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I: 0'" 1~ , ºass!.~~recendo apenas uma ve~~~~ l~n:.~!a~~~ .. ~?.s, ... <nJ~ndo
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) atlãIlsta pode certificar-se dis~Q..S.ºnS!itw o quevQU::c!
) Jªmar c?e. a.s~~[a
clíniCa". ºuandº-~a susQeita que há ufP..~Q!'~:P§.!çº~~,.
uma ~s.!~.L~I.a
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" psic6iíéã, .~. n~~~lisáriQjLb.!d~.9- ... L~~J~D-ômenas elem~l1tªre.!i. d~._rg'!!
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ffietÓc:!ica e com seguran~ Em muitas
) supervisões, mesmo em casos de
} ãIíãlise ffcomf~dâ:pe-@ritii:se se o
)
analista procurou os fenômenos
elemen-
tares.
Os fenômenos elementares são:
) 1. Fenômenos de automatismo mental.Sem pretender
desenvolver esta
questão, que põde ser encontrada na minha Conferência -
} Psicanálise e
Psiquiatria", publicada no número 1 de Falo, vou dizer
) apenas que é ~o
de vozes, de discurso de outros, na mais intima
esfera·psíguica. Osrenõmenos
-de autoI1}ª~l?mQ_Jlli!ntaI são, sem dú"0dã~-
) rrllÚfQ_~yidei1~s' quando apsico!;e
. já se desencadeou, fiãS-ürrlãüTomãtismo mental pode estar
présêõt'e;silenêio~
) sarnente, duranteanoscomapenas urna ou duas irrupções na
itifãnéíã.3i':l_
naadolescência, flcandodepoís encoberto, daí ser necessário
) cefltrar:~~~Jl~ia
irrupçãq. .
- 2. Fenômenos que concernem a9.,c9[po, sigamos do ment~l
aQ.forporal.
) Fenômenos de' decor.ôpõslÇãü-dõ-éõ·rpo, de 'desID~mb[ªrn-
ento; de separação
do próprio corpo, _d~ .. ~~Ii~~:ii.~ern-rdaç~o "ao
) próprio corpo,~~ª~to~º
temporal, di~to!ç.ã2_~p~rct:Ps~.º- dQJcmpo_Du_de

