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Exercícios sobre Adequação Vocabular

1. Muito se fala em adequação vocabular, sobretudo em se tratando dos requisitos de


toda e qualquer produção escrita. Mas, afinal, qual o conceito que se atribui a essa
recorrente expressão?

Ao respondermos a essa indagação, tendo em vista que o próprio enunciado faz referência
à modalidade escrita da linguagem, torna-se relevante ressaltar que a adequação
vocabular se refere aos requisitos preconizados pela modalidade em referência. Como se
trata de uma situação específica de interlocução, o discurso tem de estar de acordo com
os preceitos gramaticais, levando-se em consideração as questões relacionadas à
ortografia, morfologia, semântica e à sintaxe.

2. Faça um comentário acerca da noção de certo X errado, tendo em vista as


diversas situações de interlocução.

Mais uma vez a adequação vocabular representa o ponto fundamental da discussão ora
abordada. Nesse sentido, temos que a noção de certo e errado, mesmo denotando pontos
conflitantes, carece de uma discussão um tanto quanto apurada, tendo em vista que, para
a Sociolinguística, a mutabilidade e a variabilidade são características inerentes a qualquer
língua natural.

Dessa forma, muito se discute sobre o caráter hegemônico que a linguagem formal tem
sobre a linguagem do dia a dia. A título de exemplificação, vale dizer que essa
heterogeneidade resulta das variações linguísticas presentes nos grupos sociais como um
todo. Pessoas de diferentes grupos se expressam de diferentes formas, levando-se em
consideração o contexto em que se materializa a interlocução.

3. Tendo em vista as variações linguísticas, registre sua opinião acerca dos exemplos
mencionados abaixo:

O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.
 
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
 
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)
                                       Patativa do Assaré

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
                                        Oswald de Andrade

Temos que o primeiro exemplo, literalmente, representa uma das variações socioculturais
da língua, manifestada por um vocabulário genuinamente caipira. Partindo desse
pressuposto, convém focarmos em uma recorrente discussão: a comunicação, uma vez
não estando errada, estando somente transgredindo a norma culta, não deixou de se
efetivar. Exemplo disso é que Patativa do Assaré, pseudônimo de Antônio Gonçalves da
Silva, com seu estilo simples, porém poético, conseguiu atravessar fronteiras, fazendo com
que sua obra ficasse conhecida no continente europeu. 

Comparada ao segundo exemplo, mesmo que nesse a postura ideológica se manifeste de


forma diferente, constatamos que Oswald de Andrade retrata essa questão do
academicismo e revela que as variantes linguísticas delineiam as relações sociais de
forma geral e, assim, vão se propagando por meio dos “teiados” construídos mediante as
interlocuções cotidianas.

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