Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/355916721
CITATIONS READS
0 2,296
6 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Solitary Hymenopteran and Scavenger Diptera Communities in Different Pasture Systems in the West of Maranhão, Brazil: Implications for Conservation and Biodiversity
View project
All content following this page was uploaded by Michela Costa Batista on 04 November 2021.
Conselho Fiscal
Conselho Fiscal em processo de escolha nos termos do Decreto Estadual no 48.191,
de 14 de maio de 2021
Presidência
Nilda de Fátima Ferreira Soares
EPAMIG Sudeste
Francisco Carlos de Oliveira Silva
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Governo de Minas Gerais
Belo Horizonte
EPAMIG
2021
© 2021 Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG)
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a autorização
escrita e prévia dos editores técnicos.
EDITORES TÉCNICOS
Madelaine Venzon - EPAMIG Sudeste
Wânia dos Santos Neves - EPAMIG Sudeste
Trazilbo José de Paula Júnior - EPAMIG Sede
Angelo Pallini - UFV
PRODUÇÃO
Departamento de Informação Tecnológica
Vânia Lúcia Alves Lacerda
Editora-chefe
Divisão de Produção Editorial
Fabriciano Chaves Amaral
Programação visual
Fabriciano Chaves Amaral
Diagramação/formatação
Foto da capa: Madelaine Venzon
EPAMIG SUDESTE
Campus UFV, no 46 e 47 - Caixa Postal 216
Vila Gianetti - CEP 36571-000 Viçosa, MG
Tel. (31) 3891-2646 - epamigsudeste@epamig.br
CDD 632.96
22.ed.
AGRADECIMENTO
em Defesa Sanitária Vegetal da UFV, Curso Lato sensu em Proteção de Plantas, pelo
apoio logístico e estrutural ao evento.
Às empresas KOPPERT DO BRASIL, VITTIA FERTILIZANTES BIOLÓGI-
COS, BIOMA INDÚSTRIA COMÉRCIO e à Associação Mineira dos Produtores de
Editores técnicos
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 8
PREFÁCIO ............................................................................................................................................. 9
Inovações para o manejo sustentável de pragas e doenças
Madelaine Venzon, Angelo Pallini, Wânia dos Santos Neves, Trazilbo José de Paula Júnior, Wagner Bettiol,
Evaldo Ferreira Vilela ...............................................................................................................................10
Green lacewings and their role in pest management
Maíra Queiroz Rezende, Madelaine Venzon, Andréia Fonseca Silva, Mathias Moraes Abrão,
Carolina Caderón Arroyo .........................................................................................................................88
de pragas e doenças é cada vez mais uma necessidade do que uma opção para os
produtores. Justamente essa ênfase é dada nesta publicação, em que são apresentadas
inovações tecnológicas alternativas ao uso de pesticidas químicos, com o objetivo de
atender uma demanda cada vez mais crescente dos produtores e da sociedade.
Editores Técnicos
10 Venzon, M. et al.
a qual somente poderá ser alcançada a partir do desses produtos e ao aumento de resistência das
entendimento da estrutura e do funcionamento pragas-alvo (HAWKINS et al., 2019).
dos agroecossistemas, com a utilização de técni- A seleção de populações de pragas e de
cas compatíveis e que potencializem os recursos patógenos resistentes a um ou mais princípios
ambientais e preservem a biodiversidade. O ativos de agrotóxicos tem crescido exponencial-
manejo sustentável de pragas e doenças pode ser mente nos últimos 40 anos. Mais de 500 espécies
entendido como a combinação de estratégias que de insetos com resistência a, pelo menos, um
assegurem que os agroecossistemas continuem agrotóxico foram identificadas (WHALON;
diversos e produtivos, de maneira equilibrada, MOTA-SANCHEZ; HOLLINGWORTH, 2008).
sem prejudicar outros ecossistemas.
1
Este capítulo é uma reprodução de artigo originalmente publicado na Revista Informe Agropecuário
(EPAMIG). Usado com permissão. Referência: Venzon, M.; Pallini, A.; Neves, W.S.; Paula Júnior, T.J.;
Bettiol, W.; Vilela, E.F. Inovações para o manejo sustentável de pragas e doenças. Informe Agropecuário.
Tecnologias para o manejo sustentável de pragas e doenças. Belo Horizonte, v.40, n.305, p.7-12, 2019.
2
Eng. Agrônoma, Ph.D., Pesq. EPAMIG Sudeste/Bolsista CNPq, Viçosa, MG, madelaine@epamig.br.
3
Eng. Agrônomo, Ph.D., Prof. Tit. UFV - Depto. Entomologia/Bolsista CNPq, Viçosa, MG, pallini@ufv.br.
4
Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sudeste, Viçosa, MG, wanianeves@epamig.br.
5
Eng. Agrônomo, Ph.D., Pesq. EPAMIG Sede/Bolsista CNPq, Belo Horizonte, MG, trazilbo@epamig.br.
6
Eng. Agrônomo, D.Sc., Pesq. EMBRAPA Meio Ambiente/Bolsista CNPq, Jaguariúna, SP, wagner.
bettiol@embrapa.br.
7
Eng. Agrônomo, Ph.D., Presidente FAPEMIG/Bolsista CNPq, Belo Horizonte, MG, evaldovilela@gmail.com.
EPAMIG
Inovações para o manejo sustentável de pragas e doenças 11
como por exemplo com Phakopsora pachyrhizi, biológico, por meio da aprovacão emergencial
agente causal da ferrugem da soja (GODOY, de biopesticidas à base de Bacillus thuringiensis
2017). Essa seleção de organismos resistentes (Bt) e Baculovírus, e do uso do parasitoide
aos agrotóxicos custa bilhões de dólares e, ape- Trichogramma pretiosum foi o único método
sar dos avanços na área química e em biologia efetivo de controle disponível à época (VAN
molecular para novos produtos, de acordo com LENTEREN et al., 2018; PARRA; COELHO
Gould, Brown e Kuzma (2018) existe uma chan- JUNIOR, 2019).
ce considerável de que a evolução da resistência Tecnologias para manejo de pragas, as
pelas pragas seja mais rápida do que as inovações quais busquem a sustentabilidade dos cultivos,
humanas. são, portanto, necessárias. Estas existem e estão
O surto de pragas secundárias, que tiveram disponíveis para o pronto uso, não sendo ne-
seu status elevado a pragas-chave, e a ressur- cessariamente relacionadas com o uso de novos
gência de outras pragas são graves problemas agrotóxicos. Quando necessário, o controle
associados ao uso dos agrotóxicos, especialmente químico pode ser utilizado, mas no momento
causado pela destruição de inimigos naturais certo, em áreas mais restritas, relacionado com
(DUTCHER, 2007). As pulverizações com certos ataque mais severo e determinado por meio de
piretroides ocasionam surtos de populações de
se formulações e tecnologia de aplicação que
eram considerados pragas secundárias, e também minimizem os impactos ambientais, humanos e
afetam negativamente a população de ácaros econômicos. Qualquer tipo de uso dos agrotóxi-
predadores (BARROS et al., 2007; HARDMAN cos causará também impacto no desenvolvimento
et al., 2007; ZANARDI et al. 2018). O uso de da resistência dos insetos e ácaros.
alguns fungicidas na soja pode estimular a inci- Neste artigo estão apresentadas as tecno-
dência de um maior número de lagartas-desfolha- logias inovadoras disponíveis para viabilizar o
doras nas áreas tratadas, por causa da supressão manejo sustentável de pragas e doenças.
do fungo Nomuraea rileyi, um dos inimigos mais
importantes dessas lagartas (SOSA-GÓMEZ et SISTEMAS DE AMOSTRAGEM EFICIENTES
al., 2003). Um dos pontos críticos à adoção dos níveis
O uso de um único método de controle
coloca em risco a cadeia produtiva, e a própria de realizar amostragens em campo em grandes
indústria de agroquímicos reconhece que esse uso áreas, para determinar o momento correto da
exclusivo do controle químico não é sustentável. aplicação do controle curativo. No entanto, para
A invasão de novas pragas, para as quais ainda muitas pragas, existe tecnologia disponível para
não há registro de agrotóxicos no País, é um a realização dessas amostragens, como o uso de
exemplo também de que a aposta em um único armadilhas de feromônios e o sensoriamento
método pode colocar em risco a produção. Em remoto.
2012, a lagarta Helicoverpa armigera invadiu o
Uso de feromônios
País e causou grandes danos em plantações de
milho, algodão e soja (CZEPAK et al., 2013). Os feromônios são substâncias químicas
produzidas por um organismo emissor que
vez que a praga já apresentava resistência aos promove uma resposta no organismo receptor.
poucos agrotóxicos registrados. O controle A comunicação química entre insetos, modu-
EPAMIG
Inovações para o manejo sustentável de pragas e doenças 13
toda a plantação, como é feito convencionalmen- anual de crescimento estimada de 2,7%. Por ou-
te, diminuindo os impactos ambientais, custos e tro lado, o mercado mundial de biopesticidas foi
o desenvolvimento de resistência (KING, 2017). de US$6,387 bilhões, em 2017, e deve alcançar
No controle biológico de pragas, algumas US$16,7 bilhões, em 2024, portanto com uma
empresas estão usando drones para a liberação taxa de crescimento de 15% (MARKET AND
de inimigos naturais. Em empresas que exploram MARKET, 2019). No Brasil, de acordo com o
a produção de cana-de-açúcar estão liberando Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
e Trichogramma spp., inimigos mento (MAPA) (BRASIL, 2019), o crescimento
naturais da broca-da-cana, com veículos aéreos do mercado de biopesticidas foi superior a 70%
não tripulados (VANTs). Esse tipo de liberação em um ano. E este número, possivelmente, será
reduz os custos e o tempo necessário, quando maior, se for considerada a produção on farm de
comparado ao processo convencional, que exige agentes de controle biológico.
muita mão de obra. Na Califórnia, foi testado Esse aumento no consumo dos produtos
em plantios de morango o uso de drones para formulados, contendo agentes de biocontrole,
a liberação de ácaros predadores para controlar tem contribuído para melhorar a qualidade dos
ácaros praga na cultura (KEATLEY; KEATLEY- produtos biológicos disponíveis e para aumen-
GARVEY, 2017). No Brasil, as novas empresas tar a oferta de produtos no mercado. Também
de tecnologias especializaram-se e passaram a tem sido importante para o estabelecimento
oferecer a tecnologia dos drones para os agri- de normas de registro adequadas aos produtos
cultores. De acordo com uma das empresas que estimular os investimentos em pesquisa e desen-
prestam serviço no Brasil, o uso de drones para volvimento, bem como novas empresas no setor
liberação de agentes biológicos oferece cobertura
de até 1 mil hectares/dia, com autonomia de voo área (TOGNI et al., 2019).
de até 67 minutos, e um dispersor volumétrico O crescimento dessa cadeia produtiva tem
de 800 mL (ARPAC, 2016). Aplicações têm levado órgãos regulatórios a considerar o modo
ocorrido em cultivos de soja, cana-de-açúcar, de ação dos agentes de biocontrole. Com isso,
tomate, amendoim e batata. importantes conquistas vêm sendo obtidas, como,
por exemplo, o registro por alvo biológico e a dis-
BIOPESTICIDAS
pensa do uso dos símbolos da caveira e das duas
Os biopesticidas são organismos vivos tíbias cruzadas em rótulos, bulas e embalagens de
(fungos, bactérias, protozoários, straminipila, biopesticidas das Classes Toxicológicas III e IV
nematoides e vírus) e macrorganismos (predado- (medianamente tóxico e pouco tóxico, respecti-
res e parasitoides, insetos e ácaros) ou produtos vamente). Por sua vez, as instituições de pesquisa
naturais derivados desses organismos que são e de fomento ampliaram o desenvolvimento
usados na proteção das plantas contra problemas de pesquisas em manejo alternativo, levando à
criação de grupos de pesquisa em controle bioló-
Dados recentes revelam que o uso de bio- gico no Brasil. Um fator de extrema importância
pesticidas tem crescido mais que o de pesticidas para a ampliação do mercado de biopesticidas
em todo o mundo. O mercado mundial de pestici- no País foi a evolução da legislação brasileira,
das foi de aproximadamente US$49 bilhões, em para o registro de produtos de baixa toxicidade e
2017, e tudo indica que alcançará US$55,6 bi- periculosidade, em que estão incluídos os biopes-
lhões, em 2023, considerando uma taxa composta ticidas. A legislação vem obtendo considerável
avanço e tem sido referência para muitos países Fungos produtores de metabólitos que
(BETTIOL; MAFFIA; CASTRO, 2014; TOGNI inibem nematoides estão sendo utilizados em
et al. 2019). Também, a criação da Associação formulações de bionematicidas. Esses metabó-
Brasileira das Empresas de Controle Biológico litos reduzem a eclosão, mobilidade, penetração
(ABCBio), iniciativa do Fórum para Adequação e atratividade de plantas a nematoides (CHEN;
Fitossanitária da Embrapa Meio Ambiente e das DICKSON, 2012). Os produtos comerciais
empresas de controle biológico em 2007, foi são formulados com propágulos viáveis dos
fundamental para o desenvolvimento do controle antagonistas e, no solo ou na rizosfera, esses
biológico no Brasil. organismos produzirão os compostos inibidores
Dentre os produtos biológicos comercia- de nematoides. Os fungos mais estudados, com
lizados para o controle de doenças de plantas e capacidade de produzir metabólitos inibidores
promotores de crescimento, os produtos à base de nematoides, são os dos gêneros Aspergillus,
de Trichoderma spp. e de Bacillus spp. são, Fusarium, Myrothecium, Penicillium, Pleurotus,
indiscutivelmente, os mais importantes e os que Purpureocillium e Trichoderma. As espécies
possuem o maior número de produtos disponíveis do gênero Trichoderma são as mais estudadas
em todos os continentes (BETTIOL et al., 2012). e utilizadas na formulação de produtos comer-
Para o controle de nematoides, os agentes ciais. Um produto à base do fungo Trichoderma
biológicos mais comumente estudados e utili- harzianum, que sintetiza metabólitos tóxicos,
zados no campo são os fungos (Arthrobotrys pode ser utilizado no Brasil em qualquer cultura
spp., Purpureocillium lilacinum e Pochonia agrícola que tenha como alvo o nematoide-das-
chlamydosporia) e as bactérias (Pasteuria -lesões (Pratylenchus brachyurus) ou o fungo
penetrans e Bacillus spp.). O fungo Pochonia Macrophomina phaseolina causador da doença
chlamydosporia está registrado pelo MAPA e é conhecida como podridão-cinzenta-do-caule,
comercializado no Brasil para o controle de ne- podendo ser aplicado no solo ou utilizado no
matoides dos gêneros Meloidogyne, Heterodera, tratamento de sementes (BRASIL, 2018).
Rotylenchulus e Pratylenchus. O produto controla Outra inovação é a produção de nematicidas
de forma direta os nematoides e atua também biológicos que contêm somente as micotoxinas
como indutor de resistência na planta e pode ser produzidas por alguns gêneros de fungos, sem
utilizado em substituição ao uso de agrotóxicos, que seja necessário colocar os propágulos do
em uma estratégia de manejo integrado em agente de biocontrole e sim, somente seus
hortaliças, fruteiras, café, soja, algodão, etc. metabólitos. No Brasil, ainda não existem
Produtos à base do fungo Purpureocillium produtos registrados com esta característica.
lilacinus (sinonímia Paecilomyces lilacinus) Entretanto, o fungo Myrothecium verrucaria,
também estão registrados no Brasil e são obtido via fermentação, é comercializado nos
indicados para uso em todas as culturas, em que Estados Unidos para o manejo de nematoides dos
o patógeno-alvo seja o nematoide-das-galhas gêneros Meloidogyne, Heterodera, Globodera,
(Meloidogyne spp.). Também existem diversos Pratylenchus, Trichodorus, Belonolaimus e para
produtos à base de Bacillus subtilis, Bacillus o controle do nematoide-cavernícola, Radopholus
licheniformis, Bacillus amyloliquefaciens similis, que ataca a cultura da banana. O produto,
e B a c i l l u s m e t h i l o t ro p h i c u s q u e s ã o além de promover a ação direta do metabólito
registrados para o controle de Meloidogyne tóxico sobre os nematoides, faz com que as
e Pratylenchus (BRASIL, 2018). raízes tornem-se mais vigorosas, aumentando
EPAMIG
Inovações para o manejo sustentável de pragas e doenças 15
a absorção de nutrientes e reduzindo, assim, a aplicados nos plantios, não se sustenta mais, em
função dos seus efeitos negativos sobre a vida
nematoides (VALENT BIOSCIENCES, 2019). no meio ambiente, atingindo invariavelmente
organismos não alvos, como o próprio homem. É
os biopesticidas mais utilizados no Brasil e re- atualmente um atentado contra a sustentabilidade
gistrados no MAPA são os agentes microbianos na produção agrícola, apesar do reconhecimento
como os fungos, as bactérias e os vírus, além de do relevante papel destes produtos químicos para
macrorganismos, predadores e parasitoides. o desejado aumento da produtividade agrícola.
FORMULAÇÕES EFICIENTES
Porém, é absoluta e urgente a necessidade de
ampliar a sustentabilidade dos sistemas de pro-
Formulações micro/nanoestruturadas
dução agrícola por meio inclusive da viabilização
BOHNENBLUST, E.; HULL, L.A.; KRAWCZYK, GODOY, C.V. Alerta sobre o controle da
G. A comparison of various mating disruption ferrugem-asiática no Brasil. [Londrina]: Embrapa
technologies for control of two internally feeding Soja, [2017]. Disponível em: https: //www.
Lepidoptera in apples. Entomologia Experimentalis embrapa.br/documents/1355202/1529289/FRAC+-
+Resistência+a+ fungicidas/e583e4fd-4104-4de5-
et Applicata, v.138, n.3, p.202-211, Mar.2011.
d4ff-85cd4e2754d2. Acesso em: 18 maio 2019.
BOMBARDI, L.M.
GOULD, F.; BROWN, Z.S.; KUZMA, J. Wicked
no Brasil e conexões com a união europeia. São
evolution: can we address the sociobiological
Paulo: USP-FFLCH, 2017. 292p.
dilemma of pesticide resistance? Science, v.360,
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e n.6390, p.728-732, May 2018.
Abastecimento. AGROFIT. Sistema de Agrotó-
HARDMAN, J.M. et al. Effects of acaricides,
xicos Fitossanitários. Brasília, 2018. Disponível pyrethroids and predator distributions on populations
em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/ of Tetranychus urticae in apple orchards.
. Acesso em: 23 mar. 2019. Experimental and Applied Acarology, v.43, n.4,
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- p.235-253, Dec. 2007.
tecimento. Mercado de biodefensivos cresce mais HAWKINS, N. et al. The evolutionary origins of
de 70% no Brasil em um ano. Brasília, 2019. Dis- pesticide resistance. Biological Reviews, v.94, n.1,
ponível em: http://www.agricultura.gov.br/noticias/ p.135 -155, Feb. 2019.
feffmercado-de-biodefensivos-cresce-em-mais-de-
50-no-brasil. Acesso em: 18 maio 2019. JONES, C.; SONG, C.; MOODY, A. Where’s
woolly?: an integrative use of remote sensing to
CARRIÈRE, Y. et al. Large-scale evaluation of asso- improve predictions of the spatial distribution of
ciation between pheromone trap captures and cotton an invasive forest pest the hemlock woolly adelgid.
boll infestation for pink bollworm (Lepidoptera: Forest Ecology and Management, v.358, p.222-229,
Gelechiidae). Journal of Economic Entomology, Dec. 2015.
v.110, n.3, p.1345-1350, June 2017.
KAMARAJ, C. et al. Novel and environmental
CARROLL, M.W. et. al. Use of spectral vegetation friendly approach: impact of neem (Azadirachta
indices derived from airborne hyperspectral imagery indica) gum nano formulation (NGNF) on
for detection of european corn borer infestation in Helicoverpa armigera (Hub.) and Spodoptera
Iowa corn plots. Journal of Economic Entomology, litura (Fab.). International Journal of Biological
v.101, n.5, p.1614-1623, Oct. 2008. Macromolecules, v.107, Part A, p.59-69 , Feb. 2018.
EPAMIG
Inovações para o manejo sustentável de pragas e doenças 17
1
Eng. Agrônoma, Ph.D., Pesq. EPAMIG Sudeste/Bolsista CNPq, Viçosa, MG, madelaine@epamig.br.
2
Eng. Agrônoma, M.Sc., Doutoranda Entomologia, Programa de Pós-Graduação em Entomologia, UFV,
Viçosa, MG, elem.martins@ufv.br.
3
Bióloga, D.Sc., Pós-Doc., Centro de Estudos Superiores de Balsas (CESBA-UEMA), Programa de Pós-
Graduação em Agricultura e Ambiente, Campus Balsas, Balsas, MA, costa.michela@gmail.com.
4
Eng. Agrônoma, M.Sc., Doutoranda Entomologia, Programa de Pós-Graduação em Entomologia, UFV,
Viçosa, MG, jessica.botti@ufv.br.
5
Eng. Agrônoma, M.Sc., Doutoranda Entomologia, Programa de Pós-Graduação em Entomologia, UFV,
Viçosa, MG, fernanda.p.andrade@ufv.br.
6
Eng. Agrônomo, Mestrando Entomologia, Programa de Pós-Graduação em Entomologia, UFV, Viçosa,
MG, andre.barroso@ufv.br.
EPAMIG
Green lacewings and their role in pest management 19
order to maintain green lacewing populations. GREEN LACEWINGS FOR COFFEE PEST
Moreover, larvae can also feed on plant provided MANAGEMENT
resources in the lack of prey (PATT et al., 2003,
A complete revision about green lacewings
BATISTA et al., 2017; DIAZ, 2014).
for control of coffee pests was recently published
Plant derived food vary in their nutrition
(VENZON et al., 2021). Here, we added the
value, according to the plant species. Venzon et
published information and we complete with new
al. (2006) showed that not all kinds of pollens
results from our group. The green lacewing spe-
C. externa and that a
cies C. externa and C. cubana were reported as
carbohydrate source can enhance oviposition rate
predators of two key coffee pests, the coffee leaf
and survival of these organisms when accompa-
miner Leucoptera coffeella (Guérin-Mèneville,
nied by a protein source (i.e. pollen). Honeydew
1842) (Lepidoptera: Lyonetiidae) and the coffee
is a substance excreted by aphids and some other
berry borer Hypothenemus hampei (Ferrari)
hemipterans which contains carbohydrates and
amino acids (SHAABAN et al., 2020). The (Coleoptera: Curculionidae: Scolytinae). All
presence of honeydew-excreting hemipterans in stages C. cubana larvae prey on the different
stages of the coffee leaf miner, but predation
adult green lacewings as well as prey for larvae rate differs according to pest stages (MARTINS
(A.M Barroso, unpublished data). As not all plant et al., 2021). Larvae of C. cubana readily con-
- sumed more than 50% of coffee leaf miner eggs
-
ing the percentage of mine formation (Fig.1A).
is also the possibility of pests feeding on plant Larvae of C. cubana also reduced in 82.6% the
resources (VENZON et al., 2021). mine formation when pest eggs were on coffee
Green lacewings are used for the biological seedlings. Because coffee leaf miner larvae live
control of several pest species, and are commer- inside the mines, few were preyed by C. cubana
cialized as a biological control agent in North larvae (Fig. 1B). Nonetheless, C. cubana larvae
America and Europe (VAN LENTEREN et al., were able to prey on more than 96 % of coffee
leaf miner pupae (Fig. 1C). In another study, C. are also reported as predators of secondary coffee
externa larvae were reported to prey on 60% of pests such as scales and mites. Carvalho et al.
coffee leaf miner pre-pupae and 50 % of pupae (2008) showed that Planococcus citri larvae and
(ECOLE et al., 2002). adults are suitable food for C. externa. Among
A novel study showed the role of C. externa the coffee pest mites Brevipalpus phoenicis and
larvae as predator of coffee berry borer (BOTTI Oligonychus ilicis are preyed upon by C. externa
et al., 2021). First instar larvae of C. externa were (SILVA et al., 2006; PEDRO-NETO et al., 2008).
able to access the coffee berry borer galleries at Coffee crops naturally harbor a great di-
different maturation stages of fruits. They entered versity of natural enemy species, such green
in the gallery of 53% of the green bored berries, lacewings (RODRIGUES-SILVA et al., 2017;
of 60% of the red bored berries and of 46% of BOTTI et al., 2021) but their abundance in coffee
the dry bored berries monocultures is not always enough to reduce
C. externa were able to remove pest immature pest populations below economic injury levels.
stages (eggs and larvae) and prey on them (Fig. Although carnivores, green lacewings need to
2 A and B). Additionally, the third instar larvae feed on plant-derived food, such as nectar and
of C. externa were observed preying on coffee pollen, to supplement or complement their diet
berry borer adults (Fig. 2 C). Green lacewings or during adult stage (VENZON et al., 2006;
Figure 1 - Ceraeochrysa cubana preying a coffee leaf miner egg (A) a coffee leaf miner larva inside the
mine (B) and a coffee leaf miner pupa (C).
Figure 2 - Chrysoperla externa preying a coffee berry borer egg (A), larva (B) and a coffee berry borer
adult (C).
A B C
BOTTI et al., 2021.
EPAMIG
Green lacewings and their role in pest management 21
VENZON et al., 2019). In coffee monocultures, adults. Both pollen species were suitable for
these resources are not available through the year, the reproductive success of the C. externa, but
the intrinsic growth rate of C. externa increased
last only few days, when they are already visited 1.5 and 1.2 fold, respectively, when honey was
by pollinators (PETERS; CARROLL, 2012). added to the pollen. According to the authors,
These resource provision can be done by keeping the low carbohydrate content on the leguminous
forest fragments near to crop area, by increasing species might explain why the addition of honey
plant diversity on it and on the surroundings, by increased C. externa reproductive success. Pos-
adding trees (i.e. agroeforestry), intercropping sibly, C. externa requires a higher concentration
cover crops and managing non-crop plants. of carbohydrates than present on these pollens to
Intercropping coffee with cover crops is express its full reproductive potential. Combin-
viable strategy to increase the availability of ing a plant providing pollen (sunn hemp) and a
plant provided food, refuges and favourable mi- plant providing nectar (buckwheat, Fagopyrum
croclimate for predators, enhancing their survival esculentum, Polygonaceae) increased predator
and performance, thereby resulting in increased survival (ROSADO, 2007) (Fig. 3A and 3B).
effectiveness for pest control (AMARAL et al., Buckwheat also affords pollen but it is known
2010; ROSADO et al, 2021)affect soil microbial
communities, and be a more sustainable manage- Spontaneous plants can also be managed
ment practice. The activities of soil microbes can for coffee pest conservation biological control,
effect crop growth, but the extent of this effect as they provide resources and conditions that
on yield remains unclear. We investigated soil allow natural enemy survival, growth and re-
bacterial communities and soil properties under production, even when their prey is scarce or
four different green manure fertilization regimes absent (VENZON et al., 2019). Chrysopidae
(Vicia villosa, common vetch, milk vetch, and
radish. Venzon et al. (2006) evaluated the suit- of non-crop plants during periods of prey scar-
ability of leguminous cover crop pollens pigeon city. Larvae of C. externa had higher survival
pea (Cajanus cajan, Fabaceae) and sun hemp when tropical ageratum (Ageratum conyzoides,
(Crotalaria juncea, Fabaceae) for C. externa Asteraceae) was offered (Fig. 4A), and the
Figure 3 - Chrysoperla externa feeding on buckwheat nectar and pollen, (A) adult; (B) larvae.
A B
VENZON, 2021.
larvae.
