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Manual de

Cálculo Diferencial em R(n)

Universidade Pedagógica
Departamento de Mátemática
Direitos de autor (copyright)
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de
reprodução,
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores.

Universidade Pedagógica
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Telefone: 21 – 306720
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Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado


em todo o processo.
Ficha Técnica

Autor: Vasco Cuambe

Revisor científico: Alberto Uamusse

Revisor da engenharia de Educação à Distância:Suzete Buque

Revisor do Desenho Instrucional: Suzete Buque

Maquetizador e Editor: Aurélio Armando Pires Ribeiro

Ilustrador: Vasco Cuambe


Universidade PedagógicaDepartamento de Mátemática i

Índice
Visão geral 7
Bem-vindo ao módulo de Cálculo Diferencial em R(n) ................................................... 7
Objectivos do curso .......................................................................................................... 7
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 8
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 8
Ícones de actividade .......................................................................................................... 9
Acerca dos ícones .......................................................................................... 9
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)............................................................................... 10
Avaliação ........................................................................................................................ 10

Unidade I 11
Espaços Métricose Topológicos ..................................................................................... 11
Introdução .............................................................................................................. 11

Lição n01 12
Espaços Métricos ............................................................................................................ 12
Introdução .............................................................................................................. 12
Espaços Métricos ................................................................................................... 12
Métrica ou função distância definida num conjunto. Espaço métrico . 13
Espaços Vectoriais ............................................................................... 15
Distância Em Espaços Euclidiano ....................................................... 16
Noções Métricas e Topológicas ........................................................... 19
Distância entre Conjuntos. Diâmetros ................................................. 19
Bolas Abertas e Fechadas .................................................................... 23
Sumário ........................................................................................................................... 27
Exercícios........................................................................................................................ 27

Lição n02 28
Subconjuntos particulares de Espaços métricos ............................................................. 28
Introdução .............................................................................................................. 28
Conjuntos abertos ................................................................................ 28
Proposição de separação de Haussdorff ............................................. 32
Conjuntos fechados.............................................................................. 33
Teoremas sobre conjuntos fechados: ................................................... 34
Vizinhança ........................................................................................... 36
Sucessões em espaços métricos ........................................................... 40
Sumário ........................................................................................................................... 51
Exercícios........................................................................................................................ 52

Lição n0 3 52
Espaços Topológicos ...................................................................................................... 53
Introdução .............................................................................................................. 53
ii Índice

Espaços de funções contínuas.............................................................. 54


Teorema do Ponto Fixo ....................................................................... 55
Espaços Compactos ............................................................................. 58
Propriedade da intersecção finita ......................................................... 61
Números de Lesbeque das Coberturas................................................. 63
Espaços conexos .................................................................................. 64
Conjuntos Convexos e Funções Convexas em Espaços Vectoriais .... 69
Transformações Lineares ..................................................................... 70
Produto dos Espaços Métricos ............................................................. 71
Produto de Espaços Normados ............................................................ 72
Sumário ........................................................................................................................... 74
Exercícios........................................................................................................................ 74
Chave de correcção ......................................................................................................... 75

Unidade II 76
Funções de Várias Variáveis........................................................................................... 76
Introdução .............................................................................................................. 76

Lição n0 4: 77
Funções de Várias Variáveis- Introdução ....................................................................... 77
Introdução .............................................................................................................. 77
Gráfico de uma função ........................................................................ 82
Curvas de Níveis .................................................................................. 82
sumário............................................................................................................................ 86
Exercicio ......................................................................................................................... 87
Chave de Correcção ........................................................................................................ 88

Lição n0 5: 92
Limites e continuidade de Funções ................................................................................. 92
Introdução .............................................................................................................. 92
Cálculo de Limites Envolvendo Algumas Indeterminações ................ 98
Continuidade de Funções................................................................... 100
Sumário ......................................................................................................................... 102
Exercícios...................................................................................................................... 103

Lição n0 6: 105
Derivação Parcial .......................................................................................................... 105
Introdução ............................................................................................................ 105
Interpretação Geométrica das Derivadas Parciais ............................. 111
Universidade PedagógicaDepartamento de Mátemática iii

Sumário ......................................................................................................................... 113


Exercícios...................................................................................................................... 114

Lição n0 7: 119
Derivadas Parciais de ordem Superior. Equação de Clairaut (ou teorema de Schwartz).119
Introdução ............................................................................................................ 119
Derivadas parciais da 2ª ordem ......................................................... 119
Sumário ........................................................................................................................ 123
Exercicio ...................................................................................................................... 124

Lição n0 8 127
Planos Tangentes, Aproximação Linear e Funções Diferenciáveis. ............................. 127
Introdução ............................................................................................................ 127
Planos Tangentes ............................................................................... 128
Aproximação linear ........................................................................... 129
Exemplo ............................................................................................. 130
Funções Diferenciais ......................................................................... 131
Diferenciais ........................................................................................ 132
Sumário ......................................................................................................................... 135
Exercicios...................................................................................................................... 136
Chave da Correcção ...................................................................................................... 138

Lição n0 9 140
Regra de Cadeia ............................................................................................................ 140
Introdução ............................................................................................................ 140
Regra de Cadeia ................................................................................. 140
Sumário ......................................................................................................................... 146
Exercícios...................................................................................................................... 147

Unidade III 151


Derivadas de Funções Implícitas .................................................................................. 151
Introdução ............................................................................................................ 151

Lição n0 10 152
Derivadas de funções Implícitas. .................................................................................. 152
Introdução ............................................................................................................ 152
Sumário ......................................................................................................................... 161

Unidade IV 163
Transformações. Campos Escalares e Vectoriais ......................................................... 163
Introdução ............................................................................................................ 163
iv Índice

Lição n011 164


Transformações. Campos escalares e Vectoriais. ......................................................... 164
Introdução ............................................................................................................ 164
Gradiente de uma função ................................................................... 165
Divergência ........................................................................................ 166
Rotacional .......................................................................................... 168
Laplaciano ......................................................................................... 171
Sumário ......................................................................................................................... 172
Exercícios...................................................................................................................... 172
Chave de Correcção ...................................................................................................... 173

Lição n012 174


Derivadas Direccionais ................................................................................................. 174
Introdução ............................................................................................................ 174
Derivada Direccional ......................................................................... 174
Maximização da Derivada Direcional ............................................... 178
Sumário ......................................................................................................................... 184
Exercícios...................................................................................................................... 184
Chave de Correcção ...................................................................................................... 186

Unidade V 187
Aplicações de Derivadas ............................................................................................... 187
Introdução ............................................................................................................ 187

Lição n013 188


Extremos de Funções de Várias Variáveis. .................................................................. 188
Introdução ............................................................................................................ 188
Valores Máximos e Mínimos de Uma Função de Duas Variáveis .... 189
Condição necessária e suficiente para existência dos extremos. ....... 190
Teste da 2ª derivada ........................................................................... 190
Extremos Condicionados ................................................................... 196
Multiplicadores de Lagrange ............................................................. 196
Sumário ......................................................................................................................... 202
Exercícios...................................................................................................................... 202

Lição n014 207


Aplicação de derivadas Parciais na Administração e Finanças. ................................... 207
Introdução ............................................................................................................ 207
Custo Marginal .................................................................................. 207
Superfície de Demanda ...................................................................... 209
Demanda Marginal ............................................................................ 209
Funções de Produção ......................................................................... 211
Produtividade Marginal ..................................................................... 211
Universidade PedagógicaDepartamento de Mátemática v

Rendimento em Escala ...................................................................... 212


Sumário ......................................................................................................................... 213
Exercícios...................................................................................................................... 213
Chave de correcção ....................................................................................................... 215

Referências Bibliográficas 216


Universidade PedagógicaDepartamento de Mátemática 7

Visão geral
Bem-vindo ao módulo de Cálculo
Diferencial em R(n)
O presente módulo de Cálculo diferencial em R(n) versa sobreconteúdos
ligados à matemática que tem como objectivo principal a formação específica
dos estudantes do curso de Licenciatura em Ensino de Matemática. Este
módulo foi projectado para fornecer uma compreensão construtiva e intuitiva
dos conceitos básicos sem sacrificar a precisão matemática. Assim, os
principais resultados são determinados cuidadosa e completamente, e sempre
que possível, as explicações são intuitivas ou geométricas,esperando-se que
com o presente módulo se tenha um passo para o alcance dos objectivos.

Neste módulo, estão incorporados aspectos ligados a Espaços topológicos, e


funções de várias variáveis onde se destacam os aspectos relacionados com a
determinação do domínio de existência de funções de duas ou três variáveis,
limites de funções, continuidade de funções e cálculo diferencial. Este módulo
está dividido em cinco unidades principais com um tempo de 64 horas
semestrais.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo do módulode cálculo diferencial em R(n) você será
capaz de:

 Definir e exemplificar espaços métricos, normados e


topológicos;
 Resolver problemas simples de aplicações da topologia;

Objectivos  Calcular os limites e derivadas de funções de várias


variáveis,
8 Visão geral

 Resolver os problemasinerentes ao cálculo diferencial, sua


aplicação na vida real;
 Estabelecer a ligação do cálculo diferencial com outras
ciências.

Quem deveria estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para todos aqueles que concluíram a 12ª classe ou
equivalente e bem como profissionais que queiram se especializar em áreas
afins e que -se tenham matriculados neste curso.

Como está estruturado este módulo


Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade
Pedagógicaencontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-


chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de


recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir livros,
artigos ou sites na internet.
Universidade PedagógicaDepartamento de Mátemática 9

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada unidade.
Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas,
assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no
final do módulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a
estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis
para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade
Acerca dos ícones
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de
aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com
uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretámos esse
significado para representar as várias actividades ao longo deste curso /
módulo.
10 Visão geral

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”

(excelência/
autenticidade)
Actividade Auto-avaliação Avaliação / Exemplo /
Teste Estudo de caso

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
grupo Tome Nota! Objectivos

“[Ajuda-me] deixa- Apoio /


“Nó da sabedoria”
me ajudar-te” encorajamento
Quanto
Leitura tempo?
Terminologia Dica

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


Os estudantes poderão resolver, obrigatoriamente, osexercios que se lhes são
apresentados no final de cada lição e apresentar uma ficha, contendo todas as
tarefas resolvidas. Em caso de dificuldades poderão consultarem o seu tutor a
partir da plataforma ou email a ser disponibilizado.

Avaliação
Para a avaliar o nível de assimilação da matéria, serão realizados trabalhos
individuais e colectivos, ao longo do semestre. Dois exames serão realizados: o
normal e o de recorrência somente para estudantes que tiverem admitido após a
realização de dois testes escritos, no mínimo.
Unidade IDepartamento de Mátemática 11

Unidade I
Espaços Métricose Topológicos
Introdução
Nesta unidade você vai aprender os conceitos fundamentais sobre a topologia
onde se destacam, espaços métricos, topológicos e normados.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Definir os conceitos, espaços métricos, subespaço métricos bem


como noções métricas e topológicas;

Objectivos  Operar com os subconjuntos particulares de espaços métricos;

 Definir e operar com as sucessões dos espaços métricos;

 Enunciar o teorema sobre o ponto fixo;

 Demonstrar o teorema do ponto fixo.


12 Lição n01

Lição n01
Espaços Métricos
Introdução
Caro estudante, esta é a lição nº 1 sobre o cálculo diferencial em R(n),
nela você vai aprender os conceitos fundamentais sobre os espaços
métricos onde se destaca a Métrica ou função distância definida num
conjunto. Esta lição poderá ser estudada em 2 horas, incluindo a
resolução deexercícios.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Definir os conceitos de espaço métrico;


 Aplicar os axiomas da métrica para resolver exercícios;

Objectivos  Resolver problemas sobre as operações básicas.

Espaços Métricos
Caro estudante, vamos começar o nosso estudo apresentando a definição do
conceito de limite e convergência.

1. limite e convergência

Geralmente o conceito de limite de uma função define-se do seguinte modo:

i) Seja S um subconjunto do conjunto dos números reais com o


número a seu ponto de acumulação e f uma função tal que transforma S em

R . Diz-se que l é um limite da função f no ponto a e escreve-


se: lim f  l se somente se
x a
Unidade IDepartamento de Mátemática 13

ii) Diz-se que uma sucessão de elementos de um conjunto

converge para o elemento , quando para n suficientemente grande, os

termos tornam-se arbitrariamente próximos de a, e escreve-se:

Do modo geral, diz-se que uma função f de S em R converge para o


limite l ao tender x para a, quando para valores de x suficientemente próximos

de a os valores de tornam-se arbitrariamente próximos de l, e escreve-se:

lim f  l
x a

Dados os dois elementos x e y , para se verificar qual deles está mais

próximo de a , o processo mais prático é a distância de cada um deles a a.


Para tal é necessário que no conjunto X tenha previamente definida a noção de
distância.

Quando assim acontece, o conjunto X deixa de ser um conjunto ordinário e


passa a constituir o denominado espaço métrico, que foi formulado no século
XX pelo matemático Maurice Frechet.

Métrica ou função distância definida num conjunto. Espaço métrico


Definição: Seja X um conjunto não vazio. Uma função d definida num
conjunto de pares ordenados de elementos pertencentes a X diz-se métrica ou

função distância, se para todos os x , y tem-se (os axiomas):

A1 : d ( x, y )  0 se x  y e d ( x, y )  0 se x  y

.
14 Lição n01

Dados dois pontos , chama-se distância entre eles ao número

real , isto é d1 ( x, y)  x  y

O axioma estabelece que a distância entre dois pontos é sempre positiva e


que a distância de um ponto a si próprio é igual a zero.

O axioma estabelece que a distância de um ponto x a um outro y, é igual a


distância do ponto y ao ponto x;

O axioma exprime que um lado de um triângulo não excede a soma dos


outros dois.

1. Consideremos a função designada métrica usual.


Facilmente se pode verificar que a aplicação d de R por R em

Exemplo R Satisfaz aos três axiomas da

métrica.

Resolução

A1: d ( x, y)  x  y  0 se x  y e d ( x, y )  0 se x  y

satisfaz aos três axiomas da métrica. Logo está provado que é


uma métrica.
Unidade IDepartamento de Mátemática 15

Caro estudante, já estão criadas as condições para que se possa definir o


conceito de espaço métrico.

Definição: designa-se por espaço métrico a um conjunto onde está definida


uma distância

O espaço métrico representa pares ordenados onde X é umconjunto e d


é uma distância definida em X

Em seguida apresentamos a definição do espaço vectorial

Espaços Vectoriais
Definição: Seja um conjunto X de elementos quaisquer e um corpo
comutativo k de elementos diz-se que o conjunto X é um espaço
vectorial sobre o corpo K, quando se verificam as seguintes condições:

i) Em X está definida uma adição que a cada par faz corresponder


um e um só elemento de K que se designa soma de x com y e se
representa por x  y  x, y   x  y  de forma que a operação

assim definida confere ao conjunto X a estrutura de grupo


comutativo.
ii) A cada par ( , x) corresponde um determinado elemento de x

designado por produto escalar de por x e representa-se por , de

forma para quaisquer x e y e tem-se :

1)

2)   x  y    x   y

3)

4)
16 Lição n01

Os elementos do conjunto X são vectores, e os do corpo K são escalares, e

é o espaço vectorial sobre o corpo R, então, podemos definir em o produto

interno que a cada par de vector e

pertencentes a faz corresponder um escalar real tal que

e temos assim o espaço vectorial


como produto interno.

Distância Em Espaços Euclidiano


Num espaço euclidiano a distância pode ser definida do seguinte modo:

Portanto, a distância é o módulo do vector que coincide com a

designada , onde .

A métrica definida por é designada por métrica euclidiana ou métrica

usual de .

Observando os elementos de uma métrica, pode se afirmar que obedecem a


padrões comuns, tendo como principais características as seguintes:

 Adição e a subtracção de elementos de cada métrica são efectuadas de


forma usual;
 Cada espaço contêm o elemento zero ou origem denotado por (0);
 Em cada espaço existe definida a noção de distância de um elemento

arbitrário, denotado geralmente por e designada norma, a qual


constitui a generalização do valor absoluto..

Caro estudante, apresentamos em seguida as condições que satisfazem a


norma. São as seguntes:

i)

ii)
Unidade IDepartamento de Mátemática 17

iii)

Portanto, cada métrica surge como a norma da diferença de dois elementos:

Para , a norma do vector x será e no


conjunto X, a distância entre dois elementos x e y é dada por:

Em geral, em cada espaço vectorial V com escalares reais ou complexos, é


possível definir-se a norma como sendo uma aplicação de V em R, verificando-
se os seguintes axiomas:

E o espaço que obedece a estas condições tem a designação de espaço


vectorial normado:

Definição:Um espaço vectorial diz-se normado se é constituído por umespaço


vectorial V e uma norma definida em V

Em seguida acompanhe os exemplos que se seguem


18 Lição n01

1. A classe de todas as funções contínuas definida no

intervalo é um espaço vectorial, pois a soma e o


Exemplo
produto por um escalar de funções contínuas são funções
contínuas. Neste espaço a norma de f é definida por:

Portanto, se , então,

2. No espaço , espaço vectorial das funções reais


limitadas definidas sobre V, a norma é definida por

com
Unidade IDepartamento de Mátemática 19

Espaços métricos isométricos

Definição: Dois espaços métricos e dizem-se isométricos

se existe uma função bijectiva f que se transforma em y que

preserva as distâncias, isto é, para todos os

Se apesar de preservar as distâncias, a aplicação for negativa,


então f denomina-se emersão isométrica de X em Y.

Noções Métricas e Topológicas


Em geral, denomina-se por noção métrica num conjunto X a toda noção que
se pode definir logicamente a partir da métrica de X. Com base na métrica

definida em podem estender-se os conceitos definidos para os espaços


métricos.

Distância entre Conjuntos. Diâmetros

Seja d uma métrica de um conjunto X. A distância entre um ponto e um

subconjunto não vazio denota-se e define-se por:

onde .

A distância entre dois subconjuntos não vazios A e B, denota-se e define-se

por: onde .

O diâmetro de um subconjunto não vazio A denota-se e define-se por :

com . Se portanto, finito, então A


diz-se limitado; caso contrário não é limitado.

Exemplos 1:

Seja a métrico discreta de um conjunto não vazio X. Então, para cada e

A, B temos:
20 Lição n01

1.1.2. Bolas abertas e fechadas

Definição: Dados espaços métricos onde , chama-se bola aberta

com centro em e raio , ao conjunto dos elementos que

verifiquem a condição de distar de , isto é, e denota-se por

Exemplo 1:

Em R, a bola aberta de centro em a e raio r, é um intervalo aberto:

Exemplo 2:

Em a bola aberta representa o intervalo de um circulo com raio r e


centro a:

com

Exemplo 3:

Em , a bola aberta com centro em a e raio r, representa o intervalo de uma


esfera, centrada em a e com o raio r.

Em não é possível dar qualquer interpretação geométrica e diz-se


geralmente que se tem uma hiper-esfera de centro em a e raio r.
Unidade IDepartamento de Mátemática 21

Para além das bolas, é possível também definirem-se intervalos n-

dimensionais, embora a partir de não seja possível representa-los


geometricamente.

Deste modo se e em que

de forma que para , chama-se intervalo n-

dimensional de extremidades e , representa-se por ao conjunto dos

pontos tais que

Definição: Dados espaços métricos , chama-se bola fechada, com

centro em a e raio r, ao conjunto dos elementos tais que e

denota-se

Exemplo 1:

Em R, a bola fechada representa um intervalo fechado.

Exemplo 2:

Em a bola fechada representa o intervalo de um disco.

com

Exemplo 3:

Em , a bola fechada representauma esfera.


