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Sobre a teoria da angústia em Freud

Mara Viana de Castro

Freud em seu pnrneiro momento da teoria da angústia esta às voltas com os


estudos da neurose de angústia. Em 1894 no Rascunho E, ele diz que a angústia tem
uma relação direta com a insatisfação sexual e este seria o caminho para a neurose de
angústia. Inicialmente ele diz ter seguido pistas de. uma concepção equivocada da
angústia sentida pelo paciente ao ter coito interrompido. Em um segundo momento, a
angústia surge independente da experiência sexual frustrada, aqui surge uma
dernarcacão imnortante. a fonte da anzústia não deve ser buscada na esfera nsícuica.
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deve residir na esfera fisica. Ressalta a abstinência sexual - como conseqüência do


bloqueio da descarga - afirmando que esta é uma questão de acúmulo de tensão sexual
física J - e aproxima a neurose de angústia da histeria. A angústia emerge da tensão.
sexual acumulada por transformação ou seja a libido foi transformada em angústia.
Alguns mecanismos do melancólico podem aqui fazer interface com a neurose
de angústia, sendo que nos melancólicos existe uma anestesia libidinal. Falta-lhes
desejo sexual mas, segundo Freud, há uma grande ânsia de amor nomeada por ele de
tensão erótica psíquica, que um vez acumulada e insatisfeita desemboca na melancolia,
ou ainda., a tensão sexual física acumulada originaria a neurose de angústia, caso o
acúmulo de tensão sexual seja psíquico o resultado é a melancolia.
Há uma quota de excitação externa enviada para o psiquisrno produzindo assim
aumento de excitação que é dosado de acordo coma quantidade. A tensão endógena só
é percebida quando atinge.seu limite. Quando ela transborda surge sua manifestação
psíquica, a tensão sexuaf física desperta a libido psíquica levando ao coito. Quando a
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tensão psicofísica (afeto sex-ual) aumenta ela passa a incomodar mas ainda não se
transforma em angústia. Apenas quando a tensão física ultrapassa o limite que o afeto
psíquico é despertado. Porém, a ligação psíquica toma-se ineficaz para formar o afeto

1 MASSON, Jefírcy M. A Correspondência Completa de Sigrnund Frcud para Wilhem Fliess 1887- j 904 . Rio de

Janeiro: Imago, J"985. ln: Rascunho E. p.78.


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o aparelho psíquico não é perfeito e diante do perigo interno, perigo pulsional o


sujeito está indefeso.

Ressaltamos aqui as duas teorias da angústia fundamentais na compreensão do


percurso freudiano em relação ao tema, que dividiremos em dois tempos:

10 tempo - recalque -7 angústia

A primeira teoria localizamos no texto O Recalque (1915) será aquele que nos
diz do signo da pulsão, como a fórmula abaixo:

Pulsão = idéia
afeto

Com a operação do reca1camento há uma separação do representante (idéia) e do


afeto Tal separação, deixa à deriva o afeto desligado e este poderá sofrer três destinos:
supressão - que não deixará vestígios - ; o recebimento de um colorido qualitativamente
diferente ou a angústia
Freud afirma que a angústiaadvém do recalque, ou seja a angústia supõe a
operação do recalcamerrto, ela é aí concebida como um dos destinos do afeto desligado
da representação. O eu se protege do perigo através do processo de recalcamento .

. 2° tempo - angústia -7 recal que

Na Conferência XX"KlI (1932), é a data da torção demarcada na obra de Freud


com relação a angústia e recalque, apesar dele já haver aJertado para o isso em Inibição,
Sintoma e Angústia (1926):

Não era o recalque que criava a angústia; a angústia já existia antes; era a angústia que causava
o recalque. (Freud, 1932: p.1(8)
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ao contrário o psicótico é invadido por este registro a angústia teria um campo muito
mias vasto, seria no meu modo de entender um terreno propício para o desenvolvimento
da angústia, mas o psicótico não tem recursos para lidar com ela. O psicótico ficaria
submetso naangústia e o neurótico com um trabalho de análise teria recursos para lidar
com o efeito devastador que a angústia causa.

Bibliografia:

CARVALHO, Jeanne D'arc. Angústia e Recalque. Identificação e Angústia. Revista


'lransfinisos .Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

______ .C) Recalquei l ') j 5). Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud Rio de Janeiro: lmago, 1977. VoLXIV

__ ~ __ . lnibicão, Sintoma e angústia (1924). Edição Standard Brasileira das


Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
Vo1. XX

_______ . Conferência XYV(1926). Edição Standard Brasileira das Obras


Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Irnago, 1977. VoLXV1.

_______ . Conferência XXXIl (1932) Edição Standard Brasileira das Obras


Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977.Vo1. XXII.

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