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UNIPROJEÇÃO

PSICOLOGIA
Psicologia da Infância e Adolescência
PROFESSORA: NATHÁLIA PEREIRA DE OLIVEIRA

ALUNOS: Giovanna Rodrigues Teixeira de Oliveira – 202321494


Guilherme Monteiro Santana – 202320760
Ivone Sampaio Borges – 202320807
Kemps Rhuan Lemos dos Santos – 202311215
Klayverth Viveiro da Silva Santos – 202220237
Samara Barbosa Pinto – 202320903
Sandra Maria da Silva - 202321486

ABANDONO INFANTIL

TAGUATINGA-DF
2023
INTRODUÇÃO

Nesse trabalho abordaremos a temática sobre o abandono infantil no Brasil e


as leis que resguardam os direitos da criança e do adolescente, o estatuto da
acriança e do adolescente (ECA art. 227), estabelece que todas as crianças e
adolescentes têm direito ao cuidado e à proteção de seus pais. Sendo o abandono infantil
uma violação desses direitos.
Quando os responsáveis pelos cuidados e proteção dos menores não
cumprem seu papel de guarda e proteção as crianças são encaminhadas para os
abrigos que são responsáveis por receberem e zelar pelos cuidados necessários ao
desenvolvimento incluindo não só o apoio fisiológico, como também o apoio afetivo e
psicológico, as crianças abrigadas ficam no abrigo até que os tutores tenham
condições de recebê-las de volta ou são disponibilizadas para um processo de
adoção.
Sabe-se que as consequências psicológicas do abandono são prejudiciais ao
desenvolvimento influenciando a criança a desenvolver problemas de autoestima,
problemas de apego, comportamentais e sociais.
WINNICOTT E A PSICOLOGIA INFANTIL

Quando se fala sobre qualquer área da infância em psicologia não podemos


deixar de citar Donald Woods Winnicott (1896-1971) um dos principais
contribuidores da teoria do desenvolvimento infantil e da psicanálise. Um renomado
psicanalista pediátrico e psiquiatra britânico, Winnicott foi pioneiro na compreensão
da importância das primeiras relações na formação da personalidade e no
desenvolvimento emocional, e suas contribuições tiveram um impacto duradouro na
psicologia e na psicanálise (FULGENCIO,2016).
As ideias de Winnicott tiveram um impacto significativo na psicologia do
desenvolvimento, na psicanálise e na educação. Suas ideias sobre o verdadeiro e
falso eu, o objeto transicional e o ambiente facilitador são usadas por psicólogos,
psicanalistas e educadores para entender o desenvolvimento psicológico dos bebês
e crianças (DE ALMEIDA, 2023).
Um dos principais conceitos de Donald Woods Winnicott era a do verdadeiro
e falso eu, ele acreditava que o bebê nasce com um verdadeiro eu, que é a sua
natureza essencial sendo esse criativo, espontâneo e autêntico. No entanto, o bebê
também precisa se adaptar ao mundo exterior e para fazer isso, o bebê desenvolve
um falso eu, que é uma máscara que o bebê usa para se proteger do mundo exterior
podendo ser útil para o início da vida, mas pode se tornar um problema se for
mantido por muito tempo (CENA, 2001).
Outra contribuição de Winnicott foi o conceito de objeto transicional, um objeto
ou brinquedo que a criança ama e com o qual ela se sente segura e confortável, ele
representa a transição da criança da dependência para a autonomia, o objeto pode
ser um ursinho de pelúcia, um cobertor, um pedaço de pano ou qualquer outro
objeto que a criança considere especial, ele ajuda a criança a lidar com a separação
de seus cuidadores para se sentir segura e amada. A maioria das crianças
desenvolve um objeto transicional durante a primeira infância e geralmente o
abandona por volta dos 3 ou 4 anos de idade, o objeto transicional também ajuda a
criança a desenvolver a sua imaginação, já que a criança o utiliza para brincar e
inventar histórias (VORCARO e LUCERO, 2015).
Já o ambiente facilitador representa o contexto físico e emocional em que o
bebê vive, nesse ambiente o bebê deve se sentir segura e amada, que atenda as
suas necessidades, isso inclui um ambiente que é rico em oportunidades para a
criança explorar o mundo ao seu redor, bem como um ambiente que é desafiador e
estimulante para brincadeiras e a imaginação mas que ao mesmo tempo forneça à
criança um lugar para dormir, comer e brincar que seja seguro e confortável,
demonstrações de afeto como abraços e beijos e necessidades fisiológicas como
alimentação, higiene pessoal e sono de qualidade. Essas também são
características atribuídas ao conceito da mãe suficientemente boa que descreve a
mãe como não tendo a necessidade de ser perfeita, mas sendo responsiva,
confiável, afetuosa e amorosa ajudando a criança a desenvolver sua autonomia e
criatividade (BORGES et al, 2015).
Donald Woods Winnicott foi um psicanalista britânico que fez contribuições
significativas para a psicologia. Suas ideias sobre o desenvolvimento humano, a
psicoterapia e a educação continuam a ser influentes em muitas áreas da psicologia
e da educação. Ele enfatizou a importância da relação entre a mãe e a criança nos
primeiros anos de vida, desenvolveu o conceito de holding, que é um processo de
cuidado e suporte que o terapeuta oferece ao paciente. As ideias dele são
complexas e desafiadoras, mas elas oferecem uma visão nova e importante do
desenvolvimento humano, elas nos ajudam a compreender melhor a importância da
relação entre o indivíduo e o ambiente, bem como a importância da criatividade e da
imaginação (CERON, 2020).

