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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS I- SALVADOR


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDO DE LINGUAGENS

ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO

GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS:


A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE
TODOS OS SANTOS

Salvador
2015
ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO

GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS:


A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE
TODOS OS SANTOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Estudos de Linguagens do Departamento de Ciências
Humanas – Campus I, da Universidade do Estado da Bahia –
UNEB, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Celina Márcia de Souza Abbade

Salvador
2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Sistema de Bibliotecas da UNEB
Bibliotecária: Jacira Almeida Mendes – CRB: 5/592

Brandão, Analídia dos Santos


Guia de ruas, (bairros) e mistérios: a toponímia como elemento identitário em
Bahia de Todos os Santos / Analídia dos Santos Brandão . – Salvador, 2015.
180f.

Orientadora: Celina Márcia de Souza Abbade.


Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento
Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens. Campus
I.

Contém referências.

1. Amado, Jorge, 1912 - 2001. 2. Salvador (BA) - Descrições de viagens -


Guias. 3. Identidade social. 4. Cultura. I. Abbade, Celina Márcia de Souza.
II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas.

CDD: 981.142
TERMO DE APROVAÇÃO

ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO

GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS:


A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE
TODOS OS SANTOS

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Estudo
de Linguagens, da Universidade do Estado da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

BANCA EXAMINADORA

MARIA CÂNDIDA TRINDADE COSTA DE SEABRA


Examinadora convidada
Doutora em Linguística, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil
__________________________________________________________________

MARIA DA CONCEIÇÃO REIS TEIXEIRA


Examinadora interna
Doutora em Letras e Linguística, Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil
___________________________________________________________________

CELINA MÁRCIA DE SOUZA ABBADE


Orientadora
Doutora em Letras, Universidade Federal das Bahia, UFBA, Brasil
______________________________________________________________________
“Sob um céu de admirável limpidez, na fímbria do mar ou na montanha onde corre sempre uma
cariciosa aragem, vive o povo mais doce do Brasil. Na cidade do Salvador da Bahia.”

(AMADO, [1945] 2002, p. 21)

Ilustração de Carlos Bastos


AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida, pela força em cada momento difícil e
por permitir que mais uma obra se cumprisse na minha vida.

À minha família pelo apoio constante, pela atenção e pelo incentivo de sempre. Meus pais
Antonieta e Antonio e minha irmã Ana Paula foram as pessoas que mais acreditaram que eu
poderia ir mais longe.

À Marco Aurélio pela paciência, compreensão, pelo carinho e por ser meu porto seguro nos
momentos nada tranquilos.

À minha orientadora querida, Prof. Dra Celina Márcia de Souza Abbade, pelos ensinamentos,
pelo comprometimento, pelo profissionalismo, pelo carinho, pelas risadas e pelo exemplo de
força e alegria.

Às professoras Conceição Reis e Cândida Seabra pelas generosas contribuições, conselhos e


orientações desde o desenvolvimento e até conclusão dessa minha pesquisa.

Aos professores do PPGEL/UNEB pelos momentos de conhecimentos e aprendizagens que


contribuíram para a minha formação.

Aos meus colegas do PPGEL pelos momentos compartilhados, pelos risos e pelo rico
convívio, em especial a Celiane Souza, Cláudio Ribeiro, Yara Santiago, Maria Eugênia,
Edivanildo Flaubert, Antonia Cláudia e Janete Suzart. Que a amizade perdure para a vida!!

Aos funcionários do PPGEL, Camila, Geysa e Danilo, pelo apoio e pelo profissionalismo.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB por acreditar e investir na


minha proposta de pesquisa.

À Fundação Casa de Jorge Amado pela disponibilidade em prestar esclarecimentos,


apresentar materiais e toda a ajuda sobre meu corpus e às funcionárias da biblioteca da
Fundação Gregório de Matos, pela solicitude e atenção.

Enfim, a todos os meus amigos que de alguma forma contribuíram para a realização desse
meu trabalho: o meu muito obrigada!!!
RESUMO

A linguagem exerce um importante papel na sociedade, pois, por meio dela, o homem
constitui-se como sujeito e retrata, principalmente, o conhecimento de si próprio e do mundo
no qual está inserido, estabelecendo relações com o outro. Tendo a linguagem como um
“cartão - postal” do usuário, Jorge Amado foi buscar nela elementos que ajudaram a
desvendar as ruas, os mistérios, as belezas e muitas outras características da cidade de
Salvador - a Terra de Todos os Santos, na busca de descrever as peculiaridades que formam as
identidades do povo baiano. Amparada nos estudos lexicológicos que englobam várias áreas,
dentre estas a Onomasiologia - ciência que se ocupa em analisar os nomes próprios, tendo a
Antroponímia e a Toponímia como subáreas, em que a primeira estuda o nome de pessoas e a
segunda, nomes de lugares e acidentes geográficos, esta dissertação tem a Toponímia como o
enfoque linguístico. O objetivo desse texto é apresentar o vocabulário toponímico presente na
obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios ([1945] 2002), de Jorge Amado. Para
tanto, fez-se necessário apresentar a motivação para designação dos topônimos e verificar as
influências étnicas, culturais e históricas dos topônimos que contribuem para a construção
identitária do povo retratado e, a partir dela, observou-se os aspectos culturais que envolvem a
língua e a identidade desse povo. Para cumprir tais objetivos, utilizaram-se, como
fundamentação teórica, os conceitos de identidade do sujeito e linguística de Stuart Hall
(2000) e Kanavillil Rajagopalan (1998), respectivamente, que foram importantes para o
entendimento de aspectos intrínsecos referentes à(s) identidade(s) do povo baiano; para a
análise toponímica tem-se como base referencial teórico–metodológico o modelo toponímico de
Dauzat (1926), as categorias taxionômicas de Dick (1990, 1992); entre outros.

Palavras- chave: Língua. Identidade. Cultura. Topônimos. Bahia de Todos os Santos. Jorge Amado.
ABSTRACT

Language plays an important role in society, because through it, man turn up to be a subject
and portrays mainly the knowledge of himself and the world surrounding him, establishing
relationships with others. Having language as the user’s "postcard", Jorge Amado navigated
elements that unravel the streets, mysteries, and beauty of Salvador - the Land of All Saints,
in a discursive formation of idiosyncratic identities of Bahians. This work is supported by
lexicological studies comprising several areas, among them Onomasiology - science that deals
with analyzing the names, as well as the subareas of Anthroponym and Toponym. The former
studies the names of people and the latter, the names of places and landforms. This study has
the Toponym as the linguistic approach. The aim of this paper is to present the toponymic
vocabulary present in the work Bahia of All Saints: a guide to the streets and mysteries of
Salvador ([1945] 2002), by Jorge Amado. Therefore, it was necessary to present the
motivation for the designation of the toponyms and verify their ethnic, cultural and historical
influences that contribute to the identity construction of the portrayed people. These
considerations are significant to remark cultural aspects of language and the identity of these
people. In order to meet the objectives of this study the following theoretical foundation was
considered: the concept of the subject’s identity and linguistics of Stuart Hall (2000) and
Kanavillil Rajagopalan (1998), respectively. They were important to the understanding of
intrinsic aspects related to the identity of the Bahian people; for toponymic analysis, the
theoretical-methodological is based on the toponymic model of Dauzat (1926), the taxonomic
categories of Dick (1990, 1992); among others.
Key words: Language. Identity. Culture. Toponyms. Bahia of All Saints. Jorge Amado.
ABREVIATURAS

a. - antigo
adap. - adaptado
al. - alemão
arc. – arcaico
b. – baixo
cast. – castelhano
class. – clássico
cien. - científico
Cp. – compare
Dim. - diminutivo
Doc. - documento
ed. - edição
esp. - espanhol
etim. - etimologia
f. – formação
Fig. - figura
fr. – francês
germ. – germânico
gr. - grego
hebr. - hebraíco
hist. – história
Hip. – hipocorísticos, -a; relativo à linguagem carinhosa, infantil, familiar
i. é - isto é
ing. - inglês
it. - italiano
lat. – latim
lus. - lusitano
med. - medieval
n. - nome
n/c - não classificado
n/e - não encontrado
p. – página
pl. plural
port. - português
prov. - provençal
s/a - sem ano
sto - santo
séc. - século
Sobr. - sobrenome
subst. – substantivo
Top. - topônimo
V. - verbo
var. - variação
voc. - vocábulo
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Foto do Mercado Modelo e Casa da Alfândega 1940.........................................34


Figura 2 - Triângulo de Baldinger I.......................................................................................47
Figura 3 - Triângulo de Baldinger II....................................................................................47
Figura 4 - Triângulo de Baldinger III....................................................................................47
Figura 5 - Triângulo de Ogden e Richards............................................................................51
Figura 6 - Referência e Toponímia.........................................................................................51
Figura 7 - Modelo de Ficha Lexicográfico-toponímica..........................................................61
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Natureza Toponímica......................................................................................... 169


Gráfico 2 - Taxes de Natureza Física.....................................................................................170
Gráfico 3 - Taxes de Natureza Antropocultural.....................................................................171
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13

2 PERCORRENDO RUAS E MISTÉRIOS, COSTRUINDO IDENTIDADES ............... 19

2.1 ROMANCISTA DO POVO: JORGE AMADO PRODUZINDO LITERATURA EM


TEMPOS DE INDEFINIÇÕES ............................................................................................ 23

2.2 O CONVITE: O ROMANCE-GUIA E A TURISTA IMAGINÁRIA ........................... 25

2.3 “BAHIA TÃO SOMENTE”: A CIDADE DO SALVADOR E SUAS


DENOMINAÇÕES .............................................................................................................. 32

3 LÍNGUA E CULTURA: A LÍNGUA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO .............. 38

3.1 O ESTUDO LEXICAL: PRESERVANDO A MEMÓRIA DE UM POVO A PARTIR


DA LÍNGUA ........................................................................................................................ 42

4 ONOMASIOLOGIA E SEMASIOLOGIA: POSSIBILIDADES DE ESTUDAR O


LÉXICO .................................................................................................................................. 46

4.1 ONOMÁSTICA: A CIÊNCIA DO NOME .................................................................... 48

4.1.1 O signo toponímico: cristalizando a história pelo olhar do denominador ....................... 49

5 TOPONÍMIA: PASSOS METODOLÓGICOS E ABORDAGEM TEÓRICA ............ 58

5.1 AS FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS ...................................................... 60

5.2 AS TAXIONOMIAS TOPONÍMICA ............................................................................ 63

5.2.1 Taxes de natureza física ................................................................................................... 63

5.2.2 Taxes de natureza antropocultural ................................................................................... 64

6 ANÁLISE TOPONÍMICA EM BAHIA DE TODOS OS SANTOS ................................. 66

6. 1 TOPÔNIMOS DA CIDADE BAIXA............................................................................ 67

6.2 TOPÔNIMOS DA CIDADE ALTA............................................................................... 88

6.3 ANÁLISE E DISCUSSÕES: OS REFERENCIAIS TOPONÍMICOS ........................ 168

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 174

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 177


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INTRODUÇÃO

A língua é um fator social, é o meio imperativo na comunicação de uma comunidade.


Por isso, não pode ser desvinculada das relações culturais, sociais, geográficas etc. O ato de
comunicar favorece ao ser humano socialização e, ao longo da história, o homem foi
adquirindo atributos, foi definindo a cada dia sua maneira de ser, agir e pensar sobre o mundo,
desenvolvendo de maneira mais intensa sua identidade – linguística e social. A capacidade de
pensar e agir sobre as coisas possibilitou a construção da identidade única e pessoal. Essa
constituição da identidade se deu por meio da construção linguística desde o momento em que
pela primeira vez o homem explicitou o seu pensamento, inserindo-se socialmente e
adquirindo consciência de sua individualidade, como assegura Biderman (1998, p. 11): “A
geração do léxico se processou e se processa através de atos sucessivos de cognição da
realidade e de categorização da experiência cristalizados em signos linguísticos: as palavras”.

Cada palavra usada por meio do discurso concretizado, a partir da interação social,
aponta a história, as ideologias e as inúmeras possibilidades de conhecer o povo que utiliza o
código linguístico como forma de expressão. Estudar os corpora escritos de uma comunidade
permite a inserção no universo particular que compõe essa comunidade, pois os escritores
deixam aparecer, a partir do vocabulário do povo retratado, os aspectos sociais, culturais,
históricos e linguísticos. Desse modo, ao estudar o léxico de uma língua, pode-se imergir nos
hábitos, conhecer os costumes, bem como, pode-se entender a maneira de agir e de pensar,
pois língua e cultura são linhas que “costuram” as identidades dos sujeitos.

O estudo do léxico abrange diversas áreas, dentre elas está a onomástica ou


onomasiologia. Segundo Leite de Vasconcelos (apud CARVALHINHOS; ANTUNES,
online), a onomasiologia é a ciência que analisa os substantivos próprios, distribuindo-os em
duas subáreas: a Antroponímia e a Toponímia. A primeira estuda os nomes das pessoas e a
segunda os nomes de lugares e acidentes geográficos.

A onomástica geográfica, ou seja, a Toponímia, que vem do grego topos = lugar e


ónyma = nome, isto é, estudo dos nomes de lugares e acidentes geográficos, é o foco
linguístico-lexical analisado neste trabalho. A Toponímia é uma área de investigação que se
pauta na conjectura de que a nomeação de um lugar não se dá de forma acidental nem tão
pouco despropositada. Ao contrário, geralmente documenta a língua em uso na região
pesquisada, os costumes e os valores que regem as condutas dos falantes, transluzindo as
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influências culturais propiciadas a partir do contato com outros grupos étnicos que ali se
instalaram, bem como de acontecimentos históricos considerados relevantes para o grupo
enfocado.

O topônimo cristaliza o olhar do denominador no momento em que nomeia um


determinado lugar, deixando transparecer a estreita relação estabelecida entre o homem e os
“topos” que designam o espaço que está inserido. Assim, “a Toponímia resgata a substância
de conteúdo que cada topo carrega consigo, independente da sua natureza” (ISQUERDO,
1996, p.80).

Ao percebermos que o léxico compreende o conjunto de inventários e vocábulos de uma


dada língua, e que aquele se correlaciona com a história e cultura de um povo, destaca-se que,
através dos contatos entre comunidades, as influências mútuas aparecem e é possível observar
os aspectos culturais e identitários da comunidade linguística estudada. Os topônimos, como
parte do léxico e patrimônio cultural desse povo, constituem, pois, marcas de identidade que
merecem ser preservadas, pois salvaguardando os nomes de lugares, guarda-se também a
memória da comunidade.

O interesse por essa pesquisa surgiu do desejo de estudar a relação entre a língua, a
cultura e os inúmeros aspectos que permeiam a sociedade tais como a história, a geografia e
por acreditar que o estudo lexical pode fazer essa relação, pois estudar o vocabulário tendo
como base uma obra literária, que concebe a língua em seu uso a partir de um contexto de
identificação de uma dada comunidade, é poder desvendar os aspectos que pertencem àquela
comunidade vocabular. Dessa forma, o princípio dessa pesquisa a qual se ancora nos
construtos lexicológicos da linha Linguagens, Discurso e Sociedade do Programa de Pós-
graduação em Estudos de Linguagem levantou-se a seguinte questão: Como o léxico, mais
especificamente o estudo toponímico, representado em uma obra literária, pode contribuir
para a construção identitária do povo retratado em Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e
mistérios, de Jorge Amado?

Para responder tal questão, fez-se necessário levar em consideração o contexto sócio-
histórico e cultural em que o autor estava inserido. Jorge Amado retrata a Bahia da primeira
metade do século XX e que foi o cenário de muitas de suas histórias, na qual a religiosidade, a
raça e o povo caminharam e caminham juntos. Diferente de outros guias turísticos, Jorge
Amado mostra, em sua obra, não apenas os encantos da cidade, conhecida como guardiã de
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belas praias e berço da intelectualidade, mas também mostra as dificuldades, a pobreza e a


miséria que assolam os menos favorecidos.

Batizada em 1500 pelos portugueses, a Bahia de Todos os Santos é um belo cenário


onde a natureza, a história, a cultura e sua gente convivem harmoniosamente, formando as
maravilhas que encantam a todos, principalmente os turistas. O cenário composto por várias
ilhas, animais exóticos, manguezais, ruínas de engenhos, antigas igrejas, tudo como uma
silenciosa testemunha de uma época em que o pau-brasil e, posteriormente, os engenhos e os
canaviais eram sinônimos de riqueza e ostentação, obviamente para as classes privilegiadas
que detinham o domínio econômico.

Essa baía que engloba ilhas e que é margeada por algumas cidades do recôncavo é,
muitas vezes, no livro, sinônima do que conhecemos hoje como a cidade do Salvador - capital
da Bahia - e revela os mistérios que vão desde as lendas contadas pelos índios Tupinambás à
fé exacerbada dos que a batizaram com o nome do santo do dia. Com o tempo, ergueu-se em
oposição às ilhas, a cidade de Salvador Bahia de Todos os Santos. Com sua arquitetura que
denuncia as influências europeias, é visível a contribuição da cultura lusitana nas igrejas, nas
ruas, vilas e freguesias da cidade na primeira metade do século XX. Ao lado das marcas que
lembram os tempos de colônia, impera a constituição ímpar de um povo miscigenado, da
união das três raças que fizeram história na formação do povo brasileiro: europeia, indígena e
africana. Daí a gênese de uma cultura singular na qual a mistura é a base para o surgimento de
uma culinária, da música, do folclore, da religiosidade, que tanto caracterizam o povo baiano.
Jorge Amado apresenta um guia das ruas e dos mistérios de São Salvador da Bahia de Todos
os Santos e descreve os bairros operários e os nobres, as feiras e os mercados, as inúmeras
ladeiras e ruas da cidade, e apresenta as praias locais com o intuito de atrair a sua turista
imaginária.

O objetivo geral desta dissertação é apresentar o vocabulário toponímico presente na


obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios ([1945] 2002), de Jorge Amado. Para
tanto, faz-se necessário cumprir os objetivos específicos: a) recolher todos os topônimos que
nomeiam os bairros e as ruas da cidade de Salvador da obra Bahia de Todos os Santos: guia
de ruas e mistérios; b) elaborar as fichas toponímicas. c) verificar as influências étnicas,
culturais e históricas dos topônimos que contribuem para a construção identitária do povo
retratado e d) apresentar as motivações semânticas para designação dos topônimos.
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A relevância desse estudo é percebida quando se compreende que os topônimos


presentes na obra de Jorge Amado Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios
revelam os elementos identitários a partir dos aspectos do modus vivendi dessa comunidade
linguística, já que toda movimentação lexical de uma língua deve ser enfrentada como um
fato que ultrapassa o simples ato da fala e se configura num fato social de grande importância.
Ao encontro deste pensamento, compreende-se que fazer um estudo toponímico na obra
literária é desmitificar a história do povo baiano, visto que os nomes de lugares trazem sempre
ao bojo de sua história um conjunto de particularidades que configuram a identidade
sociocultural de uma dada comunidade, neste caso, a Bahia, “negra por excelência”.

Com referência ao dispositivo teórico-analítico do vocabulário toponímico contido no


romance Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, deu-se a partir do modelo
toponímico de Dauzat (1926) e da categorização taxionômica proposta por Maria Vicentina de
Paula do Amaral Dick (1992). Inicialmente, recolheram-se todas as lexias que se configuram
topônimos dos bairros e ruas, seguidos dos seus respectivos contextos dentro da obra em
análise. Para o entendimento de aspectos intrínsecos referentes à identidade do sujeito,
analisou-se o conceito de identidade cultural e de identidade linguística de Stuart Hall (2000)
e Kanavillil Rajagopalan (1998), respectivamente. Para o fortalecimento das análises deste
trabalho, foram consultados o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e Dicionário
Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi, ambos de Antônio Geraldo da Cunha
(2007, 1999), dicionários da língua portuguesa, tais como o Houaiss (2001), Ferreira (2011) e
outras referências para verificar a origem dos topônimos, quando possível.

Esta dissertação é composta por sete seções, levando em consideração a Introdução e as


Considerações finais. Detalham-se os critérios para tal divisão textual a seguir.

A primeira seção traz a Introdução que faz a relação entre linguagem, língua, palavra,
vocabulário e, mais especificamente, os topônimos, como fatores preponderantes para a
construção da identidade. Faz-se também uma breve apresentação do corpus da pesquisa, os
objetivos e a importância deste estudo.

Na segunda seção intitulada Percorrendo ruas e mistérios, construindo identidades,


apresenta-se o contexto em que o livro foi escrito e como Jorge Amado tecia as suas redes de
identificação e contraidentificação no campo político e/ou intelectual. O corpus do trabalho é
apresentado mais detalhadamente e busca-se entender a relação identitária que “escorre feito
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óleo” na cidade da Bahia de Todos os Santos. A Bahia apresentada por Jorge é mestiça,
alegre, festeira e sensual, representando um conjunto de elementos pinçados dentro de um
repertório histórico e cultural, que revela e esconde, ao mesmo tempo, um recorte de duas
faces de uma mesma moeda - a Bahia negra carregada de elementos que escondem conflitos,
heterogeneidade e transformações, mas revelam mitos, tabus e desejos de parte expressiva dos
brasileiros. Ainda nessa seção, fala-se sobre a Cidade do Salvador da Bahia e as discussões
acerca das suas denominações.

Na terceira seção com o título Léxico, Cultura e Identidade: a Toponímia


cristalizando o olhar do denominador, apresenta-se a discussão articulando a relação entre
língua, cultura e identidade ancorada nas ideias de Stuart Hall (2000) e Kanavillil Rajagopalan
(1998). Em seguida, faz-se uma breve exposição dos estudos lexicológicos, como meio
linguístico de verificar aspectos que envolvem as transformações sociais e culturais de um povo
dentro do contexto em que são produzidos.

Na quarta seção intitulada A onomasiologia e semasiologia: possibilidades de estudar


o léxico, parte-se dos conceitos de léxico e onomástica até chegar à toponímia e sua
fundamentação teórico-metodológica, para só assim fazer a análise toponímica dos vocábulos
encontrados no corpus. Nessa mesma seção, faz-se um breve levantamento dos estudos
toponímicos no Brasil e a importância desses estudos para o campo linguístico brasileiro.

Na quinta seção, com o título Toponímia: passos metodológicos e abordagem teórica,


busca-se mostrar os elementos que envolveram a pesquisa, assim como o modelo de categorização
taxionômica proposta por Dick (1992). Divide-se a seção em: a) Fichas lexicográficas – em que
se descreve a ficha léxico-toponímica utilizada para a anotação dos dados; b) As taxonomias
toponímicas – aqui se detalham as 27 taxes sugeridas por DICK (1992) para um trabalho
toponímico e c) Procedimentos metodológicos - busca detalhar a pesquisa até o resultado final. A
partir dessas classificações, verificaram-se aspectos de cunho qualitativo como: etimologia,
história, estrutura morfossintática, as informações históricas e enciclopédicas, além do
contexto dos termos destacados.

A sexta seção, intitulada Análise Toponímica em Bahia de Todos os Santos, apresenta,


classifica e contextualiza todos os dados toponímicos coletados, na obra em análise, que fazem
referência aos nomes de bairros e ruas da cidade de Salvador, separando-os em “Topônimos da
Cidade Baixa” e “Topônimos da Cidade Alta”. Esses dados são inseridos em fichas lexicográfico-
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toponímicas baseadas em modelo desenvolvido por DICK (1992). Na última subseção, faz-se a
sistematização e análise dos dados por meio de gráficos.

Na sétima seção denominada Considerações Finais, apresentam-se as considerações


conclusivas para esta dissertação em consonância com o que foi analisado nas seções
desenvolvidas. Este trabalho mostra que os topônimos não devem ser vistos apenas como
meros locativos, ao contrário, pois a relação extralinguística é essencial para entender o nome
do lugar e este contribui para compreender a história do povo estudado.
Portanto, sabe-se que tais considerações finalizam essa abordagem, mas abrem a
possibilidade de novos estudos sobre os nomes de lugares no território baiano.
19

2 PERCORRENDO RUAS E MISTÉRIOS, COSTRUINDO IDENTIDADES

É notável o papel das artes como um dos elementos representativos das realidades
humanas. O homem, ao longo da história da humanidade, buscou exteriorizar seus
sentimentos através das artes. A literatura, uma das manifestações artísticas, não só contribui
para representar os anseios da alma humana, mas também serve para divulgar as culturas e
ideologias. Simular a realidade através de uma obra literária é uma das formas de o escritor
mostrar, de modo ficcional ou testemunhal, o uso da palavra como objeto da arte. Como
representação do saber artístico de um povo, a literatura pode guardar a história, os costumes
e os saberes culturais do grupo que está sendo protagonizado nas páginas de um livro.

A leitura de Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, uma das obras de Jorge
Amado, é uma das maneiras de perceber o quanto a literatura incide sobre a realidade social e
política de um povo. Jorge Amado imortalizou, nas páginas de seus livros, a cultura, as
belezas e as qualidades da Bahia, sem deixar de abordar, sobretudo, as necessidades sociais de
sua gente. As personagens dos romances amadianos estão vivas em cada rosto, em cada olhar
dos baianos, dos brasileiros de modo geral. É cada mulher que sofre de preconceito pelo
gênero e que luta para ocupar seu espaço no campo profissional. É cada geração descendente
de homens que tiveram seu sangue derramado no tronco e que ainda sofre por ter um fenótipo
considerado “inferior”. É cada menino ou menina sem família que trabalha nos cais ou nas
ruas da cidade da Bahia. É cada pessoa que sofre pela intolerância religiosa.

Ao abordar tais temáticas como âncoras norteadoras em seus livros, Jorge Amado traz à
tona personagens inspiradas em pessoas reais, com problemas sociais obstinados, na tentativa
de quebrar as barreiras inflexíveis de uma sociedade patriarcal, preconceituosa e capitalista
que dominava até a primeira metade de século XX, mas que pode ser observada em qualquer
ambiência das cidades baiana, mesmo nos dias atuais. Considerando que o povo da Bahia é o
protagonista de suas histórias, a literatura amadiana possui uma dupla face: de um lado atua
como um espelho da realidade e, do outro, como um instrumento de denúncia dessa realidade
que “sangra” dos olhos do autor. De acordo com Domício Proença Filho, Jorge Amado
“empresta sua voz, na contracorrente dos juízos de valor dominantes na sua época e ainda por
muito tempo, às mulheres submetidas ao juízo machista dos maridos; às prostitutas”.
(PROENÇA FILHO, 2013, p. 30)
20

Sua inscrição na conjuntura social e política a partir da década de 30 e 40 do século XX


contribuiu para questionamentos dos fatos políticos, morais e éticos no contexto brasileiro. No
solo baiano, havia uma preocupação das autoridades políticas em forjar uma imagem próspera
da ex-capital brasileira, livrando-a da imagem de pobreza, da seca e do sofrimento do povo.
Essa imagem foi formada no imaginário dos brasileiros, devido à disseminação das obras de
alguns artistas como Euclides da Cunha, em sua obra Os Sertões, e Graciliano Ramos, em
Vidas Secas, os quais optaram em mostrar as mazelas e as dores dos sertanejos da região,
vítimas do descaso político e social. Em consonância a essas ideias, Risário (1993) aponta
que:

A cultura de Salvador, também chamada de “Cidade da Bahia” por muitos, deve-se


ao fato de que a elite tradicional baiana, após o lento processo de declínio
econômico e político no final do século XVIII, sente a necessidade de ostentar o seu
passado glorioso, buscando antigas referências da capital colonial do Brasil.
(RISÁRIO, 1993, p.28)

Vivendo em um período de crescimento lento comparado à escala brasileira, devido às


crises das primeiras culturas comerciais, a Bahia precisava entrar no compasso do
desenvolvimento econômico conforme havia ostentado no período da colônia e a maneira de
recuperar esse prestígio era investir na imagem da Bahia como um local paradisíaco, onde o
sol nasce diferenciado, as mulatas são mais sensuais – paraíso capaz de impressionar qualquer
visitante. Além do mais, a associação da religiosidade, miscigenação e mistérios contribuiu
para formar a noção de identidade desse povo. E muitos artistas, guiados por essa guinada,
começam propagar as vantagens das terras baianas. Gilberto Freyre afirmou que “na Bahia
tem-se a impressão que todo dia é dia de festa. Festa de igreja brasileira com folha de canela,
bolo, foguete, namoro”. (FREYRE, 1944 apud VASCONCELOS, 2012, p. 92)

Nesse contexto, Jorge Amado, quase que de modo documental, cumpre o papel de
mostrar a Bahia, pelo viés literário como um sinônimo de paraíso, conforme é possível
verificar em vários de seus livros. Começa então um processo de disseminação da ideia da
Bahia como uma cidade feminizada, dotada de características que a particularizava das outras
regiões do país. No entanto, o autor, justamente por transitar por terrenos variados e por ter
posturas políticas e ideológicas ligadas ao partido comunista, não escondeu o lado perverso
que se escondia nas faces desse povo. Apesar de todas as belezas naturais bastantes
ressaltadas nas suas obras, Jorge Amado jamais deixou de mostrar as injustiças, as moléstias e
21

o preconceito que surgem nas terras baianas, desde outrora, segundo é possível perceber nas
palavras do autor:

Não há cidade como essa por mais que se procure nos caminhos do mundo. Nenhuma
com suas histórias, com seu lirismo, seu pitoresco, sua funda poesia. No meio da
espantosa miséria do povo das classes pobres, mesmo aí nasce a flor da poesia porque
a resistência do povo é além de toda a imaginação. Dele, desse povo, baiano, vem o
lírico mistério da cidade, mistério que completa a sua beleza. (AMADO, [1945] 2002,
p. 22)

Esses traços marcadores de identidades, tão claramente intensificados nas narrativas


amadiana, caracterizaram o escritor como um dos inventores da identidade brasileira,
sobretudo da baianidade1, apresentando o negro, a mulher, os marginalizados, o candomblé
como parte integrante da paisagem da Bahia. O povo sempre foi o seu melhor protagonista,
culturalmente caracterizado a partir de identidades próprias e variadas, inventadas e
reinventadas a cada dia. Essa visão pode ser corroborada em Ribeiro ao afirmar:

E entendemos como inventor o que deu forma a mitos e crenças duradouros, que
criou ícones e imagens incorporados a nosso universo cultural, à maneira pela qual
nos vemos e nos veem. Claro que, como aliás, é o caso de todo inventor, ele não cria
do nada, mas sente e concentra o que antes só se percebia de maneira diluída e
amorfa, canaliza o que de outro modo talvez nunca achasse expressão importante.
(RIBEIRO, 2014, p.98)

Jorge Amado, em seu processo de criação artística e referencial discursivo, dissemina e


perpetua para as gerações vindouras uma gama de características e riquezas culturais, que
compõe a formação identitária do povo baiano.

O autor, ao escrever o guia Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, em


1944, tem a Bahia e seu povo como protagonistas de histórias, o reconhecimento de artistas e
escritores, a associação da mestiçagem, a sensualidade das mulatas marcando o profano e as
religiosidades do povo regendo o sagrado. Eis uma Bahia negra, sensual, misteriosa e, acima
de tudo, alegre. Além de apresentar as engenhosidades da Bahia, Jorge Amado, como uma
espécie de guia turístico, apresenta toda a cidade, desde os bairros elitizados até as ruas mais
conhecidas em suas outras obras, os becos e vielas onde caminham e residem os operários, os

1
Para Vasconcelos (2012), essa “identidade baiana”, também chamada por alguns de “baianidade”, pode ser
entendida como o conjunto de particularidades, como a representação do modo de ser, de viver, ou seja, a
percepção do modo de pertencimento à Bahia.
22

largos e praças, indicando os seus respectivos nomes. Os nomes desses lugares revelam as
mudanças sofridas pelos espaços, às origens de cada lugar, os seus fundadores, pois ao
recuperar a essência dos nomes, descobrem-se as intenções do nomeador ao “batizar” tais
espaços, conforme nos assegura Dick:

A história dos nomes de lugares, em qualquer espaço físico considerado, apresenta-


se como um repositório dos mais ricos e sugestivos, face à complexidade dos fatores
envolventes. Diante desse quadro considerável dos elementos atuantes, que se
intercruzam sob formas as mais diversas, descortina-se a própria panorâmica
regional, seja em seus aspectos naturais ou antropoculturais. (DICK, 1990, p. 19)

Os nomes de lugares, nos romances de Jorge Amado, cumprem um papel tão importante
quanto os nomes dos personagens, uma vez que singularizam espaços, histórias e identidades.

Apesar de muitas críticas por parte da Academia e o não enquadramento de sua arte nos
moldes dos estudos estilísticos e suas obras sendo classificadas como subliteratura, devido ao
vocabulário característico do povo pobre e sem instrução, muitas vezes repleto de
obscenidade e fora da estética praticada no período, Jorge Amado conseguia aproximar os
seus leitores às suas obras, pois eram vistas como reflexo da realidade social e cultural, sem
máscaras, sem maquiagem.

Em seu processo de criação, o autor não estava preocupado com o rigor da estética
literária e/ou gramatical, mas com o desenho que seus textos faziam da realidade, de maneira
pessoal, intimista. A diferença entre a linguagem padrão e a linguagem coloquial tão discutida
no meio linguístico-acadêmico não tem nada a ver, a princípio, com o conceito de má
funcionalidade da língua e isso ficava evidente em seus escritos. No entanto, como a língua
está estritamente ligada à estrutura social e ao sistema de valor, as variedades linguísticas são
estigmatizadas, pois refletem a relação social, cultural e econômica de quem a fala.

Talvez tenha sido essa simplicidade da linguagem e as verdades nas palavras que
consagraram Jorge Amado como um dos escritores mais lido no Brasil e fora do país. Mas
também foi pelo mesmo motivo que ele foi chamado por muitos de “contador de histórias” e
“romancista das putas e vagabundos”. No entanto, essas expressões não eram depreciativas
para o autor, pois Jorge Amado tinha o papel de descrever os diversos elementos que
compunham as identidades que são formadas a partir das diferenças e da inegável mistura
étnica que compõem a miscigenação cultural da Bahia.
23

2.1 ROMANCISTA DO POVO: JORGE AMADO PRODUZINDO LITERATURA EM


TEMPOS DE INDEFINIÇÕES

No cenário mundial, após a eclosão da I Grande Guerra, o panorama político e


econômico sofreu diversas modificações, visto que os países tentavam se reerguer da grande
crise que assolou o mercado econômico em 1929. No contexto político dessa época, o Brasil
apresentava a força de Getúlio Vargas que ocupava uma posição privilegiada e a Revolução
de 1930 - movimento que buscava acabar com as oligarquias rurais, apoiava a guinada
industrial para atender a nova classe média que surgia, bem como a política e as questões
culturais.

Surgiam nesse momento posicionamentos políticos motivados por ideologias europeias


que se posicionavam com alguns ideários nazifascistas. Surge também o Partido Comunista
Brasileiro (PCB) em oposição ao governo Vargas. Destaca-se também um grupo de
intelectuais preocupados em diagnosticar e retratar o Brasil tal como ele era, na busca de
compreender as questões sociais, culturais e identitária da nação que passava por mudanças,
além de buscar entender e criticar o atraso e os dilemas do país e tentar engrená-lo nos
padrões modernos.

No campo intelectual, a mudança veio com os movimentos que acabaram culminando


na Semana de Arte Moderna em 1922, por isso, a produção literária nesse momento aparece
quase que com um teor sociológico e psicológico na junção entre as posições ideológicas e as
necessidades do país. Foi em 1931 que Jorge Amado lança o seu primeiro romance com o
título de O país do carnaval que, embora não tivesse as características de seu estilo observado
em outras obras, já trazia diversos questionamentos sociais e políticos. Em O país do
carnaval, o autor demonstra a sua inquietude juvenil diante das dificuldades do mundo, mas
as discussões e reflexões tinham um caráter universal e não tinha o Brasil como tema
particular. Só em 1933, a partir da publicação de Cacau, o autor começa a descrever o país de
modo mais específico, tratando das dificuldades dos trabalhadores nas plantações de cacau.
No entanto, o Brasil ainda sofria com dificuldades que maltratavam sua gente e, por essa
razão, Jorge Amado continuou a relatar as realidades nas outras obras como Suor, Mar Morto,
em Capitães de Areia. A consciência social e o engajamento político ficam mais acentuados
24

em Jubiabá, em Terras do sem fim, em São Jorge dos Ilhéus e nos outros diversos romances
que escreveu tendo o povo baiano como protagonista.

