Você está na página 1de 13

DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS EM PACIENTES PÓS-

BARIÁTRICOS – UMA REVISÃO DE LITERATURA

Rafaele Ferreira Rocha

Unipê – Centro Universitário de João Pessoa


rafaelerocha@hotmail.com

Resumo: A situação alarmante da obesidade direciona a observação de uma convergência de


transição nutricional, na qual alimentos saudáveis são facilmente substituídos. Acredita-se que a dieta
é essencial na prevenção de comorbidades decorrentes da obesidade. A cirurgia bariátrica é
considerada eficaz para obesidade mórbida. Essa pesquisa objetiva averiguar a importância
nutricional, bem como suas deficiências, em pacientes pós-bariátricos. Consistiu-se numa pesquisa de
revisão bibliográfica, na qual buscou-se analisar periódicos em revistas indexadas e registradas entre
2003 e 2016, nos idiomas inglês e português, em bancos eletrônicos, sobre o tema proposto com
emprego independente ou combinada dos descritores, em trabalhos envolvendo animais e seres
humanos. Deve-se acompanhar o paciente pós-bariátrico, em um trabalho multidisciplinar, fazendo
revisões periódicas, verificando os resultados a curto, médio e longo prazo e identificando as
principais dificuldades do paciente, sendo necessários exames dos indicadores bioquímicos
nutricionais frequentes para que o tratamento pós-cirúrgico seja feito da forma mais adequada, levando
o paciente a um status saudável, evitando complicações para os pacientes, como as deficiências
nutricionais e reganho de peso, e até mesmo desenvolvimento de outras patologias. Faz-se necessário
o acompanhamento nutricional, por tempo indeterminado, dos pacientes para tratar as deficiências
nutricionais que se instalarão não havendo adesão à terapia nutricional.
Palavras-chave: Obesidade; Cirurgia bariátrica; Importância nutricional; Deficiência nutricional.

INTRODUÇÃO outras comorbidades sérias como:


hipertensão arterial sistêmica (HAS),
A obesidade não é apenas uma diabetes mellitus (DM), dislipidemia, entre
doença crônica, é um problema de saúde tantas outras que causam morbidade e até
pública, multifatorial, não apenas mortalidade para o indivíduo obeso.
envolvendo parâmetros genéticos, como Existem vários recursos disponíveis
também sócio-econômicos, psicológicos, que combatem a obesidade, como
ambientais. A obesidade trás consigo programas de alimentação saudável,
exercícios físicos, medicações, porém,
cada indivíduo é único e nem todos METODOLOGIA
conseguem obter sucesso em suas
tentativas em busca do emagrecimento e da Consistiu-se numa pesquisa de
qualidade de vida. Assim surge a cirurgia revisão bibliográfica, na qual buscou-se
bariátrica como uma opção eficaz no analisar periódicos em revistas indexadas e
tratamento da obesidade e comorbidades registradas entre 2003 e 2016, nos idiomas
decorrentes. inglês e português, em bancos eletrônicos,
Contudo a cirurgia bariátrica é sobre o tema proposto com emprego
apenas o início para um tratamento eficaz, independente ou combinada dos
dependendo do paciente e do descritores: obesidade, gastroplastia,
acompanhamento multidisciplinar no pré e cirurgia bariátrica, importância nutricional,
pós-operatório. A importância nutricional deficiência nutricional, pós-bariátricos,
em pós-bariátricos é um assunto de suplementação em trabalhos envolvendo
interesse de profissionais da área médica e animais e seres humanos.
