Você está na página 1de 228

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/324692146

Potencialidades da Moringa oleifera Lam volume

Book · April 2018

CITATIONS READS

0 1,838

6 authors, including:

Angelica Vieira Luana Cassandra Breitenbach Barroso Coelho


Universidade Estadual de Maringá Federal University of Pernambuco
76 PUBLICATIONS 408 CITATIONS 288 PUBLICATIONS 4,216 CITATIONS

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Potential of the lectin/inhibitor isolated from Crataeva tapia bark (CrataBL) for controlling Callosobruchus maculatus larvae development View project

Biomoléculas incorporadas em nanoestruturas, membranas e hidrogéis: aplicação na área alimentar e da saúde View project

All content following this page was uploaded by Luana Cassandra Breitenbach Barroso Coelho on 23 April 2018.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


volume
IV

Potencialidades da
Moringa oleifera Lam
Potencialidades da
Moringa oleifera Lam
Volume IV

ORGANIZADORES:
Gabriel Francisco da Silva
Maristela de Fátima Simplicio de Santana
Anny Kelly Vasconcelos de Oliveira Lima
Rosângela Bergamasco
Patrícia Maria Guedes Paiva
Mikele Cândida Sousa de Sant’anna
Mairim Russo Serafini
Carla Crislan de Souza de Bery
Diagramação e Capa:
Jomara Costa
Beatriz Matos

Fotografia de Capa:
Beatriz Matos

Revisão:
Ana Eleonora de Almeida Paixão

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Potencialidades da Moringa oleifera Lam / organizadores: Gabriel


Francisco da Silva ... [et al.]. – São Cristóvão : Universidade Federal
de Sergipe, 2018.
P861p
v. 4. : il.

ISBN 978-85-7822-608-4

1. Botânica – Classificação. 2. Moringa oleifera. 3. Produtivida-


de agrícola. 4. Óleos vegetais. I. Silva, Gabriel Francisco da.

CDU 582.683.4

© Copyright 2012 by UFS – Universidade Federal de Sergipe


TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer
meio, desde que divulgadas as fontes.
DEDICATÓRIA
Dedicamos esse livro ao homem que convive com o
semiárido brasileiro e aos profissionais que acreditam
no potencial desta espécie.
APRESENTAÇÃO

Em 2009, na cidade de Aracaju - SE, um grupo restrito de


profissionais deu início às discussões sobre as potencialidades
e usos da moringa, com intuito de agregar os conhecimentos
científicos, tecnológicos e empíricos sobre essa espécie de for-
ma a contribuir com o desenvolvimento de pesquisas. Assim, foi
proposto o I Encontro Nacional de Moringa. Desde então, foram
realizados quatro eventos com esse tema e discutidos tanto os
aspectos de produção, como de transformação e alternativas
para agregação de valor a produtos e coprodutos.
Nestes encontros, ficou clara a necessidade de unir as in-
formações já disponíveis num livro técnico e didático, de forma
que esse possa ser utilizado para subsidiar produtores e pro-
fissionais. Assim, esta obra fornece informações sobre botânica,
origem, morfologia, cultivo no nordeste, adubação e nutrição da
planta, potencial como uso forrageiro, uso da semente para tra-
tamento de água, extração de óleo, utilização alimentar e medi-
cinal, e atividade antimicrobiana.
O grupo de profissionais cresceu e, consequentemente, au-
mentou o número de trabalhos e conhecimento sobre a utiliza-
ção da moringa no Brasil. Porém, compreendemos que ainda são
incipientes as informações validadas sobre a espécie, e que resta
ainda muito a se avaliar e conhecer. Todos os temas foram escri-
tos por profissionais que têm experiência de trabalho com a mo-
ringa no Brasil, e que buscaram informações de conhecimento
tradicional e científico na literatura disponível para compor uma
obra mais completa.
Esta obra apresenta um minucioso e fabuloso trabalho de
pesquisa através de pontos de vista de vários pesquisadores,
de diversas áreas, voltados para a espécie. Esperamos que, em
curto prazo, a cultura desenvolva o seu potencial para tornar-se
uma alternativa de geração de emprego e renda, melhorando o
aproveitamento de recursos da região semiárida, alavancando o
desenvolvimento regional.
Porém, não pretendemos através desta obra esgotar o as-
sunto, mas contribuir para estudos mais aprofundados e sina-
lizar aos atores sociais e institucionais a necessidade de se bus-
car mais respostas técnicas e de políticas públicas aos desafios
agroindustriais propostos por esta espécie.
A identificação e a viabilização de oportunidades ao longo de
toda a cadeia produtiva da moringa contribuirão para a busca de
alternativas sustentáveis para o desenvolvimento da região e da
melhoria dos padrões alimentares, sanitários e sociais da popu-
lação, dinamizando a economia local, regional e, quiçá, nacional.

Napoleão Esberard de Macedo Beltrão


chefe geral
Embrapa Algodão

Maristela de Fátima Simplicio de Santana


Tecnologista Pleno
Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, na área de
Agroindústria
AUTORES

Álvaro Alberto de Araújo

Graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campi-


nas (1991); Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual
de Campinas (1995); Doutorado em Ciências dos Alimentos - Universite de
Montpellier II (Scien. et Tech Du Languedoc) (1999) e pós doutorado pela
Universitat Hannover (2001). É professor adjunto da Universidade Federal
de Sergipe (UFS).

Ana Lúcia Falavigna-Guilherme

Graduação em Farmácia Bioquímica pela Universidade Estadual de Marin-


gá/UEM (1982); Mestrado em Farmácia (Análises Clínicas) pela Universida-
de de São Paulo (1986), Doutorado em Ciências Ambientais pela Universida-
de Estadual de Maringá (2000) e pós-doc em Ciência Animal (2011-2012).
É professora Associada da Universidade Estadual de Maringá.

Angélica Marquetotti Salcedo Vieira

Graduação em Engenharia de Alimentos pela Fundação Universidade Fe-


deral do Rio Grande (1996); Mestrado em Engenharia Química pela Uni-
versidade Estadual de Maringá (1999); Doutorado em Engenharia Química
pela Universidade Federal de São Carlos (2004) e pós-doutorado na Uni-
versidade Estadual de Maringá - PR (2007) e no Consejo Superior de Inves-
tigacion Cientifica de Madrid -ES (2008). É professora Adjunta da Universi-
dade Estadual de Maringá.

Anny Kelly Vasconcelos de Oliveira Lima

Graduação em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba


(2004); Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de
Campina Grande (2007); Doutorado em Engenharia Agrícola pela Univer-
sidade Federal de Campina Grande (2012). Professora auxiliar da Universi-
dade Federal de Sergipe (UFS).

Antônio Amador de Sousa

Graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal da Paraíba


(1986); Especialização em Drenagem Agrícola pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (1989); Mestrado em Engenharia Civil pela Uni-
versidade Federal da Paraíba (1989) e doutorado em Irrigação e Drenagem
pela Universidade de São Paulo (2000); É professor associado da Universi-
dade Federal de Campina Grande.

Bianca Silva dos Santos

Graduação em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal de Ser-


gipe (2013); Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Univer-
sidade Federal de Sergipe (2016); Especialização em Engenharia de Segu-
rança no Trabalho (2016).

Carla Crislan de Souza Bery

Graduação em engenharia de alimentos pela universidade federal de sergipe


(2008); mestrado em ciência e tecnologia de alimentos pela universidade fede-
ral de sergipe (2012); especialização em consultor em sistema de gestão inte-
grada (2009); mestre em ciência e tecnologia de alimentos pela universidade
federal de sergipe (2012); especialização em engenharia de segurança no tra-
balho (2015); doutoranda na rede nordeste em biotecnologia- renorbio/se pela
universidade federal de sergipe

Emmanuel Viana Pontual

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Pernam-


buco (2008); Especialista em Análises Clínicas pela Faculdade Frassinetti
do Recife (2012); Mestrado em Bioquímica e Fisiologia pela Universidade
Federal de Pernambuco (2010) e Doutor em Ciências Biológicas, Univer-
sidade Federal de Pernambuco (2012); Pós-Doutorado PNPD/CAPES/FA-
CEPE (2015); Atualmente é Professor Adjunto I e Docente Colaborador da
Universidade Federal Rural do Pernambuco.

Gabriel Francisco da Silva

Graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal da Paraíba


(1988); Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal da Paraíba
(1991); Doutorado em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de
Campinas (1999). É professor associado da Universidade Federal de Sergipe.

Ivonete Alves Bakke

Graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal da Paraí-


ba (1993); Mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal da Paraíba
(2001); Doutorado em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba
(2005). É professora adjunta da Universidade Federal de Campina Grande,
no Centro de Saúde e Tecnologia Rural.

Jacob Silva Souto

Graduação em Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraí-


ba (1984); Mestrado em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade
Federal da Paraíba (1989); Doutorado em Agronomia pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1993). É bolsista CNPq (PQ-2F)
e professor Associado da Universidade Federal de Campina Grande, Centro
de Saúde e Tecnologia Rural.

José Adeilson Medeiros do Nascimento

Graduação em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba (2007);


Mestrado em Manejo de Solo e Água pela Universidade Federal da Paraíba
(2010); Doutorado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) pela Uni-
versidade Federal da Paraíba (2013).

José Euclides S. Paterniani.

Graduação em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia de Piracicaba


(1981); Mestrado em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo
(1986); Doutorado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo (1991); Professor livre-docente na
área de qualidade da água pela Universidade Estadual de Campinas e de
professor titular em qualidade da água em 2010.

Letícia Nishi

Graduação em Farmácia pela Universidade Estadual de Maringá (2004),


Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Maringá
(2006); Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de
Maringá (2011); Professora titular da Faculdade Intermunicipal do Noro-
este do Paraná, FACINOR, Brasil.

Luana Cassandra Breitenbach Barroso Coelho

Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal Ru-


ral de Pernambuco (1966); Mestrado em Bioquímica pela Universidade Fe-
deral de Pernambuco (1976); Doutorado em Bioquímica pela University of
London (1982). Professora Permanente dos Programas de Pós-graduação
em Bioquímica e Fisiologia e em Ciências Biológicas da UFPE.

Mairim Russo Serafini

Graduação em Farmácia Clínica Industrial pela Universidade Regional In-


tegrada - URI (2008); Mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universi-
dade Federal de Sergipe (2011); Doutorado em Ciências da Sáude pela Uni-
versidade Federal de Sergipe (2013); Professora adjunto da Universidade
Federal de Sergipe (UFS).

Marcia Regina Fagundes

Graduação em Química Industrial pela Universidade Federal de Santa Maria


(1994); Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Ma-
ringá (1997); Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de
Maringá (2006). Professor titular da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Maristela de Fátima Simplicio de Santana

Graduação em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba (1995);


Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal da Paraíba
(1999); Doutorado em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual
de Campinas (2005). Tecnologista Pleno do Ministério de Ciência, Tecnologia
e Inovação, na área de Agroindústria.

Mikele Cândida Sousa de Sant’Anna

Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal de Sergipe


(2012); Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Federal de
Pernambuco (2015). Professora adjunto da Universidade Federal do Mara-
nhão (UFMA).

Miriam Carla Bonicontro Ambrosio-Ugri

Graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá


(1995); Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Cam-
pinas (1999); Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Estadual
de Campinas (2003); Professora Adjunta da Universidade Estadual de Maringá.
Olaf Andreas Bakke

Graduado em Agronomia e Zootecnia pela Universidade Federal da Paraíba


(1982); Mestrado em Agronomia (Estatística e Experimentação Agronômi-
ca) pela Universidade de São Paulo (1988); Ph. D. em Botany - University of
Manitoba (1999). É professor da Universidade Federal de Campina Grande.

Patrícia Carneiro Souto

Graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal da Paraíba


(1999); Mestrado em Manejo de Solo e Água pela Universidade Federal da Pa-
raíba (2002); Doutorado em Agronomia pela Universidade Federal da Paraí-
ba (2006). Professora Adjunto da Universidade Federal de Campina Grande.

Patrícia Maria Guedes Paiva

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Gran-


de do Norte (1984); Mestrado em Bioquímica pela Universidade Federal de
Pernambuco (1990); Doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Molecu-
lar) pela Universidade Federal de São Paulo (1998); Professora Associado da
Universidade Federal de Pernambuco.

Rosângela Bergamasco

Graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá


(1984); Mestrado em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de
Londrina (1989); Doutorado em Engenharia Química - Universite de Mon-
tpellier II (Scien. et Tech Du Languedoc) e pela Universidade Estadual de Cam-
pinas (1996). Pós-doc em Engenharia Química - Université Laval - Québec- Ca-
nadá (2002). Professor associado da Universidade Estadual de Maringá.

Sigismundo Gonçalves Souto Maior Júnior

Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural de Per-


nambuco (1978). Mestrado em Zootecnia, Sistema Agrosilvipastoris no Semiári-
do Universidade Federal de Campina Grande (2006). Medico Veterinário da Se-
cretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca SEDAP-PB.

Thiago Henrique Napoleão

Graduação em Ciências Biológicas (2007); Mestrado em Bioquímica e Fi-


siologia (2009) e Doutorado em Bioquímica e Fisiologia (2012), todos pela
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Atualmente é Professor Ad-
junto Universidade Federal de Pernambuco.
SUMÁRIO

13 Introdução

CAPÍTULOS

15 1. Origem, botânica e Morfologia da Moringa


PATRÍCIA CARNEIRO SOUTO
SIGISMUNDO G. SOUTO MAIOR JÚNIOR

37 2. Cultivo da moringa no Nordeste brasileiro


JACOB DE SILVA SOLTO, ANTÔNIO AMADOR DE SOUSA

55 3. Adubação e nutrição mineral da moringa


JACOB SILVA SOUTO, JOSÉ ADEILSON MEDEIROS DO NASCIMENTO

82 4. Potencial forrageiro da moringa


IVONETE ALVES BAKKE, JACOB SILVA SOUTO, OLAF ANDREAS BAKKE,
PATRÍCIA CARNEIRO SOUTO

93 5. Aplicação da Moringa no tratamento de águas de


abastecimento e residuárias
ROSÂNGELA BERGAMASCO, ANGÉLICA MARQUETOTTI SALCEDO
VIEIRA, LETÍCIA NISHI, ANA LÚCIA FALAVIGNA-GUILHERME, JOSÉ
EUCLÍDES S. PATERNIANI, MARCIA REGINA FAGUNDES KLEIN,
ÁLVARO ALBERTO DE ARAUJO, GABRIEL FRANCISCO DA SILVA

145 6. Biodiesel de moringa


MIKELE CÂNDIDA SOUSA DE SANT’ANNA; GABRIEL FRANCISCO DA
SILVA; MARISTELA DE FÁTIMA SIMPLICIO DE SANTANA; CARLA
CRISLAN DE SOUZA BERY; BIANCA SILVA DOS SANTOS

162 7. Potencial nutricional e aplicações da Moringa na


alimentação humana e animal
ANGÉLICA MARQUETOTTI SALCEDO VIEIRA; MIRIAM CARLA
BONICONTRO AMBROSIO-UGRI; LETÍCIA NISHI; GABRIEL FRANCISCO
DA SILVA; ROSÂNGELA BERGAMASCO

187 8. Usos Medicinais e biotecnológicos


MAIRIM RUSSO SERAFINI; GABRIEL FRANCISCO DA SILVA; CARLA
CRISLAN DE SOUZA BERY; BIANCA SILVA DOS SANTOS

201 9. Tecidos de Moringa oleifera Lam. como fontes de


proteínas Bioativas: Lectinas e inibidores de proteínas
PATRÍCIA MARIA GUEDES PAIVA; EMMANUEL VIANA PONTUAL;
THIAGO HENRIQUE NAPOLEÃO; LUANA CASSANDRA BREITENBACH
BARROSO COELHO
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

INTRODUÇÃO

Este livro compõe o terceiro volume para divulgação das


potencialidades da Moringa oleífera Lam, formatado por uma
coletânea de trabalhos completos apresentados e publicados
nos anais do III Encontro Nacional de Moringa. Os trabalhos
recomendados pela Comissão Científica foram agrupados em
forma de capítulos nos temas: Aditivos, Biodiesel, Farmaco-
logia, Nutrição, Produção Agrícola e Tratamento de Água e
Efluentes e Produção de Biodiesel de acordo com a progra-
mação do Evento.
Dentro do tema Aditivos e outros foram abordados assun-
tos tais como: utilização do pó da semente como adsorvente,
aplicação das flores como conservantes; caracterização do óleo,
influência do óleo na biodegrabilidade de filmes, isolamento de
fungos filamentosos, informação tecnológica e utilização das
13
cascas na obtenção de compósitos de polipropileno.
Com relação ao Tratamento de Água e Efluentes foi estuda-
da a cinética da moringa, tratamento de efluente têxtil, coagu-
lante natural e sintético, utilização da moringa também como
coagulante do efluente da industria de tintas e industria de lati-
cínios, método de bratby, redução do teor de dureza utilizando
moringa, dentre outros.
Para Produção de Óleo e Biodiesel foi estudada a pro-
dução de biodiesel utilizando o óleo da moringa e análise do
perfil de mistura, avaliação da forma de preparo das semen-
tes para a floculação, extração e caracterização do óleo e oti-
mização da transesterificação.
Já sobre Farmacologia, abordou-se a citotoxicidade da lec-
tina de sementes de moringa e efeitos da interação da lectina
larvicida com enzimas digestivas.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Sobre o tema Nutrição discutiu-se sobre a atividade casei-


nolítica de flores, estudo de cinética de folhas utilizando seca-
dor solar, obtenção de farinha da raiz de moringa e produção de
massa alimentícia com pó de folha de moringa.
E por fim, na Produção Agrícola foram abordados assun-
tos tais como: avaliação da eficiência produtiva de óleo e proteí-
na, uso da moringa na conservação da banana pós colheita, res-
postas de curto prazo à seca na fase inicial do desenvolvimento
da moringa, tratamento de banana com produtos da moringa e
uso da moringa no controle de corynespora casiicola.

Mairim Russo Serafini


Organizadora

14
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPITULO 1

ORIGEM, BOTÂNICA E
MORFOLOGIA DA MORINGA
PATRÍCIA CARNEIRO SOUTO
SIGISMUNDO G. SOUTO MAIOR JÚNIOR

1. INTRODUÇÃO
A moringa, planta de múltiplos usos vem se difundindo ao
longo dos anos nos mais variados continentes em virtude de
sua capacidade de adaptação aos climas quentes e secos e pela
sua utilização em diversos setores da vida humana como na ali-
mentação, na indústria farmacêutica, na produção de óleo, como
planta ornamental e melífera, fonte de proteína para os animais
15 e na clarificação de águas turvas onde as espécies Moringa oleí-
fera e Moringa stenopetala se destacam no gênero como um dos
mais importantes e promissores coagulantes naturais.

2. ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO NO MUNDO


tA moringa é originária do nordeste indiano, sendo ampla-
mente distribuída em muitos países tropicais como Índia, Egito,
Filipinas, Ceilão, Tailândia, Malásia, Burma, Paquistão, Singa-
pura, Jamaica e Nigéria (DUKE, 1987). De acordo com Gerdes
(1996) a Moringa oleífera Lam. É também referida como Mo-
ringa pterygosperma Gaertn. E já se tornou pantropical, ou seja,
habita qualquer região dos trópicos. No Brasil essa espécie foi
introduzida por volta de 1950 (LORENZI e MATOS, 2002), sendo
utilizada como árvore ornamental (Figura 1).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

16 Figura 1. Moringa utilizada como planta ornamental na praça central da


cidade de Santa Luzia, microrregião Seridó Ocidental da Paraíba, Brasil.

É uma espécie que foi utilizada pelos antigos romanos,


gregos, egípcios e, nos últimos tempos, é amplamente cultivada
tornando-se naturalizada em vários locais nos trópicos
(REBECCA HSU e ARBAINSYAH, 2006), onde segundo Silva et
al. (2008) essa ampla distribuição geográfica é consequência de
suas várias formas de cultivo e seus múltiplos usos. Estes auto-
res salientam ainda que, todas as partes da moringa são comes-
tíveis e têm sido consumidas por seres humanos.
É vulgarmente conhecida como baqueta por causa do
formato de seu fruto e rábano (rabanete) picante, em virtude do
gosto de suas raízes (FOLKARD, SUTHERLAND, JAHN, 1986). Em
algumas regiões do Nordeste do Brasil é conhecida como “Lírio
Branco” e “Quiabo de Quina” (GERDES, 1996), sendo encontrada,
principalmente, nos Estados do Maranhão, Piauí e Ceará.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Segundo Parrota (2001) a moringa é comumente encontrada


naturalmente em terras aluvionais, ou leitos de rios e riachos,
crescendo em elevações de até 1400m em relação ao nível do mar.
Cresce bem em regiões com precipitações anuais variando entre
250 e 1500 mm (REBECCA HSU e ARBAINSYAH, 2006). Já Radovi-
ch (2011) afirma que essa espécie requer uma precipitação anual
entre 250 e 3.000 mm podendo perder suas folhas no período
seco, dando a impressão de que está morta, porém, recupera sua
folhagem com a chegada das primeiras chuvas. Salienta ainda que
esta espécie é relativamente tolerante a seca e solos de baixa fer-
tilidade, respondendo bem à irrigação e fertilização.
Souza e Lorenzi (2008) consideram essa espécie como
planta rústica, de rápido crescimento, resistente às secas e com
frutos comestíveis. Essas qualidades fazem com que a moringa
seja uma planta bastante adequada para o cultivo nas regiões
semiáridas do Brasil.
A espécie Moringa oleífera cresce rápido e pode frutificar no
seu primeiro ano de vida (GERDES, 1996). É uma planta alóga-
ma que se propaga por sementes e estacas (BEZERRA, MOMEN-
17 TE, MEDEIROS FILHO, 2004).

3. ASPECTOS BOTÂNICOS
Moringa oleífera Lamarck, 1785, é uma árvore pertencente
à família das Moringaceae e conhecida popularmente como “lí-
rio branco”, “quiabo de quina” ou “moringa”. MCCONNACHIE et
al., 1999; PARROTTA, 2001).
Cysne (2006) apresenta a classificação taxonômica da Mo-
ringa oleífera da seguinte forma:
Divisão ⇨ Magnoliophyta;
Classe ⇨ Magnoliopsida;
Subclasse ⇨ Dilleniidae;
Ordem ⇨ Capparidales;
Família ⇨ Moringaceae;
Gênero ⇨ Moringa;
Espécie ⇨ Moringa oleífera Lam.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Entre as 14 (quatorze) espécies conhecidas da família Mo-


ringaceae, 7 (sete) delas são muito raras e 7 (sete) têm sido en-
contradas em diversos países da Ásia, África e América Latina e
na tabela abaixo se visualiza a distribuição das espécies no mun-
do, segundo relato de Jahn (1986).

Tabela 1. Espécies mais comuns de Moringa e sua distribuição


pelo mundo.
Espécie Distribuição pelo mundo
Moringa oleífera Pantropical
Moringa concanensis Índia
Moringa peregrina Egito, Sudão, Península Arábica
Moringa stenopetala Etiópia, Quênia
Moringa longituba Somália
Moringa ovalifolia Namíbia
Moringa drouhardii Madagascar

Cáceres et al. (1991) relatam que o crescimento dessa espécie


18 chega a 1,5 cm por dia, desenvolvendo-se bem em regiões quentes,
semiáridas e úmidas e em terras arenosas ou argilosas bem drena-
das. Munyanziza e Sarwatt (2003) destacam que, em ambiente fa-
vorável, a moringa cresce rapidamente ,​ com incrementos na altura
de 1 a 2 m por ano durante os 3 a 4 primeiros anos.
A moringa, segundo Araújo (1999), é uma árvore de peque-
no a médio porte, de rápido crescimento, caducifólia, com casca
lisa, leve e de cor clara. Apresenta fuste reto sendo frequente-
mente fraco e mal formado devido à fragilidade de sua madeira
(MORTON, 1991).

4. ASPECTOS MORFOLÓGICOS

4.1. SISTEMA RADICULAR


A moringa apresenta raiz pivotante, tuberosa, com poucas
raízes laterais, com odor característico e se desenvolve profun-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

damente. A árvore propagada via sementes desenvolve esse tipo


de sistema radicular o que não ocorre nas árvores propagadas
por estaquia (LAHJIE e SIEBERT, 1987).
Segundo descrição de Ramos et al. (2010), a raiz central é
espessa, comprida, de coloração branco-amarelada e cilíndrica.
No seu desenvolvimento é bem evidente a diferença das raízes
secundárias que surgem, depois da raiz principal. Na Figura 2
visualiza-se o sistema radicular de uma plântula de moringa
propagada por semente.

19

Figura 2. Sistema radicular de plântula de moringa propagada por se-


mente (Fonte: Souto, J. S., 2011).

Villatoro e Martínez (2008) relatam que a raiz principal


mede vários metros, sendo pivotante e globosa, o que permite à
planta certa resistência aos períodos de seca prolongados.
De acordo com Parrotta (1993) alguns estudos sugerem
que as árvores de moringa propagadas por sementes formam
raízes mais largas e seriam as mais indicadas para plantios em
regiões áridas e semiáridas onde os solos instáveis e a profundi-
dade das águas subterrâneas limitam o crescimento da planta.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

A casca da raiz é espessa, mole e reticulada, de cor pardo-


-clara, externamente, e branca, internamente. A raiz assemelha-
-se na aparência e no sabor ao rábano, com odor pungente (CÁ-
CERES et al., 1992).

4.2. CAULE
Apresenta, geralmente, um tronco único de pequeno porte,
sendo bem menor no Brasil do que na Índia (LORENZI e MATOS,
2002). O caule é delgado (até 10 cm), e copa aberta, em forma
de sombrinha (CÁCERES et al., 1991), como pode ser observado
na Figura 3 abaixo.

20

Figura 3. Copa aberta da moringa em jardim residencial na cidade de


Patos, PB (Fonte: Souto, J.S., 2011).

A madeira é macia e de baixa qualidade (REBECCA HSU e


ARBAINSYAH, 2006). A casca é espessa, mole e reticulada, de
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

cor pardo-clara externamente e branca (Figura 4), internamen-


te, lenho mole, poroso e amarelado, apresentando látex e grande
quantidade no cerne de mucilagem, rica em arabinose, galactose
e ácido glucurônico (CÁCERES et al., 1991).

21

Figura 4. Aspecto externo do caule da moringa (Fonte: Souto, J.S., 2011)

4.3. FOLHA
As folhas são compostas, bipinadas, com sete folíolos pe-
quenos em cada pina. São decíduas alternadas com folíolos late-
rais em forma elíptica e os terminais um pouco maiores que os
laterais (CÁRCERES et al., 1991; SILVA e KERR 1999), distantes
longitudinalmente de 30 a 70 cm (SANCHES, 2004). Apresen-
tam cerca de 20 cm de largura e são de coloração verde clara
(VILLATORO e MARTÍNEZ, 2008).
Cárceres et al. (1991) descrevem como folhas verdes páli-
das, decíduas alternadas, pecioladas e compostas, podendo, ou
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

não, apresentar estipula, mucilagem epidérmica, estômatos ou


pelos. Os folíolos laterais possuem formas elípticas enquanto
que os terminais são ligeiramente maiores que os laterais. O
mesófilo contém cristais de cálcio.
De acordo com Ramachandran, Peter, Gopalakrishnan
(1980) as folhas da moringa são sempre verdes com 4 a 6 pa-
res de folíolos, cada um dando origem a dois pares de foliólolos
opostos e um no ápice, com glândulas entre o folíolo e os foli-
ólolos. Estes medem de 0,9 a 1,8cm de comprimento por 0,5 a
1,5cm de largura, sendo pedunculados, ovais ou obovais, base
aguda, obtusa ou redonda, muitas vezes oblíqua, ápice obtuso,
redondo ou crenado, inteiro. Algumas dessas características po-
dem ser visualizadas na Figura 5.

22

Figura 5. Folha composta da Moringa oleífera Lam. (Fonte: Souto, J.S., 2011)
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

4.4. FLORES
As flores segundo a descrição de Ramachandran, Peter, Go-
palakrishnan (1980) são fragrantes, bissexuais, oblíquas, pedun-
culadas, axilares, panículas com muitas flores, pubescência densa
abaixo do ápice, medindo entre 0,7 e 1,0 cm de comprimento.
De acordo com Cárceres et al. (1992), as flores são diclamí-
deas, ou seja, o perianto dividiu-se em cálice e corola. São mo-
noclinas, perfumadas, de cores creme ou branca, estando agru-
padas em inflorescências terminais do tipo cimosa, as chamadas
panículas. O androceu apresenta estaminóides e estames. O
gineceu é sincárpico, tricarpelar, gamocarpelar, uniloculado,
pluriovulado, com ovário súpero, e apresenta placentação pa-
rietal. A polinização é realizada principalmente pelos insetos da
ordem Hymenoptera (Figura 6).
Flores levemente perfumadas organizadas em inflorescên-
cia medem entre 10 e 25cm de comprimento; são geralmente
branca a creme, embora possa ser tingida com a cor rosa em
algumas variedades (RADOVICH, 2011).

23

Figura 6. Aspectos da inflorescência da Moringa oleífera Lam. (Fonte: Souto, J.S., 2011)
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

As sépalas, de tamanhos desiguais, são lineares, lanceoladas


com 0,7 a 1,4cm de comprimento por 0,25 a 0,5cm de largura. Cin-
co pétalas, também desiguais, são branco-amareladas, com base es-
verdeada e listras finas, com as duas posteriores e as duas laterais
reflexadas (RAMACHANDRAN, PETER e GOPALAKRISHNAN, 1980).
Em lugares onde o índice pluviométrico é maior do que 600
mm por ano, as árvores estão sempre floridas; caso contrário, a
planta só se reproduz na estação chuvosa (CÁRCERES et al.,1991),

4.5. FRUTO E SEMENTES


De acordo com Radovich (2011), o fruto da moringa é
uma cápsula trilobular. Os frutos imaturos são verdes (Figura 7)
e em algumas variedades apresentam uma cor avermelhada. Na
maturidade os frutos são secos e de cor marrom, podendo con-
ter de 15 a 20 sementes. As sementes são grandes, com três alas,
casca geralmente marrom para preto, mas, podem ser brancas
quando são de baixa viabilidade; quando viáveis, ​​germinam no
prazo de duas semanas.

24

Figura 7. Aspecto do fruto imaturo da moringa (Fonte: Souto, J.S., 2011)


Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Para Lorenzi e Mattos (2002), os frutos são pendulares, pos-


suem uma cor verde a marrom esverdeado, formato triangular e se
quebra longitudinalmente em três partes quando seco, sendo deis-
cente, tipo cápsula, com aproximadamente 30 a 120 cm de compri-
mento e 1,8 cm de espessura. De acordo com Foidl et al. (2003) o
fruto da moringa é do tipo cápsula trilobulada e deiscente. Sanches
(2004) descreve como sendo um fruto tipo cápsula, triangular, de
cor castanha, com 30,0 cm de largura e 1,8 cm de diâmetro.
O seu fruto é de coloração castanho quando atingem a ma-
turação, é simples, seco, do tipo cápsula loculicida, com três
valvas. No fruto encontram-se as sementes presas às placentas
parietais ao longo do seu comprimento. Sua deiscência faz com
que os lados do fruto se fendam longitudinalmente, expondo as
sementes (RAMOS et al., 2010) (Figura 8).

25

Figura 8. Fruto da moringa verde (a), maduro (b) e aberto longitudinal-


mente com as sementes armazenadas (c). (Fonte: Souto, J.S., 2011)
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Os frutos contêm de 10 a 20 sementes armazenadas em uma


polpa branca (LORENZI e MATOS, 2002), como pode ser visua-
lizado na Figura 9. Seu formato em cápsula com três valvas de
abertura é justamente para liberar as sementes (REBECCA HSU e
ARBAINSYAH, 2006), dividindo longitudinalmente em três partes
quando seco (SCHMIDT e MWAURA, 2010). Segundo Negi (1977)
os frutos da moringa demoram cerca de três meses para amadu-
recer após a floração. Ramachandran, Peter e Gopalakrishnan
(1980) destacam que a produção dos frutos começa entre 6 e 8
meses após o plantio em indivíduos propagados por estaquia.

26
Figura 9. Fruto imaturo da moringa aberto longitudinalmente (a), com
destaque para armazenamento das sementes em uma polpa branca (b).
(Fonte: Souto, J.S., 2011)

Em trabalho desenvolvido por Ramos et al. (2010) com frutos


de moringa coletados no campus de Jaboticabal/UNESP os autores
observaram que os frutos apresentaram um comprimento relati-
vamente pequeno e, consequentemente, um número de sementes
por fruto baixo. Na Tabela 2 observam-se as características físicas
dos frutos e sementes de moringa coletados pelos autores.
De acordo com os autores acima, os dados das caracterís-
ticas físicas obtidos no presente estudo encontram-se na faixa
mínima da informação descrita por outros autores onde a quan-
tidade média de sementes é de 12 a 25 sementes e o compri-
mento do fruto pode variar de 25 e 45 centímetros. Ressaltam
ainda esses autores que, os frutos podem variar algumas de suas
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

características morfológicas (quantitativas) segundo o ambien-


te onde a planta se desenvolve.

Tabela 2. Características físicas do fruto e da semente da morin-


ga (Ramos et al., 2010)

Valores
Características
Médios Máximos Míni- Desvio
mos Padrão
Comprimento do fruto 28,50 31,65 25,35 3,15
(cm)
Largura do fruto (cm) 2,21 2,41 2,01 0,20
Nº de sementes por fruto 12,00 15,00 9,00 3,21
Massa do fruto (g) 9,91 12,78 7,04 2,87
Massa de mil sementes (g) 197,00 199,75 194,25 2,60
Espessura da semente 1,001 1,195 0,807 0,067
(cm)
Comprimento da semente 1,037 1,362 0,714 0,325
27 (cm)

É importante ressaltar a informação relatada por Morton


(1991), afirmando que a produção de frutos nos dois primei-
ros anos geralmente é baixa, mas, a partir do terceiro ano, uma
única árvore pode produzir entre 600 e 1600 frutos por ano. A
produção de flores e frutos no ano permite várias colheitas de
sementes de moringa em várias partes do mundo. De acordo
com Radovich (2011) a temperatura média diária ideal para a
produção de vagem é em torno de 25-30 C°
As sementes da moringa são globóides, escuras por fora e
contêm no seu interior uma massa branca e oleosa (Figura 10). O
núcleo é encoberto por uma concha sendo trialadas, oleaginosas,
e medindo até 1,0 cm de diâmetro (LORENZI e MATOS, 2002).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Figura 10. Sementes de moringa (a): aspecto externo da semente (b);


aspecto interno da semente. (Fonte: Souto, J.S., 2011)

Ramos et al. (2010) descrevem as sementes internamente,


como bitegumentadas e exabuminosas. Os embriões, de colora-
28 ção branco-amarelada (Figura 11), são globosos, oleaginosos e
cotiledonares, distinguindo-se perfeitamente o eixo-hipocótilo-
-radícula. Os dois cotilédones apresentam superfície lisa, são
plano-convexos e paralelos entre si.

Figura 11. Aspecto interno da semente de moringa com destaque para


seu embrião. (Fonte: Souto, J.S., 2011).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Segundo Barroso et al. (1999) a presença das alas na semen-


te da moringa está relacionada com a dispersão anemocórica da
espécie. Essa espécie floresce e produz sementes durante todo
o ano (SANCHES, 2004) e, segundo relato de Schmidt e Mwaura
(2010), em um quilo de sementes há de 3.700 a 6.000 sementes.
Quando adulta, a moringa produz, em média, anualmente, de 3 a
5 toneladas de sementes por hectare (MORTON, 1991).
As sementes analisadas por Ramos et al. (2010) apresentaram a
massa média de 1000 sementes de 197 g, com amplitude de 194,25
a 199,75 g, o comprimento médio de 1,037 cm (Tabela 2), resultado
semelhante aos obtidos por outros autores (BEZERRA, MOMENTE,
MEDEIROS FILHO, 2004; FOIDL et al., 2003; SÁNCHEZ , 2006).
Em relação ao peso da semente, foi verificado em trabalho
desenvolvido por Bezerra, Momente e Medeiros Filho (2004)
que o peso da semente favoreceu a germinação e o vigor e que,
as sementes mais pesadas proporcionaram plântulas mais vigo-
rosas. Ainda segundo os autores, em muitas espécies o peso da
semente é um indicativo de sua qualidade fisiológica, sendo que
em um mesmo lote, sementes leves, normalmente, apresentam
29 menor desempenho do que as pesadas. Para Negi (1977), o peso
da semente de moringa difere entre as variedades, que vão de
3000 a 9000 sementes por quilograma
Ao determinar a composição química e a morfologia das
sementes de moringa obtidas do município de Camocim,CE. Gal-
lão et al. (2006) observaram um considerável teor de lipídio nas
sementes (aproximadamente 19%) sendo a proteína o compos-
to encontrado em maior quantidade (aproximadamente 40%),
cujos resultados são apresentados na Tabela 3. Para esses auto-
res, a semente da moringa caracteriza-se por um elevado teor de
proteínas e lipídeos, sendo a proteína das sementes o composto
de maior importância no processo de clarificação da água.
A constatação acima é confirmada por Oliveira et al. (2009)
ao relatar que a semente da moringa caracteriza-se por um ele-
vado teor de proteínas e lipídeos e com a análise morfológica
foi possível observar o material proteico presente no citoplasma
das células das sementes.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Tabela 3. Composição química das sementes de moringa. Gallão


et al. (2006)
Composição Semente
Umidade (%) 6,30
Açúcares solúveis (g 100 g1) 3,14
Oligossacarídeos (g 100 g1) 3,31
Amido (g 100 g1) 6,02
Proteínas (g 100 g1) 39,3
Lipídeos (g 100 g1) 18,8

A semente de moringa possui entre 30 e 40% de óleo (de


rendimento em peso), conhecido como óleo de Bem, que não é
aderente e não seca (FAHEY, 2005).
Ao descrever o processo de germinação das sementes de
moringa sem o uso de tratamento pré-germinativo, Ramos et al.
(2010) relataram que a ruptura do tegumento e o surgimento
da raiz primária ocorreu próximo da região micropilar e, con-
sequentemente, o desenvolvimento da raiz ocorreu com geotro-
30 pismo positivo (Figura 12).

Figura 12. Ilustração feita manualmente com auxílio de um estereomicros-


cópio, observando-se as fases da germinação hipógea-criptocotiledonar
de sementes de moringa. A) 5 dias: protrusão da raiz primária. B) 10 dias:
raiz primária com geotropismo positivo. C) 13 dias: maior desenvolvimento
da raiz primária e formação de alça cotiledonar e primeiros eófilos. D) 20
dias: aparecimento de raízes secundárias, expansão do epicótilo e início de
expansão dos primeiros eófilos. E) 25 dias: expansão dos primeiros eófilos
e aparecimento das folhas secundárias (RAMOS et al., 2010).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

De acordo com os autores supracitados a germinação é


hipógea-criptocotiledonar, e inicia-se 8 dias após a semeadura.
Aos 13 dias após a semeadura, foi observado, o aparecimento
dos primeiros eófilos, os quais se tornam totalmente expandi-
dos no vigésimo dia. As folhas secundárias apareceram no vigé-
simo quinto dia após a germinação.
Dos Santos (2010) ao avaliar a interferência do estresse hí-
drico e salino e da embebição sob o vigor de sementes de mo-
ringa, verificou que a germinação apresentou modelo trifásico,
sendo necessárias 128 horas de embebição para a emissão radi-
cular e absorção de 0,20 gramas de água pela semente para que
ocorresse a germinação, como pode ser observado na Figura 13.

31

Figura 13. Quantidade de água embebida pela semente de moringa, expres-


sa em [(g/semente ()).] e massa da semente [g (♦)] (DOS SANTOS, 2010).

Para Dos Santos (2010), as sementes, em particular, são


vulneráveis aos efeitos do estresse, principalmente no perío-
do de germinação, pois promovem alterações no metabolismo
influenciando na redução do vigor e do potencial germinativo
ou até mesmo à morte da semente. Salienta ainda que a pré-
-embebição das sementes em água por 24 horas proporciona
germinação mais rápida e uniforme, podendo esta técnica, que
é simples e barata, ser utilizada pelos agricultores do semiárido
brasileiro visando à obtenção de melhor resposta das sementes
à germinação e em curto espaço de tempo. A autora ilustra es-
quematicamente (Figura 14) os possíveis eventos metabólicos
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

que ocorrem durante a embebição de semente de moringa, ten-


do como fator a quantidade de água absorvida.

Figura 14. Esquema representativo dos eventos metabólicos durante a


embebição de sementes de moringa (DOS SANTOS, 2010).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reunir informações sobre uma espécie de múltiplos usos
como é a moringa em relação aos aspectos ecológicos, botâni-
cos e morfológicas é de grande importância para a comunidade
32 científica demonstrando, assim, as estratégias de distribuição,
dispersão e comportamento no ambiente. Com essas informa-
ções é possível definir estratégias de manejo da espécie de acor-
do com as condições edafoclimáticas do ambiente.
Conhecer uma espécie em detalhes significa utilizá-la poten-
cialmente visando explorar de forma sustentável, principalmente
em regiões que apresentam limitações de clima, solos e incenti-
vos como é o caso da região semiárida do Nordeste brasileiro.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

6. REFERÊNCIAS
ARAÚJO, L.V.C. Características silviculturais e potencial de uso das
espécies moringa (Moringa oleífera Lam.) e nim Indiano (Aza-
dirachta indica A. Juss.): uma alternativa para o semiárido pa-
raibano. Piracicaba, 1999. 120f. Dissertação (Mestrado em Ciências
Florestais). Universidade de São Paulo, USP, 1999.

BARROSO, G.M., MORIM, M.P., PEIXOTO, A.L., ICHASO, C.L.F. Frutos e se-
mentes: morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. UFV:
Viçosa, MG. 1999. 443p.

BEZERRA, A.M.E.; MOMENTE, V.G.; MEDEIROS FILHO, S. Germinação de se-


mentes e desenvolvimento de plântulas de moringa (Moringa oleífera
Lam.) em função do peso da semente e do tipo de substrato. Horticul-
tura Brasileira, v.22, n.2, p.295-299, 2004.

CÁCERES, A.; FREIRE, V.; GIRÓN, L.M.; AVILÉS, O.; PACHECO, G. Moringa
oleífera L. (Moringaceae): etnobotanical studies in Guatemala. Eco-
nomic Botany, v.45, n.4, p. 522-523, 1992.

33 CÁCERES, A.; CABRERA, O.; MORALES, O.; MOLLINEDO, P.; MENDIA, P. Phar-
macological properties of Moringa oleífera. 1: Preliminary screening
for antimicrobial activity. Journal of Ethnopharmacology, v. 33, p.
213-216, 1991.

CYSNE, J.R.B. Propagação in vitro de Moringa oleífera L. Fortaleza, 2006.


81f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal do
Ceará, UFC, 2006.

DOS SANTOS, A.R.F. Desenvolvimento inicial de Moringa oleífera Lam.


Sob condições de estresse. São Cristóvão-, Sergipe, UFS, 2010.

DUKE, J.A. Moringaceae: horseradish-tree, benzolive-tree, drumstick-tree,


sohnja, Moringa, murunga-kai, mulungay. In: BENGE, M. D. (ed.) Mo-
ringa: A multipurpose vegetable and tree that purifies water. Science
and Technology for Environment and Natural Resources Agro-For-
estation , USA, 1987. p.19-28.

FOIDL, N., MAYORGA, L., VÁSQUEZ, W. Utilización del marango (Moringa


oleífera) como forraje fresco para ganado. Conferencia electrónica
de la FAO sobre “Agroforestería para la producción animal en Latinoa-
mérica”. FAO, p. 1-5, 2003. http://www.fao.org/ag/ aga/AGAP/FRG/
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Agrofor1/Agrofor1.htm.

FOLKARD, G.K., SUTHERLAND, J.P.; JAHN, S.A.A. Water clarification with


natural coagulants and dissolved air flotation. Waterlines, v.5, n. 2,
p.23-26, 1986.

FAHEY, J.W. Moringa oleifera: A Review of the Medical Evidence for Its Nu-
tritional, Therapeutic, and Prophylactic Properties. Part 1. Trees for
Life Journal, n.1, v.5, 2005.

GALLÃO, M.I.; DAMASCENO, L.F.; BRITO, E.S. Avaliação química e estrutu-


ral da semente de moringa. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.1,
p.106-109, 2006.

GERDES, G. Uso das sementes da árvore moringa para o tratamento


de água bruta. Fortaleza. ESPLAR- Centro de Pesquisa e Assessoria,
1996. 12p.

JAHN, S. A. A. Proper use of African natural coagulants for rural water


supplies: Research in the Sudan and guide forew projects. GTZ: Es-
chborm, 1986.

34 LAHJIE, A.M.; SIEBERT, B. Kelor or horse radish tree (Moringa oleifera


Lam.). A report from East Kalimantan. German Forestry Group, v.
6, p.41–43. 1987.

LORENZI, H., MATOS, F.J. Plantas medicinais no Brasil – nativas e exóticas


cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, p. 346-347, 2002.

MCCONHACHIE, G.L.; FOLKARD, G.K.; MTAWALI, M.A.; SUTHERLAND, J.P.


Field trials of apropriate hydraulic flocculation processes. Water Re-
search, v. 33, p. 1425-1434, 1999.

MORTON, J.F. The horseradish tree, Moringa pterygospema (Moringaceae)


- A boon de arid lands? Economic Botany, v.45, n.3, p. 318-333, 1991.

MUNYANZIZA, E.; SARWATT, S.V. The evaluation of Moringa oleifera for


food security and environmental rehabilitation in Tanzanian rural
areas. Journal Tropical Forest Science., v.15, n.3, p. 450–456. 2003.

NEGI, S.S. Fodder trees of Himachel Pradesh. Indian Forester, v. 103, n.9,
p. 616–622, 1977.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

OLIVEIRA, I.C.; TEIXEIRA, E.M.B.; GONÇALVES, C.A.A.; PEREIRA, L.A. Ava-


liação centesimal da semente de Moringa oleífera Lam.II Seminário
Iniciação Científica – IFTM,2, 2009. Anais...Uberaba, MG, 2009. 4p.

PARROTTA, J. A. Healing Plants of Peninsular India. New York: CABI Pub-


lishing. 2001. 903p.

PARROTTA, J. A. Moringa oleífera Lam. Resedá, árbol de rábano. New


Orleans, LA: U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Southern
Forest Experiment Station, 1993. 6 p.

RAMACHANDRAN, C.; PETER, K.V.; GOPALAKRISHNAN, P. K. Drumstick


(Moringa oleifera) a multipurpose Indian vegetable. Economic Bo-
tany. v. 34, n.3, p. 276–283. 1980.

RAMOS, L.M.; COSTA, R.S.; MÔRO, F.V.; SILVA, R.C. Morfologia de frutos e
sementes e morfofunção de plântulas de moringa (Moringa oleífera
Lam.). Comunicata Scientiae, v. 1, n.2, p. 156-160, 2010.

RADOVICH, T. Farm and Forestry Production and Marketing Profile for


Moringa (Moringa oleifera). In: Elevitch, C.R. (ed.). Specialty Crops
for Pacific Island Agroforestry. Permanent Agriculture Resourc-
35 es (PAR). Holualoa, Hawai‘i. 2011. 11p http://agroforestry.net/scps.

RADOVICH, T.J.K.; Paull, R. Early growth, leaf yield, protein content and pod
yield of four Moringa accessions in Hawai. HortScience, p. 43: 1135,
2008.

REBECCA HSU, S.M.; ARBAINSYAH, L.W. Moringa oleifera, medicinal and


socio-economic uses. Netherlands: National Herbarium Leiden,
2006. 18p.

SÁNCHEZ, N.R. Moringa oleifera and Cratylia argêntea: potential fod-


der species for ruminants in Nicaragua. 2006. 51f. (Tese de Dou-
torado) – Swdish University of Agricultural Sciences, Uppsala, Suécia.

SANCHES, N.R. Marango: cultivo y utilización em La alimentación animal.


Managua:Universidade Nacional Agrária. Guia técnica, n. 5, 2004. 23p.

SILVA, A.V.C.; DOS SANTOS, A.R.F.; BRITO, A.S.; TELES, R.M.; MUNIZ, E.N.;
RENATA SILVA MANN, R.S. Germinação de moringa em diferentes
substratos. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE SUBSTRATOS PARA
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

PLANTAS MATERIAIS REGIONAIS COMO SUBSTRATO, 4, 2008, Forta-


leza, CE. Anais... Fortaleza, 2008, p.1-4.

SILVA, A.R.; KERR, E.W. Moringa uma nova alternativa para o Brasil. For-
taleza: UFC DIRIU, 1999. 95 p.

SCHMIDT, L.; MWAURA, L. Moringa oleífera Lam. Seed Leaflet, n. 150,


2010. 2p.

SOUZA, V.C., LORENZI, H. Botânica Sistemática: guia ilustrado para iden-


tificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, ba-
seado em APG II. 2 ed. Instituto Plantarum: Nova Odessa. 2008. 704 p.

VILLATORO, N.C.A.; MARTÍNEZ, W.W. Uso potencial de la moringa (Mo-


ringa oleífera Lam) para la producción de alimentos nutricional-
mente mejorados. INCA: Guatemala, 2008. 30p.

36
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPITULO 2

CULTIVO DA MORINGA NO
NORDESTE BRASILEIRO
JACOB DE SILVA SOLTO, ANTÔNIO AMADOR DE
SOUSA

INTRODUÇÃO
No Brasil existem poucos estudos agronômicos relacionados à
moringa. No Nordeste brasileiro a exploração dá-se em áreas de pe-
quenos agricultores, cujas condições de solo e clima são pouco favo-
ráveis. Nestes locais, o seu cultivo é conduzido com baixa aplicação
37 tecnológica, situação esta que poderia ser remediada com medidas
de incentivo aos produtores.
Face às múltiplas utilidades da moringa, seja de caráter me-
dicinal, forrageiro ou culinário, poderia se difundir o seu plantio
consorciado com cultivos de subsistência no Nordeste do Brasil,
a exemplo do milho, feijão, gergelim, jerimum, etc., bem como
com espécies forrageiras (capim buffel e palma forrageira). Em
um estágio mais avançado da cultura poderia se consorciar a
moringa com caprinos e ovinos.
A seguir são descritos os principais passos tecnológicos para o
cultivo da moringa.

ESCOLHA DO TERRENO
A moringa se adapta a diversas classes de solos. No semiárido
brasileiro tem se desenvolvido em áreas onde predominam os Ne-
ossolos Litólicos e Regolíticos, Luvissolos, Vertissolos e Planossolos.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

A moringa cresce melhor em solos arenosos, em condições


de pH variando de 4,5 a 8,0, já que a melhor resposta para o seu
desenvolvimento e produtividade se dá em solos com pH próxi-
mo da neutralidade ou ligeiramente alcalinos e bem drenados.
Quando a escolha do terreno recair em áreas com forte in-
clinação, necessário se faz a utilização de práticas de conserva-
ção do solo. Para isso, o cultivo em nível é recomendado.

