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Boletim j

Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
Fascículo No 37/2022

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// Contabilização Veja nos Próximos


Devolução de mercadorias compradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 Fascículos
Doação de bens do Ativo Imobilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
Exportações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
a Contabilidade Geral –
Contas de compensação
a Contabilidade Geral -
Contingências - Provisão
versus reserva
a Contabilização - Retificação
de lançamentos contábeis
© 2022 by IOB

Capa:
Marketing IOB

Editoração Eletrônica e Revisão:


Editorial IOB

0800-724-7900 SAC

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Temática contábil e balanços : contabilização :


doação de bens do ativo imobilizado. -- 18. ed. --
São Paulo : IOB, 2022. -- (Coleção manual de
procedimentos ; 37)

ISBN 978-65-5769-470-1

1. Balanços contábeis 2. Empresas - Contabilidade


I. Série.

22-124115 CDD-658.15
Índices para catálogo sistemático:

1. Administração financeira : Empresas 658.15


2. Análise de balanços : Empresas : Administração
financeira 658.15
3. Balanços : Empresas : Administração financeira
658.15

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer
meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).
Boletim IOB

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
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Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços

a Contabilização
Devolução de mercadorias compradas 7. Distinção entre devolução de mercadoria comprada no
exercício daquelas adquiridas no exercício anterior

SUMÁRIO 1. QUADRO SINÓTICO


1. Quadro sinótico Neste texto apresentaremos, por meio de exemplos
2. Empresa que mantém controle permanente de estoques práticos, as operações contábeis relativas às devoluções
3. Classificação dos gastos complementares agregados ao de mercadorias compradas, por empresa que mantém ou
estoque na devolução não controle permanente de estoques.
4. Fretes da devolução por conta do comprador
5. Exemplo Nos casos exemplificados, abordamos também os
6. Empresas que não mantêm controle permanente de reflexos tributários do ICMS, PIS-Pasep e Cofins nessas
estoques operações.

Se a empresa estiver utilizando controles permanentes de estoques, como convém à maioria das empresas bem organiza-
Empresas que mantêm controle das, provavelmente estará adotando o critério do preço médio para sua avaliação. No caso de devolução de compra para
permanente de estoques essas empresas, a baixa do estoque é efetuada mediante a identificação do preço unitário da entrada correspondente e
dos respectivos gastos complementares agregados ao estoque, tais como fretes e seguros.
As empresas que não mantêm controle permanente de estoques devem utilizar o inventário final e avaliar o estoque pelo
Empresas que não mantêm con- preço das últimas compras, líquido dos impostos recuperáveis, acrescido dos gastos complementares incorridos para a
trole permanente de estoques colocação das mercadorias no estabelecimento, as quais serão registradas em conta do grupo transitório de compras, que
pode ser aberto em subcontas específicas para mercadorias, fretes, seguros, etc.
Gastos complementares agrega- Os gastos complementares agregados ao estoque, como fretes e seguros, por ocasião da devolução, deverão ser dele
dos ao estoque na devolução retirados na proporção das respectivas unidades devolvidas e contabilizados como despesa operacional.

2. EMPRESA QUE MANTÉM CONTROLE 3.1 Previsão de ressarcimento dos gastos


PERMANENTE DE ESTOQUES complementares pelo fornecedor
Se a empresa estiver utilizando controles permanentes Na hipótese de haver negociação que preveja o res-
de estoques, como convém à maioria das empresas bem sarcimento dos gastos complementares pelo fornecedor, o
organizadas, provavelmente estará adotando o critério do registro será contra ele, na própria conta de Fornecedores,
preço médio para sua avaliação. no Passivo Circulante, se o saldo dessa conta suportar o
valor do débito, ou em conta própria, no grupo de Contas a
No caso de devolução de compra para essas empresas, Receber no Ativo Circulante.
a baixa do estoque é efetuada mediante a identificação do
preço unitário da entrada correspondente e dos respectivos 3.2 Reposição das mercadorias devolvidas com os
gastos complementares agregados ao estoque, tais como
gastos complementares por conta do fornecedor
fretes e seguros.
Outra hipótese é a da reposição das mercadorias
É comum os gastos complementares, necessários para com os respectivos gastos complementares por conta
a colocação da mercadoria no estabelecimento, serem do fornecedor. Nesse caso, os gastos complementares
registrados em conta transitória e agregados ao estoque ao correspondentes à mercadoria devolvida deixam, tempora-
final do mês, mediante critério de rateio preestabelecido. riamente, de compor o estoque de mercadorias no período
compreendido entre a data da saída da devolução e a
3. CLASSIFICAÇÃO DOS GASTOS COMPLEMENTARES data da reentrada da mercadoria reposta. Há substituição
AGREGADOS AO ESTOQUE NA DEVOLUÇÃO de mercadorias e os gastos complementares originais
agregam-se à mercadoria reposta.
Os gastos complementares agregados ao estoque,
como fretes e seguros, por ocasião da devolução, deverão Se o período entre a devolução e a reposição for breve,
ser dele retirados na proporção das respectivas unidades e o valor dos gastos for irrelevante, não há necessidade
devolvidas e contabilizados como despesa operacional. de nenhum registro na contabilidade que demonstre a