nutricional, pois, envolve uma série de Neste sentido a escolha do tema
deficiências nutricionais, a fim de ser justificou-se a partir do momento que se
aplicado o tratamento correto (BORDALO buscou estabelecer uma relevância para a
et al., 2011). área acadêmica e científica, por visar
Destarte, pode-se considerar uma contribuir com um material teórico
pesquisa relevante para a área acadêmica e baseado em uma pesquisa bibliográfica que
científica, por visar contribuir com um possibilite a novos acadêmicos e ao mundo
material teórico baseado em uma pesquisa científico informações adicionais para o
bibliográfica sobre a deficiência estudo do tema proposto e para garantir
nutricional em pacientes submetidos ao esta relevância e atualidade dos resultados
procedimento cirúrgico bariátrico, que deste trabalho foram selecionados artigos
possibilite a novos acadêmicos e ao mundo de 2003 a 2016 assegurando as evidências
científico informações adicionais para o científicas do tema.
estudo do tema proposto. Enseja-se, então,
um estudo do perfil de pacientes pós- RESULTADOS E DISCUSSÃO
bariátricos, e suas deficiências nutricionais
evidenciadas através da literatura, O quadro de obesidade, encarado
buscando a importância nutricional para os como um distúrbio metabólico é
mesmos. ocasionado principalmente pela
desproporcionalidade entre a ingestão cada paciente, bem como,
calórica e o gasto energético, além disso, leva-se em consideração o
fatores como: hábitos alimentares, estilo de IMC (Índice de Massa Corpórea) (CRUZ;
vida, condições sociológicas, alterações MORIMOTO, 2004), (FERRAZ;
metabólicas, e neuroendócrinas, como a MARTINS, 2006).
hereditariedade, a influência midiática e Na tabela a seguir observa-se a
industrial na sociedade moderna, levam classificação internacional da obesidade
sim o indivíduo a modificação no seu estilo conforme o IMC, que, para determiná-lo
de vida (MARQUES-LOPES et al., 2004). faz-se uma relação de peso dividido pela
Sendo assim, acredita-se que a dieta altura ao quadrado:
é essencial na prevenção das características
epidêmicas, tanto funcionais, como Tabela 1 - Classificação Internacional da
estruturais e comorbidades decorrentes da Obesidade segundo o IMC
obesidade, tais como: HAS (hipertensão IMC Classifica Obesida Risco de
arterial sistêmica), diabetes, dislipidemias, (Kg/m ção de grau/ doença
esteatose hepática, doenças 2) Classe
cardiovasculares, problemas respiratórios, < 18,5 Magro ou 0 Normal
ortopédicos, entre outros, que podem até Baixo ou
ocasionar a morte do indivíduo obeso. Tão peso elevado
essencial que pesquisas sobre drogas, 18,5 - Normal 0 Normal
suplementação e até tratamentos cirúrgicos 24,9 ou
objetivando diminuição da massa corporal Eutrófico
gorda, também tem crescido 25 - Sobrepeso 0 Pouco
hodiernamente (VERA-CRUZ et al., 29,9 ou Pré- elevado
2010). obeso
No caso dos tratamentos cirúrgicos, 30 - Obesidade I Elevado
vale salientar, que este fundamenta-se 34,9
apenas quando o risco de continuar obeso 35 - Obesidade II Muito
ultrapassa os riscos da cirurgia bariátrica a 39,9 elevado
curto e longo prazo. Sendo assim, não se
≥ 40 Obesidade III Muitíssi
recomenda o tratamento cirúrgico para
mo
crianças e adolescentes, pacientes acima de
elevado
70 anos e com doenças incapacitantes,
porém, considera-se a individualidade de
Fonte: Diretrizes Brasileiras de Obesidade, com remoção de 70% a
2016. 80% do estômago
proximal ao antro, com associação de um
A cirurgia bariátrica envolve componente hormonal, a grelina. Esse
técnicas que são divididas em três tipos: tratamento cirúrgico sugere parte de uma
restritivas, aquelas que reduzem o tamanho derivação biliopancreática sem
do reservatório gástrico levando à gastrectomia distal, resguardando o piloro
saciedade precoce; disabsortivas, e diminuindo o potencial ulcerogênico
modificação da anatomia intestinal para (LANGER et al., 2005).