LEGISLAÇÃO E DIREITO DAS CRIANÇAS:


LEI Nº 13.509, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2017

A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (lei nº 13.509/2017) estabelece que a


gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes
ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude.
Logo será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da
Adolescência, sendo feito um relatório do efeito gestacional e pós-parto. Depois o
órgão (ECA) que deverá realizar o processo para busca de família extensa (termo
utilizado pela Justiça para designar parentes ou familiares próximos) com o prazo de
noventa dias.
Caso não for encontrado parente apto a receber a guarda, a autoridade
competente determinará sua colocação sob guarda provisória de quem estiver apto
a adotá-la ou em entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou
institucional.
Tendo desistência dos genitores, eles ficarão sob monitoramento pelo prazo
de 180 (cento e oitenta) dias. (Lei 13.509/2017).

PROJETO DE LEI N.º 3.435, DE 2020


A CAMARA DOS DEPUTADOS (lei nº 3.435/2020) determina que o direito de
casais homoafetivos a adotarem crianças e adolescentes, sendo elas, livre para
escolher o modelo familiar para convívio. Levando em conta o respeito e a proteção
do estado pelas entidades familiares.
Os adotantes homoafetivos devem fazer valer os direitos da Família e
sucessões, sendo eles: direito ao casamento; direito a união estável; direito a
escolha de regime de bens; direito ao divórcio; direito a filiação e a técnica de
reprodução assistida; direito a proteção contra a violência doméstica independente
da orientação sexual e identidade de gênero; também direito a herança e sucessão
legítima.
Ficam garantidos todos os demais direitos para fins previdenciários, tributários
e fiscais.
A CAMARA DOS DEPUTADOS (artigo 227) estabelece o dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar às crianças, adolescentes e aos jovens, o direito a
vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a
dignidade, respeito, a liberdade, a convivência familiar e comunitária, colocando a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.

CAUSAS E CONSEQUENCIAS DO ABANDONO INFANTIL

O abandono de crianças é uma prática histórica que varia em suas


motivações, circunstâncias, causas, frequências e atitudes sociais. Conforme Weber
(2000), essa questão tem sido tolerada e, em grande parte, negligenciada em
termos de sua complexidade. É notável que, no contexto da sociedade brasileira, a
maioria dos casos de abandono infantil ocorre em regiões marcadas pela pobreza,
onde o abandono assume várias formas, incluindo negligência e abandono em locais
como as ruas, lixeiras e maternidades (Becker, 1994).

Conforme apontado por Motta (2001) e Watanabe (2002), outro fator


relevante a considerar é o papel do padrão de apego e do perfil do cuidador em
cada mulher, que influenciam significativamente a decisão de entregar ou não a
criança, independentemente das circunstâncias socioeconômicas. Em sua maioria,
as mães que optam pelo abandono são jovens, solteiras e enfrentam dificuldades
financeiras, frequentemente desprovidas de apoio do parceiro e da família. São, em
sua grande maioria, mães excluídas, que abandonam seus filhos em decorrência do
abandono experimentado pelas políticas públicas e pela sociedade (Waldfogel,
2009).

A compreensão aprofundada do abandono infantil é essencial, visto que se


revela como um problema de extrema relevância que afeta a sociedade de maneira
trágica. Somente por meio de uma análise abrangente das causas e motivações
desse fenômeno complexo podemos desenvolver estratégias eficazes de prevenção
e resolução do problema, priorizando o bem-estar das crianças e das mães em
situações de vulnerabilidade. A compreensão dessas causas é essencial para o
desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e intervenção.

