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MODELO PARA A ENTREGA DAS ATIVIDADES (veja instruções no rodapé)

CURSO: História

POLO DE APOIO PRESENCIAL: Higienópolis

SEMESTRE: 6º

COMPONENTE CURRICULAR / TEMA: História da América III

NOME COMPLETO DO ALUNO: Artur Capecce Bandouk

TIA: 20516657

NOME DO PROFESSOR: DENISE WANDERLEY PAES BARROS

ATENÇÃO: Toda atividade deverá ser feita com fonte Arial, tamanho 11, espaço de
1,5 entre as linhas e alinhamento justificado entre as margens.
Para começar a falar sobre a questão do “patrão-cliente: o clientelismo”,
primeiro vale destacar, que o texto de Teles (2015, p.102) traz uma reflexão
crítica muito interessante sobre os conceitos de caudilhismo e clientelismo, que
nos ajuda a desmitificar algumas simplificações acerca destes.
A começar sobre o caudilhismo, que na historiografia clássica, reduzia e
estereotipava, tendo como componentes deste caudilhismo clássico, a
ruralização do poder, a violência como forma de competência política e a ideia
de um vazio institucional.
Posteriormente, outras perspectivas vieram, enriquecendo e trazendo
novas possibilidades de análise para este conceito, como os estudos de
Goldman e Salvatore, que traz a importância da psicologia das multidões, onde
o líder caudilho é uma liderança política que tinha poder de impactar no
emocional e no sentimento das massas, que o seguiriam apaixonados, chamada
de “irracionalidade das massas”.
Novos estudos também quebram outro paradigma do caudilhismo, o de
vazio institucional. Ao meu ver, seria muito difícil controlar as massas da forma
que ocorreu, sem um aparato de instituições e de estruturas políticas que o
auxiliassem, e isso é confirmado no texto de Teles (2015, p.103), onde vemos
que os estudos trazem bases empíricas comprovando que a legitimidade do
poder do caudilho na província era auxiliada por instituições e relações formais
criadas e absorvidas para fortalecê-lo.
Os funcionários administrativos e magistrados sofriam influências do
caudilho e uma estrutura político-administrativa era construída a serviço do
poder local. Outro exemplo de estrutura, era a guarda nacional, que quando não
era propriamente formada por caudilhos, eram pressionados pelos mesmos a
dar força militar quando precisassem, usando até mesmo o jogo de interesses
do clientelismo. Por fim, temos a quebra de outro paradigma, que é a ruralização
do poder, onde na verdade que muitas vezes o caudilho ultrapassa as fronteiras
rurais, chegando a interagir com o meio urbano, chegando até níveis nacionais
e internacionais, como o caso de Rosas no texto que lemos na aula anterior, tido
quase que como um presidente.
Agora falando sobre a questão do patrão-cliente, o clientelismo é
caracterizado como uma ligação pessoal entre duas pessoas, entre indivíduos
que possuem poder e riquezas diferentes, numa relação vertical, em que um tem
muito mais riqueza que o outro. O cliente busca proteção política e econômica e
em troca oferece a seu patrão sua mão-de-obra, serviços e lealdade. Tal relação
foi vista nas relações de classes agrárias do Antigo Regime europeu, entre
proprietários de terra e arrendatários. Nesta relação é esperada uma
reciprocidade, que o patrão disponibiliza meios de subsistência e seguro contra
ATENÇÃO: Toda atividade deverá ser feita com fonte Arial, tamanho 11, espaço de
1,5 entre as linhas e alinhamento justificado entre as margens.
crises de subsistência com proteção, mediação e influência, enquanto isso, o
cliente fornece mão-de-obra, bens suplementares e a promoção de interesses
de seu patrão (TELES, 2015, p. 108).
Outro estudo, de Tiago Gil, mostra a importância da reciprocidade na
relação de patrão e cliente, onde direitos mínimos são assegurados para os
clientes, com a noção de reciprocidade temos, se tais direitos não fossem
garantidos, poderíamos ter a quebra do sistema clientelista. Também vemos as