reduzir a superfície absortiva e mista, Uma das vantagens da gastroplastia
combinação de restrição gástrica e má- em sleeve é que o duodeno não é excluído
absorção em diferentes proporções do trajeto alimentar, não havendo
(QUADRO et al., 2007). Conforme tabela interferência na absorção das vitaminas do
a seguir: complexo B, do zinco, do ferro e do cálcio,
além de proporcionar significativa perda de
Tabela 2 - Técnicas de Cirurgia Bariátrica peso, por ser uma técnica mais recente,
Restritiva Disabsortiva Mista ainda não há dados consistentes quanto à
eficácia na perda e manutenção de peso em
longo prazo (LALOR et al., 2008),
(BRETHAUER; HAMMEL; SCHAUER,
2009).
A gastroplastia bypass em Y de
Roux, incide na diminuição do estômago a
Gastrectom Duodenal Gastroplastia um volume de 30 a 50ml que, por sua vez,
ia vertical Switch Redutora em Y
será ligado a uma parte do intestino
(Sleeve) de-Roux
delgado. Um pequeno anel de silicone é
(Bypass)
colocado, ocasionando uma restrição ao
Fonte: Com adaptação: SBCBM, 2016
esvaziamento da parte do estômago
mantida e sua ligação ao íleo, deixando o
As técnicas mais utilizadas
restante do estômago, parte do intestino
atualmente são: gastroplastia sleeve e
delgado, duodeno e jejuno, fora do trânsito
gastroplastia bypass em Y de Roux.
alimentar (BACCHI; BACCHI, 2012).
A gastroplastia em sleeve é um
As vantagens apresentadas
procedimento cirúrgico restritivo gástrico,
consistem na rápida perda de peso,
diminuição das comorbidades, controle
qualitativo sobre a dieta, uma vez que, - Cobre - B3 A, D, E, K io
alimentos hipercalóricos podem - Iodeto - B7 eC - B9
proporcionar uma sensação desagradável, - - B9 - PYY - Sais
restrição dietética moderada e poucos Fluoreto - - GLP-1 Biliares
problemas em longo prazo, já as Magnés -
desvantagens, são apresentadas através da io Aminoácid
má absorção de nutrientes como: Cálcio - os
(Ca), Ferro (Fe), vitaminas B12 e D, Selênio - Di e
intolerância aos alimentos doces e - Cobre Tripeptíde
gordurosos, conhecida como Síndrome de os
Dumping (MURARA; MACEDO; Fonte: Com adaptação: BORDALO et al.,
LIBERALI, 2008). 2011
O número e as deficiências de
macro e/ou micronutrientes são A deficiência de proteína é a mais
determinados pelo tipo de cirurgia observada dos macronutrientes,
bariátrica realizada. As vitaminas e os principalmente nas técnicas disabsortivas e
minerais são essenciais em vários mistas, os sinais e sintomas mais
processos biológicos que regulam o peso observados por essa deficiência são:
corporal de maneira direta e indireta anorexia, diarréia, síndrome de dumping,
(BORDALO et al., 2011). Conforme a perda de peso, anemia e desnutrição
tabela a seguir: protéico-energética, uma vez que a
restrição de proteína de alto valor
Tabela 3 – Principais Alterações biológico estar presente (FARIAS et al.,
Metabólicas da Cirurgia Bariátrica 2006), (PAPINI-BERTO; BURINI, 2001).
Estôma Duode Jejuno Íleo A digestão e absorção das proteínas
go no acontecem no estômago por ação
- B12 - Ferro - Zinco - cloridropéptica, na qual o ácido clorídrico
- - Cálcio - Vitamin desnatura a proteína, propicia a ativação do
Redução - Manganês as B12, pepsinogênio em pepsina e, ao manter
do Fe3+ Fósforo - Cromo DeK baixo o pH, favorece a ação da peptidase
2+
e Fe - B1 - - gástrica, representando de a 10 a 20% da
- Água - B2 Vitaminas Magnés digestão de proteínas (PACHECO, 2011).