As ideias modernistas chegaram entre os intelectuais baianos, influenciando o


aparecimento de grupos que discutiam arte como uma renovação cultural. Daí, Amado
juntamente com outros jovens, dentre eles Pinheiro Viegas, criaram a Academia dos
Rebeldes, com o objetivo de discutir a literatura. Encabeçada por Gilberto Freyre, a
valorização de tradições populares, como base de uma representação da identidade nacional e
amparada na mestiçagem da população brasileira, foi uma das matérias-primas usada por
Jorge Amado.

A aproximação de Jorge Amado com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) influenciou


bastante para a elaboração dos seus romances de análise social, que se valiam, muitas vezes,
de conceitos marxistas traduzidos em valores e imagens de sua militância para as páginas de
suas obras. Por essa razão, muitos críticos literários tentam classificar suas obras como
engajadas, politizadas, militantes, ideológicas, dentre outros adjetivos que cristalizam as
intenções do autor ao apresentar a sua literatura ao mundo.

A partir da década de 1940, Jorge Amado se torna efetivamente membro do PCB e sua
obra ganha um rumo mais específico, o caráter de romance proletário perde sua intensidade e
dá espaço as representações fiéis das ideologias comunistas, veemente opostas ao governo
Vargas. Nessa perspectiva de luta pela valorização da nacionalidade brasileira, cresce uma
luta contra o ideário nazista, o imperialismo e o capital estrangeiro com a tentativa de formar
a União Nacional. Nas palavras de Ramos (2013) é possível evidenciar o projeto de Jorge
Amado que:

Seguindo as diretrizes culturais do Partido, passa a defender a tese de assimilação da


herança cultural, valorizando as nações de culturas e raças “negras”, como
elementos que poderiam ajudar na luta política e na tomada de consciência dos
grupos socialmente desfavorecidos. Ao lutar pelo reconhecimento da raça e da
cultura negras, enquanto cultura específica, Amado articula o seu combate contras as
teorias racistas, introduzindo duas nações socialmente excluídas: o negro e o
proletário. (RAMOS, 2013, p. 75)

Foi dentro desse cenário social e político que surgiu Bahia de Todos os Santos: guia de
ruas e mistérios, escrito em 1944, mas foi publicado um ano mais tarde. A obra em análise
trata de um guia endereçado a uma moça que, no começo e no final do livro, o autor se dirige
a essa leitora imaginária, convidando-a para conhecer a cidade da Bahia, tanto em seus
25

atrativos turísticos quanto em seus dramas. Jorge Amado faz a apresentação da Bahia dos
anos de 1940 e se intitula como “guia” que apresentará as belezas e as necessidades da cidade.

2.2 O CONVITE: O ROMANCE-GUIA E A TURISTA IMAGINÁRIA

Sobre esta cidade da Bahia


muito mais se poderia dizer
se não fosse a modéstia e a prudência.
(Jorge Amado)

Nas páginas do romance-guia, o autor transpõe de modo poético a realidade popular da


Bahia e a apresenta como uma cidade hospedeira, dotada de beleza exótica, mas que não
conseguiu superar as dificuldades sociais e econômicas, a pobreza proveniente dos séculos
passados e que são visíveis nos rostos do povo sofrido. Ao contrário, dificuldades que só
aumentaram com a urbanização e industrialização da primeira metade do século XX.

No “Convite”, que fica nas primeiras páginas do livro, cumprindo a função de prefácio,
o autor aponta para o que será encontrado no restante da obra. Amado alerta que, se a
convidada for como a maioria dos turistas que busca conhecer os lugares pelas belezas que
sempre ouviu contar e, nos lugares, que normalmente são vistos nos cartões-postais das
agências de turismo, ela pode desistir, como pode ser lido nas linhas a seguir:

Se és apenas uma turística ávida de novas paisagens, de novidades para virilizar um


coração gasto de emoções, viajante de pobre aventura rica, então não queiras esse
guia. Mas se queres ver tudo, na ânsia de aprender e melhorar, se queres realmente
conhecer a Bahia, então, vem comigo e te mostrarei as ruas e os mistérios da cidade
do Salvador, e sairás daqui certa de que este mundo está errado e que é preciso
refazê-lo para melhor. (AMADO, [1945] 2002, p. 13)

Diante da proposta de passeio para conhecer os mistérios da cidade, o romancista, na


condição de anfitrião, espera que a visitante não se iguale aos demais turistas, que buscam
conhecer apenas as belezas do local. É possível perceber os discursos apresentados, o ajuste
do seu dizer entre a aparência e a realidade, pois o autor trabalha com jogos de imagens para
convencer a turista a conhecer a Bahia despida de maquiagem, uma Bahia que ainda “sangra”
com o sofrimento dos seus filhos que lutam por dignidade.
26

O guia é dividido em sete partes ou capítulos. No primeiro, com o título Atmosfera da


Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos, o romancista se torna cada vez mais
alinhado entre ficção e realidade. Ele faz uma moderna “crônica” e mostra os costumes da
população baiana: as práticas de macumbas e os terreiros mais frequentados, as comidas
típicas, as principais igrejas e comemorações religiosas. E por que não falar do sincretismo,
das homenagens a Yemanjá e outras festas populares? Os orixás africanos ganham a santidade
e os nomes dos mártires católicos, mostrando a fusão que coabita na cidade e como é sugerido
no subtítulo da obra: “Bahia de Todos os Santos”. E por que não dizer “de todos os orixás”? É
evidente e quase um clamor, nas páginas do guia, a busca pela valorização da mestiçagem do
povo baiano, da religiosidade de matriz africana e a aceitação das diferenças que compõem a
cultura dessa gente. Was-Dall Junior (2013) aborda justamente sobre os elementos que
compõem os mistérios da cidade, conforme podemos conferir a seguir:

Inicialmente, Guia chama atenção, no mínimo, por dois motivos: pelo título
auspicioso e pelo subtítulo não menos peculiar. Em uma leitura despretensiosa, se
poderia pensar que “Bahia de todos os Santos” denota a porção de mar em torno do
Recôncavo, onde se localiza precisamente a quase homônima Baía de Todos-os-
Santos. Porém, de uma maneira ampliada, o título do livro refere-se à “cidade da
Bahia” como um lugar próprio de coexistência: lugar de todos os santos, por assim
dizer, onde habita a “mistura” que lhe seria característica, a começar pelos orixás do
candomblé, divindades de origem africana que se confundem através dos séculos
com os santos católicos no sincretismo religioso. É dessa complicação entre a
“cidade da Bahia” e a religiosidade do povo baiano que se configura a mítica
sugerida pelo subtítulo do livro, pois pelas ruas da cidade da Bahia coexistiriam
tantos “mistérios” quanto a quantidade de santos e orixás. (WAS-DALL JUNIOR,
2013, p. 116)

Jorge Amado chama a atenção para o mistério que recobre a cidade de Salvador, muitas
vezes, deixando como reflexão vários questionamentos a fim de verificar de onde viria tal
mistério: Seria do som dos atabaques de candomblé, na busca pela desmistificação da Bahia
“negra por excelência”? Ou estaria nos saveiros dos cais, na face dos marinheiros em busca
do seu sustento diário? Ou tal mistério estaria escondido nas igrejas históricas “grávidas de
ouro” junto com seus numerosos segredos? Afinal, a própria cidade revela em seu nome o
divino esplendor: a cidade de Todos os Santos, cidade esta que “os baianos amam como mãe e
amante”, conforme se pode depreender da leitura do trecho a seguir:

“Roma negra”, já disseram dela. “Mãe das cidades do Brasil”, portuguesa e africana,
cheia de histórias, lendária, maternal e valorosa. Nela se objetiva, como na lenda de
Iemanjá, a deusa negra dos mares, o complexo de Édipo. Os baianos a amam como
mãe e amante, numa ternura entre filial e sensual. Aqui estão as grandes igrejas
27

católicas, as basílicas, e aqui estão as grandes macumbas, o coração da seita fetichista


dos negros brasileiros. Se o arcebispo é o primaz do Brasil, o pai Martiniano do
Bonfim era uma espécie de papa das seitas negras em todo o país. Os pais-de-santo
vão bater candomblés no Recife, no Rio, até em Porto Alegre. E seguem como bispos
em viagem pastoral. De tudo isso escorre um mistério denso sobre a cidade que toca o
coração de cada um. (AMADO, [1945] 2002, p.22)

O mistério permeia toda a leitura do guia embora o autor recomende o não


desvendamento do mesmo, pois tal enigma é o que torna a cidade encantadora. Desvendar tal
conjunto de tentações e encantos seria mergulhar no universo que ultrapassaria os mistérios de
uma cidade histórica como nos guias comuns de turismos, pois desembocaria em “terrenos”
que ligam corpo, alma e coração dos baianos, como se ler no trecho abaixo:

Escorre o mistério sobre a cidade como um óleo. Pegajoso, todos o sentem. De onde
ele vem? Ninguém o pode localizar perfeitamente. Virá do baticum dos candomblés
nas noites de macumba? Dos feitiços pelas ruas nas manhãs de leiteiros e padeiros?
Das velas dos saveiros no cais do mercado? Dos Capitães da Areia, aventureiros de
onze anos de idade? Das inúmeras igrejas? Dos azulejos, dos sobradões, dos negros
risonhos, da gente pobre vestida de cores variadas? De onde vem esse mistério que
cerca e sombreia a cidade da Bahia? (AMADO, [1945] 2002, p.21-22)

No segundo capítulo, chamado de Ruas, Beco e Encruzilhadas, o autor apresenta os


bairros, as ruas, as ladeiras da capital baiana. Os lugares citados vão desde o refúgio de
grandes personalidades dos mais variados cenários - político, artístico e cultural - aos bairros
dos operários e dos miseráveis, repletos de ratos, lamas e doenças. As mulheres de “vida
fácil” que se abrigam no Tabuão, em seus alojamentos que mais parecem de hospitais,
repletos de moribundas mulheres com a juventude roubadas pelas doenças e pela miséria. A
obra assim como apresenta as belezas e as qualidades da capital baiana, também aborda as
suas misérias e dores. Jorge Amado mostra que as ruas da cidade conservam as marcas da
escravidão e as mazelas provenientes de uma falta de infraestrutura pública para saúde e para
a moradia, que atingem a população mais pobre.

Em Igrejas, Anjos e Santos, na terceira parte do livro, é visível a necessidade de Jorge


em trazer, para o conhecimento da sociedade, os dois lados da “cidade do Salvador”. Ele
apresenta o candomblé que se mistura com o catolicismo desde o toque dos atabaques nos
terreiros ao soar dos sinos nas igrejas. A desigual riqueza presente nas igrejas “grávidas de
ouro” se contrapondo ao rosto sofrido causado pela fome dos fiéis. Os casarões, hoje vistos
28

como patrimônio histórico, todos revestidos pelos azulejos europeus e cravados pelo sangue
escravo.

Em O Povo em Festa, quarta parte do livro, o autor mostra os principais festejos da


cidade da Bahia, desde as festas de cunho religioso às de procedência profana. Tais
comemorações são organizadas, no guia por Jorge Amado, começando pelas comemorações
de Santa Bárbara do calendário católico, no dia 04 de dezembro, passando pela a Festa de
Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira de Salvador, com os festejos no dia 08 do
mesmo mês. Em janeiro, cita-se a procissão do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, logo no
dia primeiro do ano; a festa dos Santos Reis Magos, que visitaram o menino Jesus na
manjedoura, é realizada no dia 05 de janeiro e, por último, na segunda quinta-feira do mês,
ocorre a Lavagem da Igreja do Bonfim. No dia 02 de fevereiro, celebra-se a Festa de Yemanjá
e, posteriormente, vem o Carnaval. No segundo semestre, os festejos juninos são
representados pela devoção dos três santos católicos: Santo Antônio, no dia 13, São João, no
dia 24 e São Pedro, no dia 29, nesse período há muitas comidas e danças típicas. Julho é
marcado pelo civismo do dia 02 em comemoração à independência da Bahia, até findar com
as comemorações dos Gêmeos Cosme e Damião, no dia 27 de setembro. E assim tece o
calendário festivo dos baianos.

Com a leitura da obra, alguns elementos parecem que permaneceram com o passar dos
anos. A imagem da Bahia que se tem hoje, certamente, mesmo não sendo a mesma que se
tinha no século XX, deixa transparecer fortes aspectos culturais e sociais, mesmo com mais de
70 anos de escritura do livro. Em outras palavras, não existe apenas uma identidade que
descreva o povo baiano, sua cultura e anseios não são prontamente definidos, ao contrário, é
com base na junção de outras culturas que a torna singular, pois a relação cultural e identitária
é um processo dinâmico de construção de fronteiras entre povos, histórias e culturas diversas.
O autor apresenta essa reflexão no seguinte texto do livro:

Existe uma cultura baiana com características próprias originais? Creio que sim.
Aqui toda a cultura nasce do povo, poderoso na Bahia é o povo, dele se alimentam
artistas e escritores. Há uma tradição social na arte e na literatura baianas que vem
desde Gregório de Matos e prossegue até hoje. Essa ligação com o povo e com os
seus problemas é marca fundamental da cultura baiana. Cultura baiana que
influencia toda a cultura brasileira da qual é célula mater. (AMADO, [1945] 2002, p.
20)
29

Ao ler essas palavras, pode-se confirmar como o romancista apresenta a cultura baiana
a partir os elementos representativos de um povo heterogênio que são sempre transformados
ou reestruturados, mas que estão sempre presentes, de um jeito ou de outro, no imaginário do
povo, ao manipular e recriar as representações identitárias da Bahia e dos baianos.

Essa construção identitária se dá de forma dinâmica, no encontro das relações pessoais,


na sociabilidade brasileira, na importância das festas, na cultura popular e nos aspectos que
envolvem a mestiçagem, tão fundamentais na leitura que Jorge Amado fez da Bahia de Todos
os Santos.

No capítulo O Mundo Mágico do Candomblé, quinta parte do livro, o autor apresenta


os principais terreiros e suas particularidades, as nações que predominam no universo baiano
do candomblé e as mães-de-santo que cumprem o papel de orientadoras espirituais de tal
religiosidade. Além de apresentar os principais nomes e preceitos do candomblé, o autor faz
uma espécie de legenda dos principais orixás e sua predominância nos terreiros, bem como as
suas preferências, principais características, vestimentas etc.

A religiosidade de matriz africana é descrita, nas suas obras, como uma religião que
cultua elementos da natureza e cujos ensinamentos humanizam e fazem o culto à vida. A
intimidade com que a religiosidade é abordada nas obras revela alguém que conhecia com
profundidade, seja pela amizade com vários membros de liderança nos terreiros ou porque
assumiu importante posto dentro do candomblé. Era Obá Otum Amolu do Axé, no Ilê Axé
Opô Afonjá2. Sobre a importância de Jorge Amado nesse universo religioso, Amádio diz:

Jorge Amado é pai-de-santo. É um obá. Sabem o que é isso? Obá é uma das
dignidades no candomblé de Xangô. É uma espécie de ministro (da mão direita) com
direito a voz e voto. O maior posto na hierarquia civil do candomblé, mas sem
autoridade religiosa. Está ligado aos terreiros há mais de 20 anos e é amigo íntimo
de Senhora, a mãe-de-santo nº 1 do Brasil. (AMÁDIO, 1960 apud DOURADO,
2010, p. 31)

2
Um grupo dissidente da Casa Branca do Engenho Velho (o terreiro mais antigo de que se tem notícia e o que,
segundo vários autores, serviu de modelo para todos os outros, de todas as nações), comandado por Mãe Aninha,
fundou, em 1910, numa roça adquirida no bairro de São Gonçalo do Retiro, o Terreiro Ketu do Axé Opô Afonjá.
Ocuparam o cargo de iyalorixás desse terreiro: Eugênia Anna dos Santos (Mãe Aninha, Obá Biyi), de 1910 a
1938; Maria Purificação Lopes (Mãe Bada de Oxalá), de 1939 a 1941; Maria Bibiana do Espírito Santo (Mãe
Senhora), de 1942 a 1967; Ondina Valéria Pimentel (Mãe Ondina de Oxalá, Mãezinha), de 1969 a 1975; e Maria
Stella de Santos (Mãe Stella de Oxóssi), de 1976 até os dias atuais. (DOURADO, 2010, p. 39)
30

Graças às inúmeras pesquisas e vivências dentro do candomblé, Jorge Amado pôde


contar histórias, personificar figuras tão reais, simular rituais, retratar culturas as quais ele
conviveu em ambiências de santo na Bahia.

No penúltimo capítulo chamado Personagens de Ontem, de Hoje, de Sempre, são


apresentadas, de maneira panorâmica, as principais personalidades artísticas, políticas e
religiosa, dos mais variados campo do conhecimento, da Bahia ou que vieram residir na
cidade acolhedora. Dentre eles, destacam-se Gregório de Matos e Castro Alves. Ambos de
singular importância no campo literário. O primeiro conhecido com “Boca do Inferno” devido
a sua sátira e ironia e, o segundo, também chamado de “O Poeta dos Escravos”, com seus
ideais alvedrios cantou a liberdade em forma de poesia. Cita-se também Carybé, Pinheiro
Vieigas, Cosme de Faria, o “cantou das graças da Bahia” ou Dorival Caymmi, Mário Cravo,
Pierre Verger, Clauber Rocha, Carlos Bastos, Gilberto Gil, Maria Betânia, Caetano Veloso, o
político Antonio Carlos Magalhães e muitos outros, com suas respectivas e ricas
contribuições tanto no campo artístico quanto no campo político.

Na última parte do livro, Terra, Mar e Céu, conforme cita o autor, faz-se um “intervalo
para os comerciais”, no qual são citados diversos locais e nomes de pessoas, com suas
respectivas utilidades. Tais informações podem servir de auxílio para o leitor-visitante, que
poderá necessitar dos variados serviços citados pelo autor. A mostra vai desde “A Suprema”,
casa de móveis, passando pela casa de bolos e doces até a necessidade de declarar um imposto
de renda e dos trabalhos do Doutor José Aragão Vila ou de um ginecologista Dr. David
Araujo.

A representação da identidade baiana como mestiça, festeira, popular, cordial, com o


famoso “jeitinho brasileiro”, a qual Jorge Amado é um dos criadores, é recorte parcial da
sociedade e da história dos brasileiros. O que o romancista fez foi elencar alguns elementos
que, com tanta perspicácia, observou na sua volta, mostrando “a força do povo”, a “atmosfera
da cidade”, “as revoluções”, os artistas, as mazelas que até hoje acompanham a cidade junto
ao seu desenvolvimento.

Em consonância com tais ideias, Jorge Araujo (2013) traz a noção de metonímia, pois
através da Bahia, podem-se entender as inúmeras vertentes do Brasil como um todo, como
podemos ler no trecho abaixo:
31

A Bahia de Jorge Amado é metonímica do Brasil, representado polivocamente em


suas identidades, natureza e complexidade, e Jorge Amado é quem melhor expressa
essa nacionalidade difusa, sob uma forma encatatória que de autoexibe ou
dessacraliza em um texto tão plural que não se avexa ante seus próprios modelos e
caprichos de sedução. (ARAUJO, 2013, p. 132)

Amparando-se nos pressupostos da Análise do Discurso, que defende que discurso parte
de um lugar e de um determinado tempo, no caso em questão, o Brasil da primeira metade do
século XX, leva-se em consideração o tempo e o espaço como elementos básicos para
compreender os sentidos dos enunciados. Diante disso, o discurso amadiano, em Bahia de
Todos os Santos, é para o outro (a turista imaginária) e dependente do outro, ou seja, busca-se
além do planejamento da fala para que o outro o entenda, numa atitude de antecipação, na
tentativa de preparar sua interlocutora-leitora-visitante, bem como para o entendimento de
outros discursos em outros momentos.

Por ser um morador da cidade da Bahia, na posição de autoridade que pode falar da sua
terra natal e, na condição de anfitrião, como é possível perceber no trecho: “Vem e serei o teu
cicerone”, Jorge Amado se apresenta como um guia diferente daqueles que são encontrados
em qualquer cidade de atração turística: “Qualquer catálogo oficial, ou simples cavação, te
dirá quanto custou o Elevador Lacerda [...] Mas eu te direi muito mais, pois te falarei do
pitoresco e da poesia, te contarei da dor e da miséria” (AMADO, [1945] 2002, p. 13).

A imagem que se faz da Cidade do Salvador da Bahia é de uma cidade acolhedora, que
possui um povo cordial, civilizado: “A Bahia te espera para a sua festa cotidiana” e que
carrega um mistério que ronda essa terra ora verdadeira ora lendária: “Onde estará mesmo a
verdade quando ela se refere à cidade da Bahia? Nunca se sabe bem o que é verdade e o que é
lenda nesta cidade”. Mas que leva no seio de sua história desde a escravidão ao descaso atual,
a dupla face pintada pela beleza e pela miséria, “porque assim é a Bahia, mistura de beleza e
sofrimento, de fartura e fome, de risos álacres e de lágrimas doloridas” (AMADO, [1945]
2002, p.12-13).

Jorge Amado, ao projetar a sua posição no mundo, busca persuadir a leitora imaginária,
que recebe aquele convite, a conhecer os bairros pobres, que exala a fome e a miséria e
ancorado no contexto ideológico da época que busca o fim das injustiças sociais, faz um
convite à “moça” para mudar tal realidade. Como afirma Jorge Amado, “esse é um estranho
32

guia. Com ele não verás apenas a casca amarela e linda da laranja. Verás igualmente os
gomos podres que repugnam ao paladar” (AMADO, [1945] 2002, p.12).

As palavras de Jorge Amado são fortes e revelam o seu posicionamento e indignação


perante uma sociedade injusta. Dessa forma, pode-se compreender como a palavra pode ser
testemunha de contextos reais, caracterizando povos, envolvendo culturas.

2.3 “BAHIA TÃO SOMENTE”: A CIDADE DO SALVADOR E SUAS DENOMINAÇÕES

A cidade do Salvador começou o seu crescimento seguindo a rota da baía beirando o


mar e a classe mais privilegiada acompanhou esse crescimento. Já em direção ao interior da
baía, a classe menos privilegiada ocupou as primeiras habitações em função da dificuldade de
acesso ao interior. Então, construir uma sede do governo português na colônia foi uma
decisão estratégica da Metrópole, pois podia definir mais de perto as diretrizes para a
exploração das matérias-primas que abasteceriam Portugal, além de dispor de uma excelente
localização onde se poderia controlar toda a extensão do litoral, e, ao mesmo tempo, tornar-se
a cidade-fortaleza, protegida de possíveis ataques dos nativos e de estrangeiros, tanto por terra
quanto por mar. A cidade sede do governo português, no século XVI, tinha algumas
características geográficas interessantes, pois foi constituída, em seu traçado topográfico, de
fendas, depressões, baixadas, lombadas prolongadas, colinas e os vales. Um dos principais
componentes da topografia das terras baianas é a declive que separa a cidade em duas: Cidade
Alta e Cidade Baixa.

O núcleo que constituía a cidade do Salvador, nos primeiros anos de colônia, tinha
como base esse declive: a Cidade Baixa, que se encontra no nível do mar, era onde estavam
instalados os armazéns para depósito de mercadorias a serviço do porto, local de trabalho; na
Cidade Alta, encontravam-se o centro administrativo e religioso, além das residências. A
ocupação das primeiras habitações começou nas ladeiras e caminhos que ligavam a Cidade
Baixa à Alta, justamente por ser trânsito de ligação entre uma localidade e outra devido ao
movimento econômico e religioso.
33

O estratagema inicial da Coroa de ter uma cidade-fortaleza aliada pelas condições


naturais da geografia do lugar, que possibilitava vigiar quaisquer perigos que ameaçassem o
“coração da cidade”, a posteriori, foi uma dificuldade para os moradores, pois as diversas
ladeiras e caminhos tortuosos atrapalhavam a todos, principalmente os comerciantes da classe
mais privilegiada que moravam na Cidade Alta e tinham que trabalhar na Cidade Baixa. Além
disso, havia a necessidade de comunicação entre o poder administrativo que ficava instalado
na parte superior da encosta e a articulação quanto ao acesso entre as duas “cidades” era
inviável. Surgem, assim, as rampas e as enormes escadarias na busca de ligar os dois pólos da
cidade: um ligado ao comércio atacadista e o outro relacionado à habitação, o comércio
varejista e administração. Sobre essa divisão da cidade, Santos (2008) afirma:

É uma cidade cuja paisagem é rica de contrastes, devidos não só à


multiplicidade dos estilos e de idade das casas, à variedade das concepções
urbanísticas presentes, ao pitoresco de sua população, constituída de gente de
todas as cores misturadas nas ruas, mas, também, ao seu sítio ou, ainda
melhor, ao conjunto de sítios que ocupa: é uma cidade de colinas, uma cidade
peninsular, uma cidade de praia, uma cidade que avança para o mar com as
palafitas das invasões de ltapagipe, cidade de dois andares, como é frequente
dizer-se, pois'; centro se divide em uma Cidade Alta e uma Cidade Baixa.
(SANTOS, 2008, p.36)

As primeiras casas construídas na cidade do Salvador se encontravam na Praia ou


Ribeira e, mais tarde, foi avançando e seguindo a baía e a necessidade comercial. Por volta do
século XVII, a cidade cresceu e extrapolou os limites estabelecidos inicialmente pelos
portugueses e a ocupação se intensificou devido à necessidade de moradia após o crescimento
populacional da cidade. No século XIX, com vista do progresso e da modernização, da
higienização e da estética, as mudanças continuaram e muitas ruas foram construídas e
alargadas, os bairros avançaram para o centro e beirando o Atlântico. Puderam-se perceber
novos contornos para a Cidade Alta e para a Cidade Baixa, com o deslocamento e ampliação
do centro comercial, habitacional e administrativo.

A imagem a seguir permite verificar a cidade do Salvador, também chamada por muitos de
“Cidade de dois andares”, e sua área ocupada com bairros residenciais, comerciais, delimitando
um avanço considerável desde a década de 1940.
34

Fig. 7 - Mercado Modelo e Casa da Alfândega 1940, vista da Cidade Alta e da Cidade Baixa

Portanto, desde a sua formação, a geografia da cidade influenciou na sua forma


urbanística e a cidade se desenvolveu paralela ao mar. Na Cidade Baixa, desenvolveu o poder
econômico, justamente por depender das atividades portuárias; já na Cidade Alta, encontram-
se as atividades relacionadas à fé e a administração, no entanto, ambas as “cidades” se
complementam, conforme podemos verificar nas palavras de Amado:

As duas cidades se completam, no entanto, e seria difícil explicar de qual das duas
provém o mistério que envolve a Bahia. Porque o viajante o sente tanto na Cidade
Baixa como na Alta, pela manhã ou pela noite, no silêncio do cais ou nos ruídos da
multidão na baixa dos Sapateiros. Impossível explicar o mistério dessa cidade. É
segredo que ninguém sabe, chega talvez do seu passado na sombra do forte velho
sobre o mar, chega talvez do seu povo misturado e alegre, talvez do mar onde reina
Inaê, talvez da montanha coberta de verde e salpicada de casas. É certo que todos o
sentem. Ele rola sobre a Bahia, é como um óleo a envolvê-la. Quando na noite
solitária da Cidade Baixa o ruído do baticum longínquo do candomblé coincidir com
o encontro de um casal de mulatos que se dirige ao amor no cais, então o forasteiro
se rende conta que esta é uma cidade diferente, que nela existe algo que alvoroça os
corações. (AMADO, [1945] 2002, p.24)

Embora busque mostrar toda a cidade para o leitor-turista, representado pela “moça”
convidada, Amado evidencia constantemente a peculiaridade das duas cidades, que mesmo
sendo complementares, apresentam características distintas. Mesmo diante da modernização
da cidade e do surgimento de novos sítios urbanos, ele traz o centro histórico como o
“coração” da cidade que se modernizou, mas que traz marcas reais do passado provinciano.
35

Na obra, outro fato interessante e que deixa o leitor curioso é a recorrência de Jorge
Amado se referir à capital baiana de variadas denominações ora chamando de Salvador, São
Salvador, ora Bahia de Todos os Santos, ora de Cidade do Salvador da Bahia ou de
Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos. Nas narrativas, assim como na
denominação da realidade, há uma representação do espaço real que se corporifica a partir de
um designativo, ou seja, quando se analisa o nome de lugar, busca-se desvendar o povo a
partir da representação sígnica - o topônimo. Carvalhinhos (2009) discorre sobre essa ideia de
nomeação dentro da narrativa e afirma que:

Quando o topônimo figura em uma obra ficcional, pode-se afirmar que a escolha
desse nome passou por crivo duplo, pois autor cria um topônimo (ou escolhe um
dentro de um paradigma já existente) com o objetivo deliberado de construir um
determinado espaço na sua narrativa, de modo que crie um efeito de realidade.
(CARVALHINHOS, 2009, p. 86)

Esses topônimos referentes à capital da Bahia, com as mais diversas variações feitas
pelo autor, comprovam uma característica interessante no ato de nomeação, conforme afirma
Menezes e Santos (2006):

Os nomes de geográficos são testemunhos históricos dos povoamentos de toda uma


nação. Eles registram e sinalizam a passagem histórica de geração, culturas, povos e
grupos linguísticos, que se sucedem na ocupação de uma dada porção territorial,
indicando a antropização da paisagem e a consequente expansão do ecúmeno.
(MENEZES; SANTOS 2006, p. 194)

Os nomes escolhidos para as cidades nas quais ancoraram as embarcações portuguesas,


na época da colonização das terras brasileiras, evidenciam a influência religiosa no processo
de nomeação das terras “recém-achadas”. Essa influência já aconteceu com o próprio nome
do país que outrora recebeu como nomes Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz,
posteriormente, as nomeações, sob as influências indígenas, dos africanos e dos elementos
naturais que ao entorno, compõem uma forma diferenciada de nomear. Foi a partir dos
documentos e registros da época, como a Carta de Caminha, que se tem conhecimento de
como se deu o processo nomeação nas “terras descobertas”.

A expressão Bahia de todos os Santos, muitas vezes evocada por Jorge Amado, foi
inspirada na baía, uma extensa área que recebeu o nome dos lusitanos durante uma expedição
portuguesa comandada por Gaspar Lemos em 1º de novembro de 1501, dia de Todos os
36

Santos, segundo o calendário da Igreja Católica. No entanto, já era denominada de Kirimurê3


pelos índios Tupinambás, cujo significado é "grande mar interior", a baía adquiriu grande
importância desde os primeiros anos de colonização. Tais denominações revelam a perfeita
relação entre o ato de nomear e as características físicas do lugar e a visão daqueles que aqui
chegaram, cada qual com seus conhecimentos e interesses. Mais tarde, em oposição às ilhas
da baía, surgia a cidade de São Salvador da Baía de Todos os Santos ou apenas Salvador
da Bahia, inicialmente uma capitania, mas que durante muitos anos desempenhou o papel de
primeira capital do Brasil.

Jorge Amado dedica um tópico, no primeiro capítulo da obra Bahia de Todos os Santos:
guia de ruas e mistérios, para falar sobre o nome da cidade. O autor fala do desejo purista dos
estudiosos, que fazem discussões e debates entre os acadêmicos, na tentativa chamar a cidade
pelo seu nome “verdadeiro”, no caso, Cidade do Salvador, desprezando o querer do povo.
Isso justifica o fato de o autor asseverar que:

Podem eles perder o tempo que quiserem, podem encher colunas de jornais com
massudos e maçantes artigos, escrever grosso volumes que ninguém lê, xingar,
esbravejar, o povo continua chamando sua cidade pelo doce nome de Bahia. Esta é a
cidade da Bahia. Assim a trata o povo de suas ruas desde a sua fundação em 1º de
Novembro de 1549. (AMADO, [1945] 2002, p. 25)

Essa passagem do livro faz compreender a dinamicidade da linguagem, que demonstra


em variados aspectos da língua não se podem impor regras, pois a língua passa por uma
filtragem temporal e espacial, sendo que o povo é quem consagra o seu uso, conforma já
salientou Monteiro Lobato (1992):

[...] Os gramáticos mexem e remexem com as palavras da língua e estudam o


comportamento delas, xingam-nas de nomes rebarbativos, mas não podem alterá-las.
Quem altera as palavras, e as faz e desfaz, e esquece umas e inventa novas, é o dono
da língua — o Povo. Os gramáticos, apesar de toda a sua importância, não passam
dos "grilos" da língua. (LOBATO, 1992, p. 45)

Os contornos dos moldes europeus, marcados, sobretudo, pelos preceitos ideológicos e


religiosos começaram a dominar os povos, suas línguas, com o objetivo de aplicar um dos
ideais das conquistas da colonização: educar o Novo Mundo com os preceitos do Deus
3
Atualmente existe o Instituto Kirimurê, um ambiente virtual onde se encontram pesquisadores, professores e
estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade Federal da Bahia com parceria com outras instituições
de ensino para discutir os mais diversos elementos de pesquisa sobre a Baía de Todos os Santos (BTS). Para
conhecer o instituto e os objetivos do projeto ver site http://www.btsinstitutokirimure.ufba.br/?page_id=23.
37

europeizado na nova terra sem Fé, sem Lei, sem Rei. O topônimo Salvador da Bahia
também faz menção ao imaginário religioso cristão católico, marcando a religiosidade
daqueles que ali estavam nos primeiros momentos da colonização. E Jorge Amado também
contesta sobre tal nomeação, conforme se pode ler abaixo:

Pode ser que o colonizador devoto desejasse colocar a nova povoação sob o
patrocínio de Jesus designando-a Cidade do Salvador. Mas somo um povo misturado
com sangue índio e muito sangue de negro, e nosso primitivismo ama os nomes
pagãos tirados da natureza em torno. Bahia. Em frente à cidade está a baía enorme,
belíssima, rodeando a ilha de Itaparica; [...] Bahia de Todos os Santos. O católico
lusitano batizou a baía ao redor. O índio e o negro crismaram a cidade que ali
nasceu: Bahia tão somente. Não adianta o desejo de D. João III, Rei de Portugal,
que, mesmo antes de fundar a cidade, deu-lhe o nome de Salvador. Não adiantou a
pertinácia de Tomé de Souza conservando-lhe esse nome quando todos os
chamavam Bahia. Esse povo misturado é, por vezes, cabeçudo. Permaneceu Bahia.
(AMADO, [1945] 2002, p. 25)

Um fato interessante, em relação aos designativos referentes à capital baiana e que


ultrapassa as páginas das histórias imaginadas por Amado, é que essa preferência em chamar
Salvador de Bahia também faz parte do imaginário da população interiorana. É comum,
principalmente dentre os mais velhos, ouvi as frases: “vou para à Bahia”, “cheguei da Bahia”,
usando o nome do estado, como nome da cidade, mais uma vez, como uma relação
metonímica.
38

3 LÍNGUA E CULTURA: A LÍNGUA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO

“A palavra distingue o homem dentre os animais:


a linguagem distingue as nações entre si;
somente se sabe de onde é um homem após ter ele falado”.
(ROUSSEAU)

O ser humano é um ser social que faz uso da linguagem para interagir com o meio que o
cerca. É possível verificar na linguagem os reflexos de elementos que revelam as estruturas
sociais. Assim como existem as relações de poder no seio social, fixadas pelas forças
simbólicas já evidenciadas por Bourdieu (1983), a linguagem, através do seu léxico, é um
fator que cria laços entre seus semelhantes bem como separa os diferentes. Bourdieu
apresenta o discurso como um bem simbólico, o qual pode receber valores distintos a
depender do mercado que ele seja exposto, isso ocorre porque língua é sinônimo de poder.