22 Lição n01

Para que possa perceber a essência do que foi apresentado até agora, vamos
caro estudante apresentar duas actividades resolvidas

1. Mostre que em :

a) é uma métrica
b) é uma métrica

Resolução:

a) isto porque a raiz


quadrada de um número positivo é também positiva se ou

pois os quadrados de números simétricos são iguais

Seja uma métrica, então:

b) isto porque a o módulo de


qualquer número é sempre positivo se ou

pois os módulos de números simétricos são iguais

Seja uma métrica, então:


Unidade IDepartamento de Mátemática 23

Bolas Abertas e Fechadas

Definição: Dados espaços métricos onde , chama-se bola aberta

com centro em e raio , ao conjunto dos elementos que

verifiquem a condição de distar de , isto é, e denota-se por

Em seguida, apresentamos alguns exemplos. Acompanhe!

1. Em R, a bola aberta de centro em a e raio r, é um intervalo aberto:

.
Exemplo:

2. Em a bola aberta representa o interior de um círculo com raio r


e centro a:

com

3. Em , a bola aberta com centro em a e raio r, representa o interior de


uma esfera, centrada em a e com o raio r.

Em não é possível dar qualquer interpretação geométrica e diz-se geralmente


Nota!
que se tem uma híper- esfera de centro em a e com raio r.
24 Lição n01

Para além das bolas, é possível também definirem-se intervalos n-

dimensionais, embora a partir de não seja possível representá-los


geometricamente.

Deste modo se e em que

de forma que para , chama-se intervalo n-

dimensional de extremidades e , representa-se por ao conjunto dos

pontos tais que

Definição: Dados os espaços métricos , chama-se bola fechada, com

centro em a e raio r, ao conjunto dos elementos tais que e

denota-se

1. Em R, a bola fechada representa um intervalo fechado.

.
Exemplo

2. Em a bola fechada representa o intervalo de um disco.

com

3. Em , a bola fechada representauma esfera.

Caro estudante, para que possa fixar as ideias - chave, apresentamos em


seguida algumas actividades resolvidas.

Acompanhe!
Unidade IDepartamento de Mátemática 25

1. Mostre que em :

é uma métrica
Actividade resolvida
é uma métrica

Resolução:

isto porque a raiz quadrada


de um número positivo é também positiva se ou

pois os quadrados de números simétricos são iguais

Seja uma métrica, então:

isto porque o módulo de qualquer


número é sempre positivo se ou

pois os módulos de números simétricos são iguais

Seja uma métrica, então:


26 Lição n01

2. Seja e números reais tais que . Demonstre que a bola


aberta é um subconjunto da bola aberta .

Resolução:

HIPÓTESES: , bolas
abertas.

TESE:

Demonstração:

Segundo a sua definição, as duas bolas têm o mesmo centro.

Seja

Portanto

Sendo assim, c.q.d.

Percebeu os exercícios resolvidos ora apresentados? Caso não volte a


acompanhar os passos desenvolvidos. Após isso, resolva a actividade que
se segue.,

1. Seja d uma métrica de um conjunto não vazio X. Demonstre que uma


d ( a, b)
função definida por e  a, b   onde , também é uma
1  d ( a, b)
métrica de X.

2. Sejam e bolas abertas e seja . Demonstre que existe

uma bola aberta de centro p, tal que .


Unidade IDepartamento de Mátemática 27

Sumário
Nesta lição você aprendeu os conceitosde espaços métricos bem como as
propriedades fundamentais que definem uma métrica. Foi também abordada a
questão espaços normados e vectoriais.

Exercícios
1. Seja d uma métrica de um conjunto não vazio X. Demonstre

que a função c definida por

Auto-avaliação onde , também éuma métrica de X.

2. Deduza a desigualdade de Cauchy – Schwarz: dado um par de

pontos qualquer ,
tem-se:

3. Seja . Demonstre que é uma norma

de .

Chave da Corrção
Por serem exercícios de demonstrações não serão apresentadas as respectivas
correcções. Contudo, as ideias poderão ser retiradas dos teoremas e exemplos
ora apresentados.
28 Lição n02

Lição n02
Subconjuntos particulares de Espaços métricos
Introdução
Nesta lição você vai estudar os subconjuntos especiais de espaços métricos,
onde se destacam os conjuntos abertos e fechados com os seus respectivos
teoremas. Também serão abordados os conceitos de vizinhanças. Esta lição
poderá ser estudada em 4horas incluindo o tempo da resolução dos exercícios.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Definir os conjuntos abertos e fechados;


 Aplicar os conjuntos abertos e fechados na resolução de
exercícios;
Objectivos  Identificar os intervalos pertencentes a uma vizinhança de um
ponto.

Na lição anterior você estudoua generalidade sobre os espaços métricos e


topológicos.
A seguir caro estudante vamos apresentar os subconjuntos particulares dos
espaços métricos.

Conjuntos abertos

Definição: Um subconjunto A de um espaço métrico X, diz-se

conjunto aberto de X se para todo o , existe um número real positivo R

tal que .
Unidade IDepartamento de Mátemática 29

1. Em R, um conjunto singular B não é aberto. Qualquer intervalo limitado


com o centro no ponto contém os pontos não pertencentes a B.

Exemplo
Caro estudante, vamosapresentar em seguida alguns teoremas que se
apoiam da definição anterior

Teorema 1: Em qualquer espaço métrico X, o conjunto vazio e o espaço


inteiro X são conjuntos abertos.

Demonstração:

Para demonstrar que o conjunto vazio é um conjunto aberto, tem que se


demonstrar que cada ponto pertencente ao conjunto vazio é o centro de uma
bola aberta contida no vazio; mas como não existem pontos no vazio, a
condição é automaticamente verificada.

X é aberto, visto que toda a bola aberta com o centro num dos seus
pontos está contida em X

Veja o exemplo que segue

O conjunto não é aberto. Mas se considerarmos

, o espaço inteiro e pelo teorema 1, é um conjunto aberto.


Exemplo Aparentemente, temos um paradoxo que desaparece se se tiver em conta que
os pontos que não pertencem a um dado espaço métrico não têm qualquer
relevância nas questões relativas ou contextos desse espaço. O conjunto
considera-se aberto ou não somente em relação a um específico espaço
métrico que o contém, e nunca em relação a si próprio.

Teorema 2: Uma bola aberta em qualquer espaço métrico é um conjunto


aberto.
30 Lição n02

Demonstração:

Seja uma bola aberta em X e seja x um ponto desta bola x

. Consideremos uma bola aberta com o centro em x e contida em

Como , e

 Se Y é um ponto de tal que , então

, o que implica que

está contido inteiramente na bola aberta c.q.d.

Teorema 3: Um conjunto A subconjunto de um espaço métrico X é aberto se e


somente se for uma união de bolas abertas.

Demonstração:

 Suponhamos que A é aberto e mostremos que é uma união de bolas

abertas: se , então A é a união da classe vazia de bolas abertas. Se

, como A é aberto todo ponto é centro de uma bola aberta


inteiramente contida em A; assim, A é a união de todas as bolas abertas
nelas contidas.
 Agora, seja A a união de bolas abertas de uma classe G e mostremos

que A é aberto: se , então e pelo teorema A é aberto.

Suponhamos que é também não vazio. Seja o elemento

; como A é a união de bolas abertas em G, x pertence a uma bola

aberta com centro em e raio r na classe G e pelo teorema 2, x é o

centro de uma bola aberta e como


Unidade IDepartamento de Mátemática 31

também e temos uma bola aberta com centro em x e


contida em A. Portanto, o conjunto A é aberto c.q.d.

Teorema 4: Seja X um espaço métrico. Então

i) A união de qualquer família de subconjuntos abertos de X é um


conjunto aberto.
ii) A intersecção de um número finito de subconjuntos abertos de X é um
conjunto aberto.

Demonstração:

i) Seja uma colecção arbitrárias de conjuntos abertos em X.


Mostremos que:

1. Se , então, pelo teorema (1), A é aberto.

2. Se , então, pelo teorema (3), cada , sendo um conjunto aberto,


é uma união de bolas abertas, porém, A é a união de todas as bolas
abertas surgindo desta forma. Por uma nova aplicação do teorema (3),
A é aberto.

ii) Seja uma colecção arbitrárias de conjuntos abertos em X.


Mostremos que:

1. Se , a intersecção é igual ao vazio e pelo teorema (1), A é aberto.


32 Lição n02

2. Suponhamos que e seja . Como x pertence a todos os e

todo o é um conjunto aberto, existe um número real positivo tal

que , portanto

Tomando como mínimo entre todos os : , então

com e portanto,

. Como é um conjunto aberto com


centro em x e raio r contida em A, então A é aberto. c.q.d.

Proposição de separação de Haussdorff


Se a e b forem dois pontos distintos de um espaço métrico X, então existem
dois subconjuntos abertos e distintos que contêm a e b respectivamente.

Demonstração:

1) Seja a distância entre dois pontos. Consideremos as bolas

abertas com centro em a e b e raio .

2) Suponhamos que as bolas abertas consideradas têm um ponto comum

. Então

Usando a desigualdade triangular e

O que significa que - que é absurdo, e consequentemente x

não pertence as duas bolas comumente as bolas são disjuntas. c.q.d.


Unidade IDepartamento de Mátemática 33

Generalizando a proposição de Haussdorff: Todo o espaço métrico é um


espaço de Haussdor (goza da propriedade de separação de Haussdorff).

Caro estudante, os teoremas apresentados dizem respeito aos conjunto abertos.


Assim vamos em seguida, abordar os conjuntos fechados.

Continue acompanhado o texto!

Conjuntos fechados

Definição: Seja A um subconjunto de um espaço métrico . Diz-se que o

elemento é ponto de acumulaçãode A, se toda a bola aberta como

centro em x contém pelo menos um ponto de A diferente de x.

1. O subconjunto em R, tem como ponto de

acumulação , neste caso, o zero é o único ponto de acumulação. Note


Exemplos
que .

2. O intervalo tem como ponto de acumulação, todos os elementos de


zero a 1.

3. O conjunto dos números naturais N, não tem pontos de acumulação.

Ao conjunto de todos pontos de acumulação de A diz-se derivado de A e

representa-se por .
34 Lição n02

Definição: Um conjunto A subconjunto de um espaço métrico diz-se

fechado se ele contém todos os seus pontos de acumulação.

Assim, apresentamos também os teoremas fundamentais relacionados com os


conjuntos fechados. Continue acompanhar o texto!

Teoremas sobre conjuntos fechados:

Teorema 1: Em qualquer espaço métrico, o conjunto vazio e o próprio espaço


são conjuntos fechados.

Demonstração:

1) O conjunto vazio não tem pontos de acumulação, então não contradiz


a definição, e assim, é um conjunto fechado.
2) O espaço X contém todos os pontos, portanto, contém todos os pontos
de acumulação, por isso é um conjunto fechado. c.q.d.

Teorema 2: seja um espaço métrico. Um subconjunto A de X diz-se

fechado se somente se o seu complementar é aberto.

Demonstração:

1) Suponhamos que A é fechado e provemos que é aberto:

a) Se , pelo teorema (1) dos conjuntos abertos, é aberto.

b) Se , seja o elemento . Como A é fechado e ,

x não é um ponto de acumulação de A. E como e não é um


ponto de acumulação de A, existe uma bola aberta com centro em x

e raio r contida em : e dado que x é um ponto

qualquer de , então é aberto.

2) Suponhamos que é aberto e provemos que A é fechado: para que


A não seja fechado é necessário que exista pelo menos um ponto de
Unidade IDepartamento de Mátemática 35

acumulação em , o que não é possível dado que é aberto, e


por isso, todos os seus pontos são o centro de uma bola aberta que não
intercepta A. Esses pontos não podem ser pontos de acumulação, e
então A é fechado.

Teorema 3: Em qualquer espaço métrico toda a bola fechada é um


conjunto fechado.

Demonstração:

1) Seja . Pelo teorema (2) é suficiente mostrarmos que o seu


complementar é aberto, para provarmos que ele é fechado:

a) Se então ele é aberto e, se é aberto, então

é um conjunto fechado.

b) Se então, consideremos : Como

, temos número real positivo.

2) Consideremos como sendo o centro de uma bola aberta com o raio

: e mostremos que é aberto, provando assim que

a) Seja de tal forma que . Com base nisto


e na desigualdade triangular:

. Verifica-se que:

e isso por sua vez é menor que

, mas :
36 Lição n02

O que se conclui que é aberto,

dai que é fechado. c.q.d.

Teorema 4: Seja um espaço métrico, então: qualquer intersecção de


uma família finita de subconjuntos fechados é um subconjunto fechado.

Demonstração

Seja , uma família qualquer finita de subconjuntos fechados de X e


designemos por S a sua intersecção.

O complementar de S é:

e, portanto, é aberto e fechado. c.q.d.

Já estudou os conceitos relacionados com os subconjuntos abertos e fechados


bem como, os seus respectivos teoremas. Vamos em seguida fazer referência
ao conceito de vizinhança.

Vizinhança

Sendo c um número real e um número real positivo em R, chama-se

vizinhança de raio de c e representa-se por ao intervalo aberto

, isto é:

Se uma vizinhança, ou seja, uma dada vizinhança se excluir o ponto c, então a


vizinhança diz-se reduzida e representa-se por
Unidade IDepartamento de Mátemática 37

Em chama-se vizinhança de um ponto a qualquer


conjunto aberto que o contenha. Deste modo, qualquer bola aberta que

contenha a é uma vizinhança de a. Portanto, a vizinhança é o conjunto

dos pontos tais que

Definição: Seja A um subconjunto de um espaço métrico . Um ponto

diz-se ponto interior de A se existe uma vizinhança de x inteiramente


contido em A.

Se A é um subconjunto de , o ponto a diz-se interior de A quando existe


uma vizinhança de A inteiramente contida em A.

O conjunto de todos os pontos interiores a A chama-se interior de A e

designa-se por , assim:

O interior de um conjunto tem as seguintes propriedades básicas:

i) O é um subconjunto aberto de A que contém todo o subconjunto

aberto de A, ou seja, o é o maior conjunto aberto contido em


A.

ii) Um subconjunto A é aberto se somente se .

iii) O é a união de todos os subconjuntos abertos de A.

Definição: Seja A um subconjunto de e .O


ponto a diz-se ponto exterior ao conjunto A se a é interior ao complementar

de A, isto é, se a é .

A união de todos pontos exteriores a A chama-se exterior de A e representa-se

por .
38 Lição n02

Da definição resulta que e , portanto é um


conjunto aberto.

Definição: Sejam A um subconjunto qualquer de e a  a  a1 , a2 , , an  um

ponto de . Diz-se que o ponto a pertence a X é ponto fronteiro de A se a


não é interior nem exterior a A, isto é, se em cada vizinhança de a existe pelo
menos um ponto interior de A e um ponto exterior de A.

A união de todos os pontos fronteiros a A chama-se fronteira de A e

representa-se por .

Deste modo, o nosso espaço X pode ser representado como a união do interior,
do exterior e da fronteira de A:

onde vem que:

Esta reunião é aberta, o que significa que é

também aberto é fechado.

Definição: Sejam um conjunto qualquer e um ponto qualquer

a  a  a1 , a2 , , an  . Diz-se que o ponto é ponto aderente a A se

não é exterior a A, isto é, se a é interior ou fronteira ao conjunto A.

A união de todos os pontos aderentes a A chama-se aderência ou fecho de A e

representa-se por . Assim,

da definição resulta que:

i) A aderência de um conjunto é o complementar do seu exterior;


ii) Um conjunto é fechado se somente se coincide com a sua aderência

(fecho): .
Unidade IDepartamento de Mátemática 39

Definição: Um ponto x pertence a um conjunto A diz-se ponto isolado de


A se existe uma vizinhança de x que não contém nenhum ponto de A
diferentede x.

Então, todo o ponto aderente a um conjunto A ou é ponto de acumulação ou é


ponto isolado de A.

Em relação a

Em relação a

Caro estudante, a unidade sobre a topologia apresenta muita teoria,


contudo, se acompanhar com muita atenção poderá se aperceber que os
conceitos estão interligados; pelo que, a sua aprendizagem não oferece
muitas dificuldades.

Em seguida, passamos a apresentar uma base teórica sobre as sucessões


em espaços métricos.

Considere os seguintes conjuntos X  n . Determine o interior, a fronteira, o


exterior , o fecho e o derivado de X. Indique os pontos isolados de X. Diga se
X é aberto, fechado, limitado e conexo
Actividade
a) X  1,5  

Resolução:
int X  1,5  X  X não é aberto;

front X  1,5

ext X  ,1 5,  


X  1,5  X 

 pontos isolados  
Não é compacto e é conexo
40 Lição n02

 1 
b) X   x  x   n  N   1, 0  
 n 
Resolução

 int X  1,0  X  X não é aberto;


 1 
 frontX  1, 0  x  x   n  N  
 n 
 1 
 X  1, 0  x  x   n  N  
 n 

 pontos isolados   x  x   n  N  
1

 n 
 X   1,0
 X  X  X não é fechado
 X é limitado, não compacto newm conexo.

Sucessões em espaços métricos


Definição: Sejam um espaço métrico e uma

sucessão de pontos de X. diz-se que a sucessão é convergente se existe um

ponto tal que:

i) Para qualquer existe um número inteiro positivo tal que, para

, tem-se: , isto é:

ou equivalentemente:

ii) Para toda a bola aberta existe um número inteiro positivo tal

que para todo o .

O conceito de convergência de uma sucessão é muitas vezes definido pela

forma seguinte: Existe um ponto tal que , isto é,

simbolicamente: , o que quer dizer que a sucessão converge para


x, ou seja, x é o limite da sucessão:
Unidade IDepartamento de Mátemática 41

Proposição 1:

Num espaço métrico X, o limite de uma sucessão, se existe, é único

Demonstração:

Suponha-se que a sucessão tenha dois limites e tais que .


Então:

Nessas condições, tomando , teremos, para

, o que é absurdo.

Portanto, deve ser , que significa que pelo axioma de


uma métrica. c.q.d.

Definição: Diz-se que uma sucessão é limitada se conjunto dos seus

termos é limitado.

Proposição 2:

Toda a sucessão convergente de um espaço métrico é limitada.

Demonstração:

Pretende-se mostrar que os termos de estão contidos

numa bola de espaço .

Seja , teremos um qualquer positivo, então existe um número tal

que para todo o :


42 Lição n02

Fixemos e seja .

Assim, o conjunto está contido numa bola fechada

, o que prova que a sucessão é limitada. c.q.d.

Definição: Chama-se subsucessão de uma sucessão qualquer a uma

sucessão que resulte de supressão de alguns termos de .

Proposição 3:

Em qualquer espaço métrico, toda a subcessão de uma sucessão convergente,


converge para o mesmo limite.

Demonstração:

Se , então: . Como

para todos os inteiros positivos m, tem-se:

para .

O que significa que o . c.q.d.

Proposição 4:

Se x é ponto de acumulação de um subconjunto A de um espaço métrico

, então é sempre possível construir uma sucessão de pontos distintos de


A que converge para x.

Demonstração:

Como x é ponto de acumulação de A, então é centro de uma bola aberta que


contém uma infinidade de pontos de A.
Unidade IDepartamento de Mátemática 43

Tomemos um raio e escolhamos um também pertencente a A e


2
d ( x, x1 )  1 
tomemos , r2   
2 2

d ( x, x0 ) 1
Em escolhamos um ponto tomemos r1  
2 2
n
d ( x, xn 1 )  1 
Continuando neste processo, obtém-se com rn   
2 2

onde .

Estes pontos escolhidos são distintos um dos outros e pertencem ao conjunto

A, formando uma sucessão de termos .

Então: o que mostra que para , existe um número

tal que para . Tomando , dai resulta o , logo:

. c.q.d.

Proposição5:

Um ponto com é de acumulação de A se somente se existe uma


sucessão de pontos distintos de A que convergem para x.

Demonstração:

Pela propriedade (5), x é ponto de acumulação de A, então existe uma

subcessão de pontos distintos de A que convergem para x.