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saída e a reentrada dos respectivos gastos no estoque de 3.3.1 Crédito da Cofins e da contribuição para o
mercadorias. Todavia, se o valor dos gastos for relevante, e PIS-Pasep sobre o frete
o prazo decorrido ultrapassar um período de apuração do
Sendo o frete um componente do custo de aquisição
custo médio dos estoques, será necessário o controle desse
de mercadorias (RIR/2018, art. 301, § 1º), entendemos que,
valor em conta distinta no grupo Estoques, retornando-o à
na hipótese de a empresa ser contribuinte da Cofins e da
conta original por ocasião da reentrada das mercadorias no
contribuição para o PIS-Pasep na modalidade não cumula-
estoque.
tiva, o gasto incorrido é alcançado pela Lei nº 10.637/2002,
arts. 3º, I e II, e pela Lei nº 10.833/2003, arts. 3º, I e II (com
3.3 ICMS, Cofins e contribuição para o PIS-Pasep sobre
as alterações promovidas pela Lei nº 10.865/2004), que
o frete preveem o direito a crédito sobre os bens adquiridos para
No tocante ao ICMS sobre o frete, observamos o revenda e sobre os bens e serviços utilizados como insumo
seguinte: na prestação de serviços e na produção ou fabricação de
a) nos Estados nos quais o ICMS incidente sobre o fre- bens ou produtos destinados à venda, inclusive combus-
te de mercadorias destinadas à revenda está su- tíveis e lubrificantes, excetuando-se, todavia, os casos em
jeito ao regime de substituição tributária (no qual o que o transportador seja pessoa física e, portanto, não
tomador do serviço é responsável pelo pagamento contribuinte da Cofins e da contribuição para o PIS-Pasep.
do imposto), o valor do ICMS não faz parte do co- Dessa forma, o valor do frete registrado no estoque
nhecimento de carga ou da fatura do transportador. também estará líquido da Cofins e da contribuição para o
Nessa hipótese, o registro do frete e do ICMS é feito PIS-Pasep e, a exemplo do ICMS, o valor a ser transferido
por intermédio dos seguintes lançamentos: do estoque, por ocasião da devolução, também estará pelo
D - Estoque de Mercadorias(1) (Ativo Circulante) valor líquido dessas contribuições.
D - Cofins a Recuperar(2) (Ativo Circulante)
D - PIS-Pasep a Recuperar(3) (Ativo Circulante) 4. FRETES DA DEVOLUÇÃO POR CONTA DO
C - Fretes a Pagar (Passivo Circulante) COMPRADOR
e Na hipótese de o comprador arcar com gastos de fretes
para o envio das mercadorias devolvidas ao fornecedor, o
D - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante)
(4)
valor desse frete será tratado como despesa operacional.
C - ICMS a Recolher (Passivo Circulante)
Na operação de devolução, retiramos o valor do estoque;
(1) Pelo valor do da mercadoria líquido do ICMS destacado no do- portanto, os gastos complementares necessários a essa
cumento fiscal, da Cofins e da contribuição para o PIS-Pasep a recuperar.
operação não têm relação com a sua formação e devem
(2) Pelo valor do crédito da Cofins à alíquota de 7,6%, quando aplicável. figurar no resultado do período.
(3) Pelo valor do crédito da contribuição para o PIS-Pasep à alíquota de
1,65%, quando aplicável. 5. EXEMPLO
(4) Pelo valor do ICMS sobre o frete, devido por substituição tributária.
Admitamos que a empresa Comercial “A”, estabelecida
b) nos Estados em que não existe o regime de subs- no Estado de São Paulo, que mantém controle permanente
tituição tributária, o recolhimento do ICMS sobre o de estoque e adota o custo médio como critério de ava-
frete cabe ao prestador do serviço e, portanto, o va- liação, possua em seu estoque, no dia 31.03.20X1, 120
lor desse imposto está embutido no valor do conhe- unidades da mercadoria “X”, registradas ao preço unitário
cimento ou da fatura. A contabilização nesse caso é de R$ 901,86, totalizando, portanto, R$ 108.223,20.
feita da seguinte forma:
Em 05.04.20X1, a empresa Comercial “A” comprou
D - Estoque de Mercadorias (Ativo Circulante)(1)
100 unidades dessa mesma mercadoria pelo valor total de
D - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante)(2)
R$ 124.455,50, incidindo 18% de ICMS sobre esse preço
D - Cofins a Recuperar (Ativo Circulante)(3) (R$ 22.401,99), 7,6% de Cofins (R$ 9.458,62), e 1,65% de
D - PIS-Pasep a Recuperar (Ativo Circulante)(4) contribuição para o PIS-Pasep (R$ 2.053,51), assim conta-
C - Fretes a Pagar (Passivo Circulante)(5) bilizados:
(1) Pelo valor do da mercadoria líquido do ICMS destacado no do-
cumento fiscal, da Cofins e da contribuição para o PIS-Pasep a recuperar. D-E
 stoque de Mercadorias
(Ativo Circulante) R$ 90.541,38
(2) Pelo valor do ICMS destacado no documento fiscal.
D - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 22.401,99
(3) Pelo valor do crédito da Cofins à alíquota de 7,6%, quando aplicável. D-C
 ofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 9.458,62
D-P
 IS-Pasep a Recuperar
(4) Pelo valor do crédito da contribuição para o PIS-Pasep à alíquota de
(Ativo Circulante) R$ 2.053,51
1,65%, quando aplicável.
C - Fornecedores (Passivo Circulante) R$ 124.455,50
(5) Pelo valor total da fatura ou do conhecimento de transporte.
Admitamos, ainda, que a empresa tenha incorrido
Observa-se que, em ambas as hipóteses, o valor do em gastos de frete contratado de pessoa jurídica, para o
frete é agregado ao estoque líquido do ICMS e, por ocasião transporte dessa mercadoria, do fornecedor até o seu
da devolução, o valor a ser transferido do estoque também depósito, no valor de R$ 2.000,00, cujos créditos da Cofins
não conterá esse imposto. e da contribuição para o PIS-Pasep sejam, respectivamente,

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de R$ 152,00 (R$ 2.000,00 x 7,6%) e R$ 33,00 (R$ 2.000,00 lher”. Todavia, optamos por fazê-lo utilizando as contas do Ativo Circulante,
para frisar que se trata de estorno.
x 1,65%), e cujo ICMS, devido pelo regime de substituição
tributária, seja de R$ 240,00 (R$ 2000,00 x 12%), assim Sabe-se previamente que o frete incorrido por ocasião
registrados: da compra não será ressarcido pelo fornecedor e que não
D - Estoque de Mercadorias haverá reposição da mercadoria devolvida. Assim, o valor
(Ativo Circulante) R$ 1.815,00 do frete correspondente às unidades devolvidas, agregado
D - Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 152,00 ao estoque, deve ser transferido para uma conta de des-
D - PIS-Pasep a Recuperar pesa.
(Ativo Circulante) R$ 33,00
C - Fretes a Pagar (Passivo Circulante) R$ 2.000,00
Os créditos da Cofins e da contribuição para o PIS-
-Pasep relativos ao frete, pago por ocasião da aquisição das
e
mercadorias, também devem, por sua vez, ser estornados,
D - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante) proporcionalmente, ao montante das unidades devolvidas.
C - ICMS a Recolher (Passivo Circulante) R$ 240,00
Portanto, nesse caso, teríamos o seguinte lançamento:
Em 05.05.20X1, foram devolvidas 40 unidades corres-
pondentes a esse lote de compras, cujo registro com base D-D
 espesa com Frete (Conta de Resultado) R$ 800,00(1)
no preço de aquisição das mercadorias, constante da nota C-E
 stoque de Mercadorias (Ativo Circulante) R$ 726,00(2)
fiscal de devolução, foi o seguinte: C - Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 60,80(3)

