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Coordenação: Sandra de Sá Carneiro (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Brasil)
e Nieves Herrero (Universidad de Santiago de Compostela- Espanha)
Financiamento: bolsa de estágio pós-doutoral Capes/Fundação Carolina
Neste campo de disputas, as associações que embora aceitem como legítimos a diversidade
de sentidos espirituais e/ou culturais que outorgam muitos peregrinos atuais a sua
experiência, centram suas atividades em promover “a prática da peregrinação de modo
tradicional”, em continuidade com o passado. Entendem também que os hospitaleiros e os
albergues tem um papel fundamental na performance de criação de um ambiente próprio,
propício a um “renascer” do peregrino, que é a “busca interior”, fruto de um processo de
reflexividade que ele vive durante o exercício da peregrinação, que é uma forma de
aprendizado.
Nos perguntamos então como esta experiência é construída dialogicamente no texto das
múltiplas e variadas relações sociais que são estabelecidas entre os diferentes atores sociais.
Consideramos que a análise da proposta das associações e de sua influência na
configuração da peregrinação atual é importante na reflexão acerca dos modos e
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procedimentos empregados para a elaboração de um “sentido mais universal” nas
construções do caminho de Santiago como patrimônio da humanidade tanto no seu
aspecto material (itinerário e monumentos) quanto simbólico e imaterial (a própria
peregrinação como um ritual e os valores que lhe são agregados).
Este projeto situa-se dentro da temática mais ampla da pesquisa que venho
desenvolvendo nos últimos anos: a das relações entre religião e política na
sociedade brasileira contemporânea, tendo como horizonte o diálogo entre
tradição e modernidade. Inúmeros estudiosos têm apontado para as
evidências de referências à religião ou ao "religioso" como dimensão
significativa da contemporaneidade, o que parece contrariar com a imagem que
por muito tempo predominou desde o fim do séc. XVIII que preconizava o "fim
da religião. Essa imagem está associada ao que podemos genericamente
chamar de laicização do Estado, que engloba dois aspectos: a desvinculação
entre o aparato estatal e as instituições religiosas e a eliminação de toda
referência a valores e conteúdos religiosos nas áreas reguladas por leis civis. O
que poderia ser traduzido ainda pela perda da relevância política de todas as
identidades de base religiosa. O objetivo mais geral é discutir as relações entre
religião e Estado, laicidade e liberdade religiosa. Para isso, buscamos
acompanhar o debate a respeito da laicidade garantida pela Constituição
brasileira e do papel do Estado e da sociedade na construção dos indivíduos
como membros da sociedade nacional. O ponto de partida é a análise das
tensões, negociações e controvérsias que vêem sendo travadas em torno da
polêmica implantação do ensino religioso nas escolas públicas, tendo por
objeto empírico o caso do Rio de Janeiro. Pretende-se assim analisar os
principais argumentos e estratégias dos diferentes atores sociais envolvidos na
discussão sobre a implantação do ensino religioso, buscando contextualizá-los
no quadro social, político e religioso do Rio de Janeiro. Neste caso específico,
o campo de disputa foi instaurado com a aprovação da lei estadual (3459/00)
que estabelece que o ensino religioso será oferecido na forma confessional nas
escolas estaduais.
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tradicionalmente romeiros, para as chamadas Igrejas Eletrônicas.
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que adquiriu na esfera pública a identidade evangélica. Busco compreender os
discursos e as práticas religiosas evangélicas, sobretudo nas suas relações
com a esfera pública, considerando também a importância da mídia nas suas
construções religiosas. Outro eixo, em continuidade com este e, em parte, seu
lugar de aplicação, é relativo as formas pelas quais religiosos se relacionam (e
eventualmente se transformam em mediadores importantes e interlocutores
fundamentais) no plano social e político com outros grupos e agências
governamentais e não-governamentais, guiados por princípios conflitivos e/ou
concorrentes com os seus em territórios específicos.
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