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IMPERATRIZ-MA
2021
RESUMO
Este relatório consiste na realização de análises através da extração de pigmentos
de alimentos, e a identificação da reação desses pigmentos em diferentes reagentes.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Castilho (2010), a coloração dos alimentos é determinada pela presença
de substâncias que além de colorir, trazem efeitos benéficos à saúde humana atuando na
proteção do organismo e na prevenção de doenças. A predominância de determinado
nutriente ou fotoquímico representa cada cor. Assim, recomenda-se variedade ao se montar
o prato, que deve conter ao menos cinco cores diferentes de alimentos.
A cor dos alimentos pode ser proveniente de pigmentos naturais ou da adição de
corantes sintéticos. Todavia, pode haver a formação de substâncias coloridas, como os
caramelos e melanoidinas, durante as etapas de processamento e armazenamento do
alimento, segundo Bobbio (1992)
A utilização de pigmentos naturais em alimentos têm se elevado devido à preocupação
dos consumidores com os efeitos prejudiciais dos pigmentos sintéticos e corantes à saúde.
Portanto, a utilização de pigmentos naturais tem aumentado significativamente. Além disso,
os pigmentos naturais apresentam vantagens no marketing, por serem mais benéficos à
saúde (DUFOSSÉ, 2006).
Os pigmentos podem ainda ser classificados quanto sua estrutura química
principalmente em: compostos heterocíclicos com estrutura tetrapirrólica, compostos com
estrutura isoprenoide e compostos com estruturas flavonoides. As antocianinas responsáveis
pela cor arroxeada ou azulada dos alimentos auxiliam na transformação de carboidratos e
outros nutrientes em energia (ROCHA, 2014).
Betalaínas
As betalaínas são pigmentos nitrogenados coloridos e hidrossolúveis. Dão origem à
pigmentação vermelho-escura da beterraba (Beta vulgaris) e ao vermelho-rubro da flor
Amaranthus dentre outros. As betalaínas estão também relacionadas com o pigmento animal
da melanina, as eumelaninas, que tem como função principal proteger a pele humana dos
raios ultravioletas. Estão presentes em flores, frutos, raízes e folhas (SCHIOZER,2007).
As betalaínas são encontradas em apenas dez famílias de cariofilales (Angiospermas),
como exemplo a beterraba, e em algumas espécies de fungos e frutos de cactus. São
pigmentos que incluem as betacianinas vermelhas e as betaxantinas amarelas. Semelhante
às antocianinas, as betalaínas representam papel importante na reprodução das plantas, no
entanto seu papel nas raízes, folhas e galhos ainda é um pouco obscuro. Surpreendentemente
nunca são encontradas em conjunto com as antocianinas(SCHIOZER,2007).
A betalaína tem várias aplicações em alimentos, sendo a beterraba (Beta vulgaris) a
fonte mais usada. A utilização de fungos para auxiliar na fermentação é bastante praticada,
pois o processo extrai uma boa quantidade de açúcares, enriquecendo a cor do extrato
(REYNOSO et al., 1997). Existe uma similaridade grande entre extratos contendo
betalaínas e antocianinas.
A sua estabilidade é fortemente influenciada pela presença de luz, oxigênio, atividade
da água, variação de pH e temperatura (REYNOSO et al., 1997). Esta instabilidade restringe
o uso das betalaínas como corantes de alimentos, e são mais indicadas para alimentos secos
em pó ou refrigerados (JACKMAN E SMITH, 1996).
Antocianinas
As antocianinas são moléculas pertencentes a uma subclasse dos flavonóides, a dos
polifenóis. Elas são responsáveis pelas cores atrativas vermelhas, roxas e azuis de muitas
flores, frutos e folhas. As antocianinas têm o esqueleto C6 -C3 -C6 típico dos flavonóides,
são moléculas geralmente glicosiladas do cátion flavílico (BROUILLARD, 1982; Ha
bourne, 1964) e absorvem luz em torno de 500 nm tornando os pigmentos vermelhos.
As antocianinas, que são flavonóides presentes em vinhos, frutas vermelhas e outros,
têm sido usadas na coloração de alguns produtos. Devido sua variação de cor com o pH, a
preferência do seu uso se restringe a produtos ácidos. As antocianinas são conhecidas
também pelas suas propriedades antioxidantes, anticarcinogênica e antiinflamatórias
(KONG et al., 2003). Tanto as antocianinas como alguns outros polifenóis, têm sido
procurados para utilização em alimentos e bebidas devido à comprovada atividade
antioxidante (PALOMINO et al., 2000).
