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RESUMO
O presente trabalho tem como principal objetivo apresentar a importância de se trabalhar com
a gramática através da Literatura de Cordel, de modo que proporcione um fazer pedagógico
dinâmico e prazeroso.Os dados foram atribuídos por meio de uma pesquisa bibliográfica, tendo
como referência teórica os autores, Cascudo (2002), Rita (2013), Maya (2012), Amado (1997),
Carvalho (1998), Machado (1976), Ataíde (1918), Resende (2005), Pcns (1997), Pcnlp (2008),
Janduhi (2015). Observamos com o presente estudo, que a literatura de cordel como instrumen-
to para o ensino da gramática, irá de certa forma auxiliar o professor a suprir as necessidades
mediando as dificuldades que os alunos apresentam no aprendizado em relação a forma de
ensino dos conteúdos gramaticais.
ABSTRACT
This work aims to present the importance of working with grammar through the Cordel Lite-
rature, in order to propitiate a pedagogical acting that is dynamic and pleasurable. Data were
gathered through a bibliographical research, having as theoretical reference authors such as
Cascudo (2002), Rita (2013), Maya (2012), Amado (1997), Carvalho (1998), Machado (1976),
Ataíde (1918), Resende (2005), Pcns (1997), Pcnlp (2008), Janduhi (2015). We observed, with
this study, that Cordel literature as a tool for the teaching of grammar can help the teacher to su-
pply the necessities, mediating the difficulties that students present during the learning process
that are related to the way grammar content is taught.
* Acadêmica do V período do curso de Letras da Faculdade Sete de Setembro- Paulo Afonso BA. lueliagomes6@
gmail.com
** Professor de Prática Interdisciplinar V do curso de Letras da Faculdade Sete de Setembro- Paulo Afonso BA.
negoeducar@hotmail.com
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1 INTRODUÇÃO
O presente estudo está relacionado a um projeto, cujo principal objetivo é propor uma
metodologia de ensino para o trabalho com a gramática por meio da Literatura de Cordel, de
maneira prazerosa e dinâmica.
A escolha do tema, se deu através de uma inquietação a fim de investigar o grau de
dificuldades que os alunos apresentam, em meio ao método de ensino em que a gramática é
aplicada pelas escolas, e pelos professores de Língua Portuguesa. Dentro do breve estudo bi-
bliográfico, introduzimos uma precisa abordagem sobre o autor cordelista, paraibano Janduhi
Dantas, com seu livro lições de gramáticas em versos de cordel, com o intuito de mostrar a
gramática por meio de um gênero de poesia da cultura popular.
O presente estudo está estruturado em dois tópicos. O primeiro tópico iráaborda a his-
tória do cordel no Brasil, como surgiu, a forma que era utilizada pelos cordelistas para criticar
assuntos como a política, desigualdades sociais, etc. Citamos, também, Leandro Gomes de
Barro considerado o poeta introdutor da literatura de cordel no Brasil.
No segundo tópico fazemos uma abordagem sobre a importância do ensino da literatura
de cordel em sala de aula, proporcionando um trabalho com a diversidade textual e valorização
da cultura nordestina. Ressaltando a maneira como Janduhi Dantas trabalha a gramática dentro
da literatura de cordel, trabalhando uma linguagem simples, de fácil compreensão.
Nesse tópico faremos uma breve abordagem sobre a história da literatura de cordel. A
literatura de cordel chega no Brasil através dos portugueses na época de colonização. Alguns
estudiosos acreditam que isso tenha ocorrido por volta do século XIX nas regiões Nordeste e
Sudeste do Brasil.
A respeito do termo Cordel,o autor Luís da Câmara Cascuda traz em seu livro “Dicio-
nário do Folclore Brasileiro”, uma breve definição:
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Suponha-se que os folhetos tenham ganhado o nome de Cordel pelo fato de serem ex-
postos à venda, suspensos em barbantes, presos por pregadores de roupas.
Segundo Rita (2013) em uma definição simples e condensada, pode-se dizer que a li-
teratura de cordel é uma poesia narrativa, popular, impressa, escrita com métrica e com rimas
soantes. A literatura de cordel geralmente apresenta narrativas de histórias tradicionais, sejam
elas de amor, aventuras, humor, fé; afim de transpor a imaginação da população. Mas pode-se
encontrar alguns folhetos com valor documental, que discutem políticas, crimes e principal-
mente as desigualdades sociais em que vive o povo nordestino.
Já pesquisadora Maya (2012) comenta que através dos poemas do cordel, o povo era
informado de como funcionava a política, e que o cordelista se utilizava frequentemente
de sátiras e humor, para que seu leitor assimilasse a questão. Neste contexto, Jorge Amado,
complementa:
Pode-se compreender que a literatura de cordel representa, de certa forma, a voz de um
povo; povo esse que era visto pela sociedade como analfabetos, sem estudos, como comenta
Carvalho (1998) “Quase sempre desocupado, e sem profissão classificada entre as classes la-
boriosas”. Assim eram descritos os cordelistas pela sociedade burocrática e classicista. Essa
ideia de que os cordelistas eram analfabetos surgiu porque de fato existiam alguns cordelistas
não analfabetos, mas semiletrados, que compunham seus cordéis por meio da oralidade e da
memória. Alguns alegavam que não escreviam seus versos de cordéis para não correrem o risco
de serem plagiados.
Secretaria da Cultura e Turismo. Antologia baiana de literatura de cordel. Salvador: SECT, 1997.