PREPARO DO SOLO
As técnicas a serem adotadas para o preparo do solo de-
vem atender às necessidades de cada produtor, em termos de
disponibilidade e localização de área, grau de tecnologia e dos
recursos financeiros disponíveis.
O preparo da área e do solo para o plantio da moringa obje-
tiva disponibilizar quantidades suficientes de água e nutrientes
para o mais rápido estabelecimento das sementes e, ou mudas.
Em geral, as técnicas de preparo, além de visar o rápido cresci-
38 mento do sistema radicular, por meio do revolvimento mais ou
menos localizado do solo o que facilita a absorção de água e de
nutrientes, também diminuem a invasão de plantas indesejáveis
próximas às mudas da espécie florestal, evitando a competição. É
importante, ainda, que a técnica adotada garanta essas condições
por período suficientemente longo, para que, mesmo que apare-
çam, as plantas indesejáveis não venham a competir com a muda.
Em geral, no preparo do solo para o cultivo da moringa são
feitas as operações de roço, encoivaramento e destoca, seguida da
abertura das covas no espaçamento pré-estabelecido. Por ocasião
do roço recomenda-se fazer a ceifa do mato, utilizando-se foice ou
estrovenga, em detrimento das capinas, prática muito interessante
no controle da erosão. Essa operação consiste em cortar as plantas
daninhas a uma pequena altura da superfície do solo, mantendo
intacto o sistema radicular dessas plantas e, servindo de cober-
tura morta para o solo. A porção das plantas daninhas que não é
cortada se decompõe com o tempo, tornando-se um bioporo para
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

entrada e acúmulo de água no solo. É uma operação que deve ser


feita com cuidado, evitando-se cortar raízes e ferir o caule das
plantas para não favorecer o ataque de pragas e doenças.
Nas condições do semiárido brasileiro, onde há predomí-
nio dos Neossolos Litólicos, não há necessidade de se utilizarem
máquinas pesadas para o seu preparo, evitando-se desta forma,
a compactação dos mesmos. Os solos, em geral, são rasos, com
frequentes afloramentos rochosos, baixa capacidade de retenção
de umidade e baixo teor de matéria orgânica. Deve-se proceder a
abertura das covas, que devem ser grandes (0,4 m x 0,4 m x 0,4
m), facilitando, assim, o desenvolvimento do sistema radicular.
O produtor deve pensar, para ter uma produtividade considerá-
vel da moringa, em analisar o solo onde vai ser implantada a cultura.
A análise do solo é a técnica mais eficiente e imprescindível
de que se dispõe para se obter um diagnóstico de sua fertilidade
e conhecer a disponibilidade de nutrientes. De acordo com os re-
sultados emitidos pelos laboratórios de análises de solo é possível
orientar no intuito de se fazer uma boa correção e ou adubação.
39
Deve ser feita a coleta de amostras de solos antes da semea-
dura e ou plantio. Para isto separar a área em glebas uniformes,
coletar amostras de solo nas profundidades de 0-20,0 cm e 20-
40,0 cm escolhendo, no mínimo, 20 locais. Colher a amostra de
cada ponto (amostra simples) e depois misturá-las bem e retirar
uma amostra representativa de 500 gramas (amostra compos-
ta) para ser enviada para análise.
De um modo geral, a maioria dos solos do semiárido da Pa-
raíba, onde se tem dado ênfase ao cultivo da moringa, caracte-
riza-se por apresentar pH próximo da neutralidade, não neces-
sitando, portanto, da prática da calagem. No entanto, algumas
manchas de solo apresentam acidez considerada média, deman-
dando, desta forma, o uso de calcário.
A moringa segundo Ravidovich (2011) tolera solos com
uma larga faixa de pH, variando este de 4,5 a 9,0; no entanto,
prefere solos bem drenados com pH próximo da neutralidade.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

É imprescindível saber que, antes de se fazer a adubação do


solo, é necessário fazer a sua correção. A calagem, quando ade-
quadamente empregada, proporciona os seguintes benefícios:
a) corrige a acidez do solo pela neutralização do H+;
b) reduz ou mesmo elimina os efeitos tóxicos do alumínio e
do manganês por reações de precipitação desses elementos, na
forma de oxihidróxidos: Al (OH)3 e Mn (OH)2;
c) fornece cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+) às plantas, tendo
em vista que a maioria dos corretivos contém estes nutrientes;
d) aproveitamento mais eficiente do fósforo (H2PO4-) e do
molibdênio (MoO42-) no solo;
e) favorece a atividade biológica no solo, proporcionando con-
dições favoráveis à mineralização da matéria orgânica do solo, fixa-
ção biológica do nitrogênio e colonização de fungos micorrízicos;
f) aumenta a capacidade de troca catiônica (CTCefetiva), pro-
vocando desta forma menores perdas por lixiviação das bases
40 trocáveis do solo;
g) possibilita maior crescimento do sistema radicular das
plantas, facilitando a absorção de água e nutrientes.
Sendo uma das práticas utilizadas para o melhoramento
da fertilidade do solo, é sabido que o calcário quando aplicado
ao solo reage lentamente, dependendo da existência de água
(Equação 1). Por isso, recomenda-se o seu uso com bastante an-
tecedência a semeadura e/ou plantio, geralmente 60 a 90 dias,
para que essa reação ocorra.
CaCO3 + H2O ⇆ Ca2+ + 2OH- + CO2 ⇡ (Eq. 1)
HCO3- + H2O → CO2 + OH- + H2O

No Estado da Paraíba vem-se adotando para o cálculo da


quantidade de calcário a ser aplicada, o método da saturação
por bases. Esse método baseia-se na existência de uma correla-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

ção positiva entre o pH e a porcentagem de saturação em bases.


Para isto, é necessário se conhecer os seguintes parâmetros:
- soma de bases
(SB) = K+ + Ca2+ + Mg2+ + Na+, em cmolc dm-3;

-capacidade de troca catiônica


(CTCpH 7,0) = SB + (H+ + Al3+), em cmolc dm-3;
- saturação em bases
(V%) = SB x 100
CTC
De posse dos parâmetros supra, calcula-se a necessidade de
calcário através da seguinte fórmula:

NC = (V2 – V1) x CTC x f , onde


100

41 - NC ⇛ necessidade de calcário para a camada de 0-20,0 cm


(t ha-1);
- V2 ⇛ saturação em bases que se pretende atingir (%);
- V1 ⇛ saturação em bases do solo analisado (%);
- CTCpH 7,0 ⇛ capacidade de troca de cátions do solo (cmolc dm-3);
- f ⇛ fator de correção para o poder relativo de neutralização
total (PRNT) do calcário a ser utilizado, dado por: f = 100_
PRNT
Segundo Sousa et al. (2007), a vantagem do método da satu-
ração por bases reside na flexibilidade de recomendação da cala-
gem para diferentes culturas, bem como a facilidade dos cálculos.
A prática da adubação, segundo Cobucci e Biava (2005), de-
pende de vários fatores, os quais devem ser previamente analisa-
dos no sentido de aconselhar aos agricultores a praticarem uma
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

adubação mais adequada, tanto sob o ponto de vista agronômi-


co, para obter maior eficiência dos fertilizantes, quanto econô-
mico, para propiciar uma maior renda líquida ao produtor. A re-
comendação de adubação que atenda a esses princípios deve ser
fundamentada nos seguintes aspectos: resultados de análises de
solo complementada pela análise de planta; análise do histórico
da área; conhecimento agronômico da cultura; comportamento
dos fertilizantes no solo; disponibilidade de capital do agricultor
para aquisição de fertilizantes; expectativa de produtividade e,
custo do produto. A recomendação de adubação para a moringa
depende, portanto, da análise de todos esses fatores.
A adubação deve ser baseada na quantidade de nutrientes
que a planta exige (PLANTA) subtraindo os teores disponíveis
no solo (SOLO), multiplicando pelo fator de eficiência do fertili-
zante utilizado (f):

Adubação = (PLANTA - SOLO) x f


42
A prática da adubação orgânica com esterco é muito co-
mum na condução das lavouras dos agricultores da região semi-
árida do Nordeste brasileiro. No entanto, esses estercos muitas
vezes são de baixa qualidade, com baixo teor de nitrogênio e alto
teor de lignina, o que pode levar à imobilização do nitrogênio
do solo e prejudicar as culturas agrícolas. Esses baixos teores
de nutrientes das fontes orgânicas implicam na utilização de
quantidades elevadas destas e a disponibilidade e viabilidade
econômica passam a ser fatores limitantes do seu uso. Tudo isto
pode ser minimizado se o produtor dispõe desses adubos em
sua propriedade ou em áreas próximas, reduzindo assim o custo
de transporte, um dos fatores que mais oneram sua utilização.
Apesar da prática da adubação com esterco ser comum
entre os agricultores, a quantidade de esterco produzida nas
propriedades rurais é insuficiente para adubar todas as áreas
cultivadas, tendo em vista que muitos dos animais são cria-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

dos extensivamente, não sendo recolhidos aos currais. Garrido


(2005) relata que, todo o esterco produzido no semiárido seria
suficiente apenas para adubar 12% das áreas agrícolas desta
região, sendo necessária a combinação de esterco com outras
fontes orgânicas para ampliar a área adubada.
De acordo com Souto et al. (2005), com o aumento dos cus-
tos da adubação mineral, o agricultor passou a ter uma nova visão
sobre a adubação orgânica, dando importância à utilização de es-
tercos que, normalmente, eram descartados na propriedade, pas-
sando a fazer uso desse material como agente modificador das con-
dições físicas e químicas do solo e elevando o nível de fertilidade.
As vantagens da adubação orgânica são indiscutíveis, trazen-
do benefícios de ordem física, química e biológica do solo. Os es-
tercos de animais são os mais importantes adubos orgânicos, pela
sua composição, disponibilidade relativa e benefícios da aplicação.
Sua qualidade varia com o tipo de animal e principalmente com o
regime alimentar. Para Hoffman (2001), os benefícios no uso de
estercos animais podem ser assim elencados: melhorias nas pro-
43 priedades físicas do solo e no fornecimento de nutrientes; aumen-
to no teor de matéria orgânica, melhorando a infiltração da água
como também aumentando a capacidade de troca de cátions.
Oliveira Jr. et al. (2009) conduziram experimento com mo-
ringa no semiárido da Paraíba utilizando estercos bovino e ca-
prino na base de 20 t ha-1 e, cama-de-galinha na base de 10 t ha-1.
Destes, a cama-de-galinha foi o que provocou maior incremento
nos parâmetros de crescimento da moringa.
Para as condições do Nordeste brasileiro, o esterco capri-
no e ovino é um produto valioso e a sua utilização prevê tanto
a possibilidade de fertilizar solos como a sua utilização para a
recuperação de áreas degradadas sendo, portanto, uma impor-
tante alternativa de fonte de renda para os agricultores.
Para exemplificar a real importância dos estercos, um ca-
prino adulto produz por ano, em média, 600 kg de esterco. Este
esterco contém um valor fertilizante equivalente a 36,0 kg de
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

nitrato de sódio, 22,0 kg de superfosfato simples e 10,0 kg de


cloreto de potássio, além do aporte de nitrogênio, fósforo e po-
tássio oriundos da urina. Na tabela 1 observa-se a composição
química de alguns estercos no que se refere aos teores de nitro-
gênio, fósforo e potássio.
Tabela 1. Composição química (%) média de alguns estercos.
Esterco N P2O5 K2O
Bovino 0,50 0,30 0,45
Caprino 0,97 0,48 0,65
Ovino 1,00 0,25 0,60
Galinha 1,75 1,25 0,85
Equino 0,60 0,25 0,50

De uma forma geral, pode-se recomendar a prática da adu-


bação orgânica quando o teor de matéria orgânica no solo for
inferior a 30 g kg-1.

44 É bom saber que a liberação dos nutrientes dos adubos or-


gânicos é mais lenta que a dos adubos minerais, pois é depen-
dente da mineralização da matéria orgânica. Na tabela 2, são
apresentadas as porcentagens que representam uma aproxima-
ção da taxa de conversão de nutrientes da forma orgânica para
a forma mineral ao longo dos anos (Comissão de Fertilidade do
Solo do Estado de Minas Gerais, 1989).

Tabela 2. Porcentagens de conversão dos nutrientes aplicados


via adubos orgânicos, para a forma mineral.
% de conversão
Nutriente 1º ano 2º ano Após o 2º ano
N 50 20 30
P 60 20 20
K 100 -- --
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

São raros os trabalhos na literatura brasileira que tratam


sobre a adubação orgânica na moringa, exceto aquelas recomen-
dações para o plantio. No entanto, este tipo de adubação deve
ser incentivado e estudado para a cultura, principalmente na
região semiárida brasileira, aproveitando a disponibilidade re-
gional deste tipo de adubo e, o baixo poder aquisitivo de grande
parte dos produtores.
Para os pequenos agricultores, a utilização de matéria or-
gânica na forma de esterco representa uma redução de custos
quando comparado à utilização de fertilizantes químicos. Essa
adição de matéria orgânica pode ser feita através de esterco,
composto orgânico ou húmus produzido na propriedade.
A adubação de plantio é realizada com a finalidade de su-
prir a deficiência de nutrientes na solução do solo para atender
o crescimento inicial das mudas. Nessa fase, as mudas recém-
-chegadas do viveiro irão ser colocadas em covas, com volume de
solo restrito, sendo importante, então, uma boa distribuição dos
45 adubos de modo que estejam disponíveis ao sistema radicular.
Recomenda-se utilizar na adubação de plantio 20 e 40% das
doses de N e K2O, respectivamente, e 100% da dose de P2O5. As
fontes de N e K2O podem ser aplicadas conjuntamente com a dose
de P2O5 e misturadas à terra que irá preencher as covas de plantio.
A escolha dos adubos é de fundamental importância para
o equilíbrio nutricional das mudas e, consequentemente, para
o seu crescimento. Desta forma, recomenda-se a utilização de
fertilizantes que contenham vários nutrientes essenciais às
plantas, a exemplo do enxofre, considerado um macronutriente
“esquecido” e micronutrientes.
A composição química de diversas fontes de fertilizantes de
uso mais frequentes na adubação em solos do Nordeste brasilei-
ro está apresentada na tabela 3.
Tabela 3. Composição de fontes de fertilizantes comerciali-
zados e de uso mais frequente no Brasil1.

Fonte N total N-NO3- N-NH4+ N amídico S


Nitrogenada % % % % %
1.Uréia 44 44 - 44 -
2.Sulfato de 20 - 20 - 22-24
amônio
Fosfatada Total Solúvel Solúvel CaO (%) S (%)
H2O Citrato +
H2O
P2O5 (%) P2O5 (%) P2O5 (%)
1.Superfosfa- 18 16 18 18-20 10-12
to simples
2.Superfosfa- 41 37 41 12-14 -
to triplo
Potássica Total Solúvel Cl (%) - -
H2O
K2O (%) K2O (%)
1.Cloreto de 58 58 45-48 - -
potássio
Fonte: INSTITUTO DA POTASSA & FOSFATO (1998).
1

Embora não seja uma prática comum para a cultura da mo-


ringa, a adubação de cobertura é indicada, pois ela complemen-
ta a adubação de plantio. No caso de não se fazer a adubação de
cobertura, a quantidade recomendada para plantio e cobertura
devem ser aplicados no ato do plantio.
Nesse tipo de adubação recomenda-se aplicar 80 e 60% das
fontes de N e K2O, respectivamente, parcelados em duas a quatro
aplicações, dependendo da disponibilidade de recursos do pro-
dutor ou da recomendação dada pelo técnico responsável pelo
acompanhamento do plantio.
A adubação de cobertura deve ser feita aproximadamente
três meses após o plantio. O adubo deverá ser distribuído ao
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

lado das plantas, em sulcos abertos em faixas ou em coroamen-


to. Após aplicação é recomendado cobri-lo com terra. É óbvio
que, no semiárido brasileiro o produtor deverá dar prioridade a
aplicação dos fertilizantes na época mais favorável à sua absor-
ção pelo sistema radicular, preferencialmente durante o perío-
do chuvoso, quando há umidade no solo, ou durante todo o ano
onde se fizer uso da irrigação.

PLANTIO
Quando se deseja iniciar o cultivo de uma determinada es-
pécie, deve-se primeiramente verificar as formas de propaga-
ção, se elas são práticas e econômicas para o estabelecimento
de um manejo sustentável. No caso da propagação sexuada, o
conhecimento do processo germinativo é de fundamental im-
portância (BEZERRA et al., 1997).
A moringa pode ser cultivada utilizando a semeadura direta,
transplantio ou estaquia. A semeadura direta é preferida quando
há grande disponibilidade de sementes e a mão-de-obra é limita-
47 da. O transplantio permite flexibilidade do plantio no campo, mas
exige trabalho extra e eleva o custo de obtenção das mudas.
Na semeadura, para se obter uma boa germinação no solo,
é necessário que as sementes encontrem condições ótimas de
umidade, aeração, temperatura e luminosidade. Sendo assim,
recomenda-se efetuar a semeadura no início do período chuvo-
so, desde que não haja irrigação.
Deve-se semear de duas a três sementes por cova a 2,0 cm
de profundidade e, duas semanas após a germinação, realizar o
desbaste para deixar a muda mais vigorosa por cova.
Para o espaçamento deve-se levar em conta o modelo de
exploração do plantio. Assim, quando o objetivo é a produção
de frutos e sementes, o espaçamento recomendado é de 3 a 6 m
entre fileiras e plantas. Se o plantio for feito em camalhões, esses
devem ter 2,0 m de largura no topo, com as plantas espaçadas de
3 a 6 m no sentido das fileiras.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Quando se deseja apenas a produção de folhas (forragem),


usa-se o espaçamento de 0,50 m entre plantas com fileiras espa-
çadas de 1,0 m entre si. Caso o plantio seja feito em camalhões,
esses devem ter 60,0 cm de largura no topo, com as plantas es-
paçadas de 1,0 m no sentido das fileiras. Para a produção inten-
siva de folhas, as plantas são espaçadas de 10 a 20 cm dentro de
fileira separadas de 30 a 50 cm entre si.
Quando as plantas são oriundas da semeadura direta no
campo ou produzidas em tubetes (Figura 1) ou sacos plásti-
cos torna-se necessário que haja o contato intimo e direto da
semente com o solo. O mesmo vale para o plantio da muda no
campo, no qual se deve retirar a sacola da muda ou a muda do
tubete e pressionar a terra ao redor da muda para que não haja
formação de bolsa de ar.

48

Figura 1. Plântulas de moringa desenvolvendo-se em tubetes plástico, sete


dias após a semeadura (Foto: Souto, J.S., 2011).

Foi observado, em pesquisa realizada no Estado do Ceará


(Brasil), que as sementes de moringa com tegumento apresen-
tam maior percentual de germinação (90%) em relação às sem
tegumento (80%) e que, o tempo médio de germinação não so-
freu variação quando se comparou as sementes com e sem tegu-
mento (ALVES et al., 2005).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Bakke et al. (2010) ao produzirem mudas de moringa para


implantação de trabalho em nível de campo no semiárido da Pa-
raíba, verificaram que a germinação das sementes se dá por vol-
ta de 10 dias após a semeadura, com aproximadamente 100%
de germinação.
O transplantio da moringa consiste em duas etapas: produ-
ção de mudas e plantio no campo. Para se implantar uma área
com moringa é necessário, dentre outros fatores, da utilização
de mudas saudáveis, com bom diâmetro de colo, raízes bem
formadas, relação parte aérea/sistema radicular adequado, e
nutridas adequadamente. Isto garantirá melhor índice de so-
brevivência no plantio, maior resistência a estresses ambientais
(veranicos prolongados, principalmente) e maior crescimento
inicial da planta. As técnicas a serem adotadas para a produção
das mudas devem atender às necessidades de cada produtor, em
termos de disponibilidade e localização de área, grau de tecno-
logia e dos recursos financeiros disponíveis.
A melhor época para o plantio da moringa é aquela que
49 coincide com o início do período chuvoso, devido ao maior pe-
gamento das mudas e menores gastos com irrigação, caso ne-
cessário. Todavia, quando é possível irrigar as mudas na cova,
pode-se plantar em qualquer época do ano.
As mudas podem ser cultivadas em tubetes ou sacos plásti-
cos. Preferem-se estas modalidades devido a pouca ocorrencia de
danos às mudas por ocasião do transplantio. Quando se usam sa-
cos plásticos podem-se obter plantas maiores para o transplantio.
Deve-se encher os recipientes (0,5 a 1,0 kg por volume) com subs-
trato resultante da mistura de solo e areia (3:1). Deve-se colocar
2 a 3 sementes por recipiente e, uma semana após a germinação,
fazer o desbaste, deixando apenas a muda mais vigorosa. As mu-
das devem crescer à sombra ou em um telado com sombreamen-
to de 50%, fazendo-se irrigação todas as manhãs ou conforme a
necessidade, de maneira que se mantenha o solo úmido, porém
não encharcado. Quando as mudas atingirem ± 0,50 m de altura
estão prontas para serem transplantadas para o campo.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Antes do plantio, deve-se retirar a muda do tubete ou o saco


plástico que a envolve com o bloco de terra. A muda deve ser
colocada no centro da cova, de tal forma que seu colo fique 5,0
cm acima do nível do solo, com o objetivo de evitar afogamento
quando da acomodação do solo, pela irrigação ou chuvas.

TRATOS CULTURAIS
Entende-se por tratos culturais, o conjunto de práticas
que permitem que uma lavoura expresse ao máximo sua po-
tencialidade produtiva.
Como toda cultura, a moringa também é sensível à concor-
rência das plantas daninhas, especialmente quando de sua im-
plantação no campo. De acordo com relatos obtidos na literatura,
a planta requer poucos tratos culturais (SANTANA et al., 2010).
Os métodos possíveis que podem ser utilizados para elimi-
nar as plantas daninhas são a capina manual na linha de plantio,
o roço ou ceifa do mato (mais indicado) e, a utilização do culti-
50
vador com tração animal.
A prevenção ao ataque das formigas cortadeiras deve ser
realizada constantemente, através da vigilância e do combate na
fase de preparo do solo, na qual a localização e o próprio comba-
te são facilitados. A utilização de iscas granuladas distribuídas
nos caminhos e olheiros tem se mostrado eficiente. Mesmo de-
pois desse período é aconselhável fazer inspeções periódicas a
fim de manter a plantação livre desta praga.
Outra prática recomendável, como em todas as culturas, por
maior que seja o cuidado, é o replantio. É preciso replantar o mais
cedo possível as mudas que morreram, a fim de não se quebrar a
uniformidade da plantação. Deve-se fazer o replantio no primeiro
ano para não haver desuniformidade muito grande entre as plantas.
O produtor também deve ter o máximo de cuidado com a
incidência de ventos fortes na região, pois, as plantas de mo-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

ringa são muito susceptíveis a ventos fortes. Diante de tal fato,


recomenda-se a instalação de quebra-ventos.

PRAGAS E DOENÇAS
A moringa é resistente as mais frequentes pragas e doenças
(SILVA e KERR, 1999). Alguns danos causados por térmitas e ne-
matóides em plantas jovens podem ocorrer e podridão da raiz
em casos de solos encharcados.
Nas condições da Índia tem surgido uma doença causada
pelo fungo Drechslera haraiiensis, onde os sintomas são visu-
alizados nos frutos. Nestes, ocorre podridão por toda a sua su-
perfície extensão. Já nos frutos verdes começam a surgir pontos
elípticos ou alongados de coloração marrom-avermelhada (RA-
JANGAN et al., 2001).
No sul da índia várias doenças têm sido relatadas, porém
não causando danos maiores. Dentre essas doenças, Kshirsagar
e D’Sonza (1989) e Ramachandran (1980), respectivamente,
51 citam uma podridão causada nos frutos por Cochliobolus ha-
vaiiensis e outra nas raízes causada por Diplopodia sp.

COLHEITA E PRODUÇÃO
Nas condições do semiárido brasileiro não se tem informações
no que concerne aos períodos de colheita, produção e produtivida-
de da moringa. É certo que a produção de frutos começa logo cedo.
Morton (1991) e Rajangan et al. (2001), na Índia, relatam
que a produtividade da moringa nos dois primeiros anos de cul-
tivo geralmente é baixa, cerca de 80 a 90 frutos/ano. No entanto,
essa produtividade quintuplica no quarto e quinto anos (500 a
600 frutos/planta/ano).
No caso de árvores de moringa oriundas de propagação ve-
getativa, os frutos surgem a partir do 6mês após o plantio (RA-
MACHANDRAN et al., 1980).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As informações apresentadas neste capítulo tem por obje-
tivo sensibilizar os produtores sobre a importância de se pro-
mover intervenções adequadas no cultivo da moringa (Moringa
oleífera Lam.) a fim de torná-la mais econômica e autosustentá-
vel. O manejo adequado da matéria orgânica do solo e a aduba-
ção racional com base na análise do solo são práticas indissociá-
veis para o atendimento a esse objetivo.
O cultivo da moringa como de qualquer outra cultura exi-
ge do agricultor muita atenção para compreender os fatores
naturais que atuam diretamente sobre o sistema de produção.
É certamente esse conhecimento que fará com que o produtor
aperfeiçoe seu sistema e possa tirar o melhor proveito econô-
mico dele, visto que o uso inadequado do solo para cultivo, sem
respeito à sua aptidão agrícola e limitações, tem acelerado os
processos de degradação da capacidade produtiva do solo, alte-
rando, consequentemente, o meio ambiente.
A moringa pode ser uma alternativa para grande parte do
52
território brasileiro, especialmente para o semiárido brasileiro
por ser uma planta perene de múltiplo uso (medicinal, indus-
trial, melífera, alimentação humana e animal, tratamento da
água, cerca viva, etc.), resistente à seca, pouco exigente quanto
ao solo, adubação e tolerante às pragas e doenças, além de ser
utilizada como cerca viva e quebra-vento em algumas regiões.
Ainda são necessários estudos agronômicos com a moringa,
principalmente no que se refere aos aspectos edafoambientais.
Para um manejo adequado do solo é necessário considerar seus
atributos físicos, químicos e biológicos.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

REFERÊNCIAS
ALVES, M.C.S.; MEDEIROS FILHO, S.; BEZERRA, A.M.E.; OLIVEIRA, V.C. de.
Germinação de sementes e desenvolvimento de plântulas de Moringa
oleifera Lam. em diferentes locais de germinação e submetidas à pré-
-embebição. Ciência e Agrotecnologia, v. 29, n.5, p. 1083-1087, 2005.

BEZERRA, A.M.B.; ALCANFOR, D.C.; MEDEIROS FILHO, S.; INNECO, R. Ger-


minação de sementes de moringa (Moringa oleifera L.). Ciência Agro-
nômica, v. 28, n. 1/2, p. 64-69, 1997.

COBUCCI,T.; BIAVA, M. Cultivo do feijão irrigado na região Noroeste de Mi-


nas Gerais. Santo Antonio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão; Campi-
nas: Embrapa Informática Agropecuária, 2005. (Sistema de Produção,
5).

COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Re-


comendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.
4ª aproximação. Lavras, 1989.

GARRIDO, M.S. Adubação orgânica em sistemas agroecológicos do Nordes-


te. Monografia Especialização. Lavras: UFLA, 2005. 21p..
53
INSTITUTO DA POTASSA & FOSFATO. Manual internacional de fertilidade
do solo. 2 ed. Piracicaba: POTAFOS, 1988. 177p.

KSHIRSAGAR, C.R.; D’SONZA, T.F. A new disease of drumstick. Journal of


Maharashtra Agricultural Universities.n.14, v.2, p.241-242, 1989.

MORTON, J.F. The horseradish tree, Moringa pterygosperma (Moringace-


ae) - A boon to arid lands? Economic Botany, v. 45, n. 3, p. 318-333,
1991.

OLIVEIRA JÚNIOR, S.; SOUTO, J.S.; SANTOS, R.V.; SOUTO, P.C.; SOUTO
MAIOR JÚNIOR, S.G. Adubação com diferentes estercos no cultivo de
moringa (Moringa oleifera Lam.). Revista Verde de Agroecologia, v.4,
n.1, p.125-134, 2009.

RADOVICH, T. Farm and Forestry Production and Marketing Profile for Mo-
ringa (Moringa oleifera). In: Elevitch, C.R. (ed.). Specialty Crops for
Pacific Island Agroforestry. Permanent Agriculture Resources (PAR).
Holualoa, Hawai‘i. 2011. 11p http://agroforestry.net/scps.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

RAJANGAM, J.; AZAHAKIA, M.R.S.; THANGARAJ, T.; VIJAYAKUMAR, A.; MU-


THUKRISHAN, N. Status of production and utilisation of moringa in
southern Índia. 2001. 8p.

RAMACHANDRAN, C.; PETER, K.V.; GOPALAKRISHNAN, P.K. Drumstick


(Moringa oleifera): a multipurpose Indian vegetable. Economic Bo-
tany, v. 34, n. 3, p. 276-283, 1980.

SANTANA, C.R.; PEREIRA, D.F.; ARAÚJO,N.A.; CAVALCANTI, E.B.; SILVA, G.F.


da. Caracterização físico-química da moringa (Moringa oleifera Lam).
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v.12, n.1, p.55-60,
2010.

SILVA, A. R.; KERR, E. W. Moringa: uma nova alternativa para o Brasil. For-
taleza: UFC/DIRIU, 1999. 95 p.

SOUSA, D.M.G.; MIRANDA, L.N.; OLIVEIRA, S.A. Acidez do solo e sua corre-
ção. In: NOVAIS, R.F.; ALVAREZ V., BARROS, N.F. et al. (Eds)). Fertilida-
de do solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p.
205-274.

SOUTO, P.C.; SOUTO, J.S.; SANTOS, R.V.; ARAÚJO, G.T.; SOUTO, L.S. Decom-
54 posição de estercos dispostos em diferentes profundidades em área
degradada no semiárido da Paraíba. Revista Brasileira de Ciência do
Solo, v. 29, p. 125-130, 2005.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPITULO 3

ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO
MINERAL DA MORINGA
JACOB SILVA SOUTO, JOSÉ ADEILSON MEDEIROS DO
NASCIMENTO

INTRODUÇÃO
Para o estabelecimento de cultivos com vegetais direciona-
dos a produção de alimentos e forragem, além das característi-
cas que dizem respeito à adaptação as condições edafoclimáticas
de cada região, se fazem necessários estudos para obtenção de
dados a respeito de adubação e conseqüentemente de nutrição
mineral, haja vista que a implantação de culturas para produção
55 de alimento visa o máximo de produtividade com o mínimo de
recursos aplicados.
A moringa (Moringa oleifera L.) apresenta ampla adaptabi-
lidade à região semi-árida, sendo encontrada nos mais diferen-
tes tipos de solo, inclusive solos ácidos e alcalinos (Radovich,
2011). Segundo Miranda et al. (2007), essa cultura é tolerante
ao estresse salino, o que é uma característica muito importante
para o cultivo em regiões semiáridas, haja vista que nessas re-
giões as fontes de águas salinas muitas vezes são as únicas que
permanecem com água nos períodos secos do ano. E por outro
lado, deve despertar o interesse de pesquisadores para estudos
com essa cultura na recuperação de áreas degradadas por sais.
Embora as relações fundamentais entre nutrição mineral e
crescimento sejam os mesmos, tanto para as espécies arbóre-
as quanto para as demais espécies, o conhecimento acerca da
necessidade de nutrientes para o crescimento de uma determi-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

nada espécie é a base da identificação e correção de suas defi-


ciências nutricionais contribuindo para que a mesma sobreviva
em diferentes tipos de solo (Nambiar, 1989; Vieira et al., 2008a).
Em alguns países do continente africano essa planta é uma
importante fonte de proteínas e vitaminas para populações me-
nos favorecidas, e, portanto já são encontrados alguns cultivos
comerciais. No Brasil, as informações sobre cultivos comerciais
são escassas, conseqüentemente há poucas informações rela-
cionadas à exigências nutricionais e acúmulo de nutrientes por
essa cultura. Desta forma, é preponderante a obtenção de dados
científicos sobre a nutrição da mesma, principalmente por se
tratar de uma espécie exótica, de forma a contribuir com ques-
tões relativas ao seu desenvolvimento, melhoria de sua produ-
tividade e da qualidade de seus produtos (Vieira et al., 2008a).

CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS
As sementes de Moringa oleifera foram adquiridas em Pa-
56 tos, Paraíba-Brasil. O óleo foi extraído em um extrator de Soxhlet,
usando hexano como solvente, por um período de 8 horas. Após
extração, o solvente com o óleo foi rotaevaporado e esse óleo foi
mantido sob refrigeração (0-5º C) até a sua utilização. A moringa
é pouco exigente com relação ao tipo de solo e se adapta a diver-
sas classes de solos, mas apresenta melhor crescimento nos are-
nosos e bem drenados e, costuma responder significativamente a
adubação. Tolera faixas de pH de 4,5 a 9, sendo os valores próxi-
mos a neutralidade os mais adequados. Almeida et al. (1999) con-
sideram esta espécie de grande importância para o semi-árido
brasileiro, dada à sua capacidade de sobrevivência e produção em
zonas de baixa umidade do solo, tolerância a elevadas tempera-
turas do ar, alta evaporação e grandes variações na precipitação.
Esta planta apresenta alta produção de biomassa quando
submetida a temperaturas diárias entre 25-30°C. Seu cresci-
mento é reduzido significativamente em temperaturas inferio-
res a 20º C. Precipitações pluviométricas entre 1000 e 2000 mm
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

bem distribuídas são consideradas ideais para seu crescimento,


mas são encontra área com precipitação anual entre 250 e 1000
mm, geralmente apresenta boa produtividade em regiões com
altitude abaixo de 600 m.

CALAGEM
A literatura cita que a moringa se adapta a solos com pH
de 4,5 a 9, mas apresenta crescimento mais vigoroso em condi-
ções de pH próximas da neutralidade (PRICE, 2007; RADOVICH,
2011; ADEBAYO et al., 2011), o que evidência a necessidade de
correção do pH do solo antes da implantação da cultura em áre-
as com pH inferior a 5,5. Em Luvissolo com pH (CaCl2) = 4,5.
Bakke et al. (2010) aplicaram 1,0 t.ha-1 de calcário dolomítico.
Assim sendo, é necessário que se faça uma análise de solo
da área a ser cultivada pelo menos seis meses antes da semea-
dura ou transplantio das mudas, isto levando em consideração o
início do período chuvoso de cada região. A calagem da área ou o
preparo das covas tem devem ser realizados com no mínimo 60
57 dias de antecedência ao semeio. Isto porque para que a calagem
consiga reagir com solo, corrigir o pH e disponibilizar cálcio e
magnésio é necessário no mínimo dois meses.
É conveniente lembrar que após a aplicação do calcário e
necessário que a área ou as covas mantenham-se úmidas por
um período de tempo para a adequada reação do calcário com
o solo, por isso a importância do planejamento principalmente
na agricultura de sequeiro, onde essa umidade será fornecida
pelas primeiras chuvas. Para o caso de haver água disponível
para irrigação o produtor ganha uma maior elasticidade para o
calendário de atividades.

ADUBAÇÃO
Por não ser uma planta amplamente explorada em culti-
vos comerciais, predominando a exploração extrativista, há
carência de informações a respeito do manejo desta cultura,
principalmente no que diz respeito à adubação mineral e orgâ-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

nica. No entanto, como para exploração de qualquer outra es-


pécie de importância econômica (frutíferas, hortaliças, cereais
e etc.), é necessário se realizar pesquisas direcionadas para o
estabelecimento de doses adequadas e economicamente viá-
veis visando aumentar a produtividade a índices satisfatórios
do ponto de vista econômico.
Levando em consideração a exploração de forma comercial
é necessária que se observe antes de tudo, através de análises
físicas e químicas, a condição estrutural e química do solo. O fato
dessa cultura ser encontrada naturalmente nas mais distintas
condições de solo e clima, não significa dizer que, para o seu cul-
tivo se deva negligenciar práticas de calagem e adubação, por
exemplo. Faz-se necessário lembrar que o cultivo comercial de
qualquer cultura leva em consideração leis de oferta e deman-
da, ou seja, o estabelecimento adequado de um calendário de
adubação, podas e manejo de irrigação, além de padronizar a
qualidade da produção ajuda o produtor no planejamento e or-
ganização com relação ao mercado consumidor.
58
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Ainda são pouco freqüentes na literatura trabalhos que re-
latem sobre a adubação orgânica da moringa, mas Adebayo et al.
(2011) relatam que essa cultura responde a adubação orgânica
com aumentos na produção de matéria seca e produtividade. Es-
ses autores realizaram um experimento em vasos, em Ibadan na
Nigéria, para avaliar o crescimento e produção da moringa sub-
metida a seis fontes de matéria orgânica: esterco bovino, esterco
de aves e 4 tipos de compostagem, mandioca + esterco de aves
(3:1), mandioca + esterco de aves (2:1), Capim elefante + ester-
co de aves (3:1), Capim elefante + esterco de aves (1:1), todos
fornecidos na quantidade de 5 t ha-1. Os autores observaram que
o tratamento que resultou em maior acúmulo de matéria seca e
produtividade foi o esterco bovino.
Na falta de informações sobre adubação orgânica na moringa
sugere-se adicionar entre 10 e 15 litros cova-1 (0,40 m x 0,40 m
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

x 0,40m) de esterco bovino curtido pelo menos 15 dias antes do


transplantio das mudas para que a matéria orgânica comece a li-
berar seus nutrientes. Isto levando em conta que a moringa é uma
cultura de porte arbóreo. É aconselhável que a cada aplicação de
adubo mineral se faça a aplicação de matéria orgânica em cober-
tura sobre o adubo mineral para aumentar a eficiência deste, re-
duzindo nas perdas por volatilização e mantendo a umidade na
cova por um período maior. Além disso, a matéria orgânica exerce
melhorias expressivas nas propriedades físicas e biológicas do
solo, o que ajuda sobremaneira na expansão do sistema radicular.
Em regiões onde houver abundância e possibilidade de uso
de outras fontes de matéria orgânica como cama de galinha,
esterco caprino e compostagem, pode-se recorrer a esses ma-
teriais em substituição parcial ou total ao esterco bovino. No
entanto, ressalta-se que os volumes aplicados devem ser dife-
renciados de acordo com a composição do material, ou seja, a
cama de galinha e o composto orgânico são bem mais ricos em
nutrientes que o esterco bovino, portanto deve-se aplicar meno-
res quantidades destes insumos por cova em relação ao esterco
59 bovino. Oliveira Junior et al. (2009) testaram três tipos de es-
tercos diferentes, esterco bovino (20 t ha-1), caprino (20 t ha-1) e
cama de galinha (10 t ha-1) e 4 idades de corte, e verificaram que
a aplicação de cama de galinha provocou os maiores incremen-
tos nos parâmetros altura, diâmetro e comprimento de plantas
de moringa, até os 90 dias após a semeadura (Figura 1).
A
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

60

Figura 1. Altura (A), diâmetro (B) e comprimento (C) de plantas de


moringa submetidas à aplicação de estercos (bovino, cama de galinha e
caprino) (Adaptado de Oliveira et al., 2009).

Em trabalho mais recente Bakke et al. (2010) avaliaram as


características de crescimento e valor forrageiro da moringa
submetida a diferentes adubos orgânicos (testemunha; esterco
bovino – 30 t ha-1; esterco caprino – 15 t ha-1; esterco asinino – 30
t ha-1 e composto orgânico – 15 t ha-1) e intervalos de corte (três
e seis meses após o transplantio) e concluíram, ao contrário de
Oliveira et al. (2009), que os valores médios de altura da planta
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

e diâmetro do caule não foram afetados significativamente pelos


adubos orgânicos utilizados (Tabela 1).
Tabela 1. Valores de crescimento em altura e diâmetro de plan-
tas de moringa submetidas à diferentes tipos de estercos e ida-
des de corte (Adaptado de Bakke et al., 2010).

Tratamen- Altura (cm) Diâmetro(mm)


tos Três meses Seis meses Três meses Seis meses
Testemunha 118,3 261,3 29,6 29,3
Esterco
105,3 281,6 27,8 33,4
bovino
Esterco
101,3 274,0 25,9 32,7
caprino
Esterco
113,9 262,9 28,5 33,3
asinino
Composto
106,2 277,7 27,6 31,7
orgânico

61 A produção e fornecimento de informações a respeito da


adubação orgânica ganha maior importância, principalmente na
região Nordeste do Brasil, devido à irregularidade da pluviosi-
dade não permitindo assim, o estabelecimento de um calendá-
rio adequado para a utilização de adubos minerais por parte dos
agricultores que cultivam no sistema de sequeiro e que é a gran-
de maioria nessa região. Além disso, um grande número de pro-
dutores mantém suas propriedades com mão de obra familiar e
muita vezes não dispõem de recursos financeiros para aquisição
de adubos sintéticos que tem preços elevados e tendem a se ele-
var cada vez mais em função da redução dos recursos naturais
utilizados na fabricação destes. Por outro lado, a maioria destas
propriedades dispõe de estercos oriundos de rebanhos capri-
nos, ovinos, bovinos e aves, que podem ser utilizados como fon-
te de nutrientes para o solo.
Outro aspecto que merece atenção é o rápido decréscimo do
teor de matéria orgânica em solos de regiões semiáridas após a re-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

moção da vegetação natural e implantação de cultivos, o que exi-


ge reposição constante através da aplicação de insumos orgânicos
para que as culturas produzam adequadamente e o solo do agroe-
cossistema não perca sua capacidade produtiva ao longo do tempo.

ADUBAÇÃO MINERAL DA MORINGA


Assim como para a adubação orgânica, ainda não são fre-
qüentes na literatura informações a respeito de doses adequadas
de adubos para a cultura da moringa. No entanto, alguns trabalhos
realizados para verificar o comportamento vegetativo e produtivo
da cultura citam a aplicação de doses variadas de diferentes tipos
de adubo. Desta forma a realização de experimentos para testar a
influência de doses de fertilizantes sobre o comportamento des-
ta cultura deve ganhar maior atenção para que futuramente seja
possível a exploração desta cultura de forma economicamente vi-
ável e com mínimo de agressão ao ambiente.
Adubação nitrogenada
Existem poucas informações sobre adubação nitrogenada
62 para a moringa na literatura. No entanto, em trabalhos realiza-
dos por Vieira et al. (2008a) e Vieira et al., (2008b) foi consta-
tado que o N é o nutriente mais acumulado pela cultura e sua
ausência no substrato provoca a redução na absorção de K, Ca e
Mg e conseqüentemente ocorre reduções significativas no acu-
mulo de matéria seca total das plantas. Partindo do princípio
que a cultura responde a adubação nitrogenada, acumulando
até 37,45 g kg-1 de N na matéria seca foliar, apresenta porte ar-
bóreo e é uma forrageira, doses de N entre 50 e 120 kg ha-1 por
ano, que são as quantidades requeridas pela maioria das cultu-
ras comerciais possivelmente suficientes para suplementar essa
cultura. No entanto, na falta de estudos específicos alerta-se que
o ideal é a realização de estudos prévios em plantas teste para
verificação de resultados e só depois, de posse dos resultados,
aplicar as informações obtidas em campos comerciais.
Adubação fosfatada
As informações a respeito de adubação fosfatada na morin-
ga, assim como para o nitrogênio, são escassas. Oliveira et al.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

(2009) reportam a aplicação de 7,2 t ha-1 de P2O5 para um Lu-


vissolo com 11 mg dm-3 de P, mas os referidos autores não citam
referências para o fornecimento desse valor, a forma como foi
aplicado e se foram suficientes para a produção de forragem. Do
mesmo modo Bakke et al. (2010) citam a aplicação de 80 t ha-1
de P2O5 para Luvissolos com 7,7 e 17,7 mg dm-3 de P2O5, ou seja,
não foram definidos critérios para a aplicação de P, já que foi
fornecido a mesma quantidade de P para um solo com baixo teor
e para um solo com teor bom.
Devido à falta de estudos específicos para essa cultura suge-
re-se que o fornecimento de P seja feito com base na classifica-
ção do solo em P, de acordo com as quantidades deste elemento,
ou seja, se o solo apresenta teores baixos deste elemento deve-
-se elevar esses teores para bom ou muito bom. Para isto deve-
-se levar em consideração a textura do solo ou método analítico
utilizado em laboratório para extração do P.
Exemplo: Consideremos a instalação de três cultivos de
moringa em três solos de textura diferentes (solo muito argilo-
63 so, textura média e solo textura areia), mas com o mesmo teor
de, 15 mg dm-3 e uma densidade de 1,4 g cm-3. O plantio será
feito em cova com dimensões 0,40 m x 0,40 m x 0,40 m e no es-
paçamento 1,5 m x 1,5 m. Para cada situação qual a quantidade
de P2O5 a se aplicar por hectare ?
1º Passo: Comparar os valores existentes no solo, em cada
situação, com valores tabelados, classificando-os em muito bai-
xo, baixo, médio, bom e muito bom.
2º Passo: Levando em consideração a textura, o solo argi-
loso apresenta teor de P muito bom, pois está acima da faixa, 12
mg dm-3, portanto, dispensaria a aplicação de P.
3º Passo: Para o solo de textura média o valor 15 mg dm-3 de
P é considerado um valor médio, pois situa-se na faixa de 12,1-20
mg dm-3. Assim sendo, para elevar esse nível para bom (25 mg dm-
3
) seria necessário aplicar 4,0 t ha-1 de P2O5, ou para elevar para
muito bom (35 mg dm-3) seria necessário aplicar 8,0 t ha-1 de P2O5.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

4º Passo: Para um solo de textura arenosa o valor 15 mg dm-3


de P é considerado um valor baixo, situando-se na faixa 10,1-20
mg dm-3. Assim sendo para elevar esse nível para bom (35 mg dm-
3
) seria necessário aplicar 8,0 t ha-1 de P2O5, ou para elevar para
muito bom (50 mg dm-3) seria necessário aplicar 14 t ha-1 de P2O5.
Resumindo, embora como já mencionado não se tenha infor-
mações especificas e seguras para a adubação fosfatada da moringa,
as informações acima citadas se baseiam no fato de que a elevação
da fertilidade do solo para níveis bons ou muito bons incrementa
sobremaneira a produção e produtividade da grande maioria das
plantas cultivadas, o que se espera que aconteça com a moringa
também. No entanto, é necessário ressaltar que estudos específicos
devem ser incentivados para aferir até que ponto a cultura responde
de forma economicamente viável a adubação mineral ou ainda se
parte ou toda adubação mineral pode ser substituída por adubação
orgânica sem prejuízos à produtividade.
Adubação potássica
Assim como para nitrogênio e fósforo, as informações a res-
64 peito da adubação potássica da moringa são pouco divulgas. Em
trabalho de casa de vegetação, Chaves et al. (2005) avaliaram o
crescimento inicial de mudas de moringa, em vasos com 0,5 d.m-
3
de areia lavada de rio, submetidas a doses de potássio (0, 2, 4,
6, 8 e 12 mM de K) e verificaram que as plantas não responde-
ram as doses de potássio aplicadas (Tabela 2).
Tabela 2. Produção de matéria seca do caule (MSC), folhas
(MSF) e raízes (MSR) de plantas de moringa submetidas a doses
de potássio (adaptado de Chaves et al., 2005).

Variáveis Doses de potássio (mmol K L-1) CV


(g plan- (%)
ta-1) 0 2 4 6 8 12
MSC 15,09 a 18,76 a 17,65 a 17,02 a 19,93 a 17,67 a 11,94
MSF 9,45 a 11,10 a 11,27 a 10,34 a 10,31 a 11,33 a 13,49
MSR 21,81 a 18,88 a 18,65 a 20,04 a 22,70 a 22,49 a 7,09
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Vieira et al. (2008a) também não verificaram diferença


significativa na produção de matéria seca total de plantas de
moringa cultivadas em solução nutritiva sem K em relação as
cultivadas com solução nutritiva completa. No entanto, é inte-
ressante notar que no trabalho de Vieira et al. (2008b) as plan-
tas de moringa cultivadas em solução nutritiva completa, ou
seja, com todos os nutrientes, acumularam 23,48 g kg-1 de K e
as cultivadas em solução sem K apresentaram teores de 7,04 g
kg-1 de K na matéria seca foliar. Isto nos leva a inferir que possi-
velmente a utilização de potássio para os processos bioquímicos
deve ser baixa para essa planta.
Mesmo considerando a ausência de resposta a aplicação de
potássio nos trabalhos acima citados, convém lembrar que os mes-
mos foram realizados em casa de vegetação com condições de cli-
ma e estresse hídrico controlados, dessa forma torna-se necessário
averiguar se essa situação se confirma em cultivos de campo, haja
vista que inúmeros fatores estressantes irão influenciar no desen-
volvimento das plantas quando submetidas a campos de cultivo.
65
Partindo dessas informações para obtenção de informações
mais seguras a respeito da adubação potássica da moringa é ne-
cessário que se faça o cultivo dessa planta em solos com diferen-
tes níveis de potássio, ou seja, testar diferentes fontes e doses de
potássio em campos de produçã

NUTRIÇÃO MINERAL
Os estudos em nutrição mineral de plantas são de extre-
ma importância para a expansão do cultivo de toda e qualquer
cultura que queira se implantar. No entanto, apesar da moringa
apresentar, entre muitas utilizações, potencial forrageiro que
pode ser bastante explorado em regiões semiáridas devido a
sua palatabilidade, boa composição nutricional e ampla adap-
tação a condições edafoclimáticas, não se tem dedicado muito
esforço para a avaliação do conteúdo nutricional de plantas de
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

moringa sob sistema de cultivos comerciais. Estudos como o de


Vieira et al. (2008b) mostram que a ordem de acúmulo de ma-
cronutrientes na matéria seca foliar da moringa é a seguinte: N
> K > Ca > P > Mg > S. Essa ordem de acúmulo é a mesma obser-
vada em muitas outras culturas de importância econômica no
Brasil, mas necessário se faz a pesquisa do comportamento de
cada nutriente em particular e as suas interações nos processos
bioquímicos vitais à moringa. Estudos dessa natureza podem
ajudar sobremaneira na obtenção de doses adequadas de cada
nutriente, forma de aplicação e calendário de adubação para a
moringa em agroecossistemas do semiárido.

NITROGÊNIO
De forma geral, quando as plantas são submetidas a condi-
ções adequadas de fertilidade do solo o nitrogênio é o elemen-
to mais absorvido e mais acumulado na matéria seca, tendo em
vista que este nutriente está envolvido diretamente na maioria
66 dos processos bioquímicos e moléculas vitais à vida das plantas,
entre eles destacamos a fotossíntese e formação de proteínas.
Para a moringa ainda não são encontrados na literatura, dados
sobre os teores adequados desse nutriente na matéria seca fo-
liar e os trabalhos publicados apresentam uma grande variação
nos valores de N nas plantas de acordo com o manejo aplicado.
No entanto, Mengel e Kirkby (1987) afirmam que plantas ade-
quadamente nutridas em N apresentam teores deste variando
entre 20-40 g kg-1 na matéria seca foliar.
Oliveira Junior et al. (2009) ao avaliarem a influência da
aplicação de diferentes estercos: esterco bovino (20 t ha-1), ca-
prino (20 t ha-1) e cama de galinha (10 t ha-1) e idades de corte
sobre a acúmulo de N em plantas de moringa verificaram que
somente a aplicação de cama de frango elevou os teores de N das
plantas à níveis superiores a 20 g kg-1 (Figura 2).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Figura 2. Teores de nitrogênio em plantas de moringa submetidas a dife-


rentes estercos e idades de cortes (adaptado de Oliveira et al., 2009).

