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Straight Guys Livro 11

Just a Bit Wrecked


Alessandra Hazard
tradução independente: S.M.L

Índice

Parte I Capítulo 13

Capítulo 1 Capítulo 14

Capítulo 2 Capítulo 15

Capítulo 3 Capítulo 16

Capítulo 4 Capítulo 17

capítulo 5 Capítulo 18

Capítulo 6 Capítulo 19

Capítulo 7 Capítulo 20

Capítulo 8 Capítulo 21

Capítulo 9 Capítulo 22

Capítulo 10 Capítulo 23

Capítulo 11 Capítulo 24

parte II Epílogo

Capítulo 12 Do autor
Série Straight Guys:

Xavier and Sage: Straight Boy: A Short Story (Book #0.5)

Derek and Shawn: Just a Bit Twisted (Book #1)

Alexander and Christian: Just a Bit Obsessed (Book #2)

Jared and Gabriel: Just a Bit Unhealthy (Book #3)

Zach and Tristan: Just a Bit Wrong (Book #4)

Ryan and James: Just a Bit Confusing (Book #5)

Roman and Luke: Just a Bit Ruthless (Book #6)

Vlad and Sebastian: Just a Bit Wicked (Book #7)

Dominic and Sam: Just a Bit Shameless (Book #8)

Nick and Tyler: Just a Bit Gay (Book #9)

Ian and Miles: Just a Bit Dirty (Book #10)

Todos os direitos reservados. Este livro ou qualquer parte dele não pode ser
reproduzido ou usado de qualquer maneira sem a permissão expressa por escrito
do autor, exceto para o uso de breves citações em uma resenha de livro.

Esta história é um trabalho de ficção. Nomes, personagens e eventos são produtos


da imaginação do autor.

Este livro contém sexo e linguagem gráfica muito picantes.


Sinopse

Um acidente de avião. Um homofóbico e um gay perdidos juntos em uma ilha


deserta. Um amor nascido do ódio, necessidade e desespero mútuo.

Andrew Reyes é bonito, rico e muito heterossexual — ele é casado com uma
mulher linda. Falando abertamente sobre sua aversão aos gays, ele não se intimida
com sua opinião enquanto observa o casal gay com quem ele e sua esposa dividem
um vôo.

Logan McCall é bonito, rico e assumidamente gay. Ele não está impressionado
com o empurrão preconceituoso através do corredor, não importa o quão agradável
ele seja.

Para seu choque e horror, eles são os únicos sobreviventes quando o avião cai —
presos em uma ilha deserta sem esperança de resgate, e ninguém além de um ao
outro para sobreviver.

Conforme os dias se transformam em meses, o desdém, a antipatia e uma ânsia


que eles não entendem e não conseguem resistir podem se transformar em uma
conexão? Ou algo mais?
Parte I

Capítulo 1

—Pare de olhar para eles, querido. Você está sendo terrivelmente rude.

Andrew Reyes desviou o olhar do casal gay e olhou para sua esposa. Vivian estava
carrancuda para ele, desaprovação evidente em seu rosto gentil.

Andrew fez uma careta. —O que é rude é que eles estão praticamente tateando um
ao outro na nossa frente—, ele sibilou. —É um lugar público. É ruim o suficiente
termos que sentar ao lado dessas pessoas por horas, mas não precisamos olhar
para isso — aquela indecência.

Vivian riu, dando tapinhas em seu braço. —Indecência? Você parece uma
senhora vitoriana de algum drama da época da BBC. É o século vinte e um, Drew.
Apenas os deixe em paz1.

Andrew olhou para sua esposa, irritado por ela não compartilhar de sua irritação.
Seu olhar voltou para o casal com quem estavam compartilhando a cabine de
primeira classe, e ele fez uma careta novamente.

O homem mais velho, o de cabelos escuros e olhos castanhos chocolate, estava


recostado na cadeira, com uma postura preguiçosa e indulgente. Os dois
primeiros botões de sua camisa azul estavam desabotoados, revelando uma
sugestão de seu peito musculoso.

O outro cara, um ruivo, estava praticamente em seu colo, beijando o pescoço


bronzeado do homem. Andrew não conseguia ver sua mão esquerda, mas tinha
quase certeza de que estava sob a camisa do homem de cabelos escuros. Era
absolutamente nojento.

1
Let them be, a tradução ao pé da letra é “Deixe-os estar”, é uma expressão para deixar alguém em paz.
—Pare de ficar olhando para eles, Andrew,— Vivian sussurrou exasperadamente.

Andrew mal a ouviu. Seu olhar seguiu a mão direita do ruivo enquanto ela descia
pelo torso musculoso do outro homem, sobre seu abdômen, até o cinto
—Nojento,— disse Andrew, olhando para cima.

Olhos castanhos fixos nos dele. Seu dono ergueu as sobrancelhas, olhando para
ele.

Andrew olhou para ele, seu rosto quente. Ficou constrangido, como se fosse ele o
flagrado se comportando de maneira desavergonhada em local público.

—Tom, vá para o seu lugar—, disse o homem, empurrando o ruivo gentilmente.


—Não queremos ofender a sensibilidade de ninguém.

O ruivo — Tom, aparentemente — choramingou. —Vamos, Logan, apenas ignore


o fanático,— ele resmungou, beijando-o no queixo. —Ele está olhando para nós
desde o aeroporto.

Logan olhou para Andrew. —Eu sei.

Ruborizando, Andrew desviou o olhar e encarou as nuvens do lado de fora da


janela.

Vivian pigarreou. —Peço desculpas por meu marido—, disse ela. —Andrew não
quis ofender.—

—Tenho certeza que não— disse Logan, sua voz muito seca.

—Não, sério,— Vivian disse. —Ele não é fanático. Meu irmão também é gay e

Andrew se dá muito bem com ele.

Andrew sorriu um pouco, sentindo uma onda de carinho. Vivian sempre foi a
pacificadora, mas isso era um exagero, mesmo para seus padrões. Ele se dava bem
com seu cunhado, Derek Rutledge — se por —dar-se bem— quisesse dizer que
eles se toleravam pelo bem da empresa e pelo bem de Vivian. Eles mal falavam um
com o outro, se não fosse da Rutledge Enterprises e Andrew falava ainda menos
com o marido de Derek. Ele não os suportava e não tinha nada a ver com ele ser
fanático. Eles simplesmente roubaram tudo pelo que ele havia trabalhado desde os
vinte anos.

Suspirando, Andrew recostou-se na cadeira, fechou os olhos e tentou adormecer.


O sono o ajudaria a passar o longo vôo do Taiti de volta aos Estados Unidos e tinha
o benefício adicional de impedi-lo de ter que olhar para aquelas pessoas por horas.
Tinha sido uma semana relaxante, apenas os dois na cabana à beira-mar em que
estavam hospedados, mas ele se sentia tão irritado e tenso agora que duvidava que
conseguiria dormir.

Ele deve ter conseguido, porque a próxima coisa que soube foi que foi acordado
por um choque violento.

Por um momento, Andrew ficou desorientado, sem saber onde estava e o que
estava acontecendo.

Certo. O avião.

O avião estremeceu repetidas vezes. Eles pareciam ter sido pegos por uma
tempestade, as nuvens fora da janela muito escuras, com relâmpagos caindo ao
redor deles com frequência alarmante.

O intercomunicador soou, seguido por uma voz feminina rígida solicitando a todos
os passageiros que colocassem seus assentos na posição vertical e o afivelassem.

Fazendo o que lhe foi dito, Andrew olhou para Vivian na cadeira ao lado dele. Ela
estava muito pálida, seus dedos agarrando o braço da cadeira com força.

—Ei, é normal—, disse ele com um sorriso tranquilizador. —Turbulência. Cada


voo experimenta algum. Raios não podem acertar o avião. — Ele tentou não
pensar nas exceções à regra — os poucos casos em que aviões caíram ou foram
destruídos devido a fortes tempestades. Esses casos eram uma anomalia
estatística.

Vivian sorriu fracamente e acenou com a cabeça.

Um homem passou por eles apressado, alguns segundos depois, alguns tripulantes
o seguiram. Outro solavanco no ar sacudiu o avião novamente, os tremores se
tornando mais alarmantes. Alguém da econômica gritou.

Vivian estendeu a mão e agarrou a mão dele.

—Não vamos bater, não seja boba—, disse Andrew, apertando-a.

Ela não disse nada, apenas olhou para ele com os olhos arregalados cheios de
terror.
Engolindo em seco, Andrew respirou fundo. Ele sabia que deveria permanecer
calmo pelo bem dela — mesmo que estivesse nervoso também.

—Está tudo bem, querida—, disse ele. —Tudo ficará bem

O avião convulsionou mais forte e então caiu, e gritos de terror encheram o avião.
Eles agora estavam descendo a uma velocidade implacável. A mão de Vivian
apertou a sua com tanta força que doeu.

Mordendo o interior da bochecha, Andrew olhou ao redor da cabine, tentando se


distrair do medo no rosto de sua esposa.

Seu olhar travou com o de Logan. Os olhos do outro homem estavam sombrios,
mas sua expressão era calma e decidida. Ele não parecia com medo. Ao contrário
dele, seu amante ruivo estava chorando em sua cadeira, agarrando o cinto de
segurança e murmurando algo baixinho.

Máscaras de oxigênio caíram de seus compartimentos e Andrew, entorpecido,


ajudou Vivian a colocá-las antes de agarrar a dele.

Ele respirou e segurou a mão de sua esposa, tentando manter a calma.

Pela primeira vez em anos, Andrew orou.

Capítulo 2

Logan gemeu, endireitando-se. Sua visão desaparecia e desaparecia, seu corpo


todo dolorido. Ele se forçou a se concentrar.

A primeira coisa que ele viu foi o corpo de Tom.

Logan não precisou verificar o pulso de Tom para saber que ele estava morto.
Havia uma ferida aberta na cabeça de Tom. Os olhos azuis de Tom estavam sem
vida, ainda arregalados de medo.

A bile subiu em sua garganta. Ele conhecia Tom há apenas alguns dias, mas ainda
era incrivelmente inquietante ver morto o cara que ele estava beijando há algumas
horas. Cristo, Tom não tinha nem vinte e cinco anos ainda.

Desviando o olhar, Logan olhou ao redor. Eles não estavam perdendo altitude, isso
era óbvio. Eles pousaram, então. Quebrou. Estava claro o suficiente para ver, o
que significava que ainda era dia, onde quer que tenham pousado. Ele tentou
calcular exatamente onde eles tinham caído, com base no tempo de vôo, mas não
deu em nada. OK, não é importante.

Seu olhar finalmente caiu sobre o cara do outro lado do corredor. O cara —
Andrew, se Logan se lembrava corretamente — estava chorando, sacudindo a
esposa e implorando para que ela acordasse.

Logan olhou para ele, vagamente surpreso com a transformação. Foi-se o homem
arrogante e perfeito que zombava dele com desprezo. Esse cara mal se parecia
com aquele, seu cabelo castanho encaracolado era a única coisa que eles tinham
em comum.

Sacudindo-se para sair de seu estupor — ele havia batido a cabeça? —, Logan se
forçou a se mover. Ele desafivelou o cinto de segurança e ficou de pé, ignorando a
dor surda em suas costelas.

O avião estava silencioso. Muito quieto. Ele esperava que houvesse pânico e
gritos de pessoas, mas não havia nada. Quando Logan separou a partição que
separava a cabine da primeira classe da classe econômica, ele descobriu o motivo:
parte do avião havia sumido.

Logan olhou para o céu nublado e depois para a praia próxima. Parecia que o
avião — o que restou dele — havia caído nas águas rasas de alguma ilha, longe o
suficiente da tempestade em que o avião havia sido pego. Ou talvez tivesse se
passado horas. Há quanto tempo ele ficou inconsciente?

Nenhum nativo2. Nenhuma casa à vista. Nenhum sinal de que houvesse alguém
além deles na ilha. Provavelmente desabitado. Então, onde quer que a outra
metade do avião estivesse, ele não conseguia ver. Era possível que já tivesse sido
engolido pelo oceano. Falando em oceano, parecia que a maré ia subir em breve.

2
No locals, de no local people: nenhuma pessoal do lugar
Ele voltou para dentro e foi para a cabine. Ele não tinha muita esperança de que
alguém dentro dela estivesse vivo, e suas expectativas se mostraram corretas
quando ele encontrou os corpos do piloto e do co-piloto.

Suspirando, Logan os carregou para fora do avião, um por um, em seguida,


carregou o corpo de Tom. Por fim, restou apenas o fanático. Ele e sua esposa
morta.

—Vamos, leve-a para fora—, Logan disse rispidamente. —Não podemos deixar os
corpos aqui. O avião vai inundar quando a maré chegar.

O cara levantou a cabeça e piscou para ele atordoado. Seus olhos arregalados eram
muito verdes. Estranho. Logan pensou que eles eram azuis.

Ele franziu a testa e acenou com a mão na frente do rosto do cara. —Você bateu
com a cabeça? Você entende o que eu estou dizendo? Venha, a maré está
começando a subir. Não há tempo a perder. Carregue o corpo.

—O corpo—, repetiu o homem, parecendo perdido. —Ela está — ela não está
morta. Ela está apenas inconsciente.

Logan desviou o olhar, sua mandíbula cerrada. Ele não queria sentir pena daquele
idiota fanático, mas era impossível não sentir. —Ela está morta—, disse ele, um
pouco mais suave, olhando para o ângulo não natural de seu pescoço. Ele
pressionou os dedos na garganta dela, apenas para ter certeza, e não ficou surpreso
ao não encontrar o pulso. —Sinto muito por sua perda, mas temos que sair. Você
não pode ficar aqui. Leve-a para fora.

Ele não esperou que o cara seguisse suas instruções. Não havia tempo para tomar
conta dele: a julgar pela altura das ondas, eles tinham muito pouco tempo. Então
Logan se ocupou em tirar as malas de mão do avião e, em seguida, toda a comida e
água que conseguiu encontrar. Ele não tinha ideia de quando o resgate viria, então
era melhor estar preparado do que não estar preparado.

Em algum momento, o outro homem deve ter se movido, porque ele não estava no
avião quando Logan voltou após colocar as malas em um ponto mais alto da praia.

Esfregando as costelas doloridas, Logan olhou ao redor do avião que inundava


rapidamente, procurando por qualquer coisa que pudesse ser remotamente útil.
Ele pegou um punhado de cobertores, travesseiros e algumas ferramentas e olhou
para a cabine. O sistema de comunicação do avião não parecia funcionar. Ele só
podia torcer para que o avião tivesse enviado um sinal de socorro antes de cair e
que o resgate chegasse em breve.

A água já havia chegado à sua cintura, então Logan deixou o avião, imaginando
que tinha feito tudo que podia.

Ele depositou tudo ao lado das sacolas e tirou seu telefone. Sem sinal, como
esperado. Isso teria sido muito fácil.

Passando a mão pelo rosto, Logan suspirou e se virou para os corpos. Ele hesitou.
Se eles fossem resgatados em breve, enterrar os corpos seria inútil, mas ele não
gostou da ideia de deixá-los insepultos em tal calor. Então ele foi trabalhar.

Cavar três sepulturas com ferramentas rudimentares e limitadas provou ser um


trabalho longo e exaustivo e, quando terminou, Logan estava suando
excessivamente, com as costelas machucadas doendo. Ele tirou a camisa
encharcada, lavou-a no oceano e deixou-a secar em uma pedra.

Então ele pegou uma garrafa de água e saiu em busca do outro cara. Por mais que
ele não gostasse daquele pau, ele não queria que ele morresse de desidratação.

Ele o encontrou na curva da ilha, perto de uma palmeira alta. Andrew estava
ajoelhado em frente a um monte raso de areia. Um túmulo. Ele estava coberto de
areia, com as mãos sujas e ensanguentadas.

Logan franziu a testa. Ele cavou a sepultura com as mãos?

—Ei—, ele disse. —Você deveria colocar um pouco de água em você.

O cara não se moveu, ainda curvado sobre a sepultura. Ele estava respirando com
dificuldade, sua respiração saindo em suspiros ásperos. Ou soluços.

—Você está machucado?— Logan disse, olhando para ele com sentimentos
contraditórios. Por mais que odiasse a ideia de ficar preso em alguma ilha
esquecida por Deus com um fanático, o cara tinha acabado de perder sua esposa.
Uma mulher simpática e adorável que passou o voo tentando defender seu marido
homofóbico. Se Logan se lembrava corretamente, ela havia mencionado que eles
estavam casados há nove anos. Nove anos com uma pessoa era muito tempo.
Logan não podia esperar entender a enormidade de perder o cônjuge de uma
pessoa por nove anos. Embora ele se sentisse triste por Tom, eles mal se
conheciam. Tom era - tinha sido - outro turista com quem Logan tinha ficado em
Bora Bora, dificilmente poderia ser comparado a perder a esposa.
Não houve reação.

Os lábios de Logan se estreitaram. Ele nunca foi exatamente conhecido por sua
paciência e, infelizmente para Andrew, ele estava exausto e estressado demais para
fazer um esforço agora.

Ele largou a garrafa aos pés de Andrew e se afastou. O cara era um homem adulto.
Ele não iria cuidar dele.

Se ele queria morrer de desidratação, era sua escolha.

***

Logan passou os próximos dias explorando a ilha.

Infelizmente, não havia muito para explorar. Eles estavam presos em um pequeno
pedaço de terra com menos de um quilômetro quadrado de largura. A ilha
provavelmente nem tinha nome. Provavelmente não estava em nenhum mapa,
apenas em uma das milhares de pequenas ilhas no Oceano Pacífico.

A única boa notícia era que havia água doce: um pequeno riacho. A água tinha um
gosto um pouco metálico, mas era boa o suficiente para beber. Pelo menos ele não
foi envenenado depois de beber.

Não havia vida animal, e nenhum sinal de humanos já existindo.

Diante disso, e considerando que o resgate ainda não havia aparecido, Logan
passou um dia fazendo uma rede de pesca com as roupas que encontrou na bolsa
de mão de Vivian. Ele se sentiu um pouco mal por destruir os pertences de uma
mulher morta, mas percebeu que ela não se importaria que suas roupas fossem
usadas para alimentar seu viúvo. Era apenas prático: de todas as roupas, as dela
não eram algo que eles pudessem usar - a menos que ficassem realmente
desesperados, mas Logan tentou não pensar nessa opção. Se eles ficassem
desesperados o suficiente para precisar vestir as roupas de Vivian, isso significaria
que eles teriam ficado presos nesta ilha por muito, muito tempo.

Na verdade, ele meio que queria que Andrew ficasse bravo com as roupas de sua
esposa. O silêncio estava começando a irritar Logan. O cara caminhava pela ilha
como uma espécie de fantasma, o olhar apático e perdido. Ele mal tocou na água e
na comida que Logan deixava para ele várias vezes ao dia. Ele não falou nada. Era
um contraste gritante com o cara confrontador que estava olhando para ele e Tom
com nojo apenas alguns dias atrás.

Algo precisava acontecer, não poderia continuar assim.

Capítulo 3

Andrew queria ficar bêbado.

Havia uma garrafa de vodca entre as coisas que Logan havia resgatado do avião.
Andrew o agarrou quando o outro homem não estava olhando, foi até o túmulo de
sua esposa e ficou terrivelmente bêbado. Foi uma sensação boa.

Logan o encontrou algumas horas depois e estava, previsivelmente, furioso. Mas,


novamente, ele parecia ter apenas dois humores, no que dizia respeito a Andrew:
enojado e furioso.

—Vá embora—, Andrew falou arrastado, olhando para ele do chão. —Você está
matando o clima aqui.

Sua voz soou estranha até para seus próprios ouvidos. Rouco e áspero. Há quanto
tempo ele não o usa? Desde a…

Andrew tomou outro gole da garrafa, saboreando a queimadura.

Ele tinha certeza de que o rosto de Logan teria ficado vermelho de raiva se já não
estivesse tão bronzeado pelo sol.

—Eu te disse: você não tem permissão para pegar nada sem minha aprovação
primeiro—, Logan rangeu, um músculo pulsando em sua têmpora.

Andrew bufou, chutando a canela de Logan. Era uma pena que ele estivesse
descalço. Provavelmente nem doeu aquele idiota. —Você é o maior maníaco por
controle que já conheci.— Seus lábios se torceram em um sorriso. —E eu conheci
alguns maníacos por controle, então isso realmente diz muito. Tem certeza de que
não frequentou a escola de Joseph Rutledge para os paus mais controladores do
planeta?

Logan lhe lançou um olhar de desgosto. —Levante-se. Beba um pouco de água e


vá dormir.

Andrew o chutou na canela novamente. O idiota nem mesmo se mexeu.

—Você não é meu chefe.

—Não—, disse Logan. —Mas eu sou o cara encarregado do estoque, não você.
Você não pode pegar o que quiser. Nossos suprimentos são limitados.

—É apenas vodka. Que uso…

—Era a única coisa aqui que poderia ser usada como anti-séptico,— Logan
grunhiu. —E agora não temos nada, graças a você.— Oh.

Andrew olhou para a garrafa.

Houve um silêncio longo e tenso.

Andrew olhou para o rótulo da garrafa. —É o aniversário dela hoje—, ele


sussurrou, e então ele riu, o som áspero e chocante até mesmo para seus próprios
ouvidos. —Eu acho que. Quão fodido é que eu nem sei ao certo que dia é hoje?

Um suspiro. —Isso dificilmente é um bom motivo para se perder. Ela achava que
poderia estar grávida.— Silêncio.

Logan não disse nada.

Andrew engoliu o que restou na garrafa e olhou para o céu enquanto lutava contra
o aperto na garganta. Porra, ele não sabia por que se sentia assim. Não era como
se ele quisesse filhos tanto assim: Vivian era quem os queria tanto. Andrew ainda
se lembrava de seu sorriso largo e das lágrimas em seus olhos quando percebeu
que sua menstruação estava atrasada. Ela havia decidido fazer um teste de
gravidez quando voltassem para os Estados Unidos, com medo de mais uma
decepção. Eles vinham tentando há mais de seis anos, com Vivian ficando cada
vez mais desesperada à medida que se aproximava dos quarenta. Era irônico que
ela tivesse morrido exatamente quando seu sonho estava prestes a se tornar
realidade? Irônico era a palavra errada. Fodido. Cruel. Fodidamente injusto e
estúpido.

E agora ele nem saberia se ela realmente estava grávida. Ele sempre se
perguntaria.

—Sinto muito por sua perda—, disse Logan, sua voz rouca.

Andrew bufou. —Certo. Não é como se pessoas como você algum dia
entendessem o que é perder uma esposa.

—Pessoas como eu—, Logan disse categoricamente.

Andrew chutou a garrafa em direção ao oceano. —Homos.

—Você realmente quer que essa merda seja expulsa de você?

Erguendo os olhos, Andrew focou seu olhar no rosto irritado de Logan e sorriu.
Talvez sim, pensou ele. A dor física para distraí-lo da dor em seu peito parecia
quase bem-vinda. —Eu ofendi você? Você não é um homo? Um chupador de
pau? Uma bicha?

Os lábios de Logan pressionaram juntos, seus olhos castanhos escurecendo.


—Não sei o que você está tentando fazer, mas não vai me irritar com alguns
insultos infatins.

Andrew esticou a boca em um sorriso de escárnio. —Eu simplesmente não posso


deixar de notar que você nem mesmo derramou uma lágrima pelo seu namorado —
ou o que quer que aquele cara que estava por cima de você fosse. Mas, novamente,
eu sempre soube que os homos não se importavam com nada além de enfiar seus
paus em outros homos. Você não entenderia coisas como amor e tristeza — Ele
gritou quando Logan o colocou de pé com força.

—Mais uma palavra e eu vou socar você, porra—, disse Logan, seus dedos cavando
dolorosamente nos ombros de Andrew. —Eu dei muita folga a você, porque você
está sofrendo e tudo, mas estou realmente ficando farto de suas besteiras
preconceituosas.—

Ele o sacudiu como uma boneca de pano. —Este é o seu último aviso.

Andrew engoliu em seco, seu coração batendo tão rápido que parecia que estava
tentando escapar de seu peito.

Logan era grande. Foi uma coisa estúpida de se notar, mas ele nunca tinha estado
tão perto dele antes. Logan era grande. O estranho era que ele não parecia tão
grande de longe — talvez porque ele era alto e musculoso, sem muita gordura -
mas tão perto, era óbvio que o cara era construído como um tanque. Ele era mais
alto que Andrew por mais de meia cabeça, e Andrew não era exatamente baixo
também — um metro e setenta e cinco. Não era apenas a altura ou a construção
muscular. A presença do cara era opressivamente forte, seu olhar escuro pesado e
hostil. Junto com seu a pescoço escuro e disposição rabugenta, ele parecia
estranhamente com Wolverine, o que era divertido, considerando seu nome. Ou
teria sido divertido se Andrew ainda fosse capaz de se divertir.

Andrew ouviu a si mesmo dizer: —Tire suas mãos nojentas de cima de mim.

O soco em seu estômago não foi surpreendente, mas a força dele o fez cair de
joelhos.

Ele riu. —Eu deveria estar com medo, seu homo?

Logan enterrou a mão em seu cabelo e puxou a cabeça para cima, forçando-o a
olhar para ele. —Seu idiota preconceituoso.— Ele se interrompeu, apenas olhando
para ele atentamente. Estudando ele.

Andrew se sentiu desconfortável. Transparente. Como se o outro homem pudesse


ver dentro de sua alma.

Por fim, Logan soltou um suspiro, a raiva e a tensão deixando seu corpo. Ele
passou a mão pelo rosto e olhou nos olhos de Andrew. —Olha—, ele disse. —Eu
realmente sinto muito por sua perda. Mas se recomponha. Este... comportamento
autodestrutivo não é nada saudável. Controle-se. Tenho certeza de que sua esposa
não gostaria que você se metesse em brigas que não pode vencer ou que bebesse
até morrer prematuramente. Ela parecia uma mulher inteligente. Gentil. Mas ela
se foi. Você não.—

A visão de Andrew ficou embaçada de repente.

Ela parecia uma mulher inteligente. Gentil. Mas ela se foi.

Ele não sabia por que essas palavras o atingiram com tanta força. Não era como se
ele não soubesse que Vivian estava morta — ele a enterrou com as próprias mãos
— mas de alguma forma, essas palavras, proferidas por um quase estranho,
tornaram tudo real. Ela se foi. Ela realmente se foi. Se foi. Morta. Ele nunca
mais a veria.
Um caroço se formou na garganta de Andrew, sua visão ficando mais turva. Ele
piscou rapidamente, odiando a si mesmo por mostrar fraqueza na frente desse
homem, mas não conseguia parar. Ele não conseguiu conter as lágrimas.

Ele virou o rosto, tentando escondê-los, sua respiração saindo em ofegos


irregulares.

Logan estava misericordiosamente quieto.

Mas ele não tinha ido embora.

Andrew esperava que o som das ondas quebrando contra a costa mascarasse sua
respiração irregular, mas conhecendo sua sorte, provavelmente não.

Logan permaneceu em silêncio por um tempo, permitindo-lhe controlar suas


emoções enquanto ambos fingiam que ele não estava chorando. Deus, que merda
de humilhação.

Por fim, Logan pigarreou. —Vamos, levante-se—, ele disse, sua voz rouca.

—Precisamos hidratar você.—

Andrew olhou para ele, dizendo a si mesmo que não estava envergonhado pelas
lágrimas em seus olhos. Sua esposa estava morta. Ele tinha todo o direito de
lamentar, caramba.

—Por quê você se importa?— ele sussurrou.

A expressão de Logan estava um pouco comprimida. —Eu não. Mas eu serei


condenado se eu tivesse que cavar outra cova.

Apesar de suas palavras duras, seus olhos escuros não foram indelicados quando
ele ofereceu sua mão. —Levante-se, vamos.

Andrew olhou para aquela mão por um momento. Finalmente, ele aceitou e
permitiu que Logan o colocasse de pé.

Seus joelhos estavam trêmulos e o mundo ao seu redor não estava totalmente em
foco, mas Logan o pegou quando ele tropeçou.

Parecia simbólico, de alguma forma.


Capítulo 4

Os dias se arrastaram.

Logan havia explorado a pequena ilha completamente, então agora ele não tinha
nada para fazer a não ser observar o horizonte vazio.

Era entediante e chato. Em casa, os negócios o mantinham tão ocupado que


Logan tinha pouco tempo para dormir e ele não estava acostumado a não fazer
nada.

Pelo menos o outro habitante da ilha estava proporcionando uma pausa do tédio.
Depois do confronto na praia, Andrew estava... melhor. O cara ainda se mantinha
sozinho, mas pelo menos não andava mais como um fantasma. Ele não tentou
mais provocar Logan para espancá-lo. Ele começou a comer com Logan, embora
tivesse acessos de raiva por alguma razão fútil algumas vezes por dia antes de sair
furioso para ficar de mau humor como uma criança crescida. Aparentemente, não
era suficiente que Andrew fosse um fanático, ele também era um chorão. Ele
choramingava e reclamava de quase tudo, mas Logan não se importava. Foi quase
um alívio. Confrontar era melhor do que deprimir. Sem mencionar que os ataques
sibilantes de Andrew eram um tanto divertidos, e havia muita falta de
entretenimento na ilha. As baterias de seus laptops morreram há muito tempo,
assim como seus telefones e powerbanks3 , então Logan começou a ficar cada vez
mais inquieto, quase ansioso pelo inevitável confronto todos os dias.

—Estou farto de peixes—, disse Andrew com ressentimento, olhando para o peixe
em seu prato. —Quase não é comestível.

Logan encostou-se no tronco da palmeira e pegou seus peixes. Estava um pouco


queimado, como sempre. Os peixes eram abundantes em toda a ilha, mas eram
pequenos e ossudos. E sem graça. —Nunca afirmei ser um gênio da culinária. Eu
sou um empresário, não um escoteiro. Se você não gostar, fique à vontade para
cozinhar. Alimente-se. Um conceito estranho, não é?

3
bateria externa, Carregador Portatil
Andrew lançou-lhe um olhar maligno, fazendo um biquinho feroz. Ele foi a única
pessoa conhecida de Logan que conseguiu fazer beicinho ferozmente. Foi bizarro.
Também o fez querer enfiar seu pau naquela boca carnuda, só para calá-lo.

Certo. De qualquer forma.

—Quantos anos você tem?— Logan disse. —Você deixaria uma criança de cinco
anos orgulhosa com suas birras.

Andrew olhou para ele. —Para que saiba, tenho trinta e dois anos.

Logan olhou para ele, genuinamente surpreso. Andrew não parecia estar na casa
dos trinta. Sua pele ainda tinha o brilho saudável da juventude, perfeita e suave,
sem uma ruga no rosto. Ele parecia ótimo. Logan estava irritado consigo mesmo
por ter notado isso, mas ele era um homem gay saudável com olhos funcionais, e
Andrew era um cara muito atraente, com um corpo tonificado de surfista, um
rosto bonito e lábios carnudos e cheios que praticamente imploravam por...

—Você parece mais jovem—. Logan disse, desviando seu olhar. —Eu pensei que
sua esposa devia ter roubado o berço.

A expressão de Andrew se fechou. —Ela era — era oito anos mais velha que eu—,
disse ele, sua voz sem tom, e então se afastou. Não amuado desta vez. Só triste.

***

Era a noite do seu vigésimo primeiro dia na ilha quando Andrew disse:

—Ninguém está vindo, certo?

Logan ergueu o olhar de seu peixe — francamente, neste ponto, ele estava tão farto
de peixes quanto Andrew — e encontrou os olhos do outro homem.

Eles se encararam por cima do fogo enquanto os grilos cantavam na noite.

Ninguém está vindo.

Isso era algo que ele vinha tentando muito não pensar, mas era inegável que as
pessoas deveriam ter levado menos tempo para encontrá-los. Talvez algo tenha
dado errado com o sistema de comunicação do avião e as equipes de busca e
resgate não tinham ideia de onde procurar. O Oceano Pacífico era enorme, e
quem sabe o quanto a tempestade alterou a rota de voo do avião?

Ou talvez eles tivessem encontrado a outra parte do avião, parecia que o avião
tinha sido despedaçado no ar. Era possível que os outros destroços tivessem
acabado a uma grande distância de onde estavam e já tivessem sido encontrados e
as pessoas parassem de procurar, pensando que estavam todos mortos.

Logan se afastou de Andrew e caminhou até seus suprimentos cada vez menores.
Seu olhar parou no pedaço de pano que segurava o que ele cuidadosamente evitou
pensar: as sementes de tomate que ele salvou do único tomate que pegou do avião.

Ele desembrulhou o pano e olhou para as pequenas sementes, seu estômago se


retorceu em um nó desconfortável. Ele os salvou apenas no caso. Ele realmente
não tinha pensado que eles precisariam delas.

—Ainda há uma chance—, Logan se ouviu dizer, colocando as sementes de volta.


—Mesmo se eles pararem de nos procurar, talvez algum navio passe perto o
suficiente para nos ver.— Suas palavras não soaram convincentes, mesmo para
seus próprios ouvidos. Nas três semanas em que ficaram presos lá, não viram um
único navio, nem mesmo à distância. A ilha estava claramente longe das rotas
usuais de navios.

A mandíbula de Andrew cerrou. Ele deu um aceno curto e desviou o olhar.

Foi a primeira vez que Andrew não levou seu cobertor para dormir do outro lado
da ilha. Ele se esticou a apenas alguns metros de distância e fechou os olhos.

Depois de extinguir o fogo, Logan deitou em seu próprio cobertor. Empurrando o


travesseiro sob a cabeça, ele olhou para o céu noturno. As estrelas brilhavam
lindamente no alto e ele pensou em como algumas impressões eram enganosas.
As estrelas estavam a bilhões de quilômetros de distância umas das outras, não
importa o quão próximas parecessem no céu.

Ele não conseguiu adormecer por um longo tempo e sabia que Andrew também
não estava dormindo.

Nenhum deles disse nada.

Não havia nada a dizer.


Ninguém está vindo, certo?

Ele plantaria as sementes amanhã.

Capítulo 5

Logan abriu os olhos e olhou para a escuridão, sem saber o que o tinha acordado.

Lá. Uma fungada, abafada, mas audível.

Logan fechou os olhos e tentou ignorar. Não era da sua conta. Não era seu
trabalho confortar o cara.

Outra fungada.

—Cale a boca—, Logan disse com um suspiro.

Silêncio.

—Foda-se—, disse Andrew finalmente, mas sua voz parecia muito grossa para ser
convincente. Pequeno. Ele parecia pequeno.

Logan abriu os olhos novamente, suprimindo o desejo de xingar. Ele não estava
com humor para lidar com isso. Ele só queria dormir. Ele queria que Andrew
continuasse agindo como o merdinha fanático que ele era, não soasse como se ele
precisasse de um abraço.

—Porque você está chorando?— Logan disse. Sua voz não saiu tão irritada quanto
ele pensava que estava.

Houve um longo silêncio.

Suas pálpebras começaram a ficar pesadas novamente no momento em que


Andrew falou.

—Você tem alguém sentindo sua falta em casa?


Logan olhou para as estrelas acima. —Tenho mãe e duas irmãs mais novas.
Dezenas de primos irritantes, mas bem-intencionados. Amigos.— Ele hesitou
antes de perguntar: —Você?

Andrew não respondeu.

***

Tornou-se uma espécie de hábito.

De repente, Andrew teve vontade de falar. Isso nunca aconteceu durante o dia,
apenas na cobertura da noite. Ele perguntou sobre a família de Logan, sobre onde
ele estudou, o que ele fazia para viver.

—Sério? Você não parece o dono de um hotel.

A rigor, era uma rede de hotéis em vez de um hotel, mas Logan não o corrigiu.
—O que há com o interesse repentino?

—Estou entediado.

Este Logan poderia se relacionar. Havia apenas um limite de tempo que alguém
poderia passar sozinho com seus pensamentos sem ficar louco.

—E se você?— ele perguntou quando o silêncio se estendeu. —Qual é a sua


profissão?

—Eu sou o CEO da Rutledge Enterprises.

Logan cantarolou, um pouco surpreso. Ele tinha pensado que o cara devia ser um
bebê de fundo fiduciário — mas, novamente, ele poderia muito bem ser.

—Empresa familiar?

Andrew bufou. —Pertencia ao pai de Vivian, mas o velho bastardo ainda estava
preso no século XIX e deixava a maior parte da empresa para o filho. Burro
misógino. Vivian ficou com apenas dez por cento das ações da empresa.

Havia uma grande dose de amargura na voz de Andrew, mas para surpresa e alívio
de Logan, ele não parecia mais miserável cada vez que sua esposa era mencionada.
Talvez ele finalmente estivesse superando sua dor. Boa. Um Andrew deprimido
era insuportável. Mais insuportável do que normalmente era.

—Assunto delicado?— Logan disse.

Andrew riu. —Sou escravo dessa empresa desde os 20 anos, mas, aparentemente,
deixar a empresa para um filho que nada sabe sobre o negócio faz mais sentido do
que deixá-la para alguém que realmente sabe como administrá-la.

—Você não é o CEO?

—Sim, mas eu ainda respondo a Derek Rutledge. Não é o mesmo.

Logan fez a matemática em sua cabeça. Andrew trabalhava para a empresa desde
os vinte anos. Se ele e sua esposa estivessem casados por nove anos ...

—Então você se casou com a filha do chefe?

Ele podia sentir o olhar de Andrew sobre ele, mesmo apesar da escuridão. —Se
você está insinuando que me casei com ela para ser promovido…

—Não estou insinuando nada.

Após um longo silêncio, Andrew suspirou. —Eu acho que ela chamou minha
atenção porque ela era a filha do chefe, mas logo se tornou mais do que isso.— Seu
tom ficou melancólico, mais suave. —Ela era... Ela era tão adorável e gentil e...

Ele parou, mas Logan podia adivinhar o que ele quis dizer. Ele realmente não
tinha pensado que o cara era um caçador de fortunas. Sua afeição por sua esposa
era claramente genuína, Logan o daria isso.

—Todo mundo ainda pensava que eu era um caçador de fortunas—, disse Andrew,
como se lesse seus pensamentos. Ele deu uma risadinha. —Eu não era ninguém e
ela era herdeira de uma das famílias mais ricas do país. O velho Rutledge me
desprezava, mas tinha que me tolerar, porque ele já havia perdido seu único filho
por causa de sua escolha de companheiros de cama, e ele não podia se dar ao luxo
de perder sua única filha por causa da escolha de um marido.

Logan fez uma careta. Ele conhecia homens assim: dinheiro antigo, muito
estabelecido em seus velhos hábitos. Ele só podia imaginar como um asno
pomposo como aquele reagiria ao conseguir um oportunista para genro. Quase o
fez sentir pena de Andrew. Quase. Aguentar o idiota de um sogro durante anos e,
no final, nem mesmo herdar a empresa da família teria deixado alguém irritado e
amargo.

—Agora você ser um idiota faz um pouco mais de sentido,— Logan disse
ironicamente. Um pouco.

—Foda-se—, disse Andrew, mas faltou calor. Ele sempre ficava mais quieto à
noite. Não tão impetuoso quanto durante o dia. Mais como uma pessoa.

Foi ... inquietante. Logan realmente preferia o pau desagradável que ele conheceu
primeiro. Ele sabia como lidar com o rancoroso fanático Andrew em noventa por
cento do tempo. Esse cara quieto e solitário era outra questão completamente.

Isso bagunçou a cabeça de Logan. Juntamente com os olhares que Andrew vinha
dando a ele ultimamente, tinha o potencial para um desastre.

***

Eles ficaram sem jogos no quadragésimo sexto dia.

—O que nós vamos fazer?— Andrew disse, sua voz falhando um pouco.

Logan olhou para ele. Às vezes, ele ficava maravilhado com o quanto o cara havia
mudado no último mês e meio. Não que Andrew de repente tivesse se tornado um
ser humano legal. Não. Ele ainda era chorão e mal-intencionado e continuava
soltando comentários maliciosos de vez em quando, mas se foi o homem arrogante
que zombou dele do outro lado do corredor. Aqueles grandes olhos verde-azulados
estavam cheios de medo e incerteza agora — e algo que parecia muito com a
necessidade de segurança.

Por que você está me olhando assim, maldito?

—Vamos tentar acender um fogo sem fósforos—, disse Logan, virando-se para não
ter que olhar naqueles olhos incertos.

—Certo—, disse Andrew. —Se os homens das cavernas podiam fazer isso,
certamente não seria tão difícil, certo?

Porra, ele realmente estava procurando uma garantia dele.

Fazendo uma careta, Logan passou a mão pelo rosto desalinhado. —Certo,— ele
disse rispidamente. —Vamos em frente.

***

Criar fogo sem fósforos era mais fácil falar do que fazer. Mesmo que eles
conseguissem uma faísca, fazer fogo com essa faísca era outra questão.

