
te desenvolvem hemofilia severa, enquanto os pacientes com mutações
mfseense geralmente desenvolvem hemofilia leve a moderada. Isto e es-
perado porque as mutações ncnsense e frameshifi produzem uma proteina
truncada que acaba sendo degradada e perdida. mutações missense pmdu-
zem a substituição de um único aminoácido, sem um efeito dominante, ge-
ralmente resultando em um produto proteico parcialmente funcional_ Muitas
das mutações pontuais acontecem nas sequências CG metiladas, que são
bons locais para mutação (Capitulo 3]. Cerca de 45% dos casos severos de
hemofiliaA são causados por uma inversão cromossõmica [Capítulo B) que
rompe o gene do fator WI_ Outros 5% de pacientes apresentam dotações,
B, Hematoma extenso na região lateral da coxa direita. que geralmente provocam a fomra relativamente severa da doença_ Apro-
(De Hoffbrand VA: Color Atlas of Clinical Hematologv, 3rd ed, Mosbv, 2000, ximadamente 10% das mulheres heterozigoticas tem os niveis de fator VIII
p_ 2131-283). menores que 35%, e algumas delas são heterozigoticas que manifestam a
doença e apresentam sintomas leves da mesma.
mente apresentam episódios de sangramento somente apos cirurgia ou A clonagem do gene do fator VIII tornou possivel a produção do fator
trauma relativamente severo_ WI humano por meio da utilização de tecnicas de DNA recombinante. Di-
A hemofiliaA frequentememe era fatal para individuos com ate 20 anos versos testes clínicos mostraram que o fator VIII recombinantefuncionatão
de idade, mas surgiram formas de tratamento mais avançadas no inicio eficientemente quanto aquele derivado de doador; desta forma, o fator VIII
de 1960, com a habilidadede purificar o fator VIII do plasma do doador_ recombinantefoi aprovado para uso comercial em 1994_ E claro que o fator
Geralmente, o fator VIII é administrado ao primeiro sinal de um episodio de WI recombinante tem a vantagem de não haver possibilidadede contami-
sangramento, um tratamento altamente eficaz. A administração profilatica nação viral. Entretanto, assim como outras formas de fator VIII, o fatorWI re-
de fatnr VIII em hemofilicosseveros e eficaz na prevenção da perda de fun- combinanteleva a produção do anticorpo antifator VIII em aproximadamente
ção articular_ Na decada de 1970, a expectativa de vida dos hemofñicos 10% a 15% dos pacientes(esta resposta e mais comum nos pacientes com
subiu para a media de B8 anos de idade. ausenciade produção do fator VIII congênita).
A principal inconveniãnciado fator Vlll derivado de doadores era o fato Dois outros principais distúrbios da coagulação são a hemofilia B e a
de que uma infusão típica continha produtos plasmáticos de centenas ou doença de von Willebrand. A hemofilia B, às vezes chamada de doença de
milhares de doadores diferentes, o que facilitavaa contaminação por vírus_ Christmas (este era o nome do primeiro pacientedocumentado), também e
consequentemente, estes pacientes sofriam de hepatite B ou hepatite C uma doença recessiva ligada ao X; a hemofilia B e causada por uma defi-
com frequência, ambas infecciosas. O virus da imunodeficiência adquirida ciencia do fator IX da coagulação. Esta condição não e tão comum qrranto a
[HIV human ¡mmunodeficriancy viram) pode ser transmitido desta forma;
- hemofiliaA, podendo ser tratada com fator D( derivado de doador ou fator IX
estima-se que metade dos pacientes hemofílicos americanostratados com recombinante. A doença de von tflfillebrandé uma doença autcssõmica do-
fator VIII derivado de doadores, entre 1978 e 1985, banha sido infectada por minante com expressão altamente variável_ Embora possa afetar cerca de
HIV. Entre 1979 e 1998, a sindrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) 1% dos individuos descendentes de europeus, esta doença se expressa
foi responsável por cerca de 50% das mortes de americanos portadores de severamente em um a cada 10.000 individuos. O fator de von Willebrand,
hemofiliaA, resultando na diminuição da expectativa de vida dos hemofñicos que e codificado por um gene no cromossomo 12, age como uma proteina
para 49 anos de idade, no ano de 1980. O sangue do doador passou a carreadora para o fator VIII. Alem disso, esta proteina liga-se as plaquetas e
sofrer triagem para o vims HN desde 1985; o tratamento do fator Vlll den- ao endotélio dos vasos sanguíneos danificados, promovendo a adesão das
vado de doador através do calor provoca a morte do virus HIV e do virus da plaquetas nas paredes destes vasos.

..lí

A distrofia muscular, definida como fraqueza muscular progressiva e perda ção de gordura e tecido conjuntivo no músculo, pode ser observada preco-
da massa muscular, e xiste em dezenas de formas diferentes. Destas, a dis- cemente ao longo do curso da doença. Todos os músculos esqueléticos se
trofia muscular de Duchenne (DMD) (nomeada depois que o neurologista degeneram progressivamente, e muitos pacientes com DMD ficam confi-
frances fez a primeira descrição compreensível da doença em 1868) é uma nados a cadeiras de rodas por volta dos 11 anos de idade. A musculatura
das formas mais comuns e mais severas. Esta condição atinge um em cada cardíaca e a musculatura respiratória tomam-se incapazes, de modo que
3.500 homens, prevalência similar entre os diversos grupos etnicos estuda- a morte normalmente e causada por insuficiência cardíaca ou respiratória.
dos ate agora. A sobrevivência alem dos 25 anos de idade e muito pouco comum; pouco
Geralmente, os sintomas da DMD são observados antes dos 5 anos de pode ser feito para alterar o curso final desta doença.
idade, quando os pais notam movimentos desajeitados e fraqueza muscular. Confonne as celulas musculares vão monendo, a enzima creatina qui-
Frequentemente, pseudo-hipertrofia das pantrrrrilhas resultante da infiltra- nase (CK) vai aumentando na corrente sanguínea. Nos pacientes com DMD,
Herança Genérica Ugada ao Sexo e Formas não Tradicionaisde Herança Genética / 81

a CK serica encontra-se elevada, no mínimo, cerca de 20 vezes acima do


limite superior da faixa normal. Esta elevação pode ser observada antes
dos sintomas aparecerem (p. ex., desgaste muscular). Outras ferramentas
tradicionais de diagnostico incluem a eletromiografia [que revela potenciais
de ação diminuidos) e a biópsia muscular.
Mulheres heterozigclicas que carregam as mutações causadores da
DMD geralmente não são afetadas pela doença, embora 8% a 10% delas
apresentem fraqueza muscular. Adicionalmente, a CK no soro excede o per-
centil 95 em aproximadamente dois terços das heterozigotims.
Antes do isolamento e clonagem do gene responsavel pela DMD em 1986,
pouco se sabia a respeito do mecanismo responsavel pela deterioração mus-
cular. Os maiores avanços no conhecimento da doença foram obtidos apos
a clonagem do gene e a identificação do seu produto proteico. O gene DMD
cobre aproximammente 2,5 Mb do DNA, fazendo com que o mesmo seja o
maior gene conhecido no corpo humano. Este gene contem 79 exons que pro-
duzem um transcrito de 14kb de mRNA Por causa do grande tamanho deste
gene, a transcrição de uma molécula de mRNA pode levar ate 24 horas. D
mHNA e transcrito em uma pmteina madura com 3.685 aminoácidos. D pro-
duto proteico, denominado cistmfina, era desconhecido entes da clonagem
do DMD. A distrofina contribui para apenas 0,00% da massa de proteina de
uma célula de músculo estriado, IocaIizando-se no lado citoplasmatico da
membrana celular. Embora sua função ainda esteja sendo pesquisada, esta
parace estar envolvida na manutenção da integridade estrutural do citcesque-
leto. O tenninal amino da proteína liga-se à F-actina, urna proteina-chave do
citoesqueletc. O tenninal carboxilada distrofina liga-se a um complexo de gli-
coproteinas, conhecido como complexoristrogllcano-sarcogllcano,que se
estende ate a membrana celular e liga-se as proteínas eixtracelulares. Sendo
assim, a distrofina liga estes dois componentes celulares e tem um papel prin-
cipal na manutenção da integridade estnrtural da celula muscular. A ausência
a2 v' Capituloã cenários meato:

Lamlnlna-z

cltoasquoleto
0 tenninal amino da proteina distrofina liga-se a F-actina no citoesqueletia da celula; seu tenninal carboxila liga-se aos elementos do complexo distroglica-
no-sarcoglicano_ Este complexo de gliooproteinas estende-se ate a membrana oeiular e liga-se as proteínas da matriz extracelular, como a Iaminina.
de BMD) ou duplicaçües (696 a 7% dos casos de DMD e BMD] no gene outras fonnas de distrotia muscular, porque muitas destas fonnas (p. ex.,
DMD. Contudo, enquanto a maioria das dotações e duplicaoiies que cau- varias distrofias musculares nos membros e cinturas) resultam de mutações
sam a DMD produz mutações frameshiñ, a maioria das mutações que nos genes que coditicam proteínas do complexodistrogIicano-sarcoglicano,
causam a BMD são alterações iii-frame (i. e., um múltiplo de tres bases é enquanto a distrofina parece ser afetada somente na BMD e na DMD_
deletado ou duplicado). Sendo assim, um ñameshifit, que produz um códon A identificação do gene DMD levou ã utilização de modelos animais [ca-
de parada prematura (Capitulo 3) e não produz nenhum produto proteioo, mundongos e cães) para o estudo da doença; tais modelos estão contribuin-
poderia provocar uma fonna mais severa da doença do que uma alteração do consideravelmente para melhor entendimento da fonna humana da do-
in-frame_ ença. Por exemplo, um fánnacocom molécula pequena, a PTC124, induz os
As consequências destas diferentes mutações podem ser observadas no ribossomos a lerem através dos codons de parada prematura, mostrando-se
produto do gene. Embora a distrofina esteja ausente em quase todos os pa- promissora em modelos de camundongos. Atualmente, estudos clínicos em
cientes de DMD, ela geralmente está presente em quantidade reduzida (ou humanos estão sendo feitos oom a utilização deste fannaco. Além disso,
oomo uma fonna encurtada da proteina] nos pacientes portadores de BMD. pesquisas oom terapiagênica para DMD tem progredido bastante [Capitulo 1 3].
Portanto, um ensaio para dosar distmiina pode ajudar na distinção entre as Entretanto, já que todos os músculos do corpo üncluindo o coração) são
duas doenças. Este ensaio também ajuda a distinguir ambas as doenças de afetados, este tipo de terapia deve enfrentar vários desafios.

As mulheres, pelo fato de herdarem duas cópias do ero- ele será afetado pela doença, porque o cromossomo Y não
mossomo X, podem ser homozigóticas para um alelo cau- carrega um alelo normal para compensar os efeitos do alelo
sador de doença em um determinado locus, heterozigtítica da doença.
para este locus ou homozigóticas para o alelo normal no locus. Uma doença recessiva ligada ao X com uma frequência
Sendo assim, os locí ligados ao X nas mulheres são muito si- gênica q será observada em uma tração q de homens. Isto
milares aos locí autossômicos. Entretanto, para a maioria dos acontece porque o homem, que apresenta somente um
loci ligados ao X, há somente uma única cópia do alelo em cromossomo X, manilestará a doença se o cromossomo X
uma célula somática individual (por causa da inativação do contiver a mutação causadora da mesma_ As mulheres, que
X). lsso quer dizer que, aproximadamente metade das células necessitam de duas cópias do alelo mutante para expressar
em uma mulher heterozigótica expressará o alelo da doença a doença, terão uma frequência de q”, como nas doenças au-
e a outra metade das celulas expressará o alelo normal. En- tossômicas recessivas. Por exemplo, a hemofília A (Comen-
tão, assim como os traços autossômicos recessivos, a mulher tário Clínico 5-1 ') ocorre em aproximadamente em um a cada
heterozigótica produzirá cerca de 50% do nível normal do 10.000 individuos do sexo masculino, em algumas popula-
produto do gene. Normalmente, isto é suficiente para LIJTI ções. Desta forma, em uma coleção de 10.000 cromossomos
fenótipo normal. Esta situação é diferente nos homens, que X masculinos, um cromossomo conteria a mutação causado-
são hemizigóticos para o cromossomo X. Se um homem her- ra da doença (q 0,0001). Mulheres homozigtâticas afetadas
=

dar um gene de uma doença recessiva no cromossomo X, quase nunca são vistas, porque q1=O,0000O00I, ou seja, o
Herança Genérica Ligada ao Sexo a Formas não Fadrbianarsda Herança Genérica .f 83

QUADRO 5-1
Visão em Cones: Biologia Molecular e Evolução
A visão htunana depende de um sistema de células fotorreceptoras localizado_, e a natureza precisa dos produtos pmteicos permaneceu
da retina, das quais os bastonetes correspondem a aproximadamen- desconhecida. Como eles poderiam localizar estes genes?
te 95 'KL Estas células contêm a proteína que absorve luz (rodopsina), Felizmente, o gene que codjflcaa rodopsina foi clonado em bo-
permitindo-nos enxergar em condições de pouca luminosidade. vinos. Mesmo que humanos e bovinos estejam separados por mi-
Além do mais, a retina contém três classes de cones que também lhões de anos de evolução, suas proteinas rodopsi na ainda dividem
contêm proteinas que absorvem luz (opsinas) e que reagem aos cerca de 40% da mesma sequência de aminoácidos. Sendo assim,
comprimentos de onda de luz correspondente às três cores primárias o gene da rodopsina bovina poderia ser utilizado como uma sonda
_
vermelho, verde e azul. A visão colorida depende da presença de para procurar uma sequência similar de DNA no genoma humano.
todos os quatro tipos de células. Já que as três cores principais estão Uma porção do gene da rodopsina bovina foi convertida em uma
envolvidas, a visão colorida normal é dita tricromática. forma de filamento único, radioativamente mancada e hibridizada
Há muitos defeitos reconhecidos na visão colorida humana. O com DNA humano [da mesma forma que uma sonda usada no pm-
mais comum destes defeitos envolve a percepção das cores verme- cedimento de Southern blotting [Capitulo 3]). Foram utilizadascon-
lha e verde, e desde 19| l já se sabia que este distúrbio era herdado dições de hibridjzação de baixa precisão: a temperatura e outras
de forma recessiva ligada ao X. Desta forma, eles são muito mais condições foram nranipuladas, de modo que o pareamento da base
comuns em homens do que em mulheres. Várias formas de cegueira complementarocorreria independente de algumas diferençasentre
para as cores vermelha e verde são observadas em aproximadamen- as sequências das duas espécies. Desta maneira, o gene da rodopsina
te 8% dos homens europeus, 4% a 5% em homens asiáticos e 1% a humana foi identificado e mapeado para o cromossomo 3-
4% em homens africanos e nativos americanos. Dentre os homens O próximo passo foi utilizaro gene da rodopsina humana como
europeus, 2% são dicmmáticos:eles são incapazes de perceber uma sonda, a fim de identificar os genes da opsina dos cones. Cada uma
das cores primárias, geralmente o vermelho ou o verde. A incapaci- das sequências de aminoácidos da opsina dos cones divide 40% a
dade de reconhecer a cor verde chama-se deuteranopia, en quanto 45% de similaridade com a sequência de aminoácidos da rodopsina
a incapacidade de reconhecer a cor vermelha chama-se pro tanopla. humana. Por meio deste procedimento com o gene da rodopsina,
Cerca de 6% dos homens europeus podem detectar a cor verde e a o gene da opsina sensível ao azul foi identificado e mapeado para o
cor vermelha, porem com uma percepção alterada das tonalidades cromossomo 7. Esperava-se que este gene fosse ser mapeado para
relativas destas cores. Estas condições denominam-se, respectiva- um autossomo, porque as variações na sensibilidade ao azul são
mente, deuteranomalia e protanomalla. herdadas de forma autossômica recessiva. Os genes para :Ls opsinas

A, Imagem percebida por uma pessoa com visão colorida normal. B, A percepção da imagem por uma pessoa com protanopia, uma forma
de cegueira para as cores vermelha e verde. Direitos autorais: George V. Kelvin-

É valido deixarclaro que indivíduos dicromáticos não são realmente sensíveis ao vemlelho e ao verde também foram identificados desta
cegos com relação às cores, porque eles ainda são capazes de perceber maneira e, confomie esperado, encontravam-se no cromossomo X.
um grande conjunto de cores diferentes. A verdadeira cegueira comple- Os genes para o vemielho e o verde são altamente similares, divi-
ta para cores (nronocromatlsmo, habilidadede reconhecer uma única djndo 98% de suas sequências de DNA.
cor) é muito menos comum, afetando aproximadamenteuma em cada Inicial mente, muitos pesquisadores esperavam que as pessoas com
100.000 pessoas. Há duas fomias principais de visão monocromática. defeitos na visão colorida exibissem o mesmo conjunto de deleções
O monocromatismo dos bastonetes é uma condição autossônrica re- e mutações missa-use e nonsmse observados em outros distúrbios.

oessiva, na qual toda a função visual é desempenhada pelos bastonetes. Porém, estudos mais aprofundados revelaram algumas surpresas.
O mono-Cromatismo azul das células dos cones é uma condição reces- Descobriu-se que os genes das opsinas vermelha e verde são
siva ligada ao X, na qual ocorre a ausênciadas células cônicas. adjacentesum ao outro na porção distal do braço longo do cromosso-
A clonagem dos genes responsáveis pela percepção das cores mo X e que pessoas normais têm uma cópia do gene para ove rmel ho,
revelou vários fatos interessantes a respeito da biologia e da evo- mas podem ter de uma a diversas cópias do gene para o verde. Os
lução da visão colorida nos humanos. Na década de 1980, Jeremy múltiplos genes para a cor verde são 99,9% idênticos em suas se-
Nathans e colaboradores postularam que as opsinas, em todos os quências de DNA, e a presença de múltiplascópias destes genes não
quatro tipos de células fotorreceptoras, deveriam apresentar se- tem nenhum efeito na percepção das cores, porque somente o gene
quências de aminoácidos similares, em virtude das fianções simi- para o vermelho e o primeiro gene para o verde são expressos na re-
lares desempenhadas por estas células. Desta forma, as sequências tina. Entretanto, quando não há genes para a cor verde, observa-se
de DNA dos genes responsáveis pela codificação destas proteínas a condição denominada deuteranopia. As pessoas que não possuem
também deveriam ser similares. Porém, nenhum destes genes foi o único gene para a cor vermelha apresentam protanopia.

(Ímrtinua
34 r Capfruíoã GENÉTICA MÉDICA

QUADRO 5-1
Visão em Cores: Biologia Molecular e Evolução Continuação
-

Normal

Ei) Normal

í Verde dlcromático
ED
-

Normal
C

í Vermelho dlcromático
El)
-

Verde trlcromátlco
-

D anomalo

;eg-gw
Vermelho dicromátlco ou
-

vermelho ulcromátloo anomalo


-

Verde matemático
-

anümalo

A, Indivíduos normais possuem um gene para a cor vermelha e de um a vários genes para a cor vende. B, O cruzamento desigual causa varia-
ção normal no número de genes para a cor verde. C, O cnlzamento desigual pode produzir dicromatismo para a cor verde, sem genes para
esta cor (deuteranopia). D, O cruzamento desigual que ocorre dentro dos genes vermelho e verde pode produzir dicromatismo para a cor
vermelha [protanopia] ou uma tricomatopsia anômala para o verde (deuteranomalia). E, Os cruzamentos entre os genes para o vermelho e
overde também podem produzir tricomatopsia anômala para o vermelho (protanomalia). O grau de percepção das cores vermelha e verde
depende de onde ocorre o cruzamento dentro dos genesiModiñcado de Nathans J, Merbs SL, Sung C, et al: The genes for color vision.
Sci Am 1939, 25o=42_49.)

O aspecto único destas deleções é que elas são um resultado de um Como os genes das opsinas apresentam similaridade nas sequências
cruzamento [Crossing-over] desigual durante a meiose. Ao contrário do de DNA e desempenham funções similares, eles são membros de
cruzamento comum, no qual segmentos iguais de cromossomos são uma família de genes, bem parecidos com os genes das globinas
trocados (Capítulo 2), o cruzamento desigual resulta em uma perda (Capítulo 3). lsto sugere que eles foram originados de um único
de material cromossômico em um cromossomo homólogo e um ga- gene ancestral que, ao longo do tempo, se duplicou e divergiu para
nho de material no outro- O cruzamento desigual parece ser facilitado codiñcar proteínas independentes, embora relacionadas. A eviden-
pela alta similaridade na sequência de DNA entre os genes para as cia deste processo é dada por meio da comparação destes genes em
cores vermelha e verde: é relativamente fácil o maquinário celular co- humanos e outras espécies. Os genes das opsinas vermelha e verde
meter urn erro no momento de decidir o local no qual o cruzamento dividem o maior grau de similaridade de sequências de DNA, o que
deve ocorrer: Sendo assim, uma mulher com um gene para o vermelho nos faria esperar que estes dois genes Fossem resultantes da mais
e dois genes para o vende poderia produzir um gamem contendo um recente duplicação. De fato, os humanos dividem todos os quatro
gene para o vermelho com um gene para o vende e outro gameta genes de opsinas com os macacos do novo mundo e macacos do
contendo um gene para o vermelho com tres genes para o verde. O velho mundo, porém, os macacos do novo mundo são menos inti-
cruzamento desigual também poderia resultar em gametas sem cópias mamente relacionados e apresentam um único gene para opsina em
para um determinado gene, produzindo protanopia ou deuteranopia. seus cromossomos X. Consequentemente, parece que a duplicação
O crossover desigual também explica a visão em cores dos porta- vermelho-verde ocorreu em algum momento depois da divisão dos
dores de protanopia e de deuteranopia. Aqui, o cnrzamento acon- macacos do novo e do velho mundo, o que ocorreu há 30 a 4D mi-
tece dentro dos genes para o vermelho ou para o verde, resultando lhões de anos. Comparações similares datam para aproximadamente
em novos cromossomos com genes híbridos (p. ex., uma porção 500 milhões de anos atrás, a divisão dos genes de opsinas dos cones
do gene vermelho fusionada com Luna ponção do gene verde). A autossõmicas e ligadas ao X. Por lim, comparações com a Dmsoplrila
proporção relativa dos componentes (vermelho e verde) dos genes melarrogaster indicaram que a duplicação que produziu os genes da
fundidas determina a extensão e a natureza da anomaliavermelho- pigmentação \risual dos cones e bastonetes pode ter ocorrido há
verde. quase I bilhãode anos.

equivalente a uma pessoa 100.000.000- Este exemplo


em Como as mulheres apresentam duas cópias do
mostra que, em geral, os homens são mais Frequentemente cromossomo X e os homens apresentam somente
afetados por doenças reeessivas ligadas ao X do que as mu- uma cópia (hemizigusidade). as doenças recessivas
lheres, sendo que esta diferença torna-se mais pronunciada ligadas ao X são muito mais comuns entre os homens
quanto mais rara é a doença. do que entre as mulheres.
Herança Genérica Ugaola ao Sexo e Formas não Tradicionaisde Herança Genérica / 85

1mm 5-1
Exemplos Adicionaisde Distúrbios Recessivos I.igados ao x
Gone caracteristicasclinicas
Retinosquise juvenil Dificuldade visual progressiva causada pela ruptura da camada de fibras nervosas da retina;
tem inicio na primeira ou na segunda decada de vida; acuidade visual tipica 20x60 a 20/120
Discondrose de Lari-Weill SHOX Deformidade de Madelung do radio e da ulna; mesomelia (encurtamento dos antebraços e
pernas); baixa estatura
ATHX Fletardo mental; anomalias genitais; a-talassemia sem anormalidades no complexo do gene
da a-globulina
Displasia ectodermi hipoidrdtloa Capacidade diminuída de suar e intolerância ao Ior; cabelos, cllios e sobrancelhas
esparsos e de cor clara (hipocromia); dentes anomiais ou ausentes; infecções recorrentes
do trato respiratóriosuperior
Raquitismo resistente a vitamina D PHEX Hipofosfatemia devida a reduzida reabsorção renal de fosfato; baixa estatura; pernas
arcadas; formação precária dos dentes
Sindrome de Aarslrog-Scolt(displasialaciogenital) FGDI Baixa estatura; hipertelorismo ocular; anormalidades genitais
Fenda palatina com anclloglossia 13x22 Fenda palatina com ou sem anclloglossia
Doença de PeIizaeiJs-Merzbacher PLPI Defeitos na mielinização; manifesta-se tipimente até os dois anos de idade ou na primeira
infancia; caracteriza-se por nistagmo, hipotonia, espasticidade e morte precoce
Diabetes nelrogenica insipida AVFHZ Resposta deficieme ao honnônio antidiuretico_ que leva à inabilidadede concentrar a urina,
polidipsia (sede excessiva), poliúria (diurese excessiva)
Desordens do espectro otopalatodigital FLNA Displasia esqueleti que pode ser leve a fatal; individuos do sexo masculino são mais
&ÍBÍBUDS que OS [i0 SEXO feminino

Os heredogramas das doençasreeessivas ligadas ao X exibem 0 tipo de união ou casamento mais comum envolvendo
diversas características que os distinguem daqueles das doen- genes reeessivos ligados ao X é aquele que ocorre entre uma
ças autossômieas dominantes e reeessivas (Fig. 5-3). Conforme mulher portadora da mutação e um homem normal. A mãe
mencionado, o traço da doença é observado com muito mais portadora transmitirá o gene da doença para metade dos seus
frequência nos homens do que nas mulheres_ Já que um pa¡ pode lilhos e metade das suas filhas, em média. Conforme ilustra a
transmitir somente um cromossomo Y para o seu Filho, os genes Figura 5-4, aproximadamente metade das filhas geradas neste
ligados ao X não são passados de pai para filho (a transmissão de acasalamento será portadora da doença, enquanto as demais
pai para filho e' observada nos alelos das doençasautossômicas). lilhas serão normais. Metade dos filhos será normal e a outra
Um alelo de doença ligada ao X pode ser transmitido em uma metade, em média, apresentará a doença.
série de mulheres heterozigóticas fenotipicamente nor111ais, Outro tipo de casamento comum ocorre entre um pai afetado
causando a impressão de que várias gerações foram puladas. O e uma mãe homozigútica não afetada (Fig- 5-5)- Neste caso, to-

gene é passado de um pai afetado para todas as suas lilhas, que, dos os lilhos deverão ser normais, porque o pai pode transmitir
enquanto portadoras, transmitem a doença para aproximada- somente seu cromossomo Y para eles. Contudo, todas as filhas
mente metade dos seus filhos, que serão afetados_ deverão ser portadoras heterozigóticas, já que receberão o ero-
mossomo X do pai. Nenhuma das crianças manifestará a doença.
A herança recessiva ligada ao X caracteriza-se pela O fato de o pa¡ obrigatoriamente transmitir seu cromossomo X
ausênciada transmissão de pa¡ para filho, pelas para suas filha; e não poder passa-lt) para os seus fill-tos faz oom
gerações nas quais a doença se omite quando os que estes riscos, ao Contrário daqueles descritos no parágrafo an-
genes são passados por mulheres portadoras, e pela terior, sejam Íiguras exatas em vez de estimativas pnobabilístieas-
preponderância de homens afetados.
I O FIGURA 5-3
Um heredograma mostrando a herança dos traços
reoessivos ligados ao X. Os símbolospicados com
cores sólidas representam os individuos afetados;
os simbolos que contem pontos pretos em seus
O centros representam portadores heterozigotlcos.
ee r Capftuloã GENÉTICA MÉDICA
Mãe Mãe

Filhas: Filhas:
50% normais, 50% afetadas,
50% portadoras 50% portadoras

Pai Pai
Hinos: Filhos:
50% normais, 5096 normais,
50% afetados 50% afetados

FIGURA 5-4 FIGURA 5-6


Quadrado de Punnett para representação do pareamento de uma mulher Quadrado de Punnett para representação do pareamento de uma mulher
heterozigotica que carrega um gene de uma doença reoessiva ligada ao X com portadora com um homem afetado por uma doença recessiva ligada ao X. X ,

um homem normal. X, cromossomo com alelo normal; X2, cromossomo com cromossomo com alelo normal; X, cromossomo com alelo da doença.
alelo da doença
fator Vl" de coagulação de um de seus pais, e um aielo mutante
Outro tipo de casamento muito menos comum é aquele que do outro pai. ordinariamente, a inativação do X resultará em
ocorre entre um pai afetado e uma mãe portadora (Fig. 5-6). números de células aproximadamente iguais, contendo cromos-
Metade das filhas será portadora heterozigótica e a outra meta- somos X ativos tanto patemos quanto maternos- Neste caso, a
de, em média, será homozigótica para o gene da doença, sendo portadora da doença produziria cerca de 50% do nível nonnal
afetada por ela. Metade dos filhos será nonnal, e a outra metade do Fator Vil] e seria fenotipieamentenonnal. Porém, já que a ina-
sera afetada. Pode parecer que ocorreu a transmissão pai-Filho tivação do X é um processo randômico, algumas vezes pode-se
da doença, mas o filho afetado, na verdade, recebeu de sua mãe ter como resultado deste processo uma mulher hetemzigtítica,
o alelo da doença- na qual quase todos os cromossomos X ativos coincidentemente
são aqueles que carregam a mutação que causa a doença. Essas
Os riscos de recorrência das doenças recessivas mulheres exibem hemofília A, sendo denominadas hctemzigóti-
ligadas ao X são mais complexos do que aqueles das cas manifestadas-Já que estas muiheres geralmente mantêm uma
doenças autossômicas. 0 risco depende do genótipo pequena fração de cromossomos X normais ativos, elas tendem a
de cada um dos pais e do sexo da pmle. ser pouco afetadas. Por exemplo, aproximadamente 5% das mu-
lheres heterozigóticas para a mutação do Fator VIII apresentam
Ocasionalmente, as mulheres que herdam uma única cópia do hemofíiia leve, em virtude da deiiciência pamiai deste Fator.
alelo da doença recessiva ligada ao X podem ser afetadas. imagine
um embrião feminino que tenha recebido um alelo normal do Como a inativação do X é um processo randõmico, em
algumas mulheres heterozigóticas a inaüvação ocorre
Mãe na maioria das células com cromossomos X nonnais.
As mulheres heterozigóticas manifestadas geralmente
são pouco afetadas.

Menos comumente, doenças recessivas ligadas ao X, como


a hemofiliaA, podem ser observadas em mulheres que apresen-
tam um único cromossomo X [Sindrome de Turner). Mulheres
Filhas: também podem ser aietadas por doenças recessivas ligadas ao
X2 X, como um resultado das transiocações e deieções do material
100% portadoras
do cromossomo X [Capitulo 6]. Estes eventos são raros.
É
Herança Domlnante Llgada ao X
Y Filhos: Há um número menor de doenças dominantes ligadas ao X, e
100% normais tais doenças são menos prevalentes do que as recessivas liga-
das ao X. Um exemplo de uma doença dominante ligada ao X
é o raquitismo hipotosiatêmico, Luna doença na qual os rins
FIGURA 5-5
Quadrado de Funnett para representação do pareamento de uma mulher são incapazes de reabsorver fosfato- isto resulta em ossificação
normal com um homem afetado por uma doença reoessiva ligada ao X. X, anonnal, com encurvamento e deformação dos ossos. Outro
cromossomo com alelo normal; X, cromossomo com alelo da doença. exemplo é a incontinência pigmentar do tipo l, uma doença
Herança Genética Ligacla ao Sexo e Formas não Tradicionaisde Herança Genérica / 87

caracterizada pela pigmentação anormal da pele, dentes cô-


nicos ou ausentes, anonnalidades oculares e, algumas vezes,
neurológicas- Esta doença e' observada somente nas mulheres.
Pensa-se que os individuos hemizigóticos do sexo masculino
podem ser afetados tão severamente pela doença que nem
mesmo chegam a sobreviver ao nascimento. Mulheres hetero-
zigóticas, que possuem um cromossomo X normal, geralmente
tendem a expressar em menor intensidade os traços dominan-
tes ligados ao X (assim como as heterozigóticas para a maioria
dos genes das doenças autossômicas dominantes são menos
severamente afetadas do que as homozigóticas).
A herança dominante ligada ao X também pode ser observa-
da na síndrome' de Rett, Luna doença do neurodesenvolvimen-
to que ocorre em uma a cada 10.000 mulheres e em uma tração
muito menor de homens, muitos dos quais não sobrevivem ao
nascimento. A síndrome de Rett é caracterizada por compor-
tamento autista, retardo mental, convulsões e marcha atãxica.
X1Y X1Xg X1Y X1Xg X2Y X1Y X1X1
A severidade desta condição varia substancialmente entre as FIGURA 5-?
mulheres afetadas, refletindo os efeitos da inativação aleatória Heredograma mostrando a herança de uma caracterlstidominante ligada ao
do X: em mulheres levemente afetadas, Lun grande percentual X. X, cromossomo com alelo normal; X2, cromossomo com alelo da doença
de cromossomos X que carregam a mutação causadora da
doença foi inativado randomicamente. Cerca de 95 '36 dos ca- que possuem dois cromossomos X, cada um destes cromossomos
sos típicos de sindrome de Rett são causados por mutações no pode, potencialmente, cantgar o gene da doença, fazendo com
gene IXÁECPI, e muitos destes eventos são mutações novas que que as mulheres sejam duas vezes mais afetadas que os homens
("morrem na linhagem germinativa paterna (condizentes com a (a menos que a doença seja letal nos individuos do sexo masculi-
maior taxa de mutação na formação do gameta masculino, dis- no, como no caso da incontinência pigmentar). Pais afetados não
cutida no Capítulo 3)_ O produto da proteína codilicadopelo podem transmitir os traços para os seus filhos.Todas as suas filhas
.MECPI se liga às sequências CC metiladasencontradas nas re- deverão herdar o gene afetado, de modo que todas serão afetadas.
giões 5' de outros genes. Depois de ligar-se a estas sequências, As mulheres afetadas pela doença geralmente são heterozigóti-
a proteina ajuda a recrutar outras proteínas que reprimem a cas, apresentando 50% de chance de transmitir o alelo da doença
transcrição ao condensarem a cromatina. Mutações por perda para seus lilhos e filhas. As características das herançasligadas ao
de função do gene MECP?, resultam na expressão inapropriada X, dominante e recessiva, encontram-se resumidas na Tabela 5-2.
dos genes envolvidos no desenvolvimento do cérebro. Conforme mencionado anteriormente, a distinção entre estas
A Figura 5-7 mostra Lun heredograma dominante ligada ao X. duas categorias pode ser dilicultada pela penetrância incompleta
Assim como as doenças autossômicas dominantes, uma pessoa em heterozigóticos para as mutações dominantes ligadas ao X,

só precisa herdar Luna única oópia do gene da doença dominante e pela presença da doença em heterozigóticos para as mutações

ligada ao X para manifestar o distúrbio. No caso das mulheres, recessivas ligadas ao X (heterozigótieos manifestadtss).

TAIIEA 5-2
Comparação dos Principais Atributos dos Padrões Dominantes Ligados ao X e Recessivos Ligados ao X*
Dominanto Ligado ao X Racassivo Ligado ao X
Risco de recorrencia para o pareamento de 50% dos filhos afetados; 50% das filhas atetadas 50% dos filhos afetados; 50% das filhas são heterozigotis
mulheres heterozigoticasxhorrlens normais
Risco de recorrencia para o pareamento de 0% dos filhos afetados; 100% das filhasafetadas 0% dos filhos afetados; 100% das filhassão heterozigotis
homens afetados x mulheres normais
Padrão de transmissao Vertical; o fenótipo da doença e observado em Algumas gerações podem não apresentar a doença repre-
uma geração apos a outra sentando o padrão de transmissao atraves das mulheres que
carregam o gene corn a mutação
Proporção em relação ao sexo As mulheres são duas vezes mais afetadas que os Prevalênciamuito maior de homens afetados; mulheres
homens (a menos que a doençaseja fatal no sexo homozigotis afetadas são raras
masculino]
A transmissão de homem para homem [pai para A transmissão de homem para homem [pai para filho) não e
filho) não e observada; a doença tem expressão observada; algumas mulheres heterozigoticas desenvolvem
menos severa em mulheres heterozigoticas do que a doença
em homens afetados

'Compararcom os padrzífes de herançapara doenças aurmsãmirasmostrados na ?abala 4-1.


33 x Capffufoã GENÉTICA MÉDICA

As doenças dominantes ligadas ao X exibem padrões


característicos de herança. Elas são cerca de duas
vezes mais comuns nas mulheres do que nos
homens; o fenótipo aparece em todas as gerações e a
transmissão de pai para ñlho não é observada.
Herança Llgada ao Y
Embora o cromossomo Y corresponda a aproximadamente
60 Mb do DNA, ele contém relativamente poucos genes. Somen-
te algumas dúzias de genes ligados ao Y, ou genes holândrioos,
foram identificadas. Entre eles, o gene que inicia a diferenciação
do embrião em um indivíduo do sexo masculino (gene SRY)
(Capítulo 6), vários genes que codilicam fatores testiculares es-
pecíficos da espermatogênese e um antígeno menor de histocom-
patibilidade (denominado
Herança Genérica Ligeira ao Sexo e Formas não Tradicionaisde Herança Genérica / 89

expressão variável nas doenças mitocondriais. A homoplasmia


ocorre quando as células contêm apenas uma população pura
de de mtDNA normal ou uma população de mtDNA mutantes.
Quanto maior o percentual de moléculas mutantes de mtDNA,
mais severa é a expressão da doença. Enquanto as células se dívi-
dem, podem ocorrer mudanças no percentual de alelos mutan-
tes através da variação ao acaso (de forma idêntica ao conceito
de Frequência genética, discutido no Capitulo 3] ou por causa
de uma vantagem seletiva (p- ex., as deleções produzem uma
molécula de DNA mitocondrial mais Curta, que pode se replicar
mais rapidamente do que uma molécula de tamanho normal).
Cada tipo de tecido requer uma determinada quantidade de
ATP para o seu funcionamento normal. Embora alguma variação
nos níveis de ATP possa ser tolerada, tipicamente existe um li-

miar, abaixo do qual as células começam a se degenerar e morrer.


Os (Srgãm sistêmicas que têm uma grande demanda de ATP e
limiares mais altos são os mais seriamente afetados pelas doenças
mitoeondriais. Por exemplo, o sistema nervoso central consome
cerca de 20% da produção de ATP do corpo e, por esta razão,
é mais frequentemente afetado pelas mutações do mtDNA.
Assim como nas doenças que envolvem a globina, as
Q8065 do
complexo l (NADH
I Genes do
complexo III
G transferência
Genes de doenças mitocondriais podem ser classilicadas de acordo
com o tipo de mutação que as causam. Mutações de sentido
desldrogenase) (ublqulnol: cltocromo de RNA
trocado (missense mutations) nos genes do mtDNA que co-
C oxldorredutase)
difieam proteínas causam uma das doenças mais conhecidas
Genes do Genes do Genes
complexo IV complexo V do RNA do mtDNA, a neuropatia optica hereditária de Leber (LHON,
(cltocmmo C (ATP slntase) rlbossomal do inglês him' bnedítary optar: nruropatky)- Esta doença, que afeta
oxldase) uma em cada 10.000 pessoas, caracteriza-se pela rápida perda
da visão no campo visual central, em consequência da morte
FIGURA 5-9
O genoma circular do DNA mitocondrial. As localizações dos genes que do nervo óptico. Tipicamente, a perda da visão tem início na
ooditieam as proteínas (para o dinuoleotldeoadenina nicotinarnidareduzida terceira década de vida e, geralmente, é irreversível. A hetero-
[NADHJ, desidrogenase, oxidase do oitocromo C, oxidorredutase do plasmia é mínima na LHÚN, de modo que a expressar) tende
eitocromo C e sl ntese de adenosina trifosiato [ATP]) esño representadas na a ser relativamente unifonne¡ os heredogramas desta doença
figura, assim como as Iolizações dos dois genes de RNA ribossomal e 22 geralmente exibem um padrão claro de herança mitocondrial.
genes de RNA de transporte (designados por letras únis). Tambem estão Às mutações de substituição de Luna única base (mutações
representadas as origens da replicação das delas pesada (OH) e leve (DL) e de ponto) em um gene de tRNA podem resultar em epilepsia
a alça D (tambem conhecida como região de controle).
(Modificado oie MITO/DMP: A Human Mitoenondrial Genoma Database. mioclônica com síndrome das fibras vennelhas antractuadzu¡
fartos/mw miromap.org, 2008). [MERRF, de myocioníc epiiepsy uritlJ tagged-red fiber syndrome), uma
doença caracterizada por epilepsia, demência, ataxia (mo-
Cada célula contém uma população de moléculas de mtDNA, vimentos musculares descoordenados), miopatia [desordem
de modo que uma única célula pode abrigar algumas moléculas muscular) e surdez neurossensorial. A MERRF caracteriza-se
que apresentam uma mutação no mtDNA e outras moléculas pelo mtDNA heteroplásmico, sendo altamente variável em sua
que não apresentam. Esta heterogeneidade na composição do expressão. Outro exemplo de doença mitocondrial causada
DNA, denominada heteroplasmia, é uma causa importante da pela mutação de uma única base no tRNA é a encetalomiopatia

FIGURA 5-10
Um heredograma mostrando a herança de uma doença usada
por uma mutação no DNA mitocondrial. Somente as mulheres
podem transmitir a mutação da doença para suas proles. A
penetrãncia completa da mutação que oausa a doença esta
ilustrada neste diagrama, mas a heteroplasmiafrequentemente
resulta em penetrãnola incompleta para as doenças
mitocondriais.
90 x Capftuíoã GENÉTICA MÉDICA
mitocondrial e episódios semelhantes a acidentes vasculares longo do cromossomo 15. Quando esta deleção é herdada do
(derrames) (MEIAS, de mitoclaondnkrl MÇcÍapÍJaÍomyofJatlJy and pai, a criança manifesta Luna doença chamada de síndrome de
Stoke-blz: episodes). Assim como a MERRF, esta doença é hetero- Prada-Willi (PWS). As caracteñsticas da PWS incluem baixa
plásrnica e de expressão altamente variável. estatura, hipotonia muscular, pés e mãos pequenos (acromicria),
A classe final de mutações do mtDNA consiste nas dupli- obesidade, retardo mental leve a moderado e hipogonadisino
cações e deleções. Estas condições podem causar a doença de (Fig. 5-11, A)- Quando a mesma deleção é herdada da mãe_, a
Kearns-Sayre (fraqueza muscular, dano cerebelar e insuficiên- criança desenvolve a sindrome de Angelman, que é caracteriza-
cia cardíaca), a síndrome de Pearson (insuficiência pancreãtica da por retardo mental severo, convulsões e marcha atáxica
infantil, pancitopenia e acidose láctica) e a (il-talmtrplegia exter-
na progressiva crônica. Até o presente momento, as mutações
causadoras de doenças observadas no mtDNA incluem mais de
100 mutações pontuais e mais de IOD deleções ou duplicações.
Mutações mitocondriais também estão associadas a algumas
doenças humanas comuns. A mutação mitocondrial causa Luna
Forma de surdez de aparecimento tardio, e a mutação da ME-
LAS é observada em I 96 a 2% das pessoas com diabetes tipo 2.
Defeitos mitocondriais também podem estar associados a al-
guns casos de doença de Alzheimer, embora ainda não esteja
claro se as mutações mitocondriais constituem a causa primária
ou um evento secundário. Também vem sendo sugerido que as

mutações no mtDNA, que se acumulam ao longo da vida de


um indivíduo em consequência da Formação de radicais livres,
poderiam contribuir para o processo de envelhecimento.
As mitocôndrias, que produzem ATP, têm seu DNA único.
O DNA mitocondrial é herdado da mãe e apresenta uma
alta taxa de mutação. Sabe-se que diversas doençassão
causadas por mutações no DNA mitocondrial.

IMPRESSÃO GENÕMIGA (IMPHINTING GENOMIGO)


O trabalho experimental com ervilhas de jardim, desenvolvido:
por Mendel, estabeleceu que o fenótipo é sempre o mesmo, ain-
da que um determinado alelo seja herdado pelo pai ou pela mãe.
De lato, este princípio faz parte do dogma central da genética
há muito tempo. Porém, mais recentemente, tomou-se cada vez
mais aparente que este principio nem sempre é aplicável. Para
alguns genes humanos, um dos alelos é transcricionalmenteina-
tivo (nenhum mRNA é produzido), dependendo de qual dos
pais o alelo foi recebido- Por exemplo, um alelo transmitido pela
mãe seria inativo, enquanto o mesmo alelo transmitido pelo
pai seria ativo. Desta forma, o indivíduo norTnal teria somente
uma cópia transcricionalmente ativa do gene. Este processo de
silenciamento gênica é conhecido como impressão genômica
(imprintirrg), e os genes silenciadostranscricionalmentesão deno-
minados impressos. Sabe-se que alguns genes humanos, talvez
uns 200 ou mais, são ditos impressos.
Os alelos impressos tendem a ser pesadamente metilados
(em contraste com as cópias não impressas do alelo, que ti-
picamente não são metiladas). A lixação dos grupos metil nas
regiões 5' dos genes, juntamente com a hipoacetilaçãoda his-
tona e a condensação da Cromatina, inibe a ligação das protei-
nas que promovem a transcri ção. Deve-se deixar claro que este

processo é similar, de muitas formas, ao processo de inativação


do X, discutido anteriormente neste capítulo.

Síndrome de Prader-Wllll e Síndrome de Angelman


Um exemplo notável de doença causada por falha na impressão
gênica ocorre por causa da deleção de cerca de 4 Mb do braço
Herança Genérica Ligada ao Sexo a Formas não Tradicionaisda Herança Genérica / 9¡

Deleção l: Região PWS Região PWS


Gene AS Gene AS
Região PWS Região PWS
Gene AS Gene AS j “em”
cromossomo 15 cromossomo 15 cromossomo 15 cromossomo 15

- Ativo
C 1 Inativo Sindrome de Prader-WIIII Sindrome de Angelman

FIGURA 5-11
Ilustração dos efeitos da impressão gênica (impriniing) nas dalaçñas do cromossomo 15. A_ A herança da delação proveniente do pai produz a slndroma de Pradar-
WiIIi (PWS) (note o lábio superior em forma de V invertido, mãos pequenas e obesidade no tronao). B, A herança da delação proveniente da mãe produz a sindrome
da Angelman (note a postura raaterisiioa). B, Heradog rarnas ilustrando o padrão de herança desta delação e o status da ativação dos genes na região critica

Sindrome de Beelrwlth-Wledamann de umdos lados da face ou do tronco (i. a., hemi-hiperplasia).


Um segundo exemplo de impressão gênica Íimpnirtíng) no Crianças com síndrome de Beckwith-Wiedemann apresen-
genoma humano pode ser dado por meio da sindrome de tam maior risco para o desenvolvimento de tumor de Wilms
Beckwith-Wiedemann, uma condição de supercrescimento (um câncer no rim) e hepatoblastoma (um câncer de Fígado).
acompanhada por maior predisposição ao câncer. A síndro- Ambos os tumores podem ser tratados corn elicácia se forem
me de Beckwith-Wiedemann geralmente é reconhecida ao detectados precocemente, de modo que a triagem em interva-
nascimento, por recém-nascido grande para a idade gestacio- los regulares consiste em Luna importante parte do tratamento
nal, presença de hipoglicemia neonatal, lingua com tamanho (Capítulo 15).
aumentado (macroglcissia), pregas nos lóbulos das orelhas e Assim como na síndrome de Angelman, a minoria dos casos
onialocele [defeito da parede abdominal). Algumas Crianças da sindrome de Beckwith-Wiedemann [cerca de 20% a 30%
portadoras da síndrome de Beckwith-Wiedemann também dos casos) é causada pela herança de duas cópias de um cro-
desenvolvem supererescimentt) assimétrico: de um membro ou mossomo do pai e nenhuma cópia do cromossomo da mãe
92 r Capfruioã GENÉTICA rvráorca

QUADRO 5-2
A Síndromede Prader-Willisob a Perspectiva de uma Mãe
Temos um filho de 3 anos e meio de idade, oJohn, que é portador de 5 minutos, mas, paraJohn, é longo o suficiente para antecipa-lo
da síndrome de Finder-Willi. Alguns meses antes do John nascer, a cada dia. Quando ele está doente, temos de dizer que o ônibus
ficamos preocupados com sua saúde, pnrqúe ele não era tão ativo quebrou. Ele também participa de uma classe escolar aos domingos,
dentro do útero quanto seus irmãos foram. Assim que olharam a com crianças de idade similar. O John conftmde as palavras ”oi" e
primeira vez para o John, os médicos suspeitaram que alguma coisa "tchau", dizendo-as em voz muito alta para todas as outras criari-
"não estava normal". O John abriu os olhos, mas não fez outros ças. Ele frequenta sessões semanais com a fonoaudióloga¡ passo,
movimentos. Ele não conseguia sugar adequadamente, precisava de no mínimo, 30 minutos por dia com o John, fazendo exercicios

suplementação de oxigênio e tinha uma aparência "inchada". John para melhorar sua linguagem, cognição e habilidadesde jogos. Meu
permaneceu hospitalizado por aproximadamente 3 semanas. Os lilho ainda não passou pelas diliculdades alimentares comumente
próximos 3 anos foram repletos de visitas a terapeutas ocupacio- observada em criançascom a PWS. Contudo, a ingestão excessiva
nais, fisioterapeutas e fonoaudiálogos,além dos cuidados de saúde de comida e o ganho de peso são mais comuns em crianças mais
em casa e serviços para a primeira infância. velhas que sofrem desta doença.
Procuramos atentamente por um diagnóstico, a partir do dia em Quando comparado às outras crianças de 3 anos de idade, o
que John nasceu. O pai dele insistia no fato de que só precisávamos John esforça-se para falar e para realizar atividades motoras. Ele
ama-lo e ajuda-lo. Entretanto, queria saber' como ajuda-lo especifica- também adora jogar com seus irmãos e amigos e adora livros. De
mente e gostaria de absorver os conhecimentos de outros pais que fato, nos esforçamos para evitar que as pessoas façam tudo pelo
tivessem trilhado o mesmo caminho. Depois de diversos testes e três John, porque elas podem impedi-lo de atingir o mesmo objetivo
"checagens cromossômiczm", o problema de John foi diagnosticado independentemente- Sentimo-nos muito privilegiados de tê-lo em
como síndrome de Mader-Willi (PWS). Ficamos felizes de ter alguma nossa família.
direção e decidimos que lidariamos com desafios adicionais confor- Nossas expectativas para o John são as melhores: queremos que
me fossem aparecendo- Usamos tudo aquilo que aprendemos sobre a ele atinja tudo o que lhe for possivel, e um pouco mais. De fato,
?WS com o objetivo de ajudar oJohn a alcançar seu potencial máxi- algumas das ajudantes de John ficam impressionadas com as suas
mo. Não iriamos preocupar-nos com todos os problemas potenciais capacidades-Espero que o seu sucesso seja, em parte, um resultado
queJohn poderia ter por ser portador da PWS. do cuidado e suporte que demos para ele. Além do mais, espero
O John frequenta as aulas da pré-escola de educação especial, que John continue a ultrapassar os desafios diários pelos quais ele
na escola local, 4 dias por semana. O percurso do ônibus é de cerca passa.

(dissomia uniparental, neste caso, afetando o cromossomo somente uma cópia ativa de ÍCFE. Quando são herdadas duas
l l). Diversos braço
genes no curto do cromossomo l 1podem cópias do cromossomo paterno (í. r., dissomia uniparental pa-
ser impressos tanto nos cromossomos paternos como nos ma- terna), ou quando não ocorre a impressão na cópia materna de
ternos (Fig. 5-12). Estes genes são encontrados em duas re- ÍCFI, um gene ativo de ÍCF2 está presente em dose dupla. lsto
giões separadas, as regiões di ferencialmentemetiladas (DMÊ, resulta em niveis aLunentados de FCF? durante o desenvolvi-
de drjermtíallymrtbylattd regions). Na DMRI, o gene que codi- mento fetal, contribuindo para o supercrescimentr) na sindro-
fica o fator de crescimento semelhante à insulina 2 (ÍGFZ, de me de Beckwith-Wiedemann- (Note que, em contraste com a
insulin-like growth factor 2) normalmente encontra-se inativo ?WS e com a sindrome de Angelman, que são provocadas pela
no cromossomo transmitido pela mãe e ativo no cromossomo falta de um produto gênico, a síndrome de Becl-twith-Wiede-
transmitido pelo pai. Então, normalmente, uma pessoa tem mann e causada, ao menos em parte, pela superexpressão de
um produto gênico.)
Em 50% a 60% dos casos, a sindrome de Beclcwith-Wie-
Alelo demann é causada por uma perda da impressão paterna da
materno DIIFH DMR2
região DMR), a região que contém diversos genes, incluin-
do o KCNQ! e ("DKNí C. Este fenômeno parece resultar no
silenciamentodos inibidoresde crescimento, levando ao cres-
cimento excessivo e ã predisposição aumentada para o câncer,
embora o mecanismo especifico ainda tenha de ser eluciclado-
Alelo
pare-mo Sindrome de Russell-Silver
FIGURA 5-12 A sindrome de Russell-Silver é grupo de distúrbios clini-
Lun
Esquema de organização de diversos genes impressos no cromossomo camente heterogêneos, caracterizados por retardo no cresci-
11p15.5, que esmo envolvidos na patogênese da sindrome de Beckwith- mento, baixa estatura proporcional, assimetria corporal e face
Wiedemann e da sindrome de Russell-Silver. A sindrome de Beckwim-
Wiedemann pode surgir a partir da perda da impressão do gene promotor pequena com formato triangular. Cerca de terço dos casos
um
do crescimento_ IGFZ, no cromossomo transmitido maternalmente, com da sindrome de Russell-Silver são causados por anonnalidades
duas copias do alelo paterno do IEF.? ativo, como consequencia de dissomia na impressão (ímprinting) no cromossomo llpl5.5, que leva
uniparental, ou a partir da impressão do gene supressor do crescimento, ã diminuição da regulação do ÍCFZ e consequente diminui-
CDKNIC, no cromossomo transmitido pela mãe. Os defeitos na impressão ção do crescimento. Outros 10% dos casos da síndrome de
genica que diminuem os níveis de !GFZ no alelo paterno causam alguns casos Russell-Silver são causados por dissomia uniparental materna-
da sindrome de Russell-Silver. DMR, Região diferencialmente nretilada; cor
vemrema, genes que não são met¡ lados e, consequentemente, são expressos; Desta fonna, enquanto a super-regulação ou cópias extras
cor verde_ genes que são metilados e, consequentemente, são sileneiados. de lGFZ ativo causam o supercrescimento na sindrome de
Herança Genérica tigada ao Sexo e Formas não Tradreionarsde Herança Genetics x' 93

Beckwitb-Wiedemann, a diminuição dos níveis de ICFI causa


a diminuição do crescimento na síndrome de Russell-Silver_
“m

Alguns genes de doenças podem expressar-se de


diferentes tonnas quando herdados de um sexo
ou de outro. Isto se chama impressão genômica
(genoma:imprinting). Este fenômeno está tipicamente
associado à metilação do DNA e à condensação
da cromatina, que limitam a ação dos fatores de
transcrição e diminuem a expressão do gene.
Anteclpaçãü e Ampiiaçãü das Repetlções
No início do século XX, pesquisadores observaram que algu-
mas doenças genéticas se apresentavam em idades mais pTCCU-
ces efou exibiam uma expressão mais severa nas gerações mais
recentes de uma árvore genealógica. Este tenrio é denominado
de antecipação e tem sido objeto de considerável controvérsia
e especulação. .Muitos estudiosos acreditavam que a antecipa-

ção era um artefato proveniente de melhor observação e da


melhora do diagnóstico clinico nos tempos mais recentes. Um
distúrbio que permanecia sem diagnóstico até os 60 anos de
idade poderia ser diagnosticado aos 40 anos nos dias atuais,
simplesmente por causa das Ferramentas diagnósticas mais
desenvolvidas. Contudo, outros estudiosos acreditavam que a
antecipação poderia ser um fenômeno biológico real, embora
as evidências para o presente mecanismo ainda penrianeces-
sem indeiinidas. FIGURA 5-13
Uma familia de três gerações afetadas pela distrofia miottinirxa. O grau de
Atualmente, a genética molecular fornece boas evidências severidade da doença aumenta a cada geração. A avo (à direita) e levemente
de que a antecipação realmente tem LUTIB base biológica. Estas afetada pela doença, mas a mãe da criança (à esquerda) tem uma faoe aiilarla
evidências surgiram, em parte, a partir dos estudos em distroiiia caracteristica e uma expressão facial um pouco limitada. D bebe e mais
miotõnica, uma doença autossõmica dominante que envolve severamente afetado, aprmntando caracteristicasfaciais de crianças com
deterioração muscular progressiva e miotonia (inabilidadede distroiia miotonica de aparecimento neonatal, incluindo a boca em forma de
relaxar os músculos após a contração] (Fig. 5- I 3:). A incidência triângulo, aberta O bebetem mais de 1.000 copias da repetição do trinucleotideo,
desta doença é de uma em 8.000 pessoas,- a distrotia miotônica enquanto a mãe e a avo tan aproximadamente 100 repetições, cada uma.
é a distroicia muscular mais comLun que afeta os adultos. Este
distúrbio também é tipicamente caracterizado por compro- afetada, com 80 repetições, pode produzir uma prole severa-
metimento muitissistêmico, como arritmias cardíacas (ritmos mente alietada, com mais de 1.000 repetições (Fig. 5- l 4]. Con-
cardíacos anormais), atrofia testicular, resistência ã insulina e ionrie o número de repetições aumenta ao longo de sucessivas
catarata. Niuitos casos de distrolia miotõnica são causados por gerações, a idade de aparecimento da doença diminui e sua
mutações no DÀ-ÍPK, um gene de proteina quinase localizado severidade geralmente aumenta. Então, há fortes evidências de
no cromossomo 19. que a ampliação das repetições deste trinucleotideo é a causa
A análise do DNLPK mostrou que a mutação que causa a da antecipação na distroiia muscular.
doença é uma repetição ampliada do trinucleotidet) CTG De que forma uma mutação na porção não transcrita 3' do
(Capítulo 3), localizada na porção não transcrita 3' do gene Ddr-ipi( pode produzir tantas caracteristicas diferentes na dis-
(i. e., uma região transcrita para a forma de mRNA que não é troiia miotõnica? Atualmente, há evidências consideráveis de
traduzida em proteína). O número destas repetições está al- que a ampliação das repetições gera um produto de mRNA
tamente correlacionado com a severidade da doença. Pessoas que permanece no núcleo da célula, produzindo efeitos tóxi-
não afetadas normalmente possuem 5 a 3? cópias da repetição. cos de ganho de Função_ Ó mRNA anormal interage com pro-
Pessoas com 50 a 100 cópias podem ser levemente afetadas ou, teínas que normalmente se ligam a outros produtos do RNA
ate' mesmo, não apresentarem sintomas. Os indivíduos com a para regular sua função na remoção dos ítrons (spÍici-ngij. Como
Forma completa da distrolia miotõnica têm 100 até milhares de resultado disso, diversas proteinas (incluindo várias proteinas
cópias da sequência repetida. A ampliação para grandes núme- que são expressas no coração e no músculo esquelético] são
ros de repetições pode produzir a distrolia miotônica congê- ionriadas de modo anormal, dando origem a alguns dos traços
nita_,- por razões que ainda não estão totalmente esclarecidas, pleiotrópicos do fenótipo da doença.
essas grandes ampliações são transmitidas quase que exclusi- Recentemente descobriu-se um gene no cromossomo 3, no
vamente pelas mulheres. Frequentemente, o número de repeti- qual uma repetição expandida 4 bp (CCTG) também pode cau-
ções aumenta nas gerações subsequentes: Uma mãe levemente sar distrotia miotfinica. Novamente, a repetição está localizada
94 x Capimioã GENÉncA MÉDICA

A 41 anos 4o anos 42 anos

FIGURA 5-14
A, Heredogrema da distrofia miotõniea ilustrando o fenômeno da antecipação. Neste so, a idade de aparecimento para os membros da familiaafetados por uma
doença autossomicadominante e menor nas gerações mais recentes. B, Um autonadiogramade uma análise de Southern biotdo gene da distrotia miotõnica em
tres individuos. O individuo a e homozigótico para um aIeIo de quatro a cinco repetições, um individuo normal. O individuo Ir tem um aIeIo normal e um aIeIo da
doença com 1?5 repetições; este individuo tem distrofia midtõnica. O individuo r: também e afetado pela distrotia miotõnioa, apresentando um aIeIo normal e um
aIeIo usador da doença com aproximadamente 900 repetições.
(B, Cortesia de Dr KennethWardand Di'. Elaine Lyon, University of Utah Health Sciences Center.)

na região não transcrita 3' do gene. O fenótipo :Lssciciado à dem ser distribuidas em três grandes categorias. A primeira
mutação do cromossomo 3 é similar ao fenótipo da mutação Luategtlria inclui os distúrbios neurológicos, como a doença de
do cromossomo 19, embora, algumas vezes, seja menos severo. Huntington e a maioria das ataxias espinoccrebelarrs, que são
Há, também, algumas evidências de que esta mutação produz causadas por uma expansão repetida das bases CAC ou CTC
um mRNA tóxico que interfere na função normal das proteínas em Luna porção do gene responsável por codificação de proteí-

que se ligam ao RNA. Sendo assim, a distrolia miotônica ilustra nas. Geralmente, as repetições se expandem em número [de
diversos princípios genéticos importantes: antecipação, pleio- uma IO e 35 para uma variação suficiente
variação normal entre
tropia e heterogeneidade de locus. para causar a doença: aproximadamente 50 a 100)- As expan-
As expansões de repetições já foram identificadas como sões tendem a ser maiores quando transmitidas através do pai
Causas de mais de 20 doenças genéticas (Tabela 5-3), que po- (em vez damãe), e as mutações frequentemente apresentam um
Herança Genérica Llgada ao Sexo e Formas não Tradicionaisde Herança Genérica / 95

nom 5-3
Doenças Associadas à Ampliação das Repetições
Doença Descrição sequência da Limites Familiarem que Localização da
Repetição Normais; limites Ocorre a Ampliação
de Doença Ampiação

Doença de Huntingtdn Perda do controle motor, demen- CAB 6-34; 36-121 Mais frequentemente Éiron
cia, distúrbios afetivos atraves do pai
Atrctia muscular espinal Doença dos neurônios motores Mais lrequenternente
e bulbar que aparece na idade adulta, atraves do pai
associada à insensibilidade
androgEnica
Ataxia espinocerebelar Ataxia progressiva, disartria e Mais frequentemente
tipo 1 dismetria atraves do pai
Ataxia espinocerebelar Ataxia progressiva, disarlria -

tipo 2
Ataxía espinocerebelarlipo Dístonia, atrofia muscular distal, Mais frequentemente
3 (doençade Machado- ataxia, oftalmoplegia externa atraves do pai
Joseph)
Ataxia espinocerebelar Ataxia progressiva, disartria,
tipo 6 nistagmo
Ataxia espinocerebelar Ataxia progressiva, disartria, Mais frequentemente
tipo 7 degeneração da retina atraves do pa¡
Ataxia espinocerebelar Ataxia progressiva, demência,
tipo 1? bradicinesia, dismetria
Atrctia palidcdentatorrubral Atrofia cerebelar, ataxia, epilepsia Mais frequentemente
(sindrome de Haw River) mioclüni, corecatetose, atraves do pa¡
demência
Disturbiasemelhante à Caracteristicas muito semelhantes
doença de Huntington aquelas da doença de Huntington
tipo 2

Pseudoacbndroplasia, Baixa estatura, frcuxmo articular, GAC


displasia epifisãria múltipla doença articular degenerativa
Dislrotia muscular oculo- Fraqueza dos membros proximais,
tarlngea distagia, ptose palpebral
Displasia cleidccraniana Baixa estatura, suturas do crãnio GCG, GCT, GCA 1?; 2T (ampliação
abertas com fronte proeminente, observada em uma
hipoplasia clavicular, dedos familia)
encurtadcs, anomalias dentárias
Folidactiliae sindactilia GCG, GCT, GDA

Dislrofia miotllnica (DM1; Perda de massa muscular, arritmia S-ST; 50 ate milhares Pai ou mãe, mas a Região não transcrila
cromossomo 19) tardia, larala, calvície na ampliação para a região 3'
região frontal congênita turma-se
atraves da rrñe
Dislrofia mictünica (DM2; Perda de massa muscular, arritmia 10-26; 75-11 .DDD Região não transcrila
cromossomo 3) cardia, catarata, calvície na 3'
região frontal
Alexia de Frledreich Ataxia progressiva dos mem- 6-32; 200-1 JOD A doença e autossilmica Íntron
bros, disartria, cardiomiopatia recessiva; os alelos da
hipertrófica, fraqueza pirarnidal doença são herdadas de
nas pernas ambos os pais
Sindrome do X frágil Retardo mental, orelhas grandes e Exclusivamente atraves Região não transcrila
(FRAXA) mandíbula proemineme, macror- da mãe 5'
quidismo em homens
ee r Capituioã GENÉTICA MÉDICA
"DEA 5-3
Doenças Associadas à Ampliação das Repetições Continuação -

Doença Descrição Sequência da Limites Familiarem que Localização da


Repetição Nomeia; Limites Ocorre a Amlllíñçãí¡
de Doença Ampliação
Sitio frágil iFRAxE) Retardo mental leve GCC 6-35; > 200 Mais frequentemente Região não lranscrila
atraves da mãe 5'
Alexia ¡espinocerebelar Ataxia (aparecimento na idade CTG 16-34; > 74 Mais frequentemente Região não lranscriia
tipo 8 adulta), disartria e nistagmo atraves da mãe 3'
Alexia espinocerebelar Ataxia e convulsões 10-20; Sm-¡LSOD Mais lrequentemente Íntron
tipo 10 atraves do pa¡
Alexia espinocereiieiar Ataxia, distúrbios nos movimen- CAB 7-45; 55-78 Região não iranscriia
tipo 12 tos dos olhos; surge em diferentes 5¡
idades
Epilepsia mioclõnica convulsões no inicio na juventu- Repetição 12-bp 2-3; so-rs Herança autossõmi Região não lranscrila
progressiva tipo 1 de, mioclonia, demência reoesslva; transmitida 5'
por ambos os pais

ganho de função- A segunda categoria consiste nas


elzeito de aparência Facial distinta, com orelhas grandes e Face alongada
doenças mais variadas l-enotipicamente, nas quais as ampliações (Fig. 5-15), hipermobilidadearticular e macro-orquidisrno [vo-
São pequenas em magnitude e encontradas nos éxons. Neste lLune testicular aumentado) em pós-púberes. O grau de retardo
grupo, contudo, a sequência de repetição é heterogênea e a an- mental tende a ser mais leve e mais variável nas mulheres do que
tecipação não é uma caracteristicacomum. A terceira categoria nos homens. A síndrome recebe este nome "X Írágil" porque
inclui a sindrome do X frágil, distrofia miotônica, dois tipos de os cromossomos X das pessoas afetadas, quando cultivados em

ataxias cerebelares, epilepsiamioclõnicajuvenile ataxia de Frie- meio deficiente em ácido fólico, algumas vezes exibem quebras
dreich. As repetições ampliadas são, tipicamente, bem maiores e intervalos perto da extremidade do braço longo (Fig. 5- 16).
do que aquelas encontradas nas duas primeiras categorias_ O Embora a presença de uma única mutação X Frágil seja su-
intervalo normal geralmente é de cinco a 50 trinucleotídeos, ficiente para causar a doença em homens ou em mulheres, a
mas a variação suliciente para causar doença pode variar de prevalência desta condição e" maior nos homens (IIHLOOU) do
100 a milhares de trinucleotídeos. Em todos estes distúrbios, as que nas mulheres (M8000). O menor grau de penetrância nas
repetições localizam-se fora das regiões codilicadoras de pro- mulheres, assim como a variabilidade na expressão, reflete a
teinas do gene, e, em alguns casos (p. ex., distrolia miotônica), variação nos padrões da inativação X (o percentual de cromos-
a mutação produz um produto de RNA prejudicial, em vez de somos X ativos que carregam a mutação que causa a doença).
um produto de proteina ausente ou anormal. As ampliações das Homens que têm descendentes afetados, embora não sejam
repetições geralmente são maiores quando transmitidas através afetados pela doença, são denominados homens transmissores nor-
da mãe. A antecipação pode ser observada na maioria das do- mais. Na metade da década de 1980, estudos de heredogramas
enças contidas na primeira e na terceira categorias. da sindrome do X frágil revelaram um padrão surpreendente:
As mães de homens transmissores apresentavam um percentual
A antecipação refere-se ao aparecimento precoce ou muito menor de filhos afetados do que as filha;destes homens
à expressão mais severa de uma doença nas gerações (Fig. 5-17). Como as mães e Filhas dos homens transmissores
mais recentes. A ampliação das repetições do DNA normais carregam obrigatoriamente a mutação ligada ao X,
pode causar antecipação em algumas doenças elas devem apresentar os mesmos riscos de produzirem filhos
genéticas. Estas doenças podem ser divididas afetados. Embora as Filhas dos homens transmissores normais
em três categorias principais, dependendo do nunca tenham sido afetadas pela doença, seus lilhos podem ser
tamanho da ampliação, da localização da repetição, afetados. Este padrão, como o paradoxo d: Sherman, pareceu não
das consequênciasienotípicas da ampliação das ser condizente com as regras da herançaligada ao X.
repetições, do efeito da mutação e do progenitor no Muitos mecanismos já foram propostos a lim de explicar este
quai as grandes ampliações tipicamente ocorrem. padrão, incluindo os loci modificadores autossômicos e mito-
condriais. A resolução do paradoxo de Sherman só foi possivel
A História do x Frágil: Genética Molecular Explica um quando ocorreu a clonagem do gene da doença, denominado
Padrão de Herança Complexo FMRI. Análises das sequências do DNA mostraram que a re-
Desde o século XIX, vem sendo observado que há aproximada- gião 5' não transmita do gene contém uma unidade de repetição
mente 2596 a mais de individuos do sexo masculino com retardo CGC que apresenta de seis a 50 cópias em indivíduos normais.
mental. Este excesso pode ser parcialmente explicado por diver- Os individuos portadores da sindrome do X frágil possuem
sas condiçõesligadas ao X que causam retardo mental, das quais entne 200 e 1.000 ou mais repetições das bases CGC (muta-
a mais comum é a sindrome do X Frágil. Além da presença do ção completa). Uma quantidade intermediária de repetições,
retardo mental, a sindrome do X frágil é caracterizadapor Luna aproximadamente de 50 a 200 cópias, costuma ser observada
Herança Genérica Ligado ao Sexo e Formas não Tradicionaisde Herança Generica ,f 97

FIGURA 5-15
Meninos com a sindrome do J( frágil. Note as faces alongadas, as mandibulas proeminentes, as orelhas grandes e as caracteristicassimilares das crianças
de diferentes grupos etnicos: (A) europeu; (B) asiático; (B) latino-americano.

em homens transmissores normais e em sua prole feminina. Al- portadoras de genes FIVE-ll normais como aquelas portadoras
gumas vezes, quando esta prole feminina transmite o gene para de genes FMRI com pré-mutações produzem mRNA. De
os seus descendentes, ocorre Luna ampliação da pré-mutação de fato, a produção de mRNA é mais elevada nas pessoas com
50 a 200 repetições para a mutação completa com mais de 200 pré-mutações e sido demonstrado que este mRNA se
tem
repetições. Estas ampliações não ocorrem na transmissão mas- acumula no núcleo, causando efeitos tóxicos, assim como as
culina. Além disso, as pré-mutações tendem a ser maiores nas mutações dos mRNAs na distroña miotônica. Consequente-
gerações subsequentes e pré-mutações maiores são mais suscetí- mente, cerca de um terço dos homens que carregam pré-mu-
veis a sofrerem ampliação e se transformarem em uma mutação tações desenvolve uma doençaneurológica caracterizadapor
completa- Estes resultados explicam o paradoxo de Sherman. ataxia e tremores no final da vida adulta (após os 50 anos de
Os homens que possuem a pré-mutação não têm filhas com a idade). Aproximadamente 20% das mulheres corn pré-muta-
síndrome do X frágil porque a ampliação da repetição ocorre ções no gene FNLR 1 experimentam insuficiência ovariana pre-
através da transmissão feminina. Netos e bisnetos de homens matura (amenorreia antes dos 40 anos de
transmissores apresentam maior suscetibilidade de serem afe-
tados pela doença do que os irmãos de homens transmissores,
por causa da progressiva ampliação das repetições atraves das
sucessivas gerações de mulheres que carregam pre-mutações.
A quantificação do mRNA transcrito do gene FNM-Zi mos-
trou que os maiores níveis de expressão de mRNA foram en-
contrados no cérebro, conforme o esperado. Tanto as pessoas
93 r Capilulo5 GENÉTICA MÉDICA

50-55 repetições ces

ll I O Ó
0% 00-70 0%

FIGURA 5-16 m NTM I O


Um cromossomo X de um homem com a sindrome do X frágil, mostrando 70-90 5% 70-90 9%
uma região alongada oondensada, perto da ponta do braço longo.
(De Stein CK: Applications of ayisyen-erros rn modern parnorogy
in MoPnerson HA, Prnous MH (ads): Henry? Clinical Diagnosis and
ManagementbyLaboratory Memods, Zist ed. Piniadeipnra: Saunders, 2006.)
Iv 0 O
do FNLR l Correiaciona-se com a severidade da expressão da 0% 70-90 40% ›90 16%
, individuos
doença. Um pequeno percentual de pessoas com a sindrome afetados
do X frágil (< 5%) não apresenta urna ampliação da repetição têm
›200
CCC,- em vez disso, estas pessoas têm outras mutações pon- repetições
tuais no gene FJVIR l responsáveis pela perda de Função.
,
v
O produto proteico do FJHR 1, o FMRP, liga-se ao RNA, 40% 16% 50% 20%
transportando-se para frente e para trás, entre o núcleo e o cito-
plasma. Parece que o FMRP pode estar envolvido no transporte FIGURA 5-17
do mRNA do núcleo para o citoplasma,-além disso, também pode Heredograma mostrando a herança da sindrome do J( frágil. As mulheres que
carregam uma pré-mutação (50 a 230 repetições) são representadas pelos
ter alguma participação na regulação da tradução do mRNA- simbolos que contem pontos pretos em seus centros. Os individuos afetados
Estudos posteriores nesta região revelaram a presença de são representados pelos simbolos pintados com oores sólidas. Um homem
outro sitio Frágil, distal ã posição do X Frágil. Esta região, cle- normal transmissor, que carrega uma pre-irritação de 7D a 90 unidades de
nominada FRÀXE, também está msoeiada a uma ampliação das repetição, e chamado de HNT. Note que o número de repetições aumemaa
cada vez que a mutação e passaria atraves de outra mulher. Ainda_ somente
repetições do trinucleotídeo CCC na região 5' de um gene 5% das irmãs dos HNTs são afetadas, e somente 9% de seus imiãos são
(nomeado FNÍRZ), à subsequente liipermetilação e a um Fenó- afetados; entretanto, 40% de seus netos e 16% de suas natas são afetados.
tipo que inclui retardo mental. Diferentemente da síndrome Este e o paradoxo de Sherman.
do X frágil, a repetição do CCC- neste locus pode ser ampliada,
quando transmitida tanto por homens como por mulheres. estacondição, porque a análise citogenética dos cromossomos
A clonagem do gene Phil-Í¡ e a identificação de uma amplia- Frequentemente iallia na identilicação dos lieterozigottss do X
ção de repetição já elucidaram uma boa parte sobre a herança Frágil- O diagnóstico por meio da análise do DNA, que consiste
e a expressão da sindrome do X Frágil_ Estes avanços também na mensuração do comprimento da sequência CCC repetida
Foram responsáveis por melhorar a precisão diagnóstica para e no grau de metilação do FMR 1, e' muito mais preciso.

Questões para Estudo


1 Podemos observar algumas mulheres com cinco
.
4. A Figura 5-18 mostra a herança da hemolilia A, em
cromossomos X em cada célula somática. Quantos uma Família. Qual é a chance de a hemofilia A afetar
coipúsculos de Bat-r estas mulheres devem apresentar? um indivíduo do sexo masculino da geração IV?

2. Explique porque 8% a 10% das mulheres que


Qual é a chance de uma mulher na geração 1V ser
fraqueza muscular. portadora heterozigótica? Qual é o risco de ela ser
carregam o gene DMD apresentam afetada pela doença?
3. Nas doenças recessivas ligadas ao X, a razão
5. Algumas vezes, os diagramas para as doenças
de homens afetados para mulheres afetadas nas
autossômicas dominantes e para as doenças ligadas
populações aumenta conforme a frequência da ao X são difíceis de distinguir. Nomeie quantas
doença diminui. Explique este fenômeno em termos características forem possiveis a fim de distingui-las.
de Frequência genotípica.
Herança Hermética Ligada ao Sexo e Formas não Tradicionaisde Herança Genérica / 99

afetada e que percentual da prole Feminina poderá ser


afetada?
8. Uma mulher que carrega uma mutação para distmfla
muscular de Duchenne casa-se com um homem
fenotipicamente normal. Em média, que percentual da
prole masculinado casal será afetada e que percentual
da prole Feminina será afetada pela doença?
9. Um menino e seu irmão têm hemoñlia A Se não houver
hisbúñco familiarde hemoñlia A em gerações prévias,
qual e a probabilidadede que a tia do menino (irmã da
IV
mãe) seja heterozigótica para o gene da doença?
FIGURA 5-1 B
Heradograma para a Questão para Estudo 4. 10. É possível criar um zigoto a partir de duas cópias
individuais do genoma materno. Nos anfíbios, o
B. Como você distinguida a herança mitocondrial de zigoto se desenvolve e amadureoe, transformando-se
em um adulto sem que haja fertilização por uma
outras formas de herança genética?
célula espermática (este processo é conhecido como
7. Um homem com distmlia muscular de Becker casa-se partenogênese). Este mesmo experimento, quando
com uma mulher lenotipicamente normal. Em média, efetuado em camundongos, sempre resultava em
que percentual da prole masculina do casal poderá ser morte pre-natal precoce. Por quê?

Leituras sugeridas
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homehtm
CITOGEÉNÉTICA CLÍNICA: i o
DA DOENÇA HUMANA
'

Os dois capitulos anteriores abordaram doenças causadas


as dos cromossomos individuais,- e o uso de materiais corantes que
por genes isolados. Agora vamos considerar as doenças cau- são absorvidos de modo di lerente em partes diferentes dos cro-
sadas pelas alterações no número ou na estrutura dos cromos- mossomos, produzindo, assim, as bandas claras e escuras carac-
somos. 0 estudo dos cromossomos e suas anormalidades é teristicas que ajudam a identiiicar os cromossomos individuais.
chamado de citogenética.
As anormalidades cromossômicas são responsáveis por Nossa capacidade de estudar cromossomos melhorou
uma l-'ração signilicativa das doenças genéticas, ocorrendo em com a visualização dos cromossomos na metáfase por
aproximadamente um em cada 150 nascimentos vivos. São a meio de soluções hipotônicas que provocam edema
principal causa conhecida de retardo mental e abortamento. nuclear, e por técnicas de coloraçao que marcam as
As anormalidades cromossômicas são encontradas em 50% bandas cromossômicas.
dos abortamentos no primeiro trimestre e em 20% dos aborta-
mentos espontâneos no segundo trimestre. Assim, trata-se de Os cromossomos são analisados por meio da coleta de um
uma causa importante de morbidade e mortalidade. tecido vivo (geralmente sangue), que é cultivado por periodo de
Como em outras áreas da genética médica, os avanços na ge- tempo adequado [na maioria das vezes de 48 a 72 horas para os
nética molecular contribuíram para o conhecimento no campo linfócitos do sangue periférico), adição da colcemida para pro-
da citogenética. Por exemplo, as técnicas moleculares permitiram duzir a parada em metáiase, colheita das células que serão ana-
a identilicação de anonnalidades cromossômicas, como deleções lisadas, colocação do sedimento celular em urna lâmina, ruptura
que afetam regiões muito pequenas. Em alguns casos, genes espe- do núcleo celular com uma solução hipotônica, coloração com
cilicos que contribuem com síndromes citogenéticas estão sendo Lun corante nuclear apropriado e iotograiia dos cromossomos
identiticados. Além disso, a capacidade de identiFicar polimorlis- metaiásicos espalhados na lâmina. As imagens dos 22 pares de
mos no DNA dos pais e dos filhos tem permitido a pesquisadores cromossomos estão dispostas de acordo com os seus tamanhos,
determinar se um cromossomo anoririal é derivado do pai ou da e os cromossomos sexuais se encontram no canto direito. Esta

mãe. lsto aumentounossa compreensão sobre as bases biológicas exibição ordenada dos cromossomos é chamada de cariograma
dos erros meióticcis e anomialidades cromossômicas. ou cariôtipo (Fig. 6-1) (Ó termo txzríóiípo se refere ao número e
Neste capitulo, discutiremos as anomialidades no número e tipo de cromossomos presentes em um individuo, e cnriograma é
na estrutura dos cromossomos. Reveremos a base genética da frequentemente utilizado para designar a imagem impressa dos
determinação do sexo, examinaremos o papel das alterações cromossomos.) Atualmente são utilizados programas de análise
cromossômicas do câncer e discutiremos diversas doenças cau- de imagens para computador para exibir os cromossomos.
sadas por instabilidadecromossõmica. Serão eniatizadas as no- Depois da seleção em Função de tamanho, os cromossomos
vas contribuições da genética molecular para a citogenética. se classilicam ainda mais segundo a posição do centrômero. Se

o centrômeru ocorrer próximo ã posição central do cromosso-


TECNOLOGIA CITOGENÉTICA E NOMENCLATURA mo é chamado de metacêntiico (Fig. 6-2). Um cromossomo
Apesar de os cromossomos serem visualizados sob a micros- acmcêntricoapresenta o centromem próximo à extremidade, e
copia ótica desde a metade do século XIX, era bastante dificil o cromossomo com centrômem entre o meio e a extremidade é
(ibservar cromossomos individuais_ Assim era dificil contar o chamado submetacêntricx). A extremidade de cada cromossomo
número de cromossomos em uma célula ou examinar anor- é o telomêm. O braço curto do cromossomo é chamado de p i_ de
malidades estruturais. No início da década de 1950, diversas pequeno) e o braço longo é chamado de q_ Nos cromossomos
técnicas foram desenvcilvidas, melhorando nossa capacidade de metacêntricos, onde os braços têm aproximadamente o mesmo
(Jbsenraçãt) dos cromossomos. Entre estas técnicas estão o Liso comprimento, os braços p e q são designados por convenção.
de venenos do fuso como a colchicina e colcemida, que param
as células somãticas em divisão na metãiase, quando os cromos- Cariótipo, ou cariograma, é uma exposição dos
somos apresentam condensação máxima e são mais Fáceis de cromossomos organizados de acordo com seu tamanho.
visualizar¡ o uso de uma solução hipotônica [pobre em sal), que Dependendo da posição do cenirômero, um cromossomo
causa edema celular, ruptura nuclear e uma melhor separação pode ser acrocêntrico,submetacêntricoou metacêntrico.
Cirogerxeffea Clínica: A Base cromossomos da Doença Humana f rm

:isu-xa naturez¡ tg-usan ($81)


-
HGURA 6-1
Cariogranta oorn cromossomos bandeados
de homem normal. Os cromossomos
metafãsicos bandeados estão dispostos do
maior para o menor.
n: N' 5
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Um cariótipo feminino normal é designado 46,XX,- um ca- foram desenvolvidas na década de 1970 para produzir bandas
riótipo masculino normal é designado 46,XY. A nomenclatura cromossômicas características dos cariótipos modernos. As
para as diversas anormalidades cromossômicas encontra-se bandas cromossômicas ajudam muito na detecção de deleções,
resumida na Tabela 6-1 e está indicada para cada condição dis- duplicações e outras anormalidades estruturais, e facilitam a
cutida neste capitulo. identificação correta dos cromossomos individuais. As prin-
cipais bandas em cada cromossomo são numeradas sistema-
Bandas Cmmossümlcas ricamente (Fig. 6-3), por exemplo, 14:13! se refere à segunda
Os primeiros cariótipos foram úteis para contar o número de banda na terceira região do braço longo do cromossomo 14.
cromossomos, mas as anormalidades estruturais, tais como rear- As sub-bandas são designadas por pontos decimais em seguida
ranjos equilibrados ou pequenas deleções cromossômicas, ao número da banda (p- ex., l4q32_3 é a terceira sub-banda da
eram muitas vezes indetectáveis. As técnicas de coloração banda 2).

?AIEA 3-1
NomenclaturaNonnal para os Cariótipos Cromossômioos
cariólipo Descrição
46,XY Constituição cromossõmica masculina normal
47,XX,+21 Mulher com trissomia 21, sindrome de Down
47,XY,+21[1U]¡46,XY[1U] Homem com mosaico de celulas com trissomia 21 e celulas normais (10 celulas para cada cariotlpo)
46, XY, deI,(4)(p14) Homem com delação dislal e tennlnal do braço curto do cromossomo 4 da faixa p14 para o fim
46,X)(,dup(5)(p14p15.3) Mulher com duplicação no braço curto do cromossomo 5 da banda p14 para p15.3
uma

45,XY,der(13;14)(q10;q1D) Homem com translocação robertsonianabalanceada dos cromossomos 13 e 14. O carlotipo mostra que um 13 normal
e um14 nomial leram perdidos e foram substituídos por um cromossomo derivado composto pelos braços longos dos
CFOHIDSSDMOS 13 B 14

46,XY,t(11 ;22)(q23;q22) Homem com uma translocaçâo reclproca balanceada entre os cromossomosll e 22. Os pontos de quebra encontram-se
em 11q23 e 22q22
46,XX,inv(3)(p21q13) Uma inversão no cromossomo 3 que se estende desde p21 ale q13; como inclui o oenlromero, trata-se de uma inversão
pericentrlca
46.X.rl><llp22-3q28) Urna mulher com um cromossomo X normal e um cromossomo X em anel formado pela quebra nas bandas p22.3 e q28
com fusão subseqüente

46,X,l()(q) Mulher com um cromossomo X normal e um lsooromossomo do braço longo do cromossomo X


102 x Capítulo e GENÉTICA MÉDICA
Mataoõmrlco Submatnoômrlco Acrooñntrlcn

Braw CW' P

Centrümero
Pedlculo Satélite

Braço I 0h90 q
18 21

2
HGURA 6-2
cromossomos rnetaoentricos, subrnetacentricos e acrooentricos_ Observe os
pedtculos e salelites presentes nos braços curtos dos cromossomos acrocenlrioos.

Diversas técnicas de bandas cromossômicas são emprega-


das nos laboratórios de citogenética. A banda com quinacrina
(banda Q) foi o primeiro método de coloração utilizado que
produziu padrões especílicos de banda. Este método requer
mitmoscopia de fluorescência e não é mais tão amplamente
utilizado como é a banda de Giemsa (banda C). Na produ-
ção das bandas C, aplicamos um corante Ciemsa depois que
a tripsina digere parcialmente as pmteinas Lmmossômicas. A
banda reversa (banda R) requer tratamento com calor e reverte
o padrão usual branco e preto encontrado nas bandas G e
Cifogrñrüéítüâ C.›'.I'.'ii'ca: A Base Ci'Df?JU5SÕr'ii'ir'Jâ da Boeing-a Hirmaria
complementares [ihibridjzaçãoníi da sonda (JCUTTC apenas com a
sequência de DNA complementar em uma localização especfiica
em Lu11 dos cromossomos desnaturados. Como a sonda é marcada
com um corante tiuorescente, a localização em que ocorre a bi-

bridizaçãt) com os cromossomos do paciente pode ser visualizada


com um microscópio de fluorescência. Um uso comum da téc-
nica FÍSH é determinar se uma porção de um cromossomo está
deletada em um paciente. Em uma pessoa normal, a hibridjzaçãci
da sonda ocorre em dois lugares, refietindo a presença de dois
cromossomos homólogos em um núcleo celular somático. Se a
sonda do segmento do cromossomo em questão hibridizar ape-
nas com um dos cromossomos do paciente_, então é provável que

o paciente apresente a deleçãt) na cópia do cromossomo com

que a sonda não consegue bibridizar. A técnica HSH proporciona


uma resolução consideravelmente superior com relação as técni-

cas com bandas de alta resolução,- ela é capaz de detectar dele-

ções tão pequenas quanto I milhão de pares de bases ti Àfibijl.


Cópias extras de uma região do cromossomo também po-
dem ser detectadas com a técnica FISH. Neste caso, a son-
da hibridiza em três ou mais lugares, em vez de apenas dois.
Combinaçõesdas sondas FÍSH também podem ser usadas para
detectar rearranjos de cromossomos como as translocações
líver discussão posterior).
A Figura 6-4A mostra o resultado de um teste FÍSH para
uma criança na qual uma pequena parte do braço curto do cro-

mossomo 17 está faltando. Apesar de que uma sonda de cen-


trômero (usada como controle] hibridiza com ambas as cópias
do cromossomo 17, uma sonda correspondendo a uma região
específica em l7p bibridizaapenas com um dos cromossomos
i7. lsto demonstra a deleção que causa a síndrome de 'Smith-
Magenis iíFig. 6-43, ver também a Tabela 6-3 a seguir).
Como a detecção por meio da técnica FISH de cromos-
somos extras ou ausentes pode ser realizada com cromosso-

mos na interiase, não é necessário haver estímulo para que as


l t???
uma técnica conhecica como hibr-idização genômica compara-
tiva (CGH, ::lt comparative_qmomic laybridimtion] (Fig. 6-6). Ó DNA
e obtido a partir de Luna Fonte de teste como, por exemplo, as cé-
lulas de um tumor ou células do sangue de um paciente. O DNA
é então marcado com uma substância que exibe uma cor (p. ex-,
vermelho) sob microscopia de liuorescência- O DNA obtido a
partir das células controle normais é marcado com uma segunda
cor (p. ex., verde)- Na versão inicial do CGH, ambos os grupos
de DNA são hibri dizados na metãtase cromossõmica normal em
uma lâmina. Se qualquer região cromossômica estiver duplicada

na célula tumoral, a região correspondente na metátase cro-


mossõmica vai hibridizar com quantidades excessivas do DNA
marcado em vermelho. Esta região surgirá em vermelho no mi-
croscópio. Pelo contrário, se uma região tor deletada na célula
tumoral, a região correspondente do cromossomo em metáliase
irá hibridjzarapenas com o DNA controle, marcado em verde, e a
região surgirá em verde no microscópio. CCH é especialmente
útil na pesquisa por deleções e duplicações do material cromos-
sômico nas células tumorais em que a detecção de tais alterações
pode ajudar a prever o tipo e/ou gravidade do câncer.
Uma limitação muito importante da CGH quando usada com
cromossomos metatrísicos e" que deleções ou duplicações meno-
res dx) que 5 a i0 Mb não podem ser detectadas na microscopia.
Obtemos melhor resolução com a array CGH, na qual o DNA
em teste e o controle são hibridizados com um microarranjo

[Capitulo 3) contendo sondas cujas sequências DNA correspon-


dem a regiões especiFicas do genoma. Um microan-anjo CGH
muito empregado contém aproximadamente 3.000 sondas de
cromossomos bacterianasartificiais (BAC, Capitulo 3) contendo

inserções de DNA em torno de ISOkb. Como as sondas BAC


encontram-se distantes aproximadamente l Mb, esta versão do
array CGH é capaz de detectar duplicações ou deleções com
aproximadamente i Mb de tamanho (resolução cerca de cinco
a 10 vezes melhor do que a obtida com a CGH dos cromosso-
mos em metátase). Outros microarranjos BAC são organizados
de modo a obter resoluções superiores nas regiões onde se sabe
que as duplicações ou deleções estão associadas a doenças espe-
cificas (p- ex-, microdeleções como na sindrome de Williams [ver
posterionnenteD. Uma limitação dos microarranjos BAC é que
as alterações menores do que a própria inserção BAC (aproxima-
damente ISOkb] não podem ser detectadas com facilidade.
Ainda mais recentemente, to¡ desenvolvida uma CGH
utilizando microarranjos contendo centenas de milhares de
pequenas sondas de trligonucleotídios (Capitulo
ros x caprtum a GENÉTICA Moore/q
Aneuploldla Aulossñmlca Trissomia 21
As células que apresentam cromossomos individuais Faltando A trissomia 21 (cañótipt) 47,XY,+21 ou 47,XX,+2I )* é encon-
ou adicionais são chamadas aneuploides (não são múltiplas trada em aproximadamente um a cada 800 a 1.000 nascimen-
de 23 cromossomos). Em geral apenas um cromossomo está tos vivos, o que a torna a condição de aneuploidia autossômica
afetado, mas é possível que mais de Lun cromossomo esteja au- mais comum, compativel com a sobrevida a termo. Esta trisso-
sente ou duplicado- As aneuploidias dos autossomos se encon- mia produz a síndrome de Down, um fenótipo originalmente
tram entre as anonnalidades cromossõmicas mais importantes descrito por John Langdon Down em 1866. Quase 100 anos
clinicamente. Consistem primariamente em monossomia (a se passaram entre a descrição desta sindrome por Down e a

presença apenas de uma cópia de um cromossomo em Luna descoberta [em 1959) de que é causada pela presença de uma
célula que deveria ser diploide] e trissomia (três cópias de um cópia extra do cromossomo 21.
cromossomo). As monossomias autossômicas são quase sem- Apesar de haver uma variação considerável no aparecimento
pre monossomias incompatíveis com a sobrevida a tenno, de das pessoas portadoras da síndrome de Down, elas apresen-
modo que apenas um pequeno nCunero delas Foi observada tam uma constelação de caracteristicas que ajudam o clinico
entre individuos vivos. Pelo contrário, algumas trissomias h)- a estabelecer o diagnóstico. As caracteristicas Faciais incluem
ran1 encontradas com Frequência apreciável entre os nascidos uma base nasal plana, fissuras palpebrais orientadas para cima,
vivos. O fato de que as trissomias têm consequências de menor (well-ias pequenas, às vezes com dobras na sua borda supe-
gravidade do que as monossomias ilustra um principio impor- rior, e uma região maxilare malar achatada dando um aspecto
tante: o corpo pode tolerar um excesso de material gmítíco com mais faci- característico (Fig. 6-8). Algumas destas características leva-
lidade do que pode tolerar um dtfcit do material genético. ram inicialmente na literatura ao uso do termo "mongolismo",
A causa mais comum de aneuplciidia é a não disjunção, ou mas esta expressão é inadequada e não é mais usada. As bo-
seja, os cromossomos não se separam normalmente durante a chechas são redondas, e os cantos dos lábios são muitas vezes
meiose (Fig. 6-7). A não disjunção pode acontecer durante a virados para baixo. O pescoço é curto, com pele redundante
meiose Í ou na meiose Íl. O gameta resultante ou não apresenta na nuca, especialmente nos recém-nascidos- A região occipi-
um cromossomo ou exibe duas cópias dele, produzindo um tal é plana braquiceialia) e as mãos e pés costumam ser largas
zigoto monossômico ou trissômico, respectivamente. e curtas [braquidactilialAproximadamente 50% das pessoas

portadoras da síndrome de Down apresentam uma prega de


As condições de aneuploidia consistem primariamente em Hexão profunda através das palmas (anterionnente chamada
monossomias e trissomias. São geralmente provocadas de prega "simiesca", termo que atualmente é considerado ina-
por não disjunção. As rnonossornias autossômicas dequado). A redução do tônus muscular hipotonia) é uma
são quase sempre letais, mas algumastiissomias “Resumindo, o restante das designações cariotipieas para anonnaiidades que
autossômicassão compatíveis com a sobrevida. não envolvem cromossomos sexuais irá indicar Lrm homem atendo.

HGURA 6-7
Na não oisjunção meiotica, dois
cromossomos homologos migram para Ganhar
a mestria celula filha em vez de se afastar
normalmente e migrar para celulas
filhasdiferentes. Isto produz filhos llolnso l Não dlsjunç : o
monossõmicos e trissõmicos.

i3)
Ilolosa lI Não dlsjunçào

Gamatas m (il C011)


Fertilização
com
nonnl
gameta oxíwñã
Fllho (Hi0 0111¡
Trissomia Monossomla Monossomla Trissomia
Citogenetfoa Clínica: A Base cromossomos da Doença Humana f ?O7

esses 9

Ti" f!” 'fl'


'TB' 'H
c 19 2o

FIGURA 6-8
ros ,r Capitais 5 @avance rrráorcq
do canal atrioventricular (AV),um defeito em que os septos in- ção. Muitas muiheres portadoras da sindrome de Down podem
teratriai e interventricular não se fecham normalmente durante reproduzir-se, apesar de que aproximadamente40% não conse-
o desenvolvimento Fetal- Como resultado, temos o Huxo san- guem ovular. Uma mulher portadora da síndrome de Down
guíneo indo do lado esquerdo do coração para o lado direito, apresenta Lun risco de 50% de produzir um gameta com duas
e então para circulação pulmonar, produzindo hipertensão
a cópias do cromossomo 21 (que poderia então produzir um ga-
pulmonar. Os defeitos do septo ventricular [VSDsj também são meta trissõmico). No entanto, como aproximadamente 75%
comuns. Retardo mental de moderado a grave (Qi entre 25 e 60) das concepções de trissomia 21 são abortadas espontaneamente,
é encontrado na maioria dos portadores da sindrome de Down, o risco de nascimento de um bebê afetado é consideraveimente

e esta condição sozinha corresponde a aproximadamente 10% inferior a 50% nas mulheres portadoras da sindrome de Down.
de todos os casos de retardo mental nos Estados Unidos- Assim, como é raro haver reprodução entre portadores da sín-
Diversos outros problemas clínicos ocorrem nos bebês e drome de Down, quase todos os casos de trissomia 21 podem
nas crianças pequenas portadoras da síndrome de Down- Per- ser considerados como mutações cromossômicas novas.
da de audição condutiva, e por vezes central, hipotireoidismo Aproximadamente95% dos casos de síndromede Down são
e diversas anormalidades oculares são os eventos mais comuns causados por não disjunção, e a maior parte dos casos restan-
e mais importantes- O Comentário Clinico 6-1 descreve um tes é causada por translocações cromossõmicas (ver discussão
plano para cuidados de saúde de rotina para bebês e crianças posterior). As comparações dos polimorlismos do cromosso-
portadoras da sindrome de Down. mo 21 nos pais e lilhos demonstraram que o cromossomo extra
Os problemas clínicos encontrados na síndrome de Down é Fornecido pela mãe entre 90% e 95% dos casos de trissomia
resultam na redução das taxas de sobrevida. Os defeitos cardí- 21. Cerca de 75% destas não disjunções matemas que ocorrem
acos congênitos são a principal causa isolada de mortalidade durante a meiose l, e o restante ocorre durante a meiose il.
precoce. No começo da década de 1960, apenas metade das Como vamos discutir com maiores detalhes posteriormente,
crianças portadoras deste distúrbio sobreviviam até os 5 anos de existe uma Forrte correlação entre a idade maternal e o risco de
idade. Como resultado das evoluções nas cirurgias corretivas, no produzir uma criança portadora da sindrome de Down.
tratamento com antibióticose no tratamento da leucemia, a taxa O mosaicismo é encontrado em aproximadamente 2% a 4%
de sobrevida aumentou consideravelmente nos últimos 40 anos. dos nascimentos vivos portadores da trissomia 21. Estas pessoas
Calcula-se atualmente que aproximadamente 80% das crianças apresentam algunas celulas somáticas normais e algmnas célu-
portadoras da síndrome de Down sobreviverão até os 10 anos, e las com trissomia li. Este tipo de mosaicismo em um homem é
a metade delas até os 50 anos de idade. Existem evidências con- designado 47_,XY,+2l [ l DF46,XY[I O] com os números entre col-
vincentes de que ambientesadequados e intervenções educativas chetes indicando o níunen) de células analisadas em cada carióti-
podem produzir melhoras significativas na Frmção intelectual. po. A causa mais comum do mosaicismo na trissomia é Luna con-
Os homens portadores da sindrome de Down quase sempre cepção tnssômica seguida por uma perda no cromossomo extra
são estéreis, com apenas poucos casos descritos de reprodu- durante a mitose em algumas células embrionárias. O mosaicismo

..QL

Nos últimos anos, uma abordagem chamada de supemsão de saúde e de Down. Has crianças assintomáticas, recomendamos um exame oftal-
orientaçãopreventiva evoluiu para o cuidado e tratamento das pessoas por- mologico antes de 1 a 4 anos para avaliar a acuidade visual.
tadoras de síndromes genéticas e doenças crônicas. Depois de um estudo - O hipotireoidismo e comum, especialmente durante a adolescência, con-
abrangente sobre o assunto (inclusive uma revisão extensa da Iiteraturaj, as sequentemente, os niveis dos hormônios tireoidianos devem ser mensu-
orientações basicas foram estabelecidas para a seleção, avaliação e mane- rados anualmente.
jo dos pacientes. Se for seguida pelos clínicos no atendimento primário, ou - Perda de audição neurossensorial e perda de condução são ambas encon-
pelo especialista, estas orientações devem ajudar a prevenir maior incapa- tradas nas criançasportadoras da sindmme de Doom. O acompanhamento
cidade ou doença futuras. Ilustramos as abordagens de supervisão de saúde de rotina deve incluir um taste de audição ao nascer e a cada 6 meses ate 2
e orientação preventiva com as orientações atuais para o cuidado com as anos de idade, oom exames subseqüentes de acordo com a necessidade.
criançasportadoras da sindrome de Down. c A instabilidadeda primeira e da segunda vértebra cervical pode levar a
lesões da medula óssea em alguns dos portadores mais velhos da síndro-
o Como foi mencionado no texto, as comunicações AV são os defeitos me de Down. A realização de estudos de imagens deve ser efetuada nas
congênitas mais comuns encontrados na sindrome de Down. A correção crianças portadoras de sintomas neurológicos e naquelas que planejam
cirúrgica desta medição e adequada se for detectada antes de 1 ano participar de atividades esportivas.
de idade; depois desta idade, a hipertensão pulmonar já esta instalada o 0 encaminhamento de bebês e crianças portadoras da sindrome de
por tempo prolongado de modo a impedir o êxito da cirurgia. Do mesmo Down para programas pre-escolares e de estimulação precoce permite
modo, atualmente está indicada a realização de um ecocardiograma no antecipar intervenções e prevenir deficiências evolutivas, constituindo-se
período neonatal_ em um componente importante dos cuidados de rotina-
o Como os pacientes portadores da síndrorrre de Down frequentemente
exibem estrabismo [desvio do olho de seu eixo visual normal) e outros Series similaresde orientações foram desenvolvidas para as crianças por-
problemas visuais, eles devem ser examinados regularmente por seu me tadoras da trissomia 18, sindmmede Williams e sindrome de Tumor. Em prin-
dico. Se forem observados quaisquer sintomas ou sinais, o paciente deve epic, as abordagens de orientação preventiva e supenrisão de saúde podem
ser encaminhado para um oftalmologista familiarizado com a síndmme ser aplicadas para qualquer doençagenética suficientementeconhecida
frequentemente resulta em uma expressão clínica mais branda do
fenótipo associado a uma anormalidade cromossômica.
Dependendo do momento e da maneira da origem do mo-
saicisino, algumas pessoas apresentam mosaicismo cspecílico de
determinado tecido. como o termo sugere, este tipo de mo-
saicismt) está restrito apenas a alguns tecidos. isto pode dificul-
tar seudiagnóstico porque os cariótipos são geralmente feitos
a partir de um número limitado de tipos tissulares (geralmente
linfócitos circulantes derivados de Luna amostra de sangue, ou,
com menor freqüência, de libroblastos derivados de uma bióp-
sia de pele). 0 mosaicismo que afeta primariamente a linhagem
genninativa de um genitor pode levar a múltiplas reoonencias da
sindrome de Down na descendência. Este fator ajuda a esclarecer
o lato de que o risco de recorrência para a síndrome de Down en-

tre mulheres com menus de 30 anos é cerca de 1% (í. t., 10 vezes


maior do que o risco da população em geral nesta faixa etária)-
Em virtude daprevalênciaeda imponênciaclinicada sindrome
de Down, devotou-se um esforço considerável na definição dos
genes específicos responsáveis por este distúrbio. As abordagens
moleculares, tais como clonagem e sequenciamento, estão sendo
usados para identificar os genes especificos nesta região que são
responsáveis pelo fenótipo da sindrome de Down, e este proces-
so foi facilitadopela disponibilidadeda sequência de DNA com-

pleta para o cromossomo 21- Um gene candidato para o retardo


mental na sindrome de Down é o DYRKiA, um gene quinase
que provoca defeitos de aprendizagem e de memória quando
está em supetexpressão nos camundongos_ Outro gene locali-
zado na região cTÍtica,
no x Capituio e GENÉTICA MÉDICA
porcentagem
Cirogenerrca Crfnrca: A Base Cromossômrca da Doença Humana r' m

Amnenta para aproximadamente IMDB aos 35 anos de idade,


1/ 100 aos 40 anos e aproximadamente N25 depois dos 45 anos
de idade- A maioria das outras trissomias, inclusive aquelas em
que o feto não chega a termo, também aumenta e111 prevalência
com o aumento da idade materna. Este risco é Lun dos indica-
dores primários para o diagnósticopre-natal entre as mulheres
com mais de 35 anos de idade (Capítulo 13).
Diversas hipóteses evoluíram para esclarecer este amnento,
inclusive a ideia de que uma gestação trissômica tem menor
probabilidadede sofrer abortamento espontâneo nas mulheres
mais velhas. Estudos diretos da frequência das anormalidades
cromossômicas nas células espennáticas e nos óvulos indicam
que o padrão é, em vez disso, devido a um aumento da não
disjunção entre as mulheres mais velhas. É importante lembrar
que quase todos os ovôcitos nas mulheres se formam durante seu
desenvolvimento embrionário. [Existem evidências recentes de
que LllTl pequeno número de ovócitos pode ser produzidor poste-
riormente na vida). Estes permanecem em suspensão na prófase
l até serem liberadosdurante a ovulação. Dem maneira, um ovo
produzido por Luna mulher aos 45 anos de idade, tem cerca de
45 anos. Este longo periodo de suspensão em prúfase l poderia
prejudicar uma di sjunção cromossômica normal, embora a natu-
reza exata deste mecanismo não seja ben1 compreendida-
Muitos fatores têm sido analisados para determinar se podem
afetar a frequência da não disjunção na mulher. Entre eles estão
os níveis hormonais, o fumor, doença tireoidiana autoimune, con- FIGURA 6-12
sumo de álcool e radiações (es1a última aumenta a não disjunção Urna menina portadora da sindrome de Turner (45, X). Observe o pescoço
quando administrada em doses muito elevadas em animais expe- racteristimente largo e alado. A estatura e reduzida, e edema (Iinfedema)
e visto nos tomozelos e punhos.
rimentais). Nenhum destes fatores demonstrou con-elações con-
sistentes com a não disjunção em humanos,- no entanto, a idade
materna continua a ser o único fator conelacionadoconhecido. Monossomia do cromossomo X (Sindrome de Turner)
Apesar de que a idade maternal está fortemente correlacio- O fenótipo associado a um único cromossomo X, (45, X) foi
nada com o risco da síndrome de Down, aproximadamente descrito por Henry Turner em 1938. (Existe uma descrição an-
três quartos das crianças portadoras da síndrome de Down são terior em 1930 por Otto Ullrich). Os portadores da sindrome
filhas de mulheres com menos de 35 anos de idade. lsto ocorre de Turner são do sexo feminino e geralmente apresentam um
porque a grande maioria das crianças [acima de 90%) é filha de fenótipo característico, incluindo a presença variável de baixa
mulheres nesta faixa etária. estatura proporcional, infantilismosexual e disgenesia ovariana,
Diversos estudos, incluindo a análise direta das celulas es- e um padrão de maiores e menores malformações. As caracte-

permáticas, testaram a hipótese de um efeito da idade paterna rísticas físicas podem incluir face triangular, pavilhão auricular
para trissomias. O consenso é que tal efeito, se houver, é menor. com rotação posterior e pescoço largo, "alado" (Fig. 6- l 2). Álém
isto poderia refletir o fato que os espermatócitos, ao contrário disso, o tórax é largo e em fonna de barril- Linfedema das mãos
dos ovócitos, são gerados durante toda a vida do homem. e pés é obervado ao nascimento. MLritas pacientes portadoras
da sindrome de Tumer apresentam doenças cardíacas congê-
Quase todas as hiasomiasautossõmicasaumentam de nitas, na maioria das vezes lesões obstrutivas do lado esquerdo
acordo com a idade maternal como omsequênc da do coração (válvula aórtica bicúspide em 50% das pacientes e
Irão tisjunção nas mães mais velhas. Existem poucas coartação [estreitamento] da aorta em 15 *i6 a 30%). Obstruções
evidênciasde um efeilnda idade patema sobre a não graves podem ser corrigidas cirurgicamente. Aproximadamen-
dsjuntgão nos homens. te 5096 das pessoas com síndrome de Turner apresentam de-
feitos renais estruturais, mas geralmente não causam problemas
Aneuplolrlla dos cromossomos Sexuais clínicos- Normalmente existe algumaredução na capacidade de
Aproximadamente um em 400 meninos e uma em 650 me- percepção espacial, mas a inteligência é em geral normal.
ninas nascidos vivos apresenta alguma forma de aneuploidia Meninas portadoras da sindrome de Turnerexibem baixa es-
dos cromossomos sexuais. Primeiramente devido à inativação tatura proporcional e não entram na puberdade. Sua estatura na
do cromossomo X, as consequências deste tipo de aneuploidia maturidade é reduzida em aproximadamente 20cm em média.
apresentam menor gravidade do que as encontradas na aneu- A administração do hormônio do crescimento produz algum
ploidia autossômica. Com exceção da ausência de Lun cromos- aumento da estatura nestas meninas, e as famílias atualmente
somo X, todas as aneuploidjas dos cromossomos sexuais são preferem realizar seu tratamento. Na maioria das pessoas porta-
compatíveis com a sobrevida, pelo menos em alguns casos. doras da síndrome de Turner, encontramos vestígios de tecido
H2 f Capítulo a GENÉTICA MÉDICA
conjuntivo, em vez de (Jváritrs [disgenesia gonadal), geralmente A maioria das mulheres portadoras da síndrome de
não desenvolvem características sexuais secundárias, e a maio- Turner apresenta um cariótipo 45,X. Apesar de este
ria das mulheres com esta condição é infértil (entre 5% e 10% distúrbio ser comum na concepção, ele é relativamente
apresentam desenvolvimento ovariano suficiente para entrar em raro entre os nascimentos vivos, refletindo uma elevada
menarca, e um pequeno número de portadoras foi capaz de ge- taxa de abortamento espontâneo. O mosaicismo,
rar crianças. As adolescentes portadoras da sindrome de Turner inclusive o mosaicismo placentária confinado, parece
são caracteristicamente tratadas com estrogênios para promo- aumentar a probabilidadede sobrevida a tenno.
ver o desenvolvimento de caracteristicas sexuais secundárias. A
dose é então continuada, em um nível reduzido para manter Síndrome de Klinefelter
estas características e para ajudar na prevenção da osteoporose. Assim como as síndromes de Down e Turner, a síndrome as-
O diagnóstico da sindrome é frequentemente estabelecido no sociada a um cariótipo 47,XXY foi identificada antes que uma
bebê recém-nascido, especialmente se houver um alargamento anonnalidade cromossômica de base fosse compreendida.
perceptível do pescoço, associado: a um defeito cardíaco- As ca- Descrita em 1942 por Harry Klinefelter, a síndrome que leva
racterísticas faciais são mais sutis do que nas anonnalidadesautos- seu nome é vista em aproximadamente 1/500 a 1.0-000 nasci-
sômicas descritas anterionnente, mas o médico experiente pode mentos do sexo masculino- Apesar de a sindrome de Klinefelter
muitas vezes diagnosticar a sindrome de Turnercom base em um ser Luna causa comum de hipogonadismo primário masculino,
ou mais dos sinais relacionados acima. Se a sindrome de Tcuner o fenótipo é menos notável do que o das síndromes descritas
não for reconhecida na infância, frequentemente será identifica- até agora. Os pacientes portadores da sindrome de Klinefelter
da mais tarde em virtude da baixa estatura efou amenorreia. costumam ser mais altos do que a média, com braços e pe111as
As anormalidades cromossômicas nas pessoas portadoras da desproporcionalmente longos (Fig. 6-13). 0 exame clínico de
sindrome de Turner são bastante variáveis. Cerca de 50% des- pacientes depois da puberdade revela testículos pequenos com
tas pacientes apresentam um cariótipo 45,7( nos seus linfócitos volumes inferiores a IOmL), e a maioria dos pacientes portado-
periféricos. Pelo menos 30% a 40% destas pessoas apresentam res da sindrome de Klinefelter e' estéril como resultado da atrofia
mosaicismo, na maioria das vezes 45,X¡'46,XX e com menor dos túbulos seminiferos. Os niveis de testosterona nos adoles-
frequência 45,X.¡46,XY. Os mosaicos que apresentam cromos- centes e adultos são baixos. A ginecomastia (desenvolvimento
somos Y em algumas células estão predispostos a apresentar neo- da mama) é vista em aproximadamente Lun terço das pessoas
plasias [gonadoblastomasj no tecido gonadal residual. Apro- afetadas e leva a Lll11 maior risco de câncer de mama, que pode
ximadamente 10% a 20% das pacientes portadores da síndrome ser reduzido com mastectomia (remoção da mama). Os pelos do
de Turnerexibem anonnalidades estruturais do cromossomo X corpo são caracteristicamenteesparstrs depois da puberdade, e a
envolvendo uma deleção total ou parcial do Xp. Esta variação massa muscular costuma estar reduzida. Além disso, existe Luna
na anormalidade cromossômica ajuda a explicar a considerável predisposição para dificuldades de aprendizagem e uma redução
variação fenotípica encontrada nesta síndrome. no QI verbal. Apesar de a inteligência estar geralmente na faixa
Aproximadamente 60% ate' 80% dos casos de monossomia non-nal, o Ql está em média i0 a IS pontos abaixo do índice dos
do cromossomo X são provocados pela ausênciade um cromos- imiãos das pessoas afetadas. Devido à sutileza deste distcbbio, a
somo sexual derivado do pai, o que ocorre tanto nas mitoses sindrome de Klinefelter frequentemente não é identificada an-
iniciais do embrião como durante a meiose da gametogiênese tes da puberdade, e esta condição muitas vezes e' diagnosticada
no pai (í. E, o filho recebe LLI11 cromossomo X apenas da mãe). pela primeira vez nas clínicas de fertilidade.
Calcula-se que o cariótipo 45X ocorre entre 1% a 2% de todas Em cerca de 50% dos casos de sindrome de Klinefelter, o
as concepções, mas a sindrome de Turner só é encontrada em cromossomo X extra é derivado da mãe, e a síndrome aumenta
aproximadamente M1000 a lr'3.000 das meninas nascidas vivas. de incidência com o aumento da idade materna. O mosaicis-
Deste modo, a grande maioria (acima de 99%) das concepções mo, que é visto em torno de 15% dos pacientes, aumenta a
45)( é abortada antes do tenno. Entre as concepções que evo- probabilidadeda produção de esperma viável. Também foram
luem a termo, muitas são mosaicos cromossômicos, e o mosai- descritos individuos com cariótipos 48,XXXY e 49,X)ÕÕ(Y.
cismo apenas da placenta[mosatcismoplacentária confinado) é Como eles portam um cromossomo Y, apresentam Lun fenóti-
especialmente frequente. É provável que a presença de algumas po masculino, mas o grau de deficiência mental e anormalida-
células normais nos fetos mosaicos aumente a sobrevida fetal. des Hsicas aumentam a cada cromossomo X adicional.
A análise molecular começou a assinalar genes específicos C) tratamento com testosterona, iniciado na metade da ado-
envolvidos no fenótipo da síndrome de Turner. Por exemplo, lescência pode aLunentar as características sexuais secundárias e
mutações no gene SHOX que codifica um fator de transcrição ajuda a reduzir o risco de osteoporose. Existe alguma evidência de
expresso em membros embrionários produzem baixa estatura. que este tratamento também melhora o bem-estar psicológico.
Este gene se localiza na extremidade distal dos braços curtos
do X e Y (em uma região do cromossomo X que escapa à inati -

vação, ver Comentário Clínico 6-2). Assim, ele é normalmente Os homens portadores da síndrome de Klinefelter
transcrito em duas cópias tanto no sexo masculino como no (47.XXY) são mais altos do que a média, podem
feminino_ Nas portadoras da sindrome de Turner, este gene apresentar um QI reduzido e são geralmente estéreis.
estaria presente apenas em uma cópia ativa, e a liaploinsuficiên- A terapia com testosterona e mastectomia para
cia resultante contribui para a baixa estatura. ginecomastia estão às vezes indicados.
Ortega-notice Clinica: A Base cromossomos da Doença Humana r' H3

Durante a meiose nonnal no sexo masculino, ocorre um crossing-over enbe


a região distal do braço curto do cromossomo Y e a região distal do braço
curto do cromossomo X. Estas regiões dos cromossomos X e Y contem se-
quências de DNA altamente similares. Como isto e semelhante ao compor- Região
taroento dos cromossomos autossõmicos durante a meiose, a porção distal pseudoautos-
do cromossomo Y e conhecida como a região psaudoautossõmlca.Ela tem sômlca
Crossing-over
uma extensão de aproximadamente 2,5 Mb. normal
Muito proximo da região pseudoautossrõmica na direção centromárica, xp Yp
encontra-se um gene conhecido como mYiregião de detenninação sexual do
cromossomo Y). Este gene que se erqrressa no desemrolvimento embrionário
modifica um produto que interage com outros genes para iniciara determiração
do embrião indifererrciado, tornando-omascuiiro [incluindoa diferenciação das
celulas de Serfoii e secreçãode Lma substancia inibidorados ductos de Müller).
O produto do gene .SiWe um membro de uma familiade fatores de transcrição
de ligação ao DlilA denominada gmpo de alta mobilidade (HMG). Acrecita-se
que a proteina SRY liga-se ao DNA, dobrando-o, e isto promove interações
DNA-DNA que dispara uma cascata de eventos evoiuiivos que levam à deter-
\
Crossing-over
Xp Yp
minação mascrlina. Particularmente, a proteina coriñcarh pelo ser interage ocorrendo
aniagonicamente com a da DAX1, qre reprime os genes promotores da cife- abaixo de SRY
renciação doembrião no sexo mascrlino. Na ausênciado .SRY, o DAX?continua
a reprimir estes genes, e ocorre a criação de um embrião o sexo feminino.
As mutações com perda de função do SRY podem produzir individuos
com um cariútipo XY, mas um fenótipo feminino_ Alem disso, quando o gene
Sryde camundongos e inserido experimentalmente em um embrião do sexo
feminino, produzimos um camundongo do sexo masculino. Assim, existem
boas evidências de que o gene save o iniciador da detemrinação sexual
masculina no embrião. Mutações em outro membm desta famnia de genes, XY
xx
o SOXQ, pode produzir sexo reverso (mulheres XY] e displasia campomélica
(malfomfações dos ossos e cartilagem).
Aproximadamente um em cada 20.000 homens se apresenta com um As regiões distais dos braços curtos dos cromossomos X e Y trocam mate-
fenótipo similar ao da sindrome de idinefeiter [sem aumento de altura), mas rial durante a meiose no sexo masculino. A região no cromossomo Y onde
uma análise cromossõmica mostra que estes meninos apresentam um
este crossing-overocorre é chamada de região pseudoautossõmica. O gene
cariotipo feminino nonnal (46900. Foi demonstrado que estes homens XX SHY que dispara a cascata do processo que leva a diferenciação gonadai
apresentam um cromossomo X que comem o gene SHE'. Isto foi explicado localiza-se imediatamente abaixo da região pseudoautossõmica. ocasionai-
como resultado de um cressing-over anormal entre os cromossomos X e Y
durante a meiose paterna de modo que o gene SRY, em vez de permanecer mente, o crossing-ouer ocorre no lado centromerico do gene .SW fazendo
no cromossomo Y, e trarrsferfdo para o cromossomo X. O filho que recebe com que ele fique localizado no cromossomo X em vez do cromossomo Y.
este cromossomo X de seu pai apresenta consequentemente um fenótipo Um filho que recebe este cromossomo sera um menino XX, e um filho que
masculino. Por oubo lado, toma-se obvio que o filho que herdar um cmmos- recebe o cromossomo Y (sem o SRY) sera uma menina XY.
somo Y sem o gene SHYserá uma menina com carfótipe XY. Estas mulheres
apresentam gõnadas em fita (streaks generis), em vez de ovários, e apre-
sentam caracteristicassexuais secundárias pouso desenvolvidas.

Trissomia X Sindrome 47,XYY


O cariótipo 47,300( ocorre em aproximadamente If I .O00 mu- A última aneuploidia de cromossomos sexuais a ser discutida e' o
lheres e geralmente tem conseqüências benignas. Raramente cariótipo 47,XYY. Os homens com este cariótipo costumam ser
vemos anormalidades físicas óbvias, mas estas mulheres às ve- mais altos do que a média e apresentam uma redução de i0 a i5
zes soFrem de esterilidade, irregularidade menstrual ou de um pontos percentuais no QI médio. Esta condição, que causa poucos
retardo mental moderado. Como na síndrome de Klinefelter, problemas Físicos, se tornou muito notória quando se descobriu
o cariótipo 47,XXX é muitas vezes detectado nas clínicas de que sua incidência na população masmlina encarcerada chegava
fertilidade. Aproximadamente 90% dos casos é o resultado de a N30, em comparação com 1/1000 na população masculina em
não disjunção na gametogênese materna, e, como nas outras geral. lsto levou à sugestão de que este cariótipo poderia conferir
tñssomias, sua incidência aumenta entre as filhas das mulheres uma predisposição-r para um comportamento violento, criminoso.
mais velhas. Diversos estudos abordaram esta questão e demonstraram que os
Igualmentepodemos encontrar mulheres com quatro, cinco homens com cañotipo XYW' não apresentam tendência a cometer
ou mais cromossomos X. Cada cromossomo X adicional vem crimes violentos. Existe, no entanto, evidências de um aumento
acompanhadopelo aumento do retardo mental e das anorma- de incidência de djstfrbitrsde comportamento menores, como hi-
lidades físicas. peratividade, dxÍ-Frrjt de atenção e dificuldades de aprendizagem-
asâã
H4 f Capítulo e GENÉTICA MÉDICA
mossomos extras ou células espennáticas humanas
ausentes. As
podem ser estudadas por meio da análise FÍSH ou depois de sua
Fusão com (JVÔCÍÍDS de hamster, de modo que o seu DNA após
o início das mitoses se condensa, facilitando a visualização
dos cromossomos. A frequência da aneuploidia nestas células
espermãticas encontra-se entre 3% e 4%. As anormalidades es-
truturais (ver discussão posterior] são encontradas em cerca de
1% dos ovócitos e 5% das células espermáticas, e a incidência
aumenta com o aumento da idade patema. Sem dúvida, esta
elevada taxa de anormalidade cromossômica contribui muito
para a ocorrência de abortamento em gestações posteriores.
Estas abordagens, apesar de inionnativas, podem implicar
alguns questionamentos. Por exemplo, as mães que realizaram
Fertilização in vitro não constituem uma amostra representativa da
população. Além disso, seus ovócittrs foram estimulados artifi-
cialmente, e apenas os ovócitos que não puderam ser fertilizadros
pelas células espermáticas são estudados. Assim, os próprios ovó-
citos poderiam não ser uma amostra representativa. Às células
espennáticas estudadas nos híbridos homem-hamster represen-
FIGURA 6-13 tam apenas aquelas que são capazes de penetrar no ovócitt) do
Homem portador da síndrome de Klinefelter (47,XXY). Há aumento de estatura, hamster e também podem não ser uma amostra representativa.
pode haver ginecomastia, e a forma do oorpo pode ser relativamente feminina. A análise FISH da aneuploidiapode avaliar milharesde células
(De McKusick VA:J. Chronic Dis 1950; 12-1-2ü2.) de modo relativamente rápido, o que é Luna vantagem importante
sobre a tecnica homem-hamster. Em geral, os estudos de FISH
Os cariótipos 47300( e 47,XYY são encontrados assinalaram resultados similares aos da técnica homem-hamster,
em cerca de 1/1000 mulheres e homens, mostrando que, em media, a Frequência da dissomia é aproxima-
respectivamente. Cada qua] envolve um ligeiro grau damente 0,15% pan cada cromossomo autossômict)e 0,26% para
de redução do QI, mas poucos problemas físicos. os cromossomos sexuais. Estes estudos também confirmaram Lima
tendência para elevadas Frequências de eventos de não disjunção
ANORMALIDADESCROMOSSÔMICÀS E ABDRTAMENTO dos cromossomos sexuais e alguns dos cromossomos acrocêntn-
Durante muito tempo Foi difícildetectar com certeza os estágios oos, inclusive o cromossomo 21 nas células espermáticas.
iniciais da gestação. Msim, era possivel que Luna mulher engravi-
dasse e abortasse o embrião antes de saber da gravidez. Testes sen- A perda gestacional é comum nos humanos, incidindo
síveis de gonadotrofina coriônica urinária que aumentam quando aproximadamente em um terço dos apartamentos
os embriões se implantam na parede uterina permitiram aos pes- espontâneosdepois da implantação. As anormalidades
quisadores assinalarcom exatidão a presença da gestação neste es- cromossômicas que foram estudadas nas células
tágio inicial. Ó acompanhamento das mulheres cuja implantação espermáticas, nos ovócitos, nos abortamentos e natimortos
to¡ detectada desta maneira revelou que um terço de todas as são uma causa importante de perda gestacional.
gestações se perde logo depois do implante (não se conhece o
nifnnero de gestações perdidas antes da implantação)- Consequen- ANORMALIDADESDA ESTRUTURAGROMOSSÔMICA
temente, a perda espontânea da gestação e comum nos humanos. Alem da perda ou do ganho de cromossomos inteiros, partes
Carmo mencionamos anterionnente, as anonnalidades cro- de cromossomos podem ser perdidos ou duplicados durante a
mossômicas são a principal causa conhecida de perda gestacional. formação dos gametas, e o arranjo das porções dos cromosso-
Calcula-se que, no mínimo, entre 10% e 20% das concepções mos pode ser alterado. As anonnalidades cromossômicas es-

apresentam Luna anonnalidade cromossômica, e pelo menos truturais podem ser não balanceadas (o rearranjo causa ganho
95 '-16 destas são perdidas antes do tenno. Os estudos de carioti- ou perda do material cromossômico) ou balanceadas (o rear-

pagem dos abortamentos indicam que cerca de 50% das anorma- ranjo não produz perda ou ganho de material cromossômictr).
lidades cromossômicas são trissomias, 20% monossomias, 15% Ao contrário da aneuploidia e da poliploidia, as anormalidades
são triploides e o restante e' Formado por tetraploides e anorma- estruturais equilibradasfrequentemente não produzem conse-
lidades estruturais. Algumas anormalidades cromossômicas são quências graves para a saúde. No entanto, as anormalidades
comuns na concepção, raramente ou nunca chegam a termo. Por da estrutura cromossômica, especialmente as não balanceadas,
exemplo, a trissomia 16 é considerada a trissomia mais comum podem produzir doenças graves nos indivíduos ou seus filhos.
na concepção, mas nunca é vista nos nascimentos vivos. As alterações da estrutura cromossômica podem ocorrer
É possivel estudar as anormalidades cromossômicas direta- quando cromossomos homólogos se alinham de modo ina-
mente nas células espermáticas e nos ovócittrs. Os ovócitos são dequado durante a meiose (p. ex., Crossing-over desigual, como
geralmente obtidos a partir de material não utilizado em estu- foi descrito no Capitulo 5]. Além disso, quebras cromossô-
dos de fertilização in vitro. Os cariótipos obtidos a partir destas micas podem acontecer durante a meiose ou mitose. Existem
células indicam que 20% e 25% dos ovócittrs apresentam cro- mecanismos de reparação destas quebras, e, geralmente, esta
Cirogenerfca Clínica: A Base cromossomos da Doença Humana f H5

quebra é perfeitamente corrigida, sem lesão para a célula filha.


Às vezes, no entanto, as quebras permanecem ou são emen-
dadas de um modo que altera a estrutura do cromossomo. A
probabilidade de (Joorrência de uma quebra cromossômica cromossomo der(3)
3 nonnal
pode aumentar na presença de alguns agentes nocivos chama-
dos clastogênicos. Os clastogênicos identificados nos sistemas
experimentais incluem as radiações ionizantes, algumas infec-
ções viróticas e alguns agentes químicos-
Translocaçües -›
Uma transloeação consiste no rearranjo do material genético
entre cromossomos não homólogos. As translocações balan- T
eeadas representam uma das mais comuns anormalidades cro- cromossomo
6 nonnal '
) dada)
mossômicas nos htunanos, ocorrendo em um em cada 500 a i
1.000 indivíduos (Tabela 6-2)- Existem dois tipos básicos de '_l
translocações, recíprocas e robertsoniana. l_ _o
A Ganltor
Translocações Recíprocas
Encontramos translocações recíprooas quando ocorrem quebras
em dois cromossomos diferentes e há troca mútua de material.
Os cromossomos resultantes são chamados de cromossomos
derivados. O portador de uma transloeaçãt: recíproca geralmen-
te não é afetado porque ele ou ela apresenta um complemento
cromossomo dada)
3 nonnal
normal de material genético. No entanto, o filho do portador
_ _ _

pode ser nonnal, ser portador da translocaçãt) ou ainda apresen-


tar duplicações ou deleções do material genético.
Um exemplo de uma transloeação recíproca entre os cro-
mossomos 3 e 6 encontra-se na Figura 6-14- A metade distal
do braço curto do cromossomo 6 é translocado para o braço
curto do cromossomo 3, e Lll11 pequeno pedaço do cromossomo
3 é translocado para o braço curto do cromossomo 6. Se as cromossomo cromossomo
6 nonnal 6 nomial
uma 6-2
Prevalência de Anormalidades Cromossômicas nos Neonatos
Anormalidada Prevalência ao Nascer
B
Síndromes Autossomis
FIGURA 6-14
Trissomia21 11800 A, O genltor apresenta uma lranslocaçao reelproca balanceada envolvendo os
Trissomia 1B M6000 braços curtos dos cromossomos 6 e 3. O braço curto distal do cromossomo 6
to¡ translocado para a extremidade distal do cromossomo 3. Um pequeno pedaço
Trissomia 13 1110000 do cromossomo 3 e ligado ao 6 derivativo. Esta pessoa teve uma criançawjos
cromossomos estão exibidos ao lado em B. A criança recebeu o cromossomo
Rearranjos não balanoeados 1X1 ?DOO derivativo 3 (com parte do braço curto do cromossomo 6 ligado) e o cromossomo
Rearranjos balanceados 6 normal; do outro genltor, a criança recebeu um 3 normal e um 6 normal.
Transloções robertsonianas 1x1 ,000 consequentemente_ a criançaapresentou uma trissomia parcial do braço curto do
6 e prmumlvelmente uma pequena delação do braço curto do cromossomo 3.
Translocações reclprocas 1/11.U00
translocações ocorrenn em 3p13 e 6p14, o cariótipo é desig-
anormalidades dos cromossomos Sexuais nado 46,XX t[3¡ó](pl 3¡p14). O lili-io desta mulher recebeu o
47_XXY U1 .000 nascimentos de meninos cromossomo 3 derivado, chamado der(3), e o 6 normal¡ assim,
a criança é portadora de uma trissomia parcial da porção distal
47,XYY 111.000 nascimentos de meninos
do cromossomo 6 (i. r., trissomia 6p)- Esta e uma síndrome cro-
45x* 1,l5.000 nascimentos de meninas mossômica bem estabelecida apesar de não ser Frequente-
471m( 111 .000 nascimentos de meninas
As translocações reciprocas são causadas por
Todas as Anormalidades Cromossõmicas duas quebras em cromossomos diferentes. com
Distúrbios autossdmleos e W230 uma subsequente troca de material. Apesar de os
rearranjos não balanceados portadores das translocações recíprocas balanceadas
Ftearranjos balanoeados 11500* geralmente apresentarem ienótipos normais, seus
*0 caridipo 45)( conespondea certa da metade dos caem da smdromede Tumor
filhos podem exibir uma trissomia parcial ou uma
monossomia parcial e um fenótipo anonnal.
H6 r Capcom 5 GENÉTICA MÉDICA
Translocações Robertsonianas trissomia 14,
monossomia 14, monossomia 21 ou trissomia 21
N as translocações robertsonianas, os braços curtos de dois cro- (observe que estas trissomias e monossomias são geneticamente
mossomos não homólogos se perdem e os braços longos se fun- as mesmas que as tnssomias e monossomias produzidas pela não
dem no centrômero para formar um único cromossomo (Fig. djsjunçãoporque apenas os braços longos destes cromossomos
6-15). Este tipo de translocação está conlinada aos cromosso- contêm material geneticamente signircicativo)- Os fetos porta-
mos acrocêntñcos [13, 14, 15, 21 e 22), porque os braços curtos dores das três primeiras possibilidadesnão sobrevivem a tenho,
destes cromossomos são muito pequenos e não contêm material e a última translocação resulta em uma criança com três cópias

genético essencial. (como os portadores das translocações ro- do braço longo do cromossomo 21 e Lun fenótipo da sindrome
bertsonianas não perdem material genético essencial, são Feno- d.e Down. As translocações mbersonianas são responsáveis por
tipicamente normais, mas apresentam apenas 45 cromossomos aproximadamente 5 96 dos casos da sindrome de Down.
em cada célula. Seus lilbvos, no entanto, podem herdar um braço Acredita-se que os três tipos de gestações compatíveis com
longo extra ou ausente de um cromossomo acrocêntrico. a sobrevida ocorram em frequências iguais. Um terçt) seria
Uma translocação nrbertstzuniana comum envolve a Fusão dos completamente normal, um terço seria portador da transiti-
braços longos dos cromossomos 14 e 21. O cariótipo de Lll11 por- cação, mas Fenotipicamente normal, e um terço seria portador
tador desta translocaçãt) do sexo masculino é 45,X-Y,der(14,-21 ) da sindrome de Down. Em parte devido à perda pré-natal, a
(q10,›qIO). Esta pessoa só possui um 14 nonnal e 21 normal, e Frequência real de recém-nascidos com a sindrome de Down
tem um cromossomo derivado de uma translocação dos braços é inferior a um terço [cerca de 10% a 15% para as mães que
longos inteiros dos cromossomos 14 e 21- Durante a meiose são portadoras da translocação, e apenas 1% a 2% para os pais
nesta pessoa, o cromossomo translocado ainda precisa parear portadores). O risco de recorrência, contudo, e' superior ao
com seus homólogos. A Figura 6-16 ilustra as maneiras pelas risco dos pais de urna criança com a síndrome de Down cau-
quais estes cromossomos podem segregar-se nos gametas For- sada por não disjunção (196 para mães com menos de 30 anos
mados pelo portador da translocação. Se ocorrer segregação de idade). Esta diferença no risco de recorrência demonstra
alternativa, então o Filho pode ser tanto cromossomicamente porque é Fundamental solicitar Lu'n estudo genético quando: se
nonnal quanto apresentar Luna translocação balanceada com um suspeita de uma condição como a síndrome de Down.
fenótipo normal. Se um dos padrões de segregação adjacente
(incorrer, então os gametas são não balanceados e o Filho pode ter As translocações robertsonianasocorrem quando os braços
Translocações robartsonlanas
longos de dois cromossomos acrocêntioosse fundem no
centrômero. 0 portador de urna translocação robertsoniana
pode produzir conceptos com monossomia ou trissomia do
braço longo dos cromossomos acrocêntricos.
Deleções
Uma deleção e causada por uma quebra cromossômica e uma
subsequente perda de material genético. Uma única quebra
levando a uma perda que inclui a ponta do cromossomo e cha-
mada de deleção terminal. Uma deleção intersticial ocorre
na presença de duas quebras e o material entre as quebras se
perde. Por exemplo, um segmento cromossômict) com DNA
normal pode ser representado por ABCDEFC- Uma deleção
intersticial poderia produzir a sequência ABEFC, e uma dele-
cromossomo 13 t(13;14) cromossomo 14 ção terminal poderia produzir ABCDE.
Em geral, Lun gameta contendo um cromossomo com uma
deleção se une a um gameta normal para formar um zigoto.
O zigoto então apresenta um cromossomo normal e um hon-
mólogo com a deleção. Deleções microscopicamente visíveis
envolvem em geral múltiplos genes, e as consequências da
perda desta grande quantidade de material genético em um
dos membros do par de cromossomos pode ser grave. Depois
das três aneuploidias autossômicas descntas acima, as sindro-
mes de deleção autossômicas formam o grupo mais comum de
anormalidades (Jromossômicas clinicamente significativas.
Um exemplo bem conhecido de uma sindrome de deleção
cromossômica é a sindrome do maia-chat. Este termo (Francês,
"choro do gato") descreve o choro característico da criança. Este
choro em geral se toma menos óbvio com o passar do tempo,
FIGURA 6-15
Em uma transloção robcrisoniana mostrada aqui, os bracos longos de tornando o diagnóstico clínico mais diliicil depois de 2 anos de
dois cromossomos acrocentricos [13 o 14) se fundem, fomtando um único idade. A sindrome do CfÍ-dH-Cbúl é causada por Luna deleção da
cromossomo. região distal do braço curto do cromossomo 5, e o cariotipo e"
Crrogenetfoa Crfnrea: A Base Cromossomrea da Doença Humana f H7

cromossomos sm um gonltor portador FIGURA 6-16


do uma manslocação rnbortsonlona 14r21 Os possíveis padrões de segregação para os
gametas formados por um portador de uma
transloçao robertsoniana. A segregação
alternada [apenas quadrante a, ou quadrante
segregação na molosa b com quadrante e) produz um cromossomo
O com constituição nomral, ou um portador
da translocação com um fenótipo normal.
A segregação adiacente (quadrante acom
b, quadrante o isolado, quadrante acom o
ou quadrante b isolado) produz gametas
não balancdos e resultará em concepções
oom a sindrome de Doum por translocação,
monossomia 21_ trissomia 14 ou monossomia
14, respectivamente. Por exemplo, a
monossomia 14 é produzida quando o genitor
cromossomo t(14q21q) cromossomo portador da translocação transmite uma copia do
14 21 cromossomo 21, mas não transmite uma copia
do cromossomo 14 [como no quando inferior
Posslvals comblnçõos cromossômlcns om direito).
um gmata tronsmltadas para o tllho

Altomadn Adlaconoo
(balonoood) (não hnlncenda]
ITI
b -
c a a -
b c a -
c b

O O O
O

Gametas em um gonltor normal


O

Possíveis combinaçõescromossõmloas no Illhoda


um gonltor norml o do um portador da translocação
b-c a a-b c a-c b

no
14
Normal
21
O

Translocaçào
O

Síndrome de
OO

Monossomla
O

Trissomia Monossomla
balanceada Down por 21 14 14
t(14q21 q) translocação
na I capitulo a GENÉTICA MÉDICA
46,XY,del(5p). É encontrada em aproximadamente um a cada e o desenvolvimento de grandes números de polimorlismos fa-
50.000 nascimentos vivos, sendo caracterizadapor retardo men- cilmente identiñcáveis, permitiram a detecção de deleções, que
tal (QI médio em torno de 35), microcefalia (cabeçapequena) e Frequentemente eram pequenas demais para serem observadas
aspecto facial característico, mas não distinto. Apesar de as taxas microscopicamente (i. z., Mb).
< 5
de mortalidade serem elevadas, muitas pessoas portadoras da sín- A sindrome de Prada-Willi,um distúrbio discutido no Ca-
drome do cnlclu-cbat atualmente sobrevivem até a vida adulta. pitulo 5, é um bom exemplo de uma síndrome de microde-
A síndrome de Woll-Hirschhorn (Fig. 6- i ?L causada por leção. Apesar de esta condição ter sido descrita na década de
uma deleção da porção distal do braço curto do cromossomo 1950',foi somente após 1981 que técnicasavançadasde bandea-
4, é outra síndrome de deleção bem caracterizada. Outras dele- mento detectaram uma pequena deleção nas bandas cromos-
ções bem cronhecidas incluem as do l8p, l8q, e l3q. Cpm a ex- sômicas 15qI 1-q13 em cerca de 50% destes pacientes. Com o
ceção da sindrome de deleção 18p, Cada uma destas desordens uso de técnicas moleculares, deleções que eram pequenas de-
é relativamente distinta e o diagnóstico pode com frequência mais para serem detectadas pela citogenética também Foram
ser estabelecido antes da obtenção do cariótipo- As característi-
cas das síndromes de deleção I 8p são mais sutis, e em geral esta "Embora os créditos da primeira descrição completa da sindrome de Prader-
condição é reconhecida quando uma análise Cromossômica for Willi, em 1956, tenham sido atribuídos a Prada', em 1887_Iol1n langdon
Dmvn [da 'Famosa síndrome de Down) publicou uma descrição bastante com-
realizada para avaliar um atraso do desenvolvimento. pleta deste distúrbio.