Se de pontos distintos de A, então para qualquer , existe um

tal que para . Portanto, toda a bola aberta


contém uma infinidade de pontos de A, o que quer dizer que x é ponto de
acumulação de A.
44 Lição n02

Proposição6:

Se uma sucessão convergente num espaço métrico X tem uma infinidade de


termos distintos, então o seu ponto é ponto de acumulação do conjunto dos
seus termos.

Demonstração:

Seja a sucessão convergente em X e x o seu limite:

Suponhamos que x não é um ponto de acumulação dos termos da sucessão e


daqui mostremos que a sucessão tem um número finito de pontos distintos:

Da nossa suposição, existe uma bola aberta que não contém outro
termo da sucessão diferente de x, contudo, como x é o limite da sucessão, a

partir de certa ordem, todos os termos estarão contidos na bola e


obrigatoriamente coincidirão com x. Portanto, existe somente um número finito
de termos distintos na sucessão. c.q.d.

Definição: Uma sucessão de pontos de um espaço métrico diz-se

sucessão de cauchy se para todo existe um número inteiro positivo

tal que, sempre que p e q são maiores que , tem-se que isto é

Por outras palavras , diz-se que uma sucessão é sucessão de cauchy se os seus
termos se aproximam um dos outros arbitrariamente quando n cresce

.
Unidade IDepartamento de Mátemática 45

Proposição 7:

Toda a sucessão convergente é sucessão de cauchy.

Demonstração:

Sejam tendente para b, e um número positivo , então existe um número

natural suficientemente grande tal que para tem-se e

para tem-se . Consequentemente, para

temos

. assim, é uma sucessão de cauchy. c.q.d.

Proposição 8 :

Toda a sucessão de Cauchy é limitada.

Demonstração:

Se é sucessão de Cauchy, para cada existe um tal que

para quaisquer .

Então, fixando um , todos os termos da sucessão ficarão contidos na

bola fechada com centro em e raio

Proposição 9 :

Toda a sucessão limitada contém uma subscessão convergente.

Demonstração:

Sejam pontos da sucessão :


46 Lição n02

i) Se o número de pontos é finito, então um dos pontos imagem b aparece


um número infinito de vezes na sucessão. Assim

é uma subscessão convergente de .


ii) Se o número de pontos (ou termos) é infinito, pelo teorema de Bolzano
– Weterstrass, um conjunto infinito e limitado tem um ponto de

acumulação. Como tal, a sucessão tem uma subsucessão


que converge para o ponto de acumulação. c.q.d.
sucessão de

iii) Definição: Um espaço métrico diz-se completo se toda a


sucessão de Cauchy de pontos de X converge para algum ponto de
X, isto é, é convergente em X

convergente em X.

Se dado um espaço métrico não – completo X, é possível acrecentar-se-lhe

novos pontos de novo a obter-se um espaço completo, denotado , em

qualquer alteração dos pontos originais, o espaço denomina-se espaço


completamento ou completação de X.

O conjuntoO conjunto aos números racionais não é completo, dada a sucessão

dos números racionais tende para que não é


Exemplo racional.

Caro estudante a lição já vai muito longa pelo que aconselhamos a um repouso de
cerca de 1 (uma) hora. Depois disso poderá retomar a sua lição. Em seguida
apresentamos as aplicações contínuas
Unidade IDepartamento de Mátemática 47

Aplicações contínuas

Definição: Sejam X e Y espaços métricos com métricas e respectivamente e

seja f uma aplicação de espaço no espaço

. A aplicação f diz-se continua no ponto

se:

1. , ou
equivalentemente:

2. Para cada bola existe uma bola aberta tal que

Teorema 1:

Seja f uma aplicação do espaço métrico X no espaço métrico Y, então é

continua no ponto se somente se

Demonstração:

1) Suponhamos que f é contínua em ;

Se em X, mostremos que :

- Seja uma bola. Pela nossa suposição, existe uma bola

tal que .

Como , a partir de certa ordem, todos os termos de vão pertencer a

bola , dai que .

2) Suponhamos que f não é continua em X e mostremos que


48 Lição n02

- Por esta suposição, existe uma bola aberta com a propriedade de

que cada bola aberta com centro em não está contida nela:

Consideremos a sucessão de bolas abertas

e formemos a sucessão

tal que e . .

É claro que converge para e não converge para . Portanto,

o que

significa que . c.q.d.

Definição: Uma aplicação num espaço métrico X diz-se continua se ela é


continua em todos os pontos do seu domínio X.

Como consequência do teorema (1) e desta definição, segue que:

Teorema 2:

Seja f uma aplicação de um espaço métrico X num espaço métrico Y, então f é

contínua se somente se .

Este teorema mostra que as aplicações contínuas transformam aplicações


convergentes em sucessões convergentes.

Noteque por definição da continuidade dum modo geral

. Fixando e
Nota variando poderá não servir.

O que significa que depende não só do , como também de .

Teorema 3: Seja f uma aplicação de um espaço métrico Xnum espaço


Unidade IDepartamento de Mátemática 49

métrico Y, então fé contínua se somente se a imagem inversa por f de todo o


conjunto aberto de Y é um conjunto aberto de X.

Demonstração:

1) Suponhamos que f é uma aplicação contínua. Se G é um conjunto

aberto de Y, teremos que mostrar que é aberto em X:

- Se é aberto;

- Se então, está em G. e como G é aberto, existe uma bola

. Pela definição de continuidade, existe uma bola aberta

tal que a sua imagem estará contida na bola .

- Como , tem-se que e daqui, .

Portanto, é uma bola aberta contida em e assim, é


aberto. c.q.d.

2) Suponhamos que está em Y é aberto em X e mostremos que f é


contínua:

- Seja um conjunto aberto e a sua imagem inversa é um conjunto

aberto que contém x, por isso, existe uma bola contida nesta imagem

inversa. É claro que contém e assim é contínua


em X. Como x é arbitrário em X, então f é contínua. c.q.d.

A continuidade uniforme é a já conhecida definição de continuidade mas com

a condição de para cada poder se encontrar um que sirva uniformemente ao

longo de todo o espaço X não dependendo de .

Neste caso, diz-se que a aplicação é uniformemente contínua em X.


50 Lição n02

Definição: Uma aplicação f de um espaço métrico num espaço

métrico diz-se uniformemente contínua em Xse para

para quaisquer e
de X

Definição: Dois espaços métricos e dizem-se homomorfos se

existe uma aplicação bijectiva tal que f e são


ambascontínuas. A aplicação frecebe o neste caso a designação de
homomorfismo..

A aplicação transforma subconjuntos abertos de Y em subconjuntos

abertos de X, e transforma conjuntos abertos de X em conjuntos


abertos de Y. Deste modo, toda a propriedade verdadeira para um dos espaços
é também verdadeira para o outro e os espaços consideram-se por isso de
espaços métricos equivalentes.

Exemplo

Seja o conjunto e definida por . Esta

função é bijectiva e são contínuas. Então X e R são homomorfos.


Unidade IDepartamento de Mátemática 51

Definição: Duas métricas Definidas sobre um conjunto X dizem-se

métricas equivalentes se existirem números reais tais

que

Se são equivalentes, toda a bola aberta segundo uma das duas


métricas contém uma bola aberta com o mesmo centro segundo a outra métrica
e reciprocamente.

Sumário
Nesta lição você estudou sobre os conjuntos abertos e fechados e os seus
respectivos teorema, vizinhança e sucessões em espaços métricos e aplicações
continuas.

Em seguida, apresentamos os exercícios. Resolva-os todos.


52 Lição n02

Exercícios
1. Seja um espaço métrico e uma aplicação que satisfaz a
condição . Mostre que T é contínua em X
Auto-avaliação ( isto é, mostre que qualquer que seja , existe um tal que
implica )

2. Seja X o conjunto das funções reais contínuas limitadas no intervalo

. Mostre que:

a) é fechado em X.

b) é aberto em X.

3. Mostre que um conjunto singular de um espaço métrico é fechado.

4. Seja A um subconjunto de um espaço métrico . Quando é que um


ponto é um ponto de acumulação de A?

Chave da Correção
Por serem exercícios de demonstrações, não serão apresentadas as respectivas
correcções. Contudo, as ideias poderão ser retiradas dos teoremas e exemplos
ora apresentados.
Dicas: caro estudante, realmente não é aconselhável a apresentação das
soluções dos exercícios de demonstrações contudo, é fundamental sempre
começar com a definição de cada tópico por exemplo, para o exercício nº 3
começamos por procurar saber o que é um espaço métrico, quais são as suas
propriedades.

Pelo grau de dificuldades que normalmente apresenta este capítulo, aconselho a


consultar o seu tutor de especialidade e em algum momento as respostas
poderão ser colocadas na plataforma, ou apresentadas em fórum de discussão.
Unidade IDepartamento de Mátemática 53

Lição n0 3
Espaços Topológicos
Introdução
Nesta lição você vai aprender os espaços Topológicos onde se destaca a sua
definição, espaços de funções contínuas, propriedades de intersecção finita e o
teorema do ponto fixo. Serão também objectos de estudo, os espaços
compactos e conexos. Esta pode ser estudada em três horas e meia com um
intervalo de 30 minutos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir espaços topológicos em X;

 Resolver exercícios sobre os espaços topológicos;


Objectivos  Caracterizar os espaços de funções contínuas;

 Enunciar e demonstrar o teorema do ponto fixo.

Caro estudante, vamos em seguida apresentar a base teórica dos espaços


topológicos. Tenha atenção que o texto é muito abstracto e vai requerer do seu
lado um desempenho muito grande, bem como a concentração.

Acompanhe!

Espaços topológicos

Definição: Seja X um conjunto não vazio. Chama-se topologia sobre X a toda

a classe de subconjuntos de X que satisfazem os seguintes axiomas:

1) X e pertencem a classe .
54 Lição n0 3

2) A união de qualquer número de conjuntos da classe pertence à .

3) A intersecção de qualquer número de subconjuntos da classe pertence

à .

Os elementos de designam-se conjuntos abertos ou simplesmente

abertos. E o espaço denomina-se espaço topológico.

Deste modo, os conjuntos abertos de um espaço métrico verificam os

axiomas de uma topologia e todo o espaço métrico pode ser considerado


como um espaço topológico, bastando para isso que se tome para topologia
sobre X a família de conjuntos de X que são abertos. A topologia deste modo,
definida chama-se topologia usual do espaço métrico e diz-se que estes
conjuntos são os conjuntos abertos gerados pela métrica sobre o espaço.

Sejam X um conjunto não vazio e topologia a classe de todos os


subconjuntos de X. Esta chama-se topologia discreta sobre X, e todo o
espaço topológico cuja topologia é a discreta é designado por espaço
Exemplo 1:
discreto.

Exemplo 2:

Seja a classe formada pelo e por todos os subconjuntos de X cujos os

complementos são finitos. Também esta classe de é uma topologia de X.

Em seguida vamos apresentar o conceito dos espaços topológicos, continue a


acompanhar.

Espaços de funções contínuas

Definimos anteriormente o conjunto como um espaço métrico

definido no intervalo com a métrica ,

onde verificam as condições da adição, associatividade, produto


por escalar, elementos neutros, distributividade, . . .
Unidade IDepartamento de Mátemática 55

Um conjunto M não vazio e subconjunto do espaço linear V diz-se subespaço

linear de V se e para quaisquer (tendo em


conta a propriedade de que os espaços métricos são espaços de funções
contínuas).

Um espaço linear normado é um espaço onde existe definida uma, isto é:


x  0 se x  0 ; x  y  x  y e  x   x

Definição: Um espaço vectorial normado diz-se espaço de Banach se ele é


completo.

Teorema 1: O espaço de todas as funções contínuas definidas no

espaço métrico é um espaço de Banach real relativamente à adição, à

multiplicação por escalar e à norma definida por

Um dos teoremas muito importantes em análise matemática é o do


ponto fixo. Ele faz uma relação entre os espaços métricos completos e
,e umacontracção da aplicação T. vamos em seguida apresentar o
respectivo teorema.

Teorema do Ponto Fixo

Definição: Diz-se que x é um ponto fixo de uma aplicação T se para

qualquer .
56 Lição n0 3

Definição: Diz-se que a aplicação T é uma contracção se T transforma X em

e satisfaz a seguinte condição:

Assim, numa contracção, a distância entre duas imagens de dois pontos é


inferior à distância entre esses dois pontos.

Em seguida, apresentamos o enunciado do teorema:

Teorema do ponto fixo: Se é um espaço métrico completo e T uma


contracção, então T tem um único ponto fixo.

Demonstração:

1) Seja um espaço métrico completo e uma contracção:

Escolhemos um ponto qualquer e consideremos a sucessão

 Dado que T é uma contracção, tem-se:

i) , Continuando este processo


teremos:

Mas,

Logo,

ii) Seja e pela desigualdade triangular:


Unidade IDepartamento de Mátemática 57

Onde

 Multiplicando ambos os membros por k

 Como

Seja e , com

Então, e sendo

a nossa sucessão é de cauchy,

Dai, X é completo e é de cauchy e convergente em X.

 Quer dizer com isto que tem um limite :


 Consideremos
0<
58 Lição n0 3

O que significa que , dai que temos um

ponto fixo .
2) Agora vamos supor que exista um outro ponto

fixo e e pelo facto de


T ser uma contracção:

, o que não é possível porque

e , logo, o ponto fixo é único.

Corolário do ponto fixo:Se é um espaço métrico completo e Y de X é

um subconjuntofechado, e a aplicação é uma contracção em Y,

então T temtambém um único ponto fixo.

O ponto que se segue, faz referência ao espaços compactos, acompanhe!

Espaços Compactos

Seja a classe uma classe de subconjuntos de X tal que para algum

, A está contido numa reunião dos conjuntos .

Definição: Chama-se cobertura do conjunto A à classe A, isto é, a toda a


classe de subconjuntos de X cuja reunião contenha A, ou seja, a toda a classe
de subconjuntos de X tal que cada ponto de A pertence pelo menos a um dos

A cobertura diz-se cobertura aberta se existe alguma subclasse finita de A

que seja cobertura de A, isto é, se existem tais que

.
Unidade IDepartamento de Mátemática 59

Considere-se a classe onde é um disco do plano


de raio 1 e centro com .
Exemplo:
Assim, A é uma cobertura de , isto é, todo o ponto de pertence
pelo menos a um membro da classe A.

Por outro lado, a classe de discos abertos onde

tem centro em p e raio , não é cobertura de , dado que, por exemplo, o

ponto pertence a mas não pertence a qualquer membro da classe

B.

O ponto não
pretence a nenhum dos
discos

Definição: Um subconjunto A de um espaço métrico diz-se


compacto se toda a cobertura de A é redutível a uma cobertura finita, isto
é, se de toda a cobertura de A pode se extrair uma cobertura finita.
Se em particular, o conjunto A coincide com X (A=X), então diz-se que X
é um espaço compacto.
60 Lição n0 3

Exemplo :

O intervalo aberto da recta real R, com a métrica usual,


Exemplo
não é compacto:

Considere-se, por exemplo, a classe de intervalos abertos

. Note que o conjunto

A é igual a reunião dos tais que: .

Então é uma cobertura de A.

Todos os estão dentro do intervalo e a sua reunião forma uma

cobertura de A. No entanto não contém nenhuma cobertura finita, porque


seja por exemplo:

uma classe finita qualquer .

Seja igual ao mínimo entre

, então e

está contido no intervalo

mas e são disjuntos. Logo não é uma cobertura do conjunto A


e por conseguinte A não é completo.

Teorema 1: Todo o subconjunto fechado de um espaço compacto é compacto.

Demonstração:
Unidade IDepartamento de Mátemática 61

Seja o conjunto onde X é um espaço compacto e seja uma


cobertura aberta de Y:

 Todo o sendo aberto em Y, é a intersecção de Y com um

subconjunto qualquer . Como Y é fechado, a

classe formada por e todos os forma uma cobertura de X, e


como X é compacto, esta cobertura tem uma subcobertura finita.

A nossa conclusão de que Y é compacta, segue-se do facto de que os

correspondentes formam uma cobertura finita da cobertura original de Y.


c.q.d.

Propriedade da intersecção finita

Seja uma classe de conjuntos. Diz-se que possui a propriedade da

intersecção finita se toda a subclasse finita possui

uma intersecção não vazia .

Considere-se uma classe de intervalos abertos .

Esta classe possui a propriedade da intersecção finita, pois


Exemplo
, com .

Exemplo 2: Considere-se uma classe de intervalos finitos fechados

. Note que B tem uma intersecção igual

ao vazio pois . Se considerarmos uma subclasse finita

, a intersecção será diferente do vazio, e dissemos que B goza da propriedade da


intersecção finita.
62 Lição n0 3

Teorema: um espaço topológico X é compacto se toda a classe de


subconjuntos fechados de X verifica a propriedade da intersecção finita, ela
própria tem uma intersecção vazia.

Demonstração:

Para a demonstração basta demonstrarmos que as seguintes proposições são


equivalentes:

i)

ii)

Teorema: Num espaço métrico compacto todo o subconjunto infinito de


números reais tem pelo menos um ponto de acumulação, isto é, todo o
conjunto infinito e limitado de números reais contém um ponto de
acumulação.

Demonstração:

Seja um espaço métrico e um subconjunto infinito. Suponhamos

que A não tem nenhum ponto de acumulação. Então para cada , existe uma

vizinhança contendo apenas um número finito de pontos de A. E quando x

varia em X, a classe dessas vizinhanças forma uma cobertura aberta de X,


da qual (dado que X é compacto) se pode extrair uma subcobertura finita

, isto é, X é a reunião das vizinhanças , o que


implica que A seja finito, contradizendo a nossa suposição. Portanto, A tem
pelo menos um ponto de acumulação. c.q.d.

Exemplo 1:

Todo o intervalo fechado e limitado é contavelmente compacto.


Exemplo
Com efeito, se B é um subconjunto infinito de A, então B também é limitado e,
pelo teorema de Bolzano – Weierstrass, B contém um ponto de acumulação.
Unidade IDepartamento de Mátemática 63

além de mais, dado que A é fechado, o ponto de acumulação pertence a A,


isto é, o conjunto A é contavelmente compacto.

Exemplo 2:

O intervalo aberto não é contavelmente compacto. Com efeito,


1 1 1 
considerando-se o subconjunto infinito A   , , ,  de A: observe que B
2 3 4 
contém exactamente um ponto de acumulação ( o zero ) que não pertence a A.
Consequentemente A não é contavelmente compacto.

Números de Lesbeque das Coberturas

Seja uma cobertura do subconjunto Ade um espaço métrico X. O

número real diz-se número de Lesbeque da cobertura se todo o

subconjunto de Acujo diâmetro seja menos que está contido em alguma


componente da cobertura.

Lema de Lesbeque: Toda a cobertura aberta de um subconjunto


sequencialmente compacto de um espaço métrico, tem um número de
Lesbeque.

Teorema: Seja Asubconjunto de um espaço métrico X. Então, as seguintes


propriedades são equivalentes:

i) A é compacto.

ii) A é contavelmente compacto;

iii) A é sequencialmente compacto;

Caro estudante, as propriedades anteriores podem ser apresentadas


segundo esquema:
64 Lição n0 3

Espaços conexos
Definição: chama-se arco ou caminho ligando a dois pontos a e b de um

espaço métrico a toda a aplicação contínua f dum intervalo da

recta real R em X tal que e .

Definição: Um espaço métrico diz-se espaço conexo porarcos se dois


quaisquer dos seus pontos podem ser ligados por um caminho.

Das duas definições anteriores surge que:

Definição: Um subconjunto S de diz-se conexo se quaisquer dois pontos a


e b pertencentes a S podem ser ligados por um caminho, isto é, por uma

aplicação contínua f tal que transforma o intervalo em

ou e .

E segue a definição mais geral:

Definição: Seja um espaço métrico. Diz-se que X é um espaço conexo


se X não pode ser representado pela união de dois conjuntos fechados disjuntos
e não vazios.