Émile Benveniste (1976, p.32) debate com a defesa de que a linguagem, enquanto
instituição social garante a difusão e fixação de ideologias e princípios na seguinte passagem:
“A linguagem manifesta e transmite um universo de símbolos integrados numa estrutura
específica: tradições, leis, ética e artes; e é pela língua que o homem assimila a cultura, a
perpetua ou a transforma”.

A língua deve ser vista como o meio pelo qual o homem evidencia o seu pensamento, as
aquisições de saberes, percepções e experiências da sociedade. Sobre essa ideia, Duranti
afirma:

Uma língua é mais que um conjunto de categorias fonológicas, morfológicas,


sintáticas ou léxicas e uma série de regras para seu uso. Uma língua existe no
contexto de práticas culturais que, por sua vez, descansam em alguns recursos
semióticos, como as representações e expectativas que proporcionam aos corpos e
movimentos dos participantes no espaço, o entorno construído em que inter-atuam, e
as relações dinâmicas que se estabelecem por meio da recorrência na atividade
conjunta que realizam. (DURANTI, 2000 apud SEABRA 2004, p.28)

Ao considerar o caráter social da língua, que se corporifica por meio do léxico, é


necessária a inserção, de modo intrínseco, do elemento cultural como eixo de ligação entre o
polo social e o polo linguístico. O termo cultura é proveniente do latim e seu significado
original remete às atividades agrícolas. Vem de colere, que quer dizer cultivar. Com o tempo,
39

a partir do surgimento de sociedades letradas, esse significado foi ampliado para refinamento
pessoal, sofisticação. Por isso, até hoje, esta palavra possui conotação relacionada a
conhecimento, desenvolvimento de ideias, polimento intelectual - pessoa culta.
No entanto, quando se pensa em cultura não se pode ficar preso a essa visão limitada,
simplista e defasada. Atualmente, a preocupação em entender sobre as questões culturais é
bem forte, pois os estudiosos buscam compreender a humanidade de modo mais amplo, mas,
ao mesmo tempo, entender a concepção de nação, grupos humanos e sociedade. Assim, o
termo cultura inclui o coletivo, pois é o resultado da inserção do homem em contextos sociais
variados.

No século XIX, o conceito de cultura era ligado a uma hierarquização das culturas
humanas, na qual, segundo essa visão, as sociedades passaram por etapas de evolução. Essa
era uma visão europeizada em que todos os povos que não entravam na sua categorização de
cultura baseada na noção capitalista eram considerados como bárbaros, inferiores. E essa ideia
de evolução cultural esteve ancorada em ideais racistas que, infelizmente, ainda podemos
perceber camufladas nos moldes da sociedade atual.

A noção de inferioridade cultural é sempre fundamentada na comparação de elementos


baseados na realidade cultural de quem analisa, de modo que é possível entender que não se
pode categorizar a cultura de uma comunidade com parâmetros iguais a de outra comunidade,
pois a sociedade não é igual nem igualitária. Logo, as diferenças óbvias não devem servir de
base para caracterizar um povo como melhor ou pior, sobretudo, porque não há cultura
melhor ou pior, há culturas diferentes. Ao encontro desse pensamento, Santos (1986) afirma
que:

Cada realidade cultural tem sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer
para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações
pelas quais estas passam. É preciso relacionar a variedade de procedimentos
culturais com os contextos em que são produzidos. (SANTOS, 1986, p. 8)

De acordo com Edward T. Hall (1973 apud OLIVEIRA, online), o conceito de cultura,
no sentido etnográfico, foi primeiramente definido por E. B. Tylor ao dizer que:
40

[...] cultura ou civilização, tomada em seu sentido etnográfico amplo é o conjunto


complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes e quaisquer
outras habilidades ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma
sociedade (TYLOR, 1871 apud OLIVEIRA, online).

Depois, vários outros estudiosos, a depender da linha de pesquisa, se ocuparam em


definir cultura. Estabelecida a ideia de que língua e cultura são indissociáveis, por estarem
sempre em processo de mudança, muitos autores defendem que a cultura está relacionada com
a forma de encarar a si e ao outro, ou seja, são consideradas a historicidade, os costumes, o
contexto social, etc. Sem os aspectos contextuais, o termo cultura se torna irrelevante e
equivocado.

Ainda no que diz respeito à relação entre língua e cultura, a ideia de que elas estão
intimamente ligadas não é recente. Desde o século XIX, Humboldt tratou dessa relação
quando discutiu a ideia de relativismo linguístico, que pode ser entendido como a noção de
que a língua que falamos pode influenciar a realidade. Mais tarde, Edward Sapir argumentou
que o conteúdo da língua está atrelado à cultura. Nos anos 1950, Whorf (1940, p. 231 apud
OLIVEIRA, online) discute que os falantes de uma língua dividem a mesma realidade
linguística, ou seja, cada indivíduo, ao apreender uma língua materna, aprende a associar os
símbolos de modo igual, na situação que se encontram ou no pensamento.

Por sua vez, a língua é social e culturalmente construída e é através das práticas
discursivas, caracterizadas pelo modo de ser, dizer e agir que cada grupo social estabelece o
papel de exteriorizar o seu pensamento. É nesse sentido que nos assevera Baldinger: “a
história da língua é a história da cultura...O fato de que a língua reflete a história dos povos,
isto é, a relação entre história da língua e a história da cultura já se reconheceu então”.
(BALDINGER, 1966, p. 37)

Câmara Jr (1954, p. 193) também diz que “a língua, considerada em sua essência, é
mais do que uma simples manifestação cultural: é o veículo através do qual toda cultura se
consolida, se intercambia e se transmite”. Qualquer processo de construção identitária por
meio da língua é um encontro entre elementos que envolvem culturas, valores ou práticas que
convergem ou divergem em alguns momentos, mas que a partir de contextos históricos
específicos passam a fazer sentido e representar o indivíduo que está inserido naquela época.
41

Estudiosos de diversas áreas do conhecimento como a Filosofia, a Psicanálise, a


Antropologia e a Linguística, por exemplo, têm se dedicados a temas que envolvem a
construção identitária, buscando investigar e compreender como se dá esse desenvolvimento
nos indivíduos, pois é muito comum, aos ouvidos atentos, surgirem perguntas que discutem
termos e ideias como “crise de identidade” ou “perda de identidade”.

Segundo Coseriu (1982, p.17), “a linguagem é um fenômeno multifacetado que permeia


as demais manifestações do homem”, ou seja, no processo de construção da identidade, o
indivíduo vale-se da sua capacidade de se comunicar para, a partir dela, tecer suas convicções,
crenças e sua história pessoal. Sobre a noção de identidade, Rajagopalan (1998) argumenta:

A identidade de um indivíduo se constrói na língua e através dela. Isto significa que


o indivíduo não tem uma identidade fixa anterior e fora da língua. Além disso, a
construção da identidade de um indivíduo na língua e através dela depende do fato
de a própria língua em si ser uma atividade em evolução e vice-versa.
(RAJAGOPALAN, 1998, p.41-42)

Contudo, é sabido que a língua não é neutra ou isenta de referências à significação


social, pois a língua não se mantém na base da neutralidade, ao contrário, está repleta de
significações que é resultado da interação entre os falantes que a utilizam. Desta forma, é
assertivo dizer que língua e cultura têm um papel importante para a construção identitária de
um indivíduo.

Ainda na visão de Rajagopalan (1998, p. 41-42), “as identidades da língua e do


indivíduo têm implicações mútuas, ou seja, estão a todo momento sendo reconstruídas num
constante estado de fluidez”. Dessa forma, pode-se entender que a identidade só é possível a
partir do momento em que o homem consegue decodificar a palavra e, por meio desta,
desvendar o mundo que está inserido, de modo que transforme a realidade e seja transformado
por ela, já que é um ser social e historicamente condicionado.

Na visão de Freitas et al. (s/d online), outro aspecto importante para a compreensão
entre língua e identidade é que o conceito de língua tem significação geopolítica, ou seja,
representa a geografia e os aspectos políticos de uma determinada comunidade. Como as
comunidades são plurais e multifacetadas, assim, entende-se que quanto mais influenciado for
o ser humano pelos diversos contextos, infinitamente ampliada e composta será a forma de
42

perceber e agir sobre a realidade que ele está inserido. Ao encontro dessa ideia, Hall (2000, p.
37) defende que:

[...] as identidades nunca são unificadas; que são, na modernidade tardia, cada vez
mais fragmentadas e fraturadas; que elas nunca são singulares, mas multiplamente
construídas ao longo de discursos, práticas e posições que se cruzam e até podem ser
antagônicas. As identidades estão sujeitas a uma historicidade radical,
constantemente em processo de mudança e transformação. (HALL, 2000, p.37)

A noção de identidade cultural, social e linguística parte da ideia de como o indivíduo se


comporta no convívio com seus semelhantes, inseridos em grupos e agindo como sujeitos
sociais. Em consonância com as ideias defendidas por Hall, é possível afirmar que, graças aos
fatores globais de circulação imediata de informações e cultura, que as identidades estão cada
vez mais fluídas.

Rajagopalan afirma que a língua é como uma “roupagem”, que, ao despir-se dela,
podem-se observar diversos aspectos, pois a língua está sempre ligada a questões de
identidade e alteridade, visto que a ela vincula a subjetividade do sujeito. Dessa forma,
qualquer tentativa de retirar o “EU” da linguagem está fadada ao fracasso (informações
verbais)4.

3.1 O ESTUDO LEXICAL: PRESERVANDO A MEMÓRIA DE UM POVO A PARTIR DA


LÍNGUA

A arbitrariedade do signo linguístico corroborada por Saussure explica como o


homem estrutura o mundo que o cerca e nomeia os seres e objetos de acordo com suas
necessidades e interesses. Ao longo da história, as palavras surgem, desaparecem,
reaparecem com novas significações de acordo com os imperativos de um povo, marcadas por
diversos fatores socioculturais. Sendo assim, o léxico, ou o conjunto de palavras de uma
comunidade linguística, cumpre o papel de testemunhar as realidades sociais e culturais de

4
Apontamentos de aulas ministradas pelo professor Rajagopalan à turma de Programa de Pós-graduação em
Estudo de Linguagens, em março de 2013.
43

quem as usam, garantindo ao estudioso do léxico a possibilidade de desvendar a história e os


anseios dos seus convivas, conforme nos assegura Biderman:

O léxico pode ser considerado como tesouro vocabular de uma determinada língua.
Ele inclui a nomenclatura de todos os conceitos lingüísticos e não-lingüísticos e de
todos os referentes do mundo físico e do universo cultural, criado por todas as
culturas humanas atuais e do passado. Por isso, o léxico é o menos linguístico de
todos os domínios da linguagem. Na verdade, é uma parte do idioma que se situa
entre o linguístico e o extra-lingüístico. (BIDERMAN, 1981, p. 138)

Para a autora, é através do ato criativo e cognoscitivo que o homem categoriza o


pensamento através do léxico, pois é o signo linguístico que concretiza o universo referencial,
designando as realidades nas quais o homem toma consciência. Em consonância com essas
ideias apresentadas por Biderman, Carvalho (2010) afirma:

O vocabulário de cada cultura é bem mais amplo para os assuntos que lhes tocam de
perto, e restrito para aqueles nos quais não tem interesse direto. [...] As línguas
realizam o recorte direto do mundo de maneira diversas; daí a dificuldade na
elaboração de traduções. Há nuanças e escalas de valores. O sentido de uma palavra
vai assim depender de associações resultantes de comparações, cargas emocionais e
de preconceitos da comunidade. (CARVALHO, 2010, p. 47)

De acordo com as palavras de Carvalho (2010), averígua-se que a língua não é estática
nem homogênea e que o léxico, diferentemente dos outros sistemas linguísticos como o
fonológico, sintático e o morfológico, é um sistema aberto a mutações. Conforme já ressaltou
E. Sapir, o léxico de uma língua é a parte mais flutuante e mais suscetível a mudanças
resultantes de acréscimos e/ou de perdas de palavras em uso – são os chamados neologismos e
arcaísmos, respectivamente. Assim sendo, o estudo lexical revela os interesses socioculturais
de uma comunidade à medida que modela pensamentos e atitudes e desponta conceitos e
preconceitos, valores e ideais, depreendendo os enigmas presentes na alma de seus falantes.
Oliveira e Isquerdo corroboram com essa ideia ao afirmarem que:

Na medida em que o léxico configura-se como a primeira via de acesso a um texto,


representa a janela através da qual uma comunidade pode ver o mundo, uma vez que
esse nível de língua é o que mais deixa transparecer os valores, as crenças, os
hábitos e costumes de uma comunidade [...] (OLIVEIRA; ISQUERDO, 2001, p.9)
44

Desde Saussure, a língua é vista como um fator social e toda a sua dinâmica é tecida
pelo vocabulário, pois “[...] o léxico de uma língua conserva uma estreita relação com a
história cultural da comunidade [...] na medida em que o léxico recorta realidades do mundo,
define, também, fatos de cultura.” (OLIVEIRA; ISQUERDO, 2001, p. 9). O estudo do
vocabulário nos permite conhecer a história, a aprendizagem de seus falantes, os valores, as
vivências em sociedade, podendo-se “[...] mergulhar na vida de um povo em um determinado
período da história, [...]” (ABBADE, 2006, p. 213).

O léxico de uma língua pode ser estudado dentro de três ciências tradicionais que
enfocam o mesmo objeto com finalidades distintas: a Lexicologia, a Lexicografia e a
Terminologia: a Lexicologia é a parte da Linguística que se ocupa em estudar a palavra
segundo a sua categorização, estruturação e funcionamento; a Lexicografia é a ciência dos
dicionários e a Terminologia se preocupa em categorizar o vocabulário especializado de uma
determinada área do saber humano.

Para esta dissertação, que tem como objetivo averiguar as motivações semânticas
presentes nos nomes dos bairros e ruas presentes na obra de Jorge Amado, faz-se necessário
delimitar a base teórica dentro da Lexicologia. Dentro do campo de pesquisa, tomar o léxico
como objeto de investigação não é sinônimo de ter um campo homogêneo, livre de
intersecções outras no que tange às teorias e epistemologias, pois o estudo do léxico abarca
um universo de saberes que não se limita apenas ao campo linguístico, mas que o torna
grandioso e interessante, não mais que outros campos linguísticos, justamente porque conta
com o auxílio de diversas ciências do campo de saber.

A Lexicologia, também chamada de ciência da palavra, nem sempre desfrutou de


prestígios dentro dos estudos linguísticos, apesar da importância para a sociedade visto que
esta tem guardada nas palavras um fóssil de informações arquivadas em sua memória. Foi a
partir da segunda metade do século XIX, com a ampliação dos estudos onomasiológicos
debruçados sobre as nomeações, que o os linguistas começaram a se interessar pelas áreas
voltadas para os aspectos extralinguísticos, dentre elas as que tinham as palavras como base.

Dentre os elementos que compõem os estudos lexicológicos é importante alinhar


alguns conceitos, muitas vezes interpretados como sinônimos como é o caso de palavra,
vocábulo e lexia. Segundo do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (2007), de
Antônio Geraldo da Cunha, palavra é realmente sinônimo de vocábulo, de termo. No entanto,
nos moldes dos estudos lexicais, é necessário diferenciar tais termos, e Basílio (1991, p. 12)
45

apesar de admitir que conceituar palavra sempre foi um problema para linguistas e
gramáticos, define-a como “uma unidade linguística básica, facilmente reconhecida por
falantes em sua língua”.

De acordo com Abbade (2011, p.1333-1334), palavra “é um termo genérico,


tradicionalmente utilizado na língua, fazendo parte do vocabulário de todos os falantes”. Já
vocabulário “pode ser entendido como o subconjunto que se encontra em uso efetivo, por um
determinado grupo de falantes, numa determinada situação”. Dessa forma, o vocábulo é a
palavra efetivamente funcional para os falantes de uma dada comunidade. Ainda para
Abbade (2011, p, 1334), a lexia “é a unidade significativa do léxico, ou seja, a palavra que
tenha significado social”.

Esses conceitos são de fundamental importância para o entendimento da diferença


entre lexemática e a morfemática. Há palavras que possuem apenas significação gramatical ou
morfemática, como é o caso dos artigos, das preposições e das conjunções, enquanto que há
outras palavras que constituem significação social, referencial e estão dispostas no
vocabulário de uma comunidade linguística por isso são objetos de estudo da lexemática.

O estudo lexical permite identificar traços do grupo social que o usa, evidenciando,
sobretudo, a evolução desse grupo social, bem como as transformações culturais, tais como as
tradições, a moda, a religiosidade, as novas tecnologias, tudo isso permite modificações no
léxico e revela o enriquecimento do universo pessoal e social. Tudo de concreto ou abstrato
que está diante do olhar humano pode ser nomeado e, justamente por está no campo da
lexemática, engloba o léxico. Por isso, pode-se afirmar que os nomes de lugares, que
compõem a obra Bahia de Todos os Santos, de Jorge Amado, abrangem muito mais do que
um universo literário-ficcional, são saberes partilhados pelos falantes, que garantem a
memória de um povo.
46

4 ONOMASIOLOGIA E SEMASIOLOGIA: POSSIBILIDADES DE ESTUDAR O


LÉXICO

“O nome de lugar exerce o papel de uma verdadeira crônica”.


(DICK, 1990, p.22)

Com os avanços dos estudos linguísticos no final do séc. XIX para o início do séc. XX,
um novo paradigma linguístico surgiu e os estudos voltados para a língua, que até então eram
pautados no som, tomam um novo direcionamento: a palavra toma visibilidade como mais
uma forma de investigação dos fenômenos linguísticos. Foi nesse contexto, por volta de 1900,
que surgem os métodos de pesquisa e estudo voltados para a designação e o significado,
respectivamente, a semasiologia e a onomasiologia, assim definidos por Baldinger (1966).

A onomasiologia estuda igualmente uma estrutura, isto é, as posições recíprocas das


diferentes designações e por isto reconhecemos, como no caso da estrutura
semasiológica, um centro de um ou de diversos polos com um campo objetivo,
afetivo ou misto ao seu redor. (BALDINGER, 1966, p. 26)

Ambas as ciências estão diretamente interligadas e dependentes uma da outra. Desde


Sausurre que se discute a relação do signo como a união do sentido e da imagem acústica.
Mais tarde Ullmann, com base nos postulados de Saussure e outros autores como Ogdem e
Richards, avança, nos estudos, a fim de compreender a estrutura semântica das palavras por
meio da tríade: coisa, sentido e nome.

Para Baldinger (1966, p. 28), “cada signo linguístico e cada palavra se compõe de dois
elementos: forma e conteúdo”. No plano da semasiologia, “a significação liga a forma ao
conteúdo”. Já no plano da onomasiologia, “o conceito é designado por diferentes formas
(diferentes nomes). A designação vai do conceito à forma (ao nome)”. Conforme pode ser
visto no esquema a seguir:
47

Fig. 1 e 2 - Triângulos de Baldinger (1966)

Ainda segundo o autor, a relação de dependência dessas duas estruturas se dá, pois “o
nome e o conceito, a significação que parte da forma (nome) para atingir o conteúdo e a
designação que parte do conceito para atingir a forma (nome)”.

Fig.3 - Triângulo de Baldinger (1966)

Assim, a partir do momento que se consolidou que o signo linguístico era constituído de
um duplo aspecto, foi preciso criar um duplo aspecto do método linguístico a fim de verificar
as características semânticas e estruturais das palavras, conforme afirma Feller (apud
BALDINGER, 1966, p. 35), “será necessário partir da palavra para atingir o pensamento
(semântica), e partir do pensamento para atingir as palavras (onomasiologia)”.
48

4.1 ONOMÁSTICA: A CIÊNCIA DO NOME

Uma das formas de estudar a linguagem perpassa pelos estudos onomásticos, que
buscam compreender os nomes próprios, sejam estes nomes de lugares ou acidentes
geográficos - objeto de estudo da Toponímia; ou nome de pessoas e sobrenomes de famílias
ou alcunhas - objeto da Antroponímia. Esses estudos onomásticos estão no campo da
Lexicologia e se interessam pela palavra quando inserida no campo da nomeação ou
denominação.

A Onomástica tem como objeto de estudo o ónyma, do grego nome que difere da
palavra, pois pressupõe um nomeador e um ser ou lugar nomeado, conforme Dick (1998):

O nomeador (sujeito, emissor ou enunciador), o objeto nomeado (o espaço, suas


subdivisões conceituais que incorpora a função referencial, sobre o que recairá a
noção de nomear) e o receptor (ou enunciatário, que recebe os efeitos da nomeação,
na qualidade de sujeitos passivos). (DICK, 1998, p. 103)

Alguns autores chamam Onomástica de Onomatologia como é o caso de Câmara Júnior


(2001, p. 182), conforme se pode verificar na seguinte citação: “Conjunto dos antropônimos
(v.) e topônimos (v.) de uma língua, e também o estudo lingüístico desses vocábulos, o qual
requer métodos de pesquisa especiais. Neste último sentido, também se usa o termo
ONOMATOLOGIA.” (grifo do autor).

Leite de Vasconcellos (1931), em sua obra intitulada Opúsculos, Volume III -


Onomatologia, também prefere chamar de Onomatologia, e além de trazer os conceitos de
Toponímia e Antroponímia, traz a noção de Panteonímia ou Polionímia.

Chama-se de Onomatologia o ramo da Glotologia que estuda os nomes próprios.


Podemos nela considerar três partes:
1. Antroponímia (expressão que empreguei a primeira vez em 1887, na Revista
Lusitana, 1, 45), ou estudo dos nomes individuais, como dos sobrenomes e apelidos;
2. Toponímia, ou estudo dos nomes de sítios, povoações, nações, e bem assim de
rios, montes,vales,etc., - isto é, os nomes geográficos;
3. Vários nomes próprios, isto é, que não estão contidos nas duas classes
procedentes, por exemplo, de entidades sobrenaturais, de astros, ventos, animais, de
coisas (espadas, navios, sinos) [...] (VASCONCELLOS, 1931, p.3. grifo do autor.)
49

Pelo viés toponímico, objeto de estudo desta dissertação, é possível perceber que os
nomes de lugares e/ou acidentes geográficos ultrapassam os limites do sistema linguístico,
pois se unem aos elementos extralinguísticos que compõem o ato de nomeação no momento
que o denominador em um ato batismal escolhe o nome. Mesmo sendo um signo referencial,
os topônimos possuem uma característica importante: a motivação semântica.

Ao possuir um motivo semântico, mesmo muitas vezes opaco, os topônimos são de


grande importância linguístico-histórica, pois trazem na essência de sua caracterização um
valor documental, visto que há por trás do ato “nomeativo”, um desejo do denominador de
retratar o contexto social, histórico, político e cultural de uma época, caracterizador de um
povo - e isso é feito a partir do seu repertório linguístico.

4.1.1 O signo toponímico: cristalizando a história pelo olhar do denominador

Saussure, ao falar sobre a sua primeira dicotomia - língua versus fala - mostra ser a
língua o objeto de estudo da Linguística, concebendo-a como um sistema de signos
(constituídos por significado e significante), sendo fruto de convenção social, coletiva,
imutável pelo indivíduo e exterior a ele.
O equívoco nas discussões propostas por Saussure está no fato de o autor definir a
língua como fato social, mas excluir das tarefas linguísticas a preocupação com os elementos
de ordem social, ou seja, as relações extralinguísticas, o que pressupõe a homogeneidade
como elemento primordial para essa descrição.
Além de Saussure, outros autores, como Peirce, se debruçaram sobre o estudo do signo.
No entanto, enquanto Peirce descreveu o signo em caráter imediato, Saussure apontava a
noção de tempo como requisito preponderante na sua análise, apoiando numa investigação
diacrônica para seus estudos.
Um ponto de convergência nos dois estudos é o caráter arbitrário do signo linguístico.
Para ambos os estudiosos, o signo é um processo mental, psíquico que se estrutura nas
relações sociais. Porém não há uma relação direta entre o objeto extralinguístico e o signo
enquanto símbolo - na visão de Peirce, e relação entre significante e significado, na visão de
Saussure.
Ao afirmar que o signo é arbitrário, Saussure (1969) afirma também que todo signo não
tem motivação, ou seja, não há a relação entre as palavras e o objeto nomeado. Mas será que
50

todo signo é realmente arbitrário? O próprio Saussure faz ressalvas a esse princípio,
afirmando que há certas palavras que possuem graus relativos de arbitrariedade, como é o
caso das onomatopeias e das exclamações, por conseguinte, possuem certa motivação
linguística que podem ser explicadas dentro do próprio sistema linguístico.
A Toponímia, como já foi dito anteriormente, é uma das subdivisões da Onomástica e
tem como objeto de investigação os signos toponímicos, a partir das motivações dos nomes de
lugares. São espécies de enunciados próprios os quais fazem ecoar aspectos culturais dos
núcleos em que habitam em determinadas regiões.

Os topônimos refletem a capacidade que o homem possui para nomear o seu entorno,
evidenciando os saberes, as experiências e o modo de ser acumulados ao longo dos tempos.
Os nomes de lugares documentam a língua e fazem emergir os costumes e os valores que
regem as condutas da comunidade nomeada, deixando transparecer as influências culturais
propiciadas a partir do contato com outros grupos étnicos que ali se instalaram, além de
registrar e perpetuar acontecimentos históricos considerados relevantes para o olhar do
denominador.

Os estudos toponímicos são relevantes, pois possibilitam desvendar o significado dos


nomes, muitas vezes, esquecidos ou desconhecidos pela comunidade. Esse esquecimento ou
apagamento se dá, pois nem sempre, através do nome, é possível saber o significado ou a
motivação semântica que fez com que o denominador “batizasse” tal lugar com determinado
nome.

Segundo Ogden e Richards (1976), no universo linguístico o pensamento ou


referência, o referente e o símbolo estariam estritamente ligados tanto na forma quanto no
conteúdo. Isso indica que nessa tríade a relação entre pensamento, referente o e símbolo é
direta. Já a relação entre símbolo e referente é indireta, pois é necessário passar pelo sentido.
Alguns estudiosos como Liberato (1997 apud SEABRA 2008, p. 1955) afirmam que a
identificação dos nomes próprios de lugares podem não passar pelo sentido, ou seja, não está
ao alcance do falante-ouvinte, sendo indicado diretamente ao referente, como podemos
verificar na observação comparativa.
51

Fig 4- Triângulo de Ogden e Richards Fig. 5- Referência e Toponímia, baseado


Fonte: OGDEN; RICHARDS, 1976, p.32 no triângulo semiótico de Ogden e Richards.
Fonte: SEABRA 2008, p. 1955.

As informações que cada “topo” carrega em sua memória é que garante o


apagamento ou permanência do significado dos topônimos, pois há uma relação mais
complexa entre palavra e referente. A história, a cultura e as relações sociais também
contribuem para essa manutenção ou não, visto que os nomes de lugares carregam os
registros de um passado, ideias comuns de um povo que foram cristalizados através do
ato de nomeação. Em consonância a essa ideia, Seabra (2008) afirma que:

Na Onomástica, mais especificamente, em se tratando de nome do lugar, a


função simbólica ou representativa do topônimo, isto é, a vinculação do
significado de um nome a uma determinada localidade implica
necessariamente a pergunta sobre o que ele simboliza, o que representa ou
denomina. Como o topônimo permanece na língua enquanto a sociedade
muda, o sistema de referência extralinguístico pode ou não se perder.
(SEABRA, 2008, p. 1956)

Ao analisar as palavras de Seabra (2008), pode-se afirmar que os estudos


onomásticos, de modo especial, os topônimos e a referência estão completamente
associados à relação triádica entre cultura, história e sociedade. Desse modo, o
significado do topônimo se manifesta ou se realiza não somente pela relação
convencional entre signos e conteúdos, mas há conexões extralinguísticas que integram
as culturas e garantem que os nomes de lugares não tenham apenas a função de servir
como referência, confirmando as palavras de Pierre Guiraud ao dizer que “todo signo é
um elemento associado”.
52

A relação direta entre os topônimos e o referente pode ser analisada à luz dos
estudos peirciano, pois os topônimos podem apresentar aspectos que se inserem aos três
tipos se signos propostos por Peirce (1975)5.

Tendo em vista que todo Topônimo é um nome próprio e que tem a função
identificadora que individualiza o objeto, além de possuir uma função dêitica, ou seja,
referenciadora, os topônimos apresentam características de índice. Sabendo que os
índices pressupõem, na sua materialização, os ícones, os topônimos, através do nome
que recebeu como função simbólica da língua, relacionam o caráter qualitativo do
referente à sua forma física. Dessa forma, os topônimos podem ser comparados aos
signos icônicos, porque preservam as noções de índices e ícones, pois, além de mostrar
a identificação dos lugares, servem para a indicação de elementos físicos ou
antropoculturais, contidos nas denominações.

Uma das características mais marcante do signo toponímico é a motivação


semântica, ou seja, o lugar não recebe o nome de modo aleatório, acidental. No ato
denominativo há pretensões ideológicas, traços culturais e físicos que atuam como
elementos fundamentais para que um lugar, representação do todo, receba o nome,
indicando a parte - numa relação quase que metonímica, como afirma Dick, (2001, p.
79) “constroem-se, assim, pela palavra lexical, detalhes-referência para indicar um todo,
semantizado metonimicamente”.

Por vezes, o processo de caracterização dos nomes comuns ou próprio já houve


uma diferenciação por ordem de importância, na qual os nomes comuns recebiam uma
atenção especial, por nomear os seres do modo geral, enquanto que os nomes próprios
eram vistos apenas como meros identificadores de pessoas ou lugares. Destarte, os
nomes de lugares sempre foram vistos como simples nomeadores e identificadores de
referentes sem propósito ou motivos concretos para a sua escolha. Entretanto, estudos
mais recentes mostram que os nomes próprios possuem, sim, uma importância não
apenas referencial, mas, sobretudo, buscam as origens denominativas que atuam como

5
Dentro das discussões cunhadas por Peirce, o autor propôs que a noção de primeiridade, secundicade e
terceiridade com as suas respectivas categorias do representamem os índices, os ícones e os símbolos que
estariam ligados, pois cada categoria pressupõe a outra, mesmo guardando suas características peculiares.
53

um espelho no qual se pode visualizar o passado e entender o presente, a partir da visão


do nomeador. Dick sintetiza a importância do signo toponímico ao afirmar que:

Muito embora seja o topônimo, em sua estrutura, uma forma de língua, ou


um significante, animado por uma substância de conteúdo, da mesma
maneira que todo e qualquer outro elemento do código em questão, a
funcionalidade de seu emprego adquire uma dimensão maior, marcando-o
duplamente: o que era arbitrário, em termo de língua, transforma-se, no ato
do batismo de um lugar, em essencialmente motivado, não sendo exagero
afirmar ser essa uma das principais características do topônimo. (DICK,
1990, p. 38, grifo da autora)

Na visão de Dick, esse “duplo aspecto da motivação toponímica” pode surgir em


dois momentos, marcados pela “intencionalidade que anima o denominador” e na
própria “origem semântica da denominação” (DICK, 1990, p. 38-39).

É importante a investigação das motivações toponímicas dos nomes de lugares,


pois é possível fazer um resgate não apenas linguístico, mas, sobretudo, dos aspectos de
cunho extralinguísticos, que representam fatores socioculturais de quem os utilizam,
graças à diversidade social e cultural fundamentais para a formação da identidade
brasileira. Isquerdo (1997 apud SARTORI, 2010) afirma que nem sempre a motivação
do signo toponímico é facilmente perceptível, pois:

[...] a diversidade de influências culturais na formação étnica da população,


como também, as especificidades físicas de cada região tornam dificultosa
toda tentativa de explicação das fontes geradoras dos nomes de lugares e de
acidentes geográficos. Em vista disso, o esclarecimento da origem de
determinados topônimos fica na dependência da recuperação, não raras vezes,
de fatores extralinguísticos como as características geo-sócio-econômicas de
uma região e, conseqüentemente, as marcas étnicas e sociais da população
habitante em tal espaço físico-cultural. (ISQUERDO, 1997, apud SARTORI,
2010, p. 26).

O homem, ao nomear um lugar ou acidente geográfico, deixa transparecer o seu


conhecimento de mundo, suas experiências, o conhecimento linguístico através das
palavras, além de apresentar as qualidades do espaço físico ou cultural, numa cadeia
infinita de símbolos capazes mudar, de inovar, pois são signos genuínos claros ou
54

opacos, que podem ser entendidos, interpretados e reinterpretados a partir da interação


com a sociedade.

4.1.2 Pesquisas toponímicas no Brasil

A ausência de referências consistentes na área dos estudos onomásticos, muitas


vezes, dificultou os avanços nesse campo de investigação. Muitos referenciais teóricos
que embasavam os estudos toponímicos reportavam a autores europeus e/ ou
americanos que nem sempre a transposição dos princípios metodológicos ou analíticos
servia para aplicar nas diversas realidades que motivaram a denominação de um lugar
no Brasil.

Segundo Dick (1992, p.1), na Europa, o primeiro a sistematizar a Toponímia


como disciplina foi Auguste Longnon, em 1878, quando ministrava aulas na École
Pratiqye des Hautes-Études e no Colégio de França, daí surgiu sua obra Les noms de
lieu de La France até hoje considerada como a precursora dos estudos dos nomes de
lugares. Após a morte de Auguste Longnon, o estudioso Albert Dauzat retomou os
estudos sobre Onomástica e, ao publicar a obra Les noms de lieu de La France, deu
maior evidência aos estudos toponímicos. Mas foi no ano de 1938 que Dauzat, ao
organizar o “I Congresso de Internacional de Toponímia e Antroponímia”, consegue
reunir um grande grupo de estudiosos que organizaram os princípios metodológicos e a
sistematização das normas de investigação entre os pesquisadores.

Outros estudos se expandiram pelos Estados Unidos, Canadá e, aqui, no Brasil.


Foi com esse panorama teórico que a investigação toponímica começou a ganhar um
tímido espaço nas terras brasileiras. O interesse de Levy Cardoso pela lexicologia
indígena consolidou a sua obra Toponímia Brasílica e, posteriormente, o professor da
USP Carlos Drumond eleva o caráter da pesquisa toponímica no Brasil, em seu livro
intitulado Contribuições do Bororo à Toponímia Brasilíca (1965), mesmo sem métodos
consistentes que abarcassem todas as ocorrências dos designativos brasileiros.

O pequeno espaço que tais pesquisas iam ocupando e o interesse mínimo por esse
campo de pesquisas fizeram com que Drumond (1965) afirmasse que no Brasil não
55

havia “verdadeiros toponimistas”. Sob a orientação professor Carlos Drumond e


seguindo os modelos teóricos propostos por Dauzat, Maria Vicentina de Paula do
Amaral Dick, em sua tese de doutoramento apresentada ao Departamento de Linguística
e Línguas Orientais - Área de Línguas Indígenas do Brasil - da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, elabora o modelo
classificatório para a análise dos topônimos, levando em consideração a motivação
semântica de cada nome de lugar.

Em sua tese, intitulada A Motivação Toponímica: princípios teóricos e modelos


taxeonômicos (1980), Maria Vicentina de Paula do Amara Dick consolida uma teoria
que correspondia com a realidade brasileira, do ponto de vista das características físicas
e antropocultuais, garantido uma maior visibilidade dos reais motivos designativos dos
topônimos.