Em mudas de moringa cultivadas em solução nutritiva com-


pleta, Vieira et al. (2008b) verificaram teores foliares da ordem
de 37,45 g kg-1 de matéria seca, aos 30 dias após transplantio.
Adebayo et al. (2011) encontraram teores variando de 28,9 a
36,1 g kg-1 em mudas de moringa, 50 dias após transplantio, sub-
metidas a diferentes fontes de matéria orgânica. Os trabalhos
67 acima citados apresentam valores entre 20-40 g kg-1 de N, o que
pode ser uma indicativa de que os teores adequados N no tecido
foliar de moringa estão em torno de 30 g kg-1. Além disso, os
autores não citam o aparecimento de sintomas característicos
da deficiência de nitrogênio nos períodos de avaliação.
Por estar intimamente ligado a formação da clorofila jun-
tamente com o magnésio e ser um nutriente que se redistribui
no vegetal de acordo com a disponibilidade desse nutriente no
solo, a falta de nitrogênio se manifesta nas plantas, principal-
mente, na forma de clorose “amarelecimento” das folhas mais
velhas e se estende também as folhas jovens quando a carência
é expressiva. Outras sintomas característicos são: crescimento
lento, atraso na maturação dos frutos e produção inexpressiva.

FÓSFORO
O fósforo é um nutriente importante para a produção de
energia e a integridade estrutural dos tecidos. É constituinte de
ácidos nucléicos, nucleotídeos, coenzimas, fosfolipídios, fosfo-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

-açúcares, ácido fítico, etc. O fósforo tem papel fundamental


em todas as reações que envolvem o ATP (Dechen e Nachtigall,
2007). Apesar da sua importância para as plantas, geralmente os
teores de P nos tecidos vegetais são relativamente baixos, varian-
do de 1,0 a 10 g kg-1, sendo que a faixa de suficiência para a maio-
ria das culturas varia de 1,2 a 3,0 g/kg (Malavolta et al., 1989).
Mudas de moringa cultivadas em solução nutritiva comple-
ta, segundo Vieira et al. (2008b) apresentaram 2,31g kg-1 de P,
aos 30 dias após o transplantio. Em plantas de moringa subme-
tidas a adubação orgânica com três tipos de estercos (bovino,
caprino e cama de galinha) aplicados ao solo e quatro idades de
corte (90, 120, 150 e 180 dias após transplantio). Oliveira et al.
(2009) encontraram teores P variando de 1,5 a 3,5 g kg-1 (Figura
3). Vale salientar que nesse trabalho os autores forneceram 40
kg ha-1 de P2O5, antes do plantio.

68

Figura 3. Teores de fósforo em plantas de moringa submetidas a diferen-


tes estercos e idades de cortes (Adaptado de Oliveira et al., 2009).

Adebayo et al. (2011) observaram valores de P variando


entre 3,0 e 5,9 g kg-1 na matéria seca foliar de plantas de morin-
ga com 50 dias após transplantio sob adubação com 5 t ha-1 de
adubos orgânicos (esterco bovino, esterco de aves e 4 tipos de
compostagem, mandioca + esterco de aves (3:1), mandioca +
esterco de aves (2:1), capim elefante + esterco de aves (3:1), ca-
pim elefante + esterco de aves (2:1). De acordo com os trabalhos
acima citados, a moringa apresenta um acúmulo de P condizen-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

te com a maioria das culturas exploradas a nível comercial, o


que pode ser um ponto de partida para o início dos estudos em
adubação fosfatada para essa cultura.
Em ecossistemas naturais da Nicarágua, Índia e Nigéria,
Hsu et al. (2006) avaliaram os teores de P encontrados nas
plantas de moringa adultas e observaram os seguintes valo-
res: 1,16, 136 e 1,22 g kg-1 de P, respectivamente. Price (2007)
analisando o tecido foliar de plantas de moringa adultas, tam-
bém na África, verificou 0,7 g kg-1 de P. Dessa forma é possível
notar que sob condições naturais os teores de P encontrados
no tecido foliar da moringa são menores do que quando sob
condições de cultivo, o que estar diretamente relacionado com
suprimento de P em cada tipo solo.
Embora não se tenha registros de sintomas de deficiência
de P em plantas de moringa é provável que em função das ca-
racterísticas do elemento, suas funções metabólicas e compor-
tamento expressado pela grande maioria das plantas cultivadas
com deficiência neste elemento que os principais sintomas se-
jam: desenvolvimento subnormal da planta, área mortas e ne-
69 crosadas nas folhas, folhas distorcidas e coloração púrpura ou
avermelhada das folhas.

POTÁSSIO
Ao contrário do N, P não é um nutriente estrutural. No en-
tanto, o K desempenha importante papel na regulação do po-
tencial osmótico das células. Sob este aspecto desempenha im-
portante papel no fechamento e abertura dos estômatos. Além
disso, atua como co-fator em mais de 40 enzimas, participando
do metabolismo protéico e fotossintético e, ainda, no transpor-
te de assimilados. O K é de grande importância para o controle
eletroquímico da célula (MARSCHNER, 1995). De acordo com
Dechen e Natchgal (2007) valores entre 10 e 30g kg-1 de K no
tecido foliar são considerados adequados para maioria das cul-
turas, sendo o valor 25g kg-1 considerado por Marschner (1995)
suficiente para o crescimento adequado.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Para plantas de moringa cultivadas em solução nutritiva, Viei-


ra et al. (2008b) encontraram o valor 23,48 g kg-1 de K, aos 30 dias
após plantio. Oliveira et al. (2009) encontraram valores próximos
ou superiores a 25 g kg-1 de K em plantas de moringa em diferentes
idades e sob adubação com estercos de bovino (20 t ha-1) , caprino
(20 t ha-1) e cama de galinha (10 t ha-1) (Figura 4).

Figura 4. Teores de potássio em plantas de moringa submetidas a diferen-


tes estercos e idades de cortes (adaptado de Oliveira et al., 2009).
70
A exemplo de Oliveira et al. (2009), Adebayo et al. (2011)
também testaram a influência de adubos orgânicos sobre o acú-
mulo de K em plantas de moringa aos 50 dias após plantio e re-
gistram valores variando de 26,2 a 39,1 g kg-1 de K. Chaves et al.
(2005) submeteram plantas de moringa a diferentes doses de
potássio (0, 2, 4, 6, 8 e 12 mM) em substrato (0,5 L) com areia
lavada de rio e aos 80 dias após transplantio as plantas observa-
ram que o acumulo de K na matéria seca foliar aumentou conco-
mitante aumento das doses deste elemento no substrato, sendo
verificado um valor máximo de 29 g kg-1 referente a dose 12 mM
de K. Esses dados mostram que embora o manejo adotado e ida-
de de avaliação das plantas em cada situação tenha sido diferen-
te é possível observar que os valores obtidos estão próximos ou
superiores as faixas adequadas para a maioria das culturas.
Outros trabalhos realizados de forma exploratória em
plantas encontradas naturalmente em diferentes países, tam-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

bém mostram dados referentes à nutrição de moringa. Hsu et


al. (2006) registraram os valores 19,1, 21,7 e 18,4 g kg-1, para
plantas adultas encontradas na Nicarágua, Índia e Nigéria, res-
pectivamente. Price (2007) analisou o tecido foliar de plantas de
moringa adultas encontradas naturalmente na África e registrou
teores da ordem de 25,9 g kg-1 de K. Pelos valores acima citados
percebe-se que o teor de K nas plantas varia muito em função do
manejo adotado e idade de avaliação das plantas, o que com cer-
teza está diretamente relacionado a disponibilidade do nutrien-
te no substrato sobre o qual as plantas estão colocadas. Dessa
forma plantas cultivadas, absorvem mais nutrientes em função
do fornecimento de nutrientes via adubação.
Geralmente, plantas submetidas a estresse pela deficiência
de potássio apresentam: murcha ou queima ao longo das mar-
gens das folhas, crescimento lento, sistema radicular pouco de-
senvolvido, acamamento das plantas, sementes e frutos peque-
nos e enrugados e pouca resistência à doenças.

CÁLCIO
71
A maior parte do Ca nas plantas ocorre formando ligações
intermoleculares na lamela média da parede celular e das mem-
branas. Contribui, assim, para a estabilidade estrutural do tecido
vegetal e o movimento intercelular de vários metabólitos. Atua,
ainda, como catalisador de enzimas envolvidas na hidrólise do
ATP e de fosfolipídios. Geralmente, plantas adequadamente nu-
tridas em cálcio apresentam entre 10 e 50 g kg-1 de matéria seca,
sendo que as deficientes geralmente apresentam teores próxi-
mos ou inferiores a 4 g kg-1 de Ca na matéria seca foliar.
Nos trabalhos realizados por Chaves et al. (2005), Vieira
et al. (2008b), Oliveira et al. (2009) e Adebayo et al. (2011) em
plantas de moringa em diferentes faixas de crescimento e sub-
metidas a diferentes condições, os autores referenciados obtive-
ram valores máximos de 23,88, 12,08, 14,23 e 14,1 g kg-1 de Ca,
respectivamente. Considerando que no trabalho de Chaves et al.
(2005) e Vieira et al. (2008b) as plantas foram cultivadas com
solução nutritiva balanceada e que o solo utilizado por Olivei-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

ra et al. (2009) apresentava altos teores de cálcio e foi adubado


com superfosfato triplo que contém cálcio em sua composição,
os teores adequados para o crescimento normal da moringa cul-
tivada devem estar entre 15 e 20 g kg-1. Além disso, os valores
relatados estão dentro da faixa de adequação, 10-50 g kg-1 de Ca,
indicada por Dechen e Nachtigall (2007).
No trabalho realizado por Hsu et al. (2006) foram observa-
dos valores de 17,5 26,4 13,9 g kg-1 de Ca para plantas adultas de
moringa encontradas em sistemas naturais da Nicarágua, Índia
e Nigéria, respectivamente. Price (2007) registrou apenas 4,4 g
kg-1 de Ca em plantas de moringa adulta encontradas na África,
onde esse valor é considerado insuficiente para o crescimento
normal da maioria das culturas.
Mesmo os trabalhos que registram teores baixos de cálcio
em plantas de moringa, a exemplo de Price (2007), o autor não
relata sintomas de deficiência apresentados nas plantas, mas de
forma geral as plantas quando sob cultivo comercial podem ma-
nifestar os seguintes sintomas: pouco crescimento do sistema
radicular, as raízes deficientes em cálcio escurecem e apodre-
72 cem, aspecto gelatinoso nas pontas das folhas e nos pontos de
crescimento, clorose interneval nas folhas e gemas apicais.

MAGNÉSIO
O magnésio assim como o fósforo é requerido em pequenas
quantidades pelos vegetais, sendo encontrados teores variando
de 1 a 10 g kg-1 na matéria seca foliar, mas geralmente as plan-
tas apresentam crescimento adequado com teores entre 2 e 5
g kg-1 (DECHEN e NACHTIGALL, 2007). Mais da metade do Mg
contido nas folhas é encontrado na clorofila, já que a molécula
desta possui um átomo central de Mg. Além disso, o Mg é ativa-
dor das enzimas envolvidas com a fosfato-transferase, relacio-
nadas, portanto, com o metabolismo energético. Na literatura há
poucas informações sobre a nutrição da moringa em magnésio,
mas alguns trabalhos já realizados com formação de mudas e
de exploração registram teores de magnésio no tecido foliar o
que pode nortear futuras pesquisas na nutrição dessa cultura e
conseqüentemente de calagem e adubação.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Em mudas de moringa cultivadas em areia lavada, sob do-


ses de K (0, 2, 4, 6, 8 e 12 mM), Chaves et al. (2005) observa-
ram 7,25 g kg-1 de Mg referente ao tratamento sem potássio e
4,64 g kg-1 de Mg nas plantas dos tratamento com a maior dose
de potássio, aos 80 dias após transplantio. Estes resultados são
particularmente interessantes, pelo fato que a areia lavada é um
substrato muito pobre em nutrientes e mesmo assim as plantas
acumularam teores altos de Mg. Em outro trabalho com produ-
ção de mudas de moringa em solução nutritiva completa, Vieira
et al. (2008b) encontraram apenas 2,12 g kg-1 de Mg no tecido
foliar, aos 30 dias após plantio.
Oliveira et al. (2009) avaliaram a influência de adubos or-
gânicos (esterco bovino, caprino e cama de galinha) e diferentes
idades de corte sobre o acumulo de magnésio no tecido foliar
de moringa e verificaram que o tratamento sem esterco (trata-
mento testemunha) foi o que proporcionou maior teor de Mg,
2,29 g kg-1, às plantas. Adebayo et al. (2011) também testando
influência de adubos orgânicos sobre o acúmulo de Mg em plan-
tas de moringa, 50 dias após transplantio observaram valores
73 variando de 3,1 a 5,9 g kg-1 de Mg.
Em condições naturais as plantas de moringa apresentam
teores muito baixos de magnésio no tecido foliar em relação a
plantas cultivadas. Isto é comprovado pelas avaliações realiza-
das por Hsu et al. (2006) e Price (2007) ao observarem valores
abaixo de 0,3 g kg-1 de Mg em plantas de moringa adultas encon-
tradas em ecossistemas da África. No entanto, não são citadas
informações sobre sintomas característicos de deficiências des-
te elemento nas plantas. Isto se deve as condições de solo sobre
as quais as plantas são encontradas. De acordo com informações
de Price (2007), Radovich (2011) e Adebayo et al. (2011), a mo-
ringa é tolerante a solos ácidos, o que possivelmente seja um
indício de que essas plantas conseguem crescer e produzir ade-
quadamente sob pequena disponibilidade de Ca e Mg no solo.
A maioria das plantas cultivadas, quando deficientes em
Mg, apresenta clorose entre as nervuras da folhas mais velhas,
enquanto as nervuras permanecem verdes, redução da produ-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

ção e queda de folhas, redução no tamanho do fruto e redução


nos teores de vitamina C dos frutos.

ENXOFRE
Assim como o N, a estrutura química S permite a formação
de ligações covalentes estáveis. Dessa forma, a maior propor-
ção do S na planta está ligado aos aminoácidos cisteína (-C-SH),
metíonina (-C-S-CH3) e cistina (-C-S-S-C) e proteínas. Participa
ainda de coenzimas e vitaminas essenciais para o metabolismo.
Pode ser encontrado em teores que variam de 1,0 a 5,0 g kg-1,
considerando-se teores entre 1,0 e 3,0 g kg-1 como adequados
para o crescimento normal das plantas. É freqüente apresentar-
-se com teores superiores ao do P no tecido foliar dos vegetais.
Poucos são os trabalhos realizados com nutrição mineral de
moringa que apresentam dados sobre o acumulo de enxofre nes-
tas plantas. No estudo realizado por Vieira et al. (2008b) para
avaliar a acumulação de nutrientes em mudas de moringa sob
omissão de macronutrientes, estes observaram que quando as
74 mudas foram cultivadas em solução nutritiva completa as plan-
tas apresentaram 1,86 g kg-1 de S na matéria seca foliar, aos 30
dias após transplantio. Avaliando o teor de nutrientes de plantas
de moringa adultas encontradas na África, Price (2007) regis-
trou teores da ordem de 1,36 g kg-1 de S na matéria seca foliar.
A deficiência de enxofre nas plantas se manifesta com colo-
ração verde pálida nas folhas novas, crescimento lento, as folhas
tendem a se enrugar à medida que a deficiência se acentua, cau-
le delgado e fraco.

MICRONUTRIENTES
Os micronutrientes apesar de serem tão importantes quan-
to os macronutrientes para a nutrição mineral de plantas, não
tem a mesma atenção dispensada ao estudo dos macronutrien-
tes. Para se comprovar isso basta se fazer um levantamento
quantitativo histórico a respeito do número de trabalhos rea-
lizados em nutrição mineral e se perceberá uma superioridade
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

elevada do número de trabalhos avaliando a influência de ma-


cronutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo e potássio, em
relação aos que avaliam a influência dos micronutrientes sobre
as plantas. Talvez isto seja um reflexo, das pequenas quantida-
des exigidas, mais não menos importantes, em micronutrientes
em relação a macronutrientes pelas plantas para crescimento e
devido as deficiências de macronutrientes serem mais visíveis a
olho nu e portanto chamarem mais a atenção.
Não diferente, estudos ou trabalhos que relatem sobre mi-
cronutrientes em plantas moringa são bastante escassos na li-
teratura. Adebayo et al. (2011) realizaram um trabalho com o
objetivo de avaliar o teores de nutrientes em plantas de moringa
submetidas a aplicação de adubos orgânicos, aos 50 dias após
transplantio e verificaram teores de ferro variando de 67,69 a
87,54 mg kg-1, teores de cobre variando de 2,39 a 3,25 mg kg-1,
teores de manganês variando de 25,77 a 29,32 mg kg-1 e teores
de zinco variando de 19,84 a 78,43 mg kg-1 (Tabela 3).
Tabela 3. Teores de micronutrientes em plantas de moringa
submetidas à aplicação de esterco bovino, esterco de aves (EA),
75 compostagem de mandioca (CP) + esterco de aves (EA) (3:1),
compostagem de mandioca (CP) + esterco de aves (EA) (2:1),
capim elefante (CE) + esterco de aves (EA) (3:1) e capim elefante
(CE) + esterco de aves (EA) (2:1), aos 50 dias após transplantio.
(Adaptado de Adebayo et al., 2011).
Tratamentos Fe Cu Mn Zn
----------------------------mg kg-1-----------------------
----
Testemunha 86,39 c 2,39 e 25,77 e 78,43 a
Esterco bovino 87,16 b 2,25 f 24,08 f 27,41 c
Esterco de 85,27 d 3,25 a 22,88 g 20,57 f
galinha
CP + EA (3:1) 87,54 a 2,59 d 27,87 c 22,98 e
CP + EA (2:1) 82,34 f 2,41 e 28,13 b 30,57 b
CE + EA (3:1) 83,47 e 2,97 b 25,88 d 27,15 d
CE + EA (2:1) 67,69 g 2,86 c 29,32 a 19,84 g
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Em plantas de moringa sob condições naturais em ecossis-


temas africanos HSU et al. (2006) avaliaram os teores de micro-
nutrientes e constaram que as plantas encontradas na Nigéria
apresentam teores superiores de Mn e Zn em relação as encon-
tradas na Nicarágua e na Índia, mas as plantas avaliadas na Ni-
carágua apresentam maiores teores de Fe e Cu (Tabela 4). Essas
diferenças certamente expressam as condições de fertilidade do
solo onde se encontram essas plantas.
Tabela 4. Teores de micronutrientes verificados em plantas de
moringa em diferentes países do continente africano (adaptado
de Hsu et al., 2006).

Ferro Cobre Manganês Zinco


Local
----------------------------mg kg-1---------------------------
Nicarágua 582 11,2 47,1 13,5
Índia 175 7,1 51,8 13,7
Nigéria 347 10,6 113,9 24,2

76 Com relação ao ferro, geralmente encontra-se esse nutrien-


te nas plantas em quantidades que vão de 10 a 1500 mg kg-1
de matéria seca, sendo considerado adequado para crescimento
normal teores entre 50 e 100 mg kg-1. O cobre é encontrado em
teores variando de 2 a 75 mg kg-1, mas plantas supridas adequa-
damente em Cu apresentam teores variando de 5 a 20 mg kg-1
de matéria seca. Para o manganês pode ser encontrar valores
entre 5 e 1500 mg kg-1 no tecido foliar, mas valores entre 20 e
500 mg kg-1 já são considerados adequados para maioria das
culturas. As plantas acumulam teores de Zinco entre 3-150 mg
kg-1 no tecido foliar e apresentam deficiência deste quando em
quantidades inferiores a 25 mg kg-1 de Zn.
A deficiência em micronutrientes, ao contrário do ma-
cronutrientes, é muito difícil de ser diagnosticada a olho nu.
Isto porque são apresentados sintomas semelhantes para defi-
ciência de micronutrientes diferentes, além disso, os sintomas
podem se confundir facilmente com os sintomas expressos pela
deficiência de alguns macronutrientes. Um exemplo disto é a
clorose apresentada por plantas supostamente deficientes em
N, ou seja, a deficiência de alguns micronutrientes podem ser
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

manifestar por sintomas muito semelhante a deficiência de N.


Portanto, para uma diagnose adequada se faz necessário uma
análise laboratorial do tecido foliar, seguindo orientações espe-
cíficas para coleta e análise do material.
É necessário lembrar que os sintomas de deficiências de
nutrientes descritos aqui não serão visualizados e identificados
em plantas de moringa encontradas naturalmente na vegetação
da Caatinga, dada a condição de equilíbrio em que maioria se
encontra. No entanto, considerando-se o fato que a partir do
momento que se domestica uma planta e passa-se a cultivá-la de
forma comercial, principalmente em sistemas de monocultivo, o
agroecossistema sofre mudanças significativas principalmente
no que diz respeito à ciclagem de nutrientes e, estes indivídu-
os que naturalmente não apresentavam sintomas de deficiência
nutricional, pragas e doenças passam a conviver com esses fato-
res estressantes. Além disso, em sistemas de cultivo são exigidas
produções superiores as que as plantas apresentam na nature-
za, o que aumenta sua demanda por água e nutrientes.
77
AMOSTRAGEM DE PLANTAS PARA A AVALIAÇÃO
DO ESTADO NUTRICIONAL DA MORINGA
Para a obtenção de dados referentes à condição nutricional
das plantas é comum se fazer uma amostragem, geralmente das
folhas, em campo para verificar as quantidades de nutrientes
contidos na matéria seca de culturas, onde o resultado é dado
em g kg-1 de matéria para os macronutrientes e mg kg-1 de ma-
téria seca para os micronutrientes. Para a maioria das culturas
de importância comercial já existem tabelas (TRANI et al., 1983;
MILLS e JONES JUNIOR, 1996; MALAVOLTA et al., 1997 e REU-
TER et al., 1997) indicando quando, qual o órgão, quanto e como
coletar para obtenção desses dados. Além disso, essas tabelas
ainda trazem valores referência, considerados adequados, para
servirem como orientação aos técnicos, estudante e pesquisa-
dores no momento de interpretar os dados de laboratório.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Para a moringa ainda não se tem informações especificas


sobre o período e forma de coleta de amostras para verificação
da composição mineral, assim como não se dispõem de tabelas
indicando quais seriam as faixas adequadas para cada nutriente.
Dessa forma, a amostragem de material para verificação da sua
adequação nutricional quando se tratar de cultivos para utiliza-
ção como forragem sugere-se os seguintes critérios:
Época: Início da floração, pois é o período onde há maior
acúmulo de reservas na planta, o que caracteriza esse período
como a época ideal para o corte e fornecimento desse material
aos animais, tendo em vista que disponibilizará a maior quanti-
dade de nutrientes possível aos animais. Com início da floração
os nutrientes irão se deslocarem para produção de flores e frutos.
Órgão: Folhas recém-maduras, pois estão fotossintetica-
mente ativas e geralmente são as primeiras a apresentarem sin-
tomas de deficiência em nitrogênio, fósforo e potássio.
Quanto: 20 amostras simples por hectare para formar uma
amostra composta (100 a 200 g de tecido verde)
78 Como: Percorrer a lavoura, ou parcela de interesse, em zi-
guezague. Para casos onde houver poucas plantas com suspeitas
de subnutrição, o ideal é fazer uma amostragem separada das
plantas aparentemente sadias e vigorosas para ter-se um pa-
drão de comparação.
Com relação à adequação nutricional, devido a falta de da-
dos referência na literatura para essa cultura, aconselha-se cada
produtor em particular fazer o monitoramento de suas plantas e
relacionar os dados de nutrição com os dados de produtividade.
Isto porque em regiões distintas, em função das condições eda-
foclimáticas diferenciadas, as plantas podem apresentar maior
ou menor eficiência na utilização dos nutrientes, ou seja, plantas
cultivadas em solos bem estruturados, com umidade adequada
e teores de matéria orgânica elevados no solo e etc., podem re-
quisitar uma menor quantidade de nutrientes do solo para ex-
pressar seu potencial produtivo em relação a plantas cultivadas
sob stress advindos de condições adversas de solo ou clima.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CONSIDERAÇÕES FINAIS
É notável de um modo geral a escassez de informações, prin-
cipalmente no Brasil, a respeito do manejo de plantas de moringa
em cultivos comerciais, principalmente no que diz respeito a es-
tudos de adubação e nutrição mineral das plantas. Atualmente, os
trabalhos tem se restringido a coleta de informações em plantas
sob regime extrativista, mas com a possibilidade de incorporação
dessa cultura entre as exploradas para obtenção de forragem no
semiárido nordestino espera-se que os órgãos governamentais,
através de universidades e outras instituições de pesquisa, dis-
pensem uma maior atenção a essa cultura. Informações sobre cul-
turas com potencial forrageiro para o Nordeste brasileiro são de
extrema importância, haja vista que grande parte dessa região é
coberta pelo bioma Caatinga, utilizado amplamente por agriculto-
res da região para exploração de rebanhos caprinos e bovinos, o
que tem causado degradação acelerada desse bioma. Assim sendo
o cultivo da moringa, assim como de outras plantas já utilizadas,
torna-se mais uma alternativa para a alimentação de rebanhos
em períodos dos de escassez de alimento.
79
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

REFERÊNCIAS

ADEBAYO, A.G.; AKINTOYE, H.A.; OLUFOLAJI, A.O.; AINA, O.O.; OLANTUN-


JI, M.T.; SHOKALU, A.O. Assessment of organic amendments on vege-
tative development and nutrient uptake Moringa oleifera Lam in the
nursery. Asian Journal of Plant Sciences, v. 10, n. 1, p. 74-79, 2011.
ALMEIDA, V.M.; SOUTO, J.S.; ARAÚJO, L.V.C.; PEREIRA FILHO, J.M.; SANTOS,
R.V. Composição química- bromatológica da moringa (Moringa olei-
fera Lam.) no semiárido paraibano. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
MEDICINA VETERINÁRIA, 26, 1999, Campo Grande Anais ..., Campo
Grande. 1999.
BAKKE, I.A.; SOUTO, J.S.; SOUTO, P.C.; BAKKE, O.A. Características de cres-
cimento e valor forrageiro da moringa (Moringa oleifera Lam.) sub-
metida a diferentes adubos orgânicos e intervalos de corte. Engenha-
ria Ambiental, Espírito Santo do Pinhal, v. 7, n. 2, p. 133-144, 2010.
CHAVES, L.H.G.; VIÉGAS, R.A.; VASCONCELOS, A.C.F.; VIEIRA, H. Effect of
potassium on moringa plants growth in nutrient solution. Revista de
Biologia e Ciências da Terra, João Pessoa, v. 5, n. 2, 2005.
80 DECHEN, A.R.; NACHTIGAL, G.R. Micronutrientes In.: FERNANDES, M.S.
Nutrição mineral de plantas. Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciên-
cia do Solo, Cap. 13, 2006, p. 327- 354.
HSU, R.M.; WITTE, L. Moringa oleifera; Medicinal and socio-economics
uses. International Course on Economic Botany (National Herbarium
Leiden): Netherlands, 2006, 18p.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutri-
cional das plantas. Princípios e aplicações. 2 ed. Piracicaba: POTA-
FOS, 1997. 319 p.
MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 6. ed. London: Aca-
demic Press. 2005. 889 p.
MENGEL, K.; KIRKBY, E.E. Principles of plant nutrition. Berna: Interna-
tional Potash Institute. 1987. 687p.
MILLS, H.A.; JONES JR, J.B. Plant analysis handbook II. Georgia, USA: Mi-
cromacro Publishing, 1996. 422p.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

MIRANDA, J.R.P.; CARVALHO, J.G.; FERNANDES, A.R.; PAIVA, H.N. Pro-


dução de massa seca e acúmulo de nutrientes e Na por plantas de
moringa (Moringa oleifera Lam.) cultivadas em solução nutritiva com
diferentes níveis de NaCl. Revista de Ciências Agrárias, Belém, n.
47, p. 187-198, 2007.
NAMBIAR, E. K. S. Plantation forests: their scope and perspective on plan-
tation nutrition. In: BOWEN, G. B.; NAMBIAR, E. K. S. (Ed.). Nutrition
of plantation forests. London: Academic Press, 1989. p.1-15.
OLIVEIRA JUNIOR, S.; SOUTO, J.S.; SANTOS, R.V.; SOUTO, P.C.; SOUTO MAIOR
JUNIOR, S.G. Adubação com diferentes estercos no cultivo de moringa
(Moringa oleifera Lam.). Revista Verde de Agroecologia e Desenvol-
vimento Sustentável, Mossoró, v. 4, n.1, p.125 – 134, de 2009.
PRICE, M.L. The Moringa Tree. Echo Technical: USA, 2007. 19 p.
RADOVICH, T. Farm and Forestry Production and Marketing Profile for
Moringa (Moringa oleifera). In: ELEVITCH, C.R. (ed.). Specialty Crops
for Pacific Island Agroforestry. Holualoa, Permanent Agriculture
Resources (PAR), 2011.12 p.

REUTER, D.J.; ROBINSON, J.B. Planta analysis-na interpretation manual.


81
Collingwood: Second Edition, CSIRO Publishing, 1997. 572 p.

TRANI, P.E.; HIROCE, R.; BATAGLIA, D.C. Análise foliar: amostragem e in-
terpretação. Campinas: Fundação Cargil, 1983. 18 p.

VIEIRA, H.; CHAVES, L.H.G.; VIÉGAS, R.A. Produção de matéria seca por
mudas de moringa sob omissão de macronutrientes. Revista de Ci-
ências Agrárias, Belém, n. 50, p. 189-195, 2008a (Comunicação cien-
tífica).

VIEIRA, H.; CHAVES, L.H.G.; VIÉGAS, R.A. Acumulação de nutrientes em


mudas de moringa (Moringa oleifera Lam) sob omissão de macronu-
trientes. Revista Ciência. Agronômica, Fortaleza, v.39, n.01, p.130-
136, 2008b.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPÍTULO 4
POTENCIAL FORRAGEIRO DA
MORINGA
IVONETE ALVES BAKKE, JACOB SILVA SOUTO, OLAF
ANDREAS BAKKE, PATRÍCIA CARNEIRO SOUTO

INTRODUÇÃO
A região semiárida do nordeste do Brasil caracteriza-se por
apresentar altas temperaturas e elevada radiação solar. As chu-
vas incidentes na região são suficientes para o desenvolvimen-
to de algumas culturas agrícolas e da vegetação natural do tipo
Caatinga. Estas características fazem da pecuária uma das ativi-
82 dades econômicas mais importantes da região, desde a sua ocu-
pação até os dias atuais. A pressão antrópica, representada por
práticas agrícolas inapropriadas e superpastejo, e fatores am-
bientais, tais como as secas recorrentes e as chuvas torrenciais
concentradas em poucos meses do ano degradam o ambiente
e empobrecem a flora da caatinga, acarretando baixos índices
produtivos e reprodutivos dos rebanhos.
O potencial forrageiro da vegetação nativa pode ser man-
tido com a introdução de espécies exóticas adaptadas às con-
dições ecológicas da região. A moringa (Moringa oleifera Lam.)
pode ser uma alternativa para os pecuaristas da região, devido
à sua alegada adaptação a climas tropicais, e ao seu potencial
de produção de forragem rica em nutrientes (FOIDL, MAKKAR e
BECKER, 2001). De acordo com Almeida et al. (1999), na Índia e
na Indonésia, a moringa representa uma excelente fonte de for-
ragem fresca para os animais.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Para Brunelli (2010), na região do Pantanal do Brasil, a mo-


ringa tem se destacado dentre várias espécies forrageiras estu-
dadas. Os principais aspectos observados foram o fácil cultivo, o
ponto de corte para forragem com apenas seis meses, a flexibi-
lidade de suas hastes que facilitam o manejo para o corte e sua
resistência a pragas e doenças. Essas características fazem com
que o seu cultivo necessite de pequena quantidade de insumos
agrícolas, e a sua produção ocorra em curto espaço de tempo e
a um custo reduzido.

PRODUÇÃO E QUALIDADE DE FORRAGEM


A introdução de qualquer espécie vegetal em uma determi-
nada área exige o conhecimento da resposta da planta quanto
ao manejo, o clima e solo da região. O cultivo de espécies para
a produção de forragem deve considerar as características rela-
cionadas com a resposta morfofisiológica e a sobrevivência das
plantas após os cortes de sua forragem, destacando-se o estádio
83 de crescimento, que afeta a qualidade da forragem, e a altura de
corte, que se relaciona com o rendimento de forragem e o vigor
das rebrotas como consequência do grau de eliminação das ge-
mas vegetativas, das reservas orgânicas acumuladas durante os
períodos favoráveis de crescimento e da área foliar fotossinteti-
zante (COSTA et al., 1998).
Na Nicarágua, a moringa apresenta alto rendimento (68
toneladas/ha/ano) de biomassa fresca total comestível (folhas,
pecíolos, brotos e talos com diâmetro inferior a cinco milíme-
tros). Seu crescimento é rápido, e produz muita biomassa for-
rageira por unidade área quando submetida a um regime de
corte a cada 45 dias e 60 dias, na estação úmida e seca do ano,
respectivamente, em plantios adensados de 500 mil plantas/ha
(REYES, LEDIN e LEDIN, 2003). Foidl, Mayorga, Vásquez (2003)
recomendam plantios mais adensados (1 milhão de plantas por
hectare) para otimizar a produção de biomassa fresca, e os cus-
tos de semeadura, manejo de corte e controle de doenças, em
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

boas condições de solo e clima. Os autores ressaltam que densi-


dades superiores geram competição excessiva e mortalidade de
até 30% das plantas após cada corte, implicando em altas per-
das de produção por área.
Experimentos desenvolvidos na região semiárida brasilei-
ra por Bakke et al. (2010) mostraram que a moringa pode ser
cultivada em Luvissolos, em covas de 0,30 m x 0,30, m x 0,30
m, dispostas no espaçamento de 1,5 m x 1,5 m, adubadas com
300 g de esterco bovino e 150 g dos estercos caprino e asinino
ou composto orgânico, além de 1,0 t ha-1 de calcário dolomítico
e 80 kg ha-1 de P2O5. Na Figura 1 visualiza-se as plantas aos 30
e 90 após o plantio.

84

Figura 1. Visão geral do plantio de moringa aos 30 dias (a) e aos 90 dias
(b) após o plantio em março e maio de 2000

Nas condições supracitadas, a moringa admite corte a cada


90 dias do plantio na estação chuvosa, apresentando alto poder
de rebrota. Em condições naturais de campo, um segundo cor-
te após 90 dias mostrou-se excessivo, provocando a morte ou a
rebrota pouco vigorosa de muitas plantas devido à falta de umi-
dade do solo, (Figura 2). Acredita-se que se submetida a níveis
de irrigação e adubação adequados o seu poder de rebrota e de
produção sejam mantidos em patamares elevados.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Figura 2. Corte da moringa aos 90 dias após o plantio (a) e as cepas após o
corte (b) em maio de 2000.

Os incrementos médios na altura da planta e diâmetro do


caule da moringa, três meses após o plantio, e a rebrota não fo-
ram afetados significativamente (P>0,05) pelos diferentes adu-
bos orgânicos utilizados. Porém, houve uma tendência de me-
nor crescimento das plantas adubadas com o esterco asinino,
provavelmente devido à alta relação C:N deste material (35:1)
que diminui a velocidade da decomposição do esterco e da libe-
85 ração de nutrientes para a solução do solo (VARGAS e HUNGRIA,
1997). Este resultado é relevante, uma vez que o produtor po-
derá utilizar o adubo orgânico disponível em sua propriedade e
garantir a produtividade de sua forragem.
As plantas cortadas aos três meses de idade apresentaram
uma média de 2,8 brotos em agosto, e os não cortados 1,3 bro-
tos. O aumento de 1,5 brotos por planta cortada em relação às
não cortadas comprovou a capacidade de rebrota da moringa
após corte raso durante a estação chuvosa (Figura 3). Efeito
contrário foi observado ao se efetuar o corte durante a estação
seca, cuja rebrota foi insignificante. Porém, foram verificadas
rebrotas logo após as primeiras chuvas em janeiro do ano sub-
seqüente, evidenciando a resistência aos cortes efetuados no
primeiro ano de desenvolvimento e a condição de dormência
em suas gemas durante a estação seca.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Figura 3. Visão Geral da moringa após o corte em agosto de 2000 (a) e sua
rebrota no início da estação chuvosa do ano seguinte (2001).

A moringa pode ser plantada em canteiros, em áreas pe-


quenas ou grandes, de acordo com a necessidade de forragem.
Pode ser usada como estacas ou cercas vivas, para corte regular
86 das rebrotas (FOIDL, MAYORGA, VÁSQUEZ, 2003). Almeida et al.
(1999) recomendam o seu plantio em bancos de proteína, espe-
cialmente no semiárido brasileiro, por conta da sua alta capaci-
dade de rebrota durante a maior parte do período seco.
Uma vez realizada o corte das ramas (folhas, flores, frutos
verdes e ramos com menos de 5 mm de diâmetro), o material
coletado deve ser processado (picado) manualmente ou em for-
rageira, para melhor aproveitamento das porções mais fibrosas
não lignificadas dos ramos, resultando numa forragem fresca de
excelente qualidade, altamente palatável, a qual é rapidamente
consumida por caprinos, ovinos e bovinos. As ramas devem ser
consumidas no mesmo dia em que forem coletadas a fim de evi-
tar fermentação do material excedente (SÁNCHEZ, 2004).
Apesar de sua forragem ser palatável e bem aceita pelos
animais, recomenda-se um período de adaptação, no qual deve
ser misturada a outros alimentos aos quais os animais já es-
tão adaptados. Após este período, cada vaca em lactação pode
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

consumir diariamente até 27 kg de matéria verde de moringa e


manter uma produção comparável às suplementadas com con-
centrados tradicionais. O custo da suplementação com moringa
foi cerca de 10% do concentrado convencional. O alto teor de
proteína bruta e a presença de aminoácidos solúveis encontra-
dos nas folhas da moringa aumentam a eficiência da síntese de
proteína microbiana, caracterizando as suas ramas finas como
um material forrageiro de alta qualidade para ruminantes. Ani-
mais monogástricos podem ser alimentados com moringa. Suas
folhas e ponteiros tenros são utilizados na alimentação de suí-
nos, e os frutos verdes e folhas frescas são consumidos por eqüi-
nos (IRVINE, 1961; CÁCERES et al., 1991).

COMPOSIÇÃO QUÍMICA
DA MORINGA COMO FORRAGEIRA
Bakke et al. (2010), estudando o comportamento da moringa
em relação ao intervalo de corte na região semiárida do Nordes-
te, verificaram que o teor de matéria seca em suas folhas não se
87 alterou quando cortadas aos três ou seis meses após o plantio,
mantendo-se ao redor de 20%. No caule, houve um incremento de
17,93 para 21,78%. Os autores comparam esses resultados a de
outras espécies da caatinga e verificaram que os ramos da morin-
ga são mais suculentas do que a forragem proveniente dos ramos
da jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) (MS=52,08%),
do sabiá (Mimosa caesalpineaefolia Benth) (MS=57,78% na par-
te aérea forrageira); e da catingueira (Poincianella pyramidalis,
(Tul.) L.P.Queiroz (39,36%) (LIMA, 1996).
A proteína bruta da moringa é considerada de boa qualidade
para a alimentação de ruminantes. Qualitativamente e quantitati-
vamente, as folhas da moringa são superiores a vários suplemen-
tos protéicos convencionais à base de sementes de algodão ou
girassol. Isto se deve, provavelmente, à presença de aminoácidos
solúveis, os quais aumentam a eficiência da síntese de proteína
microbiana, conferindo às folhas de moringa alta qualidade forra-
geira para vacas leiteiras (MAKKAR e BECKER, 1996).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Almeida et al. (1999) encontraram em plantios de moringa


no semiárido do Nordeste brasileiro, 24% de proteína bruta em
suas folhas e ramos finos. Bakke et al (2010) observaram que os
valores da proteína bruta nas folhas foi reduzido de 22,10% para
15,73%, e, nos caules, de 7,90% para 5,54%, quando o intervalo
de corte aumentou de três para seis meses. O teor de proteína na
forragem proveniente de plantas cortadas aos três meses e de
suas rebrotas três meses após o corte apresentaram aumentos
significativos de até 9% nas folhas (P<0,01) e de até 3,4% no
caule (P<0,05) quando comparadas com a forragem provenien-
te de plantas que se desenvolveram por seis meses. Isto sugere
a conveniência de antecipar o primeiro corte da moringa para o
terceiro mês após o plantio e a realização do corte das rebrotas
três meses após como forma de manutenção de forragem com
altos teores de proteína, indicados na alimentação dos animais,
especialmente aqueles em estado de lactação.
Para as variáveis matéria mineral, fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HC), os valo-
res obtidos indicam que o corte deve ser realizado a cada três meses.
88
As diferenças encontradas em plantios realizados na região
semiárida do Nordeste brasileiro podem ser devido às diferen-
ças entre as variedades das plantas, condições de plantio, preci-
pitação, adubação, manejo e estádio fenológico em que as plan-
tas se encontravam no momento da coleta do material.

COMPONENTES ANTINUTRICIONAIS
As plantas apresentam, segundo Nepomuceno (2009), es-
tratégias para sobreviver aos mais diversos ambientes, sendo
as principais o armazenamento de nutrientes e a defesa contra
ameaças externas, o que influencia diretamente seu valor nu-
tritivo. No que tange a defesa contra ameaças externas, a planta
sintetiza compostos como: saponinas, fenóis, terpenóides e al-
calóides e outros compostos químicos para conferir-lhe resis-
tência ao vento, doenças, desfolhação e predadores.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Os compostos produzidos pelas vegetais contra essas ame-


aças externas, de forma geral, são de baixo valor nutritivo e es-
tão relacionados com a diminuição da aceitabilidade das plantas
forrageiras consumidas por animais, fato este que lhes confere
a denominação de “fatores antinutricionais”, generalização
dada aqueles compostos químicos relatados no parágrafo an-
terior e que ocasionam uma diminuição do consumo, digestão
e absorção do alimento pelo animal, causando uma diminuição
do aproveitamento da forragem, repercutindo com a queda do
desempenho produtivo e perdas econômicas para o produtor.
Muitas espécies tropicais possuem pré-disponibilidade ge-
nética para produzir metabólitos secundários como taninos em
estágios particulares de desenvolvimento ou sob condição de
estresse. Os metabólitos secundários constituem, segundo Giner-
-Chaves (1996), um meio de defesa contra bactérias, fungos, vírus,
estresse ambiental e ataque de herbívoros, e podem proporcionar
à planta características como gosto amargo, odor repulsivo e pro-
vocar intoxicações ou efeitos antinutricionais nos predadores.
89 De acordo com Makkar e Becker (1996), as folhas de morin-
ga apresentam quantidades insignificantes de taninos, e o con-
teúdo de saponina foi semelhante aos presentes em alimentos
à base de soja. Tripsina e lectina não foram detectados. Isto é
relevante, uma vez que um dos problemas na exploração de fo-
lhas de árvores como fonte de alimentação animal é a presença
de componentes antinutricionais e fatores tóxicos.
No geral, a planta possui baixas concentrações de fatores
antinutricionais, embora as sementes possuam glucosinolatos
(65,5µmol/g), fitatos (41g/kg) e atividade hemaglutinante, enquan-
to as folhas têm apreciáveis quantidades de saponinas (80g/kg),
além de fitatos (21g/kg) e taninos (12g/kg) (FERREIRA et al., 2008).
Sousa et al. (2009) visando avaliar a presença de metabóli-
tos secundários presentes no extrato metanólico das folhas de
Moringa oleifera, em trabalho realizado na Universidade Federal
do Piauí, em Teresina, verificaram que a análise dos metabólitos
secundários mostrou a presença de alcalóides, taninos, saponi-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

nas, cumarinas, resina, flavonóides e apresentou resultado ne-


gativo para quinonas e esteróides/triterpenóides.
A quantidade de fitato (3,1%) encontrada na moringa pode
diminuir a disponibilidade de minerais em monogástricos, as-
sim como promover a produção excessiva de gases nestes ani-
mais (GUPTA et al., 1989). Entretanto, esta espécie apresenta-se
como uma boa fonte de alimento para os ruminantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vislumbra-se, então, a possibilidade do aproveitamento de ex-
tensas áreas degradadas da caatinga, de solos rasos, e com déficit
hídrico na maior parte do tempo, nas quais o potencial de produção
de forragem encontra-se altamente reduzido e onde poucas espé-
cies são capazes de vegetar e produzir forragem satisfatoriamente.
O alto conteúdo de proteína bruta nas folhas, a presença
de níveis adequados de aminoácidos essenciais e o baixo nível
de fatores antinutricionais, aliados à capacidade de rebrota e
90 adaptabilidade às condições climáticas, fazem da moringa uma
promissora opção para alimentação animal e, ou suplementação
protéica para vacas de alta produção e outros animais explora-
dos na região semiárida do Brasil.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, V.M.; SOUTO, J.S.; ARAÚJO, L.V.C.; PEREIRA FILHO, J.M.; SAN-
TOS, R.V. Composição Química-Bromatológica da Moringa (Moringa
oleifera Lam.) no semiárido paraibano. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE MEDICINA VETERINÁRIA, 26, 1999. Campo Grande, MS. Anais ...
1999.
BAKKE, I.A; S OUTO, J.S.S; SOUTO, P.C.; BAKKE, O.A. Características de cres-
cimento e valor forrageiro da moringa (Moringa oleifera Lam.) sub-
metida a diferentes adubos orgânicos e intervalos de corte. Revista
Engenharia Ambiental. Espírito Santo do Pinhal, v.7, n.2, p. 133-144,
abr. /jun. 2010
BRUNELLI, R. Moringa é alternativa de alimentação para o gado na
seca. Disponível em: http://www.embrapa.br/imprensa/noticias.
2010. Acesso em 10 de outubro de 2011.
CACERES, A.; FREIRE, V.; GIRON, L.M.; AVILÉS, O.; PACHECO, G. Moringa
oleifera (Moringaceae): Ethnobotanical Studies in Guatemala. Econo-
mic Botany, v.45, n.4, p.522-23. 1991.
COSTA, N.L.; PAULINO V.T.; TOWNSEND, C.R. Efeito da altura e freqüência
91
de corte sobre a produtividade e composição mineral da leucena. In:
XXXV REUNIÃO DA SBZ. Botucatu, SP. Anais... 1998.
FERREIRA, P.M.P.; FARIAS, D.F.; OLIVEIRA, J.T.A.; CARVALHO, A.F.U. Morin-
ga oleifera: compostos bioativos e potencialidade nutricional. Revista
de Nutrição, v.21, n.4, p.431-437, 2008.
FOIDL, N., MAYORGA, L., VÁSQUEZ, W. Utilización del marango (Moringa
oleifera) como forraje fresco para ganado. 2003. Disponível em:
http://www.fao.org/ag/ aga/AGAP/FRG/Agrofor1/Agrofor1.htm.
Acesso em 17 de outubro de 2011.
FOIDL, N.; MAKKAR, H.P.S.; BECKER, K. The potential of Moringa oleifera
for agricultural and industrial uses. In: The Miracle Tree: the multi-
ple attributes of moringa. Ed. Lowell J Fuglie. 2001.
GINER-CHAVES, B.I. Condensed tannins in tropical forages. 1996. 196f.
Tese (Doutorado em Filosofia) - Cornell University, Ithaca, 1996.
GUPTA, K., BARAT, G.K., WAGLE, D.S. CHAWLA, H.K.L. Nutrient contents
and antinutritional factors in conventional and non-conventional lea-
fy vegetables. Food Chemistry. v.31. p.105-116. 1989.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

IRVINE, F.R. Wood plants of Ghana, with special reference to their


uses. Oxford. Univ. Press, London, 1961.
LIMA, J.L.S. Plantas forrageiras das Caatinga: usos e potencialidades.
EMBRAPA/CPATSA - PNE/ RBG - KEW. Petrolina, PE, 1996, 44 p.
MAKKAR, H.P.S.; BECKER, K. Nutrional value and antinutrional compo-
nents of whole and ethanol extracted Moringa oleifera leaves. Animal
Feed Science Technology. v.63. p.211-228. 1996.
NEPOMUCENO, D.D. Fatores Antinutricionais em três espécies de le-
guminosas forrageiras. 2009. 76f. Dissertação (Mestrado em Zoo-
tecnia) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 2009.
REYES, N.; LEDIN, S.; LEDIN, I. Biomass production and chemical com-
position of Moringa oleifera under different planting densities
and cutting frequencies in Nicaragua. Universidad Nacional Agra-
ria, Nicaragua. 2003.
SÁNCHEZ, N.R. Marango: cultivo y utilización en la alimentación ani-
mal. Guía Técnica n. 5. Universidad Nacional Agraria, Nicaragua. 2004.
SOUSA, T.O.; SILVA, R.A.C.; CASTRO, L.M.R.; ANDRADE, T.J.A.S. Caracteriza-
92 ção fitoquímica das folhas de Moringa oleifera Lam. In: CONGRESSO
DE PESQUISA E INOVAÇÃO DA REDE NORTE E NORDESTE DE EDU-
CAÇÃO TECNOLÓGICA, 4, 2009. Belém, PA, Anais... 2009.
VARGAS, M.A.T., HUNGRIA, M. Biologia dos solos dos Cerrados. Planalti-
na: EMBRAPA-CPAC, 1997. 524 p.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPÍTULO 5
APLICAÇÃO DA MORINGA
NO TRATAMENTO DE ÁGUAS
DE ABASTECIMENTO E
RESIDUÁRIAS
ROSÂNGELA BERGAMASCO, ANGÉLICA
MARQUETOTTI SALCEDO VIEIRA, LETÍCIA NISHI,
ANA LÚCIA FALAVIGNA-GUILHERME, JOSÉ EUCLÍDES
S. PATERNIANI, MARCIA REGINA FAGUNDES KLEIN,
ÁLVARO ALBERTO DE ARAUJO, GABRIEL FRANCISCO
DA SILVA

INTRODUÇÃO
A água constitui um recurso essencial à vida; um fator in-
dispensável à sobrevivência da biosfera, do homem e de todas
93 as outras espécies associadas ou que convive com ele. Devido às
características físico-químicas próprias a água não se encontra
em estado puro na natureza. A sua presença é acompanhada por
substâncias estranhas presentes em solução e, ou em suspensão
que afetam a sua potencial capacidade de utilização podendo ge-
rar problemas em nível de saúde publica, problemas econômicos
e distúrbios ambientais (Santos, 2007). Existem muitas fontes de
contaminação da água e esses contaminantes são principalmen-
te substâncias naturais da lixiviação do solo, escoamento das ati-
vidades agrícolas e industriais. A perda da qualidade intrínseca
das fontes de água doce torna necessária a utilização de quanti-
dades cada vez maiores de produtos químicos para remoção de
partículas suspensas e coloidais, de forma a adequá-las às carac-
terísticas de potabilidade exigidas pela legislação vigente.
O processo de coagulação/floculação é primordial no tra-
tamento de águas superficiais para abastecimento público, e os
coagulantes mais utilizados são produtos químicos que, além de
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

não serem biodegradáveis, geram elevadas quantidades de lodo.


Os coagulantes químicos apresentam também ressalvas em re-
lação a sua inocuidade a saúde pública, devendo ser controlado
o seu uso. Um exemplo disto é o controle da presença de sulfato
nas águas para abastecimento público, pois o sulfato provoca
efeitos laxativos, sendo o padrão de potabilidade fixado em 250
mg/L pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde.
Alguns dos principais coagulantes químicos utilizados nos
processos de coagulação das águas superficiais são à base de
sulfato (sulfato de alumínio, sulfato ferroso, sulfato férrico) o
que caracteriza a presença deste composto nas águas tratadas.
Um dos grandes motivos pelos quais se busca o uso alternativo
de coagulantes naturais está no fato de que vários estudos de-
monstram certa preocupação em relação à ingestão do alumínio
residual presente nas águas tratadas. Outro ponto negativo re-
lacionado ao uso do sulfato de alumínio como coagulante esta
relacionada à grande produção de lodo produzido, o qual não é
biodegradável (Huang et al., 2000).
94 Com isso, vem-se pesquisando outros coagulantes naturais
com elevada eficiência de coagulação. Alguns dos mais promis-
sores são a quitosana, o tanino e a moringa. Vários estudos vêm
sendo realizado no sentido de aprimorar as condições ótimas de
obtenção, dosagens e armazenamento destes coagulantes. As-
sim, considerando a etapa de coagulação, o uso de coagulantes
naturais, como a Moringa oleifera Lam., pode ser uma opção com
muitas vantagens sobre agentes coagulantes químicos, princi-
palmente quanto à biodegradabilidade, baixa toxicidade, baixa
produção de lodo residual, e menores riscos à saúde.