Assim, se X é conexo e tentamos representar o X como a união de A e B

entao:
Unidade IDepartamento de Mátemática 65

Teorema: Um espaço métrico é conexo se:

1) X
não pode ser representado como união de dois conjuntos não vazios,
abertos e disjuntos, ou equivalentemente;
2) X

e são os únicos subconjuntos de X que são simultaneamente abertos


e fechados.

Demonstração:

i)

Sendo X conexo, suponha-se que não verifica a condição II, então existem

duas partes abertas e não vazias A e B tais que e . Mas

e .

E como e são fechados (porque A e B são abertos), logo X


não seria conexo.

ii)

Verificando-se a condição II suponha-se não é conexo. Então

existem dois conjuntos fechados não vazios A e B tais que e

. Assim, e

.
66 Lição n0 3

Uma vez que e são abertos, não se verificaria a condição II o

que contradiz a nossa suposição. Logo é conexo.

Vamos em seguida apresentar alguns exemplos. Acompanhe!

não é conexo.

Porque sendo e disjuntos, não vazios e abertos em


Exemplo: X (cada ponto é centro de uma bola aberta inteiramente contida em X).

Exemplo 2:

A recta real R com a métrica usual, é um espaço conexo.

Porque R e são os únicos subconjuntos de R que são simultaneamente


abertos e fechados.

Definição: Um espaço métrico diz-se desconexo se este não é


conexo.Isto significa que existem pelo menos dois conjuntos A e B aberto,não
vazios e disjuntos tais que X  A  B Os conjuntosA e B nestas condições
denominam-se umadesconexão em X.

Teorema: Toda a imagem continua dum espaço conexo é conexa.

Demonstração:

Seja uma aplicação dum espaço conexo X num espaço

topológico arbitrário Y. mostremos que é conexo como subspaço de


Y:

Suponhamos que é desconexo. Então, existem dois subconjuntos

abertos A e B de Y cuja reunião contém e cujas intersecções com

são disjuntas e não vazias. Isto implica que é

uma desconexão em X, o que contradiz a nossa suposição. Então é


conexo, c.q.d.
Unidade IDepartamento de Mátemática 67

Definição: diz-se que um espaço é espaço contínuo se ele é conexo e


compacto.

Definição: Chama-se domínio de um espaço métrico a qualquer


subconjunto A aberto e conexo de X.

Definição: Chama-se domínio de um espaço métrico a qualquer

subconjunto A aberto e conexo de X.

Teorema: Um subspaço da recta real R é conexo se e somente se é um


intervalo. Em particular, R é conexo.

Demonstração:

 S
eja X um subspaço de R, suponhamos que X não é um intervalo e
mostremos que ele não é desconexo:

Ao afirmarmos que X não é um intervalo significa que existem números reais

tais que com e . Daqui facilmente se pode


ver que este conjunto

é uma desconexão de X, então X é


desconexo. Isto contradiz a nossa suposição, logo X é um intervalo

 A
gora mostremos que X, sendo intervalo, então é conexo

Suponhamos que X não é conexo. Então, seja uma desconexão de X.

Como A e B são não vazios, poderíamos escolher um ponto e um ponto

. A e B são disjuntos, logo .

Como X é um intervalo, portanto e todo o ponto pertencente ao

intervalo está em A ou B. definamos . É claro que


68 Lição n0 3

como y está entre x e y , ele está em X. Como A é fechado em X,

da definição de y, mostra que . Daqui se pode concluir que .

Novamente pela definição d y, para todo o tal que

e como B é fechado em X, . E provamos que e isto


contradiz a nossa suposição destes conjuntos serem disjuntos. Então X é
conexo.

c.q.d.

Corolário: O conjunto dos números racionais Q não é conexo.

Demonstração:

Do teorema anterior, os únicos subconjuntos de R que são conexos, são os

intervalos, e não é um intervalo, então Q não é conexo. c.q.d.

Teorema: Seja f uma função real contínua sobre um conjunto conexo, então, f
toma todos os seus valores entre o seu ínfimo e o seu supremo nesse conjunto.

Demonstração:

Seja f uma aplicação de X em R contínua e X conexo:

é conexo e portanto, um intervalo de R. Assim, f toma todos os seus


valores entre o seu mínimo e o seu máximo, em X. c. q. d.

Teorema: Todo o espaço conexo por arcos é conexo.

Demonstração:

Seja Xespaço conexo por arcos: suponhamos que X não é conexo, então

onde A e B são não vazios, abertos e disjuntos.

Sejam : pela nossa hipótese podem ser ligados por um


caminho.

Seja k a imagem desse caminho, então e (abertos) seriam duas

partes abertas e complementares de k e nenhuma delas seria vazia pois


numa e noutra respectivamente. Assim, teríamos k como reunião de duas partes
Unidade IDepartamento de Mátemática 69

abertas e não vazias, o que contradiz o teorema (6) segundo o qual a imagem

duma aplicação contínua do espaço conexo do intervalo tem de ser


conexa. Logo, X é conexo.

Teorema: Os espaços e são conexos.

Demonstração:

Todas as definições consideradas são válidas para . Em toda a sucessão

de cauchy é convergente, portanto, como espaço métrico é completo e


como espaço normado é de Banach.

Conjuntos Convexos e Funções Convexas em Espaços Vectoriais

Seja V um espaço vectorial real e . Chama-se segmento fechado com

extremidades nesses pontos e representa-se por , ao conjunto dos pontos

de tais que com .

Definição: Um conjunto A subconjunto de um espaço vectorial V diz-se


conjunto conexo se ele contém o segmento fechado que liga dois quaisquer de
seus pontos.

Definição: Seja A um subconjunto conexo de espaço vectorial V. Uma função

f tal que diz-se função convexa se para quaisquer dois pontos

e , tem-se:

A função é estritamente convexa se a desigualdade estrita se verificar para

. Se a função não é convexa, então diz-se que ela é côncava ou


estritamente côncava.
70 Lição n0 3

Transformações Lineares
Definição: Sejam V e W dois espaços vectoriais sobre o mesmo corpo k.

chama-se transformação linear de Vem W a toda a aplicação que


satisfaz as seguintes condições:

Exemplo:

Se V é um espaço vectorial real dos polinómios com coeficientes reais

definidos de , a aplicação definida por é uma


transformação linear de V, com efeito:

As transformações lineares, além de preservarem as operações, preservam


também a origem e os negativos:

Proposição 1: Numa transformação linear , a imagem de qualquer


vector v é obtida se se conhecem as imagens dos vectores duma base de V

Ora vejamos:

Seja uma base em V, então para todo o , tem-se:

O que mostra que basta conhecer as imagens dos vectores da base .


Unidade IDepartamento de Mátemática 71

Proposição 1: A adição de transformações lineares e a multiplicação de um


escalar por uma transformação linear definidas por

, com T e S como

transformações lineares de V em W, conforme ao conjunto de todas as


transformações lineares de V em W , sobre o mesmo corpo K , a estrutura de
espaço vectorial sobre K.

Um caso particular é o das designadas formas lineares.

Definição: Chama-se forma linear a toda a transformação linear de um espaço


vectorial no corpo dos seus escalares.

Agora, como facilmente se pode verificar, num espaço vectorial com produto
interno, a aplicação que a cada vector x faz corresponder um número real não

negativo , define uma norma, colocando . O espaço


vectorial converte-se então num espaço normado com a norma induzida pelo
produto interno.

Deste modo, todo o espaço com produto interno pode considerar-se um espaço
normado.

Definição: Chama-se espaço de Hilbert a um espaço com produto interno que


é completo, ou seja, a um espaço de Banach cuja norma é gerada por um
produto interno.

Produto dos Espaços Métricos

Sejam com espaços métricos. Então, o produto

cartesiano , tem se que a aplicação

definida por:

para quaisquer e de X é uma métrica


sobre X.

Teorema: todo o produto finito de espaços métricos completos é completo.


72 Lição n0 3

Demonstração:

Consideremos apenas o caso de . A demonstração efectua-se do mesmo

modo para qualquer

Sejam então, com três espaços métricos completos e

uma sucessão de pontos: do espaço

Se é uma sucessão de cauchy, então:

o que prova que as sucessões de , de e de são de

cauchy e , de quando .

Assim, o , o que prova que toda a sucessão de cauchy


do espaço produto é convergente, e consequentemente é completo, c.q.d

Produto de Espaços Normados

Sejam e dois espaços normados. Em é


possível introduzir-se qualquer das normas equivalentes:

com

Assim, o produto cartesiano de dois espaços normados são um espaço normado


denominado espaço produto.

No espaço produto, são chamados espaços

coordenados e denominam-se projecção de no espaço coordenado à

aplicação tal que


Unidade IDepartamento de Mátemática 73

Proposição: o produto cartesiano de espaços coordenados de Banach é um


espaço de banach.

Demonstração:

Consideremos o caso de com e espaços de Banach:

Seja uma sucessão de cauchy de . Então é sucessão

de cauchy em ,e é sucessão de cauchy em , e como estes espaços

são completos, existem vectores tais que e

. Portanto, , o que quer dizer que o produto


cartesiano de dois espaços de Banach é um espaço de Banach.

Caro estudante, antes de passar para os exercícios diversos propomos a


seguinte actividade. Após a resolução, aconselhamos um repouso ou mesmo
uma interrupção. Só após a isso poderá resolver os exercícios.

Seja X  a, b, c, d , e . Determine dsecada cada das seguintes classes de


subconjuntos de X é ou não uma topologia
a) I 1  ,  ,a ,a, b , a, c
Actividades

b) I 2   X ,  ,a ,a, b,e ,a, b, d  ,a, b, c, d  ,a, b,c,d

c) I 3   X ,  ,a ,a, b ,a, c, d  ,a, b,c,d

Solução;

a) Não topologia pois não verifica todos os axiomas de topologia por


exemplo: a, b a, c  a, b, c I
b) Não é topologia
c) É uma topologia em X
74 Lição n0 3

Sumário
Nesta lição você aprendeu sobre os espaços conexos, compactos, conjuntos e
funções convexas de espaços vectoriais

Caro estudante, apresentamosos exercícios para a sua auto-avaliação, caso


tenha dificuldades, aconselhamos a ler novamente a parte teórica e a observar
os exemplos apresentados ao longo do texto. Este capítulo tem a
particularidade de apresentar exercício do tipo mostre e demonstre. Pelo que
não é recomendável a apresentação da solução.

Exercícios
1. Mostre que se A é subconjunto de B, então todo o ponto de
acumulação de A é também ponto de acumulação de B, isto
é, .
Auto-avaliação
2. Prove que se A e B são subconjuntos de um espaço
topológico , então .

3. Considere a seguinte topologia em :

.
indique as vizinhanças:
i) Do ponto “ e “

i) Do ponto “ c “.

4. Considere a seguinte topologia em :

ii) Determine os pontos interiores de de X


iii) Determine os pontos exteriores de A.
iv) Determine a fronteira de A.
5. Prove que um conjunto G é aberto se, e só se, é uma vizinhança de cada
um dos seus pontos.
6. Determine se cada um dos intervalos seguintes ,é ou não vizinhança de “o” na
topologia usual de R.
Unidade IDepartamento de Mátemática 75

 1 1  1
a)   ,  b) 1,0 c)  0,  d) 0,1
 2 2  2

Chave de correcção

 
3 i) a, b, e 3ii) X , a,c,d , a, b, c, d  , a, b, e , a,c, d , e

EXERCICIO 4

a) intA  a, b b) não existem c) frontA  c, d , e

EXERCICIO 6

a) É vizinhança de zero porque contém este elemento


b) Não é
c) Não é
d) Não é
76 Unidade II

Unidade II
Funções de Várias Variáveis
Introdução
Caro estudante, esta é a segunda unidade do módulo, aqui nos iremos debruçar
sobre o estudo de domínios e gráficos de funções de várias variáveis, limites e
continuidade de funções, bem como o cálculo de derivadas parciais e suas
aplicações. A unidade é composta por 3lições

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Determinar o domínio de funções de várias variáveis;


Objectivos
 Calcular correctamente os limites de funções de duas e três
variáveis;

 Calcular as derivadas parciais de diversas ordens;

 Aplicar as derivadas na resolução de problemas sobre o


cálculo aproximado.
Unidade IDepartamento de Mátemática 77

Lição n0 4
Funções de Várias Variáveis-
Introdução
Introdução
Caro estudante, vai aprender nesta lição os conceitos básicos inerentes ao
capítulo em epígrafe; sobre as funções de mais do que uma variável onde se
destacam os conceitos de domínio e contradomínio da função, gráficos de
funções e linhas de níveis. Esta lição pode ser estudada em duas horas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Determinar o domínio de funções de várias variáveis;


 Representar graficamente as funções de duas variáveis;

Objectivos  Construir as linhas de níveis de uma superfície.


Caro estudante, traçados os objetivos desta unidade, a seguir apresentamos a


abordagem do tema.
Acompanhe!

Definição:Chama-se função real de n variáveis a toda aplicação de um

conjunto de em .

O conjunto é o domínio ou campo de existência da função. Se um ponto

as coordenadas for um ponto genérico escreve-se:


78 Lição n0 4

Onde as variáveis , são independentes e dependente.

Veja em seguida os exemplos da forma como se acha o domínio de uma função


analiticamente bem como a sua representação geométrica.

Acompanhe!

Exemplo 1: Indica a variável independente e dependente da função

Exemplo
Resolução

Exemplo 2: Indica a variável independente e dependente da função

Resolução

Exemplo 3: Achar o domínio analítico e geométrico da função

Resolução

Como a função dada envolve uma raiz quadrada e como é sabido, uma raiz
quadrada só tem sentido quando o radicando for não negativo então o seu
domínio é:

A sua representação analítica é:


Unidade IDepartamento de Mátemática 79

Uma vez que representa uma circunferência de centro na origem e

de raio igual a unidade, representa a linha da circunferência e a


região interior, que é domínioprocurado.

Representação geométrica

Como se disse anteriormente o domínio corresponde à linha da circunferência


centrada na origem e de raio igual a unidade e ao seu interior. Apresentamos
em seguida o seu gráfico

Nota: A linha da circunferência seria tracejada se

Exemplo 4: Achar o domínio analítico e geométrico da função

Resolução

Neste caso temos uma fracção cujo numerador contém uma raiz quadrada.
Toda a fracção só tem sentido se o denominador for diferente de zero. Por
outro lado, como se disse anteriormente, o radicando não toma valores
negativos.

Assim, combinando as condições de existência da raiz quadrada e da fracção


tem-se:

A sua representação analítica é:

Representação geométrica:
80 Lição n0 4

Nota: Representa-se graficamente, todas as funções envolvidas e procura-se a


intersecção dessas regiões.

Para a primeira condição traça-se o gráfico da função . Esta recta


divide o plano em duas regiões, uma delas contendo todos os pontos que

satisfazem a inequação . Para se encontrar a região procurada basta


substituir as coordenadas de um ponto qualquer na inequação.

Por exemplo:

Para obtém-se que é uma proposição verdadeira pois

Substituindo qualquer ponto da mesma região que o ponto verificar-se-


á que todos eles satisfazem à inequação. Escolha três pontos desta região e
verifique o que foi dito anteriormente.

Contrariamente, para obtém-se que é uma proposição


falsa pois 1 não é superior ou igual a 2.
Unidade IDepartamento de Mátemática 81

Exemplo 5: Achar o domínio analítico e geométrico da função

Resolução

Para este caso a função apresenta um logaritmo. Desta forma, os logaritmos


tem sentido se o logaritmando for um número positivo.

Assim:

A sua representação analítica é:

A sua representação geométrica é:

Para a sua representação gráfica, precisa perceber que y 2  x é

equivalente x  y 2

Observe que x  y 2 representa o gráfico de uma parábola construída ao longo do eixo

xox com a concavidade voltada para a direita, visto que y 2 tem um coeficiente
positivo ( a  1  0 ). Os valores que satisfazem a condição dada, são todos os valores
exteriores à parábola.
82 Lição n0 4

Gráfico de uma função

Definição:: Seja uma função de duas variáveis com dominio , então o

gráfico de f é o conjunto de todos os pontos e

A seguir apresentamos o exemplo de uma função de duas variáveis! Trata –se,


neste caso, de uma função qualquer sem um nome específico. O importante é
perceber que uma função de duas variáveis é uma figura espacial.

Curvas de Níveis

As curvas de nível de uma função f de duas variáveis do plano são

aquelas que satisfazem a equação

Onde é uma constante


Unidade IDepartamento de Mátemática 83

Exemplo 1:Construir as linhas de nível da função

Exemplo
Resolução:

A equação das curvas de nível da função

tem a forma:

6  k  3x
ou y 
2

Atribuindo um valor qualquer a obtém-se uma recta. Como pode


tomar quaisquer valores obtém-se um feixe de rectas, que
constituem as linhas de nível da função. Por exemplo, na figura

pode-se ver as rectas quando

Exemplo 2: Construir as linhas de nível da

função ;se .

Resolução:

A equação das curvas de nível da função tem a


forma:
84 Lição n0 4

Elevando ao quadrado ambos os membros obtém-se a equação

que é equivalente a que é a equação de uma

circunferência de raio com o centro na origem do sistema cartesiano

Para

A circunferência de centro na origem tem o raio igual 3.

Para

A circunferência de centro na origem tem o raio igual


raiz de 8.

Para

que representa uma circunferência de centro na origem e de


raio igual raiz de 5.

As três circunferências fazem parte de um conjunto das circunferências com


origem no centro do sistema cartesiano que constituem as curvas de nível da
função.

A seguir a presentamos essas circunferências, que representam as linhas de


níveis pedidas. Todas as outras são concêntricas à estas.
Unidade IDepartamento de Mátemática 85

1. Seja

a) Estime
Actividade resolvida

b) Estime

c) Represente analítica e graficamente o domínio de

Resolução:

a)

b)

c) é definida se
então a representação analítica do domínio é:

Representação geométrica
86 Lição n0 4

sumário
Nesta lição você aprendeu os conceitos de domínio e contradomínio da função,
gráficos e linhas de nível.

Caro estudante, apresentamos em seguida os exercícios de consolidação que


servirão para a sua auto avaliação.
Unidade IDepartamento de Mátemática 87

Exercicio
1. Seja

Auto-avaliação a) Estime

b) Represente analítica e graficamente o domínio de

2. Achar e representar os campos de existência da funçã

a)

b)

x  3y
c) f ( x, y ) 
x  3y

y  x2
d) f ( x, y ) 
1  x2

3. Construir as curvas de nível da função

3.2 . f ( x, y )  x  y 2 com k  2, 1, 0,1, 2


88 Lição n0 4

Chave de Correcção
EXERCICIO 1

a)

a) é definida se

então:
A representação analítica do domínio é:

Representação analítica

Representação geométrica

EXERCICIO 2

a) f é definida se então:
Unidade IDepartamento de Mátemática 89

Representação geométrica

b)

Representação geométrica

c)

Representação geométrica
90 Lição n0 4

d)

Representação geométrica

d)

Representação geométrica
Unidade IDepartamento de Mátemática 91

Exercício 3

a)

b)
92 Lição n0 5

Lição n0 5
Limites e continuidade de Funções

Introdução
Caro estudante, vai nesta lição aprender os conceitos de limites e continuidade
de funções várias variáveis onde se destaca particularmente o cálculo de limite
e o estudo de continuidade. Esta lição pode ser estudada em duas horas

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Definir correctamente o conceito de limite de uma função;

 Calcular os limites de funções de duas ou três variáveis;


Objectivos
 Estudar e analisar a continuidade de funções de duas
variáveis.

Caro estudante, o cálculo de limite é fundamental neste módulo, visto que a


maior parte das definições apresentadas, no cálculo diferencial que por sinal é
o mais importante desta disciplina, baseia-se fundamentalmente neste tópico.
Pelo que é importante perceber para que não possa ter problemas no futuro.

Acompanhe!