Síndromes de Mlcrodeleção
Todas as deleções descritas até agora envolvem relativamente
grandes segmentos de cromossomos, e muitas delas foram des-
critas antes do desenvolvimento das técnicas de bandeamento
cromossômico. Corn advento das térmicas de bandeamento
o
de alta resolução, tornou-se possivel identilicar microscopica-
mente um grande número de deleções que eram previamente
pequenas demais para serem detectadas. Além disso, avanços
em genética molecular, especialmente a técnica FISH (Fig. 6-4)

FIGURA 6-18
A, Menina portadora da sindrome de Williams, ilustrando características
faciais tipicas: fronte ampla, tissuras palpebrais curtas, ponte nasal
baixa, narinas antevertidas, filtro longo, bochechas cheias, boca e labios
FIGURA 6-1 'l' relativamente grandes_ B, Angiograma ilustrando a estenose aortica
Criança portadora da sindrome de WoIt-Hirschnorn (46,XX,deI[4p]). Observe supravalvular [estreitamento da aorta ascendente (seta).
o espaço aumentado entre os olhos e a lenda labial corrigida. (Cortesia de Adams Keating Universidade de Harvard.)
Cirogenerica Clinica: A Base Cromossdmrca da Doença Humana f H9

identificadas. No total, cerca de 70% dos casos de Prader- Hirschhorn, por exemplo, pode ser produzida pela deleção
Willi são causados por microdeleções em 15q. de apenas um segmento telomérico muito pequeno de 4p. Em
Devido ao imprinting, uma microdeleção de material do algumas circunstâncias,genes especificos responsáveis por sin-
cromossomo 15 herdado do pai produz a sindrome de Pra- dromes de anormalidades cromossômicas podem ser precisa-
der-Willi, enquanto uma microdeleção do cromossomo 15 mente localizados. Por exemplo, as pessoas com uma deleção
derivado da mãe produz uma sindrome Fenotipicamente dis- em t Ip podem apresentar-se com uma série de caracteristicas,

tinta, a sindrome de Angelman (Capitulo 5). incluindo tumor de Wilms (um tumor de rim), aniridia (ausên-
A síndrome de Williams, que se caracteriza por retardo cia da iris), anormalidades genitourinãrias* e retardo mental
mental, estenose aórtica supravalvular [SVASJ, estenoses de (às vezeschamado de síndrome WAGR). Os genes respon-
múltiplas artéria; pulmonares periféricas, características fa- sáveis pelo tun1or renal e pela aniridia Foram recentemente
ciais típicas, malfonnações dentárias e hipercalcemia, é outro identificados e clonados- Como a síndrome WAGR envolve
exemplo de sindrome de microdeleção (Fig. 6-18). a deleção de uma série de genes adjacentes, ela é às vezes de-
Uma série de análises moleculares identilicou alguns dos signada como Lun exemplo de uma síndrome de genes contí-
genes responsáveis pelo fenótipo da síndrome de Williams_ O guns- Àlém de microdeleções, microduplicações também são
gene que codilica a elastina, ELN, por exemplo, localiza-se na capazes de produzir síndromes de genes contiguos.
região critica da sindrome de Willians e se expressa nos vasos Algumas das síndromes de microdeleções, como as sindro-
sanguíneos. A elastina é Lun componente importante da pare- mes de Prader-Willi e Williams manifestam deleções de uma
de aórrica (microfibrilas que foram discutidas no Capitulo 4, região critica de tamanho muito consistente (p. ex., 4 Mb para
no contexto da síndrome de Marian, são outros componen- a síndrome de Prada-Willi). Estudos recentes demonstram que
tes). As mutações ou deleções da elastina resultam em SVAS isto é causado pela presença de múltiplas sequências repetidas,
isolada sem as outras características da síndrome de Willians. chamadas repetições de poucas cópias (LCRs, de low-copy
Deleções maiores, abrangendo genes adicionais, produzem rcpeats] (Capítulo 2], nos limites da deleção. Estas sequências
o fenótipo completo da sindrome de' Williams- Um segundo repetidas promovem um Crossing-over desigual [Capitulo 5], que
gene na região critica, LÍJHKI, codifica uma quinase expressa então produz duplicações e deleções na região limitada pelos
no cérebro, que pode' estar envolvida nos defeitos da cognição elementos de repetição.
visuoespaciais observados nos pacientes com deleções par- Diversos exemplos adicionais de microdeleções encontram-se
ciais da região crítica, afetando apenas os genes EIN e LLMKI. na Tabela 6-3_ Muitas destas condições, inclusive as síndromes de
Estas pessoas apresentam SVAS e deficiência cognitiva visuoes- Prader-Willi, de MÍllCf-Ditlitf, de Williams e velocmditllaciais
pacial, mas nenhuma das outras características da síndrome de (Comentário Clinico 6-3), estão sendo atualmente diagnostica-
Williams. das por meio das técnicas de FlSH ou CGH.
Bandeamento de alta resolução e técnicas de genética mo-
lecular Frequentemente têm levado a uma especificação mais
*Clorno os individuos portadores da sindrome WACR também apresentam go-
exata na região cromossõmica (Jritica que deve estar deletada nadohlastnmas (tumores das gônadas), alguns especialistas alirmam que o "C"
para caLLsar uma detenninada sindrome'. A sindrome de Wolf- deve representar gonadnblastomaem vez de anormalidades genitourinánas.

msui e-a
Síndromes de Microdeleção*
sindrome característicasclínicas Dotação cromosaõmica
Prader-Willi Fletardo mental, baixa estatura, obesidade, hipotonia, faces racterlstica, pes pequenos 15q11-13
Angelman Fletardo mental, ataxia, risos descontrolados, convulsões 15q11-13
Langer-Giedon Face racterlstica, cabelos esparsos, exostose, retardo mental variável 8q24
MiIIer-Dieker Lissenoefalla, face racterlsti 1?p13.3
velodiofacialfDiGeorge Face racterlstica, fenda palatina, defeitos rdlacos, time pouco desenvolvido
Smith-Magenta Fletardo mental, hiperatividade, caracteristicas dismorficas, comportamento autodestrutivo
Williams Atraso de desenvolvimento_ face caracteristicaEstenose aortica supravalvular
Aniridia, tumor de Wims Fletardo mental, aniridia, predisposição ao tumor de Wilms, defeitos genitais
Deleção 1p3B Hetardo mental, convulsões, perda de audição, defeitos rdlacos, dificuldade de crescimento,
caracteristicasfaciais distintas
Rubinstein-Taybi Fletardo mental, polegares e háluces, primeiros pododáctilos largos, aspectos faciais
caracteristicas, anormalidades vertebrais e de esterno, estenose pulmonar
Alagille Ictericla neonatal, vértebras em borboleta, estenose valvular pulmonar, aspectos faciais
característicos
'Na maioria arestas condiçoes', apenas alguns casos são ;trovoadaspelas mfcrodeleçoos relacionadas;outros rasos podem ser causadospor mutações de um único gene dentro
da mesma região.
120 f Capltuio 6 GENÉTICA MÉDlCA

A sequencia' de DiGeorge se caracteriza por defeitos estruturais ou funcio- entre estes dois gmpos de pacientes. Ambas as regiões com 1,5 e 3 Mb
nais do timo, defeitos cardíacos conotmncais, hipoparatireoidismo(redução são cercadas por repetições de poucas cópias lLcFtsi, consideradas ca-
da função paratireoidiana) e hipocaloemia secundária [redução do calcio se- pazes de promover um Crossing-over desigual, e portanto, delação, nesta
rico). Este padrão de malformações e causado por uma alteração da migra- região. Um dos genes, localizado na região deletada, TBM, codifica um
ão embriônicadas celulas da crista neural para as estruturas em desenvol- fator de transcrição que ajuda a regular a migração das celulas da crista
vimento do pescoço. Na decada de 1980, descobriu-se que algumascrianças neural e o desenvolvimento de estruturas faciais, do timo, da paratireoide e
com a sequencia de DiGeorge apresentam uma deleção de parte do braço do coração. Nos modelos animais, em camundongos, a haploinsuficiência
longo do cromossomo 22, muitas vezes relacionadas com uma translocação em Txbi produz muitas das característicasda sequência de DiGeorge e da
não balanceada entre este e outro cromossomo. Isto levou à hipotese de que síndrome VGF.
genes no cromossomo 22 eram responsáveis por esta condição. Este exemplo ilustra como os estudos citogenetioos podem demonstrar
Independente deste estudo, uma condição chamada de sindmme velo- relações biológicas potenciais entre as síndromes genéticas. Outros estu-
cardiofacial (VCP), ou sindrome de Shprintzen, foi descrita no final da decada dos estão em curso para caracterizaros genes individuais nesta região e o
de 1970. Esta sindmme abrange anormalidades do palato (veio) Gncluindo modo pelo qual contribuem com a vedação fenotípica vista na sequência de
fenda palatina), uma aparência facial característica e, em alguns casos, DiGeorge e na sindrome VCF.
malformações cardíacas. adicionalmente, estes pacientes apresentam difi-
culdade de aprendizagem ou atraso no desenvolvimento- Descobriu-se pos-
teriormente que algumas pessoas portadoras da VCF apresentam celulas T
disfuncionais (estas celulas amadureoem no timo) e algumas apresentam
todas as caracteristicasda sequencia de DiGeorge. Isto sugeriu que a se-
quencia de DiGeorge de algum modo esta relacionadacom a síndmme VCF.
A semelhança entre a sequencia de DiGeorge e a síndmme VCF levou a
hipótese de que ambas as condições são causadas por anomialidades no
aomossomo 22. Estudos cromossomioos de alta resolução, incluindo FISH,
em pacientes portadores da sequência de DiGeorge e nos pacientes com a
sindrome VCF revelaram pequenas deleçñes do cromossomo 22 em ambos
os grupos. Estes estudos também ajudaram a delimitar mais precisamente
a região critica que provoca ambas as condições. Aproximadamente 80% a
90% das crianças com a sequencia de DiGeorge apresentam uma microde-
lação de 3 Mb da região 22q11 .2, e 80% a 100% dos pacientesportadores
de VCF apresentam a mesma microdeleção. Alem disso, 15% a 20% dos
pacientesportadoras de defeitos conotruncais isolados exibem esta delação.
Assim, a maioria das pessoas portadoras tanto da sequencia de DiGeorge
como da síndmme VCF apresentam uma microdeleào do 22q11.2 e são
descritas coletivamente como portadoras da síndrome de delação 22q11.2.
Com uma prevalência de um a cada 3.000 a 4.000 nascimentos vivos, esta
e a síndmme de microdeleção humana mais comum.
Aproximadamente 90% das pessoas portadoras de microdeleções
22q11.2 perderam a mesma região de 3 Mb que contem cerca de 35
genes. Outros 8% tem urna delação menor, 1,5 Mb, localizada dentro da
regição de 3 Mb. Não são encontradas diferençasfenotipicas consistentes

'Umasnrplnclaedsfíorlfacomosendommséríedeaiteraçoestodascaosaobsporwn Face de um menino portador da sindrome de delação 22q11. Observe dorso


derem¡ postado mto (ver HBÍDIES discussões no Camilo i5). Na semente de DiGeorge, nasal esbeito e elevado, raiz nasal quadrada e filtro nasal um pouco liso.
ooelermpdmãrroéwmarmmafrhaoammryraçãocascaurasrbüfsfzneorai. (Cortesia de Dr tirano M. Bird, Cnfidreo's Hospital, Sao Diogo.)

As microdeleções são um subtipo de delação genética. Estima-se que pelo menos 5% dos casos de retardo
cromossômica que só pode ser observado em mental inexplicado é causado por rearranj os subtelciméricos. O
cromossomos bandeados ou, em alguns casos, usando mais comum entre estes rearranjos é uma cleleção de milhares
abordagens de genética molecular. As síndromes de pares de bases no cromossomo 1p36, que é encontrado em
causadas pela delação de uma série de genes adjacentes aproximadamente um em 5.000 nascimentos_ Esta condição,
são às vezes chamadasde síndromes de genes carregues. chamada de sindrome de moncrssrtmia 1p36, está associada a
retardo mental, atraso do desenvolvimento neuropsieomotor,
convulsões, diminuição da audição, defeitos cardíacos, hipo-
Rearranlos Subtelomerlcos tonia e aspecto Facial característico (Fig. 6-19).
As regiões próximas aos telômeros dos cromossomos costu- Coleções de sondas das regiões subteloméricas foram ob-
mam apresentar uma elevada densidade de genes. Consequen- tidas, de modo que a análise FISH de cromossomos metaiási-
temente, os rearranjos dio material genético (p. ex-, deleções, cos pode ser realizada para determinar se houve uma deleção

duplicações) nestas regiões resultam Frequentemente em doença ou uma duplicação subtelomérica em detenninado paciente.
Cirogenerica Clínica: A Base cromossomos.: da Doença Humana f 121

Cada vez mais estão sendo realizados estudos comparativos de


hibridização genômica (CGH, discutida anteriormente), hi-
bridjzando diferenciaimente amostras de pacientes marcadas
e amostras de DNA controie em mícroamzys contendo sondas

eonespondentes a todas as regiões subteloméricashumanas. Se


uma região subtelomérica está duplicada ou deletada, o DNA
do paciente exibirá tanto uma hibridização excessiva quanto
deficiente em reiaçãt) à sonda correspondente àqueia região.

Os rearranjos subteloméricos envolvem deleções


ou duplicações do DNA em regiões ricas em genes
próximas aos telõmeros. Eles podem ser detectados pela
hibridização com sondas especificamentedesignadas
para FISH em cmmossomos metafásiars ou por meio de
hibridização genômica comparativa do paciente e DNA
controle em mrbmarrays contendo sondas subtelonréricas.
FIGURA 6-19 Dlssomla Unlparental
Face de um menino portador da sindrome de deleção 1q36. Observe as
sobrancelhas horizontais, a larga ponte nasal e o queixo pontudo_ Como já Foi discutido anteriormente, aproximadamente ?O96 dos
casos da síndrome de Prada-Wim são causados por micmldeie-
ções. A maioria dus casos remanescentes envolve uma dissomia
uniparental (di="dois"), uma condição em que LIJTI dos pais for-
neceu duas cópias de um cruumnssomo e o orutro não forneceu
nenhuma cópia (Fig- 6-20)- Se um genitor fornecer duas cópias de

Pal Mãe


\ \./
seo”
Célula Om Célula

Zlgoto com Zlgoto


dlssomla ulssümlco
unlparental

Perda cromossómlca
produz celulas com
B dlssomla unlparental

FIGURA 6-20
Dois mecanismos capazes de produzir dissomia uniparental. A A não disjunçãoparental produz uma celula espermati oom duas copias de um cromossomo
especifico, e a nao disjunção matema produz um ovo sem copias do mesmo cromossomo. O zigoto resultante apresenta duas copias do cromossomo paterno
e nenhuma do cromossomo materno (neste exemplo, o pa¡ contribui oonr ambos os cromossomos, mas também e possivel que a mãe contribua com ambos os
cromossomos). B, Não disjunção (neste exemplo, na mãe) resulta em um zigoto trissomieo. A perda do cromossomo paterno durante a mitose produz celulas
embrionicas com duas copias do cromossomo materno.
122 x captura a GENÉTICA MÉDICA
Lunhomólogo, a condição é chamada de isodissomia. Hetemclis-
somia ocorre quando o genitor fornece uma cópia de cada homo-
logo. A isodissomia ou a hetero-dissomia de um cromossomo que A
contém genes impressos (imprinttd) podem causar doencas como Centrõmero
a síndrome de Prada-Willi (í. E., a transmissão de duas cópias da
mãe e nenhuma do pai significa que o Filho não recebe nenhum
gene paterno ativo na região imprintrd, ver Cap. 5) A isodissomia
pode resultar em Luna doença autossômica recessiva no lilho de
mn genitor heterozigoto se o pai Fornecer duas cópias do cro-
mossomo homólogo, contendo a mutação que provoca a doença

(Fig. 6-20). O primeiro caso documentado de djssomia unipanen-


\ Centrõmero
tal toi encontrado em uma pessoa portadora de librose cística,
cujo genitor, um portador heterozigoto, forneceu duas cópias do
cromossomo¡ 7 contendo um gene CFTR mutante, enquanto o
outro genitor não Íomeceu nenhuma cópia do cromossomo 7.
Uma dissomia uniparental pode surgir de diversas maneiras.
Urna concepção trissômica pode perder um dos cromossomos
extras, resultando em Lun embrião com duas cópias do cro-
mossomo fornecido por apenas um genitor. A dissomia tam-
bém pode resultar da união de um gameta que contém duas
cópias de Lun cromossomo especílicro com um gameta que não
contém nenhuma cópia deste cromossomo (Fig. 6-20). No
embrião inicial, as células com dissomia uniparental podem
ser produzidas por erros mitóticos, tais como perda cromossô- Nonnal
mica com subsequente duplicação do cromossomo homólogo. FIGURA 6-21
Alem das síndromes de Prada-Willi e Angelman e Fibrose cística, Ambas as extremidades do cromossomo podem ser perdidas, deixando
a dissomia uniparental toi encontrada em casos da síndrome de extremidades adesivas que se ligam entre si, formando um cromossomo em
Krusell-Silver, hemolilia Á (Cap- 5] e sindrome de Beckwith- anel. Um cromossomo 12 em anel e mostrado aqui.
Wiedemann (Caps. 5 e 15). em monossomia para o cromossomo, pelo menos em algumas
células (i. podemos
e., encontrar mosaicismo para o
cromos-
Dupllcaçües somo em anel) Os cromossomos em anel foram descritos em
Uma trissomia parcial ou duplicação de material genético pode pelo menos um caso para cada um dos autossomas humanos.
ser encontrada no Filhode pessoas portadoras de urna transloca-

ção recíproca. As duplicaçõespodem ser causadaspor um Crossing- Inversões


ovzr desigual durante a meiose, como foi descrito para os lot¡ da Uma inversão é o resultado de duas quebras em Lu11 cromossomo
visão colorida ligado ao X (Cap. 5 e para a doença de Char- seguido pela reinserção do Fragmento interveniente no seu local
cot-Marie-Tooth (Cap. 3). As duplicaçñes costumam produzir original, mas em ordem invertida. Deste modo, um cromossomo
consequências de menor gravidade do que deleções, o que de representado como ABCDEFC poderia se tornar ABEDCFCde-
novo ilustra o principio de que a perda de material genético é
pois de urna inversão. Se a inversão incluir o cventrômero, é cha-
mais grave do que um excesso do material genético. mada de inversão peñcêntñca. As inversões que não envolvem o
(Jentrômert) são chamadas de inversõ-es paracêntricas.
As duplicações podem surgir a partir de um Como as translocações recíprocas, as inversões são LllTl rear-
cmssing-overdesigual, ou podem surgir nos filhos ranjo estrutural balanceado. consequentemente, elas raramente
de portadores de translocações recíprocas. As produzem doenças no portador da inversão (entretanto, veja no
duplicações geralmente produzem consequências Cap. 5 que uma inversão que interrompe o gene do fator VIÍÍ
de menor gravidade do que as deleções da mesma produz hemolilia A grave)- As inversões podem interferir na
região. meiose, no entanto, produzindo anonnalidades cromossômicas
nos filhosdos portadores das inversões. Como os cromossomos
cromossomos em Anel devem se alinhar em perfeita ordem durante a prótese l, um cro-
Às vezes ocorrem deleções em ambas as extremidades de um mossomo com uma inversão precisa formar Luna alça para se
cromossomo. As extremidades remanescentes dos cromosso- alinhar com seu homólogo nonnal (Fig. 6-22). O cruzamento
mos podem, então, fundir-se, tonnando um cromossomo em dentro desta alça pode resultar em duplicações ou deleções nos
anel (Fig- 6-21). O cariótipo de uma mulher com um cromos- cromossomos das celulas lilhas- Assim, os lilhos dos portadores
somo X em anel é 46,X,r(X). Se o cromossomo em anel incluir das inversões frequentemente apresentam deleçñes ou dupli-
um centrômero, ele pode Frequentemente evoluir através da cações cromossômicas. Calcula-se que cerca de Luna em 1.000
divisão celular, mas sua estrutura pode criar diliculdades. Ós pessoas apresenta uma inversão e, portanto, está em risco de
cromossomos em anel Frequentemente se perdem, resultando produzir gametas com duplicações ou deleções.
Cirogenetfoa Clínica: A Base cromossomos da Doença Humana f 123

HGURA 6-22
'l 1 uma inversão pericentrica em um cromossomo
-› g
8 causa a fonnação de uma alça durante o
2 6 7 alinhamento de cromossomos homologos
1
5 2 na meiose. D orossing-over nesta alçapode
3 2
4 3 produzir dupIicaçii-es ou deleções do material
3 cromossômieo no gameta resultante. O iilho
4
4 no nto inferior direito recebeu um dos
3
5 4 cromossomos 8 recombmantes deste genitor.
. .

6 2 5
5
6
7 5 7
8 8
1

cromossomo Imersão 8 (A) (Bi


8 normal Recomblnantes
Genltor possiveis no filho

O Crossing-aver durante a *

produziu um iilho com o


cromossomo 8 recombinant:

(B)
Genttor Filho

Figura 6-22 mostra um exemplo de inversão pericêntrica


A mossomo l8q que produz uma cópia extra do braço longo do
no cromossomo 8 (46,XX,inv[8])-Cerca de 5% dos lilhos das cromossomo 18 foi observado nos bebês com a síndrome de
pessoas portadoras desta inversão recebem uma deieçãt) ou Edwards. Apesar de a maioria dos iso-cromossomos parecer
duplicação da porção distal de Bq. Esta combinação resulta ser tomada por uma divisão defeituosa, eles também podem ser
nasindrome recombinante 8, que se caracteriza por retardo originados por meio de translocações robertsonianas de cro-
mental, defeitos cardíacos, convulsões e um aspecto facial ca- mossomos acrocêntricos homólogos (p. ex., Luna translocação
racteristico. dos dois braços longos do cromossomo 21

Inversões cmmossômicas são anonnalidadesestruturais


relativamente comuns e podem ser tanto pericêntricas
üncluindo o oentrñmero) como perioêntricas (não
incluindo o centrômero). Os pais portadores destas
inversões geralmente apresentam um fenótipo normal,
mas podem gerar filhos oom deleções ou duplicações.

Isocromossomos
Às vezes um cromossomo se divide ao longo do eixo perpen-
dicular ao seu eixo usual de divisão (Fig. 6-23). O resultado é
um isoeromossomo, um cromossomo com duas cópias de Lun
braço e nenhuma cópia do outro. Como o material genético
é substancialmente alterado, os iso-cromossomos da maioria
dos autossomas são letais- A maioria dos isocromossomos ob-
servados nos nascimentos vivos envolve o cromossomo X, e
os bebês com o isocromossomo Xq (46,X,i[Xq]) geralmente

apresentam características da síndrome de Turner. O isocro-


124 / Capítulo 5 GENÉTICA MÉDICA
das síndromes cromossômicas será mais bem compreendida
quando os genes individuais envolvidos nestas anormalidades
forem identificados e caracterizados.
Apesar da variabilidadedas síndromes cromossômicas, e'
possivel lazer diversas generalizações:
O A maioria das anormalidades cromossômicas (especialmente
aquelas que envolvem os autossômictrus) está associada a atraso
no desenvolvimento nas crianças e a retardo mental nas crian-

ças mais velhas ou adultos. lsto reflete o fato de que Lu11 grande
número dx: genes hmnanos, talvez um terço ou mais, participa
no desenvolvimento do sistema nervoso central. consequen-

Normal temente, uma anonnalidade cromossômica, que tipicamente


pode afetar centenas de genes, muito provavelmente afeta ge-
nes ligados ao desenvolvimentodo sistema neivoso.
0 A maioria das síndromes cmmossômicas;envolve alterações da
morlogênese lacial que produz dismorliias faciais característi-
cas. Por esta razão, o paciente frequentemente se parece mais
com outras pessoas com o mesmo distúrbio do que com os
membros de sua própria família. Geralmente, as caracteristicas
faciais e anomalias menores da cabeça e dos membros Fome-
cem os melhores indícios para o diagnóstico (Cap. i5).
0 Atraso do crescimento (baixa estatura eÍou ganho de peso
insuficiente na infância) é encontrado comumente nas sin-
dromes autossômicas.
0 Maliormações congênitas, especialmente os defeitos cardia-
cos congênitas, ocorrem com maior Frequência na maioria
dos distúrbios cromossômicos autossômicos. Estes defeitos
lsocromossomo ocorrem em padrões específicos. Por exemplo, AV e VSDs
são comuns nas crianças portadoras da sindrome de Down.
Óutros defeitos cardíacos congênitas, como a coartação
aórtica ou um ventrículo esquerdo hipoplásico [pouco de-
senvolvido), raramente são encontrados nestas crianças,mas
podem ser vistos nas portadoras da síndrome de Turner.
indicações clinicas mais comuns para uma análise cro-
As
mossômica são um neonato portador de múltiplas malforma-
ções, ou uma criança com retardo mental. Um resumo das
situações clinicas em que uma avaliação cromossômica deve
ser considerada encontra-se no Quadro 6-1-

X Isocromosscimo
normal X
QUADRO 6-1
FIGURA 6-23
Acima Divisão oromossômica normal. Centro_ Um isocromossomo se forma Indicações para a Realização da Análise
Cromossômica
quando um cromossomo se divido ao longo de um eixo perpendicular ao seu
eixo usual de divisão. Isto produz um cromossomo com apenas os braços
curtos e outro oom apenas os braços longos. Abaixo. Um cromossomo x 0 Pessoas com strspeita de uma síndrome cromossômica recon-
normal e comparado oom um ¡sooromossomo de Xq. hecida (p. ex-, síndrome de Down)
0 Pessoas com um padrão não reconhecfvel de duas ou mais mal-
formações
afetados. Esta variabilidadeienotipica e o potencial para erros ' Pessoas com genitáliaambígua
de diagnóstico enfatizam a necessidade de solicitar Lun caiiótipo 0 Retartlo mental ou atraso no desenvolvimentoem criançascom
sempre que as características clínicas sugerirem Lima anonnali-
múltiplas anomalias físicas
0 Cenitores e Filhos de pessoas com translocações cromossõmi-
dade cromossômica.
cas, deleções ou duplicações
Geralmente, a base biológicapara a variabilidadefenotfpica 0 Natimortos com malformações congênitas ou sem razão ¡den-
não é conhecida, apesar de que alguns mecanismos, como o tificável para morte fetal
mosaicismo que Frequentemente leva a urna expressão mais Mulheres com baixa estatura proporcional e amenomeia primária
Homens com testículos pequenos ou ginecomastia significativa
branda, estão sendo descobertos. A base da expressão variável
Cilogenefica Clinica: A Base cromossomos da Doença Humana f ?25

As anormalidades cromossômicas resultam tipicamente Ó isolamento dos genes localizados próximos aos pontos de
em atraso do desenvolvimento. aspecto facial característico quebra da translocação (i. c., as localizações nos cromossomos
e diversos tipos de malformações congênitas. Apesar onde ocorrem quebras anteriores ã translocação) ensinou mui-
de existir alguma superposição das características to sobre os efeitos destas translocações. Um proto-oncogene
fenotípicas, muitas anormalidades cromossômicas (Cap. I 1] chamado ABL se desloca de sua posição normal em
podem ser identificadas pelo exame clínico. 9q para 22:1_ Isto altera o produto gênico ABL procovando um
aumento da atividade da tirosina quinase que leva à malignida-
CITOGENÉTICA DO CÂNCER de nas células hematopoiéticas (i. e., as células que formam o
A maioria das síndromes de anormalidades cromossômicas dis- sangue, tais como os linfócitos). Já foram desenvolvidos medi-
cutidas até agora é causada por erros que ocorrem no processo camentos para inibira tirosina quinase codificada por este gene,

meiótico que leva ã formação dos gametas. Os rearranjos cro- fornecendo um tratamento muito mais eficaz para a LMC.
mossômicos também podem ocorrer nas celulas somática, Um segundo exemplo de uma translocação que produz
sendo responsáveis por um número de neoplasias importantes um câncer é o linfoma de Burkitt, um tumor da mandíbula na

nos hmnanos. O primeiro a ser reconhecido foi Luna alteração


infância. Neste caso, uma translocação recíproca envolvendo
os cromossomos 8 e 14 movendo o protcri-(Jnctlgene !NYC de
cromossômicua vista consistentemente nos pacientes portadores
de leucemia mieloide crônica (LMC). inicialmente, foi sugerido 8q24 para 14q32, próximo aos iocí das imunoglobulinas de ca-
deia pesada (Cap. 9). A regulação da transcrição das sequên-
que a alteração cromossômica era uma deleção do braço lon-
do cromossomo 21 ou cromossomo 22. Com o subsequen- cias próximas aos genes das imunoglobulinas então ativam o
go
te desenvolvimento das técnica; de bandas cromossômicas, a JVIYC, dando origem à malignidade-
anormalidade foi identificada como Luna translocação recíproca Foram observados mais de IOO rearranjos diferentes, envol-
entre os cromossomos 9 e 22- 0 cromossomo Filadélfia, como
vendo quase todos os cromossomos em mais de 40 tipos dife-
esta translocação é conhecida eI11 geral, consiste e111 uma trans- rentes de câncer. Alguns deles estão resumidos na Tabela 6-4.

locação da maior parte do cromossomo 22 para o braço longo Cada vez mais, estas translocações estão sendo identificadas
do cromossomo 9. Uma pequena porção distal do 9q por sua vez com cariótipos espectrais. Em alguns casos, a identificação do

é translocada no cromossomo 22. O efeito global desta translo- rearranjo cromossômico leva a Lu11 prognóstico mais exato e
a um melhor tratamento. Assim, a avaliação citogenética das
cação e' um cromossomo 22 menor, o que explica o motivo pelo
qual acreditava anterionnente que o cromossomo Filadélfia
se
células da medula óssea de pacientes portadores de leucemia é
uma parte da rotina do seu diagnóstico. Além do mais, a iden-
era uma deleção. Esta translocação (Fig. 6-24) é encontrada na
maioria dos casos de LMC. tificação e caracterização dos genes alterados nas síndromes
de translocação estão levando a uma melhor compreensão da
careinogênese em geral.

-›
lê ruim 5-4
Alterações Citogenéticas Específicas observadas em
Leucemias Selecionadas e Tumores Sólidos
'lipo

Leucemias
libertação cromossõmica
mais comum

Leucemia mieloide crônica t(9;22)(q34;q11)


cromossomo Leucemia mieloblástica aguda t(8;21)(q22;q22)
9 normal
Leucemia pro-mieiociiicaaguda t(15;1?)(q22;q11-12)
Leucemia mieloide aguda +8,-7,-5 deI(5q), deI(20q)
Leucemia Iinfocitica aguda t(12;21)[p13;q22)
Tumores Sólidos
Linfoma de Burkitt t(8;14)(9q24;q32)
Sarcoma de Ewing li11;22i(q24;a12)
Meningeoma Monossomia 22
cromossomo der(22) Retinoblastoma deI[13)(q14)
22 normal
FIGURA 6-24 Tumorde Wilms deI(11](p13)
Translocaçãoreclpro entre o cromossomo 22 e o braço longo do Neurohiasloma Amplificação N-MYC
cromossomo 9 (o cromossomo Fiiadeliia). A ocorrência desta translocação
em celulas hematopoieticaspode produzir leucemia mieloide cronica
Câncer de mama Ampliiicação HERE/MEU
126 / Capitulo a GENÉTICA MÉDICA
As translocações balanceadas nas células somáiicas tos a determinados agentes alquilantes. Os pacientes portado-
podem às vezes causar malignidades por meio res da sindrome de Bloom também apresentam uma elevada

da interrupção ou alteração dos genes ou de suas incidência de troca de cromátides irmãs nas células somáticas
sequências reguladoras. (troca de material cromossômico entre cTomátides irmãs,- ver
Cap. 2) Cada uma destas síndromes está associada a um au-
mento significativo no risco de câncer. Acredita, se que isto e'
SÍNDRÚMES DE ÍNSTÂBÍLÍDÂDECRÚMÚSSOMÍCÀS o resultado de um erro na replicação ou reparo do DNA, como
Diversas condições autossõmicas recessivas patológicas exi- foi discutido no Capitulo 2.
bem um aumento da incidência de quebras cromossômicas
sob condições laboratoriais especificas. Estas condições, que
são chamadas de síndromes de instabilidade eromossômica, Todas as síndromes de instabilidadecromossômica
incluem a ataxia-telangiectasia, sindrome de Bloom, anemia de envolvem aumentodas frequências de quebras
Fanconi e xerodenna pigmentoso (Cap. 2). Entre os pacientes oromossõmicas e um risco aumentadode
portadores da anemia de Fanconi, a Frequência das quebras maiignidade. Todas estão associadas a defeitos na
pode aumentar ainda mais se os cromossomos forem expos- replicação ou reparo do DNA.

Questões para Estudo

1. Faça a distinção entre haploidia, diploidia,


poliploidja,euploidia e ancuploidia.
2. Explique os usos e vantagens relativas do FISH,
cariotipagem espectral e liibridizaçãogenômica
comparativa (CGH).
3. Descreva três maneiras pelas quais a triploidia
poderia ocorrer.
4. Estudos de cariõtipos obtidos pelo diagnóstico
pré-natal com 10 semanas de gestação (amostra
do vilo coriônico¡ ver Cap- 13) revelam taxas de
prevalência de anormalidades cromossômieas
que diferem dos obtidos nos cariótipos com 16
semanas de gestação (amniocentese, ver Cap. 13).
Explique.
5. Mesmo que condições como a síndrome de Down
e sindrome de Edwards possam geralmente ser
diagnosticas exatamente pelo exame clinico isolado,
o cariótipo está sempre indicado. Por que?

6. Classifique os itens seguintes, do menor para o maior,


em termos de risco de gerar uma criança portadora da
sindrome de Down:

Leituras sugeridas
Albertson DC, Collins C, McCormiclc F, Gray
Ciroganérfca Bianca: A Basa Cramossômica da Doença Humana f 12?

Fleming A, Vilain E. The endless quest for sex detennination Speicher MR, Carter NP. The new (Jytogenetics. Blurring
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Human Cytogenetic Nomenclature. Basel: S. Karger: 2005.
J;
Genética Bioquimica: Desordens Mafabúiicas x' 129

VARIÀNTES DO MÉÍÀBOLISMU monogênicas em crianças. Além disso, estamos começando


Prevalência de Doenças metabólicas a compreender que diferentes alelos de genes que codilicam
Centenas de diferentes erros inatos do metabolismo têm sido enzimas podem alterar seu risco para muitas doenças comuns,
descritos até a presente data, e a maioria deles é rara. Con- tais como diabetes, doença cardíaca, acidente vascular cere-
siderada; em conjunto, no entanto, as desordens metabóli- bral e câncer.
cas representam uma porcentagem substancial da morbidade O diagnóstico de uma desordem metabólica pode ser
e da mortalidade diretamente atribuiveis à doença genética um desafio (Comentário Clinico 7-1); assim, a morbidade

(Tabela 7-1)- Uma avaliação conservadora estima que a inci- associada a defeitos metabólicos é provavelmente subesti-
dência de distúrbios metabólicos seja de aproximadamente um mada. Na década de 1970, uma eneefalopatia metabólica
em cada 2.500 nascimentos, ou de 10% de todas as condições aguda Frequentemente Fatal, chamada síndrome de Reye,

nem 7-1
Desordens do Metabolismo
Nome Prevalência Produto do Gene Mutante Localização
cromossõmica
Desordem do Metabolismo de Damoithltos
Galactosemia class¡ 1,935000 a 1,160000 GaIactose-i-fosiato uridiI transierase 9p13
Intolerância hereditária à frutose 1/20000 Frulose-1 ,B-biiosfato-aldolase 9q13-q32
Frutosúria ~1f100.000 Fruloquinase 2p23
Hipolactasia(adulta) Comum Lactase 2q21
Diabetes melito tipo 1 V400 (europeus) Múltiplos Poligênico
Diabetes melito tipo 2 N20 Múltiplos Poligênico
Diabetes da maturidade com inicio na juventude ~1f40D Múltiplos Loc¡ múltiplos
(MDDY)
Desordens do Metabolismo de Aminoácidos
Fenilcetonúria 1/10000 Fenilalaninahidroxilase
iirosinemia [tipo 1) 1.000.000 Fumarilaoetoacetatohidrolase
Doença da urina de xarope de bordo 1/180000 a-cetoácido desidrogenase de cadeia ramifioada Loc¡ múltiplos
(múltiplassubunidades)
Alcaptonúna 13250000 Ácido homogentlsico-cxidase 3 2
Homocistinúria 1f340.000 Cistationina p-sintase 21q2
Albinismooculocutãneo 1/35000 iirosinase 11q
Cistinose 1,11 00.00 CTNS 17p13
Cistinúria 1x7000 SLG3A1 (tipo 1)
SLCWAB (tipos II e III) 19q13
Desordens do Metabolismo de lipídios
MCAD 1/20000 AciI-GoA desidrogenasc de cadeia media 1p31
LCAD Rara AciI-GoA dcsidrogenase de cadeia longa 2q34-q35
SLO 1/10000 aJ-esterol redutase 11q12-q13
Desordens do Metabolismo de Ácidos Orgânicos
Aoidemia metilmalüni MetiImaIoniI-CoA-mutase
Acidemia propiüni FropioniI-CoA carboxilase
Desordem do ciclo da llreia
Deficiênciade ornitina transrbamiiase 1,i7D.000 a 1f100.000 Ornitina carbamil transferase
Deficiência de carbamil fosfato sintetase 1/70000 a 11100000 Carbamil fosfato sintelase I
Deficiênciade argininossuocinato sintetase 1,311000 a1f1D0.000 Argininossuccinato sintetase
Continua
13o f Capítulo 7 GENÉTICA MÉDICA
uma 7-1
Desordens do Metabolismo -
Continuação
Produto do Gene Mutante Localização
Cromosaômica
Desordens da Produção de Energia
Deficiência de oitocromo o oxidase Peptldeos da oifocromo oxidase Loc¡ múltiplos
Deficiência de piruvafo carboxilase Flara Piruvato rboxilase
Deficiência do complexo da piruvafo desidrogenase Rara Pi ruvato descarboxilase, E,a
(EJ
Deficiência de NADH-Coü redutase Múltiplos genes nucleares Loc¡ múltiplos
Desordem de Transporte de Metal Pesado
Doença de Wilson 1.350.000 ATPYB
Doença de Menkes 12501100 ÀTPTA
Hemocromatose 1x20!) a V400 (europeus) HFE
Acrodermalite enteropáti Flara SLGSQA#
LCAD, eco-CM obsidmgenese de ::ideia longe; MCA D, eco-coa desidrogenese de cadeia media; sw, sindrome de Smrtli-Lemlf-Uprtz.

foi diagnosticada em muitas crianças. Nas décadas seguin- para fenilcetonúriae galactosemia¡ (Capítulo 13) continuam
tes, soube-se que algumas crianças com uma encefalopatia sendo os testes de triagem mais comumente utilizados em
indistingufvel da síndrome de Reye tinham uma desordem base populacional para doenças metabólicas. O Teste do
do ciclo da ureia que causava hiperamonemia (aumentodos Pezinho Expandido, que detecta diversas doenças verifican-
níveis de amônia circulante) e morte- O reconhecimento do a presença de metabólitos anormais no sangue, e cada
da sindrome de Reye como fenocópia de uma desordem do vez mais comum. Como a tecnologia de exames rápidos
ciclo da ureia é importante porque, além dos tratamentos e eficientes de DNA para detecção: de alelos mutantes, a
de suporte', as crianças podem agora receber tratamento triagem de base populacional para doenças adicionais pode
direto para desordens do ciclo da ureia. Da mesma forma, ser incorporada.
no exame pós-morte, algumas crianças que morreram de
sindrome da morte súbita infantil [SlDS, de suddm infant
death syndrome) apresentaram desordens do metabolismo de A maioria dos erros inatos do metabolismo é herdada
ácidos graxos. Estas também são doenças tratáveis e episó- como um padrão autossõmico recessivo. O estado de
dios envolvendo ameaça à vida, podem ser evitados com portador geralmente não está associado à morbidade.
cuidados adequados. Testes para portador e diagnósticos estão tornando-se
amplamente disponíveis para muitas doenças.
› Embora doenças metabólicas individuais sejam raras,
a sua contribuição global direta e indiretamente para
a morbidade e a mortalidade é substancial.
“FDS (le PTOCBSSUS MBÍHDÕllCOS
As desordens metabólicas têm sido classificadas de muitas
maneiras dilerentes, com base em efeitos patológicos da
Herança das Desordens metabólicas via bloqueada (p. ex., ausência do produto Final, acúmulo
A maioria dos defeitos metabólicos é herdada como um de substrato) ,- diferentes classes Funcionais de proteínas (p.
padrão autossômico recessivo: somente indivíduos com ex._, receptores, hormônios), cotatores associados (p- ex.,
dois alelos mutantes são afetados. Embora um alelo mutan- metais, vitaminas),- e vias afetadas (p- ex., glicólise, ciclo
te produza uma atividade enzimática reduzida ou ausente do ácido cítrico). Cada uma delas tem vantagens e des-
(perda de Função), isso normalmente não altera a saúde de vantagens e nenhuma delas abrange todas as desordens
um portador heterozigoto. Devido ao tato de muitos dos metabólicas. No entanto, a classificação que mais comple-
genes que codificam enzimas relacionadas a doenças te- tamente integra o nosso conhecimento de biologia celular,
rem sido clonados e suas mutações, caracterizadas, exames fisiologia e patologia às doenças metabólicas categoriza os
para portadores e diagnósticos pré-natais estão disponíveis defeitos do metabolismo pelos tipos de processos que são
para muitas desordens metabólicas- No entanto, exames perturbados.
em amostras de sangue seco, em papel de filtro, para ní-
veis elevados de metabólitos no periodo neonatal (p. ex-, DEFEITOS DOS PROCESSOS METABÓLICOS
Quase todas as reações bioqufmicas do corpo humano são
controladas por enzimas, que agem como catalisadores. As
*Ú tratamento de suporte é aquele que mantém as hmções vitais do corpo,
como a manutenção do banlanço hídrico, a oxigenação e pressão arterial, mas propriedades cataliticas de enzimas normalmente intensifi-
não e' destinado a tratar do processo da doença diretamente. cam as taxas de reação por mais de l milhão de vezes. Estas
Geoetica Bioquimica: Desordens metabólicas f 131

.n*

As apresentações das pessoas com erros inatos do metabolismo são alta- ram hipoglicemia moderada, hiperamonemia e cetonúria (cetonas na uri-
mente variaveis. Durante a gestação, a unidade matemo-placentariageral- na). Estudos adicionais, incluindo medições de ácidos orgânicos na urina',
mente fomece nutrientes essenciais e impede o acúmulo de substratos to- aminoácidos do soro e camitinas livres e esterfficadas no plasma, sugerem
xicos. Assim, um feto e raramente sintomático. No entanto, apos o que a Maria tem um defeito de oxidação dos ácidos graxos. A terapia e
nascimento, pessoas com desordens metabólicas podem apresentar sinto- iniciada com glicose intravenosa, camitina oral e restrição de gorduras
mas em períodos que vão desde as primeiras 24 horas de vida ate a idade ao máximo de 20% das suas necessidades calóricas. Estudos bioquími-
adulta. A apresentação pode ser precipitada e caracterizada por dramáticas cos e moleculares mais específicos confirmam que Maria tem deficiencia
alterações na homeostase e, até mesmo, morte. Em contrapartida, a doença de aciI-CoA desidrogenase de cadeia media (hilCAD). Estudos moleculares
pode ser irrsidiosa, com apenas mudanças sutis na função durante longos dos tecidos preservados que tinham sido recolhidos na autópsia de irmãos
periodos. Para a maioria das desordens metabólicas, o periodo pre-sintoma- falecidos de lvlaria indicam que eles também tinham deficienciade MCAD.
tioo e o inicio dos sintomas estão em algum lugar entre esses dois extremos. A irmã mais velha de Maria, assintomalica, e igualmente afetada Ambas
O caso seguinte ilustra este ponto. as meninas estão saudáveis 2 anos mais tarde, ingerindo uma dieta de
Anthony e um Iactente latino-americano de 9 meses de idade que vem baixos niveis de gorduras e utilizando suplemento de camitina- Os pais tem
ao serviço de emergenciaacompanhado por seus pais. Estes se queixam de um novo bebê, que foi submetido a exames pre-natais para MCAD e foi
que ele tem estado irritavel e vomitando nas últimas36 horas, e nas últimas diagnosticado não afetado.
12 horas tem-se tornado cada vez mais sonolento. Eles buscaram aten- As apresentações diferentes da deficiência de MCAD nesta família
dimento medico porque foi dificil despertar Anthony para amamenta-lo. O (morte súbita, doençaaguda, doença crônica e assintomatica) ilustram a
historico medicode Antonio e nonnal. Ele tem uma imrã saudável de 8 anos variabilidadefenotipica observada frequentemente em pessoas com erros
e tinha um imrão que morreu em seu berço aos 7 meses de idade. Uma inatos do metabolismo, mesmo aqueles que tem uma mutação idêntica_
investigação da morte do irmão e urna autópsia foram realizadas. Os resul- Assim, e provavel não haver um padrão especifico de sinais e sintomas
tados foram condizentes com a sindrome da morte súbita infantil (SIDS). destas doençcas. Muitas vezes, e o elevado grau de suspeita dos profissio-
Anthonye hospitalizado, e observa-se que ele esta lipoglicãmioo[baixo nivel nais de saúde que leva aos exames necessarios para identificar uma de-
de gicose no soro sanguíneo), ligeiramente acidemico oil-l senso <7,4) e hipe- sordem metabolica. 0 tratamento de suporte pode salvar vidas e deve ser
ramonenrico [nivel elevado de amônia no plasma). Uma infusão intravenosa de iniciado antes de se estabelecer o diagnóstico. Todavia, e imperativo que
glicose transitoriamente melhora o seu nivel de consciencia, mas ele entra em tentativas pmdemes sejam realizadas para se fazer um diagnostico espe-
coma e morre apos 5 dias. Uma autópsia revela edemacerebral intenso anctraço cifico, pois isso pode ter importantes implicações para a famriia (p. ex., o
do cérebro) e infilraçãode gordura do ligado, conrizente com o diagnostico de exame pre-natal e o tratamento pré-sintomático). 0 tratamento da defici-
síndromedeReyeAmãedeAnthonyestapreorxrpadapelofatodeasmortes encia de MCAD e completamente eficaz em impedir a morte precoce pe-
dos meninos estarem relacionadasentre si, especialmente porque ela esta gra- los efeitos tóxicos de intemrediarim de ácidos graxos acumulados.
vida novamente. Ela e informadade que as causas ch morte são independentes
e e provável que nenhuma desordem volte a ocorrer em sua famiia. 'Ácidos orgânicos são ácidos tomados por urbano que são produtos do metabolis-
Um ano depois, sua filha de 6 meses de idade, Maria, e internada pela mo intenmdiárfo e que naturalmente não se acumulamno plasmaou na urina, apesar
terceira vez por causa da Ietargia e fraqueza. Estudos laboratoriais revela- da serenidade tampão desses fiuídos.

reações são mediadoras da síntese, transferência, utilização te, os carboidratos são responsáveis por uma parte importante
e degradação de biomoléculas para construir e manter as es- da dieta humana e são metabolizados em três principais mo-
truturas internas de células, tecidos e órgãos- Biomoléculas nossacarídeos: glicose, galactose e trutose. Cralactose e Frutose
podem ser classificadas em quatro grupos principais: ácidos são convertidas em glicose antes da glicólise_ A incapacidade
nucleicos_, proteínas, carboidratos e lipidiors. As principais de utilizareficazmente esses açúcares constitui a maioria dos
vias metabólicas que metabolizam essas moléculas incluem erros inatos do metabolismo dos carboidratos em humanos.
glicólise, ciclo do ácido cítrico, via das pentoses fosfato, gli-
coneogênese, biossíntese e armazenamento de glicogênio e Galactose
ácidos graxos, vias de degradação, produção de energia e sis- A desordem monogênica mais comLnn do metabolismo de car-
temas de transporte. Iremos agora discutir como os defeitos boidratos, a galactosemiapor deficiênciade transferase (galacto-
em cada uma dessas vias metabólicas podem causar as doen- semia clássica), afeta um em cada 30.000 recém-nascidos. É mais
ças humanas_ usualmente causada por mutações no gene que codifica a ga-
lactose-l-RJsFato-uridil-transferase (CAL I -P-Lnidil-transierase)
MEÍBDOHSMO ÍÍOS CGÍÍIDMIÉÍOS (Fig. 7-2). Este gene e compnosto por ll éxons distribuídos em
Por causa das muitas aplicações diferentes que eles represen- 4kb de DNA, e cerca de 70% dos alelons causadores de galacto-
tam em todos os organismos, os carboidratos compõem a semia em pessoas da Europa Ocidental têm Luna única mutação
substância orgânica mais abundante na Terra. Carboidratos de sentido trocado (míssmsz) no éxtm 6. Como resultado da dimi-
funcionam como substratos para produção e armazenamento nuição da atividade de GAL-l-P-uridil-transferase, pessoas afe-
de energia, como intermediários das vias metabólicas e como tadas não podem efetivamente converter galactose em glicose,-
o arcabouço estrutural do DNA e do RNA. Consequentemen- consequentemente, a galactose é altemativamentemetabolizada
132 / Capitulo 7 GENÉTICA MÉDICA
Aldclase tão de galactose, mas não tão severamente como em pacientes
redutase
com galactosemiaclássica, porque algumas moléculas de galac-
tose devem ser fomecidas para produzir UDP-galactose para a
síntese de determinados carboidratos complexos.
GAL-t-P uridll
transferase A galactosemia é uma das mais comuns doenças
herdadas do metabolismo de carboidratos. A triagem
neonatal para galactosemia é muito difundida. A
identificação precoce pennite um tratamento imediato,
que consiste basicamente na exclusão da galactose da
dieta Mutações no gene que codii a GAL-t -P-ur¡diI-
transferase são as causas mais comuns de galactimsemia.
FIGURA 7-2
Principais vias do metabolismo da gaiactose_ A anonnalidade enzimática mais Frutose
comum produzida na galaotosemia e um defeito da GAL-t-P uridii transterase. Três defeitos autossômicos recessivos do metabolismo da fru-
Defeitos da galactoquinase ou da UDP-galactoseel-epimerase são usas tose forma descritos. Ó mais comLun ê causado por mutações
muito menos comuns de gaiactosemia. GAL, Galactose; UDP, uridina ditosfato. no gene que codifica a frutoquinase hepática. Esta enzima ca-
talisa a primeira etapa do metabolismo da frutose na dieta, a
a galactitol e galactonato (Fig. 7-2). Àpesar de gaiactose e seus conversão em frutose- 1 -fosfato (Fig. 7-3). A inativação da fru-
metabólitos se acumuiarem em muitos tecidos, a Fisiopatologia toquinase hepática resulta em frutosúria (presença de frutose
da galactosemia clássica não é bem compreendida. na urina) assintomática.
A galactosemia clássica normalmente se manifesta no perío- Em contraste, a intolerância hereditária à Frutose (HH) re-
do neonatal com sucção reduzida, déficit de crescimento e icte- sulta em dificuldades alimentares, deficiência de crescimento,
ricia- Se o tratamento da galactosemia não é iniciado, geralmen- insuficiência hepática e renal e morte. A HFÍ é causada por uma
te ocorrem sepse, hiperamonemia e choque, levando à morte. deficiência de frutorse-Lô-bifosfato-aldoiase (aldolase B) no ff-
Cataratas (opacidade do cristalino) são encontradas em cerca de gado, córtex renal e intestino delgado. Crianças e adultos com
10% dos iactentes. A triagem neonatal para galactosemia é bas- HFI são assintomáticos, a menos que tenham ingerido Frutose
tante difundida, e a maioria das pessoas afetadas é identificada ou sacarose (um açúcar composto de frutose e glicose)- Lacten-
assim que começa a desenvolver sintomas. A identificação pre- tes que são amamentados ao seio materno se tornam sintomáti-
coce permite um tratamento imediato, que consiste basicamen- cos após o desmame, quando frutas e vegetais são adicionados
te na exclusão da galacttrse da dieta. Isso reduz substancialmen- à sua dieta. Crianças afetadas podem sobreviver à infância se
te a morbidade associada aos efeitos agudos de elevados níveis evitarem alimentos considerados nocivos, autolimitando, assim,
dos metabólitos da galactose. As consequências a longo prazo a ingestão de frutose. A prevalência de i-ÍFÍ pode ser tão alta
incluem a deficiência de crescimento e atraso no desenvolvi- como um em 20.000 nascimentos, e, desde a clonagem do gene
mento neuropsicomotor', retardo mental e falência ovariana que codifica a frutose- 1 -fosfato-aldolase,diferençasna distribui-
nas mulheres. Acredita-se que essas sequelas são causadas pela ção gerográiica dos alelos mutantes foram encontradas.
produção cndógena de galactose. Os efeitos prospectivos da te- A deficiência da frutose- I ,õ-bisfosfatase(FBPase) hepática pro-
rapia dietética sobre a prevalência destas sequelas a longo prazo voca comprometimento da gliconeogêncse, hipoglicemia [nível
são pouco esclarecidos. Estudos anteriores sugerem que não hã reduzido de glicose circulante) e acidose metabólica severa (pH
efeito, mas como mais dados longitudinais tornam-se disponí- serico<7,4). Crianças afetadas são comumente encaminhadas
veis, afigura-se que os pacientes tratados no início da vida com a para o tratamento logo após o nascimento, apesar de casos diag-
dietoterapia podem ter um melhor resultado cognitivo. nosticados durante a infância terem sido relatados. Se os pacien-
A galactosemia também pode ser causada por mutações nos tes são devidamente cuidados além da infância, o crescimento e
genes que codificam galactoquinaseou uridina-difosfato-galac- o desenvolvimento pareoem ser nonnais. Um serie de mutações
tose-4-epimerase [UDP-ga]actose--t-epimerase] (Fig. 7-2). A foram encontradas no gene que codifica a FBPase, algumas das
deficiência de galactoquinase está associada à fonnação de ca- quais codificam proteínas mutantes que são inativas in vitro.
tarata, mas não causa deiiciência do crescimento, retardo men-
tal ou doença hepática. Uma dieta com restrição de galactose A deficiência assintomática de fmtcquinase é a
também é o tratamento para a deficiência de galactoquinase. A desordem mais comum do metabolismo da irutcse. A
deficiênciade UDP- galactose-4-epimerasepode ser limitada às intolerância hereditária à irutose é menos frequente,
hemácias e aos leucócitos do sangue, o que não provoca efeitos mas está associada a problemas muito mais graves.
nocivos, ou pode ser sistêmica e produzir sintomas semelhantes
aos da galactosemia clássica. O tratamento visa reduzir a inges- Glicose
Anormalidades do metabolismo da glicose são os erros mais co-
*Ú atraso no desenvolvimento neuropsicoomotor compreende a obtenção muns do metabolismo de carboidratos. No entanto, as causas
tardia dos marcos do desenvolvimento do sistema motor, da linguagem efou
da cognição. adequados à idade¡ as consequencias do atraso no desenvolvi- desses distúrbios são heterogêneas e incluem fatores ambientais
mento abrangem desde o estado normal até o retardo mental profundo. e genéticos. Historicamente, as desordens associadas a niveis
Genética Bioquimica: Desordens metabólicas x' 13.5'

Gliooquinase Glucose
(1 *nf S-fosfatase (2)

Fosfogllcoisomerase

pirafasforilase
Frutose t-fosfato Fosforilase
aldolase + (5)
(4) Enzima
desramlficaidora

Glicogénio slntetase
Frutoqulnase
(3)
+
(626
Enzlma desram cadora

FIGURA T-3
Resumo do metabolismo de glicose, irutose e glicogênio. Defeitos enzimatioos nesta via causam hiperglicemia (1), doença de von Gierlie (2),irutosúria (3), intolerância
hereditária à frutose (4), doença de Cori (5), a doença de Anderson (6), doença Tarui (Ú e deficiênciade irutose LE-bisiosfatase(FBPase) (8). UDP, Uridina ditostato.

elevados de glicose plasmática (hiperglicemia) Foram classifica-


das em tnês categoria: diabetesmelito tipo i
134 f Capítulo 7 GENÉTICA MÉDICA
LCT. Estes polimorfismos parecem ter surgimento relativa-
Lun Cada uma das doenças do metabolismo do glicogênio
mente recente na evolução humana e têm aumentado a incidên- é incomum, contudo, se consideradas em conjunto,
cia como resultado da seleção natural independentemente nas essas desordens são responsáveis por significativa
populações da Europa e da África. Em cada caso, a força seletiva morbidade. A intervenção precoce pode prevenir
parece ter sido uma resposta adaptativa local à maior aptidão deficiências graves e morte precoce.
conferida pela capacidade d.e conswnir produtos lácteos.
Mutações que anulam completamente a atividade da lacta.se Metabolismo dos Aminoácidos
causam deficiência congênita da lactase e produzem diarreia e Entre as principais biomoléculas, as proteínas desempenham
desnutrição severas na infância. Tais mutações são muito raras. os papéis mais diversos (p. ex., fomecendo suporte mecânico,
coordenando as respostas imunes, gerando movimento). Na
Glicogênio verdade, quase todas as enzimas conhecidas são proteínas. As
Nos seres hLrmanos, os carboidratos são mais comumente ar- unidades estruturais fundamentaisdas proteínas são os aminoá-
mazenados como glicogênio. consequentemente, deficiências cidos. Alguns aminoácidos podem ser sintetizados endogena-
enzimáticas que levam ao comprometimento da síntese ou de- mente (não essenciais), e outros devem ser obtidos a partir
gradação de glicogênio também são consideradas desordens do do ambiente (essenciais). Muitos defeitos do metabolismo de
metabolismo de carboidratos- Os defeitos de cada Luna das pro- aminoácidos têm sido descritos.
teínas envolvidas no metabolismo do glicogêniojá foram identi-
ficados ala-ela 7-2). Eles causam diferentes tipos de doenças de Fenilalanina
armazenamentode glicogênio e são classificados numericamente Defeitos no metabolismo da fenilalanina (um aminoácido essen-
de acordo oom a ordem cronológica na qual sua base enzimáti- cial] causam as hiperfenilalaninemias, um dos mais estudados de
ca foi descrita. Os dois órgãos mais severamente afetados pelas todos os erros inatos do metabolismo. Essas desordens são cau-
doenças de annazenamento de glicogênio são o fígado e o mús- sadas por mutações nos genes que codiiicam os componentes da
culo esquelético. Doenças de armazenamento d.e glioogênio que via de hidroxilaxgão da fenilalanina (Fig. 7-1). Níveis elevados de
afetam o fígado normalmente causam Iiepatomegalia [aumento fenilalaninaplasmáticainteirompem processos celulares essenciais
do fígado) e hipoglicemia(baixo nível de giitxise no plasma).Doen- no cérebro, como a mielinização e a síntese de proteínas, eventu-

ças de armazenamento de glicogênio que afetam o músculo es- almente provocando retardo mental grave. A maioria dos casos de
quelético causam intolerância ao exercício, fraqueza progressiva e hiperfenilalaninemia e originada por mutações do gene que co-
câimbras. Algumas desordens de armazenamento glicogênio, djfica a fenilalaninahidroxilase (PAi-l, de pbenylalanincbydrooçyrlase),
como a doença de Pompe, também podem afetar o músculo car- resultando em fenilcetonúriaclássica (PKU). Centenas de muta-
díaco, causando cardiomiopatia e morte precoce. O tratamento ções diferentes foram identificadas no gene da PAH, incluindo
de algumasdoençasdo anriazenamentt) do glicogêniopor terapia substituições, inserçñes e deleções- A prevalência de hiperfenilala-
de reposição enzimática (p. ex., ministrando-se, via intravenosa, a ninemia variamuito entre grupos de diferentes regiões geográficas¡
forma ativa da enzima] pode melhorar, e em alguns casos, preve- PKU varia de uma em cada 10.000 pessoas de origem eLoopeia até
nir sintomas, preservando a fLu-ição e evitando a morte precoce. um em cada 90.000 pessoas de asoendênciaafricana. Menos comu-

mente, a hiperfenilalaninemiae causada por defeitos na síntese de


tetra-hidrobiopterina,LII11 oofator necessário para a hidroxilaçãoda
uma 7-2
fenilalanina,ou por uma deficiênciadi: di-hidropteiidina redutase-
O tratamento da maior parte das hiperfenilalaninemiasvisa
Doenças de Armazenamentode Glicogênio à restauração dos níveis normais de fenilalanina no sangue por
Tipo '

Principais meio da limitação da ingesta diária de alimentos que contenham


Tecidos fenilalanina [Quadro 7-1 j. No entanto, a fenilalaninaé um ami-
Afatados noácido essencial, e suprimentos adequados são necessários para
o crescimento e desenvolvimento nonnais. A completa falta de
Ia [von GIlcose-B-fosiatase Fígado_ rins,
Gierl-ce) intestino fenilalaninaé fatal- Assim, um delicado equilíbrio deve ser man-
tido entre o fornecimento suficiente de proteínas e fenilalanina
Transporte de glicose-G-iosiato Fígado, rins,
microssõmico intestino, para o crescimento normal, prevenindo Lim aLunento exagerado
neutrófilos do nível sérico de fenilalanina- As pessoas com PKU são corn-
II (Pompe) p-glicosidaseácida Iisossomica provadamente beneficiadascom o tratamento ao longo da vida.
Assim, uma vez que a PKU é diagnosticada, a pessoa deve seguir
Luna dieta com restrição de fenilalaninapara o resto da vida.
IIIa (Cori) Enzima desramifidoiade glicogênio Fígado, músculo Hiperfenilalaninemia em uma mulher grávida resulta em
III ti Enzima desramifidoiade glicogênio Fígado elevados níveis de fenilalanina no feto. lsto pride causar falha
IV Enzima ramificadora Fígado_ músculo de crescimento, defeitos de nascimento, microcefalia e retardo
(Anderson) mental no feto [independentemente do genótipo do feto). As-
V (McArdIe) Fosiorilase muscular Músculo sim, é importante que as mulheres com PKU recebam orienta-
VI (Hers) Fosiorllase hepát¡ Fígado ção adequada sobre gravidez. ldealmente, elas devem manter
uma dieta pobre em fenilalanina no momento da concepção e
VII (Tarui) Fosioirutoquinase muscular Músculo durante toda a gravidez.
Genética Bioquimica: Desordens metabólicas f '135

QUADRO 7-1
Manejo Dietático devido a Erros inatos do Metabolismo
O componente mais importante da terapia para muitos erros inatos do CJomo a criança com PKU cresce, substitutos alimentares pobres
metabolismo é a manipulação da dieta. lsso geralmente inclui restringir em proteinas são introduzidos para completar a fórmula (p.
substratos que são tóxicos, como carboidratos (p. ex., na galacto-
semia e na diabetes melito), gorduras (p. ex., na deficiência de MCAD) e
aminoácidos (p. ex-, na PKU, na MSUD e nos defeitos do ciclo da
ureia), evitar jejum,- substituir cofactores deficientes (p. ex., vitaminas
do complexo B e camitina), ou usar vias alternativas do catabolismo
para eliminar substâncias tóxicas. Uma vez que muitas desordens me-
tabólicas são diagnosticadas em crianças, cujas necessidades nutricio-
nais mudam rapidamente (às vezes, semanalmente), é imperativo for-
necer as crianças quantidades adequadas de calorias e nutrientes, para
o crescimento e o desenvolvimento normais- Assim, a responsabilidade
de manter uma dieta especial começa com os pais de uma criança
afetada e muda para o filho quando ele ou ela é capaz de manejar sua
dieta de forma independente- Para a maioria das pessoas com doenças
metabólicas, uma dieta especial deve ser mantida para o resto da vida.
lsso resulta em muitos desafios peculiares que são frequentemente im-
previsfveis tanto para as familias quanto para os profissionais de saúde.
Consequentemente, é importante que o apoio e a orientação sejam
fornecidos pelos nutricionistas da área clínica, gastroenterologistas,
psicólogos, conselheiros genéticos, bioqufmicos e geneticistas.
Por exemplo, os recém-nascidos com PKU são alimentados com
Luna dieta pobre em fenilalanina para evitar os efeitos da hiperfenila-
laninemia sobre o cérebro. O leite materno contém muita fenilalanina
para ser usado como única fonte de nutrientes. Portanto, muitos bebês
são alimentados com uma fórmula de baixo teor de fenilalanina,cara,
que é somente disponível por prescrição como um "alimento médico".”'
Pequenas quantidades de leite materno podem ser misturadas com a
fórmula, embora o leite materno deva ser ordenhado e cuidadosa-
mente titulado para evitar o fornecimento de quantidade excessiva de
fenilalaninapara o bebê. Os níveis séricos de fenilalaninasão frequen-
temente medidos, e ajustes na dieta devem ser feitos para compensar o
crescimento da criançae se adequar às tolerâncias individuais de fenila-
lanina. Estas intervenções podem perturbar a ligação matemo-¡nfantil
e distorcer a dinâmica social de uma família.

*O Direito Públicodos EUA (US. Publ ic Law 100-190] define um alimento


médico como um alimento que é formulado para ser consumido ou adminis-
trado inteiramente sob a sirpervisão de um médico e que se destina ao mane-
jo dietético especifico de uma doença ou condição, para que as necessidades
nutricionais distintas, com bm em reconhecidos principios cientflicos, sc-
jam estabelecidos por avaliação médica.

Teor de Fenilalaninade Alguns Alimentos Comuns


Alimnnln Medida Fonilalanina(mg)
Carne de peru light uma xícara 1 .662
Atum embalado em água uma xícara É
Feijão cozido uma xícara 726
Leite com baixo teor de uma xícara ã
gordura (2%)
Leite de soia 1 onça O¡
Leite de peito 1 onça _L
Brócolis (cru) tres colheres de sopa
Batata (cozida) :luas colheres de sopa _a là
Melancia 1x2 xícara :L
Grapefruits (frescos) 1x4 de fruta _a OJ
Cerveja 6 onças :L _L
Gelatina de sobremesa 1x2 xlra S?
136 / Capitulo 7 GENÉTICA MÉDICA
Hiperfenilalaninemiassão os defeitos mais comuns dioxigenase e ã disfunção neumlógica. Apenas alguns poucos
do metabolismo dos aminoácidos. A PKU clássica casos de pessoas afetadas têm sido relatados.
é causada por mutações no gene que codifica
a fenilalaninahidroxilase. Hiperfenilalaninemias
A deficiência de FAH causa HTl. O acúmulo de
são tratadas por meio da restrição da ingestão de substratos de FAH leva a sintomas neurológicos,
alimentos que contenham tenilalanina. disfunção renal e hepática. Embora o transplante
hepático tenha sido a pedra angular do tratamento
'Iirosina para HT1. toi provado que o uso de medicamentos
O aminoácido tirosina é o ponto de partida das vias principais de que bloqueiam a produção de FAH é eficaz.
síntese de catecolaminas, bonnñnios da tireoide e pigmentos de
melanina e é incorporado ern muitas proteínas. Níveis elevados Aminoácidos de Cadeias Ramificadas
de tirosina no soro podem ser adquiridos (p. ex., disfunção hepa- Aproximadamente 40% dos aminoácidos essenciais pre-Forma-
tocelular grave) ou podem resultar de um dos vários en'os inatos dos por mamíferos são aminoácidos de cadeia ramif-icada [BCA-
do catabolisrno existentes. A tirosinemia hereditária tipo l (HTI As, de branclnrd-claain muiito acicls), tais como valina, leucina e iso-
,

de berrditary tyvosinnnixz 131): d) é o defeito metabólico mais comum leucina. BCAAs podem ser usados como fonte de energia por
e é causada por uma deficiência da enzima tumarilaoetoacetatt)
meio de uma via (Jxidativa que utiliza oL-cetoácidos como Lun
bidrolase (FAH, de fumarylacetaacetattlnydrolxrse), que catalisa o intennediário. A descarboxilação do a-cetoácido é mediada por
um complexo enzimático multimérico chamado a-cetoácido
último passo no catabolismo da tirosina (Fig. 7-1). Acredita-se
que o acfunulc) do substrato da FAH, o tumarilacetoacetato,e seu
desidrogenase de cadeia ramilicada BCKAD, de brarrcbed-cbczin
maleilacetoarsetato, seja mutagênico e tóxico para oL-kztoaeid debydrognurst). Ó complexo BCKÀD é composto de
precursor, o

Fígado. Consequentemente, a HTI é caracterizadapor uma dis- pelo menos quatro componentes catalíticos e duas enzimas
límção dos túbulos renais, episódios agudos de neuropatia pen'- reguladoras, que são codificados por seis genes. A deficiência
de qualquer Lun destes seis componentes produz Luna doença
Íiérica, doença hepática progressiva levando à cirrose e alto risco
de desenvolvimento de câncer de Fígado (hepatocarcinoma). conhecida como doença da urina de xarope de bordo ÍMSUD,
O manejo da HT! inclui o tratamento de suporte, a restrição de ampla syrup urina disease), assim chamada por causa da urina das
dietética de Fenilalaninae tirosina e a administração de l-(nitro- pessoas afetadas, que têm Lun odor de xarope de bordo.
A prevalência da MSUD na população geral é baixa, mas a
ai-tritluorometilbenzoill-l,B-ciclo-bexanodiona (NTBC) ou ni-
MSUD é relativamente comum na comunidade menonita do
tisinona, um inibidorda enzima ci-hidroxiienilpimvatc)dioxige-
Condado de Lancaster, na Pensilvânia, onde cerca de uma em
nase, que antecede a FAH na via metabólica. O uso de NTBC,
combinado a uma dieta pobre em tirosina, tem proporcionado cada sete pessoas é portador beterozigoto. Todos esses porta-
melhora acentuada em crianças com HTl. Os efeitos a longo dores têm a mesma mutação causadora da doença, em Ep, um
dos loci que coditicam o componente catalítico de BCKAD, e
prazo de NTBC ainda são obscuros, mas crianças que recebe-
ram esse tratamento por mais de 15 anos parecem estar bem. todos são descendentes de LllTl casal que emigrou da Europa no
O transplante de fígado pode ser curativo, mas nonnalmente é século XVIÍI. Este é outro exemplo de efeito Fundador ern uma
reservado a pessoas que não respondem a NTBC, ou que desen- pequena população relativamente isolada (Capítulo 3).
volvem uma doença maligna_ Em experimentos com modelos Os pacientes não tratados com MSUD acumulam BCAAs e
seus cetoácidos associados, o que leva à neurodegeneração pro-
em ratos para HT¡ a terapia gênica (Capítulo 13) tem sido LLsa-
,

da para repovoar o fígado com células que apresentam expres- gressiva e morte nos primeiros meses de vida. O tratamento da
são estável a longo prazo da FAH (bepatócitos FAHÚ. Como MSUD consiste em restrição dietética de BCAAs ao mínimo
alguns bepatócitos FAH permanecem nesses Fígados, não está necessário para o crescimento nonrral. Apesar do tratamento, a
claro se o risco de carcinoma hepatocelular é reduzido. A tera- deterioração episódica é comum, e tratamentos de suporte são
necessários durante essas crises. Uma vez que o aumento da ati-
pia gênica para HT¡ em humanos poderia substituir, um dia, as
dietas vitalícias e os tratamentos Fannacológicos. vidade de BCKAD por apenas alguns pontos percentuais pode
Ó gene que coditica a FAH foi clonado, e as mutações têm alterar o curso da doença substancialmente, a terapia com tiami-
sido identificadas em muitas famílias. Uma mutação no sitio de na, um cotator de BCKAD, é usada para tratar esses pacientes. A
splicirrg é bastante comLun em canadenses Franceses, e sua alta terapia gênica para MSUD também está sendo investigada-
Frequência é provavelmente a conseqüência do efeito funda- A doença da urina de xarope de bordo é causada por
dor (Capítulo 3]. Essa mutação resulta em uma deleção iii-frame defeitos na a-cetpácido desidrogenase de cadeia
em um éxon, a qual é responsável pela remoção de Luna série
ramiiicada. O acúmulo de BCAAs causa neurodegeneração
de aminoácidos criticamente importantes da FAH. Mutações
de sentido trocado (missmsr) e sem sentido [nonsrnsr] do gene
progressiva e morte. 0 tratamento consiste na restrição da
FAH também Foram encontradas em pessoas com HTI.
ingestão de BCAAs para um nível mínimo.
A tirosinemia tipo 2 (tirosinemia oculocutânea) E' causada A detecçãou precoce de defeitos de aminoácidos, associada a
por uma deficiência de tirosina aminotransierase. É caracteri- uma intervenção imediata, pode prevenir deficiência física grave e
zada por erosões da córnea, espessamento da pele nas regiões morte. Amnentos moderados de atividade enzimática podem al-
palmoplantares e retardo mental variável. A tirosinemia tipo terar drasticamente o curso de algumas aminoarsidopatias, toman-
3 é associada à atividade reduzida de :t-hidroxilienilpiruvatt) do-as boas candidatas para terapia gênica com células somáticas.
Genética Bioquimica: Desordens Metabúiicas f 13?
Metabolismo de lipídios Ácidos Graxos
Lipídios (grego, lírios, "gordo") são um grupo heterogêneo O erro inato mais comum do metabolismo dos ácidos graxos re-
dx: biomoléculas insolúveis em água e altamente solúveis em sulta da deficiência da enzima aCÍl-CrJA desidrogenase de cadeia
solventes orgânicos (p. ex., clorofónnio). Eles constituem a média [MCÀD, de medium-chain acjrl-cooizymrA delaydrogmase). A
estrutura básica dos fosfolipídios e esfingolipídios, que são deficiência de MCAD é caracterizadapor episódios de hipogli-
componentes de todas as membranas biológicas. Lipídios cemia, frequentemente provocada por jejum (Comentá-
que e'
como o colesterol são constituintes de homiônios esteroides, rio Clínico 7-1). Comcmiente, uma criança com deficiência de
eles agem como mensageiros intracelulares e servem como um MCAD apresenta vômitos e letargia após um período de inges-
substrato energético_ Ós níveis elevados de lipídios (hiperlipi- tão oral diminuída devido a uma doença secundária (p. ex., doen-
demia) são comuns e resultam de mecanismos de transporte de ças das vias respiratórias superiores e gastroenterites). O jejum
lipídios deficientes. Erros no metabolismo dos ácidos graxos resulta no acúmulo de intermediários dos ácidos graxos, em uma
(cadeias de hidrocarbonetos com um grupo carboxilato terrni- incapacidade de produzir cetonas em quantidades suficientes
nal) são muito menos comuns- No entanto, a caracterização para atender à demanda dos tecidos e no esgotamento dos supri-
das liiperlipidemias (Capítulo 12), dos erros do metabolismo mentos de glicose. Edema cerebral e encefalopatia resultam dos
de ácidos graxos e dos defeitos da produção e do LLso de coles- efeitos diretos e indiretos de intermediários dos ácidos graxos no
terol tem sido uma poderosa abordagem para a compreensão sistema nervoso central. Frequentemente, os sintomas são segui-
da base bioquímica do catabolismo de lipídios. dos de morte, a menos que uma fonte de energia utilizãvel, como
Durante o jejcmi e exercícios aeróbictrsprolongados, os ácidos a glicose, seja fomecida de imediato. Entre estes episódios, as

graxos são mobilizadosdo tecido adiposo e tomam-se Luii dos crianças com deficiência de MCAD muitas vezes apresentam
principais substratos para produção de energia no fígado, múscu- exames normais. O tratamento consiste em evitar o jejum, ga-
lo esquelétict) e músculo cardíacro. Os principais passos nesta via rantindo uma fonte adequada de calorias, e a prestação de trata-
incluem a captação e a ativação de ácidos graxos pelas celulas, o mentos de suporte durante os periodos de estresse nutricional.
transporte através das membranasmitocondriais externa e inter- Até o momento, a maioria dos pacientes com MCAD relata-
na, e a entrada nas reações de B-oxidação na matriz mitocondrial dos origina-se do noroeste europeu e tem uma mutação missnrse
(Fig. 'F-4). Defeitos em cada uma dessas etapas foram descritos A-para-C, que resulta na substituição de glutamato por lisina.
em seres humanos, embora as desordens de oxidação dos ácidos Mutações adicionais de substituição, inserção e deleção têm
graxos (FAO, defatty acid oxidation) sejam os mais comuns. sido identificadas, mas são muito menos frequentes. A carac-
terização molecular do gene MCÍAD tornou possível oferecer
o teste de DNA direto como uma ferramenta de diagnostico
confiável e barato. Além disso, como a deficiência de MCÀD
Ácido graxa da atende aos critérios estabelecidos para a triagem neonatal (Ca-
cadela longa pítulo 13), os exames para essa doença têm sido adicionados a
alguns programas existentes de triagem neonatal nos Estados
Unidos e em outros países.
Ácidos graxos acil-CoAde cadeia longa são metabolizados
em uma sequência de passos catalisados por um grupo de en-
zimas diferentes. O primeiro passo e' controlado pela acil-Coa
desidrogenase de cadeia longa (LCAD, de long-chain acyi-Coa
debydrogmase). A segunda etapa é catalisada por enzimas que
fazem parte de um complexo enzimãtico chamado de proteína
trifuncional mitocondrial

Plasma
FIGURA 7-4
Resumo do metabolismo dos ácidos graxos: 1, entrada de ácidos graxos
em uma celula; 2, ativação e transesterificação; 3, captação mitoconririal;
4, oxidação via &oxidação; 5_ formação de corpos cetõnicos. Observe que
acirios graxos rie cadeia média podem atravessar a membrana mitoconririal
sem o transporte mediado por rnitina. BoA, Coenzima A.
138 f' Capitulo? GENÉTICA MEoroA
detectada em alguns pacientes levemente afetados. Suplementar
a dieta de crianças afetadas pela SLO LUITI colesterol pode me-
lhorar o seu crescimento e problemas de alimentação, embora o
seu efeito sobre o desenvolvimento cognitivo seja menos claro.

A apresentação clínica de crianças com defeitos do


metabolismodos lipídios varia de deterioração Ierrta a
morte súbita. A deficiência de MCAD é a mais comum
destas desordens. A maioria das pessoas afetadas
pode ser diagnosticada por meio de análise bioquímica
de uma gota de sangue seco ao nascimento.
Hormônios Esteroldes
O colesterol é o precursor de várias das principais classes de
honnñnios esteroides, incluindo glicocorticoides (p. ex., corti-
sol), mineralocorticoides (p. ex., BlClDSÍCTTJTIB), androgênios (p.
ex., a testosterona) e estrogênios (Fig. 7-6)- As ações desses bor-
mônios esteroides geralmente são mediadas pela ligação a um
receptor intracelular, e esses complexos receptor-ligante têm
FlGURA 7-5
inúmeros efeitos sobre uma vasta gama de processos Fisiologi-
Urna criança com a sindrome de Smith-LemIi-Opitz. Observe a base nasal
cos. Defeitos na síntese de hormônios esteroides e seus recepto-
larga, a ponta do narizarrebiladae as pregas epintais nos cantos internos,
que são caracteristicasdesse transtorno. res podem causar uma grande variedade de anomralidades.

(De Jones K: SmithsHecognizabiePatterns of Human Maifonnagão, 6 eo', A hiperplasia suprarrenal congênita [CÀH, de congenital adre-
pp 116. Philadelphia:Saunders, 2006.) nal layperplasía) é constituída por Ll.l11 grupo de doenças da bios-
síntese do cortisol, autossõmicas recessivas e geneticamente
incapacidadedo Feto para metabolizarácidos graxos livres resulta heterogêneas. Aproximadamente 95% dos casos de CAH são
no acíunulo de metabólitcrs anomrais de ácidos graxos no Fígado causados por mutações no gene CYPJI A2, o gene que codilicaa
e na placenta materna. O acúmulode metabólitos no Fígado pode 2 l -hidnoxilase,sendo caracterizadospela deficiênciade cortisol,
causar anomalias observadas em mulheres com AFLP e HELLP. O deficiência variável de aldosterona e excesso de androgênios. A
acúmulo de metabólitos na placentapode causar retardo de cres- incidência global da deficiência de li-hidmxilasee' de cerca de
cimento intrauterino e aumentara probabilidadede parto prema- Luna em 15 .O00, portanto, a Frequência de portadores é de cerca

turo, que são comuns em crianças com deficiência de LCHAD. de um em cada 60 pessoas. No entanto, a incidência de (AH é
muito variável entre os diferentes grupos étnicos. Por exemplo,
Colesterol entre os Yupic do Alasca, a incidência é de Lun em 280.
Níveis plasmáticos elevados de colesterol Foram associados a vá- A gravidade clínicade CAH é muito variável e depende da ex-
rias condições, especialmente a doença aterosclerõtica do oora- tensão da atividade residual da 21 -hidrioxilase A Forma grave ou
ção. Foi demonstrado que reduzir substancialmente os níveis de clássica é caracterizadapor uma produção excessiva de precurso-
colesterol pode afetar adversamente o crescimento e o desenvol- res dio cortisol e, portanto, excesso de androgênitrs suprarrenais.
vimento. A etapa linal da biossíntese do Liolesterol é catalisada Alem disso, a deficiência de aldosterona leva à perda de sal. Nas
pela enzima AT-esterol redutase (DHCR7)- Durante anos tem formas mais leves, e produzido cortisol suficiente, mas ainda há
sido notado que pessoas com uma doença autossôrnica recessiva, excesso de produção de androgênios. Crianças do sexo Feminino

chamada síndrome de Smith-Lemli-Opitz(SLO), têm níveis re- com CÀH geralmente têm genitáliaambígua(Fig. 7-7] ao nasci-

duzidos de colesterol e aumentodos níveis de 7- desidrocolesterol mento devido à exposição intrauterina a altas concentrações de
(mn precursor da DHCRT)- A SLO e' caracterizadapor diversas androgênios, sendo a CAH a causa mais COmLIITI de genitáliaam-
anomalias congênitas do cérebro, coração, órgãos genitais e mãos bígua em crianças 46,XX. Os meninos com CAH têm genitália
(Fig. 7-5). Esse tato é incomum, uma vez que a maioria dos erros normal ao nascer,- assim, a idade do diagnóstico depende da gra-
inatos do metabolismo não causa malformações congênitas_ vidade da deficiência da aldosterona. A maioria dos meninos tem
Em 1998, descobriu-se que a SLO é causada por mutações no a Forma perdedora de sal da CAH e normalmente apresentam,

gene DHCR?, e, até o momento, mais de 100 mutações diferen- entre 7 e i4 dias de idade, uma crise suprarrenal, manifesta por
tes em DHCR? foram encontradas. A maioria destas são muta- perda de peso, letargia, desidratação, hiponatnemia(diminuição
ções missmsr que resultam na substituição de um resíduo altamen- da concentração plasmática de Na*) c hipcrcalcmia [aumento da
te conservado da proteína. Triagenspopulacionaispara mutações concentração plasmática de K*). Se a CAH não tor tratada, o
nos alelos DHCR? .siagerem que a frequência de portadores em paciente pode morrer rapidamente. A crise suprarrenal é menos
populações de ascenüncia européia é de 3% a 4%. Esta frequên- comum nas meninas porque sua genitália ambígua tipicamente
cia elevada sugere que a incidencia da SLO deve ser muito maior leva a LIITI diagnóstico e intervenção precoces.
do que é trbservada comumente. Uma explicação é que algumas Ós meninos que não tem a forma perdedora de sal da CAH
gestações com fetos afetados resultam em aborto e a SLÓ não é apresentam, na idade de 2 a 4 anos, uma virilização precoce.
Genética Bioquimica: Desordens Matemáticas x' 139

HO
Colesterol

J
Pregnenolona
l
ou# 1?-0H Pregnenolona
I
- -t- Desldroeplandrosterona
I
J J J
Progesterona 17-OH Progesterona Androstenedlona :b Esterona

J J l OH

Desoxloortlcosterona 1 1 -Desoxlcortlsol TBSÍDSÍEFDHE m¡ ESlfadlDl C


TBQ
J
TB1
J T
¡
HO
OC
Conlcosterona cortisol CHgOH Dl-hldrotestosterona
oH
TBQ
l Proteína receptora

18-O"H Cortlcosterona
HO C-ÊH "lsemlbllidade
'
m
androgênlca
m B2 O § J'
J H Complexo receptor
O de dl-hldrotestosllerona
Aldosterona
OH CH2OH É 21 -hldroxllase (CYP21)
I | í ap-Hldroxlesterolde desldrogenase
O-CH CO í 11p-Hldroxllase (diferentes formas)
í Wn-Hldroxllasee T 17,20-Llase

í Desmolase
à Sa-Redutase
O
FIGURA 7-6
Resumo da síntese de csteroidcs. Enzimas envolvidas na produção de cortisol, aldosterona c testosterona eso indicadas.
(Modificado de Tumpenny P: Enrerys Elements of Medical Genetics, 13m ed. Philadelphia: Churchill Uvmgsfone, 2007.)

Pessoas com CAH não clássica ou branda não têm deficiência Capitulo 9]. Cerca de 90% dos alelos mutantes de ÕTQIAZ são
de cortisol, mas manifestam os sintomas, na infância ou na idade trrig-inados por conversão gênica* em que as mutações deleterias
adulta, causados por níveis elevados de androgênios, incluindo são transtendas para CYP l A2. Estas mutações resultam em um pro-
desenvolvimento puberal precoce, o hirsutismo (aumento do duto proteico que perdeu a atividade nonnal da 21 -hidroxilase.
cTestzirnentt) de pelos em mulheres em áreas onde o cabelo é ge-
ralmente Fino), amenorreia ou oligomenorrcia, ovários policisti- A hiperplasia suprarrenal congênita é um defeito
cos, ou acne. relativamente comum da síntese de cortisol, que
O tratamento daCÀH consiste na substituição de cortisol, provoca a masculinização da genitália no sexo
suprimindo a secreção de androgênios suprarrenais e fome- feminino e a virilização precoce no sexo masculino.
cendo mineralocorticoides para que as concentrações de ele- É geralmente causada pela redução da atividade de
trólitos voltem ao normal. 0 tratamento cirúrgico das crianças 21 -hidroxilase.
nascidas com genitália ambigua e" complexo e um tanto con-
troverso, mas a maioria das meninas com CAH identifica-se Receptores de Hormônios Esleroldes
como sexo feminino, e a cirurgia para teminizaçãc) durante o Os defeitos da maioria dos receptores de honnônios esteroi-
primeiro ano de vida é o procedimento padrão. Em gestações des são raros. Por exemplo, defeitos do receptor de estrogênit)
e111 que o teto possui risco de ser afetado pela CÀH clássica, têm sido encontrados em um pequeno número de pessoas nas
esteroides são administrados 'a mãe para suprimir o excesso de quais a falha no fechamento epiñsáno resultou em estatura alta.
androgênios letal e reduzir a incidência de genitália ambígua
em recém-nascidos afetados do sexo feminino.
"A conversão gênica é um processo em que dois segmentos de DNA diferen-
O gene CYPZIÀQ está localizado no cromossomo 6p!! tes recombinarn de modo que um segmento é alterado para tornar-se idêntico
dentro do complexoprincipal de histocompatibilidade[MHC-Ã; ao outro.
140 r' Capitulo? semanas MÉDICA
grupos: doenças de biogênese de peroxissomos (PBDs, de pr-
roxisomr bíogencsis disorders) e deficiências de uma única enzima
peroxissômica [PEDs, de prroxísamal enzyme ddicímcícs).
O gmpo de PBD compreende quatro desordens: sindro-
me de Zellweger, adrenoleucodistrolia neonatal, doença de
Refsum infantil e condmdisplasia punctata rizomélica tipo l.
A síndrome de Zellweger é a mais grave dessas doenças e se
manifesta em recém-nascidos como hipotonia grave, doença
progressiva da substância branca do cérebro, aparência facial
distintiva e, normalmente, morte na infância. As crianças com
a adrenoleucodistrolianeonatal têm sintomas semelhantes, mas
menos graves, juntamente com convulsões. A doença de Ref-
sum infantil e menos severa do que a sindrome de Zellweger e a
adrenoleucodistrofianeonatal, mas crianças afetadas têm atraso
no desenvolvimento e deficiências mental, auditiva e visual.
As PBDs são causadas por mutações nos genes que codi-
ficam peroxinas. Estas proteínas são necessárias tanto para a
biogênese do peroxissomo quanto para a importação de protei-
nas da matriz e da membrana peroxissomal. Até o momento,

FIGURA 7-7 mutações em mais de uma dúzia de diferentes genes que codi-
Uma criança 4690( com hiperplasia supranenal congênita- A genitália externa e ficam peroxinas têm sido descobertas, e mutações em muitos
virilizada, com enrugarnento e fusão parcial das pregas Iahiais. As gõnadas não desses genes podem causar a síndrome de Zellweger, a adreno-
são palpaveis, e o Litera e os ovários foram visualizados por uitrassonog rat_ leucodistrofia neonatal ou a doença de Refsum infantil_
(Cortesia de Melissa Parisi, Universidade de Washington.) Diferentes PEDs têm sido descritas até o momento, e as
pessoas com estas deficiências enzimáticas têm caracteristicas
Mutações no gene que codifica o receptor de glicocorticoides clínicas amplamente desiguais, dependendo de qual função pe-
podem produzir resistência hereditária às ações do cortisol- roxissõmica é principalmente afetada. Uma das mais comuns
Em contraste, mutações no gene ligado ao cromossomo X é a adrenoleucodistrolia ligada ao cromossomo X (ALD, que
que codifica o receptor de androgênio (AR) são relativamente envolve uma B-oxidação defeituosa dos ácidos graxos de ca-
comuns. Essas mutações normalmente resultam em síndromes deia muito longa (VLCFA, de very long cbainfatiynerds). A ALD
de insensibilidadeparcial ou completa ao androgênio (CAIS é subdivriclida em diversas desordens, dependendo, em parte,
ou PAlS, de complete ou parcial androgm insensítívitjr syndrmne), em da idade de início. Delas, a forma cerebral infantil da ALD,
pessoas 46,XY. A CAIS foi chamada, no passado, de "sindro- ou CCALD [de childhood cerebral X-línlced admolmlzodptropby), e
me de feminização testicular" e é caracterizada por uma tipica a adrenomieloneuropatia (AMN) representam as doenças mais
genitália externa feminina ao nascer, com estruturas mülleria- comuns. A CCALD manifesta-se tipicamente entre as idades de
nas ausentes ou rudimentares (í. c., trompas de Falópio, útero 3 e deterioração cognitiva e comportamental pro-
IO anos, com
e colo do útero), vagina curta sem o terço posterior, testículos
gressiva que leva à deficiencia profunda. A AMN causa sintomas
palpáveis naregião inguinal ou labial e características sexuais neurológicos semelhantes, mas menos graves, apresentando-se
secundárias reduzidas ou ausentes. As pessoas com PAÍS po- em uma idade muito mais avançada e a uma taxa mais lenta de
dem apresentar genitália externa ambígua, localização variada progressão. Ao contrário de muitas doençasrecessivas ligadas ao
dos testículos e ausência ou não de caracteristicas sexuais se- cromossomo X, 40% a 50% das mulheres que são heterozigotas
cundárias- Quase todas as pessoas afetadas são inférteis- para ALD desenvolvem sintomas semelhantes aos da AMN.
A CAlS e a PAIS são transmitidas como padrão recessivo
ligado ao cromossomo X. Mais de 95 96 das pessoas com CAIS Os defeitos nos peroxissomos causam uma grande
têm mutações no gene AR, e, até o momento, centenas de variedade de problemas neurológicos em crianças
mutações diferentes têm sido encontradas. Acredita-se que a e aduttos, desde sintomas relativamente suaves e
maioria destas mutações prejudica os dominios de ligação de lentamente progressivas até os graves e fatais.
androgvênios ou a ligação do receptor de androgênio ao DNA.
A expansão de um dominio de poliglutamina no receptor de Vias de Degradação
androgênio causa uma desordem genética completamente di- A maioria das biomoléculas é dinâmica, sendo recicladas con-
ferente chamada atrofia muscular bulbo espinal (Capítulo 5 tinuamente como parte do estado nonnal do metabolismo de
uma célula. Moléculas existentes são degradadas em seus consti-
Enzimas Peroxlssõmlcas tuintes para produzir substratos para a construção de novas mo-
Peroxissomos são organelas que contêm mais de 50 enzimas léculas. Os subprodutos da produção de energia, as cbnversões
que catalisam funções metabólicas de síntese e de degrada- de substrato e o anabolismotambém precisam ser processados e
ção relacionadas principalmente ao metabolismo de lipídios. eliminados_ Emos nessas vias de degradação resultam no acúmulo
As doenças peroxissômicas são geralmente divididas em dois de metabõlitos que deveriam ter sido reciclados ou eliminados.
Doenças de Depósito Llsossümlco
As desordens de depósito lisossômico são doenças prototipicas
dos erros inatos do metabolismo: a doença resulta do acúmulo de
substrato. As enzimas dentro dos lisossomos catalisam a degra-
dação progressiva d.e eslingolipidjtys,glicosaminoglicanos (mu-
copolissacatideos), glicoproteinas e glicolipfdios. O acfunulo
(annazenamento)de moléculas não degradadas causa disfunção
nas células, nos tecidos e nos órgãos. A maioria das desordens
lisossômicas é causada pela deficiência da enzima, embora algu-
mas ocorram devido a incapacidade de ativação enzimática ou
de transporte da enzima para o compartimento subcelular onde
ela funcione adequadamente. Muitas das doenças de depósito li-
sossômico são encontradas com uma inesperada alta prevalência
em várias populações étnicas, como resultado de efeito Fundador,
deriva genética e possivel seleção natural (Capítulo 3].

Mucopolissacaridoses
Às muicopolissacaridoses
142 J' Capitulo 7 GENÉHCA MÉDICA

FIGURA 7-8
A, Um menino com mufação na a-L-iduronidasa, que causa a sindrome de Hurler. Observe suas caracteristicasfaciais grosseiras, postura encurvada, dedos
engrossados e andomen protu berante. B, camundongo transgênico com uma inativação sffio-especffi no gene que codifica a :x-L-iduronidase_ O engrossamento
progressivo da face e visualizado em ratos de B semanas de vida (a esquerda), que crescem e atingem 52 semanas (a direita).
(Cortesia de Dr tome Clarke, University' ai' British Columbia)

sendo investigados.
C) BMT tem sido menos bem sucedido cosilceramida, resultando em doença de Gaucher. Desordem
para outras MPS. Em geral, o BMT é também associado a signi- mais comum de armazenamento de metabólicos em humanos,
ficativa morbidade e mortalidade. A reposição enzimática para esta condição é caracterizadapor visceromegalia(alargamento
a sindrome de Hurler foi aprovada pela US. Food and Drug dos órgãos viscerais), Falência de múltiplos órgãos e doença
Administration em 2003, e têm sido (Jbservadas melhoras na ortopedica debilitante. A doença de Gaucher tem sido tradi-
hepatoesplenomegalia e na doença respiratória. Os primeiros cionalmente dividida em três subtipos, que podem ser distin-
estudos de reposição enzimática na sindrome de Hunter (MPS guidos entre si por suas características clinicas. O tipo l é o
ll) e síndrome de Maroteaux-Lamy (MP5 Vl) são promissores. mais comum e não envolve o sistema nervoso central. Ó tipo
2 é o mais grave, levando muitas vezes à morte dentro dos
Defeitos de degradação de glioosaminoglicanos primeiros 2 anos de vida. O tipo 3 tem gravidade intermediária
causam um grupo heterogêneo de desordens chamado entre as outras duas Formas. Na prática, os ienótipos clínicos
mucopolissacaridoses(MPS). Todas as MPS são se sobrepõem e o espectro¡ da doença de Gaucher e tão amplo
caracterizadaspor uma deterioração multissistêmica que varia de morte no útero ate' a permanência do estado assin-
progressiva, causando disfunções da audição, visão, tomático, mesmo em pessoas de idade avançada_
articulação e do sistema cardiovascular. Essas 0 curso clinico de um paciente afetado pela doença de
doenças podem ser disfinguidas entre si por estudos Gaucher é determinado à medida que determinados órgãos
clínicos, bioquímicose moleculares. são afetados. Esplenomegalia, hepatomegalia e doença pulmo-
nar estão presentes entre todos os três tipos clínicos da doença
Esfingolipidoses (Doenças de Armazenamentode Lipfdios) de Gaucher. A esplenomegalia está associada a anemia, leuco-
Defeitos na degradação da esfingolipidjos (esIingtJlipidoses) penia e trombocitopenia, enquanto o infarto esplênico pode
resultam na sua acumulação gradual, levando à disfunção de causar dor abdominal. A hepatomegalia pode causar disfunção
múltiplos órgãos (Tabela 7-4). A deficiência da enzima lisossô- hepática, mas cirrose e insuficiência hepática são incomuns.
mica glicosilceramidase(também conhecida como glicocere- A doença de Gaucher é causada por mais de 200 mutações di-
brosidase ou B-glicosidase ácida), provoca um acfmiult) da gli- ferentes no gene CBA, que Codilica a enzima glicosiloeramidase.
Genérica Bioquimica: Desordens Matemáticas f' 14.5'
118837-4
Doenças de Depósito Lisossômico*
Enzima lilutada caracteristicasclínicas
Tay-Sachs p-hexosaminidase (isoenzimaA) Hipotonia,espasticidade, convulsões, cegueira
Gaucher (tipo 1; não B-glicosidase Esplenomegalia, hepatomegalia, infiltração da medula css; cérebro normalmente não afetado
neuropati)
Niemann-Pick, tipo 1A Esfingcmielinase Hepatornegalia, opacidades cornnas, deterioração neurológica
a-galactosidase Parestesia das mãos e dos pes, distrofia da corn, hipertensão, insuficiência renal, miocardiopatia
Gangliosidose Gm p-galactosidase Organomegalia, disostose múltipla', insuficiência cardfaca
(infantil)
B-galactosidase Hipertonicidade, cegueira, surdez, convulsões, atrofia do cerebro (galactosilceramida-especifica)
Leucodistrofia meta- Aril sulfatase A Ataxia, fraqueza, cegueira, atrofia do cerebro (infantiltardia)
cromática
Sandhoti p-hexosaminase (total) Atrofia opti,espasficidade, convulsões
Schindler a-ril-acetilgalactosaminidase convulsões, atrofia optica, retardo mental
Deficiência múltipla de Aril sulfatases A, B, C Hetardo mental, caracteristicasfaciais grosseiros, fraqueza hepatoesplenomegalia,
sulfatases disostose múltipla
*Entre as doenças oe deposito lisossãmicas incluidasnara quadro, a síndrome de Fabry é recessiva ligada ao cromossomo X, enquanto as restantes são aotosstimis reoesshras.
*Drsostose nrúfdpla e um padrão característico de alterado óssea, incluindo espessamerrto dos ossos do crânio, espessamento anterior das oosiefas, anomalias;orientais e
encurtamento e espessamento dos ossos fongos_

A Frequência dos alelos que causam a doença de Gaucher tipo 1 é


particulannente elevada em judeus asquenazes, nos quais os cinco
alelos oomuns são responsáveis por 97% de todas as mutações.
Pessoas com o mesmo genótipo podem ter efeitos clínicos muito
diferentes. No entanto, pessoas com pelo menos Lrm alelo N3 705 ,

mn dos alelos mais comuns, não desenvolvem a doença neuroló-


gica primária e tendem a ter, em geral, um quadro mais suave.
Tradicionalmente,o tratamento de pessoas com doença de
Caucher é amplamente de suporte (p. ex., esplenectomia, para
o hiperesplenismo, e transfusões de sangue para a anemia). A

reposição enzimática pode reverter os sintomas decorrentes


do comprometimento do baço e do Fígado. Entretanto, a eli-
cácía da reposição enzimática para o tratamento de sintomas
neurológicos ainda não foi determinada. Algumas pessoas com
comprometimento grave, particularmente condições neuroló-
gicas crônicas, beneficiam-secom o BMT.
As enzimas que Funcionam nos lisossomos são sinalizadas e
transportadas para o espaço lisossômico por vias especificas. A
sinalização é mediada por receptores na membrana do aparelho
de Golgi que se ligam a residuos de manose-õ-iostato, que são
reconhecidos por marcadores ligados às enzimas (í. e., Lima mo-
dificação pós-traducional). A síntese desses marcadores de re-
conhecimento é deiiciente na doença de célula l [mucolipidose
ll), assim chamada porque foram observadas, por microscopia
ótica, inclusões no citoplasma de fibroblasttrs de pessoas afeta-
144 f Capitulo 7 GENÉTICA MÉDICA

Matriz mltoconddal
cltoplastna
FIGURA 7-9
Diagramaesquemático do ciclo da ureia. AS, argininossuccinase; ASA, argininossuccinato sintetase; CoA, coenzima A; CPS, carbamil fosfato sintetase;
NAGS, Macetilglutamatosintetase; UTC, ornitina transcarbamilase.

Cada uma dessas desordens, exceto a deficiência de OTC,


é herdada em um padrão autossômico recessivtn. Embora a de-
liciência de OTC seja uma doença recessiva ligada ao cromos-
somo X, as mulheres podem ser portadoras sintomãticas, de-

pendendo, em parte_, da tração de hepatócitos ern que o alelo


normal é inativado. O objetivo da terapia para cada doença é
Fornecer calorias e proteínas sulicientes para o crescimento e o
desenvolvimento normais, evitando a hiperamonemia.
A deficiência de OCT, uma condição ligada ao X, é a mais
prevalente das desordens do ciclo da ureia e, portanto, tem
sido intensamente estudada. Uma variedade de deleções de
éxons e mutações missmse tem sido descrita, e mutações que
afetam o processamento do RNA têm sido observadas.

O ciclo da ureia consiste em cinco reações bioquímicas


principais que convertem produtos metabólitos
nitrogenados em ureia, a qual é posteriormente
excretada pelos rins. Defeitos enzimáticos na
via levam ao acúmulo de precursores de ureia,
comprometimento neurológico progressivo e morte, se
não tratados. Os genes relacionados à maioria dessas
desordens foram clonados, incluindo o gene do defeito
mais comumente observado, a deficiência de ornitina
tanscarbamilase (OTC) ligada ao cromossomo X.

Produção de Energia
A energia para as atividadescelulares pode ser produzida a partir
de muitos substratos diferentes, incluindo glicose, cetonas, ami-
noácidos e ácidos graxos. O catabolismo
Ganéffaa Brogui/nice: Desordens metabólicas x' 145

absorvido pelo fígado e convertido em glicose. Defeitos nas vias tadom solúvel 3 (SLCBAI
do metabolismo do pimvato produzem acidemia lática. A mais
comum de tais desordens é a deficiência do complexo da piru-
vato desidrogenase (PDH). lsso pode ser causado por mutações
nos genes que codificam Ll.I11 dos cinco componentes do com-

plcxu da PDH; El, E!, E3, X-lipoato ou fosfatase da PDH. Essas


desordens são caracterizadas por diferentes graus de acidemia
lática, atraso no desenvolvimento e anomaliasdo sistema nervo-
so central. Tem sido sugeri do que as características faciais de al-

gumas Crianças com deficiência de PDH assemelham-se àquelas


de crianças com síndrome alcoólica fetal (Comentário Clínico
15-5 no Capítulo 15). Também foi proposto que o acetaldeído
da circulação de mães com alcoolismo inibe a PDH no feto,
criando um fenocópia da deficiência de PDH.

0 fenótipo produzido por defeitos do metabolismo


energético é complexo por causa das diferentes demandas
oxidativasde diferentes tecidos e órgãos. Uma vez que a
doença é diagnosticada, o objetivo do tratamento é usar
vias aitemativas para a produção de energia.

Sistemas de Transportes
O eficiente movimento de moléculas entre os compartimentos
(p. ex., organelas, células, ambiente) e, portanto, através de Luna
barreira, muitas vezes requer uma macromoléculaque conecta os
compartimentos, mediando o transporte através da barreira. Ano-
malias dos sistemas de transportes têm uma miríade de efeitos,
dependendo se a integridade da barreira é alterada ou se o acúmu-
lo de substrato tem um impacto maior sobre a fisiologia nonnal.

cistina
A cistina é o derivado dissulfeto do aminoácido cisteína. O
transporte anormal de cistina pode produzir duas doenças: cis-
tinúria e cistinose. Ambas as desordens são herdadas de forma
autossômica recessiva.
O transporte anomial de cistina entre as células e o meio
extracelular causa cistinúria, uma das mais comuns doenças
herdadas do metabolismo. Embora a cistinúria produza uma
morbidade substancial, a morte precoce é incomum_ A cisti-
núria é uma doença geneticamente heterogênea causada por
um defeito do transporte de aminoácidos dibásicos, afetando
as células epiteliais do trato gastrointestinal e túbulos renais.
Como resultado, cistina, lisina, arginina e ornitina são excre-
tadas na urina em quantidades acima do nonnal. A cistina e' o
mais insolúvel dos aminoácidos, e, portanto, a taxa elevada de
cistina na urina predispõe à formação de cálculos renais [pedras
nos rins). As complicações da litíase renal crônica (presença de

pedras nos rins) incluem infecções, hipertensão arterial e insu-


ficiênciarenal. O tratamento de cistinúria consiste, em grande
parte, em tornar a cistina mais solúvel. Isto e' conseguido por
meio da administração de quantidades farmacológicasde água
(4-6Udia), alcalinização da urina e uso de agentes quelantes
tais como penicilamina.
Com base em estudos de excreção de ácido ácidos, a cisti-
núria foi dividida em três fenótipos. A cistinúria tipo l tem sido
associada a mutações missensr e Nonsense e deleções em um gene
denominado transportador de aminoácido mmlrro l, familia transpor-
O termo hemooromatose refere-se a todas as doenças caracterizadas pelo não afeta diretamente o transporte de ferro a partir do intestino delgado. Em
armazenamento de ferro em excesso. Um subgnrpo dessas desordens e vez disso, acredita-se que sem interação esteja envohrida com a capacidade
hereditãrio e pode ser causado por mutações em um de vários diferentes celular de detectar niveis de ferro. Esta função e interrompida em pessoas
genes. A fonna mais comum de hemocromatose hereditarta [Hi-lj e uma com mutações em HFE, resultando na absorção excessiva do ferro do in-
desordem autossômica recessiva do metabolismo do ferro, na qual o ferro testino delgado e na sobrecarga de ferro. Assim, a hemocromatose não e
em excesso e absorvido no intestino delgado e, em seguida, acumula-se em causada por um defeito de uma proteina de transporte de ferro, mas sim por
uma variedadede orgãos como fígado, rim, coração, articulações e pâncreas. um defeito na regulação do transporte.
Foi descrita por von Hecklingbausen, o mesmo medico que descreveu a Uma única mutação mrssenste que resulta na substituição de uma tiro-
neurotibromatose 1, em 1889. Cerca de um em cada oito cidadãos norte- sina por uma cisteína no domínio de ligação BQ-microglobulina representa
uropeus à portador da HH, e um em cada 200 a 400 e um homozigoto. 85% de todas as mutações que causam HH. Um único ancestral haplci-
Embora a penetrãncia do genótipo causador da doença seja incompleta de predomina nos europeus, sugerindo que houve uma vantagem seletiva
(como discutido mais tarde), HH e uma das desordens genéticas mais fre- conferida por se ter pelo menos uma copia do gene da HH. Uma vez que a
quentemente observadas em pessoas de ascendência europeia. Sua preva- deficiencia de ferro afeta um terço da população mundial e e muito menos
lência e muito menor nas populações asiática e africana. comum nos heterozigotos HH, e provável que isso explique a maior incidên-
0 sintoma mais comum da HH e a fadiga, embora o quadro clinico dos cia da HH em muitas populações.
pacientes com HH possa variar consideravelmente. Sintomas adicionais 0 tratamento da HH consiste na redução do ferro acumulado no or-
incluem dor nas articulações, libido diminuída, diabetes, aumento da pig- ganismo. Isso é realizado por flebotomia seriada ou pela utilização de um
mentação da pele, cardiomicpatia, aumentodo fígado e oinose. Parâmetros agente quelante de ferro, como a deferoxamina. Dependendo da quantidade
anormais de ferro serico podem identificar a maioria dos homens com risco de ferro armazenado, o retorno a um nivel normal pode levar alguns anos.
de sobrecarga de ferro, mas a HH não é detectada em muitas mulheres pre- No entanto, a redução do ferro previne danos ao fígado, cura a miocardio-
menopãusicas. 0 teste mais sensível para o diagnostico da HH e a biopsia patia, retorna ao normal a pigmentação da pele e pode melhorar o diabetes.
do fígado, acompanhada de coloração histoquímica de hemossidenna (uma Pessoas que não tenham desenvolvido lesão hepática irreversível tem uma
forma de armazenamento de ferro). expectativa de vida quase normal.
No início da decada de 1970, um aumento na frequencia do alelo HLA- A penetrãncia estimada de HH depende da idade, do sexo, e se a pre-
A3 do antígeno Ieucocitãrio humano em pacientes com HH indicou que um sença da doença e avaliada por resultados histolúgicos, tais como a fibrose
gene para a HH poderia estar localizado proximo da região do complexo hepática, ou sintomas clínicos. A maioria dos homens homozigotos para
principal de histocompatibilictade(ItllHC) no cromossomo 6p. Estudos de liga- uma mutação causadora da HH não desenvolve sintomas clínicos, e, naque-
ção subsequentes confirmaram essa hipotese no final da decada de 1970, les que desenvolvem, os sintomas raramente oconem antes da idade de 40
mas foi só em 1996 que o gene da HH foi clonado. 0 gene HFE e altamente anos. Uma fração ainda menor de mulheres homozigotas
desenvolve sinto-
expresso como gene HLA, classe I. 0 produto genico à uma proteina de su- mas clinicos. Se os sintomas são vistos, eles ocorrem nonnalmente20 anos
perfície celular que se liga ao receptor de transfenina (transfenina transpor- relação
ou mais tarde em aos homens, pois o acúmulo de ferro nas mulhe-
ta moléculas de ferro), sobrepondo o sitio de ligação da transfentna ao ferro res écompensado perdas
por do metal durante a menstruação, gestaçãoe
e inibindo a absorção do feno mediada pela transferrina. No entanto, isso

Comparação de coloração de hemossidertna de fígado normal (acima, a esquerda) com coloração de hemossidertna de figados de pessoas afetadas com
hemocmmatose (superior direito, inferiordireito e ¡nferrbr esqzrerdo). Observe os diversos graus de aumento do deposito de hemossiderina nos figados de
homozigotos HH. Isso danifica o fígado, prejudica a sua função e pode levar à cirrose e ao câncer hepático.
Cobre
O cobre é absorvido pelas células epiteliais do intestino delga-
do e posteriormente distribuído por várias proteínas chapenonas
que o djFundem para diferentes locais na célula (p. ex., as enzi-
mas citoplasmáticas que utilizam o cobre como colator e enzi-

mas na mitocôndria). Alguns íons cobre são transportados para


o Fígado para serem incorporados em proteínas que o distribuem

para outras partes do corpo (p. ex., cerebro). O excesso de cobre


nos bepatócitos é Süifttâdt) na bilee excretado do corpo_
A doença de Menkes (MN-D) é uma desordem recessiva liga-
da ao X, descrita em 1962 por John Menkes, que estudou cinco
in11ãos homens, que morreram, todos, antes dos 3 anos de idade.
A MND é caracterizada por retardo mental, convulsões, hipo-
termia, cabelo hipopigmentados e crespo (pilí tam), pele trouxa,
ruptura arterial e morte na infância. Em pacientes com a MND,
o cobre pode ser absorvido pelo epitélio gastrointestinal, mas

não pode ser exportado de fomra elicaz a partir dessas células na


corrente sanguínea. consequentemente, quando as celulas intes-
tinais são saturadas, o cobre preso é excretado do corpo_ A falta
de cobre disponível leva a uma deiiciência giobal de cobre.
O cobre é um cotator necessário nas enzimas tirosinase, lisil
oxidase, superõxido dismutase, citocromo c oxidase e dopamina
B-hidroxilase. A disponibilidaderedL1zida de cobre leva ã dimi-
nuição da Função enzimática, explicando as principais caracte-
n'sticas clínicas da MND. Por exemplo, lisil trxidase é necessária
para a ligação cruzada de colágeno e elastina,- portanto, a ligação
cruzada ineficaz leva ao enfraquecimento das paredes vasculares
e flacidezda pele. O tratamento da MND consiste em restabe-
lecer os níveis de cobre no organismo ao normal. Uma vez que
o cobre não pode ser absorvido através do trato gastrointesti-
nal em pacientes com a MND, ele deve ser administrado por
uma via alternativa, como injeções subcutãneas. Os pacientes
tratados desta Forma demonstraram alguma melhora clínica,- no
entanto, nenhuma das alterações é completamente corrigida
ou evitada. Com base em estudos em um modelo animal para

a MND, o rato tigrado, foi proposto que o tratamento para a


MND seria mais eficaz se fosse iniciado na metade de gestação.
Consequentemente, a terapia pré-natal está sendo investigada.
Em contraste com a MND, em que uma deliciência de co-
bre provoca a doença, a doença de Wilson
M3 x Capitulo r GENÉTICA MÉDICA
A proteina ATPTB desempenha um papel semelhante ao de
um efetor de transporte de cobre. No entanto, a proteina se
move entre o complexo de Colgi e os endossomos ou a mem-
brana celular dos hepatócitos, e controla a excreção de cobre
na árvore biliar. A ATP7B também auxilia na incorporação de

cobre na ceruloplasmina. Centenas de mutações diferentes lo-


ram descritas em pacientes com a WND. Uma única mutação
misstnsr responde por cerca de 40% dos alelos que causam
doenças ern pessoas de ascendência norte-europeia_
A doença de Wilson (WND) é uma desordem
autossômica recessiva caracterizada por doença
hepática progressiva e anormalidades neurológicas.
A doença de Menkes (MND) é uma doença recessiva
ligada ao cromossomo J( caracterizada por retardo
mental, convulsões e morte na infância. O acúmulo
excessivo de cobre causa a WND, e a MND resulta de
uma falta de cobre e disfunção enzimática. As WND e
MND são causadas por mutações nos genes altamente
homólogos, ATP7B e ATP7A, respectivamente.
Zinco
À acroderTnatite entenopática (AE) é caLu-;ada por um defeito na
absorção de zinco pelo trato intestinal. As pessoas com AE de-
senvolvem retardo no crescimento, diarreia, disfunção do sistema
FIGURA 7-10
imunológico e uma severa dermatite inflamaçãoda pele), que ti- Uma criança oorn acrodermatite enteropáiica causada por mutações no gene
picamente acomete a pele dos (irgãcis genitais e das nádegas, em SL 03944, que eodifi uma proteina necessaria para a absorção intestinal de
torno da boca e nos membros (Fig. 7-10). As criançasusualmente zinco. A deficiênciade zinco resultante produz uma dermatite caracteristica com
apresentam AE após o desmame, e a doença pode ser fatal se eritema e hiperqueratose ao redor da no, orgãos genitais, nádegas e pemas.
não tratada com altas doses de zinco suplementar, o que resulta (Cortesia da Dra. wrginia Sybent University of Washington.)
em cura. A AE é camada por mutações no gene 5LC39Â4, que
codjfica uma proteína putativa transportadora de zinco expres- quantidades de zinco por meio de uma lionna mutante do trans-
sa na membrana apical da célula epitelial do intestino delgado. portador, ou se existe outro transportador capaz de absorver o
Ainda não se sabe se pessoas com AE podem absorver pequenas zinco quando este é dado em doses elevadas.

Questões para Estudo

1. Garrod descobriu que a alcaptonúria é mais comLun uridil transferase é normal. interprete estes resultados
nos descendentes de casamentos consanguineos_ e explique como mutações em genes diferentes
Explique esta descoberta. Em geral, o que é a podem produzir um fenótipo semelhante_
associação entre o coeñciente de casamento e a B. A prevalência de PKU varia de uma em 10.000
prevalência de um erro inato do metabolismo? até uma em rooooo. Explique como as taxas de
2. Se muitas reações metabólicas podem acontecer na prevalência de erros inatos do metabolismo podem
ausênciade Luna enzima, explique como a diminuição ou variar tanto entre os diferentes grupos étnicos.
anuência da atividade da enzima pode resultar em doença. 7. Urna mulher de i8 anos chega ao seu escritório
3. Apesar da baixa prevalência da maioria das doenças para consulta pré-natal. Ela teve um irmão que
metabólicas, por que é importante entender a morreu com um mês de idade devido a um defeito
patogênese de erros inatos do metabolismo? na oxidação mitocondrial de ácidos graxos. Qual é o
risco de a paciente ter uma criança afetada? Explique
4. Descreva três tipos de processos metabólicos e dê
sua resposta.
exemplos de desordens em cada um deles.
8. Uma menina de i8 anos desenvolve hiperamonemia
5. A galactosemia é diagnosticada em um neonato de
e está em estado crítico. O teste bioquímica realizado
1 semana de idade, porem a atividade de CAL-l-P
em uma biopsia do fígado confirma que ela tem
deficiência de OTC. Qual é o próximo teste genético
que deve ser pedido? Por quê?
9. Distúrbios do sistema da OXPHOS são comumente
associados a elevados niveis de ácido lático no
sangue_ Explique este fato.

Leituras sugeridas
Adams PC, Barton JC. Haelnochromatosis. Lancet 20072370:
l 855-450.
Allen K), Gurrin LC, Constantine CC, et al. lron-overloadre-
lated disease in HFE hereditary hemochromatosis. N Eng¡
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Andrews NC. Metal transporters and disease. Curr Opin
Chem Biol 2002,62 131-6.
Beutler E. Hemochromatcssis: Genetics and pathophysiology_
Ann Rev Med 2ÚOÔ¡57:33 1-47.
Bosch AM. Classical galactosemia revisited- _I lnherit Metab
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Burrow TA, Hopkin RJ, Leslie ND, et al. Enzyme reconsti-
tution/replacementtherapy for lysosomal storage diseases.
Curr Opin Pediatr 2007,. 1 9628-35.
de Bie
I

A identificação de mutações que causam doenças é o foco cen- de mapeamento gênico podem ser distingruidos. No mapea-
tral da genética médica. Este processo geralmente começa pelo mento gênico, a Frequência de Crossings meióticos entre os loci
mapeamento de mutações que ocorrem nas pessoas afetadas é utilizada para determinar as distâncias entre eles. 0 mapea-
para localizaçõesespecificas nos cromossomos. Com a conclu- mento físico envolve a utilização de técnicas citogenéticas,
são do Projeto Genoma Humano (Quadro 8-2 adiante neste moleculares e computacionais para se determinar as localiza-
capítulo), as localizações de praticamente todo gene humano ções Físicas exatas das mutações causadoras de doença nos cro-
no genoma são agora conhecidas. A disponibilidadedesses da- mossomos. Às seções posteriores deste capitulo descreverão

dos, juntamente com os avanços expressivos na tecnologia de como essas técnicas de mapeamento levam ã caracterização

genética molecular e desenvolvimentos importantes na análise dos genes causadores de doença e, assim, a um prognóstico
estatística de dados genéticos, acelerou enormemente o ma- mais acurado dos riscos de doenças nas familias.
peamento de mutações causadoras de doenças. Entretanto, as
alterações genéticas específicas responsáveis pela maioria dos MÀPEÀMENTÚ GÊNÍCÚ
tenótipos herdados de doenças permanecem desconhecidas Análise de Ligação
(i. e., qual gene ou quais genes contribuem para determinada Urna das leis de Gregor Mendel, o princípio da segregação
doença.) Muitas pesquisas são realizadas no momento para a independente, diz que os genes de um indivíduo serão trans-
descoberta destas mutações genéticas e suas consequências_ À mitidos para a próxima geração independentemente uns dos
medida que este trabalho progride, nosso conhecimento sobre outros (Capítulo 4:). Mendel não estava ciente de que os genes
as bases biológicas das doenças genéticas certamente também estavam localizados nos cromossomos e que os genes situa-
irá progredir. dos próximos no mesmo cromossomo são transmitidos juntos
O mapeamento dos genes de doenças é um passo importan- e não independentemente- Assim, o principio da segregação
te na compreensão, diagnóstico e eventual tratamento de Luna independente é verdadeiro para a maioria dos pares de laci,
doença genética. Quando a localização de um gene de doença mas não para aqueles que ocupam a mesma região de um cro-
é detenriinada, geralmente é possível proporcionar um prog- mossomo. Para tais inc¡ diz-se que eles estão ligados.
nóstico mais acurado para pessoas em risco para uma doença A Figura 8-1 representa dois lací, A e B, que estão localiza-
genética. Um próximo e importante passo é a clonagem do dos próximos no mesmo cromossomo. Um terceiro locus, (Í,
gene (como discutido no Capítulo 3, ctlonagm se refere ã inser- está situado em outro cromossomo. No indivíduo do nosso
ção de um gene em LIJTI vetor, e, assim, cópias ou clones podem exemplo, cada um desses loci tem dois alelos, designados I e
ser feitos). Uma vez que um gene tenha sido clonado, sua se- 2. Os lou' A e B estão ligados, então Â, e B, são berdados jun-
quência de DNA e seu produto proteico podem ser estudados tos. Como A e (7 estão em cromossomos diferentes, e deste
diretamente. lsto pode contribuir para o nosso entendimento modo não estão ligados, seLLs alelos seguem o princípio da se-
da causa atual da doença. Além do mais, a clonagem gênica gregação independente_ consequentemente, se o processo de
pode abrir caminhos para a produção de um produto normal mtiüst ¡nscfc Â, em um gameta, a probabilidadede que (Í, seja
do gene por meio de técnicas de DNA recombinante, permi- encontrado no mesmo gameta é de 50%.
tindo um tratamento mais efetivo de urna doença genética. Por Lembre-se do Capítulo 2 que cromossomos homólogos "as
exemplo, o fator Vlll de coagulação recombinante é utilizado vezes trocam porções de seu DNA durante a prótase l [isso é

para tratar a bemolilia A, como discutido no Capitulo 5, e a conhecido como crossing-over ou (messi-ng). Um cromossomo ex-
insulina recombinante é utilizada no tratamento do diabetes perimenta, em média, um a três eventos de Crossing-over durante
tipo l A terapia gênica que modiFica genes de pessoas com
.
-
a meiose. Como resultado do Crossing-aim', novas combinações
uma doença genética - também se torna uma possibilidade. de alelos podem ser fonnadas em um cromossomo. Considere
Assim, o mapeamento gênico contribui diretamente para os novamente os loci ligados, A e B, na Figura 8-1. Os alelos A. t:
vários objetivos primários da genética médica. B, estão proximamente localizados em um cromossomo, e os
Este capítulo discute as abordagens mais comuns utilizadas 315105 A: e B; estão localizados no cromossomo bomólogo. A
no mapeamento gênico e identificação. Dois tipos principais combinação de alelos em cada cromossomo é um haplótipo
Mapeamento Genicoe identificação i' i5?

uma familia, os alelos de A e B soÍrem recombinação em 5%


das vezes, então a frequência de recombinação para A e B será
de 5%-
A distânciagenética entre dois locí é medida em centimor-
gana (CM), em homenagem a T_ H. Morgan, que descobriu
o processo de Crossing-over em 1910. Um CM é aproximada-

mente igual à frequência de recombinação de 1%. A rela-


ção entre Frequência de recombinação e distância genética
é aproximada, porque os crossings duplos não produzem re-
combinaçãt). A Frequência de recombinaçãoentão subestima
FIGURA 8-1 a distância mapeada, especialmente à medida que a Frequên-
Os iociA e Bastão ligados no mesmo cromossomo_ então os alelos A¡ e cia de recombinação aumenta acima de cerca de 10%. Fór-
B, são geralmente herdados juntos. O iocos G esta em um cromossomo mulas matemáticas foram desenvolvidas para corrigir
diferente, então ele não esta ligado a A e B, e seus alelos são transmitidos essa

independentemente dos alelos A e B. subestimação.


Os iocí que estão no mesmo cromossomo são denomina-
(originado de "genótipo haploide). Os dois haplótipos des- dos sintênicos (significando "mesmo filamento") Se dois Iocí
te individuo são indicados por A,B..I'A,B,. Como mostrado na sintênicos estão 50 CM distantes um do outro, eies não são
Figura B-ZÀ, na ausência de Crossing-over, Ali. será encontrado considerados ligados. Isto oeorne porque sua frequência de re-
em LIJTI gameta e AB¡ no outro. Porém quando há Crossing-over, combinação, 50%, é equivaiente a transmissão independente,
novas combinaçõesalélicas, A¡B¡ e 44,3” serão encontradas nos como no caso de alelos de ioci que estão em cromossomos dife-
dois gametas (Figura 8-23). O processo de Fonnação destes rentes. [Para entender isto, pense nos cromossomos mosnradtas
novos arranjos de alelos é chamado mcombinação. O Crossing- na Figura 8-1: Se uma pessoa transmite um alelo A., a proba-

over não leva necessariamente a rtcombinação, pois poderá bilidadede que ela também transmita o alelo C” u qua] está
ocorrer um Crossing-over duplo entre dois iocr', não resultanrío, em outro cromossomo, é de 50%, e a probabilidadede que ela

assim, em recombinação(Figura SJC)- transmita o alelo C, também e' de 50%).


Como mostrado na Figura 8-3, os Crossing-over têm maior
probabilidade de iocí que estão situados lon-
ocorner entre Os crossings entre inc¡ no mesmo cromossomo podem
ge em um cromossomo do que entre os loca' que estão pro- produzir reoombinações.Os Jacino mesmo cromossomo
ximamente situados. Assim, a distância entre dois loca' pode que experimentam reoombinaçâoem menos de 50% das
ser inierida pela estimativa da frequência de recombinações vezes são ditos ligados. A distânciaentre os iocr' pode ser
que ocorrem nas famílias (isto é denominado Frequência de expressa em oentimorgans (CM); 1 cM representa uma
rccombinação). Se uma grande série de meioses estudada em frequência de recomhinação de aproximadamente 1%.

A1 B1 HGIJRA 8-2
Ó A131 Os resultados genéticos do crossing-
A1 B1 over A, Ausênciade crossing-over'. A,
\*ÓA131 e B, pemianecem juntos apos a melose.
Ág B¡ B, Um orossing-overenlre A e B resulta
Ó A232 em uma recombinação: A; e B: são
Ág B2 herdadas juntos em um cromossomo,
A Ó A232 e Age B¡ são herdadas juntos em outro
cromossomo_ c, Um crmsiog-over
A1 B1 B1 duplo entre A e B não resulta em não
É A2 B2 ^1 B2
recomhlnação dos alelos.
(Modificado de Mecanica KL, Hueiirer
SE: Painophisioioy: The Bio iogic Basis
for disease in Aduiisand Children. 5*” eo.
z. Ad B2 S! Louis: Mosbiç 2005)
32
\AO A232
B Crossing-amei'
A1 B1 B
/vÓ A131
A2 32
B1
B

2
*toA131
z'. A232
B2
É. A232
C Crossing-overduplo
152 ,r Capítulo e GENÉTICA MÉDICA
determinar que, sola a hipótese de ligação entre NF! e 11710, o gene
com a mutação causadora da NF 1 assim como o alelo 1 do locus
:F10 devem estar na mesma cópia do cromossomo 17 nesta
família, porque o individuo l-I, que é homozigoto para o alelo
2, não é afetado pela doença. Somente o pa¡ afetado (I- I ), que
é heterozigoto para o locus IFiO, pode ter transmitido uma
cópia do cromossomo 17, que contem tanto o alelo NFd da
A1 P41 Áz A2
doença quanto o alelo I :F10 para a sua Filha (Il-Z).
B1 B1 B2 B2 A disposição destes alelos em cada cromossomo é chamada
de fase de ligação. Conhecendo-se a fase de ligação, os hapló-
tipos do indivíduo lI-l devem ser N 4h12, onde N indica o alelo
com a mutação causadora da NF¡ n indica o alelo nonnal e I e
,

2 são os dois alelos !F40 (em outras palavras, o individuo ll-2


contém um cópia do cromossomo 17 que possui a mutação
causadora da doença N e o alelo 1 do 11710, e sua outra cópia
do cromossomo 17 contém o alelo nomial n e o alelo 2 do
41710). O marido desta mulher (indivíduo ll-I] não e' afetado
Â1 Â1 Âe Áz
pela doença e é liomozigoto para o alelo 2 no 11:10. Ele deve
B1 B1 B2 B2 possuir os haplótipos 112/112. Se os locí NF! e !F10 estão liga-
dos, as crianças desta união que são afetadas pela NFI devem
geralmente ter o alelo 1 !F1 O, e aqueles indivíduos que não
são afetados devem ter o alelo 2. Em sete das oito crianças na
geração ill, vimos que isto é verdadeiro». Em um caso, ocorreu a
recombinação(indivíduo III-õ). lsso equivale a uma frequência
de recombinaçãode 1/8, ou 12,5%, confirmandoa hipótese de
ligação entre os locí NF! e íFíÕ. A Frequência de recombina-
ção de 50% deve suportar a hipótese de que dois loci não estão
ligados. Note que o heredograma nos permite determinar a
fase de ligação no indivíduo ll-2, mas não podemos determi-
nar se a recombinação aconteceu no gameta transmitido para
Il-2 pelo seu pai. Assim, a frequência de recombinação é esti-
mada somente nos descendentes de li-I.
Na prática atual, um número muito maior de famílias deve
ser usado para garantir a precisão estatística deste resultado.
Se isto for leito, deve mostrar que 1P !Ú e NF! estão_, de lato,
muito mais ligados do que o indicado por este exemplo, com
uma frequência de recombinação de menos de 1%.

A1 A1 A2 A2 As estimativas de frequências de recombinaçãosão


A1 ^2 Â1 A2 obtidas observando-se a transmissão dos alelos nas
B1 B2 B1 B2 B1 B2 B1 B2 famílias. A determinação da fase de ligação (i. e., o
cromossomo no qual cada alelo está localizado) é
uma parte importante deste procedimento.
RECOMBINANTES
HGURÂ 3-3 Os polimorlismos tais como 41:10', que podem ser utiliza-
O crossfng-overocorre mais facilmenteentre os los¡ que estão distantes dos para seguir um alelo de doença através das gerações fami-
nos cromossomos (esquerda) do que entre aqueles que estão mais
proximos (direita). liares, são denominados marcadores (í. c., eles podem marcar
o cromossomo no qual um alelo de doença está localizado).

As frequências de recombinaçãopodem ser estimadas pela Como os marcadores ligados podem ser tipados em um indivi-
observação da transmissão dos genes em heredogramas. A duo de qualquer idade (até mesmo no Feto), eles são úteis para
Figura 8-4 é um exemplo de heredograma no qual a neurofi- o diagnóstico precoce de doenças genéticas (Capitulo 13). É

bromatose tipo l (NFI) está sendo transmitida. Os membros importante enfatizar que um locus marcador simplesmente nos
deste heredograma também Foram tipados para um polimor- ajuda a determinar qual membro de um par de cromossomos
lismo de dois alelos, denominado iFiO, o qual_, assim como está sendo transmitido por um genitor, e geralmente não tem
o gene NF!, está localizado no cromossomo 17- Os genóti- relação direta com a verdadeira causa da doença genética.
pos ;F10 são mostrados abaixo de cada número do indiví- Em geral, um cM corresponde a aproximadamente 1 mi-
duo no heredograma. A análise das gerações l e ll nos permite lhão de pares de bases (l Mb) de DNA. Entretanto, isso e'
2

1 2 3 4 5 6 7 8
À 1,2 1,2 2,2 1,2 2,2 2,2 1,2 2,2

z t i Z
¡54 f Capítulo 3 GENÉTICA MÉDICA
probabilidadea favor da ligação é I .O00 vezes maior do que a Análise de Ligação e o Mapa Gênlnn Humano
probabilidadecontra a ligação. Ao contrário, um escore LOD Suponha que estejamos estudando um gene de doença em uma
menor que -2,0 (chance de 100 para l contra a ligação] é con- série de heredogramas e desejamos mapeá-lo em uma locali-
siderado como evidência de que dois loci não estão ligados. O zação especifica de um cromossomo. FIipÍcamente, deveríamos
Quadro 8-1 iomece detalhes no cálculo dos escores LOD. tipar os membros do nosso heredograma para loci marcadores
cujas localizações em cada cromossomo tivessem sido estabe-
As chances estatísticas de que dois Ioci estejam a lecidas com uma variedade de métodos moleculares e estatisti-
um detenninado número de centimorgans distantes cos. Utilizandoas técnicas descritas, testariamos a ligação en-

podem ser calculadas pela mensuração da taxa de tre o gene de doença e cada marcador. A maioria destes testes
duas probabilidades:a probabilidadede ligação em deveria gerar escores LOD negativos, indicando ausência de
uma dada frequência de recombinaçãodividida pela ligação entre o marcador e o gene de doença. Eventualmente,
probabilidadede não ligação. O logaritmo desta razão este exercicio revelaria a ligação entre o gene de doença e o
de chance é um escore LOD. Escores LOD de 3,0 ou marcador ou grupo de marcadores- Devido ao grande tamanho
maiores são considerados como evidência de ligação, do genoma humano, teriamos que tipar centenas de marcado-
e escores LOD menores que -2,0 são tidos como res para encontrar um ou vários destes que estariam ligados
evidência de que os dois Ioci não estão ligados. ao gene da doença. Muitas doenças hereditáñas importantes

QUADRO 8-1
Estimando os Escutas LOD em Análisesde Ligação

Um exemplo simples ajudará a ilustrar os conceitos de taxa de pro- transmitir qualquer Luna das quatro combinações (Ni, Na, n; e
babilidadee escores LOD- Considere o diagrama do heredograma a2) com probabilidade igual (U4). A probabilidade de observar-
na figura adiante, que ilustra outra familia na qual o NF¡ esteja sen- mos cinco crianças com os genótipos indicados deveria então ser
do transmitido. A familia foi tipada para o marcador 41540, assim (lf4]5= 1.31024. Esta probabilidade é o denominador da taxa de
como na Figura 8-4- O homem na geração ll deve ter recebido o probabilidade. A taxade probabilidade é então M32 dividida por
alelo iFiO-i de sua mãe, porque ela pode transmitir somente este 1151-0241, ou 32. Assim, os dados neste henedograma nos dizem que
alelo marcador. Assim, seu alelo !FIO-z teria que vir do seu pai, na a ligação, em B=0,0, é 32 vezes mais provável do que não haver
mesma cópia do cromossomo do gene da doença NF¡ (sob hipóte- ligação.
se de ligação). lsto nos permite estabelecer a fase de ligação neste Se tomarmos ologaritmo comum de 32, observaremos que o
heredograma: O homem afetado na geração ll deve ter o haplótipo escore LOD é 1,5, que ainda está longe do valor 3_,0 geralmente
N21m. Ele se casou com uma mulher não afetada que é homozigota aceito como evidência de ligação. Para provar a ligação, precisare-
para o alelo iFiO-z. Assim a hipótese de forte ligação [9=0,0) mos examinar os dados de outras Famílias.Os escores LOD obtidos
prediz que cada criança da geração Ill que receba o alelo 2 do seu a partir de familias individuais podem ser adicionados para obter
pai também deve receber o alelo da doença NFL Sob a hipótese de um escore total. (Note que, matematicamente,adicionar os escores
ligação, o pai pode transmitir somente duas combinaçõespossiveis: LOD é o mesmo que multiplicar as probabilidades de ligação de
a cópia do cromossomo que carrega o gene da doença e o alelo cada família e depois calcular o logaritmo do resultado. lsto é outro
41710-2 [haplótipo M2) ou a outra cópia do cromossomo, que tem exemplo do uso da regra da multiplicação para acessar a probabili-
o gene normal e o alelo !FIO-l (haplótipo m). A probabilidadede dade de co-ocorrencia.)
cada um desses eventos é de 1D. Entretanto, se B 0,0, a probabi-
= Suponha que tenha ocorrido uma recombinação na meiose ge-
lidade de observar cinco crianças com os genótipos mostrados na rando Ill-S, a quinta criança da geração Ill (í. c., ela deve manter o
figura abaixo é [IDF, ou 1.332 (i. e., a regra da multiplicação é apli- mesmo genótipo marcador, mas deve ser afetada pela doença, em
cada para obter a probabilidade de que todos os cinco eventos vez de não ser afetada). Este evento é impossível sob a hipótese de
ocorrerão juntos). Este é o numerador da taxa de probabilidade. que El =0,0, então o numerador da taxa de probabilidade torna-se
Agora considere a probabilidade observando estes genótipos se zero, e o escore LOD para 8 0,0 é -oo. É possivel, entretanto, que
=

(F10 e NF! não estão ligados [9 =0,5). Sob esta hipótese, há uma os locr' marcadores e da doença ainda estejam ligados, porém com
segregação independente dos alelos em !Fio e NFL O pa¡ pode uma frequência de recombinação maior do que zero. Vamos testar,

por exemplo, a hipótese de que B=0,l. Esta hipótese diz que o


alelo da doença, N, será transmitido junto com o alelo marcador 2
em 90% das vezes e com o alelo marcador 1 em 10% das vezes
(f. r., quando uma recombinação tenha ocorrido). Pela mesma ra-
zão, o alelo normal, n, será transmitido com o alelo marcador 4 em
90% das vezes e o alelo marcador 2 em 1096. Como no exemplo
anterior, o pai pode transmitir tanto o alelo normal quanto o alelo
da doença com probabilidadeigual (0,5) para cada criança. Assim,
a probabilidadede herdar o alelo da doença com o alelo marcador
2 [haplôtipo M2) é 0,5 x 0,90 0,45, e a probabilidade de herdar o
=

alelo da doença com o alelo marcador r [haplótipo N t] é


0,5 x0,l =0,05. A probabilidade de herdar o alelo normal com o
marcador 1 (na) é 0,45 e a probabilidadede herdar o alelo normal
1 ,2 2,2 2,2 1,2 1,2 com o marcador 2 (na) é 0,05. Em cada caso, então, a probabilidade
Um heredograma de NF! no qual cada membro foi tipado para o de receber uma não recombinação(Na ou m) é 0,45, e a probabili-
polimorfismo 1Fl0. Os genótipos marcadores são mostrados abai- dade de receber uma recombinação (Ni ou M2] é de 0,05. Sabemos
xo de cada individuo do henedograma. que quatro das crianças da geração Ill são não recombinantes, e
Mapeamenio GÊIJÍCO .e identificação f F55

QUADRO 8-1
Estimando os Escutas LOD em Análisesde Ligação

cada um desses eventos tem a probabilidade de 0,45. Sabemos que 54])f( 1.¡ i 024)] 0,02. Como anteriormente, poderemos estimar os
=

um indivíduo é um recombinante, e a probabilidadedeste evento é escores LOD para cada frequência de recombinação:
de 0,05. A probabilidade de quatro não recombinações e uma re-
combinaçãoocorrerem juntas na geração lll é obtida pela aplicação 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
da regra da multiplicação: 0,45% 0,05. Este se toma o numerador
0,02 0,12 0,09 0,03 0_,0
para o cálculo do escore LOD. Como anteriormente, o denomina-
dor (a probabilidade de que 0:05) é (I1-"4)5. O escore LOD para Note que cada escore LOD é menor do que o escore correspon-
a 0,1_, então, é dado pelo log,.,(0,45*x0,05)f(1f4)5 0,32.
= = dente quando a fase de ligação é conhecida. lsto parte do principio
Para testar a hipótese de que 8 0,2, a abordagem acima é utili-
= de que uma fase de ligação conhecida contribui com uma informa-
zada novamente, com 6 0,2, em vez de 0 0, i. lsso gera um escore
= = ção útil para permitir uma estimativa mais acurada dos genótipos
LOD de 0,42. Faz sentido que o escore LOD para 0 0,2 seja maior
= atuais da prole.
do que para 6 0,1, porque sabemos que uma das cinco crianças (0,2)
= Os escores LOD são frequentemente plotados contra os valores
na geração lll é um recombinante. A aplicação desta fórmula para de fl, como mostrado na figura abaixo. O maior escore LOD no grã-
uma série de valores passíveis de 0 [O, 0,1, 0,2, 0,3,0,4 e 0,5) mostra fico é a estimativa da probabilidademáxima de B, isto é, a distância
que 0,2 gera o maior escore LOD, como poderiamos esperar: mais provável entre dois loo' que estão sendo analisados.

a 3,5
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
LOD _oc 0,32 0,42 0,36 0,22 0,0 3
Às vezes a fase de ligação em heredograma não é conhe-
um
cida_ Por exemplo, se os avós da figura acima não foram tipados _P0 UI
não devemos conhecer a fase de ligação do pai na geração ll. É
igualmente provável que seus haplótipos sejam Alain¡ ou Àlainz
fi'. c., cada combinação tem uma probabilidade de III)- Assim, pre-
LOD PD

cisamos utilizarambas as possibilidades no cálculo_ Se ele tem os


haplótipos Nzfm, então as primeiras quatro crianças são não re-
combinantes, cada uma com uma probabilidade de (1 0V!, e a -
Eso re "E

quinta criança é um recombinante com uma probabilidade de 6X2


(utilizandoo raciocínio descrito anteriomiente). Sob a hipótese de
que 0 =0,i, a probabilidade total de que o pai possua o haplótipo 0,5
Nzfnr e de que as cinco crianças tenham os genótipos observados
sejam iü(0,45' x 0,05) 0,001. Agora precisamos levar a fase alter-
=

nativa em consideração [ r'. e., de que o pa¡ tem os haplótipos N M112).