ª,
deslocarnentoespgcíal, .
) 3. Fer,ômenos g,~UOl1ç_eJI!~!I!._?(). s_e}}t!~tq.~
Verdade, qu~--ºã...Q~~º
) abstrações, sao coisas efetívasda experiênçi~!U1alít!ca:. O
testemu~~L~
exemplo por histeria. É verdade qu~
cãso de"ÍeÍ1ôm~nos'corporaisf. P9f .~~~mpio,
, !
palteqQ.p ao nível dos fenômenos', no
çjeme,d ~!~~~i1~§!--:!<?m.ãdi em·~e~~~º-·~~º .. corpo, ouum sentímento q,Q .. corpo
experiênci Discurso do método anaiítico .
como. o.u.r~o, é difícil distinguir entre psicose e histeria. Um sujeito psícóticq
inefáveis e ~~~t~!çº_.pºd~m, .I111!n. dado momento, ,expressar'se mais oumenos
inexpJ:'imíy ~t:!slIla ./naneira: Deve-se dizer que algumas mulheres têm : xperíêncías pa,ra a mulhér, é muitas vezes um problema, o não ser suficientemente ferni-
, 011
inexprimíveis .. Não é por nada que Lacan disse que todas as r.iulberes são nina. H,I nas mulheres, uma certa normalidade de não saber e não poder
de
experíê loucas, mas ao mesmo tempo se corrige, elas não o são, em absoluto- EQ.cle . expressar o que sentem, com o que gozam. Desta maneira, devido a uma.
certeza actlq~~r de u~Iher vir a cons!JJ~r~P.9.!..Eão_ter_-'::1}na experíêncía . certa forma de dizer, a mulher pode, durante alguns minutos, parecer psícótica
iql~lta i!:ef~vel.e.j!té!!pI.imiY~.LC!~8.0Zo, isto é, a loucura rqlJ.a'pªo_~<? __ há '('-g~le Não somente a nível corporal, mas a nível mental. \lI~"" certa ernparía,
mais-.ãin a mulher P.':".9S~.~. Há de se escolher entre psicose e feminiliciade, o que, simpatia histérica em relação ao desejo do Outro, pode ser confundida com
respeíto da o autornatísrno mental. Há, também, uma possibilidade histérica de tornar .
identidad emprestado os sintomas psicóticos, quando há um psicótico na família ou
>,4
da hostilidade entre os amigos. POdeIJlOS, também ver um sujeito histérico que vem nos
de'urií- consultar com os traços de Outro, e aí se coloca um problema para as entrevistas-
éstfãrih prelímínares, de distinguir entre o que pertence ao sujeito e o que pertence
que se ao outro. Há sujeitos histéricos que são psicólogos, psiquiatras, e, quando
cham'! começam a apresentar sintomas psicóticos, o saber que têm sobre isso pode
2iLfl.iq fazê-los confundir conhecimento com coisas que lhes dizem respeito.
,J;:xp(es- Poderia desenvolver o tema das alucinações, porque o sujeito hístérico
sões de sf também tem direitO a ter alucinações, que nada têm a ver com as alucínnções
0ll ? do psicótico, daí ser necessário distinguí-las. '. •
ignjfiça.çã: Há igualmente, pontos que parecem comuns entre psicose e neurose
j~·~s~. obsessiva. É o que se observa quando o Homem dos raros chega até Freud,
E:JP.. em pânico e com um quase-delírío. A história da dívida, que hoje sabemos
~lIt'-.:<.! tratar-se de obsessão, encontra-se na neurose obsessiva. Porém, quando ele
p.ªla.Y.r~ • vai encontrar-se com Freud, isso parece um delírio, um delírio da dívida.
é.quando Com o obsessivo, que sempre faz as coisas demorarem, é necessário um
paciente di estado de urgência e de pânico para a entrada em análise, e, muitas vezes, '
qué-P9 pode se apresentar com traços, aparentemente, psicóticos. Desta forma, em
no . mun alguns casos de obsessão, é possível equivocar-se e confundir-se obsessão
signos que U com autornatlsrno mental.
estão Pode-se também, confundir psicose com perversão. Para se certificar
destina da clínica perversa, não basta questionar o pacíenre .obre sua vida sexual.
que tra É bom questíonã-Io sobre isso, é necessário escuta-Ia bem quando fala de
uma ::~:!S experiências, por exemplo: quando diz, de forma evasiva, "tive algumas
'si'g:nif experiências homossexuais mas já terminei com isso ... ''. Mas isso não é sufl- .
que ele
ciente, pois a estrutura perversa não é a mesma coisa oue uma conduta
p0de preci
pessoal perversa, mesmo porque o gozo sexual pode ser perverso, e, apesar
mas que se lhe
disso, no sujeito, o desejo sexual pode ser neurótico.
ãrrigC O verdadelE9...Q~~f~.2.E~~~-fº-f!1...ft~QÜêncja.. anáU~L.P'º[g.Ue ~!e
à,

fl.l. .. - já_s.ªº~ .... t.!l.ºº....9_gY-~_h~tp;lra. sesabersobreo gozo. Contrariarnente, aquele


_ .. q~_v~.!.1L!~~~~~~~.E....I}"~,~9tiÇÇLçºm_uma .perversão, isto. é, com um
.... "'Ess gozo_perverso, o que..nã~.ª_J)1's!..s.!I!ª-S.o.i§-ª .. ql,.le.lllJ.l .. Y~~9?~R~f\.'erso.
pontos, qu Não é apenas porque o. neurótíco não. está satísfeíto com sua perversão que
desenv ~le quer ser curado, mas é porque, com sua perversão, ~~.rgllnta
mostram que, na a si mesmo sobre C!...~~,0:~j~to de seu desejo, e, não por meio de urna demanda
de·õ6r'liiªJêS?2._!Í:!its por llmãdern:anct'a,- de reconciliação cortf=sliã=-j5etvêrsão
avaliação • . • __ zo. •.• '::-- ~:.o..:.....:"-:-~ .,~ .•