Definição:Seja uma função de duas variáveis reais, cujo domínio contém

pontos arbitrariamente próximos de .Diz-se que o limite de

quando (a,b) é L e escreve-se lim f ( x, y )  L , se


( x , y ) ( a ,b )
Unidade IDepartamento de Mátemática 93

  0   0: f ( x, y)  L   sempre que  x, y   D e

0  x  a   y  b  
2 2

Pode também escrever-se:

Note que o módulo é a distância entre os números e ,

enquanto que é a distância entre e . Assim,

a definição diz-nos que a distância entre pontos e pode ser

arbitrariamente pequena se tomarmos a distância à


suficientemente pequena.

Se quando ao longo do caminho e

quando com ao longo do caminho

sendo, , então

Exemplo 1:Mostre que o limite não existe.

Exemplos

Resolução:

Para resolver este limite pode-se aplicar a iteração:


94 Lição n0 5

( não existe)

Se quando ao longo do caminho e quando

com ao longo do caminho sendo ,


então

Exemplo 2:Mostre que o limite existe.

Resolução:
Unidade IDepartamento de Mátemática 95

2) Para resolver este limite pode-se aplicar a iteração:

Este resultado não nos garante a existência do limite apesar de os limites


iterados serem iguais. É necessário verificar que para qualquer que seja o
caminho passando pelo ponto (0,0) o limite é o mesmo. Esse caminho, pode se
uma recta que pelo ( x0 , y0 ) ou uma parábola de eixo vertical que passa pelo
mesmo ponto

3) Caminho ao longo da recta:

Seja no ponto

Seja no ponto
96 Lição n0 5

4) caminho ao longo de uma parábola:

Seja no ponto

Seja no ponto

Como o limite ao longo dos caminhos escolhidos é o mesmo, então o limite


existe e:
Unidade IDepartamento de Mátemática 97

xy 2
Exemplo 3: Determine se existir lim
( x , y ) (0,0) x 2  y 2

Resolução:

Como nos exemplos anteriores, podemos mostrar que o limite pelo caminho de
iteração é 0. Isso não prova a existência do limite igual a 0. O limite ao longo
de uma recta qualquer que passa pela origem é 0, também obtemos o limite 0,
isso também não prova a existência do limite igual a 0, mas ao longo das

parábolas e , também obtemos o limite 0, o que nos leva a


suspeitar que o limite exista e seja igual a 0.

Seja queremos achar tal que

Fazendo e seja , temos

Logo, pela definição


98 Lição n0 5

Exemplo 4
Usando a definição de limite, prove que lim  3x  2 y   7
x 1
y 2

De acordo com a definição de limite, devemos mostrar que para todo   0 ,


existe um  positivo, tal que f ( x, y)  7   sempre que

0  x  1   y  2    . Como no caso das funções de uma variável,


2 2

trabalhando com a desigualdade que envolve  , podemos obter uma pista para
encontrar  . Temos

f ( x, y)  7  3x  2 y  7  3x  3  2 y  4  3( x  1)  2( y  4

 3 x 1  2 y  2 .

como x  1   x  1   y  2 e y  2   x  1   y  2  , podemos
2 2 2 2


concluir que 3 x  1  2 y  2  3  2  5 . Assim, se tomarmos   , temos
5
que se 0   x  1   y  2    , então
2 2

 
f ( x, y )  7  3 x  1  2 y  2  3   2    logo, lim  3x  2 y   7
5 5 x 1
y 2

para poder fixar a sua ideia faça a seguintes actividade

2 xy
Prove por definição que lim 0
x 0
y 0 x2  y2

Actividade

As propriedades dos limites de uma função de uma variável, são extensivas às


Nota funções para os limites de funções de várias variáveis.

Cálculo de Limites Envolvendo Algumas Indeterminações


Unidade IDepartamento de Mátemática 99

Sejam f e g funções tais que lim f ( x, y )  lim g ( x, y)  0 . Nada podemos afirmar, a


x  x0 x  x0
y  y0 y  y0

quando  x, y  tende para  x0, y0  . Dependendo das


f
priori, sobre o limite do quociente
g
funções, podemos encontrar qualquer valor real ou o limite pode não existir. Neste caso
0
costuma-se dizer estamos diante de uma indeterminação do tipo
0
Vejamos caro estudante, um exemplo do cálculo de limites envolvendo indeterminações

N.B. Todos os métodos usados para levantar as indeterminações em funções de uma


variável se aplicam também para funções de várias variáveis.

x3  x 2 y  2 xy  2 x 2  2 x  4
Calcular lim
x 2
y 1
xy  x  2 y  2

Exemplo x3  x 2 y  2 xy  2 x 2  2 x  4 0
Resolução: lim  ( substituindo as x e y
x 2
y 1
xy  x  2 y  2 0
por 2 e 1 respectivamente).

x3  x 2 y  2 xy  2 x 2  2 x  4 x  x 2  xy  2   2  x 2  xy  2 
lim  lim 
x 2
y 1
xy  x  2 y  2 x 2
y 1
x  y  1  2  y  1

 x  2   x 2  xy  2   x 2  xy  2  4
lim  lim  2
x 2
y 1
 x  2  y  1 x 2
y 1
 y  1 2

Em seguida apresentamos uma actividade de modo afixar as suas ideias

x  y 1
Calcular o lim
x 0
y 1
x  1 y

Resposta: 0
Actividade

Uma vez estudado o cálculo de limites de funções, vamos apresentar em seguida o


estudo da continuidade de funções em R(n).
Continue acompanhado a lição.
100 Lição n0 5

Continuidade de Funções.
Nesta secção, vamos definir e exemplificar a continuidade de funções de duas variáveis.

Definição: Sejam f : A   2   e  x0 , y0   A um ponto de acumulação de A.


Dizemos que f é continua em  x0 , y0  se existe e for finito f  x0 , y0  e
lim f ( x, y)  f  x0 , y0  .
x  x0
y  y0

Veja o exemplo abaixo.

 2 xy
 2 ,  x, y    0, 0 
Verificar se f ( x, y )   x  y
2
é continua em (0,0).
0
  x, y    0, 0 
Exemplo Resolução:
No 2º exemplo apresentado na definição de limites de uma função de
2 xy
várias variáveis, provamos que lim  0.
x 0
y 0 x2  y2
Portanto, como f (0, 0)  0 e coincide com o limite da função então
temos que,
2 xy
lim  f (0, 0) . Assim a função é contínua no ponto (0,0).
x 0
y 0 x2  y 2

Tem em seguida uma actividade para poder fixar a ideia.

 2 xy
 2 ,  x, y    0, 0 
Verificar se f ( x, y )   x  y
2
é continua em (0,0)
0  x, y    0, 0 

Actividade
Resposta: Não é contínua

Caro estudante, vamos apresentar em seguida algumas propriedades de


funções contínuas.

Proposição1: Sejam f e g duas funções contínuas no ponto  x0 , y0  .


f
Então f  g , f  g , f  g e com g  0 são funções contínuas
g
em  x0 , y0  .
Unidade IDepartamento de Mátemática 101

Olhando para a propriedade anterior podemos afirmar que:


 Uma função polinomial de duas variáveis é continua em  2
 Uma função racional de duas variáveis é contínua em todos os pontos do seu
domínio.

Proposição 2: Seja y  f (u ) e z  g ( x, y ) . Suponhamos que g é continua em


 x0 , y0  e f é continua em g  x0 , y0  . Então a função f g é continua em
 x0 , y0  .

Demonstração
Como f (u ) é continua em g ( x0 , y0 ) , dado   0 , existe 1  0 tal que
u  D( f ) e u  g ( x0 , y0 )  1  f (u )  f  g ( x0 , y0 )   .

Como z  g ( x, y ) é continua em  x0 , y0  , para esse 1  0 , existe   0 tal


que ( x, y )  D( f ) e

( x, y )   x0 , y0     f  g ( x, y )  f  g ( x0 , y0 )    , portanto, f g é
continua em  x0 , y0  .
C.q.d.

Acompanhe o exemplo que se segue.

Discutir a continuidade da seguinte função h( x, y)  ln  x 2 y 2  4 

Resolução:
A função f ( x, y )  ln  x 2 y 2  4  é composta das funções f (u )  ln u e
Exemplo
g ( x, y )  x 2 y 2  4 .

A função g é contínua  2 , pois é uma função polinomial. A função f é


continua em   . Como g ( x, y )  0 ,   x, y  2 temos que, para
qualquer  x0 , y0  2 , g é continua em g ( x0 , y0 ) .

Logo a função h é continua em  2


102 Lição n0 5

Sumário
Nesta lição, você aprendeu os conceitos de limites e continuidade de funções
onde se destaca o calculo de limites e a análise de continuidade num ponto.

Caro estudante, apresentamos em seguida os exercícios de auto


avaliação. Resolva – os. Esperamos que você não tenha dificuldade na
resolução dos mesmos. Contudo, em caso de dúvidas volta a ler o texto e
acompanhe os exemplos apresentados. Pode também consultar o seu tutor
presencial, no caso de ser da área, ou então o tutor de especialidade.
Unidade IDepartamento de Mátemática 103

Exercícios
. Determine o limite, se existir, ou mostre que o limite não existe.

Auto-avaliação

x 2 y  3x 2  4 xy  12 x  4 y  12
11. lim
x 2
x 3
xy  3x  2 y  6

y x  2y  x  2 x3  3 3 xy  1
12. lim 13. lim 14. lim
x4 4  x  x y  4 y
x 1
x 0
x 0
xy  x x 1
x 1
xy  1

Para os exercícios 15- 19, verificar se as funções são contínuas nos


pontos indicados.

 1
 xsen , y0
15. f ( x, y )   y P(0, 0)
0 y0

 x 2  yx
 2 , x  y
x  y2
16. f ( x, y )   P(1,1)
 x  y x  y
1
 4  

x3  3xy 2  2
17. f ( x, y )  , P(1, 2)
2 xy 2  1
104 Lição n0 5

 x 4  3 y 2 x 2  2 yx 3
 ,  x, y    0, 0 
 x2  y 2 
2
18. f ( x, y )   P (0, 0)

0  x, y    0, 0 
3x  2 y ,  x, y    0, 0 

19. f ( x, y )   P(0, 0

 01  x, y    0, 0 

CHAVE DE CORRECÇÃO

1 3 2
10. 0 11. 13. 14.
2 6 3

15. Contínua 16.Contínua 17. Contínua 18. Não é contínua

19. Não é contínua


Unidade IDepartamento de Mátemática 105

Lição n0 6
Derivação Parcial

Introdução
Caro estudante, nesta lição vai aprender sobre os conceitos de derivadas
parciais. Nela serão abordados com destaque as derivadas parciais da primeira
ordem e a interpretação geométrica. Esta lição pode ser estudada em duas três
horas incluindo a resolução de exercícios.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Objectivo
 Definir correctamente o conceito de derivada parcial da primeira ordem;
s
 Calcular as derivadas parciais a partir da definição;

 Interpretar geometricamente as derivadas parciais;

 Calcular as derivadas parciais aplicando as regras de derivação.

Como já foi referenciado na introdução ao cálculo de limite, a diferenciação é tema


chave deste curso pelo que a sua aprendizagem deve ser muito significativa. Assim,
apela-se ao maior empenho:

Acompanhe!

Derivadas Parciais
106 Lição n0 6

Seja f uma função de duas variáveis x , y,

Suponhamos que deixamos somente x variar enquanto mantemos fixo o valor de y.

Por exemplo, se uma função de duas variáveis x e y

Fazendo onde é uma constante, estaremos então considerando uma função de

variável x:

Se tem derivada em , achamos a derivada parcial de em relação x em


e denota-se por:

f
f x(a, b)  f x (a, b)   a, b 
x

Assim,

Onde

Por definição da derivada

Onde

Agora suponhamos que deixamos somente y variar enquanto mantemos fixo o valor
de x.

Por exemplo, seja uma função de duas variáveis x e y.

Fazendo, onde é uma constante, estaremos então considerando uma função

de variável y:

Se tem derivada em , achamos a derivada parcial de em relação a y em

e denota-se por:

Assim,
Unidade IDepartamento de Mátemática 107

Onde

Por definição da derivada

Onde

Generalizando: para quaisquer que sejam os ponto de vem:

que recebe o nome de derivada parcial da função em relação a variável . Da

mesma forma que a derivada abaixo recebe o nome de derivada parcial da função

em relação a variável .

Também podem ser usadas as derivadas ordinárias no cálculo das derivadas parciais.

Portanto, se a função tiver várias variáveis , as derivadas parciais


desta função são determinadas da seguinte forma:
108 Lição n0 6

Achar as derivadas parciais da função no

ponto
Exempl Resolução:
o:
Considerando y como a variável fixa, teremos

Então,

Considerando x como a variável fixa, teremos

Então,
Unidade IDepartamento de Mátemática 109

O índice sensação térmica W é a temperatura que se sente quando a temperatura real

for T e a rapidez de vento, v, portanto podemos escrever . De uma


determinada tabela de índice de uma sensação térmica W extraiu-se a seguinte sub-
tabela:

Com ajuda da tabela anterior, estime os valores da derivada em função da

temperatura, .
110 Lição n0 6

Resolução

Actividade
Resolvida

Caro estudante, as regras da derivação para a função de uma variável são válidas para
as derivadas parciais, pelo que aconselhamos a rever o módulo do cálculo
infinitesimal.

A seguir apresentamos alguns exemplos de cálculo de derivadas usando as regras de


derivação.
Unidade IDepartamento de Mátemática 111

Achar e se

Exemplo

Interpretação Geométrica das Derivadas Parciais

Para darmos uma interpretação geométrica para as derivadas parciais,

lembremos que a equação representa a superfície .

Se então , fixando restringimos a nossa

atenção a curva na qual o plano vertical intercepta .

Da mesma maneira, o plano vertical intercepta na curva .

As curvas e Passam pelo ponto P.


112 Lição n0 6

Note que a curva é o gráfico da função Deste modo a

inclinação da tangente em é .

A curva é o gráfico de g ( y )  f (a, y ) deste modo , a inclinação da tangente T2

é g (b )  fx (a, b )

Desta forma, as derivadas parciais no ponto , e podem


ser representadas geometricamente como as inclinações das rectas tangentes

em aos traços e de nos planos e .

Se , ache e e interprete
essesnúmeros como inclinação.
Exemplo
Resolução:

O gráfico de f é o paraboloide , e o plano


vertical y = 1 intercepta o parabolóide na parábola

. A inclinação da recta tangente à

parábola no ponto é ,
Unidade IDepartamento de Mátemática 113

Da mesma forma, a curva na qual o plano x = 1 intercepta o paraboloide é a

parábola , para x =1, e a inclinação da recta

tangente em é

Sumário
Nesta lição você aprendeu o cálculo das derivadas parciais por definição e por
aplicação das regras de derivação. Também foi objecto de estudo a
interpretação geométrica das derivadas parciais.

Caro estudante,apresentamos em seguida as actividades de auto avaliação,


resolva-os todos. Em caso de dúvidas, aconserlhamos a rever o texto e os
exemplos apresentados.
114 Lição n0 6

Exercícios

1. Determine as derivadas parciais da primeira

ordem. z  x 2  y 2
Auto-avaliação

2. Determine as derivadas parciais e

usando definição da função f ( x, y)  3x  y .

3. A altura h das ondas em mar aberto depende da velocidade


v do vento e do tempo t durante o qual o vento se manteve

naquela intensidade. Os valores da função são


apresentadas na Tabela abaixo.

h
a) Achar f v e f t  b) lim
t  t

4– 20. Determine as derivadas parciais da primeira ordem


Unidade IDepartamento de Mátemática 115

18. u  x12  x22    xn2 19. u  sen( x1  2 x2  3x3    nxn )

20 – 23. Determine as derivadas parciais indicadas.

24. Achar , onde

25. Demonstrar que

26. Demonstrar que

27. Demonstrar que


116 Lição n0 6

28. Achar , se

29. Se , determine e e
interprete esses números como inclinação. Ilustre ou com um

30. Pelo ponto M(1;2;6) da superfície passaram planos


paralelos aos planos de coordenadas XOY e YOZ. Determinar que
ângulos formam com os eixos das coordenadas as tangentes às secções,
assim obtidas em seu ponto comum M.

Chave da Correção
Unidade IDepartamento de Mátemática 117
118 Lição n0 6

xi
18. u x  i  1, 2, , n
x  x    xn2
i 2 2
1 2

19. ux  i cos  x1  2x2  3x3  nxn  i  1, 2,, n


i
Unidade IDepartamento de Mátemática 119

Lição n0 7
Derivadas Parciais de ordem Superior. Equação
de Clairaut (ou teorema de Schwartz).

Introdução
Caro estudante, nesta lição vai aprender sobre o cálculo das derivadas parciais
de grau superior assim como aplicação da equação de Clairaut. Esta lição pode
ser estudada em duas horas, incluindo a resolução de exercícios.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Calcular as derivadas parciais de ordem superior;


 Aplicar o teorema de Clairaut ( ou teorema de Schwartz)
no cálculo das derivadas parciais mistas.
Objectivos

Caro estudante, acabamos de concluir o estudo das derivadas parciais da


primeira ordem. Assim vamos em seguida apresentar as regras do cálculo das
derivadas parciais de ordem superior, bem como a equação de clairaut, para o
cálculo das derivadas parciais mistas.

Continue a acompanhar!

Derivadas parciais da 2ª ordem

Se é uma função de duas variáveis, suas derivadas parciais e são


funções de duas variáveis de modo que podemos considerar novamente as sua

derivadas parciais ; ; e , Chamadas derivadas parciais da 2ª


ordem.

Assim, se então:
120 Lição n0 7

Achar , e , se f ( x, y )  x 3  x 2 y 2  2 y 2

Exemplo Resolução:

Sendo

Como a função z depende de mais de uma variável que são x , y, então


teremos as suas derivadas parciais.

Para será:

Para será:

Por fim,
Unidade IDepartamento de Mátemática 121

2 z 2 z
Caro estudante no exemplo anterior, observou que as e tem o
xy yx

mesmo resultado, isto são iguais 6xy 2 . Esta coincidência não é casual é
suportada pelo Clairaut, no seu teorema que diz o seguinte:

Teorema:

Suponhamos que seja definida numa bola aberta que contenha o ponto
. Se as funções e forem continuas em , então:

Demonstração

Achar e , se

Exemplo Resolução:

Sendo

Como a função z depende de mais de uma variável que são x e y, e,


então teremos as suas derivadas parciais.

Em primeiro derivamos em ordem a variável y e depois em ordem a


x aplicando as regras derivação estudadas no modulo I
122 Lição n0 7

Para o caso seguinte, derivamos primeiro em ordem a x e depois em ordem a y,


também aplicamos as regras de derivação já conhecidas.

Assim:

Observando os dois resultados, verificamos quem eles são iguais. Satisfazem o

teorema de Clairaut. Portanto,

As derivadas parciais de ordem 3 ou mais também podem ser definidas:

Seja , as derivadas da 3ª ordem tomam a forma:


Tome Nota!
Unidade IDepartamento de Mátemática 123

. . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .

Analogamente forma-se outras derivadas até de ordem .

Sumário
Nesta lição você aprendeu as derivadas parciais de ordem superior bem como a
equação de Clairaut.

A seguir como tem sido a nossa filosofia, apresentamos actividades de auto


avaliação para consolidar a sua aprendizagem.
124 Lição n0 7

Exercicio
1. Use a tabela de valores de para estimar

os valores de
Auto-avaliação

X 1.8 2.0 2.2

2.5 12.5 10.2 9.3

3.0 18.1 17.5 15.9

3.5 20.0 22.4 26.1

2. Determine as seguintes derivadas usando a

definição se

3 – 7. Achar as derivadas parciais da segunda ordem

7 – 10. Verifique se as conclusões do Teorema de Clairaut são verdadeiras.


Unidade IDepartamento de Mátemática 125

11 – 13. Determinar as derivadas parciais indicadas.

CHAVE DE CORRECÇÃO
126 Lição n0 7
Unidade IDepartamento de Mátemática 127

Lição n0 8
Planos Tangentes, Aproximação Linear e Funções
Diferenciáveis.