EPAMIG
Green lacewings and their role in pest management 23
feeding can be important in delaying starvation our studies with coffee crops. As pointed out by
of green lacewings when access to high-quality Venzon (2021), there are knowledge gaps that
foods like prey is scarce. By associating EFN
bearing plants to coffee it will be possible to biological control of coffee pests, but there are
provide food for green lacewings. This strategy also plenty of opportunities to use the reported
techniques and implement them for scaling re-
our group, as well as the use of perennial plants generative coffee production. The importance of
that constantly Brazil in the global coffee production and the fact
that it is the most biodiverse country in the world
Figure 7 - Adult of Chrysoperla externa feeding on open up an opportunity for its prominence in the
castor bean pollen. adoption of agrobiodiversity,
role of agricultural production and environmen-
tal conservation. Finally, to achieve such goal,
it is necessary a collaborative work, supported
by public polices, among farmers, researchers,
REFERENCES
VENZON, 2021.
ADRIANO, E. et al. Desenvolvimento e capacidade
de consumo de Chrysoperla externa (Hagen, 1861)
Augmentative releases of green lacewings alimentada com ninfas de mosca-branca criadas em
on the coffee crops can be used a curative hortaliças. Revista Caatinga, v. 23, n. 3, p. 1-6, 2010.
EPAMIG
Green lacewings and their role in pest management 25
NUNES, G.S. et al. Biological aspects and predation SCOMPARIN, C.H.J. Crisopídeos (Neuroptera:
behavior of Ceraeochrysa cubana against Spodoptera
frugiperda. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, controle biológico do percevejo-de-renda (Lep-
v.12, n.1, p.20-25, 2017.
Tingidae). 1997. 147p. Dissertação (Mestrado)
OLIVEIRA, R. et al. Capacidade predatória
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, SP, 1997.
de Ceraeochrysa cubana sobre Aleurocanthus
woglumi. Revista Caatinga, v.27, n.3, p.177-182, SHAABAN, B. et al. Sugar, amino acid and inor-
2014.
hemipteran species feeding on Abies alba and Picea
PAPPAS, M.L.; BROUFAS G.D.; KOVEOS, D.S.
abies. PLoS One, v.15, n.1, p.1-17, 2020.
Chrysopid predators and their role in biological con-
trol. Journal of Entomology, v.8, 301-326, 2011. SILVA, R.A. et al. Predatory capacity of Chrysoperla
externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae)
PATT, J.M. et al. Assimilation of carbon and nitrogen
on Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) (Acari:
from pollen and nectar by a predaceous larva and
Tenuipalpidae). Coffee Science, Lavras, v.1, n.1,
its effects on growth and development. Ecological
p.50-54, 2006.
Entomology, v.28, p.717-728, 2003.
SOUZA, B.; CARVALHO, C. Population dynamics
PEDRO NETO, M. et al. Aspectos biológicos de
and seasonal occurrence of adults of Chrysoperla
Chrysoperla externa (Hagen) predando Oligonychus
externa (Hagen, 1961) (Neuroptera: Chrysopidae) in
ilicis (McGregor) e Planococcus citri (Risso). Coffee
a citrus orchard in Southern Brazil. Acta Zoologica,
Science, Lavras, v.3, n.2, p.85-93, 2008.
v.48. p.301-310, 2002.
PETERS, V.E.; CARROLL, C.R. Temporal variation
SOUZA, B. et al. Aspectos da predação entre larvas de
Chrysoperla externa (Hagen, 1861) e Ceraeochrysa
species richness and abundance on coffee production.
cubana (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae)
Agroforestry System, v.85, p.95-103, 2012. doi:
em laboratório. Ciência e Agrotecnologia, v.32, n.3,
10.1007/s10457-011-9476-2
p.712-716, 2008.
RASHID, M.M.U. et al. Feeding potential of
SOUZA, B., BEZERRA, C.E.S. Predatory Insects. In:
Chrysoperla carnea and Cryptolaemus montrouzieri
Souza, B. et al. (eds) Natural enemies of insect pests
on cotton mealybug, Phenacoccus solenopsis.
in neotropical agroecosystems. Springer, Cham. p.
Journal of Animal and Plant Sciences, v.22, n.3,
175-187, 2019. https://doi.org/10.1007/978-3-030-
p.639-64, 2012.
24733-1_15
RIBEIRO, L.J.; BERTI FILHO, E.; MAGRO, S.R.
SYMONDSON, W.O.C.; SUNDERLAND, K.D.;
Predação da lagarta-minadora-dos-citros Phyllocnistis
GREENSTONE, M.H. Can generalist pedators be
citrella Stainton, 1856 (Lepidoptera: Gracillariidae)
effective biocontrol agents? Plant Science, v.47,
por larvas de Chrysoperla externa (Hagen, 1861)
p.561-594, 2002.
(Neuroptera: Chrysopidae). Revista Caatinga, v.20,
n.2, p.100-105, 2007. TOGNI, P.H.B. et al. Brazilian Legislation Leaning
Towards Fast Registration of Biological Control
RODRIGUES-SILVA, N., et al. Relative importance
of natural enemies and abiotic factors as sources of
Entomology, v.48, p.175-185, 2019. https://doi.
regulation of mealybugs (Hemiptera: Pseudococci-
org/10.1007/s13744-019-00675-8
dae) in Brazilian coffee plantations. Annals of Ap-
plied Biology, v.171, p.303-315, 2017. doi: 10.1111/ VAN LENTEREN, J.C. et al. Biological control
aab.12373 using invertebrates and microorganisms: plenty of
new opportunities. BioControl, v.63, 39-59, 2018.
ROSADO, M.C. Plantas favoráveis a agentes de
controle biológico. 2007. Dissertação (Mestrado) VENZON, M., CARVALHO, C.F. Biologia da fase
Universidade Federal de Viçosa., Viçosa, MG, Brasil. adulta de Ceraeochrysa cubana (Hagen) (Neuroptera:
Chrysopidae) em diferentes dietas e temperaturas.
ROSADO, M.C., et al. Cover crop intercropping
Ciência e Prática, v.16, p.315-320, 1992.
increases biological control in coffee crops. Bio-
logical Control, v.160, 104675, 2021. https://doi. VENZON, M. et al. Suitability of leguminous cover
org/10.1016/j.biocontrol.2021.104675 crop pollens as food source for the green lacewing
EPAMIG
Green lacewings and their role in pest management 27
Table 1 - Chrysopidae species, pest species, focal crop and preyed pest stage (Continua)
Chrysopidae species Pest species Crop Stage preyed and predation rate Reference
Ceraeochrysa caligata Raoiella indica Palm tree Eggs, nymphs and adults JUMBO et al., 2019
Ceraeochrysa cincta Leptopharsa heveae Rubber tree Nymphs (2949.0/larval cycle) and SCOMPARIN, 1997
adults (130.0/larval cycle)
Ceraeochrysa cincta Rhodobium porosum Rose Adults (139.0/larval cycle) FREITAS, 2001
Ceraeochrysa cincta Bemisia tabaci Tomato Eggs and nymphs AUAD et al., 2001
Ceraeochrysa claveri Plutella xylostella Cabbage Eggs and larvae ALMEIDA et al., 2009
Ceraeochrysa cubana Spodoptera frugiperda Corn Eggs and newborn caterpillars NUNES et al., 2017
Ceraeochrysa cubana Aleurocanthus woglumi Citrus Nymphs (42.32 nymphs/1º instar OLIVEIRA et al., 2014
larvae; 59.56 nymphs/ 2º instar larvae)
Green lacewings and their role in pest management
Ceraeochrysa cubana Leucoptera coffeella Coffee Eggs, larvae and pupae MARTINS et al., 2021
Ceraeochrysa cubana Brevicoryne brassicae Cruciferous plants Adults (634.1/larval cycle) MURATA; De BORTOLI, 2009
Ceraeochrysa cubana Aphis gossypii Cotton Nymphs ALCANTRA et al. 2008
Ceraeochrysa paraguaia Toxoptera citricida Citrus Nymphs (238.74/larval cycle) DE BORTOLI et al., 2012
Ceraeochrysa paraguaia Selenaspidus articulatus Citrus Nymphs (224.29/larval cycle) DE BORTOLI et al., 2012
Ceraeochrysa paraguaia Orthezia praelonga Citrus, offee Nymphs DE BORTOLI et al., 2012
Table 1 - Chrysopidae species, pest species, focal crop and preyed pest stage. (Coclusão)
Chrysopidae species Pest species Crop Stage preyed and predation rate Reference
Chrysoperla externa Hiadaphis foeniculi Fennel Adults (25.0/ 1º and 2º instar larvae; LIRA; BATISTA, 2006
30.0/3º instar larvae)
Chrysoperla externa Rhopalosiphum maidis Corn Nymphs (341.0 to 481.6/larval cycle) MAIA et al., 2004
Chrysoperla externa Schizaphis graminum Sorghum Nymphs FONSECA et al., 2000
Chrysoperla externa Myzus persicae Sweet pepper Nymphs BARBOSA et al., 2008
Chrysoperla externa Brevicoryne brassicae Cruciferous plants Adults (517.5/larval cycle) MURATA; DE BORTOLI, 2009
Chrysoperla externa Thaumastocoris Eucaliptus Nymphs (33.5 to 52.5/1º instar larvae) BARBOSA et al., 2010
peregrinus
Chrysoperla externa Oligonychus ilicis Coffee Adults PEDRO NETO et al., 2008
Chrysoperla externa Planococcus citri Coffee, Citrus Adults PEDRO NETO et al., 2008
EPAMIG
Chrysoperla externa Tetranychus urticae Polyphagous Nymphs and adults (36.97/3º instar MORANDO et al., 2014
larvae/day)
Chrysoperla externa Diatraea saccharalis Sugar cane Eggs (567.39/larval cycle) MURATA et al., 2006
Chrysoperla externa Sitotroga cerealella Grains and cereals Eggs (930.62/larval cycle) MURATA et al., 2006
Chrysoperla externa Rhodobium porosum Rose Adults (192.0/larval cycle) FREITAS, 2001
Chrysoperla externa Bemisia tabaci Tomato Nymphs (119.66/3º instar larvae/day) ADRIANO et al., 2010
Venzon, M. et al.
EPAMIG
Joaninhas predadoras são aliadas no controle de pragas agrícolas 29
1
Eng. Agrônoma, D.Sc., Prof a ., Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, christian.silva@ufrpe.br.
têm disponibilizado algumas espécies de insetos maiores que os machos, e aparelho bucal do tipo
predadores, sobretudo de espécies de vespas mastigador (MICHEREFF FILHO et al., 2019).
parasitoides e ácaros predadores para o controle O hábito alimentar das joaninhas é bastante
de pragas (BUENO, 2009). heterogêneo. As espécies da subfamília Epila-
Dentre os inimigos naturais, os insetos -
predadores são considerados a primeira linha sideradas pragas agrícolas, tais como Hepilachna
varivestis Mulsant (FAN et al., 1992). Também
(WHITCOMB, 1981). Em destaque a famí- existem espécies micófagas, que se alimentam
lia Coccinellidae, que compreende os insetos de fungos, tais como as pertencentes aos gêneros
popularmente conhecidos como joaninhas. Psyllobora, Halyzia, Thea, Vibidia e Illeis, da
Existem entorno de 6.000 espécies descritas em tribo Halyziini (GUEDES, 2013). Entretanto,
360 gêneros (VANDENBERG, 2002). Dessas, 90% das espécies são carnívoras, com represen-
aproximadamente 2.000 espécies estão na região tantes nas subfamílias Coccinellinae, predadoras
Neotropical (ALMEIDA; RIBEIRO-COSTA, predominantemente de pulgões e psilídeos;
2009). Esses insetos tem metamorfose completa, Coccidullinae, que predam pulgões, cocho-
passando pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto, nilhas e formigas; Chilocorinae que predam
pulgões e cochonilhas; Ortaliinae predadores
com duração variada de acordo com a espécie e
de cigarrinhas, psilídeos e formigas; Sticholo-
condições ambientais de temperatura, luminosi-
tidinae predadores de pulgões e cochonilhas; e
dade e disponibilidade de recurso. Os ovos são
Scymninae que se alimentam de ácaros, pulgões
de formato oval, coloração variando de amarelo a
e cochonilhas (GIORGI et al., 2009; GUEDES,
laranja, depositado de forma isolada ou agrupada
2013). O hábito coccidófago (predadoras de co-
no substrato (ex. folha, cera da presa). As larvas
chonilhas) é considerado como o mais primitivo
são do tipo campodeiforme, medindo de 2 a 12
(VANTAUX et al., 2012), sendo as joaninhas
mm de comprimento, com protuberâncias ou
coccidófagas mais especializadas do que as
espinhos, a maioria das espécies tem coloração
escura, com presença ou não de manchas bran-
joaninhas coccidófagas são restritas a espécies
cas, amarelas ou laranjas, pernas longas, ágeis
de um único gênero ou vários gêneros próximos
e escuras, e aparelho bucal do tipo mastigador. como ocorre em Rodolia limbata (Blackburn),
As pupas são convexas formadas pela exúvia especializado em espécies de Margarodidae. A
maioria das joaninhas coccidófagas alimenta-se
amarela, laranja ou marrom, com a presença ou de uma ou duas famílias (KUSNETSOV, 1997).
não de protuberâncias e pelos escuros. Os adultos O hábito coccidófago corresponde a cerca de
por sua vez são em geral pequenos, de coloração 36% das espécies de joaninhas predadores nas
variada, podendo ser discreta (preta ou bege) ou regiões Tropicais e Subtropicais, enquanto apro-
vistosas (vermelha, laranja ou amarela), com ou ximadamente outros 20% predam preferencial-
sem manchas de cores, asas rígidas (tipo élitros), mente pulgões (HODEK; HONEK, 2009). Tanto
corpo oval ou esférico e plano ventralmente,
cabeça escondida sob o protórax (primeiro seg- no controle de pragas em muitas culturas eco-
mento), antena curta e capitada, palpos labiais nomicamente importantes mundialmente, como
algodão, soja, repolho, palma-forrageira entre
mm de comprimento, com as fêmeas geralmente outras (MICHAUD et al., 2013; BARBOSA et
EPAMIG
Joaninhas predadoras são aliadas no controle de pragas agrícolas 31
al., 2014; MIRHOSSEINI et al., 2014; COLA- aplicado no mundo sucedeu-se com a introdução
RES et al., 2015). na Califórnia, EUA, de uma joaninha, a Rodolia
Interessantemente, quando as joaninhas são cardinalis (Mulsant). Ela foi trazida da Austrália
submetidas em ambiente de escassez de presa, em 1888 para o controle da cochonilha Icerya
elas alimentam-se de recursos alimentares al- purchasi (Maskell), conhecida como o pulgão
ternativos, tais como secreções açucaradas de -branco-dos-citros. Este caso foi concluído, de
honeydew maneira efetiva, dois anos após a liberação da R.
cardinalis, sendo considerado até hoje um mar-
sobrevivência. Entretanto, muitas espécies de co na história do controle biológico clássico no
coccinelídeos completam seu desenvolvimento mundo (PARRA et al., 2002). A partir daí, outras
larval e produzem uma progênie viável apenas espécies de joaninhas têm sido subsequentemente
quando consomem sua presa preferencial, a qual aclimatadas, num esforço de controlar insetos
estimula e mantém a produção normal de ovos -praga introduzidos em novas áreas (OBRYCKI
(LIXA, 2008). Outra forma que as joaninhas pre- et al., 1998). No Brasil, por exemplo, cita-se o
dadoras lidam com escassez de alimento é através caso da joaninha Crytolaemus montrouzieri Mul-
- sant, que foi importada do Chile para o controle
dação intraguilda em imaturos (ovos e larvas) de de Planococcus citri Risso, conhecida como
et al., cochonilha branca dos citros (GRAVENA, 2003),
2021), dessa forma podem reduzir a competição e a joaninha multicolorida da Ásia Harmonia
e garantir a sobrevivência. axyridis (Pallas), introduzida acidentalmente a
Por apresentarem grande capacidade de partir de populações da Argentina (ALMEIDA;
busca, elevado potencial biótico, polifagia, serem SILVA, 2002). Além dessas, outras espécies de
predadores nas fases larval e adulta, ocuparem joaninhas introduzidas ou de ocorrência natural
uma variedade de ambientes e possuírem alta são muito importantes no controle de pulgões,
voracidade, os coccinelídeos são caracterizados a exemplo de Cycloneda sanguinea (Linneaus),
- Hippodamia convergens (Guerin-Meneville),
- Eriopis connexa (Germar), e Coleomegilla
dópteros, lagartas neonatas e ovos de coleópteros, maculata (DeGeer) (FLINT; DREISTADT,
tendo sido utilizados no controle biológico de 1998).
insetos-pragas em diversos cultivos (HAGEN, A seguir temos algumas espécies de joani-
1976; HODEK et al., 2012). Nesse contexto, o nhas de importância para o controle biológico
primeiro caso de sucesso de controle biológico no Brasil.
EPAMIG
Joaninhas predadoras são aliadas no controle de pragas agrícolas 33
Figura 4 - Joaninha Diomus sp. (A) adulto, (B) larva predando pulgão.
A B
Figura 6 - Joaninha Eriopis connexa (A) adulto predando pulgões, (B) larva, (C) adulto em colônia de
pulgões em planta de algodoeiro. Além de pulgões, também preda ovos de insetos e peque-
nas lagartas.
Fotos: Jorge Braz Torres
A B C
BARBOSA, P.R.R.; OLIVEIRA, M.D.; GIORGI, HODEK, I.: HONEK, A. Scale insects, mealybugs,
J.A.; SILVA-TORRES, C.S.A.; TORRES, J.B.
Predatory behavior and life history of Tenuisvalvae as prey of ladybirds. Biological Control, v.51, p.232-
notata (Coleoptera: Coccinellidae) under variable 243, 2009.
prey availability conditions. Florida Entomologist, Ecol-
v.97, p.1026-1034, 2014. ogy of Coccinellidae. Dordrecht: Wiley-Blackwell,
BUENO, V.H.P. Controle biológico de pragas: 2012, 600p.
Produção massal e Controle de qualidade. Lavras: KUSNETSOV, V.N.
UFLA, 2009, 430p. Far East. Gainesville: Center of Systematic Ento-
COLARES, F.; MICHAUD, J.P.; TORRES, J.B.; mology, 1997.
SILVA-TORRES,C.S.A. Polyandry and Male Mat- LIXA, A.T. Coccinellidae (Coleoptera) usando
ing History Affect the Reproductive Performance of plantas aromáticas como sítio de sobrevivência e
Eriopis connexa (Coleoptera: Coccinellidae). Annals reprodução em sistema agroecológico, e aspectos
v.108, biológicos em condições de laboratório. 2008. 77 f.
p.736-742, 2015. Dissertação (Programa de Pós Graduação em Fitos-
DEBACH, P. Biological control of insect pests and sanidade e Biotecnologia Aplicada) – Universidade
weeds. London: Chapman & Hall, 1964, 844p. Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2008.
DEBACH, P. Biological control by natural enemies. MICHAUD, J.P.; BISTA, M.G.; OMKAR, M. Sexual
New York: Cambridge University Press, 1975, 3323p. activity diminishes male virility in two Coccinel-
la species: Consequences for female fertility and
DEBACH, P.; ROSEN, D. Biological control by progeny development. Bulletin of Entomological
natural enemies. Cambridge: Cambridge University
v.103, p.570-577, 2013.
Press, 1991, 440p.
-
FAN, Y.; GRODEN, E; DRUMMOND, F.A. Tem-
cação de inimigos naturais em cultivos de hortaliças.
perature-dependent development of Mexican bean
Documentos 169, Distrito Federal: Embrapa Hor-
beetle (Coleoptera: Coccinellidae) under constant
taliças, p.1-88, 2019.
and variable temperatures. Journal of Economic
Entomology, v.85, p.1762-1770, 1992. MIRHOSSEINI, M.A., J.P. MICHAUD; M.
ZIAADDIN. Paternal effects correlate with female
FLINT, M.L.; DREISTADT, S.H. Natural enemies
reproductive stimulation in the polyandrous
ladybird Cheilomenes sexmaculata. Bulletin of
control. Berkeley: University of California Press,
v.104, p.480-485, 2014.
1998, 154p.
OBRYCKI, J.J.; KRING, T.J. Predaceous Cocci-
GIORGI, J.A.; VANDENBERG, N.J.; MCHUGH,
nellidae in Biological Control. Annual Reviews of
J.V.; FORRESTER, J.A.; SLIPINSKI, S.A.; MILL-
Entomology, v.43, p.295-321, 1998.
ER, K.B.; SHAPIRO, L.R.; WHITING, M.F. The
evolution of food preferences in Coccinellidae. Bio- OBRYCKI, J.J.; GILES, K.L.; ORMORD; A.M.
logical Control, v.51, p.215-231, 2009. Interactions between an introduced and indigenous
EPAMIG
Joaninhas predadoras são aliadas no controle de pragas agrícolas 35
coccinellid species at different prey densities. Oeco- ley, P.E. et al. (Ogns.), American Beetles. Polyphaga:
logia, v.117, p.279-285, 1998. Scarabaeoidea through Curculionoidea. Boca Raton:
OLIVEIRA, C.M. Interações Intra- e Intere- CRC Press LLC, 2002, p. 371-389.
Cryptolaemus VAN LENTEREN, J.C.; BUENO, V.H.P. Augmenta-
montrouzieri Mulsant e Tenuisvalvae notata tive biological control of arthropods in Latin America.
(Mulsant) (Coleoptera: Coccinellidae). 2020. 97 f. Biocontrol, v.48, p.123-139, 2003.
Tese (Programa de Pós Graduação em Entomolo-
gia) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, VANTAUX, A.; ROUX, O.; MAGRO, A.; ORIVEL,
Recife, 2021. J. Evolutionary perspectives on myrmecophily in
PARRA, J.R.P. et al. Controle biológico no Brasil: ladybirds. v.7, p.19-22, 2012.
Parasitoides e predadores. São Paulo: Manole, WHITCOMB, W.H.
2002, 609 p. control. In: Pimentel, D. (Ogn.), CRC Handbook of
VANDENBERG, N.J. Family 93. Coccinellidae La- pest management in agriculture. Boca Raton: CRC
treille 1807. In: Arnett Jr, R.H.; Thomas, M.C.; Skel- Press, 1981, p. 105-123.
Vanda Helena Paes Bueno1, Joop C. van Lenteren2, Flavio Cardoso Montes3
INTRODUÇÃO
1
Bióloga, PhD., Prof a . UFLA - Departamento de Entomologia, Lavras, MG, Wageningen University,
2
Eng. Agrônomo, xPhD. Prof. Wageningen University, Laboratory of Entomology, Wageningen, The
Netherlands, Joop.vanLenteren@wur.nl.
3
Eng. Agrônomo, DSc, Pós-Doutorando, USP - Esalq - Departamento de Entomologia e Acarologia,
EPAMIG
Por que os mirídeos predadores são Interessantes agentes de Controle biológico? 37
EPAMIG
Por que os mirídeos predadores são Interessantes agentes de Controle biológico? 39
tos detém a maioria de outros herbívoros e ou conhecimento dessas plantas as quais eles estão
outros predadores, explorando geralmente uma associados são estratégias complementares e
fonte de recursos não disponível e sequestrando que podem ser usadas para aumentar o uso e a
metabólitos secundários para sua própria defesa efetividade de mirídeos predadores como agentes
(WHEELER; KRIMMEL, 2015; BUENO et al., de controle em programas envolvendo controle
2019; VOIGT, 2019). Mirídeos também podem biológico aumentativo. Todas essas característi-
ter a capacidade de induzir respostas de defesa cas mencionadas levam os mirídeos predadores a
um patamar interessante e de importância em um
porque ao ativar a produção de metabólitos processo de seleção como agentes de controle e
secundários e proteínas leva a um efeito tóxico, uso em controle aumentativo de pragas.
repelente ou anti-alimentar sobre herbívoros e
induzindo assim a resistência da planta (PÉRE- UM EXEMPLO DE BUSCA E SELEÇÃO DE
MIRÍDEOS PREDADORES PARA CONTROLE
Z-HEDO et al., 2018).
DE T. absoluta EM CULTIVOS DE TOMATE
Mirídeos predadores também podem atuar
no controle biológico conservativo. O manejo Tomate é um cultivo de grande impor-
de plantas consorciadas com cultivos de tomate, tância econômica cujos frutos são largamente
como L., pode prevenir consumidos ao redor do mundo. Muitas pragas
danos por N. tenuis nesse cultivo (CASTANÉ importantes estão associadas a este cultivo no
et al., 2020) e Sesamum indicum L. (BIONDI et Brasil, como lepidópteros, mosca-branca, mos-
al., 2016) preserva populações de M. pygmaeus ca minadora, ácaros, pulgões e tripes, os quais
entre ciclos do cultivo ou proporcionam abrigo podem causar sérios danos ao cultivo se não
para populações naturais dos predadores que propriamente controlados. Na busca pelo maior
então podem colonizar o cultivo em campo ou uso do controle biológico no país com espécies
casas de vegetação. O controle de mosca-branca nativas de inimigos naturais, e baseados no suces-
em cultivos de tomate por D. hesperus é faci- so do uso de mirídeos predadores na Europa para
litado pelo consórcio com Verbascum thapsus o controle de T. absoluta em cultivos de tomate,
L., a qual promove estabelecimento e locais de um projeto foi iniciado no Brasil em 2011 pela
oviposição para o mirídeo predador (SANCHEZ equipe de pesquisadores e estudantes do Depar-
et al., 2003). A planta banqueira Ballota hirsuta tamento de Entomologia da UFLA liderados pela
Benth aumentou a abundância de M. pygmaeus Profa. Vanda Helena Paes Bueno e Prof. Joop van
em cultivo de tomate em casa de vegetação, e Lenteren. O projeto foi idealizado na busca por
um período mais longo de liberação do predador espécies de miíideos predadores nativos para o
no pré-plantio levou a uma menor incidência de controle não somente de T. absoluta, mas também
B. tabaci e de T. absoluta na casa de vegetação das outras importantes pragas em cultivos de
(SANCHEZ et al., 2021). tomate no país. Foram coletados três espécies de
Assim, informações de suas caraterísticas mirídeos predadores Neotropicais: C. infumatus
biológicas, a predação e preferência por pre- (Figura 1), E. varians (Figura 2) e M. basicornis
(Figura 3) (BUENO et al., 2013 a, b) (fotos por
populações em cultivos aonde é liberado, a Flavio C. Montes).
liberação inicial em mudas no viveiro as quais No processo de busca e seleção de inimigos
serão posteriormente transplantadas, o uso de naturais, é preciso levar em consideração que
plantas banqueiras e ou consorciadas e o maior procedimentos simples para a sua seleção antes
EPAMIG
Por que os mirídeos predadores são Interessantes agentes de Controle biológico? 41
Figura 4 - Esquema - Seleção de mirideos predadores como agentes de controle biológico de pragas
em tomate, envolvendo seis critérios de seleção
EPAMIG
Por que os mirídeos predadores são Interessantes agentes de Controle biológico? 43
podem ainda apesentar aspectos negativos, como BUENO, V.H.P.; MONTES, F.C.; SAMPAIO, M.V.;
CALIXTO, A.M.; VAN LENTEREN, J.C. Perfor-
causar algumas vezes dano as planta devido à mance of immatures of three Neotropical Miridae
Ephestia
não-alvos e interessantes como os lepidópteros kuehniella eggs on tobacco plants. Bull Insectology,
v.71, p.77-87, 2018a
raros. Este comportamento de predação ainda
BUENO, V.H.P.; CALIXTO, A.M.; MONTES,
não foi pesquisado e é desconhecido para os mi-
F.C.; VAN LENTEREN, J.C. Population growth
rideos predadores. Apesar de existirem algumas parameters of three Neotropical mirid predators
espécies com aspectos negativos, por outro lado,
with Ephestia kuehniella Zeller (Lepidoptera:
existem espécies como os mirídeos Neotropicais
Pyralidae) eggs as food. Isr J Entomol, v.48, p.1-
C. infumatus, E. varians e M. basicornis que se 22, 2018b
mostram importantes e promissores para o con- BUENO, V.H.P.; LINS, J.C.JR.;, SILVA, D.B.; VAN
trole de pragas em cultivos de tomate. LENTEREN, J.C. Is predation of Tuta absoluta by
three Neotropical mirid predators affected by tomato in the 21st Century, v.9, 2nd edn. Springer Nature,
lines with different densities in glandular trichomes? Switzerland AG, 2020. 487-511p.
