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CLASSICISMO (1527 - 1580)

- Retomada pelos valores clássicos, atitude literária que se pauta pelo


culto e imitação dos antigos modelos gregos e romanos.

➺ O Classicismo corresponde, no plano literário, ao Renascimento.

- Ao viajar para a Itália em 1521, Sá de Miranda lá encontrou, em pleno


florescimento, o estudo da literatura antiga, grega e latina, e a euforia
provocada pelas descobertas científicas e marítimas que davam ao homem
uma nova visão da realidade e uma consciência mais profunda de suas
possibilidades.
- Ao trazer para Portugal, cinco anos depois, novas formas de poetar, viu
campo propício à germinação dessas formas, uma vez que se operaram em
toda a Europa a partir da segunda metade do século XV e durante o século
XVI.

➺ A literatura clássica e o Renascimento:


- Revalorização da Antiguidade greco-romana
- Período contraditório*
- Descobertas científicas
- Expansão geográfica das navegações

* O Renascimento é uma época contraditória. Ao mesmo tempo que


enfrenta os maiores desafios científicos e as aventuras marítimas,
realiza a libertação do indivíduo e desenvolve o culto à beleza,
compraz-se também no mais puro obscurantismo, evidente nos autos
de fé, na escravidão dos negros, na prática dos alquimistas e dos
astrólogos e no maior empobrecimento dos pobres.

- O Renascimento significa a ascensão da burguesia, possuidora de bens,


que aspira, entretanto, à nobreza, razão pela qual, em seu aspecto positivo,
vem manifestar o gosto aristocrático pela cultura e pelas artes. Materialista e
sensual, não pretende, contudo, uma ruptura com o Cristianismo. Pelo
contrário, torna-o mais atento à beleza do corpo e estimula seus pintores e
poetas à representação do elemento pagão ao lado dos motivos cristãos.

➛ No plano das ideia:


- Glorificação do indivíduo, concepção antropocêntrica do mundo
- Não mais o desejo de ascensão, em seu lugar o desejo de estender o olhar
aos confins da terra
- Saber concreto
- Obscurantismo, retorno à Idade Média, feitiçaria, Inquisição, Reforma,
Companhia de Jesus e Contra Reforma
- Implantação do capitalismo mercantil
- Ascensão da burguesia
- Escravidão negra
- Materialismo e sensualidade
- Homem poderoso, inteligente X impotente, pequeno diante do infinito

➺ Maneirismo: reação ao Classicismo


- Repulsa à ordem clássica
- Opção pelo dionisíaco
- Visão pessimista do mundo
- Melancolia convertida em tédio existencial, dilacerado pela descoberta da
pequenez humana e a infinitude do universo
- Apelo terreno X transcendência
- A morte como solução? ou temor da morte?
- A fugacidade do tempo
- A efemeridade da vida
- Literariamente isso se dá, no plano da expressão escrita, em antíteses,
anacolutos, metáforas, conceitos e outros ornatos retóricos

➺ Classicismo português (1527 - 1580)


- período marcado por uma grande contradição
▸Euforia:
- Descobrimentos marítimos
- Expansão territorial
- Desenvolvimento do comércio
- Portugal em um lugar de destaque no cenário geopolítico
▸Disforia:
- Derrocada de Alcácer-Quibir
- Trágico desaparecimento de D. Sebastião (1578), rei jovem, destemido,
grande esperança de Portugal
- Tomada do trono para a Espanha
- Crise vivida por Portugal entre 1578 - 1580

➺ Composição da obra camoniana


▸Gêneros:
- Épico (Os Lusíadas)
- Lírico (Rythmas ou Rimas)
- Dramático (El-Rei Seleuco, Filodemo, Anfitriões)
- Epistolográfico (Cartas)
➺ A lírica de Camões
▸ Rimas, 1595 (1ª ed.)
- Obra póstuma
- Autenticidade dos textos camonianos em questão

- O estilo camoniano: vai da tradição a inovação (modos poemáticos)


