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TURMA GH1
POLÍTICAS PÚBLICAS
Belo Horizonte
1º/2015
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 3
1. POLITICAS PÚBLICAS: ALGUMAS DEFINIÇÕES...............................................................4
2. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E POLÍTICAS PÚBLICAS............................................6
3. LEIS DISPONÍVEIS REFERENTES AO ABORTO................................................................8
4. CIDADANIA E DIREITOS INDIVIDUAIS (Mulheres na Luta pela Diferença).......18
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................... 21
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 22
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INTRODUÇÃO
Tendo isso em vista, entendemos que uma dimensã o importante das políticas
pú blicas que deve ser colocada em prá tica é aquela que se refere à s minorias, à s vozes
silenciadas em nosso país. As políticas pú blicas devem ser construídas
democraticamente e atender à s diversas demandas sociais, inclusive à quelas reclamadas
por segmentos que buscam visibilidade e o cumprimento de seus direitos. A luta das
mulheres pela legalizaçã o do aborto encaixa-se nessa dimensã o.
Entendemos as políticas pú blicas referentes ao aborto como formas do Estado
de responder à s reivindicaçõ es das mulheres em sua luta no campo da diferença, que
será melhor explicada no desenvolvimento do texto.
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Estado nã o pode ser reduzido à burocracia pú blica, aos organismos estatais que
conceberiam e implementariam as políticas pú blicas. As políticas pú blicas sã o aqui
compreendidas como as de responsabilidade do Estado – quanto à implementaçã o e
manutençã o a partir de um processo de tomada de decisõ es que envolve ó rgã os pú blicos
e diferentes organismos e agentes da sociedade relacionados à política implementada.
Neste sentido, políticas pú blicas nã o podem ser reduzidas a iniciativas de políticas
estatais.
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essas pesquisas, eles propõ em soluçõ es prá ticas para problemas sociais e assim,
podem influenciar no processo de políticas pú blicas.
Entre essas revidaçõ es, a brutalidade e assassinato de seus maridos era algo
apontado. O que era recebido na sociedade como crise na família e no casamento,
responsabilizados pelo trabalho e independência das mulheres. Na década de 1920 e 30,
a açã o das mulheres e promotores no sentido de investigar os assassinatos de homens
para com elas concluiu que é gravíssima esta situaçã o.
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No tribunal o réu alega que a companheira desfez dele, abriu mã o de seu amor, e
por amor ele a matou. Já a mulher alegava que o homem era possessivo, ciumento e
agressivo. No tribunal o jurista apresenta formas de se defender um assassino, somando
elementos suficientes que provem a idoneidade do réu. Apresentando argumentos
favorá veis ao réu, os advogados foram em busca de qualidades do mesmo, e fatores que
justificariam o crime cometido, como a suposta culpa da vítima, que nã o zelava pelo
companheiro e pela família.
Pelo Brasil a luta só aumentava, com a ajuda de voluntá rios, os maus tratos e
violência contra a mulher em todos os sentidos foram sendo enfrentados. Em 1983 foi
criado o Conselho Estadual de Condiçã o Feminina em SP, em 85 a primeira delegacia de
Defesa da Mulher que era dirigida muitas vezes por mulheres que foram criadas em uma
cultura machista, daí a necessidade de uma formaçã o destes profissionais de forma
consciente.
notado que a mídia tem um papel contraditó rio ao apresentar o crime de morte da
mulher seguido de uma justificativa, ou seja, matar a companheira é um crime, mas
havia motivos. Geralmente ocorre também a dramatizaçã o que é constituída por uma
reconstruçã o do crime, para figurar a cena do ocorrido.
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
O art. 124 tipifica o crime de auto-aborto (quando a pró pria gestante pratica a conduta)
e o aborto consentido. (quando a gestante consente validamente para que terceiro
pratique a conduta).
Esse crime se classifica como crime material, ou seja, aquele que tem resultado
naturalístico (com modificação do mundo exterior). A consumação ocorre com a morte do
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feto, seja dentro do ventre, seja pela sua expulsão pré-matura. Admite-se a tentativa,
quando a morte não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas
de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Exemplos:
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Aborto necessário
O art. 128 define as hipó teses de aborto legal, ou seja, aquele que poderá ser
praticado por médico, auxiliado por sua equipe médica. Portanto, a enfermeira também
nã o será punida, visto que a norma penal é extensiva a ela neste caso.
O aborto necessá rio, previsto no inciso I, é aquele que a gestante corre risco
de morte atual, nã o necessitando de ordem judicial, mas o médico deverá relatar o
ocorrido e enviar ao CFM.
Da mesma forma, a mulher nã o perde o direito a férias caso tenha faltado por
motivo de aborto, pois essas faltas sã o justificadas.