A lenha seca era esparsa — o microclima da ilha era muito úmido. Nas raras
ocasiões em que acendiam o fogo, chuvas repentinas podiam destruir todos os seus
esforços. Não ajudou o fato de não haver cavernas na ilha, nada que pudesse servir
como um abrigo natural da chuva.

Como resultado, muitas vezes eles ficavam com fome, irritados e encharcados —
não era uma boa combinação quando eles mal conseguiam se suportar. Eles
haviam tido tantas disputas de gritos esses dias que um simples olhar de Andrew
poderia deixá-lo zangado. Logan não estava orgulhoso de si mesmo, mas era o que
era. Ele sabia que eles estavam apenas atacando, precisando de uma saída para sua
frustração e medo cada vez maiores, mas isso não fez nada para aliviar essas
emoções.

A cada dia que passava, a pequena esperança de que o resgate estava chegando foi
se tornando cada vez menor até que finalmente murchou e morreu.

Ninguém estava vindo.

Eles provavelmente ficariam presos nesta ilha pelo resto de suas vidas.

O pensamento era difícil de aceitar, mas eventualmente, Logan o aceitou.

Ele não tinha ideia do que estava acontecendo na cabeça de Andrew — se ele
aceitou também — mas o cara começou a procurá-lo com mais frequência, para
algum confronto estúpido sobre tudo e nada. Não parecia importar sobre o que
eles estavam lutando, Andrew ainda estava grudado nele. E Logan... Ele não disse
a ele para se perder. Não conseguia fazer isso.

Racionalmente, Logan entendeu o que estava acontecendo. Os humanos eram


criaturas sociais. Eles não poderiam sobreviver por conta própria, sem interagir
com outros humanos. Até as pessoas mais introvertidas precisavam de companhia
de vez em quando, especialmente quando estavam presas em uma pequena ilha
sem nada para fazer para passar o tempo.

Era apenas uma necessidade básica de companhia. Era só isso. Não significava
que Logan de repente gostou daquele pau fanático, não importa o quão suplicante
ele olhou para ele ultimamente. Na verdade, aqueles olhares apenas o irritaram.
Diga-me que seremos resgatados. Diga-me que vamos ficar bem. Diga-me que
não vamos morrer aqui. Olhe para mim, diga-me, olhe para mim.

Isso irritou Logan. Ele nunca gostou de carência, nunca quis que ninguém
precisasse dele.

E, no entanto, aqui estava ele, tolerando aqueles olhares e aquelas brigas


mesquinhas por nada — porque ele precisava deles também. Meses sem nada
além de seus próprios pensamentos, sem nenhum propósito, estavam começando a
deixá-lo louco. Essa foi a única explicação de por que o comportamento carente de
Andrew não o irritou tanto quanto deveria.

Ainda o assustava — porque parte dele estava começando a gostar de ser


necessário.

***

A necessidade de interação social que ele poderia tolerar.

O toque que começou algumas semanas depois foi muito mais inquietante.

Tudo começou com pequenas coisas. O ombro de Andrew às vezes batia contra o
dele. A mão de Andrew roçaria a sua enquanto trabalhavam juntos na construção
de um abrigo. Andrew o empurrava quando ele estava irritado, seus dedos
espalmados sobre o peito nu de Logan.

No início, Logan classificou essas coisas como acidentes. Mas eles continuaram
acontecendo, então ele começou a observar o outro homem. Os toques ... eles não
pareciam estar conscientes da parte de Andrew. Andrew ainda estava sendo
espinhoso e hostil, principalmente, mas seu corpo parecia gravitar perto de Logan.

Provavelmente fazia sentido. Assim como com a necessidade de interação social,


os humanos eram táteis por natureza. Desde a infância, eles ansiavam pelo toque
de outro ser. Eles não ficavam bem sem tocar e ser tocado por outros. Ele e
Andrew estavam presos neste pequeno pedaço de terra há quase três meses.
Provavelmente era natural que depois de tanto tempo em tal isolamento, eles
começassem a precisar da garantia do contato humano.

Agora que Logan estava prestando atenção, ele se pegou ficando mais perto do
outro cara do que o estritamente necessário também. Seu autocontrole ainda era
melhor do que o de Andrew, mas ele não tinha certeza de quanto tempo duraria,
para ser honesto. A solidão e os anos vazios que se estendiam à frente deles
também o consumiam, e conforme as semanas se transformavam em meses, ele
começou a esquecer por que isso era uma má ideia. Se eles nunca voltariam à
civilização, qual era o mal em aceitar o pouco conforto que o toque de outra pessoa
trazia?

Então, quando o braço nu de Andrew roçou no dele, Logan não o afastou. Quando
Andrew caiu contra ele, suado e exausto depois que terminaram de construir o
abrigo, Logan permitiu, olhando para o sol desaparecendo no oceano. O lado
direito de seu corpo, onde Andrew estava pressionado contra ele, estava
formigando. O ombro de Andrew era quente e sólido, e sentar-se assim era ... Não
era desagradável.

Mas também o deixava nervoso, seu pau duro e grosso dentro do short. Ele o
ignorou. Ele se tornou bom em ignorá-lo. Passar tanto tempo com um cara
seminu e ridiculamente gostoso deixaria qualquer gay com tesão, especialmente
considerando que ele não transava há meses. Seu pênis não parecia se importar
com a má ideia que isso era. Nem se importava que o cara fosse um fanático. Foi
apenas uma resposta física natural, e Logan a estava ignorando há meses. Mas a
cada dia, suas reservas pareciam desaparecer e estava se tornando mais difícil
suprimir as necessidades de seu corpo.

Porra, ele nunca tinha ficado tão frustrado.

Logan pressionou a palma da mão em seu pênis através do short. Neste ponto, ele
não deu a mínima se Andrew o visse fazendo isso. Algumas bobagens intolerantes
e nojentas seriam bem-vindas agora, para ajudá-lo a lidar com a excitação
inadequada. Ser lembrado de como Andrew era um pedaço de merda certamente o
ajudaria a matar sua ereção.

Mas se Andrew percebeu, ele não disse nada. Seus olhos estavam semicerrados,
cansaço e sonolência gravados em seus traços adoráveis.
Adorável.

Logan estava meio enojado consigo mesmo por ter pensado nessa palavra, mas
realmente se encaixava. As feições de Andrew eram incrivelmente adoráveis, os
raios laranja do sol da tarde iluminando seu rosto beijado pelo sol, as pequenas
sardas em suas maçãs do rosto, seus cílios longos e escuros e seus lábios carnudos
e ligeiramente separados.

Logan desviou os olhos. Tentou se lembrar de como Andrew era um merdinha


homofóbico. Ele se lembrava. Seu pênis não se importou.

—Você acha que o abrigo vai manter a chuva longe?— Andrew disse, sem abrir os
olhos.

Logan cantarolou evasivamente, olhando para as nuvens escuras a oeste. Se o


vento fosse alguma indicação, eles descobririam em breve. Eles se tornaram
bastante bons em reconhecer os sinais reveladores de chuvas.

—Espero que funcione—, murmurou Andrew. —Eu odeio ficar molhado.— Seu
dedo traçou o joelho de Logan distraidamente.

Logan cerrou os dentes. Ele se levantou, tirando o cara de seu ombro sem
cerimônia.

—Idiota—, disse Andrew, olhando para ele com sono. Não era nada atraente.

Logan se virou. —Precisamos coletar lenha antes que a chuva comece, ou


passaremos dias com fome. Vamos.

Andrew resmungou algo, mas não discutiu realmente. Paradoxalmente, Logan


descobriu que o cara raramente protestava se Logan expressasse suas sugestões
como uma ordem. Foi quando Logan pediu a opinião de Andrew que eles
discutiriam até ficarem com o rosto roxo.

Isso fez Logan se perguntar.


Capítulo 6

Começou a chover na manhã seguinte, como esperado.

Eles se esconderam em seu abrigo, o fogo crepitava alegremente no canto


enquanto comiam sua magra refeição. O som da chuva batendo no chão,
espirrando nas poças e no oceano, impregnou o ar.

Seria quase aconchegante se Andrew não estivesse tão agudamente ciente do


corpo de Logan ao lado dele.

O abrigo era pequeno. Era grande o suficiente para eles se sentarem


confortavelmente, e a área de jantar com a lareira improvisada ocupava boa parte
dela, deixando muito pouco espaço para eles dormirem. Eles tentaram aumentar o
abrigo, mas a estrutura ficou desequilibrada, então eles tiveram que se contentar
com um cercado que mal era grande o suficiente para dois homens adultos. Como
resultado, eles tiveram que colocar suas camas lado a lado, sem quase nenhum
espaço entre eles.

Depois de extinguir o fogo, Andrew deitou-se de lado, na beira de seu cobertor, o


mais longe possível de Logan, o que não era muito longe. Acima deles, a chuva
batia forte no telhado, tornando o espaço mais íntimo e fechado, como se
estivessem sendo mantidos juntos por uma mão quente e cuidadosa.

Droga. Ele esperava que não chovesse por dias novamente.

Ele podia sentir Logan atrás dele.

Andrew sempre achou ridículo quando as pessoas diziam que podiam sentir a
presença de alguém sem olhar, mas agora ele sabia que não era um exagero. Ele
podia — podia sentir com sua própria pele. Logan sempre parecia estar quente,
seu grande corpo como uma porra de uma fornalha. Isso era irritante. Foi
desconfortável. O calor estava insuportável do jeito que estava. Andrew nunca se
acostumaria com o microclima da ilha: era muito quente, apesar de chover na
metade do tempo, a umidade preservando o calor e dificultando a respiração às
vezes.

Como geralmente evitavam estragar suas roupas limitadas com o suor, os dois
estavam vestindo apenas shorts — e Andrew nunca tinha estado mais ciente disso.
Ele estava acostumado com Logan andando seminu, mas isso era diferente.

Ele estava em um espaço minúsculo com um homem gay, e os dois estavam quase
nus.

O estômago de Andrew apertou. Ele tinha visto o contorno do pau duro de Logan
ontem. Logan parecia perpetuamente duro ultimamente. Andrew fizera o
possível para fingir que não havia notado nada, mas sim. Claro que ele tinha,
porra. Ele tinha olhos funcionais e não havia nada para olhar nesta ilha além de
Logan.

Ele estava em um abrigo muito pequeno com um homem gay seminu e cheio de
tesão.

E se ... E se Logan finalmente fosse molestá-lo? Ele faria isso enquanto Andrew
dormia?

Andrew engoliu em seco ao imaginar Logan pressionando seu corpo contra o dele
e tateando seu corpo durante o sono. Molestando ele. Apalpando o pau de
Andrew. Acariciando seus mamilos. Apalpando sua bunda. Empurrando seu pau
duro contra a bunda de Andrew, enquanto Andrew não sabia disso. O pervertido
provavelmente puxaria o short de Andrew para baixo e esfregaria seu pau duro
entre as nadegas, grunhindo como um animal e obtendo prazer enquanto Andrew
dormia pacificamente, sem saber que estava sendo violado.

Ele acordaria? Ou ele continuaria dormindo? Talvez se Logan fosse realmente


cuidadoso, Andrew nem mesmo descobriria sobre isso até a manhã, quando
encontraria secado gozo em sua bunda. Ou talvez ele acordasse, mas Logan não
parava, forçando-o a ficar parado enquanto enfiava seu pau entre as coxas de
Andrew. Logan era maior e mais forte do que ele. Andrew não seria capaz de
detê-lo. Logan poderia fazer o que quisesse com ele, e Andrew não seria capaz de
fazer nada sobre isso. Logan poderia forçá-lo a chupar seu pau, o que seria
nojento, mas Andrew teria que fazer isso, ele não teria escolha.

Um pequeno som o tirou de seus pensamentos.

Andrew demorou um momento para perceber que foi ele quem fez o som.

—Se você vai se masturbar, vá lá fora—, disse Logan.

Andrew enrubesceu. O que…


Espere, sua mão estava espalhando seu pênis através de seu short.

Andrew franziu a testa, sem saber quando isso tinha acontecido. Ele estava duro,
sem motivo. Bem, haviam se passado meses desde a última vez que ele gozou, e
provavelmente fazia sentido que sua libido estivesse voltando. Ele era um homem
saudável no início de sua vida. Seu corpo tinha necessidades, e não se importava
que esta fosse a situação mais asquerosa que ele já havia enfrentado e que
mentalmente ele não estava exatamente no clima.

—Eu não vou sair quando está chovendo—, disse ele em seu tom mais confiante e
contrário. Afinal, o ataque era a melhor defesa. —Eu vou me masturbar sempre
que eu quiser.

Atrás dele, Logan expirou por entre os dentes cerrados — pelo menos parecia.
Andrew podia praticamente ver: a forma como a mandíbula firme de Logan cerrou,
seus olhos escuros brilhando na nuca de Andrew.

—Você não tem vergonha?

O rosto de Andrew estava quente. Ele não tinha exatamente a intenção de se


masturbar na presença de Logan, mas não era como se ele pudesse voltar atrás
agora sem fazer parecer que estava fazendo o que Logan disse.

—É uma necessidade física natural—, disse Andrew em sua voz mais indiferente
enquanto espalmava seu pênis. —Feche os olhos e pare de escutar, seu pervertido.

Logan riu asperamente. —Não é escutar quando está acontecendo aqui.

—Isso realmente te incomoda? Isso é ótimo vindo de um cara que não se


importava que outro cara o apalpasse em um avião.

Logan não tinha nada a dizer sobre isso, e Andrew sorriu, satisfeito por ter dado a
última palavra. Ele puxou o short e quase engasgou quando sua mão finalmente
fechou em torno de sua ereção. Porra, era bom. Ele havia se esquecido de que
poderia se sentir bem.

Mordendo o lábio inferior para se impedir de fazer qualquer som, Andrew


começou a acariciar seu pênis, agudamente ciente do corpo do outro homem atrás
dele. A chuva batia forte lá fora, e o som primitivo de alguma forma apenas o
deixou mais excitado.

Para sua surpresa, ele não se sentiu envergonhado. Talvez ele apenas tenha se
acostumado com Logan sempre estando por perto ultimamente. Talvez ele só
estivesse sem comida para dar. Ou talvez ele quisesse tirar Logan do sério. Não
importava. Estava bem.

Ele se virou de costas e começou a se acariciar mais rápido, seu pré-gozo


tornando-o mais fácil, o som escorregadio de uma mão se movendo em um pau
inconfundível no silêncio. Ele manteve os olhos fechados, mas podia sentir Logan
à sua direita, podia ouvir sua respiração áspera.

—Eu poderia fodidamente estrangulá-lo agora,— Logan mordeu fora.

Uma emoção percorreu seu corpo. Andrew gemeu, acelerando seus golpes.
—Guarde suas fantasias doentias para você,— ele disse sem fôlego.

—Você é um merda—, disse Logan, parecendo chateado. Houve algum farfalhar, e


então houve o som de carne se movendo contra carne.

Os olhos de Andrew se abriram.

Estava muito escuro no abrigo para ver qualquer coisa claramente, mas ele podia
ver a mão de Logan se movendo ...

Porra.

Andrew fechou os olhos com força. Não importava. Ele realmente não viu nada.
Ele podia fingir que não estava acontecendo — que Logan não estava acariciando
seu pênis a alguns centímetros dele.

Bruto. A mera ideia ... da grande mão de Logan agarrando aquele pau grosso. Era
nojento. Totalmente nojento. Positivamente nauseante.

Outro gemido deixou seus lábios, sua mão trabalhando em seu pênis mais rápido.

—Cale a boca,— Logan disse rispidamente.

Andrew fez uma careta. Só para contrariar, ele ficou mais alto, permitindo se fazer
barulho. Foda-se Logan. Foda-se ele. Ugh, ele não o suportava. Ele o odiava
muito. Que hipócrita do caralho. Ele repreendeu Andrew por ser
desavergonhado, mas agora ele estava se safando, provavelmente imaginando
calá-lo com seu pau — enfiar aquele pau grosso na boca de Andrew e forçá-lo a
engasgar, engasgar com sua porra e.

O orgasmo o pegou desprevenido. Andrew gemeu, acariciando-se através dele até


se tornar supersensível.

Ele ofegou, a outra mão correndo por todo o peito e braço, tentando se consolar e
não bater muito forte. Ele sempre gostou de ser abraçado depois do sexo. Na
verdade, tinha sido a parte favorita de sua vida sexual com Vivian. Ela era — tinha
sido — incrível em fazê-lo se sentir bem depois. Deus, ele sentia falta dela. Ela o
teria abraçado e acariciado seus cabelos, teria lhe contado o quão bom ele tinha
sido para ela. Ela teria.

Lágrimas quentes brotaram de seus olhos.

Cristo, ele não conseguia acreditar que ela estava morta. Não conseguia acreditar
que ela nunca iria colocar os braços em volta dele e segurá-lo contra seu peito
macio.

Um grunhido baixo o trouxe de volta ao presente. Andrew enrubesceu de


desconforto, percebendo que Logan deve ter vindo também. Agora havia silêncio
no abrigo, quebrado apenas pelo som da chuva lá fora.

Era sua imaginação ou a chuva estava realmente diminuindo?

Deus, ele só podia ter esperança.

Capítulo 7

A chuva não parava.

Ele e Logan estavam presos dentro do abrigo por três dias, e isso estava deixando
Andrew louco.

O ambiente fechado teria sido bom — eles aprenderam a coexistir nos últimos
meses, e Andrew teve que admitir que até mesmo a companhia de Logan era
melhor do que estar sozinho — mas desde aquela primeira noite...

Para ser franco, ele estava excitado como o inferno.


Parecia que agora que seu corpo se lembrava de que tinha necessidades, ele
decidiu continuar lembrando-o disso o tempo todo. Foi além de inconveniente. E
um pouco constrangedor.

Embora talvez devesse ter sido mais embaraçoso do que foi. Talvez ele devesse ter
ficado mais estranho com o fato de que todas as noites ele se punha ao lado de um
homem gay praticamente nu e com tesão.

Mas, verdade seja dita, Andrew havia se acostumado com Logan sempre por perto.
Ele nem gostava do cara, mas... tê-lo por perto era meio reconfortante. Não,
—conforto— era a palavra errada. Não havia nada de reconfortante em Logan: o
cara era um idiota mal-humorado e rabugento que claramente mal o tolerava.
Mas, ultimamente, não tê-lo por perto deixava Andrew nervoso. Desequilibrado.
A solidão, a falta de propósito e significado nesta vida... isso o consumia, todos os
dias. Ele às vezes pensava que odiava Logan, mas odiava estar sozinho com seus
pensamentos — estar sozinho, ponto final — ainda mais. Quando Logan estava
por perto, o mundo entrava um pouco mais em foco. Andrew sabia que não era
normal, sabia que era algum tipo de dependência estranha nascida da solidão e do
desespero, mas não podia fazer nada a respeito.

Ele não queria ficar sozinho.

Eles faziam tudo juntos hoje em dia: cozinhar, limpar, discutir — e apenas ficar
sentados em silêncio. O silêncio com Logan por perto não parecia tão assustador e
assustador quanto o silêncio quando Andrew estava sozinho.

Talvez fosse por isso que se masturbar com Logan por perto não parecia tão
estranho quanto deveria ser — teria sido no mundo real. Neste mundo estranho e
surreal, onde apenas os dois existiam, era apenas mais uma coisa que eles faziam
juntos.

Mas embora ele possa não ter ficado tão estranho com a coisa toda, isso não
significa que ele não estava ciente de que Logan poderia não ser tão blasé quanto
ele.

Logan não era hétero. Ao contrário de Andrew, ele amava pau. Ele adorava enfiar
seu pau em outros homens. Então, realmente, gozar ao lado de Logan era...
provavelmente não era o ideal. Um pouco imprudente. Tão provocante quanto
uma mulher quente e nua gozando ao lado de Andrew todas as noites.
Andrew não era cego. Ele podia sentir a tensão em Logan, a frustração cada vez
maior, podia ver como o pau do outro homem ficava duro várias vezes ao dia.
Hum, ele não estava olhando para a virilha do cara o tempo todo ou algo assim,
estava bem ali. Qualquer um iria olhar. Qualquer um notaria, considerando o
quão grande aquela coisa era.

Juntamente com o fato de que o cara não o suportava, parecia que era apenas uma
questão de tempo até que Logan finalmente explodisse. Andrew provavelmente
deveria parar de fazer isso ao lado dele.

Mas porra, ele não podia. Ele gostava “precisava” de se sentir bem. E essa era
praticamente a única maneira de ele se sentir bem nesta ilha esquecida por Deus,
onde nada acontecia. A entorpecente entorpecimento dessa existência o estava
deixando louco - ele sentia que estava perdendo a cabeça aos poucos - e ele não
estava prestes a se privar desse pequeno conforto. Mesmo seu próprio toque era
melhor do que nada.

Então ele ignorou Logan e se tocou.

Se Logan tivesse alguma ideia, Andrew simplesmente diria a ele para manter as
patas longe dele.

***

Aconteceu no quarto dia de chuva contínua.

Andrew estava enrolado de lado, de costas para Logan, sua mão trabalhando
vagarosamente em seu pênis. Seus shorts foram colocados no pé, porque ele
odiava o quão restrito ele se sentia neles. Estava escuro no abrigo, então não
importava de qualquer maneira. Logan não conseguia vê-lo.

Ele acariciou seu pênis lentamente para o tambor da chuva lá fora. Capcap,
cap-cap, cap-cap.

Ele se perguntou atordoado se isso era o que os humanos primitivos costumavam


fazer o tempo todo: sem Internet e sem entretenimento para passar o tempo, eles
provavelmente tinham apenas tocado seus pênis o dia todo. Talvez eles tivessem
orgias públicas o tempo todo, andando nus, seios e pênis à mostra. Mulheres
bonitas nuas chupando paus grossos e duros... cabeças de paus vermelhas
brilhando com pré-gozo... Mmm... Embora provavelmente houvesse homossexuais
naquela época também. A imagem mental de homens das cavernas chupando os
pênis uns dos outros era... obviamente, nem de longe tão atraente quanto seios
empinados.

—Você acha que havia Neandertais gays?

Porra. Seu filtro cérebro-boca parecia inexistente recentemente.

—Você está falando sério?— A voz de Logan estava um pouco estrangulada,


diversão misturada com aborrecimento. —Que tipo de pergunta é essa?

—Só tive uma ideia—, disse Andrew, ainda acariciando seu pênis
preguiçosamente.

—Seu cérebro é um lugar muito estranho.— Andrew cantarolou evasivamente.

—Por que você está pensando em homens das cavernas gays enquanto está se
masturbando?— Logan disse.

—Como você sabe que estou me masturbando?

—Eu tenho ouvidos.

Andrew soltou seu pênis e levou a mão ao corpo, acariciando seu estômago
trêmulo e depois massageando seus peitorais. Sua pele formigou, hipersensível
depois de não ser tocada por tanto tempo. Ele gemeu.

—Cale a boca—, disse Logan.

Andrew voltou a mão para seu pênis. —Ninguém o força a ouvir.

—Se eu não soubesse melhor, acharia que você estava pedindo por isso.— Oh,
Logan parecia chateado.

Andrew apertou seu pênis, sua excitação aumentando. —Eu não sou responsável
por sua mente doente, seu pervertido.

Logan riu. —Minha mente doente? Você está se masturbando a alguns


centímetros de mim e gemendo como uma estrela pornô.
—Não é como se você não fizesse isso também—, disse Andrew, acariciando seu
pau mais rápido. —Todo mundo faz isso. É uma função natural do corpo. Não sei
por que você está dando tanta importância a isso.

—Já esqueceu que sou um ‘homo’?— Logan disse sarcasticamente.

Andrew mordeu o lábio inferior. —Você está dizendo que não consegue se
controlar? Isso é muito patético.

—Eu posso me controlar—, disse Logan. —Você não é tão gostoso. Mas calar
você com meu pau nunca foi mais tentador.

Andrew lambeu o interior da boca, o coração martelando no peito. Ele acariciou


seu pênis mais rápido, dolorosamente ciente do grande corpo de Logan atrás dele.
—Eu disse a você para me poupar de suas fantasias doentias.

Logan riu. —Pelo menos tenha a decência de parar de se masturbar enquanto está
falando comigo.

—Por quê? Sou perfeitamente capaz de realizar multitarefas.— Com toda a


honestidade, ele provavelmente deveria parar de falar com Logan, mas a voz baixa
e rouca de Logan, o perigo de ele explodir, só fez seu prazer ficar mais agudo. Ele
não conseguia parar de tocar seu pênis, sua mão voando mais rápido sobre ele, o
som escorregadio de carne contra carne enchendo o pequeno abrigo. Ele gemeu.

Rosnando, Logan rolou e se pressionou contra as costas de Andrew.

Suas costas muito nuas.

—Afaste-se de mim, você…

—Pare de reclamar—, Logan rebateu, sua mão agarrando o quadril de Andrew.


—Você não estaria pelado se não quisesse isso, seu gatinho fanático.

—Eu não sou um…

—Você é a porra do maior provocador que eu já conheci,— Logan rosnou. —Você


anda seminu, você se masturba perto de mim, você me dá aqueles olhos de corça4
necessitados.

—Eu não!
4
Corça é um substantivo feminino que é usado para definir a fêmea de um veado; fêmea dos cervídeos,
em geral
—Você faz. E você me toca o tempo todo, —Logan disse e apertou seu pênis entre
as nádegas de Andrew.

Seu pau muito duro.

Andrew tinha o pênis de outro homem esfregando contra sua bunda.

Deus, era tão degradante. Ele era um homem. Um homem normal. Como aquele
idiota ousava esfregar seu pau contra ele como se Andrew fosse uma mulher ou um
viado faminto por pau? Andrew queria detê-lo. Ele fez. Mas Logan era muito
maior e mais forte do que ele. Lutar com ele seria inútil, certo?

—Então agora você tem que deitar na cama que você fez—, disse Logan, seu hálito
quente e úmido contra a orelha de Andrew. —Finalmente estou fazendo o que
você queria.

—Eu não quero isso, seu estuprador!

Logan riu, o som baixo e cheio de diversão. —Estuprador? Por que você ainda
está se masturbando, então?

Andrew corou, percebendo que ele ainda estava acariciando seu pênis. —Só estou
com tesão—, disse ele, na defensiva. —Eu estava perto de gozar quando você
começou a me molestar. Isso é tudo.

—Não pare por minha causa—, disse Logan, seu tom muito seco, como se ele não
estivesse no cio entre as nádegas de Andrew como um animal nojento.

—Continue.

Andrew fez uma careta, mas porra, ele realmente estava com tesão. Ele queria
gozar. Mesmo ter um homem nu pressionado com tanta força contra suas costas
não o estava afastando. Ele culpou seu toque de fome. Sua pele formigava a cada
ponto em que se tocavam, e era tão difícil pensar em outra coisa. Foi tão bom.

Ele precisava...

—Tudo bem,— ele resmungou, voltando a acariciar. —Mas não tenha ideias
engraçadas. E se você até pensa em enfiar seu pau na minha bunda.

—Não estou planejando—, disse Logan. —Eu tenho padrões.

—Eu te odeio,— Andrew disse com sentimento, agarrando seu pênis mais rápido.
—Deus, eu não suporto você.

Logan bufou. —O sentimento é mútuo, sua pequena provocação preconceituosa,


disse ele, seu pau pressionando cada vez mais forte entre as nádegas de Andrew.

A cabeça escorregadia ficou presa em seu buraco por um momento, e Andrew se


sacudiu, como se eletrocutado, um silvo saindo de seus lábios. —Não se atreva, ele
mordeu fora, apertando seu próprio pau. —Se você ao menos pensar em enfiar seu
pau enorme e nojento na minha bunda…

—Para um cara hétero, você com certeza se fixa muito no tamanho do meu pau.

—Foda-se você. Meu ponto é, se você sequer pensar em colocar seu pau dentro de
mim, eu juro que vou... eu vou...

—Você o que?— Logan disse em seu ouvido, sua voz baixa e rouca. —O que você
vai fazer? Chame a polícia? Eu posso fazer qualquer coisa com você, e ninguém
vai me impedir.

—Você está doente—, Andrew gemeu, sua mão escorregadia com o pré-gozo
enquanto ele levantava seu pênis mais rápido.

—Se eu estou doente, você também. Isso te excita, seu hipócrita.— Logan mordeu
o lóbulo da orelha, fazendo Andrew gritar. —Você quer que eu te force. Se eu
forçar você, não é sua culpa, certo? É assim que você pensa?

—Cale a boca,— Andrew murmurou, sua cabeça girando. Ele não conseguia
pensar, seu mundo inteiro se estreitou para seu pau dolorido e bolas, e para o pau
no cio entre suas nádegas. O som obsceno de carne moendo contra carne, o hálito
quente de Logan contra sua orelha, seu corpo grande e duro contra ele, tudo fazia
coisas estranhas com ele, tornando-o incapaz de formar pensamentos coerentes.
Provavelmente foi a privação de toque. Depois de meses sem ser tocado, ter tanta
pele nua contra a sua era enlouquecedor. Porra, ele não deveria ter permitido que
isso acontecesse, era errado, nojento e depravado, mas ele não conseguia pensar.
Ele estava sendo forçado, certo? Não foi culpa dele.

Gemendo, ele se virou de bruços, sua ereção presa entre a cama e o estômago.
Logan o seguiu, os dentes afundando em seu ombro enquanto seu corpo pesado o
pressionava para baixo, seus quadris empurrando, seu pênis deslizando entre as
nádegas de Andrew, cada vez mais forte.

O orgasmo de Andrew foi arrancado dele, um gemido baixo deixando sua boca
enquanto ele se derramava sobre a cama.

Ele ficou sem ossos, sua cabeça felizmente vazia por um tempo, até que ele sentiu
o líquido quente e pegajoso entre suas nádegas antes que o corpo pesado de Logan
ainda ficasse em cima dele.

—Ugh—, disse Andrew. —Me larga, isso é nojento!

Logan saiu de cima dele e se deitou de costas, ainda respirando com dificuldade.

Andrew ofegou em seu travesseiro fino, medo, pânico e mortificação enchendo seu
peito quando a névoa de prazer se dissipou. Porra. O que eles fizeram?

—Não vai acontecer de novo—, disse ele, trêmulo.

—Tanto faz,— Logan disse, seu tom cortante. Ele parecia chateado. Mas,
novamente, ele sempre parecia chateado.

Andrew se mexeu e fez uma careta para a bagunça pegajosa embaixo dele e sobre
ele. Ele não queria deitar no local molhado.

—Dê-me sua cama—, disse ele, sentando-se e enxugando a bunda contra a cama.
Foi arruinado de qualquer maneira.

—Foda-se.

—É sua culpa que o meu está arruinado!

Logan gemeu. —Você é tão irritante. Cai fora. Eu não estou dormindo na sua
porra.

Andrew o encarou no escuro. —Eu também não estou dormindo!:

Bocejando, Logan riu. —Você é bem-vindo para tentar me mover.

—Ugh!— Andrew o chutou na canela. —Se você é tão desconsiderado com seus
brinquedos, não admira que não consiga manter nenhum relacionamento.

—O que te deu essa ideia?— O idiota parecia sonolento e um pouco curioso.

Andrew zombou. —Por favor. Você tem quase 34 anos, é rico e não é totalmente
feio...

—Obrigado,— Logan disse secamente.

—Você não estaria pegando garotos bonitos em ilhas tropicais na sua idade se
alguém pudesse te suportar o suficiente para ficar por perto.

—Seus poderes de dedução nunca param de me surpreender.

—Dê-me sua cama.

—Não.—

Andrew olhou para ele, odiando que o grande idiota nem pudesse ver.

Ele tocou a mancha molhada em sua cama e fez uma careta. Não havia como ele
deitar sobre isso. Andrew considerou apenas virar, mas sabia que o fundo estava
sujo e provavelmente havia todos os tipos de insetos. Bruto.

Logan, o idiota, começou a roncar suavemente.

Andrew sorriu.

E então ele se jogou em cima dele.

O som de dor que Logan fez foi uma maldita música para seus ouvidos.

—O que você está fazendo?— Logan rosnou.

Andrew se acomodou mais confortavelmente em cima dele. —Você deveria


apenas ter me dado sua cama—, ele disse em seu tom mais agradável. —Não tenho
onde dormir, então estou dormindo em você.

—Saia de cima de mim.— Logan tentou empurrá-lo, mas Andrew se agarrou


teimosamente, seus dedos cavando nas laterais de Logan. Logan pode ter sido
maior e mais forte, mas Andrew tinha mais vantagem nesta posição. E porra, era
uma questão de orgulho agora. Se ele não ia dormir, o idiota também não.

Eles lutaram, grunhindo, Logan praguejando contra ele. —Sai de cima de mim,
seu macaco.

Andrew começou a rir enquanto segurava, o que rapidamente se transformou em


uma risada histérica. Não era tão engraçado, para ser honesto, mas suas emoções
estavam em todo lugar, e ele não tinha ideia do que fazer com elas. Ele estava
enlouquecendo, ele não tinha ideia do que estava fazendo ou o que estava
acontecendo com sua vida, ele odiava esse homem, não o suportava, mas também
precisava dele com uma ferocidade que o apavorava. Ele não sabia mais o que
estava acontecendo, quem ele era, o que ele era, por que isso estava acontecendo.
—Você perdeu a cabeça?— Logan rosnou. —Pare com isso - pare de rir!

Ele não parou. Não poderia. Ele riu, e riu, até que os ruídos que saíam de sua
garganta se tornaram feios e quebrados, seu corpo estremeceu e seus olhos ardiam
de lágrimas.

Logan ficou rígido sob ele. —Pelo amor de Deus—, disse ele laconicamente.

—Se você começar a chorar, vou chutar você para fora.

Andrew apertou ainda mais as laterais do corpo. —Não estou chorando—, disse
ele, com a voz mais grossa do que gostaria.

Logan deu um longo suspiro de sofrimento. Ele parecia irritado, mas não estava
mais tentando empurrá-lo.

—Pare de chorar e durma—, disse ele por fim.

Algo dentro de Andrew afrouxou um pouco. Ele fechou os olhos e expirou.

A chuva continuava batendo contra o telhado do abrigo, mas tudo o que Andrew
podia ouvir era o batimento forte e constante do coração sob seu ouvido.

Ele nem percebeu que caiu no sono.

Capítulo 8

Logan nunca foi uma pessoa particularmente religiosa. Mas ele pensou que se
Deus existisse, a chuva pararia pela manhã e ele conseguiria escapar do abrigo.

Se Deus existisse, ele claramente não dava a mínima para ele.

Ele acordou na manhã seguinte com o tamborilar monótono da chuva.


Logan suspirou e olhou para o cara esparramado em seu peito. As lacunas no
abrigo deixam entrar apenas luz do dia suficiente para ver.

Ele olhou para o rosto enganosamente doce de Andrew, seus lábios entreabertos
que roçavam o peito de Logan toda vez que ele respirava, seus cílios longos e
escuros e aquela pele lisa e dourada.

Logan desviou o olhar e empurrou o cara de cima dele.

A maldição confusa teria sido divertida se Logan não estivesse com um humor tão
ruim.

Essa tinha sido uma ideia terrível. O que ele estava pensando?

—Caralho— resmungou Andrew, sonolento.

Logan se levantou e saiu nu. Ele urinou, escovou os dentes e depois se lavou na
chuva morna, olhando furioso para o céu cinza.

Ele estava tentado a apenas ficar do lado de fora, a chuva que se danasse, mas não
importa o quão quente estivesse, ficar molhado o dia todo era uma má ideia. Eles
não podiam se dar ao luxo de ficar doentes. Eles não tinham nenhum
medicamento. Eles também estavam ficando sem pasta de dente e sal, e seus
cobertores estavam ficando inviáveis, mesmo sem sujá-los.

Logan passou a mão pelo rosto, os ombros caídos.

Tudo certo. O que foi feito, foi feito. Não adiantava chorar pelo leite derramado.
A noite passada foi um erro, mas ele não iria repetir. Ele estava apenas frustrado.
No limite. Contanto que ele mantivesse seu pau fora daquele merda reprimido,
estaria tudo bem. Um tipo de foda imprudente não precisava mudar nada.

Sentindo-se um pouco melhor, Logan voltou para o abrigo.

Andrew estava deitado de barriga para baixo, dormindo pacificamente na cama de


Logan. Ele ainda estava nu.

A mandíbula de Logan cerrou, sua calma recém-descoberta evaporando em um


flash. Ele desviou os olhos daquela coronha e chutou Andrew na canela. —Saia da
minha cama.

Andrew apenas murmurou algo sonolento e o ignorou.


Os olhos de Logan voltaram para aquela bunda lisa e rechonchuda. Ele era apenas
um homem.

Desviando o olhar novamente, Logan se inclinou e rosnou no ouvido de Andrew:


—Saia. Da. Minha. Cama. Ou vou interpretar isso como um convite para foder
você.— Andrew enrijeceu antes de se sentar tão rápido que suas cabeças quase
bateram.

Ele olhou para Logan sonolento, passando a mão pelo cabelo. —Foda-se—, disse
ele, com as bochechas rosadas. —Já é ruim o suficiente você me molestar ontem à
noite. Se você acha que eu vou deixar você fazer — fazer...— Seu rubor se
aprofundou, e ele fez uma careta, incapaz de encontrar os olhos de Logan.

Bufando, Logan se esticou em sua cama. Ele observou com os olhos semicerrados
enquanto Andrew simplesmente ficava sentado ali, parecendo envergonhado e
perdido. Logan quase sentiu pena dele — o cara claramente estava pirando com o
que tinha acontecido na noite passada — exceto que ele não gostava de Andrew o
suficiente para sentir verdadeira simpatia por ele. Principalmente Andrew apenas
o irritava — e o excitava, o que o irritava ainda mais. Mas, porra, ele era adorável.
Seu cabelo tinha crescido além do corte curto e agora era uma bagunça de cachos
castanhos claros, e seus lábios carnudos estavam praticamente pedindo para serem
beijados ou ter um pau duro esticando-os. E aqueles cílios ridículos.

—Você acabou de me cobiçar?— Andrew disse.

—Não—, disse Logan, deixando seu olhar viajar pelo corpo de Andrew, sua
excitação aumentando ao ver toda aquela pele lisa e dourada. Seu olhar
permaneceu nos mamilos de Andrew, castanhos e bonitos. Ele nunca pensou que
mamilos pudessem ser bonitos, mas de alguma forma, os de Andrew eram.

Logan mudou seu olhar para o teto, irritado tanto com Andrew quanto com ele
mesmo.

O suficiente. Ele não era um maldito adolescente. Ele poderia mantê-lo em suas
calças.

***
Isso estabeleceu o padrão para o resto do dia.

Andrew continuou amuado e fazendo comentários sarcásticos sobre ser molestado


na noite anterior — e como Logan nunca teve permissão de colocar suas patas
sujas nele novamente — mas ele se manteve perto de Logan do mesmo jeito.
Certo, a proximidade deles foi reforçada pela chuva, mas Andrew realmente não
tinha que se sentar tão perto dele enquanto comiam sua magra refeição. Isso
deixou Logan de mau humor, seus nervos em carne viva e seu corpo no limite.

Ao cair da noite, eles se esticaram em suas patéticas camas.

Logan olhou para o teto do abrigo, ouvindo o ritmo da chuva caindo. O som era
deprimente. Solitário. Isso o fez desejar o calor de outra pessoa. Para o toque de
outra pessoa, para algo. Ele sentiu vontade de sair da própria pele e fazer algo.
Algo imprudente.

Ele sabia que Andrew não estava dormindo.

Havia tensão no ar, tão densa que ele quase podia sentir o gosto.

Finalmente, ele não aguentou mais.

Ele rolou para o lado e pressionou seu peito contra as costas de Andrew.

Andrew deixou escapar um suspiro que parecia ao mesmo tempo aliviado e


aborrecido. —Foda-se.

Logan passou um braço em volta da cintura de Andrew e pressionou os rentes um


contra o outro, sua ereção aninhada entre as nádegas de Andrew. —Pare de
complicar—, disse ele, beliscando a nuca de Andrew.

—Não precisa significar nada.

—Mas,...

—Cale a boca e se masturbe. Você sabe que você quer.

Depois de um longo momento, ele ouviu o som revelador de carne se movendo


contra carne.

Enterrando o rosto na nuca de Andrew, Logan fechou os olhos e buscou sua


própria libertação.

Realmente não significava nada. Apenas dois humanos famintos por toque e
solitários em busca de alívio e conforto. Nada mais.

Mas porra, tocar em Andrew era estranhamente viciante. Logan não tinha
percebido o quanto ele sentia falta de ter um corpo quente e nu em seus braços.
Um orgasmo era meio secundário ao prazer derivado do contato físico.

Ele tinha a intenção de apenas esfregar contra a bunda de Andrew enquanto o


outro cara se masturbava, mas ele se sentia ganancioso agora. Ele queria mais.
Suas mãos começaram a vagar, acariciando o peito e estômago de Andrew,
massageando seus peitorais e escovando seus mamilos.