AS CAUSAS

Um dos fatores mais significativos associados ao abandono infantil é a


pobreza. Como Becker (1994) aponta, famílias em situações financeiras precárias
enfrentam dificuldades em prover cuidados adequados às crianças. A falta de
recursos financeiros pode levar a problemas de moradia, alimentação insuficiente e
acesso limitado a serviços de saúde, criando um ambiente propício ao abandono. As
causas socioeconômicas do abandono infantil desempenham um papel substancial
na ocorrência desse fenômeno complexo. A pobreza, em particular, emerge como
um fator central, uma vez que famílias em situações financeiras precárias
frequentemente enfrentam dificuldades em prover cuidados adequados às crianças.
Conforme observado por Becker (1994), a falta de recursos financeiros pode resultar
em condições de moradia precárias, acesso limitado a alimentação adequada e
serviços de saúde insuficientes. Além disso, o estresse financeiro pode exacerbar
conflitos familiares, contribuindo para a desintegração da estrutura familiar
(Wallerstein, 1983). Essas condições econômicas precárias criam um ambiente
propício ao abandono, à medida que os pais podem se ver incapazes de suprir as
necessidades básicas de suas crianças, levando a situações desesperadas e à
tomada de decisões dolorosas. A compreensão das causas socioeconômicas do
abandono infantil é crucial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e
intervenção que abordem as disparidades econômicas e ofereçam suporte às
famílias em situação de vulnerabilidade.

As causas individuais do abandono infantil desempenham um papel


significativo na compreensão desse fenômeno complexo. Entre essas causas, a
idade das mães e a falta de apoio social emergem como fatores críticos. Mães
jovens, em particular adolescentes, muitas vezes enfrentam desafios únicos na
maternidade, enfrentando a pressão da inexperiência e a falta de recursos (Motta,
2001). A falta de apoio social e uma rede de apoio limitada podem agravar o risco de
abandono, à medida que as mães podem se sentir isoladas e despreparadas para
enfrentar as responsabilidades parentais. Compreender essas causas individuais é
essencial para desenvolver estratégias eficazes de prevenção do abandono infantil,
garantindo que as mães jovens e suas crianças recebam o apoio necessário para
um ambiente familiar seguro e saudável.

As causas familiares do abandono infantil desempenham um papel


substancial na compreensão desse fenômeno complexo. A dinâmica familiar,
marcada por conflitos, divórcios e rupturas nas relações parentais, frequentemente
conduz ao abandono quando os pais não conseguem chegar a acordos sobre a
guarda e a responsabilidade pelas crianças. Como destacado por Wallerstein
(1983), a desintegração familiar, muitas vezes resultante do divórcio, pode ser uma
das principais causas do abandono infantil. Conflitos familiares persistentes e
situações de violência doméstica também contribuem para um ambiente inadequado
para o cuidado infantil, levando a decisões dolorosas por parte dos pais.
Compreender essas causas familiares é fundamental para o desenvolvimento de
estratégias eficazes de prevenção e intervenção, visando a proteção do bem-estar
das crianças em risco.

As causas culturais e sociais do abandono infantil desempenham um papel


significativo na análise desse fenômeno complexo. Normas culturais e estigmas
sociais podem influenciar profundamente as decisões de abandono. Em algumas
culturas, o estigma associado a situações como gravidez fora do casamento ou o
nascimento de crianças com deficiências pode levar ao abandono, uma vez que as
famílias buscam evitar o escrutínio social (Motta, 2001; Watanabe, 2002). A pressão
cultural para conformidade com padrões familiares tradicionais e expectativas
sociais pode criar um ambiente que desencoraja o acolhimento de crianças em
situações consideradas não convencionais. A compreensão das causas culturais e
sociais do abandono infantil é fundamental para o desenvolvimento de estratégias
eficazes de prevenção e intervenção, buscando promover a aceitação e a inclusão
de todas as crianças, independentemente de sua origem ou circunstâncias.

AS CONSEQUENCIAS

Além das complexas causas associadas a esse fenômeno, é fundamental


compreender as consequências que o abandono infantil pode ter no
desenvolvimento e na qualidade de vida das crianças. Este trabalho pretende
explorar em detalhes as consequências do abandono infantil, abordando aspectos
que envolvem a saúde mental, o desenvolvimento cognitivo, o comportamento, as
relações sociais e o desempenho educacional das crianças afetadas.