Indivíduos que não foram completamente letrados.
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Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia
do sertão, e do Brasil em estado “puro”. E digo mais. “Leandro foi o grande conso-
lador e animador de seus compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em
revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia, falando-lhes tanto do boi mis-
terioso, filho da vaca feiticeira, que não era outro senão o demo, como real e presente
Antônio Silvino, êmulo de Lampião”. (1976, sem p.)
Leandro Gomes de Barro, era reconhecido por todos os poetas, sendo intitulado por seus
companheiros de trabalho como “o poeta do povo”. Após seu falecimento no ano 1918, recebeu
muitas homenagens de seus colegas, dentre eles, João Martins de Ataíde fez um folheto com o
seguinte título “A Pranteada Morte de Leandro Gomes de Barros”, escrevendo:
Podemos notar no cordel acima uma linguagem de fácil acesso. Como possui uma lin-
guagem de fácil compreensão, e é muito fácil de memorizá-lo, o cordel passou a ser utilizado
como ferramenta de ensino em sala de aula. Resende registra que:
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Formar leitores hoje é uma tarefa bem difícil para os nossos professores, principalmente,
fazer com que os alunos sintam prazer na leitura, e nos conteúdos que estão sendo transmitidos.
Segundo os PCNS (1997) uma prática constante de leitura na escola implica o trabalho com a
diversidade de objetivos, modalidades e textos que caracterizam as práticas de leitura de fato.
Diante do mesmo contexto o PCNLP (Parâmetros Curriculares Nacionais – Terceiro e Quarto
Ciclos do Ensino Fundamental/Língua Portuguesa), complementam:
É necessário saber lidar com os textos nas diversas situações de interação social. É essa
habilidade de interagir lingüisticamente por meio de textos, nas situações de produção e re-
cepção em que circulam socialmente, que permite a construção de sentidos desenvolvendo
a competência discursiva e promovendo o letramento. O nível de letramento é determinado
pela variedade de gêneros textuais que a criança ou adulto reconhecem. (2008, p. 43)
É importante que os professores não se prendam somente nos livros didáticos, pois todo
ser humano que é submetido a uma rotina sente um certo cansaço, um desanimo, e o professor
precisa sempre buscar novos métodos de ensino.
Alguns professores buscando incentivar a leitura, tornando-a mais prazerosa, e não menos
educativa, introduziram a leitura de cordéis em sala, valorizando também a cultura regional de
nosso pais.Sobre a utilização da literatura como ferramenta de ensino, os PCN afirmam que:
É importante que o trabalho com o texto literário esteja incorporado às práticas coti-
dianas da sala de aula, visto tratar-se de uma forma específica de conhecimento. Essa
variável de constituição da experiência humana possui propriedades compositivas que
devem ser mostradas, discutidas e consideradas quando se trata de ler as diferentes
manifestações colocadas sob a rubrica geral de texto literário (1997, p. 29)
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O livro de Janduhi traz conceitos gramaticais de uma forma bem simples e de fácil
compreensão, ou seja, uma gramática contextualizada, em que não privilegia somente a “ boa
regra”, mas também prima pela gramática expressa pelo “ povão”. Na apresentação do livro
feita pelo autor Ernani Terra, adverte a maneira de como Janduhi transpassa a ideia de que a
gramática não deve ser vista como “um bicho de sete cabeças”
Pensando numa forma de gramática não excludente, Gullar (2014), traz algumas afirma-
ções que merecem ser mencionadas, uma vez que expressa a valorização da linguagem. Como
se observa nas seguintes colocações: “ a crase não foi feita para humilhar ninguém”. Percebe-se
que, conforme colocação do referido autor não se deve pensar gramática com o algo que exclua
as pessoas, mas sim, como algo que possa ser também prazeroso.
Agora vamos observar uma das suas lições em seu livro, o uso dos porquês:
No cordel acima fica bem nítido a forma como Janduhi trabalha a norma gramatical
dentro da literatura de cordel, utilizando-se de uma linguagem simples, de um saber acessível a
todos fazendo com que qualquer pessoa que passe a ler seu cordel possa compreender que, utili-
za-se o porque junto e sem acento, quando introduzimos uma explicação ou uma causa. Através
desse cordel o aluno pode memorizá-lo, facilitando, assim, sua forma de aprendizagem.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O referente estudo, expõe um novo método de ensino, unindo literatura e gramática de forma
lúdica e criativa, possibilitando ao aluno uma linguagem simples e de fácil compreensão. O pro-
fessor aderindo a esse novo método de ensino, não só irá estar trabalhando com a diversidade
textual, mas como também com a valorização da cultura nordestina, quando infelizmente ainda
é pouco valorizada.
Este trabalho proporcionou a reflexão sobre a importância de se trabalhar com novas
ferramentas de ensino, possibilitando ao aluno exercícios dinâmicos e prazerosos, que unem
diversão e conhecimento. Também foi possível perceber o quanto é importante que o professor
se reinvente, busque algo novo que possibilite uma nova forma de aprendizagem, contribuindo
não só para com o professor, mas principalmente com o aluno que apresenta dificuldades em
relação aos métodos tradicionais de ensino.
REFERÊNCIAS
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 11. ed. Ilustrado. São Paulo,
Global. 2002.
MAYA, Ivone da Silva Ramos. O povo de papel: a sátira política na literatura de cordel. Rio
de Janeiro, Garamond.2012.
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