—Pare com isso,— Andrew murmurou fracamente, mas ele não tentou se afastar e
não parou de acariciar seu próprio pau.

Logan o ignorou, seu rosto enterrado na nuca de Andrew enquanto sua mão
esfregava e beliscava aqueles lindos mamilos. Porra, ele gostaria de poder
chupá-los.

Ele beliscou o mamilo esquerdo e Andrew gemeu, estremecendo contra ele. Logan
deslizou a mão para baixo, sobre o estômago trêmulo de Andrew, e depois para
baixo, até que sua mão bateu contra a de Andrew.

O cara ficou tenso.

Após uma longa pausa, a mão de Andrew caiu.

Logan envolveu sua mão ao redor do pau duro.

Andrew soltou um suspiro trêmulo. —Eu não sou gay—, disse ele, hesitante.

Logan apenas zombou. O pênis de Andrew era de um bom tamanho, um pouco


mais curto e mais fino que o seu, e já estava vazando antes do gozo quando Logan
começou a acariciá-lo.

—Eu não sou gay—, disse Andrew novamente, mas suas palavras saíram mais
como um gemido.

—Eu não estou ouvindo um não—, disse Logan, masturbando-o.

—Como se um não fosse impedi-lo.—

—Você não vai descobrir a menos que tente—, disse Logan secamente, mas não
pressionou. Ele sabia que Andrew se sentiria melhor com isso se pudesse fingir
que estava sendo forçado. Logan provavelmente deveria ter ficado mais
incomodado com isso, mas não estava. Se ele se importasse com Andrew ou “Deus
me livre” realmente quisesse um relacionamento com ele, isso teria sido ofensivo
pra caralho. Mas do jeito que as coisas estavam, Andrew continuando sendo um
merdinha fanático praticamente garantiu que Logan não se apegaria. Isso não
significava nada. Apenas uma necessidade básica que não significava nada.

Então ele acariciou o pau de Andrew, obtendo uma espécie de prazer doentio de
cada gemido que aquele heterossexual fanático soltou quando um “homo” o
masturbou.

Andrew claramente estava tentando ficar quieto, tentando engolir seus ruídos, mas
logo, ele não conseguiu evitar que seus gemidos escapassem de sua boca. Seus
quadris começaram a se mover também, fodendo o punho de Logan
impotentemente até que Andrew estava gemendo e tremendo.

—Não — Andrew gritou quando Logan retirou sua mão.

—Vire-se.—

Andrew obedeceu, arfando.

—Toque meu pau—, Logan disse.

—Eu não vou.—

Rindo, Logan pegou a mão de Andrew e envolveu seu pau dolorido. —Me
masturbe.

—Eu não sou gay.—

—Me marturbe. Ou não vou tocar no seu.

—Eu te odeio—, disse Andrew, mas sua mão finalmente se moveu, um pouco
hesitante no início. —Isso é nojento.— —Cale a boca ou vou calar você com meu
pau.— Isso calou Andrew.

—Mas talvez você goste—, disse Logan, pressionando suas testas juntas.

Ele voltou a acariciar o pau de Andrew. —Talvez seja isso que você realmente
queira: um pau grosso na boca.

—Foda-se—, Andrew disse sem fôlego, apertando o pau de Logan com mais força
e fodendo no punho de Logan. —Eu não sou um…
—Bicha? Você tem um pau na mão, hétero.— Logan sugou sua mandíbula. —E
você gosta.

—Não— A palavra se transformou em um longo gemido quando Andrew gozou


nas mãos de Logan. —Oh.

Logan empurrou o corpo mole de Andrew de costas.

—Minha vez—, disse ele, acariciando seu próprio pênis com o gozo de Andrew,
ficando bom e liso.

O cara embaixo dele parecia quase inconsciente e permitiu que Logan organizasse
seus membros do jeito que ele queria. Porra, algo sobre isso foi direto para o pau
de Logan. Ter este idiota conflituoso e obstinado tão flexível e satisfeito em seus
braços era além de excitante. Logan colocou seu pau escorregadio entre as coxas
de Andrew, apertou-os juntos e, em seguida, fodeu-os, forte e rápido, até que viu
estrelas.

Ele desabou em cima de Andrew, enterrando o rosto no pescoço. Ele respirou, seu
corpo ainda estremecendo com o brilho posterior.

Ele se sentia melhor do que há meses.

Capítulo 9

A chuva finalmente parou no décimo primeiro dia no abrigo.

Era tarde demais, mas Andrew ainda se sentia aliviado.

A proximidade forçada tinha fodido tudo, não permitindo que ele colocasse uma
distância tão necessária entre eles, não permitindo que ele escapasse. Uma
semana. Ele teve que aturar Logan tateando e molestando-o todas as noites
durante uma semana, e o corpo estúpido e traidor de Andrew o traiu todas as
vezes, para diversão de Logan.
Deus, Andrew o odiava.

Ele estava tão feliz que a chuva tinha acabado. Eles não teriam mais que viver um
em cima do outro. A loucura finalmente acabou.

Mas enquanto Andrew se esticava em seu cobertor sob o céu estrelado, seu
coração batia forte e sua pele formigava de ansiedade. Ele se sentiu nu, embora
estivesse usando uma camiseta pela primeira vez. Ele não conseguia relaxar,
ficando tenso a cada som. Ele não conseguia relaxar o suficiente para dormir.

Fechando os olhos com força, ele se concentrou no som do oceano batendo


suavemente contra a costa. Deve ter sido calmante. Calmante. Mas tudo o que fez
foi lembrá-lo de quão pequeno e insignificante ele era comparado à Mãe Natureza,
quão longe da civilização eles estavam.

Ele se abraçou, sentindo um frio ilógico. Ele se perguntou se já haviam feito um


funeral para ele. Provavelmente.

Ele se perguntou quem teria vindo ao seu funeral.

Ele teve que engolir o repentino nó na garganta. Não importava. Por que ele se
importava se as pessoas não compareciam ao funeral? Se ele estivesse realmente
morto, ele não teria se importado. Pessoas mortas não se importavam com nada.
Vivian provavelmente foi pranteada por centenas de pessoas, todos a amavam, mas
foi um pequeno consolo quando ela morreu. Provavelmente ninguém se importava
se Andrew estava vivo ou morto, mas e daí? Ele não queria que as pessoas
chorassem por ele. Ele não precisava de pessoas, ponto final. Ele só precisava de
Vivian, e agora ela se foi. Sua esposa, sua melhor amigoa e sua amada. O que
importava se as pessoas com quem ele não se importava não se importassem com
sua morte?

Mas não importa o que ele disse a si mesmo, a sensação de frio e solidão na boca
do estômago não levou a lugar nenhum. Ele se sentia dolorosamente sozinho e,
pela primeira vez em anos, odiava a sensação, não conseguia suportar, sentia que
estava sufocando. Foi fácil ser um solitário quando ele ainda tinha uma esposa
amorosa e solidária. Agora ele se sentia... ele se sentia sem âncora. À deriva. E
qualquer outra palavra que significasse miserável.

Ele queria braços em volta dele. Ele queria não ficar sozinho.

Ele queria se sentir desejado.


Andrew abriu os olhos.

Então, ele se levantou e caminhou em direção ao saco de dormir do outro homem,


seus pés descalços silenciosos na areia.

Ele olhou para Logan. O luar estava forte o suficiente para ver que os olhos de
Logan estavam abertos. Ele estava olhando para Andrew, sua expressão impossível
de ler.

Andrew molhou os lábios secos, o coração batendo forte nas costelas. Ele tirou a
camiseta. Em seguida, enganchou os polegares na cintura do short e puxou-o para
baixo. Ele saiu deles, seus olhos ainda presos aos de Logan.

Por um longo momento, houve apenas silêncio enquanto eles se encaravam.

Então Logan empurrou sua própria boxer para baixo e puxou seu pênis meio duro.
Parecia enorme ao luar. Obsceno. —Fique de joelhos.— Os joelhos de Andrew
ficaram fracos de repente.

Ele caiu sobre um joelho, depois o outro, até que se acomodou entre as coxas de
Logan.

A mão de Logan enterrou-se no cabelo crescido de Andrew e puxou-o para baixo.


—Chupe-me—, disse ele, sua voz baixa e rouca.

Andrew fechou os olhos e balançou a cabeça. —Eu não estou chupando seu pau.
Eu não sou gay.

Logan fez um som frustrado. —Então o que diabos você...

—Eu não estou chupando seu pau. Me force.— A mão de Logan ficou muito
quieta.

Andrew estava feliz por Logan não poder ver que ele estava corando.

Depois de um longo e tenso momento, Logan disse: —Tudo bem. Mas você
precisará de uma palavra de segurança.

Andrew franziu a testa, confuso. —Pelo que?

—Eu não estou forçando você sem uma palavra de segurança, seu merdinha
torcido—, Logan rangeu. —Eu preciso saber quando você realmente quer dizer
isso se quiser que eu pare.
Andrew zombou. —Você não pediu uma palavra de segurança no abrigo.

—E foi errado da minha parte.— Logan suspirou. —Quer dizer, eu te conheço


bem o suficiente agora, e eu não teria sido tão agressivo se não tivesse certeza de
que você queria, mas eu ainda poderia ter julgado mal a situação. Brincadeira sem
consentimento pode ser perigosa, seu pequeno idiota.

—Não me chame de idiota. E eu não queria!

—Além disso, isso é diferente de punhetas—, disse o idiota, como se Andrew não
tivesse dito nada. —Escolha uma palavra de segurança. Qualquer palavra.

—Tudo bem—, Andrew resmungou infeliz. Não era o que ele queria. Escolher
uma palavra de segurança significaria que ele estava escolhendo isso — e não
estava realmente sendo forçado. Ele não gostou. Mas tudo bem.

—Funeral.

—Funeral? Sua mente é um lugar estranho.— Andrew não disse nada. Ele olhou
para baixo.

No pau de Logan. Ainda estava difícil.

Andrew lambeu os lábios trêmulos. Deus, ele realmente iria permitir que outro
homem fodesse sua boca? Ele tinha perdido a cabeça? O que ele estava fazendo?
Ele deveria ir embora. Ele deveria parar com isso. Tudo o que ele precisava fazer
era dizer a palavra.

Mas ele permaneceu em silêncio, olhando para o pau com fascinação mórbida. Ele
tocou no abrigo, mas ele realmente não teve a oportunidade de

olhar para ele. Era tão grosso. E longo. E duro. Ele deixou Logan duro. Foi
estranhamente emocionante. Apesar da atitude mal-humorada de Logan, ele o
queria. Um corpo não mentia.

Com a mão no cabelo de Andrew apertando, Logan o puxou para baixo. —Chupe.

O pau enorme empurrado em sua boca sem qualquer preâmbulo. Andrew


engasgou, seus olhos se arregalando.

Logan não deu tempo para ele se ajustar.

Ele apenas o usou.


Ele fodeu a boca de Andrew sem consideração por seu conforto, forte e rápido,
como se a boca de Andrew fosse apenas um buraco para seu pênis. Era
incrivelmente degradante, mas de alguma forma era exatamente o que ele
precisava. Estava bem. Ele não precisava pensar. Ele não era nada além de um
buraco úmido para o pênis de Logan.

O calor se espalhou pelo corpo de Andrew, seu sangue correndo para seu pênis.
Ele choramingou em torno do pau grosso em sua boca, engasgando com ele e
incapaz de obter o suficiente dessa sensação. Logan estava grunhindo acima dele,
empurrando em sua boca como se estivesse possuído. —Sim, porra, pegue.— Seu
aperto no cabelo de Andrew ficou mais forte, ele o segurou, seus quadris
empurrando, empurrando e empurrando.

Andrew engasgou um pouco enquanto o pênis batia repetidamente contra sua


garganta. Deve ter sido muito bom para Logan: ele gemeu e continuou fazendo
isso, fodendo sua garganta, sem sutileza ou restrição, apenas pura necessidade
animal. Andrew não conseguia pensar — provavelmente era falta de oxigênio, mas
sua mente parecia nebulosa e lenta. Ele gostou. Estava bem. Como o tipo mais
estranho de euforia. Ele era procurado. Ele era tão desejado que Logan perdeu o
controle.

Ele soltou um suspiro de decepção quando a porra de Logan atingiu o fundo de sua
garganta.

Piscando atordoado, Andrew cuspiu o que não conseguiu engolir e baixou a


cabeça sobre o estômago de Logan. Oh, ele se sentia maravilhoso. Seu pênis era
macio e sensível de uma forma que indicava que ele devia ter gozado também. Ele
não lembrava, mas não se importava. Ele se sentia bem. Tão bom. Contente.

A voz de Logan o tirou disso. —Provavelmente deveríamos conversar sobre isso.

Andrew franziu o nariz. —Não, realmente não deveríamos. Não há nada para
conversar.— Hã. Sua voz parecia destruída.

—Se você diz.

—Eu digo isso. Agora cale a boca. Você está estragando o clima.

—Eu não sabia que havia um clima.

—Houve. Era chamado de silêncio abençoado.


Logan bufou. —Bem. Mas realmente precisamos conversar sobre isso.

Andrew o ignorou, suas pálpebras ficando mais pesadas a cada minuto.

Era estranho, mas agora o som do oceano batendo contra a costa não o fazia se
sentir sozinho ou pequeno. Parecia uma canção de ninar calmante.

Andrew deixou que isso o embalasse no sono.

Capítulo 10

Às vezes Logan se perguntava o que diabos eles estavam fazendo.

Isso não acontecia com tanta frequência. Ele geralmente lidava com o problema
sem pensar nele. Não pensar nisso era surpreendentemente fácil quando ele tinha
um cara gostoso chupando seu pau sempre que queria. Ou melhor, um cara
gostoso deixando-o usar a boca sempre que quisesse. A distinção era muito clara
— e algo que Andrew não o deixou esquecer.

Eles realmente precisavam conversar sobre isso. As pessoas geralmente não


faziam esse tipo de coisa sem discutir explicitamente o que cada parte obteve
desse tipo de relacionamento. Não que fosse um relacionamento. Foi ... um
acordo mutuamente benéfico, nada mais.

Logan sabia que não era sobre sexo para Andrew. Não era sobre sexo para ele
também. Sexo era apenas uma forma de eles se sentirem menos solitários. Uma
afirmação física da vida e uma rota de fuga dela ao mesmo tempo. Uma maneira
de se sentir bem, uma liberação de tensão. O sexo era uma fuga, como drogas e
álcool. Orgasmos eram secundários quase ao ponto de não terem importância. A
gratificação sexual não parecia ser a principal razão pela qual Andrew gostava de
chupar seu pau — e ele claramente gostava, não importa o quanto gostasse de
fingir que estava sendo forçado.

A princípio Logan ficou um pouco desconfortável com a coisa toda, mas era
inegável que o outro homem gostava de ter sua boca fodida. “Gostar” poderia, na
verdade, ser um eufemismo. Logan nunca conheceu um cara que gostasse de ter
sua boca tão usada quanto Andrew: ele poderia gozar completamente intocado.
Andrew também gostava de deixá-lo duro. Ele às vezes estendia a mão e tocava o
pau de Logan sem motivo e o observava ficar duro com um olhar fascinado. Logan
não tinha certeza de por que Andrew gostava tanto — a mente de Andrew era um
lugar estranho e funcionava de maneiras misteriosas.

Logan não tentou entendê-lo. Ele não queria entendê-lo. Havia apenas um passo
de entender alguém para se apegar a eles, e Logan não estava conseguindo.

Não com um cara que era uma bagunça preconceituosa e reprimida.

Mas, porra, Andrew parecia tão suave depois de deixar Logan usar sua boca: todo
vermelho, com os olhos vidrados e meloso. Isso fez coisas com ele. Coisas que
Logan tinha que cortar pela raiz. Então ele tentou não olhar para Andrew nesses
momentos — se o fizesse, ele queria empurrar o cara para baixo dele e beijá-lo até
que ele esquecesse seu próprio nome.

Eles não beijaram. nunca.

De qualquer forma, estava tudo bem, desde que Logan não se permitisse pensar
nas coisas por mais do que alguns segundos.

A situação era... administrável o suficiente até que um dia, semanas depois que
eles começaram a brincar, tudo desmoronou.

Logan estava olhando para o horizonte, assistindo ao pôr do sol espetacular, seu
pau meio duro na boca do outro cara. Ele já tinha vindo há menos de uma hora,
então a urgência não estava lá. Ele apenas gostava de manter seu pênis na boca de
Andrew, para usá-lo como um aquecedor de pênis até que ele começasse a
endurecer novamente. Era uma torção que ele nem sabia que tinha - até Andrew.
Também teve a vantagem de Andrew ficar quieto e tranquilo.

Distraidamente, Logan coçou atrás da orelha de Andrew.


Um som baixo, algo como um ronronar, o fez congelar.

Ele olhou para o cara sentado na areia entre suas pernas. Os olhos de Andrew
estavam fechados, seus lindos lábios bem abertos pelo pênis de Logan, uma
expressão de total contentamento e paz em seu rosto.

Depois de um momento, a mão de Logan se moveu novamente. Andrew ronronou


como um gato satisfeito, inclinando-se em seu toque, seus lábios apertando em
torno do pênis de Logan - que agora estava duro como pedra novamente.

Porra.

Logan desviou os olhos e começou a empurrar na boca, com força e quase cruel.

Não fez nada para apagar a imagem satisfeita de Andrew, rosto adorável de sua
mente.

***

Deveria ter parado por aí. Uma demonstração estranha de afeto impróprio poderia
ter sido facilmente descartada.

Mas agora Logan se viu incapaz de parar de tocá-lo depois e durante os boquetes.
Andrew reagiu lindamente a um toque gentil: quase ronronando e inclinando-se
ao toque como um gatinho faminto por toque.

Logan tinha dificuldade em acreditar que era normal de Andrew. Provavelmente


era apenas o isolamento o afetando.

Estava afetando Logan também.

Quanto mais o tempo passava, mais borradas suas regras auto impostas se
tornavam. O que importava que Andrew fosse um idiota fanático quando eles
ficariam presos nesta ilha pelo resto de suas vidas? Nenhum deles era seu
verdadeiro eu aqui. A ilha havia transformado os dois em outra coisa. O Logan do
mundo real normalmente evitava homossexuais latentes e homofóbicos como uma
praga. O Andrew do mundo real nunca chuparia o pau de um “homo”.

Nenhum desses homens existia na ilha.

Havia apenas aqui e agora, a boca lisa em torno de seu pênis e os olhos vidrados e
bêbados de Andrew enquanto olhava para Logan como se ele fosse um deus.

Puta que pariu.

Logan nunca gostou de ser necessário.

Agora ele queria, ansiava como sua própria droga pessoal.

***

O tempo passou estranhamente na ilha.

Parecia que os dias se arrastavam e, ao mesmo tempo, eles se misturaram e os


meses passaram voando.

Logan não tinha certeza de quando eles começaram a dormir juntos.

Em algum momento, ele percebeu que fazia muito tempo que Andrew não dormia
em sua própria cama. O cara cochilava com a cabeça na barriga de Logan na
maior parte do tempo — quando ele não adormecia com o pênis de Logan em sua
boca.

A realização não assustou Logan tanto quanto provavelmente deveria.

Ele apenas deu de ombros mentalmente e percebeu que era apenas prático.
Conveniente. Se Andrew dormisse com a cabeça enterrada no estômago ou na
coxa de Logan, seria mais fácil deslizar seu pênis de volta para a boca de Andrew
pela manhã.

Às vezes, Andrew chupava o pau de Logan enquanto Logan dormia. Só na ponta,


como se fosse uma chupeta gigante. Ele realmente parecia mais satisfeito com o
pau de Logan em sua boca, como se chupar o pau de Logan o confortasse. Logan
provavelmente não deveria ter achado isso tão excitante quanto ele, mas era
apenas outra coisa pela qual ele parou de se importar. Todo esse arranjo era
estranho e surreal.

O que foi mais uma coisa estranha para adicionar à pilha?

***
Andrew tinha seis pintas no braço esquerdo e apenas duas no braço direito. Logan
os traçou preguiçosamente com os dedos quando não tinha nada melhor para fazer
— e raramente tinha algo melhor para fazer.

Andrew permitiu. Ele parecia tão acostumado a seu toque agora que nunca reagiu
negativamente quando Logan o tocou — apenas se inclinou para o toque como
uma flor se virando para o sol. Isso fez coisas terríveis para o interior de Logan.

Ele se pegava tocando Andrew com mais freqüência a cada dia, até que se tornasse
algo que eles faziam, o tempo todo. Eles raramente ficavam separados um do
outro por mais de alguns minutos. Eles fizeram tudo juntos, o conceito de espaço
pessoal há muito desaparecido.

A única vez que Logan deixou seu saco de dormir no meio da noite para atender ao
chamado da natureza, ele teve que correr de volta para o acampamento quando
Andrew começou a chamar seu nome com uma voz tensa e em pânico.

—Shhh, estou aqui—, disse Logan, envolvendo os braços ao redor da forma


trêmula de Andrew.

Andrew agarrou-se a ele, respirando com dificuldade, seu rosto enterrado no


pescoço de Logan.

—Apenas um pesadelo—, ele disse finalmente, claramente tentando salvar sua


face.

Ambos sabiam que era mentira, mas Logan não o questionou.

Ele entendeu.

Ele entendeu muito bem.

***

Esse pesadelo pode não ter sido real, mas Andrew tinha pesadelos reais também.

Eles nunca conversaram sobre isso, mas Logan costumava acordar com Andrew
enterrando o rosto na axila de Logan e respirando estranhamente. Respirando
fundo. Como se o cheiro do suor de Logan o acalmasse. O aterrou na realidade.

Foi comovente e assustador. Aterrorizante e estimulante.

Logan não podia mais negar que amava ser necessário a Andrew. Ele gostava de
ser confiável. Ele gostava um pouco demais para ser saudável. A confiança
subconsciente na linguagem corporal e atitude de Andrew deu-lhe uma
adrenalina, uma emoção diferente de qualquer outra.

Ele estava viciado, da pior maneira possível.

***

Eles já estavam na ilha há sete meses quando Andrew adoeceu.

Ele estava fraco como um gatinho, quase inconsciente, e sua febre era tão alta que
sua pele parecia uma fornalha ao toque.

Logan não tinha ideia do que estava errado: não era como se ele fosse qualificado
de alguma forma para diagnosticá-lo. Ele só podia observá-lo desamparado,
sentindo-se inútil e com raiva, seu peito apertado de pânico toda vez que Andrew
deixava de responder. Ele lavou o corpo de Andrew com um pano frio e esperava
que ele estivesse realmente ajudando em vez de torná-lo pior.

Foi a semana mais longa de sua vida.

No momento em que a febre de Andrew finalmente cedeu, Logan estava mental e


fisicamente esgotado, a bola de ansiedade em seu estômago se recusando a se
dissipar completamente.

Realisticamente, ele sempre soube que era improvável que eles vivessem uma vida
longa nesta ilha. Viver em condições tão precárias e comer refeições mal
comestíveis e mal preparadas dificilmente conduzia a uma vida longa. Ele sempre
soube que, se ficassem doentes, não teriam nenhum atendimento médico ou
remédio. Mas esta semana o deixou claro de uma forma que ele não tinha
percebido antes.

—Espero morrer primeiro—, murmurou Andrew naquela noite, pressionando o


rosto na axila de Logan.
Logan apertou seus braços ao redor dele. —Cale a boca—, disse ele com voz
rouca.

Verdade seja dita, ele esperava egoisticamente o contrário.

Capítulo 11

Eles já estavam na ilha há oito meses quando Logan percebeu que eles quase não
se falavam mais. Não era que eles não se comunicassem; eles fizeram. Eles
simplesmente não precisavam de palavras para isso.

Seus corpos estavam tão sintonizados um com o outro neste ponto que as palavras
não pareciam necessárias. Por que usar palavras quando Logan poderia
simplesmente colocar a mão no ombro de Andrew e direcioná-lo para onde ele
queria que olhasse? Por que usar palavras quando Andrew podia apenas olhar
para ele daquela maneira particular antes de cair de joelhos e engolir seu pênis?
Palavras pareciam redundantes. Não havia nada que valesse a pena discutir
acontecendo em sua vida. Apenas eles. E uma vez que eles pararam de discutir o
tempo todo e ambos evitavam falar sobre o assunto entre eles, eles realmente não
tinham o que conversar. Até mesmo a fase de falar à noite de Andrew havia
terminado há um tempo. Agora ele parecia preferir cochilar silenciosamente com
a cabeça na barriga de Logan enquanto os dedos de Logan brincavam com seu
cabelo.

Não era normal. Mas, novamente, nada sobre essa situação era normal pra
caralho.

Ou melhor, seu normal não era o que qualquer outra pessoa consideraria normal.

Eles tinham uma espécie de rotina.


Eles acordaram, ele fodeu a boca de Andrew, eles comeram tudo o que podiam
pescar ou forragear, ou seus tomates. (Às vezes ficava confuso quando pensava no
fato de que haviam ficado presos nesta ilha por tempo suficiente para colher sua
segunda safra de tomates.)

Depois de comer, eles correram várias voltas ao redor da ilha para se manterem em
forma, e então cochilaram por um tempo sob o dossel de palmeiras, com Andrew
em cima dele, seu rosto enterrado na trilha feliz de Logan ou contra seu peito.
Pessoas normais provavelmente chamariam de carinho.

Logan não chamava de nada, mas era sua parte favorita do dia. Pacífica. Sociável.
O mais próximo da felicidade que ele esteve desde a queda do avião.

Ele geralmente era acordado por uma boca molhada ao redor de seu pênis. Depois
de foder sonolentamente a boca de Andrew, ele observou Andrew se soltar,
correndo os dedos pelos cabelos de Andrew e acariciando seu pescoço e costas. Às
vezes, ele chupava o pau de Andrew se Andrew não se sentia muito estranho com
isso naquele dia. Às vezes, eles nem mesmo se tocavam sexualmente — apenas se
tocavam por causa disso, e isso era o suficiente. Então eles comeram — e então o
círculo se repetiu.

A rotina era quase reconfortante, apesar de ter uma qualidade surreal. Não era um
relacionamento. Não era nem sexo só por fazer. Era uma necessidade. Uma
necessidade.

Mas foi simples. Era familiar.

Era tudo que eles tinham.

***

A rotina deles foi quebrada por uma grande tempestade.

Eles não se preocuparam com o abrigo — ele não resistiria a esse tipo de
tempestade, então eles se amontoaram sob uma palmeira, os braços de Logan
travados em torno de Andrew por trás. Apenas para equilíbrio, é claro.

Com o queixo no ombro de Andrew, Logan olhou para o oceano furioso,


perguntando-se quando a tempestade finalmente pararia.

Algo branco no horizonte chamou sua atenção.

Por um momento, o cérebro de Logan não pareceu compreender o que ele estava
vendo.

Mas quanto mais ele assistia, mais certo ele se tornava. Seus olhos não estavam
pregando peças nele. Realmente havia um navio, algum tipo de iate indo em
direção à ilha. Emborai rumo não pareça uma descrição precisa: a velocidade com
que se aproxima da ilha era bastante insegura. O navio provavelmente havia sido
desviado de seu curso por causa da tempestade. Nos nove meses em que estiveram
na ilha, não viram um único navio.

Mas agora…

Andrew fez um som questionador e Logan percebeu que ele poderia tê-lo apertado
com força demais em sua excitação. Excitação. Era isso que ele estava sentindo?
Logan não sabia. Mas seu coração estava batendo forte, seu corpo tenso e alerta
para o que parecia ser a primeira vez em muito tempo. Era quase como se ele
estivesse acordando de um sonho bizarro.

—O que?— Andrew disse, sua voz rouca por falta de uso.

—O navio—, Logan disse, sua voz igualmente rouca.

Andrew ficou rígido antes de se endireitar de sua postura relaxada contra o peito
de Logan.

Logan não podia ver seu rosto de sua posição atrás dele, mas ele podia ver os
músculos de Andrew enrijecerem quando ele viu o navio também.

—Está vindo em nossa direção—, disse Logan, um tanto desnecessariamente.

Andrew não disse nada por um momento.

Então, ele praticamente se afastou de Logan e se levantou. Ele correu em direção à


costa.

Logan o seguiu após um momento, sentindo-se estranhamente entorpecido.

Eles seriam resgatados.

Resgatado.
O pensamento era ... estranho.

Obviamente ele estava feliz. Além de feliz. Mas ainda era estranho. Não parecia
real.

Mas era.

O iate ancorou na pequena baía da ilha, sua tripulação claramente pretendendo


esperar o mau tempo lá.

Eles nadaram em direção ao iate, nem mesmo se preocupando em pegar suas


coisas — eles sempre poderiam voltar para buscá-los mais tarde. O oceano revolto
era quase impossível de navegar. Logan agarrou o braço de Andrew quando ele
desapareceu sob as ondas altas e o apertou. Mantenha perto.

Andrew acenou com a cabeça.

Pareceu levar uma eternidade antes de chegarem ao iate.

No momento em que Logan ouviu gritos de surpresa quando as pessoas no iate os


notaram, uma sensação surreal o atingiu novamente. Essas pessoas falavam inglês.
Ouvir uma voz que não era dele ou de Andrew depois de nove meses foi um
choque.

Entorpecido e desorientado, ele subiu atrás de Andrew no convés e permitiu que


outras pessoas o puxassem para cima. Mãos tocando seus ombros. Mãos que não
eram de Andrew. Foi muito estranho.

—Quem é Você?— alguém disse, enrolando um cobertor em volta dele. —O que


diabos você está fazendo aqui?

Logan não respondeu. Não poderia.

Seus olhos encontraram os de Andrew. Ele estava olhando para Logan com olhos
arregalados, parecendo igualmente perdido e atordoado, a maneira como ficava
quando queria ser abraçado. Os dedos de Logan se contraíram em direção a ele.
Ele os fechou em punhos.

Eles foram resgatados.

Tinha acabado.

Acabou tudo.
Parte II

Capítulo 12

Boston os saudou com o sol.

Andrew desceu lentamente os degraus do jato particular que a família de Logan


havia enviado para eles — bem, para Logan. Ele observou quando duas jovens,
provavelmente irmãs de Logan, abraçaram Logan com força, seus olhos úmidos e
seus sorrisos radiantes. Uma calorosa reunião de família. Deve ter sido bom.

Andrew se afastou da cena emocional e apenas ficou lá por um momento, sem


saber o que fazer.

Os últimos três dias desde que foram resgatados foram meio loucos: exames
médicos, entrevistas, telefonemas intermináveis e depois, o longo voo de volta aos
Estados Unidos. Este último o deixou tão ansioso que Andrew teve de ser
medicado pelo resto do vôo. Ele ainda se sentia desequilibrado. O barulho do
aeroporto era insuportável e ele teve que respirar profundamente para impedir um
ataque de pânico. Foi bom. Ele estava de volta em casa. Ele iria se acostumar com
o barulho novamente.

Um taxi. Ele precisava pegar um táxi. Um táxi o levaria à Mansão Rutledge.

Os Rutledges provavelmente estavam esperando por ele. Provavelmente. Talvez.


Andrew tinha ligado para eles e disse que estava vivo e quando chegaria. A
conversa tinha sido... estranha, para dizer o mínimo. Andrew nem se ofendeu que
a única pergunta de Derek Rutledge fosse sobre Vivian. Dizer a seu cunhado que
sua única irmã estava realmente morta seria para sempre uma das conversas mais
incômodas de sua vida.

E agora ele estava de volta. De volta para casa.

Casa. A Mansão Rutledge ainda era sua casa? Ele morou lá por nove anos com
sua esposa, mas agora que Vivian se foi, ele duvidava que seria bem-vindo para
ficar. Ele ainda precisava ir para lá. Todas as suas coisas estavam lá, se os
Rutledges não tivessem se livrado delas.

Ele precisava ir. Encontre um táxi. Ir para os Rutledges.

Vá.

Os pés de Andrew não se moveram. Eles não deram ouvidos aos comandos de seu
cérebro.

Ele não conseguia se mexer.

Desamparado, ele olhou para Logan. Ele encontrou Logan já olhando para ele por
cima do ombro da mulher que o abraçava.

Seus olhares se encontraram.

Andrew não tinha certeza de que emoção estava em seu rosto, mas Logan disse
algo para suas irmãs e se dirigiu para ele.

Andrew o observou se aproximar, ainda desequilibrado pela forma como Logan


parecia diferente nas roupas. Este homem barbeado em um terno elegante não se
parecia em nada com o cara com a barba por fazer e seminu que Andrew se
tornara... acostumado. Foi desorientador.

—Indo para casa?— Logan disse, parando a poucos metros dele.

Andrew assentiu, franzindo os lábios com força.

Logan enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta, seus olhos escuros ilegíveis. —Vejo
você por aí, então—, ele disse depois de um momento.

Andrew abriu a boca e fechou sem dizer nada. Não havia nada a dizer. Ele
assentiu.

Eles se encararam mais um pouco.

Atrás de Logan, alguém pigarreou. —Você deve ser Andrew! Eu sou Alice, irmã
de Logan.
Andrew tentou não recuar. Ele forçou um sorriso e disse algo para a jovem que
enganchou seu braço com o de Logan. Ela sorriu e disse algo de volta. Andrew
disse algo novamente. Conversa fiada. Eles estavam conversando um pouco. Foi
bizarro, depois de meses quase sem falar. Ele pensou que até conseguiu fazer
algumas piadas, mas não tinha certeza. Tudo parecia demais e de alguma forma
não real o suficiente ao mesmo tempo. Tudo parecia um sonho, o rosto ilegível de
Logan era a única coisa em foco.

De alguma forma, Andrew acabou deixando Alice e Kate, a outra irmã,


convencê-lo a deixá-lo na casa dos Rutledges. Ele subiu no banco de trás do carro
de Kate e se sentou ao lado de Logan enquanto Alice sentou no banco do
passageiro da frente.

As irmãs conversaram sem parar durante todo o trajeto sobre tudo e nada,
colocando Logan em dia com a vida de seus parentes e conhecidos mútuos. Ele
voou direto sobre a cabeça de Andrew.

Ele não conseguia se concentrar.

Tudo o que ele conseguia pensar era no calor do corpo de Logan ao lado do seu e
na polegada que separava seus joelhos.

Fazia três dias desde que eles chegaram tão perto. Desde a ilha.

Andrew apertou a mandíbula. Por que ele estava pensando sobre isso? Tinha
acabado. Qualquer loucura, qualquer doença que o possuiu na ilha se foi agora
que eles estavam de volta às suas vidas reais. Ele estava feliz por poder voltar à sua
vida normal. Uma vida sem Logan. Ele estava em êxtase.

Logan bateu em seu joelho com os dedos.

Andrew enrijeceu, seu coração pulando em sua garganta. Ele virou a cabeça para
Logan. O que? Ele estava enojado por nem mesmo precisar dizer isso para Logan
entendê-lo. Parecia que os últimos dias não haviam sido suficientes para eles
perderem a quase telepatia que desenvolveram na ilha.

Logan inclinou a cabeça ligeiramente para o lado, seus olhos escuros


questionadores. Você está bem?

Apertando os lábios, Andrew deu um aceno curto. O lugar onde os dedos de


Logan o tocavam estava queimando. Ou pelo menos parecia.
Logan o estudou por um momento, uma ruga entre suas sobrancelhas escuras.
—Parece que você vai ficar doente.

—Eu não vou ficar doente—, disse Andrew de forma pouco convincente, baixando
os olhos. Seu olhar pousou no V das pernas de Logan, no contorno de seu pênis, e
sua boca de repente se encheu de saliva. Deus, ele daria qualquer coisa para ter
aquele pênis em sua boca agora. A dureza reconfortante, circunferência e calor
disso, movendo-se em sua boca, usando-o, como era bom ser apenas um recipiente
para ele, um..

—Andrew, Logan gritou.

Ele ergueu o olhar e encontrou uma expressão comprimida e irritada no rosto de


Logan.

Logan olhou para ele.

Com o rosto quente, Andrew olhou de volta. O que?

—Andrew?— Alice disse. —Estamos quase lá, eu acho.

Desviando o olhar de Logan, Andrew olhou pela janela e olhou para a bela mansão
da qual estavam se aproximando. Os portões estavam abertos, então os Rutledge
não se esqueceram de sua chegada, afinal. E o carro parou na frente da casa.

—Obrigado—, Andrew conseguiu dizer.

Kate sorriu para ele gentilmente. —Você é muito bem-vindo! É o mínimo que
podemos fazer para lhe agradecer por fazer companhia ao nosso irmão naquela
ilha esquecida por Deus.—

Alice riu. —Considere isso um pedido de desculpas—, disse ela com um sorriso
provocador para o irmão. —Ele deve ter sido insuportável.

Andrew sorriu fracamente. —Oh, absolutamente—, disse ele. —Obrigado. Até


logo.

Ele abriu a porta e quase saiu tropeçando do carro. Ele tirou sua bolsa do
porta-malas e ficou ali parado, enraizado no lugar, enquanto o carro partia.

Algo retorceu suas entranhas em um nó duro quando o carro desapareceu de vista.


Ele respirou fundo, depois outro, tentando se livrar da sensação de aperto no peito.
Ele não iria entrar em pânico. Ele não estava mais na ilha. Ele não precisava de
Logan. Ele estava bem.

Ele estava bem.

Andrew se virou e olhou para a mansão. Ele esperava sentir algum tipo de alívio
ao ver isso. Tinha sido sua casa por nove anos. Mas tudo o que ele sentiu foi uma
sensação de perda e pavor. Como ele poderia entrar sem Vivian? Parecia que ele
não tinha o direito de fazer isso.

Ele estava sendo estúpido. Os Rutledges podiam não gostar muito dele, mas não
eram insensatos ou cruéis.

Andrew se forçou a se mover.

Cada passo fazia a bola de ansiedade em seu peito apertar e endurecer até que ele
se sentiu quase doente com isso. Seu coração batia forte contra sua caixa torácica,
tão rápido que ele se sentiu quase tonto. Ele estava tendo um ataque de pânico?

Por fim, depois do que pareceu uma eternidade, ele alcançou a porta da frente.

Que abriu.

Era um mordomo. Andrew não o reconheceu. Ele devia ser novo, mas parecia que
tinha sido avisado sobre Andrew.

Ele seguiu o mordomo até a sala de estar. Andrew queria dizer a ele que conhecia
o caminho, mas ele pensou melhor. Não era mais como se fosse sua casa.

Assim que ele entrou na sala, os olhos escuros de Derek Rutledge encontraram os
dele.

Andrew engoliu em seco, perfeitamente ciente do espaço vazio ao lado dele, onde
Vivian estaria. Deveria estar.

—Bem-vindo de volta—, Derek disse secamente antes de se virar e sair da sala.

Shawn, o marido de Derek, estremeceu um pouco. —Não leve para o lado


pessoal—, disse ele. —Estamos felizes por você estar vivo. Derek... a morte de
Vivian o atingiu com força. Quando recebemos a notícia de que algumas pessoas
sobreviveram ao acidente afinal e você era um dos sobreviventes...— Ele deu de
ombros, um olhar desconfortável cruzando seu rosto. —Derek não falou realmente
sobre isso, mas acho que ele teve esperanças de que Vivian pudesse estar viva. E
agora ele tem que sofrer novamente, de certa forma.
Andrew deu um aceno curto. —Está tudo bem. Compreendo.— Um silêncio
tenso desceu sobre a sala.

Ele e Shawn nunca se deram realmente bem. Eles começaram mal — Andrew não
conseguiu segurar a língua e o insultou publicamente e isso sempre pareceu
manchar suas interações, não importa quantos anos se passaram desde então.
Andrew não sabia o que fazer a respeito. Vivian sempre o incentivou a falar com
Shawn e limpar o ar entre eles, mas Andrew não queria. Ele sempre foi ruim em
falar sobre seus erros, e não era como se ele estivesse totalmente errado sobre
Shawn. O cara claramente estava dormindo com Derek por causa de seu dinheiro
na época. Não importava que eles estivessem apaixonados um pelo outro agora.
Andrew estava certo, caramba.

—De qualquer forma—, disse Shawn, finalmente quebrando o silêncio


constrangedor. —Você provavelmente está cansado depois do vôo. Tire uma
soneca se quiser. Jantamos mais tarde.

Andrew desviou o olhar. —Eu não vou ficar—, disse ele. —Vou arrumar minhas
coisas e estarei fora daqui em algumas horas.— Silêncio.

—Oh—, disse Shawn. —Está bem então.

Andrew franziu os lábios, odiando que uma parte dele quisesse que os Rutledge —
alguém, qualquer um — dissessem que queriam que ele ficasse. Ou ficasse com
ele.

Estúpido. Fodidamente patético.

Ele se virou para subir as escadas quando um pensamento o parou. —Quem está
fazendo meu trabalho enquanto eu era dado como morto?— Ele esperava que não
fosse seu cunhado. Derek pode ser muito inteligente, ele era professor em
Harvard, mas não tinha ideia de como dirigir uma empresa como a Rutledge
Enterprises.

