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Texto: Que tiro foi esse?

Escondem os defuntos debaixo do tapete e
seguem
Que tiro foi esse? Covardes as autoridades 
Não, não vou cair no chão, pelo Zombam da situação
menos agora Político esperto explora o medo
Eu também sou brincalhão, mas brincadeir E qualquer sentimento da população
a tem hora
Lá fora, no meu Rio, cada vez mais gente A violência estúpida afeta todo mundo
chora Menos esses vagabundos lá da cúpula
E cada vez mais gente boa tem Corrupta, hipócrita e nojenta
vontade de ir embora. Que alimenta essa guerra
E da guerra há muito tempo se alimenta. 
O Rio que a gente adora comemora o Se morre mais um assaltante ou assaltado,
Carnaval tanto faz
E a violência apavora, ou você acha Pra eles, nós somos todos iguais
normal? Operários, empresários e presidiários e
A boca que explode o silêncio do medo policiais
O suspiro da morte banal Nós somos os otários ideiais.
O lamento de um povo que implora
Por uma vitória do bem sobre o mal.  Será que alguém duvida
Que a fortuna da corrupção bem investida
Atenção: confusão, invasão Teria salvo dezenas, centenas, 
Tiroteio fechando a avenida outra vez milhares, milhões de vidas?
Muita bala voando e acertando Desde que eu me conheço por gente
Até mesmo as crianças; às vezes bebês. E até muito antes, quantas mortes de
inocente
Criança, meu irmão, não é estatística: Valem cada anel de brilhante?
é gente
Alguém de verdade Governantes dão mau exemplo
Como a Emily Neves, menininha linda E os valores são invertidos
De três aninhos de idade Se o desonesto, malandro
Tentativa de assalto, dez tiros no carro O menor também quer ser bandido
Não é uma fatalidade Alguns, né, a minoria,
Uma dúzia de flores num caixão pequeno  Mas não o bom Jeremias, que cresceu lá
E um adeus no "Jardim da Saudade". na Maré
Com fé e sabedoria
João Pedro, quatro anos, Lendo livros, jogando uma bola
Seguia para a igreja com o pai e os irmãos, Estudando violão e bateria
quarta-feira, A mãe desmaiou no enterro 
Mas um tiro acertou suas costas Você não desmaiaria?
E encheu de tristeza uma família inteira. Que força você teria para enterrar o seu
garoto?
O Luís Miguel, de sete anos,  Que forças ainda temos
Em casa, levantou pra pedir um copo d Pra nos amar uns aos outros?
´água  E nos armar de indignação por Justiça
Mas levou uma bala perdida e Educação
E deixou sua mãe toda ensanguentada. Pra que essas e outras crianças
Não tenham morrido em vão:
Meu surdo parece absurdo, Sofia, Maria Eduarda, Caíque, Fernanda, 
Mas muitos se fazem Arthur, Paulo Henrique, Renan,
de surdos (conseguem) Eduardo, Vanessa, Vitor
Confundem um fuzil com foguete Esses foram ano passado
Quem será que vai ser amanhã?
13- Que sentimento o último verso da
(Gabriel O Pensador) canção nos transmite? Justifique sua
resposta.
ATIVIDADE

1-Você acha normal a violência presente,


em especial, no Rio de Janeiro? Qual o
perigo de as pessoas passarem a achá-la
normal? Comente:

2-Qual o perigo de se considerar todas


as mortes apenas estatística?

3-Que crítica encontra-se contida no


verso "Confundem um fuzil com
foguete"? 

4-O que Emily, João Pedro e Luís Miguel


têm em comum, além de terem sido
vítimas da violência?

5-Existe alguma diferença entre as


mortes de adultos e de crianças? Se
sim, qual? Explique: 

6-Por que para os governantes "nós


somos todos iguais"?

7-Por que o autor da música considera que


"Nós somos os otários ideais"? Você
concorda com ele? Por quê? 

8-Qual a importância do Jeremias para o


contexto? Explique:

9- Responda à pergunta feita no rap: "Que


força você teria pra enterrar o seu garoto?"

10- A reação da mãe no enterro do filho


assassinado foi atípica ou comum? Por
quê?

11-Por que o autor faz questão de citar


nomes de várias crianças vítimas da
violência e não colocar números?

12- O dinheiro da corrupção poderia salvar


milhões de vidas? Como?

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