As antocianinas podem melhorar o valor nutricional dos alimentos processados
prevenindo a oxidação dos lipídeos e proteínas (VILJANEN et al., 2004). Neste caso seu
uso é muito mais importante que quando usada para melhorar a qualidade das cores dos
alimentos. Antocianinas são solúveis em solventes polares, e são geralmente extraídas das
plantas utilizando-se metanol acidificado com ácido clorídrico ou ácido fórmico.
2. OBJETIVOS
➢ Realizar a extração de pigmentos da uva e da beterraba;
➢ Identificar os pigmentos na presença de base forte e ácido forte.
3. MATERIAIS
3.1 Vidrarias:
➢ Béquer de 600 mL;
➢ Béquer de 250 mL;
➢ Proveta;
➢ Tubo de vidro;
➢ Pipeta de vidro;
➢ Tubos de ensaio.
➢ Funil;
➢ Bastão de Vidro;
3.2 Reagentes e Solventes:
➢ Reagente de Hidróxido de sódio (NaOH) 5% ;
➢ Reagente de Ácido clorídrico (HCl) 5% ;
➢ Reagente de Nitrato de ferro (Fe(NO3)3 5% ;
➢ Reagente de Sulfito de sódio (Na2SO3) 0,50mol/L;
➢ Reagente de Ácido ascórbico (C6H8O6) 100ppm;
➢ Acetona;
3.3 Utensílios:
➢ Pipeta de Pasteur;
⮚ Peneira;
⮚ Faca inox;
⮚ Colher inox;
➢ Tábua de plástico;
➢ Estante para tubos;
➢ Suporte universal;
3.4 Amostras de alimentos:
➢ Uva 500g;
➢ Beterraba 50g;
3.4 Equipamentos:
⮚ Liquidificador inox;
⮚ Balança analítica;
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4.1 Extração
4.1.1 Extração das antocianinas:
Na etapa de extração das antocianinas, colocou-se 500g de uva
no liquidificador para misturá-los, e coou-se para retirar as partículas sólidas,
resultando em 200mL do suco extraído, em seguida, filtrou-se e obteve-se
aproximadamente 100mL do suco extraído.
4.1.2 Extração das betalaínas:
Na etapa de extração das betalaínas, primeiramente, tirou-se a casca das
beterrabas e cortou-se em pedaços pequenos, em seguida, pesou-se 50g de
amostra e colocou-se no liquidificador para misturá-los. Em um béquer
adicionou-se 100mL de acetona e transferiu-se cuidadosamente para a proveta
com o auxílio de uma pipeta de vidro, em seguida, transferiu-se para o
liquidificador, misturou-se a amostra com a acetona, e filtrou-se, resultando em
100mL do suco extraído.
4.2 Análise do extrato das antocianinas
4.2.1 Reação com Hidróxido de sódio:
Primeiramente, em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de
antocianina, em seguida, adicionou-se 5 gotas de um reagente de Hidróxido de
sódio 5%, e agitou-se. Com o auxílio de uma pipeta, adicionou-se mais 5 gotas
de Hidróxido de sódio, e observou-se a reação.
4.2.2 Reação com Ácido clorídrico:
Em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de antocianina e 5
gotas de um reagente de Ácido clorídrico 5%, em seguida, adicionou-se
cuidadosamente mais 5 gotas de Ácido clorídrico, e observou-se a reação.
4.2.3 Reação com Nitrato de ferro:
Em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de antocianina e 5
gotas de um reagente de Nitrato de ferro 5%, em seguida, adicionou-se mais 5
gotas de Nitrato de ferro, agitou-se e observou-se a reação.
4.2.4 Reação com Sulfito de sódio:
Em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de antocianina, em
seguida, adicionou-se 10 gotas de um reagente de Sulfito de sódio 0,50mol/L, e
observou-se a reação.
4.2.5 Reação com Ácido ascórbico:
Primeiramente, em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de
antocianina, em seguida, adicionou-se 10 gotas de um reagente de Ácido
ascórbico 100ppm, e observou-se a reação.
4.3 Análise do extrato das betalaínas
4.3.1 Reação com Hidróxido de sódio:
Primeiramente, em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de
betalaína, em seguida, adicionou-se 5 gotas de um reagente de Hidróxido de
sódio 5%, e agitou-se. Com o auxílio de uma pipeta, adicionou-se mais 5 gotas
de Hidróxido de sódio, e observou-se a reação.
4.3.2 Reação com Ácido clorídrico:
Em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de betalaína e 5 gotas
de um reagente de Ácido clorídrico 5%, em seguida, adicionou-se
cuidadosamente mais 5 gotas de Ácido clorídrico, e observou-se a reação.