—Hum—, Shawn disse, parecendo ainda mais desconfortável. —Tínhamos uma


espécie de porta giratória de pessoas que ocupavam a posição de CEO. No final,
desistimos e fechamos um acordo de parceria com o Grupo Caldwell. Ian Caldwell
foi o CEO nos últimos meses até... —

—Ian Caldwell—, Andrew disse antes de se virar e olhar para Shawn incrédulo.
—O homem cuja irmã caçula cortou seus pulsos quando Derek a humilhou
publicamente rompendo seu noivado? Esse Ian Caldwell?

Shawn estremeceu, parecendo envergonhado e aflito. —Para ser justo conosco,


não tínhamos ideia que ele era o irmão dela. Eles têm sobrenomes diferentes.—
Inacreditável.

Andrew beliscou a ponte do nariz. —A empresa ainda existe?— Ian Caldwell era
um tubarão. Alguns meses seriam suficientes para ele causar um grande dano à
companhia do homem de quem ele tinha todos os motivos para não gostar.

A careta de Shawn não foi exatamente encorajadora. —Sim. O problema é que ele
incluiu algumas cláusulas aparentemente inofensivas no contrato que assinamos,
então agora ele basicamente tem poder ilimitado sobre a empresa.— Ótimo.
Simplesmente fantástico.

—E agora ficou ainda mais complicado—, disse Shawn, passando a mão no rosto.
—Caldwell sofreu um acidente recentemente e ainda está em coma. Não parece
bom para ele.

Andrew franziu a testa, lutando para acompanhar. Ele sempre teve uma mente
perspicaz, mas estava seriamente sem prática depois de meses mal a usando. Os
nove meses de rotina entorpecente fariam isso com qualquer um.

—Mas a questão é,— Shawn disse, passando a mão pelo cabelo loiro. —Todos os
nossos acordos com o Grupo Caldwell ainda estão em vigor, e o pessoal de
Caldwell ainda está no comando da empresa agora.

—Você não pediu a um advogado que examinasse o contrato antes de assiná-lo?—


Andrew rangeu. Isso soou como uma merda de proporções gigantescas.

—Sim—, Shawn disse, um tanto defensivamente. —Mas parece que Caldwell


comprou seu silêncio. Você sabe que Derek e eu não estamos acostumados com
toda a linguagem de negócios, e ler as cinquenta páginas desse contrato foi como
ler algo em outro idioma. Confiamos no advogado e ele nos decepcionou. Isso é
tudo.— Ele suspirou. —E você sabe que Derek não queria nada com a empresa de
seu pai. Ele não queria perder tempo com isso, então estava ansioso para se livrar
da responsabilidade.

Andrew bufou. —Parece que ele teve esse desejo atendido. Bem. Vou lidar com
isso logo de manhã.

—Você não precisa—, disse Shawn, um olhar de desconforto passando por seu
rosto estupidamente bonito.

—Eu sei—, disse Andrew. —Mas alguém tem que fazer isso e não vai ser você.

Ele se afastou, sentindo-se exasperado, irritado — e meio aliviado por ter um


propósito. Derek e Shawn podem não ter querido ele por perto, mas eles ainda
precisavam dele para tirá-los da merda em que haviam desembarcado sua empresa
enquanto Andrew era dado como morto. Ele era necessário. Ele tinha um
propósito novamente.

Parte dele registrou que não era a maneira mais saudável de pensar, mas ele a
descartou. Tudo ficaria bem. Ele só precisava reaprender como viver sua vida
real.

Essa... ansiedade iria embora logo.

Tinha que ir.

Capítulo 13

Descobriu-se que Shawn não estava brincando quando disse que o pessoal de
Caldwell agora estava no comando da Rutledge Enterprises. Andrew passou os
próximos dias alternando entre ler o contrato e, educadamente, discutir com o
pessoal de Caldwell.

Ler o contrato foi um exercício de frustração: ele estava dividido entre admirar Ian
Caldwell por conseguir inserir tantas brechas no contrato e ficar frustrado com os
Rutledges por cair nelas. Se ele estivesse lá, ele nunca teria deixado isso acontecer.

Mas ele não estava lá.

Ninguém o deixou esquecer isso. Mesmo que ele não vivesse mais na Mansão
Rutledge, o fantasma de Vivian e a ilha parecia segui-lo por toda parte. Os
olhares de pena já eram ruins, mas os curiosos eram ainda piores. Como foi?
Sobrevivendo a um acidente de avião? Ficar preso em uma ilha deserta por tanto
tempo? Foi horrível? O que ele fez com seu tempo?

As perguntas o fizeram querer gritar. Ele vinha se esforçando tanto para não
pensar na ilha, mas as pessoas ficavam lembrando-o dela continuamente, com uma
curiosidade insaciável. Como foi? Como foi? Como foi?

Isso o deixava louco. Não ajudou que ele ainda lutasse para estar perto das
pessoas, seus olhares, sua atenção, suas vozes fazendo sua pele arrepiar. Ele ficou
esperando que a terrível desconexão fosse embora, querendo se sentir normal
novamente, mas até agora isso não tinha acontecido. Ele não se sentia melhor. Na
verdade, o nó em seu peito parecia ficar mais apertado a cada dia que passava. Ele
se sentia nervoso e distraído, e na metade do tempo sentia que não sabia o que
fazer consigo mesmo — no sentido mais literal e físico.

O suficiente. Ele precisava se concentrar no trabalho.

Andrew deixou seu escritório, seu novo e temporário escritório, e foi para o antigo.
Foi ocupada pelo vice-presidente do Grupo Caldwell, que exercia as funções de
CEO enquanto Ian Caldwell estava incapacitado.

Ele não estava realmente ansioso para a conversa.

Para ser justo, o homem era um executivo experiente com uma reputação
fantástica nos círculos de negócios, mas Andrew não estava realmente com
vontade de ser justo. Primeiro, ele perdeu a empresa que havia trabalhado como
escravo durante anos para Derek Rutledge, agora ele havia perdido sua posição de
CEO graças à relutância de Derek em dar a mínima para essa empresa. Andrew
havia lido o contrato, ele sabia que se Derek tivesse se incomodado em ler, ele teria
visto as letras pequenas. Mas ele claramente não deu a mínima, e agora Andrew
tinha que limpar depois de sua bagunça.

Porra, ele queria uma bebida. Ele queria...

Ele queria Logan.

Andrew se encolheu e afastou o pensamento de sua mente. Ou tentou. Ele sabia


que estaria de volta. Constantemente estava. Deus, ele odiava esses pensamentos
necessitados que voltavam sorrateiramente a sua mente a cada vinte minutos. Ele
não precisava de Logan, porra. Quanto mais cedo ele se esquecesse de tudo o que
havia acontecido na ilha, melhor. Não tinha sido real. Esta vida era real.
Suspirando, ele murmurou uma saudação ao assistente do CEO, um jovem louro de
aparência atormentada. —Ele está lá dentro?— disse ele, apontando para a porta
fechada.

O cara — Nate — fez uma careta. —O Satanás? Ele não está sempre?

Andrew fez um som simpático. Ele tinha ouvido falar que Raffaele Ferrara era um
pesadelo para se trabalhar. O italiano era um dos principais acionistas do Grupo
Caldwell e seu vice-presidente e COO. Apenas Ian Caldwell tinha mais poder na
empresa do que Ferrara. Mas enquanto Ian Caldwell tinha a reputação de um
empregador exigente, Raffaele Ferrara tinha a reputação de um tirano. Seu pobre
assistente parecia que não dormia há dias.

—Por favor, diga a ele que quero falar com ele—, disse Andrew.

Nate assentiu e apertou o botão do interfone. —Senhor. Reyes quer falar com
você, Sr. Ferrara.

Uma voz profunda respondeu com desdém: —Estou ocupado. Eu não tenho tempo
para ele.— Andrew enrubesceu. Esta era sua empresa, caramba. Era.

—Não seja um idiota—, disse Nate.

Andrew piscou, olhando para ele com espanto.

—Você está esquecendo de si mesmo—, disse Ferrara em uma voz muito suave.

Nate engoliu em seco, mas sua voz não traiu seu nervosismo enquanto ele dizia
teimosamente: —Mas você está sendo um, senhor. Com todo o respeito. Depois
do que Sr. Reyes já passou, o mínimo que você pode fazer é tratá-lo…

—Tudo bem—, Ferrara rosnou. —Deixe-o entrar.

Nate desligou o interfone e gesticulou para que Andrew entrasse no escritório.


—Eu gostaria de poder dizer que ele não é tão idiota quanto parece, mas na
verdade ele é pior—, disse ele, suspirando e bocejando. —Continue. É como
arrancar dentes.

—Desagradavelmente difícil?:

—Isso também. Mas eu quis dizer que quanto mais você demorar, pior será. A
palavra 'paciência' não está em seu vocabulário.— Bem, isso não era exatamente
encorajador.
Quando Andrew entrou no escritório, Ferrara ergueu os olhos para ele de seu
laptop e lançou-lhe um olhar plano. —Você quer alguma coisa?

Sua voz gotejava com desdém, e Andrew sentiu um aperto no estômago. Ele
sempre odiou ser dispensado. Ele odiava que uma parte dele quisesse sair
correndo desta sala como um garotinho e se esconder.

Ele não fez isso, é claro.

Ele se forçou a manter o olhar do homem firmemente. —Sim—, disse ele.

—Meus funcionários têm reclamado comigo sobre seus métodos.

Os olhos de Ferrara se cravaram nele. Eles eram enervantes, verdade seja dita.
Raffaele Ferrara era um homem objetivamente bonito, seus traços faciais e pele
morena deixando óbvias suas raízes mediterrâneas, mas algo em seu olhar era
altamente inquietante. O formato de suas sobrancelhas negras e seus olhos negros
afiados como os de um falcão o faziam parecer um predador. Seu olhar era pesado,
altivo e condescendente. Quase cruel.

—Seus funcionários?— Ferrara disse, sua voz sem tom. —Você quer dizer meus
funcionários?

Andrew cerrou os punhos. O desejo de partir estava se tornando irresistível.


—Não, meus funcionários. Posso não ser mais o CEO, mas possuo dez por cento
da empresa.

Os lábios finos de Ferrara se curvaram em algo que não era bem um sorriso.
—Derek Rutledge é o acionista majoritário e assinou o contrato que deu ao Grupo
Caldwell o direito de administrar sua empresa. Se você tiver alguma objeção, pode
apresentá-la a Derek Rutledge.— E ele voltou para seu computador, uma dispensa
clara.

Andrew abriu a boca e depois fechou.

Ele nunca se sentiu tão impotente em sua vida. Tão inútil. Tão pequeno.

—Há anos sou o CEO desta empresa—, ele finalmente conseguiu. —É muito
arrogante de sua parte rejeitar minha ajuda.

Ferrara nem mesmo olhou para ele. —Eu não preciso da ajuda de ninguém—,
disse ele friamente. —E se as pessoas correrem até você para reclamar de mim,
diga-lhes para virem até mim com suas reclamações, se eles forem tão corajosas.—
Ele começou a digitar, seu olhar em seu computador. —Você não é necessário,
Reyes. Francamente, estou surpreso que você tenha voltado ao trabalho tão cedo
após toda a provação. Duvido que sua saúde mental esteja onde precisa estar.

Andrew apertou os lábios. —Estou bem—, disse ele, enfiando as mãos nos bolsos.
Eles estavam tremendo. —Estou pronto para voltar ao meu trabalho.

—Eu entendo que você possa pensar assim—, Ferrara disse, sua voz ainda
monótona. —Mas temo que não posso devolver este escritório a menos que Ian
me diga para fazê-lo.

—Caldwell está em coma e é improvável que acorde—, Andrew mordeu fora.


—Ele não vai te dizer merda nenhuma…

Os olhos negros de Ferrara se voltaram para ele. —Você também é médico agora?
Ele está respirando. Ele pode acordar ainda.

Andrew decidiu não expressar suas dúvidas sobre isso. Ele tinha ouvido falar em
algum lugar que Raffaele Ferrara e Ian Caldwell eram bons amigos, tanto quanto
dois idiotas implacáveis poderiam ser amigos.

—Em qualquer caso, a questão é discutível—, disse Ferrara. —Você viu os


documentos que fornecemos. O contrato entre a Rutledge Enterprises e o
Caldwell Group deixa claro que o CEO do Grupo Caldwell administrará as duas
empresas durante o acordo de parceria. E essa pessoa sou eu enquanto Caldwell
está indisponível. Estou falando uma língua que você não entende?— Seu tom era
final, desdenhoso, como se estivesse falando com uma criança estúpida e irritante.

Sentindo-se zangado, impotente e totalmente humilhado, Andrew se virou e saiu


do escritório.

Suas mãos tremiam tanto a essa altura que ele teve que cerrar os dedos em punhos.

Ele não conseguia se lembrar de ter voltado, mas ele deve ter voltado, porque a
próxima coisa que ele percebeu foi que ele estava encolhido no sofá em seu
escritório, os joelhos dobrados contra o peito e a cabeça entre eles enquanto
tentava respirar. as ondas de náusea.

Ele não era necessário. Ele não era necessário nem mesmo aqui. Ninguém
precisava dele. Ninguém o queria por perto. A única pessoa que já o quis, amou,
estava morta, levando com ela todas as coisas boas de sua vida. Agora ele não era
nada. Ele era um inútil. Ele não era procurado por ninguém.

Eu nunca fui desejado. Eu nunca vou entender as pessoas que querem filhos.
Tudo o que aquele garoto fez foi arruinar a vida da minha prima e agora minha
carreira também.

—Cale a boca—, ele sussurrou, pressionando as mãos nos ouvidos, como se isso
fosse parar a voz em sua cabeça. Não funcionou. Nunca foi assim. Essas palavras
foram uma de suas primeiras memórias, o tom irritado de sua tia tão claro em sua
mente como se tivesse acontecido ontem e não há quase trinta anos.

Ele sempre teve orgulho de não deixar sua infância defini-lo. Claro, não foi o
melhor, mas também não foi o pior. Estava tudo bem. Ele pode não ter crescido
em um ambiente amoroso, mas viveu melhor do que a maioria dos órfãos. Sua
infância foi ótima. Ele tinha sido alimentado, vestido e tinha um teto sobre sua
cabeça. Ninguém abusou dele. Estava tudo bem. Ele não precisava de ninguém
para amá-lo.

Exceto que parecia que ele ainda era o mesmo menininho patético e inseguro que
tentava fingir que não ouvia as palavras de sua tia enquanto ela reclamava para
suas amigas sobre ter que criá-lo depois que sua prima morrera, porque ninguém
mais o queria e como ele arruinou a vida de sua mãe quando ela engravidou dele,
não permitindo que ela perseguisse seus sonhos de faculdade, e como Andrew foi a
única razão pela qual sua tia não pôde aceitar uma lucrativa oferta de emprego que
ela recebeu.

Tia Rebecca não era uma mulher má. Por todos os padrões, ela era boa: abnegada
e generosa. Ela tinha apenas 25 anos quando o acolheu após a morte de sua mãe
pelas mãos de um assaltante. Embora ele a chamasse de tia, ela era prima de sua
mãe, não uma parente próxima. Ela o criou, embora ela não precisasse. Andrew
agradeceu os sacrifícios que ela fez por ele e mostrou sua gratidão até hoje,
apoiando-a financeiramente e visitando-a nos feriados. Ele era grato a ela. Ele
era.

Mas havia uma razão pela qual ele sempre se sentia emocionalmente esgotado
após uma visita a ela. Havia uma razão para ele sempre arrastar Vivian com ele
quando visitava tia Rebecca. Ter sua esposa ao lado dele, sua esposa gentil,
adorável e incrível que o escolheu, que o desejou, era a única coisa que tornava
aquelas visitas suportáveis.
Não é bom o suficiente, Andrew. Você não está se esforçando o suficiente. Você
pode fazer melhor. Tente mais.

A voz de sua tia ecoou em sua cabeça, as palavras que ela disse durante toda a vida.
Nunca muito satisfeito. Sempre uma carranca de desaprovação em seu rosto. E
ele, o menino que devia tudo a ela, tentando e falhando em agradá-la repetidas
vezes. Até mesmo seu primeiro emprego na Rutledge Enterprises foi o resultado
do empurrão de sua tia. Não importa o que ele fez, não foi bom o suficiente. Seu
casamento com Vivian era provavelmente a única coisa que sua tia havia aprovado.

Ele não tinha ido ver sua tia depois de seu retorno. Ele sabia que deveria fazer
isso. Tia Rebecca tinha perdido seus melhores anos criando ele, um filho que ela
nunca quis. Ele devia a ela uma visita. Ele temia isso, agora mais do que nunca.

Porra, foi tão estúpido. Ele era um homem adulto. Ele não deveria ter medo de ver
uma mulher pequena de meia-idade, só porque ele nunca tinha sido bom o
suficiente para ela.

Mas com a morte de Vivian, ele não tinha mais nada para se esconder atrás. Ele
ainda era tão indesejado e desnecessário quanto há trinta anos. Um homem que
sobreviveu à sua utilidade. Um homem que não deveria ter sobrevivido e sim sua
esposa. Era ela que todos queriam de volta, não ele. Até a tia Rebecca gostava
mais de Vivian do que ela jamais gostara dele. O retorno de Andrew apenas
lembrou a todos que Vivian estava morta enquanto ele estava vivo.

Talvez ele devesse ter morrido com ela.

Talvez ele devesse ter ficado na ilha e deixado todos pensarem que ele estava
morto.

De repente, ele ansiava por isso, pela pura simplicidade daquela vida. Pode ter
sido estranho, confuso e totalmente doentio, mas pelo menos na ilha ele não se
sentia insuficiente, desnecessário ou carente. Ele não se sentia tão inútil. Ele se
sentiu... ele se sentiu contente.

—Você está falando sério?— ele sussurrou com uma risada rouca.

Ele precisava de ajuda se pensasse seriamente que ficar preso na ilha era melhor
do que sua vida normal. Talvez ele tenha ficado louco, afinal. Talvez tudo isso
fosse um sonho estranho, e ele acordaria a qualquer momento com a mão de Logan
passando por seu cabelo e o peso reconfortante do pênis de Logan em sua boca.
Andrew enrubesceu. Porra, ele realmente precisava de ajuda. Ele não deveria
ansiar pela sensação reconfortante de um pau em sua boca, que diabos. Quão
confuso foi isso? Ele não era um... Ele não era gay. Ele estava normal. O que
aconteceu na ilha não importava. Ele não queria chupar o pau de Logan. Ele não
sentia falta de chupar o pau de Logan — ou dele, ponto final. A ilha tinha acabado
de fodê-lo. Isso foi tudo.

Esse desejo doentio... iria passar.

Tinha que passar.

Capítulo 14

O funeral de Vivian foi em uma sexta-feira.

Andrew ficou ao lado dos Rutledge e olhou para o caixão entorpecido, tentando
sentir algo além de mal-estar e desconforto.

Ele não tinha certeza de como se sentia sobre o corpo de Vivian ser transferido da
ilha para ser enterrado ao lado dos outros Rutledges, mas não disse não quando a
família de Vivian pediu sua opinião. Agora ele estava começando a se arrepender.

Foi simplesmente estranho. Ele se sentiu uma fraude entre todas essas pessoas
chorando. Ele se sentiu tão culpado por não sentir mais tristeza. Ele estava triste,
é claro, e sentia falta dela, mas a dor era mais maçante agora, tingida de afeto e
boas lembranças. Ele teve tempo para lamentar sua esposa. Ele a enterrou com as
próprias mãos dez meses atrás. Não parecia certo ter seu funeral novamente,
quando ele se sentia tão distante daquela época.

Ele estava feliz por seus óculos escuros. Ele não precisava de olhares mais críticos
do que já tinha.

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, acabou.


Andrew se afastou apressadamente, o nó em seu peito diminuindo a cada passo
que dava. Deus, por que isso não estava ficando mais fácil? Por que ele não
conseguia ficar entre outras pessoas sem sentir que queria pular fora de sua
própria pele? —Andrew!

Ele se encolheu, mas parou ao som da voz de sua tia.

—Sim, tia Rebecca?— disse ele, virando-se relutantemente.

Sua tia estava olhando para ele. —Você está de volta há duas semanas, mas não se
preocupou em me visitar nem uma vez. Eu tive que descobrir sobre a sua
sobrevivência pelo noticiário!

—Sinto muito—, disse ele. —Eu queria visitar você, mas as coisas têm estado
loucas, você sabe…

—Não, eu não sei—, disse ela, seu tom mordaz. —Porque você nem se deu ao
trabalho de me ligar, seu garoto ingrato e sem coração.

Andrew puxou o colarinho, mas encontrou o primeiro botão da camisa já aberto.


Ele não estava realmente sufocando. Estava tudo em sua cabeça. —Eu sinto
Muito. Vou fazer melhor, tia—, ele disse, procurando desesperadamente por uma
rota de fuga. Qualquer desculpa para sair.

Ninguém estava se apresentando. Ninguém parecia interessado em abordá-lo,


todos ocupados demais oferecendo suas condolências à avó e ao irmão de Vivian.
Não importava que ele fosse seu marido.

Engolindo o gosto amargo na boca, Andrew disse: —Acabei de me envolver com as


questões legais, juro. Eu vou te visitar em breve.

—Neste domingo,— tia Rebecca disse em um tom que não admitia discussão.

—Certo. No domingo—, Andrew disse, forçando um sorriso no rosto.

Droga.

***

Após o funeral, Andrew foi a uma loja de bebidas e comprou algumas garrafas de
uísque barato.

Vivian gostava de vinho tinto caro, mas o paladar de Andrew não notou nenhuma
diferença entre uma garrafa que custava mil dólares e uma que custava dez.

Ele costumava comprar bebidas sofisticadas de qualquer maneira, fingindo que


sabia a diferença. Bem, ele não tinha mais ninguém por quem fingir.

Ele voltou para o seu quarto de hotel e se embriagou terrivelmente.

Pelo menos desta vez ninguém estava lá para julgá-lo.

A memória de olhos escuros olhando para ele com desaprovação brilhou em sua
mente, e ele foi atingido por uma onda de desejo insuportável e opressor.
Normalmente, ele afastava esses pensamentos, esses sentimentos, tentava
esmagá-los, mas estava bêbado demais para isso agora.

Ele pegou seu telefone e abriu o Chrome com dedos trêmulos.

Em sua defesa, procurar Logan foi ridiculamente fácil. Informações sobre ele
estavam em todos os artigos sobre sua sobrevivência milagrosa.

Logan McCall. Trinta e quatro anos. Proprietário de uma rede de hotéis bastante
popular.

Os lábios de Andrew se curvaram em um leve sorriso. Ele suspeitou que Logan


não era um simples proprietário de um hotel quando sua família enviou um
maldito jato particular para buscá-lo, mas isso era engraçado. Maneira de
minimizar o próprio negócio.

Aparentemente, a família de Logan morava perto de Boston, mas ele morava


sozinho em Nova York. Seu endereço e número de telefone obviamente não
estavam listados em nenhum lugar, mas não seria difícil descobrir. Tudo o que ele
precisava fazer era ir a um dos hotéis de Logan e falar com o gerente para lhe dar o
número de Logan. Afinal, todos e seus cães agora sabiam que ele tinha sido o
companheiro sobrevivente do acidente de avião de Logan. O gerente dificilmente
se recusaria a dar o número de Logan para a pessoa com quem ele havia passado
nove meses vivendo — sobrevivendo.

Depois de procurar o hotel mais próximo que pertencia a Logan, Andrew pegou
sua mala desempacotada, jogou dentro as poucas coisas que se preocupou em tirar
dela e chamou um táxi.
Enquanto ele estava em frente ao hotel de Logan, uma lasca de dúvida surgiu em
sua mente viciada em álcool. Ele sacudiu a cabeça e entrou.

—Eu gostaria de um quarto—, disse ele na recepção. Ele estava muito orgulhoso
de si mesmo por não falar mal.

—Claro senhor. Sua identidade, por favor—, a mulher disse com um sorriso
educado que não mascarou o olhar curioso em seus olhos. Então ela o reconheceu.
Considerando a frequência com que o rosto dele foi colado ao lado do de seu chefe,
provavelmente não deveria ser surpreendente. Ah bem. Talvez fosse melhor
assim.

Dando a ela sua identificação, Andrew disse baixinho: - Tenho outro pedido.

Eu preciso do número de telefone de Logan McCall.

Os olhos da mulher se arregalaram ligeiramente. —Vou ter que perguntar ao


gerente—, disse ela, com voz hesitante. —Não damos as informações privadas do
Sr. McCall a ninguém, mas... vou perguntar.— Ela acrescentou suavemente: —E eu
sinto muito por sua perda, Sr. Reyes.

A sincera simpatia em sua voz fez seu peito doer.

—Obrigado—, disse Andrew, limpando um pouco a garganta. Ele não gostou que
sua vida privada se tornasse tão pública, mas era o que era.

Depois de receber o cartão-chave, ele foi para o quarto, já se perguntando se havia


cometido um erro. Ele tinha a sensação de que seu eu sóbrio não iria apreciar isso
amanhã.

O quarto era bonito e decorado com bom gosto, mas Andrew continuou se fixando
no fato de que era o hotel de Logan. Provavelmente estava fodido e ridículo, mas o
mero pensamento de que tudo isso pertencia a Logan o fazia se sentir
estranhamente confortável aqui. Sim, era além de ridículo.

Ele se despiu e caiu na cama.

O colchão parecia uma nuvem macia. Os lençóis tinham um cheiro limpo e


agradável. Ele estava cansado. Tão, tão cansado. Mas o sono ainda se recusava a
vir para ele. Era um problema que ele tinha há semanas, desde... seu retorno. Ele
diria que não conseguia se lembrar da última vez que dormiu uma noite inteira,
mas isso seria uma mentira. Ele sabia.
Andrew não sabia quanto tempo ficaria deitado assim, com o rosto enterrado no
travesseiro e sua mente à beira do sono quando o telefone ao lado da cama tocou.

Estendendo a mão, ele atendeu. —Olá?

—Por que você está no meu hotel?

Os olhos de Andrew se abriram, seu coração pulando em sua garganta.

Foi estúpido, mas ele não tinha realmente pensado sobre o que diria quando
ligasse para Logan. Ele não esperava que Logan ligasse para ele. Logan estava
ligando para ele. Logan queria falar com ele.

Andrew deu por si sorrindo estupidamente em seu travesseiro. Ei, ele estava
bêbado. Pessoas bêbadas conseguem sorrir sem motivo, certo?

—Por que as pessoas vão para um hotel?— ele murmurou evasivamente. —Eu
precisava de um lugar para ficar.

—Você está bêbado?

Andrew não tinha certeza do que dizia sobre ele que ele sentia falta daquele tom
de julgamento. Ele estava sendo estúpido. Mas, novamente, pessoas bêbadas eram
estúpidas.

—E daí se eu estiver?— ele balbuciou, sem saber por que ele não estava mais se
preocupando em esconder seu estado de embriaguez. Ele poderia se fizesse um
esforço, como fez quando falou com a recepcionista. Mas era Logan. Seu corpo
parecia pensar que estava perfeitamente bem agir como uma criança chorona e
teimosa agora. Era Logan. Logan. Logan o tinha visto no seu pior.

—Pelo menos você não está negando—, disse Logan secamente.

Andrew não disse nada. Ele nem tinha mais certeza do que eles estavam falando,
suas pálpebras ficando mais pesadas enquanto ele ouvia a respiração de Logan.
Isso parecia... tão familiar. Perturbadoramente reconfortante em sua
familiaridade. Tudo o que faltava era um corpo duro pressionado contra suas
costas ou melhor ainda, um... Ele enfiou o polegar na boca e fez um barulho
satisfeito enquanto o chupava.

—Cristo, você está se masturbando?

Andrew congelou. —Não—, disse ele com o polegar.


—Você está mentindo.

—Não estou.

—Você está fazendo algo. Eu sei como você soa quando você… Logan se
interrompeu, murmurando algo frustrado sob sua respiração. —Conte-me.

O tom exigente de sua voz fez um arrepio percorrer o corpo de Andrew. Ele tirou
o polegar da boca e piscou quando percebeu o que exatamente ele estava
desejando o atingiu. Ele enrubesceu. O que havia de errado com ele, sério?

—Isso é tudo culpa sua—, queixou-se Andrew. —Você me acostumou com —


coisas, e agora me sinto todo confuso e nervoso sem...— Sem seu pau na minha
boca. Sem seu cheiro em mim. Sem seus braços em volta de mim. Sem seu
batimento cardíaco contra meu ouvido.

As palavras estavam na ponta da língua, mas mesmo bêbado, ele não conseguia
dizê-las, sabendo que se odiaria quando ficasse sóbrio.

Logan ficou em silêncio na linha.

Andrew se perguntou se ele poderia adivinhar o que ele não estava dizendo. Ele se
perguntou se Logan se sentia tão desequilibrado quanto ele. Ele duvidou disso.

Finalmente, Logan suspirou. —Você é uma bagunça.

—Enterrei minha esposa hoje — de novo. Eu posso ser uma bagunça.

Felizmente, Logan não disse que sentia muito. Andrew não tinha certeza de que
não iria explodir em lágrimas se o fizesse. Seus olhos ardiam, sua garganta estava
apertada. A pior parte era que ele não tinha certeza de por que estava se sentindo
tão triste, solitário e carente de repente, quando não tinha se sentido assim no
funeral.

—Acho que você precisa de um terapeuta—, disse Logan.

—Foda-se.

—Estou falando sério—, disse Logan, sua voz sombria. —Eu percebi que você
começou a associar... certas coisas com conforto há algum tempo. Um bom
terapeuta deve ser capaz de ajudá-lo.

Andrew riu. —E como você sugere que eu conte meu problema a um terapeuta?
Por favor, me ajude a dormir sem um pau na boca? Você percebe como isso soa
humilhante, certo?— Ele se encolheu, já se odiando por falar sobre o elefante na
sala.

Logan, o idiota, bufou. —Tenho certeza que eles ouviram coisas mais estranhas.—
Andrew zombou e não disse nada.

O silêncio se estendeu, os dois apenas respirando ao telefone como dois malucos.


Mas ele não conseguia desligar. Deus, ele sentiu que ia explodir em lágrimas se
Logan desligasse na cara dele.

—Eu realmente te odeio,— ele sussurrou, sua voz contida. —Como você já está
tão bem ajustado enquanto estou uma bagunça?— Não houve resposta por um
tempo.

Uma respiração, depois outra.

Logan disse rigidamente: —Eu não ligaria para você no meio da noite se estivesse
bem ajustado.

—Acho que foi um insulto, mas estou bêbado demais para ficar ofendido.—
Andrew desejou que fosse verdade. Ele pode estar bêbado, mas as palavras de
Logan apunhalaram algo dentro dele, apunhalou e torceu. Ninguém precisava
dele. Ninguém o queria. Ninguém queria precisar dele.

Foi bom. Bem. Ele também não queria precisar de Logan.

Logan suspirou. —Beba um pouco de água e vá dormir, Andrew.

—Não me diga o que fazer—, disse ele, embora já estivesse se levantando para ir
ao frigobar. Ele abriu uma garrafa de água e bebeu o máximo que pôde sem se
sentir enjoado, o telefone ainda pressionado contra o ouvido. Ele estava
irracionalmente com medo de que Logan desligasse na cara dele, e esse medo o
assustava como o inferno. Ele realmente estava confuso da cabeça, não estava?

Sentindo-se cansado, Andrew voltou para a cama e deitou-se de lado.

—Agora durma.

—Não preciso que você me diga isso—, murmurou Andrew, apenas para ser
contrário. Eu não preciso de você para dormir, ele queria dizer, mas meio que
parecia mentira demais.
Logan fez um barulho irritado. —Então por que você quer meu número?

Andrew não disse nada a isso, virando-se de bruços e abraçando o travesseiro.


—Não desligue—, ele ordenou. Suplicou.

Deus, ele nunca se sentiu tão patético.

Houve silêncio na linha.

—Eu não vou—, Logan disse por fim.

Andrew expirou, relaxando um pouco.

Ele nem percebeu que caiu no sono.

Capítulo 15

A ressaca na manhã seguinte não foi tão ruim quanto a bola de humilhação que se
instalou no estômago de Andrew desde que ele acordou. Porra, ele realmente ficou
bêbado o suficiente para ir procurar Logan? Como algum tipo de perseguidor
patético? Ugh. E então ele basicamente implorou a Logan para não desligar na
cara dele. Duplo ugh.

—Estúpido—, sussurrou Andrew, olhando para o teto do quarto.

O quarto no hotel de Logan. Simplesmente ótimo.

Se a vida pudesse lhe dar uma bênção, ele teria esquecido o que aconteceu ontem à
noite, mas não, ele se lembrou da conversa ao telefone mortificante com perfeita
clareza. Ele figurou.

Ele considerou se levantar e ir para o escritório, mas não era como se ele fosse
necessário lá. Ele não era necessário em lugar nenhum.
O pensamento apenas o fez sentir mais pena de si mesmo, e ele odiava, odiava se
sentir tão fraco e patético. Ele se recusou a ser tão patético.

Andrew se forçou a sair da cama, tomar banho e sair. Ele pode não ser necessário
em qualquer lugar, mas isso não significa que ele deve se permitir afundar em um
poço de depressão. Ele deveria pelo menos dar uma volta, estar perto de outras
pessoas e, com sorte, se tornar um ser humano funcional em vez de um... qualquer
que seja a bagunça que ele estava agora.

Era mais fácil falar do que fazer.

Quanto mais ele ficava fora, em torno de todo o barulho, em torno de todas
aquelas pessoas, mais ansioso ficava. Ele não sabia que era possível se sentir tão
sozinho em uma rua movimentada, mas aparentemente era. Não, "sozinho'' era a
palavra errada. Ele se sentia como se fosse algum tipo de alienígena de outro
planeta, como se ele não pudesse se conectar com todas essas pessoas. Ele não
conseguia entendê-las, ele não queria estar perto delas, e quanto mais ele ficava
perto delas, mais forte seu coração batia, sua ansiedade aumentando e se
transformando em pânico.

Ele voltou ao seu quarto de hotel, sentindo-se mentalmente esgotado e fisicamente


instável. Ele se jogou na cama e colocou a cabeça entre as mãos, sentindo-se
derrotado e apavorado.

O que havia de errado com ele? Ele havia desenvolvido algum tipo de agorafobia?
Ele não... ele achava que não. A ideia de estar do lado de fora não o deixava
realmente ansioso. Ele simplesmente não gostava de todo o barulho e pessoas e,
era demais. Deus, a ilha realmente o tinha fodido, não é?

Uma batida na porta o fez levantar a cabeça.

—Entre,— ele disse apaticamente. Provavelmente era uma empregada querendo


limpar o quarto.

Não era uma camareira.

Era Logan.

Parecia que tudo parou, o mundo parou abruptamente.

Andrew o encarou com os olhos arregalados e a boca frouxa.


Thud-thud, thud-thud, thud-thud-thud, seu coração batia no peito, como se
tentasse escapar.

Logan fechou a porta, recostou-se contra ela e olhou de volta, seus olhos escuros
sem fundo.

Andrew teve que segurar a colcha com os punhos para se impedir de fazer algo
estúpido. Algo estúpido como lançar-se sobre Logan e se agarrar a ele como um
macaco.

—O que você está fazendo aqui?— Andrew conseguiu, olhando furioso. Pelo
menos ele esperava estar olhando feio e não olhando para ele com fome.

Logan ergueu as sobrancelhas, sua expressão inescrutável contradizendo a tensão


rígida e fortemente enrolada em seu corpo. Ele parecia que tinha engordado. Ele
parecia bem. Definitivamente mais organizado do que Andrew estava se sentindo.
Mas, novamente, não era uma barreira alta para superar.

—Este é o meu hotel—, disse Logan. —E foi você quem veio aqui me procurar.

Andrew sentiu o sangue correr para seu rosto. —Achei que você estivesse em
Nova York.

Alguma emoção passou pelo rosto de Logan e então se foi, muito rápido para
Andrew reconhecê-la.

—Eu estava—, disse ele secamente.

Andrew umedeceu os lábios com a língua, inseguro.

O silêncio caiu entre eles, carregado com algo terrivelmente familiar. Era horrível,
mas também incrivelmente reconfortante. Fácil.

Para seu desgosto absoluto, Andrew se sentia mais como ele mesmo do que se
sentia em semanas. A ansiedade inquieta e enlouquecedora sob sua pele, a
sensação de estar errado se foi quase totalmente. Ele apenas olhou para Logan, e
tudo parecia certo com o mundo. Mas ele ainda está muito longe — preciso dele
mais perto — por que ele está tão longe.

Andrew agarrou a colcha com mais força. Porra, se ele pudesse clarear seu próprio
cérebro, ele o faria. Sério, o que havia de errado com ele?

—Talvez eu precise de um terapeuta—, disse ele com uma risada rouca.


A expressão de Logan permaneceu azeda e infeliz. Ele não pediu esclarecimentos.
Na verdade, ele parecia preferir estar em qualquer lugar menos lá, algo
ligeiramente irritado com ele. Exceto que seus olhos escuros permaneceram fixos
em Andrew com uma intensidade assustadora.

—Você não cortou o cabelo—, disse Logan.

Andrew piscou. Ele inclinou a cabeça para o lado, confuso. Seu corte de cabelo,
ou a falta dele, era a última coisa que ele esperava que Logan comentasse.

Franzindo a testa, ele passou a mão pelo cabelo. Realmente estava longo agora,
quase tocando seu pescoço em cachos bagunçados. Provavelmente parecia um
ninho de pássaro. Ele realmente deveria cortar o cabelo. Ele sempre cortou o
cabelo curto para Vivian. Não que ela não gostasse dele com cabelo mais
comprido. Os cachos apenas o faziam parecer mais jovem, tornando a diferença de
idade entre eles mais pronunciada. Andrew sabia que isso deixava sua esposa
desconfortável e constrangida, daí o corte de cabelo curto. Mas com a morte de
Vivian, ele não se incomodou. Cuidar de si mesmo era a última coisa em sua
mente.

Pegando o lábio inferior entre os dentes, Andrew olhou para ele com cuidado.
—Por quê você está aqui?

Logan deu de ombros, enfiando as mãos nos bolsos de suas calças escuras, o que
atraiu o olhar de Andrew para.

Ele desviou os olhos, suas orelhas ficando quentes, sua boca seca.

—Eu estava na área—, Logan disse laconicamente.

—Você acabou de dizer que estava em Nova York—, apontou Andrew.

Logan olhou para ele, sua expressão sombria, um músculo pulsando em sua
mandíbula. Sua mandíbula muito bronzeada. Seu pescoço ainda parecia
bronzeado contra aquela camisa azul clara e.

Andrew baixou os olhos, fechando a colcha nos punhos.

—Eu não disse o número do meu quarto—, disse ele, apenas para dizer alguma
coisa. Qualquer coisa. —Você me perseguiu.

—Dificilmente é perseguição quando você me perseguiu primeiro.


O olhar de Andrew se levantou. Ele olhou carrancudo para Logan. —O endereço
do seu hotel é uma informação publicamente disponível. Não houve perseguição
envolvida.

Logan se endireitou de sua postura relaxada contra a porta, e o coração de Andrew


começou a bater mais rápido. Ele ficou sentado muito quieto quando Logan se
aproximou dele.

Ele parou na frente de Andrew e olhou para ele. —Vamos parar com essa merda—,
disse ele calmamente. Sua mão grande, forte, tão familiar tocou a mecha
encaracolada perto da têmpora de Andrew.

Andrew não conseguia respirar. Ele só podia olhar nos olhos castanhos chocolate
de Logan, como um coelho preso na armadilha de um caçador. —Bbesteira?— ele
sussurrou, quase tremendo com o esforço de ficar quieto e não se inclinar para o
toque.

—Você quase me implorou para vir,— Logan disse, sua expressão meio enojada,
meio faminta. —Você precisa de mim.

Andrew fez uma careta para ele, seu rosto incomodamente quente. —Não mais do
que você precisa de mim.

Os lábios de Logan se estreitaram em uma linha, mas ele não negou.

Ele não negou.

—É um efeito colateral de depender um do outro por nove meses—, disse Logan, a


irritação envolvendo suas palavras. —É co-dependência.

Andrew acenou com a cabeça, em total acordo com ele sobre isso.

—Vai passar—, disse Logan, enterrando a mão no cabelo de Andrew. —Já tive
uma reunião com uma terapeuta. Ela disse que não é nada incurável. Precisamos
apenas reaprender como funcionar normalmente e manter uma distância
saudável...

Logan ainda estava dizendo algo, mas Andrew não conseguia mais se concentrar.
Todo o seu mundo parecia se estreitar para aquela mão em seu cabelo, dedos
arranhando seu couro cabeludo, o toque enviando arrepios de prazer por seu
corpo. Não foi o suficiente.
Um gemido saiu de seus lábios e ele se inclinou para frente, pressionando o rosto
contra o estômago duro de Logan. A camisa de Logan estava no caminho e ele a
empurrou para cima com dedos trêmulos até que seu rosto estivesse pressionado
contra aquela pele quente e gloriosa. Deus. Deus.