Introdução
Caro estudante, nesta lição vai aprender sobre os planos tangentes
aproximação linear e funções diferenciáveis. O tema sobre funções
diferenciáveis é muito importante visto que nele apresentam-se algumas
aplicações na resolução de problemas da vida quotidiana, como é o caso do
cálculo aproximado de áreas e volumes. Esta lição pode ser estuda em duas
horas e meia, incluindo a resolução de exercícios.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Identificar os planos tangentes e as suas respectivas equações;

 Determinar a aproximação pelos planos tangentes;


Objectivos
 Achar as diferenciais da 1ª ordem de funções;

 Resolver problemas de cálculo aproximado;

 Resolver problemas de aplicação de diferenciais.

Caro estudante, este é mais um tema com muita aplicação em


matemática. Assim, aconselhamos mais uma vez a dedicar as suas
energias, como foi sempre de costume, à sua aprendizagem.

Continue a acompanhar!
128 Lição n0 8

Planos Tangentes
Suponhamos que a superfície tem a equação onde

tem derivadas parciais da 1ª ordem contínuas e seja um

ponto de e seja e Curvas contidas e pertencentes a .

Sejam e as rectas tangentes das curvas e no ponto

Então o plano tangente à superfície no ponto é definido como o

plano que contém as duas rectas tangentes e .

Se é outra curva qualquer que esteja contida na superfície e que passa pelo

ponto , então a recta tangente do ponto também pertence ao plano.

Sabe-se que a equação do plano que passa por ponto é:

, dividindo a equação por , vem:

Fazendo e então:
Unidade IDepartamento de Mátemática 129

Suponhamos que tenha derivadas parciais contínuas, uma equação do plano

tangente à superfície no será:

Equação de plano tangente

Determine a equação da tangente a parabolóide no


ponto A (1,1,3).
Exemplo
Resolução:

A equação será:

Vamos em seguida apresentar o conceito de aproximação linear.


Acompanhe!

Aproximação linear
É sabido que uma equação do plano tangente ao gráfico de uma função de duas

variáveis no ponto é:

A função linear cujo gráfico é esse plano tangente, isto é,


130 Lição n0 8

é denominada

linearizaçãode em e a aproximação

é chamada
aproximação linear, ou aproximação pelo plano tangente.

Vistos os conceitos de plano tangente e aproximação linear, apresentamos em


seguida o estudo das funções diferenciáveis.

Exemplo

1. Determine a aproximação linear da função

no ponto (2,1) e use-a para aproximar

Resolução:

A aproximação linear é:
Unidade IDepartamento de Mátemática 131

Funções Diferenciais

Definição: Se , então é diferenciável em se podeser

expresso na forma com e

0quando

Se as derivadas parciais e existem na vizinhança do ponto (a, b) então f é


Tome Nota
diferenciável em ( (a, b)

Veja o exemplo que se segue.

Dada a função .
N Exemplo
a) Mostre que é diferenciável no ponto .

b) Determine a sua linearização em .

c) Calcule o valor aproximado em .

Resolução:

Dada a função
132 Lição n0 8

a)

Logo, é diferenciável, pois existem derivadas nesse ponto

b) A sua linearização será:

As derivadas parciais no ponto foram calculadas na alínea anterior, então,

c) Determinamos agora o valor aproximado da função no ponto

. . Podemos usar a fórmula da linearização ou a função


principal.

ou

Diferenciais

Para uma função de uma variável definimos o diferencial como uma


variável independente ou seja pode valer qualquer número real.

O diferencial é definido como .

representa a variação da altura da recta tangente quando varia da

quantidade .
Unidade IDepartamento de Mátemática 133

Para uma função de duas variáveis , define-se as diferenciais e

como variáveis independentes, ou seja, podem valer quaisquer números em

. Então o diferencial também chamado diferencial total, é definido por:

Geometricamente representa a variação na altura do plano tangente e

representa a variação da altura da superfície quando varia

de para

Apresentamos em seguida um exemplo do cálculo de diferenciais de uma


função.

Caro estudante, continue acompanhando!

Se determine

a) dz
Exemplo
b) Se xvaria de 2 a 2.05 e y varia de 3 a 2.96 compare os valores dz e .

Resolução:

a)

Achamos as derivadas parciais da função

Por isso,
134 Lição n0 8

b) Tomando , então

Substituindo na equação do diferencial total encontrada vem

Para teremos

Substituindo na função vem,

Em seguida, apresentamos um problema de aplicação dos diferenciais na


resolução de problemas matemáticos.
Unidade IDepartamento de Mátemática 135

Foram feitas medidas do raio da base e da altura de um conecircular


recto e obteve-se 10cm e 25cm respectivamente com possível erro
nessas medidas de no máximo 0.1cm. utilize o diferencial para
Exemplo
estimar o erro máximo cometido no cálculo do volume do cone.

Resolução

Se as dimensões do cone são, altura (h), raio (r)então o volume do


cone será:

O diferencial de V é

Como cada erro tem máximo, 0.1cm,então

Para achar o erro máximo no volume, tomamos os maiores erros nas medidas

de r e h. Assim para dai


vem

Sumário
Nesta lição você aprendeu a determinação da equação do plano tangente, aproximação
linear assim como as funções diferenciáveis. Destacou-se o cálculo dos valores
aproximados a partir da linearização e resolução de problemas matemáticos
136 Lição n0 8

Exercicios
1 -3. Determine uma equação tangente à superfície no ponto
especificado.
Auto-avaliação

4 -6. Explique por que a função é diferenciável no ponto dado. Faça a


linearização no ponto.
Unidade IDepartamento de Mátemática 137

7.Determine a aproximação linear da função

no ponto (7,2) e use-a para aproximar

8. A altura h de ondas em mar aberto depende da rapidez do vento v


e do tempo t durante o qual o vento se manteve naquela intensidade.

Os valores da função são apresentados na seguinte


tabela.

Use essa tabela para determinar a aproximação linear da função altura da onda

quando v estiver próximo de a nós e t estiver próximo de 2 .

Estime também quando está ventando por 2 a nós.

9 – 17. Determine o diferencial da função


138 Lição n0 8

17. Se varia de a ,

compare os valores de .

18. Utilize os diferenciais para estimar a quantidade de estanho em lata


cilíndrica fechada com 8cm de diâmetro e 12 cm de altura se a espessura da
folha do estanho for de 0.04 cm.

19. Um dos lados de u rectângulo é , o outro . Como

variará a diagonal deste rectângulo, se o lado aumentar em 4mm e o lado


diminuir em 1mm? Achar a grandeza aproximada da variação e compará-la
com a exacta.

20. O comprimento e largura de um rectângulo foram medidos como 30 cm e


24 cm, respectivamente, com um erro de medidas de, no máximo 0.1 cm.
Utilize os diferenciais para estimar o erro máximo cometido no cálculo da área
do rectângulo.

21. As dimensões de uma caixa fechada rectangular foram medidas como 80


cm, 60 cm e 50 cm, respectivamente, com erro de, no máximo de 0.2 cm em
cada dimensão.Utilize os diferenciais para estimar o erro máximo cometido no
cálculo da área da superfície da caixa.

Chave da Correcção
Unidade IDepartamento de Mátemática 139

7.

8.
140 Lição n0 9

Lição n0 9
Regra de Cadeia

Introdução
Caro estudante, nesta lição vai aprender a regra de cadeia, que é a extensão da
regra de derivação de funções composta para uma função de uma variável.
Nela serão apresentados, para além dos exercícios de cálculo, problemas de
aplicação que exigem uso desta regra. Esta lição pode ser estudada em três
horas, incluindo a resolução de exercícios.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 A plicar a regra de cadeia no cálculo de derivadas parciais de


funções compostas;
Objectivos
 Aplicar a regra de cadeia na resolução de problemas.

Caríssimo estudante, depois de resolvida a tarefa anterior é momento para


prosseguirmos com o nosso estudo, apresentando em seguida a regra de cadeia
que é a regra de diferenciação de funções compostas para funções de mais do
que uma variável. Continuemos

Regra de Cadeia
No módulo sobre o cálculo infinitesimal, estudamos que para uma função de

uma variável a regra para diferencial uma função composta quando

e , onde e são funções contínuas e diferenciáveis

é .
Unidade IDepartamento de Mátemática 141

Para as funções de mais do que uma variável, a regra de cadeia tem diversas
funções, cada uma delas fornecendo uma regra de diferenciação de funções
compostas.

Caso I: Suponhamos que , seja uma função diferenciável de x e y

onde e são funções diferenciáveis de t . Então z é uma

função diferenciável de t e

Demonstração:

Sabe-se que, onde e 0 quando

Vamos dividir ambos os membros por

z f x f y x y
   1  2
t x t y t t t

z  f x f y x y 
lim  lim    1  2 =
t 0 t t 0 x t y t t t 

f x f y x y
lim  lim  1 lim   2 lim
t 0 x t t 0 y t t 0 t t 0 t

Pela definição da derivada vem,

Como e 0 quando então,

Apresentamos em seguida um exemplo. Acompanhe!


142 Lição n0 9

Considerando onde e ,

determine no ponto .
Exemplo

Resolução:

Sendo , e

Como a função z depende de mais de uma variável que são x e y, e


por sua vez as variáveis x e y dependem de uma variável, então
teremos as suas derivadas parciais e totais respectivamente.

Dai vem que,

Substituindo e na equação obtida teremos,

Substituindo na equação obtemos

Caso II: Suponhamos que seja uma função

diferenciável de x e y, onde e são


funções diferenciáveis de u e v então:
Unidade IDepartamento de Mátemática 143

Se , onde e , encontrar e

Exemplo Resolução:

Sendo , e

Como a função z depende de mais de uma variável que são x e y, e


por sua vez as variáveis x e y também dependem de mais de uma
variável que são s e t, então teremos as suas derivadas parciais
respectivamente,

Dai vem que,

Substituindo e na equação obtida teremos,

Assim,

Determinamos as suas derivadas parciais,

Dai vem que,


144 Lição n0 9

Substituindo e na equação obtida teremos,

Regra geral

Suponhamos que z seja uma função diferenciável de n variáveis onde é uma

função de m variáveis , então z é uma função de

e,

Onde

Escreva a regra de cadeia para o caso seguinte

, onde , , e
Exemplo

Resolução:

Como a função w depende de mais de uma variável que são x, y, z ,


t e por sua vez as variáveis x, y, z , t também dependem de mais de
uma variável que são u e v, então teremos:
Unidade IDepartamento de Mátemática 145

Em seguida, apresentamos mais um exemplo. Continue acompanhando


caríssimo estudante!

Exemplo

Se , onde , e

encontrar quando .

Resolução:

Sendo Se , , e ,
então

Como a função u depende de mais de uma variável que são x , y, z e por sua
vez as variáveis x , y , z também dependem de mais de uma variável que são
r, s , t, então teremos as suas derivadas parciais respectivamente,

Dai vem que,

Substituindo , , na equação obtida


teremos,
146 Lição n0 9

Substituindo na equação por vem,

Sumário
Nesta lição você aprendeu a regra de cadeia e sua aplicação na resolução de exercícios.
Unidade IDepartamento de Mátemática 147

Exercícios
A seguir caro estudante, apresentamos os exercícios de auto avaliação,
resolva-os. Em caso de dificuldade, volta a estudar a lição e acompanhar os
Auto-avaliação exemplos apresentados.

1. Achar , se

2. Achar , se

3. Achar , se

4. Achar , se

Achar e ,s
148 Lição n0 9

5. Achar , se

6. Achar , se

7. Achar , se

8. Achar e , se

9. Achar , se

10. Achar e , se

11. Achar e , se

13 – 14. Utilize a regra de cadeia para determinar e


Unidade IDepartamento de Mátemática 149

16. Seja , onde são diferenciável

, , , , ,

e , determine e

17. Assumindo que a função é diferenciável, onde e

.Mostre que

18. O comprimento l, a largura w e a altura h de uma caixa variam com o

tempo. A certo instante as dimensões da caixa são e el

e w estão aumentando a uma taxa de , ao passo que h está diminuindo a

uma taxa de . Nesse instante, determine as taxas nas quais as seguintes


quantidades estão variando.

a) O volume b) A área da superfície

c) O comprimento da diagonal.

19. Dois barcos que saíram ao mesmo tempo do ponto A vão, um ruma a norte
e outro ruma ao nordeste. As velocidades respectivas dos barcos são:

Com que velocidade aumenta a distância entre eles?


150 Lição n0 9

Chave da Correção

 e  sent 1  et cos 2 t   cos t  sent   2et sent cos t  cos t  sent 
dw 2t
6.
dt
Unidade IDepartamento de Mátemática 151

Unidade III
Derivadas de Funções Implícitas
Introdução
Caro estudante, nesta unidade, que por sinal, é composta por uma única lição
vamos tratar das derivadas de funções implícitas, onde se irá destacar as regras
derivação e também a derivação de sistemas de equações.

Ao completar a unidade, você será capaz de:

 Calcular as derivadas de funções implícitas.


Objectivos
152 Lição n0 10

Lição n0 10
Derivadas de funções Implícitas.
Introdução
Caro estudante, nesta lição vai aprender as regras de derivação de funções
implícitas para as funções duas ou três variáveis, esta derivação é a extensão da
regra de derivação de funções implícitas para uma função de uma variável.
Esta lição pode ser estudada em três horas, incluindo a resolução de
exercícios.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Calcular as derivadas de funções implícitas;


 Resolver sistemas de equações implícitas;

Objectivos  Aplicar a regra de cadeia na resolução de problemas.

Caro estudante, uma vez terminado o estudo de derivadas de funções definidas


na forma explícita, vai em seguida, aprender como achar as derivadas parciais
de funções definidas implicitamente, isto é, as funções cuja variável não se
deixa explicitar.

Caso I: Suponhamos que a equação define y implicitamente como

uma função diferenciável de x, ou seja onde para


todo x do domínio de f.

SeFé diferenciável, então:

F
F F dy F  x, y 
  x   x
dy
Segue,   0 logo, , com Fy  x, y   0
x y dx dx F Fy  x, y 
y
Unidade IDepartamento de Mátemática 153

Achar para .

Exemplo Resolução:

Passando o 2º membro da equação para o 1º membro


teremos,

que é uma função implícita do tipo onde,

Achando as derivadas parciais teremos,

Portanto, vem que,

Caso II: Suponhamos que seja definida implicitamente como uma função

por uma equação .

Se for diferenciável então:

Como consideramos x e y como variáveis independentes, então:

portantovem,
154 Lição n0 10

Assim,

Logo,

Analogamente,

Achar e se .

Exemplo Resolução:

Passando o 2º membro da equação para


o 1º membro teremos,

que é uma função implícita do tipo onde,

Achando as derivadas parciais teremos,

Portanto, vem que,


Unidade IDepartamento de Mátemática 155

E para ,

Achando as derivadas parciais teremos,

Portanto, vem que,

Em seguida, apresentamos o método usual para o cálculo de derivadas das


funções definidas implicitamente. caro estudante,continue a acompanhar a
lição.

Derivadas das Funções y  y ( x) e z  z ( x) Definidas Implicitamente


 F ( x, y , z )  0
por 
G ( x, y, z )  0
Suponhamos que as funções diferenciáveis y  y ( x) e z  z ( x) sejam definidas

 F ( x, y , z )  0
implicitamente pelo sistema  (1)
G ( x, y, z )  0

Onde F e G são diferenciáveis.

dy dz
Para obter as derivadas e vamos derivar (1) em relação a x. usando a regra
dx dx
 F dx F dy F dz
 x dx  y dx  z dx  0

de cadeia, temos  ou
 G dx  G dy  G dz  0
 x dx y dx z dx
156 Lição n0 10

 F dy F dz F
 y dx  z dx   x

 (2). O sistema (2) é um sistema de equações lineares paras
  G dy G dz  G
 
 y dx z dx x

dy dz
as incógnitas e . Assim, nos pontos em que o determinante do sistema é
dx dx
diferente de zero, ele tem solução única. Sua solução pode ser obtida através da regra
de Cramer, temos

F F F F

x z x z
G G G G

 x z   x z
dy (3)
dx F F F F
y z y z
G G G G
y z y z

F F F F

y x y x
G G G G

dz y x y x (4)
 
dx  F F F F
y z y z
G G G G
y z y z

Os determinantes que aparecem em (3) e (4) são conhecidos como


determinantes jacobianos ou somente jacobianos. Eles aparecem em diversas
situações em curso de análise Matemática.

De forma geral, se temos n funções de n variáveis,

f1 ( x1 , x2 , xn )
f 2 ( x1 , x2 , xn )
.......................
f n ( x1 , x2 , xn )
Unidade IDepartamento de Mátemática 157

O determinante jacobiano de f1 , f 2 , , f em relação a x1 , x2 ,  xn , que denotamos

  f1 , f 2 , , f n 
por é definida pela
  x1 , x2 ,  xn 

f1 f1 f
 1
x1 x2 xn
f 2 f 2 f
  f1 , f 2 , , f n   2
expressão  x1 x2 xn (5).
  x1 , x2 ,  xn 
.........................
f n f n f
 n
x1 x2 xn

dy dz
Usando a notação introduzida em (4), podemos expressar as derivadas e como
dx dx

 F,G   F,G
dy   x, z  dz   y, x 
 e 
dx   F , G  dx   F,G
  y, z    y, z 

Caro estudante, para que possa perceber a ideia apresentada no texto,


apresentamos em seguida o exemplo.

Acompanhe!

Suponhamos que as funções y  y ( x) e z  z ( x) , z  0 sejam definidas


 x2  y 2  z 2
implicitamente pelo sistema 
Exemplo
x  y  2  0
dy dz
Determinar as derivadas e
dx dx

Resolução

 F ( x, y , z )  0
As funções dadas são definidas pelo sistema  onde
G ( x, y, z )  0
F ( x , y , z )  x 2  y 2  z 2 e G ( x, y , z )  x  y  2 .

Podemos obter as suas derivadas através das expressões,


158 Lição n0 10

F F
  F , G  x z 2x  2z
   2z
  x, z  G G 1 0
x z

F F
  F , G  y z 2y 2x
e    2 y  2x
  y, z  G G 1 1
y z

  F,G
dy   x, z  2z
Assim     1
dx   F,G 2z
  y, z 

  F,G
dz   y, x  2 y  2 x y  x
e   
dx   F,G 2z z
  y, z 

Caríssimo estudante,é interessante observar, neste exemplo, que o sistema que


define as funções y e z representa a intersecção do cone x 2  y 2  z 2 ,

z  0 com o plano x  y  2 . Assim os pontos  x, y( x), z( x)  estão sobre a

curva de intersecção dessas superfícies. Veja a figura


z

2 y

x
Unidade IDepartamento de Mátemática 159

Derivadas das Funções x  x(u, v) e y  y (u , v) Definidas Implicitamente


 F ( x, y , u , v )  0
por 
G ( x, y, u, v)  0
Suponhamos que as funções diferenciáveis x  x(u, v) e y  y (u , v) sejam definidas

 F ( x, y , u , v )  0
implicitamente pelo sistema  onde F e G são funções
G ( x, y, u, v)  0
diferenciáveis.

Como nas situações anteriores, podemos determinar as derivadas parciais de x e y em


relação a u e v, com o auxilio da regra de cadeia.

 F ( x, y , u , v )  0
Mantendo v como constante e derivamos o sistema  , obtemos
G ( x, y, u, v)  0
 F x F y F u F v
 x u  y u  u u  v u  0 u v

 . Como 1 e 0,
 G x  G y  G u  F v  0 u u
 x u y u u u v u

 F x F y F
 x u  y u   u

vem  . Utilizando a regra de Cramer
 G x  G y   G
 x u y u u

para resolver o sistema, obtemos

F F F F
u y x u
G G G G
x u y y
 e   x u ,
u F F u F F
x y x y
G G G G
x y x y

Desde que o determinante do denominador seja diferente de zero.

