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1. Introdução
Em 1961, a proteção dos cultivares foi alçada à proteção internacional com a Conferência de
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Paris e a criação da União Internacional para a Proteção das Obtenções Vegetais (Upov).
Atualmente, existem 7 bilhões de habitantes, sendo que cerca de 850 milhões de pessoas se
encontram em estado de miséria, sem conseguir atender as necessidades básicas
alimentares, o que – prima facie – indica a necessidade de maior produção e distribuição
dos alimentos ao redor do mundo.
Por outro lado, houve o aumento de consumo alimentar no mundo que decorre da redução
da pobreza nos países em desenvolvimento (como China, Índia e Brasil), que fez aumentar
a demanda por carne, ovos e laticínios – e por consequência a necessidade da produção de
milho e soja para a ração destes animais (aves, suínos e gado).
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Atuais desafios no desenvolvimento do agronegócio
Por fim, segundo a expectativa de especialistas, até 2050 a Terra ganhará mais 2 bilhões de
habitantes, alcançando a impressionante soma de 9 bilhões de pessoas.
No entanto, não é possível simplesmente desmatar mais áreas para introduzir novos
espaços agrícolas, pois tal atitude teria sérios reflexos no meio ambiente de modo a
comprometer as gerações futuras.
“A agricultura está hoje entre os maiores responsáveis pelo aquecimento global por lançar
na atmosfera uma quantidade de gases associados ao efeito estufa maior que a de todos os
carros, caminhões, trens e aviões juntos – sobretudo sob a forma de gás metano (produzido
na digestão do gado e em plantações de arroz), do dióxido nitroso (oriundo dos campos
cultivados) e do dióxido de carbono (liberado pelo desmatamento em regiões tropicais com
o objetivo de abrir novas plantações e pastagens). O setor agrícola é o maior usuário dos
nossos preciosos suprimentos de água doce e um dos maiores poluidores, na medida em
que a drenagem de água, mesclada a fertilizantes e excrementos, perturba o frágil equilíbrio
de lagos, rios e ecossistemas litorâneos em todo o mundo. A atividade também contribui
para a perda da biodiversidade” (NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL, 2014, p. 47).
Sendo assim, como solução à duplicação da produção de alimentos sem o aumento da área
agrícola e com diminuição dos danos ambientais, especialistas indicam: a maior eficiência
da produção das plantações existentes; o uso eficiente dos recursos naturais; mudança de
dieta (diminuir o consumo de carne, especialmente a bovina) e diminuir o desperdício.
ou na criação de animais:
• Por fim, abordagens da cultura orgânica também reduzem o uso de água, produtos
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químicos no solo e a erosão.
Os exemplos acima, portanto, sugerem que a aplicação cada vez maior da tecnologia e
pesquisa voltada ao agronegócio possa propiciar a maior produção de alimentos sem o
esgotamento dos recursos naturais, num momento em que se avizinha a necessidade da
duplicação da produção agrícola para fazer frente à alimentação da população mundial
crescente.
Deste modo, considerado o agronegócio como uma cadeia produtiva, inúmeras são as
possibilidades de aplicação da propriedade intelectual neste complexo de atividades, cuja
proteção deve atender simultaneamente os interesses privados e sociais, que limitam o uso
do ato monopolístico.
Por outro lado, a propriedade intelectual deve satisfazer os interesses difusos e coletivos no
que concerne ao desenvolvimento tecnológico e econômico da sociedade, sob pena de não
cumprir com sua função social. Assim, em caso de não exploração da propriedade industrial,
do abuso da patente e do abuso do poder econômico, a lei prevê sanções como a licença
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compulsória e a caducidade por falta de uso .
Ainda sob a insígnia propriedade intelectual, esta abarca um feixe complexo de bens
imateriais (criações autorais, industriais e sinais distintivos). Como criações teriam:
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invenções, modelos de utilidade, desenhos industriais, cultivares, softwares, bem
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como os sinais distintivos: marcas e nome empresarial.