Logan estava rígido contra ele, seus músculos abdominais contraindo-se contra
seu rosto. Andrew esfregou sua bochecha contra o rastro feliz de Logan, toda a
tensão e frustração das últimas semanas sangrando dele. Ele respirou, pelo que
parecia ser a primeira vez em semanas. Dentro e fora. Dentro e fora. Muito
melhor. Ele se sentiu muito melhor. Ele se sentiu intoxicado. Tão, tão bom.

—Pelo amor de Deus—, Logan rangeu acima dele. —Isso é exatamente o que não
deveríamos estar fazendo.

Mas sua mão ainda estava enterrada no cabelo de Andrew e não o estava afastando,
nem mesmo quando Andrew, bêbado, se aninhou para baixo, balançando a boca na
protuberância sob as calças de Logan, precisando disso. —Cristo,— Logan
suspirou, sua mão já trabalhando em seu cinto. —Tudo bem, acho que mais uma
vez não fará diferença.— Ele abriu o zíper da braguilha e seu pau duro saltou para
fora, atingindo o rosto de Andrew.

Andrew o olhou com avidez e separou os lábios, convidando-o a entrar em


silêncio.

Logan gemeu e empurrou seu pau em sua boca em um impulso forte.

Deus sim.

Tudo depois disso foi um borrão de prazer e necessidade angustiantes. Andrew


estava apenas vagamente ciente de que estava fazendo sons obscenos e gemendo
em torno daquele pau como um chupador de pau faminto por pau, mas ele não
conseguia se importar. Ele se sentia tão bem.

Um pouco de consciência deslizou de volta para Andrew quando ele sentiu as


mãos de Logan agarrando seu rosto e o segurando enquanto ele fodia sua boca
com mais força. Ele permitiu, seu cérebro muito embriagado e nebuloso para
pensar. Ele adorava, adorava ser usado por Logan, adorava ser apenas uma boca
quente para seu pau. Parecia certo. Ele se sentiu necessário. Essencial.

Ele enfiou a mão na calça de moletom e começou a acariciar seu próprio pau
dolorido, mas mal conseguia se concentrar nisso. Todo o seu foco estava no pau
familiar fodendo sua boca, a maneira como batia contra a parte de trás de sua
garganta, fazendo-o engasgar um pouco, como era bom ter os lábios bem esticados
em torno de seu comprimento grosso. O gosto dele era tão familiar. Tão certo.
Ele tinha sentido tanta falta.

—Espere—, Logan grunhiu, puxando seu pau para fora da boca de Andrew.

Andrew fez um barulho de protesto, seu cérebro incapaz de compreender qualquer


coisa. Ele deixou Logan empurrá-lo de volta para a cama e organizar seus corpos5
para que o rosto de Logan ficasse acima de seu pau. Ele engasgou quando a boca
quente de Logan se enrolou em seu pau dolorido, mas o prazer parecia secundário
em relação à sua necessidade de chupar o de Logan. Ele guiou o pau de Logan de
volta em sua boca, gemendo de alívio quando começou a foder sua boca
novamente. Isso era tudo que ele queria. Isso era tudo que ele precisava. Este
pau, o gosto dele, a maneira como enchia sua boca.

Quando Logan gozou, Andrew engoliu sua porra com avidez, mas continuou
chupando — até que Logan silvou de desconforto e se retirou. —Sensível
demais—, disse ele, antes de voltar a chupar o pau de Andrew.

Andrew enterrou o rosto na virilha de Logan, se afogando em seu cheiro, a boca de


Logan quente e apertada ao redor de seu pênis. Deus. Logan acariciou suas bolas
e Andrew gozou com um gemido abafado, tremendo e ofegante.

Ele flutuou na nuvem do prazer — bom — certo por um longo tempo. Ele gemeu e
agarrou o braço de Logan quando ele começou a se afastar. Não vá.

—Ok—, disse Logan.

O colchão afundou. Logan se esticou ao lado dele de costas. Andrew


imediatamente rolou para cima dele. Logan fez um barulho irritado, mas não o
empurrou.

Aceitando isso como permissão, Andrew desabotoou a camisa de Logan e colocou


seu rosto no peito do outro homem, apreciando a sensação familiar dos pêlos
esparsos do peito de Logan fazendo cócegas em sua bochecha. Seu corpo ficou
sem ossos, uma sensação de contentamento quente se espalhando por ele.

—Só desta vez—, Andrew murmurou. —Iremos a um terapeuta amanhã.

5
chama se 69. rs
Logan suspirou, sua mão apoiada nas costas de Andrew e puxando-o para mais
perto. —Sim. Amanhã.

Capítulo 16

Logan olhou para o homem dormindo em seu peito e se perguntou como era
possível se sentir tão relaxado e à vontade quando ele claramente tinha perdido a
cabeça.

Este não era o plano. Ele tinha chegado ao hotel para dar uma olhada em Andrew,
não para cair na mesma toca do coelho novamente. O cara parecia uma bagunça
ao telefone e Logan pretendia apenas dar uma olhada nele e então seguir com sua
vida.

Certo, disse uma voz sardônica no fundo de sua mente. Você está tão ruim quanto
ele, se não pior.

Passando a mão pelo rosto, Logan suspirou. Sim talvez. Se ele fosse honesto
consigo mesmo, estar longe de Andrew tinha sido... frustrante. Nas últimas
semanas, ele se sentia constantemente distraído, seu corpo rastejando de agitação.
Ele estava muito acostumado a dormir enrolado em Andrew, muito acostumado a
cuidar dele. Logan esperava, esperava que com o retorno ao mundo normal, seus
antigos hábitos independentes estariam de volta, mas até agora isso não estava
acontecendo. Ou talvez a necessidade de ser necessário por Andrew tivesse se
tornado profundamente enraizada nele.

De qualquer forma, o que aconteceu ontem à noite foi um erro. Um erro que ele
não deveria cometer novamente. Contanto que ele não fizesse isso de novo,
deveria ficar bem. Era como parar de fumar: parar completamente não foi fácil,
mas enquanto ele não fizesse disso um hábito, ainda era possível parar.

Não é a mesma coisa que você disse a si mesmo na ilha?


Afastando cuidadosamente o pensamento desconfortável, Logan estudou o rosto
adormecido de Andrew, franzindo as sobrancelhas quando percebeu novamente
como era fino. Andrew era todo lábios e olhos agora, seu rosto quase magro. Ele
ainda era ridiculamente adorável, mas sua magreza não parecia saudável. Não era
apenas seu rosto, ele definitivamente perdeu muito peso no geral.

Como se sentisse seu olhar, Andrew murmurou algo sonolento e se mexeu.


Aqueles olhos grandes e bonitos se abriram. Eles pareciam mais azuis do que
verdes esta manhã. Eles piscaram para Logan como uma coruja antes de fechar
novamente. —Já é de manhã?— ele murmurou no peito de Logan, esfregando sua
bochecha contra ele como um gatinho sonolento.

O estômago de Logan apertou, uma sensação estranha o torceu. Não era uma
sensação desagradável, apenas inquietante.

—Sim. Me larga. Eu preciso ir.— Andrew ficou muito quieto por um momento.

Então ele rolou de cima dele e se sentou.

Logan também se sentou.

Eles apenas se encararam por um momento.

—Você é só pele e osso—, disse Logan. —Você tem comido? Você não era tão
magro na ilha.

Andrew encolheu os ombros vagamente. Isso pode significar qualquer coisa.

Quando Logan continuou olhando para ele, Andrew disse: —Eu esqueci.

—Você esqueceu—, Logan repetiu categoricamente. —Você se esqueceu de


comer.— Andrew não encontrou seus olhos.

Logan suspirou. Ele pegou o telefone na mesa de cabeceira e contatou a recepção.


—Bom Dia. Café da manhã para dois, por favor.

Após uma pausa momentânea, a recepcionista disse rapidamente: —Claro,

Sr. McCall.

Andrew estava olhando feio para Logan quando ele se virou para ele. —Porque
você fez isso?— ele disse, duas manchas coloridas aparecendo em suas maçãs do
rosto. —Agora eles vão pensar que, que...
—Que você chupou meu pau e eu passei a noite?— Logan disse, muito secamente.

—Eu não chupei seu pau—, disse Andrew, evitando seu olhar enquanto arrumava
as roupas. —Eu não sou gay.

Logan bufou uma risada. —Claro que não. Você só gosta de ter sua boca fodida.
Com um pau.

O olhar fulminante que Andrew atirou nele poderia ter posto fogo em alguém.
—Você não é engraçado.

—Eu não estou tentando ser—, Logan disse, indo para o banheiro. Ele precisava
de um banho.

No momento em que ele voltou, vestido apenas com uma toalha enrolada em seus
quadris, uma empregada estava colocando uma bandeja com o café da manhã na
mesa.

Ela se assustou quando viu Logan, seus olhos dispararam dele para Andrew, cujo
rosto estava vermelho novamente.

—Bom dia, Sr. McCall—, disse ela alegremente, como se não houvesse nada de
estranho na situação.

—Bom dia—, disse Logan. —Não há roupões de banho no banheiro. Certifique-se


de que seja corrigido.

A empregada enrubesceu. —Claro, Sr. McCall. A única razão pela qual não os
trouxemos foi porque havia uma placa de “não perturbe” na porta desde que o Sr.
Reyes mudou-se.

Logan assentiu. Ele não se incomodou em dizer que eles deveriam ter trazido um
roupão de banho antes que um novo hóspede se registrasse no quarto, deixá-la
nervosa não levaria a nada. Mas ele teria que falar com o gerente sobre isso.

Andrew jogou uma camiseta para ele. Logan o pegou e deslizou para dentro.
Estava um pouco apertado em torno de seu peito e ombros, mas nada muito
desconfortável.

—Você pode ir, Jane—, ele disse, olhando para a empregada quando percebeu que
ela ainda estava lá. —Peça a alguém que me traga roupas da minha suíte.

Ela assentiu e saiu rapidamente.


—Logan se sentou à mesa e serviu café para os dois. —Sente. Coma.

Andrew fez uma careta, mas obedeceu. Ele mordiscou a comida antes de atacá-la
vorazmente de repente, como se só agora percebesse o quanto estava com fome.
Cristo, parecia que ele não comia há dias. Ele certamente era isso.

Logan o observou comer, tentando localizar a sensação estranha que se enrolou em


seu intestino. Não era estranho. Ele levou um momento para reconhecê-lo. Era
semelhante à satisfação primitiva que sentia ao ver Andrew saborear a comida que
cozinhava. Ele gostava de alimentar Andrew. Fornecendo para ele.

Encolhendo-se por dentro, Logan desviou o olhar e se concentrou em sua própria


comida.

Eles comeram em silêncio. Provavelmente deveria ser desconfortável, mas na


verdade era o mais confortável que Logan havia se sentido em semanas. Voltar
para casa e ver sua família e amigos pela primeira vez em quase um ano tinha sido
bom, é claro, mas não fez nada para apagar a sensação desconfortável sob sua pele,
como se ele tivesse perdido algo. Agora esse sentimento de insatisfação se foi. Ele
se sentia completamente à vontade.

Não que esses sentimentos fossem completamente surpreendentes.


Provavelmente era natural que demorasse para se acostumar com sua vida normal.
Era de se esperar que ele ainda se sentisse mais confortável perto da pessoa que foi
seu mundo por nove meses. Com o tempo, esses sentimentos devem desaparecer.
Ele só tinha que dar um tempo e parar de alimentar a codependência, caramba.

O som de um toque o tirou de seus pensamentos. Andrew começou também, antes


de pegar o telefone e olhar para ele com algo parecido com trepidação.

Logan ergueu as sobrancelhas. —Alguém com quem você não quer falar?

O rosto de Andrew fez algo estranho. —É minha tia. Ela me criou.— Logan não
passou despercebido que não era um não.

Não é da sua conta, disse a si mesmo e voltou o olhar para a comida. Ele fingiu
estar absorto nisso enquanto Andrew atendia o telefone.

—... não, tia, eu juro que não esqueci... eu sei que prometi visitá-la hoje, e irei, eu
prometo... eu não tinha ideia de que você estava me esperando tão cedo.

A mulher do outro lado da linha parecia começar um discurso inflamado. Andrew


ouviu com uma expressão resignada e comprimida no rosto, os ombros ficando
mais tensos a cada momento. Ele parecia... pequeno. Andrew não era um homem
pequeno, mas agora “pequeno” era uma boa palavra para descrevê-lo. Ele parecia
pequeno. Como se qualquer coisa pudesse quebrá-lo. Ou algo já tinha.

Logan franziu a testa.

—Eu sinto Muito. Eu vou sair agora—, Andrew disse por fim antes de encerrar a
ligação.

—Ele olhou para o telefone por um momento, um olhar vazio em seu rosto, antes
de se levantar. —Eu tenho que ir,— ele disse, sem olhar para Logan. —Eu prometi
à minha tia que iria visitá-la hoje e, aparentemente, ela está me esperando há
horas.

—Você precisa de uma carona?— Logan disse antes que ele pudesse se conter.

As sobrancelhas de Andrew franziram. —Você tem um carro? Eu pensei que você


morasse em Nova york?

Logan desviou o olhar. —Eu dirigi aqui—, disse ele secamente. Andrew não
precisava saber que não conseguia dormir depois de ouvir sua voz, pensar nele e
ficar obcecado. Ele nem percebeu a princípio que estava dirigindo em direção a
Boston, e então era tarde demais para voltar atrás. Ou então ele disse a si mesmo.

—Oh—, disse Andrew. —Está bem então.

—Vá tomar um banho e se vestir.

Andrew revirou os olhos com um olhar sofrido. —Foda-se você. Eu não preciso
que você me diga o que fazer. Eu sou capaz de funcionar por conta própria, você
sabe.

—Você é?— Logan disse calmamente. —Você está bem, Drew?—

A mandíbula de Andrew cerrou, algo quase frágil em seus olhos. Ele olhou para
Logan incerto e não disse nada.

As mãos de Logan se contraíram em direção a ele, mas seu desejo imprudente de


consolar foi interrompido pela batida na porta. Bom momento.

Logan foi abri-lo e agradeceu a empregada por trazer algumas roupas para ele. Ele
largou a toalha e começou a se vestir sem pressa enquanto Andrew desaparecia no
banheiro.

Ele estava checando seus e-mails em seu telefone quando Andrew finalmente saiu
do banheiro, já vestido. Ele ficou imóvel, olhando para Logan com uma expressão
estranha no rosto.

—O que?— Logan disse.

Andrew balançou a cabeça, esfregando a nuca. —Nada—, disse ele, seus lábios
torcidos em algo que não era bem um sorriso. —Ainda não estou acostumada com
você estando todo...

—Vestido?— Logan disse com um bufo.

—Sim—, disse Andrew, rindo um pouco. —Isso está realmente me confundindo.—


Eles deixaram o quarto juntos.

Logan ignorou os olhares curiosos que os seguiram por toda parte, forçando-se a
relaxar. Depois da solidão da ilha, ele ainda estava lutando para se ajustar ao fato
de tantas pessoas ficarem olhando para ele o tempo todo. Um olhar de soslaio
para Andrew confirmou que o outro homem estava se saindo muito pior: havia
tanta tensão na maneira como Andrew se portava que parecia que ele poderia
estourar a qualquer momento, seus olhos correndo nervosamente ao redor.

Franzindo a testa, Logan colocou a mão nas costas de Andrew. Ele meio que
esperava que Andrew pulasse para longe dele nervosamente, mas em vez disso, um
pouco da tensão parecia sangrar para fora do corpo de Andrew. Andrew se
aproximou dele, caminhando tão perto que seus ombros bateram.

A carranca de Logan se aprofundou. Ele olhou para a mão de Andrew. Seus dedos
estavam abrindo e fechando.

Foi um alívio finalmente chegar ao carro.

Andrew recostou-se no banco do passageiro, passando a mão pelo rosto com um


suspiro. —Porra.

Foda-se mesmo. Logan não tinha pensado que era tão ruim.

Ele ligou o carro, considerando como abordar o assunto enquanto Andrew


colocava o endereço de sua tia em seu GPS.

—Todas essas pessoas... parece um pouco demais às vezes, não é?— ele disse
finalmente.

—Não me trate com condescendência—, disse Andrew sem muito calor na voz.

—Eu não estou sendo condescendente com você. Você acha que é fácil para mim?

Andrew lançou-lhe um olhar azedo, franzindo os lábios carnudos. Logan fixou seu
olhar na estrada.

—Você não é uma bagunça—, disse Andrew. —Não como eu.

—Eu também me sinto desconfortável perto das pessoas.

—Mas não é tão difícil para você—, afirmou Andrew.

—Não, não é.—

—Por quê?— Andrew disse, sua voz cheia de perplexidade e miséria.

Logan teve que escolher suas palavras com cuidado. —Tive a impressão de que
você sempre confiou em sua esposa para ser uma presença constante para você.
Sua rocha. Você confiou muito no apoio dela. Isso está correto?— Andrew não
respondeu imediatamente.

—Talvez—, ele disse finalmente.

—E então na ilha...— Logan parou, sem saber como colocá-lo de uma forma que
não o ofendesse.

Andrew bufou. —Eu usei você como meu cobertor confortável.

Sorrindo ironicamente, Logan disse: —Mais como um ursinho de pelúcia ou uma


chupeta.

—Talvez—, disse Andrew com uma risada desconfortável. —E daí? Vá direto ao


ponto.

—Meu ponto é, parece que você está acostumado com alguém te deixando de
castigo. Você não se sai bem sem alguém. Combinado com a questão de se ajustar
ao mundo real, é compreensível que você esteja passando por um momento difícil.

Andrew não disse nada, virando o rosto para olhar pela janela.

Logan suprimiu um suspiro.

Eles permaneceram em silêncio pelo resto da viagem.


Quando o carro parou em frente a uma bela e pitoresca casa nos subúrbios,
Andrew não se mexeu para sair do carro. Ele estava olhando para a casa com uma
expressão estranha, o rosto pálido e as mãos mexendo no cinto de segurança.

—É esse, certo?— Logan disse.

Andrew balançou a cabeça rigidamente, desafivelou o cinto de segurança e saiu


lentamente do carro. Ele deu alguns passos antes de congelar novamente.

Logan franziu a testa e saiu do carro também.

Contornando-o, ele tocou o ombro de Andrew. —O que é?

Andrew se virou e o agarrou pela camisa. —Eu, eu preciso, não vá.— Ele corou,
um olhar de frustração e mortificação passando por seu rosto, mas seus olhos
verde-azulados permaneceram arregalados e suplicantes.

Puta que pariu.

—Tudo bem—, disse ele, colocando suas próprias mãos sobre as de Andrew e
cuidadosamente forçando-os a relaxar o aperto em sua camisa. Ele esfregou os nós
dos dedos de Andrew depois disso e os apertou, observando os olhos do outro
homem ficarem vidrados.

Cristo.

Logan apertou sua mandíbula, sua boxer de repente um pouco apertada demais.
Fixando sua mente nas coisas mais nojentas que pudesse pensar, Logan guiou
Andrew em direção à porta da frente com uma mão firme nas costas, ignorando a
voz no fundo de sua mente que dizia: O que você está fazendo?

A mulher que abriu a porta não se parecia muito com o sobrinho. Ela era baixa e
rechonchuda onde Andrew era alto e em forma, seus cabelos castanhos
encaracolados eram a única coisa que eles tinham em comum.

Ela já estava carrancuda quando abriu a porta, e sua carranca só se aprofundou


quando viu Logan. Seus lábios franziram brevemente antes de se esticar em um
sorriso educado. —Bom Dia. Eu não esperava que Andrew trouxesse um
convidado. Você deve ser Logan, correto?

Logan sorriu amigavelmente e a envolveu em uma conversa fiada sem sentido,


enquanto observava ela e seu sobrinho.
Andrew mal parecia capaz de olhar diretamente para ela. Seu corpo estava tão
tenso que era doloroso olhar para ele. Ele parecia estar dividido entre ficar perto
de Logan e colocar o máximo de distância possível entre eles.

Não demorou muito para Logan adivinhar o porquê. Embora a mulher fosse
infalivelmente educada, logo ficou óbvio que ela não aprovava a associação de seu
sobrinho com ele. E desde que Logan era virtualmente um estranho para ela, havia
apenas uma coisa que ela poderia desaprovar: sua sexualidade não era exatamente
um segredo. Agora, algumas coisas sobre Andrew estavam começando a fazer
muito sentido.

A conversa na mesa de chá era terrivelmente desconfortável. Andrew mal falava


além de “Sim, tia e não, tia”, enquanto Rebecca fazia suas opiniões conhecidas
sobre uma ampla variedade de tópicos que iam desde o “cabelo desastroso'' de seu
sobrinho até seu estado de desemprego.

—Você deve ter sua empresa de volta,— ela disse bruscamente. —Você
absolutamente deve. Essas pessoas “os Rutledge” não tinham o direito de tirar sua
empresa e entregá-la a outra pessoa! Você trabalhou para ela durante anos e
possui dez por cento da empresa, agora que sua esposa se foi. Você não pode
simplesmente deixá-los te expulsar como uma coisa inútil.

—Sim, tia—, disse Andrew, parecendo que preferia estar em qualquer lugar, menos
lá.

E assim por diante.

No momento em que terminaram o chá, Logan estava quase estrangulando aquela


mulher. A pior parte era que ela parecia ter boas intenções, mas sua atitude
autoritária era insuportável. Logan não conseguia se imaginar crescendo sob os
cuidados da mulher. Porra, isso realmente explicava muito sobre Andrew. Muito.

Embora Rebecca praticamente ignorasse Logan, seu descontentamento com a


presença dele em sua casa era flagrantemente óbvio. Logan nunca suportou
pessoas como ela: pessoas que se consideravam muito educadas para serem
abertamente homofóbicas, mas que tratavam os gays com desdém mal disfarçado.
Não é de admirar que Andrew tenha sido tão fanático: o cara ansiava tanto por
aprovação e elogios que provavelmente suprimiu inconscientemente qualquer
inclinação “anormal” apenas para agradar a essa mulher, e depois compensou.
Isso irritou Logan. Ele gostaria de ter força de vontade para dizer não quando
Andrew pediu para ele ficar. Ele gostaria de ter permanecido alheio a isso. Ele
desejou... Porra, ele desejou ter um pouco de autocontrole e permanecido em Nova
York em vez de tudo, exceto correr para cá, só porque Andrew parecia chateado ao
telefone. Dane-se tudo.

Às vezes, a ignorância era uma bênção. Já era ruim o suficiente que ele não tivesse
autocontrole quando se tratava de Andrew e não pudesse mantê-lo em suas calças.
Ele não precisava sentir pena dele além disso. Ou protetor com ele.

Mas não importa o que Logan disse a si mesmo, ele sentia isso. Quanto mais ele
observava Rebecca e seu sobrinho, mais difícil era manter a boca fechada e não
gritar com ela para cuidar da própria vida. Ele não gostou do quão pequeno
Andrew parecia nesta casa. Ele não gostou da maneira como seus ombros estavam
curvados defensivamente, a forma como sua confiança parecia desaparecer
completamente quanto mais tempo eles ficavam lá. Isso irritou Logan para o lado
errado, o fez querer se colocar entre Andrew e essa mulher e rosnar. Era puro
instinto, não importa o quão ridículo e bizarro fosse, um instinto que estava se
tornando mais difícil de suprimir a cada minuto.

Finalmente, ele se levantou e disse laconicamente: —Obrigado pelo chá, mas


devemos ir.— Ele agarrou o pulso de Andrew e o colocou de pé, ignorando o olhar
assustado que Andrew lançou para ele.

Rebecca olhou para Logan pela primeira vez em um tempo, seus lábios achatados
em uma linha. —Nós? Verdade seja dita, estou um pouco perdida. Não sei por
que você e meu sobrinho ainda estão se associando, Logan. Eu entendo que você
foi forçado a coexistir na ilha para sobreviver, mas certamente continuar com essa
associação é ... desaconselhável. Andrew precisa seguir em frente com sua vida,
deixar a ilha no passado.

Logan sorriu para ela, ciente de que não era um sorriso muito bonito.
Provavelmente parecia um pouco selvagem. Ele não se importou, ele estava muito
chateado para se importar que estava sendo rude. Não importava que ele mesmo
tivesse chegado a conclusões semelhantes que precisava manter distância da
bagunça de um ser humano que Andrew era, ele estava muito irritado agora para
concordar com essa mulher em qualquer coisa.

—Nós nos tornamos próximos na ilha—, ele disse, tendo um prazer perverso ao
vê-la franzir a testa em desgosto. —Depois de viver no bolso um do outro por
tanto tempo, receio que agora nem consigo dormir sem ele babando no meu peito.

Rebecca corou, depois empalideceu e lançou ao sobrinho um olhar horrorizado.

O rosto de Andrew estava vermelho como um tomate. Ele abriu a boca e fechou-a
sem dizer nada, seus olhos arregalados incapazes de encontrar os de sua tia. Por
um momento, Logan sentiu uma pontada de culpa, mas não era como se ele
estivesse admitindo algo obsceno. Rebecca provavelmente apenas riria de suas
palavras se ele não fosse gay. Era seu próprio preconceito que a fazia supor que os
homens gays eram incapazes de amizade e afeto. E ela obviamente pensou que
Andrew não deveria ter deixado um homem gay se aproximar dele.

—Vamos—, disse Logan, colocando a mão na nuca de Andrew e conduzindo-o em


direção à porta.

Andrew não resistiu, apenas murmurou um adeus para sua tia. Ela não disse nada.

Assim que saíram, foi como se Andrew fosse uma pessoa completamente
diferente. Ele se virou e olhou para Logan. —Que raio foi aquilo?

Os lábios de Logan se contraíram. Ele preferia muito esse Andrew ao capacho em


que se tornara ao redor de sua tia. Ele encolheu os ombros. —O que? Eu
simplesmente disse a ela a verdade. Ou era para ser segredo? Você babou no meu
peito.

Andrew bufou, franzindo os lábios, antes de caminhar em direção ao carro de


Logan.

Logan o seguiu em um ritmo mais calmo, sentindo-se mais divertido do que a


situação exigia. Cristo, ele realmente sentiu falta desses ataques sibilantes? Isso
era... carinho? Afeição?

Com o sorriso desaparecendo, Logan sentou no banco do motorista e ligou o


motor. Ele disse, sem olhar para Andrew: —Foi idéia sua. Não tinha intenção de
me encontrar com sua tia fanática. Você quase me implorou para ir com você.

—Eu não sabia—, disse Andrew, parecendo um pouco engasgado. —Eu não
implorei. Eu não preciso de você.

Os lábios de Logan se estreitaram. Ele olhou para o carro na frente deles.

—Negar é meio inútil quando todas as evidências apontam para o contrário.


—Seu arrogante, vaidoso! Ninguém forçou você a ficar e fazer parecer que somos
melhores amigos ou, ou pior.

—Ou pior,— Logan disse categoricamente. —Será mesmo o fim do mundo se ela
descobrir que você é bissexual?

Ele esperava uma negação imediata, mas não aconteceu.

O sinal ficou vermelho e Logan aproveitou a oportunidade para olhar para ele.

Andrew estava olhando para suas próprias mãos, as sobrancelhas franzidas, uma
onda caindo em seus olhos.

—Sem objeções?— Logan disse.

—Você acha mesmo…?— Andrew ergueu os olhos. —Você realmente acha que eu
sou bi?

Logan voltou seu olhar para a estrada. —Eu sei que você gostava de fingir que eu
estava forçando você a chupar meu pau, mas com certeza você não acha isso?

Quando o silêncio foi a única resposta, Logan riu asperamente. —Tudo bem, não é
da minha conta. Você não é da minha conta.— Talvez se ele repetisse com
bastante frequência, ele pudesse finalmente começar a agir como tal. Deus, ele
mal podia esperar.

O silêncio caiu novamente, denso com algo pesado e carregado.

Começou a chover.

As mãos de Logan cerraram-se no volante. —Voltar para o hotel?— ele disse, sua
voz mais dura do que ele pretendia.

—Não—, disse Andrew após um momento. —Preciso reaprender a conviver com


outras pessoas. Apenas... me deixe em algum lugar com muitas pessoas.

Logan fez o que lhe foi dito, reprimindo a vontade de dizer que estava chovendo e
ele ficaria encharcado. Ele não era o guardião de Andrew. O cara era um homem
adulto. Ele poderia sobreviver algumas horas sozinho.

Ele não olhou para Andrew quando saiu do carro.

Mas foi uma luta desviar o olhar da figura solitária no espelho retrovisor. Andrew
parecia tão pequeno e magro, parado ali com os braços cruzados defensivamente
sobre o peito, a cabeça baixa e os ombros curvados.

Todos os seus instintos gritavam para sair do carro, agarrar Andrew e dizer-lhe
que é claro que ele era da conta de Logan. Só dele.

Logan praguejou baixinho e foi embora, os pneus cantando contra o asfalto.

A chuva ficou mais forte, assim como a bola de ansiedade em seu estômago.

Capítulo 17

Logan passou a tarde revisando suas contas com o gerente do hotel e não
pensando em Andrew.

Ele realmente não era da conta de Logan. Um cara “hétero” reprimido que estava
tão profundamente em negação que não conseguia nem admitir que queria que
Logan fosse evitado como uma praga. Nada jamais sairia disso. Eles não eram
nada um para o outro. Ele não tinha que se preocupar que Andrew pudesse ter
tido um ataque de pânico em algum lugar ou poderia estar com frio depois de
andar na chuva por horas, ou chateado e precisando de consolo.

Sim, bom trabalho em não pensar nele.

Logan estava de péssimo humor quando voltou para seu quarto naquela noite. Ele
tomou um longo banho e se masturbou sem pensar em nada ou em ninguém em
particular, mas não ajudou. Ele ainda se sentia agitado.

A batida na porta o surpreendeu e não.

Vestido apenas com sua boxer, Logan foi abri-lo.

Andrew estava do outro lado. Ele estava mordendo o lábio inferior, os ombros tão
tensos que Logan podia sentir a tensão neles com sua própria pele.

Ele nem mesmo piscou ao ver Logan quase nu mas, novamente, ele estava
acostumado a isso.

Eles apenas se encararam por um momento.

Logan provavelmente deveria ter dito algo. Ele provavelmente deveria ter dito a
Andrew para se foder. Ele deveria ter pelo menos perguntado a Andrew o que
diabos ele pensava que estava fazendo.

Ele não fez nenhuma dessas coisas.

Ele deu um passo para o lado, permitindo que Andrew entrasse no quarto.

Andrew entrou.

Logan fechou a porta, trancou-a e foi até a cama. Ele se esticou de costas e fechou
os olhos. Andrew apagou as luzes. Ouviu-se o som de roupas sendo removidas e o
colchão mergulhou.

Um corpo quente e familiar enrolado em cima dele, pele contra pele. Andrew
pressionou o rosto entre os peitorais de Logan e respirou fundo, estremecendo.
—Segure-me—, ele sussurrou.

Logan abriu os olhos e olhou para o teto escuro. E então ele ergueu os braços e os
envolveu em volta de Andrew.

Um pequeno som saiu da boca de Andrew. Um gemido. —Mais apertado.

Logan apertou os braços, seus corpos pressionando um contra o outro, pele com
pele, com tanta força que não havia um fio de cabelo entre eles. Foi uma bênção.
Foi uma tortura. Era tudo o que ele havia perdido e queria nas últimas semanas.
Mais do que sexo, a proximidade. Correção. A intimidade primorosa de segurar
essa pessoa em seus braços e sentir-se em paz consigo mesmo e com o mundo.
Como duas peças de um quebra-cabeça. Duas peças de um quebra-cabeça que
nunca deveriam ter se encaixado e, no entanto, eles aprenderam a fazê-lo e agora
não podiam desaprendê-lo.

—Eu odeio isso—, disse Andrew, sua voz vacilante.

—Eu sei—, disse Logan. —Eu também.

Ele quis dizer isso. Ele odiava como isso parecia certo, segurar essa bagunça de
ser humano, esse cara que estava um desastre total, que era fanático e além de
reprimido, mas ao mesmo tempo vulnerável, solitário e faminto por afeto e
aprovação.

—É como uma doença do caralho—, disse Andrew em seu peito, quase inaudível.
—Algo vazio e errado dentro de mim. Eu me sinto como um rio sem água. O
mundo parece tão estranho sem você, e você é a única coisa que me faz sentir
inteiro.— Cristo.

Logan mordeu o interior de sua bochecha, seu pau tão duro que era
desconfortável. Nada sobre as palavras de Andrew deveria ter sido excitante.
Nada.

—E ainda assim você não consegue nem admitir que me quer—, disse Logan
asperamente.

Silêncio.

Logan deu um suspiro. —Você deveria ir.— Ele estava ciente de como sua voz
soava insincera. Provavelmente não foi convincente, considerando que seus
braços estavam em volta do outro homem e seu corpo estava rígido com o esforço
de não apalpar Andrew por todo o corpo. Porra, ele o queria. Ele queria virar
Andrew de costas e bater nessa bagunça irritante e confusa de um homem no
colchão, enroscar Andrew em seu pau até que Andrew pudesse senti-lo contra a
porra do coração. Ele nunca quis foder, possuir mais ninguém. Ele nunca sentiu
como se fosse explodir se não colocasse seu pau em alguém e marcasse por dentro.

Mas por que não deveria? Talvez ele devesse apenas foder Andrew. Talvez fosse
exatamente o que ele precisava para tirá-lo de seu sistema.

Não importa o quanto Logan tentasse se livrar da ideia, ela se recusava a ir


embora. O que eles tinham a perder, realmente? Só uma vez. Eles poderiam fazer
isso apenas uma vez.

Antes que pudesse se conter, ele moveu as mãos para baixo, deslizando-as sob o
cós da boxer de Andrew. Andrew nem mesmo ficou tenso, o que provavelmente
dizia muito sobre o quão acostumados a se tocarem, mas porra, o mero fato de que
esse cara supostamente hétero precisava tanto dele que nem mesmo sentir as mãos
de Logan em sua bunda o incomodava... era como uma droga inebriante. O pior
tipo de droga.

Logan nunca se considerou um homem possessivo. Ele sempre pensou que


possessividade não pertencia ao mundo moderno. Mas essa submissão, a maneira
como Andrew permitia que Logan o tocasse em qualquer lugar que ele quisesse,
despertou instintos primitivos que eram mais apropriados para um homem das
cavernas. Meu, eles sussurraram, como veneno em sua mente. Meu meu meu.

As nádegas de Andrew eram macias como a seda e do tamanho certo, gordas, mas
firmes. Logan os amassou com avidez por um tempo, apreciando a sensação que
sentiam em suas mãos, a maneira como Andrew permitiu isso sem qualquer
protesto.

Finalmente, Logan estendeu a mão para a mesa de cabeceira e recuperou o


lubrificante da gaveta.

Andrew ficou tenso apenas quando Logan pressionou um dedo escorregadio entre
suas nádegas.

—O que você está fazendo?

—Não é óbvio?— Logan disse, massageando seu buraco com os dedos.

Andrew estava se contorcendo, tenso — mas ainda não se afastando. —Você não
está, você não está me fodendo—, disse ele, mas não parecia ter tanta certeza.
—Pare.

Logan o ignorou, sabendo como foi. Se Andrew realmente quisesse que ele
parasse, ele usaria sua palavra de segurança.

Ele enfiou um dedo no buraco apertado e Andrew respirou fundo. —Nãnão,— ele
gaguejou. —Não faça isso.

—Tudo o que você precisa fazer é dizer sua palavra de segurança: funeral—, disse
Logan. —E eu vou parar. Mas o seu 'não' e 'pare' não significam nada. Nós dois
sabemos disso.

—Não—, disse Andrew. —Pare, não, ah.

—Você gosta disso,— Logan declarou, deslizando outro dedo nele. Ele encontrou
a próstata de Andrew e a acariciou, arrancando gemidos abafados do cara em seu
peito. —Diga.

—Eu não sou, ah.

—Não é gay?— Logan disse, trabalhando seus dedos dentro e fora dele. Cristo,
ele era tão apertado. —Então diga a palavra e eu paro. Vou puxar meus dedos e
podemos fingir que você odiou isso. Ou…

Andrew ficou em silêncio, mas seu silêncio era tenso, questionador.

—Ou posso colocá-lo de costas e foder você com meu pau—, disse Logan com voz
rouca, apunhalando os dedos contra a próstata de Andrew. Andrew estremeceu.
Logan sorriu e massageou a protuberância em movimentos circulares. Andrew
deixou escapar um longo gemido, movendo os quadris involuntariamente.

Logan colocou a mão livre na parte inferior das costas de Andrew, pressionando
seus estômagos nus juntos. —Imagine só, Drew—, disse ele, sua voz tão profunda
e rouca que nem parecia a dele. —Você disse que eu sou a única coisa que faz você
se sentir completo. Imagine me ter dentro de você fisicamente também. Vai se
sentir tão bem. Meu pau se movendo dentro de você. Meu gozo enchendo você.
Eu em você. Tão profundo que não há nada entre nós.

Andrew fez um pequeno ruído e balançou a cabeça, mas seus quadris continuaram
se movendo, empurrando para trás os dedos de Logan como se por vontade
própria. Seus lábios entreabertos estavam abocanhando o peito de Logan antes de
trancar em seu mamilo.

Gemendo, Logan empurrou um terceiro dedo, esticando a passagem apertada e


quente que envolvia seus dedos lisos como uma luva. Porra, seu pau doía, ansioso
para substituir seus dedos.

Incapaz de esperar mais, Logan os rolou, empurrando Andrew para baixo dele.

Andrew fez um som desesperado quando os dedos de Logan escorregaram para


fora dele, mas Logan já estava pressionando sua cabeça contra o buraco
escorregadio. No fundo de sua mente, os últimos resquícios de sua racionalidade
tentavam lembrá-lo de coisas como preservativos, mas ele não conseguia parar.
Ele queria. Ele se sentia como se fosse explodir se não colocasse seu pau dentro
deste homem agora.

Então ele empurrou para dentro com um impulso forte, e os dois gemeram.
Andrew estava tão tenso que era quase doloroso, mas Cristo, era tão bom, como se
ele finalmente tivesse alcançado seu objetivo de vida, o alívio tão imenso que
Logan quase veio no local.

—Seu idiota—, Andrew suspirou, seu corpo tenso sob ele. —Você não poderia
fazer isso mais devagar?
Não, ele não podia. Ele queria isso há meses.

Logan forçou seus olhos a abrirem e encarou a mancha escura que era Andrew. De
repente, ele desejou que pudesse ver como ele parecia agora, espalhado sob ele,
cheio de seu pênis.

Mas talvez tenha sido uma boa coisa ele não poder ver. Já era ruim o suficiente
que ele estivesse deixando seu pau pensar — de novo. Saber o que Andrew parecia
em seu pau era uma imagem que ele preferia viver sem.

Logan fechou os olhos novamente e começou a empurrar. Ele só precisava acabar


com isso. Quanto mais cedo ele gozasse, mais cedo ele tiraria esse cara de debaixo
de sua pele.

Ele empurrava e empurrava e empurrava, seus dedos cavando nos quadris de


Andrew, segurando-o quieto enquanto ele sentia seu prazer. O outro homem ficou
quieto no início — ou pelo menos estava tentando ficar — mas logo os ocasionais
choramingos e suspiros abafados se transformaram em gemidos contínuos que
ficaram progressivamente mais altos. Porra, ele era uma vagabunda para isso, seus
quadris girando no pau de Logan como se ele tivesse nascido para isso. E a parte
irritante era que Andrew ainda estava tentando fingir que não estava amando isso.
—Pare, ah, não, ah porra!

Isso deixou Logan absolutamente louco com uma mistura de desejo e raiva. Ele
empurrou Andrew sobre suas mãos e joelhos e bateu de volta nele. Andrew
lamentou, levantando sua bunda mais alto, empurrando de volta em seu pau.

—Ainda quer que eu pare?— ele rosnou no ouvido de Andrew, fodendo-o por trás,
forte e rápido.

—Sim, ah, não, não, mais forte.

Logan o mordeu no ombro e o fodeu com mais força. A cama estava rangendo sob
eles, a cabeceira batendo contra a parede, os ruídos deixando suas bocas
completamente desumanas agora. Como animais no cio, para saciar seus
instintos, uma necessidade primitiva que não podia ser negada.

Logan não tinha ideia de quanto tempo isso durou. Ele estava apenas vagamente
ciente de Andrew chegando primeiro, intocado, apenas de seu pau e porra, o mero
pensamento era como um poderoso afrodisíaco, e Logan gozou também, com um
gemido alto que teria sido constrangedor em qualquer outra circunstância.
Ele caiu em cima de Andrew, enterrando o rosto na nuca úmida. Ele respirou
profundamente. Meu. Foi uma bênção. Ele nunca se sentiu melhor em sua vida.