Medida velha: maneira tradicional das redondilhas, maiores e menores,
tradição trovadoresca
Medida nova: emprego do dolce stil nuovo trazido da Itália, sonetos, odes,
elegias, canções, éclogas, o decassílabo

➺ Os núcleos temáticos do lirismo camoniano


- A obra de Camões é trabalhada a partir de três vieses, uma das formas de
estudá-la é a partir dos núcleos temáticos:

▸ Teoria do amor
- Poética medieval, Trovadorismo, semelhanças com as cantigas de
amor, amor platônico apenas no plano das ideias e da sensibilidade,
idealização, teor erótico
▸ Experiência amorosa
- Também ligado às cantigas trovadorescas, plano da experiência, amor
vivido, experimentado, felicidade e sofrimento do amor, aproximação as
cantigas de amigo
▸ Desconcerto do mundo
- Mundo fora de harmonia, unidade, sintonia, relacionada ao aspecto
individual, eu poético em desarmonia com o mundo desde o momento
em que se nasce, mundo às avessas
▸ Paradoxo
- Reflexo do período de contradição do classicismo, antíteses,
construção das frases, anacolutos, inversões, oposição das ideias
▸ Meditativo, reflexivo, metafísico
- Reflexão, meditação dos problemas metafísicos do homem e não do
desconcerto do mundo, problemas existenciais relacionados ao ser
humano, efemeridade da vida e fugacidade do tempo
▸ Platonismo versus Aristotelismo
- Idealidade, sensibilidade, imaginação, transcendental
- Racionalidade, matéria, terreno, palpável
➺ O riso nas rimas de Camões
- Outra leitura possível da obra de Camões
- Humor amargo, humor machadiano
▸ Humour
- Caracterização do humor inglês, humor da coisa séria, humor negro,
auto ironia, ri de assuntos sérios, ri da própria desgraça, do triste
destino e infelicidade, faz graça do próprio pesar
- Aspectos biográficos
▸ Equívocos, trocadilhos, discurso engenhoso
- Jogos de palavras, brinca com palavras de mesma grafia, palavras com
significados ambíguos, várias formas de trabalhar a mesma palavra
▸ Sorriso faceto ou graça episódica
- Poemas de uma graça leve, sorriso leve, leveza
- Poemas em que Camões brincou com determinados episódios, que
ocorreram com outras pessoas e com ele mesmo

➺ O caráter residual na lírica camoniana


- Terceiro e último viés
- A obra de Camões trabalha a tradição e a inovação, percebe-se que a
mentalidade de Camões vai desde o passado medieval, passa pelo período
clássico e até adentra o futuro, refletindo assim, o modo de pensar anterior,
da tradição medieval, o modo de pensar clássico, característico de seu
tempo, e um modo de pensar que era uma antecipação do futuro, cuja
mentalidade estava a frente de seu tempo.
▸ Trovadoresco
- Relacionado a tradição, temos influência do amor cortês trovadoresco,
do serviço amoroso à mulher amada “minha senhora”, aquele que sofre
e se desdobra para servir a mulher amada
▸ Palaciano
- Característica da mentalidade de um homem do seu tempo, aquele que
tinha um relacionamento com as pessoas do palácio, da côrte, usava
uma linguagem coloquial, relação próxima as pessoas do poder
naquele momento, traz o gosto aristocrático, trocadilhos, poemas
escritos para reuniões da aristocracia
▸ Engenhoso
- Modo de compor que vai trabalhar a melhor palavra e o melhor modo
de usar tal palavra, tanto está ligado a uma mentalidade clássica como
tem um caráter antecipatório, visto que, remete à escrita do barroco.
busca usar melhor as palavras para se fazer entender ou fazer com
que as palavras cumpram o seu objetivo no espírito do leitor
▸ Clássico
- Imitar para chegar ao próprio estilo, criar aquilo que é o modelo próprio
de fazer, mas sempre partindo de um modo existencial de ser clássico,
partindo de um parâmetro, de um modelo para alcançar o próprio modo
de pensar, escrever e viver
▸ Antecipatório
- Escrever, pensar, criar e arquitetar sua obra tendo a preocupação com
aquilo que é a função da obra para com o leitor, antecipa os princípios
e conceitos do modo barroco de escrever
- De mesmo modo, quando Camões escreve com um eu poético
extremamente voltado para si próprio, que estampa sua dor na poesia
de modo que toda a exterioridade é uma extensão do eu,
demonstrando um forte egocentrismo, o autor antecipa a mentalidade
romântica que só ganharia força muitos anos depois

