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4 Episdédios emocionais como interagGes entre operantes e respondente SR ge CROC ASSUNTOS DO CAPITULO > Compreensio analitico-comportamental das emogoes. Miltiplas fungdes de estimulos. > > Ocuidado na aplicagao de termos subjetivos, tais como ansiedade. > Anilise do comportamento complexo chamado ansiedade. E comum a concepgio de que 0 comporta~ mento é causado por aquilo que ocorre den- uo da pele de uma pessoa (Skinner, 1953). As emogées costumam ser bons exemplos de causas internas do comportamento, ¢ afirma- ges como “eles brigaram porque estavam com raiva” ou “cu nao consigo falar em pibli- co porque fico ansioso” sio comumente ob- servadas na sociedade atual. Deacordo com Skinner (1974), 0 Beha- viorismo Radical postula que a natureza da quilo que ocorre den- Apesardenio ser tro da pele nio difere vista como“causa", de qualquer compor- a emopao nfo 6 meoetiob tamento _ observavel andlise do comporta- _e, por isso, considera monto, Ao contr 6 compreendida enquanto "fenémeno complexe". ® que a emogio nado deve ter status causal De qualquer forma, apesar de nao ser vis- ta como “caus a emocio nio é negligencia- da pela Andlise do Comportamento. Ao con- trdrio, € compreendida enquanto fendmeno complexo, a partir dos pressupostos dessa ci- éncia. Para compreender a emosio do ponto de vista da Andlise do Comportamento, é im- portante identificar a interagio entre com- portamento respondente € operante, ¢, por isso, uma breve definigio de conceitos rela- cionados a estes se faz necessétia.! O comportamento respondente refere- se a uma rclagio entre organismo ¢ ambien te, denominada “reflexo”, na qual a apresen- tasio de um estimulo clicia uma resposta Neste, a resposta é controlada exclusivamente pelo estimulo antecedente, eliciador, ou seja, uma vez que o estimulo é apresentado, a res- posta ocorrerd. Essa relagdo pode ser incondi- cional (inata) ou condicional, produto de condicionamento respondente. Jéo comportamento operante refere-se a uma relagio entre organismo ¢ ambiente na qual a emissio de uma resposta produz uma alteracéo no ambiente (consequéncia), a qual, por sua ver, altera a probabilidade furura de ocorréncia de respostas da mesma classe fun- cional. A consequéncia de uma resposta que aumenta a probabilidade fatura de respostas da mesma classe € chamada de estimulo re- forcador O reforgamento de uma resposta cos- tuma ocorrer na presenga de determinados estimulos — que pertencem a uma classe de estimulos antecedentes especifica ~ ¢ nfo em sua auséncia, Esse reforsamento diferencial das respostas sob controle de estimulos ante- cedentes € denominado treino discriminati- vo e faz com que, futuramente, estimulos dessa classe de estimulos antecedentes pas- sem a evocar respostas funcionalmente se- melhantes iquelas que foram reforcadas em sua presenga, Situagées frente as quais as res- postas foram contingentemente reforsadas passam, entio, a exercer controle discrimi- nativo, evocando respostas funcionalmente semelhantes aquelas que foram reforsadas em sua presenga. Segundo Todorov (1985), essa relagio de dependéncia entre a situagéo em que a res- posta é emitida, a resposta e a consequéncia chamada de triplice contingéncia, Um esti- mulo antecedente teria, entio, trés fungées: discriminativa, evocando respostas reforsadas em sua presenga; reforcadora condicionada, aumentando a probabilidade futura de res- SA $1 41 Clinica analitico-comportamental postas que o antece- dem; ¢ eliciadora, em uma relagio respon dente, uma vez que, conforme —afirmam Darwich ¢ Tourinho (2005), 0 reforga- mento de uma res- posta na presenca de Um evento que ‘tornou-se discri- rminativo em uma relagdo operante discriminada possi- velmente adquiriu ccaracteristicas que 0 possibiltam exercer fungaa de reforgador