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FLÁVIA DE OLIVEIRA AQUINO

COMO MELHORAR A SAÚDE MENTAL ATRAVÉS DO


EXERCÍCIO FÍSICO

Cidade
Ano
FLÁVIA DE OLIVEIRA AQUINO

COMO MELHORAR A SAÚDE MENTAL ATRAVÉS DO


EXERCÍCIO FÍSICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Anhanguera de Guarulhos, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Bacharelado em Educação Física.

Orientador: Rafael Vilela

Guarulhos
2021
FLÁVIA DE OLIVEIRA AQUINO

COMO MELHORAR A SAUDE MENTAL ATRAVÉS DO


EXERCÍCIO FÍSICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Anhanguera de Guarulhos, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Bacharelado em Educação Física.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Guarulhos, dia de mês de 2021


Dedico este trabalho...

À minha família, amigos, companheira e


professores que colaboraram direta e
indiretamente para o meu crescimento
dentro do curso.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por cada dia de vida em que pude aprender
mais, vivenciar mais a área que escolhi pra minha vida, agradeço à minha família por
todo suporte, por sempre me incentivar e acreditar em mim, agradeço meus amigos
que me apoiaram desde o momento em que decidi entrar na faculdade e agradeço a
minha companheira por sempre estar ao meu lado e não permitir que eu desistisse
mesmo frente a situações desafiadoras.
“As lições aprendidas na dor jamais serão esquecidas,
pois só a dor gera compreensão”. Paulo Lima Mello
AQUINO, Flávia O. Como melhorar a saúde mental através do exercício físico.
2021. 26 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Bacharelado em
Educação Física) – Faculdade Anhanguera, Guarulhos, 2021.

RESUMO

Problemas de ordem mental afligem a sociedade desde os primórdios e atualmente


cada vez mais pessoas são acometidas por transtornos como o da depressão e
ansiedade, na maioria dos casos nós vemos um tratamento através de
acompanhamento psiquiátrico e uso de fármacos, porém, o exercício físico também
serve como tratamento para melhora de níveis de ansiedade e depressão e quando
combinados com um acompanhamento profissional os resultados são ainda mais
satisfatórios. Conhecer os fatores desencadeadores de transtornos mentais é
fundamental para que haja um resultado mais positivo no controle de níveis de
depressão e ansiedade pois existem exercícios que são mais recomendados para
cada um dos casos e esse entendimento é fundamental para que seja possível obter
melhor resultado na conscientização da população sobre a importância de se manter
ativo e esses serão assuntos abordados no presente estudo.

Palavras-chave: Saúde Mental. Exercício Físico. Depressão. Ansiedade.


Conscientização.
AQUINO, Flávia O. How to improve mental health through exercise. 2021. 26
páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Bacharelado em Educação
Física) – Faculdade Anhanguera, Guarulhos, 2021.

ABSTRACT

Mental problems afflict society since the beginning and nowadays more and more
people are affected by disorders such as depression and anxiety, in most cases we
see treatment through psychiatric monitoring and the use of drugs, however, physical
exercise too it serves as a treatment to improve levels of anxiety and depression and
when combined with professional monitoring the results are even more satisfactory.
Knowing the triggering factors of mental disorders is essential for there to be a more
positive result in the control of levels of depression and anxiety because there are
exercises that are most recommended for each case and this understanding is
essential for achieving a better result in awareness population on the importance of
staying active and these will be issues addressed in this study.

Keywords: Mental Health. Physical Exercise. Depression. Anxiety. Awareness.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS Organização Mundial da Saúde


DSM Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
SNC Sistema Nervoso Central
ACSM American College of Sports Medicine
PNPS Política Nacional de Promoção da Saúde
NASF Núcleo Ampliado a Saúde da Família
SUS Sistema Único de Saúde
13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14
2. FATORES DESENCADEADORES DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE ............ 16
3. EFETIVIDADE DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS NA INTERVENÇÃO DE
TRANSTORNOS MENTAIS ...................................................................................... 19
4. PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA
SAÚDE ATRÁVES DO EXERCÍCIO FÍSICO ............................................................ 22
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 24
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 26
14

