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LITERATURA DE CORDEL

COLEÇÃO FOLCLORE
CLUBE PEDAGÓGICO NM
A HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL

A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-holandês da


Idade Contemporânea e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de
comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões,
lá chamados de cordéis. Inicialmente, eles também continham peças de teatro,
como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536).Foram os portugueses que
trouxeram o cordel para o Brasil desde o início da colonização. Na segunda metade
do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com características
próprias daqui. Os temas incluem desde fatos do cotidiano, episódios históricos,
lendas , temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião
(Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas
(1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no
passado. Não há limite para a criação de temas dos folhetos. Praticamente todo e
qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta competente.
No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos
estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará.
Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também
se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São
Paulo. O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas
apresentações dos cordelistas.
Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde
(1880-1959) estão entre os principais autores do passado.[1]
Todavia, este tipo de literatura apresenta vários aspectos interessantes e
dignos de destaque:
As suas gravuras, chamadas xilogravuras, representam um importante espólio do
imaginário popular;
Pelo fato de funcionar como divulgadora da arte do cotidiano, das tradições
populares e dos autores locais (lembre-se a vitalidade deste gênero ainda no
nordeste do Brasil), a literatura de cordel é de inestimável importância na
manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo
para a perpetuação do folclore nacional;
Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um
número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de
leitura e lutam contra o analfabetismo;
A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião,
elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo.

Fonte do texto: Wikipedia


Fonte imagem:
http://giseleteixeira.files.wordpress.com/2009/11/normal_cordel_jborges13-02-08.jpg

Significado de Cordel
O que é Cordel:
Cordel são ​folhetos contendo poemas populares​, expostos para venda
pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome.Os poemas de cordel
são ​escritos em forma de rima e alguns são ilustrados​.
Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada,
acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito
empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
Cordel também é a divulgação da arte, das tradições populares e dos autores locais
e é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das
tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro.
Cordel Encantado
Cordel Encantado é o nome de uma novela apresentada na Rede Globo de
Televisão, em 2011.Conta a história dos reis da cidade fictícia de Seráfia do Norte,
Augusto (interpretado pelo ator Carmo Dalla Vecchia) e Cristina (interpretada pela
atriz Alinne Moraes).
Literatura de cordel
No Brasil, a literatura de cordel é encontrada no Nordeste, principalmente nos
estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.Costumava ser
vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se encontra em
outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, e são vendidos em
feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas

Literatura de Cordel – Exemplos,


História e Características
novembro 13, 2017​ - by ​Prof​ - ​Leave a Comment

A ​Literatura de Cordel​ é uma das manifestações mais ricas da cultura brasileira,


sendo bastante popular nas regiões norte e nordeste do país, especialmente nos
estados do Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba e Ceará.

Quais as origens da Literatura de Cordel?

Esse tipo de literatura tal como a conhecemos no Brasil tem suas origens no
continente Europeu, sendo introduzida em Portugal por volta do século XVIII. Em
países como Espanha, França e Itália, essa literatura começava a se desenvolver
no decorrer do século XII, ganhando maior notoriedade durante o período do
Renascimento.
Especialmente no Brasil, essa literatura ganhou espaço no século XIX, adquirindo
mais força e popularidade entre as décadas de 1930 e 1960, sendo marcada por
fortes elementos da cultura brasileira.

Quais as principais características da Literatura de


Cordel?

● Busca informar os leitores utilizando recursos divertidos e forte oralidade;


● Trata-se de uma tradição literária de cunho regional, ao contrário da
literatura convencional (impressa nos livros);
● De forma geral, essa literatura é apresentada em formato de pequenos
livros com capa de xilografia, que ficam pendurados em cordas ou
barbantes. Por isso, esse tipo de literatura recebeu esse nome;
● Consiste em um tipo de gênero literário elaborado em versos com
linguagem popular, retratando temas do cotidiano;
● Nessa literatura, geralmente os próprios autores realizam a divulgação de
suas obras.

No que se refere ao conteúdo e linguagem, esse tipo de literatura tem como


características:

● Uso do humor, sarcasmo e ironia;


● Linguagem informal (coloquial);
● Intensa presença de oralidade, rimas e métrica;
● Abordagem de diversos temas: políticos, religiosos, folclóricos, históricos,
sociais etc.

Com o objetivo de resgatar e manter a memória e importância cultural do Cordel, em


setembro de 1988 foi criada a ABLC – Academia Brasileira de ​Literatura de Cordel​,
que possui mais de 7 mil documentos contendo livros, folhetos de cordel e
pesquisas sobre os mais diversos aspectos desse tipo de literatura, oferecendo
amplo apoio aos autores.
Escritores famosos influenciados pela Literatura em
Cordel

Grandes escritores brasileiros foram amplamente influenciados por esse tipo de


literatura, sendo seus traços notados em suas principais obras. Esses escritores
são:

● Guimarães Rosa;
● Ariano Suassuna;
● João Cabral de Melo Neto;
● José Lins do Rego.

Escritores que mais se destacam na Literatura de


Cordel

Os cordelistas com obras mais significativas e que se destacam no Brasil, sendo


considerados os “mestres do cordel”, são:

● João Martins de Athayde;


● Firmino Teixeira do Amaral;
● Cego Aderaldo;
● Apolônio Alves dos Santos;
● Cuica de Santo Amaro;
● Guaipuan Vieira;
● João Ferreira de Lima;
● Leandro Gomes de Barros;
● João de Cristo Rei;
● Manoel Monteiro;
● Homero do Rego Barros;
● Gonçalo Ferreira da Silva;
● Antônio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré);
● José Alves Sobrinho;
● Téo Azevedo.

Recentemente, um jovem autor vem ganhando cada vez mais notoriedade em


virtude de sua habilidade com esse tipo de literatura. Trata-se de Bráulio Bessa,
poeta, declamador e palestrante que possui participação semanal no programa
“Encontro”, com Fátima Bernardes.

Algumas curiosidades sobre o cordel

● No século XIX surgiram os primeiros mestres dessa literatura, tais como


Leandro Gomes de Barros, Ugolino Nunes da Costa e Germano da
Lagoa;
● O trabalho dos vendedores de folhetos foi determinante para a
disseminação desse tipo de literatura, sendo a divulgação amplamente
realizada em feiras, pequenas cidades e lugarejos do interior do nordeste;
● Embora atualmente os meios de comunicação tenham diminuído a
popularidade desse tipo de literatura, há um movimento artístico no
sentido de manter vivas as características e importância dessa escrita, já
que ela consiste numa parte fundamental da cultura brasileira.

11 principais obras da Literatura de Cordel

1 – Cordel (Patativa de Assaré);

2 – Sertão alumiado pelo fogo do cordel encantado (Ana Paula Campos Lima);

3 – Histórias e lendas do Brasil – contos nordestinos (Tia Regina);

4 – Antologia da ​literatura de cordel​ (Sebastião Nunes Batista);

5 – A pedra do meio-dia ou Arthur e Isadora (Bráulio Tavares);

6 – O príncipe e a fada (Manoel Pereira Sobrinho);


7 – O flautista misterioso e os ratos de hamelin (Bráulio Tavares);

8 – Canudos na ​literatura de cordel​ (José Calasans);

9 – Lampião, o capitão do cangaço (Gonçalo Ferreira da Silva);

10 – Pavão misterioso (José Camelo de Melo Resende);

11 – O cachorro dos mortos (Leandro Gomes de Barros).

Exemplos de textos de Literatura de Cordel

Para demonstrar melhor a estrutura e características adotadas por essa literatura,


nada melhor que ver alguns exemplos dos autores que mais se destacam no cordel.

Significado de Xilogravura

O que é Xilogravura:

Xilogravura significa gravura em madeira. É uma antiga técnica, de origem chinesa,


em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho,
deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. Em seguida, utiliza
tinta para pintar a parte em relevo do desenho. Na fase final, é utilizado um tipo de
prensa para exercer pressão e revelar a imagem no papel ou outro suporte. Um
detalhe importante é que o desenho sai ao contrário do que foi talhado, o que exige
um maior trabalho ao artesão.

Existem dois tipos de xilogravura: a xilogravura de fio e a xilografia de topo que se


distinguem através da forma como se corta a árvore. Na xilogravura de fio (também
conhecida como madeira à veia ou madeira deitada) a árvore é cortada no sentido
do crescimento, longitudinal; na xilografia de topo (ou madeira em pé) a árvore é
cortada no sentido transversal ao tronco.