condicionado para uma outra classe um estimulo nao sé. ee Lesncreas a o anteceda, bem © faz adquirir funsio Samodeelciador discriminativa como também a de elicia- dor condicionado das alteragdes corpo- rais produzidas incondicionalmente pelo esti- mulo reforsador. Também, a resposta respon- dente cliciada pelo estimulo consequente pode tornar-se estimulo discriminativo para a classe de respostas operante, por acompanhar contingentemente 0 estimulo reforsador, conforme sugere Tourinho (1997) © esquema a seguir, proposto por Da- rwich e Tourinho (2005), pode ilustrar essas relagdes (Figura 4.1). De acordo com Miguel (2000), ha, também, eventos que aumentam momenta- neamente a efetividade reforgadora de esti- mulos, bem como a probabilidade de ocor- réncia de todas as respostas reforgadas por es- ccondicionado para algumas relagées respondentes.. ——— _ 281 —— Scons ry SE2 | set SEI p——SEl__, ao $2 SA: estimulo antecedente & resposta operante; R1: resposta operante; SCons: estimulo consequente a resposta operante; SE1: estimulo eliciador incondicional ou condicional; R2: respostas fisiolégicas respondentes; $°1; estimulo discriminative presente no ambiente externo; SE2: estimulo eliciador condicional; $°2: estimulo discriminativo presente no ambiente interno FIGURA 4.1 Inter-relagées antre processos respondentes e operantes. Fonte, Adaptado da Darwich Torino 2005), 42 Borges, Cassas & Cols. ses estimulos. ‘Tais eventos sio chamados de operagses estabelecedoras. Por outro lado, os eventos que diminuem momentaneamente a efetividade reforsadora de um estimulo ¢ a probabilidade de ocorréncia de respostas re- forcadas na presenga desses sio chamados de operagSes abolidoras (Laraway, Snycerski, Michael e Poling, 2003). As informasées supracitadas parecem indicar que olhar para os comportamentos respondente e operante separadamente teria um carter principalmente didatico, uma vez que um evento ambiental antecedente pode evocar respostas reforgadas em sua presenga (Fansao discriminativa ou evocativa), alterar a efetividade momentinea de um estimulo (Fungo estabelecedora) e, a0 mesmo tempo, cliciar respostas reflexas. Da mesma forma, um estimulo consequente, além de alterar a probabilidade furura de uma classe de respos- tas, pode passar a tet fungio de estimulo eli- ciador condicional em uma outra relagéo, respondente. A resposta respondente (priva- da) cliciada por esse estimulo pode, tam- bém, tornarse um estimulo discrimina- tivo privado para a classe de respostas te forsada_por aquele estimulo consequen- te, Analisar um fend meno complexo, como a emogio, envolveria, entio, olhar para essas miltiplas fungées dos estimulos em conjunto, alterando a relagio organismo-ambiente como um todo. ‘Analisar um fendme. no complexo, como a ‘emagéo, envolveria, ‘entéo, olhar para ‘ossas miltiplas fungées dos osti- ‘mules em conjunto, alterando a relagéo ‘organismo-ambiente ‘como um todo, > EMOCAO E ANALISE DO COMPORTAMENTO Para a Andlise do Comportamento, a emosao rio se refere a um estado do organismo ¢ sim a uma alteragio na predisposigao para ago (Skinner, 1953; Holland ¢ Skinner, 1961), ou seja, a uma altera- so na probabilidade de uma classe de res- postas sob controle de uma classe de esti- mulos. Um estimulo, antecedente ou con- sequente, também clicia respostas responden- tes. As respostas respondentes presentes em uma emogio sio aquelas dos mtisculos lisos e glindulas, afirma Skinner (1953). Portanto, © episédio emocional? refere-se & relagio en- tre eventos ambientais ¢ todas as alteragées em um conjunto amplo de diferentes classes de respostas, nao sendo redutivel a uma inica classe de respostas ou atribuivel a um tinico conjunto de operasées. Como exemplo, suponha-se que uma pessoa perdeu um jogo em fungio de um erro do juiz. Hla diré que “est com raiva’. Do ponto