D - Fornecedores (Passivo Circulante) R$ 49.782,20 C-P


 IS-Pasep a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 13,20(4)

C - Estoque de Mercadorias (1) R$ 2.000,00 (valor do frete) ÷ 100 (unidades adquiridas) x 40 (uni-
dades devolvidas).
(Ativo Circulante) R$ 36.216,55
C - ICMS a Recolher (Passivo Circulante) R$ 8.960,80(1) (2) R$ 1.815,00 (valor do frete líquido da Cofins e da contribuição para o
C - Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 3.783,45(2) PIS-Pasep) ÷ 100 (unidades adquiridas) x 40 (unidades devolvidas).
C - PIS-Pasep a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 821,40(3) (3) R$ 800,00 x 7,6%.
(1) R$ 49.782,20 x 18%.
(4) R$ 800,00 x 1,65%.
(2) R$ 49.782,20 x 7,6%.
Nota
(3) R$ 49.782,20 x 1,65%.
Opcionalmente, esse lançamento poderia ter sido feito às contas do
Passivo Circulante “Cofins a Recolher” e “PIS-Pasep a Recolher”. Todavia,
Nota optamos por fazê-lo utilizando as contas do Ativo Circulante, para frisar que
Observa-se que, no exemplo, a compra foi efetuada no mês de se trata de estorno.
abril/20X1, e a devolução no mês de maio/20X1. Dessa forma, os créditos da
Cofins e da contribuição para o PIS-Pasep incidentes sobre a compra foram
aproveitados no mês de aquisição das mercadorias (em abril/20X1) e, por 5.1 Fichas de Estoque
ocasião da devolução, estamos efetuando o estorno do crédito referente às
unidades devolvidas. Opcionalmente, esse lançamento poderia ter sido feito Vejamos a ficha de estoque, admitindo-se o saldo inicial
às contas do Passivo Circulante “Cofins a Recolher” e “PIS-Pasep a Reco- de 120 unidades ao custo médio de R$ 901,86 por unidade.
Ficha de Controle de Estoque
Mercadoria “X” - Preço médio unitário
Entrada Saída Saldo
Data Valor Valor Valor
Quant. Quant. Quant.
Unit. Total Unit. Total Unit. Total
31.03.20X1 120 R$ 901,86 R$ 108.223,20
05.04.20X1 100(1) R$ 923,56 R$ 92.356,38 220 R$ 911,73 R$ 200.579,58
30.04.20X1 220 R$ 911,73 R$ 200.579,58
05.05.20X1 (40)(2) R$ 923,56 (R$ 36.942,55) 180 R$ 909,10 R$ 163.637,03
31.05.20X1 180 R$ 909,10 R$ 163.637,03

(1) A compra. 6. EMPRESAS QUE NÃO MANTÊM CONTROLE


(2) A devolução. PERMANENTE DE ESTOQUES
Observe que o valor registrado em 05.04.20X1, referente à entrada de As empresas que não mantêm controle permanente de
100 unidades, é composto de: estoques devem utilizar o inventário final e avaliar o estoque
a) preço da mercadoria constante da nota fiscal de entrada, líquido do pelo preço das últimas compras, líquido dos impostos recu-
ICMS, da Cofins e da contribuição para o PIS-Pasep, no valor de peráveis, acrescido dos gastos complementares incorridos
R$ 90.541,38;
para a colocação das mercadorias no estabelecimento, as
b) frete incorrido no transporte da mercadoria, líquido da Cofins e da
contribuição para o PIS-Pasep, no valor de R$ 1.815,00. quais serão registradas em conta do grupo transitório de
compras, que pode ser aberto em subcontas específicas
Nota-se que, em 05.05.20X1, a devolução das 40 unidades, em vez
de estar computada nas saídas, foi registrada negativamente na coluna das
para mercadorias, fretes, seguros etc.
entradas. Assim, a soma das entradas corresponde às compras líquidas, e
a soma das saídas equivale ao valor do custo das mercadorias vendidas, na Para o registro de devolução de compra nesse caso,
contabilidade. teremos:

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a) a contabilização da nota fiscal de devolução, que D-D


 espesa com Frete (Conta de Resultado) R$ 800,00(1)
traz identificado o preço unitário pelo qual a mer- C-F
 rete s/ Compras (Conta Transitória) R$ 726,00(2)
cadoria deu entrada no estabelecimento e compre- C-C
 ofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 60,80(3)
ende a baixa dos estoques, de fornecedores e dos C-P IS-Pasep a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 13,20(4)
impostos indiretos: (1) R$ 2.000,00 (valor do frete) ÷ 100 (unidades adquiridas) x 40 (uni-
dades devolvidas).
D - Fornecedores (Passivo Circulante)(1) (2) R$ 1.815,00 (valor do frete líquido da Cofins e da contribuição para o
C - Impostos a Recolher (Passivo Circulante)(2) PIS-Pasep) ÷ 100 (unidades adquiridas) x 40 (unidades devolvidas).
C - Estoque de Mercadorias (Ativo Circulante)(3) (3) R$ 800,00 x 7,6%.
(1) Pelo valor total da nota fiscal.
(4) R$ 800,00 x 1,65%.
(2) Pelo valor dos impostos indiretos destacados na nota fiscal, assim
como da Cofins e da contribuição para o PIS-Pasep, que foram recuperados 7. DISTINÇÃO ENTRE DEVOLUÇÃO DE MERCADORIA
por ocasião da entrada da mercadoria no estabelecimento.
COMPRADA NO EXERCÍCIO DAQUELAS
(3) Pelo valor líquido dos impostos indiretos destacados na nota fiscal,
assim como da Cofins e da contribuição para o PIS-Pasep, que foram recupe- ADQUIRIDAS NO EXERCÍCIO ANTERIOR
rados por ocasião da entrada da mercadoria no estabelecimento. Nas empresas que não mantêm controle permanente
b) identificação e apropriação dos gastos complemen- de estoques, as contas transitórias utilizadas para o registro
tares como despesa. das compras e dos gastos complementares, por ocasião do
encerramento do exercício, serão zeradas, transferindo-se
6.1 Exemplo uma parcela do saldo para o resultado como Custo das
Mercadorias Vendidas (CMV) e outra para o estoque, com
Utilizando os dados do exemplo anterior e admitindo que
base no estoque final apurado no inventário.
a empresa não tenha controle permanente de estoques, e
que utilize contas transitórias em sua contabilização, teremos: Dessa maneira, o custo das mercadorias e os
gastos complementares de compras efetuadas no exercício
1) Pela entrada das mercadorias no estabelecimento: anterior ficam registrados no estoque, e o custo das merca-
D - Compras de Mercadorias dorias e os gastos complementares de compras feitas no
(Conta Transitória) R$ 90.541,38 exercício em curso ficam registrados em conta transitória.
D - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 22.401,99 Essa distinção deve ser observada por ocasião da devolu-
D - Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 9.458,62 ção de compra para a correta contabilização da baixa.
D - PIS-Pasep a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 2.053,51
C - Fornecedores (Passivo Circulante) R$ 124.455,50 7.1 Classificação dos gastos complementares
2) Pelo registro do frete em conta transitória: Na devolução de mercadorias compradas em exercício
anterior, a baixa dos gastos complementares dos estoques
D - Fretes sobre Compras observará os mesmos critérios para classificação tratados
(Conta Transitória) R$ 1.815,00
no tópico 2.
D - Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 152,00
D - PIS-Pasep a Recuperar Quando o gasto complementar for considerado
(Ativo Circulante) R$ 33,00 despesa (veja o tópico 2), a baixa do estoque terá como
C - Fretes a Pagar (Passivo Circulante) R$ 2.000,00 contrapartida débito ao resultado do exercício em curso,
2.1) Pelo ICMS: uma vez que, apesar de as compras se referirem ao exer-
cício anterior, a devolução é um fato novo e não caracteriza,
D - ICMS a Recuperar (Ativo Circulante) portanto, ajuste do exercício anterior.
C - ICMS a Recolher (Passivo Circulante)