Usando a notação do jacobianos vem,


160 Lição n0 10

( F , G) ( F , G)
x  (u , y ) y  ( x, u ) ( F , G)
 e  desde que  0.
u  ( F , G ) u  ( F , G ) ( x, y )
 ( x, y )  ( x, y )

Caro estudante, fazendo da forma análoga, mantendo u constante e derivando


em relação a v, obtém

( F , G) ( F , G)
x  (v, y ) y  ( x, v ) ( F , G)
 e  com 0
v  ( F , G ) v  ( F , G ) ( x, y )
 ( x, y )  ( x, y )

Para poder fixar a ideia, apresentamos em seguida um exemplo

 x  u  2v  0
Sabendo que o sistema  define as funções diferenciáveis x  x(u, v) e
 y  2u  v  0
, determinar as derivadas parciais de x e y em relação a u e v.
Exemplo:
Resolução:
F F F F
u y x u
G G 1 0 G G 1 1
x u y 2 1 y u   0  2  2
  1 e   x
u F F 1 0 u F F 1 0
x y 0 1 x y 0 1
G G G G
x y x y

( F , G) 2 0 ( F , G) 1 2
x  (v, y ) 1 1 y  ( x, v ) 0 1
   2 e    1.
v  ( F , G) 1 0 v ( F , G) 1 0
 ( x, y ) 0 1  ( x, y ) 0 1

Claramente nesse exemplo poderíamos calcular essas derivadas determinando as

 x  u  2v
derivadas parciais das funções explícitas 
 y  2u  v

Esperamos que tenha percebido a lição. Deste modo, apresentamos a seguinte


actividade:
Unidade IDepartamento de Mátemática 161

Dadas as funções x  x(u, v) e y  y (u , v) definidas implicitamente


u  x 2  y 2
pelo sistema  determinar as derivadas parciais de x e y em
v  2 xy
Actividade
relação a u e v

CHAVE DE CORRECÇÃO
x x y y
 2 ,  2 ,
u 2 x  2 y u
2
2x  2 y2

x y y x
 2  2
v 2 x  2 y v 2 x  2 y 2
2

Sumário
Nesta lição única você aprendeu o cálculo das derivadas parciais de funções
implícitas.
Em seguida vamos apresentar as actividades de auto avaliação

1. Supondo que a função diferenciável z  f ( x, y ) é definida


z z
pela equação dada, determinar e :
x y
Auto-avaliação a) x 3 y 2  x 3  z 3  z  1 b) x 2  y 2  z 2  xy  0
c) xyz  x  y  x 2  3
2. Supondo que as funções diferenciáveis y  y ( x) , z  z ( x) ,
z  0 , sejam definidas implicitamente pelo sistema dado,
dy dz
determinar e :
dx dx
 x2  y 2  z 2  4 2 x 2  y 2  z 2
a)  , b) 
x  y  z  2 x  y  2
3. Determinar as derivadas parciais da 1ª ordem das funções
x  x(u, v) e y  y (u , v) definidas implicitamente pelo sistema:

 x 2  u 2  y 2  0 x  u  v  3
a)  2 , b) 
 x  y  v  0  y  3uv  v  0
2 2 2

CHAVE DE CORRECÇÃO
162 Lição n0 10

 y2 1  2 x3 y 2x  y 2 y  x
1. a) 3x  
2
 ; b)
 3z  1  3z  1
2 2
2z 2z

1  2 x  yz 1  xz
c)
xy 2z

zx x y zx x y
2. a) ; b) ;
yz yz yz yz

2uv 2 yv 2 xu 3x 2v
3. a)  2 ,  2 , 2 e 2
3x y  2 xy 3x y  2 xy 3x y  2 xy 3x y  2 xy

b) 1 , 1, 3v, 3u  2v
Unidade IDepartamento de Mátemática 163

Unidade IV
Transformações. Campos Escalares e
Vectoriais
Introdução
Caríssimo estudante, nesta unidade você vai estudar as transformações de Campos
escalares e campos vectoriais. Nela, são apresentados os diversos operadores com
destaque para o conceito de gradiente de uma função e as derivadas direcionais.

Ao completar a unidade, você será capaz de:

 Calcular e definir o operador nabla;


 Calcular o gradiente, divergência, o rotacional de uma função;
 Calcular o laplaciono e o jacobiano de uma função;
Objectivos
 Calcular as derivadas direcionais de uma função;
 Maximizar a derivada direccional;
 Resolver problemas de aplicação do gradiente e derivadas direcionais.

164 Lição n011

Lição n011
Transformações. Campos escalares
e Vectoriais.

Introdução
Caro estudante, nesta lição vai aprender os conceitos de gradiente de uma
função, a divergência e o rotacional de uma função e algumas aplicações do
gradiente. Esta lição pode ser estudada em três horas, incluindo a resolução de
exercícios.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Calcular o gradiente de uma função;


 Resolver problemas de aplicação do gradiente;

Objectivos  Calcular a divergência e o rotacional de uma função.

Caro estudante, nesta lição vamos apresentar as transformações dos campos


vectoriais em escalares e vice - versas. Também vamos abordar os operadores
de Laplace e do Jacob.

Continue a acompanhar a lição

Vector nabla ou Del

Chama-sevector nabla ou del ao vector simbólico tal

que:
Unidade IDepartamento de Mátemática 165

Caro estudante, vamos apresentar em seguida o conceito de gradientede uma


função

Gradiente de uma função


Chama-se gradiente de uma função de :(
Funções contínuas dotadas da primeira derivada parcial ) ao grupo escalar por

ele definido num ponto genérico :

Pode ser representado por:

f f f
Em : f  i j k
x y x3

O gradiente tem como função transformar campos escalares em campos


vectoriais.

Propriedades
Nota

1)

2)

3)

Demonstração da propriedade 1)
166 Lição n011

Hipótese

f e h são funções

Tese

Demonstração

n
 f  g
  f  g    ej por definição do gradiente de uma função
j 1 x j

n
f n
f
  ej   ej Propriedadesdo somatório
j 1 x j j 1 x j

Encontre o gradiente de

Resolução:
Exemplo
Usando a fórmula de gradiente para uma função de três variáveis
vem,

Dai,

Vaja em sguida, o conceito de divergência

Divergência

Seja um campo vectorial onde é definido por:

de

Chama-se divergência da função e denota-se por ao escalar:


Unidade IDepartamento de Mátemática 167

A divergência transforma campos vectoriais em escalares.

Se em todo o campo, este campo chama-se solenoidal

Propriedades:

O operador div é também linear.

Encontre a divergência de

Resolução:
Exemplo
Usando a fórmula da divergência para uma função vectorial dada
vem,

Determinando as derivadas parciais pelas variáveis


correspondentes, teremos:

Daí vem que,

Veja, em seguida, o conceito de rotacional de uma função vectorial


168 Lição n011

Rotacional

Seja um campo vectorial tal que e é uma

função vectorial de

Chama-se rotacional no campo num ponto genérico de ao


operador definido pela fórmula:

O rotacional campos vectoriais em campos vectoriais, também é um operador


linear, logo goza das seguintes propriedades:
Propriedades:

Se , o campo chama-se irrotacional


Em seguida, apresentamos o exemplo. Continue acompanhando!

Encontre o rotacional de

Resolução:
Exemplo
Usando a fórmula de rotacional para a função vectorial dada vem,

Onde,

Fazendo a substituição à fórmula de rotacional, teremos:


Unidade IDepartamento de Mátemática 169

Aplicando as propriedades de determinante vem,

Resposta:Como então, a função diz-se irrotacional.

Em seguida, apresentamos o seguinte teorema

Teorema: se o gradientede for da num dado domínio de , então este


gradiente é o rotacional da função

Teorema:Se o gradiente este gradiente é irrotacional.


Hipótese

Tese
170 Lição n011

Demonstração

Encontre o rotacional através gradiente de

Resolução:

Usando a fórmula de gradiente para uma função de três variáveis vem,


Unidade IDepartamento de Mátemática 171

Dai,

Usando a fórmula de rotacional para a função vectorial dada vem,

Em seguida, vamos apresentar um operador que transforma campos


escalares em outros escalares, o operador de Laplace.
\
Exemplo Continue atento a acompanhar!

Laplaciano

Chama-se operador de Laplace ao operador ou

Definição: Dada uma função de , chama-se

Laplaciano da função a expressão:

: Encontre o laplaciano de

Resolução:
Exemplo
Usando a fórmula de laplaciano para uma função vem,
172 Lição n011

Determinamos as suas derivadas parciais,

Vem,

Se , o campo chama-se equação de Laplace

Sumário
Na lição que ora finda, você aprendeu as transformações dos campos vectoriais em escalares e vice-versa.
Também foram apresentados os operadores de Laplace.

Exercícios

1– 2. Encontre o gradiente da função

Auto-avaliação

3- 4. Encontre a divergência para

4-
. Calcule o rotacional para
Unidade IDepartamento de Mátemática 173

5-

6- 7 . Encontre o laplaciano da função

8– 9. Encontre o jacobiano

8. Se

9. Se

Chave de Correcção

1.

2.

3.

4.

5.

6.

8
174 Lição n012

Lição n012
Derivadas Direccionais

Introdução
Caro estudante, nesta lição iráaprender as derivadas direcionais, isto é, aquelas
que são calculadas segundo a direcção de um vector. Este conceito está
associado ao conceito de gradiente de função. Esta lição pode ser estudada em
três horas, incluindo a resolução de exercícios.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Calcular as derivadas direccionais;


 Calcular as taxas de variação;

Objectivos  Maximizar as derivadas direccionais;


 Resolver problemas de aplicação das derivadas direccionais.

Caro estudante, na lição anterior aprendeu o operador gradiente de uma função


que é um elemento fundamental no cálculo das derivadas direcionais. A seguir,
apresentamos o conceito de derivada direcional. Continue acompanhando!

Derivada Direccional

Dada uma função de domínio D, seja

um ponto interior de

De um vector

unitário e um escalar t tal que pertence ao domínio D, com:


Unidade IDepartamento de Mátemática 175

Se esta função admite derivada em ordem a t no ponto , esta derivada se

chama derivada da função no ponto a segundo a direcção do vector .

Definição: Chama-se derivada direcional de f no ponto nadirecção dum

vector unitário ao limite caso exista:

Teorema:Se f é uma função diferenciável em então f tem derivada

direccional de qualquer versor e é:

Se o versor u faz um ângulo com eixo positivo então:

Assim nessas condições teremos;

Se é diferenciável no ponto
então a derivada nesse ponto segundo qualquer vector unitário

é dada por:
176 Lição n012

Determine a derivada direcional se

e u é o versor dado pelo ângulo


Exemplo :
a) Determine a derivada direcional anterior para .

Resolução:

Sendo ,

Aplicando a fórmula derivada direcional teremos,

Determinamos as derivadas parciais,

Vem,

a) Para achar vamos

substituir o ponto na derivada direccional encontrada;

Logo:
Unidade IDepartamento de Mátemática 177

Se não é um vector unitário, a derivada direccional segundo é a derivada

segundo o versor de e nesse caso é versor de e


Nota! escreve-se:

Calcular a derivada da função segundo o vector


.
Exemplo a) Determine a derivada direcional anterior para oponto

Resolução:

Sendo , , .

Aplicando a fórmula derivada direcional teremos,

Onde,
178 Lição n012

Determinamos as derivadas parciais,

O módulo de será ,

Dai vem,

a) Para achar a derivada

direcional no ponto vamos substituir o pontona derivada


direccional encontrada;

Logo:

Maximização da Derivada Direcional


Suponhamos que f seja uma função de duas ou três variáveis, o valor máximo

da derivada direcional é e ocorre quando tem a mesma direcção


que o vector gradiente de f.
Unidade IDepartamento de Mátemática 179

Logo, o valor máximo ocorre quando , isto é, quando . Isto

significa que o vector tem a mesma direcção que .

A seguir, apresentamos um exemplo para melhor fixar as ideias

Se .
a) Determine a taxa de variaçãono ponto na direcção do ponto

Exemplo .

b) Em que direcção f tem a máxima taxa?

c) Qual é a taxa de variação máxima?

Resolução:

Sendo

a) Para determinar a taxa de variação no ponto na direcção do

ponto , achamos a derivada direccional no ponto da

função dada segundo o vector .

Determinamos o vector .

Onde,

O módulo de será ,
180 Lição n012

Determinamos as derivadas parciais,

Aplicando a fórmula derivada direccional teremos,

Dai vem,

Logo:

b) Sabe-se que o valor máximo

da derivada direccional ocorre quando tem a mesma direcção que o


vector gradiente de f.

Então vamos determinar o no ponto dado P .

Substituindo o ponto vem,

A função f tem a direcção máxima no vector .


Unidade IDepartamento de Mátemática 181

c) Para determinar a taxa


máxima vamos determinar a norma do vector gradiente,

Caro estudante, apresentamos, em seguida, uma actividade para ajudar afixar


as ideias.

De acordo com a tabela de valores do índice sensação térmica


dada. Use-a para estimar o valor de , onde .
Actividade: Resolução:

Com base na tabela


182 Lição n012

Portanto,

Com base na tabela usamos

Portanto,

Logo,

78

Vamos em seguida apresentar um problema de aplicação das derivadas


direcionais

A temperatura em uma bola de metal é inversamente proporcional à distância


do centro da bola, que tomamos como sendo a origem. A temperatura no

Actividade : ponto é de .

a) Determine a taxa de variação de em em direcção ao ponto


Unidade IDepartamento de Mátemática 183

Resolução:

A temperatura é inversamente proporcional À distância do centro da bola que


está na origem

Assim:

k- constante da proporcionalidade

Distância do cento da bola na origem x 2  y 2  z 2 pois

d  x  a   y  b   z  c  d   x  0   y  0   z  0 ,
2 2 2 2 2 2

k
Inversamente proporcional: T ( x, y, z ) 
x  y2  z2
2

a)
184 Lição n012

Sumário
Nesta lição você aprendeu o cálculo das derivadas direcionais. em seguida,
apresentamos os exercícios de auto avaliação. Resolva – os. Esperamos que
você não tenha dificuldade na resolução dos mesmos. Contudo, em caso de
dúvidas volta a rever a parte teórica e os exemplos apresentados. Se as dúvidas
continuarem consulte o seu Tutor à distância.

Exercícios

1 – 3. Determine a derivada direccional da função no ponto dado na

direcção e sentido do vector .


Auto-avaliação

4.Determine a derivada direccional de em na

direcção de

5. Determine a taxa de variação máxima de no ponto dado e a direcção e


sentido em que isso ocorre. f ( x, y, z )  tg  x  2 y  3z  ,  5,1,1 .

6. Determine as direcções em que a derivada direccional de


Unidade IDepartamento de Mátemática 185

no ponto tem valor 1.

7. A temperatura em um ponto é dada por

, onde T é medido em e em
metros.

a) Determine a taxa de variação da temperatura no ponto em

direcção ao ponto

b) Qual é a direcção de maior crescimento de temperatura em P?

c) Encontre a taxa máxima de crescimento em P.

8. Suponha que você esteja escalando um morro cujo formato é dado pela

equação , onde são medidos em

metros, e você esteja em pé no ponto de coordenadas . O eixo


positivo dos xaponta para o Leste e o eixo positivo dos yaponta para o Norte.

a) Se você andar exactamente para o Sul, você começará a subir ou a descer?


Com que taxa?

b) Se você caminhar em direcção a Noroeste, você começará a subir ou a


descer? Com que taxa?

c) Em que direcção a inclinação é maior? Qual é a taxa de elevação nessa


direcção?

9.Seja uma função de duas variáveis que tenha derivadas parciais contínuas e

considere os pontos . A derivada

direccional em A na direcção e sentido do vector é 3, e a derivada

direccional em A na direcção e sentido do vector é 26. Determine a

derivada direccional de em A na direcção e sentido do vector .


186 Lição n012

Chave de Correcção

a) Se estiver andando exactamente para o Sul, começará a subir com taxa de

b) Se estiver caminhando em direcção a Noroeste, começará a descer

com uma taxa de aproximadamente

c)
Unidade IDepartamento de Mátemática 187

Unidade V
Aplicações de Derivadas
Introdução
Caro estudante, nesta unidade você vai aprender as aplicações das derivadas no
estudo de funções. Também serão objectos de estudo algumas aplicações das
derivadas na tomada de decisões em resolução de problemas em economia e
gestão. Esta unidade poderá ser estudada em 6 horas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Aplicar as derivadas no estudo do comportamento das funções;


 Resolver problemas no âmbito económico, gestão e em
Matemática;
Objectivos 
188 Lição n013

Lição n013
Extremos de Funções de Várias
Variáveis.

Introdução
Caríssimo estudante, nesta lição vai aprender os conceitos de extremos de
funções, a condição necessária e suficiente para existência dos extremos e sua
aplicação no estudo de funções. Esta lição pode ser estudada em três horas,
incluindo a resolução de exercícios.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Definir os conceitos máximos e mínimos locais de uma função;


 Discutir os pontos críticos da função;

Objectivos  Aplicar os extremos na resolução de problemas matemáticos.

Caro estudante, toda a teoria apresentada até agora em cálculo de derivadas


parciais, tinha como objectivo principal, criar condições para apresentarmos
uma da partes mais importantes no cálculo diferencial, que são as aplicações
das derivadas no estudo de funções.
Para isso, vamos iniciar o nosso estudo com abordagem dos máximos e
mínimos de funções de duas variáveis.
Unidade IDepartamento de Mátemática 189

Valores Máximos e Mínimos de Uma Função de Duas Variáveis

Definição:Uma função de duas variáveis tem um máximo total se

quando

Se quando está próximo de , então é um


mínimo total.

Em seguida, vamos apresentar o teorema que estabelece a condição necessária para


a existência dos extremos

Teorema: se uma função f tem um máximo ou um mínimo local em , e as

derivadas parciais da 1ª ordem existem nesse ponto, então e

Teorema: se uma função f tem um máximo ou um mínimo local em , e as

derivadas parciais da 1ª ordem existem nesse ponto, então , e

Demonstração

Seja . Se tem um máximo (ou um mínimo) local em , então

tem um máximo (ou mínimo) em , de modo que . Mas ,

assim . Da mesma forma pela aplicação do teorema de Fermat à

função , obtemos c.q.d.


190 Lição n013

Condição necessária e suficiente para existência dos extremos.

Teste da 2ª derivada
Suponha que as derivadas parciais de f sejam contínuas numa bola aberta de

centro e suponha que e ou seja o ponto

é um ponto critico. Seja onde:

1. Se e , então é um mínimo
local.

2. Se e , então é um máximo
local.

3. Se , então não é um mínimo nem máximolocais.

4. Se , o teste não fornece a informação ( é um ponto sela ).

Para lembrar a fórmula de D, é útil escrever na forma de um


f xx f xy
 f xx  f yy   f xy   A.B  C 2
2
determinante D 
Nota f yx f yy

Estudar os extremos de
Resolução:
Exemplo:
Para estudar os extremos da função temos que
achar as 1ªs derivadas parciais e igualar a zero afim de encontrar os pontos que
possivelmente poderão ser extremos de z.
Unidade IDepartamento de Mátemática 191

Formamos o sistema de equações, e resolvamos com o método de substituição,

Resolvendo a equação vem.

Seja

Se

Se
Substituindo os valores de y numa das equações teremos,

Se

Se
Portanto, temos 4 pontos estacionários, onde possivelmente a função tem
extremos.

Para decidir os extremos, vamos determinar as derivadas parciais da 2ª ordem,


192 Lição n013

Substituímos cada ponto estacionário e decidimos sobre esse ponto,

Para

Como e então, a função

tem máximo nesse ponto,

Portanto,

Para

Como então, a função não


tem máximo nem mínimo nesse ponto,

Para
Unidade IDepartamento de Mátemática 193

Como então, a função não


tem máximo nem mínimo nesse ponto,

Para

Como e então, a função

tem mínimo nesse ponto,

Portanto,

Vamos em seguida apresentar uma actividade que vai ajudar aperceber até que
ponto os extremos de funções são aplicáveis na resolução de problemas
matemáticos.