, v.13, p.41-48, 2019
CAZORLA, D. Listado comentado de Miridae (He-
BUENO, V.H.P.; VAN LENTEREN, J.C. Insetos miptera: Heteroptera: Cimicomorpha) de Venezuela.
predadores no controle biológico aumentativo de Revista Nicaraguense de Entomologia, v.242, p.1-
pragas. In: PARRA, J.R.P.; NAVA, D.E.; OLIVEIRA, 91, 2021.
R.C.; PINTO, A.S.; DINIZ, A.J.F. (ed) Controle Bi-
FERREIRA, P.S.F.; SILVA, E.R.; COELHO, L.B.N.
ológico com Parasitoides e Predadores na Agricultura
Brasileira. Fealq, Piracicaba, 2021. 249-282p.
Gerais, Brasil, com ênfase em espécies com potencial
CALVO, F.J.; BOLCKMANS, K.; STANSLY, P.A.; econômico. , v.91, p.159 -169,
URBANEJA, A. Predation by Nesidiocoris tenuis 2001.
on Bemisia tabaci and injury to tomato. BioControl,
FERREIRA, P.S.F.; HENRY, T.J.; COELHO, L.A.
v.54, p.237-246, 2009.
Plant bugs (Miridae). In: PANIZZI, A.R.; GRAZIA,
CALVO, F.J.; BELDA, J.E. Uma nueva estratégia J. (ed) True Bugs (Heteroptera) of the Neotropics.
para el control biológico de mosca branca y Tuta Springer, The Netherlands, 2015. 237-286p.
absoluta em tomate. , v.216, p.46-52, 2010.
LÓPEZ, S.N.; OROZCO-MUÑOZ, A.; ANDORNO,
CALVO, F.J.; BOLCKMANS, K.; BELDA, J.E. A.V.; CUELLO, E.M.; CAGNOTTI, C.L. Predatoria
Release rate for pre-plant application of Nesidiocoris capacity of Tupiocoris cucurbitaceus (Hemiptera:
tenuis for Bemisia tabaci control in tomato. BioCon- Miridae) on several pests of tomato. Bull Insectology,
trol, v.57, p.809-817, 2012a. v.72, p. 201-205, 2019.
CALVO, F.J.; LORENTE, M.J.; STANSLY, P.A.; MARTINEZ, L.D.; RIVERO-MARTINEZ, M.A.;
BELDA, J.E. Pre-plant release of Nesidiocoris tenuis BUENO, V.H.P.; COLLATZ, J. Predation behaviour
and supplementary tactics for control of Tuta absoluta and prey preference of two Neotropical mirids against
and Bemisia tabaci in greenhouse tomato. Entomol two key lepidopteran pests in tomato. Int J Tropical
Exp Appl, v.143, p.111-119, 2012b. Insect Sci, p.1-11, 2021.
CALVO, F.J.; SORIANO, J.; BOLCKMANS, K.; MESSELINK, G.J.; VAN MAANEN, R.; VAN
STEENPAAL, S.E.F.; JANSSEN, A. Biological
Tuta absoluta control in tomato: evaluation after two
years of application in practice. IOBC/WPRS Bull, two pests are better than one. Biol Control, v.44,
v.80, p.237-244, 2012c. p.372-379, 2008.
CALVO, F.J.; TORRES-RUIZ, A.; VELÁZQUEZ- MESSELINK, G.J.; CALVO, F.J.; MARIN, F.;
GONZÁLEZ, J.C.; RODRIGUEZ-LEYVA, E.; JANSSEN, D. Cucurbits. In: GULLINO, M.L.;
LOMELI-FLORES, J.R. Evaluation of Dicyphus ALBAJES, R.; NICOT, P.C. (ed) Integrated Pest and
hesperus for biological control of sweet potato Disease Management in Greenhouse Crops, Plant
Pathology in the 21st Century, v.9, 2nd edn. Springer
BioControl, v.61, p.415-424, 2016. Nature, Switzerland AG, 2020. 537-566p.
CASSIS, G.; SCHUH, R.T. Systematics, biodiversity, NOGUEIRA, B.C.F.; COELHO, L.A.; MARTINS,
biogeography and host associations of the Miridae D.S.; BARCELLOS, B.D.; SARTORI, S.R.; FER-
(Insecta: Hemiptera: Heteroptera: Cimicomorpha). REIRA, P.S.F. Associações de percevejos mirideos
Annu Rev Entomol, v.57, p.377- 404, 2012. (Hemiptera: Miridae) com plantas no Brasil. Biológi-
CASTANÉ, C.; ARNÓ, J.; GABARRA, R.; ALO- co, v.81, p.1-30, 2019.
MAR, O. Plant damage to vegetable crops by zoo- PÉREZ-AGUILAR, D.A.; MARTINEZ, A.M.;
phytophagous mirid predators. Biol Control, v.59, VINUELA, E.; FIGUEIROA, J.I.; GÓMEZ, B.;
p.22-29, 2011.
MORALES, S.I.; TAPIA, A.; PINEDA, S. Impacto
CASTANÉ, C.; VAN DER BLOOM, J.; NICOT, of the zoophytophagous predator Engytatus varians
P.C. Tomatoes. In: GULLINO, M.L.; ALBAJES, (Hemiptera: Miridae) on Bactericera cockerelli
R.; NICOT, P.C. (ed) Integrated Pest and Disease (Hemiptera: Triozidae) control. Biol Control, v.132,
Management in Greenhouse Crops, Plant Pathology p.29-35, 2019.
EPAMIG
Por que os mirídeos predadores são Interessantes agentes de Controle biológico? 45
PÉREZ-HEDO, M.; URBANEJA, A. - tomato infested by both the leaf-mining moth Tuta
Nesidiocoris tenuis: a absoluta Bemisia tabaci.
successful but controversial biocontrol agent in Ecol, v.44, p.29-39, 2018.
tomato crops. In: HOROWITZ, A.R.; ISHAAYA,
URBANEJA, A.; MONTÓN, H.; MOLLA, O. Suit-
I. (ed) Advances in insect control and resistance
ability of the tomato borer Tuta absoluta as prey for
management. 2016.
Macrolophus pygmaeus and Nesidiocoris tenuis. J
PÉREZ-HEDO, M.; ARIAS-SANGUINO, A.M.; UR- Appl Entomol, v.133, p.292-296. 2009.
BANEJA, A. Induced tomato plant resistance against
Tetranychus urticae triggered by the phytophagy of URBANEJA, A.; GONZÁLEZ-CABRERA, J.;
Nesidiocoris tenuis. Front Plant Sci, v.9, 1419, 2018. ARNÓ, J.; GABARRA, R. Prospects for the bio-
logical control of Tuta absoluta in tomatoes of the
PÉREZ-HEDO, M.; RIACHI, C.; URBANEJA, A. Mediterranean basin. Pest Management Sci, v.68,
Use of zoophytophagous mirid bugs in horticultural p.1215-1222, 2012.
crops: current challenges and future perspectives. Pest
Management Sci, p.33-42, 2021. VAN LENTEREN, J.C. The state of commercial
augmentative biological control: plenty of natural
SANCHEZ, J.A.; GILLESPIE, D.R.; MCGREGOR, enemies, but a frustrating lack of uptake. BioControl,
R.R. The effects of mullein plants (Verbascum thapsus) v.57, p.71-84, 2012.
on the population dynamics of Dicyphus hesperus
(Heteroptera: Miridae) in tomato greenhouse. Biol VAN LENTEREN, J.C.; HEMERIK, L.; LINS, J.C.
Control, v.28, n.3, p.313-319, 2003. JR.; BUENO, V.H.P. Functional responses of three
Neotropical mirid predators to eggs of Tuta absoluta
SANCHEZ, J.A.; LA-SPINA, M.; LACASA, A. Nu- on tomato. Insects, v.7, n.34, p.1-10, 2016.
merical response of Nesidiocoris tenuis (Hemiptera:
Miridae) preying on Tuta absoluta (Lepidoptera: VAN LENTEREN, J.C.; BUENO, V.H.P.; SMIT,
Gelechiidae) in tomato crops. Eur J Entomol, v.111, J.; SOARES, M.A.; CALIXTO, A.M.; MONTES,
n.3, p.387-395, 2014. F.C.; DE JONG, P.W. Predation of Tuta absoluta
eggs during the nymphal stages of three Neotropical
SANCHEZ, J.A.; LÓPEZ-GALLEGO, E.;
mirid predators on tomato. Bull Insectology, v.70,
PÉRZ-MARCOS, M.; PERERA-FERNÁNDEZ, L.;
p.69-74, 2017.
RAMIREZ-SORIA, M.J. How safe is it to rely on
Macrolophus pygmaeus (Hemiptera: Miridae) as a VAN LENTEREN, J.C.; BOLCKMANS, K.J.; RA-
biocontrol agent in tomato crops? Front Ecol Evol, VENSBERG, W.; URBANEJA, A. Biological control
v.6, 132, 2018. using invertebrates and microorganisms: plenty of
SANCHEZ, J.A.; LÓPEZ-GALLEGO, E.; new opportunities. BioControl, v.63, p.39-59, 2018a.
PÉREZ-MARCOS, M.; PERERA-FERNANDÉZ, VAN LENTEREN, J.C.; BUENO, V.H.P.; CALVO,
L. The effect of banker plant and pre-plant release on J.F.; CALIXTO, A.M.; MONTES, F.C. Compar-
the establishment and pest control of Macrolophus ative effectiveness and injury to tomato plants of
pygmaeus in tomato greenhouse. J Pest Sci, v.94, three Neotropical mirid predators of Tuta absoluta
p.297-307, 2021. (Lepidoptera: Gelechiidae). J Econ Entomol, v.111,
SILVA, D.B.; BUENO, V.H.P.; MONTES, F.C.; VAN p.1080-1086, 2018b.
LENTEREN, J.C. Population growth of three mirid VAN LENTEREN, J.C.; BUENO, V.H.P.; MONTES,
predatory bugs feeding on eggs and larvae of Tuta F.C.; HEMERIK, J.; DE JONG, P.W. Adult lifetime
absoluta on tomato. BioControl, v.61, n.5, p.1-9, predation of Tuta absoluta eggs by three Neotropical
2016ª. mirid predators on tomato. Bull Insectology, v.71,
SILVA, D.B.; BUENO, V.H.P.; CALVO, F.J.; VAN n.2, p.179-188, 2018c.
LENTEREN, J.C. Do nymphs and adults of three VAN LENTEREN, J.C.; BUENO, V.H.P.; BURGIO,
Neotropical zoophytophagous mirids damage leaves G.; LANZONI, A.; MONTES, F.C.; SILVA, D.B.; DE
and fruits of tomato? Bull Entomol Res, v.107, JONG, P.W.; HEMERIK, L. Pest kill rate as aggre-
p.200-207, 2016b. gate evaluation criterion to rank biological control
SILVA, D.B.; BUENO; V.H.P.; VAN LOON, J.J.A.; agents: a case study with Neotropical predators of
PENÃFLOR, M.F.G.V.; BENTO, J.M.S.; VAN LEN- Tuta absoluta on tomato. Bull Entomol Res, v.109,
TEREN, J.C. Attraction of three mirid predators to p.812-820, 2019.
VAN LENTEREN, J.C.; BUENO, V.H.P. Advances WIJK, J. Augmentative biological control. In:
in augmentative biological control in integrated MASON, P.G. (ed.) Biological Control: Global
pest management. In: KOGAN, M.; HEINRICHS, Impacts, Challenges and Future Directions of Pest
E. (ed) Integrated Management of Insect Pests, Management. CSIRO Publishing, Clayton 2021a.
Burleigh Dodds Science Publishing, Cambridge, VAN LENTEREN, J.C.; LANZONI, A.; HEMERIK,
2020. 481-508p. L.; BUENO, V.H.P. et al. The pest kill rate of thirteen
VA N L E N T E R E N , J . C . ; A L O M A R , O . ; natural enemies as aggregate evaluation criterion of
RAVENSBERG, W.J.; URBANEJA, A. Biological their biological potential of Tuta absoluta.
Reports, v.11, p.10756, 2021b.
In: GULLINO, M.L.; ALBAJES, R.; NICOT, P.C. VOIGT, D. Foothold matters: attachment of plant
(ed) Integrated Pest and Disease Management surfaces promotes the vitality of omnivorous mirid
in Greenhouse Crops, Plant Pathology in the 21st bugs Dicyphus errans -
Century 9, 2nd edn. Springer Nature, Switzerland tions, v.13, p.819-834, 2019.
AG, 2020a. 409-439p.
WHEELER, A.G.JR. -
VAN LENTEREN, J.C.; BUENO, V.H.P.; LUNA, miptera: Miridae): pests, predators, opportunists.
M.G.; COLMENAREZ, Y.C. Biological Control Cornell University Press, Ithaca 2001, 507p.
WHEELER, A.G.JR.; KRIMMEL, B.A. Mirid (He-
CAB International,
miptera: Heteroptera) specialists of sticky plants:
Wallingford, Oxfordshire 2020b, 520p.
adaptations, interactions and ecological implications.
VAN LENTEREN, J.C.; BUENO, V.H.P.; KLAP- Annu Rev Entomol, v.60, p.393-414, 2015.
EPAMIG
47
1
Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sul, São João Del Rei, MG, livia@epamig.br.
2
Eng. Agrônomo, D.Sc., USP/Esalq - Depto. Entomologia e Acarologia Piracicaba, SP, aleniz@usp.br.
agricultores no país. Desde 2018 o predador O. das plantas como pólen (MENDES; BUENO,
insidiosus é um bioinsumo registrado no Minis- 2001; VENZON et al., 2001; BUENO, 2009;
tério da Agricultura Pecuária e Abastecimento VAN LENTEREN et al., 2020).
(MAPA) e recomendado como agente de controle Embora o uso comercial destes percevejos
biológico de tripes (F. occidentalis) em todas predadores seja focado em ambientes de cultivo
as culturas com ocorrência do alvo biológico protegido, eles já são conhecidos inimigos na-
no país (BRASIL, 2021). Nesse capítulo serão turais presentes em grandes culturas como soja
apresentadas informações mais detalhadas sobre (ISENHOUR; YEARGAN, 1981; BUTLER;
as pesquisas realizadas com Orius e seu uso em O’NEIL, 2007), algodão (SANSONE; SMITH,
diferentes cultivos. 2011), milho (DAI et al., 2019; ZENG et al.,
2021), citros (PAIVA; YAMAMOTO, 2014),
CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS E dentre outras. Estão presentes em vários agroe-
COMPORTAMENTAIS DE ORIUS
cossistemas e desempenham um importante
Anthocorídeos do gênero Orius são papel ecológico regulando naturalmente diferen-
predadores generalistas onívoros que se tes populações de artrópodes. São encontrados
alimentam de diferentes presas como tripes, associados á diferentes plantas cultivadas ou
moscas-brancas, afídeos, ácaros, ovos e peque- plantas invasoras no país (Tabela 2). Muitas
nos lepidópteros, dentre outros, além de recursos dessas plantas são reservatórios naturais para
EPAMIG
49
Fonte: (Abreu et al., 2021; Bortoli; Oliveira, 2006; Bueno et al., 2009, 2009; Carvalho et al., 2006;
2012; Chaves et al., 2010; Diniz, 2006; Haro et al., 2011; Peres et al., 2009; Resende et al.,
2012; Silveira et al., 2003b; 2009).
et al., 2021). Segundo van Lenteren et al. (2020) atender aos programas de liberação. Diferentes
alimentar-se de plantas ajuda no estabelecimento métodos de criação de Orius foram aprimorados,
e na sobrevivência das espécies de Orius quando levando em consideração as facilidades para ob-
há falta de alimento rico em proteína animal e tenção de alimento, substrato de oviposição, tipos
de abrigo, recipientes de criação, controle de
decorrentes de sua alimentação como ocorre qualidade, armazenamento e custo de produção
para outros predadores que apresentam o mesmo (MENDES et al., 2005a e b; BUENO et al., 2006;
hábito, como o mirídeo Nesidiocorius tenuis DINIZ, 2009; BUENO, 2009; CARVALHO et
(Reuter) (Hemiptera: Miridae), cuja alimentação al., 2010; BUENO et al., 2014; MONTORO et
esporádica em frutos de tomate pode causar da- al., 2020a e b).
nos que depreciam seu valor na comercialização. O alimento é um importante fator que in-
As interações inseto-planta para os
percevejos do gênero Orius são bastante com- espécies de Orius, além de determinar o custo
plexas (BUENO; ZANUNCIO, 2009). Souza et da criação. A criação de Orius em hospedeiros
al. (2020) demonstraram que O. insidiosus foram naturais, como tripes, é trabalhosa e cara, pois
atraídos pelos voláteis emitidos por plantas sob envolve a criação da presa em plantas hospe-
infestação simples e múltipla de Tetranychus deiras, necessitando da manutenção contínua
urticae Koch (Acari: Tetranychidae) e dessas plantas. Na maioria das vezes, têm sido
Frankliniella insularis (Franklin) (Thysanoptera: utilizados alimentos alternativos para solucionar
Thripidae), não mostrando nenhuma preferência esse problema.
entre essas presas. Os ovos de lepidópteros são considerados
Pesquisas recentes têm mostrado que as presas alternativas de alta qualidade nutricional,
relações Orius-planta podem induzir defesas particularmente ovos de Anagasta kuehniella
nas plantas para a repelência de pragas ou atra- (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae) e Sitotroga
ção inimigos naturais. Bouagga et al. (2018) cerealella (Olivier) (Lepidoptera: Gelechiidae),
demonstraram que as picadas provocadas por os quais têm sido utilizados em criações mas-
Orius laevigatus (Fieber) em pimentão induziu sais de diferentes espécies de Orius (BUENO,
repelência para a mosca-branca Bemisia tabaci 2009; CALIXTO et al., 2013; DE CLERCQ et
(Genn.) (Hemiptera: Aleyrodidae) e para o al., 2014; BERNARDO et al., 2017). Segundo
tripes F. occidentalis e atraiu o parasitoide Mendes et al. (2002) fêmeas de O. insidiosus
de mosca-branca Encarsia formosa (Gahan) alimentadas com ovos de A. kuehniella colo-
(Hymenoptera: Aphelinidae). Esses resultados caram cerca de nove vezes mais ovos (195,3
podem contribuir para o controle biológico de ovos) do que aquelas alimentadas com o pulgão
mosca-branca e tripes. Aphis gossypii Glover (Hemiptera: Aphididae)
(20,0 ovos) e três vezes mais ovos que aquelas
CRIAÇÃO MASSAL DE ORIUS
alimentadas com o tripes Caliothrips phaseoli
O uso de Orius no controle biológico au- (Hood) (Thysanoptera: Thripidae) (70,0 ovos).
mentativo envolvem a sua criação sob condições Entretanto, devido ao alto custo dos ovos de
controladas. Por esse motivo, muitas pesquisas lepidópteros, pesquisas sobre alimentos alterna-
têm visado à adequação ou à melhoria de técnicas tivos mais baratos para a criação massal de Orius
para a criação massal de Orius em quantidade, têm sido realizadas (BUENO; ZANUNCIO,
qualidade e com baixo custo econômico para 2009; DE CLERCQ et al., 2014). Bernardo et
EPAMIG
51
EPAMIG
53
mais delicado e, em alguns casos, são espalhados após sua liberação (CARVALHO et al., 2008).
ovos de A. kuehniella para que os adultos tenham
alimento altamente nutritivo disponível. Essa de plantas na área de cultivo podem favorecer
a manutenção e o estabelecimento de espécies
tripes, tanto causando danos diretos, como vetor de Orius e contribuir para o controle de pragas.
de viroses. Além disso, outras espécies de Orius
ocorrem de forma espontânea nos cultivos nas como pólen, néctar e refúgio, os quais podem
casas de vegetação, controlando as populações favorecer a atração e manutenção de inimigos
de F. occidentalis e Thrips tabaci Lind. (Thysa- naturais nas áreas de cultivo (ABREU et al.,
noptera: Thripidae) (PLASENCIA et al., 2008). 2021; VAN DER BLOM et al., 2021; VEN-
No Brasil, diversas culturas estão usando ZON et al., 2021). Em avaliação de 11 espécies
O. insidious para controle de tripes em casas de de plantas para manutenção de Orius sauteri
vegetação e em campo aberto (PARRA, 2019). (Poppius) Zhang et al.
A recomendação para a cultura do crisântemo, o predador apresentou os melhores parâmetros
plantado diretamente no solo, sob cultivo pro- biológicos em Leonurus artemisia. Essa planta
tegido, é de 1,5-2 predadores/m2 liberados no é sinonímia de Leonurus sibiricus, conhecida
início da infestação. Para a cultura da gérbera, popularmente, no Brasil, como rubim, a qual foi
em vasos, sob cultivo protegido, recomenda-se também considerada uma boa hospedeira para
19,2 predadores/m2 (BRASIL, 2019). O. insidiosus, O. thyestes e Orius sp. (DINIZ,
Em crisântemo de corte liberações de O. 2006). Foi demonstrado por Bueno et al. (2009)
insidiosus resultaram em efetivo controle de F. que a presença do cravo (Tagetes erecta L.) com
occidentalis quando foram realizadas liberações
de O. insidiosus na taxa de 1,5-2,0 Orius/m2. O O. insidiosus e no controle do tripes em cultivo
número médio de tripes decresceu de 4,7 para 2,5 de roseira em casa de vegetação comercial.
tripes na cultivar Yellow Snowdon e de 2,8 tripes/ A associação de O. laevigatus e Phytoseiulus
planta para 1,1 tripes/planta em ‘White Reagan’ persimilis Athias-Henriot (Acari: Phytoseiidae)
após a primeira liberação. A praga foi efetiva- para o controle de Tetranychus urticae (Koch)
mente controlada pelo predador O. insidiosus e (Acari: Tetranychidae) não preveniu a preda-
nenhuma injúria foi encontrada no crisântemo ção intraguilda (VENZON et al., 2001). Por
(SILVEIRA et al., 2004). outro lado, Souza et al. (2020) observaram uma
Em morango semi-hidropônico, Chaves et resposta adicional no consumo de T. urticae
al. O. insidiosus liberados quando os predadores O. insidiosus e Neoseiulus
na taxa de 4,0 Orius/m proporcionaram uma re-
2
californicus (McGregor) (Acari: Phytoseiidae)
dução de 91% na população de F. occidentalis aos foram mantidos juntos em roseira, o que resultou
21 dias após a liberação. Em gérbera, o controle maior consumo do ácaro-rajado que o predador
de F. occidentalis foi obtido quando se utilizou isolado. Em distâncias curtas, O. insidiosus não
1,2 O. insidiosus por vaso, reduzindo a população apresentou capacidade em discriminar misturas
de tripes de 20 a 80%, comparado ao controle voláteis de plantas infestadas com ácaros
químico, evitando o aparecimento de sintomas T. urticae, tripes F. insularis ou ambos e não apre-
de danos nas plantas. Além disso, o predador foi sentou preferência por nenhuma das espécies de
capaz de se estabelecer e reproduzir na área, pois presas, sendo ambas aceitas para alimentação. Os
ninfas e adultos foram encontrados duas semanas autores concluíram que o predador tem potencial
EPAMIG
55
BORTOLI, S.A.; OLIVEIRA, J.E.M. Densidade virescens eggs for the development and reproduction
populacional e comportamento de predação de Orius of Orius insidiosus Entomologia Experimentalis et
insidiosus (Say, 1832) (Hemiptera: Anthocoridae) em Applicatta, v.67, p. 217-222, 1993.
agroecossistemas de algodoeiro e milho. Boletín de
BUTLER, C.; O’NEIL, R. Life history characteristics
Sanidad Vegetal de Plagas, v.32, p.465-471, 2006.
of Orius insidiosus (Say) fed diets of soybean aphid,
BOUAGGA, S.; URBANEJA, A.; RAMBLA, J.L.; Aphis glycines Matsumura and soybean thrips, Neo-
GRANELL, A.; PÉREZ-HEDO, M. Orius laevigatus hydatothrips variabilis (Beach). Biological control,
strengthens its role as a biological control agent by v. 40, p. 339-346. 2007. https//doi.org/10.1016/j.
inducing plant defenses. Journal Pest Science, v.91, biocontrol.2006.12.005.
p.55-64, 2018. https://doi.org/10.1007/s10340-017-
CALIXTO, A.M., V.H.P. BUENO, F.C. MONTES,
0886-4.
A.C. SILVA, VAN LENTEREN, J.C. Effect of dif-
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e ferent diets on reproduction, longevity and predation
Abastecimento. AGROFIT: Sistemas de Agrotóxicos capacity of Orius insidiosus (Say) (Hemiptera:An-
Fitossanitários. Brasília, 2021. Disponível em: http:// thocoridae). ,
v.23, p. 1245-1255, 2013.
de 2021.
CARVALHO, A. R.; BUENO, V. H. P.; SANTANA,
BUENO, V.H.P.; MENDES, S.M.; CARVALHO, A. G.; MOURA, N.; LOUZADA, E. A. Release rates
L.M. Evaluation of a rearing-method for the predator of Orius insidiosus to control Frankliniella occi-
Orius insidiosus. Bulletin Insectology, v.59, p.1-6, dentalis on protected potted gerbera. IOBC/WPRS
2006. Bulletin, v. 32, p. 37-40, 2008.
BUENO, V. H. P.; ZANUNCIO, J. C. Percevejos pre- CARVALHO, L.M.; ALMEIDA, K.; TAQUES, T.C.;
dadores (Heteroptera). In: PANIZZI, A. R.; PARRA, SOARES, C.S.A.; ALMEIDA, E.F.A.; REIS, S.N.
J. R. P. (Ed.). Bioecologia e nutrição de insetos: base Manejo de pragas em cultivo de roseira de sistema
para o manejo integrado de pragas. Brasília, DF: Em- de produção integrada e sistema convencional. Bios-
brapa Informação Tecnológica, 2009. v. 1, p. 870-934. cience Journal, v. 28, p. 938-944, 2012.
BUENO, V.H.P. Desenvolvimento e criação massal CARVALHO, L.M.; BUENO, V.H.P.; CASTAÑÉ,
de percevejos predadores Orius. In: Bueno VHP (ed) C. Avaliação de substratos de oviposição para Orius
Controle Biológico de Pragas: produção massal insidiosus (Say) (Hemiptera, Anthocoridae). Revista
e controle de qualidade, 2ª Ed. Editora UFLA, Brasileira de Entomologia, v.54, p.115-119, 2010.
Lavras, 2009. https://doi.org/10.1590/S0085-56262010000100015
BUENO, V.H.P.; SILVA, A.R.; CARVALHO, L.M.; CARVALHO, L.M.; BUENO, V.H.P.; CASTAÑÉ,
MOURA, N. Control of thrips with Orius insidiosus C. Olfactory response towards its prey Frankliniella
in greenhouse cut roses: use of a banker plant im- occidentalis of wild and laboratory-reared Orius
proves the performance of the predator. IOBC/WPRS insidiosus and Orius laevigatus. Journal of Applied
Bulletim, v. 49, p.183–187, 2009. Entomology, v.135, p.177-183, 2011.
BUENO, V.H.P., CARVALHO, L.M.; VAN LEN- CARVALHO, L.M.; BUENO, V.H.P.; MENDES,
TEREN, J.C. Performance of Orius insidiosus after
storage, exposure to dispersal material, handling and pulgões e inimigos naturais em crisântemo de corte
shipment processes. Bulletin of Insectology, v.67, em casa de vegetação. Bragantia, v. 65, p.139–146,
n.2, p.175-183, 2014. 2006.