3) Pelo registro da nota fiscal de devolução:


R$ 240,00
N
D - Fornecedores (Passivo Circulante) R$ 49.782,20
C - Compra de Mercadorias (Ativo Circulante) R$ 36.216,55
C - ICMS a Recolher (Passivo Circulante) R$ 8.960,80
C - Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 3.783,45 Doação de bens do Ativo Imobilizado
C - PIS-Pasep a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 821,40 SUMÁRIO
Nota 1. Introdução
2. Valores a serem baixados
Observa-se que, no exemplo, a compra foi efetuada no mês de
abril/20X1, e a devolução no mês de maio/20X1. Dessa forma, os créditos da
3. Formalização da doação
Cofins e da contribuição para o PIS-Pasep incidentes sobre a compra foram 4. Dedutibilidade da doação
aproveitados no mês de aquisição das mercadorias (em abril/20X1) e, por 5. Contabilização
ocasião da devolução, estamos efetuando o estorno do crédito referente às
unidades devolvidas. Opcionalmente, esse lançamento poderia ter sido feito
às contas do Passivo Circulante “Cofins a Recolher” e “PIS-Pasep a Reco-
1. INTRODUÇÃO
lher”. Todavia, optamos por fazê-lo utilizando as contas do Ativo Circulante, É prática entre as pessoas jurídicas renovar, de tempos
para frisar que se trata de estorno.
em tempos, os itens de seu Ativo Imobilizado e doar os bens
4) Pelo registro do frete em conta de despesa: substituídos para entidades beneficentes. Neste texto, dis-

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Temática Contábil e Balanços

corremos sobre os aspectos legais e os registros contábeis dedução, efetuadas a entidades civis, legalmente
relativos a essa operação. constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que pres-
tem serviços gratuitos em benefício de emprega-
2. VALORES A SEREM BAIXADOS dos da pessoa jurídica doadora e respectivos de-
Por ocasião da doação de bem do Ativo Imobilizado, pendentes, ou em benefício da comunidade onde
devem ser baixados na escrituração contábil da pessoa atuem, observadas as seguintes regras:
jurídica: b.1) as doações, quando em dinheiro, serão fei-
a) o custo de aquisição do bem e os acréscimos pos- tas mediante crédito em conta-corrente ban-
teriores ao custo; e cária diretamente em nome da entidade be-
neficiária;
b) a respectiva depreciação, amortização ou exaustão
acumulada. b.2) a pessoa jurídica doadora manterá em arqui-
vo, à disposição da fiscalização, declaração,
2.1 Manutenção de controle individualizado de bens segundo modelo aprovado pela Secretaria
Caso a pessoa jurídica mantenha ficha de controle da Receita Federal do Brasil (RFB), forneci-
individual de bens do Ativo Imobilizado, a própria ficha indi- da pela entidade beneficiária, em que esta se
cará os valores a serem baixados, desde que nela estejam compromete a aplicar integralmente os recur-
devidamente registrados o custo de aquisição do bem e sos recebidos na realização de seus objetivos
os eventuais acréscimos posteriores, além das respectivas sociais, com identificação da pessoa física
depreciação, amortização ou exaustão acumulada. responsável pelo seu cumprimento, e a não
distribuir lucros, bonificações ou vantagens a
2.2 Inexistência de controle individualizado de bens dirigentes, mantenedores ou associados, sob
nenhuma forma ou pretexto;
Se a pessoa jurídica não mantém sistema de controle
b.3) a entidade civil beneficiária deverá ser reco-
individual de bens, devem ser identificados o valor original
nhecidamente de utilidade pública por ato
e a data de aquisição do bem a ser baixado, inclusive dos
formal de órgão competente da União, exceto
acréscimos ao custo.
quando se tratar de entidade que preste ex-
clusivamente serviços gratuitos em benefício
3. FORMALIZAÇÃO DA DOAÇÃO
de empregados da pessoa jurídica doadora e
O caput do art. 541 da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil) respectivos dependentes, ou em benefício da
estabelece que a doação deve ser formalizada por escritura comunidade onde atuem.
pública ou instrumento particular. Contudo, o parágrafo
único do mencionado diploma legal admite a doação verbal Portanto, se a entidade donatária não preencher os
nos casos em que essa verse sobre bens móveis e de requisitos supramencionados, o valor contábil do bem
pequeno valor, desde que a tradição do bem doado seja doado será indedutível para fins da apuração do lucro real
efetuada imediatamente. e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro.