Aqui, as primeiras quatro crianças devem ser recombinantes, com 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
probabilidade de 01"!, e somente a quinta criança deve ser um não Frequência de reoombinação
recombinante, com a probabilidade (l Elf). A probabilidade de
-

O escore LOD (eixo y) é plotado contra a frequência de recombina-


que o pai tenha os haplótipos Niínl e de que as crianças tenham os
genótipos observados é if2(0,45 x 0,054) 0,000001. Esta probabi- ção [riam at) para demonstrar a frequência mais provável de recom-
=

lidade é consideravelmente menor do que a probabilidade da fase binação para mn par de loci.
anterior, que faz sentido quando consideramos que sob a hipótese Na prática, a análise de dados de ligação humana não é tão sim-
de ligação de que 0 0,1, quatro dos cinco recombinantes seja um
=
ples como nestes exemplos. A penetrãncia do gene de doença pode
resultado improvável. Agora podemos considerar a probabilidade ser incompleta, as frequências de recombinação diferem entre os
de cada fase de ligação no pai pela adição da duas probabilidades sexos e o modo de herança da doença pode não estar claro. Conse-
juntas: 1f2(0_,454x0,05] + 1f2(0,45x0,054). Este se torna o nu- quentemente, os dados de ligação são analisados utilizandoum dos
merador para o cálculo do escore LOD. Como anteriormente, o vários softwares disponiveis, como LÍPED, MLlNK ou MERLIN. Vã-
denominador (i. c., a probabilidade de que B: 0,5] é simplesmente rios desses programas também permitem realizar Lun mapeamento
[IMJS M1024- Então, o escore LOD total para fase de ligação
=
multiponto, um enfoque no qual as localizações de mapa de vários
desconhecida em B 0,1 é log¡ 0[(1¡2[0,454 x 0,05] + 1¡2[0,45 x 0,0
=
marcadores são estimadas simultaneamente.

foram localizadas utilizando esta abordagem, incluindo a fi- cadores de polimorfismos (polimorlismtrs de comprimento
brose cística, a doença de Huntington, a síndrome de Marian de fragmentos de restrição [RFLPs, de rrstrictionfragmmtleng-
e a neurofibromatose tipo l (ÍNFI). tla polymorfiibismsl, número variável de repetições em tandem
Ate os anos de 1980, as análises de ligação tinham poucas [VNTRs, de variam: number of tandem refmtts] e polimorfismos de
chances de sucesso porque havia somente algumas dúzias de pequenas repetições em tandem [STRPs, de short-fundou repeat
marcadores de polimorlismos úteis em todo o genoma hu- polymorfisms; Capitulo 3) foram desenvolvidos- Atualmente,
mano. Assim, era improvável que um gene de doença esti- com as técnicas elicientes de genotipagem e um grande nú-
vesse situado suficientemente próximo a um marcador para mero de marcadores, tem sido lugar comum mapear um gene

gerar um resultado de ligação: significativo. Esta situação tem de doença com somente poucas semanas ou meses de análises
mudado drasticamente à medida que milhares de novos mar- laboratoriais e estatísticas.
:55 x Capítulo 3 GENÉTICA MÉDICA
Para ser útil para o mapeamento gênica, os Íoci marcado- ligaçãt) próxima ao gene da doença. Atualmente, milhares de
res devem ter várias propriedades. Primeiro, eles devem ser marcadores têm sido identificados por meio do genoma, e
codominantes (f. e., os homozigotos devem ser diferenciados então este requisito tem sido preenchido. Cada cromosso-
dos heterozigotos). lsto torna mais fácil determinar a fase de mo agora é saturado com marcadores (Fig. 8-5). Finalmente,

ligação. Os RFLPs, STPRS e o polimorfismt) de um único nu- os foci marcadores são mais úteis quando são altamente poli-

cleotidet) (SNPS, de single -ntrcfrotide pofymorpfrrisms) (Quadro 8-2) mórficos


preenchem este critério, enquanto alguns dos antigos tipos de
marcadores, como os grupos sanguíneos do sistema ABÓ e
fator Rh (Capitulo 3), não são utilizados_ Segundo, os Inc¡ mar-
cadores devem ser numerosos, de modo que seja provável uma

QUADRO 8-2
O Projeto Genoma Humano
O Projeto Genoma Humano é um dos empreendimentos mais am-
plamente divulgados e ambiciosos na história da pesquisa biomedi-
ca. Iniciado em outubro de 1990, este projeto de 15 anos teve três
objetivos principais: um mapa de marcadores genéticos, um mapa
fisico e a sequência completa dos tres bilhõesde pares de base do
genoma humano.
O mapa de marcadores foi completado no começo do projeto
e atualmente inclui milhares de polimorfismos distribuidos ao lon-

go do genoma, que abrangem RFlfs, VNTRs e STRPs. Em média,


um polimorfismo útil pode ser encontrado em intervalos menores
que 1 cM- Assim, um marcador proximamente ligado pode ser en-
contrado para praticamente qualquer gene de doença. Além desses
polimorfismos, milhões de SNPs têm sido identilicados ao longo
do genoma. Os SNPs são variantes de uma única base que indivi-
dualmente são menos polimórficos do que os polimorlismos STPR
e VNTR. Entretanto, eles possuem uma taxa de mutação menor
do que estes polimorfismos, e são especialmente adaptados ao pro-
cessamento automatizadocomputadorizado (p- ex. chips de DNA,-
Capitulo 3). Eles foram assim adicionados logo após a utilidade do
mapa genético humano.
O segundo objetivo_, run mapa fisico dos sítios de sequência
marcada conhecidos (STSs, de Sequoia-tagged site), distribuídos em
intervalos de Iüültb ao longo do genoma, também esta completo.
Estas sinalizações físicas foram inestimãveis nos experimentos de
clonagem posicional_, onde foram utilizadaspara posicionar uma sé-
rie de sequências de DNA (p. ex., aquelas inseridas em vetores de
clonagem como cromossomos artificiais de levedura (YACs, de ;masi
artrjiciaf cbmmosnmes), cromossomos artificiais de bactéria [BACs, de
bacterial artificial chromosomes], ou cosmídeos em ordem relativa
O objetivo final, a sequência completa do genoma_, é o principal
desafio de todos e tem sido seguido tanto nos setores públicos quan-
to nos privados. O esforço financiado pelo setor público foi iniciado
pelo estabelecimento de uma estrutura de segmentos sobrepostos
clonados de DNA humano. Estes segmentos de DNA_, que foram
clonados em vetores tais como BACs e cromossomos artificiais do
bacteriófagoP1 (PACS, de Pt arhjiciaf cbmmosonrer), foram ordenados
por tamanhos de 100 a lüükb. O estabelecimento de sobreposi-
ções precisas e as localizações no cromossomo para estes segmentos
apresentaram desafios técnicos formidáveis, e a sua realização foi
atotiliadaconsideravelmente pelo mapa fisico dos STSs. Cada seg-
mento de DNA foi então quebrado a pequenos fragmentos de res-
trição e sequenciado, e os dados resultantes foram colocados em um
banco de dados para acesso ao púltolico. Por outro lado, os esforços
do setor privado começaram com segmentos de DNA muitos meno-
res (tamanho de vários kb] e clonados em vetores plasmidiais. (Íada
um desses pequenos segmentos foram sequenciados e, em seguida,
foram identificadas sobre-posições para montar uma sequência de
DNA maior, sendo estes dados disponibilizadospara uso público.
Em fevereiro de 2001, ambos os grupos anunciaram que tinham
completado aproximadamente 90% da sequência do DNA eucro-
Mapeamento Gemma identificação 7" ?.57

o HGURA 8-5
098143 um mapa genético do cromossomo 9, mostrando as
cromossomo 9 09354 Iolizacõesda um grande número de mardores
24
093173 polimoriicos. Como as taxas de reoombinação
_
0931440931323 geralmente são mais altas na meiose feminina, as
23 0931 se distânciasentre marcadores (em centimorgans) são
093157 o
22 IFNB maiores para as mulheres do que para os homens_

21
093123 (De Airwood J, Goiano M, Collins A, er ai: CEPH
0933093139 oorrsorrium map of chromosorrre 9. Genomios
1994,-19:20.3-214.)
13 D9S1i-
09343
12
09319,0935o
0931509330939
11 09339,093234 50
11 ASSP3

12

13
a 093733
0931 ,0931 53
093137
093152
DQSÊD
093134
91-1 09312
21.2 09322
21 3 0931210913109 100
-
09353
22.1
22.2
as:
093174
22 3 D9S16,0RM,HXB
=
093154,093155
09341
31 09321 ,093103
GSN
32 09349 150
as as
ABL,ASS,D9S179
34.1
34.2
I mao
DBH,D9S6B
09314,09337
34,3 _.
09317 Homem cM
0937
09311

Mulher CM

analisar,- sendo, portanto, especialmente adequados ao mape- à rec-ombinação.Este exemplo demonstra o valor de marcadores
amento gênica. altamente polimórliwstanto para análises de ligação quanto para
Um exemplo ilustra este últimt) ponto. Considere o diagnósticos de doenças genéticas (Capitulo 13).
heredograma na Figura 8-6A. O homem afetado é mn homozigoto
para Ll.l1'l locus marcador de dois alelos que está intimamente ligado Para ter utilidade no mapeamento gênioo, os
ao locus da doença Sua esposa é heterozigota para o locus marca- marcadores de ligação devem ser oodominaniies,
dor. Sua filha afetada é homozigota para o locus marcador. Com numerosos e altamente polimórlictns. Um alto grau
base nestes genótipos, é impossível determinar a fase de ligação de polimorñsmo no locus marcador aumenta a
desta geração, de modo que não poderemos prever quais crianças probabilidadede que os casamentos serão infonnativos.
serão ou não afetadas pela doença. Ú casamento na geração l é
chamado casamento não informativo. Por outro lado, um locus A disponibilidade de muitos marcadores altamente poli-
marcador com seis alelos to¡ tipado na mesma familia (Fig. 8-63). mórlicos no genoma ajuda os pesquisadores a restringir a lo-
Como a mãe da geração l possui dois alelos que diferem daqueles calização de um gene pela observação direta de recombina-
do pa¡ afetado, agora é possivel determinar que a till-ia afetada ção dentro das familias. Suponha que se saiba que uma série
na geração ll tenha herdado o alelo da doença na mesma cópia de marcadores de polimorfismos, denominados A, B, C, D e
do cromossomo alelo marcador l. Como ela se
que contém o E, estejam altamente ligados a Lm1 gene de doença. À Famí-
casou com um homem que tem os alelos 4 e 5, podemos prever lia mostrada na Figura 8-7 foi tipada para cada marcador, e
que cada prole que receba o alelo l dela será afetada, e cada um observamos que a pessoa ll-2 possui os alelos marcadores A1,
que receba o alelo 2 não será afetado. As exceções serão devidas B!, C1, D¡ e E¡ na mesma cópia do cromossomo que contém a
15a / Capítulo a GENÉTICA MÉDICA
HGURA 8-6
um gene de doença autossõmiea dominante esta segregando
nesta familia. A, Um marcador de polimorllsmo de dois alelos
proximamente ligado foi tlpado para cada membro da lamlI ia,
mas a fase de ligação não pode ser determinada (casamento
não informativo). B, Um polimorfismo de pequenas
repetições em tandem (STFlP) proxlmamente ligado a seis
alelos lol tipado para cada mem bro da familia e a fase de
ligaçao agora pode ser determinada (casamento informativo)

1,1 1,2 1,2 1,1 1,4 2,4 1,5 2,4


A Casamento não informativo B Casamento Informativo

mutação causadora da doença (Fase de ligaçãol). A outra cópia A observação direta de recombinaçõesentre os
(normal) deste cromossomo da mesma pessoa (ll-l) possui os Iocr' marcadores e o locus da doença pode ajudar a
alelos marcadores Al, B_ C” D, e EI. Entre as proles afetadas restringir o tamanho da região que contém o focus
na geração ill, observamos evidência de duas recombinações. da doença. Adicionalmente,as análises de ligação
A Filha lÍl-I evidentemente herdou o alelo marcador A¡ da sua às vezes mostram que algumas famílias afetadas
mãe afetada (ll-Z), mas ela também herdou a mutação que cau- demonstram ligação aos marcadores em uma dada
sa a doença de sua mãe. Ísso nos diz que houve recombinação região cromossõmica e outras não. Isto é uma
(Crossing-over) entre o marcador A e o gene da doença. Assim, indicação de hetemgeneidade do focus.
sabemos que a região do cromossomo entre o marcador A e o
telômero não pode conter o gene da doença. Desequllíbrln de Ligação: Associação não Randõmlca de
Óbservamos outra recombinação no gameta transmitido Alelns em Loc¡ Ligados
ao individuo llI-S. Neste caso, ele herdou os marcadores D, Dentro das Famílias, um alelo de um locus marcador será ge-
e E', mas também herdou a mutação da doença de ll-l. isto ralmente transmitido junto com o alelo de doença se os lool'
indica que ocorreu um Crossing-over entre os marcadores do do marcador e da doença estiverem ligados. Por exemplo, o
Íocus D e o locus da doença. Agora sabemos que a região entre alelo 1 de um marcador ligado a dois alelos pode co-ocorrer
o marcador D e o centrômero (incluindo o marcador E) não com o alelo da doença de Huntington (DH), localizado no
pode conter o locus da doença. Essas duas recombinações- cromossomo 4, na família. Esta associação é parte da definição
chave nos permitiram substancialmente restringir a região de ligação. Entretanto, se examinarmos uma série de famílias
que contém o locus da doença. Análises adicionais em outras para a ligação entre a DH e o locus marcador, o alelo i irá
Famílias podem restringir ainda mais a localização, propor- co-ocorrer com a doença em algumas famílias, enquanto o

cionando a observação de recombinaçñes adicionais. Deste alelo 2. do marcador irá co-ocorrer com a doença em outros
modo, é Frequentemente possivel delimitar a localização de (Fig. 8-8). Isto reflete duas coisas. Primeiro, as mutações cau-
um locus de doença para uma região que tem vários centimor- sadoras de doença devem ter ocorrido várias vezes no passado,
gans em tamanho. as vezes em Luna cópia do cromossomo 4 carregando o alelo
ocasionalmente, Luna análise de ligação produz um escore marcador l e em outras vezes na cópia do cromossomo 4 car-
LÓD total próximo de zero. lsto pode simplesmente signi- regando o alelo marcador 2. Segundo, mesmo que a doença
licar que os heredogramas são não informativos (um escore seja resultado de uma única mutação original, crossings que
LOD indica que as probabilidades de ligação e não ligação ocorrem ao longo do tempo eventualmente resultarão em re-
são aproximadamente iguais, porque 10" 1]. Entretanto,
= combinação dos alelos marcadores e da doença. Um alelo de
pode também resultar um escore LOD total de zero quando doença e um alelo marcador ligado estarão assim associados
um subconjunto de Famílias apresenta um escore LÓD positi- dentro das Famílias, mas não necessariamente entre as Famílias.
vo (indicando ligação] e outro subconjunto apresenta escore Em outras palavras, se avaliannos um locus marcador e um locus
LÓD negativo (argumentando contra a ligação). Este resulta- de doença em uma série de Familias em uma população, neces-
do deve Fornecer evidência da heterogeneidade do locus para sariamente não esperamos que um alelo marcador especílicc)
a doença em questão (Capítulo 4). Por exemplo, a osteogêne- esteja associado à mutação causadora da doença na maioria ou
se imperteita tipo l pode ser causada por mutações tanto no em todas as famílias.
cromossomo 7 quanto no cromossomo 17 (Capítulo 4]. Um Às vezes, entretanto, observamos a associação preferencial
estudo de familias com esta doença pode mostrar ligação a de um alelo marcador específico e o alelo de doença em Luna
marcadores no cromossomo 17 em algumas Famílias e ligação população. Isto significa que o haplótipo cromossômico consis-
no cromossomo 7 em outras. A análise de ligação tem ajudado tindo em um alelo marcador e um alelo de doença é encontrado
a definir a heterogeneidade do locus em Lun grande número de mais frequentemente do que seria esperado, com base nas ire-
doenças, incluindo retinite pigmentosa, a principal causa de quênciasdos dois alelos na população_Suponha, por exemplo, que
cegueira (Comentário Clinico 8-1)- o alelo da doença tenha uma frequência de 0,1 na população e
Mapeamento Gãnrcoe Identificação f' 159

III

É 'ã 'à à Ê1
É É1
ã Ê 1
^2
e
E: E: E: E: E: E: E: E: E: E:

Recomblnante Recomblnante

A1 A2 Os reoomblnantes
B2 B2 'Ocanzam O gene
c c da doença na
D* D2 regláa entre os
E: E: marcadores A e D.

FIGURÀ 8-7
Uma familia na qual osmarcadores A, 8, C, De Eforam tipados e avaliados para ligação a uma mutação de doença autossñmicadominante. Como
explido no texto, a recombinação é vista entre o locus da doença e o marcador A no indivíduo III-2 e entre o focus da doença e o marcador D no
indivíduo III-5.
?EU r' Capltuloã GENÊJCA MÉDICA

..aín-

A Retinite Pig menina (RP) descreve uma coleção de defeitos herdados da número de casos e causado por mutações mitocondriais, e uma das formas
retina que, juntos, constituem a causa hereditária mais comum de cegueira de RP e causada pela ocorrência de mutações mútuas em dois iocr' diferen-
humana, afetando uma em 3.000 a 4.000 pessoas. Os primeiros sintomas tes [perfpherfmRDSe RUM?, e ambos codificam componentes estruturais
clínicos da RP são observados a medida que as celulas fotorreceptoras dos dos discos membranares do segmento externo dos fotcrreceptores). Este
bastonetes começam a morrer, causando cegueira noturna. As amplitudes modo de herança e denominado dlgãnlcc. Estudos genéticos demonstraram
do eletrorretinograma (ERG) dos bastonetes estão reduzidas ou ausentes. que mutações em qualquer um dos 45 genes diferentes podem causar RP,
Com a morte dos bastonetes, outros tecidos começam a degenerar. As ce- tornando essa doença um exemplo de extensiva heterogeneidade de locus.
lulas dos cones começam a morrer, e os vasos que suprem o sangue as Uma analise de ligação anterior mapeou a fonna autossõmicadominan-
membranas da retina começam a se atenuar. Isto leva a redução da visão te da RP no braço longo do cromossomo 3. Este foi um achado significativo,
diurna. Os pacientes desenvolvem uma visão em túnel, e a maioria fica cega porque o gene, RHO, que codifica a rodopsina, também foi mapeado nesta
aos 40 anos de idade. 0 nome retinitrs pigmentos:: vem dos pigmentos que região. A rodopsina e a molécula que absorve luz e que inicia o processo de
são depositados na superficie da retina a medida que ocorrem as alterações transacção de sinal nas celulas fotorreceptoras dos bastonetes. Assim, :RHD
patolõgicas. A RP não pode ser prevenida e nem tem cura, porem ha eviden- foi um gene candidato razoável (ver texto) para a RP. Foi realizada analise
cia de que seu progresso pode ser diminuído de alguma forma pela suple- de ligação, utilizando um polimorflsmo situado dentro do gene RHO, e um
mentação de vitamina A na dieta. escore LOD de 20 foi obtido para a frequencia de recombinaçãoigual a zero
Sabe-se que a RP e herdada em diferentes famílias como uma doença em um grande heredograma irlandês. Mais tarde, mais de 100 mutações
autossõmica dominante, autossõmica recessiva ou na fomia recessiva liga- diferentes no gene RHO foram identificadas causando RP, confirmando o
da ao X. Estes modos de herança respondem por 30% a 40%, 50% a 60%, e papel deste locus como causador da doença. Estima-se que as mutações no
5% a 15% dos casos de RP, respectivamente. Adicionaimente, um pequeno gene RHO são responsaveis por 25% dos casos autossõmicos dominantes
de RP e cerca de 10% de todos os casos de RP.
Estudos adicionais tem identificado mutações em genes envolvidos em
varios aspectos diferentes de degeneração da retina Alguns desses genes
codilicam proteinas envolvidas, por exemplo, na fototransdução (p. ex., ro-
dopsina, a subunidade a da pmteina bloqueadora de canais de cátions gua-
nosina monofosfato cíclica [cGMP] dos bastonetes. e as subunidades o: e B
da cGMP fosfodiesterase dos bastonetes); na estrutura dos fotorreoeptores
(p. ex., peripherinrRDS e ROM1i; e pmteína transportadora retiniana (pax,
ABCR). Genes adicionaistêm sido implicados em síndromes que incluem a
RP como uma caracteristica. Por exemplo, a RP e observada na amaurose
congênita de Leber (LCA, de Leber congenital amaumsis), a doença here-
ditária visual mais comum em crianças. Cerca de 10% a 20% das pessoas
com RP apresentam a sindrome de Usher, que possui vários subtipos e
tipicamente tambem envolve disfunção vestibular e surdez neurossensorial.
Outros 5% dos casos de RP ocorrem como pane da síndrome de Bardot-
Biedl, na qual também são observados retardo mental e obesidade.
coletivamente, os 45 genes que causam RP identificadosate agora são
responsaveis por cerca de 60% dos casos da doença Estudos adicionais
Uma foto de fundo de olho ilustrando os aglomerados de depositos de pigmentos desta doença geneticamente heterogenea irão, sem dúvida, descobrir ou-
e a atenuação dos vasos sanguíneos da retira na retinite pigmenlcsa tros genes, aumentandoainda mais nosso conhecimento da etiologia desta
(Cortesia de Dr Donner¡J. Cree), University of Utah Health Sciences Center) desordem.

A 1,1 1,2 1,1 1,1 1,2 B 1,2 1,1 1,2 1,1


FIGURA 0-8
A, Nesta familia, o alelo i de um marcador de polimorfismo esta em fase de ligação com o alelo da doença (f. e., ambos os alelos eso na mesma copia do
cromossomo 4). B, Em uma segunda familia, o alelo 2do mesmo mardor de polimorfismo esta em fase de ligação com o alelo da doença. Esta diferença em
familias pode refletir um evento de recomhinação anterior entre o locus mardor e o locus da doença, ou pode refletir a ocorrência de dois eventos de mutações
diferentes nos ancestrais das duas familias.
Mapeamento Gãnico @identificação r' ?Ef

as Frequências dos dois alelos [chamados I e 2) do locus marca- AFigura 8-9 ilustra como o desequilíbrio de ligação pode
dor são 0,4 e 0,6, respectivamente. Assumindo independência acontecer. Imagine dois loca' marcadores que estejam ligados ao
estatística entre os dois locr' (í. e., equilíbrio de ligação), a regra locus da distroFia miotônica no cromossomo 19. O marcador
da multiplicação deve predizer que a Frequência do haplrítipc) B está proximamente ligado, a menos de l cM de distância.
na população contendo tanto o alelo da doença quanto o ale- O marcador A é mais afastado, a cerca de 5 CM de distância.
lo marcador 1 deve ser 0,1 320,4 0,04. Por meio da coleta de
= Como cada Lun destes lOCÍ marcadores possui dois alelos (in-
inlonnações da Familia, poderemos contar diretamente os ha- dicados por 1 e 2), existem quatro combinações possiveis de
plótipos na população. Se encontrarmos que a Frequência atual alelos marcadores nos dois locr', como mostrado na Figura 8-9.
deste haplótipo é 0,09, em vez de 0,04, então a suposição de Quando uma nova mutação para a distrolia miotônica ocorre
independência foi violada, indicando associação preferencial primeiramente em uma população, ela pode ser encontrada
do alelo marcador 1 com o alelo da doença. Esta associação de apenas em uma cópia de um cromossomo, neste caso, naque-
alelos em Iocr' ligados é denominada desequilíbrio de ligação. le com a combinação de marcadores AlBz. À medida que a

Marcador A Marcador B

#Mutação DM

Inicialmente, a mutação
causadora da doença e
encontrada somente no
cromossomo que contém
o haplótipo A432

2 2

lTempo
Marcador A Marcador B
Ao longo do tempo
ocorrem recomblnações
1
í/ entre os cromossomos,
distribuindo a mutação
DM em outros haplótlpos

l
População com a doença População-controle normal
Marcador A Marcador B Marcador A Marcador B
70% saíra 25%
1 2

20% 25%
2 2

e=c ?as 25%


2 1

2% 25%
1 1
FIGURA 6-9
Desequillbrio de ligação entre o locus da distrolia miotonica (DM) e dois roer' ligados, A e B. A mutação DM surge primeiro no cromossomo com o haplotipo ArBz
Apos a passagem em várias gerações, a maioria dos cromossomos com a mutação DM ainda possui o haplútipo A232, porem, como resultado de reoombinaçñes,
a mutação DM também será encontrada em outros haplotipos. Como o haplotipo Ad?, e encontrado em ?Util dos cromossomos DM_ mas em somente em 25%
dos cromossomos nomiais, existe um desequilíbrio de ligação entre DM e os ioci A e B. Como o locus Besta mais proximo de DM, ele tem maior desequilíbrio de
ligação com DMdo que o locus A.
152 / Capítulo a GENÉTICA MÉDICA
mutação da doença (alelo) é passada por múltiplas gerações, Como já discutido, os alelos de dois loci ligados devem es-
os crossíngs ocorrem entre ela e os dois marcadores. Em vista tar associados em uma população (desequilíbrio de ligação, a
d.e o locus da doença estar mais proximamente ligado ao mar- qual é uma iotrna de associação)- Neste caso, uma associação
cador B do que ao A, menus crossings irão ocorrer entre o alelo na população pode levar ao mapeamento de um gene de do-
da doença e o marcador B. Como resultado, o alelo da doença ença. Um exemplo é dado pela hemocromatose hereditária,
é encontrado em um cromossomo contendo B2 em 90% das Luna desordem autossõmica recessiva discutida no Capítulo 7.

vezes, e em um cromossomo contendo A¡ em 72% das vezes. Um estudo de associação mostrou que 78% dos pacientes
O grau de desequilíbrio de ligação é mais Forte entre o mar- com hemocromatose tinham o alelo A3 do locus Á do antí-
cador B e o alelo da doença do que entre o marcador A e o geno leucocitárit) humano (HLA, de human Íeulzocyie antígm)
alelo da doença. Observe também que ambos os alelos À] e B2 (ver Capítulo 9 para discussões adicionais do sistema HLA),
ainda estão positivamente associados ao alelo da doença, por- enquanto somente 27% das pessoas não afetadas (controles)
que cada alelo marcador possui uma Frequência muito menor tinham este alelo. Esta forte associação estatística induziu a
(50%) na população de pessoas que não tem o alelo da doen- análise de ligação utilizando polimoriismos de HLA e levou
ça (Fig. 8-9)- Se decorrerem muitas gerações, a recombinação ao mapeamento do principal gene da hemocromatose a uma
eventualmente eliminã completamente as associações alélicas, região de vários centimorgans no cromossomo 6. 0 grande
e os ioci estarão em equilíbrio de ligação. tamanho desta região tornou esta análise dil-ícil para identificar
Como o desequilíbrio de ligação é uma Função da distância Lun gene especílico. A análise do desequilíbrio de ligação foi
entre os loci, ele pode ser utilizadopara ajudar a inferir a ordem subsequcntemente utilizada para reduzir a região a aproxima-
dos genes nos cromossomos. O desequilíbrio de ligação pro- damente 250kb, levando a pronta identificação de um gene
porciona uma vantagem sobre a análise de ligação na qual ele tipo HLA (HPE) no qual uma única mutação é responsável para
reHete a ação de recombinações que tenham ocorrido durante a grande maioria dos casos de hemocromoatose hereditária- A
dúzias ou centenas de gerações passadas (i. e., o número de associação entre estes genes da hemocromatose e o locus liga-
gerações que tenham transcorrido desde que a mutação cau- do HLA-À é o resultado provável de uma mutação recente da
sadora da doença ocorreu pela primeira vez na população). A hemocromatose que ocorreu em Luna cópia do cromossomo
análise de ligação, ao contrário, está limitada a recombinações que continha o alelo HLA-Ás. Como a mutação ocorreu so-
que podem ser diretamente observadas somente em algumas mente hã 5D a 100 gerações, o desequilíbrio de ligação ainda
gerações passadas. Consequentemente, existem recombinan- é observado entre o alelo HLA-ih e a principal mutação para
tes raros suficientes em uma série de famílias para mapear um hcmocromatose.
gene a uma região de alguns centimorgans utilizando a análise As associações populacionais podem também resultar
de ligação, enquanto a análise de desequilíbriode ligação pode de uma relação causal entre um alelo e uma doença. Um
às vezes mapear o gene em um intervalo de 0,1 CM ou menos. exemplo de tal associação envolve a espondilite anquilo-
Entretanto, o desequilíbrio de ligação pode ser inliuenciado sante, uma doença que afeta primeiramente a articulação
pelas Forçasevolutivas, como a seleção natural ou a deriva ge- sacroilíaca (Fig- 8-10). A inliamação dos ligamentos leva
nética, que atua ao longo da história de uma população. Por ã sua ossilicação e eventualmente a Fusão das articulações
exemplo, alguns loci no complexoprincipal de histocompatibi- (anquilose). O alelo PEA-BL?? e encontrado em cerca de
lidade no cromossomo 6 (Capítulo 9) estão em desequilíbrio, 90% dos americanos europeus que apresentam espondilite
supostamente porque algumas combinações alélicas conferem anquilosante, mas em somente 5% a 10% da população ame-
uma vantagem seletiva da imunidade para algunas doenças. ricana europeia geral. Como a incidência populacional da
espondilite anquilosante é muito baixa (sí 1%), a maioria
O desequilíbrio de ligação é uma associação não das pessoas que possuem o alelo FEA-B!? não desenvolve a
aleatória de alelos em loci ligados. O desequilíbrio de doença. Entretanto, aqueles que possuem o alelo HLA-Ez?
ligação entre os Ioci diminui através do tempo como têm 9D vezes mais probabilidadede desenvolver a doença do
resultado da recombinação. Ele pode ser utilizado que aqueles que não possuem este alelo (í. e., 9% das pessoas
para inferir a ordem dos genes nos cromossomos. com o HLA-Ba? mostrado na Tabela 8-1 têm espondilite an-
quilosante, enquanto apenas 0,1% sem HLA-Bl? desenvol-
Ligação versus Associação nas Populações ve a doença). Devido a esta Forte associação, um teste para
Õs Fenômenos de ligação e associação às vezes são confundi- HLA-Ez? é às vezes incluído como parte do diagnóstico da
dos. A ligação refere-se ãs posições de loci nos cromossomos. espondilite anquilosante. Como a espondilite anquilosante
Quando dois lací estão ligados, as combinações específicas de é considerada uma doença autoimune, a associação deve re-
alelos nestes locí serão transmitidas juntas dentro das Famílias Hetir o lato de que o sistema HLA é um elemento-chave na
porque estão localizadas juntas no mesmo cromossomo. En- resposta imune do organismo (Capítulo 9).
tretanto, como no exemplo anterior da DH, as combinações A associação populacional é também observada entre um
específicas dos alelos transmitidosjuntos podem variar de Luna nucleotídeo variante no locus l-HA-DQB e diabetes tipo I [Ca-
Família para outra. A associação, por outro lado, refere-se à re- pítulo 12)- Em decorrência de a autoimunidadeser um fator na
lação estatística entre duas características na população geral. etiologia do diabetes tipo l, pode haver uma relação de cau-
As duas características ocorrem juntas na mesma pessoa mais salidade entre o locus HLÀ-DQB e a crescente suscetibilidadea
Frequentemente do que o esperado pelo acaso. esta ionna de diabetes.
Mapeamento Gãnieo e identificação i ?B3

de pessoas afetadas. Ariicroarrays também são utilizados para


avaliar variantes de número de cópias (CNVs, de com* number
variants, Capitulo 3), que podem variar consideravelmente en-
tre os individuos. À frequência alelica de cada SNP entre os
individuos afetados (casos) é comparada com a frequência ale'-
lica do mesmo SNP em uma amostra de pessoas não afetadas
(controles). Se uma diferença estatística significativa é obser-
vada nas frequências SNP nos casos em comparação com os
controles, então o SNP deve estar localizado dentro ou muito
próximo de Lu11 gene que contribui para a suscetibilidade ã
doença. 0 SNP por si próprio pode causar doença, ou ele deve
estar em desequilíbrio de ligação com uma variante próxima
que causa a doença. Quando um milhão de SNPs são tipados,
cada SNP está localizado, em média, somente 3 kb do próximo
SNP, provavelmente perto da variante da doença-
Os CWAS têm sido especialmente úteis na descoberta de
genes que contribuem para doenças comuns, como diabetes,
cânceres e doença cardíaca (Capitulo 12)- Como estas doen-
ças são o resultado da ação de múltiplos loca', em associação
com fatores não genéticos (ambientais), a análise de ligação
tradicional às vezes não é efetiva na detecção dos iocí. Uma
vantagem dos GWAS e que não há necessidade de fazer su-
FIGURA 8-10
posições sobre a biologia da doença a iim de escolher quais
Esponoiliteanquilosante, causada pela ossificação dos discos, articulações e genes estudar: variantes próximas a cada gene são testadas. De
ligamentos na coluna espinhal. Note a postura caracterlsti.
(Mooiiicaoo de Mourao LA: Orthopedic Disorriers. Si Louis: Masini, 1991.) fato, os resultados dos CWAS frequentemente apontam novas
vias biológicas, anteriormente não suspeitadas, que exercem
Lun papel na doença que está sendo estudada. Adicionalmente,
não é necessário coletar dados da família para detectar &S50-
TABEA 3-1
Associação de EspondiliteAnquilosante e o alelo HLA-BZ? ciações nas populações (embora tais dados possam ser úteis).
Ao contrário, casos não relacionadose controles, que são mais
em uma População Hipotética'
fáceis de localizar e testar do que famílias inteiras, são tipica-
|l.A-B27 EsponrililnAnqiilosanto mente utilizados nos GWAS.
Presente Ausente Estudos de associação devem ser interpretados cautelo-
Presente 90 1.000
samente, porque vários fatores podem produzir associações
ilegitimas entre a doença e o fator de risco potencial. Um
Ausente 10 9.000 exemplo é a estratificação étnica da população: certas doenças
*Esiaiabeia mostra que pessoas com espondiiiieanquiiosanie iêm maior prooabiii- são mais comuns em certos grupos étnicos, e as frequências
dade de ler o aieio HLA-B?? do aire os coniroies nomiais. alelicas podem diferir entre estes grupos por causa de suas
histórias evolutivas- Assim, quando se compara os casos de
doença e controles sem uma correspondênciaapropriada para
Associação populacional refere-se a uma etnias, Luna associação falsa, devido simplesmente a diferenças
co-ocorréncia não aleatória de fatores em nível étnicas entre os dois grupos, pode ser encontrada. Por exem-
populacional. As associações são diferenciadasde plo, diabetes tipo 2 (Capitulo 12) tem sido extensivamente
estudada na população americana Pima Nativa, onde a doen-
ligações, que se referem às posições dos ioci nos
cmmossomos. O desequilíbrio de ligação é um caso ça é muito mais comum do que entre americanos europeus.
Foi observado que a ausência do haplótipo Gm3, 5, i3, 14
especial de associação no qual há urna associação da imunogiobulina C humana (abreviada aqui como Gm3) foi
não aleatória de alelos específicos em ioci ligados.
fortemente associada ao diabetes tipo 2 na população Pima.
Mapeamento Gentoo por Associação: Estudos de isto sugeriu inicialmente que a ausência do Gm3 poderia es-
Associação Genõmlca Ampla tar envolvida na causa do diabetes tipo 2. Entretanto, análises
Ô desenvolvimento de tecnologias recentes, incluindo micro- adicionais revelaram que a proporção de ancestrais europeus
armys (Capitulo 3) têm permitido aos investigadores testa- variou substancialmente entre indivíduos da população Pima e
rem associações entre fenótipos de doenças nas populações a frequência do CmB também variou com o grau de ancestral¡-
e milhares de milhões de Iocí marcadores distribuidos ao lon- dade europeia: CmB está ausente nos Pimas sem ancestralidade
go do genoma. Estes estudos de associação genômica ampla europeia, mas tem uma frequência de 65 96 entre os europeus.
(CWAS, de genoma-und: association studies) tipicamente envolvem Como o diabetes tipo 2 é muito menos comum entre euro-
a análise de SNPs, utilizando miemarray, em vasto número peus, a associação aparente entre diabetes tipo 2 e a ausência
154 / Capitulo a GENÉTICA MÉDICA
de CmB foi mais provavelmente uma consequência do nível pos (HapMap), que tem estabelecido padrões de desequilíbrio
de miscigenação europeia. Deste modo, quando o grau de an- de ligação para milhões de SNPs nos genomas de populações
cestralidade europeia nos indivíduos do estudo foi levado em africanas, asiáticas e europeias- Ele tem possibilitadoaos pes-
consideração, não houve evidência de uma associação. quisadores concentrarem os esforços na identificação de genes
Outros fatores que podem produzir associações falsas in- com um número reduzido de marcadores SNPs altamente in-
cluem definição imprecisa do estado da doença, tamanhos das fonnativos em qualquer região do genoma humano_
amostras inadequados e pareamento inadequado dos casos e
dos controles para variáveis como idade e sexo. A incapacidade
Os estudos de associação genônica ampla (GWAS)
de repetir uma associação em um estudo populacional múlti-
analisam associações ou desequilüirio de ligação
entre uma doença e um marcador (ou vários
plo é Luna indicação de que a associação pode ser inválida. marcadores) testando milhares de marcadores ao
Um exemplo é dado por uma associação que foi relatada, mas
geralmente não repetida, entre o alcoolismo e o polimorlismo longo do genoma. Tipicamente isto é realizado com
análises de micmarraypara casos de doenças e
próximo ao locus do receptor de dopamina D1. Adicionalmente, controles não afetados. Como em todos os estudos
como um CWAS tipico compara milhares de marcadores em
de caso-controle, cuidados consideráveis devem
casos e controles, uma pequena tração de marcadores pode-
ser tomados para evitar resultados falsos pela
rá parecer estar associada à doença somente devida ao acaso.
Procedimentos estatísticos são utilizados para levar isto em comparação inadequada de casos e controles.
consideração e corrigi-lo. MAPEAMENTO FÍSICO E GLONAGEM
Embora os CWAS tipicamente incorporem 500 mil a l mi- A análise de ligação nos permite determinar as distânciasrela-
lhão de SNPs distribuídos ao longo do genoma, populações tivas entre loca', mas não detennina as localizações específi-
os
humanas podem conter este número de SNPs várias vezes. cas de marcadores ou genes de doenças. O mapeamento Físico,
Como poderemos ter certeza de que o conjunto de SN-Ps uti- que envolve Luna variedade de métodos, realiza este objeti-
lizados no CWAS avalia adequadamente todos os SNPs no vo, houve consideráveis progressos no desenvolvimento de
e

genoma? Ós investigadores têm aplicado o conceito de de- abordagens de mapeamento Físico de alta resolução.
sequilíbrio de ligação para resolver este problema- Suponha,
por exemplo, que se saiba que o SNP nucleotídeo C esteja Morlologla do cromossomo
fortemente em desequilíbrio de ligação com o SNP nucleoti- Uma Fonna simples e direta de mapear genes de doença e'
deo T proximamente ligado. lsto significa que sempre que uma mostrar que a doença está consistentemente associada a Luna
pessoa possuir o alelo C, ela quase sempre possuirá o alelo T anonnalidade citogenética, como duplicação ou deleção, ou a
(i. e., o haplótipo CTI-J. Assim não é necessário tipar ambos os outras variações na aparência do cromossomo. Tais anonna-
SNPs nos casos e nos controles de Lun estudo: presume-se que lidades podem não ter consequências clínicas por si proprias
aqueles que possuem C no primeiro SNP também possuem T (servindo assim como um marcador), ou podem causar a doen-
no segundo SNP. Pela identificação de uma série de SNPs que ça. Como estes enfoques de mapeamento fisico são historica-
estejam em Forte desequilíbrio, somente Lun individuo da série mente os mais antigos, eles serão discutidos primeiro.
precisa ser tipado (Fig. 8-11). lsto pode reduzir substancial-
mente o custo de um GWAS. Há Lun trabalho em larga escala Heteromorllsmo
para identificar séries de SNPs em desequilíbrio de ligação um O heteromorlismo é uma variação na aparência de um cro-
com o outro, o Projeto internacional de Mapas de Haplóti- mossomo. Conceitualmente, os heteromorñsmos são similares
aos polimortismos: eles são variações naturais que ocorrem

SMP SNP SNP entre individuos de uma população. A diferença é que os po-

ÊAG.. TC$GA.. CCÊ limorlismos não são detectados microscopicamente, enquanto


os heteromoriismos o são.

Um exemplo be111 conhecido de heteromorlismo é uma


CAG...TCTGA...CCG
região "deselicoidizada" (e, portanto, alongada) do cromos-
TAG...TCGGA...CCC somo 1, uma característica rara transmitida regularmente nas

TAG...TCGGA...CCC
famílias. Nos anos de 1960 um pesquisador chamado R. P.
Donahue estava praticando uma análise citogenética em seus
CAG...TCTGA...CCG
próprios cromossomos e observou que tinha este heteromor-
TAG...TCGGA...CCC Fismo- Ele estudou outros indivíduos de sua família e observou
FIGURA 0-11 que o heteromorlismo era transmitido na sua família como
As sequências de DNA na mesma localização cromossômica foram examina- uma caracteristica mendeliana. Ele então tipou os membros
das em seis individuos (uma copia do cromossomo em cada individuo). Os de sua familia para vários grupos sanguíneos. Observou que o
tres SNPs polimorticos (setas) nesta sequencia são mostradas em iemrelho. heteromorfismo estava perfeitamente associado na sua Família
As outras bases de nucleotldeos não variam entre os individuos. Devido ao
ao alelo A do grupo sanguíneo Dutty. A análise de ligação do
desequilíbriode ligação, os alelos C, Te G dos três SNPs ocorrem juntos em icms deselicoidizado e do locus Duffy mostrou que eles estavam
algumascopias oromossomis, e os alelos T, Ge C ocorram juntos em ou-
tras copias cromossomis. Assim, e necessario tipar someme um dos SMPs proximamente ligados, levando ao primeiro mapeamento de
para saber qual alelo de um individuo possui os outros dois SNPs. um gene em um cromossomo autossõmico especifico-
Mapeamento Gêmea e identificação r' 165

Deve enfatizado que os heteromorfismos, como os lou'


ser Observe que estas deleções afetam somente LllTl membro
marcadores, não causam variação genética ou uma doença, mas do par de cromossomos liomólogos, tornando o paciente be-
podem estar associados à doença dentro de uma família, indi- terozigoto para esta deleção- Se uma região suficientemente
cando assim a localização do gene. Embora tais beteromorfismos extensa para ser observada microscopicamente estivesse fal-
possam ser úteis no mapeamento de genes, eles não são comuns e, tando em ambos os cromossomos, ela geralmente produziria
portanto, têm sido utilizadosapenas em alguns casos. uma condição letal.

Deleçñes Translocações
Os cariótipos de pacientes portadores de uma doença genéti- Como discutido no Capitulo 6, as translocações cromossômicas
ca ocasionalmente revelam deleções de uma região especifica balanceadas frequentemente não produzem efeito em um por-
do cromossomo. isto é uma forte indicação de que o locus da tador da translocação porque o individuo ainda possui uma có-
doença deve ser encontrado dentro da região deletada. A ex- pia completa de seu material genético. Entretanto, quando uma
tensão da deleção pode variar entre os pacientes com a mesma translocação interrompe um gene, ela pode produzir uma doen-
doença- As deleções são comparadas em muitos pacientes para ça genética. Por exemplo, após a análise de ligação ter mapeada
definir a região que está deletada em todos eles, definindo, as- o gene NF! proximamente no braço longo do cromossomo 17,

sim, a localização do gene da doença (Fig. 8-12)- Os mapzu; de uma localização mais refinada foi obtida quando dois pacientes
deleção tem sido utilizados, por exemplo, na localização dos foram identificados :
mn com uma translocação balanceada

genes responsáveis pelo retinoblastoma (Capítulos 4 e Il), entre os cromossomos 17 e 22 e o outro com Luna translocação
síndromes de Prada-Willi e Angelman [Capitulo 4] e tumor balanceada entre os cromossomo 17 e 1- Os pontos de que-
de Wilms, um tumor renal infantil que pode ser causado por bra nestas translocações no cromossomo 17 foram localizados
mutações no cromossomo l I Diferentemente dos beteromor-
.
muito próximos um do outro, na mesma região implicada pela
lismos discutidos, as deleções de material genético são a causa análise de ligação- Eles forneceram um ponto físico inicial para
direta de doenças genéticas. experimentos que mais tarde levaram ã clonagem do gene NF 1.
Um exemplo similar foi fornecido por translocaçoes obser-
vadas entre o cromossomo X e autossomos em mulheres com a
distrofia muscular de Duchenne (DMD). Por esta ser uma doen-
ça recessiva ligada ao X letal, as mulheres homozigotas afetadas
são raras. Observou-se que o ponto de quebra na translocação
no cromossomo X tinha a mesma localização (Xpll) em várias

mulheres afetadas, sugerindo que a translocação interrompia o


gene DMD- Isto foi comprovado, e estas translocaçoes ajuda-
ram consideravelmente no mapeamento e clonagem do gene
DMD. (Embora estas mulheres também possuam um cromos-
somo X normal, este foi preferencialmenteinativado, deixando
somente o X interrompido como o cromossomo ativo.)

Mapeamento de Dosagem Usando Deleções e Dupllcações


Quando ocorre uma deleção em um cromossomo, os produ-
tos proteicos codificados pelos genes na região deletada são
observados em apenas metade da quantidade normal. Esta é a
base de uma abordagem simples conhecida como mapeamento
de dosagem. Por exemplo, foi obsewadoi que 50% da redução
no nivel da enzima adenilato quinase estava consistentemente
associada a uma deleção no cromossomo 9, mapeando o gene
da adenilato quinase nesta região cromossômiea.
Igualmente, uma duplicação do material cromossômico
deve estar associada a um aumento dos níveis do produto gê-
nico. Quando três genes estão presentes, em vez de dois, o
aumento deve ser de aproximadamente 50% acima do normal.
Esta forma de mapeamento de dosagem foi usada para mapear
o gene que codifica a superóxido dismutase-l (SOD-l) no

braço longo do cromossomo 21.


XP
Um gene pode ser mapeada fisicamente a uma
FIGURA 8-12
Lolização de um gene de doença por meio de mapeamento de deleção. E
_
região cromoesômica pela associação das variações
estudada uma serie de delações sohrepostas, nas quais da delação produz observadas citogeneticamente(heteromorfismos,
o fenótipo da doença. A região de sobreposição de todas as deleções define a translocações, deleções e duplicações) à expressão
Iolizagãoaproximada do gene da doença. gênica (incluindo a presença de uma doença genética).
:as x Capíiulo 3 GENÉTICA MÉDICA
Enfucando um Gene: Clonagem Paslnlunal DNA não codificante (Fig. 8-13). Uma abordagem comum e'
As vezes o produto gênico responsável por Luna doença gené- começar com um marcador ligado e então procurar a região ao
tica é conhecido antes da identificação do próprio gene. Este redor do marcador para localizar e identificar o próprio gene
foi o caso, por exemplo, do polipeptidio da B-globina e da da doença. Pelo fato de este processo começar com um conhe-
anemia falciforme. Em tais casos, podemos deduzir a sequência cimento aproximado da posição do gene no cromossomo, ele
de DNA a partir da sequência de aminoácidos do polipeptídio, tem sido tradicionalmente denominado clonagem posicional.
esta sequência de DNA pode ser utilizada para elaborar Luna Suponha que conheçamos a localização aproximada de um
sonda visando localizar o gene da doença. Este tipo de enfo- gene de doença, dctenninado por meio da análise de ligação. A
que, na qual o produto gênica e sua função são utilizados para região que contém o gene da doença pode ser definida pela fra-
identificar o gene, é um exemplo de clonagem funcional. ção de recombinaçãoentre o gene e o marcador de polimorfisrno
Mais frequentemente, entretanto, temos apenas um resulta- (tipicamente de Lun a vários centimorgans). Seus limites são mais
do de ligação, que localiza o gene da doença a uma região pró- comumente definidos pelos marcadores que não tem recombi-
xima ao marcador de polimorlisrntr ligado (as localizações des- nações (Jbsewáveis com o gene (Fig. 8-7). O gene da doença
ses marcadores foram previamente estabelecidas [Quadro 8- 3]). pode estar localizado: em qualquer lugar desta região, e então a
Como a análise de ligação tem resolução limitada, a região que sequência de DNA desta região deve ser analisada e avaliada para
contém o locus da doençapode estar a várias megabases ou mais localizar precisamente a sequência correspondente ao gene. Até
e pode conter facilmente dúzias de genes intercalados com recentemente, isto era uma tarefa assustadora que poderia requerer

QUADRO 8-3
Sondas e Bibliotecas: Sua Construção e Uso no Mapeamento Génioo

As sondas e as bibliotecasexercem papéis centrais no mapeamento na biblioteca que se hibridizam com a sonda. Estes fragmentos po-
gênico e clonagem- Uma bibliotecade DNA é muito parecida com dem ser testados em uma série de indivíduos para observar se eles
uma biblioteca comum, exceto por ela ser composta de pedaços de são polimórficos. O polimorlismopode ser então mapeado em Luna
DNA, e não de livros. localização especifica pela utilização das técnicas de mapeamento
Existem vários tipos de bibliotecas de DNA. A mais comum, a fisico como a hibridização in situ (Capitulo 6), em que uma sonda
biblioteca genômica, consiste em fragmentos de DNA que resultam marcada é construida contendo a sequência do primer do PCR que
de uma digestão de restrição de todo DNA genômica. O DNA é flanqueia o próprio marcador. A localização no cromossomo onde
parcialmente digerido, de modo que alguns sitios de reconhecimen- ocorre a hibridização (i. t., pareamento de bases de DNA comple-
to são clivados e outros não- lsso produz fragmentos que irão se mentar] com a sonda marcada define a localização física aproxima-
sobrepor uns aos outros. Estes fragmentos são então clonados em ve- da do marcador do locus.
tores como fago_, cosmidios ou cromossomos artificiais de leveduras As sondas também são altamente úteis no isolamento de genes
(YACs) utilizando-se as técnicas de DNA recombinante discutidas de doenças especiñcas. Neste contexto, elas podem ser feitas de vã-
no Capítulo 3. Uma biblioteca genômica contém todo o genoma rias maneiras diferentes- Se a proteina defeituosa [ou parte dela) ti-
humano: introns, éxons, :abanar: (acentuadores), promotores e os ver sido identificada, a sequencia de aminoácidos da proteina pode
grandes trechos de DNA não codificante que separam os genes- ser usada para deduzir parte da sequência de DNA do gene. Geral-
Uma biblioteca de cDNA é muito mais limitada (e assim fre- mente, uma curta sequência de DNA, com apenas 20 a 30 pb de
quentemente mais fácil de analisar); ela contém somente o DNA comprimento, é suficientemente única, de modo que se hibridizara
que corresponde aos éxons. Ela é obtida pela purificação do mRNA somente com o cDNA do gene da doença. Estas sequências podem
de um tecido especifico, como fígado ou músculo esquelético, e ser sintetizadas em tun instmmento de laboratório para fazer son-
então o mRNA é exposto a uma enzima chamada transcriptase re- das de oligonucleotfdeos (Capitulo 3]. Devido à redundância do
versa_ Esta enzima copia o mRNA para uma sequência de cDNA código do DNA, mais de um códon (tñplct de pares de bases] pode
complementarapropriada. A DNA polimerase pode então ser uti- especificar um aminoácido. Por esta razão, diferentes combinações
lizada para converter este DNA unifilamentarem um DNA de du- possiveis de pares de bases devem ser testadas. Esta combinações
pla hélice, sendo posteriormente clonado em um fago ou outros de sondas oligonucleotfdicassão misturadas, e esta mistura é então
vetores, como na biblioteca genômica. Estes passos envolvidos na usada para sondar uma biblioteca de DNA (p- ex., uma biblioteca
síntese das bibliotecas genômicas e de cDNA estão resumidos na de cDNA)- Quando uma das sondas oligonucleotídicas da mistura
figura adiante. se hibridiza com um fragmento na biblioteca, uma parte do gene
Outro tipo de biblioteca de DNA é a biblioteca cromossomo- desejado é identificada. Este fragmento pode ser map-eado utilizan-
específica. Os cromossomos são classificados por um método cha- do-se as técnicas fisicas mencionadas no texto.
mado citometria de fluxo, que os separa de acordo com a fração de Frequentemente o investigador não tem conhecimento da se-
pares de bases AT em cada um deles. O resultado é uma biblioteca quência do produto do gene. Neste caso às vezes é possível isolar
que consiste principalmente em DNA a partir de um único cro- o gene pur¡ licando-se o mRNa sintetizado por tipos celulares espe-
mossomo. Por exemplo, após o mapeamento do gene da doença de cializados. Por exemplo, os reticulócitos [hemácias imaturas) pro-
Huntington a uma região do braço curto do cromossomo 4, uma duzem principalmente polipeptidios de globina. O mRNA obtido
biblioteca específica para este cromossomo foi usada para refinar a destas células pode ser convertido em cDNA, com a transcriptase
localização do gene. reversa, como discutido anteriomrente, e então usado como sonda
As bibliotecasde DNA são frequentemente usadas para produ- para encontrar fragmentos adicionais do gene em uma biblioteca
zir novos marcadores polimórficos. Por exemplo, os polimorfismos de DNA. As vezes é mais fácil obter o mRNa a partir de um animal
de pequenas sequências em tandem (STRPs) podem ser obtidos experimental, como um porco ou tun roedor. Em função da simi-
construindo-se de uma sonda que contenha múltiplas sequências laridade de sequências entre estes animais e os humanos_, a sonda
repetidas de DNA (p. ex., múltiplas repetições (A). Então a biblio- derivada do animal geralmente se hibridiza apropriadamente com
teca de DNA é rastreada com esta sonda para encontrar fragmentos segmentos de uma bibliotecade DNA humano.
Mapeamento Gãnicoe identificação x' 167

Fragmentos
são inseridos
em vetores
de clonagem
DNA recombinante
Inserido em
E. col¡

Blalloteca dB
DNA canon-mg Biblioteca da cDNA

A criação de bibliotecasde DNA humano. Esquerda, Uma bibliotecade DNA genômica total é criada a partir de uma digestão de restrição
parcial de DNA humano, e então são clonados os fragmentos em vetores como fagos, cosmídios ou cromossomos artiliciais de leveduras
(YACs). Direita, Uma bibliotecade CDNA é criada pela purificação do mRNA a partir de um tecido e exposição deste à transcriptase reversa
para criar sequências de CDMA, que são clonadas em vetores. E. cnh', Escherichia coíi.)

FIGURA 8-1 3
Í Localização
do marcador ligado
Em uma tipica análise de ligação, um nrarcador de
polimoriismo e identificado proximememeligado
, , deste nrarcador de polimonismofoi estabelecida
Região lmpllcada na análise de ligação por ligação e mapeamento fisico prévios. A região
circundante ao mardor de polimorflsmopode conter
até várias megebaees de sequencia de DNA, e cada
gene nesta região e um ndidato em potencial para
ser o gene de doença
rea f Capítulo 3 GENÉTICA MÉDICA
anos de trabalho. Agora que o genoma humano toi totalmente se- de genes_ Algoritmos computacionais solisticados podem tes-
quenciado com sucesso Quadro 8-2),o processo da avaliação da tar a sequência de DNA para padrões que sinalizam um gene
sequência de DNA pode ser realizado com muito mais rapidez. codilicante (p. ex., sitios de iniciação da transcrição, cõdons de
A sequência final do genoma humano está disponível atualmente parada, limites fntron-éxon). Esta abordagem Foi utilizada, por
em banco de dados em computadores, assim os investigadores exemplo, para ajudar a identificar e caracterizar um dos genes
Frequentemente examinam uma região de interesse simplesmente da doençapolicística renal do adulto (PKDt, Cap- 4). Adicional-
acessando a sequência de DNA apropriada em um computador. mente, estes algoritmos podem frequentemente reconhecer pa-
A medida que analisamios a região que contém o gene da drões tipicos de genes que codilicam classes especílicas de protei-
doença, como saberemos quando tivermos alcançado o gene? nas (p. ex., fatores de transcrição, proteínas transmembranas)-
O DNA coditicante (i. e., o DNA que coditica proteinas] deve Os bancos de dados computadorizados de sequências de
ser distinto do DNA não codificante, e a função provável de DNA conhecidas também desempenham papel importante na
cada gene na região deve ser determinada. Vários enfoques identificação de genes. Quando se estuda uma região especifi-
podem ser utilizados para realizar estas tarefas- ca de DNA procurando um gene, e' comum pesquisar similar¡-
dades entre as sequências de DNA nesta região e as sequências
DNA Funcional versus DNA não Funcional de DNA no banco de dados. As sequências do banco de dados
A maioria das nossas sequências de DNA não possui Função co- são derivadas de genes com Funções conhecidas ou padrões
nhecida e provavelmente não contribua para doenças. .Assim, na de expressão tecido-específicos. Suponha, por exemplo, que
busca por mutações caLLsadoras de doença, tipicamente focaliza- estejamos utilizando a análise de ligação para identificar uma
mos o DNA que codilica proteinas ou desempenha Funções re- região que contém um gene que causa uma desordem no de-
gulatórias importantes (í. e., enimncers ou sequências promotoras). senvolvimento, como a maltomiaçãt) dos membros. A medida
Em virtude da sua signiiicãncia Funcional, o DNA codificante, que avaliamos as sequências de DNA na região, devemos pro-
ou sequências de DNA regulatórias, geralmente não pode mu- curar por similaridades entre a sequência de DNA desta região
dar ao longo do curso da evolução. isto significa que tais se- e uma sequência plausível do banco de dados (p. ex., uma se-

quências de DNA serão conservadas, ou seja, as sequências de quência de um gene que codifica uma proteina envolvida no
pares de bases são similares e111 várias espécies diferentes. Ao desenvolvimento dos ossos, tal como o fator de crescimento
contrário, as sequências de DNA não funcionais são mais susce- de libroblasto). Como os genes que codilicam proteinas simi-
tíveis de mudar rapidamente e diteiirem substancialmente entre lares possuem sequências de DNA similares, LlIT1 pareamento
as espécies. As sequências de DNA de dominio público podem entre a sequência da nossa região e a sequência no banco de
ser comparadas utilizando-se algoritmos de computadores (ver dados pode ser uma pista vital de que esta sequência de DNA
adiante) para distinguir o DNA funcional (conservado) do DNA particular e' de fato parte de LLITI gene que caLL-;a a maltormaçãt)
não Funcional (não conservado). Em alguns casos, uma sonda dos membros.
marcada contendo um segmento de interesse do DNA humano Um banco de dados computadorizados comumente utili-
pode ser construida e então exposta ao DNA desnaturado de zado nestas buscas consiste em pequenas sequências de DNA
várias outras espécies para determinar se as sequências de DNA conhecidas como sequências expressas marcadas [ESTs, de
são suficientemente similares para se submeter a um pareamento expressed sequence tags). As ESTs são obtidas pelo sequenciamento
complementar de bases com a sonda (isto é denominado Zooblot). de várias centenas de pares de bases de ambas as extremidades
Se Luna sequência de DNA humano não é conservada, e portan- dos clones da biblioteca de cDNA (Quadro 8-3). Como estes
to não funcional, é menos provável ocorrer o pareamento com- clones consistem em DNA que é complementar ao mRNA, as
plementar das bases entre a sonda e o DNA das outras espécies. ESTs representam porções expressas de genes. Frequentemen-
Como discutido no Capitulo 3, a maioria dos dinucleotf- te, elas são expressas somente em certos tecidos e e111 determi-
deos CG é metilada. Entretanto, aproximadamente 60% dos nados períodos de tempo. O investigador pode procurar por
genes humanos possuem estes dinucleotideos não metilados similaridades entre as sequências de DNA em uma região de
(ilhas CG) na sua região 5'- (A ausênciade metilação na região interesse e as ESTs conhecidas localizadas na mesma região [e
5' do gene provavelmente torna-o mais acessível a fatores de possivelmente conhecidas por serem expressas em um tecido
transcrição necessários para a expressão ativa.) A identificação que deve ser condizente com a doença em questão). Esta estra-
de uma série de ilhas CC é frequentemente utilizada para de- tégia foi utilizada, por exemplo, para identificar um dos genes
terminar precisamente as localizações de genes codificadores. conhecidos por causar a doença de Alzheimer [Capítulo 1 2).
A similaridade pesquisada não precisa necessariamente
A identificação de sequências de DNA altamente ser limitada aos genes humanos. As sequências completas de
conservadas entre múltiplasespécies e a identificação DNA de mais de duas dúzias de organismos, incluindo chim-
de ilhasCG não meliladassão maneiras de distinguir panzés, galinhas, camundongos, moscas de truta e leveduras,
o DNA codificante ou regulatório (funcional) do DNA estão atualmente disponiveis em banco de dados computa-
não funcional. dorizados. Frequentemente, a similaridade de sequências é
observada em genes com funções conhecidas em outros orga-
Análise Computacional de sequências de DNA nismos, tais como camundongos ou até mesmo em leveduras e
A análise computacional, denominada pesquisa in sílica, tem se bactérias. Como os genes com produtos proteicos importantes
tomado uma abordagem efetiva e popular para identificação tendem a ser altamente conservados ao longo da evolução, a
Mapeamento Gentoo e identificação r' 169

identilicação de Lun gene similar com outro pode Fornecer in- Southern blotting na qual as digestões
de restrição são Feitas
formações importantes sobre a Função deste em humanos. Por com enzimas que, por terem sequências de reconhecimento

exemplo, muitos dos genes envolvidos na regulação do ciclo raras, clivam o DNA menos Frequentemente. lsto produz Frag-
celular são bastante similares em leveduras e hLunanos (p. ex., mentos de restrição que podem ter comprimento de dezenas a
porções do gene NF! e o gene lRÀz em levedura). De Fato, centenas de quilobases. Estes Fragmentos são muito compridos
aproximadamente um terço dos genes humanos causadores de para serem distinguidos uns dos outros por um gel de eletro-
doença identiFicados até o presente possui homologia similar Forese padrão, mas migram diFerencialmente de acordo com o
em leveduras. Estes genes e seus produtos podem Facilmente tamanho quando a corrente elétrica é pulsada [ligada e desli-
ser manipulados em organismos experimentais, sendo assim gada) em direções alternadas através do gel. Outras térmicas,
suas Funções mais bem compreendidas nestes organismos, como a hibridjzaçãoin situ com Fluorescência (FISH, Capitulo
o que pode Fomecer inferências úteis sobre suas Funções em 6), análises de microamzy (que pode analisar polimorfisrnos de
humanos. Vários genes importantes de doenças Foram des- um nucleotfdeo ou variantes de número de cópias), ou ampliFi-
cobertos pela similaridade com genes candidatos que poste- cação por sondas "multiplef por ligação dependente (MLPA,
rionriente Foram identiFicados em outros organismos (p. ex., o do inglês, Multiplex ligando-dependem prol:: amplrfcation] [Capitulo
gene "olho pequeno" de camundongo e aniri dia, o gene "man- 3) também podem ser utilizada;em alguns casos para detectar
cha" de camundongo e a síndrome de Waardenburg, os genes pequenas deleções.
fmtclatal ("remendadoÚ de Drosoplaila e camundongo e sindrome
do nevo basocelular, o gene "olho rosa" de camundongo e o Testes para Expressão Génica
albinismo oculocutâneo tipo 2). Além de possibilitar maior Para ajudar a verilicar se Lun gene é responsável por uma de-
compreensão sobre os genes codilicadores, as comparações de terminada doença, podemos testar vários tecidos para deter-
sequências entre as espécies podem também revelar sequências minar aqueles em que o (i. e., transcrito em
gene está expresso
não coditicadoras altamente conservadas que contêm elemen- mRNA). Isto pode ser Feito puriFicando-se o mRNA do tecido,
tos regulatórios importantes- Estes também podem contribuir colocando-o em um Hot e testando-o para hibridização com
com o risco para doenças. uma sonda Feita a partir do gene. Esta técnica, conhecida como
Northern blotting (Fig- 8-14), é conceitualmente similar ao
Muitos bancos de dados oomputadorizados e algoritmos Southem lilotting, com a diFerença de que é o mRNA, e não o
são umdos atualmente para inferir se as sequências DNA, que está sendo sondado. Se o gene em questão causa a
de DNA estão localizadasdentro dos genes. A possível doença, o mRNA deve ser expresso em tecidos que conheci-
função de um gene pode ser inferida pela comparação damente são afetados pela doença.(a mesma razão é aplicada
de suas sequências com a dos genes humanos ou não a análises de ESTs obtidas a partir de bibliotecas de cDNA
humanos cujas funções são conhecidas. tecido-específicas). Por exemplo, é esperado que o gene da Fe-
nilalaninahidroxilase (cujas mutações causam a Fenilcetonúria
Triagem para mutações na Sequência [PKUD seja expresso no Fígado, onde se sabe que esta enzima
Uma vez que uma parte codilicante de DNA tenha sido isolada, e' sintetizada.
ela pode ser examinada para mutações causadoras de doenças, Cada vez mais, os mícroarrays (Capitulo 3) estão sendo utili-
geralmente pelo sequenciamento direto do DNA (Capitulo 3). zados para avaliar a expressão gênica. Os microarmys contendo
Se uma sequência de DNA representa um gene de doença, milhares de sequências de nucleotideos representando genes
então devem ser encontradas mutações em individuos com a de interesse têm sido produzidos, e estes podem ser expostos
doença, mas não em pessoas não aFetadas. Para ajudar a dis- ao mRNA de tecidos importantes para determinar em quais

tinguir as mutações causadoras de doenças dos polimorFismos destes os genes específicos estão sendo expressos.
que variam naturalmente entre as pessoas, é particularmente Outra avaliação de expressão gênica envolve a inserção de
útil comparar o DNA dos pacientescuja doença é causada por uma versão normal da sequência de DNA a uma célula defei-
mutações novas com o DNA de seus genitores não afetados. tuosa de uma pessoa aFetada [ou modelo animal), utilizando-se
Ao passo que um polimorFismo inoFensivo será observado: tan- técnicas de DNA recombinante. Se a sequência nom-ral cor-
to na prole aFetada quanto nos genitores não afetados, Luna rigir o deFeito, é bem provável que ela represente o gene de
mutação responsável pela doença na prole não será observada interesse. Esta abordagem tem sido utilizada, por exemplo,
nos genitores. Este enFoque é especialmente útil para a identi- para mostrar que mutações no gene CFTR podem causar Fi-
Ficação de mutações em genes de doenças autossômicas domi- brose cística.
nantes com alta penetrância, como a NF¡ .

Um outro tipo de mutação que pode ser testado é Luna de- Para detenninar se um gene contribui na causa de
leção suhmicroscópica (i. c., uma deleção muito pequena para uma doença, um teste crítico é examinar o gene para
ser observada ao microscópio). Pequenas deleções podem ser mutações que estão presentes em pessoas afetadas
detectadas utilizando-se técnicas de Southern blotiíng (Capi- e ausentes em controles não afetados. 0 que também
tulo 3). Uma deleção produzirá LllTl Fragmento de restrição evidencia a contribuição de um gene para uma
menor que o nonnal, que migrará mais rapidamente por um doença específica é a demonstração de que o mRNA
gel. As deleções maiores podem ser detectadas pela eletrofo- correspondente ao gene está expresso em tecidos
rese cm gel de campo pulsado, uma variação da técnica de associados ou afetados pela doença.
m? r Capitiiio e GENÉTICA MÉDICA
2 E cido seja um provável candidato para a doença em questão.
É E Por exemplo, os vários genes para o colágeno foram con-
“ê *ê siderados candidatos razoáveis para a síndrome de Marfan,
:É Q
u. u.
porque o colágeno é um importante componente do tecido
conjuntivo. Entretanto, as análises de ligação utilizandomar-
cadores para o gene do colágeno em familias com sindrome
de Marfan consistentemente produziram resultados negati-
vos. Um outro gene candidato emergiu quando o gene que
cocljfica a fibrilina l (FBN 1] foi identificado no cromossomo
15. A fibrilina, como discutido no Capítulo 4, também é um
componente do tecido conjuntivo. A análise de ligação lo-
calizou o gene da sindrome de Marfan no cromossomo i5, e
então o gene FBNr se tornou um candidato ainda mais for-
te. As análises de mutações no gene FBNi mostraram que
elas eram consistentemente associadas ã sindrome de Mar-
fan, confirmando estas mutações como causa da doença. Esta
combinação de análise de ligação para identificar a região
que contém o gene, seguida pela busca na região pelo gene
candidato plausível, é às vezes chamada de enfoque de can-
didato posicional.

Genes candidatos são aqueles cuias características


(p. ex., produto protieico) sugerem que eles podem
ser responsáveis por uma doença genética. A análise
de genes candidatos em uma região conhecida que
contém o gene da doença é chamada enfoque de
candidata posiciona).

Utilizandoas técnicas descritas neste capítulo, um grande


número de genes de doença já foi mapeado, e muitos destes
também já foram clonados. Alguns exemplos são dados na
Tabela 8-2.
FIGURA 8-14 Embora os exemplos de identificação gênica utilizados
Um exemplo de Noithem biottmg, mostrando a hibiidização de uma sonda de neste capitulo tenham sido focalizados nas doenças mende-
oDNA do gene EVIZA (um gene incorporado a um lntron do gene NH) oorn o lianas, estas mesmas abordagens estão sendo utilizadaspara
mRNA de glândula suprairenal, cerebro e tibioblastos. Este resultado indica identificar genes que contribuem para causar doenças co-
que EW2A e expresso no cerebro em um nivel muito mais alto do que nos
outros dois tecidos. muns e complexas (multifatoriais), como o diabetes, hiper-
tensão e doenças cardíacas. Como estas doenças são inHuen-
(Cortesia de Dr Richard Gawihori, University of Utah Heard¡ Sciences Ceritrer) ciadas por múltiplos genes (como discutido no Capítulo i2),
a identificação destes genes tende a ser especificamente de-
Genes candidatos safiadora. Todavia, as técnicas discutidas neste capítulo estão
O processo de caça aos genes pode ser acelerado conside- agora sendo aplicadas com considerável sucesso na localiza-
ravelmente se um gene candidato está disponível- Como o ção precisa de genes que contribuem na etiologia de doenças
nome indica, este é um gene cujo produto proteico conhe- comuns que afetam a maior parte da população humana.

TMEA 8-2
Exemplos de Genes de Doenças Mendelianas bem conhecidas que Foram Mapeados e Clonados'
Localização no Produto do Gana
cromossomo
Deficiênciade aranliiiipsina inibidorserina piotease
a-talassemla Componente a-globinada hemoglobina
p-talassemia Componente p-globina da hemoglobina
Acondioplasia Receptor 3 do fator de crescimento de tibiohlasto
Mapeamento Gentoo e identificação r' f??

Insane-z
Exemplos de Genes de Doenças Mendelianasbem conhecidas que Foram Mapeados e CIonados*- Continuação
Doença Localização no Produto do Bone
cromossomo
Albinismo,oculocutãneo (tipo 1) 11q14-q21 Tirosinase
Alhinismo, oculocutaneo (tipo 2) 15q11-q12 Transportador de tirosina
Doença de Alzheimer* (familiar) Presenilina 1
Presenilina2
Proteína precursora B-amiloide
Esclerose lateral amiotroíi (familiar) Superoxido dismutase 1
Síndrome de Angelman Proteína ubiquitinaIigase ESA
Ataxia telangiectasia Proteína de controle do ciclo celular
Síndrome de Bloom Helicase Rec0
Câncer de mama (familiar) Supressor de tumor BRCAUProteína de reparo do DNA
Supressor de tumor BRCAziProteína de reparo do DNA
Proteína de reparo de DNA CHEKZ
Síndrome de Li-Fraumeni Supressor de tumor p53
Proteína de reparo de DNA CHEKE
Fibrose cística Regulador transmembranada fibrose cística (GFTR)
Distroíia muscular de DuchennejBecker Dislroíina
Síndrome de EhIers-Danlos' colágeno (CDL3A1); existem varios tipos desta desordem, a maioria dos
quais é produzida por mutações nos genes de colágeno
Síndrome doXfragiI Proteína de ligação em FMRí
Ataxia de Friedreich Proteína mitocondrial frataxína
Galaotosemia GaIactose-í fosfato uridil transferase
Hemocromatose (adulta) Proteína de ligação ao reoeptor de transferrina
HemofiliaA Fator VIII de coagulação
Hemofilia B Fator IX de coagulação
Cancer coloneíal hereditária sem polipose Proteína de reparo de DNA MLH1
(Síndrome de Lynch) Proteína de reparo de DNA MSHE
Proteína de reparo de DNA PMS1
Proteína de reparo de DNA ?M52
Proteína de reparo de DNA MSHB
Proteína de reparo de DNA MLH1
Doença de Huntington Huntingíina
Hipercolesterolemia (familiar) Receptor LDL
LOT1' Subunidade a dos nais de K' rdíaco KCND1
LOT2 Canais de K' rdíaco KCNHZ
LDTS Canais de Na' rdíaco SEMSA
LQT4 Anquirina B
(Continua)
172 / Capítulo e GENÉTICA MÉDICA
mas¡3-2
Exemplos de Genes de Doenças Mendelianasbem conhecidas que Foram Mapeados e clonados* continuação.)
Doença Localização no Produto do Gone
cromossomo
LOTE 21q22 Subunidade [3 dos canais de K* rdíaco KCNE1
LOTE 21q22 Canais de lt* rdíaco KCNEE
Síndrome de Marfan tipo 1 15q21.1 Fibrillna 1
Síndrome de Marian tipo 2 3p22 Receptor tipo 2 do TGP-p
Melanoma (famiIiar)' Supressor de tumor inibidorda quinase dependente de ciclina
Duinase dependente de ciclina 4
Distrofia miotñni tipo 1 19q13.2-q13.3 Proteína quinase
Dlstrofia miotñni tipo 2 Proteína em dedo de zinco
Neurofibromatose tipo 1 17q11.2 Supressor de tumor neuroñbromlna
Neuroíibromatose tipo 2 22q12.2 Supressor de tumor Merlin (schwannomina)
Doença de Parkinson (familiar) 4q21 a-slnuclelna
Doença de Parkinson (autossñmireoessiva com 6q25.2-q27 Parkina
aparecimento precoce)
Fenilcetonúria 12q24.1 Fenilalaninahidroxilase
Doença renal policística 16p13.3-p13.12 Proteína de membrana policistina 1
Proteína de membrana policistina 2
Proteína tipo receptor fibrocistina
Polipose colünica (familiar) 5q21-22 Supressor de tumor APC
Hetinite pigmentosa' (mais de 45 genes clonados 3q21-q24 Hodopsina
ate o presente; mostram-se aqui exemplos
repmenmwos) 11q13 Proteína de membranado segmento externo 1 dos bastonetes
Bp21.1 PeriferinaJRDS
4p16.3 Subunidade B da fosfodiesterase cGMP dos bastonetes fotorreceptores
da retina
Xp21.1 Regulador GTPase da retinite pigmentosa
Retinoblastoma 13q14.1-q14.2 Supressor de tumor pFlb
Síndrome de Belt Xq28 Proteína de ligação Metil CpG 2
Anemia falciforme 11p15.5 Componente B-globinada hemoglobina
Doença de Tay-Sachs 15q23-q24 Hexosaminidase A
Esclerose tuberosa tipo 1' 9q34 Supressor de tumor hamartina
Esclerose tuberosa tipo 2 16p13.3 Supressor de tumor tuberina
Doença de Wilson 13q14.3-q21.1 ATPase transportadora de cobre
Doença de von Willebrand 12p13.3 Fator de coagulação von Willebrand
'Loeide doençaadicionalque foi' mapeada e/ou clonado.
APC, Poíipose adenomatosafamiliardo cólon (de adenomatosíspolyposls call); ATPase adenosina irifosfalase:GM!? guanosina monofosfafo; G IPase, guanosfna trffosfalase;
LUI üTlongo (síndrome); TEE ma¡ de crescimento transformante.
Mapeamento Gêmeos Identificação f' ?.73

Questões para Estudo


1. Na Figura 8-15, é mostrado um heredograma para
uma doença autossômica dominante. Cada membro
da família foi tipado para quatro marcadores alélieos
STRP, como mostrado no autonadiogramaabaixo
do heredograma. Determine a Fase de ligação para
a doença e o locus marcador no homem afetado na
geração ll. Com base na meiose que produziu a prole
da geração Ill, qual é a Frequência de recombinação
para o marcador e o locus da doença?
No heredograma da doença de Huntington na
III
Figura 8-16, a família foi tipada para marcadores de
dois alelos, A e B. Os genótipos para cada marcador
são mostrados abaixo de cada membro da Família, com
o genótipo para o marcador A acima do genótipo para
o marcador B. Sob a hipótese de que B 0,0, qual é o
=
1,2 1,1 1,2 1,1 1,2 1,1
1,2 2,2 1,2 2,2 2,2 2,2
escore LOD para a ligação entre cada locus marcador e
o locus do gene da doença de Huntington? FIGURA 8-16
Heredograma para Questão para Estudo 2.
lnterprete o seguinte quadro de escores LOD e
frequências de recombinação (B): Famílias Foram tipadas para um STRP de seis alelos.
0,05 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Com base nos dados destas famílias, qual é a
LOD _eo 1,7 3,5 2,21 2,2 1,1 0,0
frequência de recombinação entre o locus marcador
e o locus da doença? Qual é o escore LOD para a
Dois heredogramas para uma doença autossômiea ligação entre o marcador e os loci da doença sob a
dominante estão mostrados na Figura 8-17. As hipótese de que O 0,0?
=

Alelo 1

Alelo 2

Alelo 3

Alelo 4

FIGURA 8-15
Heredograma para Questão para Estudo 1.

(Santanna)
174 f Capítum 8 GENÉTICA MÉDICA
Questões para Estudo

3,6 3,4 5,6 3,6 4,5 3,4 3,4 3,4 3,4 6,4 6,4
HGIIRA 8-17
Heredograma para Questão para Estudo 4.
5. Considere o heredograma na Figura 8-18, no qual um
gene autossômico recessivo está sendo nansmitido e
cada membro da família foi tipado para um STR? de
cinco alelos. O estado portador de cada indivíduo tem
sido estabelecido por um ensaio de independência
enzimática. Qual é frequência de recombinação
a
entre o STR? e o locus da doença?

1 2 3 4 5 6 7 8
1,2 1,1 1,2 1,1 1,1 1,1 1,2 1,2
FIGIJRA 8-19
Heradograma para Questão para Estudo 6.

HGIIRA 8-18
Heredograma para Questão para Estudo 5.
Uma doença autossômica dominante está sendo
transmitida no heredogiama da Figura 8- I 9_
Um marcador para dois alelos foi tipado para
cada membro da Família. Qual e' a frequência de
recombinaçãt) para o marcador e o locus da doença?
Qual e o escore LOD para uma frequência de
recombinação de 0,02 Qual é o escore LOD para uma
Frequência de recombinação de 0,1?
A família mostrada no heredograma da Figura 8-20 foi
apresentada para um diagnóstico genético. A doença FIGURA 8-20
em questão e' herdada de modo autossõmico dominante.
Heredograma para Questão para Estudo 7.
Os membros da Família foram tipados para um lonas
marcador ligado proximamente a dois alelos. O que
9. Um canudo publicado não mostrou desequilíbrio de
você diria à Família sobre os riscos para sua prole?
ligação entre NF 1 e um locus marcador pmximamentc
Aponte as diferenças nos conceitos de sintenia, ligado. Explique este Fato, mantendo em mente que o
ligação, desequilíbrio de ligação e associação. gene NF 1 tem alta taxa de mutações novas.
Leituras sugeridas
Altshuler D, Daly MJ, Lander ES. Genetic mapping in human
disease. Science 2008,322(5903):S8I-8-
Christensen K, MunayJC. What genome-wide association studies
can do tor medicine. N Engl _i Med 2007,356(1 i):I094›-7.
Collins FS, Morgan M, Patrinos A. The Human Geno-
me Project: Lessons from large-scale biology. Science
20Ú3¡3Ú0(56 l 7] :236-90.
Dawn Teare M, Barrett JH. Genetic linkage studies. Lancet
2001-3 66(9490]: l 036-441.
Prazer KA, Ballinger DG, Cox DR, et al. A second generation
hLunan haplotype map ol over 3.1 million SNPs. Nature
20Ú7¡449(7l 64] :85 l -Õ l
-

Hartung DT, Berson EL, Dryja TP. Retinitis pigmentosa- Lan-


cet IOÚÕÂGSÍQS-ilg):i 795-809.
Hirschhom JN, Dal):
IMUNOGENÉTICA

Diariamente NOSSOS corpus se detrontam com uma quantidade


extraordinária de invasores (vírus, bactérias e muitos outros
organismos causadores de doenças), cujo objetivo é superar
nossas defesas orgânicas. Estas defesas, conhecidas coletiva-
mente como sistema imune, consistem em uma coleção diver-
siiicada de trilhões de células_ Ó sistema imune deve ser capaz
de lutar com uma multidão de micro-organismos invasores,
além de distinguir com um alto grau de precisão aquilo que "e
própritr" [self] daquilo que "lhe e estranho" ifrwnseif).
Como se pode esperar, a base genética do sistema imune é
bastante complexa. Õ estudo da genética do sistema imune,
conhecido como imunogenética, vem sendo muito beneficiado
pelo desenvolvimentodo mapeamento dos genes e pela clona-
gem. A maioria das técnicas discutidas em capítulos anteriores
(p. ex., análise da associação de genes, clonagem posicional,
sequenciamento de DNA) tem sido utilizada para estudar os
genes responsáveis pela resposta imune. llVlLlÍtUS novos genes
já Foram descobertos e suas Funções e interações já foram estu-
dadas intensamente. Este capitulo fornece uma breve revisão
de imunologia básica, discutindo os genes que são essenciais
para a capacidade de defesa do corpo¡ contra um conjunto al-
tamente diversiiicado de patógenos. Ós aspectos das doenças
autoimunesserão investigados, e algumas das principais doen-
ças causadas por imunodeficiência:: serão discutidas.

A RESPOSTA IMUNE: CONCEITOS BÁSICOS


O Sistema imunológico inato
(Quando um micro-organismo patogenico é encontrado, a pri-
meira linha de defesa do corpo inclui os Fagócitos
ímunogeneirca ,f 1.7.7

Produção de células T e B Seleção, proliferação e diferenciação


com muitos receptores das células T e B Individuais, com
de antígenos possíveis receptores para um antígeno específico

Célula T
Antígeno reguladora

© Célula T ciioioxica &ÍBÊEE


Célula-tronco
Ilnfolde APC Célula T de memória

RecombinaçãoVDJ
nas células T e B
Célula B de
Medula mami”
óssea
P'a3m°°'°°
IMUNIDADE

Hiper-mutação
)_~.(
4:¡
HUMORAL

somática 4
Anticorpo

Órgãos
llnfoides
secundários
FIGURÀ 9-1
visão geral da resposta imunologi adaptatlva- celulas-tronco Iinfoides originadas na medula óssea migram para os orgãos Iinfoides centrais, onde sofrem
divisão celular e diferenciação, produzindo celulas T (timo) ou celulas B (medula óssea). Neste estagio, as celulas B e T ainda não se encontraram com antígenos,
mas ia desenvolveram uma diversidade considerável em seus receptores de superfície oelular como resultado da recomhinação VDJ e da diversidade juncional
(veja o texto). Estas celulas entram na circulação e migram para os orgãos Iinfoides secundários (p. ex., beco e Iinfonodos), onde encontrarão antígenos estranhos
que geralmente são processados por celulas apresentadoras de antígenos (APCs) para que sejam apresentados para as celulas T naipe¡ (TH)_ Somente um
pequeno contingente de celulas T e B possuem receptores pazes de se ligar a antígenos estranhos específicos; este oontingente e selecionado para posterior
desenvolvimento e diferenciação. Neste estagio, a hipermutação somática [veja o texto) ocorre nas celulas B, resultando em maior diversidade de receptores e
capacidade de ligação a antígenos estranhos com maior afinidade. O resultado final deste processo e uma resposta imunológica humoral [celulas B) eiou celular
(celulas i] a um antígeno estranho ao corpo. A resposta das celulas T inclui: celulas T citotoxis, que podem destruir celulas infectadas; celulas T reguladoras,
que aiudam a controlar a resposta imune; celulas T de memoria_ que permitem a resposta rapida a um antígeno previamente conhecido. A imunidade humoral
resulta em uma população de celulas B maduras (plasmocitos) que secretam anticorpos na circulação e uma população de celulas B de memoria.

B maduros secretam anticorpos circulantes que combatem in- A Resposta das Células B: Sistema imunológico Humoral
fecções. Algmnas vezes, o componente do sistema imunológi- Um elemento principal da resposta imune adaptativa tem
co do linfócito B é chamado de sistema imunológico humoral, inicio quando tipos especializados de ragócitos, que fazem
porque produz anticorpos que circulam na corrente sanguínea. parte do sistema imunológico inato, englobam micTóbius in-
Os linfócitos T hclpcr estimulam os linfócitos B e (outros tipos vasores e, em seguida, apresentam peptfdeos derivados des-
de linfócitos T a responderem mais efetivamente às infecções,- tes eI11 suas superfícies celulares. Estas células, que incluem
os linfócitos T citnotóxioos podem destruir diretamente as cé- macrófagos e células dendríticas, são denominadas células
lulas infectadas. Por causa desta interação direta com as células apresentadoras de antígenos (APCs, :vingar-presenting cells).
infectadas, o component:: de células T do sistema imunológico As células B também são capazes de englobar micróbios e
as vezes é chamado de sistema imunológico oelular_ Estima-se podem apresentar peptideos de micro-organismos em suas
que o Corpo hLu11ano contenha vários trilhões de células B e T. superfícies celulares.
As APCs alertam o sistema imunológico adaptativo quanto
a presenca de patógenos de duas maneiras. Primeiro, o pepti-
Os linfócitos B são um componente do sistema deo exógeno é transportado para a superlicie da APC por uma
imunológico adaptativo; estas células produzem molécula classe II do complexo principal de histocompatibili-
anticorpos circulantes em resposta à infecção. Os dade (MHC, class Il major bistocompafílrilítyampla), que carrega
linfócitos T, outro componente do sistema imunológico o peptideo exógeno em um sulco especializado (Fig. 9-2). Este
adaptativo, interagem diretamente com células infectadas complexo, que se projeta para o meio extracelular, é reconhe-
para exterminá-Ias, e ajudam na resposta das células B. cido pelos linfócitos T, que têm, em suas superfícies, receptores
173 ,r Caplttrio 9 GENÉHCA MÉDICA

Célula apresentadora de antígeno

secreção de anticorpo
L
.k * x
Anticorpos circulantes A
ligam-se aos antígenos ~.\_
Y
FIGURA 9-2
A resposta imunológica humoral. As moléculas de MHG classe ll am celulas apresentadoras de antígenos levam peptideos exóganos para a superficie celular, onde
estes são reconhecidos por uma celula T helper. A celula T secreta citocinas que estimulam as celulas B, cujas imunoglohulinas irão ligar-se ao peptideo exogeno.
Estas celulas B se transformam em plasmocitos que secratam anticorpos na circulação. ajudando a combater as infecções.
(Modificado de Nossa¡ 6.1' Life, death and me immune system. Scr' Am 1993; 26953-627).
lmuncganetfca ,f 179

FIGURA 9-3
Visão detalhada da ligação entre uma celula T heipere uma
célula B. Alem da Iigago do receptor da celula T ao complexo
MHC-peptldeo, várias outras moléculas interagem urnas com
as outras (como o complexo coestimulador BF-CD2B). MHC-
complexo principal de histocompatibilidade.
(Modificado de Hom!, BrostarfJ, Male D. Immunolagx 6'" ed_ St
Louis: Massi: 2001)_

a
í
É'

Receptor da célula T

capazes de se ligar ao complexo MHC-peptideo. Adicional- sequência de DNA por meio do processo de hipermutação so-
mente, depois de encontrarem um patógeno, as APCs exibem mática (veja discussão posteriormente). Estas mutações no DNA,
moléculas ooestimuladoras em suas superfícies celulares, que são restritas aos genes que codificam estes receptores de su-
como um sinal de que patógenos estranhos foram encontrados perficie, por sua vez, produzem alterações nas características de
(Fig- 9-3). A ligação com o complexoMHC-peptídeo estimula ligação destes receptores (p- ex., a forma da proteína). Alguns
a secreção de citocinas pelos linfócitos T bzlprr¡ as citocinas destes receptores variantes possuem um alto nível de afinidade de
são proteínas sinalizadorasresponsáveis por mediar a comuni- ligação para o micro-organismo. As celulas B que produzem estes
cação entre as celulas. Particularmente, estas citocinas ajudam receptores são favoravelmente selecionadas porque se ligam ao
a estimular o subtipo de linfócitos B, cujos receptores de su- patógeno por um periodo mais longo de tempo. Deste modo,
perfície cellular, chamadas imunoglobulinas, podem ligar-se estas celulas proliferamrapidamente. Essas células B, em seguida,
aos peptídeos dos micro-organismos invasores (Fig. 9-3). A transfonnam-se em plasmódtos, que secretam seus receptores de
capacidade que as imunoglobulinas têm de se ligarem a peptí- superfície celular (ou imunoglobulinas) dentro da corrente san-
deos estranhos específicos (í. e., sua afinidade pelo peptideo) é guínea- As moléculas secretadas, que são estruturalmente idên-
determinada por sua forma e por outras características_ ticas aos receptores na superfície das células B, são anticorpos.
Agora se pode entender porque o sistema imunológico adaptati-
Na resposta imune humoral, particulas exógenas são vo recebeu este nome: este sistema envolve a seleção inicial das
exibidasem conjunto com moléculas da classe II do celulas B e das células T, cujos receptores podem ligar-se ao pa-
MHC através das células apresentadoras de antígenos. tógeno, seguida de um ajuste fino (adaptação) destas células para
Estas moléculas são reconhecidas por células T helper, alcançarem Luna afinidade de ligação mais alta.
que então estimulam a proliferação das células B,
cujos receptores (imunoglobulinas)podem ligar-se ao Durante a resposta das células B a um peptídeo
patógenoexógeno. exógeno, ocorre um aumento na afinidade da ligação
das imunoglobulinas aos patógenos invasores.
Estima-se que, após a exposição inicial a um micnóbioestranho Quando maduras, as células B tomam-se plasmócitos
ao organismo, apenas um em t milhão de linfócitos B produza secretores de anticorpos.
receptores de superfície celular capazes de se ligar ao micrôbio.
Este número é muito pequeno para lutar efetivamente contra uma Após a estimulação inicial pelo patógeno causador de do-
infecção. Alem disso, a afinidade de ligação do receptor parece ença, 5 a 7 dias são necessários para completar o processo de
ser relativamente ruim. Entretanto, uma vez que esta população diferenciação das células B e a subsequente maturação destas
relativamente pequena de linfócitos B é estimulada, inicia-se um células em plasmócitos produtores de anticorpos. Cada plas-
processo adaptativo no qual é gerada uma variação adicional na mócito é capaz de secnetar aproximadamente ID milhões de
13o f Capitulo 9 GENÉTICA MÉDICA
moléculas de anticorpos por hora. Os anticorpos ligam-se aos O sistema imunológico é capaz de destruir as células
antígenos (termo derivado da expressão antibody generation do corpo. uma vez que estas estejam infectadas.
em língua inglesa) de superfície do patógeno, podendo neutra- Peptídeos oriundos do patógeno são exibidos nas
lizar diretamente o micro-organismo. Mais frequentemente, superfícies celulares pelas moléculas classe I do MHC.
o anticorpo identifica (rotula) o patógeno para que este seja Estes peplídeos são reconhecidos pelos linfócitos T
destruído por outros componentes do sistema imune, como as ciliotóidcos (killer), que destroem a célula infectada.
proteínas do complemento e os fagócitos.
Outra atividade importante da resposta imune humoral é Frequentemente, as células T são alertadas sobre a presença
a criação de células B de memória, um subtipo de células B de uma infecção quando células dendriticas circulantes apresen-
com alta afinidade de ligação, que persistem no organismo tam os peptideos exógenos em suas mperfícies celulares e migram
mesmo depois da infecção ter sido combatida. Estas células, para tecidos linfoides secundários, onde reside a maioria das cé-
que já foram altamente selecionadas para a resposta ao pató- lulas T. Assim como nos linfócitos B, apenas uma pequena fração
geno, terão uma resposta mais rápida se o mesmo patógeno de células T do corpo tem afinidade de ligação para o patógeno
for encontrado em um momento posterior da vida do indi- infectado. Um subtipo de células T lxlpei; identificadascomo T l ,

viduo. As vacinações são eficazes porque levam à formação secreta citocinas como interleucina-l, interferon-'y e fator de ne-
de células de memória que podem responder a patógenos crose tumoral B, que, por sua vez, estimulam a proliferação destes

especílicos. linfócitos T citotóxicos cujos receptores podem ligar-se aos pep-


tídeos exógenos nas superfícies das células infectadas. Outro sub-
0 Sistema lmunolúglcu Celular tipo de células T lntlprr, as células TH?, secretam principalmente
Alguns micro-organismos, como os vírus, são muito hábeis interleucina-4 e interleucina-S, que estimulam as células B, (Jljüs
em rapidamente dentro das células do corpo¡ uma
inserir-se receptores também podem ligar-se aos peptfdeos exógencis.
vez dentro destas células, ficam inacessiveis aos anticorpos, Assim como no componente de células B do sistema imu-
proteinas solúveis em água que não podem passar pela mem- nológico adaptativo, um subtipo de células T de longa duração
brana lipidica da célula. Um segundo componente do sistema (células T de memória] é mantido para responder rapidamen-
imunológico adaptativo, o sistema imunológico celular, de- te a um patógeno que poderá ser encontrado novamente no
senvolveu-sc para combater tais infecções. Um componente- futuro. Ainda, outro tipo de célula T, as células T reguladoras,
-chave da resposta imunológica celular é a molécula classe ajuda a regular o sistema imunológico de modo que os pepti-
l do MHC, que é encontrada nas superfícies de quase todas deos do próprio corpo não sejam atacados inadvertidamente-
as células do corpo. Em uma célula normal, a molécula classe
l do MHC liga-se a pequenos peptfdeos (oito a IO aminoá- As celulas T,,1 constituem um subtipo de células T
cidos de comprimento) derivados do interior da célula. Esta helper que estimulam células T citotóxicas apmpriadas
molécula migra para a superfície celular carregando um pep- para que estas respondam à infecção; as células
tideo consigo e exibindo-o para o exterior da célula. _lá que TH? constituem um subtipo de células T helperque
este é um dos peptideos do próprio corpo humano, nenhuma estimulam células B para que estas respondam à
resposta imune e' desencadeada. Entretanto, em uma célula in- infecção. As células T de memória permanecem
fectada, a molécula classe l do MHC pode ligar-se a pequenos por um longo período de tempo após uma infecção,
peptídeos derivados do organismo infectante- Ao apresentar assegurando uma resposta rápida a uma infecção
os peptideos estranhos na superfície celular, a molécula classe subsequente causada pelo mesmo patógeno. As
l do MHC alerta o sistema imunológico, particularmente as células T reguladoras ajudam a prevenir o ataque das
células T. É válido lembrar que os linfócitos T aprendem a células do próprio corpo pelo sistema imunológico.
reconhecer e tolerar peptideos do próprio corpo (em conjunto
com as moléculas classe l do MHC) enquanto se desenvolvem Os Sistemas lmunológlcus Inatu, Humoral e Celular: uma
no timo, mas são extremamente intolerantes com peptideos Comparação
exógenos. O complexo MHC-peptidet) liga-se aos receptores Embora o sistema imunológico inato e o sistema imunoló-
nas superfícies das células T apropriadas, estimulando a célula gico adaptativo sejam descritos separadamente, ocorre uma
T a produzir uma substância quimica que destrói as células in- grande interação entre eles, fazendo com que desempenhem
fectadas (Fig. 9-4). Os linfócitos T são chamados de linfócitos funções complementares. O sistema inato, por reconhecer
T citotóxicos ou linfócitos T killer'por causa de sua habilidade caracteristicas gerais dos patógenos, pode reagir muito rapi-
em destruir células por meio deste mecanismo. Cada linfócito damente aos elementos estranhos ao organismo. Enquanto o
T citotóxico pode destruir uma célula infectada a cada l a 5 faz, o sistema inato sinaliza para o sistema adaptativo para
minutos. que este inicie uma resposta mais especifica para o patógeno.
Na ausência deste sinal, o sistema adaptativo é incapaz de
responder à infecção. Àpós alguns dias, durante OS quais o
"Estas células também são conhecidas como células T (ÍDS, por causa da sistema adaptativo "aprende" as características do patógeno,
presença de correceptores CDB (aglomerado de antígeno B de diferenciação) este inicia uma resposta maciça e especializada. Através da
em suas superfícies, que se ligam à molécula classe l do lVlHC [Fig 9-4).
criação das células B e T de memória, o sistema imunológico:
(Íélulas T lJcliJer apresentam correceptores (ÍD4 em suas superfícies celulares,
que se ligam 'as moléculas classe ll do MHC (Fig. 9-3). sendo conhecidas
adaptativo permite que o organismo responda rápida e efeti-
como células T CD4. vamente a um mesmo patógeno que poderá ser encontrado
imunogenetica f 181

FIGURA 9-4
Em uma celula intectarh por um virus, os peptidecs virais (1, 2) são transportados para a superficie celular por moléculasclasse I tic MHG (3). D receptor da celula
T de um célula T citclcxica CDB liga-se ac complexo MHC-peptideo (4). Ac reconhecer c paptideo como exogenc, a celula T citotoxi secreta substâncias que
destroem diretamente a celula infectada ou induzem a sita morte celular programada (apoptcseg Capitulo 11) (5). MHC, Corrplexc principal de histoccmpatibilimtte.
(Modificado de JanewayOA Jr: Hour the immune system recognizes invadem. Sci Am 19963' 2769-73-79).
novamente no futuro. Estas células de memória não existem de cadeias pesadas determinam a classe principal (ou isótipo)
no sistema imunológico inato. à qual a molécula de imunoglobulina (lg) pertence: qr, p., a, ô
O sistema imunológico humoral é especializado no com- e s correspondem aos isótipos das imunoglobulinasIgG, IgM,
bate às infecções CJCtTaCClLllâTCS, como bactérias circulantes e IgA, lgD e IgE, respectivamente. Os linfócitos B imaturos
vírus. O sistema imunológico celular combate infecções in- produzem somente IgM, porém, conforme vão amadurecen-
tracelulares, como parasitas e fungos dentro das células. No do, ocorre uma reorganização dos genes da cadeia pesada, a
entanto, esta divisão de trabalho não é tão rigorosa, havendo mudança de classe- Este evento permite que os outros quatro
uma grande interação entre o componente humoral e o com- tipos de imunoglobulinas sejam produzidos, cada um deles
ponente celular do sistema imunológico. diferinclo na composição de aminoácidos, função, tamanho
e conteúdo de carboidratos. Cada classe tende a se localizar
PRDTEÍNAS DA RESPOSTA IMUNE: FUNDAMENTO em detenninadas partes do corpo, e cada uma delas tende a
GENÉTIDD DA ESTRUTURAE DIVERSIDADE responder a um determinado tipo de infecção- Os dois tipos
moléculas e Gene: da Imunuglnbullna de cadeias leves podem ser encontrados em associação com
Conforme ilustrado na Figura 9-5, cada molécula de anticorpo qualquer um dos cinco tipos de cadeias pesadas.
(ou imunoglobulina) é composta de quatro cadeias: um par Tanto as cadeias leves como as cadeias pesadas possuem uma
idêntico de cadeias pesadas (mais longas) e um par idênti- região constante e uma região variável, que se localizam nas ex-
co de cadeias leves (mais curtas), que são unidas por ligações tremidades carboxil (C)-terminal e amino (IND-terminal das ca-
dissulfeto. Há cinco tipos diferentes de cadeias pesadas (y, p., deias, respectivamente. A organização dos genes que codilicam
a, õ e E) e dois tipos de cadeias leves (ic e A). Os cinco tipos a região constante determina a classe principal da molécula de lg
132 / Capitulo 9 GENÉHCA MÉDICA
Cadeias leves

Sitio de "cação Sitio de ligação


ao antígeno ao antígeno

Cadeias Pesadas Cadela de carboidrato

anticorpo (modelo molecular)


Cadela leve
Região variável
Liga-se ao antígeno
Cadela pesada

Ligação dlssulfeto
Região constante
Ativa sistema do
complemento e fagácitos

Antlcorpo (esquemático)
FIGURA 9-5
uma molecula de anticorpo consiste em duas cadeias leves identis e duas cadeias pdas idênticas. A dela leve inclui as regiões variável, de junção e
constante; a cadeia pesada inclui estas regiões mais a região de diversidade, localizada entre as regiões variável e de junção. A porção superior da figura
ilustra o modelo molecular da estrutura de um anticorpo.

(p. ex., lgA, lgE). A região variável é responsável pelo reconhe- lógicas estruturalmente diferentes, de modo que algunas célu-
cimento de antígenos e afinidade de ligação, e, assim, varia entre las possam produzir uma resposta imune quando em contato
classes de imunoglobulina. Três segmentos distintos de genes com qualquer micro-organismo invasor. De fato, o sistema
codiñcam as cadeias leves: C para a região constante, V para a imunológico humoral é capaz de gerar pelo menos 1D bilhões
região variável e] (junção) para a região que une a região cons- de anticorpos esnuturalmente distintos- Há algum tempo,
tante ã região variável. Quatro segmentos de genes codificam as acreditava-se que, cada anticorpo tinha uma sequência
como
cadeias pesadas: as codificações C, V eJ, novamente, para as re- única de aminoácidos, cada mn deles deveria ser codificado por
giões constante, variável e de junção, respectivamente, e também um gene diferente. Entretanto, esta hipótese de "um gene um -

Luna região D (“diversidade") localizada entre as regiões] e V. anticorpo" não poderia estar correta, porque o genoma huma-
no tem somente 20.000 a 25 .DOO genes. Estudos posteriores
mostraram que diversos mecanismos são responsáveis por gerar
As moléculas de imunoglobulina consistem em
a diversidade de anticorpos nas células somáticas:
duas cadeias pesadas idênticas e duas cadeias
leves idênticas. A região constante da cadeia 1. Genes das Imunoglobulinasde Unhas Germinativas Múltiplas
pesada determina a classe principal à qual uma Estudos em genética molecular (clonagem e sequenciamento
imunoglobulina pertence. As regiões variáveis das de DNA") mostraram que para cada cadeia pesada e leve, o
cadeias leves e pesadas reconhecem e ligam-se aos indivíduo tem mais de 80 segmentos V diferentes, localizados
antígenos. contiguamente em sua linha germinativa, bem como seis dile-
rentes segmentos _l_ Há, no minimo, 30 segmentos D na região
de cadeia pesada.
As Bases Genéticos da Diversidade dos Anticorpos
Como o sistema imunológico não tem como "saber" antecipa- 2. Ftecombinação somática (RecombinaçãoVDJ)
damente quais tipos de micróbios terão de ser combatidos, esse Conforme as moléculas de imunoglobulinas vão sendo
sistema deve conter um grande reservatório de células imuno- formadas durante a maturação dos linfócitos B, uma combinação
lmurrogenerrea x' 18.5'

específica dos segmentos V e J é selecionada para a cadeia leve; ceto um segmento V, um segmento D e LllTl segmento J, os
a outra combinação dos segmentos V, D e] é selecionada para segmentos não deletados são unidos pelas ligases. Este proces-
a cadeia pesada. isso é Feito por meio da deleção das sequên- so de "recortar e colar" é conhecido como recombinação so-

cim; de DNA, que separam os segmentos únicos V,_i e D, antes mática (ao contrário da recombinação germinativa que ocorre
que estes sejam transcritos sob a Forma de mRNA (Fig. 9-6). 0 durante a meiose). A recombinaçãosomática produz um resul-
processo de deleção e realizado, em parte, pelas recombinases tado distinto: diferentementedas outras células do corpo, cujas
(codilicadas pelos genes RAC! e RAC!, rtcombínation actítzaiíng sequências de DNA são idênticas umas as outras, os linfócitos
gmes 1 amd 2), que iniciam as quebras da fita dupla de DNA em B maduros variam com relação às suas sequências reorganiza-
sequências específicas de DNA que Hanqueiam os segmentos das de DNA das imunoglobulinas_ Considerando que existem
dos genes V e D. Após a deleção de todos os segmentos, ex- muitas combinações possiveis entre os segmentos únicos

Genes V Genes D Genes J


C
DNA da

ggrãfâgwa vr »eva vn D102 os Dn J1J2J3


Recomblnação VDU;
Jn

diversidade lunclonal

reorganlzado w m#

g Transcrição
mam -EIIZI-
il
Receptor com baixa E ¡ ¡

A
3° amiga” . somática e maturação
cia afinidade

mutações Mutaçües
somátlcas somátlcas

v4 D3J4 v4 03.14

ü Transcrição
g Transcflçâo

431:¡- -elj-
ii ii
*t*A maioria das
a
Outras mutações
mutações produz produzem receptores
receptores oom com alta afinidade de
B aiinldade reduzida C ligação ao amlgeno
FIGURA 9-6
A, Fieoombinaçãosomática VDJ na formação da cadeia pesada de uma
molécula de anticorpo. A cadeia pesada funcional e codificada somente por
um único segmento originado de cada um dos múltiplos segmentos V, D e .J.
Isto produz um subconjunto de celulas B cujos receptores tem baixa afinidade
de ligação por antígenos exogenos. uma vez que o antígeno e encontrado
no tecido Iinfoide secundário, inicia-se a hipermutação somática [B e B). A
maioria dos receptores mutados tem baixa afinidade de ligação (B), porem,
eventualmente, a hipermutação somática produz novos receptores com maior
afinidade de ligação (c). As celulas que contem estes receptores
diferenciam-se em plasmocitosprodutores de anticorpo.
134 I Capitulo 9 GENÉTICA MÉDICA
HGURA 9-? [_] Região variável
O receptor da celula T e um heterodl mero que Cadela a Cadela [5
consiste nas cadeias a e |3 ou nas cadeias *y e B. O _____ _____
1:] Região constante
complexo molecula do MHC e molécula do antígeno "

_
'

s
e unido pelas regiões variáveis das cadeias a e t3.
(Modificado de Havan PH, Johnson GB: Biologia
3'” ed. Sttotns: Mesa): 1992)

Os mecanismos que levam à diversidade na produção


de anticorpos incluem segmentos de genes para
imunoglobuiinas de linhas germinativas múltiplas,
recombinaçãosomática dos segmentos gênicos de
imunoglobuiina, diversidade juncional, hipermutação
somática e potencial para combinações múltiplas das
cadeias pesadas e leves.

Receptores das células T


Os receptores das células T assemelham-se às imunoglobuli-
nas ou aos receptores das celulas B de diversas maneiras. Assim
como as imunoglobulinas, os receptores das celulas T devem
ser capazes de se ligar a Luna grande variedade de peptídeos
derivados de micro-organismos invasores. Entretanto, dife-
rentemente das imunoglobulinas, os receptores das celulas T
nunca são secretados a partir da célula e a ativação das células
T requer a apresentação do peptídeo exógeno juntamente com
uma molécula do MHC. Aproximadamente 90% dos recepto-
res das células T são heterodímeros compostos por uma cadeia
ot e uma cadeia B, enquanto aproximadamente 10% são hetero-
clímeros compostos por uma cadeia "y e uma cadeia õ (Fig. 9-7).
Uma determinada célula T apresenta tanto Luna população de
receptores cut-B como Luna população de receptores 'y-õ.
A maior parte dos mecanismos envolvidos na geração da di-
versidade da imunoglobulina segmentos de genes de linhas
_

germinativm; múltiplas, recombinação somática VD] e diversi-


dade juncional também :É importante na geração da diver-
-

sidade dos receptores das células T. Porém, a hipermutaçãtr so-


mática não ocorre nos genes que codi ficam os receptores destas
células- Acredita-se que isto ajude a evitar a formação de células

HGURA 9-8 Região classe II


Mapa do complexo principal de
histocompatihilidadehumana. O
complexo 4-Nlb divide-se em três
regiões: classes I, II e III.

HLA-DP HLA-DC!
Peptldec
antiga-nico
Peptldeo

Dominio Dominio '11


U4 H2

»A a
00000000000 000000000
Dominio
(Ia
Dominio
[Ig

Membrana
plasmática ¡

humanos (human leucocjrte antigos) A, B e C [HLA-A, -B e


135 r Capítuio 9 GENÉTICA MÉDICA
grau de polimorfismo na população geral aumenta a chance
de qualquer indivíduo nesta população ser heterozigótico. Por
exemplo, pessoas heterozigóticas para os leer' HLA-A, PEA-B ef
ou PEA-C, infectadas por HIV; tem tempo de sobrevida maior
do que as pessoas homozigúticas para estes iocr'. Além disso,
o maior polimorfismo do MHC em uma população diminui a
chance de Lll'l'l patógeno infeccioso se disseminar facilmente
pela população». Assim, o alto grau de polimorfismo em genes
do MHC é provavelmente o resultado da seleção natural para
a variabilidadealélica.
Em alguns casos, sabe-se que alelos MHC específicos produ-
zem proteínas que são eficientes oontra patógenos específicos. Por
exemplo, já se mostrou que o alelo FILA-BH tem um forte efeito
protetor contra a malária severa na população da Gâmbiae o alelo
HLA-BEBÉ! 302 protege contra a infecção por hepatite B nesta
mesma população. ESSCS alelos produzem moléculas do MHC que
têm alta afinidade cle ligação para estes agentes infecciosos.

Assim como os genes classe I do MHC, os genes da


classe II também são altamente polimórñcos. Isto
aumenta a habilidadede resposta dos indivíduos e
populações a uma grande variedade de patógenos.

A maioria dos patógenos que invadem o corpo humano e destruída por nos-
so sistema imunológico. consequentemente he uma forte seleção natural
para os patógenos que podem escapar da vigilãncie e destruição pelo siste-
ma imune. Estes microorganismos geralmente apresentam altas taxas de
mutação e suas quantidades são consideráveis. Assim, apesar de sua sim-
plicidadebiolégice, os vírus e outros patógenos desenvolveram formas mui-
to hábeis para superar a resposta imunológica- Nossos sistemas imunológi-
cos, em contrapartida, constantemente estão criando novas fonnes de lidar
com a ingenuidade patogénica. Agora vamos discutir trés exemplos desta
corrida armamentista molecular_
0 citomegalovirus (CMV) é um agente infeccioso comum que provoca
mononucleose, anemia henrolitica, pneumonite, infecçõescongênitas e trom-
bocitopenia (diminuição no númem de plaquetas). As células infectadas pelo
CMV são alvos de destruição pelas células T
A região classe ill do MHC abrange 680 kb e contem no
minimo 36 genes, dos quais somente alguns estão envolvidos
com a resposta imune. Entre os mais importantes estão os ge-
nes que codificam as proteinas do complemento.
Os genes que codificam as imunoglobulinas,os receptores das
celulas T, KÍR e as proteinas classes l e ll do MHC, todos compar-
tilham sequências de DNA e características estruturais similares.
Desta Fonna, eles são membros de uma Família de genes, como os
genes das globinas, os genes da visão colorida e os genes do co-
lágeno, descritos em capitulos anteriores. A Tabela 9-1 apresenta
Lnn resumo dios principais genes do sistema imunológico e suas
localizações cromossômicas.
É importante enfatizar que as moléculas classes l e li do
MHC diferem muito entre os individuos, mas cada celula de
Lim mesmo individuo tem as mesmas moléculas classe l e classe
ll (esta uniformidade e necessária para o reconhecimento pelas
células T). Em contraste, após a recombinação VD), os recep-
tores das células T e as imunoglobulinas diferem de célula para
célula entre os indivíduos, permitindo que o organismo respon-
da a uma grande variedade de diferentes agentes infecciosas.
Os genes das imunoglobulinas, os receptores das
células T, os KIR e o MHC são membros de uma família
de genes. Enquanto as imunoglobulinase os receptores
das células T variam entre as células de um mesmo
indivíduo, as moléculas MHC variam entre os indivíduos.
MHC e Associações com Doenças
Diversas doenças exibem associações significativas com alelos
especiiicos do MHC: pessoas que possuem o alelo são muito
mais propensas a desenvolver a doença do que aquelas que
não o apresentam. Alguns exemplos, mencionados nos ca-
pitulos anteriores, incluem a associação do gene HIA-Ba?
rca r Capitao 9 GENÉTICA MÉDICA
TÁBUA9-2
Exemplos do Complexo Principal de Histocompatibilidadee Associações com Doenças
Doença Alelo Associado ao MHC (HLA) Risco Relativo Aproximado*
Diabetes tipo 1 DDBPOSOZ 1o

à_:U1É
Espondiliteanquilosante B2? 8
Narcolepsia DR2 e DDM, D051 8
Doença celta DRS, DR?
Artrite reumatoide DR1, DR4
Miastenia grave DRS, DR?
Esclerose múltipla DR2
Pentigovulgar DR4
Lúpus eritematoso sistêmico DRS
Hemocromatose A3
Malária B53
Doença de Graves
Pscrlase vulgar Csvñ
Carcinoma cervical de celulas escarnosas
'D risca relator¡ pode ser interpretado, de forma gerar, como a clarice que uma pessoa que apresenta am raiar de risca (neste rasa, um antígeno MHC) tem de desenvolver a
doença, comparam¡ com uma pessoa que não apresenta nenhum raiar de risca para eia. CDHSEQLIEHÍEHJEJJÍE, um raiar de risca de 4 para o DR2 e esclerose mriitipia significa que
pessoas que tem este areia são quatro vezes mars susceptíveis ao aesenl-olvfnrenioda escierase múlnpia do aire aquelas que não possuem a areia. Um risca relativo e: I
(conforme observado para a mataria e a areia 353) iadi que a raiar protege contra a doença.
MHC, carnpiexaprincipe! de nisiacompanoiiiaade.
Dados deBeJi Ji, rodam, McDevidHD:The molecularbasis amu-diseaseassociation.Adir Hom Senai. rsrsrsr-Mr; DonariyDiG, luleparn, GT: inehummmajornismcoapatioiirtyr
compiex ana disease suscmliaiirty in iiimair¡ DL, Connor JM, atari::RE (aos): Emeryand Rimoins Hrincipia ano' Praciiraai'Medical Genetics. l/oi 7. how York Charm?! Livingsiane,
1997; HiiiAIrei ai: Carmona »testaram HLA anngens are associated ma¡ proimtiar¡ iram sairam antena. Nature 1991; 352595-6üt1' Kiein J, Saia A: me HLA system. Samoa of two
parts. NEng JMedãlai;
¡nwnagenérfca f 189

têm nem o antígeno A nem o antígeno B. As pessoas que apre- fetais entra na circulação sanguínea da mãe. Estas celulas pos-
sentam um destes antígenos nas superfícies de seus eritrócitos suindo os antígenos Rh estimulam a produção dos anticorpos
possuem anticorpos contra todos os outros antígenos ABO na anti-Rh pela mãe. Estes anticorpos permanecem na circulação
sua circulação sanguínea [estes anticorpos são formados no matema por um longo tempo e, se o próximo filho também for
início da vida, como Lu'n resultado da exposição a antígenos Rh-positivo, os anticorpos anti-Rh da mãe entrarão na circulação
que são idênticos aos antígenos A e B, mas que estão presen- sanguínea do feto e destruirão suas hemácias. À medida que esta
tes em vários micTo-trrganismos). Deste modo, se uma pessoa destruição progride, o feto torna-se anêmico, passando a liberar
do tipo B recebesse sangue do tipo A ou AB, seus anticorpos muitos eritroblasttrs [células vermelhas nuscleadas imaturas) na
anti-A produziriam uma reação severa ou ate' mesmo letal- As corrente sanguínea Este fenômeno é responsável pelo termo des-
pessoas do tipo O, que não possuem os antígenos A e B, conse- critivo erítrulriczstosefrtxll. A anemia pode levar a um abortamento
quentemente, possuem os anticorpos anti-A e anti -B, reagiriam espontâneoou um natimorto. Como os anticorpos maternos per-
fortemente ao sangue dos outros três tipos (A, B e AB). Antiga- manecem no sistema circulatório do recem-nascido, a destruição
mente pensava-se que os indivíduos do tipo O, por não apre- das hemácias pode continuar após o nascimento. lsto causa um
sentarem nenhum destes antígenos, poderiam ser considerados acúmulo de bilirrubinae surge icterícia logo após o nascimento.
como "doadores universais" (qualquer outro indivíduo poderia Na ausência das transfusões de substituição, na qual o neonato
receber seu sangue). Similarmente, pessoas do tipo AB eram recebe eritrócitos Rh-negativtrs, a bilirnrbinadeposita-se no ce'-
consideradas "receptores universais" porque não possuíam os rebro, produzindo dano cerebral e geralmente óbito. As crianças
anticorpos anti-A e anti-B. Entretanto, quando os pacientes que conseguem sobreviver podem desenvolver retardo mental,
recebem transfusões de sangue totais, contendo grandes volu- paralisia cerebral efou surdez para alta frequência.
mes de soro, os anticorpos do doador podem reagir contra os Entre os norte-americanos de descendência eiuopeia, aproxi-
antígenos dos eritrócitos do receptor. Por isso, a combinação madamente 13% de todos os casamentos são Rh-incompatíveis.
ABO completa é quase sempre feita em transfusões de sangue. Felizmente, hoje existe uma terapia simples para evitar a sensibi-
lização da mãe. Durante e após a gestação, uma mãe Rh-negativa
O locus/HBO coditica os antígenos eritrocitários que recebe injeções de imunoglobulinaRh, que consiste em anticor-
podem causar uma reação transfusional se os ddores pos anti-Rh. Estes anticorpos destroem os eritrócitos fetais na cir-
e receptores não forem totalmente compatíveis. culação sanguínea matema antes que estes estimulem a produção
de anticorpos anti-Rh maternos. Em virtude de os anticorpos
injetados não permanecerem por muito tempo na circulação da
0 Sistema Rh mãe, eles não afetam a prole subsequente- A lim de evitar a sensi-
O sistema Rh é codificado por dois loci muito próximos, um bilização,estas injeções devem ser administradas a cada gestação.
dos quais é denominado D. O outro locus produz antígenos Rh, A mãe Rh-negativa também deve ter cuidado especial para não
denominados C e E, através de mecanismo de splicing altemativt) receber uma transfusão contendo sangue Rir-positivo, porque
do RNA mensageiro [mRNÁl O locus D e' de grande interes- isso também estimularia a produção de anticorpos anti-Rh-
se, porque é responsável pela incompatibilidadematemo-fetal
do fator Rh e a doença resultante, a doença hemolítica do A incompatibilidadematerno-fetal Rh (mãe Fin-negativa
recém-nascido (HDN, larmolyiic disease of tlx nerubom). As pessoas e feto Rh-positivo) pode produzir a doença hemolili
com os genótipos DD ou Dri possuem o antígeno Rh em seus do recém-nascido se os anticorpos anti-Rh da mãe
eritrócitos são Rir-positivas. Os indivíduos homozigóticos re- destruírem os eritrócitos fatais. A administração de
cessivos, com genótipo dci, não apresentam o antígeno Rh em imunoglobulina Rh à mãe previne esta reação.
seus eritrócitos são Rh-negativos. Cerca de 85% dos norte-
americanos são Rh-positivos e cerca de 15% são Rh-negativos.
Diferentemente do sistema ABO, no qual os anticorpos nor- Uma fonna mais rara de incompatibilidadematemo-fetal
malmente são formados em resposta aos antígenos apresentados pode ocorrer quando uma mãe com sangue tipo O estiver ge-
por outros organismos, a produção de anticorpos anti-Rh requer rando um feto com o sangue tipo A ou B. A HDN produzida
uma estimulação direta pelo pnóprio antígeno Rh humano_ Uma por esta combinaçãogeralmente é tão branda que nem requer
pessoa Rh-negativa não começa a produzir anticorpos anti-Rh a tratamento. Curiosamente, se a mãe também for Rh-negativa
menos que seja exposta ao antígeno Rh, geralmente através de e a criança for Rh-positiva, a incompatibilidadeABO protege

uma transfusão de sangue ou durante a gestação. A incompati- contra a incompatibilidadeRh mais severa. lsto acontece por-
bilidadematemo-fetal ocorre quando um homem Rh-ptrsitivc) e que quaisquer células vermelhas do sangue fetal que entram no
uma mulher Rh-negativa geram filhos. Se o genótipo do homem sistema circulatório matemo são rapidamente destmídas pelos
for DD, toda a sua prole será Rh-ptrsitiva e apresentarão antíge- seus anticorpos anti-À ou anti-B antes que se possam fomiar
nos Rh em seus eritrócitors. Se o homem for heterozigótico, com anticorpos anti-Rh.
genótipo Dri, em média, metade de seus filhos será Rh-ptrsitiva,
Geralmente, não há dificuldades com a primeira criança DOENÇAS POR IMUNODEFICIÊNCIA
Rh-incompatível, porque apenas algumas hemácias do feto cm- As doenças por imunodeficiênciaocorrem quando um ou mais
zarn a barreira placentáriadurante a gestação- Quando a placenta componentes do sistema imunológico (p. ex., células T, célu-
se descola durante o nascimento, um grande número de hemácias las B, MHC e proteínas do complemento) faltam ou deixam
19o r Capitulo 9 GENÉTICA MÉDICA
de funcionar normalmente. As doenças por imunodeficiência oportunistas, incluindo Pnzumocystis jíroutei (um protozoãrio
primária são causadas por anormalidades nas células do siste- que comumente infecta pacientes com AÍDS). Estes pacientes
ma imunológico e geralmente são produzidas por alterações geralmente morrem durante os primeiros anos de vida se' não
genéticas. Mais de 100 síndromes por imunodeficiênciaprimá- receberem um transplante de medula óssea. Cerca da metade
ria já foram descritas até agora, e estima-se que estas doenças dos casos de SCÍD é causada por mutações recessivas ligadas
afetam, no minimo, uma a cada 10.000 pessoas. A imunode- ao X em um gene que codifica a cadeia y, que é encontrada em
ficiência secundária ocorre quando componentes do sistema seis diferentes receptores de citocinas (aqueles das interleuci-
imune são alterados ou destruídos por outros fatores, como nas 2, 4, 7, 9, 15 e 21). Na ausência destes receptores, as célu-
radiação, infecções ou drogas. Por exemplo, o virus da imu- las natural killer e as células T não podem receber os sinais que
nodeficiência humana (HW human immunoddicíenqr virus), que' precisam para que possam amadurecer normalmente. Todos
causa a sindrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), ataca estes receptores interagem com uma molécula de sinalização
os macrófagos e os linfócitos T larlpcr, componentes centrais intracelular chamada jalz3. Conforme pode ser esperado, pes-
do sistema imunológico. O resultado é uma susceptibilidade soas que não têm a moléculajait3 [como resultado de mutações
aumentada para diversos tipos de infecções oportunistas. recessivas autossõmicas no gene JAKE) (Janus Kinasz 3 ou Just
As doenças por imunodeficiência das células B deixam o Another Kinase 3] experimentam uma forma de SCÍD muito si-
paciente especialmente susceptível às infecções bacterianasre- milar a forma ligada ao X, descrita anterionnente.
correntes, como o Streptococcus pnrumoniar. Um exemplo impor- Aproximadamente 15 96 dos casos de SCÍD são causados
tante de imunodeficiênciadas celulas B é a agamaglobulinemia pela deficiência na adenosina desaminase (ADA, admosinr de-
ligada ao X (XLA, X-linlecd agammaglobulínernia). Os pacientes amínasr), um distúrbio recessivo autossõmico do metabolismo
que sofrem deste distúrbio, a maioria do sexo masculino, têm da purina que resulta no acúmulo de metabõlitos tóxicos às
uma perda completa das células B e, portanto, não possuem células B e T. Este tipo de SCÍD, assim como a forma ligada ao
lgA, lgE, lgM ou lgD plasmáticas. Como a lgC atravessa a X, pode ser solucionado com um transplante de medula óssea,
barreira placentária durante a gravidez, as crianças com XLA e alguns casos estão sendo tratados experimentalmente com

apresentam algum grau de resposta imune das células B nos terapia gênica (Capítulo 13).
primeiros meses de vida. Contudo, o suprimento de lgC é A SCÍD também pode surgir de mutações no RAC! [naom-
rapidamente depletado, e as crianças desenvolvem infecções bination ::Counting gm: 1] e no RAC: (recombínationactívatinggene 2],
bacterianas recorrentes. Elas são tratadas com grandes quan- dois dos genes envolvidos na recombinaçãoVDJ, e na formação
tidades de 'v-globulina. A agamaglobulinemialigada ao X é propriamente dita dos receptores das células B e T. Estas mu-
causada por mutações em um gene [BTK, Buttons gti-usina leimzse) tações produzem Luna imunodeficiência combinadadas células
que codifica uma tirosina quinase de célula B, necessária para B e T, embora as celulas neutral killer normais sejam produzidas.
a maturação normal das células B. Mutações nos genes que Outros exemplos de SCID são apresentados na Tabela 9-3-
codificam as cadeia; leves e pesadas da imunoglobulina podem Vários defeitos no sistema imunológico resultam em lin-
causar imunodeficiência autossômica recessiva das células B. fócitos sem moléculas MHC em suas superfícies. Estas con-
A imunodeficiência das células T afeta diretamente as cé- dições são seletivamente denominadas sindrome do Íinfócito nu
lulas T, mas também afeta a resposta imunológica humoral, (BLS, bar: lympbocgrtz syndrome). Uma das formas dessa sindro-
porque a proliferação de células B depende amplamente das me é causada por mutações no gene TAPQ. A proteína TÁPLJ
células T fJtÍper. Deste modo, os pacientes afetados desenvol- ajuda a transportar peptídeos para o retículo endoplasmático,
vem deficiência imunológica severa combinada (SCÍD, severe onde são ligados através das moléculas classe l do MHC. Um
combinedimmune citfciizncy) e ficam susceptíveis a muitas infecções defeito na proteina TAP2 desestabiliza as moléculas classe l

mam os
Exemplos de Doenças por ImunodeficiênciasPrimárias
condição Farma do Herança Brava Descrição
Agamaglohulinemialigada ao X XH Ausênciade células B leva a infecções bacterianasrecorrentes
SCID [defeito no receptor de citocina da cadeia 'v XR, AFI Deficiênciade celulas T, levando tamhêm a resposta imunologi humoral
ou deficiência ADA) preiudida; fatal, a menos que seja tratada por transplante de medula óssea ou
terapia gênica
SCID por deficiência da proteina Jato Deficiência de proteina quinase que leva à deficiênciade celulas B e T
SCID por deficiencia de RAGI ou RAGQ; sindrome AFI A ausênciada atividade de recombinases preiudica a recombinação VDJ,
de Dmenn levando a deficiência de celulas B e T
SCID por deficiencia da cadeia a da interleucina-T AH Deficiência de celulas T, prejudicando a resposta das celulas B
Deficiênciada Zap7O quinase A falta de celulas T citotoxicas; celulas T hetperdefeituosas; resposta dos
anticorpos prejudicada
Deficiênciada purina nueleosldeo fosforilase Distúrbio no metabolismo de purina, levando a deficiência das celulas T
iorunogeneffca f 19¡

?ABBA9-3
Exemplos de Doenças por ImunodeficiênciasPrimárias Continuação -

Fonna do Herança Brava Descrição


Sindrome do Iinfocito nu (BLS) Expressão deficiente de moléculas classe I do MHC (mutação TAPQ), levando ã
deficiencia de celulas B e T na BLS tipo 1; mutações nos fatores de transcrição
dos genes classe II do MHC levam a uma diminuição relativa nas celulas T
naipe¡ na BLS tipo 2.
Defeitos no sistema do complemento Quase sempre AR susceptibilidadeaumentada para infecções bacterianas e de outros tipos
Anomalia de DiGeorge AD, esporadica malformações congênitas incluem caracteristicasfaciais anormais, doença
cardíaca congênita e anormalidade tlmica, levando à deficiencia de celulas T
Ataxia telangiectasica Defeito no reparo do DNA, racterizadopor desequilíbrio da marcha [ataxia),
telangiectasia (capilaresdilatados) e anormalidade ti mica, levando a deficiencia
de celulas T
Sindrome de Wiskott-Aldrlch Plaquetas anormais e pequenas_ eczema e celulas T anormais, causando
susceptibilidadeas infecções oportunistas
Sindrome oe Ghediak-Higashi Albinismo parcial, organização Iisossomal defeituosa, grânulos citoplasmãtioos
gigantes_ neutrófilos e celulas natural irrrieranonnais, causando infecções
bacterianas recorrentes
Deficiênciada adesão Ieucocitaria Mutaçoes no gene receptor de integrina produzem fagocitos que não são
capazes de reconhecer e ingerir micro-organismos, resultando em infecções
bacterianas severas
Doença gran ulomatosa croni Os fagocitos ingerem microbios, mas não podem destroi-los; leva a fomtação
de granulomas e infecções recorrentes
Sindrome da hiperIgE Infecções recorrentes por estafilococos; niveis mardamente elevados de IgE
no soro; caracteristicasfaciais grosseiras
Deficiência IRAK-4 Defeito no receptor Tori-like¡ interleucina-1 usado por deficienciado receptor
de interIeucina-i associado à quinase 4 (IHAK-4), resultando em bactérias
extraoelulares [especialmente Streptococcus pneumoníae) e infecções fúngis
AD, autossômim dominante; AH, atrtxissâmrca memos; SCID, ::encrenca imunoiúgr' severa combinada;XR, recessiva ligada ao X.

do MHC, não sendo mais expressas nas superfícies celulares. Defeitos múltiplos nas diversas proteinas que constituem o sis-
Como a exposição às moléculas MHC é necessária para o tema do complemento já Foram identificados. A maioria deles é
desenvolvimento normal das células T no timo, a sindrome herdada como doenças autossômicas rerzessivas, e a maior parte
do linfóueito nu resulta em uma redução severa no número de resulta em susceptibilidadeaumentadapara infecções bacterianas.
células T e B funcionais. Esta sindrome também pode ser cau- Finalmente, uma grande quantidade de síndromes inclui
sada por defeitos em vários Fatores de transcrição diferentes, a imunodeficiência como uma de suas caracteristicas. Um

que se ligam aos promotores da região classe ll do MHC. Ó exemplo é a sequência de DiCeorge (Capítulo 6), na qual a
resultado é a ausência de moléculas classe ll do MHC nas deficiência do desenvolvimento do timo leva à deficiência das
células apresentadoras de antígenos, urna deficiência nas eé- células T. A sindrome de Wiscott-Aldñch (WAS, “asked-Aldo-
lulas T loelprr e a ausênciada produção de anticorpos. cl: syndrome) é um distúrbio recessivt) ligado ao X que envolve
A doença gtanulomatosa crônica (CCD, chronic granuloma- deiiciências nas plaquetas e nas células B e T. É causada por
tous disease") é Lun distúrbio por imunodeficiência primária, no mutações e111 Lun gene
qual os Fagócitos podem ingerir bactérias ou fungos, mas são
incapazes de destrui-los. Este fenômeno provoca uma resposta
imunológica celular persistente aos micróbios ingeridos, levan-
do à formação dos granulomas (lesões modulares inflamatórias
contendo macrófagos). Os pacientes que sotrem de CCD de-
senvolvem pneLunonias, infecções dons linionodos e abcessos
na pele, no fígado e em outros locais. A causa mais comum da
CCD é Luna mutação ligada ao X, mas também há, no minimo,
(JLIÍTOS três genes recessivos autossômicos que podem causa-la.
O gene que causa a CGD ligada ao X foi o primeiro gene cau-
sador de doença a ser isolado através da clonagem posieional.
Este gene codifica uma subunidade do citocromo b, uma pro-
teina que o Fagóeito precisa para interromper o metabolismo
de micróbios dependentes de oxigênio.
192 x Capiiuio 9 GENÉTICA MÉDICA

Questões para Estudo

'I. Compare as Funções das moléculas classe l e classe ll ser formadas exclusivamente pela recombinação
do MHC. somática?
2. As moléculas MHC e as imunoglobulinasexibem, 5. Os innãos geralmente são melhores candidatos
ambas, uma grande diversidade, porém de diferentes para transplantes de órgãos, quando são doadores e
maneiras. Como e por que estes tipos de diversidade receptores compatíveis, porque são mais propensos
diferem? a serem HLA-compatíveis com o receptor. Se
assumimos que não tenha ooorri do cmssíng-owr entre
3. De que maneiras os receptores das células T e as
os Iocí do HLA e considerarmos quatro haplótipos
imunoglobulinassão similares? De que maneiras eles distintos entre os pais, qual é a probabilidadede mn
diferem?
receptor de transplante ser HLA-idêntico ao innão
4. Se há 8D segmentos V, 6 segmentos] e 3D doador?
segmentos D que podem codilicaruma cadeia 5. Que tipos de casamentos poderão produzir
pesada de imunoglobulina de uma classe específica, incompatibilidadematemo-fetal do fator Rh?
de que modo diferentes imunoglobulinaspodem

Leituras sugeridas
Charron D. lmmunogenetics today: HLA, MHC and much Peled JU,Kuang FL, lglesias-Ussel MD, et al. The bioche-
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O'Neill LA. Ímmunityi¡ early-warning system. Sci Am
2005,-292(l ):24-3 l -
A genética do desenvolvimentoestuda a forma como as instru- muitas células e muitos tecidos diferentes? Õ que controla o
ções codificadas nos genes controlam e coordenam o desen- destino de cada célula, instruindo-a, por exemplo, a se trans-
volvimento de um organismo, começando com a fertilização Formar em uma célula do cérebro ou do ligado? Como as célu-
e terminando com a morte. Esse campo e importante para os las se organizam em tecidos distintos? Como o plano corporal
prestadores de cuidados ã saúde, porque as mutações gênicas de um organismo é determinado? Responder a estas perguntas
podem perturbar os processos de desenvolvimento, resultando Fundamentais tem sido o Íoco principal da biologia do desen-
em aumento do risco de defeitos congênitas, retardo mental volvimento por mais de um seculo. Ó ritmo das descobertas
e câncer. Nos Estados Unidos, 2% a 3% de todos os nascidos têm sido signiFicativamente acelerado nas últimas décadas,
vivos apresentam um defeito congõnito maior (i. e., uma desor- e essas conquistas têm ajudado a compreender as causas das
dem que exerce impacto substancial na saúde) de modo que malformações congênitas e das síndromes genéticas humanas.
100.000 crianças nascem, por ano, com um defeito congônito. Por razões éticas e técnicas, e dificil estudar eventos preco-
Õs defeitos congênitos são a principal causa de morte no pri- ces do desenvolvimento em embriões humanos. Consequente-
meiro ano de vida' nos Estados Unidos e estão associados a mente, urna variedade de modelos animais é usada para Facilitar
morbidade substancial. o estudo do desenvolvimento [Tabela IO- I
Os defeitos congênitos podem ser anormalidades isoladas
ou representar um dos sinais de uma das várias centenas de
síndromes genéticas conhecidas. A etiologia da maioria dos
defeitos congênitos é desconhecida,- entretanto, uma tração¡
substancial é causada por mutações em genes que, isolada-
mente ou em combinação, controlam o desenvolvimento nor-
mal. A caracterização dos genes e dos processos biológicos
que coordenam o desenvolvimento animal revolucionou nossa
compreensão sobre a base molecular dos defeitos congênitos
humanos. Este capitulo Fornece uma revisão dos genes e das
proteínas que controlam o desenvolvimento e, a seguir, dis-
cute alguns dos principais processos de desenvolvimento que,
quando alterados, causam defeitos congênitos.
DESENVOLVIMENTO
Conceitos Básicos
Ó desenvolvimento animal pode ser definido como o processo
pelo qual um ovo Íertilizado se transiomia em um organismo
maduro e capaz de se reproduzir. Um único two fertilizado se
divide e cresce para lionnar diferentes tipos de celulas, tecidos
e órgãos, todos eles arranjados em um plano corporal especi-
Fico da espécie [ich, o arranjo e padrão das partes corporais).
Muitas das instruções necessárias ao desenvolvimento nonnal
são codificadas por genes de cada espécie. Uma vez que os
genes são idênticos em cada célula de um organismo, surgem
várias perguntas: Como as células com constituição genética
idêntica fomiam um organismo adulto complexo composto de

"Um lactente é uma criança com menos de I ano ele idade.