A xilogravura é muito popular na região Nordeste do Brasil, onde estão os mais


populares xilogravadores (ou xilógrafos) brasileiros. A xilogravura era
frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel. Alguns
cordelistas eram também xilogravadores, como por exemplo, o pernambucano J.
Borges (José Francisco Borges).

A xilogravura também tem sido gravada em peças de azulejo, reproduzindo


desenhos de menor dimensão. Esta é uma das técnicas que o artesão
pernambucano Severino Borges, tem utilizado em seus trabalhos.

Ave-Maria da Eleição (Leandro Gomes de Barros)

No dia da eleição

O povo todo corria

Gritava a opposição

Ave Maria.

Via-se grupos de gente

Vendendo votos nas praças


E a arna dos governos, [a urna do governo]

Cheia de graça.

Uns a outros perguntavam

O Sr. Vota comnosco

Um chaleira respondia

Este é com vosco.

Eu via duas panellas

Com miudo de 10 bois

Comprimentei-a dizendo

Bemdita sois.

Os eleitores com medo

Das espadas dos alferes

Chegavam a se esconderem

Entre as mulheres.

Os candidatos chegavam

Com um ameaço bruto

Pois um voto para elles

E’ bemditos fructos.
O mesario do governo

Pegava a urna contente

E dizia eu me gloreio

Do teu ventre.

A opposição gritava

De nós não ganha ninguem

Respondia os do governo

Amen.

Cordel de Bráulio Bessa

Sendo eu, um aprendiz

A vida já me ensinou que besta

É quem vive triste

Lembrando o que faltou

Magoando a cicatriz

E esquece de ser feliz

Por tudo que conquistou


Afinal, nem toda lágrima é dor

Nem toda graça é sorriso

Nem toda curva da vida

Tem uma placa de aviso

E nem sempre o que você perde

É de fato um prejuízo

O meu ou o seu caminho

Não são muito diferentes

Tem espinho, pedra, buraco

Pra mode atrasar a gente

Mas não desanime por nada

Pois até uma topada

Empurra você pra frente

Tantas vezes parece que é o fim

Mas no fundo, é só um recomeço


Afinal, pra poder se levantar

É preciso sofrer algum torpeço

É a vida insistindo em nos cobrar

Uma conta difícil de pagar

Quase sempre, por ter um alto preço

Acredite no poder da palavra desistir

Tire o D, coloque o R

Que você tem Resistir

Uma pequena mudança

Às vezes traz esperança

E faz a gente seguir

Continue sendo forte

Tenha fé no Criador

Fé também em você mesmo


Não tenha medo da dor

Siga em frente a caminhada

E saiba que a cruz mais pesada

O filho de Deus carregou.

Há inúmeros outros exemplos de ​Literatura de Cordel​ disponíveis em excelentes


obras brasileiras, consistindo em uma das riquezas da nossa cultura.

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Imagens- cultura.gov.br colegioweb.com.br


A LENDA DO CURUPIRA EM CORDEL 
Autor: Arievaldo Viana – Desenhos: Jô Oliveira 
 
1 - A poesia é um dom 
Que a musa divina inspira 
É a pepita que ofusca 
O cascalho da mentira 
Peço ajuda ao universo 
Para narrar, no meu verso, 
A lenda do Curupira. 
 
2 - Tem os cabelos vermelhos 
Dentes de rara beleza 
Verdes como a esmeralda 
Luz de vagalume acesa 
Não gosta de caçador 
É o gênio protetor 
Das coisas da Natureza. 
 
3 - Diz a lenda que um índio 
Um dia, por distração, 
Adormeceu na floresta 
E acordou de supetão 
Na sua frente sorria 
O Curupira e queria 
Comer o seu coração. 
 
4 - O caçador já matara 
Ali alguns animais 
Então concebeu um plano 
Astucioso e sagaz 
Um coração lhe arranjou 
O Curupira provou 
E sorriu, pedindo mais. 
 
5 - Um coração de macaco 
O caçador lhe entregou 
O Curupira comeu 
O coração e gostou, 
O caçador respondeu: 
- Agora me dê o seu; 
Que o meu você devorou... 
 
6 - O Curupira inocente 
Agiu com todo respeito 
Pediu a faca do índio 
E cravou no próprio peito 
Depois ficou estirado 
E o caçador assombrado 
Saiu depressa, sem jeito. 
 
7 - Por muito tempo o tal índio 
Não queria mais caçar 
Por mais que os seus amigos 
Viessem lhe convidar 
Ele inventava desculpa 
No peito trazia a culpa 
Medo, tristeza e pesar. 
 
8 - A filha do caçador 
Pediu a ele um colar 
O índio, pai devotado, 
Resolveu ir procurar 
Os dentes do Curupira 
Brilhantes como safira 
Para a filhinha enfeitar. 
 
9 - Achou o crânio do gênio 
E ali mesmo procurou 
Bater com ele na pedra 
Mas logo que o tocou 
De uma maneira funesta 
O espírito da floresta 
Depressa ressuscitou. 
 
10 - O Curupira entendeu 
Que ele fosse o responsável 
Por sua ressurreição 
E de modo muito amável 
Deu-lhe um arco pra caçada 
E uma flecha encantada 
De valor inestimável. 
A mulher que deu tabaco na presença do marido
Gonçalo Ferreira da Silva

Quem perde o tempo no mundo

Só com conversa fiada


Bota falta em todo mundo,
Não nota virtude em nada
Se acaso engolisse a língua
Morreria envenenada.
Às vezes contam estória
Que nem sequer faz sentido
Que no dia de São Nunca
Talvez tenha acontecido
Da mulher que deu tabaco
Na presença do marido.
Dona Juca era dotada
De perfumado sovaco,
E quem ferisse uma perna
Numa queda ou num buraco
Ela curava a ferida
Com o seu próprio tabaco.
Quando ela via uma
Desventurada pessoa
Horrivelmente gripada
Soltando espirros à toa
Dava o tabaco e aquela
Enferma ficava boa.
Seu marido Mororó
Dizia: – Você me insulta,
Quanto mais dá seu tabaco
Mais a multidão se avulta
Assim, ou para com isso
Ou eu vou cobrar consulta.
Mas Dona Juca dizia:
– Essa bobagem não faça,
Quando eu tenho algumas pratas
Você bebe de cachaça
Cobre pelo seu trabalho
Meu tabaco eu dou de graça.
Pau da vida, Mororó
Respondeu: – Aqui ninguém
Vai mais pedir seu tabaco
Pois pra mim não pega bem
Quem pedir o seu tabaco
Você diga que não tem.
Porém como aquilo tinha
Que acontecer um dia
Quanto mais passava o tempo
Mais a multidão crescia
Procurando a Dona Juca
Em magistral romaria.
Pra mostrar que Dona Juca
Tinha mesmo grande prova
Basta dizer que uma velha
Já com os dois pés na cova
Foi visitar Dona Juca
Pra pedir pra ficar nova.
Dizia a velha aos presentes
– Não pensem que sou maluca
sou velha porém não tenho
qualquer problema na cuca
tenho fé no milagroso
tabaco da Dona Juca.
E disse mais a velhinha:
-Todo mundo tem fé nela
não há esse que não queira
ao menos sonhar com ela
pedir pra sentir o cheiro
que tem o tabaco dela.
Conselhos de medicina
Da nossa grande nação
Pediram que o governo
Procedesse intervenção
De Juca o curandeirismo
A pronta proibição.
A população local
Lançou logo um manifesto
E contra a proibição
Uma nota de protesto
Achando que o conselheiro
Devia ser mais modesto.
A imprensa curiosa
Rádio, TVs e Jornais,
Volantes de reportagens,
As emissoras locais
Mandaram à casa de Juca
Os seus profissionais.
Muitas pessoas movidas
Por humanos sentimentos
Na casa de Dona Juca
Armaram acampamentos
Assistindo a cobertura
De tais acontecimentos.
E os poetas distantes
Da vigilância do rapa
Faziam suas propagandas
Enquanto bebiam garapa
Exibindo seus folhetos
Com Dono Juca na capa.
Numa bengala escorado
Um doente entrou na sala
Quando cheirou o tabaco
Readquiriu a fala
Pra provar que ficou bom
Rebolou fora a bengala.
Contente da vida, ele
Por ter salvo a sua vida
Graças ao santo tabaco
Da Dona Juca querida
E esta era por todos
Sinceramente aplaudida.
Nunca a fama de um vivente
Depressa se espalhou tanto
Nos quatro cantos do mundo
O seu nome em cada canto
Desfrutava do respeito
Do mais milagroso santo.
Quando nem a medicina
Dava esperança sequer
Ao enfermo, ele inda tinha
Uma fezinha qualquer
No tabaco milagroso
Daquela santa mulher.
E a própria natureza
Como que para testar
O poder que possuia
O tabaco de curar
Fez aparecer doenças
Muito estranhas no lugar.
Por exemplo na cabeça
Dum sujeito ainda moço
Apareceu certo dia
Uma espécie de caroço
Um par de colossais chifres
Um mais fino, outro mais grosso.
O rapaz, secretamente,
Foi ao lar de Dona Juca
E disse: – Um dia eu senti
Na testa uma dor maluca
Depois nasceu esses troços
No alto da minha cuca.
Dona Juca disse: – O meu
Tabaco pode curar
Porém a sua mulher
Terá que colaborar
Pois do jeito que ela faz
Nem adianta tentar.
Este negócio de chifre
Não é um costume novo
Eu esfrego meu tabaco,
Ela pede fumo ao povo,
Eu sei que existe a chuva
Porém eu mesmo não chovo.
O rapaz chegando em casa
Disse pra Conceição:
-O milagroso tabaco
me tira desta aflição
no entanto é necessário
sua colaboração.
Conceição disse assustada:
-Colaborar? Como assim?
Não dê mais o seu tabaco
Não seja assim tão ruim…
É você dando o tabaco
E nascendo chifre em mim.
Aí Conceição cortou
Os males pelas raízes
E o pobre rapaz dos chifres
Também superou as crises
Viveram oitenta anos
Extremamente felizes.
Dona Juca recebeu
Parabéns do Doutor Zeca
Que fizera experiência
Com sua própria cueca
E não conseguiu nascer
Cabelo em sua careca.
Passando a careca
No tabaco prodigioso
Ficou cabeludo e Zeca
Se tornou em fervoroso
Romeiro de Santa Juca
Do tabaco milagroso.
LAMPIÃO, O CAPITÃO DO CANGAÇO