A MORINGA PARA TRATAMENTO DE ÁGUA


O tratamento de águas de abastecimento é o grande foco de uso
da semente de moringa, especialmente em localidades com escasso
acesso à água potável. Comunidades carentes de países em desen-
volvimento, sendo a Índia, Paquistão, Malásia e Indonésia alguns
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

exemplos, usam tecnologias simples de extração do coagulante da


semente para tratamento de água nas próprias localidades.
No Brasil, experiências de tratamento de água e cultivo da mo-
ringa em comunidades carentes do interior da Bahia estão sendo
coordenadas por organizações não governamentais (ONG), como a
Instituto Diamante Verde (www.diamanteverde.org.br). Essas ações
promovem uma melhor qualidade de vida às populações que se en-
contram distantes das companhias de abastecimento.
A semente de moringa possui uma proteína que, quando
solubilizada em água, é capaz de promover a coagulação e flo-
culação de compostos que promovem a cor e turbidez de águas
altamente turvas. Vários estudos têm demonstrado também sua
efetiva capacidade antimicrobiana, contribuindo dessa forma
para uma água de boa qualidade a um baixo custo.
Outra possibilidade do uso destas sementes como coagu-
lante é a retirada do óleo da semente precedendo o processo
de obtenção do coagulante. A extração do óleo não afeta as suas
propriedades coagulantes (ABDULKARIM et al., 2005), o que
95 oferece uma maior possibilidade de usos.
Resíduos sólidos podem ser utilizados como ração animal
e fertilizante, enquanto a casca da semente pode ser ativada e
usada como adsorvente. O coagulante é então obtido a um custo
extremamente baixo (GHEBREMICHAEL et al., 2005). As cascas
da semente de moringa são potenciais resíduos que podem ser
disponibilizadas em grande quantidade, e alguns autores estão
direcionando suas pesquisas no sentido de encontrar uma fi-
nalidade mais nobre para estes resíduos. A transformação das
cascas em carvão ativado é uma opção que vem sendo estudada
com alguns resultados positivos.

ESTABILIDADE DA SEMENTE DE MORINGA


Um dado importante a ser considerado para a utilização de co-
agulante naturais em processos de coagulação/floculação em gran-
de escala é a estabilidade deste coagulante. O conhecimento sobre
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

as melhores condições de armazenamento da semente de morin-


ga e do seu coagulante ainda estão sendo estudadas. Sabe-se que a
semente in natura não tem longa vida após colheita, mesmo sendo
mantida devidamente embalada e sob refrigeração a 5°C.
A capacidade coagulante do extrato aquoso das sementes ar-
mazenadas, com relação à redução de cor e turbidez, caem aproxi-
madamente 40% ao longo do primeiro ano de armazenamento e
60% em dois anos (MADRONA, 2010). Mais problemático é o uso
do extrato coagulante. Este deve ser preparado no dia da sua uti-
lização, ou, quando mantido sob refrigeração, deve ser utilizado
dentro de no máximo três dias, pois perde sua capacidade coagu-
lante com o decorrer do tempo (NDABIGENGESERE et al., 1995;
OKUDA et al., 1999; KATAYON et al., 2006; MADRONA, 2010).
Sabe-se que a utilização de materiais naturais, em qualquer
campo de atuação, carece de estudos efetivos e tecnologia ade-
quada, de forma a extrair a maior concentração possível do prin-
cipio ativo, sem que isso prejudique a sua forma ativa. Variações
na variedade, origem, clima, solo, entre outros, são fatores que
96 contribuem para a dificuldade em se utilizar material vegetal
em processos industriais. Em função disto, vários estudos de-
vem ser realizados para que se obtenha um coagulante ativo e
estável, capaz de ser comercializado.

UTILIZAÇÃO DA MORINGA PARA TRATAMENTO


DE ÁGUA E EFLUENTES
Duas abordagens podem ser utilizadas para o uso da semen-
te de moringa, a qual pode ser utilizada como agente coagulante
por meio da extração de composto ativo com solução aquosa ou
salina ou alternativamente para a remoção de carga orgânica,
pelo processo de adsorção. O agente coagulante pode ser utili-
zado tanto na forma pura como purificada para reduzir a quanti-
dade total de material orgânico. A vantagem de se utilizar o com-
posto ativo coagulante purificado é que se transfere menor carga
orgânica a água a ser tratada e não se tem o custo de purificação.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

O coagulante presente na semente de moringa tem sido


estudado como agente capaz de reduzir cor, turbidez, compos-
tos que absorvem luz ultravioleta a 254nm (UV254nm) e flúor
de águas superficiais ou subterrâneas. Quando se avalia a sua
capacidade no tratamento de águas residuárias, o parâmetro
DQO (demanda química de oxigênio) também é avaliado. O
extrato das sementes tem sido mencionado também, por di-
minuir drasticamente o lodo e a quantidade de bactérias em
águas residuais (MUYIBI e EVISON, 1995).
O volume de lodo produzido pelo uso da semente de moringa
como coagulante no tratamento de água é consideravelmente me-
nor, de 20 a 30%, do que quando se utiliza o sulfato de alumínio
como coagulante. Além disso, o lodo produzido por esta espécie
não oferece qualquer risco ambiental. O que é altamente vantajoso,
uma vez que após o processo de tratamento da água, a empresa
deverá se responsabilizar pelo adequado destino do lodo formado.
O composto ativo presente na semente de moringa é princi-
palmente recomendado para águas com turbidez e cor mais ele-
97 vadas. Comparativamente, os sais de alumínio são mais efetivos
quando as águas apresentam baixos valores de cor e turbidez.

OBTENÇÃO DO COAGULANTE DA MORINGA


Vários autores têm apontado como sendo uma proteína
catiônica a responsável pelo processo de coagulação, porém há
ainda certa controvérsia em relação ao peso molecular desta
proteína. Ndabigengesere et al. (1995) indicam uma proteína,
obtida por extração aquosa, com um peso molecular de 13KDa
e ponto isoelétrico (pI) entre 10 e 11, enquanto que Gassens-
chmidt et al. (1995) e Ghebremichael et al. (2005), indicam
que a proteína teria aproximadamente 6,5KDa e pI de 10. Por
outro lado, Okuda et al. (2001) descrevem o composto ativo,
proveniente de extração salina, não como uma proteína, polis-
sacarídeo ou lipídio, mas sim um polieletrólito orgânico com
peso molecular de cerca de 3,0 kDa.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

A eletroforese de um extrato aquoso, filtrado sob vácuo sem


outras etapas de purificação, mostrou uma proteína de massa
molar de aproximadamente 30 KDa (MADRONA et al., 2010). Já a
eletroforese de um extrato obtido por precipitação com sulfato de
amônio por 4 horas e dializado com água destilada e NaCl 0,15M
mostrou uma proteína de 26,5 KDa (SANTOS et al., 2009). Sendo
o coagulante presente na semente de moringa uma proteína, sua
solubilidade e disposição no meio reacional serão de acordo com
as condições as quais é exposta. Evidentemente o método de ex-
tração e purificação da proteína em questão terá influência sobre
o peso molecular encontrado, pois de acordo com as condições
do processo de extração, a solubilidade das proteínas presentes
poderá ser afetada, liberando-as no meio ou não. Esse fato sugere
que as extrações aquosas e salinas podem resultar em produtos
de diferentes naturezas e, assim, estudos complementares são
necessários para esclarecer qual a proteína é efetivamente res-
ponsável pelos processos de coagulação das águas.
O método mais comumente utilizado para a obtenção deste
coagulante é composto por duas etapas, uma delas é a tritura-
98 ção das sementes visando romper as camadas celulósicas que
compõe a parede celular, outra é submeter este material fina-
mente particulado a agitação em meio aquoso, normalmente na
proporção de 1 g para 100 mL, seguido por filtração a vácuo.
Porém vários outros agentes são capazes de solubilizar esta pro-
teína de forma, inclusive mais eficiente do que a água. Dentre
os agentes extratores mais eficientes encontram-se as soluções
salinas, principalmente sais como NaCl, KCl e MgCl. Soluções
tamponantes em diferentes pHs e temperatura também já foram
estudados como meio de se aumentar a solubilidade e com isso
a extração da proteína contida na semente.
A utilização de sais como agentes extratores é capaz de so-
lubilizar um maior teor de proteínas da semente de moringa,
em comparação com a utilização de água pura, o que aumenta
o seu poder coagulante. As concentrações maiores, como 1M,
são capazes de disponibilizar um maior conteúdo de proteínas
no meio, o que favorece o processo de coagulação. Além disso,
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

o conteúdo de sal também parece favorecer o processo de for-


mação de flocos devido à atração de cargas, sendo, portanto, as
soluções com maior eficiência na remoção de cor e turbidez de
águas com elevada turbidez.
A Tabela 1 apresenta os resultados referentes ao teor de
proteína, determinada pelo método de Lowry (1951), em solu-
ção para os diferentes tipos de solução extratora de coagulante.
Tabela 1. Teor de proteína em solução obtido a partir de dife-
rentes tipos de solução extratora. Fonte: Madrona et al., 2010.

Solução extratora de proteína Concentração de proteína


(mg/L)
Água – temperatura ambiente 1023,00 - 873,001
Água – 45°C 1168,99
Água – 60°C 1240,53
KCl - 1M 3709,00 - 4818,641
NaCl - 1M 4499,191

99 MgCl2 - 1M 950,291

O efeito dos sais sobre a solubilidade da proteína pode estar


relacionado ao mecanismo de salting-in no qual o sal aumenta a
dissociação proteína-proteína, solubilizando-a quando o poten-
cial iônico é aumentado também (OKUDA et al., 1999).
Segundo Ndabigengesere et al. (1998), o mecanismo de co-
agulação do polieletrólito extraído em água é basicamente uma
adsorção e neutralização das cargas ou adsorção e formação de
pontes de partículas desestabilizadas. Quando a coagulação/flo-
culação é realizada por polieletrólitos, não há reações de neutra-
lização entre o coagulante e a água para formar complexos ge-
latinosos, como ocorre com os coagulantes derivados de sais de
alumínio e ferro. Isso ocorre porque esses polieletrólitos já são
constituídos de complexos dotados de grandes cadeias molecu-
lares, que apresentam sítios com cargas positivas ou negativas,
com grande capacidade de adsorção de partículas ao seu redor.
Assim, esse tipo de coagulação/floculação praticamente, inde-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

pende da alcalinidade da água, podendo ocorrer numa grande


faixa de valores de pH, entre 4,0 e 12,0 (BORBA, 2001).
A estrutura secundária da proteína de moringa extraída
com água foi determinada, por Espectroscopia no infravermelho
com transformada de Fourier (FTIR), como sendo uma estru-
tura em a-hélice. Os autores, responsáveis pela descoberta da
estrutura da referida proteína, Kwaambwa e Maikokera (2008),
mencionam que o pH e o potencial iônico não apresentam apre-
ciável influencia sobre a estrutura secundária da proteína, o que
produz uma relativa estabilidade. Porém variações de pH acima
de 10 podem afetar significativamente a sua estrutura secundá-
ria. Isto explicaria o fato da manutenção do poder coagulante da
moringa para ampla faixa de pH.

ALTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA


TRATADA COM O COAGULANTE DA MORINGA
No processo de coagulação, a moringa dificilmente afeta o
pH e a condutividade da solução, fato que contribui para a di-
100 minuição dos custos no tratamento de efluentes, já que não é
necessária a adição de agentes controladores de pH. Comparada
com o alumínio, as sementes não alteram significativamente o
pH (CARDOSO, 2007; NDABIGENGESERE et al., 1995) e a alcali-
nidade da água após o tratamento e não causam problemas de
corrosão (NDABIGENGESERE et al., 1995).
A adição do coagulante moringa à água pode provocar inicial-
mente, um aumento de cor e turbidez, podendo alcançar valores
próximos a 135 uH (mg Pt–Co/L) e 16 NTU (unidades nefelomé-
tricas de turbidez) para cor e turbidez respectivamente, quando
se usa uma dose de coagulante de 0,25 g.L-¹. Esta elevação nos
teores de cor e turbidez, a princípio não deve ser preocupante,
uma vez que o próprio processo de coagulação/floculação é res-
ponsável por sua eliminação. O processo de filtração seqüencial
a etapa de coagulação também contribui para a eliminação desta
carga orgânica adicional. Além disso, como já mencionado ante-
riormente, a moringa não oferece riscos diretos a saúde.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

MECANISMO DE ATUAÇÃO DA MORINGA


COMO COAGULANTE /FLOCULANTE
Estudos sobre os componentes da moringa, efetivamente
responsáveis pela coagulação de compostos que conferem cor
e turbidez às águas ainda são necessários. O mecanismo de atu-
ação da semente como coagulante natural ainda deve ser eluci-
dado, embora a maioria dos autores indique uma proteína pre-
sente como sendo a responsável pelos processos de coagulação/
floculação, há ainda alguma controvérsia entre os autores quan-
do se menciona esses agentes responsáveis.
Assim, como ainda não está totalmente elucidada qual
proteína, ou composto, seria responsável pela coagulação/flo-
culação de compostos que conferem cor e turbidez as águas, e
se o composto extraído com água é o mesmo extraído com sal,
o mecanismo pelo qual este processo ocorre, também necessi-
ta de maiores estudos.
Segundo Ndabigengesere et al. (1995) o mecanismo de
101 coagulação do componente ativo extraído da semente de mo-
ringa com água é considerado como uma adsorção e neutra-
lização de cargas ou adsorção e ponte de partículas desesta-
bilizadas. Já, segundo Okuda et al. (2001), o mecanismo de
coagulação do componente extraído com solução salina pode
ser diferente daquele extraído com água. Esta diferença pode
levar a uma coagulação mais eficiente, especialmente para
águas de turbidez mais baixa.
Outra possibilidade de atuação do coagulante moringa se-
ria a adsorção. O trabalho realizado por Bazanella (2010) sugere
que a eliminação de flúor a partir de águas fluoradas, utilizando
seu princípio coagulante pode ter ocorrido por um processo de
adsorção do flúor sobre as partículas do coagulante aquoso. As
micrografias eletrônicas de varredura, apresentadas na Figura 1
sugerem este mecanismo de ligação intrapartícula.
Figura 1. Micrografia eletrônica de varredura das amostras: coagulante
aquoso moringa (7a); água com excesso de flúor (7b); água após o trata-
mento com o coagulante (7c). Fonte: Bazanella, 2010.

FATORES QUE INFLUENCIAM NA DOSAGEM DO


COAGULANTE
A eficiência do coagulante moringa é mais pronunciada para
o tratamento de águas com elevada cor e turbidez em compara-
ção a águas com baixos níveis de cor e turbidez. Provavelmente
devido à natureza do próprio coagulante. Observam-se diferen-
ças na relação turbidez inicial/concentração de coagulante para
coagulantes obtidos por extração aquosa, com sais ou a diferen-
tes valores de pH. Os coagulantes aquosos, no tratamento de
águas superficiais de turbidez de 550 NTU alcançam percentuais
de remoção de cor e turbidez acima de 90% quando se utiliza
uma dose ótima de 50 mg.L-1, já para águas de turbidez 150 NTU,
os percentuais de remoção ficam na faixa de 20%, para uma dose
ótima de coagulante de 25 mg.L-1 (MADRONA, 2010).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

O uso do coagulante da moringa não requer ajuste fino de


pH da água a ser tratada, porém, pHs extremos podem contri-
buir para uma baixa eficiência do processo de coagulação. Car-
doso (2007) construiu diagramas de coagulação para avaliar o
efeito do pH sobre a eficiência no tratamento de águas superfi-
ciais. O autor encontrou algumas faixas ótimas de pH para trata-
mento de água considerada de baixa cor/turbidez em função da
dosagem do coagulante. Para uma faixa de pH ampla, indo de pH
4,0 a pH 7,6, a dosagem ótima é de 350 ppm, já para a faixa de
pH indo de pH 4,0 a 5,0 a dosagem de coagulante ótima é de 100
ppm. O tratamento de água de alta turbidez apresenta outra fai-
xa ótima de trabalho, por exemplo, para águas superficiais com
pH na faixa de 5,9 a 8,0, uma dosagem de moringa de 250 ppm
é suficiente. Verifica-se que, dependendo do tipo de água super-
ficial coletada, existem várias condições ótimas que podem ser
consideradas para o tratamento de água.
Soluções de no mínimo 50 ppm de KCl 1M em pH 8,0, são
capazes de remover 96% da turbidez e 82% da cor de águas com
turbidez inicial igual a 850 NTU (MADRONA et al., 2010).
103
Águas de baixa turbidez sintética, aproximadamente 35 NTU,
tratadas com coagulante obtido por extração com NaCl alcançam
turbidez residual 7,4 vezes menor do que quando tratadas com
coagulante aquoso (OKUDA et al., 1999). O mesmo autor enfatiza
que uma menor quantidade do coagulante obtido com o uso do
NaCl, 1 mL, equivale a 32 mL do coagulante aquoso, para alcançar
a mesma turbidez residual. Isto comprova o maior teor de proteí-
na em solução obtido com a utilização de sal.
A moringa pode também ser utilizada como auxiliar de co-
agulação, sendo utilizada juntamente com coagulante químico
comercial. Isto contribui para uma diminuição na dosagem dos
químicos presentes na água tratada.
A Tabela 2 apresenta um estudo de utilização do coagulan-
te moringa, de forma individual e juntamente com o coagulan-
te químico policloreto de alumínio (PCA), para o tratamento de
água superficial, proveniente do Rio Pirapó, localizado no Para-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

ná. Este trabalho foi realizado em uma estação de tratamento


(ETA) piloto que simula as condições de tratamento da ETA da
cidade de Maringá, PR.
Tabela 2. Características físico-químicas da água in natura e da
água após tratamento. Fonte: Bergamasco et al., 2009.

PCA Morin-
Morin-
Água (80 ga/ PCA Portaria
Parâmetro ga (400
Bruta mg.L- (350/20 518/2004
mg.L-1)
1) mg.L-1)
Cor Aparente 4025,00 8,00 9,00 5,00 15
(uH)
Turbidez 620,00 1,81 1,50 1,11 5
(NTU)
UV-254 nm 2,649 0,020 0,066 0,019 -
(cm-1)
Amonia 0,80 0,09 0,13 0,01 1,5
(mg/L) NH3
Nitrito (mg/L) 0,00 0,00 0,00 0,00 1
104 NO2-
Nitrato (mg/L) 36,20 3,50 1,50 0,40 10
NO3-
Sólidos Dissol- 183,33 180,00 144,00 133,33 1000
vidos Totais
(mg/L)
Dureza (mg/L) 98,00 52,00 36,00 44,00 500
Coliformes 27 0 0 0 Ausente
Totais
(UFC/100 mL)

Os parâmetros analisados atendem a legislação em vigor,


Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde comprovando assim
a eficiência dos coagulantes na ETA.
A Tabela 3 apresenta a concentração de metais na água do
rio Pirapó tratada na ETA piloto com moringa e PCA, compro-
vando a eficiência do coagulante moringa também para a remo-
ção destes contaminantes.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Tabela 3 - Concentração de Metais em água bruta prove-


niente do rio Pirapó e em água tratada pelo processo de coagu-
lação/floculação com PCA, moringa e moringa com PCA e sua
comparação com os limites da Portaria 18/2004. Fonte: Berga-
masco et al., 2009.

Metais Água PCA Moringa Moringa/ PCA Port.


(mg/L) Bruta (80mg/L) (400mg/L) (350/20mg/L) 518/2004

Alumínio 6,610 0,700 0,100 0,100 0,200


Bário 0,030 0,030 0,030 0,010 0,700
Cádmio 0,002 0,004 0,003 0,004 0,005
Cromo 0,040 0,020 0,030 0,030 0,050
Cobre 0,050 0,010 0,000 0,010 2,000
Ferro 134,090 0,170 0,150 0,110 0,300
Manganês 0,100 0,020 0,020 0,020 0,100
Sódio 1,460 1,900 1,080 1,070 200,000
Chumbo 0,010 0,010 0,010 0,000 0,010
Zinco 0,080 0,020 0,010 0,010 5,000
105
USO DA MORINGA NO TRATAMENTO
DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS
Grande parte das pesquisas de utilização do coagulante da
semente de moringa é focada no tratamento de águas de abas-
tecimento, porém, alguns outros trabalhos estão comprovando
também sua eficácia no tratamento de águas residuárias. Ape-
sar de não é ser tão estudado como no tratamento de águas su-
perficiais, não deixa de ser promissora a sua utilização. Quando
se trata da remoção de compostos tais como metais, corantes ou
matéria orgânica, é mais estudada sua utilização como adsor-
vente, na forma triturada ou em carvão.
A utilização da moringa para o tratamento da água resi-
duária da indústria de laticínios, é eficiente, sendo uma opção
de baixo custo e ambientalmente aceitável, para a redução de
carga orgânica deste que é um dos efluentes mais problemáti-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

cos em termos de demanda bioquímica de oxigênio. Os traba-


lhos desenvolvidos por Vieira et al. (2010) e Schmitt (2011) uti-
lizaram a semente na forma de pó como biossorvente e não o
coagulante aquoso normalmente empregado no tratamento de
águas residuárias. A semente de moringa utilizada como bios-
sorvente para a recuperação de compostos orgânicos a partir de
um efluente da indústria de laticínios foi avaliada apresentan-
do bons resultados. Para tratar um efluente com até 1,0g/L de
matéria orgânica, 0,2g de semente de moringa conseguem reter
aproximadamente 98% da cor e turbidez presentes, como apre-
sentado na Figura 2.

106

Figura 2. Eficiência de remoção de cor (•) e turbidez (○) como função da


quantidade de moringa usando 0,2L de solução. Tempo de agitação de
60min a 25°C e pH 7,2. Fonte: Vieira et al., 2010.

Os resultados obtidos com água residuária da indústria de la-


ticínios real, com turbidez inicial de 711NTU, comprovam a efici-
ência da utilização da moringa como biossorvente no tratamento
deste tipo de água residuária, podendo-se chegar a 82,10 e 98,5%
de remoção de cor e turbidez, respectivamente (Schmitt, 2011).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

A influência do pH no poder de coagulação utilizando o


biossorvente moringa no tratamento da água residuária de la-
ticínios encontra-se apresentada na Figura 3. Assim como no
tratamento de águas superficiais, no tratamento de águas resi-
duárias o pH da água a ser tratada com moringa também não
apresenta grande influência, sendo a remoção de cor e turbidez
eficiente sob ampla faixa de pH. Para a faixa pH entre 5 e 8 o per-
centual de redução de turbidez e cor ficou de 98 e 95%, respec-
tivamente, apresentado na Figura 4. O percentual de redução de
DQO aumentou com o aumento de pH, sendo de 37% no pH 5 e
de 50 % no pH 8, diminuindo para valores de pH mais elevados.
Observa-se que não há uma variação significativa no percentual
de redução tanto de cor como de turbidez para a faixa de pH de
5 a 8. Quando o pH foi elevado para 9 o poder de coagulação da
semente foi afetado, diminuindo o percentual de redução de tur-
bidez, cor e DQO para 43, 13 e 31% respectivamente.

107

Figura 3. Influência da variação do pH sobre o percentual de redução na


cor, turbidez e DQO da água residuária tratada com pó coagulante moringa
(1g/L). Condição de operação: coagulação por 60min à 100rpm e 60min de
sedimentação. Fonte: Vieira et al. (2010).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

O ensaio realizado com a água residuária em pH 10 não


apresentou qualquer variação nos parâmetros cor, turbidez e
DQO, após a coagulação, mostrando que neste pH a semente
perde completamente o seu poder de coagulação.
A conversão da casca moringa em trocador aniônico atra-
vés de reações químicas consecutivas com N,N-Dimetiforma-
mida (DMF), dimetilamina e formaldeído como agentes de
crosslink foi também avaliada, com efetiva eficiência para a
adsorção de nitratos, apresentando uma capacidade máxima
de adsorção de 0,20mmol/g (Orlando et al., 2003).
A utilização da semente de moringa também encontra
aplicação sobre a sorção de pesticidas para-metílicos (o,o-
-dimetil o-p-nitrofenil fosforotioato), de amplo espectro
organofosforados. Pode ser alcançada uma remoção na fai-
xa de 70–90% em 90 min de agitação usando 0,004g/mL g
de adsorvente para uma solução de 3,8x10-4M de pesticida
(Akhtar et al., 2007).
De maneira geral, o comportamento da semente de
108 moringa como adsorvente, sendo a semente tratada qui-
micamente ou não, é bem representado pelas isotermas de
Langmuir e Freundlich, indicando a possibilidade de co-
bertura em monocamada.
O uso do coagulante moringa para o tratamento de
efluentes (domésticos ou industriais) tem sido investigado,
mostrando bons resultados de remoção de cor e carga orgâ-
nica no efluente tratado. Uma dose de coagulante moringa
de 200mg/L é capaz de remover 37,1% de cor de efluentes
têxteis (Silva, Souza e Magalhães, 2003). Considerando-se os
elevados valores de cor para este tipo de efluente uma remo-
ção da ordem de trinta por cento é considerada positiva, visto
que pode contribuir para menor demanda por sais metáli-
cos como coagulantes, sendo assim uma alternativa ecologi-
camente mais aceitável. No tratamento de amostras de água
coletadas na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Samam-
baia, localizada no município de Campinas – SP, Fernandes e
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Roston (2005) avaliaram a utilização do coagulante moringa


na coagulação, alcançando percentuais de remoção de cor e
turbidez de 46,3% e 48,15%, respectivamente. Os autores men-
cionam que a remoção de DQO foi pouco significativa.
O trabalho realizado por Bhatia et al. (2007), demonstra
que para o tratamento de efluente de uma fábrica de óleo de pal-
ma, a qual apresenta elevada carga orgânica, o coagulante mo-
ringa deve ser utilizado juntamente com um floculante químico,
para remoção dos sólidos suspensos do efluente seja efetiva.
Estes dados contribuem para a idéia de que a moringa como co-
agulante é mais efetiva, realmente, na remoção de compostos
responsáveis por cor e turbidez da água, sendo o biossorvente
efetivo também na remoção de matéria orgânica.

COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO COM MORINGA E


PROCESSOS COMPLEMENTARES PARA
TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO
O uso de coagulantes para tratamento de água, apesar de
109 ser eficiente na remoção de grande parte dos contaminantes,
não é capaz de gerar água com altos padrões de potabilidade, o
que leva à necessidade da utilização de outras técnicas de trata-
mento complementares. Em estações de tratamento convencio-
nal de água, o processo de coagulação/floculação é seguido por
processo de filtração. Os processos combinados de coagulação/
floculação seguido de tratamentos complementares de filtração,
geralmente, resultam em melhor qualidade da água, uma vez
que os processos com filtros e/ou membranas funcionam, mui-
tas vezes, como uma etapa de polimento no tratamento de água,
sendo capaz de remover as impurezas que não são removidas
no processo de coagulação/floculação.
Desta forma, os tópicos seguintes irão tratar do uso de téc-
nicas combinadas para tratamento de água, baseadas no uso
do coagulante natural moringa associado ao processo de fil-
tração lenta e filtração por membranas para obtenção de água
potável para consumo humano.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

USO DE COAGULANTE A BASE DE SEMENTES DE


MORINGA COMO AUXILIAR DA
PRÉ-FILTRAÇÃO E DA FILTRAÇÃO LENTA
A filtração lenta tem sido uma opção de tratamento de água
para consumo humano bastante viável para ser implantada em
pequenas comunidades, quando comparada aos tratamentos
convencionais, uma vez que apresenta facilidade de construção,
operação e manutenção, principalmente pela possibilidade do
uso de mantas sintéticas não tecidas no topo da camada do meio
filtrante, aumentando a eficiência do processo e facilitando a
limpeza do filtro. Entretanto pela degradação dos mananciais
sua empregabilidade tem sido limitada.
Na busca de reduzir os impactos da má qualidade de água
afluente aos filtros lentos, pré-tratamentos têm sido emprega-
dos na forma de pré-filtros de pedregulho que reduzem a con-
centração de partículas presentes na água de maneira gradativa
até a etapa da filtração lenta, esta tecnologia que insere unidades
de pré-tratamento antecedendo a filtração lenta é denominada
de sistema de filtração em múltiplas etapas - FIME (Di Bernardo
110 et al. 1999; veras e Di Bernardo, 2008). Na busca da ampliação
da empregabilidade do processo de filtração em múltiplas eta-
pas, o uso de coagulantes naturais pode auxiliar na agregação
de partículas coloidais e microorganismos se aliado às etapas de
pré-tratamento e filtração lenta do sistema (Bezerra et al, 2004;
Katayon et al., 2006; Price e Davis, 2000).
Assim, uma opção para melhorar ainda mais a eficiência de
sistemas FiME, foi pesquisada por Arantes (2009), aplicando na
entrada de algumas unidades da filtração em múltiplas etapas,
mais especificamente na entrada do pré-filtro de pedregulho e na
entrada do filtro lento, solução coagulante a base de sementes de
Moringa. Floculadores granulares de pedra projetados de manei-
ra a reproduzir os gradientes de velocidade de mistura rápida e
mistura lenta, bem como o tempo de contato, foram instalados
antes da pré-filtração e antes da filtração lenta, para que, de forma
continua, o processo de coagulação e floculação fosse realizado
antes de da água afluir às respectivas unidades de filtração lenta.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

A água bruta utilizada como afluente na realização do ex-


perimento foi preparada artificialmente por meio da adição
de bentonita à água de rede para atingir turbidez inicial de
100NTU, era armazenada e mantida sob agitação em reser-
vatório que alimentava o sistema de filtração em múltiplas
etapas que possuía um pré-filtro dinâmico de pedregulho de-
nominado PFD em formato prismático (0,16m x 0,80m), com
uma taxa de aplicação de 48m³/m².dia, fluxo descendente e
meio filtrante de pedregulho seguido de dois pré-filtros de
pedregulho de fluxo ascendente, cujas características estão
mostradas na tabela 4, denominados de PF1 E PF2, em for-
mato cilíndrico com 0,16m de diâmetro, 1,60m de altura e
operados com taxa de aplicação de 24m3/m2.dia. O PF2 re-
cebia aplicação contínua, através de uma bomba dosadora, do
coagulante a base de Moringa, numa dosagem corresponden-
te a 130 mg/L de uma solução de coagulante de 11g/L, pre-
viamente passada por um floculador granular de pedregulho,
a fim de investigar a influência do coagulante na eficiência da
pré-filtração em pedregulho. O PF1 foi operado, sob as mes-
mas condições, porém, sem a adição do coagulante como au-
111 xiliar, para efeito de comparação. Cada um dos pré-filtros ali-
mentava dois filtros lentos que tinham as mesmas dimensões
dos pré-filtros, porem com meios filtrantes constituídos de
areia e manta não tecida. As características do meio filtran-
te dos filtros lentos estão apresentadas na Tabela 4. Assim, o
sistema totalizava 4 filtros lentos denominados FL1, FL2, FL3
e FL4 que operavam com taxa de filtração de 6m3/m2.dia.
Da mesma forma que o um dos pré-filtros o PF2 recebia
coagulante a base de sementes de moringa como auxiliar
de filtração, um dos filtros lentos, o FL4, também recebia
afluente coagulado com coagulante a base desta espécie e
floculado em floculador granular de pedregulho, porém a
dosagem do coagulante para o afluente ao filtro lento FL4
era um pouco menor (100 mg/L) do que para o afluente do
pré-filtro PF2, uma vez que a turbidez da água já era menor
por ter passado por um pré-tratamento. Essas dosagens fo-
ram adotadas em função de resultados obtidos por Arantes
(2010), que estabeleceu a relação entre diferentes valores
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

de turbidez de água bruta para diferentes valores de con-


centração de solução coagulante a partir de sementes de
Moringa, conforme gráfico da Figura 4.
Dessa forma o sistema de tratamento por filtração em
múltiplas etapas auxiliado por coagulação/floculação com
Moringa e esquematizado na Figura 5, propiciou a comparação
da eficiência de tratamento tanto de pré-filtros como de filtros
lentos alimentados com água coagulada e floculada, avaliada
pela turbidez e cor aparente de amostras coletadas dos efluen-
tes das unidades. O sistema contava ainda com reservatórios
de coleta de água excedente para retorno e de água filtrada
para o enchimento dos filtros lentos após a limpeza.
Tabela 4. Características do meio filtrante das unidades
de tratamento PFD, PF e FL.
Espessura da Granulomet-
Unidades Camada
camada (mm) tria (mm)
PFD (pedregulho) superior 200 3,36 a 6,35
intermediária 200 9,52 a 12,7
112
inferior 200 19,1 a 25,4
PF (pedregulho) superior 200 1,68 a 2,4
Intermediária 200 3,36 a 6,35
superior
Intermediária 200 9,52 a 12,7
inferior
Inferior 200 12,7 a 19,1
FL (areia + manta Areia 400 0,15 e 1,2
não tecida)
Manta não 6 Gramatura de
tecida 400 g/m2
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Figura 4. Dosagem de coagulante a base de sementes de Moringa em rela-


ção a turbidez da água a ser tratada por filtração lenta.

113

Figura 5. Esquema geral da instalação piloto FIME


Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Os resultados obtidos a partir de uma série de ensaios rea-


lizados permitiram concluir que o uso do coagulante a base de
sementes de moringa como auxiliar das unidades de pré-filtra-
ção e filtração lenta num sistema de filtração em múltiplas eta-
pas, melhora significativamente a eficiência do tratamento. Para
uma turbidez média no afluente igual a 59,36 NTU, o pré-filtro
PF2, que recebeu afluente coagulado e floculado apresentou no
seu efluente uma turbidez média de 9,12 NTU, indicando uma
remoção de cerca de 84%, enquanto que o pré-filtro PF1 que
não recebeu afluente coagulado, apresentou no seu efluente
uma turbidez média de 23,63 NTU, indicando uma remoção mé-
dia deste parâmetro, em torno de 60%, conforme observa-se na
Figura 6. Diferenças semelhantes de eficiência entre os dois pré-
-filtros foram observadas também na redução da cor aparente,
que teve valores médios de 59,6 uH e 154,7 no efluente dos pré-
-filtros PF2 e PF1 respectivamente, de acordo com o mostrado
na Figura 7. Esses resultados mostram que o uso de coagulante
como auxiliar da pré-filtração pode aumentar em 20 % a efici-
114 ência do processo no que se refere à redução da turbidez, como
se observa nos gráficos das Figuras 3.

Figura 6. Valores médios de turbidez nos efluentes das unidades do siste-


ma de tratamento por filtração em múltiplas etapas.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Figura 7. Valores médios de cor aparente nos efluentes das unidades do


sistema de tratamento por filtração em múltiplas etapas.

A aplicação do coagulante diretamente no afluente do fil-


115 tro lento FL4, mostrou que esse procedimento pode auxiliar de
maneira positiva a retenção de partículas sólidas em suspensão
na água por essas unidades de tratamento. O filtro lento FL4,
que recebia o efluente do pré-filtro PF1, com turbidez média de
23,62 NTU, apresentou em seu efluente uma turbidez média de
0,91 NTU, cerca de 96% de redução. Já o filtro lento FL3 que
recebia o mesmo afluente, porém sem a adição de coagulante,
apresentou turbidez média em seu efluente de 2,28 NTU, cerca
de 90 % de redução, comprovando o aumento na eficiência com
a aplicação do coagulante de Moringa como auxiliar da filtração,
como mostra a Figura 6.
Eficiências semelhantes foram obtidas também na redução
da cor aparente, onde o filtro lento FL4 apresentou uma redução
deste parâmetro entorno de 45 % maior do que o filtro lento
FL3 que não recebeu afluente coagulado e floculado, conforme
se observa na Figura 7. Além do benefício da aplicação do coagu-
lante no afluente aos filtros lentos no que se refere ao aumento
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

da redução de parâmetros físicos de qualidade da água, nota-


-se pelas Figuras 6 e 7, que os filtros lentos FL1 e FL2, mesmo
não tendo recebido a aplicação do coagulante em seus afluen-
tes, apresentaram redução médias de turbidez e de cor aparente
maiores do que o filtro lento FL4, uma vez que foram beneficia-
dos pela melhor qualidade do efluente do pré-filtro, no caso o
PF2, que os precedeu. Essa constatação indica que o coagulante
a base de sementes de moringa pode auxiliar no conjunto do
sistema de filtração em múltiplas etapas, produzindo efluentes
de melhor qualidade em todas as unidades onde for aplicado.
A obtenção do coagulante utilizado na pesquisa descrita an-
teriormente seguiu procedimentos tradicionais para produção
de coagulante na forma líquida, suspensão coagulante. A apli-
cação do coagulante na forma líquida em sistemas contínuos
de tratamento de água deve ser feita com bombas dosadoras,
ou outra forma de sistema dosador contínuo a fim de garantir
a constância da dose apropriada durante todo o processo de
tratamento. A suspensão coagulante deve ser preparada diaria-
mente num volume suficiente para ser consumida em 24 horas
116 no máximo, pois, segundo Franco (2010) após esse período a
suspensão de moringa pode apresentar deterioração e perda de
seu potencial coagulante.
A fim de simplificar o processo de obtenção do coagulante a
base de sementes de Moringa, principalmente quando será aplica-
do em sistemas contínuos de tratamento de água, alguns pesquisa-
dores tem proposto a utilização do coagulante na forma de sachês
contendo em seu interior o pó das sementes trituradas (Arantes et
al., 2010; Pritchard et al., 2010), sendo o sachê aplicado diretamen-
te a água a ser tratada, dispensando o emprego de bombas dosado-
ras, economizando energia e serviços de manutenção.
Silva et al. (2010) estudaram a utilização de diferentes ma-
teriais na confecção de saches para conter o pó das sementes
de moringa e seus usos na aplicação do coagulante, três não te-
cidos sintéticos, denominados na pesquisa de não tecido costu-
rado, manta preta, manta cinza e manta branca, e filtro de papel
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

comumente utilizado para coar café, denominado de filtro papel


comercial. Nesse estudo os autores avaliaram a dispersão da pro-
teína contida no pó das sementes no meio líquido, responsável
pelo processo de coagulação/floculação, a fim de verificar o tem-
po necessário para que a dosagem desejada do coagulante seja
disponibilizada no volume de água a ser tratado e a constância
da mesma. Para manter uma padronização dos ensaios, todos os
saches forma confeccionado para fornecer a mesma área superfi-
cial em contato com a água para dissolução do coagulante e forma
adicionadas 2g de sementes trituradas em cada sache.
Num equipamento de “jar test”, em cada jarro de 2 L con-
tendo água destilada foi inserido um sache. Para manter uma ho-
mogeneização da proteína dissolvida na massa liquida do jarro,
foi mantida uma agitação lenta de 20s-1 nos mesmos e amostras
de água para determinação do teor de proteína dissolvido foram
extraídas durante um período de 4 horas, em intervalos de 0,
1, 5, 30, 60, 120, 240, 1200 e 1440 minutos. A quantificação da
concentração de proteínas presentes no meio foi feita por espec-
trofotometria utilizando uma adaptação do método de Lowry et
117 al. (1951). Para efeito de comparação, num dos jarros do equipa-
mento de “jar test”, foi aplicado 2g do pó das sementes de moringa
diretamente na massa líquida, simulando a aplicação tradicional
do coagulante na forma líquida. Além da determinação da con-
centração de proteína dispersada na massa líquida, foi medida
também a turbidez a fim de verificar contenção de sólidos sus-
pensos provenientes das sementes, pelo material do sache.
Conforme se pode observar pelo gráfico da Figura 8, todos
os sachês ensaiados apresentaram resultados semelhantes no
que se refere à concentração de proteína dispersada no meio
líquido em função do tempo, com exceção do papel filtro co-
mercial que apresentou dispersão ligeiramente inferior. O teor
de proteína aumentou de maneira acentuada nos primeiros 30
minutos, apresentando concentração em torno de 66,0 mg/L,
similar ao encontrado na condição de adição direta do pó das
sementes, mantendo uma certa constância após cerca de 50 mi-
nutos, até 240 minutos. Desses resultados pode-se afirmar que
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

o fato do pó de sementes de Moringa estar contido em saches


não implica em diminuição do teor de proteína no processo de
dissolução da mesma em meio líquido quando comparado com
a adição direta do pó.
Esse procedimento de adição do coagulante permite que
num sistema de tratamento de água em fluxo contínuo um ou
mais saches, dependendo do volume de água a ser tratado e da
turbidez da mesma, garanta a quantidade de proteína necessá-
ria para que haja a efetiva coagulação e floculação das partículas
sólidas em suspensão na água para que sejam removidas num
decantador ou em uma das unidades de um sistema FiME. A
aplicação do coagulante na forma de saches, além de ser sim-
ples e pratica, economiza água na preparação do coagulante,
bem como energia e equipamentos para dosagem.

118

Figura 8. Teor médio de proteína dispersada no meio líquido ao longo do


tempo para cada tratamento adotado.

Durante a dispersão da proteína, Silva et al. (2010) obser-


varam, contudo, que a turbidez na massa líquida aumentava,
devido a passagem de pelos saches de partículas sólidas prove-
nientes das sementes de moringa trituradas contidas no inte-
rior dos mesmos. A presença de partículas sólidas de sementes
que aumentam a turbidez da água a ser tratada foi observada
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

também por Franco (2010), utilizando solução coagulante pre-


parada tradicionalmente na forma líquida, mesmo tendo sido
passada por peneira de abertura 125 m. Contudo, conforme se
observa pelo gráfico da Figura 9, apesar da turbidez decorrente
de partículas sólidas provenientes das sementes aumentar con-
tinuamente durante o tempo de dispersão, o sache feito com pa-
pel filtro comercial foi o que mais reteve tais partículas sólidas,
uma vez que a turbidez apresentada nos ensaio com este sache
atingiu um valor máximo de 5,53 NTU após 240 minutos de dis-
persão, indicando uma boa retenção de sólidos provenientes
das sementes por esse material de sache. Esse fato observado,
no entanto, não tira o mérito do processo de adição de coagulan-
te de Moringa por sache, devido a sua simplicidade, praticidade
e economia. Contudo, pesquisas com outros matérias na fabri-
cação de saches devem ser conduzidas com o intuito de reduzir
a passagem de partículas sólidas das sementes sem reduzir a
dispersão da proteína nas mesmas. Além disso, a utilização dos
saches pode trazer benefícios ao tratamento de água por filtra-
119 ção quando se utiliza a coagulação com auxiliar desse processo,
visto que a menor carga de sólidos proveniente do coagulante
poderá resultar em carreiras de filtração mais longas.

Figura 9. Turbidez média da água devido a sólidos provenientes das semen-


tes no interior dos saches, ao longo do tempo para cada tratamento adotado.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

USO DE COAGULANTE A BASE DE SEMENTES DE


MORINGA SEGUIDO DE MICROFILTRAÇÃO PARA
TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO
Atualmente, a separação por membranas tem sido amplamen-
te estudada para produção de água potável, uma vez que as mem-
branas atuam como barreiras físicas que são capazes de remover
com eficiência partículas em suspensão e colóides (Xia et al., 2007;
Guo et al., 2009), turbidez, bactérias, algas, parasitas e vírus, para
fins de clarificação e desinfecção (Guo et al., 2009), bem como para
controle de precursores de trihalometanos (Bottino et al., 2001).
A aplicação das operações unitárias de coagulação e filtração
em membranas contribui para a melhoria da qualidade da água
tratada e melhoria do desempenho da membrana. Em compara-
ção com os processos convencionais, tais como coagulação, flocu-
lação, sedimentação e/ou flotação e filtração em filtros de areia
rápidos ou lentos, a tecnologia de filtração em membranas tem
muitas vantagens, como qualidade superior da água tratada, fá-
cil controle de operação e manutenção, uso reduzido de produtos
químicos e menor produção de lodo (Bergamasco et al., 2009).
120
A técnica de filtração por membranas já é amplamente re-
conhecida e pode ser implementada em combinação com os
processos de coagulação. Desta forma, os tópicos seguintes irão
tratar do uso de técnicas combinadas para tratamento de água,
baseadas no uso do coagulante natural moringa associado ao
processo de filtração lenta e filtração por membranas para ob-
tenção de água potável para consumo humano.
O estudo apresentado a seguir utilizou coagulação/flocu-
lação com sementes de moringa seguido de microfiltração em
membranas poliméricas para remoção de cor, turbidez, Giardia
e Cryptosporidium, para obtenção de água potável (Nishi, 2011).
Foram utilizadas amostras de água superficial provenientes do
rio Pirapó, que abastece uma população de mais de 300 mil habi-
tantes na cidade de Maringá, PR. O estudo foi realizado no Labo-
ratório de Gestão, Controle e Preservação Ambiental na Universi-
dade Estadual de Maringá (Nishi, 2011). As águas superficiais do
rio Pirapó foram utilizadas como amostras de água de alta e baixa
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

turbidez, sendo misturadas para obtenção de água com diferen-


tes valores de turbidez inicial de 50, 150, 250, 350 e 450 NTU.
Logo após, foram artificialmente contaminadas com 106 cistos/L
de Giardia spp. e 106 oocistos/L de Cryptosporidium spp. obti-
dos a partir do controle positivo (suspensão de cistos e oocistos)
presente no kit comercial Merifluor (Meridian Bioscience, de Cin-
cinnati, OH, EUA). Após o preparo, as amostras foram submetidas
aos processos de coagulação/floculação com coagulante moringa
(CFM), microfiltração (MF) e ao processo combinado coagulação/
floculação seguido de microfiltração (CFM-MF).
A solução coagulante de moringa foi preparada e usada no
mesmo dia. Sementes maduras de moringa, gentilmente cedidas
pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), foram utilizadas
como matéria-prima. As sementes foram removidas manual-
mente das vagens e descascadas. Para preparar a solução es-
toque de 1%de sementes de moringa (concentração de 10.000
mg/L), 1 g de sementes descascadas foi esmagado e adicionada
a 100 mL de água destilada. Posteriormente, a solução foi agita-
da por 30 min e filtrada à vácuo (Cardoso et al., 2008;. Madro-
121 na et al., 2010). A partir da solução estoque, foram preparadas
soluções do coagulante moringa com diferentes concentrações:
25, 50, 75, 100, 125, 150, 175, 200, 225, 250, 275 e 300 mg/L.
Os ensaios de CFM foram realizados em um jartest sim-
ples, nas seguintes condições: velocidade de mistura rápida
(VMR) de 100 rpm, tempo de coagulação (TC) de 3 minutos,
velocidade de mistura lenta (VML) de 15 rpm, tempo de flocu-
lação (TF), de 15 de minutos, e tempo de sedimentação (ST) de
60 minutos (Madrona et al., 2010).
Para determinar as concentrações de coagulante que resul-
taram na maior remoção dos parâmetros avaliados para cada
amostra de água de turbidez inicial conhecida, foi aplicado um
teste fatorial 5x12. Sendo o fator “A”, cinco níveis de turbidez da
água: 50, 150, 250, 350 e 450 NTU. O fator “B” consistia em doze
níveis de concentração do coagulante moringa.
Os parâmetros analisados nos experimentos foram cor, tur-
bidez, pH, e remoção de Giardia e Cryptosporidium, esses parâ-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

metros foram avaliados em triplicata para cada combinação dos


fatores “A” e “B”. Os resultados foram analisados por ANOVA uti-
lizando o teste F e de contraste de fase (Nkurunziza et al., 2009)
para avaliar se houve interação estatisticamente significativa entre
turbidez inicial versus concentração de coagulante e os parâme-
tros avaliados (turbidez final, cor, pH e concentração de Giardia e
Cryptosporidium) e obter a concentração ótima de cada coagu-
lante para cada amostra de água com turbidez inicial de 50 a 450
NTU, para ser utilizado posteriormente no processo combinado
de coagulação/floculação/filtração por membranas. Foi utilizado
para a análise estatística o software Statistica, versão 8.0/2010 e
os valores de p inferiores a 0,05 foram considerados significativos.
Os testes de filtração por membranas foram realizados em
um módulo de membrana de microfiltração em escala de bancada
(membranas Seletiva PAM ®), confeccionado em aço inox, pelo
princípio da filtração tangencial. A Figura 5 apresenta o módulo
utilizado, o qual é composto por: membranas poliméricas (1), ma-
nômetro (2), controlador de velocidade (3) para controle da pres-
são transmembrana e da vazão, tanque de alimentação (4), vál-
122 vula para saída de permeado (5) e retorno do concentrado para
o tanque de alimentação, o qual era realizado pela tubulação (6).

Figura 10: Visto frontal do modulo de microfiltração (Manual de opera-


ção ¨C módulo de MF/UF).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Foi utilizada membrana de MF do tipo fibras ocas feitas de


poliamida, com porosidade de 0,40 µm. A pressão de operação foi
de 1,0 bar. Para manter a uniformidade nos experimentos, o volu-
me inicial foi fixado em 5 L, e o tempo de teste foi de 60 minutos.
Inicialmente foram realizados ensaios de filtração para a
caracterização do fluxo das membranas com água pura, sendo
utilizada água deionizada. Amostras de permeado foram cole-
tadas em tempos pré-determinados, por intervalos de tempos
conhecidos, e os fluxos calculados a partir da Equação 1.

m
f permeado =
ñ25 °C ×Ä
t × Am

Em que fPermeado é o fluxo de permeado, m, a massa de água


coletada, ρ25ºC, a densidade da água a 25°C, ∆t, o intervalo de
tempo em que a massa de água foi coletada e Am, a área filtran-
te da membrana.
123 As amostras de permeado foram coletadas em intervalos
de tempo menores no início da filtração, sendo estes interva-
los, aumentados posteriormente, para determinação da curva
de fluxo de permeado em função do tempo. Os processos de
filtração em membrana foram realizados utilizando água bruta
sem nenhum pré-tratamento (AB) e após coagulação/flocula-
ção com moringa (CFM).
A eficiência de remoção para cada parâmetro analisado
nos diferentes processos de tratamento foi calculada a partir da
Equação 2, onde Ci e Cf são as concentrações iniciais e finais,
respectivamente, para cada parâmetro:

Os fluxos de água deionizada (AD) foram determinados an-


tes de cada experimento (Ji) e após a filtração das soluções de
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

AB e água coagulada/floculada com moringa (Jf) para determi-


nar o fouling da membrana. O entupimento ou porcentagem de
fouling (%F) foi calculado de acordo com a Equação 3, proposta
por Balakrishnan et al. (2001), usando os valores de fluxo está-
veis , os quais assumem que o fluxo tende a valores constantes.
Essa %F representa um diminuição do fluxo de água deionizada
após testes com água contaminada.

Na equação acima, %F é a porcentagem de fouling da mem-


brana, Ji é o fluxo de água inicial obtida na primeira filtração
com água deionizada e Jf é o fluxo final de água obtida com a
filtração de água deionizada após filtração de água superficial.
Os parâmetros avaliados foram cor aparente e turbidez, se-
gundo Standard Methods (American Public Health Association
[APHA], 1995), o pH, foi determinado por meio de pH-metro
124 Digimed DM-2, conforme metodologia descrita no manual do
aparelho. As amostras tratadas foram avaliadas em relação a
presença de Giardia spp. e Cryptosporidium spp pela Técnica de
Filtração em Membrana com extração mecânica e eluição (Al-
dom e Chagla 1995; Dawson et al., 1993; Franco et al., 2001).
As características iniciais das amostras de água utilizadas
no estudo estão apresentadas na Tabela 5.
Tabela 5. Parâmetros iniciais das amostras de água utilizadas
no estudo antes dos processos de tratamento. Fonte: Nishi, 2011.