Cultivar é considerada toda a variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal, que seja
claramente distinguível de outras conhecidas por uma margem mínima de características
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Cultivar, portanto, são todas as variedades de plantas, que podem ser obtidas através de
cruzamentos naturais de espécies pré-existentes (variedade crioula); pelo hibridismo
(variedade híbrida), pela enxertia (variedade de enxerto) e pela manipulação genética
(variedade transgênica). Já a cultivar derivada decorre do intercruzamento entre outras
cultivares já registradas e protegidas por propriedade intelectual (seria um melhoramento
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da cultivar original). Observa-se que todo o material propagativo destas variedades de
plantas, com exceção da primeira (que decorre de processo natural) podem ser objeto de
proteção intelectual pela Lei de Cultivares.
Essa proteção vigora por 15 anos, a contar da data de concessão do Certificado Provisório
de Proteção, para a maioria das espécies, principalmente de grãos (oleaginosas, cereais e
outras), com exceção das videiras, árvores frutíferas, árvores florestais e árvores
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ornamentais, incluindo seus porta-enxertos, que têm prazo de 18 anos de proteção destas
cultivares.
Nesse sentido, devido ao largo lapso de tempo para o desenvolvimento de uma nova
cultivar estável e homogênea, visando a garantia da proteção da propriedade intelectual, é
praxe comum o registro inicial do “pai” e da “mãe” (cultivares iniciais) dos quais surgirão as
demais cultivares derivadas (melhoramentos).
Embora este seja um meio legal e estratégico de proteção da propriedade intelectual, tal
procedimento acaba por fortalecer a impenetrabilidade dos grandes monopólios
multinacionais de pesquisa e desenvolvimento de novas cultivares, pois quanto maior o
número de cultivares registradas por uma única empresa, maior será a dificuldade de outras
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iniciarem suas pesquisas naquele tipo de cultura.
Certo é que, visando o cumprimento de sua função social, a Lei de Cultivares impõe como
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um dos limites da proteção dos cultivares, a exceção do melhorista (exceptions to the
Breeder’s Right), pela qual é possível a utilização de um cultivar sem autorização de seu
obtentor, para a realização de pesquisas no desenvolvimento de outras cultivares.
Entretanto, tal pesquisa se mostra factualmente desinteressante na maioria das vezes, pois
ainda que haja o desenvolvimento de uma cultivar derivada, esta estaria impedida de ser
comercializada sem a autorização e pagamento de royalties do obtentor da cultivar da qual
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aquela se originou – o que pode-se, em última análise, importar em abuso do poder
econômico ou abuso de cultivar pelo obtentor da cultivar original.
Mas como competir com os grandes monopólios dos cultivares sem embates judiciais
intermináveis? Normalmente, por uma questão de análise de custo e risco, as sementeiras
menores optam por aguardar que a cultivar original “caia em domínio público” para
lançarem comercialmente suas sementes derivadas (ou seja, melhoradas) – fato que
certamente atrasa o desenvolvimento econômico e tecnológico do agronegócio.
Ademais, como outra limitação à propriedade intelectual dos cultivares, visando a proteção
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Por fim, diante das possibilidades de abuso de poder econômico, de óbice à livre iniciativa e
de desenvolvimento tecnológico e econômico por meio do registro abusivo de cultivares, é
prevista a licença compulsória na Lei de Cultivares nos arts. 28 a 35 – que resultaria de uma
atuação conjunta entre o Ministério da Agricultura e Abastecimento e o Conselho
Administrativo de Direito Econômico (Cade) –, não obstante, se desconheça a existência de
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qualquer decisão neste sentido.
Conforme prevê a Lei de Propriedade Industrial, Lei 9.276/1996, em seus arts. 10, IX e 18,
parágrafo único, não são passíveis de patente de invenção os seres vivos ou partes de seres
vivos, ressalvados os microrganismos geneticamente modificados por meio de processos
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biológicos artificiais (biotecnologia).
Sendo assim, num primeiro momento, observa-se que animais e plantas no todo ou em
parte não são patenteáveis. Enquanto a criação de novas espécies e raças de animais
permanecem sem proteção intelectual no Brasil, é possível a proteção da semente (do
material de reprodução e multiplicação da planta) através da Lei de Cultivares examinada
acima.
Conforme aduz Marques (2002 apud BRUCH, 2013, p. 57), dentre os produtos passíveis de
propriedade industrial decorrente de biotecnologia, destacam-se:
b) Ácidos necleicos;
c) Oligonucleotídeos;
e) Vírus, bactérias;
f) Organismos parasitários;
Nessa seara, deve ser ressaltado que em semelhança aos cultivares, a proteção das
patentes de invenção ou modelo de utilidade dos microrganismos geneticamente
modificados ou dos processos de inserção desses genes e proteínas, também sofre limitação
em favor do cumprimento da função social.
