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o CAMINHO DAS Ivl UI..l IEnES 67
66 (,·1 VroAS E LENDAS
VIDAS E LENDASDE JACQUES
UI'. JACQUESLACAN
I.ACMI o CAMINHO DAS MULlIEI1ES 65
pára, olha, se volta, se olha. Tal é o drama, minúsculo e imenso.
5. necessária,
etapa t\ POMBII\IHA é precisofque O aIRMAO
criança seja DEseparada
lEITE do corpo da territ6rioanimal.
Mas que drama'? Agora O adrama
cena travado
se passa,entre voltaincompleicão
por uma de 1933j nos-
mãe - seccionada - e possa, ao se voltar, encon trar um ou tro. Este a laboratórios
prematuraçãododacientistaespécie Harrison.
humana aoEle pega-pornbinhas
nascer e uma anteci- e as prende
A cena.eSe'
será o primeiro passa emmomento
verdadeiro casa. A criança não andaOnem
ela separação. fala.
ato funda- em gaiolas
paçüo. separadas.
Antecipação. primeira
As avezinhas
palavra não decisiva.
se vêem,
Que porém
antecipa se aouvem e
r.
dor daainela'um h:bê,oembaraçado
subjetividade: ato de nascimentopor seudecorpo
todo eseressa palavra boba
humano; criança
se sentem.frentePiam,
ao espelho?
batem as Suaasas. figuraasadulta.
Harrison
própria testa: Aquilo
não ovulurnrn.
que
que o faz de
a condição pequeno, um brinquedo,
possibilidade urso-de-pelúcia
da linguagem: iufans é o de queseus pais.
ainda não ela será mais
Perfeito. Eletarde, por em
as repõe fim gaiolas
acabado.separadas,
Não, é claro, só que,pordesta
uma rumi-vez,
EsseEpequeno
Iala. o "estágioprecisa ser alimentado,
'do espelho" precede, de amamentado, nutrido. Tem
longe, o aparecimento nação imaginária
divididas 110r um consciente;
vidro. Asmas, duasde súbito, pela
pombinhas fixação
podem incons-
se ver e, ime-
seis
das talvez umque,
meses, palavras
primeiras ano.semNãoele,importa
jamaisse é menino
poderão ou menina. Já
ser pronun- ciente - como se
diatamente, lima
amamernulsão
com "se fixa" Após
carinho. - de um sujeito
dois meses. não eraBar-
queovularn.
há algum tempo, engatinha pelos corredores; tenta pôr-se ele pé; e,
ciadas. um e que
rison advém ao
recomeça mundo. Paramas
a experiência, compreender
com \l1ll todo pombo o aelcance dessa A
uma. pomba.
hú ainda
É aqui maisquetempo, a cultura.a gargalhar,
nasceráaprendeu Para o homem, comoe fazem
somente os para
bebês,
o antecip
ovulação é mister
açào,surge apóscorrer
12 dias.até(Sempre
o fim da frase.
a moral. Ler..arm
) a dtua ao
que riem
homem, plenamente.
a relação com a De repente,
natureza a criança
aparece, desdese seu
encontra frente ao
nascimento, mesmo Ali, tempo que assunção
pobres bichos I alimentada
Embora todas poras risos; perceber do
experiências a alie-
gênero ~;[~
espelho.
marca da porOuma espelho sempre
discórdia esteve lá.o infante,
elementar; Perto dela, sustentando-a
se nos enternece, por nação que aí semais
assemelhem. esconde e que é ao
ou menos, inelutável.
caso priucepsPara ser do sujeito - si que, no
estudioso
umser
é por braço OLl guiando-a
discordante. Ainda suavemente, há alguém,humano;
não verdadeiramente não importa depen- cortar -asé patas
próprio preciso deumalimaestrutura: ela é rígida,
pulga, conclui que elaelaficouenquadra,
surda,ela jft que
quem.
dente, E a criança, que,
descoorrieuado, ao passar
caótico. pelo espelho,
A cultura lhe chega, nunca o tinha
em primeiro aliena.
não pulaNo mais,
segredo elas palavras
é preciso esconde-se
admitir-se a conclusão:UnI paradoxo
a imagem-pombocompleto,
notado,
lugar, estanca.
por interj-osição de imagem: a sua própria, oriunda de urna / que alienação
já determinou significa, E
a ovulação. também,
isso vaiomilito
falo dealém,ser outro. "Alie-apresen-
pois basta
separação. Estanca
E ele ri. e cai
Essenariso
gargalhada.