:a4 r Capifuio ro GENÉTICA MÉDiCrl
uniu 10-1
Modelos Animais do Desenvolvimento Humano
Tampo de Vantagens
Geração*
Caenorirabdiiiseiegans 0 destino de da celula e conhecido Plano corporal alternativo comparado ao dos
(nematodeo) Genoma bem racterizado vertebrados
Facil de criar e manter Os tecidos não podem ser cultivados
Drosopiriia meianogaster Facil de criar Plano corporal alternativo comparado ao dos
(mosca das frutas) Populações extensas vertebrados
Extenso banco de dados sobre mutantes Deve ser armazenada viva; não pode ser congelada
Viabilidadee disponibilidadepara a rlização de Geralmente a patologia e diferente, em comparação com
grandes triagens a dos seres humanos

Danio rerio (zeoraiisn) Embrião transparente Dificuldade de modiñção do gene-alvo


Facilde manter
Grandes populações
Viabilidadee disponibilidadepara a rlização de
grandes triagens
Xenopus iaevis (rã) D embrião e transparente, grande e facil de manipular D genoma tetraploide dificulta as experienciasgenéticas
Gaiius gaiios (galinha) Embrião fácil de ser observado e manipulado Dificuldade de rlizar experienciasgenéticas
Mes muscuius Patologia similar a dos humanos Manutenção relativamente dispendiosa
(camundongo) Ferramentas excelentes para caracterização de ienotipos A manipulação do embrião e um desafio
Modificação direta do gene-alvo
Genoma totalmente disponivel
Papio iramadryas A patologia e a ñsiologia são semelhantes as dos seres Manutenção muito dispendiosa
(babuino) humanos Populações pequenas
Tempo de geração muito longo
Prcocupações eticas significativas com o uso de
primatas
'O tempo de geração a cieiiirido como a idade em que o organismo e anca: tie se reproduzir pela primeira vez.

Anlridla Olho pequeno Sem olho

FIGURA 10-1
Relações evolutivas entre homologos do gene PAXEe os fenotipos associados, ilustrando a conservação funcional dos genes Paxentre seres humanos,
camundongos e Drosopiiiia. A, Mutações no PAXShumano usam aplasia da iris, ou aniridia. B, A perda de função do Paxõ murino usa olhos pequenos
(esquerda), em comparação com um camundongo selvagem (direita). c, Expressão defeituosa do gene eyeiess em tecido destinado a se tomar uma antena causa a
formação de um olho normal, embora ectopico [ponta da seia).
(A de Jones KL: Smiths HeoognizabiePatterns oi Human Maiiormaiion, em_ Ed., Phiiadeipiria- Mostw 2006, p 53. 8 Cortesia de James taoderdaie, Universiiy oi
Georgia. c Cortesia de Science 1995 Mar 24;26?[52i15i. Reproduzido com autorização da AMS.)
Cerca de 2% a 3% dos bebés nascem com um defeito Breve Resumo dos Principais Processos em
congênito reconhecível. Muitos desses defeitos são Desenvolvimento Emhrlonárlo
causados DOI' mutações em QBHBS que oodifim Vários pruccssus essenciais cstãt) envolvidos nu dcscnvulvi-
elementos nas vias de controle do desenvolvimento. mento do embrião, incluindo especiecação de eixo, formação
Essas Via5 @São anamerlte conservadas entre as espécies dc padrão c organogêncsc. Coma u num:: sugtrc, a tonnaçãtn
animais. Assim, estudos de modelos animais não humanos de padrao dcscrtvc uma sequencia de cvcntols nos quais ee-
são valiosos para a compreensão do desenvolvimento lulas diferenciadas são arranjadas espaeialmente para ionnar
humano e das causas dos defeitos congênitos. tecidos e órgãns- As interações dessas celulas são mediadas pm'
Genérica do Desenvolvimento / 195

processos como a indução, que ocorre quando as células de organismos, tornando claro que moléculas homólogas são en-
uma região embrionáriainfluenciama organização e a diferen- contradas em todo o reino animal. Até o momento, quatro
ciação de células em uma segunda região- A especificação do grandes famílias de moléculas de sinalização parácrina foram
eixo envolve a definição dos eixos principais do corpo: ventralf descritas: a família do fator de crescimento de fibroblastos
dorsal, anteriorfposterior, medialflateral e esquerdo/direito. A (FCF), a família Hedgehog, a família Wingless (Wnt) e a família
especificação de polaridade (direção) é uma parte importante do fator B de crescimento transformador (TCF-B). Cada uma
deste processo. Uma vez especificados os eixos, tem inicio a dessas moléculas de sinalização liga-se a um ou mais recepto-
formação dos õrgãcrs e dos membros lorganogvênese). Cada res para efetuar uma resposta, e mutações em genes que codi-
um destes processos principais envolve muitas proteínas dife- ficam estas moléculas podem levar à comunicação intercelular
nentes que formam estruturas e fornecem sinais para coorde- anormal. O Comentário Clínico lO-l discute a família FCF e
nar o desenvolvimento do embrião. Os tipos principais destas seus receptores associados¡ as outras três familias são descritas

proteinas e os genes que as codificam são descritos a seguir. nesta seção.


Ó primeiro membro da família Hedgehog foi isolado original-
D desenvolvimento embrionário envolve os mente em um mutante de Drosoplríla que possui cerdas em uma
processos de formação de padrão, especificação de área da mosca normalmente sem pelos [daí o nome Hedgehog
eixo e organogênese. Cada um desses processos [ou ouriço]). Os vertebrados possuem vários homólogos de
é controlado por uma série de proteinas que lrrdgclrogs, sendo o Sonic lrcdgtlziog (Shin) [ou ouriço sõnico) o mais
fomece sinais e forma estruturas necessárias ao amplamente usado. Entre os muitos papéis que desempenha, o
desenvolvimento normal do embrião. Slrb participa na especificação de eixo, indução de neurônios
motores dentro da placa neural e padronização dos membros.
MEDIADORES GENÉTIGOS DO DESENVOLVIMENTO: A O principal receptor do Slrla é uma proteína transmembranaco-
CAIXA DE FERRAMENTAS MOLEDIJLARES dificada por um gene chamado patcbcd. A ação normal do patclxd
Os genes exigidos para o desenvolvimento normal codilicam é inibir a função de outra proteina transmembrana chamada
muitos produtos diferentes, incluindo as moléculas de sinali- smootbened, codificada pelo gene Sino. A ligação de SH: ao recep-
zação e seus receptores, os fatores de transcrição do DNA, os tor patches¡ resulta na desinibição da smootlrmzd e na ativação de
componentes da matriz extracelular, as enzimas, os sistemas uma cascata de sinalização: intracelular que tem como alvo os
de transporte e outras proteínas. Cada um desses mediado- membros da familia de fatores de transcrição CLI (Fig. 10-2).
res genéticos é expresso em combinações de padrões de su- As mutações no lromólogo humano PATCHED (PTC) cau-
perposição espacial e temporal que controlam processos do sam a sindrome de Gorlin (Fig. 10-2), uma desordem carac-
desenvolvimento diferentes. Como detalhado neste capitulo, terizada por anomalias das costelas, cistos na mandíbula e
as mutações nos genes mediadores do desenvolvimento são a carcinomas de células basais (uma forma de câncer de pele).
causa comum dos defeitos congênitos humanos. Mutações soumáticas no PTC também foram encontradas em
casos esporádjcos de carcinomas de células basais. Assim, as
moléculas de Sinalização Parácrlna mutações na linhagem germinativa do gene PTC alteram a
As interações entre células vizinhas são, em geral, mediadas regulação de células em desenvolvimento causando defeitos
por proteinas que podem difundir-se por pequenas distâncias congênitos, enquanto as mutações somáticas no gene PTC po-
e induzir uma resposta. Estas moléculas são frequentemente dem alterar a regulação de células completamente diferencia-
chamadas de fatores parácrinos, pois são secretadas no espaço das e causar câncer_
ao redor de uma célula (diferentemente dos honnônios que A familia de genes Wet foi designada após o gene wingless da
são secretadtrs na corrente sanguínea). Fatores parácrinos in- Drosoplrila e de Lu11 de seus homólogos vertebrados: o integrated.
timamente relacionados foram isolados de uma variedade de O gene winglzss estabelece polaridade durante a formação dos

Os receptores do fator de crescimento de fibroblastos (FGFRsJ são glicopro Os FGFRs estão substancialmente expressos nos ossos em desenvolvi-
teinas altamente hcmologas a uma estrutura comum, que consiste em um mento, e muitas desordens humanas comuns de crescimento ósseo gene-
peptídec de sinal (sequencia de aminoácidos que ajuda a direcionar a pro ralizadoautossomicasdominantes (como as displasiasósseas) são causadas
teina para sua localização adequada na celula), tres domínios semelhantes por mutações nos genes que codilicam FGFR. Entre essas desordens. a
aos da imunoglobulina (lg-like), um segmento de extensao na membrana mais predominante, e que afeta mais de 250 mil pessoas no mundo todo, e
celular (dominio transmembrana)e um domínio intracelulartircsina quinase. a acondroplasia(ACH), que se caracterizapor estatura desproporcional men-
Os FGFRs são receptores para pelo menos 22 fatores de crescimento de te curta (f. e., os membros são desprcporcionalmente mais curtos que o
ñbroblastos (FGFs) que participam em uma ampla variedade de processos tronco) e macrocefalia (Capitulo 4). Ouase todas as pessoas portadoras de
biológicos, incluindo a migração, o crescimento e a diferenciação das celu- ACH apresentam a mutação substituição glicina -› arginina no domínio
las. Corn afinidades variáveis, cs FGFs aderem aos FGFHs levandoa losfori- transmembranado FGFHC-l, resultando na ativação constitutiva do FGFHS.
Iação e, consequentemente, à ativação dc dominio tirosina quinase.

Continua
¡96
Genética do Desenvolvimento f i9?

A, Faoa de uma criança com sindrome da Apart. Observa qua o crânio a alto a estreito. Os olhos são protubarantas porqua as órbitasósseas são rasas. B. Mão
da uma criança oorn síndrome da Apart, mostrando polegar largo e fusão da todos os dados [sindaotiliaifcortesia da Jonas KL: Smiths Hecognizablo Patterns
of Human Malformation, 6th ad.. Philadelphia: Mosby, 2006.)

Síndromes de Craniossinostose causadas por mutações em Receptores do Fator de Crescimento de Fibroblastos


sintoma características
Pfeiffer Alargamento dos haluxes, hipertelorismo
Apart Hipoplasia mediofaoial, fusão dos dedos
Pfeiffer Alargamento dos haluxes, hipertelorismo
Crouzon Hipoplasia mediofacial, proptose ocular
Beata-Stevenson Hipoplasia mediofacial, pele enrugada
Jackson-Weiss Hipoplasia mediofacial, anomalias dos pes
Crouzon Hipoplasia mediofacial, proptose ocular, aoantose nrgrrcans*
Muenke (craniossinostose não sindrõmica) Hipoplasia mediofacial, hraquidactilia,perda da audição
*A acanfosemgrfcans se caracterizapor pele hipefpiásiba e fiiperrrofioa com pigmentação rariáief, cobrindo mais frequentemente as axifas, pescoço, genitália e superfities
de flexão.

membros da Drosopbila, emembros da familia Witt desem-


os

penham papéis semelhantes nos vertebrados. Os genes Witt


codilicam glicopmteínas que ligam membros do frizzled e das
Famílias de proteínas relacionadasa receptores de lipoproteínas
de baixa densidade
tee I Capitulo 10 @everton MÉDICA
A

" )\
i
N-SHH


.. .. n.
Colesterol
Genética do Desenvolvimento / 199

Membrana
da célula

D
FIGURA 10-3
As mutações em genes na via do sinalização RAS-MAPK causam: a sindrome de Noonan (A) (baixa estatura, pterfgfo con', e cardiopatia congênita); a sindrome
de Costello (B) (retardo mental, labios espessos, ponte nasal deprimida, cabelos enoaracolados e nardiomiopatia); a sindrome cardiotaciocutãnea (c) (retardo
mental, testa proeminente, hipertelorismo, anormalidades da pele) e a neurotibromatosetipo 1 (IJ) (Capitulo 4). RAS-MAPK (sistema de sinalização RTK; Has
GTPase/MAPK),GTPase, guanosina tritostatase; MAPK, quinase protaica ativada por mitogenos; RTK, tirosina quinasa raceptora.
(Fotos de Jones KL: SmithsHeeognizabfe Patterns of Human nrtaifomiatíon, 6th. Ed., pp. 127. Philadelphia' Saunders 20:11h?,- diagrama modiffeadode TumpennyF:
Enero S: Emerys Elements of Medica¡ Genetics, 13th ed London: Choram! Livingstone, 2002)

Fatores de Transcrição do DNA O domínio HMC- das proteinas 50X parece ativar indireta-
Há muitos meios diferentes de regular a expressão de um gene. mente a transcrição ao dobrar o DNA, de modo que outros fa-
Um gene pode, por exemplo, não ser transcrito, a taxa de tores possam fazer contato com regiões promotoras de genes.
transcrição pode ser alterada, ou o mRNA transcrito pode não Vários genes SCX atuam em diferentes vias de desenvolvimen-
ser traduzido em proteina. Como discutido no Capítulo 2, os to- O gene 50X prototípict) é o SRY (região de determinação
genes que codilicam proteínas que ligam (ativam) ou desligam do sexo no cromossomo Y), que codifica o fator de determi-
(reprimem) outros genes são chamados de fatores dr transcrição. nação testicular dos mamíferos (Comentário Clínico 6-2, no
Esses fatores geralmente reprimem, ou não ativam, somente Capítulo 6]. O 503w é expresso nas cristas genitais de ambos
um alvo único- Com frequência, eles regulam a transcrição de os sexos, mas é regulado para cima [up-regulated] nos homens
muitos genes que, por sua regulam outros genes em um
vez, e para baixo (doum-regulatzd) nas mulheres antes da diferencia-
efeito cascata. Consequentemente, as mutações em genes de ção das gônadas. O Sox9 também regula a condrogênese e
fatores de transcrição têm, tipicamente, efeitos pleiotrtâpicos. a expressão de CollAl um gene do colágeno [Capítulo 2).
,

Há muitas diferentes famílias de Fatores de transcrição, Como pode-se prever desses padrões de expressar") e de in-
cujos membros geralmente compartilham propriedades es- teração, as mutações em SOXQ causam uma desordem carac-
pecíficas como Ll.l'|1 domínio comum de ligação ao DNA. Os terizada por defeitos do esqueleto (displasia campomélica)
membros dessas diferentes famílias exercem papel central no e a reversão sexual que produz mulheres XY. As mutações
controle do desenvolvimento e nas alterações que podem cau- em um gene relacionado, SOXm, resultam em uma sindrome
sar defeitos congênitas. Os exemplos incluem os genes borne- caracterizada pela doença de Hirschsprung (hipomotilidade
oboxrs, como as famílias HOX, PAX, EMX e MSX,- os genes do intestino causada por número reduzido de células neurais
do grupo de alta mobilidade(HMG) como a família 50X, e a entéricas), distúrbios de pigmentação e surdez (Comentário
famíliaT-box. Clínico 10-2).
200 r' Capltulo 1D GENÉTICA MÉDlCA

Durante a neurulaçâo, as celulas da crista neural migram do neuroepitelio ao na quinase (outras mutações no gene RE¡ ja foram associadas ao câncer;
longo de vias definidas para os tecidos, onde se diferenciam em varios tipos Capitulo 11). Muitas mutações diferentes ja foram encontradas, incluindo
celulares. Um dos destinos dessas celulas e povoar o intestino delgado e o mutações de sentido fretado (miss-arma) e sem sentido (nonsense), assim
grosso (l. e., o trato entericol com celulas nervosas para criar c sistema nervo- como deleções que envolvem o gene REF. Por isso, c mecanismo mais pro-
so enterioc. Essas celulas controlam parcialmente e coordenam os movimentos vavel pelo qual as mutações em RElcausam ilSGH e a haploinsuliciencia_
normais do trato enterioo que facilitam a digestão e o transporte dc conteúdo A penetrância das mutações do gene RETá mais intensa nos homens que
intestinal. A ausencia ou a presença reduzida de celulas nervosas no trato en- nas mulheres, sugerindo a possível existência de modificadores especificos
terioc causa uma desordem chamada de doença de Hirschsprung (HSCPI). do sexo.
Essa doença ocorre em cerca de um em 5.000 nascidos vivos, embora A sinalização normal por meio do RE¡ parece ser requerida para a miga-
sua incidência varia entre os grupos étnicos. Adicionalmente, existe uma çâo da crista neural nas porções distais do intestino e para a diferenciação
tendencia sexual, pois os homens são afetados quatro vezes mais que as em celulas nervosas. Um ligando para REF e o fator neuroirófioo derivado da
mulheres. A principal caracteristicada HSCR e a hipomotilidadedo intestino, linhagem de celulas gliais(GDNF, de gltat celttlne darivedneurotraphrt: factor).
que leva à constipação intensa. A doença se manifesta, frequentemente, As mutações em outro receptor de membrana celular, a endotelina-B
nos recem-nascidos, embora também seja diagnosticada em crianças e, as (EDNHB), ou seu ligando, a endotetlna-:t (EDNS) tambem causam HSCR. A
vezes, em adultos. Se não tratada, a hipomotilidade intestinal pode levar à penetrãncia parece variar por sexo e por genótipo. Em uma grande comu-
obstrução e à distensão significativa do intestino gmsso. Por isto, a HSCR foi nidade menonita, pessoas homozigotas para uma mutação EDNRB apre-
anteriormente chamada de megacõlort congênita. sentaram probabilidade quatro vezes maior de desenvolver HSCR que as
Em oenca de 70% dos casos, a HSCR ocorre como um traço isolado, e as heterozigotas. Alem da HSCH, algumas pessoas com mutações em EDNRB
pessoas afetadas não apresentam outros problemas. Entretanto, a doença e ou EDNS apresentam anormalidades de melanõcitos que produzem man-
uma caracteristica bem definida de muitas síndromes de defeitos oongenitos chas hipopigmentadas da pela e perda da audição neurossensorial (o de-
múlliptos, como a síndrome da tissomia 21 e de Waardenlxrrg. Nas últimasde- senvolvimento auditivo exige a presença de melanócitos nonnais). Essa
cadas, a HSCR tem sido considerada um exemplo de desordem que se adapta desordem e a sindrome de Waardenburg-Shah. Por isso, o desenvolvimen-
a um modelo multifatorial de herança (t. e., causada por uma combinaàode to das células da crista neural em celulas e melanõcitcs neurais entericos
genes acrescidos da influenciade fatores ambientais; Capitulo 12). Entretanto, exigem a sinalização de EDNHB e de EDNS normal.
sabe-se que metade de todos os casos de HSCH familiare de 15% a 20% dos Mais recentemente, mutações no gene do fator de transcrição 50x10
casos esporáricos são causados por mutações em um de. pelo menos, oito foram encontradas em portadores da síndrome de Waardenburg-Shah. A
genes diferentes. O estudo desses genes nos fomeoe uma janela atraves da ruptura do gene do camundongo hcmõlogo, 30x10, causa pelagem pintada
qual nos podemos observar o desenvolvimento de celulas da crista neural. e megacõlon agangliõnico. Embora os genes 30X estejam envolvidos em
Com mais frequencia, a HSCH e causada por mutações que inativam o muitos processos biológicos diferentes, o papel de 30x10 no desenvolvi-
gene RIT (rearrangedduring transfectioni, que codifica um receptor tiros¡- mento das celulas da crista neural continua indeterminado.

Cérebro
Mesenoéfalo anterior

Destinos de populações selecionadas de celulas da crista neural migrando de niveis diferentes ao longo do eixo anteriortposterior do embrião em
desenvolvimento. O destino apropriado de derivativos da crista neural depende da migração de celulas nonnais e da diferenciação tenninal_ Ds defeitos das
celulas da crista neural podem provocar a doença de Hirschsprung ou a sindrome de Waardenburg-Shah (ver o texto).
(Foto de Jones KL: SmithsHecognrzable Patterns of Human Maltomratton, 5th ed. Philadelphia:Masini, 2006,'diagrama modificadode GilbertS:
Developmental Biology, 7th ed. Sunderland, MA: Sinauer, 2003, p. 429.)
Genética do Desenvolvimento ,f 20¡

Existem muitas familias diferentes de fatores de sasfconclrócitos) e ósseas [osteócituosl Entretanto, essas células
transcrição, cada uma das quais regula a transcrição também precisam ser arranjadas em um padrão temporal-es-
de genes específicos. O mesmo fator de transcrição pacial que crie músculos e ossos funcionais. lnftrrrrrações adi-
é, com frequência, usado em diferentes vias de cionais são necessárias para saber se um osso vai se tornar Luna
desenvolvimento. Assim, as desordens causadas ulna ou um úmero. Como é o desenvolvimento de estruturas
por mutações em genes codificadores de fatores de particulares em locais específicos? Como as células adquirem
transcrição são frequentemente pleiotrópicas. informações sobre suas posições relativas? Às respostas a essas
perguntas representam uma área de intensas investigações.
Proteínas da Matriz Extracelular Para que a formação de padrão aconteça, as células e os
As proteinas da matriz extracelular (EMPs, de extraccllularmatrix tecidos se comunicam entre si por meio de várias e diferentes
irrofcins) são macromoléculassecretadas que servem como arca- vias de sinalização-_lá está esclarecido que essas vias são usadas
bouço para todos os tecidos e órgãos. Essas moléculas incluem repetidamente e estão integradas para controlar destinos celu-
colágenos, fibrilinas,proteoglicanos e glicoprotefnasgrandes, lares especificos (i. c., a localização e a função final da célula).
como fibronectina, laminina e tenascina. As EMPs não são Por exemplo, a proteína Slrli está envolvida na formação de
elementos estruturais simplesmente passivos. At) separarem padrão do tubo neural, dos somitos e dos membros nos verte-
grupos adjacentes de células e formarem matrizes nas quais brados, do mesmo modo como o lado esquerdo é diferenciado
as células podem migrar, elas atuam como mediadores ativos do direito. Mutações pontuais no gene SH; humano, o SHH,
do desenvolvimento. As proteinas codificadas por fibrilina-l podem causar desenvolvimento anormal do cérebro na linba
e elastina, por exemplo, coordenam a montagem de micro- média (lioloprosencefalia, Fig. 10-2), retardo mental intenso e
fibrilas na matriz extracelular. As mutações nesses dois genes morte prematura. (Nem todas m; pessoas afetadas apresentam
resultam na síndrome de Marfan (Capitulo 4) e na estenose holoprosencefalia¡algLurras apresentam somente pequenos de-
aórtica supravalvular (Capitulo 6), respectivamente. Esses dois feitos congênitos, como um incisivo central superior único). A
quadros são caracterizadospor anormalidades do coração efou ligação da proteina SHH ao colesterol parece ser necessária
dos vasos sanguíneos de grande porte. para a formação apropriada do padrão da sinalização lardgebog.
Para facilitara migração das células, as EMPs devem obriga- lsso poderia, em parte, explicar como os defeitos cerebrais na
toriamente aderir temporariamente à superficie dessas células, linlia média poderiam ser causados por algumas substâncias
o que é normalmente obtido por duas familias de receptores ambientais que inibem a biossíntese do colesterol embrioná-
de superficie celular: as integrinas e as glicosiltransferases. rio e por desordens genéticas do metabolismo do colesterol,
As integrinas são assim chamadas porque integram a matriz como a sindrome de Smitb-Lemli-Ópitz(Fig. 10-2).
extracelular e o citoesqueleto, permitindo que funcionem em
conjunto. Além disso, a ligação entre as células e a matriz ex- O processo pelo qual os arranjos espaciais ordenados
tracelular pode ser mais permanente. Um grupo de molécu- de células diferenciadascriam tecidos e órgãos é
las que forma essas ligações e' o das chamadas lamininas. As chamado de formação de padrão. A especificação
mutações em LAMCZ, um gene que codifica uma subunidade regional ocorre em várias etapas: definição das
de lamininas, causam epidermólise bollrosa de junção (JEB, de células de uma região, estabelecimentode centros
_functional epidmnolpis bullosa) autossômica recessiva. Uma vez de sinalização que fornecem informações de
que as células epiteliais são incapazes de se ancorar adequa- posicionamento e diferenciação de células dentro de
damente ã membrana basal, a pele das pessoas com J EB forma, uma região em resposta a estímulos adicionais.
espontaneamente, grandes bolhas_
Gastrulação
› As EMPs são macromoléculassecretadas que servem
como arcabouço dinâmico para tecidos e órgãos, além
de atiraram como mediadoresativos do desenvolvimento.
A gastrulação é o processo de movimento de células e de teci-
dos pelo qual as células da blástula são rearranjadas de modo a
assumirem novas posições e novos vizinhos. No embrião bu-
mano, a gastrulação ocorre entre os dias 14 e 28 da gestação.
FORMAÇÃO DE PADRÃO Nesse processo, o embrião é transformado em uma estrutura
O processo pelo qual os arranjos espaciais ordenados de células de três camadas (trilaminar)composta de três camadas gerrni-
diferenciadas criam tecidos e órgãos e' chamado de fomtação nativas: ectoderrrra (camada externa), endodenna (camada in-
de padrão. O padrão geral do plano corporal animal e estabe- terna) e mesoderrna (camada do meio) (Fig. 10-4). A formação
lecido durante a embriogênese. Nesta, ocorre a formação de dessas camadas é um pré-requisito para a fase seguinte de de-
regiões semiautônomas do embrião, cujo processo de forma- senvolvimento, a organogênese. O principal aspecto estrutural
ção de padrão é repetido para formar órgãos e apêndices. Essa da gastrulação dos mamíferos e' a estria primitiva que aparece
especificação regional acontece em várias etapas: definição das como um espessamento do tecido do epiblasto estendendo-se
células para urna região, estabelecimento de centros de sinali- ao longo do eixo anteriorfposterior (Fig. 10-4). Em animais

zação que fornecem informações de posição e diferenciação placentários, como os seres humanos, a gastrulação inclui a
das células dentro de uma região em resposta a estímulos adi- forrriação dos tecidos extraembrionários. Como se poderia
cionais. Por exemplo, as células de LIJTI membro superior de um prever, o processo de gastrulação é dominado pela migração
vertebrado em desenvolvimento se diferenciam em muitos tipos celular- Assim, muitos genes expressos durante a gastrulação
celulares, incluindo células musculares (miócittrs), cartilagino- codilicam proteínas para facilitaro movimento celular.
202 I Capitulo 1o GENÉTICA MÉDICA

Revestimento uterino

Eplblasto
cavidade amnlórlica Hlpoblasto
Suioo primitivo
Saco viteiino
Estria primitiva 1 4-1 5 dias
Suico primitivo

Endoderma

16 dias

Ecmderma

Mesoderma Endoderma

HGURA 10-4
Gastrulação humana A, Corte sagiial na linha media de um embrião implantado no revestimento uterino. B, Superfície dorsal de um embrião exposto pela
remoção de parte do mesoderma embrionário que oerca a cavidade amniotma e o saco vitelino. As setas indicam o ingresso das celulas epibiáticas. Do dia 14
ao dia 15, as celulas epibiásticas substituem as celulas do hipoblasto para ionnar o cndoderma. Um dia depois, as celulas epibiásticasmigram para criar uma
mada do mesoderma

A gastrulação humana se caracteriza por movimentos Uma outra proteína, a Noggin, induz o tecido neural a partir
de células e de tecidos que resultam na formação de do ectodenna dorsal dorsaliza o mesodenna. A compreen-
e
três camadas germinativas: ectoderma, endodenna são das principais funções do organizador e das moléculas que
e mesoderma. D principal aspecto estrutural da controlam essas funções é uma área de pesquisa muito ativa.
gastruiação dos mam íferos é a estria primitiva. A neurulação é um evento crítico do desenvolvimento, pois
inicia a organogênese e diwride o ectoderma em três popula-
Neurulação e Ectoderma ções celulares diferentes: o tubo neural que formará o cérebro
Uma vez formado o embrião de três camadas, o mesoderma e a medula espinal¡ a epiderme da pele¡ e as células da crista
dorsal e o eetodertna adjacente interagem para formar o tubo neural- Nos seres humanos, o fechamento do tubo neural co-
neural. Esse fenômeno, chamado de neurulação, é mediado meça em cinco sitios separados, que correspondem aos locais
por indução. Nos anfíbios, a indução do tubo neural e a trans- de defeitos comuns do tubo neural, como a anencefalia (au-
formação do mesoderma lateral para criar um embrião com sência do cérebro), a encefalocele occipital e a espinha bffida
eixos anteriorfposterior e dorsalfventral nítidas, são contro- lombar [Capitulo i2). As células da crista neural migram do
ladas por um grupo de células conhecido como organizador neuroepitélio para tecidos ao longo de rotas definidas, onde se
de Spemann-Mangold. Várias proteínas são expressas quase diferenciam em tipos celulares como os neurônios sensoriais,
exclusivamente no organizador. A Claordín é uma proteina se- os melanócitos, os neurônios do intestino delgado e as células
cnetada que evita a ventralização do mesodenna dorsalizado. dos músculos lisos (Comentário Clinico 10-2).
Genética do Desenvolvimento ,f 203

Indução é o processo pelo quai as células de urna região Especificação de Elxo


embrionária influenciam a organização e a diferenciação Os planos corporais dos animais evoluíram em uma ampla
de células em uma segunda região embrionária. A variedade de simetrias- Alguns animais, como as anêmonas
neunilação inicia a organogênese e induz o ectoderma marítimas, são completamente simétricos. Outros (p. ex., a
a se dividir no tubo neural e nas células da crista neural. estrela-do-mar) exibem simetria somente dorsalfventral. Mui-
Os defeitos de fechamento do tubo neural e a migração tos animais, como os vermes, acrescentaram um eixo anterior!
ou diferenciação das células da crista neural causam posterior. Todos os cordados [animais que desenvolvem um
alguns tipos de defeitos congênitas. notocórdio] possuem um terceiro eixo, esquerdofdireito, que
e'perpendicular aos outros dois. A especificação e a formação
mesoderma e Endoderma desses eixos são eventos críticos no desenvolvimento, pois
A formação de uma camada de mesoderma entre o endoder- determinam a orientação do plano corporal. As proteínas me-
ma e o ectoderma é um dos eventos principais na gastrulação. diadoras desse processo estão sendo rapidamente descobertas.
O mesoderma pode ser dividido em cinco componentes: o Muitos desses mediadores exercem papéis complementares na
notocõrdio, o mesoderma dorsal, intermediário e lateral; e o padronização do plano corporal e nos tecidos.
mesênquima' cefálico. O notocórdio é uma estrutura transitó-
ria da linha média que induz a formação do tubo neural e do Formação do Elxo nnterlorfPosterlor
eixo do corpo. O mesoderma dorsal adjacente nos dois lados O eixo antenorfposterior de um embrião de mamífero em de-
do notocúrdio se diferencia nos elementos que formam o es- senvolvimento e definido pela estria primitiva. Na extremida-
queleto axial, os músculos esqueléticos e o tecido conjuntivo de anterior dessa estria existe Luna estrutura chamada nódulo.
da pele. O mesoderma intermediário forma os rins e o siste- A expressão de um gene chamado nodal é necessária para a
ma genitourinãrio. A placa de mesodemia lateral se diferencia inicialização e manutenção da estria primitiva,- mais tarde, na
no coração, no esqueleto apendicular, no tecido conjuntivo gastrulação, sua expressão é importante para formar o eixo es-
das vísceras e das paredes corporais e em elementos do teci- querdoídireitc) (Comentário Clínico 10-3).
do conjuntivo do âmnio e do côrion. Finalmente, os músculos A padronização ao longo do eixo anteriorfposterior é
oculares e da cabeça surgem do mesênquima defálico. controlada por Lun grupo de ger1es que codificam fatores de
A função primária do endodenna embrionário é formar os transcrição contendo uma região de ligação ao DNA, o ho-
revestimentos do trato digestivo e a árvore respiratória. Pro- meodomínio, de aproximadamente 60 aminoácidos. Esses ge-
longamentos externos do trato intestinal formam o pâncreas, nes compõem o complexo gênico bomeóticr) (HÓM-C) na

a vesícula biliare o fígado. Uma bifurcação da árvore respi- Drosoplniia (Fi g. 10-5), o organismo no qual eles foram isolados
ratória produz os pulmões esquerdo e direito. O endoderma pela primeira vez por meio da identificação de mutações. (Um
também produz as bolsas faríngeas, as quais, em conjunto com exemplo clássico dessa mutação, denominada de antenape-
as células derivadas da crista neural, dão origem ãs estruturas dia, perturba a padronização do eixo de modo que as ante-
do revestimento endodémiico como a orelha média, o timo, as nas são substituídas pelas pernas.) Ao contrário da Drosoplaíla,

glândulas paratireoides e a tireoide. quatro cópias do HÕilvil-C (denominadas de Hox/i ate' HoxD)
Um processo comum às estruturas derivadas do endodenna são encontradas nos seres humanos e nos camundongos. Cada
é o brotamento e a ramificação_ Esse processo parecer ser par- um desses grupos de genes de 100 kb está localizado em um

cialmente controlado por FGFs, BMPs e seus respectivos recep- cromossomo diferente, e bã 39 genes Hox divididos entre os

tores. Às mutações no receptor 3 ciofator de crescimento drjibrobiastos grupos- Os genes Hox dos mamíferos são numerados de i a
(FCFRB), Lun dos quatro FC-FRs, causam três djsplasias esque- i3, embora nem todos os grupos contenham i3 genes. Genes
léticas diferentes [Comentário Clínico 10-1). O mais grave equivalentes em cada complexo (i. e., Hoxai 3, Hoxcl 3. Hoxd13)
destes, a displasia tanatofóñca, resulta de mutações que ativam são chamados de parálogos.
o FCFRS, causando a formação de ossos longos encurtados,
Os genes Hox são expressos ao longo do eixo dorsal do
desenvolvimento deficiente da coluna vertebral, caixa torácica limite anterior do cérebro posterior até a cauda. Dentro de
pequena e crânio¡ relativamente grande. As crianças portadoras
cada grupo, os genes Hox 3' são expressos mais cedo que os
dessa displasia também podem apresentar hipoplasiapulmonar genes Hox 5' (colinearidade temporal). Além disso, os genes
e anomalias cerebrais, sugerindo que o FCFR3 desempenha um
Hox 3' são expressos anteriores aos genes Hox 5' (colineari-
papel na formação dos pulmões e do cérebro. dade espacial)- Por isso, a expressão de Honrar ocorre antes e
em localização mais anterior em relação ã expressão de Hoxaz

A formação de uma camada de mesoderma entre (Fig. 10-5). Esses domínios superpostos da expressão de ge-
o endodenna e o ectoderma é um dos eventos nes Hox produzem combinações de códigos que especificam

principais da gastrulação. O mesoderma contribui para as posições das células e dos tecidos. Em conjunto, esses códi-
a formação do esqueleto, do sistema urogenital e dos gos identificam várias regiões ao longo do eixo anteriorfpos-
membros. O endodenna reveste os tratos digestivo e terior do tronco e dos membros. Para estudar o papel dos di-
respiratório e forma os órgãos viscerais e os pulmões. ferentes genes Hox no desenvolvimento dos mamíferos, tem
sido comum a produção de um camundongo lanocleout uma -

*Mesénquirna é o tecido que forma os tecidos conjuntivos, os vasos


cobaia animal sem uma cópia funcional do gene de interesse
sanguíneos c os vasos linfáticos. [Quadro 10-1).
204 / Capitulo m GENÉTICA MÉDlCA

A assimetria esquerdafdireita (UR, de feft/nght) e comum na natureza. Por Afunção desses cílios depende parcialmente da expressão de duas pro-
exemplo, todos os animais usam somente L-aminoacidos e n-açúcares. teinas, a dineina esquerda-direita (lrd) e a policisb'na-2. Nos seres humanos,
Igualmente, todos os vertebrados possuem estruturas assimetnoas que são anomtalidades na dineina causam um grupo de desordens chamado disci-
coerentemente orientadas UR da linha media. Por exemplo, o enrolamento nesias ciliares primárias. nas quais a maioria dos individuos apresenta sites
do tubo cardíaco para a direita, que e o primeiro sinal observãvel de assime- inversus. A função ciliaranormal também esta associada a sinusite recorren-
tria UR no embrião. e visto em todos os cordatos. Como a assimetria UR te, infertilidade e hidrocefalia_ No homem. mutações em error. o gene que
evoluiu? Como e quando essa assimetriafoi estabelecida? Houve um gran- codifica a poIicistina-2, produzem defeitos de Iateralidade em camundongos
de progresso na compreensão da base molecular da assimetria UR de e a doençapolicistica dominante autossõmicado rim (Capítulo 4).
modo que se pode obter respostas para essas questões. Isso e importante Embora se saiba que são necessarios mais de 75 genes para o desenvol-
porque as desordens de assimetriaUR (f. e., os defeitos de Iateralidade) são vimento UR nonnal em organismos martelo, já se verificou que as mutações
encontrados em cerca de um em 10.000 nascidos vivos. em apenas alguns deles causam defeitos de Iateralidade em seres humanos.
A posição ñnal de estruturas vertebrados com posição assimetrias e As mutações na proteinazine-Engordacerebelofzlaã),um membro da fami-
determinada por, pelo menos, tres mecanismos diferentes. Orgãos sem lia do fator de transcrição Gli, localizada no cromossomo X, são a causa gene-
par no tórax e no abdome (p. ex., coração, fígado) começam seu desenvol- tica conhecida mais comum de defeitos de Iateralidade nos seres humanos.
vimento na linha media e então se Iateralizam para sua posição adulta. A Os homens afetados exibemdefeitos de randomização, e algumasportadoras
imagem espelhada de uma estrutura pareada pode regredir, deixando uma do sexo feminino possuem reversão UR. Na Drosophrla, sabe-se que alguns
estrutura sem par Iateralizada (p. ex., alguns vasos sanguíneos). Alguns membros da familia Gl¡ são regulados pela formação de um oornplexo com
orgãos (p. ex., pulmões) começam como uma excrecãncia assimetrica a costal2, uma molécula motora semelhante à dineina. Isso poderia explicar
partir de uma estrutura da linha media. Não se sabe se a base molecular como as mutações em genes que codificam proteinas não similares pode-
da determinação de Iateralidade difere entre esses mecanismos. Desor- riam causar tambem desordens de lateralidade no homem. Entre os outros
dens de assimebta UR podem causar randomização (situa ambiguus ou genes que causam essas desordens estão: LEF-TYA, mYPHCe Acvaae.

R .í.
P
L suas santas Sfrus inversa:
(Imagem espelhada de sftus somas)
Sftus ambfguus
(heterotaxla)
Pulmão direito Coração Cüfação Pulmão direito Coração Pulmão esquerdo
(três lobos) Pulmão esquerdo
(três lobos) (três lobos)
mms lobos)
Genética do Desenvolvimento / 205

Drosotlla 5' 3¡

Abd-B Abd-A Ubx Antp Scr Dfd pb lah

Serhumano H0**
Chnpu A13 A11 A10 A9 A7 A6 A5 A4 A3 A2 A1

HOXB
Chmiqm A13 B9 Bs B7 Be B5 B4 B3 B2 B1

Hoxc
C““2q13 C13 C12 c11 c1o cs ce ce C5 C4

HoxD
A Chüiqal D13 D12 D11 D10 D9 D8 D4 D3 D1

FIGURA 10-5
A, Distribuição de 8 genes Hox em um único aglomerado em Drosophifae 39 genes HDI( entre aglomerados em 4 cromossomos em seres humanos (HOX). Os
genes Hox individuais são marcados de 1 (3') a 13 (5) dentro de da aglomerado. Ds genes Hox que compartilham o mesmo número, mas estão localizados
em aglomerados diferentes, são chamados de parãlogos (p. ex., HOXA13e HOXDTS são paralogos). Com frequencia, os paralogos exibemmais homologia
sequencial que os genes Hox no mesmo aglomerado. Os genes Hox são expressos de 3' a 5' ao longo do eixo anterioriposterior do embrião, e os genes Hox
Iolizados no sentido 3' são expressos mais precocemente que os genes Hox Iolizados em 5”. B_ Diagramaesquemático de codigos combinatoriosde dominios
de expressão superpostos de genes Hox ao longo do eixo corporal anterior/posterior_ Ds codigos Hox determinam a identidade de cada segmento. Por isso, se
a expressão de Hoxb4for eliminada (p. ex., em um knockouo_ o codigo combinatoriono terceiro segmento sera alterado de 1 +2 +3 para 1+2. Isso resulta na
transformação terceiro segmento em outro segundo segmento. A transformação de uma estrutura em outra e chamada de transformação horneoti_
do
(Modificado de Verafras A, Del Campo M, McGinnis W: Devetopmentaipafteming genes and their conserved fumtions: From model organismo to nunrans. Mol
Gene! Melao 200Q69L35-100, com autorização.)

0 eixo anterior/posterior de um embrião de mamífero Por isso, o organizador promove a dorsalização reprimindo
em desenvolvi mento é definido pela estna primitiva Lm1 sinal de ventralizaçãr) eodilieado por Bmp-ei_ Esse mecanis-
e padronizado por combinaçõesde genes Hox. Em mo, no qual um sinal promove um processo ao reprimir outro
conjunto, essas combinações identificam várias regiões processo concorrente, e um aspecto comum do desenvolvi-
ao longo do eixo anterior/posterior do corpo e dos mento mnbrionário.
membros. A interrupção dos genes Hox produz defeitos
na padronização do corpo, dos membros e dos órgãos.

Formação do Elxo Dorsal/ventral


› A padronização dorsalfventral do embrião é um
processo ativo coordenado por moléculas de
sinalização e seus antagonistas.
A padronização do eixo dorsalfventral de um vertebrado de-
pende da interação entre os sinais de dorsalização e de ventra- Formação de Órgãos e de Apêndlces
lização. Como mencionado anteriormente, os genes noggín e A Formação de Órgãos e membros (twganogênese) (morre após
cbordin codifieam proteínas secretadas que são capazes de dor- a gastrulaçãuo. Muitas das proteínas usadas durante esse proces-
salizar o mesoderma ventral e restaurar as estruturas dorsais so são usadas anteriormente no desenvolvimento
as mesmas

que foram ventralizadas. Ao contrário, a proteína Bmp-d- é ex- embrionário. Como era de se espemr, vários genes que se mos-
pressa ventralmente e induz os destinos ventrais, padronizan- travam silenciosos em termos de transcrição agora se tornam
do o eixo dorsalÍventral. As proteínas Maggi?! e clJordin ligam-se ativos. Até o momento, a maioria dos genes do desenvolvi-
diretamente a Bmp-4 para evitar a ativação do seu receptor. mento, conhecidos por eausarem defeitos eongênitos em seres
206 f Capitulo i0 GENÉTICA Médica

QUADRO 10-1
Modelos Animais no Estudo do DesenvolvimentoHumano

Existem obstáculos signilicativos ao estudo dos genes que afetam o O camundongo é usado com Frequência como modelo animal
desenvolvimento humano. Muitos desses genes são expressos no da doença humana por ser um modelo bem compreendido e repre-
embrião, dificultando [ou em alguns casos não permitindo, por ra- sentar um sistema experimental Facilmente manipulado. além de
zões de ética) a análise direta dos embriões humanos. Os seres hu- haver muitos genes de desenvolvimento conservados na maioria
manos têm famílias relativamente pequenas e tempo de geração das espécies de mamíferos. Em alguns casos, existe um modelo ani-
longo. Os padrões de combinação humana geralmente não condu- mal de ocorrência natural de uma doença genética humana (p. ex.,
zem ao estudo genético. Por essas e outras razões, os modelos modelos de cão e camundongo para a distrofia muscular), mas os
animais de doenças hwnanas são uma alternativa útil ao estudo dí- modelos naturais de camundongo são relativamente raros- Para
reto da doença em seres humanos. superar essa dificuldade, os genes humanos podem ser inseridos
__
Genética do Desenvolvimento r* 207

QUADRO 10-1
Modelos Animais no Estudo do DesenvolvimentoHumano -
Continuação
diretamente em células primordiais embrionárias do camundongo, Fenotipico, mu o lanoclumt simultâneo de ambos os genes produz
que são a seguir implantadas em embriões de camundongos para redução intensa no comprimento do rádio e da ulna- Apesar des-
criar um animal transgênico. A expressão do gene humano pode ses defeitos em potencial, a introdução ou ruptura de genes em ca-
então ser estudada diretamente em embriões de camundongos. É mundongos e em outros sistemas de modelos animais pode ser uma
possivel também usar a ruptura orientada para alterar um gene es- abordagem poderosa para analisar a doença genética humana.
pecifico do camundongo, impedindo sua expressão. Esse é um mo-
delo knockout. Camundongos que são heterozigotos para o gene
nompido podem ser criados para produzir homozigotos. Muitas do-
enças genéticas humanas já Foram estudadas usando knocltouts de
camundongos, incluindo neurofibnomatose tipo 1, doença de Cau-
cher, doença de Huntington, distrofia miotônica, síndrome do X
frágil, fibrose cística e subtipos da doença de Alzheimer.
Além das suas funções na morfogênese e na organogênese, al-
guns genes são críticos para a embriogênese precoce. Consequente-
mente, o bloqueio de sua Função resulta em letalidade embrionária.
lsso dificulta o estudo da função desses genes usando genes-alvo.
Uma forma de superar esse problema é condicionara ocorrência da
ruptura de um gene somente em um certo tipo de célula (p. ex., da
crista neural), em um tecido especifico (p. ex., o membro) ou em um
momento especifico durante o desenvolvimento. Esse processo é
denominado knockout condicional. Por exemplo, a ruptura consti-
tucional do fator de crescimento de Fibroblastos FgfB, é letal na em-
briogênese precoce. Para estudar os efeitos da inativação de Fgfêl no
membro, um camundongo pode ser criado de modo que a Função
de FgfB seja rompida somente na crista apical do ectoderma (AER)
do broto do membro anterior. O resultado será um camundongo
nascido vivo cujos membros anteriores se mostram seriamente trun-
cados, mas cujos demais órgãos e áreas corporais são normais.
Os modelos animais nem sempre imitam seus homólogos huma-
nos de modo preciso. Às vezes, isso reflete diferenças nas interações
Mutantes condicionais sem expressão de Fgfs na crista ectodér-
de produtos genéticos no sistema do modelo e no ser humano. És- mica apical (AER), do membro anterior. A, Hibridização in situ de-
sas diferenças podem ser responsáveis pelo fato de um lmoclenut de
monstrandoa expressão de Fgfs (faixa escura na ponta da seta) na AER dos
membrosem desenvolvimentode um camundongo do tipo selvagem.
camundongo heterozigoto do homólogo de retinoblastoma (RB)
desenvolver tLlmOlES da bipófise, em vez de retinoblastomu. Em al- B, No mutante condicional, não há expressão de Fgfs no membro
anterior [ausênciade faixa escura na ponta :la seta), embora esse fator
guns casos, o ltnncltout demonstra efeito pouco detectável, refletindo
possivelmente a redundância genética: Mesmo que a expressão de esteja expresso no broto do membro posterior. C, Membro anterior
um produto genético seja bloqueada, um sistema de suporte (backup)
normal no camundongo tipo selvagem [ponta da seta). D, Membro
poderá compensar essa perda. Por isso, o knoclwut de camundongo seriamente hipoplásico em um mutante condicional [ponta :la seta).
tanto de Hoxai i como de Heard 1 1 isoladamente exerce pouco efeito (Cortesia de Dra. Anne Moon, Universidade de Utah.)

humanos, exerce papéis importantes nessa fase do desenvol- tivação Funcional de Hoxa3 resulta em camundongos com timo
vimento. lsso poderia representar um erro de metodologia de e glândulas tireoide e paratireoide pequenos ou inexistentes,

investigação, porque as mutações em genes que rompem pre- assim como com malfomiações do coração e dos grandes vasos
maturamente os eventos de desenvolvimento podem ser letais. sanguíneos. Embora o número de células da costa neural nesses
camundongos seja normal, as células não possuem infonnações
Desenvolvimento Cranlolaelal quanto ao destino e, por isso, falham na proliferação e na di-
O desenvolvimento da região craniofacial está diretamente re- ferenciação. Esses defeitos são similares aos encontrados em
lacionado com a formação do sistema nervoso central subja- crianças com deleções do cromossomo 22ql l (Capitulo 6).
cente. Em embriõesde mamíferos, as células da crista neural do Ós ossos do crânio desenvolvem diretamente do me-
se

prosencéfalo e do mesencéfalo contribuem para os processos sênquima produzido por células da crista neural- Em geral, a
nasais, palato e mesênquima da primeira bolsa faríngea. Esse Fusão completa desses ossos só ocorre na vida adulta_ A fusão
mesênquima Forma a maxila, a mandíbula, a bigorna e o marte- prematura [sinostose] dos ossos do (Jânio (craniossinostose)
lo. As células da crista neural do cérebro posterior migram e se causa deformação da cabeça e pode prejudicar o crescimento
diferenciam para se transformarem no mesênquima da segun- do cérebro. Com Frequência, a craniossinostose está associada
da bolsa fañngea, no estribo e na cartilagem Facial- As células a outros defeitos congênitas (p- ex., perda da audição). Muitas
da crista neural cervical produzem o mesênquima do terceiro, síndromes de craniossinostose são causadas por mutações nos
quarto e sexto arcos faringeos (nos seres humanos o quinto arco genes FC-FR (Comentário Clínico 10-1). A craniossinostose
faríngeo se degenera). Esse mesênquima se transforma nos mús- também pode ser causada por mutações em MSX!, um fator de
culos e ossos do pescoço. O destino de cada giupo de células da transcrição que pode inHuenciar o controle da morte progra-
crista neural é especificado por genes Hex. Por exemplo, a ina- mada das células da crista neural no LTãnio.
20a r Capitulo 1o savana: MÉDICA
A maniossinostose é, também, uma caracteristica da cefalo- Dorsal
polissindarztilia de Creig, uma desordem causada por mutações Anterior
do gene que codifica CUB, um fator de transcrição zinc-jinger. Proxima! Distal
i
O gene CUB codifica pelo menos sete dominios conservados,
incluindo o dominio de ligação ao DNA, o zínc-_Fnger e dominios ._ Postador
de ancoragem microtubular. Estudos sobre o homólogo de CUB
da Drosoplaíla sugerem que esse gene pode ser regulador de modo
a exercer função de ativação ou de repressão- Às mutações que
causam a cefalopolissindactiliade Creig ocorrem na porção car-
boxitenninal do CUB, eliminando essas duas funções. As muta-
ções na região entre o domínio zine-finger e os domínios de âncora
microtubular produzem Luna proteína na qual o amino terminal
é clivado para poder migrar para o núcleo e reprimir a transcri-
ção. Essas mutações em CUB causam uma desordem denomi-
nada síndrome de Pallister-Hall, caracterizada por hamartomas
hipotalâmicos, anomalias viscerais e polidac-tiliapós-axial. As
mutações 3' do dominio de ancoragem microtubular produzem
Luna proteina que mantém as atividades repressora e ativado-
ra. Essas mutações foram descritas em pessoas com polidactilia
pós-axial isolada, Lun defeito congênito relativamente pequeno.
Portanto, as mutações em CUB alteram o equilibrio entre suas
funções ativadora e repressora e causam três desordens distintas
de intensidade variável. Alem disso, as mutações que causam
perda de função de Luna pnoteina que atua como cofator de pro-
teinas Gli, CREBBP, causam a sindrome de Ritbenstein-Taybi,
Luna desordem caracterizadapor retardo mental, caracteristicas
faciais distintas e polegares alargados (Fig. 10-2).

A maioria das estruturas craniofaciais é derivada das


células da crista neural. O destino de cada grupo
dessas células é especificado por genes contendo
homeoboxes. Alguns dos genes que controlam o
desenvolvimento craniotaciai já foram isolados pela
análise das síndromes de craniossinostose.

Desenvolvimento dos Membros


O membro é o nosso modelo clássico de desenvolvimento
mais bem compreendido. A manipulação cirúrgica, a expres-
são de gene ectópico e a ruptura de genes específicos em mo-
delos animais (Quadro 10-1) levaram ao isolamento e à ca-
racterização de muitos genes que controlam o crescimento e
a padronização dos membros_ Muitas das vias de sinalização
e dos elementos de controle de transcrição que coordenam o

desenvolvimento: dos membros em organismos modelo, como


a Drosopbila e o pintinho, parecem estar conservadas nos ma-
míferos. E tendo em vista que a prevalência dos defeitos dos
membros nos recém-nascidos é inferior somente ã dos defeitos
cardíacos congênitos, os fenótipos dos defeitos dos membros
estão muito bem documentados. Como resultado, nosso co-
nhecimento da base molecular de defeitos dos membros dos
seres humanos desenvolveu-se rapidamente.
Ó membro de Lun vertebrado é composto de elementos
derivados da placa lateral do mesoderrna (osso, cartilagem e
tendões) e do mesoderma somitico [músculo, nervo e vascu-
latura). O primeiro passo na formação de um membro é a sua
indução. Os mediadores exatos e o mecanismo da indução do
membro pemianecem controversos. O sinal que inicia a indu-
ção dos membros anteriores e dos membros posteriores parece
Genética do Desenvommenro x' 209

FIGURA 10-7
A, Ausênciado teroeiro, quarto e quinto dedos da mão direita (i. e., os dedos posteriores) acompanhada por aplasia da ulna e hipoplasia do rádio em um paciente
portador da sindrome uInar-mamária. O quinto dedo da mão direita tambem esta faltando. B, Ausência bilateraldos polegares (i. e., um dedo anterior) e do rádio,
eum hipoplasia acentuada do úmero em um adulto oom a sindrome de HoIt-Oram.
(De Jones KL: SmithsHeeognizable Patterns of Human Malfomiatron, 6th. Ed. Philadelphia:Mosby. 2006.)
cubital-mamária [ulnar-mamária), respectivamente (Fig. 10-7). A o crescimento dentro de segmentos diferentes do membro, de
sindrome de Holt-Õram é causada por mutações no gene TBXS e acordo com sua posição de 5' dentro de um grupo HDX- Por exem-
a sindrome Ldnar-mamáñae' causada por mutações no gene TÊX3, plo, camundongos com mutações Hoxall ou Hoxdii apresen-
genes proximamente relacionados. TBXB e TBXS são membros tam somente anonnalidades menores, mas os mutantes duplos
de Luna familia altamente conservada de fatores de transcrição Hoxal UHaxdi I exibem redução acentuada no tamanho do rádio
de DNA, contendo Lun dominio de ligação ao DNA chamado e da ulna. Da mesma fonna, a deleção de números crescentes de
T-box- É provável que 73X.? e TBXS evoluíram de um gene an- pará] ogos de Hox- l 3 exerce efeito cumulativo sobre as anonnaii-
cestral comum e cada Lll11 adquiriu funções especificas, embora dades fenotipicas das mãos ou dos pés, presumivelmente por que
complementares, na padronização do eixo anterior/posterior do as funções dos parálogos de Hox são parcialmente redundantes.
membro superior dos mamíferos. TBXa e THE também desempe- Por causa dessa redundância, suspeitou-se de que as mu-
nham fLmções importantes no desenvolvimento de muitos outros tações nos genes Hex seriam causas improváveis de defeitos
órgãos. Por exernpio, pessoas com a sindromede Holt-Oram tam- congênitos em seres humanos- Entretanto, as mutações desses
bém manifestam defeitos cardíacos congênitas, mais frequente- genes já foram descritas em pessoas com simpolidactiliae com
mente um defeito do septo atrial, que permite a mistura do sangue a sindrome da mão-pé-genitais. A simpolidactiliase caracteriza
contido nos átrios esquerdo e direito. O gene THX¡ interage com por duplicação e fusão dos dedos médios das mãos e dos pés e
(Jutrt) fator de transcrição, o Nkxl-S, dmante o desenvolvimento é causada por mutações em HOXDI 3 que produzem expansão
do coração. As mutações no gene de codificação de Nlocl-S tam- de um trato de polialanina na tenninação aminoterminal da
bém causam defeitos septais atriais. Assim, a perturbação de dois proteina HOXDIB. Defeito similar pode ser reproduzido por
mediadores diferentes no mesmo programa de desenvolvimento rompimento simultâneode Hoxdl 3, Hoxd l 2 e Hoxdl l, sugerin-
pode produzir o mesmo tipo de defeito congênito. do que a expansão do trato de polialanina em HOXD i3 resulta
Se os episódios precoces de sinalização de brotamento dos na inativação funcional de seus vizinhos 3'.
membrosfornecem informações de posicionamentoàs céiuias em
desenvolvimento, o que controla o crescimento e a diferenciação 0 membro de um vertebrado é composto por elementos
dessas células? Um componente importante são os fatores de derivados da placa lateral do mesoderma e do
transcrição codificados por genes Hex. Os padrões de expressão mesoderma somítico. 0 crescimento e a padmnização
de Hasta!? e Hoxal 3 definem dominios superpostos ao longo do são controlados por proteínas secretarias por coleções
eixo proximairldistal do broto do membro em desenvolvimento. especializadas de células denominadascrista ectndérmica
Combinações dos paráiogos de Hox promovem, de preferência, apical, zona de progresso e zona de atividade polarizante.
2m / Capitulo ro GENÉTICA MÉDICA
Formação dos órgãos do mesênquima em odontoblnttrs formadores dos dentes. Nos
Muitos processos de desenvolvimento devem ser coordena- seres humanos, as mutações em MSXI interrompem a formação
dos simultaneamente para construir os arranjos específicos de dos dentes e causam perda dos segundos pré-molares. Da mes-
células e tecidos que compõem um órgão. Como ocorre no de- ma fonna, as mutações no homólogo humano do gene fzrairitss
senvolvimento de um membro, a fonnaçãt) dos órgãos envolve (sem pelos) do camundongo causam perda de todos os pelos
interações numerosas, as quais são mediadas por moléculas de do corpo, incluindo os do couro cabeludo, sobrancelhas, axilas
sinalização que se ligam a receptores, conduzem sinais através e púbis.
de várias vias interligadas e estimulam ou reprimem a transcri- A integridade dos sinais trocados entre o epitélio e o me-
ção do DNA. O uso das mesmas redes elaboradas para fonnar sênquima depende da integridade desses tecidos. Sabe-se que
órgãos diferentes permite Luna economia genômica enquanto várias proteinas produzidas no epitélio promovem o cresci-
mantém a flexibilidadedo desenvolvimento. mento e a diferenciação desse epitélio- Uma dessas proteínas
Assim que Luna célula especializada dentro de um órgão esteja é a p63, um homólogo do gene prototipico de supressão de
terminalmente diferenciada, várias proteínas ativam seu maqui- tumor, o p5 3- Mutações que perturbem a função de p63 redu-
nário molecular para que essa célula possa desempenhar sua fun- zem a disponibilidadede células epiteliais progenitoras- lsso
ção esperada. Com frequência, o desenvolvimentodo órgão e da resulta em anonnalidades dos membros, da pele, dos dentes,
função da célula diferenciada é interrelacionado. Por exemplo, o dos cabelos e das unhas em_, pelo menos, seis diferentes sin-
pâncreas endócrino e' formado, em grande parte, por três tipos dromes de malformações.
de células diferentes: alfa, beta e gama. A transcrição da insulina Um dos maiores órgãos do corpo é o esqueleto. A tor-
nas células beta é estimulada pela ligação do fator promotor de mação do esqueleto depende de células fonnadoras de ossos
insulina l (ÍPFI) ã região promotora de insulina do gene. Mu- chamadas de osteoblastos. A diferenciação de trsteoblastos é
tações no gene que codifica a proteina ÍPFI impedem o desen- regulada por um fator de transcrição especifico para trsteoblas-
volvimento do pâncreas, indicando que IPF] e' necessário para a tos chamado Runxl. A ruptura orientada desse fator produz
maturação e a diferenciação dx: células precursoras pancreáticas. camundongos com ausência total de ossificação do esqueleto.
interações entre células mesenquimais e epiteliais são proe- Camundongos heterozigotos apresentam suturas cranianas
minentes no desenvolvimento das estruturas cutâneas (p. ex., alargadas, dedos encurtados e anonnalidades da cintura esca-
cabelos, glândulas sudoríparas, mamas), dos órgãos parenqui- pular. Defeitos semelhantes são encontrados em pessoas com
matosos (p. ex., fígado e pâncreas), dos pulmões, tireoide, rins displasia cleidocraniana, a qual é causada por mutações em
e dentes. Essas interações são dinâmicas, pois os padrões de Rural, o lromôlogo humano do Ruim! do camundongo.
expressão no epitélio e no mesênquima mudam ao longo do
tempo e continuam a se inHuenciar mutuamente. Por exemplo, A formação de órgãos envolve interações recíprocas
durante o desenvolvimentodos dentes, o epitélio produz Bmp-4, entre o epitélio e o mesênquima. Essa interação é
que sinaliza o mesênquima subjacente para expressar um con- mediada por moléculas de sinalização secretadas que
junto de fatores de transcrição, incluindo Nlsxl A troca mútua
.
se ligam aos receptores, conduzem sinais através de
de sinais entre o epitélio e o mesênquima leva ã fonnação da várias vias interligadas e estimulam ou reprimem a
papila e da cúspide dentária e, por lim, à diferenciação tenninal transcrição do DNA

Questões para Estudo


1 Explique como modelos animais não humanos são
.
5. Se o controle dos processos de desenvolvimento é
úteis para o estudo do desenvolvimento humano e dos estritamente regulado, como você pode explicar que
defeitos congênitas. Cite pelo menos um exemplo. as mutações em alguns genes de desenvolvimento

2. As mutações em receptores do fator de crescimento (p. ex., os genes Hox) produzem fenótipos sutis?
de fibroblastos (FGFRs) causam, pelo menos, B. Mutantes com perda de ftmção em mamíferos são
diferentes síndromes de craniossinostose. Alem geralmente estudados criando-se um modelo de
disso, a mesma mutação em FGFR! causa a síndrome camundongo lucoclmut. Explique por que não é prático
de Pfeiffer, em algmnas famílias, e a síndrome de usar alguns organismos (p. ex., os babuínos) para
Crouzon, em outras. Como a mesma mutação pode gerar loioclcouts. Você pode pensar em uma maneira de
produzir duas desordens distintas? contornar alguns desses obstáculos?

3. As desordens causadas por mutações nos genes que 7. Dê um exemplo de defeito congênita que pode ser
codificam fatores de transcrição são, frequentemente, causado por um defeito em um ligando ou em seu
pleiotrópicas. Explique esse achado. receptor.
4. Defina a fonnação de padrão e dê Lun exemplo de 8. Explique algtms dos obstáculos do uso da terapia
defeito congênita causado pela interrupção desse genética para tratar defeitos congênitas.
processo-
Genética da Desenvolvimento ,f 211
Leituras sugeridas
Capecchi MR. Gene targeting in mice: Functional analysis of ltoh N, Omitz DM. Evolution of the Fgt and Fgi-r gene fami-
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À,
l

GENÉTICA oo CÂNCER

Segundo as evidências atuais_, aproximadamente uma em cada Muitas das caracteristicas biológicas básicas da carrcinogê-
quatro mortes é devida ao câncer e o câncer invasivo será diag- nese (desenvolvimento do câncer) são agora compreendidas.
nosticado em mais da metade da população em algum momen- Ano longo de nossas vidas_, muitas de nossas células continuam
to de vidas. A incidência de muitos tipos de câncer está
suas a crescer e se diferenciar. Estas células formam, por exemplo,

aumentando, e a maior parte desse aumento e consequência da as camadas epiteliais dos nossos pulmões e cólons e as células

maior expectativa de vida de nossa população. precursoras de nosso sistema imunológico. As células-tronco
Como será mostrado neste capítulo, as causas do câncer são relativamente inditerenciadas produzem grandes quantidades
uma mistura de alterações ambientais e genéticas que ocorrem de células para repovoar e renovar as nossas camadas desgas-
em nossos tecidos. A predisposição herdada exerce um papel em tadas de defesa. Por meio da integração de informações ior-
algumas Famílias. Ós avanços significativos na biologia molecu- necidas por um conjunto complexo de sinais bioquimicos, as
lar e na genética agora têm esclarecido os elementos moleculares novas células, eventualmente, param de se dividir e, no Fim,
básicos do câncer e fornecem um perlil esquemático dos eventos diferenciam-se em um tipo de célula adequado para o seu pa-
celulares que levam ao câncer. Esse entendimento será extrema- pel no corpo (Fig. 1 I Altemativamente, se a célula e anor-
mente importante no controle do câncer, proporcionando o iní- mal ou danilicada, ela pode solrer apoptose.
cio de Luna base de conhecimentos que possam levar a melhorias Õcasionalmente, uma dessas células não consegue se dife-
signiFicativas das terapias e, possivelmente, da prevenção. renciar e começa a se dividir sem restrições. Ús descendentes
"Câncer" é um conjunto de distúrbios que compartilham a de tais celulas podem se tornar iniciadores de neoplasias, ca-
característica comum de crescimento celular descontrolado. isso pazes de transfomraçãc) em câncer invasivo, metastático. De-
leva a uma massa de células denominada neoplasia (em grego, sejamos entender em detalhes o que está errado nestas células,
“nova tormaçãoÚ, ou tumor. A tonrraçãc) de tumores é chamada para detectar esses erros precocemente e, finalmente, intervir
tumorigênese. Vários eventos importantes devem ocorrer se as no seu desenvolvimento de forma a eliminã-los.
células escapam dos limites habituais que impedem a proliferação
descontrolada. Sinais de crescimento adicionaisdevem sc-'r produ- Células do corpo são programadas para se desenvolver,
zidos e processados, e as celulas devem tomar-se resistentes aos crescer, diferenciar e moner em resposta a um
sinais que normalmente inibem o crescimento. Como estas ca- complexo sistema de sinais bioquímicos. O câncer
raterísticas anormais tipicamente desencadear-iam o processo de resulta do surgimento de um clone de células livres
morte celular programada (apoptose), as células devem de algum de$as limitações de programação e de desenvolvimento
modo incapacitareste processo. A crescente massa celular (tumor) e capazes de uma proliferação inadequada.
exige nutrição, portanto um novo suprimento de sangue deve ser
obtido por meio da angiogênese iílitrrrrraçãt) de novos vasos san-
guíneosi. Ús sinais inibitóriosadicionais devem ser vencidos para CAUSAS DO CÂNCER
que o tumor alcance um estado maligno, em que as neoplasias Considerações Genéticos
invadem tecidos próximos e promovem a metástase (propagação) As alterações genéticas dos sistemas de regulação celular são
para locais mais distantes do corpo. A capacidade d:: invadir e de a base principal da carcinogênese. Nós podemos produzir um

produzir metástase distingue neoplasiasmalignas de benignas. câncer em modelos animais, daniFicando genes específicos. Nos
Os tumores são classificados de acordo com o tipo de teci- sistemas de cultura de células, podemos reverter o fenótipo de
do em que eles surgem. Os principais tipos de tumores são os câncer por meio da introdução de cópias normais dos genes
de tecido epitelial (carcinomas, os tumores mais comuns), de danificados dentro da célula. A maioria dos eventos genéticos
tecido conjuntivo iísareomas), de tecido lintãtico (linfomas), que caLLsa o câncer ocorre em células somáticas. A frequência
de células gliais do sistema nervoso central (gliomas) e de ór- destes eventos pode ser alterada pela exposição a agentes mu-
gãos hematopoiéticos (leueemias). As células que compõem tagênicos, estabelecendo, assim, uma ligação a eareinógenos
um tumor geralmente são provenientes de uma única célula ambientais (agentes cancerígenos). No entanto, esses eventos
ancestral, tornando-as um único clone (Ímonoelonal). genéticos não são transmitidos às gerações futuras, porque elas
!halo
¡' Dlferanclação
2M x Capítulo rr GENÉTICA MÉDICA
epidemiológicos e experimentos em laboratório têm mostrado uma pessoa de desenvolver câncer. Para explicar a diferença
que a fumaça do cigarro causa câncer de pulmão e outros tipos na incidência de câncer de cólon entre japoneses que moram
de câncer. Os papéis para outros agentes ambientais em tipos nos EUA daqueles que vivem no Japão, é argumentado que as

especificos de câncer também estão bem documentados (p. ex., características ambientais no Japão tornam os genes de pre-
o pó de urânio no câncer de pulmão entre os mineiros, a expo- disposição ao câncer menos penetrante- Além disso, um com-
sição ao amianto no câncer de pulmão e mesotelioma). ponente genético é fortemente sugerido, pois há um aumento
A segunda linha de argumentação é baseada em comparações de várias vezes no risco de uma pessoa desenvolver câncer de
epidemiológica:: entre populações com diferentes estilos de vida. cólon, quando um parente de primeiro grau tem este tipo de
Muitos tipos de câncer têm fiequênczias¡ bastante diferentes em tumor maligno. É provável, então, que o risco de câncer seja
diferentes populações. O câncer da mama, por exemplo, é preva- uma composição de ambos os fatores, genéticos e ambientais,
lente entre norte-europeus e americanos de origem europeia, mas com a interação entre os dois componentes.
relativamente rara entre as mulheres de países em desenvolvimen-
to. N onnalmente, é difícildeterminar se essa falta de semelhança Os fatores ambientais são conhecidos por
reflete diferenças no estilo de vida ou nas frequências génicas. desempenhar um papel importante na carcinogênese.
O exame de populações geneticamente semelhantes em di- No entanto, o risco de uma pessoa em toda parte
ferentes estilos de vida, no entanto, oferece uma optrrrtunidade desenvolver um lipo de câncer depende de uma
para avaliar os componentes genéticos e ambientais do câncer. combinação de fatores herdadas e componentes
Estudos epidemiológicos entre populações migrantes japoneses ambientais.
produziram resultados importantes no que diz respeito ao cân-
cer de cólon. Este tipo de câncer foi, até recentemente, relativa- GENES ENVOLVIDOS NA GÉNESE no câncer¡
mente ram na população que vive no Japão, com risco de vida Controle Genético do Crescimento e da Diterenclação celular
de 0,5%, porém é 10 vezes mais comum nos Estados Unidos. O O câncer se forma quando um clone de células normais per-
câncer de estômago, por outro lado, e' comum no Japão, mas re- de controle sobre o crescimento e diferenciação. Mais de
o
lativamente raro nos Estados Unidos. Estas estatisticas por s1' só 100 genes envolvidos na gênese do câncer que codificam
não conseguem distinguir as iniiuências ambientais das geneti-
proteinas que participam dessa regulação já foram identifica-
cas nas duas populações- No entanto, como um grande número
dos. A caracterização das atividades bioquimicas e interações
de japoneses que imigraram primeiro para o Havai' e, em segui- desses produtos gênicos tem mostrado uma descrição cada
da, para o continente dos EUA, pôde-se avaliar o que acontece vez mais detalhada da regulação normal do crescimento e da
com as taxas de câncer de estômago e de câncer de cólon entre
os imigrantes. É importante notar que muitos dos imigrantes V' Fator de crescimento
japoneses mantiveram uma identidade genética, casando-se, em
grande parte, entre si. Entre a primeira geração de japoneses no
Havai', a incidência de câncer de cólon aumentou várias vezes,
ainda não tão elevada como na parte continental dos EUA, po-
rém mperior a doJapão. Entre a segunda geração de americanos
descendentes de japoneses na parte continental dos EUA, a taxa
de câncer de cólon aumentou para 5%, igual a média dos EUA.
Ao mesmo tempo_, o câncer de estômago se tomou relativamen-
te raro entre americanos descendentes de japoneses.
Estas observações sugerem fortemente um papel importan-
te do ambiente ou estilo de vida na etiologia do câncer de
cólon. Em cada caso, a dieta e um provável culpado: acredita-
se que uma dieta com alto teor de gordura e' pobre em fibras
nos Estados Unidos possa aLunentar o risco de câncer de có-
lon, enquanto noJapão, as técnicas utilizadaspara preservar e
temperar os peixes mais consumidos podem aumentar o risco
de desenvolver câncer de estômago neste país. Também é in-
teressante notar que a incidência de câncer de cólon no Japão
tenha aumentadodramaticamentedurante as últimas décadas,
visto que a população japonesa adotou uma dieta mais pareci-
da com a da América do Norte' e da Europa.
Devemos então assumir que os fatores genéticos não de-
sempenham papel no desenvolvimento do câncer de cólon?
O fato é que, no ambiente norte-americano, algumas pessoas
podem ter câncer de cólon e outras não. Esta distinção pode
ser resultado de diferenças dentro deste ambiente (p. ex., a

variação da dieta), bem como diferenças na predisposição


genética: genes herdadas, que aumentam a probabilidade de
Genética do Câncer ,f 215

diferenciação celular e os pontos desses processos que se tor- metástases- Cada uma dessas mudanças envolve mutações, e a
nam desregulados pelos eventos da carcinogênese. exigência de mais de Luna mutação tem sido caracterizada pelo
Muitas das características fundamentais deste processo são, conceito de que a carclnogênese é um processo composto de
agora, bem compreendidas (Fig. l 1-3). Um componente de múltiplos eventos [multi-bitconcept). Um exemplo desse conceito
regulação celular é mediado por sinais externos que vêm para é o dado pelo câncer colorretal, em que vários eventos genéticos
a célula mediante fatores de crescimento de polipeptídeos (p. são necessários para completar a progressão de um crescimento
ex., fator de crescimento derivado de plaquetas, fator de cresci- benigno para uma neoplasia maligna [ver discussão posterior).
mento epidémiico, honnõnios esteroides) produzidos em outras
células_ Cada fator de crescimento interage com seus receptores As mutações podem ocorrer em qualquer uma das
de fator de crescimento especificos localizados na superficie da etapas envolvidas na regulação do crescimento e da
célula. A ligação de Lun fator de crescimento ativa o receptor, diferenciação celular. O acúmulo dessas mutações
que dispara as moléculas que enviam mensagens para o núcleo em uma linhagem de células pode resultar em uma
da célula no processo de transdução de sinal. Estas moléculas desregulação progressiva do crescimento, finalmente
de transdução de sinal incluem as proteínas quinases, como a sn: produzindo uma célula turncral.
tirosina quinase, proteina quinase ativada por mitógeno (MAPK,
de mitogm-activatrd protein leínasr) e jun quinase UunK), que podem
alterar a atividade das proteinas-alvo, marcando-as em um local 0 Gene da câncer Heredltárlo versus 0 Gene Alterado
especifico com uma molécula de fosfato (fosfolilação). A fase li- Snmatlcameme
nal da via de transdução de sinal é a regulação da transcrição do Embora "o câncer familiar" tenha sido reconhecido há bastante
DNA no núcleo. Os componentes da cascata de transdução de tempo, somente no inicio dios anos de 1970 é que começamos a
sinal interagem com fatores de transcrição nucleares que regu- compreender a relação entre as anomalias genéticas herdadas e
lam a atividade de genes especificos, cujos produtos (proteínas) os eventos carcinogenicos que oconem no tecido somático. Em
inliuenciam o crescimento e proliferação celular. Cenes que co- 1971, a análise A- C. Knudson do retinoblastoma, uma doença
dificam esses fatores de transcrição incluem MVC FÚS e .JUN. que já foi mencionada como Lll'|'| modelo de câncer hereditario,
Após ciclos de divisão celular, as células recebem nomial- levou a uma hipótese que abriu uma nova janela no mecanismo da
mente os sinais que dizem a elas para parar de crescer e se carcinogênese- Na forma hereditária do retinoblastoma [Capítulo
diferenciar em células especializadas. Os sinais podem vir de 4), um individuo afetado nonnalmente ten1 o pai ou a mãe afeta-
polipeptídeos, a partir de honnônios esteroides, a partir do do e há uma chance de 50% de transmissão genética para cada
contato direto com as células adjacentes ou a partir de progra- Lnn dos filhos. Na fonna esporádica (não herdada), nenhum dos
mas internos que definem o número de divisões celulares que é pais é afetado, nem há risco adicional para os outros filhos. Uma
permitido. Os sinais são transduzidos para o núcleo da célula característica fundamental de distinguir as duas formas é que o re-
receptora. Agora, através da alteração dos padrões de trans- tinoblastoma hereditário e geralmente bilateral [afetam ambos os
criçãc) dos genes que regulam as etapas do ciclo celular, eles (Jlhos), enquanto o retinoblastomaesporádicogeralmente envolve
repiimem os genes que promovem a divisão celular e induzem apenas um tumor e, portanto, afeta apenas Lun olho (unilateral).
os genes que inibem a entrada no ciclo de divisão celular. Knudson encontrou evidências de que pelo menos duas mu-
tações são necessárias para gerar um retinohlastoma. Uma das
A regulação do crescimento celular é realizada por mutações poderia alterar o gene do retinoblastoma, se isso tivesse
substânciasque incluem: (1) fatores de crescimento ocorrido na linhagem de células genninativas, estaria presente em
que transmitem sinais de uma célula para outra. todas as células de uma criança que recebeu o alelo mutante. A se-
(2) receptores especilicos para os fatores de gunda mutação seria uma alteração adicional, um evento genético
crescimento, (3) moléculas de transdução de sinal que inespecífict) que ocorre em Luna das células que já estão alteradas.
ativam uma cascata de reações de fosforilaçãc na célula A hipótese de um segundo evento foi requerida para explicar por
e (4) fatores de transcrição nucleares. A célula integra e que apenas urna pequena fração de retinoblastos de uma pessoa
interpreta a série de sinais que recebe de seu ambiente. que ten ha herdado UITI gene mutante retinoblastomarealmente irá
Decisões de crescer e se dividir ou parar de crescer e originar os tumores. A hipótese de Knudson é conhecida como o
diferenciar-se resultam do processamento destes sinais. modelo de carcinogênese de dois eventos (uno-bitmodel).
Õ retinoblastoma familiar seria assim causado pela herança
Uma célula tumoral pode surgir dentro de uma população de um dos eventos genéticos (bits) como uma mutação constitu-
de celulas em crescimento por meio do acúmulo de mutações tiva (f. e., Luna mutação presente em todas as células do corpo).
nesses genes. Embora essas mutações ocorram raramente, essas As pessoas que herdaram um evento genético [bit] necessita-
celulas podem deixar de responder aos sinais de diferenciação e riam apenas uma mutação adicional em um único retinoblastt)
continuar a se dividir em vez de submeter-se ao seu programa para que essa célula fosse a semente de Lun clone do tumor.
de diferenciação normal. Além disso, o câncer geralmente parece Em casos esporádicos, por outro lado, ambas as mutações te-
resultar de urna série progressiva de eventos que gradualmente riam de ocorrer somaticamente no feto em desenvolvimento
aumentam o nivel de desregulação dentro de uma linhagem celu- (Fig. l 1-4). Esta é uma combinaçãode eventos raros, altamente
lar. Finalmente, surge urna célula cujos descendentes se multipli- improvável, mesmo considerando os vários milhões de células
cam sem controle apropriado. Alterações adicionais conferem a do tecido-alvo. Seria improvável que a criança que desenvol-
estas celulas a capacidade de invadir tecidos adjacentese originar veu um retinoblastoma por esta via de dois eventos (tivo-bit)
215 x Capitufo 11 GENÉTICA MÉDICA
Herança do prlmelm Hardado PIÍIIIOÍYO GVBHIO
evento (first hm acontece no embrião
Óvulo Espemiatozolde Óvulo Espermatozolde

mgn®
Normal
0-
*t*
ni ni
lñ Primeira mutação
já presente em
celulas germlnatlvas
ii

eo
Primeira
mutação somática $
@Q
i
ssoooo @®®®
;%$®®@®
r??H\
roooooo
FIGURA 11-4
PRINCIPAIS CLASSES DE GENES IMPORTANTESNO
DESENVOLVIMENTODO CÂNCER
Os genes que podem contribuir para a gênese do câncer po-
dem ser classificados em três classes principais: aqueles que
inibem a proliferação celular (genes supressores de tumor),
aqueles que ativam a proliferação celular (oncogenes) e aque-
les que participam do reparo do DNA.

Genes Supressores de Tumor


O gene RB 1 fo¡ o primeiro exemplo de gene supressor de
tumor identificado, uma classe de genes que controla a di-
visão celular e deste modo ajuda na prevenção de tumores
(Tabela l 1- 1
21a / Capitulo rr GENÉTICA MÉDICA
herdada como traço autossômico dominante_ A penetrância Mutações com perda de função de outros Fatores de ini-
incompleta da mutação do retinoblastoma (90%) é explicada bição também podem levar, igualmente, a uma desregulação
pelo tato de que algumas pessoas que herdam a mutação que do ciclo celular. Um número de genes supressores de tumor
causam a doença não sofrem um segundo evento (second bit) codilica inibidores de CDI( (Fig. l 1-5), que inativam CDKs,
em qualquer um dos retinoblastos remanescentes. impedindo a tosforilação dm; proteínas-alvo, como a pRb. Os
Uma propriedade geral dos genes supressores tLu11orais é genes supressores de tumor também podem controlar a proli-
que eles normalmente bloqueiam a proliferação celular des- feração celular através de seus efeitos sobre a transcrição ou em
controlada que pode levar ao câncer. Muitas vezes, isso é lici- interações célula-célula (alguns exemplos são discutidos pos-
to pela participação em vias que regulam o ciclo celular. Por teriormente). Mais uma vez, as mutações nesses genes podem
exemplo, a proteina codificada pelo gene RB¡ (pRb) é ativa levar a divisões celulares ilimitadas e_, linalmente, ao câncer.
quando ela está relativamente não foslitrrilada, mas é regulada
negativamente quando é liosforiladapor quinases dependentes
de ciclinas (CDKS), pouco antes da Fase S do ciclo celular A descoberta de que o retinoblastoma resulta da
[Capitulo 2). No seu estado ativo, hipolitrsiorilado,pRb se liga inativação de ambos os alelos no mesmo locus no
aos membros do complexo de transcrição E2F, inativando-os cromossomo 13, no mesmo retinoblaslio, levou ao
(Fig. 11-5). A atividade de E2F é exigida para a progressão conceito de genes supressores de tumor. Os produtos
para a Fase S, então sua inativação pela pRb interrompe o ciclo desses genes suprimem a fomtação do tumor por
celular. A pRb, portanto, serve como um ireio no ciclo celular controlar o crescimento celular, mesmo quando uma
que, normalmente, é liberado apenas quando pRb é inativada célula comem apenas uma cópia normal do geneAs
por iostorilação pelas CDKs. isto permite que a célula pros- mutações que levam a perda de função, que inativam as
siga em seu ciclo mitrútico até que pRb e novamente ativada duas cópias de uma célula do gene supressor de tumor
através da remoção dos grupos iostatos. As mutações em RB! podem provocar a proliferação celular descontrolada.
que causam perda de função, a deleção do gene ou a hiperme-
tilação da sua região 5 podem levar uma inativação perma-
nente. Sem esse Freio no ciclo celular, a célula pode continuar Devido papel Fundamental dos genes supressores de
ao
sofrendo numeroisas divisões descontroladas. tLunor na prevenção da formação do tumor, seu estudo e de
grande importância médica. Ao compreender como o câncer
é naturalmente suprimida pelo corpo, poderemos finalmente
desenvolver terapias mais eficazes para a prevenção médica e
tratamento do tumor.

oncogenes
Os oncogenes "genes que causam câncer") são a se-
(i. e., os

gunda categoria de genes que podem causar câncer. A maion-


ria dos oncogenes origina- se de prato-oncogenes, que são os
genes envolvidos nos quatro reguladores básicos do cresci-
mento celular normal mencionado anteriormente (Fatores de
crescimento, receptores de Fator de crescimento, moléculas de
transdução de sinal e Fatores de transcrição nuclear). Quando
uma mutação ocorre em um proto-oncogene, este pode tornar-
se um oncogene, um gene cujo produto excessivamente ativo
pode levar ao crescimento e diferenciação celular desregulada.
Quando uma célula passa de um crescimento regulado para
de p53 um desregulado, a célula é dita transformada-
Ciclo Ao contrário dos genes supressores de tLunor, os oncogenes
são geralmente dominantes no nivel celular: apenas uma única
cópia de um oncogene mutado é necessária para contribuir
*me para os vários processos da progressão do tumor. Consideran-
do que os supressores de tumor são geralmente desativados
FIGURA 11-5
A regulação do ciclo celular e realizada por uma serie de interações complexas por deleções ou mutações que levam à perda de Função, os
entre atiradores e repressores do ciclo. A pRb atua como o principal oncogenes, por outro lado, são tipicamente ativados por mu-
freio no ciclo celular atraves da ligação ao complexo de transcrição E2F, tações com ganho de função, por amplificação do gene (í. e.,
interrompendo o ciclo antes do inicio da fase S. O complexo ciclina D-CDK4 aumentou o número de genes por trissomias ou outros meca-
inativa pFlb fosforilando-a,liberando, assim, o complexo E2F e pemiitindo nismos), ltipometilaçãc) do oncogene na região 5 (o que au-
que a celula progrida para a fase S. Os inibidores de CDK, como p16 e p21, menta a transcrição] ou rearranjos cromossômicos que regulam
inativam CDKs, agindo_ assim, como outro freio do ciclo_ A por intermédio
de p21, pode tanto interromper o ciclo celular quanto induzir a apoptose em positivamente o oncogene (p. ex., a translocação do cromos-
resposta a danos ao DNA. CDR, quinase dependente de ciclina. somo Filadéliia, Capítulo 6]. A maioria dos genes supressores
Genérica do Cancer ,f 219
TABELA1 1 -2
Comparação das Principais Caracteristicasdos Genes Supressores de Tumor e os Oncogenes
caracteristica (ienes Supressoms da Tumor oncogene::
Função da versão nonnal Hegula o crescimento e proliferação celu lar, Promove o crescimento e a proliferação celular
algumas podem induzir a apoptose
Mutação (no nivel celular) Hecessiva (ambas as copias do gene inativadas) Dominante [apenas uma copia do gene mutado)
Efeito da mutação Perda da função Ganho de função
mutações germinativas resultando em síndromes Visto na maioria dos genes su pressores tumorais Visto somente em alguns oneogenes
de câncer hereditária

de tumor é conhecida por apresentar mutações em células ger- do de oncogenes realizado com retrovírus transfonnantes.
minativas que podem causar síndromes de câncer hereditária Por exemplo, estudos em retrovims identificaram o gene que
(p. ex., o retinoblastoma, síndrome de Li-Fraumeni). Em con- codilica a molécula do receptor do fator de crescimento epi-
trapartida, embora oncogenes sejam comumente encontrados dérlnico (ECF), mediante o oncogene ERBB. Esses estudos
em tumores esporádicos, mutações de oncogenes em células também identificaram os (Jncogenes RÀS (sarcoma de mto),
gerrninativas que causam síndromes de câncer heredjtário são que são alterados em pelo menos 25% dos cânceres humanos.
raras (algumas exceções são apontadas no final da discussão). A transformação por retrovirus também identificou os genes
Estas e outras diferenças estão resumidas na Tabela l 1 -2. que atuam como fatores de transcrição nuclear, IHYC, JUN e
Nesta seção, revisamos três abordagens que têm sido usadas F05, assim como outros componentes moleculares capazes
para identificar os oncogtnes especificos: definição retroviral, de iniciar a transformação das celulas. A Tabela l 1-3 fornece
experimentos de transfecção e mapeamento de tumores. alguns exemplos de proto-oncogenes.
Os oncogenes foram também identificados em experi-
mentos cujo material de células tumorais humanas foi trans-
Os proto-oncogenes coditicam produtos que controlam ferido para células não tumorais (transfecção), causando a
o crescimento e a diferenciação celular. Quando transformação das células receptoras. Um experimento clás-
mutados ou amplificados,podem tomar-se oncogenes, sico começou com a transferência do DNA de uma linhagem
que podem causar cânceLA maioria dos onoogenes celular humana de câncer de bexiga em células de rato. Uma
age como mutações dominantes corn ganho de função pequena quantidade das células receptoras ficou totalmente
que levam à desregulação do controle do ciclo celular. transformada. A clonagem e a análise das sequências especi-
Em contraste com os genes supressores de tumor, ficas do DNA humano presentes nas celulas de camundongos
a maioria dos oncogenes não apresenta mutações transformadas revelaram que o gene transformado era um
genninativas que causam síndromes de câncer alelo mutante do mesmo oncogene HAS previamente identi-
hereditária. Em vez disso, são observadas mutações ficado por estudos retrovirais- Assim, o mesmo oncogene que
somáticas que levam ao câncer esporádico. poderia ser transferido por retrovirus também ocorre natu-
ralmente, como um prato-oncogene, no genoma humano.
A caracterização do produto proteico de fonnas mutantes
IDENTIFICAÇÃO DE ONCOGENES de R443 tem revelado um importante mecanismo para a regu-
Há muito tempo se sabe que certos tipos de virus podem cau- lação da transdução de sinal. A proteína RAS normalmente
sar câncer. Especialmente significantes são os retmvírus, um alterna entre uma forma ativa ligada à guanosina trifosfa-
tipo de virus RNA que é capaz de usar a enzima transcriptase to (CTF) e uma forma inativa ligada à guanosina difosfato
para transcrever seu RNA em DNA. Desta fonna, o
reversa (CDP). A consequência bioquímica de mutações do gene
genoma de RNA do retrovirus e convertido em DNA, que RAS é uma proteína RAS, que é incapaz de mudar da fonna
pode ser inserido em um cromossomo de uma celula hos- GTP ativa, que estimula o crescimento, para a fonna CDP
pedeira. Alguns retrovirus carregam versões alteradas de inativa. A proteina RAS mutante não pode silenciar o seu
genes que promovem crescimento nas células. Estes genes sinal de crescimento, contribuindo para a divisão celular
que promovem o crescimento são oncogenes, que foram pri- exagerada-
meiramente identilicados atraves de estudo de retrovirus que Uma terceira abordagem para a identificação de oncoge-
caLLsam câncer galinhas. Quando os retrovirLLs invadem
em nes deriva da (Jbservaçãt) comum de rearranjos cromossômi-
uma nova célula, eles podem transferir o oncogene para o cos, como translocações, em alguns tipos de celula; tumorais
genoma do novo hospedeiro, transformando a célula e ini- (Capítulo 6]. Um exemplo bem conhecido é o cromossomo
ciando o câncer. Philadelphia, em que uma translocação entre os cromos-
Uma série de produtos de genes queafeta o crescimento somos 9 e 22 fusiona proto-oncogene ABL ao gene BCR,
o

ou diferenciação das células foi identificada através do estu- promovendo um aumento da atividade de tirosina quinase,
22o x Capitulo 11 GENÉTICA MÉDICA
TABELA11-3
Exemplos de Oncogenes e seus Papéis no Câncer*
oncogene Função Tumor Associado
Bones de Fator de crescimento
HST Fator de crescimento de iioroblasto Carcinoma gástrico
SIS Suhunidade [3 do fator de crescimento derivado Glioma (tumor cerebral)
de plaqueta
X33 Fator de crescimento de iioroblasto Sarcoma de Kaposi
Bones dos Receptores de Fatores de crescimento
Receptor de tirosina quinase Neoplasia endocrina múltipla; carcinoma de
tireoide
EHBB Receptor do fator de crescimento epidemiico Glioblastonta (tumor cerebral) cancer de mama
E884 Receptor do hormônio tireoldiano Leucemia promieloclticaaguda
NEU (E8882) Receptor de proteina quinase Neuroblastoma, carcinoma de mama
Receptor de lirosina quinase Carcinoma papilar renal hereditária, rcinoma
hepatocelular
Receptor de tirosina quinase Sindrome do tumor estromal gastrointestinal
Bones de Transdução de Sinal
HRAS GTPase Carcinoma de colon, pulmão, pâncreas
KHAS GTPase Melanoma, câncer de tireoicle, leucemia
monociti aguda, rcinoma de cólon
NRAS GTPase Melanoma
BMF Serlnaitreonina quinase Melanoma maligno, câncer de cólon
ABL Protelna quinase Leucemia mieloide crüni, leucemia Iiniocltica
aguda
CDM' Diclina dependente de quinase Melanoma maligno
Bones :le Fator de Transcrição
NMYG Protelna que se liga ao DNA Neuroblastoma, rcinoma de pulmão
MYB Protelna que se liga ao DNA Melanoma maligno, linfoma, leucemia
F05 interage com oncogene JUN para regular Dsteosserconle
a transcrição

'Para exemplos adicionais, consulte Crocs CM: (imagenes and cancer. N Eng! J llfed 2MB; 358 (5) 582-5l i.
*SDK-t FUI ME¡ e HEfsão prole-campeoes em que as nmmçñes germirlalfvaspodem dar origem a smdmmesde câncer hereditária.

cmginando a leucemia mieloide cnonica. Outra rranslocaçao, Os retrovíms são pazes de inserir oncogenes nc
t(15,.17) (q22,.q11_2.12J, e vista na leucemia promiclocftica DNA de uma célula receptora, transfonnando-a
aguda (APL) provocando a fusão de dois genus: o gcnc' do em uma célula que originam tumores. O estudo de
receptor alfa do ácido retinoico (RARa) no cromossomo 17 transmissão de retrovíms tem identificado uma série
e o gene da leucemia promielocitica (PML) no cromossomo de oncogenes específicos!! transfeoção de oncogenes
15. O produto de fusão (PML-RARoj interfere na capacidade de células tumorais às células normais pode causar a
normal da proteína RARa de induzir a diferenciação terminal transformação das células normais_ Alguns onoogenes
das células rnieloides. (Curiosamente, o ácido retinoico já era foram identificados quando os reananjos específicos
utilizadocomo agtntc: terapêutico para a APL.) O produto da do material crcmossñmico foram associados a certos
fusão também prejudica a funçao da proteina PML, que atua tipos de câncer. Corno estas translocações alteraram
como um supressor tumoral, contribuindo para iniciar a apop- genes vitais para o controle do crescimento celular, as
tosc das celulas danilicadas. regiões de tais rearranjos podem ser investigadas para
idenüticar novos oncogenes.
identificação de oncogenes atunentou consideravelmente
A
nossa compreensão sobre algumas causas de câncer. Além djs-

so, oncogenes proporcionam alvos importantes para a terapia


os

contra o câncer por causa de seu papel fundamental na carci-


nogênese. Por exemplo, o oncogene ERBBQ, mencionado ante-
rionnente_, também conhecido como HÊRQÍNÊU, é amplilicadtr
em aproximadamente 20% a 30% dos carcinomas invasivos de
mama. Esta amplificação, que pode ser identificada por bibri-
dação in situ fluorescente (FISH) ou liibridação comparativa de
genomas baseada em arrays (array-CGH) (Capítulo 6), está asso-
ciada ao cãncer agressivo. 0 produto proteico do HERfNEU e
L[l'l1 receptor do fator de crescimento localizado na superfície das
células de câncer de mama. A identificação dos oncogenes e seus
produtos contribuíram para o desenvolvimento de um medica-
mento, trastuzumabe, que se liga ao produto gênica amplificado,
efetivamente regulando negativamente e ajudando a tratar este
tipo de câncer da mama. Alguns medicamentos similares foram
desenvolvidos para combater os efeitos da regulação positiva do
oncogene ABL na leucemia mieloide crônica, da regulação posi-
tiva do gene do reoeptor do fator de crescimento epidénnict) no
câncer de pulmão de células não pequenas e em vários outros.

Genes Envolvldos no Reparo do DNA, Integridade


cromossõmlca e Tumorlgênese
As células tumorais geralmente são caracterizadas por muta-
ções generalizadas,quebras cromossõmicas e aneuploi dia. Esta
condição, chamada de instabilidadegenômica, contribui para
a tumorigênese, porque as mutações e defeitos cromossômicos

podem ativar oncogenes ou desativar genes supressores tLun o-


rais. A instabilidadegenômica pode ocorrer devido a defeitos
nas proteínas necessárias para a divisão celular acurada ou em
proteinas responsáveis pelo reparo do DNA. Pode também
estar associada a liipometilação do DNA, uma caracteristica
comum de muitos tumores. Estes defeitos são, por sua vez, o
resultado de mutações. Às vezes, estas mutações são herdadas,
resultando em síndromes relativamente raras de câncer here-
ditãrio [Tabela l I
222 x Capituio 11 GENÉTICA MÉDICA
alternativas para a identificação destes genes supressores tu-
morais foram necessárias. Entre essas abordagens, a primeira
e mais comum é o mapa de ligação (Capitulo 8), em famílias

com câncer hereditãrio, nas quais o segmento cromossômico

carrega uma mutação que causa câncer e pode ser identiliicado


por ligação com marcadores polimórlicos. Esta abordagem tem
sido usada para identificar as mutações que causam as fonnas
hereditárias de câncer de mama e cólon [discutido mais tarde).
A segunda abordagem se aproveita das Frequentes perdas
cromossômicas associadas aos genes supressores tumorais re-
velados. Como já Foi descrito, mutações herdadas em genes
supressores de tLunor normalmente resultam em pessoas hetero-
zigotas para a mutação em todas as suas células (primeiro even-
to, first bit). No entanto, a mutação em um gene supressor de
tLunor é um alelo recessivo ao nivel celular: existem dois even-
tos (two-bits), resultando na perda de ambas as copias normais
do gene supressor de tumor. Muitas vezes, um alelo mutante
herdado é identificado em celulas tumorais por uma deleção de
parte ou de todas as outras cópias do cromossomo homólogo
que carrega o alelo normal. Portanto, a observação de que um
segmento cromossômico especifico foi deletado em Lu11 tumor
sugere um mapa de localização para a mutação herdada.
As regiões do cromossomo deletadas em tumores podem
ser identificadas por meio da análise de uma série de marcado-

res polimórticos proximamente ligados nesta região, tais como


os STRs, detenninando-se quais marcadores são heterozigotos

no DNA constitucional do paciente e tornaram-se homozigo-

tos no DNA tLunoral (i. e., quais marcadores teriam perdido


um alelo no processo de tumorigênese). Esta perda da hete-
rozigosidade no DNA do tumor indica que o gene supressor
d.e tumor normal, assim como os marcadores poiimórlicos que
o rodeiam, toi perdido, deixando apenas a cópia anormal do

gene supressor de tumor (Fig. l l -6,- Fig. l l


Genérica do Câncer ,f 223

A ligação Translocações Isolamento Mutações em


proporciona mapelam de genes pacientes
::localização regiões e: 1 candidatos envolvem o gene
Inicial megabase dentro da região da doença NF1
FIGURA 11-7
Loiização do gene NF1 no cromossomo ifq envolveu a análise de ligação e a identiiição de dois pontos de quebra na translocaçao que interrompeu o gene da
doença. Os genes ndidatos foram isolados a partir desta região e testados para mutações em pacientes com NF1 e em controles nonnais.

quadro de como a herança de uma mutação em um alelo NF1 tor de transcrição, a p53 ajuda a regLI.lar dezenas de genes que
poderia contribuir para o desenvolvimento: dos neurolibromas afetam o crescimento celular, proliferação e sobrevivência- Por
e manchas calé-com-leite [cafE-rzu-luít). A expressão reduzida exemplo, a p53 se liga ao promotor de CDKNiÀ, cujo produto
do gene NF1 permite o aumento da atividade de RAS e pen-ni- proteico, pl l é um inibidorde CDK que bloqueia a inativaçãt)
,

te que a célula não se diierencie e continue seu crescimento. da CDK4 do pRb (Fig. l l -Sl isso interrompe o ciclo celular na
A perda do alelo normal remanescente em alguma; células fase Gl antes que a replicação do DNA ocorra na Fase S. A in-
,

(p. ex-, células de Schwann) estimula o crescimento descon- terrupção: do ciclo celular antes da Fase S lomece tempo para o
trolado. A descoberta do gene NF1 levou ã identificação de reparo do DNA danificado. Se o DNA da célula é severamente
um supressor de tumor-chave que ajuda a regular o processo danificado, a p53 pode, altemativamente, induzir a morte ce-
fundamental de transdução de sinal. lular programada (apoptose). Esta resposta é mais provável se
a via da pRb para a parada do ciclo celular não estiver intacta.

O gene responsável pela NF1 foi mapeado no Sem a possibilidade de parada do ciclo celular para reparar o
cromossomo 17o mediante ligação em famílias e dano, a proteína p53 "escolhe" a morte celular por meio da in-
identificado por meio de translocações e mutações teração com os genes envolvidos nas Vias de apoptose (p. ex.,
de ponto em pacientes. O sequenciamento do DNA PTEN, BAX). Desta forma, a p53 previne a proliferação de Luna
do gene previu um produto proteico com um domínio célula anormal, potencialmente carcinogênica.
relacionado à GAP, e um papel semelhante na Quando o TPSB solTe mutação, as células com DNA danifi-
cado podem escapar tanto da reparação quanto da destruição,
regulação negativa da proteína de transdução de sinal e a continuada replicação do DNA danificado pode levar ã
RAS foi confirmado por experimentos bioquímicos.
liomtação de tumor. Para que isso aconteça, outros compo-
nentes de controle do ciclo celular também devem estar com-
0 gene n°53 prometidos. Por exemplo, vários virus de DNA causadores de
As mutações somáticas no gene T1353 são encontradas em mais tLunor, como o vírus do papiloma humano, que é responsável
da metade de todos os tumores humanos, fazendo dele o gene pela maioria dos casos de câncer cervical, inativam tanto pRb
de câncer mais comumente alterado. As mutações somáticas quanto p53_ isso produz células que não podem nem reparar
no gene TP53 são vistas, por exemplo, em aproximadamente seu DNA nem submeter-se a apoptose em resposta ao dano,
70% dos tumores colorretais, bem como em 40% dos tumores levando em alguns casos ao câncer.
de mama e 60% dos tumores de pulmão. Cerca de 80% a 90% Substâncias carcinogênicas podem induzir mutações espe-
das mutações no gene TP53 estão concentradas na porção do cílicas no gene TPSJ. A ingestão dietética da aflatoxina 3,, que
gene que codificar o dominio de ligação ao DNA, impedindo a pode causar câncer de Fígado, está associada a uma mutação
proteína p53 de ligar-se ao DNA de outros genes. que produz uma substituição de arginina para serina na posi-
Como o RBr e o NF!, o TPSB atua como um gene supressor ção 249 da proteina p53. A exposição ao benzopireno, um po-
de tumor. Seu produto proteico, p5 3, aumenta em quantidade tente agente mutagênico e cancerigeno encontrado na fumaça
em resposta ao dano celular (p- ex., quebras na dupla fita do do cigarro, leva a alterações de pares de bases específica¡ no
DNA causadas por radiação ionizante). Agindo como um fa- gene T1353 em tumores de pulmão. isso demonstra uma ligação
224 / Capítulo 11 GENÉTICA MÉDICA
molecular direta entre tabagismo e câncer de pulmão. Assim, madamente duplica se Lun parente de primeiro grau é afetado.
a análise do tipo de mutação no TPSB cibsenrada em um tumor Além disso, uma pequena Fração dos casos de câncer de cólon
pode Fornecer pistas sobre a identidade do agente cancerígeno. é herdada como síndromes autossõmicas dominantes. As duas
Embora mutações no TP53 que causam tLnnores tenham sido síndromes mais importantes dessas são discutidas a seguir.
observadas principalmente em células somãticas, mutações ger- A polipose adenomatosa Familiar (FAP), também chamada
minativas no gene T1353 são responsáveis por uma condição l'1e- polipose adenomatosa do cólon (APC), é caracterizada pelo
reditária de câncer conhecido como a síndrome de Li-Framneni aparecimento de numerosos adenomas ou pólipos do cólon na
(LPS). Esta síndrome rara é transmitida de Fonna autossômica segunda ou terceira década de vida. Adenomas do cólon são
dominante e envolve carcinomas de mama e cólon_, sareomas entendidos como os precursores imediatos para o câncer color-
de tecidos moles, osteossarcomas, tumores cerebrais, leucemia e retal. Os múltiplos adenomas no paciente com FAP, portanto,
carcinomas adrenooorticais. Estes tLunorres geralmente se desen- apresentam um risco grave de malignidade precoce. Conside-
volvem em idades precoces, nos membros de Famílias com LPS, e rando que a detecção precoce e a remoção de pólipos ade-
múltiplos tumores primários são comumente vistos em uma pes- nomatosos podem reduzir signilicativamente a ocorrência de
soa aFetada A demonstração de consistentes mutações em TP53 câncer, é importante compreender o gene causador e seu papel
no DNA de pacientes com LPS conFirmou o papel causador deste no desenvolvimento de põlipos (Comentário Clinico l 1- I l.

gene. Como no retinoblastoma, a herança de um gene TP53 mu- O gene responsável pela FAP Foi localizado no braço longo
tante aumenta expressivamente a suscetibilidade da pessoa para do cromossomo 5, por análise de ligação em Familias. A desco-
a transformação subsequente das células e posterior desenvolvi- berta de pequenas deleções sobrepostas em dois pacientes, sem
mento do tumor quando Luna celula perde a outra cópia nonnal parentesco, promoveram a chave para o isolamento do gene
do gene 71353 (modelo de dois eventos, tivo-bit). Entre os membros causador da doença, denominado APC. Entre os genes presen-
de Familias com LFS que herdaram um gene TP53 anonnal, apro- tes na região de 100 kb, que estavam deletados em ambos os pa-
ximadamente 50% desenvolvem câncer invasivo aos 30 anos de cientes, um mostrou mutações aparentes em outros pacientes.
idade e mais de 90% desenvolvem câncer invasivo aos 70 anos. Esta mutação Foi observada em LllTl paciente, mas não em seus
Mutações no gene T1353 são responsáveis por aproximada- pais não afetados, confinnandt) a identificação do gene APC.
mente 7596 dos casos de LES. Alguns dos casos restantes são re- Como RB! e T1353, ÀPC é um gene supressor de tLunor e
sultados de mutações em outro gene supressor tLunoral, CHEKz. ambas as cópias do APC devem ser inativadas em uma célula
Este gene codifica uma quinase que nonnalmente FosForila p53 para início da progressão do tumor. As pessoas que herdam
em resposta ã radiação ionizante, resultando no acúmulo e ativa- Luna mutação no gene ÂPC tipicamente experimentam muta-

ção de p5 3. Mutações com perda de Função da CHEK: resultam ções com perda de Função somática em centenas de suas ce-
na Falta de ativação da p5 3, causando LFS através da via da p53. lulas epiteliais do cólon, dando origem a múltiplos adenomas.
O gene TP53 é clinicamente importante em pelo menos Em alguns casos, a perda da Função de APC: ocorre devido ã
duas maneiras. Primeiro, a presença de mutações no gene hipermetilação da região promotora do gene APC, o que resul-
TPSB em tumores, particulannente os de mama e cólon, Fre- ta na transcrição reduzida (Capitulo 5)- (À liipermetilação tem
quentemente sinaliza um câncer mais agressivo, com perspec- sido (Jbservada na inativação de diversos genes supressores de
tivas de sobrevivência relativamente pobres. É, portanto, um tumor e de reparo do DNA, incluindo aqueles associados a
indicador útil do prognóstico. Em segundo lugar, TP53 pode retinoblastoma [RBil, câncer de mama [ERC/Ml, câncer co-
revelar-se importante na prevenção do tLunor. Experimentos loiretal hereditário sem polipose [IVlLH1], melanoma maligno
em laboratórios mostram que a inserção de um gene T1353 nor- [CDKNEÀ] e doença de von Hippel-Lindau[BVSD
mal em células de tumor pode induzir ã regressão do tumor, A identificação do gene APC tem sido importante no diag-
pela indução das células cancerosm; anormais ã apoptose. lsto nóstico e tratamento do câncer de cólon em Familiar; com FAP
levou a protocolos de terapia gênica (Capítulo 13), em que as (Ícomentãrio Clinico Il-l)- Além disso, e talvez ainda mais
cópias nonnais do gene TP53 são inseridas em tumores em um importante, as mutações do APC são encontradas em 85% de
esforço para eliminar as células tumorais. todos os casos de câncer de cólon esporãdicos não lierdados.
As mutações somáticas em APC (i. c., aquelas que desativam
as duas cópias do gene em uma célula epitelial do cólon] es-
Mutações somáticas do gene ?P53 são encontradas tão entre as primeiras alterações que dão origem ao câncer de
na maioria dos tumores. Este gene codifica uma
proteína que pode induzir tanto a parada do ciclo cólon. Entretanto, as mutações do APC por si só não são suFi-
celular quanto a apoptose, em resposta ao DNA cientes para completar a progressão para doença metastãtica.
danificado. Mutações no gene TP53 herdadas podem Como mostra a Figura I 1-8, outros genes também podem estar
causar síndrome de Li-Fraumeni.
alterados. Por exemplo, mutações com ganho de Função são
vistas no gene KRÀS em aproximadamente 50% dos tumores
de cólon. Este gene codilica uma molécula de transdução de
D Gene da Pullpase Adenomatosa Famlllar, APC sinal, portanto uma mutação com ganho de Função poten-
O câncer de cólon aFeta aproximadamente Lll11 em cada 20 ame- cializa a sinalização e, assim, aLunenta a proliferação celular.
ricanos e, como a maioria dos tumores malignos comuns, é mais Mutações com perda de Função no gene TP53 também são
provável de ocorrer em pessoas com história Familiar positiva. observadas em mais de 50% dos tumores de cólon e geral-
O risco de um individuo desenvolver câncer de cólon aproxi- mente oconem relativamente tarde no desenvolvimento desse
Genefica do Câncer / 225

0 cancer colorretal será diagnosticado em cerca de um em cada 20 america- membros da familia, pois um resultado positivo alerta para a necessidade
ncs. Atualmente, a taxa de modalidade para este cancer e de cerca de um de uma vigilânciafrequente e possível cclectomia.
terço- Fatores genéticos e ambientais, como a gordura da dieta e a fibra, são A FAP e relativamente rara, afetando apenas cerca de um em 10.000
cometidos por influenciara pmbabilidadede ocorrência de cancer colorretal. a um em 20.000 pessoas e representa menos de 1% dos casos de câncer
Como indicado no texto, a polipose adenomatosafamiliar(FAP),tambem de cólon. 0 significado mais amplo do gene APC deriva do fato de que
chamada polipose adenomatosa do cólon (APC), e um subtipo autossõmico mutações scmaticas neste gene são vistas em aproximadamente 85% de
dominante de câncer de cólon que se caracterizapor um grande número de todos os cânceres de cólon. Alem disso, as mutações em APC normal-
pólipos adenomatosos. Estes pólipos geralmente se desenvolvem durante a mente ocorrem no inicio do desenvolvimento de malignidades colorretais.
segunda decada de vida em centenas ou mais polipos (a polipose e definida Uma melhor compreensão do produto do gene APC, como ele interage com
como a presença de > 100 põliposl. A penetrãnoia da FAP e praticamente outras proteinas e como ele interage com fatores ambientais, como dieta,
100%. mutações germinativas no gene APC são consistentemente identifi- pode fornecer pistas importantes para a prevenção e tratamento do câncer
cadas nos familiaresafetados com FAP, e, aproximadamente, um terço dos de cólon. Desta fomia, o mapeamento e a clonagem de um gene respon-
casos resulta de mutações novas no APC. Mais de ?O0 diferentes mutações sãvel por uma sindrome relativamente rara podem ter implicações clínicas
do gene APC tem sido relatadas, a maioria das quais são mutações non- diversas.
sense ou mutações com mudanças no codigo de leitura (frameshiiij. Como O tratamento para o câncer colorretal geralmente envolve a ressecção
estas mutações produzem um produto proteico truncado, um teste para cirúrgica do cólon e a quimioterapia. No entanto, como o carcinoma color-
proteina truncada pode ser usado para ajudar a detenninar se a pessoa retal e geralmente precedido pelo aparecimento de pólipos benignos, e um
em risco apresenta uma mutação APC herdada. (Conforme discutido no dos tipos de tumor de melhor prevenção. 0 National Polip Strudy Workgroup
Capitulo 3, este teste envolve a produção in vitro e analise de um produto estima que a remoção colonoscõpica dos põlipos pode reduzir a incidência
proteico do gene de interesse.) Atualmente, e mais comum a utilização de nacional do cãncer de cólon em ate 90%. A importancia da intervenção
testes baseados no DNA, incluindo o sequenoiamento direto, para identificar precoce e tratamento sustenta a necessidade de compreender os eventos
as mutações em APC. Estes testes diagnósticos, que pennitem identificar iniciais do cãncer colorretal, como mutações somáticas no gene APC.
mutações em cerca de 80% dos casos de FAP, são importantes para os Uma colonoscopia anual e recomendada na segunda decada de vida
para aqueles que herdaram uma mutação em APC, porque os pólipos geral-
mente começam a aparecer nestas pessoas a partir dos 12 anos de idade.
Os pólipos do trato gastrointestinal superior são vistos em 90% dos pacien-
tes com FAP aos 70 anos. Assim, a endoscopia do trato gastrointestinal
superior e recomendada a cada 1 a 2 anos, a partir das idades de 20 a
25 anos. A colectomia e muitas vezes necessaria aos 20 anos de idade
porque a FAP classica resulta em centenas a milhares de pólipos. Hã evi-
dências de que o uso de anti-inflamatórios não estemides provem algum
grau de regressão do pólipo. Pessoas com FAP têm riscos aumentados de
desenvolver outros tumores, incluindo o câncer gástrico (c. 1% no risco du-
rante a vida), adenocarcinoma duodenal (5%-10% no risco durante a vida),
hepatoblastoma(risco de 1%) e cancer de tireoide.
mutações no gene APCtambem podem produzir uma sindrome relacio-
nada, denominada polipose adenomatasa familiaratenuada. Essa sindrome
difere da FAP, pois os pacientes tem menos de 100 pólipos (geralmente
10-20). A maioria das mutações que produzem este tipo de FAP esta locali-
zada nas regiões 5” ou 3' do gene APC.
Uma parte de um cólon removido de um paciente com polipose adenoma- A RAP também pode resultar de mutações recessivas em MUTYH, um
tosa familiar (FAP), ilustrando um grande número de pólipos adenomatnsos gene que oodifica uma proteina de reparo do DNA Estas mutações são esti-
cobrindo c cólon. Cada um desses tumores benignos tem o potencial para madas em cercada 30% dos casosdeFAP atenuadaecertadeiüiita20%
se tornar um tumor maligno. dos casos clássicos de FAP em que uma mutação APC não e detectada.

câncer. Normalmente, a p53 seria ativada em resposta a muta- dação da B-catenina, uma molécula-chave na via de transdução
ções, como asdos genes APC e KRAS, levando ao reparo do de sinal Wet. Entre outras Funções, esta via está envolvida na
DNA ou apoptose. Uma célula sem atividade de p5 3 está livre ativação do Fator de transcrição MYC. Ao reduzir os níveis de
para continuar o caminho para a malignidade, pois seu DNA B-catenina, a APC atenua os sinais que levam à proliferação
está danificado. Outro gene supressor trnnoral, SMAD-t, parece celular. Exame de carcinomas de cólon sem mutações no gene
também estar mutado no desenvolvimento do câncer do cólon- APC revelou que algumas delas têm mutações com ganho de
Assim, pelo menos sete mutações são necessárias para produzir Função no gene B-catenina, confirmando assim o potencial pa-
um tr.u11or do cólon (duas em cada um dos três genes supres- pel etiológico desse gene no câncer de cólon. Acredita-se que
sores tumorais, bem como uma mutação com ganho de função mutações no gene APC afetam as propriedades de adesão célu-
dominante em KRAS ou outro gene de transdução de sinal). la-célula e célula-matriz (isto e' importante porque a alteração
Estudos extensivos têm revelado, pelo menos, três Fomias de do controle de adesão celular permite que as células invadam
atuação da proteina APC como um supressor tumoral. Talvez outros tecidos e promovam metástase para outros sítios). Nova-
o mais importante é que ele participa da losforilação e degra- mente, esta atividade é mediada pela B-catenina, que interage
225 I Capitulo 11 GENÉTICA MÉDICA

cromossomo 5q

Alteração Perda

Geno APC

Hlpometllação
do DNA

Cau!” k¡
Células epiteliais
jgtígg* do cólon
,
mais comum nestes tumores esporádicos é a hipermetilação do
gene .MLHi, resultando na sua inativação.
Uma comparação entre FAPHNPCC revela diferenças
e
interessantes na maneira como cada sindrome evolui para o
câncer de cólon- Na FAP, Luna mutação APC herdada resulta
em centenas de põlipos¡ cada um tem uma probabilidade re-
lativamente baixa de ocorrência de todas as outras alterações
genéticas necessárias para progressão do câncer metastático.
Entretanto, como o número de pólipos é grande, há uma alta
probabilidade[quase 100%) de que pelo menos um deles pro-
duza um tumor maligno na idade aproximada de 45 anos. No
HNPCC, o número de pólipos e' muito menor (portanto, o
termo sem lJolípose). mas, devido a relativa Falta de reparo do
DNA, cada pólipo tem Luna alta probabilidadede experimen-
tar as múltiplasalterações necessárias para o desenvolvimento
do tumor. Consequentemente, a idade média de aparecimento
do câncer de cólon em HNPCC é semelhante ao da FAP.

O HNPCC é uma forma hereditária de câncer eolorretal


que é causada por mutações em qualquer um dos seis
genes envolvidos no reparo de em) de pareamento do
DNA. Este representa um exemplo de uma síndrome
de câncer associada à instabilidadede microssatélites.

Câncer de Mama Heredltárln


A prevalência do câncer dx: mama, durante a vida, nas mulheres
é de um em oito, e o risco de uma mulher desenvolver câncer
de mama dobra se LlIT1 parente de primeiro grau é afetado. Dois
genes, BRCA! e BRCAE, têm sido identificados como os prin-
cipais contribuintes para o câncer da mama hereditário. Esta
seção aborda três questões críticas a respeito destes genes: Que
porcentagem dos casos de câncer de mama é resultado de muta-
ções BRCA! e BRCM? Entre aquelas que herdam Luna mutação,
qual é o risco de desenvolver câncer? Como é que mutações
nestes genes contribuem para a suscetibilidadeao câncer?
Estudos populacionais mostram que apenas Luna pequena
percentagem de todos os tumores de mama _
cerca de 1%
a 3% _
pode ser atribuida a mutações herdadas nos genes
BRCAJ ou BRCAQ. Entre as mulheres com câncer de mama
que também têm uma história Familiar positiva para a doença,
o percentual com mutações herdadas em qualquer destes ge-

nes aumenta para aproximadamente 20%. Entre as mulheres


aFetadas que tenham uma história Familiar positiva de câncer
de mama e de cwário, 60% a 80% herdaram uma mutação em
BRCAJ ou BRCAJ. Mutações herdadas nesses genes são mais _f ATM _f
comuns entre as mulheres com câncer de mama precoce e en-
tre aqueles com câncer de mama bilateral.
Mulheres que herdam Luna mutação no gene BRCA! apre-
sentam risco durante a vida de 50% a 8096 de desenvolver cân-
cer de mama, o risco durante a vida para aquelas que herdam
uma mutação no gene BR CA: é ligeiramente menor, com média
de aproximadamente 50%- Mutações em BRCA! também au-
mentam o risco de câncer de ovário entre as mulheres [risco de
2096-5096 durante a vida] e, nos homens, conFerem um risco
moderadamente aumentado de câncer de próstata e de cólon.
223 f Capitulo 11 GENÉTICA MÉDICA
Como todos os genes ilustrados na Figura I 1-9 estão envol- como resultado do aumento da exposição à radjação ultravioleta-
vidos em uma via de reparo de DNA, é possivel prever que mu- Atualmente, é Lun dos cânceres mais comuns, com 54.000 novos
tações em outros genes além do BRCA¡ ou BRCAz podem ievar casos por ano. O risco de desenvolver melanoma duplica quando
a defeitos de reparo do DNA, e ao câncer. Este é certamente o um parente de primeiro grau é afetado. O risco aumenta ainda
caso. Como já discutido, as mutações no CHEK: podem causar mais, cerca de 6,5 vezes, quando o parente de primeiro grau é afe-
LFS. Mutações no gene ATM podem causar ataxia-teiangiectasia tado antes dos 50 anos de idade. Estima-se que certa de 5% a 10%
(Capítulo 3), uma doença autossômica recessiva que envolve ins- dos casos de melanoma oconam sob formas familiaresherdadas.
tabilidadegenômica extensa, ataxia cerebelar, vasos dilatadosnos A análise de ligação familiar, estudos de perda de heterozi-
olhos e na pele (telangiectasias) e os cânceres de origem princi- gosidade em células tumorais de melanoma e clonagem posi-
palmente linfoide. Outra sindrome autossômica recessiva com cional levaram à identificação do gene CDKNQÀ como causa
instabilidadecromossômica, a anemia de Fanconi, pode ser cau- duo melanoma familiar. Estima-se que as mutações nesse gene
sada pela herança de duas cópias de uma mutação em BRFAz. estão envolvidas em 10% a 40% dos casos de melanoma fa-
Embora mutações em ERC-Vit e BRCA: sejam as causas mais miliar. O CDKNzA codifica duas proteinas diferentes, sendo
comuns conhecidas de câncer de mama familiar, esta doença ambas importantes componentes do ciclo celular. A primeira
também pode ser causada por mutações herdadas ern vários ou- proteína, pló, é inibidor de quinase dependente de ciclina que
tros genes supressores tumorais(p. ex., os genes CHEKz e TPSB, interage negativamente com uma quinase dependente de ci-
previamente discutidos). Mutações genninativas de um gene su- clina [CDK-i), que fosforila e regula negativamente a proteina
pressor de tumor chamado PTEN são responsáveis pela doença pRb (Fig. 1 I -5). Como a pRb age como um freio sobre o ciclo
de Cowden, que é caracterizadapor múltiplos tumores benignos celular, a sua regulação negativa pela CDK-i, promove a pro-
e Luna maior suscetibilidadeao câncer de mama.O risco de cân- gressão do ciclo celular, podendo levar à proliferação celular.
cer de mama entre os portadores heterozigotos de mutações no Ao regular negativamente a CDK4, a proteina pl6 age como
gene ATDA é aproximadamente o drobrc) da população em geral. um freio a jusante do ciclo celular. Quando a atividade de p l 6 é
Estima-se que os principais genes do câncer da mama_, perdida através de mutações com perda de função da CDKNQÀ,
como BRCAi, BRCAz, PTEN e CHEIO, representem menos de a atividade de CDK-i aLunenta, levando à proliferação celular-
25% da predisposição hereditária geral ao câncer de mama. lsso pode provocar melanomas. A segunda proteína codificada
Provavelmente existem outros genes envolvidos no desenvol- pelo CDKNzA, pl4, liga-se a MDM!, inibindo-a. A proteina
vimento do câncer de mama, mas os seus efeitos individuais no MDMZ, como mostrada na Figura 11-5, liga-se à p53, degra-
risco de câncer são considerados relativamente pequenos. Es- dando-a. Assim, ao inibir a MDMI, a pl 4 aumenta a expressão
tudos de associação genômica em larga escala (Capítulo 8] já de p5 3. Como discutido anteriormente, a expressão do pS 3 é
identificaram diversas variantes genéticas herdadas adicionais necessária para deter o ciclo celular para reparar o DN A em res-
que contribuem para um pequeno aumento no risco de câncer posta ao dano celular e pode induzir células danificadas a morte
de mama. Por exemplo, uma variação no gene que codifica o por apoptose. Urna perda de atividade da pl 4 leva a Luna perda
receptor 2 do fator de crescimento de fibroblastos (FCFRQ) de atividade da p53 e isso também pode produzir melanoma.
aumenta o risco de câncer de mama em cerca de 25%. Mutações herdadas no gene que codilica CDK4 também
A maioria dos estudos indica que o curso clínico do câncer de podem resultar em melanoma familiar. Estas mutações com ga-
mama entre pacientes com mutações em BRCÀ! ou BRCWÁLJ não nho de função convertem a quinase dependente de ciclina de
é substancialmente diferente daquele de outms pacientes com um proto-oncogene a um oncogene ativado. Ô CDK4 ativado
câncer de mama. No entanto, o aLu11ento substancial no risco de regula negativamente a pRb, resuitando novamente em uma
câncer de (Jváñt) [que tem uma alta taxa de mortalidade e de di- falta de controle do ciclo celular e fomiação do tumor. Õ me-
ficil detecção precoce] levou à recomendação de que mulheres lanoma e' Lun exemplo de que o mesmo tipo de tumor pode re-
que tenham completado a idade fértil sejam submetidas a uma sultar tanto da ativação de um proto-oncogene (CDK-i) quanto
ooforectomia profilática. lsso reduz o risco de câncer de ovário da perda de um gene supressor de tumor (FDKN2A).
em cerca de 90% e reduz o risco de câncer de mama em cerca de O CDKNQÀ desempenha uma fLmção não só no melanoma
50%. A mastectcimia profiláticabilateral, uma opção escolhida familiar, mas também na maioria dos melanomas esporádicos, em
por alguns portadores de mutações nos genes BRCM e BRCAL?, que mutações somáticas com perda de fLuição deste gene levam
reduz o risco de câncer de mama em aproximadamente 90%. à inativação da proteína supressora de tumor pl 6. Cerca de 50%
dos melanomas esporádicos contêm deleções somáticas de (TDK-
Mutações em BRO.4? e BHCAZ são responsáveis NzÀ, e mutações pontuais com perda de fLmção são vistas em
por uma pamela significativa dos casos de câncer outnos 9% dos tumores. A hipermetilação da região promotora,
de mama hereditária, especialmente os de início que regula negativamente o gene, é observada em [U4] a
precoce. Essas mutações normalmente resultam em
um pmduto proteico truncado e perda de função. Os
produtos proteicos destes genes desempenham um
papel importante no reparo do DNA
melanoma Familiar
A incidênciado melanoma tem aLunentado oerca de 20 vezes nos
Estados Unidos durante os últimos 70 anos, em grande parte,
Genérica do Câncer ,f 229

detransdução de sinal da RÀS. Além disso, um dos genes NAS, meterem a teste genético para mutações no gene REI porque
NRAS_ está mutado em 15% a 30% dos melanomas esporádjcos. 1% a 7% destes pacientes apresentam mutações genninativas
em RET, e_, deste modo, trata-se de MTC familiar em vez de es-
O melanoma familiarpode ser causado por mutações porádico. A tireoidectomia profilática antes dos 6 anos de idade
com perda de função no gene supressor de tumor é recomendada para crianças que herdam Luna mutação causado-
CDKNZA ou por mutações com ganho de função no ra da doença (tireoidectomia antes dos 3 anos pode ser indicada
proto-oncogene CDK4. Ambas as mutações resultam para os tumores MENIB mais agressivos)-
em perda de controle do ciclo celular pelas vias pRb e
Alterações somãticas no gene NET podem produzir carci-
p53. Mutações somátiças de CDKNZA e de BRAFsão nomas papilares da tireoide, o tipo mais comum de tLunor de
vistas na maioria dos melanomas esporádicos. tireoide. A prevalência deste tumor aLunentou consideravel-
mente entre as pessoas que foram expostas à chuva radioati-
0 Prato-oncogene RETe a Neoplasla Endócrlna Múltipla va do acidente com o reator nuclear de Chernobil (Capitulo
O proto-oncogeneRE identilicadtziinicialmente: por Lmi ensaio 3). Nessas pessoas, 60% dos carcinomas papilares da tireoide
de transfecção [rearranjado durante a transfecção¡ ver discussão contêm alterações RET somãticas.
anterior), codifica um receptor tirosina quinase, que inclui um O gene R17- fornece um exemplo de heterogeneidade alélica
dominio de receptor extracelular, um dominio transmembrana extraordinária. Mutações com perda de função nesse gene produ-
e um dominio intracelulartirosina quinase. A proteína RET está zem defeitos no desenvolvimento embrionário do intestino, en-
envolvida na migração de células da crista neural embrionária quanto mutações com ganho de função resultam em um aumento
(Capitulo i0) e normalmente é ativada por um complexo cons- na transduçãt: de sinal e várias fonnas de neoplasia endóerina.
tituído por fator neurorrófico derivado de linhagem de célula Este exemplo ilus1ra a ligação fundamental entre o desenvolvi-
glial (CDNF, de _olival-denied nnirotrofdnicfactor) e LIITI co-receptor mento normal e câncer: ambos envolvem uma regulação genética
denominado C-FRot. A proteína RIT interage com várias vias de de crescimento e diferenciação celular finamente ajustada.
transdisção de sinais, incluindo a bem conhecida via da RAS.
Mutações herdadas com perda de função no gene RET po- Mutações oorn perda de função no proto-onoogene
dem desencadear a doença de Hirschspnmg (ausência de cé- BET podem produzir a doença de Hirschspmng, um
lulas nervosas entéricas, resultando em constipação crônica e distúrbio do desenvolvimento embrionário. Mulações
distensão intestinal grave). Mutações com ganho de função genninativas com ganho de função no mesmo gene
no mesmo gene resultam em excesso de atividade da tirosina podem levar a qualquer um dos três diferentes tipos
quinase e transdução de sinal aumentada, levando finalmente de neoplasia endócrina múltipla hereditária. Alterações
ã proliferação celular e, dependendo do tipo e localização da somáticas no REI' podem produzir carcinoma papilar da
mutação, a qualquer uma das três fonrias da neoplasia endó- tireoide não hereditário.
crina múltipla tipo 2 autossômica dominante (MEN), multiple
mdocrim neoplasia type 2): (l) MENZA, que responde por 80% Muitos outros genes responsáveis por diversas síndromes
dos casos MEN 2, é caracterizadapor carcinoma medular de ti- de câncer hereditário foram identilicados. Estes incluem, por
reoide (MTC, medullrzrjr tlvjrroíd carcinomas] em quase 100% dos exemplo, os genes que causam neurofibromatose tipo 2, sin-
pacientes, hiperplasia da paratireoide em 30% dos pacientes e drome de von Hippel-Lindaue sindrome de Beclcwith-Wie-
feocromocitoma (um tumor suprarrenal] em 50% dos pacien- demann (Tabela ll-l). Com a atual geração de recursos ge-
tes. Mais de 98% dos casos MENIA são causados por mutações nômicos, incluindo a sequência completa do DNA humano, é
míssense que afetam residuais de cisteina no dominio extracelular razoável esperar a identificação de outros genes responsáveis.
do gene RET. (2) MENIB é semelhante ao MENZA, mas não
apresenta hiperplasia da paratireoide e inclui múltiplos neuro- A HERANÇA GENÉTICA E IMPORTANTEEM TUMORES
mas mucosas e uma aparência marfanoide- Quase todas as mu- MALIGNDS COMUNS?
tações da MENIB são do tipo missmse, que afetam o dominio O termo "câncer comum" é frequentemente utilizado para de-
tirosina quinase do gene RET_ A MENEB representa cerca de signar os tipos de câncer, como os carcinomas da mama, cólon e
5% dos casos de MENQ e e' a fonna mais agressiva da MENZ. próstata, que não são geralmente parte de uma sindrome de cân-
(3) Uma sindrome consistindo apenas em MTC familiar pode cer hereditário (p. ex., sindrome de Li-Frattmeni ou polipose ade-
ser causada por mutações em ambos os dominios extiacelulares nomatosa familiar). Lembre-se que mutações gemiinativas em ge-
e tirosina quinase do gene RET_ nes como BRUM ou APC, embora muito importantes em auxiliar
O gene REF é um dos poucos proto-oncogenes cujas mu- a nossa compreensão da base da carcinogênese, são responsáveis

tações podem causar síndromes de câncer hereditãrio (outros por apenas uma pequena proporção dos casos de câncer de mama
exemplos na Tabela Ii-Sil.: A identificação das mutações res- ou de cólon. No entanto, estes tumores atingem vários membros

ponsáveis por cada uma dessas síndromes de câncer hereditãrio da mesma família- Nonnalmente, a presença de um parente de
forneceu um meio preciso de diagnóstico precoce. Pacientes pri meiro grau afetado aumenta o risco de desenvolvimento de
com MTC aparentemente esporãdico são orientados a se sub- um câncer comum em duas ou mais vezes. É provável que outros

genes, bem como fatores não genéticos que são compartilhados


em familias, contribuam para este aumento do risco familiar (ver
“Úurra forma herdada de neoplasia endóerina múltipla, MENI, é caracterizada
por tumores da paratireoide, hipóiise anterior e pâncreas. rN-ÍENI é causada por
Capitulo i2 para Luna discussão mais aprofundada desses fatores
mutações geiminativas nos genes que codificam n tumor menin. genéticos e não genéticos em cânceres comuns).
230 / Capitulo 11 GENÉTICA MÉDICA
É provável
que existam muitos alelos predisponentes ao animais, bem como a aplicação crescente de estudos de as-
câncer comum, cada um com um efeito relativamente peque- sociação genômica em larga escala, continuará a descobrir
no sobre o risco de câncer em geral (um exemplo foi dado novos alelos predisponentes ao câncer. O teste mais crítico

por um alelo do gene FCP-Hz no câncer da mama). Como será determinar se há mutações Funcionais em um gene sus-
iremos identificar estes alelos de risco relativamente baixo peito de estar envolvido no desenvolvimento do câncer en-
na população? Uma maneira, talvez, poderia ser exploran- tre pacientes oncológicos. A identificação de tais mutações
do novas abordagens de mapeamento genético que identifi- e a caracterização dos genes em que estas mutações ocorrem

cam genes envolvidos em vias celulares que levam ao câncer. podem levar à criação de novas Ferramentas de diagnóstico e
Cada um destes torna-se um gene candidato que poderia terapêuticas, que, em última instância, irão amenizar o sohi-
conferir uma predisposição ao câncer. O uso de modelos mento no câncer.

Questões para Estudo

1 O lócus da GsPD está localizado no cromossomo


.
entre aqueles que bcrdam uma cópia mutante do gene
X. Estudos dos alelos CGPD em células tumorais de RB!?
mulheres mostram que todas as células do tumor 3. Compare e difereneie oneogenes e genes supressores
geralmente expressam o mesmo alelo único GsPD, tumorais. De que modo as características dessas
embora as mulheres sejam heterozigotas no lócus classes de genes causadores de câncer afetaram nossa
GsPD. O que esta constatação implica sobre a origem
das celulas tumorais?
capacidade de detecta-los?
4. Membros de famílias com sindrome de Li-Fraumeni
2. Se supusermos que a taxa de mutação somática
quase sempre desenvolvem tumores dos 65 aos 70
no lócus RB: é de três mutações por milhão de
anos de idade, porém portadores da mutação não
celulas e que existe uma população de 2 milhões
necessariamente desenvolvem o mesmo tipo de
de :etinoblastos por indivíduo, qual é a Frequência
tumor (p. ex. um tem câncer de mama, e outro tem
esperada de retinoblastomaesporãdíco na população? ,

câncer de cólon). Explique.


Qual é o número esperado de tumores por indivíduo

Leituras Sugerldas
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,o
-
1-.