Logo, se em relação aos cultivares havia dúvida quanto à utilização do arcabouço legal como
meio de impedir o acesso de outros concorrentes no mercado, esta dúvida é ainda mais
grave no que tange aos transgênicos (em que a proteção como propriedade industrial é
mais abrangente e longa), pois a maior parte da tecnologia sequer é produzida em solo
brasileiro, mas apenas importada, sendo incapaz de propiciar o salutar desenvolvimento da
biotecnologia aplicada ao agronegócio no Brasil.
Não obstante, certo é que o problema não reside meramente na forma da utilização da lei
de patentes pelas grandes sementeiras, reside também, em grande parte no elevado custo
do desenvolvimento de pesquisas na área de biotecnologia, aliada à falta duma política de
incentivo governamental na área de biotecnologia voltada ao agronegócio.
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“Do outro lado do mundo, artigo publicado pela Academia Militar de Ciências da China está
causando alvoroço ao dizer que há evidências de danos à saúde de 1,3 bilhão de chineses
pela soja importada – e isso pode levar ao banimento total das compras do produto no
exterior (disponível em: [www.realfarmacy.com/chinese-ministry-newspaper]),
‘principalmente nos Estados Unidos e no Brasil’. Não por acaso, o país rejeitou há pouco
(AS-PTA, 28/3) nada menos do que 887 mil toneladas de sementes transgênicas de uma
variedade de milho. E também lá o governo central divulga estudo segundo o qual um
quinto das terras agrícolas no país está contaminado – e em processo de degradação – por
metais tóxicos que podem provir de produtos químicos e outros insumos usados.
No Sri Lanka foi proibido o uso de glifosato em culturas transgênicas, por estar ‘relacionado
com milhares de mortes de trabalhadores rurais’. A Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO) divulga (14/3) que encontrou resíduos de transgênicos
em 198 casos, principalmente com arroz, milho e mamão. (…)
É possível que a questão volte a incendiar-se por aqui. Uma liminar do Supremo Tribunal
Federal (STF) obtida pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação impede que
entre em vigor – até o julgamento final pelo STF – decisão do Tribunal Regional Federal da
1.ª Região, de agosto de 2012, que exige a rotulagem de transgênicos, seja qual for o
porcentual no produto. No Distrito Federal, o Ministério Público pede à Justiça que suspenda
o uso de glifosato e de 2,4D e de seus princípios ativos (AS-PTA, 28/3).
(…) Embora na área científica pululem controvérsias sobre o tema das culturas
geneticamente modificadas, na prática rural estas têm seguido até aqui de vento em popa,
com os argumentos de rentabilidade maior, perdas menores e mercado externo em
expansão. Internamente, além do questionamento sobre o direito do consumidor de saber o
que está comprando – com a rotulagem obrigatória, defendida pelo Ministério Público e
pelos órgãos de defesa do consumidor –, avolumam-se as críticas à Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), que ainda não leva em conta tratados internacionais
assinados pelo Brasil que pedem a observância ao princípio da precaução. Da mesma forma,
despreza ela as posições dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e de seus
representantes na comissão, que pedem estudos prévios de impacto em cada caso – seja
para proteger os biomas envolvidos na questão, seja por causa da proteção ao consumidor”
(NOVAES, 2014).
Por outro enfoque, ainda que a questão da segurança alimentar não termine nos tribunais, a
eventual decisão por parte da China em não mais comprar soja e milho transgênicos
acarretaria imensos prejuízos ao agronegócio brasileiro, haja vista serem um dos maiores
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6. Considerações finais
Não obstante, enquanto essas celeumas não são resolvidas, no que concerne à proteção da
propriedade intelectual específica da agropecuária no Brasil, esta pode se dar de duas
formas, a depender das características do objeto e da atividade criativa: o registro de
cultivares ou a patente de invenção ou de modelo de utilidade.
Sendo assim, como se manifesta Silveira (2014, p. 86), nota-se que o Brasil, adequando-se
ao Trips, adotou uma forma de proteção sui generis da propriedade intelectual, concedendo
formas distintas de proteção às variedades vegetais, a depender do objeto de proteção
(sementes versus microrganismos e processos de biotecnologia) e da atividade criativa
(cruzamento, hibridismo ou enxertia versus transgenia).