é próprio S6 que, desta vez, com razão.
do homem. nado",
tar um portanto.
espelhoé ào pornbinhn
louco, que para"nãoque temonde.cabeça",Assim,que a"nãoimnpo estánão é
Volta-se história,
Essa para quemque quer que seja
começa Quenão
assim, pára por aí.
se encontre observaé obom
lá, Lacan pai, mais' em si"; mas o sujeito normal é alienado
própria do homem, Existe em toda parte onde deva se produzir por um efeito in-
a mãe, Aprendeu,
dinlélico. o prirninho,com e volta ase observar
a loucura de novo.analítica,
e a experiência Pois é a que
primeira verso, prisioneiro eledas
umarnetnmorfose suarelações
identidade do que o faz membro
indivíduo, homemeleouum animal,
veznorma
toda que setemvê seu
no espelho.
reverso, Cena
o que doméstica,
já se verificouabsolutamente
com a bela normal; grupo,
com seu filhosemelhante.
de seus pais,Questão
dotado ele de um nome,reação
espécie: dito deespecífica.
família, e um
cena ,\feminina
imagem Ia Greuze, deque
umaum Rousseau
Virgem adoraria.pelos
transfigurada Longe estão _os
homens e furo- prenome que o marca. Qual dos dois ~;erá mais livre? O louco, você
mãeressem
de Aimée
o concursoe as ruminações
deles. O estágioneurastêrilcas
do espelhodecomporta
Àlceste, ccnse-
De qual- ou eu? APorém,armadura normalnão
a criança protege
ovula.daEla loucura: perdê-IasÓ
ri. A ovulação - Lacan
virá bem
quer,füfr1ia;'
qüências que vão'uma cena
desde familiar:
a mais segura e, se a criança não
normalidade ri frente ao
ao maispsicô- freqüente
mais tarde. menteEssa voltará a este tópico
brincadeira anódina - é toca
passar para odo
o fundo lado
problema.
01111'0
espelho,
tico se permaneceLacan
clesmembrarnento. graveoecoloca
fascinada por essa imagem que é a
assim: eleEste
umaé tela frágil, saltarbiológico.
profundamente o fosso e escolher
Seria, aténão ummaisdos se comunicar.
pontos mais
sua, embora não o saiba, então o sintoma é grave,' o futuro com- Para falar,do
radicais para se fazer ouvir,
pensamento há necessidade
de Lacan: tudo o quedesse vir a cavaleiro
ser formulado
prometido.
"O estágio No do entanto,
espelho o bebê
é um riudramaparacujo
a sua imagem,
impulso voltou-se
interno se armado, carregadoimaginário,
como fantasma, de identidade, real,emsirl1Gi'ilico;
que a criança, f ace
léidil no espe-
à jiarafernália
paraprecipita
o outro, da se insuficiência
olhou. para a antecipação - e que para o \ lho, começaulterior,
simbólica a se tornar.não existe sem esta etapa e condições prclimi-"
.0 riso,~~
sujeito, presoimportar~te.
no engodo da Com.o ~ênio daespacial,
identificação estran~eza, Lac.osn ch~ma
fabrica nares.Observem
Podemososresumir,
índios americanos
sobriarnerite, na época de suaspesadamente:
bestamente, festas; obser-
tal nso de assuncão
fantasmas que sejubilatórla
sucedem, .)} indoAssunção, Isto temfragmen-
de uma imagem 11 n que de vem as incisões,
a criança, sabem, os entalhes,
não é umasadulto.
pin turas, os botoques, passados nas
15 detadaagosto,
do corpo de Virgem
a uma formaMaria, quealçada até seu divino
chamaremos filhoem
ortopédica por narinas e nas orelhas; vejam as mutilações que fazem de urna
multidões de anjos-de
sua totalidade e àbelas asas. por
armadura Porém, também éde
fim assumida umaumapalavra. criança Entendam
um homem,que umelaguerreiro
não estádaacabada.
tribo. Observem
Nasce inacab cenasada." tradi-Sem
cujas raízes estão
identidade no verbo
alienante, que"assumir".
marcará, com Assunção é o fato
sua estrutura de assu-
rígida, cionais da televisão:
trocadilhos: o primeiro diaf:depor
nasce interrninada. aula,
issoa primeira
que não anda escola; nem a fala.
