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COMUNICADO TÉCNICO Edição 15

Controle de pragas iniciais da cultura do milho


Fabrício Passini – Gerente de Agronomia Sul

São vários os fatores que podem causar diminuição de quase todas as regiões produtoras de milho, tanto de verão como de
produtividade na cultura do milho, dentre eles podemos destacar: safrinha. Os casos mais complicados são em áreas que não foram
pragas, doenças e competição de plantas daninhas. Nas fases iniciais, monitoradas ou, então, foram mal dessecadas. Outro grande problema
o milho é muito sensível aos danos das pragas, podendo estas causar são as áreas vizinhas: áreas de trigo, no caso de lavouras de verão;
intensa desfolha e até mesmo perda de estande na lavoura, resultando e áreas de soja, em caso de lavouras de milho safrinha. Quando o
em redução significativa de produtividade. Uma boa estratégia de produtor descuida no controle do percevejo no trigo ou na soja, a
manejo para o controle das pragas do milho passa por quatro fases tendência é que eles migrem para a área de milho causando danos
e assim dividiremos esse artigo: histórico e identificação das pragas; muito fortes. Nas figuras 1 e 2 podemos ver o percevejo barriga-verde.
dessecação antecipada e monitoramento para uso de inseticidas;
escolha da tecnologia Bt e tratamento de sementes; monitoramento
da lavoura implementada.

1) Histórico e identificação das pragas


Conforme mostra o gráfico 1, as principais pragas que atacam
o milho nas fases iniciais são: corós, larva-arame, percevejos,
lagarta-rosca, lagarta-do-trigo, larva-de-diabrótica e lagarta-do-
cartucho. Todas essas pragas podem causar perdas de produtividade, Figura 1 - Percevejo barriga-verde. Figura 2 - Alta pressão de percevejos
injetando toxina na planta.
entretanto, neste artigo iremos dar maior foco para percevejos e a Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer.
lagarta-do-cartucho.
Os danos podem ser classificados em leves, moderados e
Percevejo
severos (figuras 3, 4 e 5). Os danos leves praticamente não causam
Desde a década de 70, o percevejo era considerado praga problema para a planta, já os médios causam diminuição do tamanho
secundária do milho, entretanto, ano após ano, vem ganhando cada da espiga e os severos fazem com que a planta, muitas vezes, nem
vez mais importância e hoje já pode ser considerado praga-chave em produza espiga.

Calendário de Pragas e Doenças do Milho


PRAGAS VE V1+ V3+ V6+ V9+ VT R1 R2 R3 R4 R5 R6
Corós
Larva-arame
Percevejos
Lagarta-rosca
Lagarta-elasmo
Lagarta-do-trigo
Larva-de-diabrótica
Lagarta-do-cartucho
Broca-da-cana
Cigarrinha
Pulgão
Lagarta-da-espiga
Gráfico 1 - Calendário de pragas e doenças da cultura do Milho. Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer.

1
ver na figura 7, é que geralmente em anos secos e quentes, a lagarta-
do-cartucho pode apresentar o hábito da lagarta-rosca, causando uma
perda intensa de plantas e diminuindo assim a produtividade. Já nas
fases mais adiantadas (figura 8), a lagarta-do-cartucho pode furar a
espiga causando danos diretos (grãos avariados), bem como abrir a
espiga para a entrada de fungos que irão colonizá-la, podendo gerar
podridões de grãos e brotamentos.

Figura 3 - Danos leves. Figura 4 - Danos médios.

Lagarta-do-cartucho
atacando na base

Figura 5 - Danos severos.

Fonte: Departamento técnico da DuPont


Pioneer.

Conforme observações de campo abaixo (figura 6 e gráfico 2),


os percevejos podem causar prejuízos de até 91% quando o ataque Lagarta-do-cartucho

resultar em danos severos. Planta com sintoma


do Coração Morto

Planta dominada
(dano leve) Figura 7 - Danos causados pela lagarta-do-cartucho nas fases iniciais do milho.
Fonte: Jose Carlos Madaloz - Agrônomo de Campo da DuPont Pioneer.

Planta perdida
(dano severo)

Planta normal

Figura 6 - Danos causados por percevejos.


Fonte: Jose Carlos Madaloz - Agrônomo de Campo da DuPont Pioneer.