Em que pese essa faculdade legal, é recomendável 5. CONTABILIZAÇÃO


que as partes envolvidas assinem um “Termo de Doação“, Exemplificaremos a seguir o registro contábil da doação
no qual será(ão) discriminado(s) o(s) bem(ns) objeto da de bem do Ativo Imobilizado, considerando-se, para tanto,
doação, assim como as condições em que ela está sendo que uma determinada empresa decida doar 10 computa-
efetuada (com ou sem encargos). Recomenda-se, ainda, dores de sua propriedade para uma entidade assistencial,
que o documento seja levado a registro no Cartório de apresentando os seguintes dados, meramente ilustrativos:
Registro de Títulos e Documentos como medida de cautela.
Esse documento e a nota fiscal emitida por ocasião da saída Custo de aquisição .............................................................. R$ 20.000,00
do bem doado, em atendimento à legislação tributária, ser- Depreciação acumulada ...................................................... (R$ 15.000,00)
virão para comprovar a saída efetiva do bem do patrimônio Valor contábil ........................................................................ R$ 5.000,00
da doadora.
1) Pela baixa do bem doados
4. DEDUTIBILIDADE DA DOAÇÃO D-D
 oações de Bens do Imobilizado
(Conta de Resultado)
A legislação tributária (Lei nº 9.249/1995, art. 13, caput,
C-C
 omputadores e Periféricos
inciso VI e § 2º, incorporado ao art. 377 do RIR/2018) não
(Ativo Não Circulante - Imobilizado) R$ 20.000,00
admite a dedução de quaisquer doações, exceto:
a) as efetuadas às instituições de ensino e pesquisa 2) Pela baixa da depreciação acumulada do bem doado
cuja criação tenha sido autorizada por lei federal e D-D
 epreciação Acumulada de Computadores e Peri-
que preencham os requisitos dos incisos I e II do féricos (Redutora do Ativo Não Circulante - Imobili-
art. 213 da Constituição Federal, até o limite de zado)
1,5% do lucro operacional, antes de computada a C-D
 oações de Bens do Imobilizado
sua dedução e a de que trata a letra “b”; (Conta de Resultado) R$ 15.000,00

b) as doações, até o limite de 2% do lucro operacio- Conforme demonstraremos, após os lançamentos nºs 1
nal da pessoa jurídica, antes de computada a sua e 2, o “razonete” da conta “Doações de Bens do Imobilizado”

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Temática Contábil e Balanços

apresentaria o saldo de R$ 5.000,00, que corresponde ao Exportações


valor contábil do bem doado e representa o ônus suportado
SUMÁRIO
pela pessoa jurídica com a doação do bem, o qual será
1. Quadro sinótico
dedutível para fins da apuração do lucro real e da base de 2. Momento do reconhecimento da receita
cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (CSL), desde 3. Formas de recebimento do crédito
que sejam cumpridos os requisitos mencionados no tópico 4. Comissão sobre vendas
4. 5. Tratamento fiscal
Doações de Bens do Imobilizado 6. Valor a apropriar como receita de exportação
(1) 20.000,00 15.000,00 (2) 7. Dados básicos para exemplos de contabilização
5.000,00 8. Primeira hipótese: o exportador aguarda o vencimento da
cambial
9. Segunda hipótese: o exportador obtém um adiantamento
sobre o contrato de câmbio
Nota
No exemplo ora desenvolvido, o bem doado ainda apresentava um valor 1. QUADRO SINÓTICO
residual (no caso, R$ 5.000,00). Na hipótese de doação de bem totalmente
depreciado, a baixa do bem poderia ser efetuada simplesmente debitando-se O registro contábil das exportações de bens, merca-
a conta redutora do ativo correspondente à depreciação cumulada do bem, dorias, produtos e serviços requerem alguns pré-requisitos.
em contrapartida à conta do ativo que registra o bem, haja vista que, nesses Dentre eles, observamos o momento do reconhecimento da
casos, o valor da doação será nulo.
receita, a transferência de propriedade e os aspectos fiscais
N e contábeis.

Momento do reconhe- Sob o aspecto contábil, o momento do reconhecimento da receita, no caso das exportações de mercadorias, a exemplo do que ocor-
cimento da receita re com as vendas no mercado interno, é quando se configura a transferência da propriedade, que normalmente ocorre por ocasião do
embarque, conforme preconiza o item 31 do Pronunciamento Técnico CPC 47 - Receita de Contrato com Cliente, cujas disposições
foram recepcionadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) por meio da NBC TG 47 e, no âmbito da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), por meio da Resolução CVM nº 116/2022.
Intermediação de A transação entre a empresa nacional e a estrangeira exige a intermediação de uma instituição financeira (devidamente autorizada
instituição financeira a operar em câmbio). Essa instituição receberá o pagamento no exterior em moeda estrangeira e o repassará ao exportador em
moeda nacional, mediante prévia assinatura de um contrato de câmbio, no qual o exportador vende ao banco as divisas resultantes
da operação.
Tratamento fiscal A exportação de produtos industrializados não fica sujeita:
a) ao IPI (Constituição Federal/1988, art. 153, § 3º, III);
b) ao ICMS (Constituição Federal/1988, art. 155, § 2º, X, letra “a”; Lei Complementar nº 87/1996, art. 3º, II);
c) à Cofins (Lei nº 10.833/2003, art. 6º, I);
d) à contribuição para o PIS-Pasep (Lei nº 10.637/2002, art. 5º, I).
Apropriação das re- As negociações de vendas ao exterior são realizadas em moeda estrangeira, devendo ser procedida a conversão em moeda nacional
ceitas de exportação pela taxa cambial, para compra, vigente na data do embarque da mercadoria. A variação cambial ocorrida entre a data da emissão
da nota fiscal e a do efetivo embarque constitui receita (se positiva) ou custo (se negativa) de vendas. A partir da data do efetivo
embarque até a de recebimento do cliente, a variação constituirá receita ou despesa financeira.