➺ Os Lusíadas (1572)
- “Publicada em 1572, depois de demorada elaboração, a superar uma
dezena de anos, e vencendo a censura inquisitorial e jesuítica, Os lusíadas
rememoram e reavaliam a história do povo português a partir dos
acontecimentos ligados às descobertas marítimas ou, mais precisamente, à
viagem de Vasco da Gama às Índias. Não tinham sido poucas as tentativas
de transformar o assunto em poesia épica, nem pequenas as vozes a
conclamar pelo aparecimento de um poeta que, em gênio, corresponde à
grandeza das realizações portuguesas.”
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa. São Paulo Cultrix. 1985.)

▸ Poema épico ou Epopeia


“Narração de fato heróico grandioso e de interesse nacional e social. [...] se
trata de ‘cantar os feitos dum povo que haja contribuído para a realização de
acontecimentos que interessem à vida da humanidade, temos a epopeia.”
(Emanuel Paulo Ramos. Prefácio. In: Os Lusíadas. Porto Editora, 1997.
p.44)

- A intenção do poeta não se limitava a elaborar uma epopeia sobre os feitos


de um herói, mas de todo um povo, encarnado na figura de Vasco da Gama.
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa. São Paulo Cultrix. 1985.)
▸ Estrutura formal da obra
- 10 cantos, 1102 estrofes
- Cada canto contém em média 110 estrofes. O canto III é o mais curto,
com 87 e o mais longo é o X, com 150.
- Estrofes de oito versos, oitavas, oitava rima (ABABABCC)
- 8816 versos decassílabos (medida nova)

▸ Divisão da obra (e de todos os épicos clássicos)


↳ Proposição - apresentação da obra (Canto I - est. 1 - 3)
Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores
portugueses, em especial, os da esquadra de Vasco da Gama e a
história do povo português.
↳ Invocação - chamamento, pedido de inspiração às Tágides (Canto I -
est. 4 - 5)
O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as Tágides, que irão
inspirá-lo na composição da obra.
↳ Dedicatória - homenagem (Canto I - est. 6 - 18)
O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança da
propagação da fé católica e continuação das grandes conquistas
portuguesas por todo o mundo.
↳ Narração - narrativa das ações históricas e mitológicas (Canto I - est.
19 ao Canto X - est. 144)
A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da
história heróica portuguesa.
↳ Epílogo - crítica, reflexão angustiada do poeta (Canto X - est. 145 -
146)
Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não
ser ouvida com mais atenção.