BUENO, V.H.P.; VAN LENTEREN, J. Insetos Pre- CASTANE, C.; ZALOM, F.G. (1994). Artificial
dadores no Controle Biológico Aumentativo. IN: oviposition substrate for rearing Orius insidiosus
PARRA, J.R.P; PINTO, A.S.; NAVA, D.E; OLIVEI- (Hemiptera: Anthocoridae). Biological Control, v.
RA, R.C.; DINIZ, A.J.F. Controle Biológico com 4, p. 88-91. 1994.
parasitoides e predadores na Agricultura Brasi-
CHAVES, C. C.; NONDILLO, A.; BERNARDI, D.;
leira. Fealq, Piracicaba, p 249-282. 2021. https/doi.
BOTTON, M. Avaliação de Orius insidiosus (Hemip-
org/10.37856/978-65-89722-04-5.
tera: Anthocoridae) para o controle de Frankliniella
BUSH, L.; KRING, T. J.; RUBSERSON, J. R. Suit- occidentalis (Thysanoptera: Thripidae) na cultura do
ability of greenbugs, cotton aphids, and Heliothis morangueiro. In: XIX CIC- Congresso de Iniciação
EPAMIG
57
perimentalis et Applicata, v.168: p.492–501, 2020b. rearing Orius albidipennis Reuter. Journal of Ento-
mological Society of Iran, v. 35, n. 4, p. 29-37. 2016.
PAIVA, P.E.B.; YAMAMOTO, P.T. Lagartas em
citros, com ênfase em Helicoverpa armigera: uma SANSONE, C.G.; SMITH, J.W. Identifying Predation
breve revisão. , v.35, of Helicoverpa zea (Lepidoptera: Noctuidae) Eggs by
n.1, p.11-17. 2014. Orius spp. (Hemiptera: Anthocoridae) in Cotton by
Using Elisa. Environmental Entomology, v. 30, n.
PARRA, J.R.P. Controle Biológico na Agricultura
2, p. 431–438. 2001. https://doi.org/10.1603/0046-
Brasileira. Entomological Communications, v.1,
225X-30.2.431.
2019. 10.37486/2675-1305.ec01002.
SANTOS, N.A.; RAMALHO, D.G.; MARQUES,
PARRA, J.R.P. Criação Massal de Inimigos Natu-
HM.; GODOY, JD.S.; DE BORTOLI, CP.; DE
rais. IN: PARRA, J.R.P; PINTO, A.S.; NAVA, D.E;
MAGALHÃES, GUSTAVO O.; VACARI, A.M.; DE
OLIVEIRA, R.C.; DINIZ, A.J.F. Controle Biológico
BORTOLI, S.A. Interaction between the predator Xy-
com parasitoides e predadores na Agricultura Bra- locoris sordidus and Bacillus thuringiensis bioinsecti-
sileira. Fealq, Piracicaba, p. 379-400. 2021b. https:/ cides. Entomologia Experimentalis et Applicata, v.
doi.org/10.37856/978-65-89722-04-5. 168, p. 1-10, 2020. https://doi.org/10.1111/eea.12896.
PARRA, J.R.P. Elaboração de programas de controle SHAPIRO, J.P.; FERKOVICH, S.M. Oviposition
biológico: uma visão inter e multidisciplinar. IN: and isolation of viable eggs from Orius insidiosus
PARRA, J.R.P; PINTO, A.S.; NAVA, D.E; OLIVEI-
RA, R.C.; DINIZ, A.J.F. Controle Biológico com green beans and use in enzyme-linked immunosor-
parasitoides e predadores na Agricultura Brasi- bent assay.
leira. Fealq, Piracicaba, p. 39-54. 2021a. https/doi. America, v.99, p.586-591. 2006.
org/10.37856/978-65-89722-04-5
SILVEIRA, L.C.P., BUENO, V.H.P.; PIERRE, L.S.R.;
PARRA, J.R.P.; PINTO, A.S.; NAVA, D.E; OLI- MENDES, S.M. Plantas cultivadas e invasoras como
habitat para predadores do gênero Orius Wolff (Hete-
do controle biológico no Brasil. IN: PARRA, J.R.P; roptera: Anthocoridae). Bragantia, v.62, p.261-265.
PINTO, A.S.; NAVA, D.E; OLIVEIRA, R.C.; DINIZ, 2003b.
A.J.F. Controle Biológico com parasitoides e preda-
dores na Agricultura Brasileira. Fealq, Piracicaba, SILVEIRA, L.C.P.; BERTI FILHO, E.; PIERRE,
p. 577-592. 2021b. https/doi.org/10.37856/978-65- L.S.R.; PERES, F.S.C.; LOUZADA, J.N.C. Marigold
89722-04-5. (Tagetes erecta L.) as an attractive crop to natural
Allium cepa L.). Scientia
PEDROSO, E.C.; DE BORTOLI, S. A.; SILVA, R. Agricola, v.66, n.6, p.780-787, 2009.
J. Ocorrência do gênero Xylocoris Dufour, 1831
(Hemiptera: Anthocoridae) em Jaboticabal, SP. O SILVEIRA, L.C.P.; BUENO, V.H.P.; MENDES, S.M.
Biológico, v.71, n.2, p. 83-202. 2009. Records of two species of Orius Wolff (Hemiptera:
Anthocoridae) in Brazil. Revista Brasileira Ento-
PERES, F.S.C., FERNANDES, O.A., SILVEIRA, mologia, v.47, p. 303-306. 2003a.
L.C.P. SILVA, C.S.B. Cravo-de-defunto como planta
atrativa para tripes em cultivo protegido de melão SILVEIRA, L.C.P.; BUENO, V.H.P.; VAN LEN-
orgânico. Bragantia, v.68, n.4, p. 953-960. 2009. TEREN, J.C. Orius insidiosus as biological control
agent of Thrips in greenhouse chrysanthemums in the
PLASENCIA, A.L.; SANCHES, J.A.S.; MARTI- tropics. Bulletim Insectology, v.57, p.103–109, 2004.
NEZ, C.M.L. Control biológico de trips. In: JACAS,
TOMMASINI, M.G.; VAN LENTEREN, J.C.; BUR-
J.A.; URBANEJA, A. Control Biológico de Plagas
GIO, G. Biological traits and predation capacity of
Agricolas. Phytoma- España, 2008. 496p.
four Orius species on two prey species. Bulletin
RESENDE, A.L.S.; HARO, M.M.; SILVA, V.F.; Insectology, v.57, p. 79–94.2004.
SOUZA, B.; SILVEIRA, L.C.P. Diversidade de
VAN DER BLOM, J.; CRISOL MARTÍNEZ, E.;
predadores em coentro, endro e funcho sob manejo
GARCÍA MARTÍNEZ, R. Control biológico en
orgânico. Arquivos do Instituto Biológico, v. 79, n.
-
2, p.193-199, 2012.
nitaria en horticultura bajo cubierta. n. 327,
SAFAEI, N.; RAJABPOUR, A.; SERAJ, A.A. Eval- 2021. Disponível em: https://www.phytoma.com/
uation of various diets and oviposition substrates for la-revista/phytohemeroteca/327-marzo-2021/control-
EPAMIG
Conservação de entomopatógenos em cultivos agrícolas 59
Mayara Loss Franzin1, Marcela Cristina Silva Caixeta2, Jéssica Letícia Abreu Martins3,
Wânia dos Santos Neves4, Madelaine Venzon5
1
Eng. Agrônoma, M.Sc., Estudante de Doutorado, UFV - Depto. de Entomologia, Viçosa, MG,
mayarafranzin@gmail.com.
2
Bióloga, D.Sc., Bolsista de Pós-Doc, Consórcio Pesquisa Café, EPAMIG Sudeste, Viçosa, MG,
marcela.cristina@ufv.br.
3
Eng. Agrônoma, M.Sc., Estudante de Doutorado, UFV - Departamento de Entomologia, Viçosa, MG,
jessica.abreu@ufv.br.
4
Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. Epamig Sudeste, Viçosa, MG, wanianeves@epamig.br.
5
Eng. Agrônoma, Ph.D., Pesq. EPAMIG Sudeste/Bolsista CNPq, Viçosa, MG, madelaine@epamig.br.
2016; WINDING et al., 2020). Portanto, se faz insetos que vivem acima do solo como moscas
necessário adotar estratégias que melhorem o -brancas, pulgões e cochonilhas (ZARE; GAMS,
microclima dentro dos cultivos agrícolas que 2001; LIU et al., 2006). Já Beauveria, Isaria e
seja propício para a manutenção dos fungos Metarhizium são organismos amplamente dis-
entomopatogênicos no solo. tribuídos nos agroecossitemas, integrantes da
microbiota do solo (CHANDLER et al., 1997;
OCORRÊNCIA DE FUNGOS KELLER et al., 2003; MOREIRA et al., 2019).
ENTOMOPATOGÊNICOS NO
Esses últimos, além de infectar artrópodes, po-
AGROECOSSISTEMA
EPAMIG
Conservação de entomopatógenos em cultivos agrícolas 61
associadas à cultura principal, diversos fatores trol, v.103, p.69-77, 2016. https://doi.org/10.1016/j.
devem ser levados em consideração, tais como: biocontrol.2016.07.007.
a adaptação da espécie ao clima do local onde BAMISILE, B.S.; DASH, C.K.; AKUTSE, K.S.;
KEPPANAN, R.; WANG, L. Fungal Endophytes:
será implantada; a copa da planta não deve som- Beyond herbivore management. Frontiers in Micro-
brear a cultura principal a ponto de lhe causar biology, v.9, p.1-11, 2018. https://doi.org/10.3389/
prejuízos e a utilização de plantas que tragam fmicb.2018.00544.
outros benefícios para cultura, como a atração e BARELLI, L.; MOREIRA, C.C.; BIDOCHKA,
M.J. Initial stages of endo phytic colonization by
manutenção de inimigos naturais e polinizadores.
Metarhizium involves rhizoplane colonization.
Além disso, a manutenção das plantas espontâ- Microbiology, v.164, p.1531-1540, 2018.
neas nas entrelinhas deve ser feita de maneira Me-
criteriosa, mantendo-as em uma altura e distância tarhizium anisopliae (Metch.) Sorokin (Ascomycota:
da cultura principal que permita o sombreamento Hypocreales) against larvae of Plutella xylostella L.
(Yponomeutidae: Lepidoptera) infesting Brassica
do solo sem trazer prejuízos ao desenvolvimento napus plants. Crop Protection, v.44, p.128-134,
e produção da cultura principal. Deve-se também 2013. https://doi.org/10.1016/j.cropro.2012.11.001.
observar quais plantas espontâneas ocorrem no BEGG, G.S. et al. A functional overview of conserva-
cultivo, de modo a garantir que as mesmas sejam tion biological control. Crop Protection, v. 97, 2017.
atrativas a inimigos naturais e não sejam hospe- BEHIE, S.W.; ZELISKO, P.M.; BIDOCHKA, M.J.;
deiras de pragas e doenças que possam trazer Endophytic insect-parasitic fungi translocate nitro-
gen directly from insects to plants. Science, v.308,
danos à cultura. ed.6088, p.1576–1577, 2012. https://doi.org/10.1126/
science.1222289.
AGRADECIMENTO BEHIE, S.W., BIDOCHKA, M.J., Nutrient transfer
in plant–fungal symbioses. Trends in Plant Science,
Os autores agradecem ao Conselho Nacio- v.19, p.734-740, 2014. https://doi.org/10.1016/j.
tplants.2014.06.007.
(CNPq), à Fundação de Amparo à Pesquisa do BEHIE, S.W., JONES, S.J., BIDOCHKA, M.J. Plant
Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), à Coorde- tissue localization of the endophytic insect pathogenic
fungi Metarhizium and Beauveria. Fungal Ecology,
nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
v.13, p.112-119, 2015. https://doi.org/10.1016/j.
Superior- Brasil (CAPES) e ao Consórcio Pes- funeco.2014.08.001.
BROWN, G.; COOPER, M.; KOBAYASHI, M.
pelas bolsas concedidas.
trends, in: FAO, ITPS, GSBI, CBD, EC (Eds.), State
of Knowledge of Soil Biodiversity: Status, Challenges
REFERÊNCIAS and Potentialities. FAO, Roma, p.191-262, 2020.
AHMAD, I.; JIMÉNEZ-GASCO, M.D.M.; LUTHE, CHANDLER, D.; HAY, D.B.; REID, A.P. Sampling
D.S.; SHAKEEL, S.N.; BARBERCHECK, M.E. and occurrence of entomopathogenic fungi and
Endophytic Metarhizium robertsii promotes maize nematodes in UK soils. Applied Soil Ecology, v.5,
growth, suppresses insect growth, and alters plant p.133-141, 1997.
defense gene expression. Biological Control, v.144, CHANDLER, D.; DAVIDSON, G.; PELL, J.K.;
p.104-167, 2020. https://doi.org/10.1016/j.biocon- BALL, B.V.; SHAW, K., SUNDERLAND, K.D.
trol.2019.104167. Fungal biocontrol of Acari. Biocontrol Science and
AMARAL, D.S.S.L.; VENZON, M.; HELDER, H.; v.10, p.357-384, 2000.
SUJII, E.R.; SCHMIDT, J.M.; HARWOOD, J.D.; CLIFTON, E.H.; JARONSKI, S.T.; HODGSON,
Non-crop plant communities conserve spider popula- E.W.; GASSMANN, A.J. Abundance of soil-borne
tions in chili pepper agroecosystems. Biological Con- entomopathogenic fungi in organic and conventional
EPAMIG
Conservação de entomopatógenos em cultivos agrícolas 63
FRANZIN, M.L. em prep. JABER, L.R.; ARAJ, S.E. Interactions among en-
. Doutorado dophytic fungal entomopathogens (Ascomycota:
(Doutorado em Entomologia) – Universidade Federal Hypocreales), the green peach aphid Myzus persi-
de Viçosa, Viçosa, 2021. cae Sulzer (Homoptera: Aphididae), and the aphid
endoparasitoid Aphidius colemani Viereck (Hyme-
FUXA, J.R. Environmental manipulation for noptera: Braconidae). Biological Control, v.116,
microbial control of insects. In: Barbosa, P. (Ed.), p.53-61. 2018. https://doi.org/10.1016/j.biocontrol,
Conservation Biological Control. Academic Press, 2017.04.005
San Diego, 505 p.255-268, 1998.
JONSSON, M.; STRAUB, C.S.; DIDHAM, R.K.;
GOBLE, T.; DAMES, J.; P HILL, M.; MOORE, BUCKLEY, H. L.; CASE, S.; HALE, R.J.; GRAT-
S.D. The effects of farming system, habitat type and TON, C.; WRATTEN, S.D. Experimental evidence
bait type on the isolation of entomopathogenic fungi that the effectiveness of conservation biological
from citrus soils in the Eastern Cape Province, South control depends on landscape complexity. Journal
Africa. BioControl, v.55, p.399-412, 2010. https:// of Applied Ecology, v.52, p.1274-1282, 2015.
doi.org/10.1007/ s10526-009-9259-0.
KELLER, S.; KESSLER, P.; SCHWEIZER, C. Distri-
HAJEK, A.E., ST LEGER, R.J. Interactions between bution of insect pathogenic soil fungi in Switzerland
fungal pathogens and insect hosts. 476 Annual Re- with special reference to Beauveria brongniartii and
view of Entomology, v.39, p.293-322, 1994. Metarhizium anisopliae. BioControl, v.48, p.307-
HERNÁNDEZ-DOMÍNGUEZ, C., CERROBLAN- 319, 2003.
CO-BAXCAJAY, M. de L., ALVARADO-ARAGÓN, KEPLER, R.M.; UGINE, T.A.; MAUL, J.E.; CAV-
L.U., HERNÁNDEZ-LÓPEZ, G., GUZMÁN-FRAN- IGELLI, M.A.; REHNER, S.A. Community compo-
sition and population genetics of insect pathogenic
insect baiting method and selective media for diversi- fungi in the genus Metarhizium from soils of a long-
ty studies of Metarhizium species in the soil. Biocon- term agricultural research system. Environmental
Microbiology, v.17, p.2791-2804, 2015. https://doi. T.G.; CARDOSO, I.M., ELLIOT, S.L. Agroforestry
org/10.1111/1462-2920.12778 coffee soils increase the insect suppressive potential
offered by entomopathogenic fungi over full sun soils:
KEYSER, C.A.; DE FINE LICHT, H.H.; STEIN-
Ecology
WENDER, B.M.; MEYLING, N.V.; Diversity within
and Evolution, v.00, p:1-11, 2019. https://10.1002/
the entomopathogenic fungal species Metarhizium
ece3.5598
flavoviride associated with agricultural crops in
Denmark. BMC Microbiology, v.15, p.1-11, 2015, MORGAN, J.A.W.; BENDING, G.D.; WHITE,
https://doi.org/10.1186/s12866-015-0589-z
interactions in the rhizosphere. Journal of Experi-
KLINGEN, I.; EILENBERG, J.; MEADOW, R.
mental Botany, v.56, p.1729-1739, 2005. https://doi.
org/10.1093/jxb/eri205
insect on the occurrence of insect pathogenic fungi
in soils. Agriculture, Ecosystems & Environment, PELL, J.K.; HANNAM, J.J.; STEINKRAUS, D.C.
v.91, p.191-19, 2002. Conservation biological control using fungal ento-
mopathogens. BioControl, v.55, p.187-198, 2010.
KRELL, V.; JAKOBS-SCHOENWANDT, D.;
https://doi.org/10.1007/s10526-009-9245-6
VIDAL, S.; PATEL, A.V. Cellulase enhances endo-
phytism of encapsulated Metarhizium brunneum in PEREZ, A.L. Aboveground and belowground con-
potato plants. Fungal Biology, v.122, p.373-378,
2018. https://doi.org/10.1016/j.funbio.2018.03.002 . Doutorado (Doutorado em Entomo-
logia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2016
LIN, B.B. Agroforestry management as an adaptive
strategy against potential microclimate extremes in POSADA, F.; AIME, M.C.; PETERSON, S.W.; REH-
coffee agriculture. Agricultural and Forest Meteo- NER, S.A.; VEGA, F.E. Inoculation of coffee plants
rology, v.144, p.85-94, 2007. with the fungal entomopathogen Beauveria bassiana
(Ascomycota: Hypocreales). ,
LIU, M.; CHAVERRI, P.; HODGE, K.T. A taxonomic
v.111, p.748-757. 2007.
revision of the insect biocontrol fungus Aschersonia
aleyrodis, its allies with white stromata and their PROBER, S.M. et al. Plant diversity predicts beta but
Hypocrella sexual states. , not alpha diversity of soil microbes across grasslands
v.110, p.537-554, 2006. worldwide. Ecology letters, v.8, n1, p.85-95, 2015.
LOVETT, B.; ST. LEGER, R.J. Stress is the rule QUESADA MORAGA, E.; NAVAS CORTÉS, J.A.;
rather than the exception for Metarhizium. Current MARANHAO, E.A.A.; ORTIZ URQUIZA, A.;
Genetics, v.61, p.253-261, 2014. SANTIAGO ÁLVAREZ, C. Factors affecting the
occurrence and distribution of entomopathogenic
MANTZOUKAS, S., ELIOPOULOS, P.A. Endo-
fungi in natural and cultivated soils. Mycological
phytic entomopathogenic fungi: A valuable biological
, v.111, p.947-966, 2007.
control tool against plant pests. Applied Sciences, 10,
2020. https://doi.org/10.3390/app10010360 REZENDE, M.Q.; VENZON, M.; PEREZ, A.L.;
-
-
taries of associated trees can enhance natural pest
rence of entomopathogenic fungi in soils of Slovakia
control. Agriculture Ecosystems and Environment,
as revealed using two methods. Biological Control,
v.188, 198-203, 2014. https://doi.org/10.1016/j.
v.59, p.200-208, 2011.
agee.2014.02.024
MEYLING N.V.; EILENBERG J. Ecology of the
RUSCH, A. et al -
entomopathogenic fungi Beauveria bassiana and
tion reduces natural pest control: A quantitative syn-
Metarhizium anisopliae in temperate agroecosystems:
thesis. Agriculture, Ecosystems and Environment,
Potential for conservation biological control. Biolog-
v.221, p.198-204, 2016
ical Control, v.43, p.145-155, 2007.
SCORSETTI, A.C.; MACIÁ, A.; STEINKRAUS,
MEYLING, N.V.; PELL, J.K. Detection and avoid-
D.C.; LÓPEZ LASTRA, C.C. Prevalence of Pandora
ance of an entomopathogenic fungus by a generalist
neoaphidis (Zygomycetes: Entomophthorales) infect-
insect predator. Ecological Entomology, v.31, n.2,
ing Nasonovia ribisnigri (Hemiptera: Aphididae) on
p.162-171, 2006.
lettuce crops in Argentina. Biological Control, v.52,
MOREIRA, C.C.; CELESTINO, D.; SOBRINHO, p.46-50, 2010.
EPAMIG
Conservação de entomopatógenos em cultivos agrícolas 65
SHARMA, L.; OLIVEIRA, I.; TORRES, L.; E.R. Agrobiodiversidade como estratégia de mane-
MARQUES, G. Entomopathogenic fungi in Portu- jo de pragas. Inf. Agropecuário v.40, p.21-29, 2019.
guese vineyards soils: suggesting a ‘Galleria-Ten- VERES, A.; PETIT, S.; CONORD, C.; LAVIGNE,
ebrio-bait method’ as bait- insects Galleria and C. Does landscape composition affect pest abundance
and their control by natural enemies? A review. Ag-
recoveries of Metarhizium (robertsii) and Beauveria riculture, Ecosystems and Environment, v.166,
(bassiana) MycoKeys, v.38, p.1-23, 2018. https://doi. p.110-117, 2013.
org/10.3897/mycokeys.38.26970
WEIR, A., BLACKWELL, M. Molecular data sup-
SINHA, K.K.; CHOUDHARY, A.K.; KUMARI, P.. port the Laboulbeniales as a separate class of Ascomy-
Entomopathogenic Fungi. In: Omkar (Eds.), Ecof- cota, Laboulbeniomycetes. ,
riendly Pest Management for Food Security, p. v.105, p.1182-1190, 2001.
475-505, 2016.
WILSON, D. Endophyte - the evolution of a term,
STEINKRAUS, D.C. Documentation of naturally Oikos, v.73,
- p.274-276. 1995.
systems. In: Lacey, L.A., Kaya, H.K. (Eds.), Field
Manual of Techniques in Invertebrate Pathology: WINDING, A.; BACH, E.; MELE, P. Contributions
Application and Evaluation of Pathogens for Control of soil biodiversity to ecosystem functions and ser-
of Insects and Other Invertebrate Pests, second ed. vices, in: FAO, ITPS, GSBI, CBD, EC (Eds.), State of
Springer, Dordrecht, The Netherlands, p. 267-281, Knowledge of Soil Biodiversity: Status, Challenges
and Potentialities. FAO, Roma, p. 115-190. 2020.
2007.
WYREBEK, M., HUBER, C., SASAN, R.K., BI-
TEDERSOO, L. et al. Global diversity and geography
DOCHKA, M.J. Three sympatrically occurring
of soil fungi. Science, v.346, n.6213, p.1256688-1
species of Metarhizium show plant rhizosphere
-1256688-10, 2014.
Microbiology, v.157, p.2904-2911, 2011.
VEGA, F.E. The use of fungal entomopathogens as https://doi.org/10.1099/mic.0.051102-0
endophytes in biological control: a review. Mycolo-
ZARE, R., GAMS, W. A revision of Verticillium
gia, v.110, p.4-30, 2018.
section Prostrata. IV. The genera Lecanicillium and
VENZON, M.; TOGNI, P.H.B.; CHIGUACHI, Simplicillium gen. nov. Nova Hedwigia, v.73, p.1-
J.A.M.; PANTOJA, G.M.; BRITO, E.A.S.; SUJII, 50, 2001.
Pedro Henrique Brum Togni1, Madelaine Venzon2, Ana Carolina Gomes Lagôa3,
Ana Claudia da Silva4, Rafaela Mendes Assunção5, Camila Alves Rodrigues6
1
Biólogo, Dr., Prof., UnB - Depto. Ecologia, Instituto de Ciências Biológicas - Campus Darcy Ribeiro,
Brasília, DF, pedrotogni@unb.br.
2
Eng. Agrônoma, Ph.D., Pesq., Epamig Sudeste, Viçosa, MG, madelaine@epamig.br.
3
Bióloga, Dra , Prof a , UNIP - Campus Brasília, Brasília, DF, acglagoa@gmail.com.
4
Bióloga, M.Sc., Doutoranda Ecologia, UnB, Programa de Pós-Graduação em Ecologia - Campus Darcy
Ribeiro, Brasília, DF, anaclaudiasilva386@gmail.com.
5
Bióloga, M.Sc., Doutoranda Ecologia, UnB, Programa de Pós-Graduação em Ecologia - Campus Darcy
Ribeiro, Brasília, DF, rafaela12assuncao@gmail.com.
6
Eng. Agrônoma, Dra , Prof a , IF Goiano - Campus Ceres, Ceres, GO, camila.rodrigues@ifgoiano.edu.br.
EPAMIG
Interações entre escalas espaciais no controle biológico conservativo: da paisagem ao cultivo 67
EPAMIG
Interações entre escalas espaciais no controle biológico conservativo: da paisagem ao cultivo 69
EPAMIG
Interações entre escalas espaciais no controle biológico conservativo: da paisagem ao cultivo 71
cialmente protegidas por lei no Brasil e são parte áreas de nascente, encostas ou declives maiores
integrante da área da fazenda. De acordo com a que 45º e áreas de mangue. Além de serem pro-
Lei 12.651/2012, todo o imóvel rural deve manter tegidas por lei, essas áreas tem um grande valor
uma parte da área de vegetação nativa protegida para o controle biológico e provisão de vários
com o objetivo de garantir o uso econômico dos outros serviços ecossistêmicos de interesse para
recursos naturais de forma sustentável, auxiliar a agricultura, como a polinização (DAINESE et
na conservação e na manutenção dos proces- al., 2019). As áreas de vegetação nativa podem
sos ecológicos, possibilitando a conservação ainda ser manejadas conjuntamente com barrei-
da biodiversidade. Essas áreas são tratadas na ras e faixas de vegetação para otimizar o uso do
legislação como Reserva Legal e o percentual espaço, incrementar a produção e favorecer a
que ocupam da área total varia entre os biomas conectividade entre habitats na fazenda para os
brasileiros. Por exemplo, na Amazônia, 80% da inimigos naturais (Figura 1).
área deve ser mantida sem exploração, enquanto
que no Cerrado essa área varia de 20% a 35%,
-
mesma legislação traz que Áreas de Proteção temas de cultivo onde são intercaladas espécies
Permanente (APP) devem ser conservadas em nativas, exóticas e culturas de interesse agrícola
áreas rurais ou urbanas, independente da Reserva em uma série sucessional de espécies vegetais
Legal. Essas áreas incluem, por exemplo, faixas que se estabelecem ou são introduzidas em cada
de vegetação nas margens de cursos d’água, estágio sucessional. Do ponto de vista econômi-
Figura 1 - Esquema mostrando como a vegetação nativa e área cultivada podem ser distribuídas, para
melhorar a produtividade dentro de uma propriedade e integrar os diferentes elementos que
compõem as áreas plantadas e não plantadas dentro da fazenda.