:t
OENÇAS u NS

Os capítulos anteriores se concentraram em doenças causadas segundo focus também tem dois alelos: B [falto] e f: (baixo),
basicamente por mutações em genes isolados ou por anormali - eeles afetam a estatura da mesma forma que os alelos A e cz.
dades de cTomossomos isolados. Houve um grande progresso Teremos então nove genótipos possiveis em nossa popula-
na identificação de mutações específicas que causam doenças, ção: rmbfr. 11:13h, acaBB, Áabb, AaBlJ, ÁuBB, iljibb, ibiBlJ e flABB.
o que melhorou as estimativas de risco e, em alguns casos, Uma vez que um indivíduo pode ter zero, um, dois, três ou
tornou o tratamento mais efetivo. Entretanto, essas condições quatro alelos "altos", temos agora cinco fenótipos distintos
formam apenas uma pequena parte da carga total de doen- (Fig. 12-13). Embora a distribuição de estatura em nossa po-
ças genéticas humanas. A maior parte dessa carga é composta pulação não seja ainda normal, ela chega mais perto dessa
de malformações congênitas e de doenças comuns do adulto, distribuição normal que no caso de um gene isolado.
como câncer, doença cardíaca e diabetes. Embora esses qua- Agora estenderemos nosso exemplo de modo que muitos
dros não sejam resultantes de mutações de genes isolados ou genes e fatores ambientais inHuenciem a estatura_, cada um
de anomialidades cromossômicas, eles possuem componentes exercendo um efeito leve. Teremos então muitos fenótipos
genéticos significativos, pois são o resultado de urna atuação possíveis, cada um diferindo levemente do outro, e a distri-
complexa e interligada de \vãrios fatores genéticos e ambien- buição de estatura estará próxima ã do formato de uma curva
tais. Por causa do significado das doenças comuns nos cuida- convexa, mostrada na Figura 12- 1 C.
dos de saúde, é vital que se compreenda os meios pelos quais Deve-se enfatizar que os genes individuais envolvidos em
os genes contribuem para causá-las. uma característica multifatorial, como a estatura, seguem os

princípios mendelianos de segregação e classificação, da


de
PRlNClPlÚS DÁ HERÀNÇÀ MULTlFÂTÚHlÀL mesma forma que os outros genes. A única diferença e que
0 Modelo Básico muitos deles atuam juntos para influenciar a caracteristica.
As características com base nas quais as variações supostamen- A pressão arterial é outro exemplo de uma característica
te são causadas pelos efeitos combinadosde vários genes são multifatorial. Existe uma correlação entre as pressões arteriais
chamadas de poligênicas ("m uitos gent:s"). Quando se acredita dos pais ijsistcílica e diastólica) e as dos filhos, com evidên-
que fatores ambientais também causam variação na caracte- cia satisfatória de que essa correlação se deve, em parte_. a ge-
n'stica, o que geralmente ocorre, usa-se o tenno multifato- nes. Mas a pressão arterial também é 'nfluenciada por fatores
rial. fVluitas características quantitativas (aquelas que, como ambientais, como a dieta e o estresse. Um dos objetivos da
a pressão arterial, são medidas em escala numérica contínua) pesquisa genética é a identificação dos genes responsáveis por
são multifatoriais. Por serem causadas pelos efeitos aditivos caracteristicas multifattziriais, como a pressão arterial_, e das in-
de muitos fatores genéticos e ambientais, essas caracteristicas terações desses genes com os fatores do meio ambiente.
tendem a acompanhar uma distribuição normal, ou em forma-
to convexo, população.
na Acredita-se que muitas caracteristicas sejam
Vamos usar um exemplo para ilLu-¡trar esse conceito. Toman- influenciadaspor genes mú tiplos, assim como
do-se como referência o caso mais simples, vamos supor (de por fatores ambientais. Essas características
modo não realista] que a estatura seja determinada por um único são chamadas de muttifatoriais. Quando podem
gene com dois alelos, Á e o.. O alelo  tende a formar pessoas ser medidos em escala contínua, elas seguem,
altas e o alelo a tende a fomiar pessoas de baixa estatura. Se não frequentemente, uma distribuição normal.
houver dominância nesse locus, os três genótipos possiveis: AA,
Â:: e .na, produzirãc) três fenótipos: alto, intermediário e baixo. O Modelo Limiar
Vamos assumir que as frequências dos genes de ii e de n sejam de Várias doenças não seguem a distribuição normal. Em vez disso,
0,50 cada. Se montarmos urna população de indivíduos, obser- parece que elas estão presentes ou ausentes nos individuos. Con-
varemos a distribuição de estatura mostrada na Figura 12- 1 A. tudo, essas doenças não acompanham os padrões esperados das
Agora suponhamos, de modo um pouco mais realista, que doenças de gene único. Uma explicação nonnalmente usada é a
a estatura seja determinada por dois foci em vez de um só. O de que existe uma distribuição de suscetibilidade(ou de Iisco)
232 r' Capitulo 12 GENÉTICA MÉDICA
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aa Aa AA
Genótlpos
A Baixo Alto Baixo Alto
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aabb aaBb aaBB AaBB AABB


Aabb AaBb AABb
Mbb
Genótlpos
B Baixo Alto Baixo Alto
Probabilidade
'O FIGURA 12-2
s: Distribuição de probabilidadespara uma doença multilatorial em uma
3
n. população_ Para ser afetada pela doença, a pessoa precisa exoeder o limiar
a nessa distribuição. Essa tigura mostra dois limiares, um baixo para homens e
as
E
um mais alto para mulheres [como no caso da estenose do piloro).
.E
U
«E3 Urna doença que corresponde a esse modelo de limiar é a
S
IL
estenose do piloto, uma doença que se manifesta logu- após o
nascimento e que é causada por estreitamento ou obstntção do
piloro, a área entre o estômago e o intestino. vômito crônico,
C Baixo Alto constipação, perda de peso e desequilíbriode eletrõlitos são ma-
HGURA 12-1 nifestações do quadm, o qual_, às vezes, se resolve espontanea-
A. Distribuição da estatura em uma população, assumindo-se que o controle mente ou é corrigido por cirurgia. A prevalência da estenose do
seia leito por um locus únioo com os genótipos AA, Aee aa. B. Distribuição piloro entre os caucasianos é de aproximadamentetrês em 1.000
de estatura, assumindo-se que o controle seja feito por dois lool'. Agora temos nascidos vivos, e é muito mais oomum nos homens que nas mu-
cinco iendtipos distintos em vez de tres, e a distribuição oomem a parecer
mais normal. c. Distribuição da estatua, assumindo-se que fatores múltiplos, lheres, afetando um em 200 homens e Luna em 1.000 mulheres.
cada um eom efeito pequeno, contribuam para o caracteristica(o modelo Acredita-se que essa diferença na prevalência reflita dois limia-
multiiatorial). res na distribuição de probabilidades: um limiar mais baixo nos
homens e outro mais alto nas mulheres (Fig. 12-2). Um limiar
para doenças em uma população (Fig. 12-2). As pessoas
essas masculino mais baixo significa que menos fatores causadores de
posicionadas na extremidade baixa da distribuição têm pouca doenças são exigidos para gerar a doença nos homens.
Chance de desenvolver a doença em questão (ou seja, elas têm Ó conceito de limiar de risco poderia explicar o padrão de
poucos alelos ou fatores ambientais que eausariam a doença). riscos de recorrência de estenose do piloro entre irmãos, mos-
Aqueles mais próximos à extremidade alta da distribuição terão trado na Tabela 12-1. Observe que os homens, com limiar mais
mais genes causadores da doença e mais fatores ambientais e, baixo, sempre apresentam risco mais alto que as mulheres. En-
portanto, maior probabilidade de desenvolver a doença. Para tretanto, o risco de reconêneia também depende do sexo do
doenças multifattrriais que podem estar presentes ou ausentes, probando. Quando ele é feminino, esse risco é mais alto que
acredita-se que um limiar de risco deva ser cruzado antes que quando ele é masculino. lsso reflete o conceito de que as mu-
a doença se manifeste. Abaixo desse limiar, a pessoa parecerá lheres com limiar mais alto de risco devem ser expostas a mais
normal, acima dele, a pessoa estará afetada pela doença. fatores causadores de doença que os homens para desenvolver
Herança llrlullllalorlal E Doenças Comuns l 2.33

TABELA12-1 Falia espinha bífida), pé torto (tulipas) e algumas lonnas de


e
Riscos de Reconência (%) para Estenose do Piloro, Subdivi- doença cardíaca congênita.
didos por Sexo dos Probandos e dos Parentes Atetados'
Parentes Probandos Masculiroe Probandos Femirinos O modelo de limiar se aplica a muitas doenças
multitatoriais. Ele assume que existe uma distribuição
Londres Belfast Londres Betha! de risco subjacente em uma população e que um
Irmãos 3,8 9,6 9,2 12,5 limiar nessa distribuição deve ser obrigatoriamente
Irmãs 2,7 3,0 3,8 3,8 ultrapassado para que a doença se manifeste.
me que os riscos alterem ligeiramente entre as duas populações. HÍSBUS de Recorrêncla E PBIÍTÕBS de 'liansmlssãn
(Adaptado oie Carter C0: Helvetica of common singlemalformatfons. Br Med Bull
ltl?6;32:21-26__l Enquanto os riscos de recorrência podem ser dados com con-
ñança para doenças de genes isolados (50% para uma doença
autossômica dominante de penetrância completa, 25% para
a doença- Por isso, uma família com uma mulher afetada deve doenças autossômicas recessivas, e assim por diante), a esti-
ter mais fatores cle risco genético e ambiental,provoeandx) ris- mativa de risco é mais complexa para doenças multifatoriais.
co de recorrência mais alto para estenose do piloro em proles Isso porque geralmente não se conhece o número de genes
futuras. Nessa situação, poderiamos esperar que a categoria de
que contribuem para a doença nem a constituição precisa dos
risco mais alto seria a de parentes masculinos de probandxisfemi- alelos dos pais, e a extensão dos eleitos ambientais pode variar
nínos¡ a Tabela 12-1 mostra que isso de Fato.
e' o que ocorre substancialmente. Para a maioria das doenças multifatoriais,
Várias outras malformações congênitas são¡ consideradas foram deduzidos os chamados riscos empíricos (ou seja, ris-
como correspondendo a esse modelo e incluem: Fenda labial cos baseados na observação direta de dados). Para se estimar
ou fenda palatina isoladas', defeitos do tubo neural (anence-
os riscos empíricos, examina-se um grande número de lami-

lias, no qual uma criança (o probando) desenvolveu a doença.


"Neste contexto, o tenno “isolada” significa que essa é a única caracteristica Os parentes de cada probando são examinados para se cal-
observada da doença (ou seja, a característica não 'laz parte de Lrma
constelação mais ampla de achados. como ::come com a Fenda labial nu cular a porcentagem que também desenvolveu a doença- Por
palatina secundária à trissomia l 3]'. exemplo, na América do Norte, os defeitos do tubo neural são

Os defeitos do tubo neural (NTDs, de neural tube defectsj incluem anence-


falia, espinha biñda e encefalocele, assim como varias outras formas menos
comuns, e representam uma das classes mais importantes de defeitos ao
nascimento, oom prevalência em recem-nascidos de 1 a 3 para cada 1.000
bebes. Existe variação considerável na prevalência de NTDs entre as varias
populações, com índice especialmente elevado entre algumas populações
do norte da China [de ate B em cada 1 .O00 nascimentos). Por motivos ainda
não completamente entendidos, a prevalência desses defeitos vem dimi-
nuindo em muitas partes dos EUA e da Europa nas últimasduas décadas.
Normalmente, o tubo neural se fecha por volta de quarta semana de
gestação_ Um defeito nesse fechamento ou a reabertura subsequente do
tubo neural resulta em um NTD. O defeito de tubo neural mais frequen-
temente observado e a espinha bífida, que consiste em uma protrusão de
tecido espinal atraves da coluna vertebral (o tecido geralmente inclui me-
ninges, medula espinal e raizes dos nervos). Cerca de 75% dos pacientes
com espinha bífida apresenta hidrocefalia secundária que, as vezes, produz
retardo mental. A paralisia ou a fraqueza muscular, a falta de controle dos
esfincteres e o pe torto também são observados com frequencia. Um estudo
conduzido na Colúmbia Britânica mostrou que as taxas de sobrevivencia
para pacientes portadores de espinha bífida aumentaram dramaticamente
nas últimasdécadas. lvlenos de 30% dessas crianças nascidas entre 1952
e 1969 sobreviveram até os 10 anos de idade, mas 65% daquelas nascidas
entre 1970 e 1986 sobreviveram até essa idade.
A anencefalia caracteriza-se por ausencia parcial ou completa da abo-
bada craniana e do calvário e ausencia parcial ou completa dos hemisferios
cerebrais. Pelos menos dois terços das crianças anenoefalicassão naiimor- A
tos; os bebes a temio não sobrevivem mais que algumas horas ou dias_ A
enoefalocele consiste em uma protrusão do cerebro para o interior de uma Os grandes defeitos do tubo neural (NTDs). A. Lactente com espinha bífida
bolsa fechada, e a sobrevivênciae muito rara. aberta (meningomielocele).

Contínua
234 / Capitulo 12 GENÉTICA MÉDICA

ç*

Acredita-se que os defeitos do tubo neural resultem de uma combinação cepção tem menos probabilidade de gerar crianças com defeitos do tubo
de fatores genéticos e ambientais. Na maioria das populações pesquisadas neural. Esse resultado foi replicado em várias populações diferentes e já
até agora, os riscos de recorrãncia empíricos para irmãos de crianças afeta- esta devidamente confirmado. Estima-se que cerca de 50% a 70% dos
das variam de 2% a 5%. De acordo com o modelo multifatorial, o risco de defeitos do tubo neural podem ser evitados simplesmentepela ingestão de
recorrãncia aumenta com o aumento de irmãos afetados. Um estudo húnga- ácido fólico na dieta. [Os suplementos vitaminicos pré-natais tradicionais
ro mostrou que a prevalênciageral de NTDs naquelepais foi de um em cada não teriam efeito, pois sua administração geralmente não começa até bem
300 nascimentos e que os riscos da recorrância em imtãos era de 3%, 12% depois do momento de fechamento do tubo neural). Uma vez que as mães

cont Grades defeitos do tubo neural B. Feto com anencefalia. Observe as anormalidades das órbitas dos olhos e o defeito craniano. C. Um caso de
enoefalocele occipital.
(A e B cortesia de .lonas ld.: SmithsRecognizable Patterns of Human Malfomraüan, B” ed. Philadelphia:Saurrders, 2006, p 70a.
e 25% após uma, duas e três proles afetadas, respectivamente. Os riscos de provavelmente vão ingerir quantidades semelhantes de ácido fólico de uma
reoorrencia tendem a ser ligeiramente mais baixos em populações com ín- gestação para a outra. a deficiência de acidofólico poderia ser responsavel.
dices mais baixos de prevalência desses defeitos, como previsto pelo mode- pelo menos em parte, pelo risco elevado de recorrencia para NTDs.
lo mullifatonal. Os dados sobre risco de recorrância dão suporte à ideia de O acido fólico na dieta e um exemplo importante de um fator não
que as principais formas de NTDs são causadas por fatores semelhantes. genético que contribui para a associação familiarde uma doença. Entre-
Uma concepção anencefálica aumenta o risco de reoorrãncia para concep- tanto, e provavel que haja uma variação genética em resposta ao ácido
ções subsequentes de espinha bifida, e vice-versa fólico. que ajuda a explicar por que a maioria das mães com deficiencia
Geralmente. os defeitos do tubo neural podem ser diagnosticados no não gera crianças com NTDs e por que algumas mães que ingerem
pre-natal, às vezes por ultrassom e geralmente pela elevação do nivel da quantidades adequadas dessa substância geram. apesar disso, crianças
a-fetoproteína (AFP) no soro materno ou no liquido amniótico [Capítulo 13). com esses defeitos. Para tratar essa questão, os pesquisadores estão
Uma lesão de espinha bifida pode estar aberta ou fechada (ou seja, coberta testando associações entre NTDs e variantes em varios genes cujos pro-
por uma camada de pela). A espinha bifida aberta tem mais probabilidade dutos tp. ex.. metilenotetraidrofolato redutase] estão envolvidos no me-
de ser detectada por ensaios de AFR tabolismo do acido fólico (ver Comentario Clinico 15-6, no Capítulo 15.
Uma das mais importantes descobertas epidemiológicas à a de que para mais informações sobre a suplementação de ácido fólico e a pre-
as mães que complementam sua dieta com acido fólico à epoca da con- venção de NTDs).

observados em cerca de 2% a 3% dos irmãos de probandos as diferenças entre as populações de Londres e de Belfast na
com esse quadro (Comentário Clinico 12-1). Por isso, o risco Tabela 12-1). lsso acontece porque a frequência dos genes,
de recon-encia para pais que tenham tido um ñlho com o de- assim como os fatores ambientais,podem ser diferentes entre
feito do tubo neural é de 1% a 3%. Para quadros não letais ou as populações.
significativamentedebilitantes, como fenda labial e fenda pa-
latina, os riscos a.: recorrência também podem ser estimados
para a prole dos pais afetados. Uma vez que os fatores de risco
variam entre as doenças, os riscos de recorrência empíricos são
› Os riscos de recorrência empírica para doenças
mulüfamriajs 59 baseiam em @sumos de gmndes grupos
de famílias e São específicos para uma dada população-
espeeíficos para cada doença multifatorial.
Em contraste com a maioria das doenças monogênicas, os Às vezes, é dificil diferenciar doenças poligênicas ou multi-
riscos de recorrência para doenças multifatoriais podem mu- fatoriais das doenças de genes isolados com penetrância redu-
dar substancialmente de uma população para outra (observe zida ou expressão variável. São necessários grandes conjuntos
Herança Murtrfaroría! E Doenças Conwns .f 235

de dados e dados satisfatórios de histórico familiar para fazer ças multifatoriais. isso reflete o fato de que muitos fatores
essa distinção. Normalmente, são aplicados vários criterios genéticos e ambientais devem combinarpara produzir uma
para definir uma herança multifatorial_ caracteristica. Todos os fatores de risco necessários, pro-
0 O risco de reconíncia será mais alto se mais de um membro da família vavelmente, não estarão presentes em membros da família
menos intimamente relacionados.
for afetado. Por exemplo, o risco de recorrência em innãos de 0 Se a prevalência da doença em uma população for 'T' [que nana entre
um defeito do septo ventricular (DSV, um tipo de defeito
zero e um), o risco para prole e innãos de probanclos sera' de aproximada-
cardíaco congênito] é de 3% se Lun irmão for portador de
mente *ff lsso não é verdadeiro para caracteristicas monogê-
DSV, mas aumentarápara aproximadamente 10% se dois ir- nicas, pois seus riscos de recorrencia são independentes da
mãos tiverem sido afetados por esse defeito. Ao contrário, o
risco de recomenda para doenças monogênicas permanece
prevalência na população. Essa também não é uma regra ab-
soluta para características multifatoriais, mas muitas dessas
o mesmo, independente do número de irmãos afetados. Na

verdade, esse aumento não significa que o risco da família doenças realmente tendem a se comportar de acordo com
esse cálculo. O exame dos riscos apresentados na Tabela 12-
tenha mudado. Em vez disso, ele significa que agora temos
2 mostra que essas três doenças acompanham regularmente
mais informações sobre o risco real da família: pelo fato de
bem esse cálculo.
ter havido duas crianças afetadas, essa família está, prova-
velmente, posicionada mais alto na distribuição de risco do Os riscos para doenças multifatoriais, geralmente,
que uma família com apenas uma criança afetada. Em outras aumentam se mais membros da família forem
palavras, essa família tem mais fatores de risco (genéticos e afetados, se a doença apresentar manifestação mais
ou ambientais) e mais probabilidadede produzir Luna crian- intensa e se o probando afetado tor membro do sexo
ça afetada. menos comumente afetado. 0 risco de recorrência
0 Se a expressão da doença no firobandofor mais intensa, o risco de recor- diminui rapidamente com graus mais distantes de
rência sera' mais alto. Essa afirmativa é, de novo, coerente com parentesco. Em geral, o risco de recorrência para
o modelo de suscetibilidades,pois a expressão mais intensa irmãos é aproximadamente o mesmo que a raiz
indica que a pessoa afetada está na cauda extrema da distri- quadrada da prevalência da doença na população.
buição de risco (Fig. 1 2-2). Os parentes dessa Criançaestão,
portanto, em risco mais alto de herdar genes causadores de
doenças. Por exemplo, a ocorrência de fenda labial dou fen- Herança Multllalorlal versus Monogénlca
É importante esclarecer a diferença entre urna doença mul-
da palatina bilateral [dos dois lados) confere risco de recor-
rência mais alto aos membros da familia que a ocorrência
tifatorial e doença monogenica para a qual exista hete-
Luna

dessa fenda unilateral (de Lun lado só). rogeneidade de locus. No primeiro caso, a doença e' causada
0 Õ risco de recorrência sera' mais alto se o probando_for da sexo menos pela influênciasimultânea de múltiplos fatores genéticos e am-
frequentementeafetado (consulte a discussão anterior sobre este- bientais, cada um deles com efeito relativamente pequeno. Ao
nose do piloto). lsso porque um individuo afetado do sexo
contrário, a ocorrência de uma doença com heterogeneidade
de locus, como a osteogênese imperfeita, exige somente uma
menos suscetível está, em geral, na posição mais extrema na

distribuição de suscetilbilidade. mutação. Por causa da heterogeneidade do locus, uma única


0 O risco de recorrêncía para a doença diminui, en¡ geral, rapidamente mutação em qualquer um de dois loca' pode causar a doença,-
em parentes de relaçãofamiliarmais remota (Tabela 12-2). Embora
algumas pessoas afetadas possuem uma mutação enquanto ou-
o risco de recorrência para doenças monogênicas diminua
tras possuem a outra mutação.
em 50% em cada grau de parentesco (ou seja, uma doença
Em alguns casos, Luna caracteristica pode ser iniiuenciada
autossômica dominante tem risco de recorrência de 50%
pela combinaçãotanto de um gene isolado com grandes efeitos
como de Lu11 histórico multifatorial no qual genes complemen-
para a prole das pessoas afetadas, 25% para sobrinhos ou tares fatores ambientais exercem efeitos individuais pouco
e
sobrinhas, 12,5% para primos em primeiro grau, e assim por significativos (Fig. 12-3). imagine que a variação em estatura,
diante), ele diminui muito mais rapidamente para as doen-
por exemplo, seja causada por locus único (denominado gene
TABELA12-2
principal) e por um componente multifatorial. Os individuos
com genótipo AA tendem a ser mais altos, aqueles com genó-
Riscos de Reconência para Parentes de Pmbandos em
Primeiro, Segundo e Terceiro Graus tipo aa terão tendência à estatura mais baixa, e aqueles com
genótipo Aa tenderão à estatura intennediária. Entretanto, a
Doença Prevalência Grau da Paraibano variação adicional é causada por outros fatores (o componente
"a "°P""95° Pioneiro Segunda Taveiro multi fatorial). Por isso, aqueles com genótipo aa apresentarão
mm' Grau Grau amu variação de estatura entre i 30 cm a 170 cm, aqueles com o ge-
nótipo Aa terão estatura variando de 150 cm a 190 cm, e aque-
Fenda labial a' 0,001 0,04 0,007 0,003 les com o genótipo AA terão variação de estatura de I70cm
palatina a Zlücm. Observa-se Luna sobreposição substancial entre os
Pe torto 0,001 0,025 0,005 0,002 três genótipos principais, por causa da influênciado histórico
Deslocamento 0,002 0,005 0,006 0,004 multi fatorial. A distribuição total de estatura, em formato con-
oongênito do vexo, é causada pela superposição das três distribuições sobre
quadril cada genótipo.
235 f Capitulo i2 Gautama:: MÉDICA

135 cm 170 cm 205 cm


FIGURA 12-3
Distribuição de estatura, assumindo-se a presença de um gene importante
(genótipos AA, Aa e aa) combinado com um historico muitiiatorial. Esse
historico causa variação em estatura entre individuos de cada genótipo. Se
as distribuições de cada um dos tres genótipos fossem sonrepostas, então a
distribuição geral de estatura seria aproximadamente normal, oomo mostrado
na linha pontilhada_

Muitas das doenças que serão discutidas posteriormente po- FIGURA 12-4
dem ser causadas por um gene principal efou por herança multi- Gêmeas monozigotis mostrando similaridade impressionante na aparência
Fatorial. Ou seja, existem subconjuntos da população nos quais fisica. Ambas desenvolveram miopia na adolescência.
doenças como câncer de CÚIOH, câncer de mama ou doença
cardíaca são herdadas como doenças monogênicas (com varia- Nas seções a seguir, reveremos duas estratégias de pesquisa
ção adicional em suscetibilidadeã doença acrescida por outros Frequentemente usadas para estimar a inHuência relativa dos
Fatores genéticos e ambientais). Esses subconjuntos são, geral- genes e do meio ambiente: estudos com gêmeos e estudos de
mente, responsáveis por Luna pequena porcentagem do número adoção- Depois discutiremos os métodos que visam a delinear
total de casos de doença. Entretanto, é importante identificar os g enes individuais res p onsáveis or doen 'Ir'as multifatoriais.
os genes principais responsáveis, pois sua Função pode Fornecer
dicas importantes 'à fisiopatologia e ao tratamento da doença. Estudos com Gêmeos
Os nascimentos de gêmeos ocorrem na Frequência de cerca
As doenças multifatoriais podem ser diferenciadas de um em 100 nascimentos nas populações caucasianas, são
das doenças monogênicas causadas por
em !acidiferentes (heterogeneidade de iocus). mutaãíes ligeiramente mais comuns entre os ahicanos e menos comuns
entre os asiáticos. Os gêmeos monozigóticos [MZ ou idên-
vezes, uma doença tem componentes tanto de gene ticos] surgem quando o embrião em desenvolvimento se di-
único quanto muitifatoriais. vide para Formar dois embriões idênticos, porém separados.
Em virtude dessa identidade genética igual, os gêmeos MZ
NATUREZA E NUTRIÇÃO: ESOLAREOENDO OS EFEITOS são um exemplo de clones naturais. Sua aparência Física pode
DOS GENES E DO MEIO AMBIENTE ser surpreendentemente similar (Fig. 12-4)- Os gêmeos dizi-

Os membros de uma familiacompartilham genes e um ambien- góticas (DZ, ou Fraternos) são o resultado de uma ovulação
te comum. A semelhança de características na familia, como a dupla seguida da fertilização de cada ovócitt) por um esper-
pressão arterial, reflete essa existência de atributos comuns de matozoide diferente'. Por essa razão, os gêmeos DZ não são,
genética e de meio ambiente ("natureza" e "nutrição", respecti - em termos genéticos, mais semelhantes que os outros innãos.

vamente). Há séculos, as pessoas têm discutido a importância Uma vez que dois espermatozoides diferentes são necessários
relativa desses dois tipos de Fatores. É um erro, naturalmente, para Íertilizaros dois ovócitos, é possível que cada gêmeo DZ
considerã-los como mutuamente exclusivos. Poucas caracte- tenha Lun pai diferente-
risticas são influenciadassomente por genes ou pelo meio am- Uma vez que os gêmeos MZ são geneticamente idênticos,
biente. A maioria recebe a influência de ambos. quaisquer diferenças entre eles serão devidas apenas aos efei-
A determinação da infiuência relativa dos fatores genéticos tos do meio ambiente. Por isso, gêmeos MZ deverão ser muito
e ambientais pode levar ã melhor compreensão da etiologia parecidos quanto s; características fortemente inHuenciadas
da doença, além de ajudar no planejamento de estratégias de pelos genes. Os gêmeos DZ fornecem uma comparação con-
saúde pública. Uma doença com influência hereditária relati- veniente: suas diferenças ambientais deverão ser semelhantes
vamente pequena, como o câncer de pulmão, pode ser pre- àquelas dos gêmeos MZ, mas suas diferenças genéticas são tão
venida de modo muito eficaz enfatizando-se as alterações no
estilo de vida [evitar o tabagismo). Quando uma doença tem *Embora as taxas de geminação MZ sejam bem constantes nas populações.
as taxas de geminação DZ variam um pouco. A germinação DZ aumenta com
um componente hereditãrio relativamente significativo, como
a idade materna até cerca dos 4K] anos, após o que ela diminui. À frequência
o câncer de mama, deve-se enfatizar o exame do histórico Fa- de gerninação DZ aumentou dramaticamente nos países desenvolvidos nas
miliar, além das modificações no estilo de vida- duas últimas décadas por causa do uso de drogas indutoras da ovulação.
Herança Mottttatorial E Doenças Comuns .t 237

grandes quanto aquelas entre irmãos não gêmeos. Por isso, TABELA12-3
os estudos de gêmeos consistem, em geral, em comparações Índices de Concordânciaem Gêmeos para Características e
entre gêmeos MZ e DZ. Se os dois membros de um par de Doenças Selecionadas'
gêmeos compartilham uma característica (p. ex., Lima tenda lnrico da
labial), diz-se que eles são concordantes. Se não houver esse concordância
compartilhamento, eles serão discordantcs- Para uma caracte- caracteristica ou (iamos Gêmeos l-lnrdabilidada
ristica detenninada completamente por genes, os gêmeos MZ
deverão ser sempre concordantes e os gêmeos DZ poderão ser Doença MZ DZ
menos concordantes- Doença afetiva (bipolar) 0,79 0,24 > 1,0"
Como irmãos, os gêmeos DZ compartilham apenas 50%
Doença afetiva (unipolar) 0,54 0,19 0,70
de seu DNA, pois cada progenitor transmite metade de seu
DNA para cada prole. As taxas de concordância podem dife- Alcoolismo >0,60 <0,30 0,60
n'r entre pares de gêmeos DZ de sexos opostos e de gêmeos Autismo 0,92 0,0 > 1 ,0
DZ do mesmo sexo para algumas caracteristicas,como aquelas Pressão arterial (rliastclica)'" 0,58 0,27 0,62
que apresentam frequências diferentes em homens e mulheres. Pressão arterial (sistoli)"' 0,55 0,25 0,60
Para essas características, somente os pares de gêmeos DZ do
mesmo sexo deverão ser usados na comparação entre as taxas
Porcentagem de gordura 0,73 0,22 > 1,0

de concordância de MZ e DZ. corpo ral”


A estimativa de concordância não seria apropriada para ca- Índice de massa corporal” 0,95 0,53 0,84
racteristicas quantitativas, como pressão arterial ou estatura. Fenda labial l palatina 0,38 0,08 0,60
Aqui usa-se o coeiicicntc de correlação intraclasses. Esse valor Pe torto 0,32 0,03 0,58
estatístico varia entre -1,0 e +1 ,O e mede o grau de homoge-
neidade dle uma caracteristica em uma amostra de individuos. Dennatoglifos (contagem da 0,95 0,49 0,92
crista dos dedos)'"
Por exemplo, podemos querer avaliar o grau de similaridade
entre gêmeos para uma caracteristica como a estatura. As me-
Diabetes melito 0,45- 0,03- >1,0
0% 0,37
dições são obtidas em um grupo de gêmeos e os coeficientes
de correlação são estimados separadamente para a amostra MZ Diabetes melito (tipo 1) 0,35- 0,05- 0,60-0,80
e para a amostra DZ. Se uma característica tosse determinada
0,50 0,10
inteiramente por genes, poderiamos esperar um coeficiente de Diabetes melito (tipo 2) 0,70- 0,25- 030-1 ,0
correlação para pares MZ de 1,0 (ou seja, cada par de gêmeos 0,90 0,40
teria exatamente a mesma estatura). Um coeficiente de corre- Epilepsia (idiopatica) 0,69 0,14 >1,0
lação de 0,0 significaria que a similaridade entre gêmeos MZ 0,94 0,44 1 ,0
para a caracteristica em questão não é maior que o acaso- Uma
0,76 0,51 0,50
vez que gêmeos DZ compartilham metade de seu DNA, po-
deriamos esperar um coeficiente de correlação de DZ de 0,50 0,95 0,87 0,16
para uma característica determinada inteiramente por genes- Esclerose múltipla 0,28 0,03 0,50
infarto do miocárdio 0,39 0,26 0,26
Gêmeos monozigóticos (idênticos) são o resultado de (homens)
uma divagem precoce do embrião, enquanto os gêmeos infarto do miocárdio 0,44 0,14 0,60
dizigótims (fraternos) são o resultado da fertilização de (mulheres)
dois ovócitos por dois espermatozoides. A comparação
das taxas de concordânciae as correlações em gêmeos Esquizotrenia 0,47 0,12 0,70
MZ e DZ ajudam a estimar a extensão na qual uma Espinha nítida 0,72 0,33 0,78
característicaé influenciadapor genes. mas figuras foram compilados oie várias fontes e representam prtnoipalnrente,
populações dos EUA e da Europa.
A Tabela 12-3 mostra as taxas de concordância e os coefi- “Hora vez que se trata de caracteristicasquantitativas, são dados os coeficientes de
cientes de correlação para um detenninado número de carac- conotação, em vez dos indices de concordância.
“varasestimativasde sociabilidadeexreoem 7,0. Uma vez que e irrwossliei que
terísticas. As taxas de concordânciapara doenças contagiosas, › rms oa variância de um caracteristicaseja genericamente determinada, esses
como o sarampo, são bem similares em gêmeos MZ e DZ- lsso valores indicam que outros tatores, como aqueles compartilhados no meio ambien-
é esperado porque a maioria das doenças contagiosas não tem te, devem estar em ação.
a probabilidade de sofrer influênciaacentuada dos genes. Por DZ doigótibos; or: quociente de inteligencia; MZ: monozigotioos_
=

outro lado, as taxas de concordância para a esquizofrenia são


bem diferentes entre gêmeos MZ e DZ, indicando um compo- Às correlações e as taxas de concordância em gêmeos MZ
nente genético relativamente grande para essa doença. À cor- e DZ podem ser usadas para medir a herdabilidade de carac-

relação de MZ para dermatóglifos [impressões digitais), uma terísticas multifatoriais. Essencialmente, essa herdabilidadeé a
série de características determinadas quase que totalmente por porcentagem da variação da população em urna caracteristica
genes, está. próxima de 1,0. devida a genes (estatisticamente, é a proporção da variação
233 / Capítulo 12 GENÉTICA MÉDICA
total de uma característica que e causada por genes). Uma fór- LlIT1 compartilhado e um córion compartilhado. Além
ãmnio
mula simples para estimar a herdabilidade (h) a partir de corre- disso, mutações somáticas podem ocorrer durante as divisões
lações de gêmeos ou de taxas de concordância é a seguinte: mitóticas das células de embriões de gêmeos MZ após a ocor-
rência da clivagem. Por isso, os gêmeos MZ podem não ser
h z 2 (cruz Cuz)
_

tão "idênticos", especialmente se ocorreu mutação no início


do desenvolvimento de um dos gêmeos. Por fim, estudos re-
Onde cMz e a taxa de concordância (ou correlação intra-
centes indicam que os padrões de metilação, os quais podem
classes) para gêmeos MZ e en: é a taxa de concordância (ou influenciar a transcrição de genes especificos, se tornam mais
correlação intraclasses) para gêmeos DZ*. Como a fórmula diferentes em pares de gêmeos MZ à medida que envelhecem.
mostra, as caracteristicas amplamente determinadas por genes Essa dissimilaridade é maior quando os gêmeos adotam hábi-
resultam em uma estimativa de herdabilidadeque se aproxima tos e estilos de vida acentuadamentediferentes [p.ex., quando
de 1,0 (ou seja, CM¡ se aproxima de 1,0 e co¡ se aproxima de
Lurr deles e' fLunante e o outro não).
0,5 j. À medida que a diferença entre as taxas de concordância Entre os vários problemas com o método de gêmeos, o maior
de MZ e DZ se torna menor, a herdabilidade se aproxima de
grau de compartilhamentoambientalentre gêmeos MZ e', talvez,
zero. As taxas de correlação e de concordânciaem trutros tipos
o mais grave. Uma forma de contomar esse problema, pelo me-
de parentes (ou seja, entre pais e prole) também podem ser nos em parte, é estudar os gêmeos MZ que tenham sido criados
usadas para medir a herdabilidade. em ambientes diferentes. A concordância entre esses pares de
Assim como os riscos de recorrência, os valores de herda-
gêmeos deveria ser causada por símilaridades genéticas, em vez
bilidade são específicos para a população na qual eles são esti- de ambientais. Como se poderia esperar, não é fácil encontrar
mados. Entretanto, geralmente existe uma correlação de Luna esse tipo de par de gêmeos. Pesquisadores da Universidade de
população com uma outra quanto ã faixa geral de estimativas Minnesota, EUA, dedicaram-se muito a esses estudos e demons-
de herdabilidade da maioria das características (ou seja, a her- traram haver concordânciaacentuada entre gêmeos MZ criados
dabilidadede estatura e' quase sempre grande e a herdabilidade
separados, mesmo para muitas caracteristicas de comportamen-
de doenças eontagiosas e quase sempre baixa). lsso também to. Entretanto, esses estudos devem ser considerados com cau-
vale para riscos de recorrência empíricos- tela, pois os tamanhos de amostra são relativamente pequenos
e porque muitos desses pares de gêmeos tiveram pelo menos
As comparações entre taxas de correlações e de
concordânciaem gêmeos MZ e DZ permitem estimar algum contato entre si antes de serem submetidos ao estudo_
a herdabilidade, uma medida da proporção da Embora os estudos com gêmeos iomeçam
variação da população em uma doença que pode ser informações valiosas, eles também sofrem influência
atribuída aos genes. de certos vieses, o mais grave deles representado pela
maior similaridade ambientalentre gêmeos MZ que
Houve um tempo em que se acreditava que os gêmeos entre gêmeos DZ. Outros vieses incluem as mutações
pudessem fornecer um "laboratório natural" perfeito, no qual somáticas que poderiam afetar somente um gêmea MZ
fosse possível determinar as influências relativas da genética e as diferenças nos ambientesuterinos dos gêmeos.
e do meio ambiente- Entretanto, surgem várias dificuldades.
Uma das mais importantes e' a suposição de que os ambientes Estudos de adoção
de gêmeos MZ e DZ são iguais. Os gêmeos MZ são, com Os estudos de crianças adotadas também são usados para es-
frequência, tratados de modo mais similar que os DZ. O emi- timar a contribuição genética para uma caracteristica multifa-
nente geneticista l.. S. Penrose declarou, certa vez, como Luna toriai. A prole nascida de pais portadores de uma doença, mas
brincadeira, que se fôssemos estudar as roupas dos gêmeos, adotada por pais sem a doença pode ser estudada para se des-
poderiamos chegar ã conclusão de que as roupas eram bio- cobrir se há desenvolvimento da doença nessa prole. Em al-
logicamente herdadas. Uma similaridade maior no meio am- guns casos, essas pessoas adotadas desenvolvem a doença com
biente pode tornar gemeos MZ ainda mais concordantes para mais frequência que as crianças em uma população de controle
uma caracteristica, acunentando a influência aparente dos ge- de comparação (ou seja, crianças adotadas que nasceram de
nes. Alem disso, gêmeos MZ podem ter mais probabilidade
pais sem a doença). lsso nos fornece a evidência de que os
de buscar o mesmo tipo de ambiente, reforçando ainda mais
genes podem estar envolvidos no processo que caLLsa a doen-
a similaridade ambiental. Por outro lado, já foi sugerido que
ça, pois as crianças adotadas não compartilham um ambiente
alguns gêmeos MZ tendem a desenvolver diferenças de perso- com seLLs pais naturais afetados. Por exemplo, a esquizofrenia
nalidade ern uma tentativa de assegurar sua individualidade. é observada em 8% a 10% das crianças adotadas cujo pai (ou
Outra dificuldade é o fato de que os ambientes uterinos mãe] natural tinha a doença, enquanto é observada em apenas
de pares diferentes de gêmeos MZ podem ser mais ou menos 1% das crianças adotadas de pais não afetados.
similares, dependendo da existência, ou não, de dois âmnios Como ocorre com estudos de gêmeos, várias precauções
e dois córions, dois ãmnios e um córion compartilhado ou
devem ser tomadas na interpretação dos resultados de estu-
dos de adoção. Primeiro, as inHuências do ambiente pre-natal
“Essa fónnula representa uma das maneiras mais simples de se estimar a poderiam exercer efeitos duradouros em uma criança adotada.
herdabilidadc. Uma descrição de abordagem mais complexas e precisas pode
ser encontrada nas obras de Cavalli-Éforza e Bodmer [ HIFI] e de Neal: c
Segundo, as crianças são, "as vezes, adotadas vários anos após
Cardon M992) Citadas no final deste capítulo. o nascimento, assegurando que algunas inHuências não gené-
Herança Muirifaroriar E Doenças Comuns .f 239

ticas foram concedidas pelos pais naturais. Por fim, as agências Essas limitações, assim como aquelas resumidas para os
de adoção tentam, às vezes, combinaros pais adotivos com os estudos com gêmeos, destacam a necessidade de cuidado ao
pais naturais em tennos de atributos, como a situação socioc- basear as conclusões em estudos de gêmeos e de adoção. Es-
conômica. Todos esses fatores poderiam exagerar a influência sas abordagens não fornecem medidas definitivas do papel

aparente da herançabiológica. dos genes na doença multifatorial, nem podem identificar


Os estudos de adoção íomecem um segundo meio genes especificos responsáveis por uma doença. Ao contrá-
rio, eles fornecem uma indicação preliminar da extensão em
de estimar a influência de genes sobre as doenças
que a doença multifatorial pode ser influenciada por fatores
multifatoriais e consistem em comparar as taxas de
genéticos. Os métodos para a detecção direta dos genes as-
doenças entre crianças adotadas e nascidas de pais sociados a características multifatoriais estão resumidos no
afetados com as taxas entre as crianças adotadas
Quadro 12.1.
nascidas de pais não afetados. Como ocorre oom o
método para gêmeos, há vários vieses influenciando
esses estudos.

QUADRO 12-1
Descobertada Genas que Cormibuem para a Doença Multifatorial

Como mencionado no texto, estudos de gêmeos e de adoção não se marcador polimorfico em uma proporção maior que 50% (digamos
destinam a revelar genes específicos que causam doenças multifato- ?S36 das vezes), isso evidenciaria que o marcador estaria ligado a
riais. A identificação de genes causadores especificos é um objetivo um locus de suscetibilidade.Essa abordagem foi usada, por exemplo,
importante, pois só assim poderemos começar a compreender a para mostrar que os genes na região HLA contribuem para a susce-
biologia subjacente da doença e assumir a correção do defeito. Para tibilidadeao diabetes tipo 1.
caracteristicas multifatoriais complexa, essa é uma tarefa descomu- O método da analise de pares afetados em irmãos tem a vanta-
nal, por causa da heterogeneidade de locus, interação de genes múl- gem de não precisar assumir um modo específico de herança. Além
tiplos, penetrãncia reduzida, inicio dependente da idade e fenocó- disso, o método não é afetado por penetrancia reduzida, pois os
pias (pessoas portadoras de um fenótipo, como câncer de mama, dois membros do par de irmãos devem estar afetados para serem
mas que não carregam uma mutação reconhecidamente causadora incluidos na análise. É especialmente útil para doenças com inicio
da doença, como a alteração em BRCAÚ- Felizmente, avanços re- em idade avançada (p- ex., o câncer de próstata), para o qual se-
centes nomapeamento dos genes e na biologia molecular prome- ria dificil montar familiasde múltiplas gerações das quais amostras
tem tornar esse objetivo mais tangivel- Aqui, discutimos várias de DNA pudessem ser colhidas_ Uma desvantagem desse método,
abordagens usadas para identificar os genes subjacentes dos carac- porem, é a tendência em exigir grandes tamanhos de amostra para
teristicas multifatoriais. chegar a resultados significativos, além da tendência de baixa reso-
Uma maneira de procurar esses genes é Usar a analise conven- lução (ou seja, a região genômica implicadapela análise tende a ser
cional de ligação, conforme descrito no Capitulo 8. As familias bem grande, geralmente de 10 cm ou mais).
com a doença são selecionadas, assume-se um modo de herança As analises de pares de irmãos afetados podem, as vezes, Ficar
monogênico e a análise de ligação é feita com um grupo maior de mais potentes selecionando-se sujeitos com os valores extremos de
marcadores polimórficos espalhados o pelo genoma (esse proces- uma caracteristica(p- ex-, pares de irmãos com pressão arterial mui-
so é denominado varredura genômica). Se um escore LOD suti- to alta) para enriquecer a amostra para genes com probabilidadede
cientemente grande (Capítulo 8) for obtido com um polimorfismo, contribuir para a caracteristica- Uma variação dessa abordagem é
assume-se que a região ao redor desse polimorlismopoderia conter utilizarpares de irmãos altamente discondantes para uma caracteris-
um gene causador da doença. Às vezes essa abordagem é bem su- tica (p. ex-, um par com pressão arterial muito alta e o outro com a
cedida, especialmente quando ha subgrupos de famílias nos quais pressão arterial muito baixa] e então buscar marcadores nos quais o
um modo mendeliano de herança é observado (p. ex., autossõmico compartilhamentode alelos seja inferior aos 50% esperados.
dominante, autossõmico recessivo). Esse foi o caso, por exemplo, Testes de associação, como o desequilíbrio de ligação (Capítu-
do cãncer de mama familiar, em que algumas famílias apresentaram lo 8), também podem ser usados no curso de uma varredura ge-
um modo de herança autossômico dominante muito claro. nômica (são os estudos tipicamente denominados do genoma
Entretanto, na presença de muitas doenças multifatoriais, esses completo). Esses métodos se tornaram mais práticos depois que
subgrupos não estão prontamente visíveis. Em virtude de obstácu- o Projeto Genoma Humano desenvolveu conjuntos densos de
los como a heterogeneidade e as fenocópias, a análise tradicionalde marcadores polimórlicos [microssatélites e, mais recentemente,
ligação pode ser impraticãvel. Uma alternativa a essa análise tradi- polimorfismos de nucleotídeos únicos ou PNU. Hoje é comtun
cional é o método da análise de pares em irmãos (síb-pair arralysis). usarmos microamrys que possam estudar um milhão de SNPs em
A lógica dessa abordagem é simples: se dois irmãos são afetados por um grupo de casos e controles- Uma vez que as diferenças em
uma doença genética, podemos esperar maior compartilhamento frequência de variantes génicas causadoras de doenças podem ser
de alelos marcadores na região genômica que contem um gene de muito pequenas, centenas de casos e centenas de controles são
suscetibilidade-Para conduzir uma análise usando essa abordagem, sempre testados nesses estudos_ A probabilidadede descobrir ge-
começamos colhendo amostras de DNA de um grande número de nes causadores de doenças usando essas abordagens, assim como
pares de irmãos nos quais os dois membros do par são afetados pela os métodos de ligação tradicional e de análise de pares, pode ser
doença. A seguir, realiza-se uma varredura genômica e a propor- intensilicada analisando-se populações isoladas (p. ex-, popula-
ção de pares de irmãos afetados que compartilham o mesmo alelo ções que vivem em ilhas, como aquelas mencionadas no Capítulo
é estimada para cada polimorñsmo- Uma vez que os irmãos com- 3]- Uma vez que essas populações são derivadas tipicamente de
partilham metade de seus genes (Capitulo 4], poderíamos esperar um pequeno número de fundadores e sofreram pouca mistura com
uma proporção de 50% para polimorlismos de marcadores que não outras populações, acredita-se que o número de mutações contri-
estejam ligados ao locus de suscetibilidadea doença. Entretanto, se buindo para uma doença multifatorial pode ser reduzido e, por
descobrirmos que os irmãos compartilham o mesmo alelo para um isso, mais fácil de se encontrar.
Continua
240 x Capítulo i2 GENÉTICA MÉDICA

QUADRO 12-1
Descoberta de Genes que contribuem para a Doença Multifatorial -
Continuação

Normal Fenótlpo extremo

_r _^
Herança Nutricional E Doenças Comuns .f 241

A GENÉTICA DAS DOENÇAS COMUNS Também já foi demonstrado que os fatores ambientais são
Uma vez discutidos princípios da herança multifatorial,
os a causa de algumas malformações congênitas. Um exemplo é a

partimos agora para a discussão das próprias doenças multi- talidomida, um sedativo usado durante a gravidez no ínicio dos
fatoriais. Algumas delas, as malfomiações congênitas, estão, anos de 1960 (e recentemente reintroduzido para o tratamen-

por definição, presentes no nascimento. Outras, incluindo a to de quadros dermatológicos como a hanseníase). Quando
doença cardíaca, o câncer, diabetes e a maioria das doenças ingerida durante o inicio da gravidez, essa droga, geralmente,
psiquiátncas, são observadas, principalmente, em adolescen- causava focomelia [encurtamento significante dos membros).
tes e adultos. Por causa da sua complexidade, a elucidação da A exposição materna ao ácido retinoico, LLsado para o trata-
genética dessas doenças é uma tarefa assustadora. Nr) entanto, mento de acne, também pode causar defeitos do coração, da
houve um significativo progresso até o momento. orelha e do sistema nervoso central. A infecção materna por
rubéola pode caLLsar defeitos cardíacos congênitos. No Capi-
malformações congênitas tulo 15 são discutidos outros fatores ambientais que causam
Cerca de 2% dos recém-nascidos se apresenta com Lori quadro malfonnações congênitas.
de malformação congênita (ou seja, presente no nascimentoi),
a maioria desses quadros e' considerada multifatorial em tenrios malformações congênitas são vistas em quase
de etiologia. A Tabela 12-4 lista algumas das malformações um a cada 50 nascidos vivos, e a maioria delas é
congênitas mais comuns. Em geral, os riscos de recorrência em considerada doença mullifatorial. Genes específicos
irmãos variam de 1% a 5 96 para a maioria dessas doenças. e causas ambientaisforam detectados para algumas
Alguns casos de mal forrn ação congênita, como a fenda labial dessas malformações, mas as causas da maioria
efou palatina e a estenose do piloro, são relativamente fáceis delas continuam completamente desconhecidas.
de reparar e, por isso, não são considerados problemas graves.
Outros, como os defeitos do tubo neural, desencadeiam con- Doenças Multliatorials na População Adulta
sequências mais intensas. Embora alguns casos de malforma- Até recentemente, muito pouco se sabia a respeito de genes
ção congênita possam ocorrer na ausência de qualquer outro especificos responsáveis por doenças comuns dos adultos.
problema, é muito comum que esses casos estejam associados Com a ajuda de técnicas analíticas e laboratoriais mais podero-
a outras doenças. Por exemplo, a hidrocefalia e o pé torto são
sas, esse quadro está mudando- A seguir, reveremos o que tem
condições observadas, com frequência, após a confirmação de avançado na compreensão da genética das principais doenças
um quadro de espinha bifida¡ a fenda labial e/ou palatina é
comuns que afetam essa população. A Tabela 12-5 fornece os
vista com frequência em bebês portadores da trissomia I 3 e os
dados aproximados de prevalência dessas doenças nos EUA.
defeitos cardíacos congênitos são vistos em muitas síndromes,
incluindo a trissomia dos cromossomos 13, i8 e 21.
Também houve um considerável progresso no isolamento Doenças Cardiovasculares
Doença Cardíaca
de genes únicos que podem causar malformações congênitas. A doença cardíaca é a causa principal de morte no mundo,
Muitos deles, incluindo as familiasgênicas HOX, PAX e THX, sendo responsável por cerca de 25% de todos os óbitos nos
foram discutidos no Capítulo i0. Óutro exemplo é o proto- EUA. A causa mais comum da doença cardíaca é a doença
oncogene RET, responsável por alguns casos da doença de arterial coronariana (DAC), causada por aterosclerose (ou
Hirschsprung. Entretanto, as causas da maioria dos casos des- estreitamento das artérias coronárias devido ao depósito de
sa doença permanecem desconhecidas. Na verdade, a maioria
dos fatores genéticos que contribuem para as malformações
lipídios, também chamados cle lesões). Esse estreitamento im-
pede a chegada do fluxo sanguíneo ao coração e pode, por fim,
congênitas importantes (como os defeitos do tubo neural, os resultar em infarto do miocárdio (morte do tecido cardíaco,
defeitos cardíacos congênitos comuns e a fenda labial e/ou pa- causada por suprimento inadequado de oxigênio). Quando a
latina) continua não identificada. aterosclerose ocorre em artérias que fornecem sangue ao cé-
TfiBELA12-4 rebro, o resultado poderá ser um derrame. Vários fatores de
Índices de Prevalência de Malformações congênitas risco para DAC já foram identificados, incluindo obesidade,
Comuns em Pessoas de Descendência Eumpéia tabagismo, hipertensão, nivel elevado de colesterol e histórico
familiar positiva (geralmente definida como a existência de
Doença Prevalência Aproximada por um ou mais parentes de primeiro grau afetados)- Muitos es-
Mil Nascimentos tudos já investigaram o papel do histórico familiar na DAC e
Fenda Iabialípalatina 1,0 mostram que urna pessoa com histórico familiar positiva tem,

Pe torto 1,0 pelo menos, duas vezes mais probabilidadede sofrer a doença
que outra pessoa sem esse histórico. Em geral, esses estudos
Defeitos rdlaeos congênitas 4,0 8,0
-

também mostram que o nsco será mais alto se houver mais


Hidroceialia 0,5 2,5
-

parentes afetados, se o parente afetado for do sexo feminino


Fenda palatina isolada 0,4 (em geral, o sexo menos afetado), e não do masculino, e se a
Defeitos do tubo neural 1,0 3,0
-
doença teve início no parente afetado antes dos 55 anos. Por
exemplo, um estudo mostrou que homens entre 20 e 39 anos
Estenose do piloro 3,0
apresentavam três vezes mais risco de DAC se tivessem um
242 r' Capitoio i2 GENÉTICA iirEorcA
TABELA12-5 Comentário Clinico 12-2). As mutações no gene que codiFica
Dados de Prevalência e de Custos Anuais para Doenças a apoliproteina B, observadas em cerca de uma em cada 1.000
Comuns dos Adultos pessoas, são outra caLLsa genética comum de colesterol LDL
elevado. Essas mutações ocorrem na porção do gene respon-
É N.° de pessoas cum sável pela ligação da apoliproteína B ao receptor de LDL e
afetadas nos EUA Anual (css
aumentam os niveis de colesterol LDL em circulação de 50%
(aproximação) bilhõesr a 100%. Mais de uma dúzia de outros genes envolvidos no
Alcoolismo 14 milhões 185 metabolismo e transporte dos lipídios já Foram identificados,
Doença de Almeimer
Artrite
Asma
Cancer
4 milhões
43 milhões
1? milhões
-ÀGULD CJHÉ incluindo os genes que codiiicam várias apoliproteinas (que
são componentes proteicos das lipoprrúeínas) (Tabela 12-6).
Além disso, various genes cujos produtos proteicos contribuem
para a inflamaçãojá Foram associados a DAC, refletindo o pa-
3 milhões pel critico da inflamaçãona geração de placas ateroscleróticas.
Doença rcliovasmilar(todas as ê A análise Funcional desses genes está aumentandoa compreen-
formas) são e melhorando o tratamento eFetivo da DAC.
Os Fatores ambientais, muitos dos quais são Facilmentemo-
Doença da arteria coronaria 13 milhões
Insuficiênciacardíaca congestiva 5 milhões
dificados, também são causas importantes de DAC. Existem
evidências epidemiológicas abundantes de que o consumo de
Defeitos congênitas 1 milhão cigarros e a obesidade aumentam o risco de DAC, enquanto o
Hipertensão 50 milhões exercício e a dieta pobre em gorduras saturadas reduzem esse
Derrame 5 milhões risco. Na verdade, a redução aproximada de 60% na taxa de
mortalidade ajustada ã idade em virtude de DAC e derrame
Depressão e doença bipolar 1T milhões
nos EUÀ desde 1950 e normalmente atribuida ã redução na
Diabetes (tipo 1) 1 milhão porcentagem de adultos itunantes, à redução no consumo de
Diabetes (tipo 2) 15 milhões 100 [tipo 1 + gorduras saturadas, ã melhora nos cuidados médicos e ao au-
tipo 2) mento na ênfase atribuída a Fatores de estilo de vida sadios,
como a prática de exercicios Físicos.
Epilepsia 2,5 milhões 3
Õutra Forma de doença cardíaca e a cardiomiopatia, uma
Esclerose múltipla 3500C!)
anormalidade do músculo cardíaco que leva à Função cardíaca
Obesidade" 60 milhões inadequada. A cardiomiopatia é uma causa comLun de insuliei-
Doença de Parkinson 500.000 ência cardíaca que resulta em cerca de 10 mil óbitos por ano
Psoriase 3 -5 milhões nos EUA. A cardiomiopatia hipertrófica, uma forma importan-
te da doença, se caracterizapor espessamento (hipertroiia) das
Esquizotrenia 2 milhões
porções do ventrículo esquerdo e é observada em cerca de l
'As estimativasde misto incioem custos médicos diretos, assim como custos em cada 500 adultos. Cerca de metade dos casos de cardiomio-
associados a perda da prootrtividade economia
“indicede massa corporal'srmericra 30. patia hipertróñca é Familiare causada por mutações autossômi-
CBS dominantes em algum dos múltiplos genes que codiñcam
Dados do htaiioriai Center icr Chronic Disease Preventionano' ficarei Promotion;
American Heart Association (2002 Hearrand Stroke Statistical Updatei; National' vários componentes do sarcômero cardíaco. Os genes comu-
instituto on AlcoholAbuse and Aiccnolism; Office oi'the U. S. Surgem Sonora); mente mutados são aqueles que codiFicam a cadeia pesada da
ArriericanAcademy oi' Aiiery): ÁSÍÍJJIJE and ÍWTJUHUÍDQH Comi WM, Konder ER: miosina-B (35% dos casos Familiares), a proteina C de ligação
Hospects for neoroiogy and psycriiairy .MMA 21117235594-600; Fraga! KM, ã miosina (20% dos casos) e a troponina T (15% dos casos).
Carro! MD, ügden CL Johnson Ci.: Prevaienceand trenots in obesityamong US Ao contrário da Forma hipertróFica de cardiomiopatia, a
aceite, 1999-2000. JAMA 20323288: i ?ÉS-IFEZ
cardiomiopatia djlatada, observada em cerca de uma em cada
2.500 pessoas, consiste no aumento do tamanho e na contra-
parente de primeiro grau afetado. Esse risco aumentava para ção prejudicada dos ventrfculos. O resultado Final é o enFra-
13 vezes se houvesse dois parentes de primeiro grau aFetados quecimento do bombeamento do coração. Essa doença e
-

com DAC antes dos 55 anos de idade. Familiar em cerca de um terço das pessoas afetadas,- embora as
Que papel os genes desempenham na agregação Familiarde mutações autossômicas dominantes sejam mais comuns, elas
DAC? Por causa do papel essencial dos lipídios na ateroscle- também podem estar ligadas ao X ou à mitocôndria. Os genes
rose, muitos estudos se concentraram na determinação gené- aFetados por essas mutações codilicam várias proteínas citoes-
tica da variação em niveis de lipoproteina em circulação- Um queléticas incluindo a actina, a troponina T cardíaca, a desmi-
avanço importante Foi o isolamento e a Clonagem do gene que na e os componentes do complexo distroglicano-sarcoglicano.
codiñca o receptor da lipoproteína de baixa densidade (LDL). (Lembre-se do Capitulo 5: as anormalidades das últimas prote-
A heterozigosidade para uma mutação nesse gene quase dobra inas também podem causar distroñas musculares).
os niveis de colesterol LDL e é observada em cerca de Luria Mutações também Foram identificadas em vários genes
em cada 500 pessoas. [Esse quadro, conhecido como hiper- que causam a sindrome de QT longo (LQT). Essa síndro-
colesterolemia Familiar, e descrito mais detalhadamente no me descreve o intervalo QT caracteristicamente alongado no
Herança Muiiifaioriai E Doenças Comuns r' 243

A hipercolesterolemia familiar (HF) autossõmica dominante e uma causa (comme),ia foram identificadas.A maioria das mutações remanescentes
importante da doença cardíaca, respondendo por cerca de 5% dos infartos são inserções e deleções, muitas das quais surgem de crossings desiguais
do miocárdio [IM] em pessoas ate 60 anos. A HF e uma das doenças autos- (Capítulos 5 e 6] que ocorrem entre as sequências de repetição Alu (Capitulo
sômicas dominantes mais comuns: na maioria das populações pesquisadas 2] dispersas por todo o gene. As mutações LDU? podem ser agrupadas em
ate agora, cerca de uma em cada 500 pessoas e heterozigota. Os niveis de cinco grandes classes, de acordo com seus efeitos na atividade do receptor:
colesterol no plasma são cerca de duas vezes mais altos que o normal [ou
e As mutações de classe I em LDU? resultam em produtos proteicos não
seja, cerca de 300 a 400 mgldL), resultando em aterosclerose substancial- detectãveis. Por isso, os heterozigotos produzem somente metade do nú-
mente acelerada e a ocorrência de depósitos de colesterol distintos na pele
e nos tendões, chamados xantomas. Dados compilados de cinco estudos
mero normal de receptores de LDL.
mostraram que aproximadamente75% dos homens com HF desenvolveram
e As mutações de classe II resultam na produção do receptor de LDL, mas
ele se mostra alterado até o ponto de não poder sair do retículo endoplãs-
doença da artéria coronária e 50% sofreram IM fatal por volta dos 60 anos. mico e, por fim, se degradar.
As porcentagens conespondentes para as mulheres foram mais baixas
e As mutações de classe III produzem um receptor de LDL capaz de migrar
(45% e 15%, respectivamente), pois, em geral, as mulheres desenvolvem
doença cardíaca em idade mais avançada que os homens. para a superficie da celula, mas incapaz de ligação normal com a LDL.
e As mutações de classe N, as quais são comparativamente raras, pro-
duzem receptores nonnais, exceto pelo fato de não migrarem especi-
ficamente para depressões revestidas e, por isso, sem possibilidade de
carregar LDL para dentro da celula.
o As mutações de classe V produzem um receptor de LDL que não pode
se dissociar da partícula de LDL apos a entrada na celula O receptor não
pode voltar ã superficie celular e e degradado.
Cada classe de mutações reduz o número de receptores de LDL efetivos,
resultando em redução na absorção de LDL e, daí, em elevados niveis de
colesterol em circulação. 0 número de receptores efetivos e reduzido em
cerca de metade em heterozigotos corn HF, e os homozigotos praticamente
não possuem receptores de LDL funcionais.
A conneensão dos defeitos que levam ã HF ajudou no desenvolvimento
de terapias efetivas para a doença. A redução do colesterol na dieta (princinal-
mente por meio da redução da ingestão de gorduras saturadas] ereerce efeitos
apenas modestos nos niveis de colesterol em heterozigotos com HF. Uma vez
que o colesterol e reabsonrido no intestino e depois reciclado atraves do fígado
(no qual ocorre a maior parte da síntese do colesterol), os niveis de colesterol
no soro podem ser reúrzidos pela administração de resinas de a de
bile ácida, como a colestiramina. O colesterol absorvido e eliminado. inte
Xantomas (depósitos de gordura), vistos aqui nos nos dos dedos, são identi- ressante notar que a circulação reduzida a partir do intestino faz com que as
ficados com frequencia em pacientes com hipercolesterolemia familiar. celulas hepáticas formem receptores adicionais de LDL, atraixando os niveis
de colesterol em circulação. Entretanto, a reúrção no colesterol intracelular
De acordo com as proporções de Hardy-Weinberg (Capitulo 4], cerca de também estimula a síntese do colesterol por celulas hepáticas, de modo que
um em um milhão de nascimentos e homozigoto para o gene HE Os homozi- a redução geral em LDL do plasma e de apenas 15% a 20%. Esse tratamento
gotos ão mais intensamente afetados, com níveis de colesterol variando de e muito mais efetivo quando combinado com as drogas de estatjna lp. ex.,
600 a 1 .200 mgldL. A maioria dos homozigotos sofre um IM antes dos 2D anos Iovastatina, pravastatina), as qrais reduzem a síntese do colesterol pela inibiào
de íchdajátendosidorelatadoumcasodellvlaos 18 mesesdevída. Sem da S-hidroxi-S-melilglutarilcoenzimaA (ltlvlG-Coã)redutase.Asintese reduzida
tratamento, a maioria dos homozigotos com HF vai a óbito antes dos 30 anos. leva à produção complementar de receptores de lDL. Quando essas terapias
Todas as celulas exigem colesterol como componente de suas mem- são usadas em combinação, os niveis de colesterol do soro em heterozigotos
branas plasmãticas_ Elas podem ou sintetizar seu proprio colesterol ou, de com if podem, com frequencia, ser reduzidos para os niveis quase nonnais.
preferência, obtã-Io do ambienteextracelular,onde ele e carregado principal- No caso dos homozigotos com HF, o cenario e menos encorajador_ As
mente pela proteina de baixa densidade (LDL) em um processo denominado terapias mencionadas podem intensificar a eliminaào do colesterol e redu-
de endocitose. O colesterol ligado ã LDL é levado para a celula via recep- zir sua síntese, mas são amplamente inelicazes em homozigotos, pois essas
tores de LDL na superfície das celulas. A HF é causada por urna redução no pessoas possuem poucos ou nenhum receptor de LDL Ds transplantes de
número de receptores de LDL funcionais na superficie celular. uma vez que fígado, que fornecem hepatõcitos com receptores de IDL normais, já foram
a pessoa tem numero reduzido de receptores de LDL nomrais, a absorção de sugeridos com sucesso em alguns casos, mas essa opção e frequentemen-
colesterol celular e reduzida e os níveis do colesterol circulante aumentam_ te limitada por falta de doadores. A troca de plasma, realizada a cada 1 a 2
Muito do que jã se sabe sobre a endocitose foi aprendida pelo estudo semanas, em combinação corn a terapia medicarnentosa, pode reduzir os
dos receptores de LDL. O processo da endocitose e o processamento da niveis de colesterol em cerca de 50%. Entretanto, e dificil manter essa tera-
LDL na celula são descritos em detalhes na figura em sequencia. Esses pia por periodos longos. A terapia gênica de celulas somãtjcas, na qual he-
processos resultam em um controle tino dos niveis de colesterol dentro das patocitos carregando genes de receptores de LDL normais são introduzidos
celulas e influenciamtambém o nivel de colesterol circulante. na circulação do sistema portal,já esta sendo testada (Capitulo 13) e podera,
A clonagem do gene receptor de LDL (LULA) ern 1984 foi um passo crítico por fim, comprovar sua eficacia para o tratamento de homozigotos com HF.
na compreensão exata de como os defeitos no receptor de LDL causam a HE O historico da hipercolesterolemia familiarilustra as importantes contribui-
Esse gene, localizado no cromossomo 19, tem 45 kb de extensão e consiste ções feitas pela pesquisa medica para compreender tanto a biologia basica
em 18 exons e 17 íntrons. Mais de 900 mutações diferentes, dois terços das celulas quanto os avanços na terapia clinica. 0 processo de endocitose
das quais são srjastituições de sentido trocado (missense) e sem sentido mediada por receptores, amplamente esclarecida pela pesquisa sobre os

Concorra
defeitos dos receptores de LDL, tem significadoespecial para processos oelu- a síntese e a absorção do colesterol podem ser modificadas, levou a melhorias
lares por todo o corpo. Da mesma maneira, essa pesquisa, ao esclarecer como significativas na terapia dessa causa importante de doença cardíaca.

O processo da endocitose mediada por receptores. 1. Os receptores de Iipoproteina de baixa densidade (LDL), que são gliooproteinas, são sintetizados no
retículo endoplãsmico da celula 2. Eles passam pelo complexo de Golgi para a superficie da célula, e parte do receptor se projeta para fora. 3. A partícula
circulante de LDL e ligada pelo receptor de LDL e localizada em depressões da superficie celular chamadas de depressões revestidas (assim chamadas por
serem revestidas com uma proteina chamada clatrina). 4. A depressão revestida invagina, levando a partícula de LDL para dentro da celula. 5. Uma vez
dentro da celula, a partícula de LDL e separada do receptor. levada para dentro de um lisossomo e fragmentada em seus elementos constituintes por enzimas
Iisossõmicas. 6. O receptor de LDL e devolvido para a superficie da celula para aderir a outra partícula de LDL. Cada receptor de LDL passa por esse ciclo pelo
menos uma vez cada 10 minutos, mesmo se não estiver ocupado por uma partícula de LDL. 7. 0 colesterol livre é liberado do Iisossomo por incorporação nas
membranascelulares ou por metabolismo nos ácidos bilianes ou esteroides. O excesso de colesterol pode ser amtazenado na celula como ester de colesterol
ou removido da celula por associação ã Iipoproteina de alta densidade (HDL). 8. A medida que o nível de colesterol na celula aumenta. a síntese do coles-
terol celular e reduzida por inibição da enzima, a HMG-CoA redutase. 9. D aumento nos niveis de colesterol também aumenta a atividade da aciI-coertzinta
Azcolesterol aciltransferase (ACAT), urna enzima que modilica o colesterol para annazenamento como estares de colesterol. 10. Alem disso, o número de
receptores de LDL e reduzido, diminuindo-se o índice de transcrição do gene do receptor de LDL por si mesmo, o que reduz a absorção de colesterol.
Herança Multifaforíal E Doenças Comuns .f 245

TABELA12-6
Genes de Lipoproteína que contribuem para o Risco de Doença Cardíaca das Coronárias
Geno Localização no Função do Produto Protoioo
cromossomo
ApolipoproielnaA-I 1 1q Componente da HDL; oofator LCAT
Apolipoprotefna A-lv 1 1q Componente de quilomlcrons e HDL; pode influenciaro metabolismo da HDL.
Apolipoprotefna C-III
Apolipoprotelna B “Jg'Ó-l .Cl Variação alelica associada a hipertriglioeridemia.
Ligante para receptor de LDL; envolvida na formação de VLDL,LDL, IDL e
quilomlcrons.
Apolipoprotelna D BJ 13 Componente da HDL
Apolipoprotefna C-I Ativação de LCAT
Apolipoprotelna C-II Ativação da Iipoprotelna Ilpase
Apolipoprotefna E Ligante para o receptor de LDL
Apolipoprotelna A-II Componente da HDL
Receptor de LDL
Lipoprotel na (a)
Lipoprotelna Ilpase
Llpase de triglicerídeos hepaticos
ÊELD 'Ó Absorção de particulas de LDL em circulação
Transporte de colesterol
Hidrolise de lipídios de Iipoprotefna
Hidrolise de Iipldios de Iipoproielna
LCAT G7 .Ci Esterificação de colesterol
Proteína de transferencia de estares de lBq Facilitaa transferência de estares de colesterol e de fosfolipldios entre Iipoprotelnas
colesterol
HDL =.lípoprofeíne ele alia dormimos' IDL ¡ipoproreina de dormimos intermediária; L CA T:leciona de colesterol aciltiansferase;LDL :lipopmiema de baixa densidade;
=

Vl.DL lrpoprorefna de oleosidademuito baixa


=

Adaptado em parte de mcg RA, Rolim!!(aos): me Generic Basrs of Common Diseases 2nded_ New York? Oxford University Press, 2002.

eletrocardiograma das pessoas afetadas, indicativo de repola- causadores de doença e de seus produtos proteicos está agora
rização cardíaca atrasada. Essa doença, que pode ser causada orientando o desenvolvimentoda terapia medicamentosa para
ou por mutações herdadas ou por exposição a drogas que blo- ativar os canais de Ferro. As arritmias cardíacas respondem
queiam os canais de potássio, predispõe a pessoa afetada a um pela maioria das 300 mil mortes cardíacas súbitas que ocorrem
quadro potencialmente fatal de arritmia cardíaca. Uma Forma anualmente nos EUA, e, por isso, a melhor compreensão dos
autossômiua dominante dessa doença, conhecida como sindro- defeitos genéticos associados à arritmia tem significado consi-
me de Romano-Ward,pode ser causada por mutações de perda derâvel em termos de saúde pública_
de função em genes que codjficam os canais de potássio (como
KCNQr, KCNHJ, KCNEL KCNFL! ou KCNh). Essas mutações A doença cardíaca forma uma associação familiar.
retardam a repolarização cardíaca. As mutações de ganho de Essa associação é especialmente forte se a doença
Função em vários desses mesmos genes demonstraram produzir inicia em idade precoce e se há vários parentes
um intervalo QT encurtado, como era de se esperar. A sindro- afetados. Genes específicos foram identificados para
me de Romano-Ward tamMm pode ser causada por mutações alguns subconjuntos de famílias com doença cardíaca,
de ganho de Função em genes dos canais de sódio ou de cálcio e as alterações no estilo de vida (exercícios, dieta,
(SCNSA e CACNAtC, respectivamente), o que resulta em cor- evitar o cigarro] podem modificar significativamente
rente prolongada de despolarização. (A Tabela 11-7 apresenta os riscos de doença cardíaca.
outros exemplos de mutações que podem causar LQT).
Uma Forma autossômica recessiva da sindrome de LQT, Derrama
Conhecida como sindrome de Jewell-Lange-Nielsen, é menos O derrame, que diz respeito ao dano cerebral causado por per-
comum que a sindrome de Romano-Ward, mas esta associada da súbita e sustentada do Fluxo sanguíneo para o cérebro, pode
a um intervalo QT mais longo, à incidência mais alta de mor- resultar da obstrução arterial (derrame isquêmico, responsável
te cardíaca súbita e à surdez neurossensorial. Essa síndrome é por 80% dos casos de derrame) ou ruptura (derrame hemorrá-
causada por mutações em KCNQ: ou em KCNE 1. Em virtude gico). Essa doença é a terceira causa principal de mortalidade
da dificuldade de se diagnosticar a sindrome de LQT com pre- nos EUA, respondendo por aproximadamente 150 mil óbitos

cisão, marcadores de ligação e a detecção de mutações são por ano- Assim como ocorre com a doença cardíaca, os der-
aplicados para permitir o diagnóstico mais preciso dos mem- rames se acumulam em Famílias. O risco de alguém sofrer um
bros da familia afetados. Além disso, a identificação dos genes derrame aumenta duas a três vezes se um dos pais tiver soFrido
245 I Capitulo 12 GENÉTICA MÉDICA
TlBELA12-7
Exemplos de subtipos Mendelianos de Doenças complexas'
subtipo Mendeliano Proteína (Gene) consequência da Mutação
Doença cardíaca
Hipercolesterolemiafamiliar Receptor de LDL (LDLR) Nivel elevado de LDL
Doença de Tangier Cassete 1 de ligação de ATP (A361) Nivel reduzido de HDL
apoB-1OO familiar defeituoso Apolipoprotelna B (APOS) Nivel elevado de LDL
Cardiomiopatia dilatadafamiliar TroponinaT cardíaca ( INNTZ) Geração reduzida de força por sarcomeros
Cadeia pesada da p-miosina rdla (MYHZJ Geração reduzida de força por sarcõrnercs
G-sarooglicano (SGCB) Sarcolema desestabilizadoe transdução de sinal
ô-sarcoglino (SGBD) Sarcolema desestabilizadoe transdução de sinal
Distrofina Sarcolema desestabilizadoem miócitos cardíacos
Cardiomiopatia hiperlrofi familiar Cadeia pesada da B-miosina rdla (MYHZJ Geração reduzida de força por sarcõmeros
Troponinacardlaca T ( IWNTZ) Geração reduzida de força por sarcomeros
Prctelna C de ligação a miosina (MYBPC) Dano ao sarcñmero
Sindrome de OT longo subunidade o: do canal de potássio cardíaco (LOTI, KCNG?) Intervalo prolongado de DT no ECG, arritmia
Subunidade cr do canal de potássio rdlaco (LUIZ KCMJZ) Intervalo prolongado de 0T no ECG, arritmia
Canal de sódio cardíaco (LDTS,50h64) Intervalo prolongado de DT no ECG, arritmia
Protelna de ancoramento da ancirina B (LOM, ANKZ) Intervalo prolongado de DT no ECG, arritmia
Subunidade p do canal de potássio cardíaco (10725, KONE?) Intervalo prolongado de 0T no ECG, arritmia
subunidade do canal de potássio cardlaco (LOTE, KCNEZ) Intervalo prolongado de DT no ECG, arritmia

sindrome de Liddle Subunidades do canal de sódio epitelial renal (SCNmB, Hipertensão intensa, renina baixa e aldosterona
SCNNTG) suprimida
Sindrome de Gordon Genes quinase WNK? ou WNK4 Nivel alto de potássio serico e reabsorção renal
aumentada de sal
Aldosteronismo remediável com Fusão de genes que codifim a sintase da aldosterona e Hipertensão precoce com supressão de renina do
glicocorticoides esteroide 11 B-hidroxilase plasma e niveis no nnais ou elevados de aldosterona
sindrome do excesso de tlp-hidroxiesteroidedesidrogenase (1 Ib-HSD2) Hipertensão precoce, niveis baixos de potássio e de
mineralocorticoide aparente renina, aldosterona caixa

MDDY 1 Fator nuclear de hepatocitos 4a (HNF4A) secreção reduzida de insulina


MDDY 2 Glicocinase [GCKJ Metabolismo de glicose prejudicado, levando ã
hiperglicemia não progressiva leve
Fator nuclear de hepatocitos 1a (HNFIA) secreção reduzida de insulina
Fator promotor de insulina 1 (IPFI) Transcrição reduzida de gene da insulina
MDDY 5 Fator nuclear de hepatocitos 1B (HNF1B) A disfunção das celulas B leva a secreção reduzida de
insulina
MODY 6 Fator de transcrição NeuroD [NEUHODD secreção reduzida de insulina
Doença de Alzheimer
Doença de Alzheimerfamiliar Protelna precursora de p-amiloide (APP) Alteração de sitios de clivagem em proteina precursora
de [it-amiloide, produzindofragmentos amiloides mais
longos.
Presenilina1 (PSI) clivagem alterada da proteina precursora de
ls-amiloide, produzindo proporção maior de
fragmentos de amiloide longos
Presenilina2 (PS2) Clivagem alterada da proteina precursora de
B-amiloide, produzindo proporção maior de
fragmentos de amiloide longos
Herança Muiiifatoriai E Doenças Gomorra .f 247

mesma-r
Exemplos de subtipos Mendelianos de Doenças complexas'
subtipo Mendaliano Proteína (Gana) consequência da Mutação
Doença de Parkinson
Doença de Parkinsonfamiliar SinucIeina-a (PAHKI,SNCA) Formação de agregações de a sinuclefna
(autossõmicadominante)
Doença de Parkinsonfamiliar Parkina: E3 uhiquitil Iigase, considerada responsavel pela Degradação comprometida da a sinuclelna
(autossõmicarecessiva) ubiquitinação da a sinuclefna (PARKa
Doença de Parkinsonfamiliar Uhiquitina C-hidroIase-Ll (PAHK5) Acumulc de asinuclelna
(autossõmicadominante)
Esciemsa Lateral Amiotofica
(Doença de Lou Gehrig)
Esclerose lateral amiotrcfi familiar Superoxido dismutase 1 (soar) Ganho de função neurctdxica
Esclerose lateral amictrcíi juvenil l Perda de função presumida
(autossõmicarecessiva)

Epilepsia neonatal benigna,tipos 1 e 2 Canais de potássio ligados por voltagem (KCNDZe KcNüa Corrente M reduzida aumenta a excitaoilidade
respectivamente) neuronal
Epilepsia generalizada com Subunidade [31 do canal de sódio Persistência da corrente de sódio levando a
convulsões febris +tipo 1 excitaoilidade neuronal exagerada
Epilepsia noturna do lobo frontal Su ounidades do receptor neuronal da acetilcolinanicotlnica Excitabilidade neuronal aumentada em resposta a
autossomica dominante (CHRMM e CHRNBZ estimulação colinergica
Epilepsia generalizada com GABA, receptor (M8862) Perda da inibiçãosinaptica levando a excitabilidade
convulsões febris +tipo 3 neuronal
'Conserto na ?Estreia 8-2 os genes enwividos em outras doenças, incluindo a perda oe airdição e a cegueira Essa rabeta não iam a intenção de merecer uma lista exaustivade
genes' os genes adicionaissão discutidos nos :incrementosde revisão mencionados no fina! do Capitulo i2.
HDL zflpopmtefna de alta densidade; LDL iipoproieina de baixa densidade; MODY:diabetesjuvenil oe ritmo na maturidade.
=

um episódio. O maior estudo de gêmeos conduzido até hoje icoágulos). Nos homozigotos, o risco aumentapara 100 vezes.
mostrou que as taxas de concordânciapara morte por derrame Entretanto, a evidência de uma associação entre esse alelo e o
em gêmeos MZ e DZ foram de 10% e 5%, respectivamente. derrame é inconsistente.
Esses dados indicam que os genes podem iniiuenciar a susceti- Além do histórico Familiar e dos genes especificos, sabe-se
bilidadede uma pessoa a essa doença. que vários fatores aumentam o risco de derrame: hipertensão,
O derrame é uma consequência bem conhecida de várias obesidade, aterosclerose, diabetes e tabagismo_
doenças monogênicas, incluindo a anemia falciforme [Capitu-
lo 3), a MELAS (uma doença mitocondriai composta de lniopa- O derrame, que forma agregações em famílias, está
tia, enceltalopatia, acidose iáctica e derrame [strokd, discutida associado a doenças monogênicas e a algumas
no Capitulo 5) e a arteriopatia cerebral autossõmica dominan- doenças de coagulação hereditárias.
te com iniartos subcorticais e leucoenceialopatia (CADASÍL,
um quadro caracterizado por derrames recorrentes e demên- Hipertensão
cia e causado por mutações no gene NOTCHsj. Urna vez que A hipertensão sistêmica, corn prevalência mundial de cerca de
os coágulos sanguíneos são uma causa comum dos derrames, 2?%, é Lun Fator de risco Fundamental para a doença cardíaca,
espera-se que as mutações nos genes que codiiicam fatores de para o derrame e para a doença renal. Os estudos das correia-
coagulação possam afetar a suscetibilidade ao episódio. Por ções da pressão arterial nas Familiasresultam em estimativas de
exemplo, as deficiências herdadas da proteina C e da prote- herdabiiidade de aproximadamente 20% a 40% para a pressão
ína S, ambas atuando como inibidores da coagulação, estão arterial sistúlica e diastólica- Essas estimativas baseadas em es-
associadas ao risco aumentado de derrame, especialmente em tudos de gêmeos tendem a ser mais altas [cerca de 60%] e po-
crianças. Uma mutação especilica no fator V de coagulação, dem estar superestimadas por causa de simiiaridades maiores
denominada de alelo do Fator V de Leiden, causa resistência à no ambiente dos gêmeos MZ, comparados aos DZ. Ó Fato dc'

proteina C ativada e, por isso, produz suscetibilidadeaumen- as estimativas de herdabilidade serem substancialmente ¡nie-
tada à coagulação. A heterozigosidade para esse alelo, que é riores a 100% indica que Fatores ambientais também devem
observada em cerca de 5% da população caucasiana, produz representar causas signilicativas de variação de pressão arte-
um aumento sete vezes maior no risco de trombose venosa rial- Os fatores de risco ambientais mais importantes para a
24o x Capiiofo 12 GENÉTICA MÉDICA
hipertensão são: o excesso de consumo de sal, a redução da causada por mutações que alteram o canal de sódio ENaC do
atividade fisica, o estresse psicossocial e a obesidade (como epitélio) e a sindrome de Gordon hipertensão, nível elevado
discutido mais tarde, esse último fator é, ele próprio, inHuen- de potássio sérico e reabsorção renal aLunentada de sal, causa-
ciado por genes e pelo meio ambiente). da por mutações nos genes das cinases WNK! ou WNK-i), a
A regulação da pressão arterial é um processo altamente Tabela 12-7 mostra mais exemplos. Já foram identificados mais
complexo e influenciado por muitos sistemas fisiológicos, in- de 2D genes que podem levar a formas hereditárias raras de
cluindo os vários aspectos da função renal, o transporte do hipertensão, e todas elas afetam a reabsorção de água e de sal
ferro das células, o tônus vascular e a funçãvo cardíaca. Por cau- pelos rins, os quais, por sua vez, afetam o volume de sangue e
sa dessa complexidade, grande parte da pesquisa está agora a pressão arterial_ Espera- se que o isolamento e o estudo desses
concentrada em componentes especificos que podem iniiuen- genes leve ã identificação dos fatores genéticos associados ã
ciar a variação da pressão arterial, como o sistema da renina- hipertensão essencial'
angiotensina (Fig. 12-5) (envolvido na reabsorção do sódio e investigações do genoma em larga escala, conduzidas em
na vasoconstñção), os vasodilatadores,como óxido nítrico e o seres humanos e em cobaias animais como camundongos e
sistema calicreína-cinina, e os sistemas de transporte de ferro, ratos, buscaram identificar locí de características quantitativas
como a aducina e o contra transporte de sódio-lítio. Esses fa- (Quadro 12-1) que pudessem estar associados ã hipertensão
tores individuais têm mais probabilidadede serem controlados essencial. Esses estudos identificaram várias regiões nas quais
por menos genes que a própria pressão arterial, simplificando os escores LCD (Capitulo 8) oferecem suporte estatístico para

a tarefa de identificação desses genes e do seu papel na re- a presença de genes que influenciam a suscetibilidadeã hiper-

gulação da pressão arterial. por exemplo, estudos de acopla- tensão, e_, em alguns casos, vários estudos indicaram a mesma
mento e de associação já indicaram vários genes envolvidos região genômica. Esses resultados podem ajudar a identilicar
no sistema renina-angiotensina (como os genes que codilicam com precisão genes especificos associados ã suscetibilidade à
angiotensincigênio, a enzima conversora de angiotensina tipo hipertensão essencial.
1 e o receptor do tipo l da angiotensina ll) como causadores
da hipertensão.
Uma pequena porcentagem de casos de hipertensão resul-
ta de doenças raras de genes isolados, como a sindrome de *Ó termo “Essencial” se refere a 95% dos casos de hipertensão que não são
Liddle (baixo nível de aldosterona plasmática e hipertensão causados por uma síndrome ou mutação conhecida.

FIGURA 12-5 Flenlna


O sistema da Ianina-angiotensina-aldostaiona. Llbarada dos rlns para o sora
T =aurnento; .L= redução; AT, receptor 1 da
=
VÉIÍOS BSÍÍMUÍDS COTIHBCÍÓOSÉQ pressão angrlaj
angiotensina tipo II. .Lsódlo no soro
(Modificado de King RA, Homer Ji, Motulsky AG Twnus [3 adrenergloo
(is-ds): The Genetic 835m of Common Diseases. Uberação de prostaglandlna
New York: Oxford Universia' Press, 1992)

Anglatanslnogénlo Anglotenslna I
(formada principalmente
no fígado) Inibidoresda EC '

Anglotenslna II
(ligação)
antagonistas de AT..
Estimula a liberação
de aldosterona
(retenção de sódlo)
e a vasoconsulçào

T pressão arterial

Alimentação retrógrada para os rins


secreção de renlna
Herança Muiiifaioriai E Doenças Comuns .f 249

As estimativas de herdabilidade para a pressão As mutações da linhagem genninativa nos genes TP53 e CHK:
arterial sistólica e diastólica variam de 20% a 40%. podem causar a sindrome de Li-Fraumeni,que também predis-
Vários genes responsáveis por síndromes raras de põe ao câncer de mama. A doença de Cowden, um quadro au-
hipertensão já foram identificados, e investigações do tossômico dominante raro que inclui hamartomas múltiplos e
genomajá indicaram regiões que podem conter genes câncer de mama, é causada por mutações no gene Fri-EN, um
associados à suscetibilidadeà hipertensão essencial. gene supressor de tumor [Capitulo i I). A ataxia-telangiectasia,
Outros fatores de risco para a hipertensão incluem a uma doença autossõmica recessiva causada por reparo defeitu-

ingestão exagerada de sódio, a falta de exercício, o oso do DNA, inclui o câncer de mama em sua apresentação.

estresse psicossocial e a obesidade. As mutações nos genes de repano de DNA JHSH: e NÍLH1, que
levam ao câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC),
Câncer também aumentam o risco de câncer de mama. Apesar da im-
O câncer é a segunda principal causa de morte nos EUA, em- portância desses genes, deve-se enFatizar que mais de 90%
dos casos de câncer de mama não são herdados como doença
bora se estime que ela poderá ultrapassar a doença cardíaca
mendeliana.
como a principal causa de morte. Já está bem estabelecido que
Vários Fatores ambientais são conhecidos por aumentarem
muitos tipos de câncer importantes (como o câncer de mama,
o risco de desenvolvimento de câncer de mama, a saber: nu-
de cólon, de próstata e do ovário) Fonnam agregações Fami-
liares muito Fortes. lsso se deve ao compartilhamento tanto liparidade (nunca ter engravidado), nascimento do primeiro
Filho após os 30 anos, dieta rica em gordura, alcoolismo e tera-
de genes quanto de Fatores ambientais_ Embora various genes
de câncer tenham sido isolados, os Fatores ambientais também pia de reposição homnonal.
desempenham papel importante na maniFestação do câncer ao Câncer colorretal
induzirem mutações somáticas. Em especial, estima-se que o Estima-se que um em cada 20 americanos desenvolverá câncer
tabagismo seja responsável por um terço de todos os casos de colorretal e quase LlITl terço dessa população afetada irá a óbito
câncer em paises desenvolvidos, tomando-o a causa conhecida por causa da doença. Com cerca de 150 mil novos casos e 50 mil
mais importante da doença. A dieta (p- ex., as substâncias car- mortes nos EUA ern 2008, o câncer coloiTetal só Fica atrás do
cinogênicas e a Falta de componentes "anticãncer" como libras, câncer de pulmão no número total de mortes por câncer por ano.
Frutas e vegetais] é outra causa principal de câncer que também Similar-mente ao câncer de mama, o câncer colorretal se agiome-
pode responder por mais de um terço dos casos da doença. ra em Famílias, e essa tom-ia Familiarda doença vem sendo inFor-
Estima-se que aproximadamente 15% de todos os casos de mada na literatLua desde |88|. C) risco de eãnoer colorretal em
câncer no mundo sejam causados principalmente por agentes pessoas com um parente de primeiro grau aFetado é duas a três
inFecciosos (p. ex., o papilomavfrus hLunano para câncer cervi- vezes maior que aquele da população em geral.
cal, a hepatite B e C para câncer do Fígado)- _lá que a genética Como discutido no Capitulo ll, o câncer de cóion Fami-
do câncer Foi o tema do Capitulo I l, aqui nós concentramos liar pode ser o resultado de mutações no gene APC supres-
nossa atenção nos Fatores genéticos e ambientais que inFluen- sor de tumor ou em LllTl dos vários genes de reparo de DNA
ciam a suscetibilidadea alguns dos cânceres mais comuns. (HNPCC). Outra causa herdada menos comum de câncer de
cólon é a síndrome autossômica dominante de Peutz-Jeghers.
Câncer de Mama Cerca da metade dos casos dessa síndrome é causada por mu-
O câncer de mama e' o segundo tipo de câncer mais Frequente- tações no gene supressor de tLunor STK 1 l que codiiica Luna
mente diagnosticado (depois do câncer de pele) entre as mu-
proteína quinase. A polipose intestinal juvenil, uma doença
lheres, aFetando cerca de 1 2% da população Feminina america- autossômica dominante definida pela presença de i0 ou mais
na que vive até os 85 anos ou mais. A doença Foi diagnosticada
de 180 mil mulheres americanas em 2008, e cerca
pólipos antes da vrida adulta, pode ser causada por mutações
no gene SNLÀD-l (Capítulo Il), no gene BÀJPRAI (um gene
em cerca
de 40 mil pacientes morrem de câncer a cada ano. O câncer receptor de serina-treoninacinase] ou, em casos raros, no gene
de mama já liderou os causos de morte entre as mulheres ante- PTEN. As mutações nesse último gene também podem causar a
riormente, mas Foi superado pelo câncer do pulmão. A doença doença de Cowden, a qual, além dos tumores de mama, inclui,
também pode ocorrer nos homens, com prevalência durante com Frequência, pólipos no trato intestinal.
a vida aproximadamente 100 vezes mais baixa que entre as Como acontece com o câncer de mama, a maioria dos ca-
mulheres. A associação Familiar de câncer de mama tem sido sos de câncer de cólon (mais de 90%) não é herdada como
reconhecida há séculos e Foi descrita por médicos já na anti-
condição mendeliana, sendo, provavelmente, causada por Luna
ga Roma. Se uma mulher tiver parente de primeiro grau com interação complexa de alterações genética; herdadas e somáti -

a doença, seu risco de desenvolver o câncer será duas vezes


cas, além dos Fatores ambientais.Esses úitimos Fatores de risco
maior. O risco aLunenta ainda mais com a existência de outras incluem a Falta de atividade Fisica e a dieta rica em gorduras e
mulheres aFetadas na Família, se estas desenvolveram câncer pobre em Fibras.
em idade relativamente precoce [antes dos 45 anos).

Atualmente, vários genes Foram reconhecidos como Fatores Câncer da Próstata


de predisposição Feminina ao desenvolvimento de câncer de O câncer de próstata é o segundo câncer mais Frequentemente
mama hereditáno, sendo mais importantes os genes BRFÁí e diagnosticado nos homens (depois do câncer de pele), com
BIN-Az, dois genes envonlvidos no reparo de DNA (Capitulo I l J. cerca de l S5 mil casos por ano nos EUA, e está atrás somente
250 / Capíiuío 12 GENÉTICA MÉDICA
do câncer de pulmão como causa de morte nos homens, tendo idade. As pessoas afetadas deverão receber insulina exógena
causado mais de 29 mil óbitos em 2008. A presença de um para sobreviver. Além da infiltração das células T do pâncreas,
parente de primeiro grau também afetado aumenta o risco de autoanticorpos são formados contra as células pancreáticas, a
desenvolver câncer de próstata em duas a três vezes. Estima-se insulina e as enzimas, como a descarboxilasedo ácido glutâmi-
que cerca de 5% a 10% dos casos desse câncer resultem de co,- esses autoanticorpos podem ser observados bem antes da
mutações hereditárias. ocorrência dos sintomas clínicos. Esses achados, junto com a
A idade relativamente avançada de início da maioria dos forte associação entre o diabetes tipo l e a presença de vários
casos de câncer de próstata (idade média de 72 anos] dificul- alelos de classe ll do antígeno dos leucócitos humanos (HLA),
ta substancialmente a análise genética. Entretanto, a perda da indicam tratar-se de Luna doença autoimune.
heterozigosidade (Capitulo l 1) tem sido observada em várias lmiãos das pessoas com esse tipo de diabetes enfrentam
regiões genômicas em células de tumores prostáticos, indican- aumento substancial do risco: cerca de 6%, em oposição ao
do, possivelmente, a presença de alterações genéticas nessas risco entre 0,3% e 0,5 96 na população em geral. O risco de
regiões- Além disso, investigações de genoma já indicaram que recorrência também se mostra elevado quando há um genitor
vária regiões cromossñmicas podem conter genes de susceti- diabético, embora esse risco varie com o sexo do genitor afe-
bilidade ao câncer de próstata. Uma dessas regiões, 8q24, foi tado. O risco para a prole de mães diabéticas e' de apenas 1%
associada ao aumento significativo do risco de contrair câncer a 3%, mas sobe para 4% a 6% para a prole de pais diabéticos.
de próstata em várias populações. O gene RNASÊL também já (Uma vez que o diabetes tipo I afeta homens e mulheres em
foi associado ao risco de câncer de próstata em vários estudos. proporções quase iguais na população em geral, a diferença no
O produto desse gene, a ribonuclease L, regula a proliferação e risco não é condizente com omodelo de limiar especilico ao
a apoptose celular. Mutações em RNASEL respondem por Luna sexo para caracteristicas multifatoñais). Estudos com gêmeos

pequena porcentagem de casos de câncer de próstata familiar. mostram que o risco empírico para gêmeos MZ de pacientes
Os fatores de risco não genéticos para câncer de próstata com diabetes tipo l varia de 30% a 50%_ Ao contrário, a taxa
podem incluir a dieta rica em gorduras. Uma vez que o câncer de concordância para gêmeos DZ varia de 5% a 10%. Ó fato
de próstata normalmente progride lentamente e pelo fato de de o diabetes tipo I não ter 100% de concordância entre gê-
poder ser detectado por exame digital e pelo teste do antíge- meos idênticos indica que fatores genéticos não são os únicos
no prostático especifico (PSA), geralmente é possivel prevenir responsáveis pela doença. Existe evidência de que infecções
metástases fatais. virais específicas contribuem para causar diabetes tipo I em
pelo menos algumas pessoas, possivelmente por ativarem uma
A maioria dos cânceres comuns tem componentes resposta autoimune.
genéticos. Os riscos de recorrência tendem a se A associação de alelos de classe ll especilicos de HLA com
agravar se há vários parentes afetados e se emes o diabetes tipo l tem sido extensivamente estudada, e estima-
familiaresdesenvolveram o câncer em idade precoce. se que os loca' de HLA respondam por cerca de 40% a 50%
Já foram descobertos vários genes específicos que da suscetibilidadegenética ao diabetes tipo I. Cerca de 95%
causam câncer hereditária de cólon, de mama e de da população caucasiana com diabetes tipo 1 possui os alelos
próstata em algumas familias. HLA D133 e ou DR-t, enquanto somente cerca de 50% da po-
pulação caucasiana possui um ou outro desses alelos. Se um
Diabetes Melito probando afetado e Lun irmão são ambos heterozigcitons para os
Como as outras doenças discutidas neste capitulo, a etiologia alelos DRJ e DRJ, o risco de o ir111ão desenvolver o diabetes
do diabetes melito e' complexa e ainda não completamente es- tipo 1 é de quase 20% [ou seja, cerca de 40 vezes mais alto
clarecida. Apesar disso, já houve um gran de progresso na com- que o risco na população em geral). Essa associação pode, em
preensão da base genética dessa doença, que é a causa princi- parte, refletir um desequilíbrio de ligação entre alelos do locus
pal de cegueira, insuficiência renal e amputação de membros DR e aqueles do locus HÍA-DQ- A ausência de ácido aspártico
inferiores em adultos, além de ser Luna das principais causas de na posição 57 do polipeptfdeo DQ está fortemente associada
doença cardíaca e de derrames. Um avanço importante foi o à suscetibilidade ao diabetes tipo I ,- na verdade, aqueles que
reconhecimento de que o diabetes melito é, na verdade, um não possuem esse aminoácido na posição 57 (e, em vez dis-
grupo heterogêneo de doenças, todas caracterizadaspor nível so, são homozigotos para um aminoácido diferente) têm 100
elevado de açúcar. Neste capitulo, vamos nos concentrar nos vezes mais probabilidade de desenvolver o diabetes tipo I. A
três tipos principais de diabetes: tipo 1 (anteriormente deno- substituição do ácido aspártico altera a forma da molécula de
minado diabetes melito dependente de insulina, ou IDDM), classe Il HLA e, pour-tanto, sua habilidade em aderir e apre-
tipo 2 (anteriomiente conhecido como diabetes melito não sentar peptideos as células T (Capítulo 9). O reconhecimento
dependente de insulina, ou NÍDDM) e o diabetes juvenil de das células T alteradas pode ajudar a proteger as pessoas que
inicio na maturidade (MÓDY). possuem a substituição do ácido aspártico contra um episódio
autoimune.
Diabetes lipo 1 O gene da insulina, localizado non' braço curto do cromos-
O diabetes tipo i, caracterizado por infiltração de células T somo i1, é outro candidato lógico para a suscetibilidade ao
do pâncreas e destruição das células beta produtoras de insu- diabetes tipo 1. Polimorfismos dentro desse gene e próximos
lina (embora nem sempre), se manifesta antes dos 40 anos de a ele foram testados quanto à associação ao diabetes tipo l.
Herança Multifatorial E Doenças Comuns .f 251

De maneira intrigante, observa-se forte associação de TABELA12-8


risco à variação alélica em um polimorfismo do tipo VNTR Comparação das Principais Caracteristicasdo Diabetes
(Capitulo 3] localizado na posição 5" do gene da insulina. As Melito Tipo 1 e Tipo 2
diferenças no número de unidades de repetição VNTR pode- Caractaristica Diabetes Too 1 Diabetes Tipo 2
riam afetar a transcrição do gene da insulina (possivelmente
alterando a estrutura da cromatina), resultando em variação Idade da apresentaçao Geralmente < 4D a Geralmente > 40 a
na suscetibilidade.Estima-se que a variação genética herdada Produção de insulina Nenhuma Parcial
na região da insulina seja responsável por cerca de 10% do Resistencia à insulina Nenhuma Sim
agrupamento familiar do diabetes tipo I. Autoimunirlade Sim Não
Análises de associação entre pares d.e irmãos afetados e o estu-
do do genoma completo têm sido extensamente usados para ma- Obesidade Não comum Comum
pear genes adicionais que podem causar o diabetes tipo I. Além Concordânciaentre gemeos MZ 0,35 0,50 -
0,90
disso, um modelo animal, o camundongo diabético não obeso Risco de reeorrencia em irmaos 1% 6% - 15% 40%-

(NOD), tem sido usado para identificar genes de suscetibilidade


ao diabetes que poderiam desempenhar papéis semelhantes em
Mkmonnzigúncos
seres humanos (Quadro 12-1)- Esses estudos identificaram pelo
menos 20 regiões candidatas adicionais que poderiam conter

genes de saiscetibilidadeao diabetes tipo I. Uma dessas regiões, maiores que aqueles para os pacientes com a doença do tipo I,
2q33, contém o gene CTLAd- (proteína 4 associada ao linfócito variando geralmente de 15% a 40%. A Tabela 12-8 resume as
T citotóxico), o qual codifica um receptor de inibição de células diferenças entre os diabetes tipo 1 e tipo 2.
T. Vários estudos já demonstraram que alelos do (71244 estão as- Os dois fatores de risco mais importantes para o diabetes
sociados ao risco aLu11entado de diabetes tipo l. Existe evidência tipo 2 são o histórico familiar positivo e a obesidade, esta últi-
crescente de que a variação em UIA:: também está associada a ma aumentando a resistência à insulina. A prevalência da do-
outras doenças autoimunes como a artrite reumatoide e a doença ença tende a aumentar quando as populações adotam uma die-
celíaca. Outro gene associado ã suscetibilidadeao diabetes tipo ta e um padrão de exercicios típico das populações dos EUA
1, P-FPNQJ, está envolvido na regulação das c'e'lLIlasT e também e da Europa. Esse aumento pode ser observado, por exemplo,

está associado a outras doenças autoimunes, incluindo a artrite entre os imigrantes japoneses para os EUA e entre algumas po-
reumatoide e o lúpus eritematoso sistêmico. pulações nativas do Pacífico Sul, da Austrália e das Américas.
Vários estudos, conduzidos tanto em homens quanto em mu-
Diabetes tipo 2 lheres, demonstraram que a prática regular de exercícios pode
Essa doença responde por mais de 90% de todos os casos de reduzir substancialmente o risco de se desenvolver diabetes
diabetes e sua incidência está aumentando rapidamente em tipo 2, mesmo entre pessoas com histórico familiar da doen-
populações com acesso a dietas de altas calorias. O problema ça. lsso se deve, em parte, ao fato de que o exercício reduz a
afeta, atualmente, cerca de 10% a 20% das populações adultas obesidade. Entretanto, mesmo na ausênciada perda de peso, o
de muitos paises desenvolvidos. Um estudo estima que, por exercício aumenta a sensibilidadeà insulina e melhora o nível
causa da taxa rápida de aumento dessa doença, um terço dos de tolerância à glicose-
americanos nascidos em 2.000 desenvolverá o diabetes tipo 2. Éxtensivas análises de ligação e estudos de todo o genoma
Várias caracteristicas diferenciam o diabetes tipo 2 do dia- foram conduzidas para identificar genes que pudessem con-
betes tipo I. Pessoas com diabetes tipo 2 geralmente possuem tribuir para a suscetibilidade ao diabetes tipo 2_ O gene mais
algLu11 grau de produção de insulina endógena, pelo menos nos importante identificado até hoje e o TCFÉL', que codilica um
estágios mais precoces da doença, e podem, às vezes, ser trata- fator de transcrição envolvido na secreção de insulina. Uma
das com sucesso mediante modificação da dieta, drogas orais variante do TCP-ü.: está associada ao aumento de 50% no ris-
ou ambos. Ao contrário dos pacientes com diabetes do tipo 1, co de desenvolvimento de diabetes tipo 2. Uma associação

aqueles com diabetes tipo 2 apresentam resistência à insulina (ou significativa também já foi observada entre o diabetes tipo 2
seja, suas células têm dificuldadede usar a insulina] e apresentam e um alelo comLun do gene que codifica o receptor-v ativado

mais probabilidadede serem obesos. Essa forma de diabetes tem pelo proliferador de peroxissomt) (PPAR-y), LllTl fator de trans-
sido tradicionalmente observada principalmente em pacientes crição que está envolvido na diferenciação de adipócitos e no
com mais de 40 anos, mms, por causa da obesidade crescente metabolismo da glicose. Embora esse alelo confira somente
entre adolescentes e adultos jovens, essa forma da doença está um aumento de 25% no risco de desenvolvimento do diabe-

crescendo rapidamente na população. NenhLuna associação a tes tipo 2, ele é encontrado em mais de 75 “Ka das pessoas de
HLA nem com autoanticoipos é comumente observada nessa descendência europeia e, por isso, ajuda a responder por uma
forma de diabetes. As taxas de concordânciade gêmeos MZ são fração significativa de casos dessa doença. A variação no gene
substancialmente mais altas que aquelas do diabetes tipo 1, fre- KCNÍI t, que codilica um canal de potássio necessário para a
quentemente superando os 90% (por causa da dependência da secreção de insulina estimulada por glicose, confere um au-
idade, as taxas de concordância aumentam quando se estudam mento adicional de 20% na suscetibilidadeao diabetes tipo 2.
pacientes mais velhos). Os riscos de recorrência empírica para As associações entre as suscetibilidades de cada um desses
parentes de primeiro grau de pacientes com diabetes tipo 2 são genes têm sido amplamente replicadas em várias populações.
252 / Capitulo 12 GENÉTICA MÉDICA
Diabetes ¡uvenil da inicio na maturidade
O diabetes juvenil de inicio na maturidade ÍMODY), que res-
ponde por I 96 a 5 “i6 de todos os casos de diabetes, ocorre tipi-
camente antes dos 25 anos de idade e possui modo de herança
autossômict) dominante. Ao contrário do diabetes do tipo 2,
o MODY não está associado ã obesidade. Estudos dessa do-

ença já demonstraram que cerca de 50% dos czLsos se devem


a mutações no gene que codifica a glicocinase, uma enzima
de limitação da taxa de conversão da glicose em glicose-õ-
fosfato no pâncreas. Outros 40% de casos de MÓDYresultam
de mutações em qualquer um dos cinco genes que codilicam
fatores de transcrição envolvidos no desenvolvimento pan-
creáticci ou na regulação da insulina: o fator nuclear I-ct de
hepatócitos ÉHNFIOL), o fator nuclear I-B (HNFIB), o fator
nuclear 4-ot
Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer (DA), responsável por 60% a 70%
de casos de prejuízo cognitivo progressivo: na população ido-
sa, afeta cerca de 10% dos seres htunanos com mais de 65
anos e 40% da população com mais de 85 anos- Em virtude
do envelhecimento da população, o número de americanos
com DA, que era de aproximadamente 5 milhões em 2007,
continua a crescer. A doença de Alzheimer se caracteriza por
demência e perda de memória progressivas e pela formação
de placas amiloides e ernaranhados neuroiibrilaresno cérebro,
especialmente no córtex cerebral e no hipocampo. As placas
e os emaranhados levam à perda progressiva de neurônios, e

os pacientes vão a óbito dentro de ? a 10 anos apos a primeira


manifestação dos sintomas.
O risco de desenvolvimento da DA dobra em pessoas que
tenham tido Lun parente de primeiro grau afetado_ Embora a
maioria dos casos não pareça ser causada por genes isolados,
cerca de 10% apresenta padrão de herança autossômico domi-
nante. Cerca de 3% a 5% dos casos de DA se manifestam antes
dos 65 anos e são considerados de inicio precoce¡ esses casos
têm muito mais probabilidade de serem herdados de forma
autossômica dominante.
A doença de Alzheimer é uma doença geneticamente he-
terogênea. Cerca da metade dos casos de inicio precoce pode
ser atribuída a mutações em qualquer um de tri-s genes, todos
eles afetando a deposição da proteína B-amiloide. Dois desses

clivagem non-nal de APP


254 / Capiiuio 12 GENÉTICA MÉDICA
duas cópias desse alelo têm 5 a 10 vezes mais probabilidade Alcoolismo
de desenvolver a doença. O risco varia de acordo com a po- O alcoolismo é diagnosticado em cerca de 10% dos homens e
pulação em questão, com riscos mais altos associados ao alelo de 3% a 5% entre as mulheres, nos EUA (Tabela 12-7)- Mais
E4 em indivíduos caucasianos e japoneses e com riscos relati- de cem estudos já mostraram que a doença se aglomera em
vamente mais baixos em latino-americanos e aim-americanos. famílias: o risco de desenvolvimento do alcoolismo entre pes-
Apesar da forte associação entre o alelo E4 e DA, cerca da soas com um dos pais afetado é 3 a 5 vezes mais alto que o
metade das pessoas que desenvolvem a doença de Alzheimer daquelas pessoas com pais não afetados. A maioria dos estudos
de início tardio não possui cópia do alelo S4, e muitas pessoas com gêmeos demonstrou taxas de concordância para gêmeos
homozigotas para esse alelo permanecem livres da DA, mes- DZ interiores a 30% e para gêmeos MZ superiores a 60%.
mo em idade avançada. O produto proteico da apolipopro- Estudos de adoção revelaram que a prole de um progenitor
teína E não está envolvido na clivagem da APP, mas, em vez alcoólatra, mesmo quando criada por pais não alcoólatias, tem
disso, parece estar associado à liberação da proteína amiloide risco quatro vezes maior de desenvolver a doença. Visando
do cérebro. controlar os possíveis efeitos pré-natais causados pela mãe
Rastreamentos genômicos indicam que há genes adicionais alcoólatra, alguns estudos incluíram a prole somente do pai
de DA com evidência especialmente Forte da presença de um alcoólatra, mas os resultados Foram os mesmos. Esses dados
loci de suscetibilidadenos cromossomos IO e 12. Um gene lo- defendem a tese de que pode haver genes que predispõem al-
calizado no cromossomo 12 codiiica a macroglobulina-al,um gumas pessoas ao alcoolismo.
inibidor de protease que interage com a apolipoproteina E- Alguns pesquisadores diferenciam dois subtipos princi-
Nessa região, outro gene codiiica a proteina relacionada ao pais de alcoolismo. O tipo Í se caracteriza por inicio tardio
receptor da lipoproteína de baixa densidade (LRP), que tam- (depois dos 25 anos), ocorrência em ambos os sexos e maior
bém interage com a apolipoproteína E. Alguns estudos suge- dependência psicológica do álcool- Os alcoólatras do tipo l
rem uma associação entre alelos desses genes e a DA de inicio se mostram consumidores mais introvertidos e solitários. Essa

tardio, enquanto outros não conseguiram replicar essa asso- forma de alcoolismo tem menos probabilidadede se aglomerar
ciação. Ainda não se sabe se esses genes desempenham papéis em familias [um estudo chegou à estimativa de herdabilidade

significativos como causa da doença de Alzheimer. de 0,21), tem curso menos intenso e tratamento mais fácil. O
A doença de Alzheimer possui vários aspectos que a alcoolismo do tipo ll predomina entre os homens, ocorre tipi-
tornaram reFratária ã análise genética. Sua heterogeneida- camente antes dos 25 anos e tende a envolver pessoas extro-
de genética já foi descrita. Além disso, uma vez que um vertidas e em busca de emoções. O tratamento bem-sucedido
diagnóstico deiinitivo pode ser obtido somente por uma dessa Forma de alcoolismo é mais dificil e a doença tende a
autópsia do cérebro, é difícil diagnosticar DA em membros se aglomerar mais fortemente em Famílias, com estimativas de
ainda vivos de uma Família [embora os aspectos clínicos e herdabilidade variando entre 0,55 e 0,80.
os estudos por imagens do cérebro possam fornecer evi- Há muito tempo já se sabe que a resposta fisiológica indivi-
dência substancial de que a pessoa está afetada pela DA). dual ao álcool pode ser influenciada por variação nas enzimas
Por fim, uma vez que a doença pode ocorrer tardiamente essenciais responsáveis pelo metabolismo do álcool, a álcool
na vida, os portadores de uma mutação predisponente à DA desidrogenase (ADH), que converte etanol e111 acetaldeído,
poderão ir a óbito por outro motivo, antes de desenvolve- uma aldeido desidrogenase (ALDH) que converte o ace-
rem DA. Esses individuos seriam, portanto, identificados taldeido em acetato. Em especial, um alelo do gene ALDH:
erroneamente como não portadores da mutação- Esses tipos [ALDH2 *zj resulta em acúmulo excessivo de acetaldeido e, por
de dificuldade surgem não só com a DA, mas também com isso, leva a presença de venrlelhidão Facial, náusea, palpitaçñes
outras doenças comuns dos adultos. Apesar desses obstá- e sensação de desialecimento. Por causa desses efeitos desa-

culos, vârios genes da DA já foram identificados, levando gradáveis, pessoas portadoras do alelo ALDHJ*z têm menos
à melhor compreensão da doença e 'à possibilidade de um probabilidade de se tornarem alcoólatras. Esse alelo de pro-
tratamento mais efetivo para ela. teção é comum em algumas populações da Asia, mas raro em
outras populações.
Cerca de 10% dos casos de DA são causados Várias investigações de genoma Foram conduzidas em gran-
por genes com padrão de herança autossômico des coortes de alcoólatras e de controles e um dos achados
dominante. Os casos de início precoce se mais coerentes foi o de que variantes em genes que codiiicam
aglomeram mais fortemente em famílias e têm componentes dos receptores do ácido gama-aminobutírico
maior probabilidadede seguir um padrão de (CARA) estão associados ao vicio do alcoolismo. Esse achado
herança autossômica dominante. Essa doença é é biologicamente plausível, pois o sistema neutrotransmissor
geneticamente heterogêneo: pelo menos quatro do CABA inibe os sinais de excitação nos neurônios, exercen-
genes de suscetibilidadeà DA foram identificados. do um elieito calmante. _lá foi demonstrado que o álcool au-
Três deles (codiiicando a presenilina 1, a presenilina menta a liberação do CARA, e a variação alélica em receptores
2 e a proteína precursora B-amiloide) causam DA de do CABA poderia modular esse eieito.
inicio precoce e afetam a clivagem e o processamento É preciso destacar que estamos nos referindo aos genes que
da pmteína precursora de amiloides. Um quarto poderiam aumentara suscetibilidadede uma pessoa ao alcoolismo.
gene coditica a proteína da apolipoproteína E e está Essa é, obviamente, uma doença que requer um componente
significativamenteassociado à DA de início tardio. ambiental, seja qual for a constituição genética da pessoa.
Herança Multrraroría¡ E Doenças Comuns .f 255

Estudos corn gêmeos e de adoção mostram que TABELA12-9


o alcoolismo é um tipo de associação familiar Riscos de Reconência para Parentes de Probandos
significativa, refletindo uma possível contribuição Esquizofrênicos, Baseados ern Estudos Múitiplos de
genética para essa doença. A associação familiar Populações da Europa Ocidental
é especialmente forte para o alcoolismo do tipo II Parentesco com o Pmbando Risco da Baeonincia ('36)
(fonna de início precoce que afeta principalmente os
homens).
Doenças psiquiátricas
Gêmeo monozigotico
Gêmeo dizigotico
Prole
t 12,1
,
DJ

à»
Duas das principais doenças psiquiãtricas, a esquizofrenia e Irmão
doença bipolar, já foram tema de vários estudos genéticos.

-ru G1ED"-J
a
Estudos de gêmeos, de adoção e da família demonstraram que Sobrinho ou sobrinha
essas duas doenças representam agregações familiares. Notem)
Primo em primeiro grau
Esquizofrenia cônjuge _L É
A esquizofrenia é uma doença emocional intensa caracte-
rizada por delírios, alucinações, afastamento da realidade e Adaptado de MoGue tw, Gottesman ll, Han DC: me analysis of mrzophrenra Emily
comportamento bizarro, de afastamento ou inadequado (ao data Befrav Gene! rms,-rasrsaz
contrário da crença popular, a esquizofrenia não é um distúr-
bio de "personalidade separada") O risco de recorrência da
doença na prole de um progenitor afetado é de aproximada- neuregulina l [NRC1, cromossomo 8p) e o ativador de oxidase
mente 8% a 10%, cerca de i0 vezes mais alto que o risco na do aminoácido-D (C30, cromossomo i3q). Um outro gene de
população em geral. Os riscos empíricos aumentam quando suscetibilidadeé o DÍSC! [dísmpted-ín-scbízopbrenía-d),o qual foi
mais parentes são afetados. Por exemplo, uma pessoa com originalmente identificado por sua translocação consistente em
um irmão e LllTl progenitor afetados tem risco de aproxima- membros afetados de uma grande familia de esquizofrênicos.
damente l7%, e a pessoa com os dois progenitores afetados Cada uma dessas associações foi replicada em várias popula-
tem o risco de 40% a 50% de desenvolver a doença. Ôs riscos ções. Entretanto, o mecanismo pelo qual as mutações nesses
diminuem quando o membro afetado da família é um paren- genes contribuem para a suscetibilidade à esquizofrenia ainda
te de segundo ou terceiro grau [Tabela 12-9). Pela análise é desconhecido.
dessa tabela, pode parecer complicado que a proporção de
probandtrs esquizofrênicos com um progenitor esquizofreni- Doença Bipolar
co seja só de 5%, o substancialmente inferior ao risco
que é A doença bipolar, também conhecida como doença manía-
para outros parentes de primeiro grau (como irmãos, proge- co-depressiva, é uma forma de psicose na qual se observam
nitores afetados e sua prole). isso pode ser explicado pelo alterações extremas de humor e de instabilidade emocional.
fato de que os esquizofrênicos têm menos probabilidade de A prevalência da doença na população em geral é de aproxi-
se casar e ter filhos que as outras pessoas. Por isso, existe uma madamente 0,5% a 1,0%, mas aumenta para 5% a 10% entre
seleção substancial contra a esquizofrenia na população- aqueles com um parente de primeiro grau afetado. Um estudo
Estudos de gêmeos e de adoção indicam a probabilidade baseado no registro de gêmeos dinamarqueses mostrou indices
do envolvimento de fatores genéticos na esquizofrenia. Dados de concordância de 79% e de 24% para gêmeos MZ e DZ,
acumulados de cinco estudos diferentes com gêmeos mostram respectivamente. As taxas de concordância correspondentes
um indice de 47% de concordânciapara gêmeos MZ, em com- para a doença unipolar [depressão maior] foram de 54% e de
paração com apenas 12% para gêmeos DZ. O Índice de con- 19%. Por isso, parece que a doençabipolar é mais fortemente
cordância para gêmeos MZ considerados em separado, 46%, inliuenciada por fatores genéticos que a doença unipolar.
é praticamente o mesmo que aquele para gêmeos MZ consi- Como acontece com a esquizofrenia, muitos estudos de li-
derados juntos. O risco de desenvolvimento da doença pela gação e do genoma completo foram conduzidos para identifi-
prole de LllTl progenitor esquizofrenia) que tenha sido adotado car genes que contribuem para a doençabipolar. Esses estudos

por pais normais é de aproximadamente 10%, ou praticamente indicaram várias regiões cromossômicas em amostras múlti-
o mesmo risco de quando a prole é criada por um progenitor plas da população. Além disso, foi encontrada uma evidência
biológicoesquizofrenico. de associação fraca entre a doença bipolar e os alelos em loci
Várias investigações de genoma já foram conduzidas em um candidatos. Alguns desses loci foram identificados porque seus
esforço para localizar genes da esquizoufrenia. A ligação a vá- produtos estão envolvidos em sistemas neurotransmissores se-
rias regiões cromossõmicas foi replicada em várias populações, lecionados como alvo para drogas usadas para o tratamento
e genes especificos nessas regiões estão sendo analisados. Al- da doença (como os sistemas da serotonina, dopamina e nora-
gLu11as das técnicas discutidas no Capitulo 8 (desequiiibrio de drenalina). São exemplos desses genes aqueles que codiiicam
ligação, análise de gene candidato) identificaram associações a monoamina oxidase A (NMÚÀ), o transportador de seroto-

promissoras entre a esquizofrenia e vários genes expressos no nina (SHTT) e o catecol-O-metiltransferase(COMT), Lun gene
cérebro, cujos produtos interagem com receptores de glutama- que também já foi associado ã suscetibilidadeã esquizofrenia.
to- Entre eles citamos: disbindina (DTNBPi, cromossomo 6p), Além disso, e111 alguns estudos, os genes DAÕA, NRG¡ e DÍSC
255 / Capitulo 12 GENÉTICA MÉDICA
1, já discutidos anteriormente por causa de sua associação ã mais fortes apresentam, em geral, manifestações iniciais em ida-
esquizofrenia, demonstraram estar associados à suscetibilidade de mais precoce (como câncer de mama, doença de Alzheimer
ã doençabipolar. Embora essas associações sejam promissoras, e doença cardíaca). Com frequência, elas representam subcon-
sua replicação confiável tem sido difícil em populações dife- juntos de casos nos quais existe herança monogênica. Segundo,
rentes e os papéis precisos das mutações na manifestação da quando existe lateralidade, formas bilaterais às vezes formam
suscetibilidadeà doença permanecem desconhecidos. associações familiares mais fortes (p- ex., fenda Iabialfpalatina).
Esses resultados revelam algumas das dificuldades encon- Terceiro, embora o modelo de limiar especifico para o sexo se
tradas nos estudos genéticos de doenças complexas em geral ajuste a algumasdoençascomplexas (p. ex., estenose do piIoro,
e em doenças psiquiátrica; em particular. Essas doenças são, fenda labialfpalatina,autismo, doença cardíaca),ele não se ajus-
sem dúvida, heterogeneas, refletindo a influênciade numero- ta a outras como ao diabetes tipo l).
sos fatores genéticos e ambientais. Além disso, a definição do Existe uma tendência, especialmente entre o público lei-
fenótipo nem sempre é direta e pode mudar com o tempo. go, emassumir que a presença de um componente genético
Várias medidas estão sendo tomadas para melhorar a proba- signilica que o curso de urna doença não pode ser alterado
bilidade de se encontrar genes subjacentes e esses quadros. ("Se é genético, nada pode ser mudado") Isso não é verda-
Fenótipos estão sendo definidos em modelo padronizado e ri- de. A maioria das doenças discutidas neste capítulo possui
goroso. Amostras com maior número de pessoas afetadas, com componentes tanto genéticos quando ambientais_ Por isso,
definição mais rigorosa de fenótipo, estão sendo colhidas em a modificação ambiental [como dieta, prática de exercícios,

esforços para aumentar o poder de detecção de ligação e de redução do estresse] pode, com frequência, reduzir signifi-
associação. A heterogeneidade pode ser reduzida por meio de cativamente o risco. Essas modificações podem ser especial-
estudos de subtipos clinicamente definidos dessas doenças e mente importantes para pessoas com histórico familiar de
pela condução de estudos em populações geneticamente ho- uma doença, pois essas pessoas têm probabilidade de desen-
mogeneas. volver a doença precocemente em suas vidas. Aqueles com
histórico familiarde doença cardíaca, por exemplo, podem,
A associação familiaracentuada tem sido observada com frequência, adicionar muitos anos de vida produtiva

para a esquizofrenia e para a doença bipolar. Genes com alterações relativamente mínimas em seu estilo de vida.

que codificam neurotransmissores, receptores e Ao se concentrar naqueles que mais podem se beneficiarda
enzimas relacionadas a neurotransmissoresforam intervenção, a genética colabora significativamente para a
estudados em famílias, e muitas investigações de medicina preventiva.
genoma foram conduzidas. Alem disso, deve-se destacar que a identificação de uma
alteração genética específica pode levar à prevenção e ao tra-
Outras Doenças complexas tamento mais efetivos da doença. A identificação de mutações
As doenças discutidas neste capítulo representam alguns dos que causam o câncer de cólon familiarpode permitir a triagem
distúrbios multifatoriais mais comuns e aqueles para os quais precoce e a prevenção de metástases. A identificação de um
tem havido grande progresso na identificação de genes. Mui- gene responsável por um defeito de um neurotransmissor em
tas outras doenças multifatoriais estão sendo estudadas tam- uma doença psiquiátrica como a esquizofreniapoderia levar ao

bém, e, em alguns casos, genes especificos de suscetibilidadejá desenvolvimento de tratamentos medicamentosos mais efeti-
foram identificados. Entre eles, por exemplo, citamos: doença vos. Em alguns casos, como na hipercolesterolemia familiar, a
de Parkinson, perda da audição, esclerose múltipla, esclerose terapia genética pode ser útil. É importante que os profissio-
lateral amiotrólica, epilepsia, asma, doença inflamatóriado in- nais de saúde aIertem seus pacientes sobre esses fatos.
testino e algumas formas de cegueira abela 12-7 e Tabela 8-2 Embora a genética das doenças comuns seja complexa, e
no Capitulo S). frequentemente confusa, o impacto dessas doenças na saúde
pública e a evidência de fatores hereditários em sua etiologia
ALGUNS PRINCÍPIOS GERAIS E CONCLUSÕES exigem o desenvolvimento de estudos genéticos. Progresso
Dos resultados obtidos até o momento sobre a genética de do- substancial já vem sendo (Jbservado. A próxima década, sem
enças complexas, alguns principios gerais podem ser deduzidos. dúvida, será testemunha de muitos avanços em nossa compre-
Primeiro, as doenças complexas com componentes genéticos ensão e tratamento dessas doenças-

Questões para Estudo


'l. Considere uma caracteristicamultifatoñal que seja 2. Considere uma doença que conhecidamente resulta
duas vezes mais comum no sexo feminino. Indique qual em 5% de risco de recorrência em irmãos. Esse risco
tipo de combinação tem risco mais alto de produzir poderia ser o resultado ou de herança multifatorial ou
crianças afetadas (pai afetado e mãe normal versus pa¡ de gene autossômico dominante isolado com 10% de
normal e mãe afetada). O risco de recmrência será penetrância. Qual teste você faria para descobrir quais
maior para os filhos ou para as filhas? dessas possibilidadesé a correta?
3. Um membro de um par de gêmeos monozigóticos é
afetado por uma doença autossômica dominante e o
outro não. Descreva duas maneiras diferentes em que
isso poderia ooorrer.
4. Suponha que a her-debilidadeda porcentagem de
gordura corporal seja de 0,80 quando se estudam

Leituras sugeridas
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On the threshold oi a new neurobiology. Nat Rev Cenet
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Hirschhorn JN, Daly
À,
l

TESTES GENÉTICOS E TEA* ç

Como vimos nos capítulos anteriores, avanços significativos o segundo. Esses dois exemplos envolvem triagem de popu-
têm ocorrido em muitas áreas da genética médica, incluindo lações, mas a triagem genética também pode ser aplicada a
tecnologia de DNA, mapeamento e clonagem de genes e ci- membros de tamíiias com histórico positivo de uma doença ge-
togenética. Esses desenvolvimentos abriram caminho para nética. Um exemplo é o teste para uma translocação recíproca
testes mais precisos e eficientes de doenças genéticas. Testes balanceada em familias em que um ou mais membros tenham
genéticos podem ser definidos como a análise de cromosso- tido um doença cTomossômictJ (Capítulo 6). O (Quadro 13-1
mos, DNA, RNA, proteínas ou outros analitos* para detectar lista os vários tipos de triagem genética, incluindo várias fonnas
anomalias que podem causar uma doença genética. Exemplos de diagnóstico pré-natal, que são discutidas neste capítulo.
de teste genético incluem diagnóstico pré-natal, detecção de
O objetivo da triagem é o reconhecimento
portador heterozigoto e diagnóstico pré-sintomático: de do-
precoce de um doença para que a intervenção
ença genética. Õs principios e aplicações do teste genético evite ou reverta o processo da doença (como em
nesses contextos são um dos focos deste capítulo.
Ó outro foco é o tratamento de doença genética. Muitos triagem de recém-nascidos para erros inatos de
aspectos do tratamento de doença envolvem áreas da medi-
metabolismo) ou para que decisões reprodutivas
informadas possam ser tomadas (como na triagem
cina, tais como cirurgia e tratamento com droga, que estão
além do escopo deste livro- Contudo, a terapia gênica, em que para portadores heterozigotos de uma mutação
autossõmica recessiva). Um resultado positivo
células do paciente são geneticamente alteradas para combater
de um teste de triagem genética normalmente é
doenças especificas, é discutida aqui em alguns detalhes. seguido por um teste de diagnóstico mais preciso.
TRÍAGEM PÚPULÀClONÂL PARÁ DOENÇÀ GENÉTÍCÀ Principios da Triagem
Testes de triagem representam um importante componente Os princípios básicos da triagem Foram desenvolvidos nos anos
das práticas de rotina da saúde. Esses testes são geralmente 1960 e ainda são amplamente reconhecidos. Caracteristicas da
projetados para detectar doenças humanas tratáveis em seu doença, o teste e o sistema de cuidado ã saúde devem ser conside-
estágio pré-sintomático. Testes de Papanicolaou (Pap) para rados quando se decide se a triagem populacional é apropriada.
detectar displasia cervical e triagem populacional para hiper- Primeiro, a doença deve ser séria e relativamente comum.
colesterolemia são exemplos bem conhecidos dessa estrategia isso garante que benefits¡os derivados do programa de tria-
os
de saúde pública. A triagem populacionai é um teste de popu- gem jLL-;tif-iquem seus custos. Históriconatural da doença deve
lações em larga escala para uma doença, em um esforço para ser claramente compreendida. Deve haver um tratamento
identificar pessoas que provavelmente têm a doença e aquelas aceitável e eficaz, ou, no caso de algumas doenças genéticas,
que provavelmente não têm. Testes de triagem não pretendem o diagnóstico pré-natal deve estar disponível. No que diz res-

Fornecer diagnósticos definitivos,- em vez disso, eles visam peito ao teste de triagem propriamente dito, deve ser aceitável
identificar um subgrupo da população em que outros testes de para a população, fácil de realizar e relativamente barato. Ú
diagnósticos, mais exatos, devem ser realizados. Esta distinção teste de triagem deve ser válido e confiável. Finalmente, os
importante e comumente mal entendida pelo público leigo e recursos para o diagnóstico e tratamento do doença devem

raramente esclarecida pela mídia popular. ser acessíveis. Deve haver uma estrategia para comunicar os

Triagem genética é a triagem populacional para um gene resultados de maneira eFiciente e eficaz.
que causa a doença na pessoa portadora do gene ou nos descen- Programas de triagem geralmente utilizam testes que são
dentes do portador. A triagem de recém-nascidos para doenças amplamente aplicáveis e baratos para identiticar uma popu-
metabólicas herdadas (Capitulo 7:) e um bom exemplo do pri- lação em risco (p. ex., programa de triagem de tenilcetonú-
meiro tipo de triagem genética, e a detecção de heterozigoto ria (PKU), discutido no Comentário Clínico 13- l
para doença de Tay-Sachs (discutida mais adiante] exemplifica

“Um analito é qualquer substância que esteja sujeita a análise.


Testes Genéticos e Terapia Gêmea ,f 259

uuAoeo 13-1 Tipos de Triagem Genética a Diagnóstico Pré-natal


TI-'IIAGEJ POPULACIUHAL PARA DOEIÇAS GENÉTICOS Coleta de amostra de sangue umbilicalpercutâneo (PUBS)
Triagem de Recém-nascidos Diagnóstico genético pré-implantação
Sangue Técnicas de Visualização Fetal
U Fenilcetonúria, todos os 50 estados nos Estados Unidos

Galactosemia, todos os 50 estados nos Estados Unidos Ultrassonografia


Hipotireoidismo,todos os 50 estados nos Estados Unidos Radiografia
Hemoglobinopatias,quase todos os estados Imagem por ressonância magnética
Outros: doença da urina em xarope de bordo, homocistinúria, t¡- Triagem Populacinnal
msinemia e várias outras doenças são triadas em muitos estados Idade materna > 35 anos
Triagem universal da audição de recém-nascidos (>60'i6 das perdas Históricofamiliarda doençadiagnosticável por técnicas pré-natais
de audição congênitas se devem a fatores genéticos") Teste quádruplo: a-fetoprotefna no soro materno, estriol, ganado-
trofina coriônica humana, inibinaA
Triagem de Hoiemzigotns Triagem no primeiro trimestre: ultrassonografia, PAPP-A e subuni-
Doença de Tay-Sachs, população de judeus asquenazes dade B livre da gonadotroiina coriõnica htunana
Anemia falciforme, população afro-americana
Talassemias em grupos étnicos em risco minorar o¡ FAMÍLIA meu DOENÇAS sentenças
Fibrose cística em algumas populações (pessoas de ascendência Históricofamiliarde rearranjo cromossõmico (p. ex., translocação)
europeia, judeus asquenazes") Triagem de mulheres aparentadas em um heredograma ligado ao X
(distrofia muscular de Duchenne, sindrome do X frágil)
omouúsnoo PRE-NATAL oe DOEiÇAS (imensos Triagem de heterozigoto dentro de famílias em risco (p. ex., fibrose
cística)
Teste Diagnóstico(Diagnóstico Pró-natal invasivo) Triagem phé-sintomática (p. ex., doença de Huntington, câncer de
Amniocentese mama, câncer de cólon)
Coleta de amostra de vilosidade coriônica

CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA Cada vez mais a espectrometria de massa em tendem e usada para testar
A triagem populacional de recem-nascidos para PKU representa um excelen- a PKU. Resultados de teste positivos geralmente são repetidos e seguidos
te exemplo da aplicação do modelo de triagem para doençagenética. Como por um ensaio quantitativo de fenilalaninae ti resina no plasma.
discutido no Capitulo 4, a prevalência dessa doença autorssõmica recessiva Se o teste for realizado após 2 dias de idade e após alimentação regular em
de metabolismo da fenilalaninae de cerca de um em 10.000 a 15.000 nas- uma dieta proteica, o indice de detecção (sensibilidade)e de cerca de 98%.
cimentos de brancos. O histórico natural da PKU e bem compreendida. Mais Se ele e realizado em menos de 24 horas de idade, a sensibilidadee de
de 95% dos pacientes com PKU não tratada se tomam deficientes mentais cerca de 84%, e um teste de repetição e recomendado algumas semanas
moderados a graves. A doença não é identificada clinicamente no primeim após o nascimento.A especificidade e proxima de 100%.
ano de vida, porque os sinais fisicos são sutis e a PKU geralmente se mani-
festa apenas como atraso no desenvolvimento.A restrição dietética de fenila- GARAUTERÍSTTMSD0 SISTEMA
lanina, quando iniciada antes de 4 semanas de idade, é altamente etica: para Em virtude da necessidade de proteína normal na dieta, muitos estados [nos
alterar o curso da doença- Uma dieta de baixa fenilalanina, embora irão seja EUA) solicitam novo teste de triagem com 2 a 4 semanas de idade. A esta
particularmente saborosa, elimina grandemente a perda de OI que, de outro altura, a sensibilidadese aproxima de 100%. Um alto nivel de sensibilidade
modo, ocorreria (uma importante exceção são aqueles que tem um defeito no e importante devido ao grave impacto de um diagnostico errôneo.
metabolismo de biopterina, para os quais uma terapia diferente e utilizada). Os niveis de fenilalanina em crianças com PKU clássica geralmente ultra-
passam 20 mg/dL Para cada 20 resultados positivos de triagem para PKU,
CARAUTERÍSTTMSD0 TESTE apenas uma criança tem PKU classica. Os outros representam ou achados
A PKU e normalmente detectada pela medida de fenilalanina no mngue falso-positivos (geralmente devido a uma timsinemia reversível trai-reitoria)
usando-se um ensaio de inibição bacteriana, o teste de Guthrie.O sangue e ou crianças com uma fonna de hiperfenilalaninemia(fenilalaninaelevada)
coletado no logo apos o nascimento, geralmente perfurando-se o calcanhar não causada por PKU classica.
e coletando-se o mngue em papel de filtro. 0 sangue seco e colocado em O custo do teste de Gutirrie geralmente é relativamente baixo. Varios
uma placa de ágar e incuhado com urna cepa de bactérias (Baciliussubti- estudos mostraram que o custo de triagem para PKU em todo o pais e sig-
irls) que requer fenilalaninapara crescer. A medida do crescimento bacteria- niticativamente menor que a economia que se obtem por evitar custos de
no pemtite a quantificação do total de fenilalanina na amostra de sangue. internação e produtividade perdida_

de separar eficazmente pessoas que tenham a doença daquelas positivos). A especificidade é a capacidade do teste de iden-
que' não tenham. Este atributo, que define a validade do teste, tificar corretamente aqueles sem a doença. É medida como a
envolve dois componentes: sensibilidade c especificidade. A fração de pessoas não afetadas em quem o teste é negativo
sensibilidadereflete a capacidade do teste de identificar cor- (i. r. verdadeiro-negativos). Sensibilidadee especificidade são
,

retamente aqueles com a doença. É medida como a fração dc detcnninadas comparando-sc resultados de triagem com aque-
pessoas afetadas em quem o teste é positivo (i. e., verdadeiro- les de um teste de diagnóstico definitivo (Tabela 13-1 J.
25o r' Capitulo 13 GENÉTICA MÉDICA
TABELA13-1
Definições de Sensitividade e Especificidade*
limitado do Estado Atual da Doença
Teste da Triagem Afoladn Não afetado
Teste Positivo [+) a (positivo-verdade rc) b (falso-positivo)
Teste negativo (-) c (falso-negativo) d (negativo-verdadeiro)
*abce d representaria o número de individuos em uma população onde foram
encontrados portadores da doença e foram mostram: combinaçõesde resultados. 0
!este de sensrbiirdadeza/afaçc);especifrcioade arrow),- varcr preditivopositivo :af
=

(em); e vetor preditivo negetmhdffcuf).

Testes de triagem são raramente 100% sensíveis e 100% es-


pecíficos. lsso ocorre porque a gama de valores de teste na popu-
lação da doença se sobrepõe àquela da população não infectada
(Fig. 13-1). Assim, resultados de LII11 teste de triagem [quando
controntados com os do teste de diagnóstico de acompanha-
mento delinitivo] serão incorretos para alguns membros da po-
pulação. Geralmente, Lll11 valor de corte e” designado para separar
as porções doente e não doente da população. Existe um conlii-
to de escolha entre o impacto de não detecção ou baixa sensi-
bilidade(í. c., um elevado índice falso-negativo) e o impacto de
baixa especilicidade (i. c., um elevado índice falso-positivo). Se a
penalidade de se perder a identificação de pessoas afetadas é alta
(como na PKU não tratada), então o nível de corte é reduzido
para que quase todos os casos da doença sejam detectados
Testes Genéticos e Terapia Gêmea r" 261

preditivo positivo é 47/[47 + 5.000), ou menos de 1%- Agora Muitos estados norte-americanos e países europeus estabe-
suponliamos que 10.000 membros da população Yupilt sejam leceram triagem de recém-nascidos expandida. A espectro-
testados para HAC. Como mostra a Tabela 13-2, 24 de 25 pes- metria de massa em tandem (Capítulo 3) pode detectar ano-
soas com HAC darão resultado positivo no teste, e 100 pesso- malias no metabolismo intermediário de açúcares, gorduras e
as sem HAC também. Aqui, o valor preditivo positivo é muito proteínas que caracterizam mais de 30 doenças metabólicas
mais alto do que na população branca: 24H24 + 100) 19%. = (Capítulo 7)- Programas para lidar com resultados positivos e
Este exemplo ilustra um importante princípio: Para um dado m'- para iomecer tratamento rápido de condições de doença veri-
vrl de sensibilidade e especificidade, o valor preditivo positivo de um teste ficadas já Foram desenvolvidos.
aumenta quando a prmalência da doença aumenta.
A triagem de recém-nascidosé uma estratégia eficaz
O valor preditivo positivo de um teste de triagem é de saúde pública para doenças tratáveis como PKU,
definido como a porcentagem de testes positivos hipotireoidismo,galactosemia e anemia ialcilonne.O
que são verdadeiro-positivos. Ele aumenta quando a uso de espectromeiria de massa em tandem expandiu
prevalência do doença-alvo aumenta. recentemente o númem de doenças que podem ser
detectadas por triagem de recém-nascidos.
Triagem dB HBCÉHFÍIBSCÍÚOS Dam EITOS lnams “B Melahnllâmü
Programas de triagem de recém-nascidos representam uma Triagem de Helerozlgotn
oportunidade ideal para detecção pre-sintomática e prevenção Os princípios supracitados de triagem populacional podem
de doença genética. Atualmente, todos os estados norte-ame- ser aplicados para a detecção de portadores não afetados de
ricanos testam recem-nascidos para PKU, galactosemia (Ca- mutações causadoras de doença. A população-alvo é um gru-
pitulo 7) e hipotireoidismo. Todas essas doenças preenchem po conhecido por estar em risco- A intervenção consiste na
os critérios previamente citados para triagem populacional. apresentação de figuras de risco e opções como o diagnóstico
Cada uma dessas é Luna doença em que a pessoa estã em risco pre-natal. Doenças genéticas propensas a triagem de hetero-
significativo para retardo mental, que pode ser prevenido por zigoto normalmente são doenças autossômicas recessivas para
detecção precoce e intervenção elicaz. as quais o diagnóstico pre-natal e a consulta genética são dis-
Nos últimos anos, a maioria dos estados norte-americanos e ponfveis, viáveis e precisos-
muitas outras nações instituíram programas de triagem para iden- Um exemplo de trabalho de triagem de heterozigtxtt) alta-
tificar neonatos com distúrbios de hemoglobina(p. ex., anemia mente bem-sucedido e' o programa de triagem de Tay-Sachs
falciforme). Esses programas se justificam pelo fato de que até na América do Norte. A doença de Tay-Sachsinfantil é um do-
15'i6 das crianças não tratadas com anemia ialciionne morrem de ença autossômica recessiva de armazenamento de lisossomos
infecções antes dos 5 anos de idade (Capítulo 3). O tratamento em que a enzima lisossõmica B-hexosaminidase A [HEX A) e'
eficaz, na Forma de antibióticos prolilãticos,está disponível. deficiente (Capítulo 7), causando um crescimento do substra-
Algumas comunidades começaram a fazer triagem para dis- to, gangliosideo CML em lisossomos neuronais. 0 acúmulo
troiia muscular de Duclienne medindo os niveis de creatina deste substrato danifica os neurônios e leva a cegueira, convul-
quinase e111 recém-nascidos. Ú objetivo não é o tratamento são, hipotonia e morte por volta dos 5 anos de idade. A doença
pre-sintomático, e sim a identificação de Familias que devem de Tay-Sachs é especialmente comum entre judeus asquena-
receberconsulta genética a Fim de tomar decisões reprodutivas zes, com uma Frequência de heterozigoto de cerca de l em
informadas- Doenças para as quais a triagem de recém-nasci- 30. Àssim, esta população é candidata razoável para triagem
dos é comumente realizada estão resumidas na Tabela 13-3. de heterozigoto. Testes precisos de portador estão disponiveis

TÁBUA13-3
Caracteristicasdos Programas de Triagem em Neonatos Selecionados
Testa de Triagem
Fenileetonúria Autossomiao recessivo lflllmü 1f15D0O
-
Espeetrometria de massa em tamdem Restrição dietética de
tenilalanina
Galactosemia Autossomico recessivo 1550.0013 -1;'1U0.000 Ensaio de transferase Restrição dietética de
galaotose
Hipotireoidismocongênita Geralmente esporádico mensuração de tiroxina (i4) ou de Reposição hormonal
homiõnio estimulante de tlreoide (TSH)
Anemia falciforme Autossomieo recessivo V400 1x6GB em negros Foco isoeletrico ou diagnostico por DNA Penicilinaprofilatica
-

Fibrose cística Autossomieo recessivo Tripsinogenio imunoneativo confirmado Antibióticos, fisioterapia


por diagnostico por DNA respiratória, reposição da enzima
panenatiea, se necessario
(acessado em i0 de namo de 2009
Dados das nomes da Asmita:: College of marcar Genetics, hitxtirmvmaang_net/resourcestpolfclesfaETfmndftion-anawte-lfnksmm
252 r' Copiado 13 GENÉTICA MÉDICA
(ensaios para HEX A ou teste de DNA direto para mutações). vidas diretrizes com respeito aos aspectos éticos e legais dos
Como a doença é fatal, opções como interrupção da gesta- programas de triagem de heterozigotos. Estes estão resLunidos
ção ou inseminação artificial por doadores não portadores são no Quadro 13-2.
aceitáveis para a maioria dos casais. Houve trabalho bemum
A triagem de heterozigoto consiste em testar (no
planejado para educar membros da população-alvo acerca dos nível do fenótipo ou do genótipo) uma população-
riscos, testes e opções disponíveis. Como resultado da tria- alvo para identificar portadores não afetados de um
gem, o número de nascimentos com doença de Tay-Sachs en-
tre judeus asquenazes nos Estados Unidos e Canadá diminuiu
gene de doença. Os portadores podem então receber
aproximadamente 90%; de 3o a 4o por ano antes de 197o, informações sobre riscos e opções reprodutivos.
para 3 a 5 por ano na década de 1990, e para zero em 2003. Diagnóstico Pré-sintomático
A B-talassemia maior, outra doença autossômica recessiva Com o desenvolvimento do diagnóstico genético por meio
grave, e especialmente comum entre muitas populações me- da análise de ligação e detecção direta da mutação, o diag-
diterrâneas e sul -asiáticas (Capítulo 3). Programas eficazes de nóstico pre-sintomático se tomou viável para muitas doenças
triagem de portador produziram uma redução de 75% na pre- genéticas_ Pessoas em risco podem ser testadas para detenni-
valência de recem-nascidos com essa doença na Grecia, Chi- nar se herdaram uma mutação causadora de doença antes de

pre e itália. A triagem de portador também é possível para Fr- desenvolverem sintomas clínicos da doença- O diagnóstico
brose cística, outra doença autossômica recessiva [Comentário pré-sintomático está disponível, por exemplo, para doença de
Clinico 13-2)- A Tabela 13-4 apresenta uma lista de doenças Huntington, doença renal policística do adulto, hemocroma-
selecionadas para as quais programas de triagem de heterozi- tose e câncer de mama autossômico dominante. Informando as
goto foram desenvolvidos em países industrializados. pessoas que portam ou não uma mutação causadorade doença,
Além dos critérios para estabelecer um programa de tria- o diagnostico pre-sintomático pode ajudar na tomada de de-

gem populacional para doenças genéticas, Foram desenvol- cisões reprodutivas. Ele pode iomecer reconiorto para aqueles

Mais de 1 .S00 mutações já foram relatadas no gene (Bl-TR, e, embora algu- damutação variam entre as populações. este número e um pouco menor
mas sejam variantes benignas, a maioria pode causar fibrose cística. Seria em outras populações dos EUA, como negros e hispánicos). Entre os bran-
tecnologicamente impraticável testar todas as mutações relatadas em um cos. 98% dos casais em que um eu ambos os membros camegam uma
programa de triagem populacional. No entanto, entre as mutações que po mutação de FC seriam reconhecidos (isto é, 1 0,153, levando a um alto
-

dem causar FC em brancos, cerca de 70% são a delação de três pares de nivel de sensibilidade.OAmerican College of Medical Genetics e oAmerican
base denominada AFSUB (Capitulo 4)_ Nessa populaçao, a triagem de por- College of Obstetricians and Gvnecelogists recomendam que a casais que
tador usando detecção de AFSOB baseada em PCR detectada aproximada- estejam planejando uma gravidez, ou que já estejam em gestação, deve-se
mente 90% dos canis em que um ou ambos fossem portadores heterozi- oferecer um teste para o sratusde portador de FC. Casais em que ambos os
gotos desta mutação (1 0,30”, onde 0.309 representa a frequencia de
-
pais são heterozigotos detiniriam um subgrupo da população ao qual o diag-
casais portadores em que nenhum dos dois possui a mutarào M508). Atu- nóstico pre-natal de FC poderia ser oferecido. A FC e hoje testada comu-
almente e recomendado testar simultaneamente 25 das mutações mais mente na população de recem-nascidos dos Estados Unidos, geralmente
oomuns de (Ji-TR, o que detectara aproximadamente 85% de todas as mu- utilizando um ensaio de tripsinogenio imunorreativo. seguido, se indicado.
tações de CH?? em pessoas de ascendência europeia (como as frequencias por teste direto para mutações de me.