Calcados num modelo teórico e metodológico firme, atualmente, vários projetos


estão em execução, buscando ampliar os estudos toponomásticos no Brasil. Pode-se
considerar o Atlas Toponímico do Brasil (ATB) como um dos principais. Liderado pela
Profª Dra Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick tem como objetivo analisar a
nomenclatura das macros e microrregiões em estudo. Além do Atlas Toponímico do
Brasil (ATB), a autora ainda coordena o Atlas toponímico do estado de São Paulo
(ATESP). Sobre a elaboração dos atlas, Dick (2007) acrescenta que:

Os Atlas constituem-se, assim, da recolha do recorte denominativo escolhido


para a identificação de um determinado sítio. Melhor seria se os nomes
resultantes desse processo elaborativo refletissem, realmente, algum detalhe
particular do local, de modo a caracterizá-lo pelo pormenor, mais do que por
qualquer outra justificativa. (DICK, 2007, p. 142)

Ampliando esse universo de pesquisa toponomástica, cita-se SARTORI (2010)


que de maneira sintética aponta os principais projetos desenvolvidos atualmente no
Brasil, no campo da toponímia. Apresenta-se a síntese dos projetos:

Atlas toponímico de Minas Gerais (ATEMIG), sob a coordenação da


Profª Dra Maria Cândida Costa de Seabra, na Faculdade de Letras da
UFMG, que “abrange os estudos do homem e da sociedade por meio da
linguagem e da investigação onomástica, destacando a interrelação língua
56

e cultura. [...] sob enfoques etnolingüísticos e antropoculturais em suas


diversidades regionais” (SEABRA, online, p. 1945)
O Atlas toponímico do estado do Mato Grosso (ATEMT), iniciado por
Maria Aparecida de Carvalho, que, em sua tese de doutoramento visou
investigar a mesorregião do sudeste mato-grossense.
Já o Atlas toponímico do estado do Mato Grosso do Sul (ATEMS),
coordenado por Aparecida Negri Isquerdo (UFMS), surge com o objetivo
de investigar e catalogar o vocabulário toponímico do Mato Grasso do
Sul;
No estado de Tocantins, liderado por Karylleila dos Santos Andrade
(UFTO), o Atlas toponímico de origem Indígena do Tocantins (ATITO)
surge a fim de compreender os aspectos históricos, etnológicos e
linguísticos nos topônimos de origem tupi e o Atlas toponímico do
Tocantins (ATT) é uma possibilidade de mapear mais uma vez a região de
maneira mais ampla.
O Atlas toponímico da Amazônia Ocidental Brasileira (ATAOB) e o Atlas
toponímico do Estado do Ceará, ambos são coordenados por Alexandre
Melo de Sousa (UFAM) e têm o objetivo de catalogar os topônimos das
regiões, de acordo com os motivos semânticos, fazendo uma ponte entre
léxico, cultura e sociedade.

Outros trabalhos de caráter embrionário surgem para análise na região sul, como o
Projeto Toponímia de Caxias do Sul, coordenado por Vitalina Maria Frosi (UCS) e, na
região nordeste, a tese de doutoramento sobre a toponímia dos municípios baianos de
Ricardo Tupiniquim Ramos, intitulada Toponímia dos Municípios Baianos: descrição,
história e mudanças (2008), sob a orientação da Profª Drª Suzana Alice Marcelino da
Silva Cardoso (UFBA). No ano de 2014, iniciaram-se os trabalhos do NEL – Grupo de
Estudos Lexicais, no qual esta dissertação está vinculada. O grupo é ligado ao Programa
de Pós-graduação de Estudos de Linguagem, da Universidade do Estado da Bahia -
UNEB, sob a coordenação da Profª Drª Celina Márcia de Souza Abbade. Além de
abarcar projetos de pesquisas ainda em fase embrionária, a proposta do grupo é realizar
estudos nas áreas das ciências do léxico, a fim de verificar relação entre léxico, discurso
e sociedade. O macroprojeto do grupo visa elaboração do Atlas Toponímico da cidade
do São Salvador, para, posteriormente, expandir para o Atlas Toponímico da Bahia.
57

Todos esses trabalhos citados buscam fortalecer a história de cada região


estudada, por meio de estudos linguísticos, visto que, a partir de um esboço toponímico,
podem-se trazer, para o presente, elementos outrora esquecidos, mas que pela
investigação das motivações semânticas de cada topos, pode explicar a história
designativa de tais lugares.
58

5 TOPONÍMIA: PASSOS METODOLÓGICOS E ABORDAGEM TEÓRICA

Para a realização deste trabalho, buscou-se recolher os topônimos os quais se referem


aos nomes dos bairros e das ruas da cidade de Salvador presentes na obra de Jorge Amado,
intitulada Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios. A escolha da obra se deu por
ser um terreno fértil para verificar o quanto a preferência por denominações assume
posições ideológicas, culturais e históricas como maneira de marcar o universo do
nomeador, seja pela constatação natural do seu entorno ou pelas relações socioculturais
que o homem se insere.

Escolheu-se, para a realização do presente trabalho, a 42ª edição da obra Bahia de


Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, publicada pela editora Record, com desenhos
ilustrativos de Carlos Bastos. As atualizações da obra foram constantes e necessárias para
deixar o “guia” condizente com a modernidade e os acontecimentos da cidade ao longo dos
anos. Segundo Paloma Amado (2012), foram feitas quatro atualizações na obra (1960,
1966, 1976 e 1986). Após a edição elementar publicada em 1945, foi feita, em 1960, a
primeira atualização tendo em vista o crescimento urbanístico da cidade, mesmo mantendo
o ar provinciano dos primeiros tempos. A segunda ampliação foi em 1966 e Jorge Amado
descreve o que seria uma verdadeira guinada no crescimento do campo cultural e artístico
da sociedade baiana. Menciona os novos nomes da música, das artes plásticas, do
cinema...e, muitos dos autores citados, na primeira e segunda ampliação, já haviam
ganhado reconhecimento nacional e fora do país. Foi nessa segunda atualização que Jorge
Amado acrescentou o capítulo intitulado “Baiano é um estado de espírito”, no qual discute
o fato de que várias personalidades artísticas que não são baianas por naturalidade, mas são
por atitudes e coração.

À medida que houve o crescimento da cidade, foram adicionados espaços que ora
não existiam na primeira versão, bem como a atualização das personalidades artísticas,
políticas que se fizeram necessárias para o entendimento da obra que assume um caráter
documental e factual. Por isso, a necessidade de mais uma ampliação em 1976 em que a
obra ganhou mais um capítulo com o nome de “Caetano de Matos e Castro Alves Veloso”,
o qual o autor faz questão de falar dos redutos culturais e artísticos desses artistas baianos,
59

bem como de suas obras de alcance nacional. Em 1986, o autor faz a última atualização tal
qual encontramos atualmente na obra, contendo as novas e alargadas avenidas, marcando o
desenvolvimento urbanístico e arquitetônico da cidade, assim como os velhos e
reincidentes problemas de infraestrutura e a pobreza da população menos abastada. O
tempo passou, a cidade cresceu e o autor documenta essas mudanças a cada edição
atualizada, sem perder de vista a essência da obra primeira: mostrar as graças do povo
baiano, conforme argumenta Amado:

Aos poucos este guia foi se convertendo numa espécie de enciclopédia da vida
baiana - paisagens, histórias, velhas ruas, novas avenidas, costumes, festas, a
permanente miséria e a imbatível alegria, igrejas e candomblés, santos, orixás e
personagens os mais variados, que juntos dão a imagem real e mágica desta terra
e do povo que a habita, da mistura de sangue, de raças, de culturas que faz nossa
originalidade mestiça. (AMADO, 1986, apud [1945] 2002, p. 1)

Wan-Dell Junior, no trabalho de dissertação de mestrado intitulado Das narrativas


literárias de cidades: experiências urbana através do guia de ruas e mistérios da Bahia
(2013), após comparar diversas edições da obra, defende que houve mais do que quatro
atualizações: a primeira atualização em 1960 (8ª edição), a segunda atualização em 1966
(12ª edição), a terceira atualização em 1970 (19ª edição), a quarta atualização em 1977 (27ª
edição), a quinta em 1980 (28ª edição) e a última em 1986 (34ª edição). O que levou o
autor chegar a essa conclusão foram as análises nas notas de introdução, notas de
agradecimentos, relação de tradução e adaptações da obra, inserção de capítulo ou
mudança de subcapítulos encontrados ou não nas edições analisadas.

A última publicação da obra foi feita em 2012, pela Editora Companhia das Letras6.
Na ficha catalográfica, a publicação indica como 1ª edição, no que seria a 43ª, seguindo
uma ordem cronológica das publicações. Essa edição póstuma possui algumas
modificações no que se referem às atualizações ortográficas e, como ilustrações,
encontram-se as fotografias, de Flávio Damm7, mostrando uma cidade mais recente.

6
Apesar de ter publicado a obra em 2012, a editora Companhia das Letras detém os direitos autorais das
obras de Jorge Amado desde 2008. (Informações obtidas na Fundação Casa de Jorge Amado)
7
Flávio Damm já havia feito fotos para publicações em outras edições da obra.
60

Sobre esse complexo de edições e atualizações, Wan-Dall Junior (2013) defende que
é possível perceber que existia a narrativa de uma cidade que crescia e modificava a tal
ponto que poderia ser vista como amostragem de duas cidades se comparado com o espaço
narrado na primeira edição de 1945 até a última de 2002 [ou a de 2012] publicada pela
Companhia das Letras, conforme é possível verificar na leitura do trecho que segue:

A primeira “cidade da Bahia” seria uma “Bahia de Todos os Santos” envolta nos
mistérios da cidade do Salvador, em uma estrutura de temas compostos por uma
sucessão de breves capítulos, enquanto que a “segunda cidade da Bahia” seria
uma “Bahia de Todos os Santos”, envolta tanto nos mistérios da moderna cidade
do Salvador, em uma estrutura composta por sete seções temáticas. Teríamos,
assim, pelo menos dois diferentes “Guias” resultantes: aquele que narra, através
de uma “cidade do Salvador” e aquele que narra “Salvador”. Ou, se não são dois
Guias, então o Guia seria pelo menos narrativas de duas cidades, ainda que
ambas seja partes de um continuum [...]. (WAN-DELL JUNIOR, 2013, p. 130)

Jorge Amado apresenta a cidade do Salvador da Bahia sob diversas facetas e cada
atualização exibe as notoriedades do momento, denunciando uma cidade que passa de uma
fase provinciana a uma sociedade de consumo, de crescimento e transformações.

Além das atualizações do conteúdo do guia, o nome da obra sofreu atualizações


ortográficas e redução. Na publicação original de 1945, o título era “Bahia de Todos os
Santos”, passando para “Bahia de Todos-os-Santos” (2012). O mesmo ocorreu com o
subtítulo, na publicação de 1977, houve a redução de “Guia de ruas e mistérios da cidade
do Salvador”, simplificando para “Guia de ruas e mistérios”. (WALL-DELL JUNIOR,
2012)

Tais mudanças e ampliações, no entanto, não mudaram a gênese da obra que foi
inicialmente pensada por Jorge Amado, ao apresentar a sua cidade e a sua gente;

5.1 AS FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS

As fichas toponímicas são formas de organização dos topônimos em um campo


estruturado e organizado com base na metodologia proposta por DICK (1992). Os
61

topônimos analisados na obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, de Jorge
Amado foram ordenados em traçados classificatórios e sistematizados em fichas, pois,
segundo as palavras de Dick:

A anotação dos nomes em fichas lexicográficas padronizadas, com a


identificação dos acidentes que designam nomes do pesquisador e do revisor,
fontes e data da coleta, constituem as etapas prévias de um conjunto de fases
subseqüentes (quantificação dos topônimos e das taxeonomias; estudo lingüístico
dos sintagmas toponímicos: etimologia, estrutura morfológica, sufixação,
derivação; conjuntos antroponímicos e especificações); entradas lexicais;
deslocamentos de topônimos de um acidente para outro; história dos municípios
e origem dos nomes; estabelecimento de áreas toponímicas locais e regionais.
(DICK, 1990, p. 20)

Como já foi dito anteriormente, adotou-se o modelo proposto por Dick (1992),
porém foi necessário realizar algumas adaptações para o corpus em estudo, visto que se
trata de uma obra literária. Logo, alguns elementos presentes em fichas lexicográfico-
toponímicas padrão, conforme proposto acima pela autora, não serão vistos nas fichas
deste trabalho, como por exemplo, os nomes do pesquisador e revisor, fonte e data de
coleta. Os demais elementos foram mantidos e/ou adaptados e não houve a necessidade de
acrescentar nenhum outro elemento.

A seguir, apresenta-se o modelo de ficha que será adotado neste trabalho:

TOPÔNIMO: TAXIONOMIA:
MUNICÍPIO:
ACIDENTE:
ETIMOLOGIA:
ENTRADA
LEXICAL
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
CONTEXTO

Fig. 6 - Modelo de Ficha Lexicográfico-Toponímica

A partir da análise do modelo da ficha léxico-toponímica que será adotada, neste


trabalho, detalham-se os elementos que a compõem:
62

TOPÔNIMO: vocábulo que designa o nome de um lugar ou acidente geográfico,


presente no objeto de pesquisa. No corpus de base, apresentam-se os vocábulos que
designam os bairros e as ruas.

TAXIONOMIA: nomenclatura com base nas causas motivacionais que nomeiam


os topônimos. A classificação dos topônimos, nas fichas, seguiu o modelo
taxionômico proposto por Dick (1992), conforme poderá ser verificado em na
subseção 5.2. Houve topônimos que poderiam ter dupla classificação devido à
possibilidade de mais de uma interpretação semântica, no entanto, optou-se por
deixar apenas uma classificação taxionômica como acontecem com alguns
historiotopônimos provenientes de nomes de personalidades públicas, que, por ser
de âmbito nacional, optou-se pela referência histórica em vez de antroponímica.

MUNICÍPIO: indica o município ao qual a localidade a que o topônimo se refere


está localizada. Apresenta dividido em Microrregião (MRG) e Mesorregião
(MESO), conforme a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- IBGE.

ACIDENTE: indica se os topônimos denominam acidentes humanos (AH) – como


vilas, freguesias, fazendas, arraiais, etc – ou acidentes físicos (AF) – como rios,
baias, riachos, morros; podendo o mesmo topônimo designar tanto acidentes
humanos quanto físicos.

ETIMOLOGIA: apresenta o étimo, ou seja, a origem do topônimo.

ENTRADA LEXICAL: entrada do topônimo, levando em consideração as


variações presentes na obra.

ESTRUTURA MORFOLÓGICA: indica a classe gramatical, o gênero e o


número de cada um dos topônimos. Quando o topônimo for um antropotopônimo,
usa-se: Prenome para o nome da pessoa e Apelido de família para sobrenome.

HISTÓRICO / INFORMAÇÕES ENCICLOPÉDICAS: informações acerca da


história e de outros aspectos do topônimo.

CONTEXTO: em caso específico de uma obra literária, apresentam-se alguns


trechos do livro em que os topônimos se encontram e as suas respectivas páginas.
63

Há topônimos que aparecem em grande quantidade, por essa razão, não serão
dispostos todos os exemplos encontrados, optando por apresentar até cinco exemplos,
quando encontrados.

Quando em um dos itens da ficha não forem encontradas informações ou não for
possível a sua classificação, essa ausência é marcada por: n/e (não encontrado) e n/c (não
classificado).

5.2 AS TAXIONOMIAS TOPONÍMICA

O modelo de classificação dos topônimos proposto por Dick (1992) contempla 27


taxes: 11 que refletem as causas motivacionais oriundas de ambiente físico-natural e 16
relacionadas aos aspectos motivacionais que englobam o social, histórico e cultural e que
envolvem o homem. Sobre o entendimento do que são os fatores físicos e sociais, Sapir
(1961) constata que:

Por fatores físicos se entendem aspectos geográficos, como a topografia da


região (costa, vale, planície, chapada ou montanha), clima e regime de chuvas,
bem como o que se pode chamar a base econômica da vida humana, expressão
em que se incluem a fauna, a flora e os recursos minerais do solo. Por fatores
sociais se entendem as várias forças da sociedade que modelam a vida e o
pensamento de cada indivíduo. Entre as mais importantes dessas forças sociais
estão a religião, os padrões éticos, a forma de organização política e a arte.
(SAPIR, 1961 apud SEABRA 2004, p. 55)

A seguir, apresentam-se os modelos classificatórios propostos por Dick (1992) com o


significado das taxes de acordo com a motivação semântica de cada topônimo.

5.2.1 Taxes de natureza física

Taxionomia Significado
Relativos aos corpos celestes em geral.
Astrotopônimos
64

Cardinotopônimos Relativos às posições geográficas em geral


Cromotopônimos
Relativos à escala cromática

Relativos às características dimensionais


Dimensiotopônimos dos acidentes geográficos, como extensão,
comprimento, largura, etc.

Fitotopônimos Relativos à índole vegetal, espontânea, em


sua individualidade, em conjuntos da
mesma espécie, ou de espécies diferentes.

Geomorfotopônimos Relativos às formas topográficas e às


formações litorâneas

Hidrotopônimos Relativos aos acidentes hidrográficos em


geral
Litotopônimos
Relativos à índole mineral
Meteorotopônimos
Relativos a fenômenos atmosféricos
Morfotopônimos
Relativos ao sentido da forma geométrica

Zootopônimos Relativos à índole animal, representados


por indivíduos domésticos e não domésticos
e da mesma espécie em grupos.
Fonte: (DICK, 1992)

5.2.2 Taxes de natureza antropocultural

Taxionomia Significado

Animotopônimos ou Nootopônimos Relativos à vida psíquica e à cultura


espiritual
Antropotopônimos
Relativos aos nomes próprios individuais
Axiotopônimos
Relativos aos títulos e dignidades de que
se fazem acompanhar os nomes próprios
individuais

Corotopônimos Relativos aos nomes de cidades, países,


estados, regiões e continentes.

Cronotopônimos Aqueles que encerram indicadores


cronológicos
65

Ecotopônimos
Relativos às habitações de um modo geral
Ergotopônimos
Relativos aos elementos da cultura
material

Etnotopônimos Relativos aos elementos étnicos, isolados


ou não

Dirrematotopônimos Aqueles constituídos por frases ou


enunciados linguísticos

Relativos aos nomes sagrados de


Hierotopônimos (hagiotopônimos e diferentes crenças, às efemérides
mitotopônimos) religiosas, às associações religiosas, aos
locais de culto. Os hierotopônimos podem
ser divididos em hagiotopônimos, estes
relativos aos nomes de santos e santas do
hagiológio romano, e os mitotopônimos,
relativos às entidades mitológicas

Historiotopônimos Relativos aos movimentos de cunho


histórico-social e aos seus membros, assim
como às datas correspondentes

Hodotopônimos ou Odotopônimos Relativos às vias de comunicação rural ou


urbana
Numerotopônimos
Relativos aos adjetivos numerais

Poliotopônimos Aqueles constituídos pelos vocábulos vila,


aldeia, cidade, povoação, arraial.

Sociotopônimos Relativos às atividades profissionais, aos


locais de trabalho e aos pontos de encontro
dos membros de uma comunidade

Somatotopônimos Aqueles empregados em relação


metafórica às partes do corpo humano ou
do animal

Fonte: (DICK, 1992)


66

6 ANÁLISE TOPONÍMICA EM BAHIA DE TODOS OS SANTOS

Coletaram-se cento e oito topônimos referentes à cidade de Salvador, dentre os bairros e


as ruas, seguidos de seus respectivos contextos na obra. Depois de identificados os topônimos,
procurou-se preencher os dados referentes à história, a origem e os outros campos da ficha
lexicográfico-toponímica ilustrada anteriormente (Fig. 6). A organização dos topônimos, em
análise neste trabalho dissertativo, procurou seguir um critério geográfico, conforme os nomes
se encontram na cidade atualmente e Jorge Amado quis representar na obra Bahia de Todos os
Santos.

A preferência pelo critério geográfico para apresentar tais análises se deu por acreditar
que tal divisão põe em evidência a identificação de identidades múltiplas, pois as escolhas dos
nomes de lugares caracterizavam a presença ou ausência de privilégios socioeconômicos. Nos
bairros da “Cidade Alta”, por exemplo, encontravam os moradores das classes altas, as lojas
sofisticadas, as principais funções administrativas e religiosas (relacionadas ao catolicismo, é
claro), enquanto que os bairros da “Cidade Baixa” alojavam o comércio mais intenso, os
operários, os trabalhadores menos favorecidos.

Os topônimos encontrados no material descrito compreendem os nomes de acidentes


de natureza humana por se tratar de nomes de bairros e ruas. Sobre a natureza semântica do
topônimo, Seabra (2004) a firma:

Trata-se da natureza semântica da denominação, ou seja, o vínculo entre o nome


e o lugar. Divide-se em humanos e físicos. Ao acidente físico está relacionada a
geografia da região: rio, ribeirão, cachoeira, córrego, morro. Já ao acidente
humano, relacionam-se os lugares habitados pelo homem e as construções por
ele realizadas como cidade, distrito, povoado, fazenda, sítio, pequenas
propriedades, habitações isoladas no meio rural, pontes. (SEABRA, 2004, p. 49)

A seguir, apresentam-se os topônimos que foram organizados em fichas


lexicográfico-toponímicas.
67

6. 1 TOPÔNIMOS DA CIDADE BAIXA

(1) ÁGUA DOS MENINOS

TOPÔNIMO: Água dos Meninos TAXIONOMIA: Hidropotônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ÁGUA- do lat. aqua ‘líguido incolor, inodolor e insipido,
essencial a vida’. MENINOS- pl. de menino. De origem
desconhecida. Segundo Cunha (2007), termo de criação
ETIMOLOGIA: expressiva.
ENTRADA Água dos Meninos
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular+
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino plural)
Águas dos Meninos, Santo Antonio e Carmo faziam parte
das sesmarias concedidas por Tomé de Souza a Cristovão de
Aguiar.
Segundo Alves (2008), o nome Águas dos Meninos ou Água
de Meninos tem origem no período colonial e, segundo
historiadores, em meados do século XVIII, havia nesse local
HISTÓRICO/ um engenho de propriedade dos padres da Companhia de
INFORMAÇÕES Jesus que era movido pelas águas de uma lagoa formada pela
ENCICLOPÉDICAS enxurrada que descia do alto de Santo Antônio além do
Carmo. Teriam sido os meninos da catequese os primeiros a
banharem-se nessas águas, daí surgindo o nome. Outra
versão dá conta de que a lagoa era formada de uma nascente
d’água que corria perto do mar [...] naquele local, os jesuítas
teriam recebido de Tomé de Souza uma sesmaria para dela
tirar o sustento dos meninos. (ALVES, 2008, p. 22)

“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em


Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da Barra
e no Rio Vermelho”. (p.94)
CONTEXTO
“Incendiou-se em Água dos Meninos numa barraca de
cerâmica e depois no Mercado Modelo na Barraca Camafeu
de Oxossi, o bom homem”. (p. 204)
“E, com as máquinas de som e de filmagem, dirigimo-nos
todos para a Feira de Água dos Meninos”. (p. 262)
68

(2) ALAGADOS

TOPÔNIMO: Alagados TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ALAGADOS- Do lat. *lacale ‘converte-se em lago’, de
lacus ‘porção de água circundada por terras’ (HOUAISS,
2001)
ENTRADA Alagados
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (adjetivo masculino plural)
MORFOLÓGICA
O bairro de Alagados foi formado na década de 40, pela
ocupação irregular da área de borda pertencente à Marinha e
à União. Sobre o mar da Enseada dos Tainheiros, a partir da
Península de Itapagipe, parte da população carente, que não
tinha condições de arcar com as despesas de habitação da
cidade de Salvador, iniciou a construção de casas sobre
palafitas fincadas no fundo do mar. Cada vez que as etapas
da ocupação se estabeleciam, o mar era aterrado, criando-se
HISTÓRICO/ o solo que possibilitaria a melhoria das casas e a substituição
INFORMAÇÕES dos materiais provisórios pela alvenaria de tijolos.
ENCICLOPÉDICAS Segundo Albinati (2010), o bairro de Alagados teve em seu
processo de formação “sucessivos movimentos de ocupação
irregular e repressão policial, construção e derrubada de
palafitas e pela constante ampliação da área seca, através do
aterro feito pelos próprios moradores e, mais tarde, também
pelo Estado”. (ALBINATI, 2010, p.31)

“São os Alagados, os casarões do Pelourinho, e do Tabuão,


Plataforma, Itapegipe”. (p. 89)
“Os pintores da cidade, como Jenner Augusto, inspiram-se
na face trágica dos Alagados”. (p. 91)
CONTEXTO “Mas o pintor partiu numa asa delta para o Rio de Janeiro
levando os Alagados, Luísa e a cidade sergipana de
Lagarto”. (p. 226)
69

(3) BAIXA DOS SAPATEIROS

TOPÔNIMO: Baixa dos TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo


Sapateiros
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: BAIXA- Do lat. bassus ‘pouco elevado’ ‘a parte inferior’.
SAPATEIRO – De sapato ‘calçado, em geral de sola dura’.
De origem duvidosa, talvez do turco cabata. (CUNHA,
2007)
ENTRADA Baixa dos Sapateiros
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Adjetivo feminino + contração +
MORFOLÓGICA substantivo)
É um nome que provém de uma tradição histórica dos
primeiros tempos da cidade, onde predominava os
“agrupamentos profissionais”, os quais podemos verificar em
vários outros topônimos em toda a Bahia. Segundo Dorea
(2006), inicialmente a denominação se referia a um curto
trecho entre a parte baixa da Ladeira do Tabuão e a então
Rua da Vala. O local era conhecido apenas como Baixinha e
lá moravam muitos artesões, trabalhadores simples,
principalmente sapateiros, que contribuem para a
HISTÓRICO/ denominação recorrendo a essa profissão. O local, na
INFORMAÇÕES primeira metade do século XIX entre os anos de 1925 a
ENCICLOPÉDICAS 1929, foi reduto de intelectuais que se reuniam
informalmente no Café Progresso e possuíam até nome: o
“Grupo da Baixinha”.
Oficialmente é a J. J. Seabra, em homenagem ao governador
do Estado. (Ver Rua J. J. Seabra). Atualmente, a Baixa dos
Sapateiros estende entre o Largo do Aquidabã e da
Barroquinha.
“[...] Porque o viajante o sente tanto na cidade baixa como na
alta, pela manhã e pela noite, no silêncio do cais ou nos
ruídos da multidão na Baixa dos Sapateiros”. (p. 24)
“A Ladeira do Tabuão, durante as horas do dia joga gente na
Baixa dos Sapateiros e dela recebe gente em busca da
CONTEXTO cidade baixa”. (p. 74)
“É a Baixa dos Sapateiros, a Baixinha, como o povo a trata
com familiaridade”. (p. 85)
“A Baixinha [Baixa dos Sapateiros] é uma espécie de
intermediária entre a cidade baixa e a cidade alta”. (p. 85)
“Alguém já disse que a Baixa dos Sapateiros é como a
pequena burguesia que fica entre o proletariado e a grande
burguesia [...]”. (p. 85)
70

(4) CALÇADA

TOPÔNIMO: Calçada TAXIONOMIA: Hodotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: CALÇADA – Do lat. calceare ‘caminho ou rua revestida de
pedra, saibro, etc’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Calçada
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Segundo Dorea (2006), J. F da Silva Lima, em trabalho
datado em 1912, produzido para a Companhia das Obras do
Porto, já citava o surgimento da expressão Calçada do
Bonfim, informando que “[...] em 1938, o caminho para o
Bonfim era pela praia e por Mont-Serrat, só mais tarde se
construiu, através dos mangues, o atual Caminho de Roma,
até lá por meio de aterros e calçamento, de onde o nome
HISTÓRICO/ Calçada do Bonfim, que se estendeu a toda a Rua da
INFORMAÇÕES Jiquitaia”. (DOREA, 2006, p. 78-79)
ENCICLOPÉDICAS Com o tempo e o uso popular ficou apenas Calçada. Hoje, o
bairro é forte no setor de comércio e é ponto de chegada e
partida dos usuários de trens da Antiga Leste. Lá se encontra
o Largo de Roma, também conhecido como Praça da
Bandeira, que abriga a sede das Obras Sociais de Irmã Dulce,
além do antigo Cine Roma e o Abrigo Dom Pedro II.

“[...] separado pelo resto da cidade por uma longa rua parte
da Associação Comercial e vai até a Calçada”. (p. 23)
“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:
Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,
Calçada, vários outros”. (p.86)
CONTEXTO “Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estrada da Liberdade, Calçada, Cosme
de Faria”. (p. 86-87 )
71

(5) FAZENDA GRANDE DO RETIRO

TOPÔNIMO: Fazenda Grande TAXIONOMIA: Sociotopônimo


do Retiro
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: FAZENDA - Do lat. facenda, por facienda, de facere ‘fazer,
executar’. GRANDE - Do lat. grandis ‘vasto, comprido,
desmedido, numeroso’. RETIRO – De tirar. Origem
desconhecida ‘lugar solitário’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Fazenda Grande do Retiro
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA Adjetivo masculino singular + contração + substantivo
masculino singular)

O bairro da Fazenda Grande do Retiro está localizado nas


proximidades da BR-324 e é vizinho aos bairros de São
Caetano e do Alto do Peru. Por ter sido uma fazenda, que
pertencia ao Sr. Justino, é que recebeu esse nome.
Na década de 1940, o proprietário arrendou as terras da
fazenda e vendeu pequenos lotes para pessoas que queriam
HISTÓRICO/ morar na região.
INFORMAÇÕES Atualmente, o bairro conta com uma rede comercial que
ENCICLOPÉDICAS atende a população local, onde pode encontrar farmácias,
bancos, supermercados, lojas de roupas, além de comércio
informal, como uma feira que funciona de domingo a
domingo no Nó de Pau, tendo o seu movimento mais intenso
nos finais de semana.

CONTEXTO “Uma filha-de-santo de Bernadinho, Marieta de Tempo,


(Tempo é um santo da nação congo), possui uma casa muito
bem organizada na fazenda Grande do Retiro”. (p.181)
72

(6) ITACARANHA

TOPÔNIMO: Itacaranha TAXIONOMIA: Litotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ITACARANHA - Do tupi ita-carãe, ‘a pedra arranhada’,
com referência às pedras maltratadas pela chuva, pelo vento.
(BUENO, 1982)
ENTRADA Itacaranha
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Dorea (2006) traz uma citação de Theodoro Sampaio, que
explica a origem do batismo desse topônimo: “pedra
arrachada” [sic]. No entanto, Dorea também apresenta outro
HISTÓRICO/ significado etimológico, segundo Frederico Edelweiss: de
INFORMAÇÕES “ita-carãe ou itá-caranha, ou seja, pedra arrachada ou
ENCICLOPÉDICAS escalavrada, como acontece com os xistos argilosos batidos
pelas aguas do mar”.
“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e
CONTEXTO dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada [...]”. (p. 90)

“Depois é Itacaranha com seu ar morimbundo”. (p. 98)


73

(7) ITAPAGIPE

TOPÔNIMO: Itapajipe TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ITAPAGIPE - Do tupi-guarani itapé-jy-pe, ‘no rio da laje’.
(BUENO, 1982)
ENTRADA Itapagipe
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
O bairro fica localizado na Cidade Baixa. Por ficar muito
HISTÓRICO/ distante do centro da cidade, o bairro foi, por muito tempo, a
INFORMAÇÕES serviço dos veraneios, vindo a transforma-se depois em
ENCICLOPÉDICAS bairro residencial.

“Para além da cidade baixa no contorno da baía, fica a


península de Itapagipe, bairro de pequena burguesia pobre e
de proletariado [...]” (p. 23)
“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São
Caetano, Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.
87)
“São os Alagados, ao casarões do Pelourinho, e do Tabuão,
Plataforma, Itapegipe”. (p.89)
“Plataforma está ligada a Itapagipe (fica defronte à
CONTEXTO península) pelas canoas que vão e vem numa travessia que
em dia de sol e delicioso passeio”. (p. 98)
“A popular Igreja do Bomfim, na qual se realiza um
espetáculo fetichista imponente no mês de janeiro, fica na
península de Itapagipe sobre uma linda colina”. (p. 114)
“A linda Capela de Monte Serrat, na península de Itapagipe,
data do século XVII. (p. 116)
74

(8) LIBERDADE

TOPÔNIMO: Liberdade TAXIONOMIA: Historiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: LIBERDADE – Do lat. libertate, de liber ‘livre’.
(FERREIRA, 2011)
ENTRADA Liberdade
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
O bairro da Liberdade era chamado de Estrada da Boiada,
pois passava por lá os bois que eram transportados de Feira
de Santana até o matadouro do Retiro. Essa estrada era o
único acesso para a cidade por quem vinha do interior do
estado. (ALVES, 2008, p. 112-113)
A carne vinda do interior tinha a finalidade de abastecer as
tropas brasileiras que ficaram assentadas na base da
península, e habitando as margens da estrada e mais tarde
acabaram fechando o acesso à cidade por terra. Segundo
HISTÓRICO/ Dorea (2006), os nomes de muitas ruas desse bairro são
INFORMAÇÕES associados às atividades do comércio ou abate de gado
ENCICLOPÉDICAS devido à influência do seu primeiro batismo O nome mudou
para Liberdade [Estrada da], pois foi por essas terras que as
tropas oficiais do governo avançaram e expulsaram os
portugueses que se recusavam a aceitar a Independência da
Bahia em 2 de julho de 1823.
O bairro da Liberdade sempre foi habitado por pessoas de
baixa renda, além de ser o bairro mais populoso da cidade é
o que representa a cultura negra com mais efervescência, por
essa razão foi considerado pelo Ministério da Cultura como o
território nacional da cultura afrobrasileira. O processo de
povoamento da Liberdade se deu logo depois da abolição da
escravatura, com a ida de negros libertos e antigos escravos
para o local.
CONTEXTO “Mãe Cecília tinha antes uma ‘sessão de olhar’ muito
frequentada em São Lourenço, na Liberdade”. (p. 180)
“Reside no bairro da Liberdade, na cidade de Salvador,
onde tem pequena gráfica para composição e impressão dos
folhetos que marca e vende nas ruas da cidade, de
preferência no Terreiro de Jesus, coração popular da Bahia”.
(p. 267)
“Ao comprar, porém, procure saber se o berimbau escolhido
foi feito por mestre Waldemar, capoeirista renomado, em
cujo terreiro na Liberdade, quando ele mantinha escola
aberta [...]” (p. 366)
75

(9) LOBATO

TOPÔNIMO: Lobato TAXIONOMIA: Antropotôponimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: LOBATO – Sobrenome de origem portuguesa. ‘Dim. de
lobo’ (MANSUR GUÉRIOS, 1981). Barata e Bueno (s/a)
trazem Lobato como “Sobrenome. De labato, subst. comum,
que significa ‘filhote de lobo’. Primitivamente alcunha
(Antenor Nascentes, II 176). Lôbo pequeno (Anuário
Genealógico Latino, V, 57)”. (BARATA; BUENO, s/a)

ENTRADA Lobato
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples masculino singular (apelido de família)
MORFOLÓGICA
Recebeu esse nome por causa do dono de engenho de bois
Vasco Rodrigues Lobato. O topônimo registra a importância
HISTÓRICO/ do dono de engenho, que também prosperou como produtor
INFORMAÇÕES de açúcar em terras baianas.
ENCICLOPÉDICAS Dorea (2006) afirma que segundo o historiador Cid Teixeira,
“o petróleo na Bahia foi pela primeira vez extraído na área
do Lobato”, por essa razão ganhou conhecimento nacional
como o local onde foi descoberto o primeiro poço de
petróleo brasileiro na década de 40, na campanha Getulista
"O Petróleo é nosso”.
“O primeiro é Lobato, que ainda exibe as antigas torres de
petróleo e onde um pequeno monumento marca o lugar da
descoberta do ouro negro baiano, e o último é Paripe, com
poucas casas”. (p. 97)
CONTEXTO
“Depois de Lobato vem Plataforma com sua grande fábrica
de tecidos e vasta população operária”. (p. 98)
76

(10) MASSARANDUBA

TOPÔNIMO: Massaranduba TAXIONOMIA: Fitotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: MASSARANDUBA. Do Tupi mosarani’ iua ‘Planta da
família das sapotáceas, maçarandubeira’(CUNHA, 1999)
ENTRADA Massaranduba
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
O nome de batismo do bairro foi retirado das árvores que
cresciam entre o massapé. O bairro está localizado na
HISTÓRICO/ Península Itapagipana entre os bairros da Ribeira, Bonfim,
INFORMAÇÕES Jardim Cruzeiro e o mar da Baía de Todos os Santos.
ENCICLOPÉDICAS As primeiras habitações foram erguidas sobre o mangue e se
constituíam de palafitas. No século XX, por volta da década
de 40, o bairro foi aterrado com entulhos trazidos da praia da
Ribeira, tendo a sua urbanização iniciada na década seguinte.
“Em ônibus superlotados iremos à Estrada da Liberdade,
CONTEXTO bairro operário, onde descobrirás a miséria oriental se
repetindo nos casebres das invasões, Massaramduba,
Coréia. Cosme de Faria, Uruguai, iremos aos cortiços
infames, cruzaremos as pontes de lama dos Alagados. (p. 12)
77

(11) MONTE SERRAT

TOPÔNIMO: Monte Serrat TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: MONTE SERRAT - sobr. catalão, de origem religiosa. O
sobrenome Mont-serrat “refere-se à invocação da Virgem
Maria de uma mosteriro beneditino edificado em morro
chamado Monteserrat, isto é, ‘monte serrado’, na Catalunha.
Aport.: Monserrat. Cf. o top. Nossa Senhora do Monserrat no
Concelho de Viana do Castelo, Portugal. Na Espanha,
Montserrat, n. feminino. como abrev, de Maria de
Montserrat.” (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Monte Serrat
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo masculino singular +
MORFOLÓGICA substantivo feminino singular)
Segundo alguns historiadores, a história do bairro do Monte
Serrat inicia quando Tomé de Souza - o primeiro Governador
Geral do Brasil, em busca de um local adequado para
construir uma grande povoação e um forte, por ordem o rei
de Portugal D. João III. Na busca de defender o território,
HISTÓRICO/ criou-se o Forte de Monte de Serrat, também conhecido
INFORMAÇÕES como Forte de São Felipe, que teve essa denominação até o
ENCICLOPÉDICAS início do século XIX. Monte Serrat é uma referência à
imagem da virgem espanhola, trazida por um padre jesuíta
que implantou a devoção a Nossa Senhora de Montserrat no
local.
“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em
Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da
Barra e no Rio Vermelho”. (p.94)
“[...]em Monte Serrat ao pé do forte e Itapoã, no Dique, na
Pituba e em Itaparica”.(p.138)
CONTEXTO “De volta interna-se no golfo, exibindo aos olhos do viajante
as praias dos subúrbios da Leste Brasileira e toda beleza do
Monte Serrat e do casario da cidade visto do mar”. (p.375)
78

(12) PARIPE

TOPÔNIMO: Paripe TAXIONOMIA: Ergotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PARIPE – Do tupi - pari ‘cerca, caniçada, gamboa’ e epe =
‘na’, ou seja, ‘na tapagem de peixe, na gamboa’.
(GREGÓRIO, 1980) Segundo Bueno (1982), Paripe significa
ceva, pesqueiro. Já Dorea (2006) diz que o termo “Paripe” é
decorrente do porto de Paripe, já registrado em 1587, por
Gabriel Soares de Souza.
ENTRADA Paripe
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto por aglutinação (substantivo masculino
MORFOLÓGICA
singular)
Paripe é um dos últimos bairros praianos pertencentes à
Salvador dentro da Baía de Todos os Santos, com praias de
beleza que encantam o visitante, podendo encontrar ainda
um clima interiorano à beira mar. O bairro possui a sua
Igreja em louvor a Nossa Senhora do Ó, que foi construída
HISTÓRICO/ pelos Jesuítas no século XVI. Segundo relatos históricos, foi
INFORMAÇÕES durante o governo Tomé de Souza e Duarte da Costa que
ENCICLOPÉDICAS avistaram os primeiros exploradores da região de Paripe: os
índios.