Entretanto, em que pese a adequação das atuais leis à proteção da propriedade intelectual,
vislumbra-se que sua utilização pode estar se afastando de seu fim social que é o
desenvolvimento econômico e tecnológico no agronegócio, haja vista a grande concentração
econômica e tecnológica em poucas sementeiras transnacionais, que retardam ou mesmo
impedem a disseminação do desenvolvimento e conhecimento tecnológico no meio. Tal
corruptela se deve à omissão do Estado na fiscalização e coibição da concentração
econômica no agronegócio e da inexistente imposição de limites à propriedade intelectual
(como a licença compulsória) nestes casos.
7. Bibliografia
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CERQUEIRA, João da Gama. Tratado da propriedade intelectual. 2 ed. São Paulo: Ed. RT,
1982. vol. 1.
FOLEY, Joanathan. O futuro da comida: cinco passos para alimentar o mundo. National
Geografhic Brasil. n. 170. ano 15. p. 38-59. São Paulo: Abril, maio 2014.
TARREGA, Maria Cristina Vidotte Blanco; ARAÚJO, Ionnara Vieira de. Selo de conformidade
ambiental e segurança alimentar no processo de certificação da produção integrada.
Propriedade intelectual na agricultura. Belo Horizonte: Fórum, 2012. p. 311-342.
1 Anteriormente, até a Idade Média, a única forma de proteção do privilégio da invenção era
o segredo. Assim, as descobertas de fórmulas e inventos eram conservadas dentro do clã
familiar, que diuturnamente utilizava a transmissão oral de modo a assegurar o segredo
dentro da rígida disciplina familiar (ABAPI, 1998, p. 12), que também se repetiu na rígida
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hierarquia das corporações de ofício a partir do século XII, como forma de controle das
técnicas de produção.
4 A Upov – União Internacional para Proteção das Obtenções Vegetais – é uma organização
internacional, que funciona junto à Organização Mundial da Propriedade Intelectual – Ompi,
com sede em Genebra, na Suíça, e que, através de uma convenção internacional, disciplina
a atuação da proteção de cultivares em cerca de 55 países.
O Brasil aderiu à Convenção desse organismo em abril de 1999, em sua versão modificada
de 1978, mais conhecida como a Ata de 1978 da Upov. Como consequência da adesão à
Upov, estabeleceu-se a reciprocidade automática do Brasil com os demais países-membros.
A partir desse fato, todos os países que fazem parte da Upov obrigam-se a proteger
cultivares brasileiras e, em contrapartida, o Brasil também se obriga a proteger cultivares
procedentes desses países, facilitando o intercâmbio de novos materiais gerados pela
pesquisa brasileira e estrangeira.
6 A Monsanto EUA lidera as pesquisas com sementes de milho e soja que necessitam de
menos água e fertilizantes além de causarem menos impacto ambiental, geram o
barateamento do custo da produção.
8 A Granja Mantiqueira (MG), com 8 milhões de galinhas, produz 5,4 milhões de ovos
diariamente.
10 A fazenda Nutribras (MT) de criação in door de suínos os mantém isolados com seus
filhotes em estábulos individuais e transforma os excrementos (cada porco de 90kg produz
6kg diários de dejetos) em fertilizante a ser utilizado em plantações de milho que por sua
vez, serão utilizadas na ração dos animais.
13 A caducidade importa na perda definitiva da patente caso o seu detentor original não
inicie a exploração da mesma no prazo de dois anos após a concessão da primeira patente
compulsória, caso o decurso do mesmo prazo não tenha sido suficiente para cessar o abuso
do poder econômico.
15 Segundo a inteligência conjunta dos arts. 8.º, 11, 13 e 15 da Lei 9.279/1996, invenção é
toda criação original da inteligência (não podendo ser mero desdobramento evidente do
estado da técnica), que apresente novidade total e tenha aplicação industrial. O direito de
exclusividade de sua exploração é garantido pelo período de 20 anos contado a partir da
data do depósito, lapso temporal que não poderá ser inferior a 10, contado a partir da
concessão da carta patente.