Mais Cordéis

Lampião, o Capitão do Cangaço

Gonçalo Ferreira da Silva

Só a alma luminosa
do homem missionário
ouve a voz interior,
e tendo o dom necessário
faz poesia da seiva
de um caule imaginário.
Poeta não ouve vozes
só com humanos ouvidos,
ausculta a alma das coisas
com diferentes sentidos
para os que não são poetas
ainda desconhecidos.
Este poema que fala
de cangaço e de sertão
é, apenas, à cultura
uma contribuição,
um documentário vivo
da vida do Lampião.
Por ser uma obra feita
à luz da verdade viva,
mostra a face nobre, humana
e até caritativa
de Lampião, se tornando
a menos repetitiva.
Qual o homem mais famoso
da nossa grande nação?
Vargas não nos é estranho
porém sem comparação
internacionalmente
é sem dúvida o Lampião.
À feição de pedestal
tinha o serrote em seu pico
longevo angico, havia meses
não via de chuva um tico
e a cauã cantava triste
no último galho do angico.
José Ferreira casara
ainda com pouca idade
com a esbelta Maria
Vieira da Soledade
num clima de alegria,
de paz e tranqüilidade.
O século passado estava
dando sinais de cansaço,
José e Maria presos
por matrimonial laço
em breve seriam pais
do grande rei do cangaço.
No dia quatro de junho
de noventa e oito, a pino
estava o Sol, e Maria
dava à luz um menino
que receberia o nome
singular de Virgulino.
Em Floresta do Navio
nasceu e foi registrado,
no solo pernambucano
e ali foi batizado
bem distante de Recife
a capital do Estado.
O velho cônego e vigário
Joaquim Antonio Siqueira
batizou solenemente
o Virgulino Ferreira
filho de José Ferreira
e de Maria Vieira.
Depois daquela bendita
e cristã solenidade
os padrinhos Pedro Lopes
e Maria Soledade
desejaram ao afilhado
fortuna e felicidade.
Os seus bisavós paternos
segundo contam alguns
velhos historiadores
foram roceiros comuns
naturais do Ceará
dos lados de Inhamuns.
Venâncio Barbosa afirma
num pequeno trecho em prosa
que seus ancestrais vieram
da família dos Feitosa
sua bisavó paterna
era Maria Jacosa.
Dos avós paternos, ele
tem idéias menos vagas,
moravam em “Situação”
nas mesmas agrestes plagas
E eram Antonio Ferreira
e dona Maria das Chagas.
Os Montes e os Feitosa
viviam em pé de briga
por problemas de fronteira
numa rixa tão antiga
que eternizaram aquela
bruta e secular intriga.
José Ferreira da Silva
e Maria Soledade
pacatos e estimados
em sua localidade
não eram ricos mas tinham
pequena propriedade.
Quando José se tornou
compadre de Saturnino
já quatro filhos contava
pois além de Virgulino
já tinha também Antonio,
Ezequiel e Livino.
A terra de Saturnino
era na mesma comarca
fronteiriça à de José
cujas reses tinham a marca,
as iniciais do velho
e honrado patriarca.
Tinha o velho Saturnino
um filho muito estimado
José, que tomava conta
da criação, do cercado,
dos rebanhos e até mesmo
da compra e venda de gado.
Até que um dia chuvoso
José achou pendurado
no pescoço de uma rês
por Virgulino amassado
chocalho de Saturnino
quebrado, inutilizado.
Daí pra frente as famílias
tão fraternalmente unidas
viram de tal amizade
as bases estremecidas
arranhões que se tornaram
as mais profundas feridas.
José Saturnino teve
a reação fulminante
pois amassou os chocalhos
do insignificante
gado dos Ferreira, dando
uma resposta arrogante.
José Ferreira da Silva
foi ao compadre avisar
que longo plano de paz
era preciso formar
para que uma desgraça
possível fosse evitar.
Saturnino grave e sério
disse: – Compadre, vocês
amassaram um chocalho
no pescoço de uma rês
ninguém teve a consciência
de ser comigo cortês.
E ao compadre José
foi o chocalho exibindo
rangendo os dentes de ódio,
sinistramente sorrindo
dando uma prova eloqüente
de que não estava mentindo.
José Ferreira não tendo
argumento convincente
girou sobre os calcanhares
retornando prontamente
à sua casa a fim de
pensar mais maduramente.
Reunindo os filhos fez
demorada exposição,
analisando com calma
a dura situação
chamou Cornélio Soares
para uma mediação.
Cornélio então convocou
à casa de Saturnino
o velho José Ferreira
que chegou sem Virgulino
dizendo: – O que combinarem
fiquem certos que eu combino.
Cornélio Soares, homem
mediador perspicaz
arrancou de Saturnino
uma promessa veraz
de que por ele haveria
uma duradoura paz.
No entanto não passou
de mero paliativo
porque Virgulino tinha
um gênio tão explosivo
que não aplacou as chamas
do seu fogo vingativo.
José Saturnino estava
trabalhando noite e dia,
com a filha de Nogueira
brevemente casaria
para tal finalidade
ele a casa construía.
O terreno de Nogueira
ficava um pouco afastado,
José construía a casa
com seu futuro cunhado
quando foi por Virgulino
visitado e avisado:
– Amanhã virei aqui
não para lhe visitar,
amigo José chocalho
e pode se preparar
polir as armas e vir
disposto para brigar.
Aquelas palavras ditas
por Virgulino Ferreira
lembraram até fanfarrões
bebendo em final de feira
porém continham a ira
de uma mão justiceira.
Foi esta a primeira luta
de Virgulino Ferreira
Já à feição de guerrilha
improvisada trincheira
respondendo ao fogo intenso
de Saturnino e Nogueira.
Nesta primeira batalha
o resultado obtido
é que Livino saiu
capenga e muito ferido
e o ódio entre as famílias
muito mais recrudescido.
Nova proposta de paz
por Cornélio apresentada
se não foi pelas famílias
prontamente rejeitada
teve vida muito curta
precocemente olvidada.
José Ferreira da Silva
na paz não tendo mais fé
reuniu todos os filhos,
eles, Maria e José
mudaram-se logo para
as terras de Nazaré.
Tal como as outras medidas
foram ineficientes
esta foi nula porque
os Saturnino Valentes
já contavam com os Nogueira
e mais fortes aderentes.
José Saturnino disse:
– Amanhã bem cedo eu vou
à Nazaré porque um
rapaz de lá me comprou
um cavalo, no entanto
ainda não me pagou.
Diz a razão que o confronto
seria mais que iminente;
ir à Nazaré seria
insultar publicamente
os Ferreira, em cujas veias
circulava um sangue quente.
Em verdade nesse tempo
o valente Virgulino
já saqueava comércio,
provocava desatino
incendiara a fazenda
do sogro de Saturnino.
José Saturnino e
Nogueira foram avisados
do perigo que corriam,
no entanto, bem armados
todos os conselhos foram
por eles ignorados.
Na hora em que Virgulino
e seus irmãos deram fé
dos Saturnino na feira
foram armados e a pé
expulsaram Saturnino
das terras de Nazaré.
Sob intenso tiroteio
ensurdecedor, cerrado
Saturnino caiu fora
cabisbaixo, envergonhado
disse ao velho em casa que
tinha sido tocaiado.
Reuniram voluntários
com um furor assassino
grandes apreciadores
da família Saturnino
para acabar de uma vez
a raça de Virgulino.
A sanha de quem seria
o capitão do cangaço
não admitia derrota,
não aceitava fracasso
na zona de eficácia
do seu poderoso braço.
Teve a família Ferreira
vitória tão expressiva,
tão esmagadora e tão
convincente e decisiva,
a quem a testemunhou
pareceu definitiva.
Mas o ódio não se apaga
