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falar, o sujeito se implica em seu discurso, desenhando, através das "peripécias da

linguagem", um novo cenário para seus questionamentos, reflexões e aconte-


o
cimentos da vida. A palavra é a principal responsável por lidar com o mais-de-
gozar, pois ela convida o sujeito a fazer uma manobra pulsional e, de certa forma,
responsabilizar-se por seu sintoma. O sintoma tem uma relação estreita com a
libido e seu deciframento, que, segundo os ensinamentos de Freud, só poderá ser
feito através da linguagem.
Fazer com que o sujeito sofra um giro do mutismo depressivo ao dizer de sua
dor é a proposta psicanalítica. Não se trata de um tratamento a curto prazo e
muito menos do oferecimento de garantias, mas de uma aposta de que em algum
momento o campo do desejo se abrirá, configurando um novo panorama, o de
tornar-se autor de sua história, uma possível articulação do campo da linguagem
e do campo do gozo. Para tanto, o remédio é apenas a palavra, pois não há ainda
no mercado farmacêutico uma medicação que cure o mal-estar do sujeito desejante.

210 Saber, verdade e gozo

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