Uma das consequências mais profundas do abandono infantil reside nas


implicações para a saúde mental das crianças. Estudos indicam que crianças
abandonadas enfrentam um maior risco de desenvolver distúrbios de ansiedade,
depressão, transtorno de estresse pós-traumático e autoestima prejudicada (Dube et
al., 2003; Kendall-Tackett et al., 1993). A falta de apoio emocional e segurança
proporcionada pelos cuidadores pode deixar cicatrizes emocionais profundas, que
podem persistir até a idade adulta.

O abandono infantil também impacta o desenvolvimento cognitivo das


crianças. A negligência e a falta de estímulo podem resultar em atrasos no
desenvolvimento da linguagem, habilidades motoras e competências cognitivas
(Perry et al., 1995). Crianças abandonadas frequentemente enfrentam dificuldades
no desempenho acadêmico, o que pode limitar suas oportunidades educacionais e
futuras conquistas (Hair et al., 2015). O abandono infantil também se reflete no
desempenho educacional, com crianças abandonadas enfrentando maior risco de
evasão escolar, repetição de séries e limitações no acesso a oportunidades
educacionais (Howard et al., 2009).

O comportamento das crianças abandonadas muitas vezes é afetado, com


um aumento da probabilidade de envolvimento em comportamento delinquente,
abuso de substâncias e problemas de relacionamento interpessoal (Smith et al.,
1995). A ausência de modelos de apego seguros pode levar a dificuldades na
formação de relações saudáveis e estáveis (Carlson et al., 1989).

VISITA IN LOCO

Para melhor conhecimento e interpretação dos estudos realizamos a visita ao


abrigo Instituto do Carinho abrigo Instituto do Carinho, localizado em Ceilândia-DF,
podemos conversar com um dos voluntários que nos recebeu e nos apresentou o
abrigo. O total de crianças hoje abrigadas é de vinte e uma crianças, sendo uma
delas uma adolescente de dezessete anos, as demais são bebês e crianças de zero
a dez anos.
No abrigo existe uma grande rotatividade, ou seja, as crianças logo são
adotadas e principalmente os bebês, então por mês chegam crianças de acordo com
as vagas. O abrigo hoje não tem estrutura para abrigar adolescentes.
As crianças que vão para o abrigo são encaminhadas pela vara da infância, o
caso da adolescente hoje no abrigo é uma exceção. Então, no abrigo há essa
diferença de idade para a adoção, onde os bebês são mais procurados, mas não
existe uma procura diferente das características entre gênero e raça.
O processo burocrático para a adoção, dura geralmente um ano, e são
investigados pela vara da infância, questões emocionais e estruturais da família.
Quanto ao apoio psicológico, às crianças são acompanhadas por psicólogos que
vão ao abrigo duas vezes na semana, sendo dois psicólogos.
Em caso de reintegração familiar, as famílias também são acompanhadas.
Como no abrigo existem crianças que chegam em situação de abuso sexual, esse
acompanhamento é fundamental, câmeras de segurança são espalhadas por toda
instituição, para prevenir que essas crianças reproduzam os abusos, então são
monitoradas e acompanhadas o tempo todo.
O abrigo possui carências, mas tem muito apoio de grupos e instituições que
ajudam nas dificuldades que o abrigo tem, como: saúde, alimentação e produtos de
higiene. Tem também convênio com empresas privadas e ajuda da comunidade
local.
O período de maior dificuldade para o abrigo foi na pandemia da Covid-19,
pois o abrigo não podia receber visitas e com isso as doações eram mais restritas,
eles não deixaram de receber crianças nesse período, mas recebiam com
segurança. O abrigo tem apenas um auxílio do governo de parceria com uma
empresa que leva cuidadores para crianças com necessidades especiais. E por fim,
nos comunicaram que a comunidade também tem uma ação voluntária no abrigo,
essas pessoas se dividem semanalmente para as necessidades do dia-a-dia, como
lavar as roupas, fazer a comida e voluntários que auxiliam essas crianças na ida até
a escola e de reforço escolar, pois algumas já têm esse acesso.