600
Redução na produtividade de
grãos por espiga
500 15%
533
32%
Média de Grãos/Espiga

400 451

300 361

200 Figura 8 - Danos causados na espiga pela lagarta-do-cartucho.


91% Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer.
100

46
0 2) Dessecação antecipada e monitoramento para uso
0 1 2 3
de inseticidas
Nível de Dano
Gráfico 2 - Danos causados por percevejos. Depois de conhecer a área, saber quais são as pragas e quando
Fonte: Jose Carlos Madaloz - Agrônomo de Campo da DuPont Pioneer.
elas atacam, é chegada a hora de elaborar as estratégias de manejo
Lagarta-do-cartucho para o controle efetivo. Toda a estratégia de controle passa por uma
atividade básica, em que o monitoramento e nível de ação são muito
Há vários anos a lagarta-do-cartucho é considerada a principal
importantes. Conforme o gráfico 3, é preciso pensar na cultura do
praga da cultura do milho, podendo atacar as plantas desde as fases
milho, seja ela verão ou safrinha, desde a cultura antecessora e não
mais iniciais até a fase da espiga. Nas fases iniciais, os danos podem
apenas do plantio a colheita. Atuando assim, o controle das pragas
ocorrer com a intensa desfolha, podendo gerar plantas dominadas e
acontece em várias fases, diminuindo sistematicamente a sua
com espigas menores. Outro problema nessa fase, conforme podemos

2
população em várias etapas. O resultado disso é a diminuição da de culturas) auxiliará no controle das populações deste inseto.
pressão de seleção sobre qualquer método de controle.
Na safrinha 2016, a DuPont Pioneer passou a oferecer aos
Para o milho verão, a dessecação antecipada é fundamental para agricultores o Tratamento de Sementes Industrial (TSI) com o inseticida
um bom estabelecimento da cultura. Basicamente, o monitoramento Dermacor®, associado aos inseticidas do grupo dos Neonicotinoides
deve ser feito sempre em duas etapas: entre 20 e 30 dias antes do (Poncho® ou Cruiser®). A associação destes tratamentos auxilia os
plantio, deve-se procurar por lagartas e percevejos, e sempre que produtores na proteção das plantas nos estádios iniciais da cultura, no
forem encontrados vivos, recomenda-se o uso de inseticida. Após manejo da resistência de lagartas à tecnologia Bt, amplia o espectro do
a dessecação em pré-plantio, a orientação é que o monitoramento controle das pragas, além de trazer maior segurança na aplicação com
seja feito novamente, e encontrando pragas ou plantas daninhas maior precisão na dose e cobertura das sementes.
remanescentes, é aconselhado refazer a dessecação usando também
Conforme mostra o gráfico 4, o uso do Dermacor® proporciona
inseticidas. Um cuidado especial que deve ser adotado é a rotação,
mais segurança para o estabelecimento inicial da lavoura. Trabalhos
tanto do modo de ação do inseticida, quanto do herbicida. No caso
realizados pela Fundação ABC mostram que a incidência de plantas
do herbicida, a recomendação é o uso de produtos de contato, já
cortadas por lagarta-do-cartucho foi estatisticamente inferior quando
para o caso dos inseticidas cabe uma avaliação do tipo e ínstar da
comparada com a testemunha. Olhando a população final no gráfico
praga. Para lagartas de ínstares maiores, não é recomendado o uso
5, é possível perceber que neste estudo o uso de Dermacor® acresceu
de inseticidas reguladores de crescimento (fisiológicos).
quase 20% o número final de plantas na lavoura. A população final
Já no milho safrinha, nem sempre o produtor opta pela de plantas é o componente mais importante do rendimento e é uma
dessecação antecipada da soja. Entretanto, o monitoramento em pré- característica específica de cada híbrido.
colheita da soja é importante, não só para a lagarta-do-cartucho, mas
principalmente para os percevejos. Ao encontrar 1 percevejo vivo por
metro é aconselhado que o controle seja realizado, já que esta prática
entrega para o milho uma população inicial menor de percevejos.