clíníca,
há uma 95
encruzilhada na
escolha
psicose e
I
) ista,
)
;@~!~~~~~e ~~eita~ma demanda [Qrrriv1ã"dãJ?9i um
) jac h9.gi_Q~~~xua(q~~sJg
.J o_QÇ!d.idQJ}ií.9jsºrrigiLªJ!º-m~~~;qJali.ci?º~L.f!1<1S __ Y\Yt:!r .. melhor ,.
) .
/ cqq}..§ta.
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). O ato de aceitar ou não essa demanda, sem . promessa, assim formulada,
ul
põe em jogo, sem dúvida, a posição ética do analista. O verdadeiro perver~o,
) ta que na realidade não encontramos muito, vê-se quando vem pedir formação
s
v
de analísta, porque querem satisfazer uma pulsão voyeurista, de conhecer
e retificar o gozo dos outros. É uma demanda que considero que se deve
.,
)
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recusar. Agora que conheco bastante o meio analítico no mundo, afírmo-lhes ~.
'que essa demanda nem sempre foi recusada, e que o verdadeiro perverso,
, •..
) ) muitas vezes, escapa à sua própria análise e se autoriza a analisar, por sua
tr própria in.ciatíva, porque tem o saber mais importante: o saber sobre o
at gozo.
a- Ao contrário, o neurótico com uma pel~~rsão pode ser diferenciado
)
se r, do pérverfl). contanto que o analista não se satisfaç~ ::'-'~:: ':' '."_::~';~" .
) d _e passe paraalQCalização...'íubjeti.Ya. Desta maneira, termino hoje co-n a
e avalia-
) ção clínica, porque o diagnóstico não pode ser separado da localização subje-
u
m tiva, que faz ingressar, na própria prática analítica, a necessidade de considerar,
a c<?mo um operador prático, a categoria lingüística da enunciação.
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es 25 de ju!ho de
.J ~ 1987.
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ou seja,
A . o que chamamos de 'estrutura das entrevistas preliminares. Ntas, apesar da
numerosa audíência, não se trata de uma conferência, sim de um seminário.
. Por ísso serão bem-vindas perguntas, observações, notas e ccr.níbuícóes. Vamos 00
reservar um tempo para conversar com a máxima liberdade. Para mim trata-se
de um trabalho em andamento, há algumas coisas sobre as quais trabalhei
este ano em Paris e também um pouco em Nova York a semana passada
e, então, modifiquei alguns aspectos. '
Nosso tema é o que se passa no limiar da análise, no limite, na fronteira
a partir da qual estarnos no discurso analítico. Há um ano e meio, no meu
seminário em Paris, venho considerando a questão da entrada em análise
do. ponto de vista do analista. E o retomo agora para responder o interesse
. Segunda assinalado em diversos trabalhos brasileiros sobre a retíflcação'subjetíva, ex-
Conferência pressão de Lacan extraída do seu artigo "A direção da cura", Ao mesmo
tempo, para começar a desenvolver as linhas do que seria um tratado do
Diagn método analítico.
óstico Podemos afirmar que a análise não é apenas um método. Mas, quando
psica se considera a exoerlêncía analitica ao poruo de vista do supervisar, do
nalític
FALO, R.evisla Brasileira do Campo freudiano, n: 2, [an-jitn 1988, p. 97·115
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SOBRE A PERVERSÃO
Freud -7 " a disposição para a perversão não é algo de raro e singular, mas
uma parte da chamada constituição normal'c confirma a sexualidade infantil. .
Perversão polimorfa infantil
. . Desenvolvimento ~'n~rmal" d.a~ ~~~i~~s:~?gcr~~ L~azia da
Gemtahdade:( Todas as pulsoes parciais - prazer prelimmar; um meio e não
um fim em si mesmo.) .
Perversão - um desvio em relação ao ato sexual normal:
quanto ao objeto sexual (pedofilia, homossexua1idade, bestialidade, etc)
quanto a outras zonas corporais ( coito anal, oral, etc)
quando o orgasmo é subordinado de forma imperiosa a certas condições
extrínsecas (fetichismo, travestismo, escopofilia, exibicionismo, sado-
masoquismo).
desmentido da castração. Atua o que o neurótico (recalque das
pulsões parciais) apenas fantasia
só aceita a incidência da castração com a reserva de continuamente
transgredi-Ia.
- Recusa da realidade - recusa de reconhecer a realidade de uma
I
percepção traumatizante: a ausência de pênis na mulher;
O perverso não quer saber do pai simbólico, ou seja,~quele que supostamente
detém o falo, e é o representante da Lei que interdita o inc_esto. O perverso vai,
então, instituir uma outra lei - a lei do próprio desejo": lei cega que tende a se
substituir à Lei do Pai.
O perverso não cessará de procurar demonstrar que a única lei do desejo é a
sua e não a do outro. .
Desafio e transgressão da Lei: "Sei, mas mesmo assim ... "
Porém, não há meio mais eficaz de se assegurar da existência da lei do que o
de se esforçar por transgredir as interdições e as regras que a ela remetem
simbolicamente.
Freud -7 uma corrente do psiquismo sabe da lei, a outra desconhece.
Horror à castração - produz a angústia no Outro. Perverso quer fazer o outro
gozar sendo o objeto de seu gozo, aquilo que lhe falta.
~ Lei do Pai é, na perversão, desafiada. Desconhecimento da Lei como o que
viria mediar o desejo de cada um.
Determinantes: a cumplicidade libidinal da mãe e a complacência silenciosa
do pai.
A mãe do perverso não é uma mãe fora-da-lei, é uma mãe fálica.
Fetiche - desmentido da castração - desmentido da falta de pênis da mulher,
( fonte: Freud, S. "Três ensaíos sobre a sexualidade", ESB, vol. 7, Rio de Janeiro, Imago.
Dor, J. "Estruturas e clínica psicanalítica" , Rio de janeiro, 1994, Taurus)