No intestino delgado, propriamente mucosas em tiamina-
no jejuno proximal, a degradação dos pirosfosfato e é carreada
peptídeos pequenos é finalizada por outras para o fígado pela circulação portal,
duas peptidases, as carboxipeptidades A e podendo ser sintetizada por micro-
B. As aminopeptidases e as dipeptidases organismos intestinais humanos, porém a
são produzidas nas microvilosidades em quantidade disponível para o organismo é
borda de escova da mucosa intestinal e pequena (PACHECO, 2011).
completam a digestão dos peptídeos a A tiamina é importante para o
aminoácidos livres, di e tripeptídeos que metabolismo dos carboidratos, por isso
são absorvidos (NASCIMENTO et al., dosagens elevadas de glicose acarretam na
2016). deficiência da vitamina, bem como chá
Sendo assim, entende-se que a preto e café deve ser evitado na dieta do
digestão e absorção de proteínas é paciente pós-bariátrico devido ao tanino
dificultosa devido ao tipo de cirurgia, que que é antitiamina, bem como peixes de
diminui os sítios de absorção (estômago e água doce e crustáceos que apresentam a
intestino delgado) do macronutriente e, enzima tiaminase que depleda 50% da
consequentemente, a diminuição da tiamina (TOREZAN, 2013),
produção de substâncias que fazem parte (NASCIMENTO et. al, 2016).
do processo digestivo. A deficiência de ácido fólico é
As vitaminas do complexo B, relatada na literatura em pacientes
principalmente, tiamina, ácido fólico, submetidos à Bypass. Aqueles pacientes
cobalamina são as mais comuns na que fazem o uso de suplemento
deficiência nutricional em pacientes pós- polivitamínico contendo 800mcg de ácido
bariátricos. A deficiência de tiamina (B1) fólico conseguem manter os níveis séricos
deve ser tratada juntamente com o normais da vitamina, porém aqueles que
magnésio para uma melhor absorção, os não fazem a utilização da suplementação
sinais e sintomas mais comuns, são: apresentam insuficiência e até mesmo
percentual da perda de peso, persistência deficiência da vitamina, sendo causada
de náuseas e vômitos, redução de albumina também, pela ingestão reduzida, exclusão
e transferrina (BORDALO et al. 2011). do sítio de absorção e deficiência de
A absorção da tiamina ocorre por cobalamina (B12), a qual é necessária como
transporte ativo no meio ácido do duodeno coenzima para converter o ácido fólico à
proximal e em alguma extensão do sua forma ativa (CARMO, 2013).
duodeno inferior, fosforilada nas células
O ácido fólico (B9) tem sua 90% são armazenados no
absorção na parte superior do intestino fígado e sintetizados por
delgado, como di- ou monoglutamato por microrganismos intestinais. Dois terços da
processo ativo e dependente de sódio em cobalamina são reabsorvidos pela
pH ácido. Nos enterócitos transforma-se circulação êntero-hepática (PACHECO,
em metilfolato. Circula livre ou ligado a 2011).
proteínas, principalmente a betaglobulina. Os sinais e sintomas clínicos
Armazenado no tecido hepático como relacionados à diminuição da cobalamina
poliglutamato, sintetizado por bactérias são: anemia macrocítica, leucopenia,
intestinais (PACHECO, 2011). trombocitopenia, pancitopenia, glossite,
Nos pacientes pós-bariátricos a parestesias e neuropatias irreversíveis
deficiência do ácido fólico pode ser (TOREZAN, 2013).
