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Charges de Angelo Agostini para discutir o mito da escravidão branda

Respostas das questões

1. Charge “De volta do Paraguai”, 1870 É um soldado negro, com duas medalhas no
peito, uma mochila nas costas, um cantil e uma bolsa estilo bornal presos na
cintura, indicando que ele está chegando de viagem, isto é, da guerra do Paraguai,
como diz o título. Uma escrava está presa no tronco e sendo açoitada pelo feitor,
também negro, com um chicote de três pontas. A reação do soldado é de surpresa
e assombro, afinal a escrava castigada é a sua mãe. Possivelmente é o senhor,
proprietário da escrava, que observa o castigo que ele ordenou. Em suas mãos às
costas, ele segura um chicote. A charge mostra a contradição da realidade vivida
pelo negro na sociedade brasileira da época: os soldados negros que lutaram na
Guerra do Paraguai como voluntários, em nome da liberdade, retornam ao país e
encontram seus semelhantes escravizados. Apesar de “cheio de glória, coberto de
louros” e tendo “derramado seu sangue em defesa da pátria”, nada disso é levado
em consideração para terminar com o sofrimento e a violência da escravidão. 2.
Charge “Escravidão ou morte!”, 1880 A imagem representa uma estátua, ou seja,
um projeto de monumento em homenagem à independência do Brasil, como
informa sua legenda. O escravizado serve de cavalo e é montado pelo fazendeiro
que ergue um chicote na mão direita. O escravizado está preso por uma corrente na
mão e no pé, e tem uma corrente no pescoço que serve de arreio ao senhor. O
escravizado tem os cabelos brancos: é um homem velho. Os fazendeiros
exploravam o trabalho escravo até as últimas forças do escravizado tratando-os
como animais. A permanência da escravidão era o lema dos fazendeiros
escravistas, que não queriam abrir mão dessa instituição. Os liberais (assim como
os conservadores) eram proprietários de terra e escravos, e não queriam a
libertação dos escravos. Atenção professor: a resposta à pergunta 5 permite
discutir os limites do liberalismo no Brasil escravista do século XIX. Destaque que
“ser liberal” não significava defender a liberdade dos escravos, isto é, lutar pela
abolição. Os que aceitavam a abolição só o faziam sob a condição de que ela fosse
acompanhada de indenização pela “perda da propriedade”.  Liberais e
conservadores tinham muito em comum: pertenciam à camada senhorial, eram
proprietários de terras e escravos, e defendiam a manutenção da escravidão. 3.
Charge “Congresso Internacional”, 1883 É o imperador D. Pedro II. Porque o
imperador está acompanhado de um escravo, o que indica que ele é governante de
um país escravista. O menino representa a instituição da escravidão, como está
indicado na cartola em sua cabeça. O Congresso Internacional é uma metáfora
para falar do conjunto de nações que àquela altura não tinham mais escravos. A
escravidão persistia apenas em países africanos e na China. Consulte a cronologia
mundial da escravidão disponível no artigo As pressões britânicas pelo fim do
tráfico de escravos D. Pedro II era admirado e respeitado pelos governantes de
muitas nações por suas qualidades pessoais. A persistência da escravidão no
Brasil, o último país da América a abolir a escravidão. 4. Charge “Cenas da
escravidão”, 1886 A charge denuncia a violência e a crueldade com que eram
tratados os escravos. Há duas ironias: 1) “a escravidão patrocinada pelo partido da
Ordem”, significando, na verdade, que a escravidão era mantida pela repressão,
coerção e violência, como mostram as cenas; 2) “glorioso e sábio reinado do
senhor D. Pedro, satirizando o fato do imperador, tão admirado por sua cultura,
erudição e amor pelo país, mantinha-se distante do movimento abolicionista que,
naquele momento tomava conta do país. A impunidade era comum, os senhores
não eram punidos pelos abusos, violências e assassinatos que cometiam. A frase
final – “Santa Justiça” – é uma ironia, pois não havia justiça para os escravizados.

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