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O Plano Cohen, um dos maiores exemplos de fake news da história do Brasil.

O plano
foi divulgado pela imprensa da época e serviu como pretexto para Getúlio Vargas, em 1937,
continuar o seu governo, criando o que hoje chama-se Estado Novo. Com medo das ameaças
comunistas - de greve geral e quebrar e incendiar prédios públicos -, o novo regime ditatorial foi
instalado no país.
Essa ameaça comunista ainda é recente na história brasileira. Pode-se acompanhar
nas últimas eleições presidenciais, de 2018, um apelo bolsonarista que temia a ameaça
comunista, vinculado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Tal discurso foi bastante disseminado
por Donald Trump, nos Estados Unidos, também durante as eleições presidenciais
estadunidenses. Trump, inclusive, fez parte de um dos dois exemplos de notícias falsas, no
decorrer do mundo, que serão trazidos aqui abaixo.
Trump foi acusado de, através da Cambridge Analytica, em 2016, ter sido favorecido
durante as eleições presidenciais - a qual se consagrou vencedor. A empresa teria obtido,
indevidamente, a informação de dezenas de milhões de usuários do Facebook, tais usuários
receberam em seus algoritmos informações tendenciosas com intenção de convencer eleitores
em dúvidas, bem como espalhar informações falsas para confundir eleitores, assim, veriam em
Trump uma melhor solução para liderar o país. Acredita-se que tal resultado tenha tido
influência nas votações norte-americanas, bem como o método também tenha sido utilizado
por Bolsonaro nas eleições de 2018.
Outro caso envolvendo notícias falsas foi o surgimento do movimento antivacina no
Reino Unido, na década de 90, que atribuía a vacinação a casos de crianças com autismo. Um
artigo científico idealizado pelo pesquisador que iniciou a mentira foi publicado na revista The
Lancet, portanto, a credibilidade do cientista foi usada por ele no que veio a se tornar um
escândalo científico. O artigo foi retratado, o cientista foi desmascarado por outros estudos,
mas até hoje as informações falsas se espalham pelo mundo - os país, cheio de dúvidas e com
medo pelo seus filhos, ainda temem pela vacinação - como pudemos ver durante a pandemia
de covid-19.
A ameaça comunista, também vivenciada em período pandêmico e durante as eleições
brasileiras, pode ter sido uma das grandes consequências negativas trazidas pelo Plano
Cohen. Vê-se que há ainda resquícios desse momento de desinformação em todos os cantos
do mundo, inclusive no Brasil. Esse fato pode ter sido prejudicial, pois o plano já foi
comprovado como falso, no entanto, até hoje essas questões assombram a nossa história.
Esse, aliás, é o grande problema das notícias falsas - poucos conseguem se livrar dos seus
efeitos negativos, pois como diz o ditado: uma mentira contada várias vezes, se torna verdade.
Sabe-se que o charlatanismo e as mentiras estão presentes em nossa sociedade há
muitos séculos, no entanto, vivemos em um momento muito especial acerca do
desenvolvimento científico-tecnológico - a era da informação. Com a difusão das telas, ainda
mais durante a pandemia, a sociedade está cada vez mais conectada, ou seja, as informações
vem sendo cada vez mais facilmente espalhadas. A rápida difusão de informação, com toda a
certeza, é o fator que mais potencializa e aumenta a disseminação de notícias falsas no Brasil
e no mundo.
Um caso recente onde as notícias falsas foram trágicas aconteceu em Santa Catarina,
em 2017. O alvo foi o, à época, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luis
Olivo, condenado injustamente pelo desvio de 80 milhões de reais de um projeto público dentro
da Universidade. Dezessete dias após as denúncias, o ex reitor se suicidou, pois não aguentou
a repercussão pública difamatória.
As soluções para a disseminação de notícias falsas sempre serão responsabilidades da
educação. As escolas precisam preparar os estudantes para duvidar das informações a quais
são submetidos, além de saber procurar fontes de informação sérias, além disso, as
universidades precisam preparar seus profissionais, de todas as áreas, para que o mesmo não
se torne um disseminador de notícias falsas. Em relação aos profissionais identificando notícias
falsas, a importância se dá em visto que, durante a pandemia, profissionais/especialistas
usaram de suas autoridades científicas para espalhar notícias falsas, ou seja, além da
informação falsa por descuido, há pessoas que, intencionalmente, investem na propagação de
notícias falsas com intuitos financeiros muito bem especificados.
Garantir uma sociedade bem informada é fundamental para não acreditarmos mais em
planos que não existem e cairmos em verdadeiros golpes arquitetados.

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