▸ Estrutura do poema e narradores


(legenda dos ciclos épicos d’Os Lusíadas)
- Narrador externo - Camões: fatos reais, históricos, narrados
diretamente pelo poeta e excursos pessoais
- Narrador externo - Camões: narração dos episódios míticos
- Narrador personagem, interno - Vasco da Gama: os episódios
heróicos na nação portuguesa ocorridos no passado e de parte da
viagem marítima
- Narrador interno - Júpiter, Adamastor e Tethys: as narrativas de
natureza profética
▸ O estilo épico
O estilo corresponde ao conteúdo n’Os Lusíadas, Camões solicita às
Tágides, um estilo “grandioso e corrente”
- Ritmo pomposo e solene
- Adjetivos escolhidos em função do objetivo enaltecedor (não raro
superlativados)
- Perífrases empoladas
- Emprego da comparação dignificante
- Emprego da hipérbole
▸ A matéria épica
De acordo com Emanuel Paulo Ramos:
- O real grandioso; (Poemas de feitos extraordinários, na realidade
acontecidos, em torno de um dos mais altos momentos da História da
civilização - o do contato entre o Ocidente e o Oriente, “por mares nunca
navegados”)
- O irreal mítico; (Os deuses e ninfas - que a concepção cristã da vida, no
poeta, obriga a uma autodestruição no canto IX - foram outrora uma
explicação racional, bela e suscetível de tornar-se sublime da natureza
silenciosa. Na realidade, porém, os “deuses são (...) com os seus caprichos, a
sua agitação, os seus planos e manhas, os verdadeiros homens” nos
Lusíadas, e, além disso, a “mesma natureza personificada”)
- O milagre; (Tendo em vista a presença da mitologia, seria prudente a
inclusão de milagres cristãos numa obra que teria que receber a licença da
Santa Inquisição)

▸ Características do Classicismo n’Os Lusíadas


- Antropocentrismo: o homem é a medida de todas as coisas, os feitos
do homem lusitano são o grande centro na obra de Camões
- Nacionalismo: Camões exalta o povo português ao longo de toda a
obra, reis, grandes feitos, as batalhas heróicas e as grandes passagens
da história de Portugal. Até as musas são nacionalizadas na obra
- Fusionismo (vem de fusão): Camões funde a crença religiosa católica
cristã com as divindades pagãs
- Linguagem rebuscada: marcada pelo uso do hipérbato, figura de
linguagem que consiste na inversão da ordem da frase
➺ O Barroco (1580-1756)
- O Barroco é um estilo de época, uma atitude artística diante da existência e
da História, um conjunto de postulados ideológicos que vigem de 1580 a
1756. A fixação desses marcos cronológicos leva em conta que
manifestações embrionárias (características maneiristas da obra de Camões)
do estilo em apreço já aparecem durante a Renascença, pelos fins do século
XVI, estende-se em Portugal por todo o século XVII e alcança os cinquenta
anos iniciais do século XVIII, enquanto no Brasil tem vigência até o século
XIX.
- Dois fatos assinalam historicamente o fim do Renascimento em
Portugal:
↳ O desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer-Quibir, no ano de
1578, que redunda na anexação de Portugal à Coroa espanhola por
Felipe II da Espanha em 1580
↳ Morte de Camões também em 1580