EPAMIG
Interações entre escalas espaciais no controle biológico conservativo: da paisagem ao cultivo 73
biomassa dos recursos que eram consumidos mas, o que possibilita que se tenha vários tipos
pela presa aumente (HAIRSTON; SMITH; SLO- de consórcios em uma mesma propriedade. Para
BODKIN, 1960). Já no controle bottom-up, os isso, devem ser selecionadas espécies de plantas
que sejam agronomicamente compatíveis entre
- si e que provenham recursos como pólen e néc-
res (ex. plantas), devido principalmente a uma tar para os inimigos naturais mais generalistas.
limitação na quantidade de recursos aos níveis Esses recursos devem ser de fácil acesso para os
inimigos naturais, mas não para as pragas (VEN-
Em sistemas agrícolas, Root (1973) usou ZON; SUJII, 2009). É possível se aproveitar
essas predições para propor a hipótese dos inimi- também das relações evolutivas entre plantas e
gos naturais. O autor demonstrou que o aumento inimigos naturais para favorecer essas espécies.
da diversidade vegetal nos agroecossistemas Por exemplo, a joaninha Cycloneda sanguinea
incrementa a abundância de inimigos naturais (Coleoptera: Coccinellidae) possui uma atração
localmente. Isso porque há mais recursos e con- inata por voláteis de coentro. O coentro, no está-
dições para suportar populações maiores desses gio vegetativo, pode ser utilizado como sítio de
insetos do que em ambientes simplificados. oviposição para as fêmeas e serve de abrigo para
Como consequência, isso irá gerar uma cascata
fonte de recursos que aumenta a sobrevivência
Apesar disso, nem sempre o aumento da diver- dos adultos (TOGNI et al., 2016).
sidade vegetal necessariamente leva ao aumento Uma outra estratégia promissora é a ma-
da permeabilidade do habitat ou do controle nutenção estratégica de plantas espontâneas no
biológico nos cultivos (LETOURNEAU et al., interior ou nas margens dos cultivos. Quando
2011). Isso pode depender da estratégia utilizada bem manejadas essas plantas podem ter uma
e das espécies de plantas presentes. Por isso, uma função importante na coexistência de espécies
estratégia-chave é determinar como as espécies de inimigos naturais (VENZON et al., 2019b).
de inimigos naturais podem coexistir na cultura As plantas espontâneas, especialmente as nativas,
e encontrar combinações de plantas ou práticas podem promover a coexistência entre coccine-
culturais que promovam sua coexistência. lídeos nativos e a espécie exótica Harmonia
axyridis (Coleoptera: Coccinellidae). As espécies
cultivos
recursos (pólen e néctar) providos por essas
As técnicas utilizadas para aumentar a per- plantas do que a espécie exótica (AMARAL et
meabilidade do habitat e retenção de inimigos al., 2013). Esse uso diferencial de recursos faz
naturais são fundamentadas principalmente na com que as espécies partilhem espacialmente o
habitat e permite que mais espécies relevantes
(SUJII et al. - para o controle biológico estejam presentes no
cação espacial bastante utilizado são os sistemas cultivo. Como resultado, mesmo quando estão
de produção em policultivos, onde duas ou nas margens, as plantas espontâneas aumentam
mais plantas de interesse econômico, sejam de a abundância de coccinelídeos e o controle bio-
diferentes espécies ou diferentes cultivares, são lógico de afídeos (SILVA, 2021). A maior com-
plantadas juntas na mesma área. Os policultivos plexidade estrutural do habitat promovida por
podem ser arranjados no espaço de diversas for- essas plantas também aumenta a ocorrência de
EPAMIG
Interações entre escalas espaciais no controle biológico conservativo: da paisagem ao cultivo 75
outros predadores generalistas como as aranhas geralmente não é uma regra (BARRAT, 2018).
(AMARAL et al., 2016.). Para que o controle biológico seja conhecido,
popularizado e bem manejado, é necessária e
urgente uma aproximação entre professores, pes-
podem aumentam a permanência de inimigos quisadores, extensionistas e produtores (TOGNI
naturais nas áreas cultivadas. Plantas utilizadas et al., 2019a; VENZON et al. 2020). Para além
para a adubação verde como Crotalaria spp. da transferência de informação, a extensão rural
(Fabaceae), Mucuna spp. (Fabaceae), Cajanus deve auxiliar de outras formas, como em escolhas
cajan (Fabaceae), Zea mays (Poaceae) e Sorghum viáveis economicamente, implantação de tecno-
bicolor (Poaceae) melhoram as condições físicas
e químicas do solo. Assim como a rotação de dar suporte em transições de sistemas (ALVES;
culturas, a adubação verde e a manutenção da SANTANA; CONTINI, 2016). A integração mais
cobertura viva do solo com a vegetação espon- profunda entre agrônomos, biólogos, ecólogos e
diversas outras áreas é requerida para o sucesso
ao mesmo tempo em que provê condições míni- do controle biológico conservativo. Pensando
mas para a sobrevivência dos inimigos naturais.
é igualmente importante e a aproximação com
cultivos podem auxiliar na manutenção de uma produtores deve ser trabalhada com atenção, já
fauna diversa de inimigos naturais nos cultivos que estes são os principais responsáveis pelas
e contribuir para o controle biológico e redução mudanças em relação a como o manejo de pragas
de surtos populacionais de pragas (SUJII et al., é realizado. Um trabalho de pesquisa, sem a coo-
2010). peração da extensão e atuação de governantes,
EPAMIG
Interações entre escalas espaciais no controle biológico conservativo: da paisagem ao cultivo 77
of cereal aphids in North America and mediating ef- Systems, v.88, n.2, p.205-219, 2014.
fects of host plant and habitat manipulations. Annual
KARP, D.S. et al. Crop pests and predators exhibit
Reviews of Entomology, v.49, n.1, p.219-242, 2004.
inconsistent responses to surrounding landscape
CONCEPCIÓN, E.D.; DÍAZ, M.; KLEIJN, D.; composition.
BÁLDI, A.; BATÁRY, P.; CLOUGH, Y.; GABRIEL, of Sciences, v. 115, n. 33, p. E7863-E7870, 2018.
D.; HERZOG, F.; HOLZSCHUH, A.; KNOP, E.;
LETOURNEAU, D.K. et al. Does plant diversity ben-
MARSHALL, E.J.P.; TSCHARNTKE, T.; VER-
Ecological
HULST, J. Interactive effects of landscape context
Applications, v.21, n.1, p.9-21, 2011.
constrain the effectiveness of local agri-environmental
management. Journal of Applied Ecology, v.49, LETOURNEAU, D.K.; BOTHWELL-ALLEN, S.G.;
p.695–705, 2012. STIREMAN III, J.O. Perennial habitat fragments,
parasitoid diversity and parasitism in ephemeral
DAINESE, M. et al. A global synthesis reveals
crops. Journal of Applied Ecology, v.49, n.6, p.1405-
Science Advances, v.5, n.10, p. eaax0121, 2019. 1416, 2012.
FAHRIG, L.; BAUDRY, J.; BROTONS, L.; BUREL, LINDEMAN, R.L. The trophic-dynamic aspect of
F.G.; CRIST, T.O.; FULLER, R.J.; SIRAMI, C.; ecology. Ecology, v.23, n.4, p.399-417, 1942.
SIRIWARDENA, G.M.; MARTIN, J.L. Functional MARTIN, E.A. et al. The interplay of landscape
landscape heterogeneity and animal biodiversity in
agricultural landscapes. Ecology Letters, v.14, n.2, manage functional biodiversity and agroecosystem
p.101-112, 2011. services across Europe. Ecology Letters, v.22, n.7,
FRIZZO, T.L.M.; SOUZA, L.M.; SUJII, E.R.; TOG- p.1083-1094, 2019.
NI, P.H.B. Ants provide biological control on tropical NOVAES, D. Conciliando agricultura e conser-
vação: o papel da paisagem natural e do sistema
factors. Biological Control, v.151, 104378, 2020. de produção para o manejo ecológico da mos-
GARDINER, M.M.; LANDIS, D.A.; GRATTON,C.; ca-branca. 2021. 64 p. Dissertação (Mestrado em
DIFONZO, C.D.; O’NEAL, M.; CHACON, J.M.; Ecologia) – Departamento de Ecologia, Universidade
WAYO, M.T.; SCHMIDT, N.P.; MUELLER, E.E.; de Brasília, Brasília, 2021.
HEIMPEL, G.E. Landscape diversity enhances
biological control of an introduced crop pest in the WÄCKERS, F.; GURR, G.; WRATTEN, S.; YOU,
north central USA. Ecological Applications, v.19, M.; DESNEUX, N.. Managing biological control
n.1, p.143-154, 2009. services through multi trophic trait interactions:
GONTIJO, L.M. Engineering natural enemy shelters review and guidelines for implementation at local
and landscape scales. Biological Reviews, v.93, n.1,
crops. Biological Control, v.130, p.155-163, 2019. p.306-321, 2018.
HAIRSTON, N.G.; SMITH, F.E.; SLOBODKIN, REZENDE, M.Q.; VENZON, M.; PEREZ, A.L.;
L.B. Community structure, population control, and
competition. , v.94, n.879, of associated trees can enhance natural pest control.
p.421-425, 1960. Agriculture, Ecosystems & Environment, v.188,
p.198-203, 2014.
HARTERREITEN-SOUZA, É.S.; TOGNI, P.H.B.;
CAPELLARI, R.S.; BICKEL, D.; PUJOL-LUZ, J.R.; REZENDE, M.Q.; VENZON, M.; SANTOS, P.S.;
SUJII, E.R. CARDOSO, I.M.; JANSSEN, A. -
Diptera predators among different farmland habitats. tary-bearing leguminous trees enhance pest control
Agricultural and Forest Entomology, v.23, n.3, and increase fruit weight in associated coffee plants.
p.334-341, 2021. Agriculture, Ecosystems & Environment, v.319,
107538, 2021.
HARTERREITEN-SOUZA, É.S.; TOGNI, P.H.B.;
PIRES, C.S.S.; SUJII, E.R. The role of integrating ROOT, R.B. Organization of a plant arthropod asso-
agroforestry and vegetable planting in structuring ciation in simple and diverse habitats: the fauna of
communities of herbivorous insects and their natural collards (Brassica oleracea). Ecological Monogra-
enemies in the Neotropical region. Agroforestry , v.43, n.1, p.95-124, 1973.
SILVA, A.C. Ecologia das interações entre preda- LIANAKIS, J.M.; NOUHUYS, S.V.; VIDAL, S.
. 2021. 92 p.
Dissertação (Mestrado em Ecologia) – Departamento
de Ecologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2021. 43 (2007) 294–309]. Biological Control, v.45, n.2,
p.238-253, 2008.
STRAUB, C.S.; FINKE, D.L.; SNYDER, W.E. Are
the conservation of natural enemy biodiversity and TSCHARNTKE, T. et al. Landscape moderation of
biological control compatible goals? Biological Con- biodiversity patterns and processes eight hypotheses.
trol, v.45, n.2, p.225-237, 2008. Biological Reviews, v.87, n.3, p.661-685, 2012.
SUJII, E.R.; VENZON, M.; MEDEIROS, M.A.; PI- VENZON, M.; SUJII E.R. Controle biológico conser-
RES, C. Práticas culturais para o manejo de pragas vativo. Informe Agropecuário, v.30, p.7-16, 2009.
na agricultura orgânica. In: VENZON, M.; PAULA
VENZON, M.; AMARAL, D.S.S.L.; TOGNI, P.H.B.;
Jr, T.J.; PALLINI, A. (Eds.). Controle alternativo de
REZENDE, M.Q.; PEREZ, A.P. Manejo de pragas
pragas e doenças na agricultura orgânica. EPAMIG:
na agricultura orgânica. In: LIMA, P.; MOURA,
Viçosa, p.143-168, 2010.
W.M.; VENZON, M.; PAULA Jr, T.P; FONSECA,
TOGNI, P.H.B.; VENZON, M.; MUNIZ, C.A.; MAR- M. (Eds.) Tecnologias para produção orgânica. 1ed.
TINS, E.F.; PALLINI, A.; SUJII, E.R. Mechanisms Viçosa: EPAMIG, 2011, p. 107-128.
underlying the innate attraction of an aphidophagous VENZON, M.; TOGNI, P.H.B; CHIGUACHI,
coccinellid to coriander plants: Implications for con- J.A.M.; PANTOJA, G.M.; BRITO, E.A.S.; SUJII,
servation biological control. Biological Control, v.92, E.R. Agrobiodiversidade como estratégia para o
p.77-84, 2016. manejo de pragas. Informe Agropecuário, v.40,
TOGNI, P.H.B.; VENZON, M.; LAGÔA, A.C.G; p.21-29, 2019a.
SUJII, E.R. Brazilian legislation leaning towards fast VENZON, M.; AMARAL, D.S.S.L.; TOGNI, P.H.B.;
CHIGUACHI, J.A.M. Interactions of Natural
organic agriculture. Neotropical Entomology, v.48, . In: SOUZA,
n.2, p.175-185, 2019a. B.; VÁZQUEZ, L.; MARUCCI, R. (Eds.) Natural
TOGNI, P.H.B.; VENZON, M.; SOUZA, L.M.; enemies of insect pests in neotropical agroecosys-
SOUSA, A.A.T.C.; HARTERREITEN-SOUZA, E.S.; tems. 1ed.: Springer International Publishing, 2019b,
PIRES, C.S.S.; SUJII, E.R. Dynamics of predatory p.15-26.
and herbivorous insects at the farm scale: the role of VENZON, M.; NEVES, W.S.; FRANZIN, M.L.;
cropped and noncropped habitats. Agricultural and MARTINS, E.F.; BOTTI, J.M.C.; ANDRADE, F.P.
Forest Entomology, v.21, n.4, p.351-362, 2019b. Popularização de práticas agroecológicas para o ma-
TOGNI, P.H.B.; VENZON, M.; SOUZA, L.M.; nejo de pragas e doenças. ,
SANTOS, J.P.C.R.; SUJII, E.R. Biodiversity provides 2020, p. 1-6.
- WITH, K.A.; PAVUK, D.M.; WORCHUK, J.L.;
ment. Journal of Pest Science, v.92, n.2, p.393-403, OATES, R.K.; FISHER, J.L. Threshold effects of
2019c. landscape structure on biological control in agro-
TSCHARNTKE, T.; BOMMARCO, R.; CLOUGH, ecosystems. Ecological Applications, v.12, n.1,
Y.; CRIST, T.O.; KLEIJN, D.; RAND, T.A.; TY- p.52-65, 2002.
EPAMIG
Plantas como fonte de polens para uso no controle biológico conservativo 79
1
Eng. Agrônoma, D.Sc., Prof a , Depto. de Entomologia e Fitopatologia, ICBS/UFRRJ, Seropédica, RJ,
emenezes@ufrrj.br.
2
Eng. Agrônomo, M.Sc., doutorando Fitotecnia da UFRRJ - Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia
(PPGF) - UFRRJ, Seropédica, RJ, vinicjfagro@gmail.com.
3
Eng. Agrônomo, M.Sc., doutorando Fitotecnia da UFRRJ - Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia
(PPGF) - UFRRJ, Seropédica, RJ, thiagosampaio.agro@gmail.com.
gicas dos inimigos naturais de modo a contribuir 2006). Além do material genético, diferentes nu-
trientes estão presentes nos grãos de pólen e que
de controle biológico (AGUIAR-MENEZES; são usados no crescimento do tubo polínico para
SILVA, 2011). Em outros países, estas plantas
das interações planta-inseto, o pólen pode usado
et al., 2012). Essas plantas como alimento por diferentes organismos (i.e., po-
podem fornecer alimentos como néctar e/ou linívoros), sejam polinizadores ou não, incluindo
os insetos predadores (ROULSTON et al., 2000;
estágio de vida não carnívoro dos parasitoides e ORRE et al., 2007; LUNDGREN, 2009).
de certos insetos predadores (e.g., crisopídeos, A composição química do pólen varia
mirídeos e sirfídeos), ou podem representar um consideravelmente entre as espécies de plantas,
suplemento ou complemento de uma presa, a sendo fonte de proteínas, carboidratos, lipídios,
exemplo do que ocorre para algumas espécies de vitaminas e minerais, entre outros compostos,
joaninhas (PORTILLO et al., 2012; VAN RIJN incluindo água (de 20% a 50%) (NIELSEN et
et al., 2013; RESENDE et al., 2015; TOGNI et al., 1955; LUNDGREN, 2009; NICOLSON;
al., 2016; HE et al., 2021). As plantas atrativas HUMAN, 2013; BUJANG et al., 2021). O con-
podem ainda ser infestadas por outros insetos teúdo bruto de proteínas pode corresponder entre
2,5% e 61% da massa seca do pólen, dependendo
da origem botânica. Todos os aminoácidos essen-
-
ciais são encontrados em grande concentração
ticularmente quando a praga se encontra ausente
no pólen, porém, em geral, as concentrações
ou em baixos níveis populacionais (LIXA et al.,
dos aminoácidos fenilalanina e triptofano são
2010; RESENDE et al., 2011; SOUZA et al.,
baixas (NIELSEN et al., 1955; ROULSTON
2021). Outros benefícios aos inimigos naturais
et al., 2000; LUNDGREN, 2009). Diferentes
proporcionados por essas plantas podem incluir
carboidratos podem ser encontrados no pólen,
condições microclimáticas mais adequadas, local
como açúcares simples (e.g., frutose, glicose e
de refúgio, abrigo e/ou sítio de acasalamento e
sacarose), amido, mono-, oligo- e polissacarí-
oviposição (SILVEIRA et al., 2003; TOGNI et
deos, variando de 1,4% a 12% da massa seca. O
al., 2016; RIBEIRO; GONTIJO, 2017).
conteúdo de lipídios varia de 1,5% a 18,9% da
Este capítulo tem o objetivo de destacar
massa seca e podem ser encontrados os ácidos
a importância do pólen como alimento para os
esteárico, láurico, linoleico, oleico, palmitoleico,
insetos predadores dentro do contexto do CBC,
através de alguns exemplos extraídos da litera- palmítico, linolênico, entre outros. Esteróis tam-
tura, com ênfase em espécies de ocorrência no bém podem ser encontrados em alguns polens.
Brasil. Também podem existir até 13 minerais (e.g., B,
Ca, K, Mg, P, S e cinzas inorgânicas), vitaminas
Valor nutricional do pólen A, C (ácido ascórbico), E (tocoferol) e muitas
EPAMIG
Plantas como fonte de polens para uso no controle biológico conservativo 81
busca do pólen, tanto em sua fase adulta (Fig. 1A, da corola), podem interferir na acessibilidade
1B) ou fase larval (Fig. 1C, 1D), tendendo a
ingerir uma grande quantidade de pólen, quando impedir total ou parcialmente o acesso ao pólen.
se diz tratar da verdadeira polinivoria (ou seja, o Esses fatores, portanto, devem ser considerados
EPAMIG
Plantas como fonte de polens para uso no controle biológico conservativo 83
da taxa de predação e, portanto, aumentando a maculata desse ser considerado no CBC ao usar
essas Apiaceae.
Assim, dependendo da espécie de inseto preda- De fato, -
dor, quando o pólen é único alimento ingerido, dófagas apresentam ovogênese normal somente
-
os parâmetros biológicos. Entretanto, por vezes, cado para Eriopis connexa (Germar) (RESENDE
é necessária a complementação do pólen com et al., 2015) e Cycloneda sanguinea L. (TOG-
outro tipo de alimento, por exemplo, néctar, ho- NI et al
neydew ou mesmo a presa, para que o predador (C. sativum) permitiu que E. connexa completas-
tenha seu desenvolvimento completado e/ou seja sem seu desenvolvimento desde larva até adulto,
capaz de se reproduzir, depositando ovos viáveis.
A título de exemplo, os próximos parágrafos
apresentam alguns estudos que demonstraram mais a presa [Myzus persicae Sulz. (Hemiptera:
esses resultados. Aphididae)], que também possibilitou maior
No caso de espécies onívoras, como C. -
maculata, Smith (1960) observou que larvas et
dessa joaninha não se desenvolveram além al., 2015). Togni et al. (2016) observaram que a
do segundo instar quando se alimentaram de -
pólen de Pinus resinosa Ait. (Pinaceae) e, tica aumentou a sobrevivência das fêmeas de C.
portanto, concluiu que se tratava de uma dieta sanguinea, mas a oviposição só ocorreu quando
inadequada. Contudo, esse autor observou ainda a presa (M. persicae) foi ofertada simultanea-
que os adultos que produziram ovos férteis foram mente.
originários de larvas que se alimentaram de pólen No caso de crisopídeos cujos adultos são
de outras espécies botânicas, incluindo pólen glicopolinívoros e tendo como referência a C.
de milho (Z. mays). Esse autor concluiu que externa, Venzon et al
possivelmente o conteúdo de proteínas no pólen fêmeas e machos desse crisopídeo alimentados
de Pinus é inadequado para o desenvolvimento com dieta de pólen de guandu (Cajanus cajan
normal das larvas de C. maculata, citando que L.) ou de crotalária (Crotalaria juncea L.)
Nielsen et al. (1955) encontraram que o pólen (ambas Fabaceae) acrescida de mel foram mais
de Pinus montana Mill. contém somente 13% longevos do que aqueles nutridos com dieta
de proteínas, enquanto o pólen de milho contém composta por um desses polens sem mel, bem
ao redor de 25% de proteínas. Larvas de C. como a adição de mel às dietas monopolínicas
maculata
flores de endro (A. graveolens), coentro (C. número de ovos. O conteúdo de proteínas des-
sativum) ou erva-doce (F. vulgare) não foram ses polens obtidos pelos autores foi de 24,9% e
capazes de completar seu desenvolvimento; 25,6%, respectivamente.Polens de duas espécies
no entanto, quando ofertadas junto com a forrageiras de Poaceae [Pennisetum purpureum
presa [ovos de Ephestia kuehniella Zeller Schum (capim elefante) e Brachiaria decumbens
(Lepidoptera, Pyralidae)], as larvas e as pupas se Stapf. (braquiária)] foram observados apresentar
desenvolveram normalmente e os adultos foram efeitos positivos sobre a biologia de C. externa,
férteis (D’ÁVILA et al., 2017). Esses autores apenas quando mel foi adicionado (OLIVEIRA
C. et al., 2009). As diferentes fontes de alimento
EPAMIG
Plantas como fonte de polens para uso no controle biológico conservativo 85
D’ÁVILA, V.A. et al. Effect of provision of apia- by the predator Coleomegilla maculata (Coleoptera:
FIEDLER, A.K.; LANDIS, D.A.; WRATTEN, S.D. NICOLSON, S.; HUMAN, H. Chemical composition
Maximizing ecosystem services from conservation Helianthus
biological control: the role of habitat management. annuus, Asteraceae). Apidologie, 44: 144-152, 2013.
Biological Control, 45(2): 254-271, 2008. NIELSEN, N.; GROMMER, J.; LUNDEN, R. Inves-
FLORA DO BRASIL 2020. Jardim Botânico do Rio tigations on the chemical composition of pollen from
some plants. , 9(7):
gov.br/. Acesso em: 07 set. 2021. 1100-1106, 1955.
FONTES, E.M.G.; PIRES, C.S.S.; SUJII, E.R. OLIVEIRA, S.A. et al. Benefícios do mel e pólen de
Estratégias de uso e histórico. In: FONTES, Eliana forrageiras nos parâmetros biológicos de Chrysoperla
M.G.; VALADARES-INGLIS, Maria C. (Eds.) Con- externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae).
trole biológico de pragas da agricultura. Brasília: Arquivos do Instituto Biológico, 76(4): 583-588,
Embrapa, 2020. p.21-43. 2009.
EPAMIG
Plantas como fonte de polens para uso no controle biológico conservativo 87
PAROLIN, P. et al. Secondary plants used in biolog- ROULSTON, T’.H. et al. What governs protein
ical control: a review. International Journal of Pest content of pollen: pollinator preferences, pollen-pistil
Management, 58(2):91-100, 2012. interactions, or phylogeny? ,
PARRA, J.R.P. Consumo e utilização de alimentos 70(4): 617-643, 2000.
por insetos. In: PANIZZI, Antônio R.; PARRA, José SILVEIRA, L.C.P. et al. Plantas cultivadas e inva-
R.P. (Eds.) Ecologia nutricional de insetos e suas soras como habitat para predadores do gênero Orius
implicações no manejo de pragas. , São Paulo: (Wolff) (Heteroptera: Anthocoridae). Bragantia,
Manole,1991. p. 9-65. 62(2): 261-265, 2003.
PARRA, J.R.P. et al. Conceitos e evolução do controle SMITH, B.C. A technique for rearing some cocci-
biológico. In: PARRA, J.R.P. et al. (Eds.) Controle
biológico com parasitoides e predadores na agri- pollens on the development Coleomegilla maculata
cultura brasileira. Piracicaba: FEALQ, 2021. p. lengi Tim. (Coleoptera: Coccinellidae). Canadian
17-38. Journal of Zoology, 38: 1047-1049, 1960.
PATT, J.M.; HAMILTON, G.C.; LASHOMB, J.H. SOUZA, T.S. et al. Faunistic analysis and season-
on conservation biological control of the Colorado system installed for organic vegetable production.
potato beetle. Advances in Horticultural Science, Bioscience Journal, 37: e37016, 2021.
11: 175-181, 1997.
TOGNI, P.H.B. et al. Mechanisms underlying the
- innate attraction of an aphidophagous coccinellid to
cation and diel activity patterns of predators attacking
coriander plants: implications for conservation bio-
Helicoverpa zea (Lepidoptera: Noctuidae) eggs in
logical control. Biological Control, 92: 77-84, 2016.
soybean and sweet corn. Environmental Entomol-
ogy, 31(2): 232-241, 2002. TRDAN, S. et al. Distribution of Aeolothrips inter-
medius Bagnall (Thysanoptera: Aeolothripidae) and
PORTILLO, N., ALOMAR, O., WÄCKERS, F.
its potential prey Thysanoptera species on different
Nectarivory by the plant-tissue feeding predator Mac-
cultivated host plants. Journal of Pest Science, 78,
rolophus pygmaeus Rambur (Heteroptera: Miridae):
217-226, 2005.
Journal
, 58 (3), 397-401, 2012. TSCHUMI, M. et al
RESENDE, A.L.S. et al. Comunidade de joaninhas natural enemy biodiversity and pest control in potato
(Coleoptera: Coccinellidae) em consórcio de couve crops. Journal of Applied Ecology, 53(4): 1169-
(Brassica oleraceae var. acephala) com coentro 1176, 2016.
(Coriandrum sativum) sob manejo orgânico. Revista VAN RIJN, P.C.J.; KOOIJMAN, J.; WÄCKERS, F.L.
Brasileira de Agroecologia, 6(1): 81-89, 2011.
RESENDE, A.L.S. et al. Desenvolvimento e repro-
dução de Eriopis connexa (Germar, 1824) (Coleop- Syrphidae). Biological Control, 67(1): 32-38, 2013.
VENZON, M. et al. Suitability of leguminous cover
de coentro (Coriandrum sativum L.). Entomotropica, crop pollens as food source for the green lacewing
30(2): 12-19, 2015. Chrysoperla externa (Hagen) (Neuroptera: Chrysopi-
RESENDE, A.L.S. et al. Flowers of Apiaceous spe- dae). Neotropical Entomology, 35(3): 371-376, 2006.
cies as sources of pollen for adults of Chrysoperla VENZON, M.; TOGNI, P.H.B.; SUJII, E.R. Con-
externa (Hagen) (Neuroptera). Biological Control, trole biológico conservativo. In: PARRA, J.R.P. et
106: 40-44, 2017. al. (Eds.) Controle biológico com parasitoides e
predadores na agricultura brasileira. Piracicaba:
promote biological control of collard pests. BioCon- FEALQ, 2021. p. 99-124.
trol, 62(2): 185-196, 2017. ZANUNCIO, J.C. et al. Toxic effects of the neem oil
ROBINSON, K.A. et al - (Azadirachta indica) formulation on the stink bug
sources for predation by an omnivorous lacewing. predator, Podisus nigrispinus (Heteroptera: Pentato-
Basic and Applied Ecology, 9(2): 172-181, 2008. midae). , 6: 1-8, 2016.