E li. seu
mir.loelo primeira vez que a criança
desenvolvimento mental.")'se assume. Isto a faz ~ir: não criança,
Chama-se armada
issode deuma pasta, afrontando
prernaturacão específica: o olhar cios colegui-
prematura, incapaz de
um riso cortante nem um esgar sardônico ou um riso amarelo com nhas,
se manter
a partidaemda pé,mãe e os primeiros
incapaz de dominar seus gestos, Vejam
ensinnmentos. larval, Qno en-
travos filosóficos. Não, ela simplesmente jubila. o início de um nascimento, a etiquetados
tan to, ao contrário de animais,
esparadrupo capaznodepulso do recém-nascido,
se reconhecer a si própria
Ufal Uma frase realmente comprida. Nessa época, ainda não
Ê

novo jogo. E que jogo] o no


registro
espelho.no tabelião; por outro
Ela, e nenhum lado,
outro. Comobservem
11111 bebê,os reclusos,
não se pode enclau-
tra-
tinha descoberto as virtudes da "rneio-dicência" e dizia "tudo".
O caso é complicado. A criança-homem não é o único animal a pacear, por
surados, como longas
com noites
a pomba.solitárias,
Portanto, entre essa infância e maturi-
suaprernaturação biológica
Até que muito bem. S6 que precisa de uma lenta decomposição;
se reconhecer frente a um espelho; ou melhor, não é o único animal dade.
faz-seVejam os desfiles
acompanhar de de
uma moda, a cintura
sofisticação alta,comum
pouco baixa, asàsgolas espécies
nas escolas, tal exercício é chamado "explicação de texto". Brilha-
a reagir face a uma imagem específica. Todo o problema reside em enormes,
animais as quesandálias ele plataforma.
Santo Agostinho, Por fim, observem
freqüenternente citado por a cena
Lacan,
-se com pouco esforço; consiste numa leitura mais lenta; não se é
entender por que é que ela se reconhece apenas a si, e a nenhum
mais preguiçoso.
mais anódina,
comenta emasuascriança frente ao espelho,
Confissões; a tez malsã eleE
rindo. uma a mesma
criançae obser-
outro em se1.l lugar. única
vanrlocena,
seuchamada
irmão elepelosleiteetnólcgos
é a pior ede ritosbela
mais de expressão
iniciação, separa-
do ciúme.
O esltÍ.\tio
Os animais, do espelho é 11m drama.
multo eI~batidos Sem que
nos anos conotacãopessirnista.
'precederam a ções sucessivas, que
Reencontrn-se transpõenr
a pista do desmame;munrlos. pois, Haverá
para que UnIadvenhn
mundo criança, essa.
que(5lleITf:,
virá maisreagem
tarde. Drama quer dizer ação; Lacnn
i\s "imunes". Fncamos lima excursão tornou este
rápida pelo
termo emprestado de Politzer. Na verdade, é mil gesto: fi criança (0) Trocnrlllho intrncluzivel: "li n'est pn~ fil\i. 11 nnil 1''''' filli." (N. ·f.)