3) Escolha da tecnologia Bt e tratamento de sementes


A DuPont Pioneer oferece aos produtores a tecnologia Leptra® de
proteção contra insetos, a melhor opção para auxiliar no controle das
sete principais lagartas que atacam a cultura do milho. Essa tecnologia
é mais uma ferramenta que, associada às Boas Práticas de Manejo
(dessecação antecipada, tratamento de sementes, adoção de área de
refúgio estruturado efetivo, controle de plantas daninhas e voluntárias, Gráfico 4 - Efeito da aplicação de inseticidas via Tratamento de Sementes Industrial em híbridos
de milho Bt e não-Bt sobre a incidência de plantas raspadas, aos 9 dias após a emergência
monitoramento de pragas e pulverizações complementares, e rotação (V3). Safra 2014/2015, campo demonstrativo e experimental de Arapoti/PR, Fundação ABC.

Gráfico 3 - Manejo Integrado de Pragas na cultura do Milho. Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer.

3
Pioneer no Paraná, onde foram avaliados os tratamentos de sementes
nos diferentes níveis de ataque de percevejo (leve, moderado e
severo). Percebe-se claramente que, com o uso de Poncho®, obteve-
se uma forte redução dos danos leves e moderados causados pelo
percevejo. Essa prática torna-se fundamental, já que essa praga pode
causar danos de produtividade de 15% quando o dano for leve, 32%
quando o dano for moderado e de até 90% quando o dano for severo.

4) Monitoramento da lavoura implementada


Depois que a cultura está implementada, o monitoramento da
lavoura, principalmente nos estádios iniciais da cultura, é fundamental.
Gráfico 5 - Efeito da aplicação de inseticidas via Tratamento de Sementes Industrial em
híbridos de milho Bt e não-Bt sobre a população final de plantas no momento da colheita. Para isso, para cada tecnologia ou praga, diferentes níveis de danos
Safra 2014/2015, CDE Tibagi/PR, Fundação ABC.
determinam as ações a serem seguidas:

Percevejos
Em relação às plantas raspadas por insetos mastigadores, o
uso do TSI (Dermacor® + Poncho®) é uma excelente opção, pois o • Aplicar inseticidas recomendados para o controle quando o nível de
residual do produto fornece proteção à planta, conforme a pressão dano for atingido (na média 1 percevejo vivo a cada 10 plantas).
da praga, até o estádio V2/V3. Além da proteção, nesse momento de
Lagartas
suscetibilidade, o TSI promove o manejo da resistência, uma vez que
trabalha com mais um modo de ação, além das proteínas Bt. • Área de Refúgio Estruturado Efetivo: aplicar no máximo 2 vezes até
o estádio fenológico V6 quando, na média das amostragens, 20% das
Outro benefício do uso do TSI é em relação ao controle de
plantas apresentarem nível 3 da Escala Davis.
percevejos, pois os neonicotinóides são peças fundamentais para
o controle dessa praga. O gráfico 6 (abaixo) mostra um resumo de • Híbridos Leptra®: Sempre que, na média, 4% das plantas estiverem
trabalhos realizados pelo departamento de agronomia da DuPont ao nível 3 da Escala Davis, contate o Representante Comercial dos
produtos marca Pioneer® ou o distribuidor da sua região e verifique a
necessidade de aplicação de inseticidas.

• Híbridos não Leptra®: Aplicar sempre que, na média, 10% das plantas
estiverem ao nível 3 da Escala Davis.

Conclusão
A DuPont Pioneer tem o compromisso de entregar aos produtores
novas tecnologias que melhorem o controle das pragas, assim como
levar informações úteis para prolongar a durabilidade das mesmas. O
Manejo Integrado de Pragas permite, através da adoção de diferentes
práticas, atacar o problema de forma sistemática, diminuindo as
possibilidades de falha de controle que geram perdas de produtividade.
Gráfico 6 - % de controle de percevejo com uso de Poncho®. Avaliação realizada em 280 A adoção efetiva destas medidas por parte dos produtores resulta em
plantas por tratamento de semente, 20 dias após plantio; Scala Fundação ABC 0-3;
Trabalho realizado pela Pesquisa Agronômica/PR. (Robson de Paula, José Madaloz) um esforço conjunto na direção do aumento da rentabilidade.

Atenção: Defensivos agrícolas são perigosos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual e não permita o contato de menores de idade
com defensivos agrícolas. Em caso de dúvidas, contate um engenheiro agrônomo.

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