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CIRURGIA BARIÁTRICA: o papel do nutricionista no pré e no pós operatório

Aline Aparecida de Oliveira 1


2
Daniela De Stefani Marquez2
Mariana Veloso Moreira3
Talitha Araújo Faria4
Valdirene da Silva Elias Esper5

RESUMO

A obesidade é caracterizada como uma doença crônica não transmissível e se define como
acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo de um indivíduo. Sendo a obesidade
mórbida tratada com intervenção cirúrgica com a finalidade de melhorar a qualidade de vida
do mesmo. Diante disso o presente trabalho tem por objetivo destacar a importância do
nutricionista no pré e pós operatório da cirurgia bariátrica. A mesma consiste em uma
intervenção cirúrgica realizada no aparelho digestivo a fim de diminuir a absorção e a
ingestão de alimentos, promovendo a perda de peso e a melhora de outras patologias. O
acompanhamento nutricional tanto no pré quanto no pós operatório da cirurgia diminui a
possibilidade de deficiências nutricionais ocasionadas pelos micronutrientes, melhora da
qualidade de vida e garante a qualidade da perda de peso.
Palavras-chave: Cirurgia Bariátrica. Obesidade. Nutricionista. Hábitos Alimentares.

ABSTRACT

Obesity is characterized as a non-communicable chronic disease and is defined as excessive


accumulation of fat in the body of an individual. Morbid obesity being treated with surgical
intervention for the purpose of improving the quality of life of the same. Thus the present
study aims to highlight the importance of nutritionists in preoperative and postoperative
bariatric surgery. The same consists of an operation performed in the digestive tract in order
to reduce absorption and food intake, promote weight loss and improving other pathologies.

1
Acadêmica do 7° período de nutrição da Faculdade Atenas. alineoliveira1920@hotmail.com
2
Professora do curso de nutrição da Faculdade Atenas.
3
Supervisora de estágio da Faculdade Atenas.
4
Professora do curso de nutrição da Faculdade Atenas.
5
Professora do curso de nutrição e orientadora de estágio da Faculdade Atenas.
The nutritional counseling both before and after surgery to surgery reduces the possibility of
nutritional deficiencies caused by micronutrients, improves quality of life and guarantees the
quality of weight loss.
Keywords: Bariatric Surgery. Obesity. Nutritionist. Eating Habits.

INTRODUÇÃO

O excesso de tecido adiposo é um dos mais graves problemas da saúde pública. É


uma doença causada por diversos fatores e que possui potencial letal. A prevalência da
obesidade vem crescendo de tal forma nos últimos anos que levou a doença a se tornar uma
epidemia mundial (Valença et al, 2007).
Segundo Costa (2013), o acúmulo de tecido adiposo deriva de um aporte calórico
excessivo e crônico de substratos combustíveis presentes nos alimentos e bebidas (proteínas,
carboidratos, lipídios e álcool) em relação ao gasto energético (metabolismo basal, efeito
termogênico e atividade física). Acredita-se que outros fatores estejam associados nessa
acumulação, como os hábitos alimentares e de estilo de vida, os fatores sociológicos e as
alterações metabólicas e neuro-endócrinas, como os componentes hereditários.
De acordo com Segal e Colaboradores (2002), sendo a obesidade uma doença
crônica de origem multifatorial, seu tratamento envolve vários tipos de estratégias, como a
reeducação alimentar, a prática de exercícios físicos, o uso de medicamentos, onde estes são
essenciais para o tratamento.
No entanto devido à busca de uma intervenção mais eficaz no tratamento da
obesidade mórbida, a prática das operações bariátricas vem aumentando cada vez mais. Sendo
a cirurgia considerada o último recurso a ser indicado em pacientes que já tenham realizado as
outras formas de tratamento e não tenham alcançado o objetivo da perda de tecido adiposo
permanente (Coelho, 2009).
A intervenção cirúrgica da obesidade justifica-se somente quando o risco de
permanecer obeso exceder os riscos, a curto e longo prazo, da cirurgia bariátrica. Os critérios
para a seleção do paciente incluem: índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a
40kg/m² ou acima de 35kg/m² associado a patologias que possam ser reduzidas com a perda
de peso (Cruz e Morimoto 2004).
Segundo Segal e Colabordores (2002), a avaliação dos pacientes no pré e pós-

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operatório deverá ser efetuada por uma equipe multiprofissional composta por
endocrinologistas, nutricionistas, cardiologistas, pneumologistas, psiquiatras, psicólogos e
cirurgiões, a fim de se otimizar os resultados esperados.
Diante do citado acima o objeto de pesquisa ocorreu devido as reflexões sobre o
quão é importante a intervenção de um nutricionista no pré e no pós operatório da cirurgia
bariátrica. Onde a relevância da pesquisa se deve ao fato de que, se o profissional nutricionista
utiliza de métodos eficazes e coerentes nos pacientes que serão submetidos e nos que foram
submetidos a cirurgia ele promoverá uma melhor qualidade de vida para os mesmos, a perda
de peso e reeducação dos hábitos alimentares.