TABELA13-4
Exemplos Selecionadosde Programas de TriagemHeterozigota em Gnrpos Étnicas Específicos
Doença Gnpo Étnica Frequência de Portador Frequência da casais Incidência da Doença
em Risco em Neonatns
Anemia falciforme Negros 1,112 V150 UBUU
Doença de Tay-Sachs Judeus asquenazes 1f30 W900 18.600
p-talassemia Gregos, italianos USO V900 18.600
ot-talassemia Sudeste- asiáticos, chineses 1.525 W625 12.5500
Fibrose cística Europeus do norte 1f25 W625 12.500
Fenilcetonúria Europeus do norte USO 19.500 MONO
Modificadode rLfoGrirniss tw, Kaoacmllrf: Carrier screening. Em Rrmoin DL CONDE! JM, PyenizHE Karl'BR (Eds): enrery and Bimeins Prin::iples andPracticeof Medica¡
Genetics, 51h Ed. New York: Churcfrif Livingsfme, 2007, ppZEZ-Fô?
Testes Genéticos e Terapia Gênio.? x" 26.3

discriminação de empregado. Tais experiências ressaltaram a


QUADRO 13-2 Diretrizes de Políticas Públicas para necessidade de consulta genética eficaz e educação pública.
Triagem de Heherozigotos Outras questões incluem o direito de escolher não ser testado
e o potencial de invasão de privacidade.
Diretrizes recomendadas: Ós aspectos sociais, psicológicos e éticos da triagem gené-
A triagem deve ser voluntária, e a confidencialidadedeve ser ga- tica se tomarão mais complicados à medida que técnicas mais
rantida. modernas de diagnóstico de DNA passarem a ser mais aces-
A triagem requer' consentimento informado-
Os fornecedores de serviços de triagem têm a obrigação de garan- siveis. Por exemplo, ainda que o diagnóstico pré-sintomático
tir que informações adequadas sejam incluídas no programa. da doença de Huntington esteja disponivel, vários estudos
O controle de qualidade de todos os aspectos do teste em labora- mostraram que menos de 20% das pessoas em risco escolhe-
tório, incluindotestes de competência sistemáticos, é necessá- ram esta opção- isto reflete amplamente o fato de que nenhum
rio e deve ser implementado assim que possivel.
tratamento eficaz está disponível atualmente para esse doen-
Deve haver igual acesso ao teste.
ça. O diagnóstico pre-sintomático da condição de portador de
De Eiras .S Anna:: a!, Simpson JL: Carrier screening for cysiic fibrosis: ERC/í¡ e BRCA¡ em familias com câncer de mama e de ovário
implications farartefatosand gynecoiogicpractice. Am J Gosta: Swami também encontrou respostas mistas. Em parte, isso é uma rea-
I99?,'?64:1ü?7-?ü&3. ção ao custo do teste: devido ao grande número de mutações
diferentes em BRCÀ¡ e BRCA¡ que podem causar câncer de
que descobrem que não portam uma mutação causadora de mama, o teste consiste normalmente no sequenciamento de to-
doença. Em alguns casos, o diagnóstico precoce pode melho- dos os éxons e promotores de ambos os genes, bem como de al-
rar o cuidado com a saúde. Por exemplo, pessoas que herdam guns nucleotideos intrônicos próximos de cada éxon. Este é um
uma mutação de câncer de mama autossômico dominante po- procedimento caro. Medidas preventivas, tais como mastecto-
dem passar por mamografia em um estágio mais inicial para mia e ooforectomia profiláticas(remoção das mamas e ovários,
aumentar as chances de detecção precoce do tumor. Pessoas respectivamente), são conhecidas por reduzirem substancial-
em risco para a herança de mutações em RF¡ [Capitulo i I), mente o risco de câncer, mas não o eliminam por completo.
que têm alta probabilidadede desenvolver neoplasia endócri- Para algumas doenças genéticas, tais com síndromes de cân-
na múltipla tipo 2 (MENZ), podem passar por tireoidectomia cer de cólon autossômicas dominantes, o diagnóstico precoce

profilática para reduzir sua chance de desenvolver uma malig- pode levar à melhora de sobrevivência porque tratamentos
nidade. Aqueles que herdam mutações que causam algumas preventivos eficazes estão prontamente disponíveis (colecto-
formas de câncer de cólon familiar [polipose adenomatosa mia ou polipectomia para pólipos pré-cancerigentrs no cólon).
do cólon [APC] e câncer colorretal hereditário não polipo- Além disso, muitas pessoas em risco descobrirãt) que não por-
so [HNPCCL Capitulo li] também podem se beneficiar do tam o gene causador da doença, o que evitará procedimentos
diagnóstico e tratamento precoces. de diagnóstico desagradáveis (e possivelmente aniscados),
Como a maioria das doenças genéticas são relativamente como colonoscopia e mamografia. No entanto, ã medida que
incomuns na população geral, a triagem pré-sintomática uni- a triagem para tais doenças se torna mais comum, as questões
versal atualmente é impraticável. Ela é geralmente recomenda- de privacidade e confidencialidadee a necessidade de comuni-
da apenas para pessoas que se sabe que estão em risco para a cação exata da informação de risco devem ser tratadas.
doença, geralmente devido a um histórico Familiar positiva.
O teste genético pode às vezes ser realizado para FERRAMENTAS MOLEGULARES PARA TRIAGEM
identificar pessoas que herdaram um gene causador E DIAGNÓSTICO
de doença antes que elas desenvolvam sintomas. Isso Até recentemente, a triagem genética com frequência se ba-
é denominado diagnósticopré-sintomático. seava em fenótipo da doença, tais como ensaio de
ensaios dx)
B-hexosaminidase para doença de Tay-Sachs ou ensaio de cre-
Implicações Pslcossoclals de Triagem e Diagnóstico atina quinase para distrofia muscular de Duchenne. Avanços
Genéticos na tecnologia de DNA levaram o diagnóstico ao nivel do ge-
A triagem para doenças genéticas tem muitas implicações sociais nótipo- Em alguns casos, a análise de ligação é usada para de-
e psicológicas. A carga de ansiedade, o custo e a potencial estig- terminar se uma pessoa herdou um gene causador de doença,
matização em torno de um resultado de teste positivo devem ser mas na maioria dos foram desenvolvidos ensaios diretos
casos

pesados diante da necessidade de detecção_ Com frequência, de mutações causadorasde doença. O diagnóstico genético ao
testes de triagem são erroneamente percebidos como diagnosti- nivel do DNA atualmente está complementando, e em muitos
camente definitivos- Áideia de que LI.l11 teste de triagem positivo casos suplantando, testes baseados em ensaios fenotípicos.
não necessariamente indica presença de doença deve ser enfati- A análise de ligação e o diagnóstico direto da mutação fo-
zada para aqueles que passam por triagem (Quadro 13-2). ram usados para teste de diagnóstico dentro de familias, para
Os programas de triagem iniciais para condição de porta- diagnóstico pré-natal de doenças genéticas, e, mais recente-
dor de anemia falciforme nos anos 1970 causaram constran- mente, em triagem populacional. A tecnologia aprimorada e
gimentos em virtude de mal-entendidos acerca das implica- uma demanda elevada de testes levaram ao estabelecimento de

ções da condição de portador. Ocasionalmente, a detecção laboratórios clínicos moleculares em muitos centros médicos
dx: portador levava ao cancelamento de seguros de saúde ou em todo o mundo-
254 f Capitulo 13 GENÉTICA MÉDICA
Análise de Ligação Análise Direta de Mutação
Polimorlismos de DNA [mais comLunente, pequenos polirnorlis- Algumas vezes, acontecede a mutação causadora de doença
mos de repetição em tandem, STRPs) podem ser usados como alterar uma sequência de reconhecimento para uma enzima
marcadores na análise de ligação, como descrito no Capitulo 8. de restrição. Neste caso, a mutação cria por si só um poli-
Uma vez que a Fase de ligação é estabelecida em uma Família, o morlismo de sitio de restrição que pode ser detectado após a
locus marcador pode ser analisado para determinar se uma pessoa digestão com essa enzima. Um exemplo e dado pela mutação
em risco herdou um segmento de cromossomo que contém uma da anemia falciforme, que altera um sitio de reconhecimento
mutação causadora de doença ou um segmento homólogo que .il/lstll no gene B-glcrbina (Fig. 3-18, no Capitulo 3). Como o
contém mn alelo nonnal [Fig. 13-2). Como esta abordagem utiliza RFLP resultante reHete diretamente a mutação causadora de
marcadores ligados mas não envolve o exame direto das mutações doença, a análise do RFLP nesse contexto e' um exemplo de
causadoras de doença, ela é uma Forma de diagnóstico indireto- diagnóstico direto da doença. 0 diagnóstico direto tem as
A análise de ligação foi empregada com sucesso para diag- vantagens de que a informação da Familia não é necessária (a
nosticar muitas das doenças genéticas discutidas neste texto. Em mutação é vista diretamente em cada indivíducr), de que casais
principio, ela pode ser usada para diagnosticar qualquer doença não informativos não são um problema, e de que não há erro
genética mapeada. Ela tem a vantagem die que o gene da doença resultante de recombinação.(A Tabela 13-5 resume as vanta-
e seu produto não precisam ser conhecidos. O marcador sim- gens e desvantagens do diagnóstico direto e indireto-) A prin-
plesmente nos djz se a pessoa em risco herdou ou não a região cipal desvantagem do uso de RFLPs para diagnóstico direto é
cromossômica que contém uma mutação causadora de doença. que' apenas cerca de 5% das mutações causadoras de doença
As desvantagens dessa abordagem são que vários membros podem afetar sitios de restrição conhecidos_
da familia devem ser testados a lim de estabelecer a Fase de O diagnósticogenético direto é acompanhadopela
ligação,- nem todos nos marcadores são inionnativos (suficien- identificação da própria mutação causadora da doença.
temente betertrzigotos] em todas as Familias (Capitulo 8 para É potencialmente mais preciso que o diagnóstico
uma discussão de Familias não inlonnativas); e pode ocorrer indireto e não requer informação da família.Técnicas
recombinaçãt) entre o marcador e a mutação causadora da do- de RFLP podem ser usadas para diagnóstico direto se
ença, introduzindo uma fonte de erro de diagnóstico. a mutação afetar um sítio de restrição.
Conforme discutido no Capitulo S, os STRPs altamente po-
limórlicos aumentam em grande medida a probabilidadede que OllgonuclentideosAfeto-Específicos
mn marcador seja informativo em uma família. O potencial infor- Se a sequência de DNA ao redor da mutação e' conhecida, um
mativo também pode ser aumentado pelo uso de múltiplospoli- oligonucleotideo pode ser sintetizado, e hibridjzará (sofrerá
morfisrnos marcadores, todos são intimamente ligados ao locus da pareamento de base complementar) apenas para a sequência
doença. O uso de marcadores margeando ambos os lados do locus mutada [tais sondas são Frequentemente denominadas oligo-
da doença pode alertar o investigador para Luna recombinação. nucleotideos alelo-especiliccrs, ou ASOsJ. Uma segunda sonda
A análise de ligação, uma forma de diagnóstico que hibridizará para a sequência de DNA nonnal tamNm e'
genético indireto, utiliza marcadores ligados para sintetizada- Condições de liibridização estringentes são usadas
determinar se uma pessoa herdou um cromossomo para que um misrnatcb de Luna base impeça a hibridização. O
contendo um gene de doença de seu genitor DNA de pessoas que são bomozi gotas para a mutação lribridiza
ou genitora. A necessidade de identificação de apenas corn o A50 que contem a sequência mutada, enquanto
o DNA de pessoas homozigotas para sequência normal híbri-
muitos membms da família e as possibilidades
de recombinaçãoe casais não informativos são diza com o ASÓ normal. O DNA de beterozigotos bibridiza
com ambas as sondas (Fig. 13-3). Ó comprimento das sondas
desvantagens dessa abordagem.

Mutação causadora raneurs-s


de doença
Sumário de Atributos do Diagnóstico Direto e indireto
Diagnóstico Diagnóstico
Indireta Direto
necessárias informaçoes Sim
familiares
Possíveis erros devidos a Sim
recombinação
||| 1.3 Mardores podem não ser Sim
infonnativos
FIGURA 13-2
Neste heredograrna para rancor de mama autossõmico dominante, a análisede Teste simples pode descobrir Sim
um marcador intimamente ligado no cromossomo 17 mostra que a mutação mutações múltiplas
e no mesmo cromossomo que o alelo 1 marcador na mãe afetada na geração
II. Isto indica que a filha na geração III herdou o cromossomo portador de Doença usada por mutação Não
bastante conhecida
mutação de sua mãe e e altamente provavel que desenvolva o tumor de mama.
Testes Genéticos e Terapia Gêmea / 265

_ Sonda Norma' de ASC, geralmente cerca de t8 a 20 nucleotídeos, é crítico.


CAG GTG GAT TGA GGA CTC CTC Sequência da Sondas menores não seriam exclusivas no genoma e, portanto,
ñ-globlna normal hibñdizariam em múltiplas regiões_ Sondas maiores são mais
(fita anttssenso) difíceis de ser Corretamente sintetizadas e podem hibridizar
tanto para a sequência normal como para a sequência mutada-

_ Sm” °°'“°"°'° O método A50 de diagnóstico direto tem as mesmas van-


mutação tagens que foram listadas para o diagnóstico direto usando
CÀC GTG GÁC TGÂ GGA CAC CTC Mutagg de sentldo
f
trocado na sequência
da Bgmbma
RFLPs. Tem a vantagem adicional de não ser limitado a mu-
tações que causam alterações em sítios de restrição. Contudo,
Mutação de sentido trocado
A
ele requer que pelo menos parte do gene da doença tenha sido
clonada e sequenciada. Além disso, cada mutação causadora
de doença exige urna sonda de oligonucleotídeo diferente. Por
essa razão, esta abordagem, embora potente, pode se tornar
djf-ícil ou impraticável se a doença puder ser causada por um
grande número de mutações diferentes em que cada uma tenha
baixa Frequência na população.
Sonda com a
sequência normal 0 diagnóstico direto pode ser realizado por
hibridização do DNA de uma pessoa com sondas de
Sonda com a
sequência mutacla
oligonucleotídeoespecífico do alelo. Esta abordagem é
viável se a sequência de DNA que causa uma doença
B Padrão de hlbrlcllzaçào da sonda genética for conhecida e se o númem de mutações
FIGURA 13-3 causadoresde doença for limitado.
A, Uma sonda de oligonucleotldeo alelo especifica (A50) com 21 pb (amarelo)
e construida para sofrer o pareamento base complementar somente com a
sequncia p-globinanormal, e outra sonda ASO (verde) e construida para sofrer Exemplos de doenças causadas por Lun número limitado de
o pareamento base complementar somente com uma sequencia B-globina mutações incluem anemia FaldFonne e dellciênciade or l -antitrip-
que comem uma mutação de sentido trocado que produz a substituição da sina [Comentário Clinico 13-3). Embora mais de 1.500 mutações
valina por acido glutâmicona posição 6 do peptldeo B-globina(Capitulo 3), de fibrose cística tenham sido identificadas, 25 das mais comuns
causandoanemia falciforme em homozigotos. B, Nesta familia, os pais são são responsáveis pela grande maioria das mutações em muitas po-
ambos portadores lreterozigotos de mutação de sentido contrario, logo seus
DNA hibridiza com ambas as sondas ASO. A primeira filhatem um genótipo pulações (Comentário Clínico 13-2). Desta forma, o diagnóstico
homozigoto normal, a segunda filhae heterozigota e a terceira filhaé uma direto pode ser usado para identificar a maioria dos portadores
homozigota afetada. Uma variedade de metodos, incluindo microarranjos homozigotos e heterorzigutos de Hbrosse cística. O diagnóstico
(Capitulo 3), pode ser usada para detectar estes padrões de hibridizaçãoASO. pré-natal também e' possivel. O diagnósticodireto, usando reação

a
...n.1-

Uma deficiência herdada de ori-antiuipsina (og-AT) e uma dos doenças idade media de morte de não fumantes oorn deficiencia de ur, -AT era 62
autossômicas recessivas mais comuns entre brancos, afetando aproxima- anos, enquanto, para fumantes com a doença, a idade média era 40 anos. A
damente um em cada 2.000 a um em cada 5.000 pessoas. A a,-AT, sinte- combinação do uso de cigarro (um fator ambiental) e uma mutação de a,-
tizada principalmente no ligado, e um inibidor de serina pmtease. Como seu AT (um fator genético) produz doença mais grave do que cada fator isolado¡
nome sugere, ela se liga a tripsina. Contudo, a crç-ÂT se liga muito mais assim, este e um exemplo de uma interação gene-ambiente.
fortemente a elastase de neutrófilo, uma protease que é produzida por neu- O teste para deficiencia de a, -AT geralmente começa com uma fonna
trófilos (um tipo de Ieucocito) em resposta a infecções e irritações. Ela rea- de eletroforese de proteina, que e barata e amplamente disponível. 0 teste
liza seu papel de ligação e de inibição principalmente no train respiratório direto de DNA se tornou viável com a identificação do SERPIAM?, o gene que
inferior, onde evita que a elastase de neutrófilo digira os septos alveolares codiñca a org-AT. Mais de 100 mutações de SERPINAT foram identificadas,
do pulmão. mas apenas uma delas, uma mutação de sentido trocado que produz o
Pessoas com menos de 10% a 15% do nivel normal de atividade de a,- alelo Z e comum e clinicamente significativa. Noventa e cinco por cento dos
AT experimentam dano pulmonar significativo e normalmente desenvolvem casos de deficiencia de a1-ÂT são homozigotos para este alelo. Dois gran-
enfisema durante seus 30, 40 ou 50 anos. Alem disso, pelo menos 10% des estudos indicaram que o risco de desenvolver enfisema entre hornozi-
desenvolvem cirrose hepática como resultado do acúmulo de moléculas va- gotos zze de ?Oiii para não fumantes e de 90% para fumantes. Como a
riantes de a1-AT no fígado. A deficienciade a1-AT responde por quase 20% grande maioria dos casos de oç-AT e causada por uma única mutação, esta
de todas as cirroses não alcoólicas nos Estados Llnidos. Tabagistas com doença pode ser diagnosticada de fonna eficiente utilizando sondas ASO.
deficiencia de a,-AT desenvolvem enfisema muito mais cedo do que não Uma segunda mutação, denominada S, e menos comum e menos grave,
fumantes, porque a fumaça do cigarro intra o tecido pulmonar, aumentando mas também pode ser detectada por hibridização de sonda. O teste de ASO
a secreção da elastase de neutrofilo.Ao mesmo tempo, ele inativa a a1-Âl', fornece um metodo rapido e sensível (sensibilidade> 95%) para detectar
havendo também menos inibição da elastase. Um estudo mostrou que a mutações que causam essa importante doença.
266 f Capítulo 13 GENÉTICA MÉDICA

OUADR013-3 Limitações do Taste Genético

Embora o teste genético frequentemente ofereça muitas vantagens, bilidade. Por exemplo, os painéis comumente usados para testar
também deve-se ter em mente suas limitações. Essas limitações po- mutações de fibrose cística têm normalmente menos de 90% de
dem ser resumidas como se segue: sensibilidade para detectar homozigotos (Comentário Clinico
13-2)- Quando um grande número de mutações diferentes pode
0 Nenhum genético é 100% preciso. Embora a maioria dos
teste
produzir uma doença genética (p. ex., neurofibromatose, câncer
testes genéticos de fato alcance um alto nivel de precisão, Íatores
de mama autossõmico dominante, sindrome de Marfan) pode
como mosaicismo podem complicar o diagnóstico citogenético, e
não ser pratico testar todas as mutações possiveis. Nesse caso, a
erros de genotipagem podem ocorrer no diagnóstico de doenças análise de marcadores ligados pode fornecer precisão diagnóstica
monogênicas. adicional se vários membros da familia forem afetados. Outros
O O teste genético revela mutações, não presença da doença_,
a fatores que podem reduzir a precisão incluem heterogeneidade
pois muitas mutações causadoras de doença têm penetrância in- de locus e a presença de fenocópias.
completa- Por exemplo, aproximadamente 50% a 80% das mu- 9 0 teste genético pode levar a complexas considerações éticas e
lheres com mutações no BRÚA¡ ou BRCÀ¡ desenvolvem câncer sociais- Os resultados de um teste genético podem levar a estig-
de mama, e 70% a 90% das pessoas com mutações em um dos matização ou a discriminação por empregadores ou companhias
genes HNPCC desenvolvem câncer colorretal. Mesmo quando de seguro. O elicaz não está disponivel para algumas
tratamento
a penetrâneia se aproxima de Itllüit. (como na neurolibromato- doenças genéticas (p. ex., doença de Huntington, doença de Al-
se tipo l ou na doença de Huntington), a detecção da mutação zheimer familiar),diminuindo o valor do diagnóstico precoce por
frequentemente revela pouco acerca da gravidade ou da idade de meio do teste genético. Como genes são compartilhados em fami-
início dadoença. lias, os remltados de um teste genético podem afetar não apenas a
0 O teste genético pode não detectar todas as mutações que podem pessoa testada mas também outros membros da família (que podem
causar uma doença. Mesmo na ausência de erros de genotipagem não querer saber' sobre seu risco para uma doença genética)- Estas e
ou de sequenciamento, muitos testes genéticos carecem de sensi- outras questões éticas e sociais são mais discutidas no Capítulo 15.

erncadeia da polimerase (PCR)análise de Southern lrlot,


ou metria de massa, que oferece vantagens de alta velocidade
as
também pode ser utilizado para detectar deleções ou duplica- e grande precisão, tem sido usada_, por exemplo, para detectar

ções (p. ex., aquelas do gene da distrofina que causam a maioria mutações nos genes Ctrl-R e APÕE-
dos casos de distrofia muscular de Duchenne). Atualmente, o Outra forma de espectrometria de massa, a espectrometria
teste genético clínico está disponível para mais de quase 1.500 de massa em tandem, está sendo cada vez mais Lsada para tria-
doenças genéticas, incluindo quase todas as doençass monogê- gem de recém-nascidos para variantes de proteínas que sinali-
nicas discutidas nesta obra. Apesar dessa ampla disponibilidade, zam doenças de aminoácidos (p. ex., PKU, tirosinemia, homo-
deve-se manter em mente que o teste genético, como todos os cistinúria), doenças de ácido orgânico e doenças de oxidação
procedimentos de teste, tem várias limitações (Quadro 13-3). de ácido graxo (p. ex., deliciénciasde MCAD e LCHAD¡ Ca-
pitulo 7 e ver anterionnente). Este método começa com uma
Outros Métodos de Diagnóstico Direto amostra de material de uma amostra de sangue seco, que é
O método A50 (Fig. 13-3) é comumente usado para detec- submetida a análise por dois espectrômetros de massa. O pri-
tar mutações diretas. Muitas outras técnicas também podem meiro espectrômetro separa as moléculas ionizadas de acordo
ser utilizadas para detectar mutações, incluindo várias discu- com sua massa, e as moléculas são fragmentadas. 0 segundo
tidas no Capitulo 3 (p. ex., sequenciamento direto, clivagem espectrômetro estima a massa e a carga desses fragmentos,
de DNA mal pareado e MLPÀ). Microarranjos ou microamzys permitindo que um computador gere um perfil molecular da
(chips de DNA, também discutidos no Capitulo 3) são hoje amostra. A espectrometria de massa em tandem é altamente
amplamente utilizadospara detectar mutações em larga escala. precisa e muito rápida: mais de duas dúzias de doençaspodem
Os microarranjos têm muitas propriedades convenientes, in- ser triadas em aproximadamente 2 minutos.
cluindo miniaturização e processamento computadorizado au- Novos métodos de detecção direta de mutação,
tomatizado. Eles podem ser projetados para examinar grandes incluindo o uso de microarranjos e a espectrometria
quantidades de variantes de sequência [incluindo mutações de massa, têm aumentadomuito a velocidade e a
causadora-s de doença) em uma única e rápida análise (Quadro
13-4). Por exemplo, um microarranjo contém milhares de son-
precisão do diagnósticogenético. A especirometria de
massa em tandem pode ser usada para testar variantes
das de oligonucleotídeos que hibridizam com grandes quanti- de proteina que são características de um númem
dades de variantes de sequência possiveis nos genes CYP2D6 de doenças de recém-nascidos e, assim, é uma útil
e CYP2C1l9. Os produtos desses genes influenciam a taxa de
ferramenta de triagem.
metabolismo de cerca de 25% de todas as drogas de prescri-
ção, e a análise de sua variação pode ajudar a predizer como DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL os DOENÇAS GENÉTICAS
pacientes individuais responderão a essas drogas. E osrsrros GONGÊNITOS
A espectrometria de massa, um método comumente usado O diagnóstico pré-natal é o principal foco do teste genético, e
na quimica, também está sendo explorado como um rápido várias áreas importantes da tecnologia evoluíram para fornecer
meio de detectar mutações. Esta técnica detecta diferenças este serviço. O principal objetivo do diagnóstico pré-natal é
mínimas na massa de moléculas de DNA ampliadas por PCR, suprir familias ern risco com inionnaçãt) para que elas possam
que representam variações na sequência de DNA. A espectro- fazer escolhas informadasdurante a gestação- Õ teste pré-natal
Testes Genéticos e Terapia Gêmea r" 267

durante a gravidez) representaria Lun teste de diagnóstico mais


DUADR013-4 Testa Genético Direto ao Consumidor preciso e especifico. Os métodos de diagnósticopré-natal po-
dem ser divididos em dois tipos principais: análise de tecidos
Várias companhias particulares agora oferecem teste genético ba- fetais (amniocentese, coleta de amostra de vilosidade coriôni-
seado em microarranjo diretamente ao consumidor. Geralmente, o ca, cordocentese e diagnóstico genético pré-implantação) e
consumidor coleta e apresenta em esfnegaço da bochecha ou um visualização do feto (ultrassonogralia, imagem por ressonância
pouco de saliva. O DNA é extraído da amostra e bibridizadopara magnética)- Nesta seção, cada Lmi desses procedimentos é des-
um microarranjo que pode testar simultaneamente mn grande nú-
mero de variantes de DNA, incluindo algumas das variantes asso-
crito, e sua precisão, segurança e viabilidadesão discutidas.
ciadas, por exemplo, a fibrose cística¡ hemocromatose¡ degenera- Amnlocenlese
ção muscular relacionada à idade,- diabetes tipo I¡ diabetes tipo 2,- A amniocentese é tradicionalmente realizada entre a i5* e
psorfmie¡ e câncer de mama, de próstata e colometal. O consumidor a 17' semana após o último periodo menstrual (LMP, de last
é informado dos resultados e é dada algumainformaçãoexplicativa
para auxiliarna sua interpretação. Em alguns casos, a consulta ge-
menstrual period) da gestante_ Após a imagem por ultrassom em
nética está disponivel. O custo deste procedimento geralmente tempo real localizar a placenta e determinar a posição do feto,
varia, mas pode custar de centenas a milhares de dolares. Luna agulha é inserida através da parede abdominal no saco
Este tipo de teste, às vezes denominado "genômica recreacio- amniótico (Fig- 13-4). Entre 20 e 30ml.. de líquido amniótico
nal", tem apelo compreensível. Muitas pessoas querem saber mais são retirados,- este liquido contém células vivas (amniócitos)
acerca de seus genomas e de como a variação de DNA pode afetar
sua saúde. Muitos provavelmente apresentarão os resultados desses liberadas pelo feto. Os amniócitos são cultivados para aumen-
testes ao seu médico clínico, esperando explicações e até previsões. tar seu número (um procedimento que requer até 7 dias), e
Várias considerações importantes devem ser mantidas em mente. estudos citogenéticos-padrãt) são realizados nos amniúcitos
Para a maioria das condições de doença, esses testes têm relati- cultivados. Além disso, células podem ser desenvolvidas por
vamente baixa sensibilidade e baixa especificidade. Um resultado
ensaios bioquimicos ou por diagnóstico baseado no DNA de
positivo raramente prediz doença com precisão (Quadro 13.3), e
um resultado negativo não deve induzir a Luna falsa noção de segu- qualquer doença genética para a qual o teste de mutação es-
rança. Para doenças multifatoriais comuns, a maioria das variantes teja disponivel. Os resultados de estudos citogenéticos estão
genéticas responsáveis ainda não foi identificada, e, como discu- geralmente disponiveis em lO a 12 dias. Como a hibridização
tido no Capítulo 12, fatores não genéticos geralmente desempe- in situ Huorescente (FISH) pode ser realizada em um pequeno
nham um grande papel na causa da doença. O relativo aumento
da doença associado à maioria das variantes é muito pe-
risco
número de amniócitos não cultivados, ela pode fornecer uma
no
queno, da ordem de pciucos pontos percentuais. Essa: estimativas indicação de aneuploidia fetal em apenas 1 a 2 dias. Se o resul-
de risco em geral são baseadas em populações especfñcas, normal- tado da FISH for positivo, o diagnóstico confirmatórit) subse-
mente europeus ou americanos de ascendência europeia,- elas po- quente por métodos citogenéticos de rotina é recomendado.
dem não se aplicar precisamente a membros de outras populações. indicações para diagnóstico pré-natal por amniocentese são
Há grande possibilidade de esses resultados serem mal compre-
listadas no Quadro 13-5.
endidos, e muitas das preocupações discutidas no Quadro 13-3 A amniocentese também e' utilizada para medir a AFP, uma
(estigmatização, potencial para perda de privacidade] se aplicam
ao teste direto ao consumidor. Por essas razões, este tipo de teste proteína fetal que e produzida inicialmente pelo saco vitelino
genético deve ser considerado com razoável cautela. e posteriormente pelo fígado fetal. O nivel de AFP nomial-

mente aumenta no liquido amniótico até aproximadamente


apresenta alguns beneficios, como o conforto para famílias em !O a 14 semanas de gestação, e então diminui de forma cons-
risco quando o resultado e normal ,- inforrnação de risco para tante. A AFP do líquido amniótico é significativamente mais
casais que, na ausência de tal infonnação, não escolheria ini- alta em gestações em que o feto tem um NTD. Quando um
ciar uma gravidez,- perrnite que um casal se prepare psicologi- ensaio de AFP do liquido amniótico e' usado com ultrassono-
camente para o nascimento de Lun bebê afetado,- ajuda o pro- grafia (ver mais adiante) no segundo trimestre, mais de 98%
fissional de cuidado ã saúde a planejar o parto, o tratamento dos fetos com uma espinha bílidaaberta e quase todos aqueles
e o cuidado do bebê quando uma doença e' diagnosticada no com anencefalia podem ser reconhecidos. Entre mulheres que
feto,- e fornece informação de risco para casais para quem a passam por amniocentese para análise citogenética, e rotina
interrupção da gestação e uma opção. medir também seu nivel de AFP no liquido amniútico.
Dada a controvérsia em tomo da questão da interrupção da Alem de um NTD fetal, há várias outras causas de AFP ele-
gestação, deve-se enfatizarque a grande maioria dos diagnósticos vada (ou aparentemente elevada) no líquido amniótico. Estas
pré-natais leva a Lun resultado de teste normal. Assim, a maior incluem subestimação da idade gestacional, morte fetal, pre-
parte das famíliasrecebe conforto, e apenas Luna pequena minoria sença de gêmeos, contaminação sanguínea e várias malforma-
enfrenta a questão de considerar a interrupção da gestação. ções específicas (p. ex., onfalocele ou gastrosquise, que são
Tanto os testes de triagem como os de diagnóstico po- defeitos na parede abdominal). Geralmente, a ultrassonografia
dem ser feitos antes do nascimento. Um exemplo de um teste direcionada pode distinguir essas alternativas.
de triagem populacional e' a análise de soro matemo na 15' A segurança e a precisão da amniocentese foram estabe-
semana de gestação para niveis elevados ou reduzidos de OL- lecidas por vários estudos amplos colaborativos. O risco de
fetoproteina (AFP) e vários outros componentes séricos que complicações maternas é muito baixo. A perda transitória
podem indicar uma gestação anormal. Um resultado de teste do líquido ocorre em cerca de 1% das mulheres, e infecções
positivo identifica um subgrupo para mais testes para síndro- maternas são extremamente raras. O risco de perda fetal e' a
mes de aneuploidia ou defeitos no tubo neural Ds). Uma principal preocupação. A amniocentese aumenta o risco de
amniocentese subsequente (a retirada de líquido amniótict) perda fetal em não mais que 0,5% acima do risco de base entre
268 f Caprtuio 13 GENÉTICA MÉDICA

HGURA 13-4
Uma ilustraçãoesquermti de uma amniooantese, na qual 20 a 30mL do liquido amniotico são retirados transabdominalmenta (guiado por ultrassom)
geralmente em uma gestação de 15 a 17 semanas.

rem o cromossomo extra, supõe-se que exista pseudomosaicismo.


ClUADR013-5 Indicaçoae' para Diagnóstico Pré-natal Se, no entanto, for visualizada aneuploidia consistente em todas
por Amniocenteaa as células de várias colônias, então é diagnosticado mosaicismo
fetal verdadeiro. Confirmação adicionalde mosaicismo fetal (que
Idade manema) 35 anos em geral é uma doença rara) pode ser obtida por coleta de amos-
Filho anterior com anomalia cromossômica tra do sangue fetal, como descrito adiante_
Históricode anomalia cnomossõmica estrutural em um dos pais Alguns centros avaliaram amniocentese realizada mais no
Histórico familiarde defeito genético que seja diagnosticável por
inicio da gestação, em cerca de 12 a 14 semanas pós-LMP.
análise bioquímica ou de DNA
Risco elevado de defeito no tubo neural devido ao histórico familiar Como menos líquido amniótico está presente a esta altura, o
positivo risco de perda ou dano fetal pode ser mais alto. Várias avalia-
ções em larga escala indicaram taxas significativamente mais
15 17 semanas pós-LMP (í. c., se o risco de perda da gestação
e
altas de perda letal por amniocentese precoce, e alguns estu-
dos mostraram taxas elevadas de anomalias congênitas especi-
após 17 semanas era de 3% em mães que não passaram por
uma amniocentese, o risco aumentariapara 3,5 96 naquelas que
ficas (em particular, pé torto).
passaram pelo procedimento). Deve-se pesar o risco de perda Amniocentese. a retirada de líquido amniótioo durante a
fetal diante da probabilidade de que Feto seja afetado com
o gestação, é realizada em cerca de 16 semanas pós-LMP
uma doença diagnosticável (Comentário Clinico 13-4). e é usada para diagnosticar muitas doenças genéticas
Embora a amniocentese forneçaresultados altamente precisos, O nível de a-fetirproteina amnióticaé elevado quando o
o mosaicismo cromossômico pode levar a um diagnóstico equi- teto tem um defeito no tubo neural e fomeoe um teste
vocado. A maior parte do mosaicismo aparente é causada pela ge- pré-mta¡ confiável para esta condição. O índice de perda
ração dc um cromossomo extra durante a cultura de celula in vitro fetal atribuível a esse procedimento é aproximadamente
e é classificadacomo pseudomosaicismo. Este pode ser distingui- 1/200 acimado nível de risco de baseA amniooentese
do facilmentedo mosaicismo verdadeiro se forem Lrsadas técnicas pode também ser realizada mais cedo na gestação:
em que todas as células em urna colônia são as descendentes de algms estudos indicam uma elevadataxa de perda fetal
uma única célula fetal. Se apenas algumas células na colônia tive- após amnioeentese preoooe.
Testes Genéticos e Terapia Gênios / 259

Quando um teste quadmplo identifica um risco de anomalia fetal maior que prévios. o risco de 0,5% de perda fetal pode ser considerado de forma
V500, e comum que uma mulher gravida considere a possibilidadede ami- mais contundente. Alem disso, a gravidade de dar a luz uma criança
nocentese. Vários fatores influenciam no processo de tomada de decisão. O com deficiências e percebida de maneira diferente de familia para fa-
primelm e a estimativa quantitativa de risco, detenninada pelo resultado da milia. Alguns casais ficam desconfortáveis com a quantidade de tempo
triagem, para sindrome de Down e outras doenças cromossomicas. Um se- que transcorre antes que os resultados do teste estejam disponíveis
gundo fatore o risco de perdafetal pelo procedimento(cerca de 0,5% acima (geralmente 10-12 dias). Esse desconforto deve ser reconhecido e va-
do risco basal). Uma terceira questão e o gasto de uma amniocentese com lidado. A possibilidade de um resultado ambiguo (p. ex., mosaicismo)
ultrassom e analise cltogenética. que em geral custa em torno de R$ 2.000. também merece discussão. Finalmente. e importante para o medico
Esses fatores devem ser pesados em termos de custos e beneficiosrelativos apontar que uma amniocentese geralmente detecta apenas uma classe
para a mulher e sua familia. especifica de doenças (te, anomalias cromossômicas e defeitos do
como esta decisão e explorada profundamente, outras considera- tubo neural), e não toda a gama de defeitos de nascimento e doenças
ções surgem com frequencia. Se uma mulher teve abortos espontâneos genéticas.

coleta de Amostra de Vllosldade Corlünlca é visto em cerca de 1% a 2% dos casos em que a análise direta
A coleta de amostra de vilcsidade coriônica (AVC) é realizada do material viloso é realizada. Isso pode confundir o diagnós-
aspirando-se tecido trofoblástico fetal (vilas coriônicos) por tico, porque mosaicismo observado no material placentária
o
uma abordagem transcervical ou transabdominal (Fig. 13-5). (vilosidade)não está realmente presente no Feto. Esse problema
Como é geralmente realizada em IO a 11 semanas pós-LMP, a geralmente pode ser resolvido por uma amniocentese de acom-
AVC tem a vantagem de fornecer um diagnóstico muito mais panhamento. Uma desvantagem da AVCé que a AFP do líquido
cedo na gravidez do que a amniocentese no segundo trimes- amniótico não pode ser medida Mulheres que se submetem a
tre. Isso pode ser importante para casais que considerem a in- AVC podem ter seu nivel de AFP no soro medido em 15 a i6
termpção da gestação uma opção. semanas após o LMP como teste para NTDs.
A cultura de células (como na amniocentese) e a análise dire- A AVC, como a amniocentese, geralmente é um procedi-
ta de trcfoblastcs que se dividem rapidamente podem fornecer mento segurc. Vários estudos colaborativos revelaram uma taxa
material para análise citcgenética. Quando cs vilos coriônicos de perda fetal pós-AVCde aproximadamente 1% a 1,5 96 acima
são obtidos com sucesso, a AVC fornece resultados diagnósticos da taxa de base, comparada com 0,5% acima da base para am-
em mais de 99% dos casos. 0 mosaieismo confinado à placenta niocentese. Fatores que elevam o risco de perda fetal incluem
(mosaicismo na placenta, mas não no Feto propriamente dito) falta de experiência com o procedimento e aumento no número

FIGURA 13-5
lusiração esquematica de um procedimento
de retirada transcervical de amostra de
vilosidadecoriiinica (AVC),guiado por
ultrassom. Um cateter e introduzido e alguns
miligramas do tecido da vilosídade são
aspírados.
27o f Capitulo 13 GENE-NBA MÉDICA
de passagens transcervicais usadas para obter a amostra de vilo. TABELA13-6
Em mãos experientes, procedimentos transcenricais e transab- Erros Inatos do Metabolismo Selecionados Diagnosticáveis
dominais parecem envolver riscos semelhantes. por Amniocentese e/ou Coleta de Amostra de Vilosidade
Alguns estudos indicaram que a ÀVC pode aumentaro risco Coriônica
de deliciências de membros. Embora outras investigações não
tenham corroborado esse resultado, a aparente associação é
Doença Enzima medida

preocupante porque o mecanismo proposto (dano vascular le- Doenças de Metabolismo de Aminoácido ou Ácido Orgânico
vando a hipoperÍusão do membro] é biologicamenteplausível. Doença da urina ern xarope de Desrboxilasede oetoacido de
O risco é maior quando a AVC e' realizada antes de IO semanas bordo cadeia ramilicada
pós-LMP e reduz a não mais que um em vários milhares quan- Acidemia metilmalünica Mutase da melil malonil BoA
do o procedimento é realizado em 1D a 1 1 semanas pós-LMP. Deficiência múltipla de carboxilase Carboxilase responsiva à biotina
Consequentemente, muitos profissionais agora desaconselham
a realização de AVC antes de 10 semanas após o LMP.
Doenças do Metabolismo de Carboidratos
Doença de armazenamentode a-gluoosidase
AAVC é realizada mais cedo que a amniocentese (em glicogênio,tipo 2
10 a 11 semanas pós-LMP), usando uma abordagem Galactosemia GaIactose-i -uridil lransferase
transcervical ou transabdominal. O risco de perda fetal
alribuível à AVC é de aproximadamente 1% a 1,5%. Doenças das Enzimas Lisossomais
0 mosaicismo confinado à placenta pode confundir Gangliosidose (todos os tipos) B-galactositlase
o diagnóstico. Há algumas evidências de que a AVC Muoopolissaridose (todos os Enzima especifica da doença
pode aumentaro risco de deficiências em membros; tipos) (Capitulo T)
esse risco é o maior quando o procedimento é Doença de Tay-Sachs HexosaminidaseA
realizado antes de 1D semanas pós-LMP.
Doenças do Metabolismo da Purina e da Piridina
Sindrome de Lesch-Nyhan Hipoxantina-guaninaiosforibosil
Erros inatos de metabolismo (Capítulo 7), que geralmente translerase
são doenças autossômicas ou recessivas ligadas ao X, podem ser
diagnosticados antes do nascimento por amniocentese ou AVC Doenças do Metabolismo Peroxissômico
se o defeito metabólico especifico For expresso em amniócitos Sindrome de Zellweger Ácidos graxos de cadeia longa
ou tecido troioblástico. Eles também podem ser diagnosticados

antes do nascimento por métodos baseados no DNA se a muta- da distinção entre mosaicismo ietal verdadeiro e mosaicismo
ção causadora da doença puder ser identificada. A Tabela 13-6 falso causado por contaminação materna de uma amostra de
lista erros inatos de metabolismo selecionados e doenças mono- liquido amniótico.
gênicas para os quais amniocentese ou AVC estão disponiveis. A coleta de amostra de sangue umbilicalpercutâneo
Um resumo abrangente de doenças que podem ser diagnostica-
das antes do nascimento é fornecido por Weaver (1999).
(PUBS, ou cordocentese) é um método de coleta direta
de sangue fetal e é usada para obter uma amostra
Outros Métodos de Coleta de Amostra de Tecido Fetal para rápida análise citogenética ou hematológica ou
A cordoccntcse, ou coleta dc amostra de sangue umbilical
para continnação de mosaicismo.
percutâneo (PUBS, de percutaneous Lunbilical blood sam- Ultrassonografia
pling), se tornou o método pretendo para obter sangue Fetal. Avançostecnológicos na ultrasscmogralia em tempo real torna-
A PUBS geralmente é realizada apos a 16” semana de gesta- ram esta uma importante ferramenta no diagnóstico pré-natal.

ção e é acompanhada por punção do cordão Lunbilicalguiada Um transdutor colocado no abdome da mãe envia ondas de som
por ultrassom e retirada de sangue letal. A taxa de perda fetal pulsadas através do teto. O tecido fetal reliete as ondas em pa-
atribuivel à PUBS é baixa,- mas é levemente mais alta que a da drões correspondentes ã densidade do tecido. .às. ondas reiieti-
amniocentese ou da AVC. das são mostradas em um monitor, permitindo uma visualização
Há tres aplicações fundamentais de PUBS. Ela é usada para e111 tempo real do feto. A ultrassonograliapode ajudar a detectar
análise citogenética dos fetos com anomalias estruturais de- muitas malformações fetais e melhora a elicácia da amniocente-
tectadas por ultrassom quando um diagnóstico rápido é ne- se, AVC e PUBS. O Quadro 13-6 lista algumas das malforma-
cessário. A análise citogenética da amostra de sangue Fetal é ções congênitas que são diagnosticáveis por ultrassom fetal.
completada em 2 a 3 dias, enquanto o diagnóstico após am- A ultrassonografia às vezes é usada como teste para Luna
niocentese pode exigir IO a 12 dias se os amniócitos tiverem doença específica em um feto em risco (p. ex., uma displasia
de ser cultivados. Esta diferença de tempo pode ser critica nos esquelética de membro curto). Mais Frequentemente, anoma-
estágios mais avançados da gestação. Urna segunda aplicação lias Fetais são detectadas durante a avaliação de indicadores
é o diagnóstico de doenças hematológicas que são analisadas (ibstétricos, como idade gestacional incerta, crescimento Fetal
mais eficazmente em amostras de sangue ou diagnóstico de ruim ou anomalias do liquido amniótico. A triagem por ul-
doenças imunológicas como doença granulomatosa crônica trassom no segundo trimestre se tornou rotina nos paises de-
(Capítulo 9). A PUBS também é utilizada para Fazer uma rápi- senvolvidos. Estudos de triagem por ultrassom sugerem que a
festas Genéticos e Terapia Gêmea ,f 27 l

ouAuao 13-6 Distúrbios Selecionadas Diagnostica-


dos por ultrassom no Segundo Trimestre

COMPLEXO DE SÍNÍÚMÀS
Hidmpisia
Oligoidrflmnio
Poliidrânmio
Retando do crescimento ¡ntrauterino

SISTEMA IIEIWOSO CENTRAL


Anencefalia
Encefaloceie
Holop rosence Fal ia
Hidrocefalia

TÓRAX
Doença cardíaca congênita
Hé mia diairagmática

ABDOME, PELVE
Atresias gastrointestinais
Cnstrosquise
On ialocele
Agenesia renal
Rins cfsticos
Hidronefrose

SISTEMA EsduELErIco
Defeitos de redução de membro
Muitas condmdistmfias, incluindo displasia tanatoiónca e osteo-
gênese imperfeita
CRÀNÍOFÀCIÀL
Lábio Íendido
FIGURA 13-6
"A laxadedeñecgão variapordaança A, Fotografia de um resultado de ultrassom_ revelando um feto com uma
coluna espinal normal. B, Resultado de ultrassom para um feio com uma
meningomielocele, visivel como bolsas cheias da liquido (setas) localizadas
proximo a base de coluna espinal_
sensibilidadepara a detecção da maioria das principais malfor-
mações congênitas varia de 30% a 50%. A especificidade, no Triagem do Soro Materno no Primeiro e Segundo Trlmestres
entanto, se aproxima de 99%. Logo depois que a ligação entre AFP elevada no liquido am-
A sensibilidade da UlÍTHSSCJIICJÉTTBFÍâ é maior para algumas niótico e NTDs io¡ reconhecida, uma associação entre niveis
malformações congênitas. Em particular, o ultrassom pcide de- elevados de AFP no soro materno (À-“iSAFP, de maternal se-
tectar praticamente todos os fetos com anenceialia e 85% a mm AFP) e NTDs foi identificada. A AFP se difunde ao longo
90% daqueles com espinha bifida (Fig. 13-6). Às vezes, eie das membranas ietais para o soro da mãe, então os niveis de
também identiiica um feto com uma anomalia de cromossomo NiSAFP são correlacionados com os níveis de AFP no liquido
detectando uma maliormaçãc) congênita, retardo do cresci- amniótico. Assim, é possivel medir a AFP no liquido amniótico
mento intrauterino, bidropisia (acúmulo anormal de liquido de maneira não invasiva obtendo-se Luna amostra de sangue
no feto) ou uma alteração do volume de liquido amniótico. materno em i5 a l? semanas pós-Livip.
A ultrassonogrraiiia é a técnica mais comumente utilizada Como 90% a 95% dos nascimentos com NTD ocorrem na

para visualização fetal, mas outras técnicas também são LLsa- ausênciade um histórico familiarda doença, um procedimento
das. A radiografia ainda é usada, ocasionalmente, por exemplo, de triagem populacional para Nri-D seguro e não invasivo e' al-
para avaliar um feto para defeitos esqueleticos. A imagem por tamente desejávei. Contudo, bã considerável superposição de
ressonância magnética (Rails-i) oferece resolução muito maior niveis de NiSAFP em mulheres que carregam um feto corn um
que a ultrassonografia e está se tornando mais amplamente NTD e naquelas que carregam um ieto não afetado (VFig. 1 3-7).
disponivel para triagem pré-natal. Assim, as questões de sensibilidadee especificidade devem ser
consideradas. Normalmente, um nivel de MSÀFP é conside-
O diagnóstico pré-natal inclui técnicas invasivas rado elevado se estiver 2 a 2,5 vezes mais alto que o nível
projetadas para analisar o tecido fetal (AVC, mediano normal (ajustamentos do peso materno, presença de
amniocentese, PUBS) e procedimentos não invasivos diabetes melito e ancestralidade são incluidos nesses cálculos).
que visualizam o feto (Ultrassonografia,RM). Aproximadamente 1% a 2% das mulheres grávidas exibem
272 x Caption) 13 GENÉTICA MÉDICA
Sindrome
Não afetado Down) como uma indicação para subsequente avaliação diag-
de Down nóstica por amniocentese.
Espinha blflda A precisão da triagem de sindrome de Down pode ser au-
aberta
mentada medindo-se os niveis de estriol não conjugado no soro,
gonadotrofina coriônica humana e inibina-A além da MSÀFP
(o teste quádruplo)- Embora a MSAFP isolada identifique
apenas cerca de 40% das gestações de sindrome de Down, os
quatro indicadores juntos podem identilicar aproximadamente
80% (com um indice Falso-positivo de 5%). O teste quádJuplo
0,2 0,3 0,5 0,7 1 2 3 5 7 10 20
também pode detectar a maioria dos casos de trissomia i 8.
a-fetoproteina do soro materno (múltiplos da mediana) Ó teste do soro materno no primeiro trimestre (em IO a 13
HGURA13-7 semanas) para síndrome de Down está sendo cada vez mais
Níveis de a-fetoproteina no soro materno (MSAFP) em mães com fetos utilizado nos Estados Unidos e na Europa. Três das medidas
normais e em mães com fetos com sindrome de Down e espinha bifida aberta
mais úteis são a subunidade B livre da gonadotrofina coriônica
A MSAFP e um pouco menor quando o feto tem sindrome de Down e e
substancialmenteelevada quando o teto tem espinha bifidaaberta. humana (FBhCG), proteína A plasmática associada ã gravidez
(De Mitunsk A: Genetic Disorders and me Fatos: Diagnosis Prevention, and (PAPP-A) e uma avaliação por ultrassom da translucêncianucal
Reamient, 4m Ed. Battimnre: Johns Hopkins University Press, 1998). (TN, o acúmulo anormal de liquido atrás do pescoço de um
teto). A medição dessas três quantidades no primeiro trimestre
niveis de MSAFP acima desse nivel de corte. Após o ajuste por permite a detecção de 80% a 85% dos casos de sindrome de
idade gestacional avançada, morte Fetal e presença de gêmeos, Down (com Lun indice Falso-positivo de 5%, ou especificidade
cerca de uma em 15 dessas mulheres tem AFP no líquido am-
de 95%)- A combinação da triagem do primeiro e do segundo
niótico elevada. 0 valor preditivo positivo do teste de triagem trimestre aumenta a sensibilidadede detecção de sindrome de
de MSÀFP é, portanto, muito baixo, aproximadamente 6% Down para aproximadamente 90%, com 95 96 de especificida-
(if 15). Entretanto, a sensibilidadedo teste é bastante alta: a de. A medida de FBhCC e PAPP-A também é útil para detec-
triagem de MSAFP identifica aproximadamente 90% dos ca- ção de trissomia i3 e trissomia 18 no primeiro trimestre. Esses
sos de anencetalia e cerca de 80% dos casos de espinha biiida
resultados de triagem podem ser combinadoscom AVC ou am-
aberta. Embora este nível de sensibilidadeseja mais baixo que niocentese para fornecer um teste diagnóstico mais preciso-
o do teste de AFP do liquido amniótico, a medida da MSAFP A MSAFP fornece uma abordagem de biagem que
não oferece risco de perda fetal e serve como uma medida de aumenta a detecção pré-natal de tetos com várias
triagem eficaz. Mulheres que têm uma MSAFP elevada podem anomalias, incluindo NTDs, trissomia 18 e sindmme de
escolher se submeter a amniocentese diagnóstica para deter- Down. Este procedimento não invasivo praticamente
minar se estão de Fato carregando um Feto com um NT D. não transmite nenhum risco, mas sua sensibilidade
Nos anos de 1990 toi encontrada uma associação entre baixa e especificidade para detectar NTDs são menores
MSAFP e a presença de um teto com sindrome de Down. An- que as do diagnóstico porAFP amniótico. 0 uso de
terionnente, a triagem populacional para sindrome de Down marcadores adicionais (p. ex., o teste quádruplo)
consistia em amniocentese para mulheres com mais de 35 anos. no segundo trimestre aumenta a sensibilidadepara
Embora altamente precisa, essa estratégia de triagem tem Luna detectar síndrome de Down. O teste do soro materno
sensibilidadede apenas 20%: como a grande maioria dos nasci- para síndrome de Down, trissomia 13 e trissomia 18
mentos ocone em mulheres com menos de 35 anos, apenas cer- atualmente é possível no primeiro trimesbe.
ca de 20% de todos os bebês com trissomia 21 nascem de mães
com idade superior a 35 anos. A medida de MSAFP expandiu a Diagnóstico Genético Pré-Implamaçãn
opção de triagem populacional para sindrome de Down. Várias abordagens novas para diagnósticopré-natal estão atu-
Os niveis de MSAFP se sobrepõem, consideravelmente, em almente em fase de testes ou de aplicações iniciais. Estas in-
gestações nonnais e com sindrome de Down. O risco de sin- cluem o diagnóstico genético pré-implantação (UCP) em três
drome de Down em mulheres com menos de 35 anos aumenta diferentes estágios: corpiisculo polar, blastômero e blastocisto.
por um fator de 3 a 4 quando o valor de MSAFP ajustado é me- Também estão sendo Feitas pesquisas sobre testes genéticos de
nor que 0,5 múltiplo da média da população normal Fig- 13-7). DNA fetal obtido da circulação materna.
Derivando uma estimativa de risco, lzónnulas complexas levam O tipo mais comum de DGP é realizado em um blastômero
em conta o peso, a idade e o nivel de MSAFP da mãe. Uma obtido no curso da Fertilização in vitro. O diagnóstico é inicia-
mulher que tem 25 anos de idade geralmente tem um risco de do 3 dias após a Fertilização,quando o embrião contém seis ou
cerca de UI .250 de produzir um Feto com síndrome de Down, oito células. Uma ou duas celulas são rem ovi das do embrião para
mas se ela tiver um MSAFP ajustado ao peso de 0,35 múltiplos diagnóstico (isso não o prejudica). A análise da FlSH (Capítulo
da média, seu risco aumenta para 1/17¡ Este risco e' mais alto
.
6] pode ser utilizadapara diagnosticaraneuploidia. Além disso,
que o de uma mulher de 35 anos de idade na população geral. o DNA da célula pode ser amplificada usando-se PCR, permi-

A maioria dos programas de triagem utiliza LIJTI fator de risco tindo o diagnóstico de doenças monogênicas- Se o embrião ior
de W380 (equivalente ao risco médio para Luna mulher de 35 morliologicamente nonnal e nem a mutação causadora da do-
anos de idade de produzir Lun recém-nascido com sindrome de ença nem aneuploidia forem detectadas, o embrião e' implanta-
Testes Genéticos e Terapia Gêmea f 273

do no útero materno. Protocolos de teste Foram desenvolvidos cação celular. Mais especificidade para células lietais pode ser
para várias doenças genéticas (p. ex., librose cística, doença de alcançada testando-se células para proteinas de superfície es-
Tay-Sachs, B-talassemia, distrolia miotônica, doença de Hun- pecíficas ao teto. A análise da FISH dessas células foi utilizada
tington, distrofia muscular de Duchenne) e mais de 1.000 bebês para testar doenças tetais como trissomias 13, 18 e 21. A PCR
normais nasceram após diagnóstico de blastômero. toi utilizada para testar um número limitado de doenças mo-
Um problema ocasional com DCF' de blastômero é que nogênicas, embora isso permaneça Lll'I'| desafio em virtude da
um dos dois alelos de LIJTI locus pode ser indetectável, o que dificuldade de classificar populações puras de células tetais. A
pode fazer LllTl heterozigoto aparecer como homozigoto. Este principal vantagem dessa abordagem é que ela requer apenas
fenômeno, denominado "Falha alélica", é devido a uma falha uma amostra de sangue da mãe e, assim, não apresenta risco de
parcial na amplificação por PCR quando se utiliza o DNA de perda fetal. Sua precisão e viabilidade estão sendo avaliadas.
uma única célula. lsso tem levado a diagnóstico errado em um DNA fetal livre de células também está presente na circulação
pequeno nCunero de casos, e vários métodos são usados para materna e toi usado para identificar o sexo do teto e seu tipo
aumentar a precisão. Por exemplo, STRPs altamente hetero- sanguíneo Rh (especialmente importante se a mãe tor Rh-ne-
zigotos e intimamente ligados ao locus causador da doença gativo e o teto puder ser Rh-positivo¡ ver Capitulo 9).
podem ser testados como parte da análise por PCR Se apenas
um dos alelos STRP parentais pode ser observado no DNA do Células tetais ou DNA fetal livre de células que errtram
blastômero, é provável que a falha alélica também tenha ocor- na circulação materna podem ser isolados e avaliados
rido para o locus causador da doença. O teste de duas células, para mutações usando PCH ou FISH. Este procedimento
ao invés de uma, ajuda a evitar Falha alelica. experimental não acarreta risco de perda fetal.
O DCF também pode ser realizado no estágio blastocisto de
100 células, utilizandocélulas da trofoectoderma do blastcicisto. TRATAMENTO FETAI.
Este procedimento tem a vantagem de que Luna coleção maior Uma meta potencial do diagnóstico pré-natal e' o tratamento
de células é analisada, ajudando a evitar a Falha alélica. Uma do teto afetado. Embora isto não seja possivel atualmente para
a maioria das doenças, alguns exemplos podem ser citados.
desvantagem é que o tecido extraembrionáiio (a trotoectoder-
ma) é diagnosticado, em vez do embrião propriamente dito. Muitos desses procedimentos são experimentais.
O diagnóstico do corpo polar envolve um exame do pri- Duas das formas mais bem estabelecidasde intervenção in utero
meiro ousegundo corpo polar produzido junto com o ovócitt) são o tratamento para ::mis inatos raros de metabolismo e o trata-
(Capítulo 2]. O DNA do corpo polar é testado para determi- mento para deficiências homionais. Um importante exemplo de
nar se ele contém uma mutação causadora dx: doença- 'Se tiver, doençabioquímica tratãvel é a deliciência de carboxilascsmúlti-
supõe-se que o ovócito não contém a mutação. Este ovócito plas responsivas ã biotina, uma doença autossômica recessiva que
é então tertilizadt) eimplantado usando as técnicas in vitro pode ser diagnosticada por amniocentese. Em Ll.I11 relato de caso,
comuns. Como apenas o corpo polar e' examinado, mutações a administração oral de biotina para a mãe toi iniciada eI11 23 se-

paternas não podem ser avaliadas. O diagnóstico do corpús- manas de gestação e resultou no nascimento de um bebê nonnal.
culo polar é, portanto, mais útil quando somente a mãe está ("AH é o segundo exemplo de doença para a qual o tratamento
em risco de transmitir uma mutação causadora de doença ou
in ultra foi bem sucedido após o diagnósticopré-natal. Devido ã se-
quando se testa para aneuploidia (porque a maioria das aneu- creção excessiva dx: androgênio pelas glândulas suprarrenais tetais
ploidias é determinada pela mãe [Capítulo 6]). aumentadas,tetos do sexo Feminino com CAI-l se tornam masculi-
O DCP é mais comumente usado por casais que recorreram nizados. A administração de dexametasona à mãe começando em
ã fertilização in vitro e querem testar para doenças genéticas 10 semanas pos-LMP reduz ou previne a masculinização.
djagnosticáveis. Também pode ser útil para casais que querem O tratamento cirúrgico de tetos, principalmente para doen-
diagnostico pré-natal mas não consideram a interrupção da ças envolvendo (JbStHlçâOdo trato urinário, teve sucesso mode-
gestação- O DCP, no entanto, é financeira e tecnicamente de- rado. A correção cirúrgica de hérnia dial-ragmática em 20 sema-
safiador, e sua disponibilidadeainda é limitada. nas de gestação também toi tentada, mas os resultados Foram

O diagnóstico genético pré-implantação pode ser desanimadores e essa abordagem foi abandonada. O Fechamen-
to cirúrgict) de mielomeningocele (espinha bitida) to¡ realizado
realizado em corpúsculos polares, blastõmeros ou
em mais de 200 casos, e há evidências de que este procedimento
células de blastocisto, em que é feita uma análise por
PCR e/ou da FISH. O diagnóstico de doenças genéticas ajuda a restaurar o Huxo normal de líquido cerebrospinal. Testes
clínicos ainda estão em andamento para determinar a eficácia
permite a implantação de apenas embriões não desse procedimento. Houve algum sucesso com o transplante
afetados e evita a questão da interrupção da gestação.
de celulas-tronco hematopoiéticas em tetos com imunodefici-
ência combinadagrave ligada ao X (Capitulo 9].
Análise do DNA Fetal na circulação Materna
Durante a gravidez, um pequeno número de células tetais
cruza a barreira placentária para entrar na circulação da mãe. TERAPIA GÊNIGA
Algumas dessas células tetais são eritrócitos nucleados, que, Como vimos, a identilicação de genes causadores de doença
em outras circunstância-s, são raros na circulação adulta. Es- Fornece oportunidades para melhor compreensão e diagnós-
sas células podem ser isoladas bem cedo, entre 6 e 8 semanas tico de muitas doenças. A identificação desses genes também
páns-LMP e podem ser identificadas por técnicas de classifi- leva ã possibilidadede alteração genética das células de pessoas
f
274 / Capitulo 13 GENÉTICA MÉDICA
afetadas (terapia gênica). Embora a terapia gênica ainda esteja gados como alvos potenciais, incluindo fibroblastos da pele,
em sua infância e tenha apenas começado a afetar as vidas dos células musculares, células endoteliais vasculares, hepatócitos
pacientes, seu potencial para curar doenças genéticas chama e linfócitos- Uma desvantagem do uso de tais células é que
muita atenção tanto em círculos prolissionais quanto em lei- sua expectativa de vicla pode ser relativamente curta. Assim, a

gos. Ao lim de 2008, quase 1.500 protocolos de terapia gênica terapia que as utiliza pode requerer repetição do tratamento e
envolvendo mais de 100 genes diferentes tinham sido apro- da administração de células geneticamente alteradas.
vados para testes experimentais (exemplos na Tabela 13-7).
Nesta seção, revisamos técnicas de terapia gênica e discutimos Terapia de Substituição Gênlca
sua aplicação no tratamento de doença. A maioria das técnicas atuais de terapia gênica envolve a subs-
tituição de um produto gênico ausente inserindo-se um gene
Terapia Celular somática normal em células somãticas. Esta abordagem é mais bem
A terapia gênica com células somáticas, que tem sido o foco adaptada para corrigir mutações com perda de Função que
de pesquisa em terapia gênica em humanos, consiste na alte- resultam em um produto gênico ausente ou não funcional,- a
ração de genes em células somáticas humanas para tratar Luna inserção do gene normal supre o produto faltante. Mesmo uma
doençaespecifica. As células do paciente são extraídas e mani- estratégia de terapia gênica parcialmente eficaz, produzindo
puladas Fora do corpo (terapia ex vivo), ou, em alguns casos, as talvez 5% a 20% da quantidade normal do produto gênica,
células são tratadas enquanto estão no corpo (terapia in vivo). pode fornecer beneliíciossignificativos à saúde.
Alguns tipos de células somãticas são mais suscetíveis a te- Há muitas técnicas para introduzir genes em células, mas os
rapia gênica que outros. Bons candidatos celulares devem ser vírus, tendo naturalmente desenvolvido estratégias inteligen-
facilmente acessíveis e devem ter Luna longa expectativa de tes para inserir seus genes em células, são os vetores de terapia
vida no corpo. Células em proliferação são prcieriveis para al- gênica mais comumente usados. Nos parágrafos a seguir, se-
guns sistemas de transferência gênica, porque o vetor que car- rão discutidos os vetores virais e alguns sistemas não virais de
rega o gene pode então se integrar ao DNA em replicação da transferência potencialmente elicazes.
célula. A célula-tronco da medula óssea encontra todas essas
qualificações e, portanto, Foi a principal candidata para terapia Vetores Retrovirais
somática. Embora essas celulas sejam difíceis de manipular e de Os retrovfrus, uma Forma de vírus RNA, podem inserir cópias
isolar da medula óssea (a grande maioria das células da medula de seus genomas nos núcleos de células hospedeiras após uma
óssea não são células-tronco), elas Íoram isoladas e genetica- transcrição reversa de seu RNA viral em um DNA de fita dupla
mente alteradas com sucesso em vários tratamentos de terapia (Capítulo li). A inserção de DNA exógeno em uma célula
gênica. Muitos outros tipos celulares também Foram investi- hospedeira através de um vetor viral é denominada transdução.

TABELA 13-7
Lista Parcial de Doenças para as quais a Terapia Gênica de Células Somáücas Foi Testada
Doença Célula-Alvo Produto do Bone Inserido
Deficiência de adenosina desaminase Linfocitos circulantes Adenosinadesaminase
Imunodeficiênciacombinada severa ligada ao X Células-tronco da medula óssea Subunidade gama dos receptores de interleueina
(SCID)
HemofiliaB Hepatócitos, fibroblastos epiteliais Fator IX
Retinite pigmentosa Celulas retinianas pos-mitotis Proteína do pigmento retiniano epitélio-especifica
Epidermose holhosa Células-tronco da pele colágeno tipo VII
Hiperoolesterolemiafamiliar Hepatocitos Receptor de Iipoproteina de baixa densidade
Fibrose cística Células epiteliais das vias aereas Regulador da condutânciatransmembranada
iibrose cística
Melanoma maligno Células tumorais do melanoma Molecula coestimulatoria B?
Disirofia muscular de Duchenne Mioblastos Distrofia; também terapia antissenso para saltar o
exon mutado
Doença de Gaucher macrófagos Glucooerehrosldase
Cancer de Pulmão Células do câncer de pulmão ps3 nomial
Tumores no cerebro Celulas do cerebro Herpes timidina quinase
Sindrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) Linfocitos T auxiliadores mutações dominante negativo em retrovirus
Doença rdlaca ¡squemi Cardiomiocitos Fator de crescimento endoielial vascular, [ator de
crescimento do fibroblasfo
Testes Genéticos e Terapia Gêmea ,f 275

Os retrovirus transduzem células hospedeiras com um alto tipo de protocolo Foi usado experimentalmente com muitas
grau de eficiência e raramente provocam respostas imunes, o doenças, incluindo fonnas de imunodeliciência combinada
que os torna uma escolha razoável como um vetor de trans- grave (Comentário Clínico 13-5).
ferência gênica (Fig. 13-8). Técnica¡ de DNÀ recombinante Embora os retrovirus ofereçam as vantagens de integra-
são utilizadas para criar retrovírus de replicação deieituosa ção estável e eficiente ao genoma, eles também apresentam
em que os três genes retrovirais codilicadoresde proteína são desvantagens específicas- Como se integra preferencialmente
substituídos com uma cópia normal de um gene humano e um próximo a sequências promotoras, o retrovírLu; pode alocar-se
elemento promotor (a "inserção", que pode ser da ordem de prtíximo a um proto-oncogene, ativando-o e, assim, causando
8-12kb em um retmvirus). Os retrovirus modificados são en- Formação de tumor. A maioria dos tipos de retrovirus podem
tão incubados com as células somáticas do paciente (p. ex., entrar no núcleo apenas quando sua membrana se dissolve
células-tronco da medula óssea, linfócitos] para que o retro- durante a divisão celular, então podem transduzir apenas cé-
virus transfira o gene humano normal para DNA das células lulas em divisão e são ineiicazes em células que não estão se
hospedeiras. Ídealmente, o gene inserido então codilicarã um dividindo ou que se dividem lentamente (p. ex-, neurônios).
produto gênica normal nas células somãticas do paciente_ Este Embora esse atributo geralmente seja uma desvantagem, pode
ser útil quando o objetivo da terapia é atingir apenas células
Helrovirus em divisão e evitar células que não estejam se dividindo (p- ex.,
no tratamento de um tumor cerebral, no qual células tumorais
estão se dividindo, mas neurônios saudáveis próximos não).
Gene humano !amp-étnico
a elementos reguladoras
Vetores Adenovirais
Devido ã incapacidade da maioria dos retrovinis de transduzir
células que não estão se dividindo, Foram explorados outros sis-
Substitui ganas retruvirals
por ganas humano temas de transferencia que não estão limitados a este caminho.
terapêutico Um importante exemplo é o adenovírus, um vinis de DNA de
fita dupla que é frequentemente utilizadoem preparações de va-
cina. Além da sua capacidade de transduzir células que não estão
em divisão, o vetor adenoviral atualmente pode ser projetado

para aceitar inserções d.e aproximadamente 361mb de tamanho.


Os adenovfnis não se integram ao DNA das células bospedeiras,
o que dá a vantagem de elas não ativarem um proto-oncogene

ou perturbarem o genoma de alguma forma. No entanto, a falta


Ganes Iiumanos de integração também é uma desvantagem porque os adenovf-
racomblnaclas
em um vetor viral ms são finalmente inativados. isto frequentemente resulta em

expressão gênica transitória (apesar de "as vezes ser alcançada


expressão de longo prazo] e pode requerer readministração do
vetor. Como apenas parte do genoma do adenovíms é normal-
mente removida, com Frequência o vetor provoca uma resposta
imune (p- ex-, respostas inHamatónas nas vias aéreas de pacien-
tes com fibrose cística em que são utilizadosadenovirus para in-
troduzir cópias nonnais do gene (FTP. nas células epiteliais das
vias aéreas)- Este problema aumenta com a introdução repetida
do adenovíms, que estimula outra resposta imune à proteína es-
tranha. A pesquisa atual está se concentrando em adenovírus
do tipo "gfutlrss" em que quase todo o genoma viral é removido
para reduzir a resposta imune e aLunentar o tamanho potencial
da inserção.

Vetores Virais Adenoassociados


Virus adenoassociados (VAAs) são um tipo de parvovírus que
requer presença de adenovims para sua replicação normal
a

Produto gênica (por essa razão o tenno admoassociados). Assim como os ade-
terapêutico novírus, os VAAs são virus DNA que podem transduzir células
FIGURA 13-8 que não estão em divisão. Além disso, eles produzem muito
Terapia gênica usando um vetor retroviral. O retrovirus e impedido de replicar menos resposta imune do que os adenovírus e têm pouco, se
pela remoção da maior parte de seu genoma, e um gene humano normal e algum, efeito patogênico- Eles também são capazes de man-
inserido na retrovirus. Incubado com celulas somáticas humanas permite que o
retrovirus insira copias do gene humano normal no interior da celula. Uma vez ter a expressão terapêutica estendida (meses a anos)- Esses
integrado ao DNA da celula, o gene inserido produz um produto gênioo normal. vetores, no entanto, podem aceitar uma inserção de DNA
275 r' caprrura ra GENÉTICA MÉDICA

_p

A terapia gênica foi testada para varias formas de imunodeficiênciacombi- A SCID ligada ao X resulta de mutações no gene, SCfDXr', que codiii-
nada grave [SCID, de severe combined im munodeficiency),incluindo a SCID ca subunidades da cadeia n¡ encontrada em seis diferentes receptores de
com deficienciade adenosina desaminase (ADA-SCID) e SCID ligada ao X. A citocina (os das interleucinas 2, 4, 7, 9, 15 e 21; Capitulo 9). lila ausencia
ADA, que e prodrrzida principalmente em tecidos Iinfoides, e um importante desses receptores, as celulasT e as celulas natural killernão podem receber
componente da via de salvamento de purinas. A deficiência de ADA, uma os sinais que precisam para a maturação normal. A deñciencia de celulas
doença autrossõmica reoessiva que responde por cerca de 15% dos casos T produz, por sua vez, uma deficiencia de celulas B nonnais, resultando
de SCID, resulta em acúmulo anormal de metabõlitos de purina tóxicos aos em SCID. Como na deficiencia de ADA, esta doença pode ser tratada com
IinfócitosT Posteriormente, os linfócitos Btambóm são reduzidos em função transplante de medula óssea se um doador com MHC compativel estiver
e número. A SCID resultante geralmente e fatal por volta dos 2 anos de disponivel. Sem um transplante de medula óssea, a doença e fatal no inicio
idade, se não for tratada. da infancia.
O tratamento preferido para ADA-SCID e o transplante de medula ós- Em 1999, a terapia retroviral foi iniciada para introduzir o SCIDXI em
sea. Contudo, complicações do transplante de medula óssea aumentam a celulas-troncoda medula óssea dos pacientes. Menos de 1% das celulas-
morbidadedos pacientes e as vezes são fatais. Alem disso, innãos doadores tronco da medula óssea foram efetivamente transduzidas com o gene te-
com o complexo principal de histooompatibilidade(MHC) compatível estão rapêutico. No entanto, as celulas transduzidas possuíam uma vantagem de
disponiveis para menos de 30% dos paciemescom ADA-SCID.Os pacientes crescimento seletiva sobre outras celulas-troncoda medula óssea porque
podem ser tratados com ADA conjugada com polietilenogliool(PEG) (admi- o gene inserido aumentava a sinalização de citocina necessaria para a fun-
nistrada uma ou duas vezes por semana por injeção intramuscularj, mas ção celular nonnal. Na maioria dos pacientes tratados, o número de celulas
a resposta a esse tratamento e variavel, e alguns pacientes desenvolvem natural killer, celulas T e celulas B aumentou a niveis próximos aos nonnais,
anticorpos contra FEG-ADA. com resistencia mantida a infecções continuando por anos após a terapia.
Como e uma doença sistêmica causada por uma deficienciade enzima, Esses resultados positivos na maioria dos pacientes de SCID com ADA
aADA-SGDe uma boa candidata para terapia de substituição gênica. Ideal- ou ligada ao X foram amplamente anunciados como os primeiros usos
mente, celulas-troncoda medula óssea em proliferação seriam modificadas bem sucedidos de terapia gênica com celula somática no tratamento de
por vetores retrovirais contendo o gene ADA nomtal, resultando em uma uma doença herdada. Contudo, cinco dos pacientes com SCID ligada ao
cura permanente para esta doença. Devido as dificuldades em lidar com X desenvolveram doença semelhante à leucemia (proliferação de celula
celulas-troncoda medula óssea, a terapia gênica para ADA-SCIDfoi iniciada T cional) como resultado da inserção aleatória do vetor retroviral próximo
de fato em 1990 por inserção retroviral de genes ADA em linfócitos que ou no LOM?, um proto-oncogene que e ativado em cerca de metade dos
foram extraídosde pacientes.Após a inserção retroviral, os linfócitos foram casos de leucemia Iinfocítica aguda. Isso foi fatal em um paciente, mas os
injetados de volta na circulação periférica dos pacientes. Esta foi a primeira outros foram tratados com sucesso por quimioterapia e continuaram a se
aplicação da terapia genica a uma doença humano herdada. beneficiarda terapia gênica. Embora a causa da proliferação de celulas
A terapia genica com linfócitos foi aplicada em mais de uma dúzia de T nesses pacientes permaneça um pouco obscura, ha evidencia de que
pacientes com deficiência de ADA Em alguns pacientes, os niveis de ADA ocorre uma interação especítica entre o gene inserido da cadeia a¡ e o
aumentaram, o total de linfócitos T melhorou e o número de infecções dimi- LOM? para ativar o preto-onoogene. Essa interação poderia explicar por
nuiu. Devido a limitada expectativa de vida dos linfócitos T, esses pacientes que, entre os muitos testes clinioos diferentes envolvendo transferencia
receberam reinjeção de celulas T modificadas uma vez em varios meses; retroviral de genes para celulas-troncoda medula óssea, apenas este tes-
contudo, os linfócitos tratados mostraram surpreendente longevidade, so- te resultou em câncer.
brevivendo na circulação por bem mais de 1 ano em alguns casos. Esses Esses exemplos ilustram algumas das promessas, bem como alguns
pacientes foram geralmente tratados com PEG-ADA, sendo um pouco dificil dos perigos, da terapia gênica com celula somática. claramente, a terapia
estabelecer a eficácia da terapia gênica. gênica apresenta riscos que devem ser cuidadosamente monitorados. Con-
Mais recentemente, a ADA-SCID foi tratada por inserção retroviral do tudo, esses protocolos podem levar ao tratamento eficaz de doenças que,
gene ADA em celulas-tronco da medula óssea, em vez de linfócitos. Esse de outro modo, seriam letais, e podem fomeoer infomração inestimável para
tratamento resultou em aumentos de longo prazo nos totais de celulas B e o desenvolvimento de protocolos de terapia gênica para outras doenças
celulas T (ate 9 anos] e função imune normal em 11 pacientes tratados. genéticas.

de apenas cerca de 4,5 kb. [Em alguns casos, este problema tus). Como outros retrovims, os lentivinrs podem se integrar
pode ser contomado dividindo-se a inserção em duas partes, com estabilidade ao genoma, e podem aceitar inserções razo-
colocando cada parte em um vetor e projetando os produ- avelmente grandes (8 kb). Como combinam as propriedades
tos de mRNA para se reunirem-) Devido às suas muitas pro- desejáveis de integração estável e a capacidade de transduzir
priedades úteis, os VAAs se tornaram muito mais populares células que não estão em divisão, os lentivírus são atualmente
como vetores de terapia gênica durante os últimos anos. Eles o Foco de muita pesquisa e desenvolvimento.
foram testados em experiências clínicas para o tratamento
de fibrose cística, hemofilia B, deficiência de a1 -antitripsina,
Desafios na Terapia Gênica Viral
distrolia muscular de Duchenne, doença de Parkinson, doen-
Embora haja muitas promessas em torno da terapia gênica vi-
ça de Alzheimer, e muitas outras doenças_
ral, existem vários desafios importantes:
Vetores Lentivirais 0 Expressão transitória e dz baixa quantidade. O produto gênico
Vírus lentivirais são retrovírus RNA complexos que, diferente pode ser expressou em niveis subterapêutictrs, frequentemen-
dos retrovírus simples, podem transduzir células que não es- te menos de 1% da quantidade normal. Em parte, isto reflete
tão em divisão através de poros na membrana nuclear [o virus o fato de que apenas algumas das celulas-alvo incorporam
da imunodeliciência humana [HIV] é um exemplo de lentiví- com sucesso o gene normal. Além disso, a inserção aleatória
Testes Genéticos e Terapia Gêmea f 277

do virus genoma do hospedeiro pode afetar a regulação


no Um dos mais extensamente estudados é o lipossomo, LII11 corpo
gênica (p. ex., sequências reforçadoras necessárias para ni'- adiposo que pode aceitar grandes inserções de DNA. Os liposso-
veis normais de expressão não estão presentes). As células às mos às vezes se fundem com células, pemiitindo que a inserção
vezes respondem ao DNA estrangeiro inserido metilando-o de DNA entre na célula. Como o lipossomo não tem peptideos,
-
e, portanto, inativando-o. Por essas razões, a transcrição ele não provoca uma resposta imune. Sua principal desvantagem
do gene frequentemente cessa após poucas semanas ou me- é que ele carece da eficiência de transferência dos virus: a maioria
ses. Deve-se notar, no entanto, que expressão transitória é dos lipossomos é degradada no citoplasma, e a maioria dos que
suficiente, e mesmo desejável, para alguns tipos de terapia, não são degradados é incapaz de entrar no núcleo.
como as que provocam uma resposta imune contra um tumor Surpreendentemente, é possivel inserir plasmideos conten-
ou que geram novos vasos sanguíneos (discutido adiante). do DNA humano diretamente em células sem o uso de absolu-
0 Drfcuidades em alcançar ou :specrfcar um tecido-alvo. Embora algu- tamente nenhum vetor de transferência. Embora a maior parte
mas doenças sistêmicas sejam relativamente fáceis de alcan- do DNA "nu" seja repeiida pela membrana celular, o DNA oca-
çar modificandolinfócitos ou células-troncoda medula óssea, sionalmente entra na célula, escapa da degradação e codifica
outras apresentam desafios fonnidãveis. pode ser dificil, por proteinas temporariamente. Ainda estão sendo feitas tentativas
exemplo, atingir neurônios afetados responsáveis por doenças para usar DNA nu como vacina que codifique uma proteína
do sistema nervoso central. Alem disso, os vetores devem ser patogênica contra a qual o corpo produz uma resposta imune.
modilicadiospara que entrem apenas no tipo celular desejado. Um desenvolvimento intrigante com potencial para terapia
' Necessidade de regulação precisa da atividadegótica. A regulação exata de célula somática é a síntese de cromossomos humanos artifi-
da atividade gênica não é uma preocupação para algumas do- ciais. Como esses cromossomos sinteticamente construídos con-
enças (p. ex., uma expressão exacerbada de 50 vezes de adeno- têm centrômeros e telômeros funcionais, eles devem ser capazes
sina deaminase não tem nenhum efeito clinicamente significa- de se integrar e se replicar em núcleos de células humanas. Além
tivo). Contudo, ela é cn'tica para doenças como a talassemia, disso, são capazes de aceitar inserções tão grandes quanto o gene
em que o nCunerro de cadeias de oL-globina e B-globina deve inteiro da djstrofia muscular de Duchenne (DMD), de 2,4 Mb.
ser estreitamente balanceado (Capítulo 3)_ Frequentemente é
difícil alcançar tal precisão usando terapia gênica viral. A terapia gênica usando vetores não virais, incluindo
0 Potencial para mutagênrst pós-inserção. A integração imprevisível Iipossomos e DNA nu, oferece algumasvantagens
de um vetor retroviral no DNA do hospedeiro pode ter con- sobre os vetores virais, mas atualmente carece da
sequências indesejadas, como discutido anteriormente. Em- eficiência de transferência de tais vetores.
hora a mutagênese pós-inserção pareça ser Lu11 evento raro,
ela ocorreu em vários pacientes (Comentário Clinico 13-5). Terapias Blaqueadaras de Gene
As técnicas de substituição gênica não são elicazes para corri-
Muitas pesquisas estão sendo dedicadas a superar esses e
outros problemas. Por exemplo, os níveis e a permanência de
gir mutações com ganho de função ou negativas dominantes
expressão gênica estão sendo aumentados pela incorporação de
(p. ex., doença de Huntington, sindrome de Marfan). Para
corrigir essas doenças, o produto gênico defeituoso deve ser
sequências promotoras mais fortes em inserções de DNA_ Os bloqueado ou desativado de alguma maneira. Embora não tão
vetores estão sendo modificados para reduzir as respostas imu-
bem desenvolvidos quanto os métodos de terapia de substi-
nes e para atmrentar a especificidade da célula-alvo. Estão sendo
desenvolvidos métodos para inserção direcionada de sequências tuição gênica, os métodos de bloqueio de gene estão sendo
corretas de DNA. Por exemplo, são projetadas proteinas para
elaborados, e alguns representam promessas.
se ligarem a uma sequência de DNA mutada especifica e para
induzirem quebras de DNA de fita dupla seguidas pela inserção Terapia Antissenso
O principio por trás da terapia antissenso é simples: é proje-
de uma sequência noir-mal de DNA- Com a inserção dirigida, o
tado um oiigonuclecotideo cuja sequência de DNA é comple-
DNA mutado e' corrigido in situ, evitando dificuldades com a
mentar à sequência do RNA mensageiro [mRNAl produzida
inserção aleatória de DNA e tendo a vantagem das sequências
por uma mutação com ganho de função. Esse oiigonucietnti-
promotoras e reforçadorasnativas no genoma do hospedeiro- deo antissenso se liga ao mRNA anomial, evitando sua tradu-
Vetores virais oferecem transferência altamente eficiente ção para uma proteina nociva (Fig. I3-9A)- Oligonucleotide-
de genes terapêuticos para células somáticas. Contudo, os antissenso também podem ser projetados para se ligarem

eles têm várias desvantagens, incluindo expressão baixa a um DNA de fita dupla que contém mutação causadora de
ou transitória do produto gênica, tamanho de inserção doença, criando uma tripla hélice que não pode ser transcrita
limitado, geração de respostas imunes, dificuldade na em mRNA. Um obstáculo com essa terapia antissenso é que

regulação precisa e, para alguns vetores, a incapacidade oligonucleotídeos antissensofrequentemente são degrada-
de transduzir células que não estejam em divisão e o dos antes que possam alcançar seu alvo. Além disso, devido
mtencial para oncogênese. à variação na fonna da molécula alvo de DNA ou de RNA, o
oligonucleotídeo antissenso pode não ser capaz de se ligar à
Vetores Não Virais sua sequência complementar. No entanto, a terapia antissenso
Embora vetores virais fomeçam a vantagem de transferência eli- está sendo testada em várias aplicações experimentais, incluin-
ciente de gene para células, as desvantagens listadas acima leva- do o bloqueio da expressão do oncogene KRAS (Capitulo 9)
ram pesquisadores a investigar vários tipos de vetores não virais. em células tumorais pancreáticas e colorretais.
273 / Capiium 13 GENÉTICA MÉDICA
Mutação
DNA (Fllamenm

III
antlssenso)
CItoPWsma
(filamentosenso)

Mutação

mFiNA
Transcrição mRNA
contendo mutação

Ollgonucleotídeo
antlssenso
3131]:
O ollgonucleotldeo amlssenso
se liga ao mRNA mutado e
bloqueia sua redução em proteina

R|bgz|ma A rlbozlma se
adicionada liga ao filamento
do mRNA
mRNA
A rlbozlma cllva o
B filamentodo mRNA,
impedindo a tradução
FIGURA 13-9
A, Terapiagênica usando uma teen¡ antissenso. A ligação do mHHA anormal a uma molécula antissenso o impede de ser transcrito em uma proteina anonnal.
B, Terapiagênica usando uma ribozima "impeça de martelo", que se liga a um mHNA mutado, cIivando-p e eliminando-o.

Terapia com Ribozima Interferência de RNA


Ribozimas são moléculas enzimáticas de RNA, algumas das Um terceiro método de bloqueio gênico envolve a interfe-
quais podem clivar mRNA. Elas podem ser projetadas para in- üncia de RNA (RNAL Fig_ 13-10), um fenômeno natural que
terromper sequências específicas de mRNA que contêm Luna evoluiu para defender as células contra invasão viral. Como
mutação, destruindo-as antes que elas possam ser traduzidas muitos vírus produzem RNA de fita dupla, as células de to-
em proteína (Fig. 13-93)- A teiapia com ribozima está sendo dos os organismos multieelulares reconhecem esta forma de
testada, por exemplo, como método de reverter a expressão RNA e utilizam uma enzima chamada dícer para digeri-la em
exacerbada do receptor tipo 2 do Fator de crescimento epider- pequenos pedaços de 20 pb. Esses pedaços são então usados
mico, uma característica de muitos tumores de mama. como molde para dirigir a destruição de qualquer RNA de fita
Testes Genéricos e Terapia Genica / 279

Núcleo

Mutação

Dlcer cllva o dsRNA


mHNA

O RISC se liga
e cllvao mFINA irritado

MMN
FIGURA 13-10
Terapia de bloqueio gênica usando interferência de RNA (RNAi). Uma enzima dicer oliva o RNA de fita dupla (dsRNA) em fragmentos de RNA de fita simples 20
pb chamados RNA:: de interferência curtos (srRMill). Estes Iragrnentos formam um modelo que e reconhecido e se liga ao complexo silenciadorinduzido por RNA
(RISC), que cliva e destroi a fita complementar de RNA Na RNAi, um dsRNA e construido para produzir fitas de siRNA que são complementares a um mRNA
mutado, motivando o complexo RISC a destruir o mRNA.

simples que tenha a mesma sequência que o RNA viral de fita somos contendo DNA que cod¡ fica a molécula coestimulatória
dupla (p- ex-, o mRNA de fita simples que o virus usaria para B7 (Capitulo 9) foram introduzidos em células de melanoma
codificar proteínas virais). Sintetizando artificialmente mole'- maligno, resultando em expressão de B7 na superfície celular e
culas de fita dupla de RNA que correspondem a Luna sequência subsequente destruição da célula por célula T citotôxicas- Em
de DNA causadora de doença, a RNAi pode ser induzida a alguns casos, isto levou à regressão do melanoma.
destruir o mRNA produzido pela sequência mutada. Uma variedade de abordagens de terapia gênica está sendo
A RNAi enfrenta desafios semelhantes aos da terapia an- formulada para combater o HIV. A maior parte desses esforços
tissenso eda terapia com ribozima, tais como degradação da visa interromper a replicação do vírus ou evitar sua dissemina-
molécula de RNA antes que ela alcance seu alvo- Esta dificul- ção para células saudáveis. Por exemplo, uma mutação nega-
dade está sendo superada pela inserção de moléculas de RNA¡ tiva dominante introduzida em células T infectadas por HIV
eI11 vetores lentivirais e virais adenoassciciados. RNAi apresen- produz uma proteína que prejudica proteínas produzidas pelo
ta alguma promessa para reduzir, por exemplo, o número de HÍV, bloqueando sua ação normal. Também há testes em pro-
transcritos produzidos pelo KRAS oncogênico, e também de- gresso para reduzir a expressão de CCRS, um correceptor de
monstrou bloquear transcritos do gene de fusão BCR-ÀBL, que quimiocina usado pelo HIV para entrar em células do sistema
causa leucemia mielogênica crônica [Capitulo ll). Ela está imune (Capitulo 9].
sendo testada para o tratamento de degeneração macular rela- Outro exemplo de terapia gênica para uma doença não
cionada a idade, asma, hepatite C e doença de Huntington. herdada envolve o tratamento de doença da artéria cortinária.
Cópias dos genes que codifícam membros das familiasdo fator
Técnicas de bloqueio gênica podem ser usadas para de crescimento endotelial vascular (VECF) e do fator de cres-
reverter os efeitos de mutações negativas dominantes cimento do fibroblasto (FGF) foram injetadas em miocárdio
ou com ganho de função. Elas incluem o uso de isquêmico [usando vetores virais ou como o DNA nu] com a
moléculas antissenso, ribozimas clivadorasde RNA e esperança de produzir novos vasos coronarios-
interferência de RNA.
Terapia de Linhagem Germlnatlra
Terapia Gênlca para Doenças Não Herdadas A terapia de célula somática consiste em alterar apenas as ce'-
Como indicado na Tabela l 3-7, a aplicação de tecnicas de tera- lulas somática:: especificas e, portanto, difere pouco da teoria
pia gênica não e de fonna alguma limitada a doenças herdadas_ de muitos outros tipos de intervenção médica (p. ex., trans-
Na realidade, cerca de dois terços dos protocolos de terapia plante de medula óssea). Em contraste, a terapia de linhagem
gênica atualmente em andamento envolvem cânceres não her- germinativa envolve a alteração de todas as células do corpo,
dados, e aproximadamente 10% envolvem terapia da síndrome incluindo aquelas que dão origem aos gametas. Assim, este
da imunodeficiênciaadquirida (AÍDS). Por exemplo, o gene su- tipo de terapia gênica afeta não apenas a paciente mas também
pressor de tumor TPs 3, que e inativado em aproximadamente seus descendentes.
metade de todos os cânceres (Capítulo 1 li), foi inserido e111 tu- A terapia de linhagem genrrinativa foi conseguida primei-
mores de pulmão em um esforço para interromper a progressão ro no rato, em 1985, quando cópias de um gene do honnô-
do tLunor. Como discutido no Capitulo 9, alguns tumores esca- nio do crescimento humano foram introduzidas com sucesso
pam da detecção do sistema imune descartando moléculas da em embriões de rato por microinjeção (o gene foi inserido
superficie celular que são reconhecidas pelas células T. Lipos- diretamente no embriãoutilizandouma agulha muito pequena).
230 ,I Capitulo 13 GENÉTICA MÉDICA
Na minoria dos embriões em que o gene se integrou, os game- lll de testes clínicos. Os últimos anos testemunharam os primei-
tas também Foram modificados, e o gene do hormônio do cres- ros casos bem-sucedidos sustentáveis de terapia gênica, algLms
cimento humano foi transmitido às gerações Futuras (os ratos, dos quais Foram discutidos neste capitulo [terapia para deficiên-
incidentalmente, eram anormalmente grandes). cia SCÍD ligada ao X e ADA, evidência de eFeitos terapêuticos
Embora a terapia de linhagrem germinativa seja, a principio, em vários cânceres). Contudo, o sucesso alcançado até aqui foi

possível em humanos, ela apresenta problemas signiFicativos apenas em Lun número relativamente pequeno de pessoas.
[Quadro 13-7). Primeiro, embriões injetados geralmente mor- A terapia gênica não é livre de risco. Além do potencial de
rem, e alguns desenvolvem tLunores e mal Formações- Segundo, mutagênese insercitmal já discutido, um homem jovem com
mesmo em uma doença autossômica dominante, metade dos deliciência de ornitina transcarbamilase (Capítulo 7] morreu
embriões produzidos por Lu11 genitor heterozigoto e' genetica- como resultado de uma reação imune adversa a um vetor ade-
mente normal. 'Se Fosse possivel distinguir os embriões geneti- novírus- Além disso, a terapia retroviral resultou em Luna doen-
camente normais (p. ex., por meio de diagnosticar) genético pré- ça semelhante à leucemia em vários pacientes de SCÍD ligada
implantação), seria mais simples implantar os embriões normais ao X (Comentário Clinico 13-5). Portanto, ainda pennaneee
do que alterar os anonn ais. Finalmente, diversas questões éticas incerto se a terapia gênica proverá um tratamento seguro ou

estão associadas à alteração permanente de Luna herança gené- cura por um custo razoável.
tica humana- Por essas razões, parece improvável que a terapia Apesar dessas ressalvas, a pesquisa de terapia gênica está
de linhagem genninativa humana seja útil ou desejável. promovendo muitas descobertas novas de fundamental impor-
tância biológica. Como em muitos caminhos de pesquisa bio-
Terapia Gênica: Uma Perspectiva médiea, o potencial da pesquisa em terapia gênica é considerá-
A grande maioria dos protocolos de terapia gênica ainda está em vel, e seus progressos sugerem fortemente que ela pode prover
testes de Fase l e Fase ll, porém mais 30 estão atualmente na Fa.se tratamento eFicaz de algumas importantes doenças humanas.

DUAnR013-7 Terapia de Linhagem Germinativa, Melhoramento Genético. Clonagem Humana


e Células-TroncoEmbrionárias: Questões Contmversas em Genética Médica

Por razões descritas no texto, a terapia gênica de linhagem germina- na maior parte dos casos, o embrião ou morre ou tem imensas mal-
tiva não está sendo tratada em humanos. Todavia, a terapia gênica formações. Como as consequências da clonagem reprodutiva huma-
de linhagem gerrninativa é, de muitos modos, mais fácil de realizar na seriam quase certamente semelhantes, a clonagem reprodutiva de
que a terapia de célula somática. A terapia de linhagem germinativa humanos é condenada quase universalmente pelos cientistas.
também oferece [em teoria) a possibilidadede "melhoramento gené- É importante distinguir a clonagem reprodutiva da clonagem e
tico", a introdução de genes favoráveis no embrião. Contudo, um cultivo de células para propósitos terapêuticos. Células-tronco em-
gene que seja Favorável em um ambiente pode ser desfavorável em brionárias (CTEs), que são derivadas da massa interna da célula de
outro (p. ex., a mutação da anemia falciforme, que é vantajosa ape- embriões no estágio blastocisto, podem ser clonadas e têm o exclu-
nas para heterozigotos em turn ambiente malárico). E, devido à sivo potencial de se djferenciarem em qualquer tipo de célula do
pleiotropia_, a introdução de genes vantajosos pode ter consequen- corpo humano [plur-ipotência). Por exemplo, elas podem potencial-
cias completamente não pretendidas (p. ex., um gene que se pensa mente formar neurônios para o tratamento da doença de Parkinson
melhorar uma caracteristica pode afetar negativamente outra). Por ou miócitos cardíacos para o tratamento de doença isquêmica do
essas razões, e porque a terapia de linhagem germinativa geralmente coração. Contudo, com a tecnologia atual, o embrião é destruído
destrói o embrião visado_, nem a terapia de linhagem germinativa para obter CTEs, e isto é controverso em muitos círculos. Pesquisa
nem o melhoramento genético são defendidos pela comunidade em curso têm o objetivo de induzir pluripotência em células adultas
cientifica. diferenciadas. Também estão em andamento pesquisas para extrair
Hátambém controvérsias acerca da perspectiva de clonagem hu- células únicas utilizáveisde embriões de blastômero de 3 dias (como
mana. Muitas espécies de mamíferos (p. ex., ovelha, porcos, gado, no diagnóstico genético pré-implantação) para que os embriões não
cabra, ratos, gatos, cachorros] Foram clonadas com sucesso intro- sejam destmfdos. Ainda deve ser analisado se essas tecnologias po-
duzindo-se um núcleo diploide de uma célula adulta em uma célula dem produzir células que tenham a mesma iiexibilidadee utilidade
ovo da qual o núcleo haploide original foi removido (uma técnica das CTEs_
denominada transferência nuclear de célula somática, ou TNCS, Uma dificuldade no uso de células derivadas de CTEs é que elas
ver a ligura que se segue)- A célula é manipulada para que todos os podem induzir uma resposta imune no receptor. Esse problema po-
seus genes possam ser expressos (lembre que a maioria dos genes em deria ser superado se clones de CTE de muitas pessoas com diferen-
uma tipica célula adulta diferenciada é transcricionalmentesilencio- tes tipos de MHC estivessem disponíveis. O receptor seria então
sa). Esse procedimento, quando permitido prosseguir ao longo de imunologicamente compatível a CTE apropriada. Contudo, apenas
uma gestação de prazo completo, pode provavelmente ser utiliza- um número limitado de linhas de CTE está atualmente disponivel a
do para produzir um ser humano (clonagem reprodutiva). Alguns maioria dos pesquisadores. Outra sugestão é que a TNSC poderia
argumentam que a clonagem humana oferece a casais sem Filhos a ser usada com células próprias de um paciente para criar CTEs que
oportunidade de produzir lilhos aos quais eles sejam biologicamente seriam idênticas em sequência de DNA ao paciente.
relacionados ou mesmo substituir um lilho que morreu É importante Embora essas tecnologias ofereçam a esperança de tratamento
manter em mente, contudo, que um clone é apenas uma cópia gm!- elicaz para algumas doenças dificeis de lidar, elas também apresen-
tica. O ambientedo indivíduo, que também desempenha um grande tam difíceis questões éticas. Evidentemente, decisões com relação
papel no desenvolvimento, não pode ser replicado. Além do mais, a ao seu uso devem ser guiadas pela contribuição construtiva de cien-
grande maioria das tentativas de clonagem em mamíferos falharam: tistas, estudiosos legais, filósofos e outros.
Testes Genéricos e Terapia Gêmea r' 28!

QUADRO 13-7 Terapia de Linhagem Genninativa, Melhoramento Genético, Clonagem Humana


e Células-TroncoEmbrionárias: Questões Controvemas em Genética Médica-cont.

celulas somátlcas de
camundongo cultivadas em
melo que Induz não especialização O núdeo é remawdo
lphmmténclal da célula ovo do
camundongo
(enucieação)

Impulso elétrico é
utilizado para fundir a
Ó O celula somática contendo
o DNA a uma célula ovo
anuoleada

A célula fundlda forma


um embrião multicelular
que é então Implantado
no útero de um
camundongo

Transferencianuclr de celula somáti (TNDS) para criar um clone de rato. Uma celula somática diploide de rato (p. ex., um tihroblasto) e cultivada e
desenvolvida em meios que a fazem tornar-se pluripotente. Ela e fundida com uma celula ovo anuolda, criando um embrião diploide de uma celula.
Permite-se que este embrião se desenvolva para um estágio multioelular, e ele e implantado no útero de um rato_ O rato resultante e geneticamente identico
(um clone) ao rato que forneceu a celula somática

Questões para Estudo


1. Um programa de triagem de recém-nascidos para uma intimamente ligado ao locus de PKU foi analisado
doença metabólica acaba de ser iniciado. De 100.000 para cada membro da faanflia, e a figura mostra os
recém-nascidos, !DO demonstraram, por um teste genótipos de cada indivíduo. Os alelos marcadores
definitivo, ter sido afetados com a doença. O teste de têm 5 kb e 3 kb de tamanho. Com base nos genótipos
triagem identificou 93 desses neonatos como afetados do marcador ligado, o indivíduo 6 é afetado, portador
e 7 como não afetados. EI: também identificou 1.000 hctcrozigoto ou homozigotn normal?
neonatos como afetados que, mais tarde, mostraram não
3_ Estudc a ;amam mostrada no hcmdomamana Figura
ser afetados. Calcule a sensibilidade,a especificidade
13-12. Os indivíduos afetados têm neurofibromatose
e o valor preditivo positivo do teste de triagem, e
tipo l (NFI), Luna doença autossômica dominante. Um
especifique o índice de falso- positivos e falso-negativos. sistema de microssatélites de quatro alelos intimamente
2. Estude a família mostrada no heredograma na ligado ao locus da NF¡ foi tipificado para cada membro
Figura 13-1 I. O indivíduo 3 tem PKU, Luna doença da família. Com base nos genótipos mostrados na
autossômica recessiva. Um RFLP de dois alelos figura, o indivíduo 6 desenvolverá NF!?
282 / Capítum 13 GENÉTICA MÉDICA

Questões para Estudo-continuação

1 2 3 4 5 6

Skb

3|<b

FIGURA 13-11
tlemdograma que acompanha a Questão para Estudo 2
4. No heredograma para uma doença autossômica
dominante mostrado na Figura 13-13, um RFLP de
dois alelos levemente ligado foi identificado em cada
membro da Família. Com base nessa informação, o
que você pode dizer à Família acerca do risco de que o
descendente na geração IlI desenvolva o doença? Como
a precisão do diagnóstico poderia ser melhorada neste
caso?

5. Compare as vantagcrts e desvantagens da amniocentese


e da coleta de amostra de vilosidade coriônica (AVC).

5. Que tipo de terapia gênica seria mais apropriado para a


doença de Huntington? Por quê?

Leituras Sugerldas
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a

«I
GENÉTICA E MEDICINA PERS r

Ús avanços científicos, tecnológicos e médicos tomaram pos- de pesquisa. Nem todos esses objetivos serão alcançados para
sível detectar_, diagnosticar e tratar as doenças mais comuns toda doença comum. De fato, para muitas doençascomplexas,
[p, ex., asma_, diabetes, hipertensão) logo no inicio do curso é provável que, no futuro, não haja nenhuma alternativa ao
e de forma mais eficaz. Tais avanços, no entanto, dependem modelo convencional de prática, pois muito pouco é conheci-
muito da perícia e do conhecimento dos clínicos, do acesso a do acerca de sua etiologia e fisiopatologia. Não obstante, para
serviços de cuidado à saúde e da disponibilidadee acessibili- algumas doenças comuns e respostas a drogas, o teste genéti-
dade financeira “as tecnologias de diagnóstico. A maioria dos co, e em muitos casos a medicina personalizada, já está sendo
profissionais da saúde segue um modelo convencional, em que adaptado ao contexto clinico.
um paciente se apresenta com um conjunto de sinais e sinto- Neste capítulo, discutimos como as novas tecnologias estão
mas, que o profissional utiliza para fazer um diagnóstico “mais tornando amplamente acessível a avaliação de genomas huma-
provável”. Ele então prescreve um tratamento que considera nos individuais, como essa ampla informação de genoma está

mais eficaz. Se o tratamento não tem o resultado esperado, sendo utilizadaatualmente para tomar decisões pessoais acer-
o processo é repetido até que um diagnóstico correto ou um ca da saúde, e as implicações do cuidado personalizado.

tratamento mais eficaz seja encontrado. Neste modelo, a ma-


A medicina personalizada é a combinação da
nutenção preventiva da saúde é incentivada. A aderência ao genética com os fatores de risco ambientais para
tratamentao, contudo, é desaliadora porque a infonnação sobre fazer previsões acerca do risco individual de doença
fatores de risco, bem como a percepção do paciente quanto ao e da resposta a diversos tratamentos.
risco, é, na melhor das hipóteses, aproximada.
A medicina personalizada é um modelo de prática em que
o risco pessoal de cada paciente para doenças comuns e a efi- UMÀ TRÂNSFÚRMÂÇÃÚ ÚRÍENTÀDÀPELÀ TECNÚLOGÍÂ
cácia de vários tratamentos são estimados diretamente a partir Tradicionalmente_a busca por variações genéticas que influen-
da combinação da genética do paciente com os fatores de ris- ciam as doenças complexas comuns foi uma tarefa desencora-
co ambientais. consequentemente, um profissional da saúde jadora e um dos principais obstáculos para o desenvolvimento
pode predizer o risco de uma pessoa para doenças comuns, da medicina personalizada. A abordagem mais comum para
escolher testes diagnósticos para confinnar a presença da do- encontrar essas variações envolvia testar se polimorfismos em

ença e prescrever o melhor regime terapêutico para trata-la. genes candidatos estavam associados a risco de doença em um
ldealmente_, o conhecimento do risco de doença promove in- pequeno grupo de pacientes não relacionados com o mesmo

tervenções (p. ex-, modificação da dieta_, escolha de terapia fenótipo


medicamentosa] que não apenas podem tratar a doença no
inicio de seu curso, mas podem também retardar seu início ou
evitá-la completamente.
A eficácia da medicina personalizada depende de uma sé-
rie de fatores que incluem a identificação dos fatores de risco
genéticos e ambientais Ç e suas interações) que permitem a pre-
dição exata do risco clinicamente significativo,- a demonstra-
ção de que a avaliação do risco individual melhora a precisão
do diagnóstico e o resultado do tratamento¡ o desenvolvimento
de tecnologias para avaliação do genoma de uma pessoa a cus-
tos plausfveis¡ a construção de uma infraestrutura para clínicos
acessarem dados de risco, interpretarem a informação de risco

e explicarem as estimativas de risco aos pacientes¡ e o desen-


volvimento de diretrizes e práticas sobre como a informação
da avaliação de risco deve ser usada em aplicações clinicas e
Genética e Medicina Personaifzada / 285

Lisoda farmacogenética,seríamos capazes de traçar o perl-il das


QUADRO 14-1
AvaliandoSeu Genoma diferenças de DNA entre individuos e, deste modo, predizer
respostas a diferentes medicamentos. Por exemplo, um perlil
genético (ils, um resumo dos alelos de risco de uma pessoa)
O conhecimento da constituição genética de uma pessoa será evi-
dentemente uma importante ferramenta para tomar melhores de- poderia predizer quem tem mais ou menos probabilidade de
cisões acerca da saúde, do cuidado médico e, talvez, também do responder a uma droga ou de sofrer uma grave reação adverse
estilo de vida- Até recentemente, avaliar o genoma como um todo a droga (GRAU).
era bastante dispendioso e feito apenas em laboratórios de pesqui- Muitas drogas têm um indice de resposta entre 25% e 75%.
sa. Entretanto, novas tecnologias reduziram drasticamente o custo Por exemplo, inibidores da ECA (enzima conversora de an-
de análise do genoma completo e estimularam o desenvolvimento
de serviços ao consumidor que oferecem esse estudo do genoma
giotensina) e betabloqueadores têm se mostrado ineficazes ou
diretamente ao público (Capitulo 13). Estes serviços rapidamente parcialmente eficazes em ate' 70% dos pacientes hipertensos.
se tornaram manchete, tanto por sua novidade como por seu po-
O uso de tais drogas em pessoas que não apresentam proba-
tencial de informar as pessoas sobre sua composição genética. bilidade de responder aumenta a incidência de GRADs e se
A maior parte dos serviços que oferecem estudo do genoma com- soma ao ônus dos custos de cuidado à saúde. Além disso, para
pleto ao consumidor faz a genotipagem de centenas de milhares a maioria das drogas, não existem testes disponiveis para de-
a milhões de polimorlismos de base única isNPs] comuns. Os
SNPs tipificados para consumidores são os mesmos comumente terminar quem irá ou não responder, então essas drogas são
utilizadospor pesquisadores para identificar associações gene-do- amplamente administradas na base da tentativa e erro.
ença para doenças multifatoriais comuns, tais como hipertensão, Muitas drogas têm efeitos adversos que são de importância
diabetes e obesidade. À medida que associações entre gene-doen- clínica, e das quase 1.2.00 drogas aprovadas para uso nos Esta-
ça são reportados, consumidores que têm acesso à sua informação dos Unidos, cerca de 15% estão associadas a uma incidência
genética podem avaliar seu risco para doenças genéticas. Além
disso, como os dados genéticos de cada pessoa são permanentes, significativa de GRADs- Um estudo conduzido em meados
a avaliação de risco pode ser reestimada a cada nova descober-
dos de 1990 sugeriu que quase dois milhões de pessoas
anos
ta. Contudo, muitas das associações SNP-doença reportadas aos são hospitalizadas a cada ano como resultado de efeitos ad-
consumidores são relativamente fracas e podem ser mal entendi- versos a droga, e aproximadamente 100-000 pessoas morrem
das ou mal interpretadas pelo consumidor leigo (Capítulo 13).
Mais recentemente, o sequenciarnento do genoma completo se por esta causa, mesmo quando as drogas são prescritas e ad-
tornou disponivel para o público. Este serviço ainda é caro e, por-
ministradas adequadamente. Estudos na Europa e na Austrália
tanto, de aplicação muito limitada. Além disso, é discutfvel se a tiveram resultados semelhantes. Deste modo, a identificação
compreensão de Luna pessoa sobre os riscos relacionados a saúde de perfis genéticos que predizem a resposta de uma pessoa a
será aumentada pelo conhecimento de cerca de 99% do genoma drogas provavelmente aumentará a eficácia geral e a segurança
que não codifica proteínas. Uma estratégia alternativa é sequen- dos produtos fannacêuticos.
ciar apenas os éxons codificadores de protefna. Em qualquer' caso,
as mesmas advertências levantadas no parágrafo anterior para a
Ó teste está disponivel atualmente apenas para um grupo
genotipagem de SNP se aplicam igualmente ao sequenciarnento de alelos que predizem CRADs. Por exemplo, a tiopurina
do genoma inteiro. metiltransferase PMT] é uma enzima que inativa medica-
mentos ã base de tiopurina (p. ex., ô-mercaptopurina, azatio-
prina), que são frequentemente utilizadospara tratar leucemia
O IMPACTO DA GENÔMICA linfática aguda e para evitar rejeição de transplantes de órgãos.
Farmacogenétlea Uma mutação do gene TPMT reduz a atividade enzimática.
Muitas das bebidas e comidas que ingcrimos diariamente (p. Cerca de uma em 300 pessoas de ancestralidade europeia é
ex., café, chá) contêm milhares de compostos complexos que
bomozi gótica para esta mutação, e esses pacientes podem ex-
cada um de nós deve processar. Alguns desses compostos nunca perimentar supressão da medula óssea com risco de vida sob
deixam o trato gastrointestinal, mas a maior parte e' absorvida, exposição a drogas de tiopurina- A presença de tais variações
distribuída, metabolizada e eliminada (ie, biotransformada) pode ser determinada por genotipagem ou por ensaios de en-
em vários produtos que são usados imediatamente, armaze- zima, que hoje são comLunente feitos antes da administração
nados ou excretados. Compostos exúgenos (p. ex., produtos de tiopurinas-
fannacêuticos)também sofrem biotransformação, e os indivi-
duos variam na eficiência e na velocidade com que a fazem. A resposta de cada pessoa a produtos químicos
Além do mais, a resposta-alvo de uma droga (p. ex., enzimas, naturais e sintéticos é detenninada em parte por
receptores) também pode variar entre indivíduos. Ó estudo polimorfismos em genes que controlam as vias de
das variantes genéticas individuais que modilicam as respostas biotransionnação e o alvo do produto químico.
humanas a agentes farmacológicosé denominado fannacoge-
nética, a avaliação da ação de muitos genes simultaneamente é Terapia Medleamentosa Personalizada
chamada larmacogenômica. Um dos principais desalios da fannacogenéticaé a seleção de
alvos apropriados (p. ex., uma enzima especifica, citocina ou
Predlção Genética de Graves Respostas Adversas a Drogas receptor de superfície celular) que podem ser sensíveis a ma-
Ao longo da última decada, esforços ambiciososforam respon- nipulação por uma droga- Os resultados de estudos genéticos
sáveis pelo avanço do conhecimento da farmacogenética- lsto são usados para identificar polimorlismos associados a susce-
foi dirigido, em parte, pela expectativa de que por meio do tibilidadevariável a doença (i. e., Lun alvo potencial para urna
235 f Capítufo 14 GENÉTICA MÉDICA
droga) ou polimorfismos que modificam a resposta humana a
urna droga. Por exemplo, a sindrome do QT longo (sindro-
me
Genótbo
Ou

Fenótlpo Metabollzadores Metabolzadores Matahollzadores


ultralrápldos lentos intermediários
Frequência
“mes,
23a f capim 14 GENÉTICA MÉDICA

QUADRO 14-2
Genõmica Pessoal

Estamos em 2025. Jonathan é um bebê de uma hora de vida dor- Com 1 ano de idade, é evidente que o desenvolvimento da fala
mindo confortavelmente nos braços de sua mãe no quarto em que e da linguagem de Jonathan estão atrasados- Seu perfil genético
acaboude nascer. Uma enfermeira entra e esfrega o interior da boca confirma que ele não tem variantes de risco conhecidas que estejam
de Jonathan com urna escova para coletar células epiteliais bucais. associadas a perda de audição, sugerindo que seu atraso deve ser
O DNA é extraídodessas células, e uma semana depois um resumo uma indicação precoce de autismo. Uma terapia ideal para autis-
eletrônico da sequência genômica completa de Jonathan é deposi- mo é escolhida com base no seu perfil genético. Jonathan responde
tado em um banco de dados nacional de informação de saúde bem a essa intervenção e, junto com treinamento da fala, seu desen-
(NHÍD, de nationalhealth irrfonmrtiou database). Um conjunto de genó- volvimento por volta dos 5 anos de idade é adequado.
tipos que representam um perfil genético único é colocado em um Jonathan permanece saudável ao longo da infância, e_, quando
banco nacional de dados forenses. Dados de mutação para condi- completa 18 anos de idade, o controle sobre seus dados de risco gené-
ções cobertas no programa de triagem de recém-nascidos, incluin- ticos armazenadosé passado de seus pais para ele. Ao mesmo tempo, o
do PKU, galactosemia_, fibrose cfstica e anemia falciforme, são en- cuidado médico deJonathané transferido para um médico da familia.
viados para o departamento de saúde do estado- Os pais de Jonathan Na sua primeira consulta, o médico de Jonathan explica seu risco para
são notificados de que ele é um portador de anemia falciforme. doença cardíaca, hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2 e câncer de
Os pais de Jonathan controlam o acesso aos dados de risco ge- cólon. Jonathan é alertado para seu alto risco de desenvolver diabetes
nético armazenados no NHÍD para distúrbios que se manifestam e obesidade, e foi recomendado a ele um programa de exercício e
comumente na infância, e eles decidiram fornecer esses dados aos dieta que se mostrou capaz de retardar o inicio da doença.
provedores de cuidados pediátricos de Jonathan. Na consulta pedi- Dez anos depois, Jonathan informa a seu médico que ele e sua
átrica de rotina de 1 mês de idade, um conselheiro genético explica esposa estão planejando começar uma família. Sua esposa também
que Jonathan tem Lun risco genético acima da média para autismo, é portadora de anemia falciforme e tem diversas variantes de risco
alergia a amendoim, otite média crônica e respostas adversas a pe- para asma,- então, eles são encaminhados para mais consultas sobre
nicilina. É recomendado aos seus pais que evitem tanto penicilina opções de testes genéticos pré-natais. Quando Jonathan está com
como produtos contendo amendoim até que ele possa passar por 45 anos, ele desenvolve hipertensão, e_, com base no seu perfil de
testes diretos- Também é encontrado em Jonathan um risco genéti- variantes de resposta a droga, a terapia é iniciada com um agente
co abaixo da média para asma. anti-hipertensivo específico ao qual provavelmente ele responderá.

Dlagnustlcandn e Monitorando Doenças Comuns completo, para fornecer um perfil da atividade gênica dentro de
Nas seções anteriores, explicamos como a infonnaçãtr genômica Lun tumor emdeterminado espaço de tempo. lsso tem facilitadoo
pode ser usada para personalizaravaliações de risco para doenças desenvolvimento de esquemas de classificação baseados em per-
comuns e respostas a drogas. A informação genômica também fis de expressão para muitos tipos de câncer, incluindo leucemia,
pode ser usada para facilitaro diagnóstico da doença e para mo- linftrma e cânceres de mama, de pulmão, de cólon e de cérebro.
nitorar respostas terapêuticas. Por exemplo, um microarranjo (mi- Essa informaçãopode ser usada, por exemplo, no refinamento do
croarray] (Capítulo 3) pode ser utilizado para estimar o nível de prognóstico, no direcionamento da aplicação de terapias con-
expressão de cada gene fix., a quantidade de mRNA que é trans- vencionais e terapias com alvos biológicos e na identificação de
crita) em Lu11 tecido específico. Esses perfis de expressão gênica alvos para o desenvolvimento de novas drogas (Fig. 14-2).
podem ser LL-;ados para identificarpadrões de expressão que estão Atualmente, com frequência é dificil predizer o prognósti-
associados a doenças especificas (p. ex., transcrição aumentada co de pacientes com câncer com base na informação fenotípica
de Lu11 oncogene ou transcrição reduzida de Lun gene supressor tradicional, como o tipo de tLunor (T), se o câncer é encontrado
de tumor em tecido tumoral). Tal informação pode ajudar a dis- próximo a linfonodos (N) e evidência de metastase (M). Ó es-
tinguir diferentes tipos de câncer, diferentes tipos de infecções tadiamento utilizandoesse sistema TMN é atualmente o padrão
ou outros fenótipos associados a doença. para a maioria dos tumores sólidos, ainda que esses estágios fre-
quentemente não sejam preditivos de prognóstico ou de respos-
Genümlca do Câncer ta ao tratamento. Traçaro perfil da expressão gênica pode ajudar
Toda célula cancerígena abriga muitas alterações na sequência a distinguir cânceres que são facilmente confundidos (p. ex-,
de DNA e no número de cópias que afetam genes ou sequên- linfoma de BLultitt us. linfoma difuso de grandes células B). Ele
cias reguladoras, frequentemente acompanhadas por modifi- pode também facilitara identificação de subtipos de tLunores no
cações epigeneticas. Essas mudanças inliuenciam a expressão mesmo estágio TMN que podem ter resultados muito diferentes.
efou função de centenas a milhares de genes. Em conjunto, Vários perfis de expressão gênica estão atualmente disponiveis
essas mudanças resultam na ativação ou inibição de várias vias para avaliação do prognóstico do câncer de mama, e perfis de ex-
celulares que controlam as caracteristicas de cânceres, como pressão gênica que predizem a recorrência de vários outros tipos
crescimento ou metástase,determinam, em parte, o prog-
e de câncer foram estabelecidos.Testes prospectivos determinarão
nóstico e a resposta ao tratamento. A genômica do câncer é o até que ponto o uso da determinação do perfil de expressão é
estudo das mudanças associadas ao DNA que acompanham o benéficodo ponto de vista clinico, mas é previsível que seu uso
câncer, com o objetivogeral de melhor prevenir, detectar, diag- levará a uma melhora substancial no tratamento do câncer.
nosticar e tratar cânceres comuns. A abordagem convencional da terapia para câncer foi pro-
Uma aplicação particularmente poderosa da genômica no porcionar tratamento com base no tCCldü ou (irgão em que o
câncer tem sido o uso de análise de expressão gênica do genoma câncer se originou- Contudo, pessoas com o mesmo tipo de
Genética e Medicina Personalizada / 289

câncer frequentemente têm anomalias genéticas diferentes


em seus tumores, resultando em respostas diferenciadas ao
tratamento. Por exemplo, das mulheres jovens cujo câncer de
mama não se espalhou aos seus linfonodos e que são tratadas

por ressecção do tumor e radiação local, apenas 2096 a 30%


experimentarãt) recorriÊncia. Este subgrupo de mulheres pode
se beneficiarmais com a quimioterapia adjuvante, e aquelas em

menor risco de recorrência (a maioria) pode se beneficiar me-


nos com a quimioterapia. Além disso, como os grupos de alto

e baixo risco não podem ser distintos de forma confiável, 85%

a 95% de todas as mulheres com este tipo de câncer de mama


recebem quimioterapia adjuvante. lsto significa que muitas
mulheres podem passar por esse tratamento desnecessariamen-
te, o que as coloca em risco para complicações relacionadas 'à
droga e aumenta o custo geral do tratamento. Traçar o perfil
de expressão pode ajudar a delinear subtipos de câncer que são
provavelmente mais responsivos a vários regimes terapêuticos
e orientar a seleção ideal de agentes para cada indivíduo.

› Traçaro perfil de expressão gênica de cânceres ajuda


a melhorar a classificação de diferentes tipos de
tumores e pode ajudar a guiar a terapia.

Doenças Comuns
lv O perfil de expressão gênica está sendo usado para estudar a pa-
togênese de doenças comuns e para monitorar atividade gênica
tecido-específica a fim de facilitaro diagnóstico e o acompanha-
mento da progressão da doença. Por exemplo, o desenho do per-
fil de expressão de leucócitos circulantes em pacientes com dia-
betes tipo I revelou expressão aumentadade um grande número
de genes pró-inflamatórios. A expressão de alguns desses genes
também está aumentada em pessoas com artrite reumatoide, su-
gerindo que alguns distúrbios autoimunes podem compartilhar
perfis de expressão. Um teste de triagem baseado nesses perfis
poderia possibilitar o diagnóstico mais precoce e/cru identificar
pessoas em alto risco que pudessem se beneficiarde cuidados pre-
ventivos. Estudos ainda estão em andamento para identificar se

õ
É
*“

g
a
|
l g
JJ
É
_
Doença metastátlca
mais comum
perfis de expressão gênica podem predizer resultado em pessoas
infectadas com patógenos como malária, HÍV-l e tuberculose.

Raça e Avaliação Genética da Ancestralldade do Indivíduo


E I O Uma questão importante e controversa na medicina personalizada
8 à é se a raça de uma pessoa usando seu significado histórico como
É a.
-

¡ g descritor de africanos, asiáticos, europeus, indios americanos e das


ilhasdo Pacífico efou anrsestralidade é útil para fazer predições
- -

acerca de riscos relacionados ã saúde- Tradicionalmente,é comLm1


(ienes-repórteres
de prognóstico utilizara racapara predizer a probabilidadede uma pessoa carregar
FIGURA 14-2 Luna variante genética particular que influencie a suscetibilidade a
Predição de resultado da doença por meio do perfil de expressão gênica. A determinada doença ou a resposta a certa droga. Essa prática é ba-
consequencia clinica de individuos com câncer de pulmão (tumor simulado seada parcialmente na observação de que disparidades na saúde são
na radfograifahà predlta testando-se a expressão de um conjunto de genes
comuns entre grupos raciais. Por exemplo, a incidência de câncer
conhecidos por serem anormalmente regulados em celulas eaneerigenas
do pulmão. Para cada tumor individual, o FINA e extraldo e colocado em um de próstata é duas vezes maior em homens afro-americanos do que
microarranjo, e a expressão de cada gene e medida. Em baixo, cada coluna em homens americanos com ascendência europeia. Outras doen-
representa o perfil de expressão de um tumor diferente. A expressão reduzida
de um gene em um tumor no pulmão, comparada com outros tumores
pulmonares, e indicada em verde, e a expressão aumentada e indicada em
vermelho. O resultado da doença e mostrado à direita, onde branco indica
pessoas com doença metastatica (resultado ruim), e preto indi ausenciade
metástase [resultado bom).
29o r Capitulo 14 GENÉTICA MÉDICA
mais fortemente por fatores ambientais como diferençasna dieta e
desigualdades na disponibilidadede senziços de cuidado à saúde.
consequentemente, o uso da raça para fazer predições a respeito:
dos fatores de risoo ainda é assunto de considerável debate.
É importante dis1inguir raça de ancestralidade. Raça tradicio-
nalmente foi usada para categorizar grandes grupos de pessoas
e pode relietir origem geográfica, lingua e vários atributos cultu-
rais que descrevem trm grupo (p. ex., indígenas americanos ou
asiáticos). Ancestralidade se refere às origens geográfica, históri-
ca ou biológica dos ancestrais de um individuo, e, para qualquer

pessoa, pode ser complexa. Por exemplo, uma pessoa poderia ter
ancestrais da África, Europa e América do Norte
Embora esteja claro que informação genética explícita,
em vez de raça, pode ser usada para fazer inferências mais

precisas da ancestralidade, ainda não se sabe se a informação¡


de ancestralidade pessoal pode fazer predições úteis acerca
do risco de uma pessoa para doenças comuns. As consequ-
ências do uso da infonnação detalhada de ancestralidade em
um contexto clínico são também desconhecidas.
a

a”,
GENÉTICA CLÍNICA E ACON, L r
¡ a

A genética médica emergiu recentemente como uma verdadei- insuperáveis. Para ajudar a lidar com esta intonmiação, fome-
ra especialidade da medicina. Nos anos de 1960 os campos da cemos uma visão geral
dos conceitos mais importantes, in-
genética bioquímica, citogenética clinica e dismorlzologia (o cluindo a importância do diagnóstico preciso, a aplicação dos
estudo do desenvolvimento Físico anormal] se desenvolveram. princípios da genética médica ã prática médica e o papel do
Os anos 1970 testemunharam o estabelecimento das técnicas aconselhamento genético nos cuidados com as pessoas com
necessárias para o diagnóstico pré-natal dos distúrbios genéti- doenças genéticas.
cos. No final dos anos de 1970 aconteceram as discussões so-
bre a Íomiaçãc) do American Board of Medical Genetics, e, em Diagnóstico Preciso
198 i o primeiro exame de certilicação foi realizado. O Ame-
,
O significado do principio médico básico do diagnóstico pre-
rican Board of Genetic Counseling foi estabelecido no início ciso deve serenfatizado. Ó processo do aconselhamento ge-
dos anos 1990, e agora VÉTÍOS tipos de geneticistas, incluindo nético, um dos principais serviços da genética médica, começa
conselheiros genéticos, geneticistas clínicos e genéticos hu- com o diagnóstico correto. Todas as discussões da história na-

manos bãsicos podem ser certificados. Em |99|, o American tural, do prognóstico, do tratamento, da determinação do ris-
Board oi Medical Specialities reconheceu este novo campo, e co, das OPÇÕES de diagnóstico pré-natal e do encaminhamento
a genética médica se tornou uma parte integral da medicina. para grupos de orientação genética (também denominados
A genética médica é o estudo genético das doenças huma- grupos de ::freio gmíiica] dependem de um diagnóstico preciso
nas_. ao passo que a genética clínica lida com os cuidados clini- da condição do paciente. Por exemplo, o aconselhamento ge-
cos diretos das pessoas com doenças genéticas. O diagnóstico, nético para uma familia que tem um lilho com retardo men-
o aconselhamento e o tratamento das doenças genéticas são os tal envolve usualmente questões sobre o risco desta condição
Focos principais d.a genética clínica. para a Futura prole. Uma resposta precisa exige que o clínico
Neste capitulo, resumiremos os princípios da genética cli- identifique uma condição de etiologia conhecida. Se um diag-
nica e os processos do aconselhamento genético. Além dis- nostictr especifico (p. ex., síndrome do X Frágil] é leito, o resto
so, oferecemos urna visão geral do campo da djsmtrricrltrgia, do processo de aconselhamento genético se inicia: informa-
porque o crescimento desta área inHuenciou e foi paralelo ã ções atuais podem ser compartilhadas e o tratamento pode ser
emergência da genética clínica. iniciado (Comentário Clínico 15-1).

OS PRINCÍPIOS E A PRÁTICA DA GENÉTICA CLÍNICA Na genética clínica, como em toda a medicina, o


Como mencionado no Capítulo I, condições genéticas,
as diagnóstico genético é o primeiro e mais importante
como um grupo, são comuns e são uma causa significativa de passo nos cuidados com o paciente.
mortalidade e morbidade humanas. Tipicamente, doenças ge-
néticas são condições sistêmicas complexas, que afetam múl- Õ processo de diagnosticar uma doença genética é uma
tiplos cirgãos, e os cuidados das pessoas com estas doenças sequência complexa de eventos. Depende da decisão diag-
podem também envolver múltiplas especialidades médicas. nóstica, do reconhecimento de sinais tenotípiccrs importantes,
Assim, doenças genéticas são parte do diagnóstico diferen- da aplicação dos principios da dismortologia, dos principios
cial da maioria dos sintomas e das apresentações clínicas. Por básicos da genética médica e do diagnóstico laboratorial. Para
exemplo, quando se avalia uma criança com doença de bolhas as doenças cujos critérios para o diagnóstico estão bem estabe-

na pele_. a capacidade de distinguir uma das múltiplas formas lecidos, o clínico tem regras para realizar ao diagnóstico. Um
de epidermólise bolhosa (uma doença hereditária dos querati- exemplo destes critérios são aqueles recomendados pela Con-
nócitos na qual bolhas cutâneas se desenvolvem após trauma ferência para Desenvolvimento de Consensos do National lns-
leve] da doença estafilocócica cutânea deve fazer parte do re- titute ot Health para o diagnóstico da neuroiibromatcrse tipo l
pertório do clinico. (NFL Capitulo
Devido à complexidade e ao número de doenças genéticas
humanas, seu diagnóstico clínico e tratamento podem parecer
Genética armor e Aconselhamento Generico ,f 293

O'

_aí

Há uma longa lista de síndromes associadas a malformações congênitas.


Mais de 400 condiçoes estão listadas no Recagnrzebfe Patterns of Human
Maffomtations da Smith, e mais de 1.000 estão acessíveis no banco de
dados POSSUM ou Dysmorphology de Londres [ver Fontes na Intemet no
final deste capitulo). Este númem sugere que o diagnóstico de uma sindro-
me de malfomtaçües e de conhecimento trivial acadêmico. Entretanto, este
não e o caso.
Considere, por exemplo, uma criança grande para a idade gestacional a
que apresente várias anormalidadesfisicas: onfalooele (protrusão intestinal
no umbigo),lingua comprida, hemangioma facial, massa no flanco e com-
pri mento assimétrico dos membros. A familiafaz_ pergumas como "O que ela
tem?", “O que vai acontecer com ela?", "Ela vai parecer diferente?, “Ela vai
ter retardo mental?", 'Qual e a chance desta situação oconer novamente
em outra criança?"
Agrupando estas caracteristicase fazendo o reconhecimento padrão do
diagnostico da síndrome de Beckwitft-Wiedemann, o clinico e capaz de res-
ponder a todas as perguntas dos pais com precisão. A maioria dos casos da
sindmme de Beckwitit-Wiedemann ocorre esporadicamente, porem alguns
são herdadas. Além disso, os genes que podem causar a doença exibem
efeitos de imprintfng[Capitulo 5). Se não houver historia familiar, entretanto,
o risco de reoonencia entre innãos e de menos de 5%. Se houver uma
historia familiar, o risco de reoorrencia e maior, e a analise de ligação ou da
mutaào pode oferecer uma estimativa de risco mais precisa. Nas gesta-
ções futuras, o diagnostico pre-natal utilizando o ultrassom pode identificar
uma onfalocele no segundo trimestre e tamanho grande para a idade gesta-
cional, Iiquido amniotico excessivo (polidrâmnio) e lingua comprida. Se o feto
apresentar a sindrome de Beckwith-Wredemann,o plano do parto deve ser
modificado e o bebê deve nascer em um centro de cuidados terciários. uma criança com sindrome de Beckwith-Wiedemann. Observe os olhos
As crianças com a sindmme de Beckwittt-Wiedemann não apresentam, proeminentes e largos e a lingua protrusa.
usualmente, retardo mental. Embora a lingua comprida possa causar pro-
blemas ortodônticos, dificuldades na fala e, ocasionalmente, problemas nas hepatoblastoma.As crianças com sindmme de Beokrvitlt-Wiedemann apre-
vias aereas superiores, estas condições geralmente melhoram confonrre a sentam um risco de 5% a 10% de desenvolver estes tumores, e ambos os
criança fica mais velha_ A aparencia facial não e claramente anomral nas tipos são tratáveis se detectados precocemente-
crianças mais velhas. Neste exemplo, foi importante o diagnóstico da sindmme de Beckwith-
A analise cromossomica deve ser considerada, embora a maioria dos Wiedemann. A identificação correta levou à informação precisa para o
pacientes com Beckwitit-Wiedrvmann não apresente anormalidades no cro- aconselhamento genético, predição da historia natural (incluindo a banqui-
mossomo 11 que foi relatada em um pequeno númem de casos. Assim Iização), a organização dos estudos laboratoriais apropriados, um plano de
sendo, o plano principal de tratamento inclui a Ultrassonografia abdominal supervisão da saúde e o encaminhamento para grupos de apoio. O diagnos-
regular para procurar doenças malignas, especialmente tumor de Wilms e tico foi útil para os pais, para o medico, para a família e para a criança.

Para muitas doenças genéticas, no entanto, não há critérios Aplicação dos Princípios da Genética Médica
bem estabelecidos, a definição e o delineamento não estão cla- O desenvolvimento de uma abordagem genética para uma do-
nos e o diagnósticopode ser um desafio. ença humana na determinação clinica exige a aplicação de to-
As síndromes dismórlicas exigem conhecimento e capaci- dos os principios básicos da genética medica discutidos neste
dade para reconhecer malformações leves, pequenas anoma- livro. Por exemplo, lazer um diagnóstico de NF l ou exclui-lo
lias e variações lenotipicas. O diagnóstico de outras doenças exige conhecimento da variabilidadeclinica e da idade de im'-
genéticas, incluindo síndromes cancerosas e erros inatos do cio de certas características da doença (Comentário Clinico
metabolismo,pode exigir o conhecimento de uma série de dis- 15 J). O reconhecimento das várias formas de neurofibroma-
ciplinas_ Por exemplo, o diagnóstico de qualquer uma das for- tose (rlz, heterogeneidade) também e importante_
mas de retinite pigmentosa (Capitulo S) exige conhecimentos O conhecimento de outros princípios formais da genética
de um oftalmologista que esteja familiarizadocom este grupo medica é também necessário para o tratamento de pessoas com
de condições de degeneração da retina. O processo do diag- doenças genéticas. O acímiulode dados da história Familiar e
nóstico é ainda mais complicado pela expressividade variável, a interpretação das informações do laeredogrmna são importan-
penetrância incompleta e heterogeneidade de muitas doenças tes para responder às dúvidas da Família quanto ao risco de
genéticas. Estes conceitos são discutidos no Capítulo 4. reconência. A compreensão dos vários modos de herança é
294 r' Capitulo 15 GENÉTICA MÉDICA

Uma das discussões comuns em conferênciase sobre a observação


de que Entretanto, se este paciente apresenta apenas manchas cafe-com-Ieite,
a história familiarda pessoa e negativa
ou não traz contribuições.
Acredita- o diagnostico e duvidoso. O diagnóstico diferencial das manchas café-
se geralmente que isto exclui umadoença genética.
Entretanto, a maioria com-Ieite deve ser conhecido.
das pessoas que tem uma doença genética possui
não historia familiar o Falsa panemfdade. Embora seja relativamente improvável, esta possibili-
positiva. Uma rápida revisão dos mecanismos mendelianos, cromossõmi- dade deve ser considerada.
cos e multifatoriais das doenças hereditarias mostra que a ausencia de
outras pessoas afetadas na famüia e comum e não significa, de maneira Começamos com um individuo que apresentava uma doença atrtossõ-
alguma, a exclusão de uma doençagenética. Por exemplo, o risco de recor- mica dominante clássica sem historia familiar. isto pode ser explicado de
rância nos irmãos e de 25% para as doenças com herança autossômica varias maneiras.A atinnação de que ha “uma história familiarnegativa' não
recessiva. Assim, um nú mero significativo de famñias com múltiplos filhos deve ser considerada uma evidência conclusiva na presença de uma situa-
possui apenas uma criança afetada e sem historia familiar. Ate mesmo ção hereditária.
doenças autossõmicas dominantes bem estabelecidas apresentam fre-
quentemente uma historia familiar negativa devido às altas proporções de
novas mutações (são exemplos a síndmme de Marian, a neurofibromatose
tipo 1 [NF1] e a acondroplasia,cujas percentagens de casos causados por
novas mutações são 30%, 50% e 80%, respectivamente). As síndromes
cromossomicas apresentam usualmente um baixo risco de recorrância.
Mesmo quando um dos pais e portador de uma translocação cromossomi-
ca equilibrada, o risco de recorrôncia nos imrãos e geralmente menor que
15%. 0 risco de reoorrencia nos innãos para as doenças multifatoriais e
usualmente de 5% ou menos.