(-.
'.
)

)
vn. o IH~I'v.~ r só c à lei do pai ficio voluptuoso de seu gozo nesta estratégia de ultrapassagem. "l')
}'
Para isto, é necessário, cvidcntcrncntc, UI11 cúmplice, imag iruirio
) .';"
0\1 rcul , isto é, umn Icslctnunhn oluscndn pelo truque Inntusuuitlco
J, em que o perverso se cnccrru frente ti custruçüo.
Dentre esses testemunhos potenciais, a mãe constitui o preta-
)
gonista senão inaugural, pelo rncnos privilegiado. Explicarei isto
J mais udiantc.
A propósito desse testemunho cúmplice, cujo presença mostra-
.J
se indispensável para o desdobramento do agir perverso, lembro-
) No !leHetsô, ii pt-obieltlátieli da dcnegação se organiza de modo lhes esta breve passagem, evocado por Jcan Cl avrcul:
difcrcntê, Enquanto na histeria e lia neurose obsessiva, é a posse .• É claro que é enquanto portador de tini olhar que o Out ro será o
imaginãtlu do objeto fálico que é desafiada, tWE perversões, é parceiro, isto é, antes de tudo o cúmptlcc, do alo perverso. Tocamos,
) Iundamentnlmcntc n Lei do pai. O desuno do Lei do pai, no aqui, no que disl ingue radicalmente 11 prática perversa, onde o olhar
pcrvcrsd, situa-se essencialmente na vertente da dialética do ser. do outro é indispensável, porque ncccssârlo à cumplicidade sem a qual
n50 existiria o campo do ilusão, e o/ali/asma perverso que não só se
No obsessivo, corno no histérico, o desafio conccrnindo fi posse
acomoda '"11110 bem com R ausência do olhar do outro, mas necessito
do objclõ fálico se situa, cmconlrapnrtida, na alternativa do ler pura ler êxito, se snt isfnzcr na solidão do alo masturbatór io. Se o alo
)
ou não ter. Esta primeira classificação, todavia, não é bastante perverso se distingue sem equivoco do Inntnsmn, será, então, nesta
ptecisn f;nhi qUê seja clinicamente operatório. linho em quc se inscreve o olhar do Outro que disccrnircmos n fron-
Devemos insistir no caráter imperativo segundo o qual o per- teira, olhar cuja cumplicidade é necessária para ° perverso, enquanto
) verso fêtlÍ intervir a lei do seu desejo, ou seja, eorno única lei tio é denunciador para o normal e para o neurótico".'
dcsejoqiJe ele reconhece, e não como um desejo que estaria É IHI medido desta cumplicidade implícita do Outro que o
Iundadõ nu lei do dcsejo tio outro, que é, inauguralmcntc, a Lei perverso pode mobilizcr seu desafio como 1110do de acesso ao
) do pai. ~ sempredeste ponto de visto que se deve compreender gozo. A estratégia perversa permanece sempre fixa qualquer que
que o pai "Faz u lei;' (Lncan) para o mãe c o criançn. Permanente- seja a variedade dc suas cf'etuaçôes. Ela consiste sempre em
mente, tI ~ctvctso esforçar-se-é para enlão desafiar essa Lei do desencaminhar o outro corn relação às balizas e aos li mitos que " "
) pu], éo/tl tudo aquilo que ela impõe enquanto Ialta fi simbolizar o inscrevem diante da lei. Corno bem observa Jcan Clavreul: '
(castração). Dcsnfiando esta Lei, ele recusa, em definitivo, que u
lei do seu desejo seja submetido ti lei do desejo do outro, O "O que permanece mais importante parn o perverso é o fato de que o
Outro esteja suficicntcmcurc cngajado, Inscrito IIlIm bnliznmcnto co-
perverso põe, então, em ação duas opções: de um lado, a prcdo- nhecido, sobretudo de rcspeitahilidadc, para que cada nova cxpcr iên-
rnillAlldn da lei do seu desejo corno única lei possível do desejo; cia ganhe figura de devassidão, i510 é, para que o Outro se veja extraído
por outro Indo, o desconhecimento da lei do dcsc jo do out ro corno do seu sistema, e para que aceda a um gala onde o perverso detém,
)
fi que vlria mediar o desejo de cada um. ToJo gozo perverso se em toda lnst ãncla, o controle"? .
constitui nesse espaço entre os dois, sustentando-se numa mesma Ern meu livro, Estrutura e perversão, dei um exemplo pcrf'ci-
)
estratégia impossfvel mas cujo interesse essencial é o de suscitar, lamente significativo desse desafio, que consistia, no caso, em
JUlHO li um Ictceiro, a convicção de que, ínlvcz, ela não o seja. desencaminhar algo da vida privada de um analista."
o perverso, pois, é levado Il colocar 8 Lei do pai (e a castração) Paradoxalmente, a relação que o perverso mantém com u Lei
como um lirnitc existente pata rnelhor demonstrar, em seguida, do pai, se manifesta principalmente, por um modo de relação
)
que ela não ê um limite, 'leste sentido de se poder sempre assumir específica para com a rnâc c, para além, com todas as mulheres.
o risco de ultrapassd-là. O perverso tira, efetivamente, todo bcnc- Islo não é espantoso, tendo em vista que a renegnção do perverso