de vista de um analista do comporta- ‘mento, isso possivelmente significa que Emogio refere-se ‘arelagdes em que hé alteragoes em tum conjunto amplo cde comportamentos ‘ede operagdes ambientais, 1. respostas que produzam dano 20 outro, como xingas, reclamar, gritar ¢ socar terso sua probabilidade aumentada; 2. respostas reflexas, como aumento dos bati- mentos cardiacos, enrubescimento, o ofe- gar serio eliciadas pela punisio/extingio caracteristica da condigéo da perda do jogos 3. a efetividade reforcadora de outros est- mutos, como a presenga da familia, pode- 14 diminuir, ¢ a pessoa poderé relatar que “precisa ficar sozinha’. A raiva, entéo, nao seria somente 0 que a pessoa sente, mas toda esta alterago no re- pertério toral do individuo Essa situagio pode ser ilustrada como mostra a Figura 4.2 a seguir. Skinner (1953) sugete que algumas emo- .g8es, como “simpatia” e “embarago”, envolvem alteragio somente em parte do repertério de um organismo, enquanto outras, como “raiva” Perda do opo/injust para emissao oor R agressao. OE Para efetividade do dano ao outro enquanto SR+. Clinica analitico-comportamental = 43 R Condicional Taquicardia, enrubescer, ofegar. R SRt Xingar, reclamar, eee gritar, socar: OA Para efetividade de ‘outros S, como contato com a familia, como SR+ Y TODA ESTA RELACAO = EPISODIO EMOCIONAL DENOMINADO RAIVA FIGURA 42 Representacdo de interrelagdo entre processos respondentes e operant rum exempl de raiva ¢ “ansiedade’, alteram-no totalmente, Entre- tanto, sugere que esses rermos cotidianos de- vyem ser usados com parciménia, pois po- dem mascarar o fend- meno que deveria ser considerado em um Aaplicagao de ‘ermos como *simpatia’, “em: barago”, “raiva”, “ansiedade”, etc. dover ser usados com parciménia em uma andlise, is podem mascarar fendmeno que dovoria sor conside- rado, uma ver que 0 mesmo nome pode sor usado sob con- ‘role de diferentes contingéncias. cpisédio emocional, uma vez que 0 mes- mo nome pode ser usado sob controle de diferentes contingén- cias. Além disso, con- digdes corporais fisio- logicamente iguais es- tio presentes. em diferentes episédios emocionais, o que as torna insuficientes para caracterizé-los. Por exemplo, “raiva’ poderia ser usado tanto por uma pessoa que no consegue escrever uma carta por nao ter caneta quanto por outra que © termo sofeu intimeras pu- nigdes no trabalho e interage de forma agressiva com esposa e filhos ao chegar em casa. No entanto, es- sas sio relagies dife- rentes; agrupé-las sob © mesmo nome pode fazer com que as des- Condigdes corporais fisiologicamente emogées, o que as ‘toma insuficientes para caracte- rizar episodios ‘emocionais, A omogio deve ser analisada em ctig6es nfo cortes- ” vam as. contin. \2rmosde lag Pondam 4s contin: entre organismo géncias. e ambiente © no se restringir as condigées corporais momentaneas. Com relagio a isso, Darwich e Tou- rinho (2005) suge- rem que a definigio ou nomeagio de um episédio emocional de- veria ser produto nao sé da discriminagio das condigées corporais. momentineas_ como também da relagio de contingéncia entre os AA sorges, Cassas & Cols. estimulos (piblicos e privados) e as respostas, isto é, da predisposisio para asio. De qualquer forma, os episédios emo- cionais que implicam o repertério comporta- mental geral, nos quais as condigées ambien- «ais alteram 0 organismo como um todo de tal forma que hé uma interagéo entre o com- portamento operante e respondente, referem- -se a um episédio emocional descrito como “emogio total” (Skinner, 1953, p. 166). Ge- ralmente, essas sio as emocées que aparecem como queixa clinica, ¢, por isso, parece im- portante ao clinico analitico-comportamental saber analisar essas contingéncias de forma a identificar toda a alterasio. comportamental presente em um episédio emocional. ‘A “ansiedade” é um exemplo de episé dio emocional que implica todo o repertério comportamental e, por isso, ser4 discutida a seguir.’ > ANSIEDADE Na Anilise do Comportamento, 0 termo an. siedade se refere a um episédio emocional no qual hd interagao entre comportamento ope- rante e respondente Zamignani e Banaco (2005) afirmam que © episédio emocio- nal denominado an- siedade refere-se no Otermo ansiodade serefere a um no qual ha interagao entre comporta- mento operante & respondents 86 respostas respon- dentes de taquicardia, sudorese, alteragio na pressio sanguinea, etc., cliciadas por estimu- los condicionais, como também a respostas operantes de fuga e esquiva de estimulos aver sivos condicionados ¢ incondicionados, ¢ a uma interagio dessas contingéncias respon- dentes e de faga/esquiva com outro compor- tamento operante que poderia estar ocorren- do no momento em que se apresenta o est- mulo aversivo/condicional. Sugere-se_ que, quando sua emissio ¢ posstvel, as respostas de faga ¢ esquiva aumentam de probabilidade e, quando nao 0 é, 0 efeito do estimulo condi- ional cessa a emissio de outras respostas ope- rantes. Esse tiltimo caso se refere & “supressio condicionada’, proposta inicialmente por Es- tes ¢ Skinner (1941). No estudo desses auco- res, ratos privados de alimento foram ex- postos a uma condi- io operante na qual respostas de pressio & barra foram conse- Na ansiedade, quando sua emisso 6 possivel,respostas de fuga e esquiva ‘aumentam de pra- babilidade e, quando nao 0 é, 0 efeito do ‘stimulo condicional cessa a emissio de ‘outras respostas ‘operantes. quenciadas com ali- mento em esquema de reforsamento in- termitente (intervalo fixo). Paralelamente, choques_inescapaveis eam antecipados por um som, desligado si- multaneamente 4 apresentagio do choque Inicialmente, observou-se que as apresenta- ges do som e/ou do choque néo alteraram 0 padrao operante, mas, apés sucessivas exposi- ges, a taxa de respostas durante a apresenta~ 40 do som foi reduizida e, apds 0 choque, au mentada, Os dados iniciais indicaram que tanto 0 som quanto 0 choque, isoladamente, nao afe- raram a frequéncia de respostas de pressio & barra (desempenho operante) mantidas por alimento. Com 0 passar do tempo, o estimulo aversivo condicional = a sinalizagio do choque (e nio 0 esti- mulo aversivo incon- dicional ~ 0 choque) foi capaz de afetar 0 desempenho operan- te mantido por refor- samento pasitivo, de- monstrando como o desempenho operante pode ser comprometido pela apresentagio de um estimulo aversive condicionado, © cho- que, em uma relagéo respondente, elicia inti- metas respostas incondicionais. A partir do Um desempenho ‘operante podo sor comprometido pela apresentagao de um ‘stimula aversivo condicional. Assim, respondente- -operante condicionamento respondente entre som ¢ choque, © som se tornou um estimulo condi- cional, sendo capaz de eliciar respostas condi- cionais que possivelmente interferiram no de- sempenho operante. se paradigma parece destacar aquilo que ¢ importante na compreensio de um epi- s6dio emocional: a interasio entre 0 compor~ tamento respondente © 0 comportamento operante, uma vez que demonstra experi- mentalmente o fato de que um estimulo (no aso, © som), 20 mesmo tempo, elicia respos- tas respondentes ¢ compromete o desempe- ho operante. Amorapanth, Nader ¢ LeDoux (1999) afirmam que a supressio do comportamento operante em vigor, apesar de ser considerada uma medida indireta de paralisagio (freezing) cliciada por estimulos condicionais (CS), po- deria ser produto também de outro processo comportamental. Para provar essa hipétese, submeteram ratos a0 procedimento clissico de supressio condicionada e, posteriormente, a uma lesio na regio Periaqueductal Gray (PAG) do cérebro.