Turbidez (NTU) Cor (uH) pH


50 350 7,80
150 902 7,81
250 1000 7,50
350 1849 7,64
450 1885 7,70
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Os resultados para as eficiências de remoção dos parâ-


metros turbidez, cor, Giardia e Cryptosporidium e valores de
pH da água após o tratamento com coagulante moringa estão
apresentados na Tabela 6.
Utilizando a moringa como agente coagulante, a remoção
de turbidez variou de 3 a 97,4%. As menores eficiências de re-
moção foram de 3-45,6% para água de turbidez inicial baixa (50
NTU), remoções acima de 90% foram observadas para água de
turbidez 250, 350 e 450 NTU.
A queda da eficiência de remoção de turbidez na água tendo
como inicial 50 NTU, após a adição de moringa, pode ser explicada
pelo aumento da carga orgânica. Isto é justificável, considerando
que esta é uma oleaginosa muito rica em substâncias orgânicas,
tais como, óleo, proteína, gordura, vitaminas, etc. Este aumento
dos parâmetros cor e turbidez em águas tratadas são observados
em outros estudos, principalmente quando a água apresenta cor
e turbidez iniciais relativamente baixas (Ramos, 2005).
125
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Tabela 6. Porcentagem de eficiência de remoção de turbidez, cor, Giardia e Cryptosporidium e valo-


res de pH após o processo de coagulação/floculação com coagulante moringa.

Concentrações da solução de moringa (mg/L)


Turbidez Eficiência de 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300
inicial remoção (%)
(NTU)
50 Tubidez 27,7 23,0 20,7 33,4 33,2 35,6 44,4 45,6 41,6 27,6 10,0 3,0
Cor 0,35 0,11 1,65 3,07 4,00 6,60 22,8 27,6 30,0 26,0 15,4 16,7
Giardia 6,00 42,3 38,4 69,2 84,6 76,9 82,0 80,0 80,0 76,9 85,0 69,0
Cryptosporidium 76,0 91,0 90,0 98,0 93,0 91,0 98,0 86,0 91,0 88,0 89,0 83,0
pH 7,90 8,20 8,10 8,20 8,20 8,10 8,20 7,90 8,00 8,10 8,00 7,90
150 Tubidez 42,0 52,4 69,8 71,0 74,0 75,8 67,7 65,3 69,0 73,6 76,0 72,0
Cor 10,0 47,5 67,0 68,8 70,8 73,5 73,5 71,4 65,0 63,4 66,4 61,6
Giardia 74,0 97,0 85,0 98,0 94,0 98,0 98,0 98,0 97,0 97,0 91,0 82,0
Cryptosporidium 42,0 50,0 77,0 81,0 81,0 92,0 92,0 92,0 85,0 92,0 81,0 58,0
pH 7,93 7,96 7,85 7,74 7,8 7,76 7,70 7,74 7,81 7,74 7,72 7,68
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

250 Tubidez 68,9 74,8 80,6 93,4 90,1 94,4 93,9 94,2 90,9 94,6 91,8 92,7
Cor 21,8 46,5 46,2 68,4 64,4 80,7 79,0 81,3 78,0 77,8 88,4 81,6
Giardia 80,0 65,0 65,0 80,0 80,0 95,0 95,0 95,0 95,0 90,0 92,5 90,0
Cryptosporidium 67,0 61,0 75,0 74,0 86,0 96,0 95,0 92,0 94,0 90,0 87,0 78,0
pH 7,60 7,70 7,80 7,80 7,60 7,60 7,70 7,80 7,80 7,80 7,70 7,80
350 Tubidez 49,4 62,8 70,8 75,0 82,0 90,0 93,7 95,0 96,0 95,8 96,4 92,5
Cor 47,0 82,3 76,4 94,0 94,0 88,2 97,0 97,0 94,0 88,2 94,0 94,0
Giardia 47,0 82,3 76,4 94,0 94,0 88,2 97,0 97,0 94,0 88,2 94,0 94,0
Cryptosporidium 22,0 81,0 68,0 95,0 86,0 81,0 97,0 96,0 92,0 86,0 96,0 92,0
pH 7,78 7,87 7,75 7,77 7,81 7,74 7,82 7,75 7,73 7,76 7,73 7,78
450 Tubidez 63,0 61,0 75,0 79,9 92,0 94,0 97,2 97,4 97,2 97,0 96,7 94,7
Cor 39,0 47,8 61,6 68,5 88,3 91,5 96,1 96,1 96,4 96,0 95,6 92,8
Giardia 63,0 92,0 96,0 96,0 92,0 96,0 90,0 97,0 94,0 97,0 93,0 89,2
Cryptosporidium 45,0 51,0 94,0 85,0 80,0 94,0 86,0 93,0 95,0 98,0 90,0 76,0
pH 7,80 7,70 7,60 7,60 7,60 7,60 7,00 7,60 7,60 7,60 7,50 7,60
Fonte: Nishi, 2011.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Nkurunziza et al. (2009) utilizando solução de 3% de se-


mentes moringa, preparadas com solução salina, em água pro-
veniente de rios da província de Ruanda, observaram eficiência
de remoção de 83,2% em amostras de turbidez de 50 NTU e
maiores remoções (99,8%) em água com turbidez de 450 NTU.
As melhores concentrações encontradas nesse estudo foram
150mg/L para 50NTU e de 125mg/L para outros níveis de tur-
bidez testados pelos pesquisadores. Os resultados de remoção
de turbidez para água de baixa turbidez inicial (50 NTU) foram
maiores que os obtidos no presente estudo (45,6%) e para água
de alta turbidez inicial (450 NTU) foram semelhantes (97,4%).
As diferenças podem ter ocorrido devido a forma de obtenção
do coagulante, por extração aquosa ou salina, e devido as di-
ferenças concentrações utilizadas da solução de estoque. Em
ambos os estudos observa-se que a propriedade coagulante da
moringa mostra-se de forma mais eficiente em águas de alta tur-
bidez inicial, concordando com outros dados da literatura (Nda-
bigengesere et al., 1995; Madrona et al., 2010).
Ndabigengesere et al. (1995) aplicando solução aquosa de
128 5% de sementes de moringa em água turva sintética (caolim)
com turbidez inicial de 426 NTU, obtiveram remoções de 80 a
90% e chegaram à concentração ótima de 500 mg/L da solução
coagulante. Essa concentração é mais elevada que a concentra-
ção ótima para água de 450 NTU obtida no presente estudo, que
foi de 275 mg/L. Essa diferença entre as concentrações ótimas
da solução moringa podem ter ocorrido devido a água utilizada
no estudo, Ndabigengesere et al. (1995) utilizaram água sinté-
tica preparada com caolim, e o presente estudo utilizou água
superficial. As diferentes eficiências de remoção de turbidez e
concentrações ótimas podem ser explicadas pelas diferentes
composições das amostras de água utilizadas nos estudos (água
bruta, água artificial), ou seja, as substâncias presentes na água
podem influenciar a ação do agente coagulante, a formação dos
flocos, assim como as concentrações avaliadas, qualidade das
sementes, entre outros fatores.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Em relação à cor, a remoção variou de 0,11 a 30% para


água de turbidez inicial de 50 NTU, as maiores remoções para
essa amostra foram na faixa de concentração de coagulante de
175 a 250 mg/L. Para água de turbidez inicial mais alta (150
a 450 NTU), a eficiência de remoção variou de 10 a 97%, com
as maiores remoções a partir da concentração de 150 mg/L do
coagulante. Observa-se que a remoção de cor pela moringa é
semelhante ao seu comportamento com relação a turbidez, os
menores valores do parâmetro cor são obtidos em águas de alta
turbidez inicial, o que concorda com dados da literatura (Car-
doso et al., 2008; Nkurunziza et al., 2009; Madrona et al., 2010).
Em relação aos valores de pH das amostras de água após
o processo de coagulação com as diferentes concentrações de
moringa, observou-se que o pH médio foi 7,6, com variação de
aproximadamente 10%. Houve pouca variação entre as amos-
tras independentemente da quantidade de solução adicionada,
o que consiste em uma das vantagens desta espécie como agen-
te coagulante, ou seja, sua adição não altera significativamente
o pH da água (Ndabigengesere et al., 1995; Nkurunziza et al.,
129 2009), ao contrário do tratamento com sulfato de alumínio em
que é necessário ajustar o pH da água para melhorar sua ação
coagulante, aumentado a quantidade e o custo de reagentes quí-
micos para tratamento de água.
Em relação à remoção de cistos de Giardia e oocistos de Cryp-
tosporidium, observaram-se comportamentos semelhantes entre
as amostras. As melhores remoções tanto de Giardia quanto de
Cryptosporidium ocorreram a partir da concentração de 150mg/L
da solução de moringa para todas as amostras de água tratadas
(50 a 450 NTU), com eficiência de remoções médias de 93% (1,2
log de remoção) e 90% (1 log de remoção), respectivamente.
Na literatura não foram encontrados trabalhos em relação
à remoção desses protozoários parasitas utilizando moringa
como agente coagulante. A alta remoção obtida pode ser expli-
cada pela ação coagulante, que se baseia na presença de prote-
ínas catiônicas nas sementes. Estas proteínas são dímeros cati-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

ônicos densamente carregados com peso molecular de cerca de


13kDa, sendo a adsorção e a neutralização de cargas os princi-
pais mecanismos de coagulação (Ndabigengesere et al., 1995).
Visto que o potencial zeta calculado dos (oo)cistos de Giardia
e Cryptosporidium em água com pH neutro são, em média, −17
e −38 mV, respectivamente (Hsu e Huang, 2002), o mecanismo
de neutralização de cargas das proteínas do coagulante natural
poderiam atuar na remoção destes protozoários parasitas.
A remoção de protozoários parasitas obtida neste estudo
é próxima aos resultados de outros trabalhos da literatura que
utilizam coagulantes químicos, como sulfato de alumínio e clo-
reto férrico, para remoção destes microrganismos (Bustamante
et al., 2001; Xagoraraki e Harrington, 2004), sendo também a
neutralização de cargas o mecanismo principal de coagulação
do sulfato de alumínio nesse quadro.
Brown e Emelko (2009) avaliaram outro coagulante natu-
ral, a quitosana, para remoção de Cryptosporidium parvum em
tratamento em escala piloto com água artificial (caolim), utili-
130 zando concentrações de 0,1, 0,5 e 1,0 mg/L de solução de quito-
sana. Os autores obtiveram ótimas reduções de turbidez, porém
não observaram bom resultados na remoção de C. parvum com
remoções médias menores de 10%.
Uma possível explicação para esta diferença, visto que a qui-
tosana também é um polímero catiônico, é a possibilidade que,
durante o processo de coagulação/floculação, os oocistos tam-
bém sejam removidos pelo envolvimento com os flocos, sendo
este outro mecanismo participante na remoção do protozoário,
além da neutralização de cargas (Bustamante et al., 2001). Con-
siderando que os flocos formados dependem das características
das partículas presentes na água, pode-se dizer que a remoção
de microrganismo dependerá também destas características,
visto que Brown e Emelko (2009) utilizaram água artificial e
neste trabalho utilizou-se água superficial natural.
Aplicando a análise estatística para obter a concentração
de moringa que apresentou as melhores remoções de turbidez,
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Giardia e Cryptosporidium para cada turbidez inicial das amos-


tras de água, observou-se que para água de turbidez inicial 50
NTU não há diferença entre as concentrações da solução obtida
por esse vegetal utilizadas neste estudo, ou seja, a remoção de
turbidez, Giardia e Cryptosporidium para as diferentes concen-
trações utilizadas são estatisticamente iguais entre si. Assim,
não é possível obter a concentração ótima para a amostra de
água de turbidez inicial 50 NTU.
Para as demais amostras de água foi obtida a concentração
da solução de moringa que apresentou as melhores remoções
dos parâmetros avaliados, que estão apresentadas na tabela 7.
Tabela 7: Concentração do coagulante moringa que resultou
nas melhores remoções de turbidez, cor, (oo)cistos de Giardia e
Cryptosporidium de acordo com a turbidez inicial da amostra de
água. Fonte: Nishi, 2011.

Turbidez inicial (NTU) Concentração ótima de coagulante (mg/L)


150 250
131 250 150
350 275
450 275

De maneira geral, observa-se que a coagulação/floculação


forneceu boas eficiências de remoção de turbidez e cor, depen-
dendo da turbidez inicial da água, de suas características e da
concentração de coagulante. A moringa apresentou bons resul-
tados de remoção de cor, turbidez mais notadamente em amos-
tras de alta turbidez inicial (150, 250, 350 e 450 NTU) e nas con-
centrações mais elevadas do coagulante, a partir de 100 mg/L.
Os logs de remoção de (oo)cistos de protozoários para
o processo de coagulação/floculação com moringa foram de
1,2log para Giardia e 1 log para Cryptosporidium. Essas remo-
ções estão de acordo com as recomendações da Organização
Mundial de Saúde (Lechevallier e Au, 2004). Segundo Leche-
vallier e Au (2004), nos processos convencionais de tratamen-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

to de água, a coagulação é uma etapa crítica para remoção de


microrganismos patógenos. Coagulação, floculação e sedimen-
tação podem resultar em 1-2logs de remoção de bactérias, vírus
e protozoários quando processadas de forma adequada. Ainda
segundo os autores, no caso da Giardia e do Cryptosporidium,
existe grande dificuldade de interpretação de resultados tanto
em relação aos estudos realizados em escala de bancada quanto
em escala piloto, devido às baixas concentrações em que esses
protozoários são encontrados e aos métodos de detecção que
ainda são limitados.
Os resultados obtidos no processo de microfiltração (MF) e
coagulação/floculação com moringa seguido de microfiltração
(CFM-MF) são apresentados a seguir na Tabela 8.
Tabela 8. Eficiência de remoção de turbidez, cor, Giardia e Cryp-
tosporidium, e valores de pH da água tratada pelo processo de
MF e CFM-MF. ND – não detectado. Fonte: Nishi, 2011

Turbidez inicial (NTU)


132 Processo Eficiência 150 250 350 450
de trata- de remo-
mento ção (%)
MF Turbidez 81,09 84,16 76,82 76,33
Cor 78,28 83,45 74,27 72,56
Giardia ND ND ND ND
Cryptos- ND ND ND ND
poridium
pH 7,38 7,85 7,36 7,81
CFM-MF Turbidez 93,54 92,28 84,78 99,39
Cor 96,15 92,19 88,96 100,0
Giardia ND ND ND ND
Cryptos- ND ND ND ND
poridium
pH 7,33 7,72 7,34 7,51
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Pode-se observar que as maiores remoções ocorreram


para o processo combinado CFM-MF em comparação com o
processo de MF sem pré-tratamento. Não houve variações em
relação ao pH da água tratada. Pode-se verificar que a utiliza-
ção da coagulação/floculação com moringa antes da microfil-
tração melhora a qualidade da água tratada.
Na literatura poucos trabalhos foram encontrados em re-
lação ao processo de CF/MF utilizando a moringa como coa-
gulante para tratamento de água superficial. Madrona (2010)
avaliou o processo combinado coagulação/floculação com mo-
ringa e MF com membranas cerâmicas, e obteve remoções de
97 a 100% dos parâmetros cor e turbidez, para tratamento de
água superficial proveniente do rio Pirapó, Maringá, Paraná. Es-
ses resultados foram próximos aos obtidos no presente estudo,
que utilizou uma membrana polimérica para o processo de MF.
Parker et al. (1999), utilizando membranas de MF de fibra
oca com poros de 0,2 µm para tratamento de água pré-tratada
em tanques de sedimentação, obtiveram água com turbidez
133 abaixo de 0,1 NTU, com média de remoção de 99,46%, seme-
lhantes às obtidas neste estudo.
Nos processos isolados de microfiltração (MF) ou combi-
nados (CFM-MF), (oo)cistos de Giardia e Cryptosporidium não
foram detectados na água filtrada, estando abaixo do limite de
detecção (<1 cisto ou oocisto/L) (cerca de 6 logs de remoção),
concordando com dados da literatura.
Jacangelo et al. (1995) estudando a aplicação de três
membranas de MF com tamanhos de poros entre 0,08 e 0,22
µm, para tratamento de água contaminada com Giardia e Cryp-
tosporidium, verificaram que se encontravam abaixo de níveis
detectáveis na água filtrada (<1 cisto ou oocisto/L) em duas
membranas (correspondendo a log de remoção >4,7 a >7,0
para Giardia e >4,4 a >6,9 para Cryptosporidium). Concluíram
também que o nível de remoção depende da concentração
desses protozoários na água a ser tratada e da integridade da
membrana. Em outro estudo, membranas de MF com tamanho
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

médio de poros de 0,2 µm resultaram em significante remoção


de partículas do tamanho de cistos de Giardia (5-15 µm). A re-
moção foi, em média, de 3,3 a 4,4 logs. A remoção de partícu-
las do tamanho de oocistos de Cryptosporidium (2–5 µm) foi
menor, 2,3 a 35 logs. Estas remoções foram obtidas de acordo
com a concentração de (oo)cistos utilizada para contaminação
artificial da água e mostrou-se ser independente do fluxo uti-
lizado na membrana (114–170 L/hm2) (Karimi et al., 1999).
Pesquisa realizada por States et al. (1999), utilizando mem-
branas com porosidade de 0,1 e 0,2 µm também verificaram a
completa remoção de Giardia e Cryptosporidium por MF, não
detectando nenhum desses microrganismo na água filtrada.
Assim, pode-se dizer que a MF pode agir como barreira
para cistos de protozoários e a coagulação/floculação com mo-
ringa associado a microfiltração resultaram em altos índices de
remoção dos parâmetros avaliados.
Em relação às características de fluxo de permeado pode-se
134 observar na Figura 6, que apresenta o fluxo de permeado ver-
sus tempo para microfiltração com água deionizada (AD), água
bruta sem coagulante (AB) e água pré-tratada (coagulada/flo-
culada) com moringa (CFM-MF) que para o processo de MF com
água bruta, isto é, sem tratamento prévio (coagulação/flocula-
ção), os fluxos de permeado variaram de 157 a 187 L/hm2 para
as amostras de água de 150 a 450 NTU.
No processo combinado (CFM-MF), os fluxos de permeado
variaram de 157 a 226 L/hm2 para as amostras de água de tur-
bidez inicial 150 a 350 NTU. As amostras de turbidez inicial 450
NTU apresentaram os menores fluxos de permeado, em média,
91 L/hm2, isso pode ter ocorrido devido presença de uma maior
quantidade de partículas que podem causar os processos de po-
larização de concentração e devido a superposição dos vários
mecanismos de “fouling” na membrana, o que pode causar o de-
clínio do fluxo do permeado (Stopka et al., 2001).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Os processos combinados de coagulação/floculação/micro-


filtração apresentaram fluxos ligeiramente aumentados em re-
lação ao processo de microfiltração isolado. A melhora do fluxo
do permeado utilizando coagulação/floculação antes da micro-
filtração foi observada em outros estudos (Katayon et al., 2005;
Katayon et al., 2007; Horčičková et al., 2009).
300
)
2
m250
h
/L
( 200
fluxo do permeado (L/hm2)

o
d
a
e150
m
r
e
p100
o
d
o
x 50
u Água deionizada 150UNT 250UNT 350UNT 450UNT
lF
0
0 10 20 30 40 50 60 70
a)
Tempo (min)
300

135 ) 250
2
m
h/
L( 200
o
da
e150
m
r
e
p
o100
d
ox tempo em minutos
ul 50
F Água deionizada 150UNT 250UNT 350UNT 450UNT
0
0 10 20 30 40 50 60 70
b)
Figura 11. Fluxo do permeado comTempo
água(min)
deionizada (AD) e água bruta
com turbidez inicial 150 a 450 NTU nos processos MF (a) e CFM-MF (b).
Fonte: Nishi, 2011.

As porcentagens de fouling (%fouling) para o processo de


MF com água bruta (AB) e água coagulada/floculada com mo-
ringa (CFM) para turbidez inicial de 150 a 450 NTU estão apre-
sentadas na Figura 7.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

60
porcentagem de fouling (%)

)
%
( 50
g
n
li
u40
o
f
e
d30
AB
m
e
ga CFM
t 20
n
e
cr
o10
P
0
150 250 350 450
Turbidez inicial (UNT)

Figura 12. Porcentagens de fouling para o processo de MF com água bruta


(AB) e água coagulada/floculada com moringa (CFM) com turbidez inicial
de 150 a 450 NTU.

136
Observa-se que o processo de MF com água bruta apresen-
tou maiores porcentagens de fouling, variando de 6,13 a 56,32%,
quando comparado ao processo combinado coagulação/flocula-
ção com moringa seguido de MF, que apresentou porcentagens
de fouling de 7,48 a 40,9%. Essa diminuição do fouling da mem-
brana quando da utilização do processo de coagulação/flocu-
lação como pré-tratamento, também foi observado em outros
estudos. Madrona (2010) utilizou coagulação/floculação com
moringa seguido de processo de MF com membranas cerâmicas
com porosidade de 0,1 e 0,2 µm para tratamento de água su-
perficial e observou porcentagens de fouling em torno de 94%
durante a filtração da água bruta e porcentagem de fouling ligei-
ramente menor quando filtrada água anteriormente coagulada/
floculada com moringa, em torno de 88%. Carroll et al. (2000)
utilizaram membrana de MF em forma de fibra oca de polipro-
pileno para filtrar água superficial do rio Moorabool, Austrália e
observaram porcentagens de fouling de 80% para água filtrada
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

sem pré-tratamento e de 50% para água pré-tratada com coagu-


lação com sulfato de alumínio.
De acordo com Cheryan (1998), o tipo e a extensão do pro-
cesso de fouling dependem da natureza química da membrana,
dos solutos e das interações soluto-membrana, além da porosida-
de das membranas e a pressão de trabalho utilizada no processo.

CONCLUSÕES
Pode-se verificar que a moringa apresenta grande potencial
como agente coagulante para tratamento de água, principalmen-
te, águas de turbidez elevada, com remoções satisfatórias de cor,
turbidez, protozoários, metais. Podendo ser utilizada associada
a outros processos como a filtração lenta ou processo de sepa-
ração com membranas melhorando as qualidades da água trata-
da. Estudos apontam sua utilização também para tratamento de
efluentes e águas residuárias, com melhora das características
desses, atuando principalmente como um adsorvente.
137 Apesar dos avanços nos estudos com moringa para trata-
mento de água de consumo e superficial mais pesquisas são
necessárias a fim de assegurar a qualidade da água superficial
para um adequado descarte. Como, por exemplo, o isolamento
da proteína ou grupo de proteínas de ação coagulante, estudo de
produção do coagulante em escala industrial/comercial, estudo
de toxicidade e dosagem do coagulante, além de pesquisas de
outras aplicações que esta pode apresentar (produção de bio-
diesel, óleo comestível, aplicação na indústria farmacêutica).
Em resumo, o uso das sementes de moringa pode ser conside-
rado vantajoso e uma etapa promissora no sentido de melhorar o
processo de coagulação/floculação da água e processo de adsorção
de efluentes, necessitando para isso de incentivos à sua pesquisa.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

REFERÊNCIA

ABDULKARIM, S.M.; LONG, K.; LAI, O.M.; MUHAMMAD, S.K.S.; GHAZALI,


H.M. Some physico-chemical properties of Moringa oleifera seed oil
extracted using solvent and aqueous enzymatic methods. FOOD CHE-
MISTRY, v. 93, p. 253–263, 2005.

AKHTAR, M.; MOOSA HASANY, S.; BHANGER, M.I.; IQBAL, S. Sorption po-
tential of Moringa oleifera pods for the removal of organic pollutants
from aqueous solutions. JOURNAL OF HAZARDOUS MATERIALS, v.
141, n. 3, p. 546–556, 2007

ALDOM, J.E.; CHAGLA, A.H. Recovery of Cryptosporidium oocysts from wa-


ter by a membrane filter dissolution method. LETTERS IN APPLIED
MICROBIOLOGY, v. 20, p. 186-187, 1995.

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION [APHA]. [1995]. STANDARD


METHODS FOR THE EXAMINATION FOR WATER AND WASTEWATER
(19 edition). Byrd Prepess Springfield, ISBN 0875532233, Washing-
ton.
138
ARANTES, C.C.; FRANCO, M.; PATERNIANI, J.E.S.; SLUSSAREK, M. Uso de so-
lução a base de sementes de Moringa oleifera como auxiliar da filtra-
ção lenta. In: Encontro Nacional de Moringa, 1, 2009, Aracaju. Anais...
Aracaju: UFS, 2009.

ARANTES, C.C.; SILVA. G.K.; PATERNIANI, J.E.S. Desenvolvimento de sache


para aplicação de coagulante à base de sementes de Moringa oleifera
no tratamento de água. In: Encontro Nacional de Moringa, 2, 2010,
Aracaju. Anais... Aracaju: UFS, 2010.

BALAKRISHNAN, M.; DUA, M.; KHAIRNAR, P.N. Significance of membrane


type and feed stream in the ultrafiltration of sugarcane juice. Journal
of Separation Science and Technology, v. 36, n.4, p. 619-637, 2001.

BAZANELLA, G.C.S. Processo de desfluoretação de águas subterrâneas a


partir do uso de coagulantes naturais e do processo de separação por
membranas. Maringá, 2010. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Química) Universidade Estadual de Maringá, UEM, 2010.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

BERGAMASCO, R.; BOUCHARD, C.; DA SILVA, F.V.; REIS, M.H.M.; Fagundes-


-Klen, M.R. An application of chitosan as a coagulant/flocculant in a
microfiltration process of natural water. Desalination, v. 245, p. 205–
213, 2009.

BERGAMASCO, R.; KONRADT-MORAES, L.C.; VIEIRA, M.F.; FAGUNDES-


-KLEN, M.R.; VIEIRA, A.M.S. Performance of a coagulation–ultrafiltra-
tion hybrid process for water supply treatment. CHEMICAL ENGINE-
ERING JOURNAL, v. 166, p. 483–489, 2011.

BEZERRA, A.M.E.; MEDEIROS-FILHO, S.; FREITAS, J.B.S.; TEÓFILO, E.M. Ava-


liação da qualidade das sementes de Moringa oleifera Lam durante
o armazenamento. CIÊNCIA E AGROTECNOLOGIA, v.28, n.6, p. 1240-
1246, (2004).

BORBA, L.R. Viabilidade do uso da Moringa oleifera Lam no tratamento


simplificado de água para pequenas comunidades. DISSERTAÇÃO.
(Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) Universidade Fe-
deral da Paraíba – UFPB, Paraíba, 2001.

BHATIA, S.; OTHMAN, Z.; AHMAD, A.L. Pretreatment of palm oil mill effluent
139 (POME) using Moringa oleifera seeds as natural coagulant. Journal of
Hazardous Materials, v. 145, n. 1-2, p. 120-126, 2007.

BOTTINO, A.; CAPANNELLI, C.; DEL BORGHI, A.; COLOMBINO, M.; CONIO,
O. WATER treatment for drinking purpose: ceramic microfiltration
application. Desalination, v. 141, p. 75–79, 2001.

BROWN, T.J.; EMELKO, M.B. Chitosan and metal salt coagulant impacts on
Cryptosporidium and microsphere removal by filtration. Water Rese-
arch, v. 43, n. 331–338, 2009.

BUSTAMANTE, H.A.; SHANKER, S.R.; PASHLEY, R.M.; KARAMAN, M.E. Inte-


raction between Cryptosporidium oocysts and water treatment coa-
gulants. Water Research, v. 35, p. 3179-3189, 2001.

CARDOSO, K.C. Estudo do processo de coagulação/floculação por meio


da Moringa oleifera lam para obtenção de água potável. Dissertação.
(Mestrado em Engenharia Química) Universidade Estadual de Marin-
gá, Maringá, 2007.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CARDOSO, K.C.; BERGAMASCO, R.; COSSICH, E.S.; KONRADT-MORAES, L.C.


Otimização dos tempos de mistura e decantação no processo de coa-
gulação/floculação da água bruta por meio da Moringa oleifera Lam.
Acta Scientiarum – Technology, v. 30, p. 193-198, 2008.

CARROLL, T.; KING, S.; GRAY, S.R.; BOLTO, B.A.; BOOKER, N.A. The fouling of
microfiltration membranes by nom after coagulation treatment. Wa-
ter Research, v. 34, n. 11, p. 2861 – 2868, 2000.

CHERYAN, M. Ultrafiltration and microfiltration handbook. Technomic Pu-


blishing CO, Illinois, Lancaster, USA. 1998.

DAWSON, D.J.; MADDOCKS, M.; ROBERTS, J.; VIDLER, J.S. Evaluation of re-
covery of Cryptosporidium parvum oocysts using membrane filtra-
tion. Letters in Applied Microbiology, v. 17, p. 276-279. 1993.

DI BERNARDO, L.; BRANDÃO, C.C.S.; HELLER, L. Tratamento de águas de


abastecimento por filtração em múltiplas etapas. ABES/ PROSAB. Rio
de Janeiro, 1999, 121pp.

FRANCO, M. Uso de coagulante extraído de sementes de Moringa oleifera


como auxiliar no tratamento de água por filtração em múltiplas eta-
140 pas. Dissertação (Mestrado em ...), Faculdade de Engenharia Agrícola,
Unicamp, Campinas, SP. 2010.

FERNANDES, J.L.; ROSTON, D.M. Utilização da semente da Moringa oleifera


no tratamento de águas residuárias. IN: Congresso Interno de Inicia-
ção Científica da UNICAMP, 23, Campinas, 2005. Anais ... Campinas,
UNICAMP, 2005.

FRANCO, R.M.B.; ROCHA-EBERHARDT, R.; CANTUSIO NETO, R. Occurrence


of Cryptosporidium oocysts and Giardia cysts in raw water from the
Atibaia river, Campinas. Revista do Instituto de Medicina Tropical,
São Paulo, v. 43, n. 2, p. 109-111, 2001.

GALLÃO, M.I; DAMASCENO, F.; BRITO, E.S. Chemical and structural evalua-
tion of moringa seeds. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.1, p .106-
109, 2006.

GASSENSCHMIDT, U.; JANY, K.D.; TAUSCHER, B.; NIEBERGALL, H. Isolation


and characterization of a flocculating protein from Moringa oleifera
Lam. Biochimica et Biophysics Acta, v. 1243, p. 477-481, 1995.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

GHEBREMICHAEL, K.A.; GUNARATNA, K.R.; HENRIKSSON, H.; BRUMER, H.;


DALHAMMAR, G. A simple purification and activity assay of the co-
agulant protein from Moringa oleifera seed. Water Research, v. 39, n.
11, p. 2338-2344, 2005.

GUO, X.; ZHANG, Z.; FANG, L.; SU, L. Study on ultrafiltration for surface
water by a polyvinylchloride hollow fiber membrane. Desalination, v.
238, p. 183–191, 2009.

HORČIČKOVÁ, J.; MIKULÁŠEK, P.; DVOŘÁKOVÁ, J. The effect of pre-treat-


ment on crossflow microfiltration of titanium dioxide dispersions.
Desalination, v. 240, p. 257-261, 2009.

HUANG, C.; CHEN, S.; PAN, R.J. Optimal condition for modification of Chito-
san: a biopolymer for coagulation of colloidal particles. Water Resear-
ch, v. 34, n. 3, p. 1057, 2000.

HSU, B.M.; HUANG, C. Influence of ionic strength and pH on hydrophobicity


and zeta potential of Giardia and Cryptosporidium. Colloids and Sur-
faces A: Physicochemical and Engineering Aspects, v. 201, p. 201-206,
2002.
141 INSTITUTO DIAMANTE VERDE, Organização não governamental. Disponí-
vel em: www.diamanteverde.org.br. Acesso: Julho de 2011.

JACANGELO, J.G; ADHAM, S.S.; LAÎNÉ, J-M. Mechanism of Cryptosporidium,


Giardia and MS2 virus removal by MF and UF. Journal of the American
Water Works Association, v. 87, n. 9, p. 107–121, 1995.

KARIMI, A.A.; VICKERS, J.C.; HARASICK, R.F. Microfiltration goes Hollywood:


the Los Angeles experience. Journal of the American Water Works As-
sociation, v. 91, n. 6, p. 90–103, 1999.

KATAYON, S.; NOOR, M.J.; ASMA, M.; GHANI, L.A.; THAMER, A.M.; AZNI, I. ;
AHMAD, J.; KHOR, B.C.; SULEYMAN, A. M. Effects of storage conditions
of Moringa oleifera seeds on its performance in coagulation. Biore-
source Technology, v. 97, n.13, p.1455-1460, 2005.

KATAYON, S.; NOOR, M.J.M.M.; ASMA, M.; GHANI, L.A.A.; THAMER, A.M.;
AZNI, I.; AHMAD, J.; KHOR, B.C.; SULEYMAN, A.M. Effects of storage
conditions of Moringa oleifera seeds on its performance in coagula-
tion. Bioresource Technology, v. 97, n. 13, p. 1455–1460, 2006.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

KATAYON, S.; NOOR, M.J.M.M.; TAT, W.K; HALIM, G.A.; THAMER, A.M.; BA-
DRONISA, Y. Effect of natural coagulant application on microfiltra-
tion performance in treatment of secondary oxidation pond effluent.
Desalination, v. 204, p. 204-212, 2007.

KWAAMBWA, H.M.; MAIKOKERA, R. Infrared and circular dichroism spec-


troscopic characterization of secondary structure components of a
water treatment coagulant protein extracted from Moringa oleifera
seeds. Colloids and Surfaces : biointerfaces, v. 64, p. 118–125, 2008.

LALAS, S.; TSAKNIS, J. Characterization of Moringa oleifera seed oil variety


Periyakulam-1. Journal of Food Composition and Analysis, v. 15, n. 1,
p. 65-77, 2002.

LECHEVALLIER, M.W.; AU, K. Water treatment and pathogen control: pro-


cess efficiency in achieving safe drinking water. WHO Drinking Water
Quality Series, UK, 2004, 136pp.

LOWRY, O.H.; ROSEBROUGH, N.J.; FARR, A.L.; RANDALL, R.J. Journal of Bio-
logical Chemistry, v.193, p. 265, 1951.

MADRONA, G.S.; SERPELLONI, G.B.; VIEIRA, A.M.S.; NISHI, L.; CARDOSO,


142 K.C; BERGAMASCO, R. Study of the effect of saline solution on the
extraction of the Moringa oleifera seed’s active component for water
treatment. Water, Air, & Soil Pollution, v. 211, p. 409–415, 2010.

MADRONA, G.S. Extração/purificação do composto ativo da semente da


Moringa oleifera Lam e sua utilização no tratamento de água para
consumo humano. Maringá, 2010. 176 f. Tese (Doutorado em Enge-
nharia Química) - Universidade Estadual de Maringá, 2010.

MUYIBI, S.A.; EVISON, L.M. MORINGA oleifera seeds for softening hardwa-
ter. Water Research, v.29, n.4, p. 1099–1105, 1995.

NDABIGENGESERE A.; NARASIAH, K.S.; TALBOT, B.G. Active agents and me-
chanism of coagulation of turbid waters using Moringa oleifera. Wa-
ter Research, v.29, n.2, p. 703-710, 1995.

NDABIGENGESERE, A.; NARASIAH, K.S. Quality of water treated by coagu-


lation using Moringa oleifera seeds. Water Research. v.32, p.781–791,
1998.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

NISHI, L. Estudo dos processos de coagulação/floculação seguido de filtra-


ção com membranas para remoção de protozoários parasitas e célu-
las de cianobactérias. Maringá, 2011. 203f, Tese (Doutorado em En-
genharia Química) - Universidade Estadual de Maringá, UEM, 2011.

NKURUNZIZA, T.; NDUWAYEZU, J.B.; BANADDA, E.N.; NHAPI, I. The effect of


turbidity levels and Moringa oleifera concentration on the effective-
ness of coagulation in water treatment. Water Science and Technolo-
gy, v. 59, p. 1551–1558, (2009).

OKUDA, T.; BAES, A.U.; NISHIJIMA, W.; OKADA, M. Improvement of extrac-


tion method of coagulation active components from Moringa oleifera
seed. Water Research, v.33, n.15, p.3373–3378, 1999.

OKUDA, T.; BAES, A.U.; NISHIJIMA, W.; OKADA, M. Isolation and characteri-
zation of coagulant extracted from Moringa oleifera seed by salt solu-
tion. Water Research, v.35, n.2, p.405-410, 2001.

ORLANDO, U.S.; OKUDA, T.; BAES, A.U.; NISHIJIMA, W.; OKADA, M. Chemical
properties of anion-exchangers prepared from waste natural mate-
rials. Reactive and Functional Polymers, v.55, p. 311–318, 2003.
143 PARKER, D.Y.; LEONARD, M.J.; BARBER, P.; BONIC, G.; JONES W.; LEAVELL,
K.L. Microfiltration treatment of filter backwash recycle water from
a drinking water treatment facility. Proceedings of American Water
Works Association Water Quality Technology Conference. Denver, CO,
1999.

PRICE, M.L.; DAVIS, K. (1985). The moringa tree. Echo technical note. Re-
visado em 2000. Disponível em: < http://www.echonet.org/> Acesso
em 25 de junho de 2009.

PRITCHARD, M.; CRAVEN, T.; MKANDAWIRE, T.; EDMONDSON , A.S.;


O’NEILL, J.G. A comparison between Moringa oleifera and chemical
coagulants in the purification of drinking water – an alternative sus-
tainable solution for developing countries. Physics and Chemistry of
the Earth, v.35, p.798-805, 2010.

SANTOS, A.F.S. MOLÉCULAS BIOATIVAS DE MORINGA OLEIFERA: detecção,


isolamento e caracterização. Recife, 2007. Tese (Doutorado em Ciên-
cias Biológicas) Universidade Federal de Pernambuco, 2007.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

SCHMITT, D.M.F. Tratamento de águas residuárias da indústria de laticínios


pelos processos combinados coagulação/floculação/adsorção/ultra-
filtração utilizando semente de Moringa oleifera como coagulante.
Toledo, 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) - Uni-
versidade do Oeste do Paraná, 2011.

SILVA, F.J.A.; SOUZA, L.M.M.; MAGALHÃES, S.L. Uso potencial de biopolíme-


ros de origem vegetal na descolorização de efluente têxtil índigo. In:
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 22, 2003,
Joinvile, SC.

STATES, S. Removal of Cryptosporidium by membrane filtration. In: Ameri-


can Water Works Association Water Quality Technology Conference,
Denver, Estados Unidos: American Water Works Association, 1999.

STOPKA, J.; BUGAN, S.G.; BROUSSOUS, L.; SCHLOSSER, S.; LARBOT, A. Mi-
crofiltration of beer yeast suspensions through stamped ceramic
membranes. Separation and Purification Technology, v. 25, p. 535-
543, 2001.

VERAS, L.R.V.; DI BERNARDO, L. Tratamento de água de abastecimento por


144 meio da tecnologia de filtração em múltiplas etapas - FIME. Revista
Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 13, n. 1, p .109-116, 2008.

VIEIRA, A.M.S.; VIEIRA, M.F.; SILVA, G.F.; Araújo, A.A.; Fagundes-Klen, M.R.;
Veit, M.T. ; Bergamasco, R. Use of Moringa oleifera seed as a natural
adsorbent for wastewater treatment. Water, Air, & Soil Pollution, v.
206, p. 273–281, 2010.

XAGORARAKI, I.; HARRINGTON, G.W. Zeta potential, dissolved organic


carbon, and removal of Cryptosporidium oocysts by coagulation and
sedimentation. Journal of Environmental Engineering, v. 130, p. 1424-
1432, 2004.

XIA, S.; LI, X.; ZHANG, Q.; XU, B.; LI, G. Ultrafiltration of surface water with
coagulation pretreatment by streaming current control. Desalination,
v. 204, p. 351–358, 2007.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPÍTULO 6
BIODIESEL DE MORINGA
MIKELE CÂNDIDA SOUSA DE SANT’ANNA; GABRIEL
FRANCISCO DA SILVA; MARISTELA DE FÁTIMA
SIMPLICIO DE SANTANA; CARLA CRISLAN DE SOUZA
BERY; HILTON COSTA LOUZEIRO

INTRODUÇÃO
A crise energética e a possibilidade de escassez das reser-
vas de petróleo, aliado à exploração que avança sobre os ecos-
sistemas frágeis têm preocupado a comunidade global ante a ir-
reversibilidade das drásticas reações que o meio ambiente vem
manifestando, a exemplo do efeito estufa ou mesmo do aqueci-
mento global. Neste cenário, a energia alternativa ganha espaço
e junto a ela novos obstáculos vêm sendo superados. O álcool se
145
consolidou como energia renovável e no Brasil o biodiesel ca-
minha pelos mesmos passos. No entanto, alguns desafios ainda
devem ser vencidos para que o biodiesel seja uma energia com
eficiência ecológica, técnica e econômica.
O biodiesel se insere na matriz energética brasileira como
um aditivo, segundo o marco regulatório (Lei nº 11.097/2005,
publicada no Diário Oficial da União em 13/01/2005), cuja evo-
lução vai, a contar da criação desta lei, até a obrigatoriedade
do uso do B5 (adição de 5% de biodiesel ao diesel), a partir de
2013 (BRASIL, 2005). A partir de 1º de janeiro de 2010, o óleo
diesel comercializado em todo o Brasil contém 5% de biodiesel.
Esta regra foi estabelecida pela Resolução nº 6/2009 do Conse-
lho Nacional de Política Energética (CNPE), que aumentou de
4% para 5% o percentual obrigatório de mistura de biodiesel
ao óleo diesel. Para o Brasil, inclusive foi criado o Programa Na-
cional de Produção de Biodiesel (PNPB), cujo objetivo é inserir
o novo produto na matriz energética do país, podendo ser um
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

importante produto para a independência energética nacional


já que o Brasil importa cerca de 20% do óleo diesel consumido.
Em função do PNPB a produção de biodiesel no Brasil au-
mentou consideravelmente. Como exemplo, em 2008 foi cerca 7
milhões de m3, o que significa um aumento representativo fren-
te aos anos anteriores: em 2005 produziu-se 4.670 mil m3 , no
ano de 2006, 437.749 mil m3 e, em 2007, a produção alcançou
a margem dos 2,5 milhões de m3, em 2012 a produção alcançou
17 milhões de m3 de Biodiesel (ANP, 2012).
A região Nordeste segue as normas regulatórias determina-
das pelo Governo Federal e o Brasil, como um país que está de-
senvolvendo um programa de biodiesel em grande escala, pode
identificar fatores correlatos que acabam criando um cenário
favorável para seu natural desenvolvimento, tais como: poten-
cial agrícola, capacidade tecnológica, apoio e, principalmente,
interesse governamental e demanda do mercado. No entanto,
desde a aprovação da Lei No. 11.097, de janeiro de 2005 (BRA-
SIL, 2005), como um marco para a regulamentação da produ-
146 ção e uso do biodiesel, o setor enfrenta muitas dificuldades de
desenvolvimento, principalmente relacionadas com a gestão de
matérias primas, riscos de mercado e restrições tecnológicas
(QUEIROZ e MAHL, 2011).
O Brasil tem grande potencial de produção de oleaginosas,
devido a suas condições favoráveis de solo e clima. A agregação
de valor à produção primária representa uma importante van-
tagem comparativa para o Brasil e o biodiesel representa uma
alternativa real para o desenvolvimento, geração de emprego e
renda para as comunidades que vivem da agricultura familiar.
Segundo Queiroz e Mahl (2011), além do grande potencial
agrícola, o Brasil, em especial a região Nordeste dispõem de con-
dições técnicas para desenvolvimento de uma indústria moder-
na, tanto para a extração quanto para a produção e manejo dos
diversos subprodutos originados durante o processamento do
biodiesel. Outro fator preponderante é o apoio técnico aos agri-
cultores, pois a utilização de insumos como a soja, que tem uma
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

dependência dos preços de mercado, expõe desnecessariamente


o setor a flutuações de mercado. Portanto, é preciso dispor de ma-
térias-primas distanciadas dos preços de mercado e adequadas à
agricultura familiar, a exemplo: o pinhão manso e a moringa.
A escolha da matéria prima é realizada a partir de decisões
governamentais, os subsídios estabelecidos por vezes favorecem
o plantio de algumas oleaginosas em relação às outras. Embora o
Brasil tenha uma alta produção e tecnologia consolidada para o
plantio da soja. Atualmente o óleo de soja é a matéria-prima com
maior potencial para atender a demanda por biodiesel, o Gover-
no Federal vem se empenhando para inserir outras oleaginosas
neste ciclo de produção. Esta inserção pode ser responsável pela
geração de renda em comunidades socialmente desfavorecidas.
Os óleos vegetais utilizados para a produção de biodiesel
variam consideravelmente com a localização regional, com o cli-
ma e a disponibilidades de matéria prima.Levando em conside-
ração que a sua regionalidade. Assim, os óleos de colza e girassol
são predominantemente utilizados na Europa; o óleo de palma
147 predomina nos países tropicais, o óleo de soja e as gorduras
animais nos EUA (MITTELBACH e REMSCHMIDT, 2004). No en-
tanto, a produção de biodiesel a partir de fontes convencionais
(soja, babaçu, canola, entre outros) cada vez mais tem influen-
ciado os preços, a produção e a disponibilidade dos alimentos
(TORREY, 2007; RASHID, 2008).
Neste cenário, a Moringa Oleifera Lam. ganha destaque por
favorecer a sustentabilidade nestas áreas. Segundo Monteiro
(2007), por ser uma espécie arbórea de múltiplos usos, vem
sendo apontada como uma alternativa promissora para estas
regiões principalmente para a utilização do óleo vegetal na pro-
dução de biodiesel vazio.
Projetos fomentados pela Petrobras já inseriram a espé-
cie como prioritária para o Nordeste. A inserção da moringa na
região semiárida vem sendo alvo de pesquisas que objetivam
contribuir para a sustentabilidade das atividades agrícolas na
região, além da fixação e melhoria da qualidade de vida do ho-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

mem no campo e até mesmo como ação mitigadora e de adapta-


ção às mudanças climáticas pelos seus vários benefícios.
De acordo com Santos (2010), a moringa é uma espécie que
pode ser utilizada como fonte de suplemento alimentar (pelo
seu alto valor nutritivo), para purificar a água, usos medicinais,
e pelo óleo de suas sementes. A espécie torna-se ainda atrativa
por ser de cultivo fácil, baixo custo de produção e de alto ren-
dimento. Estas características tornam a espécie especialmente
importante para as regiões semiáridas.
Sementes de moringa podem conter entre 33 e 41% de
óleo vegetal (SENGUPTA e GUPTA, 1970). Vários autores investi-
garam a composição de moringa , incluindo a composição de áci-
dos graxos (ANWAR et al., 2005; ANWAR e BHANGER, 2003). O
óleo da moringa é comercialmente conhecido como óleo de Ben,
devido ao seu conteúdo de ácido beénico ou docosanóico, pos-
suindo grande resistência à oxidação (LALAS e TSAKINS, 2002).