Ele adormeceu, ainda enterrado dentro dele.

Capítulo 18

Os primeiros raios de sol da manhã filtraram-se pelas cortinas.

Andrew olhou para eles sem ver.

Havia um braço pesado em volta de sua cintura. Havia um corpo masculino firme
atrás dele, pressionado contra suas costas. Uma respiração quente fazia cócegas
na pele sensível de sua nuca.

Tudo isso era tão familiar e Deus o ajude reconfortante. Andrew havia acordado
meia hora atrás, mas ainda não havia conseguido se forçar a sair dos braços de
Logan. Cada célula de seu corpo parecia cantar de contentamento, seu corpo
traidor se recusando a se separar de sua outra metade. Sua outra metade. Jesus
Cristo. Seus próprios pensamentos o assustaram. Embora seus pensamentos
ainda não fossem tão bizarros quanto o fato de que ele tinha deixado outro homem
enfiar o pau em sua bunda e fazê-lo gozar com tanta força que ele desmaiou e
dormiu como um bebê.

O pau de Logan ainda estava em sua bunda. E estava duro novamente.

Ele tinha a ereção de outro homem em sua bunda.

O cérebro de Andrew continuou se fixando nisso, a histeria borbulhando em seu


peito. Racionalmente, ele sabia que não havia muita diferença entre ser fodido na
boca e ser fodido na bunda — ambos os atos deveriam ter sido igualmente errados,
e ainda... levar na bunda parecia mais... decisivo. Mais emasculante. Andrew
poderia explicar sua necessidade de chupar o pau de Logan com uma necessidade
de conforto, com algum tipo de coisa estranha da Síndrome de Estocolmo, mas
isso... isso era muito pior. Ele não permitiu que Logan o fodesse, mesmo na ilha.
Ele não tinha desculpa agora.

Ele deveria sair da cama antes que Logan acordasse e ficasse com a ideia errada de
que Andrew gostou do que ele fez com ele.

A ideia errada? Uma voz disse no fundo de sua mente maliciosamente.

Como se você não estivesse gemendo como uma vagabunda quando ele te fodeu?

Andrew corou. Só de lembrar o fez estremecer. Andrew olhou para baixo traído
por sua ereção e cuidadosamente tentou se livrar dos braços de Logan. Mas toda a
sua contorção só conseguiu pressionar o pau de Logan ainda mais fundo nele,
batendo contra sua próstata. Andrew gemeu e enfiou o rosto no travesseiro para
abafar o barulho. Porra!

Logan resmungou algo em seu sono e os rolou de bruços. Ele parou de se mover
novamente e sua respiração se equilibrou, exceto que agora Andrew estava
completamente preso sob seu corpo, seu buraco espetado no pau duro de Logan.

Deus.

Seu pênis traidor parecia apenas ficar mais duro, excitação e prazer se espalhando
por seu corpo em ondas quentes. A sensação de estar sob o corpo firme e pesado
de Logan, incapaz de se mover e totalmente indefeso, estava fazendo algo estranho
com ele. Parecia tão dolorosamente certo ser bloqueado do resto do mundo pela
massa de Logan, tê-lo sobre ele e ao seu redor, como se os dois fossem a única
coisa que existia. E ter Logan dentro dele, no nível mais profundo que alguém
poderia ter um homem, era... isso fazia coisas com ele. Alimentou a coisa
necessitada e faminta dentro dele. Ele queria mais.

Quando você se transformou em uma vagabunda?

Andrew corou, sentindo-se envergonhado, confuso e irritado consigo mesmo, mas


porra, era tão bom. Ter um pênis em sua bunda não devia ser tão bom. Um
homem não deve querer ser levado por outro homem. Estava errado. Ele não
deveria querer isso. Foi tão patético. Logan estava dormindo, pelo amor de Deus.
Andrew não deveria querer mover seus quadris e se foder naquele pau gordo —
exceto que era exatamente o que ele queria. A vergonha tomou conta dele. Era
como se Logan tivesse despertado uma criatura insaciável dentro dele, que só
queria mais, mais e mais.

Logan murmurou algo em seu sono, e seus quadris começaram a empurrar


superficialmente.

Andrew mordeu o lábio inferior com força, engolindo um gemido. Ele deveria
parar Logan. Ele deveria empurrá-lo. Ele deveria.

Ele gemeu no travesseiro enquanto o ritmo de Logan aumentava. Deus, ele


realmente era uma vagabunda. Ele só podia esperar que Logan não acordasse. Ele
não seria capaz de olhá-lo nos olhos.

—Bom dia—, Logan disse em seu ouvido, sua voz rouca de sono.

Andrew desejou que o chão se abrisse e o engolisse. Ele não disse nada, esperando
que Logan pensasse que ele estava dormindo.

Com um bufo suave, Logan continuou se movendo. Empurrando. —Eu sei que
você não está dormindo—, disse ele, aninhando-se na lateral do rosto de Andrew,
seus quadris movendo-se mais rápido, os tapas obscenos de pele contra pele
enchendo o quarto. —Você pode parar de fingir agora.

Andrew permaneceu quieto, mordendo o travesseiro para abafar qualquer barulho.

Logan, o idiota, teve a coragem de rir. —Eu posso ver como suas orelhas estão
vermelhas—, disse ele em tom de conversa, mordendo o lóbulo da orelha. —Você
está corando, Drew.

O peito de Andrew parecia engraçado — cheio e quente e algo mais. Felizmente, o


próximo impulso de Logan mudou sua atenção de volta para o pau em sua bunda.
Esfregou contra aquele ponto nele novamente, e Andrew não conseguiu engolir
seu gemido desta vez.

Logan ficou imóvel.

—Não—, Andrew choramingou antes que pudesse se conter.

—Pergunte,— Logan disse em seu ouvido. —Não vou jogar hoje. Você terá que
pedir desta vez. Ou eu não vou te dar meu pau.

—Odeio você—, resmungou Andrew, tremendo de impaciência. Deus, ele queria


que Logan se movesse. Ele queria empurrar. Ele queria ser fodido.

—Estou esperando, Drew—, Logan disse beliscando sua nuca, seus quadris
irritantemente imóveis. —Diga 'foda-me'. É fácil. Você sabe que você quer.—
Andrew abriu os olhos e olhou para a cabeceira da cama. —Eu não vou.

—Ok,— Logan disse, começando a se retirar.

—Não,— Andrew mordeu. Ele respirou trêmulo. —Eu preciso de você.

Logan estremeceu. —Você não está jogando limpo, droga.—

Andrew sorriu um pouco. Ele não era um idiota. Ele sabia o quanto Logan
gostava quando dizia isso. —Eu preciso de você—, ele sussurrou novamente,
apertando o pau dentro dele. —Preciso de você.

Com um rosnado, Logan estalou. Ele voltou a foder com ele, forte e rápido.

Andrew não conseguia mais conter seus gemidos. O colchão estava saltando com
a força das estocadas de Logan, e o pau que se movia nele era tão incrivelmente
bom que as lágrimas brotaram dos olhos de Andrew. Seu ah, ah, ahs ficou tão
embaraçosamente alto que ele só podia torcer para que as paredes fossem à prova
de som.

Ele levou apenas alguns minutos para gozar, tremendo e gemendo. Ele ficou
deitado, desossado e oprimido, em uma piscina de sua própria porra, enquanto
Logan buscava seu orgasmo.

Quando acabou, Andrew rolou Logan de costas e se esparramou em cima dele em


sua posição favorita, colocando a cabeça sobre o coração de Logan.

Os braços de Logan o envolveram e Andrew se permitiu um pequeno sorriso


contra o peito de Logan.

Ele não tinha ideia do que eles estavam fazendo, mas agora ele se sentia muito bem
para se importar.

Ele se sentia perfeito. Todo.


Capítulo 19

O dia passou em um borrão de sexo e Logan Logan Logan. Eles cochilaram,


foderam, cochilaram e, em seguida, foderam novamente. Andrew se sentia alto,
seus sentidos superestimulados, seu corpo um nervo cru de prazer. Parecia um
sonho. Parecia uma descida à loucura. Como cair no oceano e se afogar
voluntariamente.

Ele adormeceu em algum momento, exausto e saciado.

Ele sonhou com a queda do avião.

Ele sonhou com gritos, medo e a sensação de total desamparo. Ele sonhava em
sacudir o corpo imóvel de Vivian, implorando para que ela acordasse. Por que ela
não acordou? Parte dele percebeu que era um sonho, que ele já tivera esse
pesadelo inúmeras vezes. Vivian não acordava, porque ela estava morta. Logan
diria isso a ele em um momento.

Mas Logan permaneceu quieto desta vez.

Confuso, ele se afastou de Vivian e cambaleou para trás em estado de choque.


Logan ainda estava em sua cadeira, seu pescoço em um ângulo não natural. Seus
olhos escuros estavam vazios. Sem vida.

Andrew acordou assustado, um grito preso na garganta.

Com o coração batendo irregularmente, ele olhou em volta. O quarto estava vazio.

O pânico selvagem tomou conta dele.

Ele tropeçou para fora da cama, olhando ao redor atordoado. Onde ele estava?

A porta.

Ele agarrou a maçaneta da porta, empurrou-a e saiu do quarto.

Luzes brilhantes do corredor o cegaram por um momento.

Quando seu olhar se concentrou, ele caiu sobre o homem alto próximo. O homem
estava de costas para ele, mas Andrew o reconheceria em qualquer lugar.
Seu alívio foi tão forte que seus joelhos quase dobraram. Ele deve ter feito algum
barulho, porque Logan se virou e congelou.

Demorou um momento para o cérebro cansado de Andrew entender o porquê.


Logan não estava sozinho. Ele estava falando com dois homens, um dos quais
Andrew vagamente reconheceu como o gerente do hotel. Todos estavam vestidos
com elegância — enquanto Andrew não estava. Ele estava apenas em sua boxer.

Andrew enrubesceu. Ele provavelmente parecia bonito: seu cabelo era um ninho
de pássaro, seu corpo quase nu. E ele tinha acabado de sair da suíte de Logan,
provavelmente deixando poucas dúvidas sobre o que eles estavam fazendo lá,
considerando seu estado de nudez.

O rosto do gerente ficou cuidadosamente em branco, enquanto o outro estranho


não teve tanto sucesso em esconder seu choque. Ele provavelmente reconheceu
Andrew como o viúvo cujo funeral da esposa havia sido alguns dias atrás.
Simplesmente ótimo. Fodidamente fantástico.

Suprimindo o desejo covarde de correr de volta para a sala e bater a porta - era um
pouco tarde para isso — Andrew se viu congelado, sem saber o que fazer, histeria e
constrangimento guerreando dentro de seu peito. O que ele deveria fazer? Em
quanto tempo os rumores se espalhariam?

Seus olhos se encontraram com os olhos escuros inescrutáveis de Logan.

Depois de um momento, Logan voltou para ele, tirando o paletó. Ele colocou
sobre os ombros de Andrew, a jaqueta grande o suficiente para cobrir as coxas de
Andrew também. —Desculpe, eu deveria ter deixado uma muda de roupa para
você—, disse Logan, sua voz alta o suficiente para alcançar os ouvidos dos outros
homens. —O café arruinou completamente o seu, infelizmente.

Andrew piscou para ele estupidamente antes de perceber o que Logan estava
tentando fazer. Ele estava lhe dando uma explicação um tanto plausível para seu
estado de nudez. Ele estava dando a ele uma saída.

A onda de gratidão que tomou conta dele foi quase esmagadora.

Andrew acenou com a cabeça entorpecido, sentindo-se aliviado, grato.

Mas assim que Logan deu um passo para trás, o pânico voltou. Sua mão disparou e
agarrou o pulso de Logan — ele mal se impediu de agarrar sua mão.
Não vá.

Logan olhou para ele, algo parecido com surpresa piscando em seu rosto. Seus
olhos escuros estavam um pouco mais suaves agora.

—Eu não vou embora—, disse ele, com a voz mais baixa. —Estarei de volta em
alguns minutos. Eu prometo.

Andrew sentiu como se seu rosto estivesse queimando. Ele era realmente tão
transparente? Isso é patético?

Dando um aceno rápido, Andrew soltou seu pulso e voltou para o quarto.

Ele fechou a porta e se encostou nela.

Quando ele se tornou um naufrágio tão necessitado? Não tinha sido tão ruim nem
na ilha — pelo menos ele não achava que tinha sido. Certo, nos últimos meses na
ilha, ele passou praticamente todos os minutos com Logan, então não houve
realmente uma oportunidade de sentir falta dele e ser pegajoso. A única vez que
ele acordou e descobriu que Logan tinha ido embora — ele se lembrou de Logan o
segurando com força e esfregando suas costas enquanto Andrew se agarrava a ele
como um polvo — isso o assustou na hora, mas não aconteceu de novo, com Logan
sempre avisando antes de ele ir embora.

Andrew passou a mão pelo rosto quente, balançando a cabeça em perplexidade.


Talvez ele realmente precisasse de um terapeuta. Talvez ele devesse pedir a Logan
para levá-lo a um terapeuta.

Puta que pariu. Ele realmente precisava de ajuda.

Suspirando, Andrew tirou a jaqueta de Logan e foi para o banheiro.

Um banho quente o fez se sentir um pouco mais como um ser humano. Ele estava
terminando de se vestir quando a porta se abriu e Logan entrou na sala.

Eles se encararam, as mãos de Andrew ainda segurando o botão de sua camisa.

Logan foi quem quebrou o silêncio. —Você não precisa se preocupar com meus
funcionários. Eles não falam.

—Não estou preocupado—, disse Andrew.

O olhar que Logan lançou a ele era cético, mas ele não discutiu.
Eles se encararam mais um pouco.

Foi estranho. Eles passaram um dia inteiro na cama, nem um centímetro entre
eles, fazendo sexo quase sem parar como animais na época de acasalamento, e
ainda assim que a névoa de desejo foi embora, havia essa tensão cautelosa entre
eles que se recusava a ir longe. Eles eram dois homens muito diferentes que se
conheciam por dentro e por fora. Eles eram de alguma forma muito íntimos e
muito separados ao mesmo tempo. Foi um paradoxo. E isso deixou Andrew louco.
Essa necessidade dentro dele, essa necessidade da proximidade de Logan, era a
coisa mais assustadora que ele já sentiu, mas ao mesmo tempo parecia a coisa mais
natural do mundo precisar dele. Isso realmente bagunçou sua cabeça.

—Eu preciso ver um terapeuta—, disse Andrew.

—As sobrancelhas escuras de Logan franziram. —Agora?

—Sim—, disse Andrew com firmeza. Ele hesitou. —Você irá comigo?

Ele esperava que soasse neutro em vez de implorar, mas a julgar pela suavização da
expressão de Logan, ele falhou.

Logan acenou com a cabeça e pegou sua jaqueta.

***

A Dra. Gillian Black era uma mulher de meia-idade com um comportamento


agradável e amigável.

Ela convidou Andrew e Logan para se sentarem no sofá confortável em seu


escritório igualmente confortável. Ela ouviu sem interromper enquanto Andrew
tropeçava na explicação do problema.

Logan estava em silêncio ao seu lado, seu joelho quase roçando no de Andrew.
Quase. Andrew não deveria ter ficado tão fixado na polegada que separava seus
joelhos. Não deveria tê-lo distraído tanto, mas o distraiu, e ele continuava
perdendo a linha de pensamento, porque a necessidade de ter Logan um pouco
mais perto o consumia.

Finalmente, Andrew terminou de falar e o silêncio caiu sobre a sala.


—Bem, o problema é bastante óbvio—, disse a Dra. Gillian por fim, observando-os
com seus penetrantes olhos cinza. —Vocês passaram por uma experiência muito
difícil juntos. Vocês ficaram isolados do mundo por quase um ano. A
codependência é esperada em tais circunstâncias.

Andrew deu a ela um olhar de paciente internada. Eles não estavam lá para ouvir o
óbvio. Ele queria uma solução. Ele queria ser curado.

O joelho de Logan pressionou contra o dele, e Andrew respirou fundo, parte da


tensão o deixando. Tudo bem, ele seria paciente.

—Mas agora está quase pior do que na ilha—, disse Andrew, sem olhar para
Logan.

Ela assentiu. —Não é surpreendente. Vocês deixaram de ser tudo um para o outro
para não serem nada. Claro que é traumático — é muito repentino. Eu não
recomendaria uma separação abrupta. A diminuição gradual do contato e da
intimidade deve funcionar melhor.

—O que você quer dizer?— Logan disse, falando pela primeira vez.

Seu joelho ainda estava pressionado contra o de Andrew, uma pressão


reconfortante que estabeleceu algo dentro dele.

Dra. Gillian olhou para Logan. —Tente fazer com que suas interações não sejam
apenas sobre vocês dois. Passe algum tempo juntos, mas com outras pessoas lá
também. Faça longas caminhadas em locais públicos. Visite seus amigos e
familiares juntos. Tente recuperar sua rotina normal. Gradualmente, a
necessidade um do outro deve diminuir à medida que você se acostuma com as
outras pessoas, até que finalmente tenha ido embora.

Andrew franziu a testa e desviou o olhar. —Já fomos ver minha tia juntos.

Não ajudou exatamente.

—Não é o suficiente, Andrew—, disse ela. —Você tem que ser paciente. Não há
cura mágica para sua situação. Pode levar meses até que vocês aprendam a parar
de precisar um do outro. Mas isso vai acontecer mais cedo, quanto mais esforço
vocês dois fizerem para se reintegrarem à sociedade.

Andrew franziu os lábios. Meses? Ela estava falando sério?


Ele olhou para Logan. Sua expressão era tão sombria e infeliz quanto Andrew se
sentia.

—Obrigado, doutora—, Logan disse, pondo-se de pé.

Eles deixaram a terapeuta, sentindo-se ainda mais perdidos do que quando


chegaram.

Pelo menos Andrew fez. Ele não tinha certeza do que Logan estava pensando, e
isso o perturbou.

Ele não pôde deixar de atirar no outro homem olhares de lado enquanto Logan
ligava o carro.

O perfil de Logan era como uma pedra, impossível de ler.

—Onde estamos indo?— Andrew disse.

—O aeroporto.

Seu estômago deu um nó. —O aeroporto?

Logan deu um aceno cortante, seu olhar na estrada. —Estou voltando para Nova
York.

—Mas o terapeuta disse...— Andrew se encolheu, odiando o quão pequena sua voz
soou.

—Eu sei o que o terapeuta disse. Estou seguindo as instruções dela.

Andrew mordeu o lábio inferior, confuso. —Eu não entendo.

Logan deu um suspiro. —Ela deixou claro que não há solução rápida para o
problema. Mas eu não posso ficar aqui indefinidamente. Posso dirigir meu
negócio daqui também, mas primeiro preciso voltar para Nova York para delegar
algumas de minhas responsabilidades e pegar minhas coisas.

—Pega suas coisas?— Andrew disse, virando a cabeça para ele. Ele ficou olhando.
—Você está se mudando para Boston?— Por mim?

Um músculo saltou na bochecha com a barba por fazer de Logan. Ele não olhava
para Andrew. —Não é grande coisa—, disse ele rigidamente. —Minha família
também está aqui.— Certo. Claro.
A mente de Andrew ainda estava girando. Ele cruzou as mãos no colo e olhou para
elas.

Quando você estará de volta?

A pergunta pairou na ponta da língua, mas ele a mordeu de volta. Ele não queria
ser tão pegajoso. Ele já estava agindo patético do jeito que estava.

Eles chegaram ao aeroporto de Boston muito cedo.

—Aqui.

Andrew ergueu o olhar.

Logan estava dando a ele a chave do carro. Havia uma expressão estranha em seus
olhos escuros quando ele olhou para Andrew. —Dirija o carro de volta para o
hotel—, disse ele, pegando a mão de Andrew e colocando a chave em sua palma.
—É meu, não do hotel. Você pode usá-lo, se precisar.

Sua mão não se afastou imediatamente, causando arrepios no braço de Andrew.


Seus dedos começaram a tremer, agarrando-se aos de Logan por vontade própria.

Logan olhou para eles, seu olhar muito escuro, antes de olhar de volta nos olhos de
Andrew.

—Volto logo—, disse ele, sua voz caindo para um sussurro rouco.

Andrew acenou com a cabeça entorpecido.

Logan desenredou seus dedos e abriu a porta do carro, deixando o barulho externo
entrar.

Andrew agarrou seu braço.

Com os músculos tensos, Logan se voltou para ele.

Andrew disparou para frente e enterrou o rosto contra a garganta de Logan. —Eu
sinto muito por ser uma bagunça—, ele sussurrou, inalando seu perfume
avidamente. Ele se desprezava por agir como um viciado em um caso grave de
vício cuja droga estava prestes a ser retirada. Mas Deus, Logan cheirava tão bem.
Andrew não tinha certeza de como ele cheirava, mas cheirava perfeitamente.
—Sinto muito—, ele repetiu, segurando os bíceps de Logan. —Sinto muito, estou
tornando sua vida mais difícil e sendo…
—Cale a boca,— Logan disse asperamente, apertando-o com os braços. —Nós
vamos descobrir isso.— Ele deu um beijo no topo da cabeça de Andrew e respirou
fundo. Então ele se afastou e saiu do carro.

Andrew olhou para suas costas largas até que a figura alta de Logan foi engolida
pela multidão.

Capítulo 20

Andrew gostaria de dizer que fez algo produtivo com seu tempo depois que Logan
foi embora, mas isso seria uma mentira.

Ele gostaria de dizer que fez um esforço para ser sociável, mas isso também seria
mentira. Não, ele praticamente morava em seu quarto de hotel e era a definição de
um viciado em televisão. Ele não falava com ninguém, porque ignorava as ligações
de sua tia e ninguém mais ligava para ele.

Nunca foi tão óbvio que ele não tinha amigos. Todos os seus amigos sempre foram
mais de Vivian do que dele. Com ela se fora, claramente nenhum deles deu a
mínima para Andrew para sequer enviar uma mensagem de texto para ele, muito
menos ligar para ele.

Você pode chamá-los você mesmo, a voz sarcástica de Logan disse em sua cabeça.

Andrew gemeu e passou o braço pelo rosto. Até mesmo sua voz interior soava
como Logan atualmente. Ele estava desesperado.

O toque de seu telefone o fez estremecer. Andrew suspirou, pensando que


provavelmente era tia Rebecca novamente. Ele pescou o telefone do bolso e olhou
para o identificador de chamadas, apenas para garantir.

Era Shawn.

Após um momento de hesitação, ele respondeu.


—Ei—, Shawn disse, sua voz um pouco tensa.

—Oi.—

—Hum, como você está?—

As sobrancelhas de Andrew subiram. Mesmo? —Estou bem, obrigado—, disse


ele.

Uma pausa.

—Você está meio que desaparecido, amigo—, disse Shawn, finalmente,


respondendo à pergunta não feita.

—Estou desfrutando de um pouco de paz e sossego—, disse Andrew. —Há algum


motivo para você estar me ligando?— Você não me ligaria se não precisasse de
algo de mim.

—Uh, sim—, Shawn disse, seu tom hesitante.

Andrew sorriu amargamente.

—Ian Caldwell acordou do coma—, disse Shawn.

Andrew olhou para o teto, completamente indiferente às notícias. —E? O que


você quer?

—Derek gostaria de seu conselho sobre como proceder—, disse Shawn.

Andrew bufou, cético. —Ele gostaria? Desde quando?

—Tudo bem, não, mas você sabe o quão orgulhoso ele é.— Shawn parecia afetuoso
e um pouco exasperado. —Eu sei que ele se sente culpado por colocar a empresa
nesta bagunça e está determinado a consertar tudo sozinho, mesmo que esteja fora
de sua área de especialização.

Isso soou mais como Derek Rutledge. Um maníaco por controle. Um idiota
arrogante.

—Temo que ele não será capaz de esmagar Caldwell com a força de sua
personalidade—, disse Andrew, muito secamente. —Tive o prazer de lidar com
Caldwell alguns anos atrás. Ele é tão assertivo quanto Derek.

—Eu sei.— Shawn suspirou. —É por isso que preciso que você converse com
Derek. Ele está conversando com alguns advogados. Por favor, diga a Derek que
ele deve tentar fazer as pazes com o cara em vez de ir à guerra com ele.

—Por que eu? Ele com certeza se preocupa mais com a sua opinião do que com a
minha.

—Sim—, disse Shawn. —Mas ele confia em sua experiência neste assunto. Ele
confia em você para administrar bem a empresa. Ele sabe o quão capaz você é.
Andrew abriu e fechou a boca, sem saber o que dizer.

—Então por que não é ele quem está me chamando?— ele disse depois de um
momento.

—Eu já te disse o porquê. Ele acha que é sua culpa e está determinado a...—
Ouviu-se o som da fechadura sendo ativada.

Andrew olhou para a maçaneta da porta enquanto ela girava, seu coração
começando a bater mais rápido e as palmas das mãos ficando úmidas.

A porta se abriu e Logan ficou parado na porta, olhando para ele com uma
expressão estranha e fixa no rosto.

Shawn ainda estava dizendo algo, mas Andrew não conseguia mais ouvir, seu pulso
trovejando em seus ouvidos e seu mundo se estreitando aos olhos escuros de
Logan. Havia algo duro neles quando Logan trancou a porta e caminhou em
direção a ele lentamente.

Andrew molhou os lábios. Parecia que cada célula de seu corpo estava tentando
pular para fora de sua pele, e precisou de cada gota de sua força para permanecer
imóvel na cama.

Logan se sentou ao lado dele, ainda olhando para ele estranhamente.

Andrew não aguentava mais, porra.

Ele agarrou a mão de Logan e o puxou para mais perto. Logan caiu em cima dele
desajeitadamente, tirando o fôlego de seus pulmões, mas Andrew não se importou.
Ele envolveu todos os seus membros ao redor dele, quase gemendo de quão bom
era. Finalmente. Ele estava aqui. Finalmente.

—Andrew?— disse uma voz abafada de seu telefone — o telefone que ele deixou
cair na cama.
—Eu acho que você estava no meio de uma conversa,— Logan murmurou,
balançando o lado de seu pescoço antes de chupar um chupão lá.

Andrew estremeceu, choramingando. Ele enterrou os dedos no cabelo de Logan,


puxando-o para mais perto. Mais apertado. Preciso de você mais perto. —Hã?—
ele disse sem fôlego, empurrando o suéter escuro de Logan e correndo as mãos
avidamente sobre a extensão quente e lisa de suas costas, massageando o músculo
firme. —Senti sua falta—, ele sussurrou antes que pudesse se conter. —Preciso de
você.

Logan estremeceu. Ele beliscou o pescoço de Andrew e seu queixo. Ele fez uma
pausa, suas bocas ofegantes pairando a uma polegada de distância. Andrew
lambeu os lábios trêmulos de novo, precisando tanto que estava literalmente
tremendo.

Foda-se.

Ele agarrou a cabeça de Logan e o puxou para um beijo faminto. Deus. Embora
tenha sido o primeiro beijo, parecia que eles já tinham feito isso centenas de vezes.
Parecia além da perfeição, seus dedos do pé se curvando e seu coração derretendo
e seu corpo tentando se fundir ao de Logan. Ele nunca quis ninguém mais.

Eles se beijaram e se beijaram, e isso ficou mais rude e carente, e então não foi o
suficiente.

Logo, suas roupas estavam no chão.

Eles foderam assim, seus lábios travados juntos, o pau apressadamente


escorregadio de Logan se movendo dentro dele com sons sujos e úmidos de carne
contra carne. Andrew nem ficou com vergonha dos gemidos estridentes que
saíram de sua boca enquanto fodia. Ele não se importou. Ele não conseguia parar
de beijá-lo. Não conseguia o suficiente dele. Não foi possível tocá-lo o suficiente.
Ele poderia morrer feliz assim, cheio do pau de Logan e sendo beijado dentro de
um centímetro de sua vida.

Ele gozou muito rápido, soluçando e agarrando-se ao corpo pesado de Logan com
todas as suas forças. Foi uma bênção. Era o puro céu.

Ele nem se importou que Logan continuasse transando com ele por um tempo, não
importa o quão supersensível seu buraco fosse agora. Ainda era agradável de uma
maneira diferente. Isso o fez querer se exibir, cada gemido e gemido de Logan
como uma realização pessoal. Ele era procurado. Ele era necessário. Ele estava
fazendo Logan se sentir bem.

Quando Logan finalmente se derramou dentro dele e ficou imóvel, Andrew ficou
quase desapontado por tudo ter acabado.

Ele não tinha ideia de quanto tempo eles ficaram assim, flutuando em uma alta
pós-orgástica.

Andrew demorou um pouco para registrar algo duro cavando em seu lado.

Franzindo a testa, ele abriu os olhos e recuperou o objeto ofensivo.

Seu telefone.

—Porra.

Logan ergueu a cabeça e olhou para ele, seus olhos ainda um pouco vidrados. —O
que?

Andrew estremeceu ao ver a duração da ligação. Ele tinha certeza de que não
falava com Shawn havia sete minutos. Quanto aquele idiota ouviu antes de
desligar?

—O marido do meu cunhado provavelmente nos ouviu fazendo sexo.— Andrew


suspirou, passando a mão pelo rosto. —Porra, eu disse seu nome?— Quando
Logan não respondeu, ele olhou para ele.

A expressão de Logan era ilegível, mas seus olhos castanhos estavam


significativamente mais duros agora. —E isso seria um problema? Porque eu sou
um homem?

Andrew fez uma careta. —Não é... não é realmente sobre isso. Eu realmente odeio
a ideia de alguém me ouvir fazendo sexo. Isso me faz sentir...— Ele estremeceu
novamente. —Meio sujo. Sempre me senti desconfortável com demonstrações
públicas de afeto, e isso é muito mais estranho. Sexo é... eu sei que é antiquado,
mas sempre pensei em sexo como algo privado.— Vivian sempre zombou dele por
ser tão —puritano— e, embora ele discordasse, havia alguma verdade nisso.

Ele olhou de volta para Logan, esperando que ele zombasse dele também, mas a
expressão em seu rosto não era zombeteira. Andrew não tinha certeza do que era,
mas não havia zombaria.
Logan colocou a mão no rosto de Andrew, esfregando sua bochecha com o polegar
por um momento. Andrew estremeceu, tentando não se inclinar para o toque
como um gato.

Por fim, Logan disse, olhando-o nos olhos: —Mesmo que ele ouvisse algo, ele não
estava aqui. Ele não viu nada. Éramos só você e eu.— Andrew engoliu em seco.

—Você e eu—, ele repetiu, e de alguma forma, as palavras se transformaram em


algo que ele não pretendia que fossem, e o ar entre eles ficou espesso e pesado.
Andrew corou, sem motivo.

Os lábios de Logan se curvaram em um sorriso. Foi um lindo sorriso.

Andrew sentiu... Ele sentiu que... Logan parecia longe demais de repente, Andrew
precisava dele mais perto. Ele enterrou a mão no cabelo de Logan e o puxou para
um beijo duro e carente. Deus, ele queria consumi-lo, tomar seu corpo e mantê-lo
lá, para sempre. Você e eu, as palavras ecoaram em sua mente enquanto ele
chupava a língua de Logan com fome.

Você e eu, você e eu, você e eu.

Capítulo 21

A boca de Andrew foi feita para beijar, pensou Logan. Seus lábios eram carnudos
e suaves, e ele beijou com uma necessidade infinita que foi direto para o pau de
Logan — e fez coisas desconfortáveis para seu coração também.

Porra, isso era pior do que sexo. Sexo era apenas sexo. Logan não teve problemas
em separar sexo de apego e afeto. Mas eles não estavam fazendo sexo agora, e
ainda assim ele estava beijando Andrew. Só porque ele queria. Só porque ele
amava sentir Andrew estremecer em seus braços, seus lábios trêmulos agarrados
aos de Logan, os gemidos suaves de Andrew engolidos por sua própria boca.
Havia algo de viciante nisso. Algo inebriante. Logan se sentiu bêbado com esses
beijos, bêbado e poderoso, o prazer diferente de tudo que ele já sentiu.

Eles estavam se beijando pelo que pareceram horas, desde que acordaram. Eles já
haviam feito sexo matinal, mas não pararam de se beijar — os beijos passaram de
quentes a preguiçosos e pegajosos. Logan se sentia pegajoso como o inferno e
estava começando a assustá-lo.

O som de uma mensagem chegando quebrou a atmosfera íntima e calorosa do


quarto.

Andrew suspirou e afastou a boca com um som obsceno e úmido.

Logan olhou para aqueles lábios rosados e úmidos enquanto seu dono pegava o
telefone.

Aqueles lindos lábios franziram ligeiramente quando Andrew viu a mensagem.


—É Shawn de novo—, disse ele. —Ele está me convidando para almoçar.

Logan ergueu seu olhar. —Você quer ir?

Andrew fez uma careta engraçada, passando a mão pelos cachos bagunçados.
Porra, ele parecia... Obviamente ele parecia ridiculamente sexy, todo corado e
fodido — mas ele também parecia carinhosamente pensativo.

Carinhosamente.

Cristo, ele estava ferrado.

—Eu não sei—, disse Andrew e prendeu o lábio inferior entre os dentes, olhando
para baixo. Ele suspirou. —Eu não quero ir, mas provavelmente tenho que ir. Eu
preciso impedir o irmão de Vivian de fazer algo potencialmente desastroso, de
novo.

—Hum.

Andrew olhou para ele. —O que?

—Você não deve nada a essas pessoas—, disse Logan, cuidadosamente mantendo
seu tom neutro. —Você não precisa fazer nada se não quiser.

As sobrancelhas de Andrew franziram. Havia algo quase como perplexidade em


seus olhos, como se ele nem mesmo entendesse o conceito.
—Eu preciso fazer isso—, disse Andrew, balançando a cabeça. Ele apertou sua
mandíbula teimosamente. —Não porque eu acho que devo algo aos Rutledge. É
minha empresa também. Eu trabalhei pra caramba por isso por uma década. Não
vou deixar ninguém estragar isso, seja Caldwell ou Derek.

Logan reprimiu um sorriso. —Tudo bem—, disse ele. Ele olhou no seu relógio.
—Já são onze. Você provavelmente deve sair em breve.

Andrew franziu a testa e baixou o olhar, seus dedos brincando ansiosamente com
os lençóis embaixo dele.

Quando ele olhou para cima novamente, seu rosto estava difícil de ler. —O
terapeuta não disse que deveríamos fazer as coisas juntos?

Logan olhou para ele. —Você quer que eu vá com você para a casa do seu
cunhado?

Um leve rubor apareceu nas maçãs do rosto de Andrew. —Não é que eu queira.
Eu só... eu só quero seguir as instruções do médico e... Não é isso que nós dois
queremos? Torne-se normal novamente. Normal.

Logan se sentou, virando as costas para Andrew e disse: —Tudo bem.— Atrás
dele, Andrew estava quieto.

Logan olhou para os preservativos saindo do bolso da calça jeans. Ele se esqueceu
de usá-los novamente. Irresponsável como o inferno. Mas, novamente,
—irresponsável— era uma boa palavra para descrever essa porra de
relacionamento. Deus, o que eles estavam fazendo?

—Você está...— Andrew fez uma pausa. —Você está com raiva de mim?

Os lábios de Logan se estreitaram. —Por que você se importa mesmo se eu for?—


ele disse laconicamente.

Ele sentiu o colchão afundar quando Andrew se mexeu, pressionando seu peito
contra as costas nuas de Logan, seus braços envolvendo a cintura de Logan. Logan
ficou muito quieto.

Andrew suspirou, enterrando o rosto na nuca de Logan. Ele respirou


audivelmente. —Eu não quero me importar—, ele sussurrou. —Mas você sabe
que sim.— Ele deu uma risada frágil. —Eu me importo muito, esse é o problema.
Até que nos tornemos normais de novo, eu — Sua voz falhou. —Eu não consigo
suportar a ideia de você ficar com raiva de mim e ir embora. Eu preciso de você.
Me ajude a parar de precisar de você. E eu vou sair da sua frente, eu prometo.—
Logan olhou para a parede oposta. —Tudo certo.

Andrew beijou sua nuca e soltou um pequeno suspiro de contentamento que fez
coisas terríveis ao coração de Logan.

Droga.

***

—Direi que somos amigos—, disse Andrew ao se aproximarem da porta da frente.

Logan bufou sem olhar para ele. —Eu lembro. Você não tem que ficar repetindo
isso.

—Eu só…

—Não se preocupe, ninguém vai suspeitar que você montou meu pau a noite
toda—, disse Logan, muito secamente.

Ruborizando, Andrew o silenciou, e bem a tempo: o mordomo dos Rutledge abriu a


porta.

Logan seguiu Andrew para a grande casa, mantendo um passo atrás dele enquanto
Andrew cumprimentava o belo loiro, Shawn e seu marido, Derek.

Ele observou a troca com curiosidade. Andrew estava tentando parecer confiante
e calmo, mas seu desconforto era óbvio, pelo menos para Logan.

O casal Rutledge era um pouco mais difícil de interpretar. O rosto do homem mais
velho estava severo e vagamente desgostoso, mas seu desprazer parecia dirigido a
seu próprio marido, e não a Andrew ou Logan. Não precisava ser um gênio para
adivinhar que convidar Andrew tinha sido ideia de Shawn e Derek não aprovava
inteiramente.

Também não pareceu escapar da atenção de Andrew: sua linguagem corporal


tornou-se mais rígida.

Logan se aproximou, seus ombros batendo brevemente juntos enquanto ele


estendia a mão para um aperto de mão. —Logan McCall.

Os Rutledges apertaram sua mão, olhando-o com alguma curiosidade.

—Prazer em conhecê-lo—, disse Shawn com um sorriso. —Andrew não me disse


que estava trazendo um convidado.— Sua expressão era aberta e amigável.
Nenhum indício de suspeita em seus olhos, apenas amizade. Parecia que os medos
de Andrew eram infundados e Shawn não tinha realmente ouvido nada. Logan
sorriu de volta, mas não disse nada.

Andrew encolheu os ombros. —Meu terapeuta recomendou que passássemos


algum tempo juntos para tornar mais fácil o ajuste às nossas vidas normais.

As sobrancelhas de Shawn se uniram, mas ele apenas balançou a cabeça,


acotovelando seu marido discretamente quando este permaneceu em silêncio.

—Você é bem-vindo para ficar para o almoço, é claro—, disse Derek, olhando para
o relógio. —Mas meu advogado também está vindo.— Ele lançou a Shawn um
olhar plano. —Espero que não fique muito entediado.— Seu marido apenas sorriu
inocentemente.

Logan suprimiu uma risada. O casal era pouco convencional, mas pareciam
combinar um com o outro. O carinho, o calor entre eles era real.

Observá-los o deixou um pouco melancólico.

Ele olhou para Andrew e rapidamente desviou o olhar, irritado consigo mesmo.

Às vezes, ele odiava seu próprio cérebro.

—Na verdade, gostaria de estar presente na reunião se for sobre a empresa—, disse
Andrew.

Seu tom parecia confiante, parecia ser a palavra-chave. Logan não tinha certeza
do que dizia sobre ele que ele podia captar a menor mudança na voz de Andrew, e
poderia dizer sem nem mesmo olhar que Andrew não estava realmente tão
confiante quanto estava tentando soar.

Derek deu um aceno cortante assim que a campainha tocou.

O advogado era um homem bonito e bem vestido, com olhos cinzentos


penetrantes. Ele trocou cumprimentos educados com os Rutledge antes de se
voltar para Andrew. —Andrew!— ele disse, seu tom familiar tornando óbvio que
ele e Andrew já eram bem conhecidos. —É tão bom ver você — bom saber que
todos aqueles rumores estavam errados.

—Que rumores, Colt?— Andrew disse, sorrindo neutro. Ele tinha os braços
cruzados sobre o peito.

O advogado fez uma careta e deu um tapinha em seu ombro, falhando


completamente em notar o claro desconforto de Andrew, ou optando por
ignorá-lo. —Você mal foi visto desde que voltou, praticamente se transformou em
um eremita, e as pessoas de sempre estão falando. Você sabe como é.

Os lábios de Andrew se curvaram. —Eu sei.

Os olhos de Colt se voltaram para Logan e se iluminaram. Ele sorriu e apertou a


mão de Logan. —Oh, não há necessidade de se apresentar — é claro que o
reconheço, Sr. McCall.

—Logan está bem—, ele disse secamente.

O sorriso do cara se alargou. —Então você deveria me chamar de Colin—, ele


disse, sua voz baixando ligeiramente. —Colt é o apelido que Vivian me deu.

Logan o olhou impassível. Colin estava claramente interessado em homens, se a


sutil observação que deu a Logan fosse alguma indicação. O cara era atraente. Ele
era possivelmente ainda mais bonito do que Andrew. E, no entanto, Logan não
sentiu nem um lampejo de interesse. Nada. Nem luxúria, nem desejo, nem mesmo
uma leve apreciação. Foi... preocupante.