> Como resultado, esses autores identificaram que os animais subme- tidos somente ao condicionamento choque (US) ~ som (CS) apresentaram maior freezing € menor supressio do que aqueles submeti- dos também 4 lesdo na drea PAG. A partir desses resultados, Amorapanth, Nader ¢ Le- Doux (1999) sugeriram que processos distin- tos estariam envolvidos na cliciagéo de free- zing por estimulos condicionais ¢ na supres- so de respostas operantes. A pesquisa de Amorapanth, Nader ¢ LeDoux (1999) parece indicar que a apre- sentagio de um estimulo aversivo condicio- nal — no caso, 0 som — nfo 86 eliciaria res- postas respondentes como também alteraria a fetividade momentanea de reforgadores, Se isso, de fato, ocorre, é possivel que a apre- sentagio de um estimulo aversive condicio- nal também funcione como uma operagio abolidora,S aumentando as relages organis- Ciinica analitico-comportamental = 45 mo/ambiente a ser consideradas em um epi- sédio emocional. De qualquer forma, o paradigma da su- pressio condicionada parece indicar que, a0 se analisar um episédio emocional, nao se pode considerar somente respostas respon- dentes; hd outras al- teragbes no. desem- penho operante do organismo que de- vem ser considera- das na anilise Para ilustrar as relagdes aqui pro- postas, suponha que tuma pessoa diz ficar muito ansiosa para falar em publico ¢ que tem que apre- sentar um semindrio no trabalho no final do dia. Ela afirmaré Em alguns casos de queixa de ansiedade @ possivel verificar que: respostas que reduzam ou evitem ccontato com 0 cestimulo “ansiége- no" so evocadas; corre eliciagao de respostas respon- dontos @ ha uma alteragaono valor de estimulos apetitvos e/ou aversivos. Assim, a ansio- dade nao se trata daquilo que ocorre dentro da pele do sujeito, mas sim da relacao que envalve a situagao “ansiége na” e das alteragdes no repertério global gue, com pasar do tempo, sente-se cada ver mais ansio- sae que itia embora, se pudesse, Relata taquicardia, sudorese, res- piragdo ofegante ¢, na hora do almoso, diz que nao vai comer porque perdeu o apetite. Quando seus colegas vém conversar com ela e contar piadas, nao se diverte com a compa- nhia deles ¢ quer distancia de pessoas. Na hora do seminétio, gagueja, treme ¢ olha para baixo. Nesse episédio, pode-se supor que ocorram 1. uma alteragdo na predisposigdo para res- ponder ~ respostas que reduzam ou evi- tem contato com ptiblico terdo maior pro- babilidade de ocorréncia, enquanto res- postas que produzam aproximagio de pessoas tetio menor probabilidade de ocorréncia; 2. eliciago de respostas respondentes, suat, ofegar e ter taquicardia; AG borges, Cassas & Cols. 3. uma diminuisio na efetividade reforsado- ra de outros estimulos, como alimento € companhia dos amigos. Para um analista do comportamento, a ansiedade nio setia aquilo que ocorre dentzo da pele do sujeito, mas sim toda a relagéo que cenvolve tanto a situagio “ansidgena” quanto as alteragées no repertério do sujeito produ- zidas nesta situacio. A relacio exposta anteriormente pode set ilustrada como mostra a Figura 4.3 a se- guir. Em situagoes “ansidgenas”, observa-se, quando possivel, além do descrito anterior mente, maior incidéncia de respostas de fuga e/ou esquiva. Na fuga, a resposta ocorre sob controle de eliminar o estimulo aversivo (no S Condicional a OF — caso, a situacio sidgena’) e, na esqui- va, sob controle de , : ne 8 ostimul aversive adid-lo (ou evité-lo). no caso, a situa- Oestimulo que ante-_¢g0“ansidgens") cede a resposta de es-_8,na esquiva, sob controle do adia-o quiva € considerado {ou evité-lo},O estt= também um aversivo mule que antecede a condicional. resposta de esquiva Zamignani ¢ 6 considerado Banaco (2005) des- | @muamnumaversive tacam que um esti mulo pode tornar-se aversivo condicional nao sé via condicionamento directo com o cs- timulo aversivo incondicional. Isso seria pos- sivel também por meio de transferéncia de