"0-,-,
'

o CAMINHO DAS MULllEltES 69 o:.:..~


GG VIDAS E LENDAS DE )i\CQUES LACi\N

um mundo adolescente, um mundo dos pais, um mundo velho e, sua irmã, a quem se identifica. As irmãs Papin atacam sua próprin
para terminar, um mundo dos mortos. E, em nossa casa, essa imagem, identificando-se uma à outra. O paciente se identifica ao
passagem apenas perceptível, esse diminuto rito familiar. Daí psicanalista e este a') seu próprio, ou a Freud, ou a Lacan. Nem se
dependerá o futuro ele um homenzinho que fala, em seu n0!11e pode dizer que o sujeito aceda a uma "falsa" identidade, pois não
próprio. tem nenhuma verdadeira. Só existe identidade civil, jurídica, fami-
Mas temos d parêntese. Entre insuficiência biológica e ante- liar, a que o coíbe aos chamados, na escola, no exército, no mo-
cipação ele) adulto, que seja a armadura. Resta o que vem se mento da votação, nos tribunais, na prefeitura. Só exisle a identi-
abrigar na írnse. Essa questão de imagem fragmentada, carregada dade abstrata, a que faz com que a criança jamais seja confundida
de sentidos e referências implícitas. Por trás da fragmentação passa com outra, nem mesmo com seu gêmeo. E não é tudo: a criança se
a sombra ele MeIanie Klein, aliás chamada por Lacan de "tripeir a percebe no espelho, porém é uma imagem invertida. O engodo do
genial". E é verdade que esta mulher de rosto calmo e doce - nas espaço, problema filosófico que não escapa a nenhum filósofo
fotografias disponíveis - mexeu nas tripas. Explorando o universo preocupado, por menos que o seja, com a estrutura: Kant, por exem-
da criança na primeira idade - jogos, questões, insistências, dedu- plo. j{. A identidade, pele superficialque confunde, para sempre. as
ções, corpo a COll)O - aí encontra fantasmas horríveis e 'mortais. JS relações com o outro. Entretanto, é o único caminho; já que, sem
Histórias de canibais e vampiros, devorações intestinais, objetos tal dispositivo, nada de linguagem, nada ele palavra destinuda n
entrando nos corpos e aí germinando; dentes que crescem no ventre quem quer que seja, nada de vida social, e sim, um destino autista,
ela criança ali da mãe; ela não sabe mais se é devorada 011 devora, se murado, internado. Ao contrário dos psiquiatras, há tempos os
é o ventre atingido ou a arma que fere. Seu corpo não existe; psicanalistas vêm afirmando que o louco não está "cortado do
é um conjunto de pedaços. Um pedaço de seio materno, um bocado real"; ao contrário, invadido, em demasia, pelo real, estimulado
de pele, u 111 fragrnen to de ombro, uma lasca ele lábio. Não tem demais, acolhedor demais, poroso para o mundo. Um crustáceo
corpo próprio. Nessa etapa precoce é corpo fragmentado e corpo sem carapaça, pássaro sem penas, guerreiro sem armadura. Não
violento.
há do que rir. //
Ora, que rlíz tal segmento de frase? Que o sujeito passa, no Minha filha tinha razão. Lacnn não {; nada alegre. No entanto,
momento do e:;~ágío do espelho, do corpo fragmentado a uma nada obriga a teoria elo inconsciente a se desviar para o trágico, a se
"forma ortopédica da totalidade". Ortopédica: um achado. Claro, cornprazer no nostálgico, a chaíu rdar no amor elo pior. Só que, no
°
no rigor da palavra e sua etimologia, é que auxilia a andar direito. fundo de todo fragmento de Lacan, abriga-se a lebre elo desespero,
Mas é também, e Lacan joga com isso, pois não deixa nenhum fácil de desentocar. Ei-Ia, presa pelas duas orelhas. Lacan não
termo ao acaso, a não ser ao acaso lógico do inconsciente, o cal- gosta do rígido e do banal: jamais vibra tanto como na análise dos
çado, a muleta, o instrumento que retifica. A identidade elo su- momentos em que desaparece a identidade factícia do sujeito, O
jeito? Uma prótese. Algo sobreposto, que não existia no-nasci- gozo, e o das mulheres; o êxtase; a loucura delirante; a passagem ao
mento, e que o auxilia a se endireitar dentro de si. Uma forma bem ato. Lacan se aborrece de morte, quando o paciente fica lá. como
colocada, a da totalidade do corpo, e eis que a forma elo corpo da um paspalhão, falando, andando, comendo, dormindo, sem que
criança está lá, no espelho e pela primeira vez. Na verdade, há elo nada lhe aconteça, a não ser viver. Nisso f psicanalista, dotado de
que achar graça ... atenção seletiva, voltada para a desgraça. Se a alegria surge, é
porque o pacien te aprontou uma boa; porque a linguagem terá
Rir frente n farsa específica ela espécie humana. Tendo acesso rido, sozinha. Observem bem esse estágio do espelho e o riso ela
;\ identidade, a criança s6 acede il. identificaçõo, Não é a mesma criancinha: talvez seja o único episódio mais ou menos sereno e,
coisa. Nada igual. Radicalmente diferente. O sujeito jamais será ainda assim ...