2. MOMENTO DO RECONHECIMENTO DA RECEITA 3. FORMAS DE RECEBIMENTO DO CRÉDITO


Sob o aspecto contábil, o momento do reconhecimento A transação entre a empresa nacional e a estrangeira
da receita, no caso das exportações de mercadorias, a exige a intermediação de uma instituição financeira (devi-
exemplo do que ocorre com as vendas no mercado interno, damente autorizada a operar em câmbio). Essa instituição
é quando se configura a transferência da propriedade, que receberá o pagamento no exterior em moeda estrangeira
normalmente ocorre por ocasião do embarque, conforme e o repassará ao exportador em moeda nacional, mediante
preconiza o item 31 do Pronunciamento Técnico CPC 47 prévia assinatura de um contrato de câmbio, no qual o
- Receita de Contrato com Cliente, cujas disposições foram exportador vende ao banco as divisas resultantes da ope-
recepcionadas pelo Conselho Federal de Contabilidade ração.
(CFC) por meio da NBC TG 47 e, no âmbito da Comissão O recebimento pelo exportador pode se dar basica-
de Valores Mobiliários (CVM), por meio da Resolução CVM mente de três formas:
nº 116/2022.
a) após a assinatura do contrato de câmbio e a entre-
É oportuno lembrar que o Fisco ratificou esse enten- ga da mercadoria, o vendedor aguarda até a data
dimento, preliminarmente, pela Portaria MF nº 81/1982 da liquidação da dívida pelo cliente para o efetivo
e, posteriormente, pela Portaria MF nº 356/1988, a qual recebimento da venda, fazendo jus à variação cam-
determina que a receita bruta de vendas nas exportações bial ocorrida nesse período. Outra forma é “descon-
deve ser aferida pela conversão em moeda nacional de seu tar” a cambial e aplicar na própria instituição finan-
valor expresso em moeda estrangeira à taxa cambial (para ceira em que está negociando o valor do contrato
compra) fixada pelo Banco Central do Brasil (Bacen) na de câmbio, por taxa previamente combinada. Essa
data do embarque dos produtos para o exterior, sendo trata- operação é conhecida como “trava de câmbio”;
das como variações monetárias as diferenças verificadas a b) necessitando antecipadamente de recursos, o ven-
partir dessa data em virtude de alterações na taxa cambial. dedor poderá assinar o contrato de câmbio até 180

37-06 TC Manual de Procedimentos - Set/2022 - Fascículo 37 - Boletim IOB


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dias antes da entrega da mercadoria, recebendo do d) à contribuição para o PIS-Pasep (Lei nº 10.637/2002,
banco o valor da venda em moeda nacional. Nesse art. 5º, I).
caso, essa operação, até a entrega da mercadoria
Nota
ao cliente, assume características de um emprés-
timo, no qual o exportador é o único responsável, A alíquota do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) incidente sobre
comissões pagas por exportadores a seus agentes no exterior fica reduzida
sendo denominada Adiantamento sobre Contrato a zero, caso o pagamento esteja previsto no respectivo Registro de Exporta-
de Câmbio (ACC); ção, contrato mercantil ou documento equivalente (Lei nº 9.481/1997, art. 1º,
I; Portaria MF nº 70/1997, art. 1º I).
c) outra situação que pode ocorrer é a antecipação do
valor da venda após a entrega da mercadoria, ope-
ração esta que se assemelha ao desconto de dupli- 6. VALOR A APROPRIAR COMO RECEITA DE
catas e denomina-se Adiantamento sobre Cambiais EXPORTAÇÃO
Entregues (ACE). Nessa operação, o vendedor é o
corresponsável pelo pagamento da dívida ao banco As negociações de vendas ao exterior são realizadas
até sua liquidação pelo cliente. em moeda estrangeira, devendo ser procedida a conversão
em moeda nacional pela taxa cambial, para compra, vigente
Com a entrega da mercadoria ao cliente, a operação na data do embarque da mercadoria. A variação cambial
de ACC (letra “b” do tópico 2) torna-se, automaticamente, ocorrida entre a data da emissão da nota fiscal e a do efetivo
operação de ACE (letra “c” do tópico 2). A liquidação do embarque constitui receita (se positiva) ou custo (se nega-
valor da exportação pode ser por Carta de Crédito, que tiva) de vendas. A partir da data do efetivo embarque até a
se trata de um documento por meio do qual um banco se de recebimento do cliente, a variação constituirá receita ou
compromete a pagar ao exportador, a pedido e de acordo despesa financeira.
com as instruções de um importador, o valor da transação.
A Carta de Crédito é liquidada mediante a entrega da do- 7. DADOS BÁSICOS PARA EXEMPLOS DE
cumentação que comprova o embarque da mercadoria. CONTABILIZAÇÃO
4. COMISSÃO SOBRE VENDAS Consideremos que a Companhia ABC assinou, em
A exportação pode exigir a figura de um representante 02.01.20X1, um contrato de venda com a companhia ame-
de vendas no exterior, hipótese em que o pagamento da ricana KWY no valor de US$ 10,000.00, devendo entregar
comissão deste pode ser contratado de três formas: a mercadoria para embarque no porto de Santos (FOB) em
16.01.20X1. O vencimento da cambial decorrente da venda
a) em uma delas, o valor da comissão é retido no ban-
dar-se-á 40 dias após a data do embarque. Admite-se que
co por ocasião da liberação do valor da venda, seja
a taxa cambial vigente na data da assinatura do contrato
por meio do ACC, ou do ACE ou, ainda, da “trava
seja de R$ 2,1157/dólar essa operação está vinculada ao
de câmbio”. O representante de vendas somente
pagamento de 10% de comissão do agente de vendas no
receberá sua comissão por ocasião do pagamento
exterior.
do título pelo cliente. Essa operação é denominada
conta gráfica;
b) na segunda alternativa, o exportador recebe o valor
8. PRIMEIRA HIPÓTESE: O EXPORTADOR AGUARDA O
integral de sua venda sem o desconto da comissão VENCIMENTO DA CAMBIAL
do agente, devendo, posteriormente, providenciar Vejamos a situação em que o vendedor resolve aguardar
a aquisição de moeda estrangeira e sua remes- a data do vencimento de sua cambial para obter os recur-
sa para o devido pagamento do representante de sos, considerando, também, que a comissão do agente no
vendas. Essa forma de pagamento é denominada exterior será liberada por ocasião da liquidação da cambial
“a remeter”. A variação cambial decorrente dessa pelo cliente, adotando-se a modalidade de conta “gráfica”
operação não deverá ser considerada Despesa de para o referido pagamento, devendo o banco reter, do valor
Vendas (Despesa de Comissão sobre Vendas) mas, pago pelo cliente, o valor devido ao agente de vendas.
sim, como Despesa Financeira (Variação Cambial
Passiva); A Companhia entrega a mercadoria e sua respectiva
c) a última alternativa é denominada “a deduzir”, que nota fiscal fatura no porto de Santos, em 16.01.20X1, e nessa
é quando a comissão aparece na fatura a título de data a taxa cambial vigente era de R$ 2,1197/dólar para
desconto, ou seja, é concedido um desconto na fa- compra e R$ 2,1205/dólar para venda. Devido a problemas
tura, sendo este repassado ao agente. internos do porto de Santos, a mercadoria foi embarcada
em 28.01.20X1, quando a taxa cambial tinha aumentado
5. TRATAMENTO FISCAL para R$ 2,1219/dólar, para compra e R$ 2,1227/dólar para
A exportação de produtos industrializados não fica venda.
sujeita:
a) ao IPI (Constituição Federal/1988, art. 153, § 3º, III);
8.1 Registros contábeis na data da entrega das
b) ao ICMS (Constituição Federal/1988, art. 155, § 2º, mercadorias no porto de embarque
X, letra “a”; Lei Complementar nº 87/1996, art. 3º, II); Em 16.01.20X1, certa de que o embarque se realizaria,
c) à Cofins (Lei nº 10.833/2003, art. 6º, I); a Companhia ABC reconheceu a venda da mercadoria,