1
Engº Agrº, D.Sc., Professor, Federal Institute of Education, Science and Technology of Northern Minas
ifnmg.edu.br.
2
Engº Agrº, D.Sc., Pesq. Epamig Sudeste, Viçosa, MG, madelaine@epamig.br.
3
Biologist, M.Sc., Researcher. EPAMIG - DPPE - Herbário PAMG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil,
andreiasilva@epamig.br.
4
Graduating Engº Agrº, UFV, Campus Viçosa. CEP 36570-000, Viçosa, MG, mathias_abrao@hotmail.com.
5
Master, Engº Agrº, UFV, Campus Viçosa, CEP 36570-000, Viçosa, MG, carolina.arroyo@ufv.br.
EPAMIG
89
EPAMIG
91
JHA, S.; BACON, C.M.; PHILPOTT, S.M.; MÉN- vegetation. Anais da Sociedade Entomológica do
DEZ, V.E.; LÄDERACH, P.; RICE, R.A. Shade Cof- Brasil, v.27, n.2, p.161-176, 1998.
fee: update on a disappearing refuge for biodiversity.
BioScience, v.4, n.5, p.416-428, 2014. PANTOJA, G.M. Artrópodes predadores da broca-
do-café associados ao ingá. Dissertação de Mestrado,
KOPTUR, S. Nectar as fuel for plant protectors. In: Universidade Federal de Viçosa, 2018.68 p.
WÄCKERS, F.L.; VAN RIJN, P.C.J.; BRUIN, J.
(Ed.). Plant-provided food for carnivorous insects: PEETERS, L.Y.K.; SOTO-PINTO, L.; PERALES,
a protective mutualism and its applications. Cam- H.; MONTAYA, G.; ISHIKI, M. Coffee production,
bridge: Cambridge University Press, p. 75-108, 2005.
plantations in Southern Mexico. Agriculture Ecosys-
KOST, C.; HEIL, M. Increased availability of extra-
tems & Environment, v.95, n.2-3, p.481-493, 2003.
(Phaseolus lunatus, Fabaceae). Basic and Applied PEREIRA, A.B.; PUTZKE, J. Dicionário brasileiro
Ecology, v.6, n.3, p.237-248, 2005. de botânica. Curitiba: CRV, 2010. 437p.
LANGELLOTTO, G.A.; DENNO, R.F. Responses PEREIRA, E.J.G.; PICANÇO, M.C.; BACCI, L.;
of invertebrate natural enemies to complex-struc- CRESPO, A.L.B.; GUEDES, R.N.C. Seasonal mor-
tured habitats: a meta-analytical synthesis. Oecolo- tality factors of the coffee leafminer, Leucoptera
gia, v.139, n.1, p.1-10, 2004. coffeella. v.97,
LU, Z.-X.; ZHU, P.Y.; GURR, G.M.; ZHENG, X-S.; n.4, p.421-432, 2007.
READ, D.M.Y.; HEONG, K-L.; YANG, Y-J.; XU, PERFECTO, I.; RICE, R.A.; GREENBERG, R.; DER
VOORT, M.E.V. Shade coffee: a disappearing refuge
arthropod natural enemies of insect pests: prospects for biodiversity: shade coffee plantations can contain
for enhanced use in agriculture. Insect Science, v.21, biodiversity as forest habitats. BioScience, v.46, n.8,
n.1, p.1-12, 2014. p.598-608, 1996.
LUNDGREN, J.G. Nutritional aspects of non-prey PERFECTO, I.; ARMBRECHT, I.; PHILPOTT, S.M.;
foods in the life histories of predaceous Coccinelli- SOTO-PINTO, L.; DIETSCH, T.V. SHADED coffee
dae. Biological Control, v. 51, n.2, p. 294-305, 2009 and the stability of rainforest margins in northern Lat-
MACHADO, S.R.; Morellato, L.P.C.; Sajo, M.G.; in America. In: TSCHARNTKE, T.; LEUSCHNER,
C.; ZELLER, M.; GUHARDJA, E.; BIDIN, A. (Ed.).
nectarines in woody plant species of the Brazilian Stability of tropical rainforest margins: linking
Cerrado. Plant Biology, v.10, n.5, p.660-673, 2008. ecological, economic and social constraints of land
MATHEWS, C.R.; BROWN, M.W.; BOTTRELL, use and conservation. Berlin: Springer Verlag, p.227-
263, 2007.
control of a key economic pest, Grapholita molesta PIRES, M.S. A comunidade de plantas com nectári-
(Lepidoptera: Tortricidae), in peach (Rosales: Ro- -
saceae). Environmental Entomology, v.36, n.2, logia, fenologia e a fauna associada. Dissertação
p.383-389, 2007. de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia,
MELO, Y.; CÓRDULA, E.; MACHADO, S.R.; Uberlândia, 2015. 52p.
ALVES, M. Morfologia de nectários em Legumino- REZENDE, M.Q.; VENZON, M.; SANTOS, P.S.;
sae senso lato em áreas de caatinga no Brasil. Acta -
Botanica Brasilica, v.24, n.4, p.1034-1045, 2010. tary-bearing leguminous trees enhance pest control
MOGUEL, P.; TOLEDO, V.M. Biodiversity con- and increase fruit weight in associated coffee plants.
servation in traditional coffee systems of Mexico. Agriculture, Ecosystems & Environment, 319,
Coservation Biology, v.13, n.1, p.11-21, 1999. 107538, 2021.
EPAMIG
93
REZENDE, M.Q.; VENZON, M.; PEREZ, A.L.; agroforestry systems in the Atlantic Rainforest biome.
Agriculture, Ecosystems & Environment, v.146,
of associated trees can enhance natural pest control. n.1, p.179-196, 2012.
Agriculture, Ecosystems & Environment, v.188, SOUZA, H.N.; CARDOSO, I.M.; FERNANDES,
p.198-203, 2014a. J.M.; GARCIA, F.C.P.; BONFIM, V.R.; SANTOS,
REZENDE, M.Q. A.C.; CARVALHO, A.; MENDONÇA, E.S. Selection
of native trees for intercropping with coffee in the
in associated coffee plants. Thesis (Ph.D in Ento- Atlantic Rainforest biome. Agroforestry Systems,
moloy), Federal University of Viçosa, 2014b. 93p. v.80, n.1, p.1-16, 2010.
ROSADO, M.C. Plantas favoráveis a agentes de STAVER, C.; GUHARAY, F.; MONTERROSO, D.;
controle biológico. Dissertação de Mestrado, Uni- MUSCHLER. Designing pest-suppressive multistrata
versidade Federal de Viçosa, 2007, 59p. perennial crop systems: shade-grown coffee in Cen-
tral America. Agroforestry Systems, v. 53, n. 2, p.
SABELIS, M.W.; VAN RIJN, P.C.J.; JANSSEN, A. 151-170, 2001.
Fitness consequences of food-for-protection strat-
egies in plants. In: WÄCKERS, F.L.; VAN RIJN, TULLY, K.L.; LAWRENCE, D.; SCANLON, T.M.
P C J.; BRUIN, J. (Ed.). Plant-provided food for More trees less loss: nitrogen leaching losses de-
carnivorous insects: a protective mutualism and crease with increasing biomass in coffee agroforests.
its applications. Cambridge: Cambridge University Agriculture Ecosystems & Environment, v.161,
Press, p.109-134, 2005. p.137-144, 2012.
SALES, E.F.; MÉNDEZ, V.E.; CAPORAL, F.R.; TYLIANAKIS, J.M.; DIDHAM, R.K.; WRATTEN,
FARIA, J.C. Agroecological transition of Conilon
Coffee (Coffea canephora) agroforestry systems in resource subsidies. Ecology, v.85, n.3, p.658-666,
the state of Espírito Santo, Brazil. Agroecology and 2004.
Sustainable Food Systems, v.37, n.4, p.405-429, VANDERMEER, J.; PERFECTO, I.; PHILPOTT, S.
2013. Ecological complexity and pest control in organic cof-
SOTO-PINTO, L.; VILLALVAZO-LÓPEZ, V.; fee production: uncovering an autonomous ecosystem
JIMÉNEZ-FERRER, G.; RAMÍREZ-MARCIAL, service. BioScience, v. 60, n. 7, p. 527-537, 2010.
N.; MONTOYA, G.; SINCLAIR, F.L. The role of -
local knowledge in determining shade composition -
of multistrata coffee systems in Chiapas, Mexico. tiveness and nectar accessibility. Biological Control,
Biodiversity and Conservation, v.16, n.2, p.419- v.29, n 3, p 307-314, 2004.
436, 2007.
SOTO-PINTO, L.; Romero-Alvarado, Y.; Caballe- pollen, and honeydew as insect food sources. In:
ro-Nieto, J.; Warnholtz, G.S. Woody plant diversity WÄCKERS, F.L.; VAN RIJN, P.C.J.; BRUIN, J.
and structure of shade-grown-coffee plantations in (Ed.). Plant-provided food for carnivorous insects:
Northern Chiapas, Mexico. Revista de Biología a protective mutualism and its applications Cam-
Tropical, San José, v.9, n.3-4, p.977-987, 2001. bridge: Cambridge University Press, p.17-74, 2005.
SOUZA, H.N.; GOEDE, R.G.M.; BRUSSAARD, L.; WEBER, M.G.; PORTURAS, L.D.; KEELER, K.H.
CARDOSO, I.M.; DUARTE, E.M.G.; FERNANDES,
R.B.A.; GOMES, L.C.; PULLEMAN, M.M. Protec-
tive shade, tree diversity and soil properties in coffee org/the-list.html. Acesso: 14 set 2021.
plant pathogens?
1
Engº Agrº, D.Sc., Graduate School of Life and Environmental Sciences, Kyoto Prefectural University,
Japan, andrefcjp@gmail.com.
EPAMIG
9595
a) the chemical compounds released by These bacteria have also suppressed the
the antagonistic bacteria associated with growth of other pathogens in vitro (Fusarium
these plants; and oxysporum, Rhizoctonia solani and Pythium
b) the active compounds from these cover ultimum) and improved phosphorus solubiliza-
plants, which could be volatile or non- tion (ISHII et al., 2006). Their exudates contain
volatile ones. many active chemical compounds (volatile and
Fig. 1 - Design of fruit orchard intercropped with cover crops (ISHII; CRUZ, 2010).
EPAMIG
97
Fig. 4 - Effects of volatile compounds originated (Prunus mume), Japanese pear (Pyrus pyrifolia
from Bahiagrass on the growth of Fusarium Nakai), peach (Prunus persica), and chestnut
oxysporum (NO: nonanol; HE: 2-ethyl- (Castanea sativa), as compared to those with-
1-hexanol; PR: 2-methyl-1-propanol; NE:
out this system (ISHII et al., 2007; MOTOSU-
nonanoic acid-ethyl ester; OE: octanoic
acid-ethyl ester) (DONG et al., 2007).
GI et al., 2004; YAMAGUCHI; ISHII, 2004).
In the case of Japanese apricot, the increase
10 l in AMF colonization coincided with a period
l
l of reduction in fertilizer applied in plots sown
8
Diaemeter of colony (mm)
and function as biocontrol agents. This bacterial in common waterhemp biotypes and herbicide
antagonism effect could partially explain the ben- and crop rotation histories. Common waterhemp
biotypes were treated with 1.7 kg glyphosate ae
ecosystems. These bacteria work as P solubi- ha\u22121 or left untreated once plants reached
approximately 15 cm in height. Common water-
producers (CRUZ et al., 2008; OCHIAI; ISHII, hemp survival was visually assessed at 21 d after
2006). Additionally, they suppressed the growth glyphosate treatment (21 DAT. The protection
of the aforementioned pathogens, and Pythium against and/or predisposition of plants (crops,
ultimum, and their volatile compounds assisted vegetables and fruit trees) to soil diseases is
the growth of mycorrhizal hyphae in vitro. always observed, in particular for the most com-
monly used herbicides (LÉVESQUE; RAHE;
THE NEGATIVE IMPACTS OF HERBICIDES EAVES, 1987)and site two with annuals. At site
IN RELATION TO SOIL-BORNE PLANT
one, spraying the weed cover with glyphosate in-
PATHOGENS
creased (p?< 0.05 (Fig 5), due to damage caused
The use of cover crops could help to achieve by phytotoxicity on crops.
sustainable agriculture by reducing the applica- The mechanisms of action vary greatly,
tion of chemical fertilizers and herbicides, sug- -
gesting environmentally friendly management ganisms and the increase in inoculum potential
for food production. in weeds. Physiologically, herbicides block
Herbicides are applied worldwide to control the synthesis of phenylalanine-derived phenol
through the inhibition of EPSP synthase. These
their negative impact on soil microbial status, es- inhibited phenols (lignin precursors and phyto-
pecially on biomass, activities and diversity, has alexins) are involved in the plant’s resistance to
been documented (ROSENBAUM et al., 2014; diseases (LÉVESQUE; RAHE; EAVES, 1987)
SUBHANI et al., 2000)to determine the effects and site two with annuals. At site one, spraying
of soil sterilization and glyphosate treatment on the weed cover with glyphosate increased (p?<
infection of GR and GS common waterhemp 0.05. The use of glyphosate has altered the pop-
biotypes by Fusarium spp., and to determine the ulation of earthworms and mycorrhizal fungi in
soil microbial abundance and diversity in soils soils (ZALLER et al., 2014) and, over the years,
its application in crop areas has been positively
Fig. 5 - Theoretical scheme of herbicide effects on biotic components within the soil system (LEVESQUE
et al., 1987).
EPAMIG
99
Fig. 6 - Effects of glyphosate on number of Fusarium (A) and Pseudonomas (B) colonies (KREMER;
MEANS, 2009).
EPAMIG
101
Paulo Afonso Ferreira1, Wânia dos Santos Neves2, Everaldo Antônio Lopes3
1
Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. UFMT - Campus Universitário do Araguaia, Barra do Garças, MT,
pauloafonso@ufmt.br.
2
Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sudeste, Viçosa, MG, wanianeves@epamig.br.
3
Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. UFV - Campus Rio Paranaíba, Rio Paranaíba, MG, everaldolopes@ufv.br.
EPAMIG
Controle Cultural de Nematoides 103
matoide no solo, também podem ocorrer danos das aveias, utilizadas no sistema de rotação, foi
na cultura da soja. Em um trabalho realizado por
Asmus; Ishimi (2009), os autores observaram ser recomendadas para uso em áreas com a
que a população de R. reniformis aumentou após presença dos nematoides P. brachyurus e M.
a semeadura do algodoeiro e se manteve alta incognita (BORGES et al., 2009). É possível
durante o período em que a cultura esteve no que a rotação de culturas durante o período de
campo com uma média de 1.102 nematoides/200
cm3 de solo. Já durante o período de entressafra da população do nematoide na área, sendo
do algodoeiro em que foi cultivado centeio, cul- necessários períodos superiores para que a
tura considerada não hospedeira, a população cultura possa ser considerada uma boa alternativa
de R. reniformis declinou apresentando valores para o sistema de rotação. A rotação por um
médios de 581 nematoides/200 cm3 de solo, o período de um ano com milho em área com
que equivale a 52,5% da quantidade observada infestação natural do nematoide reniforme foi
durante o período em que o algodoeiro estava no
campo. A rotação anual ou bianual de plantas de
algodão com plantas de milho, capim-braquiária 80%, podendo assim, ser o milho considerado
uma boa alternativa para rotação de culturas
ou soja resistente, é uma importante estratégia
(ASMUS; RICHETTI, 2010).
de manejo de áreas infestadas pelo nematoide R.
Os nematoides das galhas do gênero
reniformis, reduzindo a densidade populacional
Meloidogyne atacam uma grande quantidade de
do nematoide no solo e o aumento da produtivi-
espécies de hortaliças e, por isso, o uso de rotação
dade de algodoeiro cultivado após a prática de
de culturas com espécies não hospedeiras é muito
rotação com essas culturas (ASMUS; RICHET-
difícil. Dentre as espécies de Meloidogyne mais
TI, 2010). Nesse trabalho os autores concluíram
importantes para hortaliças estão M. javanica e
também que sistemas de rotação de culturas com
M. incognita (PINHEIRO; MELO; RAGASSI,
milho, capim-braquiária e soja resistente em
2019). Segundo Asmus; Inomoto (2009), uma
substituição ao algodão, apresentam vantagens
opção para ser utilizada em rotação de culturas
econômicas sobre o monocultivo de algodoeiro
em plantios de hortaliças em áreas onde estão
em áreas infestadas pelo nematoide reniforme. presentes tais espécies de Melodiogyne é o
Plantas do mesmo gênero e de espécies cultivo de gramíneas como as braquiárias
diferentes podem apresentar resultados de (Brachiaria decumbens e B. ruziziensis) e de
controle diferentes para um mesmo nematoide. crotalária ( .
No trabalho de Borges; Machado; Inomoto, De acordo com Pinheiro; Melo; Ragassi (2019),
(2010) foi avaliada a reação das aveias preta em áreas infestadas pela espécie M. javanica, a
(Avena strigosa), branca (A. sativa) e amarela rotação de cultura pode ser realizada com sorgo
(A. byzantina) a Pratylenchus brachyurus e foi (Sorghum bicolor), mamona (Ricinus communis)
e cultivares de milho resistentes a essa espécie.
um fator de reprodução do nematoide menor No caso de alta infestação e da disponibilidade
em relação as outras duas espécies de aveia, de mais área para o plantio, o ideal é fazer a
reduzindo assim a densidade populacional de P. rotação com gramíneas por no mínimo dois anos
brachyurus na área de cultivo. Já em relação ao enquanto se utiliza outra área para o plantio da
nematoide M. incognita nenhuma das espécies cultura de interesse.
EPAMIG
Controle Cultural de Nematoides 105
favorável ao desenvolvimento do patógeno e que FERREIRA, F.A.; JESUS JUNIOR, W.C. Produtos
haja um monitoramento da doença em campo
Viçosa, MG: UFV/ DFP, p.1-26, 2008.
para que sua ocorrência não resulte em queda
BORGES, D.C.; ANTEDOMÊNICO, S.R.; SAN-
-
TOS, V.P.; INOMOTO, M.M. Reação de genótipos de
dor por alimentos mais saudáveis faz com que Avena spp. a Meloidogyne incognita raça 4. Tropical
v.34, p.24-28. 2009.
em que, anteriormente, se fazia o uso do produto BORGES, D.C.; MACHADO, A.C.Z.; INOMOTO,
químico de forma indiscriminada, abusiva e sem M.M. Reação de aveias a Pratylenchus brachyurus.
respeitar as orientações de aplicação do produto. , v.35, n.3, p.178-181.
2010.
Os métodos culturais de controle auxiliam na
BRIDGE, J.K. Nematodes of bananas and plantains
redução do nematoide nas áreas de plantio e dão
in Africa: research trends and management strategies
as plantas melhores condições para seu desen- relating to the small scale farmer. Acta Horticultur-
volvimento, sem que ocorra quedas drásticas em ae, n.540, p.391-408. 2000.
sua produtividade. COSTA, M.J.N.; CAMPOS, V.P.; OLIVEIRA, D.F.;
PFENNING, L.H. Toxicidade de extratos vegetais e
de estercos a Meloidogyne incognita. -
AGRADECIMENTO
27: 245-250. 2001.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento DIAS, W.P.; GARCIA, A.; RIBEIRO, N.R.; SILVA,
J.F.V.; CARNEIRO, G.E.S. Nematoides em soja:
- . Londrina: Embrapa Soja,
ção de Amparo à Pesquisa do Estado de Mi- 2010. 8p. (Circular Técnica 76).
nas Gerais (Fapemig) ENO, C.F.; BLUE, W.G.; GOOD, J.M.Jr. The effect
of anhydrous ammonia on nematodes, fungi, bacteria,
Proceedings
REFERÊNCIAS 19: 55-58.
1955.
AQUINO, N.C.R.M. Plantas de cobertura e agen-
FERRAZ, S.; FREITAS, L.G.; LOPES, E.A.;
tes de biocontrole no Manejo de nematoides na
DIAS-ARIEIRA, C.R. -
Dissertação (Mestrado) - Instituto
tonematoides. Viçosa - MG, Ed: UFV, 2010. 306p.
Federal Goiano - Campus Urutaí, Urutaí, Goiás,
2021. 28p. GRIGOLLI, J.F.J.; ASMUS, G.L. Manejo de nema-
toides na cultura da soja. 2014. p.194-203. In: LOU-
ASMUS, G.L.; INOMOTO M.M. Culturas de cober-
RENÇÃO, A.L.F.; GRIGOLLI, J.F.J.; MELOTTO,
tura e de rotação devem ser plantas não hospedeiras
A.M.; PITOL, C.; GITTI, D. de C.; ROSCOE, R.
de nematoides. Visão Agrícola, p.112-116. 2009.
(Ed.). Tecnologia e produção: Soja 2013/2014.
ASMUS, G.L.; ISHIMI, C.M. Flutuação populacio- Maracaju, MS: Fundação MS, 2014. Disponível em:
nal de Rotylenchulus reniformis em solo cultivado http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/
com algodoeiro. Revista Pesquisa Agropecuária item/102098/1/cap.-9.pdf.
Brasileira, v.44, n.1, p.51-57, 2009.
HALBRENDT, J.M.; LaMONDIA, J.A. Crop rotation
ASMUS, G.L.; RICHETTI, A. Rotação de culturas and other cultural practices. In: CHEN, Z.; CHEN,
para o manejo do nematoide reniforme em algo- S.; DICKSON, D.W (Eds).
doeiro. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, Bo- and Perspectives. V. II: Nematode Management and
letim de pesquisa e desenvolvimento, 55. 2010. 26p. Utilization. Tsinghua University Press & CABI Pub-
lishing, Beinjing & Wallingford, pp. 909-930. 2004.
BERGAMIN FILHO, A. Controle químico ver-
sus sustentabilidade na agricultura: o exemplo do HOITINK, H.A.J.; FAHY, P.C. Basis for the control
huanglongbing dos citros. In: ZAMBOLIM, L.; of soilborne plant pathogens with compost. Annual
PICANÇO, M.C.; SILVA, A. A.; FERREIRA, L.R.; , 24: 93-114. 1986.
EPAMIG
Controle Cultural de Nematoides 107
INOMOTO, M.M.; ASMUS, G.L. Adubos verdes direto. Circular técnica 171. Brasília, DF, 2019. 22p.
das famílias Fabaceae e Mimosaceae para o controle
RITZINGER, C.H.S.P.; McSORLEY, R. Effect of
et al.
fresh and dry organic amendments on Meloidogyne
Adubação verde e plantas de cobertura no Brasil.
arenaria in greenhouse experiments. Nematropica,
Brasília: Embrapa, p.441-479. 2014.
Riverside, v.28, p.173-185, 1998.
MACHADO, J.C.; VIEIRA, B.S.; LOPES, E.A.;
CANEDO, J. Controle de Meloidogyne javanica com RODRIGUEZ-KABANA, R.; KLOEPPER, J.K.
Pochonia chlamydosporia e esterco bovino. Biosci- Chitin-mediated changes in bacterial communities
ence Journal, 29:3, 2013. Disponível em: http:// of the soil, rhizosphere and within roots of cotton
www.seer.ufu.br/index.php/biosciencejournal/article/ in relation to nematode control. Soil Biology and
view/14044. , v.31, p.551-560. 1999.
McSORLEY, R. Alternative practices for managing SANTANA; S.M.; DIAS-ARIEIRA, CR.; BIE-
plant-parasitic nematodes. American Journal of LA, F.; CUNHA, T.P.L; CHIAMOLERA, F.M.;
Alternative Agriculture, Oxfordshire, v.13, p.98- PUERARI, H.H.; FONTANA, L.F. Manejo de
104, 1998. Pratylenchus zeae por plantas antagonistas, em solos
MOREIRA, F.J.C.; FERREIRA, A.C.S. Controle de áreas de cultivo de cana-de-açúcar. Nematropica,
alternativo de nematoide das galhas (Meloidogyne v.42, n.1, p.63-71, 2012.
enterolobii) com cravo de defunto (Tagetes patula STIRLING, G.R. Biological control of plant
L.), incorporado ao solo. Holos, ano 31, vol. 1, p.99- parasitic nematodes: Progress, problems
110. 2015. and perspects. CAB International, Walling-
PINHEIRO, J.B.; PEREIRA, R.B.; CARVALHO, ford. 1991. 282p.
A.D.F.; RODRIGUES, C.S. Manejo de nematoi- ZARY, M.C.; CARVALHO, M.T.P.; CNOSSEN,
des na cultura do quiabeiro. Circular Técnica 127. E.J.N.; RIBEIRO, L.A.; ALVES, G.C.S. Efeito de
2013. 7p. quatro plantas antagonistas na redução populacio-
PINHEIRO, J.B.; MELO, R.A.C.; RAGASSI, C.F. nal de Meloidogyne javanica. Agrarian Academy,
1
Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. UFV - Campus Rio Paranaíba, Rio Paranaíba, MG, everaldolopes@ufv.br.
2
Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sudeste, Viçosa, MG, wanianeves@epamig.br.
3
Eng. Agrônoma, D.Sc., Prof a , UFTPR - Campus Pato Branco, Pato Branco, PR, giaretta@utfpr.edu.br.
4
Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. UFMT - Campus Universitário do Araguaia, Barra do Garças, MT,
pauloafonso@ufmt.br.
EPAMIG
Controle biológico de nematoides parasitas de plantas 109
e gerando inúmeros produtos para uso em cam- habitantes de solo produzem muitos ovos para
po (DALLEMOLE-GIARETTA et al., 2014). assegurar a sobrevivência da população. No
No Brasil, os nematicidas microbiológicos à caso de nematoides endoparasitos sedentários,
base de fungos atualmente registrados possuem a exemplo de Heterodera glycines e espécies
propágulos ativos de Pochonia chlamydosporia, de Meloidogyne, os ovos concentram-se em
Purpureocillium lilacinum, Trichoderma cistos ou massas de ovos, o que facilita o ataque
harzianum ou T. koningiopsis (Tabela 1). fúngico, resultando assim na redução drástica
Pochonia chlamydosporia e Purpureocillium da população do patógeno no solo (STIRLING,
lilacinum (sinônimo Paecilomyces lilacinus) são 2014).
Bl + Bs + Pl Mi, Pb
EPAMIG
Controle biológico de nematoides parasitas de plantas 111
usados em campo. No Brasil, não existe nenhum As rizobactérias têm também a capacidade
nematicida microbiológico registrado à base de de produzir diferentes enzimas que afetam o
P. penetrans. No entanto, já existe no mercado crescimento vegetal, a solubilização de nutrientes
um produto à base de P. nishizawae para o con- e, consequentemente, a sua disponibilidade para
trole do nematoide de cisto da soja (H. glycines) as plantas. Com isso promovem o crescimento
das plantas e podem ativar mecanismos de de-
P. penetrans ainda limitam a fesa através da indução de resistência sistêmica
exploração comercial dessa bactéria. (OOSTENDORP; SIKORA, 1990; MIRANSA-
RI, 2014). Em um trabalho realizado por Fabry
CONTROLE BIOLÓGICO DE NEMATOIDES (2006) foi testado um isolado da bactéria Rhizo-
POR RIZOBACTÉRIAS E BACTÉRIAS
bium etli obtido da rizosfera de plantas de batata
ENDOFÍTICAS
visando à indução de resistência sistêmica contra
Rizobactérias M. javanica em plantas de tomate. O isolado não
As rizobactérias também se destacam como promoveu o crescimento das plantas, mas causou
microrganismos utilizados no controle biológico indução de resistência da planta, comprovada
pelo através do método de raiz bipartida, em
tais como os nematoides. A multiplicação e que os números de galhas e de ovos por sistema
sobrevivência dessas bactérias acontecem, pre- radicular foram reduzidos em 35,3% e 38,8%,
ferencialmente, na rizosfera e no rizoplano das respectivamente.