4.3.3 Reação com Nitrato de ferro:
Em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de betalaína e 5
gotas de um reagente de Nitrato de ferro 5%, em seguida, adicionou-se mais 5
gotas do reagente de Nitrato de ferro, agitou-se e observou-se a reação.
4.3.4 Reação com Sulfito de sódio:
Em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de betalaína, em
seguida, adicionou-se 10 gotas de um reagente de Sulfito de sódio 0,50mol/L, e
observou-se a reação.
4.3.5 Reação com Ácido ascórbico:
Primeiramente, em um tubo de ensaio adicionou-se 5mL do extrato de
betalaína, em seguida, adicionou-se 10 gotas de um reagente de Ácido ascórbico
100ppm, e observou-se a reação.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Análise do extrato das antocianinas
A uva foi escolhida para extração em virtude de ser uma matéria-prima de baixo custo,
por se tratar de um resíduo industrial, e por ser um corante (antocianinas) natural, muito
utilizado em alimentos.
5.1.1 Reação com Hidróxido de sódio:
Ao colocar-se, em um tubo de ensaio, os 5mL de extração de antocianina
e as 10 gotas de Hidróxido de sódio, a solução ganhou uma coloração verde
escuro.
5.1.2 Reação com Ácido clorídrico:
Ao adicionar-se cautelosas 10 gotas de HCl no extrato de antocianina,
houve a formação de uma coloração alaranjada.
5.1.3 Reação com Nitrato de ferro:
Ao adicionar-se, em um tubo de ensaio, os 5mL de extração de
antocianina e as 10 gotas de Nitrato de ferro, a solução ganhou uma coloração
roxo escuro.
5.1.4 Reação com Sulfito de sódio:
Nesta reação, ao adicionar-se os 5mL da extração da antocianina em 10
gotas de Sulfito de sódio, observou-se que basicamente não houve nenhuma
alteração em sua coloração, portanto, ele tem mais estabilidade, mantendo assim
a sua cor inalterada.
5.1.5 Reação com Ácido ascórbico:
Ao adicionar-se os 5mL da extração da antocianina em 10 gotas de
Ácido ascórbico, observou-se que não houve nenhuma alteração em sua
coloração.
5.2 Análise do extrato das betalaínas
5.2.1 Reação com Hidróxido de sódio:
Nesta reação, ao adicionar-se em um tubo de ensaio, os 5mL de extração
de betalaína e as 10 gotas de Hidróxido de sódio, a solução ganhou uma
coloração amarelada.
5.2.2 Reação com Ácido clorídrico:
Ao adicionar-se cautelosas 5 gotas de HCl no extrato de betalaína, houve
a formação de uma coloração roxo escuro.
5.2.3 Reação com Nitrato de ferro:
Ao adicionar-se, em um tubo de ensaio, os 5mL de extração de betalaína
e as 10 gotas de Nitrato de ferro, a solução ganhou uma coloração preta.
5.2.4 Reação com Sulfito de sódio:
Ao adicionar-se os 5mL da extração da betalaína em 10 gotas de Sulfito
de sódio, observou-se que basicamente não houve nenhuma alteração em sua
coloração, portanto, ele tem mais estabilidade, mantendo assim a sua cor
inalterada.
5.2.5 Reação com Ácido ascórbico:
Ao adicionar-se os 5mL da extração da betalaína em 10 gotas de Ácido
ascórbico, observou-se que não houve nenhuma alteração em sua coloração.
6. CONCLUSÃO
Concluiu-se, que as alterações de pigmentação em diversos meios são bastante
visíveis. E que cada meio, seja alcalino, ácido, básico ou neutro tem uma grande
parcela para conservação ou perda dessa coloração, assim, nota-se que cada alimento sofre
ações diferentes, devido sua estrutura aparente ou pela sua consistência. Por fim, notou-se
que a pigmentação é de suma importância na alimentação, pois visa a melhor escolha dos
alimentos e serve para identificar substâncias diferentes em suas composições. Portanto,
observou-se visivelmente clássicas alterações, para bases forte, ácidos fortes e na presença
de ferro, levando em consideração que ambos os extratos possuem uma coloração
vermelha bem forte, e os mesmos apresentaram colorações distintas após suas reações
com suas interações químicas.
REFERÊNCIAS
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VILJANEN, K.; KIVIKARI, R.; HEINONEN, M. Protein-lipid interactions during liposome
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APÊNDICE:
I. FIGURAS:
Figura 1: Reação do extrato de antocianina com Hidróxido de sódio .