HISTÓRICOS DAS INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO

No contexto brasileiro, devido à enraizada situação de vulnerabilidade e


pobreza, a primeira resposta à qual por muitos anos se recorreu foi o afastamento
da criança e do adolescente do convívio familiar. No final do século XIX e parte do
século XX, observou-se a criação de uma cultura de institucionalização em razão de
circunstâncias de abandono, delinquência e orfandade em que somente os pobres
eram internados, mas sem regulamentações e princípios protetores à infância
(VEIGA, 2019). Os abrigos são responsáveis por receberem uma população
considerada em situação de risco, na qual se define que a família, parentes ou
outras pessoas responsáveis pela sua guarda, cuidado e proteção não cumprem
essa função. Tais crianças são consideradas oriundas das denominadas famílias
desestruturadas, nas quais pais ou cuidadores as expõem a situações de descuido,
abandono e violência (DA PONTE-SOUZA et al, 2019).
Dessa maneira, foram organizados a partir de um conjunto de elementos que
contribuem de forma significativa e negativa para o processo evolutivo da criança.
De maneira positiva, têm-se a retirada da criança do contexto de vulnerabilidade.
Mas, em contrapartida, são relativamente desanimadores para a criança em
desenvolvimento, devido a questões de superlotação, pessoal pouco
qualificado, espaço reduzido e com pouca chance de oferecer o tipo de estimulação
sensorial adequado ao desenvolvimento infantil (DINIZ; ASSIS; DE SOUZA, 2018).

O QUE É?

O abandono afetivo é referido como a ausência, distanciamento ou


negligência parentais em relação aos filhos, privando-os do convívio, cuidado e
afetoparentais. Ou seja, ocorre quando os pais da criança, ambos ou apenas um dos
pais,não cumprem o dever legal, de garantir com absoluta prioridade o direito ao
respeito,convivência familiar e cuidados (MENDES; ALMEIDA; MELO, 2021; MEIRE,
2019).

EFEITOS DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS

Por afetar diretamente a neuroplasticidade cerebral, em razão de alterações


estruturais no sistema nervoso central, como atrofia neuronal e desenvolvimento
anormal do cérebro, gera impactos no curso normal da aquisição de habilidades e
de aprendizagem da criança. Estando privada em um único ambiente, a criança
acaba por ter poucas oportunidades de estimulação sensorial adequada ao seu em
pleno desenvolvimento psicossocial (DINIZ; ASSIS; DE SOUZA, 2018).
Dessa maneira, uma acolhida adequada no momento do abrigamento, a
capacidade de compreender e respeitar as individualidades de cada um, o
estabelecimento de vínculos afetivos, o sentimento de proteção, às condições físicas
da instituição, a alimentação oferecida, a oportunização de estímulos necessários e,
também, o contexto escolar, dentre outros, são fatores que contribuem para a
constituição de novas relações e, consequentemente, para uma melhor adaptação a
esse novo ambiente (DINIZ; ASSIS; DE SOUZA, 2018).
No entanto alguns cuidadores não conseguem transmitir confiança para essas
crianças, em especial por não compreenderem ou não perceberem as suas
manifestações individuais, por não serem afetuosos, ou ainda, por terem que dividir
seu tempo de cuidado com outras crianças do abrigo. Além disso, geralmente esses
profissionais trabalham em escalas, alternando entre si, o que pode reeditar a
experiência de separação vivenciada pela criança, não só em relação à sua mãe e
família, mas também por esses profissionais (GONÇALVES; PAIXÃO; COUCEIRO,
2017;DINIZ; ASSIS; DE SOUZA, 2018).
A dúvida da criança em ser aceita ou não por seu cuidador ocasiona impactos
no desenvolvimento da sua autoconfiança e, consequentemente, na construção de
uma autoimagem positiva necessária à sua vida adulta, tornando-se instável pelo ato
de não se sentir segura frente à uma figura que tem responsabilidades constantes
com seu cuidado (DINIZ; ASSIS; DE SOUZA, 2018).
O afastamento entre pais e filhos pode afetar a formação do ser humano
produzindo disfuncionalidades, tais como: manifestação de diversos estados de
depressão, dificuldade no estabelecimento de vínculos e afetividade, tendência à
delinquência, transtornos emocionais, ansiedade, resultando atrasos no crescimento
e desenvolvimento. Ressalta-se ainda que, de forma geral, todo abandono
tende a condicionar sentimentos de agressividade, angústia e não valorização de
si mesmo, afetando ainda mais a vida adulta dessa criança. (BLASCOVI-ASSIS,
2019)

PSICOMOTRICIDADE

No que tange ao desenvolvimento motor, os prejuízos são advindos do espaço


físico das instituições de abrigo. Nos casos em que as crianças ocupam espaços
reduzidos, o atraso motor verificado tem relação direta com o ambiente e a falta de
estimulação. Dessa forma, quando uma criança é mantida durante muito tempo sem
condições para se deslocar livremente, ela pode sofrer prejuízo em seu aprendizado
e na aquisição de suas habilidades motoras (SILVAet al., 2019)
O atraso neuropsicomotor proporciona déficit em outras áreas, pois sua
presença limita a criança na ação de seu ambiente, no refinamento dos atos
motores, na experimentação e nas atividades interativas, ou seja, no ambiente
em que o processo de aprendizagem se desenvolve (BLASCOVI-ASSIS, 2019;
SILVAet al., 2019).