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conforme sua nota fiscal fatura, admitindo-se que esta tenha 8.4 Recebimento do crédito
sido emitida nesta data:
Em 09.03.20X1, data do vencimento da cambial, o dólar
1) Pelo registro da venda realizada nesta data estava cotado em R$ 2,1315 para compra e R$ 2,1323 para
D - Clientes no Exterior (Ativo Circulante) venda.
C - Receita de Vendas - Exterior (Conta de Resultado) R$ 21.197,00*
(*) US$ 10,000.00 x R$ 2,1197.
Nessa mesma data, a companhia recebe um aviso do
banco com o qual assinou o contrato de câmbio, informando
2) Pelo registro da comissão devida ao agente de ven- o pagamento realizado por seu cliente. Esta procede, então,
das no exterior aos seguintes lançamentos contábeis:

D - Comissões sobre Vendas (Conta de Resultado) 7) Pela atualização do seu crédito, devido à variação
C - Comissões a Pagar (Passivo Circulante) R$ 2.120,50* cambial ocorrida no período de 1º.02 a 09.03.20X1
(*) US$ 10,000.00 x R$ 2,1205 x 10%.
D - Clientes no Exterior (Ativo Circulante)
C - Variações Cambiais Ativas (Conta de Resultado) R$ 86,00*
8.2 Lançamentos complementares na data do efetivo (*) R$ 2,1315 - R$ 2,1229 x US$ 10,000.00.
embarque
8) Pela atualização cambial da comissão a pagar
Em 28.01.20X1, a Companhia recebeu do porto de
Santos o aviso de embarque da mercadoria, procedendo ao D - Variações Cambiais Passivas (Conta de Resultado)
seguinte lançamento complementar: C - Comissões a Pagar (Passivo Circulante) R$ 8,60*
(*) (US$ 10,000.00 x R$ 2,1323) - (US$ 10,000.00 x R$ 2,1237) x 10%.
3) Pelo complemento do valor da venda realizada em
16.01.20X1, referente à variação cambial verificada 9) Pelo recebimento do crédito
até a data do embarque D - Comissões a Pagar (Passivo Circulante) R$ 2.132,30
D - Clientes no Exterior (Ativo Circulante) D - Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) R$ 19.182,70
C - Receita de Vendas - Exterior (Conta de Resultado) R$ 22,00* C - Clientes no Exterior (Ativo Circulante) R$ 21.315,00*
(*) R$ 2,1219 - R$ 2,1197 x US$ 10,000.00. (*) Recebimento da cambial (R$ 21.197,00 + R$ 22,00 + R$ 10,00 +
R$ 86,00), líquido das despesas de comissões (US$ 10,000.00 x R$ 2,1323
x 10%)
Nota
É obrigatória a emissão de nota fiscal complementar de exportação.
9. SEGUNDA HIPÓTESE: O EXPORTADOR OBTÉM UM
4) Pelo complemento da comissão devida ao agente ADIANTAMENTO SOBRE O CONTRATO DE CÂMBIO
de vendas no exterior 9.1 Contabilização do adiantamento liberado e dos
D - Comissões sobre Vendas (Conta de Resultado) juros cobrados pelo banco
C - Comissões a Pagar (Passivo Circulante) R$ 2,20*
(*) (US$ 10,000.00 x R$ 2,1227) - (US$ 10,000.00 x R$ 2,1205) x 10%.
Ainda utilizando os dados fornecidos, vejamos uma si-
tuação em que o exportador pleiteia, junto ao banco, adian-
tamento sobre o contrato de câmbio antes do embarque das
8.3 Atualização cambial, na data de balanço/balancete mercadorias. A assinatura do contrato de câmbio, como no
mensal, do crédito a receber e da comissão a exemplo anterior, deu-se no próprio dia 02.01.20X1, data em
pagar que o dólar estava cotado em R$ 2,1157 para compra e
R$ 2,1165 para venda.
Em 31.01.20X1, por ocasião de seu balancete, a
Companhia ABC verificou que a taxa cambial vigente era de Por ainda não ter sido realizada a exportação, não se
R$ 2,1229/dólar para compra e R$ 2,1237/dólar para venda, deve constituir conta redutora de Ativo, mas, sim, reconhecer
procedendo à atualização do seu crédito e da comissão a a exigibilidade no próprio Passivo. Vejamos os lançamentos
pagar: a seguir:

5) Pelo reconhecimento da variação cambial ocorrida 1) Pelo valor do adiantamento sobre o contrato de
no período de 28 a 31.01.20X1 câmbio referente à exportação a se realizar
D - Clientes no Exterior (Ativo Circulante) D - Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante)
C - Variações Cambiais Ativas (Conta de Resultado) R$ 10,00* C-A
 diantamento sobre Contrato de Câmbio
(*) R$ 2,1229 - R$ 2,1219 x US$ 10,000.00. (Passivo Circulante) R$ 21.157,00*
(*) US$ 10,000.00 x R$ 2,1157.
6) Pela atualização cambial da comissão devida ao
A taxa de juros e a forma de pagamento, nessas ope-
agente de vendas no exterior
rações, são negociadas entre o exportador e o banco. Em
D - Variações Cambiais Passivas (Conta de Resultado) nosso exemplo, admitiremos que o banco cobrou juros de
C - Comissões a Pagar (Passivo Circulante) R$ 10,00* 0,08% ao dia, descontados antecipadamente e calculados
(*) (US$ 10,000.00 x R$ 2,1237) - (US$ 10,000.00 x R$ 2,1227) x 10%. considerando o prazo previsto para a liquidação da expor-