no selvagem coração,
confrontos entre as famílias
nos dão a comprovação
de que a paz não seria
mais possível no sertão.
O velho José Ferreira
tristonho e desiludido
porque por causa dos filhos
vivia assim perseguido,
o sossego não seria
jamais restabelecido.
Por arte do capiroto
que o fogo do ódio atiça
um homem decente, honrado,
sem ambição ou cobiça
saber que seu próprio filho
é corrido da justiça.
Porém não tinha mais jeito
porque a vereda errada
que seus filhos escolheram
teria que ser trilhada
armando cilada torpe,
sofrendo torpe emboscada.
Atormentado, José
fez uma desesperada
mudança pra Mata Grande
em Alagoas, e dada
a distância poderia
ter a paz tão desejada.
Livino retomaria
sua vida de vaqueiro,
e Virgulino, além de
artesão, sanfoneiro
esqueceria as encrencas
levando um viver ordeiro.
Mas inesperada e grande
foi sua decepção,
ali morreu fulminada
de ataque do coração
Maria da Soledade
deixando desolação.
Desolado com a perda
de sua esposa querida
José Ferreira passou
o resto de sua vida
sem paz, com sua família
por volantes perseguida.
Como vaticinou o
andarilho conselheiro
de Canudos, que o nordeste
e mesmo o Brasil inteiro
em breve conheceria
o seu maior bandoleiro.
José ouviu Virgulino
lhe dizer, algo ofegante
que em seu encalço andava
a furiosa volante
de Alagoas, disposta
a ataque fulminante.
José aparentemente
ignorou o aviso
mas saiu em passos lentos
acabrunhado, indeciso
lamentando em seus rapazes
tanta falta de juízo.
Ensurdecedor tropel
por tiroteio mesclado
ouviu-se em torno da casa
com o triste resultado:
José numa grande poça
de sangue quente deitado.
Naquele sombrio dia
de tanta desolação,
de tanta revolta e ódio
nascia para o sertão
o nosso famigerado,
destemido Lampião.
Juntou-se ao grupo voraz
de Sebastião Pereira
seu mais feroz precursor
e assim os irmãos Ferreira
formaram a endiabrada
e mais cruel cabroeira.
O ódio, a vingança, a fúria
a vileza a tirania
do bandoleira iracundo
ninguém mais controlaria
incendiaria fazendas,
o pavor espalharia.
Lampião era a um tempo
venenosa caninana
e cordeirinho domado
capaz de ação humana
mas dentro de tais ações
a fúria da fera insana.
Fazia forró com moças
e rapazes reunidos
exigindo que os pares
dançassem todos despidos
enquanto ele e seus cabras
achavam graça, entretidos.
Visto aquele espetáculo
não parecia tão feio
mas o respeito exigido
somava-se ao receio
de que o forró findasse
num horrível tiroteio.
Porque se alguém faltasse
com um tico de respeito
Lampião autorizava
que dessem fim no sujeito
para que ninguém ousasse
repetir seu triste feito.
É claro que um par dançando
completamente despido
para o respeito integral
ser preservado e mantido
só com mortal ameaça
das armas de um bandido.
Com Sebastião Pereira
e Luís Padre, o irmão
reconduzidos à paz
por padre Cícero Romão
o grupo ficou entregue
às ordens de Lampião.
Em livros de outros autores
exaustivamente lidos
contam porque Virgulino
com os maiores bandidos
tiveram os nomes mudados
para alcunhas, apelidos.
Mais de duzentos combates
Lampião empreendeu
peito a peito, em campo aberto
e no dia que morreu
foi em covarde emboscada
que ele nem percebeu.
Quando percebeu foi tarde
para esboçar reação
pois a volante chegou
com a recomendação
de não cometer enganos,
assassinar Lampião.
Lampião foi um valente
como o foi também São Jorge
mas como o Santo, não tinha
consigo nenhum caborje
Lampião também não tinha
demo nenhum no alforje.
Criou o homem o chicote
infernalmente inclemente
para corrigir o erro
do sujeito intransigente,
Lampião foi um chicote
de Deus em forma de gente.
Nunca se viu englobados
num só vivente mortal
tanta sede de grandeza,
nunca sanha tão brutal,
o sentimento selvagem
bruto do bem e do mal.
Lampião seria capaz
de amar perdidamente
aos seus queridos irmãos;
de odiar cegamente
a quem o traísse, ainda
que fosse só com a mente.
No limiar deste século
houve o recrudescimento
do cangaço no nordeste
com o aparecimento
de Lampião, entre todos
talvez o mais violento.
Quando dizemos talvez
temos medo de engano
porque o homem do campo,
o pesquisador insano
mostraram de Lampião
seu lado bom e humano.
Só por Lampião ter sido
muito voluntarioso,
por ter tido, já adulto
a fama de corajoso
não eram razões concretas
para se tornar criminoso.
Para presente edição
foram relacionadas
obras por meticulosa
peneira crítica passadas
e delas só as verdades
foram selecionadas.
Defeitos nas várias obras
que pesquisamos não pomos
porque somos imperfeitos
e principalmente fomos
com as faltas inerentes
ao ser humano que somos.
Liderando muitas vezes
mais de cem homens armados
ao chefe servis, ordeiros,
por volantes odiados,
por fazendeiros temidos
por humildes respeitados.
Também protegidos por
sacerdotes importantes
evitando o choque com
famigeradas volantes
provocando um clima nunca
experimentado antes.
Envolvendo do nordeste
os mais renomados vultos,
homens de conduta dúbia
e supostamente cultos,
ora acoitando bandidos,
às vezes trocando insultos.
À criança indiferente
às coisas más desta vida
dizia a mãe: – Nossa vila
hoje será invadida.
Assim vivia a criança
num clima tenso envolvida.
Na igreja o padre nada
espiritualizado
vaticina o fim do mundo
num sermão tão demorado
que por si já representa
um desconto de pecado.
Mas na vida criminosa
de Virgulino não há
registro de uma só luta
travada no Ceará
pois seu protetor nasceu,
viveu e faleceu lá.
É comprovado e notório
que o grande capitão
guardava muito respeito
ao padre Cícero Romão
tido no nordeste como
padrinho de Lampião.
Igreja, seca e cangaço
geram inquietação
provocando em nossa alma
uma estranha sensação
desconhecida pra quem
nunca viveu no sertão.
Mulheres e cangaceiros
fizeram longa união,
portanto Maria Bonita
na vida do Lampião,
na história do cangaço
não constitui exceção.
Corisco teve Dada
mulher de amor vibrante,
Jararaca teve esposa,
Dois-de-Ouro teve amante,
Cruz Vermelha, companheira,
Roque e assim por diante.
Sendo por Maria Bonita
prontamente apelidada,
por Rainha do Cangaço
também cognominada
era por todos querida
e com temor respeitada.
Os nomes dos cangaceiros,
a completa relação
encontra-se no poema
escrito por nossa mão
intitulado: Corisco –
Sucessor de Lampião.
Só o nome Lampião
era por todos temido
pois fez mulher confessar
a falsidade ao marido
bastava que anunciassem
a presença do bandido
Os coronéis mais valentes,
os políticos mais ousados,
o juiz mais arrogante,
os mais cruéis delegados
na frente de Lampião
ficavam paralisados.
Se mencionar pudesse
aos leitores exigentes,
mais de duzentos combates
em lugares diferentes
nem mesmo vinte volumes
seriam suficientes,
O rastro negro e sinistro
que o capitão deixou…
não se conta os poderosos
que sua senha esmagou,
de sua inclemente fúria,
nem o humilde escapou.
O amor que tinha aos manos