relações do clientelismo no período imperial, onde o bando comandado por
Rafael Pinto Bandeira tinha diversos estratos sociais nos seus negócios ilícitos
na fronteira do Rio Grande, desde homens do governo e do império português
até segmentos sociais mais baixos, como lavradores, marinheiros, peões. Havia
uma relação entre o bando e a coroa, para a manutenção das possessões no sul
da América portuguesa. Portanto o bando comandado por Rafael, tinha uma
relação que garantia os interesses da coroa, numa relação entre o bando, poder
local e império, a partir de negociações e conflitos (TELES, 2015, p. 110).
Por outro lado, o clientelismo não era absoluto no sistema político do
século XIX, José Murilo de Carvalho mostra que articulações políticas da elite
política do império, muitas vezes iam contra os interesses clientelistas,
principalmente quando o Estado chegava nas periferias do sistema. A partir de
um Estado que tinha interesses próprios que desenvolveu leis de terras e
impostos, tais movimentos geravam conflitos, perturbavam o poder local e o
clientelismo (TELES, p. 112).
Por fim, vemos a noção errônea do caudilhismo ser uma forma de
clientelismo, onde na verdade, o clientelismo é uma das características do
caudilhismo, conforme vimos acima, com o exemplo da guarda nacional, que no
período colonial eram milícias, foram transformadas em guardas nacionais no
império e realizavam troca de favores, para a proteção militar do caudilho.
Evidenciando o clientelismo como uma característica do caudilhismo
Para encerrar, podemos trazer o tema para o hodierno. Recentemente
vimos nas redes sociais, um homem, ruralista e proprietário de terras, fazendo
um vídeo com uma senhora, que se encontrava em extrema vulnerabilidade
social dizendo que não iria mais doar comida, pois ela alegou voto no Lula. Isso
evidencia claramente uma tentativa de intimidação muito semelhante às práticas
clientelistas, no caso ele queria uma troca de favores, dar comida a senhora em
por meio da intimidação (recusa de alimento), para conseguir voto no presidente
que apoia seus interesses políticos.
Hoje vemos explicitamente o poder do agronegócio, a relação do governo
com os mesmos, vemos nas áreas rurais a falta que uma reforma agrária fez,
continuamos com grandes latifúndios, com poderes concentrados nas mãos do
agronegócio e grandes ruralistas, que muitas vezes fazem uso disto, para
conseguir condições de trabalho precárias para a classe trabalhadora na zona
ATENÇÃO: Toda atividade deverá ser feita com fonte Arial, tamanho 11, espaço de
1,5 entre as linhas e alinhamento justificado entre as margens.
rural, daí vemos a precarização do trabalho, da falta de uma reforma trabalhista
que garanta mais direitos e qualidade ao trabalhadores. Os proletários que se
submetem aos trabalhos rurais precarizados, muitas vezes fazem isto, pois não
teriam possibilidade de sobreviver sem, são comprados por meio de troca de
favores a fazerem propagandas para os políticos que sustentam os interesses
da burguesia e dos latifundiários.
Portanto, me parece que as relações clientelistas, de certa forma,
continuam, se moldam com o tempo, não são estáticas, conforme vimos com os
exemplos do Antigo Regime europeu, durante a Primeira República e tantos
outros momentos da história, que a relação clientelista ocorreu, com as
características que segmentamos neste texto.

Bibliografia
Costa Teles, L. E. Caudilhismo E Clientelismo Na América Latina:
Uma discussão Conceitual. FDC 2019, 1, 100-114.
SANTOS, Lara Taline. História da América: das independências a
globalização. Curitiba; InterSaberes, 2018 | Biblioteca Virtual Universitária 3.0
Pearson | Páginas 125 a 135.

ATENÇÃO: Toda atividade deverá ser feita com fonte Arial, tamanho 11, espaço de
1,5 entre as linhas e alinhamento justificado entre as margens.

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