o discurso do capitalista produz objetos que visam a
saturação do sujeito, tamponando sua falta com gadgets propostos como objetos de gozo e anulando toda questão sobre o desejo. Este tipo de laço social Antonio Quinet, "A psiquiatria e suafaz crer que é possível ao sujeito encontrar ciência satisfação nos discursos da em um objeto. contemporaneidade"
Do século IV a.C. ao século XVII, a aposta sobre a gênese da melancolia era o
corpo: Hipócrates afirmava que a melancolia seria resultado da ação da bílis negra no baço. O alcance do desenvolvimento psiquiátrico durante o século XX se evi- dencia nas classificações internacionais, nas diferentes psicoterapias e no surgimento da psicofarmacologia. O conceito de melancolia foi perdendo visibilidade até desa- parecer, sendo substituído pelo termo depressão. Considerada na visão contem- porânea como o "novo mal do século", a depressão é atualmente descrita como uma sÍndrome caracterizada por tristeza intensa, apragmatismo, abulia e culpa que se verifica nas reprovações que o sujeito se faz e uma angústia que se torna maior que a de costume, enfim, uma lentificação dos processos psíquicos feita pela classificação comportamental. Apesar dos grandes debates e discussões, observa-se uma grande controvérsia entre os autores em relação a todos os seus aspectos, como a nosologia, os mecanismos bioquÍmicos, neurofisiológicos, suas características clínicas e sua terapêutica. É comum referirem-se à heterogeneidade de suas manifestações clínicas para justificar a necessidade de pesquisas e reflexões. O tratamento visa à supressão sintomática do que é visível ao preço da evitação da investigação da causalidade: Desse modo, o constante movimento da ciência em busca de novidades produz efeitos não só no meio médico, mas sobretudo no discurso dos analisandos, que pedem medicações por estarem apoiados na descrição dos sintomas depressivos