não lembrava um assassino
e viu cair um a um
Antônio, depois Livino
e mais tarde Ezequiel
alcunhado Ponto Fino.
Quando Ezequiel saiu
duma batalha infernal,
tendo nela recebido
um ferimento mortal
Lampião, frio e sinistro
lhe deu o tiro fatal.
E disse num tom mesclado
de ódio, tristeza e dor:
– No dia que eu não tiver
um remédio salvador
façam o mesmo comigo
que me farão um favor.
Quando Antonio faleceu
Lampião sentiu bastante
deixou crescer o cabelo,
se tornou mais arrogante
e sua imagem sinistra
muito mais terrificante.
Quando o grupo do bandido
invadia um povoado
se dessem sem relutância
o tanto solicitado
não havia tiroteio
nem qualquer confronto armado.
O capitão vaidoso
de quando em quando pedia
jornal que falasse dele
por todo lugar que ia
sobretudo os que tivessem
a sua fotografia.
Da maneira coletiva
tratava bem os sequazes
umas vezes “os meninos”
outras vezes “meus rapazes”
dirigindo sempre a eles
as mais calorosas frases.
A prudência aconselhava
ao Capitão infernal
para nunca invadir
cidades do litoral
pra não botar em perigo
ele e o seu pessoal.
No ataque a Mossoró
em que saíra frustrado
disse que dali pra frente
só estava interessado
no sertão quente, e, às vezes
até mesmo esturricado.
Toda vez que seqüestrava
o filho dum fazendeiro
pedia pelo resgate
grande soma de dinheiro
do contrário, a sangue frio,
matava o prisioneiro.
Certa vez em Simão Dias
um distante povoado
foi por um agricultor
bondosamente avisado
que por cem cabras, estava
o povoado guardado.
Lampião disse: – Com cem
cabras meu grupo não pode –
Mas corisco gracejou,
num divertido pagode:
– Para cem cabras, compadre
basta simplesmente um bode.
Mas Lampião possuía
o modo de proceder:
– Sem certeza de vitória
não devemos combater,
depois da derrota é tarde
até para se arrepender.
Lampião só tinha um olho
mas não cansava em lembrar
que tinha de fechar um
ao ser preciso atirar
portanto não precisava
o luxo de ter um par.
Meio dia em ponto ele
reunia o pessoal,
orava gesticulando
para com o ritual
mostrar aos cabras que tinha
algo sobrenatural.
Quando o Sol agonizava
para os lados do poente
Lampião mais uma vez
se curvava reverente
às coisas da natureza
respeitoso, obediente.
Lampião e seus capangas
no combate violento
uivava como cachorro,
rinchava como jumento
provocando nos soldados
sombrio estremecimento.
Ele embora acalentasse
no peito grande saudade
dos pais, quando padre Cícero
se foi pra eternidade
foi que Lampião sentiu
a verdadeira orfandade.
Não viajava aos domingos,
parava pra descansar,
no meio da mata agreste
improvisava um altar
em torno do qual mandava
o grupo contrito orar.
Lampião dormia pouco
ele e o seu pessoal,
a não ser que o instinto,
o seu amigo leal
segredasse ao seu ouvido
um aviso especial.
Emílio Ferreira um
dos padres mais importantes
aconselhou Labareda
a capar os semelhantes
porém deixá-los com vida
por mais que fossem arrogantes.
Labareda até gostou
desse conselho sadio
porque não gostava mesmo
de matar a sangue frio
tal como viu um soldado
fazer com seu próprio tio.
Como viu Sabino um dia
tão mortalmente ferido
que pediu para ser morto
e Mergulhão, comovido,
pegou prontamente a arma
e atendeu seu pedido.
Com moedas de tostões,
de dois tostões e cruzados
Lampião fazia o bem
a muitos necessitados
principalmente aos mendigos,
aos cegos e aos aleijados.
Um dia a tarde caia
e o santo do Juazeiro
viu da casa onde morava,
do extremo do terreiro
seu mais ilustre afilhado,
o mais devoto romeiro.
Era Lampião que vinha
liderando um grupo armado
dos lados de Pernambuco
pelo padre convidado
para dar combate aos Prestes
cordialmente chamado.
Andava a coluna Prestes
pregando pânico geral
e possivelmente como
finalidade central
desestabilização
do governo federal.
Foi para conter tal fúria
que Lampião foi chamado,
na casa do repentista
João Mendes foi instalado
num sobrado onde ficou
com o seu grupo hospedado.
No confortável sobrado
do ilustre repentista
recebia autoridades,
dava esmola e entrevista
contando suas mais terríveis
façanhas a um jornalista.
Internacionalmente,
sobretudo no sertão
é sabido que a patente
honrosa de capitão
Virgulino recebeu
do padre Cícero Romão.
Conduzia Lampião
suplícios martirizantes,
ferros de marcar novilhos
para ferrar delatantes
que fossem denunciar
sua presença às volantes.
Quarenta anos de idade
dos quais vinte ou mais de lida
no cangaço impiedoso
e enquanto ele com vida
foi a férrea disciplina
dentro do grupo mantida.
Nessas alturas o audaz
bandoleiro do cangaço
mostrava nas faces rudes
indisfarçável cansaço
e cairia brevemente
sem entregar-se ao fracasso.
Ele que amou febrilmente
a uma mulher casada
praticando amor selvagem
no pé das moitas deitada
companheira tão valente
quanto fiel e ousada.
O cangaceiro gostava
ouvir orgulhoso assim:
aqui caiu Zabelê,
aqui tombou Zepelim,
aqui morreu Juriti,
aqui Roque teve fim…
Mil novecentos e trinta
ocorreu a divisão
do grupo em diversos bandos
prestando, em reunião
contas ao supremo chefe
do cangaço: Lampião.
No ano de trinta e oito
ninguém sabia no sertão
notícia do bandoleiro,
parece até que o chão
para sempre havia tragado
o famoso Lampião.
Notícias à sua cerca
eram tão desencontradas,
algumas já como lendas
por muita gente contadas
que deixavam as volantes
muito desorientadas.
Uma noite finalmente
ele reapareceu
a dezessete de abril
de trinta e oito se deu
seu reaparecimento
que o nordeste estremeceu.
Três meses e onze dias
depois da alegre incursão
pelo Rio São Francisco
o bando do Lampião
parou em Angicos para
desfazer-se da exaustão.
Depois de tanta armadilha
pelas volantes armada,
de tanta vã tentativa
por Virgulino frustrada
Angicos seria o fim
da criminosa jornada.
A volante de Bezerra
pertencia ao batalhão
comandada por Lucena
de Albuquerque Maranhão
solenemente incumbida
de acabar Lampião.
E algo estranho dizia
ao experiente ouvido
do tenente João Bezerra
que o bandoleiro temido
estava com o seu bando
naquela mata escondido.
Margeando o velho Chico
a volante caminhava,
o tenente João Bezerra
silêncio recomendava,
os nervos ficavam tensos
à proporção que avançava.
Pouco depois João Bezerra
dividiu sua volante
e nomeando ali para
cada grupo um comandante
estreitando o cerco para
um ataque fulminante.
A vinte e oito de julho
era ainda madrugada
somente Maria Bonita
se encontrava acordada
recebendo à queima roupa
a fulminante rajada.
Num movimento instintivo
tantas vezes repetido
Lampião sacou as armas
mas mortalmente atingido
dobrou-se ficando sobre
as próprias armas caído.
Depois da luta em que foram
dizimadas tantas vidas
lhes deceparam as cabeças
e depois de recolhidas
em latas de querozene
foram todas conduzidas.
Nascido em noventa e oito
quarenta anos viveu,
a vinte e oito de julho
quando o dia amanheceu
de trinta e oito, em Angicos
Virgulino faleceu.