A atual Constituiçã o, claramente, assegura "o pró prio direito à vida", reiterando,
no bojo do artigo 5º que fala que:
Segundo MARTINS (2003), do ponto de vista bioló gico, todos nó s temos, desde a
concepçã o, todas as características que ostentaremos até a morte e, no plano jurídico, a
vida é protegida desde a concepçã o pela Carta Magna brasileira. Por tais motivos,
qualquer lei ordiná ria que venha legislar sobre o aborto pretendendo torná -lo
admissível no Brasil, será manifestamente inconstitucional, podendo ser objeto de açã o
de controle concentrado de constitucionalidade junto à Suprema Corte, passível de ser
proposta por quaisquer das entidades legitimadas no art. 103 da lei maior brasileira –
controle este, entretanto, segundo a jurisprudência do Pretó rio Excelso, impossível de
ser exercido sobre o artigo 128 do Có digo Penal de 1940, pois sendo lei anterior à
Constituiçã o de 1988 e incompatível com ela, encontra-se, nesse aspecto, revogado.
Segundo MELO (2011) propor a discussã o do aborto como parte de uma agenda
mais ampla de saú de reprodutiva, contribui, na perspectiva feminista para orientar o
debate para além da criminalizaçã o: de caso de polícia, para uma questã o de saú de
pú blica. Ainda segundo MELO (2011), o exercício do controle social (sociedade civil) e o
monitoramento das açõ es (Movimento, Governo) sã o chaves para superaçã o da
distâ ncia entre o direito e o acesso aos direitos assegurados.
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Porém, o modelo "clá ssico" de cidadania social, embora desejá vel, pode nã o ser
exatamente aquele que vem sendo gestado pelos movimentos sociais no Brasil, tendo
em vista, entre outros aspectos, o padrã o de carência e de desigualdade experimentado
pela populaçã o brasileira. A cidadania "regulada", na concepçã o de Santos (1979), nã o é,
portanto, apenas concepçã o e prá tica do aparelho estatal, mas também maneira de
percepçã o da clientela do mesmo.
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empoderamento1 das mulheres sem o qual nã o farã o jus a uma cidadania de corpo
inteiro cuja prá tica venha, por sua vez, a transformar a atual ordem de gênero.
Os estudos feministas têm sua grande relevâ ncia, devido ao seu cará ter político,
os quais destacam o papel das mulheres na luta pela efetivaçã o de sua cidadania.
Tal superaçã o pressupõ e a sua efetiva participaçã o como sujeito de sua histó ria,
que conforme Benevides (2000) aponta para a cidadania ativa, é fundamentada nos
pilares da democracia, que sã o a liberdade e a igualdade. Liberdade esta que recupera o
processo de garantia de direitos individuais e das liberdades pú blicas, e, a igualdade, no
sentido do reconhecimento da igualdade de todos os seres humanos, em relaçã o aos
direitos fundamentais para uma vida digna.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A luta das mulheres no campo da diferença pelo atendimento aos seus direitos
específicos é uma luta recente, portanto ainda há muito a ser conquistado. No que diz
respeito à reivindicaçã o da legalizaçã o do aborto, algumas conquistas já podem ser
vistas, como a legalidade da realizaçã o deste em casos de estupro e de risco de vida para
a mã e; e a discussã o sobre o tema tem tomado dimensõ es cada vez maiores, o que pode
contribuir para que as mulheres ganhem cada vez mais visibilidade em termos
nacionais.
Até que ponto o Estado tem feito políticas pú blicas que realmente atendam aos
direitos das minorias? O que observamos é que muitas vezes esses direitos só sã o
atendidos quando os movimentos tomam proporçõ es que o pressionam a realiza-las.
Portanto, enquanto houver vozes silenciadas na luta das mulheres por seus direitos,
nada será feito para atendê-las. Enquanto isso, é necessá rio que suas vozes continuem a
gritar e ecoar por liberdade.
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REFERÊNCIAS
III. BLAY, Eva Alterman. Violência contra a mulher e políticas públicas. Estudos
Avançados, Sã o Paulo , v. 17, n. 49, p. 87-98, Dezembro. 2003 . Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142003000300006. Acesso em 2 de junho de 2015. (Indicaçã o do professor)
VII. MELO, Delâ ine Cavalcante Santana – ABORTO LEGAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
PARA MULHERES – Interseçõ es, Construçõ es, Limites, 2011.
VIII. ROCHA, Maria Isabel Baltar da - A discussão política sobre aborto no Brasil:
uma síntese - Revista brasileira estud. popul. vol.23 no.2 Sã o Paulo July/Dec.
2006
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IX. SANTOS, Wanderley Guilherme dos, 1979. Cidadania e Justiça. Rio de Janeiro:
Campus.
X. SOARES, Vera Lú cia Lemos. Projeto Vila-Bairro: Impacto nas Relaçõ es de Gênero.
In: Governo Local e Desigualdades de Gênero. Estudos apresentados pela
FGV-EASP, Hewllett, Fundação Ford e AGENDE. Sã o Paulo, 2002, p. 83-108.