) 48
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8
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inoidc dlt·nllllnellle sobre 11 questão do desejo da mãe pelo pai, 011
)
..
o
/Wlll, 11 l'IJIIIII esscnclnlmcntc inadmissível por cx ccl êncin. ('
..
·Corl1dhHt de se esperar, u rcncgação se faz acompanhar por )
construções Inntasnuiticns que se elaboram 11 part ir de certos ..
mntcrinis tirados uns teorias sexuais infantis conccrnindo li cus-
..
tração. Corno snbcrnos, truta-se sobretudo da ausência de pênis
) dn mãe; que só se pode cxp'licnt pela cnstruçâo que o pa i lhe leria ..
.~.
inningidb. ~sle elemento persistente das elaborações i magiruirius :
infantis estánn origem do horror particular da castração que se .. !!
obscrvu em lodo perverso. Horror maior, na medida em ql1e é ·l
l
subtcndido pelo Iantasma c/c lima castraçâo real. .. b

-
) !;
Este problema supõe uma dialética dcl icada entre di fcrcntcs
r
elementos fantasmdricos conccrnindo à castrução da mãe (e clus
mulheres), c este outro elemento, constituído pelo desejo da mãe
I,
J f
pelo pai. No perverso, existe urna oscilação constante entre essas r'
duas séries de materiais. Ou o pai carrega a responsabilidade de
ler submetido a mãe à ordem do seu desejo - ele lhe lerá, assim,
}!
)
i 1111'0510 essa lei iníqua do desejo; que rn'z com que o desejo seja ·u
"
sempre submetido à lei do desejo do outro - ou, pelo contrjirlo, k
)
o própria mâe é Ialtosa, por. ler desejado o desejo do pai. Sobre , .;i!~
ela, então, é que será projetada a acusação de ser cúmplice da
cnstração, que hão se colocaria se a mãe não estivesse compro- .1
. metida com o "ai, dó lado do seu desejo.
) Essa duplaconstrução Iantasmética conccrnindo à castração,
vai flreJt!letlliiliitr certos prolótipos de relações caractcrfsticus
) que 01,,'H'vctso cxpritnirri frente a homens e mulheres, Essa dupla
opção Iühlustnática permanece sobrcdctcrminada pclo horror da
cnstraçâo. Que se trate do pai iníquo, submetendo li mãe li lei do
) seu desejo; OU da mãe lendo fi fraquczn de aceitar esta lei, num
caso como no oulto, que Iazcm figura de verso e reverso, ti coisa
é inadmissível, pois consiste em ratificar a falto, quer dizer, a
) trlslrrlçhô., .
Etn rêüção ti cslc "horror", vem se opor essa OUtra elaboração ,
Iantastrnltica, através da que I o perverso imagina a mãe feda-po- j
) derosa do Indo do desejo, islo é, não carente. A crença imaginüria
nessa tnâe itão-carertte implica na neutralização do Pai Simbólico
,
cnquaniõ representante da função paterna. Dito de outro modo, o
) pai não ~ suposto ter o que a mãe deseja. Conseqüentemente, o ··~·1