DO CONTO AO CORDEL E VERBO


Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Departamento de Educação – DEDC Campus I
Curso de Pedagogia
Disciplina: Referenciais Teóricos Met. do Ensino de Língua Portuguesa
Docente: Rosemary Lapa
Discentes: ​Flávia Lucas/Flávia Rayana/ Gigliolla Cruz/ Lariane Menezes

PROJETO

DO CONTO AO CORDEL E VERBO

Publico Alvo: ​Alunos do 5º Ano do Ensino Fundamental

Tema: ​Do conto ao cordel

Objetivos:

· conhecer o gênero cordel;

· comparar o conto com cordel;

· Perceber no texto a funcionalidade dos verbos e adjetivos;

· produzir um cordel a partir de contos de fadas;


· conhecer a técnica da xilogravura;

· organizar um festival de cordéis.

Sequência didática

· Apresentação e trabalho com a estrutura do gênero conto, tanto no

aspecto formal, quanto estílístico e linguístico.

· Apresentação e trabalho com a estrutura do gênero cordel, tanto no

aspecto formal, quanto estílístico e linguístico.

· Comparação dos gêneros conto e cordel, notadamente no aspecto formal.

· Transformação do gênero conto em cordel.

· Produção dos livros de cordel.

· Produção artesanal de xilogravuras

· Exposição dos cordéis.

MATERIAL: ​Textos impressos (A Bela e a Fera, Lampião lá do Sertão e a Bela e


a Fera em cordel); folhas de papel ofício; bandejas de isopor; tinta guache; lápis;
palitos de dente; tesoura; rolinho de espuma para pintura; DVD (cordel “A árvore
de dinheiro”); corda.

A Bela e a Fera
Adaptado dos contos dos irmãos Grimm

Há muitos anos, em uma terra distante, viviam um mercador e suas


três filhas. A mais jovem era a mais linda e carinhosa, por isso
era chamada de "BELA".
Um dia, o pai teve de viajar para longe a negócios. Reuniu as
suas filhas e disse:
— Não ficarei fora por muito tempo. Quando voltar, trarei
presentes. O que vocês querem? - As irmãs de Bela pediram
presentes caros, enquanto ela permanecia quieta.
O pai se voltou para ela, dizendo:
— E você, Bela, o que quer ganhar?
—uma rosa, querido pai, porque neste país elas não
crescem, respondeu Bela, abraçando-o forte.
O homem partiu, conclui os seus negócios, pôs-se na estrada para
a volta. Tanta era a vontade de abraçar as filhas, que viajou por
muito tempo sem descansar. Estava muito cansado e faminto, quando,
a pouca distância de casa, foi surpreendido, em uma mata, por
furiosa tempestade, que lhe fez perder o caminho.
Desesperado, começou a vagar em busca de uma pousada, quando, de
repente, descobriu ao longe uma luz fraca. Com as forças que lhe
restavam dirigiu-se para aquela última esperança.
Chegou a um magnífico palácio, o qual tinha o portão aberto e
acolhedor. Bateu várias vezes, mas sem resposta. Então, decidiu
entrar para esquentar-se e esperar os donos da casa. O interior,
realmente, era suntuoso, ricamente iluminado e mobiliado de
maneira esquisita.
O velho mercador ficou defronte da lareira para enxugar-se e
percebeu que havia uma mesa para uma pessoa, com comida quente e
vinho delicioso.
Extenuado, sentou-se e começou a devorar tudo. Atraído depois
pela luz que saía de um quarto vizinho, foi para lá, encontrou uma
grande sala com uma cama acolhedora, onde o homem se esticou,
adormecendo logo. De manhã, acordando, encontrou vestimentas
limpas e uma refeição muito farta. Repousado e satisfeito, o pai
de Bela saiu do palácio, perguntando-se espantado por que não
havia encontrado nenhuma pessoa. Perto do portão viu uma roseira
com lindíssimas rosas e se lembrou da promessa feita a Bela. Parou
e colheu a mais perfumada flor. Ouviu, então, atrás de si um
rugido pavoroso e, voltando-se, viu um ser monstruoso que disse:
— É assim que pagas a minha hospitalidade, roubando as
minhas rosas? Para castigar-te, sou obrigado a matar-te!
O mercador jogou-se de joelhos, suplicando-lhe para ao menos
deixá-lo ir abraçar pela última vez as filhas. A fera lhe propôs,
então, uma troca: dentro de uma semana devia voltar ou ele ou uma
de suas filhas em seu lugar.
Apavorado e infeliz, o homem retornou para casa, jogando-se aos
pés das filhas e perguntando-lhes o que devia fazer. Bela
aproximou-se dele e lhe disse:
— Foi por minha causa que incorreste na ira do monstro. É
justo que eu vá...
De nada valeram os protestos do pai, Bela estava decidida.
Passados os sete dias, partiu para o misterioso destino.
Chegada à morada do monstro encontrou tudo como lhe havia
descrito o pai e também não conseguiu encontrar alma viva.
Pôs-se então a visitar o palácio e, qual não foi a sua surpresa,
quando, chegando a uma extraordinária porta, leu ali a inscrição
com caracteres dourados: "Apartamento de Bela".
Entrou e se encontrou em uma grande ala do palácio, luminosa e
esplêndida. Das janelas tinha uma encantadora vista do jardim.
Na hora do almoço, sentiu bater e se aproximou temerosa da porta.
Abriu-a com cautela e se encontrou ante de Fera. Amedrontada,
retornou e fugiu através das salas. Alcançada a última, percebeu
que fora seguida pelo monstro. Sentiu-se perdida e já ia implorar
piedade ao terrível ser, quando este, com um grunhido gentil e
suplicante lhe disse:
— Sei que tenho um aspecto horrível e me desculpo; mas não
sou mau e espero que a minha companhia, um dia, possa ser-te
agradável. Para o momento, queria pedir-te, se podes honrar-me
com tua presença no jantar.
Ainda apavorada, mas um pouco menos temerosa, bela consentiu e ao
fim da tarde compreendeu que a fera não era assim malvada.
Passaram juntos muitas semanas e Bela cada dia se sentia
afeiçoada àquele estranho ser, que sabia revelar-se muito gentil,
culto e educado.
Uma tarde , a Fera levou Bela à parte e, timidamente, lhe disse:
— Desde quando estás aqui a minha vida mudou. Descobri que
me apaixonei por ti. Bela, queres casar-te comigo?
A moça, pega de surpresa, não soube o que responder e, para
ganhar tempo, disse:
— Para tomar uma decisão tão importante, quero pedir
conselhos a meu pai que não vejo há muito tempo!
A Fera pensou um pouco, mas tanto era o amor que tinha por ela
que, ao final, a deixou ir, fazendo-se prometer que após sete dias
voltaria.
Quando o pai viu Bela voltar, não acreditou nos próprios olhos,
pois a imaginava já devorada pelo monstro. Pulou-lhe ao pescoço e
a cobriu de beijos. Depois começaram a contar-se tudo que
acontecera e os dias passaram tão velozes que Bela não percebeu
que já haviam transcorridos bem mais de sete.
Uma noite, em sonhos, pensou ver a Fera morta perto da roseira.
Lembrou-se da promessa e correu desesperadamente ao palácio.
Perto da roseira encontrou a Fera que morria.
Então, Bela a abraçou forte, dizendo:
— Oh! Eu te suplico: não morras! Acreditava ter por ti só
uma grande estima, mas como sofro, percebo que te amo.
Com aquelas palavras a Fera abriu os olhos e soltou um sorriso
radioso e diante de grande espanto de Bela começou a
transformar-se em um esplêndido jovem, o qual a olhou comovido e
disse:

— Um malvado encantamento me havia preso naquele corpo

monstruoso. Somente fazendo uma moça apaixonar-se podia vencê-lo e

tu és a escolhida. Queres casar-te comigo agora?

Bela não fez repetir o pedido e a partir de então viveram felizes


e apaixonados.

Aula 1

Atividade 1: Conversando sobre o conto

Quem sabe o que é um conto? ​Ouvir e considerar as respostas dos estudantes e,


caso seja necessário, acrescentar as informações abaixo;

É uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de


fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um
narrador, personagens, ponto de vista e enredo.

A leitura do conto A bela e a Fera será feita pelos alunos, ou seja, um assumirá o
papel de narrador e os outros, os personagens.

Quem escreveu este conto?


Vamos conhecer um pouquinho desse autor?
Quais as características dos personagens principais?

Nessa versão, o mercador, pai de Bela tem três filha, vocês já ouviram outras
versões em que ele tivesse menos filhas? Quantas eram?

Mesmo com boas intenções, o pai da Bela tomou uma atitude correta ao colher a
rosa do jardim da Fera? (levá-los a compreender, durante o diálogo que o pai da
Bela tirou algo que não lhe pertencia, sem pedir ao dono) Qual seria atitude
correta a ser tomada?

A Fera, mesmo com razão, porque o pai da Bela tirou algo de seu jardim sem lhe
pedir, tomou uma atitude justa? Era necessário prendê-lo por isso? O que você
faria se fosse a Fera?
E com relação à atitude da Bela? Ela fez certo em tomar o lugar do pai, tomando
a punição por algo que seu pai havia feito?

Se você fosse a Fera, aceitaria o que a Bela fez?

Note que as palavras Fera e Bela sempre aparecem no texto com inicial
maiúscula. Por que isso acontece?