fangio de estimulos, por generalizagio de es- timulos e/ou via formacio de classes de estl- Na fuga, a respos- ta 6 emitida sob controle de eliminar R Condicional Empalidecer, suar, ofegar, ter taquicardia Passagem do sR. Par R r tempo, —P efetividade do Eaquiva do Panta = pro: “ . — _contato com do seminar couse) amiss outras pessoas, OA Para efetividade de outros S, como alimento ¢ piadas, como SR. oe SR. R Diminuigao de (pablico) Seer ao Othar para baixo. ‘contato com | enquanto SR- Pablico. $Condicionat ———> _¥ Condicional ‘TODA ESSA RELACAO = EPISODIO EMOCIONAL DENOMINADO ANSIEDADE FIGURA 4.3 Representagao de inter-ralagdes er te procass0s respondentes @ operantes num exemplo de ansiedade, mulos equivalentes. Também, — respostas do episédio emocio- nal podem passar a fazer parte de outras classes. de respostas (mantidas por aten- sao social, por exem- plo) e passarem a ser controladas pelos es- timulos que controlam estas outras classes. Assim, é preciso considerar toda a complexi- dade do episédio emocional quando a ideia for compreendé-lo. Um evento pode se ‘tornar um aversive condicional nao sé or pareamento com tum aversivo, mas também através de ‘ransforéncia de fun 40 de estimulos por generalizagao e/ou através de equiv lancia de estimulas. Na clinica Espera-se que o contetido apresentado te- nha deixado clara a complexidade do epi- sédio emocional, principaimente o fend- ‘meno popularmente conhecido como an- siedade. Geralmente, as emogées apare- com como queixa cair em erro ao consid ponto de vista respondente e programar intervengoes que alterem esse aspecto da emogao. Outro erro poderia ser optar por um tratamento exclusivamente medicamen- 1080 ~ 0 que, talvez, alteraria o padrao r pondente -, pois nao se ensinaria um de- sempenho operante de enfrentamento, nem aumentaria a efetividade de outros estimulos como reforgadores positives. Olhar para ansiedade ou qualquer ou- tra emogao como um fenémeno comporta- mental complexo envolve avaliar todas as alteracoes comportamentais envolvidas no epis6dio emocional e, com isso, programar intervengdes clinicas que modifiquem toda 2 relagao organismo-ambiente caracteristi- > NOTAS 1. O presente capfeulo no tem por objetivo aprofun- dar conceitos teéricas, Pata detinigdes e discusses Clinica analitico-comportamental 47 inais dealhadas sobre estes temas, veja os Capiculos 1¢ 2 deste livto e Skinner (1953) 2. Para um maior aprofundamento, sugere-se a leitura do Capitulo 3 3. O termo “epissdio emocional” seré aqui utilzado como sindnimo de emogio e refere-se & alteragio no repertério comportamental que envolve interagSes centre desempenho operante€ respondente 4, O presente capitulo nio tem por objetivo esgotar a discussio a respeto da ansiedade. Esta aparece aqui como um exemplo de possibilidade de andlise de «pisédio emocional. Para uma discussio mais por ‘menorizada do tema, veja Banaco (2001); Zamig- nani e Banaco (2005), 5. Lesbes na dtea PAG, de acordo com Amorapanth ¢ colaboradores (1999), costumam bloquear o freezing « manter outrasrespostas operantesinalteradas. 6. Essa é uma hipétese ainda incipiente levantada pelo presente capitulo. 114 necessidade de mais investi- ‘g¢6es experimentais para que sejaforcalecida > REFERENCIAS Amorapanth, B, Nader K, & LeDoux JE, (1999), Lesions of periqueductal gray dissociateconditioned freezing from conditioned supression behavior in rate, Learning Memory. 6(5), 491-499, Banaco, R.A. (2001). Alternativ ndo aversivas para tata siento de problemas de ansiedade. In M. L. Matinho, & V. E. Caballo (Orgs), Picologia cliniea e da satde (pp. 192- 212). Londrina: Atualidade Academica Catania, C. (1998). Aprendizagem: Comportamento lingua gem e cogigio, Porto Alegre: Aremed Darwich, R. A. 8¢Tourinho, B. Z. (2005). 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