METODOLOGIA
148
A prospecção foi realizada tendo como base os pedidos de
pateNo Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio-
combustíveis (ANP), através da lei n° 11.097 de 13 de janeiro de
2005, definiu este produtocomo sendo:
“Combustível derivado da biomassa renovável para uso em
motores a combustão interna ou, conforme regulamento para
outro tipo de geração de energia, que possa substituir parcial ou
totalmente combustível de origem fóssil”.
E para o Biodiesel, a definição na mesma lei foi:
“Biocombustível derivado da biomassa renovável para uso
em motores a combustão interna ou, conforme regulamento
para outro tipo de geração de energia, que possa substituir par-
cial ou totalmente combustível de origem fóssil”.
Assim, há amplas possibilidades de uso do biodiesel em
transportes urbanos, rodoviários, ferroviários e aquaviários
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

de passageiros e cargas, geradores de energia, motores esta-


cionários, etc. (MME, 2009).
Quimicamente, o biodiesel pode ser definido como um com-
bustível alternativo constituído por ésteres alquílicos de ácidos
carboxílicos de cadeia longa, proveniente de fontes renováveis
como óleos vegetais, gorduras animal e/ou residual, cuja utili-
zação está associada à substituição de combustíveis fósseis em
motores de ignição por compressão (KNOTHE et al., 2006).
A utilização do biodiesel como combustível vem apresentan-
do um potencial promissor no mundo todo, sendo um mercado
que cresce aceleradamente. Segundo a literatura Correia (2011);
Gerpen (2005); Fernando e Hanna (2001); Fukuda et al. (2001);
Wang et al. (2000); Costa Neto et al. (2000), as principais caracte-
rísticas que conferem vantagens ens frente ao diesel mineral são:
•É um combustível não tóxico, pois a utilização de biodiesel
provoca redução substancial na emissão de monóxido de carbo-
no e material particulado. Além disso, é livre de enxofre e aro-
máticos, impedindo a formação de fuligem, pois possui 10% v/v
149 de oxigênio. A utilização de 20% v/v de biodiesel ao diesel reduz
a emissão de dióxido de carbono em 15,66% v/v;
•É biodegradável, estudos mostram que o biodiesel de óleo
de soja e canola são facilmente absorvidos pelo meio ambiente.
A utilização de misturas contendo 20% v/v de biodiesel (B20)
aumenta a biodegradabilidade do diesel em presença de água.
Além disso, foi observado o crescimento de algas em tanques de
estocagem de biodiesel;
•Tem número de cetano elevado (superior a 50) e conse-
quentemente, elevado poder de auto-ignição e combustão. E,
este fator é refletido de modo especial na partida a frio, no ruído
do motor e no gradiente de pressão nos motores a diesel.
Esse combustível possui grandes qualidades que justificam
a sua utilização: é seguro, renovável, não tóxico e biodegradável,
contém quantidades de enxofre insignificantes e sua maior lu-
bricidade estende a vida dos motores diesel. Além disso, tem um
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

número de cetanos elevado (acima de 60 comparado a somen-


te 40 para o diesel regular), um ponto de fulgor elevado (>130
ºC) e na sua queima emite-se 70% a menos de hidrocarbonetos,
80% menos dióxido de carbono e 50% menos de particulados
(PARENTE, 2003; SILVA et al., 2010).
Os benefícios ambientais, além da redução da poluição do
ar, das mudanças climáticas, dos derramamentos de óleo e gera-
ção de resíduos tóxicos, também podem gerar vantagens econô-
micas para o país, podendo enquadrar o biodiesel nos acordos
do Protocolo de Kyoto e nas diretrizes dos Mecanismos de De-
senvolvimento Limpo (MDL) e havendo assim, a possibilidade
de venda de cotas de carbono (HOLANDA, 2006).
O biodiesel pode ser produzido a partir dos óleos e gordu-
ras de origem animais e vegetais ou mesmo graxos reciclados da
indústria de alimentos. Todos os óleos enquadrados na catego-
ria de ós fixos ou triglicéricos, além de materiais graxos, podem
servir de matéria prima para o biodiesel. Destaca-se por ter
muitas vantagens em relação ao diesel convencional: possui um
150 alto ponto de fulgor (>130 ºC) e na sua queima emite-se 70%
menos hidrocarbonetos, 80% menos dióxido de carbono e 50%
menos particulados (PARENTE, 2003).
Segundo Meher et al. (2006), biodiesel é um éster mono-
-alquil de cadeia longa de ácidos graxos derivados de fontes
renováveis, provenientes de óleos vegetais ou gordura animal,
utilizado em motores de ignição por compressão. Os principais
processos utilizados para a produção de biodiesel são a hidro-
esterificação, o craqueamento, e a transesterificação. A reação
pode ocorrer na presença ou não de um catalisador, seja ele ho-
mogêneo ou heterogêneo.
Dentre as diversas metodologias descritas na literatura
para obtenção do biodiesel, a transesterificação de trigliceríde-
os com álcool de baixo peso molecular vem sendo a mais empre-
gada nas plantas industriais, principalmente porque as caracte-
rísticas físicas dos ésteres de ácidos graxos são muito próximas
às do diesel. Além disso, este processo é relativamente simples
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

e apresenta algumas vantagens, como o baixo custo da etapa de


reação, condições reacionais brandas e simplicidade dos equi-
pamentos (MA e HANNA, 1999).
A reação de transesterificação diminui o ponto de névoa
do biocombustível, assim como sua densidade, cor, viscosidade
e índice de cetano (MIC, 1985). O poder calorífico permanece
relativamente constante, indicando pouca ou nenhuma influ-
ência da reação sobre esta propriedade, enquanto que a vola-
tilidade aumenta (COSTA NETO, 2000). A diminuição da visco-
sidade e o aumento da volatilidade conferem bons parâmetros
aos combustíveis líquidos.
Segundo Knothe (2006), a maioria dos componentes en-
contrados nos óleos vegetais e gordura animal são os triacilgli-
ceróis. Quimicamente, estes são ésteres de ácidos graxos com
glicerol (1,2,3-propanotriol; glicerol é muitas vezes chamado de
glicerina). Assim, diferentes ácidos graxos podem estar ligados à
cadeia do glicerol. A maior motivação para que os óleos vegetais
e gorduras animais sejam transformados em alquil ésteres é a
151 viscosidade cinemática. A alta viscosidade de matérias graxas
não transesterificadas conduz a sérios problemas operacionais
nos motores diesel, tais como a ocorrência de depósitos em vá-
rias partes do motor.
Podem ser utilizadas para a produção de biodiesel toda subs-
tância que contém triglicerídeos em sua composição. Estes com-
postos são encontrados em óleos vegetais e gorduras animais,
além de óleos e gorduras residuais. Além dos triglicerídeos, os
ácidos graxos também são fontes para a produção de biodiesel.
Holanda (2004), classificou as matérias primas para obten-
ção do biocombustível em 4 categorias: óleos e gorduras de ori-
gem animal, óleos e gorduras de origem vegetal, óleos residuais
de fritura e matérias graxas de esgoto.
No Brasil, o biodiesel é produzido essencialmente a partir
de oleíferas (óleos vegetais ou OGR1) (QUEIROZ JUNIOR, 2005).
O país encontra-se em uma situação privilegiada, pois possui
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

uma grande extensão territorial e condições climáticas favorá-


veis ao cultivo de plantas oleaginosas, tornando-se um dos paí-
ses com potencial para liderar a produção mundial de biodiesel.
No Brasil, são cultivadas diversas espécies oleaginosas que
possuem potencial para serem utilizadas como matéria prima na
produção de biodiesel, tais como a soja, o girassol, algodão, ma-
mona, moringa, pinhão manso, milho, babaçu, coco e o dendê.
As vantagens da utilização da moringa vão além de seu uso
como coagulante natural, nutricional, cosmético e farmacêuti-
co. Estudos recentes mostram que o óleo extraído das sementes
dessa planta possui um grande potencial para produção de bio-
combustíveis. A potencialidade da moringa foi confirmada atra-
vés de estudos de diversos autores.
Serra et al. (2005) determinaram o teor de óleo presente
nas sementes da moringa, a composição e características físico-
-químicas do óleo. Como resultados os autores observaram que
a semente seca de moringa apresentou 39% de teor de óleo de
(a extração foi realizada utilizando-se o nhexano), o óleo bruto
152 apresentou viscosidade de 43,34.cSt (40ºC), o índice de acidez
de 7,95 mg KOH/g. A composição encontrada para o óleo foi: pal-
mítico (7%), palmitolêico (2%), esteárico (4%), olêico (78%),
linolêico (1%), araquídico (4%) e behênico (4%). O grande teor
de ácido olêico indica que o óleo é adequado para a obtenção
de um biodiesel com um baixo teor de insaturações, o que tem
reflexo direto e muito positivo em sua estabilidade à oxidação,
facilitando transporte e armazenamento.
Serra et al. (2005) estudaram ainda a reação de transeste-
rificação do óleo de moringa, empregando metanol como agen-
te da alcóolise. O biodiesel de óleo de moringa bruto foi obtido
por transesterificação, em presença de metanol como agente de
alcóolise, em um reator de vidro com agitação magnética, numa
proporção molar óleo:MeOH:catalisador de 1:6:0,2 em tempos de
reação pré-determinados, na temperatura de refluxo do álcool. A
catálise básica mostrou-se bem mais eficiente que a catálise ácida
E o biodiesel obtido apresentou viscosidade de 6,3 cSt (40 ºC).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Ilustrando que é possível obter biodieseis com bons rendi-


mentos e propriedades adequadas, a partir do óleo de moringa ,
sendo esta uma oportunidade de ampliação do leque das cultu-
ras, que possam ser desenvolvidas de forma perene no Nordeste.
Rashid e colaboradores (2008) estudaram a moringa como
matéria prima potencial para obtenção de biodiesel. Antes de
realizar a síntese, o óleo recebeu um tratamento para redução
da acidez. O biodesel foi obtido por um processo padrão de tran-
sesterificação, utilizando-se catalisador alcalino com metanol,
numa relação álcool/óleo de 6:1, à 60°C. Como resultado, os
ésteres metílicos (biodiesel) obtidos a partir da moringa apre-
sentaram altos valores para o número de cetano (67), que está
entre os mais altos valores relatados para um biodiesel(bom ou
ruim?). A estabilidade oxidativa recebeu destaque entre as pro-
priedades estudadas pelos autores. Assim, o biodiesel derivado
do óleo de moringa é um substituto satisfatório para o diesel e
para outros biodieseis derivados de óleos vegetais.
Dias et al. (2009), analisaram o do processo de produção de
153 biodiesel de óleo de moringa utilizando KOH como catalisador, e
considerou os resultados satisfatórios, obtendo rendimento de
95,7% de massa de biodiesel e 98,3% de metil éster de ácidos
graxos.não entendi!!!! Os parâmetros físico-químicos analisados
atendem as exigências de qualidade da Agência Nacional do Pe-
tróleo (ANP). A viscosidade de 5,6213 mm2/s encontrado está
muito próximo do limite superior fixado pela ANP, entretanto,
o biocombustível é adequado ao uso. A densidade de 877,8 kg/
m3 também está dentro da faixa exigida pela normas da ANP,
mostrando a redução de viscosidade do óleo in natura, o que
permite a utilização deste biodiesel nos motores ciclo diesel.
Silva et al. (2010) apresentaram estudos avaliando algumas
propriedades e a composição química do óleo de... , bem como o
potencial para produção de biodiesel. As reações de transeste-
rificação foram realizadas utilizando catalisador ácido (H2SO4)
e básico (NaOH) com razão molar 6:1 (álcool metílico:óleo) e
0,2% de catalisador. Os resultados mostraram conversões maio-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

res do que 70% e 30% utilizando catalisador básico e ácido,


respectivamente. As propriedades físico-químicas encontrado
neste estudo indicam que o óleo de moringa apresenta-se como
excelente matéria prima para a fabricação de biodiesel.
Kafuku et al. (2010) estudaram o biodiesel produzido a partir
da transesterificação do óleo de moringa usando óxido de estanho
sulfatados reforçado com SiO2 como catalisador ácido. Os parâ-
metros estudados foram à temperatura de reação (60°C a 180°C),
o tempo de (1h à 3h) e a razão de óleo e metanol (1:6 - 1:24). Foi
observado que o rendimento alcançou 84% de ésteres metílicos
de , quando a razão molar óleo:álcool foi de 1:19,5. A temperatura
foi mantida em 150°C durante 150min, a concentração de catali-
sador em 3% e a velocidade de reação em 350-360rpm,.
Kafuku e Mbarawa (2010) estudaram a moringa para a pro-
dução de biodiesel e analisaram o valor dos ácidos graxos livres
do óleo encontrando foi de 0,6%, tornando possível o método de
transesterificação alcalina para a conversão de ácidos graxos do.
A conversão em éster metílico encontrada foi de 82% utilizando
154 os seguintes parâmetros: 1% em peso de catalisador, 30% em
peso de metanol, 60°C a temperatura de reação, 400rpm a taxa
de agitação e tempo de reação de 60min.
Segundo Dias et al. (2009), as características apresentadas
pelo biodiesel de moringa demonstraram condições adequadas
para uso direto nos motores ciclo diesel. O rendimento do óleo
extraído mostra que a moringa apresenta uma grande quantidade
de lipídios se comparado a maior fonte de óleo utilizado no Brasil,
para produção de biodiesel, soja com rendimento de 18%.
A moringa apresenta condições favoráveis para ser cultiva-
da e pode viabilizar vagas de emprego e geração de renda para
os agricultores do semiárido brasileiro. As condições reacionais
promoveram um rendimento satisfatório no processo de produ-
ção de biodiesel, confirmando a viabilidade de inserção da mo-
ringa como matéria prima para os estados a região.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Pereira (2011) estudou a produção de biodiesel de moringa


por três processos (transesterificação, hidroesterificação e tran-
sesterificação in situ):
•As reações de transesterificação foram realizadas com os
alcoóis metílico e etílico, foram utilizados os seguintes cata-
lisadores KOH e NaOH, com a razão molar de álcool: óleo de
6:1 e temperatura de 25°C. A reação de transesterificação
apresentou os melhores resultados para a conversão em és-
ter, entre os processos estudados pelo autor. A melhor con-
versão foi alcançada quando se utilizou Met,KOH (89,02%);
•As reações de hidrólise e esterificação do óleo de morin-
ga foram realizadas de acordo com as condições operacio-
nais estudas por Rocha (2010). Utilizando como catalisador
o óxido de nióbio em pó (HY-340). A hidrolise do óleo de
moringa apresentou uma conversão de 93,87% em ácidos
graxos e 98% de conversão em éster. As análises realizadas
para este biodiesel mostraram que os parâmetros avalia-
dos encontram-se dentro das normas regidas pela ANP. O
155 biodiesel produzido a partir do óleo de moringa, pelo pro-
cesso de hidroesterificação apresentou uma coloração es-
cura possivelmente devido à alta temperatura utilizada na
reação. Entretanto, acredita-se, que isso não influencia na
utilização deste como combustível;
•Na reação de transesterificação in situ foram utilizadas
(semente + casca). A reação foi realizada em um reator
constituído por um recipiente de vidro com tampa acoplado
a um misturador, no qual foram adicionadas as sementes de
moringa trituradas juntamente com as quantidades equiva-
lentes de álcool e catalisador. A solução de etilato (álcool
etílico + catalisador) e metilato (álcool metílico + catalisa-
dor) foram preparadas paralelamente e transferidas para o
reator com a mistura em agitação, deixando reagir por um
período de duas horas a temperatura de 25°C. A razão mo-
lar óleo:álcool foi 1:162, 3,4% de catalisador em relação ao
teor de óleo das sementes com casca. Esse procedimento foi
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

realizado para produção do éster metílico e do éster etílico,


ambos em catalise básica homogênea (utilizando NaOH e
KOH, como catalisadores). A torta obtida nesse processo foi
utilizada como meio filtrante na separação óleo/água. Nas
reações realizadas com metanol não houve separação dos
produtos (biodiesel e glicerina), indicando que as condições
utilizadas precisam ser otimizadas. O éster obtidos após a
trasesterificação in situ apresentou coloração esverdeada;
Os trabalhos desenvolvidos por Pereira (2011) mostraram
que em todas as reações avaliadas, o biodiesel de moringa apre-
sentou elevados valores para a taxa de estabilidade à oxidação es-
tando os valores de acordo com as normas da ANP) O biodiesel de
moringa pode ser misturado a outros com baixa estabilidade à oxi-
dação formando blends com maiores valores para este parâmetro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A moringa é uma matéria prima potencial para ser cultiva-
das no semiárido brasileiro. É uma planta que possui diversas
utilidades, a exemplo: tratamento de água para uso domestico;
156 alimentação humana e animal; fabricação de cosméticos; fárma-
cos; o óleo pode ser utilizado para a produção de biodiesel, sa-
bão, lubrificantes.
O biodiesel de óleo de Moringa apresenta diversas qualida-
des, como: maior numero cetano que facilita a ignição; maior
estabilidade a oxidação; baixo ponto de entupimento, indicando
aplicabilidade mesmo no inverno.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

REFERÊNCIA
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis. Anuário Es-
tatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis. 2012

ANWAR, F., BHANGER, M.I.,. Analytical characterization of Moringa oleife-


ra seed oil grown in temperate regions of Pakistan. Journal Agr. Food
Chem. cidade, v.51, p.6558–6563, 2003.

ANWAR, F., ASHRAF, M., BHANGER, M.I.,. Inter provenance variation in the
composition of Moringa oleifera oilseeds from Pakistan. J. Am. Oil
Chem. Soc.cidade, v. 82, p.45–51, 2005.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei No. 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/
L11097.htm>. Acesso em: 20 jan. 2010.

BEZERRA, A.M.E.; MEDEIROS, F.S.; FREITAS, J.B.S; TEÓFILO, E.M. Avaliação


da Qualidade das Sementes de Moringa Oleifera Lam. durante o Ar-
mazenamento. Ciência agrotécnica., v. 28, n. 6, p. 1240-1246, Lavras,
MG. 2004.
157
CARVALHO, J.B.R. Composto a partir de glicerina e biomassa A Produção
de Biodiesel no Brasil e aspecto do PNPB. Piracicaba: Geedes, 2005.
Departamento de Economia Administração e Sociologia da escola Su-
perior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Universidade de São Paulo.

CORREA, M.P.. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultiva-
das. Rio de Janeiro, RJ. MA/IBDF, 1984. v. 5, 322p., 1984

COSTA NETO, P.R.; ROSSI, L.F.S.; ZAGONEL, G.F.; RAMOS, L.P.; Produção de
biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterifica-
ção de óleo de soja usado em frituras. Quimica Nova. v.3, p.531, 2000.

Estudo das variáveis operacionais na produção de biodiesel em um sistema


contínuo. Trabalho de

CORREIA, B.M.O. estudo das variáveis operacionais na produção de biodie-


sel em um sistema contínuo. trabalho de conclusão de curso. Univer-
sidade Federal de Sergipe. 2011
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

DAHOT, M. U. Vitamin contents of the flower and seeds of Moringa oleífera


Lam. Journal of Biochemistry, v.4, n.1-21-24, 1998.

Biochemistry,

DIAS, F.P.; ALMEIDA, R.F.; AQUINO, M.D.; NASCIMENTO, R.F. Biodiesel me-
tílico de óleo de sementes de moringa obtido por reação de transes-
terificação com KOH. IV SEPRONe – Fortaleza, CE, Brasil – 2009
incorreto

DUKE, J.A. The quest of tolerant germplasm. In: YOUNG, G. Crop tolerance
to subtropical land conditions. Madison. American Society Agrono-
mial Special Symposium, 1987, v.32, p.1-16.

EILERT, U.; WOLETRS, B.; NAHRSTEDT, A. The antibiotic principle of seeds


of Moringa oleifera and Moringa stenopetala. Journal Medicinal Plant
Reserch. v. 42, p.55-61, 1981.

FERNANDO, S.; HANNA, M. Comparison of viscosity characteristics of soy-


bean oils with a mineral oil two-stroke engine lubricant. Transactions
ASAE. v.44, p.1403, 2001.

158 FERREIRA, P.M.P.; FARIAS, D.F.; OLIVEIRA, J.T.A.; CARVALHO, A.F.U. Moringa
oleifera: bloactive compounds and nutritional potential. Revista de
Nutrição, v. 21, n.4, p. 431-437, 2008.

FUKUDA, H.; KONDO, A.; NODA, H. Biodiesel fuel production by transeste-


rification of oils. Journal of Bioscience and Bioengineering, v.92,n.5,
p.405-416, 2001.

GERDES, G. Como limpar e tratar água suja com sementes da Moringa olei-
fera. Fortaleza, Centro de Pesquisa e Assessoria – ESPLAR. 1997.

GERPEN, J.V. Biodiesel processing and production. Fuel Processing Techno-


logy, v.86, p.1097-1107, 2005.

HOLANDA, A. Biodiesel e inclusão social. Cadernos de Altos Estudos. n.° 1,


1ª ed., Câmara dos Deputados – Coordenação de Publicações: Brasília,
2004.

JAHN, S. A. A. Proper Use of African Natural Coagulants for Rural Water Sup-
plies. Eschborn, German Agency for Technical Cooperation, GTZ, 1986.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

KAFUKU, G.; LAM, M.K.; KANSEDO, J.; LEE, K.T.; MBARAWA, M. Heteroge-
neous catalyzed biodiesel production from Moringa oleifera Oil. Fuel
Processing Technology, pág. 1525-1529, 2010.

KAFUKU, G.; MBARAWA, M. Alkaline catalyzed biodiesel production from


Moringa oleifera oil with optimized production parameters, Applied
Energy, pág. 2561-2565, 2010.

KARADI, R.V.; GADGE, N.B.; ALAGAWADI, K.R.; SAVADI, R.V. Effect of Morin-
ga oleifera Lam. root-wood on ethylene glycol induced urolithiasis in
rats. Journal of Ethnopharmacology. V.105, p.. 306–311, 2006.

KNOTHE, G.; GERPEN, J.V.; Krahl, J. Manual de Biodiesel. 1. ed. São Paulo:
Edgard Blucher, 2006.

LALAS, S., TSAKNIS, J.,. Extraction and identification of natural antioxidant


from the seeds of the Moringa oleifera tree variety of Malawi. J. Am.
Oil Chem. Soc. v.79, p.677–683. 2002.

LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no brasil: nativas e exóticas


cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 347p., 2002.

159 MATOS, F.J.; ABREU, L.A. Farmácias vivas: sistemas de utilização de plantas
medicinais projetado para pequenas comunidades. 3. ed. Fortaleza:
EUFC, 220p., 1998.

MIC. Ministério da Indústria e do Comércio,; Produção de Combustíveis Lí-


quidos a Partir de Óleos Vegetais; Secretaria de Tecnologia Industrial;
Coordenadoria de Informações Tecnológicas; Brasília, DF, 1985.

Rever referencia

MA, F.; HANNA, M.A. Biodiesel production: a review. Bioresource Technolo-


gy, v.70, p.1-15, 1999.

MEHER, L. C.; VIDYA SAGAR, D.; NAIK, S. N. Technical aspects of biodiesel


production by transesterification – a review. Renewable and Sustai-
nable Energy Reviews, v.10, p.248-268, 2006.

MITTELBACH, M., REMSCHMIDT, C., Biodiesel – The Comprehensive Hand-


book. Publ. by M. Mittelbach. Graz, Austria. 2004.

Ministério de Minas e Energia (MME). Programa de Produção e Uso do


Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Biodiesel. Disponível em: HTTP://www.mme.gov.br/mme/site.


html>Acesso 01 jul 2009.

MONTEIRO, J.M.G. Plantio de oleaginosas por agricultores familiares do se-


mi-árido nordestino para produção de biodiesel como uma estratégia
de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. 2007. 302p. Tese
(Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.

MORTON, J. The horseradish tree, Moringa pterygosperma (Moringaceae)


– a boon to arid lands? Economy Botany, v.45, n.3, p.318-333, 1991.

PEREIRA, D. F.; Potencialidades da Moringa oleifera Lam. na produção de


biodiesel e no tratamento de água produzida na extração de petróleo.
Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Sergipe.

QUEIROZ JR., G.E.; MAHL, A.A. Perspectivas para o biodiesel no Nordeste.


Revista Desenbahia , cidade, v. n. 14. p. 115, 2011.

QUEIROZ JUNIOR, G.. O potencial do estado da Bahia para a produção de


biodiesel: uma abordagem técnica e econômica. 2005. 114 f. Disser-
tação (Mestrado em Análise Regional) – Programa de Pós-Graduação
em Desenvolvimento Regional e Urbano, Universidade Salvador, Sal-
160 vador, 2005.

PARENTE, E. J. S.; Biodiesel:uma aventura tecnológica num país engraçado,


1°, Tecbio, Fortaleza, 2003.

RASHID, U.; ANWAR, F.; MOSER, B.R.; KNOTHE, G. Moringa oleifera oil: A
possible source of biodiesel. Bioresource Technology. Cidade, v. 99
.2008. p.8175–8179

RAMACHANDRAN, C.; PETER, K.V.; GOPALAKRISHNAN, P.K. Drumstick


(Moringa oleifera): a multipurpose Indian vegetable. Economic Bo-
tany. v.34, p.276-283, 1990.

ROCHA, L.L.; RAMOS, A.L.D; FILHO, R.A.; FURTADO, R.C. TALFT, C.A.; ARAN-
DA, D.A.G. Production of biodiesel by a two-step niobium oxide ca-
talyzed hydrolysis and esterification. Letters in Orgânic Chemistry.
Volume 7. Number 7. pag 571-578. 2010.

SANTOS, A.R.F. Desenvolvimento inicial de Moringa oleifera Lam. sob con-


dições de estresse. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de
Sergipe. São Cristóvão, 2010. p.1
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

SERRA, T.M.; SILVA, J.P. V.; SANTOS, I.C.F.; MENEGHETTI, M.R.; MENEGHET-
TI, S. M.P.; WOLF, C.R.; GOSSMANN, M. Obtenção do biodiesel metílico
a partir de óleo de Moringa oleífera em presença de catalisador básico
e ácido. 25a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química – SBQ.

SILVA, C.; CASTILHOS, F.; OLIVEIRA, J.V.; FILHO, L.C.; Continuous produc-
tion of soybean biodiesel with compressed ethanol in a microtube
reactor. Fuel Processing Technology, v. 91, n. p. 1274-1281, 2010.

SENGUPTA, A., GUPTA, M.P.,. Studies on the seed fat composition of Morin-
gaceae family. Fette, Seifen, Anstrichm. v.72, p.6–10. 1970

TORREY, M., Biodiesel standards. Inform. 18, 303–306. 2007.

OLIVEIRA, L. B.; COSTA, A. O. Biodiesel: uma experiência de desenvolvi-


mento sustentado. Rio de Janeiro. IX CBE, 4:17-72, 2002.

VERDCOURT, B. A synopsis of the Moringaceae. Kew Bulletin, v. 40, p.1-23,


1985.

WANG, W. G.; LYONS, D. W.; CLARK, N.N.; GAUTAM, M. Emissions from nine
heavy trucks fueled by diesel and biodiesel blend without engine
161 modification. Environmental Science Technologic. v.34, n. p.933-939,
2000.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPITULO 7
POTENCIAL NUTRICIONAL
E APLICAÇÕES DA MORINGA
NA ALIMENTAÇÃO HUMANA E
ANIMAL
ANGÉLICA MARQUETOTTI SALCEDO VIEIRA;
MIRIAM CARLA BONICONTRO AMBROSIO-UGRI;
LETÍCIA NISHI; GABRIEL FRANCISCO DA SILVA;
ROSÂNGELA BERGAMASCO

INTRODUÇÃO
Os materiais poliméricos, comumente chamados de plás-
ticos, são produzidos artificialmente e têm uma diversidade de
162
características que tornam possível a fabricação de uma grande
quantidade de produtos com as mais diversas aplicações. Estes
materiais estão substituindo vários produtos de ligas metálicas,
devido a seu processo de fabricação industrial ser mais simples
e ainda gerar economia de energia e de matéria-prima. Em sua
maioria, possibilitam a reciclagem evitando deposição em aterros
o que evita a contaminação do meio ambiente (KOLESKI, 2007).
Muitas pesquisas estão voltadas para a produção de novos
materiais que atendam às expectativas econômicas e preserva-
ção ambiental. Uma das alternativas foi a utilização de agentes
de reforços naturais na fabricação de compósitos. Esses compó-
sitos podem ser entendidos como a combinação de dois ou mais
materiais; elementos de reforço e/ou cargas incorporados em
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

uma matriz polimérica termoplástica ou termofixa, diferindo na


forma e/ou composição (NOGUEIRA, et al., 1999).
Para a obtenção destes compósitos, o polipropileno, um
polímero termoplástico, tem sido muito utilizado como matriz.
Muitos reforços de agentes naturais (fibras de sisal, rami, juta,
malva, curauá de coco, e outros) já estão sendo utilizados na
fabricação de materiais compósitos e os produtos obtidos têm
como principais vantagens a introdução de propriedades de-
sejáveis para o material final, além de baixo custo de proces-
so e dos efeitos sócio-econômicos (SAHEB, et al., 1999). Para a
utilização desses agentes de reforços naturais na fabricação de
compósitos, deve-se levar em conta a temperatura de degrada-
ção da celulose (cerca de 190°C), o material de origem vegetal
mais abundante da Terra (FROLLINI, et al., 2010). Assim, a ma-
triz polimérica tem que ficar restrita aos polímeros que pos-
suam temperatura de processamento ou temperatura de fusão
163 inferior a 190°C (MANO, 1988).
Desse modo, foi utilizada neste trabalho uma matriz de po-
lipropileno (PP), que tem uma temperatura de fusão em torno
de 175°C, e um agente de reforço natural (cascas de sementes de
Moringa oleifera). A Moringa oleifera é uma árvore nativa da re-
gião noroeste da Índia (BEZERRA, et al., 2004). Atualmente esta
espécie é cultivada em todo o cinturão tropical nos continentes
da Ásia, África e América, sendo conhecida no norte-nordeste
brasileiro (AMAYA, et al.,1992). Uma das aplicações que tem tido
excelente resultado é a utilização das sementes como coagulantes
em tratamentos de água. Quando maceradas e misturadas à água
barrenta de açudes, têm a capacidade de agregar as impurezas
contidas na mesma. É um processo natural de floculação de baixo
custo e extremamente importante para as regiões secas onde a
água potável é escassa ou totalmente inexistente (GUEDES, 2004).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Com o intuito de buscar novas aplicações para as fibras ob-


tidas das cascas das sementes de moringa, este trabalho teve
como objetivo a preparação de compósitos de polipropileno
reforçados com diferentes proporções de cascas de sementes
de Moringa oleifera, tratadas com NaOH, de modo a determinar
suas interferências na matriz em termos de propriedades térmi-
cas e características morfológicas.

POTENCIAL NUTRICIONAL DAS DIVERSAS PAR-


TES DA MORINGA
Os autores Makkar e Becker (1997) realizaram um amplo
estudo de todas as partes da árvore Moringa, com a finalidade
de determinar composição nutricional, fatores antinutricionais
e implicações do consumo das diferentes partes no organismo
humano e animal. Alguns dos principais resultados encontrados
pelos referidos autores encontram-se apresentados nas Tabelas
164 1 e 2, e referem-se principalmente a composição em termos de
proteínas, lipídeos, fibras, aminoácidos, entre outros.
Uma grande preocupação dos autores relaciona-se ao fato
da semente ser utilizada como coagulante no tratamento de
água para consumo humano e, portanto, avaliar os possíveis
efeitos deste resíduo nos consumidores da água tratada com
Moringa. O coagulante da Moringa, utilizado no processo de tra-
tamento de água, passa por um processo de extração aquoso, e
se apresenta virtualmente livre de fatores antinutricionais, com
exceção de phytatos (67g/kg).
A composição nutricional das diversas partes da Morinfa
oleifera Lam se encontra apresentada na Tabela 1.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Tabela 1. Composição nutricional das diferentes partes da Moringa


oleifera Lam segundo diferentes autores.

Parâmetros Folhas Folhas Flores Semente Semente Semente


frescas secas base base integral desengor-
seca seca durada
base seca
Umidade g/100g 73,9 5,9 - - 7,9 -
Proteínas 11,9 27,2 18,92 33,25 38,30 59,2
g/100g
Lipídeos g/100g 1,1 17,1 2,91 41,20 30,80 -
Cinzas g/100g 2,3 11,1 9,68 4,43 6,5 -
Fibra bruta 3,4 19,4 32,45 - 4,50 10,5
g/100g
Carboidratos 10,6 38,6 36,04 21,12 16,50 -
g/100g
Energia 86,6 339,1 - - - -
(Kcal/100g)
Cálcio (g/kg) 8,47 20,98 - - - 3,8
165
Potássio(g/kg) 5,49 19,22 - - - 17,3
Ferro(g/kg) 0,17 0,28 - - - 0,06
Fósforo(g/kg) 1,11 3,51 - - - 16,6
Sódio(g/kg) - - - - - 7,4
Magnésio (g/kg) 1,51 4,06 - - - 4,4
Manganês (mg/ - - - - - 11,6
kg)
Cobre (mg/kg) - - - - - 35,9
Zinco (mg/kg) 13 54 - - - 65,8
AUTORES (Yaméo- (Yaméo- (Sán- (Oliveira (Abdilka- (Ben
go et al., go et al., chez-Ma- et al., rim et al., Salem e
2011) 2011) chadoet 1999) 2005) Makkar,
al., 2010) 2009)
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Análises aproximadas da composição das sementes e folhas


de Moringa mostram altos níveis de proteínas e lipídeos (Tabela
1), com pequenas variações entre os autores. Estas variações po-
dem ser explicadas por diferentes condições climáticas, época do
ano e diferentes tipos de solo a partir do qual a sementes e folhas
foram coletadas (Ferreira et al. 2008). Outros fatores que podem
ter influenciado são atribuídos a genética e metodologia analítica.
Abdulkarim et al. (2005) descreveram altos níveis de pro-
teínas totais na semente de Moringa, maior do que importantes
sementes de leguminosas em relação à nutrição humana, cujas
sementes secas geralmente contêm de 18 - 25% de proteína ,
quase o dobro do conteúdo de alguns cereais (Ferreira et al.,
2008). Segundo Ben Salem e Makkar (2009) a digestibilidade
in vitro da semente de Moringa desengordurada é de 598g/kg.
Folhas de Moringa, cozidas no vapor, apresentam altos
níveis de polifenóis totais (medidos como equivalentes de
ácido gálico), chegando a 260mg/100g; antioxidantes totais,
260mg/100g; e carotenóides, sendo 28mg/100g para b-carote-
166 no e 10mg/100g para b-caroteno. O teor de flavonóis também
foi determinado, sendo encontrado um valor de 100mg/100g
para quercitina. Lako et al. (2007) comparam estes valores com
o de várias outras folhas vegetais, tais como Ipomoea batata,
Amaranthus viridis, Brassica chinensis, entre outros. Os autores
mencionam a superioridade da folha de Moringa especialmente
quanto ao teor de polifenóis totais, quercitina e carotenóides. A
composição de aminoácidos (g/16 g N) das folhas e sementes
da Moringa está apresentada na Tabela 2. O valor potencial da
proteína dos alimentos (como fonte de aminoácidos) pode ser
justificada em comparação com o padrão de referência da FAO
(Zarkadas et al., 1995), cuja composição de aminoácidos tam-
bém é mostrada na Tabela 2.
Os aminoácidos essenciais são encontrados nas folhas e se-
mentes, sendo que as folhas apresentam concentrações próxi-
mas ou superiores àquelas recomendadas pela FAO/WHO/ONU
para proteína de referência para crianças de 2 a 5 anos de idade.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Uma comparação entre a composição de aminoácidos das folhas


da Moringa e da soja (Bau et al., 1994; Sarwar e Paz, 1994) re-
velou um padrão similar para todos os aminoácidos essenciais.

Tabela 2 – Conteúdo em aminoácidos (miligramas por grama de


matéria seca) da partes comestíveis da Moringa oleifera.

Folhas Proteína de
(Sánchez- Flores(Sánchez- referência
Aminoáci- Sementes(Makkar
-Machado -Machado et al., para crian-
dos e Becker, 1997)
et al., 2010) ças de 2 - 5
2010) anos – FAO
Lisinaa 15,3 4,6 1,41 5,80
Leucinaa 17,5 8,7 5,11 6,60
Isoleucinaa 8,9 5,2 2,99 2,80
Metioninaa 1,4 1,0 1,93 2,50
Cistina 1,35** ND 4,13 6,30
Fenilalani- 8,9 3,8 3,83 3,50
naa
167 Tirosinaa 4,8 0,4 1,44 1,90
Valinaa 11,3 6,4 3,40 3,40
Histidinaa 7,0 3,1 2,20 -
Treoninaa 7,9 5,4 2,15 -
Serina 9,4 7,5 2,64 -
Ácido glutâ- 17,1 17,0 19,46 -
mico
Ácido 15,8 12,3 3,80 -
aspártico
Prolina 12,4 6,6 5,27 -
Glicina 10,3 6,5 4,76 -
Alanina 12,5 8,1 3,67 -
Arginina 12,2 20,1 11,41 -
Triptofano 2,10** ND ND 1,10

ND – não determinado; a aminoácidos essenciais. ** Makkar e Becker, 1997.


Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Todas as partes desta planta apresentam altos percentuais


de aminoácidos essenciais, exceto para metionina, comumente
deficiente nas folhas verdes. Isto é possível devido à variação na
composição de aminoácidos das folhas serem influenciada pela
qualidade da proteína e origem da planta, cultivada ou selvagem
(Sánchez-Machado et al., 2010).
Avaliando os fatores antinutricionais da forragem de Mo-
ringa, cujo consumo pode afetar a produtividade e a saúde dos
bovinos, as folhas da Moringa apresentam quantidades insigni-
ficantes de taninos (1,4%) e saponinas (5%); além disso, não
foram detectados glicosídeos cianogênicos nem inibidores de
tripsina, amilase ou lectina (Makkar e Becker, 1996).
Os resultados apresentados na Tabela 1 demonstram que
as partes da planta de maior relevância ao estudo para aplica-
ção nutricional seriam as folhas e sementes por apresentarem
maior conteúdo protéico e menor conteúdo de lignina, que é
uma fibra não digerível pelo organismo.
Compreende-se então que dentre as partes mais estudadas
168 como fonte nutricional encontram-se as folhas e as sementes,
requerendo, portanto destaque especial neste capítulo.

FOLHAS DA MORINGA OLEÍFERA LAM.


A folha da Moringa possui um percentual superior a 25% de
proteínas, isto é, tanto quanto o ovo, o dobro do leite, quatro vezes
a quantidade de vitamina A da cenoura, quatro vezes a quantida-
de de cálcio do leite, sete vezes mais vitamina C que as laranjas,
três vezes mais potássio que as bananas, quantidades significati-
vas de ferro, fósforo e outros elementos. Contém ainda aminoáci-
dos sulfurados como cistina e metionina (Liñan, 2010). O conteú-
do de vitamina C em folhas frescas pode variar de 109,3mg/100g
(Liñan (2010) a 204mg/100g (Sreeramulu et al., 1983).
A vitamina A é obtida a partir dos vegetais na forma de seu pre-
cursor, o caroteno. O organismo somente absorve uma fração de ca-
roteno contido nos alimentos. Por esta razão, ha diferentes pontos
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

de vista sobre como calcular a quantidade de caroteno absorvido


e convertido em vitamina A. Segundo Nambiar e Seshadri (2001)
as folhas frescas de Moringa apresentam um teor de 1,93mg/g de
carotenos totais, sendo de 0,93mg/g o teor de b-caroteno.
Um ponto relevante está relacionado ao fato do b-caroteno
das folhas de Moringa serem ou não equivalente a provitamina A
disponível biologicamente. Os estudos realizados por Nambiar e
Seshadri (2001) demonstraram que o b-caroteno da folha de Mo-
ringa foi efetivo em contornar a deficiência da vitamina A sérica.
Embora seja uma árvore tolerante a seca e com alto rendi-
mento em matéria seca nos trópicos, segundo Reyes-Sánchez et
al. (2006), o potencial para o uso da folha da Moringa como ali-
mentação animal é ainda subestimado. Além de seu alto conteú-
do protéico, variando de 179 a 268g/kg de matéria seca (Reyes
e Sánchez et al., 2006; Mendieta-Araica et al., 2009), as folhas
apresentam quantidades negligenciáveis de taninos e inibido-
res de tripsina e amilases (Becker, 1995; Gidamis et al., 2003;
Makkar e Becker, 1997).
169 Uma vantagem da Moringa é que, por ser facilmente adap-
tada a climas secos, suas folhas são constantes durante o ano,
não sofrendo queda de produção mesmo durante épocas de
seca. As folhas podem, assim, ser disponibilizadas para alimen-
tação durante todo o ano, apresentando uma alta qualidade para
alimentação humana (Yaméogo et al., 2011).
Outro ponto importante na produção da farina da folha de
Moringa é que a tecnologia necessária é acessível e viável mes-
mo para pequenos fazendeiros. Todo o processo de secagem
pode ser concluído em 72h, gerando aproximadamente 1 kg de
farinha de folha seca a cada 10 kg de material fresco (Mendieta-
-Araica et al., 2011).
As variedades de cada espécie, clima, solo e demais fatores
podem influenciar a composição físico-química tanto das semen-
tes quanto das folhas, o que nos leva a encontrar pequenas varia-
ções em relação ao conteúdo de proteínas e lipídeos, por exemplo.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

SEMENTES DA MORINGA OLEÍFERA


Apesar de apresentar qualidades nutricionais e medicinais,
a Moringa é reconhecida principalmente pela capacidade coagu-
lante de suas sementes. O tratamento de águas de abastecimen-
to é o grande foco de uso da semente de Moringa, especialmente
em localidades com escasso acesso à água potável. Comunidades
carentes de países subdesenvolvidos, sendo a Índia, Paquistão,
Malásia e Indonésia alguns exemplos, usam tecnologias simples
de extração do coagulante da semente de Moringa para trata-
mento de água nas próprias localidades.
As sementes de Moringa são ricas em proteínas e lipídeos,
como mostrado na Tabela 1, no entanto requerem ainda estudos
direcionados à sua exploração comercial (Bezerra et al., 2004).
A importância da avaliação e exploração industrial das se-
mentes está no fato destas possuírem capacidade de coagula-
ção no tratamento de água (Vieira et al., 2010), e possuírem um
óleo de alta qualidade, com teores de lipídeos variando de 30,8 a
41,7% (Abdulkarim et al., 2005; Makkar e Becker, 1997).
170
Abdulkarim et al. (2005) comentam que a torta, resultante
das sementes desengorduradas manteria as suas propriedades
coagulantes, o que seria extremamente vantajoso quando se
pensa em processos industriais, uma vez que o resíduo estaria
sendo aproveitado e não reduziria a função de coagulação.
Suas sementes possuem importância industrial já que pro-
duzem óleo (35-45%), o qual é considerado um emoliente na-
tural para cosméticos com base em suas propriedades táteis,
quase total ausência natural de cor e odor e alta concentração
de ácido oléico (>73%). O baixo conteúdo de ácidos graxos po-
liinsaturados (<1%) dá ao óleo notável estabilidade oxidativa
(Lalas e Tsaknis, 2002; Kleiman et al., 2008; Ayerza, 2011). A es-
tabilidade oxidativa do óleo da semente de Moringa é maior que
outros óleos ricos em ácido oléico, como por exemplo, o óleo
de girassol com alto conteúdo de oléico, macadâmia e óleo de
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

damasco (Ayerza, 2011). Esta maior estabilidade facilita tanto


o transporte quanto o armazenamento do óleo (Liñan, 2010).
No Haiti e em outros lugares, o óleo tem sido usado na culi-
nária geral e em saladas. O óleo da semente de Moringa é de
sabor agradável e altamente comestível e assemelha-se ao óleo
de oliva na sua composição em ácidos graxos. Além disso, possui
ácido behênico (C22: 0), ácido lignocérico (C24: 0) e traços dos
ácidos láurico e n-pentadecanóico e ácido pentadecenóido (Ab-
dulkarim et al., 2005).
O óleo da semente de Moringa contém os principais ácidos
graxos encontrados no óleo de oliva, podendo, então, ser utilizado
como substituto deste. As características do óleo da semente po-
dem ser altamente desejáveis especialmente com a tendência atu-
al de substituir óleos vegetais poliinsaturados com aqueles con-
tendo elevado teor de ácidos monoinsaturados (Abdulkarim et
al., 2005). As matérias-primas vegetais para a indústria de óleos
podem-se classificar como cereais, oleaginosas ou leguminosas.
As vagens (ou frutos) da Moringa apresentam cada uma
171 aproximadamente 26 sementes, sendo que uma única árvore
pode gerar entre 600 e 1600 frutos ao ano. As sementes apre-
sentam pesos diferentes, de acordo com a variedade, podendo
variar de 3000 a 9000 por quilograma (Roloff et al., 2009).
O rendimento obtido por hectare é de 3000 kg de semente,
equivalente a 900 kg de óleo, comparável com o soja, que tam-
bém rende 3000 kg de sementes/ha, porém com somente 20%
de óleo (Liñan, 2010). Estes dados são relevantes quando se
pensa em processos de industrialização e comercialização deste
óleo. A torta, resultante da extração do óleo, pode ser utiliza-
da como fertilizante devido ao seu alto teor de nutrientes (Ab-
dulkarim et al., 2007; Liñan, 2010), o que pode contribuir para
uma melhor aproveitamento e diminuição dos custos totais do
processo de obtenção do óleo.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

A Tabela 3 apresenta o conteúdo em óleo de semente de


Moringa e de algumas das principais oleaginosas usadas na ob-
tenção industrial de óleo.
Material oleaginoso Conteúdo óleo (%)
Babaçu 60 - 65
Gergelim 50 - 55
Polpa de palma (dendê) 45 - 50
Amendoim 45 - 50
Colza 40 - 45
Girassol 35 - 45
Oliva 25 - 30
Soja 18 - 20
*Moringa oleifera 35 - 45

Fonte: Morettto e Fett (1998); * Ayerza (2011)

Vantagens nutricionais têm sido reconhecidas para os óle-


172 os ricos em ácido graxo oléico e outros monoinsaturados, com
reduzido conteúdo de ácidos linoléicos e baixos conteúdos de
saturados. Estudos têm demonstrado que dietas com alto con-
teúdo de ácidos oléico são associadas com baixos níveis de co-
lesterol de baixa densidade no plasma sanguíneo e eles podem
reduzir a incidência de doenças do coração (Anwar et al., 2007).
O ácido oléico (C18:1) é o mais abundante ácido graxo mo-
noinsaturado em muitos óleos comestíveis, por exemplo o óleo
de canola. Comparado com ácidos graxos poliinsaturados, o áci-
do oléico é o mais resistente em relação à oxidação, tanto no
ambiente de estocagem como a altas temperaturas que preva-
lece durante o cozimento e fritura dos alimentos (Anwar et al.,
2007).
A Tabela 4 apresenta uma breve comparação, na composi-
ção dos ácidos graxos presentes em diferentes oleaginosas.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Tabela 4 – Comparação da composição de ácidos graxos de


alguma oleaginosas com a Moringa oleifera.
Composição em ácidos graxos % (m/m)
Óleo C12:0 C14:0 C16:0 C18:0 C18:1 C18:2 C18:3 C20:0 C22:0 C24:0
Soja* - <0,5 8-12 3-5 18-25 49-57 6-11 <0,5 Vest. -
Milho* Vest. Vest. 9-12 1-3 25-35 40-60 <1 <0,5 <0,5 <0,5
Oliva** - <0,01 11,2 2,8 74,53 8,82 1,12 <0,01 <0,01 -
Moringa** - 0,13 6,46 5,88 71,21 0,65 0,18 3,62 6,41 -

Fonte: *Moreira, 2007; ** Lalas e Tsakis, 2001.

A estabilidade é uma importante característica e está relacio-


nada ao conteúdo de ácido linoléico, ou seja, quanto maior a taxa
deste ácido, menor a estabilidade do óleo (Moretto e Fett, 1998).
Acredita-se que o óleo proveniente da semente de Moringa tenha
uma boa estabilidade, já que o seu conteúdo em ácido oléico é de
aproximadamente 0,65%, como apresentado na Tabela 1. O teste
de fritura avalia a estabilidade do óleo quando o mesmo é sub-
173 metido a uma temperatura de 185°C, durante 5 dias. Com a rea-
lização deste teste, pode-se observar uma maior estabilidade do
óleo de Moringa oleifera quando comparado com os outros óleos
vegetais estudados (Abdulkarim et al., 2007).

APLICAÇÕES DA MORINGA OLEIFERA LAM NA


ALIMENTAÇÃO
A Moringa é uma das culturas mais nutritivas do mundo.
Espécie vegetal nativa da Índia, Paquistão, Afeganistão e Ban-
gladesh, esta árvore tem se tornando uma fonte vital de nutri-
ção nesta região, onde a maioria das pessoas pobres do mundo
vive. Sabe-se que a desnutrição infantil é um dos maiores
problemas em todo o mundo e em especial em regiões de clima
semiárido e árido. Estudos mostram que o uso da Moringa na
alimentação humana tem aumentado a possibilidade de solu-
ção destes problemas.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

A aplicação da folha de Moringa em alimentos tem sido bem


estudada na Índia, lugar de origem da espécie e onde se tem
grandes problemas de desnutrição infantil e falta de alimentos
com elevado potencial nutricional. Embora a função primária
dos alimentos seja fornecer nutrientes, sua função secundária
está relacionada a atributos sensoriais como sabor e aroma.
A função terciária, que dizem ser independente das duas ante-
riores, é para prevenir a doença ao nível molecular (Nambiar e
Parnami, 2008). Neste contexto, a Moringa atende as diversas
faces propostas para um alimento, pois apresenta elevado valor
nutricional, como visto anteriormente e vários trabalhos tem
apontado para a sua utilização em alimentos sem comprometi-
mento da acetação sensorial.
Os alimentos funcionais, isto é, que contêm componentes
que influenciam em atividades fisiológicas ou metabólicas do
seres humanos, são vistos como promotores de saúde devido a
sua composição química com funções nutricionais. A elaboração
de receitas adicionadas com Moringa oleifera é uma alternativa
à suplementação alimentar humana e animal devido a sua gran-
174 de fonte de nutrientes.
Diversas partes da Moringa (folhas, vagens sementes e
flores) podem ser utilizadas no preparo de diversos produtos
alimentícios devido ao variado valor nutricional que cada uma
delas apresenta, como apresentado anteriormente.
As vagens jovens, picadas ou cozidas, podem ser usadas em
diferentes e deliciosos pratos. As folhas e sementes verdes têm
um sabor semelhante ao do aspargo (Echo Staff, 2007). Em al-
gumas partes do mundo, essas partes são consumidos como le-
gumes frescos e podem ser congelados ou enlatados. Combina-
do com o curry, as partes da planta são comumente preparados
com frango ou frutos do mar como uma sopa (Anwar e Bhanger,
2003 apud Sánchez-Machado et al., 2010).
As flores podem ser consumidas in natura, misturadas nos
molhos de salada, cozidas no vapor ou usadas no preparo de
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

chás (Echo Staff, 2007). Também pode ser cozidas com ovos sen-
do um prato muito agradável (Liñan, 2010).
Flores e sementes merecem um destaque, tendo em vista ao
maior número de estudos relacionado à aplicação direta destas
partes de Moringa como matéria-prima para diversos produtos
alimentícios. As flores de Moringa contêm enzimas que hidrolisam
as proteínas do leite desnatado, sendo resistente ao aquecimen-
to de até 70°C. Esta característica indica a utilização das flores de
Moringa oleifera na indústria de alimentos (Carvalho et al., 2010).
As raízes apresentam sabor picante, como do rabanete, e
podem ser adicionado ao vinagre após serem descascadas e se-
cas, ou utilizadas como condimento (Liñan, 2010). Podem tam-
bém ser processadas na forma de farinha para posterior utiliza-
ção na indústria alimentícia, como na fabricação de pães, bolos,
biscoitos, sopas desidratadas e massas (Santana et al., 2011).