“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e


dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,
Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São
Tomé de Paripe”. (p. 90)
CONTEXTO “O primeiro é Lobato, que ainda exibe as antigas torres de
petróleo e onde um pequeno monumento marca o lugar da
descoberta do ouro negro baiano, e o último é Paripe, com
poucas casas”. (p. 97)
79

(13) PERI-PERI

TOPÔNIMO: Peri-Peri TAXIONOMIA: Fitotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: PERI-PERI - Do tupi piripi’ri – ‘junco’, espécie de junco
da família das ciperáceas, piri.
ENTRADA Peri-Peri
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto por justaposição
MORFOLÓGICA
A forma Pepiperi aparece nos dispositivos que determinam
os limites do Brasil pelo Tratado de Sto Ildefonso (1777)
(GREGÓRIO, 1980)
O bairro de Peri-Peri está localizado entre os bairros de
Coutos e Praia Grande, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Surgida a partir de uma fazenda em meados do século XIX,
Periperi deu início a seu crescimento a partir da construção
HISTÓRICO/ do trecho Calçada - Paripe. Alguns trabalhadores da ferrovia
INFORMAÇÕES arrendaram terrenos e construíram suas casas; assim
ENCICLOPÉDICAS surgiram os primeiros aglomerados. Na década de 40, o
crescimento da população do subúrbio aumentou e, na
década de 60, muitos varejistas buscavam tranquilidade e se
alojaram nessa região. O nome surgiu graças a plantas junco
que cresciam de maneira desordenada nas áreas alagadiças.

“Do outro lado da cidade estão as praias calmas do golfo e


dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,
Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São
Tomé de Paripe”. (p. 90)
CONTEXTO “Mantém certa atitude de desprezo para com Peri-Peri, com
sua população misturada de pequeno-burguês e operários da
estrada”. (p. 98)
“Peri-Peri é a capital do subúrbio”. (p. 98)
“Hoje, com a crise de moradia, é tão difícil consegui uma
casa em Peri-Peri quanto o centro da capital”. (p. 98)
“Infelizmente para dar passagem a essa avenida, derrubaram
os tamarineiros centenários de Peri-Peri”. (p. 99)
80

(14) PILAR

TOPÔNIMO: Pilar TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PILAR - Do lat. vulgar pilare, de pila ‘coluna’. (CUNHA,
2007)
ENTRADA Pilar
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Segundo Mansur Guérios, Pilar (do) é n. e sobr. de origem
HISTÓRICO/ cristã; da invocação espanhola Virgem del Pilar, especial de
INFORMAÇÕES Aragão que conforme tradição, apareceu ao apostolo Tiago,
ENCICLOPÉDICAS às margens do Ebro num pilar de mármore. Usual: María
del Pilar. Port. Maria do Pilar. (MANSUR GUÉRIUS,
1981)
“No cemitério de Pilar, encontra-se um dos três túmulos nos
quais repousa, na cidade do Salvador, o corpo do pintor
Cardoso e Silva”. (p. 115)
CONTEXTO “A Igreja de Santa Luzia, à Avenida Jequitibá, antiga Pilar
foi fundada em 1714”. (p. 115)
81

(15) PIRAJÁ

TOPÔNIMO: Pirajá TAXIONOMIA: Zootopônimo


Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MUNICÍPIO: MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
PIRAJÁ – Do tupi Pirá (peixe) + Yá (viveiro) e que
significa “ceva de peixe”, “lugar de muitos peixes”. Para
Gregório (1980), “Pirajá (Pira+ ybá) fruto de peixe e por
extensão, época piscosa do ano (ver acaju); aliás, Varnhagen-
ETIMOLOGIA: 35, tomo I, p. 92, diz que os índios chamavam Pirajá a esses
aguaceiros ou literalmente fruto de peixe porque a floração
dos cajueiros coincidia com o aparecimento de abundantes
peixes; lugar histórico: Combate de Pirajá, na guerra da
independência, na Bahia.” (GREGÓRIO, 1980)
ENTRADA Pirajá
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto por justaposição (substantivo masculino
MORFOLÓGICA singular + substantivo masculino singular)
Antiga terra dos índios Tupinambás, em 1972, passou a
Parque Histórico por decreto municipal, garantindo a
preservação do Patrimônio Histórico ligado à guerra da
Independência da Bahia.
A Batalha de Pirajá é considerada um dos principais choques
bélicos da guerra pela Independência da Bahia, sendo
travada na área de Cabrito-Campinas-Pirajá.
HISTÓRICO/ O bairro é um dos mais antigos de Salvador, surgiu a partir
INFORMAÇÕES de engenhos de açúcar e das primeiras missões jesuíticas que
ENCICLOPÉDICAS aportaram na Bahia no período da colonização.

CONTEXTO O filho do governador Álvaro da Costa, conduzindo tropas


bem armadas venceu um combate em Pirajá. (p. 27)
82

(16) PLATAFORMA

TOPÔNIMO: Plataforma TAXIONOMIA: Ergotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PLATAFORMA. Do fr. plate-forme; o voc. provém do ing.
platform ‘área plana horizontal, mais ou menos alteada’.
(CUNHA, 2007)
ENTRADA Plataforma
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo feminino)
MORFOLÓGICA
É um dos bairros mais antigos do subúrbio ferroviário de
Salvador, localizado na margem oposta à Ribeira [dos
Galeões], em área próxima ao antigo Forte de São Bartolomeu
da Passagem. A Plataforma e o forte atuavam como protetor
nas lutas da Independência. O forte desapareceu, mas a
plataforma era o local que assentavam baterias, canhões.
Moura (2001) afirma que o nome do bairro teria surgido por
conta da existência de uma balsa no formato de uma
"plataforma flutuante", que fazia a travessia marítima das
pessoas entre Plataforma e Ribeira, na época em que outros
meios de transporte, como ônibus e trem, eram precários ou
HISTÓRICO/ não existiam. Embora não reconhecido pelo poder oficial, o
INFORMAÇÕES bairro de Plataforma foi, no passado, um espaço que marcou
ENCICLOPÉDICAS decisivamente a história da cidade de Salvador.
Ainda conforme relatos de Moura (2001), em 1558, o bairro
era uma aldeia jesuítica, a Aldeia de São João, constituída por
índios da nação Tupi – os Tupinambás. Esta aldeia situava-se
nas Ribeiras de Pirajá e o seu nome da aldeia foi dado em
homenagem a São João Evangelista, cuja festa celebrava-se no
dia 27 de dezembro.
(Disponível em <http://www.vertentes.ufba.br/bairro-
plataforma> Acesso em: 14 jan. 2015)
“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São Caetano,
Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p. 87)
“São os Alagados, ao casarões do Pelourinho, e do Tabuão,
Plataforma, Itapegipe. (p. 89)
“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e dos
CONTEXTO subúrbios: Plataforma Itacaranha, [...]”. (p. 90)
“Depois de Lobato vem Plataforma com sua grande fábrica
de tecidos e vasta população operária”. (p. 98)
“Plataforma está ligada a Itapagipe (fica defronte à península)
pelas canoas que vão e vem numa travessia que em dia de sol
e delicioso passeio”. (p. 98)
83

(17) RIBEIRA

TOPÔNIMO: Ribeira TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: RIBEIRA. Do. lat lus. riparia, fem. subst. de riparias a, um
de ripa, ae ‘margem, ribanceira’ (HOUAISS, 2001)
ENTRADA Ribeira
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo singular)
MORFOLÓGICA
O bairro da Ribeira fica situado na Península de Itapagipe, na
Cidade Baixa e banhado pelas águas da Baía de Todos os
Santos e da Enseada dos Tainheiros. Segundo Dorea (2006),
a parte baixa da cidade, onde se localizava o porto mais para
dentro da baía, ficou conhecida com praia ou Ribeira, pouco
tempo após a chegada de Tomé de Souza. Foi lá que
ergueram a capela em homenagem a Nossa Senhora da
HISTÓRICO/ Conceição [da Praia] e dois baluartes: um de São Jorge e o
INFORMAÇÕES de Santa Cruz, que ficavam integrados ao sistema de defesa
ENCICLOPÉDICAS da colônia. Hoje, onde fica a sede do Segundo Distrito Naval
localizava uma instalação de origem não religiosa ou militar,
a qual foi erguida por Pero de Gois, Capitão-Mor da Costa:
era a Ribeira das Naus [ou dos Góis], que servia de abrigo e
para guardar instrumentos de navegação.
Surgiu a Ribeira dos Galeões, que terminou por dar nome ao
bairro qu era empregado para designar a parte baixa da
cidade.
“Apesar do sábado e do domingo com seus ranchos na
colina, mistura de festa de reisado e de carnaval, apesar da
segunda-feira da Ribeira com suas comidas, [...]” (p. 133)
“Mas a festa dura uma semana inteira e só termina na
Ribeira, na noite de segunda, numa festa do Largo e em
dezenas de festas familiares”. (p. 136)
“Os foliões amanhecem na Ribeira, muna espécie de
pequeno carnaval, de alegre anúncio da grande festa, [...]”
CONTEXTO (p.137)
“E a segunda-feira da Ribeira, típica folia de bairro que só
terminará no dia seguinte, [...]” (p. 137)
“O samba de roda, na festa da Ribeira, já adquire um ritmo
carnavalesco, [...]” (p. 137)
84

(18) RUA BUGARI

TOPÔNIMO: Rua Bugari TAXIONOMIA: Fitotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: BUGARI - Baguri > Bareri. Planta forrageira (Panicum
spicatum) da família das gramíneas, nativa da África e da
Àsia, tb. Cultivada para alimentação humana. (HOUAISS
(2001)
ENTRADA Rua Bugari
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/ O nome da rua faz referência a um tipo de planta. Segundo
INFORMAÇÕES Dorea (2006), “houve no trecho Avenida Beira Mar um
ENCICLOPÉDICAS bosque de Bogari”, dai deve ter surgido o nome da rua.
CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Bugari...”. (p. 69)
85

(19) RUA GUINDASTES DOS PADRES

TOPÔNIMO: Rua Guindastes TAXIONOMIA: Ergotopônimo


dos Padres
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: GUINDASTE – Do prov. *guindarz, deriv. do fr. ant. guidas
(atual guindeau) e, este, do a. escandinavo vindâss, de vend-
‘erguer’ + âss ‘madeira’.” PADRE - Do lat. pater patris
‘genitor, progenitor’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua Guindaste dos Padres
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo masculino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino plural)
É uma rua situada na Cidade Baixa. Recebeu esse nome, pois
havia um guindaste que transportava cargas para o alto, para
HISTÓRICO/ o colégio dos jesuítas. Nos primeiros tempos da cidade
INFORMAÇÕES chamou-se de Rua Direita da Praia.
ENCICLOPÉDICAS
“Porta do Carmo, Guindastes dos Padres...Gosto
CONTEXTO particularmente do Beco do Calafate”. (p. 69)
86

(20) SÃO TOMÉ DE PARIPE

TOPÔNIMO: São Tomé de TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


Paripe
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ Bairro
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo’. (CUNHA, 2007)
TOMÉ- Do aramaico: To’ma, Ta’ma:: ‘gêmeos’.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
PARIPE (Ver ficha 11)
ENTRADA São Tomé de Paripe
LEXICAL
ESTRUTURA Adjetivo masculino singular + Prenome + preposição +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular
É um bairro do subúrbio de Salvador, no extremo da Cidade
Baixa, depois de Paripe. O nome São Tomé de Paripe é
HISTÓRICO/ posterior a Paripe e faz referência ao apóstolo de mesmo
INFORMAÇÕES padroeiro de uma capelinha que havia por ali. Conta-se a
ENCICLOPÉDICAS lenda que o apóstolo São Tomé teria passado e deixado suas
pegadas na pedra da Toca. Lá, “as pegadas assinaladas em
uma lájea (sic), que diz que o gentio, diziam seus
antepassados que andara por ali, havia muito tempo, um
santo, que fizera aqueles sinais com os pés” - tratava de São
Tomé. (DOREA, 2006, p. 704)

“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e


dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,
Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São
Tomé de Paripe”. (p. 90)
“Dalí, de automóvel, pode-se ir a São Tomé de Paripe,
CONTEXTO velha povoação com uma praia maravilhosa a praia de
Inema, atualmente ocupada pela Marinha” (p 98)
“Também o Doutor João Batista Caribé, médico da larga
popularidade, possui São Tomé de Paripe bela casa em
meio a um parque de sombras e brisa do mar”. (p. 99)
87

(21) URUGUAI

TOPÔNIMO: URUGUAI TAXIONOMIA: Corotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: n/e
ENTRADA Uruguai
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo masculino singular)
MORFOLÓGICA
O bairro do Uruguai, assim como outros da Bacia de
Itapagipe, surgiu de um processo de ocupações espontâneas
em terrenos alagadiços e afirmou-se a partir da luta de seus
HISTÓRICO/ moradores para permanecerem no local. Francisco Aguiar
INFORMAÇÕES dos Santos, antigo morador do bairro, conta que em torno de
ENCICLOPÉDICAS trinta anos atrás, as casas da região, em geral, eram de
palafitas. Segundo ele, muitas das melhorias empreendidas
no bairro são resultados da reunião de esforços da
comunidade.
Na história deste bairro, a Igreja de Nossa Senhora dos
Alagados merece destaque. Localizada no alto da colina, foi
inaugurada em 1980 em meio a casas erguidas sob palafitas.
No Uruguai encontra-se o Bahia Outlet Center construído
em 1997, com a proposta de trazer de volta a esta região os
investimentos no setor têxtil. Esse shopping desenvolve um
Programa de Requalificação da Península de Itapagipe e seu
Entorno, com ações comunitárias e empresariais para a
região. Não foram encontradas informações sobre a razão de
escolha do nome do bairro.

“Em ônibus superlotados iremos à Estrada da Liberdade,


CONTEXTO bairro operário, onde descobrirás a miséria oriental se
repetindo nos casebres das invasões, Massaranduba, Coréia,
Cosme de Faria, Uruguai, iremos aos cortiços infames,
cruzaremos as pontes de lama dos Alagados.
88

6.2 TOPÔNIMOS DA CIDADE ALTA

(22) AMARALINA

TOPÔNIMO: Amaralina TAXIONOMIA: Antropotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: AMARALINA - De Amaral – Sobrenome de origem
geográfica. Topônimo de Portugal. De Amaral, subst.
comum, nome de uma casta de uva preta, serôdia, e muito
abundante de ácidos, cultivada na Beira, no Minho e no
Douro. (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA Amaralina
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Apelido de família + sufixo -INA)
MORFOLÓGICA
O bairro fica situado entre o Rio Vermelho e a Pituba, na
orla marítima da Cidade Alta. Toda a área que compõe os
contornos desse bairro que pertencia à Fazenda Amaralina,
propriedade pertencente a José Alves do Amaral. As terras
HISTÓRICO/ incialmente receberam o nome de Fazenda Alagoas, mas por
INFORMAÇÕES influência do nome do proprietário, mais tarde, foi rebatizada
ENCICLOPÉDICAS com o nome Amaralina. Distante do Centro Histórico, o
bairro passou a contar com o serviço de bonde elétrico
somente a partir da década de 1920.
“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena
burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à
beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina”.(p.79)
“[...]por detrás das casas elegantes da praia de Amaralina,
fervilha a vida intensa e pobre, em vasto território habitado
por trabalhadores de todos os tipos, o Nordeste de
Amaralina”. (p. 79)
“Também no Rio Vermelho habitam os pintores Floriano
Teixeira e Jamison Pedra. Caribé mora em Brotas, Mirabeau
CONTEXTO Sampaio no Chame-Chame; o arquiteto Mário Mendonça,
em Amaralina com sua mulher Zélia Maria, ceramista”.
(p.79)
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio”. (p.90)
“Acompanhando as praias deslumbrantes, orla marítima que
se desdobra de Amaralina à Itapoã – melhor dito do Porto
da Barra a Arembepe – repleta de hotéis, restaurantes,
boates, bares, motéis de alta rotatividade”. (p. 96)
89

(23) BARBALHO

TOPÔNIMO: Barbalho TAXIONOMIA: Antropotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: BARBALHO – Sobrenome de uma antiga família
estabelecida em Pernambuco. Procede de Braz Barbalho
Feyo, que passou a Pernambuco, no início de sua povoação,
onde deixou larga descendência do seu casamento Catarina
Tavares Guedes. (BARATA; BUENO, s/a). De barbalho,
subst.. com., raiz filamentos das plantas). (BARATA;
BUENO, s/a)
ENTRADA Barbalho
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (apelido de família)
MORFOLÓGICA
Esse bairro fica nas terras que pertenceram a Luiz Barbalho
Bezerra, daí resulta o seu nome. Já foi conhecido como
Campo do Barbalho no período colonial e perdurou por
muito tempo. Segundo Dorea (2006), Luiz Barbalho Bezerra
foi uma personalidade envolvida em diversos acontecimentos
de relevância no Período Colonial tais como a construção das
“defesas militares”, em 1638. Em 1736, foi construído o
Forte do Barbalho, de maior tamanho de forte defensivo de
HISTÓRICO/ salvador.
INFORMAÇÕES Luiz Barbalho ainda foi um dos integrantes do triunvirato,
ENCICLOPÉDICAS que na ausência do vice-rei D. Jorge de Mascarenhas – o
Marquês de Montalvão – exerceu indevidamente o governo
no período de 12 d Abril de 1641 a 26 de Abril de 1642.

“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou


da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)
CONTEXTO
“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:
Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,
Calçada, vários outros.” (p.86)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de
Faria”. (p. 86-87 )
“No Barbalho, vive minha amiga Dadá, viúva de Corisco, o
célebre lugar tenente de Lampião”. (p. 251)
90

(24) BARRA

TOPÔNIMO: Barra TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: BARRA- Do lat. vulgar. barra ‘local em que um rio deságua
no mar ou em um lago; desembocadura, foz...” (HOUAISS,
2001)
ENTRADA Barra
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
O Porto da Barra foi um dos locais que iniciou a cidade, na
época da colonização, pois era um ponto estratégico na
defesa das terras conquistadas pelos portugueses. Com o
HISTÓRICO/ naufrágio do Galeão Sacramento, no século XVII, constrói-
INFORMAÇÕES se o Farol da Barra com o intuito de orientar os navegantes,
ENCICLOPÉDICAS atualmente é um dos marcos da cidade de Salvador, um
verdadeiro cartão-postal.
Percebe-se que mais uma vez uma característica natural,
pode ter sido base para a nomeação desse bairro, desde
outrora.
“Aí estão os bairros grã-finos, dos mais antigos, Barra e
Barra Avenida, Jardim Ipiranga, Morro do Gato, até os mais
novos[...]”. (p. 78)
“Existem na Barra dois recantos admiráveis”. (p. 79)
“O colar de praia de mar largo estende-se da Barra até
Arembepe – essa praia de Arembepe é um sonho[...]” (p. 90)
CONTEXTO “Na praia da Barra, os fortes velhos e o farol, que é o mais
clássico cartão-postal da cidade”. (p. 90)
“Suas múltiplas moradas pois ela habita em diversos lugares
desse mar branco: nas Ruas do Forte da Gamboa, no Rio
Vermelho, na Barra[...]” (p.138)
91

(25) BARRIS

TOPÔNIMO: Barris TAXIONOMIA: Ergotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ bairro
ETIMOLOGIA: BARRIS. pl. de barril. Do a. prov. barril ‘tonel de madeira,
bojudo, usado para armazenar ou transportar líquidos’.
(FERREIRA, 2011)
ENTRADA Barris
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples masculino plural
MORFOLÓGICA
Bairro central, próximo à Praça da Piedade e ao Politeama.
Barris é o plural de barril. O nome surgiu por cousa dos
diversos barris enterrados ao longo de uma ladeira estreita
que dava no Dique do Tororó. O objetivo dos barris
enterrados era proporcionar que a água de consumo
doméstico tivesse boa qualidade, evitando que se enturvasse
ou enchesse de sujeiras. Segundo Dorea (2006), o local
também foi conhecido como Roça dos Barris.
Ainda segundo o autor, Vilhena (1977) registra que “[...]em
HISTÓRICO/ uma baixa próxima ao Dique [do Tororó] há um olho d’água
INFORMAÇÕES a que chamam o Barril, o mais perene de todos, e que não há
ENCICLOPÉDICAS lembrança de que jamais suasse, não havendo mais anos que
um particular filho da ventura, pugnou bastante para apossar-
se dele, e é digno de admiração o não o ter conseguido,
porque nesta cidade não há mais que tentar, e teimar.”
(VILHENA, 1977 apud DOREA, 2006, p. 223)

“Não recordo se foi Alves Ribeiro ou Clóvis Amorim que


CONTEXTO
denominou de Brasil a vasta casa, nos Barris, onde residia a
família do Professor Souza Carneiro [...]” (p. 273)
92

(26) BARROQUINHA

TOPÔNIMO: Barroquinha TAXIONOMIA: Litotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE:
Humano/bairro
ETIMOLOGIA: BARROQUINHA – De origem pré-romana. Dim. de
barroca, ‘monte de barro’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Barroca
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA diminutivo -INHA)
Barroquinha é o diminutivo de Barroca. Compreende por
barroca uma escavação feita pela própria natureza por ação
da água corrente e impetuosa, também chamada, por muitos,
HISTÓRICO/ de barranco. O diminutivo Barroquinha até hoje ainda indica
INFORMAÇÕES um dos acessos à Baixa dos Sapateiros.
ENCICLOPÉDICAS Segundo Dorea (2006), esse designativo foi incorporado no
século XVIII, refletindo a realidade do povo, “que se referia
às águas que, na estação chuvosa, ali mansamente faziam seu
trabalho de erosão, escavando o terreno quando escorria das
Hortas de São Bento” (DOREA, 2006, p. 223).
“Rua comprida, se desenvolvendo numa curva da
Barroquinha, mas vizinhança do Largo do Teatro, até a
CONTEXTO Ladeira Ramos de Queiroz [...]”. (p. 85)
93

(27) BEIRU

TOPÔNIMO: Beiru TAXIONOMIA: Fitotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ bairro
ETIMOLOGIA: BEIRU – De origem africana. Fon gbé Dudu/ Yorubá.
Ìgbedú, ‘mata escura, cerrada’. (PESSOA DE CASTRO,
2001) Segundo Dorea (2006), trata-se de um nome cuja
origem é africana, uma corruptela de um nome de um deus
africano GBeru.
ENTRADA Beiru
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo masculino singular)
MORFOLÓGICA
“Be(i)ru (kwa) (BA) – nome do terre(i)ro jeje e do bairro
HISTÓRICO/ onde ele se encontra nas redondezas de Salvador, também
INFORMAÇÕES chamado de Mata Escura.
ENCICLOPÉDICAS Atualmente, Beiru tem como nome oficial Tancredo Neves.
“Os candomblés do grupo congo tem seu templo principal na
casa do finado Bernardino do Bate-Folha, no Beiru,
atualmente sobre a direção de Bandanguiame”. (p. 81)
“Outras casas de caboclo dignas de serem visitadas: Terreiro
CONTEXTO de Manuel Rufino do Sacramento de Oxum, em Beiru”. (p.
182)
“Manuel Rufino é filho-de-santo do falecido Massanganga
de Beiru, que foi um famoso feiticeiro da nação angola”. (p.
182)
94

(28) BOCA DO RIO

TOPÔNIMO: Boca do Rio TAXIONOMIA: Cardinototopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ bairro
ETIMOLOGIA: BOCA – Do lat. bucam. ‘cavidade na parte inferior da face
pela qual os homens e outros animais ingerem alimentos, e
ligada com os órgãos da fonação e da respiração’.
RIO - Do lat. vulgar rius, este do latim clássico rivus,i.
‘curso de água natural’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Boca do Rio
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino singular)
O bairro, assim como a praia, recebe esse nome por conta do
Rio das Pedras, cuja nascente se localiza nos fundos do 39ª
HISTÓRICO/ Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro, que fica entre
INFORMAÇÕES os bairros do Pernambués e Saboeiro. O rio tem seu curso
ENCICLOPÉDICAS que passa pela Avenida Paralela ou Luís Viana Filho e
desagua na Praia da Boca do Rio, por esse motivo que recebe
esse nome, por estar na entrada do rio, perto do rio.
Infelizmente, atualmente, o Rio das Pedras, assim como
outros rios que cortam a cidade de Salvador, está poluído, o
que gera grandes prejuízos tanto para a fauna quanto para a
flora soteropolitana.

“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,


Boca do Rio, [...]”. (p.90)
“Durante anos foi um vizinho, quase chorei quando se
CONTEXTO mudou para casa com terreno grande na Boca do Rio”. (p.
374)
95

(29) BONFIM

TOPÔNIMO: BONFIM TAXIONOMIA Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: BONFIM (do) - Sobr. port. de origem religiosa; refere-se ao
Senhor do Bom fim, i. é, da boa morte. Var.: Bomfim”.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Bonfim
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
O bairro do Bonfim é muito conhecido, pois é nele que
culmina uma das mais ricas celebrações religiosa do país, a
Lavagem do Bonfim, festa na qual as escadarias da Basílica
do Senhor Bom Jesus do Bonfim são lavadas pelas baianas
com água de cheiro e é feita uma procissão para agradecer ao
santo, as graças alcançadas.
Segundo Barata e Cunha (s/a), a lavagem era feita pelos
moradores das vizinhanças. Com o tempo, o evento foi
atraindo os moradores de outros bairros e hoje é um evento
HISTÓRICO/ que mobiliza toda a cidade. A festa do Bonfim sempre
INFORMAÇÕES associou o sagrado ao profano. O Marquês de Santa Cruz,
ENCICLOPÉDICAS Dr. Manuel Victorino Pereira, chefe do Governo Provisório
em 1890, considerando que essa cerimônia tinha assumido
um caráter não condizente com o local santo, proibiu a
lavagem no interior do templo.
O bairro, até a década de setenta, abrigava famílias situadas
nas maiores faixas de renda da Cidade Baixa. Como
reminiscências deste passado, ainda existem muitos casarões
no local. (BARATA; CUNHA, s/a)

“Na manhã da terceira quinta-feira de janeiro todo povo da


Bahia se encaminha para a colina do Bonfim, onde está a
Igreja do santo mais popular da cidade”. (p. 132)
“Nota-se que não é um santo muito popular entre o clero já
que o arcebispo faz tudo que é possível para evitar os
festejos com que a população celebra a festa do Bonfim”, (p.
132)
CONTEXTO “As festas do Bonfim duram oito dias, mas seu maior
momento é sem, dúvidas, quinta-feira da lavagem”. (p. 133)
“Quem nunca viu esta procissão da lavagem do Bonfim não
sabe os segredos da poesia”. (p. 133)
“A massa popular, muita gente de pés descalços pagando
promessas, serpenteia pelas ruas comerciais da cidade baixa,
em direção à colina do Bonfim”. (p. 135)
96

(30) BROTAS

TOPÔNIMO: Brotas TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: BROTAS - corruptela de Grota. Do it. gròtta grota ‘abertura
produzida pela enchente na ribanceira’ ‘vale profundo’
(CUNHA, 2007)
ENTRADA Brotas
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo feminino plural)
MORFOLÓGICA
Trata de uma corruptela do nome Grotas, fazendo referência
a Nossa Senhora de Grotas. Dorea (2006) faz referência a
essa região que foi a primeira aldeia a ser criada por Men de
Sá, em 1955. Com o desaparecimento dessa aldeia, surgiu a
freguesia católica de São Paulo, sob a Invocação de Nossa
Senhora da Grota que posteriormente foi construída a Igreja
HISTÓRICO/ Matriz de São Paulo em 1772.
INFORMAÇÕES Ainda segundo o autor, a história revela que, pouco abaixo
ENCICLOPÉDICAS da grota, onde há um cruz, um homem recebeu um milagre:
sua única vaca leiteira estava prestes a morrer num atoleiro e
antes de qualquer socorro ele implorou a Virgem, que lhe
apareceu tendo nos braços o Menino Jesus. O episódio foi
considerado um milagre pela comunidade católica do
período. Esse fato foi retratado num quadro, que ainda pode
ser visto na Matriz de Brotas.
“Carybé mora em Brotas, Mirabeau Sampaio no Chame-
Chame, [...]”. (p. 79)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de
CONTEXTO
Faria”. (p. 86-87 )
“Uma vez, Carybé, Dorival Caymmi e eu fomos visita-lo em
sua casa, em Brotas”. (p. 167)
“Fica no Jardim Madalena, no fim de linha de Brotas, onde
se realiza festa anual, sempre nos começos de outubro, para
Logum Edé (santo ijexá que é metade Oxum)”. (p. 180)
97

(31) CAMPO GRANDE

TOPÔNIMO: Campo Grande TAXIONOMIA: Fitotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: CAMPO. Do lat. campus-í, ‘planície’ ‘terreno plano’ terreno
para plantio ou exercícios’. GRANDE - Do lat. grandis
‘vasto, comprido, desmedido, numeroso’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA Campo Grande


LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo masculino singular +
MORFOLÓGICA adjetivo singular)
Toda a área que compreende esse bairro foi, desde o tempo
da colónia e durante boa parte do século XIX, um grande
pasto para os animais e aonde era alimentado o rebanho,
principalmente bovino, por isso a origem desse designativo.
HISTÓRICO/ Segundo Dorea (2006), foi conhecido por muito tempo como
INFORMAÇÕES Campo de São Pedro, por influência da pequena capela em
ENCICLOPÉDICAS homenagem ao santo e que ficava nas proximidades.
Em 2 de julho de 1895, foi completamente remodelado
atendendo ao projeto urbanístico que recebeu influência dos
ingleses que estavam instalados em colônias naquelas
imediações. Nesse período, foram implantados os
monumentos dos caboclos, símbolos da independência da
Bahia, que se encontram na praça, até os dias atuais.

“O Arcebispo foi morar no Campo Grande, em um palácio


novo”. (p. 107)
“À tarde o cortejo ruma para Campo Grande, onde no
CONTEXTO monumento do Caboclo realiza-se uma cerimônia cívica”. (p.
148)
98

(32) CANELA

TOPÔNIMO: Canela TAXIONOMIA: Fitotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: CANELA. “Do fr. canele (hoje cannelle), deriv. Do it.
Cannella, dim. do lat canna ‘junco, canudo’, em alusão à
casca ressequida da planta, que lembra um pequeno canudo.”
(CUNHA, 2007)
ENTRADA Canela
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
O bairro do Canela fica próximo ao centro da cidade e faz
fronteira com o bairro da Graça, a Federação, Campo Grande
e a Vitória. O bairro estava listado entres os locais habitados
por pessoas de nível social mais elevado, em tempos
passados.
O Canela tem uma origem rural e chamava-se Roça do
Canela, pertencente a membros da família Pereira de Aguiar.
A ocupação e o início da habitação começaram após a
construção da casa do Barão do Sauípe e, nas primeiras
HISTÓRICO/ décadas do século XX, surgiu o Colégio Nossa Senhora da
INFORMAÇÕES Vitória (Maristas). É um bairro muito movimentado, possui
ENCICLOPÉDICAS todos os tipos de serviço, além de um vasto centro cultural e,
por lá, encontramos a mistura da arquitetura de casarões
antigos amalgamado com as grandes construções modernas.
Nesse bairro fica situado a Reitoria da Universidade Federal
da Bahia e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos,
que foi construído em 1948.

“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e


CONTEXTO escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros
– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.
48)
99

(33) COSME DE FARIAS

TOPÔNIMO: Cosme de Farias TAXIONOMIA: Antropopônimos


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: COSME - Do fr., do lat. Gosmas, ae do gr. Kosmas, deriv.
de Kosméo: ‘adornar, embelezar’”. (MANSUR GUÉRIOS,
1981). FARIAS - Sobrenome de origem geográfica e
portuguesa.” (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA Cosme de Farias
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (prenome + apelido de família)
MORFOLÓGICA
O bairro fica localizado próximo a Brotas e seu nome faz
uma homenagem ao major Cosme de Farias (1875-1972) que
residiu naquela localidade. Exerceu os ofícios de advocacia,
HISTÓRICO/ poeta, vereador e fundou a Liga Baiana contra o
INFORMAÇÕES Analfabetismo.
ENCICLOPÉDICAS Toda área que compreende o bairro foi uma fazenda e
chamava-se Quintas das Beatas, pois parte das terras
pertencia a uma freira.