percebida como anemia macrocítica, Assim como o ferro e o ácido
leucopenia, trombocitopenia, glossite ou fólico, a cobalamina também é
medula megaloblástica. A deficiência não fundamental para o desenvolvimento e
ocorre pela má absorção e sim pela divisão celular e para produção de glóbulos
diminuição da ingestão alimentar vermelhos, de material genético e de
(BORDALO et. al, 2011). mielina. As deficiências destes nutrientes
A deficiência de vitamina B12 é são as principais causas de anemias em
bem frequente em pacientes submetidos à pacientes pós-bariátricos (GIACOMINI et
Bypass segundo a literatura, uma vez que al., 2010), (BARETTA et al., 2008).
ocorrem alterações no estômago e A vitamina D dietética é aliada com
intestino, que podem ocasionar redução na outros lipídios nas micelas e absorvida
produção gástrica de ácido clorídrico, com lipídios no intestino por difusão
impedindo a conversão de pepsinogênio passiva. No interior das células absortivas,
em pepsina, necessária para a liberação da a vitamina é incorporada nos quilomícrons
vitamina B12 (BORDALO; MOURÃO; e entra no sistema linfático e no plasma,
BRESSAN, 2011). onde é liberada para o fígado pelos
A vitamina B12, também conhecida remanescentes de quilomícrons ou para as
por cobalamina, é absorvida no íleo, proteínas carreadoras específicas ligantes
necessitando de transportador específico, o da vitamina D (DBP) ou transcalciferrina
fator intrínseco de Castle (FI). É carreada (MAHAN et al., 2012).
do enterócito para a veia porta, unindo-se a A baixa ingestão desse nutriente e
proteínas específicas, desta forma, 50 a do cálcio, na alimentação do paciente pós-
bariátrico em longo prazo compromete o atividades de algumas
sistema esquelético, entre as doenças do enzimas, provas de função
metabolismo ósseo destacam-se o do sistema imunológico, entre outros. Um
hiperparatiroidismo secundário, a indicador funcional, ultimamente
osteomalácia e a osteoporose, decorrentes analisado, foi a determinação do pool de
da alteração metabólica do sistema zinco, também chamado de troca rápida,
digestivo (TOREZAN, 2013). que consiste em intercâmbio do zinco entre
A absorção do cálcio ocorre o plasma, o fígado e outros tecido com alta
principalmente no duodeno e jejuno, por atividade metabólica (NARANJO et al.,
transporte ativo, dependente da presença 2015).
de vitamina D e de proteínas de ligação. O zinco tem sua absorção no
Circula sob forma iônica ou ligado à duodeno e jejuno, por transporte ativo e
albumina. Tem 99% de reabsorção renal passivo, circulando no organismo ligado
(PACHECO, 2011). 55% à albumina e a aminoácidos, e 40%
Existe uma relação de macroglobulinas, o qual é armazenado no
biodisponibilidade entre a vitamina D e o fígado, músculo, osso, pele e tecido ocular.
cálcio, uma vez que, os baixos níveis de Sua absorção é inibida pelo ferro, cobre,
vitamina D estão associados com a redução fitatos, fosfatos, fibras, polifenóis, taninos,
da absorção de cálcio dietético cádmio, cálcio e selênio (PACHECO,
(BORDALO et al., 2011). 2011).
A descrição do zinco em seus Nos pacientes pós-bariátricos a
aspectos fisiológicos traduz a síntese de deficiência do zinco tem sido relatada
proteínas, no crescimento e na maturação como causa de alopecia, diarréia,
sexual, na fertilidade, no metabolismo da desordens emocionais, perda de peso,
vitamina A, de hormônios, na resposta infecções recorrentes, dermatite e
imunológica, na cicatrização de feridas, no hipogonadismo em homens (TOREZAN,
paladar, no apetite e regulador de mais de 2013).
cem enzimas. Existe uma dificuldade em O nível de absorção intestinal é
avaliar o estado nutricional do zinco, assim quem regula a homeostase do ferro.