16 Por sua vez, o modelo de utilidade (LPI art. 9.º) é toda melhora introduzida na forma de
objetos já conhecidos para que se aprimore a sua utilidade, constituindo-se de novidade
parcial agregada a um objeto preexistente. O direito de exclusividade de exploração do
modelo de utilidade vigora pelo período de 15 anos contado a partir da data do depósito, ou
sete anos contado a partir da concessão da carta patente.
17 O desenho industrial, nos termos dos arts. 95 a 98 da LPI, é a forma plástica ornamental
(estética de linhas e cores) que gerem um resultado novo e original em objeto de fabricação
industrial e poderá ser registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que
vigorará por 10 anos contados a partir do depósito, prorrogável por três períodos sucessivos
de cinco anos cada, num total de 25 anos.
22 O SNPC, criado pela Lei 9.456/1997 e regulamentado pelo Dec. 2.366/1997, está ligado
ao Departamento de Propriedade Intelectual e Tecnologia da Agropecuária – Depta – da
Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo – SDC – e tem como área de
suporte o Laboratório de Análise, Diferenciação e Caracterização de Cultivares – Ladic.
Ademais, como órgão colegiado de assessoramento ao SNPC, foi criada pelo Dec.
2.366/1997 a Comissão Nacional de Proteção de Cultivares – CNPC, que é presidida pelo
Chefe do SNPC e integrada por representantes dos seguintes órgãos/entidades: Secretaria
de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério
das Relações Exteriores; Ministério da Indústria, Comércio e Turismo; Ministério da Ciência
e Tecnologia; Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia Legal;
Associação Brasileira dos Obtentores Vegetais – Braspov; Associação Brasileira dos
Produtores de Sementes – Abrasem, Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB;
Confederação Nacional da Agricultura – CNA; Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura – Contag; e Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Confea.
23 Porta-enxerto (cavalo) é a planta base sobre a qual será inserido o enxerto (copa), tendo
como funções básicas o suporte, o fornecimento de água e nutrientes a adaptação da planta
enxertada (normalmente arbustos florais ou frutíferos) às condições do solo.
24 A exemplo, podem ser citadas as culturas de milho e soja – que conhecidamente são as
culturas que mais representam o agronegócio mundialmente (pois são as mais lucrativas) –,
em que uma única sementeira em todo o mundo é líder isolada nas pesquisas destes
cultivares (especialmente na área de transgênicos, que se verá adiante). Esta liderança
isolada em área tão lucrativa certamente não decorre do desinteresse de outros
empresários do agronegócio, mas da elevada concentração econômica nesta área de
pesquisa que impede o desenvolvimento de outros concorrentes, seja pelo poder econômico
(com a aquisição das concorrentes menores), seja pela dificuldade do registro de novas
cultivares e suas derivadas, na medida em que tal sementeira possui elevado número de
registro de cultivares e patentes de transgênicos nas culturas de milho e soja – que torna a
entrada de novas empresas muito difícil nestes mercados.
27 “Os híbridos interessam ao mercado sementeiro porque somente a sua primeira geração
é adequada ao plantio. Os descendentes de primeira geração perdem as características
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28 Como limite à propriedade intelectual de cultivar mais extremo ainda, seria o previsto no
art. 36 da LPC, pelo qual determinada cultivar poderia ser declarada de uso público restrito
pelo governo. Certo é que pela excepcionalidade da medida, tal inexiste no cenário
brasileiro até a atualidade.
30 “Organismos geneticamente modificados são definidos como toda entidade biológica cujo
material genético (ADN/ARN) foi alterado por meio de qualquer técnica de engenharia
genética, de uma maneira que não ocorreria naturalmente. A tecnologia permite que genes
individuais selecionados sejam transferidos de um organismo para outro, inclusive entre
espécies não relacionadas. Estes métodos são usados para criar plantas geneticamente
modificadas para o cultivo de matérias-primas e alimentos. Essas culturas são direcionadas
para maior nível de proteção das plantações por meio da introdução de códigos genéticos
resistentes a doenças causadas por insetos ou vírus, ou por um aumento da tolerância aos
herbicidas. Nesta categoria, não se inclui culturas resultantes de técnicas que impliquem a
introdução direta, em um organismo, de material hereditário, desde que não envolvam a
utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante, inclusive fecundação in vitro,
conjugação, transdução, transformação, indução poliplóide e qualquer outro processo
natural” (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2015).
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