pcrversõ pode continuar 11 sustentar o fantasma de ser o único


'o
objeto de deseJd. ql1~ foz Irt5e gozar. i
) )
~
.[
50 i'~
I
) ,.I'i
) ,
) ) ~
) )
';
:
I)
I s guinte pnrticulnrida-
a i de: ele realiza n marca de urna ingerência nos negócios do gQ7.0
n p materno. De fato, a criança descobre, através desta Ilgurn patcrna ,
t r um concorrente rálico junto li miie, corno objeto único e singular "
a ó de seu gozo. Ao mesmo tempo, a criança descobre corrclntlva-
.l. v. o s p mente duas ordens de realidade que vão doravantc interrogar o 'I

m r curso de seu desejo. Em primeiro lugnr , acontece de o objeto do I


pont n i desejo materno não ser exclusivamente dependente de sua própri a
!
o de d a pessoa. Por conseguinte, esta nova disposição abre, pata a crian-
o ça, a expectativa dc um desejo materno que seria potencialmente
anco j outra, di [crente daquele que ela tem por ele. Em segundo lugar,
rame p u a criança descobre sua mãe como urna mãe ausente, ou seja, urna
e n mãe que em nada satisfaz a crinnça, idcntificada com o que
nto l t acredita ser o único objeto de seu desejo, portanto, com o ralo.
das a o No terreno desta dupla ocorrência, a figura do pai entra na liça ,
em UI11 registro q\le n50 pode ser outro senão o da rivalidade.
perv c à Reencontramos a pista desta rivalidade mais tarde, sob a forma \<'

ersõ r m de um traço estrutural cslcrcotipndo da perversão: o desafio, Com


i ã o desafio, 50111005 irremediavelmente levados a encontrar csle
es a e outro traço estrutural: a transgressão, corno seu complemento
n . inscparávcl.
ç E O que institui, e ao mesmo lernpo conforta , o terreno da
a s rivalidade fálica imngínár!a, é o desenvolvimento sub-rept ício
c t de um pressentimento, cujas conseqüências aparecerão corno
o e irrcvcrsfvcis, sobre a questão da diferença dos sexos. Trata-se,
m d COIn efeito, para li criança, c/c antecipar um universo dc gozo novo
o u por Irás desta [igura paterna, que lhe aparece corno radicalmente
e
o l 39
Voltem
os fi b o
dialétic j
a e r
cdipian t á
a, onde o l
a i
identifi I c
cação á o
Iálica l
inaugu i a
- c p
ral é o r
coloca e
do em r s
questã i e
o pelo v n
intrusã a t
o de l a
um pai d a
imagin e s
ário, e
) )

)
.....
)

