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Os saldos comerciais
Procedemos a uma recolha para cinco anos de dados (2016/21) sobre o comércio
externo de mercadorias, da maioria dos países europeus e ainda da China, da Rússia e
dos EUA. Assim, para cada um dos países identificados, apurámos os principais
parceiros na exportação e na importação, com o apuramento de deficits e superavits.
Os países com excedente comercial médio (milhões de dólares) nos seis anos do
período (2016/21) são os seguintes, incluindo-se também no quadro, o excedente
médio por ano e habitante. Os valores por habitante são baixos mas, quando
multiplicados pelo volume da população, sobressai uma quantia enorme de dinheiro
que, naturalmente, será gerido por capitalistas e pelas classes políticas, gestoras do
aparelho de Estado, manipuladores da legislação e, sempre atentos para subtrair mais
um pouco dos bolsos da população. É evidente que um excedente resultante de uma
atividade assente na produção material tem um significado muito superior do que um
outro onde, na contabilização do PIB, domine a produção de serviços e as habilidades
do sector financeiro na criação de “valor”.
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Alemanha 248.2 3.0 Itália 58.3 1.0
Bélgica 21.1 1.8 Países Baixos 65.5 3.9
China 478.8 0.3 Rep. Checa 19.1 1.7
Dinamarca 8.8 1.5 Rússia 154.6 1.1
Hungria 6.7 0.7 Suíça 36.0 4.0
Irlanda 61.8 12.4 Total 1159.0 0.6
A soma dos deficits dos EUA e da Grã-Bretanha em 2016/21 foi de $ 6974 milhões, um
valor que quase corresponde ao total dos excedentes revelados pelo grupo de países
com superavits comerciais ($ 6954 milhões). Enquanto a maioria dos países procura
tanto quanto possível gerar um superavit – o correspondente a uma poupança – o
neoliberalismo descabelado e agressivo do binómio EUA/GB, apresenta deficits
enormes que se situam fora das preocupações do FMI. A arrogância associada às taras
imperiais está bem espelhada na incapacidade de Biden e do recentemente apeado,
Boris.
Como dissemos, o volume de dólares em circulação tem pouco a ver com a produção
de bens e serviços e, de facto ancora-se na especulação financeira; o sistema
financeiro dinheiro abundantemente e em cada momento. Há poucos anos, os valores
ancorados na bolsa de Nova York e no NASDAK representavam 46% do total das bolsas
mundiais e, as principais empresas americanas de referência (Microsoft, Apple,
Amazon, Alphabet e Facebook) eram avaliadas na revista Fortune em $ 5,444 biliões
(um bilião, na norma maioritária na Europa corresponde a 1*10^ 12).
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Deficit/superavit Deficit/superavit
País anual médio $/hab País anual médio $/hab
(2016/21) (M $) (2016/21) (M $)
Áustria 8.8 5.8 Luxemburgo -6.4 -64,1
Eslováquia 0.7 0.9 Polónia -1.3 -0.2
Eslovénia -0.1 -0.3 Suécia 0.6 0.3
Os valores associados aos países com deficits persistentes são muito díspares, com
destaque para os indicadores dos EUA e muito mais atrás, para a Grã-Bretanha, com a
França num terceiro posto; qualquer deles com uma clara progressão durante o
período. França e Grã-Bretanha mostram valores muito distintos, embora com
volumes de população pouco diferentes. Num terceiro escalão de valores, destacam-se
– Espanha, Grécia, Roménia e Portugal, ainda que sejam distintos os graus de riqueza
entre a Espanha e os restantes citados.
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Bulgária -2 -3 -4 -4 -3 -6 -22
Chipre -5 -6 -6 -6 -6 -6 -34
Croácia -8 -9 -11 -11 -10 -12 -60
Espanha -19 -30 -45 -38 -18 -35 -184
EUA -798 -859 -943 -921 -982 -1183 -5686
Estónia -2 -2 -2 -2 -1 -2 -10
Finlândia -3 -3 -3 -1 -3 -5 -17
França -69 -86 -96 -87 -93 -132 -565
Grécia -20 -23 -26 -24 -20 -28 -141
Letónia -2 -3 -4 -3 -2 -3 -17
Lituânia -2 -2 -3 -3 -1 -4 -14
Malta -3 -3 -4 -4 -3 -4 -21
Portugal -13 -17 -21 -22 -16 -23 -112
Roménia -11 -15 -18 -20 -21 -29 -114
Grã-Bretanha -225 -199 -181 -224 -238 -222 -1289
-1182 -1258 1367 -1371 -1417 -1692 -8287
Os países selecionados que se seguem têm pouca relevância, bem como os resultados
das suas balanças comerciais. A Áustria tem um valor acumulado enganador
porquanto ele resulta do resultado de um único ano. O Luxemburgo tem uma balança
comercial negativa, o que nada tem a ver com o papel que o país desenvolve na área
financeira. Quanto aos restantes países os saldos, positivos ou negativos, têm pouco
significado.
Para cada um dos (32) países considerados apurámos quais se apresentam entre os
principais cinco clientes; e tomámos em conta apenas alguns exemplos de uma matriz
muito complexa de relações comerciais.
A Alemanha, apresenta como seus primeiros clientes, países como Áustria, Bélgica,
Bulgária, Eslováquia, Dinamarca, Eslovénia, Finlândia, França, Hungria, Luxemburgo,
Malta, Países Baixos, Polónia, República Checa e Roménia; nos segundos lugares
posicionam-se países como Espanha, Grã-Bretanha, Grécia, Suécia e Suíça. Esta
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situação evidencia o relevante papel do país no seio europeu; o que não esconde a
irrelevância europeia no plano global.
No caso dos EUA, os seus principais clientes são o Canadá, o México, a China, o Japão e
a Coreia do Sul1… evidenciando o papel secundário que a Europa desempenha no
plano global. E, dessa situação, resulta que os EUA são pouco afetados pela conjuntura
europeia, que não para tornar a Europa – e a UE em particular - como peão, como
auxiliar na estratégia global do Pentágono.
Sabe-se que o Pentágono é uma instituição marcante para um país que se pretende
como hegemónico e que dá à força armada um papel essencial de intervenção; e isso,
onde seja tomado como importante para firmar negócios, impor regras comerciais,
fomentar guerras, corromper políticos ou, conter rivais, semeando bases militares um
pouco por toda a parte.
(continua)
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Comércio internacional – quem ganha e quem perde
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