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Religião e Movimentos Sociais

A linha de pesquisa Religião e Movimentos Sociais reúne projetos referentes a


fenômenos religiosos na sua imbricação com o "não-religioso", ou seja, aos
diversos entrelaçamentos entre discurso e práticas religiosas, envolvendo
temáticas como política, pobreza, etnia, violência e meio-ambiente, e incluindo
contextos sociais considerados mais seculares.

Centro de Estudos Latino Americanos de Pentecostalismo


Coordenadora: Cecilia Mariz
Financiamento: PCIR University Southern California
http://crcc.usc.edu/initiatives/pcri/center-brazil.html

O projeto "Centro de Estudos Latino Americanos de Pentecostalismo” é composto por


três sub-projetos intitulados: (1) “Líderes Pentecostais na América Latina: atitudes políticas
e sócio-econômicas”, (2) “Exportação do pentecostalismo e da Renovação Carismática
Católica latino-americanos e a ‘re-cristianização’ da Europa”, (3) “Católicos Carismáticos e
protestantes pentecostais: uma relação de amor e ódio?”. Cada subprojeto pretende analisar
e fomentar debates sobre respectivametne (1) os discursos de liderança pentecostais e
carismáticas latino americanas, mas especialmente brasileiras, tanto protestantes quanto
católicas, a respeito de uma ampla variedade de temas; (2) projetos de missões
internacionais desses diferentes grupos religiosos visando recristianização da Europa; (3)
práticas e discursos ecumênicos e inter-religiosos.
Memória Dissidente: cristianismo pentecostal, memória e Estado Nacional
Coordenadora: Clara Mafra
Financiamento: CAPES, Faperj e CNPq

No Brasil, mesmo que o crescimento pentecostal continue a depender da conversão de


pessoas anteriormente vinculadas a outras religiões, não se pode ignorar que a continuidade
de sua expansão também se relaciona com o acúmulo e a familiarização da mensagem entre
pessoas “nascidas no evangelho”. A metáfora das diferentes ondas pentecostais
freqüentemente citada na literatura especializada remete a um trabalho de persistência do
cristianismo: entre outros aspectos, estabelece-se uma diferença crucial no exercício do
proselitismo, entre a recepção do neófito em uma comunidade de irmãos minoritária,
amedrontada e perseguida ou diante de uma minoria visível, orgulhosa de si e atuante no
espaço público.

Neste plano de trabalho, proponho compreender as transformações do pentecostalismo


em seu duplo movimento, de ruptura e renovação cultural e social. Tendo por base uma
etnografia entre três gerações de pentecostais que se estabeleceram no noroeste do Estado
do Rio de Janeiro, buscarei os referenciais nativos de ruptura e continuidade cultural. A
questão de fundo, que garante o aporte comparativo do plano de trabalho, indaga sobre a
integridade do cristianismo em suas diferentes versões.

Caminho de Santiago: o protagonismo das associações de amigos do caminho no


processo de construção da peregrinação jacobea


 
Coordenação: Sandra de Sá Carneiro (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Brasil)
e Nieves Herrero (Universidad de Santiago de Compostela- Espanha)
Financiamento: bolsa de estágio pós-doutoral Capes/Fundação Carolina

Em 1987 o Caminho de Santiago foi proclamado o Primeiro Itinerário Cultural Europeu


pelo Conselho de Europa e, em 1993, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Neste processo de luta e de reconhecimento desta rota de peregrinação milenar foram
protagonistas as associações dos amigos do Caminho, criadas inicialmente na França e
Espanha. Hoje elas são fundamentais na construção de sentido da moderna peregrinação,
tornando-se uma espécie de “guardiãs” da memória da peregrinação tradicional, que se por
um lado teve alargado o seu sentido original, puramente religioso, por outro, não pode
perder seu sentido simbólico de “transformação interior”, “de auto conhecimento” ou seja,
do seu poder transformador associado à viagem interior.