também como no ferro, o que implica em Quando há um balanço negativo de ferro se
dificuldade de avaliar pacientes com causa a deficiência, inicialmente ocorrendo
deficiência. Os indicadores da a depleção do ferro que é demonstrado na
concentração de zinco estão no plasma, no ferritina sérica <12µg/L, logo sem seguida,
cabelo, nos eritrócitos, nos leucócitos ocorre a eritropoiese deficiente de ferro,
com aumento do receptor de transferrina CONCLUSÕES
sérica >8,5mg/L e com protoporfirina livre
eritrocitária >70µg/dL de glóbulos Com a presente pesquisa pode-se
vermelhos. A porcentagem de saturação da analisar que a cirurgia bariátrica pode
transferrina diminui menos de 15%, assim tratar ou suprimir as comorbidades
como o volume corpuscular médio <80fL, provenientes da obesidade. A redução de
se o déficit de ferro persistir, ocorre a peso pode melhorar os níveis pressóricos e
anemia, quando os valores de glóbulos glicêmicos, levando o paciente a diminuir
vermelhos e a concentração de ou eliminar o uso de antihipertensivos e
hemoglobina diminuem <120 e <130g/L hipoglicemiantes orais, utilizados
(NARANJO et al., 2015). anteriormente a cirurgia.
A principal causa da anemia nos Observou-se ainda as deficiências
pacientes pós-bariátricos é a deficiência do nutricionais provocadas pelos métodos
ferro, segundo a literatura. Essa deficiência cirúrgicos, seja desabsortivos, restritivos
é ocasionada por vários fatores nesses ou mistos, que faz-se necessário que os
pacientes, entre eles: a redução na secreção pacientes bariátricos continuem o
de ácido clorídrico no estômago que é acompanhamento nutricional, psicológico
necessário para converter o íon férrico e clínico, para manutenção dos resultados e
(Fe3+) no íon ferroso (Fe2+), redução da mudanças de comportamento diante das
ingestão de produtos cárneos, redução da situações impostas pelo novo estilo de vida
capacidade de absorção intestinal do ferro pós-cirúrgico.
devido à exclusão dos seus sítios de A literatura aponta, riscos e
absorção, duodeno e jejuno proximal malefícios para a saúde do paciente,
(TOREZAN, 2013). déficits nutricionais, reganho de peso e
Visto as deficiências nutricionais risco de mortalidade, frequentes
que podem ocorrer nos pacientes pós- complicações decorrentes de deficiências
bariátricos, é importante que o de nutrientes em pacientes pós-bariátricos
acompanhamento nutricional seja Sugere-se ainda que outros estudos
periódico e efetivo. O profissional deve como estes sejam realizados avaliando
atentar-se para uma conduta utilizada de consumo alimentar, de macro e
forma a suprir as carências dos nutrientes micronutrientes, para essa população
através da alimentação e suplementação específica, bem como dados bioquímicos
desses pacientes. para análises mais específicas.
REFERÊNCIAS BORDALO, Lívia
Azevedo; TEIXEIRA,
ABESO. Associação Brasileira para o Tatiana Fiche Sales; BRESSAN, Josefina;
Estudo da Obesidade e da Síndrome MOURÃO, Denise Machado. Cirurgia
Metabólica. Diretrizes brasileiras de bariátrica: como e por que suplementar.
obesidade 2009/2010. 3 ed. Itapevi, SP : Revista Associação Médica Brasileira,
AC Farmacêutica, 2009. Disponível em: 2011. Disponível em:
http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_bra http://www.scielo.br/pdf/ramb/v57n1/v57n
sileiras_obesidade_2009_2010_1.pdf. 1a25.pdf. Acesso em: 08 de setembro de
Acesso em: 16 de setembro de 2016. 2016.
