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7 Freud se refere a governar, educar e analisar como "profissões impossíveis" em dois textos:

"Prefácio a Juventude desorientada, de Aichhorn" (1925) e "Análise terrninável e interminável" (1937


8 LACAN, Jacques. o seminário, livro IZ' o a-esso da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996.
9 LACAN, Jacques apud RIBEIRO, Marco Antonio Coutinho. "Capitalismo e esquizofrenia ~
Em: ALBERTI, S" (org.). Autismo e esquizofrenia na clínica da esquize. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos.
1999, p. 163-75.
10Ibid.

208 Saber, verdade e goro

Lacan chamou de discursos quatro maternas que elaborou para expressar as


maneiras de viver na cultura, ditas por Freud': governar, educar, analisar, aos quais
Lacan acrescenta fazer desejar. Respectivamente denominados de Discurso do
Mestre, Discurso Universitário, Discurso do Analista e Discurso da Histérica.
Cada materna é exposto sob a forma de quatro elementos que ocuparão quatro
lugares em duas frações, sendo que, cada vez que os elementos sofrem um quarto
de giro, o discurso passa a ser diferente. Em cada fração, os lugares são fixos,
sendo assim designados: agente, outro, verdade, produção. E os elementos são
representados por $ - sujeito, SI - significante mestre, S2 - saber, e o objeto a -
objeto mais-de-gozar.
Após a formulação dos quatro Discursos, elaborados em O avesso da psicanálisé,
Lacan trabalha na perspectiva de fazer uma derivação do Discurso do Mestre: o
Discurso do Capitalista, em 1972, e a partir do título de "O seminário, livro 18:
de um discurso que não seria do semblante", para dizer que passou aquele ano
demonstrando que "este é um discurso completamente excluído'", pois "não há
nenhum discurso possível que não seja do semblante?".
Em ambos os discursos, a seta segue de SI para S2' no entanto no Discurso do
Capitalista as setas laterais vão em sentido oposto ao do Discurso do Mestre, e não
há o deslocamento de a, como acontece nos quatro Discursos (do Mestre, da
Universidade, da Histérica e do Analista).
Ocorre uma inversão entre o SI e o $, o sujeito no lugar do agente, com a seta
dirigida do objeto a para o sujeito, o que indica que nesse discurso o laço do
sujeito se estabelece com o objeto de consumo. Não há seta que siga do agente f,
ao outro S2' O sujeito da depressão, no caso, entraria no lugar do agente, o lugar
do outro é ocupado pelo saber da ciência e a medicação entraria como objeto que
serve à tentativa de tamponamento da falta. O sujeito é invadido pelo real e vira
um mero instrumento na mão da indústria farmacêutica. Ao seguirmos a direção
das setas diagonais, partindo de SI' podemos fazer a seguinte leitura: o capital (SI
investe no saber (S) da indústria farmacêutica, que produz a droga - objeto de
consumo - (a) para o consumidor ($) .

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