CASO
Umafamrlia se apresenta com um menino de 6 anos de idade que tem man-
chas cafá-com-Iaite com diâmetros maiores que 0,5cm e com um glioma
óptico. A familia tem perguntas sobre o diagnóstico e sobre o risco de recor-
rãncia em futuras gestações_ No contato telefônico inicial constata-se que
não há historia de um membro da familia com caracteristicassimilares.
Ha várias explicações possiveis para este achado.0 exame deles ressal-
ta as implicações de uma história familiar negativa.
v !lleva mutaçãonogeneNFf. Por causa da percentagem relativamente alta
de novas mutações para esta doença, esta e a explicação mais provável.
o Expressivfdade variável. É também possivel que um dos pais seja portador
do gene, porém tenhaumaexpressiviade leve no fenütipo. ocasionalmente,
um dos pais apresenta múltiplas manchas cafe-com-Ieite e alguns neuro-
fibromas, porem um diagnóstico de NF1 nunca foi feito. Assim, e impor-
tante avaliar os pais quanto a NF1 com baixa expressividade.
o Penetrancia íncompieta. Esta e uma possibilidade;entretanto, e imprová-
vel para a NF1, cuja penetrãncia e proxima de 100%. Se uma familia tem
duas crianças com NF1 e nenhum dos pais possui o gene, o mosaicismo ¡-

da linhagem genninativa seria a explicação mais provavel.


Um menino de 6 anos de idade com múltiplas manchas cafe-ccm-leite.
o Diagnóstico incorreto. Uma das suposições e dos principios da geneti-
ca medica e o diagnóstico preciso. Este paciente preenche os criterios (De Burger R AcheithauerB, Vogel FS: Surgical Pathology of me Nan/eus
estabelecidos pelo National Institutos of Health para NF1 [Capitulo 4). System and its Coverings, 4" Ed Philadelphia: Churchill Livingsooire, 2002.)

necessária em qualquer explicação do risco de recorrência. A o aconselhamento genético está baseado no modelo médico
discussão dos conceitos de mutação nova e de pleiotropia são convencional porque ele depende significativamente do
comuns na revisão da causa e da patogênese da doença genéti- diagnóstico preciso e do conhecimento de genética médica.
ca em uma família. Até mesmo a compreensão da meiose é um Tradicionalmente, o aconselhamento genético se originou a
requisito para as discussões da etiologia de um recém-nascido partir do campo da genética humana, e não do campo da ci-
com sindrome de Down (Comentário Clínico 15-3). ência comportamental, ao contrário de outras disciplinas de
aconselhamento.
Aconselhamento Genético: Definição e Princípios Em 1975 a American Society of Human Genetics adotou
O aconselhamentogenético representa um dos Focos centrais uma definição de aconselhamentogenético. Uma nova lingua-
da genética médica. À primeira vista, o uso do termo "acon- gem foi proposta recentemente para modernizar e simplificar
selhamento" implica que este serviço se respalda no domínio esta delinição, porém a linguagem original resiste ao teste do
da saúde mental, do trabalho social ou psicoterapia. De fato, tempo:
Genética Cimice e Aconselhamento Genético f 295

4.4-.

O nascimento de uma criança com síndrome de Down apresenta muitos de- tudo que vai falar. Frases como "retardo mental" tem um grande impacto.
safios. tipicamente, a criança não está com doença aguda e os genitores não Temtos como "mortgolismo" não são apropriados porque às estigmati-
tem cienciado diagnostico antes do nascimento. Assim, o medico deve abor- zantes. pejorativos e inconetos.
dar os pais. frequentemente estranhos, oom noticias potencialmente desa- o Desenvolva um sentimento de positivismo realista. E importante discu-
pontadoras. A família pode experimentar uma sena de emoções que são, de tiras limitações no desenvolvimento de um paciente oom sindrome de
forma geral, semelhantes as reações depois de uma perda: raiva, negação. Down, mas também e imponente ter uma atitude otimista e positiva. Esta
tristeza e então, usualmente, reorganização e adaptação. As familiasenfren- sugestão vem dos gmpcs de apoio e das organizações criadas pelos pais
tam estas situações com bases acentuadamente diferentes: atitudes varia- nas últimastres décadas.
veis diante da crise, circunstancias demográficas e socioeconômicasvariadas o Rasportda as perguntas dos pais, porem evite uma sobrecarga de termos
e, ate mesmo, uma amplitude de diferenças no significado cultural da inca- tecnicos. E importante ser preciso e atiralizado nos aspectos biológicos
pacidade ou defeito. Todas estas variáveis. alem do fato de que os medicos e medicos da doença em discussao. Quando uma resposta não for co-
com frequencia não estão treinados para transmitir notícias dificeis. podem nhecida, mencione que a questão pode ser revista ou encaminhe para
tomar estasituação um desafio. Os pais se lembram oom detalhes da maneira umespecialista.
com que as notícias foram apresentadas. 0 medico tem tanto a oportunidade o Ouça atentamente. Suponha que todos os sentimentos são naturais e
quanto o desafio de ajudar a familia a atravessar estes eventos. que os pais se sentem culpados e envergonhados. Valide todos os senti-
Varias sugestões praticas surgiram dos estudos que investigam as reco- mentos que surgirem. A maioria dos pais pode enfrentar efetivamente o
mendações a genitores que experimentaram este evento: desafio e não precisa de urna consulta psiquiátrica.
- Ertceminhe a familia precocemente aos recursos apropriados. Isto deve
o Prepare-se. Prepare o cenário da entrevista e persa em como você vai
incluir gnrpos de apoio aos pais ou ate mesmo pais individuais que te-
começar a discussão. nham uma criança oom sindrome de Down. Compartilhe o material escri-
o Fate com ambos os pais sempre que possivel. Isto e, às vezes, impraticá- to disponivel ou as paginas na internet, certifique-se, porem, de que tudo
vel, porem, quando pode ser feito, e importante. esteja certo e auralizado.
o Comunique o diagnostico assim que possivel. Todos os estudos de entre-
vistas com os pais mostram que eles preferem a comunicação precoce Acima de tudo, esteja ciente do drama familiar neste simação, e faça um
do diagnostico. esforço para passar algum tempo oom eles_ Embora seja dificilapresentar de
o Escolha um lugar que seje privado e tranquilo onde tanto os pais quanto fonna escrita de que maneira uma pessoa pode desenvolver atributos como
os profissionais possam sender Evite ticar de pe com os pais sentados. bondade e empatia, é importante para os medicos treinar e aprender oom
Sempre se apresente. Estrutura a entrevista desde o inicio. seus mentores e usar seu proprio estilo individual de comunicaçao como um
o Humanize a situação o mesmo pmsivet Procure saber o primeiro nome do reforço. Evidentemente, as recomendações oferecidas aqui aplicam-se não
babe, se ele já tiver sido escolhido, e sempre saiba o sexo do bebê. Retira- apenas ao aconselhamento genético. mas tambem a qualquer situação na
se a criança pelo nome ou como um filho ou filha, e esteja consciente de qual uma informação difícil seja apresentada aos pais ou as familias.

"O aconselhamento genético é um processo de comu- ca humana e da determinação do risco. Nas doenças cromosso-
nicação que lida com problemas humanos associados à micas e multifatoriais, os riscors empíricos são usados para es1imar
ocorrência ou ao risco de ("Jeorrência de uma doença gene- o ñsu) de recorrência- Padrões hereditários são usados para esti-

tica na familia. Este processo envolve uma tentativa de uma mar o risco de remnência das doenças mendelianas. Entretanto,
ou mais pessoas apropriadamente treinadas para ajudar LIJTI os aspectos clínicos são Frequentemente complicadospela pene-
individuo ou a família a: (1) compreender os fatos médicos, trância incompleta, expressividade variável, idade tardia do iní-
incluindo o diagnóstico, a evolução provável da doença e cio e heterogeneidade alelica e de locus. Em alguns casos, a incor-
o tratamento disponivel, (2) infonnar a maneira pela qual a poração de informações adicionais usando-se o teorema de Bayes
hereditariedade contribui para a doença e o risco de recor- pode alterar significativamenteas estimativas [Quadro 15- I).
rência em parentes especificos,- (3) compreender as alter- O terceiro e o quarto objetivos do processo do aconselha-
nativas para lidar com o risco de recorrência, (4) escolher mento genético envolvem as diferenças primárias entre o mo-
um curso de ação que pareça apropriado considerando seus delo genético e a abordagem médica tradicional. Estas tarefas
riscos, os objetivos familiares e seus padrões éticos e reli- implicam a discussão de opções reprodutivos e a facilitaçãoda
giosos, e agir de acordo com aquela decisão¡ e (5) fazer o tomada de decisões_ Está implícita na quarta parte da defini-
melhor possivel para adaptar run membro da famíliaafetada ção a noção de respeito a autonomia da família e suas próprias
a doença efou ao risco de recorrência daquela doença." percepções do risco e da doença- Esta abordagem tem sido
chamada de não diretividade: o conselheiro deixa todas as
Esta delinição ilustra as tarefas complexas que o profissio- decisões sobre Luna futura reprodução por conta da família.
nal A primeira tarefa envolve o estabelecimento do
encara. Isto difere de alguma forma da abordagem médica mais tradi-
diagnóstico e a discussão da história natural e o tratamento da cional, na qual são frequentemente feitas recomendações para o
doença- Neste contexto, os cuidados médicos de um paciente tratamento e intervenção. Este é um tópico importante, por-
com uma doença genética não difere daqueles de pacientes que a abordagem não diretiva às vezes entra em conflito com
com qualquer outro tipo de doença. uma visão mais ampla da medicina preventiva, que pode suge-
A segunda tarefa requer uma compreensão dos principios bá- rir que o objetivo principal do aconselhamento genético deve
sicos da genética médica, especialmente os princípios da geneti- ser a redução da incidênciadas doenças genéticas.
296 f Capítulo i5 GENÉTICA MÉDICA

QUADRO 15-1
Riscos da Fieoornância e Teoremade Bayes

A estimativa dos riscos de recornência foi tratada com alguma pro- probabilidade de todos os seus filhos serem normais com base no
fundidade nos Capítulo 4 e 5. Um exemplo tipico de estimativa do Fato de que ela não é uma portadora. Esta probabilidade condicio-
risco de recorrência é um caso no qual um homem com hemoñlia A, nal é, obviamente, muito proxima de 1.
uma doença recessiva ligada ao X, produz uma filha [individuo lll Em seguida, nós queremos encontrar a probabilidade de a mu-
no diagrama seguinte). Como o homem só pode transmitir o cro- lher ser uma portadora c que seja uma portadora com três ñlhos
mossomo X portador da mutação para hemofiliaA para sua filha, ela normais. Para obtermos a probabilidade da co-ocorrência destes
deve ser uma portadora. A filha da portadora, individuo llló, tem dois eventos, nós multiplicamos a probabilidadeprfoia pela proba-
chance de 50% de receber o cromossomo X portador da mutação e bilidadecondicional para derivar uma probabilidadeconjunta (Le,
ser também uma portadora. Ainda que a filha na geração lll tenha a probabilidade de ambos os eventos ocorrerem em conjunto, um
cinco irmãos normais, o risco permanece 50% porque nós sabemos conceito discutido no Capitulo 4]. A probabilidadeconjunta de ela
que a mãe na geração Il é uma portadora. ser uma portadora é então 'xi x1f8 N16. Similarmente, a proba-
=

bilidade conjunta de ela não ser uma portadora é 'á x 1 Bá. Estas
=

probabilidadesconjuntas indicam que é 8 vezes mais provável que a


mulher não seja uma portadora do que seja uma portadora.
O passo final é padronizar as probabilidadesconjuntas, de Íorma
que as duas probabilidadesem consideração (Ile, ser uma portadora
versus não ser uma portadora) somem 1. Para isso, simplesmente
dividimos a probabilidadeconjunta de a mulher ser uma portadora
(Ifl 6) pela soma das duas probabilidadesconjuntas (1.316 + ló). lsto
resulta em uma probabilidadeposterior de U9 de ela ser uma por-
tadora e de 8,59 de ela não ser uma portadora. Observe que este
processo de padronização nos pemiite calcular um risco estimado
(U9, ou 11%), enquanto se preserva as chances do estado de não
portador versus portador, indicadas pelas probabilidadesconjuntas.
Tendo trabalhado com a análise bayesiana, nós vemos que nossa
intuição foi conñrnrada; O Fato de que a mulher em questão pro-
duziu três lilhos normais reduziu substancialmente seu risco de ser
uma portadora, de uma estimativa inicial de 50% para uma proba-
bilidadede apenas l 1 'HL
IV Outra aplicação comum da análise bayesiana é ilustrada na parte
1 2 3 A do diagrama que se segue. O homem na geração ll está acometido
pela distrofia muscular de Duchenne (DMD), uma doença recessiva
Suponha agora que a mulher na geração lll produza três filhos ligada ao X letal [Capitulo 5 ). Ou sua mãe não acometidaé uma por-
(geração IV), nenhum deles com a hemoñlia A. lntuitivanrente, sus- tadora da mutação, ou ele recebeu uma nova mutação no cromossomo
peitamos de que ela não é, de fato, Luna portadora. Como podemos X transmitido por sua nrãe. É importante determinar se a mãe é ou não
incorporar esta nova informação na nossa estimativa do risco de uma portadora, porque este fato influenciam os riscos de recorrência
recorrência? de DMD nas suas crianças subsequentes. Se a mãe tiver apenas uma
Um principio estatístico que nos permite usar esta infomlação criança acometida, a probabilidadede ela ser uma portadora pode ser'
é o chamado teorema de Bayes [a aplicação do teorema de Hayes é avaliada diretamente, porque um terço dos casos de distúrbios recessi-
frequentemente chamada de análise bavesiana ou inferência baye- vos letais ligados ao X surge como resultado de novas mutações. [Para
siana). A tabela a seguir resume os passos básicos envolvidos na aná- compreender isso, considere o fato de que, como as mulheres têm
lise bavesiana. Nós começamos com a probabilidadeprévia de que dois cromossomos X e os homens têm apenas um, 2.33 das mutações
a mulher na geração lll seja uma portadora Como o nome sugere, causando doença ligada ao X em uma população devem ser encontra-
a probabilidade previa denota a probabilidade de que ela seja uma das nas mulheres. En¡ uma doença recessiva ligada ao X letal, todos
portadora antes de levarmos em conta o lato de que ela gerou três os cromossomos X masculinos são eliminados da população em cada
filhos normais. Como sabemos que sua mãe é uma portadora, a pro- geração. Ainda assim a Frequência das mutações pemranece a mesma,
babilidade prévia desta mulher deve ser ló. Àssim, a probabilidade geração após geração. Isto porque mutações novas causando a doença
prévia de ela não ser uma portadora é 1 Pi, ou irá.
-

surgem com a mesma taxa da perda dos cromossomos X contendo


mutações. Como um terço dos cromossomos X contendo a mutação
são perdidos em cada geração, segue-se que um terço das mutações
Ela e uma portadora Ela não e urna portadora
na população deve ocorrer como resultado de uma mutação nova.)
Probabilidadeprevia V: 'Se a probabilidade de o filho acometido ter recebido uma mutação
nova fosse 11's, então a probabilidadede a mãe ser uma portadora a
Probabilidadecondicional
-

possibilidadealternativa deveria ser' 1-1f3, ou 1B.


-

Probabilidadeconjunta N16 Na tabela a seguir, nós usamos a análise bayesiana para avaliar a
Probabilidadeposterior U9 probabilidade de a mãe ser uma portadora. Como no exemplo pré-
vio, derivamos uma probabilidade previu de ela ser uma portadora,
prestmiindo o não conhecimento de que ela gerou um filho acorne-
Em seguida, levamos em conta os tnês Filhos normais da mulher tido. Esta probabilidadeé dada por 4p, onde u. é a taxa de mutação
estimando a possibilidadede que os três sejam normais dado que ela do lÓCTJS DMD lie., a probabilidade, por geração, de a mutação que
é uma portadora. Como esta probabilidadeestá ("adicionada ao seu causa a doença se originar neste locus em um individuo). A derivação
estado de portadora, ela é denominada probabilidadecondicional- da probabilidade, 4 p., está além do escopo deste texto, porém pode
Se ela for uma portadora, a probabilidade condicional de seus três ser encontrada em outra fonte (Hedge, 1998). Como a probabilidade
filhos serem normais seria (WEP, ou 1X8. Nós também estimamos a prévia de a mãe ser uma portadora é 4 p., a probabilidadeprévia de ela
não ser uma portadora é 1 -
4p, o que é aproximadamenteigual a l
porque p é muito pequeno. A probabilidadecondicionalde a mulher
transmitir a mutação admitindo que ela seja uma portadora é 56 (há
também uma probabilidademuito pequena de ela transmitir seu alelo
normal, que é então matado, porém, isto pode ser ignorado). A pro-
babilidadecondicionalde ela transmitir uma mutação admitindo que
ela não seja uma portadora file., a probabilidadede Luna mutação nova
surgir no gameta que ela transmite) é p.- Nós então multiplicamos a
probabilidade prévia de ela ser uma portadora, 4p., pela probabili-
dade condicional correspondente, lá, para obter uma probabilidade
conjunta de 2 p.- O mesmo procedimento produz uma probabilidade
conjunta de p de ela não ser uma portadora. Finalmente, padroni-
zamos as probabilidadesconjuntas para conseguir as probabilidades
posteriores. A probabilidadeposterior de ela ser uma portadora é 2 p
+ (2 p. + p.) M3, e a probabilidadeposterior de ela não ser uma por-
=

tadora é p. + (lp + p.) 1B. Como esperado, estas probabilidades


=

correspondem àquelas obtidas pela observação direta simples.


_ Elae uma portadora Ela não e uma portadora
29a f Capítulo 15 GENÉTICA MÉDICA
"O aconselhamento genético é o processo de ajudar as pes-
soas a compreender e se adaptar às implicações médicas,
psicológicas e familiaresdas contribuições genéticas da do-
ença. O processo integra os seguintes: (I) interpretação da
família e da história médica para avaliar a chance de ocor-

rência ou de recorrência da doença,-


Genética Ciínma &Aconselhamenio Generico f 299

QUADRO 15-3
Criando uma Criança com Síndrome de Bloom

Tommy nasceu de uma cesariana de emergência, porque uma sema- ável, que adora brincar com a familia e com os amigos. Isto tornou
na antes da data determinada do parto, seus movimentos fetais di- também uma decisão muito difícil a escolha de uma escola elemen-
minuíram drasticamente. Ao nascer ele pesava apenas LBlôg, e a tar apropriada. Nós esperávamos que as crianças implicassem com
primeira vez que eu o vi, ele estava na incubadora conectado com ele por causa de seu pequeno tamanho- Entretanto, para nossa sur-
todos os tipos de tubos. Ele passou seu primeiro mês de vida na presa, ele desenvolveu amizades com facilidade e se adaptou bem
unidade de cuidados intensivos neonatais para que seu ganho de aos colegas de classe. De fato, os problemas que ele apresentou

peso pudesse ser cuidadosamente monitorizado. Como era muito eram decorrentes em grande parte de seu mau comportamento. As-
pequeno, ele foi alimentado por um tubo por muitos meses, e como sim, lutamos para encontrar um equilíbrioentre proteger o Tommy
consequência, recusou-se a aceitar a mamadeira. Finalmente, ele e, ao mesmo tempo, não conceder a ele privilégios especiais por
superou sua aversão de usar a boca para comer, porém apenas de- causa de sua pequena estatura.
pois de muito treino. Apesar de tudo, a despeito de nossos cuida- Na nossa casa_, tentamos tratar o Tommy como qtralquer outra
dos, Tommy permaneceu pequeno para sua idade. de nossas crianças-Um desafio para nós é que por causa do pequeno
No verão seguinte, Tommy desenvolveu marcas avermelhadas tamanho de Tommy as pessoas, erroneamente, tem a impressão de
em suas bochecha e sob seus olhos. Nosso pediatra nos encami- que ele é muito mais jovem que sua idade cronológica. Isto é muito
nhou a um dermatologista, que suspeitou que :E marcas na face de frustrante para Tommy, ainda que, ocasionalmente, nós reforcemos
Tommy estivessem relacionadasà deficiência no crescimento. Nós sua imagem por causa de nossa preocupação com sua segurança Por
licamos muito surpresos- Como aqueles dois achados poderiam es- exemplo, embora Tommy tenha 6 anos de idade, ele pesa apenas
tar relacionados? Foi então que fomos informados que Tommy po- 9,53 kg. Assim, ele tem de sentar em uma cadeira infantil quando
deria ter uma doença genética chamada de sindrome de Bloom- Nós anda de carro e nós explicamos aos amigos de Tommy que isto o aju-
esperávamos que o médico estivesse errado, porém, logo depois, da a ver as coisas pelas janelas. Outro problema de segurança é que
Tommy foi submetido a um exame genético que media o número muito dos sensores das portas automáticas dos supennercados não
de trocas das cromátides irmãs por célula (Capitulo 2). Este teste conseguem detectar sua presença e fecham facilmenteem cima dele.
confirmou que Tommy apresentava a sindrome de Bloom. Embora De uma maneira geral, Tommy se adaptou bem. Ele escala ou
eu insistisse que o resultado era falso-positivo, aprendi a aceitar que pula para alcançar as coisas. Para acompanharseus amigos, ele fre-
nosso filho era portador de uma sindrome muito rara de câncer. quentemente corre, saltita ou pula, em vez de caminhar. Nós nos
Nós fomos esmagados pelas perguntas dos familiares, dos ami- preocupamos constantemente com sua segurança, porém não po-
gos e dos médicos. Como resultado, nos tornamos muito protetores demos controlar tudo que acontece com ele- Até o momento, ele
de nosso filho e de sua privacidade. Apesar disso, não havia muito esteve saudável, e embora pareça que estamos em uma montanha
que pudéssemos fazer para protege-lo porque ele é mn garoto soci- russa emocional, não trocaríamos nossas experiências por nada.

Em muitas situações, como infecções ou acidentes, o signi- As familias tendem a lembrar relativamente bem do risco de
ficado final da condição e exteriorizado. Nas doenças genéti- recorrência. Uma carta enviada a elas depois da visita reforça
cas, a situação é mais intrínseca ao individuo e à familia, e, as- esta lembrança. As famílias que percebem a situação de sua
sim, com frequência, representa um dilema pessoal complexo. prole como séria e "um fardo" lembram melhor dos números
A validação da situação das famílias é vital e provavelmente de risco. A maioria dos estudos sugere que o aconselhamento
mais efetiva que as tentativas simplistas de afastar a culpa- Os genético é relativamente eficiente em fornecer infonnações
sentimentos de culpa e de vergonha são naturais da situação e sobre os aspectos médicos e sobre os riscos genéticos da con-
também precisam de reconhecimento. dição. Temas envolvendo a tomada de decisão e o apoio psi-
Ó prolissional de tratamento primário desempenha um pa- cossocial precisam de investigação adicional_
pel vital no suporte às famílias nas quais um membro apresenta
Luna doença genética. Estratégias de apoio adicional incluem conselheiros Genéticos e Grupos de Apolo
o encaminhamento da familia a um grupo de apoio genético, À medida que a disciplina genética medica (incluindo o acon-
provimento: de informações atualizadas strbre a doença por es- selhamento genético) evoluiu nos anos 1970, tornou-se claro
crito e pela Internet, encaminhamento a profissionais da saúde que a oferta deste serviço é complexa e demorada- Os gene-
mental para aconselhamento continuado e, frequentemente, ticistas tiveram de se aprimorar na maioria das especialidades
visitas de acompanhamento que incluam tempo para as discus- da medicina, facilitar a tomada de decisão e fornecer apoio
sões dos sentimentos e dos pensamentos. psicológico_ Conforme a necessidade de profissionais da ge-
nética, mais que de outros médicos se tornou aparente, vá-
O aconselhamento genético inclui muitos temas: rios programas de treinamento em aconselhamento genético
diagnóstico e tratamento médicos, determinação do emergiram nos Estados Unidos e no Canadá. Atualmente, mais
risco de recorrência, opções para enfrentar o risco, de 30 programas acreditados na América do Norte oferecem
tomas de decisões reprodutivas e serviços de apoio. treinamento em aconselhamento genético em nivel de mes-
trado. Conselheiros genéticos se tornaram parceiros integrais
Numerosos estudos nas últimas décadas tentaram avaliar dos médicos e dos outros profissionais na oferta dos serviços
o efeito do aconselhamento genético. A metodologia destes de genética médica. Deste crescimento evoluiu uma sociedade
estudos é complicada, e a avaliação dos resultados depende da profissional, a National Society of Genetic Counselors, e LIJTI
interpretação individual do objetivo do aconselhamentogené- corpo de certificação e acreditação, o American Board of Ce-
tico. Alguns pontos gerais podem, no entanto, ser destacados. netic Couseling. Embora a gama de habilidadesseja ampla e as
300 x Capítulo i5 GENÉTICA MÉDICA
descrições do trabalho variem nos diferentes centros médicos, em Fontes na internet, no fim deste capitulo). Estas organiza-
os conselheiros genéticos se estabeleceram como especialis- ções de apoio dão ã família um sentimento de companheiris-
tas na determinação das chances de recorrência, na tomada de mo de uma forma que o profissional não é capaz de fazer. O
decisões reprodutivas e no apoio psicológico (Quadro 15-4). sentimento de isolamento que frequentemente acompanha as
Nos cenários da genética pré-natal e do câncer, os conselhei- doenças genéticas (e doenças raras) é geralmente aliviado pelo
ros genéticos funcionam relativamente independentemente conhecimento de alguém na mesma situação. São fonnados la-
como médicos. Mais recentemente, os conselheiros genéticos ços imediatos, que sempre ajudam no processo de adaptação.
se tornaram profissionais importantes nos grupos de pesquisa Nas últimas décadas vem sendo desenvolvida urna parceria en-
e nos serviços de laboratório genético. tre profissionais e pessoas com doenças genéticas. Estes grupos
oferecem não somente o serviço necessário, mas também pro-
Grupos de Apolo Genético movem o estabelecimento de bancos de dados e de estudos de
Os grupos de apoio genético podem oferecer apoio crítico na pesquisa. O encaminhamento a um grupo de apoio genético e a
assistência a famílias que tenham um membro com uma doença distribuição de suas informações escritas são uma parte rotineira
genética (por exemplo, Genetic Alliance [Aliança Genética] dos cuidados e do tratamento de todas as doenças genéticas.

QUADRO 15-4
Uma Visão Interna do Aconselhamento Genético

O que à um conselheiro Genetics? preditivos para doenças como a de Huntington e cânceres here-
No seu sentido mais amplo, o termo consclisciro genética se refere a ditarios são usados principalmente nas pesquisas com o objetivo
qualquer profissional da saúde que esteja qualificado a oferecer de avaliar as consequências médicas, éticas, legais e sociais- Neste
aconselhamento genético. 'lipicamente, um conselheiro genético cenário de pesquisa, os conselheiros genéticos oferecem aconselha-
é um profissional da genética com titulo de mestre ou de doutor mento e ajuda para desenhar, implementar e avaliar os protocolos
(PhD) em aconselhamentogenético. Os programas de pós-gradua- de pesquisa.
ção em aconselhamento genético oferecem educação e treinamen- Alguns conselheiros genéticos trabalham em laboratórios para
toclinico em genética médica e aconselhamento. Um conselheiro oferecer uma interface entre o laboratório e seus clientes e para
genético certificado, nos EUA, deve também passar no exame ad- ajudar a desenvolver protocolos laboratoriais- Uma pequena per-
ministrado pelo American Board of Genetic Cousenling ou pelo centagem dos conselheiros genéticos trabalha em consultórios
American Board of Medical Cenetics. privados, e alguns trabalham em posições administrativas para o
governo estadual ou federal. Muitos conselheiros genéticos são ati-
D que os conselheiros Genéticos Fazem? vos em organizações profissionais de nível regional e nacional, e
Algumas das responsabilidades primárias de um conselheiro gené- alguns conselheiros ajudam a fundar, manter ou aconselhar grupos
tico são entrevistar indivíduos e familias com doenças genéticas de apoio para as doenças genéticas.
e responder às perguntas sobre as possibilidades da doença. Um
conselheiro genético geralmente trabalha como parte de um grupo Que Habilidadesa Qualidades Profissionais Fazem um Bom
que pode incluir médicos geneticistas, outros nrédicos (p. ex., obs- conselheiro Genetics?
tetras, oncologistas, neurologistas), assistentes sociais, psicólogos, Um bom conselheiro genético precisa tanto de uma boa base nas
nutricionistas ou enfermeiras. Os conselheiros genéticos ajudam a ciências biológicas e na genética quanto de treinamento na teoria
coletar e a avaliar as infomrações médicas que levam ao diagnósti- e na prática das técnicas psicossociais (p. ex., sistemas familiares,

co, e a educar o paciente, fornecem apoio psicossocial e aconselha- aconselhamento nas cri ses, técnicas de entrevista). Como a maioria
mento_, avaliam o risco para os testes genéticos e ajudam os médicos dos conselheiros genéticos oferece serviços diretos para o paciente,
na conduta das doenças genéticas. Eles frequentemente fazem tuna é essencial que ele trabalhe bem pessoas. Os conselheiros
com as

triagem dos questionários e os encaminham para os serviços de ge- genéticos precisam trabalhar bem independentemente e em gru-
nética onde praticam. Eles podem gerenciar e coordenar clinicas e po. Há um alto grau de responsabilidade envolvido nos aspectos
pessoal- Participam de programas de educação genética para profis- dos cuidados com o paciente, e os conselheiros devem aprender
sionais médicos e para o público leigo. a lidar com o estresse das situações dificeis das famílias com que
trabalham.
Em Due cenários os conselheiros Genéticos trabalham?
Os conselheiros genéticos trabalham frequentemente em setores Qual é o Futuro de Aconselhamento Emotion?
genéticos gerais da medicina pediátrica e dos adultos. Eles também É dificil prever o quanto a genética médica continuará a se mover
trabalham nos cenários obstétricos, fornecendo aconselhamento em direção a medicina principal. Os geneticistas
conselheiros
e

para o diagnostico e a triagem pré-natais, testes genéticos para genéticos irão aumentar em número, ou os profissionais da ge-
casais com múltiplas perdas gestacionais, diagnóstico e tratamen- nética permanecerão em número reduzido e limitarão seu papel
to das gestações acometidos por anormalidades detectadas pelas ao aconselhamento dos generalistas, vendo apenas os casos mais

imagens radiológicos com as tecnologias de


e, mais recentemente, complicados? Em qualquer caso, há evidentemente a necessidade
reprodução assistida. Eles trabalham em clinicas com especialida- do aumento da educação genética dos profissionais médicos e do
des multidisciplinares (p. ex., metabólicas, craniofaciais, displasia público. Muitos observadores acreditam que a genética médica e o
óssea, neurogenética) ou para doenças únicas (p. ex., síndrome de aconselhamento médico têm um alto potencial para expansão. O
Down, neurofibromatose, hemolilia). Mais recentemente, os con- que é indiscutível é a marcante emergência da genética médica de
selheiros genéticos estão se tornando cada vez mais integrados nas uma subespecialidade médica para uma área de conhecimento que
clinicas de genética do câncer. está rapidamente se integrando a todos os campos da medicina.
Muitos conselheiros participam de pesquisa relacionada a ge-
nética clinica e ao aconselhamento genético- Por exemplo, testes (Cortesia da BonnieJ. Bety; MS)
Genética Clinica e Aconselhamento Generico f 30?

A oferta de serviços genéticos, incluindo o nitores ou se ocorreu uma mutação nova (isto e' especialmente
aconselhamentogenético, envolve uma parceria entre importante nas doenças com penetrância incompleta). O co-
médicos, conselheiros genéticos e grupos de apoio. nhecimento e a habilidade para realizar Luna história familiar
precisa e detalhada são importantes para todos os clínicos e
Avaliação e Serviços de Genética clínica não apenas para os geneticistas clínicos.
Com o desenvolvimento da genética médica como uma es- Rotineiramente, o clinico envia uma carta para a família re-
pecialidade médica, os serviços se tomaram parte do sistema sumindo o diagnóstico, a história natural e as informações sobre
de oferta de serviços de saúde. A maioria dos centros médicos o risco relativo à condição. Esta carta é um recurso valioso para

universitários na América do Norte inclui Luna clínica geneti- a familia, porque ajuda a documentar as informações sobre o

ca, cujo principal objetivo é oferecer diagnóstico e tratamento risco para uma revisão futura- lnfonnações relativas a grupos de
genéticos e serviços de aconselhamento. apoio, incluindo panHetos, folhetos e brochuras, são frequen-
Como em todas as visitas médicas, a avaliação de uma pes- temente oferecidas- Visitas de acompanhamento são recomen-
soa ou familia com uma potencial doença genética exige his- dadas, dependendo da situação do individuo. O Quadro 15-6
tória e exame fisico criteriosos. A história inclui informações apresenta uma lista de serviços de genética clinica.
sobre as preocupações da familia, período pré-natal, trabalho
de parto, parto e documentação das relações familiares (o bm- A avaliação genética inclui exame físico, história
dograma). O exame fisico deve se focar nas variações fisicas ou familiar detalhada, exames complementares conforme
pequenas anomalias que oferecem pistas para o diagnóstico.
'

a necessidade e comunicação das infonnações para


Membros adicionais da familia podem necessitar de avaliação a família por intermédio de cartas e da distribuição da
quanto à presença ou ausência de uma doença genética. Fo- literatura publicada.
tografias e registro de certas medidas fisicas são um compo-
nente precioso da avaliação genética- Testes complementares Nos últimos anos, os cuidados com pessoas com doença
podem ser necessários para documentar caracteristicas fisicas genética incluíram o desenvolvimento de guias para acompa-
especificas (p. ex., um eletrocardiograma para a dilatação da nhamento e cuidados de rotina. O conhecimento da história
aorta na sindrome de Marfan ou radiografias para diagnóstico natural de uma condição em conjunto com a revisão cTitica
da acondroplasia). dos exames de triagem e das intervenções pode oferecer uma
Um tipo importante de dado clinico obtido neste processo estrutura para a supervisão da saúde e para Luna orientação com
é a história Familiar (Quadro i5 -5]. Os dados obtidos na his- antecipação- 0 plano de tratamento pode ser usado subse-
tória familiar são frequentemente úteis para a obtenção de um quentemente pelo provedor de cuidados primários. É sobretu-
diagnóstico preciso de uma doença- Por exemplo, um forte his- do com este propósito que muitas clinicas especializadas, tais
tórico familiarde doença coronariana de inicio precoce pode como aquelas para NFI ou hemofilia, foram estabelecidas. Um

indicar a presença de defeitos no receptor de lipoproteína de exemplo desta abordagem é a lista de tarefas para tratamento
baixa densidade, causando hipercolesterolemia familiar. Um da saúde das Crianças com síndrome de Down (Capitulo 6).
histórico familiarde câncer de colon de inicio precoce poderia À medida que as opções de tratamento para a doenças
indicar que um gene para polipose adenomatosa familiar ou mendelianas se tornarem mais numerosas (p. ex., o tratamento
para câncer colorretal não polipose hereditária está presente da dilatação aórtica na sindrome de Marfan, ver Capitulo 4),
na família. As informações da história familiar podem também o papel dos geneticistas clínicos irá, provavelmente, mudar.

orientar a estimativa do risco de recorrência, ajudando a deter- Desde a virada do século XXl os geneticistas têm cada vez
minar se uma doença genética foi transmitida por um dos ge- mais se envolvido no desenho e na implementação de ensaios

OUADRO 15-5
A HistóriaFamiliar

Uma história familiar precisa e detalhada é parte indispensável de ovário em uma familia analisada por causa de câncer de
da avaliação médica, e o henedograma deve ser parte do prontuá- mama familiar).
rio do paciente. No minimo, os seguintes itens devem ser O Todos os abortos e partos prematuros conhecidos.
incluidos; O A origem étnica da familia- lsto é importante porque muitas do-
i O sexo de cada individuo e sua relação com os outros membros enças variam consideravelmente em prevalência entre diferentes
da familia. Esta informação deve ser indicada usando-se os sím- grupos étnicos.
bolos padrões do lirrtdograma (ver Capítulo 4). O Informações sobre consanguinidade. Embora seja relativamente
O Histórico familiar de três gerações da familia. Por exemplo, os rara nas populações ocidentais, a consanguinidade é comum em
muitas populações mundiais, e a população de imigrantes mantém
parentes do sexo masculino do lado materno da família serão
especialmente importantes quando se considera uma doença re- frequentemente altas taxas de consanguinidade (Capitulo 4).
cessiva ligada ao X. O Mudanças nas histórias familiares. Os membros da família desen-
0 A idade de cada indivíduo. Deve ser mantido um registro volvem doenças recentemente diagnosticadas, e novas crianças
de cada indivíduo acometido pela doença em questão, e nascem. Estas alterações podem afetar o diagnóstico e a estima-
devem ser feitas perguntas sobre doenças que podem es- tiva do risco, de fonna que a história e o brrrdograma da família
tar relacionadas com a doença em questão (p- ex., câncer devem ser atualizados periodicamente.
302 f Capítulo 15 GENÉTICA MÉDICA

QUADRO 15-6 QUADRO 15-7


ñpos de Serviços a Programas da Genética Clínica Indicações
Genético
Comuns para o Encaminhamento
Centros baseados em genética clínica
Clinicas comunitárias Avaliação de uma pessoa com retardo mental ou retardo no de-
Consultas hospitalares senvolvimento
Ambulatórios de especialidades Avaliação de uma pessoa com malformações únicas ou múltiplas,
0 Ambulatórios de sindromes metabólicas

Ó Ambulatório de genética do câncer


questionamento sobre uma síndrome dismórfica
O Ambulatório de espinha bffida
Avaliação de uma pessoa com possivel doença metabólica here-
ditária
0 Ambulatórios de hemofilia

0 Ambulatórioscraniohciais
Presença de uma possível doença monogênica
0 Ambulatórios de outras doenças (p. ex. clinicas de NFI)
Presença de uma doença cromossômica, incluindo translocações
equilibradas
Programas de diagnóstico pré-natal. Clínicas de genética perina- Pessoa com risco de uma doença genética, incluindo questões so-
tal e reprodutiva bre o diagnóstico pré-sintomático ou risco de câncer
O Clinicas de amniocentese e coleta de amostra de vilosidades
Pessoa ou família com perguntas sobre os aspectos genéticos de
coriônicas
qualquer condição médica
O Programas de ultrassom Casais com história de abortos recorrentes
0 Programas de tripla triagem do soro materno Consanguinidade em um casal, usualmente primos de primeiro
0 Programas de diagnóstico genético pré-implantação

0 Diagnóstico pré-sintomático nas familias (p.


grau ou com relação mais próxima
ex-, diagnóstico Aconselhamento teratogênico
do câncer de mama familiar) Aconselhamento pré-concepção e aconselhamento sobre fatores
Triagem genética de risco, incluindo idade maternal avançada e outras possiveis
O Clinicas com programa de triagem/acompanhamento de re- indicações para o diagnóstico pré-natal
cem-nascidos
0 Outros programas de triagem da população (p. ex., doença de
Tay-Sachs] vestigações que observaram as crianças por periodos mais pro-
O Educação e treinamento
O Proñssionais de cuidados com a saúde, incluindo geneticistas longados demonstram que esta frequência aumenta para 3% a
clínicos e conselheiros genéticos 4% na idade de 1 ano. Nos Estados Unidos, as malformações
0 Público em geral congênitas representam a causa mais de mortalidade
comum
O Sistema escolar durante o primeira ano de vida. A Tabela 15-1 lista algumas
0 Serviços de informações teratológicas das síndromes com malfonnações mais comuns e importantes.
Há várias maneiras de classificar as anormalidades congêni-
clínicos, e esta tendência certamente continuará e mudará a tas- A abordagem mais comum para classificação e' por sistema
natureza da prática. orgânico ou por região corporal (p. ex., craniofacial, mem-
Tradicionnalmente, aconselhamento genético envolve
o bros, coração). Esquemas de classificação clinicamente mais
a família que se apresentam com as perguntas sobre o diag-
úteis incluem
nóstico o tratamento e o risco de recorrência da doen f:'a em

questão. Assim, na maioria das doenças_, o aconselhamento


genético é realizado retrospectivamente. Com o aumento da
disponibilidade de testes de pré-natal, dos portadores e de
pré-sintomáticos, o aconselhamento genético prospectivo se
tornará mais comum. O Quadro 15-7 lista as razões comuns
para o encaminhamento para uma avaliação genética.

DISMORFOLOGIA E TERATOLOGIA CLÍNICA


Dismorfologia foi definida no inicio deste capítulo como o
estudo do desenvolvimento (morfogênese) anormal- Os de-
feitos congênitas são causados por alterações na morfogênese.
Embora o termo dismcirfologia possa parecer sinônimo de te-
ratologia, este último implica usualmente o estudo das causas
ambientais das anomalias congênitas, ainda que seu significado
literal não se refira à etiologia. [O termo teratología ê derivado
de icms, a palavra em grega para "monstro". Õ termo dismor-
fologia foi proposto pelo Dr. David Smith como uma reação ã
conotação pejorativa da teratologia.)
Os defeitos congênitas representam uma causa importante
de mortalidade e morbidade em crianças. Os estudos atuais
indicam que a frequência das malfonnações com significado
médico diagnosticadas no periodo neonatal ê de 1% a 3%. ln-
TABELA15-1
Exemplos de Anomalias congênitas Múltiplas e de
Síndromes Displásicas Encaminhadas para uma Clínica
de Genética Médica
Síndromes Etiologia
Sindrome de Down Gromossümi
Neurofibromatose tipo 1 Monogêni (AD)
Sindrome de Angelman Microdeleção do cromossomo 15g;
dissomia uniparental
Sequência de disrupiuras Desconhecida
amniotis
Osteogênese imperieita Monogeni; AD, AH heterogêneos;
genes relacionados ao colágeno tipo I
Trissomia 18 Gromossomi
Associação VATER Desconhecida
Sindrome de Marian Monogeni (AD)
Síndrome oe Prader-Willi Microdelação do cromossomo 15o;
dissomia uniparental
Sindrome de Noonan Monogenita (AD)
Sindrome de Williams Microdelação do cromossomo 7
Acondroplasia Monogeni (AD)
Trissomia 13 Cromossüm¡
Sindrome de Turner Gromcssom¡ (4590
Síndrome oe Retl Gene ligado ao X
Sindrome de Rubinstein-Tatto¡ Monogêni (AD)
KIippeI-Trenaunay Heterogên; um gene de suscetibilidade
para sindrome identificado
Síndrome alcoolicafetal Excesso de álcool
Sindrome de Cornelio de Lange Monogênim (AD)
AD, Autossámíco dominante; AH, atrtosstimrco recesstvtr; VATEH; encontras ierte-
304 / Capitulo 15 GENÉTICA MÉDICA
comumente subvalorizado. Assim, um exame físico cuidadoso,
combinado com o conhecimento genético das malformações
isoladas e das síndromes, é necessário para determinar com
precisão os riscos de recorrência.

› A pergunta mais importante a responder quando se


avalia uma criança com uma malfonnação congênita é
se o defeito é isolado ou parte de um padrão sindrômioo.

O maior conhecimento da patogênese das malformações


congênitas humanas levou a uma melhor compreensão da rela-
ção com o desenvolvimentodos defeitos nos múltiplospadrões
de anomalias congênitas. Álgumas condições bem estabeleci-
das que parecem síndromes verdadeiras ã primeira vista são, na
realidade, uma variedade de defeitos que consiste em uma mal-
formação primária com seus efeitos localizadossecundários (ie,
uma sequência). Em uma sequência, o padrão é Luna unidade
de desenvolvimento na qual a cascata de eventos patogênicos
secundários está bem compreendida. Pelo contrário, a relação
patogênica das malformações primárias em uma síndrome não
e bem compreendida, embora a patogênese possa ser esclareci -

da quando a síndrome e' o resultado dos efeitos pleiotrópicos de


um único gene (p. ex-, sindrome de Marfan¡ ver Capítulo 4).
Um dos melhores exemplos de uma sequência e o fenó-
tipo de Potter ou a sequência do oligodrâmnio. Acredita-se
atualmente que qualquer condição persistente que acarrete
oligodrãmnio pode produzir esta sequência, seja ela uma insu-
ficiênciarenal intrauterinaprovocada por malformações renais
[como a falta dos rins, agenesia renal) ou o extravasamento
crônico do líquido amniótico. O feto desenvolverá um padrão
d.e deficiência secundária do crescimento, de contraturas arti-
culares (deformidades), de aspectos faciais característicos e de
hipoplasia pulmonar (Fig. 15-1
Genérica Ciinioa e Aconselhamento Generico ,i 305
mesure-s
Teratngénos Humanos Bem estabelecidos*

Inibidores da enzima de Disgenesia renal; oligodramnio; defeitos na ossificação Do segundo ao terceiro trimestre NE
conversão da angiotensina (ECA) do crânio
Álcool, uso crônico Anomalias craniofaciais e do sistema nervoso oenbal; (12 semanas
defeitos rdiacos
Baixo peso ao nascimento; retardo no desenvolvimento < 24 semanas NE
Aminopterina Abono espontâneo < 14 semanas NE
Anomalias craniofaciais; defeitos nos membros; Primeiro bimestre
craniossinostose; defeitos no tubo neural
Baixo peso ao nascer > 2D semanas NE
Altas doses de androgênios ou Masculinizaçáoda genitália externa leminina > 1D semanas 0,3
progestagenos
Carbamazepina Espinha biñda < 3D dias depois da concepção = 1
Garbimazolirrratimazol Hipotireoidismo,bocio NE NE
Cocaína Descolamemo da placenta Do segundo ao terceiro trimestre NE
Hemorragia intracraniana;trabalho de parto e parto Terceiro trimestre NE
prematuros
Dietilestilbesbol Anormalidades uterinas; adenose vaginal; adenorcínoma < 12 semanas
vaginal; estrias cerviis; infertilidade masculina
Fluconazol (altas doses) Defeitos nos membros e craniolaciais Primeirobimestre NE
lsotretinolna Morte fetal; hidrooefalia; defeitos no sistema nervoso > 15 dias depois da concepção 45 5D-

central; microtia ou anolia; timo pequeno ou ausente;


defeitos rdlacos conotrunis; micrognatismo
Craniossinostose; crânio com ossiñtração incompleta; 6 9 sem depois da concepção
- NE
dismorfologia craniofacial; defeitos nos membros
Penicilamina Pele trouxa, conbaturas articulares NE NE
Anomalias craniofaciais; ialanges e unhas hipoplásicas Primeiro bimestre 10 3D-

Solvemes, abuso (durante toda Tamanho pequeno para a idade gestacional; retardo no
a gravidez) desenvolvimento
Estreptomicina Perda auditiva Terceiro trimestre
Tetraciclina Dentes e ossos manchados > 2D semanas
Talidomida Deficiências nos membros; anomalias nas orelhas 3B 5D dias pds-UPM
- 15 25-

iiouracil Aborto espontâneo Primeirobimestre NE


Parto prematuro > 2D semanas NE

Trimetadiona Hetardo no desenvolvimemo; supercllios em fomra de V; Primeirotrimestre NE


orelhas de inplantação baixa; demes irregulares
Ácido valproico Espinha bffida < 3D dias depois da concepção < 1
Anomalias craniofaciais; defeitos pre-axiais Primeirobimestre
Hipoplasia nasal; eplfisee pontilhadas
Defeitos no sistema nervoso central secundários a
hemorragia cerebral
*Gorros ieretogenos estabelecidosincluem irritações mafemas (repente, citomegalovims foxopiasmose, verem', enoeibiite equipa venezuelana, sms, parvovirus), estados
patológica:: rrrafemos (diabetesrrrelito, ieniioelorrrirra, !opus eritemafoso sisierrrriro, doença de Graves) e radiapâtr iorrizarrte.
HE, Não estabelecido; pós-UPM, depois do riiiimo permito rrrenstruai
Dados de Martinez LB Robertson J, Lear-Miura!!M: Environrenfaicauses oforitlr cereais. in Rudoiph CD, Rudolph AM, Hosfetñer MK, LrsterG, Siege! NM iedsj: Rodoipns
Pediatria, 21' sfed. Here York, McGraw-Hiii,2002, p 9.
306 z Capitulo i5 GENÉTICA MÉDICA

Bendectin ou doxiclamina foi um agente introduzido nos anos 1960 para o apoio e informações sobre a patogênese. Alem disso, o efeito pmposto do
“enjoo matinal' (náuseas e vômitos durante a gravidez). O agente era parti- agente deve ser biologicamenteplausível.
cularmente eficaz, e durante os anos 1970 cerca de um terço das mulheres Uma revisão das evidências com relação ao Bendectin mostra que ele
americanas usou Bendectin em algum momento durante o primeiro trimes- preenche alguns destes criterios. De fato, por causa da extensa realização
tre da gravidez. de erramos, o Bendectin satisfaz os criterios-padrão para segurança tão bem
Bendectin foi provavelmente mais estudado que qualquer outra me- quanto qualquer medicação conhecida. 0 que poderia então ter causado
dicação individual para gravidez. varios estudos epidemiológicos não en- este litígio? Uma parte importante da resposta a esta pergunta envolve a
contraram evidênciasoonclusivas do aumento do risco para malformações ocorrência coincidentede malformaçõescongênitas e exposição ao Bendec-
congênitas com o uso do medicamento durante a gravidez. Os poucos es- tin. Considerando que uma malformaçãocongênita importante sera diagnos-
tudos que demonstraram fracas associações entre o Bendectin e defeitos ticada em 3% dos Iactentes com 1 ano de idade eque cerca de um terço das
ao nascimento não revelaram padrões consistentes. Estudos em animais mulheres estava usando Bendectin no primeiro trimestre da gravidez, entao
também não indicaram associação. A despeito destes dados, varios pro- cerca de 1% [1 i3 x 3%) de todas as gravidezes dos anos 19?0 experimen-
cessos foram instaurados nos anos 1980 contra a indústria que corner- taria a sir-ocorrênciadestes dois eventos apenas por chance. Como cerca de
cializava o Bendectin. Como resultado, a indústria removeu o Bendectin dois terços das malformações congênitas não tem causa conhecida, não e
do mercado. de surpreender que muitas famíliasde crianças com estes distúrbios (e seus
0 processo de raciocínio para detenninar a relação de causa e efeito advogados) atribuissem as malformações ao uso de Bendectin.
nestes casos ê complexo. Antes que julgamentos sobre etiologia sejam fei- Bendectin foi removido do mercado em 1983. Desde então. a percenta-
tos, uma revisão crítica da literatura ê necessária. Os estudos epidemiologi- gem de bebês nascidos com malfonnações congênitas manteve-se a mes-
cos disponiveis devem ser avaliados em temros da metodologia, desenho e ma, e o númem de mulheres admitidas nos hospitais com queixas de enjoo
vieses. 0 conhecimento atualizadoda etiologia e da patogênese das malfor- matinal dobrou.
mações congênitas deve ser incluido no desenho do estudo. e os princípios E muito dificil provar epidemiologicamente que qualquer exposição e
basicos da teratologia devem ser aplicados. Isto inclui uma avaliação do pe- "segura". O poder estatístico destes estudos não pennite uma afinnaçêo
ríodo criam (i. e., a exposição ocorreu durante o período da gravidez no qual absoluta de que não erdste efeito. Tudo o que pode ser demonstrado e que
as estruturas fetais malfonnadas estavam em desenvolvimento?As evidên- não há evidência de que um agente em particular [neste caso, Bendectin)
cias clinicas incluem a busca por padrões dos defeitos (te, uma sindmme cause um efeito adverso. A afimiativa absoluta de segurança completa não
específica), porque todos os teratogenos bem estabelecidos produzem pa- ê apropriada. Por outro lado, quando as evidências são relativamente con-
drões consistentes (Tabela15-3). Modelos animais nunca provam a relação clusivas, como no caso do Bendectin, ê clinicamente apropriado discutir
de causa e efeito em seres humanos. porem podem oferecer evidência de com tranquilidade a erqoosição durante a gravidez.

alcoólica fetal (SAF), Luna das causas evitáveis mais comuns de eIoEncA E GENÉTICA MÉDICA
malformações em seres humanos (Comentário Clinico 15-5). Com as novas descobertas e avanços na tecnologia médica
A instituição dos programas de imunização contra rubéola e chegaram novas escolhas para os pacientes, para as famílias e
a administração pré-concepção de ácido fólico exemplificam para a sociedade- À medida que a genética médica passou a ser
prevenções bem-sucedidas (Comentário Clínico 15 -6]. definida como uma especialidade médica durante as últimas
O aconselhamento pré-concepção é um modelo de pre- décadas, emergiram também alguns novos tópicos na bioética.
venção primária. Mulheres que apresentam diabetes melito, Por caLLsa do significado e da complexidade destes tópicos,
fenilcetontfnia ou lúpus eritematoso sistêmico [um distúrbio uma parte significativa do orçamento do Human Genome
autoimune envolvendo a pnldução de autoanticorpos que Project foi devorado às implicações éticas, legais e sociais da
comprometem múltiplos órgãos) podem diminuir seu risco genética humana- Algumas destas implicações foram aborda-
de gerar uma criança com defeito estrutural por meio de das previamente neste livro (p. ex., exames genéticos, tera-
um controle pré-concepção apropriado, uma estratégia de pia gênica, pesquisa com células-tronco embrionárias). Nosso
prevenção primária. Exemplos de niveis secundário e terciário objetivo aqui é oferecer uma amostra das principais questões
de prevenção, respectivamente, incluem a triagem dos recém- éticas confrontando no momento as comunidades médica e
nascidos para perda auditiva e o oferecimento de cuidados mé- genética.
dicos de alta qualidade para Iactentes e crianças com malfor- A combinação dos avanços no diagnóstico pré-natal
mações congênitas. A instituição dos guias apropriados para a (p. ex-, ultrassom, amniocentecese),acapacidadcde determinar
supervisão da saúde e para a orientação antecipada pode di- o cariótipo humano e a opção de interrupção da gravidez
minuir algumas das complicações destes distúrbios. É também preparam o palco para o surgimento do diagnóstico pré-natal
importante a educação do público com relação às limitações como um serviço clinico nos anos 1970_ Naquela época, a
do conhecimento científico e às dificuldades emocionais das maioria dos centros médicos terciários nas nações desenvolvi-
famílias nas quais uma criança apresente um defeito congêni- das oferecia amniocentese para várias indicações, mais comu-
to. Estas informações têm o potencial de diminuir a ansiedade, mente idade avançada da mãe (Capítulo 13)_ Nas discussões
melhorar o processo de aceitação da família e reduzir o estig- iniciais da ética do diagnóstico pré-natal, a controvérsia cen-
ma que circunda as malformações congênitas e os distúrbios tral envolvia o direito da mulher [ou do casal) de interrom-
genéticos. per a gravidez. Nos anos 1990, o assunto assumiu uma nova
I f'
f'
px COMENTÁRIOCLÍNICO 15-5
sindimrerlfcoúlicaFeb¡
"z É
Entre os teratógenos humanos. uma das exposições mais comuns e poten-
cialmente evitaveis e o consumo excessivo de alcool. Mulheres aiooõlatras
crônicas correm risco significativo de gerar uma criança com a síndrome
alcoólicafetal [SAB, Esta condição consiste em deficiência de crescimento
prê-natal e pós-natal. microcefalia [cabeça pequena), uma ampla gama de
deficiências do desenvolvimento e uma variedade de alterações faciais. As
mais distintas e consistentes característicasfaciais incluem fendas palpe
brais, raiz nasal baixa. narinas antevertidas. filtro simples e lábio superior
fino. Embora a maioria destas caracteristicasnão seja específica da SAF. sua
ocorrência mútua no contexto do abuso de álcool pela mãe permite que o
clínico faça o diagnóstico.
Alem desses achados, os Iactentes e as crianças com a SAF correm o
risco de varios defeitos estruturais, incluindo defeitos cardíacos congênitas.
defeitos do tubo neural e malformações renais. A maioria das crianças com
SAF apresenta um grau leve de retardo do desenvolvimento. variando de
leve retardo mental até dificuldades de aprendizado_
Há ainda muitas perguntas não respondidas com relação ao uso de al-
cool na gravidez, como a predisposição genética para a SAF. o risco do
etilismo. o papel do etilismomoderado e social e o nivel seguro de alcool na
gravidez. Embora não haja evidências conclusivas de que o etilismo mode-
rado no inicio da gravidez seje danoso, evitar o álcool durante a gravidez é
a abordagem mais prudente.

Uma criança de 2 anos de idade com a sindrome alcoólicafetal. Observe


a raiz baixa do nariz, as nssuras palpebrais curtas, o filtro liso e o lábio
superior fino.

I f'
'35'
px COMENTÁRIOcLfNIco 15-6
Falam e Frevo-owndos Defeitos da meu Marra!
-u :
A prevenção primaria das malformações congênitas e um objetivo importan- acompanhados durante suas gravidezes. D regime de vitamina e acidofólico
te da genética clínica. Como a causa definitiva da maioria das malformações diminuiu significativamente a ooonência de DTN. Varios estudos adicionais
congênitas e atualmente desconhecida, ha relativamente poucas oportuni- continuaram estes resultados.
dades para a prevenção primaria. Uma abordagem recente para a preven- Embora ainda não esteja claro se o efeito protetor relatado ê causado
ção das malfomtações congênitas ê o uso periconcepcional de folato e de pelo ácido fólico ou por uma combinação de acido fólico e de outras vitami-
regimes multivitaminicos para evitar a ocorrência e a recorrência de defeitos nas. estes dados indicam que o uso periconcepcional de vitaminas é uma
do tubo neural (DTN). estratégia efetiva de prevenção. O mecanismodeste efeito aparente perma-
Os DTN consistem em malformações do tubo neural em desenvolvi- nece desconhecido. A despeito disso. os resultados encorajadores destes
mento e se expressam como anencefalia, encefalocele e espinha bifida estudos levaram os Centers for Disease Control and Prevention a publicarem
[Capitulo 12). Seu impacto e sério: A anencefalia ê invariavelmente fatal, duas recomendações relativas ao uso de folato. A primeira ê que todas as
e as complicações medicas da espinha bífida (paralisia dos membros in- mulheres que tiveram anteriormente uma criança com DTN devem tomar
feriores, hidrocefalia, obstrução urinária) são significativas. Por causa da «img/dia de ácido fólico se estiverem planejando uma gravidez. A segunda
influênciapotencial dos elementos nutricionais na embriogênese, uma série recomendação ê que todas as mulheres em idade reprodutiva devem tornar
de estudos epidemiológicos foi realizada nos anos 19m e nos anos 1980. 0.4 mg/dia de acido fólico (a quantidade disponivel em um tablete típico de
Com uma exceção, eles demonstraram que o uso de vitaminas e de folato multivitamínico) durante todos os seus anos reprodutivos. Esta ultima reco-
no periodo preconcepcional reduziu o risco de recorrência de espinha bifida mendação ê prudente tendo em conta o fato de que aproximadamente
e de anenoefalia nas famílias que tiveram previamente uma criança com metade das gravidezes nos Estados Unidos não e planejada. Estas recomen-
uma destas patologias_ Em 1991, o Medical Research Council of the United dações Ievaram à fortificação com ácido fólico do trigo e de outros grãos nos
Kingdom publicou um esbrdo duplo-cego' no qual :img de folato com ou Estados Unidos e em outras nações. Na última decada, estudos em varios
sem vitaminas foram administrados em mulheres que tiveram uma criança países pelo mundo demonstraram uma diminuição na ocorrência de DTN
com DTN. D grupo recebendo apenas folato experimentou 70% de redução depois do início do programa de fortiticação dos alimentos.
na reoorrência destas malfonnações em suas crianças_ Em 1992, um gmpo
húngaro demonstrou a utilidade das vitaminas e do acido fólico na preven- 'Um estudo duplo-trago e aquele no qua!, durante e fase de tratamento do estudo,
ção da ocorrência inicial dos DTN. Neste estudo, dois grupos de mulheres. nem os individuos nem o investigador sabem drtato indivíduos estão recebendo um
um que recebeu vitaminas e ácido fólico e outro que não recebeu, foram ingrediente ativo e quais estão recebendo placebo.
303 f Capim) 15 GENÉTICA MÉDICA
dimensão com a preocupação que pessoas incapacitadas po-
dem ser desvalorizadas pela sociedade quando o diagnóstico
pré-natal pode levar à eliminação de fetos com incapacidade.
preocupações semelhantes circundam o assunto da retira-
da do apoio para os recém-nascidos com defeitos graves ao
nascimento (p. ex.,trissomia i3, alguns defeitos do tubo neu-
ral). Os principais princípios que guiaram as decisões sobre
estes temas são considerar os interesses da criança e oferecer
aconselhamento genético para que os pais possam tomar uma
decisão consciente.
Surgiram preocupações éticas quanto a outros tipos de exa-
mes genéticos, incluindo o exame para portadores e o exame

pré-sintomático (Capítulo i3). Os exames genéticos diferem


dos outros tipos de exames médicos porque os genes (incluin-
do mutações que predisponham a doença) podem ser compar-
tilhados nas famílias. Assim, um exame genético feito em Luna
pessoa pode revelar uma informação de risco sobre um parente
que pode ou não querer saber o seu risco (p.ex., o exame de
um adulto jovem para uma doença autossômica dominante
pode indicar que um dos pais deve ter transmitido a mutação
que causou a doença). Alem disso, muitas pessoas consideram
que sua herança genética e muito mais uma parte intrínseca
delas mesmas [e de suas familias). O risco genético e', frequen-
temente, considerado com "intercambiãvelrÍ Todos estes fato-
res podem levar a uma estigmatização injusta de indivíduos,
de familias e até mesmo de populações inteiras. Para ajudar
a contrabalançear estas situações, os provedores de cuidados
devem ser sensíveis às necessidades e preocupações dos indi-
vfduos e de suas famílias. Eles devem evitar fazer julgamentos
que possam causar ou reforçar a estigmatização. Tambem de-
vem afastar ideias de determinismo genético, tomando claro

para as famílias que os genes são apenas uma parte da causa da


doença. Fatores não genéticos, que frequentemente podem ser
alterados, podem também desempenhar um papel importante.
Assim como toda informação médica, a privacidade e a confi-
dencialidade devem ser respeitadas-
Os exames genéticos também levantam o espectro da dis-
tzriminação pelas companhias de seguro e pelos empregadores.
Às companhias de seguro vêm há muito tempo coletando in-
formações sobre a história familiarcomo uma maneira de ava-
liar o risco. Em alguns casos (p. ex., um individuo com o risco
de herança de urna mutação BR CA¡
Hermética Ciímba e Aconselhamento Genérico f 309

(p. células das ilhotas pancreáticas para pacientes com


ex., europeus no inicio do século XX, advogava tanto a "euge-
diabetes ou neurônios para aqueles com a doença de Alzhei- nia positiva" [reprodução preferencial daqueles considerados
mer) é mais controverso e, como a interrupção da gravidez, geneticamente mais adequados] quanto a "eugenia negativa"
envolve questões altamente carregadas sobre a definição da (evitar areprodução daqueles considerados geneticamente
vida humana e sobre os limites da intervenção médica- Como menos adequados). A eugenia, em conjunto com o pensamen-

se (Jbservou no Capitulo 13, estes assuntos necessitam dc par- to político da época, levou a uma série de abusos que culminou
ticipação infonnada e cuidadosa da comunidade cientílica e com as atrocidades da Alemanha Nazista. Estes eventos são
dos grupos de apoio aos pacientes, de hioéticos, de lilúsofos, uma lembrança séria do potencial do uso inadequado das in-
de consultores legais, do clero e de outros. tomiações genéticas. Ós geneticistas devem ajudar a assegurar
A ciência da genética não é estranha a controvérsias e nem que sua ciência seja usada para o beneficiomáximo ao mesmo
mesmo a abusos. O movimento eugênico (do grego "bem tempo em que se adere ao principio consagrado pelo tempo
nascido"), popular nos Estados Unidos e em alguns países do prímum nan HOCNE ("em primeiro lugar não prejudicar")

Questões para Estudo


1. Allen, um homem de 40 anos de idade, vem ao seu
consultório porque está preocupado com sua história
familiar de doença cardíaca. Seu pai sofreu um infarto
do miocárdio (IM) Fatal aos 45 anos de idade e seu
avô paterno teve mn [M Fatal aos 47 anos de idade.
O pai de Allen teve dois irmãos e duas irmãs. Um dos
irmãos teve um IM aos 44 anos e uma das irmãs teve
um 1M aos 49 anos de idade. A n1ãe de Allen teve
um irmão e uma irmã, ambos ainda vivos. Os pais da
mãe de Allen viveram até os 8D anos e morreram de
"causas naturais". Desenhe um heredograma resumindo
as infonnações que você obteve sobre a família de
Allan, e faça uma recomendação para um estudo efou
tratamento adicional.

2. Os dois irmãos de Mary e o imião de sua mãe


apresentam distrofia muscular de Duchene (DMD)
e estão agora mortos- Com base apenas nestas
informações, qual é a probabilidadede Mary ser uma
portadora heterozigótica para esta doença? Qual a
probabilidadede ela produzir crianças acometidas?

Leituras sugeridas
Aase
3m x Capítulo 15 GENÉTICA MÉDICA
Clayton EW Ethical, legal, and social implications oi genomic Deiining and redetining the scope and goals oi genetic
Resta R.
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logy in the age oi genomics. CMÀJ 2002,] 675265473.
NOTA: As palavras ou Frases destacadas em negrito em uma
definição já foram definidas em outra parte neste glossário.
a-ÍBÍIIDIIIÍGÍIIBProteína semelhante ã albumina, produzida
pelo Feto. O nível de a-Íetoproteina é elevado em gestações
com defeitos do tubo neural e pode se mostrar reduzido em

gestações com síndrome de Down.


a-Ietnprnteína sérlna materna (MSAFP) A a-tetoprciteina
presente no soro de mulheres grávidas, usada na triagem pre'-
natal para doenças fetais como os defeitos do tubo neural e a
síndrome de Down.
anetllaçãn A adição de Lun grupo acetil a urna molécula
(como na acetilação de histona)-
ánldn desoxlrrlhnnunlelnn Veja DNA_
áñldll rlbnnuclelcn
3?.? x' Glossário

¡IÍÍQBIIII Molécula que provoca a formação de anticorpos. hlblloteoa específica oe cromossomos Ctrleçãt) de frag-
mentos de DNA de cromossomo isolado.
antígeno leuoooltárlo humano (HLA) Termo antigo para o um

complexo principal de histocompatibilidade(MHC). ÍIÍMÍDÍBGÊ genõmloa Coleção de fragmentos de DNA do ge-


noma completo de um (Jrganismo. Essa coleção inclui CDNA e
BPOMIJSG Nlorte programada das células. DNA sem codificação. Comparar com biblioteca de CDNA.
aprlslonamento IÍE élllllS Nléttrdt) de isolamento de éxons ÍIWHÍGIIÍB Um par de cromossomos bomólogos enrolados e
em um fragmento de DNA genõmico por meio de um sistema
de células in vitro para encaixe artilicial de introns. observados na pró-fase Í da meiose. Sinônimo de tétrade.
bolha ÚB replloação Estrutura de replicação que ocorre em
BSSIIGÍRÇÍO Á ocorrência conjunta de dois traços ou eventos
mais frequentemente esperados por acaso. locações múltiplas em um cromossomo, permitindo que a re-
atirador Um fator de transcrição específico que adere a co-
p¡ icat.'ão p rossi samais ra p i damen t e.
ativadores e a intensificadores (mbancm) para ajudar a regular Ml Abreviaçãc) de par de base (de base par).
a atividade de transcrição de certos genes. IÍBÍB leve Um dos componentes estruturais principais da
BIIÍIIÍIIIIIIÍIÍBÍÍB A condição na qual o sistema imune de Luna
molécula de anticorpo consistindo em uma cadeia TC ou uma
cadeia Ã. À cadeia leve tem peso molecular mais baixo que o
pessoa ataca suas próprias células.
outro componente principal, a cadeia pesada.
aotonaolograma lmagem produzida por exposição de Luna cadela pda Um dos principais componentes estruturais
substância marcada radioativamente, como um explorador
de urna molécula de anticorpo, tendo peso molecular mais alto
(probe), a uma chapa radiográiica (usada, por exemplo, na de-
tecção de RFLPs e na execução de Luna bibridizaçãoin situ). que o outro componente também importante, a cadeia leve.
Há cinco tipos de cadeias pesadas no homem: 7, p., a, õ e 8.
¡IIÍOSSIIIIIIS Ós
22 pares de cromossomos, excluindo-se os
cromossomos sexuais (X e Y). p 5' Nucleotideo de guanina quimicamente modilcicado e
acrescentado ã terminação 5' de uma molécula de mRNA em
ÍIEGÍBÍÍÕÍBQO Vims que infecta bactérias. Na tecnologia do crescimento.
DNA recombinante, os bacterióiagos são usados como veto-
res para carregar sequências de DNA inseridas.
ÍGÍIIDQÊIIESB Ó processo de desenvolvimento do câncer.
ÍIBIIIÍEHIIIBIIÍD c 'lipo de coloração de cromossomos que ÍGÍIIÕQBIHI Uma substância que produz câncer (adjetivo:
destaca a beterocromatinade constituição que se localiza em carcinogêniccr).
centrômertrs e próximo a eles. GHHÕUPD Uma exibição» de cromossomos, ordenados de
lranoeamento de alta resolução Bandeamento de cromos- acordo com o comprimento_
somos usando cromossomos da prófase ou da prometãfase, os IÍÕUIID BSPBGÍÍIÍ Exibição de cromossomo (Ícariótipo) na
quais são mais estendidos que os da metáiase e, por isso, resul- qual combinações de sondas fluorescentes são usadas com cã-
tam em mais Faixas e maior resolução. meras e software de processamento de imagens especiais, para

hanrleamento de oromossomos O processo de aplicação de que cada cromossomo tenha uma cor única.
corantes específicos aos cromossomos para produzir padrões caso-índice Veja probando.
característicos de faixas (p. ex., bandeamento G). oatallsaoor Substância que aumenta o índice de uma reação
hamleamento de qulnaorlna (banrleamento ll) Técnica de quimica. As enzimas são um exemplo de catalisador.
coloração de cromossomos na qual se adiciona um corante de caudaÍÍB POÍÍÊIÍBIÍÍBMM" Â] A adição de vários nucleotideos
tluorocromo (composto de quinacrina) aos cromossomos, os
de adenina ã terminação 3' de um transcrito primário de mRNA-
quais são então visualizados em microscópio fluorescente.
olllln DNA complementar, fomiado por transcrição reversa
ÍIHIIÍIIGIIÍD [BUENO ÍÍIHIMHIBIIÍOIl) Técnica de bandea- de mRNA puriiicado de uma coleção de células. Esse tipo de
mento dos cromossomos na qual os cromossomos são aquecidos DNA responde somente ã sequência de codificação (éxons).
e111 um tampão fosfato,- produz Faixas escuras e claras em padrões
célula de apresentação oe antígenos Célula que lagocita
que são o reverso daqueles produzidos pelo bandeamento G.
corpos estranhos, digere esses corpos e a seguir exibe os an-
ÍIBSB Uma das quatro substâncias nitrogenadas (adenina,
tígenos estranhos em sua superficie, para serem reconhecidos
citosina, guanina ou timina) que representa uma parte da pelos linfócitos T.
molécula de DNA. As combinações de bases especificam as
sequências de aminoácidos. célula dll plasma Linfócitt) B maduro capaz de secretar an-
ticorpos.
ÍIBIIÍQIIIII Condição de uma neoplasia (twnor) que não invade célula natural Irlller rlipo de liniócito que está envolvido na
o tecido circundante nem forma metástases para outras partes
fase precoce de defesa contra corpos estranhos tumores
do corpo. Comparar com maligno. e e

que não está restrito ao MHC.


ÍIÍÍIÍÍIIÍBB¡ de GDNÀ Coleção de segmentos de DNA corn-
plementar (CDNA) clonados em vefculons como lagos ou plas- oélula prlmonllal emhrlolárla Células encontradas em ern-
mídeos_ Comparar com biblioteca genômica. briões precoces que possuem potencial de se transformarem
em qualquer tipo de célula do corpo (pluripotência).
célula SIIIIÍÍÍBB Célula diferente daquelas da linhagem ger-
minativa de formação de game-tas. Nos seres humanos, a maio-
ria das células somáticas é diploide.
GÉÍIIÍIS HIXÍÍÍBIBS Células nas quais se colocam vírus de re-
plicação deficiente, de modo que o maquinário de replicação
dessas células possa produzir cópias virais.
células de IIBIIIÓHB Classe de células B de ligação de alta
afinidade que permanecem no corpo depois do ténnino de
uma resposta imune,- elas fornecem Luna resposta de alta afini-
dade relativamente rã ida caso o mesmo anti reno da doen 'a
Í'

seja encontrado uma segunda vez.


células “ÍÍIBS Células que resultam da divisão de Luna célula
progenitora.
centlntorgan (GM) Unidade de medida da frequência de re-
combinações entre dois laci, conhecida também como unida-
de de mapa. Um cM corresponde a uma frequência de recom-
binação de 1%.
GBIIÍIÍOÍO Nas células, é a estrutura que ajuda a manter os
cromossomos separados durante a meiose e a mitose.
centro lie lnatlvação (i0 l( A localização do cromossomo X
do qual o sinal de inativação do X é transmitido (inclui o gene
XIST).
IBEIIÍIÕIIBHI A região de um cromossomo dois
que separa os

braços¡ os centrômeros são os sitios de anexação de libras fusi-


fonnes durante a divisão da célula.
GÍIÍPSIÍB “Â Veja microarranjos.
GÍGÍÍMS Proteínas que interagem com quinases dependentes
de ciclina para regular o ciclo celular em estágios específicos.
Giülll DBÍIIÍZI' A sequência alternada de mitose e de intérfase.
cltcclla Um fator de crescimento que provoca a prolifera-
ção das células (p. ex., interleucinas).
BÍÍÍIBÍIBSE Divisão citoplásmica que ocorre durante a mito-
se e a meiose-

cltogenetlca O estudo de cromossomos e de suas anormali-


dades, combinandocitologia, o estudo das células e a genética.
IBÍÍOIIIEÍÍB de ÍÍIXII Técnica pela qual os cromossomos po-
dem ser escolhidos individualmente.
BÍÍIISHI¡ Uma das quatro bases do DNA (abreviatura: C)
clonagem lnlclolal Método de isolamento de genes no qual
um gene com função do produto proteico conhecida é avaliado

como gene candidato responsável por Lun traço ou doença.

clonagem poslclonal Ó isolamento e a clonagem de um


gene de doença após determinação de sua localização física
aproximada,-subsequentemente, o produto genético é determi-
nado. Processo anterionnente denominado "genética reversa".
IBÍIIIIG (lí) Uma série de fragmentos idênticos de DNA cria-
dos por técnicas de DNA recombinante.
3M f Glossário

BIIIIIÍBISÊÇÕO dll IIIIA A formação de estruturas enroladas Gulmüssumü em aÍBl Cromossomo estrutural de lonnação
no DNA,- ãs vezes permite a interação de vários elementos anormal quando ambas as terminações de Lun cromossomo são
reguladores. perdidas e as novas terminações se fundem entre si.
BIIIIQÊIIÍÍO Presente no parto. GTIIIIIOSSIIIIIÍI PÍIÍÍMGÍPÍIÍZ A translocaçãt) recíproca entre

consangllnldade A combinação perfeita de indivíduos rela- braços longos dos cromossomos 9 e 22 em células somãticas
cionados (adjetivo:consanguineo). produz leucemia mieloide crônica.
GTIIIIIOSSIIIIIOS sexuais 05 LTOHTUSSDTUDS X C Y CTT1 SCTCS hLl-
GBIISBTYHQÊII A preservação de sequências de DNA altamen-
tesimilares entre organismos diferentes¡ sequências conserva- manos. Comparar com autossomos.
das são encontradas geralmente em genes Funcionais. emsslng-over(permuta ou cnrzamento) A troca de mate-
GBIISBITHIÍO Veja conservação. rial genético entre cromossomos homólogos durante a meiose
(Íessa troca também ocorre, raramente, durante a mitose); pro-
GIIIISÍÍÍIIGÍOIIRÍ llll GDIISÍÍÍIIÍÍÍD pertencendo ao DNÁ em duz recombinação.
células normais do corpo, geralmente usado em contraste com
o DNA de um tumor.
GTIIIIBIÍO Combinação entre organismos em estudos ge-
néticos.
GIIMIIGBIIÍBSB Veja amostragem de sangue umbilicalpercu-
tâneo (PUBS). deformação Alteração forma, formato ou posição de
da
uma parte do corpo de Formação normal por forças mecânicas
GOIIIÚSGIIÍOUE BMI' O cromossomo inativo X, visível como (p. ex., a sequência de oligoithâmnicr).
tuna massa de cromatina de coloração densa nas células somáticas
Femininas normais. Conhecido também como cromatina sexual. UBÍBÇÕO A perda de material do cromossomo. Pode ser ter-
minal ou intersticial. Comparar com duplicação.
GIIHIÚSBIIÍD polar Célula produzida durante a ovogênese
que possui um núcleo, mas muito pouco citoplasma.
rleleção lnterstlclal Deleção que remove parte do interior
dt) CTUTHCJSSKJÍTID.
OIIITBÍÉÇÃO #IIÕÍÍPO-ÍBIIÍÍÍPO A relação entregenótipos
possivelmente diferentes (i. r., de alelos diferentes) em um locus delecão terminal Deleção que remove parte de um cromos-

e o fenótipo do indivíduo. Por causa da heterogeneidade alé- somo, incluindo um telômero.


lica, alelos diferentes em um locus podem produzir a expressão IÍBIW¡ BIIÉÍÍGB Processo de evoluÉ'ão no q ual as lTCq uências
mais ou menos intensa de um fenótipo de doença (p- ex., mu- genéticas se alteram como resultado de Hutuações aleatórias na
tações de sentido contrário vs. sem sentido). transmissão de genes de urna geração para a seguinte. A deriva
OIISIIÍÍÍBII Um híbrido de liagoplasmfdeo capaz de aceitar é maior em populações menores.
inserções maiores de DNA (de até 40-50kb] que o lago ou os ÚGSBEIIIÍÊIIGÍB As origens dos individuo»,-
ancestrais de um

plasmídeos. LLsada mais frequentemente para se referir às origens geográfi-


cromátlrles ÍIIIÕS Ós dois lilamentos idênticos de um cro-
cas dos ancestrais de uma pessoa.
mossomo duplicado, unidos por um único centrômero. oesequllílrrlo de "R$50 Associação não aleatória de alelos
cromatlna A combinação de proteínas (ip. ex., historias) e em ligados em populações. Comparar com equilíbrio de
Inc¡
ácidos nucleicos que fomia os cromossomos.
ligação.
cromatlnasexual Veja corpúsculo de Barr. IÍIZQIIÍSÍÍBO IHÍBÍB Forma de diagnóstico de doença base-
ado no DNA, na qual a mutação por si mesma é examinada
cromossomo Estrutura lililorme (literalmente "corpo colori- diretamente. Comparar com diagnóstico indireto.
do") consistindo em cromatina. Os genes são arranjados ao
longo dos cromossomos. diagnostico do ccrpúscllo polar Técnica de diagnóstico
levedura (VAC) cromossomo sin-
pré-natal na qual o DNA de um corpúsculo polar é submetido
cromossomo artlllclal de ã amplilicação por' PCR e investigado por ensaio por meio de
tetizado de levedura capaz de carregar uma grande inserção de métodos moleculares.
DNA (d.: até Loookb).
diagnóstico genético de pré-Implantação (PED)
Forma
cromoorno lracterlúfago P1 (PAG) Vetor de
artlllclal rlo
precoce de diagnóstico genético na qual uma ou duas célu-
clonagem que consiste em Lun bacteriólago PI e que é inserido las obtidas de um embrião (criado por FlV] são verilicadas
em um plasmídeo¡ ele aceita inserções de DNA de até IOOkb.
quanto a anormalidades Lromossômicas [por FISH) ou quanto
cromossomo artlllclal humano Um cromossomo sintético a mutações de gene isolado (por amplificação do DNA por

que consiste em um centrômero e telômeros artificiais e Luna PCR).


inserção de DNA humano que pode ser de 5 a 10 Mb. IÍÍBQIIÍSÍÍBO Intllrelao
Forma de diagnóstico genético na qual
cromossomo bacterlano artlllclal (BAG) Plasmideo recom- a mutação que causa a doença não é observada diretamente,-
binante inserido em bactérias e que serve como vetor de clo- reFere-se, normalmente, ao diagnóstico usando marcadores li-
nagem capaz de aceitar inserções de DNA de 50 a 200 kb. gados. Comparar com diagnóstico direto.
GHIIIIIISSOIIIO IÍBIÍÍEIÍO Cromossomo que to¡ alterado como diagnostico pré-tal A identilicaçãt) de uma doença em
resultado de uma translocação [p. ex., derivativo 9, ou der[9]]. um feto ou embrião.
Glossário / 315

IÍÍRQIIÚSÍÍBO pré-sintomático A identificação de uma doen- liiiii ÍHIBÍÍÍÍWI ÚÍSPEÍSII Classe de sequências repetidas de
ça antes que o fenótipo seja clinicamente observável. DNA na qual repetições únicas são dispersas por todo o geno-
ma. Comparar com repetição em tandem.
diferenciação celular A localização e a função das células,
programadas durante o desenvolvimento embrionário. liiiii SBÍÉÍÍÍB Porção do DNA que difere o suficiente em
IÍÍÍOSÍÂÍO tie guanoslna (HIP) Forma parcialmente desfosfo- composição da base de modo que forma uma banda distinta
em centrifugação de gradiente de cloreto de césio, contém,
rilada do triiosfato de guanosina.
geralmente, sequências de DNA altamente repetitivas.
lilQBSÍãll Ile IBSÍÍÍÇÃG Processo no qual o DNA é exposto a IÍOBII a lia Imunodeficiência Classe de doen f:'as caracteri-
uma enzima de restrição, provocando sua clivagem em frag-
mentos de restrição.
zadas por insuficiências na resposta imune (p. ex., deiiciência
imune combinada intensa).
Que possui duas cópias de cada cromossomo. Em
seres humanos, o número diploide é 46_ Comparar com lia- doença de Imunodeficiência primária Desordem do siste-
ma imune causada diretamente por defeitos (geralmente gené-
ploide, polipoide.
ticos] em componentes ou células do sistema imune_
IÍÍSBOIIÍHIIÍG Tenho que se refere a dois individuos que não
compartilham o mesmo traço. Comparar com concordante doença de lmunodetlclência secundária Desordem do sis-
(substantivo: discordância). tema imune que é consequência de LllTi agente ou defeito que
se origina fora do sistema imune (p. ex., infecção, radiação,
IÍÉIIIIÍÍOÍDQÍH Ó estudo do desenvolvimento fisico anormal. drogas).
IÍÍSDCIIIÍE Fertilização de um único óvulo por dois espenna- dominante Um alelo expresso da mesma fonna em uma có-
tozoides.
pia única (heterozigotos) como em cópia dupla [liomozigo-
displasia Defeito no qual as células assumem organização tos). Comparar com recessivo.
anonnal no tecido (p- ex., displasia óssea).
duplicação A presença de uma cópia extra de material cro-
IÍÍSIIIPÇÕII Defeito morfológico que resulta da quebra de mossômico. Comparar com deleção.
um processo de desenvolvimento que seria normal (p. ex., BÍEÍÍII fundador Troca significativa em frequências genéti-
defeito de redução de membro resultando de vascularização cas que resulta quando uma população "fundadora" pequena
insatisfatória). contendo variação genética limitada deriva de Luna população
iiieeomla nnlpareotal Condição na qual duas cópias de um maior. O efeito fundador pode ser considerado como um caso
cromossomo são derivadas de um único progenitor, sem ne- especial de deriva genética.
nbuma outra cópia derivada do outro progenitor_ A condição elementos moveis ou transposons sequências de DNA ca-
pode ser ou uma heterodissomia ou uma isodissomia. pazes de se inserirem elas próprias (ou cópias delas próprias)
IÍWÍSÕÍI de redução O primeiro estágio da meiose (meiose em outras localizações no genoma.

l), no qual o número de cromossomos é reduzido de diploide BÍBÍÍIIÍDIBSE Técnica na qual moléculas carregadas são colo-
para baploide. cadas em um meio e expostas a um campo elétrico, que provo-
“W550 GÍIIIÉBÍOIHÍ 0 segundo grande ciclo da meiose: ca sua migração pelo meio em taxas diferentes, de acordo com
meiose ll. Comparar com divisão de redução. a carga, extensão ou outros atributos.
iiizlgñtico Tipo de gestação na qual cada gêmeo é produzido eletroforese com gel em campo polsalio Tipo de eletrofo-
pela fertilização de um óvulo diferente. Sinônimo de gêmeo rese adequada pra fragmentos de DNA relativamente grandes,-
fraterno. Comparar com monozigótico. o fragmento é movido através do gel por pulsos altemantes de

Iiiiit (ácido iiesoxlrrlholuclelco) Molécula de hélice dupla eletricidade em campos com orientação de 90 graus distantes
um do outro.
que consiste em um esqueleto de açúcar-fosfatt) e quatro bases
de nitrogênio (A, C, G e T). As bases do DNA codificam o eletroforese em gel tie gradiente de iiesnatoração
RNA mensageiro (ÍmRNA) que, por sua vez, codiiica sequên- (ÉÉÉ) Método de detecção de mutação no qual os fragmen-
cias de aminoácidos. tos do DNA sofrem processo de eletroforese através de um gel
no qual existe um fator de desnaturação de alteração, como a
“Â alta-satélite Um tipo de sequência de DNA repetitiva
encontrada próximo a centrômeros. temperatura.
“É Ile GÚPÍ¡ única sequências de DNA que ocorrem só BÍEWIIÍOIBSE protelca Técnica na qual se identificam as va-
uma vez no genoma. Comparar com DNA repetitivo.
riações de aminoácidos com base em diferenças de carga que
causam mobilidadediferencial de polipeptideos através de um
IiiiA recombinante M o I'ecu I a de DNAque consis t e em com- meio carregado eletricamente.
ponentes de mais de uma molécula do genitor (p. ex., uma
BIIIÍIIBÍÍOSB Processo pelo qual as moléculas são transporta-
inserção de DNA colocada em um vetor de plasmideo).
das para o interior das células.
“Â IBPEÍÍÍÍVII sequências de DNA encontradas em cópias
múltiplas no genoma. Elas podem estar dispersas ou repetidas enoomolease de restrição
Enzima bacteriana que cliva o
DNA em uma sequência especifica de DNA [sitio de restrição).
em tandem.
:H6 x' Glossário

BIQBIÍIBÍÍB QBIÕÍÍGB A alteração de genes¡ esse processo BSÍIIIIEÍWR Ile pmhabllltlade IIIÓIÍIIIB Procedimento estatís-
envolve, tipicamente, as técnicas de DNA recombinante. tico no qual são estimadas as probabilidades de vários valores
GQIIÍÍÍNÍD de llgaçãn Falta de associação preferencial de ale- de parâmetros, os quais são posteriormente comparados para
los em loca' ligados_ Comparar com desequilíbrio de ligação. se determinar a maior probabilidade. Usado, por exemplo,
para avaliar os escores LOD para determinar a Frequência de
equllíbrln entre mutação e seleção Estado no qual a taxa recombinaçãomais provável-
de eliminação de um alelo de uma população (por caLLsa da
88h13 prlmltlva Estrutura formada durante a granulação dos
seleção natural) é igual ã taxa de introdução do alelo em Luna mamíferos e que consiste em tecido espessado do epiblasto ao
população (por causa da mutação). 0 equilibrio mutação-sele-
ção pode prognosticar a Frequência genética de um alelo em longo do eixo anteriorfposteñor.
uma população. estudos de assnelaçãn do genoma Estudos nos quais as tre-
BTÍÍMÍIÍBSÍO Célula vermelha do sangue provida de núcleo,- quências de alelos em vários loci (tipicamente polimorlismos
de nucleotídeo único, SNPs) são comparadas em casos de
a precursora de um eritrócito.
BTÍÍIÕGÍÍD Célula vermelha do sangue.
doença e em controles não afetados. Ós SNPs que mostram
grandes diferenças de frequência entre casos e controles pro-
890MB um O logaritmo comLun da proporção da probabi- velmente estão localizados dentro ou próximo dos genes res-
lidade deligação em uma tração de recombinação especifica à ponsáveis pela doença.
probabilidadede ausênciade ligação. &Ílllã Agmpamentc) de populações humanas que pode se ba-
BSIIBBMGBÇÕO IÍB EÍXII Definição, durante o desenvolvimen- sear em origem geográlica, idioma ou outros atributos. Mais
to embrionário, dos principais eixos do embrião: ventral/dor- comumente, as etnias hLunanas corresponderam grosseiramen-
sal anteriorfposteñcir.
e te ãs
origens continentais.
&SIIBBMGÍIÍBÍB A porcentagem de individuos não afetados BIIBNÍDÍBS Organismos cujas células possuem núcleos ver-
que são corretamente identilicados por um teste [verdadeiro- dadeiros.
negativos). Comparar com sensibilidade- euernmatlna Cromatina levemente colorida durante a intér-
BSIIBGÊIIIIBÍIÍ¡ de M3383 Análise da proporção massa/'carga fase e com tendência à ativação de transcrição. Comparar com
de moléculas¡ pode ser usada para sequenciar DNA e detectar heterocromatlna.
mutações. eugenia Uso de procriação controlada para aumentar a pre-
espeetrnmetrla Ile massa em tendem Forma de espec- valência de traços genéticos "desejáveis" (eugenia positiva) e re-
trometria de massa na qual são usadas duas máquinas,- a duzir a prevalência de traços "indesejáveis" (eugenia negativa).
primeira separa asmoléculas de acordo com a massa e a
BIIPÍDÍIÍB Relzere-se às células cujo número de cromossomos
segunda avalia a massa e a carga das moléculas após sua
é múltiplo de 23 (em seres humanos) (substantivo: euploidia).
fragmentação. ÉXDIIS porções de genes que codilicam aminoácidos e que
BSPBÍIIÕÍÍIÍB Uma das quatro células baploi des formadas de são retidos após o encaixe do transcrito primário do mRNA.
um espennatócito primário durante a espermatogênese. As es-
Comparar com íntron.
permãtides amadurecem dentro dos espermatozoides.
BXPIBSSÕD BGÍÍPÍGB Expressão de Lun produto genético em
GSIIBIIIBÍÍBÍÍO [Iñmáflll Á célula diploide da progênie de local tipo de tecido anormal.
ou
um espennatogõnio, que então sol-Te meiose l para produzir

espermatócitos secundários. expressividade vulável Traço no qual o mesmo genótipo


pode produzir fenótipos de intensidade ou expressão variáveis
GSFBÍIIBÍÍGÍÍO SBEIIIIÍÍIÍIICélula contendo 23 cromosso-
(p. ex., neurolibromatosedo tipo I).
mos de filamento duplo, produzida de um espermatócito pri-
mário após meiose l no macho. BXÍBIISÍII IM PUDIM' Parte do processo de reação em cadeia
da polimerase, no qual a DNA polimerase estende a sequência
QDEIIBÍIIQÊIÊB Processo de formação do gameta masculino. de DNA a partir de um fllflntff de oligonucleotideo.
BSIIBIIIBÍIIQOIIÍB Células primordiais diploides de linhagem ÍBQÕBÍÍD Célula que engole particulas estranhas.
genninativa da qual derivam, por lim, as células do esperma
[espermatozoidesl ÍBÍXBS [1 :I Áreas visivelmente escurecidas em autonadiogra-
mas que representam a localização de alelos em gel. (2) Áre-
esporádlco ReFere-se à ocorrência de uma doença em Luna as alternadamente escuras e claras, visíveis em cromossomos
Família sem padrão aparente de transmissão genética (com Fre- ,
de certos tipos de corantes.
.

apos o uso
quência, o resultado de uma mutação nova).
falha IIIBIÚÍÍGB Meiose aberrante na qual um gameta diploi-
E51' Várias centenas de sequências
de pares de base (bp) de é produzido, em vez de um gameta haploide normal.
conhecidas de CDNA, Hanqueadas por primers ou iniciador de
PCR- Por serem derivadas de bibliotecas de CDNA, essas se- falsa-negativo Resultado de um teste no qual um individuo
é incorretamente identificado como não sendo portador de
quências representam porções de genes expressos.
uma doença testada. Comparar com falso-positivo-
Grossário / 317

ÍBÍSII-[IOSÍÍWO Resultado de um teste no qual um individuo “HKD QBIÉÍÍGII A troca de genes entre populações diferentes.
é incorretamente identificado como sendo portador de uma
Íllflllãçãll de padrão O arranjo espacial de células diferen-
doença testada. Comparar com falso-negativo. ciadas para formar tecidos e órgãos durante o desenvolvimen-
familia HM Um gmpo importante de sequências dispersas to embrionário.
de DNA repetitivo.
ÍIISÍGIÍÍBÇÍII A adição de um grupo fosfato a uma molécula.
familia QGIIÉÍÍBÉ Grupo de genes com sequência de DNA ÍIBQIIBIIÍII lie IBSÍHÇÃO Peça do DNA que foi clivada por
similar e que evoluíram a partir de um único gene ancestral uma endonucleasede restrição.
comum,- esses genes podem ou não estar localizados na mesma
região cTomossõmica. frequência de genótipos Em uma população, a Fração d: m-
tlivfduos portadores de um genótipo específico.
ÍBIIIIBGOQBIIÉÍÍGE Estudo da variação genética em resposta
medicamentosa. trequênela de reeomblmçãn A porcentagem de meioses
na qual são observados recombinantes entre dois loca'. Usada
ÍBÍIIIBGOQBIIÕIIIÍGH Estudo da variação genética em resposta
para estimar as distâncias genéticas entre loca'. Veja também
medicamentosa usando dados de muitos genes submetidos a
centimorgan.
ensaios e111 todo o genoma (comparar com fannacogenética).
frequência genética Empopulação, a fração de cro-
Luna
fase UG ligação Ó arranjo de alelos de lot¡ ligados nos
mossomos contendo um gene específico.
cromossomos.
ÍIISÕII QÉIIÍGB Ó gene que resulta de uma combinação de
fator de BIGSGÍIIIEIIÍII Substância capaz de estimular a proli- dois genes ou partes de dois genes.
feração das células_
fator de transcrição Proteína que se liga ao DNA para in-
QHIIBÍB À celula primordial haploide [esperma e óvulo).
fluenciare regular a transcrição. QGIIBÍDQÉIIESB Ó processo de formação de gametas.
ÍMIII' de transcrição BSIIEGÍÍÍGO Classe de Fatores de trans- ganho de Ílllçãú Classe de mutações que resulta em um pro-
duto proteico que ou é aumentado em quantidade ou tem uma
crição que ativa apenas genes especílicos em pontos específi-
cos no tempo.
Função nova. Comparar com perda de Função.
fator de tralscrlção geral Classe de fatores de transcrição gastrllação Ú estágio embrionário no qual as células da
blástula são dispostas para se tornarem uma estrutura de tres
exigida para a transcrição de todos os genes estruturais.
camadas consistindo em endoderma, mesodeiTna e ectoderma.
ÍBIIIIGÍPÍ¡ Fenótipuo que lembra aquele produzido por um
gene específico, mas que, em vez disso, é causado por um fator
gene A unidade Fundamental da hereditariedade.
diferente ti P icamente não Éenético_
.- gene candidato Um gene que, com base em propriedades
lenútlpn As caracteristicas(Jbservadas de um indivíduo, pro- conhecidas ou no produto proteico, é considerado o gene cau-
duzidas pela interação de genes e do meio ambiente. sador de uma doença genética específica.
tertllllaçãn M WÍTD (FW) Procedimento no qual a fertiliza- gene IIIOIÍÍÍÍBBIÍOI' Gene que altera a expressão de um gene
outro locus.
ção de um óvulo por um espermatozoide é realizada no labo- em

ratório. O embrião é, então, implantado no útero da mãe. gene pnnclpal Um locus único responsável por um traço (às
ÍBÍIBGIIDÍH Técnica de visualização fetal na qual insere-se vezes contrastado com um componente poligênictl).
um endoscópio através da parede abdominal. Usada_, ãs vezes, ÉIBS Ile Illllllmlm(QBIIBS ÍIIIISÉBBIIÍIQ) Genes cujos pro-
em diagnóstico pré-natal. dutos protei cos são exigidos para manutenção ou metabolismo ce-
flhra ÍIISÍÍIIIIIB Um dos Fios microtubulares formam lular. Por causa de seu papel central na vida de Luna celula, os genes
que o
luso em uma célula. de manutenção têm atividade d.e transcrição em todas as celulas.
Ílllñllllã Um componente de tecido conjuntivo,- mutações QBIIBS BSÍÍIÍIIHÍS Genes que codilicam produtos proteicos.
no gene da Fibrilinapodem causar a síndrome de Pwlarian_ QBIIÉÍÍ de população Ú ramo da genética que lida corn a
filamento ¡MÍSSBIISO Em uma molécula de DNA de Fila- variação genética e a evolução genética das populações.
mento duplo, é o filamento do qual se transcreve o mRNA. QBIIÉÍÍ lllllecllál' Estudo da estrutura e Função de genes
Veja Elemento senso. ao nível molecular.
filamento com cadela senso Em uma molécula de DNA de genoma A totalidade do DNA de um organismo.
Filamento duplo, esse e o filamento cujo mRNA não é trans- @IIÕÍÍPII A constituição alélica de um individuo em um locus.
crito. Por causa do pareamento de base complementar, o ii-
lamento senso e' idêntico, em sequência, ao mRNA transcrito #n83 Tipo de coloração que produz Faixas C em Lromonsstnntm.
(exceto que o mRNA tem uracil em vez de timina). Veja fila- glnhlna Um componente essencial da molécula da bemo-
mento antissenso. globina. A globina é encontrada também na molécula de mio-
FÉ" em fibra Veja bibridização in situ fluorescente, fibra- globina dos vertebrados.
SIH x' Gfossárfo

MIDI) SNIUIÍIGII Moléculas encontradas nas superfícies de


eritrócitos, algumas das quais (ABO e Rb) determinam a com-
patibilidadepara a transfusão sanguínea.
guanl Uma das quatro bases nitrogenadas do DNA (abre-
viatura: C).
ÍIHPÍIIÍÍÍB
Refere-se a células que possuem uma cópia de cada
cromossomo, o estado típico para gametas. Em seres humanos,
o número haploide é 23.
haplnlnsullclêncla Situação em que 50% do nivel nonnal
de expressão genética (í. E., em um beterozigoto) não são sufi-
cientes para a função normal.
ÍIHFÍOÍÍPIIA constituição alélica de Inc¡ múltiplos em um úni-
co cromossomo. Derivado de "genótipo baploide”.

hélice dupla Ó fonnato em "escada retorcida" da molécula


de DNA de filamento duplo.
ÍIBIIB Ó componente da molécula de hemoglobina conten-
do ferro¡ liga-se ao oxigênio.
ÍIBIIIÍIÍQOÍO Refere-se ao gene que está presente em uma úni -

ca cópia (bemi "metadeãl. O termo se refere, mais usualmente,


=

aos genes no cromossomo único X masculino, mas pode se


referir a outros genes no estado haploide, como os genes ho-
mólogos a uma região deletada de um cromossomo.
hertlabllldade A porção da variância da população em um

traço que pode ser atribuída a fatores genéticos.


heredngrana Um diagrama que descreve parentescos fami-
liares, sexo, estado de doenças e outros atributos.
Iletemcrnmatlna Cromatinade coloração escura que, em geral,
se mostra inativa em tennos de transcrição e que consiste princi-
palmente em DNA repetitivo. Comparar com eucmmatina.
ÍIBÍBIIINIIIIIIÍÍIIB GOIISÍÍÍIIÍÍIB A beterocTomatina que con-
siste em DNA satélite,- localizada próximo aos centrômeros e
nos braços curtos de cromossomos acrocêntricos-

Internauta¡constitutiva Veja beterocromatina,constitutiva.


ÍIBÍBIOIÍÍÉIIÍ¡ A presença, em uma célula, de dois cromos-
somos derivados de um único genitor e nenhum cromossomo
do outro genitor (dissomiai. Na beterodissomia¡ os dois cro-
mossomos são aqueles bomólogos não idênticos. Comparar
com isodissomia.
ÍIEÍBÍIIQBIIBÍIÍÊIÍBaléllna Descreve os quadros em que alelos
diferentes em um locus podem produzir expressão variável de
uma doença. Dependendo da definição do fenótipo, a hetero-
geneidade alélica pode causar duas doenças distintas, como na
distrofia muscular de Duchenne e de Becker.
ÍIEÍBIIIQBIIBÍIMÍÍB, M685 Descreve doenças nas quais muta-
ções em loci distintos podem produzir o mesmo fenótipo de
doença
Glossário r' 319

homologla (í i] Reiere-se a sequências de DNA ou de amino- ÍIÍÉIÍHSB Porção do ciclo celular que se alterna com meiose
ácidos altamente similares entre si. (i2) Descreve cromossomos ou mitose (divisão celular). O DNA é replicado e reparado

que ionnam pares durante a meiose, um derivado do pai e ou- durante essa Fase.
tro derivado da mãe do indivíduo.
ÍIÍÍIIII Sequência de DNA encontrada entre dois éxons. Ele
ÍIIIIIÚÍIIQIIS Cromossomos que apresentam homologia. é transcrito em mRNA primário, mas é removido na formação
ÍIIIIIÚÍBÍIÊIIIETII Molécula que consiste em quatro (tetra) su-
do transcrito maduro do mRNA.
bunidades idênticas. Comparar com iretenotetrâmero. Inversão Rearianjo estmtural de um cromossomo no qual
homozlgoto Indivíduo cujos dois alelos em um locus são os
ocorrem quebras, seguidas pela reinserção do segmento
duas
do cromossomo, mas em ordem reversa. A inversão pode ser
mesmos. Comparar com beterozigoto-
paracêntricaou pericêntrica. Veja também inversão paracên-
Ilhas CÉ Sequências CC não metiladas e encontradas próxi- trica e inversão pericêntrica.
mo terminações 5' de muitos genes_
às
Imersão paraoêntloa inversão que não inclui o centrômero.
¡nrprlntlog QGIIÕIIÍBO Descreve o processo no qual o mate-
rial genético é expresso diferentemente quando herdado da Inversão perleêntrlea inversão que inclui o centrômero.
mãe e quando herdado do pai. ÍSÍIGÍIIIIÍIISSIIIIÍII Um rearranjo de cromossomos estruturais
ÍIIIIIOQBIIÉÍÍ Ó estudo da base genética do sistema imune. causado pela divisão de um cromossomo ao longo de um eixo
perpendicular ao eixo usual de divisão,- resulta em cromosso-
ÍIIIIIIIUQÍDHIÍÍIIG Receptor encontrado na superfície das cé- mos com dois braços curtos ou dois braços longos.
lulas B- Quando secretado na circulação por células B que te-
nham amadurecidc) em células do plasma, as imunoglobulinas ÍSUIÍISSIIIIIÍ¡ A presença, em uma célula, de dois cromosso-
mos idênticos, derivados de um dos genitores e nenbum do
são conhecidas como anticorpos.
outro genitor. Comparar com hetemdissomia.
ÍIIEÍWBÇÕII Íll X Processo pelo qual genes de um cromosso-
mo X em cada célula do embrião Feminino se tomam inativos ÍSÕHPI) Classe de moléculas de imunoglobulina (p. ex., IgA,
em termos de transcrição. igE, IgG) detenninada pelo tipo de cadeia pesada presente na
molécula.
ÍIIBBSÍD A combinação de indivíduos intimamente relacio-
nados, descrevendo geralmente a união de parentes de primei- MIIPBKIWÍ Modelo animal no qual um gene específico foi
ro grau.
desligado.
ÍIIIÍEPEIIIÍÊIIGÍB Um princípio, geralmente invocado em aná- Ientlvírus 'lipo de netrovírus que pode entrar em células que
lise estatística, indicando que a ocorrência de um evento não não se dividem.
tem efeito sobre a probabilidadede ocorrência de outro (adje- ligação Descreve dois loci localizados tão próximos no
tivo: independente). mesmo cromossomo que sua Frequência de recombinaçãr) é

llllãllçãll A influência ou determinação de desenvolvimento inferior a 50%.


de um grupo de células por um segundo grupo de células. ligado 30 SEXO Traço causado por genes nos cromossomos
Intluenelarlo pelo sexo Traço cuja expressão é modilicada do sexo [X ou Y).
pelo sexo do indivíduo portador da característica. ligado 30 X Reiere-se a genes que estão localizados no cro-

Inlblrlores de qulnases dependentes de olollna Proteínas mossomo X.

que inativam quinases dependentes de ciclina. Muitas delas "IIIÍÍBIIII pelo SEXO Traço expresso em apenas um dos sexos.
são supressoras de tumor (p. ex., P16, pll). uIIEs (elementos longos llteroalares) Classe de DNA re-
lIISBfçãll Sequência de DNA colocada em um vetor, como petitivo disperso no qual cada repetição é relativamente longa,
um plasmídeo ou cosmideo, usando técnicas de DNA recom- de até 7l<b. Com P arar com SlNEs.
binante. "MÍGÍM B (ÍHIÚÉIII, GÉÍIIÍH B) Um componente do sistema
Instalrlllrlade genünlea Quadro anormal no qual ocorre de adaptação imune que produz anticorpos_
aumento substancial em mutações em todo o genoma. isso "MÍGÍÍO Í arrxlllar 'lipo de liniócito T cujos receptores ade-
pode ocorrer, por exemplo, quando um sistema de
reparação rem a um complexo de moléculas MHC de classe il e de pep-
de DNA estiver incapacitado. tfdeos estranhos nas superliícies de células apresentadoras de
Intensllloador (errharroers) Sequência reguladora de DNA antígenos. Faz parte do sistema imune celular.
que interage com fatores de transcrição específicos para au- "IIÍÕGÍÍD T BÍÍMÕXÍGII Ó tipo A do liniócito T que destrói uma
mentar a transcrição dos genes. Comparar com silenciador.
célula quando ela apresenta um complexo de molécula MHC de
Interação gene-melo ambiente O efeito fenotrpieo mútuo classe l e um peptídeo estranho. Parte do sistema imune celular.
de um gene e de um Fator ambiental que e' maior que o efeito IIIIÍÍBÍÍO T (II GÉIIII¡ 'Í Um componente do sistema imune adap-
isolado de cada fator envolvido (p. ex, o efeito mútuo da de- tativo cujos reoeptores aderem a um complexo de moléculas de
Ficiência de antitripsina OL¡ e do consumo de cigarros no enti- NÍHC e de antígenos estranhos. Existem duas classes principais de
sema pulmonar). linlzócitos T: os linfócitos T auxiliarese os linfócitos T citotnúrdcos.
320 f Glossário

linhagem QEITIIÍÍW¡ Células responsáveis pela produção IIBÍDSB Processo de divisão celular no qual gametas baploi-
de gametas. des são formados a partir de células germinativas diploides.
"IIÍISSOIIB Corpo gorduroso usado, às vezes, como vetor mendellano Diz respeito a Gregor Mendel. Descreve um
para a terapia genética de células somáticas. traço atribuível a um gene isolado.
MBM¡ A localização do cromossomo de um gene especifico IIBSÊIMIIÍIIH Tecido que forma o tecido conjuntivo e vasos
(plural: lOCÍ). linfãticos e sanguíneos durante o desenvolvimento embrionário.
maorúfapo 'lipo de fagócito que fagocita corpos estranhos IIBÍHGÊIÍÍM Cromossomo no qual o centrômero está loca-
e os exibe em sua superficie para reconhecimento por recep- lizado aproximadamente no meio do braço do cromossomo.
tores das células T. IIQÍÍHSB Um estágio¡ da mitose e da meiose no qual cro-
malfomação Defeito morfológico primário que resulta de mossomos bomólogos são dispostos ao longo do plano equa-
um processo de desenvolvimento intrinsecamente anormal torial, ou placa da metãfase, da célula. Esse e o estágio mitóti-
(p. ex., polidactilia). co no qual cromossomos são condensados ao máximo e mais

mallgno Descreve um tumor capaz de invadir tecido circun- facilmentevisualizados.


dante e fonnar metástases para outros sítios no COTPU. Com- IIQÍÃSBSE A disseminação de células malignas de Lun sítio
parar com benigna. no [verbciz metastatizar).
corpo para outro
mapa DOMÍNIO Mapa fisico de uma região Lromossômica IIBÍÍÍÊÇÕO Ó anexo de grupos metil,- em genética, se refere
construído pelo isolamento de segmentos sobrepostos (con- especialmente ã adição de grupos metil a bases de citosina,
tiguos) de DNA. formando a 5 -metilcitosina A metilação está correlacionada à
mapeamento de dosagem Técnica para mapeamento de ge- transcrição reduzida de genes.
nes na qual o produto genético em excesso ou deficiente é cor- método Ile análise Ile pares de lnnãos afetados Método de
relacionado com Luna duplicação ou deleção cromossômica. análise de ligação [línleage] no qual pares de innãos, ambos afe-
tados pela doença, são avaliados quanto ã extensão de compar-
mapeamento de m¡ Itlpontos Tipo de mapeamento genético
no qual frequências de recombinaçãoentre três ou mais loc¡ são
tilhamento de alelos em vários loca' marcadores_ Se o compar-
estimadas simultaneamente. tilhamento for significativo, com mais frequência que os 50%
esperados, a ligação da doença com o marcador será indicada.
mapeamento ÍÍSÍGII A determinação de distânciasfisicas en-
IIÉÍIIÍIII IÍÍIÍBSIIXÍ Técnica para sequenciamento de DNA no
tre genes por meio de técnicas citogenéticas e moleculares.
Comparar com mapeamento genético, no qual se estimam as qual didesoxinucleotideos, que terminam a replicação, são in-
frequências de recombinação- corporados em filamentos de DNA em replicação.
mapeamento QEIIÉÍÍGII ordenação dos genes nos cromos-
A métodos de ¡oeuspara eamoterístloas quantltatlvas !viem-
somos de acordo com a frequência de recombinação. Compa-
do para descobrir genes (loci para traços quantitativos
rar com mapeamento físico.
mapeamento híhrloo de radiação Técnica na qual a radia-
ção ionizante e" usada para quebrar cromossomos humanos em
pequenas peças que são então bibridizadascorn cromossomos
de roedores. A distância fisica entre lou' é estimada avaliando-
se a frequência do encontro de dois locos juntos no mesmo

fragmento de cromossomo humano.


IIIBÍIÍNBS Polimorfismos, como RFLP (ipolimorfismo do
Tamanho do Fragmento de Restrição), VNTR (Polimorlismt)
de minissatélite), repetições microssatélites e grupos sanguíne-
os que estão ligados ao locus de urna doença.
maturação IÍB ailnldaile Fase do desenvolvimento das cé-
lulas B na qual a célula sofre mutação somática de modo que
algumas células formadas podem atingir ligação de alta alini-
dade a peptideos de um patógeno.
metllnlna PBISÍIIIHÍÍZMH Abordagem aos cuidados médicos
nos quais o tratamento é desenhado especilicamente para o

paciente individual. Em genética, o objetivo é incorporar o


perfil genético do paciente em decisões sobre o diagnóstico e
o tratamento.

IIIBQÉÍIBSG (Mb) Um milhão de pares de base.


Glossário / 321
!R$189 ÍSBIIÍÍIÍII IHIIIÍIÍIÍO) 'lipo de mutação que resulta mutação Alteração uma sequência de DNA.
em

em alteração de um único aminoácido no produto genético lllllhçãll espontânea Mutação não conhecida como resul-
traduzido. Comparar com mutação nonsense. tado de umfator exógeno. Comparar com mutação induzida.
mltooñndrla Organelas citoplasmáticas importantes na
IIIIÍBÇÃO frameshm Alteração de DNA na qual ocorre
respiração das células. As mitocôndñas possuem seu próprio uma duplicação ou deleção que não é múltiplo de três pares
DNA especifico. dC bBSC.
IIIÍÍIISB Processo de (livisão celular no q ual duas células de
Illllhçãll Imluzlda Mutação causada por um fator exógeno,
progênie idêntica são produzidas a partir de uma única célula como a radiação. Comparar com mutação espontânea_
progenittrra. Comparar com meiose-
modelo iHU-h" hluudelc) de carcino g ênese no q ual ambas as
mutação IIIWB Alteração na sequência do DNA que aparece
pela primeira vez em uma família como resultado de uma mu-
cópias de um gene devem ser alteradas antes que uma neopla- tação em uma das células germinativas dos progenitores.
sia possa se lion-nar.
mutação [IDIIÍIMI (I) Em genética molecular, a alteração de
Illldmçãllpós-tradicional Vários tipos de adições e de al- Lun nucleotideo único em um nucleotídeo diferente. (2) Em
terações de Lll'|'l polipeptideo que ocorrem depois que um trans- genética clássica., Luna alteração de sequência de DNA muito
crito maduro de mRNA é traduzido em polipeptidec: (p. ex., hi- detectada ao microscópio-
pequena para ser
droxilação, glicosilação,clivagem de porções do polipeptídeo).
molde Oll MMPÍÉÍB Um lilamentode DNA que serve de mo-
mutação SBIII SBIIÍÍIÍB (RODSGÉ) 'lipo de mutação que pro-
duz um códon de parada de mRNA, resultando em terminação
delo para a replicação de um novo filamento. Denota também
prematura da tradução, ou remoção desse códon, resultando
o Hlamento do DNA do qual o mRNA é transcrito-
em um produto proteico alongado. Comparar com mutação
IIÍIÍÉBIIÍB coestlmlladora Molécula da superHcie celular nzíssense.
que participa na ligação de receptores de células T a comple- mutação sllelclosa Alteração na sequência de DNA que
de antigenos MHC.
xos
não altera a sequência de aminoácidos, por causa da degenera-
molécula de adesão celular fvicrlécula da superficie da célu- ção do código genético.
la que participa na interação de células T e seus alvos. IIIIIÍHQÊIIÍGD Substância que causa mutação.
monoclonal Refere-se a um grupo de células que consiste em lã!) ÍÍÍIGGÍIIIIHIIBIM Descreve abordagem de aconselha-
a
um clone único (i. e., todas as células derivam da mesma célula
mento genético na qual as intonnações são fornecidas a uma
ancestral única). Familia, enquanto as decisões sobre reprodução são deixadas a
IIIIHQÊIÍGII Descreve um traço de gene único, ou mendeliano. cargo da Família.
IIOIIIIIÍI Condição aneuploide na qual um cromossomo Iãll dlilllllçãú Falha na separação de cromossomos homó-
especlhcc) está presente em apenas uma copia unica, dando ao
;T a - .- -

logos (em mitose ou meiose l] ou de cromátides irmãs (em


indivíduo um total de 45 cromossomos. meiose ll). Pode produzir aneuploidia.
IIOIIIIZÍQÍÍÍIHI
Descreve um par de gêmeos no qual os dois IBQHÍÍWI dominante Tipo de mutação na qual o produto
membros derivam de um zigoto único. Sinônimo de gêmea proteico alterado em um heterozigoto Forma um complexo
idêntico. Comparar com dizigóticn. com o produto proteico normal produzido pelo gene homolo-

IIIKÍIIQÊIIBSB Cl processo de desenvolvimento de uma célu- go normal, por isso incapacitandtr-o.


la, órgão ou organismo. neoplasia (Ill tllllllll' Grupo de células caracterizadas por
mnsalclsmo confinado à placenta Forma de mosaicismo proliferação desregulada (pode ser benigna ou maligna).
observada na placenta, mas não no teto. Ieurnflhrnmlna Ó produto proteico do gene da neurotibro-
IIÍGI) A existência de duas ou mais linhagens celulares matose do tipo 1.
geneticamente diferentes em um individuo. Ienrulaçãn Fomração do tubo neural durante o desenvolvi-
IIIISÊÍBD BSIIEGÍHGII IÍB MENU Mosaico no qual o mosaicis- mento do embrião.
mo é con finado a apenas tecidos especificos do corpo. BNÍHHB ÕÍDÍÍMJ Ensaio de expressão genética no qual o
nico, llnhagem yennlnatlva Tipo de mosaico no qual a mRNA em um Hot e' hibridizado com explorador rotulado.
linhagem germinativa de um indivíduo contém um alelo que IIIIBÍBIISSBIIII Unidade estrutural de cromatina na qual 140 a
não está presente nas células somãticas- 15U bp de DNA são enroladas ao redor de uma unidade central
IIOÍÍVIIS IÍB Ilgaçãn 30 IIIIA porções de Fatores de transcri- de oito moléculas de histona.
ção que permitem sua interação com sequências especificas de IIIBÍBIIÍÍÍÍBII Unidade básica de DNA ou de RNA consistin-
DNA (p. ex., motivo hélice-alça-hélice,motivo zincjingtr). do em uma desoxirribcxse ou ribose no caso do RNA Lun I'

mnltlfalorlal Descreve traços ou doenças que são produto grupo fosfato e base de nitrogênio.
uma

das interações de múltiplos fatores genéticos e ambientais DHQOIIIGÍBDÍÍIÍBO Sequência de DNA consistindo em LIJTI

(p. ex., defeitos do tubo neural). pequeno número de bases de nucleotídeo.


322 x' Glossário

ollgonuoleotfdeoespecífico Urna sequência curta de DNA,


geralmente de 18 a 20 nucleotfdeos, que se hibridiza com se-
quências de DNA nonnais ou causadoras de doença. Usada
em diagnóstico direto de mutações.

DIGBQBIIB Gene que pode transformar celulas em um estado


altamente proliferativo, levando ao câncer.
MQGIIDQÊIIBSB A formação de órgãos durante o desenvolvi-
mento embrionário.

orlgem É¡ replleação Ponto no qual a replicação começa


em um filamento de DNA¡ nos eucariotas, cada cromossomo
te111 várias origens de replicação.

ÍWÕBÍÍD [Ifilllâill O produto diploide de um ovogônia. To-


dos os oócitos primários são produzidos na fêmea dulante o
desenvolvimento pré-natal,- eles sofrem meiose i para produzir
(JVÕCÍÍUS secundários quando tem inicio a ovulação.
ÍWÕBÍÍO SGGIIIIIÍÕIÍD Célula contendo 23 cromossomos de fi-
lamento duplo, produzida de um ovócito primário após meio-
se i na fêmea.
ÍWOQÊIIGSE Processo de produção de óvulos.
ovopünla A célula primordial da linhagem germinativa di-
ploide da quai derivam, por fim, os óvulos.
[HÍÍIIIIMIIII Sequência de DNA cuja sequência complementaréa
mesma se lida em sentido inverso (p. ex., Í-AATCLCCÍ-CATT-SÕ_

panmlxla Descreve uma população na qual indivíduos se ca-


sam aleatoriamente quanto a um genótipo especiíico.

|13|' de MSG
Glossário / 323

[IIIÍÍPBPÍÍÚ Uma série de aminoácidos unidos por ligações NOÍII-ÍIIIGIIQBIIB Gene cujo produto proteico está envolvi-
de peptídeos. do na regulação do crescimento celular. Quando alterado, um
pollploldla Anonnalidade LTOITICZJSSÔMÍCE na qual número de proto-oncogene pode se transfonnar em um oncogene causa-
cromossomos em uma célula e' múltiplo de 13, mas maior que
dor de câncer.
o número diploide (p. ex., triploidia [69 cromossomos no bo- DSBIIÍDQBIIB Gene que é altamente similar em sequência
mem] e tetraploidia [92 cromossomos no bomemII. a outro gene ou genes, mas que Ficou inativo, em tennos de

[IIIIIÍII IÍG QIIBÍIIB Em um cromossomo, o local em que ocor- transcrição ou de tradução, em virtude de mutações.
reu uma translocação. DSBIIÍDIIIÍGÍSIID indicação falsa de mosaicismo Fetal,
causado por um artefato de cultura celular.
pllfhüllf A pessoa que possui Luna cópia de um gene cau-
sador de doença, mas que não expressa a doença. O tenno PIIIÍIIB As duas bases de DNA (também RNA), adenina e
é geralmente empregado para indicar beterozigotos para um guanina_. que consistem em anéis duplos de carbono-nitrogê-
gene recessivo de doença. nio. Comparar com pirimidina.
portador olirlgado Indivíduo conlirmado como portador de IIIIBIÍEIÍII de PIIIIIIBÍÍ
Tabela que especifica os genótipos que
um gene causador de doença (geralmente na base do exame podem surgir dos gametas auxiliadospor um par de indivíduos
do pedigree), mas que pode ou não ser afetado com o fenótipo combinantes.
da doença.
IIIIHSE-UIIIIIÍIIHIÍE Padrão de herança que parece ser autos-
posição ndldata Abordagem de mapeamento genético na sômico dominante, mas que_, na realidade, e autossômict) re-
qual se usa a análise de ligações para delinir a localização apro- cessivo. Geralmente, é o resultado de uma combinação entre
ximada do gene. Genes candidatos conhecidos na região são um homozigoto afetado e um beterozigoto.
então avaliados quanto ao seu possível papel na manifestação
do traço ou da doença sob análise.
IIIIBNÉ IÍE GIIIIIIIISSIIIIIIIS A Fratura de cromossomos¡ essa
quebra aumenta na presença de clastógenos.
prime o¡ Inlolador Sequência de oligonucleotídeos que miehras de IIIIA de filamento duplo Tipo di: quebra di: DNA
flanqueia qualquer um dos dados do DNA a ser ampliiicada na qual os dois filamentos são quebrados em LllTl local especifico.
por reação em cadeia da polimerase.
qulasma A localização de um cruzamento entre dois cro-
prlnoíplo de IIardy-Welnherg Princípio que especifica Luna mossomos homólogos durante a meiose.
relação de equilíbrio entre Frequências genéticas e Frequências
de genótipos nas populações. IIIIÍÍIIÍIBSG (kh) Uma centena de pares de base de DNA.
[IÍIIÍIBÍIÍÍÍÚBÚB A proporção de vezes em que Lun evento es- qulnasesdependentes de olollna Enzimas que fumam com-
pecílico ocorre em vários ensaios clínicos. plexos com ciclinas específicas para Íostorilar proteínas regula-
doras [como a pRb) em estágios específicos do ciclo celular.
prolialillldade oondlolonal A probabilidade de um evento
ocorrer, admitindo que outro evento já oconeLL As probabilida-
radlação ÍIIIIÍZBIÍB Tipo de emissão de energia capaz de re-
mover elétrons de átomos, causando assim a tonnação de íons
des condicionais são usadas, por exemplo, no teorema de Bayes.
(p. ex., raios-X)-
[IÍIIÍIBÍIÍÍÍÍÍBÍÍBBDIIIIIIÍB A probabilidadede ocorrência con-
junta de dois eventos. radlação não ÍIIIIÍIZIIÍB Tipo de emissão de energia que não
remove elétrons de átomos, mas que pode alterar suas órbitas
prohabllldade posterior Na análise bayesiana, a probabili-
(p. ex., radiação ultravioleta).
dade tinal de Lun evento após a consideração das probabilida-
des anterior, condicional e conjunta. lçãll oruda A ligação de um anticorpo a um antígeno
que não é aquele que estimulou originalmente a fonnação de
prohabllldade NÊVÍE Em análise bayesiana, a probabilidade
anticorpos. Esses antígenos são geralmente muito semelhantes
de ocorrência de um evento, estimada antes que qualquer in- ao antígeno que gerou o anticorpo original.
formação adicional, como um teste bioquímico de portador,
seja incorporada. reação el¡ dela da pollmerase (PGR) Técnica de amplifica-
ção de Lim grande número de cópias de uma sequência específica
proliando Em um pedigree, a primeira pessoa a ser identiiicada de DNA tlanqueadas por dois primers (ou iniciadores) de oligo-
clinicamente como portadora da doença em questão. Sinôni- nucleotídeos. O DNA é alternadamente aquecido e resfriado na
mo de propósito e de caso índice.
presença da DNA polimerase e de nucleotídeos Íivres (dNTPs),
[IÍÍÍÊSG Ó primeiro estágio da mitose e da meiose. de modo que o segmento do DNA especificado é desnaturado,
bibridizadocom primers e estendido pela DNA polimerase.
promotor Sequência de DNA localizada a 5' de um gene
ao qual a RNA polimerase adere para iniciar a transcrição do rnanjos SIÍIÍBÍÍIIIIÉTÍS Alterações de cromossomos,
DNA em mRNA. principalmente deleções e duplicações que ocorrem próximo
aos telômeros e que podem causar doença genética.
propósito Veja probando.
[IÍIIÍBÍIIB IIIÍIBSB Enzima que iostorilaresíduos de serina, de ÍBBBPÍIII' Estrutura na superliície das células que adere a par-
treonina ou de tirosina nas
tículas extracelulares.
proteínas.
324 x' Glossário

ÍBBBPÍII' ÍÍO ÍHÍIII' IÍB GIBSBÍIBIIÍII Estrutura existente na su- IBÇBÍÍÇÕII em tandem sequências de DNA que (Jcorrem em

perfície das células, às quais os Íatores de crescimento podem cópias múltiplas próximas, uma atrás da outra. Comparar com
aderir- DNA repetitivo disperso.
ÍBBBSSÍVII Um alelo que é lenotipicamente expresso somen- repetlçãn expandida Tipo de mutação na qual aumenta o
te no estado homozigoto ou hemizigcrto_ Ó alelo recessivtr é número de repetições de trinucleotídeos em tandem (p. ex.,
mascarado por um alelo dominante quando os dois ocorrem doença de Huntington).
juntos em um heterozigoto_ Comparar com dominante. replicação O processo no qual uma molécula de DNA de
reoomblnaçãn A ocorrência, entre a prole, de novas com- filamento duplo é duplicada.
binações de alelos, resultando de cruzamentos que ocorrem IESÍIÍÇÕI) dll Mill: A limitação de Funções da resposta imune 'às
durante a meiose dos genitores.
interações mediadas pelo MHC (p. ex., a ligação de receptores
reoomblnaçãn ou msmo-omdeslglal Cruzamento en- de células T é limitada ao MHC porque exige a apresentação de
tre sequências de DNA inadequadamente alinhadas¡ produz antígenos pelas moléculas de classe l ou de classe ll do NlHC).
deleções ou duplicações de material genético_ ÍBÍÍIWÍÍIIS 'lipo de vírus de RNA que pode transcrever inver-
reoomhlnaçãn somátlca A troca de material genético entre samente seu RNA em DNA para inserção no genoma de uma
cromossomos bomólogos durante a mitose em células somáti- célula hospedeira¡ útil como vetor para a terapia genética-
cas¡ mais rara que a recombinação meiótica- IBVÍSÕÍI de [IÍIWES (PÍMÚEÊÉMQ) A correção de erros que
reoomblnações bot spot [preterenolals] Região de um cro- ocorrem durante a replicação, a transcrição ou a translação.
mossomt) na qual a frequência de recombinação é elevada-
IÍÍIIISSIIIIII) O local de tradução do RNA mensageiro maduro
IEBIIIIIÍJÍIIBSB Enzima que ajuda a efetuar a recombinação em sequências de aminoácidos.
somática (especialmente importante em linltícitos B e T). rlhozlma Urna molécula de mRNA com atividade catalftica.
IBÍIIIIIÍÕIIGÍZ QBIIÉÍÍBB A existência de mecanismos ou vias Algumas ribozimas podem ser usadas para clivar o mRNA em
genéticas alternados que podem compensar quando um meca- terapia genética de células somáticas.
nismo ou via for incapacitado. ¡|50|! de IBBDIIÊIGÍR A probabilidadede produção de outra
região de controle de locus Sequência de DNA na região 5' prole afetada em Famílias nas quais uma ou mais proles afetadas
de aglomerados de genes de globina, envolvida na regulação já tenham sido produzidas.
de transcrição_ "S00 BIIIPÍÍÍGII Estimativa de risco baseada em :observação
região IISBIUOSIIÍOSSÔIIÍGB A terminação distal de um bra- direta de dados.
ço curto do CTOTnüSSOmD Y, o qual strlre cruzamento com a Em de ÍIIÍBHBÍÊIIGÍB (IIIIAI) Método pelo qual uma sequência
terminação distal do braço curto do cromossomo X durante a de mRNA é reconhecida e destruída por um complexo de pro-
meiose no macho. teínas existindo naturalmente em células eucarióticas. A RNAi
|35|? da multlplloação Lei de probabilidades segundo a pode ser usada para bloquear a expressão de genes especíñcos
qual a probabilidade da ocorrência concomitante de dois ou ou, em termos de terapia genética, de mutações de ganho de
mais eventos independentes pode ser obtida multiplicando-se Função.
as probabilidadesindividuais de cada evento. “HA IIIBIISBQGÍM [MRÍM] Uma molécula de RNA Formada da
IIÇH de ¡IÍÇÃII Lei de probabilidadesque estabelece que a pro- transcrição do DNA. Antes da remoção dos íntrons, o mRNA
babilidade da ocorrência de um ou de outro episódio deriva por é denominado transcrito primário,- após essa remoção, o trans-
adição das probabilidadesdos dois episódios juntos, asstunindo- crito maduro [ou o mRNA maduro] continua para o citoplas-
se que os episódios ocorram independentemente um do outro. ma, onde é traduzido em Luna sequência de aminoácidos.
reparação de paeaneltos errados de mu¡ Um tipo de re- “A [IÍIÍIIIBTBSB
Enzima que adere a um sítio promotor e

paração de DNA no qual os erros de nucleontídeos (i. e., vio- sintetiza o RNA mensageiro a partir do molde do DNA.
lações da regra complementar de pareamento de bases G-C “A IHNISSÚIIIÍGII “ml” Compõe o ribossomo, em conjun-
e A-T) são corrigidos por enzimas especializadas.
to com as moléculas de proteína.
reparo de DNA Processo pelo qual os erros na sequência do “A ÍMIISDOIÍHIÍIII'(tlllm) Classe de RNA que ajuda a mon-
DNA são alterados para representar a sequência original. tar uma cadeia de polipeptídeos durante a tradução. A porção
reparo de ezolsão de nunleotídeo 'Pupo de reparo de DNA de anticódon do tRNA adere a Lun códon complementar do
no qual grupos alterados de nucleotideos, como os dimeros de mRNA, e a tenninação 3' da molécula do tRNA adere a um
pirimidina, são removidos e substituídos por nucleotídeos com aminoácido especílicvo.
Funcionamento apropriado.
[MIRIM-BNB A desmontagem de um gene específico de
reparo MMBBÍBÍI Processo de reparo de DNA no qual nu- modo a eliminar sua expressão-
cleotídeos mal combinados são alterados para se tomarem
SEQIBQGÇÃO Distribuição de genes de cromossomos homú-
complementares. logos para gametas diferentes durante a meiose.
Glossário / 325

segregação ad|aeente Padrão de segregação meiótica no SÍIIBPSE O pareamento de cromossomos bomólogos duran-
qual o pareamento de cromossomos translocados leva a game- te a próiase l da meiose.
tas desequilibrados. Comparar com segregação alternada. SÍIIIÍIUIIB Um padrão de malformações ou defeitos primários
segregação BÍÍGIIIBÍÍB Padrão de segregação meiótica no múltiplos que resultam de uma única causa subjacente (p. ex.,
qual o pareamento de cromossomos translocados leva a game- síndrome de Down, sindrome de hiarian).
tas equilibrados-Comparar com segregação adjacente. síndrome da llstabllldatle de cromossomos Doenças ca-
segregação Independente Um dos princípios fundamen- racterizadas pela presença de grandes quantidades de quebra
tais de Mendel ,- estabelece que os alelos em lot¡ diferentes são ou troca de cromossomos, como a troca de cromátides irmãs
transmitidos independentemente um do outro. (ip. ex-, síndrome de Bloom).
segregação IGPÍÍBEÍÍIZ Retere-se a alterações nas propor- síndrome do gene contínuo Doença causada pela deleção
ções de diferentes alelos de DNA mitocondrial ã medida que a ou duplicação de genes consecutivos múltiplos. Veja também
mitocôndria se reproduz. micmdeleção.
SBlBçãll IÍÍÍEÍ¡ de En” Método de detecção de éxons no sIIEs [elementos curtos lnterealares) Classe de DNA re-
qual um tragrmentt) de DNA genõmico inserido em um vetor petitivo disperso no qual cada repetição é relativamente curta.
como um YAC é bibridizado com cDNA¡ a lribridizaçãt) e a Comparar com LiNEs-
seleção identificam as regiões do fragmento de DNA genômi- SÍMÊMGO Descreve dois loc¡ localizados no mesmo cromos-
co que corresponde ao cDNA (i. E._, DNA contendo éxonsí).
podem ou não estar ligados.
somo¡ eles
seleção natural Processo evolucionário no qual os individu- SÍSÍ BMIIIÍBIIIBIIÍO Um componente do sistema imune
os com genótipos Favoráveis produzem um número relativa-
codificado por genes na região MHC da classe Íll e que pode
mente maior de proles sobreviventes. destmir organismos invasores_ O sistema do complemento in-
SEIlGSGBIIÍB idoso (p. ex., uma célula velha, ou senescente). terage também com outros componentes do sistema imune,
SEIISÍÍIÍÍMHIÍE A porcentagem de individuos afetados e cor- como anticorpos e iagócitos.
retamente identificados por um teste (verdadeiro-positivos). SÍSÍBIIII Imune &UBDÉUW A porção do sistema imune capaz
Comparar corn especificidade- de alterar sua sequência de DNA para aderir mais efetivamente
SBIISÍÍIÍÍÍIÍHIÍEde IÍOSBQBIII Condição na qual a alteração do a particulas estranhas. Essa porção inclui os componentes bu-

nivel de um produto genético (p. ex., uma deleção resultan- moral e celular. Comparar com sistema imune inato.
do em 50% de expressão ou uma duplicação resultando em SÍSÍ ÍIIIIIIIE celular 0 componente das células T do sis-
expressão de 150% do produto genético) provoca alteração tema imune adaptativo.
substancial do fenótipo (incluindo a doença). slst Imnne humoral O componente de celulas B do sis-
separador de emnatlna Elemento regulador capaz de des- tema imune adaptativo, denominado humoral porque os anti-
condensar ou "abrir" regiões de cromatina. corpos são secTetados na circulação.
SBÍIIIÊIIBÍ¡ (anterionnente nnomalad) Defeito primário com SÍSÍBIIII ÍIIIIIIIB ¡lah! A porção do sistema imune que não
alterações estruturais secundárias em desenvolvimento (ip. ex., altera suas características para responder a infecções. Parte
sequência de (Jligoidrãmnit), sequência de Pierre-Robin). principal da resposta imune inicial. Comparar com sistema
imune adaptativo.
SBQIIÊIIBÍ¡ de BOIISBIISII Sequência que denota as bases de
DNA vistas com mais Frequência em uma região de interesse. sitio HGBIIÍOI' Sequência AC que define o sítit) de encaixe na
As sequências encontradas próximas a sítios de doador e sí- tenninação 3' de um fntron.
tios aceptores são um tipo de sequência de consenso. sitio alternativo de spnelng Variação na localização de si-
SEQIIÊIIBÍB U6 DNA A ordem das bases do DNA ao longo de tios de encaixe de introns-éxons em alguns genes que permi-
LlITl LTOTTICJSSUITI(J- tem que um gene produza múltiplos produtos proteicos dife-

SBQIIÊÍIBÍB IÍB tennllação Sequência de DNA que sinaliza a rentes_

cessação da transcrição. sítln BIÍDÍIM de spilefng Sítio no qual pode ocorrer um en-
SBQIIBIBÍHIIBIÍO IÍB GEFÍÍHIBS Um método de sequenciamen- caixe intron-éxon quando o sítio de encaixa usual for altera-
to de DNA no qual o DNA migra atraves de um tubo capilar fino
do.
para separar Fragmentos de DNA de comprimentos diferentes. sítio lie llllhçãlldll SPÍÍGÍIIÇ Alterações de sequência d.e DNA
sítios doadores ou sítios receptores ou nos sitios de consen-
seqlenelailentode IIIIA automatizado Técnicas de sequen- em

ciamento de DNA nas quais procedimentos automatizados, so próximos. Essa mutação produz encaixe alterado de íntrons,
como a varredura a laser computadorizada, são Lrsados para for-
de modo que porções de éxons são deletadas ou porções de ín-
trons são incluídas no transcrito maduro do mRNA.
necer resultados de sequência de DNA mais rápidos e precisos.

sllenelador Sequência de DNA que adere a fatores de sitio de reeonheelmentn Veja sítio de restrição.
transcrição especí ticos para reduzir ou reprimir a atividade de sítio de restrição Sequência de DNA clivada por endonu-
certos genes. Comparar com intensiiicador (cnhancer). clease de restrição especifica.
326 x' Glossário

sitln IÍIIÉIÍIII' A sequência GT que define o sitio de encaixe ÍBTZÍÕQEIIO Substância no meio ambiente que pode causar
na terminação 5' de um íntron. um defeito congênito.
sitlos de sequência marcados (Sms) sequências de DNA ÍHBÍÕQBIIO Substância que pode induzir a quebra de cro-
de várias centenas de pares de base Hanqueados por prepara- mossomos (p. ex., radiação).
dores de PCR. A localização dos cromossomos foi estabeleci-
ÍHBÍOÍOUÍB O estudo de fatores ambientais que causam de-
da, tornando-os úteis como indicadores de posições Físicas no feitos de nascença ou malformações congênitas.
genoma.
ÍBSÍB de ÍÍIIIGHIIIBIIÍII IÍE [ITOÍBÍIIBS Teste de detecção de
SIIIEIIOÍIIB Estrutura de DNA enrolado consistindo
um em
mutações no qual o produto proteico codificado é traduzido
cerca de seis nucleossomos. artificialmente para revelar a presença de mutações causadoras
SIJIIIÍB Em genética molecular_, uma substância marcada, de truncamento p. ex., as mutações nonsense ou frmrresbift).
como Lun segmento de DNA., usada para identificar um gene, ÍÉÍMIÍB O conjunto de quatro cromátides homologar; (duas
um transcrito de mRNA ou um produto gênico (geralmente
cromáti des irmãs de cada cromossomo bomólogtú (JlJSCTVBdUdu-
por bibridizaçãoda sonda com o DNA-alvo). rante a prólase meiótica e a metãtase l. Sinônimo de bivalente.
southern transfer (também southern Mai] Procedimento ÍBÍÍQÍÍIÍIÍÍ¡ Condição de poliploidia na qual o individuo:
de laboratório no qual fragmentos de DNA submetidos an- cada célula,
tem quatro cópias de cada cromossomo em em
teriormente a eletroforese por gel são transferidos para Luna total de 92 cromossomos.
um
membrana sólida, como a nitrocelulose. O DNA pode então
ser hibridizado com uma sonda marcada e exposto: ao raio X
Ílllllla Uma das quatro bases nitrogenadas do DNA [abre-
viatura: T).
(um autorradiograma).
SIÍIIIBÍBGÊIIÍIÍGII Um cromossomo no qual o centrômero traço QIIRIIÍÍÍBÍÍVII Característica que pode ser medida em

está localizado mais próximo de uma tenninaçãt) do braço escala continua


do cromossomo que da outra. Comparar com metacêntñco
e acrocêntrico.
sllrstllrrlçãn de par de base A substituição d.: um par de
base por outro- Um tipo de mutação.
SIDIBSSIII' de Íllllllll' Gene cujo produto ajuda a controlar o
crescimento e a proliferação celular¡ mutações em supressores
de tumor podem levar ao câncer (p. ex., gene do retinoblas-
toma, R314).
ÍBÍÕÍBSB Ó estágio principal final da mitose e meiose, no
qual cromossomos lilbos estão localizados em bordas opostas
da célula, com a formação de novos envelopes nucleares.
ÍBÍDIIIEIÍSG Uma enzima transterase que substitui as sequên-
cias de DNA em telômeros durante a divisão celular.
telõmero A terminação de um cromossomo.
teorema UE EHIGS Um procedimento estatístico no qual
probabilidadesanteriores e condicionais são Lrsadas para deri-
var uma estimativa melhorada de probabilidade ou de risco.