METODOLOGIA DE ESTUDO

Segundo Gil (2002) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material


já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos. A pesquisa a ser
realizada neste trabalho pode ser classificada como descritiva e explicativa, por sugerir,
selecionar, identificar e analisar sobre a relevância do papel do nutricionista no pré e no pós
operatório da cirurgia bariátrica. Quanto ao método, pode ser classificado como
hipotéticodedutivo. A pesquisa utiliza-se de ferramenta de documentação como livros, artigos
científicos e site.

O PAPEL DO NUTRICIONISTA NO PRÉ E NO PÓS OPERATÓRIO

O excesso de tecido adiposo é definida como a acumulação excessiva de gordura


corporal, derivando de um desequilíbrio crônico entre a energia ingerida e a energia gasta.
Neste desequilíbrio podem estar envolvidos diversos fatores relacionados com o estilo de vida
(dieta e atividade física), alterações neuro-endócrinas, juntamente com um componente
hereditário. O componente genético constitui um fator determinante de algumas doenças
congênitas e um elemento de risco para diversas doenças crônicas como diabetes, osteoporose,
hipertensão, câncer, obesidade, entre outras. O aumento da prevalência da obesidade em quase
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todos os países durante os últimos anos, parece indicar que existe uma predisposição genética
para a obesidade. (Marques-Lopes e Colaboradores, 2004).

De acordo com Oliveira e Colaboradores (2009), o papel da nutrição ampliou-se


significativamente e, hoje, é visto como instrumento que pode ser usado na defesa contra as
doenças crônicas não-transmissíveis. O estado nutricional é a consequência do equilíbrio entre
o consumo de nutrientes e o gasto energético do organismo para suprir as necessidades, sendo
que a avaliação nutricional visa a identificar problemas nutricionais, o que possibilita prevenir
ou recuperar o estado de saúde do indivíduo. ‘

O Instituto Nacional de Saúde Americano, em 1991, definiu obesidade mórbida,


como a presença de IMC igual ou superior 35kg/m² associado a patologias graves surgidas
com a obesidade ou IMC igual ou superior a 40kg/m² com ou sem patologias associadas
(Coelho, 2009). Segundo Segal e Colaboradores (2002), o tratamento da obesidade grau 3 é
realizado através do procedimento cirúrgico é feito por um mecanismo de restrição da
absorção dos alimentos ingeridos.

Os procedimentos cirúrgicos para o tratamento da obesidade móbida podem ser


classificados como restritivos, mal-absortivos e mistos. Os métodos restritivos criam
um obstáculo à ingestão alimentar. A saciedade precoce e o mecanismo de ação. Os
métodos diabsortivos impedem de forma parcial ou total, a absorção de micro e
macronutrientes, acarretando uma diminuição do aproveitamento calórico do que é
ingerido. Os métodos mistos associam restrição e diabsorção (Coelho, 2009, p.962).

Na maior parte dos pacientes submetidos a cirurgia bariátrica, a perda de peso


induzida, corrigi a diabetes mellitus tipo 2, a hipertensão, apnéia do sono, síndrome da
hipoventilação da obesidade, diminui a taxa de mortalidade a extenso prazo por doença
cardiovascular, entre outras comorbidades (Escott-Stump, 2005).

A avaliação do estado nutricional é feita a partir da análise de exames


laboratoriais (hemograma completo, dosagem sanguínea de proteínas totais e
frações, ferro sérico, vitamina B12, ácido fólico e zinco, além de colesterol total e
frações, triglicerídeos, creatinina, ácido úrico e uréia), IMC atual, peso habitual,
presença de doenças associadas, história mórbida familiar (HMF), pregressa (HMP),
atual (HMA) e anamnese alimentar, a qual inclui métodos de freqüência de consumo
alimentar e recordatório 24 horas (Cruz, 2004 p.266).