O efeito das rizobactérias na promoção
e a própria raiz, respectivamente (CASSÁN et do crescimento de plantas e no controle de
al., 2014; Fabry, 2006). Segundo CASSÁN et nematoides também pode ser associado ao uso
al. (2014) o número de bactérias encontradas na da bactéria em conjunto com algum tipo de ma-
rizosfera, faixa estreita de solo que envolve a raiz, téria orgânica. A adição de matéria orgânica ao
é maior do que o que encontrado no solo. Aquelas solo atua reduzindo a população de nematoides
por mecanismos tais como a liberação de gases
nas plantas, promovendo seu crescimento e/ tóxicos e compostos nematicidas, aumento da
ou protegendo-as contra doenças causadas por atividade microbiana do solo e pela melhoria
das características físico-químicas do solo (BER-
NADO et al., 2011; SILVA et al., 2016). No
- trabalho realizado por Silva et al. (2016) foram
motoras de Crescimento de Plantas (KLOEPPER avaliados quatro materiais orgânicos (turfa, bio-
et al., 1990). Dentre os gêneros dessas bactérias fertilizante, esterco bovino e composto orgânico
é possível destacar as pertencentes aos gêneros de casca de pequi) em associação a isolados de
Pseudomonas, Bacillus, Azospirillum, rizobactérias para o controle de M. javanica em
Azotobacter e Rhizobium, que apresentam me- tomateiro, comparados a um tratamento com
lhor habilidade em colonizar raízes de plantas adubação mineral. Todos os materiais orgânicos
-
mular o crescimento das plantas e/ou controlar reduzir o número de galhas e massas de ovos
diretamente ovos ou juvenis de nematoides de M. javanica em relação ao adubo mineral.
(KLOEPPER et al., 1990; TIAN et al., 2007, A ação conjunta de um isolado de rizobacteria
MIRANSARI, 2014). (R. etli) e húmus promoveu o crescimento das
EPAMIG
Controle biológico de nematoides parasitas de plantas 113
penetrar na planta através de aberturas naturais, manejo integrado. Para o controle biológico de
como os estômatos, ou através de aberturas nematoides é importante que os microrganismos
artificiais, como ferimentos (BASHAN; DE selecionados sejam capazes de se estabelecerem e
-BASHAN, 2005). Uma das vantagens dessas sobreviverem no solo, mesmo na ausência de ne-
bactérias em relação às rizobactérias, é que as matoides, utilizando outras fontes de nutrientes,
bactérias endofíticas podem ter efeito antagôni- como a matéria orgânica ou através de estruturas
co a nematoides sedentários quando esses já de resistência. É de fundamental importância que
se estabeleceram nos tecidos do hospedeiro e a presença do agente de biocontrole não cause
induziram seus sítios de alimentação (CAMPOS prejuízo à planta e que eles atuem no controle
et al., 1998). de diferentes gêneros e espécies de nematoides.
No trabalho realizado por Liu et al. (2018) Para uma produção em escala comercial o pro-
a bactéria Klebsiella pneumoniae foi relatada duto deve passar por um controle de qualidade e
como agente de controle de nematoides através
da indução de resistência e promoção de plan- segurança em não causar irritações ou infecções
tas de soja. Isolados de bactérias endofíticas, em seres humanos. O uso do controle biológico
destacando-se os do gêreno Bacillus, utilizadas de doenças de plantas em conjunto com outras
medidas de manejo para a condução das cultu-
controle de M. incognita na cultura resultando ras, faz com que os defensivos agrícolas sejam
na redução do número de galhas, massa de ovos utilizados de maneira mais racional, no intuito
e ovos por grama de raiz (PINHO et al., 2008). de se obter uma maior produtividade da cultura
Em um trabalho realizado por Neves et al. (2000) com redução nos custos diretos e no impacto ao
foi observado que algumas bactérias endofíticas meio ambiente, o que repercute na redução do
- risco à saúde humana.
-
trolar nematoides do gênero Meloidogyne. Esse AGRADECIMENTOS
fato é importante, pois uma das características Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
desejáveis de um bom agente de controle é que
- Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(Fapemig)
pelos agricultores, já que na maioria das vezes, na
natureza as plantas são atacadas por uma ampla REFERÊNCIAS
EPAMIG
Controle biológico de nematoides parasitas de plantas 115
nologia, v.32, n.3, p.731-739, 2008. In: ZAMBOLIM, L.; PICANÇO, M.C. Controle bi-
ológico: pragas e doenças: exemplos práticos. Viçosa:
BASHAN, Y.; BASHAN, L.E. Plant Growth-Promot-
Editora UFV, p.41-82, 2009.
ing In: HILLEL, D., In
environment. 1.ed, Oxford, v.1, p.103-115. 2005. JOO, H.S.; DEYRUP, S.T.; SHIM, S.H. Endo-
phyte-produced antimicrobials: a review of potential
BERNARDO, J.T; FREITAS, L.G; YAMADA, J.K;
lead compounds with a focus on quorum-sensing
ALMEIDA, V.S; DALLEMOLE- DALLEMOLE-GI-
disruptors. , p.1-26, 2020.
ARETTA, R; FERRAZ, S. Efeito de adubos orgânicos
sobre Meloidogyne javanica em tomateiros. Nema- KAVITHA, J.; JONATHAN, E.I.; UMAMA-
tologia Brasileira, v.35, p.10-19, 2011. HESWARI, R. Field application of Pseudomonas
, Bacillus subtilis and Trichoderma viride
CAMPOS, V.P.; SOUZA, J.T.; SOUZA, R.M. Con-
for the control of Meloidogyne incognita in sugarbeet.
Revisão
Journal of Biological Control, Coimbatore, v.21,
Anual de Patologia de Plantas, v.6, p.285-327, 1998.
n.1, p.211-215, 2007.
CASSÁN, F.; VANDERLEYDEN, J.; SPAEPEN, S.
KLOEPPER, J.W.; SCHIPPERS, B.; BAKKER,
Physiological and agronomical aspects of phytohor-
P.A.H.M. Proposed elimination of term endorhizo-
mone production by model plant bacteria-promoting
sphere. , v.82, p.726-7. 1992.
rhizobacteria (PGPR) belonging to the genus Azo-
spirillum. ; v.33, KLOEPPER, J.W.; ZABLOTOWICZ, R.M.; LIF-
p.44-59, 2014. SHITZ, R. Plant growth-promoting mediated by rhi-
zosphere colonizers. In: KEISTER, D.L.; P.B. CRE-
CIANCIO, A. Biocontrol potential of Pasteuria spp.
GAN (Ed).
for the management of plant parasitic nematodes.
Academic Publishers, Dordrecht, p.315-326. 1990.
CAB Reviews, v.13, n.13, p.1-13, 2018.
LIU, C.; TIMPER, P. Effectiveness of Pasteuria
DALLEMOLE-GIARETTA, R.; SANTOS, I.; CA-
penetrans applied to seed or furrow. Nematropica,
MOCHENA, R.C.; LOPES, E.A.; REINER, D.A.;
v.50, n.2, p.229-232, 2020.
PAZOLINI, K.; XAVIER, D.M.. Bioprodutos à base
de fungos para o controle biológico de doenças de LIU, D., CHEN, L., ZHU, X., WANG, Y., XUAN, Y.,
plantas. Revisão Anual de Patologia de Plantas, LIU, X., DUAN, Y. Klebsiella pneumoniae SnebYK
v.22, n.116-159, 2014. mediates resistance against Heterodera glycines and
promotes soybean growth. Frontiers in Microbiol-
FABRY, C.F.S. Indução de Resistência ao
ogy, v.9, p.1134, 2018.
Meloidogyne spp.) em
. Dissertação de Dou- LOPES, E.A.; ORR, J.N.; BLOK, V.C. Does soil
torado, Universidade Federal de Viçosa, 2006.73p. warming affect the interaction between Pasteuria
penetrans and Meloidogyne javanica in tomato
FERRAZ, L.C.C.B.; BROWN, D.J.F. Nematologia de
plants? Plant Pathology, v.67, n.8, p.1777-1783, 2018.
plantas: fundamentos e importância. Manaus: Norma
Editora, 2016. 251p. MACHADO, V.; BERLITZ, D.L.; MATSUMURA,
A.T.S.; SANTIN, R.C.M.; GUIMARÃES, A.; SIL-
FERRAZ, S.; FREITAS, L.G.; LOPES, E.A.;
VA, M.E.; FIUZA, L.M. Bactérias como agentes
DIAS-ARIEIRA, C.R. Manejo sustentável de
Oecologia
. Viçosa: Editora UFV, 2010. 304p.
Australis, Rydalmere, v.16, n.2, p.165-182, 2012
FIRDOUS, J.; LATHIF, N.A.; MONA, R.; MUHA-
MANZANILLA-LÓPEZ, R.H.; ESTEVES, I.;
MAD, N. Endophytic bacteria and their potential
FINETTI-SIALER, M.M.; HIRSCH, P.R.; WARD,
application in agriculture: A review. Indian Journal
E.; DEVONSHIRE, J.; HIDALGO-DÍAZ, L. Po-
, v.53, n.1, p.1-7, 2019.
chonia chlamydosporia: Advances and challenges to
FREITAS, L.G.; CARNEIRO, R.M.D.G. Controle improve its performance as a biological control agent
Pasteuria spp. In: of sedentary endo-parasitic nematodes. Journal of
MELO, I.S.; AZEVEDO, J.L. Controle biológico. Nematology, v.45, n.1, p.1-7, 2013.
Jaguariúna: EMBRAPA, p.91-125, 2000.
MAZZUCHELLI, R.C.L.; MAZZUCHELLI, E.H.L.;
FREITAS, L.G.; DALEMOLLE-GIARETTA, R.; Bacillus subtilis for root-
FERRAZ, S.; ZOOCA, R.J.F.; PODESTÁ, G.S. knot and lesion nematodes management in sugarcane.
Controle biológico de nematoides: estudo de casos. Biological Control, v.143, 2020.
EPAMIG
Controle biológico de nematoides parasitas de plantas 117
able agriculture. Wallingford: CABI Publishing, TIAN, B.; YANG, J.; ZHANG, K.Q. Bacteria used
2014. 536 p. in the biological control of plantparasitic nema-
todes: populations,mechanisms ofaction, and future
STIRLING, G.R.; WONG, E.; BHUIYAN, S. prospects. FEMS Microbiology Ecology, v.61, n 2,
Pasteuria, a bacterial parasite of plant-parasitic p.197-213, 2007.
nematodes: its occurrence in Australian sugarcane TOPALOVIC, O.; HUSSAIN, M.; HEUER, H. Plants
soils and its role as a biological control agent and associated soil microbiota cooperatively suppress
in naturally-infested soil. Australasian Plant plant-parasitic nematodes. Frontiers in Microbiolo-
, v.46, p.563-569, 2017. gy, v.11, p.313, 2020.
Wânia dos Santos Neves1, Everaldo Antônio Lopes2, Paulo Afonso Ferreira3
grandes prejuízos para o agricultor (SASSER; Óleos essenciais podem ser extraídos de
FRECKMAN, 1987). Para minimizar esses uma grande quantidade de espécies vegetais
danos muitos produtores recorrem ao uso de ne- sendo tais compostos, geralmente, encontrados
maticidas químicos que é feito, muitas vezes, de em baixas concentrações em células da epider-
forma abusiva, em doses e número de aplicações me das plantas como os tricomas, por exemplo,
maiores que os recomendados e em culturas para (NAVARRETE et al
as quais o produto não tem registro, o que coloca sementes, etc. Sua composição pode variar de
em risco a saúde do homem e de animais e resulta acordo com as condições ambientais e com a
em danos severos ao meio ambiente. localização ou órgão da planta de onde se extrai o
Como forma alternativa ao uso de métodos óleo. Os óleos essenciais são muito utilizados em
químicos de controle, muitos estudos já foram e indústrias de perfume, de aditivos naturais como
estão sendo realizados para avaliar o potencial aromatizantes de alimentos, em indústrias farma-
de algumas plantas no controle de patógenos
causadores de doenças em plantas, dentre esses por exemplo, devido conter em sua composição
patógenos, os nematoides. Caldas e extratos ve- estruturas fenólicas que os tornam ativos contra
getais, óleos essenciais e subprodutos industriais microrganismos, e em indústrias de cosméticos
de espécies botânicas estão sendo avaliados e, (WANNES et al., 2010; NAVARRETE et al.,
de acordo com os resultados obtidos, muitos 2011). Podem ser obtidos por meio de diferentes
estão sendo selecionados como promissores métodos de extração e são diferentes de outros
óleos derivados de vegetais pelo fato desses
para sua utilização prática no controle de nema- óleos apresentarem como principal característica
1
Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sudeste, Viçosa, MG, wanianeves@epamig.br.
2
Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. UFV - Campus Rio Paranaíba, Rio Paranaíba, MG, everaldolopes@ufv.br.
3
Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. UFMT - Campus Universitário do Araguaia, Barra do Garças, MT,
pauloafonso@ufmt.br.
EPAMIG
Uso de produtos e extratos vegetais no controle de nematoides 119
A utilização de extratos de plantas anta- redução da eclosão como na morte dos juvenis de
gonistas e daquelas que possuem ingredientes segundo estágio (DALLEMOLE-GIARETTA et
ativos tóxicos a patógenos tem sido cada vez al., 2009). Alguns componentes tóxicos presentes
mais estudada como alternativa ao uso dos agro- nas sementes e o fato de possuírem atividade anti
tóxicos utilizados na agricultura convencional. helmíntica comprovada são responsáveis por um
Suas propriedades dependem de uma série de
fatores relacionados à planta, tais como a parte Naves et al. (2010) as sementes possuem, em
da planta utilizada (folha, caule, semente, fruto, sua composição, componentes toxicológicos,
raiz etc) e do seu estágio de desenvolvimento. A tais como o cianeto, o que pode ser também uma
forma de como é preparado, como por infusão ou extrato em controlar os nematoides, causando a
tintura, por exemplo, e do tipo de extrato, como morte dos juvenis de segundo estágio. O uso de
aquoso ou alcoólico. O processo tecnológico semente de mamão seca e moída incorporada
para obtenção do extrato diferencia a quantidade ao solo controlou o nematoide M. javanica em
e quais os componentes são retirados da planta, plantas de tomate, reduzindo o número de galhas
podendo tais componentes ser tóxicos ou não ao e ovos por sistema radicular, comprovando o
patógeno em questão. Além de agir diretamente efeito da semente de mamão sobre o nematoide
sobre os patógenos alguns extratos possuem (NEVES et al., 2012).
EPAMIG
Uso de produtos e extratos vegetais no controle de nematoides 121
Outra forma muito comum de utilização do Outros extratos vegetais, produzidos a partir
nim é o extrato foliar e/ou de sementes, compro- de plantas medicinais com efeito comprovado
- no tratamento de doenças em humanos, são
nos do solo como, por exemplo, nematoides do avaliados para o controle de diversas doenças
gênero Meloidogyne. Em um trabalho realizado de plantas. O extrato aquoso de folhas da planta
por Souza Junior et al. (2018), o extrato aquoso conhecida pelo nome comum de macaé (Leonurus
sibiricus L.), rubim ou cordão-de-frade, causou a
nematoide M. javanica em diferentes concen- inibição e a morte de juvenis do nematoide das
trações, sendo que, nas concentração de 25% galhas, M. javanica no experimento realizado por
(p/v), o extrato causou a inibição da eclosão dos Souza Junior et al. (2018). Os extratos aquosos
juvenis do nematoide em mais de 90%, sendo tal de gervão ( L.) e mulungu
(Erythrina mulungu) foram eficientes em
a mortalidade do nematoide. De acordo com tais controlar o nematoide das galhas na cultura do
resultados, o extrato de nim apresenta potencial
com o uso do nematicida químico Furadan®
de utilização para o controle do nematoide em
(MATEUS et al., 2014). Apesar de existirem
áreas de cultivo infestadas pelo patógeno. Na
muitos trabalhos utilizando o uso de extratos de
cultura da soja plantas que foram submetidas ao
plantas medicinais para o controle de nematoides,
tratamento com extrato aquoso de folha de nim
a maioria dos estudos é realizada in vitro, sendo
apresentaram menor número de ovos e de galhas
necessária a realização de trabalhos em campo
de M. javanica, por sistema radicular (JAVED et
al., 2008). Em relação ao nematoide Heterodera
patossistema nematoide-planta.
glycines, os extratos aquoso e metanólico de se-
mentes de nim, em casa de vegetação, reduziram PRODUTOS OU SUBPRODUTOS
em aproximadamente 84% o número de fêmeas INDUSTRIAIS DERIVADOS DE PLANTAS
e em 90% o número de ovos do nematoide, por Produtos ou subprodutos industriais deri-
sistema radicular de plantas de soja, e não resul- vados de plantas também têm sido muito estu-
tou em diferença entre os dois tipos de extratos dados para o controle de patógenos de plantas.
utilizados (SILVA et al., 2008). Portanto, pela A torta de mamona (Ricinus communis), por
facilidade no processo de extração, o extrato
aquoso pode ser indicado para uso em campo M. incognita, por liberarem resíduos tóxicos em
em áreas de plantio de soja infestadas com H. sua decomposição (PEDROSO, 2016). Durante a
glycines. Em outro trabalho KOSMA et al. decomposição da mamona sua proteína ricina é
liberada no solo e considerada como responsável
de nim cru, extratos orgânico e aquoso e de óleo pelo controle de patógenos, como os nematoides
essencial no controle do nematoides carvenícola parasitas da cana-de-açúcar (DINARDO-MI-
(Radopholus similis) em duas variedades de ba- RANDA; FRACASSO, 2010). Em um trabalho
nana e observaram que as quatro formulações de realizado por Bavaresco; Mazzuchelli (2017) foi
sementes de nim aumentaram o crescimento da realizada a avaliação do desempenho nematicida
planta e reduziram as populações do nematoide. de farelo de mamona incorporado ao solo em
comparação ao controle químico de Meloidogyne raízes muito superior à testemunha com nema-
spp. em tomateiro. Essa incorporação do farelo toides. Outro resíduo da agroindústria que pode
ser utilizado para o manejo de nematoides é o
de controle similar ou superior ao controle obtido bagaço de laranja que, em um experimento tes-
com nematicidas comerciais. No trabalho reali- tando diferentes doses, reduziu o número total de
zado por Dinardo-Miranda; Fracasso (2010), a ovos + J2 de Meloidogyne javanica em raízes de
incorporação de farelo de mamona ao solo em tomateiro na dose de 5 t ha-1 (BRITO et al., 2018).
doses superiores a 1.800 kg ha-1 resultou em au-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
mento na produtividade de cana-de-açúcar e na
redução das populações de nematoides presentes É de grande importância as práticas
na área de cultivo. alternativas de doenças de plantas como forma
O farelo e a torta de mamona são encontra- de auxiliar na redução do uso de agrotóxicos e,
dos à venda no mercado como adubos orgâni- consequentemente, causar menores danos à saúde
cos, ou na categoria de condicionador de solo, do homem e ao ambiente. Os produtos utilizados,
por causa dos nutrientes e da matéria orgânica como alternativa ao uso de agrotóxicos, devem
disponibilizada ao solo, o que contribui para um ser, preferencialmente, biodegradáveis e não
melhor desenvolvimento da planta e, consequen- devem apresentar toxicidade a mamíferos, pois,
temente, na resistência da planta ao ataque de mesmo compostos vegetais podem ser tóxicos e
patógenos. É muito importante salientar que altas causar problemas aos homens e animais, se in-
doses da torta ou farelo de mamona incorporado geridos. Por isso é indispensável o conhecimento
sobre a planta utilizada e a necessidade de seguir
mamona aplicado ao sulco de plantio e, poste- um padrão de qualidade no preparo do extrato ou
riormente, incorporado ao solo em doses maiores do óleo para que não cause dano à saúde humana
e não seja também tóxico às plantas.
e reduziram o crescimento da cana-de-açúcar
não sendo, em doses altas, recomendação de uso AGRADECIMENTO
EPAMIG
Uso de produtos e extratos vegetais no controle de nematoides 123
CHAVES, A. et al. Utilização de Produtos Alterna- formulations using Radopholus similis, parasitic
tivos no Manejo de Nematoides da Cana-de-açúcar nematode of plantain in Cameroon. Crop Protection,
no Estado de Pernambuco. Nematologia Brasileira, v.30, n.6, p.733-738, 2011.
v.33, n.3, 2009.
MAPA. AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos
DALLEMOLE-GIARETTA, R. et al. Efeito de extra- Fitossanitários. 2021a Disponível em:
to aquoso de sementes de abóbora sobre a eclosão e agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_
inativação de juvenis de Meloidogyne javanica e de cons. Acesso: 04 Set 2021
M. incognita. Revista Trópica - Ciências Agrárias
MAPA. AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos
e Biológicas, v.3, p.3-7, 2009.
Fitossanitários. 2021b Disponível em: http://
DINARDO-MIRANDA, L.L.; FRACASSO, J.V.
Efeito da torta de mamona sobre populações de detalhe_cons?p_id_cultura_praga=6367&p_tipo_
janela=NEW. Acesso: 04 Set 2021.
de-açúcar. Nematologia Brasileira, v.34, n.1, p.68-
MATEUS, M.A.F. et al. Extratos aquosos de plantas
71, 2010.
medicinais no controle de Meloidogyne incognita
GONÇALVES A.O. et al. Avaliação do potencial (Kofoid; White, 1919) CHITWOOD, 1949. Bios-
nematicida do óleo de nim, via solo e via folha, na cience Journal, v.30, p.730-736, 2014.
redução populacional de Meloidogyne incognita
MONTEIRO, T.S.A. et al. Redução de inóculo de
em tomateiro. XII Encontro Latino Americano
Aphelenchoides besseyi em sementes de Brachiaria
brizantha tratadas com óleos essenciais. Ciência
Rural, v.44, n.7, p.1149-1154, 2014.
do Vale do Paraíba. 2008. Disponível em: http://
www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2008/anais/ MORAIS, L.A.S.M. Óleos Essenciais no Controle Fi-
arquivosINIC/INIC1054_04_O.pdf. Acesso: 04 Set tossanitário, p.139-152. IN: Biocontrole de doenças
2021. de plantas: uso e perspectivas Bettiol, W.; Morandi,
M A.B. (Eds.), Jaguariuna, 341p. 2009.
GONÇALVES, A.O. et al. Efeito nematicida de
óleo essencial de eucalipto sobre nematoide das MOREIRA, J.C.M. et al. Controle alternativo de
. 2016. Disponível em: https://periodicos. nematoide das galhas (Meloidogyne incognita) raça
ufes.br/seagro/article/view/17364/19402. Acesso: 2, com óleos essenciais em solo. -
10 Set 2021. ., v.41, n.3, p.207-213, 2015. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/sp/a/QZnCywPDDM33c-
GONÇALVES, F.J.T. et al. Atividade antagonista
GL5YxRhB8c/?lang=pt&format=pdf. Acesso: 06
do óleo essencial de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown
Set 2021.
(Verbenaceae) sobre Meloidogyne incognita (Kofoid
& White) Chitwood. Revista Brasileira de Plantas NASU, et al. Efeito de manipueira sobre Meloidogyne
Medicinais, v.18, n.1, p.149-156, 2016. Disponível incognita em ensaios in vitro e em tomateiros em
em: https://www.scielo.br/j/rbpm/a/cv4tZMQM97V- casa de vegetação. , v.35,
6JZQG6gz8ZyB/?lang=pt&format=pdf. Acesso 11 n.1, 2010.
Set 2021.
NAVARRETE, A. et al. Improvement of Essential
JARDIM, I.N. Essential oils and its components in Oil Steam Distillation by Microwave Pretreatment.
Meloidogyne incognita in soybeans , v.50, p.4667-4671, 2011.
and tomatoes. Tese de doutorado. Lavras: UFLA,
NAVES, L. de P. et al. Componentes antinutricionais
2017. 53p. Disponível em:
e digestibilidade proteica em sementes de abóbora
jspui/handle/1/13059. Acesso: 04 Set 2021.
(Cucurbita maxima) submetidas a diferentes proces-
JAVED, N. et al Azadirachta samentos. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.30,
indica) formulations on biology of root-knot n.1, p.180-184, 2010.
nematodes (Meloidogyne javanica) on tomato. Crop
NEVES, W.S., et al. Efeito, in vitro, do extrato de
Protection, v.27, p.36-43, 2008.
sementes de mamão sobre a eclosão de juvenis de
KOSMA, P. et al. Assessment of nematicidal prop- Meloidogyne spp. Revista Trópica - Ciências Agrá-
erties and phytochemical screening of neem seed rias e Biológicas, v.2, p.9-14, 2008.
NEVES, W.S. et al. Incorporação de Farinha de SILVA, J.C.T. et al. Effect of neem seed extracts on the
Semente de Mamão ao Solo para o Controle de development of the soybean cysts nematode. Tropical
Meloidogyne javanica. Nematologia Brasileira, , v.33, n.3, p.171-179, 2008.
v.36, p.25-31, 2012.
SOUSA JUNIOR, J.R.; SILVA, R.V.; CARVALHO,
PEDROSO, L.A. Torta de mamona é tóxica ao S.L.; LIMA, B.V.; GONDIM, J.P.E. Bioatividade
nematoide Meloidogyne incognita também pelos de extratos de nim (Azadirachta indica) e rubim
compostos orgânicos voláteis. Dissertação (mestra- (Leonurus sibiricus) no controle de Meloidogyne
do), Universidade Federal de Lavras - UFLA, Lavras, javanica. XXXV Congresso Brasileiro de
MG, 2016. Nematologia. Bento Gonçalves, 24 a 29 junho. 2018.
SASSER, J.N; FRECKMAN, D.W. A world per- WANNES, W.A. et al. Antioxidant activities of the
spective on nematology: the role of the society. essential oils and methanol extracts from myrtle
In: VEECH JA; DISCKSON DW.(eds). Vistas on (Myrtus communis var. italica L.) leaf, stem and
Nematology. Hyattsville: Society of Nematologist, , v.48, n.5,
p.7-14. 1987. p.1362-1370, 2010.
EPAMIG
Ferramentas do manejo alternativo de doenças de plantas 125
Hudson Teixeira1, Bruno Sérgio Vieira2, Sara Maria Chalfoun3, Rafaela Araújo Guimarães4
1
Eng. Agrônomo, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sul, Lavras, MG, hudsont@epamig.br.
2
Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. UFU - Campus Monte Carmelo, Monte Carmelo, MG, brunovieira@ufu.br.
3
Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. Consultora, EPAMIG Sul, Lavras, MG, sara.chalfoun@cafebrasil.ind.br.
4
Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. Bolsista PNPd – CAPES, DFP-UFLA, Lavras, MG, rafaela.guimaraes3@
Quadro 1 - Detalhes comparativos entre aspectos particulares dos controles cultural e químico
Controle Cultural Controle Químico
Como serão os resultados após a Variáveis, graduais e raramente Mais constantes e previsíveis,
aplicação? espetaculares rápidos, em geral espetaculares
Qual o custo médio envolvido para Normalmente, baixo e de uma Despesas altas e recorrentes
a implementação das medidas de só vez
controle?
EPAMIG
Ferramentas do manejo alternativo de doenças de plantas 127
EPAMIG
Ferramentas do manejo alternativo de doenças de plantas 129
vida de prateleira, compatibilidade com para o controle de importantes doenças que inci-
dem sobre cultivos perenes. Coincidentemente, dões causadas por Penicillium digitatum e P.
uma das mais importantes doenças que incide italicum em citros, agindo por competição em nu-
sobre os Citros spp. a pinta preta causada pelo trientes e espaço e promovendo o fortalecimento
fungo Guignardia citricarpa Kiel, tem indi- das plantas. Na cultura do café o controle de
cações de controle por representantes dos três fungos deterioradores da qualidade e produtores
grupos de microrganismos a saber: levedura, de micotoxinas, tem sido obtido por meio de apli-
Saccharomyces cerevisae; fungo, Trichoderma cações do fungo Cladosporium cladosporioides
harzianum e bactéria, Bacillus subtilis. (CHALFOUN, 2010; ALVES, 2020).