1. INTRODUÇÃO

Dentre os inúmeros problemas que afligem a humanidade temos os de ordem


mental, seja depressão, ansiedade ou demais transtornos. Problemas relacionados a
desordens mentais vêm crescendo ao longo das décadas, atualmente estima-se que
350 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem com depressão e/ou ansiedade
de acordo com a OMS (2012). Indivíduos acometidos por esses problemas tendem a
praticar pouco ou quase nenhum exercício físico, contribuindo assim para o aumento
de gastos com a saúde pública. Entende-se que através de acompanhamento
terapêutico e uso de fármacos, os níveis de saúde mental podem melhorar, porém,
poucos reconhecem que através de exercícios físicos regulares os níveis de saúde
mental também respondem de maneira positiva, além dos óbvios benefícios físicos e
sociais. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo provar que através de
exercícios físicos regulares, pessoas acometidas por desordens mentais podem
apresentar melhora significativa em sua saúde mental, bem como em sua interação
social e consequente aumento na qualidade de vida.
Problemas de natureza psicológica e emocional são cada vez mais comuns na
sociedade, não fazem distinção de credo, etnia, educação, condição social, idade e
etc.; o indivíduo que se encontra nessa condição tende a se isolar e a sentir-se
desmotivado para práticas habituais do dia a dia, elevando seus níveis de inatividade
física e consequentemente ocasionando o surgimento de comorbidades e aumento
da mortalidade. Dessa forma, faz-se necessário o estudo e intervenção a respeito do
tema, uma vez que o exercício físico pode ajudar a prevenir transtornos mentais e/ou
contribuir para melhoria da saúde mental sem a obrigatoriedade do uso de
medicamentos.
Como já citado, indivíduos com transtornos mentais compõem um alto índice
de inatividade física, morbidade e mortalidade e por consequência, gastos com saúde
pública. A depressão e a ansiedade causam comprometimento psicossocial e
suicídios ao redor do mundo. De acordo com a OMS, estima-se que um total de 7 a
12% da população adulta tem transtornos mentais, necessitando de algum tratamento.
Diante desse cenário, tratar pacientes com esse quadro é um desafio e para os
profissionais de educação física, não é diferente. O exercício físico ainda é pouco
utilizado para esse fim, apesar de serem reconhecidos seus benefícios em relação a
15

melhora da saúde mental. Desse modo, tem-se como pergunta de pesquisa “Como é
possível melhorar os níveis de saúde mental através do exercício físico?”
O objetivo da pesquisa realizada é comprovar que através de exercícios físicos
é possível melhorar a saúde mental de indivíduos acometidos por depressão e
ansiedade, para tal, se fez necessário entender o que ocasiona o surgimento de
transtornos mentais, identificar quais são as atividades mais recomendadas no
tratamento de cada um desses transtornos e analisar as melhores estratégias para
conscientização da população a respeito da importância do exercício físico regular
não apenas para o corpo, mas também para sua mente.
A pesquisa realizada foi uma revisão bibliográfica qualitativa e descritiva com
base em artigos científicos e livros que busca comprovar que indivíduos envolvidos
em programas regulares de exercício físico usufruem de uma melhor qualidade de
saúde mental. Foi utilizado como base de dados: Scielo, Scholar e livros sobre
exercício físico, saúde e saúde mental.
16