A FALTA DE AFETO

De acordo com Lima (2020), o afeto é uma das bases primordiais para o
desenvolvimento infantil, pois é nessa relação que ocorre a troca de carinho e
admiração que a criança irá buscar suas referências que serão determinantes para a
sua evolução pessoal. Bem como, para Pereira (2014), o desenvolvimento do afeto
é essencial para o amadurecimento, características estimuladas pelos pais, escola e
amigos, sendo essencial para que a criança se sinta integral. Deste modo, a
afetividade consiste no elo emocional entre pessoas, unindo as relações humanas
de uma maneira que vai além da necessidade racional,estando ligada com a
empatia e o desejo de bem-estar do próximo

O QUE TERIA QUE TER UMA INSTITUIÇÃO?


O atraso neuropsicomotor proporciona déficit em outras áreas, pois sua
presença limita a criança na ação de seu ambiente, no refinamento dos atos
motores, na experimentação e nas atividades interativas, ou seja, no ambiente em
que o processo de aprendizagem se desenvolve (BLASCOVI-ASSIS, 2019; SILVAet
al., 2019).
As discussões em relação à qualidade do acolhimento e aos
prejuízos causados no desenvolvimento infantil sempre estarão à tona, contudo, é
válido destacar a importância de oportunizar melhores condições que diminuam os
fatores de riscos que as crianças vivenciaram em seu âmbito inicial. Uma vez que
a instituição de abrigo se apresenta como local essencial para os abrigados,
é evidente a necessidade de investir neste espaço, assegurando a
individualidade e buscando ações que visem a melhoria estrutural e material,
assim como capacitando os funcionários para transformá-lo em um ambiente
propício de desenvolver atividades que estimulem o desenvolvimento. Nesse
contexto, a estimulação precoce entra como chave nesse processo. Trata-se da
realização de atividades e estimulação ao que interfere na maturação da
criança, de forma a favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo, sensorial,
linguístico e social, sendo fatores que resultam positivamente no aprendizado
até a vida adulta. Contudo, é evidente que sejam aplicadas políticas públicas
direcionadas às instituições de abrigo, visto que muitos são os que dependem
de uma rede de apoio social e afetivo para que enfrentam os efeitos
negativos advindos dos fatores de risco a que foram submetidos anteriormente

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do trabalho foi descobrir as causas e consequências do abandono


parental. Para isso o grupo teve como ferramenta principal a visita in loco de um
abrigo para crianças abandonadas e entrevista com os profissionais que ali
trabalhavam. O grupo chegou a conclusão que muitas causas de abandono, tinha a
ver com a condição social dos pais, ou da mãe, mas propriamente dito, de arcar com
as despesas econômicas da criança. As pessoas que trabalham no abrigo são
voluntários e se revezam em turnos para dar assistência 24 horas a essas crianças.
As crianças mais buscadas para serem adotadas são as de menor idade, sendo que
não há nenhuma preferência por raça ou gênero dessas crianças na hora da escolha
da adoção.

Como consequência não foi possível ter tempo hábil para acompanhar as
crianças visitadas in loco para acompanhar o seu desenvolvimento comportamental,
as o grupo buscou as principais referências na literatura científica atual sobre o tema
em questão. Entre as consequências do abandono parental pode causar
disfuncionalidades, tais como: manifestação de diversos estados de depressão,
dificuldade no estabelecimento de vínculos e afetividade, tendência à delinquência,
transtornos emocionais, ansiedade, resultando atrasos no crescimento e
desenvolvimento que podem perdurar até a vida adulta desse indivíduo.

Referências Bibliográficas
BORGES, Aline Ribeiro; DE FREITAS SERI, Leonardo; ROSA, Ivete Pellegrino.
CONTRIBUIÇÕES DE WINNICOTT PARA A COMPREENSÃO DO CONCEITO DE MÃE
SUFICIENTEMENTE BOA NO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL PRIMITIVO. In: O bem comum-
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Brasil. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 3.435, de 2020. [Dispõe sobre o direito à
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