realmente "si-mesmo". Será filho ele, irmão de, irmã de, primo de,
amante de, amigo de; prender-se-à ao grude das afeições, em que E, ainda assim, isso se desconjunta por todo canto. O corpo
não será "si-mesmo", mas um outro, uma outra. Airnée, para ser fragmentado não é apenas o imaginário do pequeno; na primeira
realmente Aimée, se obriga a agredir uma mulher, por ser tanto Iissurn, a coisa não pára mais. Por pouco que a ánpústia toque

;.
o
)

oo Ci\Ii',1lNHO ~
7J C')
70 VlOAS E LEWlAS DE lJ\CQUES LACAN CAMIN1l0 DAS DAS MULlIEllES
MUI.IIEIU'S 71 -se-
72 VIDAS E LENDAS DE JACQUES LACAN

Outro, coincidindo assim com o estágio do


fundo, por menos que unia agressão qualquer venha a atingir a
espelho, é correlato a \
armadura, ela voa em pedaços. O sujeito se desintegra. Membro
aberta
tal fato,por
receu
ondeinventa
Lacan o pássaroumaescapa,
fábula.muito
Isto nãodepressa,
lhe acontecejá desapa-
com fre-
um jogo ele relações que, de imediato, ameaça a fragilidade do qüência. Cria um mito e relata. Como Aristófanes relata, nopresente.
... Entretanto, a desgraça, ao contrário, está sempre Ilan-
tlisjecta: membros esparsos, Porduas vezes, Lacan sonha com as Lacan dizPlatão,
isso, em sua língua
sujeito que acno a de surgir. A criança se olha, volta-se para o outro quete de a bela história'trabalhada; minha amiga
do ser andrógino de quatro Miriarn,
patas,
obras de J erônimo Bosch, por ele evocadas: "9 atlas de todas as psicanalista elo interior,
-- e ri. O outro garantiu-lhe a existência e a diferença; porém a cortado em dois por um oZeus diz iI sua maneirao após
descontente: longostodo
anrlróglno, anosrecos-
de
imagens agressivas que atormentam o homenj'''';-;T---ól'gllos ãi'!íi:ã- clínica:
agresxividade t constirutiva do sujeito. tura do, "Jamais
a cabeçaseinvertida,
poele fazer algo para
procnra, desde asentão,
pessoas."reconsfiluir-se
dõs,orelliãs flãilCjiie;iaãi; pai: fâ~a;'~;;~ ~a~~hõ~s que rodam, Meros
comoPrimeiro
totalidadepostulado
esférica, ela
cada psicanálise: manter-se ao
metade pegando-se afastado ele
que acredita
perfurados, testículos em cornetas que sopram, intestinos devora- qualquer empreendimento
"O sentimento altruísta não 6 promissor para nós, que abri- ser sua outra parte. Ah, nãoaltruísta.
é a fábulaPostulado
que Lacan contra
tornaaemprestado
natureza:
dos por cães e o cavaleiro de armadura que não resiste às suas pois, apesar12cios analistas descobrirem no segredo de suas biogra-
mos passagem para a agressividacle que subentende a ação 00 de Platão. o próprio estilo do Banquete: a conversa i\ mesa, pas-
mordidas, beijos grudentos. lagos de merda, pân tanos de urina ... fias quesemseu alarde,
altruísmo tem umbanaisinverso sádico, mesmo
filantropo, do idealista, do peclagogo e mesmo do reforma- sando, de tópicos para poesia pura eassim a
que, atra-
O inferno.
dor." J9Reencontramo-Ia, afirma Lacan, na anatomia imaginá- função
vés da estritamente
farsa, encontrará social expressão arcontinua
da psicanálise
urna astada da sendo °
verdade. auxílio.