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tação (40 dias após o embarque que está previsto para o 9.3 Apropriação contábil de juros e variação cambial
dia 16.01.20X1). Portanto, os juros pagos antecipadamente incorridos antes do vencimento da cambial
devem ser registrados em conta redutora do Passivo
Circulante, conforme segue: Dando continuidade ao exemplo, em 31.01.20X1 a
empresa deverá apropriar a despesa de juros incorridos no
2) Pelo pagamento antecipado de juros sobre o adian-
mês, conforme segue:
tamento do contrato de câmbio
D - Juros a Transcorrer (Passivo Circulante) 11) Pela apropriação dos juros relativos ao mês de
C - Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) R$ 880,13* janeiro
(*) US$ 10,000.00 x R$ 2,1157 x 0,08% x 52 dias (16.01 a 09.03.20X1).
D-D
 espesas Financeiras - Juros (Conta de Resultado)
C-D
 espesas Antecipadas - Juros sobre Adiantamento
9.2 Registros contábeis na data da entrega das sobre Cambial Entregue (Ativo Circulante) R$ 492,65*
mercadorias no porto e na data do efetivo (*) R$ 880,13 + R$ 203,70 ÷ 66 x 30 dias (02 a 31.01.20X1).
embarque
Nessa mesma data, além da variação cambial sobre o
Os lançamentos referentes ao reconhecimento da
montante a receber de seu cliente e da comissão a pagar,
venda em 16.01.20X1 e a respectiva despesa de comissão
conforme lançamentos mostrados no exemplo anterior,
de venda, bem como as suas respectivas complementações
a empresa deve reconhecer também a variação cambial
em 28.01.20X1, são idênticos aos que vimos no exemplo
sobre a obrigação contraída no banco.
anterior (lançamentos 1 a 4 do tópico 7, que neste exemplo
seriam, respectivamente, os de números 3 a 6), por isso 12) Pela variação cambial ocorrida no período de 28 a
deixamos de reproduzi-los. 31.01.20X1
No dia 28.01.20X1, mediante os comprovantes de D - Variações Cambiais Passivas (Conta de Resultado)
embarque, tendo o exportador e o importador como res- C - Adiantamento sobre Cambial Entregue (Ativo Circulante) R$ 10,00*
ponsáveis pelo pagamento da dívida, o banco transforma (*) R$ 2,1229 - R$ 2,1219 x US$ 10,000.00.
o ACC e ACE, pelo valor atualizado, e cobra o acréscimo
dos juros relativos aos 12 dias de aumento do prazo da 13) Pela atualização cambial
liquidação da cambial, em razão do atraso no embarque.
D - Variações Cambiais Passivas (Conta de Resultado)
A empresa exportadora efetua, então, os seguintes C - Comissões a Pagar (Passivo Circulante) R$ 1,00*
registros contábeis: (*) (US$ 10,000.00 x R$ 2,1237) - (US$ 10,000.00 x R$ 2,1227) x 10%.
7) Pela atualização do valor da obrigação pelo adian-
tamento concedido pelo banco, referente à variação 9.4 Registros contábeis na data da liquidação da
cambial do período de 02 a 28.01.20X1 cambial pelo cliente
D - Variações Cambiais Passivas (Conta de Resultado)
Considerando que o cliente liquidou a cambial em
C - Adiantamento sobre Contrato de Câmbio
(Passivo Circulante) R$ 62,00*
09.03.20X1, temos os seguintes lançamentos:
(*) R$ 2,1219 - R$ 2,1157 x US$ 10,000.00.
14) Pela apropriação do saldo dos juros sobre o adian-
8) Pela transferência do valor do adiantamento da tamento
conta do Passivo Circulante para a conta redutora
D-D
 espesas Financeiras - Juros (Conta de Resultado)
do Ativo Circulante (na condição de conta redutora)
C-D
 espesas Antecipadas - Juros sobre Adiantamento
D - Adiantamento sobre Contrato de Câmbio sobre Cambial Entregue (Ativo Circulante) R$ 591,18*
(Passivo Circulante) (*) R$ 880,13 + R$ 203,70 ÷ 66 x 36 dias (01.02 a 09.03.20X1).
C - Adiantamento sobre Cambial Entregue
(Ativo Circulante) R$ 21.219,00* Em seguida, efetua-se o registro da Variação Cambial
(*) R$ 21.157,00 + R$ 62,00. Ativa de Clientes no Exterior e da Comissão a Pagar, como
9) Pela transferência dos juros antecipados da conta já vimos no exemplo anterior, e da Variação Passiva do ACE,
redutora do Passivo Circulante para a conta de Des- conforme segue:
pesas Antecipadas do Ativo Circulante
15) Pela variação cambial ocorrida no período de 1º.02
D - Despesas Antecipadas - Juros sobre Adiantamento
sobre Cambial Entregue (Ativo Circulante) a 09.03.20X1
C - Juros a Transcorrer (Passivo Circulante) R$ 880,13 D - Variações Cambiais Passivas (Conta de Resultado)

10) Pela cobrança da complementação dos juros relativos C - Adiantamento sobre Cambial Entregue (Ativo Circulante) R$ 86,00*

aos 12 dias do aumento do prazo da liquidação da (*) R$ 2,1315 - R$ 2,1229 x US$ 10,000.00.
cambial:
16) Pela atualização cambial da comissão a pagar
D - Despesas Antecipadas - Juros sobre Adiantamento
sobre Cambial Entregue (Ativo Circulante) D - Variações Cambiais Passivas (Conta de Resultado)
C - Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) R$ 203,70* C - Comissões a Pagar (Passivo Circulante) R$ 8,60*
(*) R$ 21.219,00 x 0,08% x 12 dias (16 a 28.01.20X1). (*) (US$ 10,000.00 x R$ 2,1323) - (US$ 10,000.00 x R$ 2,1237) x 10%.

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17) Pela liquidação do título com a baixa do crédito em estrangeira para realizar o pagamento), sendo feito o
aberto, conforme aviso bancário de recebimento seguinte lançamento:
D - Adiantamento sobre Cambial Entregue (Ativo Circulante)
18) Pelo pagamento da comissão devida ao agente de
C - Clientes no Exterior (Ativo Circulante) R$ 21.315,00* vendas no exterior
(*) R$ 21.157,00 + R$ 62,00 + R$ 10,00 + R$ 86,00.
D - Comissões a Pagar (Passivo Circulante)
Admitimos que, para a liquidação da comissão do C - Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) R$ 2.132,30*
agente no exterior, o seu pagamento se dê pela utilização (*) R$ 2.120,50 + R$ 2,20 + R$ 1,00 + R$ 8,60.
da modalidade “conta a remeter” (o exportador providen-
ciará, após o recebimento do cliente, a compra de moeda ◙

37-10 TC Manual de Procedimentos - Set/2022 - Fascículo 37 - Boletim IOB

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