“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade


CONTEXTO da Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros
operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)
100

(34) CHAME-CHAME

TOPÔNIMO: Chame-chame TAXIONOMIA: Dirrematotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: n/e
ENTRADA Chame-chame
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto por justaposição
MORFOLÓGICA
O Chame-Chame fica localizado entre a Graça e Barra, além
HISTÓRICO/ de está também muito próximo do centro da cidade.
INFORMAÇÕES Concentra um grande número de edifícios residenciais,
ENCICLOPÉDICAS clínicas médicas, supermercado. Segundo Dorea (2006), nas
pesquisas para descobrir a origem desse topônimo, até agora,
não foi possível chegar a uma conclusão. No conhecimento
popular, o nome do bairro teria vindo do verbo chamar.
“Também no Rio Vermelho habitam os pintores Floriano
Teixeira e Jamison Pedra. Caribé mora em Brotas, Mirabeau
Sampaio no Chame-Chame; o arquiteto Mário Mendonça,
em Amaralina com sua mulher Zélia Maria, ceramista”.
(p.79)
“Quando viva, Norma Sampaio abria as portas de sua casa
no Chame-Chame para receber os devotos do santo, [...]”.
CONTEXTO
(p. 150)
“No Chame-Chame, no lugar onde existia até há uns poucos
anos, mísera invasão, favela das mais pobres da cidade,
novas ruas foram abertas para construções modernas,
residências chiques, edifícios”. (p. 228)
“Não se reduziu aos limites do bairro Chame-Chame a ação
complexa e militante de Norma, [...]”. (p. 228)
101

(35) VITÓRIA

TOPÔNIMO: Vitória TAXIONOMIA Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: VITÓRIA - Do lat., Victória: ‘deusa romana das vitórias’.
Segundo Mansur Guérios, o nome Vitória, mais tarde,
passou a sentido cristão; alusão à vitória sobre o pecado.
Contudo, era assim chamado também o nascido no dia da
festa da Vitória de Maria, em lembrança da batalha de
Lepanto (Nª Sª da Vitória – 7 – 10).” (MANSUR GUÉRIOS,
1981)
ENTRADA Vitória
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Sua história, conforme Monsenhor Gaspar Sadock, vigário
da Paróquia de Nossa Senhora da Vitória, remonta ao tempo
das Capitanias Hereditárias, quando Francisco Pereira
Coutinho ergueu a Igreja Nossa Senhora da Vitória, que
HISTÓRICO/ Sadock defende ser a primeira da Bahia e do Brasil. Há quem
INFORMAÇÕES afirme que o nome do bairro é uma homenagem a Nossa
ENCICLOPÉDICAS Senhora da Vitória, entretanto, Sadock conta que o bairro
tem esse nome porque houve nesta região um embate do
donatário Pereira Coutinho com os índios – sendo vencido
pelo donatário que passou a chamar a região de Vitória.
(BARATA; BUENO, s/a)
“Ricos de pele branca – brancos baianos ou seja: mulatos
claros – grã-finos da Barra e Graça, gente da Vitória e da
Avenida Oceânica palmilham os caminhos da Goméia, os
CONTEXTO caminhos também difíceis dos outros candomblés, em busca
de feitiços, rezas e remédios, em busca de consolo e
esperança”. (p. 157)
102

(36) CORREDOR DA VITÓRIA

TOPÔNIMO: Corredor da TAXIONOMIA: Hodotopônimo


Vitória
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ Corredor
ETIMOLOGIA: CORREDOR. Do lt. currere. ‘passagem, em geral estreita e
longa, no interior de uma edificação, para comunicar dois ou
mais compartimentos.’ (CUNHA, 2007) e VITÓRIA. Do
lat. Victória ‘deusa romana das vitórias’. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Corredor da Vitória
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo masculino singular +
MORFOLÓGICA contração + Substantivo feminino singular)
É o trecho da Avenida Sete de Setembro que vai do Campo
Grande ao Largo da Vitória. O bairro da Vitória formou-se
HISTÓRICO/ em volta da Igreja de N. Sra. da Vitória, fundada no século
INFORMAÇÕES 16.
ENCICLOPÉDICAS Segundo Alves (2008), “durante o século XIX, foi o local
preferido para os estrangeiros residirem, em chácaras e
solares, inclusive os cônsules de diversos países”.
Atualmente é um dos metros quadrados mais caro do país.
Encontra-se lá o Museu de Arte da Bahia e o Museu Carlos
Costa Pinto com uma vasta coleção de pratarias da família
que nomeio o museu.

“O Corredor da Vitória foi o supra-sumo do grã-finismo,


daquilo tirado do aristocratismo, vindo da monarquia”. (p.
76)
“A matriz da Vitória, situada no Corredor da Vitória, foi
CONTEXTO fundada em 1531, tendo sido reformada por duas vezes, em
1666 e 1809[...]”. (p. 111)
“O mais novo museu da Bahia e um dos mais belos do Brasil
é o Museu Costa Pinto, ou Museu da Prata, no Corredor da
Vitória, onde se encontra a maior coleção de prataria do
país[...]”. (p. 122)
103

(37) ESCADA

TOPÔNIMO: Escada TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ESCADA. Do b. lat. scalãta, deriv de scãla, -ae ‘série de
degraus por onde se sobe ou desce’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Escada
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Escada é uma dos bairros mais antigos do subúrbio de
Salvador. O bairro guarda a história dos primeiros anos da
época colonial da cidade de Salvador. A capela construída
em 1536 pelos portugueses, onde José de Anchieta realizou
as celebrações, além de servir-lhe de refúgio devido à
HISTÓRICO/ tranquilidade. O bairro ainda preserva a arquitetura que foi
INFORMAÇÕES tombada e restaurada recentemente pelo Instituto do
ENCICLOPÉDICAS Patrimônio Artístico e Humano Nacional – IPHAN–, é o
principal cartão-postal de Escada.
Segundo Dorea (2006), Gabriel Soares de Souza em seu
Tratado Descritivo do Brasil, em 1587, registra uma igreja
sob invocação de Nossa Senhora da Escada, pertencente aos
padres da Companhia de Jesus. Nos dias atuais, a igreja de
Escada é uma das raras edificações do século XVI.

CONTEXTO “Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e


dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada [...]”. (p. 90)
104

(38) ENGENHO VELHO DA FEDERAÇÃO

TOPÔNIMO: Engenho Velho da TAXIONOMIA: Sociotopônimo


Federação
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ENGENHO. Do lat. ingenium. , ‘talento’ ‘maquina’
‘oficina’. VELHO. Do lat vetulus, dim. de vetus –eris
‘remoto, antigo, idoso, antiquado, gasto pelo uso’.
FEDERAÇÃO - Do fr. Féderation e, este, do lat.
Foederatio –onis. ‘união política entre estados ou nações’
‘aliança’ (CUNHA, 2007).
ENTRADA Engenho Velho da Federação
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo masculino singular +
MORFOLÓGICA Adjetivo masculino singular + contração + Substantivo
feminino singular)
O bairro está localizado num morro as margens da Avenida
Vasco da Gama, separado de Acupe de Brotas. A maior parte
da população é de baixa renda e, recentemente, o bairro do
Engenho Velho da Federação foi reconhecido como
HISTÓRICO/ comunidade de resistência negra na cidade, justamente por lá
INFORMAÇÕES encontrarmos pelo menos 19 terreiros de candomblé, além
ENCICLOPÉDICAS do busto de Mãe Runhó, único monumento público a uma
secerdotisa de religião africana. Dentre os principais terreiros
de candomblé, pode-se citar: Casa Branca do Engenho
Velho, Terreiro Do Bogum: Zoogoodô Bogum Malê Rundô,
Terreiro Ilê Axé Obá Toni, Terreiro Ile Axé Omiré Oju Irê.

CONTEXTO “Na Bahia no alta da Ladeira do Bogum, no Engenho Velho


da Federação, durante pouco menos de um século. Mãe
Ruinho sustentou a pureza dos ritos, [...]” (p. 169)

“Vila Flaviana, na Rua Apolinário Santana, 134, no


Engenho Velho da Federação da falecida mãe-de-santo
Flaviana Maria da Conceição Bianchi”. (p.180)
105

(39) ENGENHO VELHO [DE BROTAS]

TOPÔNIMO: Engenho Velho de TAXIONOMIA: Sociotopônimo


Brotas
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ENGENHO - Do lat. ingenium. , ‘talento’ ‘maquina’
‘oficina’. VELHO - Do lat vetulus, dim. de vetus –eris
‘remoto, antigo, idoso, antiquado, gasto pelo uso’.
BROTAS - corruptpela de Grota. Do it. gròtta grota
‘abertura produzida pela enchente na ribanceira’ ‘vale
profundo’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA Engenho Velho
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo masculino singular +
MORFOLÓGICA Adjetivo masculino singular + preposição + Substantivo
feminino plural)
O bairro do Engenho Velho de Brotas teve origem na
construção de casas de escravos em volta de uma fazenda no
HISTÓRICO/ século XIX. Com o tempo, outras famílias foram chegando e
INFORMAÇÕES o espaço foi ficando cada vez mais ocupado, principalmente
ENCICLOPÉDICAS pela população negra. Ainda hoje existem remanescentes
quilombolas no local e muitos terreiros de candomblé.
(SANTOS, 2010)

“Filhas-de-Santo de todos os candomblés da cidade, da


CONTEXTO Goméia, do Bate-Folha, do Engelho Velho do Gontois”. (p.
134)
“Outros candomblés podem ser mais puros no seu rito, o do
Engenho Velho certamente o será”. (p. 154)
“A primeira a falecer foi Massi, do Engenho Velho,
venerada figura centenária”. (p. 164)
“Aninha deixara a roda de filhas-de-santo da Casa Branca do
Engenho Velho e fundara o Axé do Opô Afonjá, apoiada no
sábio babalaô Martiniano Eliseu do Bonfim”. (p. 170)
“A Sociedade São José do Engenho Velho (Axé Yá Nassô)
situada na Avenida Vasco da Gama”. (p. 177)
106

(40) FEDERAÇÃO

TOPÔNIMO: Federação TAXIONOMIA: Historiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
FEDERAÇÃO - Do fr. Féderation e, este, do lat.
Foederatio –onis. ‘união política entre estados ou nações’
‘aliança’ (CUNHA, 2007).
ENTRADA Federação
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Como uma homenagem à República Federativa do Brasil,
instalada em 1889, bairro da Federação formou-se pelo
povoamento de fazendas e sítios distantes do centro
administrativo da cidade do Salvador a partir da expansão
HISTÓRICO/ residencial urbana. Por ser distante do centro da cidade, o
INFORMAÇÕES bairro era pouco valorizado e povoado.
ENCICLOPÉDICAS Na Federação existem muitos Terreiros de Candomblé,
dentre os quais, o Terreiro do Gantois, que tem uma história
secular. Fundado em meados do século XIX, no local onde
existia uma fazenda que deu origem ao nome do candomblé.
(SANTOS, 2010)
“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e
escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros
– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.
CONTEXTO 48)
“A Sociedade São Jorge do Gontois (Axé Yamassê) fica no
Alto do Gontois 33, na Federação. (fim de linha)”. (p. 179)
107

(41) GARCIA

TOPÔNIMO: Garcia TAXIONOMIA: Antropotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: GARCIA – Sobr. port., de provável origem ibérica. Em doc.
arc.: Garsia, Garsea, . A. f. Garcias parece patron., como é
Garcez. De étimo controverso. Seg. uns. Do basco Harsea:
‘o urso’; outros o ligam ao fr. Garçon, dim. de gars. Ou top.
Basco gartzi-a, penhascal alto e empinado. (MANSUR
GUÈRIOS, 1981)
ENTRADA Garcia
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo masculino singular) [apelido
MORFOLÓGICA de família]
O bairro Garcia fica entre a Praça Dois de Julho (Campo
Grande) e os bairros do Canela, Barris e com as Avenidas
Centenário, Vasco da Gama e Garibaldi. Bairro pode ser
dividido em duas partes distintas: a Fazenda Garcia, na parte
mais alta e mais tranquila, e o Garcia propriamente dito, mais
HISTÓRICO/ movimentado, principalmente no período letivo em que os
INFORMAÇÕES estudantes garantem essa movimentação.
ENCICLOPÉDICAS Segundo Dorea (2006), Manuel Correia Garcia foi morador
do bairro. Ele foi idealizador e fundador do Instituto
Histórico da Bahia, e, também, um dos professores pioneiros
da Escola Normal da Bahia. O nome do bairro,
possivelmente, surgiu dessa influência.

“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e


CONTEXTO escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros
– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.
48)
108

(42) GRAÇA

TOPÔNIMO: Graça TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: GRAÇA - n. de origem cristã, faz referência à Nossa
Senhora das graças (2-7) donde: Maria da graça”.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Graça
LEXICAL
ESTRUTURA Substantivo feminino singular
MORFOLÓGICA
O bairro da Graça é um dos mais antigos de Salvador e está
localizado no local inicialmente conhecido como Vila Velha.
Fica no alto de um morro e tinha uma função de vigiar
possíveis inimigos, pois possuía uma vista privilegiada para
o mar que ajudava a prevenir possíveis ataques.
O bairro da Graça fica próximo aos bairros da Barra, Vitória,
Canela e Federação, lá está situada a primeira igreja
HISTÓRICO/ construída em Salvador - a Igreja de Nossa Senhora da
INFORMAÇÕES Graça, por ordem de Catarina Paraguaçu, mulher de Diogo
ENCICLOPÉDICAS Álvares, o Caramuru. Catarina dizia que havia sonhado com
a Virgem das Graças que lhe pedia para construir uma igreja
sob sua invocação. Segundo Dorea (2006), a igreja de “Pedra
e cal” foi construída após a morte da índia em 1557. No
entanto, em 1589, a igreja ficou sob a posse Mosteiro de São
Bento, que a reconstruiu a Igreja da Graça, onde lá se
encontram os restos mortais de Catarina.
O nome do bairro, então, surgiu mesmo antes da colonização
propriamente dita, foi retirada de “um orago de um
estabelecimento religioso”. (DOREA, 2006, p. 318-319)

“Agora a primazia de idade é disputada por duas igrejas: a


capela da Graça e a matriz da Vitória, eu vivi em renhida
competição de datas”. (p. 111)
CONTEXTO “A capela da Graça, onde afirmam estar sepultado o
Governador Tomé de Souza é de 1525”. (p. 111)
“A capela da Graça foi reedificada em 1770, perdendo então
suas mais interessantes características”. (p. 111)
“Ricos de pele branca – brancos baianos, ou seja: mulatos
claros – grã-finos da Barra e Graça, gente da Vitória e da
Avenida Oceânica palmilham os caminhos da Goméia, os
caminhos também difíceis dos outros candomblés, em busca
de feitiços, rezas e remédios, em busca de consolo e
esperança”. (p. 157)
109

(43) ITAPUÃ

TOPÔNIMO: Itapuã TAXIONOMIA: Litotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: ITAPUÃ - Do tupi itá, ‘pedra’ e apu'a, ‘redondo’.
(CUNHA, 2007)
ENTRADA LEXICAL Itapuã, Itapoã
ESTRUTURA Elemento composto por justaposição
MORFOLÓGICA
Originalmente um povoado de pescadores, onde foi erguida a
HISTÓRICO/ igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã - que, no
INFORMAÇÕES candomblé, equivale a Iemanjá - objeto de culto e de festa
ENCICLOPÉDICAS que, originalmente, contava apenas com membros da
comunidade local.
[...] Ali continuaram a lutar até o combate decisivo de
CONTEXTO Itapuã. (p. 27)
[...] começando pela Pituba e continuando pela orla adiante
até Itapuã e mesmo além. Além de Itapuã, na Pedra do Sal,
reside o pintor Carlos Bastos numa casa digna da paisagem
maravilhosa. (p. 79)

(44) MATATU DE BROTAS

TOPÔNIMO: Matatu de TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo


Brotas
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
MATATU - Do Banto. Africanismo ‘matatu, lugar deserto
isolado’. (PESSOA DE CASTRO, 2001) BROTAS -
corruptela de Grota. Do it. gròtta grota ‘abertura produzida
pela enchente na ribanceira’ ‘vale profundo’ (CUNHA,
ETIMOLOGIA
2007) Segundo Theodoro Sampaio é um topônimo de origem
Tupi, que significa mata escura ou floresta escura.
(DOREA, 2006)
ENTRADA Matatu de Brotas
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo masculino singular + prep.
MORFOLÓGICA + substantivo feminino plural)
HISTÓRICO/ É uma confluência das ruas Barros Falcão e Bandeirantes no
INFORMAÇÕES Bairro de Brotas.
ENCICLOPÉDICAS
CONTEXTO “Outro belo e puro terreiro gegê-nagô de Salvador é a
Sociedade São Gerônimo Ilê Maroialagê (Alaketu) na Rua
110

Luiz Anselmo, 65, no Matatu de Brotas”. (p. 179)

(45) LAPINHA

TOPÔNIMO: Lapinha TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: LAPINHA - De origem portuguesa (Brasileirismo) - ‘nicho
ou presépio que se arma pelo Natal, ano-novo e dia de Reis’.
(FERREIRA, 2011)
ENTRADA Lapinha
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
O bairro Lapinha fica localizado entre a Liberdade e a
Soledade. Segundo Alves (2008), “era na verdade um
corredor que começava no Largo da Soledade, por onde
passava o bonde elétrico, mais tarde sendo alagado com a
demolição de parte das casas” (ALVES, 2008, p. 111). Tem
como características peculiares seus casarões antigos e suas
HISTÓRICO/ ruas estreitas, denunciando os tempos de outrora. No âmbito
INFORMAÇÕES da cultura popular, bairro guarda a tradição das festividades
ENCICLOPÉDICAS representadas na Festa de Reis Magos, em janeiro, e nas
comemorações do Dois de Julho. A Igreja da Lapinha,
fundada em 1771, em homenagem à Nossa Senhora da Lapa,
está localizada no largo com mesmo nome, ao lado do
Pavilhão Dois de Julho, onde estão guardados os carros do
Caboclo e da Cabocla que simbolizam a participação popular
na luta pela independência da Bahia.
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
CONTEXTO “Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:
Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,
Calçada, vários outros. (p.86)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de
Faria”. (p. 86-87 )
“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.
Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze
Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua do
111

Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando por


fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p. 148)

(46) RUA DO BOM MARCHÉ

TOPÔNIMO: Rua do Bom TAXIONOMIA: Animotopônimo


Marché
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: BOM – Do lat. bônus bona, ‘que tem as qualidades
adequadas à sua natureza ou função’. (CUNHA, 2007).
MARCHÉ - Do francês – ‘Mercado, feira, compra, o que se
compra; mercado, cidade onde fazem grandes transações
comerciais; ajuste comercial’, (BURTIN-VINHOLES, s/a)
ENTRADA Rua do Bom Marché
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + adjetivo masculino singular + substantivo
masculino singular)
HISTÓRICO/ Não foram encontradas informações sobre a razão de escolha
INFORMAÇÕES do nome dessa rua.
ENCICLOPÉDICAS
CONTEXTO “E a Rua do Bom Marché?” (p. 72)
112

(47) NAZARÉ

TOPÔNIMO: Nazaré TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: NAZARÉ (de)- Nome de origem cristã. (MANSUR
GERIOS, 1981)
ENTRADA Nazaré
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
“Nazaré é um nome usado com nome Maria: Maria de
HISTÓRICO/ Nazaré, da invocação – Virgem ou Senhora de Nazaré. Usa-
INFORMAÇÕES se também tão-só Nazaré.” (MANSUR GERIOS, 1981). O
ENCICLOPÉDICAS nome do bairro deriva da igreja construída na primeira
metade do século XVIII em louvor a Nossa Senhora de
Nazaré.
“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e
escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros
– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p. 48)
CONTEXTO “Em Nazaré [mora] o escritor Guido Guerra; [...]” (p. 79)
“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou
da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)

(48) NORDESTE DE AMARALINA

TOPÔNIMO: Nordeste de TAXIONOMIA: Cardinotopônimo


Amaralina
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
NORDESTE – Do fr. nordest., ‘ponto situado entre norte e
ETIMOLOGIA: o leste, a igual distância destes’ ‘vento que sopra do lado
desse ponto. (CUNHA, 2007) AMARALINA - Sobrenome
de origem geográfica. (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA Nordeste de Amaralina
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo masculino singular +
MORFOLÓGICA preposição + Apelido de família + sufixo -INA)
HISTÓRICO/ O Nordeste de Amaralina fazia parte da fazenda da família
INFORMAÇÕES Amaral (atual bairro Amaralina) e seu nome, está
ENCICLOPÉDICAS relacionado à posição geográfica que ocupa. (SANTOS, 2010)
CONTEXTO “[...]por detrás das casas elegantes da praia de Amaralina,
fervilha a vida intensa e pobre, em vasto território habitado
por trabalhadores de todos os tipos, o Nordeste de
Amaralina”. (p. 79)
113

(49) ONDINA

TOPÔNIMO: Ondina TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ONDINA – Do lat. cien. undina, [...] do lat. unda, ae ‘onda’,
pelo fr. ondina (1569) ‘gênio das águas’” Ainda segundo
Houaiss, Ondina nas mitologias germânica e escandinava,
gênio ou ninfa do amor, que vive nas águas. (HOUAISS,
2001)
ENTRADA Ondina
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Situado na orla marítima, entre a Barra e o Rio Vermelho, é
um dos bairros mais novos da cidade. Trata-se de um bairro
HISTÓRICO/ que reúne vários hotéis, a Universidade Federal da Bahia,
INFORMAÇÕES além do Palácio de Ondina – Residencial oficial do
ENCICLOPÉDICAS Governador do Estado.
“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena
burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à
beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina”.(p.79)
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
CONTEXTO Boca do Rio”. (p.90)
“Levaram-me ver em Ondina uma casa projetada por ele,
realmente bela”. (p. 307)
114

(50) PELOURINHO

TOPÔNIMO: Pelourinho TAXIONOMIA: Ergotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: PELOURINHO – Do fr. Pilori, francização do lat. medieval
pilorium, provavelmente derivado do lat. Pila ‘coluna de
pedra ou madeira em praça ou lugar público, e junto da qual
se expunham e castigavam os criminosos’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL Pelourinho
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo masculino e singular)
MORFOLÓGICA
Faz parte de um conjunto arquitetônico do Centro Histórico
da cidade, representativo do Brasil Colônia. Apesar de ter
oficialmente o nome de Praça José de Alencar, o povo o
ignora... O nome pelourinho ou picota é uma coluna de
pedra, ou pilastra, erguida em meio da praça pública,
HISTÓRICO/ símbolo do poder municipal. Havia argolões ou correntes aos
INFORMAÇÕES quais se prendiam criminosos, expostos á vergonha pública.
ENCICLOPÉDICAS Nesse local, os escravos eram castigados com chicotadas. A
coluna esteve erguida até 7 de setembro de1855, quando foi
destruída pelos membros abolicionistas da Sociedade Dois
de Julho, com o apoio da câmara Municipal.

“Passam todos pelo Pelourinho, encruzilhada da cidade.”


(p.34)
“Como chamam de outra maneira a Ladeira de Pelourinho
CONTEXTO onde se elevava o pelourinho nos tempos passados?” (p.69)
“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e pelo
Carmo [...]” (p. 73)
115

(51) PERNAMBUÉS

TOPÔNIMO: Pernambués TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: O nome Pernambués tem origem indígena e significa “mar
feito à parte ou tanque de água”8.
ENTRADA Pernambués
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo masculino singular)
MORFOLÓGICA
O bairro de Pernambués possui uma ótima localização,
próximo à Estação Rodoviária e possui os limites o bairro do
Cabula ao norte, a Avenida Paralela ao sul, ao leste, a
HISTÓRICO/ Avenida Luís Eduardo Magalhães e a área federal do 19º
INFORMAÇÕES Batalhão de Comando e ao oeste, o bairro de Saramandaia.
ENCICLOPÉDICAS Moradias populares e pequenos comércios compõem a
estrutura do bairro.
“Hoje é nome de rua, no bairro pobre, de intensa vida
CONTEXTO popular dos Pernambués, nome da Escola Pública, de
prêmio literário do Estado da Bahia, mas sua memória
persiste viva, sobretudo na saudade do povo [...]” (p.275)

8
Sobre a origem do nome desse bairro, os estudiosos não têm nenhuma certeza. Segundo Dorea (2006), nas
pesquisas para descobrir a origem desse topônimo, até agora, não foi possível chegar a uma conclusão.
116

(52) PIATÃ

TOPÔNIMO: Piatã TAXIONOMIA: Animotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: PIATÃ – Do Tupi-guarani ‘pé firme, firmeza’. (BUENO,
1982). Segundo o professor Frederico Edelweiss deixou
registrado: “Piatã, de pi-atã, o pé firme, a fortaleza. Pode
proceder, também, de pya-atã, o coração duro, inflexível, a
coragem. (DOREA, 2006, p. 472)
ENTRADA Piatã
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (Substantivo masculino singular)
MORFOLÓGICA
HISTÓRICO/ É um bairro da orla marítima, distante do Centro Histórico.
INFORMAÇÕES O nome surgiu a partir de uma fábrica de óleo, chamada
ENCICLOPÉDICAS Olerífera Piatã, de propriedade de Hebert Rocha Vaz.
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio, Jardim de Alah, Piatã, Placa Ford, Itapoã,
Janá, Portões, Buraquinho, Arembepe”. (p.90)
“Moça baiana, na praia de Piatã, na pesca de xeréu, na roda
de capoeira no assento dos orixás, de mãos dadas com o
CONTEXTO
antigo bairro, Hanson-Bahia, da Flor de São Miguel, que a
plantou aqui nessas areias e nesse mar para que llze floresça
nos frutos de sua arte”. (p. 334)
117

(53) PITUBA

TOPÔNIMO: Pituba TAXIONOMIA: Animotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PITUBA – De origem indígena pità a ‘indivíduo covarde,
preguiçoso’; ‘ladrão de cavalos’. (COUTINHO, 2010) Para
Gregório (1980), é um nome de origem indígena, ‘untar
(azeite, urucu e jenipapo), tingir’. (GREGÓRIO, 1980)
ENTRADA Pituba
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Foi uma fazenda denominada Fazenda Pituba, propriedade
inicialmente de D. Antonio de Ataíde – primeiro Conde de
Castanheira. Passando de geração para geração, a
HISTÓRICO/ propriedade chegou nas mãos de Manoel Dias da Silva, que
INFORMAÇÕES deu início ao surgimento do bairro. Inicialmente, no projeto
ENCICLOPÉDICAS de urbanização, o bairro recebeu o nome de “Cidade da
Luz”, no projeto de loteamento foi publicado em 1917, com
relatório assinado pelo engenheiro civil Teodoro Sampaio, e
aprovado pela Prefeitura Municipal de Salvador em 1932.

“[...]começando pela Pituba e continuando pela orla até


Itapoã, e muito além”. (p. 79)
“Os grandes clubes sociais: o Iate, a Associação Atlética, a o
Baia no de Tênis, o Centro Espanhol, o Clube Português,
situam-se nessa área elegante da Barra Avenida à Pituba”.
(p. 79)
CONTEXTO “Na Pituba, os romancistas João Ubaldo e James Amado, o
contista Ariovaldo Matos; [...]”. (p. 79)
“Pituba é hoje o bairro mais grã-fino da cidade”. (p. 90)
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio”. (p.90)
“Então fiquei retado e vendi a casa, comprei um apartamento
na Pituba, vou ser vizinho de James e de João Ubaldo, das
duas línguas viperinas, veja que irresponsabilidade minha”.
(p. 217)
118

(54) RIO VERMELHO

TOPÔNIMO: Rio Vermelho TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano / Bairro
ETIMOLOGIA: RIO - Do lat. vulgar rius, este do latim clássico rivus
‘ribeiro, arroio, regato, corrente de água’. VERMELHO -
XIII. Do lat. vermiculus, ‘da cor do sangue’. (CUNHA,
2007)
ENTRADA LEXICAL Rio Vermelho
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo masculino singular +
MORFOLÓGICA adjetivo masculino singular)
O nome desse bairro, situado na orla marítima da Cidade
Alta, originou-se do nome do rio formado pela fusão de
outros dois rios, o Lucaia e o Camurugipe, que, correndo por
terrenos de barro vermelho, tornaram esse nome, indo suas
HISTÓRICO/ águas desembocar na Mariquita. Originalmente, o bairro do
INFORMAÇÕES Rio Vermelho era um dos locais mais aprazíveis para os
ENCICLOPÉDICAS passeios e diversão das famílias abastardas durantes o verão,
período das férias e das festas que se realizavam e ainda se
realizam até hoje, em fevereiro, em homenagem a Iemanjá
(AMADO, 1977, p. 129-134 apud ALVES, 2008, p.178)

“[...]os índios fugiram para as bandas do Rio Vermelho.” (p.


27)
“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena
burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à
beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina.” (p.79)
CONTEXTO “Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio [...]”. (p.90)
“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em
Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da Barra
e no Rio Vermelho”. (p.94)
119

(55) SANTO ANTONIO

TOPÔNIMO: Santo Antonio TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SANTO – Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo
os preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,
2007). ANTONIO – Do lat. Antonus, gr. Antónios. Possui
um étimo controverso. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Santo Antônio
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Adjetivo masculino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular)
O Bairro de Santo Antônio, chamado de Além do Carmo,
porque corresponde a uma parte da cidade que se
desenvolveu fora do plano original da cidade construída por
Tomé de Souza e que se limitava, por um muro de taipa, às
Portas do Carmo, é um dos locais mais antigos que passaram
HISTÓRICO/ por muitas e grandes transformações com o progresso da
INFORMAÇÕES cidade, a partir da década de 1950. A partir desse
ENCICLOPÉDICAS crescimento, deixou de ser um bairro puramente residencial,
que abrigava a velha nobreza baiana.
Era uma área que, juntamente com o Passo, reunia muitas
das ordens religiosas que, de certa forma, eram responsáveis
pela condução da vida social, na época. (ALVES, 2008, p.
189)
“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e Pelo
Carmo, desembocam em Santo Antonio, junto à Cruz do
Pascoal, ou nas imediações da cidade baixa ao lado do velho
Elevador do Tabuão, até o Beco da Carne-Seca”.(p. 73)
“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:
Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,
Calçada, vários outros”. (p.86)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
CONTEXTO operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de
Faria”. (p. 86-87 )
“Na entrada do bairro de Santo Antonio para quem vem do
Carmo encontra-se erguido, em meio à rua, um oratório
católico, o Forte da Cruz de Pascoal”. (p. 393)
“A Fonte da Cruz do Pascoal, em Santo Antonio, data dos
tempos coloniais.” (p.407)
120

(56) SÃO CAETANO

TOPÔNIMO: São Caetano TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,
2007). CAETANO - Do lat. Caietanus: ‘habitante ou natural
de Caieta, ou Gaeta’, cidade da Itália. O nome próprio top.
talvez se relacione com Caio. It. Gaetano”. (MANSUR
GERIOS, 1981)
ENTRADA São Caetano
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Adjetivo masculino singular +
MORFOLÓGICA Substantivo masculino singular)
O bairro de São Caetano é um dos bairros mais populosos e
carentes de Salvador, localizado entre a Fazenda Grande do
HISTÓRICO/ Retiro e o Lobato, e está subdividido em várias outras
INFORMAÇÕES localidades como Capelinha, Boa Vista e Fonte da Bica. É
ENCICLOPÉDICAS um bairro muito populoso e carece de infraestrutura e outras
assistências por parte do poder público.
“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São
Caetano, Itapagipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.
87)
“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade da
Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros
CONTEXTO operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)
“Esse caminho de São Caetano, que leva à estrada difícil da
Goméia, é percorrido por quanto artista, quanto escritor e
quanto sábio passa por essa cidade”. (p. 154)
“Pelo caminho encontram-se dois ou três candomblés, que
São Caetano é zona de Orixás e caboclos”. (p. 155)
121

(57) SÃO GONÇALO

TOPÔNIMO: São Gonçalo TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,
2007) GONÇALO - Do esp. a. e port. Esp. atual Gonzalo.
Visigot. Gundisalvo: ‘álamo (salvo) da guerra (gundi) ou
‘elfo da guerra’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA São Gonçalo [do Retiro]
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Adjetivo masculino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular)
O bairro de São Gonçalo do Retiro fica localizado entre a
Estrada das Barreiras e a BR 324, próximo ao bairro do
Cabula. É um bairro que possui uma forte cultura religiosa
ligada a matriz africana e lá fica o terreiro do Ilê Axé Opô
HISTÓRICO/ Afonjá, da nação Ketu, fundado em 1910, comandado pela
INFORMAÇÕES Ialorixá Mãe Stella de Oxossi. Apesar dos problemas de
ENCICLOPÉDICAS infraestrutura, que acomete vários bairros do subúrbio, a
comunidade do bairro São Gonçalo do Retiro desfruta de um
comércio local organizado, que garante a demanda daquela
população.
“Com direito a uma célebre batida de maracujá, feita
especialmente em São Gonçalo para a ocasião [...]” (p. 150)
“A notícia desceu para a cidade: obás, ebomins e iaôs, filhos
e filhas-de-santo dirigiram-se para os caminhos de São
Gonçalo, onde se ergue o terreiro”. (p. 63)
“Como no Engenho Velho, além do grande terreiro onde é
batida a macumba, elevam-se na roça de São Gonçalo vários
CONTEXTO casas-de-santo, e existem múltiplos arvores sagradas”. (p.
178)
“Yá tem parte na roça de São Gonçalo e sua casa (a cuja
inauguração assisti, juntamente com Édison Carneiro, em
1936) cerca uma nascente de água que é o próprio
encantado”. (p. 178)
“Essa é outra grande casa gêge-nagô, nascida ela também
como terreiro de São Gonçalo, do Engenho Velho”. (p. 179)
122

(58) SAÚDE

TOPÔNIMO: Saúde TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: SAÚDE - Do lat. salus, - utis. ‘estado de são’
‘salvação’(CUNHA, 2007)
ENTRADA Saúde
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
O bairro teria surgido ao redor da Igreja Nossa Senhora da
Saúde e Glória, que é um dos principais patrimônios
históricos do lugar. Inaugurada em 1723, foi construída a
mando do Coronel Manuel Ramos Parente e sua esposa,
Maria de Almeida Reis.
HISTÓRICO/ Apesar de ficar próximo de bairros movimentados como o
INFORMAÇÕES Pelourinho, o bairro da Saúde resiste ao clima movimentado,
ENCICLOPÉDICAS típico da grande metrópole e mantém um ambiente que
parece alheio à efervescência da cidade de Salvador.
O Bairro conserva marcas históricas dos tempos de colônia,
com ruas calçadas com pedras, casarões antigos,
testemunhando um passado que se mantem no presente e
garante a particularidade de um lugar que preza pela
tranquilidade e sossego em meio ao agito de capital baiana.
(Disponível em:
<http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/passado-resiste-
forte-no-bairro-da-
saude/?cHash=3e6ba77be3a96afc46c31133887d2ee7> .
Acesso em: 31 dez. 2014)
“[...] quando jovem e solteiro foi campeão de swing e
CONTEXTO namorou todas as moças do bairro da Saúde, chefiou
moleques, levou tiros d ciumentos e atrasados maridos;” (p.
325)
123

(59) SÃO PEDRO

TOPÔNIMO: São Pedro TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,
2007). PEDRO - Do port. arc. Pero. Do lat. Petrus, masc. de
Petra ‘pedra’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA São Pedro
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Adjetivo masculino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular)
É o trecho da Avenida Sete de Setembro, entre São Bento e a
HISTÓRICO/ Praça da Piedade, que faz parte de um complexo urbano mais
INFORMAÇÕES amplo que ficou conhecido pelo nome do santo. O nome
ENCICLOPÉDICAS fixou-se pela influência de uma pequena capela em devoção
ao santo.

