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96 mistérios da narrativa, que ¢ equenas estérias que exemy cextraordinérias ou avisos do destino, guiavam-me para a descoberta de um caminho novo para 0 conhe- cimento. Ja tinha lido antes muitos livros de folclore, centre eles os de narrativa populares, mas nenhum me oferecia 0 que procurava saber: que mundo é este representado por Guimaries Rosa no sé no romance, mas na maioria de suas narr as estorias de Sagarana. Pouco depois, Grande sertdo: Veredas, li dois livros sob popular e cultura popular ~ Narrativas pias ares ¢ Semana santa cabocla, de Oswaldo Elias Xidieh, socidloy narrativas sobre Jesus e Séo Pedro quando andavam pelo mundo e outras estérias de santos da devogaio catélica popular. Essas estérias estavam integradas 0 cotidiano das pessoas € representavam um mundo de gente, sempre. A sociedade € a cultura caboclas do estado de Sio Paulo e suas relagdes com as reas 7 pela urbanizago, bem como as formas de resisténcia desta cultura, davam-me os argumentos para come- car a entender as representagdes sociais na criagio de Joao Guimarties Rosa. Semana santa cabocla, publicada em 1972, trazia um conjunto de artigos, antes publicados pelo Jomal O Estado de Sao Paulo entre 1943 e 1949, sobre as manifestagdes migico-religiosas do interior € litoral paulistas, em que Xidich ressalta a preo- cupagio com o contexto social e com-as concepgses de mundo, usos ¢ costumes veiculados por esas prticas culturais. Varios dos estudos apresentavam analises de dados colhidos em pesquisas de campo em Mogi das Cruzes, cidade onde morei antes de ir estudar em Sao Paulo, e cidades vizinhas. comecei a estudar, fora das inas de minh jo em Letras, de forma regular € metédica a literatura de corde! nor- destina, que me fascinava por sua beleza, variedade temitica e por se tratar de um sistema literdrio popular em constante transformagao, desde que se iniciou, no Nordeste, nas primeiras décadas do século XX. mol

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