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A realização da intervenção cirúrgica deve basear-se numa análise abrangente de
múltiplos aspectos clínicos do paciente. A avaliação dos mesmos no pré e pós-operatório deve
ser realizada por uma equipe multidisciplinar composta por endocrinologistas, nutricionistas,
cardiologistas, pneumologistas, psiquiatras, psicólogos e cirurgiões. (Segal e Colaboradores,
2002).
A boa relação do paciente com o nutricionista no pré operatório é ferramenta
essencial. O profissional atua facilitando o processo de melhorias na alimentação do indivíduo
logo no início, esclarecendo os resultados favoráveis que irão surtir no pós operatório quando
há comprometimento do paciente para com as modificações que devem ser seguidas nos
hábitos alimentares e estilo de vida, visto que assim sendo haverá uma menor possiblidade de
problemas nutricionais futuros e a melhor cicatrização do ferimento cirúrgico. O
acompanhamento nutricional de forma correta garante o sucesso da cirurgia, evitando
problemas posteriores como vômitos, intolerância alimentar e perda de peso insuficiente,
salientando a necessidade de atenção constante quanto ao fracionamento das refeições,
mastigação e quantidade de alimentos ingeridos numa mesma refeição (Cruz, 2004).

Sendo assim, o acompanhamento no pós-operatório é importante para o


conhecimento dos sinais e sintomas relacionados com a técnica cirúrgica adotada e
da conduta nutricional adequada para prevenir as carências nutricionais decorrentes
do procedimento cirúrgico. Como complicações mais frequentes, destaca-se a
desnutrição protéica, as deficiências de ferro, zinco e de vitaminas. É importante
ressaltar que o pós-operatório exige a ingestão de dietas com restrição calórica que
se utilizadas por períodos prolongados, podem agravar os distúrbios metabólicos
causando desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico, hipotensão ortostática e
aumento da concentração de ácido úrico no sangue (Costa 2013, p.63). Estas
mudanças devem ser destacadas ainda no pré operatório.

Os principais objetivos das cirurgias bariátricas são o de redução das patologias


advindas do excesso de peso e melhora da qualidade de vida e não somente a redução do peso
corporal. Onde obteremos uma boa evolução cirúrgica se houver comprometimento do
paciente em participar do tratamento e do seguimento necessário a longo prazo haja vista que
o profissional nutricionista deve usar de métodos eficazes no pré e no pós operatório a fim de
garantir o sucesso da intervenção cirúrgica (Segal e Colaboradores 2002).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados expostos nesse trabalho foi possível demonstrar que a hipótese foi
validada visto que o tratamento cirúrgico da obesidade vem mostrando ser uma técnica eficaz
para a perda de peso e redução de outras patologias ou até mesmo cura das mesmas,
adquiridas com o excesso de peso. Fica claro que para que o sucesso da intervenção ocorra é
necessário o acompanhamento do nutricionista a fim de evitar uma depleção de proteínas,
vitaminas e minerais e monitorar a perda de peso, para que esta seja de maneira duradoura e
saudável.

A cirurgia bariátrica é o início de uma série de mudanças que deve ocorrer nos hábitos
e comportamentos alimentares do indivíduo. Diante disso observou-se o quão é importante o
comprometimento do paciente para com o seguimento correto do tratamento pré e pós
operatório com a equipe multidisciplinar.

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REFERÊNCIAS

COELHO, Júlio César Uili. Manual de Clínica Cirúrgica: cirurgia geral e


especialidades. São Paulo: Atheneu, 2009. p.959-971.

COSTA, Dayane da. Eficiência do Acompanhamento Nutricional no pré e


pósoperatório da cirurgia bariátrica. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e
Emagrecimento, São Paulo v.7, n.39, p.57-68, maio/jun. 2013.

CRUZ, Magda Rosa Ramos da. MORIMOTO, Ivone Mayumi Ikeda. Intervenção
Nutricional no Tratamento Cirúrgico da Obesidade Mórbida: resultados de um
protocolo diferenciado. Revista de Nutrição. 2004, v.17, n.2, pp. 263-272.

MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. Krause, Alimentos, Nutrição &


Dietoterapia. 11 ed. São Paulo: Roca, 2005. p.557-560. Tradução de: Krause’s food ,
nutrition e diet therapy, 11 th ed.

MARQUES-LOPES, Iva; MARTI, Amelia; MORENO ALIAGA et al. Aspectos genéticos


da obesidade. Revista de Nutrição. v.17, n.3, p. 327-338, 2004.

OLIVEIRA, Ana Flávia; FATEL, Elis Carolina de Souza; DICHI, Isaias et al. Ingestão de
lipídios na dieta e indicadores antropométricos de adiposidade em policiais militares.
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SEGAL, Adriano; FANDINO, Julia. Indicações e Contra-Indicações para realização


das Cirurgias Bariátricas. Rev Bras Psiquiatr, v. 24, n.3, p.68-72, 2002.

VALENÇA, Marlene Carvalho Teixeira; BONAZZI, Christiane Lima; BONONI, Tatiana


Cristina Sales et al. A Intervenção Nutricional no Pré e Pós Operatório da Cirurgia
Bariátrica. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.1, n.
5, p. 59-69, set/out. 2007.

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