estranha, há medida em que ela a supõe como um universo de g07;O E


) que lhe é lnterdito. Outra maneira de dizer que no caso, traia-se m
de um universo de g07:0 do qual ela está oxclukla. Este pressenti-
incuto é o meio pelo qual a criança adivinha 3 ordem irrcdutivcl o
cio castração, da qual, de uma certa maneira, ela nada quer saber. u
Do mesma Forma, isso pode constituir pata c13 o início de um novo t
J. saber sobre a questão do desejo do Outro. Neste sentido, podemos r
compreender corno se constitui urna vncilaçâo em torno do 1'1'0- o
) blcmn de suo identificação Ié lica. Da mesma forma, ncrccbcrnos s
) COI110 n nngúsí in de castraçâo pode se atualizar em torno desta
incursão paterna que impõe li criança, não apenas urna nova t
vcíoriznção potencial dc seu desejo, 1ll3S os riscos de gozo que 3 í e
) se cnconttnm nmnrrados. r
, No ctltsô cvolutivo desta situação cdipinnn, umu semelhante m
cslnsc do desejo e de seus riscos é [ncvitüvcl. Por mais que o seja, o
não deixa de ser uma incidência dccislvu. r~ efetivamente com o s
sinal dcsüí incidência que O perverso lança li sorte de sua própria ,
) estrutura. Pcrtnancccndo cntivo desta eslasc do desejo, a criança
podc uí sempre encontrar um modo definitivo em relação li funçâo t
. fótica. De Inlo, pnra ela, tudo se dá em torno deste ponto de r
büscula que vai, ou não, prccipité-In para lima etapa ulterior, onde a
) t
pode se abrir unta nova promoção na economia do desejo, que
poderíamos designar como uma dinamizaçâo ru1110 à assnnçâo da a
castração, -
) s
O perverso ilÜO cessa de Iazcr desta nssunção da cnstraçâo a
e
hnse, sem nunca conseguir af se cngnjar como parte integrante na
) economia de seu desejo. Dito de outra forma, sem nunca conse-
d
guir nl nssumlr CSSII parte nerdedora, do qual se poderia dizer que
e
nssirn O é,juslamenle, porque Ihe.falta ganhnr. Traia-se, 11(1 caso,
111 11 i to evidentemente, destemovimento dinâmico que propulsinnu
u
li crinnçn pnrn o rcul da diferença dos sexos, subl cncfido pela [ul l a
m
) do desejo, diferença que.é promovida mais como algo de simho-
lizrivcl do que sobre o modo dn lei do tudo ou nada, De uma certa m
11111neÍ\'o, com isso tlcsignnmos este ponto de báscula que escapa
o
) no perverso, na medida 'em que ele se encerra precocemente na m
representação de uma falta não slmbolirável. É justamente urna e
tol fulta nâo simbolizávcl que vai alicna-Io em urna dimensão de n
) inesgotável conícslnçâo psíquica, operada através da mohi lizaçâo t
da denegaçãa, ou ainda da renegação conccrnindo ú castração da o
mãe.
e
1\0 m
)
q esso ao li miar da
u castração simbólica, que tende a Fazer advir o real da diferença
e dos sexos corno a única (aIIS(l do desejo. Evidentemente, a Falta s
I
s aignificada pela intrusâo palcrnn é justamente o que assegura no
e desejo sua mobilizaçâo em direção à possibilidade de uma nova
0 dinâmica para a crinnçn .. Em torno deste ponto de bâscula, o que
~ estó implicitamente colocado em questão é o problema do signi-
·' Iicantc da falta do outro: S(f). Tocamos aqui na scnsihiliznção
·; da criança conccrnindo à dimensão do pai simltálico , ou seja, o
~ pressentimento psíquico que a crinnçn deverá enfrentar para ab-
1 dicar de suo representação do pai imaginário. Somente o intcrrnc-
l. diário deste siguificnntc da [a ltn 110 Outro é suscctivcl de descolar
a figura do pai imaginário de sua referência o urn objeto Iril i co
p 'rival. O signif'icantc dn Falta no Outro é logicamcntc o que iní
n levar 11 crinnçn n nhnnrlounr o registra do ser em hcncffci o do
r registro do ter.
a A passagem do ser ao ler não pode se produzir senão na medida
O em que o pai aparece para a criança como lendo aquilo que a mãe
F deseja. Mais exatamente, como sendo suposto ter o que a mãe é
u suposta desejar junto a ele. Esta atribuição rólica do pai é justa-
t mente o que o institui corno pai simbólico, ou seja, O pai enquanto
u representante da Lei para n criança , portanto o pai enquanto
r mediação cstruturantc do interdito do incesto.
o Acontece que é precisamente desta sombra carregada do pai
p simbólico que o perverso não quer saber, a partir do momento em
e que se coloco para ele a qucst âo de reconhecer algo da ordem da
r falta no Outro. Esta rencg aç ão , isto é, esta contestação, tem por
v objetivo recusar qualquer possihilidndc de simholizaçâo desta
e ['alIa. Porconseguinte, cncontrurnos em ação um processo este-
r rcol ipado do Iunciountncnto perverso pelo qual uma vertente
s cnnccrnindo ao desejo da mãe é concomitnntcmcntc cncont rada