BACCHI, R. R.; BACCHI, K. M. S. BRETHAUER, S A; HAMMEL, J P;
Cirurgia bariátrica: Aspectos clínicos SCHAUER, P R. Revisão sistemática da
nutricionais. Motricidade, vol. 8, n. S2, gastrectomia da manga com
2012. Disponível em: estadiamento e procedimento bariátrico.
http://www.redalyc.org/pdf/2730/2730235 PubMed, Surg Obes Relat Dis, Jul/ Ago,
68098.pdf. Acesso em: 25 de julho de 2009. Disponível em:
2016. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/196
BARETTA, Giorgio Alfredo Pedroso et al. 32646. Acesso em: 13 de agosto de 2016.
Anemia pós-cirurgia bariátrica: as CARMO, Maria Carmen Neves Souza.
causas nem sempre são relacionadas à Deficiências vitamínicas decorrentes das
cirurgia. Arq Bras Cir Dig, v. 21, n. 2, diferentes técnicas operatórias. Nutrição
2008. Disponível em: e Metabolismo em Cirurgia Bariátrica.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010 Org: DINIZ, Marco Túlio Costa;
2- ALVAREZ-LEITE, Jacqueline Isaura. São
67202008000200012&script=sci_abstract Paulo: Atheneu, 2013.
&tlng=pt. Acesso em: 04 de outubro de CRUZ, Magda Rosa Ramos da;
2016. MORIMOTO, Ivone Mayumi Ikeda.
BORDALO. Lívia A.; MOURÃO. Denise Intervenção nutricional no tratamento
Machado; BRESSAN, Josefina. cirúrgico da obesidade mórbida:
Deficiências nutricionais após cirurgia resultados de um protocolo diferenciado.
bariátrica: por que ocorrem?. Acta Rev. Nut., Campinas, Abr/Jun, 2004.
Médica Portuguesa, 2011. Disponível em: Disponível em:
file:///C:/Users/PC/Downloads/1564-2213- http://www.scielo.br/pdf/rn/v17n2/21139.p
1-PB.pdf. Acesso em: 16 de julho de 2016. df. Acesso em: 23 de julho de 2016.
FARIAS, Luciana Melo de et al. Aspectos LALOR, PF; TUCKER,
nutricionais em mulheres obesas ON; SZOMSTEIN, S;
submetidas à gastroplastia vertical com ROSENTHAL, RJ. Complicações após
derivação gastro-jejunal em Y-de-Roux. gastrectomia laparoscópica da manga.
Rev. Bras. Nutr. Clin, 2006. Disponível PubMed, Surg Obes Relat Dis, Jan/ Fev,
em: 2008. Disponível em:
http://s3.amazonaws.com/academia.edu.do https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/179
cuments/30895449/volume21- 81515. Acesso em: 13 de agosto de 2016.
2.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWY LANGER, FB et al. Gastrectomia com
YGZ2Y53UL3A&Expires=1495319253& manga e bandagem gástrica:
Signature=h1B0SQnh%2Fkz%2FOalwnex efeitossobre os níveis plasmáticos de
dmFWXQPw%3D&response-content- grelina. PubMed, Obes Surg, 2005.
disposition=inline%3B%20filename%3DO Disponível em:
_grau_de_interferencia_dos_sintomas_gas. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/161
pdf#page=21. Acesso em: 23 de julho de 05401. Acesso em: 13 de agosto de 2016.
2016. MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP,
FERRAZ, Edmundo Machado; MARTINS Sylvia; RAYMOND, Janice L. Krause:
FILHO, Euclides Dias. Cirurgia alimentos, nutrição e dietoterapia. 13 ed.
bariátrica: indicação e importância do Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
trabalho multidisciplinar. Einstein, 2006. MARQUES-LOPES, Iva; MARTI,
Disponível em: Amelia; MORENO-ALIAGA, María
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/ar Jesús; MARTINEZ, Alfredo. Aspectos
quivos/File/2010/artigos_teses/2010/Cienci Genéticos da Obesidade. Rev. Nutri.,
as/Artigos/cirurg_bariatric.pdf. Acesso em: Campinas, v. 17, n. 3, Jul/Set, 2004.