Determine a distância mais curta entre o ponto e o plano

Actividade:
Resolução:

A distância a partir do ponto até a qualquer ponto do plano


194 Lição n013

é:

Como Pertence ao plano onde ,


teremos:

Fazendo vem,

Para encontrarmos a distância mais curta vamos achar o extremo mínimo da

função .

Vamos achar as 1ª derivadas parciais da função e igualarmos a zero,

Formamos o sistema de equações,


Unidade IDepartamento de Mátemática 195

Substituindo os valores de y numa das equações teremos,

Portanto, tem um ponto estacionários, vamos verificar se ponto

corresponde ao ponto de extremo mínimo da função,

Como o ponto um ponto estacionário, vamos verificar se a função tem mínimo


ou máximo nesse ponto.
196 Lição n013

Como e então, a função

tem mínimo nesse ponto,

Portanto, a distância mínima a partir do ponto ao plano

Caríssimo estudante, os extremos que acabamos de estudar fazem referência


aos que são obtidos sem necessidade de existência condições ou vínculos.
Assim, apresentamos, em seguida, os extremos que são obtidos com uma
condição de ligação. Continue a acompanhar o texto!

Extremos Condicionados

Multiplicadores de Lagrange

Para determinarmos os máximos e os mínimos de uma função sujeita

a uma condição compõe-se a chamada equação de Lagrange que


se escreve:

onde é chamado multiplicador de


Lagrange.

As condições necessárias para que haja extremos são


Unidade IDepartamento de Mátemática 197

Análise da existência de extremos resume-se em:

para os valores de obtidos com a condição de que


estejam relacionados entre si., pela equação

Assim:

terá máximo se e um mínimo se .

Em particular se para a função no ponto


estacionário for positivo, nesse ponto haverá um máximo condicional na

condição de e um mínimo condicional se

De uma forma analógica acham-se os extremos condicionais das funções com 3


ou mais variáveis quando existem uma ou mais equações de ligação ( cujo
número deve ser menor que o número das variáveis). Neste caso é necessário
incluir na função de Lagrange tantos factores indeterminados quanto forem as
equações condicionais.

Achar os extremos da função com a condição de que as variáveis x e


y satisfaçam a equação .
Exemplo: Resolução:

Geometricamente, o problema se reduz a encontrar os valores máximos e


198 Lição n013

mínimos da cota z do plano para os seus pontos de

intersecção com o cilindro

compomos a equação de Lagrange.

Onde e

Achamos as derivadas parciais de 1ª ordem da função .

As condições necessárias são fornecidas pelo sistema de equações:


Unidade IDepartamento de Mátemática 199

Dai

Em seguida, achamos as derivadas parciais da 2ª ordem,

Substituímos cada ponto encontrado nas derivadas da 2ª ordem e achamos


, para a decisão desse ponto,

Para

Portanto, será:
200 Lição n013

Como então, a função tem máximo no ponto

Logo:

Para

Portanto, será:

Como então, a função tem mínimo no ponto

Logo:

Problema de Aplicação
Para que possa perceber a importância deste tópico vamos, em seguida, apresentara
seguinte actividade resolvida.

Acompanhe!
Unidade IDepartamento de Mátemática 201

1. Uma caixa de papelão sem tampa deve ter um volume de 32.000

. Determine as dimensões que minimizem a quantidade de


papelão utilizado.

Resolução:

Considerando como as dimensões da caixa,

A área lateral sem a tampa é,

Minimizando a área vem,


202 Lição n013

Investigamos o ponto crítico ,

Como e então, este ponto proporciona as dimensões


mínimas do papelão a ser usado,

Então as dimensões serão, .

Sumário
Nesta lição, você aprendeu o cálculo dos extremos de uma função de duas
variáveis, aplicação das derivadas na resolução de problemas matemáticos-

Exercícios
Terminada a parte teórica, vamos apresentar as actividades de auto - avaliação.
Aconselhamos a resolvê-los todos. As dúvidas que eventualmente possam
surgir, poderão ser resolvidas com uma leitura cuidadosa do texto e os
exemplos apresentados.
Unidade IDepartamento de Mátemática 203

1– 4. Investigar se tem extremos as seguintes funções de duas variáveis

1. 2.

5– 8. Determine os valores máximos e mínimos locais

9– 12. Determine os valores máximos e mínimos absolutos de f no


conjunto D

9. . D é a região triangular fechada com

vértices .

10.

11.

12. , D é o quadrilátero cujos vértices são

13.Achar os extremos da função de três variáveis


204 Lição n013

14.Se uma função de uma variável é contínua em um intervalo e tem um único


ponto crítico, então um máximo local tem de ser um máximo absoluto. Mas
isso não é verdadeiro para as funções de duas variáveis. Mostre que a função

tem exactamente um ponto crítico, onde f tem um máximo local, porém este
não é um máximo absoluto.

15. Determine o ponto do plano que está mais próximo do

ponto .

16. Determine os pontos da superfície que estão mais próximos da


origem.

17.Determine três números positivos cuja soma é 100 tal que seja
máximo.

18. Determine o volume da maior caixa rectangular com arestas paralelas aos
eixos e que pode ser inscrita no elipsóide

19. Determine as dimensões de uma caixa rectangular de maior volume se


sua superfície total é dada como 64 cm2 .
20. A base de um aquário com volume V é feita de ardósia e os lados são
de vidro. Se o preço da ardósia (por unidade área) equivale a cinco vezes o
preço do vidro, determine as dimensões do aquário para minimizar o custo do
material.

21. Um prédio rectangular está sendo projectado para minimizar a perda de


calor. As paredes leste e oeste perdem calor a uma taxa de 10 units/m2 por dia,
as paredes norte e sul, a uma taxa de 8 units/m2por dia, o piso a uma taxa de 1
units/m2 por dia e o terraço, a uma taxa de 5 units/m2por dia. Cada parede
Unidade IDepartamento de Mátemática 205

deve ter, pelo menos 30 m de comprimento, a altura no mínimo 4 m, e o


volume exactamente 4.000 m3.

a) Determine e esboce o domínio da perda de calor como uma função dos


comprimentos dos seus lados.
b) Ache as dimensões que minimizem a perda de calor. ( analise tantos os
pontos críticos como os pontos sobre a fronteira do domínio)
c) Você poderia projectar com precisamente a mesma perda de calor se as
restrições sobre os comprimentos dos lados fossem removidas?

22.Três alelos ( versões alternativas de um gene) A, B e O determinam os


quatro tipos de sangue: A(AA ou AO) , B(BB ou BO) , O(OO) e AB. A lei de
Hardy -Weinberg estabelece que a proporção de indivíduos em uma população

que carregam dois alelos diferentes é onde p , q e r são

proporções de A , B e O na população. Use o facto de que para

mostrar que Pé no máximo .

CHAVE DE CORRECÇÃO
206 Lição n013

.
Unidade IDepartamento de Mátemática 207

Lição n014
Aplicação de derivadas Parciais na
Administração e Finanças.

Introdução
Caro estudante, nesta lição vai aprender algumas aplicações de derivadas na
resolução de problemas em economia e administração. Esta lição pode ser
estudada em três horas, incluindo a resolução de exercícios.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Calcular o custo margina de um determinado bem de consumo;


Objectivos  Explicar o conceito de superfície de demanda;
 Determinar as funções de custo;
 Calcular a produtividade marginal e o rendimento em escala.

Caro Estudante, são discutidas nesta secção algumas aplicações das


derivadas parciais na Administração e na economia. Estas
aplicações incluem o custo marginal, as superfícies de demanda, as
funções de produção e o teorema de Euler.

Custo Marginal
Se a função de custo-conjunto para produzir as quantidades x e y de
dois bens é dada por C  Q( x, y ) então as derivadas parciais de C
são as funções de custo marginal.
Em economia e finanças custo marginal é a mudança no custo
total de produção advinda da variação em uma unidade da
quantidade produzida. Por outras palavras, podemos ainda dizer
que o custo marginal representa o acréscimo do custo total pela
208 Lição n014

produção de mais uma unidade, podendo ainda dizer-se que é o


corresponde ao custo da última unidade produzida.

C
é o custo marginal com relação a x
x
C
é o custo marginal com relação a y
y
Na maioria das situações, o custo marginal é positivo.
Exemplo

Exemplo: Se a função de custo-conjunto para produzir as quantidades x e y de


dois bens é , calcular o custo marginal com relação a x e a y.

Resolução

C   x ln(5  y ) 
Custo marginal com relação a x é :   ln(5  y )
x x

C   x ln(5  y )  C   x ln(5  y ) x
  ln(5  y ) :  
x x y y 5 y

Acompanhe mais um exemplo!

Se a função de custo para produzir as quantidades x e y de dois bens de


consumo é C ( x, y )  15  2 x  xy  5 y calcule os custos marginais com relação
2 2

às quantidades x e y se x  300 e y  600 .


Exemplo:
Resolução

C  15  2 x  xy  5 y 
2 2

  4x  y
x x
C  15  2 x  xy  5 y 
2 2

  x  10 y
y y

Para x  300 e y  600 então


 C 
 x   4  3000  6000  12000  6000  18000 Mt
 3000,6000 

 C 
 x   3000  10  6000  63000 Mt
 3000,6000 
Unidade IDepartamento de Mátemática 209

Em seguida, apresentamos a superfície de demanda.

Superfície de Demanda
Se existem dois bens relacionados para os quais as quantidades demandadas
são x e y e os respectivos preços são p e q, então as funções de demanda podem
ser representadas por x  f ( p, q) e y  g ( p, q) , supondo que as quantidades
demandadas x e y, dependam somente dos preços p e q dos dois bens. Se uma
função de duas variáveis independentes é contínua, ela pode ser representada
por uma superfície, denominada superfície de demanda.

NB: Nas situações económicas usuais, as funções de demanda x  f ( p, q) e


y  g ( p, q ) tem as seguintes propriedades
1. Todas as variáveis x, y, p e q, são iguais a zero ou positivas
2. Se q é constante, x é uma função monótona decrescente de p. do
mesmo modo se p é constante, y é uma função monótona
decrescente de q.
3. As funções f ( x, y ) e g ( x, y ) e a região para qual elas são
definidas são tais que é possível obter suas funções inversas
p  F ( x, y ) e q  G ( x , y )

Para um preço constante p, quando q aumenta, y diminui, mas x pode aumentar


ou diminuir; se x aumenta, diz-se que os dois bens são competitivos, pois uma
diminuição na demanda por um deles corresponde a um aumento na demanda
pelo outro. Para um preço p constante, quando q diminui, y aumenta; se x
também aumenta, diz-se que os bens são complementares, pois um aumento na
demanda por um deles corresponde a um aumento na demanda pelo outro.

Demanda Marginal
Se as funções de demanda para dois bens relacionados são x  f ( p, q)
e y  g ( p, q) então as derivadas de x e y são as funções de demanda marginal:
x
é a demanda marginal de x com relação a p;
p
x
é a demanda marginal de x com relação a q;
q
y
é a demanda marginal de y com relação a p;
p
210 Lição n014

y
é a demanda marginal de y com relação a q;
q
Em seguida, apresentamos três exemplos para uma melhor fixação das ideias

Se as superfícies de produção são funções lineares de p e q dadas


por x  a1  b1 p  c1q e y  a2  b2 p  c2 q , calcular as funções de demanda
marginal.
Exemplo:
Resolução
x y
b  b2
p p
x y
 c1  c2
q q

Portanto, para situações económicas usuais b1  0 e c2  0 . Se c1 e b2 são


ambos positivos, os bens são competitivo; c1 e b2 são ambos negativos, os bens
são complementares.

a
As funções de demanda para dois bens relacionados são dadas por x  e
p2q
a
y com a  0 , calcule as funções de demanda marginal
pq
Resolução
x 2a y a
 3 ;  2
p pq p pq
x a y a
 2 2 ;  .
q pq q p q2
x y
Como 0 e  0 , os bens são competitivos
q p
Exemplo 3
Se as funções de demanda para dois bens relacionados são dadas por x  aeq  p e
y  be p q com a  0, b  0 então as funções de demanda marginal são
x y
 aeq  p  b e pq
p p
x y
 aeq  p  be p  q
q q
Unidade IDepartamento de Mátemática 211

x y
como 0 e  0 , os dois bens são competitivos.
q p

Funções de Produção
A produção da maior parte dos bens requer o emprego de pelo menos dois
factores de produção. Por exemplo, trabalho, terra, capital, materiais ou
máquinas. Se a quantidade z de um bem é produzida usando-se as quantidades
x e y, respectivamente de dois factores de produção, então a função de
produção z  f ( x, y ) dá a quantidade de produto final z quando as quantidades
x e y dos insumos são simultaneamente usadas. Para tal representação ser
economicamente significativa, supõe-se que as quantidades dos insumos
possam ser variadas sem restrições, pelo menos dentro da faixa de interesse e
que a função de produção seja contínua

Produtividade Marginal
Se a função de produção é dada por z  f ( x, y ) , então a derivada parcial de z
em relação a x é a produtividade marginal de x ou o produto marginal de x e
derivada parcial de z em relação a y é a produtividade marginal de y ou
produto marginal de y.

3 1
Se a função de produção é dada por z  4 x 4 y 4 , calcular a produtividade marginal
de x e de y.
Exemplo: Resolução
z 
1 1
z 3

3
 3x 4 y 4  3x y 4
4
x y
z z
Observe que é positiva, mas diminui quando x aumenta. Analogamente, é
x y
sempre positiva, mas diminui quando y aumenta.
212 Lição n014

Se a função de produção é dada por z  4 xy  x 2  3 y 2 então a produtividade marginal


z z
de x é  4 y  2 x e a produtividade marginal de y é  4 x  6 y .
x y
Exemplo:
z z
Observe caro estudante que  0 para x  2 y ,  0 para x  2 y , e
x x
z z 3 z 3
 0 para x  2 y . Analogamente,  0 para y  x ;  0 para y  x , e
x y 2 y 2
z 3
 0 para y  x . Portanto, as produtividades marginais primeiramente aumentam,
y 2
diminuindo em seguida, quando a entrada aumenta.

Rendimento em Escala
Os rendimentos em escala descrevem a variação na quantidade produzida,
resultante de um acréscimo proporcional em todos os insumos. Se a quantidade
aumentar na mesma proporção que os insumos, então os rendimentos em
relação a escala serão constantes; se a quantidade produzida aumentar numa
proporção maior do que os insumos, os rendimentos em escala serão
crescentes; se a quantidade produzida aumentar numa proporção menor do que
os insumos, os rendimentos em escala serão decrescentes.

Se os factores x e y são comprados num mercado perfeitamente competitivo, a


preços constantes, então o custo total de produção é dado por C  px  qy  b
onde p e q são os preços respectivos de x e y e b o custo dos insumos fixos.

Se as funções de demanda são p  36  3x e q  40  5 y e a função de custo


conjunto é C ( x, y )  x  2 xy  3 y , determine as quantidades e os preços que
2 2

maximizam o lucro para o monopolista e ache o lucro máximo.


Exemplo:
Resolução

C  px  qy logo, px  qy  C assim, o preço p será dada por P  px  qy  C

Ou seja:

p   36  3x  x   40  5 y  y   x 2  2 xy  3 y 2  
P  36 x  3x 2  40 y  5 y 2  x 2  2 xy  3 y 2

 p  4 x 2  8 y 2  2 xy  36 x  40 y
Unidade IDepartamento de Mátemática 213

Cálculo dos extremos:

p p
 8 x  2 y  36  16 y  2 y  40 ,
x y

8 x  2 y  36  0 4 x  y  18 x  4
logo   
16 y  2 y  40  x  8 y  20 y  2

2 p 2 p 2 p
 8  16  2
x 2 y 2 xy

2 p 2 p
D   8   16    2   124  0 e 0  0 , portanto p tem um
2

x 2 y 2
valor máximo para x  4, y  2 .

Se x  4 , y  2 , então p  24 , q  30 e pmáx  112

Sumário
Nesta lição você aprendeu os conceitos de custo marginal, superfície de
demanda, funções de produção, produtividade marginal e rendimento em
escala.

Exercícios

Vamos, em seguida, apresentar os exercícios de auto avaliação. Resova-os


todos, caro estudante!
Auto-avaliação 1. Para as seguintes funções de custo – conjunto, determine o custo
marginal com relação a x e o custo marginal com relação a y.

a) C  x ln  y  10 
2

b) C  x  2 y  xy  20
3 2

c) C  e  e  xy  5
x y
214 Lição n014

d) C  x 2 y 2  3xy  y  8
2. Para cada uma das seguintes funções, achar as produtividades Marginais. A
quantidade produzida é denotada por z e os insumos são denotados por x e
y.
1 1
a) z  25   em x  1 e y  1
x y

b) z  5 xy  2 x 2  2 y 2 x  1 e y  1
c) z  16 z 2  z  80  4( x  5)2  2( y  4)2  0
d) z  6 z 2  z 2  6 x  24 y  x 2  4 y 2  50

3. Para cada uma das seguintes funções de produção, determine o grau de


homogeneidade e a natureza dos rendimentos em escala. A quantidade
produzida é denotada por z e os insumos são denotados por x e y.

a) z  3x3  5 xy 2  y 3
14 20
b) z 
x y

c) z  25 y 6  x 2 y 4
3 25 6
d) z  
x 2 xy y 2

4. Determine o lucro máximo se a função de produção é

z  20  x 2  10 x  2 y 2  5 y e os preços dos insumos x e y são 2 e 1,


respectivamente, e o preço do produto final z é 5.
5. Uma fábrica manufactura dois tipos de máquinas de serviço pesado, x e y.

A função de custo – conjunto é dada por f ( x, y )  x  y  xy . Para


2 2

minimizar o custo, quantas máquinas de cada tipo devem ser produzidas, se


deve haver um total de 8 máquinas?

6. Uma fábrica manufactura dois tipos de máquinas de serviço pesado, x e y.

A função de custo – conjunto é dada por f ( x, y )  x  y  xy . Para


2 2
Unidade IDepartamento de Mátemática 215

minimizar o custo, quantas máquinas de cada tipo devem ser produzidas, a


fim de que se tenha um total de pelo menos 8 máquinas?

Chave de correcção

C C x2
1. a)  2 x ln  y  10  
x y y  10
C C
b)  3x 2  y  4y  x
x y
C C
c)  ex  y  ey  x
x y
C C
d)  2 xy 2  3 y  2 x 2 y  3x  1
x y

z z z z
2. a) 1 1 b) 1 1
x y x y

z 8  x  5 z 4  y  4
3. c)  
x 32 z  1 y 32 z  1

z x3 z 4  y  3
d)  
x z  9 z  1 y z  9 z  1

3. a) Grau 3, rendimento em escala crescente; b) grau -1, rendimento em


escala decrescente;

c)Grau 6, rendimento em escala decrescente; d) grau -2, rendimento em escala


decrescente

3 25 6
229 x y
4. Lucro máximo 5 para 5 e 5
5. (5;3)

6. O ponto mínimo da função f ( x, y )  x 2  y 2  yx , sujeita a


condição x  y  8 é x  5, y  3
216 Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1. BEIRÃO, C. Análise Matemática. Cálculo Diferencial em R(n). ISP,
Maputo, 1992.

2. CHIANG, A. C. Matemática para Economistas. Editora McGraw-Hill, São


Paulo, 1992.

3. DEMIDOVITCH, B. Problemas eExercícios de Análise Matemática,. 4ª Edição,


Editora MIR, Moscovo,1977.

4. EWARD,T.D. Matemática Aplicada a Economia e Administração. Editora


McGraw-Hill do Brasil, São Paulo, 1991;

5. PISKOUNOV, N. Calculo Diferencial e integral. Volume II,


Moscovo,1979

6. STEWART, J. Cálculo Volume II. 5ª edição, São Paulo,2006.

7. TAN, S. Matemática Aplicada à administração e economia, Thomson


Learning, Brasil, 2001

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