2. FATORES DESENCADEADORES DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE

Para obter êxito no tratamento de depressão e ansiedade através do exercício


físico é importante entender quais fatores contribuem para que esses transtornos
apareçam. O termo “depressão” vem do latim de (baixar) e premere (pressionar), ou
seja, deprimere que significa “pressão baixa”, um termo que passou a ser incluso em
debates sobre a melancolia em contexto médico. Definir qual o principal fator causador
da depressão não é tão simples, mas a principal hipótese é de que seja desencadeado
por fatores hereditários, Guz (1990) afirma que existem “fortes indícios de que fatores
genéticos sejam os responsáveis primordiais pelas doenças depressivas em geral”,
mas também conclui que “até o momento não existe nada seguramente estabelecido
sobre o assunto”. Kendell e Zealley (1993) concluem que “as anormalidades
biológicas ainda não foram identificadas”, ainda sobre o estudo eles acrescentam que
“influencias ambientais desempenham um papel na etiologia dos distúrbios de humor,
se não fosse assim, a concordância entre gêmeos monozigóticos seria próxima a
100%”.
A suposição de que a depressão é desencadeada por fatores hereditários é
citado ainda em outros estudos. Kaplan e Sadock (1989) apontam que a maioria das
pessoas não apresentam um quadro depressivo quando são expostas aos problemas
do cotidiano e que estas só adquirem caráter patogênico nos que são biologicamente
predispostos. Ainda em seu estudo, Kaplan e Sadock relatam que a partir da década
de 50 quando surgiram os primeiros fármacos eficazes no tratamento da depressão e
consequentemente os estudos sobre essas drogas e seus mecanismos de ação,
passaram a considerar os fatores bioquímicos da depressão e essa hipótese
pressupõe que alterações nas condições eletroquímicas do SNC sejam responsáveis
pela depressão.
A partir desse levantamento, surgiram duas linhas de raciocínio: o primeiro
considera que a diminuição de Noradrenalina nos sistemas neurais mediados por esse
transmissor é o principal agente da depressão; o segundo atribui o fator à diminuição
de Serotonina. Porém, ambos não podem ser considerados marcadores seguros pois
não há alteração constante e com o mesmo neurotransmissor. Dessa forma, não é
possível classificar a depressão como uma doença, pois não existe a relação do
transtorno com uma etiologia e uma fisiopatologia específica.
17

Kaplan e Sadock (1989) mesmo fazendo atribuição à hereditariedade, admitem


que “fatores genéticos podem ter uma expressão bioquímica ao nível das sinapses,
bem como fatores ambientais ou psicológicos que também podem atuar nesse
sentido”.
Mesmo sem um único fator ou uma conclusão sobre o que causa a depressão,
é importante ressaltar que isso não impede que o diagnostico seja dado e que seja
aplicado um tratamento terapêutico, seja através de fármacos ou exercícios físicos.
A ansiedade é classificada como “sentimento vago e desagradável de medo,
apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de
perigo, de algo desconhecido ou estranho” ALLEN, LEONARD, SWEDO (1995). Para
a ansiedade ser considerada uma patologia é feito uma análise da reação do indivíduo
frente a um estímulo, se é algo desproporcional ao que se considera como normal e
se interfere na qualidade de vida, conforto emocional ou desempenho cotidiano do
indivíduo. Uma maneira utilizada para diferenciar a ansiedade patológica é a avaliação
da reação ansiosa, se ela é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo
de momento ou não.
Os transtornos de ansiedade não são derivados de outras condições como
depressão, psicose, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético e etc.;
mas podem ocorrer casos em que vários transtornos se manifestam ao mesmo tempo.
O transtorno de ansiedade é o quadro psiquiátrico mais comum tanto em crianças
quanto em adultos, estima-se uma prevalência durante o período de vida de 9% a
15% respectivamente.
De acordo com a Associação Psiquiátrica americana na 4° edição do Manual
de Diagnóstico e Estatística (DSM-IV, 1994) “a classificação atual de ansiedade reúne
as perturbações experimentadas nas classes dos transtornos de ansiedade.”
Sobre a classificação dos transtornos de ansiedade é importante destacar:
Transtorno do pânico sem agorafobia, transtorno do pânico com agorafobia,
agorafobia sem histórico de transtorno do pânico, transtorno de ansiedade
generalizado, fobia social, fobia específica, transtorno obsessivo-compulsivo,
transtorno de estresse pós-traumático, transtorno de estresse agudo,
transtorno de ansiedade sem outra especificação (SOE), transtorno de
ansiedade devido à condição médica geral e transtorno de ansiedade
induzido por substância. (FIGUEIREDO, 2004, p.35)
18