“Na Rua Chile, estendendo-se para São Pedro, ficam as


lojas grã-finos, as grandes casas de moda, luxuosas e caras”.
(p. 85)
“E o conheço de toda a vida e o recordo, estudante de
CONTEXTO engenharia, soltando o verbo na Escola Politécnica, em São
Pedro, à passagem do enterro do velho político liberal JJ
Seabra, [...]” (p. 346)
124

(60) SOLEDADE

TOPÔNIMO: Soledade TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SOLEDADE - nome português de origem cristã. O nome
Soledade lembra a soledade em que se achou a Virgem
Dolorosa por ocasião de paixão e morte de seu filho Jesus.
Em composição: Maria da Soledade. Cp. esp. Maria de La
Soledad. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA Soledade
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo masculino singular)
MORFOLÓGICA
Com uma vista maravilhosa para a Baía de Todos os Santos, o
bairro da Soledade tem sua história com os mesmos méritos
HISTÓRICO/ que o vizinho Lapinha no que diz respeito a sua participação
INFORMAÇÕES no Dois de Julho. Possui devoção a Nossa Senhora da
ENCICLOPÉDICAS Soledade e um dos marcos no bairro é a estátua da maior
heroína deste movimento, Maria Quitéria.

“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.


Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze
Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua do
CONTEXTO Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando por
fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p. 148)
125

(61) COUTOS

TOPÔNIMO: Coutos TAXIONOMIA Antropotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: COUTOS - Sobr. port. top.: ‘terra coutada, defesa,
privilegiada’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Coutos
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento simples (substantivo feminino singular)
MORFOLÓGICA
Ainda segundo Mansur Guérios, Coutos é ‘Lugar de algum
Senhor, em cujas terras não entra vão justiças del-Rei: nas
HISTÓRICO/ regia-se por seus juízes, e tina outros privilégios (Morais)”.
INFORMAÇÕES (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENCICLOPÉDICAS Localizado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, o bairro
Fazenda Coutos surgiu na década de oitenta a partir da
transferência das famílias que habitavam a antiga ocupação
das Malvinas. (BARATA; BUENO, s/a).A fazenda que deu
origem ao bairro pertencia à família Coutos.
“A seguir vem Coutos, poucas casas e uma usina. E, por fim,
CONTEXTO Paripe que é uma fazenda que mesmo uma povoação”. (p.
98)
126

(62) PLACA FORD

TOPÔNIMO: Placa Ford TAXIONOMIA: Ergotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PLACA – Do fr. plaque, deriv. de placke, ‘ chapa ou lâmina
de material resistente’. (CUNHA, 2007) FORD – Nome de
uma empresa multinacional.
ENTRADA Placa Ford
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA Substantivo feminino singular)
Atualmente, um nome simples – Placaford, o nome do bairro
surgiu por influência de uma placa da concessionária
HISTÓRICO/ automobilística Ford, nos anos 60. Essa espécie de out-door
INFORMAÇÕES era chamado, na época, de placa. Nessa, de modo particular,
ENCICLOPÉDICAS anunciava um reclame da Ford, motivo suficiente para a
população começar a chamar o lugar por essa designação até
os dias de hoje, mesmo com o desaparecimento da placa.
CONTEXTO “Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio, Jardim de Alah, Piatã, Placa Ford, Itapoã,
Janá, Portões, Buraquinho, Arembepe”. (p.90)
127

(63) SANTA TEREZA

TOPÔNIMO: Santa Tereza TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SANTA – Fem. de santo. Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que
vive segundo os preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a
tradição judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus
nomes, sublinhando a transcendência da natureza divina’.
(CUNHA, 2007). TEREZA - Do lat. Theresia o port.
Tereigia. O arc. Tareja (Tareija, Tareigia). (MANSUR
GERIOS, 1981)
ENTRADA Santa Tereza
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Adjetivo feminino singular +
MORFOLÓGICA Substantivo feminino singular)
O nome Teresa aparece pela primeira vez na Espanha, onde
uma mocinha grega por ter nascido na ilha Therasia (Egeu),
HISTÓRICO/ foi chamada, em lat. Therasia (ou Theresia), e, após
INFORMAÇÕES controvérsia ao Cristianismo, em Barcelona, foi esposa de
ENCICLOPÉDICAS Paulino de Nola, em 290, o qual, mas tarde veio as er
sacerdote, e bispo em 410.
Inicialmente chamado Jardim Santa Tereza, área
caracterizada por moradores de maior poder aquisitivo, faz
parte do bairro Luis Anselmo, que tem na Igreja de Santa
Tereza D’Ávila o seu principal templo católico.
“Seu atelier em Santa Tereza, em face do Mosteiro, da
CONTEXTO Igreja sem igual, Museu de Arte Sacra, não é a torre onde um
artista se tranca para o mistério da criação”. (p. 327)
128

(64) CIDADE DA PALHA

TOPÔNIMO: Cidade da Palha TAXIONOMIA: Poliotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: CIDADE - Do lat. Civita –atis ‘complexo demográfico
formado, social e economicamente, por uma concentração
populacional não agrícola’. PALHA - Do lat. palea ae.
‘haste seca das gramíneas, despojada dos grãos e utilizada na
indústria para foragem de animais domésticos’. (CUNHA,
2007)
ENTRADA Cidade da Palha
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA Contração + Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/ Era um dos bairros proletários e atualmente é chamado de
INFORMAÇÕES bairro da Cidade Nova. O nome é proveniente dos vários
ENCICLOPÉDICAS pobres casebres de palhas que eram usadas para abrigar os
leprosos.
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São
CONTEXTO
Caetano, Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.
87)
“É a Cidade da Palha, é a Estrada da Liberdade, é Xangai, a
Marchúria, o Japão”. (p.89)
“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade
da Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros
operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)
129

(65) RUA ALAGOINHAS

TOPÔNIMO: Rua Alagoinhas TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: ALAGOINHAS – Alagoa + inha. – Do lat. lacuna, de lacus,
‘lagoa de pequenas dimensões e pouco fundidas, alimentada
por curso de água que não se preservam por um longo
tempo’. (HOUAISS, 2001)
ENTRADA Rua Alagoinhas
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo feminino + sufixo - INHAS)
Foi a rua, do Bairro Rio Vermelho, onde Jorge Amado
HISTÓRICO/ residiu por vários anos. Em 2014, a rua ganhou mais
INFORMAÇÕES movimento, pois a casa de número 33, ganhou mais
ENCICLOPÉDICAS visitantes. Ali, foi inaugurado o Museu Casa de Jorge
Amado.
“[...] Jamison se mantém distante das galerias, dos
comentários, em sua casa da Rua Alagoinhas” (p. 236)

CONTEXTO “O que sei, de um saber sem dúvidas, é da beleza que ele


concebe e realiza na tranquila casa da Rua Alagoinhas, onde
se escuta o riso de criança”. (p. 236)
130

(66) RUA COSME DE FARIAS

TOPÔNIMO: Rua Cosme de TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Farias
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: COSME - Do fr., do lat. Gosmas, ae do gr. Kosmas, deriv.
de Kosméo: ‘adornar, embelezar’. (MANSUR GUÉRIOS,
1981). FARIAS - Sobrenome de origem geográfica e
portuguesa. (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA Rua Cosme de Farias
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular +preposição + substantivo
masculino singular) [prenome + apelido de Família]
Localizado próximo a Brotas, seu nome é uma homenagem
HISTÓRICO/ ao major Cosme de Farias (1875-1972) que por lá residiu. É
INFORMAÇÕES uma figura de importância na Bahia, era poeta, advogado dos
ENCICLOPÉDICAS pobres, político atuante, foi vereador e fundou a Liga Baiana
contra o Analfabetismo. Há também o bairro Cosme de
Farias. Ver o bairro Cosme de Farias.
CONTEXTO “A Sociedade Beneficente São Lázaro, na Rua Cosme de
Faria, (fim de linha no Bonocó), local onde existia um velho
terreiro de negros africanos.” (p. 179-180)
131

(67) RUA CABUÇU

TOPÔNIMO: Rua Cabuçu TAXIONOMIA: Zootopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
CABUÇU - Do tupi: ‘vespa’ (kaba) gramde (uçu),
(MANSUR GUÉRIOS, 1981). Para Houaiss (2001), Cabuçu
é design. Comum a algumas plantas do gêm. Coccoloba, da
ETIMOLOGIA: fam. Das poligonáceas, nativas do Brasil. [...], ‘vespa
brasileira (Polybia ignobilis) de coloração negra, que
constrói o ninho em ocos de pau ou em cupinzeiro; cabuçu’
(HOUAISS, 2001).
ENTRADA Rua Cabuçu
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/ Não foram encontradas informações sobre a razão de escolha
INFORMAÇÕES do nome dessa rua.
ENCICLOPÉDICAS
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
CONTEXTO das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
132

(68) RUA ALEGRIA DO PARAÍSO

TOPÔNIMO: Rua Alegria do TAXIONOMIA: Animotopônimo


Paraíso
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: ALEGRIA – Do it. allegro, que, por sua vez, veio do lat.
vulgar *alicer *alecris ‘animado’. PARAÍSO – Do lat.
paradisus, deriv. gr. paradeisos. ‘lugar de delícias, céu,
éden’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua Alegria do Paraíso
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo feminino singular + contração + substantivo
masculino singular)
HISTÓRICO/ Localizada entre os bairros de Nazaré e Barroquinha,
INFORMAÇÕES atualmente conhecida como Rua do Paraíso.
ENCICLOPÉDICAS
“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco
do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a Fonte
CONTEXTO dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água do
Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico
Diabo”. (p. 69)

(69) RUA ARACAJU

TOPÔNIMO: Rua Aracaju TAXIONOMIA: Corotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: n/e
ENTRADA LEXICAL Rua Aracaju
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo feminino singular)
É uma rua que fica localizada no Bairro da Barra. Não há
HISTÓRICO/ informações sobre a razão de escolha do nome da rua.
INFORMAÇÕES Aracaju é a capital do estado de Sergipe - Brasil.
ENCICLOPÉDICAS

CONTEXTO “Na Rua Aracaju, 14, Jardim Brasil, Barra Avenida exerce o
ofício de barbeiro o poeta Antonio de Jesus Santana”. (p. 379)
133

(70) RUA APOLINÁRIO SANTANA

TOPÔNIMO: Rua Apolinário TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Santana
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: APOLINÁRIO - nome baseado no lat. Apolinaris, v.
Apolonîo. (MANSUR GUÉRIOS, 1981). SANT’ ANA -
sobr. port. de origem religiosa: Sant’Ana, mãe de Maria
Santíssima (ce. 26-7). Outras f.: Santana, Santanna.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua Apolinário Santana
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo feminino
singular) [prenome + apelido de Família]
A rua faz homenagem a Apolinário Santana, mais conhecido
como Popó (nascido em Salvador, 9 de fevereiro de 1902 e
faleceu em 17 de fevereiro de 1955) foi um futebolista
brasileiro.
HISTÓRICO/ Atuou em onze clubes de Salvador, dentre eles, pode-se
INFORMAÇÕES destacar o Botafogo-BA, Ypiranga e Bahiano de Tênis. Foi o
ENCICLOPÉDICAS maior craque do esporte baiano nas décadas de 1920 e 1930.
Atualmente é uma rua do bairro da Federação.

“Vila Flaviana, na Rua Apolinário Santana, 134, no


CONTEXTO Engenho Velho da Federação da falecida mãe-de-santo
Flaviana Maria da Conceição Bianchi”. (p.180)
134

(71) RUA AREIA DA CRUZ DO COSME

TOPÔNIMO: Rua Areia da TAXIONOMIA: Litotopônimo


Cruz do Cosme
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
AREIA – Do lat. arena, ‘conjunto de partículas finas, de
rochas em decomposição, que se encontram nos rios, no mar
e nos desertos’. CRUZ – Do lat. crux crucis, ‘antigo
ETIMOLOGIA: instrumento de suplício, constituído por dois madeiros, um
atravessado no outro, em que se amarravam ou pregavam os
condenados à morte’. (CUNHA, 2007). COSME – Do fr.,
que veio do lat. Gosma- ae, do greg. Kosmas, deriv. de
Kosméo: ‘adornar, embelezar’. (MANSUR GUÉRIOS)
ENTRADA Rua Areia da Cruz do Cosme
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo feminino singular + contração + substantivo
masculino singular + contração + Prenome)
Areia da Cruz do Cosme era o nome antigo do bairro do
HISTÓRICO/ IAPI - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos
INFORMAÇÕES Industriários, em 1951, suas iniciais formaram a sigla que
ENCICLOPÉDICAS deu nome ao bairro, home conhecido como IAPI. (SANTOS,
2010)
CONTEXTO “A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A
Rua da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro
e o Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da
Quebrança”. (p. 72)
135

(72) RUA ARY BARROSO

TOPÔNIMO: Rua Ary TAXIONOMIA: Historiotopônimo


Barroso
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: ARY - Do port. arc. Ruy, Roy, hip. de Rodrigo. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981). BARROSO - sobrenome de origem
geográfica. (BARATA; BUENO, s/a) MANSUR GUÉRIOS
(1981) diz que “BARROSO, sobr. Port.: 1º top. ‘lugar onde
há muito barro’; 2º ‘que tem barros, ou espinhas no rosto’.
ENTRADA Rua Ary Barroso
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino + substantivo masculino singular)
[prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/ O nome da rua faz homenagem ao compositor brasileiro,
INFORMAÇÕES chamado Ary Barroso, conhecido como autor de “Aquarela
ENCICLOPÉDICAS do Brasil”. É uma rua do bairro Chame-chame.
CONTEXTO “Preferia cuidar do marido, o artista Mirabeau Sampaio, e
dos filhos, Artur e Maria, na casa da Rua Ary Barroso, onde
está uma das mais belas coleções de imaginária da cidade e
que é um templo da amizade”. (p. 229)
“Um doqueiro d apelido Caminhão, beneficiário da devotada
bondade de Norma, quando passava bêbado pela Rua Ary
Barroso, costumava proclamar que ali habitava um dos
‘raros homens da Bahia, um homem retado, Dona Norma”.
(p. 229)
“A Escola de Pôquer Quatro Ases e Um Curinga funciona na
Rua Ary Barroso, sob a direção do professor Dr. Yves
Palarmo da Silva [...]”. (p.356)
136

(73) RUA AUGUSTO GUIMARÃES

TOPÔNIMO: Rua Augusto TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Guimarães
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: AUGUSTO – Do lat. medieval Augustus: ‘o maior, o
máximo do (império). Deriv. de augustus: ‘consagrado,
sagrado, santo, sublime, venerado’. GUIMARÃES - sobr.
port. top. de origem germ. (MANSUR, GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua Augusto Guimarães
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
A rua é uma homenagem a Luiz Augusto Rosa Guimarães,
atleta amador no tempo da adolescência, foi bancário,
engenheiro civil, teve participação na formação do Pólo
HISTÓRICO/ Petroquímico da Bahia, na cidade de Camaçari. Em 17 de
INFORMAÇÕES maio de 2002 faleceu repentinamente, em Salvador,
ENCICLOPÉDICAS fulminado por um enfarte, aos 57 anos. Através da Lei 6.483,
sancionada pelo prefeito de Salvador Antônio Imbassahy, em
30 de janeiro de 2004, o logradouro nº 11.420, no Conjunto
Habitacional Fazenda Grande II, no bairro de Cajazeiras,
passou a se chamar Rua Luiz Guimarães.
“A Igreja da Soledade, na Rua Augusto Guimarães, antiga
CONTEXTO Ladeira da Soledade, pertence ao convento do mesmo nome,
das ursulinas”. (p. 117)
137

(74) RUA CAIO MOURA

TOPÔNIMO: Rua Caio TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Moura
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: CAIO - Do lat. Caius, prov. De caia; ‘bordão, cajado’.


MOURA - sobr. port. top., deriv. De mouro. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA Rua Caio Moura


LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
A rua recebeu esse nome possivelmente em homenagem ao
político, médico e professor Caio Otávio Ferreira Moura.
Exerceu mandato eletivo como Conselheiro municipal
(1924-1927); deputado estadual (1927-1928); senador
HISTÓRICO/ estadual (1929-1930). Ainda realizou as atividades
INFORMAÇÕES Parlamentares de Presidente da Câmara Municipal. Na
ENCICLOPÉDICAS Câmara Estadual dos Deputados, presidente (1927-1928); 3º
vice-presidente do Senado Estadual (1929-1930). Localiza-se
no bairro Santo Antonio.
(Disponível em: <
http://www.al.ba.gov.br/deputados/Deputados-
Interna.php?id=587>. Acesso em: 09 jan. 2015)

“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,


CONTEXTO com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver
ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p.
87)
138

(75) RUA CARLOS GOMES

TOPÔNIMO: Rua Carlos TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Gomes
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CARLOS- Do mon. lat. Cárolus, por sua vez do a. Kharol:
‘homem’. GOMES - Sobr. port. em vez de Gómez patron.
De Gomo? Port. arc. Gomez; lat. bárbaro da Esp.: Gomizi e
Gomiz (séc. IX). (MONSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua Carlos Gomes
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
Já foi chamada de Rua de Baixo, está localizada paralela à
HISTÓRICO/ Avenida Sete de Setembro no trecho que vai de São Bento
INFORMAÇÕES dos Aflitos. O nome da rua é uma homenagem ao compositor
ENCICLOPÉDICAS brasileiro Antônio Carlos Gomes.
“Esse baiano tem algo de grego, de cigano, de levantino, de
paulista, mas suas raízes estão fincadas na Rua Carlos
Gomes, seu padroeiro se chamou Manuel Quirino, metre de
CONTEXTO arte de do viver baiano”. (p. 338)
“Existem outros na Rua do Fogo, na Rua Carlos Gomes, no
quintal da antiga Casa de Oração dos padres jesuítas.”
(p.400)
139

(76) RUA BOLIVAR DAS FLORES

TOPÔNIMO: Rua Bolívar TAXIONOMIA: Historiotopônimo


das Flores
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: BOLIVAR - sobr. esp. top., do basco: ‘riacho (ibarr) de
moinho (bol.)’ (MANSUR GUÉRIOS, 1981). FLORES –
pl. de flor. Do lat. flos –oris, ‘órgão de reprodução das
plantas fanerogâmicas’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua Bolivar das Flores
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular [apelido de família] +
contração + substantivo masculino feminino plural)
Segundo Barata e Bueno (s/a), em Dicionário das Famílias
Brasileiras, Bolivar – família estabelecida na Bahia, a qual
pertencem: I – Dr. Manuel Bernardino Bolivar, Deputado à
HISTÓRICO/ Assembleia Provincial, em 1881. Residente em Salvador; II
INFORMAÇÕES – Manuel Pedro Pitanga Bolivar, comerciante, estabelecido,
ENCICLOPÉDICAS em 1881, com armazém, no Município de Maragogipe,
Bahia. (BARATA; BUENO, s/a)
Não foi encontrada nenhuma informação sobre essa rua.
Acredita-se que a rua citada por Jorge Amado seja a Rua
Simon Bolivar, em homenagem à Simón Bolivar, militar e
político venezuelano. A Rua Simon Bolivar fica entre o
bairro de Armação e Boca do Rio. A expressão “das flores”
foi um acréscimo brasileiro, mais especificamente, baiano

CONTEXTO Bolívar é o nome de uma rua. Mas não ficou só em Bolívar


e puseram um sobrenome ao herói americano. Virou Bolívar
das Flores e assim permanece até hoje. (p. 72)
140

(77) RUA DA MISERICÓRDIA

TOPÔNIMO: Rua da TAXIONOMIA: Hierotopônimo


Misericórdia
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: MISERICÓRDIA - Do lat. misericodia, de misericors-dis,
de miser + cor –dis ‘coração’. (CUNHA, 2007).
ENTRADA Misericórdia
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/ O batismo dessa rua se deve desde os primeiros tempos da
INFORMAÇÕES formação da cidade de Salvador com a presença da Igreja e
ENCICLOPÉDICAS da Santa Casa da Misericórdia. Localizada no Centro
Histórico, é uma das ruas mais antiga de Salvador. Liga a
Praça da Sé à Praça Thomé de Souza. A Santa Casa da
Misericórdia abriga uma igreja e um museu, onde há obras
importantíssimas compondo o acervo histórico.
CONTEXTO “A Rua da Misericórdia desemboca no Largo da Sé”. (p.
102)
“Isso tudo do lado esquerdo de quem vem da Rua da
Misericórdia”. (p. 102)
“Na fachada do prédio, na Rua da Misericórdia, vê-se um
nicho onde s venera um santo”. (p.393)
141

(78) RUA DA AGONIA

TOPÔNIMO: Rua da Agonia TAXIONOMIA: Animotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: AGONIA - Do lat. agonia, deriv. do gr. agonia, ‘angustia,
sofrimento, ansiedade’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua da Agonia
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/ Assim chamada por conta do desaparecimento do oratório
INFORMAÇÕES sob a invocação de Senhor Bom Jesus da Agonia. O oratório
ENCICLOPÉDICAS se localizava em uma das equinas do beco que recebia o
mesmo nome, que ligava a Poeira ao Jenipapo, em Nazaré.
CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
142

(79) RUA CHILE

TOPÔNIMO: Rua Chile TAXIONOMIA: Corotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: n/e
ENTRADA Rua Chile
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular)
É uma das ruas mais antigas do Centro Histórico da Cidade
Alta, que foi projetado pelo arquiteto Luís Dias, que
acompanhou Tomé de Souza, recebeu o nome de Rua Direita
dos Mercadores e ligava a Porta Norte à Porta Sul da Cidade.
HISTÓRICO/ Já foi chamada de Rua da Direita das Portas de São Pedro e
INFORMAÇÕES Rua Direita do Palácio. Recebeu o nome atual em 16 de
ENCICLOPÉDICAS julho de 1902, em homenagem aos oficiais da esquadrilha
chilena que nessa época visitara a Bahia.
Muitas vezes citada por Jorge Amado, desfrutou na década
de 1940 a 1960 grande prestígio, pois era considerada a rua
mais elegante da cidade, pois possuía lojas chiques que a
sociedade grã-fina ou não saia a desfilar para todos da
cidade.
“A Rua Chile é pequena. Vai da Praça Municipal ao Largo
do Teatro, enladeirada”. (p. 77)
“Há que não possa deixar de ir à Rua Chile todos os dias”.
(p..77)
CONTEXTO “[...]todos cruzam a Rua Chile, coração da cidade”. (p. 78)
“Deve ir à Rua Chile às cinco horas da tarde e com certeza
encontrará a pessoa que procura”. (p.78)
“Na Rua Chile, estendendo-se para São Pedro, ficam as
lojas grã-finos, as grandes casas de moda, luxuosas e caras”.
(p. 85)
143

(80) RUA DA ÁGUA DO GASTO

TOPÔNIMO: Rua da Água do TAXIONOMIA: Hidrotopônimo


Gasto
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: ÁGUA- do lat. aqua ‘líguido incolor, inodolor e insipido,
essencial a vida’. GASTO – Do verbo gastar. Do lat.
vastare, com influência do germ. wôstjan ou wostan.
‘consumir.’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua da Água do Gasto
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular + contração +
substantivo masculino singular)
Quando acontece a ocupação de um lugar, é indispensável
que fiquem próximos de nascentes ou outras minas naturais
que garantam a sobrevivência do acampamento daqueles que
serão os pioneiros na ocupação. No período de colonização
HISTÓRICO/ da cidade de Salvador não foi diferente e muitas dessas
INFORMAÇÕES referências às fontes naturais estão vivas nos nomes de
ENCICLOPÉDICAS topônimos, como é o caso de Rua da Água do Gasto. Os
primeiros habitantes da região, buscando evitar
contaminações e doenças causadas pela água de má
qualidade para o consumo humano. Por essa razão, havia
água que servia apenas “para o gasto”.

“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco


do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a Fonte
dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água do
CONTEXTO Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico Diabo”.
(p. 69)
144

(81) RUA DA AMOREIRA

TOPÔNIMO: Rua da Amoreira TAXIONOMIA: Fitotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: AMOREIRA - Do lat. vulgar. mora (class. Morum –i, deriv.
do gr. Moron), ‘Árvore da família das moráceas’. (CUNHA,
2007)
ENTRADA Rua da Amoreira
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/ É uma rua situada no Bairro de Itapuã. Não há informações
INFORMAÇÕES sobre a razão de escolha do nome da rua, no entanto, o nome
ENCICLOPÉDICAS deixa claro a sua motivação.

“[...] Morador na Rua da Amoreira, a quem é subscrito este


CONTEXTO envelope”. Levado em mãos por Aurélio Sodré, motorista
competente. (p. 250)
“Dois belos monumentos, um nas proximidades da Rua da
Amoreira, em Itapuã, onde vivem o artista e sua senhora e
musa, [...]”. (p. 251)
145

(82) RUA DA ASSEMBLEIA

TOPÔNIMO: Rua da TAXIONOMIA: Sociotopônimo


Assembleia
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ASSEMBLÉIA - Do fr. assemblée, part. pass. de assembler,
deriv. do lat. *assimulare. No port. med. ocorre assembrar,
ETIMOLOGIA:
no séc. XIII, na acepação de ‘reunir’, deriv, também do
latim. *assimulare ‘reunir’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua da Assembleia
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/ Antes chamada de Rua do Tira Chapéu9 e, posteriormente,
INFORMAÇÕES chamada de Rua Juliano Moreira. Fica quase em frente à
ENCICLOPÉDICAS Ladeira do Pau da Bandeira10. Não há informações sobre a
razão de escolha do nome da rua, no entanto, o nome deixa
claro a sua motivação. Fica localizada no Centro Histórico de
Salvador, hoje conhecida por Rua São Francisco, na Praça da
Sé, local em que tem a igreja de mesmo nome.
CONTEXTO “A ‘Casa dos Sete Candeeiros’, na Rua da Assembleia, com
seus azulejos portugueses admiráveis”. (p.393)

9
A Rua do Tira Chapéu possui a motivação do hábito que os homens tinham em retirar os chapéus, em
respeito da casa da sede do governo.
10
Ladeira do Pau da Bandeira fica situada no antigo sítio político da colônia. Recebeu esse nome, pois ali
ficava um mastro onde se hasteavam bandeiras para orientar os navegantes em sua ida e vinda, traduzindo o
pertencimento da terra.
146

(83) RUA DA BOCA DA MATA

TOPÔNIMO: Rua da Boca da TAXIONOMIA: Cardinotopônimo


Mata
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: BOCA – Do lat. bucam. ‘cavidade na parte inferior da face
pela qual os homens e outros animais ingerem alimentos, e
ligada com os órgãos da fonação e da respiração’. MATA –
Talvez do lat. tardio matta ‘esteira de junco’, ‘terreno onde
nascem arvores silvestres’ ‘bosque, selva’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua da Boca da Mata
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular + +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular + contração +
substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/ A Rua Boca da Mata e está localizada no bairro de Boca da
INFORMAÇÕES Mata de Valéria na cidade de Salvador.
ENCICLOPÉDICAS
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
CONTEXTO Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
147

(84) RUA DO CABEÇA

TOPÔNIMO: Rua do Cabeça TAXIONOMIA: Somatotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CABEÇA - Do lat. vulg capitia (class. caput) ‘a parte
superior do corpo dos animais bípedes e a anterior dos outros
animais, onde se situam os olhos, o nariz, a boca, os ouvidos
e importantes centros nervosos’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua do Cabeça
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular)
É uma transversal da Rua Carlos Gomes, ligando-a ao Largo
Dois de Julho. A origem do nome vem do século XVIII,
HISTÓRICO/ quando existiam currais nas imediações, e se matava o gado
INFORMAÇÕES nas proximidades do Mosteiro de São Bento. Segundo Alves,
ENCICLOPÉDICAS (2008), nesse local era costumeiro vender as vísceras e as
cabeças dos animais em tabuleiros, sendo que as cabeças de
bois expostas ficavam espetadas em varas, por isso tem essa
denominação. Apesar de apresentar o elemento modificador
“do” acompanhando o elemento específico “cabeça”, não
apresenta a conotação de chefe, líder, como normalmente é
associado.

“É uma beleza que escorre como óleo do casario e das pedras


negras de certas ruas, os nomes como poemas: Rua dos
Quinze Mistérios, Ladeira do Tabuão, Rua do Cabeça [...]”
(p.63)
“Como não imaginar uma história dramática com muito
sangue e punhais erguidos, com diálogos ao jeito de Perez
Escrich, ao pronunciar o nome Rua do Cabeça?” (p. 69)
“Ah! Quanta coisa pode ser, quanta história não pode
CONTEXTO
encerrar esta Rua do Cabeça, da cabeça sem corpo, solta,
sozinha, sem nenhuma explicação”. (p. 69)
“Ficava no Cabeça a oficina do santeiro Alfredo Simões,
figura ótima, personagem de vários dos meus romances, a
simpatia em pessoa” (p. 362)
“Vitorina, filha de Omolu e de Tempo, a negra Vitu, frita o
mais gostoso acarajé da Bahia e vende na esquina do
Cabeça: [...]” (p.405)
148

(85) RUA DA FORCA

TOPÔNIMO: Rua da Forca TAXIONOMIA: Historiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: FORCA - Do lat. furca. ‘Instrumento para suplício da
estrangulação’ XIII. Do lat. furca.’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua da Forca
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular)
Rua transversal à Rua Carlos Gomes, situada nas imediações
HISTÓRICO/ do Largo Dois de Julho, assim denominada porque por aí
INFORMAÇÕES passavam os presos condenados à forca e que seriam
ENCICLOPÉDICAS executados na Praça da Piedade. Essa prática de execução de
presos condenados durou até o século XIX.

CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais


saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
“Antigamente, José Pedreira na Rua da Forca e cuidava-lhe
da casa e do bem-estar a mais doce velhinha que imaginar se
passa, D. Zezé, minha recordada amiga”. (p. 380)
149

(86) RUA DA QUEBRANÇA

TOPÔNIMO: Rua da TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo


Quebrança
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: QUEBRANÇA – Vem do verbo quebrar. Do lat. crepare.
‘reduzir a pedaços, fragmentar, despedaçar’ (CUNHA 2007)
ENTRADA Rua da Quebrança
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/ Na História da Cidade do Salvador, encontra-se registrado
INFORMAÇÕES que fazendo fronteira ao Largo da Mariquita, pela parte do
ENCICLOPÉDICAS mar, havia um recife que veio a dar origem ao nome, pois
“por causa dos vagalhões que se ‘quebravam’ em sua roda”.
Há também o Beco da Quebrança, ambos situados no Rio
Vermelho.
CONTEXTO “A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
150

(87) RUA DAS MERCÊS

TOPÔNIMO: Rua das Mercês TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: MERCÊS, (das) - Sobr. port. de origem religiosa.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Ruas das Mercês
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo feminino plural)
A história do nome desse lugar, que faz parte da Avenida
Sete de Setembro, lembra o início dos tempos coloniais. Em
HISTÓRICO/ 1735, a herdeiro do Coronel Pedro Barbosa Leal, chamada
INFORMAÇÕES Úrsula Luiza de Monserrate, solicitou à coroa portuguesa a
ENCICLOPÉDICAS instalação de um convento de freiras. Mas, somente em
1744, que o convento dedicado a Nossa Senhora das Mercês
foi inaugurado em Salvador. É uma rua histórica. Seus
primeiros registros datam da fundação da Cidade, quando
fazia parte do caminho de ligação com a antiga vila de
Pereira Coutinho, na Barra.
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
CONTEXTO Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
151

(88) RUA DO JOGO DO LOURENÇO

TOPÔNIMO: Rua do Jogo do TAXIONOMIA: Sociotopônimo


Lourenço
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
JOGO – Do lat. jocus, ‘brinquedo, folguedo, divertimento,
passatempo sujeito a regras’ ‘ série de coisas que formam um
todo ou coleção’. (CUNHA, 2007). LOURENÇO - Do lat.
ETIMOLOGIA: Laurentius: natural de Larento’, cidade do Lácio que, por
sua vez, se prende a laurus. Ou, seg. Vírgílio, Eneida, VII,
59: ‘a celebridade de um só louro’, ‘o adornado com louro’.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua do Jogo do Lourenço
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino singular + contração +
substantivo masculino singular [prenome])
Segundo Dorea (2006), essa rua “começa na parte final _
início da ladeira _ do Jenipapo e sai no Largo da Saúde.
HISTÓRICO/ Nesta rua ainda podem ser vistos casarões do século XIX,
INFORMAÇÕES sendo que, um deles, tem bela fachada de azulejos.”
ENCICLOPÉDICAS (DOREA, 206, p. 579)

“Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais


CONTEXTO saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
152

(89) RUA DOS AFLITOS

TOPÔNIMO: Rua dos Aflitos TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: AFLITOS – Do lat. afflictus, ‘atormentado, mortificado’.
(CUNHA, 2007)
ENTRADA Ruas dos Aflitos
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino plural)
HISTÓRICO/ O nome é proveniente da existência menção a Igreja de
INFORMAÇÕES Nossa Senhora dos Aflitos, erguida em 1824. Há também o
ENCICLOPÉDICAS Largo dos Aflitos.
“No Largo dos Aflitos, para o qual confluiu a Rua dos
CONTEXTO Aflitos, há um ponto que domina o mar e de onde se
descortina parte da cidade. Chama-se Mirante dos Aflitos”.
(p. 69)

(90) RUA DO CHEGA NEGRO

TOPÔNIMO: Rua do Chega TAXIONOMIA: Historiotopônimo


Negro
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CHEGA - Do v. chegar. Do lat. plicare ‘atingir (com dupla
noção de tempo e de espaço). NEGRO – Do lat. niger,
nigra, nigrum, ‘preto, lúgrume’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua do Chega Negro
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular + verbo
MORFOLÓGICA + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/ Assim chamada, pois era o lugar que os negros
INFORMAÇÕES desembarcavam quando vinham ilegalmente da África após a
ENCICLOPÉDICAS abolição da escravatura. Hoje essa área é onde fica o Jardim
dos Namorados, na Orla de Salvador, no bairro da Pituba.

“Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais


CONTEXTO saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
153

(91) RUA DO FOGO

TOPÔNIMO: Rua do Fogo TAXIONOMIA: Meteorotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: Do lat. focus, ‘desenvolvimento simultâneo de calor e luz
produzido pela combustão de certos corpos’ ‘lume, incêndio’
(CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua do Fogo
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino singular)
A Rua do Fogo e a Rua da Faísca foram unidas sob a
denominação de Rua Senador Costa Pinto. A referência é
HISTÓRICO/ feita, pois nos tempos da Colônia os locais guardavam as
INFORMAÇÕES munições e armamentos. Em um episódio de incêndio
ENCICLOPÉDICAS provocado pela queda de um raio, toda a guarnição pegou
fogo provocando grande pânico na cidade – depois do
episódio, o local de guarda para os armamentos e munições
foram remanejados para o chamado Campo da Pólvora.
“Existem outros na Rua do Fogo, na Rua Carlos Gomes, no
CONTEXTO quintal da antiga Casa de Oração dos padres jesuítas.” (p.400)
154

(92) RUA DO CARMO

TOPÔNIMO: Rua do Carmo TAXIONOMIA: Hierotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CARMO, (do) - Sobr. port. de origem religiosa (MANSUR
GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua do Carmo
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/ No princípio da história da Bahia, os jesuítas tiveram sua
INFORMAÇÕES primeira aldeia de catequese no Monte Calvário, aí tendo
ENCICLOPÉDICAS construído igreja e casa, onde os carmeleitas fundaram um
convento, depois de 1580, com a expulsão dos jesuítas. Esse
local foi chamado de Carmo. Fica no Centro Histórico de
Salvador, próximo à Igreja Nossa Senhora do Carmo, a quem
o nome faz referência.