23 de julho de 2016. Disponível em:
GIACOMINI, Alexandre et al. Perfil http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci
hematológico e níveis de vitamina B12, _arttext&pid=S1415-52732004000300006.
ferro e ácido fólico de pacientes com Acesso em: 26 de julho de 2016.
ulceração aftosa recorrente. RFO, v. 15, MURARA, Josilene Rubia; MACEDO,
n. 1, Jan/ Abr, 2010. Disponível em: Larissa Linhares Borges de; LIBERALI,
http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rfo/v15n1 Rafaela. Análise da eficácia da cirurgia
/02.pdf. Acesso em: 04 de outubro de bariátrica na redução de peso corporal e
2016. no combate à obesidade mórbida.
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição
e Emagrecimento, São Paulo, v. 2, n. 7, Mariana da Veiga;
Jan/ Fev, 2008. Disponível em: BRANCO FILHO, Alcides
http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/ J. Intolerância alimentar no pós-
article/view/70/68. Acesso em: 25 de julho operatório de pacientes submetidos à
de 2016. cirurgia bariátrica. Rev. Bras. Nutr.
NASCIMENTO, Amanda José Pereira do; Clin., 2007. Disponível em:
RODRIGUES, Daniela da Silva; http://www.nucleodoobeso.med.br/saibama
MAGALHÃES, Fernanda Guilhermino; is/nutricao/Intoler%C3%A2ncia%20alime
CLEMENTINO, Maria Daniela. ntar%20no%20p%C3%B3s-
Introdução à nutrição: conceitos básicos. operat%C3%B3rio%20de%20pacientes.pd
São Paulo: Martinari, 2016. f. Acesso em: 08 de setembro de 2016.
NARANJO, Fernando Carrasco; ORTIZ, SBCBM. Sociedade Brasileira de Cirurgia
Manuel Ruz; MONCADA, Pamela Rojas; Bariátrica e Metabólica. Tratamento
COPPINI, Luciana Zuolo. Fisiopatologia Cirúrgico. Disponível em:
de deficiências de minerais após bypass http://www.sbcbm.org.br/wordpress/tratam
gástrico e gastrectomia vertical: zinco, ento-cirurgico/. Acesso em: 28 de agosto
ferro e cálcio. Nutrição e Metabolismo de 2016.
em Cirurgia Bariátrica. Org: COPPINI, TOREZAN, Erika Franco Gaeti. Revisão
Luciana Zuolo. Rio de Janeiro: Rubio, das principais de micronutrientes no
2015. pós-operatório do Bypass Gástrico em Y
PACHECO, Manuela. Tabela de de Roux. International Journal of
equivalentes, medidas caseiras e Nutrology, v. 6, n. 1. Jan/ Abr, 2013.
composição química dos alimentos. 2 ed. Disponível em:
Rio de Janeiro: Rubio, 2011. http://www.abran.org.br/RevistaE/index.ph
PAPINI-BERTO, Silvia Justina; BURINI, p/IJNutrology/article/viewFile/93/108.
Roberto Carlos. Causas da desnutrição Acesso em: 23 de julho de 2016.
pós-gastrectomia. Arq. Gastroenterol, v. VERA-CRUZ, Marta et al. Efeito do chá
38, n. 4, 2001. Disponível em: verde (Camellia Sinensis) em ratos com
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S000 obesidade induzida por dieta
4- hipercalórica. Jornal Brasileiro de
28032001000400011&script=sci_abstract Patologia e Medicina Laboratorial, v. 46,
&tlng=pt. Acesso em: 23 de julho de 2016. n. 5, 2010. Disponível em:
QUADROS, Magda Rosa Ramos; http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v46n5/10.p
SAVARIS, Ana Luiza; FERREIRA, df. Acesso em: 06 de março de 2016.
(83) 3322.3222
contato@conbracis.com.br
www.conbracis.com.br

Você também pode gostar