Ea
ria, não na que os homens de ciência desenham para fins de ensino Deste dilema, que muitos outros antes de Lacan jft tinham apon-
farsa é sublime. 41
é aprendizado, mas naquela que, arcaica, age à nossa revelia. E a tado -Imaginem,
Grorldeck diz fulmina os oque os
a psicanálise um outro Lacan, quequerem
ocorre sempre
no momento"ajudar" do -nasci-
geIltePortanto,
sufoca, torna-se surdo,deverá encontrar
tem cólicas intestinais, caminho
matriz perfu- analistas, glosando até a perda cio amniótico
inconsciente "desejo
que não o da educação. Em filigrana, a ação política já se inicia, mento. Um ovo se rompe - o saco queseu estoura, de dar
para ser
rada, quando nada de orgânico existe, e a gente tem perfurações analista", não estão próximos de sair. O ccnfli to en Ire Lncan e
lugar à criança. Imaginem que, no instante preciso em que se
sozinha.
estorn acNão ais,existe relação
se desfaz, porsexual;
torl a parte ... o r ação
não existe pedagógica;
nf'erno. ' não
Francoisealgo Dolto
existe ação política. "Não basta apenas nosso poder de clínico para quebra, saiacompreendia,
do ovo. Algoem queparte, um trunfo
não seja moral: de
a "livrnnca", um
nome
lado,
poéticoDolto,
dadosua ideologia
pelas parteirasevangélica
i\ placen ta;e sua
algomensagem
que apareça, ele ao
avó con-
levá-lo Seja,
(o paciente) a este
o Inferno. Elemomento
aí está, todoonde começa das
infestado a verdadeira
guerrns e forínrlora;
mesmo tempo de outro,
que asLacan, suas ideologias
membranas que irão paracultivadas,
o lixo. Uma seu liege-
espécie
viagem." 40 "Não podemos fazer nada para ajudar as pessoas." De
chagas do Egito do século XV em que Bcsch vivia. Porém, existe lianismo infeliz e sua recusa absoluta de dar uma mensagem. Como
onde Q ato; não é senão o primeiro tempo de um longo conflito
um Paraíso, onde tranqüilos monstros de três cabeças vêm saciar a poderia elechata
fugir como
a um antiprofetismo
entre psicanálise e ocristal
corporóseo;
social.em que pastam rebanhos de ele- . de larnela, urna panqueca,que, para se enunciar;
escorregadia como ela reves-
e tão
sede anuma fonte de tia-se. ríe formas retóricas de um profetismo para uso de clérigos?
A ou tra "S 6ema psicanálise viva como urna arneba. Portanto, temos uma Iarnela saída do ovo,
fantes e i.;irafas brancas, sobé omenos
afirmação não olhar violenta.
ele um deus toga, enquanto Recusada
pronta a semensagem:
apropriar da resultado,
superfície mensagem,
em que vier superentendido,
se instalar. f: mal-
reconhece
despertam,esse nus,nóode servidão
homem e aimaginária
mulher. Sóque um opequeno
amor deve sempre
lince, le- -entendido. Com raras exceções, O~ psicanalistas lacnnianos iriam,
redesfazer ou cortn.r."41
vando na boca, Servidão:
discretamente, um aratinho
palavra lembra.
preto, uma ocerta
assinnla apro-trn- imortal - nascida da separação, porém, ela própria resistente a
portanto,
toda divisão.chnfurtlar
Ao mesmo na desesperança .. Ainda estão
tempo, é assexunda: nela. nenhum
não conhece
dição estóica, que Etienne de Ia Boétle, com a noção
ximar da procela. Também existe um Jardim das Delícias, mas, da "servidão
voluntária",
claro! jardim tinha
esseaplicado
em que afrutos,
outrospássaros
campos.eMas, paramisturados
amantes o analista, obstáculo. Imaginem só, continua Lncan, que ela deslize sobre
preciso dizer que as imagens aterradoras dó corpo fragmen-
arepresen
servidãotam é parental e as imagens indefinidamente
serena,familiares. você, enquanto dorme ... fiEis aí algo que não seria agradável de
Ê

todo prazer, toda transgressão toda perver- tado, versão Jerõnimo Bcseh e, em menor parcela" as do Paraíso,
Asilo
evocacão do amorVocês
reencontrada. passaacreditam
como umaque asaexista
- "Tuauma
cabeça
única desvira/
imagem sentir escorregando, sem niido algum, sobre o rosto, durante o SOllO,
não são as únicas a engendrarem uma paisagem trúgica. Quando o
11m qüila?amor" - o 11111or, apenas capaz, embora o único capaz de
tran novo como um .lacre ... " A fábula passa para ficção cien tifica e a farsa ao
corpo fragmentado dá lugar à armadura elo sujeito - e à sua iden-
lutar contra a força insubmergível das velhas e poderosas imagens horror. O inocente adormecido se depara, ao acordar, com esse
surgidas elosaiam
Pois complexo
dessedo espelho,
engano. As O n6 sempre
grandes bolhasserá g6rclio,
leitosas e não
onde seres . tidaele já definida como aíienante - advérn a formação do "eu".