Ler o texto novamente perguntando:


· Se eles encontraram alguma palavra desconhecida no texto.
· Já leram algum texto como esse anteriormente? (o mesmo gênero)
· Em que espaço ocorre a narrativa?
· Em qual tempo ocorre a narrativa?
· O que aproxima Bela de Fera?
· Qual o momento de maior tensão na narrativa?
· Existe a caracterização das personagens nessa história? Como é?
Dê exemplos.
· Por que a caracterização ocorre dessa forma? Levante hipóteses.

Atividade 2:

Atividade individual:

Fazer um levantamento prévio sobre o que os alunos sabem sobre verbo, após
ouvir tudo o que eles disserem, pedir que observemos verbos no texto A Bela e a
Fera, chamando atenção para as características dos verbos (indicam tempo,
situação de ação, estado ou fenômeno da natureza, sempre concordam com o
substantivo),na sequência , questionar: Em que momento eles dão ideia de
passado e quando dão ideia de presente? Por que, possivelmente isso acontece?
Em algum momento é possível perceber no tempo uma ação que ocorra no
futuro?

Trabalhar períodos do texto para mostrar a diferença entre passado (perfeito e


imperfeito) e presente.
​Sei que ​tenho um aspecto horrível e me d
​ esculpo;​ mas não sou mau e
espero​ que a minha companhia, um dia, possa ser-te
agradável. Para o momento, queria pedir-te, se podes honrar-me
com tua presença no jantar.
Perto do portão v​ iu uma roseira com lindíssimas rosas e se ​lembrou da promessa
feita a Bela.

ü Os verbos no passado dão sempre a mesma ideia?


ü Nesses trechos, os verbos dão ideia de passado, mas as ações no
passado se comportam da mesma maneira?

Oh! Eu te ​suplico​: não ​morras!​ Acreditava ter por ti só uma grande estima, mas
como ​sofro​, p
​ ercebo​ que te a
​ mo.​

ü Os verbos no presente dão sempre a mesma ideia?


ü Nesse trecho, os verbos dão ideia de presente, mas as ações no
presente se comportam da mesma maneira? (Sim. Sempre a mesma
ideia! A frase “não morras” está no modo imperativo, enquanto os
outros verbos estão no indicativo)

Em seguida:

Construir em conjunto com a turma uma definição para essa classe gramatical e
seus tempos verbais.

Montar no quadro, a tabela cujas colunas devem ser os tempos que apareceram
predominantemente no texto trabalhado.
Após todos os verbos estarem na tabela, é hora de treinar sua flexão, mantendo
a pessoa verbal.

PRESE PASSA
NTE DO
Quero, Queria,
sofro, sofria,
percebo, percebia
suplico. ,
suplique
i.

Vivo, é, Vivia,
há, era,
muda. havia,
mudou.

Pedir que os alunos façam a reescrita do texto com um final que eles acharem
mais adequado, interessante para depois entre si trocarem e cada um poder ver
a reescrita do outro.

Aula 2

Atividade 1

Fazer um levantamento do conhecimento prévio dos alunos sobre o gênero


cordel com as seguintes perguntas:
1. Você já ouviu falar em Cordel?
2. Se já ouviu falar, o que sabe sobre o assunto?
3. Levar cordéis para a sala de aula para que os alunos leiam.

Atividade 2
Levar os alunos para o laboratório de informática e pedir que em dupla façam
uma pesquisa com as seguintes questões:
§ Quando surgiu o Cordel?(Local, contexto, etc.).
§ Qual sua importância em nossa cultura?

§ Quais são os assuntos presentes nos cordéis?


§ Quais são suas características?
§ Como é chamado modo como se fazem os textos imagéticos presentes nos
cordéis? Qual sua importância para os cordéis?
§ Como as xilogravuras são feitas?
Os alunos deverão anotar nos cadernos as informações encontradas durante as
buscas e, caso encontrem alguma outra informação relevante além das
indicadas, também poderão anotar e trazer para a aula seguinte.
Para as buscas deverão principalmente acessar os sites indicados abaixo ou
acessar o Google e pesquisar a palavra “cordel” ou “literatura de cordel”, onde
encontrarão diversos sites:

o http://www.significados.com.br/cordel/;
o http://www.cecordel.com.br/infantis.html;
o
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/como-surgiu-literatura-c
ordel-683552.shtml;
o
http://www.carnaxe.com.br/cronicas/literaturadecordel_comoe_comofazer.htm.

AULA 3

Atividade 1

Em sala de aula, conversar com os alunos sobre pesquisa feita por eles,
ressaltando a importância do cordel na cultura popular. Nesse momento, todos os
alunos exporão oralmente as questões pesquisadas, emitindo suas opiniões
sobre a literatura de cordel (se gostaram ou não).

ü Durante a conversa com os alunos, caso seja necessário, contar para a


turma sobre a origem do cordel, o porquê do nome, seu desenvolvimento
no Brasil, o preconceito que pesou sobre o gênero no passado, sua
valorização nos dias de hoje, etc.

Atividade 2

ü Juntamente com os alunos e a partir das informações obtidas por eles com

a pesquisa, construir um quadro contendo as principais características do

gênero e que serão utilizadas posteriormente por eles na produção de

seus cordéis . No quadro deverá conter as características essenciais de

cordel: a estrutura (sextilha, setilha, oitava, decima); as rimas; texto

imagético (contextualizado) e a forma de exposição (pendurados em

cordas). Aproveitaremos esta atividade para retomar a estrutura do conto e

fazer comparação, ressaltando os pontos convergentes.

AULA 4
Lampião, lá do Sertão!

“Bem no meio da Caantiga


E não falo do “fedô”!
Pois entendam que esse nome
(Seu menino, seu “dotô”)
é dado à vegetação
que cresce lá no Sertão
onde a história se “passô”

E foi em Serra Talhada


Num canto desse Sertão
Que nasceu um cangaceiro
O seu nome: Lampião
Para uns muito malvado
Para outros um irmão

Ele era muito brabo


Tinha muita atitude
Alguns dizem, hoje em dia
Que ele era o Robin Hood
Roubava do povo rico
Dava a quem só tinha um tico
De dinheiro e de saúde

Ou talvez fosse um pirata


Mas não navegava não
Ele tinha um olho só
Também era Capitão
Comandava o seu bando
Com muita satisfação

O cabra era tão raivoso


Que se um pedacinho entrava
De comida entre os dentes
E muito lhe incomodava
Ele pegava um facão
E fazia uma extração
Que nem o dente sobrava!

E esse homem tão temido


Também tinha sentimento!
Um dia se apaixonou
E pediu em casamento
A tal Maria Bonita
Que lhe deu consentimento

Ela também era braba


E andava no seu bando
Demonstrou que a mulher
Também tem força lutando
e seguiu o seu marido
mundo afora, caminhando

Entre uma batalha e outra


Lampião se divertia
Gostava duma sanfona
E dançava com Maria
Seu bando fazia festa
Até o raiar do dia

Ele dançava forró


Xaxado e também baião
Gostava era das cantigas
Das noites de São João

Numa noite de Luar


Bem cansado de fugir
Da polícia que jamais
Cansou de lhe perseguir
Lampião olhou pro céu
Cantou antes de dormir:

“Olha por Céu meu Amor.


Vê como ele está lindo…
Olha pra aquele balão multicor
Que lá no céu vai sumindo…”

E assim adormeceu
Junto da sua Maria
A polícia os encontrou
Logo cedo no outro dia

Foi cantando uma cantiga


Sobre o céu do seu rincão
Que se despediu da vida
O temido Lampião
Que faz parte da história
e hoje vive na memória
de quem é da região

E é cantando esta canção


que eu encerro a poesia
de uma história que falou
de tristeza e alegria
vamos continuar no xote
me despeço com o mote:
Adeus, até outro dia.

Atividade 1:

Levantar os seguintes questionamentos/ debate:

ü Vocês conhecem a historia de Lampião e Maria Bonita?


ü Como a autora apresenta Lampião e Maria Bonita?
ü Para o povo, conforme a autora, o que eles faziam era errado?
ü O que você acha das atitudes deles?
ü Eles teriam outras formas para fazer o bem sem serem perseguidos pela
policía? Quais?
ü Este cordel apresenta algumas palavras que mostram a forma como
algumas pessoas falam (variações linguísticas), quais delas vocês
conseguiram identificar? (fedô, dotô, passo, brabo...)
ü Que outro final você daria para este cordel?

Na estrofe abaixo, podemos perceber como as pessoas achavam que


Lampião era:

E foi em Serra Talhada


Num canto desse Sertão
Que nasceu um cangaceiro
O seu nome: Lampião
Para uns muito malvado
Para outros um irmão

ü Releiam o texto buscando nele algumas pistas sobre como eram Lampião e
Maria Bonita.
ü Quais outras características vocês dariam aos personagens?
v Solicitar que os alunos reescrevam o texto suprimindo as palavras que
caracterizam os personagens, de forma que percebam a funcionalidade dos
adjetivos no texto, depois refletiremos sobre:

ü Quais diferenças vocês perceberam entre os dois textos?


