“Nem sempre quem tem caráter tem boa reputação e nem sempre quem
tem boa reputação tem caráter” - Mário Soares
Desde sempre que oiço falarem de política associada a corrupção ou ao estado miserável do país. Raros são aqueles que celebram o poder de voto, a democracia e procuram saber mais acerca de Portugal além do que lhes é apresentado nas notícias. Acredito que a curiosidade e o interesse nos tornam pessoas mais cultas e mais inteligentes. Assim, foi com naturalidade que quis participar no assunto, fazendo perguntas acerca do sistema e debatendo os meus pontos de vista. A política enquanto conceito não me encantou, porém, a possibilidade de mudança e a inovação que esta traz rapidamente me cativou. A União Europeia é uma instituição que não se encontra tão distante como pensamos, no nosso dia a dia e influenciando a nossa qualidade de vida. Pelo contrário, esta encontra-se presente constantemente, por exemplo, quando pagamos algo utilizando o Euro ou a segurança que garante aos cidadãos europeus. Desde a política ambiental até aos projetos de reformas no ensino, senti-me rodeada de estímulos e impulsos, como se estes grandes projetos dessem um sentido às minhas pequenas grandes ideias. O sentimento de união e de proximidade que temos oportunidade de ter, sempre me disse ao ouvido que eu poderia dar a volta ao mundo, mas iria acabar aqui, perto de onde comecei. Nunca soube o que queria fazer para o resto da minha vida até passar dias a ler todos os sites que a União Europeia tem. Queria saber mais, tinha a necessidade de conhecer o meio onde estava. Assim nasceu um sonho, dentro do ecrã do meu computador encontrei o que nem sabia que procurava: eu quero trabalhar para a União Europeia! Apenas recentemente este sonho se tornou mais específico. Quando conto a alguém que quero trabalhar no departamento de Educação da União Europeia dizem-me que é algo muito distante e difícil, porém nunca assim o considerei. O facto de ser-me possível acordar diariamente e ir para a escola demonstra-me que eu tenho um privilégio, reconheço-o, quando for para a faculdade poderei candidatar me ao programa Erasmus, o que reforça o sentido desse privilégio. Muitos outros não poderão fazer das minhas palavras as deles e por isso sou extremamente grata. A União Europeia permitiu-me ver além do meu país, da minha cultura pois nunca estive isolada, em vez disso rodei-me de novos idiomas, novas paisagens e novas pessoas. O meu país nunca me desapontou no estrangeiro, acerca de Portugal apenas ouvi rosas e não espinhos. Não só o seu atual propósito de manter a Europa unida e interligada, mas também a paz e estabilidade que sempre motivaram esta instituição, são os mesmos valores que me movem. A independência de Portugal ou de qualquer outro país nunca foi posta em causa, somente se visa o estabelecimento de medidas que melhoram as nossas vidas, dos cidadãos europeus, mesmo que nem sempre sejam alcançadas. Eu pergunto-me o quão diferente seria a minha vida se estivesse de fora, com um olhar alheio a esta nossa bolha, e a única certeza que tenho é que em termos económicos seria mais débil e em termos culturais seria muito mais ignorante. O meu crescimento foi acompanhado pelos valores que queriam ser passados, foi uma evolução conjunta, posso dizer que aprendi muito e valorizo todos os privilégios que advieram da entrada do meu país nesta aliança. Um dia, quem sabe, o meu sonho possa sair do ecrã e eu possa fazer a diferença e ajudar a moldar a vida de tantos outros como a minha o foi, através da multiculturalidade, aceitação, desejar o bem ao próximo entre muitos outros.