. vampiro fluido que começa, tranqüilamente, a digeri-Io. Sabem
Campo entrincheirado: cercado de.entulhos e lodaçais ... é a "busca
nusoe analista
será belos fazemque oo conseguirá
amor? desatar. corno Lacan chama a essa arneba-p ànqueca? O Hornelcte. Obvio .
do altaneiro c longínquo castelo interior" ("O foro interior"), en-
"Não existe ( ... ) até a estrutura narcisista, que não se possa ' "Quebrando-se o ovo se faz o Homem, mas também o Hornelete."
contrado nos mecanismos complicados ela neurose obsessiva. KafJca
evocar nessas esferas de vidro em que são cativos os parceiros Um meio-termo
) sucede a Jerônimoentre o Homem
Bosch; é o mesmoe oovo.
universo, explodido Ou defen-
esgotados.do
~L E~\lTli1f: jardim das delícias."J!
O HOMEM E O OVO O Hornelete não foi inventado, mesmo Dumsimulacro
bate-papodesse
de
sivo. O "eu" frágil será apenas uma fraca defesa,
bêbados meio simulado,
lugar de passagem para opelo' simples prazer
Inconsciente, do trocadilho.
que Lacan descreveráLacan
mais
Cativos separação
Assim,'a ... Esgotados ... O
entre prazer
mãe estáentre
e filho, longe. No vácuo,
criança e suacoloca-
ima- ainda
tarde, não tinha chegado
ao vasculhar lá, supondo-se
a lingüística em busca que
dejamais tenha
material chegado
para. conti-
-se uma
gem, questão
comanda todaln separação.
ncinante queEmLacan, ao se texto,
seu último dirigirFreud
aos analistas
cha- anuar
um aestágio totalmente
teoria de Freud. Por lúdico.
'todaOparte
Hornelete é o que Freud
a agressividade cha-
perfura a
"tolos"
mava lchspoltung
eleou aos "safados",à clivagem
não cessará de levantar.
fundamental queAdefine
questão da ser
todo mava ele "libido".
bela unidade, É verdadeadquirida,
recentemente que o termo
e o latino,
riso daele
criança só con-
densas terá
soantes, nunca ficou muito claro, sendo momentâneo.
que a fábula ajuda a

I
ética, elaEpossibilidade
humano. de uma
se talvez se deva moral.
atribuir ao De direito,aodata
desmame psicanalista
inicial cio sido, como o riso filosófico, um fulgor
eleve dela
período ele se afastar, do
formação sob"eu"
penae ele dirigismo à americana.
o aparecimento Nem o
do riso da criança entender por que 11 libido é irresistivel. Por que é indestrutivel; por
prazer
no nemaaseparação
espelho, felicidadevaipodem
muitoseralém
definidos como referência.que
dos gestoseducativos que Freud a colocava
. O primeiro textoaosobre
lado odoestágio doda
instinto vida. Claro,
espelho diz Lacnn:
se encerra por duas (
Podem aapenas
afastam ser
criança doevocados de passagem,
corpo materno como uma
aconchegante, Parajanela entre-
mencionar nessa fábula, a libido é um órgão vivo, essencialmente imortal,
afirma~õ.es, t~o morais e rjg~rosas uma C?InO a ou tra. A ~)ri!1leint. ror I «
umao critica
ser único órgão
VIOlentaoriundo ela separação que não
elo sentimento.altruísta - opode, sob 11<:- 00
aparecimento
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