Podemos dizer que no intenso processo de revitalização e de recuperação da rota jacobea,


em que teve um peso decisivo sua própria patrimonialização, foi sendo mapeado um
campo de disputa em torno dos significados, valores e pertencimento da peregrinação. De
fato, na progressiva recuperação da peregrinação e do seu traçado foi possível observar a
intervenção de vários atores políticos: os governos (locais, municipais, estaduais e
nacionais), o mercado e a sociedade civil, além da própria Igreja, que foi perdendo pouco a
pouco o seu papel hegemônico no processo. A convivência entre estes atores nunca foi
fácil, entre eles se produzem relações de cooperação, negociação e de conflito permanentes,
num jogo de aproximações e distanciamentos bastante peculiar. O certo é que todos eles
contribuíram com suas iniciativas para a recuperação e manutenção do Caminho, que hoje
assume cifras inimagináveis, apontando para a sua universalização e, ao mesmo tempo,
destradicionalização. Nesta medida, estes atores enfrentam conflitos que surgem de suas
diferentes interpretações, interesses e propostas.

Neste trabalho nos detivemos em analisar as propostas das Associações de Amigos do


Caminho de Santiago que tiveram e tem um papel fundamental na promoção da
peregrinação, sendo causa e conseqüência do seu processo de revitalização desde o final
dos anos 1980. Atualmente elas se destacam em suas denuncias da mercantilização e
turistização do Caminho, na defesa e salvaguarda de um patrimônio que se universalizou e
se destradicionalizou. Do ponto de vista das associações, isto é resultado das atuações das
administrações excessivamente orientadas pelos interesses do mercado e da própria Igreja
católica que parece viver a perda do controle sobre o fenômeno, mantendo uma posição de
só reconhecer como “legítima” a peregrinação realizada por motivos religiosos.

Neste campo de disputas, as associações que embora aceitem como legítimos a diversidade
de sentidos espirituais e/ou culturais que outorgam muitos peregrinos atuais a sua
experiência, centram suas atividades em promover “a prática da peregrinação de modo
tradicional”, em continuidade com o passado. Entendem também que os hospitaleiros e os
albergues tem um papel fundamental na performance de criação de um ambiente próprio,
propício a um “renascer” do peregrino, que é a “busca interior”, fruto de um processo de
reflexividade que ele vive durante o exercício da peregrinação, que é uma forma de
aprendizado.

Nos perguntamos então como esta experiência é construída dialogicamente no texto das
múltiplas e variadas relações sociais que são estabelecidas entre os diferentes atores sociais.
Consideramos que a análise da proposta das associações e de sua influência na
configuração da peregrinação atual é importante na reflexão acerca dos modos e


 
procedimentos empregados para a elaboração de um “sentido mais universal” nas
construções do caminho de Santiago como patrimônio da humanidade tanto no seu
aspecto material (itinerário e monumentos) quanto simbólico e imaterial (a própria
peregrinação como um ritual e os valores que lhe são agregados).

Religião, Política e Educação: novas interfaces

Sub-projeto: Religião, Política e Educação: em questão a implantação do


ensino religioso no Rio de Janeiro

Coordenadora: Sandra de Sá Carneiro


Financiamento: Prociência

Este projeto situa-se dentro da temática mais ampla da pesquisa que venho
desenvolvendo nos últimos anos: a das relações entre religião e política na
sociedade brasileira contemporânea, tendo como horizonte o diálogo entre
tradição e modernidade. Inúmeros estudiosos têm apontado para as
evidências de referências à religião ou ao "religioso" como dimensão
significativa da contemporaneidade, o que parece contrariar com a imagem que
por muito tempo predominou desde o fim do séc. XVIII que preconizava o "fim
da religião. Essa imagem está associada ao que podemos genericamente
chamar de laicização do Estado, que engloba dois aspectos: a desvinculação
entre o aparato estatal e as instituições religiosas e a eliminação de toda
referência a valores e conteúdos religiosos nas áreas reguladas por leis civis. O
que poderia ser traduzido ainda pela perda da relevância política de todas as
identidades de base religiosa. O objetivo mais geral é discutir as relações entre
religião e Estado, laicidade e liberdade religiosa. Para isso, buscamos
acompanhar o debate a respeito da laicidade garantida pela Constituição
brasileira e do papel do Estado e da sociedade na construção dos indivíduos
como membros da sociedade nacional. O ponto de partida é a análise das
tensões, negociações e controvérsias que vêem sendo travadas em torno da
polêmica implantação do ensino religioso nas escolas públicas, tendo por
objeto empírico o caso do Rio de Janeiro. Pretende-se assim analisar os
principais argumentos e estratégias dos diferentes atores sociais envolvidos na
discussão sobre a implantação do ensino religioso, buscando contextualizá-los
no quadro social, político e religioso do Rio de Janeiro. Neste caso específico,
o campo de disputa foi instaurado com a aprovação da lei estadual (3459/00)
que estabelece que o ensino religioso será oferecido na forma confessional nas
escolas estaduais.