Aplicação da Moringa oleifera na formulação de produ-


tos alimentícios
175
As demandas conflitantes de sabor e saúde representam
um dilema para os consumidores, bem como para a indústria
de alimentos. Alimentos com base em estratégias de advogar
uma dieta incluem facilidade de acesso e folhas vegetais de bai-
xo custo, para aliviar as carências de micronutrientes. No en-
tanto, alguns dos mais nutritivos vegetais de folhas verdes são
subutilizados, provavelmente por causa de seu gosto. Nambiar
e Parnami (2008) estudaram a incorporação de folhas de Mo-
ringa a pratos comumente consumidos na índia e sugerem que
a produção industrial de alimentos prontos incorporando folhas
de Moringa pode ser uma realidade. Vários outros autores tem
avaliado a possibilidade de incorporação de folhas de Moringa,
especialmente, nos mais diversos produtos, com resultados pro-
missores.
As folhas da Moringa oleifera são muito nutritivas e podem
ser usadas no preparo de diversos alimentos. Desidratadas po-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

dem ser adicionadas a molhos que acompanham massas, sopas,


papinhas de bebê, mingaus, omeletes, arroz e outros, como fonte
adicional de proteína (Echo Staff, 2007), enquanto que o suco do
extrato da folha in natura é uma bebida que confere muitos dos
benefícios nutricionais (Peace Corps Senegal, 2009).
As folhas de Moringa, além de serem fonte rica em b-ca-
roteno, podem reter 50% do seu conteúdo em b-caroteno com
desidratação à sombra e podem ser facilmente reidratadas e
incorporadas a alimentos sem alterar as suas características
sensoriais (Nambiar e Seshadri, 2001), são ricas em proteína,
vitamina C, cálcio e potássio. Atuam como uma boa fonte de an-
tioxidantes naturais, o que favorece a vida-de-prateleira dos ali-
mentos contendo gorduras devido à presença destes compostos
antioxidantes (Anwar et al., 2007).
A multimistura é um farelo formulado a base de subprodu-
tos nutritivos (cascas de frutas e vegetais, de sementes e folhas)
utilizado como suplemento na alimentação de crianças subnu-
tridas. Com base neste conceito e devido ao potencial nutritivo
176 das folhas da Moringa, o pó produzido a partir de suas folhas
pode ser incorporado à formulação da multimistura tornando-
-a um suplemento vitamínico e/ou mineral (Ahid Nunes et al.,
2010). Filgueira et al. (2011) sugere o uso da multimistura como
parte de uma bebida energética. Estas bebidas são utilizadas por
jovens e atletas para melhorar o rendimento físico, aumentar a
atenção e concentração ou dar mais disposição em uma longa
noite. Desta forma, uma bebida energética pode ser desenvolvi-
da a partir de uma multimistura contendo, entre outros ingre-
dientes, pó da folha de Moringa, guaraná em pó e sementes de
frutas, tornando-a fonte de nutrientes (carboidratos, proteínas e
vitaminas) e energia, além de ser um produto natural.
A folha de Moringa pode ser utilizada também na produção
de concentrados protéicos que apresentam grande potencial de
aplicação na indústria alimentícia. Dois métodos de extração
de proteínas das folhas de Moringa frescas foram avaliados por
Moura et al. (2010), precipitação isoelétrica, que apresentou um
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

maior rendimento de concentrado protéico em menor tempo de


extração, e por fermentação que apresentou um maior rendimen-
to de extração de proteínas com melhor qualidade e menor custo.
O pó da folha de Moringa também pode ser utilizado como
substituto parcial da farinha de trigo na elaboração de biscoitos
tipo cookie sabor chocolate. Os biscoitos com substituição par-
cial da farinha de trigo pelo pó da folha apresentaram maiores
teores de fibras e proteínas quando comparado com os biscoitos
convencionais (Baptista, Bergamasco e Vieira, 2010). Os autores
avaliaram o produto sensorialmente, pois um ponto importante
na elaboração e adição de novos produtos a formulações é a sua
aceitação sensorial, como comentado anteriormente. De nada
adianta um produto com adequado processo tecnológico e rico
nutricionalmente se não atender as expectativas sensórias dos
possíveis consumidores. Foram preparadas três formulações de
biscoito tipo cookie com substituição parcial de farinha de trigo
por pó da folha de Moringa oleifera em 3,64, 7,27 e 9,09%. Na
avaliação sensorial não houve diferença de aceitação ao nível de
5% de significância para as três formulações.
177 A elaboração de massas alimentícias é outro produto em de-
senvolvimento utilizando o pó da folha de Moringa como substi-
tuto parcial da farinha de trigo. Na avaliação físico-química ob-
servou-se que a massa crua adicionada de Moringa apresentou
1,73mg/100g de vitamina C e após seu cozimento houve uma
perda de 50% da vitamina C, sendo um diferencial em relação
à massa comum, formulada com farinha de trigo. O teor de pro-
teínas nesta massa com pó de Moringa foi de 6,53mg/100g, es-
tando acima do recomendado pela ANVISA (2000) para massas
alimentícias, entre 8% e 13% (Gon et al., 2011). Neste caso, os
autores obtiveram uma aceitação elevada, considerando a adição
de uma matéria-prima não convencional, como a folha de Mo-
ringa. A formulação com substituição parcial de farinha de trigo
por 2% de pó da folha de Moringa foi identificada como a melhor
formulação por 35% dos provadores, em comparação a formula-
ções com substituição de 1 e 4% de farinha de trigo. Foi obser-
vado também que a massa adicionada com Moringa apresentou
as mesmas características sensoriais de uma formulação padrão.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

O pão francês é outro produto passível de enriquecimen-


to pela adição do pó da folha de Moringa. Elaborado com 3g do
pó de Moringa em 200g de farinha de trigo apresentou aspectos
sensoriais semelhantes ao do pão francês comum, sendo assim
um produto alternativo com melhores aspectos nutricionais e
que a população de maneira geral consome em grande quanti-
dade (Brito e Teixeira, 2009).
Biscoitos também podem ser desenvolvidos utilizando ex-
trato de folhas frescas, não havendo a necessidade da adição de
antioxidantes sintéticos, pois a Moringa é um antioxidante na-
tural. Os biscoitos foram avaliados, química e sensorialmente,
quando produzidos e após seis semanas de armazenamento e
comparados com biscoitos adicionados com antioxidantes sin-
téticos (BHA). Os biscoitos com Moringa apresentaram alta es-
tabilidade lipídica, a temperatura ambiente. A análise sensorial
mostrou que concentrações de 1 a 2% do extrato da planta po-
dem ser usadas por não apresentarem efeitos nas propriedades
organolépticas dos biscoitos (Reddy, Urooj e Kumar, 2005).
Também podem ser formulados sorvetes enriquecidos com
178 extrato de soja e com pó de Moringa adicionado com diferentes
sabores (menta, kiwi e natural Moringa). A avaliação da aceita-
bilidade sensorial de tais produtos com relação aos atributos
cor, aroma, sabor e consistência mostraram que o sabor menta
adicionado de Moringa foi o mais aceito. O produto foi bem acei-
to pelos consumidores, sendo uma alternativa de alimentação
para pessoas intolerantes à lactose, devido à substituição do lei-
te de vaca pelo extrato de soja, e uma ótima fonte de vitaminas,
minerais e proteínas devido à adição do pó da folha de Moringa
(Oliveira, Teixeira e Pereira, 2009).
As folhas secas também podem ser utilizadas na elaboração
de patês, como é o caso do patê de cenoura com Moringa. Neste
produto, a Moringa potencializa a absorção dos nutrientes pre-
sentes (Nunes et al., 2010).
As sementes verdes podem ser consumidas como feijão
(cozidas ou fritas), adicionadas a molhos de salada ou outros
pratos, já as sementes maduras apresentam de 19 a 45% de óleo
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

de excelente qualidade no uso culinário e cosmético (Echo Staff,


2007; Roloff etal., 2009). As sementes maduras também podem
ser consumidas como nozes, apresentando sabor doce, ligeira-
mente amargo e agradável (Liñan, 2010).
Ainda, segundo Liñan (2010), a atividade coagulante do lei-
te produzido a partir do extrato aquoso das sementes indica que
pode ser utilizado na elaboração de queijos; além da clarificação
de mel e de garapa de cana de açúcar.

Aplicação da Moringa oleifera na alimentação animal


Estudos com a Moringa para alimentação animal, visando
aspectos nutricionais ou científicos, estão sendo realizados por
vários pesquisadores, como na alimentação de peixes (Richter,
Siddhuraju e Becker, 2003), vacas leiteiras (Mendieta-Araica et
al., 2011), ratos (Ben Salem e Makkar, 2009) e coelhos (Mehta
et al., 2003) são alguns dos exemplos.
As características nutricionais Moringa oleifera tornam
essa planta uma opção para seu uso como forragem fresca para
179 carneiros, cabritos, coelhos, galinhas caipiras e vacas leiteiras.
Além disso, apresenta uma alta produtividade de matéria fresca
por unidade de área, em comparação com outras culturas forra-
geiras. A forragem com folhas de Moringa pode ser utilizada tan-
to como um complemento protéico, quanto como substituto ali-
mentar completo (Foidl et al., 2001 apud Reis e Guedes, 2010).
As folhas liofilizadas da Moringa podem ser utilizadas para
substituir até 10% de proteína na dieta da tilápia do Nilo (Ore-
ochromis niloticus L.) sem redução significativa no seu cresci-
mento. Este alimento pode ser indicado, pois apresenta eleva-
do valor nutritivo para os peixes (Richter, Siddhuraju e Becker,
2003). Estudos mostram que as folhas da Moringa, devido ao
seu alto valor nutricional, também podem ser utilizadas na ali-
mentação de porcos (Ly, Samkol e Preston, 2001).
Vacas leiteiras podem ser alimentadas com suplementação
de folhas de Moringa em dietas de baixa qualidade. Esta ali-
mentação pode influenciar na digestibilidade e na produção e
composição do leite. Observou-se que esta dieta com Moringa
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

melhorou a digestibilidade e aumentou a produção de leite sem


alterar a composição e as características organolépticas do leite
(Sánchez, Spörndly e Ledin, 2006; Mendieta e Araica, 2011).
Também se pode avaliar o efeito da substituição da alimenta-
ção de vacas com capim napier (Pennisetum purpureum) por uma
tora composta por folhas de Moringa e semente de algodão frente
ao rendimento e a composição do leite. Observou-se que a combi-
nação destes dois suplementos, na proporção de 40 partes de fo-
lhas de Moringa:60 partes de sementes de algodão, proporcionou
um aumento na produção do leite quando comparado aos animais
alimentados apenas com capim napier (Sarwatt et al., 2004)
A Embrapa Pantanal tem desenvolvido pesquisas com for-
rageiras de alto teor de proteína para alimentação do gado no
período de seca, e a Moringa tem se destacado entre as diversas
espécies estudadas. Seu destaque deve-se a: ponto de corte para
forragem com apenas 6 meses, é de fácil cultivo e, por possuir
hastes flexíveis, é de fácil manejo para o corte. Além de ser uma
planta resistente a pragas. Durante o plantio, não são utilizados
insumos agrícolas industriais, reduzindo assim o custo de pro-
180 dução. Para o pequeno produtor, principalmente nos assenta-
mentos, esta forrageira é uma boa opção uma vez que possui
baixo custo de produção e alto rendimento em alimentação de
boa qualidade, com uma matéria seca de aproximadamente
22% de proteína (Brunelli, 2010).
Ben Salem e Makkar (2009) avaliaram a possibilidade de
utilizar a farinha desengordurada da semente de Moringa na ali-
mentação de ratos, e concluíram que esta farinha tem potencial
para melhorar a fermentação ruminal. Níveis médios de Morin-
ga para alimentação de cordeiros, aproximadamente 4 g de fa-
rinha desengordurada de Moringa misturada a 100g de farinha
de soja por dia, são recomendados como aditivo para melhorar
a taxa de crescimento destes animais.
A farinha desengordurada de semente da Moringa oleifera pode
ser utilizada como um aditivo na ração oferecida para ovelhas. Ob-
servou-se que o uso deste aditivo, incorporada a ração com uma con-
centração de 4g/dia, melhorou a fermentação do rúmen, digestão e a
taxa de crescimento dos cordeiros (Ben Salem e Makkar, 2009).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CONCLUSÃO
Os dados dos possíveis usos da Moringa oleifera Lam na ali-
mentação humana apresentam a importância do desenvolvimen-
to da suplementação alimentar com esta planta e de alternativas
de consumo e aceitabilidade da Moringa na dieta, sobretudo para
as populações mais carentes. A utilização das diversas partes da
Moringa tanto na alimentação, como no tratamento de água, em
especial as folhas e sementes, é uma realidade para vários paí-
ses, em especial para aqueles onde as condições sanitárias são
mais visíveis. Vários estudos apresentados aqui levam a crer que
a Moringa apresenta um reconhecido potencial nutricional e ino-
cuidade quanto ao consumo humano. Contudo, maiores estudos,
inclusive in vivo, devem ser conduzidos para que se tenha amplo
espectro de atuação das propriedades de todas as partes da Mo-
ringa, e assim um maior aproveitamento da planta.

181
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

REFERÊNCIAS

ABDULKARIM, S. M.; LONG, K.; LAI, O. M.; MUHAMMAD, S. K. S.; GHAZALI,


H. M., 2007. Frying quality and stability of high-oleic Moringa oleifera
seed oil in comparison with other vegetable oils. Food Chemistry, Vol.
105, pp. 1382–1389.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC No 93 de


31 de outubro de 2000. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br>.
Acesso em 14/09/2011.

ANWAR, F.; LATIF, S.; ASHRAF, M.; GILANI, A.H.. Moringa oleifera: a food
plant with multiple medicinal mses, Phytother. Res. vol. 21, p. 17-25,
2007.

BAPTISTA, A.T.A.; BERGAMASCO, R.; VIEIRA, A.M.S.. Substituição parcial de


farinha de trigo por pó da folha de moringa oleifera lamarckna ela-
boração de cookies sabor chocolate com canela. Anais do II Encontro
Nacional de Moringa – ENAM 2010. 2010.

BECKER, K.,. Studies on utilization of Moringa oleifera leaves as animal


182 feed. Inst. Anim. Prod. Tropics Subtropics, vol. 480, p.15. 1995

BEN SALEM, H.; MAKKAR, H.P.S. Defatted Moringa oleifera seed meal as a
feed additive for sheep. Animal Feed Science and Technology, vol. 150,
p. 27-33, 2009.

BRITO, T.M.L.P.; TEIXEIRA, M.B. Aceitabilidade do pão francês enriquecido


com pó da folha da moringa oleifera lam. de diferentes sabores. Anais
do II Encontro Nacional de Moringa – ENAM 2009. Aracaju, SE.

BRUNELLI, R. Moringa: alternativa para alimentação do gado em época de


seca. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_1/
Moringa/index.htm>. Acesso em: 20/9/2011.

CARVALHO, B.E.A.; PONTUAL, E.V.; NAPOLEÃO, T.H.; COELHO, L.C.B.B.; PAI-


VA, P.M.G.. Atividade proteolítica de preparação protéica de flores de
Moringa oleifera. Anais do II Encontro Nacional de Moringa – ENAM
2010, Aracaju, SE.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

ECHO STAFF, Moringa recipies. Disponível em: http://www.echonet.org/


Acesso em: 14/09/2011.

FERREIRA, P.M.P; FARIAS, D.F.; OLIVEIRA, J.T.A.; CARVALHO, A.F.U., Morin-


ga oleifera: bioactive compounds and nutritional potential. Rev. Nutr.,
v.21, n.4, p. 431-437, 2008.

FILGUEIRA, P.P.; DANTAS, M.; MACEDO, E.; CANSIAN, M.M.; PANNIRSEL-


VAM, P.V., Beneficiamento de multimistura a base de Moringa oleifera
LAM com baixo custo. Anais do III Encontro Nacional de Moringa -
ENAM 2011, Aracaju, SE.

FUGLIE, L.J.. The Miracle Tree: Moringa oleifera: Natural Nutrition for
the Tropics. Training Manual. Church World Service, Dakar, Senegal.
Disponível em: www.Moringatrees.org/Moringa/miracletree.html.
2001.

GALLÃO, M. I.; Damasceno, L. F.; Brito, E. S., Chemical and structural eva-
luation of Moringa seeds, Revista Ciência Agronômica, v. 37, No. 1, p.
106-109. 2006.

GIDAMIS, A., PANGA, J., SARWATT, S., CHOVE, B., SHAYO, N., Nutrients and
183 antinutrients contents in raw and cooked leaves and mature pods of
Moringa oleifera Lam. Ecol. Food Nutr. v. 42, p. 1-13,2003.

GON, T.C.R.; AMBROSIO-UGRI, M.C.B.; BERGAMASCO, R.; VIEIRA, A.M.S.,


Produção de massa alimentícia fresca suplementada com pó da fo-
lha de Moringa oleifera. Anais do III Encontro Nacional de Moringa
– ENAM 2011. 2011.

GOPALAN, C.; RAMA SASTRI, B.V.; BALASUBRAMANIAN, S.C., 1989. Nutri-


tive value of Indian foods. Hyderabad, India: (National Institute of
Nutrition), 1971 (revised and updated by B.S. Narasinga Rao, Y.G. De-
osthale, and K.C. Pant, 1989).?????

LAKO, J.; TRENERRY, V.C.; WAHLQVIST, M.; WATTANAPENPAIBOON, N.; SO-


THEESWARAN, S.; PREMIER, R., Phytochemical flavonols, carotenoids
and the antioxidant properties of a wide selection of Fijian fruit, ve-
getables and other readily available foods. Food Chemistry, v. 101, p.
1727–1741. 2007.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

LIÑAN, F., Moringa oleifera el Árbol de la Nutrición. Revista Ciência y la


Salud Virtual. v.2, n. 1. 2010.

Ly, J.; SAMKOL, P.; PRESTON, T.R. Nutritional evaluation of tropical leaves
for pigs: Pepsin/pancreatin digestibility of thirteen plant species. Li-
vestock Research for Rural Development, v.13, n.5, 2001.

MAKKAR, H.P.S.; BECKER, K., Nutrional value and whole and ethanol anti-
nutritional components of extracted Moringa oleifera leaves. Animal
Feed Science Technology, v. 63, p. 211-228. 1996.

MAKKAR, H.P.S.; BECKER, K. Nutrients and antiquality factors in different


morphological parts of the Moringa oleifera tree. Journal of Agricultu-
ral Science, Vol. 128, pp. 311±322. 1997.

MATHUR, B.S., 2005. Moringa book. Disponível em : www.treesforlife.org/


Moringa/book em ????

Mendieta-Araica, B., 2011. Moringa oleifera as an Alternative Fodder for


Dairy Cows in Nicarágua. Doctoral Thesis, Swedish University of Agri-
cultural Sciences, Uppsala: 57p.

184 Mendieta-Araica, B., Spörndly, E., Reyes-Sánchez, N., Norell, L., Spörndly, R.,
2009. Silage quality when Moringa oleifera is ensiled in mixtures with
Elephant grass, sugar cane and molasses. Grass Forage Sci. Vol 64, pp.
364–373.

Mendieta-Araica, B; Spörndly, R.; Reyes-Sánchez, N.; Spörndly, E., 2011.


Moringa (Moringa oleifera) leaf meal as a source of protein in locally
produced concentrates for dairy cows fed low protein diets in tropical
areas. Livestock Science , Vol. 137, pp. 10–17.

Moura, A. S.; Farias, V.; Souza, A. L. G.; Oliveira Junior, A. M.; Silva, G.F., 2010.
Estudo da Eficiência de Métodos de Obtenção de Concnetrados Pro-
téicos a Partir de Moringa (Moringa oleifera Lamarck) II Encontro Na-
cional de Moringa – ENAM 2010.

Nambiar, V. S. e Parnami, S, 2008. Standardization and Organoleptic Eva-


luation of Drumstick (Moringa oleifera) Leaves Incorporated Into
Traditional Indian Recipes, Trees for Life Journal 3:2. Disponível em:
http://www.tfljournal.org
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Nambiar, V. S. e Seshadri, S., 2001. Bioavailability trials of _-carotene from


fresh and dehydrated drumstick leaves (Moringa oleifera) in a rat mo-
del, Plant Foods for Human Nutrition, Vol. 56, pp. 83–95.

Nunes, T. A.; Barbosa, C. R.; Barbosa, F. M.; Anchieta, A. J.; Góis, M. C. M.;
Cansian, M. M.; Pannirselvam, P. V., 2010. Desenvolvimento de Multi-
mistura a Base de Moringa oleifera Lam com Baixo Custo. II Encontro
Nacional de Moringa – ENAM 2010.

Oliveira, I. C.; Teixeira, E. M. B.; Pereira, L. A., 2009. Aceitabilidade de Sorve-


tes Elaborados com “Leite” de Soja e Enriquecidos com Pó de Moringa
oleifera LAM. de Diferentes Sabores. Encontro Nacional de Moringa
– ENAM 2009.

Oliveira, J. T. A.; Silveira, S. B.; Vasconcelos, I. M.; Cavada, B. S.; Moreira, R.


A., 1999. Compositional and nutritional attributes of seeds from the
multiple purpose tree Moringa oleifera Lamarck, J Sci Food Agric , Vol.
79, pp. 815-820.

Peace Corps Senegal. Moringa: Cultivaion and Usage. 2009, 15p.

Reddy, V.; Urooj, A.; Kumar, A., 2005. Evaluation of antioxidant activity of
185 some plant extracts and their application in biscuits. Food Chemistry,
Vol. 90, pp. 317–321.

Reis, M.; Guedes, C. D., 2010. Utilização da Moringa oleifera como Forragem
para a Alimentação de Bovinos. II Encontro Nacional de Moringa –
ENAM 2010.

Reyes-Sánchez, N., Spörndly, E., Ledin, I., 2006. Effect of feeding different
levels of foliage of Moringa oleifera to creole dairy cows on intake,
digestibility, milk production and composition. Livest. Sci. Vol. 101,
pp. 24–31.

Richter, N.; Siddhuraju, P.; Becker, K., 2003. Evaluation of nutritional quality
of Moringa (Moringa oleifera Lam.) leaves as an alternative protein
source for Nile tilapia (Oreochromis niloticus L.). Aquaculture, Vol.
217, pp. 599– 611.

Roloff, A.; Weisgerber, H.; Lang, U.; Stimm, B., 2009. Moringa oleifera Lam.,
Enzyklopädie der Holzgewächse, Handbuch und Atlas der Dendrolo-
gie (in English).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Sánchez, N. R.; Spörndly, E.; Ledin, I., 2006. Effect of feeding different levels
of foliage of Moringa oleifera to creole dairy cows on intake, digesti-
bility, milk production and composition. Livestock Science, Vol. 101,
pp. 24–31.

Santana, M. M.; Oliveira, V. F.; Mota, J. A. S.; Sant’anna, M. C. S.; Lopes, D. F. C.;
Silva, G. F., 2011. Obtenção e Avaliação Centesimal da Farinha da Raiz
de Moringa (Moringa oleífera Lam). III Encontro Nacional de Moringa
– ENAM 2011.

Sarwatt, S. V.; Milang’ha, M. S.; Lekule, F. P.; Madalla, N., 2004. Moringa olei-
fera and cottonseed cake as supplements for smallholder dairy cows
fed Napier grass. Livestock Research for Rural Development, Vol. 16,
No. 38.

Sreeramulu, N.; Ndossi, G. D.; Mtotomwema, K., 1983. Effect of cooking on


the nutritive value of common food plants of Tanzania: Part 1 - Vita-
min C in some of the wild green leafy vegetables, Food Chemistry Vol.
10, No. 3, pp. 205-210.

Yaméogo, C. W.; Bengaly, M. D.; Savadogo, A.; Nikiema, P. A.; Traore, S. A.,
186 2011. Determination of Chemical Composition and Nutritional Values
of Moringa oleifera Leaves, Pakistan Journal of Nutrition, Vol. 10, No.
3, pp. 264-268.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPÍTULO 8

USOS MEDICINAIS E
BIOTECNOLÓGICOS
MAIRIM RUSSO SERAFINI; GABRIEL FRANCISCO DA
SILVA; CARLA CRISLAN DE SOUZA BERY; BIANCA
SILVA DOS SANTOS

INTRODUÇÃO
As plantas formam a base de sofisticados sistemas de
medicina tradicional existentes há milhares de anos. Ainda
hoje, estes sistemas desempenham papel essencial no cuida-
do à saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima
que, aproximadamente, 80% da população mundial depen-
de, principalmente, dos medicamentos tradicionais para os
187 cuidados primários à saúde (NEWMAN et al., 2000).
Estima-se que, hoje em dia, cerca de 25% de todas os fár-
macos prescritos pelo mundo derivam de plantas. Dos 252
medicamentos considerados como básicos e essenciais pela
OMS, 11% são originados, exclusivamente, de plantas e um
número significativo são fármacos sintéticos obtidos a partir
de precursores naturais (RATES, 2001).
Nesse contexto, insere-se a Moringa. O gênero Moringa é
possuidor de 14 espécies arbóreas e arbustivas, destacando-
-se a espécie Moringa oleifera, que é uma árvore nativa da
Índia, na região Norte, sendo hoje cultivada ao longo dos tró-
picos. É conhecida como “drumstick” ou “bastão de tambor”
devido ao formato de seus frutos, e por causa do formato de
sua vagem; “Rabanete picante”, por conta do gosto de suas
raízes (AGUIAR, 2010).
Seu crescimento se dá rapidamente, seja a partir de suas
sementes ou de enxertos, não sendo muito exigente com re-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

lação ao solo. Cresce bem sem grandes cuidados e sobrevive


a longos períodos de estiagem. Produz flores e frutos den-
tro de um ano de plantio, crescendo rapidamente até quatro
metros de altura (BEZERRA et al., 2004; AGUIAR, 2010). No
Brasil, amostras são encontradas na região Nordeste, princi-
palmente nos Estados do Maranhão, Piauí e Ceará, onde foi
introduzida por volta de 1950 (AGUIAR, 2010).
Tabela 1. Alguns usos medicinais de partes da Moringa oleifera Lam
Pates da
Usos Referências
Planta
Raízes abortivo, anti-inflamatório, estimulan- The Wealth of
te em paralisias, age como tônico car- India, 1962;
díaco/circulatório, usado como laxan- Padmarao et al.,
te, tratamento de reumatismo, dores 1996;
articulares, diminui dor nas costas, nos Dahot, 1988;
rins e constipação. Ruckmani et al.,
1998

Folhas Purgativo, aplicado como cataplasma Morton, 1991;


em feridas, dores de cabeça, febre, dor Fuglie, 2001;
188 de garganta, olhos, bronquite e infec- Makonnen et al.,
ções de ouvido, escorbuto e catarro, 1997; The Wealth
controla os níveis de glicose, reduz in- of India, 1962;
chaço glandular. Dahot, 1988

Tronco Vesicante, rubefaciente, usado para Bhatnagar et al.,


curar doenças nos olhos e para o trata- 1961; Siddhuraju
mento de pacientes delirantes, impede and Becker,
a formação de glândulas tuberculosas 2003
do pescoço, destrói tumores e cura úl-
ceras. O suco da casca é colocado em
orelhas para aliviar dores de ouvido e
também colocado na cavidade dentá-
ria como analgésico e apresenta ativi-
dade anti-tuberculosa.
Látex Usado para cárie dentária, é adstrin- Fuglie, 2001
gente e rubefaciente, alivia dores de
cabeça, febres, problemas intestinais,
desinteria, asma e por vezes pode ser
utilizado como abortiva, e para tratar
sífilis e reumatismo.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Flor Estimulante, afrodisíaco, colagogo, Nair and Subra-


abortivo, utilizado para curar inflama- manian, 1962;
ções, doenças musculares, histeria, tu- Bhattacharya et
mores e alargamento do baço, diminui al., 1982; Dahot,
o colesterol, fosfolipídio, triglicérides, 1998; Siddhuraju
VLDL, LDL, diminui perfil lipídico do and Becker, 2003;
fígado, coração e aorta de coelhos hi- Mehta et al., 2003
percolesterolêmicos.

Semente O extrato de semente exerce seu efeito Faizi et al., 1998;


protetor diminuindo peróxidos lipídi- Lalas and Tsaknis,
cos do fígado. Compostos anti-hiper- 2002
tensivos (tiocarbamato e glicosídeos
isotiacianato) têm sido isolados a par-
tir do extrato etanólico de vagens de
Moringa.
Fonte: adaptado de Anwar et al., 2007.

DESENVOLVIMENTO
No nordeste brasileiro, inclusive no Ceará, onde é cultivada
como planta ornamental e medicinal (Tabela 1), a moringa é conhe-
189 cida como lírio-branco, quiabo de quina ou simplesmente moringa.
As folhas, frutos, flores e vagens da moringa são usados
como vegetal altamente nutritivo em vários países, particular-
mente na índia, Paquistão, Filipinas, Havaí e muitas partes da
África (ANWAR e BHANGER, 2003; ANWAR et al., 2005).
As sementes de M. oleifera são utilizadas no Nordeste bra-
sileiro para purificação de água para consumo humano. As se-
mentes possuem propriedade coagulante (OKUDA et al., 2001),
antioxidante (SANTOS et al., 2005) e antifúngica (CHUANG et al.,
2007). Estudo demonstrou a baixa toxicidade de extrato das se-
mentes de M. oleifera em Daphnia magna, Mus musculus e Rat-
tus novergicus (FERREIRA et al., 2009).
As sementes contêm compostos com atividade hipotensiva
(FAIZI et al., 1995), quelante contra arsênio (GUPTA et al., 2005)
e coagulante (GASSENSCHMIDT et al., 1995; NDABIGENGESERE
et al., 1995; OKUDA et al., 2001; GHEBREMICHAEL et al., 2005).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Atividade larvicida
Dentre as proteínas de sementes de M. oleifera encontram-
-se lectinas, proteínas ou glicoproteínas de origem não imunoló-
gica que interagem com carboidratos através de no mínimo dois
sítios de ligação, aglutinando células animais e/ou vegetais, pre-
cipitando polissacarídeos, glicoproteínas ou glicolipídeos sem
causar modificações em suas estruturas (CORREIA et al., 2008).
A especificidade da interação entre lectinas a glicoconjugados
livres em solução ou presentes na superfície celular confere a
estas biomoléculas propriedades biológicas tais como ativida-
de antimicrobiana, antitumoral, inseticida e de reconhecimento
diferencial de carboidratos ou glicoconjugados expressos em
tecidos normais ou transformados (LORIS et al., 1998; FRANCO-
-FRAGUAS et al., 2003; SANTOS et al., 2006, SANTOS et al., 2010).
As lectinas de sementes de M. oleifera foram denominadas
MoL (do inglês M. oleifera lectin), cMoL (do inglês coagulant M.
oleifera lectin) e WSMoL (do inglês water-soluble M. oleifera
lectin). MoL é uma lectina catiônica formada por subunidades
190 de 7,1 kDa que foi isolada por cromatografias em DEAE-Celulose
e CM-Sephadex (KATRE et al., 2008). A lectina cMoL, também de
natureza catiônica, apresenta atividade coagulante e é formada
por subunidades de 26,5 e 14,9 kDa (SANTOS et al., 2009). WS-
MoL foi detectada em extratos aquosos obtidos após 5, 15 e 37
h (SANTOS et al., 2005).
Santos et al. (2010) realizaram um estudo demonstrando
que a lectina WSMoL com atividade larvicida contra L4 (larvas
do 4º estágio) de A. aegypti pode vir a ser utilizada como inse-
ticida natural no controle de populações desse mosquito pela
interrupção do ciclo biológico.

Atividade antioxidante, antitumoral e anti-cancerígena


Atividade antioxidante tem sido encontrada nas folhas
(ARABSHAHI et al., 2007), nas sementes (SANTOS et al., 2005).
Flores, folhas e vagens de M. oleifera contêm antioxidantes na-
turais como α- e γ-tocoferol (MAKKAR e BECKER, 1996; SÁN-
CHEZ-MACHADO et al., 2006).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Um estudo de Paiva et al. (2010) revelou a presença nas


sementes de M. oleifera de duas lectinas, cMoL e WSMoL, e de
composto antioxidante solúvel em água. As sementes têm po-
tencial para o tratamento da água devido ao enriquecimento, na
água tratada, em atividade antioxidante e propriedades coagu-
lante e de interação com ácido húmico de cMoL.
Makonnen et al. (1997) relata que folhas de Moringa
são uma fonte potencial para atividade antitumoral. O-Ethyl-
4-(α-L-rhamnosyloxy)benzyl carbamate junto com 4(α-L-
rhamnosyloxy)-benzyl isothiocyanate, niazimicin e 3-O-(6′-O-
oleoyl-β-D-glucopyranosyl)-β-sitosterol tem sido testados por
seu potente efeito antitumoral (GUEVARA et al., 1999).
O extrato das sementes tem mostrado ser efetivo em car-
cinogenese hepáticas, metabolizando enzimas (BHARALI et al.,
2003). Uma formulação feita com as sementes da Moringa teve
um efeito semelhante à neomicina contra Staphylococcus au-
reus pyodermia em camundongos (CACERES et al, 1991).

191
Atividade antimicrobiana
Raízes de Moringa possuem atividade antibacteriana (RAO
et al., 2001) e são ricas em agentes antimicrobiológicos. As raízes
contem um antibiótico principal, pterygospermin, o qual apre-
senta potente efeito antibacteriano e fungicida (RUCKMANI et
al., 1998). Um composto similar é estudado por ser responsável
pelos efeitos antibacterianos e fungicidas nas flores (DAS et al.,
1957). O extrato das raízes também possui atividade antimicro-
biana atribuída ao 4-α-L-rhamnosyloxy benzyl isothiocyanate
(EILERT et al., 1981). Uma substância isolada (N-benzyl, S-ethyl
thioformate) da fração metanólica da casca da raiz é achada por
ser responsável pela atividade antibacteriana e antifúngica (NI-
KKON et al., 2003). O extrato da casca apresenta atividade an-
tifúngica (BHATNAGAR et al., 1961), enquanto o suco do caule
mostrou efeitos antibacterianos contra Staphylococcus aureus
(MEHTA et al., 2003). O suco da folha fresa mostrou inibição do
crescimento de microorganismos (Pseudomonas aeruginosa e
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Staphylococcus aureus), patogênicos para o homen (CACERES


et al., 1991; ANWAR et al., 2007).
Aguiar e colaboradores realizaram uma avaliação qualita-
tiva da atividade antifúngica de cada amostra por meio do mé-
todo de difusão em ágar, frente a cepas de Candida albicans e
Microsporum canis. O screening inicial mostrou que os extratos
de M. oleifera (MLF-C) mostraram atividade frente a C. albicans
e M. canis, com halos de inibição ≥ 10 mm (AGUIAR, 2010).

Outros usos medicinais


O suco das folhas de Moringa é conhecido por ter um efeito
estabilizante na pressão sanguínea (The Wealth of India, 1962;
DAHOT, 1988). Raízes, folhas, flores, látex e infusão aquosa das
sementes têm mostrado atividade antidiurética (MORTON,
1991; CACERES et al., 1992). O extrato bruto da Moringa apre-
senta uma significante ação na redução do colesterol (GHASI et
al., 2000, MEHTA et al., 2003).
192 As raízes da Moringa têm sido reportadas por apresentar
atividade antiespasmódica (CACERES et al., 1992). Extrato eta-
nólico de folhas de moringa tem sido estudados extensivamente
por possuir efeitos antiespasmódicos, possivelmente através do
bloqueio de canais de cálcio (GILANI et al., 1992; 1994; DANGI
et al., 2002). Além disso, a atividade espasmolítica exibida pelos
diferentes constituintes da planta fornece base farmacológica
para os usos tradicionais desta planta em distúrbios de motili-
dade gastrointestinais (GILANI et al., 1994).
A fração metanólica do extrato das folhas de Moringa mos-
trou efeitos antiulcerogênicos e de hepatoproteção em ratos
(PAL et al., 1995a). Raízes da Moringa e extrato aquoso e alco-
ólico das flores também apresentou atividade hepatoprotetora
(RUCKMANI et al., 1998), o qual pode ser devido à presença de
quercetina, um flavonoide bem conhecido com atividade hepa-
toprotetora (GILANI et al., 1997).
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

O extrato aquoso das folhas de Moringa também tem sido re-


portado por exibir capacidade de regular hormônios da tireoide,
podendo ser usado para tratar hipotireoidismos e exibir efeito
antioxidante (PAL et al., 1995a; 1995b; TAHILIANI e KAR, 2000).
Folhas de Moringa podem ser usadas como profilaxia ou
terapia contra herpes simplex vírus 1 (HSV) e eficaz contra a
variante resiste de aciclovir. As folhas e flores também podem
ser consideradas por possuir atividade anti-helmíntica (BHAT-
TACHARYA et al., 1982, ANWAR et al., 2007).

Busca Tecnológica
Em se tratando do uso biotecnológico da Moringa, realizou-
-se uma pesquisa de patentes no banco mundial (WIPO), euro-
peu (ESPACENET) e nacional (INPI) de patentes, utilizando-se
da classificação internacional “A61K”, a qual refere-se à prepara-
ções para finalidades médicas, odontológicas ou higiênicas.
No espacenet, utilizando no campo de pesquisa de título ou
193 resumo, a palavra-chave “moringa”, observou-se 75 documentos
de patentes, dentre elas o uso para cosméticos e composições
dermatológicas, formulações para prevenir ou tratar doenças
bacterianas, composições e suplementações alimentares, pre-
parações para pacientes com diabetes tipo 2, composição para o
tratamento de obesidade, métodos de extração, tratamento para
cabelo, xampus, dentre outras. Dessas patentes, os países que
mais depositaram foram Estados Unidos e China, seguido de Ín-
dia. Fato esse facilmente explicado, uma vez que Estados Unidos
e China são referências no que se refere à propriedade intelectu-
al, e Índia é o país de origem da planta em estudo.
Já na WIPO, encontrou-se 18 documentos de patentes com
a classificação A61K, tendo como principais depositantes a Ale-
manha, seguido de Estados Unidos, França e Índia. Já em rela-
ção ao ano, encontramos um maior número de documentos nos
anos de 2006 e 2009. Dessas patentes, destaca-se suplementa-
ção alimentar, composição para induzir a fertilidade em gado,
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

fabricação de ração, composição dermatológica, formulação


de tinta natural, composição para cicatrização de feridas, tra-
tamento de obesidade, hidratante para pele, composição para
dores de cabeça, doenças neurodegenerativas, tratamento para
cabelos, preparação oftálmica, dentre outras.
E por fim, no banco nacional (INPI), não foi depositada ne-
nhuma patente com a classificação A61K e palavra-chave morin-
ga. Ficando evidente que o país ainda precisa avançar em pesqui-
sas e produção tecnológica no que se refere ao uso da moringa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Até o presente momento, numerosos estudos foram realizados
com diferentes partes da moringa. No entanto, ainda há uma neces-
sidade de isolar e identificar novos compostos, a fim, inclusive, de
elucidar possíveis mecanismos de ação dessa espécie tão promisso-
ra e comprovar diversos usos populares, ainda não estudados.

194
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

REFERÊNCIAS
AGUIAR, F.L.N. Avaliação do potencial antifúngico de produtos de plantas
em cepas de Candida albicans E Microsporum canis isoladas de cães e
gatos: Um destaque para Moringa oleifera e Vernonia sp. (Dissertação
de mestrado). UEC, Ciências Veterinárias, 2010.

ANWAR, F.; BHANGER, M.I. Analytical characterization of Moringa oleifera


seed oil grown in temperate regions of Pakistan. J Agric Food Chem
51: 6558–6563. 2003.

ANWAR, F.; ASHRAF, M.; BHANGER, M.I. Interprovenance variation in the


composition of Moringa oleifera oilseeds from Pakistan. Jounal Ame-
rican Oil Chemistry. v. 82, p. 45–51, 2005.

ANWAR F.; LATIF, S.; ASHRAF, M.; GILANI, A.H. Moringa oleifera: a food
plant with multiple medicinal uses. Phytother. Res. 21, 17–25, 2007.

ARABSHAHID, S.; DEVI, D. V.; UROOJ, A. Evaluation of antioxidant activity


of some plant extracts and their heat, pH and storage stability. Food
Chemistry. v. 100, p. 1100-1105, 2007.

195 BEZERRA, A.M.E.; MOMENTÉ, V.G.; MEDEIROS-FILHO, S. Germinação de se-


mentes e desenvolvimento de plântulas de moringa (Moringa oleifera
Lam.) em função do peso da semente e do tipo de substrato, Horticul-
tura Brasileira, v.22, n.2, p.295-299, 2004.

BHARALI R, TABASSUM J, AZAD MRH. Chemomodulatory effect of Morin-


ga oleifera, Lam, on hepatic carcinogen metabolizing enzymes, anti-
-oxidant parameters and skin papillomagenesis in mice. Asia Pacific J
Cancer Prev 4: 131–139. 2003.

BHATNAGAR SS, SANTAPAU H, DESAI JDH, YELLORE S, RAO TNS. Biological


activity of Indian medicinal plants. Part 1. Antibacterial, antitubercu-
lar and antifungal action. Indian J Med Res 49: 799–805. 1961.

BHATTACHARYA, S.B.; DAS, A.K.; BANERJI, N. Chemical investigations on


the gum exudates from Sonja (Moringa oleifera). Carbohydr Res 102:
253–262. 1982.

CACERES, A.; CABRERA, O.; MORALES, O.; MOLLINEDO, P.; MENDIA, P.


Pharmacological properties of Moringa oleifera. 1: Preliminary scre-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

ening for antimicrobial activity. Journal of Ethnopharmacol. v. 33,


p.213–216, 1991.

CHUANG, PING-HSIEN., LEE, CHI-WEI., CHOU, JIA-YING., MURUGAN, M.,


SHIEH, BOR-JINN., CHEN, HUEIH-MIN. Anti-fungal activity of crude
extracts and essential oil of Moringa oleifera Lam. Bioresource Tech-
nology. v. 98, pp. 232–236, 2007.

CORREIA, M.T.S.; COELHO, L.C.B.B.; PAIVA, P.M.G. Lectins, carbohydrate re-


cognition molecules: Are they toxic? In: SIDDIQUE, Y.H. (Ed.) Recent
Trends in Toxicology, vol. 37, Transworld Research Network, Kerala,
pp. 47-59, 2008.????

DAHOT MU. Vitamin contents of flowers and seeds of Moringa oleifera. Pak
J Biochem v.21, p.1-24,1988.

DANGI, S.Y.; JOLLY, C.I.; NARAYANA, S. Antihypertensive activity of the total


alkaloids from the leaves of Moringa oleifera. Pharmahjkdfhkjasdhfh
Biol. v.40, p.144–148, 2002.

DAS, B.R.; KURUP, P.A.; RAO, P.L.; NARASIMHA, RAO PL. Antibiotic principle
from Moringa pterygosperma. VII. Antibacteria activity and chemical
196 structure of compounds related to pterygospermin. Indian J Medvb-
nhgjdfghnfghdh Res. v.45, p.191–196, 1957.

EILERT, U.; WOLTERS, B.; NADRTEDT, A. The antibiotic principle of seeds


of Moringa oleifera and Moringa stenopetala. Planta Med 42: 55–61.
1981.

FAIZI, S.; SIDDIQUI B.S.; SALEEM, R.; SIDDIQUI, S.; AFTAB, K.; GILANI, A.U.H.
Fully acetylated carbamate and hypotensive thiocarbamate glycosi-
des from Moringa oleifera. Phytochemistry, v. 38, p. 957-963, 1995.

FERREIRA, P.M.P.; CARVALHO, A.F.U.; FARIAS, D. F.; CARIOLANO, N.G.;


MELO, V.M.M.; QUEIROZ, M.G.R.; MARTINS, A.M.C.; MACHADO-NETO,
J.G. Larvicidal activity of the water extract of Moringa oleifera seeds
against Aedes aegypti and its toxicity upon laboratory animals. Anais
da Academia Brasileira de Ciências, v.81, p. 207-216, 2009.

FRANCO-FRAGUAS, L., PLÁ, A., FERREIRA, F., MASSALDI, H., SUÁREZ, N.,
VIERA, F.B. “Preparative purification of soybean agglutinin by affinity
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

chromatography and its immobilization for polysaccharide isolation”.


Journal of Chromatography B. v. 790, pp.365–72. 2003.

FUGLIE, L.J. The Miracle Tree: Moringa oleifera: Natural Nutrition for the
Tropics, p: 172. The Miracle Tree: The Multiple Attributes of Moringa.
2001.

GASSENSCHMIDT, U., JANY, K.D., TAUSCHER, B., NIEBERGALL, H. Isolation


and characterization of a flocculating protein from Moringa oleifera
Lam. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1243, p. 477-481, 1995.

GHEBREMICHAEL, K.A., GUNARATNA, K.R., HENRIKSSON, H., BRUMER, H.,


DALHAMMAR, G. A simple purification and activity assay of the coa-
gulant protein from Moringa oleifera seed. Water Research, v. 39, p.
2338-2344, 2005.

GUEVARA AP, VARGAS C, SAKURAI H. An antitumor promoter from Morin-


ga oleifera Lam. Mutat Res 440: 181–188. 1999.

GILANI AH, AFTAB K, SHAHEEN F. Antispasmodic activity of active princi-


ple from Moringa oleifera. In Natural Drugs and the Digestive Tract,
Capasso F, Mascolo N (eds). EMSI:Rome, 60–63. 1992.
197
GILANI AH, AFTAB K, SURIA A. Pharmacological studies on hypotensive
and spasmodic activities of pure compounds from Moringa oleifera.
Phytother Res 8: 87–91. 1994.

GILANI AH, JANBAZ KH, SHAH BH. Quercetin exhibits hepatoprotective ac-
tivity in rats. Biochem Soc Trans 25: 85. 1997.

GHASI S, NWOBODO E, OFILI JO. Hypocholesterolemic effects of crude ex-


tract of leaf of Moringa oleifera Lam in high-fat diet fed Wistar rats. J
Ethnopharmacol 69: 21–25. 2000.

GUPTA, R.; KANNAN, G.M.; SHARMA, M.; FLORA, S.J.S. Therapeutic effects
of Moringa oleifera on arsenic-induced toxicity in rats. Environmental
Toxicology and Pharmacology, v. 20, p. 456-464, 2005.

KATRE, U.V., SURESH, C.G., KHAN, M.I., GAIKWAD, S.M. “Structure-activity


relationship of a hemagglutinin from Moringa oleifera seeds”. Interna-
tional Journal of Biological Macromolecules, v. 42, pp. 203-207. 2008.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

LALAS S, TSAKNIS J. Extraction and identification of natural antioxidants


from the seeds of Moringa oleifera tree variety of Malavi. J Am Oil
Chem Soc 79: 677–683. 2002.

LORIS, R. et al. “Legume lectin structure”. Biochimica et Biophisica Acta, v.


1383, pp. 9-36. 1998.

MAKKAR, H. P. S.; BECKER, K. Nutritional value and antinutritional compo-


nents of whole and ethanol extracted Moringa oleifera. Animal Feed
Science and Technology, v. 63, p. 211-228, 1996.

MAKONNEN E, HUNDE A, DAMECHA G. Hypoglycaemic effect of Moringa


stenopetala aqueous extract in rabbits. Phytother Res 11: 147–148.
1997.

MEHTA LK, BALARAMAN R, AMIN AH, BAFNA PA, GULATI OD. Effect of
fruits of Moringa oleifera on the lipid profile of normal and hypercho-
lesterolaemic rabbits. J Ethnopharmacol 86: 191–195. 2003.

MORTON JF. The horseradish tree, Moringa pterigosperma (Moringaceae).


A boon to arid lands. Econ Bot 45: 318–333. 1991.

198 NAIR A.G.R., SUBRAMANIAN S.S... Pigments of the flowers of Moringa pte-
rigosperma. Current Science. 31: 155-56. 1962.

NDABIGENGESERE, A., NARASIAH, K.S., TALBOT, B.G. Active agents and


mechanism of coagulation of turbid waters using Moringa oleifera.
Water Research, v. 29, p. 703-710, 1995.

NEWMAN, D., CRAGG, G. & SNADER, K. The influence of natural products


upon drug discovery. Natural Products Report 17, 215-234 2000.

NIKKON F, SAUD ZA, REHMAN MH, HAQUE ME. In vitro antimicrobial ac-
tivity of the compound isolated from chloroform extract of Moringa
oleifera Lam. Pak J Biol Sci 22:1888–1890. 2003.

OKUDA, T., BAES, A.U., NISHIJIMA, W., OKADA, M. “Isolation and characteri-
zation of coagulant extracted from Moringa oleifera seed by salt solu-
tion”. Water Research, v.35, pp. 405-410. 2001.

PADMARAO P, ACHARYA BM, DENNIS TJ. Pharmacognostic study on stem-


bark of Moringa oleifera Lam. Bulletin of Medico-Ethno-Botanical
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Research 17: 141–151, 1996.

PAIVA, P.M.G., COELLHO, L.C.B.B. Lectinas e antioxidante de sementes de


Moringa oleifera. Anais do II Encontro de Moringa. Aracaju, 2010.

PAL S.K., MUKHERJEE P.K, SAHA B.P. Studies on the antiulcer activity of Mo-
ringa oleifera leaf extract on gastric ulcer models in rats. Phytother
Res 9: 463–465. 1995a.

PAL SK, MUKHERJEE PK, SAHA K, PAL M, SAHA BP. Antimicrobial action of
the leaf extract of Moringa oleifera Lam. Ancient Science of Life 14:
197–199. 1995b.

RAO VA, DEVI PU, KAMATH R. In vivo radioprotective effect of Moringa


oleifera leaves. Indian J Exp Biol 39: 858–863. 2001.

RATES, S. Plants as source of drugs. Toxicon 39, 603-613, 2001.

RUCKMANI K, KAVIMANI S, ANANDAN R, JAYKAR B. Effect of Moringa olei-


fera Lam on paracetamol-induced hepatoxicity Indian J Pharm Sci 60:
33–35. 1998.

SÁNCHEZ-MACHADO, D. I.; LÓPEZ-CERVANTES, J.; VÁZQUEZ, N. J. R. High-


199 -performance liquid chromatography method to measure α and
γ-tocopherol in leaves, flowers and fresh beans from Moringa oleifera.
Journal of Chromatography A, v. 1105, p. 111-114. 2006.

SANTOS, A.F.S., ARGOLO, A.C.C., COELHO, L.C.B.B., PAIVA, P.M.G. “Detection


of water soluble lectin and antioxidant component from Moringa olei-
fera seeds”. Water Resource, v.39, pp.975-980. 2005.

SANTOS, B.S., FARIAS, P.M.A., MENEZES, F.D., FERREIRA, R.C., ALVES JÚ-
NIOR, S., FIGUEIREDO, R.C.B.Q., BELTRÃO, E.I.C. “Lectin functionali-
zed quantum dots for recognition of mammary tumors”. SPIE, v.6096,
pp.1J-8J. 2006.

SANTOS, A.F.S., LUZ, L.A., ARGOLO, A.C.C., TEIXEIRA, J.A., PAIVA, P.M.G., CO-
ELHO, L.C.B.B. “Isolation of a seed coagulant Moringa oleifera lectin”.
Process Biochemistry, v. 44, pp. 504-508. 2009.

SANTOS, N.D.L., GOMES, F.S.G., COELHO, J.S., NAPOLEÃO, T.H., COELHO,


L.C.V.B., LEITE, S.P., NAVARRO, D.MA.F., PAIVA, P.M.G. Atividade larvici-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

da da lectina solúvel em água de sementes de Moringa oleifera SOBRE


Aedes aegypti. II Encontro de Moringa. Aracaju-Sergipe, 2010.

SIDDHURAJU P, BECKER K. Antioxidant properties of various solvent ex-


tracts of total phenolic constituents from three different agro-climatic
origins of drumstick tree (Moringa oleifera Lam.). J Agric Food Chem
15: 2144–2155. 2003.

TAHILIANI P, KAR A. Role of Moringa oleifera leaf extract in the regulation


of thyroid hormone status in adult male and female rats. Pharmacol
Res 41: 319–323. 2000.

THE WEALTH OF INDIA (A Dictionary of Indian Raw Materials and Indus-


trial Products). Raw Materials, Vol. VI: L-M; Council of Scientific and
Industrial Research: New Delhi, 425–429. 1962.

200
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CAPÍTULO 9

TECIDOS DE MORINGA
OLEIFERA LAM. COMO FONTES
DE PROTEÍNAS BIOATIVAS:
LECTINAS E INIBIDORES DE
PROTEASES
PATRÍCIA MARIA GUEDES PAIVA; EMMANUEL VIANA
PONTUAL; THIAGO HENRIQUE NAPOLEÃO; LUANA
CASSANDRA BREITENBACH BARROSO COELHO

INTRODUÇÃO
A Moringa oleifera Lam. possui várias propriedades
medicinais e suas sementes são utilizadas no tratamento
201 de água para consumo humano visando à remoção de con-
taminantes. Os tecidos dessa planta são ricos em proteínas
bioativas. A presença de lectinas – proteínas que se ligam
a carboidratos – foi detectada em extratos de flores, raque
da inflorescência, sementes, folhas, caule e casca. As lectinas
cMoL (do inglês coagulant M. oleifera lectin) e WSMoL (do
inglês water soluble M. oleifera lectin) foram isoladas das se-
mentes e apresentaram atividade coagulante. A lectina cMoL
interagiu com ácidos húmicos, o que indica seu potencial uso
para remoção deste componente presente em águas conta-
minadas. WSMoL foi eficiente em coagular e matar bactérias
presentes em água do ambiente (Riacho do Cavouco, cam-
pus da UFPE, Recife, Brasil). WSMoL não apresentou efeito
mutagênico nem promoveu quebras na molécula de DNA, in-
dicando a segurança na utilização dessa lectina, nas concen-
trações de 0,0125 a 0,8 μg/μL, no tratamento de água para
consumo humano. cMoL e WSMoL foram agentes inseticidas
contra Ephestia kuehniella (mariposa da farinha) e larvas de
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Aedes aegypti (mosquito vetor da dengue), respectivamente.


As folhas e flores de moringa contêm inibidores de proteases,
moléculas que se ligam a enzimas proteolíticas formando
complexos estáveis inativos ou com baixa atividade. Extrato
aquoso de flores contendo inibidor de tripsina apresentou
efeito bacteriostático e bactericida sobre diversas espécies
de importância médica. O extrato de flores foi também um
bom agente desinfetante de água coletada no Riacho do Ca-
vouco. O capítulo discute em detalhes todos esses temas
apresentados e demonstra a potencialidade dos tecidos de
moringa como fontes dessas duas classes de proteínas bioa-
tivas de reconhecido valor biotecnológico.

ATIVIDADES BIOLÓGICAS DA MORINGA


Sementes de moringa (Figura 1B) possuem propriedade
coagulante, sendo utilizadas no tratamento de água para consu-
mo humano em países em desenvolvimento (GASSENSCHMIDT
et al., 1995). Buscando entender os mecanismos envolvidos na
remoção da turbidez da água promovida pelas suas sementes,
202
estudos têm identificado proteínas e polieletrólito orgânico há-
beis em coagular partículas e microrganismos em suspensão
(NDABIGENGESERE et al., 1995; OKUDA, et al., 2001; GHEBRE-
MICHAEL et al., 2005; KWAAMBWA e MAIKOKERA, 2007; SAN-
TOS et al., 2009; FERREIRA et al., 2011).

