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AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE XXXXXXXX-XX

Contrato de locação com opção de compra –


Inadimplência - Retomada veículo pelas próprias
forças enquanto era usado pela locatária autora -
Exercício arbitrário das próprias razões - Ato ilícito
que configura dano moral indenizável nos termos
dos arts. 186 e 927, CC - Abalo significativo –
sensação de perda do único bem - Dano moral –
indenização de 20 salários mínimos.

Maria Autora, brasileira, estado civil, profissão, portadora do RG nº


00.000.000-00, e do CPF sob nº 000.000.000-00, telefone, residente no
Endereço, Cidade/Estado. Nos termos dos artigos 186 e 927 do Código Civil,
vem respeitosamente propor

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


contra Empresa Grande Exemplo, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ sob nª 0000.0000-0000/00001, com endereço na Rua Teste
Administrativa, 000, Jd Testando, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos:

Do Fato e do Direito

No dia 28/04/2021, por volta das 11h30m, a requerente estacionou seu veículo
Ford/Ecosport XLS, ano 2007/2007, Placas XXXXXX, no supermercado e ali efetuou suas
compras. Quando retornou ao seu carro para guardar o que havia comprado foi
surpreendida ao não encontrar a Ecosport no local estacionado, conforme boletim de
ocorrência anexo.

Ao sentir falta do veículo, a requerente acionou a polícia militar para atender a ocorrência.
Algum tempo depois o carro foi encontrado na posse dos Srs. Fulano e Siclano, que se
identificaram como “recuperadores de veículos” da loja xxxxxxx.

Utilizando-se de meios próprios retiraram o carro do local


estacionado, sem autorização da requerente ou qualquer decisão
judicial, sob a alegação de que a requerente não havia pago as parcelas
do financiamento.

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Em 14 de novembro de 2019 a autora firmou contrato de locação de automóvel de prazo
determinado com opção de compra junto com a ré, pertencente ao Grupo xxxxxxx Veículos.

Passando por inúmeras dificuldades financeiras, seja por ter perdido recentemente o
marido (arrimo de família), seja por conta da situação de pandemia, sem receber os
benefícios por morte de seu marido, deixou de adimplir poucas parcelas do contrato de
locação.

Com a devida vênia, ainda que comprovada a inadimplência, esse não seria o meio mais
adequado para reaver o veículo, configurando total abuso.

Soube após o ocorrido que a requerida já havia distribuído ação de


reintegração de posse do veículo mencionado contra a requerente, cinco dias "Diante do

antes do ocorrido, exatamente em 23/04/2021 – Processo nº medo, se

xxxxxxxxxxxxxxxxxx, sendo desnecessária e descabida a atitude da requerida.


sentindo

Diante do medo de que a qualquer momento “alguém poderia levar seu carro” ameaçada, a

pelo fato de atrasar algum pagamento, se sentindo ameaçada e muito


requerente

abalada emocionalmente, a requerente decidiu, por bem, devolver o carro à


requerida, conforme documento anexo. decidiu

devolver o

Face a situação narrada e os documentos que acompanham a inicial, não


restam dúvidas acerca do dever de indenizar, tendo em vista a prática do carro à

exercício arbitrário das próprias razões, conduta vedada pelo ordenamento requerida"
jurídico.

O Código Civil é bastante claro, os artigos 186 e 927 que garantem o ressarcimento pelos
abalos causados.

Nesse sentido, é entendimento da jurisprudência:

JURISPRU

NCIA

DIREITO CIVIL. CONTRATO PARTICULAR DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA.


INADIMPLEMENTO. RETOMADA DO IMÓVEL. RETIRADA DOS BENS MÓVEIS.
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. DANO MORAL. CONFIGURADO.
VALOR. I. A retomada de imóvel residencial objeto de promessa de compra e
venda e a retirada dos bens que lá se encontram sem o consentimento da
promitente compradora ou autorização judicial, ainda que comprovada a
inadimplência, configura exercício arbitrário das próprias razões, conduta vedada
pelo ordenamento jurídico. II. Caracteriza dano moral a lesão que atinge um dos
direitos de personalidade da vítima, como o direito à integridade psíquica e
moral. III. O valor da indenização por danos morais deve ser determinado por
critérios de proporcionalidade e razoabilidade, observando-se as condições
econômicas das partes envolvidas, a natureza e a extensão do dano. IV. Deu-se
provimento ao recurso da autora. Negou-se provimento ao recurso do réu.

(TJ-DF - APC: 20100110603176, Relator: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, Data de


Julgamento: 20/05/2015, 6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE :
02/06/2015 . Pág.: 324)

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Ante o ocorrido, é evidente que a conduta da requerida gerou dano moral, não podendo ser
qualificada como mero aborrecimento, não sendo preciso muito esforço para identificá-lo,
uma vez que que a requerente se sujeitou a uma grave situação de humilhação.

Logo de início a requerente sentindo-se violada em seu direito, achou que se tratava de um
furto e logo foi tomar satisfações com o gerente do estabelecimento que prontamente a
atendeu dando as necessárias informações e registrando a ocorrência como qualquer fato
ocorrido num estabelecimento comercial privado.

Tal situação, como dito, gerou grande abalo moral na autora que se via
perseguida todos os dias que se passaram após recuperar seu veículo
que somente foi devolvido após chamada uma viatura policial e
encaminhado todos para delegacia de polícia mais próxima.

Sem alternativa, para aliviar as tensões, além da composição amigável


do débito, a requerente concordou que a melhor solução era a
devolução do veículo.

Dos Pedidos

Diante de todo o exposto, requer a este r. Juízo:

a) Citação da requerida, para que querendo, apresente defesa nos termos do CPC,
sob pena de revelia e confissão, bem como comparecer em audiência de conciliação a
ser designada por esse r. Juízo, conforme artigo 334 e seguintes do CPC;

b) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos moldes do artigo 5º, LXXIV CF e
art. 98 e seguintes do CPC;

c) Seja julgado procedente o pedido para a efetiva condenação da ré ao pagamento de


indenização a título de dano moral no valor correspondente a 20 (vinte) salários
mínimos;

d) Requer ainda a condenação da requerida ao pagamento das custas e despesas


processuais, além de honorários em 20% (vinte por cento) nos moldes do artigo 85,
CPC;

e) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente prova documental e testemunhal.

f) Nos termos do art. 319, VII do CPC, a requerente não se opõe a audiência de
tentativa de conciliação.

g) Requer, por fim, que todas as intimações e publicações sejam feitas em nome dos
patronos infra-assinados, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$22.000,00.

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São José dos Campos, 29 de julho de 2022.

Luiz Fernando Faria de Souza


OAB/SP 160.818

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