Religião e Violência na perspectiva neo-liberal

Coordenadora: Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros

Pesquiso as formas de vivências do campo religioso, partir das novas


abordagens do fenômeno. As romarias de Juazeiro do Padre Cícero, vistas
como objeto do turismo religioso, desafiam o entendimento das práticas dos
romeiros, tanto em suas relações com a hierarquia da Igreja Católica, quanto
em relação ao assédio da catequese das novas denominações religiosas que
atuam na sociedade. Estudo também os conflitos familiares nascidos da
ruptura decorrente da migração de membros de grupos familiares,


 
tradicionalmente romeiros, para as chamadas Igrejas Eletrônicas.

Discursos Étnico-Religiosos, Subjetividade e Espaço Urbano.

Coordenadora: Márcia Contins

Ao longo dos últimos anos venho realizando pesquisas sobre etnicidade e


religião no contexto das chamadas religiões afro-brasileiras, do
pentecostalismo e do catolicismo popular. Mais recentemente tenho ampliado
essa reflexão focalizando as relações entre religião e discursos sociais
especialmente no âmbito dos movimentos negros e dos discursos e políticas
sobre a ação afirmativa. Desde a obra de autores clássicos, tais como Max
Weber e Ernst Troeltsch, o paralelo entre os mundos católico e protestante e
suas respectivas relações com a modernidade tem sido um tema recorrente na
sociologia da religião e que permanece nas discussões contemporâneas.
Mudanças recentes nesses universos religiosos, assim como suas adaptações
a diferentes contextos sociais e históricos sugerem que esse tipo de
comparação requer uma atualização constante. Neste projeto, pretendo
explorar as relações de identidade e diferença que o protestantismo e o
catolicismo mantêm entre si em contextos urbanos contemporâneos. Embora
pouco estudadas na maioria das pesquisas realizadas sobre o pentecostalismo
e sobre as versões carismáticas do catolicismo popular, as categorias da
“pessoa” e da “possessão” desempenham papel central no entendimento
dessas experiências religiosas. Nosso propósito será investigar as mudanças
ocorridas nessas experiências, focalizando os modos pelos quais elas se
expressam simbolicamente. Nesse sentido, ao focalizar o que estamos
chamando de “conexões urbanas”, estamos, na verdade, explorando os
vínculos de natureza total que são exercidos nas relações desses grupos não
somente com outros grupos sociais e instituições no espaço da cidade, mas
igualmente, e não menos importante, seus vínculos com a ordem cósmica,
relações expressas por categorias de natureza mágico-religiosa.

Religião e deslocamentos em contextos de violência

Coordenadora: Márcia da Silva Pereira Leite

O objetivo desta pesquisa é a análise das modalidades através das quais


símbolos, valores, categorias e rituais religiosos possibilitam que diferentes
atores sociais promovam deslocamentos espaciais, simbólicos e políticos em
contextos de violência.

Religiosos na Esfera Pública

Coordenadora: Patrícia Birman

Visa analisar as formas pelas quais religião e política se entrelaçam em


espaços públicos brasileiros contemporaneamente. O seu intuito é de
compreender como religiosos e leigos objetivam, definem e redefinem as
fronteiras entre religião e outras dimensões da vida social, como cultura,
patrimônio e política, por exemplo, de acordo com seus projetos, estatutos e
interesses. Dois eixos argumentativos se entrelaçam. Um relativo à importância


 
que adquiriu na esfera pública a identidade evangélica. Busco compreender os
discursos e as práticas religiosas evangélicas, sobretudo nas suas relações
com a esfera pública, considerando também a importância da mídia nas suas
construções religiosas. Outro eixo, em continuidade com este e, em parte, seu
lugar de aplicação, é relativo as formas pelas quais religiosos se relacionam (e
eventualmente se transformam em mediadores importantes e interlocutores
fundamentais) no plano social e político com outros grupos e agências
governamentais e não-governamentais, guiados por princípios conflitivos e/ou
concorrentes com os seus em territórios específicos.


 

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