ÍBÍHIÍÊ BIIÍÍSSBISII Tipo de terapia genética de células so-


máticas na qual um oligonucleotídeo é sintetizado para híbri-
dizar com uma sequência mutante de mRNA, bloqueando sua
tradução em proteina.
terapla QEIIÉÍÍGB A inserção ou alteração de genes para cor-
rigir Luna doença.
terapla genética, células sorlátlcas Terapia genética que
altera células somáticas, mas não as células da linhagem ger-
minativa. Comparar com terapia genética, linhagem germi-
nativa.

terapia genética, Ilnhagemgennllathm Terapia genética que


altera todas as células do corpo, incluindo as da linhagem genni-
nativa. Comparar com terapia genética, células somáticas.
Grassário / 327

material. Os portadores de translocações recíprocas mantêm troca de oromátldes Imãs Cruzamento entre cromátides
o número normal de cromossomos e a quantidade normal de irmãs¡ pode ocorrer ou em LTomátides irmãs de uma tétrade
material cromossômico. durante a meiose ou entre cTomátides irmãs de Lll11 cromosso-
ÍHIISÍIIGBÇÍBHIÍIBIÍWIIÍBIB Translocação na qual braços
os
mo somático duplicado_
longos de dois cromossomos aLTocêntricos são fundidos no Veja neoplasia.
ÍIIIIIIII'
centrômero¡ os braços curtos de cada cromossomo são perdi- nltrassonogrolla Técnica para visualização fetal na qual on-
dos. 0 portador dessa translocação tem 45 cromossomos em das sonoras são transmitidas através do feto e seLLs padrões de
vez de 46, mas é normal em termos de fenótipo, pois os braços
reHexão são exibidos em um monitor.
curtos não contêm material genético essencial.
valor prognóstico negativo Em triagem de uma doença, a
ÍIÊIISÇIISOII Veja elemento móvel. porcentagem de individuos com resultado de testes negativos
ÍIÍGQBIII da população A verificação de populações em larga e que realmente não têm a doença. Comparar com valor prog-
escala em relação a uma doença- nóstico positivo.
ÍIÍMBIII ÍB IBBÉIHIBSGMDS VeriFicaçãcJ por testes na popu- valor prognóstico posltlro Entre os individuos identificados
lação de recém-nascidos para uma determinada condição como por Lun teste como portadores de uma doença, a porcentagem
PKU (ienilcetonúria),que é detectável logo após o nascimento. dos que realmente têm a doença. Comparar com valor prog-
A triagem expandida de recém-nascidos se refere ao uso de téc- nóstico negativo.
nicas, como a espectmmetria de massa em tandem., que permite varlação do número de oúpla (VIC) sequências di: DNA de
a triagem de um número maior de condições nessa população.
1.000 ou mais pares de base presentes em números variáveis
triagem erpamlloa de receio-nascidos Veja triagem de em individuos diferentes_
recém-nascidos.
variação no número Ile repetições em tendem Minis) Tipo
ÍIÍGQBIII QGIIÉÍÍ A verificação em larga escala de popula- de P olimorlismt) criado P or variaG:'ões no número de re P eti-
ções definidas para identificar quem está em risco aumentado ções de minissatélites em uma região definida.
de possuir um gene causador de doença. varlãnola Medida estatistica de variação em uma quantida-
ÍIÍBQBIII quáilrupla Teste de triagem para sindrome de Down de, estimada como a soma das diferençasao quadrado do valor
no Feto e para várias outras condições, que pode ser realizado no médio.
soro matemo durante a gestação. A triagem quádmpla testa os HITBIÍIIÍE genümloa Abordagem por mapeamento genômi-
niveis séricos maternos de estñol não conjugado, gonnadotrofina
co na qual marcadores de todo o genoma humano são testados
coriônica hLunana, inibinaA e a-ietoproteina sérica materna.
quanto à ligação com um fenótipo de doença.
trltosfato de gnanoslna (ETP) hrlolécula exigida para a sín- VEMBIÍBÍTO-IIBQIÍWD Teste que identifica corretamente um
tese de ligações de peptídeos durante a translaçãt).
indivíduo como não sendo portador de uma doença. Veja tam-
ÍIÍPÍDÍIÍÍB Uma condição polipoide na qual o indivíduo tem bém especificidade.
três copias de cada cromossomo em cada célula, para um total
de 69 LTomossomos.
VBHÍBIÍBÍTII-PDSÍÍÍVII Teste que identilica corretamente um
indivíduo como sendo portador de uma doença. Veja também
ÍIÍSSOIIIÍB Condição aneuploide na qual indivíduo possui
o sensibilidade-
uma cópia extra de um cromossomo, para um total de 4.7 cro-
mossomos em cada célula.
rerltloação QBIIÉÍÍE¡ A análise do DNA, do RNA ou de pro-
teínas quanto à presença de diferenças que possam causar uma
trlssomla parolal Anonnalidade de cromossomos na qual doença genética.
uma porção de um cromossomo está presente em três cópias,-
UEM! O veiculo LLsado para carregar Luna inserção de DNA
pode ser produzida por translocaçãr) recíproca ou cruzamento (ip. ex., iago, plasmideo, cosmideo, BAC ou YAC).
desigual- Veja também translocação recíproca e cruzamento-
vírus adenoassoolaoo Um tipo dC parvovirus usado, às
tro de M3888 Processo no qual as cadeias pesadas de lin-
vezes, como vetor para terapia genética de células somáticas.
fócitos B mudam de uma classe, ou isôtopo, para outra (p. ex.,
lgM para lgG). !MMO O óvulo iertilizadc) diploide.
RESPOSTAS DAS QUESTÕES PARA ESTUDO

CAPÍTULO 2 homólcigos não se pareiam durante a mitose, e o Crossing-


1. A sequência do mRNA é SÍCAC- AAG AAA AUU AAC over na mitose e' extremamente raro.
AUG UAA-B' (lembre-se de que a transcrição acontece na Cada divisão mitótica dobra o número de células no em-
direção DNA, permitindo que o mRNA
3'- 5' da lita de brião e111 desenvolvimento. Assim, o embrião prossegue de
seja sintetizado na direção 5' para 3'). Essa sequência do 1 para 2, para 4, para 8 células, e assim por diante- Após n
mRNA é traduzida na direção 5' para 3' para fornecer a divisões, existem 2" células. Por exemplo, após 10 divisões
seguinte sequência de aminoácidos: Gln-Lys-Lys-lle-Asn- existem 2”, ou 1.02.4 células. Nós queremos um valor de n
Met-PARADA- que satisfaça a relação 2": 10”. Uma forma de encontrar
O _genoma é a soma de nosso material genético. Ele é com- esse resultado é adicionar valores de n até atingir 10”.

posto de 23 pares de cromossomos nucleares e do DNA A forma mais elegante é usar logaritrrros comuns em ambos
mitocondrial. Cada cromossomo contém um número de os lados da equação, formando nlogü) = Inllog( 1 O). Uma vez
gmes, a unidade básica da hereditanedade. Ós genes são que o logaritmo de IO é 1, nós chegamos à relação n: 14.¡
compostos por um ou mais éxons¡ os ótans se alternam logü). Assim, n 46,5. Esse resultado, aproximadamente 46
:

corn os fntrons. Ós éxons codificam os cátions do mRNA, a 47 divisões celulares, e' apenas Lll'l1 valor midia. Algumas

os quais consistem em três nucieotfdtos cada. É importante linhagens celulares se dividem mais vezes do que outra, e
lembrar que os padrões de enovelamento do DNA também muitas células são substituídas ã medida que momem.
produzem uma hierarquia: os cromossomos são compos- Um total de 400 espermatozoides maduros e 100 óvulos
tos por alças de cromatina de 100 lala, que por sua vez são maduros serão produzidos. Cada espermatócito primário
compostos por solenoides. Cada solenoide contém aproxi- produz quatro espermatozoides maduros, e cada ovócito
madamente seis nucleossomos. Cada nucleossomo possui primário produz apenas um óvulo maduro [os outros produ-
cerca de 150 pares de base de DNA e pode ou não incluir tos da meiose são corpúsculos polares que se degeneram).
Lun material codificador.

Aproximadamente 55 “Ka do DNA humano é formado por CAPÍTULO 3


sequências repetitivas cuja função¡ ainda e' desconhecida. 1. A mutação l é mutação sem sentido no quarto co-
uma
0 DNA de cópia única inclui genes que codilicam protei- don, que produz a terminação prematura da tradução. A
nas, mas em sua maioria apresenta sequências extragênicas mutação 2 é uma mutação na matriz de leitura UrmMSbQCI) no
e fntrons que não codificam proteinas. Uma vez que cada terceiro códon_ A mutação 3 é uma mutação sem sentido
célula apresenta Luna função especializada, a maioria tem segundo códon.
apenas um número limitado de produtos proteicos. Assim, As mutações da transcrição geralmente reduzem a produ-
apenas uma pequena porcentagem do DNA codilicante é ção de um produto genético, mas frequentemente não o
transcricitmalmente ativo em qualquer momento- Essa ati- eliminam completamente. As mutações de transcrição no
vação é controlada por elementos como os fatores de trans- gene da B-globina geralmente produzem Bütalatssemia,
crição, intensiiicadores (mbanctrs) e promotores. uma condição na qual há alguma produção das cadeias
A mitose é um processo de divisão celular em que uma cé- da B-globina. A Bütalassemia tende a ser menos grave do
lula diploide produz duas células lilha diploides. Na meio- qu:: a I3“-talassemia. As mutações sem sentido só alteram
se, a célula diploide produz uma célula haploide (gametas). um único aminoácido em uma cadeia de polipeptidios,
A meiose produz células haploides já que os centrômeros e, quando elas ocorrem na cadeia da B-globina, podem
não são duplicados na meiose Í e porque não existe repli- produzir Bñtalassemia. (Todavia, tenha em mente que a
cação do DNA no estágio da interfase entre a meiose Í e doença das células falciformes, que é relativamente grave,
a meiose ll. Outra diferença entre a mitose e a meiose é também é provocada por uma mutação sem sentido.) Em
que os cromossomos homólogos formam pares e trocam contraposição, as mutações na matriz de leitura alteram
material (Crossing-over) durante a meiose l. Ós cromossomos muitos ou todos os códons a partir ao sítio da mutação, de

328
RESPOSTAS DAS QUESTÕES PARA ES TUDO / 329

modo que um grande número de aminoácidos pode estar gotos. Existem, desse modo, 186 alelos HLA na população.
alterado. As matrizes de leitura também podem produzir A frequência de HbA, p, e' 186T200=O_,93, e a frequência
um códon de parada. As mutações sem sentido produ- de HbS, q, é 1 -0,93 =0,07. Às frequências genotipicas na
zem polipeptídios truncados, que muitas vezes são inúteis população são 88f100=0,88, 10/100 0,10, e M100 =0,02
=

(especialmente se a mutação sem sentido ocorrer próxi- para os genótipos HbA/HbA, HEAÍHBS e HÍJSÍHBS respecti-
mo ã extremidade 5) do gene, eliminando a maior parte vamente. Pressupondo as proporções de Hardy-Weinberg,
da cadeia polipeptfdica). As mutações doador e receptor as frequências genotipicat¡ esperadas são dadas por p”, 1M
podem eliminar éxons inteiros ou grandes porções deles. e q=, respectivamente. isso produz as frequências genotípi-
Esta deleção pode alterar substancialmente a composição cas esperadas de (0,93)1 0,865, 2 x 0,93 x 0,07' 0,130, e
: =

de aminoácidos do polipeptidjo. Às mutações sem sentido, (0,07): 0,005, respectivamente. Nesta população, as fre-
:

na matriz de leitura e de doador e receptor tendem, todas, quências genotipicas observadas e esperadas são bastante
a produzir B“-talassemia, na qual nenhuma cadeia de |3- similares.
globina está presente- 7. Em uma doença autossõmica recessiva, a prevalência
Em condições talassêmicas,uma das cadeias, a ou B-globina, (If 10.000) é igual ã frequência do genótipo recessivo, q?
está reduzida em quantidade. A maior parte das consequên- Dessa forma, a frequência genética d.a PKU, q, é dada por
cias nocivas é provocadapelo excesso relativo da cadeia que “tida '\i'1¡"10.000 W100 0,01 A frequência de portadores
= = = .

é produzida em quantidade normal. Se ambas as cadeias es- e' dada por 2M, que é, aproximadamente, 24, ou 0,02
tiverem reduzidas em quantidade, pode existir um equilíbrio
grosseiro entre as duas, resultando em um menor acúmulo
de cadeias em excesso.
Os polimorfismos de sitios de restrição (RSPs) reiietem a
presença ou a ausênciade um sítio de restrição. Desse modo,
eles só possuem dois alelos- Eles são detectados por meio da
tecnologia RFLP As VNTRS também são um tipo de RFLP,
mas, aqui, o polimorfismt) é do número de repetições em
tandem que se localizam entre os sitios de restrição, em
vez da presença ou ausência de um sítio de restrição. Uma

vez que o número de repetições em tandem pode variar

consideravelmente, as VNTPs podem possuir muitos ale-


los diferentes nas populações. As VNTIG são encontradas
nas regiões dos minissatélites. As PCRTs consistem de Varia-

ções no número de repetições de minissatélites mais curtos


(geralmente dinucleotídeos, trinucleotideos e tetranucle-
otídeos). Elas são detectadas pelo emprego da reação em
cadeia de polimerase (PCR). Os RSPs e as VNTRs podem
ser detectados com o uso da PCR (em vez do Southern

blotting), desde que as sequências de DNA que Hanqueiam


o polimorfismo sejam conhecidas. Ó autorradiograma re-

presenta uma STRP Isso é indicado pglo fato de existirem


múltiplos alelos (o que o distingue de LllTl RSP) e pelo fato
de que os diversos alelos diferem em tamanho por, somen-
te, 4 pb (recorde-se do Capitulo 2, em que se observou que
as unidades de repetição em tandem nas regiões dos minis-
satélites geralmente são de 20 a ?O pb de comprimento).
Uma vez que a mutação patológica destrói um sitio de
identificação,aqueles que possuem o alelo patológico apre-
sentam um fragmento de restrição mais longo. Este frag-
mento migra mais lentamente sobre o gel e e' observado em
Luna posição mais alta no autorradiograma. O indivíduo A
só possui o fragmento mais longo e, desse modo, é por-
tador de duas cópias da mutação patológica- Este indivi-
duo apresenta deliciência da otl-antripsina. C) indivíduo B
só possui o fragmento curto e não foi afetado genética ou
fisicamente. Õ individuo C possui ambos os fragmentos e,
assim, e' um heterozigoto clinicamente não afetado.
Esta é uma amostra de 100 indivíduos, existem 88 x 2 HbA
alelos nos homozigotros PHJÀ e 10 alelos HiJÁ nos heterozi-
330/ GENÉTICA MÉDICA
Se nós soubéssemos que a irmã do homem afetado era CAPÍTULO 5
afetada, então a probabilidade de a Filha de sua imiã ser 1. Estas mulheres devem apresentar quatro corpúsculos de
afetada seria de simplesmente U2. Barr, já que a quantidade de corpCLsculos de Barr e' sempre
A probabilidade de o alelo causador da doença da mulher Lun número abaixo do número de cromossomos X.
ser transmitido para sua prole é 1D, e a probabilidade de 2. Este fenômeno ocorre principalmente como resultado da
essa prole transmitir o alelo caLLsador da doença para a sua inativação do X. As mulheres heterozigotas que desenvol-
prole (i. c., os netos) é novamente 132. Assim, a probabilida- vem Fraqueza muscular são aquelas com proporções rela-
de de Lun neto ter herdado o alelo da doença é de if! x 1/2 tivamente maiores de cromossomos X ativos contendo o
ou U4. Similannente, a probabilidade de outro neto ter alelo mutante_
herdado o alelo é U4. A probabilidade de ambos os ne- 3. A frequência da doença em individuos do sexo masculino
tos terem herdado o alelo é H4 x H4 Hi6. Se a avó tem
: e' q, em individuos do sexo feminino é ql. Sendo assim,
PKU, ela deve ser homozigota para o alelo causadorda do- a razão homensflmulheres é qfq* (ou I/q)- Desta forma,
ença- Assim, ambos os Filhos devem ser portadores hetero- conforme diminui o valor de q, a razão entre homens e
zigotos (probabilidade 1). A probabilidade de um desses
= mulheres aumenta.
individuos transmitir o alelo causador da doença para sua 4. Já que o avô do menino Foi afetado pela doença, sua mãe
prole é 1X2. A probabilidadede ambos transmitirem o alelo deve ser uma portadora. Seu pai é ienotipicamente normal
causadorda doença para a sua prole (i. t., de ambos os netos e, consequentemente, não tem o gene da doença. Então,
serem portadores heterozigotos) e' 1.52 x H2 = U4. o menino em questão tem 50% de chance de desenvolver
0 coeficiente de relação é (1.¡2)" ou N64. isto dá a probabi- hemolilia A. O risco de sua irmã ser heterozigota para a
lidade de o segundo indivíduo do casal carregar o alelo da doença também e' de 50%. A chance de a innã do menino
PKU. A probabilidade de dois portadores desenvolverem ser afetada pela doença é quase zero (excluindo uma mu-
uma prole afetada é U4. A probabilidadetotal de este casal tação nova no cromossomo X transmitida pelo pai).
ter um bebê afetado pela PKU é dada pela multiplicação da A transmissão de pa¡ para Filho é observada na herança
probabilidadede o parceiro também carregar o alelo (í 1/64) autossômica dominante, mas não e' observada na herança
pela probabilidade de ambos os indivíduos transmitirem o ligada ao X dominante. Então, homens afetados por do-
alelo para sua prole (H4): N64 x 1M: W256. isto demons- enças ligadas ao X dominantes sempre têm mães afetadas,
tra que a probabilidadede produzir uma prole afetada nes- a menos que tenha ocorrido uma mutação nova. Homens
te casamento consanguíneo é na verdade muito pequena. e mulheres são afetados em proporções aproximadamen-
A Frequência do genótipo do heterozigoto na população ge- te iguais na herança autossõmica dominante, mas existem
ral é dada por lpq, de acordo com a Lei de Hardy-Weinberg. duas vezes mais mulheres afetadas do que homens afetados
Assim, a frequência do primeiro genótipo na população ge- na herança ligada ao X dominante (a menos que o distúr-
ral e' dada por 2 x 0,05 x 0,10=0,01. igualmente, para o se- bio seja Fatal no periodo pré-natal no sexo masculino, caso
gundo sistema, a Frequência do heterozigota na população no qual somente as mulheres seriam afetadas). Na herança

geral é 2 x 0,07 x 0,02 0,0028. O criminoso era homozigo-


= ligada ao X dominante, todos os Filhos de um pai não aieta-
to para o terceiro sistema, a frequência do genótipo homo- do são normais, e todas as filhas são afetadas. Nas doenças
zigoto na população geral é dada por pl, ou 0,0821 0,0064.
= ligadas ao X dominantes, mulheres heterozigotas tendem
Se nós pudennos assumir a independência dos três loca' STR a ser mais levemente afetadas do que os homens hemizigo-
na população geral, podemos multiplicar as Frequências tos. Na herança autossômica dominante, geralmente não
dos três Fenótipos juntos para ter a probabilidade de um há diferença entre a gravidade de expressão em homens e
individuo escolhido aleatoriamente na população geral ter mulheres heterozigotas.
os mesmos genótipos do criminoso. Então nós multiplica- Na herança mitocondñal, a doença pode ser herdada so-
mos 0,01 x 0,0028 x0,0064 para obter uma probabilidade mente de uma mãe afetada- Diferentemente de todos os
de 0900000179, ou 15.580.357. Esta probabilidadepode outros tipos de herança, nenhum descendente de pai afe-
ser menor pela tipagem de loci adicionais. tado pode ser aietado pela doença. Note que os homens
8. Assim como na questão 7, nós assumimos a independência com doença ligada ao X recessiva, que têm Filhos com mu-
dos quatro loci STR. Neste caso, nós multiplicamos as quatro lheres normais, não podem transmitir a doença para seus
Frequências alélicas para ter a probabilidade: 0,05 x 0,01 x lilhos e lilhas, mas seus netos, do sexo masculino, poderão
0,01 X092 =O,UOOÚU0l ÍÍÍQÚOQUOU. Note a diferença
= ser afetados.
principal entre as questões 8 e 7. No caso de paternidade, 7. Já que a distroiia muscular de Becker e' relativamente rara,
o pai contribuiu com somente metade do genótipo do bebê é razoável pensar que a mulher seja uma homozigota nor-
ern cada locus, com a outra metade contribuiu a mãe. Assim, mal. Desta Forma, ela só pode transmitir cromossomos X
examinamos somente um único alelo para cada focus. Por normais para sua prole- Sua prole masculina não será afe-
outro lado, o estuprador contribuiu com ambos os alelos tada, por ter recebido Lun cromossomo Y do pa¡ e um X
de cada genótipo para a amostra evidência, então preci- normal da mãe- Toda a prole feminina deste casal receberá
samos saber a Frequência de cada genótipo na população Lll'|'1 cromossomo X mutante do pai, o que as levará ã con-
geral. Nós usamos a Lei de Hardy-Weinberg para estimar dição de portadoras heterozigotas da doença.
a frequência na população de cada genótipo, com base nas 8. Se o homem ior lienotipicamente normal, seu cromosso-
Frequências alélicas conhecidas. mo X não carregará mutação para a distroiia muscular de
RESPOSTAS DAS QUESTÕES PARA ES TUDO / 33¡

Duchenne- A mãe transmitirá seu cromossomo que car- Um cariótipo estabelece se a condição é resultado de
rega a mutação para metade de sua prole, aproximada- uma trissomia livre ou Luna devida a uma translocação.
mente. Sendo assim, 50% dos Filhos serão afetados pela Se a trissomia for devida a uma translocação, o risco de
doença e 50% das Filhas serão heterozigotas. recorrência em futuras gestações e' muito elevado. Um
A mãe do menino deve ser Luna portadora beterozigota cariótipt) também ajuda a estabelecer se o paciente é um
para a mutação do Fator VÍlÍ. Então, um dos avós maternos mosaico. lsto pode ajudar a prever e explicar a gravidade
também deve ter a mutação. consequentemente, a proba- da expressão do distúrbio.
bilidadede que a irmã da mãe seja portadora é de 50%. O risco, desde o mais baixo até o mais alto, é: (I) mulhe-
10. isto pode ser explicado pelo processo de impressão ge- res de 25 anos de idade com um Iilho com sindrome de
nômica (impñntíng). Para o desenvolvimento normal, Faz- Down (aproximadamente 1%),
se necessária a expressão diferenciada de genes herdados
do pai e da mãe. Se o padrão de expressão de somente
Lun dos pais For herdado, o embrião não pode se desen-
volver normalmente e morne. O experimento só Funciona
nos anfíbios porque o ímprinting genômico não acontece
nestes animais-

CAPÍTULO 6
1. Células euploides têm um múltiplo de 23 cromossomos.
Células haploides (n 23), diploides (n 46) e poliploides
= =

(triploides e tetraploides] são todas euploides. As células


aneuploides não têm um múltiplo de 23 cromossomos e
incluem trissomias (47 cromossomos em uma célula so-
mática) e monossomias (45 cromossomos em uma célula

somática).
A análise FÍSH convencional envolve a bibridização de
Luna sonda Huorescentemente marcada em cromossomos
desnaturados em metãtase e e' mais útil na detecção de
aneuploidia, deleções e rearranjos cromossômicos. A
FISH também pode ser estendida_, usando sondas diferen- 10.
temente coloridas, o que possibilitaa detecção simultânea
de várias aneuploidias. A cariotipagem espectral é uma
extensão do FISH, pois cada cromossomo pode ser visua-
lizado como uma cor diferente. lsto possibilitaa caracteri-
zação fácil e precisa de aneuploidia, a perda ou duplicação
de material cromossômico e (especialmente) rearranjos
cromossômicos como as translocações. HCC é particu-
larmente útil na detecção do ganho ou perda de material
cromossômico, mas não pode detectar rearranjos equili-
brados de cromossomos, como as translocações recipro-
cas. lsto ocorre porque, apesar do rearranjo, a amostra do

exame e a amostra de referência têm, cada uma, a mesma

quantidade de DNA de cada região cromossômica.


Um óvulo normal pode ser fertilizado por dois esperma-
tozoides (dispennia, a causa mais comum de triploidia).
Um óvulo e o corpúsculo polar podem fundir-se, criando
Lun óvulo cliploide, que e' então tertilizadt) por uma cé-
lula espermática normal. Células espermáticas ou óvulos
diploides podem ser criados por Falha meiótica, a união
subsequente com um gameta haploide produziria um zi-
goto triploide-
A diferença naincidência de várias anormalidades cro-
mossômicas reiiete o Fato de que os embriões e fetos com
anoimalidades cromossômicas são espontaneamente per-
didos durante a gravidez. A taxa e o momento da perda
variam entre diferentes tipos de anormalidades cromos-
sômicas.
332 / GENÉTICA MÉDICA
lisador enzimático, elas não o fariam a uma taxa alta o sufi- de da jovem, é improvável que ela seja afetada com uma
ciente para suportar o metabolismo e a fisiologia normais. doença na oxidação mitocondrial de ácidos graxos,- assim,
3. Apesar de a maioria dos erros inatos do metabolismo ser podemos assumir que ou ela e' uma portadora heterozigo-
rara, juntos eles contribuem substancialmente para a mor- ta ou ela e' homozigota para o alelo nonnal. Consequente-
bidade e a mortalidade de crianças e adultos. Além disso, mente, a probabilidadede ela ser Luna portadora e' de 0,67.
a compreensão da base patogenética de doenças metabó- A probabilidade de seu companheiro ser um portador é
licas raras tem o potencial para ajudar médicos e cientistas dada pela taxa de transporte da MCAD na população em
a entender processos semelhantes que contribuem para as geral: l em 70 (~0,0i4)- Em Lun casal portadorxporta-
doenças comuns_ Por exemplo, por entender como mu- dora_, há 25% de chance de se ter uma criança afetada
tações na glicoquinase causam hiperglicemia, podemos (probabilidadede união entre dois gametas que carregam
entender melhor a patogênese do diabetes melito. alelos mutantes),- então o risco de a mulher ter uma crian-
As desordens metabólicas têm sido classificadas de mui- ça afetada e' de 0,67 x 0,014 >< 0,25 0,002 ou W500. Note
:

tas maneiras diferentes. No Capitulo 7, elas foram dividas que o risco de a criança ser portadora [O.67/'0.014) é 48
pelos tipos de processos metabólicos que afetam. São al- vezes maior do que na população em geral.

guns exemplos o metabolismo de carboidratos (p. ex., ga- Cinco diferentes enzimas controlam o ciclo da ureia. De-
lactosemia, intolerância hereditária ã frutose, doenças de ficiências de quatro destas enzimas (AS, ASA, arginase e
armazenamentode glicogênio),- o metabolismode amino- CPS) são herdadas como padrão autossômico recessivo. A
ácidos (p. ex., PKU, MSUD, tirosinemia), o metabolismo deiiciência na ÕTC é Luna condição de herança recessiva
de lipídios (p. ex., MCAD, LCAD), as vias de degradação ligada ao cromossomo X. A maioria dm; mulheres que são
(p. ex., síndrome de Hurler, deliciência de OTC, doença portadoras de uma doença de herança recessiva ligada ao
de Gaucher), a produção de energia (p. ex., desordens na cromossomo X é não sintomática. No entanto, existem
OXPHÔS) e os sistemas de transporte (p. ex., cistinose, pelo menos duas explicações para Luna mulher sintomá-
cistinúña). tica. A primeira é que um dos cromossomos X é noiTnal-
Mutações na Cal-t-P uridíl transfzrase são a caLLsa mais co- mente inativado (lionização) aleatoriamente em cada ce'-
mum de galactosemia. No entanto, mutações nos genes lula somática. Às vezes, a inativaçãt) é desviada, com o
que codiiicam outras enzimas necessárias para o metabo- cromossomo X normal sendo inativado, em detrimento
lismo de galactose, como galacwquinase e uridina difos- do cromossomo X anormal, e a mulher torna-se sintomá-
fato galactose-ti-epimerase, também podem resultar em tica. Testes para a inativação preferencial do cromosso-
galactosemia. Esse é um exemplo de heterogeneidade ge- mo X não são normalmente realizados em laboratórios

nética. Ou seja, fenótipos semelhantes podem ser produ- de diagnóstico. Uma segunda explicação possível é que
zidos por mutações em genes diferentes. Outros exemplos apenas um cromossomo X está presente em cada célula
de doenças metabólica¡ que são geneticamente heterogê- somática (sindrome de Turner,- Capftulo 6). Assim, a ina-
neas incluem hiperfenilalaninemia,MSUD e cistinúria. tivação de X não ocorre porque cada célula deve conter
As taxas de prevalência para muitos erros inatos do meta- Luna cópia funcional do cromossomo X. Se este cromosso-
bolismo variam amplamente entre os grupos étnicos. Em mo X contém um gene mutado (p. ex., OTC), uma mulher
muitos casos, isso e' devido ao efeito fundador e deriva ge- será sintomática. O teste mais simples para confirmar este
nética (Capítulo 3). Por exemplo, na Finlândia, mais de 30 diagnóstico é um cariótipo.
doenças autossômicas recessivas são encontradas em uma Um sistema OXPHOS funcional é necessário para mcta-
prevalência extraordinariamente elevada em comparação bolizar o pimvatt) aerobicamente. Defeitos da OXPHOS
populações intimamente relacionadas. Um cenário seme- levam à metabolização anaeróbicado piruvato em lactato,
lhante explica em parte a existência de apenas uma única aumentando o nível de lactato circulante. Portanto, uma
mutação, ou poucas mutações causadoras de doenças em concentração elevada de lactato circulante poderia sinali-
judeus asquenases (doenças de armazenamentolisossômi- zar a presença de uma doença de produção de energia. O
co), menonitas (MSUD), canadenses franceses [tirosine- aumento dos niveis de lactato também é produzido¡ pcla
mia tipo 1). Em outros casos, parece que pode haver uma diminuição da oxigenação do tecido, devido ã diminuição
vantagem scletiva para portadores de um alelo recessivo da circulação (p. ex., exercicio extenuante, choque). Fre-
(lembre-se que heterozigotos para doenças recessivas não quentemente, há outras anormalidades bioquimicas que
são afetados). isto poderia explicar a distribuição da fre- sugerem Luna doença na ÓXPHOS¡ no entanto, o diag-
quência variável do LAC*P, que confere atividade de lac- nóstico pode ser difícil.
tase permanente epode ter sido vantajosa em populações 10. Polimoriismosnos genes que controlam o metabolismode
nas quais os produtos lácteos foram uma importante fonte drogas (p. ex., CYpzDã)podem afetar a resposta terapêu-
de nutrição. tica do paciente, bem como o perlil de efeitos colaterais.
Embora o genoma mitocondrial seja herdado apenas da Os alimentos naturais contêm milharesde compostos qui'-
mãe, a maioria das proteínas na mitocôndria é codificada micos, muitos dos quais com propriedades fannacológicas
por genes do genoma nuclear. Dessa forma, doenças re- similares, mas menos potentes, aos medicamentos con-
lacionadas ã oxidação de ácidos graxos mitocondriais são temporâneos usados pelos prolissionais da saúde. Des-
herdadas como padrão autossõmico recessivo_ Dada a ida- te modo, polimorlismos em genes podem ter permitido
RESPOSTAS DAS ÚUESTÕES PARA ES TUDO /' 333

alguns grupos de caçadores-coletores utilizarem recursos core LCD para y M 0,0 é log,,,(:1›"2]'?'[11'4)" M: log,,,(64 [M4
que para outros grupos se mostraram não ctrmestíveis. Ao 1,8. Este dois escores LCD pode então ser adicionado para
longo do tempo, isso pode ter sido suficiente para LLma obter o escore LCD total de 3,3.
gerar uma vantagem seletiva que estimulasse o crescimen- Estes acasalamentos nos permite estabelecer a fase de li-
to mais rá ido de um u o em relaE'ão aos outros. gação nos indivíduos 11-1 e 11-2, os pais dos indivíduos na
geração 111_ O alelo da doença está no mesmo cromossomo
que o marcador 4 no indivíduo 11-1 e no mesmo cromosso-
CAPÍTULO 8 mo que o marcador 5 no indivíduo 11-2- Sob a hipótese de
1. C homem afetado na geração 11 herdou o alelo da doença ligação, nós podemos predizer que a prole que herdou os
e o alelo marcador 1 de seu pai afetado, e herdou um alelo marcadores 4 e 5 serão homozigotas para o alelo da doença,
normal e o alelo marcador 2 de sua mãe. Portanto, o alelo então afetados, a prole que herdou tanto o 4 ou 5 serão
da doença deve estar no cromossomo que contém o ale- heterozigotos carreadores e a prole que não herdou nem o
lo marcador I neste homem (fase de ligação). _lá que ele 4 e nem o 5 será homozigota normal. Note uma diferença
casou com Luna mulher que é heterozigota para os alelos chave entre os pedigrees autossômicos recessivo e autossõ-
marcadores 3 e 4, nós esperamos observar o alelo 1 na prole micos dominantes na estimativa de frequências de recombi-
afetada sob a hipótese de ligação. O indivíduo 111-5 pos- nação. Aqui, ambos os pais na geração 11 contribuem para a
sui o genótipo marcador 2,4 mas e' afetado e o individuo meiose informativa porque ambos os pais carregam o alelo
111-7 possui o genótipo 1,3 e é normal- Ambos representam causador da doença- Assim, podemos avaliar que todas as 10
recombinantes. Assim, existem duas recombinações obser- meioses contribuíram para a geração 111 para recombinação
vadas em oito meioses, dando uma frequência de recombi- entre o loci da doença e do marcador. Não são observadas
nação de 2,18, ou 25%- recombinações nas primeiras quatro proles, entretanto, o
Para o marcador A, a mãe afetada na geração 11 deve carre- individuo 111-5 é homozigoto normal e herdou o alelo 5 de
gar o alelo 2 no mesmo cromossomo do alelo da doença de sua mãe. Assim, Luna recombinaçãoem cinco meioses ocor-
Huntington. Sob a hipótese de que y 'Á 0,0_, todos os seus reu na mãe e no pai não ocorreram recombinaçõespra esta
filhos devem também herdar o alelo 2 se eles são afetados. mesma condição- Urna recombinação em 10 meioses gera
C marcador A mostra um recombinantecom o alelo da do- uma frequência de recombinação de !X10 14 10%.

ença no individuo 111-5 e então produz uma possibilidadede Estes acasalamentos nos permitem estabelecer fase de li-
zero para uma frequência de recombinaçãode 0,0. C escore gação no individuo 11-1. Sob a hipótese de ligação, ela
LCD é -l (o logaritmo de O). Para o marcador B, o alelo da carrega o alelo causador da doença (denominado D] no
doença está no cromossomo que transporta o alelo marca- mesmo cromossomo do alelo marcador 1 SeLLs haplótipos
.

dor 1 na mãe afetada da geração 11. Todas as proles que her- são então Dlfdl- Baseado nos seus haplótipos e em seus
darem o alelo 1 também herdaram o alelo a doença, então acasalamentos não afetados, nós podemos predizer que
não há recombinantes.Sob a hipótese de que y M: 0,0, a mãe a prole que herdou o genótipo 1,1 será afetada, e aque-
afetada pode transmitir somente dois haplótiptrs possíveis: les que herdaram o genótipo 1,2 não serão afetados. Nós
o alelo da doença com o alelo marcador l e o alelo nor- observamos que este é o caso de todos menos um indivi-
mal com o alelo marcador 2. A probabilidade de cada um duo da prole (111-5). lsto significa que a possibilidade de
desses eventos é de V1. Assim, a probabilidade de observar y Vi 0,0 é zero, então o escore LCD para esta frequência
seis proles com os genótipos marcador mostrado é flÍlll" 9'¡ de recombinação é -1- Para estimar o escore LCD para
1.¡64. Este é o nLunerado da proporção de possibilidade.Sob y M: 0,1, nós consideramos que a probabilidade de que
a hipústese de que y 'A 0,5 (sem ligação), quatro haplótipos o pa¡ passe cada haplótipo recombinante (D2 ou dl) é

possiveis podem ser transmitidos, cada Lun corn a probabi- yfl w 0,05. A probabilidade de que ele transmita cada
lidade de Ma. A probabilidade de observa seis crianças com haplótipo não recombinante (D1 ou dz) é (I-yyz 1,4 0,45
estes haplótipcis sob a hipótese de não ligação é estão (1/'41' (Ver Quadro 8-1 para detalhes deste processo). Existe um
14 1114096. Este é o denominador da proporção de possibili- recombinante e sete não recombinantes entre a prole.
dade. A proporção e' então (1Í64)›"(1/4096) 'A 64. C escore A probabilidade de observar estes oito eventos é 0,05 _

LCD é dado pelo logaritmo comum de 64, 1,8. (0,45)7 M 0,110019. Este é o numerador da proporção de
3. A tabela mostra um escore LCD máximo de 3,5, em uma possibilidade. Para oito proles, a probabilidadede y V4 0,5
frequência de recombinação de 10%. Assim, os dois loci é 114d” 54 0,0000¡ 5. Este e' o denominador da proporção.
são mais prováveis de estarem ligados a Luna distância de C logaritmo das proporção de probabilidadese' dada por
aproximadamente 10 cM. As probabilidades a favor da li- logm(12,2) W 1,09. Este é o escore LCD para y 'A 0,1.
gação neste valor de q, verso não ligação, são 3162 (ou O acasalamento na geração 11 é uninformativa porque o pai
103,5) para 1_ é homozigoto para o alelo marcador. Será necessário tipar
4. A fase de ligação pode ser estabelecida em ambas as fa- a familia para outro marcador proximamente ligado (pre-
mílias, e não são observados recombinantes em qualquer ferencialmente Lll11 com mais alelos) antes de dar qualquer
família. Assim, a frequência de recombinação estimada e' informação de risco. Neste ponto, somente a informação
0,0. C escore LCD para y !A 0,0 na primeira família e dado de risco que pode ser dada é de que cada criança tem 50%
por log,,,(1/'2]5 'A log,,,(32) 'A 1,5. Na segunda família o es- de chance de herdar o gene da doença do pai afetado.
334/ GENÉTICA MÉDICA
8. A sintenia se refere a loci que estão no mesmo cTomosso- das circulação (como anticorpos) e podem se ligar di-
na

mo. Ligação de refere a loci que estão a menos de 50 cM retamente ao peptídeo do inversor, enquanto os receptores
de distância em um cromossomo, alelos em tais loci ten- das células T não são secretados e precisam "ver" os pep-
dem a ser transmitidos juntos nas familias-Loci ligados são tídeos do invasor, em conjunto com as células MHC, para
então sintênicos, porém loci sintênicos não estão necessa- reconhecê-los. Além disso, a hipennutação somática cria a
riamente ligados. Desequilíbrio de ligação é a associação diversidade nas imunoglobulinas, mas não nos receptores
não aleatória de alelos em loci ligados, observáveis quando das células T.
haplótipos de cromossomos são avaliados em populações. 4. A recombinaçãosomática seria capaz de produzir, sozinha,
Associação indica que duas caracteristicas são observadas 30 x 6 x 80 14.400 cadeias pesadas diferentes desta classe.
=

mais frequentemente juntas em uma população do que A probabilidadede um irmão fratemo ser HLA-idêntico é
esperadas por chance, as características devem ou não ser 0,25- A probabilidade de dois innãos fraternos dividirem
genéticas. Associação então necessariamente não tem a ver um gene ou haplótipos é 0,50 (o coeficiente de correla-

com ligação, ao menos que estejam se referindo ao dese- ção,- Capftulo 4). Consequentemente, a probabilidade de
quilibñt) de ligação. innãos dividirem dois haplótipos e serem HLA-idênticos é
Desequilíbrio de ligação pode surgir quando uma única Ú,5Ú X 0,50 0,25.
=

mutação causadora de doença ocorre primeiramente em Se um homem Rh-positivo homozigoto (DD) tiver um filho
Luna cópia de cromossomo que contém alelos marcadores com uma mulher Rh-negativa, todos os filhos e filhas serão

específicos próximos. Primeiramente, a mutação será ob- Rh-positixms heterozigoto (Dá) incompatíveis com a mãe.
servada somente em cópias do cromossomo que contém Se o homem for Rh-positivo heterozigoto (Dá), metade
alelos marcadores especificos. Por outro lado, se há múl- das crianças [em média) será de Rh-positivos heterozigotos
tiplas mutações causadoras de doença em um locus como incompatíveis. Entretanto, se os pais forem ABO incom-
NFI, elas são prováveis de ocorrerem em cópias de cro- patfveis, esta condição os protegerá amplamente contra a
mossomo com diferentes alelos marcadores, e pequena as- incompatibilidadeRh.
sociação será :Jbservada entre o genótipo da doença (a qual
de fato consiste em uma coleção de mutações diferentes no CAPÍTULO 10
locus da doença) e um alelo marcador especifico. 1. Animais como nematódeos, Drosopbíla, rãs, zebrafish, pin-
tinhos e camundongo são usados com frequência para o
CAPÍTULO 9 desenvolvimentomodelos humanos. Cada Lun desses orga-
1. As moléculas classe l apresentam peptideos nas superfícies nismos tem tempo de geração relativamente curto e podem
de quase todas as células do corpo. Ó complexo peptídeo- ser alimentados seletivamente,- e grandes populações po-
molécula classe l é reconhecido por células T citotóxicas dem ser mantidas em cativeiro. Além disso, os embriões de
que destroem a célula se moléculas MHC classe 1 apre-
as cada um desses animais podem ser manipulados ou iu vitro
sentarem o peptídeo invasor. As moléculas MHC classe ll ou in vivo usando uma variedade de técnicas (p. ex-, ablação
também apresentam peptideos em suas superfícies celula- cirúrgica ou transplante de células ou de tecidos, expressão
res_, mas somente em células apresentadoras de antígenos ectópica de genes ou de transgenes nativos e lcnoclzauts). Na-
do sistema imunológico (p. ex., células dendrfticas, macró- turalmente, cada organismo tem vantagens e desvantagens
fagos e células B). Se a molécula classe ll apresentar pep- que devem ser levadas em conta ao se escolher um mo-
tideos derivados de um micróbion invasor, elas se ligarão delo apropriado. Em alguns animais, cepas mutantes que
aos receptores das células T Helper,- em contrapartida, isto ocorrem naturalmente já provaram ser modelos valiosos
estimularã a proliferação de células B apropriadas e a pro- de doenças genéticas humanas. Por exemplo, as mutações
dução de anticorpos por estas células_, a lim de auxiliarna no murino Paxó produzem um olho de tamanho peque-
destruição do micro-organismo. no, fora do normal. As mutações no homólogo hLuTiano,
2. As imunoglobulinasdiferem entre as células B dos indivídu- PAXã, causam hipoplasia ou ausência da iris. A maior parte
os_, de modo que uma grande variedade de infecções pode do que compreendemos sobre a determinação do eixo e a
ser combatida. As moléculas MHC são idênticas em cada fonnação do padrão foi aprendido de estudos de modelos
Luna das superfícies celulares de um mesmo individuo, po- animais não humanos.
rém, vari am bastante de um individuo para o outro. Esta va- Embora mutações idênticas em um gene de desenvolvi-
riabilidadeentre individuos pode ter se desenvolvido com mento possam produzir diferentes defeitos congênitas, os
o objetivo de evitar que agentes infecciosas pudessem se defeitos são geralmente os mesmos dentro de cada familia.
espalhar com facilidadeem uma população. Como Luna das explicações possiveis, cogita-se que outros
Os receptores das células T e as imunoglobuiinas apresen- genes possam estar modificando o fenótipo de modo di-
tam a seguinte semelhança: ambos são receptores de super- ferente em cada família. Em outras palavras, a mesma mu-
fície celular que se ligam aos peptídcos estranhos ao corpo, tação está ocorrendo em históricos genéticos diferentes,
como parte da função imune. A diversidade nos dois tipos resultando em fenótipos diferentes. Até o momento, são
de moléculas é gerada por genes de linhas germinativas conhecidos somente alguns exemplos de condições huma-
múltiplas, recombinação VD] e diversidade juncional. A nas diferentes causadas por mutações idênticas. Entretanto,

diferença entre eles é que as imunoglobulinm¡ são secreta- os efeitos fenotípicos dependentes da cepa são bem des-
RESPOSTAS DAS ÚUESTÕES PARA ES TUDO /' 335

critos em UUÍTOS organismos como os camundongos e as tempos longos de geração seria produzir espermatozoi-
Drosoplaila_ de do modelo animal (p. ex., babuíno) em um organismo
3. É comum que fatores de transcrição ativem ou reprimam com tempo de geração curto (p. ex., camundongo)- Nessa
mais de LllTl único gene. Com frequência, eles afetam a técnica, as células imaturas produtoras de esperma de um
transcrição de muitos genes que podem ser membros de babuino em fase de lactação seriam colocadas nos testicu-
diferentes vias de desenvolvimento. lsso mantém a flexibi- los de camundongos para produzir esperrnatozoide madu-
lidade de desenvolvimento e a economia genômica- Essas ro. Esse esperma poderia ser usado para fertilização in vitro
vias de desenvolvimento são usadas para construir muitos de ovos cultivados de fêmeas de babufno com modificação
tecidos e órgãos diferentes. Por isso, uma mutação em um genética (i. c.. quimeras ou heterozigotos). Dessa maneira,
fator de transcrição pode afetar o crescimento e o desenvol- o tempo de geração seria substancialmente reduzido- Esse

vimento de muitas partes do corpo. As mutações em TBXS, tipo de experiência ainda não foi concluído com sucesso,
por Exemplo, causam defeitos dos membros e do coração embora a tecnologia esteja próxima.
em uma doença pleiotrópica denominada de síndrome de Ás células se comunicam entre si por meio de muitas vias de
Holt-Úram. sinalização diferentes. A sinalizaçãoexige que um ligante se
Formação de padrão é o processo pelo qual arranjos es- ligue a uma molécula receptora- lsso gera urna resposta que
paciais ordenados de células diferenciadas criam tecidos e pode ativar ou inibir vários processos dentro de uma célula.
órgãos. inicialmente, é estabelecido o padrão geral do pla- As mutações nos genes receptores do fator de crescimento
no corporal do animal. A seguir, são formadas regiões se- de libroblastos (FGFR) causam várias síndromes de cranios-
miautônomasque formarão o padrão de órgãos e apêndices sinostose, e as mutações nos genes desse fator já foram as-
específicos. Por isso, a formação de padrão exige que in- sociadas aos quadros de lábio fendido efou palato fendido.
formações complexas de tempo e de espaço estejam dis- As mutações nos genes que codilicam a endotelina-S e seu
poníveis para populações diferentes de célula-s em periodos receptor, a endotelina-B, causam defeitos nas células ente'-
diferentes durante o desenvolvimento. Essas infonnações ricas do trato gastrointestinal, levando à constipação crôni-
são comunicadas entre as células por moléculas de sinaliza- ca séria (doença de Hirscbsprung)- lsso demonstra que uma

ção. As mutações nos genes que codificam essas moléculas mutação em um ligante ou em seu receptor pode produzir
de sinalização podem romper as vias de sinalização, levan- o mesmo fenótipo.
do ã formação de padrões anonnais. Por exemplo, o (iuriçt) Há muitos obstáculos para o tratamento de defeitos congê-
sõnico (SHH, para sonic Hedgehog] é amplamente usado nitos com a terapia gênica. Muitos genes de desenvolvimen-
em muitos processos diferentes de formação de padrão in- to são expressos precocemente nesse desenvolvimento. Por
cluindo o do cérebro. Às mutações em SHH podem causar isso, o fenótipo teria de ser identificável em idade muito
falha na divisão do cérebro anterior (holoprosencefalia). precoce. Certamente, isso e' viável (p- ex., via verificação da
Os defeitos de padronização também são produzidos por pré-implantação) nos gametas ou zigotos de LlIT1 portador
mutações em genes de codificação de fatores de transcrição conhecido. Uma vez que muitos desses genes codificam
(p. ex., Hox, T-box) que são ativados em resposta a sinais eixo, padrão ou informaçõesespecificas do órgão, a terapia
provenientes de outras células. gênica teria de ser iniciada o mais cedo possivel no proces-
Por causa das restrições rígidas nos programas de desen- so de desenvolvimento- Além disso, a terapia poderia ser

volvimento, o papel de alguns elementos em vias de desen- focada em áreas especificas, em momentos críticos durante
volvimento pode ser exercido por mais de urna molécula. o desenvolvimento e nos níveis apropriados exigidos para

Esse fenômeno é conhecido como redundânciafuncional. Ós a interação com outros genes de desenvolvimento. Conse-

paralogos HOX parecem agir em algumas vias de desen- quentemente, desenvolver estratégias que possam ser úteis
volvimento só dessa maneira. Por exemplo, camundongos para o tratamento d.e defeitos congênitos com a terapia
com mutações Hoxau ou Hoxdtd apresentam apenas anor- gênica será um grande desafio.
malidades mínimas, enquanto os mutantes duplos Havan u'
Hoxdíd exibem redução acentuada no tamanho do rádio e
ulna. Por isso, Hoxau e Hoxdu podem ser capazes de se CAPÍTULO 11
compensar parcialmente em alguns programas de desen- 1. GÕPD é uma porção do cromossomo X que está inativada
volvimento. em uma cópia de mulheres normais- Assim, qualquer célula
Hávárias razões pelas quais pode serimpraticável usar um or- irá expressar apenas um alelo CASPD. Se todas as células
ganismo para estudar mutações de perda de função criando- tumorais expressam o mesmo alelo CASPD, isso indica que
se lomclcouts. Por exemplo, os babuínos possuem familias todas elas surgiram de uma única célula ancestral. Esta evi-
nucleares pequenas e tempos longos de geração, sendo dência foi usada para apoiar a teoria de que a maioria dos
dispendioso mantê-los em cativeiro. Um tempo curto de tumores é monoclonal.
geração é essencial, pois a perda completa de função e' ob- A probabilidade de uma única célula experimentar duas
tida com ilusões de retrocruzamento e, subsequentemente, mutações é dada pelo quadrado da taxa de mutação por
por heteronzigotos com modificação genética para produ- célula (i. c., a probabilidadede uma mutação e uma segunda
zir animais fiomozigotos para uma modificação genética mutação na mesma célula): (3 x iO"')1s=r1ü'"_ Em seguida,
(i.e., um knoclzout). Uma forma de contornar o problema de multiplica-se esta probabilidade pelo número de retino-
336/ GENÉTICA MÉDICA
blastos para obter a probabilidadede um individuo desen- to maior de produzir prole afetada que a mãe. O risco de
volver retinoblastoma esporâdico: 10'" x 2 x IO" 2 x IO”.= recorrência é mais alto nas filhas que nos filhos.
Portanto, poderíamos esperar que dois em 100.000 indi- Para uma caracteristica multifatorial, o risco de recorren-
víduos desenvolvessem retinoblastoma esporãdico, o que cia diminui rapidamente em parentes mais remotos de um
é inconsistente com os dados de prevalência observados probando (como mostrado na Tabela 12-2). Ao contrário,
(f. c., o retinoblastoma é visto em cerca de 1/'20000 crian- para um gene autossômico dominante, o risco de reconên-
ças e cerca da metade destes casos são esporãdicos). Se um cia é 50% menor em cada degrau de relação, refletindo o
indivíduo herdou uma cópia de um gene retinoblastoma coeficiente dessa relação (Capítulo 4). Devemos lembrar
mutante, então, o número de tumores é dado pela taxa de que os parentes em primeiro grau (pais, prole e innãos)
mutações somáticas (segundo evento] por células vezes o compartilham 5096 de seus DNAs por causa de sua des-
número de células-alvo: 3 x 10'” x 2 x IO": 6 tLunores por cendência de ancestrais comuns,- os parentes de segundo
individuo. grau (tios e sobrinhos, avós e netos) compartilham 25% de
Os oncogenes são produzidos quando os proto-oncogenes, seus DNAs e assim por diante- Por isso, para LllTl genótipo
que codificam substânciasque afetam o crescimento das cé- causador de doença com 10% de penetração, o risco de
lulas, são alterados. Os oncogenes geralmente agem como recorrência e' obtido multiplicando-se os tempos de pene-
genes dominantes no nível da célula e ajudam a produzir tração pela porcentagem do DNA compartilhado entre os
a transformação de uma célula nonnal em uma célula que parentes: 5% (10% x 50%) para parentes de primeiro grau,
poderá dar origem a um tumor. Ós genes supressores tumo- 2,5% (10% x 25%) para parentes de segundo grau, 1,25%
rais também estão envolvidos na regulação do crescimento, (10% x 12,5%) para parentes de terceiro grau, e assim por
mas eles geralmente agem como genes recessivos no nível diante. Além disso, se a doença for multifatorial, o risco de
da célula (i. e., as duas cópias do gene devem estar altera- recorrência aumentará em populações nas quais a doença
das antes da progressão do tumor poder avançar). Porque seja mais Tipicamente, não existe relação entre
comum.

apenas um único oncogene precisa ser alterado para iniciar frequência da doença e risco de recorrência para Luna dn-
o processo de transfonnação, os oncogenes têm sido de- ença autossômica dominante.
tectados usando ensaios d.e transfecção e retroirirais e pela (l) 0 genótipo causador de doença pode ter penetrância
observação dos efeitos das translocações cromossômicas. reduzida em virtude, por exemplo, de fatores ambientais.
Esses métodos são menos eficazes para o descobrimento de (2) Uma mutação somática pode ter ocorrido após a cli-
genes supressores tumorais, porque duas cópias alteradas vagem do embrião, de modo que Lun gvêmeo e' afetado pela
desses genes devem estar presentes antes que seus efeitos doença e o outro não.
possam ser observados em uma célula. Como consequência, Esses resultados implicam que fatores ambientaiscomparti-
a maioria dos genes supressores de tumor tem sido detec- lhados estão aumentando as correlações entre irmãos, pois
tada pelos estudos das síndromes relativamente raras asso- os innãos tendem a compartilhar um ambiente mais comum
ciadas ao câncer em que uma cópia mutada de um gene que os parentes e a prole. A correlação com o cônjuge re-
supressor de tLunor é herdada e a segunda alteração ocorre fourça a interpretação de um efeito ambiental compartilha-
durante o desenvolvimento somática. do, embora também seja possível que as pessoas com níveis
4. A sindrome de Li -Fraumeni é causada por Luna mutação de gordura corporal semelhantes tenham a preferênciapelo
herdada no gene TP53. A mutação herdada está presente casamento com pessoas semelhantes.
em todas as células e aLunenta a predisposição ã formação
do tumor_ No entanto, por caLLsa das várias etapas da natu-
reza da carcinogênese, este evento herdado não é suficiente CAPÍTULO 13
para produzir um tumor. Óutros eventos, que ocorrem em 1. A sensibilidade do teste é de 93% (93 dos 100 casos de
células somáticas, também têm seu lugar. Estes eventos so- doença verdadeira foram detectados). A especificidade e'
máticos são raros, então a probabilidadede sua ocorrência de 99% (98900 de 99.900 neonatos não infectados foram
em qualquer célula é pequena, explicando a baixa frequên- corretamente identificados). Ú valor preditivo positivo e'
cia em qualquer tipo especifico do tumor. O envolvimento 8,5 96 (93 dos 1.093 neonatos com testes positivos realmen-
de diferentes tipos de tLunores na sindrome de Li-Fraumeni te tinham a doença). O indice falso-positivo é 1% [I es- -

é explicado pelo fato de que a atividade de p53 HOTITIBl pecificidade, ou 1.000 de 99.900) e o índice falso-negativo
é necessária para a regulação do crescimento em muitos é 7% (1 sensibilidade,ou 7 de 100).
-

tecidos diferentes. Assim, a probabilidadede um individuo Como o indivíduo 3 e' homozigoto para o alelo de 5 kb, in-
desenvolver, pelo menos, um tumor primário, em LllTl dos ferimos que o gene da doença está no mesmo cromossomo
muitos tecidos, é muito elevada. que o alelo de 5 kb em ambos os pais. Assim, o individuo 6,
que herdou ambas as cópias do alelo de 5kb, também her-
dou ambas as cópias do gene da doença PKU e é afetado.
CAPÍTULO 12 O gene da doença MP1 está no mesmo cromossomo que
1 Uma vez
. que a característica é mais comum emmulheres o alelo 1 no pai afetado. Assim, o indivíduo 6, que herdou

que nos homens, podemos inferir que o limiar é mais baixo o alelo 2 de seu pai, deve ser não afetado. Note que nosso

entre as mulheres. Por isso, o pai afetado está em risco mui- grau de confiança nas respostas às questões 2 e 3 depende
RESPOSTAS DAS QUESTÕES PARA ES TUDO / 337

de quão intimamente ligados são o marcador e os inc¡ da vários atributos culturais que descrevem Lun grupo fp. ex.,
doença. americanos nativos ou sul-asiáticos). A ancestralidade se
4. O cruzamento na geração l é nãoinformativo, então não refere às origens geográficas, históricas ou biológicas dos
podemos estabelecer a fase de ligação na mulher na geração ancestrais de alguém e, para qualquer indivíduo, podem ser
ll- Assim, a estimativa de risco para sua filha não pode ser complexas.
melhorada em relação ao número usual de 50% usado para A informação genética acerca da ancestralidade de Luna
genes de doenças autossõmicas dominantes- A precisão do pessoa pode influenciara própria percepção de sua identi-
diagnósticopode ser melhorada analisando-se outro marca- dade biológica eÍou cultural. Por exemplo, algumas pessoas
dor, mais polimórfico (p. ex., um STRP, que seria mais pro- que autoidentificam como afro-americanas têm buscado
se
vável de permitir a definição precisa da fase de ligação). encontrar as regiões geográficas especificas da África sub-
As principais vantagens da amniocentese são um índice saariana onde alguns de seus ancestrais viveram em outro
mais baixo de perda fetal (aproximadamente 0,5% versus tempo. Em alguns casos, essa informação sugere populações
1% a 1,3% para CVS) e a capacidade de fazer um ensaio específicas, e, portanto, ligações culturais, com as quais um
de AFP para detectar defeitos no tubo neural. A CVS ofe- indivíduo: pode se identificar. Por outro lado, a informação
rece as vantagens de diagnóstico mais precoce na gravidez genética às vezes sugere que uma pessoa tem pequena, se

e um diagnóstico laboratorial mais rápido. O diagnóstico alguma, ancestralidade biológica das populações com as
por CVS pode ser complicado por mosaicismt) confinado à quais ela se autoidentifica. Enfim, toda pessoa é um mem-
placenta, e há evidêncialimitada para Luna associação entre bro de muitas populações diferentes e tem múltiplas identi-
CVS precoce (antes de 1D semanas pós-LMP) e defeitos de dades social, econômica, religiosa e a infonnação de
_ _

redução de membro. ancestralidade genética fornece uma pequena descoberta


A doença de Huntington (DH) é uma candidata ruim para sobre quem elas são, mas fornece, mais do que isso, alguma
terapia de substituição gênica porque ela é causada, pelo informação acerca de onde elas vieram.
menos em parte, por uma mutação com ganho de função. Exemplos de polimorfismos que inHuenciam o metabolismo
Assim, a simples inserção de gene é improvável de corrigir da droga incluem variantes de CYP2C9 e VKORC!, que in-
o distúrbio. Ela seria uma candidata melhor para tratamento fluem no metabolismo de varfarina, uma droga anticoagu-
antissensvo, com Iibozima ou RNAi, em que o produto gê- lante¡ variantes de CYpzDá que afetam a biotransfonnação
nico defeituoso seria silenciado. Uma consideração adicio- de antagonistas do receptor B-adrenérgico, neurolépticos e
nal é que essa doença afeta principalmente neurônios, que antidepressivos triciclicos, variantes de NAT: que afetam a
são relativamente dificeis de manipular ou atingir. O fato inativaçãt) de isoniazida, urna droga comumente usada para
de que a DH tem uma idade de inicio atrasada, contudo, é tratar a tuberculose, e a GÕPD que influenciaa sensibilidade
animador, porque a identificação da ação do gene da DH à droga antimalãnca, primaquina. A resposta a B-bloquea-
pode levar à terapia com droga para bloquear os efeitos do dores anti-hipertensivos foi associada a variantes em genes
produto gênico antes que ocorra dano neuronal. que codificam subunidades do receptor B-adrenérgico.
Obstáculos potenciais ao uso de infonnação genética na
medicina personalizada incluem incapacidade de identificar
CAPÍTULO 14 fatores de risco genéticos e ambientais (e suas interações]
1. A informação genética pode ser usada para estimar o risco que possibilitam a predição precisa do risco clinicamente
de uma pessoa de desenvolvimento de doença e de resposta significativo, falta de evidência demonstrando que a esti-
à terapia- Pessoas em alto risco para uma doença podem mativa do risco individual melhora a precisão do diagnós-
ser, portanto, encorajadas a alterar seu cuidado com a saú- tico e o resultado do tratamento¡ falta de tecnologias para
de para reduzir seu risco. De modo semelhante, a infor- avaliação do genoma de um indivídut) com boa relação
mação genética pode ser usada para predizer a resposta de custo-beneficiou,- construção de uma infraestrutura para que
uma pessoa ã terapia e se a pessoa está em risco elevado os médicos possam acessar os dados de risco, interpretar a

para uma séria resposta adversa a droga. As drogas preditas informação de risco e explicar as estimativas de risco aos
como menos eficazes ou prováveis de caLLsar um efeito co- pacientes,- e a necessidade de diretrizes e políticas acerca
lateral podem ser evitadas. Por exemplo, uma pessoa pre- do modo como a infonnação da avaliação de risco deve ser
dita como estando em alto risco para diabetes poderia ser usada em aplicações clinicas e de pesquisa.
testada para hiperglicemia mais frequentemente, colocada O uso de variantes genética; individuais para predizer ris-
em uma dieta médica mais cedo e tratada mais agressiva- co de doença efou resposta a agentes farmacológicospode

mente para intolerância à glicose. ser considerado a prática da medicina genética, enquanto
Pessoas com o mesmo tipo de câncer podem responder di- a avaliação da ação de muitos genes simultaneamente para
ferentemente ã terapia porque as anomalias genéticas em predizer risco de doença ou resposta a droga distingue e
seus tumores são diferentes ou por causa das diferenças, medicina genômica.
por exemplo, no modo como as drogas quimioterapêuticas Usos potenciais de dados de genoma inteiro de um indi-
são metabolizadas. víduo incluem triagem para erros inatos de metabolismo
A raça foi tradicionalmente usada para categorizar grandes em recém nascidos (í. c., triagem de recém nascidos), tes-

gmpos de individuos e reflete origem geográfica, lingua e tes para portadores de distúrbios genéticos (p. ex., anemia
338/ GENÉTiCA MÉDICA
falciforme, fibrose cística), estimativa do risco para doenças Deve estarclaro que a probabilidade condicional de
comuns, predição de drogas que podem influenciaro risco ser uma portadora, dado: que o nível de CK está acima dio
de uma séria resposta adversa a droga e identificação fo- percentil 95, é 2B. A probabilidadecondicional de não ser
rense. Luna portadora com este nível de CK deve ser 0,05, porque

apenas 5% dos valores de CK nas pessoas normais caem


CAPÍTULO 15 acima do percentil 95. Assim, a informação derivada do
Í. A familiade Allen inclui vários membros que apresentaram exame da CK aumentou a probabilidadede Mary ser uma
infarto do miocárdio com uma idade relativamente jovem. portadora de U2 para 0,93_ Como a probabilidade de ela
O beredogramasugere que um gene dominante autossômi- transmitir o gene DMD para seu filho é U2, a probabilida-
co predispondo os membros da familia à doença cardíaca de de produzir um filho acometido aumentou de 0,25 para
pode estar segregando nesta família. isto poderia ser cau- 0,47_ Atualmente, é provável que exames adicionais, como
sado por hipercolesterolemia familiar dominante autossô- a triagem para mutações DMD e a realização de um ensaio
mica ou possivelmente por outro distúrbiodo metabolismo para distrofina, ofereçam informações ainda mais precisas.
lipídico. Allen deve ser encorajado a dosar os niveis séricos A probabilidadea priori de Bob ter herdado o gene de seu
dos lipídios (Colesterol total, LDL, HDL e trigliceridios). pai é de 1X2. Como 85% dos portadores do gene mani-
Se seu nível de LDLfor anormalmente alto, pode ser neces- festam os sintomas com idade de 51 anos, se herdaram
a
sária intervenção (p. ex., modificação dietética, fármacos o gene do pai acometido, a probabilidade condicional de
redutores de colesterol). Bob ter 51 anos de idade e não estar acometido, dado que
ele tenha herdado o gene, é 0,15. As probabilidades po-
dem ser ajustadas como na tabela a seguir. Neste exem-
plo, a incorporação da informação sobre a idade do início
dos sintomas diminui a chance de Bob ter herdado o gene
da doença de 50% para apenas 13%. Com a clonagem do
gene da doença de Huntingrton, Bob teria provavelmente
lMaos IM aos IM aos um exame diagnóstico do DNA para determinar com cer-
44 anos 49 anos 45 anos teza se ele herdara uma mutação com repetição expandida
de seu pai.

2. Com base no fato de que os dois irmãos e um tio de Mary


foram acometidos, nós podemos ter quase certeza que sua
mãe é Luna portadora do gene DMD. (Se apenas um dos ir-
mãos de Mary fosse acometido, nós teríamos que conside- Probabilidadea priori'
rar a possibilidadeque ele fosse o produto de uma mutação Probabilidadecondicional
nova.) Se a mãe é uma portadora, então há uma probabi- de Bob ser normal com 51
lidade de 1/2 que Mary seja uma portadora. Como vimos anos de idade
no Capitulo 5, uma mulher portadora transmitirá o gene
Probabilidadeconjunta
da doença para a metade de seus filhos, em média. Assim,
Probabilidadea posterior¡
a probabilidade que um de seus filhos seja acometido pela
DMD é 1/2 x 1/2 lr'4. O exame da creatinoquinase con-
=

tribui com informações adicionais. Nós podemos montar


os cálculos bayesianos como se segue:

Mary é uma Mary não é uma


partition¡
Probabilidadea priori 1/2 1x2
Probabilidadecondicional de 213 0,05
a CK estar no percentil 95
Probabilidadeconjunta 1/3
Probabilidadea posterior¡ 0,93
ÍNDICE

Nota: Números di: páginas seguidos por 1 indicam iiguras¡ por t indicam tabelas e por q indicam quadros.

A Albuterol. 286t
Alcaptonúria, 128, 1281, 129t
Anemia
de Fanconi, 35q, 126, 228
Abordagem do candidato posicional, 170 Alças da cromatina, 7, 81 na anemia falciforme, 31
Aborto Alcool, como teratógeno, 304t, 306, 3071:¡ nadoença bemolíticado recém-nascido, 189
espontâneo. Vir Perda da gravidez. Alcoolismo, 254 natalassemia, 31-32
induzido. VU Término da gravidez. de1iciéncia do complexo piruvato Anemia de Cooley, 32
Abuso de solvente, 304t desidrogenase e, 144-145 Anemia de Fanconi, 35q, 126, 228
Acidemia Aldosterona, 248, 2481 Anemia 1alci1ormc, 31, 3 lt, 321
glutárica, tipo 11, 144 Aldosteronislno remediável por glicocorticoide, eletro1orese de proteína na, 39-40, 391
lática, 144-145 1461 locus e produto de gene na, 17Ut
metilmalñnica, 129t Alelo do 1ator V de leiden, 245-247 sondas de oligonucleotfdeosalelo-especíiricos
propiônica, 129: Alelo reeessivo, 26 na, 2651
Acidente vascular cerebral, 245-247 Alelos. 26 Southern 1110111119 na, 40-41, 431
Acido argininossuccfnico sintetase. 129t, 143, Alelos codominantes, 51 tratamento da, 32
1441 Alelos dominantes, 26 triagem de beterozigotos para, 262t, 263
Acido desoxirribonucleico. Ver DNA. Amaurose congênita de Leber, 160 triagem do recém-nascido pala, 26|t
Ácido bomogentísieo, 128 Amiloride-B, 253, 2531 vantagem do beterozigoto e, 52-53, 531
Acido retinoico, 241 Aminoácidos, 14 Anence1alia. 233, 234, 2341
Acido valproico, como teratógeno, 304t cadeia Iamiñcada, 136 Aneuploidia
Acondroplasia, 631, ITÚt, 195-196, 1961 código genético para, 14-15, 14t autossõmica, 106-11 1. 113141111111611 Trissomia,-
em beterozigoto vs. bomozigoto, 62
tradução do mRNA para, 15-18, 161 Trissomia 13,- Trissomia 18 [síndrome
novas mutações para, 63-64 Aminopterina, como teratógeno, 304t de Edwards),- Trissomia 21 (sindrome de
Aconselhamento. Ver Aconselhamento genético,- Amniocentese, 267-269, 2681, 269q Down).
Aeonselbamento pré-concepção. distúrbios metabólicos e, 270, 2701: células tumorais, 221
Aconselhamento genético, 294-299. Vtrfambím precoce, 268 cromossomo sexual, 11 1-1 12
Genética clínica síndrome de Down e, 272 diagnóstico pré-natal de
de1inições de, 295, 298 Amniócitos, 267 amniocentese e, 267
deveres do, 295-297, 298-299 Angiogénese, 212
Amostra de sangue umbilical
diagnóstico preciso e, 292, 293q. 295 percutânea, 270 Aniridia
estratégias de apoio no, 299 Amostra de vilosidades conñnicas, 269-270, mutaçñes PAX6 e, 193
estudos na e1etividade do, 299 2691 na síndrome WACR, 1 19, 119t
história 1amiliarnegativa e, 293q distúrbios metabólicos e, 2?Ú, 2701 Anonnalidades cromossômicas, 3
indicações comuns pala encaminhamento, Amostra do cordão Lnnbilical,percutânea, 270 da estnrlula, 1 15-123. Mrurmbxm Deleções,
3Ú2q Ampliñcação multiple:: de sonda dependente Duplieações¡ Translocaçtães.
não direcionado, 295-2911 dt ligação [MLPAJ, 491 anéis, 122, 1221
risco de reoorrências e, 295, 29611, 298-299 Aná1ase, 21, 221 dissomia parental, 90-92, 921, 12 I-122,
Aconselhamento pré-concepção, 306 Anil-asc l, 23, 231 1211
Acrodennatite enteropática, 1291, 1411-149, 14111 Anáilase ll, 231, 24 inversões, 122-123, 1231
Adenilatoquinase, 165 Análise d: ligação (linhaça), 150-153, 1511. 1521, isocromossomos, 123. 1241
Adenina, 5, 61, 71 1531. War também Marcadores, polimórñcos- reananjos subteloméricos, 120-121, 1211
Adrenoleuoodistroiialigada ao X, 140 di: distúrbios multi1atoriais, 239, 241.1, 2401 de número, 105-112. 115111111176111 Aneuploidia,
Adrenoleuoodistroña de genes que causam câncer hereditária, Poliploidia.
cerebral da in1ância, 140 221-222 Íenótipos clfnicos e, 123-125
ligada ao X, 140
genes candidatos encontrados por, 166, 1671 mapeamento de genes por observação das,
neonatal, 140 mapeamento de multipontos no, 155 164, 1651
Adrenornieloneuropatia, 140 mapeamento genético humano e, 154-158, meiose e, 24
Aliatoxina B1, 223-224 1571 morte pediátrica atribufvel "a, 4t
Agamaglohulinemialigada ao X, 190, 190t para diagnóstico genético. 264, 2641 no câncer, 125-126, 1251, 125t, 219-220, 221
Agentes anti- hipertensivos valores 1.01) na, 153-154, 154q nomenclatura para cariótim) de, 1Ú1t
para sindrome de lvlar1an, 71 próximo de zero, 158 prevalência de, 21, 4t, 100, 1 I5t
respostas diferentes aos, 285, 286 Analitos, 258 Antecipação, 76, 93-96, 931, 941
Albinismo Análogos de bases, 35 Antioódon, 15, 151, 161
ocular ligado ao X, ?ó-T?, 771 Ancestrais, 289-291, 2901. Wir também Grupos Anticorpos, 176-177, 179-130, 1112-134. Ver
ocu1ocutâneo,61-62,611, 12111, 129:, 1701 étnicos, triagem de beterozigotos em. 11111117611 lmunoglobulinas.
Albinismo tirosinase-negativo, 61-62, 611 Androgênios, como teratógenos, 304t Antidepressivos tricfclicos, 286-282, 2821

339
340 7' 11110105
Antigenos, 179-181]
Aparelho de Cnlgi, 61
APCs. Ver Células apresentadoras de
antígenos.
Apolipoproteínas, 242, 2451, 246t
doença de Alzheimer e, 253
Apoptose, 212, 2131
gene T1353 e, 223, 224
Araenodactilia,711, 71, 711
Arginintrssuccinase, 143, 1441
Artrite reumatoide, 188. 111111, 2351
Assimetria direitaÍesquerda, 194-195, 204q,
2041, 2011
Associação de população, 162-163, 163t
Associação VATER, 303t
Associações
em populações, 162-163, 163t

serviços diretos para o consumidor e, 285q


Ataxia de Friedreich, 95t, 1701'
Ataxias espinocerehelares, 94, 951
Ataxia-telangiectasia. 351;, 170t, 2171, 228
como sindrome de instabilidade
cromossõmica,
126
imunodeficiência na. 1901:
Ativadores, 12, 121
Atraso de desenvolvimento, 124, 132
Atro1ia de hdaclrado-_loseply 95t
Atro1ia dentatornrbral-palidoluisiana,95t
Atro1ia muscular espinal e bulbar. 951:, 140
Autoimunidade, 187-188
Autorradiograma, 40, 411, 431
Autossomos, 5
Avaliaçãocromossõmica. indicações clínicas
para, 124, 124o
Azatioprina, 286t

Bacterió1ago P1 cromossomos arti1iciais, 156


Bacteriõ1agos, 43
Banda de Ciemsa, 102, 1021
Bandas, de autorradiograma, 40, 431
Bandeamento C. 102
Bandeamento com quinacrina, 102
Bandeamento de alta resolução, 102
Bandeamento de cromossomos, 102, 1021
Bandeamento reverso, 102
Bases
no DNA, 5_. 61, 71
pareamento complementarde, 7
no RNA, 10
Bastonetes, 83
Bendectina, 3061:¡
Betahloqueadores, 285, 286-287, 286t
Bibliotecas de DNA. Ver Bibliotecas, DNA.
Biblioteca de DNA [CDNA] complementar, 166_.
11571
Biblioteca de DNA espec11ica de cromossomo,
l ÓÓ
Bibliotecas, DNA, 15151¡
cDNA, ma, 11571
espec11icas de cromossomos, 166
genómicas, 166, 1671
Bibliotecas genõmicas, 166, 1671
Bioética, 3116-309
Blastocisto
células-troncoderivadas do, 280
diagnóstico genético de pré-implantação no,
173
Blastõmero
células-troncoderivadas do, 280
diagnóstico genético de pré-implantação no,
272-273
Bolhas de replicação, 8-9, 91
Braço p
Cistinúria, 129:, 145
Citocinas, lin1ó-citm T auxiliarese, 177-179, 11111
Citocinese, 10, 11, 23, 14
Citogenética, 2, 100. Ver também Canótipo.
câncer, 115-126, 1151, 1151
Citomegalovfrus, evasão imunológica pelo, 186
Citometlia de Huxo, 166
Citosi na, 5, 61, 71. Wrtambán Dinucleotideos CC,
metilados.
metilação da, 37-38, 371
Claritromicina, 1861
Clastogênicos, 115
Clivagem de incompatibilidadede DNA, 491
Clonagem de células-tronco embrionárias, 280,
309
Clonagem de genes, 41o, 150
cM. Ver Centimorgans
342 x 1110105
Desenvolvimento fconfd.) Dismortologia (Conti.) DNA (ácido desoxirribonucleico] (w116i.)
mediadores genéticos de, 195-20| malformações isoladas 175. sindrñmicas na, 303 estmmra cln, 2, 5-7, 61', 71'
fatores de transcrição de DNA, |9EP101 termos essenciais em, 302-303 genes compostos de, 5
moléculas sinalizadorasparácrinas, 195- l 98 Disostose múltipla, I41t, 143t pesquisa inicial no, l-1
proteinas de matriz celular, 201 Dispenrria, 105 replicação do, 7-10, Qt
modelos animais de, 193, 1941, 194t, 206o, Displasia acromesomélica. 197-198 ciclo celular e, 20, 11
2061, 2071 Displasia campomélica, 199-101 síndromes de instabilidadecromossõmica
processos principais no embrião, 194-195 Displasia cleidocraniana, 95t, 2 10 e, 116
Desenvolvimento cranioÍacial, 207-208 Displasia, delinição de, 302 sequenciamento da, 47, 481
Desenvolvimentodo membro, 108-209, 1081:, Displasia epilisáriamúltipla, 95t para detecção de mutação, 47-49, 49t
21191, 21 U Displasia Íaciogenital, 85t tipos de sequências no, 19-10, 191
Desenvolvimento esquelético, 19511, 110 Displasia tanatofórica, 196, 1961, 203 DNA de cópia única, 19, 191
Desequilíbriode ligação (1111111192), 158-161, 1601. Dissomia parental, 90-92, 931, 121-122, 1211 DNA Fetal, na circulação materna, 273
1o' 11 Distribuição de responsabilidade,131-233, 1311:, DNA mitocondrial [mtDNAJ, 88-30, 891
associações de doença-NIHCÍ e, 187, 188 235 códons do, 15
como Forma de associação, 162, 163 Distnolia miotônica, 92-96, 931, 941, 951, 1701 foslorilação oxidativa e, 144
nos estudos de associação genômica ampla, Distrofia muscular de Becker, 81, 170t DNA polimerasefs), 7
1153, 1154, 1641, 239 Distrolia muscular de Duchenne, 80o, 811:, 821: na reação em cadeia da polimerase, 45, 46

Determinação do sexo, 1 13q análise bayesiana da, 196 DNA recombinante, 41, 421:
Deuteranomalia, 83, 84, 841 creatina quinase e, 80, 2601 DNA repetitivo, 19, 191. 211
Deuteranopia, 83, 841¡ mapeamento de genes da_, 165, 170t DNA repetitivo disperso, 19, 191, 10
Diabetes insípidn netrogénico, 85t mosaicismo de linhagem ,germinativa na, 64 DNA satélite, 19. 191, 20
Diabetes melito, 250-151 terapia genética para, 274t Doença celíaca, 188t
diabetes juvenil de infcio da maturidade, l29t, Distrofia muscular oculotaríngea, 95t Doença da artéria coronária, 141-245
132-133, 24111, 252 Distrolia muscular, 80, 81 terapia genética para, 279
tipo 1, 1291, 132-133, 250-251, 2511 de Becker, 81, 170t Doença da célula l, 141-143
alelos HLA associados ao, 1117-11111, 18111, 250 de Duchenne. Ver Distrotia muscular de Doença da imunodeficiênciacombinadagrave
modelos animais de, 240, 151 Duclrenne. [SCIDJ, 190, 19111
perlil de expressão do gene no, 189 miotñnica, 92-915, 931, 941 terapia genética para, 274t, 276q
tipo2, 1291, 132-133, 251, 2511 oculotaríngea, 95t Doença da imunodeficiênciacombinadagrave
em indígenas americanos Pima, 163-164 Distrolina, 1111-111, 1121 ligada ao X, 174t, 2761:¡
mutação MELAS no, 90 Distúrbios cardiovasculares, 141-249, 245t, 246t Doença da imunodeticiência de células B, 190,
Diagnóstico direto Distúrbiosda hemoglobina, 30-33, 3 1t. Í9Ut
métodos de, 164-2 66, 1651: 141111111116111 Anemia falciforme. Doença de bordo, l19t, 136
da urina do xarope
vantagens e desvantagens do, 164, 264t Distúrbios do armazenamento de glicogênio, Doença de Alzheimer, 153-254
Diagnóstico do corprísculo pol ar, 273 134, 1341 familiar, 7111, 17111, 146t
Diagnóstico genético de pre-implantação, Distúrbiosdo cobre, 147-148 mutação no gene APP na, 109. 253, 1531¡
272-173 Distúrbios do espectro otopalatodigital, 85t mutações mitocondriais na, 90
debates éticos na, 306 Distúrbios dos aminoácidos, 1281:, 129t, na síndrome de Down, 109, 153
Diagnóstico indireto, 264, 1641: 134-136. Vir tambem Feniloetonúria- Doença de Anderson, 1331:, 1 341:
Diagnósticopré-natal, 266-173 Distúrbiosdns carboidratos, l19t, 131- l 34, Doença de Chareot-À-larie-Tooth,18, 29, 70t
arnniocentese no, 267-169, 2681, 169q 1321, 1331, 1341 Doença de Cxrri_,133l:,134t
distúrbios metabólicos e, 170, 270t Distúrbios lipfdicos, 1291, 137-1311 Doença de Cowden, 2 I7t, 218
inicial, 168 Distúrbios metabólicos, l19t Doença de Fabrv. 143t
síndrome de Down e, 271 classiñcação dos, 130 Doença de Gaucher, 141-143, 143t, 274t
amostra de sangue umbilicalpercutãnea na, com defeitos dos peroxissomos, 140 Doença de Graves, 188t
270 com defeitos no receptor de honnõnio Doença de Hers, l34t
amostra de vilosidades coriõnicas na, 269-270, esteroide, 139-140 Doença de Hirschsprung, 199-101, 200o, 229,
2691 da produção de energia, 1291, 144-145 24|
distúrbios metabólicos e, 170, 270t das vias degradativas, 140, 1411, 1431 Doença de Huntington, 66q, 661, 94, 951, 1701
com DNA fetal na circulação materna, 173 de sistemas de transporte, l19t_, 145-148 idade de início da, 155-157, 671
de erros inatos do metabolismo, 270, 170t diagnóstico dos, 119-130, 13Iq Doença de Huntington-lrkr, 1, 95t
pré-implantação, 171-273 diagnóstico pré-natal de, 270, 170t Doença dejosepli, externa, 95t
questões éticas na, 306 do ciclo da ureia, 143-144 Doença de Keams-Éayre, 90
tipos de, 159 do metabolismo de aminoácidos, 1181:, l19t, Doença de Krabbe, 143t
tratamento Fetal e, 273 134-136. Ver tambem Feniloetonúria- Doença de hicArdle, l34t
triagem do soro materno na, 267, 271-171, do metabolismo de carboidratos, 131-134, Doença de Menlces, I29t, 147, 148
2721: 1321, 1331.', 1341: Doença de Niemann-Piclc,501:, 143t
Ultrassonografia na, 270-171, 2711.', 271 do metabolismo de hormônio esteroide, Doença de Parkinson, 147t
Dim, 2711-279, 2791 1311-139, 14111 autossñmicarecessiva de início precoce, 170t
Dietilestilbestrnl,3041 do metabolismo lipfdico, 137-138 familiar, |70|:
Diterenci ação. Ver Crescimento celular e herança de, l 30 Doença de Pelizaeus-lvlerzbaclrer,85t
diferenciação. manejo alimentar nos, 135q Doença de Pompe, l34t
Digestão de restrição, 40 prevalênciade, 129-130, l29t Doença de Retsum, infantil, 140
Dimeros de pi1imidina_, 33, 361 reconhecimento da história de, 118 Doença de Sandlroft, 143t
remoção de_, 35q, 361 tratamento Fetal dos, 173 Doença de Schindler, 143t
Dineína, 204 Diversidade juncional, 183, 184 Doença de Tangier, 146t
Dinucleotfdeos CC, metilados, 37-38. VH 6211111611 Divisão equacional, 21, 131:, 14 Doença de Tami, 1331, l34t
lvletilação. Divisão reducional, 21, 131:, 14 Doença de Tay-Sachs, 143t, 170t, 261-161, 261t
no cromossomo X inativo, 78 DMRs (regiões diterencialmente metiladas), Doença de von Cierlce, 1331, l34t
Discinesias ciliares, 204 91-92, 931 Doença de von Willebrand. 80, 170t
Discriminação no emprego, 308 DNA [ácido desoxirribonucleico). Ver tamlrán Doença de Wilson, l19t, 147-148, 170t
Dismortologia. 171711111117111¡ Maltormações DNA mitocondrial [mtDNAL Doença do osso quebradiço. Ver Ósteogénese
congênitas. amplificação do, 45-47, 461 imperFeita_
conceito de sequência na, 303-304, 3041¡ cauda do, 7, 81 Doença granulomatosa crônica, 190t, 191
delinição de, 292, 3112 constituintes do_, 5-6, 61, 71 Doença renal policfstica, 69, 170t, 204
11110105 7 34s

Doenças. Ver Doenças genéticas. Doenças multi Íatoriais, 3_, 13 1-15? Epeciticidade de um teste, 158-161, 160t
Doenças autoimunes conclusões acerca de, 156 Espectrometria de massa
diabetes tipo 1 como, 150, 151 definição de critérios para, 134-135 para detecção de mutação, 49t, 166
pertil de expressão gênica nas, 189 detecção de genes para, 139o tandem, na triagem do recém-nascido, 161.
Doenças autossômicas dominantes, 3, 59-61, 601 malformações congênitas como, 141, 141t 166
Ver 14111117611 Doenças genéticas dominantes modelo de limiar, 131-133, 1311, 156 Esperrnátides, 131, 14
distinção de caracteristicas nas, 61, 61t mortes pediátricas atribuíveis à, 4t Espermatócitos, 131, 14
gravidade em bomozigotos, 61 na população adulta, 141-155, 141t. 170111111175111 Espermatogênese, 131, 14
precauções em relação à categoria das, 61-63 distúrbios especflicos. Esperrnatogônia, 11, 14
prevalência de, 4t alcoolismo, 154 Epermatozoides, 14-15
risco de recorrência para, 60-61 câncer, 149-150 anonnalidades cromossõmicas nas, 1 14
Doenças autossômicas recessivas, 3_. 61-61, 611:. diabetes melito, 150-151, 151t Espinha bíiida, 133, 134, 1341:. 17:1' também
173133111117611 Doenças genéticas recessivas- doença de Alzheimer, 153-154, 1531: Defeitos do tubo neural.
detecção em lreterozigotos, 61 doenças cardiovasculares, 141-149, 145t, Epondiliteanquilosante
distinção de características de, 61, 61t 146t autoimunidade na, 137-1113
metabólica, 130 obesidade, 151 características clinicas
precauções em relação à categoria das, 61-63 transtornos psiquiátricos, 155, 155t da, 161-163, 1631
prevalência de, 4t prevalência de, 1t HLA-B27 e, 161-163, I63t, 187-188, 11'11"11
procriação consanguinea e. risco de recornências para, 131-135, 133t, Esquizotrenia, 155, 155t
Ver Consanguinidade. 135t Eteatose aguda na gravidez, 13'.?
risco de recorrência para, 61 com defeitos do tubo neural, 134 Etenose da aorta, simrravalvular, 1 18-119, 101
Doenças comuns, 3. Ver 11111111611 doenças herança monogênica, 135-136, 1351
os. Estenose pilórica, 131-133, 133t
multitatonais. Duplicações Estimativa da probabilidademáxima, 155
medicina personalizada para, 188, 189 cromossômicas, 111 Etimativade risco. Ver Risco de recornência.
Doenças de annazenamentolipfdico, 141-143, mapeamento de dosagem e, 165 Etreptomicina, como teratógeno, 304t
1 431' subteloméricas, 110-111 E-TTs, 168
Doenças de armazenamentolisossõmico, de genes, 18 Etudns de adoção, 138-139
141-143,141t,1421,143t Etudos de associação genômica ampla, 163-164,
Doenças de imunodeficiência. Ve' 11211111611 Virus 1641, 239
da imunodeficiência humana [HÍVL
lmunodeiiciênciacombinadagrave
E Estudos de gêmeos, 1, 136-138, 1361:, 137t
Ética, 306-309
(SCÍD). ECORI, 41), 401, 42 Eueariotos
primária, 189-191, 191k Ectodenna, 101, 1111-103 definição de,13-14
secundária, 1119-191) Efeito da idade paterna, 38, 381 estrutura Íntron-éxon de, 18-19
Doenças de imunodeficiênciade células T, 190, Efeito fundador, 53 Eucromati na, 13
1 91.11.' Eixo anteriorfposterior. 194-195, 103-104 Eugênicos, 309
Doenças genéticas. Ver também Ànonnalidades Eixo dorsalfventral, 194-195, 105, 108 Excesso de mineralocorticoide, sindrome de
cromossõmicas¡ Distúrbios metabólicos¡ Elastina, 1111-1 19, 147, 2111 excesso aparente, 146t
Disuírbios multitatoñais. Elementos curtos intercalados (SINE), 10 Éxons, 13-14, 141, 111-19
admissões hospitalares pediátricas atribufveis Elementos longos intercalados (LINE), 10 Expansões de repetições, 19
“a, 3 Elementos móveis, 18-19 doenças genéticas causadas por, 94, 95t
Fatores que afetam a expressão das, 63 Elementos-traço. VN Deteitos do transporte de na distroña miotõnica, 931, 93-94, 941
história de pesquisa na, 1-3 metais pesados. na doença de Huntington, 66-67
impacto clínico das, 3-4 Eletrotorese na sindrome do X frágil, 96
inHuências ambientais nas, 3, 31. Vcrtmxbãu DNA, 40, 4111 no frágil FRAXE, 98
sitio
Fatores ambientais. campo pulsado, 169 Expressão. 17:1' Expressão gênica,- Expressividade
mortes pediátricas atribuiveis “a, 3, 4t para detecção de mutação, 49t variável.
orientações para manejo das, 108o proteína, 39-40, 3917 Expressão ectõpica, 193
prevalência de, 1t, 4t Embrião. Ver Desenvolvimento. Expressão gênica
tipos de, 1t, 3 Encetalocele, 133. 1341 com promotores diterentes, 11

Doenças genéticas dominantes. Ver 15111111611 Encetalomiopatia mitocondrial e episódios estudos de microarranjo de DNA da, 49
Doenças autossómicas dominantes. semelhantes ao acidentevascular cerebral genômica do câncer e, 188-189, 1891
balanço de seleção de mutação com, 54 (MEIAS), 90, 145-147 111112111111119 genôrmico e, 91
mutações de ganho de Função em, 19 Endocitose, 243-244, 2441 regulação da, 11-13, 121, 131, 131
Doenças genéticas recessivas. Var1111111751111 Doenças Endoderma, 101, 103 testes para, 1621-1711, 1701
autossñmicasrecessivas. Endonucleases. 1111' Enzimas de restrição. em doenças comuns, 188, 189
em beterozigotos, 341 Engenharia genética, 411, 43 Expressivi dade variável, 67-69
Frequência de gene de, 54 Enzima conversora da angiotensina (ACE), 148, de síndromes cromossõmicas, 114
Frequência de portadores, 51 2481 Extensão do iniciador (primer), 45, 46, 461
mutação de perda de função nas, 19 Enzimas de restrição
na tecnologia do DNA recombinante, 41_. 411
Doenças ligadas ao X, 3, 4t, 76, 78, 85t
na transferência de Southern, 40, 401¡
Doenças mitocondriais, 3, 88-90, 891, 144
acidente vascular cerebral associado à, Epidermólise bolhosa, 174t, 191 F
145-147 juncional, 101 Fagócitos, 17a, 177, 179-1 1111, 185
prevalência de exemplos importantes, 1t Epilepsia, 911,951, 2471 Falha alélica, 173
Doenças monogênicas, 3. 141111111175111 Doenças Epilepsia mioclônica progressiva tipo, 1. 95t Falha meiõtica, 105
autossñmicasdominantes; Doenças Epitélio, desenvolvimento do, 110 Família da proteína morFogenética óssea (BMP),
autossômicas dominantes recessivas¡ Equilibrio de ligação (1111114111), 161 1917-198, 111.13, 211.1
doenças ligadas ao X. Equilibrio de seleção de mutação, 54-55 Famflia do fator de crescimento de Fibroblastos
classificação de, 3 Erros inatos dometabolismo, 1, 118. Vcrfcrmbáw (FGF), 195
expressividade variável de, 69 Disuírbios metabólicos. Família do fator de crescimento transtonnador [3
idade paterna e, 38, 381 Esclerose lateral amiotróñca, 1?0t, 147t (FCF-p), 195
malformações congênitas como, 141 Esclerose múltipla, 188, 188t Família do gene WM, 195-197
mortes pediátricas atribuiveis a, 4t Esclerose tuherosa, ?0t, 17th, 11?t Familia do supergene do fator de crescimento
prevalência de exemplos importantes, 1t Esiingolipidoses, 141-143, 143t transForTnador B [TCF-Bl, 197-198
os. doenças multi fatoriais, 135-136, 1351: Especiiicação de eixo, 194-195, 103-104, 105 Família Hedgehog, 195, 19111, 2111
344 / 11110105
Farmacogenéticae 1a1111acogenômica, 285 Fihrilina-2, 71 Gene da insulina, 250-251
predição de reações medicamentosas graves, Fibrose cística, 57q, 571, 170t Gene DMPK, 92, 93-94
285 diagnóstico direto da, 265-266 Gene do receptor da insulina, 1 33
terapia medicamentosa personalizada, dissomia parental na, 121-122 Gene do receptor de androgénio, mutações do,
285-2117, 1861, 21171 expressividade variável da, 69 139, 140
Fase de ligação [Íirdrgrjrü, 152 Hequéncia de portador de, 52 Gene 111111111, 9a, 911
marcadores polimóriicos e, 156-157 terapia genética para, 2741 Gene FME!, 98
Fase G1 (intervalo 1), 20-2 1, 201 triagem de heterozigotos para, 262q, 262t Gene FNE!, ?Oq
Fase G2 (intervalo 2), 20, 201 triagem de recém-nascido para, 261t Gene FNBI, 71
Fase 5 (síntese), 20, 201 Filarnentoantissenso, 1 1, 1 11 Gene F05, 214-215, 2141, 219, 2201
Fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), Flavoproteína de transferência Gene 11122921, 18H
na terapia genética, 27") de elétrons, 144 Gene 1111:). Ver Fator de crescimento semelhante
Fator de crescimento semelhante à insulina, 2 Fluconazol, como teratógeno, 304t à insulina 2.
síndrome de Bedcwith-Wiedemann e, 91-92, 921 Fluxo gênica, 54 Gene .JUN, 214-215, 2141, 219, 2201
síndrome de Russell-Silver e, 92_, 921 Folato [acido 1ólico], defeitos do tuho neural e, Gene KRAS, no câncer de colo, 224-225, 2261
Fator de crescimento trans1om1ador B [TGF-B) 234, 307q Gene 1111151232, 87
1ibrose cística e, 69 Fonrração de padrão, 194-195, 201-210 LÍene1\-1YC, 214-215, 2141, 219
genes do câncer e, 2 17t Formação dentária, 2 10 no lin1oma de Burlcitt, 125
síndrome de Mar1an e, 71 Fos1ori1ação oxidativa, 144-145 Gene NF!, 222-223, 2231. Vrrtambfm
Fator V111, 79-80, 79q, H6 Fragmentos de restrição, 40, 401 Neurotibromatose tipo 1.
Fatores ambientais Frequência de genes, 51 análise de ligação (Íínltagt) do, 152, 1531
1enótipo e, 56-59 causasde variação na, 52-55 como supressor de tumor, 217t

intluênciarelativa dos, 236-239 1requéncia de genótipo e, 52_, 521 locus e produto do gene, 170t
intervenções parar modificação de, 256 Frequência de genótipo, 52, 521 muiaçñes na, 68
mal1ormações congênitas e, 241 Frequências de recomhinação, 151, 1521 translocações no mapeamento da, 165, 222
nas doenças genéticas, 3, 31 1atores que intluenciam as, 153 Gene NF), 68
expressão variável e, 68-69 linhagens (lreredograma] e, 152, 1531 como supressor de tumor, 217t

no câncer, 213-214 Frutose, metabolismo da, 1331 Gene Nqggfn, 198, 205
traços multi1ato1iais e, 231 Frutosúria, 129t, 132, 1331 Gene NRAS, 220t, 228
Fatores da coagulação. Ver também Fator V111. Gene PATCHED, 195, 1931
acidente vascular cerebral e, 245-247 Gene PAXa', 193, 1941
Fatores de crescimento, 2 14-215, 2 141
Fatores de crescimento de Fibroblastos
G Gene 131911322, 28
Gene principal, 235-236
na terapia genética, 279
Cralactose, metabolismo da, 1321 Gene PTC', 195, 1981
no desenvolvimentode membros, 208
Galactosemia, 129:, 131-132, 1321, 1701 Gene PTCH, 217t
oncogenes associados ao, 220t triagem do recém-nascido para, 261t Gene PTEN, 217t, 228
Fatores de transcrição, 12 Gametas, 5. Ver 14117111611 Meiose. Gene R114, 21a, 2151, 217, 217:. Ver 11211112611 pRh.
crescimento celular e, 214-215, 2141 Gametogénese, 231, 24-25 lripermetilação do, 224
curvatura doDNA, 121, 13, 112, 199-201 Gastrulação, 201, 2021, 203 penetrãncia reduzida da_, 65
diabetes melito e, 251-252 Gel de eletro1orese. Ver Eletroltorese. Gene ÊHH, 201
especiiicos, 12 Gel de eletro1orese de campo pulsado, 169 Gene SHOX, 112
geral, 12, 121 Gêmeos concordantes, 236-237 Gene SMAD4, 217t, 2241-225, 2261
Clêmeos discordantes, 236-237 Gene SKY, 1 131a, 1131, 199-201
hrrpriniing e, 92
motivos de ligação do DNA dos, 13, 131, 13t Gêmeos dizigoticos, 236-238, 237t Gene T7153, 217t, 223-224
no desenvolvimento embrionário, 1981, Gêmeos monozigóticos, 204, 236-238, 2361, no câncer de colo, 2211-225, 2261

199-201, 1991, 203, 204, 207, 208-2173, 237t Gene VHL, 217t, 224
21 Ú Gene[s) Gene X157', 78
oncogenes coditicando para, 220t
clonagem de, 42q, 150 Gene XPA, 2 17t
Fatores de transcrição basal, 12. 121 como unidade básica de bereditariedade, 5 Genes (TVI-u, 2115-2117, 28m, 21171
Fatores de transcrição E217', 65 DNA e, 5 Genes de 1u5ão, 84
Fatores de transcrição especflicos, 12 estrutura do, 18-19, 191 Genes do câncer. Ver também Reparo do DNA;
Fatores de transcrição gerais, 12, 121 Famñias de, 20 Oncogenes¡ Genes supressores de tumor.
no desenvolvimento, 195, 197-198
Fatores de transcrição Gli, 195, 1981, 204, classilicação dos, 217
2117-208 no sistema imunológico, 187, 187t lrerdados v5. alteração somática, 215-216, 2161
Febre reumática, 187-188 para opsi nas, 84 regulação celular e, 214-216, 2141
Fenda palatina, 241, 241t 'fatores ambientaisvs., 236-239 Genes do 1ator de crescimento, 220t
com anquiloglossia, 85t história da genética e, 1-3, 5 Crenes do receptor do 1ator de crescimento,
Fenilcetonúria, 55-59, 1231, 1291, 134-135, 170: número de, e humanos, 3, 5 2201:
Gene APC, 217t, 224-226, 225q, 2261 Genes holândricos, HH
manejo alimentar da, 135q, 1351, 135t
triagem de betemzigotos para_, 262t Gene ATM, 217t, 221, 227, 2271, 228 Genes Hmrrznbwx, 199-201, 208
triagem neonatal para, 259q, 2611 Gene ATP-ni, 147, 14s Genes de manutenção, 1 1-12, 88
Fenitoína, como teratñgeno, 304t Gene ATPrB, 147-143 Genes Htrx, 203, 207, 2051, 209
Fenocopia, 129-130 Gene ATRX, 85t Genes RAC, 1112-1113, 11171.-
Fenóti po de Potter, 304, 3041 Gene BRCÀ!, 217t, 221, 227-228, 2271 SCÍD devida a mutaçñes nos, 190, 190t
Fenóti po, 5 6-59 lripcrmetilação do, 224 Genes 50X, 193-201
Ferro. Ver Hernocromatose. triagem para mutações no, 263 Genes supressores de tumor, 217, 217t, 2181.
Fertilização, 24-25 (Iene BRCAL?, 217t, 221, 227-228, 2271 Ver 1171111116111 genes especificos.
triploidia causada no momento da, 105 triagem para mutações no_, 263 comparados aos oncogenes, 218-219, 2191
Fertilização in nitro, diagnóstico genético pre'- Gene candidato, 170 identificação d.e, 221-229, 2221
implantação e, 272-273 Gene (DEVE, melanoma 1amiliare, 217t, instahiÍidade genômica e, 221
2248-229 Genes TAP, 185, 190-191
Lt-Íetoproteína biblioteca de EDNA, 166, 1671
no liquido amniñtico, 267 Cxenetic 1n1omration Nondiscrimination Act
no soro materno, 267, 271-272, 2721
Gene ÚÍTR, 57q, 571, 69 (CIMA), 3011
Fibras 1usi1om1es, 21, 22, 221, 23, 24 Gene CHEKL 217t, 224, 227, 2271, 228 Crenética Ver também Genética clínica¡
Fibri1ina-1,6EL71, 170, 170: Gene (71114, 251 Gitogenética¡ Genética médica.
no desenvolvimento embrionário, 201
Gene ÕTMAJ, 138, 139 histórico, 1-3
11101135 7 345

Genética clínica. 174111111111761¡ Aconselhamento Herança ligada ao Y, 3, 88, 881 HW'. Ver Vírus da imunodeiiciência humana (HiV).
genético. Herança mendeliana no homem [lvlcKLrsiclcj, 3, 56 HLA. Ver Luci do antígeno leucocitário l'|Ll11'lE.T|D
avaliação e serviços na, 300-301 Herança não mendeliana, 76 (HLA).
deiinição de, 292 Herança qua:: dominante, 62 HMG, 1 99-21) 1
indicações comuns para encaminhamento, 3021:¡ Herança recessiva ligada ao X, 78-87 Holoprosence1alia, 1981, 201
principios da, 292-301 distúrbios com, 78, 85t Homens XX, 113q, 1131
tipos de clínicas e programas, 302q 1Emeas a1etadas pela, 84, 87 Homeodominio, 203
Cienética de desenvolvimento, 193 linhagens (heredograma) para, 82, 851 Homocistinúria, |29t
Genética de população, 1-2_, 50-55 quadrado de Punnett para, 82-85, 861 Homotetrãmeros, 31
Genética médica. Ver 1121111761! Genética clinica,- os. padrão dominante ligado ao X, 78, 86-88, 87t Homozigoto, 26
Aconselhamento genético. Hereditariedade, de traços multi1atoriais, 237, heterozigoto composto corno, 32
bioética e, 306-309 238 Honnônios esteroides, síntese de, 138, 1391
como especialidade, 292 Heterocromatina, 13
escopo da, 1 constitutiva, 102
histórico de, 1-3 Heterodissomia,121-122
importância para pro1issionais, 1 Heterogeneidade alélica, 68-69
Crenética molecular, 2-3 Heterogeneidade do locus, 69, 691, 701: idade
Genitália ambígua, 138, 139, 1401 da retinite pigmentosa, 160q materna, trissomias e, 1 10-11 1, 1 101
Genoma valor LÚD zero e, 158 mutações de gene único e, 38, 381
serviços para o consumidor relacionados ao, os. herança multi1atorial, 235 mumções mitocondri ais e, 90
285q Heteromorñsmos, 164-165 anormalidades cromossômicas e, 1 1 1, 1 14
estruturado, 18-20, 191 Heteroplasmia, 89 ilhas CG, 168
deiinição de, 2-3 Heterotaxia, 2041 111111111111111; genõmico, 76, 90-98, 911, 931
número de genes no, 3, 5 Heterotetrâmenos, 31 imunogenética, 176
Genõmica do câncer, 288-289, 2891 Heterozigosidade, perda da, 222, 2221 imunoglobulinas, 177-179, 1111-134, 1521C, 11131
Genótipo, 26 Heterozigoto, 26 classes de, 181
1en6tipo e, 59 composto, 33, 341 diversidade de, 132-1114
Glicosaminoglicanas.Ver Mucopolissacañdoses. mani1estante, 86 genes para, 182-184, 111311, 1117, 1371
Glicose, metabolismo da, 1331 nos distúrbios metabólicos, 130 inativação do X, 76-78, 771
Glicosiltranstcerases, 201 Hibridização. Ver Hibridizaçãode inato rrs. criação, 236-239
Gliomas, 212, 220t oligonucleotideos alelo-especfiicos incapacidade, questões éticas em relação, 308
Glóbulos polares, 23, 231, 24-25 (A50), Hibridizaçãogenômica incesto, 73
triploiclia associada aos, 105 comparativa (CGH),- Hibridizaçãoin 511a incontinência pigrnentar tipo 1, 86
Graiaiclez Fluorescente 1,131514); Hibridizaçãoin situ. indices de concordância, 236-238, 2371
desafio imunológico da, 186 HibridizaçãoASC) (oligonucleotfdeos alelo- indices de Íalso-negativo, 259-260
esteatose hepática da, 137 especfiicos), 49t, 264-266, 2651 indices de 1also-positivo, 259-260
Grupos de apoio em genética, 300 Hibridizaçãode oligonucleotídeo alelo- indução, no embrião, 195, 203, 21111
Grupos de apoio, genética, 3110 especifico (A50), 4511, 264-266, 2651 inibidoresACE. Ver inibidoresda enzima
comemora da angiotensina (ÀCEL
Grupos étnicos, triagem de heterozigotos Hibridizaçãogenômica comparativa (CGH), inibidores da enzima conversora da angiotensina
em, 261-262, 2621- Ver também Raça e 1113-105, 1041
medicina personalizada. Hibridizaçãogenômica comparativa em ananjo, (ACE)
Grupos sanguíneos, 38-39, 39t, 188 1041, 105 como teratógenos, 304t
Guanina, 5, 61, 71 HibridizaçãoE11 situ, Ver também Hibridização
166. polimorlismose resposta aos, 285, 286
Guanosina di1os1ato (GDP), 219 in situ Íluorescente (FISH). inibidores d: CDK, 2171, 218, 2111F
Ckranosina tri1os1ato (CTF), 219 Hibridizaçãoin situ Fluorescente (FÍÉH), melanoma Íamiliare, 228
102-1113, 1031, m# proteina p53 e, 223
ern arnniácitos, 267 iniciadores (primers)
na reação em cadeia da polimerase, 45, 461
H Hidropisia1etal, 3 1 t, 32
Hiperamonemia, 131, 143 no sequenciamento do DNA, 47, 481
Haploinsuiiciéncia, 29 Hipercolesterolemia 1amiliar, 30, 1701, 242, iniciadores (print-rs) d.e oligonucleotfdeos, 45
Haplñtipo, 1511-151 243q, 2431, 246t, 274: início precoce, de distúrbios complexos, 256
HapMap (international Haplotipo Map Project), Hiper1enilalaninen1ias,1281, 134-136 inserções, de pares de bases, 28, 281
1154 Hiperglicemia, 132-133_, 1331 insertos, em plasmídeos, 42, 421, 43
Haste, de cromossomos acrocêntricos,102, 1021 Hipermetilação,de genes relacionadosao câncer, instabilidadedo microssatélite, nos carcinomas
Hélice dupla, DNA, 5-6, 71 224, 226-227, 2211 colorretais, 226-227
Heme, 30 Hipermutação somática, 179, 183, 184 instabilidadegenômica, 22 1, 226
Hemizigosidade, 76 Hiperplasiasuprarrenal congênita, 138-139, 14111 insulina, desenvolvimento pancreático e, 2 10
Hemocromatose, 1291, 1461, 14611, 170t tratamento 1etal da, 273 integrinas, 201
alelo HLA associado à, 146, 162, 18?, 13s: triagem para, 260-261, 2601 intensii-icadores 1211114111115), 12, 121, 13
Hemoiilia A, 79q, 791, 170t Hiperplasia suprarrenal. Vo' Hiperplasia intérl-ase i, 21
análise bayesiana da, 296 suprarrenal congenita. intériase il, 24
Fêmeas a1etadas pela, 86 Hipertensão, 240, 24ót, 247-249 intérlase, 20, 201
Fêmeas homozigotas e, 82 Hipocondroplasia, 196, 1961 international Haplotipo .Map Project líHapMap),
mosaicismo da linhagem gerrninativa na, 64 Hipolactasia, 85t, 133 l 64
Hemo1ilia B, ao, 17111, 2741 Hipometilação,de genes relacionadosao câncer, interrupção da gravidez, 306
Hemoglobina1etal, 30, 33 221, 2261 intervenção no útero, 273
Hemoglobina H, 31t Hipoplasia ectoclérmica hipo-hidrótica, 85t intolerãnciaa Frutose, hereditária, 129t, 132,
Hemoglobina,gene-s para, 30, 311 Hipótese de Lyon, 76-78 133f
Herança digénica, 160 Hipotireoidismo,congénito, triagem do recém- intolerância à lactose, 133
Herança dominante ligada ao X, 86-88, 871 nascido para, 261t introns, 13-14, 14f, 111-19
os. padrão recessivo ligado ao X, 78, 86-88, Historia, 7, 81 como DNA de cópia única, 19
871: acetilação da, 13 genes não relacionadoscontidos nos, 19
Herança ligada ao sexo, 78-88. Vrr1611156¡ desacetilação da, no cromossomo X inativo, 78 possiveis límçñes dos, 19
Herança dominante ligada ao X,- Herança hipoacetilaçãoda, no imprirriirrg, 90 inversão paracéntrica, 122
recessiva ligada ao X,- Herança ligada História1amiliar negativa, 293q inversão pericêntrica, 122-123, 1231
aoY. História 1amiliar, obtenção de, 301, 301 q imrersões, cromossõmicas, 122-123, 1231
345 x 11111105
IPÉX [imunodesregulação, poliendociinopatia, Malária Meiose l_. 21-25, 231¡
enteropatia ligada ao X), 188 alelo HLA associado "a. 188t não disiunção na, 106, 1061
lsocromossomos, 123, 1241 heterozigoto para. células 'lalcitonnes e, 52-53, Meiose ll, 231, 24-25
lsodissomia, 121-122 5 31 não disiunção na, 106, 1061
lsoniazida, 286_, 286t primaquina para, 286 Melanoma, 170t, 217t, 228-229
lsotipos, de imunoglolmlinas, 181 fvialtormação,delinição de, 302 familiar, 70:
lsotretinoina. como teratógeno, 3041: Pvialiormações congênitas. Ver também terapia genética para, 274t, 279
Anormalidades cromossômicas,- MELÀS (enoetalomiopatia mitocondrial e
Dismortologia. episódios semelhantes a acidentevascular
J causas de, 241, 302-303, 303t cerebral), E30, 245-247
class¡ Íicação das, 303 Melhoramento genético, 280
Jalc3, 1911 com herança multitatorial, 241, 241t Membrana lisossómica, cistinose e, 145
modelo limiar de, 233, 256 Mendel, Gregor, 1, 21, 5, 26, 150
distúrbios metabólicos e, 137-138 contribuições essenciais de, 56
isolada 1:15. sindrñmica, 303 MERRF [síndrome da epilepsia mioclõnica com
monogénico, 241 fibras vermelhas antractuadas),90
Kmckout, 207. 21171 prevalência de, 2t, 4t, 239, 241 t, 302 Mesénquima, 203, 210
prevenção de, 305-307 Mesodenna, 201, 203, 208
questões éticas em relação a, 306 Nletalmlismo da tenilalanina, 1281
L sequência de, 303-3114, 3041 Metabolismo de ácidos graxos, 137, 1371¡
síndromes de anomalias múltiplas comuns, defeitos do, 137
Lactase-tlorizinahidrolase, 133-134 3031 htlctátase, 21 221 _,

lactose, 133-134 fvialtormações isoladas, 303 hietátase l, 22, 2317


Lâminas B, 13t (Manejo alimentar, de distúrbios metabólicos, Metáiase ll, 231:, 24
Lamininas, 201 135q Metístase, 212, 215, 225-226
Lateralidade, dos distúrbios complexos, 256 Mapeamento, 150, 164-174. 171271111111161! Metilação. Ver 1111111751111 Dinucleotfdeos CC,
Leptina, 252 Mapeamento de genes e identilicação. metilado.
Leucemias, 212 Mapeamento da deleção, 165_, 1651: como sítio Frágil FRAXE, 98
alterações cromossõmicas nas, 125-126, 1251-', Mapeamento de dosagem, 165 de alelos 111111111111-3, 90, 92
1251 Mapeamento de genes e identificação, 150. Ver em gêmeos monozigóücos, 238
oncogenes nas, 21 $220, 220t, 221 também Análise de ligação (1111116311). hipermetilação de genes relacionados ao
Leucodistrolia metacromãtica, 143t análise computacional no_. 166-169 câncer, 224, 226-227, 228
Ligação (lfnlrqgc], vs. associação, 162-163 bibliotecas no, 166q hipometilação de genes relacionados ao
LlNEs (elementos leigos 111111111111805), 20 clonagem posicional no, 166-168 câncer, 221, 2261
Lintñcitos B, 176-180, 1771, 17111, 1791 DNA funcional 11s. não funcional e, 168 na síndrome do X Frágil, 96
Lintócitos T auxiliares, 176-179, 11111, 1115, 1116 genes candidatos no, 170-174 Metimazol, como teratógeno, 304t
infecção pelo HW de, 186 genes não humanos e, 168-169 Método de par de irmãos, 239
Lintñcitos Tcitotóxicos, 176-177, 11111, 11111, morfologia do cromossomo no, 164, 1651 Método didesoxi, 47, 481
l 84, Í H6 testes de expressão no, 169-170, 1701 Método do par de irmãos aFetados, 239
evasão dos, por virus e células t1.rmorais, 186 triagem para mutações no, 169 Metotrexato, como teratógeno, 304t
rejeição do transplante e, 185 Mapeamento de múltiplos pontos, 155 MHC. Ver Complexo de histocompatibilidade
terapia genética e, 279 Mapeamento genético, 150. 157111111176111 principal (MHÚ).
Lintócitos T lziiler. 11'21" Lintócitos T citotóxicos. Mapeamento de genes e identilicação¡ Miastenia grave, 1 88t
Lintñcitos T, 176-177, 1771, 17111. 1791, 11111, Análise de ligação (1116161111). Microananjos, DNA, 49, 50t
1811:. Ver hambán Lintócitos T citotñxicos, (Marcadores codominantes, 156-157 na detecção de mutação, 49, 49t
Linfócitos T auxiliares. Marcadores, polimárlicos, 152-153, 154, 155. na hibridização genômica comparativa, 1041,
Linfoma de BLn-lcitt, 125. 125t Ver 14111117611 Análise de ligação 1311181191), 1135
Lintomas, 212 Pol imorlismos. no diagnóstico genético, 266
Lintonodo, 21121, 203, 2114 bibliotecas de DN A na construção no teste de expressão gênica, 170
Linha primitiva, 2111, 21121, 203, 2114 de, 166 em doenças comuns, 288
Linhagem líbrrcdtrqrama), 5 EJ, 591: clonagem posicional baseada em, 166, 1671 câncer, 2891
no
obtenção, 301, 301q heterogeneidade do locus e, 158 nos estudos de associação genômica ampla,
Lipossomos, 277, 279 no cromossomo, 9, 1571 163-164, 1641
LMDÉA (ligação multiplex dependente de no Projeto Genoma HLmiano, 156 Microgiobulina-[32, 1114-1115, 11151, 1371
sondas de amplificação), 49t nos estudos de associação genômica ampla, MicroRNAs, 13
Locais de restrição_, 40 163-164, 1641 Mielina_, 28
polimorlismos nos, 41 observação direta de famílias e, 158, 1591: Minissatélites, 20
Ino' do antígeno leucocitário humano (HLÀ), propriedade úteis nos, 156-157, 1581 polimorlismos dos, 41, 451¡
184, 185, 1851' Matriz extracelular Mitocôndria, tosforilação oxidativa
diabetes tipo 1 e, 163 mucopolissacaridoses e, 141 na_. 144-145
espondiliteanquilosante e, 162-163, 163t, no desenvolvimento embrionário, 201 Mitose, 5, 21, 221
1117-1911, 111111 Maturação por afinidade, 183 ciclo celular e, 20-25, 201
hemocromatose e, 162 Medicina personalizada, 284-2511 estabilidadedo cromossomo durante, 226
Lao' ligado, 150. 1511 delinição de, 284 restrição no número de, 221
Lao' modiiicador, 68-69 doenças comuns e, 288, 289 Modelo de carcinogénese de dois eventos,
Lao' sintênico, 151 fannacogenéticana_, 285-287, 286t, 2871 215-216, 2161
latas [lot-CI, 26 fatores para implementação da, 284 Modelo limiar, das doenças multitatoriais,
distânciagenética entre, 151 iumro da, 291 231-233, 2321, 256
sintênica, 151 genômica do câncer e, 288-289, 2891¡ Modificaçãopós-tradução, 15
Lrípus eritematoso sistêmico, 188, 188t história de vida hipotética e, 288q do colágeno tipo 1, 18, 181
raça e ancestrais na, 289-291, 2901: Modos de herança, 3
tecnologias disponíveis para, 284. 285 q Molde (template), na replicação do DNA, 7-10
Meiose, 5, 21-24, 231 Moléculas coestimulatñrias, 177-179, 1791
gametogénese e, 231:, 24-25 Moléculas de sinalização parácrina, 195-198,
Macrótagos, 177 não disjunção na, 106, 1061 195q, 19111, 1991
infecção pelo HÍV dos. 186 no homem, crossing-mxr X e Y na, 1 12_, 1131 Monocromacia de cones azuis, 83
111101135 x 342'

Monossomia Neoplasia, 212 PCR [reação em cadeia da polimerase), 45-48,


autossómica, 106. 1061 Neoplasia endócrina múltipla, 2201'. 229 461
do cromossomo X,111-112,1111 Neoplasias benignas, 212 na detecção de mutação, 49t
Mosaicismo Neuroiibromatose tipo, 1, 67q, 681, 170t, 217t. Penetrãncia dependente da idade, 65, 66-67
anonnalidades cromossõmicas com, 1011-109 Ver 1111111261 Gene 111114. Penetrância
conÉnado à placenta, 269 com história 1amiliarnegativa, 293o, 2931 dependente da idade, 65. 66-67
na sindrome de TLuner, 1 12 expressividade variável da, 67-611, 67q reduzida, 64-65. 661
especifico de determinado tecido, 109 manejo clínico da, 6B os. expressão, 67
1etal, 253, 2711 mutações RAS-MAPK na, 1991 Pêniigo vulgar, 1881
linhagem genninativa, 64, 641 Neurntibromatose tipo 2, 68, 170t, 2171 Penicilamina,como teratógeno, 304t
síndrome de Down recorrente e, 109 Neuroiibromina. 222 Perda da heterozigosidade, 222, 2221
mutação NFI causando. 611 Neuropatia hereditária com predisposição para Perda gestacional, com anonnalidades
na sindrome de K1ine1elter, 1 12 paralisia por pressão, 28 cromossñmicas, 100. 105, 110. 113, 114
na sindrome de Turner, 1 12 Neurnpatia óptica hereditária de Leber, 90 Per1i1 do DNA, 1nrense, 44q, 441
na trissomia, 21_, 1011-1 09 Neurulação, 202-203 Persistência hereditária da hemoglobina Fetal,
Nlotivo hélice-alça-hélice, 131. 13t Northern bzotting, 159-170, 1701 31']
Motivo hélice-giro-bélioe, 13t Notocorda, 203 Pirimidinas, 5, 61
mRNA. Ver RNA mensageiro. Núcleo das células, 5, 61 Plano equatorial
mtDNA. Ver DNA mitocondri al. síntese de proteinas e, 10, 101, 14 na meiose, 22. 24
Mucopolissacaridoses, 141-142, 1411, 1421 Nucleossomos, 7, 81 na mitose. 21, 221
Mulheres XY. 113q, 1131. 199-201 Nucleotfdeos. 6 Planos corporais, 193, 201, 203
Mutaçãolíões) na replicação do DNA, 7-10, 91 Plasmideos, 42a, 421
causas de, 33-35 Plasmócitos, 1751-180, 1113
deiinição de, 26 Pleiotropia, 69-71
detecção de, no nível do DNA, 47-49, 49t
doenças genéticas e, 5
O 1atores de transcrição e_. 199, 201
na distro1ia miotõnica, 93-94

erros de replicação do DNA causando, 7 (Jbesidade, 252 Polaridade, no embrião, 194-195


espontânea. 33 Óñalmoplegia externa progressiva crônica, 90 Polidactilia
induzida, 33 Olho, desenvolvimento do, 193, 1941 pós-axial, 60, 601
ligada ao sexo, 76 Úncogenes, 2111-219, 2201:. Vrrfambfm genes posterior, 207-2011
linhagem germinativa, 26 especí1icos. Polimoriismos. lãrtambá¡ Marcadores,
no câncer, 221 comparados aos genes supressores de tumor, polimórfico.
nos distúrbios da hemoglobina, 30-33, 3 It 218-219, 2191 de repetições em mar-m, 41, 441, 451
nova, 63-64, 293 identificação do, 2 191-221 de1inição de, 26
produtos de proteínas resultantes de, 29-30, instabilidadegenômica e, 221 detecção de, 40-49
3111 Úncogenes A131... 125, 219-220, 220t, 221 nucleotídeo único. 11'11" Po1imor1ismosde
somática. 26 Óncogenes ERBB, 219, 220t nucleotideo único (SNPs).
tipos de. 27-29 Úncogenes ERBB! (1151321361), 2201, 22 1 número no genoma humano, 4-0
os.polimorñsmos, 26 Úncogenes HAS', 2 19, 2201 sitio de restrição, 41
Nlutação constitutiva. 2 1 5-216 nos melanomas esporádicos, 228 Po1imor1ismos curtos de repetição em tandem
Mutação genética letal, 54 Organizador de Spemann-Mangold, 202 (PCHTs), 41, 451
Mutação letal, genética, 54 Úrganogénese, 194-195, 202, 205, 210. Ver como marcadores, 155, 156-157

Mutações da endotelina, doença de 14111111621 Desenvolvimento do membro. per1il do DNA baseado nos, 44q. 441
Hirschspmng e, 200 Orientações antecipatóiias e supervisão da saúde, Polimoriismos de comprimento de iiragmento de
Niutações de ganho de 1unção, 29-30, 301 msq restrição [PCFksl, 40-41, 451
Mutações de linhagens genninativas. 26 Origem da replicação, 8-9, 91 como marcadores, 155, 156-157
induzida por radiação, 33, 34q Úmitina transcarbamilase, 1441 no diagnóstico direto, 264, 2641

Mutações de perda de 1unção, 29, 301 deliciéncia de, l29t, 143 PCR no ensaio de, 47
Niutações do promotor, 28 Ósteogênese imper1eita, 17q, 171, 181 Polimoriismos de nucleotideo único 15141351,
Ps-'lutaçõesdos sítios de processamento [spiiciirrjj, heterogeneidade do locus na. 69, 691 41-43, 451
23, 291 mosaicismo da linhagem germinativa na, 64 290, 2901
ancestrais e,
?viutações espontâneas, 33 Óvo, 24-25 como marcadores úteis, 156-157

Mutaçõesframuirifi(mudança na matriz de reativação do cromossomo X no, 77-711 no desequilíbrio de ligação (1611311511). 163, 164,
leitura), 28-29, 281 Úvñcítns, 231,24-25 11341
?viutações induzidas, 33 anonnalidades cromossõmicas nos_. 114 no Projeto Genoma Humano, 156
Ô-iutações ligadas ao sexo, 76 Óvocitogenese. 231, 24-25 nos estudos de associação genômica ampla,
Mutações monogênicas, 27-211 Óvogônia, 21, 24-25 163-164, 11541
Mutações negativas dominantes, 30. 301 serviços para o consumidor, 285q
Mutações pontuais, 27-28 Polipeptideos, 14
Nlutações sem sentido (traumas-t),27-28, 271 P síntese iibossñmica de_. 15-18, 161
?s-'lutações silenciosas, 27-211 Poliploidia, 105
?viutações somãticas, 26 Palíndromos, enzimas de restrição e, 42 Polipose adenomatosa do cólon. Ver Polipose
induzidas por radiação, 34q Panmixia, 52 adenomatosa 1amiliar.
Mutagênicos químicos, 35-37 Papilomavírus humano, câncer de colo do útero Polipose adenomatosa 1amiliar, 170:, 224-226,
Mutágenns, 33 e. 223 225q, 2251. VrrfambímCene AH:
carcinogénico. 212 Paradoxo de Shennan, 96, 981 Polipose do cólon. 1111' Polipose adenomatosa
Paralisia de pressão. neuropatia hereditária com, 1amiliar.
28 Polipose juvenil, 2171
Parálogos, 203, 2051_. 209 Pontos de parada 111113121301148). translocações,
Parceira in1om1ativo, 157_. 15111 125
Não diretividade, no aconselhamento genético, Parceiro não in1onnativo, 157. 1581 Pontos quentes de mutação, 37-311, 371
295-2911 Pareamento aleatório, 52 População Amisb, desvio (drift) genético na, 53
Não disjunção, 10a, 1061. 114 Pareamento de bases complementares População dejudeus asquenazes, 53. 142,
idade materna e, 1111-1 11 na replicação do DNA, 7 2151-252, 21521
Narcolepsia, 1117, 1881 na síntese de mRNA, 11 Portador. Ver Heterozignto.
Neandertais, 47 Partenogênese, 91! Portador obrigatório, 64-65
348 x 1110105
pRb, 65, 218, 223. l-'crtormbím Gene REL
melanoma 1ami1iar e, 22H
Presenilina 1 e 2, 246t, 253, 254
Primaquina, 2H6
Principio da segregação, 56
Principio da seleção independente, 56, 150,
1511:
Principio de Hardy-Weinherg, 52, 521
Probabilidade, 153-154
conceitos básicos de, 50-51
análise bayesiana e, 296o
Probabilidadecondicional, 296, 297
Probabilidadeconjunta, 296, 297
Probabilidadeposterior, 296, 297
Probabilidadeprtbfa, 296, 297
Probando, 59
Procariotos, 13-14
estrutura íntron-éxon e, 18-19
Processamento [splÍícingL do RNA mensageiro,
13-14,141,18-19
Processamento gEnico (spiicíng), 13-14, 141,
18-19
Produtos de genes recombinantes, 150
Pr61ase, 21 221
,

Pr61ase l, 21, 22,231


Pró1ase ll, 24
Progestágenos, como teratñgentls, 3041
Projeto Genoma Humano, 2-3, 156q, 239, 306
Promotoriies), 11
regulação da transcrição e, 12, 121, 13
Propósitos, 59
Protanomalia, 83, H4, 841
Protanopia, 83, 831, 841
Proteína de ativação CTPase, 222, 223
Proteína dedos de zinco (zine11111117) do cerebelo,
2114
proteina À-1D1v12, 2181, 228
Proteína mitocondrial tri1unci onal, 137
Proteína Noggin, 202
proteina p53, 223-224
melanomas e, 228
nos tumores do colo, 224-225
Proteína p63, 210
Proteína precursora do amiloide-
11101135 x 349

Sequência de tenninação, 1 1 Síndrome de Kline1elter, 112, 1 141 Sistema renina-angiotensina-alclxrsterona.248,


Sequência, congênita, 303-3114, 3041 corpúsculo de Barr e, 78 2481
Sequenciamento capilar, 47 Síndrome de Klippel-Trenaunay,303t Sistema Rh, 39, 189
Sequenciamento de DNA automático, 47, 481 Síndrome de Langer-CÃ-iedion, 1 19t Sítio doador, 28. 291
Sequência:: conservadas, 168-169 Síndrome de Leri-Weill, 85t Sítio frágil [FRAXeL 9m, 98
sequências de consenso, 19 Síndrome de Liddle, 246t, 248 Sítio receptor, 28
Sequências de DNA Síndrome de Li-Fraumeni, 170t, 217t, 224 Sítios crípticos de splicíng, 28
amplificação de, 45, 46 Síndrome de Marian, 71lq, 701, 711, 171], 170t, Sítios de sequências marcadas fSTSsl, 156
análise computacional de, 166-169 11:11 511115 arrrlríguus, 204, 2041
clonagem de, 42q, 421 Síndrome de Maroteatm-Lamy, 141, 141t Sims ímxrsus, 204, 21141
consenso. 19 Síndrome de Miller-Dielcer, 1 19t Solenoides, 7, 81
conservada, 168-169 Síndrome de Morquio, 1411 Sonda[s)
para detecção de mutação, 49t Síndrome de Muenlce, 1951:¡ de bibliotecasde DNA, 115a
Sequência-s de DNA antecedente [upsmam] (r), 7 Síndrome de Noonan, 198, 1991, 303t de microarranjo de DNA, 49, 501
Sequência¡ de DNA posterior (Jmvmstrmm), 7 Síndrome de Pallister-Hall, 207-2118 na hihridização 1m situ Fluorescente, 102-103, 1031
SÍDS. Ver Síndrome da morte súbita in1antil Síndrome de Patau, 1 10, 1 1131 na transferência deSouthern 11101111135, 40, 411
(SÍDS). Síndrome de Pearson, 91'] no mapeamento de genes, 166

Silenciadnres, 12, 121 Síndrome de Peutz-Jeghers, 249 Sondas de oligonucleotídeo. Ver Snndaísl
Simpolidactilia,951, 109 Síndrome de P1ei11er, 196-197 .Sonic lxdgrbug, 195, 1981
Sinapse, 21 Síndrome de Prada-Willi,90-91 911:, 92q
,
Southern, trans1erÉncia de, 40-41, 411
Síndrome dissomia parental na, 121-122 autorradiograrnano, 40, 411, 431
deFinição de, 303 microdeleção na, 1 18. 1 19, 119t clonagem de sequências de DNA para, 43
os. mal1ormação isolada, 303 Síndrome de Rett, 87_. 170t na anemia 1alci1om1e, 40-41, 431
os. sequência, 303-3114 Síndrome de Reye, 129-130, 131. 143 para detecção de mutação, 491'
Síndrome alcoólica Fetal, 144-145, 31J6_. 307q Síndrome de Romano-Ward, 242-245 os. reação em cadeia da polimerase, 47
Síndrome cardiolzaciocutânea, 198_. 1991 rRNA (RNA ribossômico), 15 STSs (sítios de sequências marcadasJ, 156
Síndromedadeleção 1.136, 1 19t, 120, 1211 Síndrome de Rubinstein-Tayhi,119t, 1981, Substituição, de pares de base, 27-28, 271
Síndrome da delação 22q1 1, 121], 1201. 207 207-208, 31131: Substituição de Lnn par de bases. 27-28, 271
Síndrome da epilepsia mioclônica com Fibras Síndrome de Russell-Silver, 92, 921 Succinilcolina, 286
Vermelhas anÍTaCtLIadas (6415111113), 90 Síndrome de Sanlzilippo, 1411: Sulco ectodérmico apical, 208, 21181
Síndrome da hiper lgE. 190t Síndrome de Scheie, 141. 14|t Su11oni1ureias, 286t
Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Síndrome de Shpnntzen, 121] Super1amília do citocromo P451), 286-287, 286t
114714311113611 Vírus da imunocleiziciência Síndrome de Sly, 141t Superñxido dismutase 1_. 165
humana [HÍVL Síndrome d: Smith-Lemli-Opitz,137-l as, 131%, Supervisão de saúde e orientações pre'-
CCR5 e, 186 1981, :U1 sintomáticas. 108o
em pacientes hemo1ílicos, 81] Síndrome de Smith-lvlagenis,103, 11131, 119t Suplementação de vitaminas, deFeitos do tubo
terapia genética para, 274t, 279 Síndrome d: Turner, 111-111, 1111 neural e, 307q
Síndrome da monossomia 1p36, 119t, 121], 1211 com isocromossomo Xq, 123 Surdez, início tardio, mutação mitocondrial que
Síndrome da morte súbita infantil (51135), de1eito doenças recessivas ligadas ao X e, 86 causa, 91]
metabólico e, 129-1311. 131 Síndrome de Usher, 160
Síndrome de Aarsltog-Scott, 851 Síndrome de von Hippel-Lindau,217t
Síndrome de Alagille, 1 19t
Síndrome d: Angelman, 90-31. 911. 1 1a, 119t,
Síndrome de Waardenbmg-Shah, 200
Síndrome de Werner, 351:¡
T
113, 171)! Síndrome d: Williams, 1111-119, 11111, 119t. Tabagismo, e deficiência de antitripsina-Ltv 265
Síndrome de Apert, 196-197_. 1961 31.131 u-Talassemia, 31-32, 171k
Síndrome de Bardet-Biedl, 160 Síndrome de Wisltott-Aldñch, 191k, 191 triagem de heterozigotos para, 262t
Síndrome de Beam-Stevenson, 1951:¡ Síndrome de Woliz-Hirschhorn, 116-1 18, 1181, na síndrome ligada ao X, 85t
Síndrome de Beelcwith-Wiedemann.91-92, 931, 1 19 u-Talassemia, B-Talassemia
293q, 2931 Síndrome de Zellweger, 140 triagem do recém-nascido para, 259, 261
Síndrome de Bloom, 35q, 126, 170t, 299:¡ Síndrome do 47, XYY, 1 13 B-talassemim, 31t, 31-32. 331. 170t
Síndrome de Chédialc-Higaslii,191k Síndrome do 8 recombinante, 123 autossômica dominante, 63
Síndrome de Coclcayme, 35q Síndrome do corno occipital, 147 triagem de heterozigotos para, 262, 2621
Síndrome de Cornelia de Lange, 303t Síndrome do lin1ócito nu_. 1911-191, 1911: Talidomida, 241, 3ü4t
Síndrome de Costello, 198, 1991 Síndrome do QT longo, 170t, 242-245, 246t, Taxas de mutação, 37-38
Síndrome de (Tri-du-cbat, 1 16 285-286 do DNA mitocondrial, 88
Síndrome de Crouzon, 196-197 Síndrome do X 1rágil, 94, 9st, 96-98, 9??, 981, radiação e, 34q
Síndrome de Dejerine-Sottas, 28 1701: T-hox, 2113-209
Síndrome de Down- Ver Trissomia 21 [síndrome Síndrome HÉLLP, 137 Teló1ase, 2 1, 221
de Down). Síndrome mão-pé-geniml, 2119 Teló1ase 1, 23, 231
Síndrome de Edwards. VH Trissomia 18 Síndrome ulnar-mamária, 208-2119, 2091 Tel61ase ll, 24
(síndrome de Edwards). Síndrome velocardio1acial, 1 19t, 120q Telomerase, 221
Síndrome de Elrlers-Danlos, 171k Síndrome WACÃR, 1 19 Telôrmeros, 100
tipo 1X, 147 Síndromes de craniossinostoses, 196-197, 1961, Frequências de recombinação, 153
Síndrome de Ellis-van Creveld, 53 1117-2013 rearranjos na região de, 120-121
Síndrome de Gordon. 246t, 248 Síndromes de genes contíguos, 1 19 senescência celular e, 221
Síndrome de Carlin, 195, 1981, 217t Síndromes de microcleleçñes, 118-120, 1181. Teorema de Bayes, 2961:¡
Síndrome de Haw River, 95t 1 19t, 120q. VN hrrrrlJón sfndromcs rspncgíms. Terapia antissenso, 277-278. 2781
Síndrome de Holt-Úram, 2118-209, 2091 SlNÊs [elementos curtos intercaladosL 20 Terapia corn rihozima, 278, 2781
Síndrome de Hunter, 141, 141t Síntese de proteína, 111, 101:. Ver 1111111161: Terapia de linhagem genninativa, 279-280
SíndromedeHurler, 141, 141t, 1421 Transcrição,Tradução. Terapia genética viral, 274, 2751
Síndrome de Hurler-Scheie, 141, 14It ciclo celular e, 211, 2 1 Terapia genética, 273
Síndrome de insensibilidadeao androgênio, 139, modiiicação pós-tradução na, 15 células somáticas, 274, 274t
140 Sistema complemento, 176, 179-180, 186, 187 bloqueio de genes na, 277-279, 2781, 2791
Síndrome de instabilidadecromossñmica, 126 de1eitos do, 19m, 191 gene T1353 na, 224, 279
Síndrome dejaclcson-Weiss, 195q Sistema do grupo sanguíneo ABC), 38-39, 39t, para deñciência imunológica combinada
Síndrome dejervell-Lange-Nielsen, 245 188-1 89 grave, 274t, 276q
350 / 1110105
Terapia genética .fcmrfdj
para doenças não hereditãrias, 279
para hipercolesterolemia 1amiliar, 243
para tirosinemia tipo 1 hereditária, 136
reposicionamento de genes na, 274-277
vetores não virais para, 277
vetores virais para, 274, 2751
linhagem genninativa, 279-280
perspectiva na, 280
Terapia medicamentosa e genética, 285
predição de reações adversas graves, 285
terapia personalizada, 285-287, 286t, 2871
Teratógerios, 3134-306, 304t
litigação da bendectinae, 306q
Teratologia, 302, 304-306. 171713111111611
[J'ismortologia.
Testes genéticos, 25 8-283. Ver também Triagem
genética, Diagnóstico pré-natal.
da criança, 3011-3119
deñnição de, 25H
diagnóstico direto em
métodos de, 264-266, 2651
vantagens e desvantagens de, 264, 264t
diagnóstico direto nos, 264
direto para o consumidor, 267
limitações dos, 266
número de condições cobertos pelo, 265-266
questões éticas em relação_, 306-309
Tetraciclina,como teratõgeno, 304t
Terravalentes, cromossomos, 21
Tetraploidia, 105
Timina, 5, 61, TF
Tiopurina metil transterase, 285, 286t
'liouraciLcomo teratõgeno, 304t
Tirosinemia oculocutânea, 136
Tirosinemias, 1281, 129:, 136
Traços influenciados pelo sexo, 88
Traços mendelianos, 56
Traços monogêrricos, 56
Traços multifatoriais, 23 1
distribuição normal de, 231, 2321
hereditariedade de, 237, 238
Traços poligénicos, 231
Tradução, 10, 1111, 15-18, 161
Transcrição, 10, 1111, 11, 111
de DNA mitocondrial, 88
inativação da, no

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