Figura 1. Moringa oleifera Lam. (A) Aspecto geral, (B) Sementes, (C) Folha, (D) Flor.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

As folhas de moringa (Figura 1C) apresentam elevado valor


nutricional, constituindo uma importante fonte de β-caroteno,
vitamina C, proteína, ferro e potássio, podendo ser consumidas
cruas ou cozidas. As folhas contêm todos os aminoácidos es-
senciais, em concentrações maiores do que as recomendadas
para crianças de 2 a 5 anos de idade (MAKKAR e BECKER, 1996;
PARROTTA, 2009). A farinha de folhas pode ser utilizada para
substituir em até 10% a proteína necessária na dieta do peixe ti-
lápia do Nilo (RICHTER et al., 2003). Extratos aquosos das folhas
apresentaram atividades antioxidante, hipolipidêmica, antiate-
rosclerótica e hipoglicêmica, indicando seu potencial terapêuti-
co na prevenção de doenças cardiovasculares e no tratamento de
diabetes mellitus (CHUMARK et al., 2008; JAISWAL et al., 2009).
Um óleo essencial presente nas folhas apresentou atividade an-
tifúngica contra dermatófitos dos gêneros Tricophyton, Epider-
mophyton e Microsporum (CHUANG et al., 2007); preparação
obtida pela trituração de folhas frescas, sem adição de solvente,
apresentou ação antibacteriana contra Bacillus cereus, Bacillus
megaterium, Bacillus subtilis, Pseudomonas aeruginosa, Sarcina
lutea, Shigella shinga Shigella sonnei, Staphylococcus aureus e
203 Streptococcus β-haemolytica (RAHMAN et al., 2009).
As flores (Figura 1D) são utilizadas como alimento e, assim
como as folhas, podem ser consumidas cruas ou após cozimento
brando, representando uma rica fonte de cálcio, potássio e an-
tioxidantes, tais como α- e γ-tocoferol (RAMACHANDRAN et al.,
1980; MAKKAR e BECKER, 1996; GUEVARA et al., 1999; FOIDL
et al., 2001; SÁNCHEZ-MACHADO et al., 2006). As flores são uti-
lizadas para fins medicinais como agente colagogo, diurético, hi-
poglicemiante e tônico (KHARE, 2007; PARROTTA, 2009). Com-
postos fenólicos e o alcalóide pterigospermina, o qual apresenta
atividade antimicrobiana, foram identificados nas flores (LIZZY
et al., 1968; ONG, 2008).

LECTINAS EM TECIDOS DE MORINGA


Lectinas são proteínas ou glicoproteínas de origem não
imune que interagem com carboidratos através de no mínimo
dois sítios de ligação. O termo lectina é proveniente do latim
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

lectus, (selecionar ou escolher) e reflete a especificidade com


que ocorre a ligação reversível entre uma lectina e o carboidrato
(KENNEDY et al., 1995; MATSUI et al., 2001). As lectinas são ca-
pazes de aglutinar eritrócitos ao se ligarem a carboidratos pre-
sentes na superfície dos mesmos (Figura 2).

204
Figura 2. Esquema representando a aglutinação de eritrócitos promovida
por lectinas.

Esta propriedade biológica pode ser detectada pelo ensaio


de hemaglutinação, no qual a amostra investigada é serialmente
diluída em NaCl 0,15 M e, em seguida, incubada com uma sus-
pensão de eritrócitos. A rede de aglutinação é visível a olho nu e
a atividade hemaglutinante é expressa como o inverso da maior
diluição da amostra que ainda foi capaz de promover aglutina-
ção (Figura 3). Dessa forma, quanto maior a concentração de
lectina em uma preparação, maior a atividade hemaglutinante
uma vez que uma maior diluição será necessária até que a aglu-
tinação não seja mais observada.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Figura 3. Ensaio de atividade hemaglutinante em placa de microtitulação.

O ensaio de atividade hemaglutinante pode ser também uti-


lizado para a investigação da especificidade da lectina a carboi-
dratos. Neste caso, a lectina é previamente incubada com uma
solução de monossacarídeo, dissacarídeo ou glicoproteína antes
da adição da suspensão de eritrócitos. O reconhecimento do car-
boidrato pelo sítio de ligação da lectina impedirá a ligação da
lectina aos carboidratos da superfície dos eritrócitos inibindo a
atividade hemaglutinante.
A presença de lectinas em tecidos de plantas é bastante co-
mum, sendo encontradas em cascas (SÁ et al., 2009), cerne (SÁ
205 et al., 2008), cladódios (SANTANA et al., 2009), flores (SANTOS
et al., 2009), folhas (NAPOLEÃO et al., 2011), raízes (SOUZA et
al., 2011), rizomas (BAINS et al., 2005) e sementes (COELHO et
al., 2009; SANTOS et al., 2009). Diversos papéis fisiológicos têm
sido atribuídos às lectinas de plantas incluindo defesa contra
microorganismos e insetos, nodulação em leguminosas, estoca-
gem e mobilização de proteínas e carboidratos de reserva, bem
como alongamento da parede celular (KENNEDY et al., 1995;
HIRSCH, 1999; ISIDRO et al., 2001; CARLINI e GROSSI-DE-SÁ,
2002; LIMPENS e BISSELING, 2003). Além disso, as lectinas têm
ativado enzimas e podem participar no processo de desenvol-
vimento das sementes (AOYAMA et al., 2001; BRECHTEL et al.,
2001; KESTWAL et al., 2007).

Tecidos de Moringa como fontes de lectinas


Santos et al. (2009) mostraram que extratos de casca, flo-
res, raque das inflorescências, sementes, caule, casca e folhas de
moringa preparados em NaCl 0,15 M apresentaram atividade
hemaglutinante, indicando a presença de lectinas (Figura 4A). A
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

maior atividade hemaglutinante específica foi detectada no ex-


trato da casca. A avaliação do efeito de carboidratos na ativida-
de hemaglutinante mostrou padrão de inibição distinto (Figura
4B), revelando que as lectinas produzidas nos tecidos diferem
quanto à especificidade do sítio de ligação a carboidratos.

206

Figura 4. Atividade hemaglutinante específica em extratos de tecidos de


M. oleifera (A) e sua inibição por carboidratos (B).

A figura 5 mostra as pesquisas desenvolvidas no Laborató-


rio de Glicoproteínas da Universidade Federal de Pernambuco
(Recife, Brasil) que resultaram na detecção, purificação, caracte-
rização estrutural e determinação de propriedades biológicas de
duas lectinas presentes nas sementes de M. oleifera denominadas
cMoL (do inglês coagulant M. oleifera lectin) e WSMoL (do inglês
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

water soluble M. oleifera lectin). As sementes foram escolhidas


para a pesquisa sobre lectinas de M. oleifera devido à ampla utili-
zação deste tecido no tratamento de água para consumo humano.

207

Figura 5. Estudos realizados com as lectinas WSMoL (A) e cMoL (B) de


sementes de Moringa oleifera, no Laboratório de Glicoproteínas da UFPE
(Recife, Pernambuco, Brasil).

A moringa começou a ser investigada no Laboratório de Gli-


coproteínas da UFPE no ano 2000. A indicação da presença de
uma lectina solúvel em água foi a detecção de atividade hemaglu-
tinante na água em que as sementes foram embebidas (SANTOS
et al., 2005). A lectina, denominada WSMoL, foi isolada por pro-
cedimento experimental que incluiu as etapas: 1) solubilização
das proteínas presentes na farinha das sementes com água, 2)
precipitação das proteínas com sulfato de amônio, e 3) cromato-
grafia da fração de proteínas precipitadas em coluna de quitina;
WSMoL ligou a matriz e foi eluída com ácido acético 1,0 M (COE-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

LHO et al., 2009). WSMoL é uma proteína aniônica e eletrofore-


se em gel de poliacrilamida (PAGE, do inglês polyacrylamide gel
electrophoresis) em presença do detergente sulfato sódico de
dodecila (SDS, do inglês sodium dodecyl sulfate) revelou que ela
é constituída por subunidades polipeptídicas de 5 kDa. Análise
por espectrometria de massas (MALDI-TOF/TOF) determinou a
similaridade de WSMoL com as proteínas coagulantes MO2.1 e
MO2.2 de sementes de moringa (COELHO et al., 2009). A ativi-
dade hemaglutinante de WSMoL com eritrócitos humanos e de
coelho foi inibida pelo monossacarídeo D(+)-frutose e estável
em faixa de pH de 4,5 a 9,5 como também após aquecimento a
100 °C. WSMoL apresentou atividade antibacteriana sobre Sta-
phylococcus aureus e Escherichia coli (FERREIRA et al., 2011).
Concomitantemente à detecção de WSMoL, dados experi-
mentais apontaram para a presença nas sementes de uma ou-
tra lectina que era solubilizada em NaCl 0,15 M. SANTOS et al.
(2009) definiram o procedimento de purificação desta nova lec-
tina, a qual foi denominada cMoL por ter apresentado atividade
coagulante. cMoL foi isolada a partir da obtenção de extrato da
208 farinha de sementes em NaCl 0,15 M, seguida de precipitação
das proteínas com sulfato de amônio e cromatografia em coluna
de gel de guar. A atividade hemaglutinante de cMoL com eritró-
citos humanos (tipos A, B, O e AB) e de coelho foi estimulada
pelos íons Mg2+, Ca2+ e K+, estável em ampla faixa de pH (4,0
a 9,0) e ao aquecimento a 100 °C durante 7 h. cMoL difere de
WSMoL quanto à massa molecular das subunidades (26,5 e 14,9
kDa), natureza de carga líquida (catiônica) e especificidade do
sítio de ligação a carboidratos (cMoL não reconhece frutose).
KATRE et al. (2008) isolaram a lectina MoL (do inglês M.
oleifera lectin) por cromatografias em colunas de DEAE-Celulo-
se e CM-Sephadex. MoL é uma glicoproteína de natureza catiô-
nica constituída por dois polipeptídeos de aproximadamente 14
kDa cuja atividade hemaglutinante é estável em faixa de pH 1-12
e após aquecimento a 85 °C por 30 min. A estrutura secundária
de MoL, composta por α-hélices (28%), β-folhas (23%), voltas
(20%) e estruturas desordenadas (28%), é drasticamente afe-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

tada em presença do agente redutor ditiotreitol, indicando que


pontes dissulfeto existentes na molécula são essenciais para a
manutenção da conformação nativa da proteína.

INIBIDORES DE PROTEASES
As proteases são enzimas que hidrolisam ligações peptídi-
cas entre os aminoácidos que constituem as proteínas. A intera-
ção entre inibidores de proteases e enzimas proteolíticas pode
resultar em modificações conformacionais na molécula da pro-
tease resultando na formação de complexos estáveis inativos ou
com baixa atividade. Inibidores de proteases são naturalmente
produzidos pelas plantas com o objetivo de controlar a ativida-
de de proteases endógenas e também atuam como moléculas de
defesa contra o ataque de herbívoros e patógenos (LASKOWSKI
e QASIM, 2000; BHATTACHARYYA et al., 2007).
As plantas produzem uma variedade de inibidores de seri-
noproteases, uma classe de enzimas extracelulares envolvidas
em diversos processos, como a digestão. Os inibidores de trip-
209 sina (uma serinoprotease) produzidos pelas plantas podem ser
de natureza protéica ou não, sendo considerados fatores anti-
nutricionais por causarem prejuízos ao processo de digestão de
proteínas no trato intestinal de muitos animais. Em plantas, os
inibidores de tripsina de natureza protéica podem ser encontra-
dos principalmente em sementes, folhas e tubérculos, podendo
estar presentes também em outros tecidos (POLYA, 2003).
Os inibidores de tripsina competem com o substrato pelo
sítio ativo da enzima, ao qual se ligam de maneira estável (BODE
e HUBER, 2000). A interação enzima/inibidor ocorre através
do estabelecimento de interações hidrofóbicas e eletrostáticas,
bem como de pontes de hidrogênio entre o sítio ativo da prote-
ase e o sítio reativo presente na molécula do inibidor. Este sítio
reativo geralmente está localizado em um loop protruso da mo-
lécula do inibidor, sendo capaz de inibir a atividade da enzima
quando nele existe uma seqüência de aminoácidos complemen-
tar àquela existente no sítio ativo da enzima. Dessa forma, ape-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

sar do sítio ativo da tripsina reconhecer a molécula do inibidor,


a catálise não ocorre (MAJOR e CONSTABEL, 2008).
A especificidade e versatilidade dos inibidores de tripsina
têm levado as ciências médica e farmacêutica a explorar o poten-
cial dessas proteínas como agentes antifúngicos, antiprotozoários,
antivirais e terapêuticos no tratamento de doenças como câncer e
diabetes mellitus (KOBLINSKI et al., 2000; FEAR et al., 2007).

Tecidos de Moringa como fontes de inibidores de tripsina


A ocorrência de atividade inibidora de tripsina em diferen-
tes tecidos de M. oleifera tem sido descrita. Extratos de folhas,
sementes, flores, casca e raiz de M. oleifera, obtidos utilizando
diferentes soluções de extração (cloreto de sódio a 15%, ácido
clorídrico a 0,05 M, hidróxido de sódio a 0,2%, tampão fosfato
a 0,1 M em pH 7,0, ou água destilada) foram hábeis em inibir
tripsina. O tampão fosfato foi o mais eficiente em extrair a ativi-
dade inibidora de tripsina e dentre os tecidos avaliados, a maior
atividade foi encontrada no extrato de folhas (77% de inibição),
210
seguido pelo extrato de sementes (63%). O extrato de flores
apresentou a menor atividade (cerca de 15% de inibição), en-
quanto que os extratos de cascas e raízes não promoveram inibi-
ção significativa. A maior expressão de inibidores de proteases
em folhas e sementes de M. oleifera, em comparação aos demais
tecidos, pode consistir em uma resposta ao ataque de pragas e
patógenos uma vez que esses tecidos representam alvos mais
freqüentes para o ataque de insetos (BIJINA et al., 2011a).
O inibidor de tripsina das folhas de M. oleifera foi isolado
através de cromatografia do extrato em coluna de troca iônica
DEAE-Celulose seguida de cromatografia de gel filtração em Se-
phadex G-75 (BIJINA et al., 2011b). O inibidor, de massa molecu-
lar 23,6 kDa, é constituído por glicina (27,29%), ácido glutâmico
(12,53%), alanina (11,19%), prolina (10,74%) e ácido aspártico
(8,95%) além de valina, serina, leucina, arginina, treonina, iso-
leucina, fenilalanina, histidina, metionina, e lisina. O inibidor
ativo na faixa de pH 6-10 foi mais eficiente em inibir tripsina
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

na temperatura de 50°C e em presença dos íons Zn2+ ou Hg2+.


Aquecimento a 70 °C resultou na perda de atividade inibidora
de tripsina. A constante de inibição para tripsina (Ki) foi de 1,5
nM. O inibidor de tripsina de folha de moringa foi também capaz
de inibir a atividade de outras proteases, como quimotripsina,
elastase, trombina, papaína, catepsina B, colagenase e proteases
comerciais de origem bacteriana e fúngica.
Moura et al. (2011) realizaram a caracterização bioquímica
de um extrato aquoso de flores de M. oleifera quanto à presen-
ça de lectinas, compostos fenólicos e inibidores de tripsina. O
extrato, contendo alto teor de proteínas (17,9 mg/mL), não con-
tinha lectinas, apresentou uma baixa concentração de compos-
tos fenólicos (0,034 mg/mL) e a atividade inibidora de tripsina
detectada (70% de inibição) foi consideravelmente maior que a
observada para os extratos preparados por Bijina et al. (2011a).
O extrato aquoso de flores de moringa contendo ativida-
de inibidora de tripsina foi ativo contra as bactérias B. subtilis,
Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Proteus mirabilis, Sal-
211 monella enteritidis e Staphylococcus aureus. As menores con-
centrações de proteínas capazes de inibir o crescimento das
bactérias (concentrações mínimas inibitórias, CMI) variaram de
0,023 a 4,475 mg/mL. As mínimas concentrações de proteínas
necessárias para matar as colônias de bactérias (concentrações
mínimas bactericidas, CMB) variaram de 0,036 a 1,118 mg/mL
(MOURA et al., 2011).
As proteínas presentes no extrato foram precipitadas com
sulfato de amônio a 60% e a preparação obtida (9,5 mg/mL de
proteínas, 0,042 mg/mL de compostos fenólicos, inibição de
tripsina: 51%) foi avaliada quanto ao efeito sobre as mesmas
bactérias descritas acima. Os valores de CMI variaram de 0,018
a 3,747 mg/mL, enquanto os valores de CMB estiveram entre
0,297 e 7,95 mg/mL. A bactéria E. coli foi a mais sensível tanto
ao extrato (CMI e CMB de 0,023 e 0,036 mg/mL, respectivamen-
te) quanto na fração de proteínas precipitadas (CMI e CMB de
0,018 e 0,297 mg/mL, respectivamente). E. coli é uma importan-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

te bactéria indicadora de contaminação fecal em corpos de água


(MOURA et al., 2011).

POTENCIAL DE LECTINAS E INIBIDOR DE TRIP-


SINA DE M. OLEIFERA PARA O TRATAMENTO DE
ÁGUA E CONTROLE DE INSETOS

As lectinas cMoL e WSMoL no tratamento de água: remo-


ção de turbidez, ácidos húmicos e contaminação bacteriana
As lectinas cMoL e WSMoL apresentaram atividade coagulan-
te, sendo capazes de remover partículas em suspensão em água
turva obtida com caolin. A atividade coagulante das lectinas foi si-
milar a do sulfato de alumínio, que é o coagulante mais utilizado no
tratamento de água (SANTOS et al., 2009; FERREIRA et al., 2011).
O fato das sementes de moringa serem utilizadas pela popula-
ção no tratamento de água para consumo humano estimulou Rolim
212 et al. (2011) a investigarem os efeitos genotóxico e mutagênico do
extrato (em concentração igual, maior ou menor que a usada pela
população) bem como da lectina WSMoL isolada. O estudo visou
avaliar a segurança do uso das sementes para a saúde humana.
O potencial mutagênico do extrato de sementes foi avalia-
do através do ensaio de mutação reversa bacteriana (teste de
Ames) utilizando cepas de Salmonella typhimurium auxotrófi-
cas para histidina (TA97, TA98, TA100 e TA102). Os ensaios fo-
ram realizados na ausência e na presença de uma preparação de
fígado de rato que simulou a ativação metabólica que ocorre no
fígado dos eucariotos. Na concentração utilizada pela população
(0,2 μg/μL), o extrato não foi mutagênico nem genotóxico. Por
outro lado, efeito mutagênico foi detectado sobre TA97 e TA98,
após ativação metabólica, nas concentrações que corresponde-
ram a 4 e 7,5 vezes a concentração usada pela população. De
acordo com o estudo o efeito mutagênico foi devido à presença
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

de metabólitos ativos derivados da reação entre enzimas hepá-


ticas e compostos presentes no extrato.
O extrato de sementes, nas concentrações de 0,6 a 1,5 μg/
μL, foi mutagênico sobre TA100 e TA102, mesmo na ausência de
ativação metabólica e apresentou elevada toxicidade nas maio-
res concentrações (0,8, 1 e 1,5 μg/μL) na presença de ativação
hepática. Esses resultados estimularam a avaliação do extrato e
WSMoL pelo teste de Kado, um método mais sensível que o de
Ames. Os dados obtidos revelaram que o extrato, nas concentra-
ções de 0,0125 a 0,2 μg/μL, e WSMoL (0,0125 a 0,8 μg/μL) não
induziram mutações nas bactérias, tanto na ausência quanto na
presença do sistema de ativação metabólica.
O potencial genotóxico foi avaliado utilizando-se plasmí-
deos portando gene de resistência ao antibiótico cloranfenicol.
Os plasmídeos foram incubados com diferentes concentrações
do extrato e de WSMoL. As preparações não foram capazes de
induzir quebras nas ligações fosfodiéster do DNA. Contudo, foi
observado que o plasmídeo tratado com o extrato a 0,8 μg/μL
213 não migrou no gel. O estudo sugeriu que a formação de espécies
de alto peso molecular, derivadas da complexação entre os plas-
mídeos e constituintes do extrato pode ter sido responsável pela
ausência de migração.
Rolim et al. (2011) concluíram então que o extrato de se-
mentes de moringa, na concentração popularmente utilizada
(0,2 μg/μL) não apresenta perigo para a saúde humana. Entre-
tanto, tendo em vista a mutagenicidade observada nas concen-
trações maiores do extrato, é imprescindível que a concentração
usual não seja aumentada. Ainda, WSMoL pode vir a ser uma
alternativa mais segura para utilização no tratamento de água,
uma vez que não apresentou efeito mutagênico.
Substâncias húmicas derivadas da decomposição de plan-
tas e microorganismos alteram a coloração da água e podem se
complexar com o cloro originando compostos carcinogênicos.
Santos et al. (2011) demonstraram que cMoL reconheceu áci-
dos húmicos, desde que a sua atividade hemaglutinante foi ini-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

bida por eles. Essa interação foi detectada em ensaio de difusão


através da observação no gel de agarose de linhas de precipita-
ção (complexos insolúveis lectina-ácidos húmicos) coradas com
azul de Coomassie (Figura 6). A adsorção de ácidos húmicos em
coluna contendo cMoL imobilizada em Sepharose demonstrou a
afinidade de cMoL a essas substâncias. Os dados experimentais
obtidos sugerem que a remoção de ácidos húmicos do meio por
cMoL pode ser explorada no tratamento de água.

214

Figura 6. Representação esquemática do ensaio de difusão em gel de aga-


rose. (A) Os círculos pequenos nas extremidades da placa de Petri corres-
pondem aos locais onde as amostras contendo cMoL foram aplicadas e o
círculo central, ao local onde foi colocado o ácido húmico. As setas indicam
o processo de difusão. (B) Linhas de precipitação indicam a formação de
complexos insolúveis lectina-ácido húmico. O azul de Coomassie é utili-
zado como corante devido a sua habilidade de interagir com a proteína
(cMoL) presente no complexo.

Extrato aquoso de sementes e WSMoL isolada foram agen-


tes antibacterianos sobre bactérias presentes em água de am-
biente (Riacho do Cavouco, campus da Universidade Federal de
Pernambuco, Recife/PE). O ensaio consistiu em incubar a água
do riacho com as preparações lectínicas e posteriormente com-
parar o número de unidades formadoras de colônias nas águas
tratada e não tratada. Após incubação por 24 h a 37 ºC foi ob-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

servada a presença de sedimento nos tubos contendo as prepa-


rações lectínicas. Alíquotas do sedimento bem como da água da
superfície do tubo foram semeadas em placas de Petri contendo
meio de cultura para bactéria e após incubação (12 h, 37 ºC) o
número de colônias foi determinado. O extrato foi eficiente em
promover a sedimentação das bactérias desde que colônias vi-
áveis foram detectadas somente no sedimento. WSMoL reduziu
o número de colônias viáveis tanto no sobrenadante quanto no
sedimento, indicando uma ação coagulante e bactericida da lec-
tina sobre bactérias do ambiente (FERREIRA et al., 2011).

cMoL e WSMoL para controle da população de insetos


As lectinas podem induzir reações diversas após serem in-
geridas por insetos, devido à habilidade de interagirem com car-
boidratos presentes no trato intestinal dos mesmos. Dentre os
mecanismos envolvidos na atividade inseticida de lectinas, des-
tacam-se a ligação a enzimas glicosiladas presentes no lúmen
do intestino dos insetos, a receptores na membrana das células
215 epiteliais e a glicoproteínas e resíduos de N-acetilglicosamina
presentes na matriz peritrófica. A ligação de lectinas a matriz
peritrófica pode levar ao rompimento da mesma e ocasionar a
morte do inseto. Esta matriz é uma estrutura presente no intes-
tino médio que separa o lúmen intestinal das células epiteliais
protegendo o inseto contra infecção por patógenos e da abra-
são causada por fragmentos de tecidos vegetais (MACEDO et al.,
2003; HEGEDUS et al., 2009; NAPOLEÃO et al., 2011).
cMoL foi um agente inseticida contra Ephestia (Anagasta)
kuehniella e WSMoL promoveu mortalidade de Aedes aegypti e
Nasutitermes corniger. A mariposa-da-farinha, E. kuehniella (Or-
dem Lepidoptera, Família Pyralidae), é conhecida por ser uma
praga de grãos armazenados, nozes e legumes. As larvas também
se alimentam de farinhas de trigo e milho, sementes, frutas se-
cas, massas e cacau, entre outros alimentos estocados (GALLO
et al., 2002; MACEDO et al., 2003; TOUNSI et al., 2005). O mos-
quito A. aegypti (Ordem Diptera, Família Culicidae), amplamen-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

te distribuído nos trópicos e subtrópicos, é o vetor dos agentes


etiológicos da febre amarela, da dengue e da febre chikungunya.
Seu desenvolvimento ocorre através dos estágios de ovo, larva
(quatro estágios: L1, L2, L3 e L4), pupa e adulto. Cupins da espé-
cie N. corniger (Ordem Isoptera, Família Termitidae) são insetos
que vivem no solo ou sob árvores, sendo capazes também de se
alimentarem de madeira. Esses cupins são capazes de invadir
o ambiente urbano, atacando diversas estruturas presentes em
construções (SCHEFFRAHN et al., 2005; PAES et al., 2007).
No bioensaio com E. kuehniella, a lectina cMoL foi adicionada
na dieta das larvas. O tempo de desenvolvimento larval foi prolon-
gado de 46 (grupo controle) para 61 dias (grupo alimentado com
dieta contendo cMoL a 1 %). Observou-se também uma redução
de 45% na massa corporal das larvas, bem como diminuições de
14 % na eficiência de assimilação do alimento ingerido, de 31,2
% na eficiência de conversão do alimento ingerido em biomassa,
e de 37,6 % na eficiência de conversão do alimento digerido em
biomassa. As pupas derivadas de larvas alimentadas com cMoL
apresentaram redução no peso e tamanho e foi detectado um au-
216 mento de 27,6 % na taxa de mortalidade. O estudo também mos-
trou que cMoL foi resistente a digestão pelas enzimas do intes-
tino das larvas e, portanto, os efeitos deletérios da lectina sobre
E. kuehniella foram provavelmente devidos a presença da lectina
ativa no trato digestivo do inseto (OLIVEIRA et al., 2011).
COELHO et al. (2009) demonstraram que WSMoL atrasou o
ciclo biológico e matou larvas de A. aegypti. Larvas no primeiro
estágio (L1) incubadas com extratos contendo WSMoL, prepara-
dos com 1, 3, 6 e 15 sementes de moringa, tiveram seu desenvol-
vimento dificultado. Após as primeiras 24 h de incubação, 50%
das larvas do grupo controle (incubadas em água destilada) al-
cançaram o segundo estágio (L2), enquanto nos tratamentos com
os extratos, o estágio L1 ainda era predominante. Após 48 h, as
larvas do grupo controle se encontravam predominantemente no
terceiro estágio (L3) enquanto nos tratamentos com extratos de
6 e 15 sementes, nenhuma tinha alcançado esse estágio. Após 72
h, larvas no quarto estágio (L4) foram observadas nos tratamen-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

tos controle e com o extrato de 1 semente. Nos tratamentos com


os extratos de 6 e 15 sementes, o desenvolvimento larval parou
em L3. A atividade hemaglutinante nos extratos foi função do nú-
mero de sementes utilizadas para prepará-los, indicando WSMoL
como o provável componente ativo sobre as larvas de A. aegyp-
ti. Visando confirmar se a lectina era o agente larvicida, o estu-
do prosseguiu com a investigação da taxa de sobrevivência de L4
após incubação com diferentes concentrações de WSMoL isolada.
Os dados obtidos mostraram que WSMoL matou L4, sendo de-
terminada a concentração letal necessária para matar 50% das
larvas em 24 h (CL50) de 0,197 mg/mL. As larvas tratadas com
WSMoL foram analisadas por microscopia óptica e foi observado
que apresentavam hipertrofia dos segmentos, volume do lúmen
intestinal aumentado e rompimento no epitélio que delimita o
lúmen intestinal. Os pesquisadores sugeriram que a ausência do
epitélio intestinal foi devido a danos provocados por WSMoL no
intestino médio das larvas (COELHO et al., 2009).
Extrato salino contendo cMoL, extrato aquoso contendo
WSMoL, bem como as duas lectinas isoladas, foram avaliados
217 quanto à atividade termiticida sobre cupins operários e solda-
dos da espécie N. corniger (PAIVA et al., 2011). Os ensaios foram
realizados em placas de Petri contendo papel de filtro embebi-
do com diferentes concentrações das amostras. Diferentemen-
te dos resultados observados para cMoL contra E. kuehniella e
para WSMoL contra A. aegypti, nenhuma das preparações lec-
tínicas se mostrou como um bom agente termiticida. O extra-
to contendo cMoL causou mortalidade em soldados apenas na
maior concentração avaliada (1,5 mg/mL) e na concentração de
1,0 mg/mL promoveu diminuição na sobrevivência de operá-
rios. cMoL purificada não apresentou atividade sobre soldados
e matou operários somente na concentração de 1,5 mg/mL. O
extrato contendo WSMoL foi termiticida contra soldados apenas
quando utilizado a 1,5 mg/mL, enquanto a mortalidade de ope-
rários foi observada no grupo tratado com o extrato a 1,0 e 1,5
mg/mL. WSMoL isolada foi hábil em matar soldados e operários
apenas na concentração de 1,5 mg/mL.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

Avaliação do inibidor de tripsina de flores como agente


desinfetante no tratamento de água
O elevado índice de contaminação de corpos de água por
esgotos, a alta toxicidade do cloro (desinfetante mais utilizado
atualmente para tratamento de água) e o surgimento de bacté-
rias resistentes aos métodos de tratamento mais comuns esti-
mularam a investigação de preparações de flores de M. oleifera
contendo atividade antibacteriana como agentes desinfetantes
de água coletada no Lago do Cavouco (campus da Universida-
de Federal de Pernambuco, UFPE). O extrato reduziu quase to-
talmente o crescimento de bactérias presentes na água do lago
quando aplicado nas proporções de 1:2,5 a 1:100 (volume de
amostra: volume de água do lago). A fração de proteínas preci-
pitadas a partir do extrato foi menos eficiente em inibir tripsina
e reduziu o crescimento bacteriano apenas na razão de 1:1. Os
dados demonstraram que diminuição da concentração do ini-
bidor de tripsina resultou em menor efeito desinfetante. Com
base nesses dados, Moura et al. (2011) sugeriram que o inibidor
de tripsina pode ser um dos princípios ativos envolvidos na ati-
218 vidade antibacteriana do extrato aquoso de flores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As sementes de moringa por conterem lectinas com ativida-
des coagulantes, antibacteriana e inseticida possuem potencial
uso no tratamento de água (como agentes clarificante e desin-
fetante) e para controle da população de insetos que causam
danos à agricultura e a saúde humana. Entretanto, para tornar
possível a indicação do uso das sementes em larga escala é ne-
cessário definir se a concentração das atividades biológicas nas
sementes flutua em função de condições climáticas e do solo e
se existem variedades genéticas da espécie que não expressem
ou que produzam lectinas em pequena concentração. Estraté-
gias para solucionar estas problemáticas podem incluir a cria-
ção de um banco de sementes no Brasil, a avaliação das semen-
tes oriundas de diferentes países e Estados brasileiros quanto
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

às atividades biológicas e o estudo genético da espécie. Os es-


clarecimentos provenientes destas investigações possibilitarão
a utilização ampla das bioatividades das sementes.
Estudos em nosso Laboratório prosseguem investigando as
lectinas de sementes e o inibidor de tripsina de flores quanto
a outras propriedades biológicas de interesse biotecnológico.
Contudo, uma dificuldade encontrada tem sido a disponibilida-
de das sementes. Os trabalhos apresentados nos três Encontros
Nacionais de Moringa (realizados em Aracaju, Brasil) demons-
traram a multifuncionalidade desta espécie. Estimular o estabe-
lecimento de plantações e o uso das bioatividades encontradas
nas sementes contribuirá para a melhoria da qualidade de vida
da população e do meio ambiente.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvol-
vimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Fundação de Ampa-
ro à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), à
219 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)
pelo apoio financeiro. P.M.G. Paiva e L.C.B.B. Coelho são Bolsistas
de Produtividade em Pesquisa do CNPq. E.V. Pontual agradece a
FACEPE e CAPES pela concessão de Bolsa de Pós-Doutorado.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

REFERÊNCIAS

AOYAMA, H., CAVAGIS, A.D.M., TAGA, E.M. e FERREIRA, C.V. Endogenous


lectin as a possible regulator of the hydrolysis of physiological subs-
trates by soybean seed acid phosphatase. Phytochemistry, v. 58, p.
221-225, 2001.

BAINS, J.S.; DHUNA, V.; SINGH, J.; KAMBOJ, S.S.; NIJJAR, K.K.; AGREWALA,
J.N. Novel lectins from rhizomes of two Acorus species with mitoge-
nic activity and inhibitory potential towards murine cancer cell lines.
International Immunopharmacology, v. 5, p. 1470-1478, 2005.

BHATTACHARYYA, A.; LEIGHTON, S.M.; BABU, C.R. Bioinsecticidal activity


of Archidendron ellipticum trypsin inhibitor on growth and serine
digestive enzymes during larval development of Spodoptera litura.
Comparative Biochemistry and Physiology, Part C, v. 145, p. 669-677,
2007.

BIJINA, B.; CHELLAPPAN, S.; KRISHNA, J.G.; BASHEER, S.M.; ELYAS, K.K.;
BAHKALI, A.H.; CHANDRASEKARAN, M. Protease inhibitor from Morin-
220 ga oleifera with potential use as therapeutic drug and as seafood pre-
servative. Saudi Journal of Biological Sciences, v. 18, p. 273-281, 2011.

BIJINA, B.; CHELLAPPAN, S.; BASHEER, S.M.; ELYAS, K.K.; BAHKALI, A.H.;
CHANDRASEKARAN, M. Protease inhibitor from Moringa oleifera lea-
ves: Isolation, purification, and characterization. Process Biochemis-
try, v. 46, p. 2291-2300, 2011.

BODE, W.; HUBER, R. Structural basis of the endoproteinase–protein inhi-


bitor interaction. Biochimica et Biophysica Acta - Protein Structure
and Molecular Enzymology, v. 1477, p. 241-252, 2000.

BRECHTEL, R.; WÄTZIG, H.; RÜDIGER, H. The lectin from the mushroom
Pleurotus ostreatus: a phosphatase-activating protein that is close-
ly associated with a α-galactosidase activity. Plant Science, v. 160, p.
1025-1033, 2001.

CARLINI, C.R.; GROSSI-DE-SÁ, M.F. Plant toxic proteins with insecticidal


properties. A review on their potential as bioinsecticides. Toxicon, v.
40, p. 1515–1539, 2002.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

CHUANG, P-H.; LEE, C-W.; CHOU, J-Y.; MURUGAN, M.; SHIEH, B-J.; CHEN,
H-M. Anti-fungal activity of crude extracts and essential oil of Moringa
oleifera Lam. Bioresource Technology, v. 98, p. 232-236, 2007.

CHUMARK, P.; KHUNAWAT, P.; SANVARINDA, Y.; PHORNCHIRASILP, S.; MO-


RALES, N.P.; PHIVTHONG-NGAM, L.; RATANACHAMNONG, P.; SRISA-
WAT, S.; PONGRAPEEPORN, K.S. The in vitro and ex vivo antioxidant
properties, hypolipidaemic and antiatherosclerotic activities of water
extract of Moringa oleifera Lam. Leaves. Journal of Ethnopharmacolo-
gy, v. 116, p. 139-446, 2008.

COELHO, J.S.; SANTOS, N.D.L.; NAPOLEÃO, T.H.; GOMES, F.S.; FERREIRA,


R.S.; ZINGALI, R.B.; COELHO, L.C.B.B.; LEITE, S.P.; NAVARRO, D.M.A.F.;
PAIVA, P.M.G. Effect of Moringa oleifera lectin on development and
mortality of Aedes aegypti larvae. Chemosphere, v. 77, p. 934-938,
2009.

FEAR, G.; KOMARNYTSKY, S.; RASKIN, I. Protease inhibitors and their pep-
tidomimetic derivatives as potential drugs. Pharmacology & Thera-
peutics, v. 113, p. 354-368, 2007.

221 FERREIRA, R.S.; NAPOLEÃO, T.H.; SANTOS, A.F.S.; SÁ, R.A.; CARNEIRO-DA-
-CUNHA, M.G.; MORAIS, M.M.C.; SILVA-LUCCA, R.A.; OLIVA, M.L.V.;
COELHO, L.C.B.B.; PAIVA, P.M.G. Coagulant and antibacterial activities
of the water-soluble seed lectin from Moringa oleifera. Letters in Ap-
plied Microbiology, v. 53, p. 186-192, 2011.

FOIDL, N.; MAKKAR, H.P.S.; BECKER, K. The potential of Moringa oleifera


for agricultural and industrial uses. In: FUGLIE, L.J. (ed.), The Miracle
Tree/ The Multiple Attributes of Moringa. New York, CTA, p. 45–76,
2001.

GALLO, D.; NAKANO, O.; NETO, S.S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C.; FI-
LHO, E.B.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D.;
MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S.; OMOTO, C. Entomologia Agrícola. Pira-
cicaba: FEALQ, 2002.

GASSENSCHMIDT, U.; JANY, K.D.; TAUSCHER, B.; NIERBERGALL, H. Isola-


tion and characterization of a flocculating protein from Moringa olei-
fera Lam. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1243, p. 477-481, 1995.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

GHEBREMICHAEL, K.A.; GUNARATNA, K.R.; HENRIKSSON, H.; BRUMER, H.;


DALHAMMAR, G. A simple purification and activity assay of the coa-
gulant protein from Moringa oleifera seed. Water Research, v. 39, p.
2338-2344, 2005.

GUEVARA, A.P.; VARGAS, C.,; SAKURAI, H.; FUJIWARA, Y.; HASHIMOTO, K.;
MAOKA, T.; KOZUKA, M.; ITO, Y.; TOKUDA, H.; NISHINO, H. An antitu-
mor promoter from Moringa oleifera Lam. Mutation Research - Ge-
netic Toxicology and Environmental Mutagenesis, v. 440, p. 181-188,
1999.

HEGEDUS, D.; ERLANDSON, M.; GILLOTT, C.; TOPRAK, U. New Insights into
Peritrophic Matrix Synthesis, Architecture, and Function. Annual Re-
view of Entomology, v. 54, p. 285-302, 2009.

HIRSCH, A.M. Role of lectins (and rhizobial exopolysaccharides) in legume


nodulation. Current Opinion in Plant Biology, v. 2, p. 320-326, 1999.

ISIDRO, R.; SALES, F.J.M.; CAVADA, B.S.; GRANGEIRO, T.B.; MOREIRA, R.A.
Ação de lectina de sementes de Canavalia brasiliensis Mart. sobre o
comportamento da saúva do Nordeste (Atta opaciceps Borgmeier,
222 1939). Revista de la Facultad de Agronomía (Maracay), v. 27, p. 77-86,
2001.

JAISWAL, D.; RAI, P.K.; KUMAR, A.; MEHTA, S.; WATAL, G. Effect of Moringa
oleifera Lam. leaves aqueous extract therapy on hyperglycemic rats.
Journal of Ethnopharmacology, v. 123, p. 392-396, 2009.

KATRE, U.V.; SURESH, C.G.; KHAN, M.I.; GAIKWAD, S.M. Structure-activity


relationship of a hemagglutinin from Moringa oleifera seeds. Interna-
tional Journal of Biological Macromolecules, v. 42, p. 203-207, 2008.

KENNEDY, J.F.; PAIVA, P.M.G.; CORREIA, M.T.S.; CAVALCANTI, M.S.M.; COE-


LHO, L.C.B.B. Lectins, versatile proteins of recognition: a review. Car-
bohydrate Polymers, v. 26, p. 219-230, 1995.

KESTWAL, R.M.; KONOZY, E.H.E.; HSIAO, C.; ROQUE-BARREIRA, M.C.; BHI-


DE, S.V. Characterization of α-mannosidase from Erythrina indica se-
eds and influence of endogenous lectin on its activity. Biochimica et
Biophysica Acta, v. 1770, p. 24-28, 2007.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

KHARE, C.P. Indian Medicinal Plants - An Illustrated Dictionary. Springer,


Berlin/Heidelberg, 2007.

KOBLINSKI, J.E.; AHRAM, M.; SLOANE, B.F. Unraveling the role of proteases
in cancer. Clinica Chimica Acta, v. 291, p. 113-135, 2000.

KWAAMBWA, H.M.; MAIKOKERA, R. A fluorescence spectroscopic study of


a coagulating protein extracted from Moringa oleifera seeds. Colloids
and Surfaces: Biointerfaces, v. 60, p. 213-220, 2007.

LASKOWSKI Jr., M.; QASIM, M. What can the structures of enzyme-inhibitor


complexes tell us about the structures of enzyme substrate comple-
xes? Biochimica et Biophysica Acta, v. 1477, p. 324-337, 2000.

LIMPENS, E.; BISSELING, T. Signaling in symbiosis. Current Opinion in


Plant Biology, v. 6, p. 343-350, 2003.

LIZZY, K.S.; NARASHIMA RAO, P.L.; PUTTASWAMY, T.L. Chemotherapy of


bacterial infections. Part 4: potential anticholera agents. Indian Jour-
nal of Experimental Biology, v. 6, p. 168–169, 1968.

MACEDO, M.L.R.; DAMICO, D.C.S.; FREIRE, M.G.M.; TOYAMA, M.H.; MA-


223 RANGONI, S.; NOVELLO, J.C. Purification and characterization of an
N-acetylglucosamine-binding lectin from Koelreuteria paniculata se-
eds and its effect on the larval development of Callosobruchus macu-
latus (Coleoptera: Bruchidae) and Anagasta kuehniella (Lepidoptera:
Pyralidae). Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 2980-
2986, 2003.

MAJOR, I.T.; CONSTABEL, C.P. Functional analysis of the kunitz trypsin inhi-
bitor family in poplar reveals biochemical diversity and multiplicity in
defense against herbivores multiplicity in defense against herbivores.
Plant Physiology, v. 146, p. 888-903, 2008.

MAKKAR, H. P. S.; BECKER, K. Nutritional value and antinutritional compo-


nents of whole and ethanol extracted Moringa oleifera. Animal Feed
Science and Technology, v. 63, p. 211-228, 1996.

MATSUI, T.; HAMAKO, J.; OZEKI, Y.; TITANI, K. Comparative study of blood
group-recognizing lectins toward ABO blood group antigens on neo-
glycoproteins, glycoproteins and complex-type oligosaccharides. Bio-
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

chimica et Biophysica Acta – General Subjects, v. 1525, p. 50-57, 2001.

MCCONHACHIE, G.L.; FOLKARD, G.K.; MTAWALI, M.A.; SUTHERLAND, J.P.


Field trials of apropriate hydraulic flocculation processes. Water Re-
search. v. 33, p. 1425-1434, 1999.

MOURA, M.C.; PONTUAL, E.V.; GOMES, F.S.; NAPOLEÃO, T.H.; XAVIER, H.S.;
PAIVA, P.M.G.; COELHO, L.C.B.B. Preparations of Moringa oleifera flo-
wers to treat contaminated water. In: DANIELS, A.J. (ed.), Advances in
Environmental Research vol. 21. New York: Nova Publishers Inc., p.
269–275, 2011.

NAPOLEÃO, T.H.; GOMES, F.S.; LIMA, T.A.; SANTOS, N.D.L.; SÁ, R.A.; ALBU-
QUERQUE, A.C.; COELHO, L.C.B.B.; PAIVA, P.M.G. Termiticidal activity
of lectins from Myracrodruon urundeuva against Nasutitermes cor-
niger and its mechanisms. International Biodeterioration and Biode-
gradation, v. 65, p. 52-59, 2011.

NDABIGENGESERE, A.; NARASIAH, K.S.; TALBOT, B.G. Active agents and


mechanism of coagulation of turbid waters using Moringa oleifera.
Water Research, v. 29, p. 703-710, 1995.
224 OKUDA, T.; BAES, A.U.; NISHIJIMA, W.; OKADA, M. Isolation and charac-
terization of coagulant extracted from Moringa oleifera seed by salt
solution. Water Research, v. 35, p. 405-410, 2001.

OLIVEIRA, C.F.R.; LUZ, L.A.; PAIVA, P.M.G.; COELHO, L.C.B.B.; MARANGONI,


S.; MACEDO, M.L.R. Evaluation of seed coagulant Moringa oleifera
lectin (cMoL) as a bioinsecticidal tool with potential for the control of
insects. Process Biochemistry, v. 46, p. 498-504, 2011.

ONG, H.C. Drumstick. In: ONG, H.C. (ed.) Vegetables for health and healing.
Kuala Lumpur: Utusan Publications & Distributors Sdn Bhd, pp. 94-
95, 208.

PAES, J.B.; MELO, R.R.; LIMA, C.R.; OLIVEIRA, E. Resistência natural de sete
madeiras ao cupim subterrâneo (Nasutitermes corniger Motsch.) em
ensaio de preferência alimentar. Revista Brasileira de Ciências Agrá-
rias, v. 2, p.57-62, 2007.

PAIVA, P.M.G.; SANTANA, G.M.S.; SOUZA, I.F.A.C.; ALBUQUERQUE, L.P.;


Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

AGRA-NETO, A.C.; ALBUQUERQUE, A.C.; LUZ, L.A.; NAPOLEÃO, T.H.;


COELHO, L.C.B.B. Effect of lectins from Opuntia ficus indica cladodes
and Moringa oleifera seeds on survival of Nasutitermes corniger. In-
ternational Biodeterioration and Biodegradation, v. 65, p. 982-989,
2011.

PARROTTA, J.A. Moringa oleifera Lam., 1785. In: ROLOFF, A., WEISGER-
BER, H., LANG, U. & STIMM. B. (eds.), Enzyklopädie der Holzgewächse,
Handbuch und Atlas der Dendrologie, Enzyklopädie der Holzgewäch-
se – 40. Weinheim: WILEY-VCH Verlag GmbH & Co. KgaA, 2009.

POLYA, G.M. Protein and non-protein protease inhibitors from plants. Stu-
dies in Natural Product Chemistry, v. 29, p. 567-641, 2003.

RAHMAN, M.M.; SHEIKH, M.M.I.; SHARMIN, S.A.; ISLAM, M.S.; RAHMAN,


M.A.; RAHMAN, M.M.; ALAM, M.F. Antibacterial activity of leaf juice
and extracts of Moringa oleifera Lam. against some human pathoge-
nic bacteria. Chiang Mai University Journal, v. 8, p. 219-227, 2009.

RAMACHANDRAN, C.; PETER, K.V.; GOPALAKRISHNAN, P.K. Drumstick


(Moringa oleifera): a multipurpose Indian vegetable. Economic Bo-
225 tany, v. 34, p. 276-283, 1980.

RICHTER, N.; SIDDHURAJU, P.; BECKER, K. Evaluation of nutritional quality


of moringa (Moringa oleifera Lam.) leaves as an alternative protein
source for Nile tilapia (Oreochromis niloticus L.). Aquaculture, v. 217,
p. 599-611, 2003.

ROLIM, L.A.D.M.M.; MACEDO, M.F.S.; SISENANDO, H.A.; NAPOLEÃO, T.H.;


FELZENSWALB, I.; AIUB, C.A.F.; COELHO, L.C.B.B.; MEDEIROS, S.R.B.;
PAIVA, P.M.G. Genotoxicity evaluation of Moringa oleifera seed ex-
tract and lectin. Journal of Food Science, v. 76, p. T53-T58, 2011.

SÁ, R.A.; NAPOLEÃO, T.H.; SANTOS, N.D.L.; GOMES, F.S.; ALBUQUERQUE,


A.C.; XAVIER, H.S.; COELHO, L.C.B.B.; BIEBER, L.W.; PAIVA, P.M.G. In-
duction of mortality on Nasutitermes corniger (Isoptera, Termitidae)
by Myracrodruon urundeuva heartwood lectin. International Biode-
terioration and Biodegradation, v. 62, p. 460-464, 2008.

SÁ, R.A.; SANTOS, N.D.L.; SILVA, C.S.B.; NAPOLEÃO, T.H.; GOMES, F.S.; CAVA-
DA, B.S.; COELHO, L.C.B.B.; NAVARRO, D.M.A.F.; BIEBER, L.W.; PAIVA,
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

P.M.G. Larvicidal activity of lectins from Myracrodruon urundeuva on


Aedes aegypti. Comparative Biochemistry and Physiology, Part C, v.
149, p. 300-306, 2009.

SÁNCHEZ-MACHADO, D.I.; LÓPEZ-CERVANTES, J.; VÁZQUEZ, N.J.R. High-


-performance liquid chromatography method to measure α and
γ-tocopherol in leaves, flowers and fresh beans from Moringa oleifera.
Journal of Chromatography A, v. 1105, p. 111-114, 2006.

SANTANA, G.M.S.; ALBUQUERQUE, L.P.; SIMÕES, D.A.; GUSMÃO, N.B.; COE-


LHO, L.C.B.B.; PAIVA, P.M.G. Isolation of lectin from Opuntia ficus indi-
ca cladodes. Acta Horticulturae, v. 811, p. 281-286, 2009.

SANTOS, A.F.S.; ARGOLO, A.C.C.; COELHO, L.C.B.B.; PAIVA, P.M.G. Detection


of water soluble lectin and antioxidant component from Moringa olei-
fera seeds. Water Research, v. 39, p. 975-980, 2005.

SANTOS, A.F.S.; CARNEIRO-DA-CUNHA, M.G.; TEIXEIRA, J.A.; PAIVA, P.M.G.;


COELHO, L.C.B.B.; NOGUEIRA, R.M.O.B. Interaction of Moringa oleifera
seed lectin with humic acid. Chemical Papers, v. 65, p. 406-411, 2011.

SANTOS, A.F.S.; LUZ, L.A.; ARGOLO, A.C.C.; TEIXEIRA, J.A.; PAIVA, P.M.G.; CO-
226 ELHO, L.C.B.B. Isolation of a seed coagulant Moringa oleifera lectin.
Process Biochemistry, v. 44, p. 504–508, 2009.

SCHEFFRAHN, R.H.; KRECEK, J.; SZALANSKI, A.L.; AUSTIN, J.W. Synonymy


of neotropical arboreal termites Nasutitermes corniger and N. cos-
talis (Isoptera: Termitidae: Nasutitermitinae) with evidence from
morphology, genetics, and biogeography. Annals of the Entomological
Society of America, v. 98, p. 273-281, 2005.

SOUZA, J.D.; SILVA, M.B.R.; ARGOLO, A.C.C.; NAPOLEÃO, T.H.; SÁ, R.A.; COR-
REIA, M.T.S.; PAIVA, P.M.G.; SILVA, M.D.C.; COELHO, L.C.B.B. A new
Bauhinia monandra galactose-specific lectin purified in milligram
quantities from secondary roots with antifungal and termiticidal ac-
tivities. International Biodeterioration and Biodegradation, v. 65, p.
696-702, 2011.

TOUNSI, S.; DAMMAK, M.; REBAÎ, A.; JAOUA, S. Response of larval Ephestia
kuehniella (Lepidoptera: Pyralidae) to individual Bacillus thuringien-
sis kurstaki toxins and toxin mixtures. Biological Control, v. 35, p. 27-
31, 2005.
Potencialidades da Moringa Oleifera Lam

227

View publication stats

Você também pode gostar