Um diagnóstico de ansiedade requer considerar alguns fatores como o contexto


em que a crise ocorre, sintomas e os sinais além do histórico pregresso do indivíduo,
por esse motivo cabe somente ao médico realizar tal diagnóstico.
Transtornos de ansiedade atingem cada vez mais a população mundial e em
todas as classes econômicas, sendo mais presente nas mulheres e em indivíduos
acima dos 18 anos de idade (PIGOTT, 2003). De acordo com estudo realizado por
Goodwin (2003) nos Estados Unidos identificou-se, no período de 1980 e 1995, uma
alta prevalência em indivíduos com idade entre 25 e 74 anos. “Fatores genéticos,
ambientais e de experiência vividas de caráter sofrido, durante o desenvolvimento da
personalidade, parecem estar associados à ansiedade” (HETEM, 2004, p.435).
Portanto, transtornos de depressão e ansiedade são multifatoriais, com indícios
de que tenham como principal desencadeador a hereditariedade, porém, sem
desconsiderar fatores ambientais, experiências de vida e fatores bioquímicos, não é
possível afirmar com exatidão o que de fato leva um indivíduo a se tornar depressivo
e/ou ansioso, porém, é possível determinar quais os melhores exercícios para esses
quadros e quais os seus efeitos.
19

3. EFETIVIDADE DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS NA INTERVENÇÃO DE


TRANSTORNOS MENTAIS

Entendemos que os transtornos de depressão e ansiedade são multicausais,


mas isso não interfere no fato de que os exercícios físicos servem como terapia
complementar.
Os primeiros estudos a respeito dos benefícios de exercícios físicos na saúde
mental iniciaram na década de 1970, mas somente a partir dos anos 2000 passou a
haver manifestações de organizações a respeito desse assunto como por exemplo a
recomendação de que “adultos deveriam realizar exercícios físicos de intensidade
moderada de 3 a 5 vezes por semana” (ACSM, 2007). A respeito da relação exercício
físico e saúde mental é interessante notar que:
Dados epidemiológicos sugerem que pessoas moderadamente ativas têm
menores riscos de serem acometidas por desordens mentais do que as
sedentárias, mostrando que a participação em programas de exercícios
físicos exerce benefícios na esfera física e psicológica e que indivíduos
fisicamente ativos provavelmente possuem um processamento cognitivo
mais rápido (ANTUNES, HKM, 2006, p.12).

Devido à proximidade entre o córtex motor (parte da mente que capacita o


exercício) e a camada que abriga sentimentos e emoções, quando o exercício físico
é realizado e posteriormente o córtex motor é excitado, há efeitos paralelos sobre o
estado emocional, cognitivo e psicológico (NIEMAN, 1993).
Os sentimentos positivos pós exercícios físicos duram um dia inteiro, sendo
assim, além da redução de depressão e ansiedade o indivíduo também usufrui de uma
melhora em sua autoestima (SIMONS, 1985).
A pratica regular de exercícios físicos promove uma maior inteiração social e
essa por sua vez tem relação direta com a melhora da saúde mental pois promovem
naturalmente efeitos ansiolíticos e antidepressivos (NORTH, 1990).
Estudos realizados por Martinsen (1989); North (1990) e Andreaggi (1993)
confirmam que o exercício físico junto a psicoterapia e tratamento medicamentoso é
um ótimo instrumento de reabilitação e terapêutico ao mesmo tempo.
Apesar de serem sólidas as evidências de que o exercício físico impacta
positivamente a saúde mental do indivíduo, é necessário entender quais as
recomendações de treinamento são mais adequadas bem como sua intensidade e
20