—Você era amigo da esposa de Andrew?— ele disse educadamente.

—Eu era—, Colin disse, suspirando. Seu olhar permaneceu em Logan, no entanto.
—Tal uma tragédia. Ela era tão jovem.

Andrew limpou a garganta, tocando o braço de Logan. —Colin é, era amigo de


infância de Vivian, disse ele, segurando o bíceps de Logan com um pouco mais de
força.

—De fato—, disse Colin, seu olhar passando rapidamente para a mão de Andrew
no braço de Logan. —Vejo que vocês dois se tornaram amigos naquela ilha
terrível... Devo dizer que estou surpreso.

—Por quê?— Andrew disse laconicamente.


Colin encolheu os ombros. —Achei que vocês já estivessem cansados um do
outro.— Ele sorriu amigavelmente para Andrew. —Sem ofensa, amigo, mas todos
nós sabemos que você pode ser um pouco... cansativo.— O rosto de Andrew ficou
totalmente em branco.

Logan teve que suprimir o desejo ridículo de puxar Andrew para perto. Amigos.
Eles estavam aqui como amigos, nada mais. Porque eles não eram mais, caramba.
Andrew não precisava que ele agisse como um namorado protetor.

—Ele não é mais cansativo do que você e eu—, Logan ainda se pegou dizendo,
embora mantivesse a voz neutra.

Franzindo a testa, Colin olhou atentamente para Logan, depois para Andrew, cujo
rosto não parecia mais uma máscara de madeira. Andrew olhou para Logan e
então rapidamente desviou o olhar.

As pontas de suas orelhas estavam vermelhas.

Shawn tossiu levemente. —A comida está pronta. Devemos?

***

Logan pensou que ele ficaria entediado. Ele tinha pensado que seria forçado a
bater um papo com Shawn enquanto Derek, Colin e Andrew conversavam sobre
negócios. E de alguma forma, ele estava realmente entediado: a maioria das coisas
que eles estavam discutindo voou direto sobre sua cabeça, porque eles estavam se
referindo a pessoas que ele não conhecia e termos legais que mal faziam sentido
fora do contexto. Mas nem Andrew nem Colin pareciam dispostos a deixá-lo fora
do estranho concurso de urina que estava acontecendo, seus comentários
mordazes se tornando cada vez menos sutis e progressivamente pouco
profissionais quanto mais tempo durava a refeição.

Até mesmo Derek estava carrancudo agora, seus olhos escuros passando
rapidamente de Andrew para Colin de uma maneira aguda e avaliadora.

Logan estava bebendo seu café e tentando fingir que Andrew não estava nem a
metade em seu colo. Quanto mais acirrada a discussão ficava, mais perto dele
Andrew parecia gravitar. Suas cadeiras estavam a alguns centímetros de distância
no início da refeição, mas agora eles estavam tão próximos que suas coxas estavam
pressionadas uma contra a outra. Quando Andrew ficava particularmente nervoso
ou com raiva, ele enganchavam os tornozelos deles, quase dolorosamente — o
tempo todo sem olhar para Logan.

Fale sobre mensagens confusas.

—… Não, ir a público com isso seria uma má jogada,— Andrew estava dizendo,
olhando para Colin. —Você é um idiota? Caldwell não fez nada de errado,
tecnicamente, e mesmo se argumentarmos que Derek assinou o contrato sob falsos
pretextos, Derek largou publicamente a irmã de Caldwell, levando-a a tentar o
suicídio, então lembrar disso será má publicidade para nós. Sem mencionar que
Caldwell é um homem que acabou de acordar do coma. Você não começa uma
guerra na mídia com um homem doente! Isso é uma aparência ruim.

Colin nem se incomodou em esconder seu sarcasmo condescendente. —Não


precisamos tornar isso público. Podemos falar com ele e pressioná-lo a se retirar.
Tenho certeza de que ele se preocupa com a reputação de sua empresa. Ele não
gostaria de ser conhecido como alguém que faz negócios dissimulados.

Andrew riu. —Então você está sugerindo que o ameaçemos? Esse é o seu
conselho profissional? E você se diz advogado? Ian Caldwell não é exatamente
um homem que você ameaça.—

Colin corou e abriu a boca, mas o que quer que ele fosse dizer foi interrompido por
um frio, —Chega.

O olhar de todos se voltou para seu anfitrião.

A expressão de Derek Rutledge era bastante azeda quando ele olhou para Andrew
com firmeza. —O que você está sugerindo, então?

A mão de Andrew agarrou o joelho de Logan sob a mesa, mas externamente, seu
rosto estava calmo e confiante. —Estou sugerindo que você fale com ele.

—Falar com ele—, Derek repetiu categoricamente.

Andrew soltou uma risada. —Eu sei: um conceito selvagem, não é? Fale com ele e
peça desculpas. Você já tentou?

A mandíbula de Derek apertou. —Eu não tenho nada para me desculpar. Se


minhas ações causaram dano, não foi intencional. O noivado não foi ideia minha.

—Então diga isso a ele—, disse Andrew. —Explique a ele o que realmente
aconteceu. O que você tem a perder? Caldwell tem um certo temperamento, mas
não é irracional. Tudo isso parece um mal-entendido.

—Eu concordo—, disse Shawn. —Talvez valha a pena tentar, Derek. Se Miles está
apaixonado pelo cara, com certeza ele não pode ser tão ruim.

A expressão de Derek estava bastante comprimida, mas ele não recusou


abertamente. —Vou pensar sobre isso—, disse ele laconicamente, pondo-se de pé.
Todos seguiram o exemplo.

As despedidas de Andrew para os Rutledges foram bastante rígidas. Ele não disse
nada a Colin e saiu da casa sem esperar que Logan terminasse de agradecer aos
Rutledge por sua hospitalidade.

Mas no momento em que Logan fechou a porta da frente atrás dele, ele foi puxado
para o lado, empurrado contra a parede, e de repente Andrew tentou se enfiar
embaixo do queixo, respirando estranhamente. Hiper-ventilação.

Logan demorou um momento para se recuperar de sua surpresa.

Então, ele passou os braços ao redor dele e Andrew fez um pequeno som — algo
dolorido, mas aliviado também. Os lábios pressionaram contra o oco da garganta
de Logan. —Desculpe—, Andrew murmurou em seu pescoço. —Era só — era
difícil para mim estar perto deles, especialmente Colin. Eu sei que todos eles
gostariam que Vivian estivesse aqui em vez de mim.

Logan franziu a testa. —Tenho certeza que não.

Andrew soltou uma risada sem humor. —Certo. Você viu a maneira como Colin
olhou para mim? Tenho certeza de que ele me culpa por não salvá-la.

—Colin... Qual é a história aí?— Logan disse, enfiando os dedos pelos cachos de
Andrew.

Andrew suspirou, acariciando o peito de Logan distraidamente. —Ele foi


basicamente o namorado de infância de Vivian. Eles estavam aparentemente em
uma pausa quando o conheci. Ele me atacou em uma festa corporativa – ele é bi –
e eu posso ter sido... um pouco rude quando disse que não estava interessado em
homens.

Logan podia imaginar tudo muito bem. —E depois?

—Bem, ele não aceitou bem.— Andrew se afastou um pouco, passando a mão nos
olhos. —Um mês depois, Vivian e eu começamos a nos ver, e imagine minha
surpresa quando ela me apresentou o seu melhor amigo-barra-ex. Foi um pouco
estranho, para dizer o mínimo. Por vários motivos.

Logan sabia que provavelmente não deveria ter rido, mas era engraçado,
especialmente a cara que Andrew estava fazendo.

—Ha-porra-ha—, Andrew brincou, mas os cantos de sua boca se contraíram, e


então ele começou a rir também.

E Logan ficou olhando.

Ele nunca tinha visto Andrew rir. Não assim: com pura alegria em seu rosto, seus
olhos brilhantes e suaves, e seu sorriso cegante.

Ele era lindo.

Foi a primeira vez que ele pensou em Andrew como lindo. Elegante, quente,
atraente, adorável — sim, mas nunca bonito. A beleza veio de dentro, não era
apenas um atributo físico.

Mas porra, ele era lindo, todo olhos sorridentes, cachos selvagens e lábios
vermelho cereja.

E Logan o amava.

Ele o amava.

—O que?— Andrew disse, sorrindo. —Por que você está olhando para mim desse
jeito?— Mais tarde. Ele poderia pirar mais tarde.

—Não há razão—, disse Logan com voz rouca, puxando Andrew para mais perto e
beijando-o.

Os lábios de Andrew se separaram para sua língua imediatamente, e o mundo ao


redor deles desapareceu — até que a batida da porta os fez recuar e interromper o
beijo.

Logan virou a cabeça e se viu olhando para o rosto zombeteiro de Colin.

—Não é um homo, hein?— Colin disse, olhando para Andrew. —Você não perdeu
tempo após a morte de Vivian.

Andrew saltou para longe de Logan como se tivesse sido queimado. —Eu — não é
o que parece!

Logan de repente sentiu frio, e isso tinha pouco a ver com o clima frio de
novembro.

Colin zombou e caminhou em direção ao carro. Ele bateu a porta com força e saiu
correndo, deixando um silêncio ensurdecedor em seu rastro.

Não é o que parece.

Logan mordeu o interior de sua bochecha com tanta força que sentiu o gosto de
sangue.

Não deveria ter doído.

Não deveria ter importado.

Não era como se ele não soubesse que Andrew nunca iria querer que as pessoas
descobrissem sobre eles. Ele sabia. Ele sempre soube que não deveria se permitir
se apegar a um cara “hétero”. Ele sabia que isso só levaria à tristeza se ele fosse
estúpido o suficiente para se apaixonar por Andrew. Ele sabia.

Idiota. Ele era um idiota.

—Tudo bem, eu não posso fazer isso—, disse ele sem olhar para Andrew.

—Fazer o que?

Logan de repente desejou um cigarro. Passaram-se anos desde que ele parou de
fumar, mas ele nunca quis fumar tanto.

Ele enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta. —Nós—, ele disse.

—Eu... eu não entendo.— A voz de Andrew era tão baixa que Logan teve que se
impedir de olhar para ele. Olhar para ele seria uma ideia terrível pra caralho. Ele
estava fraco. Ele nunca poderia dizer não sempre que Andrew o olhava daquela
maneira particular, com os olhos arregalados e os lábios trêmulos.

—Eu estive fora por quase vinte anos, Drew—, disse ele calmamente, olhando para
o carro. —Eu não vou voltar para o armário por você — por ninguém. Não vou ser
seu segredinho sujo e viver uma mentira enquanto você age como se não fossemos
nada em público. Estou muito velho para essa merda.— Houve apenas silêncio em
resposta, pesado e tenso.
Suspirando, Logan foi para o carro.

Ele não foi longe: a mão de Andrew agarrou seu braço. —Mas o terapeuta disse…

—Eu sei—, Logan disse, de costas para ele. O toque de Andrew parecia estar
queimando-o mesmo através das camadas de tecido. Ele queria se virar e tomálo
em seus braços. Ele queria olhar nos olhos de Andrew e permitir-se sentir coisas
que não devia sentir, não por este homem. —E eu sinto muito. Eu sei que é difícil
para você. É difícil para mim também. Achei que pudesse fazer isso, mas estava
errado. Só estaremos cometendo um erro maior se continuarmos vivendo no bolso
um do outro.— Ele passou a mão pelo rosto, sua voz diminuindo. —Eu não
consigo fazer isso, ok? Eu não sou um maldito robô, Drew.

—Mas...— Andrew sussurrou, sua voz quase inaudível. —Mas eu preciso de você.

O peito de Logan doeu. —Eu preciso de você também—, ele admitiu. —Mas
precisar não é suficiente. Precisar e querer são coisas diferentes, e você não quer
isso.— Você não me quer.

—E você quer?— Andrew disse, seu aperto no braço de Logan ainda implacável,
quase doloroso.

Eu não deveria.

A garganta de Logan parecia crua. Ele sabia que era um adeus, e parte dele, a
parte que ainda considerava aquele homem uma extensão de si mesmo, se rebelou
ativamente contra a ideia, recusando-se a aceitá-la.

Mas ele sabia que era a decisão certa. A única decisão correta. Andrew não iria
aceitar de repente que estava interessado em homens, que a ilha tinha sido mais do
que apenas uma fase doentia. Ele sempre consideraria seus sentimentos por
Logan como algo que precisava ser curado. Ele nunca concordaria em ter um
relacionamento gay abertamente, e isso efetivamente forçaria Logan de volta ao
armário. Então, haveria ressentimento e raiva mútuos, o que acabaria
transformando seu relacionamento, que já não era convencional, em um
relacionamento tóxico. Houve apenas um final para o relacionamento deles, e não
foi feliz.

Isso, o que quer que fosse entre eles, não era sustentável. Era melhor acabar com
isso agora, enquanto seu coração não estava completamente destruído. Era melhor
acabar com isso antes que fosse tarde demais.
Já pode ser tarde demais, disse uma voz no fundo de sua mente.

Logan a ignorou. Era seu coração falando. Ele não confiava nisso, não mais.

Uma ruptura limpa. Eles precisavam de uma pausa limpa. E para isso, ele
precisava afastar Andrew. Ele precisava fazer algo para impedir Andrew de
continuar a estender a mão para ele. Algo que seria impossível consertar. Um fim
definitivo.

—Eu também não—, disse Logan asperamente. —Estou muito velho para me
prender a caras heterossexuais enrustidos de novo. Já estive lá, fiz isso. Muita
bagunça para se preocupar.

O aperto de Andrew em seu braço diminuiu. E então ele se foi.

Logan se dirigiu para seu carro, seu coração pesado e seu estômago em nós.

Ele entrou no carro e ligou o motor. Ele foi embora, mal vendo à sua frente.

Ele disse a si mesmo que tinha feito a coisa certa.

Ele sabia que tinha feito a coisa certa.

Não fez nada para aliviar a sensação de vazio em seu peito.

Volte, uma voz no fundo de sua mente disse insistentemente. Agarre-o e prenda-o
a você se precisar. Marque seu nome nele. Ele é seu. Seu seu seu.

Definindo sua mandíbula, Logan empurrou esses pensamentos para longe.


Andrew nunca foi dele. Ele não podia perder algo que nunca realmente teve. Ele
não podia negar que parte dele esperava, esperava, que Andrew finalmente
dissesse que o queria e pedisse para ficar. Mas Andrew não.

Se você ama algo, deixe-o ir. Se voltar, é seu. Se não, nunca foi.

Os lábios de Logan se curvaram em um sorriso sem humor. Uma expressão tão


banal. Até agora, ele nunca tinha entendido isso.


Capítulo 22

Às vezes, Shawn realmente odiava ter que agir como um mediador. Ser o paciente.
O razoável.

Suavizar as arestas de Derek não tinha se tornado mais fácil nos seis anos que
estiveram juntos. Porém, ele não estava sendo totalmente justo: Derek tinha
amadurecido, um pouco. Ele não era o babaca insuportável e mandão de antes, na
maior parte do tempo. O problema era que ainda havia momentos em que Derek
recaía para seus velhos hábitos e o idiota arrogante por quem Shawn havia se
apaixonado há tantos anos estava de volta, para o agravamento de Shawn. Deus,
ele amava este homem, mas ainda havia momentos em que o comportamento de
Derek o fazia revirar os olhos, suspirar e apenas balançar a cabeça.

Caso em questão: Andrew e a relutância de Derek em pedir sua ajuda.

—Orgulho é um pecado, você sabe—, Shawn murmurou, com a cabeça no ombro


de Derek. Ele pode ter ficado chateado com o marido agora, mas ele ainda queria
abraçar ele.

Para seu crédito, Derek não fingiu não entendê-lo. —É isso? Ser um pecador não
me incomoda.— Seus olhos permaneceram em seu tablet, sua mão acariciando o
braço de Shawn distraidamente. Não tinha o direito de se sentir tão bem.

—Você precisa da ajuda dele—, Shawn pressionou, tentando se concentrar na


conversa em vez da sensação agradável se espalhando por seu corpo com o toque
de Derek. —Agora que Caldwell voltou da Inglaterra, é hora de finalmente
enterrar a machadinha. Pelo bem de Miles. Você sabe que o pobre rapaz se sente
preso entre nós.

Os lábios de Derek se curvaram um pouco. —Talvez a criança não devesse ter


dormido com o inimigo, então.

Shawn deu uma risadinha. —Você sabe que eu também não gosto de Caldwell,
mas agora acho Andrew pode estar certo. Talvez falar honestamente e se
desculpar realmente funcionasse.— Percebendo a careta de Derek, Shawn riu de
novo e beijou-o na bochecha mal barbeada. —Eu sei, eu sei: você tem alergia a se
desculpar e comunicar seus pensamentos honestos, mas não seja uma criança,
Derek.

O olhar impressionado de Derek o fez sorrir. —Olha—, disse Shawn. —Eu sei
disso... eu sei que o assunto não é fácil para você, com seu pai e tudo, mas esta é
uma situação que realmente pode ser resolvida com uma simples conversa. Falei
com Miles hoje. Ele diz que pode fazer Caldwell ouvir o que você tem a dizer.
Será...

—Tudo bem—, Derek disse irritado. —Mesmo se eu falar com Caldwell, para que
preciso de Andrew?

—Porque ele é uma parte imparcial. Ele estava lá quando você rompeu o noivado,
e com seu pai e sua irmã mortos, ele é a única pessoa viva que sabe por que isso
aconteceu, e todos sabem que Andrew não é exatamente seu fã, então ele não vai
mentir sobre isso. Caldwell vai acreditar nele.

Derek esfregou a testa com os nós dos dedos, parecendo que estava realmente
considerando isso, graças a Deus.

—Você está esquecendo de algo—, disse ele por fim. —Andrew não está em
condições de ser útil. Ele é um pouco melhor do que um cadáver ambulante.

Shawn fez uma careta. Isso foi um pouco duro, mas, infelizmente, não muito
impreciso.

Ele nunca gostou exatamente de Andrew depois da primeira impressão menos do


que estelar que ele teve todos aqueles anos atrás, mas vê-lo se movendo
apaticamente com uma expressão vazia era altamente perturbador. A parte
intrigante era que Andrew parecia estar melhorando, ele definitivamente parecia
mais calmo no almoço com o advogado de Derek alguns meses atrás. Agora ele
estava muito pior. Desinteressado. Abatido. Miserável. Não queria falar com as
pessoas. A única razão pela qual Shawn o viu foi porque ele insistiu que Andrew
voltasse para a casa deles quando descobriram que ele ainda morava em um hotel.
Na época, o surpreendeu que Andrew não tivesse resistido muito, mas agora
Shawn sabia melhor: o cara simplesmente não estava presente o suficiente para se
importar.

—Ele está deprimido—, disse Shawn. —A morte de Vivian.

Derek zombou. —Não seja ingênuo. Não é sobre Vivian — pelo menos não
apenas.

Shawn olhou para ele com curiosidade. —O que você quer dizer?

—McCall.

Franzindo a testa, Shawn disse: —Logan McCall? O que tem ele?

—Andrew tentou fazer parecer que eram amigos, mas a linguagem corporal deles
não era a de amigos.

O queixo de Shawn caiu. —O que? Você quer dizer Andrew e Logan…

—Provavelmente foderam, sim.— Derek deu uma risada curta. —Dois homens
saudáveis isolados em uma ilha por quase um ano, frustrados e estressados. Você
está realmente surpreso?

Shawn balançou a cabeça, sua mente girando. De repente, ele se lembrou dos
ruídos estranhos que ouviu quando ligou para Andrew meses atrás. Eles quase
soaram como... beijos. Ele ficou confuso na época, mas pensou que fosse a TV no
quarto de Andrew.

Mas Andrew é…

—Em linha reta, hétero?— Derek disse secamente. —Eu me lembro de você ser
hétero também.

—Homofóbico—, Shawn terminou, dando a ele um olhar impressionado.

Derek cantarolou pensativamente. —Ele sempre foi tão franco sobre isso... Você
sabe, sempre me fez pensar se ele estava compensando demais. De qualquer
forma, ele e McCall tinham a linguagem corporal de amantes. Tenho certeza que
ele estava segurando a mão de McCall por baixo da mesa.

Shawn olhou para ele com ceticismo. Ele não conseguia imaginar Andrew — o
idiota fanático Andrew — segurando a mão de um homem. —Você está dizendo
que ele está deprimido por causa de Logan?

Derek encolheu os ombros. —Ele parecia bem quando McCall estava por perto.
Na próxima vez que o vimos, McCall não estava em lugar nenhum e parecia uma
bagunça deprimida.

—Você está alcançando—, disse Shawn, ainda cético.


Derek sorriu para ele, seus olhos escuros cheios de diversão. —Seu gaydar é uma
merda, Wyatt.

—Rutledge—, corrigiu Shawn com um sorriso antes de beijá-lo. Logo, todos os


pensamentos sobre Andrew deixaram completamente sua mente.

Havia apenas Derek.

***

Rebecca Kennett ficou irritada. Aborrecida, descontente e preocupada. Havia algo


errado com seu sobrinho.

Sua apatia não era normal. Ela pensava que sua depressão era causada pela morte
de sua esposa e que passaria em breve, mas Andrew não estava melhorando. Não,
ele estava piorando. Ele parecia ter perdido completamente o ímpeto, a ambição e
às vezes ela tinha o pensamento perturbador de que ele havia perdido a vontade de
viver.

Isso a assustou.

Rebecca não era uma mulher afetuosa, ela realmente não sabia como mostrar
afeto, mas isso não significava que ela não se importava com o menino. Ela pode
não ter dado à luz a ele, mas o criou desde que ele era um menino esquelético de
três anos. Ela desistiu de sua vida pessoal por ele, de suas ambições e sonhos. O
menino ingrato não tinha o direito de fazê-la se preocupar tanto.

Depois que Andrew não apareceu na casa dela no Natal e perdeu seu aniversário,
algo que ele nunca tinha feito antes, Rebecca se cansou.

Ela superou seu desgosto e foi procurá-lo na mansão dos Rutledges. Ela não tinha
dúvidas de que Andrew havia escolhido este lugar porque sabia o quanto ela não
gostava daquelas pessoas. Bem, o garoto estúpido havia subestimado até onde ela
estava disposta a ir por ele. Ela até conseguiu uma conversa educada com Shawn
Rutledge antes que ele finalmente a levasse para o quarto de Andrew.

—Eu realmente espero que você possa ajudá-lo—, disse ele. —Ele está me
assustando. Ele não sai do quarto há dias.
Rebecca franziu os lábios e deu um aceno de cabeça tenso.

Ela entrou na sala.

A primeira coisa que a atingiu foi o cheiro – uma combinação pungente de álcool,
vômito seco e odor corporal.

Fazendo uma careta de desgosto, Rebecca caminhou até a cama e olhou para o
homem nela. —Nunca estive mais decepcionada na minha vida.

Andrew focou seus olhos vidrados nela. —Tia!— ele arrastou. —Desculpe por
não ter levantado para você. Você queria algo de mim?

—Você é patético—, disse Rebecca mordaz. —Qual o significado disso? Por que
você está bêbado no meio do dia?

Andrew tomou um gole de sua garrafa de vodca. —Por que não? Não é como se
alguém se importasse.

Eu faço, ela quase gritou com ele.

Ela não disse isso. Tentar argumentar com homens bêbados era inútil.

Rebecca se aproximou e puxou a garrafa de sua mão. —Você vai parar de beber
imediatamente. Você vai tomar um banho e fazer a barba. Você então descerá e
comerá. Depois disso, vou levá-lo a um terapeuta.

Andrew riu asperamente. —Não vou a nenhum terapeuta. Charlatãos, eles são.—
Ele riu novamente. —Estou falando como Yoda agora, hein.

—Você não é divertido. Levante-se.

Andrew não se mexeu. Ele olhou para ela com súbita seriedade em seu olhar, seu
sorriso desapareceu. Ele parecia sóbrio de repente. —Por quê você se importa?—
ele disse. —Você não, não realmente.

Rebecca olhou para ele. —Não me diga o que eu sinto ou não sinto, garoto.
Levante-se. Agora.

Um sorriso curvou os lábios de Andrew. Havia algo de amargo nisso.

Algo azedo. —Se eu te dissesse a verdade, você pararia de se importar muito


rápido, tia.
—Estou perdendo a paciência, Andrew.

—Eu tive o pau de outro homem na minha bunda. Eu chupei um pau e adorei.

Ela olhou para ele.

Ele a encarou de volta, algo desafiador, duro e quebrado em seu olhar.

Rebecca disse: —Levante-se e tome um banho.

Ele piscou, confusão estampada em seu rosto.

Ela teria rido se houvesse algo engraçado na situação. Ele a achava uma idiota?
Ele achou que ela não tinha notado a maneira como ele olhou para aquele homem?

—O que?— ele disse em voz baixa, parecendo muito com o garotinho que ele já
fora.

Ela desviou o olhar por um momento. —Seus experimentos sexuais, por mais
imprudentes que sejam, não me interessam. Agora levante-se.

Ele olhou para ela. —E se... E se eu disser que não é apenas um experimento?

Ela franziu os lábios com força. Ela não queria ter essa conversa. Ela esperava que
eles nunca precisassem ter essa conversa. —Se você está tentando dizer que está
obcecado por aquele homem, não perca seu tempo. Eu não sou cega. Mas isso vai
passar. É um produto da sua proximidade forçada naquela ilha, Isso é tudo. É
compreensível que você esteja confuso. Você só sente falta de sua esposa, Andrew.

Ele desviou o olhar e olhou para o teto sem expressão. —Confuso. Certo.

—Não é relevante. Controle-se. Sua esposa era uma mulher incrível, mas ela se
foi. Você não. Agora pare de ser tão patético e levante-se.— Ela meio que se
arrependeu de suas palavras duras assim que as disse, mas ela nunca foi boa em
mostrar afeto, não importa o quanto se importasse. Oferecer conforto nunca foi o
ponto forte de Rebecca – muita amargura armazenada por conta própria para
carregar, não importa a dor de outra pessoa.

Ele levantou.

Assistir ele balançar em seus pés fez seu coração apertar. Como eles chegaram a
isso? Ele sempre foi um menino tão bom e inteligente. Ela sempre o ensinou a ser
tão autossuficiente quanto ela. Ela falhou? Onde ela errou? Ele não deveria ter
ficado uma bagunça depois de perder sua esposa. Milhões de homens perderam
suas esposas e seguiram com suas vidas. Foi essa a culpa do sobrevivente?

A menos ... a menos que isso fosse mais do que apenas Vivian. Será que ele precisa
de alguém que o ame para sentir seu próprio valor?

O pensamento era altamente perturbador, mas se recusava a desaparecer, não


importa o quanto ela o afastasse.

—Andrew—, disse ela quando ele finalmente alcançou a porta.

Ele fez uma pausa, a mão na maçaneta da porta.

—Eu me importo com você—, ela disse rigidamente. —Eu te amo. Eu não estaria
aqui se não o amasse. Você sabe disso, não sabe?— Ele virou a cabeça e olhou para
ela por cima do ombro.

Seus olhos verde-azulados brilhavam quando ele assentiu.

Capítulo 23

Era meados de fevereiro quando Andrew acordou com o som de pássaros cantando
fora da janela.

Ele ouviu por um tempo antes de perceber que algo havia mudado. O
entorpecimento se foi, a sensação de algo errado por dentro que ele carregava por
meses.

Ele ficou deitado na cama que dividiu com Vivian por quase uma década, ouvindo
a si mesmo. O colchão não era muito macio. Os lençóis não pareciam muito lisos.
A filtragem do sol através das cortinas iluminava o quarto com um brilho suave, e
não era um incômodo. Andrew se sentiu... bem.

Ele estava bem.


Ele não tinha certeza do porquê. Talvez conversar com a terapeuta que sua tia o
forçou realmente estivesse ajudando, ou talvez sua tia tentando mostrar afeto por
ele com seu jeito afetado e estranho fosse a razão pela qual ele se sentia melhor.
Ou talvez fosse verdade que o tempo cura tudo. Ou talvez fosse uma combinação
dessas coisas. De qualquer forma, ele se sentia diferente, no bom sentido.

Andrew sentou-se lentamente, ainda meio temendo que a conhecida depressão e


desconexão voltassem.

Mas nada aconteceu.

Ele ainda estava bem.

Um sorriso lento e incerto curvou seus lábios.

Andrew saiu da cama e abriu as cortinas, depois abriu a janela, deixando o sol
tocar seu rosto. Estava morno.

Ele riu, só porque podia.

Ele se sentiu aquecido, pela primeira vez em meses.

***

A primeira coisa que fez foi ir ao barbeiro e cortar os cachos selvagens. Foi um
pouco estranho se ver como antes depois de tanto tempo, mas não era uma
sensação ruim.

Ele estava finalmente seguindo em frente. Ele estava deixando a ilha para trás.
Foi... Foi uma coisa boa.

Andrew deixou o barbeiro com passo leve.

As pessoas na calçada movimentada continuavam esbarrando nele, mas ele não se


importava. Ele não se sentia mais um estranho entre eles. Ele finalmente se
sentiu como se fosse um deles, talvez. Ainda havia algum desconforto por estar
perto de tantas pessoas, mas não era nada muito ruim. Ele sentiu que poderia se
acostumar com isso.

Ele realmente estava bem.


***

Sua atitude positiva durou.

Mesmo a reunião entre Caldwell e Derek que aconteceu alguns dias depois não
conseguiu estragar tudo. Andrew se sentiu surpreendentemente paciente
enquanto mediava entre eles.

Mas porra, por que todos os homens ricos e poderosos eram tão idiotas? Ouvir
Derek se explicando rigidamente era irritante. Encorajá-lo a esclarecer e
esclarecer as coisas para ele sempre que Derek se recusava a fazer isso era
irritante. Foi como arrancar dentes. A atitude fria e desdenhosa de Caldwell era
igualmente agravante. Andrew estava muito orgulhoso de si mesmo por não
conseguir gritar com nenhum dos dois.

Quando a dolorosa reunião finalmente acabou e Caldwell e Derek concordaram


com uma trégua provisória, Andrew sentiu que era sua realização pessoal.
Certamente não foi graças a Derek. Andrew foi quem acabou explicando e se
desculpando, até que o gelo nos olhos de Caldwell finalmente derreteu.

Realmente parecia uma vitória pessoal.

Não importava que ele não ganhasse nada: Caldwell continuaria sendo o CEO de
ambas as empresas, então, estritamente falando, Andrew não conseguiria seu
emprego de volta. Dito isso, ele seria o COO e administraria a Rutledge
Enterprises diariamente, de modo tão eficaz que conseguiu o emprego de volta,
apenas sem todas as vantagens de ser oficialmente o chefe. Embora Caldwell
ainda fosse o CEO, ele estaria dando um passo atrás nos negócios por sua família
por um tempo. Aparentemente, ele queria passar mais tempo com seu filho, o
pobre garoto precisava depois de ter seu pai em coma por meses. Andrew e
Raffaele Ferrara teriam que assumir as responsabilidades de Caldwell na Rutledge
Enterprises e no Grupo Caldwell respectivamente, com Caldwell participando
apenas das reuniões mais importantes.

Surpreendentemente, Andrew não se importou com a solução.

Ou talvez não tenha sido tão surpreendente. Ele nunca quis o poder por causa
disso. Ele odiava ter sido esquecido pelo velho Rutledge em favor de seu filho
distante, odiava sentir-se como um brinquedo descartado em favor de um novo e
era basicamente isso. Ele gostava de ser o CEO, gostava de se sentir necessário e
de ter seus funcionários olhando para ele com admiração. Ele ainda teria isso. E
no final do dia, Derek e Caldwell o escolheram para dirigir a empresa. Eles
confiaram nele. Foi o suficiente.

Andrew estava de muito bom humor ao sair do escritório de Caldwell. Derek


partiu há um tempo, enquanto Andrew ficou para discutir aspectos práticos com
Caldwell, mas eles finalmente terminaram. Ele poderia ir para casa e…

Ele colidiu com outro cara fora do escritório, com força.

—Caramba, desculpe, eu não estava olhando para onde estava indo—, disse o cara.
Ele era jovem e bonito, e tinha um sotaque britânico distinto.

—Está tudo bem—, disse Andrew, ainda se sentindo com bom humor o suficiente
para ser caridoso. Ele também estava satisfeito por não se sentir desconfortável
com uma pessoa desconhecida em seu espaço pessoal.

O cara sorriu e estendeu a mão. —Eu sou Miles. Você trabalha para Ian?—

Andrew apertou. —Andrew Reyes.— Ele levou um momento para registrar a


pergunta. Certo. Ele trabalhava para Ian Caldwell agora, embora fosse um pouco
surpreendente que um cara tão jovem estivesse se referindo ao CEO com tanta
familiaridade. —Trabalho para esta empresa há uma década—, disse ele,
estudando o cara por um momento e não o reconhecendo de forma alguma.

—Você deve ser novo?

Miles balançou a cabeça com uma risada. —Oh, eu não trabalho aqui, não mais,
pelo menos.— Ele fez uma pausa e disse, corando um pouco: —Eu sou o
namorado de Ian.— Andrew ficou olhando.

Parte dele, a parte que podia pensar racionalmente, lembrava vagamente de ouvir
Shawn e Derek mencionando alguém chamado Miles, mas ele não estava
interessado o suficiente para se importar na hora.

—Oh,— ele disse. —Eu pensei…

Miles sorriu torto. —Você achou que Ian era hétero—, ele afirmou, fazendo uma
careta. —Recebemos muito isso.— Seu olhar ficou mais nítido. —Isso é um
problema?—

—Não—, disse Andrew após um momento. —Só estou surpreso, só isso.

Miles acenou com a cabeça, sua expressão suavizando novamente. —Ok, vejo você
por aí, então—, disse ele com um sorriso antes de entrar no escritório. Ele fechou
a porta, mas ela não fechou totalmente.

Andrew não pretendia escutar. Ele estava simplesmente parado ali, sentindo-se
congelado, enquanto ouvia o casal dentro do escritório. Houve algumas risadas, a
voz fria de Caldwell soando visivelmente mais quente, e então houve o som de
beijos. Um leve gemido.

—Mmm, eu senti sua falta—, Miles disse, seguido por mais sons de beijo.

Andrew mordeu o lábio inferior com força, olhando para a parede oposta sem ver.

—Faz apenas algumas horas—, disse Caldwell com uma risada antes de sua voz
ficar séria. —Como foi?

—Foi tudo bem. Um pouco estranho, mas melhor do que eu esperava. Sua irmã
até sorriu para mim no final do almoço. Bem, quase sorriu, mas considero isso
uma vitória. Passos de bebê. Roma não foi construída em um dia.

Caldwell suspirou. —Você deve se arrepender de deixar o Reino Unido para essa
merda.

—Eu não saí do Reino Unido para essa merda.— A voz de Miles era suave.

—Eu deixei isso por você, mas isso não me torna algum tipo de mártir abnegado.
Na verdade, foi uma decisão muito egoísta. Eu quero estar com você porque você
me faz feliz. Muito egoísta, não é?

Caldwell riu, e então houve mais sons de beijos.

Andrew se afastou lentamente.

Seu peito estava apertado. Dolorido.

Eu quero estar com você porque você me faz feliz.

Palavras tão simples, mas doem.

Deixando de lado a dor em seu peito, não foi agradável perceber que ele mentiu
para si mesmo. Ele se sentia um tolo agora. Delirante. Ele estava tão
determinado a recuperar sua antiga vida que, de alguma forma, falhou em perceber
que talvez não fosse possível, que ele talvez não fosse a mesma pessoa.

Ele podia não estar mais deprimido, mas não era o Andrew Reyes de um ano atrás.
Ele não poderia ser aquela pessoa novamente. A ilha o havia mudado. Suas velhas
crenças e emoções pareciam tão distantes agora. Ele não pensava da mesma
maneira. Ele não se sentia da mesma maneira. Se um ano atrás ele tivesse ouvido
Ian Caldwell beijando um cara em seu escritório, Andrew teria zombado. Ele teria
se sentido enojado, não... qualquer que fosse a sensação de aperto em seu peito.

Covarde, disse uma voz no fundo de sua mente. Você sabe o que está sentindo.
Inveja. Ciúmes. Anseio.

Mágoa.

Andrew fechou a porta do banheiro atrás de si e cambaleou até a pia. Ele abriu a
torneira e jogou água fria no rosto.

—Eu sinto falta de Vivian—, ele sussurrou.

Covarde, a voz disse novamente. Não é dela que você sente falta.

—Cale-se.— Ele se sentia um louco, falando sozinho. Talvez ele estivesse louco.
Talvez tudo isso não fosse real e ele acordaria a qualquer momento, enrolado nos
braços de Logan.

A saudade que o atingiu foi tão forte que Andrew teve que morder o lábio, com os
olhos marejados.

Deus, ele odiava a si mesmo. Ele pensou que finalmente tinha superado isso. Ele
pensou que finalmente estava curado dele. Mas parecia que tudo o que ele
conseguiu foi empurrar Logan para o fundo de sua mente e suprimir, suprimir,
suprimir. Estar bem não era o mesmo que estar feliz.

Eu quero estar com você porque você me faz feliz.

A porta atrás dele se abriu. —Andrew?

Andrew ergueu o olhar e encontrou um par de olhos azuis preocupados no


espelho. Certo. Nate. Assistente de Raffaele Ferrara.

Ele piscou para afastar a umidade de seus olhos, esperando que não fosse óbvio
que ele esteve tão perto de chorar. —Ei. Você estava procurando por mim?— ele
disse, muito orgulhoso de que sua voz soasse normal o suficiente. —Caldwell já te
disse que eu estaria dirigindo a empresa? Você provavelmente vai ser meu
assistente.

Nate bufou baixinho, caminhando para um mictório. —Eu sei sobre a decisão que
Caldwell tomou, mas não vou ser seu PA. Eu gostaria, mas meu chefe idiota nunca
deixaria seu chicoteador favorito andar livre. Eu não sou o assistente do CEO. Eu
sou seu. Ele está me levando com ele de volta para o Grupo Caldwell.

Andrew desviou o olhar quando Nate abriu o zíper das calças. —Como você soube
da decisão, então? A reunião terminou há apenas dez minutos.

Nate fez um som divertido. —A reunião com Rutledge não decidiu nada. O
namorado de Caldwell já o tinha convencido a deixar os Rutledge em paz.

— Miles?

Andrew franziu a testa. —O que? Mas... como você sabe tanto sobre isso?— Não
era exatamente de conhecimento público que Caldwell queria vingança contra os
Rutledges.

Nate fechou o zíper. —Caldwell é amigo do meu chefe. Eu os ouvi discutir isso
ontem.

Ontem?

Andrew fez uma careta. Por que Caldwell ainda forçou Derek e ele a passar pela
dolorosa provação de se desculpar pelas ações de Derek se ele já tinha tomado a
decisão?

Como se estivesse lendo seus pensamentos, Nate riu. —Caldwell pode já ter
tomado a decisão, mas isso não significa que ele ainda não queria fazer Rutledge se
humilhar. Ele é um idiota, embora não seja tão idiota quanto meu chefe idiota. O
meu é Satanás personificado.

Andrew lançou-lhe um olhar curioso. —Por que você não desiste se Ferrara é tão
ruim assim?

O rosto de Nate fez algo estranho. Ele deu de ombros e foi até a pia para lavar as
mãos. —Então, por que você estava chorando?

A repentina mudança de assunto pegou Andrew desprevenido. —Eu não estava—,


disse ele após um momento, dolorosamente ciente de como isso deve ter soado
pouco convincente.

Nate olhou longamente para ele. —Você pode falar comigo, você sabe. Disseram
que sou um bom ouvinte.

O primeiro impulso de Andrew foi dizer que ele estava bem e mudar de assunto.

Mas então ele hesitou.

Por que não, realmente? Nate nem iria trabalhar mais na empresa deles. Ele não
seria subordinado de Andrew. E ele parecia um cara legal, seu rosto aberto e seus
olhos azuis gentis. Andrew não podia negar que queria uma nova perspectiva,
queria falar com alguém – qualquer um. Ele sentiu que ia explodir se não falasse
sobre isso com alguém. Seu terapeuta não contava, e todos os seus amigos eram de
Vivian.

—Você já esteve com um homem?— Ele enrubesceu assim que deixou escapar.

Nate piscou, suas sobrancelhas douradas ligeiramente levantadas. —Eu sou


hetéro—, disse ele. —O mais próximo que estive do pau de outro cara foi quando
meu chefe demônio me fez colocar uma camisinha no dele.

Andrew olhou para ele. E então olhou um pouco mais. —Eh, o quê?