ü Qual a importância dos adjetivos para o funcionamento do texto?

Aula 5

Transformando cordel em conto

Atividade 1

ü Fazer uma rápida revisão do que é conto e cordel com os alunos.


ü Explicar para eles que nós podemos transformar um gênero textual em
outro.
ü Explicar para eles que às vezes uma história pode ter diferentes finais.
ü Mostrar para eles a história da Bela e a Fera contada em Cordel.

A Bela e a Fera em cordel


(autoria própria do grupo)

Aconticeu lá na França

Qui é longe de vredadi


Tinha um comeciante
Qui vivia fazeno viagi
Até que um belo dia
Uma linda rosa ele viu
E foi ai que a confusão começou viu?

Nosso amigo comeciante


Tinha uma fia muito amada
Seu nomi era Bela
Dorce, meiga e muito cobiçada
Mas a linda rosa tinha dono
E ele ficô muito brabo, fazeno do comeciante
seu mais novo escravo

“Predão sinhô era pra minha fia”


O comeciante lhe falô,
“Mas me dexe dizer adeus a Bela, ela é
tudo o qui mim restô”
Quando foi se dispedir, contô o que aconticeu
E sua fia de seu pai
Logo se compadiceu
Meu pai vô no seu lugar” e assim aconticeu.

E tinha tombém o Gaston


Que era muito apaixonado
Mas a menina Bela
Não lhe dava papo furado
Tinha muito nojo dele
Que se achava o bonzão

Os dias foram passando


E a Bela conhicendo
Mais do castelo e de seus serventes
Que tentavam lhe agradá
Pois sabiam que somenti a Bela podia
Já que lhe amoliceu o coração
Quebrar o feitiço da Fera e de seus empregados

E a fera mal humorada


Descobriu o sentirmento
Ele estava apaixonardo
E pra ele isso era um tormento
Porque era a Fera
E a dama uma simplismente Bela

No começo foi estranho


Muita briga e confusão,
Mas depois se entenderam
E a Bela precebeu
Que dentro daquela capa feia
Tinha um lindo sentirmento

Mas um belo dia


O pai da nossa Bela
Disse para todos que
Ela era prisiorneira da fera
Pouca gente acreditô
Mas foi aí que Gastão pensô....

“A Bela estando em perigo,


Se eu lhe sarvar
Ela vai me aceitar como marido...”
E então amedrontou muita gente da cidade

A fera precebeu que a Bela andava triste


E a deixô partir para que seu pai ela virsse
Mas antes de sair ela lhe fez uma promessa
“volto em algumas horas” E saiu sorrindo depressa
Se tivesse prestardo atenção teria visto que surgia
Uma grande lágrima no rosto de sua Fera

Ah que filicidadi,
Quando a Bela viu seu pai
Muitos abraços pra martá a sardade
E a Bela logo soube que Gastão planejava uma mardade

Quando seu pai lhe contô


Pro castelo da Fera a Bela logo correu
Queria salvar seu amigo

Daquele povo que não lhe compreendeu


Quando a Bela chegou o castelo tinha sido tomado..

Atividade 2

ü Perguntar para as crianças se elas sentiram diferença entre a história


em forma de conto e em forma de cordel.
ü Mostrar no quadro construído com as estruturas do conto e para que as
crianças semelhanças e diferenças.
ü Pedir para que as crianças identifiquem os “erros ortográficos” e
juntamente com eles fazer uma reescrita do texto.
ü Pedir para que as crianças, por escrito, deem um final para o cordel.

Aula 6

ü Perguntar o que as crianças lembram da aula passada.


ü Pedir que as crianças, em grupos de quatro, transformem um conto que
gostem em cordel (serão disponibilizados os contos que eles
escolherem e várias versões de cordéis para que eles possam tomar
como exemplo).
ü Pedir que fiquem em círculo e depois leiam seus cordéis para os outros
colegas.

Aula 7

Com os textos dos cordéis prontos, inicia-se o processo de confecção dos


livros.
· Cada grupo deverá fazer uma produção de texto imagético que
dialogue com o texto escrito estes serão transformados em xilogravura
(iso-gravura) e servirão como capa para os livros.

· ​Confecção das xilogravuras: Os alunos deverão recortar as abas


de bandejas de isopor ( de frios de supermercados). Poderão desenhar
ou decalcar os desenhos já feitos no papel sobre as bases das
bandejas(este processo formará sulcos no isopor). Em seguida com a
ponta do lápis ou de um palito deverão aumentar o sulcos, porém sem
furar o isopor. Após o término do desenho deverão passar a tinta no
isopor com um rolinho de espuma para pintura e depois pressionar o
desenho sobre o papel. Podendo usar um rolo de macarrão ou uma
garrafa e passar por cima do molde para imprimir melhor do desenho
no papel.
ü Confeccionar os livrinhos de cordel.

Culminância:

ü Como culminância será realizada uma exposição dos cordéis na qual os


alunos apresentarão para as outras turmas seus trabalhos.

Referências:

A árvore de dinheiro. Disponível em: https://​www.youtube​. com/watch?v=2p7g


MAPwcaU&index=1&list=PLTCoz 05H11m JeOyUMSD98vwYESvDMCYOD.
Acesso:10/06/14.
Cordel Lampião lá no sertão. Disponível em:
marianebigio.com/2014/05/08/​lampiao​-​la​-do-​sertao​/ Acesso:10/06/14.
Como Fazer um Livrinho com
Folhas de Papel

Você precisa de um pequeno livrinho


para organizar alguns dados, desenhar
ou para um projeto da escola?
Qualquer que seja o motivo, é bem fácil
fazer um livrinho de papel — tudo o que
você precisa é de uma tesoura e uma
folha de papel em branco. Vamos
começar!

Passos

1- Pegue uma folha de papel A4 e


dobre-a ao meio (na forma vertical).
2 - Faça outra dobra como essa
(dessa vez, na forma horizontal).

3 - Abra a folha e você terá quatro


partes.
4 - Faça mais uma dobra horizontal e
depois abra a folha de novo.

5 - Dobre a folha novamente ao meio,


como no primeiro passo.
6 -Com a tesoura, corte nas linhas
marcadas, começando na dobra. Pare
de cortar quando chegar ao meio.

7 - Desdobre a folha e dobre novamente


na forma horizontal.
8 - Finalmente, pegue as duas
extremidades e as una!

9 -Agora basta escrever o que


quiser.​ Aproveite!

Dicas​Se quiser um livrinho maior, use

uma folha de papel maior.


Ao fazer as dobras, tente fazê-las o
mais uniformes e definidas que puder!

Se precisar de mais páginas, corte a


extremidade do livrinho.

Avisos

No processo de corte, preste atenção

para parar imediatamente logo no meio

do papel. Caso contrário, o seu livrinho

vai ficar todo desarrumado.

Quando acabar, tenha o cuidado de


não cortar o lado com a dobra e o topo
do livrinho, senão ele vai desmoronar.

Materiais Necessários

Folhas de papel

Tesoura (caso não tenha, pode rasgar


com cuidado)
IDEIAS
REFERÊNCIAS:

1. http://cordelparaiba.blogspot.com/2010/03/historia-da-literatura-de-cordel.html
2. http://acordacordel.blogspot.com/2012/04/meu-trabalho-e-fazer-um-cordel.ht
ml
3. http://sequenciadidaticadeportugues2014.blogspot.com/p/universidadedo-est
ado-da-bahia-uneb_56.html
4. https://www.significados.com.br/cordel/
5. https://www.significados.com.br/xilogravura/
6. https://docs.google.com/document/d/14MHvAEHpzs8JajoKFMs415qnvZHAdh
1XH5c6RxgC6PU/edit#
7. https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=662&tbm=isch&sa=1&ei=Fj
FZW-qbMIGnwASIhbOwBg&q=LITERATURA+DE+CORDEL+TRABALHADO
+NA+ESCOLACORDEL+&oq=LITERATURA+DE+CORDEL+TRABALHADO+
NA+ESCOLACORDEL+&gs_l=img.3...316501.337612.0.338154.42.41.0.0.0.
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KB8qc#imgrc=_
8. https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=662&tbm=isch&sa=1&ei=b
DJZW-udNoifwAShq5fQDQ&q=IDEIAS+CORDEL+TRABALHADO+NA+ESC
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