frequência, uma vez que o excesso de exercício também tem relação com surgimento
de transtornos mentais.
De acordo com Hanssen e Cols (2001, p.270) “para alcançar os benefícios
psicológicos do exercício físico bastam dez minutos de exercício por sessão”. Estudos
promovidos por Steinberg e Cols (1998, p.274) trazem atenção para a importância da
repetição dessas sessões de exercícios para alcançar os efeitos crônicos a longo
prazo.
Resultados significativos foram encontrados entre a prática de exercício físico
e sintomas de depressão quando foi aplicado o programa de 12 semanas, caminhadas
de 30-45 minutos e 5 dias por semana (MOTA-PEREIRA, 2011).
De acordo com Larry (1998) para a redução de ansiedade os melhores
resultados foram encontrados na prática de exercícios predominantemente aeróbios
de intensidade baixa a moderada como caminhada, corrida, ciclismo e ioga e para a
redução da depressão, os melhores resultados estão relacionados à prática de
exercícios físicos mais vigorosos. O efeito antidepressivo do exercício físico se torna
mais visível quando o programa tem duração superior a 9 semanas e envolve em
média 5 sessões semanais com duração entre 30 e 60 minutos de intensidade
moderada a alta envolvendo principalmente exercícios aeróbios (p.ex., corrida,
natação ou ciclismo).
Hammer e Wilmore (1973) aplicaram um programa diário de corrida e/ou
caminhada por um período de 10 semanas, os resultados demonstraram que
indivíduos já ativos apresentaram uma melhora em seus níveis de ansiedade. Lion
(1978) investigou os efeitos da corrida na ansiedade através de uma comparação de
3 pacientes crônicos com um grupo controle, ambos os grupos receberam a mesma
atenção, mas sem o programa de corrida e os resultados indicaram que o grupo de
corrida apresentou valores menores em relação à ansiedade que o grupo controle,
sugerindo assim que a corrida seguida de períodos de relaxamento reduz a ansiedade
e diminui os níveis de tensão cognitiva e somática.
Brown, Morgan e Raglin (1993) realizaram estudos com base em componentes
fisiológicos para avaliar os efeitos da atividade física nos níveis de ansiedade, os
estudiosos concluíram que exercícios físicos aeróbios produziram redução da
ansiedade com resultados similares às estratégias de meditação e relaxamento.
21

Meyer e Broocks (2000) mostraram através de estudos que para uma redução
efetiva da depressão, se faz necessário uma prescrição de exercícios com duração
de 30 minutos e intensidade de 50% a 60% do VO²max, afirmando assim que,
atividades longas e menos intensas são preferíveis pois interrompem os pensamentos
depressivos.
Taylor (1985) e Carek (2011) reforçam que para produzir efeitos positivos mais
exuberantes, o ideal é que haja a combinação de exercício físico, psicoterapia e
terapia comportamental e em alguns casos, tratamento farmacológicos.
22

4. PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA


SAÚDE ATRÁVES DO EXERCÍCIO FÍSICO

Ações de promoção à saúde é responsabilidade de todos os profissionais que


estão incluídos nessa área e nesse contexto o profissional de educação física é
fundamental, uma vez que ele é o mais capacitado para realizar prescrições de
exercícios e programas voltados para esse objetivo.
Ferreira, Castiel e Cardoso (2011) e Bonfim, Costa e Monteiro (2012) ressaltam
em seus estudos o fundamental papel dos profissionais de educação física realizarem
o aconselhamento da população como demonstração dos benefícios na adoção de
hábitos saudáveis relacionados à prática de atividades físicas. De acordo com a PNPS
(Política Nacional de Promoção da Saúde) é necessário “O aconselhamento junto à
população, sobre os benefícios de estilos de vida saudáveis” (Brasil, 2006, p.34).
Bydlowski, Westphal e Pereira (2004) propuseram algumas estratégias com o
objetivo de proporcionar a autonomia dos indivíduos, como o compartilhamento de
informações, realização de ações intersetoriais e multiprofissionais e a participação
ativa da população através de opinião nas decisões e colaboração na elaboração
dessas políticas de promoção à saúde.
O profissional não deve apenas levar a informação a respeito dos problemas
de saúde e da importância de hábitos saudáveis, ele deve levar em conta os valores,
costumes, modelos sociais e enxergar o usuário como sujeito (PINAFO, 2011).
Atividades como avaliação física individual, atendimentos individuais, palestras,
organização de eventos, intervenção nas escolas e formação de parcerias
institucionais também são ações de promoção à saúde que devem fazer parte da
realidade do profissional de educação física. No que se refere a promoção à saúde
Malta (2009) deixa claro que para se atingir um cuidado integral em saúde é preciso
estruturar um conjunto de estratégias capazes de alcançar individual e coletivamente
os atores envolvidos. Souza e Loch (2011) verificaram que os profissionais de
educação física atuantes no NASF têm trabalhado tanto com grupos de atividades
físicas como com minipalestras relacionadas a importância da atividade física.
Nas pesquisas promovidas por Bonfim, Costa e Monteiro (2012) foi possível
identificar que profissionais inseridos no SUS vêm realizando um trabalho de
conscientização sobre a importância da atividade física através de ações educativas
23