Nate riu. Não foi um som muito divertido. —Eu sei certo? Meu chefe é um
psicopata. Eu juro que ele vive para me torturar. Não apenas tenho que comprar
preservativos para ele, entre um milhão de outras tarefas, mas ele também
literalmente me fez colocar um preservativo em seu pau antes de foder uma loira
de pernas compridas com um bronzeado falso e seios falsos.— Ele fez uma careta.
—Ele está… Ele se interrompeu e balançou a cabeça. Então ele olhou para
Andrew com curiosidade. —Então, qual é o interesse repentino? O que isso tem a
ver com o seu choro?

—Eu não estava chorando—, disse Andrew.

O silêncio de Nate disse tudo.

Passando a mão pelo rosto, Andrew suspirou. Ele olhou ao redor da sala antes de
voltar seu olhar para Nate. —Você sabe que eu estava preso na ilha com outro
homem, certo?

A testa de Nate enrugou. —Todo mundo sabe disso — Espere. Você está dizendo
que você e Logan McCall...?
O rosto de Andrew estava muito quente. Ele já estava começando a se arrepender
de falar sobre isso, mas ele não poderia voltar atrás agora. —Sim—, disse ele,
desconfortavelmente. —Era apenas uma questão de estresse.

Nate assentiu, sua expressão era compreensiva. —Você estava sozinho.

—Sim.— Andrew olhou para suas mãos. Elas estavam pálidas de novo, ele notou
desapaixonadamente. Seu bronzeado havia sumido. —Solitário, desesperado e
com medo. E ele era a única coisa que me mantinha semi-são. Ele era, ele era
tudo para mim naquela época. Mas era para ir embora assim que nós...

—Ah.—

—Eles ficaram em silêncio por um tempo.

Andrew não conseguia olhar para o outro cara enquanto ele confessava
asperamente: —Eu deveria – deveria parar de precisar dele. Minha vida está boa
agora. Estou bem. Eu ainda não deveria precisar dele.

—Por que não?— Nate disse baixinho. —Porque é gay?

—Não é... Não é realmente isso. Eu costumava pensar assim, mas não sou mais.
Eu não posso me sentir assim de verdade, não sobre ele.

—Por que não?— Nate parecia confuso. —O que há de errado em precisar da


pessoa por quem você está apaixonado?

Andrew abriu a boca. Nenhum som saiu disso.

—Não estou apaixonado por ele—, ele finalmente conseguiu dizer. Claro que ele
não estava apaixonado por Logan. Que ideia ridícula. Certo?

—Não sei—, disse Nate, irradiando ceticismo. —Você parece muito com o
coração partido.

—Estou com o coração partido porque estou sofrendo por minha esposa.

—Você não tem nenhuma razão para se sentir culpado, você sabe—, Nate disse,
sem ser grosseiro. —Ela se foi há mais de um ano.

Andrew se afastou de Nate e olhou para seu próprio reflexo. Pálido. Ele estava tão
pálido, seus olhos eram a única cor em seu rosto.

—Você sabe por que me sinto culpado?— disse ele com voz rouca. —Por que o
que eu sinto por ele não pode ser normal? Eu amava Vivian, eu a adorava, mas se
alguém me dissesse que eu poderia ter Vivian ou ele de volta... —Ele engoliu em
seco. —Não tenho certeza se escolheria minha esposa. Eu não a escolheria.— Lá.
Ele finalmente disse essas palavras em voz alta. O pensamento o estava corroendo
por meses, mas ele o estava segurando, ainda tentando fingir que não era real.

—Oh.

Andrew quase riu. Sim, oh. —Então é claro que me sinto culpado. Eu sou o pior.
Ela era minha esposa. A minha melhor amiga. Eu a amei.

Isso não poderia ser amor. Dependência, necessidade, obsessão. Tudo menos
amor. Ele amava Vivian. O que ele sentia por Logan era muito mais intenso e cru.
Não poderia ser algo tão normal quanto o amor, certo? Deus, ele não tinha mais
certeza de nada.

Foi tão reconfortante pensar que tudo tinha sido apenas uma fase, um mecanismo
de enfrentamento doentio que iria embora assim que ele se acostumasse ao mundo
real novamente. Bem, ele havia se acostumado ao mundo real, mas nada havia
mudado em seus sentimentos por Logan.

Não, para ser justo, algo mudou. Ele agora era capaz de funcionar adequadamente
sem Logan. O problema era que ele não queria. Ele não precisava mais de Logan
para que o mundo fizesse sentido. Ele só precisava dele, ponto final.

Eu quero estar com você porque você me faz feliz.

—Você e Logan tiveram uma briga?— Nate disse, arrancando-o de seus


pensamentos.

Andrew suspirou. —Não, sim. O amigo próximo de Vivian nos viu nos beijando e
eu empurrei Logan e agi como se isso não significasse nada. Isso irritou Logan.
Ele disse que não gostava de ser forçado a voltar para o armário. Ele claramente
pensou que eu estava sendo apenas um idiota reprimido e preconceituoso.

—E ele estava errado?

Andrew encolheu os ombros. —Não foi... Não foi realmente sobre isso. Quer
dizer, o funeral da minha esposa tinha sido uma semana antes, e então o melhor
amigo dela me viu saindo com outra pessoa. Parecia além de uma merda.

Então, eu exagerei quando Colin nos viu.


—Por que você não explicou isso para Logan?

Andrew riu um pouco. —Não adiantava. Ele disse que não queria mais lidar com
a minha bagunça.— Ele engoliu o nó na garganta. Tentei. —Ele disse que não me
queria.

—E você acreditou nele? Se você não foi honesto com ele, o que o faz pensar que
ele estava sendo honesto com você?

—Não importa—, disse Andrew após um momento. —Eu não sou – não quero ser
um fardo para alguém que não me quer.

Nate fez um som pensativo. —Eu entendo, mas você considerou que pode ter sido
apenas um mal-entendido? Ele entendeu mal por que você não queria ser visto
com ele, ficou com raiva e disse que também não queria você, apenas para se
proteger. É a natureza humana.

Andrew franziu a testa.

—Pense nisso—, Nate disse e saiu.

Capítulo 24

Andrew pensou sobre isso.

Foi tudo o que ele pensou nas duas semanas seguintes.

Nate poderia estar certo? Será que Logan não quis dizer isso quando disse que não
o queria?

Ele se odiava por até mesmo entreter o pensamento, odiava ser incapaz de destruir
a esperança que cresceu dentro dele.
Ele se encontrou olhando para o número de Logan à noite, seu polegar pairando
sobre ele até que ele tremia de desconforto.

Foi estúpido. Mesmo se Logan realmente o quisesse naquela época, ele poderia ter
mudado agora. Fazia quase quatro meses. E Andrew ainda não tinha ideia se
poderia ser honesto com Logan sobre como ele realmente se sentia quando mal
conseguia ser honesto consigo mesmo. Posso viver sem você, mas não quero. Eu
me sinto culpado por precisar de você mais do que jamais precisei da minha
esposa. Eu me sinto culpado, porque tenho medo de não ser feliz mesmo se eu a
tivesse de volta.

Naquela noite, ele sonhou.

Ele sonhou com Vivian.

Eles estavam sentados na praia da ilha, a cabeça dela em seu ombro.

Seus dedos estavam entrelaçados.

Foi pacífico. Quieto.

—Eu sei que você me amava—, disse ela. —Você me fez a mulher mais feliz do
mundo.— Ela virou a cabeça e olhou para ele com seus olhos adoráveis. Ela
sorriu, tocando seu rosto. —Está bem. Eu quero que você seja feliz, bobo.— Ela
roçou os lábios nos dele, o toque afetuoso e quente. —Amar alguém é sempre
assustador. Mas eu sei que você é corajoso. Seja corajoso, querido.— E então ela
se foi.

Andrew acordou com lágrimas nos olhos.

Ele ficou deitado assim, chorando silenciosamente até que não houvesse mais
lágrimas.

Ele se sentiu em paz, pela primeira vez em muito tempo.

Depois de um tempo, ele pegou seu telefone e rolou até o número de sua tia. Ele
clicou em Ligar.

—Andrew?— ela disse, parecendo sonolenta. —Algo está errado?— Certo.


Ainda era de manhã cedo.

—Não foi um experimento—, disse ele com voz rouca. —Acho que sou bi.—
Houve silêncio na linha.
Ele podia ouvir sua tia respirar com dificuldade. —Andrew... Isso é sobre aquele
homem?— ela disse. —Logan?

Andrew olhou para o teto. —Não é sobre ninguém. É sobre mim. Eu me sinto
atraído por homens. Eu quero saber se você, se você ainda pode…

—Não seja estúpido—, disse ela laconicamente. —Você acha que dediquei minha
vida a criar você apenas para você achar que isso é o suficiente para eu desistir de
você?

—Não é?— ele resmungou.

—Garoto idiota,— ela mordeu e desligou.

Andrew olhou para o telefone sem expressão antes de uma risada sair de sua
garganta.

Algo em seu peito afrouxou um pouco. Ele sabia que sua tia nunca aprovaria
inteiramente sua sexualidade, mas talvez estivesse tudo bem.

Talvez ela não precisasse aprovar suas escolhas de vida para amá-lo.

***

Ele pretendia ser um adulto sobre isso.

Ele queria uma mensagem para Logan com algo neutro, descobrir onde ele estava,
se ele estava saindo com alguém (mesmo pensar nisso o deixava doente, mas era
uma possibilidade, que ele não poderia descartar), mas no final, ele era muito
covarde. Ele não era nada corajoso.

Então Andrew fez a coisa adulta responsável: ele perseguiu Logan.

Ele voltou ao hotel de Logan e perguntou ao gerente seu endereço. O gerente o


reconheceu desta vez, e depois de ter visto Andrew quase nu no quarto de Logan,
provavelmente tirou suas próprias conclusões e não precisou ser muito convencido
quando Andrew disse que queria surpreender Logan. Ele conseguiu o endereço.

Para sua surpresa, era um endereço de Boston. Aparentemente Logan não havia
voltado para Nova York. Logan esteve aqui todo esse tempo. Tão perto. E ainda
assim ele ficou longe.

Andrew não tinha certeza do que pensar. Como se sentir. Inferno, ele ainda não
tinha certeza do que dizer quando visse Logan novamente.

Ao se aproximar da casa, ele desenhou vários cenários em sua cabeça.

Realisticamente, ele sabia que Logan provavelmente não ficaria feliz em vêlo. Ele
sabia que era uma ideia estúpida ir para lá sem qualquer aviso. Provavelmente
seria estranho pra caralho. Era provável que eles tivessem se tornado estranhos
um para o outro. Na melhor das hipóteses, haveria alguma conversa fiada
estranha. Na pior das hipóteses, Logan ficaria bravo com ele por procurá-lo. Ou…

Chega, disse a si mesmo enquanto parava na frente da porta. O que tiver que
acontecer, acontece. Pelo menos vou encerrar e parar com essa saudade estúpida.

Ele bateu.

Pareceu uma eternidade antes de a porta finalmente se abrir. O leve sorriso de


Logan congelou quando ele viu Andrew.

Todas as palavras morreram na garganta de Andrew.

Ele parecia tão bom.

Provavelmente era um pensamento estúpido, porque Logan sempre parecia bem,


mas Andrew não queria dizer sua aparência. A maneira como ele parecia, seu
rosto mal barbeado, seus olhos escuros, a curva sardônica de sua boca firme, era...
Logan parecia em casa. Ele parecia seu.

Mais tarde, Andrew ficaria envergonhado com o que fez. Mais tarde, ele ficaria
mortificado. Agora ele não dava a mínima – ele apenas queria.

Ele praticamente se lançou em Logan e o beijou com força, suas mãos correndo
para cima e para baixo nos braços de Logan, sobre seus ombros largos e costas
fortes, querendo senti-lo, precisando tanto dele que estava tremendo com isso. Ele
o beijou desesperadamente, todos os dentes e língua, desejando-o, respirando seu
cheiro como um viciado, e incapaz de obter o suficiente.

A princípio Logan não respondeu, seu corpo rígido de tensão. Mas então, ele
gemeu e retribuiu o beijo, seu braço esmagando Andrew contra seu peito e a outra
mão enterrando-se no cabelo de Andrew. Deus, era tão bom, tão perfeito, tão
certo. Os olhos de Andrew estavam queimando de lágrimas, seus lábios. seu tudo,
agarrados a Logan, incapaz de se soltar, sem vontade de se soltar, nunca mais.

Houve algum barulho, mas Andrew mal o registrou, seu corpo desossado contra
Logan, sua boca insaciável, cada parte de seu ser cantando de felicidade. Deus, a
maneira como ele cheirava, a maneira como ele provou, era.

—Aham—, alguém disse novamente. —Precisamos ir, irmão? Nós podemos ir.

Andrew choramingou quando Logan parou de beijá-lo, procurando sua boca


cegamente. Não, não vá.

—Cristo—, Logan disse e o beijou novamente, puxando seus quadris até ficarem
nivelados.

—Eh, talvez consigam um quarto, vocês dois—, disse uma risonha voz feminina.

Quando as palavras foram totalmente registradas, Andrew tentou arrancar seus


lábios dos de Logan, mas desta vez foi Logan que não deixou, beijando-o
novamente, e novamente, e novamente, sua boca molhada, quente e faminta, suas
mãos amassando a bunda de Andrew.

—Eu odeio interromper, realmente odeio, mas isso está ficando muito estranho,
meu irmão.— A voz parecia muito próxima agora, e Andrew afastou a boca com
um gemido miserável e forçou os olhos a abrirem.

Mesmo quando seus olhos finalmente conseguiram se concentrar na mulher


sorridente atrás de Logan, levou alguns minutos para reconhecê-la. Certo. Irmã
de Logan. Ambas as suas irmãs. Suas duas irmãs e meia dúzia de pessoas
desconhecidas que se pareciam muito com Logan. Pessoas que estavam todos
olhando para Andrew e, sem dúvida, apenas testemunharam Andrew pulando em
Logan e apalpando-o por todo o corpo. Ótimo. Foi uma coisa boa que ele já
estava corado e não era fisicamente possível para Andrew corar mais.

Ele disse fracamente: —Ei.

—Oi, Andrew—, disse a mulher. Era Kate ou Alice? Elas meio que se pareciam, e
o cérebro nebuloso de Andrew ainda não estava exatamente no seu melhor. Para
ser honesto, levou tudo nele para não voltar a se apegar a Logan. O escrutínio de
outras pessoas não estava exatamente ajudando seu equilíbrio. Ele ainda não
conseguia se afastar de Logan.

Logan ficou muito quieto ao lado dele.


Andrew arriscou um olhar para ele e se viu preso naqueles olhos escuros
novamente.

Eles eram difíceis de ler, mas permaneceram apenas em Andrew. —O que você
está fazendo aqui?— ele disse baixinho, ignorando seus parentes completamente.

Andrew umedeceu os lábios com a língua e sentiu uma onda de felicidade quando
o olhar de Logan pousou em sua boca antes que ele visivelmente se obrigasse a
voltar aos olhos de Andrew.

Logan ainda o queria. Exceto que a necessidade física significava muito pouco.

O pensamento fez Andrew murchar. Ele olhou para o rosto de Logan


investigativamente, mas era difícil lê-lo.

—Você vai nos apresentar, filho?— disse uma voz feminina.

Logan olhou para as pessoas em sua casa antes de olhar para Andrew.

—Este é Andrew Reyes—, ele disse, sua voz dura, estranhamente hesitante para
ele. —Sabemos o nome dele—, disse a mesma mulher. Mãe de Logan. Ela parecia
estar na casa dos sessenta anos, seu olhar não era cruel, mas confuso quando olhou
para Andrew.

A pergunta não dita era clara. Quem é ele para você?

Andrew engoliu em seco. Ele olhou para Logan incerto, mas a expressão de Logan
era ilegível. Guardado. Ele ainda estava olhando para Andrew atentamente, mas
não tinha pressa em responder à pergunta não feita.

O coração de Andrew parecia estar batendo em algum lugar de sua garganta. Ele
engoliu novamente. Parte dele queria permanecer em silêncio, até que Logan
indicou que ele realmente queria que eles fossem alguma coisa. Mas ele tinha a
sensação de que seria um erro.

Necessitar não é o suficiente, Logan disse a ele meses atrás. Você não quer isso.

Ele tinha certeza de que Logan queria que ele desse o primeiro passo.

Mas se ele estivesse errado, se Logan não quisesse realmente estar com ele, esta
seria a pior humilhação de sua vida, humilhação da qual seu coração nunca se
recuperaria.
Ele teria que dar um salto de fé. Seja corajoso pelo menos uma vez. Faça algo que
o homem preconceituoso que ele foi há um ano nunca faria.

Andrew respirou fundo. Então ele olhou para a mãe de Logan, porque era mais
fácil, e disse: —Eu sou o namorado de Logan.

O silêncio de surpresa que caiu sobre a sala foi ensurdecedor, mas Andrew mal
prestou atenção. Todos os seus sentidos estavam sintonizados com o homem que
permanecia imóvel ao lado dele.

Finalmente, Andrew encontrou coragem para olhar para ele.

A expressão cautelosa de Logan havia derretido. Seus olhos escuros eram


calorosos, muito calorosos agora, olhando para Andrew com um olhar que fez
Andrew ficar sem respiração. Então, um sorriso apareceu, primeiro nos olhos de
Logan antes de se espalhar para o resto de seu rosto.

Logan o puxou para perto e deu-lhe um beijo forte e possessivo, suas mãos fortes
embalando o rosto de Andrew suavemente. —Namorado, hein?— ele disse,
quebrando o beijo e encostando suas testas. —Obrigado por me avisar.

Corando, Andrew riu, envolvendo os braços em volta do pescoço de Logan e


derretendo-se nele.

Ele não se importava que toda a família de Logan estivesse olhando para eles. Ele
estava feliz. Ele se sentia inteiro, seguro e desejado.

Ele estava onde queria estar.

Epílogo

Três meses depois.

Derek Rutledge estava no terraço de sua casa, segurando uma taça de vinho e
observando os convidados passeando pelo jardim. A parte formal da noite acabou
e os jornalistas foram embora. Obrigado porra.
Ele afrouxou a gravata com uma das mãos, seus olhos procurando por seu marido.
Shawn não estava em lugar nenhum, o que era extremamente engraçado, já que a
coisa toda tinha sido ideia dele.

Uma festa em comemoração ao aniversário de um ano da parceria vai mostrar a


todos que não há rixa entre nós e Ian Caldwell, Shawn disse, olhando para ele com
seus olhos irritantemente bonitos. O merdinha sabia exatamente o efeito que
tiveram sobre ele: que fizeram Derek concordar com as idéias mais fúteis.

Para ser justo, a ideia de Shawn tinha algum mérito. Apesar de seus melhores
esforços para manter o conflito em segredo, as pessoas ainda falavam. Um dos
advogados que Derek consultou deve ter espalhado o feijão para a imprensa, o que
resultou em muito escrutínio da mídia. Sem falar que prejudicou um pouco o
negócio, já que as pessoas tinham medo de lidar com uma empresa com liderança
instável no topo.

Então aqui estava ele, fingindo ser o melhor amigo de Ian Caldwell e seu povo.
Não que eles fossem inimigos, por si só. A atitude de Caldwell havia descongelado
um pouco desde que Derek havia falado sobre a irmã de Caldwell e lhe contado a
verdade. Foi a conversa mais estranha de sua vida, mas Derek teve que admitir que
já devia ter passado. Isso ajudou. Ele e os Caldwell eram bastante educados
atualmente, mas algumas coisas não eram fáceis de esquecer, e Derek duvidava
que eles se tornassem melhores amigos em breve.

Seus lábios se torceram com o pensamento, ele olhou para a multidão em busca de
Shawn.

Caldwell ainda estava lá, seu braço em volta de Miles. A visão deles costumava
deixar Derek inquieto. Ele não tinha certeza se Caldwell não estava apenas usando
o garoto para chegar até ele, mas agora até ele tinha que admitir que Caldwell
parecia genuinamente apaixonado por Miles, o que era claramente mútuo. Miles
estava sorrindo para Caldwell agora, sua mão tocando o peito do homem mais
velho de uma maneira bastante proprietária. Nenhum dos dois parecia se
importar com o fato de estarem em público, com os olhos apenas um no outro.
Derek teve que ceder a Caldwell: para um homem anteriormente heterossexual, ele
não parecia se importar em estar orgulhoso de Miles, indiferente ao que os outros
pensavam dele.

Porém, o relacionamento abertamente homossexual de Caldwell não era tão


surpreendente quanto o de Andrew.

Derek desviou o olhar para seu ex-cunhado e o olhou com leve perplexidade.
Verdade seja dita, ele mal conseguia reconhecê-lo como o homem que fora marido
de sua irmã. O marido de Vivian sempre agiu como se tivesse um gigante pau
espetado na bunda. Ele sempre olhou para Shawn e para ele com um sorriso mal
disfarçado nos lábios, sua homofobia óbvia. Ele tinha sido um bom marido para
Vivian, que tinha sido a única razão de Derek ter tolerado o homem.

Portanto, agora, ver Andrew quase aconchegado a outro homem em público era
surreal. Tudo bem, —aconchegado— pode ter sido um exagero, mas ainda assim.
Andrew estava olhando para Logan McCall de uma maneira decididamente
apaixonada enquanto McCall dizia algo para ele antes de beijar o canto da boca de
Andrew. Andrew agarrou a gravata de McCall e puxou-o para mais perto,
mudando o beijo de inocente para necessitado, e não importa que houvesse muitas
pessoas por perto. Parecia que ele havia esquecido que eles não estavam sozinhos
– ou não se importava.

Balançando a cabeça, Derek desviou o olhar do casal e continuou procurando por


Shawn entre os convidados. Seu olhar passou por Raffaele Ferrara, que estava à
beira da piscina tomando uma bebida. Ferrara tinha uma linda mulher em seu
braço, mas ele não parecia estar prestando atenção nela, seus olhos negros fixos
em outra coisa, sua linguagem corporal levemente irritada.

Houve passos atrás dele, e então braços em volta de sua cintura.

Derek não se virou.

—É rude se esconder de seus próprios convidados, Sr. Rutledge—, disse Shawn


com um sorriso em sua voz, pressionando sua bochecha contra o ombro de Derek
por trás.

—Derek tomou um gole de seu vinho. —Você sabe que eu não gosto de festas.

Shawn riu, beijando sua nuca. —Não seja um velho mal-humorado. Você
dificilmente está velho.

Colocando o copo na mesa próxima, Derek colocou o braço sobre o de Shawn e


disse, olhando para os convidados: —É estranho.— Para fazer o que meu pai fazia,
depois de evitar esta vida por duas décadas.

Ele não disse em voz alta, mas é claro que Shawn entendeu. Ele sempre fez. Bem
demais.

Cantarolando, Shawn entrelaçou os dedos. —Eu definitivamente não esperava dar


festas chiques para bilionários quando me ajoelhei para uma nota—, disse ele, com
riso em sua voz. —A vida pode ser estranha assim.

Derek se virou e o estudou. —Nenhum arrependimento?

Olhos azuis sorriram suavemente para ele. —Nenhum—, disse Shawn, envolvendo
os braços em volta do pescoço de Derek e encaixando suas bocas.

—Nunca.

***

Andrew era um bêbado pegajoso. Ele também estava muito excitado.

Logan riu, pegando a mão de Andrew enquanto ela descia para seu pau.

—Vamos esperar até chegarmos em casa, Drew.

Andrew fez beicinho, seus olhos verde-azulados ainda fixos no rosto de Logan e
ignorando totalmente a festa ao redor deles. —Mas eu quero você. Quer seu pau
em mim.

Cristo.

Tentando ignorar a maneira como sua boxer ficou repentinamente muito apertada,
Logan passou um braço em volta da cintura de Andrew e meio que o arrastou para
longe da festa. —Vamos para casa, hein? E então você pode me dizer o quanto
você me quer.—

—Mas eu quero você agora—, Andrew choramingou, pressionando beijos


molhados e de boca aberta no queixo de Logan.

—Eu pensei que você odiava PDA6 ? As pessoas estão olhando. Eu não quero que
você fique envergonhado amanhã quando ficar sóbrio.

—Não se preocupe—, murmurou Andrew, aninhando-se no pescoço de Logan.

6
public display of affection: demonstração pública de afeto
—Te amo.

Os passos de Logan vacilaram. Eles... Eles nunca falaram realmente sobre


sentimentos. Andrew era seu namorado, eles moravam juntos e eram mais felizes
do que Logan pensava ser possível. O relacionamento deles estava indo muito
bem, então ele decidiu não balançar o barco confessando que amava Andrew, as
reações de Andrew às vezes eram imprevisíveis. Logan não esperava ouvir uma
confissão de Andrew primeiro.

—Você está bêbado—, disse ele, limpando a garganta.

—Mas eu te amo—, Andrew murmurou, chupando um chupão no pescoço de


Logan. —Muito. Eu sinto que estou sufocando às vezes. Fiquei bêbado para te
contar. Não sou corajoso o suficiente sóbrio.

Sentindo uma onda de afeto avassalador, Logan ergueu o rosto de Andrew com os
dedos. —Você não precisa ficar bêbado para isso, querido—, disse ele com voz
rouca, olhando nos olhos vidrados de Andrew. —Eu também te amo.

Os olhos de Andrew se arregalaram, um rubor aparecendo em suas bochechas.

—Diga-me isso de manhã?— ele perguntou, em voz baixa. —Caso eu esqueça.

Logan sorriu para ele suavemente. —Eu vou—, ele disse. —Eu vou te dizer isso
todos os dias se você quiser.

Andrew sorriu para ele, seus olhos brilhando. —Você promete?— Deus, ele estava
além de cativante.

—Eu prometo—, disse Logan, beijando-o na testa.

Andrew o abraçou. —Te amo—, ele sussurrou, seus lábios roçando o pescoço de
Logan. —Eu sempre vou precisar de você. Sempre.

—Eu sei.— Logan beijou o topo de sua cabeça e sorriu. —Eu tambem Amore.

—Ainda espero morrer antes de você—, murmurou Andrew, e Logan de repente se


lembrou da conversa que eles tiveram meses atrás, depois da doença de Andrew.

Com a garganta desconfortavelmente espessa, ele enterrou o rosto no cabelo de


Andrew. Ele respirou fundo. —Não—, disse ele com voz rouca, os braços
apertando. —Você não tem permissão para morrer antes de mim.

Andrew deu uma risadinha. —Acho que teremos que morrer ao mesmo tempo,
então—, disse ele, levantando a cabeça e sorrindo para ele.

Sorrindo de volta, Logan inclinou suas testas juntas. —Acho que teremos que
fazer.—

Provavelmente era estranho como ele tinha certeza de que eles ainda estariam
juntos décadas a partir de agora.

Era estranho que um ano e meio atrás ele nem conhecesse este homem. Agora ele
era seu mundo.

—Eu estive pensando...— Logan disse, esfregando o nariz contra o de Andrew.


Cristo, às vezes ele não conseguia acreditar como eles eram sentimentais. Ele
nunca tinha sido assim com nenhum de seus namorados anteriores. Foi um pouco
embaraçoso, verdade seja dita. —O que você acha das férias? Talvez em alguma
ilha tropical.

Andrew ainda estava rindo quando Logan o beijou.

Fim.
Agradecimentos
Gostaria de expressar minha grande apreciação e agradecimento a Linda H., Eliot
Grayson e Elizabeth Balmanno por sua contribuição e apoio.

E obrigado aos meus leitores. Espero que você tenha gostado da história de Logan
e Andrew.

Qual é o próximo?

O próximo livro da série, Just a Bit Bossy, será lançado no próximo ano. É um livro
sobre Nate e seu —chefe do demônio—, Raffaele Ferrara. Roman e Luke de Just a
Bit Ruthless farão uma participação especial nesse livro.

Existem pequenas mudanças na minha programação de lançamento. Eu tenho


uma espécie de bloqueio de escritor em Dearly Despised — Livro #5 da série
Calluvia’s Royalty —, então tive que trocá-lo por Just a Bit Bossy. Isso significa
que Dearly Despised será lançado no final de 2021 (se eu superar meu bloqueio), e
Just a Bit Bossy provavelmente será publicado em agosto de 2021. Para leitores que
sentem falta da minha série Calluvia: vamos dar uma olhada por Calluvia in Feral,
que será lançado em abril de 2021.

FERAL

(The Wrong Alpha Livro # 2)

Às vezes, para encontrar seu Príncipe Encantado, você precisa beijar a Fera. Mas
e se a Besta for quem você realmente deseja?

Julian —Jules— Blake, um omega protegido de dezenove anos de uma família


perfeitamente respeitável, é o normal de seus quatro irmãos. Ele não é o mais
bonito, nem o mais inteligente, nem o mais forte. E ele está bem com isso,
realmente. Ele não é feio nem nada, mas pelos padrões de ômegas, ele não é nada
especial. —Nada de especial— descreve toda a vida de Jules. É totalmente chato.

Então, quando coisas estranhas começam a acontecer em sua casa, isso desperta a
curiosidade de Jules.
Há uma fera na mansão da família Blake, Jules tem certeza disso. Ele às vezes ouve
rosnados e gritos vindos do porão, e os homens que guardam a porta parecem
positivamente apavorados.

O que poderia aterrorizar alfas crescidos?

Jules terá que investigar!

O tédio e a curiosidade podem mudar uma vida, mas quando você se apaixona por
uma besta, um alfa selvagem cujo rosto real você nem mesmo viu... isso mudará
para melhor?

Em breve…

Sobre a Série

Atualmente, a série Straight Guys inclui os seguintes livros:

#0.5 – Straight Boy: A Short Story (Sage e Xavier)

Jovem, loiro e bonito, Sage atrai atenção indesejada na prisão. Quando seu colega
de cela lhe oferece proteção, Sage aceita a oferta, embora ele não confie no cara.
Mal sabe ele o quanto isso mudará sua vida.

Quando ele é libertado da prisão, Sage se encontra precisando e querendo coisas


que não deveria querer. Sage é hetero. Ele é. Ele tem uma namorada. O que
aconteceu na prisão continuou na prisão – ou pelo menos é o que Sage diz a si
mesmo.

Até que ele encontre seu ex-companheiro de cela novamente. Xavier. O cara que
ele odeia e deseja.

#1 – Just a Bit Twisted (Shawn e Derek)

O professor Derek Rutledge é odiado e temido por todos os seus alunos. Rígido,
reservado e implacável, não tolera erros e tem pouca paciência com os alunos.

Shawn Wyatt é um jovem de 20 anos que luta para sustentar suas irmãs mais novas
após a morte de seus pais. À beira de perder sua bolsa de estudos, Shawn fica
desesperado o suficiente para ir para o professor Rutledge.
Todo mundo diz que Rutledge não tem coração. Todo mundo diz que ele é um
bastardo implacável. Shawn descobre que todo mundo está certo.

Ele fecha um acordo com Rutledge, mas, inesperadamente, o acordo se transforma


em algo muito mais.

Algo que consome e vicia.

Algo que nenhum deles deseja.

#2 – Just a Bit Obsessed (Alexander e Christian)

Alexander Sheldon gosta de ordem e controle em sua vida. Ele não fica feliz
quando sua namorada convida outro cara para um trio. Alexander acredita na
monogamia e nunca foi bom em compartilhar suas coisas. Não ajuda que
Christian o irrite desde o início.

Mas o que começa como animosidade se transforma em outra coisa. Algo


inesperado e muito errado.

Ele nunca deveria tocar em Christian. Ele nunca deveria se sentir possessivo com
o cara. E ele definitivamente não deveria querer Christian mais do que sua
namorada.

É uma receita para o desastre.

#3 – Just a Bit Unhealthy (Gabriel e Jared)

Quando a linha entre —necessidade— e —desejo— fica borrada ...

Gabriel DuVal, uma estrela do futebol em ascensão.

Jared Sheldon, um médico da equipe.

Para o mundo exterior, eles são apenas bons amigos. Mas a verdade é que Gabriel
não tem certeza do que eles significam um para o outro.

Alguns consideram seu relacionamento doentio. Alguns chamam isso de


codependência. Gabriel chama isso de confuso. Ele sabe que Jared o quer – como
mais do que um amigo. Ele não quer Jared. Ele é hetero, tem namorada e a ama.
Mas Jared é... Jared é mais. Jared é dele. Ele precisa dele – seu toque e sua força.

Mas é o suficiente para Jared?

#4 – Just a Bit Wrong (Tristan e Zach)

Zach Hardaway é um dos melhores fisioterapeutas da Europa.

Tristan DuVal é um jovem astro do futebol com uma lesão na virilha.

Eles se desprezam desde o momento em que se encontram.

No que diz respeito a Zach, Tristan é um pirralho rico e mimado que está
acostumado a fazer o que quer.

No que diz respeito a Tristan, Zach é um cretino autoritário e presunçoso. Tristan


odeia Zach. Ele faz. O problema é que ele também quer empurrar Zach contra a
parede mais próxima e escalá-lo como uma árvore.

#5 – Just a Bit Confusing (Ryan e James)

Melhores amigos, inseparáveis desde a infância, um apaixonado pelo outro, o


outro hetero e apaixonado por uma mulher.

Histórias como essa não têm um final feliz, James Grayson sabe disso. Ele sorri, ri,
brinca e finge que está bem quando Ryan beija sua namorada na frente dele – até
que ele não consegue.

Exceto que nada é fácil e deixar ir acaba sendo muito mais difícil do que se poderia
pensar. Alguns laços são fortes demais para serem quebrados, mesmo para um
homem heterossexual. E às vezes o amor e o desejo podem ter diferentes faces e
camadas.

A história de dois homens tentando funcionar sem o outro e fracassando. #6 –


Just a Bit Ruthless (Roman e Luke) Síndrome de Estocolmo ou amor?

Quando você quer alguém completamente errado para você ...

Luke Whitford sempre sonhou em conhecer o homem certo. Romântico sem


esperança, ele sonha em se apaixonar por um bom homem, se casar e ter um
monte de bebês adoráveis. O problema é que Lucas tem a tendência de se sentir
atraído por homens que não são nada bons.
Roman Demidov, um bilionário homofóbico e cínico que guarda rancor do pai de
Luke, certamente não é o homem certo. Frio, manipulador e implacável, ele não é
um homem bom e não finge ser.

Luke está totalmente ciente de que Roman é totalmente errado para ele.

Sua atração pelo cara é apenas uma espécie de síndrome de Estocolmo, deve ser.
Se a vida fosse um conto de fadas, Roman seria o principal vilão, não o herói.

Mas até os vilões podem se apaixonar. Ou podem?

A história de um menino que sonhou com o Príncipe Encantado e acabou se


apaixonando pela Fera.

#7 – Just a Bit Wicked (Vlad e Sebastian)

Ele tem certeza que nunca vai se apaixonar por um homem...

Quando chove transborda. Depois de perder seu prestigioso emprego, Vlad


descobre que sua namorada o traiu. Zangado e magoado, ele está determinado a
encontrar seu amante e lhe ensinar uma lição. Quando ele descobre que o amante
dela é bissexual, fica ainda mais irritado. Criado por uma família extremamente
homofóbica, Vlad está convencido de que é heterossexual e não sente nada além de
desprezo pelas pessoas que não o são.

Mas às vezes o desprezo e a raiva podem se transformar em obsessão, e então em


algo totalmente diferente – algo que Vlad sempre considerou doentio e errado.

Ele tem certeza que nunca vai se apaixonar por um valentão homofóbico...

Sebastian é um modelo inglês de sucesso que sempre detestou os valentões.


Quando um homem aparece em sua porta acusando-o de dormir com sua
namorada, Sebastian não está interessado em ser um saco de pancadas. No
entanto, provocar um homem homofóbico provavelmente não é a melhor ideia ...

ou a mais segura. Mas, novamente, Sebastian nunca foi bom em jogar pelo seguro.

As coisas ficam muito mais complicadas quando tem Vlad para guardacostas de
Sebastian. Eles podem permanecer profissionais?

Eles não podem. Eles discutem e brigam, e odeiam tudo um no outro.


Agora, se eles conseguissem descobrir como manter as mãos longe um do outro.

#8 – Just a Bit Shameless (Dominic e Sam)

Sam Landon é um ladrão sem-teto de 18 anos que está desesperado por uma vida
diferente. Quando suas habilidades atraem a atenção do Serviço de Inteligência
Secreta, Sam agarra avidamente a chance.

Sam está determinado a provar a si mesmo quando recebe sua primeira missão –
roubar um pen drive de um lorde do crime paranóico – e é enviado disfarçado
como o bebê de açúcar de outro agente.

Dominic Bommer, seu —pai de açúcar—, é escandalosamente bonito, charmoso,


rico e praticamente perfeito. Dominic é gentil, generoso e protetor com ele.

Exceto que —Dominic Bommer— nada mais é do que um papel desempenhado


por um cínico agente do MI6, que na verdade é hetero, indiferente e manipulador.

Sam está perfeitamente ciente de que tudo que Dominic faz é cuidadosamente
calculado, cada emoção fingida. Ele sabe que os homens realmente não fazem
nada por Dominic e ele realmente não quer Sam.

Mas, apesar de saber de tudo isso, Sam ainda se encontra fortemente apaixonado
por um homem que não existe.

Ou ele quer?

#9 – Just a Bit Gay (Nick e Tyler)

Tyler Meyer é totalmente heterossexual. Mas então a mulher gostosa que ele está
namorando enfia o dedo onde não deveria, e de repente ele não tem tanta certeza...
Caras heterossexuais podem gostar desse tipo de coisa também, certo?

Exceto que as coisas ficam confusas – e frustrantes – quando os dedos e os


brinquedos não são suficientes.

Digite Nick Hardaway, o melhor amigo de Tyler. O que é divertido entre irmãos,
certo?

#10 – Just a Bit Dirty (Ian e Miles)


Um CEO implacável de uma grande empresa.

Um estudante britânico confuso sobre sua sexualidade.

Eles não têm nada em comum.

A atração entre eles não faz absolutamente nenhum sentido.

Quando Miles Hardaway decidiu passar o verão na América para ficar longe de sua
família autoritária, a última coisa que ele esperava era acabar se apaixonando por
um homem de quem não deveria gostar, mas não faz.

Ian Caldwell é o homem mais arrogante e mandão que Miles já conheceu. Ele
deixa Miles absolutamente louco. Embora Miles tenha sido avisado de que Ian
está jogando algum jogo sujo e dissimulado, ele se vê preso entre seus amigos e um
homem que ele não deveria querer.

Quem ele escolherá quando seu coração e sua mente estiverem lhe dizendo duas
coisas diferentes?

___________

Outra série MM Romance de Alessandra:

Série Calluvia’s Royalty

Livro 1 – That Alien Feeling

Ele é o ser humano mais precioso que Adam já viu. Pena que ele não é humano.

Banido por seus pais para o terceiro planeta no sistema Sol, o Príncipe
Harht’ngh’chaali do Segundo Grande Clã está completamente fascinado por seus
habitantes. Assumindo o nome humano —Harry—, ele tenta se passar por um
humano para sobreviver, mas ser humano é muito mais difícil do que Harry
esperava. Os humanos são tão confusos.

Adam Crawford não está procurando por amor. Financeiramente seguro e com
boa aparência, ele está em um bom lugar em sua vida. Ele não pretende se
apaixonar pelo cara peculiar que trabalha na cafeteria perto de seu escritório.
Harry é ridículo – e ridiculamente cativante. Ele usa camisas feias e flores no
cabelo e tem uma palavra gentil para com todos. Adam cai forte e rápido.

Mal sabe ele que Harry não é o que parece e qualquer coisa entre eles é impossível.

Amor cruzado entre um homem humano e um príncipe alienígena de um mundo a


meia galáxia de distância.

Livro 2: That Irresistible Poison

Livro 3: Once Upon a Time

Livro 4: Prince’s Master

Série The Wrong Alpha

Livro 1: Unnatural

Um planeta em guerra. Dois alfas forçados a um casamento político.

Atração que desafia toda razão e lógica... Ou não?

O Reino de Pelugia e a República de Kadar estão em guerra há décadas. A paz não


é popular, mas o planeta não pode sobreviver sem ela.

Forçado a se casar com um príncipe inimigo por causa da paz, o senador Royce
Cleghorn não gosta de seu marido, de seu cheiro de alfa ou de seus lindos olhos
azuis. Mais do que tudo, Royce odeia o que Haydn o faz se tornar: um clichê alfa
primitivo que fará de tudo para marcar seu território, mesmo que esse território
seja seu marido alfa. Royce gosta de ômegas; ele não gosta de alfas, não importa o
quão bonitos sejam seus olhos. É apenas um estranho instinto territorial. Tem
que ser.

O príncipe Haydn sempre tentou ser o alfa perfeito que seu pai queria que ele
fosse. Ele é o herdeiro do trono. Ele é um general de guerra. Ele não deveria
expor sua garganta para um alfa inimigo – e não deveria ser tão bom. Todo mundo
sabe que um casamento entre dois alfas é uma receita para o desastre. Ele não
deveria desejar seu marido – o casamento deles é apenas um arranjo político, nada
mais.

Mas quando o desastre acontece e a lealdade é testada, qual vínculo será o mais
forte: seu casamento ou suas lealdades?

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