Talvez o desequilíbrio e o conflito responsáveis pela tensão dramática


expressa no Barroco se compreendam se atentarmos para quatro bruscas
mudanças ocorridas durante o Renascimento, as quais significam uma radical
alteração da realidade daquela época. Os motivos que vieram a tornar a vida
caótica, incoerente, afetando a produção artística e desenvolvendo o estilo
barroco são:
↳ Falência da visão de mundo medieval renascentista diante da
teoria heliocêntrica de Copérnico, aprofundada pelos estudos de
Galileu sobre a mecânica celeste. Instaurou-se então a consciência de
que o ser humano era pequeníssimo dentro do universo;
- Em consequência, ganhou força a noção de espaço infinito e a certeza
que na natureza e na História tudo era presidido pela dinâmica.
- A visão de mundo estática e antropocêntrica, comum à Idade Média e a
Renascença, cindiu-se, e o pensamento humano se deu conta que o
homem se movia entre dois extremos: o seu poder e a sua
insignificância
↳ O conflito religioso ante a cisão cristã luterana - protestante
versus católicos ― instaura a dúvida: quem estará com a
verdade? A Reforma luterana avançou no até então bloco religioso
monolítico da Igreja Católica, dele conseguindo obter muitos adeptos.
Do embate religioso decorre a ação de Inácio de Loyola, padre jesuíta
que no seio da própria Igreja idealiza a Contra-Reforma e a Companhia
de Jesus para viabilizá-la, seguindo uma diretriz traçada no Concílio de
Trento.
- No decurso desse conflito religioso, a corporação jesuítica surge como
agente qualificado que aceita o espírito pulsante da sociedade do
tempo, e o incorpora para conferir à Igreja o aparelhamento, as armas
do espírito moderno nascente, a saber, a disciplina do cientista, a
imaginação sem fronteiras do artista, a argúcia psicológica do
dramaturgo.
- Não é por acaso que o Barroco está intimamente associado ao conflito
religioso, via ação jesuítica, na evangelização colonizadora do Novo
Mundo
↳ A passagem do pensamento dirigido pela autoridade (política,
religiosa e científica) para o plano do livre pensamento e do
racionalismo (este com Descartes e Pascal). É possível que hoje isso
pouco signifique, mas numa época de pensamento dirigido e reprimido
de modo implacável e pela força, a Inquisição foi algo indescritível.
- Naquela quadra de obscurantismo intelectual, o pensamento humano
foi submetido com rigor implacável ao sistema de domínio alicerçado
no saber religioso oficial, através da força repressiva da Inquisição
- Pensar passou a ser, com a ordem inaciana, uma questão aberta
depois da Reforma e do Concílio de Trento
↳ A configuração geográfica do mundo, circunscrita até os
descobrimentos à Europa, fez ver aos europeus o quanto era
insignificante seu continente. Isto abalou e deprimiu os
descobridores, que pensavam ser os únicos senhores da Terra. Tal fato
veio aguçar a crise aberta com a constatação da pequenez humana
diante das conquistas da ciência e da astronomia que redundaram na
noção de infinito.
- Porém os descobrimentos marítimos, de certo modo, devolveram ao
homem a crença em sua própria potência inventiva, pois, impedido de
interferir no espaço vertical, pôde experimentar o poder divino ao
submeter a natureza a seu desejo de dominação e espírito de aventura

▸ Conceito de Barroco
O Barroco foi um estilo que predominou nos vários setores da arte europeia e
da América Latina, dos meados do século XVI ao fim do século XVIII. Período
marcado pela acumulação de conhecimento, novas expressões, desejo de
infinito influência da Companhia de Jesus. Pela diversidade do movimento,
muitas foram as tentativas de definir o Barroco:
↳ Cornelius Gurlitt; afirmou que o Barroco era um estilo baseado nas
formas clássicas do Renascimento, que haveria uma derivação dos
modos de expressão originados na Itália, por influência da Companhia
de Jesus e seria um estilo com fins didáticos, de ímpeto exagerado
↳ Heinrich Wölffin; definiu o Barroco como a passagem de formas
mais lineares a outras mais pitorescas, reveladoras de um novo sentido
de vida. Fez uma análise psicológica das formas barrocas que, para
ele, consistiam na dinamicidade do movimento de massas, cujo centro
se encontra no desejo de infinito, na sensação de uma coisa aterradora
poderosa e inconcebível, uma espécie de intoxicação do espírito
humano causado pelo desejo de perder-se nos abismos da eternidade

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▸ Princípios fundamentais do Barroco


- Agudeza: força das palavras para penetrar no espírito do leitor ou
ouvinte, literariedade
- Conceito: “O trabalho do espírito na descoberta de relações incomuns
(insólitas) entre as coisas, entre as palavras e o trabalho sobre o
discurso para o fazer dizer essas relações novas e insuspeitadas.” É
um ato do entendimento, que exprime a correspondência que se
encontra entre os objetos. A correspondência é a que se opera entre o
objeto real e o sentido poético dado a ele
- Engenho: para realizar esse entendimento é necessário o trabalho
com as palavras, que Gracián chama de engenho, esmero formal,
polimento. É através do conceito e do engenho que se alcança a
agudeza