e procedimentos de intervenção. Essas ações são desenvolvidas por meio de práticas


corporais, exercícios físicos, atividades físicas e caminhada orientada.
Estudos realizados por Souza e Loch (2011) e Bonfim, Costa e Monteiro (2012)
revelam que as aulas de ginástica e a caminhada são as ações mais utilizadas pelos
profissionais de educação física no NASF.
Conscientizar a respeito da importância de hábitos saudáveis através de uma
rotina mais ativa não deve ser uma preocupação somente com os adultos, essa
conscientização deve partir desde a infância e nesse aspecto, a escola é fundamental.
A educação física escolar assumiu um papel de importância nessa promoção e
orientação, trata-se da aquisição do hábito de praticar exercícios visando uma melhor
qualidade de vida, ensinar o que fazer e porque fazer.
Tentando encontrar um caminho contra o mal do século, podemos destacar
a escola como principal meio para frear os avanços desta epidemia, e não é
exagero dizer que ela exerce um papel fundamental na luta contra o
sedentarismo, e que principalmente o professor de educação física tem
grande responsabilidade em criar o hábito na criança pelo gosto à prática de
atividades físicas (JUSTO, 2012).

Assim, é de grande importância que os profissionais de educação física se


empenhem em instruir as crianças e os adolescentes sobre o fundamental papel do
exercício na qualidade da saúde não só física, mas mental também.
24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre os benefícios do exercício físico na saúde mental traz algumas


questões importantes para todos nós como sociedade, dentre elas faz-nos refletir a
respeito da gravidade dos transtornos mentais e como impactam diretamente na
saúde física do indivíduo acometido que acaba por se tornar sedentário o que
consequentemente acarreta doenças como obesidade, diabetes, hipertensão dentre
outras e um maior gasto com a saúde pública.
Sabendo da gravidade dos transtornos mentais e seus impactos na vida social
do indivíduo acometido, se fez importante identificar a causa ou as causas para o
surgimento desses transtornos e através do estudo é possível analisar que não existe
uma causa única para explicar a depressão e a ansiedade, fatores como a
hereditariedade, meio em que está inserido, reações bioquímicas, problemas do
cotidiano dentre outros citados, podem desencadear tais transtornos em indivíduos de
diferentes classes sociais, econômicas e etc.
Apesar de não haver um consenso do que de fato torna ou não o indivíduo
depressivo e/ou ansioso, é notório que através do exercício físico os níveis de saúde
mental melhoram consideravelmente, nos de estudos apresentados ficou claro que
programas de exercícios físicos aplicados em indivíduos acometidos por desordens
mentais apresentaram melhora significativa na vida e nas relações sociais dessas
pessoas, deixando claro que apesar de serem desordens multicausais, o exercício
físico pode ser encarado como terapia complementar para tratamento delas, e
tratando-se de indivíduos com transtornos de ansiedade as respostas foram mais
positivas em programas de exercícios aeróbios, e para pessoas acometidas com
depressão, os resultados mais expressivos foram observados em treinamento
resistido.
O profissional de educação física sabendo de tais benefícios que o exercício
físico proporciona para indivíduos depressivos e/ou ansiosos e tendo conhecimento
amplo de programas de exercícios, tem o dever de levar esse conhecimento e
conscientização a todos, promover ações de saúde, incentivar a prática de exercícios
para fins terapêuticos e isso pode ser feito através de palestras, ações sociais,
projetos de conscientização e etc.
25

Assim, cabe ao profissional de educação física encarar com seriedade seu


papel frente a indivíduos acometidos por desordens mentais, entender que tratar essa
pessoa também é parte da sua profissão, levar a todos o melhor atendimento, instruir
os que estão à sua volta e aplicar seus conhecimentos em prol da promoção da saúde,
pois dentro desse contexto suas ações vão contribuir para uma maior qualidade de
vida de pessoas que lutam diariamente contra seus pensamentos e emoções.
26

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29

ANEXOS
30

ANEXO A

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