Uma revisão sobre pesquisas realizadas na A aplicação de produtos microbiológicos na
última década, revela que o controle de pató- parte aérea das plantas sofre limitações advindas
genos causadores de doenças radiculares e/ou da maior exposição dos microrganismos a efeitos
vasculares, tem se realizado com microrganismos ambientais, a exemplo da sensibilidade radiação
altamente especializados, por exemplo fungos ultravioleta-B (UV-B) pelo fungo Lecanicillium
do gênero Trichoderma, os quais apresentam lecani
elevada competência rizosférica. Destaca-se o ferrugem Hemileia vastatrix em café. Bactérias
controle do fungo. Fusarium oxysporum f. sp. do gênero Bacillus têm, por sua vez apresentado
cubense (E.F. Smith) (Foc), agente causal do maior tolerância à radiação solar, fenômeno que
Mal-do-Panamá em bananeira, por Trichoderma pela degradação da camada
harzianum e o controle de outros patógenos como de ozônio e pelo aumento da emissão de gases
o grupo de nematoides causadores de galhas, causadores do efeito estufa. Portanto, a pros-
pecção contínua de cepas mais resistentes a tais
perenes como café, citros, cacau, entre outras. condições se apresenta como uma alternativa
A capacidade adicional de ação de alguns para a garantia do desempenho dos microrga-
agentes biológicos sobre o desenvolvimento das nismos aplicados. O estabelecimento de pro-
plantas e de indução de resistência, adiciona gramas de melhoramento genético de linhagens
uma característica altamente desejável de mul- microbianas para aplicações em bioprocessos é
tifuncionalidade aos microrganismos. Deve-se um recurso que tem sido pouco explorado, mas
considerar ainda, a alternativa de utilização do que auxiliará o desenvolvimento do controle
consórcio de microrganismos visando potencia- biológico.
lizar o efeito do produto biológico, bem como Em todas as situações, destaca-se que a efe-
utilizar-se da técnica de co-inoculação de micror- tiva inserção do controle biológico como parte de
ganismos cujas ações conjuntas são superiores à uma estratégia de Controle Integrado de Doenças
sua ação quando aplicados isoladamente. depende de estudos relativos à seletividade e/ou
Por outro lado, pesquisas realizadas visando compatibilidade com produtos químicos, uma
o controle de doenças pós-colheita apresentam vez que a utilização racional deles permitirá a
resultados potencialmente promissores, confor- sua permanência como ferramenta útil no escopo
me se observa no controle dos microrganismos do manejo integrado de doenças. Nesse aspecto
causadores de podridões em frutos de citros, surge, como uma ação imprescindível, a educa-
videira e pomáceas, apesar da baixa oferta de
- bases harmônicas para o funcionamento conjunto
cia de leveduras como Cryptococcus albidus e das ferramentas (tool box) disponíveis dentro da
Metschnikowia fructicola no controle de podri- estratégia de Manejo Integrado de Doenças.
EPAMIG
Ferramentas do manejo alternativo de doenças de plantas 131
de aparato tecnológico, vem sendo chamado de DESPREZ-LOUSTAU, M.L.M.; ROBIN, C.; REY-
NAUD, G.; DÉQUÉ.; BADEAU, V.; PIOU, D.; HUS-
SON, C.; MARÇAIS, B. Simulating the effects of a
é um momento na agriculta que busca aliar tec- climate-change scenario on the geographical range
nologia e direcionar ferramentas de manejo, na and activity of forest-pathogenic fungi. Canadian
direção de otimizar custos, reduzir uso excessivo , v.29, p.101-120, 2007.
de produtos e trabalham com maior precisão DUKARE, A.S.; SANGEETA, P.; NAMBI, V.E.;
GUPTA, R.; SHARMA, K.; VISHWAKARMA,
na tomada de decisão, é um grande momento
R.K. Exploitation of microbial antagonists for the
também para o uso de biológicos (RIBEIRO et control of postharvest diseases of fruits: a review.
al., 2018). Critical Reviews in Food Science and Nutrition,
v.16, p.1-16, 2018.
EPAMIG
Ferramentas do manejo alternativo de doenças de plantas 133
ROTEM, J.; PALTI, J. Epidemiological factors as R.F.; LEHNER, M.S.; LIMA, R.C.; DEL PONTE,
related to plant disease control by cultural practices. E.M. Seasonal dynamics of soil-borne inoculum
In: ROTEM, J.; KRANZ, J. (ed.) Comparative epi- and severity of Fusarium root rot of common beans
demiology: a tool for better disease management. affected by sequential planting of legume or cereal
Wageningen: PUDOC, p.104-116. 1980. crops. , Brasília, v.40,
NEVES, W.S.; LOPES, E.A.; GIARETTA, R.D.; p.335-338, 2015.
PARREIRA, D.F.; OLIVEIRA, P.M. Controle al- VIEIRA, R.F.; PAULA JÚNIOR, T.J.; TEIXEIRA,
ternativo de doenças de plantas. In: LIMA, P.C.; H.; CARNEIRO, J.E.S. White mold management
SIMÕES, J.C. (ed.) Agricultura orgânica e agroeco- in common bean by increasing withih-row distance
logia. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.36, between plants. Plant Disease, St. Paul, v.94, p.361-
p.31-39, 2015. 367, 2010.
SCHROEDER, D. Biological control of weeds: 42- VIEIRA, R.F.; PAULA JÚNIOR, T.J.; CARNEIRO,
78. In: W.W. Fletcher (ed.) Recent Advances in Weed J.E.S.; TEIXEIRA, H. Management of white mold
Research. Slough: CAB. 1983. in type III common bean with plant spacing and
SOUTO, R.A. de. Avaliação sanitária da água de ir- fungicide. , Brasília, v.37,
rigação e de alfaces (Lactuca sativa p.95-101, 2012.
no município de Lagoa Seca, Paraíba. 2005. 58p. WATSON, A.K.
(Dissertação de Mestrado em Agronomia) - Univer- : 3-23. In: D.O. TeBeest (ed.) Mi-
sidade Federal da Paraíba, Areia, 2005.
crobial Control of Weeds. New York: Chapman and
TEIXEIRA, H.; PAULA JÚNIOR, T.J.; VIEIRA, Hall.1991.
Renan Cardoso Lima1, Pablo Henrique Teixeira2, Rogério Faria Vieira3, Trazilbo José de Paula Júnior4
1
Eng. Agrônomo, D.Sc., UFV, Campus Florestal, Florestal, MG, renan.lima@ufv.br.
2
Eng. Agrônomo, M.Sc., UFV, Viçosa, MG, pablo.teixeira@ufv.br.
3
Eng. Agrônomo, D.Sc., Pesq. EMBRAPA/EPAMIG Sudeste, Viçosa, MG, rfvieira@epamig.br.
4
Eng. Agrônomo, Ph.D., Pesq. EPAMIG Sede, Belo Horizonte, MG, trazilbo@epamig.br.
EPAMIG
Densidade de plantas como componente do manejo integrado do mofo-branco do feijoeiro 135
entre plantas (maior população de plantas). A Figura 2 - Efeitos de feijoeiros do tipo II por metro
disposição dessa população de plantas (espaça-
-
dias incluem genótipos (parcialmente
resistente: CNFC 10720 ou suscetível:
a luz solar e a aquisição de nutrientes e água. Em VC 6), fungicida (com ou sem) e ensaios
áreas com histórico de mofo-branco, a disposição
dessa população também deve considerar os efei- As barrinhas representam o erro padrão
tos dos espaçamentos e densidades na intensidade da média.
da doença e produtividade do feijoal. 100
EPAMIG
Densidade de plantas como componente do manejo integrado do mofo-branco do feijoeiro 137
Figura 3 - Efeitos de feijoeiros do tipo II por metro Figura 4 - Efeitos de feijoeiros do tipo II por metro
-
veridade do mofo-branco (pressão mo- de grãos em pressão moderada/alta do
derada). As barras brancas são médias mofo-branco. As barras cinzas (duas
do genótipo suscetível ao mofo-branco
(VC 6). As barras pretas são médias do fungicida) são as médias da linhagem
genótipo parcialmente resistente (CNFC parcialmente resistente ao mofo-branco
10720). Ambas as barras incluem CNFC 10720. As barras brancas (com
fungicida (com ou sem). As barrinhas fungicida) e tracejadas (sem fungicida)
representam o erro padrão da média. são as médias da linhagem suscetível
VC 6. As médias em barras pretas ou
50
a tracejadas não diferem significativa-
a mente entre si. Nas barras brancas ou
40
CNFC 10720 b cinzas, as médias com letras iguais não
VC 6
-
30 c b
c
can, 5%). As barrinhas representam o
erro padrão da média.
20 c c
a a
a a 4200 ab a ab a
10 a
Produtividade (kg ha-1)
a b
a 3500 b
a a
0 a
4 7 10 13 2800
Feijoeiros por metro
2100
Fonte: LIMA et al. (2019, p. 487).
1400
mofo-branco (PAULA Jr. et al., 2009; VIEIRA por área em espaçamentos largos, o que reduz
et al. 2010; 2012). A redução da população pode o inóculo para as safras seguintes. Entretanto,
ser obtida com o aumento do espaçamento entre espaçamentos largos podem elevar os custos com
o controle de invasoras. Nos sistemas de cultivo
em que se fazem duas ou mais aplicações de
de 50 para 75 cm pode reduzir a incidência e
severidade do mofo-branco (Tabela 1). Entre- para o manejo do mofo-branco, o espaçamento
de 45 a 55 cm, que é recomendado para feijoeiro
deve ser usado quando não se usa fungicida para do tipo III em áreas sem histórico da doença,
o manejo da doença, como no sistema orgânico parece ser também o mais adequado para áreas
de produção. Nesse sistema (sem fungicida), com histórico dessa doença (Tabela 2).
as produtividades dos feijoeiros do tipo III nos Em estudo conduzido no outono-inverno
espaçamentos de 50 e 75 cm foram semelhantes na Zona da Mata, MG, a diminuição de 10-13
(Tabela 2), mas com 75 cm tem-se menor gasto para 4-7 feijoeiros do tipo III por metro reduziu
com semente e semeadura, e uso de menos mão o cobrimento do solo com folhagem (Fig. 5).
de obra na colheita. Ademais, segundo Macena A intensidade do mofo-branco foi menor com
et al. (2011), há menor produção de escleródios 4-10 do que com 13 feijoeiros por metro (Fig. 6)
Tabela 1 -
III (cv. Pérola) em dois ensaios no outono-inverno, em Viçosa, MG
Índice de severidade de mofo-
Incidência de mofo-branco1
branco1
(%)
(cm) (%)
2002 2003 2002 2003
50 51,9 43,6 38,5 19,7
75 34,6 52,4 23,5 25,5
Diferença 17,3** 8,8 ns 15,0** 5,8 ns
1
As médias incluem os fatores fungicida (com ou sem) e densidade (6 ou 12 plantas por metro).
** p
Fonte: VIEIRA et al. (2012, p. 99).
Tabela 2 -
em 2002 (pressão moderada de mofo-branco), em Viçosa, MG
Produtividade1 (kg ha-1)
(cm)
50 3018 2180
75 2650 2206
Diferença 368** 26 ns
1
As médias incluem densidade (6 ou 12 plantas por metro). ** p
Fonte: VIEIRA et al. (2012, p. 99).
EPAMIG
Densidade de plantas como componente do manejo integrado do mofo-branco do feijoeiro 139
Figura 5 - Efeitos de feijoeiros do tipo III por metro Figura 6 - Efeitos de feijoeiros do tipo III por metro
20
40 b b
b
15
20
10
0
4 7 10 13
Feijoeiros por metro 5
e geralmente menor com 4-6 que com 12-16 Fonte: Elaborado pelo autor Rogério Faria Vieira.
feijoeiros por metro (Tabela 3). Dependendo do
grau de infestação da lavoura com escleródios de
(cultivo convencional) ou não (cultivo agroecoló-
S. sclerotiorum, do clima na fase reprodutiva da
gico ou orgânico). Nessas pressões relativamente
cultura, da cultivar usada e do manejo da cultura,
mais baixas de mofo-branco, 4 feijoeiros do
a pressão do mofo-branco pode variar muito de
um ano para o outro. Por isso, a recomendação tipo III por metro maximizam a produtividade
de densidade de plantas para área com histórico no cultivo agroecológico ou orgânico, mas essa
dessa doença deve considerar essa variação da densidade deve ser evitada no cultivo convencio-
intensidade do mofo-branco no decorrer dos anos nal (Fig. 7). Portanto, no cultivo convencional
e até uma possível ausência da doença. recomendam-se 5-7 feijoeiros do tipo III por
Em pressão muito alta ou alta de mofo-bran- metro em áreas com histórico da doença no
co, a maximização da produtividade foi obtida outono-inverno. Diferentemente dos feijoeiros
com 4-5 plantas por metro (VIEIRA et al. 2010), do tipo II, nos do tipo III o nível de resistência
independentemente de se usar fungicida ou não de campo dos genótipos ao mofo-branco não
para o manejo da doença (Tabela 3). No entanto,
quando a pressão de mofo-branco varia de muito -
baixa a moderada/alta, as densidades de plantas leiras de 45-55 cm, 4-6 (sistema agroecológico
que maximizam a produtividade dependem de ou orgânico) ou 5-7 (sistema convencional, com
o fungicida para o manejo da doença ser usado fungicida) feijoeiros do tipo III por metro são
Índice de
Plantas por Produtividade Massa de 100 grãos
Incidência (%) severidade2
metro (kg/ha) (g)
(%)
2000
15 97 79 1394 19,0
7,5 95 70 1710 19,8
5 86 60 1865 20,3
2001
16 89 50 2396 22,3
12 84 44 2538 23,4
8 79 38 2612 23,8
4 59 27 2623 25,0
2002
12 51 38 2572ns 25,7ns
6 36 24 2455 26,1
2003
12 48
ns
25 ns
2188ns 25,8
6 48 20 2131 28,1
2004
12 97
ns
66 1385ns -
6 95 55 1382 -
1
recomendados para áreas irrigadas com históri- para regiões sujeitas a pressões moderadas ou
co de mofo-branco. Logo, nessas condições, as altas do mofo-branco no outono-inverno. São
populações de plantas recomendadas por hectare vantagens adicionais de se usar baixas popula-
podem variar de 73 mil a 155 mil. No caso do cul- ções de planta: colheita de grãos graúdos (Tabela
tivo agroecológico ou orgânico (sem fungicida), 3) e menor produção de escleródios por área
(VIEIRA et al., 2010; MONTES et al., 2017).
EPAMIG
Densidade de plantas como componente do manejo integrado do mofo-branco do feijoeiro 141
Figura 7 - Efeitos de feijoeiros do tipo II por metro common bean in Brazil. , v.69, n.6,
p.1172-1184, 2020.
grãos em análise conjunta de ensaios MACENA, Andreia Maria Faria; CANTERI, Marcelo
em Viçosa e Oratórios, Minas Gerais, e Giovanetti; FERREIRA JUNIOR, Jose Petruise. Es-
Veras, Mato Grosso, no outono-inverno, paçamento e manejo de restos culturais para o contro-
nos quais as pressões de mofo-branco le de Sclerotinia sclerotiorum em feijoeiro. Ciência
foram baixa, baixa/moderada, mode- Rural, v.41, p.1871-1873, 2011.
rada ou moderada/alta. Barra branca:
MONTES, David RP et al. Incidence and severity of
white mold in common bean submitted to different
preta: sem fungicida. As médias incluem cultivation practices. Revista Brasileira de Enge-
cultivar (parcialmente resistente: MGS , v.21, p.691-696, 2017.
Portela ou suscetível: Madrepérola).
Resultados ainda não publicados. As
PARK, S.J. Response of bush and upright plant type
selections to white mold and seed yield of common
barrinhas representam o erro padrão
beans grown in various row widths in southern On-
da média.
tario. Canadian Journal of Plant Science, v.73, n.1,
4000 p.265-272, 1993.
Produtividade (kg ha-1)
1
Diretor do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), martins.eduardo1956@gmail.com
2
Coordenador Regional por São Paulo do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS),
phardoim@gmail.com
EPAMIG
Manejo de pragas e doenças na agricultura sustentável 143
manifestação de doenças e pragas, bem como de situação e buscando uma correlação com as ma-
produtividade. Com as informações que podem nifestações mais relevantes de pragas e doenças.
ser organizadas pelas análises disponíveis, relato
As escolhas sobre como agir
do produtor e observação de campo, a busca deve
- A ação consciente do agricultor que adota
nifestações das pragas e doenças mais frequentes. práticas sustentáveis depende de uma nova visão
Por exemplo, numa área sem cobertura, com sobre a sua área de produção. A construção desse
grande intensidade de tráfego de máquinas e novo posicionamento depende principalmente
condições de textura do solo favorável, teremos da disposição para experimentar, testar novas
a probabilidade de compactação do solo. Por práticas, compreender os conceitos envolvidos
sua vez, a compactação reduzirá a oxigenação e comparar resultados lado a lado e os respecti-
vos custos. Infelizmente, o agricultor conta com
do solo como a causada pelo fungo do gênero pouca pesquisa e suporte para avançar na susten-
Macrophomina. Poderíamos assumir que esses tabilidade, uma vez que a capacidade criadora das
fatores de manejo também devem ser decisivos instituições está, em grande parte, capturada pela
lógica das grandes empresas de insumos. Para
por exemplo, os do gênero Pratylenchus, comum a sustentabilidade o caminho a ser construído
no milho safrinha. Assim como o exemplo da
contexto, das disponibilidades de infraestrutura
características podem ser avaliadas e servirem e a forma de como o agricultor deseja evoluir.
de pistas relevantes para o encaminhamento de De qualquer forma, com o diagnóstico bem feito
soluções. e entendendo o que o agricultor deseja, podemos
Também merecem atenção no diagnóstico fazer indicações para melhorar o manejo de pra-
os efeitos colaterais relacionados com os insumos gas e doenças.
convencionais. Por exemplo, após uma aplicação
Pré-preparo da cultura com foco no solo
de fungicida, na maioria das vezes, teremos um
aumento do ataque de insetos sugadores. Dentre O solo será sempre o fundamento da produ-
as queixas de pragas e doenças devemos indicar o ção. Só recentemente outras funcionalidades do
quanto delas podem estar associadas aos efeitos solo tem merecido destaque, como é o caso da
diretos e indiretos dos pesticidas adotados. O biologia (HELMING et al., 2018). As ferramen-
diagnóstico também deve ser conduzido pelo tas das análises química e física são importantes,
lado positivo, pois a maioria das áreas possuem principalmente, se existe histórico da área e se
talhões sadios e produtivos. A nossa tendência as amostras foram coletadas de forma a permitir
é explicar tais resultados pela fertilidade do uma análise temporal comparável. Esse tipo de
solo, mas na realidade o que dita a sanidade e análise permite compreender a evolução das
os resultados é, na maioria das vezes, o teor de práticas do manejo adotado e fazer intervenções
matéria orgânica no solo, o qual está diretamente de correção quando necessárias. Mas temos que
relacionado com atividade elevada da biologia, assumir as limitações das análises e seu uso nas
pois, cria as condições necessárias para que ela
se expresse. A realização do diagnóstico não para a prescrição de fertilizantes na forma de sais
solúveis. Quando conhecemos um pouco da com-
mas a formulação de possibilidades avaliando a plexidade das interações do solo, descobrimos
que temos que avançar muito na forma de reco- - A manutenção do solo sempre coberto
mendar medidas para o manejo da fertilidade. com palha;
Também é importante considerar que fertili- - A oferta de macro e micronutrientes de
forma equilibrada.
muitas circunstâncias, operam de forma negativa
Importância da diversidade da cobertura
para a biologia do solo, facilitando a manifesta-
vegetal
ção de doenças. Uma abordagem que funciona
é dividir as intervenções na lógica de soluções A maioria das plantas de cultura investe
estruturais, para serem implementadas no médio uma grande quantidade do que produz com base
e longo prazo, e o equacionamento da próxima na fotossíntese em exsudatos das raízes. Esse
safra. A regra para melhorar o solo contra pragas esforço energético tem o papel de criar uma
e doenças é torná-lo supressor das mesmas. A
supressão depende da diversidade biológica, que na rizosfera (JACOBY et al., 2017). A seleção
por sua vez depende principalmente de fatores realizada visa funcionalidades, dentre as quais se
tais como: destaca a supressão de pragas e doenças (Fig. 1).
O problema é que a monocultura tende a selecio-
- A diversidade da cobertura vegetal;
nar sempre a mesma biota, o que torna o ambiente
- A qualidade da superfície ativa oferecida
condutor de doenças e pragas. A diversidade da
no solo para proteção e manutenção dos
cobertura de plantas é o caminho chave para
microrganismos, base da cadeia biológi-
aumentar a diversidade. A diversidade de plantas
ca do solo;
EPAMIG
Manejo de pragas e doenças na agricultura sustentável 145
pode ser obtida tanto de forma espacial quanto taxa de degradação será sempre maior do que a
temporal, utilizando, por exemplo: sucessão de capacidade de produção do sistema.
culturas, rotação planejada com diversas espécies A construção, melhoria e manutenção da
de plantas comerciais, mix de cobertura, plantio matriz organomineral deve ser implementada
consorciado, etc. Assim, o manejo deve sempre no longo prazo, conciliando o rejuvenescimen-
buscar deixar para a cultura seguinte - to do solo com os remineralizadores silicáticos
(RAMOS et al., 2021
biomassa (Fig. 2). O importante é o agricultor, a
da cultura comercial possam dispor da biologia
seu solo, trans-
que necessita para crescer vigorosa e saudável.
formando o manejo da fertilidade numa melhoria
Importância das superfícies ativas do solo contínua. Assim conduzido, o manejo que con-
Apesar de o solo ser fundamental para nossa cilia minerais ativos e aportes orgânicos no solo
existência e importante no funcionamento do induz a formação de microagregados em locais
estratégicos para a manutenção da vida no solo.
planeta, sua compreensão é limitada. Somente
Esse rejuvenescimento do solo também aumenta
recentemente houve avanços impulsionados,
as homeostases do pH e do potencial redox, que
principalmente, pelas preocupações promovi-
juntamente com a diversidade biológica aumenta
das pelas mudanças climáticas. Para as nossas
a supressividade às pragas e doenças da planta.
-
res, pois boa parte dos nossos solos são ácidos, Importância de se manter o solo coberto
com palhada
estão entre os mais antigos do mundo e foram
profundamente intemperizados. Uma das con- Muitas interações biológicas ocorrem nos
dições relevantes para a diversidade biológica primeiros centímetros de solo (MIN et al., 2021).
necessária em nossos sistemas de produção é a O aporte de carbono lábil e recalcitrante, estru-
carência de superfície ativa, pois nossos minerais tura porosa do solo, aumenta a concentração de
estão nos últimos estágios de evolução. A baixa oxigênio e disponibilidade de água livre, fatores
CTC restringe a proteção de elementos de carga que favorecem o aumento da atividade biológica
positiva e imobiliza os de carga negativa.
viva e ativa é responsável por vários benefícios,
-
dentre eles a ciclagem dos nutrientes e a melhoria
to de matéria orgânica, uma vez que hoje a expli-
da estruturação do solo (Fig. 3). No entanto, solos
cação mais aceita para a sua estabilização é a as-
sociação mineral-carbono orgânico, derrubando a
a biologia. Raios ultravioletas atuam como fonte
teoria, por muito tempo
esterilizadora no solo, altas temperaturas inibem
da biomassa (SINGH et al., 2018; KLEBER et o desenvolvimento de eucariontes multicelulares,
al., 2021). Essa situação equivale a solos sem palha também apresentam elevada taxa
o sucesso da melhoria do sistema produtivo pelo
aumento do teor da matéria orgânica no solo é solo são observadas em solos descobertos pelo
determinado pela taxa de oxidação da biomassa efeito das forças eólicas e hídricas. Enormes
e não pela quantidade de biomassa produzida benefícios são observados quando o solo se
no sistema. Se a biomassa produzida não estiver encontra permanentemente coberto com palha
a (DENARDIN et al., 2012).
EPAMIG
Manejo de pragas e doenças na agricultura sustentável 147
EPAMIG
Manejo de pragas e doenças na agricultura sustentável 149
EPAMIG
Manejo de pragas e doenças na agricultura sustentável 151
EMATER. Emater e GAAS articulam parceria para MIN, K.; SLESSAREV, E.; KAN, M.; MCFAR-
projeto de melhoramento genético voltado a agricul- LANE, K.; OERTER, E.; PETT-RIDGE, J.; BERHE,
tores familiares. 2021. Disponível em: https://www. A.A. Active microbial biomass decreases, but micro-
emater.go.gov.br/wp/emater-e-gaas-articulam-par- bial growth potential remains similar across soil depth
ceria-para-projeto-de-melhoramento-genetico-vol- Soil
tado-a-agricultores-familiares/. Acesso: 08 out 2021 , v.162, 108401, 2021.
EMBRAPA. Brasil adicionou 22,8 milhões de tone- OLDFIELD, E.E.; WOOD, S.A.; BRADFORD, M.A.
ladas de fósforo em seus solos nos últimos 50 anos. Direct effects of soil organic matter on productivity
2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/bus- mirror those observed with organic amendments.
ca-de-noticias/-/noticia/33747073/brasil-adicionou- Plant and Soil, v.423, n.1, p.363-373, 2018.
228-milhoes-de-toneladas-de-fosforo-em-seus-solos-
nos-ultimos-50-anos . Acesso: 08 out 2021 RAMOS, C.G.; HOWER, J.C.; BLANCO, E.; OL-
IVEIRA, M.L.S.; THEODORO, S.H. Possibilities of
FAN, F.; HENRIKSEN, C.B.; PORTER, J. Relation- using silicate rock powder: An overview. Geoscience
ship between stoichiometry and ecosystem services: Frontiers, 101185, 2021
A case study of organic farming systems. Ecological
Indicators, v.85, p.400-408, 2018. SHA, Z.; WATANABE, T.; CHU, Q.; OKA, N.;
OSAKI, M.; SHINANO, T. A Reduced Phosphorus
HALLAMA, M.; PEKRUN, C.; LAMBERS, H.;
Application Rate Using a Mycorrhizal Plant as the
KANDELER, E. Hidden miners–the roles of cover
Preceding Crop Maintains Soybean Seeds’ Nutritional
crops and soil microorganisms in phosphorus cycling
Quality. -
through agroecosystems. Plant and soil, v.434, n.1,
p.7-45, 2019. try, v.67, n.1, p.32-42, 2018.
HELMING, K.; DAEDLOW, K.; PAUL, C.; TECH- SINGH, M.; SARKAR, B.; SARKAR, S.; CHURCH-
EN, A.K.; BARTKE, S.; BARTKOWSKI, B.; MAN, J.; BOLAN, N.; MANDAL, S.; BEERLING,
KAISER, D.; WOLLSCHLÄGER, U.; VOGEL, D.J. -
H.J. Managing soil functions for a sustainable bio- . In D.L. Sparks (Ed.),
economy – Assessment framework and state of the Advances in Agronomy, 2018. 33-84p.
art. Land Degradation & Development, v.29, n.9, ZIMMERMANN, B.; et al
p.3112-3126, 2018. Cropping Systems – A New Approach to Improve
JACOBY, R.; PEUKERT, M.; SUCCURRO, A.; Ecosystem Services by Farming without Chemical
Agronomy, v.11, n.9,
microorganisms in plant mineral nutrition—current 1710, 2021.
Realização
ISBN 978-65-86500-08-0