“A Igreja do Carmo, ligada ao convento das carmelitas foi


fundada em 1585. Fica na Rua do Carmo”. (p. 117)
“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e pelo
Carmo, desembocam em Santo Antonio, junto à Cruz do
CONTEXTO Pascoal, ou nas imediações da cidade baixa ao lado do velho
Elevador do Tabuão, até o Beco da Carne-Seca”.(p. 73)
“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.
Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze
Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua
do Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando
por fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p.
148)
155

(93) RUA DOS CARVÕES

TOPÔNIMO: Rua dos Carvões TAXIONOMIA: Sociotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CARVÕES – Pl. de carvão. Do lat. carbo – onis, ‘substância
combustível, sólida, negra, resultante da combustão
incompleta de materiais orgânicos’.
ENTRADA Rua dos Carvões
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino plural)
Atualmente também é chamada de Rua Caio Moura. Sobre
HISTÓRICO/ informações da Rua dos Carvões não foram encontrados
INFORMAÇÕES mais detalhes. Dorea (2006) traz informações sobre a Rua
ENCICLOPÉDICAS dos Carvoeiros, a qual seria um prolongamento da Rua do
Tira Chapéu e que o batismo seria por conta da atividade
profissional dos que trabalhavam com carvões. Localizada
no bairro de Santo Antonio Além do Carmo
“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,
CONTEXTO com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver
ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p. 87)

(94) RUA DO GASÔMETRO

TOPÔNIMO: Rua do Gasômetro TAXIONOMIA: Ergotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:


MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: GASÔMETRO - Gás + -o - + metro por influxo do fr.
Gazomètre (1834); f. hist. 1858 gazómetro. ‘parelho
destinado a medir a quantidade de gás presente em uma
mistura, fábrica de gás’. (HOUAISS, 2001)
ENTRADA Rua do Gasômetro
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/ A Rua do Gasômetro fica localizada no bairro da Calçada,
INFORMAÇÕES na Cidade Alta.
ENCICLOPÉDICAS
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
CONTEXTO das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
156

(p. 72)

(95) RUA DO LICEU

TOPÔNIMO: Rua do Liceu TAXIONOMIA: Sociotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: LICEU – Adap. do fr. lycée, deriv. do lat. lyceum e, este, do
gr. lykeion e era o ‘ginásio onde Aristóletes lecionava’.
‘estabelecimento de ensino secundário’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua do Liceu
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/ Localizada no Centro Histórico de Salvador, seu nome
INFORMAÇÕES surgiu da presença do Liceu de Artes e Ofícios, criado no
ENCICLOPÉDICAS século XIX. Era uma espécie de escola profissionalizante.
“Afinal porque a Circular não fazia seus bondes trafegar pela
CONTEXTO Rua do Liceu escoadouro natural do trânsito naquele
então?” (p. 103)
157

(96) RUA DOS MARCHANTES

TOPÔNIMO: Rua dos TAXIONOMIA: Sociotopônimo


Marchantes
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: MARCHANTES – Do fr. marchand ‘comerciante’, deriv.
do lat. vulgar *mercatans –antis. ‘mercador, comerciante de
gado para o açougue’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua dos Marchantes
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino plural)
A Rua dos Marchantes recebeu esse nome, pois era a rua
onde moravam os principais negociantes de gado e onde se
HISTÓRICO/ alojavam os que hoje traziam gado para o matadouro
INFORMAÇÕES público. Ainda hoje seus prolongamentos são as Ruas dos
ENCICLOPÉDICAS Adobes e dos Ossos, no Bairro de Santo Antônio. (DOREA,
2006, p. 597)
CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
158

(97) RUA DOS QUINZE MISTÉRIOS

TOPÔNIMO: Rua dos Quinze TAXIONOMIA: Númerotopônimo


Mistérios
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: QUINZE - Do lat. quidecim, ‘décimo quinto’. MISTÉRIOS
– Do lat. mysterium, deriv. do gr. mystetiom, de myein. ‘
culto secreto no politeísmo’ ‘objeto de fé religiosa e que é
impenetrável à razão humana’ ‘secreto, enigma, reserva’ [...]
(CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua dos Quinze Mistérios
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + numeral + substantivo masculino singular)
Com fundação em 1811, foi fundada a confraria de N. S. do
Rosário dos Quinze Mistérios dos Homens Pretos, que
HISTÓRICO/ funcionou na Matriz de Santo Antônio Além do Carmo até a
INFORMAÇÕES construção dessa capela. Em 1852, fundou-se irmandade de
ENCICLOPÉDICAS N. S. da Soledade, com sede na capela.
A rua recebeu esse nome para fazer referência os quinze
“mistérios” que são rezados no rosário e à igreja fundada
outrora.

“É uma beleza que escorre como óleo do casario e das pedras


negras de certas ruas, os nomes como poemas: Rua dos
Quinze Mistérios, Ladeira do Tabuão, Rua da Cabeça [...]”
(p.63)
“Há uma rua que se chama dos Quinze Mistérios... (p. 68)
“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou
da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)
“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.
CONTEXTO
Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze
Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua
do Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando
por fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a bocla”. (p. 148)
159

(98) RUA FRANCO VALASCO

TOPÔNIMO: Rua Franco TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Valasco
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: FRANCO - sobr. port. top.: do germ. Frank, n. do povo
germânico os Francos, i é: ‘o povo que usa de francho,
‘vernáculo, lança’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
VALASCO – sobr. de origem portuguesa.
ENTRADA Rua Franco Valasco
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [Prenome + Apelido de família]
A rua é uma homenagem ao pintor baiano e professor de
Artes plásticas Antônio Joaquin Franco Valasco. Foi o autor
de inúmeros retratos decorativos e pinturas das igrejas de
Salvador.
HISTÓRICO/ No século XIX, início da década de 1810, realizou pinturas
INFORMAÇÕES trabalhos para a Matriz de Santana e por volta de 1813
ENCICLOPÉDICAS produz pinturas para o teto da nave. Em 1818 e 1820, faz a
pintura do forro e de sete painéis retratando os passos da
Paixão de Cristo para os altares da Igreja do Senhor do
Bonfim.
( Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23184/franco-
velasco>. Acesso em: 09 jan. 2015.)

CONTEXTO “Waldemar recebe um caboclo que dá consultas no centro da


cidade (Rua Franco Valasco, 21”. (p. 182)
160

(99) RUA JOSÉ JOAQUIM SEABRA

TOPÔNIMO: Rua José TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Joaquim Seabra
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
JOSÉ – Do hebr. Lasseph, lehussef, ‘Ele (Deus) dê aumento,
ETIMOLOGIA: ou (Deus) aumente (com outros fihos)’. JOAQUIM - Do
hebr. SEABRA - Sobr. port. de origem esp. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981).
ENTRADA Rua José Joaquim Seabra
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular + substantivo masculino singular) [Prenome +
prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/ A rua faz uma homenagem a José Joaquim Seabra foi um
INFORMAÇÕES político e jurista baiano que governou a Bahia por 12 anos.
ENCICLOPÉDICAS Essa rua fica localizada no Centro Histórico da cidade,
separa os bairros de Saúde, Nazaré e Santo Antonio.
Também é conhecida como a Baixa dos Sapateiros, é uma
rua que traz o comércio popular intenso.

“O nome verdadeiro desta rua é José Joaquim Seabra, em


honra do político baiano que foi governador do estado, [...]”
(p. 84)
CONTEXTO “Pois bem: ainda assim não há quem se refira à Rua José
Joaquim Seabra”. (p. 85)
“É verdade que já os operários se misturaram um pouco a
gente que faz suas compras na rua do Dr. Seabra”. (p. 85)
161

(100) RUA LUIZ ANSELMO

TOPÔNIMO: Rua Luiz TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Anselmo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: LUIS - Do fr. Louis ou ant. esp. Lois, deriv. do germ.:
‘guerreiro (wig) celebre, famoso (lud)’. ANSELMO -
germ..: Asenheim; ‘posto sob a proteção dos deuses Asen’, ou
‘protegido pelos deuses’. Há quem o traduza: ‘capacete dos
deuses’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua Luiz Anselmo
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
O nome foi dado em homenagem a um médico e professor
HISTÓRICO/ Luiz Anselmo que lutava contra a escravidão no país.
INFORMAÇÕES Inicialmente, foi nome de uma rua no bairro de Matatu, com
ENCICLOPÉDICAS o passar do tempo, acabou nomeando toda a redondeza e
hoje possui esse nome. Hoje é grafada com (S).
“Outro belo e puro terreiro gegê-nagô de Salvador é a
CONTEXTO Sociedade São Gerônimo Ilê Maroialagê (Alaketu) na Rua
Luiz Anselmo, 65, no Matutu de Brotas”. (p. 179)
162

(101) RUA MATA MAROTO

TOPÔNIMO: Rua Mata TAXIONOMIA: Dirrematotopônimo


Maroto
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: MATA – Do verbo matar. De origem desconhecida ‘tirar
violentamente a vida a’. MAROTO - De origem
desconhecida, ‘moço mal composto e descortez’, ‘malicioso,
brejeiro, lascivo’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA Rua Mata Maroto
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (Verbo + adjetivo masculino singular)
MORFOLÓGICA
O topônimo faz referência a um acontecimento histórico dos
tempos regenciais pós-movimentos de Independência do
Brasil, ocorridos na Bahia, que resultou nas brigas de ruas
entre brasileiros e portugueses. Estes últimos eram chamados
HISTÓRICO/ de maroto ou marujo, por ter chegado pelo mar. Os conflitos
INFORMAÇÕES aconteceram nos anos de 1829 a 1831, sendo que no último
ENCICLOPÉDICAS ano foi o mais grave e violento na cidade do Salvador e do
Recôncavo.
Os conflitos foram tão graves a ponto de brasileiros saírem
pelas ruas gritando: “Mata-Maroto!” e atingiu vários
portugueses e suas famílias. A Rua Mata Maroto fica no
bairro da Federação.
“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco
do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a
CONTEXTO Fonte dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água
do Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico
Diabo”. (p. 69)
163

(102) RUA NORMA GUIMARÃES

TOPÔNIMO: Rua Norma TAXIONOMIA: Antropotopônimo


Guimarães
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: NORMA - Do lat. norma: ‘modelo, regra, preceito, lei’.
GUIMARÃES - Sobr. port. top. de origem germ. De
Wigmar: ‘cavalo (marah) de combate (wig)’ formou-se o n.
de homem, no port. arc. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua Norma Guimarães
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/ O nome da rua presta homenagem à Norma Guimarães,
INFORMAÇÕES esposa do médico e pintor Mirabeau Sampaio. Ela era
ENCICLOPÉDICAS conhecida como uma nobre e caridosa mulher, que ajudava
aos necessitados. A homenagem mais singela foi nome de
uma das ruas no bairro de Chame-chame.
“A uma dessas ruas, o então prefeito Clériston Andrade deu
CONTEXTO o nome de Norma Guimarães Sampaio, a pedido de todos
os moradores do bairro”. (p. 222)
164

(103) RUA RUY BARBOSA


TOPÔNIMO: Rua Ruy TAXIONOMIA: Historiotopônimo
Barbosa
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: RUY - Do port. arc. Ruy, Roy, hip. de Rodrigo. BARBOSA
- Sobr. port. top.: ‘lugar onde há muitas barbas de bode’ ou
barbas de velho (plantas)’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Ruy Barbosa
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/ Antiga Rua do Brejo, fica localizada depois da Ruas dos
INFORMAÇÕES Capitães na Cidade Alta, paralela à Rua Chile, no Centro
ENCICLOPÉDICAS Histórico. É uma homenagem ao famoso jurista baiano.
CONTEXTO “Tem um irmão que é bispo católico no Oriente Médio, o
que dá qualidade eclesiástica, autenticidade maior às
imagens, candelabros, altares que enchem salas e salas de
sortida casa de antiguidade da Rua Ruy Barbosa”. (p.365)

(104) RUA DO SÃO MIGUEL

TOPÔNIMO: Rua São Miguel TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
SÃO - Do lat. sanctus –a –um, – ‘que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
ETIMOLOGIA: sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,
207). MIGUEL - Do hebr. e origem religiosa. ‘quem (Kha)
é como Deus (Ei)? (Daniel, 10; 13; 12;1)’. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981).
ENTRADA São Miguel
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA adjetivo masculino singular + substantivo masculino
singular)
Era a chamada Ladeira de São Miguel. O nome oficial dessa
HISTÓRICO/ rua que começa na Rua João de Deus e termina na Rua J. J.
INFORMAÇÕES Seabra (Baixa dos Sapateiros) é Rua Frei Vicente do
ENCICLOPÉDICAS Salvador. No sopé da ladeira, encontra-se a pequena capela
do século XVII dedicada a São Miguel.
CONTEXTO “- Rua São Miguel, 16. Castelo de Mãezinha...” (p. 278)
“– Rua São Miguel, número 16. Castelo de Mãezinha...” (p.
165

279)

(105) RUA JOSÉ BAHIA

TOPÔNIMO: Rua José Bahia TAXIONOMIA: Antropotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: JOSÉ – Do hebr. Lasseph, lehussef, ‘Ele (Deus) dê aumento,
ou (Deus) aumente (com outros fihos)’. BAHIA -
Possivelmente do fr. Baie, deviv. Do cast. Bahia e, este, do lat.
Baia ‘pequeno golfo, de boca estreita, que se alarga para o interior’
ENTRADA Rua José Bahia
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/ Era chamada de Beco do Padre Bento, que fica no Bairro
INFORMAÇÕES Santo Antonio.
ENCICLOPÉDICAS
“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,
CONTEXTO com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver
ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p. 87)

(106) RUA DO GRAVATÁ

TOPÔNIMO: Rua do Gravatá TAXIONOMIA: Fitotopônimo


MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: GRAVATÁ – do tupi karagwa’ta, ‘designação comum a
diversas plantas da família das bromeliáceas’. (CUNHA,
1999)
ENTRADA Rua do Gravatá
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/ Trata-se de um dos vários batismos por inspiração da flora
INFORMAÇÕES encontrada pelos colonizadores. Gravatá é uma bromélia
ENCICLOPÉDICAS terrestre de presença bem comum no Brasil. A Rua do
Gravatá fica no bairro de Nazaré.
Vale a pena ver pelo menos as seguintes: a do Queimado, na
Baixa da Soledade; a [rua] do Gravatá, no Gravatá; a de
Gabriel, no Largo 2 de Julho; a de São Pedro, no forte do
CONTEXTO mesmo nome; a das Pedras, na Ladeira da Fonte das Pedras;
a dos Pedreiras, na Jaqueira; a do Tabuão, escavada no
166

morro, no antigo Caminho Novo; e a de Santo Antonio, no


Largo de Santo Antonio”. (p. 408)

(107) RUA SÃO FRANCISCO

TOPÔNIMO: Rua São TAXIONOMIA: Hagiotopônimo


Francisco
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um, – ‘que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,
2007). FRANCISCO - Do lat. medieval, Franciscus, deriv.
Do germ. Frank com o sufixo germ. –isk (al. Frankisch)
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua São Francisco
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA adjetivo masculino singular + substantivo masculino
singular)
HISTÓRICO/ O nome da rua faz menção ao santo da Igreja Católica. O
INFORMAÇÕES nome dessa rua pode ter influência da Igreja e do Convento
ENCICLOPÉDICAS de São Francisco, que fica no Centro Histórico.
“Velho amigo de Antonio Carlos Magalhães (e de seu irmão
Zezito), meu amigo companheiro na busca de onde comer
bem, quando rareavam os restaurantes na Bahia, habitués do
maravilhoso trivial de Dona Maria, na Rua de São
Francisco, onde tínhamos mesa reservada com Odorico
Tavares, Carlinhos Marcarenhas e Raimundo Reis, [...]”
CONTEXTO (p.293)
“O almoço semanal, reunindo Coqueijo, Pinho Pedreira,
Virgildal Sena, Tibúrcio Barreiros e outros bambas,
realizava-se naquele que foi um dos menores, mas modesto e
melhores restaurante do mundo, na sala do fundo de um
andar térreo da Rua São Francisco, em cuja pequena
cozinha minha saudosa comadre Maria, de pé ante o fogão,
temperava o mais delicioso feijão [...]” (p.338-339)
167

(108) RUA GUEDES DE BRITO

TOPÔNIMO: Rua Guedes de TAXIONOMIA: Historiotopônimo


Brito
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: GUEDES - Sobr. port. em vez de Guesdez, patron. de
Gueda. BRITO - sobr. port., talvez f. regressiva de Brites,
julgado este patron. Mas em lat. há Brittus. Pode ser top. sob.
a f. Britto, Leite de Vasconcelos acha que o n. é de origem
obscura. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA Rua Guedes de Brito
LEXICAL
ESTRUTURA Elemento composto (substantivo feminino singular +
MORFOLÓGICA substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
Segundo Barata e Cunha (s/d), em Dicionário das Famílias
Brasileiras, a família GUEDES DE BRITO que é “antiga
família de origem portuguesa, estabelecida na Bahia, que
teve princípio em Antônio Guedes (nascido em 1560,
Tarouca, Portugal - morto em 7.9.1621 em Salvador, Bahia)
filho de Rui Guedes e de Ana de Lisboa. Tabelião na Bahia,
era proprietário de uma sesmaria que compreendia terras
HISTÓRICO/ entre as cabeceiras do rio Jacuípe e Itapicuru, as mesmas que
INFORMAÇÕES viriam a pertencer a seu filho e a sua neta Joana. Deixou
ENCICLOPÉDICAS descendência de segundo casamento por volta de 1596 com
Felipa de Brito (morta em Salvador em 9.12.1659) por onde
ocorreu a união dos dois sobrenomes.” (BARATA; BUENO,
s/d)
A Rua Guedes de Brito fica localizada no centro da cidade
de Salvador.
CONTEXTO “Nasceu assim o Liceu de Artes e Ofícios que funcionava
numa antiga casa nobre na Rua Guedes de Brito.” (p. 398)
168

6.3 ANÁLISE E DISCUSSÕES: OS REFERENCIAIS TOPONÍMICOS

A partir da elaboração das fichas lexicográfico-toponímicas, realizadas na


subseção anterior, verificou-se que os topônimos analisados foram todos de natureza
semântica humana, pois nomeiam bairros e ruas da cidade de Salvador, conforme já
mencionado anteriormente.

Dentre os 108 topônimos referentes aos bairros e ruas analisados, há uma


subdivisão de dois grupos de taxes (natureza física e natureza antropocultural). Nesta
subseção, apresenta-se o resumo das taxes encontradas neste trabalho, segundo a sua
natureza semântica, bem como a discussão dos resultados a partir das análises das fichas
expostas na subseção anterior.

Quanto à natureza, os 108 topônimos se encontram assim subdivididos:

 Natureza física: Matatu de Brotas, Rua da Quebrança, Barra, Águas dos


Meninos, Itapagipe, Ondina, Ribeira, Rio Vermelho, Rua Alagoinhas, Rua da
Água do Gasto, Alagados, Massaranduba, Beiru, Canela, Peri-peri, Rua
Baguri, Rua da Amoreira, Paripe, Rua do Gravatá, Rua Cabuçu, Pirajá,
Barroquinha, Itapoã, Itacaranha, Baixa dos Sapateiros, Campo Grande, Boca
do Rio, Rua Boca da Mata, Rua do Fogo, Pernambués, Nordeste de
Amaralina, Rua Areia da Cruz de Cosme.

 Natureza Antropocultural: Barris, Engenho Velho de Brotas, Engenho velho


da Federação, Pelourinho, Plataforma, Rua do Gasômetro, Placa Ford,
Amaralina, Barbalho, Cosme de Farias, Garcia, Lobato, Rua Cosme de Farias,
Rua Apolinário Santana, Rua Ary Barroso, Rua Augusto Guimarães, Rua Caio
Moura, Rua Carlos Gomes, Rua Franco Valasco, Rua José Bahia, Rua José
Joaquim Seabra, Rua Luiz Anselmo, Rua Norma Guimarães, Rua Ruy
Barbosa, Rua Bolivar das Flores, Brotas, Graça, Lapinha, Escada, Monte
Serrat, Nazaré, Pilar, Santo Antonio, São Caetano, São Gonçalo, São Tomé de
Paripe, Saúde, Soledade, Rua das Mercês, Rua dos Aflitos, Rua São Miguel,
Rua São Francisco, São Pedro, Rua da Agonia, Rua dos Marchantes, Rua do
Liceu, Rua do Bom Marché, Calçada, Pituba, Rua da Misericórdia, Rua dos
Quinze Mistérios, Cidade da Palha, Rua Alegria do Paraíso, Piatã, Rua da
169

Cabeça, Rua da Forca, Rua do Chega Negra, Rua Mata Maroto, Liberdade,
Rua Chile, Rua Aracaju, Rua do Jogo do Lourenço, Rua dos Carvões, Rua da
Assembleia, Federação, Corredor Da Vitória, Rua do Carmo, Santa Tereza,
Rua Guindastes do Padres, Fazenda Grande do Retiro, Rua Guedes Brito,
Uruguai, Bonfim, Coutos, Vitória, Chame-Chame.

Para compreender melhor os dados, sintetizam-se as informações em gráficos. O


gráfico a seguir mostra as subdivisões das taxes em cada natureza.

30%

70%
Física

Antropocultural

Gráfico 1 – Natureza Toponímica

Como é possível verificar, no gráfico acima, os topônimos de natureza


antropocultural são mais acentuados nas nomeações dos bairros e ruas presentes na obra
Bahia de Todos os Santos ([1945] 2002), de Jorge Amado. Dentre os 108 topônimos
analisados, 76 ocorrências são de natureza antropocultural, perfazendo 70%, enquanto que
somente 32 ocorrências são de natureza física, totalizando 30%.

Dentre os topônimos de natureza física, encontram-se as seguintes classificações,


seguidas dos topônimos: Hidrotopônimos: Água dos Meninos, Itapagipe, Barra, Ondina,
Ribeira, Rio Vermelho, Rua Alagoinhas, Rua da Água do Gasto, Pernambués, Alagados;
Geomofotopônimo: Matatu de Brotas, Rua da Quebrança, Baixa dos Sapateiros;
Fitotopônimo: Massaranduba, Beiru, Canela, Peri-Peri, Rua Baguri, Rua da Amoreira,
170

Paripe, Campo Grande, Rua do Gravatá; Zootopônomo: Rua Cabuçu, Pirajá;


Litotopônimo: Barroquinha, Itapoã, Itacaranha, Rua Areia da Cruz de Cosme;
Meteorotopônimo: Rua do Fogo; Cardinotopônimo: Nordeste de Amaralina, Boca do
Rio, Rua Boca da Mata.

Hidrotopônimo

9% 3% Geomorfotopôni
mo
6% 32%
Litotopônimo

Fitotopônimo

Zootopônimo

Cardinotopônimo
28%
9% Meteorotopônimo
13%

Gráfico 2: Taxes de Natureza Física

Diante dos gráficos apresentados e de uma análise mais sistemática dos referenciais
toponímicos, dentro das taxes de natureza física, analisam-se os nomes de lugares que
tiveram como motivação elementos de ordem animal, vegetal, mineral, hidrográfica, a
posição geográfica e as formas topografias e formações litorâneas nomeias os lugares,
testemunhando a vontade primeira do nomeador. Essa escolha pode ser verificada na
maioria dos bairros da Cidade Baixa.

Dentre esses topônimos, os que tiveram mais ocorrências foram os hidrotopônimos,


com 32% das ocorrências, seguido dos fitotopônimos com 28%. Os litotopônimos
totalizaram 13%%, os geomorfotopônimos e os cardinotopônimos com 9% das ocorrências
cada um. Com menor número de ocorrências, aparecem os zootopônimos, com apenas 6%
e o meteorotopônimo, com 3%.

Os topônimos de natureza antropocultural apresentaram maior número de


incidência, como podem ser verificados nas seguintes classificações das taxes:
Antopotopônimo: Amaralina, Cosme de Farias, Barbalho, Garcia, Lobato, Rua Cosme de
Farias, Rua Apolinário Santana, Rua Augusto Guimarães, Rua Caio Moreira, Rua Carlos
171

Gomes, Rua Franco Valasco, Rua José Bahia, Coutos, Rua José Joaquim Seabra, Rua
Luiz Anselmo, Rua Norma Guimarães, Hagiotopônimo, Santo Antonio, São Caetano, São
Gonçalo, São Tomé de Paripe, Rua São Miguel, Rua São Francisco, Rua São Pedro, Santa
Tereza; Hierotopônimo: Brotas, Graça, Bonfim, Lapinha, Escada, Monte Serrat, Nazaré,
Pilar, Rua da Misericórdia, Vitória, Saúde, Soledade, Rua das Mercês, Rua dos Aflitos,
Rua do Carmo; Númerotopônimo: Rua dos Quinze Mistérios; Ergotopônimo: Barris,
Pelourinho, Plataforma, Rua Guindastes dos Padres, Rua do Gasômetro, Placa Ford;
Corotopônimo: Rua Chile, Rua Aracaju, Uruguai; Historiotopônimo: Rua da Forca, Rua
Ary Barroso, Rua Guedes de Brito, Rua Ruy Barbosa, Rua do Chega Negra; Federação,
Liberdade, Rua Bolivar das Flores; Somatotopônimo: Rua da Cabeça; Animotopônimo:
Rua Alegria do Paraíso; Rua da Agonia, Pituba, Piatã, Rua do Bom Marché;
Sociotopônimo: Rua dos Marchantes, Rua do Liceu, Engenho Velho de Brotas, Rua do
Jogo do Lourenço, Engenho Velho da Federação, Rua da Assembleia, Rua dos Carvões,
Fazenda Grande do Retiro; Hodotopônimo: Corredor da Vitória, Calçada;
Poliotopônimo: Cidade da Palha; Dirrematotopônimo: Rua Mata Maroto, Chame-
Chame.

3% 1% 3% Antropotopônimo
11% 20% Hierotopônimos
7% Hagiotopônimo
1% Numerotopônimo
Ergotopônimo
Corotopônimo
Historiotopônimo
11% 19% Somatopônimo
Animotopônimo
4%
8% 1% 11% Sociotopônimo
Hodotopônimo
Poliotopônimo
Dirrematotopônimo

Gráfico 3 – Taxes de Natureza Antropocultural

Quanto às taxes de natureza antropocultural, os antropotopônimos tiveram uma boa


representação nas designações apresentadas, com um percentual de 20%. Nomear vias
públicas com designativos pessoais seja com prenomes ou apelidos de famílias é uma
prática comum e uma forma de garantir que a personalidade local permaneça na memória
172

coletiva da região por alguma razão específica. Dick (1990) chama atenção para a
importância dos topônimos dessa natureza:

Exercendo o papel de verdadeiros registros do cotidiano, revelando em atitudes e


posturas sociais, especificas de determinados grupos humanos, preservam, por
isso mesmo, a memória coletiva, principalmente nas sociedades ágrafas, onde
sua importância é muito notável pela ausência de outras fontes de análises.
(DICK, 1990, p. 286)

Os hierotopônimos se destacaram, com 19% das ocorrências. Essa preferência por


nomear os bairros e ruas com nomes de origem religiosa surgiu desde o início da
colonização dos espaços urbanos da cidade de Salvador e muitos desses nomes perduram
até os dias atuais na memória da população. Dick explica essa preferência no trecho que
segue:

“O Brasil nasceu sob o signo da fé”... A religiosidade se manifestou, de início, de


forma muito particular, na toponímia que as expedições de reconhecimento da
costa deixaram fixada nos acidentes avistados e que iam sendo nomeados
segundo os preceitos católicos romanos. (DICK, 1996, p. 148)

Os nomes de natureza religiosa, no período de formação da capital baiana,


demostram o pensamento da época em que se implantava a religiosidade cristão-católica,
resultando em diversas igrejas sob a proteção dos santos, tais como a de São Pedro, Santa
Tereza, São Miguel, dentre outras. Nessa perspectiva, os hagiotopônimos totalizaram um
percentual de 11%, conforme se pode verificar na maioria dos bairros da Cidade Alta.

Ainda em terceiro lugar, aparecem os sociotopônimos e os historiotopônimos, com


11% cada um. Com um número um pouco menor de ocorrências, aparecem os
ergotopônimos, com 8%. Em seguida, vêm os animotopônimos que somaram 7% das
ocorrências. Os corotopônimos, com 4%, os hodotopônimos e os dirrematopônimos, com
3% cada. E as menores ocorrências foram com 1% para os númerotopônimos, os
somatotopônimos e os poliotopônimos cada um.

Dentro as taxionomias propostas por Dick (citadas em 5.2), não foram encontradas
no corpus: astrotopônimos, cromotopônimo, morfototônimos e os dimensiotopônimos,
dentro do campo de natureza física. Já as taxionomias de natureza antropocultural não
173

foram encontrados topônimos que pudessem ser classificados como: cronotopônimos,


axiotopônimos, etnotopônimos, ecotopônimos.

Quanto à origem dos topônimos, percebe-se a predominância dos topônimos de


origem latina. Os topônimos de origem indígena e africana tiveram menor ocorrência.

Dos topônimos que mudaram de nome, aparece José Bahia que era chamada de
Beco do Padre e Rua Caio Moura que já foi chamada de Rua dos Carvões. A Rua Carlos
Gomes já foi chamada de Rua de Baixo, Baixa dos Sapateiros, como popularmente é
chamada, foi a antiga Rua da Vala e, hoje, é chamada de Rua José Joaquim Seabra. Houve
também a mudança ortográfica dos nomes dos bairros que aparecem na obra, a saber: Peri-
Peri atualmente escrito Periperi, Placa Ford, hoje escrito Placaford.
174

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de alcançar o objetivo geral da dissertação, que foi verificar o


vocabulário toponímico por meio da elaboração das fichas lexicográfico-toponímicas dos
nomes de bairros e ruas presentes na obra de Jorge Amado, intitulada Bahia de Todos os
Santos: guia de ruas e mistérios, a fim de verificar os motivos semânticos de cada “topos”,
apresentam-se as considerações finais dessa dissertação, após analisar os topônimos e os
dispor em fichas léxico-toponímicas em consonância com a teoria discutida ao longo deste
trabalho.

O princípio investigativo dessa pesquisa se amparou no seguinte questionamento: Como


o léxico, mas especificamente o léxico toponímico, representado em uma obra literária, pode
contribuir para a construção identitária do povo retratado em Bahia de Todos os Santos: guia
de ruas e mistérios, de Jorge Amado?

A fim de encontrar resposta para o questionamento acima, buscou-se conhecer o


contexto social, cultural e histórico da obra, a fim de verificar os ambientes que Jorge Amado
construiu a sua apresentação do livro-guia. Conhecendo os posicionamentos políticos e
ideológicos do autor, buscou-se compreender porque Jorge Amado escreveu um “guia” da
cidade do Salvador, vislumbrando as belezas e alertando sobre as mazelas para leitores-
visitantes.

Dentro do campo linguístico, buscaram-se embasamentos teóricos que subsidiassem a


compreensão entre língua, cultura e identidade. Fez-se, portanto, uma breve revisão sobre a
língua e sua relação com o social. As teorias das ciências onomásticas elucidaram a
compreensão sobre o nome, de modo particular, os nomes de lugares, os quais foram
fundamentais para compreender como os grupos sociais se organizam e relacionam, numa
intersecção línguocultural.

Por acreditar que cada nome de lugar pode revelar elementos singulares referentes à
comunidade linguística estudada, foi possível constatar o importante papel do léxico como
elemento retratador de realidades diversas, capaz de refletir saberes, culturas, identidades,
crenças e ideologias. Estudar esses elementos característicos de um povo por meio de
aspectos lexicais e, de maneira particular a partir do estudo dos nomes de lugares, permitiu
uma aproximação maior entre o real e o “topo”, pois foi possível evidenciar, também, a
realidade social, histórica e cultural de uma região, na medida em que revela características
175

singulares. Além de compreender o significado oculto de alguns nomes de lugares da cidade


de Salvador, em alguns topônimos foi possível trazer à tona, através de uma leitura mais
aprofundada, uma interpretação etimológica como foram os casos dos topônimos “Pirajá”,
“Matatu”, “Itapuã”, dentre outros. Dessa forma, foi possível perceber a relação com a cultura
do local.

A formação identitária de um povo parte também da linguagem e, nomear os espaços e


os meios sociais, é uma forma de evidenciar os pensamentos, as crenças, as condutas e
imprimir as identidades de cada ser, dentro de um contexto social, cultural e político. Com a
cidade do Salvador não foi diferente. Os primeiros a povoar esse espaço buscaram elementos
do seu entorno natural, mas principalmente se valeram de elementos da cultura local, nas
crenças, dos fatos históricos para nomear e tecer as redes de identificações com o outro.

Acredita-se que os resultados desta investigação já tornaram possíveis reflexões, pois, a


partir do estudo toponímico, percebe-se a relação quase que unívoca entre o nomeador e o
elemento nomeado, proporcionada tanto pela percepção do seu entorno quanto pela relação
cultural. Nesse momento, o linguístico e o extralinguístico se unem para representar a vontade
do denominador, que busca o nome “ideal” para tal espaço a partir do seu conhecimento de
mundo, mostrando valores que vão além do ato de nomear. Para tanto, o estudo do étimo se faz
necessário, no entanto o conhecimento da comunidade local é imprescindível para uma
compreensão mais ampla.

A partir da análise do corpus, verificou-se que, na denominação dos bairros e ruas,


há uma forte predominância de hidrotopônimos e fitotopônimos, para os nomes de
natureza física, os hierotopônimos e antropotopônimos de origem portuguesa para os
nomes de natureza antropocultural. Nisso, pode-se observar que, no ato de nomeação,
foram as diversidades da natureza que animaram o denominador, enquanto que, nos
aspectos antropoculturais, a religiosidade prevaleceu desde a formação da cidade, seguida
dos denominativos que buscam homenagear pessoas que contribuíram para o
desenvolvimento da mesma.

Ao longo deste trabalho, foram feitas algumas modificações no projeto inicial, desde o
título do projeto até ao número de topônimos que seriam analisados no corpus da pesquisa. A
proposta inicial era analisar todos os topônimos presentes na obra-guia, desde os becos, as
avenidas, as praças e outros. No entanto, pela amplitude do trabalho, o tempo não favoreceu
para que se realizasse tal abordagem.
176

Acredita-se que, por se tratar de um estudo inédito no programa de pós-graduação em


Estudos de Linguagem, da Universidade do Estado da Bahia, os resultados dessa dissertação
podem ajudar a compreender melhor a dinâmica dos nomes de lugares, bem como contribuir
com mais uma fonte de investigação para ajudar a divulgar os estudos topônimos na Bahia,
além de contribuir para a elaboração do Atlas Toponímico da cidade do São Salvador, um
dos projetos do Programa de Pós-Graduação, o qual essa dissertação está vinculada.

Com todas as discussões apresentadas, acredita-se que desenvolver o estudo dos


topônimos pode vir a ser um ganho sociocultural, pois se apresentam informações
históricas do lugar, a origem do topos, a natureza semântica que animou no ato de
nomeação, sobretudo, conhecer os aspectos linguísticos atrelados a uma obra literária que
conta “as graças da Bahia”.

Jorge Amado, em seu “guia de ruas e mistérios”, apresenta uma cidade hospedeira,
mística que, desde a sua formação, busca vencer dificuldades através da luta de sua gente
alegre, e que não perde a esperança de dias melhores. Bahia de Todos os Santos é uma
enciclopédia da cidade do salvador, do povo da Bahia.

Com todas as considerações apresentadas, certamente essa pesquisa não se esgota


neste trabalho. Esse foi apenas o início de um estudo que deverá ser aprofundado e
ampliado em investigações futuras.

Vem, a Bahia te espera!


177

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