▸ Principais figuras empregadas na poética barroca


- Metáfora: possibilitava realçar três qualidades; novidade, clareza e
brevidade
- Hipérbole: permite ressaltar a inadequação entre o excesso e a
natureza do sujeito, coisa ou situação a que é atribuída a qualificação
ou descrição
- Antítese: faculta a associação de vocábulos semanticamente opostos
e exprime o conflito, o choque de contrários ou a justaposição
- O artista barroco não restringiu o aproveitamento da palavra somente
ao campo semântico, explorou também a massa fônica no jogo das
semelhanças (paronímia), das convergências e divergências de som e
sentido (homonímia) e no de equívocos (trocadilhos)

▸Temas da poesia barroca


No plano temático observamos que a visão de mundo do homem barroco
reflete um universo complexo, tecido de contrastes, de forças opostas que ora
se equilibram em tensão dramática, ora se chocam frontalmente. O plano
temático de que falamos é o seguinte:
- O tempo: o mundo barroco é dominado pela categoria do tempo, pelo
seu fluir e pelo seu poder imperativo sobre os homens e as coisas
- A ilusão: ligada ao núcleo da transitoriedade de tudo
- O amor e a imagem da mulher: embora não seja tema dos mais
frequentes, não deixa de estar presente pondo-se de par os
sofrimentos amorosos, a dor da ausência, o amor não correspondido, a
saudade do passado
- A religiosidade: o homem apresenta-se como pecador numa posição
de dependência total em relação ao amor e a misericórdia de Deus
- O jocoso: ao lado da meditação desenganada sobre o homem e o seu
destino, o apelo à fruição imediata, numa valorização impressionante
dos bens terrenos cuja efemeridade tanto se apregoou; ao lado da
visão idealizada do amor, a visão sensual, ao lado da exaltação
panegírica, o retrato caricatural

▸Os cancioneiros
- A Fénix Renascida, 1716. Recolhidos e editados por Matias Pereira da
Silva
- O Postilhão de Apolo, dois volumes, Ecos I e II, publicados em 1761 e
1762, por José Ângelo de Moraes

▸Padre Antônio Vieira


contexto histórico século XVII
padre antônio vieira vida e obras
retórica barroca em vieira
sermão pelo bom sucesso das armas de portugal

morte dom sebastião


estabelecimento da união ibérica portugal espanha 1580
independencia dos paises baixos do domínio espanhol 1581
criaçao companhia das indias ocidentais pelos neerlandeses 1621 apos
fechamento dos portos portugueses e espanhóis aos navios neerlandeses
1595
primeira invasão da bahia pelos neerlandeses 1624
invasão e ocupação de Pernambuco pela WIC 1630

- Nasceu em 1608, em Lisboa, e faleceu em 1697, em Salvador


- Filho de Cristóvão Vieira Ravasco e D Maria de Azevedo
- Veio morar no Brasil em 1614, com seis anos de idade
- Foi educado no colégio jesuíta da bahia, onde estudou retórica, filosofia
e teologia
- Cedo fora reconhecido como erudito e orador eloquente
- Em 1623, com quinze anos de idade, iniciou seu noviciado na ordem
jesuítica
- Era ainda noviço quando em 1624, ocorreu a primeira invasão da bahia
pelos holandeses
- Aos dezesseis anos, foi encarregado de relatar a referida invasão na
carta ânua para o Geral da Companhia em 1626
- Em 1627 está em Olinda lecionando retórica no colégio jesuíta, mas
logo volta à Bahia
- Foi ordenado padre em 1634
- Em 1638 houve uma nova tentativa de invasão da Bahia, sobre a qual
Vieira escreveu o Sermão de Santo Antônio
- Em 1640, com uma nova invasão da Bahia pelos holandeses, Vieira
prega, na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, seu sermão intitulado
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de
Holanda
- Trabalhou entre os escravos, indios e negros até 1641
- Um dos principais nomes do Barroco brasileiro e português

▸A Retórica barroca em Vieira


- Retórica: a arte da eloquência, a arte de bem argumentar, arte da
palavra
- Modo de expor, argumentar, provar e persuadir um público ouvinte
- Característica do Barroco
- Propriedades da Retórica: interrogação, repetição, intensificação,
organização discursiva, persuasão

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