o e negada. Em outros termos, a criança se encerra na convicção
, contraditórin seguinte: de 11111 lado, n inlrusâo da figura paterna
a deixa entrever à criança que n mãe, que não (em o falo, deseja o
p pai porque ele o "é" ou porque ele o "Icrn"; por outro lado, se a
o \. mãe não o tem, talvez no entanto o pudesse ler? Para Fazer isto,
s basta lho ntribuir c manter imng inariamcnlc esta atribuiçâo rrilica.
s E esta manutenção inwginária qlle anula a diferença dos sexos c.
i a Inlta que ela atualiza. 1\ coexistência destas duas opções, em
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se fundar senão na medida em que o perverso reconhece, de 1111111
,.dl1~:lh) 110 ub.1do flílico, Impõe n cconom ia do desejo um perril certa mnnei rn, este desejo da mãe pelo pai. U ma coisa nâo ,Pode
) que constitul fi própria estrutura do funcionamento perverso. ser denegadn senão porque nlgo já se sabe previamente. A sua
. Este pctfil é ordenado 110r urna lei do desejo que não permite maneira, o perverso, então, bem reconhece o real dn diferença dos
; no sujeito nssumir nela a possibilidade pnta além da castração. sexos, mas recusa suas implicnçôcs, cuja principal qller que esta
) Trota-se de uma lei cega que tende a se substituir lei do pai, 011
à
diferença seja, precisamente, a causa signif'icantc do desejo. O
seja, fi üi1i~1! iei suscctfvcl de oriental' o desejo da criança rumo a perverso esforça-se assim por manter o risco de 1111Hl possi hi lidadc
um destino que hão é. obturado antecipadamente. Outra muucirn de gozo que poderia Fazer a economia desta causa signif'icanl c.
) de dizer que o que obtura a 'MStlllçnO do desejo perverso é fi lei Nesta provocação incessante que é a sua, assegura-se ele,
que o sustenta: lima lei cio desejo que se emprega para IHH1Cn ser assim, de que a Lei está certamente lá, e que ele pode encontrá-Ia.
referida no desejo do outro. De falo, apenas a lei do pai impõe no Neste sentido, a transgressão aparece como o elemento corrclalo
) desejo esta estrutura que faz com que o desejo seja fundamcntnl- e inevitável do desafio. Não há meio mais eficaz de se assegurar
mente desejo do desejo do outro. da cx istêncin da lei do que o de se esforçar por transgredir as
Na medida em que n lei do pai é dcncgnda corno lei medi adora interdições e as regras que a clfl se remetem simbnlicnmcntc. É
) do desejo; à dinârnicn dcscjantc rixa-se de uma mnnclra arcaica. 110 deslocamento da transgressão das interdições que n perverso
COllfr'ot;indn com o ralo de' dever renunciar ao objeto pril1l()rdil1l encontra a snnção, ou seja, o limite rcfcri'do mctonimicnrncn!c Ú
de seu desejo, n criança prefere renunciar no desejo como tal, isto interdição do incesto. Quanto mais o perverso desafia, 011 111eSl110
) é, 00 "OVÔ modo de elaboração psíquica que é exigido pela transgride a Lei, mais experimenta a necessidade de se assegurar
castração. Tudo se passa então corno se a angústia de cast ração, ter ela, realmente, origem na diferença dos sexos c nn rcf'crénc ia
que estimula il criança a não renunciar ao objeto de seu desejo, a li interdição do incesto.
imobilizasse aqui, num processo de defesa que a (orna precoce- Em torno deste ponto, certas confusões diagnosticas merecem
mente refrãtária ao trabalho psfquico que ela deve produzir para ser nssinalndns, principalmente em relação à histeria e li neurose
)
, compreender que é, precisamente, a renúncia ao objet-r pri mordia! obsessiva.
do deseja que salvaguarda a possibilidade do desejo, dando-lhe
um novo estatuto. É, com efeito, o novo estatuto induzido pela
) Iunçâo paterna que institui UIl1 direito no desejo, COlnO desejo do
desejado outro:
Ein razão de sua 'economia psíquica particular, o perverso
encontra-sê subtruído a este "direito ao desejo", e permanece
I )
i tnpcrntivarncnte Fixndo em urna gestão cega na qual não cessará
de procurar demonstrar que o única lei do desejo é ([ su a c não a
) do outro. Ísto permite compreender melhor os diferentes expe-
dientes do Funcionamento perverso e os traços estrutural s que (I
caracterizam, .
A título destes traços estruturais, mencionemos logo o desafio
I)
e a transgressão, que constituem as duas únicas saldas para (l .
'
desejo perverso.
A dcncgação, a rcncgaçâo mesmo, tem essencialmente como
) objeto aquestão do desejo da mãe pelo pai. Neste sentido, é, antes
de tudo, dcncgação da diferença dos sexos. Entretanto, eOIT1O
Frcud havia muito justamente indicado, esta rcncgaçâo 11 tio pode
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